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Sobre a obra
sINOPSE
PRóLOGO
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
SARAH SCHMIDT
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ARTHUR BACKHAM
ALICIA
NATHAN
ALICIA
KATHERINE BACKHAM
NATHAN
ALICIA
ETHAN COOPER
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
epílogo
Livros dessa série
SÉRIE - INESPERADO VOL 3
VERÃO
INESPERADO
CRISTINA FONSECA
Sobre a obra
Anos mais tarde por um acaso do destino ambos precisarão viajar juntos para
um verão totalmente inesperado em família. Como Nathan vai reagir ao
encontrar sua paixão antiga como mãe e pior ainda, como Alicia fará para
manter o segredo ante a paternidade do seu pequeno garotinho?
ALICIA
Nathan
Eu sabia que tinha que parar, tinha certeza como o céu é azul que
estávamos prestes a fazer a maior merda de todas, mas eu não conseguia me
afastar da Alicia. Abracei seu corpo pequeno e aprofundei o beijo que eu
ansiei desde que coloquei meus olhos nela vestida com aquela beca horrível e
pegando o diploma. O pior é que eu nunca me senti perder totalmente o
controle como ela me faz perder. Claro que como atleta e capitão do time de
beisebol na escola, tinha as minhas fodas de uma noite e sem apego para
sanar minhas necessidades. Somente números que eu sabia que se discasse,
seria muito bem recebido e sem demora. Mas, com a maldita Alicia nada
parecia suficiente. Era mais do que simples desejo e me assustava. Porra me
assustava demais.
Não queria um relacionamento sério com dezessete anos. E talvez fosse
isso que eu procurava nas outras meninas, um desvio para esquecê-la
definitivamente. Por conta disso minha mãe me chamava pelos quatro ventos
de mulherengo e meu pai dizia totalmente o contrário, não pensem que ele me
incentivava a tratar as garotas que me envolvi como brinquedo, nada disso.
Ele me aconselhava a respeita-las, mas se algumas quisessem e se
dispusessem a me agradar, eu devia me divertir e aproveitar bastante antes de
ter meu coração amarado a uma única boceta. Palavras dele!
Entretanto, por mais estranho que seja admitir acho que isso já aconteceu,
me encantei com Alícia desde a primeira vez que encontrei com ela. Ela
sempre foi tão natural. Alicia era das minhas primas a única a corar com
facilidade e transbordar uma doçura e inocência encantadora, mesmo comigo
provocando-a o máximo que podia, apenas para vê-la vermelha e nervosa. Eu
me pegava sempre a admirando e querendo estar perto dela. Chegava a ser até
engraçado como ela e Lexi eram tão parecidas e diferentes ao mesmo tempo.
Lexi sempre foi louca como tia Jess, assim como sua cópia fiel Kate, talvez
pelo jeito moleca e apimentado. Alicia não, ela era totalmente o contrário e
isso sem duvidas era o que me fascinava. Com ela relacionamento parecia ser
a coisa mais incrível do mundo.
Mesmo assim eu me arrependi por olhar para ela e desejá-la como
mulher. Eu era o primo da Califórnia. Aquele que devia protegê-la nos verões
e viagens à praia. Tio Rafa e tia Helô confiavam em mim como um irmão
mais velho, mesmo que tecnicamente eu fosse o mais novo. Meus pais
confiam. Eu me sentia um completo babaca por querer Lice daquela forma,
por trocar mensagens com ela, e me masturbar pensando no seu maldito
sorriso quando ouvia frases como: "cuida das meninas".
Tentei me convencer de todo jeito que precisávamos de distância e
mesmo assim não me contive e a beijei no nosso último evento de família, ela
não gostou e óbvio que ficou irritada ainda mais depois que eu perguntei se
era seu primeiro beijo. Mesmo assim valeu a pena sentir seus lábios rosados e
tão fodidamente viciantes nos meus. E isso só serviu para fazer meus
sentimentos por ela ganharem força. Eu achei que procurar por ela depois do
beijo era uma ideia imbecil e acabei beijando uma menina na frente dela. Não
foi porque eu quis, mas também não impedi que acontecesse. E depois da
decepção que vi estampada em suas feições cogitei procurá-la novamente,
mas Alicia facilitou para mim deixando claro que não me queria mais nem
mesmo como amigo. Ela tentou mudar comigo e era perceptível seu esforço
para se manter afastada, mas eu não resisto perto dela, pode parecer clichê,
mas Alicia Montanari é meu ponto fraco.
Segurando-a com força, levantei seu corpo e senti suas pernas
envolverem a minha cintura, ficando mais fácil nos levar até a mesa do
professor.
— Você é minha Lice! Sempre foi, por mais que eu tente lutar contra
isso. – falei sentando-a na beirada da mesa e me afastei para olhar melhor
para ela. — Você tem certeza?
— Não faz tantas perguntas. Você tem... ahnnn... Aquilo... você sabe?!
— Camisinha? — dei risada e suas bochechas queimaram vermelhas. —
Tenho não se preocupe! — mexi e remexi na minha carteira e não encontrei
nada, nenhuma camisinha. Porra. Isso só podia ser brincadeira ou um alerta
claro do destino. Eu precisava parar e me afastar! — Lice eu... acho melhor...
Não. — cocei a cabeça sem graça respirando fundo.
— Tudo bem, não tem problema. É mesmo uma ideia idiota! — sentindo
medo de ela me afastar e quebrar o fino elo que se estabeleceu entre nós me
posicionei entre suas pernas e segurei seu rosto entre minhas mãos. Mais
alguns beijos era minha intenção. — Eu entendo se você não me desejar
como eu pensei que... — respirou fundo. — Talvez isso não seja algo
recíproco. Sinto muito... — suas palavras me atingiram como um maldito
soco no estômago.
— Olha para mim, Alícia. — apertei a mão em seu rosto e fixei nosso
olhar. — Nunca mais repete isso. Eu sou louco por você... Não faz ideia do
quanto estou me segurando.
— Não precisa se segurar, eu quero isso! — sua confirmação bastou para
nossos corpos se chocarem novamente em um beijo, dessa vez bem mais
intenso e urgente, o desejo se tornou quase palpável e sem me dar conta
minha camisa foi a primeira a ser descartada. Se eu não parasse agora íamos
mesmo transar na sala de aula.
— Gata, tem certeza? Você precisa me ajudar caso queira que isso pare
por aqui. — sussurrei e ela me agarrou mais e mordeu meu lábio inferior com
força fazendo meu pau começar incomodar dentro da cueca boxer.
— Não me chame como você chama as outras... — pediu e começou lutar
com o zíper do vestido, a ajudei com a tarefa provando a maciez da sua pele
tocando-a com a ponta dos dedos. Alicia era linda, perfeita e minha, nada
jamais iria mudar isso. Provei sentir novamente seus lábios e escorreguei
minhas mãos para seus seios cobertos pelo sutiã — Eu sou virgem... merda,
Na... Nathan você tem razão, é melhor não... — ela gemeu quando abri seu
sutiã expondo seus seios.
— Eu não consigo parar agora. — nada mais ali teria importância.
Massageei seus seios sentindo o tamanho deles, enquanto beijava seus
ombros e pescoço até descer a boca para seu seio esquerdo dando um
pequeno chupão no bico rosado. Ela não me afastou ou impediu pelo
contrário. E seus gemidos foram capazes de deixar meu pau ainda mais duro.
Entretanto, ela ainda estava nervosa apesar de sentir o quanto ela queria e o
quanto o efeito das drogas tinham tirado boa parte das suas inibições. Por um
momento me senti um maldito imbecil por tirar vantagem disso, mas eu não
consegui raciocinar e rapidamente me livrei da minha calça. Eu só queria
estar dentro dela o mais rápido possível.
Lambi e mordi seu outro seio e ela gemeu ainda mais, agora segurando
minha cabeça no lugar, me dando total acesso para provar e brincar com eles.
Seus gemidos eram altos o que me obrigou a tomar seus lábios para não
sermos descobertos. Suas mãos passeavam livres dos meus cabelos até as
minhas costas, me arranhando a cada vez que eu mordia levemente seu lábio
inferior. Vagarosamente desci as mãos por seu corpo alisando cada
centímetro até chegar a sua entrada. Eu estava praticamente gozando na
própria cueca quando senti o quanto ela estava molhada e quente a minha
disposição.
Com um sorriso observei seu rosto assumir o tom rosado, enquanto me
livrava da cueca boxer liberando minha ereção pulsante.
— Eu amo quando você fica envergonhada...
Desesperado por ela puxei a confusão de pano em sua cintura por sua
cabeça e arrancando a minúscula calcinha trouxe seu corpo para a beirada da
mesa tocando a ponta da ereção em seu calor. Por alguns segundos pensei em
me afastar e fazer o certo. Afinal, eu sabia que esse era um caminho sem
volta. Um maldito caminho com passagem só de ida. E havia inúmeras
chances de dar errado... Até mesmo poderia acabar em uma gravidez
inesperada, mas o risco não era nada em relação ao quanto eu a queria. E
porra, seria muito azar se acontecesse de primeira. Eu não era mais um
moleque apesar da pouca idade, tive minha primeira relação com quinze
anos. Sempre usei proteção, e justo com a menina que eu sempre desejei, fico
sem nada? Tinha certeza que nada aconteceria. Eu tinha experiência
suficiente para fazer dar certo ou pelo menos estava contando fervorosamente
com a sorte!
— Eu te amo... — suas palavras pairaram no ar e só o que pensei foi em
como eu era um filho da puta sortudo e como sentiria saudade. Da sua voz,
seus gemidos, sua risada inocente, e sua confissão. É claro que eu amava
Alicia e tinha certeza que depois daquele momento eu seria obrigado a ir
embora. Tio Rafael jamais me perdoaria. Merda, meus pais, meus primos e
tia Jess esmagadora de testículos. Eu estava tirando a virgindade da Alicia na
merda da mesa imunda de um professor. Eu era realmente um cretino! O pior
de todos! Com que cara eu olharia para meus tios depois disso? — Promete
que vai ficar comigo e não vai embora? — sua pergunta me pegou
desprevenido, olhei em seus olhos azuis e a sensação foi de que ela estivesse
enxergando através de mim.
— Eu te amo, Alicia. Vou amar para sempre! — beijei seus lábios e
invadi seu corpo frágil e imaculado. Sabendo que não iria responder sua
pergunta, pois era uma promessa da qual eu não poderia cumprir.
E enquanto nossos corpos moviam-se em uníssono em direção ao prazer,
eu sentia o quão perfeita ela era. Intenso e arrebatador era o prazer que
estávamos sentindo. Meu pai tinha razão. A partir daquele momento meu
coração, minha alma, meu corpo e minhas vontades iriam sempre pertencer à
tímida Alicia Montanari.
E claro que ele ainda tentou falar comigo de novo, então pedi para meu
amigo Gael fingir ser meu namorado e atender. Foi difícil já que Gael era
bem melhor no papel de namorada, mas algo em sua atuação deu certo e foi a
ultima vez que falei com Nathan. Ainda fiquei morando com meus pais até
um pouco depois do meu filho nascer. E fiquei feliz por em momento algum
pestanejar não seguir em frente com a gravidez. Anthony nasceu de uma
noite de imprudência. E o que posso dizer é que não me arrependo de nada.
Apesar da mágoa que senti e ainda sinto do pai dele por ele ter ido embora
sem me dizer um adeus descente, Nathan me deu o melhor presente do
universo, meu lindo menino que é a luz da minha vida e de alguma forma eu
sou muito grata a ele.
Finalmente quando já me sentia pronta para cuidar sozinha do Tony, sob
os muitos protestos da minha mãe, mudei-me para um apartamento no centro
de Manhattan, próximo ao estúdio de balé onde me tornei professora, meu pai
tentou insistir que eu fosse trabalhar na empresa da família, mas eu sempre
amei a dança. E eu me desdobro diariamente, mas não admito parar minha
vida apenas porque me tornei mãe na adolescência. Já fui alvo de
comentários por isso, mas não me incomoda mais. Com o tempo percebi que
não é a idade que torna as pessoas responsáveis e sim as atitudes. Para ser
mãe não precisa manual de instruções, todo dia eu aprendo um pouco com
meu filho.
Lexi também saiu de casa e veio morar comigo, claro que ao contrário de
mim que ainda precisei esperar Tony estar preparado para uma escolinha ela
focou totalmente no curso de fisioterapia que sempre foi sua paixão. E logo
que Kate se formou na escola também começou um curso de administração e
já faz um estágio com o pai na empresa, achei que ficaríamos distantes, mas
foi exatamente o contrário, Kate dorme aqui em casa mais que em qualquer
outro lugar, somos as três malucas e um bebê e como aquelas duas mimam
meu pequeno! Graças a isso Anthony é uma criança incrivelmente levada e
como se não bastasse, ganha quase todos na lábia, inclusive eu.
— Mãe, eu não posso escolher entre eles. Você escolheria entre eu e a
vovó? — não disse?
Ele olha para mim enquanto aguarda pela resposta com aquele sorriso de
safado que me trás a mente imagens do pai dele. Por mais que eu tenha lutado
durante todos esses anos para esquecer definitivamente o estúpido do Nathan,
meu filho me faz lembrar ele constantemente. É uma cópia fiel. Cabelos em
um castanho claro beirando loiro, bochechas gordinhas e coradas e um
sorrisinho sacana. Minha sorte ele ter os olhos azuis como os meus! Olhos
verdes não facilitariam em nada.
— Tony, vai ser só um jantar na casa da Tia Jess, você não precisa levar
todos os seus brinquedos.
— Mas, mãe você não me respondeu?! — respirei fundo. Em alguns
momentos ou quase sempre meu filho não parece ter apenas quatro anos de
idade dada sua esperteza.
— Eu não escolheria entre vocês por que a mamãe ama muito os dois!
— Então mãe, eu também não posso escolher!
Ótimo! Um a zero pra ele.
— Tudo bem, Anthony. Dessa vez pode levar os dois! — suspirei
derrotada.
— Valeu mãe! — me agarrou batendo o boneco do Homem de Ferro na
minha cabeça e caindo na risada em seguida.
Faltava pouco para o início do verão e, como de costume iríamos viajar
para algum lugar, só não estendi o porquê de a tia Jess marcar um jantar no
meio da semana para anunciar algo tão corriqueiro. Terminei de vestir Tony e
caminhei para a sala deixando ele com os brinquedos. Minha rotina pela
manhã era sempre corrida entre arruma-lo para a escola, e dar aulas no
estúdio que agora eu poderia vesti-lo com uma mão amarada e de olhos
fechados.
A porta abriu de repente e Lexi entrou ainda vestindo o jaleco e com cara
de poucos amigos.
— O que houve doutora? — questionei divertida. Sempre que ela tem
sessões com seu paciente especial ela chega assim em casa.
— Estou exausta daquele idiota! O cara é um babaca Lice. Não me deixa
ajudá-lo em nada, diz que não confia em estagiárias, acredita? Bastardo
infeliz!
— Está falando do seu paciente jogador super famoso e devo
acrescentar... gostoso? — arqueio uma sobrancelha.
— Eu devia deixar aquela maldita perna dele dura para o resto da vida!
— se livra das suas coisas e caminha para a cozinha dando a volta no balcão.
— Por que mesmo eu aceitei esse estágio? — faz um biquinho pensativa.
— Porque é uma oportunidade ótima de você alavancar sua carreira?
Pensa como vai ficar conhecida se ajudá-lo a se recuperar e, nem é tão difícil
assim... o cara é um deus grego!
— Ele é normal! — bufou indiferente.
— Defina normal, Alexia Montanari? — cruzei os braços e me aproximei
rapidamente quando vi suas bochechas corarem. O que? Lexi envergonhada?
Desde quando? — Você está... ahh meu Deus! Está interessada no seu
paciente! — conclui com um grito.
— O que? — engasgou com a água. — Não mesmo! Ficou louca? Eu
odeio esporte e odeio aquele arrogante. Não viaja!
— Olha nos meus olhos e diz que não sente nada por ele...?! — notei sua
expressão vacilar.
— Tony!!! — gritou me ignorando e dando a volta no balcão para se
afastar. — Vem dar um beijo na titia!
— Escute bem minha menina ante relacionamentos, só não transe com
seu paciente feito uma desesperada e sem camisinha durante as sessões de
terapia... Tony é a prova viva de que isso não dá certo! — sentei no sofá
ainda rindo.
— Vá se foder, Alicia! — resmungou passando por mim e correndo para
abraçar Tony que caminhava na nossa direção.
— Tia fala para a Alicia que eu posso comer sorvete?! — Tony pediu
quando ela parou de beija-lo.
— Não você não pode! E desde quando eu sou Alicia para você,
mocinho? — cruzei os braços.
— Ah, mãe! Vai ser um tantinho assim... ô... — mostra os minúsculos
dedinhos.
— Nem pensar, só depois de jantar!
— E porque ele ainda não jantou sua desnaturada, posso saber?
— Vamos para a casa da tia Jess, então sugiro você ir logo se arrumar!
Kate já deve estar lá.
— Aconteceu alguma coisa? É sobre nossa viagem de verão?
— Não sei. — dou de ombros e Tony vem para o meu colo. Abraço meu
pequeno e distribuo beijinhos por suas bochechas rosadas em meios aos seus
protestos.
— Vou me arrumar logo então. — Lexi suspira e vai em direção aos
quartos. — Deve ser por isso que Kate me mandou mensagem dizendo que
tem novidades!
Faltava pouco para as sete da noite quando estávamos prontas para sair.
Mas, como toda mãe eu tive que conferir a mochila do Anthony umas três
vezes. Blusa, primeiros socorros, remédios, umas três trocas de roupas,
mamadeira que agora raramente ele estava usando depois do Arthur ficar
falando que não era coisa de homem de verdade e alguns brinquedos. Arthur
e Matheus eram tios excelentes para meu filho, e foi graças ao Arthur que
Anthony também não estava mais usando fraldas. Ele até mesmo sugeriu
assumir a paternidade para nossos pais, fingi aceitar e marquei um jantar,
óbvio que não ia o deixar fazer de fato até porque tia Jess sabia toda a
verdade, e eu nem precisava me preocupar em levar a brincadeira tão longe
afinal Arthur mesmo saiu correndo da minha casa com o rabo entre as pernas
quando gritei papai na sala, isso porque o brutamonte coberto de músculo
dizia estar apaixonado por mim.
— Vamos? — Lexi chamou da porta mexendo no celular.
— Eu vou levar Tony para fazer xixi, vai descendo com a bolsa dele...
— Pelo amor de Deus, Alicia! — ela revirou os olhos.
— Não posso fazer nada! — fiz uma careta.
— Leva o Batman e o Homem de ferro, tia. — Tony gritou correndo para
o banheiro. Influências da dona Heloísa e sua paixão por heróis.
— Por que temos que ir com seu carro? — Lexi falou com uma careta
quando apertei a chave desligando o alarme com Tony no colo.
— Ele tem cadeirinha para o Tony, e estamos atrasadas... agora para de
frescura e vamos logo.
Mal estacionei o carro em frente à casa da tia Jess e Lexi já estava do lado
de fora. Meu filho estava eufórico desde que saímos de casa. Tony adorava
reuniões de família onde ele era o centro das atenções. Os carros estacionados
em frente à casa era a prova de que estávamos atrasados. Como sempre. Lexi
foi entrando na frente para ouvir as piadinhas sobre como somos atrasadas e
eu fiquei com meu filho.
— Anthony eu quero que se comporte tudo bem? Nada de mexer nas
coisas da tia Jess ou ela puxa sua orelha! — pedi soltando o cinto da
cadeirinha.
— Mãe, você esqueceu que eu já sou um homem? Se eu ficar quietinho
você promete que não vai ficar me beijando?
— Mas, a mamãe ama beijar essas bochechas gordinhas... — distribui
beijinhos nele arrancando-lhe gargalhadas.
— Ah, manhêêê... — suspirou profundamente cruzando os bracinhos.
— Ah, manhêêê.. — repeti rindo do seu drama. — Tudo bem, mamãe
promete que não vai ficar beijando, agora vem... — o tirei da cadeirinha e
assim que o coloquei no chão ele saiu correndo em direção as escadas e como
qualquer mãe coruja que sou, eu corri atrás dele nem me importando em
fechar a porta do carro.
Minha família é muito barulhenta, sempre foi pra ser sincera, mas eu já
estou acostumada. E por incrível que pareça gosto dessa confusão. Anthony
agora estava no colo da mamãe sendo apertado e beijado por todas as
mulheres. Tomei um susto quando tia Dakota apareceu na sala com um
sorriso enorme agarrada ao marido. Papai, tio Enzo, e tio Theo estavam no
bar com Matheus e Arthur. Tio Dylan se aproximou e me deu um beijo
rápido no alto da cabeça antes de se juntar a eles.
— Tia, Dak. — a abracei apertado. Por mais que o grau de parentesco da
nossa família fosse tecnicamente todo por consideração. Éramos como se
todos tivemos o mesmo sangue tamanha nossa conexão. É isso me lembra
minha tia Thea. Que também não é tia, mas se a tratarmos diferente seremos
indiciadas a morte.
— Fiquei esperando você ir me visitar, sua safada! — fez um biquinho
piscando os cílios.
— Eu ia fazer isso agora no verão, Tony adora a praia... você sabe! — me
justifiquei com um sorrisinho.
— Arrã, sei que ia... Nathan me fala a mesma coisa... agora que arranjou
uma namorada na Alemanha nem acredito mais e, no fundo acho bom, não
fui nem um pouco com a cara daquela coisinha... nojenta. — faz uma careta
engraçada.
— Então... estou feliz que esteja aqui. — como de costume nesses
momentos me estapeei mentalmente por não saber disfarçar sempre que ela
citava o nome do falecido.
— Ahh, Lice eu também estou. Preciso mesmo da companhia de vocês
para me acalmar. — suspira.
— Aconteceu alguma coisa?
— O idiota do meu filho, sei que não vai muito com a cara dele, mas eu
amo tanto aquele estúpido... e nesses momentos sinto mais falta ainda! Faz
quase cinco anos. — forçou um sorriso e balancei a cabeça concordando. Mal
ela sabe que eu infelizmente também sinto falta por isso tenho tanta raiva e
magoa.
— Ei vocês duas, chega de fofocas! — tia Jess grita chamando nossa
atenção.
Os falatórios se iniciaram e isso porque a família não estava completa,
ainda faltavam meus avós, o avô da Kate senhor Lorenzo e a esposa que não
puderam vir porque ambos estavam viajando em um cruzeiro e dona Leyla
que também estava viajando, mas para Vegas com um grupo de senhoras
intitulado "Clube das sem vergonhas" tia Thea agora estava em Amsterdã
para o lançamento do seu Best Sellers, e Nathan no quinto dos... Enfim,
quanto a ausência dele já estávamos acostumados fazia realmente quase
cinco anos.
Como prometido, não fiquei beijando meu pequeno pestinha, mas
mantive os olhos atentos nele o tempo todo enquanto escutava qualquer
besteira que o Lexi, Kate ou tia Jess dizia. Sorte eu, o resto de nós sermos
centradas e acostumadas com as três malucas da família.
— Meus amores... — Tia Jess fala se levantando e batendo na taça de
vinho com a colher. Todos na mesa paramos de falar para prestar atenção.
Em um movimento rápido Tony pega a colher e bate na minha taça a
imitando e eu fico sem conseguir reagir imediatamente e salvar o cristal que
trinca e estilhaça tombando a taça e derramando vinho.
— Anthony! — resmungo com uma careta tomando a colher da sua mão.
— Tia, desculpa eu estava distraída!
— Tudo bem é só uma taça, querida. — ela sorri enquanto eu tenho
vontade de dar com a colher na cabeça do meu filho.
— Quebou?! — ele leva as mãozinhas à boca com uma expressão de
surpresa e todos dão risada.
— Quebrou né?! Seu sapeca. — Tia Jess coloca as mãos na cintura.
Continuo centrada em tentar limpar a sujeira com meu guardanapo o máximo
que consigo. — Vamos ao comunicado. Esse ano, decidimos fazer algo
diferente para o verão. Como faz muito tempo desde que tivemos uma lua de
mel... eu falo para os casais de adultos que podem fazer coisas de adultos.. —
da risada quando os meninos começam reclamar. — Calem a boca a mamãe
ainda está falando. Enfim, esse ano não vamos viajar juntos... Eu e o Enzo,
Helô e Rafa, Teresa e Theo, Dakota e Dylan... humm esqueci alguém?
— Não amor, ninguém. — tio Enzo sorri a incentivando continuar.
— Obrigada querido, como eu ia dizendo... nós vamos para Buenos
Aires, antes que vocês imaginem uma suruba, cada casal vai para um lugar
diferente..
— Credo mãe, eu nem pensei nisso... — Kate se pronuncia com uma
risadinha.
— Muito menos eu... — Matheus completa com uma careta.
— Mãe, o que é "sutuba" — Tony sussurra me puxando.
— Não é nada demais. É uma palavra feia que você não pode falar, tia
Jess te deve um dólar. — falei e ele sorriu.
— Eu acho ótimo que vocês façam isso... eu tenho planos para esse
verão.. — Arthur sorri.
— Ahh não... — Lexi protesta. — Eu já planejei tudo para nossa ida à
casa do lago...
— É mesmo! — Kate completa. — Então ficamos assim... Os jovens vão
para a casa do lago e os velhos para Buenos Aires... perfeito!
— Velha é sua cara, cachorra... — tia Jess retruca e ela da risada. — Eu te
coloquei no mundo pra isso, é?
— Mãe... — Tony sussurra chamando minha atenção novamente. — Eu
posso ir com o vovô?
— Ah meu amor o vovô vai para muito longe, você não quer ir ao lago
com a mamãe? — ele parece pensar. — Se você não for comigo eu vou
chorar, quem vai cuidar de mim?!
— Não, mamãe. Eu vou cuidar de você. — sorriu me mostrando os
dentinhos brancos.
— Que porra, Kate para de inventar... — Arthur reclama e rapidamente
pego o guardanapo sujo e taco na sua cara.
— Olha esse palavreado! — reclamo.
— Mãe o tio Arth, tem que colocar dinheiro no potinho ele falou coisa
feia.. que você não gosta..
— Ele vai colocar meu amor...
Por que raios é tão difícil não falar palavrão perto do meu pequeno
gravador?! Só eu sei a dificuldade que é fazê-lo entender que são palavras
feias para crianças lindas falar e ainda mais tendo duas malucas em casa
constantemente. Nem usando a tática que minha mãe me ensinou do potinho
de boas maneiras eu tenho sossego. A cada palavrão que elas deixam escapar
coloca um dólar no potinho para o meu filho, que provavelmente vai ficar
rico antes mesmo de chegar aos dez anos!
— Lice você devia ir com os velhos, parece uma idosa... apesar que se
você quiser eu vou junto para nossa lua de mel! — Arthur pisca um olho
divertido e mentalmente mostro o dedo do meio para ele mesmo que por fora
foi apenas uma careta.
