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TURMA 3 - SEMANA 01
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
SEMANA 01
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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
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O presente material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que, por
meio da leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de
dúvida sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e
estude o informativo na íntegra.
Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 3
SEMANA 01 ................................................................................................................................... 5
DIREITO PENAL .............................................................................................................................. 5
1. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................................................ 5
1.1 APONTAMENTOS e DIVERGÊNCIAS .......................................................................................... 5
1.2 RECONHECE-SE a aplicação do princípio da insignificância ......................................................... 7
1.3 Crimes nos quais a Jurisprudência REJEITA a aplicação do princípio da insignificância .................. 8
2. DOSIMETRIA DA PENA ............................................................................................................... 9
2.1 Pena de Multa ...................................................................................................................... 16
3. CONCURSO FORMAL E CRIME CONTINUADO ......................................................................... 18
3.1 Crime Continuado................................................................................................................. 18
4. INDULTO .................................................................................................................................. 18
5. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL ............................................................................................ 19
6. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS............................................................................................ 20
7. PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................ 21
8. OUTROS TEMAS DA PARTE GERAL .......................................................................................... 22
8.1 Medida de Segurança ........................................................................................................... 23
8.2 Livramento Condicional......................................................................................................... 23
8.3 Imputabilidade ..................................................................................................................... 23
8.4 Arrependimento Posterior..................................................................................................... 23
8.5 Reincidência ......................................................................................................................... 23
8.6 Teoria do Domínio Final do Fato ............................................................................................ 24
8.7 Perda do Cargo ..................................................................................................................... 24
8.8 Causa de aumento de pena ................................................................................................... 24
8.9 Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica ............................................................................. 24
8.10 Nexo de causalidade ........................................................................................................... 24
8.11 Extinção da punibilidade ..................................................................................................... 25
9. CRIME CONTRA A PESSOA ....................................................................................................... 25
9.1 Homicídio ............................................................................................................................ 25
9.2 Outros ................................................................................................................................. 27
10. CRIMES CONTRA A HONRA ................................................................................................... 28
11. CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL ......................................................................... 29
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DIREITO PENAL
1. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
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⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA:
• STJ: NÃO é possível aplicar o princípio da insignificância.
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade
de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da
insignificância.
STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541. STJ. 5ª Turma. HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021. STF: Há um precedente da 1ª
Turma, aplicando o princípio STF. 1ª Turma. HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012.
STF. 2ª Turma. HC 202883 AgR, Relator(a) p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012.
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Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil
reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrer para o crime.
• No STJ: é pacífico que NÃO:
↳ Súmula nº 606, STJ: NÃO SE APLICA o princípio da insignificância a CASOS DE TRANSMISSÃO
CLANDESTINA DE SINAL DE INTERNET VIA RADIOFREQUÊNCIA, que caracteriza o fato típico previsto no art.
183 da Lei nº 9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018. (Info 622)
• No STF: prevalece que não.
Assim, é inaplicável o princípio da insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet,
por configurar o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, que é crime formal, e, como tal, prescinde de
comprovação de prejuízo para sua consumação (STF. 1ª Turma. HC 124795 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23/08/2019).
Para o STF é possível, em situações excepcionais, o reconhecimento do princípio da insignificância desde
que a rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos grandes centros e em
situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade.
STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853). STF. 2ª Turma. HC 142738 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 04/04/2018.
STF. 2ª Turma. HC 157014 AgR/SE, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min Ricardo Lewandowski, julgado em 17/9/2019. (Info 952)
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2. DOSIMETRIA DA PENA
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STJ. AgRg no REsp 1.998.980-GO, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 8/5/2023, DJe 10/5/2023. (Info
775)
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Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado pela
jurisprudência pátria: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
19/03/2013.
O deslocamento da majorante sobejante para outra fase da dosimetria, além de não contrariar o sistema
trifásico, é a que melhor se coaduna com o princípio da individualização da pena.
STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020 (Info 684).
OBS.: esse mesmo raciocínio empregado no caso das qualificadoras pode também ser utilizado para os casos
em que há pluralidade de causas de aumento de pena.
STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020. (Info 684)
Demonstrada mera falta de técnica na sentença, o habeas corpus pode ser deferido para nominar de forma
correta os registros pretéritos da paciente, doravante chamados de maus antecedentes, e NÃO de conduta
social, SEM afastar, todavia, o dado desabonador que, concretamente, existe nos autos e justifica
diferenciada individualização da pena.
STJ. HC 501.144-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 10/03/2020, DJe 17/03/2020. (Info 669)
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do MP, podendo a multa ser cobrada pela Fazenda se o MP não houver atuado em prazo razoável (90
dias).
Tal posição foi REAFIRMADA pelo STF em decisão publicada em outubro de 2020: […]
1. Execução penal em que foi extinta a pena privativa de liberdade pelo indulto. Não obstante, subsistente o
dever jurídico de pagamento da pena de multa.
2. O juízo da execução penal é competente para a execução da multa se houver atuação do Ministério
Público, que é o legitimado prioritário (12ª QO na AP nº 470, de minha relatoria; ADI nº 3150, em que fui
designado redator para o acórdão).
3. Por outro lado, havendo atuação da Fazenda Pública, legitimado subsidiário, a execução da multa deve
ocorrer perante o juízo da execução fiscal.
4. Na hipótese, a PGFN noticia que a multa criminal é objeto de execução fiscal. Assim, não há motivo para o
prosseguimento desta execução penal porque já ajuizada a respectiva execução fiscal no juízo cível.
5. Arquivamento da execução penal. […] (Execução Penal nº 12/DF, STF, Rel. Min. Roberto Barroso, decisão
de 16.10.2020, publicado no DJ em 19.10.2020).
Obs. há um julgado da 5ª Turma do STJ publicado em novembro no sentido que cabe ao juízo das execuções
penais, sem ressalvas, a competência da execução da pena de multa.
Assentou o STJ:
[…] II - O Plenário do Excelso Pretório, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, via dotada
de eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação aos demais órgão do Poder Judiciário
nacional, reconheceu ser atribuição prioritária do Ministério Público, Federal ou Estadual, promover a
execução da pena de multa, o que fará conforme o procedimento descrito nos artigos 164 e seguintes da Lei
n. 7.210/1984, perante o Juízo das Execuções Penais.
III - No caso vertente, colhe-se da decisão de primeiro grau, transcrita no acórdão guerreado (fls. 51-57), que
à época em que requerida a declaração do indulto da sanção pecuniária perante o juízo das execuções penais,
ainda não havia sido encaminhada informações quanto ao débito à Procuradoria da Fazenda Nacional para
inscrição em dívida ativa.
IV - Ainda que assim não fosse, proveito algum decorreria da declaração de incompetência do juízo das
execuções penais, eis que, conforme a atual redação do artigo 51 do Código Penal, recentemente alterada
pela Lei n. 13.964/2019, cabe ao juízo das execuções penais, SEM RESSALVAS, a competência para
execução da pena de multa. É de conhecimento geral que as alterações nas regras processuais relativas à
competência material têm aplicação imediata, independentemente das que vigiam à época do cometimento
do crime. […] (Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1.869.371-PR, STJ, 5ª Turma, julgado em
17.11.2020, publicado no DJ em 24.11.2020)
Em conclusão, depois da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, a execução da pena de multa deverá ser,
necessariamente, perante o Juízo da Execução Penal, com atribuição exclusiva do Ministério Público, sendo
descabido falar, desde então, em atribuição subsidiária da Fazenda Pública perante a Vara de Execuções
Fiscais, nos termos em que decidido pelo STF (segundo a redação da disposição anterior) na ADI nº 3.150-
DF.
