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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

3ª Edição – 2021

Súmulas Criminais

STJ e STF

explicadas

Victor Gabriel Tosetto

Todos os direitos reservados ©

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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

Sumário
APLICAÇÃO DA LEI PENAL............................................... 23

Súmula 501 STJ – É cabível a aplicação retroativa da Lei n.


11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a
combinação de leis. ................................................................ 23
Súmula 513 STJ – A 'abolitio criminis' temporária prevista na
Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo
de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado,
praticado somente até 23/10/2005. ........................................ 24
Súmula 711 STF – A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência. ..... 26
CORRUPÇÃO DE MENORES .............................................. 28

Súmula 500 STJ – A configuração do crime do art. 244-B do


ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se
tratar de delito formal. ........................................................... 28
CRIME IMPOSSÍVEL ............................................................ 31

Súmula 567 STJ – Sistema de vigilância realizado por


monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto. ........................ 31
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ....... 33

Súmula 599 STJ – O princípio da insignificância é inaplicável


aos crimes contra a administração pública. .......................... 33
DAS PENAS .............................................................................. 35

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Súmula 174 STJ - No crime de roubo, a intimidação feita com


arma de brinquedo autoriza o aumento da pena. SÚMULA
CANCELADA ......................................................................... 35
Súmula 493 STJ - É inadmissível a fixação de pena substitutiva
(art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto. ... 36
Súmula 512 STJ – A aplicação da causa de diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a
hediondez do crime de tráfico de drogas. SÚMULA
CANCELADA ......................................................................... 37
Súmula 74 STJ - Para efeitos penais, o reconhecimento da
menoridade do réu requer prova por documento hábil. ........ 39
Súmula 171 STJ - Cominadas cumulativamente, em lei
especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a
substituição da prisão por multa. ........................................... 40
Súmula 231 STJ – A incidência da circunstância atenuante
não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
................................................................................................ 41
Súmula 241 STJ – A reincidência penal não pode ser
considerada como circunstância agravante e, simultaneamente,
como circunstância judicial. .................................................. 43
Súmula 269 STJ - É admissível a adoção do regime prisional
semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
................................................................................................ 45
Súmula 440 STJ - Fixada a pena-base no mínimo legal, é
vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do
que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito. ................................................. 46
Súmula 442 STJ - É inadmissível aplicar, no furto qualificado,
pelo concurso de agentes, a majorante do roubo................... 47
Súmula 443 STJ - O aumento na terceira fase de aplicação da
pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação

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concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera


indicação do número de majorantes. ..................................... 48
Súmula 444 STJ - É vedada a utilização de inquéritos policiais
e ações penais em curso para agravar a pena-base. ............. 49
Súmula 511 STJ - É possível o reconhecimento do privilégio
previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto
qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
................................................................................................ 52
Súmula 545 STJ - Quando a confissão for utilizada para a
formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. .......... 53
SÚMULA 587 STJ - Para a incidência da majorante prevista
no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
tráfico interestadual. .............................................................. 54
Súmula 607 STJ – A majorante do tráfico transnacional de
drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a
prova da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras................................ 54
Súmula 630 STJ - A incidência da atenuante da confissão
espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o
reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a
mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio. .. 55
Súmula 636 STJ - A folha de antecedentes criminais é
documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
reincidência. ........................................................................... 55
Súmula 499 STF - Não obsta à concessão do "sursis"
condenação anterior à pena de multa. ................................... 56
Súmula 611 STF - Transitada em julgado a sentença
condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de
lei mais benigna. .................................................................... 56

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Súmula 715 STF - A pena unificada para atender ao limite de


trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais
favorável de execução. ........................................................... 56
Súmula 716 STF – Admite-se a progressão de regime de
cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos
severo nela determinado, antes do trânsito em julgado. ........ 57
Súmula 717 STF - Não impede a progressão de regime de
execução da pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial. ..... 58
Súmula 718 STF – A opinião do julgador sobre a gravidade
em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a
pena aplicada. ........................................................................ 58
Súmula 719 STF – A imposição do regime de cumprimento
mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea. .................................................................................... 59
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .......... 60

Súmula 108 STJ - A aplicação de medidas socioeducativas ao


adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência
exclusiva do juiz. .................................................................... 60
Súmula 338 STJ - A prescrição penal é aplicável nas medidas
socioeducativas. ..................................................................... 60
Súmula 342 STJ - No procedimento para aplicação de medida
socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face
da confissão do adolescente. .................................................. 60
Súmula 492 STJ - O ato infracional análogo ao tráfico de
drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de
medida socioeducativa de internação do adolescente. .......... 61
Súmula 605 STJ - A superveniência da maioridade penal não
interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade

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de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade


assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. ............ 61
Súmula 265 STJ - É necessária a oitiva do menor infrator
antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa. 62
ESTUPRO DE VULNERÁVEL.............................................. 63

Súmula 593 STJ - O crime de estupro de vulnerável se


configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso
com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência
sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com
o agente. ................................................................................. 63
EXECUÇÃO PENAL............................................................... 64

Súmula 40 STJ - Para obtenção dos benefícios de saída


temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de
cumprimento da pena no regime fechado. ............................. 64
Súmula 192 STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais do
Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela
Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual. ............ 64
Súmula 341 STJ - A frequência a curso de ensino formal é
causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob
regime fechado ou semiaberto. .............................................. 64
Súmula 439 STJ - Admite-se o exame criminológico pelas
peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. ..... 65
Súmula 441 STJ - A falta grave não interrompe o prazo para
obtenção de livramento condicional. ..................................... 65
Súmula 471 STJ - Os condenados por crimes hediondos ou
assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de
regime prisional. .................................................................... 66

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Súmula 526 STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente


do cometimento de fato definido como crime doloso no
cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para
apuração do fato. ................................................................... 66
Súmula 520 STJ - O benefício de saída temporária no âmbito
da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação
à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. ... 67
Súmula 533 STJ - Para o reconhecimento da prática de falta
disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a
instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser
realizado por advogado constituído ou defensor público
nomeado. ................................................................................ 67
Súmula 534 STJ - A prática de falta grave interrompe a
contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do
cometimento dessa infração. .................................................. 68
Súmula 535 STJ - A prática de falta grave não interrompe o
prazo para fim de comutação de pena ou indulto. ................. 68
Súmula 562 STJ - É possível a remição de parte do tempo de
execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou
semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que
extramuros.............................................................................. 68
Súmula 617 STJ - A ausência de suspensão ou revogação do
livramento condicional antes do término do período de prova
enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da
pena. ....................................................................................... 69
Súmula 631 STJ - O indulto extingue os efeitos primários da
condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
secundários, penais ou extrapenais........................................ 69
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ......................................... 71

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Súmula 18 STJ - A sentença concessiva do perdão judicial é


declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo
qualquer efeito condenatório. ................................................ 71
Súmula 438 STJ - É inadmissível a extinção da punibilidade
pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena
hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal. ....................................................................... 71
Súmula 560 STF - A extinção de punibilidade, pelo pagamento
do tributo devido, estende-se ao crime de contrabando ou
descaminho, por força do art. 18, § 2º, do Decreto-Lei
157/1967. SUPERADA ........................................................... 72
LEI MARIA DA PENHA ........................................................ 73

Súmula 600 STJ - Para a configuração da violência doméstica


e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria
da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. ... 73
Súmula 536 STJ - A suspensão condicional do processo e a
transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos
ao rito da Lei Maria da Penha. .............................................. 73
Súmula 588 STJ - A prática de crime ou contravenção penal
contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos. ....................................... 73
Súmula 589 STJ - É inaplicável o princípio da insignificância
nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher
no âmbito das relações domésticas. ....................................... 74
Súmula 542 STJ – A ação penal relativa ao crime de lesão
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é
pública incondicionada. ......................................................... 74
MEDIDA DE SEGURANÇA .................................................. 75

Súmula 527 STJ - O tempo de duração da medida de


segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena
abstratamente cominada ao delito praticado. ........................ 75
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Súmula 422 STF - A absolvição criminal não prejudica a


medida de segurança, quando couber, ainda que importe
privação da liberdade. ........................................................... 75
Súmula 525 STF - A medida de segurança não será aplicada
em segunda instância, quando só o réu tenha recorrido.
SUPERADA ............................................................................ 76
PRESCRIÇÃO ......................................................................... 77

Súmula 191 STJ - A pronúncia é causa interruptiva da


prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar
o crime. ................................................................................... 77
Súmula 220 STJ – A reincidência não influi no prazo da
prescrição da pretensão punitiva ........................................... 77
Súmula 415 STJ - O período de suspensão do prazo
prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. ... 77
Súmula 146 STF - A prescrição da ação penal regula-se pela
pena concretizada na sentença, quando não há recurso da
acusação. ................................................................................ 78
Súmula 147 STF - A prescrição de crime falimentar começa a
correr da data em que deveria estar encerrada a falência, ou do
trânsito em julgado da sentença que a encerrar ou que julgar
cumprida a concordata. SUPERADA..................................... 79
Súmula 497 STF - Quando se tratar de crime continuado, a
prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se
computando o acréscimo decorrente da continuação. ........... 79
Súmula 592 STF - Nos crimes falimentares, aplicam-se as
causas interruptivas da prescrição, previstas no Código Penal.
................................................................................................ 80
Súmula 604 STF – A prescrição pela pena em concreto é
somente da pretensão executória da pena privativa de
liberdade. SUPERADA........................................................... 80
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................... 81

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Súmula 606 STJ - Não se aplica o princípio da insignificância


a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art.
183 da Lei n. 9.472/1997. ....................................................... 81
PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL ......................... 82

Súmula 491 STJ - É inadmissível a chamada progressão per


saltum de regime prisional. .................................................... 82
TIPIFICAÇÃO PENAL........................................................... 83

Súmula 17 STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem


mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. .................. 83
Súmula 24 STJ - Aplica-se ao crime de estelionato, em que
figure como vítima entidade autárquica da previdência social,
a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal. .......... 83
Súmula 51 STJ - A punição do intermediador, no jogo do
bicho, independe da identificação do "apostador" ou do
"banqueiro". ........................................................................... 83
Súmula 73 STJ - A utilização de papel moeda grosseiramente
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da
competência da Justiça Estadual. .......................................... 84
Súmula 96 STJ - O crime de extorsão consuma-se
independentemente da obtenção da vantagem indevida. ....... 84
Súmula 522 STJ - A conduta de atribuir-se falsa identidade
perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de
alegada autodefesa. ................................................................ 84
Súmula 575 STJ - Constitui crime a conduta de permitir,
confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa
que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das
situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução
do veículo. .............................................................................. 85

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Súmula 582 STJ - Consuma-se o crime de roubo com a


inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou
grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa
roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou
desvigiada............................................................................... 85
Súmula 145 STF - Não há crime, quando a preparação do
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. .. 86
Súmula 246 STF – Comprovado não ter havido fraude, não se
configura o crime de emissão de cheque sem fundos. ............ 86
Súmula 610 STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio
se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens
da vítima. ................................................................................ 87
Súmula 720 STF - O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro,
que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32
da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem
habilitação em vias terrestres. ............................................... 88
VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL ................................ 89

Súmula 502 STJ - Presentes a materialidade e a autoria,


afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º,
do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. ..... 89
Súmula 574 STJ - Para a configuração do delito de violação
de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é
suficiente a perícia realizada por amostragem do produto
apreendido, nos aspectos externos do material, e é
desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais
violados ou daqueles que os representem. ............................. 89
CONCURSO DE CRIMES...................................................... 91

Súmula 605 STF - Não se admite continuidade delitiva nos


crimes contra a vida. SUPERADA ......................................... 91
COMPETÊNCIA ..................................................................... 92

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Súmula 91 STJ - Compete à Justiça Federal processar e julgar


os crimes praticados contra a fauna. SÚMULA CANCELADA
................................................................................................ 92
Súmula 528 STJ - Compete ao juiz federal do local da
apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional. .............. 92
Súmula 6 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual processar
e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo
viatura de polícia militar, salvo se autor e vítima forem policiais
militares em situação de atividade. SUPERADA ................... 92
Súmula 47 STJ - Compete a Justiça Militar processar e julgar
crime cometido por militar contra civil, com emprego de arma
pertencente a corporação, mesmo não estando em serviço.
SUPERADA ............................................................................ 93
Súmula 48 STJ - Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato
cometido mediante falsificação de cheque. ............................ 93
Súmula 53 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual
processar e julgar civil acusado de prática de crime contra
instituições militares estaduais. ............................................. 94
Súmula 59 STJ - Não há conflito de competência se já existe
sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos juízos
conflitantes. ............................................................................ 94
Súmula 62 STJ - Compete a Justiça Estadual processar e
julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e
previdência social, atribuído a empresa privada. SUPERADA
................................................................................................ 94
Súmula 75 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual
processar e julgar o policial militar por crime de promover ou
facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. SUPERADA
................................................................................................ 95

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Súmula 78 STJ - Compete a Justiça Militar processar e julgar


policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido
praticado em outra unidade federativa. ................................. 95
Súmula 90 STJ - Compete a Justiça Estadual Militar processar
e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e a
comum pela prática do crime comum simultâneo aquele. ..... 95
Súmula 104 STJ - Compete a Justiça Estadual o processo e
julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso
relativo a estabelecimento particular de ensino. ................... 96
Súmula 107 STJ - Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar crime de estelionato praticado mediante
falsificação das guias de recolhimento das contribuições
previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia
federal..................................................................................... 96
Súmula 122 STJ - Compete a justiça federal o processo e
julgamento unificado dos crimes conexos de competência
federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a",
do Código de Processo Penal. ............................................... 96
Súmula 140 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual
processar e julgar crime em que o indígena figure como autor
ou vítima. ................................................................................ 97
Súmula 147 STJ - Compete a Justiça Federal processar e
julgar os crimes praticados contra funcionário público federal,
quando relacionados com o exercício da função. .................. 97
Súmula 151 STJ - A competência para o processo e julgamento
por crime de contrabando ou descaminho define-se pela
prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
................................................................................................ 97
Súmula 164 STJ - O prefeito municipal, após a extinção do
mandato, continua sujeito a processo por crime previsto no art.
1. do Decreto-lei n. 201, de 27/02/67. .................................... 98
Súmula 165 STJ - Compete à justiça federal processar e julgar
crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista. 98

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Súmula 172 STJ - Compete a Justiça Comum processar e


julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que
praticado em serviço. SUPERADA ........................................ 98
Súmula 200 STJ - O juízo federal competente para processar
e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do
lugar onde o delito se consumou. ........................................... 99
Súmula 208 STJ - Compete a Justiça Federal processar e
julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a
prestação de contas perante órgão federal. ........................... 99
Súmula 209 STJ - Compete a Justiça Estadual processar e
julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada
ao patrimônio municipal. ....................................................... 99
Súmula 244 STJ - Compete ao foro do local da recusa
processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem
provisão de fundos. .............................................................. 100
Súmula 546 STJ - A competência para processar e julgar o
crime de uso de documento falso é firmada em razão da
entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
.............................................................................................. 100
Súmula 451 STF - A competência especial por prerrogativa de
função não se estende ao crime cometido após a cessação
definitiva do exercício funcional. ......................................... 100
Súmula 498 STF - Compete à Justiça dos Estados, em ambas
as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a
economia popular. ................................................................ 101
Súmula 521 STF - O foro competente para o processo e o
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local
onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado................. 101
Súmula 522 STF – Salvo ocorrência de tráfico para o exterior,
quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete

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à Justiça dos Estados o processo e julgamento dos crimes


relativos a entorpecentes. ..................................................... 101
Súmula 555 STF - É competente o Tribunal de Justiça para
julgar conflito de jurisdição entre juiz de direito do Estado e a
Justiça Militar local. ............................................................ 101
Súmula 603 STF - A competência para o processo e julgamento
de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri .... 102
Súmula 702 STF - A competência do Tribunal de Justiça para
julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da
Justiça Comum Estadual; nos demais casos, a competência
originária caberá ao respectivo Tribunal de Segundo Grau.
.............................................................................................. 102
Súmula 703 STF - A extinção do mandato do Prefeito não
impede a instauração de processo pela prática dos crimes
previstos no art. 1º do DL 201/67. ....................................... 103
Súmula 704 STF - Não viola as garantias do Juiz Natural, da
ampla defesa e do devido processo legal a atração por
continência ou conexão do processo do correu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados................... 103
Súmula 721 STF - A competência constitucional do Tribunal
do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. ... 103
CONSTRANGIMENTO ILEGAL PRISÃO POR EXCESSO
PRAZO .................................................................................... 105

Súmula 21 STJ - Pronunciado o réu, fica superada a alegação


do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na
instrução. .............................................................................. 105
Súmula 52 STJ - Encerrada a instrução criminal, fica
superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo.
.............................................................................................. 105
Súmula 64 STJ - Não constitui constrangimento ilegal o
excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa. ....... 105
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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

FIANÇA .................................................................................. 107

Súmula 81 STJ – Não se concede fiança quando, em concurso


material, a soma das penas mínimas cominadas for superior a
dois anos de reclusão. SUPERADA ..................................... 107
INTIMAÇÃO .......................................................................... 108

Súmula 273 STJ – Intimada a defesa da expedição da carta


precatória, torna-se desnecessária intimação da data da
audiência no juízo deprecado............................................... 108
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL............................................. 109

Súmula 234 STJ – A participação de membro do Ministério


Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu
impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
.............................................................................................. 109
LEGITIMIDADE ................................................................... 110

Súmula 521 STJ – A legitimidade para a execução fiscal de


multa pendente de pagamento imposta em sentença
condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda. ..... 110
PRISÕES E LIBERDADE .................................................... 111

Súmula 9 STJ – A exigência da prisão provisória, para apelar,


não ofende a garantia constitucional da presunção de
inocência. SUPERADA ........................................................ 111
Súmula 697 STF - A proibição de liberdade provisória nos
processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da
prisão processual por excesso de prazo. SUPERADA ......... 111
PROVAS ................................................................................. 112

Súmula 455 STJ – A decisão que determina a produção


antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser
concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o
mero decurso do tempo. ....................................................... 112
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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

Súmula 361 STF - No processo penal, é nulo o exame realizado


por um só perito, considerando-se impedido o que tiver
funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão. ..... 112
RECURSOS E AÇÕES AUTÔNOMAS .............................. 113

