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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA

JULGADOS RELEVANTES

RETA FINAL – DELEGADO PARANÁ

TURMA 3 - SEMANA 01

CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
SEMANA 01

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RETA FINAL
DELEGADO SÃO PAULO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
SEMANA 01/12

COMO UTILIZAR O MATERIAL

O presente material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que, por
meio da leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de
dúvida sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e
estude o informativo na íntegra.

Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 3
SEMANA 01 ................................................................................................................................... 5
DIREITO PENAL .............................................................................................................................. 5
1. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................................................ 5
1.1 APONTAMENTOS e DIVERGÊNCIAS .......................................................................................... 5
1.2 RECONHECE-SE a aplicação do princípio da insignificância ......................................................... 7
1.3 Crimes nos quais a Jurisprudência REJEITA a aplicação do princípio da insignificância .................. 8
2. DOSIMETRIA DA PENA ............................................................................................................... 9
2.1 Pena de Multa ...................................................................................................................... 16
3. CONCURSO FORMAL E CRIME CONTINUADO ......................................................................... 18
3.1 Crime Continuado................................................................................................................. 18
4. INDULTO .................................................................................................................................. 18
5. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL ............................................................................................ 19
6. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS............................................................................................ 20
7. PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................ 21
8. OUTROS TEMAS DA PARTE GERAL .......................................................................................... 22
8.1 Medida de Segurança ........................................................................................................... 23
8.2 Livramento Condicional......................................................................................................... 23
8.3 Imputabilidade ..................................................................................................................... 23
8.4 Arrependimento Posterior..................................................................................................... 23
8.5 Reincidência ......................................................................................................................... 23
8.6 Teoria do Domínio Final do Fato ............................................................................................ 24
8.7 Perda do Cargo ..................................................................................................................... 24
8.8 Causa de aumento de pena ................................................................................................... 24
8.9 Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica ............................................................................. 24
8.10 Nexo de causalidade ........................................................................................................... 24
8.11 Extinção da punibilidade ..................................................................................................... 25
9. CRIME CONTRA A PESSOA ....................................................................................................... 25
9.1 Homicídio ............................................................................................................................ 25
9.2 Outros ................................................................................................................................. 27
10. CRIMES CONTRA A HONRA ................................................................................................... 28
11. CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL ......................................................................... 29

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12. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ......................................................................................... 30

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SEMANA 01
DIREITO PENAL

1. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

1.1 APONTAMENTOS e DIVERGÊNCIAS

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante, ainda que
presentes antecedentes penais do agente, se NÃO denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica,
com habitualidade, a cometer crimes patrimoniais.
STJ. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022. (Info
744)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Admite-se, EXCEPCIONALMENTE, a aplicação do princípio da insignificância a crime praticado em prejuízo
da administração pública quando for ÍNFIMA a lesão ao bem jurídico tutelado.
STJ. RHC 153.480-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022, DJe 31/05/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


EXCEPCIONALMENTE, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública (USO DE
ATESTADO FALSO) em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do
agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada", a demonstrar a atipicidade material da
conduta e afastar a incidência do Direito Penal, sendo suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista.
⇾ PARA FIXAR:
Admite-se, EXCEPCIONALMENTE, o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública se:
↳ O dolo do réu revelar:
• mínima ofensividade da conduta do agente;
• nenhuma periculosidade social da ação;
• reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e
• inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Nota:
⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA: a jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da INAPLICABILIDADE do
princípio da insignificância na hipótese de crimes praticados contra a fé pública (ex: uso de atestado médico
falso; introdução de moedas falsas), em função do bem jurídico tutelado pela norma, que, no caso, a fé
pública representa caráter supraindividual.
STF. 2ª Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/03/2014. STF. 1ª Turma. HC 187269, Rel. Min Roberto Barroso, decisão
monocrática em 18/06/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg-AREsp 1.963.955, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/02/2022. STJ. 5ª Turma. AgRg-RHC
155.201, Rel. Min. Jesuíno Rissato, julgado em 12/12/2021.
⚠ Portanto, o julgado acima é uma EXCEÇÃO!
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 16/11/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se a pessoa for encontrada com alguns poucos gramas de droga para consumo próprio é possível aplicar o
princípio da insignificância.
Nota: O julgado acima foi decidido por EMPATE (2x), razão pela qual foi concedido o HC.

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⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA:
• STJ: NÃO é possível aplicar o princípio da insignificância.
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade
de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da
insignificância.
STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541. STJ. 5ª Turma. HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021. STF: Há um precedente da 1ª
Turma, aplicando o princípio STF. 1ª Turma. HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012.
STF. 2ª Turma. HC 202883 AgR, Relator(a) p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes tributários
ESTADUAIS o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), estabelecido no art. 20 da Lei nº 10.522/2002,
devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo.
STJ. 5ª Turma. AgRg-HC 549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários de acordo com o montante
definido em parâmetro estabelecido para a propositura judicial de execução fiscal.
Nota:
⚠ DIVERGÊNCIA.
SIM. É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários e de descaminho quando
o débito tributário verificado NÃO ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto
no art. 20 da Lei nº 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do
Ministério da Fazenda.
STF. 2ª Turma. HC-AgR 160.239-SP, Rel. Min. Gilmar Mendes; Julg. 22/05/2020. STF. 2ª Turma. HC-AgR 174.329-SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski;
Julg. 05/11/2019; DJE 18/11/2019. STJ. 3ª Seção. HC 535.063-SP. Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; Julg. 10/06/2020; DJE 25/08/2020.
STF. 1ª Turma. HC-AgR 144.193-SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É POSSÍVEL aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 20,00 mesmo que o
agente tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais.
Nota: A existência de antecedentes criminais (habitualidade criminosa) pode servir como argumento do
juiz para afastar a aplicação do princípio da insignificância.
No entanto, NÃO se trata de uma vedação absoluta, podendo ser, EXCEPCIONALMENTE, aplicado o
princípio, COM BASE NAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO.
Nesse sentido: STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911), STF. 2ª Turma. HC 159435 AgR, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 28/06/2019, STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1517800/TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/02/2020.
Ainda vale o conhecimento da jurisprudência em Teses do STJ (ed. 47):
Tese 7: O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu
faz do crime o seu MEIO DE VIDA, ainda que a coisa furtada seja de pequeno
valor.
STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020. (Info 966)
Mesmo sentido: STF. Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP, HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793) e STF.
2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020. (Info 973)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de transmitir sinal de internet como
provedor SEM autorização da ANATEL (art. 183 da Lei nº 9.472/97)?
Art. 183, Lei nº 9.472/1997. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação:

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Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil
reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrer para o crime.
• No STJ: é pacífico que NÃO:
↳ Súmula nº 606, STJ: NÃO SE APLICA o princípio da insignificância a CASOS DE TRANSMISSÃO
CLANDESTINA DE SINAL DE INTERNET VIA RADIOFREQUÊNCIA, que caracteriza o fato típico previsto no art.
183 da Lei nº 9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018. (Info 622)
• No STF: prevalece que não.
Assim, é inaplicável o princípio da insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet,
por configurar o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, que é crime formal, e, como tal, prescinde de
comprovação de prejuízo para sua consumação (STF. 1ª Turma. HC 124795 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23/08/2019).
Para o STF é possível, em situações excepcionais, o reconhecimento do princípio da insignificância desde
que a rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos grandes centros e em
situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade.
STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853). STF. 2ª Turma. HC 142738 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 04/04/2018.
STF. 2ª Turma. HC 157014 AgR/SE, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min Ricardo Lewandowski, julgado em 17/9/2019. (Info 952)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STF concedeu ordem de habeas corpus para fixar o regime inicial aberto em favor de condenado pelo
furto de duas peças de roupa avaliadas em R$ 130,00.
Nota: neste caso, não se absolveu o réu, mas utilizou a insignificância como exceção jurisprudencial à regra
do art. 33, § 2º, do CP (base na proporcionalidade).
STF. C 135164/MT, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 23.4.2019. (Info 938)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O princípio da bagatela NÃO SE APLICA ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei nº
9.605/98.
Nota:
Art. 34 da Lei nº 9.605/98: “Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:
Pena - detenção de 1 (um) ano a 3 (três) anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: [...]
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não
permitidos;”
Obs.: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não
se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto
do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca
ilegal.
⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA: Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese
em há a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602).
STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08/05/2018. (Info 901)

1.2 RECONHECE-SE a aplicação do princípio da insignificância

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo
que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja
reincidente.
STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020. (Info 973)

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o
Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena restritiva de direitos, afastando o óbice do
art. 44, II, do CP.
STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018. (Info 913)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra ação penal pelo
mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o princípio da insignificância mesmo em se tratando
de bem de reduzido valor.
EXCEPCIONALMENTE, no entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar o afastamento
dessa regra e a aplicação do princípio, com base na ideia da PROPORCIONALIDADE.
É o caso, por exemplo, do furto de um galo, quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de
feijão, bens avaliados em pouco mais de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve emprego de
violência. Enfim, é caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido grau de
reprovabilidade e inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em desfavor do réu outra ação penal
instaurada por igual conduta, ainda em trâmite, a hipótese é de típico crime famélico.
A excepcionalidade também se justifica por se tratar de hipossuficiente. Não é razoável que o Direito Penal
e todo o aparelho do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-se no sentido de atribuir relevância a estas
situações.
STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/08/2018. (Info 911)

1.3 Crimes nos quais a Jurisprudência REJEITA a aplicação do princípio da insignificância

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A MULTIRREINCIDÊNCIA específica somada ao fato de o acusado estar em prisão domiciliar durante as
reiterações criminosas são circunstâncias que INVIABILIZAM a aplicação do princípio da insignificância.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.957.218-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por maioria, julgado
em 23/08/2022. (Info 746)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO SE APLICA o princípio da insignificância para o CRIME DE CONTRABANDO.
Nota:
Exceção: No STJ, há um precedente ISOLADO em sentido contrário, admitindo a aplicação do princípio da
insignificância ao crime de contrabando de pequena quantidade de medicamento destinada a uso próprio.
Trata-se de um caso extremamente específico em que o STJ reconheceu a mínima ofensividade da conduta
do agente, ausência periculosidade da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e
inexpressividade da lesão jurídica provocada, autorizando excepcionalmente a aplicação do princípio da
insignificância:STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1708371/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/04/2018.
STJ. ProAfR no REsp 1.971.993-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 12/04/2022, DJe 29/04/2022. (Tema
1143)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O simples fato de CARTUCHOS apreendidos estarem desacompanhados da respectiva arma de fogo NÃO
IMPLICA, por si só, a ATIPICIDADE da conduta, de maneira que as peculiaridades do caso concreto devem
ser analisadas a fim de se aferir os requisitos.
REQUISITOS:
↳ O dolo do réu revelar:
• mínima ofensividade da conduta do agente;
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• nenhuma periculosidade social da ação;


• reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e
• inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Nota: Na hipótese dos autos, embora com o embargado tenha sido apreendida apenas uma munição de
uso restrito, desacompanhada de arma de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes
descritos nos arts. 33, caput, e 35, da Lei nº 11.343/06 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), o que
afasta o reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas a mínima ofensividade
da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade.
No mesmo sentido: Não se reconhece a incidência excepcional do princípio da insignificância ao crime de
posse ou porte ilegal de munição, quando acompanhado de outros delitos, tais como o tráfico de drogas.
STF. 1ª Turma. HC 206977 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2021.
⚠ CUIDADO! O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena quantidade de
munição, desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.856.980, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/09/2021. (Info 710)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO SE APLICA o princípio da insignificância para o CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA.
Nota: INDEPENDENTEMENTE DO VALOR DO ILÍCITO, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência
da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade da conduta do agente que atenta
contra este bem jurídico supraindividual.
STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019.
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 21/06/2016.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO SE APLICA o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário de
associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato.
STJ. 6ª Turma. RHC 93.472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/03/2018. (Info 622)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STJ e o STF NÃO ADMITEM a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos
CRIMES E CONTRAVENÇÕES PRATICADOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA CONTRA A MULHER, no
âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta.
Nota: Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado NÃO significa atipicidade material da conduta
ou desnecessidade de pena.
STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016. (Info 825)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/10/2015.