⚠ ATENÇÃO TAMBÉM! Não cabe a determinação do pagamento da pena de multa, de ofício, ao juízo da
execução (STJ. AgRg no AREsp 2.222.146-GO, Rel. Ministro Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 9/5/2023,
DJe 15/5/2023 - Info 779).
STF. Plenário. ADI 3150/DF, Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018. (Info 927)
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4. INDULTO
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razão do quantum da pena aplicada, nada impede que o julgador deixe de recrudescer o modo prisional se
entender que aquele cominado ao montante da pena imposta se mostra suficiente à reprovação do delito.
É possível, portanto, concluir que a negativação de circunstâncias judiciais, ao contrário do que ocorre
quando reconhecida a agravante da reincidência, confere ao julgador a faculdade - e não a obrigatoriedade
- de recrudescer o regime prisional.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.970.578-SC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF1ª Região), Sexta Turma, por maioria, julgado em
03/05/2022. (Info 735)
Não é possível a aplicação da detração, na pena privativa de liberdade, do valor recolhido a título de
prestação pecuniária. Isto porque, a prestação pecuniária tem caráter penal e indenizatório, com
consequências jurídicas distintas da prestação de serviços à comunidade (em que se admite a detração).
STJ. 5ª Turma. REsp 1853916/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/08/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 401.049/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 13/12/2018.
7. PRESCRIÇÃO
8.3 Imputabilidade
8.5 Reincidência
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A existência de doença cardíaca de que padecia a vítima configura-se como concausa preexistente
relativamente independente, não sendo possível afastar o resultado mais grave (morte) e, por
consequência, a imputação de latrocínio.
Nota: A despeito da controvérsia doutrinária quanto à classificação do crime previsto no art. 157, § 3º, inciso
II, do Código Penal - se preterdoloso ou não - fato é que, para se imputar o resultado mais grave
(consequente) ao autor, basta que a morte seja causada por conduta meramente culposa, não se exigindo,
portanto, comportamento doloso, que apenas é imprescindível na subtração (antecedente).
STJ. HC 704.718-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 16/5/2023, DJe 23/5/2023. (Info 777)
9.1 Homicídio
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No mesmo sentido: A qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa de
recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável, por força do art. 30 do CP. Nesse
sentido: STJ. 5ª Turma. HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/11/2018.
⚠ DIVERGÊNCIA:
O homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo
qualificado, comunicando-se ao mandante do delito.
STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/05/2018.
STJ. REsp 1.973.397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022.
evitar bis in idem, a hipótese em que aplicada a causa de aumento prevista no art. 121, § 4º (parte final),
do Código Penal.
STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 1851435-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/08/2020 (Info 679).
9.2 Outros
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A revogação da contravenção de perturbação da tranquilidade (art. 65 da LCP) pela Lei 14.132/2021, não
significa que tenha ocorrido abolitio criminis em relação a todos os fatos que estavam enquadrados na
referida infração penal.
Nota: No caso concreto apreciado pelo STJ, o acusado, mesmo depois de processado e condenado em
primeira instância pela contravenção penal do art. 65 da LCP, voltou a tentar contato com a mesma vítima
ao lhe enviar três e-mails e um presente. Desse modo, houve reiteração. Com a entrada em vigor da Lei nº
14.132/2021, ele pediu o reconhecimento de que teria havido abolitio criminis. O STJ, contudo, não aceitou.
Isso porque houve reiteração, de modo que a sua conduta se amolda ao que passou a ser punido pelo art.
147-A do CP, inserido pela Lei nº 14.132/2021. Logo, houve evidente continuidade normativo-típica.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.863.977-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
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e) Teoria objetivo-individual: A tentativa começa com a atividade do autor que, segundo o seu plano
concretamente delitivo, se aproxima da realização. A origem dessa teoria remonta a Hans Welzel.
⇾ Em que momento se consuma o crime de roubo?
Existem quatro teorias sobre o tema:
1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa
alheia. Se tocou, já consumou.