Súmula 604 STJ - O mandado de segurança não se presta para


atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo
Ministério Público. ............................................................... 113
Súmula 267 STJ - A interposição de recurso, sem efeito
suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição
de mandado de prisão. ......................................................... 113
Súmula 347 STJ - O conhecimento de recurso de apelação do
réu independe de sua prisão. ................................................ 113
Súmula 208 STF - O assistente do Ministério Público não pode
recorrer, extraordinariamente, de decisão concessiva de
habeas corpus. SUPERADA ................................................. 114
Súmula 210 STF - O assistente do Ministério Público pode
recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos
casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do Código Penal. ............... 114
Súmula 393 STF - Para requerer revisão criminal, o
condenado não é obrigado a recolher-se à prisão. .............. 114
Súmula 448 STF - O prazo para o assistente recorrer,
supletivamente, começa a correr imediatamente após o
transcurso do prazo do Ministério Público. ......................... 115
Súmula 699 STF - O prazo para interposição de agravo, em
processo penal, é cinco dias, de acordo com a Lei 8.038/90, não
se aplicando o disposto a respeito nas alterações da Lei
8.950/94 ao Código de Processo Civil. SUPERADA ........... 115
Súmula 700 STF - É de cinco dias o prazo para interposição
de agravo contra decisão do Juiz da Execução Penal. ........ 115
Súmula 705 STF - A renúncia do réu ao direito de apelação,
manifestada sem a assistência do defensor, não impede o
conhecimento da apelação por este interposta. ................... 116
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Súmula 713 STF - O efeito devolutivo da apelação contra


decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.
.............................................................................................. 116
Súmula 344 STF - Sentença de primeira instância, concessiva
de habeas corpus, em caso de crime praticado em detrimento de
bens, serviços ou interesses da União, está sujeita a recurso ex
officio.................................................................................... 117
Súmula 606 STF - Não cabe habeas corpus originário para o
tribunal pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida
em habeas corpus ou no respectivo recurso......................... 117
Súmula 693 STF - Não cabe habeas corpus contra decisão
condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada. ............................................................................. 117
Súmula 694 STF - Não cabe habeas corpus contra a imposição
da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de
função pública. ..................................................................... 117
Súmula 695 STF - Não cabe habeas corpus quando já extinta
a pena privativa de liberdade. .............................................. 118
Súmula 701 STF - No mandado de segurança impetrado pelo
Ministério Público contra decisão proferida em processo penal,
é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo. . 118
AÇÃO PENAL........................................................................ 119

Súmula 330 STJ – É desnecessária a resposta preliminar de


que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação
penal instruída por inquérito policial. ................................. 119
Súmula 453 STF - Não se aplicam à segunda instância o art.
384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que
possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em
virtude de circunstância elementar não contida explícita ou
implicitamente na denúncia ou queixa. ................................ 119

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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

Súmula 524 STF - Arquivado o inquérito policial, por


despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não
pode a ação penal ser iniciada sem novas provas. .............. 120
Súmula 554 STF - O pagamento de cheque emitido sem
provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta
ao prosseguimento da ação penal. ....................................... 121
Súmula 594 STF - Os direitos de queixa e de representação
podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por
seu representante legal......................................................... 121
Súmula 609 STF - É pública incondicionada a ação penal por
crime de sonegação fiscal. ................................................... 121
Súmula 696 STF - Reunidos os pressupostos legais permissivos
da suspensão condicional do processo, mas se recusando o
Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a
questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art.
28 do Código de Processo Penal. ........................................ 122
Súmula 709 STF - Salvo quando nula a decisão de primeiro
grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da
denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. .............. 122
Súmula 714 STF - É concorrente a legitimidade do ofendido,
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à
representação do ofendido, para a ação penal por crime contra
a honra do servidor público em razão do exercício de suas
funções.................................................................................. 123
Súmula 723 STF - Não se admite a suspensão condicional do
processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da
infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for
superior a um ano. ............................................................... 123
Súmula 710 STF – No processo penal, contam-se os prazos da
data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou
da carta precatória da ordem. ............................................. 123
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO ............... 125

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Súmula 243 STJ - O benefício da suspensão do processo não é


aplicável em relação às infrações penais cometidas em
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva,
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela
incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
.............................................................................................. 125
Súmula 337 STJ - É cabível a suspensão condicional do
processo na desclassificação do crime e na procedência parcial
da pretensão punitiva. .......................................................... 125
NULIDADES .......................................................................... 127

Súmula 155 STF - É relativa a nulidade do processo criminal


por falta de intimação da expedição de precatória para
inquirição de testemunha. .................................................... 127
Súmula 156 STF - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo
júri, por falta de quesito obrigatório.................................... 127
Súmula 160 STF - É nula a decisão do tribunal que acolhe,
contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação,
ressalvados os casos de recurso de ofício. ........................... 127
Súmula 162 STF - É absoluta a nulidade do julgamento pelo
júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das
circunstâncias agravantes. ................................................... 128
Súmula 206 STF - É nulo o julgamento ulterior pelo júri com
a participação de jurado que funcionou em julgamento anterior
do mesmo processo............................................................... 128
Súmula 351 STF - É nula a citação por edital de réu preso na
mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua
jurisdição.............................................................................. 128
Súmula 366 STF - Não é nula a citação por edital que indica o
dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou
queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia. ............... 129

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Súmula 431 STF - É nulo o julgamento de recurso criminal, na


segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da
pauta, salvo em habeas corpus............................................. 129
Súmula 523 STF - No processo penal, a falta da defesa
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará
se houver prova de prejuízo para o réu................................ 129
Súmula 564 STF - A ausência de fundamentação do despacho
de recebimento de denúncia por crime falimentar enseja
nulidade processual, salvo se já houver sentença condenatória.
SUPERADA .......................................................................... 130
Súmula 706 STF - É relativa a nulidade decorrente da
inobservância da competência penal por prevenção. .......... 130
Súmula 707 STF - Constitui nulidade a falta de intimação do
denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto
da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo. .................................................................... 130
Súmula 708 STF - É nulo o julgamento da apelação se, após a
manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu
não foi previamente intimado para constituir outro. ........... 131
Súmula 712 STF - É nula a decisão que determina o
desaforamento de processo da competência do júri sem
audiência da defesa. ............................................................. 131
SÚMULAS VINCULANTES STF ........................................ 132

Súmula Vinculante 9 – O disposto no artigo 127 da Lei nº


7.210/1984 (Le de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal
previsto no caput do artigo 58. ............................................ 132
Súmula Vinculante 11 – Só é lícito o uso de algemas em casos
de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que
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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.


.............................................................................................. 132
Súmula Vinculante 14 – É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa. .............................................. 133
Súmula Vinculante 24 – Não se tipifica crime material contra
a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. ........... 133
Súmula Vinculante 26 – Para efeito de progressão de regime
no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei nº 8.071/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico. ......... 134
Súmula Vinculante 35 – A homologação da transação penal
prevista no artigo 76 da Lei 9.099/95 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial. ...................... 135
Súmula Vinculante 45 – A competência constitucional do
Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de
função estabelecido exclusivamente pela Constituição
Estadual................................................................................ 135
Súmula Vinculante 56 – A falta de estabelecimento penal
adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime
prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os
parâmetros fixados no RE 641.320/RS................................. 135

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APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Súmula 501 STJ – É cabível a aplicação retroativa da Lei n.


11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a
combinação de leis.

Trata da chamada lex tertia (terceira lei), prática que foi


proibida, pelo teor da súmula. Lex tertia é a combinação de leis no
tempo. Configura-se com a combinação de dispositivos de duas
leis diferentes, mas que tratam do mesmo tema (portanto, uma
revogada e outra em vigor), criando verdadeira terceira lei.
Entendeu o STJ que agindo desta maneira, o magistrado estaria
criando terceira lei, evidenciando atividade legiferante (poder de
estabelecer leis), vedada ao Poder Judiciário1.
A súmula trata especificamente da lei de drogas revogada
(6.368/76) e aquela em vigor (11.343/06). A revogada lei previa
uma pena mais branda para o traficante de drogas (de 3 a 15 anos,
enquanto a lei atual prevê pena de 5 a 15 anos – artigo 33, caput).
Já a atual lei prevê uma causa de diminuição de pena que não
existia na lei revogada (tráfico privilegiado, diminui a pena de 1/6
a 2/3 – artigo 33, § 4º).
Veja, portanto, que, combinando as duas leis, pinçando regra
de uma e de outra norma, é possível extrair uma terceira lei, mais

1
Anota-se que a função legiferante é atividade típica do poder
Legislativo. Todavia, os Poderes Judiciário e Executivo também exercem
essa função, mas de maneira atípica, consagrando-se, assim, o sistema
de freios e contrapesos da Tripartição de Poderes, de Montesquieu.
Cabe ao Poder Judiciário legislar sobre as normas regimentais de seus
Tribunais, como exemplo de sua atividade atípica legislativa.
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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

benéfica. Então, iniciou-se a prática de utilizar a pena em abstrato


da lei revogada, que parte de 3 anos e é mais benéfica, e diminuí-
la com a causa prevista na lei em vigor, resultando em uma pena
final mais benéfica. Contudo, assim agindo, os magistrados
estavam criando uma terceira lei, com a combinação das outras
duas, o que foi proibido por essa súmula.
Portanto, em conclusão, a combinação de leis no tempo é
prática vedada, no Direito Penal, devendo ser aplicadas as
disposições de apenas uma lei, na íntegra.

Súmula 513 STJ – A 'abolitio criminis' temporária prevista na


Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo
de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal
de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado
somente até 23/10/2005.

A lei referida na súmula é o Estatuto do Desarmamento. Antes


de entrar no mérito da sumula, necessária breve análise sobre os
principais crimes da lei 10.826/03.
Precisamos saber que o Estatuto do Desarmamento prevê como
crime: posse (art. 12) ou porte (art. 14) de arma de fogo de uso
permitido; posse/porte de arma de fogo de uso restrito (art. 16);
posse/porte de qualquer arma adulterada, com numeração raspada
etc. (art. 16, § 1º)2.

2
Atualmente há também a figura típica da posse/porte de arma de fogo
de uso proibido, prevista no artigo 16, § 2º, mas não vem ao caso citá-
la, pois à época da criação da súmula este crime não existia – foi incluído
pelo ‘pacote anticrime’, lei 13.964/2019.
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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

Visando estimular a regularização das armas existentes no país,


referida lei deu a possibilidade de aqueles que possuíssem armas
ilegais pudessem solicitar o seu registro (art. 30).
A redação original do artigo 30 estabeleceu prazo de 180 dias
após a publicação da lei (que ocorreu em 23.12.2003), para que
possuidores de arma de fogo em situação irregular solicitassem o
registro da arma. Se a arma fosse de uso restrito ou adulterada, não
sendo possível sua regularização, poderia ser entregue à Polícia
Federal, com recebimento de indenização.
Já o artigo 32 previu que, durante este período, aquele que fosse
flagrado na posse de arma de fogo, de uso permitido ou restrito
(art. 12 e 16), até mesmo se adulterada (art. 16, § 1º), não incorreria
na prática de crime. Eis a abolitio criminis temporária.
Lembra que o prazo era até 23.12.2003? Então, este prazo foi
sucessivamente estendido, por alterações na lei, ponto do estudo
em que chegamos ao tema da súmula.
Então, em conclusão:
Até 23.10.2005 – A posse ilegal de arma de fogo, permitida ou
proibida, adulterada ou não, não configurou crime. Abolitio
criminis das figuras previstas nos artigos 12, 16 caput e seu § 1º.
De 24.10.2005 até 31.12.2009 – somente a posse ilegal de arma
de fogo permitida, não adulterada, era fato atípico. A partir de 2010
qualquer tipo de posse irregular passou a configurar crime.
Abolitio criminis da figura prevista no artigo 12.
De outra maneira:
Artigo 12 (posse uso permitido): abolitio criminis até
31.12.2009. Com a ressalva de que se a arma de uso permitido for
adulterada (art. 16, § 1º), entra na regra abaixo.

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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

Artigo 16 caput (posse uso restrito) e seu § 1º (posse


adulterada): abolitio criminis até 23.10.2005, apenas para posse.
Porte sempre configurou crime
Artigo 14 (porte uso permitido): nunca houve abolitio
criminis.
E atualmente? O artigo 32 passou por alteração e hoje em dia é
causa de extinção de punibilidade a entrega de arma de fogo
irregular. Para tanto, o interessado deve preencher formulário no
site da Polícia Federal e imprimi-lo, onde constará o trajeto a ser
feito com a arma. Haverá indenização no ato da entrega. Quanto
ao artigo 30, perdeu sua eficácia, não havendo mais possibilidade
de regularização.

Súmula 711 STF – A lei penal mais grave aplica-se ao crime


continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior
à cessação da continuidade ou da permanência.

A súmula traz dois institutos penais que precisamos conhecer.


O crime permanente é aquele em que a conduta se prolonga no
tempo, por vontade do agente (ex.: extorsão mediante sequestro.
Enquanto a vítima estiver sequestrada, o crime estará se
consumando ao longo do tempo).
Já o crime continuado é aquele em que há dois ou mais crimes,
com o mesmo modo de execução, tempo e lugar, entendendo-se os
subsequentes como continuação do primeiro (Ex.: Durante uma
semana, todo dia (tempo) o sujeito entra em um mesmo shopping,
cada dia em uma loja diferente (lugar) e furta em cada uma delas,
sempre escondendo os objetos na mochila (execução).
Agora chegamos no ponto que a súmula traz. Se, durante a
prática do crime continuado ou do crime permanente, entra em
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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

vigor lei nova que prevê consequências mais graves aos crimes que
estão sendo cometidos. Essa lei nova será aplicada?
Sim, ainda que mais grave, pois a conduta não cessou. A cada
dia que passa considera-se que a conduta é ‘renovada’, sujeitando-
se à lei em vigor, no momento dessa conduta, que se prolonga
(crime permanente) ou se repete (crime continuado) no tempo.

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CORRUPÇÃO DE MENORES

Súmula 500 STJ – A configuração do crime do art. 244-B do


ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se
tratar de delito formal.

Primeiro, precisamos relembrar o que se entende por crime


formal. O crime formal é aquele que não exige a produção do
resultado para sua consumação – em contraponto ao crime
material, que exige a produção do resultado, para sua consumação.
Exemplos: crime material – homicídio, pois a morte é o resultado
natural que torna o crime consumado; crime formal – ameaça, pois
basta que prometa causar o mal injusto e grave, para se consumar,
pouco importando se este mal é causado (se eventualmente o mal
for causado, incide na prática de outro crime, como lesão corporal
ou homicídio).
O artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê
como crime:
“Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la.”.
São casos em que um penalmente imputável (18 anos
completos) comete crime em concurso com criança (12 anos
incompletos) ou adolescente (entre 12 anos e 18 anos
incompletos).
Nesses casos, basta que o menor de 18 anos participe da
conduta criminosa, para que o sujeito imputável (maior de 18 anos)
seja responsabilizado pelo crime previsto no artigo 244-B, do
ECA.

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Não é necessária comprovação da efetiva corrupção do menor


(este é o porquê de ser crime formal. Caso se exigisse a
comprovação da efetiva corrupção, ou seja, de que o menor
realmente foi cooptado para a prática do crime por vontade do
imputável, seria crime material).
Ainda que o adolescente possua outros antecedentes
infracionais, configura-se o crime, porquanto o bem jurídico
tutelado pela norma visa, sobretudo, impedir que o maior
imputável induza ou facilite a inserção ou manutenção do menor
na esfera criminal, pelo princípio da proteção integral do menor de
dezoito anos.
Então, se João (adolescente) pratica um roubo em coautoria
com Éder (imputável), ainda que João tenha passagens pela Vara
da Infância e cumprido internação na fundação CASA, seja um
adolescente que sempre cometa atos infracionais equiparados a
crimes, e mesmo que tenha partido de João a ideia de cometer o
roubo, Éder será responsabilizado pelo roubo em concurso com a
corrupção do menor, João.
Sabemos que o imputável que pratica crime em concurso com
menor incide no crime previsto no artigo 244-B, do ECA. Mas, e
quanto ao menor? Vejamos os reflexos do cometimento de ato
infracional para o menor de dezoito anos:
I – Se for criança (até 12 anos incompletos), está sujeita a
medidas protetivas, determinadas pelo Juiz e aplicadas pelo
Conselho Tutelar. As medidas protetivas estão previstas no art.
101 do ECA.
II – Se for adolescente (12 anos completos até 18 anos
incompletos), está sujeito a medidas socioeducativas, que podem
ser cumuladas com medidas protetivas, também determinadas pelo
Juiz. As medidas socioeducativas podem ser advertência,

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obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade,


liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade, e
internação em estabelecimento educacional (fundação CASA).

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CRIME IMPOSSÍVEL

Súmula 567 STJ – Sistema de vigilância realizado por


monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.

A súmula traz o importante instituto do crime impossível,


previsto no artigo 17, do Código Penal.
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o
crime
Para entendermos melhor o tema, precisamos saber um pouco
mais sobre as teorias do crime impossível:
teoria subjetiva – para que haja crime, basta que o sujeito tenha
praticado a conduta com vontade, havendo tentativa mesmo se o
meio escolhido for ineficaz ou o objeto impróprio;
teoria objetiva – não se analisa o elemento subjetivo, mas se a
tentativa de crime era idônea a gerar perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado Se a tentativa não gerar perigo, é inidônea. A
inidoneidade pode ser absoluta (a conduta jamais faria o crime se
consumar) ou relativa (a conduta poderia consumar o delito, o que
não ocorreu em razão de circunstâncias alheias à vontade de
agente).
Visto isso, podemos nos aprofundar na teoria objetiva, que se
subdivide em: teoria objetiva pura – não há crime se a tentativa for
inidônea (seja absoluta ou relativa a inidoneidade); teoria objetiva
temperada – se a inidoneidade for relativa, há crime tentado. Se a
inidoneidade for absoluta, o crime é impossível.
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Agora ficou fácil perceber que o artigo 17 adotou a teoria


objetiva temperada, pois estabelece que a ineficácia absoluta do
meio ou a absoluta impropriedade do objeto, não torna punível a
tentativa, pois impossível consumar-se o crime.
Agora vamos detalhar um pouco essas inidoneidades absolutas:
Ineficácia absoluta do meio: o meio empregado jamais pode
levar à consumação do crime. Exemplo: a falsificação grosseira de
documento é meio absolutamente ineficaz para a consumação de
uso de documento falso, pois até o mais leigo consegue notar que
se trata de documento falso.
Absoluta impropriedade do objeto: aqui há relação com a coisa
ou pessoa, objeto do crime, a quem recai a conduta criminosa. O
objeto é absolutamente impróprio se inexiste ou lhe falta
característica imprescindível para a consumação do crime.
Exemplo: Sujeito quer matar seu inimigo que está aparentemente
dormindo, no banco da praça. Então, dispara três vezes com arma
de fogo. No entanto, a perícia constata que a ‘vítima’ já estava
morta, antes mesmo de ser alvejada. Não há objeto do crime de
homicídio, pois é impossível ‘matar alguém’ que já esteja morto.
Agora vamos para a questão que a súmula colocou. Embora a
existência de monitoramento eletrônico no interior de
supermercados dificulte a empreitada criminosa, há margem para
que o agente engane a segurança e subtraia o bem. Por mais que a
instalação de câmera de segurança objetive evitar a prática de
furtos, apenas minimiza a ocorrência desse crime patrimonial.
Dessa forma, a existência de monitoramento eletrônico, ou
presença de segurança, por si só, não torna o meio do crime
absolutamente ineficaz, porquanto não torna impossível a
consumação do crime.

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Súmula 599 STJ – O princípio da insignificância é inaplicável


aos crimes contra a administração pública.