2. DOSIMETRIA DA PENA

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


No crime de furto contra empresa de segurança e transporte de valores, o prejuízo está inserido no risco
do negócio e não autoriza a exasperação da pena basilar, porquanto ínsito ao tipo penal.
STJ. AgRg no REsp 2.322.175-MG, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 30/5/2023. (Info 777)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A aplicação da agravante prevista no art. 61, II, "f", do Código Penal, em condenação pelo delito do art.
129, § 9º, do CP, por si só, não configura bis in idem.

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STJ. AgRg no REsp 1.998.980-GO, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 8/5/2023, DJe 10/5/2023. (Info
775)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Os fundamentos utilizados na dosimetria da pena somente devem ser reexaminados se evidenciado,
previamente, o cabimento do pedido revisional.
STJ. RvCr 5.247-DF, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Rel. para acórdão Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Terceira Seção, por maioria, julgado em
22/3/2023, DJe 14/4/2023. (Info 772)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É idônea a valoração negativa dos motivos do crime na hipótese em que o agressor se utiliza de ameaças
para constranger a vítima a desistir de requerer o divórcio e pensão alimentícia em benefício dos filhos.
STJ. AgRg no HC 746.729-GO, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 19/12/2022, DJe 21/12/2022. (Info 767)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A dosimetria da pena é uma fase independente do julgamento, razão pela qual todos os ministros possuem
o direito de se manifestar, independentemente de terem votado no sentido da absolvição ou condenação
do réu.
STF. QO na AP 1.024/DF, relator Ministro Edson Fachin, redator do acórdão Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
26.5.2023. (Info 1096)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A confirmação pelo tribunal do júri da dissimulação e do uso de meio que dificultou a defesa da vítima
deve ensejar uma única elevação em decorrência da qualificadora contida no art. 121, § 2º, inciso IV, do
Código Penal, ainda que quesitadas individualmente e não guardem relação de interdependência entre si.
STJ. Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023. (Info 764)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A atenuante da confissão, mesmo qualificada, pode ser compensada integralmente com qualificadora
deslocada para a segunda fase da dosimetria em razão da pluralidade de qualificadoras.
Nota: No caso, a atenuante da confissão, mesmo qualificada, pode ser compensada integralmente com a
qualificadora do motivo fútil, que fora deslocada para a segunda fase da dosimetria em razão da pluralidade
de qualificadoras.
Isso, porque são circunstâncias igualmente preponderantes, conforme entende este Tribunal Superior, que
define que "tal conclusão, por certo, deve ser igualmente aplicada à hipótese dos autos, por se tratarem de
circunstâncias igualmente preponderantes, que versam sobre os motivos determinantes do crime e a
personalidade do réu, conforme a dicção do art. 67 do CP" (HC 408.668/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
21/9/2017).
STJ. AgRg no REsp 2.010.303-MG, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 14/11/2022, DJe
18/11/2022. (Info 761)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


No concurso entre AGRAVANTES e ATENUANTES, a atenuante da confissão espontânea deve preponderar
sobre a agravante da dissimulação, nos termos do art. 67 do Código Penal.
Nota: Esta Corte Superior entende que a confissão espontânea é circunstância preponderante, e a agravante
da dissimulação não está prevista como circunstância preponderante por não se encaixar nos quesitos
previstos no art. 67 do Código Penal. Assim, a reprimenda deve ser reduzida na segunda fase da dosimetria.
STJ. 6ª Turma. HC 557.224-PR, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 19/08/2022. (Info
745)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:

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É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a COMPENSAÇÃO integral da atenuante da confissão


espontânea com a agravante da reincidência, seja ela específica ou não.
Todavia, nos casos de MULTIRREINCIDÊNCIA, deve ser reconhecida a preponderância da agravante prevista
no art. 61, I, do Código Penal, sendo admissível a sua compensação proporcional com a atenuante da
confissão espontânea, em estrito atendimento aos princípios da individualização da pena e da
proporcionalidade.
Art. 61, CP. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência;
Nota:
⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA: A posição do STF é a de que a agravante da REINCIDÊNCIA prevalece.
A teor do disposto no art. 67 do Código Penal, a circunstância agravante da reincidência, como
preponderante, prevalece sobre a confissão. STF. 2ª Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
18/03/2014.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67, CP. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do
agente e da reincidência.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022. (Info 742)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 620640, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A condição de policial militar que pratica o crime de extorsão indica maior reprovabilidade e censura da
conduta praticada, o que justifica a majoração da pena base.
Nota: o fato de ser policial militar justifica a maior reprovabilidade da conduta (culpabilidade) e, por
conseguinte, a exasperação da pena-base, uma vez que o comportamento dele esperado seria exatamente
o de evitar a prática de crimes. A referida característica não é elementar do crime de extorsão, não havendo
que se falar em bis in idem.
STJ. EDcl no AgRg no REsp 1.903.213-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 07/06/2022, DJe 10/06/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A atenuante da menoridade relativa deve ser considerada circunstância preponderante na exasperação da
pena.
↳ A atenuante da menoridade relativa, assim como a da confissão espontânea, por estarem relacionadas com a
personalidade do agente, devem ser consideradas preponderantes, nos termos do art. 67 do CP.
Nesse sentido: "1. O Superior Tribunal de Justiça já firmou o entendimento de que a confissão espontânea (Recurso
Especial Representativo de Controvérsia 1.341.370/MT) e a menoridade relativa, sendo atributos da personalidade do
agente, são igualmente preponderantes com a reincidência e os motivos do delito, consoante disposto no art. 67 do
Código Penal." (AgRg no REsp 1627502/RO, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 28/11/2017, DJe 01/12/2017).
STJ. AgRg no HC 693.079-SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 14/06/2022, DJe 20/06/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O réu fará jus à atenuante do art. 65, III, 'd', do CP quando houver admitido a autoria do crime perante a
autoridade, independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da
sentença condenatória, e mesmo que seja ela parcial, qualificada, extrajudicial ou retratada.
↳ Circunstâncias atenuantes
Art. 65, CP. São circunstâncias que sempre ATENUAM a pena:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;


Nota: o direito subjetivo à atenuação da pena surge quando o réu CONFESSA (momento constitutivo), e não
quando o juiz cita sua confissão na fundamentação da sentença condenatória (momento meramente
declaratório). Ademais, viola o princípio da legalidade condicionar a atenuação da pena à citação expressa
da confissão na sentença como razão decisória, mormente porque o direito subjetivo e preexistente do réu
não pode ficar disponível ao arbítrio do julgador.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022. (Info 740)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Ameaçar a vítima na presença de seu filho menor de idade justifica a valoração negativa da culpabilidade
do agente.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.964.508-MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 29/03/2022, DJe 01/04/2022. (Info
731)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O roubo em transporte coletivo vazio é circunstância concreta que NÃO justifica a elevação da pena-base.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 693.887-ES, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 15/02/2022. (Info 727)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da
sanção pecuniária, pelo condenado que comprovar impossibilidade de fazê-lo, NÃO obsta o
reconhecimento da extinção da punibilidade.
Nota:
Regra: obsta! Exceção: se o condenado comprovar a impossibilidade de pagar a sanção pecuniária, neste
caso, será possível a extinção da punibilidade mesmo sem a quitação da multa. Bastará cumprir a pena
privativa de liberdade e comprovar que não tem condições de pagar a multa.
Isso porque o STF, ao julgar a ADI 3150/DF, declarou que, à luz do preceito estabelecido pelo art. 5º, XLVI, da
Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de liberdade e de outras restrições – perda de bens,
prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos –, é espécie de pena aplicável em
retribuição e em prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua natureza de sanção penal. Logo, em
regra, não se pode declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de
liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.785.383-SP e REsp 1.785.861/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgados em 24/11/2021. (Recurso Repetitivo - Tema 931)
(Info 720)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É manifestamente ILEGAL a negativação dos antecedentes e a aplicação da agravante da reincidência,
quando fundamentadas em condenações, ainda que transitadas em julgado, por fatos posteriores àquele
sob julgamento.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1903802/ES, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/09/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, exclui circunstância judicial reconhecida na sentença, isso
deve gerar a diminuição da pena.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.826.799-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 08/09/2021, DJe 08/10/2021.
(Info 713)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Condenações criminais transitadas em julgado, não consideradas para caracterizar a reincidência, somente
podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes criminais, NÃO se admitindo
sua utilização para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente.
STJ. 3ª Seção. Tema 1077.REsp 1794854-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/06/2021. (Recurso Repetitivo – Tema 1077) (Info 702)
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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a exasperação da pena-base, pela existência de
circunstâncias judiciais negativas, deve seguir o parâmetro da fração de 1/6 para cada circunstância judicial
negativa, fração que se firmou em observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
Nota:
⚠ A maioria da doutrina afirma que deveria ser aplicada a fração de 1/8 para cada circunstância judicial
negativa. Isso porque existem oito circunstâncias judiciais. Assim, se o juiz detectasse a existência de três
circunstâncias judiciais desfavoráveis, aumentaria a pena-base em 3/8.
⚠ O STJ, contudo, não possui uma posição pacífica existindo decisões em vários sentidos.
• Para elevação da pena-base, podem ser utilizadas as frações de 1/6 sobre a pena mínima ou de 1/8 sobre
o intervalo entre as penas mínima e máxima, exigindo-se fundamentação concreta e objetiva para o uso de
percentual de aumento diverso de um desses.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp n. 1.942.233/DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 24/5/2022.
• Não há um critério matemático para a escolha das frações de aumento em função da negativação dos
vetores contidos no art. 59 do Código Penal, sendo garantida a discricionariedade do julgador para a fixação
da pena-base, dentro do seu livre convencimento motivado e de acordo com as peculiaridades do caso
concreto.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC n. 665.698/RS, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 10/5/2022.
• A jurisprudência deste Tribunal Superior é firme em garantir a discricionariedade do julgador, sem a fixação
de critério aritmético, na escolha da sanção a ser estabelecida na primeira etapa da dosimetria.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC n. 670.044/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2022.
• Não há direito subjetivo do réu ao emprego da fração de 1/6 por cada circunstância judicial desfavorável,
para elevação da reprimenda básica.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.037.079/TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 26/04/2022.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 647642/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/06/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É possível o aumento de pena-base fundado nos abalos psicológicos causados à vítima sobrevivente.
Nota: no caso concreto, a pena-base foi exasperada em razão do abalo psicológico causado à ofendida que
precisou vender sua residência por valor muito inferior ao de mercado, pois não conseguia conviver com as
lembranças que o local lhe trazia e precisou adquirir com urgência outro imóvel para morar. A presença de
sequelas psicológicas decorrentes do crime tem sido considerado fundamento idôneo para justificar o
afastamento da pena-base do piso legal, pois demonstra que a conduta do agente extrapolou os limites
ordinários do tipo penal violado, merecendo, portanto, maior repreensão. Para tanto, a exasperação da
pena-base deve estar fundamentada em dados concretos extraídos da conduta imputada ao acusado, os
quais devem desbordar dos elementos próprios do tipo penal.
STJ. 5ª Turma. HC 624.350/SC, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/12/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Havendo pluralidade de causas de aumento de pena e sendo apenas uma delas empregada na terceira
fase, as demais podem ser utilizadas nas demais etapas da dosimetria da pena.
Nota: A etapa judicial adotou O SISTEMA TRIFÁSICO DA DOSIMETRIA, conforme explicitado no item 51 da
Exposição de Motivos da Parte Geral do Código Penal e delineado no art. 68 do Código Penal. Assim, a
dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:
• 1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
• 2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
• 3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.

