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Índice

Sobre a obra
sINOPSE
PRóLOGO
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
SARAH SCHMIDT
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ARTHUR BACKHAM
ALICIA
NATHAN
ALICIA
KATHERINE BACKHAM
NATHAN
ALICIA
ETHAN COOPER
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
NATHAN
ALICIA
epílogo
Livros dessa série
SÉRIE - INESPERADO VOL 3
VERÃO
INESPERADO
CRISTINA FONSECA
Sobre a obra

copyright © 2016 Cristina Fonseca

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Todos os direitos reservados.

São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte


dessa obra, através de quaisquer meios - Tangível ou intangível - sem o
consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e


punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Obra registrada na biblioteca Nacional.


sINOPSE

Volume 3 da Série - Inesperado. Depois das histórias "Gravidez


Inesperada" e "Atração Inesperada". Vamos ler o primeiro livro da
GERAÇÃO das nossas personagens mais apaixonantes!!!

Alicia é a típica adolescente responsável, ao contrário da sua gêmea e sua


prima desmiolada a linda e tímida Lice, nunca foi tão espevitada. Porém, a
bela sempre nutriu um sentimento secreto por ninguém menos que seu primo
de consideração. Nathan Carter.

Nathan é totalmente o inverso de Alícia, atleta e lindo o rapaz segue o


mesmo estilo de vida que seu pai na juventude não dispensando boas noites
de curtição, porém com uma morena tímida de olhos azuis como seu tendão
de Aquiles. Já que assim como Alicia, Nathan também é apaixonado pela
priminha. A única menina que considera impossível e intocada para ele.

Entretanto, em uma noite inesperada ambos se deixam levar pelo desejo e


acabam cedendo às paixões da carne. Porém, o que Alicia não esperava era
que sua fatídica primeira vez com Nathan em um momento de imprudência
total iria mudar seus planos para o futuro. Muito menos Nathan que fugiu
depois de imaginar que jamais seria perdoado pelo que supostamente causou
a amada.

Anos mais tarde por um acaso do destino ambos precisarão viajar juntos para
um verão totalmente inesperado em família. Como Nathan vai reagir ao
encontrar sua paixão antiga como mãe e pior ainda, como Alicia fará para
manter o segredo ante a paternidade do seu pequeno garotinho?

Venha se apaixonar com os acontecimentos inesperados e descobertas desse


jovem casal.
PRóLOGO

ALICIA

Quatro anos atrás


licia
Eu já estava cansada do tanto de fotos que minha mãe e minhas tias
tiraram. E foram tantas e tantas fotos que perdi as contas! Ao contrário de
mim minha irmã estava adorando toda a atenção exagerada e fazendo
diversas poses. Sentei-me à mesa e observei meu pai dançar com Lexi pelo
salão atraindo olhares para eles. Um pouco mais à frente mamãe estava em
uma conversa animada com minhas tias incluindo minha prima desmiolada
Katherine que gesticulava animada com um sorriso enorme, meus tios e avós
estavam em outra rodinha com meus primos que zombavam do jeito que
papai e Lexi se moviam no ritmo da música ou tentavam. Minha família era
maravilhosa. Eu nunca tive motivo algum para duvidar disso. Olhei em volta
no salão e depois para meu diploma em cima da mesa. Minha formatura
estava sendo como eu imaginei que seria... A família reunida. Todos fizeram
questão de nos prestigiar e até mesmo participar do baile.
E depois de todo choro, sorrisos e rodopiar nos braços do meu pai pelo
salão com meu belo vestido de baile, finalmente estava formada com um
futuro a minha espera. Universidade, balé, apartamento, viajar pelo mundo
como minha tia Thea, conhecer pessoas novas e sem dúvidas perder minha
preciosa virgindade como minha irmã fazia questão de descrever, eu tinha
tantas possibilidades em mente, que decidir ficou extremamente difícil.
— Perdida no seu mundo... Alice? — a voz masculina sussurrada no meu
ouvido me fez dar um pulinho na cadeira e levar a mão ao coração.
Olhei para o lado exasperada e olhos verdes me encaravam divertidos.
Soltei um suspiro profundo. Eu não tinha muito contato com Nathan o que
era um alívio considerando minha queda absurda por ele. Totalmente
absurda. Fomos criados como primos, mas felizmente eu só encontrava com
ele durante viagens de férias e eventos como esse onde nossa família se
reunia em peso. E claro, nesses momentos ele não parava de pegar no meu
pé, o que pensando bem era quase um absurdo já que minha irmã que tem
exatamente a mesma cara que eu sempre foi bem mais extrovertida em todos
os sentidos da palavra. Mas, parecia que para o Nathan me provocar era bem
mais divertido e eu simplesmente odiava, devo admitir que depois de um
tempo o que era uma irritação se tornou algo mais, eu chegaria a dizer que
acostumei. Passei a esperar ansiosamente por suas provocações e sentia falta
quando ele não chegava perto de mim por mais estranho que pareça admitir.
Claro que eu também sabia que Nathan não queria nada comigo além de
me ver nervosa e amaldiçoando até sua sexta geração, mas meu coração
teimoso demais insistia em se animar quando ele me tocava ou sorria na
minha direção. Mesmo assim eu não fazia nada além suspirar em segredo e
representar que nada do que ele fazia me incomodava, mesmo quando ele me
olhava de uma forma diferente ou simplesmente segurava minha mão e dizia
que eu era diferente. Nesses momentos assumo que minha atuação hesitava,
mesmo assim não sabia bem dizer se 'diferente' para ele era algo bom ou
ruim.
Bem, considerando que minha mãe vivia me dizendo como eu era
parecida com ela e amadureci rápido demais e minha irmãzinha irritante fazia
questão de reclamar o tempo todo que eu era nova demais para ser velha, eu
ficava na dúvida entre ruim e muito péssimo. Não que ser parecida com
minha mãe fosse algo ruim, eu só não queria ser uma adolescente apenas na
aparência se é que da para entender, enfim, voltando ao assunto anterior,
Nathan era o típico menino safado que fazia as meninas bobas suspirarem,
inclusive eu, a líder das tolas românticas.
Dono de um rosto de anjo e um sorriso maroto fácil, ele era uma mistura
perfeita do tio Dylan com a tia Dakota e com um super bônus já que exibia
um par de olhos verdes incríveis, eu diria os mais lindos que eu já vi. Juro.
Sempre amei os olhos azuis do meu pai que eu herdei, mas ultimamente eles
não me pareciam tão expressivos e intensos quanto o verde que via todas as
noites em sonhos confusos e tão erradamente perfeitos.
Nem sei quando ao certo comecei reparar no Nathan, mas sentia uma
ansiedade estranha e o coração acelerar sempre que ele estava por perto com
os malditos sorrisinhos. E Deus sabe o quanto eu lutei para enxerga-lo apenas
como meu primo irritante e distante, como ele sempre me enxergou tenho
certeza, mas não consegui. E mesmo sendo mais velha alguns meses e
tentando me convencer que era uma tremenda idiotice me apaixonar por
alguém tão imaturo, algo em mim não entendia e, eu não sabia o poder que
essa parte tinha sobre mim até não saber mais disfarçar.
— Lice...? — sua voz em meio à risadinha abafada me despertou e notei
que ainda olhava pra ele como uma completa retardada.
Droga!
— É Alicia. — resmunguei fazendo menção de me levantar.
— Ei, calma! Eu sei seu nome Lice, só não entendo o porquê de você me
evitar tanto. — sentou ao meu lado.
— O que você quer Nathan? — cruzei os braços em frente os seios.
Distância. Ela sempre me ajudava em se tratando dele! E eu precisava
urgentemente me afastar.
— Te parabenizar. — sua voz era cautelosa. — Talvez um abraço ou
um... beijo.
— Legal. Obrigada. — bufei. — Só isso está bom.
— Vai mesmo fingir que não aconteceu nada entre a gente? — seus
lábios se curvaram em um sorrisinho de lado. E começamos!
— Não aconteceu nada entre a gente! — imitei suas palavras dando de
ombros e tentando não demonstra nada. Eu me odiei por longas, extensivas e
terríveis semanas depois que deixei Nathan me beijar naquele maldito almoço
de ação de graças, fiz questão de não trocar com ele mais nenhuma
mensagem e até mesmo bloquea-lo totalmente da minha lista de contatos e se
fosse possível da minha vida, eu estava nervosa por ele ter ido longe demais
ou pelo menos era isso que eu queria pensar já que no fundo eu queria sentir
novamente a sensação dos seus lábios nos meus. Nem cogitei contar para as
meninas, minha mãe foi a única que soube e após de ter um mine ataque
dizendo que éramos novo demais e algumas coisinhas mais, prometeu não
falar nada com tia Jess e principalmente com tia Dakota, mas depois da
mensagem que a própria me mandou dizendo que o filho era um estúpido e
eu devia relevar suas idiotices, tenho lá minhas dúvidas.
— Eu acho que aconteceu e, talvez você tenha gostado tanto que para não
correr o risco de fazer de novo me bloqueou e vive me evitando.
— Eu acho que vi você fazer exatamente o que fez comigo com a Olivia
dias depois, então eu sinceramente não estou interessada e jamais me
apaixonaria por alguém como você. — sorrio.
— Quem aqui falou em paixão? — retrucou arqueando as sobrancelhas.
Fiz menção de responder, mas nada saiu da minha boca. E claro, ele deu
risada da minha atitude, ou falta dela. — Você não quis mais olhar na minha
cara, bebê... o que esperava que eu fizesse? — Talvez me dar um motivo para
te ouvir ou não desistir tão depressa? — Eu agi por impulso! — tenta se
justificar e o interrompo me levantando.
— Eu disse que não estou interessada! — repeti — E eu não sou bebê
porcaria nenhuma!
— Espera! — segurou meu braço. — Eu só vim aqui na sua escola aquele
dia porque queria te ver... E resolver as coisas. Eu nem sequer conhecia
aquela menina, ela me beijou eu não... Não estava esperando. Desculpa
Alicia, não foi minha intenção te magoar!
Eu conhecia Olivia bem o suficiente para saber que ela poderia ser capaz
de fazer algo assim, ou pior. A menina mais popular da escola e a mais chata.
Tenho certeza que já ficou com todo o time de futebol americano já que até
Arthur e Matheus que estão em turmas diferentes não escaparam das garras
dela. Parece incrível, mas não sou a única que não simpatiza com a garota,
Kate, Lexi e inúmeras meninas também não disfarçam que compartilha do
mesmo sentimento de aversão a ela, eu até entendo que talvez seja pelo fato
da garota ser extremamente metida e se achar superior a todos. E bom, eu
também não fico para trás no quesito disfarçar que não a suporta. Porém, se
tem uma coisa que eu realmente sei é que quando um não quer dois não
fazem. E eu cansei de ouvir o que tia Dakota conta em relação ao filho ser um
mulherengo. Seja lá o que aconteceu com ele e a Olivia eu não estava
realmente interessada. Só precisava deixar isso claro para ele de uma vez por
todas.
— Você é um infantil, não serve nem pra assumir as merdas que faz! O
que aconteceu entre nós dois foi apenas um beijo Nathan. Um beijo bem
estúpido e horrível... Eu não quero nada de você, nunca quis! Apenas me
deixe em paz! Procure alguém da sua idade. — puxei meu braço com força.
— De novo essa conversa de idade? Porra, Alicia nós temos a mesma
idade! Você é o que? Meses mais velha que eu?! Eu sei como você se sente,
pode falar o que quiser seu corpo reage de forma contrária... Posso apostar
que fica molhada quando eu te toco... — se levanta de repente e prende
minha cintura aproximando nossos corpos. Sinto que prendi a respiração com
sua súbita proximidade. — Não tenta disfarçar... Não se engane assim! — sua
voz agora é um sussurro no meu ouvido. Estremeço com seu hálito quente e
quando volto a encara-lo vejo o vislumbre de um sorriso no canto dos seus
lábios. Droga! Afasto-me dele com um empurrão.
— Arrogante! Você se acha o centro do universo, não é mesmo?! — olho
aturdida em volta enquanto sinto minhas bochechas começarem a queimar.
Por sorte ninguém parece prestar atenção em nós. Apenas tia Jess está nos
observando, mas com a pouca iluminação não tenho certeza.
— Parabéns Lice! — fui levemente puxada para o lado e logo braços
musculosos se prenderam a minha volta. Deixei que Arthur me abraçasse e
tentei me acalmar e não demonstrar que eu estava realmente mexida com o
idiota de olhos verdes a nossa frente. Incrível como perto do Arthur mesmo
sendo mais velha eu me sentia apenas uma menininha frágil. Qualquer pessoa
que nos visse juntos diria que eu sou a mais nova. E eu estranharia se fosse
diferente. Meus primos apesar da pouca idade são uma mistura perfeita e
provocante de músculos, altura, masculinidade crua e muita beleza. Qualquer
menina na escola queria ficar com eles, arrisco dizer que até mesmo algumas
professoras e eu nem vou falar que por causa disso ambos se acham a última
coca-cola gelada do deserto! — Nathan seu idiota de merda, faz favor de tirar
a Olivia do meu pé! — resmungou olhando através de mim, soltei um
suspiro.
— Eu não sei o que aquela menina tem na cabeça! — Nathan respondeu
parecendo irritado, continuei alheia e presa nos braços musculosos do Arthur.
— Quer saber o que tem na cabeça dela, então pergunte para ela. Tive um
trabalho do caralho para conseguir finalmente me livrar daquela louca... Faz o
favor de concertar isso! — afastei-me do abraço de urso do Arthur e sorri. —
Aí! Até dói ver esse sorriso. — brincou — Já falei que você é a prima mais
gostosa que eu tenho? — sorriu agora olhando para meu rosto.
— Fala sério, Arthur. — dei um tapa em seu braço. — Você só tem Lexi
e eu de primas e nós somos exatamente iguais!
— Nada disso! Você não se parece em nada com aquela coisinha chata!
Porque não me da uma chance gata, sabe que eu só tenho olhos para você! —
sorriu de lado piscando um olho.
— Você é um cafajeste, isso sim! — dei risada.
— Nossa quanta agressividade gratuita! — colocou a mão no coração
dramaticamente. — Pode pelo menos dançar uma música comigo antes de ir
para a facul e esquecer que eu existo?
— Você é tão dramático, Arthur Beckham. Jamais vou esquecer você! E
talvez você me conquiste com esse seu drama excessivo! — segurei sua mão
e o puxei para a pista de dança deixando Nathan no mesmo lugar com cara de
poucos amigos. Dane-se ele e suas desculpas esfarrapadas.
Dancei com Arthur umas três músicas seguidas e logo Lexi e Kate se
juntaram a nós. Mesmo assim não consegui relaxar, estava tensa e com um
aperto no peito, a sensação que eu tinha era de estar sendo observada em cada
pequeno movimento e isso me deixava desconfortável, contudo a festa estava
maravilhosa e eu não queria perder o meu momento por um motivo
insignificante como Nathan Carter. Pelo menos eu tentaria fervorosamente
me convencer disso!
Dancei e sorri o máximo que meus lábios permitiram. Só senti falta da
minha tia brincalhona e aventureira que também é a melhor escritora de
contos eróticos de Nova York. Não havia um amante de livros que não
conhecia Thea Montanari. E mesmo com a pouca idade ela dispunha de tanta
experiência e histórias para contar que sempre que ela vinha passar uma
temporada em casa ficávamos horas e horas conversando e ouvindo suas
experiências.
— Tem certeza que não quer que eu volte para buscar vocês? — papai
falou pela terceira vez parecendo nervoso. Eu amava meu pai acima de
qualquer coisa, e ao contrário da minha irmã achava até engraçado seu
cuidado excessivo.
— Relaxa tio, eu cuido delas! — Matheus respondeu passando os braços
pelo ombro da Lexi.
— Sai fora Matheus, eu não preciso de babá. — Lexi respondeu divertida.
— Só por falar isso prova que você precisa!
— Acho que essa quantidade exagerada de músculos está afetando seus
neurônios. Eu sou a formanda e a mais velha!
Como de costume os dois começaram uma discussão agora sobre quem
era o mais responsável. Olhei para minha mãe e acabei dando risada da sua
expressão de tédio. Esses dois viviam implicando era realmente cansativo.
— Rafael, deixa as meninas se divertirem é a formatura delas! — tia Jess
falou deixando um beijo na nossa bochecha e um tapinha na testa do filho. —
É a última festa das duas como veteranas só um pouquinho de confiança...
Elas merecem! E depois quero ver como você vai controlar as duas nas festas
da faculdade como calouras...
— Não incentiva Jessica. — papai rosnou e ela deu de ombros com uma
careta engraçada.
— As meninas não são freiras, são formandas e muito responsáveis. —
respondeu petulante — Faz como a titia ensinou com cuidado, nada de álcool
e... as brincadeirinhas de adulto sem proteção estão estritamente
proibidas! — sussurra na nossa direção às últimas frases piscando um olho.
— E quanto a você Matheus Beckham a mesma coisa se engravidar alguma
dessas adolescentes corto fora suas bolas! — aponta o dedo em riste para o
filho que arregala os olhos e se afasta.
Tia Jess, sendo tia Jess! Já estávamos acostumadas com seu jeitinho
único. Mas além das inúmeras loucuras ela é aquela pessoa que você pode
contar para os melhores e piores momentos e a que sempre nos acobertou nas
trapalhadas... Obviamente.
— Não façam nada, estão ouvindo... nada do que a tia maluca de vocês
aconselhar! — tio Enzo beija rapidamente nossa bochecha indo em seguida
atrás dela que caminha para perto da Kate que está sorrindo animada para
Brendon Tyler um dos atletas formandos.
— Qualquer coisa que acontecer vocês podem ligar, eu amo vocês e estou
muito orgulhosa. — mamãe fala soprando um beijo na nossa direção e
passando os braços ao redor da cintura do papai que ainda parece contrariado
em ter que ir embora. — Vamos amor, as meninas estão bem, os meninos vão
cuidar delas! — completou puxando-o para a saída.
Assim que eles finalmente se afastaram fui atrás das minhas metadinhas
que já estavam do outro lado da quadra. Quem não tem, não sabe o que está
perdendo. E como eu amo minhas cara-metades Lexi e Kate! Somos o
famoso trio parada dura!
— A escola vai ser uma merda sem vocês duas! — Kate bufou pegando
um copo de ponche e virando de uma única vez. — Ainda bem que falta só
um ano e vocês nem vão estar no meu baile! — pega outro copo.
— Ei! Vai com calma mocinha, você ainda não tem idade para beber
desse jeito. E sabemos que esse negócio está batizado. — pego o copo da sua
mão e acabo derramando metade do líquido.
— Fala sério Lice, nem a mamãe estava nos controlando... — Lexi falou
divertida revirando os olhos. — Até parece que somos dez anos mais velhas
que a Kate, a diferença é mínima... Eu hein! Pega isso. — estende o que
pareceram ser três comprimidos na nossa direção.
— Onde você arrumou isso? — questionei alarmada.
— Só pega. — ela insistiu.
— Para de ser careta. — Kate pegou e enfiou na boca sem cerimônia —
Olha só para os meninos. Eles estão pouco se importando com o que estamos
fazendo, vamos aproveitar! — completou divertida. Nesses momentos ela
ficava ainda mais parecida ainda com a tia Jess. Só eu sei as confusões que já
nos metemos por conta disso! A tatuagem que temos no lado esquerdo da
costela é a prova viva disso.
Última vez, Alícia. Pensei e peguei a bala. Logo em seguida olhando em
volta cautelosa Kate mexeu no decote do vestido e tirou alguma coisa de
dentro, mas foi um movimento tão sútil e rápido que não consegui identificar
do que se tratava.
— O que é isso? — questionei com curiosidade.
— De novo? — deu risada.
— Coisas ilegais! — Lexi respondeu segurando minha mão e me
puxando para longe da bagunça seguindo Kate.
— Não acredito! — arregalei os olhos quando elas acenderam o baseado
de... hum, maconha?— Você tem um isqueiro?
— Achei que ela ia reclamar da maconha! — Lexi da risada. — Estamos
evoluindo!
— Não vou fazer isso... Apaga essa coisa! Quem te deu isso?
— O Brendon! — da de ombros. — Lice, não seja tão careta! É nossa
última festa juntas e antes de vocês irem para faculdade, vamos só
experimentar primeira e última vez! Lembra que está na nossa lista de coisas
para fazer antes da faculdade. E você já comeu a bala. — Kate completa
juntando as mãos ainda segurando aquilo.
Bala.
Exatamente bala e maconha. Não devem dar um bom resultado. Mas
espera, bala de que?
Merda.
Céus, eu engoli. Eu também bebi o ponche batizado. Posso estar tendo
um ataque cardíaco agora e sem perceber.
— Para de pensar tanto...
— Não. Eu não vou fazer isso! — decido por fim. Odiei aquela lista
idiota e odeio mais ainda agora! — Eu tenho uma tatuagem recente nas
costelas por causa dessa lista, não vou acabar com meus pulmões também!
— Tudo bem fica você sozinha no efeito só da bala, eu vou arriscar... —
Lexi falou pegando o papelzinho e tragou soltando fumaça em meio a uma
crise de tosse. — Porra. É uma merda! E tem um gosto horrível. Sua vez! —
estendeu para Kate que repetiu o mesmo processo. Fumaça, tosse, palavrão.
— Anda Alicia! Antes que algum professor apareça! — olhei pela
extensão do corredor da escola e suspirei frustrada. Se eu morrer
provavelmente minha mãe vai me ressuscitar e matar de novo!
— Odeio vocês! — peguei e imitei as duas. Era realmente horrível e na
hora eu parecia que ia sufocar e morrer tossindo. Mesmo assim continuamos
e depois de mais ou menos umas quatro tragadas, eu acho, estávamos rindo
até do vento. Sem contar o efeito do que quer que seja aquela bala.
— Um palavrão. — Lexi pediu pela milésima vez. A essa altura já
estávamos sentadas no chão do corredor e já tínhamos até chorado.
— Não! — cruzei os braços. — Eu falo palavrão como todo mundo, não
sei por que vocês pegam tanto no meu pé!
— Anda Alícia, fala logo! É só um palavrão... fala caralho!
— Não. — dei risada e quando olhei para cima quase tive uma parada
cardíaca. — Caralho! — exclamei de olhos arregalados.
As meninas bateram palmas comemorando sem nem perceber a direção
do meu olhar.
— Que porra, vocês estão... chapadas? — Nathan chamou a atenção das
duas com a voz completamente alterada e assustando-as. Instantaneamente
ficamos caladas e de lábios cerrados, mas então nos entreolhamos e
começamos a dar risada. Tenho absoluta certeza que seríamos seriamente
confundidas com três retardadas nesse momento. — Vamos para casa, agora!
— Ahh.. papai, fala sério! — Lexi levantou com dificuldade e cruzou os
braços. Fizemos como ela e nos levantamos, mas então eu estava vendo tudo
dobrado. Meu Deus! Eram dois Nathans e, espera... aquilo era uma vassoura
dançando?
— Você apesar de gato é tão chato priminho! — Kate fez um biquinho
divertido me arrancando uma gargalhada. Mesmo assim não falei nada e
fiquei apenas olhando para eles e a vassoura dançarina. Nós estávamos
erradas e por incrível que pareça ele estava certo. Era loucura. Era uma puta
loucura fumar essa porcaria! Isso porque ele não soube da bala. Céus! E nem
teria argumentos para justificar. Logo dois Matheus e dois Arthurs
aproximaram-se tão irritados quanto os Nathans.
Santa merda! Aquilo só piorava. E porque aquela vassoura não parava
de... humm se mexer? Será que ela já estava ali dançando e eu que não tinha
percebido?
— Papai vai nos matar com a ajuda do tio Rafael! O que merda tem na
cabeça de vocês para fazer isso? — um dos Matheus se aproximou
rapidamente e segurou Kate como se ela fosse uma criança.
Vislumbrei um Arthur se aproximar e abri meu melhor sorriso, mas antes
que ele me alcançasse eu já estava presa nos braços do Nathan.
— Tira as mãos de mim, idiota! — resmunguei, mas me segurei nele
desejando internamente que ele não me soltasse por nada.
— Lice para de ser tão teimosa, pelo amor de Deus!
Fui guiada pelo corredor sem protestos em meio aos muitos sermões e
quando dei por mim não estava mais com os reclamões e minhas parceiras de
crime, estava apenas com os Nathans dentro de uma das salas de aula. Ambos
fecharam os olhos e respiraram fundo apoiados a porta por alguns minutos
antes de me encarar. Movimentos iguais e tão sincronizados que me deixaram
boquiaberta.
Encarei o rosto sério e me perdi no brilho escuro das íris que eu tanto amo
por um momento. Então com uma coragem que não é minha aproximei-me
deles com o sorriso mais sem graça do mundo e Deus! Eles pareciam mais
bonitos a cada maldito segundo que passava. Eu precisava falar alguma coisa,
mas o que eu poderia falar sem parecer uma boba apaixonada e tapada?
— Oi. — segurei seu rosto entre minhas mãos temendo que ele me
afastasse. — Eu estou vendo dois Nathans! E você reparou que tinha uma
vassoura dançarina ali fora?
— Vassoura dançarina?! — ele novamente respirou fundo me encarando
sério, não me afastou como imaginei, mas não resistiu e acabou sorrindo
comigo e, quando fez isso meu coração falhou uma batida, seu sorriso tinha
aquele quê de menino safado que eu tanto amava. Era irresistível! Mas então
seus braços prenderam minha cintura e o movimento inesperado fez o outro
Nathan sumir. — O que mais vocês usaram? Não pode ter sido só maconha.
Ficaram loucas! Lice o que deu em vocês para...
Antes de ele concluir grudei nossos lábios em um beijo. É claro que já
tive minhas parcelas de beijos nas festinhas da escola. Entretanto, com
Nathan é tão diferente apesar de saber que é errado nos envolvermos. Sinto
como se não existisse nada além de nós. Segurando-o com força como se
possível colei mais nossos corpos e senti suas mãos apertarem em minha
cintura enquanto fui totalmente correspondida à altura.
— Para. Você não sabe o que está fazendo... — pediu de repente
separando nossos lábios.
— Eu sei. Nunca tive tanta certeza do que eu sei, digo do que eu quero.
— enganchei meus dedos em seus cabelos apreciando nosso contato. — O
outro Nathan sumiu... E eu gosto mais de você!
Ele deu risada.
— Não tem outro Nathan... você está sob efeito daquela merda, por que
fez isso Alicia? Porque usar essas porcarias e...
— Shiiu! Você. Eu quero você Nathan Carter! — interrompi o beijando
novamente.
— Lice... — sussurrou nos meus lábios.
— Por favor, não me afasta agora. — eu realmente queria ter certeza da
minha decisão, mas com Nathan me beijando meu cérebro se transformava
em uma massa de modelar enquanto meus pensamentos se embaralhavam. A
única certeza que eu poderia ter era do quanto eu o amava e do quanto
imaginar perdê-lo me destruiria. Então não tinha mais porquês ou certezas, só
tínhamos nós e, era o que realmente importava!