Do que se trata o princípio da insignificância? Também


chamado de crime de ‘bagatela’, é hipótese de exclusão da
tipicidade material da conduta que não encontra previsão legal,
trata-se de construção doutrinária com aceitação jurisprudencial.
Precisamos abrir um parênteses aqui, para relembrar o que é
tipicidade material. A infração penal, pela teoria analítica, é o fato
típico, ilícito e culpável. Dentro da tipicidade estão a conduta, o
resultado, o nexo causal e a tipicidade.
Vamos nos ater ao que a súmula propõe. Para que o fato seja
típico, é necessário haver tipicidade. A tipicidade se divide em
duas:
Tipicidade formal – a conduta é descrita como crime (se eu
subtraio R$1,00 da sua carteira, sem violência ou grave ameaça,
em tese cometo furto. A conduta é descrita como furto, no artigo
155, do Código Penal);
Tipicidade material – é necessário que a conduta, além de ser
descrita como crime, cause lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado (subtrair R$1,00 da sua carteira, a depender da
sua condição financeira, não vai lesar seu patrimônio de forma
significativa).
Portanto, se não houver lesão ou perigo de lesão,
consequentemente não há tipicidade material na conduta, tornando
o fato atípico, ou seja, a conduta não é considerada criminosa.
Mas, como a súmula expõe, tal raciocínio não é aplicado aos
crimes contra a administração pública, pois estes visam não
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somente tutelar o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a


moral administrativa – um dos princípios constitucionais da
administração pública. Portanto, por mais ínfimo que seja o valor
do prejuízo, é inaplicável o princípio da insignificância.
No entanto, há uma exceção, criada pela jurisprudência. O
crime de ‘descaminho’, previsto no artigo 334, do Código Penal,
está previsto dentro do título que cuidou dos crimes contra a
administração pública, mas a jurisprudência aceita a tese do
princípio da insignificância, quando o valor do imposto devido não
for superior a vinte mil reais. O Fisco não promove a execução
fiscal de seus créditos, quando inferiores a vinte mil reais, pois o
custo deste processo irá superar o valor do crédito que tem a
receber. No entanto, o STF vem se inclinando a não aceitar mais a
aplicação do princípio da insignificância no crime de descaminho,
sob o fundamento de proteção ao erário público e independência
das esferas penal e da fazenda – é por Portaria do Ministério da
Fazenda que se chegou a este valor de vinte mil reais.

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DAS PENAS

Súmula 174 STJ - No crime de roubo, a intimidação feita com


arma de brinquedo autoriza o aumento da pena. SÚMULA
CANCELADA

À época em que a súmula foi editada, o artigo 157, § 2º, inciso


I, do Código Penal, previa como causa de aumento do crime de
roubo o emprego de arma – tanto arma de fogo como arma branca.3
Chegou-se à conclusão, na época, que o simulacro (arma de
brinquedo), era capaz de atemorizar a vítima, tal como a arma
verdadeira, tolhendo sua capacidade de resistência, já que
desconhecia a ineficácia do objeto.
No entanto, ao revisitar o tema, após inúmeros recursos e
críticas da doutrina, o STJ cancelou este entendimento, pois sua
aplicação afrontaria o princípio da legalidade (já que a lei previa
ser causa de aumento ‘arma’, e não ‘arma de brinquedo’), bem
como do ne bis in idem, tendo em vista que o emprego de arma de
brinquedo serviria para configurar a grave ameaça, circunstância
que caracteriza o crime de roubo, na sua forma simples, não
podendo servir de fundamento para agravar as penas, também.
Concluindo, para que não houvesse analogia in malam partem,
ao considerar arma de brinquedo como ‘arma’, a súmula foi
cancelada, de forma que o simulacro não autoriza o aumento da
pena do crime de roubo. O simulacro serve apenas para
caracterizar a grave ameaça, circunstância elementar para

3
Atualmente o emprego de arma branca é causa de aumento prevista
no artigo 157, § 2º, inciso VII, e a arma de fogo prevista no artigo 157, §
2º-A, inciso I, ambos do Código Penal.
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configurar o crime de roubo. Para que haja o aumento de pena, é


necessário que a arma de fogo utilizada seja real.

Súmula 493 STJ - É inadmissível a fixação de pena


substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime
aberto.

Antes de nos aprofundarmos na súmula, essencial ter em mente


que o regime aberto é forma de cumprimento da pena privativa de
liberdade (PPL). Já a pena substitutiva a que se refere a súmula é
a pena restritiva de direito (PRD), que substitui a PPL, se
preenchidos os requisitos.
A Lei de Execução Penal (LEP – nº 7.210/84), em seu artigo
115, prescreve quais são as condições gerais do regime aberto, sem
prejuízo de o Juiz fixar outras, denominadas condições especiais.
Vejamos as condições gerais e obrigatórias, que o sentenciado
deve observar, quando em cumprimento de pena em regime aberto:
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições
especiais para a concessão de regime aberto, sem
prejuízo das seguintes condições gerais e
obrigatórias:
I - permanecer no local que for designado,
durante o repouso e nos dias de folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários
fixados;
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem
autorização judicial;
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar
as suas atividades, quando for determinado.

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Como dito, essas são as condições gerais e obrigatórias que o


sentenciado deve observar, no cumprimento da pena em regime
aberto. Válido pontuar que o descumprimento de qualquer uma
delas caracteriza falta grave, conforme previsão do artigo 50,
inciso V, da LEP.
Para além destas condições, o Juiz pode fixar outras, de caráter
especial, como, por exemplo, que o sentenciado frequente curso de
capacitação profissional. No entanto, é vedado ao juiz, pelo teor da
súmula, fixar qualquer uma das penas restritivas de direitos,
previstas no artigo 43, do Código Penal, em cumulação ao regime
aberto. São elas: prestação pecuniária; perda de bens e valores;
limitação de fim de semana; prestação de serviços à comunidade
ou entidades públicas; interdição temporária de direitos
A razão dessa proibição está prevista no artigo 44, do Código
Penal. As penas restritivas de direitos possuem natureza
autônoma e substituem as privativas de liberdade, não podendo
haver cumulação entre PRD e PPL, sob pena de submeter o
sentenciado a dupla apenação.

Súmula 512 STJ – A aplicação da causa de diminuição de


pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a
hediondez do crime de tráfico de drogas. SÚMULA CANCELADA

A lei 11.343/06 trata sobre os crimes envolvendo drogas. O


crime previsto no artigo 33 é de tráfico de drogas.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que

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gratuitamente, sem autorização ou em desacordo


com determinação legal ou regulamentar
Este é um típico exemplo de crime de ação múltipla, isto é,
basta a prática de apenas um dos verbos do tipo (exportar, remeter,
vender, trazer consigo etc.) para que se caracterize o crime.
O crime de tráfico de drogas é equiparado a hediondo, por
previsão constitucional (artigo 5º, inciso XLIII).
Todavia, o § 4º, do artigo 33, dispõe sobre o ‘tráfico
privilegiado’, uma causa de diminuição de pena para aquele que
seja réu primário, de bons antecedentes, não se dedique às
atividades criminosas nem integre organização criminosa.
Pelo teor da súmula, mesmo que reconhecida e
aplicada essa causa de diminuição do ‘tráfico privilegiado’, ainda
assim o crime continuaria a ser equiparado a hediondo. Este era
também o entendimento do STF.
No entanto, a súmula foi cancelada,
principalmente pela mudança de posicionamento da Corte
Suprema que, em julgamento plenário de HC definiu não ser o
tráfico privilegiado crime equiparado a hediondo. O STJ decidiu
seguir este novo entendimento do STF, ainda que não dotado de
eficácia erga omnes e vinculante, em nome da segurança jurídica,
da proteção da confiança e da isonomia.
Portanto, o STJ cancelou a súmula e o entendimento atual é de
que o tráfico privilegiado não é equiparado a hediondo. Este
entendimento foi reforçado, com a entrada em vigor do ‘pacote
anticrime’ (lei 13.964/19), que inseriu o § 5º, no artigo 112, da Lei
de Execução Penal, prevendo que não se considera hediondo ou
equiparado o tráfico privilegiado, para fins de progressão de
regime.

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Como consequência dessa mudança jurisprudencial, aqueles


condenados pelo tráfico privilegiado terão tratamento menos
severo, na execução da pena e também na fase investigatória, tendo
em vista que aos crimes hediondos e equiparados a fração de
cumprimento de pena para progressão de regime é maior, não se
admite fiança, tampouco a concessão de anistia, graça e indulto, e
o prazo da prisão temporária é maior.

Súmula 74 STJ - Para efeitos penais, o reconhecimento da


menoridade do réu requer prova por documento hábil.

A súmula trata da menoridade relativa (18 anos completos até


21 anos incompletos). A menoridade relativa traz alguns
benefícios ao acusado, se tinha entre 18 e 21 anos na data do fato,
como atenuação da pena (artigo 65, inciso I, CP) e redução do
prazo prescricional pela metade (artigo 115, CP).
Para se provar essa menoridade relativa é necessário algum
documento nos autos. Basta, para tanto, que haja um RG, certidão
de nascimento ou então a data de nascimento do acusado em
boletim de ocorrência que, por ser documento público, é dotado de
fé pública.
Vamos entender o motivo da existência dessa menoridade
relativa. Quando o Código Penal foi promulgado, em 1940, vigia
o Código Civil de 1914, que previa se dar a maioridade civil aos
21 anos, classificando como relativamente incapaz aquele entre 16
e 21 anos. Ainda assim, o Código Penal adotou a maioridade penal
como 18 anos completos, mas não descuidou do civilmente
relativamente incapaz, prevendo como causa atenuante ser o
agente menor de 21 anos, na data dos fatos.

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Portanto, se, na data do crime, o agente não tiver completado


21 anos, fará jus à causa atenuante da pena, desde que demonstrada
sua idade, por documento hábil, como acima já explicado.

Súmula 171 STJ - Cominadas cumulativamente, em lei


especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a
substituição da prisão por multa.

Vamos começar entendendo a parte final da súmula: é defeso a


substituição da prisão por multa.
O artigo 60, § 2º, do Código Penal, autoriza a substituição da
pena privativa de liberdade não superior 06 (seis) meses por pena
de multa, desde que o agente não seja reincidente em crime doloso
e a medida seja suficiente para penalizá-lo, conforme sua
culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade.
Tendo em vista essa explicação, agora vamos analisar a súmula
por inteira.
São três as espécies de penas: privativa de liberdade; restritivas
de direitos; e multa. A infração penal pode cominar pena isolada
(só multa ou só privativa de liberdade ou só restritiva de direito4),
cumulativa (privativa de liberdade e multa) ou alternativa
(privativa de liberdade ou multa).
A súmula claramente trata da cominação cumulativa entre pena
privativa de liberdade e de multa (pecuniária). Quando o crime
prevê, no preceito secundário, pena de reclusão/detenção e multa,
é defeso (proibido) ao Juiz aplicar a regra prevista no artigo 60, §

4
Embora a pena restritiva de direito comumente seja utilizada como
forma de substituir a privativa de liberdade, também pode ser aplicada
de forma isolada, como na pena prevista no artigo 28, inciso II, da lei de
drogas.
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2º, do Código Penal, pois não pode transformar a cumulação de


espécies (prisão e multa) em identidade de espécies (multa e
multa). Se a vontade do legislador foi a de cumular duas espécies
de pena, não se pode transformá-la em apenas uma espécie de
pena.
O entendimento é de que somente se converterá a pena
privativa de liberdade em multa quando ela (reclusão/detenção) for
a única cominada ao crime e seja aplicada pena não superior a seis
meses.

Súmula 231 STJ – A incidência da circunstância atenuante


não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.

Precisamos relembrar um pouco sobre o processo trifásico de


dosimetria da pena, previsto no artigo 68, do Código Penal.
Como o nome revela, trifásico, pois são três as fases de fixação
da pena. Na primeira fase são levadas em consideração as
circunstâncias judiciais, do artigo 59, do Código Penal. Na
segunda etapa são analisadas as circunstâncias legais atenuantes e
agravantes. E na terceira fase são analisadas causas de diminuição
e aumento de pena.
A jurisprudência entende que nas duas primeiras fases o juiz
está adstrito aos limites da pena cominada pelo legislador. Em
outras palavras, se a pena do crime é de 01 a 04 anos, nas duas
primeiras fases o Juiz não pode fixá-la abaixo de 01 ano quanto
acima de 04 anos. E é exatamente esse entendimento que a súmula
cristalizou, ainda que exista circunstância legal atenuante que o réu
faça jus.
Este entendimento é extraído do próprio Código Penal. O artigo
59, que trata da primeira fase da dosimetria, expressamente pontua,

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no seu inciso II, que o juiz estabelecerá a quantidade de pena


aplicável, dentro dos limites previstos (ou seja, dentro dos limites
da pena cominada, no nosso exemplo, 01 a 04 anos). Já o artigo
67, que trata das circunstâncias atenuantes e agravantes, também
dispõe que ‘a pena deve aproximar-se do limite indicado’. Não
bastasse, outros fortes argumentos foram utilizados, para a
construção da súmula, como a possibilidade de ‘pena zero’, acaso
fosse aceita a atenuação aquém do mínimo legal, já na segunda
fase (pois o quantum da atenuação não é limitado, como nas causas
de diminuição).
Quanto ao tema, o ensinamento de Alberto Silva Franco é
esclarecedor:
“O entendimento de que o legislador de 84
permitiu ao juiz superar tais limites encerra um sério
perigo ao direito de liberdade do cidadão, pois, se,
de um lado, autoriza que a pena, em virtude de
atenuantes, possa ser estabelecida abaixo do mínimo,
não exclui, de outro, a possibilidade de que, em razão
de agravantes, seja determinada acima do máximo.
Nessa situação, o princípio da legalidade da pena
sofreria golpe mortal, e a liberdade do cidadão
ficaria à mercê dos humores, dos preconceitos, das
ideologias e dos ‘segundos códigos’ dos magistrados.
Além disso, atribui-se às agravantes e atenuantes,
que são circunstâncias acidentais, relevância
punitiva maior do que a dos elementos da própria
estrutura típica, porque, em relação a estes, o juiz
está preso às balizas quantitativas determinadas em
cada figura típica. Ademais, estabelece-se linha
divisória inaceitável entre as circunstâncias legais,
sem limites punitivos, e as causas de aumento e

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diminuição, com limites determinados, emprestando-


se àquelas uma importância maior do que a estas, o
que não parece ser correto, nem ter sido a intenção
do legislador. Por fim, a margem de deliberação
demasiadamente ampla, deixada ao juiz, perturbaria
o processo de individualização da pena que se
pretendeu tornar, através do art. 68 do CP, o mais
transparente possível e o mais livre de
intercorrências subjetivas.” (Código Penal e sua
interpretação, 8ª edição, 2007, Revista dos
Tribunais, p. 382/383).
Portanto, caso a pena não tenha sido elevada, na primeira fase,
pelo fato das circunstâncias judiciais do artigo 59 não serem
negativas, ainda que o acusado tenha confessado espontaneamente
o crime ou tinha menos de 21 anos na data do crime (causas
atenuantes), não podem as penas serem atenuadas, pois, ao
magistrado não é permitido ultrapassar (para mais ou para menos)
os limites da pena em abstrato, nas duas primeiras fase da
dosimetria. Somente na terceira fase da dosimetria é que as penas
podem ficar além ou aquém do máximo e mínimo previsto em
abstrato.

Súmula 241 STJ – A reincidência penal não pode ser


considerada como circunstância agravante e, simultaneamente,
como circunstância judicial.

Novamente súmula sobre o sistema trifásico da dosimetria das


penas. Como já explicado anteriormente, na súmula 231 STJ, na
primeira fase são levadas em consideração as circunstâncias
judiciais, do artigo 59, do Código Penal. Na segunda etapa são
analisadas as circunstâncias legais atenuantes e agravantes. E na

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terceira fase são analisadas causas de diminuição e aumento de


pena.
O artigo 59 do CP lista oito circunstâncias judiciais (aquelas
levadas em consideração na primeira fase): culpabilidade,
antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos,
circunstâncias e consequências do crime, e comportamento da
vítima.
Já o artigo 61, inciso I, do CP, prevê como circunstância
agravante (levada em consideração na segunda fase) a
reincidência. Para a configuração da reincidência é necessária a
prática de um novo crime, após a condenação definitiva (com
trânsito em julgado para a defesa) por outro crime, cometido no
Brasil ou no estrangeiro.
Esquematizando fica mais fácil entender.
Infração Infração Resultado Fundamento

anterior posterior

Crime Crime Reincidente Art. 63 CP

Crime Contravenção Reincidente Art. 7, LCP5

Contravenção Contravenção Reincidente Art. 7º LCP

Contravenção Crime Primário Não há previsão


legal para este
tipo de
reincidência,
logo, considera-
se primário.

5
Lei de contravenções penais – decreto-lei nº 3.688/41
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Importante destacar que os crimes militares e políticos não são


considerados para fins de reconhecimento de reincidência. Se o
sujeito tem uma condenação em definitivo por crime militar e
comete um crime comum, é considerado primário.
Ainda, essencial entender que existe um período depurador da
reincidência, isto é, o período no qual o sujeito será considerado
reincidente. Após 05 anos do cumprimento ou extinção da pena,
considera-se tecnicamente primário o sujeito, passando a
condenação a ser considerada, no máximo, mau antecedente.
Note que dentre as circunstâncias judiciais há uma que
considera os antecedentes do agente, à semelhança da reincidência.
É aí que reside o teor da súmula. A reincidência não pode ser
utilizada tanto para valorar negativamente as circunstâncias
judiciais do artigo 59 quanto agravar as penas, na segunda fase. O
que pode e deve ser ponderado na primeira fase é o mau
antecedente (condenação cujo período depurador foi alcançado ou
condenação distinta daquela em que será valorada como agravante
da reincidência).
Portanto, uma única condenação, capaz de gerar a reincidência,
não pode agravar a pena do acusado duas vezes, na primeira e
segunda fase da dosimetria, sob pena de bis in idem.

Súmula 269 STJ - É admissível a adoção do regime prisional


semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior
a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

Se você leu atentamente as explicações das súmulas 231 e 241


do STJ acredito que tenha sedimentado bem o sistema trifásico da
dosimetria das penas. A essa altura você já sabe quais são as
circunstâncias judiciais e que elas são ponderadas na primeira fase
da dosimetria.
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Vamos entender agora como é fixado o regime inicial para


cumprimento de pena. O condenado pode iniciar o cumprimento
de pena privativa de liberdade em regime fechado, semiaberto ou
aberto. Via de regra, o regime inicial será, nos crimes punidos com
reclusão:
Fechado - se a pena fixada superar 08 (oito) anos;
Semiaberto – se o condenado não for reincidente e a pena for
superior a 04 (quatro) anos e não exceder 08 (oito) anos;
Aberto - se o condenado não for reincidente e a pena for igual
ou inferior a 04 (quatro) anos.
Importante anotar que para os crimes punidos com detenção, o
regime inicial pode ser no máximo o semiaberto, podendo ser
transferido para o fechado somente durante o cumprimento da
pena, conforme artigo 33, do CP.
Portanto, ao reincidente é previsto regime inicial fechado para
cumprimento de pena, independentemente do quantum fixado.
Contudo, o artigo 33, § 3º do CP prevê que a adoção de regime
inicial de cumprimento de pena será feita com observância aos
critérios previstos no artigo 59 (circunstâncias judiciais). Assim,
nada impede que o condenado reincidente, que não ostente
nenhuma circunstância judicial negativa, cuja pena seja igual ou
inferior a 4 (quatro) anos, inicie o cumprimento de pena no regime
semiaberto.

Súmula 440 STJ - Fixada a pena-base no mínimo legal, é


vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do
que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

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Complementando a súmula 269 STJ, onde aprendemos como


se dá a fixação do regime inicial para cumprimento de pena, a
súmula 440 STJ reforça que a fixação de regime mais gravoso que
o cabível em razão do quantum da pena imposta exige
fundamentação concreta, não basta se pautar na gravidade em
abstrato do crime.
Caso o acusado não ostente circunstâncias judiciais negativas
e, consequentemente, a pena base fique no mínimo legal, o regime
inicial para o cumprimento de pena deve ser aquele compatível
com a sanção imposta, salvo se fundamentado em fatos concretos,
que autorizem regime mais severo, não podendo a gravidade em
abstrato do delito autorizar essa imposição mais gravosa.
Ex.: Crime de roubo tem pena de 4 a 10 anos. Se a pena final
for 4 anos, pois não houve alteração em nenhuma fase, via de regra
o regime autorizado seria o aberto, caso o condenado fosse
primário, sendo vedado regime mais gravoso fundamentado
apenas na gravidade em abstrato do crime do roubo, que é
cometido sempre com violência ou grave ameaça. Todavia, se
demonstrado, de forma fundamentada, que o crime teve uma
gravidade a mais no caso concreto, pode ser fixado regime mais
gravoso.