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Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado pela
jurisprudência pátria: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
19/03/2013.
O deslocamento da majorante sobejante para outra fase da dosimetria, além de não contrariar o sistema
trifásico, é a que melhor se coaduna com o princípio da individualização da pena.
STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020 (Info 684).
OBS.: esse mesmo raciocínio empregado no caso das qualificadoras pode também ser utilizado para os casos
em que há pluralidade de causas de aumento de pena.
STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020. (Info 684)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O forte vínculo de parentesco com o adolescente induzido à prática do crime torna a conduta dos pacientes
mais repreensível.
STJ. 5ª Turma. HC 614.998/PE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/10/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A circunstância de se tratar de réu da carreira da polícia – DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL – denota
reprovabilidade especial a justificar o aumento da pena-base, tratando-se de culpabilidade que ultrapassa
aquela ínsita aos delitos pelos quais condenado, previstos nos arts. 312 e 311 do CP.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.885.525, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/10/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do Código Penal na hipótese em que o crime de furto
qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu quando os proprietários não se encontravam no
imóvel, não havendo que se falar, portanto, em ameaça à vítima ou em benefício do agente para a prática
delitiva em razão de sua condição de fragilidade.
Nota:
Art. 61, CP. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: [...]
II - ter o agente cometido o crime: [...]
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida.”
Por se tratar de agravante de natureza objetiva, a incidência do art. 61, II, “h”, do CP não depende da prévia
ciência pelo réu da idade da vítima, sendo, de igual modo, desnecessário perquirir se tal circunstância, de
fato, facilitou ou concorreu para a prática delitiva, pois a maior vulnerabilidade do idoso é presumida.
STJ. 5ª Turma. HC 593.219-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2020. (Info 679)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO se aplica para o reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
Nota:
⇾ A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a 5 (cinco) anos, contado da extinção da
pena, poderá ser considerada como maus antecedentes? Após o período depurador, ainda será possível
considerar a condenação como maus antecedentes?
• SIM. As condenações atingidas pelo período depurador quinquenal do art. 64, inciso I, do CP, embora
afastem os efeitos da reincidência, NÃO impedem a configuração de maus antecedentes, na primeira etapa
da dosimetria da pena.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 558.745/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/09/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 471.346/MS, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019.
• NÃO se aplica para o reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
STF. Plenário. RE 593818/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/8/2020. (Repercussão Geral - Tema 150)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


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Demonstrada mera falta de técnica na sentença, o habeas corpus pode ser deferido para nominar de forma
correta os registros pretéritos da paciente, doravante chamados de maus antecedentes, e NÃO de conduta
social, SEM afastar, todavia, o dado desabonador que, concretamente, existe nos autos e justifica
diferenciada individualização da pena.
STJ. HC 501.144-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 10/03/2020, DJe 17/03/2020. (Info 669)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Nos casos em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do EMPREGO DE ARMA BRANCA,
NO CRIME DE ROUBO, como circunstância judicial desabonadora (art. 59 do CP).
Nota: com o advento da Lei 13.654, de 23 de abril de 2018, que revogou o inciso I do artigo 157 do CP, o
emprego de arma branca no crime de roubo deixou de ser considerado como majorante, a justificar o
incremento da reprimenda na terceira fase do cálculo dosimétrico, sendo, porém, plenamente possível a sua
valoração como circunstância judicial desabonadora, nos moldes do reconhecido pelas instâncias
ordinárias.
STJ. HC 556.629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 03/03/2020, DJe 23/03/2020. (Info 668)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A qualificadora do meio cruel é compatível com o dolo eventual.
CASO: réu atropelou pedestre, não parou o veículo e o arrastou por 500 metros.
STJ. REsp 1.829.601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 04/02/2020, DJe 12/02/2020. (Info 665)
Mesmo sentido: STJ, 5ª Turma. AgRg no Resp 157389/SC, julgado em 09/04/2019.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A folha de antecedentes criminais é um documento válido para comprovar maus antecedentes ou
reincidência.
Veja também: é possível que a reincidência do réu seja demonstrada com informações processuais extraídas
dos sítios eletrônicos dos tribunais.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018/STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 16/6/2020 (Info 982).
• Súmula nº 636, STJ. A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus
antecedentes e a reincidência.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 26/06/2019, DJe 27/06/2019. (Info 650).
Súmula 636-STJ

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O descumprimento REITERADO de medidas protetivas de urgência é fundamento idôneo para valorar
negativamente a personalidade do agente, porquanto tal comportamento revela seu especial desrespeito
e desprezo tanto pela mulher quanto pelo sistema judicial.
STJ. 6ª Turma. HC 452.391/PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 28/05/2019.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Para ter direito à atenuante da confissão espontânea no caso do crime de tráfico de drogas, é necessário
que o réu admita que traficava, NÃO podendo dizer que era mero usuário.
Nota: a incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige
o reconhecimento da traficância pelo acusado, NÃO bastando a mera admissão da posse ou propriedade
para uso próprio.
• Súmula nº 630, STJ. A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse
ou propriedade para uso próprio.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 24/04/2019, DJe 29/04/2019. (Info 646)
Súmula 630-STJ

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Condenações anteriores transitadas em julgado NÃO podem ser utilizadas como personalidade ou conduta
social desfavorável.
Nota: não se admite a utilização de condenações criminais para desvalorar a personalidade ou a conduta
social do agente. A conduta e personalidade do agente não se confundem com antecedentes criminais. A
atuação do réu no contexto familiar, na comunidade, no trabalho etc. é conduta social; o seu temperamento
e características do seu caráter é sua personalidade social.
STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019. (Info 947)
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018 (Info 639) / STJ, 5ª Turma. HC
475.436/PE, julgado em 13.12.2018; STF, 2ª Turma, RHC 130132, julgado em 10/05/2016. (Info 825)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A existência de condenações definitivas anteriores NÃO se presta a fundamentar a exasperação da pena-
base como personalidade voltada para o crime.
Condenações transitadas em julgado NÃO constituem fundamento idôneo para análise desfavorável da
personalidade do agente.
STJ. 6ª Turma. HC 472.654-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/02/2019. (Info 643)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 466.746/PE, julgado em 11/12/2018.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se mostra correto o magistrado utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como
“conduta social desfavorável”. NÃO é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em
julgado como fundamento para negativar a conduta social.
NOTA: não se pode confundir conduta social (comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de
trabalho e no relacionamento com outros indivíduos) com antecedentes criminais.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018. (Info 639)
Mesmo sentido: STJ, 5ª Turma. HC 475.436/PE, julgado em 13.12.2018; STF, 2ª Turma, RHC 130132, julgado em 10/05/2016. (Info 825)
Mais recente: STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019. (Info 947)