— Então está decidido e adivinha... eu fiz aquele ingrato do Nathan tirar
finalmente o rabo da Alemanha.. esse verão ele vai passar conosco.. — Kate
comemora e eu quase morro engasgada com a água. Olho para tia Jess de
olhos arregalados que parece tão surpresa quanto eu. Todos param de falar
ante a minha crise de tosse repentina.
— Aí meu Deus, Katherine! — tia Dakota exclama saltando da cadeira.
Merda. Merda. Merda.
Saio da mesa sorrateiramente quando estão servindo as sobremesas para
respirar. Não posso de jeito nenhum me encontrar com Nathan. Ele vai
descobrir tudo na hora que bater os olhos no Anthony. Céus, o que eu vou
fazer? Eu sabia que isso poderia acontecer um dia, mas não agora. Eu nem
tenho estrutura para isso. Não. Preciso pensar em algo e rápido. Começo a
andar de um lado para o outro apertando meus próprios dedos.
— Ele precisa saber filha. — a voz da minha mãe chama minha atenção e
paro abruptamente virando-me na sua direção.
— Não mãe, ele não pode saber... já se passou tanto tempo eu não posso...
espera, o que?
— Jess me contou Alicia. — responde e arregalo os olhos.
— Mãe... errrr, eu...
— Tudo bem, não julgo você por esconder isso de mim apesar de não
entender o motivo. — abaixo a cabeça sem reação, ela está certa sempre
fomos tão unidas. — Filha o Anthony pode não precisar agora, mas um dia
ele vai perguntar pelo pai... você não pode esconder isso para sempre. Nathan
foi um infantil e ambos foram irresponsáveis na ocasião, está na hora de agir
como adultos. — sinto suas mãos nos meus ombros.
Notei que ela frisou a palavra ambos, deixando claro que eu tive minha
parcela de irresponsabilidade e eu sei disso.
— Não sei como vou reagir perto dele... e ele... ele tem namorada.. —
suspirei derrotada.
— E você ainda sente algo por ele? — encaro seus olhos com os meus
totalmente arregalados.
— Claro que não! — era patético negar, mas eu não cederia.
— Então não tem importância ele está comprometido. — sorri. — Você é
Alicia Montanari, a mulher que enfrentou a dor de um parto natural e cria
sozinha, um menino maravilhoso... vai saber o que fazer na hora certa! —
seus braços rodeiam minha cintura e me permito respirar. — Eu te amo
minha princesinha.
— Eu também te amo, mãe! — Eu sentia como se tivesse tirado um peso
das costas. Minha mãe sempre foi minha confidente, esconder por tanto
tempo algo dela era horrível. E no fim ela está certa, mesmo assim não sinto
que posso fazer isso agora. Não sou tão corajosa!
Assim que ela se afasta fecho os olhos por alguns momentos e imagino
qual desculpa eu vou usar para não ir à viagem. Talvez ir com meus pais para
Argentina ou um problema no estúdio de ballet, melhor posso usar o fato do
Anthony não poder ir para um lugar sem as poluições diárias da metrópole, já
que não é acostumado com ar puro constantemente. Merda. Óbvio que isso
não vai dar certo. Talvez eu possa quebrar uma perna e... quem diabos vai
cuidar do meu filho? Resmungo sozinha e solto um palavrão em seguida.
Como diz minha tia Jess. Que situação mais fodida!
— Alicia! — ouço a voz familiar chamando por mim e sinto meu coração
dar um salto, não. O destino não pode ser tão filho da puta com uma pessoa
só. Temo abrir os olhos e dar de cara com ele, mas então eu não tenho
alternativa. Vagarosamente abro os olhos para dar de cara com ninguém mais
ninguém menos que ele. Realmente ele. Nathan. Parado na minha frente e
sorrindo o maldito sorriso que eu vejo todos os dias no rosto do meu filho.
Porra. Porra e porra. Por todos os palavrões que eu deixei de falar pelo
meu filho.
Porra mil e uma vezes.
NATHAN
Fiquei alguns segundos encarando a mensagem da Kate decidindo se era
mesmo o momento de voltar para casa ou não. Passaram quatro anos. Eu sou
mesmo a porra de um imbecil. Não houve um dia sequer que eu não tenha
pensado nela e me arrependido da decisão de ir embora. Naquela época com
dezessete anos eu realmente achei que estava fazendo a coisa certa. Meu pai
soube do que eu fiz naquela noite quando cheguei em casa arrependido e,
acredite ele quis me bater, ouvi um verdadeiro sermão do quanto eu fui
irresponsável e inconsequente por me aproveitar da minha prima de forma tão
desonrada. Tentei argumentar que pediria desculpa, mas ele disse que se eu
fui homem para fazer teria que ser homem para assumir, sem mais opções.
Então, com muito esforço o convenci que ambos fizemos tudo com segurança
e concordamos que não teríamos mais contato. Eu ficaria longe dela e jamais
algo sequer parecido chegaria acontecer.
"Não tem desculpas dessa vez Nathan Estúpido Carter! Juro que se você
não vier nessa viagem que eu planejei por horas e horas eu mesma vou pegar
um voo e quebrar essa sua cara linda e sumida. QUATRO ANOS!!! Cacete!
Para de ser a porra de um excluído e ignorar sua família por essas alemãs
magricelas. Todo mundo aqui te ama e sente sua falta, coloca a mão nessa
consciência de merda!!! Babaca!"
Kate sempre foi tão direta. Revirei os olhos e dei risada, porém não
minimizou meu nervosismo com a possibilidade de encontrar Alicia
novamente, apenas imaginar falar com ela começou me sufocar e dificultar a
passagem de ar para meus pulmões. Como ela reagiria quando me visse
novamente e, se ainda estiver comprometida... eu aguentaria olhar para ela
sendo tocada por outro? Arrependo-me de fazer tanta questão de não querer
nenhuma notícia nesses últimos anos e, agora ela ainda estava com aquele
imbecil? Quatro anos, quatro caralhos de anos e eu não faço ideia de como as
coisas estão. E porra, mesmo com todo o nervosismo devo admitir estou
extremamente ansioso para revê-la.
Sarah evita no máximo falar da minha família. Ela já chegou até mesmo a
discutir varias vezes comigo por conta disso, algo que considero totalmente
infantil. E como se não bastasse dona Dakota percebeu que ela não quer que
eu tenha qualquer relação com eles e pegou um tipo de aversão a ela.
— Vamos fazer três meses juntos. — sussurrou. — Não acredito que vai
me deixar aqui sozinha nessa data?!
— Não acho que seja uma boa ideia. — encarei seus olhos castanhos me
fitando sem sequer piscar
— É uma oportunidade para eu conhecer seus pais e provar para sua mãe
que não quero te afastar dela. Apesar de saber que você é muito melhor sem a
interferência deles e também tem um futuro...
— Não vou discutir com você de novo sobre esse assunto! Eu vou ir de
qualquer jeito e não precisa provar nada!
— Isso é por que você não esqueceu aquela sua prima?! — cruzou os
braços. — Já imaginou se ela já estiver casada ou qualquer outra coisa? Foi
há quatro anos Nathan, está perdendo uma ótima chance comigo por um
passado estúpido de dois adolescentes!
— Isso não tem a ver com a Alicia. — resmunguei maldita hora que eu
bebi e falei com essa garota. — Eu preciso ver minha família, Alicia faz parte
dela, sim. Mas todos são pessoas importantes para mim. Você pode entender
isso?
— Posso. Por isso... eu vou. — falou decidida. Fiz uma careta. — Como
sua amiga se for o caso. — revirou os olhos. — Não se preocupe, eu tenho
algumas amigas morando por lá e estava combinando de visitá-las... assim
consigo suprir duas necessidades em uma única viagem. Pode ser?
Merda! Seria difícil convencê-la a mudar de ideia. Sara tem alguma coisa
na cabeça que a faz ter certeza que somos um casal e sinceramente eu me
cansei de explicar. Se ela quer mesmo ir como minha "amiga" ou o que for o
problema é todo dela, pois eu lavo minhas mãos.
Arrumei minhas coisas e reservei o primeiro voo. Kate não saiu do meu
pé e me mandou tantas mensagens que na última fui obrigado a ligar de volta
antes que ela se materializasse na minha frente com um revólver. A licença
na faculdade foi fácil conseguir já que eu já estava praticamente formado. A
filial da empresa na Alemanha onde eu entrei inicialmente como estagiário
me ajudou muito e, agora não me vejo fazendo outra coisa. Não imaginei que
fosse gostar tanto de advocacia. Em uma semana eu já tinha tudo pronto. E
no final das contas o voo de quase oito horas foi tranquilo e eu diria até que
rápido tirando as inúmeras frescuras da minha amiga acompanhante.
— Consegui, e ela só está nos esperando para sairmos. Mas, com essa
demora vou chegar lá e o jantar já vai ter acabado.
— Nate, você sabe que estou de dieta, né?! Então, não faz diferença. —
suspirou piscando os cílios cumpridos com o excesso de maquiagem.
— Eu não quero magoar você, estou com saudades da minha família e...
— Dela. — me interrompeu. — Sei que ainda sente algo por ela e, espero
mesmo que você não se frustre!
— Quase.
Corro os olhos por seu corpo, ela está vestida em uma espécie de mine
macacão florido que marca deliciosamente cada uma das curvas familiares
terminando em sua coxa roliça e não consigo murchar meu sorriso. Ela
parece mais gostosa do que nunca. Os cabelos castanhos estão um pouco
maiores do que me lembro, caindo revoltos até o meio de suas costas. Porra.
Não tem como não ser ela. Como uma onda os sentimentos reprimidos de
anos me nocautearam. Saudade e desejo duelando de uma forma tão intensa
que por um momento tudo a minha volta para de importar e fazer sentido.
Reprimo a vontade de correr até ela e dou passos vacilantes para dentro.
— Oh! É um... um, eu sou a Alicia, uma prima? Quase prima e eu hum...
eu preciso ir. Foi um prazer! — gagueja nervosa. Dou risada. Ela continua
exatamente igual. Rapidamente começa se afastar, mas volto em mim a
tempo e corro em sua direção segurando sua mão.
— Eu preciso ir!
— Que cara é essa? — ela retruca e encaro os olhos azuis da loira que me
avaliam com as sobrancelhas arqueadas. Abro a boca para responder, mas
desisto.
— O que houve que a Lice saiu correndo para fora parecendo uma malu...
Nathan! — Kate grita entrando na sala e pula literalmente nos meus braços.
— Você veio, eu sabia!
Fui abraçado por todos e até mesmo pelo novo e minúsculo membro da
família ao qual eu sequer conhecia.
— A mamãe não gosta de moto. Ela disse que é coisa de adulto bobo e
faz dodói... — olha em volta antes de me encarar. — Mas eu gosto. —
sussurra — Você me leva na sua moto, tio?
— A vovó vai deixar a mamãe que não. — faz uma careta engraçada.
Fico confuso.
— Humm... Ela foi lá fora. — o garotinho aponta para a porta, mas antes
de eu questionar qualquer coisa Arthur e Matheus começaram fazer gracinhas
já que Sarah não saiu do meu calcanhar e não fez questão de se enturmar.
— É rápido!
Para ser sincero nunca tive contato com crianças, mas esse garotinho
estava me cativando de uma maneira surreal.
— Tudo bem Anthony, quero mesmo saber quem é sua mãe! — estendo a
mão que ele segura instantaneamente. — Pode pedir para Alicia vir falar
comigo? — sussurro para Kate que arqueia uma sobrancelha.
— Não seja tão malcriada, é um favor para seu primo que deu a volta ao
mundo para fazer suas vontades. — pisco um olho.
Alicia se vira com um sorriso e abre os braços para ele que se aconchega
em seu colo, afundando a cabeça na região do seu pescoço. Sem que eu tenha
controle me dou conta que meus pés avançam rapidamente na direção dos
dois. Minha expressão tenho certeza que é de total descrença enquanto eu
procuro semelhança entre os dois. E porra, eu consigo ver muito dela no
garotinho. Minha confusão aumenta. Ela é mãe. Ele tem quatro anos o
mesmo período que... não. Não pode ser! Alicia não esconderia algo assim
tão sério de mim! Ela não seria capaz de fazer algo assim. Ou seria?
Inferno, Sarah tinha razão. Alicia seguiu realmente em frente. Ela deixou
isso claro a malditos quatro anos, eu que fui idiota demais achando que ainda
poderíamos... não. Balanço a cabeça para afastar o rumo dos meus
pensamentos. Alicia tinha o direito de seguir com a vida, eu que fui embora.
E merda, não vai haver um único dia que não me arrependerei dessa decisão
imbecil.
ALICIA
Sai da casa o mais calmamente que pude a respiração presa na garganta.
Forcei um sorriso ao passar pela minha mãe e abri a porta que daria para o
fundo da propriedade. Assim que a brisa da noite fustigou meu rosto comecei
a correr. Cruzei o jardim apressada não me importando com os gritos da Kate
me chamando e já sentindo as lágrimas quentes embaçando minha visão e
molhando meu rosto sem que eu conseguisse contê-las. Eu já presumia que
seria difícil encontrar Nathan novamente, mas não imaginei que eu não
conseguiria controlar minhas próprias emoções.
Ele aceitou mesmo voltar e ainda trouxe a namorada. Cretino. Vou pegar
meu filho e ir embora agora mesmo, mas primeiro preciso respirar fundo e
acalmar o frenesi que está borbulhando dentro de mim desde o momento que
ele tocou minha pele. Céus! Sinto como se sentimentos de anos reprimidos
viessem como um turbilhão e, de uma única vez. Ele obviamente está lindo
como me lembrava. E eu diria ainda melhor. São notáveis seus músculos bem
maiores e ainda mais beleza em seu rosto de anjo. Exatamente igual meu
filho. As pessoas vão perceber, tia Dakota vive falando da semelhança entre
eles. E se Nathan fizer a maldita conta ele pode desconfiar.
Respiro fundo mais algumas vezes e limpo meu rosto. A única coisa que
eu consigo ouvir são as batidas desregulares do meu coração zunindo em
meus ouvidos. Ficar aqui chorando não resolve minha situação. Eu preciso
tirar o Anthony da casa, mas sem deixar que percebam. Depois do que me
pareceu uma eternidade respirando controladamente na tentativa de me
acalmar e organizar os pensamentos decido que sim, o melhor agora é pegar
o Tony antes que Nathan o encontre, e ir embora sorrateiramente. Respiro
fundo enchendo o peito de uma coragem que claramente não possuo. Minha
única dificuldade no momento é fazer minhas pernas ainda bambas me
obedecerem e moverem-se em direção a casa.
— Claro que não pode. O que a mamãe te falou sobre motos? — levanto
com ele no colo e começo arrumar os fios de cabelo que soltaram de seu
topete e começaram cair em sua testa.
— Mas...
— Nada de, mas, Anthony Montanari. Não quero você perto dele e
pronto! — seus olhinhos se arregalam, mas ele assente sem mais nem
questionar. Tony já sabe que quando uso o nome completo ou ele está
encrencado ou se não obedecer vai ficar encrencado.
Levo Anthony até a entrada da casa nos fundos que daria na cozinha e
suspiro cogitando entrar também trancar a porta e sair correndo. Um pouco
mais à frente vejo Nathan parado me encarando com uma decisão que deixa
claro que ele irá atrás de mim até na China se for necessário. Tarde demais
para demonstrar interesse! Penso comigo mesma e contrariada volto para a
beirada da piscina que é minha melhor opção, qualquer coisa eu o jogo na
água e enfim corro. Não demora para ele estar na minha frente.
— O Anthony é...
— Óbvio que não. — cruzo os braços tentando parecer segura das minhas
palavras, mas não obtenho o resultado esperado já que minha voz traidora
falha.
— Não, seu estúpido! Ele não é! — empurro seu corpo e começo a soca-
lo sentindo as lágrimas mais uma vez caírem contra minha vontade. — Acha
que sou uma vadia que não sabe quem é o pai do próprio filho? Você me
deixou sozinha Nathan. E mesmo depois de jogar em cima de mim todo seu
arrependimento eu te procurei para falar sobre... — paro de bater nele que em
nenhum momento se defende e respiro fundo. — Não importa mais, você foi
embora!
— Eu não tive escolha.
— Não teve escolha? — grito alterada. — Você disse que me amava, seu
covarde, mentiroso! Eu fiquei péssima por sua causa, e você ainda se atreveu
a me ligar depois de seis meses, seis meses, Nathan! Só pra me torturar com
mais mentiras. Eu te odeio! — continuo chorando e gritando sentindo-me tão
patética que não luto quando seus braços me rodeiam.
— Eu sei que perdi você, mas eu nunca menti... — sua testa se enruga
tanto que fico tentada a tocar o vínculo que surge na região entre seus olhos.
— Eu não achei que você...
— Conheceria outra pessoa? Por quê? Por eu ser virgem quando nós
transamos? Pois você está errado. Eu conheci sim, posso ter sido descuidada
ou irresponsável, mas não me arrependo da decisão de ter meu filho.
— Para com isso, esse não é o problema, Alicia. Era de se esperar que
depois da nossa primeira vez você seguisse com sua vida...
— Mas que porra! — ouvimos alguém exclamar e nos viramos
abruptamente e ao mesmo tempo na direção do som. — Está me dizendo que
ele é o cara que tirou sua virgindade? — Lexi fala aproximando-se com os
olhos arregalados. — Eu sabia! É ele, não é? Nathan é o imbecil que sumiu te
deixando...
— Ahh minha nossa... Alicia me diz que isso é mentira! Eu não posso
acreditar que isso é verdade?! — ela parece incrédula.
— Por favor, Lexi. Não importa mais! — peço em um fio de voz. Não
quero mesmo ver as pessoas cobrando explicações dele. Mesmo contrariada
Lexi parece entender e se cala puxando uma respiração.
— Faz tempo, eu ainda estava com seis meses, fiquei assustada com a
ligação e ainda estava chateada por ele ter ido embora, mas imaginei que se
eu falasse... ah, quer saber, já era e na época ele estava com outra.
— Não. Óbvio que não, mas eu pedi para o Gael se passar por meu
namorado. — dou de ombros.
— Cala boca, Alexia, eu só não queria que Nathan pensasse que eu fiquei
aqui chorando enquanto ele estava se divertindo.
— Lexi...
— Não foi o que ela me falou. E o nome dela é Sarah! — dou risada.
— Jurava que era Sarna! Enfim, ela só falou isso por que o idiota do
Nathan mal chegou e já está te olhando como se você fosse a mulher mais
linda do mundo, mesmo com esse cabelo castanho feio e sem brilho!
— Lexi! — dou um tapa em seu braço. — Eu não sei o que faria sem
você!
— Você morreria! — sorri. — Enfia nessa cabeça oca que você pode
contar comigo sempre. Eu sou sua irmã, caralho!
— Alexia! — resmungo.
— Sério, não se preocupa, vou manter essa sua história furada e não vou
falar nada pra ninguém! — pisca um olho. — Agora vamos entrar antes que...
— O que aconteceu? Por que estão aqui fora fazendo uma reuniãozinha
sem mim? — Kate abre a porta de repente e faz um biquinho. — Você estava
chorando? Aí meu Deus, o que é que houve?
— O QUE??? Como assim?? — Kate grita mais alto ainda nos fazendo
pedir silêncio rapidamente. —Isso é sério? — arregala os olhos em choque.
Olho para Lexi com uma careta.
Fofoqueira!
— Puta. Que. Pariu! Então foi ele que... — seus olhos castanhos
esverdeados se arregalam ainda mais. — No dia da sua formatura? —
concordo. — Nossa! E ele sabe?
— Sabe, era de se esperar Nathan ser o pai do Tony. Só não acredito que
não contou! É essa viagem vai ser interessante, ainda mais que ele te come
com os olhos desde que me entendo por gente... Certo que, agora sei que não
foi só figurativamente e nem só com os olhos! — Kate da risada.
— Isso é vocês que estão dizendo, meu lance com o Nathan acabou no
minuto que ele foi embora. — reviro os olhos e tento passar por ela.
— Opa! Espera um pouquinho... — ela fecha a porta atrás de si e cruza os
braços impedindo minha passagem. — Eu já vi esse olhar antes. Alicia
Montanari não me diz que está pensando em não ir à nossa viagem?
— Não mesmo! Sabe que não vai ter a menor graça sem você! E eu
também não vou deixar você passar o verão todo chorando e se entupindo de
doce, pensa no Tony. É uma ótima oportunidade de contar a verdade para o
pai do seu filho e... ficar com ele de uma vez por todas...
— Ficar com o pai do meu filho que foi embora? — interrompo erguendo
uma sobrancelha. — Vocês vivem em que mundo? Só no faz de conta isso dá
certo. Meninas acordem! Nathan nunca quis nada comigo e o que aconteceu
foi há quatro anos.
— Ele é o pai do seu filho, lembra? — Kate questiona. — Lice você viu a
forma que ele está te olhando? Acho que não, né?!
Tony está sentado na beirada da cama com meu celular na mão olhando
eu arrumar a mala e sacudindo de forma inquieta as pernas. Eu realmente
estou fazendo isso. Vou viajar com o Nathan e não faço ideia de como as
coisas ficarão depois da nossa conversa inconclusiva na semana passada. O
clima na casa depois da tal conversa na piscina parecia péssimo, e claro que
mamãe percebeu que alguma coisa tinha acontecido e se apressou em ir
embora para me ajudar já que as duas que ficariam ao meu lado estavam mais
preocupadas em como provocar a loira antipática, e isso me faz imaginar
como serão as coisas na viagem sem ela.
— Posso saber qual a graça, mocinho? — arqueio as sobrancelhas
enquanto um sorrisinho de lado brinca nos lábios do meu filho.
— Eu também gosto meu amor, mas dessa vez tem certeza que você quer
ir? Sei lá... a mamãe pode ir com você em outro lugar bem mais divertido... o
que acha da praia, ou talvez a Disney? — balanço as sobrancelhas
sugestivamente.
— Ahh não mãe! Tia Lexi disse que se eu for ela vai me dar um
cachorrinho. — faz um biquinho.
— Porque nos duas não temos tempo de cuidar de duas coisinhas que dão
trabalho. E o Anthony da muito, muito trabalho!
Como resposta ele me oferece uma careta engraçada que me obriga a dar
risada.
Assim que termino de arrumar minhas coisas pego Anthony no colo para
uma ultima tentativa, mas claro que meu filho é teimoso e insiste em querer ir
para a porcaria da casinha da floresta. A forma que ele chama a enorme
construção do lago chega ser até engraçado. É uma casa linda, cheia de
quartos e verde por todos os lados. Nada nem perto da confusão do centro de
Manhattan. Um lugar aconchegante sem sombra de dúvidas e seria um ótimo
refúgio para escapar do cotidiano, seria... Porque dessa vez algo me diz que
não será tão tranquilo como das outras vezes.
— Como assim? Por que não vamos juntas? Kate também não vai?
— Claro que ela vai! Só não vamos no mesmo carro. Kate vai ir com o
Arthur, parece que ele vai levar uma amiga e nos conhecemos aquela peste...
pode ser qualquer uma. Qualquer uma mesmo!
— Eu? Eu... bom, preciso resolver umas coisas com aquele meu paciente
idiota, então decidi ir depois de Uber.
Ótimo, começamos bem! Bufo uma lufada de ar. Eu não quero ir e esse
para mim é um sinal mais que claro que tenho razão.
Abro a boca para protestar, mas ela rapidamente se afasta com Tony indo
em direção a cozinha. Isso não está me cheirando coisa boa.
— Nossos pais embarcaram hoje cedo, então acredito que Matt vem te
buscar hoje à noite...
— Eu sei, mas foi uma decisão unânime. Os meninos estão com frescura
e se ficássemos adiando eles não iriam querer ir. Só dessa vez e... ham, acho
que vai precisar da cadeirinha do Tony!
— Aposto que Matheus adorou saber que eu e meu filho vamos com ele...
— reviro os olhos.
Ok, Lexi pode estar certa. Preciso parar de me preocupar tanto, oras. Pode
ser que eu consiga me divertir, quem sabe. Preciso pensar nos pros e esquecer
os contras. E olha já tenho uma vantagem... a casa é enorme, talvez eu nem
veja o Nathan se der muita sorte e além do mais o que pode acontecer de tão
ruim em uma viagem?
NATHAN
— Nathan! — toc, toc, toc. — Nathaaaan! Abre logo essa merda de
porta!
— Sei que você está aí! Abre ou eu chamo a gerente para abrir! — os
berros da Lexi chegam até meus ouvidos ou seriam da Kate? Não tenho
certeza só sei que me despertaram totalmente. Confirmo que são as duas
assim que abro a porta.
— Você parece péssimo. Dormiu essa noite pelo menos? — sua boca de
contorce em uma pequena careta e acabo sorrindo lembrando que a Alicia faz
exatamente o mesmo quando algo a desagrada.
E a resposta é não. Tive uma noite de merda como estou tendo a dias
desde que coloquei meus pés na maldita Nova York. A ideia de ver Alicia
com um filho me trouxe vários pensamentos confusos. Sei que o garoto não é
meu filho, mas me pego pensando se fosse diferente. Porra, se ele fosse meu
filho? Alicia teria me contado? Ela não poderia ter me mantido no escuro por
quatro anos.
— É bom ver você também loira! — reviro os olhos e tento não pensar
tanto.
— Coloca uma camisa, garanhão. Viemos ter uma conversa séria com
você! — passa por mim dando um tapa no meu braço.
Juro que tento me mostrar indiferente com o blá blá blá que se desenrola
na minha frente, mas tenho alguma reação ao ouvir o nome da Alicia que fez
as duas terem uma breve troca de olhares. Parece que nada passa
despercebido ao radar feminino.
— O que vocês querem? Eu estou cansado e quero voltar para cama... Foi
muito difícil me livrar da Sarah ontem e minha noite foi péssima!
— Você sabe que nossa viagem é hoje, né?! — Lexi bufa olhando para o
celular.
— Era para daqui a dois dias pelo que fiquei sabendo e eu não sei se vou.
Podem ir embora se vieram só para isso.
— Grosso! Você acha que está falando com quem? — coloca a mão na
cintura e empina o queixo desafiadora exatamente como... porra! Preciso
parar de pensar nela.
— Com duas malucas, deem o fora! — passo a mão nos cabelos de forma
exasperada como se isso fosse capaz de me fazer esquecer a garota que está
ocupando cada maldito pensamento meu. — Eu não vou atrapalhar a vida da
Alicia de novo, não agora que ela seguiu em frente e tem... tem outra pessoa!
Não vou fazer isso com o garotinho, ele merece ter uma família como eu tive
a minha na infância. Então, a única coisa que vou reconquistar é meu sonho
que vocês interromperam...
— Você é tão idiota assim? Sério?! Eu achei que você se daria conta,
sozinho. — Lexi bufa colocando o celular no bolso da calça jeans e
aproximando-se senta na mesinha de centro. — Lice está solteira, gênio!
