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Mavie Hoffmann
Em um momento, ele era o cara com quem tive uma
conexão única em apenas uma noite inesquecível, apaixonante.
Aquele que me mandou uma mensagem logo depois, à qual eu
queria muito responder.
No outro momento, tivemos que seguir caminhos
diferentes, pois bastou uma coincidência para que nosso
romance se tornasse proibido. E, sendo filho do namorado da
minha mãe, Caetano Rossi se tornaria apenas uma boa
memória que eu carregaria comigo para sempre. Meu segredo
sujo.
Mas o destino tinha outros planos para nós dois.
Caetano Rossi
Eu sempre quis seguir o legado do meu pai, na vinícola
Rossi, e o MBA me ajudaria exatamente nisso, apesar de me
afastar da minha família por dois anos.
De um lado, seria um bom tempo para colocar a cabeça no
lugar, depois de me despedir da garota que mexeu comigo
como ninguém havia conseguido antes.
Mavie Hoffmann era proibida para mim e eu precisava
esquecê-la. Só não sabia que o destino havia reservado um
jeito de tornar isso impossível para mim.
E agora, diante de um futuro tão incerto quanto o passado,
será que o destino nos dará uma segunda chance, ou nossos
segredos nos afastarão para sempre?
Olá, leitora!
Desconhecido:
Estará livre à tarde?
Mavie:
Prometo te responder assim que eu estiver livre.
O celular dele vibrou e um sorriso se ergueu em seus lábios
delineados.
— Bom, então temos um acordo? — perguntou,
semicerrando os olhos. — Não é uma despedida, Mavie
Hoffmann! — disse, todo autoritário.
Eu ri.
— Sim, senhor Rossi. Nós temos! — confirmei.
Dando-lhe uma última olhada, girei nos calcanhares e saí
do quarto, atravessando a sala de estar da casa bonita, clara e
arejada em que ele vivia.
Caetano morava um pouco afastado do centro urbano de
Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos, nas terras da vinícola
da família.
Ao atravessar a porta, a luz do sol me cegou
momentaneamente. Fiquei um segundo parada, esperando me
acostumar com a claridade, antes de seguir o meu caminho.
Meu telefone começou a vibrar e o nome da minha mãe
apareceu na tela.
Ela deveria estar preocupada comigo e ansiosa, ao mesmo
tempo, pois eu estava quase atrasada para o almoço.
Pressionei o botão da chave do meu carro e deslizei para o
banco do motorista.
Eu não chegaria atrasada. Tinha dado minha palavra à
minha mãe e estava aqui para apoiá-la. Por este motivo, não
marquei nada com Caetano mais tarde. Ela era a prioridade.
Liguei o carro e acelerei, os pneus esmagaram a areia da
estrada de terra batida. Observei, através do espelho retrovisor,
a casa aconchegante e luxuosa ficar para trás.
Dias atuais
Meses antes
Meses antes
Meses antes
Com amor,
Caetano.
FIM.
Anos antes
[i]
Personagem do livro “O Noivo Errado”, da Ivy Matarazzo, disponível na Amazon.
[ii]
Tradicional na região Sul do país, a cuca gaúcha é um bolo de tabuleiro feito com
ovos, farinha de trigo, manteiga e coberto com açúcar.
[iii]
Bebida símbolo do Rio Grande do Sul, o chimarrão é um legado dos índios
Guaranis. Sempre presente no dia a dia, constitui-se de uma das tradições mais
representativas deste povo.
[iv]
Xis ou xis gaúcho é um sanduíche popular no estado brasileiro do Rio Grande do
Sul. Costuma levar carne, queijo, alface, tomate, milho, ervilha e maionese, prensado na
chapa em um pão maior que o de um hambúrguer convencional (diâmetro de 18 cm).
[v]
Referência à “A Casa das Sete Mulheres”, uma minissérie que retrata a Guerra dos
Farrapos (foi como ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano,
dos farrapos – gaúchos –, contra o governo imperial do Brasil), sob a visão das mulheres da
família do líder farroupilha Bento Gonçalves. Elas passaram os 10 anos da guerra reclusas
em uma das estâncias da família.