2.1 Pena de Multa

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em adequação ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, o INADIMPLEMENTO da pena de multa
obsta a extinção da punibilidade do apenado.
Nota: O STF decidiu na ADI 3.150/DF que a multa é espécie de pena.
⚠ CUIDADO! Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o
inadimplemento da sanção pecuniária, pelo condenado que comprovar impossibilidade de fazê-lo, não
obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade. STJ. 3ª Seção. REsp 1785861/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
24/11/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 931).
STJ. AgRg no REsp 1.850.903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 28/04/2020, DJe 30/04/2020.
(Info 671)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O MINISTÉRIO PÚBLICO possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal
condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública.
Nota: a Súmula 521-STF fica superada e deverá ser cancelada.
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
Nota: O presente caderno é de jurisprudência e o julgado postado é do Plenário do STF na ADI 3.150 -DF
que, apesar de ser de 2018, foi publicado somente em junho de 2020 no sentido de legitimação prioritária
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do MP, podendo a multa ser cobrada pela Fazenda se o MP não houver atuado em prazo razoável (90
dias).
Tal posição foi REAFIRMADA pelo STF em decisão publicada em outubro de 2020: […]
1. Execução penal em que foi extinta a pena privativa de liberdade pelo indulto. Não obstante, subsistente o
dever jurídico de pagamento da pena de multa.
2. O juízo da execução penal é competente para a execução da multa se houver atuação do Ministério
Público, que é o legitimado prioritário (12ª QO na AP nº 470, de minha relatoria; ADI nº 3150, em que fui
designado redator para o acórdão).
3. Por outro lado, havendo atuação da Fazenda Pública, legitimado subsidiário, a execução da multa deve
ocorrer perante o juízo da execução fiscal.
4. Na hipótese, a PGFN noticia que a multa criminal é objeto de execução fiscal. Assim, não há motivo para o
prosseguimento desta execução penal porque já ajuizada a respectiva execução fiscal no juízo cível.
5. Arquivamento da execução penal. […] (Execução Penal nº 12/DF, STF, Rel. Min. Roberto Barroso, decisão
de 16.10.2020, publicado no DJ em 19.10.2020).
Obs. há um julgado da 5ª Turma do STJ publicado em novembro no sentido que cabe ao juízo das execuções
penais, sem ressalvas, a competência da execução da pena de multa.
Assentou o STJ:
[…] II - O Plenário do Excelso Pretório, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, via dotada
de eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação aos demais órgão do Poder Judiciário
nacional, reconheceu ser atribuição prioritária do Ministério Público, Federal ou Estadual, promover a
execução da pena de multa, o que fará conforme o procedimento descrito nos artigos 164 e seguintes da Lei
n. 7.210/1984, perante o Juízo das Execuções Penais.
III - No caso vertente, colhe-se da decisão de primeiro grau, transcrita no acórdão guerreado (fls. 51-57), que
à época em que requerida a declaração do indulto da sanção pecuniária perante o juízo das execuções penais,
ainda não havia sido encaminhada informações quanto ao débito à Procuradoria da Fazenda Nacional para
inscrição em dívida ativa.
IV - Ainda que assim não fosse, proveito algum decorreria da declaração de incompetência do juízo das
execuções penais, eis que, conforme a atual redação do artigo 51 do Código Penal, recentemente alterada
pela Lei n. 13.964/2019, cabe ao juízo das execuções penais, SEM RESSALVAS, a competência para
execução da pena de multa. É de conhecimento geral que as alterações nas regras processuais relativas à
competência material têm aplicação imediata, independentemente das que vigiam à época do cometimento
do crime. […] (Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1.869.371-PR, STJ, 5ª Turma, julgado em
17.11.2020, publicado no DJ em 24.11.2020)
Em conclusão, depois da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, a execução da pena de multa deverá ser,
necessariamente, perante o Juízo da Execução Penal, com atribuição exclusiva do Ministério Público, sendo
descabido falar, desde então, em atribuição subsidiária da Fazenda Pública perante a Vara de Execuções
Fiscais, nos termos em que decidido pelo STF (segundo a redação da disposição anterior) na ADI nº 3.150-
DF.

⚠ CUIDADO! MODULAÇÃO DOS EFEITOS:


O STF, em embargos de declaração, decidiu modular os efeitos do entendimento acima e afirmou que existe
competência concorrente da Procuradoria da Fazenda Pública quanto às execuções findas ou iniciadas até a
data do trânsito em julgado da presente ação direta de inconstitucionalidade (STF. Plenário. ADI 3150 ED, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020).

⚠ ATENÇÃO TAMBÉM! Não cabe a determinação do pagamento da pena de multa, de ofício, ao juízo da
execução (STJ. AgRg no AREsp 2.222.146-GO, Rel. Ministro Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 9/5/2023,
DJe 15/5/2023 - Info 779).
STF. Plenário. ADI 3150/DF, Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018. (Info 927)

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3. CONCURSO FORMAL E CRIME CONTINUADO

3.1 Crime Continuado

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É proporcional a aplicação da fração máxima de 2/3 na hipótese de a conduta criminosa corresponder a 7
ou mais infrações em continuidade delitiva.
Nota: A jurisprudência do STJ entende que "a fração a ser aplicada a título de continuidade delitiva deve ser
proporcional ao número de infrações cometidas, sendo aplicada a fração máxima de 2/3 no caso de 7 ou
mais infrações." (AgRg no AREsp n. 2.067.269/SP, Ministro Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, DJe
de 5/8/2022).
2 crimes aumenta 1/6

3 crimes aumenta 1/5

4 crimes aumenta 1/4

5 crimes aumenta 1/3

6 crimes aumenta 1/2

7 ou mais aumenta 2/3


STJ. AgRg no REsp 1.945.790-MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 13/09/2022. (Info 749)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O reconhecimento da continuidade delitiva não importa na obrigatoriedade de redução da pena definitiva
fixada em cúmulo material, porquanto há possibilidade de aumento do delito mais gravoso em até o triplo,
nos termos do art. 71, parágrafo único, in fine, do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 301.882-RJ, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 19/04/2022, DJe
26/04/2022. (Info 734)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Os delitos de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária,
previstos, respectivamente, nos arts. 168-A e 337-A do CP, embora sejam do mesmo gênero, são de
espécies diversas; obstando a benesse da continuidade delitiva.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1868826/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em conjunto. Isso
porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies diversas.
STF. 1ª Turma. HC 190909, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/10/2020.
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/4/2018 (Info 899). TJ. 5ª Turma. AgInt no AREsp 908.786/PB, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 06/12/2016.

4. INDULTO

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A melhor interpretação sistêmica da leitura conjunta dos arts. 5º e 11 do Decreto n. 11.302/2022 é a que
entende que o resultado da soma ou da unificação de penas efetuada até 25/12/2022 não constitui óbice
à concessão do indulto àqueles condenados por delitos com pena em abstrato não superior a 5 (cinco)
anos, desde que (1) cumprida integralmente a pena por crime impeditivo do benefício; (2) o crime
indultado corresponda a condenação primária (art. 12 do Decreto); e (3) o beneficiado não seja integrante
de facção criminosa (parágrafo 1º do art. 7º do Decreto).
STJ. AgRg no HC 824.625-SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 20/6/2023, DJe 26/6/2023.
(Info 781)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É inconstitucional — por violar os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF/1988,
art. 37, “caput”) e por incorrer em desvio de finalidade — decreto presidencial que, ao conceder indulto
individual (graça em sentido estrito), visa atingir objetivos distintos daqueles autorizados pela Constituição
Federal de 1988, eis que observa interesse pessoal ao invés do público.
STF. ADPF 967/DF, relatora Ministra Rosa Weber, julgamento finalizado em 10.5.2023. (Info 1094)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O indulto é instituto da execução penal, não se estendendo os benefícios da norma instituidora aos presos
cautelarmente com direito à detração penal.
Nota: a jurisprudência da Corte, é no sentido de que o indulto é instituto da execução penal, não se
estendendo os benefícios da norma instituidora, no caso o Decreto Presidencial n. 9.246/1997, aos presos
cautelarmente com direito à detração penal, mas apenas aos que cumpriam prisão-pena na ocasião da edição
da norma.
STJ. AgRg no AREsp 1.887.116-GO, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade,
julgado em 03/05/2022, DJe 06/05/2022. (Info 736)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O INDULTO extingue somente a pena ou medida de segurança, NÃO interferindo nos efeitos secundários
da condenação.
Nota:
⚠ Já a ANISTIA extingue os efeitos primários e secundários.
• Súmula nº 631, STJ. O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas
não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.
3ª Seção. Aprovada em 24/04/2019, DJe 29/04/2019. (Info 646)

5. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Dadas as peculiaridades do caso concreto, admite-se que ao réu primário, condenado à pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, seja fixado o regime inicial aberto, ainda que negativada
circunstância judicial.
Nota: A despeito de o § 3º do art. 33 do Código Penal dispor que para a escolha do modo inicial de
cumprimento da pena deverão ser observados os critérios do art. 59, não fica o julgador compelido a fixar
regime mais gravoso do que o cabível em razão do quantitativo da sanção imposta, ainda que presente
circunstância judicial desfavorável.
Assim, embora a definição da pena-base acima do mínimo legalmente previsto autorize, nos termos do art.
33, § 3º, do Código Penal, a fixação do regime inicial imediatamente mais grave do que o estabelecido em

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razão do quantum da pena aplicada, nada impede que o julgador deixe de recrudescer o modo prisional se
entender que aquele cominado ao montante da pena imposta se mostra suficiente à reprovação do delito.
É possível, portanto, concluir que a negativação de circunstâncias judiciais, ao contrário do que ocorre
quando reconhecida a agravante da reincidência, confere ao julgador a faculdade - e não a obrigatoriedade
- de recrudescer o regime prisional.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.970.578-SC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF1ª Região), Sexta Turma, por maioria, julgado em
03/05/2022. (Info 735)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A reincidência delitiva do paciente, que praticou o quinto furto em pequeno município, eleva a gravidade
subjetiva de sua conduta.
Nota: João, reincidente, foi condenado a uma pena de 1 ano e 4 meses de reclusão, em regime inicial fechado,
pela prática do crime de furto simples (art. 155, caput, do CP). A defesa postulou a aplicação do regime aberto
com base no princípio da insignificância, considerado o objeto furtado ter sido apenas uma garrafa de licor.
O STF decidiu impor o regime semiaberto. Entendeu-se que, de um lado, o regime fechado deve ser afastado.
Por outro, não se pode conferir o regime aberto para um condenado reincidente, uma vez que isso poderia
se tornar um incentivo à criminalidade, ainda mais em cidades menores, onde o furto é, via de regra,
perpetrado no mesmo estabelecimento.
STF. 1ª Turma. HC 136385/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. julgado em 07/08/2018. (Info 910)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se todas as circunstâncias judiciais são favoráveis, de forma que a pena-base foi fixada no mínimo legal,
então, neste caso, NÃO cabe a imposição de regime inicial mais gravoso.
Nota: o STJ possui um enunciado nesse sentido:
• Súmula nº 440, STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é VEDADO o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
STF. 2ª Turma. RHC 131133/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/10/2017. (Info 881)

6. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se a prestação pecuniária prevista no art. 45, § 1º do CP for paga à vítima (o que é a prioridade), esse valor
deverá ser abatido da quantia fixada como reparação dos danos (art. 387, IV, do CPP).
Nota: A partir de uma interpretação teleológica, pode-se concluir que o art. 45, § 1º, do CP previu uma ordem
sucessiva de preferência entre os beneficiários elencados. Assim, havendo vítima determinada, o valor fixado
como prestação pecuniária deve ser a ela destinado. Se não houver vítima, quem recebe são seus
dependentes ou a entidade pública ou privada.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.882.059-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 19/10/2021. (Info 714)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não existe direito subjetivo do réu em optar, na substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos por qual medida prefere cumprir, cabendo ao judiciário fixar a medida mais adequada ao caso
concreto.
Nota: Não existe direito subjetivo do réu em optar, na substituição da pena privativa de liberdade, se prefere
duas penas restritivas de direitos ou uma restritiva de direitos e uma multa. AgRg no HC 456.224/SC, Rel. Ministro JOEL
ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, DJe 01/04/2019. AgRg no HC 587.473/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 25/08/2020, DJe
04/09/2020.
STJ. AgRg no HC 582.302/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 03/11/2020, DJe 16/11/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