Como sempre esteve. — tiro a mão que está tapando o rosto e a encaro. Ela
só pode estar de brincadeira. — Não faz essa cara. É sério! — não, não é.
Faço uma careta e volto à posição anterior. Não vou cair nessa!
— Meninas eu estou com dor de cabeça e quero ficar sozinho. Não quero
nada com a Alicia. Ela com certeza está com alguém... se não perceberam ela
tem até um filho e..
— Nós estamos no século vinte e um, priminho. Para ter filho não precisa
estar comprometido, basta um homem e uma mulher...
Então, ele foi embora?! Ela não tem ninguém, Alicia está sozinha, eu
sabia! No fundo eu tinha certeza que... espera, o que? Não acredito que ele a
abandonou com um bebê? Merda. Não posso acreditar que esse cara foi tão
canalha a esse ponto. Eu sei que também deixei Alicia, mas com um bebê?
Porra não, isso não. Jamais iria embora se ela estivesse grávida de um filho
meu. Ainda mais um menino como o Anthony! Aquele pestinha foi capaz de
me encantar no momento que falou comigo.
Eu com certeza teria ficado ao lado dela, teria segurado sua mão e
enfrentado o mundo se fosse preciso para mantê-la segura, mas eu não fiz
isso e aquele menino não é meu filho assim como a mãe dele não é mais
minha. E realmente me arrependo imensamente pela minha decisão. Ter
deixado Alicia quando eu finalmente a tive completamente, quando a tornei
minha e a amei como ela merecia me machucou mais do que eu poderia
prever, e tudo porque fui um maldito menino medroso, tive receio de não ser
o suficiente para ela e medo da reação dos meus tios, e claro, uma boa
porcentagem foi por ser idiota demais para não achar que juntos poderíamos
superar qualquer coisa. Agora o resultado é que ela teve um filho com outra
pessoa, um elo que os ligará sempre, independente de qualquer coisa.
— Alicia não quer nada comigo. — falo mais para mim mesmo do que
propriamente para as duas. Eu não posso machucar Alicia de novo. Não
posso! Não quero ser o cara que foi embora há quatro anos depois de tirar sua
virgindade ou ser como o imbecil que a abandonou com um filho, não
quando ela pediu para deixá-la em paz e chorando. Sei que nunca vou poder
apagar a enorme merda que eu causei a ela, mas vou fazer o possível para
amenizar. E preciso realmente me convencer disso!
— Mas como sou muito, muito sua amiga... convenci a Alicia aceitar uma
carona sua.
— Ahh é mesmo?! — dou risada. — Conta outra, há uns dias atrás Alicia
não queria me ver nem morto! Acho que você está me confundindo com
outra pessoa.
— Por mais que ela não tenha gostado, você é a única opção! — Lexi
completa.
— Meninas, eu agradeço a ajuda, mas não vai ser possível. Não vou nessa
viagem e se os meninos não podem, vocês com certeza vão poder.
— Sabia que ele não acreditaria, eu te falei Lexi! — Kate pega o celular
da mão da loira que me encara com uma carranca e aperta alguns botões. —
Vou avisar a Alicia que ele não aceitou. É realmente um vacilão! Eu espero
mesmo que a Alicia conheça outros homens, mas homens de verdade, não os
idiotas que ela conheceu, um homem bem gostoso com "T" maiúsculo de
testosterona na testa. Um que valha a pena...
Mesmo não me convencendo cem por cento dessa história levanto do sofá
e tiro o celular da sua mão enquanto ela ainda resmunga. Eu vim para Nova
York certo que iria passar o verão em família e agora minha única certeza é
que estou me metendo na maior furada de todas.
— Ahh! É, eu acho que esqueci.. — suspira. — Não sabia que seria assim
tão rápido.
— Sei disso, mas achei que você me mostraria Nova York... primeiro. —
faz bico.
— Achei que você já tivesse viajado para cá?! — arqueio uma
sobrancelha. Cansei de ouvir Sarah contar como ama viajar e queria conhecer
melhor o mundo.
— Ah! Foi há muito tempo e eu não queria ficar aqui sozinha. — suspira
tristonha.
Merda!
Eu não vou convidar! Deixei bem claro quando saímos da Alemanha que
era um verão em família. Sarah escolheu vir, até por que não acho justo
deixá-la sozinha aqui em Nova York por mais que ela não seja uma criança,
mas por outro lado eu prometi levar a Alicia.
Alicia. Não acredito que fiquei pensando esse tempo todo que ela tinha
me esquecido. Tecnicamente ela esqueceu mesmo, mas não se envolveu com
ninguém. 'Solteira como sempre' foram às palavras da Lexi. E eu não deixei
de notar o quanto ela ficou afetada com minha presença. Tenho certeza que
existe algum sentimento da parte dela, por menor que seja. Caso contrário ela
não aceitaria minha carona. Nem imagino como vai ser tê-la tão próxima de
novo. Não queria, mas estou bem mais animado com essa viagem agora. Só
preciso achar uma forma de fazê-la enxergar que eu também me sinto
exatamente como há quatro anos.
— Não posso ir embora! Se eu for sua irmã e Lexi vão me encontrar até
no inferno!
— Faz quatro anos que eu não participo não me assusta desse jeito. —
reclamo. — E falando nisso, acho que você precisa começar a arrumar suas
coisas, não?
— Claro que não, e você loirinha, comeu alguma coisa do hotel ou nada
foi do seu agrado? — arqueia as sobrancelhas com diversão agora prestando
atenção na Sarah que no dia do jantar não bebeu nem água na casa da tia Jess.
Merda!
— Não seja por isso, considere-se convidada por mim... — filho da puta!
— Tenho certeza que a minha irmã vai amar a novidade, assim como seu
namorado!
— Sarah, espera. — seguro sua mão antes que ela suba as escadas e ela
me direciona o sorriso doce que me fez gostar dela. Odeio fazer isso, mas eu
sempre fiz questão de deixar claro para Sarah desde o início que eu sempre
amei e sempre vou amar apenas uma garota. — Não precisa se apressar.
Arthur vai com você...
— Mas...
— Tenham uma boa viagem! — passo por Arthur com meu melhor
sorriso e vou em direção ao carro. Sarah bate os pés como uma criança que
recebeu o primeiro não e finalmente some pelas portas duplas e quase tenho
certeza que xingando.
— Nada.
— O que você quer saber coração, isso tudo é vontade de dar uma
voltinha na minha garupa!
— Minha mãe comprou esse carro, dona Dakota acha que motos são
perigosas... — reviro os olhos. — Só aceitei por que é melhor que viajar com
uma moto alugada. A minha ficou lá na Alemanha.
— Eu também tenho certeza que você não sabe de nada. Sua irmã me
acordou hoje para falar dessa droga de viagem, boa sorte não indo.
— Merda, não sei que porra acontece com aquela garota! Kate deve
adiantou a viagem depois de saber que o Matheus convidou o Ethan. Vou
ligar pra ela, mas você vai sair agora?
— Vou dar carona pra Alicia, e aproveitando que você está aqui me ajuda
a colocar as malas no carro.
Assim que terminamos eu entro. Sei que ainda está cedo, mas preciso ter
certeza que vai dar certo. Estou tão ansioso que chega ser engraçado. Pelo
que vi das mensagens Alicia não demonstrou nenhum tipo de entusiasmo
muito pelo contrário. Enfim, seja o que for ela aceitou a carona, o mínimo
que espero é que ela seja cortes. Mesmo que no fundo tenho a impressão que
será totalmente o contrário disso.
Smurf é seu rabo! Lice já está com as malas prontas.. dentro de alguns
minutos nós descemos! SOME de perto do carro! - Kate.
Que? Que história é essa de sumir? Ela sabe que eu estou aqui?
- Nathan
Claro que ela sabe, priminho. Eu só acho que confundi seu nome com o
do Matheus... ops! - Kate.
Nenhuma resposta.
Katherine! - Nathan
Toda vez que minha prima e minha adorável irmã estão de conversinhas e
tentam se livrar de mim alguma coisa está acontecendo. Sempre foi assim, e
mesmo depois do Tony nascer não mudou. Ainda lembro todos os encontros
amorosos arranjados nesse último ano e foram tantos que até mesmo com um
taxista eu já sai, e claro parte disso é culpa da minha total incapacidade de
dizer não a elas! E dessa vez algo me diz que não será diferente, só não
consigo imaginar o que esperar, além do fato de ter que dividir o mesmo teto
que o Nathan durante todo o verão.
— Mas já? Ainda vai dar cinco horas? Por que vocês querem se livrar de
mim e do meu filho? — arqueio as sobrancelhas de forma especulativa e
ambas fingem não notar, suspiro dramática e continuo sendo totalmente
ignorada.
Cobras!
— Mamãe, não fica triste. Eu vou com você! — Tony fala se
aproximando e sorrindo.
— Você é o único que se importa comigo, meu amor. Por que o resto.. —
dou um muxoxo.
— Vou ajudar a Kate... não sei porquê tantas malas, se passamos a maior
parte do tempo de biquíni no lago! — Lexi bufa terminando de beber água na
cozinha e dando a volta no balcão.
— Cala boca, Lexi! — retruco indo para o corredor que dá acesso aos
quartos com Tony no colo.
— Katherine! — suspiro.
Falta pouco para seis horas da tarde. Considerando que sairemos agora eu
diria umas quatro ou cinco horas de viagem se Matheus não ficar dormindo
ao volante que é o que geralmente acontece, já que teremos um bebê a bordo.
É certeza que vamos fazer uma parada em algum hotel para passar a noite.
Odeio dormir em hotéis, isso por que sou herdeira de uma dúzia deles.
Apesar de que Royal Palace não é qualquer hotel, meu pai me mataria se
ouvisse dizer o contrário. O fato é que realmente preferia viajar pela manhã,
mas alguém se importa com meu querer? Não. Definitivamente não.
— Oi! — olho para as duas bolas de gude azuis que me encaram de forma
curiosa.
— Amor sua avó ainda está no avião, amanhã nós falamos com ela.
— Mas mãe, você não entende que eu tenho que ligar se não ela vai ficar
com medo. — suspira e me seguro para não dar risada.
— Não.
— A mamãe sabe que não vai chorar por que você um homenzinho. —
seguro sua mão para sairmos e em um minuto ele já se esqueceu de chorar,
graças a Deus.
Depois de conferir se não deixai nada para trás, tranco a porta e chamo o
elevador. Provavelmente as meninas ainda estão lá embaixo com Matheus.
Assim que passo pela portaria eu avisto Kate na calçada perto de um carro
preto e desconhecido. Humm, mais essa!
Só falta! Meu alerta já começa dar sinal de vida. Ignoro e continuo
caminhando, vagarosamente aproximo-me de mãos dadas com Tony.
— Um de quatro rodas que te leva para qualquer lugar. — sorri, mas não
passa despercebido seu nervosismo.
— Grossa. Não acredito que o Matt decidiu trocar de carro! Ele amava
aquele Jeep mais do que tudo. — continuo encarando-a de forma
especulativa.
Merda. Tenho certeza que estou deixando passar alguma coisa, mas o
que? O que?!
Olho em volta em busca de pistas, nenhum sinal das minhas coisas, Lexi
ou Matheus. Ok. Agora estou realmente preocupada.
— Kate o que...
— Não vou entrar até me dizer o que vocês estão aprontando! — cruzo os
braços em uma postura decidida.
— Sei que você está aprontando alguma coisa, Katherine Backham. Você
e Alexia não me enganam! — resmungo. — Juro que pego meu filho e não
vou mais a viagem nenhuma.
— Imagina se não amasse. Sai, que anaconda não sabe abraçar sem
matar, vou entrar no carro por que além de cobra você ainda deixou meu filho
sozinho. — me desvencilho dos seus braços rindo e ela da uma gargalhada
jogando a cabeça para trás.
— Oi, Alice!
Já sinto a raiva borbulhar nas minhas veias. Deus, se eu ver Lexi e Kate
passo com o carro por cima delas. Juro que passo!
— Não, para! Acha que vou viajar com você? Nunca. — tento a
fechadura de novo.
Como pode minhas melhores amigas fazer uma coisa dessas comigo?
Sabendo que para mim é extremamente difícil ficar perto desse... ser humano!
— Fique sabendo que eu também não estou nenhum pouco a fim de
aturar infantilidade por mais de duas horas! — ralha com indiferença.
Viro-me exasperada para trás junto com Nathan e encaro o familiar par de
olhos azuis olhando para nós dois assustados, rapidamente solto o cinto de
segurança me inclinando no banco.
— Por que você está brigando com o tio Nathan, mãe? Você não vai à
casinha da floresta?
— Eu vou ir sim, meu príncipe. Nós só não vamos com esse... homem.
— Porque sua mãe não sabe se comportar como adulta perto dele. —
Nathan suspira.
— Amor, a mamãe vai tirar você daqui, tudo bem? Não se preocupe, nós
vamos para um lugar muito melhor que a "casinha da floresta".
— Anthony, por favor, não seja teimoso. — falo mais grosso do que
deveria e volto a virar para frente.
— Pois esse carro é meu, e eu abro a porta quando eu quiser! Ahh, e vou
com ele para onde eu quiser também. — gira a chave na ignição e
rapidamente estamos em movimento.
— Vou levar o meu amiguinho para a casa do lago. — assim que ele
termina de falar o choro do meu filho cessa.
— Não estou nem um pouco afim de palhaçada... para esse carro, Nathan!
— Anthony, você gosta de música? O tio vai colocar umas musicas boas
pra você ouvir, meu pai colocava sempre que nós saíamos de carro.
— Para com isso, Alícia! — pede tentando me segurar, mas está de cinto
sem ter como se mexer muito e claro, rindo de mim. Isso me deixa mais
irritada, e esses tapas não são o bastante para eu me esvair da raiva que estou
sentindo. Quando finalmente consegue me segurar ouvimos sons de buzinas
atrás. — Porra, o farol abriu, por favor, Alicia não faz isso. — solta uma das
minhas mãos e aperta algo no painel provavelmente ligando o alerta.
Puxo minha outra mão do seu agarre ajeitando-me no banco e em um
segundo estamos novamente em movimento.
— Comigo, mamãe?
— Coloca o cinto!
Idiota!
Pego meu celular e mando uma mensagem para as meninas xingando até
a sexta geração delas não espero resposta nem atendo quando elas ligam.
Meu filho e Nathan iniciam uma conversa e eu nem faço questão de prestar
atenção. Fecho os olhos e me afogo na minha raiva. Meu celular toca
novamente e abro os olhos a tempo de ver o nome do Gael iluminar a tela.
Encaro por uns momentos a tela e por fim decido atender.
— Você nunca mais veio ver o menino! Isso por que ele é seu filho, né?!
— reviro os olhos.
Depois que Gael fingiu ser o pai do Anthony claro que ele virou um
padrinho super babão apesar de não termos tanto contato quanto antigamente.
— Beijos!
Olho na sua direção pela milésima vez. Seu rosto não se vira em nenhum
momento, apenas encarando a janela desde que entramos na merda da via
principal.
— Eu não vou sair daqui enquanto você não falar alguma coisa.
— Ótimo. — resmunga e abre a porta. Merda. Não era bem isso que eu
esperava. Saio imediatamente atrás dela.
— Nossa! Por que todo esse ódio? — dou um passo à frente e ela recua.
— Você foi uma idiota me evitando naquela época, não tem direito de me
cobrar nada.
— Tem certeza? — abaixo a cabeça para encarar seus olhos, mas ela
rapidamente os desvia e me empurra.
— Entenda uma coisa, eu só estou aqui com você por que fui obrigada.
— Jura? Achei que era louco por mim?! — ironiza com uma risadinha —
Por que você se importa tanto com Anthony, enfia na sua cabeça que ele é
meu filho. E eu não estou deixando de respondê-lo, apesar da sua irrelevante
presença... — bufa — Agora se despreza tanto assim minha companhia como
diz... não fica insistindo em puxar conversa comigo porquê eu não vou te
responder.
Faço menção de soltá-la, mas sem que ela espere grudo mais nossos
corpos e abaixo a cabeça deixando nossas bocas a centímetros.
— Isso mesmo que ouviu gata. — sei que ela odeia ser chamada assim,
mas não me importo.
— Vá se..
— Ah, marrentinha! Se sair mais uma vez a palavra foda da sua boquinha
vou realmente seguir seu conselho, mas, com um porém, você vai ser fodida.
Vou ter você de tantas formas que vai se desculpar gemendo meu nome.
Assim que termino de falar passo a língua no lóbulo da sua orelha e ela
deixa escapar um gemido abafado. É minha deixa. Ataco sua boca e a beijo.
Saboreio seus lábios apertando-os contra os meus. De início ela tenta
resistir, mas acaba cedendo e entreabre a boca dando passagem a minha
língua. Aprecio a doce sensação dos nossos lábios colados apertando-a ainda
mais e sentindo seu cheiro me embriagar e seu gosto me envolver, meu pau
chora dentro das calças, solto suas mãos que passam a acariciar meus cabelos
enquanto as minhas passeiam
livremente pelo corpo que eu tanto ansiei. Alicia volta a gemer me
enlouquecendo. Parece que nem mesmo essa proximidade é capaz de fazer
esse desejo avassalador ser saciado. A ânsia e o tesão em tê-la é tanto que fica
palpável no ar. Busco sua língua desesperadamente e ela em nenhum
momento me afasta.
— Não. Vamos entrar nesse carro e vamos foder gostoso até perder os
sentidos. — passa vagarosamente a mão livre na minha ereção ante meus
olhos incrédulos e arregalados. Seus dedos são ágeis e sobem para minha
nuca onde ela puxa levemente meu cabelo. Sorrio. — Não é o que você quer,
Nate?! Ter uma foda quente e gostosa comigo e esquecer totalmente os
últimos quatro anos?
— Pode ter certeza... — nem penso para responder e seguro sua cintura
inclinando-me para beija-lá mais uma vez.
— Pode tirar esse sorriso imbecil da cara, é a última vez que você encosta
em mim. Vou aturar você unicamente pelo meu filho, a próxima gracinha eu
jogo você por essas janelas e passo com o carro por cima.
Ou pode?
ALICIA
Quente. Eu estou pegando fogo desde o instante que Nathan tocou em
mim. Meu coração está batendo tão rápido que parece que vai explodir aposto
que ele está conseguindo ouvir as batidas descoordenadas. Preciso
urgentemente parar de pensar na voz sensual no meu ouvido e os lábios
quentes colados nos meus. Céus. Quando eu parei de ter controle sobre meu
próprio corpo?
— Talvez tenha uma lanchonete a alguns metros. — fala ríspido sem nem
olhar na minha direção. Ótimo, agora vai ser isso. Ele me beija sem
permissão e ainda fica nervoso comigo? Olho para a janela e tento não me
importar com ele, mas sinceramente eu não estava esperando essa reação.
Inferno! Porque isso está me incomodando?
— Preciso. — suspiro.
— Tá. — é sua única resposta.
— Só quero deixar claro que você não tem obrigação com nós dois. —
respondo.
Eu sou foda?
— Boa noite, sou a Nina. Que coisa mais fofa. Qual o nome dele?
— Acho que serão dois quartos. — pigarreio chamando atenção para que
ela continue com a reserva.
— Não. Vai ser apenas um quarto de casal, desculpa não quero te deixar
confusa é que estamos juntos... a propósito sou o Nathan, mas pode chamar
de Nate. — encaro Nathan que pisca um olho sorrindo para a mulher a nossa
frente.
— Eu sou a Nina e preciso da identidade, Nate. — ela suspira. Sério isso?
Involuntariamente meu rosto se contorce em uma careta.
— Não vamos discutir isso também, além do mais a linda Nina já fez a
reserva. — ele se vira para frente.
Estúpido. Imbecil. É claro que ele não quer que pensem que ele tem um
filho. Está na cara que ele não consegue ser responsável por ninguém. Passou
a vida inteira só pensando no próprio umbigo. Graças a Deus eu não dependo
dele para nada em relação ao nosso filho.
— A mamãe está cansada, sabe filho. Passamos quase três horas dentro
de um carro. Eu só quero pegar logo a chave do quarto, mas está difícil... —
reclamo.
— Ele é tão lindo, parece muito com você! — a garota da voz irritante
continua dando risada e minha raiva aumenta.
— Muito difícil! — resmungo mais alto.
Nathan me olha de soslaio com um sorrisinho. Bom ele ter ouvido, não
estou guardando segredo.
— Não. Ele é meu filho não seu. Esqueceu? Somos amigos! — suas
sobrancelhas arqueiam-se surpresas, mas logo a garota retorna balançando a
chave no dedo e com um decote que não estava ali antes.
— Aqui, Nate. — ela estende a chave para ele, mas eu sou mais rápida e
puxo da sua mão um tanto ríspida.
— Se seu tio quiser tomar banho com alguém que chame a amiguinha
dele da recepção, pois aposto que ela está louca pra... — bufo.
Pego apenas uma bolsa com umas roupas do Anthony, uma troca para
mim e a nécessaire, que eu fiz para o caso de uma emergência. Assim não
preciso desfazer nenhuma mala. Nathan pega uma bolsa também pequena que
acredito que contenha apenas seus produtos de higiene.
— Essa roupa está limpa e tudo que eu preciso está aqui dentro. — toca a
bolsa.
— Nem ligo.
— Eu imagino tudo que sua mãe faz é gostoso. — Nathan olha na minha
direção e pisca um olho.
Tomo um banho rápido e agradeço aos céus do meu coque não ter
molhado apenas poucos respingos de água no cabelo. Já não posso falar o
mesmo da roupa que eu coloquei na mala emergencial. Encaro com uma
careta o shortinho jeans e o top cropped soltinho de renda azul. Eu pensei no
espaço e não na passível ocasião e agora sem condições de pegar algo melhor
na mala. Visto rapidamente e faço uma trança lateral no cabelo deixando
alguns fios soltos, para finalizar apenas um pouco de rímel, blush, gloss e
perfume. Estou pronta. Não é bem o que eu esperava, mas estamos indo
apenas em uma pizzaria.
— Eu... hã... não achei que fosse realmente usar essa roupa..
Santo Deus! O que foi isso? Só então me dou conta que preciso voltar a
respirar. Como Nathan tem a audácia de me falar essas obscenidades na
frente do meu filho? E pior, desde quando meu corpo tem permissão para se
excitar com tanta intensidade? Merda. Estou mesmo úmida, com as pernas
bamba e arrepiada. Que ódio. Preciso urgentemente dar um jeito nisso!
— Era a Nina no telefone e ela disse que deixou alguma coisa na chave
para mim... fico imaginando se é o papel que você jogou no lixo.
— Exatamente!
— Fica quieto! — ela suspira e com um sorriso percebo que sua trança
antes arrumada já possui diversos fios soltos.
— Tio... meu cabelo é igual o seu, olha! O da mamãe é preto. — ele fala
olhando na minha direção e realmente seu cabelo tem o mesmo tom que o
meu.
Montanari. Isso quer dizer que o que está martelando minha cabeça faz
sentido, ele não foi reconhecido pelo próprio pai. Algo nessa história não se
encaixa. Eu ouvi a ligação da Alicia, mas porque manter contato com um cara
que visivelmente não se importa com o menino. Ele tem quatro anos. Isso
também não sai da minha cabeça. Encaro o rostinho do Anthony por alguns
minutos enquanto ele olha concentrado para o carrinho. Não quero me
precipitar, mas é notória nossa semelhança. Eu mesmo consigo ver muito de
mim nele. Porra. Quero pensar que Alicia não faria isso comigo, mas existe
uma possibilidade e eu não enxergo unicamente porque não quero. Minha
respiração engata na garganta enquanto os pensamentos que me
atormentaram todos os dias anteriores retornam.
— Nathan? — uma mão toca meu braço. — Você está pálido, está tudo
bem? — encaro um par de olhos azuis.
— Alicia...
— Nathan, precisamos ir logo. Vou sair com Tony para você se arrumar.
Vejo você lá embaixo. — com isso ela abre a porta e passa fechando com um
pequeno estalo atrás de si.
Porra. Ela fugiu. Alicia não quis responder minha pergunta. Mas se ela
pensa que vou desistir está tremendamente enganada.
— E vai sozinho?
— Ah, mas não vai demorar. Um dos hóspedes estava agora mesmo
falando com ela e ele parecia encantado.
— Mãe, quero ir no colo! — Anthony pede e ela faz uma careta, mas
antes de responder eu já estou ajeitando-o no meu colo.
— A mamãe tava falando com o moço de cabelo preto, tio. Ele disse que
ela é exberante linda... eu não gostei dele, ele tem caveira.
— Vamos? — Alicia fala me encarando e não gosto nada de ver que suas
bochechas estão coradas.
— Ei, Alice. Não sabia que você vinha! — o babaca que não tira os olhos
dela fala quando chegamos perto o suficiente. Olho para seu rosto e espero
pela careta que ela faz sempre que eu a chamo assim, mas ela simplesmente
sorri.
— Tudo bem, acho que achei uma mesa... — Alicia fala puxando meu
braço antes que o idiota que está me encarando responda. — Licença,
Gregori. — começamos a caminhar na direção oposta. — Vai fazer uma cena
aqui, sério Nathan?!
— Eu não estou fazendo nada, devia falar isso para seu amiguinho
tatuado. Caralho! — reclamo quando ela me belisca. — Não acho apropriado
você sair por aí fazendo amizades com um cara que acabou de conhecer...
— Era só o que me faltava. Anthony essa é uma palavra feia, não quero
você falando assim. — Alicia resmunga antes de me encarar — Seu pai tem
varias tatuagens e você também têm, para de agir como um idiota está
contaminando meu filho.
— O que quer dizer com isso? — ela cruza os braços me inclino para
frente apoiando os braços na mesa.
— Quero dizer que sou filho do Dylan Carter, sou dono de uma
multinacional especializada em Advocacia. Conheci os advogados mais
influentes do mundo em algumas Assembleias, e eu mesmo estou finalizando
meu doutorado. Eu vou tomar algumas providências... E adianto que meu
primeiro passo vai ser solicitar um teste de DNA e o segundo... — encosto
novamente na cadeira. Os olhos da Alicia estão arregalados a boca
entreaberta denúncia sua respiração acelerada. Odeio fazer isso. Odeio
mesmo, mas ela não está me dando alternativas.
— A guarda.
ALICIA
Minha respiração parece farpas passando pela minha garganta, tenho
certeza que estou suando frio pelo leve tremor que começa em minhas mãos
agora enlaçadas no meu colo. Encaro os olhos verdes do Nathan e trinco meu
maxilar me obrigando a ficar calma.
— Não quero fazer isso. Só quero que seja sincera comigo e pare de fugir
tanto, Alicia. Não era para ser assim, não devia ser tão complicado... — não
respondo e ele suspira pesadamente. — Então, eu estou certo. — se inclina
para frente novamente e me encara com uma expressão indecifrável,
ignorando totalmente o fato de agora sermos o alvo de atenção das pessoas
próximas a nossa mesa. Seus olhos verdes estão escuros e intensos como se
quisessem me perfurar. — Ele é meu. — arrasta os olhos na direção do
Anthony que volta a brincar com o carrinho alheio ao que está acontecendo.