Súmula 442 STJ - É inadmissível aplicar, no furto qualificado,


pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.

Para entender essa súmula precisamos conhecer os efeitos do


concurso de agentes nos crimes de furto e roubo.
O concurso de agentes qualifica o crime de furto, ou seja, é
causa qualificadora, que tem como efeito elevar o mínimo e o
máximo da pena cominada. A pena de furto qualificado pelo
concurso de agentes (2 a 8 anos) é o dobro da pena de furto simples
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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

(1 a 4 anos). Já o concurso de agentes não qualifica crime de roubo,


mas configura mera causa de aumento de pena, na fração de 1/3
até metade.
Iniciou-se uma corrente que defendia que a pena do furto
qualificado era desproporcional, em comparação com a de furto
simples, devendo, nos casos de furto qualificado pelo concurso de
agentes, ser utilizada a pena cominada ao furto simples (1 a 4
anos), incidindo a causa de aumento na fração de 1/3 até metade,
prevista no crime de roubo, por aplicação analógica.
A edição dessa súmula afastou essa corrente, com o
fundamento de que a almejada aplicação analógica, in bonam
partem, não se justificaria, já que inexistente lacuna a ser
preenchida, diante da previsão expressa do artigo 155, § 4º, inciso
IV, do Código Penal, em tornar o furto cometido por duas ou mais
pessoas figura qualificada, sob pena de se ferir o princípio da
reserva legal.

Súmula 443 STJ - O aumento na terceira fase de aplicação da


pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação
concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
indicação do número de majorantes.

O roubo circunstanciado é o ‘majorado’ pelas causas de


aumento de pena, previstas no artigo 157, § 2º do CP. Lá estão
previstas oito causas de aumento de pena, que incidem na terceira
fase da dosimetria, que majoravam a pena, todas, à época da edição
dessa súmula, de 1/3 até metade6.

6
Atualmente, após diversas alterações, as causas de aumento de
emprego de arma de fogo e rompimento de obstáculo com uso de
explosivos aumentam a pena em 2/3, mantida a majoração de 1/3 até
metade para todas as outras causas.
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A questão que a súmula resolveu foi a seguinte: cometido o


roubo mediante duas ou mais majorantes, a mera indicação de
pluralidade de causa de aumento seria motivação suficiente para
exasperar a pena em fração maior que 1/3?
A súmula diz que não! Deve haver fundamentação baseada em
fatos concretos, a fim de aferir a maior ou menor reprovabilidade
da conduta.
Portanto, para o roubo cometido em concurso de pessoas e
mediante restrição da liberdade da vítima, por exemplo, não basta
que o Juiz indique que duas causas de aumento autorizam a
exasperação na fração de 3/8, somente porque foram duas as
majorantes, mas deve fundamentar o maior recrudescimento em
fatos concretos.
Ponto relevante que surge, com as diversas alterações que vêm
sofrendo o Código Penal, é em relação a existência de duas causas
de aumento no crime de roubo com frações diferentes. Ex.: Sujeito
comete crime de roubo em concurso de agentes (1/3 até a metade)
com emprego de arma de fogo (2/3).
O STJ sedimentou entendimento, divulgado no informativo
684, no sentido de que pode ser utilizada a causa de aumento mais
branda na primeira fase da dosimetria, como circunstância judicial
negativa, e a causa que mais aumenta ser aplicada na terceira fase,
sem que isso configure ofensa à individualização da pena e sistema
trifásico da dosimetria.

Súmula 444 STJ - É vedada a utilização de inquéritos


policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

A pena base leva em consideração as circunstâncias judiciais,


previstas no artigo 59, do Código Penal. Uma dessas circunstância

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são os antecedentes do agente. Aquele que possui condenação


anterior que não configure reincidência, pode ter a pena base
exasperada por ostentar mau antecedente.
O que a súmula define é que ações penais em andamento
(mesmo que haja condenação em primeira instância, mas pendente
recurso) e inquéritos policiais não podem servir como
configuração do mau antecedente, em nome do princípio da não
culpabilidade/presunção de inocência.
Então, para que uma condenação possa ser caracterizada como
mau antecedente, é necessário que o crime tenha sido cometido
antes da prática do novo crime, em que o juiz vai analisar se o réu
possui ou não maus antecedentes. Vamos dar um exemplo para
facilitar.
Em 01.01.2011, Márcio cometeu furto.
Em 02.02.2011, Márcio foi condenado em definitivo (com
trânsito em julgado) por este furto.
Em 03.03.2021, Márcio cometeu roubo – aqui, ultrapassado o
período depurador de cinco anos em que a condenação anterior
poderia configurar reincidência, pode-se afirmar que Márcio
ostenta mau antecedente, pelo furto pretérito.
Agora, outro exemplo, em que o trânsito em julgado do crime
anterior se deu após a prática de novo crime.
Em 04.04.2018, Márcio cometeu lesão corporal.
Em 05.05.2018, Márcio foi condenado pela lesão, mas
recorreu.
Em 06.06.2018, Márcio cometeu estelionato.

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Em 07.07.2018, Márcio foi condenado em definitivo pela lesão


– veja, cometeu a lesão antes do estelionato, mas a condenação
definitiva se deu após.
Em 08.08.2018, Márcio é condenado pelo estelionato e pode
ser considerado portador de mau antecedente, pela lesão corporal.
Note que não pode ser considerado reincidente, pois, conquanto a
lesão tenha ocorrido antes do estelionato, o trânsito em julgado foi
posterior ao crime patrimonial. Para que se cogite em reincidência,
crime e condenação com trânsito em julgado, ambos, devem se dar
antes do novo crime.
Vamos avançar um pouco mais na matéria. Malgrado ações e
investigações penais em andamento não possam configurar mau
antecedente, servem de fundamento para afastar a causa de
diminuição do tráfico privilegiado (artigo 33, § 4º, da lei
11.343/06), funcionando como elemento de convicção de que o réu
se dedique a atividades criminosas. Este entendimento foi
veiculado no informativo 596 do STJ. A razão deste entendimento
reside na técnica da ponderação de direitos fundamentais. Não
existe direito absoluto, dessa forma, entrando em rota de colisão
dois direitos igualmente fundamentais, há de ser realizada
ponderação, para se afastar, no caso concreto, um direito, e
fazendo prevalecer outro. No caso, afasta-se o direito da presunção
de inocência, em detrimento do princípio da proibição da proteção
deficiente, princípio da segurança e da individualização da pena.
Ainda no assunto tráfico de drogas, os atos infracionais (as
condutas previstas como crimes praticadas por adolescentes)
também podem ser considerados como elementos de convicção de
que o agente se dedica à prática delituosa e, portanto, podem ser
utilizados para justificar o afastamento do redutor previsto no
artigo 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006.

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Súmula 511 STJ - É possível o reconhecimento do privilégio


previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto
qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.

O furto é crime patrimonial previsto no artigo 155, do Código


Penal. No seu § 2º está prevista a causa de diminuição de pena do
‘furto privilegiado’:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Já o § 4º prevê as qualificadoras do furto, que podem ser de ordem
objetiva ou subjetiva:
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A qualificadora de natureza objetiva é aquela que está
relacionada com o fato criminoso, o modo de execução. Já a
subjetiva tem relação com os sujeitos do crime. De todas essas
listadas, o STJ somente não aceita o privilégio para o ‘abuso de
confiança’ e ‘mediante fraude’ (duas primeiras do inciso II),
entendendo ser cabível para todas as outras, previstas nos incisos
do § 4º, inclusive as demais previstas no inciso II.

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Via de regra, a figura privilegiada é amplamente aceita nas


hipóteses de furto simples. Mas a súmula consagrou a
possibilidade de aplicação também ao furto privilegiado, criando,
assim, o denominado furto qualificado-privilegiado, ou ‘furto
híbrido’, desde que presentes os dois requisitos: primariedade do
réu e pequeno valor da coisa furtada.
A primariedade do réu não tem segredo. No momento em que
cometeu o crime não pode ser reincidente, ou seja, não pode ter
contra si qualquer condenação definitiva, ou, se tiver condenação,
tem que ter ultrapassado o período depurador de cinco anos, para
que volte a ser tecnicamente primário.
Já o pequeno valor da coisa foi definido como até um salário-
mínimo, vigente à época do fato. Portanto, a res furtiva não pode
valer mais do que um salário-mínimo, devendo ser levado em
consideração o valor estabelecido na época do fato, e não da
sentença.
A consequência da aplicação do furto privilegiado é a
diminuição da pena, substituição da pena de reclusão pela de
detenção ou substituição da pena privativa pela de multa.

Súmula 545 STJ - Quando a confissão for utilizada para a


formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.

A confissão espontânea é uma das circunstâncias atenuantes da


pena, que surte efeito na segunda fase da dosimetria. Pode ser
judicial ou extrajudicial. Ainda que a confissão seja somente
extrajudicial (na fase do inquérito, perante o delegado de polícia)
e o acusado tenha se retratado em juízo, negando a autoria do
crime, se o juiz utilizar a confissão extrajudicial para fundamentar
a condenação, deve diminuir a pena do acusado. A confissão
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parcial (aquela em que o acusado confessa somente parte da


acusação) também faz jus a atenuação da pena. A confissão
qualificada, que se verifica quando o acusado admite a prática do
crime e, concomitantemente, alega que o fez em situação de
excludente de ilicitude ou culpabilidade, também deve atenuar a
pena, se o magistrado a utilizar como fundamentação da sentença.

SÚMULA 587 STJ - Para a incidência da majorante prevista


no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
tráfico interestadual.

A lei de drogas prevê como causa de aumento o tráfico de


drogas interestadual, isto é, aquele em que a droga sai de um
Estado com destino a outro, dentro do Brasil. Para que essa causa
de aumento seja aplicada, basta que haja prova de que a intenção
do agente era traspor a fronteira, não sendo necessário que
efetivamente o faça. Ex.: Sujeito é detido com drogas dentro do
aeroporto de São Paulo, com passagem comprada para o Estado de
Minas Gerais.

Súmula 607 STJ – A majorante do tráfico transnacional de


drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova
da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras.

É o mesmo raciocínio da súmula anterior, mas, aqui, o tráfico é


internacional, isto é, entrando ou saindo do Brasil.

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Súmula 630 STJ - A incidência da atenuante da confissão


espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o
reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera
admissão da posse ou propriedade para uso próprio.

Possuir drogas pode tanto caracterizar o crime de posse de


drogas para consumo pessoal (art. 28, lei 11.343/06) quanto tráfico
de drogas (art. 33).
O que define por qual conduta o agente será responsabilizado é
a finalidade da droga: no crime do art. 28 a finalidade é o próprio
consumo, já no art. 33 a finalidade é a entrega para consumo de
terceiro, ainda que gratuitamente. Para saber qual a finalidade da
droga é analisada sua natureza e quantidade, local e condições em
que se desenvolveu a ação, circunstâncias pessoas, conduta e
antecedentes do agente. Não raras as vezes em que o agente é
detido na posse de droga, nega a traficância, contudo, admite que
estava com as substâncias ilícitas, justificando que seriam para uso
próprio. Nesta situação, caso seja condenado pelo crime do art. 33
(tráfico de drogas), não faz jus à atenuante da confissão
espontânea, pois a súmula prevê que deve admitir a prática do
tráfico de drogas, ou seja, de que possuía a droga com a finalidade
de entrega-la a terceiros, para que seja beneficiado com a
circunstância atenuante.

Súmula 636 STJ - A folha de antecedentes criminais é


documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
reincidência.

Com essa súmula, o STJ afastou a tese de que a reincidência e


os maus antecedentes só poderiam ser comprovados com certidão
cartorária (certidão e objeto e pé), bastando, para tanto, a folha de
antecedentes criminais. Contudo, deve-se atentar ao fato de que é
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imprescindível que haja a data do trânsito em julgado para a defesa


das condenações anteriores, para que fique comprovada a
reincidência e o mau antecedente.

Súmula 499 STF - Não obsta à concessão do "sursis"


condenação anterior à pena de multa.

O sursis aqui tratado é o da pena, e não a suspensão condicional


do processo. Essa súmula é bem antiga e essa previsão já consta
do texto do art. 77, §1º do Código Penal.

Súmula 611 STF - Transitada em julgado a sentença


condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei
mais benigna.

Essa súmula também é antiga e anterior à Lei de Execuções


Penais (7.210/84), que trouxe essa previsão no art. 66, I. Se, após
o trânsito em julgado da sentença for publicada lei que de qualquer
forma beneficie o condenado, deve ser aplicada pelo juiz das
execuções.

Súmula 715 STF - A pena unificada para atender ao limite de


trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código
Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios,
como o livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.

A primeira observação a se fazer é que a súmula é anterior à lei


que alterou o artigo 75, do Código Penal, que previa tempo
máximo de cumprimento de pena 30 (trinta anos), e passou a
dispor que o tempo máximo não pode ser superior a 40 (quarenta)

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anos. Ou seja, 40 (quarenta) anos é o tempo máximo em que uma


pessoa pode cumprir pen privativa de liberdade. Portanto, a súmula
deve ser lida à luz dessa alteração.
A Constituição Federal veda a pena de caráter perpétuo. Dessa
forma, o art. 75 do CP limita em 40 (quarenta) anos o tempo em
que uma pessoa poderá ser submetida ao cumprimento de pena
privativa de liberdade. Atente-se ao fato de que o sujeito pode ser
condenado a uma pena maior do que quarenta anos, o que não pode
é ficar mais do que quarenta anos ininterruptos cumprindo pena
privativa de liberdade.
Todavia, para efeitos de benefícios que eventualmente possam
ser concedidos, como progressão de regime e livramento
condicional, deve-se utilizar como base de cálculo a pena que foi
imposta na sentença, seja lá qual for o quantum. Ex.: Juliano foi
condenado por um crime de latrocínio, a pena de 45 (quarenta e
cinco) anos de reclusão e um crime de tráfico de drogas, a pena de
10 anos de reclusão. Realizando-se a unificação das penas, terá 55
(cinquenta e cinco) anos de reclusão para cumprir. Desses 55
(cinquenta e cinco) anos, limita-se em 40 (quarenta) anos o tempo
em que poderá ter sua liberdade privada, contudo, para fins de
benefícios da execução, leva-se em consideração a pena aplicada,
de 45 (quarenta e cinco) anos.

Súmula 716 STF – Admite-se a progressão de regime de


cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos
severo nela determinado, antes do trânsito em julgado.

O entendimento é de que é possível haver execução provisória


da pena, ou seja, o condenado, preso preventivamente pela prática
de um crime que ainda não houve condenação com trânsito em
julgado, pode pleitear a progressão de regime durante o curso do
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processo, ou, no momento da aplicação da pena, o juiz já considera


o tempo em que o acusado está preso e realiza a detração penal,
isto é, o tempo de prisão provisória será considerado para fins de
determinação do regime inicial da pena privativa de liberdade.

Súmula 717 STF - Não impede a progressão de regime de


execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado,
o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

O art. 295 do CPP esclarece que a prisão especial consiste


exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão
comum e elenca o rol de pessoas que a ela fazem jus. No mais, essa
súmula é idêntica à anterior, podendo o preso provisório em cela
especial progredir de regime.

Súmula 718 STF – A opinião do julgador sobre a gravidade


em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a
pena aplicada.

Já vimos que o Código Penal, nos art. 33 e seguintes prevê os


regimes de cumprimento de pena. Via de regra, o condenado a
pena superior a 8 (oito) anos inicia o cumprimento de pena no
regime fechado. Se condenado não reincidente a pena superior a 4
(quatro) anos até 8 (oito) anos, no semiaberto. Não reincidente,
igual ou inferior a 4 (quatro) anos, no aberto. Deve-se, ainda, levar
em consideração as circunstâncias judiciais (art. 59) do agente, na
escolha do regime inicial de cumprimento de pena. O que a súmula
veda é a fundamentação apenas na gravidade em abstrato do crime,
para agravar o regime de cumprimento de pena, desprezando-se as
regras acima descritas. Ex.: O juiz fundamentou o regime fechado

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no crime de roubo dizendo que é dos mais graves e recorrentes,


que vem amedrontando a população. Isso não é permitido, pela
súmula, deve haver fundamentação levando-se em consideração os
dados do caso concreto.

Súmula 719 STF – A imposição do regime de cumprimento


mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea.

Essa súmula diz quase o mesmo que a anterior. Basicamente


uma complementa a outra. A imposição de regime mais severo do
que a pena aplicada permitir, segundo os critério do art. 33 e
seguintes do Código Penal, exige motivação idônea, que não pode
ser a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Essas súmulas são auto explicativas. Basta a simples leitura
atenta de cada uma delas para compreende-las.

Súmula 108 STJ - A aplicação de medidas socioeducativas ao


adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência
exclusiva do juiz.

Somente juiz pode aplicar medida socioeducativa para


adolescente. Já medida protetiva para criança deve ser determinada
pelo juiz e aplicada pelo Conselho Tutelar. Ou seja, Conselho
Tutelar não aplicar medida socioeducativa para adolescente, pois
é de competência exclusiva do juiz. Conselho Tutelar aplica
medida protetiva a criança, determinada pelo juiz.

Súmula 338 STJ - A prescrição penal é aplicável nas medidas


socioeducativas.

Dispensa maiores comentários. A prescrição segue a forma


prevista no Código Penal.

Súmula 342 STJ - No procedimento para aplicação de medida


socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face da
confissão do adolescente.

Basicamente é a ideia de que a confissão não é prova absoluta.


Aliás, nenhuma prova é absoluta, pois a regra da valoração da
prova é o livre convencimento motivado do juiz, isto é, o juiz é
livre para valorar as provas, de acordo com seu convencimento,
devendo fazer de forma motivada. Ainda que o adolescente

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confesse a prática do ato infracional é necessário que sejam


colhidas as demais provas.

Súmula 492 STJ - O ato infracional análogo ao tráfico de


drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de
medida socioeducativa de internação do adolescente.

A medida socioeducativa de internação de adolescente é a mais


gravosa, pois é de privação e liberdade. A internação deve ser
imposta se o magistrado tiver outros motivos concretos para a
aplicação da medida. Não basta que a conduta cometida seja ato
infracional equiparado a tráfico de drogas para que seja
determinada a internação do adolescente. A internação é regida
pelos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Por ser medida
excepcional, somente se justifica a internação quando o ato
infracional é praticado mediante violência ou grave ameaça, pela
reiteração no cometimento de outras infrações graves ou por
descumprimento reiterado e injustificável da medida
anteriormente imposta.

Súmula 605 STJ - A superveniência da maioridade penal não


interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de
medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,
enquanto não atingida a idade de 21 anos.

O código civil de 1916 previa que a menoridade cessava aos 21


(vinte e um) anos. Isso explica por que o Código Penal prevê
diversos benefícios para o agente que tinha 21 (vinte e um) anos
na data do fato, pois o Código Penal é de 1941, época em que vigia
o Código Civil anterior. Também explica essa súmula. O

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adolescente que comete ato infracional sujeita-se à apuração do


fato e a medida socioeducativa até os 21 (vinte e um) anos. Aplica-
se o mesmo raciocínio se já estiver cumprindo medida
socioeducativa e completar a maioridade.