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Não é possível a aplicação da detração, na pena privativa de liberdade, do valor recolhido a título de
prestação pecuniária. Isto porque, a prestação pecuniária tem caráter penal e indenizatório, com
consequências jurídicas distintas da prestação de serviços à comunidade (em que se admite a detração).
STJ. 5ª Turma. REsp 1853916/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/08/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 401.049/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 13/12/2018.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos (ex: prestação pecuniária), o CP
prevê, como consequência, a reconversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade.
Nota: Logo, o juiz não deve decretar o arresto dos bens do condenado como forma de cumprimento forçado
da pena substitutiva. A possibilidade de reconversão da pena já é a medida que, por força normativa, atribui
coercividade à pena restritiva de direitos.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.699.665-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 07/08/2018. (Info 631)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação.
Nota:
• Súmula nº 643, STJ. A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado da
condenação.
O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos.
É proibida a chamada execução provisória da pena.
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 07/11/2019.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 14/6/2017. (Info 609)

7. PRESCRIÇÃO

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O Termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão executória é o trânsito em julgado para
ambas as partes.
No mesmo sentido: O prazo para a prescrição da execução da pena concretamente aplicada somente
começa a correr do dia em que a sentença condenatória transita em julgado para ambas as partes,
momento em que nasce para o Estado a pretensão executória da pena, conforme interpretação dada pelo
Supremo Tribunal Federal ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII, da Constituição
Federal) nas ADC 43, 44 e 54. STF. ARE 848.107/DF, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 30.6.2023 (sextafeira),
às 23:59 (Info 1101, STF).
STJ. AgRg no REsp 1.983.259-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por maioria, julgado 26/10/2022, DJe 03/11/2022. (Info 755)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O acórdão confirmatório da condenação é causa interruptiva da prescrição.
Nota: o que reduz também é causa interruptiva da prescrição.
Nos termos do inciso IV do art. 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a
prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou
aumentando a pena anteriormente imposta. A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão
punitiva ou da pretensão executória pela inércia do próprio Estado.
No art. 117 do Código Penal, que deve ser interpretado de forma sistemática, todas as causas interruptivas
da prescrição demonstram, em cada inciso, que o Estado não está inerte. Não obstante a posição de parte
da doutrina, o Código Penal não faz distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório
confirmatório da decisão. Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares.
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STJ. AgRg no AREsp 1.668.298-SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe 18/05/2020. (Info 672)
Mesmo sentido: STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020 (Info 990). STF. 1ª Turma. RE 1195122 AgR-
segundo, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/11/2020.
STJ. REsp 1.930.130-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/08/2022 (Tema 1100). (Info 744)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A comunicabilidade da interrupção do prazo prescricional alcança tão somente os corréus do mesmo
processo. Dessa forma, havendo desmembramento, os feitos passam a tramitar de forma autônoma,
possuindo seus próprios prazos, inclusive em relação à prescrição.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 121.697/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 19/10/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou em prisão domiciliar,
impede o curso da prescrição executória.
Nota: Não há que se falar em fluência do prazo prescricional, o que impede o reconhecimento da extinção
de sua punibilidade.
STJ. AgRg no RHC 123.523-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 13/04/2020, DJe 20/04/2020. (Info 670)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A decretação da prescrição da pretensão punitiva do Estado na ação penal não fulmina o interesse
processual no exercício da pretensão indenizatória a ser deduzida no juízo cível pelo mesmo fato.
STJ. REsp 1.802.170-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 20/02/2020, DJe 26/02/2020. (Info 666)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O termo “sentença” contido no art. 115 do Código Penal se refere à primeira decisão condenatória, seja a
do juiz singular ou a proferida pelo Tribunal, não se operando a redução do prazo prescricional quando a
sentença condenatória é confirmada em sede de apelação.
Nota: havendo substancial modificação da sentença pelo acórdão, além de modificar a tipificação conferida
ao fato, deve o acórdão ser considerado novo marco interruptivo da prescrição inclusive para fins de
aplicação do benefício do art. 115 do CP. STJ, 6ª Turma, AgRg no Resp 1481022/RS, julgado em 18/09/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 316.110-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/06/2019. (Info 652)
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 491258/TO, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 07/02/2019. STJ. 6ª Turma.
HC 316110/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/06/2019.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


⇾ O início do prazo da prescrição executória deve ser o momento em que ocorre o trânsito em julgado
para o MP?
⇾ Ou o início do prazo deverá ser o instante em que se dá o trânsito em julgado para ambas as partes, ou
seja, tanto para a acusação como para a defesa?
Posição do STF: o início da contagem do prazo de prescrição somente se dá quando a pretensão executória
pode ser exercida. Se o Estado não pode executar a pena, não se pode dizer que o prazo prescricional já está
correndo. Assim, mesmo que tenha havido trânsito em julgado para a acusação, se o Estado ainda não pode
executar a pena (ex: está pendente uma apelação da defesa), não teve ainda início a contagem do prazo para
a prescrição executória. É preciso fazer uma interpretação sistemática do art. 112, I, do CP.
STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/2/2018 (Info 890).

• Nova (e atual) posição do STJ:


O termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão executória é o trânsito em julgado para
ambas as partes. STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 1.983.259-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 26/10/2022 (Info 755).
STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 06/02/2018. (Info 890)

8. OUTROS TEMAS DA PARTE GERAL


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8.1 Medida de Segurança

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Na aplicação do art. 97 do CP não deve ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável,
mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor
se adapte ao inimputável.
Nota: mesmo que o inimputável tenha praticado um fato previsto como crime punível com reclusão, ainda
assim será possível submetê-lo a tratamento ambulatorial, desde que fique demonstrado que essa é a
medida de segurança que melhor se ajusta ao caso concreto (princípio da individualização da pena). Desta
forma, mesmo em se tratando de delito punível com reclusão, é facultado ao magistrado a escolha do
tratamento mais adequado ao inimputável (adequação, proporcionalidade e razoabilidade).
STJ. 3ª Seção. EREsp 998.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/11/2019. (Info 662)

8.2 Livramento Condicional

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Aplica-se o limite temporal previsto no art. 75 do Código Penal ao apenado em livramento condicional.
STJ. REsp 1.922.012-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 05/10/2021, DJe 08/10/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O descumprimento das condições impostas para o livramento condicional não pode ser invocado para
impedir a concessão do indulto, a título de não preenchimento do requisito subjetivo.
Nota: o magistrado deve apenas verificar o preenchimento dos requisitos previstos no decreto presidencial.
STJ. AgRg no HC 537.982-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 13/04/2020, DJe 20/04/2020. (Info 670)

8.3 Imputabilidade

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O reconhecimento da inimputabilidade ou semi-imputabilidade do réu depende da prévia instauração de
incidente de insanidade mental e do respectivo exame médico-legal nele previsto.
STJ. REsp 1.802.845-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 23/06/2020, DJe 30/06/2020. (Info 675)

8.4 Arrependimento Posterior

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Aplica-se o arrependimento posterior para o agente que fez o ressarcimento da dívida principal antes do
recebimento da denúncia, mas somente pagou depois os juros e a correção monetária.
STF. 1ª Turma. HC 165312/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020. (Info 973)

8.5 Reincidência

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Para fins de comprovação da reincidência, é necessária documentação hábil que traduza o cometimento
de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória por crime anterior, mas não se
exige, contudo, forma específica para a comprovação.
STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/6/2020. (Info 982)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448.972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018.

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8.6 Teoria do Domínio Final do Fato

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela prática de qualquer
crime, sendo certo que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no plano fático, do nexo
de causalidade entre a conduta e o resultado delituoso.
Nota: O conceito de “domínio do fato” ou “domínio final do fato” não se satisfaz com a simples referência à
posição do indivíduo como administrador ou gestor (de fato ou previsto no contrato social da empresa). Em
outras palavras, o fato de a pessoa ser administradora da empresa não é motivo, por si só, para que se possa
atribuir a responsabilidade penal pela prática de crime tributário.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.854.893-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020. (Info 681)

8.7 Perda do Cargo

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O reconhecimento de que o réu, condenado pelo crime de corrupção de testemunha, praticou ato
incompatível com o cargo de policial militar, é fundamento válido para a decretação da perda do cargo
público.
Nota: Com efeito, o reconhecimento de que o réu praticou ato incompatível com o cargo por ele ocupado é
fundamento suficiente para a decretação do efeito extrapenal de perda do cargo público (AgRg no REsp n.
1.613.927/RS, Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 30/09/2016).
STJ. HC 710.966-SE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por maioria, julgado em 15/03/2022, DJe 28/03/2022. (Info 731)

8.8 Causa de aumento de pena

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A mera afirmação de que o denunciado ocupa o cargo de desembargador é insuficiente para a incidência
da causa de aumento de pena prevista no art. 327, § 2º, do Código Penal.
Nota: No presente caso, o MPF deixou de descrever a presença da "circunstância de imposição hierárquica"
(STF, Inq 3980, supra), donde a impossibilidade de ela ser presumida "apenas pelo exercício d[o] cargo" de
desembargador. (STF, Inq 3980).
STJ. AgRg na APn 970-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 04/05/2022. (Info 736)

8.9 Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O princípio da intranscendência da pena, previsto no art. 5º, XLV da Constituição Federal, tem aplicação às
pessoas jurídicas, de modo que, extinta legalmente a pessoa jurídica - sem nenhum indício de fraude -,
aplica-se analogicamente o art. 107, I, do Código Penal, com a consequente extinção de sua punibilidade.
Nota: a pena é disciplinada por um plexo normativo próprio, com matizes garantistas que delimitam sua
extensão e também não têm correspondência no campo das obrigações. Para os fins deste voto, o mais
relevante deles é o princípio da pessoalidade ou intranscendência, insculpido no art. 5º, XLV, da CR/1988.
STJ. REsp 1.977.172-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por maioria, julgado em 24/08/2022. (Info 746)