— Não, Nathan. Ele é meu! Você perdeu esse direito sobre ele quando foi
embora.
— Eu não sabia Alicia, você acha que... — respira fundo e passa as mãos
pelo cabelo de forma exasperara ainda encarando Anthony. — Eu posso ter
sido um cretino com você, mas pelo menos eu assumo isso... você fica se
colocando de vítima. Droga. Independente do que aconteceu você sabia que
eu ia voltar no minuto que eu soubesse, eu te liguei... Porra. Eu te dei uma
oportunidade de ser sincera. Você não tinha o direito de me esconder isso. E
me deixa mais puto agora ver que ainda permanece agindo como se eu fosse
um monstro!
— Está se escutando? Tudo bem, eu não vou falar mais nada. Faça isso
mesmo, você está correta. Eu sou a porra de um ninguém na vida do meu
próprio filho. E o mais foda é que você não consegue nem mesmo perceber
que também errou. — levanta exasperado e quase derruba a cadeia. — Porra.
Caralho!
— Eu não sei onde ele está. — levanto a cabeça e limpo com as costas da
mão meu rosto.
— Quer que eu ligue pra ele? — suspira. — Vou conversar com ele e...
— Droga! Não estou gostando disso. Ele não devia te deixar aí sozinha
nesse estado, deveria ao menos te levar para o hotel. — Lexi bufa — Eu
também acho isso não se faz ainda mais depois de descobrir que você está
com o filho dele. — Kate reclama atrás.
— Vou esperar e... Desculpa Lice, eu não achei que isso fosse acontecer.
Não achei mesmo.
— Se cuida!
— Oi. — uma voz fala ao meu lado e rapidamente eu guardo meu celular
e levanto a cabeça.
— Eu entendo. Sei como criança é, mas... humm, está tudo bem? — suas
sobrancelhas enrugam e seus olhos negros me encaram com curiosidade.
— Sim, tudo bem. É só que... humm, acho que estou cansada da viagem!
— Ele... ele foi lá fora, logo mais ele volta. — forço um sorrisinho.
— Nem pensar, você vai comer sua pizza. — respondo e volto a encarar o
homem sentado a minha frente.
Ok, talvez Nathan tenha razão com o que me falou sobre ser educada com
desconhecidos. Está óbvio até para mim que eu estava chorando e eu nem
preciso olhar no espelho para confirmar que estou com os olhos inchados e o
rosto vermelho. Ninguém chora por besteira. O que esse homem quer? Ele
não sabe nada sobre o que aconteceu e acha que pode opinar?!
— Isso é um assunto meu e também não estou com fome, vim mesmo por
causa do meu filho! — resmungo.
— Devo dizer que seu amigo é muito corajoso por deixá-la sozinha... —
Gregori fala olhando para a porta. Continuo colocando os pedaços de pizza
na boca do Anthony. — Nunca se sabe o que pode acontecer, ainda mais se
tratando de uma rodovia... — encaro seus olhos no mesmo instante. — É que
não tem muito movimento. — da de ombros.
— De veículos sim...
— Nathan, não estava bem. Mas ele sabe que eu estou aqui e não corro
qualquer risco.
— Alicia!
— Eu insisto. — sorri.
Merda.
Eu me vejo sem saída. Assim que passamos pela porta sinto seus dedos
na pele exposta da minha cintura e tenho um sobressalto.
Droga. Penso em inventar uma desculpa e voltar para pizzaria até ele
cansar e ir embora. Mas realmente ele não pode fazer nada comigo com
Anthony dormindo no meu colo. Ou pode? O que ele pretende afinal sentou à
mesa comigo e não o vi comer nada.
— Eu vou para o hotel sozinha e não vou sair para beber e deixar meu
filho sozinho. Agora se me der licença, eu quero passar.
— Alicia, para com isso. — a voz do Nathan me faz ficar imóvel. Ele me
encara com a testa franzida enquanto eu respiro como se tivesse acabado de
correr uma maratona. — O que aconteceu, porque você estava correndo?
— Achou que eu iria te deixar aqui sozinha? Não sou tão ruim quanto
você imagina. — começa andar. E eu dou uma boa olhada para trás antes de
segui-lo. — Ele fez alguma coisa?
— O que? — sussurro.
— Eu não vou deixar nada acontecer com vocês. — são suas únicas
palavras.
NATHAN
Assim que chegamos ao hotel, Alicia se separa de mim. Não falamos
muito no caminho e isso fez que chegássemos rápido. Estou tremendamente
irritado por descobrir assim que sou pai, mas não consigo não ficar admirado
e orgulho em ver como Anthony é lindo e bem educado. Meu filho. Porra.
Ainda não consigo acreditar. No fundo acho que eu já sabia. A sensação que
senti quando tomamos banho não era só algo da minha cabeça. Eu tenho um
filho. Porra um filho.
Assim que entramos no quarto ela corre até a cama puxando os lençóis.
Deito Anthony e acaricio sua cabeça com um suspiro. Ele se mexe, mas não
acorda. Deixo um beijo no alto da sua cabeça e me afasto para que Alicia se
aproxime para arrumá-lo.
— Nathan...
— Só isso que eu quero. Não vou mais insistir em nós dois, Alicia. Eu só
quero o que é meu por direito. — afasto-me para não sucumbir ao desejo. —
Você já deixou claro que não me quer, mas o Anthony é meu filho e dele eu
não vou abrir mão.
Dessa vez ela não diz nada quando passo pela porta. Sinto um nó na
garganta e uma vontade enorme de voltar naquele maldito quarto e fazer
Alicia minha mais uma vez. Mas não posso, até porque não sei se o brilho
naqueles olhos azuis era de alívio ou de tristeza. Quatro anos e eu ainda me
sinto pisando em ovos em se tratando dela. Pensar que estava disposto a
reconquista-lá enquanto tomava banho e em menos de horas minhas
preferências mudaram. Sei que Alicia teve seus motivos e que realmente eu
fui um idiota no passado, mas é difícil acreditar que isso está mesmo
acontecendo. Eu entendo que errei feio, mas o ódio da Alicia não podia ser
tão grande a ponto de esconder algo tão importante quanto à existência de um
filho. Ambos erramos e precisamos conversar com calma.
Só me dou conta que estou no bar do hotel quando o rapaz atrás do balcão
pergunta o que eu quero beber. Peço uma dose da bebida mais forte que ele
tiver e me surpreendo quando sou servido com uma garrafa de Jack Daniel's.
No quinto copo eu já não sinto tanto incômodo com a queimação na garganta.
Alicia ocupa cada milésimo de segundo dos meus pensamentos e isso piora
minha tentativa de relaxar. Maldito sentimento que ganha força com o passar
do tempo.
Agora eu preciso dar outro rumo à minha vida e não faço ideia de por
onde começar, pois não planejei nada disso. Jamais imaginei que quando
voltasse descobriria a existência de um filho e não faço ideia de como ser pai.
Sei que meu pai foi excelente nesse papel e foi tão importante no meu
desenvolvimento que nem sei descrever em palavras, mas no meu caso é tudo
tão novo. Eu não vi Anthony nascer, estive afastado por quatro malditos anos.
Mais de novecentos dias. Sou tão estranho para ele quanto às pessoas que ele
vê pela rua.
Pego meu celular no bolso e digito o número do meu pai, mas ele não
atende. Essa hora ele ainda está no avião, então gravo um áudio no
WhatsApp e envio. Sei que estou soando patético chorando e falando com o
celular, mas agora não importa. Amanhã eu penso nos estragos da minha
embriaguez. Minha cabeça está pesada e o chão parece se mover rapidamente
embaixo dos meus pés.
— Eu te dou todos os azuis que você quiser, seja lá o que isso for. Mas
agora precisamos ir para o quarto!
As escadas são um desafio para mim então não protesto quando dois
caras precisam me ajudar subir. Encaro o corredor extenso com varias portas
e não faço ideia de onde fica o meu quarto.
— Sei onde fica seu quarto, mas tenho certeza que sua amiga está lá
dormindo. Vou ter de colocar você em outro.. — ela me apoia na parede e me
encara mordendo o lábio inferior parecendo pensar. — Não posso ocupar um
quarto se não pagar por ele.
— Ah, não. Nem pensar! Você vai me esperar aqui. Vou buscar a chave
de um quarto e volto logo. — a garota de cabelos revoltos se afasta
apressada.
Droga. Não consigo nem mesmo dar um passo sem cair de cara no chão.
Eu estou na porra de um hotel de rodovia e com o rabo cheio de álcool. Que
espécie de pai eu vou ser para aquele menino?
Quando decido por fim procurar o quarto a garota volta e me abraça.
Encaro seus olhos amendoados e sorrio. Ela é bonita e está me ajudando.
Sorrio.
— Não nada... eu só quero saber se meu amigo está bem, ele entrou no
quarto errado. — o homem continua me encarando, porém agora arqueia as
sobrancelhas. Mantenho minha postura e penso em uma desculpa mais
convincente. — Ele é... ele descobriu que tem uma doença terminal, quer
ficar sozinho se é que me entende e eu realmente estou muito preocupada...
não suporto vê-lo tão triste. — faço minha melhor cara de preocupada. —
Não sabia que encontraria um funcionário há essa hora, poxa é muita sorte
minha, não? — tenho mudar de assunto, mas sua expressão continua
desconfiada.
Essa garota já está me dando nos nervos. Afasto-me pisando duro para o
quarto especialmente distante. Tenho certeza que cortesia da recepção.
Entro no quarto e conto até dez mentalmente para amenizar a raiva que
sinto começar me dominar. Essa noite está pior do que eu imaginava.
— Alicia?
— Perdi. Para sua informação agora é quase três da tarde e você estava
dormindo com uma pessoinha que acordou cedo dizendo estar com fome.
— Porque eu faria isso, pelo que estou vendo você está tentando há mais
tempo e não conseguiu?!
— Espero que sua cabeça exploda! — entro no banheiro e bato a porta
com toda força que consigo.
— A Nina está por aqui? — Nathan pergunta para a mulher que o encara
com um pequeno sorriso.
— Não... lamento, mas ela só entra mais tarde. Ontem ela cobriu dois
turnos...
— Tudo. — resmungo.
— Sabe que achei bem agradável esse hotel... — ele parece querer
quebrar o gelo. Mas, infelizmente estou me sentindo a própria Elsa.
— É eu imagino. — comprimo os lábios para não falar o que não devo.
Não faz diferença se ele queria passar a noite com a mulher que ele acabou de
dar o número do celular.
— O que mamãe? — Anthony puxa minha mão — Mãe você não vai
comer?
— Mas mãe, você vai ficar doente. — sua testa enruga provavelmente
lembrando-se das vezes que o fiz comer verduras com a mesma desculpa. —
Tio... a mamãe tem que comer?
— É... ela tem sim. — então volta me encarar. — Você nem faz ideia do
quando faz diferença.
— Se tiver alguma coisa para curar mal humor eu aceito! — suspiro e ele
deixa escapar uma risada.
— Vai por mim cara, você sempre vai ter feito alguma coisa. — pega as
notas e abre o caixa.
— Mãe... eu...
— Pode! — Alicia resmunga e ele pega. Ótimo. Eu nem pareço pai dele,
e pelo visto não posso reclamar.
— Não acho nada, já disse que não me importo. — resmunga com uma
careta.
Tento segurar, mas acabo deixando escapar a risada. Puta merda, como
Alicia consegue ser tão boba e tão irritante, sem deixar de ser linda?!
— Não sei onde estava com a cabeça para aceitar fazer essa maldita
viagem. — fala ríspida cruzando os braços.
— Mãe, você não gosta do tio Nathan? — Alicia para a tentativa de tirar
o chocolate do rosto dele com um pedaço de papel e sorri.
— É claro que eu gosto dele, mas o tio Nathan me deixa nervosa. — ela
sorri acariciando o cabelo do Tony e tirando uns fios revoltos da testa.
— Então porque você fica nervosa? — ele imita seus movimentos
passando os dedos melados nos cabelos.
— O que? — ela parece engasgar com saliva já que sua voz fica
estrangulada. — De-de onde você tirou isso, Anthony?
— Ele te deu beijo de bom dia. — ele sussurra e dou risada. Primeiro
aprendizado como pai, meu filho não sabe guardar segredo. Sei que devia
tentar me segurar perto do Anthony para não confundi-lo, mas eu não
consegui resistir à mãe dele quando entrei no quarto pela manhã. Alicia se
vira na minha direção e levanta batendo a porta do carro em seguida. Estendo
os lenços de papel que ela pega antes de entrar no lado do passageiro sem
dizer uma única palavra.
— Por isso ele está com essas ideias malucas, você deveria saber se
comportar pelo menos na frente do seu filho. — ela solta num sussurro de
repente e sinto que meu coração parou de bater por alguns segundos.
Caralho! Olho na sua direção aturdido na certeza de ver arrependimento em
seu semblante, mas ela continua distraída lendo as informações na caixinha
de lenços.
— Mãe você tem medo? — ele arregala os olhos azuis que me faz
lembrar do senhor Rafael. Eu sempre achei os olhos do meu pai os olhos mais
lindos de toda a família mesmo tendo herdado a cor praticamente igual no
meu, mas não sei depois do Anthony chegar ele com certeza ficou com o
título de olhos mais lindos.
— Não. A senhora Gert sabe que viemos todo verão e deixa a despensa
abastecida.
— Isso porque eu faço tudo pelo meu bebê. — bagunço o cabelo dele o
que faz ele se afastar no mesmo minuto.
— Viu mãe!
O resto do final da tarde eu passo dentro do quarto desfazendo as malas e
sozinha, meu antes ajudante agora está ocupado ajudando outra pessoa.
Quanto finalmente termino meu serviço tomo um banho rápido, coloco uma
caminha dos Lakers e saio do quarto à procura dos dois. Estou abusando da
boa vontade do Nathan, pois sei que ele também precisa tomar um banho e
descansar da viagem, mas repito a mim mesma que foi só dessa vez.
Enquanto caminho pelo corredor percebo que estranhamente estou cercada
por um silêncio ensurdecedor, o que antes eram gargalhadas abafadas agora é
nada. Não escuto absolutamente nada. Apresso os passos, pois fiz questão de
escolher um quarto significativamente longe do que Nathan escolheu, e não
encontro os dois em lugar nenhum. Desço os degraus de dois em dois e fico
estática com a cena. Ambos estão esparramados no sofá dormindo. Suspiro
com um pequeno sorriso e desligo a tevê me dando conta que demorei mais
do que devia para desfazer as malas e sair do quarto. E eles estão tão lindos
juntos que não resisto e corro no quarto para pegar meu celular e tirar uma
foto. Primeira recordação dos dois juntos. Envio para as meninas no grupo e
caminho para a cozinha decidida a fazer alguma coisa rápida para o jantar.
Na terceira vez que abro a geladeira opto por sanduíches. Pego o prato
com queijo e a garrafa de suco de laranja. Queijo quente sempre foi uma boa
opção quando eu não tenho ideia do que fazer. Entro na despensa e pego o
saco com os pães. Faço alguns sanduíches de queijo quente e decido cortar
algumas frutas pra complementar arrumando tudo em cima do balcão
enquanto cantarolo Umbrella da Rihanna.
Ella ella eh eh eh
(Ella ella eh eh eh)
Under my umbrella
Debaixo do meu guarda-chuva
Ella ella eh eh eh
(Ella ella eh eh eh)
— Não te perguntei nada, aliás, você não tem nada melhor para fazer,
não? Tipo, tomar banho?! Ir se fo.. — desisto de falar quando percebo que ele
está ansioso com minha resposta. Lembro bem da última vez que o mandei se
foder. Volto para a bancada. Não vou mesmo pegar as louças agora e deixar
que ele perceba que estou mais perdida que o Flash nas linhas do tempo. —
O que é isso na sua camisa? — aponto um pouco abaixo da gola onde parece
estar molhado e faço uma careta. — Argh! Você está suado, vai logo tomar
banho!
— Será que você pode ir logo tomar banho e tirar essa camisa suja,
babada e suada. — me afasto em direção aos armários.
— Desse jeito você me deixa sem graça! — Nathan chama minha atenção
e eu pisco focando seu rosto com um sorrisinho sacana.
— Você é um babaca, Carter! — bufo e me viro. Porra mesmo!
— Rebolando vestida numa porra de uma camiseta sem nada por baixo...
— ele fala dando a volta no balcão e por mais que eu queira me mover e
correr minhas pernas me parecem totalmente bambas e isso não vai me
ajudar, além do fato de sentir como se meus pés estivessem colados no chão.
— Tem certeza que não está me provocando? Você por acaso está de lingerie,
Alicia?
— Não vou estragar a comida, porque você vai sentir fome. — pisca um
olho na minha direção quando percebe minha expressão e coloca tudo em
cima da pia. Quando volta se aproximar pega então os três copos que tem o
mesmo destino.
— Nathan...
— Sei e talvez por isso eu não te contei. — ficamos nos encarando por
alguns minutos em silêncio e quando penso que ele vai se afastar ele faz
exatamente o contrário.
Seus lábios esmagam os meus e logo sua língua busca passagem entre
eles. Deixo que ele me beije e aproveito a sensação gostosa dos seus braços.
Nossas línguas se tocam de forma tão intensa que chega ser surreal. É
extasiante. Uma das suas mãos faz o caminho até meus cabelos onde ele puxa
erguendo minha cabeça e com isso aprofunda e intensifica mais o beijo.
Acabo gemendo em seus lábios em busca de ar.
Ele tenta tirar minha camisa, mas eu êxito olhando para sala.
— Se o Tony acordar...
— Shiii! Não vai, confia em mim. — com essas palavras ele puxa a
camisa pela minha cabeça. — Eu não vou ser carinhoso, Alicia. Vou comer
você todinha do jeito que eu imaginei nesses últimos dias. Preciso que não
faça barulho. Você vai fazer barulho? — nego veementemente com a cabeça.
— Boa garota.
Suas mãos grandes se enfiam em meus cabelos e sua boca toma a minha
novamente, cumprindo sua promessa, devorando-me ferozmente e sem
receios. Tirando uma de suas mãos dos meus cabelos aperta minha bunda
puxando-me mais para a beirada do balcão onde consigo sentir sua reação
mal disfarçada na calça de moletom tocar meu centro úmido e necessitado.
Mordo o lábio inferior com força e sinto algo crescendo no meu ventre.
— Nathan...
Olho dentro dos olhos dele antes de explodir em um orgasmo tão forte é
necessário outro beijo para me silenciar. Nathan vem logo em seguida
gemendo rouco nos meus lábios.
— Lice, eu te...
O que?
Nathan parece tão em choque quanto eu. Olha por cima do meu ombro e
respira fundo sem saber se move para sair de dentro de mim ou continua
parado.
Aperto o número e apago. Faço isso umas três vezes seguidas. Merda!
Seria mais fácil ele ter me deixado o endereço. Vou até o espelho e volto a
ajeitar as mechas do meu cabelo e suspirando passo mais um pouco do batom
rosa quase em um tom nude. Eu acordei cedo demais! Repito para mim
mesma olhando o ponteiro do relógio em cima da penteadeira marcar 08:45.
Caramba, é impressão minha ou as horas estão passando mais rápido que
normalmente. Quarenta e cinco minutos de atraso. Meu celular toca me
assustando e ao olhar a tela não reconheço o número. Atendo mais do que
apressada, mas respiro fundo para não mandar o tal Arthur para o inferno.
— Alô?
— Patrick, eu...
— Você o que Sarah? Acha que pode me passar a perna? Você nunca
quis ser advogada, por isso conseguiu estabelecer moradia fixa perto do
campus, não é mesmo? Nunca te procuraríamos em uma universidade!
Doutora Sarah, sinceramente seria impressionante se não fosse tão patético!
Mas me conta depois de formada o que pretendia fazer, cancelar nosso
contrato?
Eu tentava não usar o Nathan, mas sentia que estava fazendo exatamente
o contrário. Pelo menos até me dar conta que me apaixonei, de alguma forma
só ele me fazia esquecer toda merda que eu carregava como bagagem e me
dava uma sensação de segurança. Por mais que para ele eu nunca passei de
uma patricinha superficial e eu também não fiz questão de mudar isso. Eu
nunca contei nada do que realmente acontece na minha vida para ninguém e
permaneceria assim.
— Por favor, o que? Te deixar em paz com esse cara? Faz quanto tempo
que você está dando a boceta para ele, hein Sarah? Dois, três, quatro anos?
Realmente me subestima a ponto de achar que conseguiu se livrar de mim
tão facilmente? Sei que está em Nova York sua cadela e atualmente tenho
total apoio dos seus pais, a brincadeira de esconde, esconde acabou. Eu vou
te buscar.
— Ei, você está bem? — uma mão segura meu braço e rapidamente puxo
e afasto-me assustada. — Calma, sou eu! — Arthur fala erguendo as mãos
em rendição. — Aconteceu alguma coisa, por que está chorando?
— Nossa, mas ontem você estava toda empolgada, parece que desiste
rápido demais das coisas, né?! Bonequinha! — interrompo os passos e encaro
seu rosto com um sorrisinho.
— Parece ciúmes, e bem você não é o tipo de garota que aceita ser
colocada de lado.
— Não é difícil desvendar você. Loira, alta, linda e metida. Seus robes
incluem fazer compras, postar fotos no Instagram, gastar o dinheiro do papai
além de...
— Você não sabe nada sobre a minha vida. Nada. — interrompo irritada
parando abruptamente. — Sinceramente eu achei que seria exatamente assim,
e eu até que gostaria, mas percebi hoje que nem tudo é como eu espero. —
concluo me sentindo mentalmente exausta. — Agora se me der licença eu
preciso ir.
— Tudo bem, eu não quis ser rude. É Sarah, né? Desculpe por isso, mas o
ponto de táxi é para o outro lado. Caso precise. — ele sorri como se eu não
tivesse acabado de dar uma resposta grossa quando eu o encaro, e se vira
caminhando para o lado que me indicou. Respiro fundo. Droga de ligação.
— Mudei. Você estava errado quando disse que eu desisto rápido das
coisas. — olho novamente em volta. — Vamos?
— Droga Arthur, será que podemos ir? — peço impaciente. — Por favor?
Ah, ele não faz ideia. Suspiro e tento relaxar afinal de contas eu vou
passar o verão com o Nathan. Meu quase namorado. Essa história com o
Patrick vai ser esquecida pelo menos por um tempo.
NATHAN
Encaro Alicia que está mais vermelha que o morango que comi há uns
minutos atrás e volto a encarar os dois imbecis me olhando como se eu fosse
à porra de um extraterrestre.
— Eu não achei que iria chegar alguém, você está... bem? — pergunto
enquanto seguro na beirada da camisa que ela está usando e vagarosamente
começo subir.
— Calma, não vou fazer nada. — dou risada — Eu quero, mas não agora.
Só vou te ajudar, você colocou ao contrário e por ser um cavalheiro não
quero as pessoas especulando que estávamos transando escondido.
Assim que entro na sala encaro o rosto da Sarah que parece incomodada e
totalmente deslocada. Ela realmente veio. No fundo eu nutria uma esperança
dela desistir. Porque Arthur tinha que ser um idiota completo? Eu não
precisava lidar com a Sarah agora, não mesmo. Alicia e eu estamos evoluindo
tão bem e não só pelo sexo que fizemos. E que sexo. O melhor em anos.
Parece que é melhor quando não tem só o contato físico envolvido. Eu amo a
Alicia, porra amo muito. Percebo que nunca deixei de amar. Respiro fundo e
sento na ponta do sofá. Alicia está ajoelhada na frente do Tony com a cabeça
baixa enquanto baixinho tenta convencê-lo de alguma coisa. O clima é tenso
e desconfortável. Parece que acabamos de sermos pegos cometendo um crime
com pena de morte. Eu não queria me sentir assim e muito menos que ela se
sentisse culpada.
— Alicia... Eu vou te esperar meu amor, não deixa esse babaca interferir
na nossa história! — Arthur grita para as costas dela. — Quais suas intenções
com ela? — fala agora me encarando e fechando a cara.
— Não, mas eu posso ligar para ele. — fala e eu começo a dar risada.
— Não sei, acho que não vai ser uma boa ideia eu ficar aqui... — suspira.
— Estava pensando em ir para a Itália, talvez uma praia no Havaí. Preciso
ficar um tempo sozinha.
Enrugo a testa. Sozinha? Sarah não me parece o tipo de pessoa que ficaria
sozinha. Pelo que conheço dela posso até afirmar que ela odeia ficar sozinha.
— Sarah, eu não posso impedir você. No fundo eu sabia que vir para cá...
— Claro que você quer, mas não só da vida dele. — força um sorriso —
Está tudo bem, eu vou embora de qualquer forma.
— Eu sei, mas não resolve nada. — empina o queixo puxando a mão que
usa para jogar o cabelo por cima do ombro, e em menos de meio minuto volta
a ser a Sarah que eu conheço. — Espero que saiba o que está fazendo assumir
uma criança é uma enorme responsabilidade. Amanhã mesmo eu vou
embora, e você pode viver seu conto de fadas feliz.
— Como não? Tivemos uma conexão tão incrível. — ele suspira e dou
risada.
— Acho que vou subir, caso também queiram usar a bancada me avise.
— Argh! Não acredito que está falando isso, Nathan Carter! — ela bate
os pés enquanto subo dando risada e deixando ela mais possessa que nunca.
— Amor, hoje nós vamos comer o queijo quente e amanhã a mamãe faz
panqueca.
— Mas mãe amanhã tá longe, eu vou dividir com você... — ele levanta as
sobrancelhas sorrindo de lado e eu suspiro.
— Meu Deus, você tá parecendo seu pai.
— Sabe que em algum momento ele vai saber a verdade, né?! — Nathan
fala e percebo que ele estava parado na porta.
— Quando Alicia? Quando ele tiver dirigindo o próprio carro e indo para
universidade? Foi isso que pensou quando escondeu a gravidez e não me
falou nada, né?! Aposto que foi! — ele entra no quarto e caminha
rapidamente parando a centímetros de mim.
— Tio, a mamãe vai fazer panqueca. — Tony sorri olhando por cima do
meu ombro. Nathan suspira.
A pequena discussão chega até mim na escada, passo pela sala tentando
não ser notada, mas Arthur me vê e sorri na minha direção com uma
expressão de tédio. Entro na cozinha e pego meu celular. Há algumas
mensagens e ligações perdidas da minha mãe. Enquanto digito uma resposta
saio pelos fundos para olhar a noite e sentir a brisa. Já me sinto sufocada e
nem passou um dia.
— Acha que está acontecendo alguma coisa lá? — Arthur levanta uma
sobrancelha e da um sorrisinho.
— Por que me importaria? Nathan é livre pra fazer o que bem entender...