Nathan
Eu sabia que tinha que parar, tinha certeza como o céu é azul que
estávamos prestes a fazer a maior merda de todas, mas eu não conseguia me
afastar da Alicia. Abracei seu corpo pequeno e aprofundei o beijo que eu
ansiei desde que coloquei meus olhos nela vestida com aquela beca horrível e
pegando o diploma. O pior é que eu nunca me senti perder totalmente o
controle como ela me faz perder. Claro que como atleta e capitão do time de
beisebol na escola, tinha as minhas fodas de uma noite e sem apego para
sanar minhas necessidades. Somente números que eu sabia que se discasse,
seria muito bem recebido e sem demora. Mas, com a maldita Alicia nada
parecia suficiente. Era mais do que simples desejo e me assustava. Porra me
assustava demais.
Não queria um relacionamento sério com dezessete anos. E talvez fosse
isso que eu procurava nas outras meninas, um desvio para esquecê-la
definitivamente. Por conta disso minha mãe me chamava pelos quatro ventos
de mulherengo e meu pai dizia totalmente o contrário, não pensem que ele me
incentivava a tratar as garotas que me envolvi como brinquedo, nada disso.
Ele me aconselhava a respeita-las, mas se algumas quisessem e se
dispusessem a me agradar, eu devia me divertir e aproveitar bastante antes de
ter meu coração amarado a uma única boceta. Palavras dele!
Entretanto, por mais estranho que seja admitir acho que isso já aconteceu,
me encantei com Alícia desde a primeira vez que encontrei com ela. Ela
sempre foi tão natural. Alicia era das minhas primas a única a corar com
facilidade e transbordar uma doçura e inocência encantadora, mesmo comigo
provocando-a o máximo que podia, apenas para vê-la vermelha e nervosa. Eu
me pegava sempre a admirando e querendo estar perto dela. Chegava a ser até
engraçado como ela e Lexi eram tão parecidas e diferentes ao mesmo tempo.
Lexi sempre foi louca como tia Jess, assim como sua cópia fiel Kate, talvez
pelo jeito moleca e apimentado. Alicia não, ela era totalmente o contrário e
isso sem duvidas era o que me fascinava. Com ela relacionamento parecia ser
a coisa mais incrível do mundo.
Mesmo assim eu me arrependi por olhar para ela e desejá-la como
mulher. Eu era o primo da Califórnia. Aquele que devia protegê-la nos verões
e viagens à praia. Tio Rafa e tia Helô confiavam em mim como um irmão
mais velho, mesmo que tecnicamente eu fosse o mais novo. Meus pais
confiam. Eu me sentia um completo babaca por querer Lice daquela forma,
por trocar mensagens com ela, e me masturbar pensando no seu maldito
sorriso quando ouvia frases como: "cuida das meninas".
Tentei me convencer de todo jeito que precisávamos de distância e
mesmo assim não me contive e a beijei no nosso último evento de família, ela
não gostou e óbvio que ficou irritada ainda mais depois que eu perguntei se
era seu primeiro beijo. Mesmo assim valeu a pena sentir seus lábios rosados e
tão fodidamente viciantes nos meus. E isso só serviu para fazer meus
sentimentos por ela ganharem força. Eu achei que procurar por ela depois do
beijo era uma ideia imbecil e acabei beijando uma menina na frente dela. Não
foi porque eu quis, mas também não impedi que acontecesse. E depois da
decepção que vi estampada em suas feições cogitei procurá-la novamente,
mas Alicia facilitou para mim deixando claro que não me queria mais nem
mesmo como amigo. Ela tentou mudar comigo e era perceptível seu esforço
para se manter afastada, mas eu não resisto perto dela, pode parecer clichê,
mas Alicia Montanari é meu ponto fraco.
Segurando-a com força, levantei seu corpo e senti suas pernas
envolverem a minha cintura, ficando mais fácil nos levar até a mesa do
professor.
— Você é minha Lice! Sempre foi, por mais que eu tente lutar contra
isso. – falei sentando-a na beirada da mesa e me afastei para olhar melhor
para ela. — Você tem certeza?
— Não faz tantas perguntas. Você tem... ahnnn... Aquilo... você sabe?!
— Camisinha? — dei risada e suas bochechas queimaram vermelhas. —
Tenho não se preocupe! — mexi e remexi na minha carteira e não encontrei
nada, nenhuma camisinha. Porra. Isso só podia ser brincadeira ou um alerta
claro do destino. Eu precisava parar e me afastar! — Lice eu... acho melhor...
Não. — cocei a cabeça sem graça respirando fundo.
— Tudo bem, não tem problema. É mesmo uma ideia idiota! — sentindo
medo de ela me afastar e quebrar o fino elo que se estabeleceu entre nós me
posicionei entre suas pernas e segurei seu rosto entre minhas mãos. Mais
alguns beijos era minha intenção. — Eu entendo se você não me desejar
como eu pensei que... — respirou fundo. — Talvez isso não seja algo
recíproco. Sinto muito... — suas palavras me atingiram como um maldito
soco no estômago.
— Olha para mim, Alícia. — apertei a mão em seu rosto e fixei nosso
olhar. — Nunca mais repete isso. Eu sou louco por você... Não faz ideia do
quanto estou me segurando.
— Não precisa se segurar, eu quero isso! — sua confirmação bastou para
nossos corpos se chocarem novamente em um beijo, dessa vez bem mais
intenso e urgente, o desejo se tornou quase palpável e sem me dar conta
minha camisa foi a primeira a ser descartada. Se eu não parasse agora íamos
mesmo transar na sala de aula.
— Gata, tem certeza? Você precisa me ajudar caso queira que isso pare
por aqui. — sussurrei e ela me agarrou mais e mordeu meu lábio inferior com
força fazendo meu pau começar incomodar dentro da cueca boxer.
— Não me chame como você chama as outras... — pediu e começou lutar
com o zíper do vestido, a ajudei com a tarefa provando a maciez da sua pele
tocando-a com a ponta dos dedos. Alicia era linda, perfeita e minha, nada
jamais iria mudar isso. Provei sentir novamente seus lábios e escorreguei
minhas mãos para seus seios cobertos pelo sutiã — Eu sou virgem... merda,
Na... Nathan você tem razão, é melhor não... — ela gemeu quando abri seu
sutiã expondo seus seios.
— Eu não consigo parar agora. — nada mais ali teria importância.
Massageei seus seios sentindo o tamanho deles, enquanto beijava seus
ombros e pescoço até descer a boca para seu seio esquerdo dando um
pequeno chupão no bico rosado. Ela não me afastou ou impediu pelo
contrário. E seus gemidos foram capazes de deixar meu pau ainda mais duro.
Entretanto, ela ainda estava nervosa apesar de sentir o quanto ela queria e o
quanto o efeito das drogas tinham tirado boa parte das suas inibições. Por um
momento me senti um maldito imbecil por tirar vantagem disso, mas eu não
consegui raciocinar e rapidamente me livrei da minha calça. Eu só queria
estar dentro dela o mais rápido possível.
Lambi e mordi seu outro seio e ela gemeu ainda mais, agora segurando
minha cabeça no lugar, me dando total acesso para provar e brincar com eles.
Seus gemidos eram altos o que me obrigou a tomar seus lábios para não
sermos descobertos. Suas mãos passeavam livres dos meus cabelos até as
minhas costas, me arranhando a cada vez que eu mordia levemente seu lábio
inferior. Vagarosamente desci as mãos por seu corpo alisando cada
centímetro até chegar a sua entrada. Eu estava praticamente gozando na
própria cueca quando senti o quanto ela estava molhada e quente a minha
disposição.
Com um sorriso observei seu rosto assumir o tom rosado, enquanto me
livrava da cueca boxer liberando minha ereção pulsante.
— Eu amo quando você fica envergonhada...
Desesperado por ela puxei a confusão de pano em sua cintura por sua
cabeça e arrancando a minúscula calcinha trouxe seu corpo para a beirada da
mesa tocando a ponta da ereção em seu calor. Por alguns segundos pensei em
me afastar e fazer o certo. Afinal, eu sabia que esse era um caminho sem
volta. Um maldito caminho com passagem só de ida. E havia inúmeras
chances de dar errado... Até mesmo poderia acabar em uma gravidez
inesperada, mas o risco não era nada em relação ao quanto eu a queria. E
porra, seria muito azar se acontecesse de primeira. Eu não era mais um
moleque apesar da pouca idade, tive minha primeira relação com quinze
anos. Sempre usei proteção, e justo com a menina que eu sempre desejei, fico
sem nada? Tinha certeza que nada aconteceria. Eu tinha experiência
suficiente para fazer dar certo ou pelo menos estava contando fervorosamente
com a sorte!
— Eu te amo... — suas palavras pairaram no ar e só o que pensei foi em
como eu era um filho da puta sortudo e como sentiria saudade. Da sua voz,
seus gemidos, sua risada inocente, e sua confissão. É claro que eu amava
Alicia e tinha certeza que depois daquele momento eu seria obrigado a ir
embora. Tio Rafael jamais me perdoaria. Merda, meus pais, meus primos e
tia Jess esmagadora de testículos. Eu estava tirando a virgindade da Alicia na
merda da mesa imunda de um professor. Eu era realmente um cretino! O pior
de todos! Com que cara eu olharia para meus tios depois disso? — Promete
que vai ficar comigo e não vai embora? — sua pergunta me pegou
desprevenido, olhei em seus olhos azuis e a sensação foi de que ela estivesse
enxergando através de mim.
— Eu te amo, Alicia. Vou amar para sempre! — beijei seus lábios e
invadi seu corpo frágil e imaculado. Sabendo que não iria responder sua
pergunta, pois era uma promessa da qual eu não poderia cumprir.
E enquanto nossos corpos moviam-se em uníssono em direção ao prazer,
eu sentia o quão perfeita ela era. Intenso e arrebatador era o prazer que
estávamos sentindo. Meu pai tinha razão. A partir daquele momento meu
coração, minha alma, meu corpo e minhas vontades iriam sempre pertencer à
tímida Alicia Montanari.

Um mês depois - Alicia


— Meninas, vocês tem certeza que esses testes de gravidez são cem por
cento confiáveis? — falei entrando no meu quarto quase sem ar com os
quatro bastões em mãos. Kate e Lexi se entreolharam parecendo tão nervosas
quanto eu.
— Você disse isso dos três primeiros... — Kate levantou exasperada.
— Alicia, pelo amor de Deus não me deixa nervosa. Temos só algumas
semanas para conhecer a universidade! Mamãe acabou de vim aqui
questionar porque estamos trancadas no quarto há horas... O que esses testes
estão dizendo?
— Eu... — respirei fundo. — Eu estou grávida!
ALICIA
— MÃEEE!!! OH, MANHÊÊÊÊ!!!
— Anthony Montanari, espero que esteja me gritando porquê escolheu o
seu bendito brinquedo! — gritei para o pequeno homenzinho que domina
completamente praticamente cada segundo dos meus dias.
Nesses quatro anos muita coisa havia mudado na minha vida com a
chegada do Anthony e não tinha como ser diferente. O plano de universidade,
viagem e pessoas novas? Risquei definitivamente da minha lista de desejos.
Bom, nem tudo. Depois da formatura a notícia da minha gravidez trouxe
muita confusão e desespero para a família toda. É claro que minha primeira
reação foi procurar por Nathan e descobrir que teria de lidar com tudo
sozinha. Eu sabia que ignora-lo depois do que fizemos era um aviso claro
para ele manter distância, mas não imaginei que ele levaria isso tão a sério.
Ainda me lembro perfeitamente como meus pais ficaram até finalmente
aceitar a notícia. Meus primos se sentiam culpado por eu ter sumido naquela
noite e não precisei de muito para convencê-los que Nathan não estava
comigo, até Kate e Lexi que eu pensei que teria um pouco mais de trabalho
acabaram engolindo a história furada que ele havia me deixado em casa e eu
acabei escapando no processo. Tenho certeza que grande parte disso foi elas
estarem muito dopadas para se dar conta de algo, mas não faz diferença,
apesar de no fundo eu sentir vontade de contar toda a verdade.
Talvez por ser idiota demais eu ainda me preocupava com Nathan e não
achava justo nossa família começar a vê-lo de outra forma quando eu também
tive minha parcela de culpa. E eu tinha certeza que papai iria esgana-lo.
Então mantive minha história e lamentei em silêncio ver como mamãe estava
inconformada, ela queria que eu tivesse o que ela não teve, mas o que ela não
entendia era que eu estava naquela situação unicamente porque tive escolha.
E escolhi errado. Contatei isso depois de perceber que apesar da situação me
entreguei por amor e não passei de um erro.
Claro que papai não aceitou muito bem minha versão e tentou de todas as
formas arrancar quem era o pai do bebê, ele cogitou até mesmo pedir fitas de
gravação na escola o que com ajuda da tia Jess eu consegui fazer antes dele e
queimar todas as evidências do meu ato imprudente. Achei que ela me
obrigaria a contar a verdade, mas depois de umas dezenas de broncas ela
apenas me aconselhou a fazer tudo no meu tempo e disse que estaria ali por
mim caso eu precisasse. Acho que foi a primeira vez que ela realmente estava
séria. Não me lembro de tê-la visto assim antes
Por incrível que pareça até meu Tio Dylan me procurou e questionou se o
filho poderia ser responsável pelo bebê inesperado, na hora eu fiquei sem
reação por perceber que o idiota do Nathan decidiu contar tudo e no minuto
seguinte eu estava negando verazmente dizendo ter me envolvido com outra
pessoa, nem me preocupei em parecer mais irresponsável do que já parecia. E
quando Nathan me ligou eu ainda estava com tanta raiva que se ele voltasse,
eu mesma faria com que ele sumisse definitivamente. E foi exatamente o que
eu fiz.
◆◆◆

— Alô? — atendi depois de vomitar praticamente todo meu almoço. Era


o mesmo número que ultimamente ficava me ligando. Perdi a paciência. —
Qual é o seu problema? Se não pretende falar nada porque está me ligando,
idiota?!
— Por favor, não desliga! — tive um sobressalto com aquela voz, fiquei
muda e sem reação. Ouvi um suspiro e depois do que me pareceu uma
eternidade finalmente a voz falou novamente. — Alicia?!
Ele? Céus! Ele, realmente ele. Tive vontade de jogar longe o celular, mas
meus músculos estavam todos travados. Levei à mão livre a barriga. Meu
Deus será que ele tinha descoberto?
— Nathan? — sussurrei para ter certeza e senti meu coração batendo na
garganta. Fazia quase seis meses que ele tinha ido para a Alemanha. Será
que estava tudo bem com ele? — Você... Você está bem?
— Eu... estou bem. Só queria saber como você está. — ótimo sua idiota!
Claro que ele estava bem. — Sei que deve estar chateada comigo e acredite,
eu sinto muito por tudo.
— O que você quer? — minha voz saiu em um sussurro. — Decidiu me
procurar por quê? Não precisa fingir que se importa!
— Fingir? Eu nunca fingi com você Alicia. Não tem um dia que eu não
pense em você e no que... aconteceu.
— Não aconteceu nada! — apertei o celular no ouvido. — Foi um erro,
lembra? Nós dois devemos esquecer! Eu estava fora de mim, Nathan... já
passou e...
— Lice.. eu te amo! — sua voz era aveludada e profunda. Engoli o nó na
minha garganta. — Você nunca foi um erro, eu estava errado!
— Não. Não faz isso Nathan! Por favor... Você foi embora e eu... eu já
conheci outra pessoa, estou seguindo em frente e estou feliz. Esquece!
— Outra pessoa? — suspirou. Mal ele sabia que a outra pessoa era
pequena e me chamaria de mãe. — Eu fiquei com medo, assumo que fui um
covarde, mas eu só quero que saiba que eu te amo! Porra, penso em você a
cada segundo do meu dia.. sinto sua falta!— ele falou na linha que ficou
muda. Droga, Alicia desliga! Meu subconsciente gritou e eu não consegui
obedecer.
— Eu... eu também sin...
— Nate? — uma voz feminina falou no fundo e tive tempo de ouvir ele
xingar um palavrão quando desliguei com pressa. O que eu estava pensando,
oras! Eu quase falei. E depois? Bom, depois de dizer que eu também sentia
saudades e o amava as coisas continuariam iguais, sua idiota!
Óbvio que Nathan estava bem e com outra. Eu teria meu filho e nunca
mais nos veríamos. Fim da história. Meu coração se comprimiu e partiu em
mil pedaços. Acariciei minha barriga redonda sentindo as lágrimas
familiares na minha bochecha. Eu estava emotiva demais para raciocinar
com clareza, por isso decidi que se ele tornasse a me ligar daria um jeito de
convencê-lo a não me procurar mais.
◆◆◆

E claro que ele ainda tentou falar comigo de novo, então pedi para meu
amigo Gael fingir ser meu namorado e atender. Foi difícil já que Gael era
bem melhor no papel de namorada, mas algo em sua atuação deu certo e foi a
ultima vez que falei com Nathan. Ainda fiquei morando com meus pais até
um pouco depois do meu filho nascer. E fiquei feliz por em momento algum
pestanejar não seguir em frente com a gravidez. Anthony nasceu de uma
noite de imprudência. E o que posso dizer é que não me arrependo de nada.
Apesar da mágoa que senti e ainda sinto do pai dele por ele ter ido embora
sem me dizer um adeus descente, Nathan me deu o melhor presente do
universo, meu lindo menino que é a luz da minha vida e de alguma forma eu
sou muito grata a ele.
Finalmente quando já me sentia pronta para cuidar sozinha do Tony, sob
os muitos protestos da minha mãe, mudei-me para um apartamento no centro
de Manhattan, próximo ao estúdio de balé onde me tornei professora, meu pai
tentou insistir que eu fosse trabalhar na empresa da família, mas eu sempre
amei a dança. E eu me desdobro diariamente, mas não admito parar minha
vida apenas porque me tornei mãe na adolescência. Já fui alvo de
comentários por isso, mas não me incomoda mais. Com o tempo percebi que
não é a idade que torna as pessoas responsáveis e sim as atitudes. Para ser
mãe não precisa manual de instruções, todo dia eu aprendo um pouco com
meu filho.
Lexi também saiu de casa e veio morar comigo, claro que ao contrário de
mim que ainda precisei esperar Tony estar preparado para uma escolinha ela
focou totalmente no curso de fisioterapia que sempre foi sua paixão. E logo
que Kate se formou na escola também começou um curso de administração e
já faz um estágio com o pai na empresa, achei que ficaríamos distantes, mas
foi exatamente o contrário, Kate dorme aqui em casa mais que em qualquer
outro lugar, somos as três malucas e um bebê e como aquelas duas mimam
meu pequeno! Graças a isso Anthony é uma criança incrivelmente levada e
como se não bastasse, ganha quase todos na lábia, inclusive eu.
— Mãe, eu não posso escolher entre eles. Você escolheria entre eu e a
vovó? — não disse?

Ele olha para mim enquanto aguarda pela resposta com aquele sorriso de
safado que me trás a mente imagens do pai dele. Por mais que eu tenha lutado
durante todos esses anos para esquecer definitivamente o estúpido do Nathan,
meu filho me faz lembrar ele constantemente. É uma cópia fiel. Cabelos em
um castanho claro beirando loiro, bochechas gordinhas e coradas e um
sorrisinho sacana. Minha sorte ele ter os olhos azuis como os meus! Olhos
verdes não facilitariam em nada.
— Tony, vai ser só um jantar na casa da Tia Jess, você não precisa levar
todos os seus brinquedos.
— Mas, mãe você não me respondeu?! — respirei fundo. Em alguns
momentos ou quase sempre meu filho não parece ter apenas quatro anos de
idade dada sua esperteza.
— Eu não escolheria entre vocês por que a mamãe ama muito os dois!
— Então mãe, eu também não posso escolher!
Ótimo! Um a zero pra ele.
— Tudo bem, Anthony. Dessa vez pode levar os dois! — suspirei
derrotada.
— Valeu mãe! — me agarrou batendo o boneco do Homem de Ferro na
minha cabeça e caindo na risada em seguida.
Faltava pouco para o início do verão e, como de costume iríamos viajar
para algum lugar, só não estendi o porquê de a tia Jess marcar um jantar no
meio da semana para anunciar algo tão corriqueiro. Terminei de vestir Tony e
caminhei para a sala deixando ele com os brinquedos. Minha rotina pela
manhã era sempre corrida entre arruma-lo para a escola, e dar aulas no
estúdio que agora eu poderia vesti-lo com uma mão amarada e de olhos
fechados.
A porta abriu de repente e Lexi entrou ainda vestindo o jaleco e com cara
de poucos amigos.
— O que houve doutora? — questionei divertida. Sempre que ela tem
sessões com seu paciente especial ela chega assim em casa.
— Estou exausta daquele idiota! O cara é um babaca Lice. Não me deixa
ajudá-lo em nada, diz que não confia em estagiárias, acredita? Bastardo
infeliz!
— Está falando do seu paciente jogador super famoso e devo
acrescentar... gostoso? — arqueio uma sobrancelha.
— Eu devia deixar aquela maldita perna dele dura para o resto da vida!
— se livra das suas coisas e caminha para a cozinha dando a volta no balcão.
— Por que mesmo eu aceitei esse estágio? — faz um biquinho pensativa.
— Porque é uma oportunidade ótima de você alavancar sua carreira?
Pensa como vai ficar conhecida se ajudá-lo a se recuperar e, nem é tão difícil
assim... o cara é um deus grego!
— Ele é normal! — bufou indiferente.
— Defina normal, Alexia Montanari? — cruzei os braços e me aproximei
rapidamente quando vi suas bochechas corarem. O que? Lexi envergonhada?
Desde quando? — Você está... ahh meu Deus! Está interessada no seu
paciente! — conclui com um grito.
— O que? — engasgou com a água. — Não mesmo! Ficou louca? Eu
odeio esporte e odeio aquele arrogante. Não viaja!
— Olha nos meus olhos e diz que não sente nada por ele...?! — notei sua
expressão vacilar.
— Tony!!! — gritou me ignorando e dando a volta no balcão para se
afastar. — Vem dar um beijo na titia!
— Escute bem minha menina ante relacionamentos, só não transe com
seu paciente feito uma desesperada e sem camisinha durante as sessões de
terapia... Tony é a prova viva de que isso não dá certo! — sentei no sofá
ainda rindo.
— Vá se foder, Alicia! — resmungou passando por mim e correndo para
abraçar Tony que caminhava na nossa direção.
— Tia fala para a Alicia que eu posso comer sorvete?! — Tony pediu
quando ela parou de beija-lo.
— Não você não pode! E desde quando eu sou Alicia para você,
mocinho? — cruzei os braços.
— Ah, mãe! Vai ser um tantinho assim... ô... — mostra os minúsculos
dedinhos.
— Nem pensar, só depois de jantar!
— E porque ele ainda não jantou sua desnaturada, posso saber?
— Vamos para a casa da tia Jess, então sugiro você ir logo se arrumar!
Kate já deve estar lá.
— Aconteceu alguma coisa? É sobre nossa viagem de verão?
— Não sei. — dou de ombros e Tony vem para o meu colo. Abraço meu
pequeno e distribuo beijinhos por suas bochechas rosadas em meios aos seus
protestos.
— Vou me arrumar logo então. — Lexi suspira e vai em direção aos
quartos. — Deve ser por isso que Kate me mandou mensagem dizendo que
tem novidades!
Faltava pouco para as sete da noite quando estávamos prontas para sair.
Mas, como toda mãe eu tive que conferir a mochila do Anthony umas três
vezes. Blusa, primeiros socorros, remédios, umas três trocas de roupas,
mamadeira que agora raramente ele estava usando depois do Arthur ficar
falando que não era coisa de homem de verdade e alguns brinquedos. Arthur
e Matheus eram tios excelentes para meu filho, e foi graças ao Arthur que
Anthony também não estava mais usando fraldas. Ele até mesmo sugeriu
assumir a paternidade para nossos pais, fingi aceitar e marquei um jantar,
óbvio que não ia o deixar fazer de fato até porque tia Jess sabia toda a
verdade, e eu nem precisava me preocupar em levar a brincadeira tão longe
afinal Arthur mesmo saiu correndo da minha casa com o rabo entre as pernas
quando gritei papai na sala, isso porque o brutamonte coberto de músculo
dizia estar apaixonado por mim.
— Vamos? — Lexi chamou da porta mexendo no celular.
— Eu vou levar Tony para fazer xixi, vai descendo com a bolsa dele...
— Pelo amor de Deus, Alicia! — ela revirou os olhos.
— Não posso fazer nada! — fiz uma careta.
— Leva o Batman e o Homem de ferro, tia. — Tony gritou correndo para
o banheiro. Influências da dona Heloísa e sua paixão por heróis.
— Por que temos que ir com seu carro? — Lexi falou com uma careta
quando apertei a chave desligando o alarme com Tony no colo.
— Ele tem cadeirinha para o Tony, e estamos atrasadas... agora para de
frescura e vamos logo.
Mal estacionei o carro em frente à casa da tia Jess e Lexi já estava do lado
de fora. Meu filho estava eufórico desde que saímos de casa. Tony adorava
reuniões de família onde ele era o centro das atenções. Os carros estacionados
em frente à casa era a prova de que estávamos atrasados. Como sempre. Lexi
foi entrando na frente para ouvir as piadinhas sobre como somos atrasadas e
eu fiquei com meu filho.
— Anthony eu quero que se comporte tudo bem? Nada de mexer nas
coisas da tia Jess ou ela puxa sua orelha! — pedi soltando o cinto da
cadeirinha.
— Mãe, você esqueceu que eu já sou um homem? Se eu ficar quietinho
você promete que não vai ficar me beijando?
— Mas, a mamãe ama beijar essas bochechas gordinhas... — distribui
beijinhos nele arrancando-lhe gargalhadas.
— Ah, manhêêê... — suspirou profundamente cruzando os bracinhos.
— Ah, manhêêê.. — repeti rindo do seu drama. — Tudo bem, mamãe
promete que não vai ficar beijando, agora vem... — o tirei da cadeirinha e
assim que o coloquei no chão ele saiu correndo em direção as escadas e como
qualquer mãe coruja que sou, eu corri atrás dele nem me importando em
fechar a porta do carro.
Minha família é muito barulhenta, sempre foi pra ser sincera, mas eu já
estou acostumada. E por incrível que pareça gosto dessa confusão. Anthony
agora estava no colo da mamãe sendo apertado e beijado por todas as
mulheres. Tomei um susto quando tia Dakota apareceu na sala com um
sorriso enorme agarrada ao marido. Papai, tio Enzo, e tio Theo estavam no
bar com Matheus e Arthur. Tio Dylan se aproximou e me deu um beijo
rápido no alto da cabeça antes de se juntar a eles.
— Tia, Dak. — a abracei apertado. Por mais que o grau de parentesco da
nossa família fosse tecnicamente todo por consideração. Éramos como se
todos tivemos o mesmo sangue tamanha nossa conexão. É isso me lembra
minha tia Thea. Que também não é tia, mas se a tratarmos diferente seremos
indiciadas a morte.
— Fiquei esperando você ir me visitar, sua safada! — fez um biquinho
piscando os cílios.
— Eu ia fazer isso agora no verão, Tony adora a praia... você sabe! — me
justifiquei com um sorrisinho.
— Arrã, sei que ia... Nathan me fala a mesma coisa... agora que arranjou
uma namorada na Alemanha nem acredito mais e, no fundo acho bom, não
fui nem um pouco com a cara daquela coisinha... nojenta. — faz uma careta
engraçada.
— Então... estou feliz que esteja aqui. — como de costume nesses
momentos me estapeei mentalmente por não saber disfarçar sempre que ela
citava o nome do falecido.
— Ahh, Lice eu também estou. Preciso mesmo da companhia de vocês
para me acalmar. — suspira.
— Aconteceu alguma coisa?
— O idiota do meu filho, sei que não vai muito com a cara dele, mas eu
amo tanto aquele estúpido... e nesses momentos sinto mais falta ainda! Faz
quase cinco anos. — forçou um sorriso e balancei a cabeça concordando. Mal
ela sabe que eu infelizmente também sinto falta por isso tenho tanta raiva e
magoa.
— Ei vocês duas, chega de fofocas! — tia Jess grita chamando nossa
atenção.
Os falatórios se iniciaram e isso porque a família não estava completa,
ainda faltavam meus avós, o avô da Kate senhor Lorenzo e a esposa que não
puderam vir porque ambos estavam viajando em um cruzeiro e dona Leyla
que também estava viajando, mas para Vegas com um grupo de senhoras
intitulado "Clube das sem vergonhas" tia Thea agora estava em Amsterdã
para o lançamento do seu Best Sellers, e Nathan no quinto dos... Enfim,
quanto a ausência dele já estávamos acostumados fazia realmente quase
cinco anos.
Como prometido, não fiquei beijando meu pequeno pestinha, mas
mantive os olhos atentos nele o tempo todo enquanto escutava qualquer
besteira que o Lexi, Kate ou tia Jess dizia. Sorte eu, o resto de nós sermos
centradas e acostumadas com as três malucas da família.
— Meus amores... — Tia Jess fala se levantando e batendo na taça de
vinho com a colher. Todos na mesa paramos de falar para prestar atenção.
Em um movimento rápido Tony pega a colher e bate na minha taça a
imitando e eu fico sem conseguir reagir imediatamente e salvar o cristal que
trinca e estilhaça tombando a taça e derramando vinho.
— Anthony! — resmungo com uma careta tomando a colher da sua mão.
— Tia, desculpa eu estava distraída!
— Tudo bem é só uma taça, querida. — ela sorri enquanto eu tenho
vontade de dar com a colher na cabeça do meu filho.
— Quebou?! — ele leva as mãozinhas à boca com uma expressão de
surpresa e todos dão risada.
— Quebrou né?! Seu sapeca. — Tia Jess coloca as mãos na cintura.
Continuo centrada em tentar limpar a sujeira com meu guardanapo o máximo
que consigo. — Vamos ao comunicado. Esse ano, decidimos fazer algo
diferente para o verão. Como faz muito tempo desde que tivemos uma lua de
mel... eu falo para os casais de adultos que podem fazer coisas de adultos.. —
da risada quando os meninos começam reclamar. — Calem a boca a mamãe
ainda está falando. Enfim, esse ano não vamos viajar juntos... Eu e o Enzo,
Helô e Rafa, Teresa e Theo, Dakota e Dylan... humm esqueci alguém?
— Não amor, ninguém. — tio Enzo sorri a incentivando continuar.
— Obrigada querido, como eu ia dizendo... nós vamos para Buenos
Aires, antes que vocês imaginem uma suruba, cada casal vai para um lugar
diferente..
— Credo mãe, eu nem pensei nisso... — Kate se pronuncia com uma
risadinha.
— Muito menos eu... — Matheus completa com uma careta.
— Mãe, o que é "sutuba" — Tony sussurra me puxando.
— Não é nada demais. É uma palavra feia que você não pode falar, tia
Jess te deve um dólar. — falei e ele sorriu.
— Eu acho ótimo que vocês façam isso... eu tenho planos para esse
verão.. — Arthur sorri.
— Ahh não... — Lexi protesta. — Eu já planejei tudo para nossa ida à
casa do lago...
— É mesmo! — Kate completa. — Então ficamos assim... Os jovens vão
para a casa do lago e os velhos para Buenos Aires... perfeito!
— Velha é sua cara, cachorra... — tia Jess retruca e ela da risada. — Eu te
coloquei no mundo pra isso, é?
— Mãe... — Tony sussurra chamando minha atenção novamente. — Eu
posso ir com o vovô?
— Ah meu amor o vovô vai para muito longe, você não quer ir ao lago
com a mamãe? — ele parece pensar. — Se você não for comigo eu vou
chorar, quem vai cuidar de mim?!
— Não, mamãe. Eu vou cuidar de você. — sorriu me mostrando os
dentinhos brancos.
— Que porra, Kate para de inventar... — Arthur reclama e rapidamente
pego o guardanapo sujo e taco na sua cara.
— Olha esse palavreado! — reclamo.
— Mãe o tio Arth, tem que colocar dinheiro no potinho ele falou coisa
feia.. que você não gosta..
— Ele vai colocar meu amor...
Por que raios é tão difícil não falar palavrão perto do meu pequeno
gravador?! Só eu sei a dificuldade que é fazê-lo entender que são palavras
feias para crianças lindas falar e ainda mais tendo duas malucas em casa
constantemente. Nem usando a tática que minha mãe me ensinou do potinho
de boas maneiras eu tenho sossego. A cada palavrão que elas deixam escapar
coloca um dólar no potinho para o meu filho, que provavelmente vai ficar
rico antes mesmo de chegar aos dez anos!
— Lice você devia ir com os velhos, parece uma idosa... apesar que se
você quiser eu vou junto para nossa lua de mel! — Arthur pisca um olho
divertido e mentalmente mostro o dedo do meio para ele mesmo que por fora
foi apenas uma careta.
— Então está decidido e adivinha... eu fiz aquele ingrato do Nathan tirar
finalmente o rabo da Alemanha.. esse verão ele vai passar conosco.. — Kate
comemora e eu quase morro engasgada com a água. Olho para tia Jess de
olhos arregalados que parece tão surpresa quanto eu. Todos param de falar
ante a minha crise de tosse repentina.
— Aí meu Deus, Katherine! — tia Dakota exclama saltando da cadeira.
Merda. Merda. Merda.
Saio da mesa sorrateiramente quando estão servindo as sobremesas para
respirar. Não posso de jeito nenhum me encontrar com Nathan. Ele vai
descobrir tudo na hora que bater os olhos no Anthony. Céus, o que eu vou
fazer? Eu sabia que isso poderia acontecer um dia, mas não agora. Eu nem
tenho estrutura para isso. Não. Preciso pensar em algo e rápido. Começo a
andar de um lado para o outro apertando meus próprios dedos.
— Ele precisa saber filha. — a voz da minha mãe chama minha atenção e
paro abruptamente virando-me na sua direção.
— Não mãe, ele não pode saber... já se passou tanto tempo eu não posso...
espera, o que?
— Jess me contou Alicia. — responde e arregalo os olhos.
— Mãe... errrr, eu...
— Tudo bem, não julgo você por esconder isso de mim apesar de não
entender o motivo. — abaixo a cabeça sem reação, ela está certa sempre
fomos tão unidas. — Filha o Anthony pode não precisar agora, mas um dia
ele vai perguntar pelo pai... você não pode esconder isso para sempre. Nathan
foi um infantil e ambos foram irresponsáveis na ocasião, está na hora de agir
como adultos. — sinto suas mãos nos meus ombros.
Notei que ela frisou a palavra ambos, deixando claro que eu tive minha
parcela de irresponsabilidade e eu sei disso.
— Não sei como vou reagir perto dele... e ele... ele tem namorada.. —
suspirei derrotada.
— E você ainda sente algo por ele? — encaro seus olhos com os meus
totalmente arregalados.
— Claro que não! — era patético negar, mas eu não cederia.
— Então não tem importância ele está comprometido. — sorri. — Você é
Alicia Montanari, a mulher que enfrentou a dor de um parto natural e cria
sozinha, um menino maravilhoso... vai saber o que fazer na hora certa! —
seus braços rodeiam minha cintura e me permito respirar. — Eu te amo
minha princesinha.
— Eu também te amo, mãe! — Eu sentia como se tivesse tirado um peso
das costas. Minha mãe sempre foi minha confidente, esconder por tanto
tempo algo dela era horrível. E no fim ela está certa, mesmo assim não sinto
que posso fazer isso agora. Não sou tão corajosa!
Assim que ela se afasta fecho os olhos por alguns momentos e imagino
qual desculpa eu vou usar para não ir à viagem. Talvez ir com meus pais para
Argentina ou um problema no estúdio de ballet, melhor posso usar o fato do
Anthony não poder ir para um lugar sem as poluições diárias da metrópole, já
que não é acostumado com ar puro constantemente. Merda. Óbvio que isso
não vai dar certo. Talvez eu possa quebrar uma perna e... quem diabos vai
cuidar do meu filho? Resmungo sozinha e solto um palavrão em seguida.
Como diz minha tia Jess. Que situação mais fodida!
— Alicia! — ouço a voz familiar chamando por mim e sinto meu coração
dar um salto, não. O destino não pode ser tão filho da puta com uma pessoa
só. Temo abrir os olhos e dar de cara com ele, mas então eu não tenho
alternativa. Vagarosamente abro os olhos para dar de cara com ninguém mais
ninguém menos que ele. Realmente ele. Nathan. Parado na minha frente e
sorrindo o maldito sorriso que eu vejo todos os dias no rosto do meu filho.
Porra. Porra e porra. Por todos os palavrões que eu deixei de falar pelo
meu filho.
Porra mil e uma vezes.
NATHAN
Fiquei alguns segundos encarando a mensagem da Kate decidindo se era
mesmo o momento de voltar para casa ou não. Passaram quatro anos. Eu sou
mesmo a porra de um imbecil. Não houve um dia sequer que eu não tenha
pensado nela e me arrependido da decisão de ir embora. Naquela época com
dezessete anos eu realmente achei que estava fazendo a coisa certa. Meu pai
soube do que eu fiz naquela noite quando cheguei em casa arrependido e,
acredite ele quis me bater, ouvi um verdadeiro sermão do quanto eu fui
irresponsável e inconsequente por me aproveitar da minha prima de forma tão
desonrada. Tentei argumentar que pediria desculpa, mas ele disse que se eu
fui homem para fazer teria que ser homem para assumir, sem mais opções.
Então, com muito esforço o convenci que ambos fizemos tudo com segurança
e concordamos que não teríamos mais contato. Eu ficaria longe dela e jamais
algo sequer parecido chegaria acontecer.