8.10 Nexo de causalidade

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


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A existência de doença cardíaca de que padecia a vítima configura-se como concausa preexistente
relativamente independente, não sendo possível afastar o resultado mais grave (morte) e, por
consequência, a imputação de latrocínio.
Nota: A despeito da controvérsia doutrinária quanto à classificação do crime previsto no art. 157, § 3º, inciso
II, do Código Penal - se preterdoloso ou não - fato é que, para se imputar o resultado mais grave
(consequente) ao autor, basta que a morte seja causada por conduta meramente culposa, não se exigindo,
portanto, comportamento doloso, que apenas é imprescindível na subtração (antecedente).
STJ. HC 704.718-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 16/5/2023, DJe 23/5/2023. (Info 777)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Verificado que a lesão é o resultado das agressões sofridas, a existência de concausa anterior
relativamente independente não impede a condenação pelo crime de lesão corporal grave.
Nota: A existência de concausa anterior relativamente independente não impede a condenação pelo crime
de lesão corporal grave. Isso porque, na situação em análise, caso a conduta do agente fosse mentalmente
suprimida, a vítima não teria perdido os dois dentes naquele momento. Destaca-se, ainda, que o magistrado
sentenciante entendeu que a perda dos dois dentes encontra desdobramento causal das agressões sofridas.
Dessa forma, não obstante a existência da doença preexistente que causa a perda precoce dos dentes, a
vítima somente perdeu os dentes em tal oportunidade em razão da conduta do agente.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 13/3/2023, DJe
16/3/2023. (Info 770)

8.11 Extinção da punibilidade

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


São constitucionais — por não violarem os preceitos dos arts. 3º, I a IV, e 5º, “caput”, ambos da CF/1988
nem o princípio da proporcionalidade, sob a perspectiva da proibição da proteção deficiente —
dispositivos de leis que estabelecem a suspensão da pretensão punitiva estatal, em consequência do
parcelamento de débitos tributários, bem como a extinção da punibilidade do agente, se realizado o
pagamento integral.
STF. ADI 4.273/DF, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 14.8.2023. (Info 1103)

9. CRIME CONTRA A PESSOA

9.1 Homicídio

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O intenso envolvimento com o tráfico de drogas constitui fundamento idôneo para valorar negativamente
a conduta social do agente na primeira fase da dosimetria da pena no crime de homicídio qualificado.
STJ. HC 807.513-ES, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 11/4/2023, DJe 14/4/2023. (Info 770).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Há NULIDADE no quesito que não questiona os jurados sobre a ciência dos mandantes do crime em relação
ao modus operandi pelos executores diretos - emboscada -, já que as qualificadoras objetivas do homicídio
só se comunicam entre os coautores desde que tenham ciência do fato que qualifica o crime.
STJ. REsp 1.973.397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022. (Info 748).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A qualificadora da paga (art. 121, 2º, I, do CP) não é aplicável aos mandantes do homicídio, porque o
pagamento é, para eles, a conduta que os integra no concurso de pessoas, mas não o motivo do crime.

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No mesmo sentido: A qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa de
recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável, por força do art. 30 do CP. Nesse
sentido: STJ. 5ª Turma. HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/11/2018.
⚠ DIVERGÊNCIA:
O homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo
qualificado, comunicando-se ao mandante do delito.
STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/05/2018.
STJ. REsp 1.973.397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel, na medida em que o
dolo do agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva envolver o emprego de
meio mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art.
121, § 2º, III, do CP).
Nota:
⚠ DIVERGÊNCIA:
• O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição, emboscada
dissimulação). Para que incida a qualificadora da surpresa é indispensável que fique provado que o agente
teve a vontade de surpreender a vítima, impedindo ou dificultando que ela se defendesse. Ora, no caso do
dolo eventual, o agente não tem essa intenção, considerando que não quer matar a vítima, mas apenas
assume o risco de produzir esse resultado. Como o agente não deseja a produção do resultado, ele não
direcionou sua vontade para causar surpresa à vítima. Logo, não pode responder por essa circunstância
(surpresa).
STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2012 (Info 677).
• A qualificadora de natureza objetiva prevista no inciso III do § 2º do art. 121 do Código Penal não se
compatibiliza com a figura do dolo eventual, pois enquanto a qualificadora sugere a ideia de premeditação,
em que se exige do agente um empenho pessoal, por meio da utilização de meio hábil, como forma de
garantia do sucesso da execução, tem-se que o agente que age movido pelo dolo eventual não atua de forma
direcionada à obtenção de ofensa ao bem jurídico tutelado, embora, com a sua conduta, assuma o risco de
produzi-la.
STJ. 6ª Turma. EDcl no REsp 1848841/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/2/2021.
OBS.: É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?
• No caso das qualificadoras do motivo FÚTIL e/ou TORPE (art. 121, § 2º, I e II, do CP): SIM.
Não há dúvidas quanto a isso. Trata-se da posição do STJ e do STF. O fato de o réu ter assumido o risco de
produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por
motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou
a conduta.
STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017.
STJ. 5ª Turma. REsp 1836556-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/06/2021 (Info 701)
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1829601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020. (Info 665) e STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/04/2019.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por violar os princípios constitucionais da dignidade
da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero.
STF. Plenário. Processo relacionado: ADPF 779, julgado em 26/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Deve prevalecer a orientação no sentido de que a tenra idade da vítima (menor de 18 anos de idade) é
elemento concreto e transborda aqueles inerentes ao crime de homicídio, sendo apto, pois, a justificar o
agravamento da pena-base, mediante valoração negativa das consequências do crime, ressalvada, para
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evitar bis in idem, a hipótese em que aplicada a causa de aumento prevista no art. 121, § 4º (parte final),
do Código Penal.
STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 1851435-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/08/2020 (Info 679).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool,
além de fazê-lo na contramão.
Nota: Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a culpa consciente e o dolo
eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de, eventualmente,
causar lesões ou mesmo a morte de outrem.
Veja AINDA:
• A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa bastante para a
afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. A embriaguez do agente condutor
do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades, não pode servir como presunção de que houve
dolo eventual. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
• Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado cabe apreciar a existência de dolo eventual ou culpa
consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de bebida alcoólica, ocasiona acidente de trânsito
com resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2018. (Info 904)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime
de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar.
STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018. (Info 625)

9.2 Outros

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A contratação de serviços espirituais para provocar a morte de autoridades não configura crime de
ameaça.
Nota: Consta dos autos que houve a contratação de trabalhos espirituais visando à morte de várias
autoridades, incluindo autoridade policial, promotor de justiça, vereador, prefeito e repórter investigativo.
STJ. HC 697.581-GO, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 7/3/2023, DJe 15/3/2023. (Info 771).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A qualificadora prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal (deformidade permanente) abrange somente
lesões corporais que resultam em danos físicos.
Nota: Se a lesão corporal praticada resultou em “deformidade permanente” na vítima, incide a qualificadora
prevista no art. 129, § 2º, IV, do CP.
A “alteração permanente da personalidade” pode ser considerada como uma “deformidade permanente”?
Não.
Quando o art. 129, § 2º, IV, do CP fala em “deformidade permanente” ele está se referindo a lesões estéticas
de grande monta, capazes de causar desconforto a quem a vê ou ao seu portador. Logo, o art. 129, § 2º, IV,
do CP abrange apenas lesões corporais que resultam em danos físicos.
Veja AINDA: A deformidade permanente apta a caracterizar a qualificadora no inciso IV do § 2º do art. 129
do Código Penal, segundo parte da doutrina, precisa representar lesão estética de certa monta, capaz de
produzir desgosto, desconforto a quem vê ou humilhação ao portador, não sendo qualquer dano estético ou
físico. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1895015/TO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
17/08/2021.
STJ. 6ª Turma. HC 689.921-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 08/03/2022 (Info 728).
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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O crime de remoção de órgãos qualificado pelo resultado morte, previsto no art. 14, § 4º, da Lei nº
9.434/97, NÃO é de competência do Júri.
Nota: O bem jurídico a ser protegido, no caso, é a incolumidade pública, a ética e a moralidade no contexto
da doação de órgãos e tecidos, além da preservação da integridade física das pessoas e do respeito à
memória dos mortos.
Veja: É do juízo criminal singular a competência para julgar o crime de remoção ilegal de órgãos, praticado
em pessoa viva e que resulta morte, previsto no art. 14, § 4º, da Lei nº 9.434/97 (Lei de Transplantes).
STF. Plenário. RE 1313494/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/9/2021 (Info 1030).
STF. Plenário. RE 1313494/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/9/2021 (Info 1030).

10. CRIMES CONTRA A HONRA

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Manifestações por parte da imprensa de natureza crítica, satírica, agressiva, grosseira ou deselegante não
autorizam, por si sós, o uso do direito penal para, mesmo que de forma indireta, silenciar a atividade
jornalística.
Nota: Foram pesadas, violentas e até mesmo grosseiras, sim, mas caso se admita que um servidor público de
alto escalação não possa ter sua atuação funcional criticada, mesmo da forma que foi no caso concreto, será
o mesmo que manter sobre o jornalismo uma ameaça constante de punição, de natureza penal, caso as
críticas eventualmente tecidas sejam inconvenientes, satíricas, inoportunas ao olhar do criticado.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 691.897-DF, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Rel. Acd. Min. Sebastião Reis
Júnior, Sexta Turma, julgado em 17/05/2022, DJe 26/05/2022 (Info 738).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O crime de injúria praticado pela internet por mensagens privadas, as quais somente o autor e o
destinatário têm acesso ao seu conteúdo, consuma-se no local em que a vítima tomou conhecimento do
conteúdo ofensivo.
Nota: No caso de delitos contra a honra praticados por meio da internet, o local da consumação do delito é
aquele onde incluído o conteúdo ofensivo na rede mundial de computadores.
Contudo, tal entendimento diz respeito aos casos em que a publicação é possível de ser visualizada por
terceiros, indistintamente, a partir do momento em que veiculada por seu autor. Na situação em análise,
embora tenha sido utilizada a internet para a suposta prática do crime de injúria, o envio da mensagem de
áudio com o conteúdo ofensivo à vítima ocorreu por meio de aplicativo de troca de mensagens entre usuários
em caráter privado, denominado Instagram direct, no qual somente o autor e o destinatário têm acesso ao
seu conteúdo, não sendo acessível para visualização por terceiros, após a sua inserção na rede de
computadores.
Portanto, no caso, aplica-se o entendimento geral de que o crime de injúria se consuma no local onde a
vítima tomou conhecimento do conteúdo ofensivo.
STJ. 3ª Seção. CC 184.269-PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/02/2022 (Info 724).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é IMPRESCRITÍVEL.
Nota: A denominada injúria racial é mais um delito no cenário do racismo, sendo, portanto, imprescritível,
inafiançável e sujeito à pena de reclusão. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1849696/SP, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 16/06/2020.
STF. Plenário. HC 154248/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/10/2021 (Info 1036).