Súmula 265 STJ - É necessária a oitiva do menor infrator


antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa.

Descumprida medida socioeducativa menos gravosa, pode o


juiz decretar a internação-sanção, isto é, a regressão da medida
socioeducativa. Para tanto, é necessário conferir o direito à ampla
defesa do adolescente.

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ESTUPRO DE VULNERÁVEL

Súmula 593 STJ - O crime de estupro de vulnerável se


configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso
com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento
da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

Estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) consiste em ter


conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos, ou com pessoa que, por enfermidade ou doença
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. A
súmula trata especificamente do menor de 14 (catorze) anos. A
proteção é absoluta e não admite prova em contrário. Ainda que a
vítima já possua experiência sexual anterior, possua
relacionamento com o(a) acusado(a) e tenha consentido com a
prática do ato., configura-se o crime de estupro de vulnerável.

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EXECUÇÃO PENAL

Súmula 40 STJ - Para obtenção dos benefícios de saída


temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de
cumprimento da pena no regime fechado.

A saída temporária só é possível para o condenado que esteja


cumprindo pena no regime semiaberto (art. 123 LEP). Um dos
requisitos é o cumprimento de 1/6 da pena, se primário, e 1/4 da
pena, se reincidente. Esse requisito temporal começa a contar do
momento em que o condenado começa a cumprir a pena, seja lá
qual for o regime, inclusive o fechado.

Súmula 192 STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais do


Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça
Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual.

Nada impede que um condenado por crime de competência da


Justiça Federal cumpra a pena em presídio Estadual. Dessa forma,
o responsável pela manutenção do presídio é o competente para a
execução penal. A súmula diz exatamente isso, o condenado por
crime de competência da Justiça Federal que esteja cumprindo
pena em presídio Estadual, deve ter seu processo de execução na
Justiça Estadual.

Súmula 341 STJ - A frequência a curso de ensino formal é


causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob
regime fechado ou semiaberto.

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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

Deve ser lida em conjunto com o art. 126, §6º da LEP. Em


suma, ao condenado que cumpre pena em regime aberto,
semiaberto ou fechado, ou, ainda, que esteja em livramento
condicional, a frequência a curso de ensino formal é causa de
remição da pena.

Súmula 439 STJ - Admite-se o exame criminológico pelas


peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.

O exame criminológico era obrigatório, como condição para a


progressão de regime prisional e livramento condicional.
Basicamente, consiste em uma perícia, em que são avaliados os
aspectos psicológicos do condenado, concluindo se está apto a
retornar ao convívio em sociedade. Contudo, esse exame passou a
ser facultativo, e não vedado, como defendiam muitos advogados.
Logo, é perfeitamente possível que o juiz submeta o condenado a
exame criminológico, desde que o faça de forma fundamentada,
nas peculiaridades do caso concreto.

Súmula 441 STJ - A falta grave não interrompe o prazo para


obtenção de livramento condicional.

Aqui é mais fácil montar uma tabela para explicar todos os


institutos em que a falta grave pode ou não influir.
FALTA GRAVE
Livramento Indulto e anistia Progressão de
condicional regime

Não interrompe o Não interrompe Interrompe o


prazo o prazo, exceto se prazo
previsto no decreto
presidencial.

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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

Súmula 471 STJ - Os condenados por crimes hediondos ou


assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007
sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal) para a progressão de regime prisional.

Essa súmula foi editada antes da vigência da lei 13.964/19, que


alterou diversos dispositivos em Direito Penal como um todo,
inclusive no tocante à progressão de regime.
Em resumo, antes de 2007, não havia regra diferente de
progressão de regime para crimes hediondos, era cumprir apenas
1/6 da pena que poderia progredir. Em 2007 houve alteração na lei
de crimes hediondos e passou a prever que a progressão em crimes
hediondos seria possível após o cumprimento de 2/5 da pena
(primário) ou 3/5 da pena (reincidente). Contudo, trata-se de lex
gravior, isto é, lei que agrava uma situação anteriormente mais
benéfica. Então, a súmula trouxe a hipótese de o condenado por
crime hediondo cometido antes da vigência da lei de 2007
progredir de regime com o cumprimento de apenas 1/6 da pena.
Então, quem cometeu crime hediondo até 2007 poderia
progredir com o cumprimento de 1/6 da pena. De 2007 ao final de
2019, poderia progredir quando cumprido 2/5 da pena (primário)
ou 3/5 da pena (reincidente). A partir da edição da lei 13.964/19, é
necessário observar-se as novas frações e hipóteses, previstas no
artigo 112 da LEP.

Súmula 526 STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente


do cometimento de fato definido como crime doloso no
cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de

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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

sentença penal condenatória no processo penal instaurado para


apuração do fato.

O art. 52 da LEP prevê que constitui falta grave a prática de


fato definido como crime doloso. Não há necessidade (prescinde)
de sentença condenatória com trânsito em julgado desse crime
doloso para que se possa punir administrativamente o condenado
e aplicar as sanções cabíveis pela prática de falta grave. A punição
pode acontecer quando findado o procedimento administrativo,
observado o direito ao contraditório e ampla defesa.

Súmula 520 STJ - O benefício de saída temporária no âmbito


da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à
autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

Cada autorização de saída temporária deve ser precedida de


autorização judicial. Mas, se a demora estatal da apreciação do
pedido estiver prejudicando direito subjetivo do condenado, é
permitido fixar calendário anual de saídas temporárias por ato
judicial único, de forma excepcional.

Súmula 533 STJ - Para o reconhecimento da prática de falta


disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a
instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser
realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.

O procedimento de falta disciplinar que não seja de natureza


grave é realizado dentro da própria unidade penitenciária, de
responsabilidade de seu diretor. Contudo, deve ser garantido ao
condenado o direito à ampla defesa, com a atuação de um
advogado.
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Súmula 534 STJ - A prática de falta grave interrompe a


contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento
de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

Já vimos na súmula 441. FALTA GRAVE


Livramento Indulto e anistia Progressão de
condicional regime

Não interrompe o Não interrompe Interrompe o


prazo o prazo, exceto se prazo
previsto no decreto
presidencial.

Súmula 535 STJ - A prática de falta grave não interrompe o


prazo para fim de comutação de pena ou indulto.

Novamente. FALTA GRAVE


Livramento Indulto e anistia Progressão de
condicional regime

Não interrompe o Não interrompe Interrompe o


prazo o prazo, exceto se prazo
previsto no decreto
presidencial.

Súmula 562 STJ - É possível a remição de parte do tempo de


execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou
semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que
extramuros.

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O art. 126 da LEP prevê a possibilidade de remição (desconto)


da pena pelo trabalho ou estudo. Quanto ao trabalho, a lei não
diferenciou interno (intramuros) ou externo (extramuros), sendo
possível a remição pelo trabalho interno ou externo.

Súmula 617 STJ - A ausência de suspensão ou revogação do


livramento condicional antes do término do período de prova
enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da
pena.

O livramento condicional está subordinado a certas condições,


impostas na sentença. Se essas condições não forem observadas,
durante o período de provas (período restante da pena em que o
condenado está cumprindo o livramento, ou seja, está em
liberdade), o juiz pode revogar o benefício. Todavia, essa
revogação deve ser feita antes do término do período de prova, sob
pena de se declarar extinta a punibilidade pelo integral
cumprimento da pena. Em outras palavras, é dizer, se o juiz não
revogar o livramento condicional, pelo descumprimento de
condições impostas, durante o período estipulado, será declarada
extinta a punibilidade pelo cumprimento da pena.

Súmula 631 STJ - O indulto extingue os efeitos primários da


condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
secundários, penais ou extrapenais.

O indulto é ato privativo (não pode ser delegado) do Presidente


da República. Por meio do indulto, extingue-se a punibilidade de
determinados crimes, que preenchem os requisitos previstos no
decreto presidencial. Também é possível a comutação das penas,
isto é, redução da pena que o condenado vem cumprindo. Na

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hipótese de indulto, extingue-se apenas o efeito primário da


condenação, que é a imposição da sanção. Todavia, os efeitos
secundários continuam intactos, como a reincidência, mau
antecedente e obrigação de pagar o dano.

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Súmula 18 STJ - A sentença concessiva do perdão judicial é


declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo
qualquer efeito condenatório.

Quando o agente é beneficiado pelo perdão judicial, não está


sendo realizado um juízo absolutório de mérito, não se diz que não
há materialidade ou autoria, tampouco há uma condenação, pois,
o artigo 120 do Código Penal prevê que a sentença que concede o
perdão judicial não será considerada para fins de reincidência. Ora,
se a reincidência pressupõe condenação a crime anterior com
trânsito em julgado, e não configurando reincidência a sentença
que concede perdão judicial, é porque não teve caráter
condenatório. Por isso a sentença que concede o perdão judicial é
declaratória da extinção da punibilidade.

Súmula 438 STJ - É inadmissível a extinção da punibilidade


pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo
penal.

A súmula trata da prescrição virtual. Em síntese, o Ministério


Público/Juiz/Advogado, fazendo um exercício de considerar a
pena que será aplicada no caso concreto, prevê que ocorrerá a
Prescrição da Pretensão Punitiva retroativa, então, desde já, pede
para o juiz reconhecer a extinção da punibilidade pela PPP.
Exemplo. Pedro cometeu furto em 01.01.10. A denúncia foi
recebida em 05.05.10 (causa interruptiva do prazo prescricional,
ou seja, começa a contagem do zero). A audiência de instrução e
julgamento ocorrerá em 05.05.16 (seis anos depois da causa
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interruptiva). Pedro receberá a pena mínima, em tese, pois é


primário e de bons antecedentes, a prática indica que ele receberá
a pena de 1 ano, logo, a prescrição ocorrerá em 4 anos. Fazendo
uma conta simples, percebe-se que entre 05.05.10 e 05.05.16,
transcorrerá mais que 4 anos, sem que ocorra qualquer causa
interruptiva da prescrição, logo, a pena estará prescrita, propõe-se
o reconhecimento da prescrição virtual, no momento processual
em que se encontra o processo. É feito um juízo futuro.
Reforçando, a súmula veda essa prática, até porque não se pode ter
certeza de qual será a pena aplicada em concreto.

Súmula 560 STF - A extinção de punibilidade, pelo pagamento


do tributo devido, estende-se ao crime de contrabando ou
descaminho, por força do art. 18, § 2º, do Decreto-Lei 157/1967.
SUPERADA

A lei 6.910/80 dispõe que não se aplica o art. 18, §2º do decreto-
lei 157/1967 aos crimes de contrabando e descaminho.

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LEI MARIA DA PENHA

Súmula 600 STJ - Para a configuração da violência


doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006
(Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e
vítima.

Isso está disposto também no art. 5, III, da lei Maria da Penha


(11.340/06). Não é necessário que agressor e vítima morem sob o
mesmo teto, para que fique configurada a violência doméstica e
familiar contra a mulher. Mas, cuidado, pois é necessário relação
íntima de afeto e convivência (namoro de carnaval, em tese, não
se enquadra na lei Maria da Penha).

Súmula 536 STJ - A suspensão condicional do processo e a


transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao
rito da Lei Maria da Penha.

O art. 41 da lei Maria da Penha expressamente afasta a


aplicação da lei dos juizados especiais (lei 9.099/95) aos crimes
praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher. Na lei
dos juizados é que estão previstos os institutos da suspensão
condicional do processo e transação penal.

Súmula 588 STJ - A prática de crime ou contravenção penal


contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos.

O art. 44 do CP, que trata da substituição da pena privativa de


liberdade por restritivas de direitos já veda essa conversão aos

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crimes cometidos com violência ou grave ameaça. A súmula


somente reforça a proteção à mulher.

Súmula 589 STJ - É inaplicável o princípio da insignificância


nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher
no âmbito das relações domésticas.

O Superior Tribunal de Justiça entende que há relevância penal


na conduta do agressor que ofende mulher. Dessa forma, a
posterior reconciliação do casal não implica no reconhecimento da
atipicidade material da conduta, tampouco a ocorrência de vias de
fato (agressão que não deixa lesão) ou uma ameaça pode ser
considerada insignificante.

Súmula 542 STJ – A ação penal relativa ao crime de lesão


corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é
pública incondicionada.

Outra vez, por força do art. 41 da lei Maria da Penha, que veda
a aplicação da lei dos juizados especiais. É na lei 9.099/95 que está
previsto o dispositivo que torna a ação da lesão corporal leve em
pública condicionada à representação. Afastando-se esse
dispositivo, aplica-se a regra, qual seja, ação pena pública
incondicionada. Dessa forma, é irrelevante que a mulher queira ou
não que os fatos sejam apurados e o agressor processado.

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MEDIDA DE SEGURANÇA

Súmula 527 STJ - O tempo de duração da medida de


segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena
abstratamente cominada ao delito praticado.

Prazo máximo para medida de segurança:


1) Código Penal, art. 97, §1º - Não há prazo máximo. A medida
perdura enquanto o condenado apresentar periculosidade;
2) STF - Não pode ultrapassar 40 anos, por analogia ao artigo
75 do CP.
3) STJ - Não pode ultrapassar a pena máxima em abstrato
prevista para o crime. Esse é o teor da súmula. Ex.: Sujeito
cometeu crime de roubo, mas foi submetido a medida de
segurança. O prazo mínimo será de 1 (um) a 3 (três) anos (art. 97,
§1º, CP). Já o prazo máximo será de 10 (dez) anos, que é o limite
máximo da pena cominada.

Súmula 422 STF - A absolvição criminal não prejudica a


medida de segurança, quando couber, ainda que importe privação
da liberdade.

Essa absolvição criminal de que trata a súmula é a absolvição


imprópria, ou seja, aquela aplicada ao agente inimputável ou semi-
imputável que tenha praticado fato típico e ilícito. Portanto, a
absolvição imprópria não prejudica a medida de segurança, ainda
que importe privação e liberdade, como, por exemplo, a
internação.

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Súmula 525 STF - A medida de segurança não será aplicada


em segunda instância, quando só o réu tenha recorrido.
SUPERADA

Antes da reforma da parte geral do Código Penal de 1984, era


adotado o sistema duplo binário, pelo qual o semi-imputável
cumpriria inicialmente pena privativa de liberdade e, ao final, se
mantida a periculosidade, seria submetido a medida de segurança.
Contudo, após a referida reforma, adotou-se o sistema
vicariante/unitário, assim, ao semi-imputável aplica-se a pena
privativa de liberdade diminuída de 1 a 2/3 OU medida de
segurança.
Apesar do entendimento majoritário ser o de que a súmula está
superada, em 2012 o STF a invocou, para o caso específico em que
o condenado a pena privativa de liberdade tornou-se semi-
imputável e se pretendia a substituição por medida de segurança
(art. 98 CP), no caso em que o recurso era exclusivo da defesa e a
determinação de exame de sanidade mental não foi requerida pelo
réu.

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PRESCRIÇÃO

Súmula 191 STJ - A pronúncia é causa interruptiva da


prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o
crime.

O procedimento do Tribunal do Júri é composto por duas fases:


1ª fase (iudicium causae) e 2ª fase (iudicium acusationes). A
primeira fase é o juízo de acusação, que resultará em pronúncia,
impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação. A pronúncia
é causa interruptiva da prescrição e submete o acusado ao
julgamento pelo Tribunal do Júri (2ª fase, juízo da causa). O júri
pode desclassificar a conduta (ex.: de homicídio doloso para lesão
corporal). Assim fazendo, o processo é remetido para o juízo
singular, que irá processar e julgar o acusado. Todavia, a pronúncia
continua valendo como último marco interruptivo da prescrição.

Súmula 220 STJ – A reincidência não influi no prazo da


prescrição da pretensão punitiva

O art. 110 do CP prevê que os prazos prescricionais aumentam


de 1/3, se o acusado é reincidente. E o art. 117, VI, prevê como
causa interruptiva da prescrição a reincidência. Todavia, essa
disposições são voltadas exclusivamente para a prescrição da
pretensão executória, em nada influindo no prazo da prescrição da
pretensão punitiva.

Súmula 415 STJ - O período de suspensão do prazo


prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.

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O art. 366 do CPP dispõe que se o acusado é citado por edital e


não comparece em juízo, nem constitui advogado, o curso do
processo e do prazo prescricional ficam suspensos. Todavia, essa
suspensão não pode ser eterna, sob pena de se criar nova hipótese
de imprescritibilidade. Para resolver essa questão foi editada a
presente súmula. Portanto, o período de suspensão do processo e
do prazo prescricional não pode ser superior ao prazo prescricional
da pena máxima cominada ao crime pelo qual responde o agente.
Ex.: Maicon está sendo processado pelo crime de furto simples,
cuja pena máxima em abstrato é de 4 (quatro) anos. Caso seja
citado por edital e não compareça nem constitua advogado, o
processo e o prazo prescricional ficarão suspensos. Essa suspensão
deverá ser de, no máximo, 8 (oito) anos, pois é o prazo
prescricional previsto para os crimes cuja pena máxima não seja
superior a 4 (quatro) anos, que é o caso do furto simples.

Súmula 146 STF - A prescrição da ação penal regula-se pela


pena concretizada na sentença, quando não há recurso da
acusação.

Consagra a prescrição da pretensão punitiva em concreto, que


pode ser retroativa (calculada da sentença para trás) ou
intercorrente/superveniente (calculadas da sentença para frente).
Posteriormente foi inserido no Código Penal o art. 110, §1º, que
traz essa mesma previsão. Portanto, a prescrição da ação pela pena
aplicada em concreto é possível quando não há recurso da
acusação e não pode ter por termo inicial data anterior ao
recebimento da denúncia ou queixa

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Súmula 147 STF - A prescrição de crime falimentar começa a


correr da data em que deveria estar encerrada a falência, ou do
trânsito em julgado da sentença que a encerrar ou que julgar
cumprida a concordata. SUPERADA

Superada pela lei de falências (11.101/05), que prevê que a


prescrição de crime falimentar começa a correr do dia da
decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da
homologação do plano de recuperação judicial.

Súmula 497 STF - Quando se tratar de crime continuado, a


prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se
computando o acréscimo decorrente da continuação.

O crime continuado é uma das formas de concurso de crime e


está previsto no art. 71 do CP. Quando dois ou mais crimes são
cometidos nas mesmas condições de tempo, lugar e execução,
entendidos os subsequentes como continuação do primeiro,
entende-se, por ficção jurídica, que houve somente um crime, que
deve ter a pena aumentada de 1/6 a 2/3. Nos crimes dolosos, contra
vítimas diferentes, cometidos com violência e grave ameaça, a
pena pode ser aumentada até o triplo. Mas, para fins de cálculo de
prescrição, despreza-se essa fração de aumento da pena, utilizando
somente a pena calculada nas três fases da dosimetria. Ex.: João
cometeu três furtos. O juiz aplicou a pena base no mínimo (1ª fase),
compensou as circunstâncias agravante da reincidência com a
atenuante da confissão espontânea (2ª fase) e manteve no mínimo
diante da ausência de causas de aumento e diminuição (3ª fase).
Ao final, pela continuidade delitiva, aumenta em 1/3, totalizando
uma pena de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses. Mas, para fins de
reincidência, considera-se somente a pena de 1 (um) ano, fixada
antes de incidir a causa de aumento do crime continuado.