E claro para me ajudar manter minha promessa em menos de uma semana


meu pai me ajudou a agilizar uma viagem. Não me lembro de tê-lo visto tão
puto quanto ficou naqueles dias, minha mãe perguntava e ele dizia que estava
com problemas no trabalho, o que me fazia ficar pior. Além do fato de ter
mentido e estar indo embora. Medo, eu estava apavorado. Não conseguiria
encarar Alicia assim como não consegui quando a deixei em casa naquela
noite e falei a única coisa que não devia. Que eu estava arrependido e eu não
repetiria o mesmo erro. Depois disso ela obviamente não quis mais nada
comigo, já havia me bloqueado e mesmo eu trocando de número sequer
atendia minhas ligações, por isso ir embora me pareceu a melhor saída. Só
não achei que para meu pai precisaria sair até mesmo da minha casa em San
Diego e ficar a exatos 6.263 quilômetros de distância. Descobri quando
estava tudo pronto que meu destino seria nada mais nada menos que a
Alemanha e nem pude reivindicar.

Como na época eu era um dos melhores atletas da Escola e com um pai


influente e dono de uma Empresa Multinacional de Advocacia, com uma
prova meu certificado foi antecipado sem muitos esforços. Minha mãe ficou
revoltada por eu perder minha formatura quando faltava só poucos meses e
mais ainda quando soube que teria de me mudar tão depressa, mas também
ficou imensamente orgulhosa por eu ser aceito em uma universidade famosa
de advocacia na Alemanha ainda tão novo e nem mesmo desconfiou que meu
pai fosse o responsável. Eu até tentava me mostrar empolgado, mas sabia que
a realidade era outra.

Quando cheguei à Alemanha eu evidentemente era o mais novo da


Universidade, contudo não demorou muito para eu conseguir uma vaga entre
os alunos populares. Morar em uma fraternidade teve lá seus benefícios no
inicio assim como noites regadas a álcool e garotas variadas disponíveis a um
estalar de dedos. Fiz questão de não me envolver e quando finalmente reuni
coragem suficiente liguei para ela. Eu só precisava ter certeza que ela estava
bem. Era a mesma voz doce e sussurrada que gemeu no meu ouvido meses
atrás. Era minha Alicia, e estava com outra pessoa. Foi difícil aceitar no
início, mas depois das ligações eu tentei de todas as formas esquecê-la.
Quando completei dezoito anos mesmo com a insistência da minha mãe não
fui para casa passar a data. Ganhei um apartamento e uma Harley de presente
do meu pai que fazia chamadas de vídeos constantes para saber como eu
estava. Sempre tentava não perguntar da Alicia e agradecia mentalmente por
papai mudar de assunto sempre que minha mãe tentava falar algo. O
apartamento era como eu imaginei... arejado, prático e despojado, não pensei
duas vezes em me mudar. Por mais que eu me envolvesse fisicamente com
varias mulheres e tivesse meus novos amigos para me distrair, minha mente
insistia em rodar em torno de uma única garota de olhos azuis que eu deixei
em Nova York por ser idiota demais e, agora o fato de poder encontrar com
ela novamente sinceramente me deixa apavorado.

"Não tem desculpas dessa vez Nathan Estúpido Carter! Juro que se você
não vier nessa viagem que eu planejei por horas e horas eu mesma vou pegar
um voo e quebrar essa sua cara linda e sumida. QUATRO ANOS!!! Cacete!
Para de ser a porra de um excluído e ignorar sua família por essas alemãs
magricelas. Todo mundo aqui te ama e sente sua falta, coloca a mão nessa
consciência de merda!!! Babaca!"

Kate sempre foi tão direta. Revirei os olhos e dei risada, porém não
minimizou meu nervosismo com a possibilidade de encontrar Alicia
novamente, apenas imaginar falar com ela começou me sufocar e dificultar a
passagem de ar para meus pulmões. Como ela reagiria quando me visse
novamente e, se ainda estiver comprometida... eu aguentaria olhar para ela
sendo tocada por outro? Arrependo-me de fazer tanta questão de não querer
nenhuma notícia nesses últimos anos e, agora ela ainda estava com aquele
imbecil? Quatro anos, quatro caralhos de anos e eu não faço ideia de como as
coisas estão. E porra, mesmo com todo o nervosismo devo admitir estou
extremamente ansioso para revê-la.

— O que você tanto vê nesse celular? — Sarah pergunta entrando no


quarto enrolada na toalha e secando os cabelos com outra. Percebi então que
ainda encarava a tela do celular. Cocei a cabeça e respirei fundo.

— Vou viajar. — respondi colocando o celular no criado mudo sem nem


responder minha prima e tomando minha decisão. Chega de fugir!

Os olhos da Sarah me avaliaram curiosos antes mesmo dela abrir a boca,


suspiro aguardando seu questionamento.

— Aonde você vai? — finalmente perguntou se aproximando.

— Vou para casa. — respondi e ela interrompeu os passos bruscamente


sem nem me alcançar.

Sarah evita no máximo falar da minha família. Ela já chegou até mesmo a
discutir varias vezes comigo por conta disso, algo que considero totalmente
infantil. E como se não bastasse dona Dakota percebeu que ela não quer que
eu tenha qualquer relação com eles e pegou um tipo de aversão a ela.

— Vamos fazer três meses juntos. — sussurrou. — Não acredito que vai
me deixar aqui sozinha nessa data?!

— Sarah, você decidiu dar nome ao nosso envolvimento, eu sempre


deixei claro que não queria um namoro, lembra? — suspirei cansado. Minha
cabeça já estava cheia, imaginando como seria voltar depois de tanto tempo.
Não estou mesmo a fim de explicar o óbvio. Já que inúmeras vezes deixei
claro que não passamos de amigos que tem fodas ocasionais onde ambas as
partes envolvidas entraram em consenso.
— Posso ir? — fez uma careta.

— Não acho que seja uma boa ideia. — encarei seus olhos castanhos me
fitando sem sequer piscar

— É uma oportunidade para eu conhecer seus pais e provar para sua mãe
que não quero te afastar dela. Apesar de saber que você é muito melhor sem a
interferência deles e também tem um futuro...

— Não vou discutir com você de novo sobre esse assunto! Eu vou ir de
qualquer jeito e não precisa provar nada!

— Isso é por que você não esqueceu aquela sua prima?! — cruzou os
braços. — Já imaginou se ela já estiver casada ou qualquer outra coisa? Foi
há quatro anos Nathan, está perdendo uma ótima chance comigo por um
passado estúpido de dois adolescentes!

— Isso não tem a ver com a Alicia. — resmunguei maldita hora que eu
bebi e falei com essa garota. — Eu preciso ver minha família, Alicia faz parte
dela, sim. Mas todos são pessoas importantes para mim. Você pode entender
isso?

— Posso. Por isso... eu vou. — falou decidida. Fiz uma careta. — Como
sua amiga se for o caso. — revirou os olhos. — Não se preocupe, eu tenho
algumas amigas morando por lá e estava combinando de visitá-las... assim
consigo suprir duas necessidades em uma única viagem. Pode ser?

Merda! Seria difícil convencê-la a mudar de ideia. Sara tem alguma coisa
na cabeça que a faz ter certeza que somos um casal e sinceramente eu me
cansei de explicar. Se ela quer mesmo ir como minha "amiga" ou o que for o
problema é todo dela, pois eu lavo minhas mãos.

Arrumei minhas coisas e reservei o primeiro voo. Kate não saiu do meu
pé e me mandou tantas mensagens que na última fui obrigado a ligar de volta
antes que ela se materializasse na minha frente com um revólver. A licença
na faculdade foi fácil conseguir já que eu já estava praticamente formado. A
filial da empresa na Alemanha onde eu entrei inicialmente como estagiário
me ajudou muito e, agora não me vejo fazendo outra coisa. Não imaginei que
fosse gostar tanto de advocacia. Em uma semana eu já tinha tudo pronto. E
no final das contas o voo de quase oito horas foi tranquilo e eu diria até que
rápido tirando as inúmeras frescuras da minha amiga acompanhante.

Chegamos e seguimos direto para um hotel no centro de Manhattan onde


passamos a noite. Eu tentei pelo menos, mas junto com a cidade vieram as
lembranças e como se não bastasse teria de ir para um jantar na casa da Kate
onde para minha surpresa toda a família estaria reunida incluindo meus pais.
De certa forma foi ótimo. Se eu viesse e dona Dakota soubesse que não fui
vê-la primeiro, ela me mataria.

— Você está ótima. — revirei os olhos para a garota a minha frente. O


vestido era justo, branco e colado ao seu corpo. Sarah era linda. Alta loira e
um belo par de pernas compridas. Mesmo assim para mim nada jamais
superaria minha pequena Alicia. O que me faz imaginar como ela estaria
agora?! Ok, cérebro eu entendi. Uma noite pensando nela foi suficiente.

— Vou conhecer aquela sua família. — seu rosto se contorceu em uma


pequena careta. — Preciso estar apresentável!

— Não começa com isso. — suspirei já me sentindo irritado. — É a


minha família, porra, Sara você disse que ia tentar! Não vou permitir você os
tratando como...

— Tudo bem... — me interrompeu erguendo as mãos — Tudo bem,


desculpe prometo me comportar. — sorriu se aproximando e abraçando meu
pescoço. — Conseguiu alugar a moto?

— Consegui, e ela só está nos esperando para sairmos. Mas, com essa
demora vou chegar lá e o jantar já vai ter acabado.

— Nate, você sabe que estou de dieta, né?! Então, não faz diferença. —
suspirou piscando os cílios cumpridos com o excesso de maquiagem.

— Acontece que eu não estou de dieta e, estou de saída! — tentei me


livrar de seu agarre.

— Nate, por favor?!


— O que você quer Sarah? — suspirei.

— Estávamos bem antes dessa viagem... só quero que as coisas


continuem iguais. — deu de ombros. Respirei fundo.

— Eu não quero magoar você, estou com saudades da minha família e...

— Dela. — me interrompeu. — Sei que ainda sente algo por ela e, espero
mesmo que você não se frustre!

— Tem certeza? — arqueio as sobrancelhas com ironia e ela dá uma


risadinha balançando os ombros.

— Quase.

— Quase pra você Sarah Schmidt já é o suficiente. Vamos!

Seguimos rapidamente pelas ruas de Nova York e percebo o quanto aqui


as coisas são diferentes de Berlim, começando com a quantidade de turistas e
esse trânsito caótico. Mesmo assim estar aqui de novo é reconfortante. Como
senti falta disso! Não vejo a hora de voltar à praia, ver minha casa em San
Diego, minha avó e toda a aconchegante bagunça.

Estacionei em frente a enorme casa da tia Jess que estava exatamente


igual e respirei fundo antes de me livrar do capacete. Sarah desceu olhando
tudo em volta admirada e não seria para menos. Era uma casa enorme e linda.

— Vamos. — chamei apontando a direção das escadas.

— Posso segurar sua mão? — questionou apreensiva.

— Não vejo o porquê disso se ambos concordamos que somos amigos. —


ergui minhas sobrancelhas.

— Amigos que fodem... — bufou eu acabei dando risada.

Mesmo me esquivando seus dedos se enlaçaram teimosos nos meus


quando abri a porta. Assim que passamos pelo hall de entrada meus olhos
foram atraídos para uma confusão de cabelos castanhos. Estaquei na porta e
prendi a respiração. Alicia estava aqui e exatamente como me lembrava. Algo
em meu peito deu sinal de vida em meio às batidas aceleradas do meu
coração. Linda e distraída ela não notou nossa chegada e permaneceu
andando de um lado para o outro resmungando sozinha como sempre. Alicia
adorava resmungar, pelo jeito isso não mudou, constato com um sorriso.

Corro os olhos por seu corpo, ela está vestida em uma espécie de mine
macacão florido que marca deliciosamente cada uma das curvas familiares
terminando em sua coxa roliça e não consigo murchar meu sorriso. Ela
parece mais gostosa do que nunca. Os cabelos castanhos estão um pouco
maiores do que me lembro, caindo revoltos até o meio de suas costas. Porra.
Não tem como não ser ela. Como uma onda os sentimentos reprimidos de
anos me nocautearam. Saudade e desejo duelando de uma forma tão intensa
que por um momento tudo a minha volta para de importar e fazer sentido.
Reprimo a vontade de correr até ela e dou passos vacilantes para dentro.

— Alicia. — experimento chamá-la e ela para abruptamente,


vagarosamente se vira na minha direção e tenho certeza. É ela. Eu sou capaz
de reconhecê-la a quilômetros de distância. O familiar tom azul de seus olhos
faz meu coração congelar por um momento. Como senti falta!

— Nathan?! — balbucia sem nenhum som me encarando ainda imóvel,


mas logo seus olhos desviam dos meus para minha mão enlaçada na de Sarah
e sucessivamente para a figura ao meu lado.

— Eu sou Sarah, a namorada do Nathan, prazer conhecê-la! — ouço a


voz da Sarah ao meu lado, mesmo assim não consigo desviar meus olhos ou
falar qualquer coisa.

— Oh! É um... um, eu sou a Alicia, uma prima? Quase prima e eu hum...
eu preciso ir. Foi um prazer! — gagueja nervosa. Dou risada. Ela continua
exatamente igual. Rapidamente começa se afastar, mas volto em mim a
tempo e corro em sua direção segurando sua mão.

— Por favor, espera. Não foge de mim! — volto a sorrir.


— Não sou eu quem está acostumada a fazer isso! — puxa a mão
exasperada dos meus dedos. Uau! Acho que mereço isso!

— Posso te abraçar? — acabo perguntando.

— Eu preciso ir!

— Nathan! — Lexi grita entrando na sala mais loira que nunca e me


puxando para um abraço. — Porra! Nem acredito! Seu escroto, lindo!

— Loira?! — sorrio ainda olhando na direção que Lice saiu praticamente


correndo.

— Cansei de ser confundida com a Lice... tadinho do Tony, ele ficava


muito confuso com nós duas. Não sabe quem é quem. Então, para não fazer
mais confusão eu mudei!

Tony? Quem é Tony? Merda. Será o mesmo namorado da Alicia de


quatro anos atrás?

— Você está linda! — consigo responder.

— Que cara é essa? — ela retruca e encaro os olhos azuis da loira que me
avaliam com as sobrancelhas arqueadas. Abro a boca para responder, mas
desisto.

— O que houve que a Lice saiu correndo para fora parecendo uma malu...
Nathan! — Kate grita entrando na sala e pula literalmente nos meus braços.
— Você veio, eu sabia!

Apresentei as meninas a Sarah e pelas feições não sei dizer se ficaram


felizes, ou chateadas por eu trazer outra pessoa para a viagem especial de
verão, mas foram simpáticas na medida do possível. Sigo finalmente para a
sala de jantar e como previsto minha mãe não quer mais me soltar.

— Mãe, eu estou bem! — falo pela terceira vez capturando a vigésima


lágrima que rola por seu rosto.

— Eu senti tanto sua falta, ursinho! — funga.


— Estou meio grandinho para esse apelido. — sorrio — Vem, vamos
falar com a Sarah... — chamo e ela faz uma careta engraçada enxugando as
lágrimas. Dou uma gargalhada. — Minha amiga. — sussurro e ela não
disfarça o contentamento. — Que feio dona Dakota!

Fui abraçado por todos e até mesmo pelo novo e minúsculo membro da
família ao qual eu sequer conhecia.

— Eu sou o Tony! — o menininho fala me encarando com os enormes


olhos azuis curiosos. Sinto alívio ao ouvir seu nome e sorrio. Incrível como
ele tem as íris iguais às das gêmeas e do tio Rafael. O garotinho é lindo,
parece um boneco com a pele tão clara e as bochechas rosada. — Você
também é ursinho? — dou risada. Pelo jeito é muito esperto também.
Admira-me ver que meus tios conseguiram ter outro filho depois das gêmeas
e depois de tantos anos. Achei que isso era praticamente impossível.

— Eu sou o Nathan, Tony e acho que você é o ursinho da família agora.


Já te falaram do primo descolado que pilota uma moto? — levantei uma
sobrancelha.

Os olhos dele brilharam ao mesmo tempo em que se arregalaram


parecendo duas bolas de gude.

— Você tem uma moto de verdade? — grita empolgado chamando


atenção. Abaixo-me para ficar na sua altura.

— Tenho sim, e está lá fora. Você quer ver? — sorrio. O garoto é


encantador. Tenho certeza que não existe uma pessoa sequer no mundo que
não se apaixone por ele.

— A mamãe não gosta de moto. Ela disse que é coisa de adulto bobo e
faz dodói... — olha em volta antes de me encarar. — Mas eu gosto. —
sussurra — Você me leva na sua moto, tio?

E já até virei tio. Eu e essa minha família de parentesco bagunçado.

— Você tem quantos anos? — ele levantou quatro dedinhos. — Hum...


Acho que tia Helô não vai querer não. Podemos tentar! — endireito-me no
sofá e não resistindo o pego no colo. Ao contrário de outras crianças ele não
se retrai e estranha como já ouvi dizer, mas aceita e de muito bom grado.

— A vovó vai deixar a mamãe que não. — faz uma careta engraçada.
Fico confuso.

— Onde sua mãe está? — olho em volta com a testa franzida.

— Humm... Ela foi lá fora. — o garotinho aponta para a porta, mas antes
de eu questionar qualquer coisa Arthur e Matheus começaram fazer gracinhas
já que Sarah não saiu do meu calcanhar e não fez questão de se enturmar.

Jantei rapidamente provando um pouco de tudo e minha adorável amiga


como esperado recusou tudo que foi oferecido até mesmo água. O que deixou
todos incomodados, mas ninguém teve coragem de falar nada, bom com
exceção da tia Jess que a chamou de fresca sem nem hesitar. Tentei
argumentar, mas Sarah estava irredutível e terrivelmente seria. Não sei por
que veio se pretendia ficar assim.

Fiquei a par dos acontecimentos em relação às viagens enquanto bebia na


sala com os homens e as mulheres como de costume foram juntas para a
cozinha organizar a bagunça que foi muita pelo que deu para perceber. Não vi
mais Alicia em nenhum lugar e mesmo assim não consegui sequer pensar em
ir atrás dela para deixar claro que Sarah e eu não tínhamos nada. Anthony era
um garotinho muito cativante e me fez tantas perguntas sobre moto que
algumas eu sequer consegui responder. Sarah continuou ao meu lado calada e
ao contrário de mim não demonstrou muito encanto aos charmes do pequeno,
pelo contrário ficou aparentemente incomodada quando ele sem querer a
chamou de tia.

— Anthony, deixe o Nathan respirar e para de incomoda-lo! Sua avó está


te chamando! — Kate chama e ele pula do meu colo abruptamente fazendo
vários braços se estenderem para ampara-lo caso se desequilibrasse e
automaticamente eu também me abaixei.

— Ele não está me incomodando... como você, estamos nos divertindo


muito. — faço uma careta para ela que me mostra o dedo do meio como
resposta.

— Tio, vamos lá falar com a mamãe da moto! — ele chama fazendo um


biquinho divertido não resisto e dou risada me levantando.

— Vai me deixar aqui? — Sarah finalmente sussurra.

— É rápido!

Para ser sincero nunca tive contato com crianças, mas esse garotinho
estava me cativando de uma maneira surreal.

— Tudo bem Anthony, quero mesmo saber quem é sua mãe! — estendo a
mão que ele segura instantaneamente. — Pode pedir para Alicia vir falar
comigo? — sussurro para Kate que arqueia uma sobrancelha.

— Não sou seu pombo correio! — retruca petulante.

— Não seja tão malcriada, é um favor para seu primo que deu a volta ao
mundo para fazer suas vontades. — pisco um olho.

— Vou pensar no seu caso. — sai rebolando enquanto o pequeno Tony


começa me puxar para a saída. Poderíamos facilmente passar pela cozinha e
sair nos fundos da casa, mas ele parecia estar fugindo das mulheres e
salvando as próprias bochechas dos inúmeros beijos. E também eu não queria
encontrar Alicia ali no meio daquele bando de curiosas. Tenho certeza que
Kate vai dar um jeitinho de fazê-la sair.

Assim que chegamos à área da piscina reconheço a silueta na penumbra.


Ótimo. Pelo menos ela não está dentro da casa. Seus cabelos voam com o
vento e mesmo à distância ela parece extremamente tensa. Tony solta minha
mão e corre na sua direção que até então não notou nossa aproximação.

— Mãe! — ele grita e eu interrompo os passos surpreso.

Não pode ser!

Alicia se vira com um sorriso e abre os braços para ele que se aconchega
em seu colo, afundando a cabeça na região do seu pescoço. Sem que eu tenha
controle me dou conta que meus pés avançam rapidamente na direção dos
dois. Minha expressão tenho certeza que é de total descrença enquanto eu
procuro semelhança entre os dois. E porra, eu consigo ver muito dela no
garotinho. Minha confusão aumenta. Ela é mãe. Ele tem quatro anos o
mesmo período que... não. Não pode ser! Alicia não esconderia algo assim
tão sério de mim! Ela não seria capaz de fazer algo assim. Ou seria?

Inferno, Sarah tinha razão. Alicia seguiu realmente em frente. Ela deixou
isso claro a malditos quatro anos, eu que fui idiota demais achando que ainda
poderíamos... não. Balanço a cabeça para afastar o rumo dos meus
pensamentos. Alicia tinha o direito de seguir com a vida, eu que fui embora.
E merda, não vai haver um único dia que não me arrependerei dessa decisão
imbecil.
ALICIA
Sai da casa o mais calmamente que pude a respiração presa na garganta.
Forcei um sorriso ao passar pela minha mãe e abri a porta que daria para o
fundo da propriedade. Assim que a brisa da noite fustigou meu rosto comecei
a correr. Cruzei o jardim apressada não me importando com os gritos da Kate
me chamando e já sentindo as lágrimas quentes embaçando minha visão e
molhando meu rosto sem que eu conseguisse contê-las. Eu já presumia que
seria difícil encontrar Nathan novamente, mas não imaginei que eu não
conseguiria controlar minhas próprias emoções.

Ele aceitou mesmo voltar e ainda trouxe a namorada. Cretino. Vou pegar
meu filho e ir embora agora mesmo, mas primeiro preciso respirar fundo e
acalmar o frenesi que está borbulhando dentro de mim desde o momento que
ele tocou minha pele. Céus! Sinto como se sentimentos de anos reprimidos
viessem como um turbilhão e, de uma única vez. Ele obviamente está lindo
como me lembrava. E eu diria ainda melhor. São notáveis seus músculos bem
maiores e ainda mais beleza em seu rosto de anjo. Exatamente igual meu
filho. As pessoas vão perceber, tia Dakota vive falando da semelhança entre
eles. E se Nathan fizer a maldita conta ele pode desconfiar.

Respiro fundo mais algumas vezes e limpo meu rosto. A única coisa que
eu consigo ouvir são as batidas desregulares do meu coração zunindo em
meus ouvidos. Ficar aqui chorando não resolve minha situação. Eu preciso
tirar o Anthony da casa, mas sem deixar que percebam. Depois do que me
pareceu uma eternidade respirando controladamente na tentativa de me
acalmar e organizar os pensamentos decido que sim, o melhor agora é pegar
o Tony antes que Nathan o encontre, e ir embora sorrateiramente. Respiro
fundo enchendo o peito de uma coragem que claramente não possuo. Minha
única dificuldade no momento é fazer minhas pernas ainda bambas me
obedecerem e moverem-se em direção a casa.

— Mãe! — ouço a vozinha do Tony antes mesmo de dar o primeiro passo


e me viro abruptamente abaixando e abrindo os braços para ele. Meu
bálsamo. Fecho os olhos e me tranquilizo. — Mãe, o tio Nathan quer me
levar na moto. Posso ir? — fico tensa.

— Claro que não pode. O que a mamãe te falou sobre motos? — levanto
com ele no colo e começo arrumar os fios de cabelo que soltaram de seu
topete e começaram cair em sua testa.

— Ahh, manhê! — pede dengoso.

— Nada de manhê! Você sabe que a mamãe te ama muito, e morre em


apenas pensar perder você. Não posso ver você em uma moto. E também o
Nathan não é seu tio, e nem nada. Quero você longe dele!

— Mas...

— Nada de, mas, Anthony Montanari. Não quero você perto dele e
pronto! — seus olhinhos se arregalam, mas ele assente sem mais nem
questionar. Tony já sabe que quando uso o nome completo ou ele está
encrencado ou se não obedecer vai ficar encrencado.

— Sério, Alicia?! — Nathan fala e com um sobressalto me dou conta da


sua presença. Aperto mais o Tony em meus braços e o encaro sentindo minha
garganta fechar. — Ele é... seu? — olho em seu rosto e não deixo de notar o
mesmo semblante que vi nas inúmeras colegas que se formaram no colegial
comigo quando eu disse ser mãe solteira. Aquele maldito olhar reprovador.
Ergui o queixo e trinquei o maxilar.

— Mamãe, é o ti... humm o Nathan! — Tony fala segurando meu rosto e


me fazendo encara-lo. — Ele é legal! — sorri mostrando os dentinhos, beijo a
ponta de seu nariz com um pequeno sorriso e mantenho a expressão
indiferente. Não posso culpá-lo por gostar do Nathan. E não consigo falar
nada. As palavras estão presas na minha garganta ante o olhar agora confuso
e curioso do Nathan.

— Quero que você vá ficar um pouquinho com a vovó, porque já vamos


embora, tudo bem?! A mamãe precisa falar com o... Nathan.

Levo Anthony até a entrada da casa nos fundos que daria na cozinha e
suspiro cogitando entrar também trancar a porta e sair correndo. Um pouco
mais à frente vejo Nathan parado me encarando com uma decisão que deixa
claro que ele irá atrás de mim até na China se for necessário. Tarde demais
para demonstrar interesse! Penso comigo mesma e contrariada volto para a
beirada da piscina que é minha melhor opção, qualquer coisa eu o jogo na
água e enfim corro. Não demora para ele estar na minha frente.

— O que você quer? — falo exasperada brincando com o tecido do meu


macaquinho sem conseguir encara-lo.

— O Anthony é...

— Sim. — o interrompo já irritada e finalmente fixo nossos olhos. — Ele


é meu filho. Não sei por que isso te admira tanto. Você sumiu por quatro
anos! Minha vida continuou Nathan. Ou achou que ainda encontraria uma
idiota te esperando...

— Ele tem quatro anos. Alicia. — fala exasperado me interrompendo e


assustando ao mesmo tempo para logo em seguida passar as mãos pelos
cabelos. — Ele é... hã... ele pode ser... humm, meu? — seus olhos verdes me
encararam agora com tanta intensidade que juraria ter visto faíscas saindo
deles. Porém, não deixo de perceber o medo explícito em sua pergunta.

— Óbvio que não. — cruzo os braços tentando parecer segura das minhas
palavras, mas não obtenho o resultado esperado já que minha voz traidora
falha.

— Tem certeza? — questiona e em um movimento súbito segura meus


braços aproximando nossos corpos automaticamente me encolho. — Ele é
meu, não é? — continuo calada. — Porra, Alicia! Responde! — grita me
assustando de novo.

— Não, seu estúpido! Ele não é! — empurro seu corpo e começo a soca-
lo sentindo as lágrimas mais uma vez caírem contra minha vontade. — Acha
que sou uma vadia que não sabe quem é o pai do próprio filho? Você me
deixou sozinha Nathan. E mesmo depois de jogar em cima de mim todo seu
arrependimento eu te procurei para falar sobre... — paro de bater nele que em
nenhum momento se defende e respiro fundo. — Não importa mais, você foi
embora!
— Eu não tive escolha.

— Não teve escolha? — grito alterada. — Você disse que me amava, seu
covarde, mentiroso! Eu fiquei péssima por sua causa, e você ainda se atreveu
a me ligar depois de seis meses, seis meses, Nathan! Só pra me torturar com
mais mentiras. Eu te odeio! — continuo chorando e gritando sentindo-me tão
patética que não luto quando seus braços me rodeiam.

— Eu sinto muito, Alicia. Eu fiquei com medo. — segura meu rosto


obrigando-me a encara-lo. — Admito que fui um covarde. Não chora, por
favor... eu te amo, eu sempre amei, isso nunca foi mentira, mas você não
queria falar comigo! — eu queria realmente não me importar com suas
palavras, queria ser forte, não chorar e ficar vulnerável, queria ser a rainha do
gelo e da indiferença, mas eu não tenho forças para afastá-lo. — Eu senti sua
falta em cada maldito segundo, eu não fazia ideia... se eu soubesse como você
ficou enfrentaria o inferno para ficar ao seu lado. Eu te amo! — suspira no
meu cabelo.

Empurro seu corpo e afasto-me secando as lágrimas.

— Já disse que não importa! Eu segui em frente conheci outra pessoa e


tive o Anthony! Tudo que aconteceu entre nós ficou no passado... está
acabado e enterrado. — sinto cada centésimo de mágoa em minhas palavras,
mas esse é exatamente o sentimento me dominando no momento. Uma
mágoa profunda e indesculpável. Nathan não merece nunca saber que é pai
do Anthony e eu vou fazer do impossível possível para continuar assim.

— Eu sei que perdi você, mas eu nunca menti... — sua testa se enruga
tanto que fico tentada a tocar o vínculo que surge na região entre seus olhos.
— Eu não achei que você...

— Conheceria outra pessoa? Por quê? Por eu ser virgem quando nós
transamos? Pois você está errado. Eu conheci sim, posso ter sido descuidada
ou irresponsável, mas não me arrependo da decisão de ter meu filho.

— Para com isso, esse não é o problema, Alicia. Era de se esperar que
depois da nossa primeira vez você seguisse com sua vida...
— Mas que porra! — ouvimos alguém exclamar e nos viramos
abruptamente e ao mesmo tempo na direção do som. — Está me dizendo que
ele é o cara que tirou sua virgindade? — Lexi fala aproximando-se com os
olhos arregalados. — Eu sabia! É ele, não é? Nathan é o imbecil que sumiu te
deixando...

— Lexi! — a interrompo balançando a cabeça em negativo


freneticamente a boca dela se escancara.

— Ahh minha nossa... Alicia me diz que isso é mentira! Eu não posso
acreditar que isso é verdade?! — ela parece incrédula.

Fico calada, caso contrário vou começar a chorar tudo de novo.

— Nossa, eu não estou acreditando! — conclui e se vira para o Nathan


com o dedo em riste. — Como você pode fazer isso?

— Eu sempre amei a Alicia... isso não era segredo pra ninguém... —


Nathan suspira.

— Estou falando de ir embora, imbecil!

— Por favor, Lexi. Não importa mais! — peço em um fio de voz. Não
quero mesmo ver as pessoas cobrando explicações dele. Mesmo contrariada
Lexi parece entender e se cala puxando uma respiração.

— Tudo bem! — conclui concordando ainda que visivelmente


contrariada. — Vocês vão ter tempo de resolver essa merda sem a minha
interferência e eu também jamais vou me envolver nessa história maluca.