2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída passa para o poder
do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo perseguido pela polícia ou
pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do agente, isso significa que houve a inversão da
posse. Por isso, ela é também conhecida como teoria da inversão da posse. Vale ressaltar que, para esta
corrente, o crime se consuma mesmo que o agente não fique com a posse mansa e pacífica. A coisa é retirada
da esfera de disponibilidade da vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia da esfera de
vigilância da vítima (não se exige que o agente tenha posse desvigiada do bem).
3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um lugar para
outro.
4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão para tê-la a salvo.
• Súmula nº 582, STJ. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego
de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente
e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
STJ. 5ª Turma. AREsp 974.254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021. (Info 711)
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Retroatividade da representação no crime de estelionato (por ser complexo, deve-se realizar uma
explicação acerca da temática):
Nota: Exsurge decisão do Plenário STF em 13/04/2023, mudando o posicionamento antes firmado e fixando
o entendimento que, logo “venceu” o entendimento da 2º turma do STF – Ou seja, para o Supremo Tribunal
Federal: a regra da representação deve retroagir a “todos” os casos de estelionato em andamento quando
de sua promulgação (tanto as ações penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito
em julgado), tendo a vítima um prazo de 30 dias para manifestar-se sob pena de decadência e não
importando a fase em que o procedimento se encontre (HC-AgR 208.817/RJ).
Vamos desenhar uma linha do tempo acerca dessas decisões dos tribunais superiores sobre o
tema:
A discussão teve início no STJ (HC 573.093), em 2020 e, desde então tem sido objeto de uma série de
divergências. Veja a evolução jurisprudencial:
(1) Em 14/04/2020, a 5ª Turma do STJ decidiu que a retroatividade da representação deve se restringir
à fase policial, pois do contrário estar-se-ia transformando uma condição de procedibilidade em
prosseguibilidade (HC 573.093).
(2) Em 04/08/2020, a decisão da 6ª Turma do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica, deve
retroagir (HC 583.837).
(3) Em 21/09/2020, a 5ª Turma do STJ reiterou o entendimento de que a retroatividade da
representação no crime de estelionato deve se restringir à fase policial (ato jurídico perfeito).
(4) Em 14/10/2020, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação retroativa do parágrafo
5º do artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento da denúncia a ação era
incondicionada e não se exigia representação (HC 187.341/SP).
(5) Em 13/04/2021, a 3ª Seção consolidou o entendimento das turmas criminais do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) ao definir que a exigência de representação da vítima como pré-requisito para a ação
penal por estelionato – introduzida pelo Pacote Anticrime– não pode ser aplicada retroativamente para
beneficiar o réu nos processos que já estavam em curso (Info 691).
(6) Em 22/06/2021, a 2ª Turma do STF decidiu que a alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que
introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado
à representação da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações
penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado (Info 1023). Esse
entendimento foi reiterado pela 2ª Turma em 02/09/2022 (HC-AgR 207.835/SP).
(7) Em 13/04/2023, o debate foi levado ao Plenário do STF que decidiu a interpretação de normas
constitucionais não podem limitar o alcance da retroatividade em benefício do réu e, sendo a exigência
de representação para o crime de estelionato norma processual de caráter híbrido favorável ao acusado,
há de ser aplicada retroativamente aos processos em curso, sendo conferido a vítima o prazo de 30
dias para oferecer a representação, sob pena de decadência do direito (HC-AgR 208.817/RJ)
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Logo, no cenário atual acerca da matéria, o tema está pacificado em cada Tribunal Superior, mas
permanece a divergência entre eles. Temos o entendimento pacificado do STJ no sentido de que deve ser
observada a retroatividade, respeitando-se a limitação do ato jurídico perfeito e acabado materializado com
o oferecimento da denúncia. Já no STF, em decisão do Plenário, deve ser observada a extensão da
retroatividade para todas as ações penais em curso que ainda não tenham transitado em julgado.
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