— Tem certeza, porque você não para de olhar para a porta. — baixo à
vista e encaro os olhos verdes do Arthur.
— Eu não estou olhando nada. — reviro os olhos e ele deixa escapar uma
risada alta.
— Boa noite, tio — eles se cumprimentam com o toque que Arthur fez
questão que ele apreendesse.
— A vovó tá dormindo?
Acendo a luz do abajur e forço meus olhos a abrirem, justo hoje. Faço
menção de levantar no mesmo minuto que a porta do quarto abre e Nathan
entra.
— Eu não fiquei esse tempo todo com ela. Eu estava falando com...
Espera, isso é ciúmes?
— Cedo demais para acordar ele com um boquete, sua safada. — ela fala
e continuo parada. — Não tenta disfarçar não, da pra te ver e sei que está
acordada!
Primeiro o Arthur, agora a Kete. O que mais eu posso esperar para esse
verão?
NATHAN
Desperto com algo mexendo e remexendo embaixo da coberta. Tenho
certeza que o Anthony acordou e muito cedo para quem ontem não queria
dormir de jeito nenhum, Alicia tinha razão, foi uma tremenda dificuldade
fazê-lo fechar os olhos. Até história eu tive que contar e o mais incrível é que
ela estava bem no nosso meio e não acordou. Abro os olhos lentamente para a
claridade e olhando para o lado me surpreendo ao vê-lo tão quieto e sereno
dormindo. Se ele está dormindo então... Não acredito! Isso só pode ser um
sonho. Com um pequeno sorriso já moldando meus lábios dou um bocejo
abafado no minuto que algo pequeno e quente toca minha perna me fazendo
ficar imóvel, sei exatamente do que se trata e não perco a oportunidade.
Mexo-me vagarosamente virando para o lado de forma que prendo Alicia
embaixo da coberta dificultando ainda mais sua saída já que estico o braço
mantendo a coberta no lugar. Ouço seu suspiro e seguro a vontade de dar
risada. — Arrr! Merda. — ela resmunga e toca minha perna com a ponta dos
dedos de novo, porém dessa vez escorregando o corpo para sair por baixo.
Tenho vontade de impedir sua performance prendendo a coberta nos meus
pés mas desisto quando apenas sua bunda aparece empinada para fora da
coberta me proporcionando uma boa e muito agradável visão. Esse
definitivamente é o melhor jeito de acordar.
— Se eu soubesse não teria falado nada, juro! — digo em meios aos risos.
— Foi sua culpa eu cair, e acho bom sair logo daqui, Kate chegou.
Provavelmente todos chegaram... — suspira.
— Eu te odeio! Sai. — assim que ela vira dou um tapa forte na sua bunda
e corro para o corredor. — Eu volto para descermos juntos. — ainda falo
antes de ela bater a porta me xingando de vários palavrões.
Entro no meu quarto e vou direto para o banheiro. Assim como Alícia
escolhi um quarto suíte e já estou me arrependendo, eu poderia usar essa
desculpa para ficar mais tempo no seu quarto.
Quando termino o banho visto uma camiseta e uma bermuda leve antes
de pegar meu celular. Enquanto seco meu cabelo com a toalha disco o
número do meu pai que atende no segundo toque.
— Nathan?
— Oi, mãe!
— Está tudo bem relaxa, cadê minha mãe, ela ainda está.. humm... por
perto?
— Sei. Você me ligando, só pode ter feito alguma merda! Sem falar
naqueles áudios desastrosos que me mandou provavelmente bêbado já que
estava chorando. Que merda você aprontou dessa vez? Pode falar, sua mãe
foi para o banheiro, vamos almoçar fora hoje!
— Eu não fiz nada, tá legal! Só quero contar uma coisa e talvez ouvir um
conselho.
— Mãe você disse que engravidou por acidente, essas coisas acontecem!
— suspiro.
— Foi na universidade, não foi? Quem é ela? É daquela menina que foi
no jantar com você? Eu sabia! Sabia... Dakota deixa o garoto falar! Vou
tirar do viva voz! — meu pai ameaça, mas ela continua resmungando.
Respiro fundo e pondero desligar a ligação, mas tenho certeza que se fizer
isso do jeito que minha mãe está agora, ela pega o primeiro voo e aparece
aqui só para me xingar.
— Puta que pariu! — meu pai me interrompe — Sua mãe está quase
desmaiando. Que porra é essa Nathan?
— Eu sei... — resmungo.
— Vai resolver? — ela da risada — Está ouvindo seu filho? Ele vai
resolver! Depois de quase cinco anos longe sem nem mesmo saber sobre a
gravidez, ele vai simplesmente resolver! A filha da Helô, ainda por cima
isso! Com que cara eu vou falar com ela agora? — ela continua — Cinco
anos seu estúpido! Você vai fazer o que, Nathan Carter! Assumir a
paternidade durante esse verão e depois voltar para a Alemanha? Sem
contar à garota que você trouxe com você, pretende resolver isso também?
— Mudou? Claro, a sua amiga que veio com você evidência muito essa
mudança! Fala com ele Dylan, fala com ele porque do contrário eu vou
pegar um voo e vou cometer um crime. — a ligação fica muda. — Caralho!
Eu devia suspeitar que isso pudesse acontecer. Fui idiota em te mandar para
a Alemanha e acreditar nas merdas que a Lice inventou sobre a gravidez. O
primeiro passo agora é concertar as coisas com ela, depois juntos vocês vão
saber o que fazer em relação ao garotinho.
— Mas, eu estou tentando pai...
— Ontem nós transamos e agora ela está meio que me evitando. Eu fico
confuso!
— Isso se chama cabeça de mulher filho, não queira entender, sua mãe
fez a mesma coisa comigo, no segundo que eu pensava estar fazendo algo
certo, ela vinha e estragava tudo... PORQUE VOCÊ ERA AINDA MAIS
ESTUPIDO QUE SEU FILHO IMBECIL! — mamãe grita e damos risada
juntos enquanto ela começa reclamar que estamos fazendo piada de algo sério
— Já estão na casa do lago, certo?! — meu pai sugere e meu silêncio
confirma — Quer saber como vai conquistar ela? Só não se esquecer do
garotinho, antes de satisfazer seu pau seja um pai! Eu vou acalmar sua
mãe... — ele suspira. — Eu te amo, seu cabeção. Qualquer coisa me liga e
tenta não dar um irmãozinho para o Tony, ok!
Ele desliga e a sensação que eu tenho por incrível que pareça é de ter
tirado um peso das costas. Agora eu preciso realmente fazer como meu pai
sugeriu o que não vai ser nada complicado, pois eu sinto que já amo o
Anthony. E não teria como não amar. Eu amo os dois e não vou perdê-los de
novo. Passo um pouco de perfume e saio do quarto. Dou algumas batidas na
porta do quarto da Lice e espero ela abrir com as mãos apoiadas no batente.
Depois de uns minutos ela finalmente abre a porta, entretanto a me ver revira
os olhos e suspira se afastando. Tento ignorar o fato de ela estar vestida com
um shortinho e uma camisa que marca perfeitamente seus seios fartos e
redondos e entro. Seu rabo de cavalo molhado indicando que ela acabou de
tomar banho. Fico alucinado com vontade de puxa-lo com força e ao mesmo
tempo passar minha língua na carne macia do seu pescoço.
Por um momento eu fico sem reação diante dela que me encara com um
brilho sedutor e hostil no olhar.
— Não acho, tenho certeza. — posiciono uma mão em sua nuca e outra
em sua cintura e não penso muito quando enfio a língua em sua boca. Alicia
geme e seus dedos se enlaçam em meus cabelos com ansiedade. Não é um
simples beijo romântico e comportado eu tomo sua boca com vontade e ela
retribui. Enlaço nossas línguas, chupando com volúpia e sendo chupado na
mesma intensidade. — Eu quero sentir você, caralho Alicia! Você vai me
enlouquecer... — gemo em seus lábios.
— Quer que eu te coma mais uma vez, Alicia? — aperto sua bunda forte
lambendo o canto da sua boca.
— Nathan;.. — choraminga em meus lábios com a voz suplicante.
— Quer que te coma agora Alicia? Quer gozar novamente no meu pau...
— indago ofegante, afastando nossos lábios para encarar seus olhos pesados.
Meu pai como sempre está certo. Antes de satisfazer meu pau tenho
obrigações como pai. E algo no sorriso do Tony me faz sorrir junto em
perceber que em se tratando do meu relacionamento com a Alicia eu terei um
aliado.
ALICIA
— Mãe você gosta do tio Nathan? — Tony pergunta pela milésima vez
enquanto desço as escadas de mãos dadas com ele.
— Ela gosta, por isso estávamos beijando. — Nathan ralha ao nosso lado
e eu o fuzilo com os olhos.
— Nada...
— A mamãe deu beijo no tio Nathan pra sarar o dodói! — Tony responde
junto comigo e pula o último degrau correndo para abraçar a Kate que tem
um sorrisinho sacana moldando os lábios enquanto me encara.
— Aposto que o dodói dele sarou. Porque você não vai lá perguntar se ele
quer um beijo meu também. — coloca Anthony no chão. — Primeiro aquela
ligação de madrugada chorando, depois foto dele dormindo com Anthony,
agora beijo?! Vocês transaram?
— Ah, sua safada. Lexi me fez sair de casa praticamente correndo por
causa do seu drama e você aqui revirando os olhos. Eu sabia, quando você
enviou aquela foto dos dois eu bem que suspeitei.
— Você nem fica vermelha para mentir, Alicia. Sua sem vergonha!
— Nossa... safada, sem vergonha, tudo isso porque eu transei com ele. —
faço uma careta.
— Sério você está com ela? — Kate parece tão surpresa quanto eu.
— Não estou com ninguém, mas eu a trouxe e não quero vocês três
perseguindo a garota a troco de nada.
Nathan está com Anthony no colo comendo cereais perto da pia enquanto
Kate e Lexi estão sentadas no balcão tomando suco de laranja, nenhum sinal
da loira, mas como a porta dos fundos está aberta sei que provavelmente ela
saiu.
— Preocupada comigo?
— Para de se preocupar tanto Alicia, não vai acontecer nada com ele. —
responde e senta no balcão com um garfo na mão.
— O que acha que vai fazer? — volto a me aproximar. E ele pega uma
boa quantidade de ovos no prato e enfia na boca me fazendo revirar os olhos.
— Não presta nem mesmo para fazer o próprio café! — suspiro.
— Não, não podemos. Se você não quer participar da conversa então tudo
bem, eu falo com ele sozinho mesmo.
— Não acredito. Você contou isso assim por telefone? — meus olhos
estão arregalados enquanto tusso tentando não me afogar com suco de
laranja.
— Eu acabei contando sem querer, mas pensa pelo lado positivo. Não
temos mais desculpas.
Entrega para mim a luva térmica que usou para enxugar os respingos de
suco.
— Ah qual é Kat, sei que você está doida para me beijar. — Ethan
comenta divertido e ela revira os olhos.
— Olha quem decidiu aparecer... Entra Barbie, senta aqui do meu ladinho
para jantarmos. — Arthur sorri.
— Acho isso deplorável, odeio essa mania que vocês têm de rotular as
mulheres. — Lexi reclama dando um último gole no suco de laranja. —
Aposto que a loira é mais que um par de pernas.
— Às vezes fazer isso faz parte da minha rotina desde que o Tony nasceu.
Provavelmente não é algo que você costume fazer a noite. — sinto uma
pontada de ironia na sua voz e enrugo a testa.
— Mãe, você tem que deitar aqui... — Tony levanta na cama apontando o
meio. — Para você não ficar com medo.
Volto a encarar a televisão, mas meu pau parece pulsar dentro da boxer,
tenho certeza que minhas bolas estão roxas de tesão acumulado. Não achei
que isso seria tão complicado, péssima ideia Alicia deitar no meio. Penso
comigo mesmo voltando a me aproximar dela.
ARTHUR BACKHAM
Termino de jantar e me distraio vendo as mensagens que estão chegando
sem controle no meu celular. Algumas semanas fora e Kiara não me deixa em
paz um minuto que seja. Eu nem sei por que ainda perco tempo respondendo-
a. Bom, ela é muito gostosa e gosta de me agradar. Isso com certeza conta.
Termino de digitar uma resposta rápida enquanto subo as escadas para o
andar de cima. O resto do pessoal foi beber na beira do lago e o casal do
momento nem preciso dizer nada, provavelmente estão trancados no quarto
com Anthony. Caminho sem fazer barulho pelo corredor extenso e fico
tentado a bater na porta ao lado do meu quarto, mas desisto e entro. Sinto que
estou me preocupando demais com a tal Sarah e só o que eu ganho dela são
respostas afiadas.
Sinceramente, eu nem sei como aguentei uma viagem inteira ao lado dela.
Percebi que além de metida a garota é um verdadeiro pé no saco. Não sorri,
não fala e não come. Na verdade tenho quase certeza que ela é um androide
alemão super desenvolvido e sem emoções. Um androide aparentemente
lindo, com lábios rosados em formato de morango, chamativos, sexy e que
aparenta ter um gosto extremamente viciante. Porra. Estou cheio de tesão
acumulado por causa de algumas horas perto da maldita Sarah. Só para isso
que ela serviu, para foder com meu juízo. Ter aquele par de pernas bem
embaixo do meu nariz no carro e não poder sequer encostar foi um sacrifício
que merecia reconhecimento. Além é claro, do fato de instala-lá quando
chegamos já que Nathan estava... ocupado.
Merda!
— Não faz diferença. — fala por fim e sua voz agora não passa de um
sussurro quase que inaudível.
— Foi... o Nathan? — é uma pergunta idiota. Sei que Nathan não seria
capaz de fazer algo assim pelo que conheço dele, mas eu preciso saber. Porra.
Preciso muito saber. Seus lábios em formato de morango se repuxam em um
sorriso e percebo seu olhar suavizar enquanto ela pisca os cílios.
— Calor... Bem aqui — suas mãos descem para sua boceta e eu quase
engasgo com a saliva.
— Está gelado. — ela grita tentando sair da água. Quando a enfio no box.
— Obrigada por ficar comigo. — diz pesando por mim e indo para a
cama. Não acredito que ela tirou a calcinha. Não acredito que ela está nua.
Totalmente nua vestida com minha camisa. — Argh! Isso está sem açúcar...
— ela continua falando. — Tutu? Vem deitar comigo.
Odeio esse apelido ridículo e odeio achar isso sexy saindo de seus lábios.
— Não posso. — resmungo passando as mãos no cabelo. Eu não sou tão
forte assim. Porra, nenhum homem na minha posição seria.
— Você é tão bonito. — suas mãos enlaçam meu pescoço e sem que eu
espere ela me rouba um selinho. Parece que ela fica mais ágil sempre que eu
me viro.
— Pra caralho...
— Não vou fazer isso. A última vez que soube de sexo misturado a
bebidas Anthony nasceu.
— Por favor, Arthur. Por favor, não me deixa sozinha, fica comigo! —
sua proximidade é o estopim do meu autocontrole. Seguro em sua cintura e
colo nossos lábios e como eu imaginei seu gosto é doce como o inferno. E
isso me deixa mais faminto por ela.
— Acha que consigo dormir excitado como estou agora? — ele parece
estar se divertindo com a situação e tenho certeza que está sorrindo.
— Eu não deixei nada e pensando bem acho que já pode ir para o seu
quarto! — cruzo os braços.
— Eu não posso ir, prometi para o Tony que dormiria aqui com ele! —
sua mão toca minha boca e eu prendo seu dedo em uma mordida. — Caralho!
— ele se assusta e agora eu que estou dando risada.
— Você sabe muito bem! — reclamo e faço uma careta. Ainda bem que
está escuro, olhar para a cara de deboche que com certeza Nathan está
fazendo agora não me ajudaria em nada.
— Lice... — sua voz soa suave — Sabe que eu te amo, né?! — não
respondo — Eu acho que você também me ama... e sabe, é comum duas
pessoas que se amam fazerem coisas indecentes.
— Não quando elas têm uma criança dormindo com elas. — viro de
costas para ele arrumando bem a camisa no corpo para não ficar com a bunda
a mostra.
— Então você concorda que nós nos amamos? — ele se vira também
ficando em uma posição que acabamos de conchinha e claro que sentir o
volume mal contido na sua boxer me faz imaginar se ele esteve assim esse
tempo todo. Na verdade nem sei bem quando peguei no sono. Eu só me
lembro de receber carícias e cafuné que não recebia há muito tempo.
Ele faz menção de abrir as janelas, mas olha de mim para o Tony e desiste
caminhando até parar na minha frente.
— Eu não vou sair Lice. — fala tão calmamente que minhas respostas
ficam presas na garganta. — Você escolhe... chão, parede ou aquele sofá. —
se abaixa quase me tocando e apaga o abajur deixando apenas o brilho
prateado da lua como iluminação.
— Ahhh — gemo mais alto do que deveria para quem acabou de exigir
silêncio.
Ajoelho-me diante dele e sem hesitar desço sua boxer. Seu pau salta
deliciosamente duro diante dos meus olhos, e é com uma vontade visceral
que colocou-o na boca, lambendo a glande antes de enterrá-lo até a raiz,
levando-o à minha garganta e trazendo de volta. Nathan passa a gemer alto
me obrigando a interromper meus movimentos.
Ele não precisa pedir duas vezes, eu estou ansiando por senti-lo e nem me
dei dou conta que preciso tirar a calcinha antes de montar em seu colo e
devorar sua boca.
— Se o Tony acordar...
— Ah... sim...
— Hum rum...
— Claro que está! Foi mal eu não quero atrapalhar é que amanhã vamos
fazer trilha de manhã. Espero vocês dois! Ok Nathan?! — se afasta e tenho
uma crise de riso.
Voltamos para o quarto na ponta dos pés e rindo um para o outro como
dois adolescentes apaixonados, mas antes de alcançarmos a cama ele se move
silenciosamente e com muita agilidade nos levando para o chão.
— Acho que você me ama — fala depois do longo silêncio, sua boca
tocando minha orelha.
Eu até tento, mas não consigo evitar o riso de pura felicidade e satisfação.
Aqui, em seus braços, eu concluo que a vida não pode ficar mais fácil. E se
caso ela mais para frente decida não ficar fácil, tentamos com dificuldade
mesmo.
NATHAN
Abro os olhos sentindo meu corpo dolorido em partes que eu nem sabia
que poderiam doer. Esse é o resultado por dormir no chão. Depois do que eu
e Alicia fizemos acabamos pegando no sono e só acordamos quando os
primeiros raios de sol invadiram o quarto. Provavelmente castigo por ter sido
irresponsável, e eu bem que tentei relaxar com o sexo quente que tivemos no
banheiro, mas Alicia estava tão irresistivelmente tentadora e sorridente que
eu acabei caindo em tentação, de novo. Levanto tentando fazer silêncio e
caminho para o banheiro, parece que passei a noite malhando. Olho para
Alicia deitada ao lado do Anthony e respiro fundo. Não foi certo fazer o que
fizemos com ele aqui sem duvidas estou pagando o preço por minha total
imprudência, mesmo assim eu não pretendo contar isso ao meu filho, bom
quem sabe um dia quando ele for adulto e queira conversar sobre como eu me
apaixonei pela mãe dele, consigo lembrar uma vez que fiz isso com meu pai e
me arrependi amargamente no minuto que ele para me provocar desatou a
falar algumas das inúmeras besteiras que fazia com minha mãe e pior,
comigo ainda dentro do útero. O que na época eu achei o maior absurdo e
olha para mim agora, transando no chão do quarto onde meu filho estava
dormindo. Certo, me atirem pedras eu devo merecer, mas não consigo me
arrepender de nada. Faria tudo de novo e mais um pouco. Provavelmente essa
é apenas mais uma das loucuras que faço por amor. Entro no chuveiro e deixo
a água quente relaxar meus músculos rígidos.
— Claro culpa minha, você estava mesmo sendo obrigada. — encaro seu
rosto com uma expressão de deboche.
— Se você considerar bem minuciosamente eu basicamente fui induzida
e até seduzida, porque que eu me lembre bem.. Eu sempre pedi para você
parar.
— Quer que eu ajude você se lembrar quais foram suas palavras ontem?
— arqueio as sobrancelhas. — Entra aqui!
Termino o banho e enrolo uma toalha na cintura para sair já que não
tenho roupas aqui. Entro no quarto e encontro os dois dando gargalhadas.
— Ah! Vou te dar umas palmadas, seu sapeca! — Lice começa fazer
cócegas em sua barriga e ambos caem deitados na cama. Isso me faz lembrar
quando minha mãe fazia isso comigo e meu pai ficava parado olhando e
sorrindo igual bobo do jeito que estou agora. Eu tenho uma família. Porra, eu
tenho uma família.
— Nathan, você não pode falar isso assim, precisamos preparar ele. Tem
que ser com cal...
— Filho, lembra que a mamãe te falou que você tinha um pai, mas ele
tinha ido embora e não sabia sobre você? — conforme Lice explica — Tony
não para de me olhar. E tem tantas emoções nos olhos que eu fico sem saber
como reagir. — Então, meu amor, foi com o ti... Com o Nathan que eu
namorei para ter você. Mas depois ele teve que ir embora e eu não consegui
falar sobre você!
—Tony, o Nathan soube de você e ficou muito feliz, agora queremos que
você saiba também.
— Não, não filho. Eu nunca mais vou embora. Eu era um idiota. Agora
eu tenho você e não vou nunca mais. — inesperadamente Tony se joga nos
meus braços me abraçando e começa a chorar assim como Alícia que tenta
disfarçar as lágrimas. — Ei, carinha eu te amei no minuto que coloquei os
olhos em você!
— Mãe... eu tenho um pai! — e era uma vez o choro. Agora Tony parece
ligado na tomada de tanta animação. — Vocês vão me dar um irmãozinho
agora?
— Nathan, não incentiva, pelo amor de Deus! A mamãe não pode ter um
bebê agora, Tony!
— Por quê?
Paro de dar risada e encaro o Tony sentindo meu peito inchar de tanto
orgulho.
— Lice...
— Nem vem com Lice... vai papai, explica para ele. Quero ver! — Alicia
incentiva levantando e indo para o banheiro.
Enrolar o Tony foi mais difícil do que eu pensava sem contar os tapas que
eu recebi da Alicia em meios das suas risadas quando eu falei da famosa
sementinha que eu faria para ela engolir. Sim, foi o melhor que eu consegui
pensar no momento. O resto da manhã foi de pura farra, risos e gritos da
Alicia por conta dos palavrões perto do Tony.
— Ser pai é falar as mesmas coisas diversas vezes sem perder a paciência.
— ironiza.
— Estava tomando banho lá, mas com as orelhas aqui, né?! Curiosa! —
replico e ela me mostra a língua.
— Tony, o papai precisa ir colocar roupa. Ele não vai sumir! E você
precisa ir para o chuveiro.
Abro a porta do quarto e dou de cara com a Kete que me avalia de cima a
baixo e solta um assobio espalhafatoso como ela.
— Sabia, que tem mulheres nessa casa, o Sr. peladão? — Lexi fala
batendo a porta do quarto um pouco à frente e interrompo os passos. — Está
explicado porque o Tarzan não foi para a trilha hoje cedo, né?! — encaro seu
rosto inchado e o cabelo que mais parece um ninho de passarinho e arqueio
as sobrancelhas.
— Você por acaso foi?
— Fala sério, você não leu o livro Entre quatro paredes da Thea, não?!
Eu não preciso entender essas mulheres. Decido por fim e caminho para o
meu quarto para finalmente vestir uma roupa. Hoje tudo indica que meu dia
vai ser cheio e me sinto estranhamente empolgado. Mas, antes preciso ligar
para minha mãe, tenho certeza que dona Dakota vai adorar saber a novidade.
— Ah, filho... até o final do verão você vai estar perfeitamente lindo de
smoking esperando ela na igreja! Pode escrever!
— Mãe! Para.
— Dylan você ouviu isso! Que coisa fofa... — minha mãe volta a fungar
do outro lado da linha.
— Filho, papai já está indo. Só vou terminar de falar com sua avó
chorona.
— Tão amável irmãzinha! — Matt faz uma careta para a Kate que mostra
a língua como resposta. — Estou feliz por você, cara! Mas se você sumir de
novo...
— Não posso dizer que sinto muito. — sou sincera. Eu realmente não
sinto que eles tenham acabado e no fundo posso estar sendo uma pessoa
egoísta, mas realmente espero que ela vá.
— Vai carregar ele o tempo todo? Sabe que vamos precisar pegar coisas
pesadas, certo? — tento começar outro assunto tentando fazê-lo parar de me
encarar.
— Porque está com esse bico? — ele segura meus lábios entre os dedos e
consegue me deixar irritada em um milésimo de segundo. Juro que a ligação
não me irritou, mas isso... isso é inaceitável.
— Para de ser idiota! — dou um tapa na sua mão e isso o faz rir ainda
mais. Bufo uma lufada de ar e começo a andar na frente até essa irritação
boba se esvair.
— Estou bem... e poxa, você fica mais linda a cada dia que passa, já faz
um tempinho que não nos vemos. Como está o Tony?
— Bem... ele está bem. — olho para a cara seria do Nathan e volto a
encarar o pediatra do meu filho. Claro que depois de conhecer o médico do
meu filho as meninas tentaram marcar um encontro e por sorte eu me
esquivei. Doutor Erick é jovem e lindo assim como é mulherengo ao
extremo. Tenho certeza que eu não seria a única mãe a esquentar sua cama.
— Erick, deixa eu te apresentar... — me aproximo do Nathan que está quieto
demais — Esse é o... Nath...
— Tudo bem, Nathan? — Erick estende a mão que Nathan aperta sem
dizer uma única palavra. — Eai, garoto... não acredito que você cresceu mais
desde a última vez que nos vimos... — brinca bagunçando o cabelo Tony que
sorri o cumprimentando com o toque de mão que virou costume entre os dois.
— Eu sei que cresceu! — Erick sorri focando agora sua atenção no rosto
tenso do Nathan — Não me lembro de ter te visto em nenhuma consulta. —
conclui perdendo uma ótima oportunidade de ficar calado.
Permaneço virada de costas sem entender o que deu nesse homem para
fazer isso.
— Vocês já...
— Meu sim?
— Exatamente.
— Claro que não, não vou te pedir em namoro de onde tirou isso? — vira
para frente e liga o carro para sairmos do estacionamento. Nossa! Acho que
agora ficou bem claro que um relacionamento entre nós dois realmente não
vai acontecer. Penso comigo mesma enquanto internamente me afundo no
meu próprio sentimento de desapontamento. Eu estava mesmo nutrindo uma
esperança que isso fosse acontecer. Olho para ele um tanto sentida e ele dá
uma gargalhada provavelmente se divertindo com minha cara de idiota
apaixonada. — Eu vou te pedir em casamento Alicia Montanari! — conclui.
— O QUE????? — grito engasgando na minha própria saliva.
KATHERINE BACKHAM
Puta merda.