— Lice... — Nathan vira na minha direção e faz menção de me tocar, mas


afasto-me rapidamente passando por ele e indo em direção à entrada da casa.

Paro na porta, respiro fundo e limpo com as costas da mão os vestígios de


lágrimas do meu rosto que aposto estar vermelho igual um tomate. Ótimo,
esse jantar não poderia ser pior! Coloco a mão na maçaneta, mas decido
esperar minha irmã e seus inúmeros questionamentos. Melhor aqui do que lá
dentro, pois tenho certeza que de uma forma ou de outra ela vai falar.
— Eu não sei o motivo de esconder isso, Lice. Eu sou sua irmã. Poxa! Eu
teria ficado do seu lado! — ela suspira atrás de mim. Viro-me na sua direção
e tenho uma nova crise de choro. — Não fica assim... — seus braços me
cercam e acabo olhando por sobre seu ombro na penumbra. Nathan ainda está
lá parado no mesmo lugar nos encarando. — Eu provavelmente teria feito
você ir atrás dele, por isso não vou ficar chateada com sua omissão. Mas,
uma coisa ele tem razão... está óbvio que ele te ama, só é um estúpido como
todos os outros. Isso provavelmente está no sangue dos homens dessa família.
— continua me abraçando apertado. — Anthony é uma cópia fiel do Nathan,
eu sabia que tanta semelhança não podia ser só coincidência. Porra, eu
sempre falei isso pra você, lembra?! Quanto tempo acha que vai demorar para
todos descobrirem inclusive o próprio Nathan?! Lice aquele pestinha grudou
no Nathan como se ele fosse o coelho da Páscoa em pessoa, sério, parecia
que eles se conheciam há anos, será que existe algum tipo de ligação
sobrenatural entre pai e filho? Tipo os Winchesters.

— O que? — enrugo as sobrancelhas dando risada e ela me mostra a


língua.

— Enfim, por que você não falou a verdade para ele?

— Eu pensei em contar quando ele me ligou...

— Te ligou? Quando? — me interrompe.

— Faz tempo, eu ainda estava com seis meses, fiquei assustada com a
ligação e ainda estava chateada por ele ter ido embora, mas imaginei que se
eu falasse... ah, quer saber, já era e na época ele estava com outra.

— E você ficou com ciúmes? — arqueia as sobrancelhas.

— Não. Óbvio que não, mas eu pedi para o Gael se passar por meu
namorado. — dou de ombros.

— Isso é ciúme! — da uma risadinha.

— Cala boca, Alexia, eu só não queria que Nathan pensasse que eu fiquei
aqui chorando enquanto ele estava se divertindo.

— Nossa! E quando eu ficaria sabendo disso? — dou de ombros


novamente e ela suspira fechando os olhos e balançando a cabeça. — Sei lá,
só pensa, ok?! Pelo que estou vendo vocês foram dois idiotas! Ele por ir
embora e você por bancar a durona que seguiu em frente sem nem saber
realmente o que estava acontecendo.

— Lexi...

— Alicia, você precisa entender que existe um ‘porém’ nessa história, um


extremamente levado e barulhento de quatro anos de idade que está lá dentro
no colo da nossa mãe. Poxa, Anthony não tem culpa de nada! Usa essa
viagem para aproximar os dois e...

— Viagem? Aproximar? Ele tem namorada, e veio com ela,


Lexi. Tá cheirando maconha? Eu não vou nessa viagem! — reviro os olhos.
Era só o que me faltava!

— Primeiro que ninguém cheira maconha! — da risada — Segundo, você


não tem opções, Kate está ligada no modo assustador e você não pode
sacrificar o verão do meu sobrinho. Como eu disse, ele não tem culpa de ter
pais tão... — arqueio uma sobrancelha e ela interrompe a frase com outra
risada. — Nathan apresentou a Sarna como amiga e você tecnicamente tem
um namorado gay. — da de ombros.

— Não foi o que ela me falou. E o nome dela é Sarah! — dou risada.

— Jurava que era Sarna! Enfim, ela só falou isso por que o idiota do
Nathan mal chegou e já está te olhando como se você fosse a mulher mais
linda do mundo, mesmo com esse cabelo castanho feio e sem brilho!

— Lexi! — dou um tapa em seu braço. — Eu não sei o que faria sem
você!

— Você morreria! — sorri. — Enfia nessa cabeça oca que você pode
contar comigo sempre. Eu sou sua irmã, caralho!
— Alexia! — resmungo.

— Sério, não se preocupa, vou manter essa sua história furada e não vou
falar nada pra ninguém! — pisca um olho. — Agora vamos entrar antes que...

— O que aconteceu? Por que estão aqui fora fazendo uma reuniãozinha
sem mim? — Kate abre a porta de repente e faz um biquinho. — Você estava
chorando? Aí meu Deus, o que é que houve?

— Nathan é o pai do Tony!

— Lexi?! — grito arregalando os olhos. Em menos de um minuto ela não


ia contar para ninguém.

— O QUE??? Como assim?? — Kate grita mais alto ainda nos fazendo
pedir silêncio rapidamente. —Isso é sério? — arregala os olhos em choque.
Olho para Lexi com uma careta.

— Ela precisava saber! — balança os ombros.

Fofoqueira!

— Puta. Que. Pariu! Então foi ele que... — seus olhos castanhos
esverdeados se arregalam ainda mais. — No dia da sua formatura? —
concordo. — Nossa! E ele sabe?

— Não. Você acha que se ele soubesse teria continuado na Alemanha?


Alicia não quer contar!

— Não é tão simples assim. — suspiro.

— Sabe, era de se esperar Nathan ser o pai do Tony. Só não acredito que
não contou! É essa viagem vai ser interessante, ainda mais que ele te come
com os olhos desde que me entendo por gente... Certo que, agora sei que não
foi só figurativamente e nem só com os olhos! — Kate da risada.

— Isso é vocês que estão dizendo, meu lance com o Nathan acabou no
minuto que ele foi embora. — reviro os olhos e tento passar por ela.
— Opa! Espera um pouquinho... — ela fecha a porta atrás de si e cruza os
braços impedindo minha passagem. — Eu já vi esse olhar antes. Alicia
Montanari não me diz que está pensando em não ir à nossa viagem?

— O que você acha? — Lexi responde por mim e bufa em seguida.

— Não mesmo! Sabe que não vai ter a menor graça sem você! E eu
também não vou deixar você passar o verão todo chorando e se entupindo de
doce, pensa no Tony. É uma ótima oportunidade de contar a verdade para o
pai do seu filho e... ficar com ele de uma vez por todas...

— Ficar com o pai do meu filho que foi embora? — interrompo erguendo
uma sobrancelha. — Vocês vivem em que mundo? Só no faz de conta isso dá
certo. Meninas acordem! Nathan nunca quis nada comigo e o que aconteceu
foi há quatro anos.

— Ele é o pai do seu filho, lembra? — Kate questiona. — Lice você viu a
forma que ele está te olhando? Acho que não, né?!

— Não, eu estava ocupada conhecendo a namorada dele. — faço uma


careta e ambas comprimem os lábios.

— Fala sério, ele a apresentou como... — Lexi intervém.

— Não. Eu não vou. A resposta é não! Definitivamente não!

Tony está sentado na beirada da cama com meu celular na mão olhando
eu arrumar a mala e sacudindo de forma inquieta as pernas. Eu realmente
estou fazendo isso. Vou viajar com o Nathan e não faço ideia de como as
coisas ficarão depois da nossa conversa inconclusiva na semana passada. O
clima na casa depois da tal conversa na piscina parecia péssimo, e claro que
mamãe percebeu que alguma coisa tinha acontecido e se apressou em ir
embora para me ajudar já que as duas que ficariam ao meu lado estavam mais
preocupadas em como provocar a loira antipática, e isso me faz imaginar
como serão as coisas na viagem sem ela.
— Posso saber qual a graça, mocinho? — arqueio as sobrancelhas
enquanto um sorrisinho de lado brinca nos lábios do meu filho.

— Eu gosto de ficar na casa da floresta. — da de ombros.

— Eu também gosto meu amor, mas dessa vez tem certeza que você quer
ir? Sei lá... a mamãe pode ir com você em outro lugar bem mais divertido... o
que acha da praia, ou talvez a Disney? — balanço as sobrancelhas
sugestivamente.

— Ahh não mãe! Tia Lexi disse que se eu for ela vai me dar um
cachorrinho. — faz um biquinho.

E o prêmio de irmã mais vaca do mundo vai para... Alexia Montanari!

— Tia Lexi sabe que não podemos ter um cachorrinho. — bufo.

— E por que não?

— Porque nos duas não temos tempo de cuidar de duas coisinhas que dão
trabalho. E o Anthony da muito, muito trabalho!

Como resposta ele me oferece uma careta engraçada que me obriga a dar
risada.

Assim que termino de arrumar minhas coisas pego Anthony no colo para
uma ultima tentativa, mas claro que meu filho é teimoso e insiste em querer ir
para a porcaria da casinha da floresta. A forma que ele chama a enorme
construção do lago chega ser até engraçado. É uma casa linda, cheia de
quartos e verde por todos os lados. Nada nem perto da confusão do centro de
Manhattan. Um lugar aconchegante sem sombra de dúvidas e seria um ótimo
refúgio para escapar do cotidiano, seria... Porque dessa vez algo me diz que
não será tão tranquilo como das outras vezes.

— Para de tentar convencer o menino a não ir! — Lexi entra no quarto e


estende os braços para o Tony que aceita sorrindo.

— E você para de prometer o que não vai cumprir. — resmungo me


afastando para pegar a mala na cama.
— Quem disse que não? — ela sorri agora prestando atenção em Tony
que mostra a imagem dele que eu coloquei como protetor de tela no celular.
— Acho que me esqueci de te avisar... Eu não vou poder ir com vocês dois
dessa vez! — interrompo meus movimentos e encaro seus olhos que
permanecem atentos no Anthony.

— Como assim? Por que não vamos juntas? Kate também não vai?

— Claro que ela vai! Só não vamos no mesmo carro. Kate vai ir com o
Arthur, parece que ele vai levar uma amiga e nos conhecemos aquela peste...
pode ser qualquer uma. Qualquer uma mesmo!

— E o que isso tem a ver com você?

— Eu? Eu... bom, preciso resolver umas coisas com aquele meu paciente
idiota, então decidi ir depois de Uber.

Ótimo, começamos bem! Bufo uma lufada de ar. Eu não quero ir e esse
para mim é um sinal mais que claro que tenho razão.

— Viajamos daqui dois dias Lexi. Se quiser eu e Tony ficamos aqui te


esperando para irmos juntos..

— Não. — responde apressada não me deixando sequer terminar a frase.


— Eu pedi para o Arth vir te buscar.

— Mas ele não vai com a Kate? — questiono confusa cruzando os


braços.

— Sim, o Matt vem te buscar! Ai, Lice! Você me deixa confusa!

Abro a boca para protestar, mas ela rapidamente se afasta com Tony indo
em direção a cozinha. Isso não está me cheirando coisa boa.

— Nossos pais embarcaram hoje cedo, então acredito que Matt vem te
buscar hoje à noite...

— Sabe que odeio pegar a estrada à noite... Sempre sou obrigada a me


hospedar em um hotel de beira de estrada. — faço uma careta. Ter uma
criança às vezes pode ser um pouco complicado ainda mais se tratando de
uma que simplesmente não sossega dentro de um carro.

— Eu sei, mas foi uma decisão unânime. Os meninos estão com frescura
e se ficássemos adiando eles não iriam querer ir. Só dessa vez e... ham, acho
que vai precisar da cadeirinha do Tony!

— Aposto que Matheus adorou saber que eu e meu filho vamos com ele...
— reviro os olhos.

— Você preferia o Arthur e aquelas cantadas dos anos oitenta?! — da


risada. — Tenta fazer ser legal Lice, e para de se preocupar tanto! Sabe que
todo mundo nessa família ama esse bebê! — começa beijar Tony que
responde com aquelas gargalhadas gostosas que sempre aquece meu coração.

Ok, Lexi pode estar certa. Preciso parar de me preocupar tanto, oras. Pode
ser que eu consiga me divertir, quem sabe. Preciso pensar nos pros e esquecer
os contras. E olha já tenho uma vantagem... a casa é enorme, talvez eu nem
veja o Nathan se der muita sorte e além do mais o que pode acontecer de tão
ruim em uma viagem?
NATHAN
— Nathan! — toc, toc, toc. — Nathaaaan! Abre logo essa merda de
porta!

Droga, isso não é sonho! Abro os olhos e com dificuldade levanto a


cabeça do travesseiro.

— Sei que você está aí! Abre ou eu chamo a gerente para abrir! — os
berros da Lexi chegam até meus ouvidos ou seriam da Kate? Não tenho
certeza só sei que me despertaram totalmente. Confirmo que são as duas
assim que abro a porta.

— Porra! — resmungo quando uma bolinha de papel atinge minha testa.


— O que? — pergunto apoiando-me no batente. As duas apenas me olham
com a expressão irritada. — Quem morreu? — insisto levantando as
sobrancelhas de forma impaciente diante da falta de reação de ambas.

— Ninguém ainda, mas estou pensando seriamente em te jogar pelas


janelas que... estão fechadas?! Cacete, Nathan seu morto... é meio dia! —
Kate entra passando por mim enquanto Lexi ainda parada cruza os braços em
frente ao peito me encarando.

— Você parece péssimo. Dormiu essa noite pelo menos? — sua boca de
contorce em uma pequena careta e acabo sorrindo lembrando que a Alicia faz
exatamente o mesmo quando algo a desagrada.

E a resposta é não. Tive uma noite de merda como estou tendo a dias
desde que coloquei meus pés na maldita Nova York. A ideia de ver Alicia
com um filho me trouxe vários pensamentos confusos. Sei que o garoto não é
meu filho, mas me pego pensando se fosse diferente. Porra, se ele fosse meu
filho? Alicia teria me contado? Ela não poderia ter me mantido no escuro por
quatro anos.

— É bom ver você também loira! — reviro os olhos e tento não pensar
tanto.
— Coloca uma camisa, garanhão. Viemos ter uma conversa séria com
você! — passa por mim dando um tapa no meu braço.

Ótimo. Era tudo eu queria. Melhor jeito de começar meu dia.

As duas estão paradas na sala olhando para alguma coisa no celular


quando volto e me esparramo no sofá cruzando os braços. Kate é a primeira a
olhar na minha direção por sobre o celular e arquear uma sobrancelha.

— Eu entendo! — suspira dramaticamente. — Ele tinha que ter os olhos


verdes, não bastava ser bonito como o tio Dylan!

Lexi me encara e em seguida cochicha algo em seu ouvido e ambas caem


na risada. Reviro os olhos impaciente e bocejo.

— Seguinte... — Kate começa agora se aproximando e entregando o


celular para Lexi. — Nós vamos passar o verão no casarão do lago e essa é
uma ótima oportunidade para você reconquistar a Lice!

Juro que tento me mostrar indiferente com o blá blá blá que se desenrola
na minha frente, mas tenho alguma reação ao ouvir o nome da Alicia que fez
as duas terem uma breve troca de olhares. Parece que nada passa
despercebido ao radar feminino.

— O que vocês querem? Eu estou cansado e quero voltar para cama... Foi
muito difícil me livrar da Sarah ontem e minha noite foi péssima!

— Você sabe que nossa viagem é hoje, né?! — Lexi bufa olhando para o
celular.

— Era para daqui a dois dias pelo que fiquei sabendo e eu não sei se vou.
Podem ir embora se vieram só para isso.

— Grosso! Você acha que está falando com quem? — coloca a mão na
cintura e empina o queixo desafiadora exatamente como... porra! Preciso
parar de pensar nela.

— Com duas malucas, deem o fora! — passo a mão nos cabelos de forma
exasperada como se isso fosse capaz de me fazer esquecer a garota que está
ocupando cada maldito pensamento meu. — Eu não vou atrapalhar a vida da
Alicia de novo, não agora que ela seguiu em frente e tem... tem outra pessoa!
Não vou fazer isso com o garotinho, ele merece ter uma família como eu tive
a minha na infância. Então, a única coisa que vou reconquistar é meu sonho
que vocês interromperam...

— Você é tão idiota assim? Sério?! Eu achei que você se daria conta,
sozinho. — Lexi bufa colocando o celular no bolso da calça jeans e
aproximando-se senta na mesinha de centro. — Lice está solteira, gênio!
Como sempre esteve. — tiro a mão que está tapando o rosto e a encaro. Ela
só pode estar de brincadeira. — Não faz essa cara. É sério! — não, não é.
Faço uma careta e volto à posição anterior. Não vou cair nessa!

— Meninas eu estou com dor de cabeça e quero ficar sozinho. Não quero
nada com a Alicia. Ela com certeza está com alguém... se não perceberam ela
tem até um filho e..

— Nós estamos no século vinte e um, priminho. Para ter filho não precisa
estar comprometido, basta um homem e uma mulher...

— Eu sei. — resmungo levantando a cabeça com uma careta


interrompendo a Kate que me oferece um sorrisinho. — Também sei o que
ela me disse.

— Esquece o que ela te disse. O pai do Anthony é um imbecil. — Lexi


me interrompe.

— Coloca imbecil nisso... — Kate da uma gargalhada e Lexi pigarreia


contendo a risada da piada que eu não faço ideia de qual seja.

— O pai do Tony foi embora quando ele nasceu, Nathan.


Ele... humm... — Lexi me avalia por um instante e ergue uma das
sobrancelhas. — Bom, digamos que ele não estava preparado para ser pai. —
conclui por fim e da de ombros fazendo os cabelos balançarem.

Então, ele foi embora?! Ela não tem ninguém, Alicia está sozinha, eu
sabia! No fundo eu tinha certeza que... espera, o que? Não acredito que ele a
abandonou com um bebê? Merda. Não posso acreditar que esse cara foi tão
canalha a esse ponto. Eu sei que também deixei Alicia, mas com um bebê?
Porra não, isso não. Jamais iria embora se ela estivesse grávida de um filho
meu. Ainda mais um menino como o Anthony! Aquele pestinha foi capaz de
me encantar no momento que falou comigo.

Eu com certeza teria ficado ao lado dela, teria segurado sua mão e
enfrentado o mundo se fosse preciso para mantê-la segura, mas eu não fiz
isso e aquele menino não é meu filho assim como a mãe dele não é mais
minha. E realmente me arrependo imensamente pela minha decisão. Ter
deixado Alicia quando eu finalmente a tive completamente, quando a tornei
minha e a amei como ela merecia me machucou mais do que eu poderia
prever, e tudo porque fui um maldito menino medroso, tive receio de não ser
o suficiente para ela e medo da reação dos meus tios, e claro, uma boa
porcentagem foi por ser idiota demais para não achar que juntos poderíamos
superar qualquer coisa. Agora o resultado é que ela teve um filho com outra
pessoa, um elo que os ligará sempre, independente de qualquer coisa.

— Nós só viemos te dar uma ajudinha, é o máximo que podemos fazer


por você!

— Alicia não quer nada comigo. — falo mais para mim mesmo do que
propriamente para as duas. Eu não posso machucar Alicia de novo. Não
posso! Não quero ser o cara que foi embora há quatro anos depois de tirar sua
virgindade ou ser como o imbecil que a abandonou com um filho, não
quando ela pediu para deixá-la em paz e chorando. Sei que nunca vou poder
apagar a enorme merda que eu causei a ela, mas vou fazer o possível para
amenizar. E preciso realmente me convencer disso!

— Oh! É de partir o coração! — Kate fala chamando minha atenção,


levanto a cabeça e encaro seus enormes olhos que estão refletindo verdes
exatamente como os da tia Jess. — Parece um cachorrinho que caiu da
mudança! Qual o seu problema, Nathan?! Quando vai começar se comportar
como um homem de verdade e menos como um bebezão? — o que? Franzo
as sobrancelhas. — Você já fez a enorme cagada de ir embora uma vez, está
esperando o quê? Que depois de quatro anos a Alicia solte rojões em sua
homenagem? Vacilão! — aponta o dedo em riste na minha direção e meus
olhos se arregalam mais surpresos. Ela realmente está se referindo a mim
desse jeito? — Óbvio que a Lice não quer nada com você, nenhuma mulher
no lugar dela iria querer. Toma uma atitude, babacão!

Bebezão. Vacilão. Babacão. Qual o problema dessa garota e essa relação


estranha com o ão?! Aperto os lábios para não dar risada já que Kate parece
disposta a voar no meu pescoço a qualquer segundo.

— Realmente, não dá para agir por você! — Lexi concorda estalando a


língua e revirando os olhos.— Nós estamos te mostrando a direção, o
caminho você percorre sozinho! Mas...

— Mas...? — incentivo arqueando as sobrancelhas.

— Mas como sou muito, muito sua amiga... convenci a Alicia aceitar uma
carona sua.

Minha testa enruga.

— Ahh é mesmo?! — dou risada. — Conta outra, há uns dias atrás Alicia
não queria me ver nem morto! Acho que você está me confundindo com
outra pessoa.

— Ela realmente aceitou, Nathan.. — Kate concorda rapidamente. — Não


foi fácil, tenho certeza que ela ainda prefere a companhia de um terrorista,
mas a Lice não tem opção. Não dá pra viajar sozinha com o Tony e os
meninos não podem ir.

— Por mais que ela não tenha gostado, você é a única opção! — Lexi
completa.

— Meninas, eu agradeço a ajuda, mas não vai ser possível. Não vou nessa
viagem e se os meninos não podem, vocês com certeza vão poder.

— Porra, Nathan! Custa para você fazer isso? Que droga!

— Sabia que ele não acreditaria, eu te falei Lexi! — Kate pega o celular
da mão da loira que me encara com uma carranca e aperta alguns botões. —
Vou avisar a Alicia que ele não aceitou. É realmente um vacilão! Eu espero
mesmo que a Alicia conheça outros homens, mas homens de verdade, não os
idiotas que ela conheceu, um homem bem gostoso com "T" maiúsculo de
testosterona na testa. Um que valha a pena...

Merda. Merda. Merda.

Mesmo não me convencendo cem por cento dessa história levanto do sofá
e tiro o celular da sua mão enquanto ela ainda resmunga. Eu vim para Nova
York certo que iria passar o verão em família e agora minha única certeza é
que estou me metendo na maior furada de todas.

Enquanto balanço a chave no dedo andando em direção ao carro que


minha mãe fez questão de comprar para mim antes de viajar, um tremendo
exagero, diga-se de passagem, uma confusão de cabelos loiros entra no meu
campo de visão.

Sarah caminha na minha direção e abre um enorme sorriso que morre


quando ela percebe a mala ao meu lado.

— Oi. — me cumprimenta de forma cautelosa e joga os cabelos loiros


para um lado do ombro fazendo os cachos dourados reluzir no sol.

— Oi! — sorrio. — Encontrou suas amigas?

— É encontrei, mas elas estão com viagem marcada para um desfile em


Milão. — da de ombros. — Por que você fechou a reserva do hotel? — olha
agora para a minha mala com as sobrancelhas franzidas. — Não gostou
daqui?

— Verão com minha família, esqueceu?

— Ahh! É, eu acho que esqueci.. — suspira. — Não sabia que seria assim
tão rápido.

— Sarah, você que preferiu ficar no hotel comigo ao invés de ir direto


para a casa das suas amigas, sabe que eu não posso cancelar!

— Sei disso, mas achei que você me mostraria Nova York... primeiro. —
faz bico.
— Achei que você já tivesse viajado para cá?! — arqueio uma
sobrancelha. Cansei de ouvir Sarah contar como ama viajar e queria conhecer
melhor o mundo.

— Ah! Foi há muito tempo e eu não queria ficar aqui sozinha. — suspira
tristonha.

Merda!

Eu não vou convidar! Deixei bem claro quando saímos da Alemanha que
era um verão em família. Sarah escolheu vir, até por que não acho justo
deixá-la sozinha aqui em Nova York por mais que ela não seja uma criança,
mas por outro lado eu prometi levar a Alicia.

Alicia. Não acredito que fiquei pensando esse tempo todo que ela tinha
me esquecido. Tecnicamente ela esqueceu mesmo, mas não se envolveu com
ninguém. 'Solteira como sempre' foram às palavras da Lexi. E eu não deixei
de notar o quanto ela ficou afetada com minha presença. Tenho certeza que
existe algum sentimento da parte dela, por menor que seja. Caso contrário ela
não aceitaria minha carona. Nem imagino como vai ser tê-la tão próxima de
novo. Não queria, mas estou bem mais animado com essa viagem agora. Só
preciso achar uma forma de fazê-la enxergar que eu também me sinto
exatamente como há quatro anos.

— Olha se não é a minha alemã favorita, já voltando para casa, princesa?


— Arthur fala aproximando-se e ganhando totalmente nossa atenção ao
passar os braços no meu ombro. Primeira coisa que noto é que o imbecil está
suado e sem camisa, afasto-me com um safanão fazendo seus fones de ouvido
cair no chão no processo. — Meu fone, caralho! — resmunga abaixando para
pegar e com o movimento faz os cabelos castanhos tão molhados quanto o
resto do corpo balançarem espirrando suor.

Encaro seu rosto totalmente tingido de vermelho e mostro o dedo do


meio.

— Não me abraça então, caralho. — resmungo e ele sorri de lado para


logo em seguida puxar algumas lufadas de ar em uma respiração pesada. E
mesmo suado e parecendo que foi atropelado por um caminhão consegue
totalmente a atenção da minha presente amiga que encara seu corpo desnudo
com demasiado interesse. É claro que eu não sou o único a se dar conta disso,
Arthur percebe e direciona a garota o mesmo sorrisinho de lado que a faz
soltar um pequeno arquejo. Patético.

— Você não respondeu, está indo embora?

— Não posso ir embora! Se eu for sua irmã e Lexi vão me encontrar até
no inferno!

— Eu achei mesmo que esse ano me veria livre do tenebroso verão em


família. — suspira dramaticamente. — Ano passado eu quase enlouqueci
dentro daquela casa com aquelas doidas.

— Faz quatro anos que eu não participo não me assusta desse jeito. —
reclamo. — E falando nisso, acho que você precisa começar a arrumar suas
coisas, não?

— Claro que não, e você loirinha, comeu alguma coisa do hotel ou nada
foi do seu agrado? — arqueia as sobrancelhas com diversão agora prestando
atenção na Sarah que no dia do jantar não bebeu nem água na casa da tia Jess.

— Eu dei um jeito. — ela retruca e ele da risada.

— Isso deve foi interessante... — alarga mais o sorriso e vira na minha


direção. — Animados para a viagem?

— Eu não fui convidada. — Sarah chia ao meu lado e não preciso me


virar para saber que seus olhos estão fixos em mim.

— Não acredito nisso, Nathan não convidou você? — Arthur questiona


divertido colocando a mão no peito fingindo surpresa.

Merda!

Vejo sua expressão passar de divertida para especulativa. De forma


singela balanço a cabeça negando quando ele me direciona um sorriso de
lado coçando o queixo.
Não convida! Não convida! Não convida!

— Não seja por isso, considere-se convidada por mim... — filho da puta!
— Tenho certeza que a minha irmã vai amar a novidade, assim como seu
namorado!

— Você acha mesmo? — ela questiona agora brincando com a ponta do


cabelo.

— Tenho certeza! — ele sorri e tenho vontade de fazê-lo engolir os


dentes.

— Nate você me espera, vou só fechar minha reserva e pegar minhas


malas elas ainda estão praticamente todas arrumadas. — Sarah se vira na
minha direção mais animada que o normal e saltitante corre para porta do
hotel sem esperar resposta.

— Sarah, espera. — seguro sua mão antes que ela suba as escadas e ela
me direciona o sorriso doce que me fez gostar dela. Odeio fazer isso, mas eu
sempre fiz questão de deixar claro para Sarah desde o início que eu sempre
amei e sempre vou amar apenas uma garota. — Não precisa se apressar.
Arthur vai com você...

— O que? — um protesto me interrompe, olho por cima do ombro meu


querido primo fazer uma careta e é minha vez de dar um sorriso.

— Nada mais justo já que ele a convidou e, humm... só para lembrar a


viagem é para essa noite.

— Mas...

— Tenham uma boa viagem! — passo por Arthur com meu melhor
sorriso e vou em direção ao carro. Sarah bate os pés como uma criança que
recebeu o primeiro não e finalmente some pelas portas duplas e quase tenho
certeza que xingando.

— Qual o seu problema, Nathan? A garota é sua namorada. — resmunga.


— Ela não é minha namorada, e eu não mandei você convida-la...
problema é todo seu!

— Babaca! — faz uma careta. — O que aconteceu com aquela Harley?

— Nada.

— E por que você está com esse carro? — arqueia as sobrancelhas.

— Por que eu o peguei! — dou de ombros.

— Da pra responder direito, porra.

Olho sua careta e dou risada.

— O que você quer saber coração, isso tudo é vontade de dar uma
voltinha na minha garupa!

— Eu imagino que você queria mesmo me ter agarradinho em você por


trás, mas não, meu pau não gosta de bunda masculina.

— Minha mãe comprou esse carro, dona Dakota acha que motos são
perigosas... — reviro os olhos. — Só aceitei por que é melhor que viajar com
uma moto alugada. A minha ficou lá na Alemanha.

— Entendi. E posso perguntar da onde você tirou que a viagem é hoje?


Que eu saiba é para daqui a dois dias! Na verdade tenho certeza.

— Eu também tenho certeza que você não sabe de nada. Sua irmã me
acordou hoje para falar dessa droga de viagem, boa sorte não indo.

— Merda, não sei que porra acontece com aquela garota! Kate deve
adiantou a viagem depois de saber que o Matheus convidou o Ethan. Vou
ligar pra ela, mas você vai sair agora?

— Vou dar carona pra Alicia, e aproveitando que você está aqui me ajuda
a colocar as malas no carro.

Assim que terminamos eu entro. Sei que ainda está cedo, mas preciso ter
certeza que vai dar certo. Estou tão ansioso que chega ser engraçado. Pelo
que vi das mensagens Alicia não demonstrou nenhum tipo de entusiasmo
muito pelo contrário. Enfim, seja o que for ela aceitou a carona, o mínimo
que espero é que ela seja cortes. Mesmo que no fundo tenho a impressão que
será totalmente o contrário disso.

Enquanto dirijo tento pensar em uma forma de amenizar o climão que


está por vir e não consigo nada. Estou ferrado. Assim que vejo um pouco a
frente o condomínio azul e beje, dou um suspiro. Alicia não pode fazer nada
se não me xingar e me mandar para o inferno. Droga! Preciso parar de me
preocupar tanto, ela aceitou a carona por livre e espontânea vontade. Se não
me tratar bem eu a faço sair do carro.

Pego meu celular e decido mandar uma mensagem para Kate.

Smurf estou aqui na frente! — digito e envio, em poucos minutos ela


responde.

Smurf é seu rabo! Lice já está com as malas prontas.. dentro de alguns
minutos nós descemos! SOME de perto do carro! - Kate.

Que? Que história é essa de sumir? Ela sabe que eu estou aqui?
- Nathan

Claro que ela sabe, priminho. Eu só acho que confundi seu nome com o
do Matheus... ops! - Kate.

Você só pode estar brincando comigo! - Nathan

Nenhuma resposta.

Katherine! - Nathan

Estaciono o carro apressado e faço a única coisa que posso no momento,


ligo para Kate para tirar a limpo essa história.
ALICIA
— Não gosto nem um pouquinho disso! — reclamo pela vigésima vez
sentada no balcão que divide a sala da cozinha.

Minhas malas por incrível que pareça já estão todas organizadas e


empilhadas perto da porta. Dessa vez eu estou mais que adiantada, só porquê
não quero ir. A parte ruim é que prometi que iria, não só para o meu filho,
mas também para as duas que conseguiram ficar me azucrinando e pior do
que ele, diga-se de passagem.