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Súmula 592 STF - Nos crimes falimentares, aplicam-se as


causas interruptivas da prescrição, previstas no Código Penal.

Dispensa maiores comentários. Crime falimentar é aquele


previsto na lei de falências e as causas interruptivas previstas no
Código Penal aplicam-se a eles.

Súmula 604 STF – A prescrição pela pena em concreto é


somente da pretensão executória da pena privativa de liberdade.
SUPERADA

Além da prescrição da pretensão executória, também regula-se


pela pena em concreto a prescrição da pretensão punitiva retroativa
e intercorrente/superveniente.

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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Súmula 606 STJ - Não se aplica o princípio da insignificância


a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183
da Lei n. 9.472/1997.

Art. 183 da lei 9.472/97: Desenvolver clandestinamente


atividades de telecomunicação. A justificativa é que é crime
formal, de perigo abstrato, que tutela a segurança dos meios de
comunicação.

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PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL

Súmula 491 STJ - É inadmissível a chamada progressão per


saltum de regime prisional.

Por progressão per saltum entende-se sair do regime mais


gravoso para o mais benéfico, ‘saltando’ o regime intermediário.
O sujeito que está no regime fechado não pode progredir
diretamente para o aberto. Isso porque o Brasil adota o sistema
progressivo de cumprimento de pena.
Por outro lado, é possível a regressão per saltum, sendo
entendida como regredir do regime aberto para o regime fechado,
por exemplo, em caso de cumprir regime aberto e cometer novo
crime (que configura falta grave no crime em que cumpria no
regime aberto e autoriza a regressão para o regime fechado).

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TIPIFICAÇÃO PENAL

Súmula 17 STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem


mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

Hipótese em que o crime meio (falsidade documental) fica


absorvido pelo crime fim (estelionato), pelo princípio da
consunção. Quando a falsidade documental é cometida apenas
para a prática do estelionato, fica absorvida por este. Ex.: Sujeito
falsifica uma identidade para praticar um estelionato, responde
somente pelo estelionato. Importante ressaltar que o documento
falso deve ser utilizado somente na prática do estelionato e não
apresentar mais potencialidade lesiva.

Súmula 24 STJ - Aplica-se ao crime de estelionato, em que


figure como vítima entidade autárquica da previdência social, a
qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.

É o estelionato previdenciário. A entidade autárquica da


previdência social é o INSS. Embora a súmula utilize a expressão
‘qualificadora’, o dispositivo nela citado traz a hipótese de uma
causa de aumento.

Súmula 51 STJ - A punição do intermediador, no jogo do


bicho, independe da identificação do "apostador" ou do
"banqueiro".

A mera posse ou guarda de material próprio para a


contravenção penal de ‘jogo do bicho’ é suficiente para a
responsabilização desta infração penal, ainda que não sejam
identificados o apostador ou o ‘banqueiro’.

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Súmula 73 STJ - A utilização de papel moeda grosseiramente


falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da
competência da Justiça Estadual.

O crime de moeda falsa, previsto no art. 289 do CP necessita


que a falsificação seja apta a enganar o homem médio, não seja
grosseira. Este crime é de competência da Justiça Federal, porque
atenta contra bens e interesses da União (empresa pública da
União), por ser de responsabilidade da Casa da Moeda a emissão
de papel moeda.
Caso a falsificação seja grosseira, não seja capaz de ludibriar o
homem médio, em tese a conduta típica é o estelionato, de
competência da Justiça Estadual, mas, pode-se pedir a absolvição
do crime do art. 289, pela ineficácia absoluta do meio (crime
impossível), como tese mais benéfica.

Súmula 96 STJ - O crime de extorsão consuma-se


independentemente da obtenção da vantagem indevida.

O verbo núcleo do tipo penal de extorsão é ‘constranger


‘alguém, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
coisa, com a finalidade de obter indevida vantagem econômica.
Portanto, praticada a conduta nuclear (constrangimento),
consuma-se o crime, sendo a obtenção da indevida vantagem
econômica mero exaurimento do crime.

Súmula 522 STJ - A conduta de atribuir-se falsa identidade


perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de
alegada autodefesa.

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A garantia da ampla defesa e da não autoincriminação (nemo


tenetur se detegere) não abarca o cometimento de crimes, pois
nenhum princípio é absoluto e não pode ser usado de ‘escudo’ para
a prática de crimes.

Súmula 575 STJ - Constitui crime a conduta de permitir,


confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que
não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações
previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência
de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.

Entendimento é de que o crime é de perigo abstrato, ou seja,


presume-se que a conduta gera perigo, não depende de prova da
efetiva lesão ou perigo de lesão do bem jurídico tutelado, no caso,
a segurança viária.

Súmula 582 STJ - Consuma-se o crime de roubo com a


inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

Adotada a teoria da apprehensio/amotio, quanto ao momento


de consumação do crime de roubo. Consuma-se o crime a partir do
momento em que o sujeito retira o bem da vítima, invertendo a
posse do objeto. Ainda que a detenção do bem pelo roubador seja
por breve tempo e seja recuperada após perseguição imediata,
configura-se o roubo. É desnecessário (prescindível) que o
criminoso tenha a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

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Súmula 145 STF - Não há crime, quando a preparação do


flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

É o chamado ‘flagrante preparado’, ou ‘delito putativo por obra


do agente provocador’. Há dois atos do agente policial, um de
indução à prática criminosa e outro de precaução para impedir o
resultado delituoso, sendo absolutamente ineficaz o meio
empregado pelo agente, tornando o crime impossível.
Obs.1: A jurisprudência vem entendendo que o crime de tráfico
de drogas, nas modalidades ‘trazer consigo’ e ‘manter em
depósito’ são crimes permanentes, ou seja, a consumação se
prolonga no tempo pela vontade do agente. Nesses casos, se um
policial se passar por suposto usuário de drogas e pedir uma porção
de cocaína para o agente, e, assim que descobrir que o agente
realmente tinha drogas efetua a prisão, não há ilegalidade, desde
que o agente seja responsabilizado pelo verbo ‘trazer consigo’,
pois o crime estava se consumando ao longo do tempo, desde antes
do policial pedir a porção de droga. Entretanto, se for denunciado
pelo verbo ‘vender’, aí sim o crime foi impossível, pelo flagrante
preparado, pois o policial forçou a conduta criminosa.
Obs.2: Não confundir com o ‘flagrante esperado’, em que o
policial apenas se limita a aguardar o momento da prática do delito.
Aqui, o policial não adota nenhum ato que induza à prática do
crime.

Súmula 246 STF – Comprovado não ter havido fraude, não se


configura o crime de emissão de cheque sem fundos.

O crime de emissão de cheque sem fundos é uma espécie de


estelionato (art. 171, §2º, VI do CP). Para sua configuração é

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necessário prova de que o agente sabia que não tinha recursos para
quitar a dívida paga com o cheque, residindo aí a fraude.

Súmula 610 STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio


se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens
da vítima.

O crime de latrocínio nada mais é do que o roubo qualificado


pela morte (art. 157, §3º, II), trata-se de crime hediondo. A
consumação do crime de latrocínio depende do resultado morte.
Portanto, seja a subtração consumada ou tentada, havendo morte
consumada, decorrente da violência empregada, estará
configurado o latrocínio consumado. Sendo a morte tentada, o
latrocínio é tentado, seja lá qual for o resultado da subtração. Este
é o entendimento porque o crime qualificado pelo resultado (morte
qualificado o crime de roubo = latrocínio) consuma-se com a
produção do resultado que agrava a pena (latrocínio é consumado
com a produção da morte, causa de agravamento da pena do
roubo).
Importante destacar que o Superior Tribunal de Justiça entende
que, por se tratar de crime contra o patrimônio, haverá somente um
crime de latrocínio se apenas o bem de uma pessoa for subtraído,
ainda que haja a morte de duas ou mais pessoas, decorrente da
violência empregada para a subtração do bem. Ex.: Roberto,
mediante o emprego de violência, subtrai o celular de João,
ocorrendo o resultado morte de João e sua esposa Marta. Como
apenas o bem de João foi subtraído, houve apenas um crime de
latrocínio, ainda que duas foram as mortes.
Morte Subtração Latrocínio

consumada consumada consumado

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consumada tentada consumado

tentada consumada tentado

tentada tentada tentado

Súmula 720 STF - O art. 309 do Código de Trânsito


Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou
o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção
sem habilitação em vias terrestres.

O art. 309 do CTB (9.503/97) prevê a conduta de “dirigir


veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para
dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir,
gerando perigo de dano”. Antes de entrar no teor da súmula,
importante destacar duas coisas: 1º - para que seja configurado
esse crime, deve ser conduzido veículo automotor em via pública.
Se alguém sem habilitação dirige dentro de uma chácara particular,
não se cogita no cometimento deste crime. 2º - É preciso que gere
perigo de dano, ou seja, é crime de perigo concreto.
Especificamente sobre a súmula, o art. 32 da lei de
contravenções penais descreve como infração a conduta de
“Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou
embarcação a motor nas águas públicas”. A parte tachada em
vermelho foi derrogada pelo CTB, o restante continua vigorando.
Portanto, por ser o CTB lei posterior e específica (pois, aplica-
se somente ao trânsito em vias terrestres), derrogou a parte do art.
32 da lei de contravenções penais, que prevê a mesma conduta
típica. Como o CTB só tem aplicação ao trânsito em vias terrestres,
a parte final do art. 32 da lei de contravenções continua vigorando,
pois trata de condução de embarcação a motor nas águas públicas.

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VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL

Súmula 502 STJ - Presentes a materialidade e a autoria,


afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º,
do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.

Essa súmula foi editada para encerrar a discussão sobre


‘princípio da adequação social’ e a conduta de expor à venda CDs
e DVDs piratas.
Pelo princípio da adequação social afasta-se a tipicidade
material da conduta, pois não há ofensa ao bem jurídico tutelado.
Não pode ser considerado criminoso o comportamento humano
que não afronta o sentimento social de Justiça, embora previsto em
lei.
Por ser a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas algo
comum no Brasil, dizia-se que, pelo princípio da adequação social,
não configuraria crime. Essa súmula afastou essa tese e entendeu
que há crime nessa conduta.

Súmula 574 STJ - Para a configuração do delito de violação


de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é
suficiente a perícia realizada por amostragem do produto
apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária
a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou
daqueles que os representem.

Imagine a seguinte situação. Anderson é ‘camelô’ e tem uma


barraquinha de CDs e DVDs piratas no centro da cidade (comete,
então, o crime do art. 184, §2º, visto na súmula anterior). A polícia
apreende todos esses produtos piratas, dentre eles, há milhares de
cópias de obras de centenas de autores. A comprovação da
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falsidade desses produtos depende de perícia. Por essa súmula,


entendeu o tribunal que não é necessária a perícia em cada uma das
cópias piratas, sendo necessária que se conclua pela falsidade em
perícia realizada por amostragem (a perícia é realizada em algumas
cópias apreendidas, escolhidas de forma aleatória). Ainda, também
não é necessário que se identifique o autor de cada obra que teve o
direito autoral violado.

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CONCURSO DE CRIMES

Súmula 605 STF - Não se admite continuidade delitiva nos


crimes contra a vida. SUPERADA

A súmula é anterior à lei que incluiu o §1º no art. 71, do Código


Penal, que prevê a possibilidade de continuidade delitiva (crime
continuado), nos crimes dolosos, contra vítima diferente,
praticados com violência ou grave ameaça, hipótese em que a pena
poderá ser aumentada até o triplo.

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COMPETÊNCIA

Súmula 91 STJ - Compete à Justiça Federal processar e


julgar os crimes praticados contra a fauna. SÚMULA
CANCELADA

A súmula foi cancelada pois a lei 9.605/98 se ocupa dos crimes


contra a fauna, não mais dando suporte à súmula a lei nº 5.197/97,
que dispõe sobre a proteção à fauna.

Súmula 528 STJ - Compete ao juiz federal do local da


apreensão da droga remetida do exterior pela via postal processar
e julgar o crime de tráfico internacional.

O crime de tráfico de drogas (art. 33, da lei 11.343/06) é formal,


ou seja, não exige a produção de resultado naturalístico, basta que
seja praticada algumas das condutas previstas no artigo, para que
fique configurado o crime. “Importar” é um dos verbos previstos
no crime de tráfico de drogas. Portanto, aquele que remete droga
do exterior para o Brasil comete o crime de tráfico de drogas
internacional, sendo a competência do juízo Federal do local da
apreensão das drogas. Para que fiquei configurado o tráfico
internacional de drogas, basta a comprovação de que a droga tinha
como destino transpor a fronteira, sendo desnecessário que
efetivamente ultrapasse a fronteira.

Súmula 6 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual processar


e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo
viatura de polícia militar, salvo se autor e vítima forem policiais
militares em situação de atividade. SUPERADA

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Houve uma alteração no Código Penal Militar, em 2017,


incluindo como crime militar não somente os crimes previstos no
código penal militar, mas também na legislação penal como um
todo, quando praticados em uma das situações descritas no CPM.
A competência será da Justiça Militar.

Súmula 47 STJ - Compete a Justiça Militar processar e julgar


crime cometido por militar contra civil, com emprego de arma
pertencente a corporação, mesmo não estando em serviço.
SUPERADA

Foi revogada a ‘alínea d’ do art. 9, II, do Código Penal Militar


(decreto-lei nº 1.001/69), que previa que o simples fato do policial
militar cometer crime com armamento da corporação, ainda que
fora de serviço, configuraria crime militar.

Súmula 48 STJ - Compete ao juízo do local da obtenção da


vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido
mediante falsificação de cheque.

Há duas modalidades de estelionato com cheque: cheque falso


(art. 171, caput; e fraude no pagamento por meio de cheque (art.
171, §2º, VI). Essa súmula trata do estelionato por cheque falso. O
artigo 70 do CPP prevê como regra que a competência territorial é
do local onde se consumar a infração ou, no caso de tentativa, em
que for praticado o último ato de execução. Portanto, pela leitura
da súmula, entende-se que o estelionato cometido através da
falsificação de cheque é consumado no lugar em que a vantagem
foi efetivamente obtida.

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Súmula 53 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual


processar e julgar civil acusado de prática de crime contra
instituições militares estaduais.

O art. 125, §4º da CF prevê que compete à Justiça Militar


Estadual processar e julgar bombeiros e militares nos crimes
militares definidos em lei. Portanto, a Justiça Militar não tem
competência para julgar civis.

Súmula 59 STJ - Não há conflito de competência se já existe


sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos juízos
conflitantes.

O conflito de competência tratado na súmula se verifica na


hipótese de duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem
competentes para conhecer do mesmo fato criminoso. Havendo
trânsito em julgado de decisão proferido por um desses juízos, não
há mais falar em conflito de jurisdição, pois o caso foi encerrado.

Súmula 62 STJ - Compete a Justiça Estadual processar e


julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e
previdência social, atribuído a empresa privada. SUPERADA

Embora a súmula ainda não conste como cancelada, o Superior


Tribunal de Justiça já modifico seu entendimento em diversos
julgados. Por entender que o Estado é o sujeito passivo no crime
de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, a
competência é da Justiça Federal.

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Súmula 75 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual


processar e julgar o policial militar por crime de promover ou
facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. SUPERADA

Houve uma alteração no Código Penal Militar, em 2017,


incluindo como crime militar não somente os crimes previstos no
código penal militar, mas também na legislação penal como um
todo, quando praticados em uma das situações descritas no CPM.
O crime descrito na súmula está previsto no art. 351, do Código
Penal. Portanto, a súmula está superada, pois o militar pode
responder perante a Justiça Militar.

Súmula 78 STJ - Compete a Justiça Militar processar e julgar


policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido
praticado em outra unidade federativa.

A competência para julgar militar é da Justiça Militar do Estado


ao qual pertença a corporação, ainda que o crime tenha sido
cometido em outro Estado.

Súmula 90 STJ - Compete a Justiça Estadual Militar


processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar,
e a comum pela prática do crime comum simultâneo aquele.

Previsão no art. 79, I, do CPP. Não importa em unidade de


processo e julgamento os casos de conexão ou continência
envolvendo concurso de crimes de jurisdição comum e militar,
devendo haver cisão dos feitos.

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Súmula 104 STJ - Compete a Justiça Estadual o processo e


julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso
relativo a estabelecimento particular de ensino.

Estabelecimento particular de ensino é entidade de direito


privado, que não se inclui entre as elencadas no art. 109, IV da CF,
de competência da Justiça Federal.

Súmula 107 STJ - Compete à Justiça Comum Estadual


processar e julgar crime de estelionato praticado mediante
falsificação das guias de recolhimento das contribuições
previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal.

É preciso ter atenção a essa súmula. Quando não houver lesão


ao patrimônio público, somente lesão ao particular, compete à
Justiça Estadual processar e julgar crime de estelionato mediante
falsificação das guias de recolhimento das contribuições
previdenciárias. Isso porque, havendo lesão ao INSS (autarquia
federal), é causa de competência da Justiça Federal (art. 109, IV,
CF).

Súmula 122 STJ - Compete a justiça federal o processo e


julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal
e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código
de Processo Penal.

O art. 78, II, ‘a’ do CPP prevê que compete ao lugar da infração,
à qual for cominada pena mais grave, no caso de conexão ou
continência, o processo e julgamento. Todavia, a súmula afasta
essa regra e fixa a competência da Justiça Federal, quando houver
conexão ou continência com crime da Justiça Estadual. Portanto,
ainda que a pena do crime que compete à Justiça Federal for mais
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brando que o crime que compete à Justiça Estadual, cometidos em


conexão ou continência, prevalece a competência da Justiça
Federal.

Súmula 140 STJ - Compete a Justiça Comum Estadual


processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou
vítima.

O art. 109, XI, prevê como competente a Justiça Federal para


processar e julgar causas em que há disputa sobre direitos
indígenas. Para que a competência seja da Justiça Federal, é
necessário que haja violação dos direitos dos indígenas de forma
coletiva, e não de apenas um índio. Figurando o índio como autor
ou vítima de crime, de forma isolada, a competência é da Justiça
Estadual.

Súmula 147 STJ - Compete a Justiça Federal processar e


julgar os crimes praticados contra funcionário público federal,
quando relacionados com o exercício da função.

A súmula é autoexplicativa. Se for funcionário público federal


a vítima, cujo crime tenha sido cometido no exercício das funções
ou com elas relacionadas, a competência é da Justiça Federal. O
terceirizado que presta serviço a órgão da administração direta não
é equiparado a funcionário público, logo, ao terceirizado não se
aplica essa súmula.

Súmula 151 STJ - A competência para o processo e


julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se
pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.

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Descaminho = deixar de pagar imposto devido pela entrada,


saída ou consumo de mercadoria; Contrabando = importar ou
exportar mercadoria proibida. O local da apreensão dos bens é o
competente para o processo e julgamento, pela Justiça Federal.

Súmula 164 STJ - O prefeito municipal, após a extinção do


mandato, continua sujeito a processo por crime previsto no art. 1.
do Decreto-lei n. 201, de 27/02/67.

O decreto-lei 201/67 dispõe sobre a responsabilidade dos


prefeitos e vereadores. O art. 1º prevê os crimes de
responsabilidade que podem por eles ser cometidos. A ação penal
pública pode iniciar durante ou depois do mandato e, ainda que
iniciada antes, segue normalmente após o mandato.

Súmula 165 STJ - Compete à justiça federal processar e


julgar crime de falso testemunho cometido no processo
trabalhista.