Levanto e vou até a cômoda. Meu rosto me parece sem graça demais. Eu
sou por completo. Como Ethan olharia para mim. Ele que é lindo, alto e com
músculos digno de um atleta dedicado. Há uma insinuação de barba por fazer
sombreando o rosto másculo e o nariz dele é perfeito. Santa porra, aquele
nariz é um charme. Juro que tentei me manter centrada, mas bastou uma noite
no lago perto dele para perceber que sua postura de não-dou-a-mínima-para-
Kate permanece intacta. Maldito. Inacreditável que depois de praticamente
três anos sem me ver ele segue com essa linha de pensamento arcaica.
Suspiro derrotada enquanto a escova escorrega nos meus fios castanhos.
Dessa vez eu não vou facilitar para ele, não que eu tenha feito isso antes, o
fato é que Ethan é um objeto de prazeres proibidos ofertado pelo próprio
demônio e eu vou ter minha vez com ele. Meu verão acabou de ganhar um
novo propósito. Depois de tanto tempo não posso me tornar uma virgem na
meia idade. Ok, não é como se eu estivesse me oferecendo a qualquer um. Eu
conheço o Ethan e sou atraída por ele desde os tempos de colégio. Por mais
que não queira, o infeliz me tem completamente. E eu me decidi. Não vejo
mal em usá-lo para um propósito onde ambos serão beneficiados.
— Ethan, vai ser legal se você for... — a voz feminina fala de forma
melosa e reviro meus olhos.
— Não gosto de baladas, linda. Mas por você eu vou! — ele responde e
minha vontade é vomitar. Tomo um generoso gole da minha bebida e decido
ignora-los por hora.
Meus irmãos e suas ideias estúpidas. Dou uma boa olhada nos dois e
sorrio para o loiro nada parecido com a irmã. Adam ao contrário da Valery
sempre foi muito gentil apesar de ser um cretino em se tratando do sexo
feminino. Acho que na escola eu fui uma das poucas a resistir seus cortejos.
Meu foco estava totalmente no moreno deliciosamente sério encarando meu
decote com demasiado interesse.
— Vai nos meter em problemas, não sei por que tirou essa porra de short.
— sua voz é fria, mas seu olhar é penetrante e quente. Oh, Deus. Isso é tão
excitante.
— Está calor... — dou um sorrisinho quando sinto sua mão deslizar nas
minhas costas e porra; elas são tão suaves. Grandes e áspera na medida certa,
despertando em mim desejo de senti-las em outras partes. — Também não
alcanço meu bumbum, você poderia, por gentileza, passar aí? — dou uma
risadinha abafada e sorrio ao ver por cima do ombro que ele engoliu em seco.
— Nem fodendo. Não vou encostar na sua bunda. Faça você mesma e
também não é como se fosse grande coisa... — ele arqueia a sobrancelha
quando vê que eu me incomodei e bufa jogando o vidro na espreguiçadeira
antes de se afastar.
Abro os olhos e percebo que estou sendo carregada para dentro da casa.
Droga, acabei pegando no sono e estava me distraindo tanto com a tagarelice
do Adam que depois de uns minutos se juntou a mim. Ok talvez isso tenha
me feito dormir. É uma hipótese a ser considerada. Tento sentir desconforto
devido ter ficado no sol, mas isso não acontece. Barulhos no andar de baixo
mostra que alguém chegou, mas então eu já estou dentro do quarto. Sou
colocada na cama e então um par de olhos avelãs com um pouco de verde me
encaram.
— Estava acordada?
— Não acho uma boa ideia você sair com o Adam. — ele se endireita.
— Sério? Achei que você tinha amadurecido, mas pelo que estou vendo
continua agindo igual criança... — caminha pisando duro para a porta.
— Tão? — incentivo com uma risadinha. — Não vou ficar com ele, estou
me guardando para outra pessoa...
Ele não responde e abre a porta do quarto saindo tão rápido quando é
possível. Caio sentada na cama. Talvez isso seja mais fácil do que eu estava
esperando.
NATHAN
Chegamos à casa praticamente junto com todo mundo. E logo iniciamos o
churrasco, todas as meninas se reuniram na cozinha para agilizar algumas
coisas e eu fiquei na varanda com os meninos e Tony que acordou e não quis
sair do meu lado. Durante o trajeto de volta Alicia não respondeu minha
pergunta, mas sua expressão de contentamento bastou para eu perceber que
realmente é isso que eu quero. Eu já perdi tempo demais longe. Vou pedir
transferência da Universidade apenas para pegar meu diploma e não vou me
afastar nunca mais das duas pessoas mais importantes da minha vida. Já até
consigo imaginar como minha mãe vai ficar com a notícia.
— Eu sempre sei quem Alícia é, ela a Lexi são mais diferentes do que
aparentam e também, Lexi agora está loira. — dou de ombros. Eu nunca
confundi as duas por incrível que pareça. Mesmo Lexi sendo igual Alicia
fisicamente eu me apaixonei pela pessoa maravilhosa que Alícia é. Pela sua
personalidade. Tenho certeza que mesmo se Alicia tivesse quatro irmãs
gêmeas, ainda assim ela sempre seria minha escolha.
— Nate, quando você tiver um tempinho troca a camisa do Tony, essa ele
sujou de sorvete no mercado. Coloca a regata preta e joga essa no cesto
dentro do banheiro. — Lice fala se aproximando de mim e me entregando
uma garrafa de corola.
— Tudo bem, amor. — sorrio pegando a garrafa da sua mão e dando uma
boa golada no líquido gelado. — Se lembra da Valery? — questiono
apontando com a cabeça para a garota ao meu lado e ela arrasta os olhos do
meu rosto com uma expressão desanimada.
— Sou péssima com cozinha, prefiro ficar aqui mesmo. — Valery sorri.
— É claro. — Lice faz uma careta. — Coloca uma camisa também, tá! —
fala na minha direção e sobe os degraus para dentro da casa apressada. Pego
Tony no colo e não consigo evitar o sorriso.
— Sabe o que é isso? — ergue para meus olhos a mão livre com o punho
fechado. Balanço os ombros em resposta. — Isso, são suas bolas.
— Quer vim aqui pegar o pau também? — dou as costas para ele subindo
as escadas.
No armário a parte mais difícil foi achar a tal regata preta e quando
finalmente achei meu filho muito travesso não quis de nenhuma forma
colocar. Acabei por colocar nele uma camiseta azul com estampa de herói. O
cabelo foi fácil e assim que me dei por satisfeito sai com ele do quarto e fui
no meu pegar uma camisa para mim.
Entro na cozinha e Kate já me faz parar e fazer pose para foto. Ajeito
Tony nos meus braços e sorrio para a minúscula câmera no celular.
— Tal pai tal filho! Vou mandar para o tio Rafael. — da uma risadinha.
— Nathan, não acredito que colocou essa camisa nele. — Lice suspira
nos encarando. — Vai manchar de gordura.
— Vem Tony, vamos tirar foto perto do lago. — Kate chama segurando
em sua mão.
— Cuida dele, hein! — falo quando eles começam se afastar e ela vira
mostrando o dedo do meio. — Filho se essa maluca te deixar sozinho você
avisa o papai. — grito quando eles passam pela porta.
Aproximo-me da Sarah e sento à mesa do seu lado.
— Está gostando mesmo dessa coisa de ser pai, não? — sussurra nem
sequer levantando o rosto para me encarar.
— Bem. Estou bem. Hoje Arthur me levou para conhecer a cidade que
tem aqui próxima e, parece um lugar ótimo para morar...
— Talvez. — ela sorri da forma que costuma fazer quando vai aprontar
algo em seguida levanta segurando a refratária com as frutas cortadas. —
Terminei. — fala caminhando para perto das meninas e estende a mão
entregando.
Sarah passa por mim com um sorriso e fico tão surpreso com sua
mudança repentina que meus olhos acompanham seus movimentos até que
ela desapareça. Quando volto minha vista para frente Alicia está me
encarando com a mão na cintura e já não vejo Lexi em nenhum lugar.
— Porra, Alícia! Olha o que você fez? — aponto para o volume no meio
das minhas pernas nada contido no short e ela da uma gargalhada.
— Vou te fazer gritar meu nome e todo mundo vai ouvir, safada!
ALICIA
Nathan me abraça e antes que eu reclame do tapa suas mãos já estão
apertando minha cintura e sua ereção encostando na minha bunda me
deixando totalmente alerta.
— Nate... para com isso. — peço fechando os olhos e ele me solta tão rápido
que imediatamente sinto sua falta. É incrível como fico confusa perto do
Nathan. Ao mesmo tempo em que quero brigar, quero beija-lo e agarra-lo por
horas a fio. Encosto as costas na pia e encaro seus olhos verdes me encarando
de volta com um misto de luxúria e divertimento. Dou um suspiro dramático,
Nathan consegue ficar ainda mais lindo quando estamos assim tão perto. Eu
fico hipnotizada, e totalmente entregue como uma presa fácil apenas com a
insinuação de suas mãos sobre meu corpo.
— Tem certeza que quer parar? — passa as mãos no cabelo bagunçando mais
seu penteado desgrenhado.
— Quarto. — ofego apoiando em seu ombro. Não quero mesmo ser vista na
cozinha fazendo além de afazeres domésticos e de preferência com minha
roupa no lugar.
— Seu pedido é uma ordem. — com essas palavras ele me arruma e sem que
eu espere me joga nos ombros de forma inesperada arrancando-me um grito
de surpresa. — Poupe seus gritos — fala deferindo outra palmada na minha
bunda empinada e próxima ao seu rosto. Olho em volta mais uma vez
enquanto seguimos para o quarto e ainda consigo ver de soslaio Lexi na porta
da cozinha.
Nathan se aproxima com uma expressão de puro desejo e percebo que essa é
minha motivação para não sentir vergonha. Seu toque, seu desejo e a forma
como se dedica a mim e ao nosso pequeno.
— Ah! — gemo quando ele aperta com força ainda trabalhando no meu
pescoço.
Assim que joga meu vestido no chão sua mão avança para dentro da minha
calcinha. Seus dedos brincam com minha intimidade e abro a boca
absorvendo a sensação de seu toque. Nathan segue firme em sua investida
enquanto sua língua me tortura deixando mordidas leves no lóbulo da minha
orelha. Faço exatamente o que ele disse que faria gemendo ebriamente
incapaz de fazer qualquer outra coisa. A sensação é tão intensa que
involuntariamente junto minhas pernas em busca de alívio e sinto o tapa no
lado esquerdo da minha nádega me punindo.
— Nate... oh! Por favor... — suplico com dificuldade de manter meu peso
sob minhas pernas.
— Quero suas pernas abertas, entendeu? — me vira e agora toca meus seios.
Sem conseguir formular uma palavra sequer, apenas passo a língua pelos
meus lábios e logo sua boca assaltar a minha, em um beijo intenso e sensual.
Choramingo quando Nathan morde meu lábio inferior, me libertando e
arranhando meu rosto com sua barba por fazer — Entendeu, Alícia?
— Gosto disso. — sua voz rouca combinada com o calor de sua pele me
causa um frenesi simplesmente divino em um efeito excitante. Sinto um dedo
percorrendo minha coluna até minha nuca e um arrepio sobe pela minha
espinha. — Tira a calcinha e deita.
Antes que consiga reclamar sua falta, sinto seu peso na cama e de repente sua
boca na minha coxa. Sua língua desponta e começa a trilhar minha pele. Me
mexo. O toque molhado se vai ao mesmo tempo em que sinto a ardência do
tapa em minha coxa direita. Dói e ao mesmo tempo me excita ainda mais.
—Ah! Por favor... — agarro seu cabelo e um tapa leve na minha vagina
quase me faz ondular. Entro em um estado de êxtase tão grande, que me sinto
fora de mim. As sensações de sua língua me penetrando, sua barba por fazer
arranhando, são enlouquecedoras, e muito, muito prazerosas.
— Sei o que você quer minha safadinha... e vou fazer você gozar.. — segura
firme em meu quadril e o barulho da sua respiração, se misturando com meus
gemidos é um estimulante deliciosamente excitante. Meu ventre se contrai, e
a familiar vibração começa a me assaltar sem aviso. Arqueio minha coluna do
colchão, sentindo seus dedos apertarem forte em minha pele para me manter
no lugar.
— Não sou sua noiva, seu imbecil. — digo voltando a encarar o espelho. —
Sabe o que eu estou mostrando, você me deixou toda vermelha.
— Quero que todos vejam que você me pertence. E adianto que eu não
precisaria fazer isso se fôssemos noivos. — conclui e mostro o dedo do meio
como resposta.
— Nós já estamos sumidos por muito tempo. Preciso ver como Tony está. —
chamo afastando o rumo que meus pensamentos estão seguindo.
— Está perfeito pra caralho, eu fiz uma verdadeira obra de arte. — se gaba.
— Você é um imbecil.
— E de menos no meio das suas pernas, mas podemos mudar isso! — tenta
segurar a barra do meu vestido.
— Não mesmo. — afasto-me caminhando para a porta. — Por sua culpa nem
vou poder colocar biquíni. — cruzo os braços com um biquinho.
— Agora mesmo! Obrigada Nathan, por ser um filho da puta! — digo e ele
me encara surpreso com os olhos arregalados.
— Sua safada! — avança na minha direção e corro para fora do quarto dando
risada.
— Não vou deixar o Tony com uma desconhecida para ir à balada. — sento
na beirada da cama enquanto meu filho continua com o celular do pai
totalmente alheio a nossa conversa.
— Kate! — grito olhando por sobre o ombro na direção do meu filho e ela da
risada.
— Acha que o Ethan vai gostar? — fala passando meu batom vermelho. Nem
preciso dizer que minha nécessaire está toda revirada em cima da cama.
— Pode ter certeza! — pisca na minha direção rebolando para fora do quarto.
Que Deus proteja o pobre Ethan. Penso comigo mesma.
— Cheguei família! — Nathan grita entrando e o muito safado do meu filho
finalmente solta o celular. Eu insisti tanto e ele sequer olhou pra mim.
— Caralho, que tanto ela bebeu? — ele coça a cabeça. — Vou levá-la
para casa.
— Não vou tocar em sua irmã. — prometo e não espero por sua resposta
saindo da boate a arrastando junto já que ela mal consegue se manter sob as
pernas.
— Estou te excitando, Ethan? — sua mão desce ligeira pelo meu corpo e
com uma mestria de profissional ela consegue agarrar minha ereção por cima
da calça.
— Pare com isso, porra. — desisto de procurar pelo meu carro e começo
a caminhar à procura de um hotel. Não me atrevo a entrar em um carro com
ela agora, pois provavelmente vamos bater ou causar um acidente. Continuo
puxando-a pela mão e nem me importo quando ela começa tropeçar.
— Kate para com isso. Eu prometo que vou dormir com você! Só nós
dois. Agora para! — falo e ela para de se mover quase que imediatamente,
então se aninha enfiando a cabeça no meu pescoço e murmura algo que eu
não entendo.
Eu achei mesmo que ela estava dormindo, mas no minuto que bato a
porta do carro ela volta me atormentar, Kate me tenta com sua língua quente
atrevida, chupando, mordiscando e molhando meu pescoço e pra piorar ela
não tem nenhum pudor enquanto sussurra sacanagens no meu ouvido.
Algumas eu diria tão absurdas que acabo dando risada. Eu só consigo me
sentir em um teste de sanidade e resistência e estou por um fio de perder a
compostura. Valery parece mais incomodada que eu, mas se mantém neutra
mesmo quando Kate a chama de pica-pau. Uma merda de apelido, diga-se de
passagem, além de me atormentar com suas investidas ela ainda me obriga
segurar o riso toda vez que olho para o cabelo avermelhado da garota que
está nos ajudando. Ela até mesmo imitou a risada do desenho, e dessa vez não
consegui evitar e acabei gargalhando junto com ela. Katherine é uma
demônia enviada das profundezas para foder com minha vida. Eu sempre
soube disso. Sua única missão é mandar para o inferno todo meu
autocontrole. Minha vontade agora é realmente rasgar esse maldito vestido e
meter fundo em sua boceta até ela calar a porra da boca e esquecer o próprio
nome.
— Ajuda ela deitar e depois desce, eu vou esperar aqui. — Valery fala
apontando a direção da enorme sala.
— Espera sentada. — Kate ralha e morde minha orelha. — Ele vai dormir
comigo, pica-pau.
A casa é enorme por dentro como é por fora e eu não vejo necessidade de
manter um lugar assim e não usufruir. Segundo Valery seus pais quase nunca
vêm para cá. Totalmente o contrário dos meus avós que tem uma verdadeira
adoração pela casa que comprou na praia.
Não é nada demais. Apenas para ajudá-la. Penso para convencer meu pau
que está tão duro que chega incomodar. Kate levanta a vista e sorri de forma
tão doce que eu me vejo há anos atrás quando fui buscá-la para o baile. É o
mesmo sorriso doce que me tirou noites de sono. E mesmo com a maquiagem
carregada ela ainda é aquela menina. Vê-lá assim não facilita em nada minha
vida. Muito pelo contrário, fica especialmente difícil me segurar e não
devolver o sorriso, mas resisto mantendo minha expressão indiferente.
A levo para debaixo do jato de água e então ela grita e tenta sair do meu
abraço, se debatendo como uma gata e me marcando com alguns arranhões.
Dou banho nela, rejeitando completamente a ereção filha da puta que não
me deixa por um segundo sequer. Ao terminar, puxo-a para fora do box.
Sempre odiei mulheres bêbadas e, certo como o inferno é quente, que cuidar
delas nesse estado não me atrai em absolutamente nada. Eu não cuido. Não
me preocupo. Nem abraço. Eu simplesmente fodo e caio fora. Mas com Kate
é diferente. Tinha que ser caso contrário eu não estria nessa situação fodida.
Levo-a de volta para o quarto enquanto ainda tento secar seu cabelo com
a toalha preocupado que ela consiga além de me enlouquecer também um
resfriado. Quando fico satisfeito viro-a para mim e me vejo completamente
preso e arrebatado na súbita vontade de beijá-la é exatamente o que eu faço.
Sugo seus lábios com volúpia a apertando contra mim e sentindo seus seios
esmagados contra meu peito. Minhas mãos avançam sem controle pelo seu
corpo e quando seguro seus seios entre meus dedos batidas na porta me faz
me afastar em um pulo. Minha testa franze em repreensão quando me dou
conta do que estava prestes a fazer, e então, engulo com dificuldade o desejo
encarando seu rosto ruborizado ante sua falta de reação.
Essa é uma situação na qual nunca imaginei estar. Disposto a sair de perto
da Kate agarro minhas roupas no banheiro e a visto com minha camisa
tirando sua sandália e deitando-a embaixo das cobertas. Eu deveria ir, porque
ficar aqui é a coisa imprudente a se fazer agora ainda mais depois desse beijo.
Mas, a escuto fungar baixinho e não me movo dizendo a mim mesmo que só
ficarei até que ela durma. Apago a luz do quarto e suspiro cansado, excitado e
completamente fodido voltando e me enfiando embaixo das cobertas com ela
simplesmente porque me importo mais do que devo.
— Você me beijou..
— Eu não sou boa o bastante pra você? É isso? Pois... foda-se você e
aquela pica-pau! Eu vou encontrar alguém e vou perder a porra da minha
virgindade com ou sem sua ajuda, imbecil!
Meu pau parece disposto a furar a boxer, mas ela relaxa e me obrigo a
fazer o mesmo. Eu me sinto estranhamente feliz, um sentimento inusitado,
que me desconcerta e também irrita. Virgem. Porra. Ela é Virgem. Sorrio
desfrutando da sensação de segurá-la e saber que nenhum outro o fez antes de
mim. Minha pequena demônia. Kate é minha! Pelo menos nesse momento.
NATHAN
— Nate não... eu não posso sair daqui. — protesta, mas ignoro indo com
ela para a pia.
— O que você está sentindo? — encaro seu rosto pálido demais enquanto
ela faz um gargarejo com enxaguante bucal.
— Que comida? Você mal tocou na comida hoje, Alicia. — volto à pega-
la no colo caminhando agora para o quarto.
Sarah anda de um lado para o outro na cozinha e nem mesmo nota que
estou parado perto da porta a encarando. O engraçado é que estamos
dividindo essa casa a mais de duas semanas e não estamos nos vendo.
Sinceramente eu não achei que seria assim tão simples. Sarah não me
atrapalhou com Alicia em nenhum momento como tive receio que fizesse,
muito pelo contrário me parece que ela está fazendo é questão de não ser
notada.
— Oi... —sussurra.
— Eu estou grávida!
— Sim você tem razão. Vem, eu dirijo! — tio Rafael fala correndo na
direção da porta e vou logo atrás, mas tenho certeza que ouvi o choro do
Anthony. No carro Alicia parece recobrar os sentidos, mas mesmo assim não
tenho certeza já que seus olhos permanecem fechados. Não demora muito até
pararmos em frente uma pequena clínica, por milagre, já que nessa cidade
não parece ter hospitais. Desço desajeitado e assim que as pessoas me
encaram com o corpo desacordado da Alicia abrem passagem e logo ela é
colocada em uma maca e levada para dentro.
— Tenho certeza que foi só um mal estar. — meu pai fala me encarando
como se quisesse me enforcar. Sustento seu olhar tentando entender o porquê
da sua hostilidade sem sentido. E juro que o vejo me chamar de cabeção
irresponsável, mas não tenho certeza.
Parece estar demorando mais do que devia para passarem notícias e isso
me deixa irritado. Deus sabe o quando eu amo aquela mulher e só de
imaginar que algo grave pode estar acontecendo com ela me deixa totalmente
desnorteado. Logo meu celular começa a tocar me tirando dos meus
desvarios e identificando o número da Kate atendo rapidamente fazendo que
a pequena conversa a minha volta se silencie.
— Kate?
— Está tudo bem? Que confusão! Tomei um susto... Alicia está bem?
— Anthony está muito agitado, ele acabou que viu Alicia e não para de
perguntar por vocês. Meus pais estão aqui e já sabem de tudo... hã, será que
consegue acalma-lo?
— A mamãe está aqui com o pa... está comigo! Está tudo bem, Tony. Não
se preocupe logo eu vou levá-la para casa. — sinto olhos curiosos na minha
direção e nem me atrevo a levantar a vista do chão. — Estamos indo sim... Eu
prometo.
— Tudo bem! — ele suspira quando eu prometo que já estamos indo para
casa. — Eu te amo um tantão! — ele conclui e sorrio. Fizemos isso às
últimas semanas inteiras praticamente e mesmo assim sempre que ele diz
essas palavras meu coração parece dar um salto.
— São os parentes?
Nesse momento ninguém fala nada, tenho certeza que sequer respira. Ele
disse...
— Sim, ela está grávida! Eu diria que umas duas semanas ou menos. Não
temos aparelhos para fazer um ultrassom para ter certeza, mas pelos meus
anos de experiência eu diria que menos de um mês. Ela está no soro e logo
será liberada!
— Nós estamos... já tivemos e... eu não sabia, mas eu estou aqui agora e...
vou ficar com esse bebê. Porra! Também vou ficar com o Tony! Eu.. eu..
amo. Amo mesmo sua filha... tio. — engulo em seco quando ele para na
minha frente.
— Está tudo bem, Helô. Deixa o Nathan terminar, quero muito ouvir a
explicação dele.
— Vamos ver como a Lice está... — meu pai fala praticamente arrastando
minha mãe e tia Heloísa para fora. — Boa sorte, cabeção! — sorri na minha
direção e desaparece. Encaro os olhos azuis do tio Rafael e sorrio também.
Sim, eu sei que estou fodidamente fodido para ser bem exato. E não é só
Alicia que vem nos meus pensamentos, mas também a Sarah. Por todos os
Santos, como as coisas ficaram tão complicadas de uma hora pra outra.
— Pai aconteceu...
Fico parado com os olhos arregalados. Ela ouviu. Porra. Ela sabe!
Provavelmente também viu o beijo.
— Você não usa camisinha? Quando eu disse pra se divertir não quis
dizer pra você povoar o mundo. Caralho! Três filhos, já? E pior, duas
grávidas ao mesmo tempo. Você tem o que, merda na cabeça?
— Eu não tenho certeza se o filho que a Sarah está esperando é meu, faz
tempo que não transamos. Alicia pode ter entendido tudo errado. Até mesmo
eu posso estar tirando conclusões precipitadas. Esse filho não pode ser meu,
mas, eu tenho certeza que o da Alicia é, e porra pai eu a amo pra caralho.
Tem noção que eu faria qualquer coisa por ela.
— Eu sei por que fiquei exatamente assim com sua mãe, mas você
precisa aprender a proteger seu pau. — ele suspira e se senta ao meu lado. —
Resolve isso cara. Você não é mais um menino eu não posso decidir nada por
você! Eu te amo. — ele me encara e faz uma careta olhando diretamente para
minha bochecha baixando os ombros em um suspiro derrotado. — Acha que
gosto de ver meu filho apanhando? É foda. Essa situação toda é. Mas eu
estou deixando você resolver. E você precisa fazer isso logo. Tenho certeza
que sua mãe também vai querer te matar. Mas por hora você só pode fazer
uma coisa. Vai ver sua mulher! E seja paciente com ela!
ALICIA
Abro os olhos e cometo a idiotice de puxar o braço me dando conta que
tem um acesso nele. Pisco rapidamente focando a minha frente e percebo que
estou em algum hospital. Minha cabeça dói e minha boca está amarga. Fecho
os olhos e tento organizar minha confusão interna. Só desmaiei uma vez para
saber como essa sensação é horrível. As imagens estão desconexas na minha
mente, mas me recordo bem do que eu ouvi. Grávida. Ela está grávida. E
pensar que eu estava até simpatizando com a tal Sarah. Estava no passado
porque nesse momento, depois do que eu vi. Droga! Ver que eu e Nathan
estamos juntos durante todos esses dias não foi suficiente? Eu até entendo o
fato dela estar nervosa e confusa já que estive grávida e sei como isso afeta
nossas emoções, mas poxa. Eu não sou feita de ferro. E nesse momento só
consigo sentir raiva. Raiva do Nathan. Por ele ser um idiota e se deixar ser
beijado, e possivelmente por ter engravidado outra mulher. Ainda por cima
aquela loira atrevida, metida e traidora. Fingiu ser boazinha e mostrou as
garras na primeira oportunidade. Não quero julgar, longe de mim ser esse
tipo de pessoa, entretanto ela beijou meu namorado. É infantilidade, é
besteira, eu sei. Mas, eu estou tão irritada que lágrimas brotam nos meus
olhos borrando minha visão e piorando em cem por cento minha irritação.
Tudo estava tão bem. Agora eu estou em um hospital e nem mesmo sei
que horas são. Hoje eu só levantei dei uma espiada no meu filho com a Kate e
desci para procurar por ele. Pretendia ter um dia tranquilo talvez na beira do
lago, dentro do quarto mesmo assistindo filmes ou qualquer outra coisa,
menos isso.