Toda vez que minha prima e minha adorável irmã estão de conversinhas e
tentam se livrar de mim alguma coisa está acontecendo. Sempre foi assim, e
mesmo depois do Tony nascer não mudou. Ainda lembro todos os encontros
amorosos arranjados nesse último ano e foram tantos que até mesmo com um
taxista eu já sai, e claro parte disso é culpa da minha total incapacidade de
dizer não a elas! E dessa vez algo me diz que não será diferente, só não
consigo imaginar o que esperar, além do fato de ter que dividir o mesmo teto
que o Nathan durante todo o verão.

— Você prefere viajar sozinha com o Tony? — Lexi questiona arqueando


as sobrancelhas enquanto se move de um lado para o outro na cozinha.

— Não. — suspiro. — Mas, o Matt não é obrigado a bancar o motorista e


me levar. Eu e Tony podemos esperar! — encaro seu rosto com uma careta.

— Para de besteira! — Kate resmunga levantando do sofá. — Meu irmão


super topou... Já vou até descer com as malas pra ir colocando no carro.

— Mas já? Ainda vai dar cinco horas? Por que vocês querem se livrar de
mim e do meu filho? — arqueio as sobrancelhas de forma especulativa e
ambas fingem não notar, suspiro dramática e continuo sendo totalmente
ignorada.

Cobras!
— Mamãe, não fica triste. Eu vou com você! — Tony fala se
aproximando e sorrindo.

— Você é o único que se importa comigo, meu amor. Por que o resto.. —
dou um muxoxo.

— Para de drama, Alicia. — Kate da risada. — Só não queremos que


você viaje sozinha com esse bebê delícia... — abaixa e pega Tony no colo
beijando suas bochechas e fazendo que ele de risadinhas.

— Tony você quer ir ao banheiro? — estendo os braços que ele aceita e


ela rapidamente se afasta indo em direção à porta já com o celular na mão.

— Vou ajudar a Kate... não sei porquê tantas malas, se passamos a maior
parte do tempo de biquíni no lago! — Lexi bufa terminando de beber água na
cozinha e dando a volta no balcão.

— Porque eu não pretendo virar um peixe! — respondo.

— Na água doce é piranha mesmo! E adianto que a cara você já tem!

— Cala boca, Lexi! — retruco indo para o corredor que dá acesso aos
quartos com Tony no colo.

— Brincadeira Lice! Naquele lago não tem piranha, só a Hello Kate!

— Seu cu é Hello Katty! — Kate grita da porta levantando o rosto do


celular.

— Katherine! — suspiro.

— Cutuvelo... Alicia, eu hein... mente poluída! — balança os ombros.

— É cotovelo, tá bom gata! — Lexi da risada e o toque estridente de


algum celular as interrompe antes que Kate retruque. Com um aceno afasto-
me e entro com Tony indo para o banheiro.

Falta pouco para seis horas da tarde. Considerando que sairemos agora eu
diria umas quatro ou cinco horas de viagem se Matheus não ficar dormindo
ao volante que é o que geralmente acontece, já que teremos um bebê a bordo.
É certeza que vamos fazer uma parada em algum hotel para passar a noite.
Odeio dormir em hotéis, isso por que sou herdeira de uma dúzia deles.
Apesar de que Royal Palace não é qualquer hotel, meu pai me mataria se
ouvisse dizer o contrário. O fato é que realmente preferia viajar pela manhã,
mas alguém se importa com meu querer? Não. Definitivamente não.

— Mãe? —uma vozinha me tira dos meus pensamentos.

— Oi! — olho para as duas bolas de gude azuis que me encaram de forma
curiosa.

— A vovó vai de avião?

— É ela vai sim... — começo a arrumar sua calça.

— E ela vai voltar?

— É claro que sim, logo ela volta. — sorrio.

— Posso ligar para ela?

— Amor sua avó ainda está no avião, amanhã nós falamos com ela.

— Mas mãe, você não entende que eu tenho que ligar se não ela vai ficar
com medo. — suspira e me seguro para não dar risada.

— Tenho certeza que seu avô vai cuidar dela!

— Então eu preciso falar com ele!

— Não.

— Ah, manhê! Mas...

— Não. — repito de forma irredutível e ele faz bico para chorar. — Se


você chorar a mamãe não viaja mais.

— Eu não vou chorar. — seu biquinho me dá vontade de rir e enche-lo de


beijos, mas me detenho.

— A mamãe sabe que não vai chorar por que você um homenzinho. —
seguro sua mão para sairmos e em um minuto ele já se esqueceu de chorar,
graças a Deus.

Depois de conferir se não deixai nada para trás, tranco a porta e chamo o
elevador. Provavelmente as meninas ainda estão lá embaixo com Matheus.
Assim que passo pela portaria eu avisto Kate na calçada perto de um carro
preto e desconhecido. Humm, mais essa!
Só falta! Meu alerta já começa dar sinal de vida. Ignoro e continuo
caminhando, vagarosamente aproximo-me de mãos dadas com Tony.

— Que carro é esse? — olho dela para o carro e vice versa.

— Um de quatro rodas que te leva para qualquer lugar. — sorri, mas não
passa despercebido seu nervosismo.

— Grossa. Não acredito que o Matt decidiu trocar de carro! Ele amava
aquele Jeep mais do que tudo. — continuo encarando-a de forma
especulativa.

— Esse é mais confortável para o Anthony e eu já até instalei a


cadeirinha, vem amor, a titia vai sentar você! — pega meu filho no colo e
entra atrás apressada.

Merda. Tenho certeza que estou deixando passar alguma coisa, mas o
que? O que?!

Olho em volta em busca de pistas, nenhum sinal das minhas coisas, Lexi
ou Matheus. Ok. Agora estou realmente preocupada.

— Kate o que...

— Pronto. — fala me interrompendo e se endireitando. — Já o prendi,


por que você também não entra? — se afasta apenas o suficiente para bater a
porta.

— Não vou entrar até me dizer o que vocês estão aprontando! — cruzo os
braços em uma postura decidida.

— Aprontando? Alicia faz favor né?! — joga os cabelos castanhos para


trás e encara as unhas pintadas de azul. — Vai ficar me olhando com essa
cara de bunda em vez de entrar no carro?

— Sei que você está aprontando alguma coisa, Katherine Backham. Você
e Alexia não me enganam! — resmungo. — Juro que pego meu filho e não
vou mais a viagem nenhuma.

— Uhh! Vai pegar coisa nenhuma. — me provoca e começa a dar risada


— Lice para de graça, sabe que nós te amamos. — me abraça.

— Imagina se não amasse. Sai, que anaconda não sabe abraçar sem
matar, vou entrar no carro por que além de cobra você ainda deixou meu filho
sozinho. — me desvencilho dos seus braços rindo e ela da uma gargalhada
jogando a cabeça para trás.

— Eu vou chamar os meninos. — começa a caminhar na direção da


cafeteria que tem em frente ao nosso condomínio fico tentada a ir atrás dela,
mas desisto.

Entro no carro e bato a porta. O cheiro de couro novo me atinge e por


incrível que pareça é reconfortante. Tony parece distraído com alguma coisa
na mão. E ele está tão fofinho concentrado no que quer que seja o pequeno
objeto que me faz sorrir toda boba de orgulho. Eu amo tanto meu filho que
não imagino mais minha vida sem ele. Na verdade eu nem teria vida!

— O que é isso, bebê da mamãe? — falo com uma vozinha de criança e


me viro na sua direção.

— Achei aqui... — estende na minha direção e o barulhinho de pedrinhas


se chocando chamam mais minha atenção.

Pego e rapidamente percebo ser um brinco, mas não qualquer brinco. Um


lindo e visivelmente caro. Provavelmente Matheus já estreou esse carro com
a Emmy, e ela devia estar bem distraída por não se dar conta que perdeu uma
joia dessas. Mesmo assim eu sinto que já vi esse brinco em algum lugar, não
me é estranho. Emily dificilmente usa acessórios. Tento puxar na memória
e... É isso! Esse é o brinco que eu vi na orelha da... meus olhos se arregalam.

Deus, por favor, não.

A porta do motorista abre de repente me assustando e o cheiro de perfume


masculino se mistura ao cheiro ambiente. Fico tensa. Algo me diz que o
brinco da tia Dakota dentro desse carro não pode ser só coincidência. E eu
constato que tenho razão no minuto que ele, Nathan estúpido Carter entra e se
senta.

— Isso só pode ser brincadeira. — suspiro fechando os olhos.

— Oi, Alice!

Continuo na mesma posição, apesar da vontade de gritar bem alto: Alice é


seu... — Cadê o Matt? — resmungo, mas nem espero a resposta. Minhas
mãos avançam na fechadura e para minha surpresa já não consigo abrir a
porta.

— Calma, me deixa te explicar antes de sair correndo...

— Não. Eu não quero explicação abre essa porta, agora! — interrompo


forçando a fechadura.

Já sinto a raiva borbulhar nas minhas veias. Deus, se eu ver Lexi e Kate
passo com o carro por cima delas. Juro que passo!

— Não precisa bancar a terrorista. — suspira e percebo que pensei alto


demais. — Eu achei que você estava de acordo, também fui enganado, mas se
já estamos aqui...

Dou uma gargalhada irônica.

— Não, para! Acha que vou viajar com você? Nunca. — tento a
fechadura de novo.

Como pode minhas melhores amigas fazer uma coisa dessas comigo?
Sabendo que para mim é extremamente difícil ficar perto desse... ser humano!
— Fique sabendo que eu também não estou nenhum pouco a fim de
aturar infantilidade por mais de duas horas! — ralha com indiferença.

— Mamãe? — Tony sussurra, mas não respondo. Fui mesmo chamada de


criança? Esse estúpido acha que estou com..

— Infantilidade? — reclamo com ironia e tento mais uma vez a


fechadura, nada. É meu limite. — Abre essa porcaria! — grito.

— Espera. — ele fala tão alto quanto eu fazendo minhas sobrancelhas


arquearem.

— Quem você pensa que é?

— Eu sou o Nathan Carter e estou mandando você esperar! Depois que eu


falar eu abro e você sai correndo se quiser.

— Não. Só me deixa sair dessa droga de carro! — forço mais a fechadura


praticamente soltando fogo pelos olhos até um soluço chamar minha atenção.
Paraliso. Merda! Anthony. Só assim para me dar conta que estava gritando e
socando a maldita porta que continua travada.

Viro-me exasperada para trás junto com Nathan e encaro o familiar par de
olhos azuis olhando para nós dois assustados, rapidamente solto o cinto de
segurança me inclinando no banco.

— Droga, Alicia você precisa se controlar. — Nathan sussurra.

— Amor, por que está chorando? — ótimo. Depois dessa palhaçada, eu


ainda consigo me sentir culpada por ter estourado.

— Por que você está brigando com o tio Nathan, mãe? Você não vai à
casinha da floresta?

Passa as mãos gordinhas na bochecha rosada limpando as lágrimas e meu


coração se comprime. Desde que nasceu meu filho nunca precisou presenciar
uma discussão que seja. Claro que isso um dia poderia acontecer, mas não
posso estranhar o fato dele ficar tão assustado quando eu estava quase
derrubando a porta do carro.

— Eu vou ir sim, meu príncipe. Nós só não vamos com esse... homem.

— Porque sua mãe não sabe se comportar como adulta perto dele. —
Nathan suspira.

Fecho os olhos respirando fundo e decido ignora-lo.

— Amor, a mamãe vai tirar você daqui, tudo bem? Não se preocupe, nós
vamos para um lugar muito melhor que a "casinha da floresta".

— Mas mãe, eu não quero... — resmunga já formando um biquinho para


voltar a chorar.

— Anthony, por favor, não seja teimoso. — falo mais grosso do que
deveria e volto a virar para frente.

— Vai descontar no seu filho? O garoto não tem culpa de nada! —


Nathan fala e eu interrompo meus movimentos.

— Não se intromete, eu falo com meu filho como eu quiser! — friso a


palavra meu como um aviso de que esse é um assunto meu e unicamente
meu. Nem mesmo meus pais se envolveram na criação do meu filho. Nathan
não vai ser o primeiro.

— Pois esse carro é meu, e eu abro a porta quando eu quiser! Ahh, e vou
com ele para onde eu quiser também. — gira a chave na ignição e
rapidamente estamos em movimento.

— O que você acha que está fazendo?

— Vou levar o meu amiguinho para a casa do lago. — assim que ele
termina de falar o choro do meu filho cessa.

— Não estou nem um pouco afim de palhaçada... para esse carro, Nathan!

— Vou parar se o Anthony pedir. E aí carinha você quer ir ou quer que o


tio pare o carro?
— Eu quero ir, tio. —meu filho que se chamava Anthony, mas
atualmente chamo de Judas Iscariotes fala sem nem pestanejar.

— Coloca o cinto, Alicia. — Nathan pede como se minha opinião não


valesse de nada. Mais uma vez. Primeiro as meninas, agora ele.

— Nathan! — falo mais alto.

— Anthony, você gosta de música? O tio vai colocar umas musicas boas
pra você ouvir, meu pai colocava sempre que nós saíamos de carro.

— A mamãe também coloca tio. Ela canta e fica feio. — da uma


risadinha.

— Sua mãe nunca cantou bem, diferente de mim. — me olha de soslaio.

— Merda! Nathan, você está me ouvindo?

Ele para o carro no primeiro farol e finalmente se vira na minha direção.


Os olhos brilhando divertidos e um sorrisinho brincando no canto da boca.

— É claro que eu estou te ouvindo, coração. Eu sempre ouvi você. Agora


faça o mesmo e coloca o cinto!

— Você acha que eu estou brincando? — questiono de forma cortante.

— Gata, eu só vou parar esse carro na... casinha do mato? Do lago? Da


mata... Não importa! Agora fica quietinha pro tio.

— Eu odeio você! — vou em cima dele distribuindo tapas em seu braço


de forma descontrolada.

— Para com isso, Alícia! — pede tentando me segurar, mas está de cinto
sem ter como se mexer muito e claro, rindo de mim. Isso me deixa mais
irritada, e esses tapas não são o bastante para eu me esvair da raiva que estou
sentindo. Quando finalmente consegue me segurar ouvimos sons de buzinas
atrás. — Porra, o farol abriu, por favor, Alicia não faz isso. — solta uma das
minhas mãos e aperta algo no painel provavelmente ligando o alerta.
Puxo minha outra mão do seu agarre ajeitando-me no banco e em um
segundo estamos novamente em movimento.

— Mamãe você está nervosa?

— Estou. A mamãe está muito nervosa e chateada com você também. —


respondo seca.

— Comigo, mamãe?

— Deixa ela pequeno, já... já ela volta ao normal. — Nathan bufa


indiferente.

— O nome dele é Anthony. — resmungo.

— Coloca o cinto!

— Por que você não pega esse cinto e enfia...

— Olha... — ele rapidamente me interrompe. — Não me fala essas coisas


por que se eu for enfiar não vai ser o cinto, e também não vai ser em mim!
— vira na minha direção e pisca um olho.

Idiota!

Pego meu celular e mando uma mensagem para as meninas xingando até
a sexta geração delas não espero resposta nem atendo quando elas ligam.
Meu filho e Nathan iniciam uma conversa e eu nem faço questão de prestar
atenção. Fecho os olhos e me afogo na minha raiva. Meu celular toca
novamente e abro os olhos a tempo de ver o nome do Gael iluminar a tela.
Encaro por uns momentos a tela e por fim decido atender.

— Alô? — falo um tanto ríspida.

— Oi, bonita! Tá de TPM é? Como você está? Qual a necessidade desse


estresse todo?

— O que aconteceu pra você lembrar que eu existo?


— Eu nunca esqueci amiga... — da uma risadinha. — Como está meu
filho de mentirinha?

— Ahh, seu filho que você esqueceu? Está bem.

— Para. Estou morrendo de saudades dele!

— Você nunca mais veio ver o menino! Isso por que ele é seu filho, né?!
— reviro os olhos.

— Então amor, eu encontrei a Helô na semana passada e ela disse que


vocês viriam para a casa do lago, eu vim passar um tempo aqui na cidade
com meu novo boy magia... da um pulinho aqui com o bonequinho dos
olhinhos azuis, ele quer conhecer meu filho..

Depois que Gael fingiu ser o pai do Anthony claro que ele virou um
padrinho super babão apesar de não termos tanto contato quanto antigamente.

— Eu vou pensar no seu caso.

— Para com isso, se não eu tomo a guarda dele!

— Tenta. — acabo dando risada. — Nenhum juiz daria a guarda de uma


criança para você!

— Me respeita! Sua perdida. — da risada. —Abriu uma lanchonete nesse


fim de mundo, não é o McDonalds, mas é maravilhosa, depois eu te mando o
endereço por mensagem.

— Tudo bem! Vamos marcar um dia!

— Okayzinho! Beijos amiga, nos vemos!

— Beijos!

Desligo o celular, sem nem olhar as mensagens recebidas. Sinto os olhos


do Nathan atentos em mim e fecho os meus. Pelo menos a ligação do Gael
serviu realmente para me distrair um pouco.
Continuamos seguindo caminho e assim que entramos na via principal eu
coloco o cinto. Não quero nem pensar como vai ser quando chegarmos lá. Eu
e Nathan sozinhos em uma casa com uma criança. Só espero que o pessoal
venha logo.
NATHAN

Alicia continua tão quieta que por um momento é como se eu estivesse


viajando sozinho, se não fosse pelo garotinho curioso olhando tudo e
perguntando eu já teria desistido. Nem mesmo quando eu liguei o rádio e
comecei cantar ela esboçou reação, o único momento que a vi sorrir foi com a
maldita ligação. Depois disso ela colocou a porra de uma máscara de
indiferença e é como se eu fosse um grande e enorme nada. Não sei por que
eu deixei aquelas duas me convencerem que isso era uma boa ideia.

Olho na sua direção pela milésima vez. Seu rosto não se vira em nenhum
momento, apenas encarando a janela desde que entramos na merda da via
principal.

— Está com fome? — tento e nada. — Alicia? — nada. — olho na sua


direção por um tempo longo demais para quem precisa prestar atenção na
estrada e nem assim ela se importa. — Qual o seu problema? Parece mais
criança que o Anthony!

Paro no acostamento. Estou realmente me cansando desse clima. Tony já


até mesmo pegou no sono tentando fazer a mãe falar.

— Eu não vou sair daqui enquanto você não falar alguma coisa.

— Ótimo. — resmunga e abre a porta. Merda. Não era bem isso que eu
esperava. Saio imediatamente atrás dela.

— Porra. Alicia, você precisa parar com essas atitudes.

Vagarosamente ela se vira na minha direção, os olhos azuis reluzindo de


raiva. Chega a ser engraçado como ela fica linda fazendo bico.

— Pro inferno você e o que você pensa sobre minhas atitudes! —


caminha na minha direção e aponta o dedo em riste praticamente na minha
cara. — Eu já deixei claro que não quero contato com você, não vou mudar
de opinião por causa daquelas duas, então pode parar de usar meu filho, eu
não vou fingir sorriso... e lamento muito ele ainda não entender o grande
estúpido que você é!

— Nossa! Por que todo esse ódio? — dou um passo à frente e ela recua.
— Você foi uma idiota me evitando naquela época, não tem direito de me
cobrar nada.

— Idiota eu fui quando fiquei com você! E só não me arrependo mais


por... — engole em seco e bufa com indiferença fechando os olhos.

— Porque foi por amor. — em um impulso termino com a distância entre


nós e colo nossos corpos segurando sua cintura. — Eu ainda sou louco por
você, Alicia. É difícil para você perceber?

— Me solta! — tenta se afastar, mas não permito aumentando a pressão


dos meus dedos. — Escuta, eu sinto muito se você ainda sente algo por mim,
pois eu não sinto mais nada por você.

— Tem certeza? — abaixo a cabeça para encarar seus olhos, mas ela
rapidamente os desvia e me empurra.

— Entenda uma coisa, eu só estou aqui com você por que fui obrigada.

— Idem, querida. Só que não preciso agir como um babaca na frente de


uma criança para demonstrar que eu preferia ter no banco carona qualquer
outra pessoa a ter sua ilustríssima companhia. — me irrito.

— Jura? Achei que era louco por mim?! — ironiza com uma risadinha —
Por que você se importa tanto com Anthony, enfia na sua cabeça que ele é
meu filho. E eu não estou deixando de respondê-lo, apesar da sua irrelevante
presença... — bufa — Agora se despreza tanto assim minha companhia como
diz... não fica insistindo em puxar conversa comigo porquê eu não vou te
responder.

— Você realmente dificulta tudo, já percebeu? Eu só quero ter uma


viagem agradável e você fica me afastando exatamente igual há quatro anos.
— Vá se foder! — responde petulante.

Em um movimento rápido a prendo entre o carro e meu próprio corpo.


Ela me encara de olhos arregalados e quando tenta me empurrar seguro suas
mãos acima da sua cabeça com uma de minhas mãos enquanto a outra da um
leve aperto em sua cintura.

— Entenda uma coisa pequena encrenqueira, jamais mande um homem


de verdade se foder. Eu não sou do tipo que se fode eu sou o tipo que fode.
— vejo-a engolir em seco e se contorcer na frágil tentativa de me afastar, mas
sou bem maior o que me dá uma enorme vantagem e a deixa sem escapatória.

— Me solta, idiota. — pede nervosa com a respiração acelerada.

— Quase, tenta de novo.

— Nathan, por favor, me solta. — sua voz é apenas um sussurro.

Faço menção de soltá-la, mas sem que ela espere grudo mais nossos
corpos e abaixo a cabeça deixando nossas bocas a centímetros.

— Eu poderia fazer isso e soltar você, mas quero que se desculpe


primeiro.

— Co-como? — gagueja e me encara. Dou um sorrisinho de lado


rastejando os lábios em sua pele para sussurrar em seu ouvido.

— Isso mesmo que ouviu gata. — sei que ela odeia ser chamada assim,
mas não me importo.

— Vá se..

— Ah, marrentinha! Se sair mais uma vez a palavra foda da sua boquinha
vou realmente seguir seu conselho, mas, com um porém, você vai ser fodida.
Vou ter você de tantas formas que vai se desculpar gemendo meu nome.

Assim que termino de falar passo a língua no lóbulo da sua orelha e ela
deixa escapar um gemido abafado. É minha deixa. Ataco sua boca e a beijo.
Saboreio seus lábios apertando-os contra os meus. De início ela tenta
resistir, mas acaba cedendo e entreabre a boca dando passagem a minha
língua. Aprecio a doce sensação dos nossos lábios colados apertando-a ainda
mais e sentindo seu cheiro me embriagar e seu gosto me envolver, meu pau
chora dentro das calças, solto suas mãos que passam a acariciar meus cabelos
enquanto as minhas passeiam
livremente pelo corpo que eu tanto ansiei. Alicia volta a gemer me
enlouquecendo. Parece que nem mesmo essa proximidade é capaz de fazer
esse desejo avassalador ser saciado. A ânsia e o tesão em tê-la é tanto que fica
palpável no ar. Busco sua língua desesperadamente e ela em nenhum
momento me afasta.

— Eu senti tanto sua falta... — sussurro abaixando os lábios para seu


pescoço e pressionando minha ereção no seu ventre. — Porra, como eu senti
saudades. — digo entre lambidas e chupadas deixadas em sua pele clara pela
trilha dos meus lábios e não me detenho apesar das marcas que já ficam
modestamente visíveis. Nós estamos nos amassando como dois adolescentes
em plena luz do dia, em uma rodovia movimentada. E eu pouco me importo.
Só consigo pensar em me embriagar com seu gosto.

— Eu.. não, me.. me so-solta, agora.. — balbucia desajeitada.

— Não. Eu não vou te soltar. Você é minha, marrentinha. Sente como eu


te desejo?! — sussurro pressionando mais minha ereção em seu corpo quente
e voltando a beija-lá. Alicia corresponde à altura até um carro passar por nós
buzinando e fazer ambos nos afastarmos em um pulo. — Porra. — rosno
passando a mão pelo cabelo nervoso.

— Idiota! — resmunga arrumando a roupa e rapidamente tenta entrar no


carro como se nada tivesse acontecido enquanto eu estou totalmente
desconcentrado como se acabasse de sair do meio de um terremoto.

— Espera, eu preciso saber se quando entrarmos as coisas vão


permanecer iguais. — seguro sua mão.

Ela me encara. O rosto corado e pupilas azuis dilatadas são a combinação


perfeita nela. Puxa uma respiração e passa a língua sobre os lábios
aproximando-se de mim ainda com nossos dedos enlaçados. Isso é sério?
— Claro que não.

— Não? — questiono surpreso.

— Não. Vamos entrar nesse carro e vamos foder gostoso até perder os
sentidos. — passa vagarosamente a mão livre na minha ereção ante meus
olhos incrédulos e arregalados. Seus dedos são ágeis e sobem para minha
nuca onde ela puxa levemente meu cabelo. Sorrio. — Não é o que você quer,
Nate?! Ter uma foda quente e gostosa comigo e esquecer totalmente os
últimos quatro anos?

— Pode ter certeza... — nem penso para responder e seguro sua cintura
inclinando-me para beija-lá mais uma vez.

— Nem em sonhos, idiota. — me empurra e entra no carro.

— Você ainda vai me matar, Alicia Montanari. — resmungo e entro atrás


dela sem conseguir conter o sorriso idiota que estica meus lábios. Isso foi um
avanço. Sem duvidas que foi.

— Pode tirar esse sorriso imbecil da cara, é a última vez que você encosta
em mim. Vou aturar você unicamente pelo meu filho, a próxima gracinha eu
jogo você por essas janelas e passo com o carro por cima.

— Calma marrentinha. — ergo as mãos em sinal de rendição.

— Para de me chamar assim, apelido mais ridículo, e vamos logo antes


que...

— Mãe? — a vozinha fala a interrompendo. — Eu estou com fome.

— Uau! Já acorda pedindo comida? — ela suspira. — Tudo bem meu


amor, o tio Nathan vai nós levar para comer! — ela responde virando para
trás e meu sorriso amplia. Eu sou tio Nathan agora, sem duvidas avançamos
alguns passos. Dou partida no carro nos colocando em movimento. — E o
que você quer comer? — ela continua.

— Humm... sorvete! — Anthony responde empolgado e nem preciso


encara-lo para ver se ele está sorrindo.

— Fome de sorvete? Interessante essa sua fome! — Alicia bufa e dou


risada.

Volto a dirigir cantarolando, mas no decorrer da viagem não deixo de


notar ela sorrindo para o celular, minha empolgação morre instantaneamente.
Primeiro a ligação que pelo que percebi era do idiota que a abandonou
grávida e agora depois do que fizemos ela está sorrindo para alguma
mensagem que pode ser dele?! Remexo-me no banco desconfortavelmente e
tento manter minha atenção na estrada. Porra, não acredito que Alicia
manteve contato com esse cara.

Aperto o volante com força e suspiro frustrado. É incabível sentir ciúmes


do pai do filho dela e em uma situação tão patética quanto essa, já que nem
ao mesmo tenho certeza que se trata de uma mensagem dele. E caso seja, eles
têm um filho juntos, isso é mais que suficiente para manter contato, não
poderia ser diferente. Merda. Eu só consigo pensar que acabamos de nos
beijar. Ainda sinto seus lábios nos meus, ela não pode ser tão indiferente a
mim.

Ou pode?
ALICIA
Quente. Eu estou pegando fogo desde o instante que Nathan tocou em
mim. Meu coração está batendo tão rápido que parece que vai explodir aposto
que ele está conseguindo ouvir as batidas descoordenadas. Preciso
urgentemente parar de pensar na voz sensual no meu ouvido e os lábios
quentes colados nos meus. Céus. Quando eu parei de ter controle sobre meu
próprio corpo?

Continuamos seguindo viagem e eu começo a ler as mensagens das


meninas e entre elas uma do Gael me faz sorrir. Preciso mesmo sair e me
distrair. Tendo Nathan por perto então, preciso com mais urgência ainda. Eu
não devia ter o deixado ir tão longe. Agora não faço ideia de como as coisas
ficarão, continuo escondendo a paternidade do Tony e sei que mais cedo ou
mais tarde isso vira à tona, não preciso de mais problemas, como me
apaixonar de novo. Olho de soslaio na sua direção e percebo que ele está
sério segurando o volante com força, os músculos dos braços flexionados
ficam mais expostos para meus olhos. É tão irresistivelmente tentador. Seu
maxilar está contraído e a testa enrugada, ele está incrivelmente sexy e
nervoso para minha surpresa.

— Talvez tenha uma lanchonete a alguns metros. — fala ríspido sem nem
olhar na minha direção. Ótimo, agora vai ser isso. Ele me beija sem
permissão e ainda fica nervoso comigo? Olho para a janela e tento não me
importar com ele, mas sinceramente eu não estava esperando essa reação.
Inferno! Porque isso está me incomodando?

— Está ficando tarde. — acabo soltando depois de um tempo no silêncio


ensurdecedor. Olho na sua direção e vejo a mesma expressão de antes, nem
mesmo Anthony fez que sua carranca suavizasse e eu continuo não
entendendo o porquê disso me incomodar tanto.

— Quer ir para um hotel? — ele pergunta depois de uns minutos olhando


para frente. Bom, pelo menos sei que ele não vai me deixar falando sozinha.

— Preciso. — suspiro.
— Tá. — é sua única resposta.

— Tá! — imito suas palavras com uma careta. Eu estava exatamente


assim antes de nos beijarmos. Só não imaginava o quanto é irritante.

— Tá-tá-tá faz o martelinho... quando bate no preguinho... — Tony


começa cantarolar a musiquinha que aprendeu na escola e acabo dando
risada.

— Humm... Você pode continuar a viagem se quiser, eu e Tony ficamos


no hotel e amanhã podemos pegar um Uber.

— Acha mesmo que vou largar os dois em um hotel de beira de estrada?


— bufa estalando os lábios.

— Só quero deixar claro que você não tem obrigação com nós dois. —
respondo.

— Você é foda, Alicia. Sério, não dá para entender você. — suspira.

Eu sou foda?

— Olha Mamãe... a ponte! — Tony fala antes que eu consiga responder


ou questionar.

Assim que o carro para no estacionamento eu salto para fora puxando o


máximo de ar possível para meus pulmões. Nathan sai logo em seguida e
pega o celular para ler alguma mensagem. Ignoro o fato dele nem olhar na
minha direção e vou tirar meu filho da cadeirinha que a pouco estava
reclamando que o bumbum estava doendo. O hotel é simples, mas não tão
desagradável quanto eu estava imaginando. Seguimos pelo estacionamento
rapidamente como se fôssemos dois estranhos. Isso não tem como ficar pior.

— Preciso mandar uma mensagem para dona Dakota, já alcanço vocês.


— Nathan fala abrindo a porta para que eu passe com Anthony no colo.
Primeira desculpa para se afastar. Começamos bem!

Assim que paro no balcão uma morena se aproxima com um sorriso


gentil nos lábios. Olha na minha direção e seu sorriso se alarga para o
Anthony.

— Boa noite, sou a Nina. Que coisa mais fofa. Qual o nome dele?

— Anthony. — sorrio, essa é exatamente a reação que meu filho provoca.

— Ele é lindo. Tem quantos aninhos bonequinho?

— Assim... — Anthony levanta quatro dedinhos e sorri mostrando os


dentinhos.

— Você é muito fofo, sabia? — ela continua. — Então, como posso


ajudá-la? — sorri de forma gentil. Ela até que é bastante simpática.

— Preciso de um quarto, mas apenas para essa noite.

— Certo. Seria casal? — A recepcionista questiona apertando algumas


teclas no computador.

— Isso mesmo. — Nathan responde nos assustando. Olho na sua direção


e ele me direciona um meio sorriso. Aquele sorriso que me provoca arrepios.
Quando ele chegou aqui? A minha frente Nina parece embasbacada, pisca os
cílios e sorri para ele como se fosse o próprio Zeus na sua frente. Me seguro
para não revirar os olhos.

— Acho que serão dois quartos. — pigarreio chamando atenção para que
ela continue com a reserva.