A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e


julgar crimes. Ainda que o crime de falso testemunho seja
cometido em processo trabalhista, a competência para processo e
julgamento é da Justiça Federal.

Súmula 172 STJ - Compete a Justiça Comum processar e


julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que
praticado em serviço. SUPERADA

Houve uma alteração no Código Penal Militar, em 2017,


incluindo como crime militar não somente os crimes previstos no
código penal militar, mas também na legislação penal como um

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todo, quando praticados em uma das situações descritas nas no


CPM. Portanto, essa súmula está superada, pois, a competência é
da Justiça Militar.

Súmula 200 STJ - O juízo federal competente para processar


e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar
onde o delito se consumou.

A discussão era sobre a competência ser a do local da


contrafação (falsificação) ou do uso do documento. Por ser crime
formal de mera conduta, que se configura com o simples uso, o
local do crime é o da apreensão do documento falsificado.

Súmula 208 STJ - Compete a Justiça Federal processar e


julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação
de contas perante órgão federal.

Por ser a verba desviada de interesse da União, pois sujeita à


prestação de contas perante o TCU (Tribunal de Contas da União),
o bem lesado é de interesse da União, uma das causas previstas no
art. 109 da CF de competência da Justiça Federal.

Súmula 209 STJ - Compete a Justiça Estadual processar e


julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao
patrimônio municipal.

Situação parecida com a da súmula anterior, mas, aqui, a verba


é incorporada ao patrimônio municipal. Portanto, não sendo mais
da União, não se fala em competência da Justiça Federal, e sim da
Justiça Estadual.

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Súmula 244 STJ - Compete ao foro do local da recusa


processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem
provisão de fundos.

Há duas modalidades de estelionato com cheque: cheque falso


(art. 171, caput; e fraude no pagamento por meio de cheque (art.
171, §2º, VI). Essa súmula trata do estelionato por fraude no
pagamento. Adotou-se a teoria da consumação/resultado para
firmar a competência territorial. O local da obtenção da vantagem
ou recusa do pagamento é onde o crime se consuma.

Súmula 546 STJ - A competência para processar e julgar o


crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade
ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
importando a qualificação do órgão expedidor.

Imagine a situação em que o agente apresenta um documento


falso, cuja atribuição de expedição é de uma instituição do Estado,
a um Policial Federal. Tem-se que a competência é da Justiça
Federal, pois a competência é firmada em razão da entidade ou
órgão ao qual foi apresentado o documento falsificado.

Súmula 451 STF - A competência especial por prerrogativa


de função não se estende ao crime cometido após a cessação
definitiva do exercício funcional.

Trata-se da ‘regra da atualidade’. Se exerce o cargo, tem direito


ao foro por prerrogativa de função, mesmo que a infração penal
tenha sido praticada antes, e perdura enquanto estiver exercendo a
função. Se houver cessação definitiva da função que justifique a
prerrogativa de foro, pela mesma regra da atualidade, não há que
se falar em foro por prerrogativa de função.
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Súmula 498 STF - Compete à Justiça dos Estados, em ambas


as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a
economia popular.

Crimes contra a economia popular estão previstos na lei


1.251/51 e são de competência da Justiça Estadual.

Súmula 521 STF - O foro competente para o processo e o


julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local
onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.

Basicamente o mesmo que já explicado na súmula 244 do


Superior Tribunal de Justiça.

Súmula 522 STF – Salvo ocorrência de tráfico para o exterior,


quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete à
Justiça dos Estados o processo e julgamento dos crimes relativos
a entorpecentes.

Súmula autoexplicativa. Via de regra, a competência para


processar e julgar crimes previstos na lei de drogas (11.343/06) é
da Justiça Estadual, incluindo o tráfico entre Estados brasileiros
(interestadual). Todavia, sendo o tráfico internacional
(transnacionalidade), a competência passa a ser da Justiça Federal.

Súmula 555 STF - É competente o Tribunal de Justiça para


julgar conflito de jurisdição entre juiz de direito do Estado e a
Justiça Militar local.

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Deve ser interpretada com atenção. Nem todo Estado possui


Tribunal recursal militar, órgão de segundo grau da Justiça Militar.
Os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul
possuem Tribunal Militar, logo, havendo conflito de jurisdição
entre Tribunal Militar e Tribunal de Justiça destes Estados citados,
o conflito de competência ficará sujeito à decisão do Superior
Tribunal de Justiça. Já se o Estado não possuir Tribunal Militar,
aplica-se a súmula e quem julga conflito de competência entre juiz
de Direito do Estado e juiz Militar é o Tribunal de Justiça.

Súmula 603 STF - A competência para o processo e


julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do
júri

O crime de latrocínio nada mais é do que o roubo, qualificado


pela morte. Ainda que haja a intenção do agente em matar, o crime
continua sendo patrimonial, pois previsto dentro do título dos
crimes contra o patrimônio, no Código Penal. Portanto, não sendo
crime doloso contra a vida, a competência não é do tribunal do júri,
e sim do juiz singular.

Súmula 702 STF - A competência do Tribunal de Justiça para


julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça
Comum Estadual; nos demais casos, a competência originária
caberá ao respectivo Tribunal de Segundo Grau.

Entende-se que o Tribunal de Justiça não julga prefeito que


cometeu crime cuja competência seja da Justiça Federal ou
Eleitoral.

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Súmula 703 STF - A extinção do mandato do Prefeito não


impede a instauração de processo pela prática dos crimes
previstos no art. 1º do DL 201/67.

Idem a súmula 164, do Superior Tribunal de Justiça, já


explicada.

Súmula 704 STF - Não viola as garantias do Juiz Natural, da


ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência
ou conexão do processo do correu ao foro por prerrogativa de
função de um dos denunciados.

Casos em que há coautoria e que um dos criminosos possui foro


por prerrogativa de função. Ex.: José e um Deputado Federal
praticam um crime. Havendo conexão ou continência, ambos
deverão ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Essa atração
da competência do Supremo para julgamento de José, que não
possui foro por prerrogativa de função, não viola os princípios do
juiz natural, ampla defesa e devido processo legal.

Súmula 721 STF - A competência constitucional do Tribunal


do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

A competência do Tribunal do Júri é prevista na Constituição


Federal. Contudo, essa mesma Constituição outorga aos Tribunais
a competência originária para julgar certas autoridades (Ex.: Juiz
de Direito é julgado pelo Tribunal de Justiça, e não pelo Tribunal
do Júri). Como ambas as competências são previstas na
Constituição Federal, então, pelo princípio da especialidade,
prevalecerá a competência do Tribunal de Justiça.

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Todavia, se esse foro por prerrogativa de função estiver


previsto somente na Constituição Estadual, então, prevalece a
competência do Tribunal do Júri, pois a Constituição Federal é
hierarquicamente superior à Constituição Estadual. Ex.: Vice-
governador tem foro por prerrogativa de função fixado
exclusivamente em Constituição Estadual. Logo, se cometer crime
doloso contra a vida, será julgado pelo Tribunal do Júri. Nesse
mesmo sentido, foi editada a súmula vinculante 45.

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CONSTRANGIMENTO ILEGAL PRISÃO POR


EXCESSO PRAZO

Súmula 21 STJ - Pronunciado o réu, fica superada a alegação


do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na
instrução.

Cuidado, essa súmula deve ser relativizada. O processo deve


ter celeridade, portanto, o acusado não pode ficar preso por tempo
indeterminado pela demora do Estado em julgá-lo. O sujeito está
sendo processado por um crime de homicídio e está preso
provisoriamente (prisão preventiva). Após a pronúncia (decisão
que encerra a primeira fase do rito processual do Júri com o envio
da causa para o Pleno do Tribunal do Júri), ainda é possível que a
defesa alegue constrangimento ilegal na prisão por excesso de
prazo, desde que a demora não seja causada exclusivamente pela
defesa.

Súmula 52 STJ - Encerrada a instrução criminal, fica


superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo.

Vale o mesmo raciocínio da súmula anterior. O processo deve


ser célere e o acusado não pode ficar preso provisoriamente por
tempo indeterminado, deve haver razoabilidade. Encerrada a fase
de produção de provas, se houver demora em julgar o caso, que
não seja causada pela defesa, pode-se alegar excesso de prazo e
constrangimento ilegal da prisão.

Súmula 64 STJ - Não constitui constrangimento ilegal o


excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa.

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Como exposto nas súmulas anteriores, a demora na conclusão


do processo, provocada exclusivamente pela defesa, não configura
constrangimento ilegal por excesso de prazo.

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Súmulas Criminais do STJ e STF explicadas

FIANÇA

Súmula 81 STJ – Não se concede fiança quando, em concurso


material, a soma das penas mínimas cominadas for superior a dois
anos de reclusão. SUPERADA

Redação da súmula foi superada pela alteração nos artigos 323


e 324 do CPP.

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INTIMAÇÃO

Súmula 273 STJ – Intimada a defesa da expedição da carta


precatória, torna-se desnecessária intimação da data da
audiência no juízo deprecado.

Carta precatória é aquela por meio da qual o juiz de uma cidade


solicita ao juiz de outra cidade o cumprimento de determinado ato
processual. O juízo deprecante é o que expede a carta precatória,
para que o juízo deprecado a cumpra. A súmula trata da hipótese
em que a defesa foi intimada da expedição da carta precatória,
nesses casos, o juízo deprecado (aquele que vai cumprir o ato e
fica em cidade diversa de onde o processo está correndo) não
precisa intimar a defesa da data da audiência.

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INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Súmula 234 STJ – A participação de membro do Ministério


Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu
impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

Ao membro do Ministério Público é concedido o poder de


investigação. O MP tem meios próprios de investigação,
denominado Procedimento de Investigação Criminal (PIC).
Portanto, nada impede que o membro do MP que participou do
PIC, ofereça a denúncia.

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LEGITIMIDADE

Súmula 521 STJ – A legitimidade para a execução fiscal de


multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória
é exclusiva da Procuradoria da Fazenda.

Imposta uma sentença condenatória de pena de multa, caso não


seja paga dentro do prazo de 10 (dez) dias do trânsito em julgado
da sentença, será inscrita na dívida ativa e deve ser cobrada pela
Procuradoria da Fazenda. Recentemente, o STF entendeu que o
Ministério Público tem legitimidade para cobrar a dívida de multa,
pois, tem natureza de sanção penal. Somente na inércia do MP é
que surge a possibilidade da execução pela Procuradoria da
Fazenda.

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PRISÕES E LIBERDADE

Súmula 9 STJ – A exigência da prisão provisória, para


apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de
inocência. SUPERADA

Superada pela súmula 347, do Superior Tribunal de Justiça.


Súmula 347 STJ - O conhecimento de recurso de apelação do
réu independe de sua prisão. Vamos estudá-la mais adiante.

Súmula 697 STF - A proibição de liberdade provisória nos


processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão
processual por excesso de prazo. SUPERADA

A liberdade provisória não é mais proibida nos crimes


hediondos.

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PROVAS

Súmula 455 STJ – A decisão que determina a produção


antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser
concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o
mero decurso do tempo.

O art. 366 do CPP dispõe que se o acusado, citado por edital,


não comparecer nem constituir advogado, ficará suspenso o
processo e o prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada de provas. Caso haja o risco do perecimento
da prova (por exemplo, testemunha muito idosa, pode falecer),
haverá fundamentação idônea para a produção antecipada. Não se
pode justificar a produção antecipada somente no decurso do
tempo, exceto no caso de a testemunha ser policial, pois, como lida
cotidianamente com diversas ocorrência, pode esquecer com mais
facilidade dos detalhes importantes do caso.

Súmula 361 STF - No processo penal, é nulo o exame


realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver
funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão.

A perícia deve ser realizada por perito oficial, portador de


diploma de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame será
realizado por duas pessoas idôneas. A partir dessa premissa,
entende-se que essa súmula não se aplica aos peritos oficiais.
Então, caso o exame seja feito somente por uma pessoa idônea,
será nulo. Ainda, se a pessoa idônea participou da diligência de
apreensão, não poderá servir como perito, pois impedida pela
súmula.

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RECURSOS E AÇÕES AUTÔNOMAS

Súmula 604 STJ - O mandado de segurança não se presta


para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo
Ministério Público.

O Recurso em Sentido Estrito (RESE) não possui efeito


suspensivo, isto é, a interposição do recurso não tem força de
impedir, momentaneamente, que a decisão atacada produza seus
efeitos. Ex.: juiz revogou a prisão preventiva e mandou expedir
alvará de soltura. Caso o MP recorra, cujo recurso cabível é o
RESE, não suspenderá o efeito da decisão, de soltar o acusado,
pois, então, o acusado será colocado em liberdade, mesmo com a
interposição do recurso. Nesses casos, era comum o MP impetrar
mandado de segurança, pedindo o efeito suspensivo ao RESE. A
súmula veio para acabar com essa questão e dizer que o mandado
de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo MP.

Súmula 267 STJ - A interposição de recurso, sem efeito


suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição de
mandado de prisão.

É possível a execução provisória da pena, antes do trânsito em


julgado da condenação, ainda que pendente recurso sem efeito
suspensivo, após exaurido o duplo grau de jurisdição.

Súmula 347 STJ - O conhecimento de recurso de apelação do


réu independe de sua prisão.

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Como vimos, a súmula 9 foi superada por essa súmula. Antes,


o recurso era condicionado à prisão do acusado. Agora, não mais,
pois viola o direito ao duplo grau de jurisdição e ampla defesa.
Portanto, o acusado pode recorrer, mesmo estando em liberdade,
não sendo mais o recolhimento à prisão condição para o
conhecimento do recurso de apelação.

Súmula 208 STF - O assistente do Ministério Público não


pode recorrer, extraordinariamente, de decisão concessiva de
habeas corpus. SUPERADA

O art. 311 do CPP prevê que o assistente de acusação pode


requerer a decretação de prisão preventiva. Logo, o entendimento
é o de que ‘quem pode o mais, pode o menos’. Se o assistente pode
requerer a decretação da prisão preventiva, pode impugnar decisão
que concede Habeas Corpus.

Súmula 210 STF - O assistente do Ministério Público pode


recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos
dos arts. 584, § 1º, e 598 do Código Penal.

O assistente do MP pode recorrer da decisão de impronúncia e


apelação de decisão do Tribunal do Júri.

Súmula 393 STF - Para requerer revisão criminal, o


condenado não é obrigado a recolher-se à prisão.

Nos processos cuja sentença condenatória transitou em julgado,


cabe revisão criminal desde que a condenação for contrária as
provas dos autos ou texto legal, se fundar em
depoimentos/documentos falsos ou se descobrir novas provas da

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inocência do condenado ou circunstancia que possa diminuir a


pena. Para que seja ajuizada a revisão criminal, não se exige que o
condenado esteja preso.

Súmula 448 STF - O prazo para o assistente recorrer,


supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso
do prazo do Ministério Público.

A atuação do assistente de acusação é subsidiária à do MP.


Portanto, seu prazo começa a correr somente depois de esgotado o
prazo do MP para recorrer. Os prazos do assistente de acusação
podem ser de 5 (cinco) dias, caso já estivesse habilitado nos autos,
no momento da decisão; ou de 15 (quinze) dias, caso não estava
habilitado ao tempo da decisão que se pretende recorrer.

Súmula 699 STF - O prazo para interposição de agravo, em


processo penal, é cinco dias, de acordo com a Lei 8.038/90, não
se aplicando o disposto a respeito nas alterações da Lei 8.950/94
ao Código de Processo Civil. SUPERADA

O agravo de que trata a súmula é o agravo de instrumento contra


decisão que inadmite recurso extraordinário. O novo CPC revogou
alguns dispositivos da lei 8.038/90, dentre eles, o que previa esse
prazo de 5 (cinco) dias. Portanto, não existindo mais esse prazo,
aplica-se subsidiariamente as disposições do CPC, logo, o prazo
para interposição de agravo de instrumento, em processo penal, é
de 15 (quinze) dias.

Súmula 700 STF - É de cinco dias o prazo para interposição


de agravo contra decisão do Juiz da Execução Penal.

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Não se pode confundir esse agravo com o da súmula anterior.


Essa súmula trata do agravo em execução, recurso cabível contra
toda e qualquer decisão do juízo da execução. O prazo para
interposição de agravo contra decisão do juiz da execução é de
cinco dias.

Súmula 705 STF - A renúncia do réu ao direito de apelação,


manifestada sem a assistência do defensor, não impede o
conhecimento da apelação por este interposta.

O acusado tem a capacidade postulatória para interpor recurso,


bastando que manifeste seu interesse nesse sentido, todavia, as
razões devem ser apresentadas por advogado. Muitas das vezes o
acusado é intimado da sentença condenatória quando está no
presídio, portanto, não tem a assistência de um advogado para
dizer se quer recorrer ou não. Ocorrendo essa situação, tendo o
advogado interposto recurso, ainda que o acusado tenha
renunciado ao direito de recurso, prevalece a vontade da defesa
técnica (advogado).

Súmula 713 STF - O efeito devolutivo da apelação contra


decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.

Cabe apelação de decisão do Tribunal do Júri somente quando


(a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (b) for a sentença
contrária à lei ou decisão dos jurados; (c) houver erro ou injustiça
no tocante à aplicação da pena; e (d) for a decisão dos jurados
manifestamente contrárias às provas dos autos. A súmula diz que
o efeito devolutivo dessa apelação não é amplo, isto é, ele é adstrito
aos fundamentos dessas hipóteses elencadas. Portanto, em grau

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recursal, somente poderá ser reanalisada a matéria devolvida e que


esteja relacionada com essas hipóteses.

Súmula 344 STF - Sentença de primeira instância, concessiva


de habeas corpus, em caso de crime praticado em detrimento de
bens, serviços ou interesses da União, está sujeita a recurso ex
officio.

A sentença de primeira instância que concede Habeas Corpus


deve ser submetida a recurso de ofício (art. 574, I CPP), seja a
competência Federal ou Estadual.

Súmula 606 STF - Não cabe habeas corpus originário para o


tribunal pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em
habeas corpus ou no respectivo recurso.

Não cabe Habeas Corpus para o pleno do tribunal contra


decisão monocrática de ministro da corte.

Súmula 693 STF - Não cabe habeas corpus contra decisão


condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por
infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

O Habeas Corpus é cabível quando está em risco a liberdade de


locomoção da pessoa. Sendo a pena cominada exclusiva de multa,
não se fala em risco à liberdade de locomoção.

Súmula 694 STF - Não cabe habeas corpus contra a


imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente
ou de função pública.

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Art. 142, §2º da CF – Não cabe Habeas Corpus em relação a


punições disciplinares militares.

Súmula 695 STF - Não cabe habeas corpus quando já extinta


a pena privativa de liberdade.

O Habeas Corpus é cabível quando está em risco a liberdade de


locomoção do indivíduo, portanto, extinta e pena privativa de
liberdade, não se fala mais em restrição de liberdade de
locomoção.

Súmula 701 STF - No mandado de segurança impetrado pelo


Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é
obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.

Imagine o caso em que o membro do MP impetre mandado de


segurança contra decisão que indefere a produção antecipada de
prova pericial. Nesse caso, o acusado deverá necessariamente
figurar como litisconsorte passivo necessário.

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AÇÃO PENAL

Súmula 330 STJ – É desnecessária a resposta preliminar de


que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal
instruída por inquérito policial.

O art. 514 do CPP dispõe que “nos crimes afiançáveis, estando


a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e
ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito,
dentro do prazo de quinze dias”. Portanto, a súmula dispensa essa
resposta preliminar, se a ação penal foi instruída por inquérito
policial.

