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AO JUIZO DA 1º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE UBÁ/MG

Autos do processo nº...

TASSIO, já qualificado nos autos processo em epígrafe por meio de seu advogado
que esta subscreve (procuração anexa), inconformado com a respeitavel sentença
condenatória de fls. ..., vem à presença de Vossa Excelencia, com fulcro no art.
593, I, do Código de Processo Penal, interpor RECURSO DE APELAÇÃO

Requer o recebimento e processamento do presente recurso, com as inclusas


razoes, ao egrégio Tribunal do Estado de Minas Gerais.

Termos em que, pede deferimento

Ubá, 20 de junho de 2022

Advogado

OAB
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

APELANTE: TASSIO

APELADO: JUSTIÇA PÚBLICA

AUTOS DO PROCESSO Nº ...

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

COLENDA TURMA

ÍNCLITOS JULGADORES

DOUTA PROCURADORIA DE JUSTIÇA

Em que pese a respeitavel sentença condenatória de fls. ..., os seus fundamentos


nao merecem prosperar, pelas razões de fato e de direito a seguir apresentadas

I – DOS FATOS

Depreende do caso em tela relata que no dia 04/03/2021, por volta das
22h30, na cidade de Juiz de Fora - MG, Fernanda estava na esquina de sua casa,
quando foi abordada por Tássio.

Com vontade livre e consciente e ânimo de apossamento definitivo de


coisa alheia, mediante violência e grave ameaça, montado em uma bicicleta
amarela, Tássio aproximou-se e anunciou o assalto ameaçando-a de morte, com
arma de fogo, o que foi prontamente atendido. De posse dos objetos de
Fernanda, incluindo sua bolsa e celular, saiu do local.

A vítima imediatamente comunicou o fato ao vizinho que mora no outro


lado da rua, que se prontificou a iniciar a busca pelo acusado. Encontrando-o
sentado no meio-fio, em frente a um posto de combustível, três ruas após o fato
ocorrido, logo avistou uma viatura de polícia, para a qual relatou o fato. Em
seguida, a polícia realizou a prisão em flagrante do acusado.

Foi Instaurado o inquérito policial e juntada a folha de antecedentes


criminais em que consta um processo em trâmite na 2a Vara Criminal de
Barbacena-MG, como incurso no art. 180, § 3o, do Código Penal. Na audiência e
custódia, foi convertida a prisão em flagrante em preventiva, sob o argumento
de que o autuado é reincidente em crimes contra o patrimônio e, portanto, possui
risco de fuga.

O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Tássio como incurso


nas penas do art. 157, caput, do Código Penal. Também requereu indenização à
vítima, por danos materiais e morais, nos termos do art. 387, inciso IV, do Código
de Processo Penal. Arrolou como testemunhas Alessandra e Daniela e acostou
um vídeo da rua em que passa o momento do fato.

A denúncia foi recebida pelo Juízo da 1a Vara Criminal de Ubá/MG, que citou o
acusado para responder por escrito à acusação. Em resposta à acusação, o
acusado negou os fatos, bem como não foi preso com nenhum produto do crime
nem mesmo com nenhuma arma de fogo ou arma branca.

Afirmou que não houve inquirição da testemunha ao vizinho, nem mesmo


os seus amigos que estavam sentados no meio-fio, Bernardo e Humberto, nem
mesmo a bicicleta fora encontrada. Não existem provas de autoria e
materialidade contra o réu, uma vez que, no vídeo acostado aos autos pela
defesa, não é possível identificar a pessoa em cima da bicicleta amarela.

A audiência de instrução e julgamento foi realizada e foram colhidos os


depoimentos das testemunhas e realizado o interrogatório do acusado. Em sede
de alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação do acusado, nos
termos da denúncia. A Defesa técnica em memoriais pleiteou a absolvição do
acusado por insuficiência de prova e, subsidiariamente, a fixação da pena no
mínimo legal e o regime mais benéfico para o cumprimento de pena.

Em sentença, o magistrado julgou procedente a pretensão punitiva e


condenou o acusado nas penas previstas no art. 157, caput, do Código Penal. Foi
incrementada a pena na primeira fase, devido aos antecedentes criminais. Quanto
à personalidade, motivo, conduta social, circunstâncias, entendeu que não há nos
autos nada para valorar. Sendo assim, fixou-se a pena-base em 4 anos e 9 meses
de reclusão. Na segunda fase de aplicação da pena, não foram reconhecidas
atenuantes, mas foi reconhecida agravante em virtude da reincidência. Majorou
a pena na mesma fração utilizada na fase anterior e fixou a pena intermediária
em 5 anos e 6 meses de reclusão. Na terceira fase, não reconheceu causa especial
de diminuição de pena ou de aumento de pena, tornou a pena definitiva em 5
anos e 6 meses de reclusão. Condenou o acusado ao pagamento de 15 dias-
multa diante da pena privativa imposta. Foi calculada em razão de 1/30 do salário
mínimo vigente a data do fato, na forma do art. 49, § 1o, do Código Penal. De
acordo com a quantidade da pena, bem como pela reincidência do réu, ficou o
regime inicial no fechado.