— Dois quartos de casal? — ela finalmente desperta do transe e me


encara.

— Não. Vai ser apenas um quarto de casal, desculpa não quero te deixar
confusa é que estamos juntos... a propósito sou o Nathan, mas pode chamar
de Nate. — encaro Nathan que pisca um olho sorrindo para a mulher a nossa
frente.
— Eu sou a Nina e preciso da identidade, Nate. — ela suspira. Sério isso?
Involuntariamente meu rosto se contorce em uma careta.

— Você não vai passar a noite aqui? — pergunto e ele finalmente me


encara enquanto estende o documento para a assanhada, ops! Para a
recepcionista.

— Estamos em um hotel de beira de estrada, Alicia. Não vamos dormir


em quartos diferentes.

— Tenho certeza que não vai acontecer nada.

— Não vamos discutir isso também, além do mais a linda Nina já fez a
reserva. — ele se vira para frente.

— Imagine, lindo é seu filho. — ela sorri toda derretida piscando os


cílios. Argh! Não tem nada de simpático nessa mulher. Ela sorri demais e
pisca os olhos demais.

— Ele não é meu filho, somos só amigos. — Nathan responde


rapidamente apoiando o braço no balcão e colocando a mão embaixo do
queixo.

Estúpido. Imbecil. É claro que ele não quer que pensem que ele tem um
filho. Está na cara que ele não consegue ser responsável por ninguém. Passou
a vida inteira só pensando no próprio umbigo. Graças a Deus eu não dependo
dele para nada em relação ao nosso filho.

— Mamãe, você está vermelha. — Anthony toca os dedinhos na minha


bochecha.

— A mamãe está cansada, sabe filho. Passamos quase três horas dentro
de um carro. Eu só quero pegar logo a chave do quarto, mas está difícil... —
reclamo.

— Ele é tão lindo, parece muito com você! — a garota da voz irritante
continua dando risada e minha raiva aumenta.
— Muito difícil! — resmungo mais alto.

Nathan me olha de soslaio com um sorrisinho. Bom ele ter ouvido, não
estou guardando segredo.

— Você trabalha aqui há muito tempo, Nina? — ele questiona fazendo a


garota parar de digitar mais uma vez. Isso é brincadeira, só pode!

— Vai demorar muito? Porque eu estou cansada e meu filho pesa. —


respondo ríspida trocando o braço que segura Anthony.

— Não, desculpa. Já vou pegar a chave. — ela responde manhosa com as


bochechas coradas. Assim que ela se afasta Nathan se vira na minha direção.

— Quer me dar ele?

— Não. Ele é meu filho não seu. Esqueceu? Somos amigos! — suas
sobrancelhas arqueiam-se surpresas, mas logo a garota retorna balançando a
chave no dedo e com um decote que não estava ali antes.

— Aqui, Nate. — ela estende a chave para ele, mas eu sou mais rápida e
puxo da sua mão um tanto ríspida.

— Obrigada. — cuspo entre os dentes.

— Mamãe me deixa levar? — Anthony pede e dou a chave pra ele.

— Segura. Não pode perder! — suspiro.

— Sabe se a cozinha ainda está funcionando? — Nathan questiona, mas


com os olhos fixos em mim.

— O jantar é servido às oito e meia, mas se tiver interesse tem uma


pizzaria a uns cinquenta metros seguindo aqui direto pela calçada... É
pertinho e a pizza é muito gostosa! — passa a língua pelos lábios
vagarosamente em uma insinuação ridícula. Bufo e começo a caminhar para a
direção dos elevadores. Nem sei por que ainda estou aqui parada.

— Ei, marrentinha! Os elevadores estão quebrados. — Nathan fala me


alcançando com um sorriso idiota esticando os lábios.

— Sua amiguinha te falou? — reviro os olhos, mas continuo quando ele


da risada. — Preciso pegar uma bolsa no carro, já que vou passar a noite aqui
vou tomar um banho. — caminho para o estacionamento trocando a posição
do Anthony no meu colo. Ele está realmente pesado.

— Mamãe eu também vou tomar banho?

— Junto comigo, meu amor.

— Mas mamãe, você é menina?! O tio Nathan vai também?

— Se sua mãe deixar eu vou! — Nathan da risada.

— Se seu tio quiser tomar banho com alguém que chame a amiguinha
dele da recepção, pois aposto que ela está louca pra... — bufo.

— Pra que, marrentinha? — ele questiona ainda rindo, mas decido


ignorar caso contrário vou acabar falando besteira.

Pego apenas uma bolsa com umas roupas do Anthony, uma troca para
mim e a nécessaire, que eu fiz para o caso de uma emergência. Assim não
preciso desfazer nenhuma mala. Nathan pega uma bolsa também pequena que
acredito que contenha apenas seus produtos de higiene.

— Não vai trocar de roupa? — questiono ajeitando Anthony no colo e à


bolsa no ombro.

— Essa roupa está limpa e tudo que eu preciso está aqui dentro. — toca a
bolsa.

— Nem ligo.

— Porque está tão irritada? Dá ele. — fala já tirando o Anthony do meu


colo e de quebra ainda pega a bolsa.

— Eu disse que não precisava! — falo batendo o porta malas.


— Sei disso, marrentinha! Mas nosso quarto é no segundo andar e esse
carinha é realmente pesado. O que você anda comendo, garoto?

— Macarrão! — Anthony responde com empolgação brincando com a


chave como se fosse um aviãozinho de brinquedo.

— Macarrão? E você cresce desse jeito só com macarrão?!

— A mamãe faz e fica gostoso!

— Eu imagino tudo que sua mãe faz é gostoso. — Nathan olha na minha
direção e pisca um olho.

— Idiota! — resmungo. — Me da pelo menos as bolsas, vai pesar muito


pra você!

— Não subestime os meus músculos, mulher!

— Olha mamãe! — meu filho tira um papelzinho que está embolado no


chaveiro e estende na minha direção. Pego o papel e abro me deparando com
um número de telefone e o nome Nina. Faço uma careta e sem querer
amasso, imagino que era para o Nathan, mas antes de entrarmos acabo
deixando escorregar e cair justamente dentro da lixeira. Oh! Pena, mais sorte
pra ela da próxima.

Passamos novamente pela recepção e a própria está lá no balcão olhando


na nossa direção, ou melhor, na direção do Nathan. Aperto os passos e
rapidamente estamos na escada.

O quarto é pequeno, além da cama com dois criados-mudos nas laterais e


que não é muito grande tem uma mesa próxima à pequena sacada, uma
penteadeira e uma pequena estante com uma televisão em cima.

— Vou dar banho no Tony primeiro...

— Nada disso. Você toma banho primeiro e depois eu vou com o


Anthony, isso vai economizar tempo. — me interrompe colocando as bolsas
na cama e sentando nela com meu filho no colo.
— Você vai tomar banho com o Tony? — arqueio as sobrancelhas.

— Qual o problema? Eu sou menino! — ele brinca.

— Você não vai saber dar banho nele!

— Eu sou totalmente capaz de dar banho em uma criança, além do mais


esse rapazinho já é bem grandinho. Não é amiguinho?

— É manhê... eu sou mesmo! — Tony sorri.

— Se quiser tomamos os três juntos! — Nathan da um sorrisinho sacana.

— É mamãe! Aí eu ajudo você lavar o cabelo! — Tony fala,


provavelmente lembrando as vezes que eu reclamo em ter que lavar o cabelo
à noite.

— É... e eu ajudo você lavar a...

— Tudo bem! — interrompo com uma careta. — Eu vou na frente. Pego


a nécessaire e vou para o banheiro.

Tomo um banho rápido e agradeço aos céus do meu coque não ter
molhado apenas poucos respingos de água no cabelo. Já não posso falar o
mesmo da roupa que eu coloquei na mala emergencial. Encaro com uma
careta o shortinho jeans e o top cropped soltinho de renda azul. Eu pensei no
espaço e não na passível ocasião e agora sem condições de pegar algo melhor
na mala. Visto rapidamente e faço uma trança lateral no cabelo deixando
alguns fios soltos, para finalizar apenas um pouco de rímel, blush, gloss e
perfume. Estou pronta. Não é bem o que eu esperava, mas estamos indo
apenas em uma pizzaria.

Saio do quarto e encontro os dois na cama vendo algum vídeo no celular


do Nathan.

— Mamãe, você está linda! — Tony é o primeiro a olhar na minha


direção.

— Uau! Linda demais! — Nathan completa se levantando e me


encarando. Seus olhos passam minuciosamente pelo meu corpo e o conhecido
calafrio na espinha me deixa arrepiada.

— Eu... hã... não achei que fosse realmente usar essa roupa..

— Está perfeita, Marrentinha. — ele se aproxima e toca a ponta da minha


trança. — Malditamente sexy. — fala mais baixo em um tom quente e
sensual se aproximando mais, os dedos roçam a pele exposta da minha
barriga e sinto a pele começar formigar na trilha do seu toque suave. — Você
vai me enlouquecer, Alicia. Não sabe como te desejo... como anseio provar
seu gosto, porra. Eu fico duro só de imaginar!

— Vamos tio Nathan! — Tony me desperta e rapidamente me afasto dele.

Santo Deus! O que foi isso? Só então me dou conta que preciso voltar a
respirar. Como Nathan tem a audácia de me falar essas obscenidades na
frente do meu filho? E pior, desde quando meu corpo tem permissão para se
excitar com tanta intensidade? Merda. Estou mesmo úmida, com as pernas
bamba e arrepiada. Que ódio. Preciso urgentemente dar um jeito nisso!

Enquanto tiro a roupa do Anthony, Nathan atende ao telefone que nem


reparei ter em um dos criados mudos. Tiro a fralda que coloquei no Anthony
por precaução e espero ele terminar.

— Então, marrentinha. Acho que você me deve uma explicação! — ele


fala colocando o telefone no gancho e parando ao meu lado.

— Sobre? — pergunto o encarando.

— Era a Nina no telefone e ela disse que deixou alguma coisa na chave
para mim... fico imaginando se é o papel que você jogou no lixo.

Merda. Que mulherzinha mais assanhada.

— Não me lembro de ter jogado nada no lixo.

— Você jogou mamãe. — Tony fala levantando na cama e começando a


pular. Encaro novamente Nathan.
— Por que você jogou fora? Ciúmes?

— O que? — praticamente grito. — Não viaja, eu não sabia que você


queria aquele papel, mas se faz tanta questão vai lá e pega. — pego Anthony
no colo e vou para o banheiro enquanto ele fica parado e rindo da minha cara.
Idiota mesmo. Eu com ciúmes? Aonde?
NATHAN
É claro que ela está com ciúmes. Eu sabia que se tratasse a recepcionista
bem Alicia teria alguma reação, só precisava confirmar e o melhor é que foi
exatamente a reação que eu estava esperando. Tiro a camisa e a calça e sigo
para o banheiro ainda dando risada. Eu amo essa mulher, percebo agora que
nunca deixei de amar. Vou reconquista-lá e dessa vez não teremos nenhuma
despedida. Ela está de costas a bunda virada pra cima enquanto conversa com
o Anthony quando entro no banheiro na ponta dos pés. Encaro sua bunda por
uns minutos e sinto meu pau dar sinal de vida dentro da boxer. Alicia está
uma tentação nessa merda de short. Tê-lá tão próximo e não sucumbir ao
desejo vai ser um desafio a ser cumprido, mas estou disposto a qualquer
coisa. Inclusive esperar. Aproximo-me devagar e seguro sua cintura
encostando a ereção na sua bunda. Ela tem um sobressalto e fica ereta na
mesma hora.

— Nathan! — exclama tentando se afastar, mas mantenho minhas mãos


em sua cintura. — O que você está fazendo? — se mexe na tentativa de se
soltar e com isso minha ereção enrijece ainda mais.

— Não me provoca desse jeito, marrentinha. — sussurro na sua orelha


com uma mordida antes de soltá-la e rapidamente ela corre para a porta
batendo-a atrás de si.

Dou banho no Anthony respondendo suas inúmeras perguntas e ouvindo-


o tagarelar sobre a escola, os amiguinhos, seus avós e como cuida da mãe, em
nenhum momento fala sobre o pai ou se o conhece. Alguns momentos nem
parece um menino de quatro anos falando dada sua esperteza. Acaricio seu
cabelo e ele levanta a cabeça para me encarar, os olhos azuis parecem
maiores e mais brilhantes, então ele sorri balançando a cabeça fazendo que
respingos de água espirem pelo banheiro.

— Ei, pestinha! — brinco e ele repete o movimento com uma gargalhada.


O som melodioso do seu riso faz com que algo de sinal de vida no meu peito.
Ficamos nisso por um tempo e por incrível que pareça eu também dou altas
gargalhadas. Esse menino é realmente cativante e muito divertido, não sei
olhando agora para nós dois quem parece ser mais criança. E mesmo com a
distração minha mente não para de trabalhar, a possibilidade de ele poder ser
meu pesa em meus ombros e me assusta ao mesmo tempo em que me deixa
fodidamente irritado. Quantos banhos eu posso ter perdido?

— Tio, você vai comer pizza? — fala de repente me chamando e no


fundo sinto uma pontinha de incômodo por ser apenas tio. Imagino como
seria ser chamado de pai, mas afasto o rumo dos meus pensamentos.

— Nós vamos! — respondo e me abaixo o pegando no colo. — Anthony,


você conhece seu... seu... humm, acho que terminamos seu banho! — não vou
fazer isso, ele só tem quatro aninhos. Quem vai me responder é a Alicia.

— Então tem que chamar a mamãe!

— Exatamente!

— Ah! Mas tio, você não fez bolinha! — da um sorrisinho. Contrariado


pego a esponja.

— Vai ser rápido! — suspiro.

Depois de milhares de bolinhas e até mesmo uma barba de espuma,


finalmente chamo pela Alicia para pegá-lo, antes que me livre da boxer.
Agora sei por que esse garoto é tão mimado e visivelmente amado por todos.
Tenho certeza que não há nada que ele não consiga com um sorrisinho.

— Santo Deus, vocês dois conseguiram molhar todo o banheiro?! —


Alicia se assusta, mas tão rápido quanto entra embrulha Anthony na toalha e
sai apressada evitando olhar na minha direção e até esperar minha resposta.
Termino meu banho e enrolo uma toalha na cintura antes de entrar no quarto.
Anthony já está vestido e reclamando enquanto Alicia tenta fazer seu topete
ficar no lugar. O que é visivelmente uma tarefa complicada já que o garotinho
tem um carrinho nas mãos e não para por um só minuto.

— Fica quieto! — ela suspira e com um sorriso percebo que sua trança
antes arrumada já possui diversos fios soltos.
— Tio... meu cabelo é igual o seu, olha! O da mamãe é preto. — ele fala
olhando na minha direção e realmente seu cabelo tem o mesmo tom que o
meu.

— O cabelo da mamãe é castanho e eu desisto, Tony. Juro que se você


reclamar de cabelo no olho mais tarde eu vou te dar umas palmadas.

— Aqui? — ele questiona colocando um dedinho no olho. Comprimo os


lábios para não dar risada da cena.

— É exatamente aí, Anthony Montanari! — ela resmunga descendo ele


da cama.

Montanari. Isso quer dizer que o que está martelando minha cabeça faz
sentido, ele não foi reconhecido pelo próprio pai. Algo nessa história não se
encaixa. Eu ouvi a ligação da Alicia, mas porque manter contato com um cara
que visivelmente não se importa com o menino. Ele tem quatro anos. Isso
também não sai da minha cabeça. Encaro o rostinho do Anthony por alguns
minutos enquanto ele olha concentrado para o carrinho. Não quero me
precipitar, mas é notória nossa semelhança. Eu mesmo consigo ver muito de
mim nele. Porra. Quero pensar que Alicia não faria isso comigo, mas existe
uma possibilidade e eu não enxergo unicamente porque não quero. Minha
respiração engata na garganta enquanto os pensamentos que me
atormentaram todos os dias anteriores retornam.

— Nathan? — uma mão toca meu braço. — Você está pálido, está tudo
bem? — encaro um par de olhos azuis.

— Tudo bem. — resmungo e encaro Alicia por alguns minutos. — Quero


que seja sincera comigo, Alicia. — minhas mãos seguram seu rosto a
mantendo no lugar.

— Nathan, você está me assustando... — ela sussurra os olhos agora


arregalados e a expressão preocupada. Engulo em seco. — Nathan?

— Você não mentiu certo? Quero dizer, eu estou enlouquecendo Alicia.


Eu olho para ele e penso em tantas coisas, por favor, me fala que você foi
sincera. Eu preciso que você me fale...
— Não estou entendendo... — sua voz mal passa de um sussurro.

— Mamãe, quebrou. — Anthony chama e estende o carrinho. Alicia se


afasta rapidamente.

— Não quebrou amor. — pega o carinho da mão dele. — Olha só


desencaixou, a mamãe arrumou! Vem! — pega ele no colo e começa se
afastar rapidamente para a saída.

— Alicia...

— Nathan, precisamos ir logo. Vou sair com Tony para você se arrumar.
Vejo você lá embaixo. — com isso ela abre a porta e passa fechando com um
pequeno estalo atrás de si.

Porra. Ela fugiu. Alicia não quis responder minha pergunta. Mas se ela
pensa que vou desistir está tremendamente enganada.

Chego à recepção e dou de cara com a recepcionista.

— Oi, está saindo? — sorri já com as bochechas coradas.

— É eu preciso comer alguma coisa... — é minha única resposta.

— E vai sozinho?

— Vou com a Alicia. A morena que veio comigo.

— Humm... entendi. — parece decepcionada. —Ela tem um filho lindo...


o namorado dela deve ficar muito orgulhoso.

— Ela não tem namorado... Ainda.

— Ah, mas não vai demorar. Um dos hóspedes estava agora mesmo
falando com ela e ele parecia encantado.

— Desculpa Nina, mas preciso ir.


— Já? — segura meu braço impedindo minha passagem. Delicadamente
me afasto. Merda, quem estava com a Alicia? — Tudo bem, humm... talvez
depois nos vemos. Eu vou cobrir minha amiga no turno da noite, podemos ir
ao bar e beber alguma coisa!

Sorrio em resposta e começo a caminhar para fora. Talvez jogar charme


na recepcionista não foi uma das minhas melhores ideias.

Alicia está sentada nos degraus da entrada do hotel enquanto assiste


Anthony brincar com o carrinho. Assim que me aproximo ela levanta
puxando o short. Esse maldito short. Olho rapidamente em volta e percebo
que estão sozinhos.

— Vamos? — questiona batendo a mão para limpar a poeira da bunda.

— Mãe, quero ir no colo! — Anthony pede e ela faz uma careta, mas
antes de responder eu já estou ajeitando-o no meu colo.

— Demorei muito? — falo quando começamos a caminhar.

— A mamãe tava falando com o moço de cabelo preto, tio. Ele disse que
ela é exberante linda... eu não gostei dele, ele tem caveira.

— Anthony! — Alicia repreende. — Já falei que isso não é educado. E


não foi nada demais, o Gregori exagerou...

— Gregori? — arqueio as sobrancelhas.

— É um hóspede, parece que teve problemas com a moto e precisou


interromper a viagem...

Chegamos à pizzaria e Alicia para para retocar o batom.

— Tio, olha o moço da caveira. — Anthony sussurra no meu ouvido


apontando para o cara parado no balcão. O cara tem a minha altura e com
músculos que faz questão de exibir na regata que parece ser dois números a
menos do seu manequim. O cabelo escuro feito pedra de ônix é bem cortado
e quando ele se vira percebo a enorme caveira tatuada no seu braço direito.
Ele olha na nossa direção e sorri para Alicia antes de piscar um olho.
Também não gostei dele.

— Vamos? — Alicia fala me encarando e não gosto nada de ver que suas
bochechas estão coradas.

— Porque você está corada, Alicia?

— Eu não estou corada. — bufa e começa a desmanchar a trança do


cabelo. Os fios sedosos caem até o meio de suas costas em ondas. Porra. Isso
não é um bom sinal. — Vamos logo.

— Ei, Alice. Não sabia que você vinha! — o babaca que não tira os olhos
dela fala quando chegamos perto o suficiente. Olho para seu rosto e espero
pela careta que ela faz sempre que eu a chamo assim, mas ela simplesmente
sorri.

— Esse é o Nathan — fala mantendo o pequeno sorriso.

— Como vai, irmão? — cumprimenta, mas não faço questão de apertar


sua mão me limitando apenas a um aceno de cabeça.

— Vamos Alicia. — chamo e começo me afastar.

— Tenho que ir, Gregori. Vou alimentar meu pestinha...

— Qual dos dois, o irmão ou o filho?

— O que você falou? — questiono me posicionando a sua frente e já


sentindo vontade de soca-lo.

— Calma cara. Foi só uma brincadeira. Eu sou amigo da sua irmã... —


pede estendendo os braços.

— Alicia, não é a porra da minha irmã e não me lembro de falar que


estava brincando com você!

— Tudo bem, acho que achei uma mesa... — Alicia fala puxando meu
braço antes que o idiota que está me encarando responda. — Licença,
Gregori. — começamos a caminhar na direção oposta. — Vai fazer uma cena
aqui, sério Nathan?!

— Eu não estou fazendo nada, devia falar isso para seu amiguinho
tatuado. Caralho! — reclamo quando ela me belisca. — Não acho apropriado
você sair por aí fazendo amizades com um cara que acabou de conhecer...

— Eu não pedi sua opinião. — pega o Anthony do meu colo e acomoda


no sofá antes de se sentar. Trinco o maxilar e sento na sua frente.

— É a porra dê um motoqueiro que parou em um hotel de beira de


estrada, você nem ao menos sabe o sobrenome dele e já está toda
animadinha... — pego o cardápio da mesa.

— Eu já disse que não pedi sua opinião.

— Pois deveria. Eu sou responsável por você e pelo Anthony.

— Não você não é.

— Você está viajando comigo.

— Ah, tem razão. Desculpa, eu me esqueci de pedir autorização para ser


educada com as pessoas.

— Educada? Fala sério, Alicia o cara tem uma tatuagem de caveira


enorme no braço. — olho para a mesa ao lado onde para minha surpresa o
babaca se senta. Ótimo. Faço uma careta. — Não gostei nenhum pouco desse
imbecil.

— Eu também não. — Anthony fala e nós dois o encaramos ao mesmo


tempo. — Ele é becil... — completa e caio na risada. Esse menino sem
duvidas é meu filho.

— Tem razão, rapazinho. — estendo a mão fechada e ele da um soco em


um cumprimento.

— Era só o que me faltava. Anthony essa é uma palavra feia, não quero
você falando assim. — Alicia resmunga antes de me encarar — Seu pai tem
varias tatuagens e você também têm, para de agir como um idiota está
contaminando meu filho.

— E ele é realmente só seu? — encaro seus olhos. — Você não


respondeu minha pergunta.

— Nós já conversamos na casa da tia Jess, Nathan. — pega o cardápio e


começa folhear me ignorando.

— Tudo bem, eu vou saber de qualquer jeito. — imito seu gesto e


começo a ler o cardápio.

— Porque está fazendo isso. — suspira e coloca o cardápio na mesa para


me encara. Faço o mesmo. — Já passou quatro anos, não faz diferença
nenhuma.

— Não faz diferença? — questiono com incredulidade. — Alicia, você


está se escutando? Porra, você acha que é simples assim? Passou alguns anos
não importa mais?!

— Eu acho que você foi embora, seguimos caminhos diferentes... — olha


para o Anthony e depois me encara. — Ele é meu. Ponto final.

— Tudo bem, se você não quer colaborar eu dou um jeito...

— O que quer dizer com isso? — ela cruza os braços me inclino para
frente apoiando os braços na mesa.

— Quero dizer que sou filho do Dylan Carter, sou dono de uma
multinacional especializada em Advocacia. Conheci os advogados mais
influentes do mundo em algumas Assembleias, e eu mesmo estou finalizando
meu doutorado. Eu vou tomar algumas providências... E adianto que meu
primeiro passo vai ser solicitar um teste de DNA e o segundo... — encosto
novamente na cadeira. Os olhos da Alicia estão arregalados a boca
entreaberta denúncia sua respiração acelerada. Odeio fazer isso. Odeio
mesmo, mas ela não está me dando alternativas.

— Qual o segundo? — sua voz é apenas um sussurro. Respiro fundo.

— A guarda.
ALICIA
Minha respiração parece farpas passando pela minha garganta, tenho
certeza que estou suando frio pelo leve tremor que começa em minhas mãos
agora enlaçadas no meu colo. Encaro os olhos verdes do Nathan e trinco meu
maxilar me obrigando a ficar calma.

— Está me ameaçando? — minha voz sai mais baixa do que eu gostaria.

— Não. Isso não é uma ameaça! Estou apenas te coagindo a me contar a


verdade...

— Que verdade? — o interrompo já sem conseguir conter meu


nervosismo e espalmo as mãos em cima da mesa assustando Anthony e,
atraindo olhares para nós. — Acha que pode chegar depois de quatro anos e
tomar meu filho? Meu-filho-Nathan! Eu sou a mãe dele, fui eu quem
carregou ele por nove meses. Nem você, nem todos os advogados no mundo
vão tirar ele de mim! Está me escutando? Eu jamais vou deixar isso
acontecer!

— Não quero fazer isso. Só quero que seja sincera comigo e pare de fugir
tanto, Alicia. Não era para ser assim, não devia ser tão complicado... — não
respondo e ele suspira pesadamente. — Então, eu estou certo. — se inclina
para frente novamente e me encara com uma expressão indecifrável,
ignorando totalmente o fato de agora sermos o alvo de atenção das pessoas
próximas a nossa mesa. Seus olhos verdes estão escuros e intensos como se
quisessem me perfurar. — Ele é meu. — arrasta os olhos na direção do
Anthony que volta a brincar com o carrinho alheio ao que está acontecendo.

— Não, Nathan. Ele é meu! Você perdeu esse direito sobre ele quando foi
embora.

— Eu não sabia Alicia, você acha que... — respira fundo e passa as mãos
pelo cabelo de forma exasperara ainda encarando Anthony. — Eu posso ter
sido um cretino com você, mas pelo menos eu assumo isso... você fica se
colocando de vítima. Droga. Independente do que aconteceu você sabia que
eu ia voltar no minuto que eu soubesse, eu te liguei... Porra. Eu te dei uma
oportunidade de ser sincera. Você não tinha o direito de me esconder isso. E
me deixa mais puto agora ver que ainda permanece agindo como se eu fosse
um monstro!

— Eu vítima? De que me adiantaria ser a vítima? Não é complicado se


você pensar. Nós dois nunca daríamos certo e isso de qualquer forma não
muda o que aconteceu, você não acha?

— Acho que já chega de me castigar pelo passado, eu não te obriguei


ficar comigo na maldita formatura, você fez porque também queria e isso não
tem haver com a gente... É sobre ele, o filho que eu não fazia ideia que tinha.
Merda, Alicia. Era realmente necessário chegar nesse ponto para você falar?

— O que você estava esperando?! Que eu te recebesse depois de quatro


anos com um lindo sorriso, uma certidão de nascimento e uma criança pra
assumir?

— É meu filho. Eu teria assumido antes de soubesse que ele existia! —


retruca de forma ríspida.

— Eu não precisei de você antes e não preciso agora. Sozinha eu passei


por todos os estágios da gravidez, dos primeiros meses de vida dele virando a
madrugada acordada, as primeiras palavras, os primeiros passinhos ou até
mesmo as primeiras quedas. E acredite nunca, nunca faltou nada pra ele.
Você não fez falta.

— Está se escutando? Tudo bem, eu não vou falar mais nada. Faça isso
mesmo, você está correta. Eu sou a porra de um ninguém na vida do meu
próprio filho. E o mais foda é que você não consegue nem mesmo perceber
que também errou. — levanta exasperado e quase derruba a cadeia. — Porra.
Caralho!

— Para de falar palavrão! — me irrito.

— Mamãe, tio Nathan tem que colocar moeda na caixinha! — Anthony


fala e Nathan deixa escapar um sorriso amargo.
— Desculpe vocês... estão alterados e isso.. — um garçom totalmente
sem graça se aproxima e começa, mas Nathan o interrompe erguendo a mão.

— Eu já estou de saída. E quanto a você Alicia fez um excelente


trabalho... Conseguiu o resultado esperado, eu sou o tio Nathan. Fez muito
bem em me manter no escuro e fico feliz em saber que você é a mulher
maravilha e foi capaz de fazer tudo sozinha. Só não esquece que precisou do
idiota aqui para fazer ele! Se é que você também não fez sozinha! — começa
caminhar se afastando e não consigo me mover sequer para ver qual a
direção. Meus olhos embaçados denunciam as lágrimas que eu nem sabia
estarem aqui.

Acabamos de fazer a maior cena para todos os clientes da pizzaria e eu


estou me sentindo péssima. Peguei pesado com Nathan e ele tem razão em
estar chateado. Peço um pedaço de pizza para o Anthony e tento disfarçar o
choro. Eu sabia que ele descobriria mais cedo ou mais tarde e ficaria
chateado, só não achei que chegaríamos realmente a esse ponto. E agora eu
estou apavorada, Nathan seria capaz de tirar o Anthony de mim se quisesse.
Pelo que ouvi da tia Dakota, não houve um processo representado pelas
empresas Carter que tenha sido perdido.

— Mamãe, você está chorando porque brigou com tio Nathan? —


Anthony pergunta alarmado.

— Não meu amor, não brigamos... a mamãe só está com sono! —


respondo tentando conter as lágrimas que permanecem caindo como cascatas.
Pego o celular e respiro fundo antes de discar o número.

— Lice! — a voz da minha irmã faz um soluço escapar da minha


garganta. — Alicia! O que houve?

— Eu... eu acho que fiz uma idiotice!

— Como assim? Você matou o Nathan? — questiona alarmada.

— Não Lexi. — respiro fundo. — Nathan sabe do Tony...

— Porra. — ouço a voz da Kate no fundo da ligação. — Lice, ele ia


acabar descobrindo, acredite foi melhor você contar... — Lexi completa.

— Mas, não... Eu não contei como deveria. Eu fiquei nervosa e acabei


falando coisas que não devia. — coloco a mão no rosto e volto a chorar.

— Lice isso teria de ir acontecer em algum momento. Olha não fica


assim, tenta conversar com ele de novo e...

— Eu não sei onde ele está. — levanto a cabeça e limpo com as costas da
mão meu rosto.

— E onde você está?

— Em uma pizzaria com Tony, nós vamos passar a noite em um hotel.

— Quer que eu ligue pra ele? — suspira. — Vou conversar com ele e...

— Não. — a interrompo. — Nathan precisa de um tempo e eu também,


eu só queria conversar com alguém.

— Droga! Não estou gostando disso. Ele não devia te deixar aí sozinha
nesse estado, deveria ao menos te levar para o hotel. — Lexi bufa — Eu
também acho isso não se faz ainda mais depois de descobrir que você está
com o filho dele. — Kate reclama atrás.

— Está tudo bem... não se preocupem. Quando eu chegar ao hotel eu


mando uma mensagem..

— Vou esperar e... Desculpa Lice, eu não achei que isso fosse acontecer.
Não achei mesmo.

— Sei disso. Agora preciso ir. Beijo.

— Se cuida!

— Oi. — uma voz fala ao meu lado e rapidamente eu guardo meu celular
e levanto a cabeça.

Gregori se senta na minha frente à mesa com um sorriso gentil. Merda.


— Oi. — respondo retribuindo o sorriso. Droga, eu não queria falar com
ninguém agora.

— Esse lugar é do tio Nathan. — Anthony fala fazendo careta.

— Anthony! — resmungo. — Desculpa.

— Eu entendo. Sei como criança é, mas... humm, está tudo bem? — suas
sobrancelhas enrugam e seus olhos negros me encaram com curiosidade.

— Sim, tudo bem. É só que... humm, acho que estou cansada da viagem!