Vejo o momento exato que minha mãe, tia Dakota e tio Dylan entram na
sala com uma expressão de preocupação e fazem com que eu perca minha
linha de raciocínio. Eu sabia que eles haviam chegado e já estão aqui. Os três
ao mesmo tempo. Não vejo Nathan nem... Oh, merda. Meu pai! Com certeza
eles estão conversando ou será que já ocorreu uma tragédia? Por Deus, eu
espero que não. Por mais raiva que eu esteja do Nathan agora eu preciso dele.
— Dy.. por favor, vai ver nosso menino! — tia Dakota sussurra nervosa e
ativando meu termômetro interno.
— Estou bem. — forço um sorriso, mas percebo que ele também está
preocupado por mais que tente transparecer tranquilidade. — Pode ir, tio. —
falo na sua direção. — Ajuda aquele idiota e trás ele pra cá inteiro. Pode
deixar que eu finalizo o serviço, se precisar. — dou um sorrisinho.
— Tenho certeza que tem uma boa explicação para isso. — tia Dakota
fala me encarando.
Contar o que eu vi faz novamente lágrimas teimosas molharem meu
rosto. E claro isso não é quase nada quando tenho a confirmação que
realmente estou grávida. Mais um bebê, mais um parto. Choro mais ainda e
não é de alegria. A notícia me pegou tão de surpresa e veio de um jeito tão
esquisito, que eu não consigo me sentir bem. Dois filhos. Não sei se estou
preparada para isso. Minha mãe só pede para eu ter calma e tia Dakota parece
tão decepcionada que chega ser engraçado que ela tente me manter serena
quando as lágrimas insistem em continuar caindo sem controle.
— Oi, pai. — falo olhando para a porta e passando a mão no rosto para
limpar o rastro das lágrimas, depois de um tempo. Faço uma rápida avaliação
nele procurando vestígios de uma luta corporal, muito idiota pensar assim,
mas a essa altura do campeonato eu não duvido de mais nada.
— Estou muito chateado com você, sabe que deveria ter me contado. —
apelo para minha expressão de coitadinha e espero que isso funcione como
sempre funcionou, mas nem assim sua expressão suaviza. — Não adianta
fazer essa cara. Eu te perguntei tanto e... bom não interessa! Eu não vou me
envolver mais do que já me envolvi. Você é adulta e também é mãe. Tenho
certeza que sabe o que é melhor para você! — passa a mão no meu rosto e
franze o cenho encarando meus olhos que deve estão vermelhos.
Quero chorar e gritar que ele está errado. Eu não faço a mínima ideia do
que vou fazer. Se realmente Nathan for o pai daquele bebê então ele vai ficar
dividindo entre mim e ela. Depois de como reagiu ao saber do Tony tenho
certeza que vai querer acompanhar tudo. Mas como? Como ele conseguiria
dividir a atenção assim, ainda mais quando obviamente a menos favorecida
não serei eu simplesmente pelo fato de que tenho pessoas me ajudando, mas e
ela? Quem ela tem se ele não a ajudar?
Esse pensamento é como um tapa na minha cara. Eu sei muito bem todas
as dificuldades que acompanha uma gravidez inesperada, ainda mais depois
que ela mesma contou no dia do churrasco que não tem muito contato com a
família. Eu pelo contrário sou grata a Deus de ter tido ajuda com o Tony. Tão
grata que me deixei relaxar e vou passar por tudo outra vez.
— Eu sinto...
— Está tudo bem, não se desculpe mais. Você também não sabia. — meu
pai interrompe a frase do Nathan no meio e olha na minha direção com uma
careta.
— Você não é o único que vai estar de olho, Rafael. — tia Dakota suspira
saindo do quarto sem nem olhar na direção do filho. Logo meus pais também
saem e eu não me movo da minha posição.
— Isso o que? Ela está grávida Nathan, eu não estou fazendo nada. Você
e ela. — engulo em seco.
— Claro que não. Eu jamais faria isso com você e o Tony! Isso foi antes,
antes de eu vim para Nova Iorque.
— Esse bebê não é meu. Mas o seu é. Eu não tenho o que pensar, você é a
minha escolha. Sempre foi e sempre vai ser. Eu amo você e amo nosso filho.
Assim como eu vou amar esse que você está carregando. Por mais que Sarah
esteja carregando um filho meu isso não muda nada. — volta a se aproximar
e segura minhas mãos. — Não tem a menor possibilidade de eu me afastar de
você... minha marrentinha! — tenta me beijar, mas não deixo. Não pretendo
me separar dele, afinal já perdemos tanto tempo para se separar por um
equívoco e Nathan nesse momento deixou clara sua decisão. Mas, eu não
consigo evitar sentir raiva. De qualquer forma Nathan me deixou no quarto
sozinha e estava com ela. E até que toda essa raiva passe eu não vou sorrir ou
facilitar as coisas para ele.
— Acho que o soro acabou. — a enfermeira que a pouco saiu da sala fala
com um sorrisinho e se aproxima de mim. Nem vi que ela já estava na sala de
tão tenso que o clima está. Não estou disposta a falar com Nathan e ele
também parece estar cauteloso em relação a mim. Com agilidade a mulher
tira o acesso do meu braço e faz uma rápida avaliação. — Está sentindo
algum desconforto ou tontura? — nego com a cabeça. — É sua primeira
gestação? — faço que não novamente.
— Vou chamar o doutor para assinar sua alta! Acho que ele vai passar
algumas orientações e indicações para que você inicie seu acompanhamento.
Encaro o rosto da Sarah e faço uma careta com vontade de bater a porta
do quarto.
— Fugindo? Como assim? Que loucura é essa, Nathan sabe disso, você
por acaso procurou a polícia? — pergunto sem entender nada.
— Você está grávida do Arthur. Ele precisa e com certeza vai te ajudar.
— falo e ela me solta quase que imediatamente.
— Não quero ajuda dele. Quer saber, esquece. Óbvio que não vai me
ajudar, nem sei por que vim aqui. Eu me viro. Por favor, só não fala nada
com ele.
— Não foi por sua causa. Eu também estou... grávida. — vejo uma
expressão de surpresa passar por suas feições, mas rapidamente é substituída
por uma máscara de indiferença. — Descobri hoje. — dou de ombros.
— Parabéns, eu acho. Nathan deve estar muito feliz... hã, obrigada de
novo. — balança o papel e sai apressada.
— Pode me soltar, por favor? — tento me afastar, mas ele não deixa.
Filho da mãe!
Detesto essa distância entre nós e a abraço. Sinto seu corpo macio contra
o meu e nem assim consigo relaxar totalmente. Seguro seu rosto entre as
mãos e a beijo com toda calma possível, esperando que ela se afaste, mas ela
corresponde e me sinto aliviado. Porém, quando solto seus lábios ela
finalmente se afasta para me olhar nos olhos.
— Está preocupado com ela? — sua pergunta faz meu coração dar um
salto. Sinto que tudo esta desandando, e para mim as coisas nunca estiveram
tão fodidas quanto agora. Não quero estar com Alicia e pensando em outra,
mas é exatamente assim que estou. Sarah só serviu para foder com minha
cabeça e por mais que tente evitar, estou muito preocupado.
— Alicia, como...
— Eu falei com ela, Nathan. — repete — Não vou ser hipócrita em dizer
que ela está bem, porque ela não está. Parece assustada e com medo de... não
sei.. alguém. Ela me disse... bom. Ela esteve aqui e me pediu ajuda.
— Quando Sarah veio aqui? Que tipo de ajuda? — agora eu não estou
entendendo nada. Pedir ajuda não parece ser algo que a Sarah faria,
conhecendo-a como eu conheço posso dizer com todas as letras que isso não
faz nenhum sentido, e essa história de medo menos ainda. Alicia respira
fundo e parece pensar se me conta ou não o que quer que ambas tenham
conversado. — Ajuda com a gravidez? — incentivo para tentar fazê-la falar.
— É do Arthur.
Meus olhos se arregalam, mas de súbito sou tomado por uma sensação de
puro alívio. Sinto como se tivesse arrancado uma carga enorme dos meus
ombros. Quem diria Sarah e Arthur. Tenho vontade de dar risada. Aguentei
praticamente todos os dias as piadinhas do Arthur nesse verão e agora vejam
só, o destino não poderia ser mais justo do que isso.
— Nathan... para com isso! — pede, mas da risada quando agarra meu
pescoço.
— Isso é...
— Não me faça pensar nisso agora, Tony ainda é tão novinho. — faz um
biquinho olhando para baixo. — Ele vai sentir ciúmes. Meu bebê, meu
menininho... Vou ter que dividir minha atenção e o amor que poderia ser só
dele. — funga e percebo seu receio. Com cuidado capturo algumas lágrimas
em sua bochecha com um sorrisinho.
— Amor, não pense assim. Eu sempre quis ter irmãos, tenho certeza que
nosso filho vai adorar saber a novidade. — acaricio seu rosto — Sua atenção
não vai ser dividida, muito menos seu amor. Isso só multiplica. Podemos ter
milhares de filhos e ainda assim você vai amar cada um como se fosse único.
— Lice, sem gritar... — murmuro e passo a língua por seu seio delicioso
antes de erguer a cabeça, Alicia está tão sensível e delicada que posso
facilmente fazê-la gozar se continuar chupando muito forte. — Vou amá-la
do jeito certo e bem devagar.
— Essa deve ser a terceira vez que você me chama de idiota. Vou
precisar te fazer pedir desculpa?
Ela me encara séria, mas percebo que não faz diferença quando o familiar
sorrisinho malvado brota em seus lábios deliciosos.
Não sei como, mas Alicia consegue apertar meu pau com um movimento
leve e minha necessidade de meter nela bem forte e fundo aumenta em
proporções inimagináveis. Chega ser doloroso.
— Tenho impressão de que de hoje em diante isso vai ser muito usado
contra mim... — respondo usando cada gota de meu autocontrole para não
dar risada.
Acaricio seu rosto com minha barba por fazer e sussurro em seu ouvido.
Volto a me mexer como sei que ela precisa enquanto beijo sua boca
ocultando seus gritos. Alicia é como uma droga pesada, quanto mais a tenho,
mais a quero. Não tem como enjoar disso. Desencaixo dela e ela logo
protesta, mas sorri quando percebe minha intenção. Inverto nossas posições a
montando em mim como uma cowgirl. Não quero pesar muito sobre ela e
dessa forma vou conseguir aproveitar sem receios.
— Sou todo seu amor, Cavalga em mim do jeito que você gosta. — ela
geme e começa se movimentar. Aperto sua cintura com as duas mãos e
ajudo-a impulsionando para cima e para baixo. Porém, dessa forma não tenho
como silencia-la em seu pequeno escândalo. — Shiiu! Alicia, você quer a
casa inteira nos escute?
— Não estou nem aí... — dou risada. Ela diz isso agora! Sento-me
abraçando-a apertado e mordendo seu pescoço para soprar em sua pele.
— Safada!
— Ah, Nate... — sibila e sinto meu clímax crescendo, ainda não quero
que acabe sem que Alicia tenha sua própria liberação. Levo minhas mãos aos
seus seios e massageio, é o suficiente para fazê-la explodir em êxtase e ter o
orgasmo que tanto precisa. Alicia joga a cabeça pra trás com o corpo
convulsionando e tenho acesso ao seu pescoço onde deixo pequenas
mordidas e chupadas em sua pele de boneca.
Desço ambas as mãos para sua bunda onde aberto ainda mantendo seus
movimentos e ela geme meu nome de forma tão meiga e doce que só em
ouvir sua voz rouca chego ao meu próprio clímax a levando junto comigo
mais uma vez.
Dou uma gargalhada e Alicia se afunda mais dentro dos travesseiros com
um gemido de pura frustração. Eu avisei!
Faço uma anotação mental para não me esquecer de trancar a porta mais.
— Eu não vou gritar igual à mamãe! — Tony fala e engasgo com a saliva
enquanto Nathan tem uma nova crise de riso.
— Nathan Carter! — puxo seu cabelo apenas para vê-lo fazer uma careta
de dor e Tony da risada ainda o encarando com expectativa. — Pense bem no
que vai dizer para ele!
— Reclama para sua mãe. — ele diz apontando para mim e Tony me
encara. Sim, eu sou o adulto chato. Como Nathan mal começou desempenhar
o papel de pai e faz todas as vontades do Tony alguém precisa impor os
limites, certo?
— Dessa vez seu pai não fez nada. E não pode falar assim, Anthony. É
feio.
— Tony... — chamo meu filho que me encara com as duas bolas de gude
azuis brilhando. Isso me faz imaginar uma menininha tão linda e gordinha
como ele. — Você, hummm nós vamos... A mamãe está grávida! — espero
sua reação, mas ele continua parado me encarando.
— Vai demorar.
— Pode, mas Tony vai demorar um pouquinho para isso acontecer. Ele
ainda é pequenininho demais. — digo e ele faz uma careta.
Tony ficou encantado com a notícia que ganhou mais dois avós e em
menos de dois minutos era vovó Dak e vovô Dy o tempo todo e eles pareciam
muito satisfeitos com a espontaneidade do neto. O mais engraçado sem
dúvidas foi ver minha mãe e tia Dakota disputando a atenção dele no decorrer
do dia. E o muito safado nem gostou de toda atenção extra.
Encero a ligação com tia Dakota jurando que eles estão bem, já que tentei
falar com Anthony, mas não consegui, pois ele estava nadando com tio
Dylan. Essa é a primeira vez que fico sem meu filho durante tanto tempo, no
máximo Tony passava uma noite na casa dos meus pais e logo pela manhã eu
já estava lá. Agora já são dois dias sem ver meu pequeno e claro que dona
Heloísa ficou morrendo de ciúmes, me obrigando a prometer que de hoje em
diante deixaria Anthony passar mais tempo com ela. Até porque nossa
viagem está finalmente acabando e minha ansiedade literalmente a mil por
hora. Nathan precisa ir até a Alemanha e isso pareceu não o deixar satisfeito.
Mas, eu vou tentar convencê-lo a ir até lá e se for necessário terminar o curso.
— Porque está com essa cara? Não vai para o lago? É nossa despedida e
não é como se Nathan fosse desaparecer! — Arthur fala entrando na cozinha
e reviro os olhos terminando minha água. Sei muito bem que Nathan não vai
desaparecer apesar de está ocupado falando com o reitor da universidade
desde que levantamos. E bom, tenho certeza que isso se deve ao fato de que
ele já devia ter voltado há uma semana.
— Acho que era Mase ou Meggie. — Ok. Escolhi o pior assunto! Penso
fazendo uma careta e virando para encara-ló. — Sinceramente não faço ideia
de quem era, mas sei que ela era muito boa com a boca. — sorri de lado e
finjo puxar uma ânsia.
— Sabe né?! Bom que você tem essa certeza. Idiota! — caminho para
fora nem esperando pela resposta. Está aí o motivo da minha raiva. Ele
sequer lembra-se da garota que transou com ele sem a merda do preservativo.
— Você que pensa. — Lexi fala estalando os lábios. — O cara não parou
de te comer com os olhos o verão inteiro ou ele quer e não sabe como chegar
ou...
— Tem medo dos que seus irmãos vão achar. — completo sua frase e
sorrio.
— Ah, mas seu irmão sempre voltava acompanhado e ele não. — Emily
observa.
— Não, claro que não. Não mais. — Kate responde apresada e nos três
instantaneamente temos uma troca de olhares com as sobrancelhas arqueadas.
— Sério, eu só queria porque ele não quis ceder... e...
— Eu também nem queria seu irmão, mas estou com ele há dois anos. E
você bem lembra como eu consegui essa proeza. — Emily sorri olhando para
frente. Não teria como não lembrar. Na época ela até comprou um
apartamento no mesmo condomínio do Matheus e virou vizinha dele.
— Eu muito menos o Nathan e olhem para mim agora! — suspiro.
— Bom de qualquer forma seus pais tem dinheiro mesmo! Vai com tudo.
— levanta e caminha para a cozinha.
— Pegar alguma bebida decente, caro clone. Porque, pelo que estou
vendo sou a única aqui que não está de quatro por um estúpido.
— Será que ele resiste por quanto tempo? — pergunto para a Emily que
finge pensar.
Penso que esse é o momento ideal para comunicar finalmente a elas sobre
minha segunda gravidez. Não sei como, mas consegui manter isso em
segredo até agora. Bom, uma parte foi devido aos nossos pais serem
excepcionalmente discretos e deixar que eu e Nathan decidamos quando
contar e também o fato da tia Dakota levar o Tony, já que tenho certeza que
meu filho acabaria contando. Não sei por que estou tão receosa em contar. De
qualquer forma todos vão perceber que eu engravidei mais uma vez por puro
descuido. Primeira vez até passa, mas a segunda não tem justificativa.
— Ela não quer! — a voz do Nathan fala a nossas costas e nos viramos ao
mesmo tempo na direção do som. Ele caminha decidido na nossa direção com
um copo de suco que eu identifico ser de laranja na mão. — Aqui amor... eu
fiz um suco de laranja para você.
Oh! Que fofo. Quase tenho vontade de chorar. Nathan está especialmente
carinhoso e cuidadoso comigo desde que descobriu a gravidez, isso eu não
posso negar e nem reclamar, pois ele tem se esforçado muito para me
agradar.
— Nossa parece que você não gostou. — faz um biquinho e a puxo para
meu colo, fazendo-a montar de frente para mim. — Eu fiz uma surpresa até
mesmo mandei o Tony para casa dos meus pais.
— É claro que eu gostei amor. — aperto sua bunda por baixo do vestido
que ela está vestindo e afundo a cabeça em seu pescoço já beijando sua pele.
Minha mãe me liga todos os dias e não seria diferente, em quatro dias que
ela ficou com o Tony ele ganhou uma quantidade absurda de brinquedos que
daria facilmente para presentear uma pequena instituição. E foi o que Alicia
fez doando vários dos seus brinquedos antigos. Ela também questiona se
Alicia já iniciou o acompanhamento quanto à gravidez e se eu pretendo
resolver minha situação antes do bebê nascer. Sim, ela me cobra isso mais do
que a própria Alicia.
Pego o celular e o nome Jane ilumina a tela. Puta merda! Finjo não ser
nada demais e deixo a chamada cair na caixa postal, mas pela cara que Alicia
está fazendo sei que ela não gostou nada do que viu e eu também não
pretendo falar que é a corretora. Alicia endireita o corpo e antes que eu
consiga impedir pula do meu colo para o sofá.
— O que houve... vem aqui.
— Não vai atender sua amiga? — seu rosto de contorce em uma pequena
careta.
— Depois você fala com ela, entendi. —repete minhas palavras e meu
celular volta a tocar. Alicia olha de mim pra ele e vice versa, ficamos nisso
por uns segundos até que me vejo obrigado a atender apressado assim que ela
ameaça pegar o aparelho.
— Sim, tudo muito bem. Espero que também esteja bem. Em relação a
sua visita a casa, consegui o primeiro horário e já agendei. Podemos nos ver
dentro de uma hora?
— Nada. — responde seca e se mexe para sair do meu colo de forma que
meu pau que ainda está duro comece incomodar dentro da cueca.
— Então fica aqui... — digo e beijo seu ombro. — Vamos terminar o que
começamos.
Essas palavras são suficientes para fazer com que ela se afaste
inesperadamente.
— Você está brincando, né? Então você marca encontros quando eu estou
trabalhando? Você realmente fica cuidando do Tony ou está usando ele como
desculpa?
— Claro que eu cuido dele! Eu não usaria nosso filho dessa forma.
— Quer saber, pode ir para seu encontro. Foda-se. Espero que se divirta.
— sai pisando duro para o quarto e levanto para ir atrás dela com um
sorrisinho. Eu já imaginava que ela não iria gostar. Minha adorável
ciumentinha consegue ficar ainda mais irresistível quando está tão nervosa.
Abro a porta do quarto e a vejo deitada na cama de costas para mim ainda
usando apenas o conjunto de lingerie. Entro e deito ao seu lado sem tocar
nela.
— Amor. — chamo e ela não responde. — Lice eu não sabia que você
estava em casa, juro que não marcaria nada se eu soubesse.
Ela permanece de costas e calada demais. Aproximo-me devagar e passo
os braços a sua volta trazendo-a para perto.
— Lice porque está chorando, amor eu não vou fazer nada. Eu jamais
faria algo para magoar você.
Tenho vontade de dar risada. Jane está longe de ser alguém com quem eu
me envolveria. Ela tem idade suficiente para ser minha avó.
— Claro que não. Lice não é nada como você está pensando. Já te falei
que Jane é uma amiga antiga da família.
— Estou pouco me importando. Pode ir Nathan. Vai ter seu encontro com
sua amiguinha antiga e me deixa em paz.
— Não. — responde e abraço seu corpo apesar dos seus protestos e sua
tentativa de me afastar.
— Alicia para com isso. Não tem motivo para ficar assim. Eu só tenho
olhos para você!
— Eu prometi que iria, Alícia. Não posso desmarcar você sabe que na
próxima semana eu tenho que viajar.
Odeio essa frase. Ela simplesmente serve para foder com a cabeça e
colocar um caralho dê pressão na merda da decisão que precisa ser tomada.
— Aonde você vai? — pergunto quanto ela senta na beirada da cama para
calçar o tênis.
— Vou buscar meu filho e passar o dia com ele. — ok. Também odeio
quando ela usa essa frase. Tony também é meu filho. Mas, não vou reclamar
porque sei que ela está chateada e com razão. Assim que termina com os tênis
se afasta sem olhar na minha direção.
— E continuo sem fome! — suas respostas são ríspidas e ela mal olha na
minha cara. Respiro fundo. Porra, porque é tão difícil fazer uma surpresa.
— Eu te levo. — tento e ela não responde. Então meu celular toca mais
uma vez e ela fica imóvel na verdade nós dois ficamos até que ele para.
Alicia pega o aparelho e encara a tela por uns instantes antes de joga-lo na
minha direção que o pego no ar.
— Não precisa me levar, você tem um compromisso. Pode ir até a casa da
sua amiga ela já te mandou o endereço. E nem precisa mais voltar hoje.
— Alicia isso não quer dizer que eu vá fazer alguma coisa. — respondo e
ela deixa escapar uma risada.
Porra.
— Eu.. eu não vou mais. Vou ficar aqui com você! — seguro seu rosto
entre minhas mãos.
— Sim, você vai ir quando eu estiver trabalhando. Era esse o plano, não é
mesmo?!
— Não. Para de pensar essas coisas, você está enganada. Confia em mim!
— beijo seus lábios, mas ela não retribui. Caralho. Estou começando a ficar
realmente preocupado. — A casa não é dela, Alicia. Confia em mim. — peço
e ela não responde. — Eu te amo. — digo distribuindo beijos em seu rosto.
— Te amo minha pequena! — nada nenhuma reação. Porra! Eu estou até
suando frio.
— Eu tenho que ir. — é a única coisa que ela sussurra antes de se afastar.
Merda. Merda. Merda. É bem provável que ela nem queira mais olhar
para mim depois disso.
— Porra, eu queria te fazer uma surpresa, mas nada com você sai como
planejado. — caminha na minha direção de forma exasperada e segura minha
mão me puxando para fora do apartamento. Nem mesmo tenho tempo de
avisar que ele não pode sair sem camisa pelo condomínio. E acredito que
nesse momento nem mesmo se eu quisesse teria como protestar ou
interrompê-lo.
Juro que não planejei nada disso para meu dia de folga. Eu só queria
relaxar e ficar com ele, mas confesso que fiquei tão irritada com a ligação da
tal Jane que nem mesmo dei chance para ele explicar. Posso ter exagerado,
mas tenho certeza que eu não seria a única a ter essa reação, tirando a parte
do choro. Nenhuma mulher de sentiria a vontade com isso. E eu no momento
só consegui pensar nele com outra mulher e isso piorou em mil por cento
quando eu vi a mensagem com o endereço. Eu sabia que não devia pegar o
celular, mas foi automático assim como sucessivamente ler a maldita
mensagem.
Oh, céus! Pisco através das lágrimas e não sei o que dizer. A maneira
como ele me olha me deixa sem ação alguma. Então simplesmente me jogo
em seus braços de forma desesperada.
Apenas sorrio porque eu não saberia o que responder ante seus olhos
verdes que parecem pegar fogo me encarando, realmente nada me vem à
cabeça. Bom, na verdade uma coisa me vem à mente agora. Ele se aproxima
aos poucos, seus lábios roçam meu queixo e já me sinto estremecer. Ele
deposita uma mão na minha cintura e me ampara, apoiando meu corpo no
carro presa contra o dele. Seus lábios pousam delicadamente em meu ouvido,
e se arrastam pela minha clavícula até meu queixo. Onde ele mordisca e paira
os lábios acima dos meus.
— Bom dia. — um pigarro chama nossa atenção, mas isso não faz Nathan
de afastar, ele simplesmente vira a cabeça para encarar quem quer que seja.
— Vocês não podem fazer... hum, esse tipo de coisa no estacionamento. Esse
é um condomínio de respeito. — olho por cima do ombro dele e encaro o
olhar zangado do senhor Thompson. Oh, merda. — Bom dia, Alexia. —
resmunga e afundo a cabeça no pescoço do Nathan com o rosto em chamas.
Então me endireito e me afasto.
— Bom dia, sr. Thompson. — sussurro e seu olhar permanece duro. Bem
que Alexia disse que nosso vizinho não gosta dela.
— Você deveria se envergonhar. Tem crianças morando aqui, inclusive o
filho da sua irmã.
— Eu sou a Ali...
— Está tudo bem, eu já vou entrar. — respondo e ele vira e sai pisando
duro.
— Vou adiantar nossa lua de mel. — sorri meu sorriso preferido. Aquele
sorriso de lado safado que me faz suspirar como uma adolescente
apaixonada.
Ele é tão delicado e ao mesmo tempo tão intenso, que não me deixa
raciocinar. Não sei dizer nem mesmo o que estou sentindo. Eu amo Nathan.
Estou completamente arrebatada. E não restam dúvidas que é ele que eu
quero para o resto da vida. Seus lábios descem por meu pescoço, apenas
roçando levemente, sem pressionar e começo a sentir falta da pressão que só
ele sabe fazer. Firmo meu corpo sobre o seu, forçando seus lábios e me
tocarem com mais força e ele sorri do meu desespero.
Se eu quero isso?
— Minha pequena devassa, hoje vou cuidar de você como a coisa mais
frágil e preciosa que tenho.
Ele sorri.
— Entendi, amor.
Então seus lábios estão nos meus, duro e intenso, me dominando e tirando
meu fôlego. Do jeito que eu preciso. Ele me ergue e guia-me até a cama e se
abaixa comigo pendurada nele. Sua boca não deixa a minha nem por um
minuto. Então ele se afasta para tirar a calça. E volta a se aproximar apenas
usando a cueca boxer colada as suas coxas e que mal contém o volume de sua
ereção. Acaricia de leve meu rosto e prevendo o que ele pretende sento-me a
sua frente e o ajudo a tirar meu vestido por minha cabeça já levando junto
meu sutiã. Tento abraçá-lo, mas antes que consiga Nathan se afasta de novo.