II – DO DIREITO

A) DAS PRELIMINARES

Premilimarmente cuida-se que o local da infração determina o juizo


competente para seu processamento, desta feita o juizo processante nao é
competente para tal.

Ressalta-se, ainda que o caso em tela teve como local do fato o município
de Juiz de Fora-MG, logo o juizo competente para o processamento do feito
deveria ser o referido e nao o juizo da comarca de Ubá/MG, como bem preceitua
o art. 69, I, e art. 70 do CPP.

Nesse sentir, o código de processo penal leciona em seus artigos 564, I e


567 que tanto o feito como os atos decisórios devem ser anulados, uma vez que
a nulidade pode ser interpretada como relativa ou absoluta.

Deste modo, nao haveria outra senao a decisão de extinção do presente


feito e o declinio para o juizo competente da cidade de Juiz de Fora para ter seu
devido processamento, devendo a r. Sentença ser extinta e afastada seus efeitos.

B) DO MERITO

O crime, em suma, com base na doutrina majoritária que adotam a teoria


tripartida, se divide em um fato tipico, ilicito e culpavel, porém além de tais
requisitos o arcabouço acusatório deve conter o minimo de prova que possam
identificar o autor e ainda fazer prova da materializade.

Desta forma é o que definimos como justa causa, é aquele elemento


minimo de prova fatidico que subsidiam o eferecimento da exordial acusatória.

Contudo, ao consultar os autos nao é possivel identificar a autoria do


acusado, tampouco foi preso em flagrante com elemento do crime ou objetos
similares e, ainda, no video coletado nao é possivel identificar o presente réu,
sendo ainda possivel evidenciar em audiencia de instrução que as testemunhas
nada falaram sobre o réu.

Portanto, a presente dicisão de condenação nao merece prosperar,


devendo de pronto ser reformada e decidido pela absolvição do réu, com
fundamento no art. 386, V, VII do Codigo de Processo Penal.

Não sendo o entendimento desse tribunal pela absolvição do réu, a defesa


pugna em sede de primeira fase de dosimetria pela fixação da pena base em seu
minimo legal, uma vez que o juizo aquo a majorou com base em processos que
ainda estão em curso, confrontando entendimento ja sumulado do Superior
Tribunal de Justiça em seu verbete sumular de nº 444, senão vejamos:

É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais


em curso para agravar a pena-base” (Súmula 444/ STJ).

Ainda, com as mais devidas vênias, discordando da r. Decisão, em sede de


segunda fase de dosimetria o juizo de primeiro grau considerou como agravante
a reicidencia, contuno nao merece prosperar tal medida, uma vez que a
reicidencia somente é caracterizada com o trasito em julgado da sentença
condenatória, o que nao ocorréu com o presente réu.

Desta feita, nao deve ser a pena agravada pelo instituto da reincidencia
uma vez que ainda nao há decisão transitada em julgao, nesse sentir deve o juizo
de primeiro piso interprestar pela presunção de inocencia e da nao culpabilidade
do réu, sendo papel da acusação comprovar sua culpa, encontrando fundamento
no art. 63 do Código Penal Brasileiro e no art. 5º, LV, da CF.
Logo, sendo outro o entendimento desse juizo, mantendo a condenação
deste réu, pugna, ainda, no embate processual, que seja fixado regime compativel
à pena deste réu, qual seja o regime aberto, sedimentado no art. 33, §2º, “c” do
Código Penal Brasileiro.

III – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a vossas Excelencias o conhecimento e


provimento do presente recurso, para:

a) Declarar a incompetencia do juizo e o seu correto processamento, com


fundamento no art. 69, I e art. 70 do codigo de processo penal.
b) Que seja a r. Sentença reformada pugnando pela absolvição do réu, com
fundamento no art. 386, V, VII, do codigo de processo penal.
c) Que seja, em sede de dosimetria em primeira fase fixada pena base no
minimo legal, fundamentada na sumula 444 do STJ, em segunda fase, que
seja afastada os efeitos da reicindencia com fundamento no art. 63 do
codigo penal e art. 5º, LV, da CF.
d) Que seja, ainda, na remota hipotese de manter a condenação, que seja
fixado o regime inicial leve, com fundamento no art. 33, §2º, “c” do codigo
penal.

Termos em que, pede deferimento

Ubá, 20 de junho de 2022

Advogado

OAB

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