Súmula 453 STF - Não se aplicam à segunda instância o art.


384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que
possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em
virtude de circunstância elementar não contida explícita ou
implicitamente na denúncia ou queixa.

O art. 384 do CPP trata da mutatio libelli, enquanto o art. 383


trata da emendatio libelli.
De forma objetiva e sucinta:
Emendatio libelli – O juiz, verificando que a tipificação não
corresponde aos fatos narrados na denúncia, pode apontar a
definição jurídica correta, ainda que a pena seja mais grave. Não
há mudança na descrição dos fatos, os fatos provados são
exatamente os narrados. Ex.: MP denunciou João por ter subtraído
um par de tênis e pediu a condenação pelo crime previsto no art.
180 (receptação). Veja que durante a instrução ficou comprovado
que João subtraiu o par de tênis, logo a figura típica correta é o
crime do art. 155 (furto). O juiz pode fazer essa correção de ofício
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(dizer que o art. Infringido é o 155 e não o 180). Não ofende o


princípio da ampla defesa, pois o acusado se defende dos fatos
narrados, e não da capitulação jurídica.
Mutatio libelli – Ao concluir que os fatos narrados na denúncia
não correspondem aos fatos provados na instrução processual,
deve a denúncia ser aditada, para que sejam alterados os fatos
narrados. Ex.: A denúncia narra que Pedro subtraiu de Joana um
aparelho celular, o que configura furto. Contudo, durante a
instrução Joana traz a informação de que Pedro utilizou-se de arma
de fogo, circunstância elementar do crime de roubo, que não estava
narrada na denúncia. Dessa forma, o MP deve aditar a denúncia,
para fazer constar o emprego de arma de fogo e deve ser
novamente interrogado o acusado. A súmula diz que não se aplica,
em sede recursal, a mutatio libelli, justamente para não cercear a
defesa do acusado, que já foi interrogado e não terá mais
oportunidade de produzir autodefesa, pois encerrada a instrução
probatória.
Então, entendendo o Tribunal que os fatos provados nos autos
são diversos daqueles narrados na denúncia, deve haver a
absolvição, sob pena de infringir o princípio da correlação da
denúncia com a sentença, não podendo ser realizada a mutatio
libelli.

Súmula 524 STF - Arquivado o inquérito policial, por


despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode
a ação penal ser iniciada sem novas provas.

É o teor do art. 18 do CPP. Lembrando Delegado não pode


mandar arquivar, muito menos ele mesmo arquivar, Inquérito
Policial.

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Súmula 554 STF - O pagamento de cheque emitido sem


provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao
prosseguimento da ação penal.

Interpretando a súmula a ‘contrario sensu’, entende-se que o


pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, antes do
oferecimento da denúncia, impede a instauração de ação penal por
falta de justa causa.

Súmula 594 STF - Os direitos de queixa e de representação


podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu
representante legal.

Caso o menor de dezoito anos seja vítima de um crime que


dependa de representação, esta será oferecida pelo seu
representante legal, dentro do prazo decadencial de seis meses,
contados da data em que se descobrir a autoria do fato criminoso.
Todavia, é permitido ao menor de dezoito anos, assim que
completar a maioridade, exercer o direito de queixa/representação,
ou a retratação (no caso de já ter sido apresentada a
queixa/representação pelo representante legal). Os prazos para o
exercício de direito de queixa ou representação correm
separadamente para o ofendido e seu representante legal.

Súmula 609 STF - É pública incondicionada a ação penal por


crime de sonegação fiscal.

Dispensa comentários. Autoexplicativa.

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Súmula 696 STF - Reunidos os pressupostos legais


permissivos da suspensão condicional do processo, mas se
recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo,
remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

Aplica-se o entendimento dessa súmula também à transação


penal. A suspensão condicional do processo é um poder-dever do
titular da ação penal pública. Caso o membro do MP se recusar a
propor a suspensão condicional do processo, o juiz, discordando,
deve remeter os autos ao Procurador Geral de Justiça, para que ele
mesmo ofereça, designe outro promotor para oferecer a suspensão
ou insista na posição do primeiro promotor.
Importante anotar que o art. 28 do CPP sofreu significativa
alteração com a lei do ‘pacote anticrime’, no final de 2019. Antes,
previa que, em caso de o juiz não concordar com a proposta de
arquivamento de inquérito realizada pelo promotor de justiça,
remeteria os autos para o Procurador Geral de Justiça, que teria
três possibilidades: (1) mandar arquivar; (2) oferece a denúncia;
(3) designa outro membro do MP para oferecer a denúncia.
Todavia, conforme visto, a redação atual foi drasticamente mudada
e não consta mais nada disso no art. 28.

Súmula 709 STF - Salvo quando nula a decisão de primeiro


grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia
vale, desde logo, pelo recebimento dela.

Imagine que a denúncia foi rejeitada e o MP recorreu dessa


decisão. Então, o tribunal reformou a decisão, logo, essa decisão
do tribunal vale como recebimento da denúncia, desde que a
decisão de primeiro grau não seja nula. Tem aplicação prática na

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interrupção do prazo prescricional, pois uma das hipóteses de


interrupção da prescrição é o recebimento da denúncia.

Súmula 714 STF - É concorrente a legitimidade do ofendido,


mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à
representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a
honra do servidor público em razão do exercício de suas funções.

Se o servidor público tem ofendida a sua honra, em razão do


exercício de suas funções, a legitimidade para a ação penal é
concorrente, ou seja, tanto o ofendido quanto o MP (desde que haja
representação da vítima) podem propor a ação penal.

Súmula 723 STF - Não se admite a suspensão condicional do


processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da
infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for
superior a um ano.

A suspensão condicional do processo é cabível nos crimes cuja


pena mínima cominada não seja superior a um ano. Imagine a
situação em que Manoel cometeu três crimes de furto, em
continuidade delitiva. Em tese, para o crime de furto, cuja pena
mínima cominada é um ano, cabe a suspensão condicional do
processo. Todavia, como foram três furtos, em continuidade
delitiva, aumentando-se a pena mínima na fração de 1/6, tem-se
que a pena ultrapassa um ano, assim, incabível a suspensão
condicional do processo.

Súmula 710 STF – No processo penal, contam-se os prazos da


data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da
carta precatória da ordem.
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No processo penal a contagem de prazo é diferente do processo


civil. No processo civil a contagem do prazo se dá da data da
juntada aos autos do mandado cumprido. Já no processo penal, a
contagem do prazo se inicia na data da intimação,
independentemente de qual seja a data de sua juntada aos autos.

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SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Súmula 243 STJ - O benefício da suspensão do processo não


é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso
material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena
mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.

Raciocínio idêntico ao da súmula 723, do Supremo Tribunal


Federal, aqui estendido também aos crimes cometidos em
concurso material e formal.
A suspensão condicional do processo é cabível nos crimes cuja
pena mínima cominada não seja superior a um ano. Imagine a
situação em que Manoel cometeu três crimes de furto, em
continuidade delitiva. Em tese, para o crime de furto, cuja pena
mínima cominada é um ano, cabe a suspensão condicional do
processo. Todavia, como foram três furtos, em continuidade
delitiva, aumentando-se a pena mínima na fração de 1/6, tem-se
que a pena ultrapassa um ano, assim, incabível a suspensão
condicional do processo.

Súmula 337 STJ - É cabível a suspensão condicional do


processo na desclassificação do crime e na procedência parcial
da pretensão punitiva.

Previsto também no art. 383, §1º, do CPP. Imagine a situação


em que o agente é denunciado pelo crime de furto qualificado, mas,
ao final, há a desclassificação para o crime de furto simples, que
aceita a suspensão condicional do processo. Nesses casos, deve ser
proposta a suspensão condicional do processo.

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Mesma situação se o agente é processado por três crimes de


furto, em continuidade delitiva (já vimos que pela incidência do
aumento mínimo de 1/6 não é possível a suspensão condicional do
processo). Mas, ao final do processo, a sentença é parcialmente
procedente e condena o agente a apenas um crime de furto simples.
Nesse caso também deve ser oferecida a suspensão condicional do
processo.

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NULIDADES

Súmula 155 STF - É relativa a nulidade do processo criminal


por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição
de testemunha.

Caso o acusado não seja intimado da expedição de carta


precatória que tem como finalidade ouvir uma testemunha, deve
demonstrar que teve prejuízo, para que o ato seja considerado nulo,
pois a nulidade é relativa.

Súmula 156 STF - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo


júri, por falta de quesito obrigatório.

Quesitos são as perguntas feitas pelo juízo aos jurados (art. 483
CPP). Indaga-se ao jurado se houve materialidade, autoria, se o
acusado deve ser absolvido, se há causa de diminuição de pena ou
qualificadora e causa de aumento, cada pergunta de uma vez. Na
hipótese de o juiz pular o primeiro quesito, que questiona a
materialidade do crime, é absoluta a nulidade, pois trata-se de
quesito obrigatório.

Súmula 160 STF - É nula a decisão do tribunal que acolhe,


contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação,
ressalvados os casos de recurso de ofício.

A súmula está fundamentada no princípio da non reformatio in


pejus, isto é, sendo exclusivo o recurso da defesa, a decisão não
pode ser reformada para piorar a situação do réu. Havendo recurso
da acusação, mas, que não pede a declaração de nulidade que possa
piorar a situação do réu, o tribunal não pode alegar essa nulidade,

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sob pena de reformatio in pejus, pois a acusação não pediu no seu


recurso a declaração dessa nulidade. Todavia, a súmula não se
aplica aos recursos de ofício.

Súmula 162 STF - É absoluta a nulidade do julgamento pelo


júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das
circunstâncias agravantes.

Os quesitos seguem uma ordem, como vimos na súmula 156. O


juiz indaga, nessa ordem, sobre (I) a materialidade, (II) autoria,
(III) se o jurado absolve o acusado, (IV) se há causas de diminuição
de pena (V) e se existe circunstância qualificadora ou causa de
aumento de pena. Portanto, invertida a ordem, questionando-o
quesito V antes do quesito IV, há nulidade absoluta.

Súmula 206 STF - É nulo o julgamento ulterior pelo júri com


a participação de jurado que funcionou em julgamento anterior
do mesmo processo.

Pense na seguinte hipótese. Houve um processo no tribunal do


Júri e a sentença foi condenatória. A defesa interpôs recurso de
apelação, pois a decisão foi contrárias às provas dos autos. O
Tribunal acolheu o recurso e ordenou que novo Júri fosse
realizado. Nesse novo júri estão impedidos de participar os jurados
que já haviam participado do primeiro júri, sob pena de nulidade.

Súmula 351 STF - É nula a citação por edital de réu preso na


mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua
jurisdição.

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O art. 360 do CPP prevê que “se o réu estiver preso, será
pessoalmente citado”. Por esse dispositivo, entende-se que o
oficial de justiça deve se dirigir até o presídio onde o acusado se
encontra e proceder à citação. O acusado preso está sob a custódia
do Estado, que tem a obrigação de proceder à sua citação pessoal.

Súmula 366 STF - Não é nula a citação por edital que indica
o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou
queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

A questão é simples. O edital de citação pode prever apenas o


dispositivo penal pelo qual a pessoa está sendo acusada, não é
necessário que transcreva ou resuma a denúncia.

Súmula 431 STF - É nulo o julgamento de recurso criminal,


na segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da
pauta, salvo em habeas corpus.

No sentido dessa súmula, o Supremo Tribunal Federal entende


que a intimação da Defensoria Pública quanto à data de julgamento
do Habeas Corpus só é necessária se houver pedido expresso para
a realização de sustentação oral.

Súmula 523 STF - No processo penal, a falta da defesa


constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo para o réu.

Segundo o princípio pas de nullité sans grief (não há nulidade


sem prejuízo), o reconhecimento de nulidade depende da
demonstração do prejuízo. A defesa técnica é imprescindível para
o processo criminal, de modo que sua falta constitui nulidade

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absoluta. Todavia, a deficiência da defesa técnica só será causa de


nulidade se comprovado o prejuízo.

Súmula 564 STF - A ausência de fundamentação do despacho


de recebimento de denúncia por crime falimentar enseja nulidade
processual, salvo se já houver sentença condenatória.
SUPERADA

A nova lei de falências (11.101/05) não mais exige a


fundamentação do recebimento da denúncia por crime falimentar.

Súmula 706 STF - É relativa a nulidade decorrente da


inobservância da competência penal por prevenção.

Havendo mais de um juiz competente, torna-se competente


para a causa aquele que primeiro realizou a prática de algum ato
do processo ou medida relativa ao processo. Todavia, se algum juiz
decretou uma prisão provisória e tornou-se prevento, mas o
processo correu em outro juízo, posteriormente, deve ser provado
o prejuízo para que se fale em nulidade.

Súmula 707 STF - Constitui nulidade a falta de intimação do


denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da
rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.

Sendo rejeitada a denúncia, o acusado ainda não está ciente da


acusação que recai contra si, pois não foi citado. Portanto, se há
recurso contra essa decisão de rejeição da denúncia, o acusado
deve ser dele intimado, para oferecer contrarrazões, não suprindo
essa nulidade a nomeação de um defensor dativo para oferecer as

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contrarrazões, pois é direito do acusado a escolha do profissional


de sua confiança para defende-lo no processo.

Súmula 708 STF - É nulo o julgamento da apelação se, após


a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não
foi previamente intimado para constituir outro.

A defesa técnica é irrenunciável, ainda que o acusado não


queira um defensor, o juiz irá nomear um. A consequência da
ausência de defesa técnica é uma nulidade absoluta por violação
ao preceito da ampla defesa. Portanto, renunciando o único
defensor, o réu deve ser intimado antes do julgamento do recurso,
para que possa ter oportunidade de nomear outro profissional, que
poderá realizar sustentação oral no dia do julgamento do recurso.

Súmula 712 STF - É nula a decisão que determina o


desaforamento de processo da competência do júri sem audiência
da defesa.

Desaforamento nada mais é do que a transferência do


julgamento de processo de competência do Tribunal do Júri de
uma comarca para outra, se houver interesse da ordem pública ou
dúvida sobre a imparcialidade do júri e segurança pessoal do
acusado. Para a determinação do desaforamento, deve ser ouvida
a defesa.

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SÚMULAS VINCULANTES STF

Súmula Vinculante 9 – O disposto no artigo 127 da Lei nº


7.210/1984 (Le de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal
previsto no caput do artigo 58.

O art. 127 da LEP prevê que em caso de falta grave, o juiz


poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido. Já o art. 58
prevê que a restrição de direitos não poderá exceder a trinta dias.
A súmula afasta a incidência do art. 58, em caso de perda de dias
remidos por falta grave, logo, o condenado poderá perder mais do
que 30 (trinta) dias remidos, caso cometa falta grave.

Súmula Vinculante 11 – Só é lícito o uso de algemas em casos


de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

A regra é que o sujeito, ainda que preso, permaneça sem


algemas, só podendo ser algemado quando houver resistência (do
próprio indivíduo ou de terceiro), fundado receio de fuga ou perigo
à integridade física própria ou alheia. Ponto importante a ser
observado é que é comum, em audiência, os juízes manterem o
acusado algemado, o que é permitido, desde que o faça de maneira
fundamentada. Mas, lembre-se, manter o indivíduo algemado é
exceção.
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Outro ponto a se destacar é o parágrafo único, do art. 292, do


CPP. Por esse dispositivo, é vedado o uso de algemas em mulheres
grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a
realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em
mulheres durante o período de puerpério imediato. Período
puerperal é aquele que compreende a fase pós-parto, quando a
mulher passa por alterações físicas e psíquicas.

Súmula Vinculante 14 – É direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.

O advogado tem direito a examinar em inquérito policial os


elementos de informações colhidos e já documentados, contudo,
não tem acesso às diligências em andamento, justamente para não
frustrar a atuação policial. Portanto, o delegado não pode negar ao
advogado vista aos documentos juntados no inquérito policial.
O art. 7º, VIX da lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia) elenca
como direito do advogado examinar autos de flagrante e inquérito,
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, mesmo que sem
procuração.

Súmula Vinculante 24 – Não se tipifica crime material contra


a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

O lançamento definitivo do tributo é o ato da Fazenda que


decide, de maneira definitiva, que determinado tributo é devido. O
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lançamento definitivo do tributo é uma condição objetiva de


punibilidade, isto é, sem o implemento dessa condição, a conduta,
por mais que seja típica, ilícita e culpável, não pode ser punida.

Súmula Vinculante 26 – Para efeito de progressão de regime


no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da
Lei nº 8.071/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche,
ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim de modo fundamentado, a realização de
exame criminológico.

A inconstitucionalidade de que trata a súmula é do art. 2º, §1º,


que previa que a pena seria cumprida integralmente em regime
fechado. O Supremo entendeu que cumprir pena integralmente em
regime fechado feria o princípio da individualização das penas, e
declarou o dispositivo inconstitucional. É sobre esse dispositivo
que trata a súmula.
Portanto, sendo inconstitucional o cumprimento integral da
pena em regime fechado, por óbvio que a progressão de regime é
possível, devendo o magistrado avaliar os requisitos objetivos
(cumprimento de parte da pena, previsto no art. 112 da LEP) e
subjetivos. Para a aferição do preenchimento do requisito
subjetivo, é facultado ao juiz requerer a realização de exame
criminológico, desde que o faça de forma fundamentada.
Observação quanto ao art. 2º, §1º da lei 8.072/90. Como vimos,
a redação previa cumprimento integral em regime fechado, o que
foi declarado inconstitucional pelo Supremo. Então, a redação foi
alterada e passou a prever cumprimento inicial em regime fechado,
sendo essa a redação atual, porém, o Supremo também já se
posicionou no sentido de que o dispositivo é inconstitucional,
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podendo o condenado a crime hediondo ou equiparado iniciar a


pena em qualquer regime.

Súmula Vinculante 35 – A homologação da transação penal


prevista no artigo 76 da Lei 9.099/95 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade
da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial.

A transação penal está prevista no art. 76 da lei 9.099/95 e


importa na propositura da aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou multa, não significando dizer que o acusado se declara
culpado. Caso a proposta seja aceita pelo acusado e, descumprindo
as condições, nada impede que o processo seja retomado e o
Ministério Público ofereça a denúncia, pois a decisão que
homologa a proposta de transação penal não faz coisa julgada
material.

Súmula Vinculante 45 – A competência constitucional do


Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de
função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

Mesmo conteúdo da súmula 721, do Supremo Tribunal Federal,


já explicada.

Súmula Vinculante 56 – A falta de estabelecimento penal


adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime
prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os
parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

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Esse Recurso Extraordinário resolveu que, não havendo vaga


em estabelecimento penal adequado ao regime ao qual se encontra
o condenado, deverá ser determinado:
(i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de
vagas – Sentenciado ‘A’ precisa de vaga no regime aberto,
Sentenciado ‘B’ que já está cumprindo pena nesse regime sai
antecipadamente e passa a cumprir pena restritiva de direitos,
abrindo vaga para o sentenciado ‘A’; O mesmo raciocínio se aplica
ao regime semiaberto, passando o condenado que sai do regime a
ser monitorado eletronicamente.
(ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que
sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de
vagas;
(iii) o cumprimento de penas restritivas de direitos e/ou estudo
ao sentenciado que progride ao regime aberto. Resolve, ainda, que,
até que sejam estruturadas as medidas alternativas, poderá ser
deferida a prisão domiciliar.
Portanto, em hipótese alguma o condenado a regime semiaberto
pode cumprir pena em regime fechado, bem como o condenado em
regime aberto não pode cumprir pena em regime semiaberto.

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