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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADA


CURSO DE DIREITO
Acadêmico: Agnaldo Baltar dos Santos
Abilio Pereira dos Santos

Atividade avaliativa solicitado pelo


Prof. Claúdio Jenner como avaliação
da disciplina LAB PENAL.

Feira de Santana-Ba
03 de maio de 2023
AO JUÍZO DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE SÃO
PAULO/SP

Processo nº ...

RODRIGO, já qualificado nos autos por seu procurador infra-assinado,


com procuração em anexo, vem, respeitosamente, á presença de Vossa
Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base
no art. 581, inciso IV, do Código de Processo Penal.
Nesse Sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de
retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida
a decisão, requer seja encaminhado o presente recurso, já com as razões
inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - SP, para o devido
processamento.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local, 12 de abril de 2021

Advogado
OAB
EGRÉRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Recorrente: ROGÉRIO
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO

Processo nº ...

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Egrério Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo


Colenda Câmera Criminal

I) DOS FATOS
O Ministério Público denunciou o recorrente pelo crime de
homicídio simples consumado com causa de aumento de pena prevista na
primeira parte do Art.121, § 4º, do Código Penal. De acordo com o que consta
na denúncia, no dia 26 de dezembro de 2019, em uma boate localizada na
cidade de São Paulo, Rodrigo teria desferido um soco na barriga de João, além
de ter lhe dado um empurrão, que fez com que a vítima caísse em cima da
garrafa de vidro que segurava. O corte gerado foi a causa eficiente da morte de
João, conforme consta do laudo acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido
encaminhado por seus amigos ao hospital após os fatos, pois se mostrava
descontrolado, não tendo prestado socorro à vítima, por isso, sendo imputada a
causa de aumento da primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP.
Durante a instrução, foram ouvidas as testemunhas de defesa e
de acusação – nesta ordem – bem ainda realizado o interrogatório. Encerrada
a instrução, o Magistrado proferiu decisão pronunciando o recorrente pelo
crime de homicídio simples consumado com causa de aumento de pena
prevista na primeira parte do Art.121, § 4º, do Código Penal.
Intimado, o Ministério Público, este se manteve inerte. Rodrigo e
sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de abril de 2021,
segunda-feira.

II) DO DIREITO
A) PRELIMINAR
A1) DA INVERSÃO DA ORDEM DA OITIVA DAS TESTEMUNHAS
Conforme o Art. 411 do Código de Processo Penal, é obrigatória
a oitiva das testemunhas de acusação e defesa, seguindo-se essa ordem na
audiência de instrução e julgamento. Sem embargo, o Magistrado, alegando o
atraso dos policiais que deporiam como testemunhas de acusação, decidiu
inverter essa ordem legal, começando pela oitiva das testemunhas de defesa
arroladas pelo acusado, Rodrigo. Embora a nulidade possa ser considerada
relativa, a defesa registrou sua objeção ao procedimento adotado pelo
advogado. Além disso, ficou evidente o prejuízo causado, pois a defesa não
teve a oportunidade de tomar conhecimento do conteúdo dos depoimentos das
testemunhas de acusação antes de formular suas perguntas. Com a decisão
de pronúncia, o prejuízo ficou ainda mais evidente.

Assim, a inversão da ordem de oitiva das testemunhas


determinada pelo juiz cerceou o direito à ampla defesa e ao contraditório,
previstos no Art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Logo, deve ser
declarada a nulidade de todos os atos processuais realizados após a audiência
de instrução e julgamento.
A2) DA DESCLASSIFICAÇÃO
Embora João tenha falecido, de acordo com os autos, não havia
intenção por parte de Rodrigo de causar tal resultado, nem o aceitava. Além
disso, não houve consumo intencional de bebida alcoólica com o propósito de
lesionar a vítima, mas sim a adição, de modo furtuito, de substâncias
entorpecentes em sua bebida, que afetou completamente seu estado
psicológico. Logo, não há que se falar na hipótese de dolo – direto ou eventual.

Inegável é a intenção (ainda que afetada pelo estado de


embriaguez momentânea do acusado) do ato de desferir um soco na barriga da
vítima e um empurrão, o que poderia justificar o reconhecimento do crime de
lesão corporal. Todavia, em relação ao resultado morte, teria havido "apenas"
culpa, de modo que o crime em tese praticado por Rodrigo seria o de lesão
corporal seguida de morte, e não homicídio.
Assim, com base no fato de que o crime de lesão corporal
seguida de morte não envolve dolo contra a vida, a defesa requer a
desclassificação do crime, conforme previsto no Art. 419 do CPP e que o feito
seja julgado pelo juízo competente.

A3) DO AFASTAMENTO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA


O Art. 121, § 4º, do Código Penal prevê que a pena pode ser
aumentada em 1/3 “se o agente deixar de prestar pronto socorro à vítima”. No
entanto, essa circunstância é aplicável somente quando se trata de um crime
de homicídio CULPOSO. Ocorre que, a acusação do Ministério Público e a
decisão do juiz de pronúncia sustentaram que Rodrigo cometeu um crime de
homicídio doloso. Portanto, é evidente uma incongruência entre a causa de
aumento de pena aplicada e a natureza do crime, o que torna, assim, essa
circunstância inaplicável.

B) DO MÉRITO
B1) DA EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE
Em tese, a embriaguez, seja ela culposa ou voluntária, não é
suficiente para afastar a responsabilidade penal, nos termos do Art. 28, inciso
II, do Código Penal. No entanto, o mesmo dispositivo legal, em seu parágrafo
primeiro, prevê que não há pena para o agente que, em razão de caso fortuito
ou força maior, estiver completamente embriagado e, portanto, incapaz de
compreender a natureza ilícita do fato ou determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Conforme consta nos autos, Rodrigo encontrava-se em estado


de embriaguez completa (segundo laude médico) decorrente da adição de
substância entorpecente em sua bebida sem seu conhecimento (as imagens
das câmeras de segurança registraram o momento em que uma pessoa
desconhecida teria colocado substâncias entorpecentes em sua bebida), bem
como não compreendia a ilicitude dos fatos. Nesse sentido, deve-se aplicar a
exceção prevista no Art. 28, § 1º, do Código Penal, reconhecendo que Rodrigo
é isento de pena.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente
recurso, com a reforma da decisão de 1º grau, para o fim de que:

a) ser reconhecida a nulidade dos atos praticados desde a audiência de


instrução e julgamento; 
b) desclassificação, nos termos do Art. 419 do CPP;
c) afastamento da causa de aumento prevista no Art. 121, § 4º, do CP;
d) a absolvição sumária, com fundamento no Art. 415, inciso IV, do CPP.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local, 12 de abril de 2021

Advogado
OAB

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