E começa tirar meu tênis um de cada vez e vagarosamente, me fazendo ansiar
por sentir seu toque em mim. Deito na cama enquanto Nathan começa roçar
os lábios na minha pele admirando cada centímetro meu como se amasse o
que está vendo, e quando sua boca alcança meu mamilo, seguro-a no lugar
forçando a pressão de seus lábios. E como esperado ele agora está faminto,
seus dentes raspam minha pele me fazendo arquejar embaixo dele, ansiando
por mais. E enquanto segue trabalhando em meus seios, sua mão desce
percorrendo minha barriga até a calcinha. Ele me toca por cima do pano em
uma pressão deliciosamente forte, que me faz contorcer ainda mais. Seus
lábios deixam meus seios e descem o caminho que seus lábios antes
traçavam. Ele tira minha calcinha gentilmente, olhando em meus olhos.
— Você é minha Alicia. Sempre foi e sempre vai ser. — abaixa a cabeça
entre minhas pernas e sinto o sopro de seu hálito ali, pouco antes de sua
língua tocar delicadamente. Gemo alto. — Minha doce e adorável menina. —
não consigo mais ficar parada e suas mãos firmam meu quadril no colchão
enquanto sua língua trabalha gentilmente antes de vir forte, golpeando meu
clitóris, deixando-me sem ar.
— Nathan... Oh, por favor... — tento avisar que não aguento mais, e ele
entende, mas não se afasta apenas enfia dois dedos em mim e me joga do
precipício em uma queda livre e deliciosamente torturante. Grito enquanto
um orgasmo arrasador me toma. Convulsiono embaixo dele ainda gritando
alto sem nenhum pudor, me contorcendo e sua língua continua me torturar
tomando tudo de mim. Quando paro de gemer e começo finalmente a me
acalmar, ele tira os dedos de dentro de mim e se mexendo na cama me beija.
Sinto meu gosto em sua língua, mas não me incomoda muito pelo contrário
isso deixa tudo mais excitante. — Deliciosa. — completa e levantando
segura a cueca boxer sorrindo descaradamente. Nathan sabe o efeito que tem
sobre mim e a tira vagarosamente, fazendo-me salivar. A joga junto de nossas
roupas e aproxima-se novamente. Sua boca volta à minha e ele se posiciona
no meio das minhas pernas. Sinto a cabeça do seu pau entrando e espero
ansiosa.
— Está tudo bem? — questiono quando ela faz uma pequena careta.
— Ele está. Meus pais tem verdadeira adoração por ele. E ele reclamou
em ter de dormir sozinho, acho que pelo barulho das ondas.
Sim, Tony já é oficialmente um Carter. Foi uma das primeiras coisas que
fiz depois de comprar a casa. Anthony Montanari Carter. E soa muito, muito
melhor.
— Mas, e se sua mãe não concordar. Não sei se é uma boa ideia, eu estou
grávida e...
Admiro o azul dos seus olhos por um tempo e não consigo identificar se o
brilho neles é um bom ou péssimo sinal. Vou entender se ela recusar, e vou
esperar pacientemente mais cinco, seis, sete meses ou até mesmo anos. Não
me importo em dormir em um hotel ou no apartamento que ela divide com a
irmã. Se Alicia quiser uma festa enorme ela terá exatamente isso.
— Um mês. Eu quero um mês. — sorrio. O que são trinta dias para quem
estava disposto a esperar por anos?
— Oi.
— Faz um favor?
Sorrio um meio suspiro e espero que dessa vez ela não me peça nada
muito complicado como pizza de pepperoni com abacaxi, raiz forte e um
toque de gengibre. Inacreditável, mas Alicia conseguiu transformar a
deliciosa pizza tradicional nova-iorquina em um show de horrores.
ALICIA
— Estão preparados para saber o sexo do bebê? — o médico questiona
com um sorrisinho e olho para Nathan com expectativa. Hoje finalmente o
bebê está em uma posição onde é possível saber se é menino ou menina.
Desde que completei dezesseis semanas estamos tentando saber, mas ele
sempre estava com as pernas bem fechadas. E olha que eu tentei de tudo.
Comi doces e chocolates antes das ultrassonografias, pois minha tia Teresa
afirmou que bebês respondem aos impulsos do açúcar no sangue. Fiz alguns
jumping jacks, com cuidado é claro, cócegas, conversas, músicas, e até
mesmo frequentei algumas aulas de ioga para gestantes. Definitivamente
nada resolveu. E quando finalmente decidimos que vamos deixar para
descobrir no parto ele abre as benditas pernas. Minha ansiedade é quase
maior que a determinação brilhando nitidamente nos olhos do meu adorável
namorado.
— Nathan sabe que você está aqui. — diz fechando o que parece ser um
prontuário e cruzando os braços em cima de sua mesa.
— Sabe. Claro que ele sabe... nós mudamos de ideia. Fala o sexo! —
peço mais uma vez.
— Não seja idiota... com uma mulher sensível e grávida que não pode
passar por estresse. Fala logo. É meu filho!
— Tudo bem. — respondo com uma careta. Então faço meu melhor olhar
assassino. — Nos veremos em breve, doutor.
Saio de sua sala batendo os pés como uma criança birrenta que recebeu o
primeiro não. Inaceitável. Esse médico não perde por esperar. Agora virou
uma questão de honra. Eu poderia ir a qualquer outro médico e obter a
informação, mas não. Agora eu quero que ele me diga. E ele vai dizer.
— Nada. — resmungo.
Passar á tarde com minha tia Jess foi muito divertido. Ela é aquela pessoa
que sempre está disposta a tudo, totalmente maluca e cativante. É fácil
entender o motivo do tio Enzo amá-la tanto. Foi ela quem me ajudou e
aconselhou no início da gestação com o Tony. Pois, de todos... ela foi a única
a descobrir a verdade sem que eu precisasse contar e agora vai fazer o mesmo
com meu segundo bebê mesmo que involuntariamente.
— Sabia que sua visita não era só por saudade. — resmunga ajeitando a
bolsa no ombro.
— Você pode ir ver se sua avó está bem. — digo e ele pula do colo do pai
dele quase que imediatamente.
— Já imaginou outro menino como ele... — Nathan pergunta sorrindo e
eu começo a dar risada. Eu não disse. Crise de riso.
— Eu estou louco para estar dentro de você. — sobe a cabeça para beijar
meu pescoço. — Não imagina o quanto preciso senti-la.
— Nate... — gemo quando ele aperta minha bunda forçando sua ereção
mal contida na calça de moletom em meu centro já sedento.
— Eu sei.
— E você ama.
Minha mãe está completamente feliz ela e tia Dakota apostaram em uma
decoração simples, mas com um ar boho chic. Eu opinei em tudo que pude,
mas confiei que as duas fariam ser exatamente como eu imaginava. E pelo
pouco que eu vi da montagem das tendas na praia teríamos muitas flores
naturais, renda, macramê, madeira e sedas em tons de verde... Basicamente,
uma pegada meio rústica, excêntrica e sofisticada, ao mesmo tempo em que
delicada.
Finalmente minha mãe nota que estou ali parada perto da porta do
banheiro e se aproxima.
— Amor...
— Nada de amor, Jessica Beckham. Aposto que isso foi ideia sua. Vamos
logo, o pobre Nathan está quase desmaiando.
— Mas...
— Sem, mas. Andando. — ele aponta para a saída — Todas vocês. —
uma a uma elas vão saindo e depositando beijos na minha bochecha e desejos
de boa sorte. Até que finalmente ficamos apenas eu, Kate e Lexi. Que estão
adoráveis em vestidos de damas de honra, diga-se de passagem.
— Por favor, Lice, não temos o poder de te fazer nascer de novo. — Kate
zomba e se aproxima. — Brincadeira! Você vai ficar maravilhosa. — me
abraça.
O tempo está quente, mesmo pela tarde. Vamos nos casar ao por do sol.
Uma bela e perfeita tarde de setembro. Escolhi um vestido branco feito de
seda com pequenos apliques de flores em renda e pérolas por todo o tecido.
Sua alça é fina e o decote discreto. Se é que meus seios conseguem deixar
algum decote discreto. Kate ficou responsável pelo meu penteado e Lexi pela
maquiagem. Encaro o espelho e sorrio. Meus cabelos cresceram muito nos
últimos meses então, o chignon baixo ficou cheio e devidos aos fios soltos e
tranças está com um aspecto informal, despojado e com ar de leveza..
Constatando perfeitamente com a maquiagem leve. Olho mais uma vez pela
janela a decoração que traz tons de verde água ou azul piscina. Assim como o
vestido das minhas damas de honra. Seguro buquê milimetricamente bem
feito com flores variadas exóticas e limpo algumas lágrimas teimosa que já
rolam no meu rosto.
— Certeza?
— Todas nos amamos muito, agora vamos. Alicia já está vinte e cinco
minutos atrasada. — Lexi diz fazendo com que nos separemos.
— Viu. Não tem como passar muito tempo com a Alexia. — Kate revira
os olhos. — Por isso eu não morava com vocês.
Rindo das duas calço uma rasteirinha e desço as escadas logo depois
delas quase saltitando de felicidade.
— A noiva mais linda que meus olhos viram, depois da sua mãe. — pisca
um olho e me acomoda ao seu lado para logo em seguida sussurrar no meu
cabelo. — Papai te ama princesinha. Você sempre vai ser minha garota e
sempre será bem vinda em casa.
Encaro seus olhos azuis marejados e sorrio enquanto ele agora acaricia
minha barriga.
Pisco entre as lágrimas, mas assim que meus olhos veem o que estava à
minha frente meu coração paralisa. Nathan está parado no final do corredor.
Lindo. Só então a ficha realmente cai. Eu estou no meu casamento.
Oh, I never knew you were
Eu nunca pensei que você era
Dou cada passo para chegar nele com uma única certeza. Nathan Carter é
o homem da minha vida. E eu definitivamente passei a amar viagens
inesperadas de verão.
NATHAN
Não estava mais aguentando um minuto sem Alicia. Esse dia foi
excepcionalmente devagar. E eu não pude fazer nada a não ser esperar a hora
passar segundo por segundo. Juro que quase joguei tudo para o ar em pensar
que minha pequena estava presa na casa principal e não nos meus braços.
Passei basicamente o dia todo na casa da piscina. O único momento que vi a
hora passar rápido foi quando precisei escrever meus votos. Feito isso, joguei
vídeo game com Arthur e Matheus, cuidei do meu filho e até mesmo pizza
nós comemos, e mesmo assim eu não parei de pensar na Alicia. Tentei ajudar
na decoração para me distrair, mas dona Dakota fez questão de contratar uma
empresa especialista e o que no início era uma celebração simples na praia se
tornou uma cerimônia com direito a fotógrafos, Buffet e acredito que quase
cem convidados.
Olho para minha mãe e forço um sorriso, mas tenho certeza que ao invés
disso fiz uma careta, pois ela deixa escapar uma risada alta atraindo olhares
na sua direção. O padre mesmo a encara com olhos arregalados como se algo
muito ruim fosse acontecer.
— Noivas atrasam filho. Relaxe, logo ela vai aparecer. — diz e cerra os
lábios quando o padre dá um pigarro dramático. Olho para ele e sorrio. Um
sorriso que ele não retribui.
— Você está perfeita. — não consigo me conter e beijo Alicia nos lábios.
— Você sempre foi minha AlIcia. Mesmo antes da nossa primeira vez
você já era minha. — beija minha barriga com devoção. — Minhas meninas.
— sussurra antes de me encarar agora com as pupilas dilatadas. — O que
você acha de irmos? — pergunta com um sorrisinho e me puxando para mais
perto toma minha boca em um beijo cheio de amor e carinho.
— Nada vai me fazer te contar, então nem adianta fazer esse bico. —
segura meus lábios entre os dedos dando risada. — Você já descobriu o sexo
do bebê, sua malandrinha.
— Acha que eu não sei que você usou a tia Jess? — me interrompe e
encaro seu rosto de deboche com a boca aberta. — Nem mesmo o Chucky
pode me fazer falar! — sussurra no meu ouvido e se afasta.
A lua de mel. Estou totalmente ansiosa para esse momento. E meu marido
insensível insiste em me manter no escuro. Bom, pelo menos concordamos
que será uma viagem de apenas uma semana pelo fato de estar grávida e por
conta do Tony.
Juro que pensei que não seria tão difícil me despedir, mas eu
simplesmente não consegui conter as lágrimas. Ao contrário de mim meu
filho muito safado não chorou em nenhum momento. Abraço Tony pela
milésima vez e distribuo beijinhos por todo seu rosto e por milagre, dessa vez
ele não reclama.
— Eu disse que você era minha tia favorita! — abraço tia Jess e escuto os
protestos da tia Teresa.
— Para de ser boba, eu também te amo. — digo para ela quando solto tia
Jess.
– Sei. — resmunga.
— Sério tia, eu não tive oportunidade de falar antes, mas obrigada por me
ajudar fazer a revelação do sexo da minha pequena. — acaricio minha
barriga.
— Esse é o pagamento por gerar os filhos por nove meses. — mamãe fala
colocando a mão no peito dramaticamente.
— Para com isso, mãe. Eu só procurei a tia Jess, por que era uma situação
complicada... que exigiria uma mente.. humm, maléfica.
— E onde é? Por favor, me conta! — peço curiosa para as duas que tem
uma troca de olhares antes de me responder.
O caminho até o aeroporto foi aparentemente rápido, mas não posso dizer
que realmente vi alguma coisa. Fui vencida pelo cansaço assim que o carro
começou se movimentar e dormi apoiada no ombro do Nathan. Quando
chegamos seguimos direto para a sala de embarque e logo subimos no voo
com destino desconhecido.
Maldivas, quatro dias depois...
Fecho os olhos e sinto a brisa soprar meus cabelos. Estou deitada sobre a
proa do barco rodeada pelas águas do Oceano Índico. Minha lua de mel está
tão perfeita que não quero que acabe apesar de sentir falta do meu pequeno.
Estamos em Maldivas. A maravilhosa Maldivas. Uma nação tropical e que eu
descobri ser encantadora. Fiquei tão animada e embasbacada com o lugar que
em dois dias eu e Nathan conseguimos visitar os pontos mais importantes da
capital, Malé. Como alguns dos inúmeros restaurantes e lojas na rua
principal, Majeedhee Magu. Depois disso seguimos direto para a ilha Meeru
Island, pois é umas das ilhas do atol que fica a 50 quilômetros. E foi onde
Nathan fez a reserva do nosso bangalô.
— É eu tomei sol com e sem biquíni, você nem imagina como é ótimo
tomar sol na...
— Sempre estou com fome quando estou com você e acredite pretendo te
comer muito.
— Eu vou te comer com todo meu amor. — diz no meu ouvido e logo o
barco começa se movimentar.
— Foi assim que você ficou no barco? — sua voz rouca e sussurrada faz
o meio das minhas pernas latejarem. — Porra. Você é perfeita para mim!
Logo Nathan desce a boca até meus seios e começa a lamber e a chupar
meus mamilos rosados, mas não com a fome que eu espero. Forço sua cabeça
para baixo puxando seus cabelos e ele interrompe os movimentos para me
encarar.
— Ei safadinha, esse leite tem dona e eu não estou nem um pouco a fim
de roubar o alimento da nossa menina. — diz apertando meu bico
intumescido e fazendo uma gota branca surgir.
Dou risada junto com ele. Esqueci-me desse pequeno detalhe. Nathan
logo volta se abaixar roubando um beijo de mim, finalizando com uma
mordida que me faz arquear os quadris.
— Gulosa. — diz sorrindo no meu pescoço e sinto seus dedos tocando
com minha parte sensível.
Voltou sua atenção para minha boceta, mas dessa vez, com tudo. Entre
mordidas e chupões fazendo movimentos deliciosos. Já não tenho controle e
gemo enlouquecida agarrando os lençóis à medida que tento fechar as pernas.
— Isso amor. Goza pra mim, Quero sentir o gosto da sua bocetinha doce.
— essas palavras batam.
Puxei o lençol da cama com força, gritando seu nome e atingindo o ponto
alto do meu prazer. Sou feita em trilhões de pedacinhos enquanto
convenciono totalmente entregue ao momento.
Nathan vem até mim, e fica entre minhas pernas. Encarando-me cheio de
desejo, isso me deixa ainda mais excitada depois do meu primeiro orgasmo.
Sim, meu marido com altas tendências imbecis apelidou meu estômago
de dragão.
— Nossa... Você sabe acabar com um momento, né?! — faço uma careta.
— Vá se foder!
— E tenho certeza que você também não vive sem mim, gordinha. —
enrugo as sobrancelhas.
— Idiota!
— Marrentinha!
NATHAN
Meses mais tarde...
— Para a direita. — Alicia diz acariciando a barriga enorme. — Hummm,
não amor a minha direita! Agora foi muito, volta um pouco. Mais para a
esquerda. Passou... volta. Direita, pouquinho pra esquerda. Direita!
Esquerdaaaa... NÃO!!! Esquerda!
— Um cachorrinho!
— O que? — ela quase grita. Alicia não assume, mas eu sei que ela
provavelmente não gosta de animaizinhos. Desde que chegamos da lua de
mel sempre que eu cogito a ideia, ela faz uma careta e muda de assunto.
— O que mais eu poderia dar? Tony é uma criança que já tem todos os
brinquedos existentes imagináveis... e ele quer um cachorro! — beijo seu
ombro.
— Ele, né?! — suspira. Sim, eu também quero. Na verdade eu sempre
quis ter irmãos e animais de estimação, mas dona Dakota, não. Ela é mais
parecida com Alicia que eu estava imaginando. E agora, meu filho vai ter
tudo que eu não tive inclusive um Husky siberiano, um Akita Inu e um
labrador. — Por favor, só me diz que é um cachorro pequeno?
— Amor...
— Amor...
—Nathan, para. Eu não estou com contração ainda. — diz quando tento
pega-la no colo.
— Mas a bolsa...
Porra. Ela estava gritando e agora está tão calma que eu que estou ficando
assustado. Não era para estarmos correndo para o hospital? Eu me preparei
para esse momento. Subo para o andar de cima correndo como um
desesperado e pego as bolsas no quarto já correndo para o andar de baixo.
Procuro pela Alicia e não a encontro. Corro para fora e acabo escorregando
na fina camada de gelo e caio de bunda no chão derrubando as bolsas.
— Porra. — xingo levantando e percebo que não peguei a chave do carro.
Volto para dentro de casa, dessa vez com cuidado e com as bolsas.
— Estamos indo para lá... Sim, isso mesmo. Eu acordei hoje com dor nas
costas, não era nada preocupante... — Alicia está conversando tranquilamente
com o celular no ouvido quando entro em casa. Agora ela veste minha blusa
de moletom por cima do vestido — Acho que ele caiu... — fala observando-
me minuciosamente e da risada. — Está tudo bem, vou desligar porque
preciso dele inteiro... Tudo bem... Beijo. — desliga.
— Mas que porra! Se ela nascer vai cair de cabeça no chão. Vou te
colocar pelo menos sentada no carro. — tento pega-la no colo de novo.
— Amor, você acabou de cair no quintal, tem certeza que quer me pegar
no colo?
Aee... Caralho Finalmente! Cara, boa sorte! Depois me conta como foi à
experiência. - Arthur
— Quer dizer que você pode se sentar e ser muito paciente... São vinte
quatro horas até a necessidade de intervenção de medicamentos contra
infecções. Vamos fazer o acompanhamento, mas a pequena Alana vai nascer
quando for à hora certa.
— Pai, a Lana vai sair da mamãe hoje? — ele pergunta baixinho abrindo
os olhos.
23h30
— Três dedos e meio de dilatação. Você está indo muito bem. — a
médica diz terminando o exame. Porra três dedos e meio? Ainda? Não vejo
como isso esteja indo bem.
— Alicia, se você quiser fica um pouco deitada de lado, logo vamos fazer
alguns exercícios para ajudar na dilatação. — a médica sorri descartando a
luva no lixo e assim que passa por mim da um tapinha no meu ombro. —
Seja paciente. — sussurra e sai do quarto.
01h14
— Oh, droga! — Alicia reclama inclinada e apertando a lateral da cama
para em seguida voltar a andar de um lado para o outro.
— Não dá. Nossa, eu esqueci como isso é dolorido! Deus. Eu não estou
aguentando.
3h05
São cinco dedos de dilatação. Segundo a médica ela já está em fase ativa.
Não sei o que isso significa, mas sei que Alicia já pode com certeza dizer
quantos metrôs exatamente tem o quarto, já que ela já andou para todo canto.
Caminhou na esteira. Fez alguns agachamentos com a bola e nesse período,
além da doutora Celine a fisioterapeuta Izzy a está ajudando. Eu só tento
anima-la e distraí-la, mas nada resolve. Ela já chorou, comeu sorvete, brigou
comigo e se desculpou umas dez vezes seguidas. E Alana que é bom, nada.
Nem parece que é madrugada devido o movimento no quarto.
4h47
Seguro a mão da Alice enquanto ela respira fundo. Conforme ela se mexe
a água na banheira balança e respinga ao redor. Eu nunca imaginaria que
trazer uma criança ao mundo era tão complicado e demorado. Sinceramente
achei que chegaríamos ela sentiria dores e pronto. Alana. Mais totalmente ao
contrário do que eu estava pensando, já passaram horas. Ela sente dores e
nada da bebê nascer. Realmente Alicia merece uma medalha de ouro por
bravura. Por isso ela estava pensando em marcar uma cesariana. Porra. Mais
de cinco horas em trabalho de parto. Isso é ter uma tolerância altíssima para
dor. Nem me atrevo a ficar chateado quando ela perde a paciência comigo.
Eu com certeza não queria estar na sua pele agora.
07h22
— Pronta? — a médica pergunta e eu seguro a mão da Alicia que assente.
— Só fazer força, ela está pronta para sair, só precisa da sua ajuda!
Ver Alicia sofrendo e não poder fazer nada é uma sensação horrível, mas
eu sei que esse sofrimento logo será convertido em sorrisos. É o nosso
momento.
Deixo que Celine deposite o pacotinho nos braços da Alicia. Ela merece
ser a primeira a segurar nossa pequena.
Já são quase onze horas da manhã quando Alicia acorda realmente. Ter
um bebê durante toda madrugada é no mínimo exaustivo. Eu mesmo quase
não consegui acordar. Salvo o momento que Alana precisou ser amamentada.
Nossa rotina acabou de tomar outro rumo. E eu não consigo sentir nada além
de uma alegria muito grande e amor.
— Isso... Você fica alimentando essa história e ontem ele chorou porque
queria trocar a fralda da Alana. — olho para o meio da nossa cama onde
Anthony e Alana estão dormindo e sorrio.
— Para de loucura! Sua filha não tem sequer um mês de vida. — Alicia
levanta e com cuidado pega nossa pequena nos braços para não acorda-la e eu
faço o mesmo com Tony.
...
Um tempo depois...
Entro em casa e corro para o quarto para tirar o terno e colocar uma
bermuda e uma regata. Como de costume sexta feira eu encerro meu
expediente durante a tarde, para ficar com minha família, já que normalmente
nos finais de semana Anthony reveza entre as casas dos avós.
Não é esse Batman que você está pensando. Esse anda sob quatro patas.
Sim, temos três cachorros que são um grude no Tony. Batman, o labrador.
Contente, o akita inu e Thor o husky siberiano. Foram os nomes escolhidos.
Eu particularmente não queria dar esses nomes, mas Anthony escolheu antes
que eu pudesse pensar em alguma coisa melhor. Alana está chupando os
dedinhos quando eu me aproximo. Faz exatos quatro meses do seu
nascimento e ela está mais esperta que nunca. Eu sou o cara mais sortudo que
existe, já que tenho as duas crianças mais lindas e espertas do universo. Não
tenho dúvidas.
— Oi meu amor. Está tudo bem? Sim claro obrigada por perguntar... —
Alicia resmunga imitando minha voz e dou risada colocando Alana deitada
novamente na grama.
— Oi minha menina ciumenta... — seguro seu rosto entre minhas mãos.
— Senti sua falta hoje... — sussurro e a beijo.
— Acha que isso é mentira? — pego sua mão e coloco sobre minha
ereção crescente.
— Por isso eu não o deixo correr. Viu quem ele chama quando quebra a
cara, né?! — ela resmunga levantando e eu pego Alana que sorri me dando
beijos babados. — Eu disse pra você parar de correr, não disse?! — grita se
afastando e dou risada.
— Eu não quero leite. — ele faz uma careta e eu dou risada. — Esse leite
é da Lana.
— Sua irmã está comento tudo... — Alicia sorri para a nossa bonequinha
que bate palmas de forma empolgada.
— Pai eu aprendi outra música.
— Anthony, você ficou jogando vídeo game com seu pai desde que ele
chegou do serviço... — Alicia diz e ele tapa a boca.
— Tenho certeza que ele gosta. — respondo e finjo que não o vi tirar um
ramo do prato e jogar embaixo da mesa.
— Tony come seu jantar. — peço e ele começa prestar atenção no prato.
Por alguns segundos.
— Nossa hoje você foi rápido, normalmente você demora mais do que
eu... — comenta, mas tenho minha atenção agora focada em outra coisa.
Encaro minuciosamente seu corpo na minúscula camisola rendada vermelha e
sorrio.
— Ainda não...
— Nate...
— Safada!
E como eu amo essa minha esposa. Nunca vou esquecer que tudo
começou em uma viagem inesperada de verão. Na verdade continuou. Alicia
sempre foi minha. E eu só posso agradecer a Deus e ao universo! Por ela,
pela vida que construímos juntos, pela nossa história por mais confusa que
tenha sido o início e pelos nossos filhos. Os que nasceram, e com certeza o
que logo, logo irá chegar depois dessa noite!
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Gravídez Inesperada
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Atração Inesperada
Volume 2 da Série - Inesperado. Para quem leu Gravidez Inesperada se
apaixonou por Heloísa, Jéssica e se divertiu muito com as loucuras das
amigas, é hora de conhecer e se apaixonar por Dakota nossa quase vilã.
Dakota era uma garota superficial, linda e má, nunca mediu esforços para
conseguir o que a interessava. Ter um marido rico e se garantir era sua única
meta de vida, o alvo, no entanto se tornou totalmente impossível.. Uma revira
volta transforma a vida da moça obrigando-a á rever seus próprios conceitos.
Dakota vai aprender do modo mais difícil que dinheiro não compra
felicidade.
Para Dylan a liberdade é essencial, dono de suas vontades ele encara a vida
de uma forma única evitando ao máximo se envolver em relacionamentos.
No entanto, não dispensa boas noites de curtição na companhia de várias
mulheres diferentes. Ele é lindo e espontâneo de uma forma misteriosa e
atraente. O que facilita muito em suas conquistas. Porém, não esperava que
um fatídico primeiro encontro com Dakota iria mudar sua vida de uma forma
drástica e diferente.