— Mamãe, cadê o tio Nathan? — Anthony puxa meu braço me fazendo


encara-lo. Trinco o maxilar me obrigando a não chorar novamente já que não
faço ideia de onde Nathan pode estar.

— Ele... ele foi lá fora, logo mais ele volta. — forço um sorrisinho.

— Posso ir com ele? — insiste.

— Nem pensar, você vai comer sua pizza. — respondo e volto a encarar o
homem sentado a minha frente.

— E você, não vai comer? — Gregori pergunta coçando o queixo. —


Uma mulher tão linda não pode deixar de se alimentar por qualquer besteira,
provavelmente aquele garoto é mais criança que esse menino.

Ok, talvez Nathan tenha razão com o que me falou sobre ser educada com
desconhecidos. Está óbvio até para mim que eu estava chorando e eu nem
preciso olhar no espelho para confirmar que estou com os olhos inchados e o
rosto vermelho. Ninguém chora por besteira. O que esse homem quer? Ele
não sabe nada sobre o que aconteceu e acha que pode opinar?!

— Isso é um assunto meu e também não estou com fome, vim mesmo por
causa do meu filho! — resmungo.

— Entendi. — fala ainda me encarando.


Não respondo mais. Meus pensamentos estão uma bagunça. Nathan
conseguiu me irritar tremendamente por ameaçar me tirar o Anthony, mas
mesmo assim eu não paro de pensar onde ele pode estar, estava nítido quando
ele deixou a pizzaria o quanto estava chateado. Talvez tenha ido para o hotel
e decidido seguir viagem sozinho. Essa possibilidade me assusta. Merda.
Gregori permanece me fazendo elogios em meio à tentativa de puxar
conversa com Anthony, que responde desanimado e não sorri em nenhum
momento. Não tem jeito, quando esse menino não gosta de alguém ele dá
trabalho até ser devidamente conquistado e pensando bem não é algo que eu
queira. A pizza chega e fatio-a em pedaços pequenos.

— Devo dizer que seu amigo é muito corajoso por deixá-la sozinha... —
Gregori fala olhando para a porta. Continuo colocando os pedaços de pizza
na boca do Anthony. — Nunca se sabe o que pode acontecer, ainda mais se
tratando de uma rodovia... — encaro seus olhos no mesmo instante. — É que
não tem muito movimento. — da de ombros.

— Não tem movimento em uma rodovia? — arqueio as sobrancelhas.

— De veículos sim...

— Nathan, não estava bem. Mas ele sabe que eu estou aqui e não corro
qualquer risco.

— O perigo se esconde na esquina... Alice! — da um sorrisinho sacana.

— Alicia!

Termino com Anthony e chamo de forma apressada o garçom com a


conta. Eu não queria, mas estou morrendo de medo. Mais uma vez Nathan
tem razão. Talvez Gregori tenha confundido minha educação com interesse.
Não posso negar que ele é muito bonito e de primeiro momento eu fiquei
meio que abobalhada, mas não justifica ele achar que pode sentar comigo e
ter qualquer tipo de intimidade. Pego Anthony já sonolento no colo e o ajeito
em meus braços antes de me levantar.

— Gregori, tenho que ir. Se me der licença...


— Vou com você, Alicia. Não acho prudente uma mulher andando
sozinha essa hora.

— Não precisa. Eu estou bem.

— Eu insisto. — sorri.

Merda.

— Realmente não há necessidade... — começo a caminhar para fora, mas


em dois passos ele já está próximo de mim.

Eu me vejo sem saída. Assim que passamos pela porta sinto seus dedos
na pele exposta da minha cintura e tenho um sobressalto.

— Desculpe não quis te assustar... — sussurra próximo ao meu ouvido.


Mas tenho certeza que estou com uma expressão de susto porque ele me
encara e da risada. — Não vou fazer nada com você, apesar de você ser
tremendamente gostosa. Podemos ir até o hotel, você acomoda seu filho no
quarto e saímos para beber algo. O que acha?

Droga. Penso em inventar uma desculpa e voltar para pizzaria até ele
cansar e ir embora. Mas realmente ele não pode fazer nada comigo com
Anthony dormindo no meu colo. Ou pode? O que ele pretende afinal sentou à
mesa comigo e não o vi comer nada.

— Eu vou para o hotel sozinha e não vou sair para beber e deixar meu
filho sozinho. Agora se me der licença, eu quero passar.

Com as mãos levantadas em rendição ele sai da minha frente ainda


mantendo o sorriso. Respiro fundo e começo a andar entre os poucos carros
estacionados. Na minha cabeça uma voz grita que isso é loucura, mas é tarde
demais para voltar. Vou para o acesso ao pedestre arrumando Anthony nos
meus braços e então começo praticamente correr. Ouço passos rápidos me
seguindo e sinto meu coração quase saindo pela boca. Eu sabia que era uma
péssima ideia. Mas antes que eu consiga raciocinar uma mão segura meu
braço.
— Fica longe de mim! — já começo gritar desesperada tentando me
soltar.

— Alicia, para com isso. — a voz do Nathan me faz ficar imóvel. Ele me
encara com a testa franzida enquanto eu respiro como se tivesse acabado de
correr uma maratona. — O que aconteceu, porque você estava correndo?

— Não estava correndo. — respondo. Ele pega o Anthony do meu colo e


o ajeita no próprio braço. Não reclamo e agradeço a Deus Anthony
permanecer dormindo.

— Achou que eu iria te deixar aqui sozinha? Não sou tão ruim quanto
você imagina. — começa andar. E eu dou uma boa olhada para trás antes de
segui-lo. — Ele fez alguma coisa?

— O que? — sussurro.

— Eu vi você parada na porta da pizzaria. Quero saber se aquele idiota


fez alguma coisa.

— Não. Não aconteceu nada.

— E porque você estava correndo?

— Já disse que não estava. — dou de ombros e um barulho de carro


freando me faz agarrar seu braço livre. — Eu nunca saio tão tarde. — suspiro
me afastando e logo seu braço livre está acomodado nas minhas costas nos
mantendo juntos. Abraço suas costas também.

— Eu não vou deixar nada acontecer com vocês. — são suas únicas
palavras.
NATHAN
Assim que chegamos ao hotel, Alicia se separa de mim. Não falamos
muito no caminho e isso fez que chegássemos rápido. Estou tremendamente
irritado por descobrir assim que sou pai, mas não consigo não ficar admirado
e orgulho em ver como Anthony é lindo e bem educado. Meu filho. Porra.
Ainda não consigo acreditar. No fundo acho que eu já sabia. A sensação que
senti quando tomamos banho não era só algo da minha cabeça. Eu tenho um
filho. Porra um filho.

Assim que entramos no quarto ela corre até a cama puxando os lençóis.
Deito Anthony e acaricio sua cabeça com um suspiro. Ele se mexe, mas não
acorda. Deixo um beijo no alto da sua cabeça e me afasto para que Alicia se
aproxime para arrumá-lo.

— Nathan. — Alicia chama quando chego até a porta. Viro


vagarosamente na sua direção. Ela me encara por alguns minutos calada. A
atmosfera do quarto tão carregada que seria possível tocar a tensão. Em um
rompante caminho até onde ela está. Minha vontade é beijar seus lábios até
perder o fôlego e saciar esse tesão desenfreado.

— Eu ainda te amo mais do que deveria. — suspiro e seguro seu rosto


entre minhas mãos sufocando a vontade de beija-la. — Eu quero que ele
saiba que sou o pai dele e quero reconhecê-lo publicamente.

— Nathan...

— Só isso que eu quero. Não vou mais insistir em nós dois, Alicia. Eu só
quero o que é meu por direito. — afasto-me para não sucumbir ao desejo. —
Você já deixou claro que não me quer, mas o Anthony é meu filho e dele eu
não vou abrir mão.

Dessa vez ela não diz nada quando passo pela porta. Sinto um nó na
garganta e uma vontade enorme de voltar naquele maldito quarto e fazer
Alicia minha mais uma vez. Mas não posso, até porque não sei se o brilho
naqueles olhos azuis era de alívio ou de tristeza. Quatro anos e eu ainda me
sinto pisando em ovos em se tratando dela. Pensar que estava disposto a
reconquista-lá enquanto tomava banho e em menos de horas minhas
preferências mudaram. Sei que Alicia teve seus motivos e que realmente eu
fui um idiota no passado, mas é difícil acreditar que isso está mesmo
acontecendo. Eu entendo que errei feio, mas o ódio da Alicia não podia ser
tão grande a ponto de esconder algo tão importante quanto à existência de um
filho. Ambos erramos e precisamos conversar com calma.

Entretanto, eu não quero pensar nisso agora, estou magoado demais,


perdido e tremendamente furioso, para conseguir pensar em qualquer coisa
lógica. Por enquanto, eu só consigo me afogar na minha raiva. Raiva de não
conseguir me conter perto dela. Raiva por ainda que irritado admira-la como
mãe e me sentir a porra de um sortudo. Raiva por não conhecer o garotinho
de olhos azuis e sentir que poderia morrer por ele se fosse preciso e ainda
mais raiva por amar Alicia mais a cada maldito segundo que passo perto dela.

Só me dou conta que estou no bar do hotel quando o rapaz atrás do balcão
pergunta o que eu quero beber. Peço uma dose da bebida mais forte que ele
tiver e me surpreendo quando sou servido com uma garrafa de Jack Daniel's.
No quinto copo eu já não sinto tanto incômodo com a queimação na garganta.
Alicia ocupa cada milésimo de segundo dos meus pensamentos e isso piora
minha tentativa de relaxar. Maldito sentimento que ganha força com o passar
do tempo.

Agora eu preciso dar outro rumo à minha vida e não faço ideia de por
onde começar, pois não planejei nada disso. Jamais imaginei que quando
voltasse descobriria a existência de um filho e não faço ideia de como ser pai.
Sei que meu pai foi excelente nesse papel e foi tão importante no meu
desenvolvimento que nem sei descrever em palavras, mas no meu caso é tudo
tão novo. Eu não vi Anthony nascer, estive afastado por quatro malditos anos.
Mais de novecentos dias. Sou tão estranho para ele quanto às pessoas que ele
vê pela rua.

Pego meu celular no bolso e digito o número do meu pai, mas ele não
atende. Essa hora ele ainda está no avião, então gravo um áudio no
WhatsApp e envio. Sei que estou soando patético chorando e falando com o
celular, mas agora não importa. Amanhã eu penso nos estragos da minha
embriaguez. Minha cabeça está pesada e o chão parece se mover rapidamente
embaixo dos meus pés.

Cambaleando me afasto do balcão e antes de atingir o chão um corpo


pequeno me ampara.

— Alicia... — sussurro nos cabelos soltos e revoltos da minha ajudante.

— O que aconteceu com você? — ela questiona. — Andou bebendo mais


do que devia, gato? — completa e então encaro seu rosto. Procuro pelos
olhos azuis e não acho.

— Cadê o azul? Onde você escondeu? — minha língua enrola nas


palavras e não tenho certeza se estou sendo devidamente compreendido.

— Eu te dou todos os azuis que você quiser, seja lá o que isso for. Mas
agora precisamos ir para o quarto!

As escadas são um desafio para mim então não protesto quando dois
caras precisam me ajudar subir. Encaro o corredor extenso com varias portas
e não faço ideia de onde fica o meu quarto.

— Sei onde fica seu quarto, mas tenho certeza que sua amiga está lá
dormindo. Vou ter de colocar você em outro.. — ela me apoia na parede e me
encara mordendo o lábio inferior parecendo pensar. — Não posso ocupar um
quarto se não pagar por ele.

— Eu posso pagar, tenho dinheiro suficiente para cinco quartos se eu


quiser, mas eu não quero. Eu quero ver a Alicia... Ela mentiu. Quero ver se
consegue fazer isso olhando na minha cara. — tento me equilibrar sem o
apoio da parede.

— Ah, não. Nem pensar! Você vai me esperar aqui. Vou buscar a chave
de um quarto e volto logo. — a garota de cabelos revoltos se afasta
apressada.

Droga. Não consigo nem mesmo dar um passo sem cair de cara no chão.
Eu estou na porra de um hotel de rodovia e com o rabo cheio de álcool. Que
espécie de pai eu vou ser para aquele menino?
Quando decido por fim procurar o quarto a garota volta e me abraça.
Encaro seus olhos amendoados e sorrio. Ela é bonita e está me ajudando.

— Você consegue ficar bonito mesmo caindo de bêbado. — ela suspira.


— O que aconteceu pra você beber desse jeito? Levou um fora? — completa
agora nos conduzindo pelo corredor iluminado.

— Eu sou pai. — respiro fundo e ela interrompe os passos para me


encarar. Tenho vontade de tocar a ruga entre suas sobrancelhas.

— É aquele menininho da sua amiga?

— Meu filho. — suspiro.

— Sabia, ele é a sua cara... — voltamos a andar e paramos na porta do


quarto.

— Obrigada por me trazer aqui. — balbucio puxando uma mecha do seu


cabelo que estica e encolhe rapidamente parecendo uma mola.

— Não por isso. Vem! — me abraça, mas antes de entrar olho na


extensão do corredor e vejo o azul que eu tanto amo refletido no rosto de um
anjo.

Sorrio.

Ela veio atrás de mim!

Entretanto antes que eu consiga falar alguma coisa ou esboçar qualquer


reação sou puxado para dentro do quarto e logo a porta bate as minhas costas
com um estrondo mais alto do que deveria. Porra. Quero brigar, abrir essa
maldita porta e voltar naquele corredor para beijar minha Alicia, sentir seu
cheiro embriagante, o toque macio de sua pele sob meus dedos, e finalmente
esquecer meus receios, mas não tenho forças. Merda. Maldita hora que eu
inventei de beber.

Sou jogado na cama e tão logo na inconsciência. Só escuto o abrir e


fechar da porta antes da escuridão.
ALICIA
Entro no quarto devagarzinho para não acordar Anthony e respiro fundo
me dando conta que estava prendendo a respiração. Minhas mãos estão
trêmulas e suadas. Raiva. É a único sentimento a me dominar agora. Maldita
hora que coloquei meus pés fora desse quarto. Nathan foi realmente atrás da
recepcionista depois de dizer na minha cara que não quer mais nada comigo.
Demoro alguns minutos parada próxima a porta só processando a informação
e por fim engulo. Tudo bem, isso não deveria me magoar. Foi melhor assim,
tento me convencer. E em partes eu devo ter merecido ouvir o que ele falou,
já que ele acha que eu escondi o Anthony. O pior é que nem em Nova Iorque
Nathan estava e na época eu era uma recém formada e porra, grávida eu
estava grávida, ele deveria ser no mínimo um pouquinho mais flexível já que
nem esperou para sair correndo pro outro lado do mundo. Contudo o passado
não vem ao caso e, tudo bem eu no fundo esperava uma reação assim, ou
pior, imaginava que ele ficaria irritado e tremendamente chateado. E me sinto
péssima por isso, por mais que ache que ele mereceu.

Aproximo-me da cama e acaricio o rostinho do Anthony, ele viu tudo da


briga por mais distraído que estivesse. Merda. Nem sei como vou falar com
ele sobre isso, pior como vou falar com minha família, meu pai. Céus! Ele vai
querer matar o Nathan e vai acabar brigando com o tio Dylan, e a tia Dakota
vai me odiar. Ok Alicia, para de apensar nisso. Nathan nem se preocupando
com isso está, provavelmente nesse momento está aproveitando a noite com
uma desconhecida. Tenha dó! Se ele ficou tão chateado como demonstrou
deveria saber que existem outras formas de esvaziar a mente, se era isso
mesmo que ele estava procurando. Eu também estou nervosa nem por isso fui
para um bar encher a cara. O cafajeste ainda teve a audácia de sorrir para
mim. Provavelmente depois de ficar no bar flertando com aquela... argh!

Chega Alicia! Não faz diferença. Eu decidi há muito tempo que


esqueceria o Nathan nesse sentido. E ele facilitou e muito. Vou conseguir
fazer isso finalmente! Por mais que ele reconheça o Anthony publicamente,
nada mudou entre a gente. Nada mesmo! Repito essas palavras como um
mantra enquanto caminho na ponta dos pés pelo corredor do hotel. Tudo
parece muito silencioso provavelmente porque já passa das duas da
madrugada. É a maior idiotice ir até aquele quarto e confirmar o que estava
mais que óbvio, mas eu não vou conseguir dormir. Definitivamente
curiosidade não combina comigo.

— Algum problema, moça? — uma voz me assusta enquanto estou com o


ouvido praticamente colado na porta. Com a mão no coração devido ao susto
fecho os olhos e gemo de frustração. Merda. Viro-me vagarosamente na
direção oposta praguejando baixinho. O rapaz de uniforme e um carrinho
com produtos de limpeza me avalia de cima a baixo. Isso são horas?

— Não nada... eu só quero saber se meu amigo está bem, ele entrou no
quarto errado. — o homem continua me encarando, porém agora arqueia as
sobrancelhas. Mantenho minha postura e penso em uma desculpa mais
convincente. — Ele é... ele descobriu que tem uma doença terminal, quer
ficar sozinho se é que me entende e eu realmente estou muito preocupada...
não suporto vê-lo tão triste. — faço minha melhor cara de preocupada. —
Não sabia que encontraria um funcionário há essa hora, poxa é muita sorte
minha, não? — tenho mudar de assunto, mas sua expressão continua
desconfiada.

— Merda. Eu posso perder meu emprego. — resmunga mexendo no


carrinho e pegando um mói de chaves. Sorrio, mas fico nervosa. Se ela
estiver aí dentro não sei o que vou fazer. O rapaz abre a porta e enquanto eu o
agradeço rapidamente se afasta dizendo que nunca me viu na vida.

O quarto está cheirando bebida. Nathan está esparramado na cama


sozinho. Olho em volta procurando pela garota e sorrio mais ao constatar que
provavelmente ele acabou desmaiando e a deixando na mão. Aproximo-me
da cama e tiro seu tênis juntamente com sua calça jeans. Ele se mexe, mas
não acorda então procuro por um cobertor. Com dificuldade consigo arruma-
lo melhor na cama e cobri-lo.

— Alicia... você veio?! — olho para baixo e encaro um par de olhos


verdes. Sabia que se mexesse no travesseiro ele acordaria.

— Volta a dormir Nathan! — me afasto.


— Eu te amo. — ele fala me fazendo parar. — Fica comigo!

— Não posso... — realmente não posso deixar Anthony sozinho e muito


menos cogitar levá-lo para o nosso quarto com esse cheiro forte de bebida. —
Só... Durma. — um nó se forma na minha garganta. Isso é tão confuso.

Saio do quarto mais do que apressada e dou de cara com a recepcionista.

— O que está fazendo aqui? — ela dispara com irritação e a testa


franzida.

— Estou... hum, e você? — cruzo os braços e vejo-a engolir em seco.

— Eu vim ver se o Nate está bem.

— Nathan está melhor do que deveria, não perca seu tempo se


preocupando com hóspedes como ele. — resmungo ríspida e me arrependo
em seguida. Ela não tem culpa se "Nate" está iludindo-a com seus cortejos
cafajestes. O fato aqui é que ele está sendo um cretino, não ela. — Escuta
Nina, Nathan pode ter te dado alguma esperança, mas se quer um conselho
sincero... não leve em consideração já vi ele fazer isso antes, e te garanto que
não vale a pena vir atrás dele.

— Sei me cuidar sozinha. — empina o queixo. Nossa aparentemente ser


simpática comigo não vai acontecer. — Nate me procurou para trazê-lo ao
quarto... se quer saber propôs que passássemos a noite juntos e eu recusei.

— Então você é mais esperta do que aparenta.

— E você deveria seguir seu próprio conselho. Ele é um homem adulto,


não precisa de uma babá.

— Estamos viajando juntos, se não percebeu querida. Infelizmente eu não


posso influenciar no mal gosto de ninguém quando a pessoa em questão
consegue dizer o próprio nome sozinha. Nathan está com o rabo cheio de
álcool e assim como cuida de mim eu vou cuidar dele. Sugiro você voltar
amanhã.

Essa garota já está me dando nos nervos. Afasto-me pisando duro para o
quarto especialmente distante. Tenho certeza que cortesia da recepção.

— Triste perceber que existem mulheres que não conseguem enxergar


quando um relacionamento acaba. — suspira nas minhas costas.

Viro-me vagarosamente na sua direção e desisto de responder à altura.


Realmente eu e Nathan acabamos há muito tempo atrás. E olha para mim
agora discutindo no corredor de um hotel qualquer por causa dele.

— Boa noite, Nina. — resmungo voltando a caminhar.

Entro no quarto e conto até dez mentalmente para amenizar a raiva que
sinto começar me dominar. Essa noite está pior do que eu imaginava.

Abro os olhos com a claridade e o pequeno murmúrio ao longe. Tive uma


noite péssima. Passei a madrugada inteira rolando no colchão do hotel, tenho
quase certeza que fechei os olhos apenas quando os primeiros raios solares
entraram pelas persianas anunciando o término da noite. Passo as mãos no
colchão e dou um pulo quando sinto a cama vazia. Cambaleando com um pé
enrolado no edredom caio desastrosamente praticamente de cara no chão. —
Porra!

— Alicia?

— Mamãe você caiu?! — Anthony fala com uma risadinha. E isso eu


devo a Lexi que não pode ver ninguém caindo na frente dela que cai na
gargalhada sem restrições. Tanto que eu criticava isso nela hoje meu filho faz
exatamente igual.

Levanto a cabeça apenas o suficiente para ver Nathan e Anthony parado


me encarando como se eu tivesse acabado de cagar na cama. Com o pouco de
dignidade que me resta empino o queixo e levanto do chão praguejando o
maldito edredom por ter me derrubado.

— Está de ressaca também? — Nathan arqueia as sobrancelhas.

— Não é da sua conta! — resmungo. — Que eu me lembre ontem sua


amiguinha te colocou em outro quarto. Perdeu alguma coisa aqui? — começo
a dobrar a causa da minha queda.

— Perdi. Para sua informação agora é quase três da tarde e você estava
dormindo com uma pessoinha que acordou cedo dizendo estar com fome.

Meus olhos se arregalam. Puta merda! Eu dormi tudo isso?

— Mãe o tio Nathan tomou assim de café... — Anthony fala estendendo


três dedos.

— Isso se chama tentativa de amenizar estupidezes... a mamãe espera


mesmo que ele tenha a pior dor de cabeça de todos os tempos.

— Se você continuar roncando igual estava há uns minutos eu vou ter


mesmo.

— Vai se ferrar! — caminho para o banheiro. — Amor à mamãe já volta


pra te dar um banho e...

— Eu já tomei banho, mãe.

— Certo. — resmungo. — Então vou me apressar para almoçarmos...

— Mas mamãe eu já comi macarrão.

Respiro fundo. Será possível que eu me transformei em uma mãe relapsa


da noite para o dia?

— Tudo bem, acho que preciso me apressar.

— Precisa mesmo. Quero continuar a viagem e se der sorte achar alguma


farmácia. — Nathan suspira. — Preciso de um analgésico.

— Precisa parar de ser idiota!

— Porque eu faria isso, pelo que estou vendo você está tentando há mais
tempo e não conseguiu?!
— Espero que sua cabeça exploda! — entro no banheiro e bato a porta
com toda força que consigo.

O banho é rápido e logo seguimos para a recepção para fechar a conta. O


clima entre nós está pesado e nenhum parece disposto a mudar isso. Não era
pra isso estar acontecendo. O que me faz lembrar que Lexi e Kate estão na
minha nova lista negra.

Lamentavelmente não era a Nina a mulher atrás do balcão.

— A Nina está por aqui? — Nathan pergunta para a mulher que o encara
com um pequeno sorriso.

— Não... lamento, mas ela só entra mais tarde. Ontem ela cobriu dois
turnos...

— Não tem problema eu só queria agradecer por... bom pode entregar


isso para ela? — ele estende um envelope. — Diz que é do Nathan e
obrigado. Ela vai entender. Tem meu número aí também.

Reviro os olhos e caminho para o estacionamento segurando a mão do


Anthony.
Obrigada pelo que? Por colocar ele em um quarto? Grandes coisas! Eu que
fui lá arruma-lo se não teria dormido do jeito que estava e ainda o salvei já
que a amiguinha dele estava planejando uma visitinha noturna pra fazer sabe
Deus o que.

— Tudo bem, Alicia? — ele me alcança antes que eu chegue perto do


carro.

— Tudo. — resmungo.

— Tem certeza? — suas sobrancelhas arqueiam.

— Só quero sair logo daqui.

— Sabe que achei bem agradável esse hotel... — ele parece querer
quebrar o gelo. Mas, infelizmente estou me sentindo a própria Elsa.
— É eu imagino. — comprimo os lábios para não falar o que não devo.
Não faz diferença se ele queria passar a noite com a mulher que ele acabou de
dar o número do celular.

— Sobre ontem... — ele coça a cabeça parecendo pensar nas palavras. —


Acho que ainda temos que esclarecer alguns pontos. — ele olha pro Anthony
e de volta pra mim. — Eu ainda não consigo entender porque me escondeu...
eu teria voltado Alicia.

— Acho que não faz mais diferença. — dou de ombros.

— O que mamãe? — Anthony puxa minha mão — Mãe você não vai
comer?

— Não, a mamãe está sem fome!

— Mas mãe, você vai ficar doente. — sua testa enruga provavelmente
lembrando-se das vezes que o fiz comer verduras com a mesma desculpa. —
Tio... a mamãe tem que comer?

Nathan sorri antes de responder.

— É... ela tem sim. — então volta me encarar. — Você nem faz ideia do
quando faz diferença.

Aperta a chave desativando o alarme do carro e entra.


NATHAN
Seguimos viagem e sinceramente eu não sei mais como lidar com a
Alicia. Mesmo depois de assumir que Anthony é meu filho da pior forma
possível, imaginei que ela tentaria ser mais receptiva e agradável, mas para
minha surpresa agora é óbvio as coisas pioraram em cem por cento. Alicia
não parece disposta a falar comigo e eu dessa vez não faço realmente ideia do
motivo. Paro no estacionamento da farmácia e dou uma rápida olhada na sua
direção antes de pular fora do carro, por sorte e segundo o GPS não falta
muito para chegarmos, mas minha cabeça continua latejando e meu estômago
parece embrulhar mais a cada segundo. Pego algumas barras nutritivas além
do analgésico, algumas balas e chocolate para o Anthony já que faz algum
tempo que almoçamos bom, ele almoçou, eu fiquei só no café já que meu
estômago não se recuperou totalmente do porre da noite anterior.

— Só isso, senhor? — o rapaz atrás do caixa questiona colocando as


coisas em um saco de papel com o emblema florido.

— Se tiver alguma coisa para curar mal humor eu aceito! — suspiro e ele
deixa escapar uma risada.

— Eu com certeza já teria comprado para minha mulher. — ele olha na


direção dos vidros que dão para onde estacionei o carro e seu sorriso amplia.
— Talvez ela só esteja cansada.

— Pior que não.

— Então pede desculpa.

— Desculpa? Mas eu não fiz nada! — dou de ombros entregando


algumas notas para pagar minha compra.

— Vai por mim cara, você sempre vai ter feito alguma coisa. — pega as
notas e abre o caixa.

— Pode ficar com o troco. — pego o saco e caminho para fora.


Abro a porta do carro e entro. Alicia continua seria.

— Eai garoto, trouxe chocolate para você!

— Sério! — Anthony se anima na cadeirinha.

— Sério! — imito sua empolgação e estendo o doce na sua direção. Ele


hesita.

— Mãe... eu...

— Pode! — Alicia resmunga e ele pega. Ótimo. Eu nem pareço pai dele,
e pelo visto não posso reclamar.

— Desculpa. — olho na sua direção.

— Que? — ela questiona com a testa franzida levantando a cabeça e me


encarando.

— Desculpa, eu disse desculpa. Entendeu?

— Pelo que? — suas sobrancelhas arqueiam-se. — Você pode fazer o que


quiser e ficar com quem quiser, eu não dou à mínima. Então, não precisa
pedir desculpa.

— Acha que passei a noite com a Nina? — faço uma expressão de


surpresa. Não acredito que o estresse dela esse tempo todo seja apenas
ciúmes e eu não percebi antes.

— Não acho nada, já disse que não me importo. — resmunga com uma
careta.

Tento segurar, mas acabo deixando escapar a risada. Puta merda, como
Alicia consegue ser tão boba e tão irritante, sem deixar de ser linda?!

— Eu não passei a noite com ela. Ela só me ajudou a chegar ao quarto e


me arrumou lá.
— Ela te jogou lá, é o que você quer dizer, né?! Mas não vem ao caso.
Agora podemos ir?

— Podemos sim, querida. — concluo ainda dando risada e pegando o


analgésico. Tomo o remédio com bastante calma ouvindo ao meu lado Alicia
bufar lufadas de ar com impaciência. O sorriso se mantém no meu rosto e
isso parece irritá-la ainda mais.

— Não sei onde estava com a cabeça para aceitar fazer essa maldita
viagem. — fala ríspida cruzando os braços.

— Mamãe, você quer chocolate? — Anthony oferece tentando se inclinar


pra frente. Olho na sua direção e meus olhos se arregalam. O garoto
conseguiu se lambuzar tanto que tem chocolate até na testa. Solto uma
gargalhada e Alicia imediatamente olha na mesma direção sobressaltada e
fica paralisada antes de suspirar e abrir a porta do carro xingando um
palavrão. — Mamãe tava mole! — ele começa explicar quando ela entra no
banco de trás deixando a porta aberta.

— Chocolate derretido. Era de se esperar. — bufa pegando a embalagem


melecada com a ponta dos dedos.

— Eu não tenho culpa, se eles deixam os doces fora do freezer. — dou de


ombros.

Saio do carro e volto correndo na loja atrás de toalhas umedecidas, mas


só o que consigo são lenços de papel. Volto o mais rápido que consigo para o
carro, mas detenho os passos quando escuto Anthony. Aproximo-me deles
devagar e evito fazer barulho. Alicia parece não ter notado minha
aproximação o que me incomoda um pouco já que poderia ser qualquer outra
pessoa se aproximando deles.

— Mãe, você não gosta do tio Nathan? — Alicia para a tentativa de tirar
o chocolate do rosto dele com um pedaço de papel e sorri.

— É claro que eu gosto dele, mas o tio Nathan me deixa nervosa. — ela
sorri acariciando o cabelo do Tony e tirando uns fios revoltos da testa.
— Então porque você fica nervosa? — ele imita seus movimentos
passando os dedos melados nos cabelos.

— A mamãe não está nervosa com você. — me inclino para ouvir


melhor.

— Mas mãe... o tio Nathan é legal.

— Ele é sim e gosta de você.

— Eu também gosto dele. Você vai namorar com ele?

— O que? — ela parece engasgar com saliva já que sua voz fica
estrangulada. — De-de onde você tirou isso, Anthony?

— Ele te deu beijo de bom dia. — ele sussurra e dou risada. Primeiro
aprendizado como pai, meu filho não sabe guardar segredo. Sei que devia
tentar me segurar perto do Anthony para não confundi-lo, mas eu não
consegui resistir à mãe dele quando entrei no quarto pela manhã. Alicia se
vira na minha direção e levanta batendo a porta do carro em seguida. Estendo
os lenços de papel que ela pega antes de entrar no lado do passageiro sem
dizer uma única palavra.

— Anthony, se lembra do nosso segredo? — entro e enquanto me


acomodo vejo pelo retrovisor o pequeno delator arregalar os olhos e tapar a
boca. Olho para Alicia e ela faz uma careta.

— Por isso ele está com essas ideias malucas, você deveria saber se
comportar pelo menos na frente do seu filho. — ela solta num sussurro de
repente e sinto que meu coração parou de bater por alguns segundos.
Caralho! Olho na sua direção aturdido na certeza de ver arrependimento em
seu semblante, mas ela continua distraída lendo as informações na caixinha
de lenços.

Agora o sorriso no canto da minha boca tem um motivo. Meu filho.


