Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Capítulo 1 - Indomada
Deitei sobre a úmida grama, ainda cedo sentia a brisa da manhã arejando
a mente envergonhada. O rio agora era um redemoinho me sugando sob nuvens
cinzentas como queria ser levada para longe, assim arrastando aquela dúvida
da rejeição dos meus pais, pois me faltava coragem para enfrentar a bagunça
que fiz. Para quem eu contaria primeiro? Enfrentar o meu pai ou enfrentaria o
pai da criança. Quem ficaria feliz? Nem eu estava, talvez por causa do susto
como se avistasse uma onça a um metro de distância. Quantas vezes critiquei
mães solteiras como dizem “pimenta no olho dos outros é refresco”. Agora era
eu queimando a língua. Minutos sentada sob os pesos do sim e do não na
balança fizeram a chuva que se aproximava em uma tempestade mental.
Decidida me levantei, sacudi os longos cabelos negros, limpei a blusa branca de
renda, a calça jeans, peguei os cadernos e a bolsa. Olhei novamente ao infinito
das águas barrentas do Guamá, pensei “foda-se”, joguei no fundo do Guamá o
beta e afoguei meus sonhos, mesmo assim, sorri. Voltei à sala quando iniciava
a aula de Física III.
No fim da tarde ainda na universidade encontrei o meu namorado dentro
do carro quando caminhava à saída da universidade. Nos cumprimentamos e
logo disse:
_ Maria Rita! Não terás esse filho solteira, chama o teu namorado aqui,
ele vai ouvir umas boas verdades. Vais entrar na igreja de cinta e vais casar com
a benção do Padre Bené.
_ Ozório te coça, vai ter festa sim senhor! Minha única filha vai ser capa
no jornal. A noiva mais bela da cidade.