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O § 3º do art. 326-A do Código Eleitoral, incluído pela Lei 13.834/2019, é constitucional.
Nota: A sanção abstratamente prevista para o crime de “divulgação de ato objeto de denunciação caluniosa
eleitoral” está em consonância com os princípios da proporcionalidade e da individualização da pena.
Art. 326-A (...) § 3º Incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente da inocência
do denunciado e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por qualquer meio ou forma, o ato ou fato que
lhe foi falsamente atribuído.
STF. Plenário. ADI 6225/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/8/2021 (Info 1026).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Nos crimes contra honra não basta criticar o indivíduo ou a sua gestão da coisa pública, é necessário o dolo
específico de ofender a honra alheia.
STJ. 3ª Seção. HC 653.641-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 23/06/2021, DJe 29/06/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A retratação da calúnia, feita antes da sentença, acarreta a extinção da punibilidade do agente
INDEPENDENTE de aceitação do ofendido.
Nota: O art. 143 do CP exige apenas que a retratação seja cabal, ou seja, deve ser clara, completa, definitiva
e irrestrita, sem remanescer nenhuma dúvida ou ambiguidade quanto ao seu alcance, que é justamente o de
desdizer as palavras ofensivas à honra, retratando-se o ofensor do malfeito.
STJ. Corte Especial. APn 912/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 03/03/2021 (Info 687).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase completa do
orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres.
Nota: A edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com o objetivo
de difamar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. Vale ressaltar que esta conduta do
agente, ainda que praticada por Deputado Federal, não estará protegida pela imunidade parlamentar.
STF. 1ª Turma. AP 1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/8/2020 (Info 987).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A ausência de previsibilidade de que a ofensa chegue ao conhecimento da vítima afasta o dolo específico
do delito de injúria, tornando a conduta atípica.
Caso: vítima retira o telefone e fica ouvindo a conversa da autora com colega (sem o conhecimento delas),
oportunidade em que aquela profere ofensas contra a vítima duração a ligação.
REsp 1.765.673-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 26/05/2020, DJe 29/05/2020. (Info 672-STJ)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de mensagem que insinua que o seu
marido tem uma relação extraconjugal com outro homem.
Nota: Se alguém alega que um indivíduo casado mantém relação homossexual extraconjugal com outro
homem, a esposa deste indivíduo tem legitimidade para ajuizar queixa-crime por injúria, alegando que
também é ofendida.
STF. 1ª Turma. Pet 7417 AgR/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/10/2018. (Info 919)

11. CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:

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A revogação da contravenção de perturbação da tranquilidade (art. 65 da LCP) pela Lei 14.132/2021, não
significa que tenha ocorrido abolitio criminis em relação a todos os fatos que estavam enquadrados na
referida infração penal.
Nota: No caso concreto apreciado pelo STJ, o acusado, mesmo depois de processado e condenado em
primeira instância pela contravenção penal do art. 65 da LCP, voltou a tentar contato com a mesma vítima
ao lhe enviar três e-mails e um presente. Desse modo, houve reiteração. Com a entrada em vigor da Lei nº
14.132/2021, ele pediu o reconhecimento de que teria havido abolitio criminis. O STJ, contudo, não aceitou.
Isso porque houve reiteração, de modo que a sua conduta se amolda ao que passou a ser punido pelo art.
147-A do CP, inserido pela Lei nº 14.132/2021. Logo, houve evidente continuidade normativo-típica.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.863.977-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/12/2021 (Info 722).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Configura o crime de violação de domicílio (art. 150 do CP) o ingresso e a permanência, sem autorização,
em gabinete de Delegado de Polícia, embora faça parte de um prédio ou de uma repartição públicos.
Nota: No caso concreto, dezenas de manifestantes foram até a Delegacia de Polícia Federal cobrar agilidade
na conclusão de um inquérito policial. Como não foram recebidos, decidiram invadir o gabinete do Delegado.
STJ. 5ª Turma. HC 298763-SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/10/2014.

12. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A receptação, em sua forma qualificada, demanda especial qualidade do sujeito ativo, que deve ser
comerciante ou industrial.
STJ. AgRg no AREsp 2.259.297-MG, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 18/4/2023, DJe 24/4/2023. (Info
771)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se enquadra como dano qualificado a lesão a bens das entidades não previstas expressamente no rol
do art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal, em sua redação originária - anterior à alteração
legislativa promovida pela Lei n. 13.531/2017 -, em razão da vedação da analogia in malam partem no
sistema penal brasileiro.
Nota: mostra-se inadmissível a inclusão das empresas públicas no rol dos entes constantes do dispositivo
legal em apreço, haja vista que, no direito penal, não se admite a analogia em prejuízo ao réu, além do dever
de se respeitar o princípio da reserva legal quanto às normas incriminadoras.
Não se trata da utilização da técnica da interpretação extensiva para ampliar a vontade do legislador,
consoante concluído no aresto embargado, mas ausência de expressa previsão legal a respeito do
enquadramento do patrimônio das empresas públicas no rol dos entes dispostos na redação originária do
art. 163, parágrafo único, III, do CP. Assim, qualificar o dano praticado em detrimento dos bens da referida
entidade seria hipótese de aplicação da analogia in malam partem, não admitida no direito penal.
STJ. EREsp 1.896.620-ES, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 2/3/2023, DJe 6/3/2023. (Info 768).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A competência para o julgamento do crime de estelionato, ainda que se tenha utilizado de imagens digitais
adulteradas de passaporte válido de terceiro e documentos emitidos por órgão públicos federais, quando
inexistente evidência de prejuízo a interesses, bens ou serviços da União, é da JUSTIÇA ESTADUAL, devendo
ser respeitada a regra de foro do domicílio da vítima no caso de o crime ser praticado mediante depósito,
transferência de valores ou cheque sem provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento
frustrado.
STJ. CC 178.697-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022, DJe 27/06/2022.

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Para que incida o § 1º do art. 155 do CP as únicas exigências são que o furto ocorra à noite e em situação
de repouso e, por isso, são irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no momento do
crime, ou o local de sua ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada ou
em veículos, bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso.
STJ. 3ª Seção. REsp 1979989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/06/2022. (Recurso Repetitivo – Tema 1144) (Info 742)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime de furto no período
noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4º).
Nota: Seguindo a técnica legislativa, para que considerasse aplicável a majorante no furto qualificado, deveria
o legislador colocar o § 1º após a pena atribuída, o que não ocorreu. Se a qualificação do delito é apresentada
em parágrafo posterior ao que trata da majorante, é porque o legislador afastou a incidência desta em
relação aos crimes qualificados previstos no § 4º do art. 155 do CP. Nesse contexto, aderindo a uma
interpretação sistemática sob o viés topográfico, em que se define a extensão interpretativa de um
dispositivo legal levando-se em conta sua localização no conjunto normativo, a aplicação da referida causa
de aumento limitar-se-ia ao furto simples, não incidindo, pois, no furto qualificado.
É razoável admitir a possibilidade de, diante das circunstâncias fáticas, a prática do furto durante o período
de repouso noturno ser levada em consideração na dosimetria da pena. Em outras palavras, se a incidência
da majorante no furto qualificado mostra-se excessiva, poderá ser utilizada como circunstância judicial
negativa na primeira fase da dosimetria (art. 59 do CP)
⚠ DIVERGÊNCIA:
A causa de aumento do repouso noturno se coaduna com o furto qualificado quando compatível com a
situação fática.
STF. 1ª Turma. HC 180966 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 04/05/2020.
STJ. REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 25/05/2022 (Tema 1087). (Info 738)
Mesmo sentido: REsp 1.979.989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022. (Tema 1144) (Info 742)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em razão da novatio legis in mellius engendrada pela Lei n. 13.654/2018, o emprego de arma branca,
embora não configure mais causa de aumento do crime de roubo, poderá ser utilizado como fundamento
para a majoração da pena-base, quando as circunstâncias do caso concreto assim justificarem.
STJ. REsp 1.921.190-MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 25/05/2022, DJe 26/05/2022. (Tema 1110).
(Info 738)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP, a competência
deve ser fixada no local onde o agente delituoso obteve, mediante fraude, em benefício próprio e de
terceiros, os serviços custeados pela vítima.
Nota: Lei n. 14.155/2021, que acrescentou o § 4º do art. 70 do Código de Processo Penal - CPP com o seguinte
teor: "nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será
definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á
pela prevenção".
Todavia, a inovação legislativa disciplinou a competência do delito de estelionato em situações específicas
descritas pelo legislador, as quais não ocorrem no caso concreto, porquanto os autos não noticiam a
ocorrência transferências bancárias ou depósitos efetuados pela empresa vítima e tampouco de cheque
emitido sem suficiente provisão de fundos.
STJ. CC 185.983-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022, DJe 13/05/2022. (Info 736)
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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O fiel depositário de penhora judicial sobre o faturamento está sujeito às penas previstas no art. 168, § 1º,
II, do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.871.947/PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em regra, é necessária perícia para comprovar a escalada no caso de furto qualificado (art. 155, § 4º, II, do
CP). Excepcionalmente, a prova pericial será prescindível (dispensável) se houver nos autos elementos
aptos a comprovar a escalada de forma inconteste.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1895487-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 26/04/2022 (Info 735).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado compete ao Juízo do local da
agência bancária da vítima.
Nota: a hipótese em análise não foi expressamente prevista na nova legislação, visto que não se trata de
cheque emitido sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de tentativa de saque de cártula
falsa, em prejuízo de correntista. Sobre o tema, destaque-se que: (...) 3. Há que se diferenciar a situação em
que o estelionato ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque clonado, adulterado ou falsificado,
da hipótese em que a própria vítima, iludida por um ardil, voluntariamente, efetua depósitos e/ou
transferências de valores para a conta corrente de estelionatário. Quando se está diante de estelionato
cometido por meio de cheques adulterados ou falsificados, a obtenção da vantagem ilícita ocorre no
momento em que o cheque é sacado, pois é nesse momento que o dinheiro sai efetivamente da
disponibilidade da entidade financeira sacada para, em seguida, entrar na esfera de disposição do
estelionatário. Em tais casos, entende-se que o local da obtenção da vantagem ilícita é aquele em que se
situa a agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, seja dizer, onde a vítima possui conta bancária.
(....) (AgRg no CC 171.632/SC, Rel. Ministro Reynaldo Sores da Fonseca, Terceira Seção, DJe 16/06/2020).
Assim, aplica-se o entendimento pela competência do Juízo do local do eventual prejuízo, que ocorre com a
autorização para o saque do numerário no local da agência bancária da vítima.
STJ. 3ª Seção. CC 182.977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022. (Info 728)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de fechadura da porta da
casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da
residência, configuram meros atos preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo
circunstanciado.
Nota: Existem algumas teorias que buscam definir em que momento se dá a passagem dos atos preparatórios
para os atos executórios.
Veja como o tema é tratado por Jamil Chaim Alves (Manual de Direito Penal. Salvador: Juspodivm, 2020, p.
370-371):
a) Teoria subjetiva: Leva em consideração a vontade criminosa, o plano interno do autor. Logo, não há
distinção entre atos preparatórios e atos executórias. Uma vez detectada a vontade de praticar a infração, é
possível a punição.
b) Teoria da hostilidade ao bem jurídico: Atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico, retirando-
o do “estado de paz”. Era defendida por Nelson Hungria.
c) Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: Atos executórios são aqueles que iniciam a realização do núcleo
do tipo penal (denomina-se “formal” porque parâmetro é a lei, ou seja, a prática do verbo nuclear descrito
no tipo). Era defendida por Frederico Marques.
d) Teoria objetivo-material: Atos executórias são aqueles que iniciam a realização do núcleo do tipo penal e
também os imediatamente anteriores, de acordo com a visão de um terceiro observador.
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e) Teoria objetivo-individual: A tentativa começa com a atividade do autor que, segundo o seu plano
concretamente delitivo, se aproxima da realização. A origem dessa teoria remonta a Hans Welzel.
⇾ Em que momento se consuma o crime de roubo?
Existem quatro teorias sobre o tema:
1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa
alheia. Se tocou, já consumou.
2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída passa para o poder
do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo perseguido pela polícia ou
pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do agente, isso significa que houve a inversão da
posse. Por isso, ela é também conhecida como teoria da inversão da posse. Vale ressaltar que, para esta
corrente, o crime se consuma mesmo que o agente não fique com a posse mansa e pacífica. A coisa é retirada
da esfera de disponibilidade da vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia da esfera de
vigilância da vítima (não se exige que o agente tenha posse desvigiada do bem).
3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um lugar para
outro.
4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão para tê-la a salvo.
• Súmula nº 582, STJ. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego
de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente
e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
STJ. 5ª Turma. AREsp 974.254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021. (Info 711)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques sem suficiente
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou por meio da transferência de
valores, a competência será definida pelo LOCAL DO DOMICÍLIO DA VÍTIMA, em razão da superveniência
de Lei nº 14.155/2021, ainda que os fatos tenham sido anteriores à nova lei.
Nota: O novo § 4º do art. 70 do CPP, que trata sobre a competência para julgar o crime de estelionato, aplica-
se imediatamente aos inquéritos policiais que estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº
14.155/2021.
STJ. 3ª Seção. CC 180.832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021. (Info 706)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A reincidência específica tratada no art. 44, § 3º, do Código Penal somente se aplica quando forem
idênticos, e não apenas de mesma espécie, os crimes praticados.
Nota: MUDANÇA DE ENTENDIMENTO
O que se entende por reincidente específico para os fins do § 3º do art. 44? É o indivíduo que cometeu um
novo crime doloso idêntico.
• se o condenado tiver praticado um novo crime doloso idêntico: não terá direito à substituição.
Ex: João foi condenado por furto simples. Depois, foi novamente condenado por furto simples. Não terá
direito à substituição porque a reincidência se operou em virtude da prática do mesmo crime.
• se o condenado tiver praticado um novo crime doloso da mesma espécie (mas que não seja idêntico): pode
ter direito à substituição.
Ex: Pedro foi condenado por furto simples (art. 155, caput). Depois, foi novamente condenado, mas agora
por furto qualificado (art. 155, § 4º).
Em tese, o juiz poderia conceder a substituição porque o furto simples e o furto qualificado são crimes da
“mesma espécie”, mas não são o “mesmo crime”.
STJ. 3ª Seção. AREsp 1.716.664-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2021. (Info 706)

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Retroatividade da representação no crime de estelionato (por ser complexo, deve-se realizar uma
explicação acerca da temática):
Nota: Exsurge decisão do Plenário STF em 13/04/2023, mudando o posicionamento antes firmado e fixando
o entendimento que, logo “venceu” o entendimento da 2º turma do STF – Ou seja, para o Supremo Tribunal
Federal: a regra da representação deve retroagir a “todos” os casos de estelionato em andamento quando
de sua promulgação (tanto as ações penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito
em julgado), tendo a vítima um prazo de 30 dias para manifestar-se sob pena de decadência e não
importando a fase em que o procedimento se encontre (HC-AgR 208.817/RJ).

Vamos desenhar uma linha do tempo acerca dessas decisões dos tribunais superiores sobre o
tema:
A discussão teve início no STJ (HC 573.093), em 2020 e, desde então tem sido objeto de uma série de
divergências. Veja a evolução jurisprudencial:
(1) Em 14/04/2020, a 5ª Turma do STJ decidiu que a retroatividade da representação deve se restringir
à fase policial, pois do contrário estar-se-ia transformando uma condição de procedibilidade em
prosseguibilidade (HC 573.093).
(2) Em 04/08/2020, a decisão da 6ª Turma do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica, deve
retroagir (HC 583.837).
(3) Em 21/09/2020, a 5ª Turma do STJ reiterou o entendimento de que a retroatividade da
representação no crime de estelionato deve se restringir à fase policial (ato jurídico perfeito).
(4) Em 14/10/2020, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação retroativa do parágrafo
5º do artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento da denúncia a ação era
incondicionada e não se exigia representação (HC 187.341/SP).
(5) Em 13/04/2021, a 3ª Seção consolidou o entendimento das turmas criminais do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) ao definir que a exigência de representação da vítima como pré-requisito para a ação
penal por estelionato – introduzida pelo Pacote Anticrime– não pode ser aplicada retroativamente para
beneficiar o réu nos processos que já estavam em curso (Info 691).
(6) Em 22/06/2021, a 2ª Turma do STF decidiu que a alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que
introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado
à representação da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações
penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado (Info 1023). Esse
entendimento foi reiterado pela 2ª Turma em 02/09/2022 (HC-AgR 207.835/SP).
(7) Em 13/04/2023, o debate foi levado ao Plenário do STF que decidiu a interpretação de normas
constitucionais não podem limitar o alcance da retroatividade em benefício do réu e, sendo a exigência
de representação para o crime de estelionato norma processual de caráter híbrido favorável ao acusado,
há de ser aplicada retroativamente aos processos em curso, sendo conferido a vítima o prazo de 30
dias para oferecer a representação, sob pena de decadência do direito (HC-AgR 208.817/RJ)

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Logo, no cenário atual acerca da matéria, o tema está pacificado em cada Tribunal Superior, mas
permanece a divergência entre eles. Temos o entendimento pacificado do STJ no sentido de que deve ser
observada a retroatividade, respeitando-se a limitação do ato jurídico perfeito e acabado materializado com
o oferecimento da denúncia. Já no STF, em decisão do Plenário, deve ser observada a extensão da
retroatividade para todas as ações penais em curso que ainda não tenham transitado em julgado.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do CP, não possui vício de
inconstitucionalidade formal.
Nota: não é possível o controle jurisdicional em relação à interpretação de normas regimentais das Casas
Legislativas, sendo vedado ao Poder Judiciário, substituindo-se ao próprio Legislativo, dizer qual o verdadeiro
significado da previsão regimental, por tratar-se de assunto interna corporis, sob pena de ostensivo
desrespeito à Separação de Poderes, por intromissão política do Judiciário no Legislativo.
⚠ Tese fixada pelo STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da
Constituição Federal, quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao
processo legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação
do sentido e do alcance de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria
interna corporis.”
STF. Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1120) (Info 1021).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do Código Penal na hipótese em que o crime de furto
qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu quando os proprietários não se encontravam no
imóvel, não havendo que se falar, portanto, em ameaça à vítima ou em benefício do agente para a prática
delitiva em razão de sua condição de fragilidade.
Nota:
“Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: II -
ter o agente cometido o crime: h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida.”
Por se tratar de agravante de natureza objetiva, a incidência do art. 61, II, “h”, do CP não depende da prévia
ciência pelo réu da idade da vítima, sendo, de igual modo, desnecessário perquirir se tal circunstância, de
fato, facilitou ou concorreu para a prática delitiva, pois a maior vulnerabilidade do idoso é presumida.
STJ. 5ª Turma. HC 593.219-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2020. (Info 679)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Configura o crime de ROUBO (e não estelionato) a conduta do funcionário de uma empresa que combina
com outro indivíduo para que este simule assalta o empregado com uma arma de fogo e, dessa forma, leve
o dinheiro da empresa.
STF. 1ª Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020. (Info 980)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato majorado por médico
que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital.
Nota: no julgado, fala-se em estelionato qualificado, mas é majorado.
AgRg no HC 548.869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe 25/05/2020. (Info 672-STJ)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o
reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode
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demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, recomendando a aplicação do princípio da


insignificância.
STJ. HC 553.872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 11/02/2020, DJe 17/02/2020. (Info 665)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A dívida de corrida de táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configuração da
tipicidade dos delitos patrimoniais.
Nota: não se pode comparar “dívida de transporte” com a “coisa alheia móvel”, sob pena de violação dos
princípios da tipicidade e legalidade.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.757.543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019. (Info 658)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real
consumo de energia elétrica configura ESTELIONATO.
Nota: o agente desvia a energia por meio de ligação clandestina (gato) = furto; o agente altera o sistema de
medição = estelionato.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/05/2019. (Info 648)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do recebimento da
denúncia NÃO EXTINGUE A PUNIBILIDADE.
NOTA: o furto de energia elétrica não pode receber o mesmo tratamento dado ao inadimplemento tributário.
O pagamento do débito antes do recebimento da denúncia não configura causa extintiva de punibilidade,
mas causa de redução de pena relativa ao arrependimento posterior (art. 16, CP).
RHC 101.299-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 13/03/2019, Dje 04/04/2019. (Info 645)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo com a modificação operada pela
Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal.
Nota: Observe que houve abolitio criminis, devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada retroativamente para
excluir a referida causa de aumento da pena imposta aos réus condenados por roubo majorado pelo emprego
de arma branca. Trata-se, pois da aplicação da novatio legis in mellius prevista no art. 5º, XL, da CF/88.
Veja também:
STJ. HC 556.629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 03/03/2020, DJe 23/03/2020. (Info 668)
Nos casos em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do emprego de arma branca, no
crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora (art. 59 do CP).
Nota: Com o advento da Lei 13.654, de 23 de abril de 2018, que revogou o inciso I do artigo 157 do CP, o
emprego de arma branca no crime de roubo deixou de ser considerado como majorante, a justificar o
incremento da reprimenda na terceira fase do cálculo dosimétrico, sendo, porém, plenamente possível a sua
valoração como circunstância judicial desabonadora, nos moldes do reconhecido pelas instâncias ordinárias.
STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018. (Info 626)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a tipificação
do crime de furto.
Nota:
• Súmula nº 567, STJ. Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime
de furto.
STF. 1ª Turma. HC 111278/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018. (Info 897)

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