Porra, eu deveria erguer uma estátua em homenagem a Kate.
ALICIA
A brisa suave faz meus cabelos esvoaçar no segundo que coloco os pés
fora do carro. O cheiro familiar das árvores e a tão ansiada calmaria me faz
suspirar profundamente e soltar todo ar que eu parecia estar sufocando. Dou
uma rápida olhada em volta e percebo o motivo de escolhermos vir para o
mesmo lugar em todos os verões. Tudo aqui parece se conversar em perfeita
harmonia. O barulho do lago, a brisa trazendo o cheiro suave das flores e o
cantar dos passarinhos, e mesmo assim dessa vez nada me faz relaxar. Nem
mesmo à vista plena do sol cortando e realçando a visão da enorme
construção de madeira e mármore em meio à imensidão de verde.

Tiro Anthony do carro e no minuto que o coloco no chão ele corre


animado para pegar na mão do Nathan e sair arrastando-o em direção ao
balanço que papai construiu no verão passado. Pego minha bolsa e abro o
porta malas, suspirando procuro dentro da bolsa a chave da casa. Bem
provável que esse seja o verão mais longo da história dos verões, só preciso
me preparar psicologicamente e enquanto retiro minha mala e a do Tony do
carro penso em uma boa estratégia para fazer Nathan desistir dessa ideia
maluca de assumir o Tony. Sei que não faz sentido eu querer isso e Deus sabe
o quanto eu suspirei imaginando nós três como uma família, mas na minha
mente por mais maluca que seja tudo não é tão simples a vida real é uma
droga.

Com calma coloco as malas no hall de entrada e giro a chave na


fechadura. A enorme sala está impecavelmente limpa. Nada parece fora do
lugar e isso graças à senhora Gertrudes que é caseira desde que meus pais
decidiram comprar a casa e é admirável ver como ela cuida de tudo e com
tanto carinho. Entro e me jogo no sofá entre as almofadas.

— Mamãe... mãe... manhê... — Tony grita antes mesmo de entrar na casa.


Incrível essa capacidade que meu filho tem de diversificar na mesma frase
uma palavrinha tão simples. Ele finalmente aparece na porta e entra correndo
para se jogar no meu colo. Algo totalmente normal já que na maioria do
tempo ele mais corre do que anda e claro eu nem preciso fazer esteira, pois eu
na maioria das vezes estou correndo atrás dele. — O tio Nathan me balançou
bem no alto! Ele vai balançar você também... — animação dele é tão
contagiante que acabo rindo com ele.

— A mamãe tem medo de ir... no alto. — passo o dedo nas suas


bochechinhas agora tingidas de vermelho.

— Mãe você tem medo? — ele arregala os olhos azuis que me faz
lembrar do senhor Rafael. Eu sempre achei os olhos do meu pai os olhos mais
lindos de toda a família mesmo tendo herdado a cor praticamente igual no
meu, mas não sei depois do Anthony chegar ele com certeza ficou com o
título de olhos mais lindos.

— Com certeza ela tem. — Nathan fala entrando e olhando tudo em


volta. — Precisamos ir a algum mercado?

— Não. A senhora Gert sabe que viemos todo verão e deixa a despensa
abastecida.

— Mãe, ela comprou a bolacha? — Anthony segura meu rosto me


fazendo encara-lo. Ah, os cookies. Sem eles Tony não toma café da manhã de
jeito nenhum!

— Se ela não comprou...

— A mamãe faz! — ele grita empolgado e me abraça.

— Isso porque eu faço tudo pelo meu bebê. — bagunço o cabelo dele o
que faz ele se afastar no mesmo minuto.

— Manhê... eu sou menino, não sou bebê.

— Você é meu bebê menino. — dou risada.

— Não se preocupa Tony, para mim você já é um rapazinho. — Nathan


comenta também se divertindo com a situação.

— Viu mãe!
O resto do final da tarde eu passo dentro do quarto desfazendo as malas e
sozinha, meu antes ajudante agora está ocupado ajudando outra pessoa.
Quanto finalmente termino meu serviço tomo um banho rápido, coloco uma
caminha dos Lakers e saio do quarto à procura dos dois. Estou abusando da
boa vontade do Nathan, pois sei que ele também precisa tomar um banho e
descansar da viagem, mas repito a mim mesma que foi só dessa vez.
Enquanto caminho pelo corredor percebo que estranhamente estou cercada
por um silêncio ensurdecedor, o que antes eram gargalhadas abafadas agora é
nada. Não escuto absolutamente nada. Apresso os passos, pois fiz questão de
escolher um quarto significativamente longe do que Nathan escolheu, e não
encontro os dois em lugar nenhum. Desço os degraus de dois em dois e fico
estática com a cena. Ambos estão esparramados no sofá dormindo. Suspiro
com um pequeno sorriso e desligo a tevê me dando conta que demorei mais
do que devia para desfazer as malas e sair do quarto. E eles estão tão lindos
juntos que não resisto e corro no quarto para pegar meu celular e tirar uma
foto. Primeira recordação dos dois juntos. Envio para as meninas no grupo e
caminho para a cozinha decidida a fazer alguma coisa rápida para o jantar.

Na terceira vez que abro a geladeira opto por sanduíches. Pego o prato
com queijo e a garrafa de suco de laranja. Queijo quente sempre foi uma boa
opção quando eu não tenho ideia do que fazer. Entro na despensa e pego o
saco com os pães. Faço alguns sanduíches de queijo quente e decido cortar
algumas frutas pra complementar arrumando tudo em cima do balcão
enquanto cantarolo Umbrella da Rihanna.

When the sun shines, we'll shine together


Quando o sol brilhar, nós brilharemos juntos

Told you I'll be here forever


Jurei que estaria aqui para sempre

Said I'll always be your friend


Disse que sempre serei sua amiga

Took an oath I'mma stick it out 'till the end


Fiz uma promessa vou manter isso até o fim

Now that it's raining more than ever


Agora que está chovendo mais do que nunca

Know that we'll still have each other


Sei que ainda temos um ao outro

You can stand under my umbrella


Você pode ficar debaixo do meu guarda-chuva

You can stand under my umbrella


Você pode ficar debaixo do meu guarda-chuva

Término de fatiar os morangos e enfio um na boca dançando a música


que toca a todo vapor na minha cabeça.

Ella ella eh eh eh
(Ella ella eh eh eh)

Under my umbrella
Debaixo do meu guarda-chuva

Ella ella eh eh eh
(Ella ella eh eh eh)

O gosto doce e cítrico do morango enche minha boca me fazendo gemer


baixinho. Então pego outro e repito o mesmo processo. Dança, mordidas,
gemidos e dessa vez o ronco do meu estômago como fundo musical.

— O que foi isso? — uma a voz masculina e completamente rouca fala


me fazendo dar um pulo para trás.

— Puta merda! — fecho os olhos com a mão no coração que bate


freneticamente, mas escuto a risada áspera do Nathan que me faz abrir os
olhos novamente e mostrar o dedo do meio.

— Isso foi seu estômago ou está grávida de um dragão? — ele apoia as


mãos na bancada se divertindo com a situação, mas percebo que seus olhos
correm pelo meu corpo vagarosamente. Reviro os olhos decidida a ignora-lo
e caminho até a geladeira. Fico um tempo que me parece longo demais
olhando as prateleiras com a geladeira aberta sem ter a menor ideia do que eu
quero ou preciso. — Se estiver procurando louça e talheres o que é bem
provável que esteja mesmo já que está com cara de idiota. Estão no armário,
mas é só uma dica. — ele fala quando desisto e bato a porta da geladeira.

— Não te perguntei nada, aliás, você não tem nada melhor para fazer,
não? Tipo, tomar banho?! Ir se fo.. — desisto de falar quando percebo que ele
está ansioso com minha resposta. Lembro bem da última vez que o mandei se
foder. Volto para a bancada. Não vou mesmo pegar as louças agora e deixar
que ele perceba que estou mais perdida que o Flash nas linhas do tempo. —
O que é isso na sua camisa? — aponto um pouco abaixo da gola onde parece
estar molhado e faço uma careta. — Argh! Você está suado, vai logo tomar
banho!

— Na verdade isso é baba. Parece que Tony puxou algumas coisas da


mãe, afinal! — ele responde segurando o riso e olhando na mesma direção.

— Isso provavelmente ele puxou do seu lado da família, porque eu não


babo dormindo. Mas, que eu bem me lembre, você estava fazendo
exatamente isso no hotel quando eu tive que ir te arrumar naquele quarto.
Imbecil!

— Sério, foi você? — suas sobrancelhas arqueiam.

— Será que você pode ir logo tomar banho e tirar essa camisa suja,
babada e suada. — me afasto em direção aos armários.

— Porra, se é a camisa que está te incomodando querida, não se


preocupe. Eu tiro. — olho exasperada na sua direção e ele realmente faz
como acabou de falar. — Melhor agora? — joga a camisa na minha direção
quente afasto com um gritinho.

Resista! Resista! Resista! Grito mentalmente, mas meus olhos traidores


correm pelo peitoral definido descendo para o abdômen e desastrosamente eu
me pego contando os malditos gominhos, santo inferno! Ele também tem
uma rala trilha de pelos descendo direto pelo caminho que...

— Desse jeito você me deixa sem graça! — Nathan chama minha atenção
e eu pisco focando seu rosto com um sorrisinho sacana.
— Você é um babaca, Carter! — bufo e me viro. Porra mesmo!

— Eu sempre imaginei ter você assim! — pego os copos tentando não me


mostrar mais afetada, ajeito-os nas mãos, e equilibrando para não cair levo-os
para a bancada. — Cabelo molhado, descalça, dançando e me provocando
na nossa cozinha. Ah, minha pequena provocadora, não sabe o que eu faria
com você em cima de uma bancada como essa! — ele pega um morango e
enfia na boca.

— O que? — derrubo um dos copos no mármore e pego rapidamente me


certificando que ainda está inteiro. Nossa cozinha? Imagens desconexas de
sexo no balcão invadem minha mente. Merda! Aperto os olhos tentando
dispersar o rumo dos meus pensamentos. — Eu não estou ou estava te
provocando eu só... esquece. Você devia mesmo ir tomar banho. — concluo
por fim.

— Rebolando vestida numa porra de uma camiseta sem nada por baixo...
— ele fala dando a volta no balcão e por mais que eu queira me mover e
correr minhas pernas me parecem totalmente bambas e isso não vai me
ajudar, além do fato de sentir como se meus pés estivessem colados no chão.
— Tem certeza que não está me provocando? Você por acaso está de lingerie,
Alicia?

As mãos do Nathan seguram firmes na minha cintura e no mesmo minuto


que me tocam ainda que por cima da roupa, sinto uma pontada bem no meio
das pernas que me deixa mais e mais vulnerável. Mordo o lábio inferior
segurando um gemido.

— O Anthony... — sussurro num fio de voz.

— Acho que você não me entendeu, Alicia. — se aproxima para sussurrar


no meu ouvido — Você está usando lingerie? — sua voz tem um toque
aveludado, carnal e tão quente que sinto como se cada palavra pronunciada
fossem labaredas lançadas na minha pele já em chamas. Limito-me em
apenas balançar a cabeça. Óbvio que estou de lingerie e nesse momento
precisando trocar a calcinha com certa urgência.
Nathan se afasta e pega o prato com os sanduíches e a garrafa com o
suco, observo-o meio confusa tentando entender o que ele pretende.

— Não vou estragar a comida, porque você vai sentir fome. — pisca um
olho na minha direção quando percebe minha expressão e coloca tudo em
cima da pia. Quando volta se aproximar pega então os três copos que tem o
mesmo destino.

— Nathan...

— Alicia! — com cautela ele volta se aproximar e segurar minha cintura.


E começa distribuir beijos no meu pescoço — Eu te quero desde o minuto
que coloquei meus olhos em você, mas eu já fiz isso, Lice. Fui imaturo
ficando com você daquela vez sabendo que você estava sob efeito de drogas e
me arrependo de ter te tirado o direito de escolha.

— Nathan. — seguro o seu rosto obrigando-o a me encarar. — Por mais


que não tenha dado certo, eu tinha uma vaga noção do que eu estava fazendo,
e naquela noite você também tinha bebido. Não se culpe pelo que aconteceu.
Estávamos em uma festa e ambos fomos irresponsáveis. Eu não culpo você
por uma decisão que também foi minha. E sinceramente... — olho na direção
da sala e volto a encara-lo — O Anthony foi a melhor coisa que me
aconteceu.

— Eu teria voltado. — seus olhos se perdem por alguns minutos. — Você


sabe disso, não sabe?

— Sei e talvez por isso eu não te contei. — ficamos nos encarando por
alguns minutos em silêncio e quando penso que ele vai se afastar ele faz
exatamente o contrário.

— Eu quero te beijar. — sua boca fica a centímetros da minha e ele


parece pensar por um instante. — Foda-se...

Seus lábios esmagam os meus e logo sua língua busca passagem entre
eles. Deixo que ele me beije e aproveito a sensação gostosa dos seus braços.
Nossas línguas se tocam de forma tão intensa que chega ser surreal. É
extasiante. Uma das suas mãos faz o caminho até meus cabelos onde ele puxa
erguendo minha cabeça e com isso aprofunda e intensifica mais o beijo.
Acabo gemendo em seus lábios em busca de ar.

— Você é viciante. Eu senti tanto sua falta! — ele sussurra me puxando


de encontro ao seu peitoral duro, minhas pernas perdem as forças e sei que
não vou aguentar mais um minuto de pé. Ele percebe isso, pois no segundo
seguinte suas mãos descem possessivas por meu corpo e se firmam abaixo da
minha bunda, levantando-me e sentando na bancada. — Abre as pernas para
mim, Alicia. — obedeço prontamente seu comando e o ajudo a tirar minha
calcinha. — Porra, tem noção do quanto está molhada?

Ele tenta tirar minha camisa, mas eu êxito olhando para sala.

— Se o Tony acordar...

— Shiii! Não vai, confia em mim. — com essas palavras ele puxa a
camisa pela minha cabeça. — Eu não vou ser carinhoso, Alicia. Vou comer
você todinha do jeito que eu imaginei nesses últimos dias. Preciso que não
faça barulho. Você vai fazer barulho? — nego veementemente com a cabeça.
— Boa garota.

Suas mãos grandes se enfiam em meus cabelos e sua boca toma a minha
novamente, cumprindo sua promessa, devorando-me ferozmente e sem
receios. Tirando uma de suas mãos dos meus cabelos aperta minha bunda
puxando-me mais para a beirada do balcão onde consigo sentir sua reação
mal disfarçada na calça de moletom tocar meu centro úmido e necessitado.

— Nathan... — imploro em um sussurro e no minuto seguinte suas mãos


avançaram para meus seios beliscando os bicos intumescidos.

— Você é fodidamente gostosa, Alicia. — volta a me beijar abandonando


meus seios para tirar a calça. — Eu não consigo esperar mais.

Volta se aproximar e se encaixar entre minhas pernas, logo seu membro


investe contra mim. Seu pau entra alargando minha boceta, e a surpresa
misturada a ardência me fez gritar de dor.

— Amor, não grita. — pede com dificuldade, no meu ouvido e em


seguida sai e entra de novo, mas dessa vez sua boca silencia meu grito e seu
dedo alcança meu clitóris — Posso me mexer? — geme.

— Por favor — imploro totalmente tomada pela luxúria.

Nathan começa se movimentar com movimentos precisos e mesmo assim


cravo meus pés em sua bunda forçando o encontro com seu pau, e não
consigo me importar mais com a ardência, ela se tornou deliciosa depois de
alguns segundos. Ele está indo fundo dentro de mim, forte. E mesmo o
barulho dos nossos corpos se chocando não me intimida. Céus! Anthony
pode acordar a qualquer minuto. E eu não tenho forças para parar. Seus dedos
forçam meu clitóris e gemo alto.

— Alicia, sem barulho. — pede novamente, mas no minuto que fecha a


boca gemo alto de novo. — Porra! Vamos acordar o Tony.

Mordo o lábio inferior com força e sinto algo crescendo no meu ventre.

— Nathan...

— Eu sei amor... eu sei. Deixa vir.

Olho dentro dos olhos dele antes de explodir em um orgasmo tão forte é
necessário outro beijo para me silenciar. Nathan vem logo em seguida
gemendo rouco nos meus lábios.

— Lice, eu te...

— Nathan? — uma voz feminina nos assusta e interrompe ao mesmo


tempo. Abro a boca em choque, mas não sai nada.

— Mas que caralho! Vocês não poderiam pegar um quarto? — a voz do


Arthur me faz paralisar completamente.

O que?

Não, pode ser!

Nathan parece tão em choque quanto eu. Olha por cima do meu ombro e
respira fundo sem saber se move para sair de dentro de mim ou continua
parado.

Isso não tem como ficar pior!

— MANHÊ!!! — Tony grita da sala.

Ok.Acho que me enganei, isso acabou de ficar muito, muito pior.


SARAH SCHMIDT
Raiva. Eu estou possessa com o Nathan. Não acredito que sai da
Alemanha simplesmente para ficar sozinha em Nova York. Se não fosse
aquele primo dele, nem mesmo por educação ele teria me convidado. Porque
ele tem que gostar tanto dessas pessoas, afinal de contas?! Bufo sozinha
revirando os olhos. Talvez, pelo simples fato deles realmente serem uma
família! Meu subconsciente grita e eu opto por ignora-lo. Pego a mala ainda
pronta e respiro fundo. Não faço ideia sequer do nome do responsável pela
minha carona, mas sei que pontualidade não é seu forte já que ele está
atrasado. Combinamos de sair as oito da manhã em ponto e já passa das oito
e meia. Ando de um lado para o outro com o celular na mão e contando até
dez mentalmente, nem mesmo sei se ele vai vir. Só o que eu tenho é um
número de telefone que ele deixou na recepção do hotel e, espera... Pego o
papelzinho que a recepcionista me entregou no criado mudo. Arthur está
escrito com a caligrafia perfeita demais. Pondero se ligar para Arthur é
realmente uma boa ideia. Não quero parecer uma desesperada, mas essa hora
Nathan já está na casa e sozinho com a tal Alicia.

Aperto o número e apago. Faço isso umas três vezes seguidas. Merda!
Seria mais fácil ele ter me deixado o endereço. Vou até o espelho e volto a
ajeitar as mechas do meu cabelo e suspirando passo mais um pouco do batom
rosa quase em um tom nude. Eu acordei cedo demais! Repito para mim
mesma olhando o ponteiro do relógio em cima da penteadeira marcar 08:45.
Caramba, é impressão minha ou as horas estão passando mais rápido que
normalmente. Quarenta e cinco minutos de atraso. Meu celular toca me
assustando e ao olhar a tela não reconheço o número. Atendo mais do que
apressada, mas respiro fundo para não mandar o tal Arthur para o inferno.

— Alô?

— Onde você está? — a voz do outro lado da linha me causa um calafrio


na espinha. Reconheço o tom cortante e frio, e levanto em um rompante.

— Patrick? — sussurro sentindo a garganta fechar completamente.


— Achei que tinha me esquecido?! — engulo em seco e não respondo
— Sabe, devo te dar os parabéns... Você conseguiu se esconder por cinco
anos, admirável sua inteligência. Eu jamais te procuraria em uma
universidade de advocacia na Alemanha. Se não fosse o vídeo no Instagram
daquele idiota... — sua risada é fria exatamente como me recordo. Não
acredito, só pode ser o vídeo da última festa que Jeremy fez. O maldito
vídeo! Eu pedi pra ele não postar, eu fui tão cuidadosa com a minha imagem
por cinco anos, merda. Cinco anos, mas deixei isso passar. Eu mesma deveria
ter apagado aquela droga de vídeo exatamente como fiz das outras vezes.

— Patrick, eu...

— Você o que Sarah? Acha que pode me passar a perna? Você nunca
quis ser advogada, por isso conseguiu estabelecer moradia fixa perto do
campus, não é mesmo? Nunca te procuraríamos em uma universidade!
Doutora Sarah, sinceramente seria impressionante se não fosse tão patético!
Mas me conta depois de formada o que pretendia fazer, cancelar nosso
contrato?

Óbvio que tinha um motivo eu querer me especializar em leis, mas perdi


o foco quando me disfarcei de uma coisa que eu não sou para tentar
experimentar ter uma vida normal, eu quis ser apenas uma mulher livre, uma
estudante tentando orgulhar os pais. Eu tinha um objetivo simples e claro e
me acomodei totalmente. Todos na universidade me conheciam o que me
tonou popular com facilidade, fui muito convidada e participei de todas as
festas e mesmo assim sempre deixei claro que eu não queria minha imagem
em redes sociais. Mas então, de uns três meses pra cá percebi que Nathan
estava se tornando mais que uma foda aleatória. Ele me confidenciou
segredos e com isso conseguimos ter um quase relacionamento por assim
dizer. Na minha mente ser namorada do filho de uns dos caras mais
influentes em advocacia me traria algum benefício futuro.

Eu tentava não usar o Nathan, mas sentia que estava fazendo exatamente
o contrário. Pelo menos até me dar conta que me apaixonei, de alguma forma
só ele me fazia esquecer toda merda que eu carregava como bagagem e me
dava uma sensação de segurança. Por mais que para ele eu nunca passei de
uma patricinha superficial e eu também não fiz questão de mudar isso. Eu
nunca contei nada do que realmente acontece na minha vida para ninguém e
permaneceria assim.

Sinceramente me fazer de fria e egocêntrica foi uma forma que achei


muito conveniente e fácil para não mostrar fraqueza. Eu preciso ter controle
de tudo e eu consegui exatamente isso. Até agora.

— Eu nunca quis isso Patrick e você sabe, por favor... — sussurro na


ligação que está muda e já sinto as lágrimas se acumulando no canto dos
meus olhos.

— Por favor, o que? Te deixar em paz com esse cara? Faz quanto tempo
que você está dando a boceta para ele, hein Sarah? Dois, três, quatro anos?
Realmente me subestima a ponto de achar que conseguiu se livrar de mim
tão facilmente? Sei que está em Nova York sua cadela e atualmente tenho
total apoio dos seus pais, a brincadeira de esconde, esconde acabou. Eu vou
te buscar.

Desligo o telefone com pressa e tropeço até a cama com as lágrimas


rolando livremente pelo meu rosto. Ele me achou. Droga. Preciso sair daqui
agora mesmo. Como eu pude me iludir tanto achando que Patrick tivesse
desaparecido de uma vez por todas. Agora com o apoio dos meus pais ele vai
até o inferno para me encontrar. E sendo meu pai um bancário influente eu
estou totalmente perdida. Voltar pra minha casa na Alemanha também não é
uma boa opção, por mais que já tenha gastado boa parte da fortuna que herdei
do meu avô com meus estudos, vou abrir mão disso. Eu já estou praticamente
formada. Posso solicitar meu currículo escolar e entrar em outra universidade
com uma boa carta de recomendação. Fecho a reserva do hotel e arrasto a
mala para a saída. Sinto mais uma vez as lágrimas quentes no meu rosto e
dessa vez tem outro motivo. Eu não vou poder me despedir dele e nem
mesmo ligar já que joguei meu celular dentro da privada.

— Ei, você está bem? — uma mão segura meu braço e rapidamente puxo
e afasto-me assustada. — Calma, sou eu! — Arthur fala erguendo as mãos
em rendição. — Aconteceu alguma coisa, por que está chorando?

— Não aconteceu nada. — resmungo limpando o rosto com as costas da


mão.
— Tem certeza, quer ir até o restaurante do hotel? — ele questiona
tirando os óculos de sol. Sem dúvidas que ele é ridiculamente lindo. Pelo
jeito a família toda não economizou nesse quesito. Seus olhos me encaram de
forma intensa e curiosa. Fico paralisada com o verde contido neles. Não é
como os olhos do Nathan esse verde tem algo que diferencia, talvez pelo fato
de ter tons visíveis de castanho. — Aconteceu alguma coisa no hotel? — ele
vira o rosto encarando a entrada do hotel com preocupação e aproveito para
me afastar. —Achou que eu não vinha te buscar? É isso? — questiona agora
caminhando ao meu lado.

— Não, apesar do seu atraso absurdo eu só desisti dessa viagem idiota.


Nathan, não me quer lá e tenho coisas mais importantes para fazer do que ser
evitada o verão inteiro.

— Nossa, mas ontem você estava toda empolgada, parece que desiste
rápido demais das coisas, né?! Bonequinha! — interrompo os passos e encaro
seu rosto com um sorrisinho.

— Isso se chama amor próprio.

— Parece ciúmes, e bem você não é o tipo de garota que aceita ser
colocada de lado.

— Você não me conhece. — resmungo voltando a caminhar.

— Não é difícil desvendar você. Loira, alta, linda e metida. Seus robes
incluem fazer compras, postar fotos no Instagram, gastar o dinheiro do papai
além de...

— Você não sabe nada sobre a minha vida. Nada. — interrompo irritada
parando abruptamente. — Sinceramente eu achei que seria exatamente assim,
e eu até que gostaria, mas percebi hoje que nem tudo é como eu espero. —
concluo me sentindo mentalmente exausta. — Agora se me der licença eu
preciso ir.

— Tudo bem, eu não quis ser rude. É Sarah, né? Desculpe por isso, mas o
ponto de táxi é para o outro lado. Caso precise. — ele sorri como se eu não
tivesse acabado de dar uma resposta grossa quando eu o encaro, e se vira
caminhando para o lado que me indicou. Respiro fundo. Droga de ligação.

Quando volto a caminhar um homem alto esbarra em mim me fazendo


derrubar a mala no chão. — Droga! — resmungo e ele nem mesmo me ajuda
a pegar ou se desculpa. Mal educado!

— Cuidado onde anda Sarah. — ele deixa escapar afastando-se e eu fico


estática. Encaro as costas do desconhecido e não o reconheço. Olho em volta
sentindo o coração batendo praticamente na boca. Céus! Só pode ser ele.
Patrick está aqui. Minha mente parece ter entrado em modo furtivo. O que eu
vou fazer agora? Com dificuldade corro no caminho que Arthur seguiu. Vejo
de longe ele entrando no carro e tento acelerar.

— Arthur! — grito. — Espera! — ele interrompe o movimento de abrir a


porta do carro e torna a levantar os óculos.

— Mudou de ideia? — arqueia as sobrancelhas.

— Mudei. Você estava errado quando disse que eu desisto rápido das
coisas. — olho novamente em volta. — Vamos?

Suas sobrancelhas agora se enrugam.

— Está fugindo de alguém ou não pagou a hospedagem? Acho que


aquele segurança está vindo atrás de você. — conclui e olho exasperada para
trás. — Sério, Barbie? Esperava mais de você. — da risada.

— Você é um idiota! — bufo.

— E você é bipolar pelo que estou vendo. — ele cruza os braços.

— Droga Arthur, será que podemos ir? — peço impaciente. — Por favor?

— Podemos Barbie. — fala ainda dando risada e caminhando para o meu


lado. Para a centímetros de distância e fica me encarando. Nossa ele é
realmente muito bonito, penso se ele realmente tem que ser tão lindo? Eu
chego a arriscar que sua beleza é tanto quanto a do Nathan ou até mais.

— O que foi? — pisco os olhos sentindo a bochecha esquentar.


— Nada, só estou esperando você me dar à mala.

— E porque não avisa?! — reclamo.

— Você é muito mandona. — fala pegando minha mala.

Entramos no carro e continuo olhando pela janela. Já estou até vendo. Eu


vou me tornar uma dessas pessoas paranoicas com mania de perseguição.
Maldito Patrick.

— O que você está escondendo, hein? Está fugindo de alguém?

— Já disse que não.

— Quer saber não precisa me contar, eu vou descobrir sozinho. —


conclui dando partida no carro.

— Não tem nada para descobrir. — resmungo colocando o cinto. — E se


tiver também não é nada que interesse a você.

— Tudo relacionado a você me interessa. — responde e eu o encaro


surpresa. — Você é gostosa, mulheres gostosas sempre tem minha atenção.

— Argh! Você é uma babaca. — faço uma careta.

— Errei em te descrever como uma garota superficial àquela hora. Algo


me diz que você é bem mais do que aparenta, Sarah. É esse mistério todo te
torna ainda mais interessante.

Ah, ele não faz ideia. Suspiro e tento relaxar afinal de contas eu vou
passar o verão com o Nathan. Meu quase namorado. Essa história com o
Patrick vai ser esquecida pelo menos por um tempo.
NATHAN
Encaro Alicia que está mais vermelha que o morango que comi há uns
minutos atrás e volto a encarar os dois imbecis me olhando como se eu fosse
à porra de um extraterrestre.

— Melhor ir ver o que o Tony quer, enquanto vocês... Enfim, passem


álcool nessa bancada. — Arthur fala saindo. — Vamos Barbie!

Assim que ele e Sarah se afastam desço Alicia da bancada. Rapidamente


ela pega as roupas jogadas no chão e começa colocar, faço o mesmo com
minhas roupas.

— Droga, eu sabia. Merda, merda, merda. — resmunga sozinha e coloca


a camisa ao contrário com pressa de colocar a calcinha. Termino de subir a
calça e me aproximo dela com cautela sorrindo com o jeito atrapalhado e
apressado que ela está fazendo as coisas.

— Eu não achei que iria chegar alguém, você está... bem? — pergunto
enquanto seguro na beirada da camisa que ela está usando e vagarosamente
começo subir.

— Nathan, tem gente na casa. — ela se assusta batendo na minha mão.

— Calma, não vou fazer nada. — dou risada — Eu quero, mas não agora.
Só vou te ajudar, você colocou ao contrário e por ser um cavalheiro não
quero as pessoas especulando que estávamos transando escondido.

— Ha-ha, muito engraçado. — ela resmunga e tira a camisa sozinha. —


Sua namorada... viu.

— Ela não é minha namorada, a Sarah é só uma amiga. — seguro seu


rosto obrigando-a a me encarar e ela desvia o olhar. O tom vermelho ainda
tingindo seu rosto. — Não faz isso Lice, não volta me colocar na geladeira.
Eu e a Sarah não temos nada!
— Eu preciso ver o Tony. — é sua única resposta antes de se afastar em
direção à sala.

Porra. Estávamos indo tão bem.

Assim que entro na sala encaro o rosto da Sarah que parece incomodada e
totalmente deslocada. Ela realmente veio. No fundo eu nutria uma esperança
dela desistir. Porque Arthur tinha que ser um idiota completo? Eu não
precisava lidar com a Sarah agora, não mesmo. Alicia e eu estamos evoluindo
tão bem e não só pelo sexo que fizemos. E que sexo. O melhor em anos.
Parece que é melhor quando não tem só o contato físico envolvido. Eu amo a
Alicia, porra amo muito. Percebo que nunca deixei de amar. Respiro fundo e
sento na ponta do sofá. Alicia está ajoelhada na frente do Tony com a cabeça
baixa enquanto baixinho tenta convencê-lo de alguma coisa. O clima é tenso
e desconfortável. Parece que acabamos de sermos pegos cometendo um crime
com pena de morte. Eu não queria me sentir assim e muito menos que ela se
sentisse culpada.

— Espero que tenha limpado aquele balcão já que estava se aproveitando


da minha garota. — Arthur provoca dando risada e claramente se divertindo
com a situação. — Então vocês... — olho para ele com um sinal de
advertência no olhar, já que Tony está na sala. — Chegaram há muito tempo,
deu pra aproveitar?

— Sério, Arthur? — Alicia resmunga levantando e pegando Tony no


colo. — Vamos tomar banho! — Ajeita o pequeno nos braços e com o
movimento a camisa que está usando sobe revelando mais de suas coxas que
o necessário. Automaticamente levanto e caminho até ela pegando o Tony do
seu colo.

— Eu cuido dele, você termina os sanduíches. — pisco um olho e dou um


sorrisinho.

— Mas... — ela começa falar e desiste.

— Porque você não sobe primeiro e coloca um short? — sussurro para


que só ela escute.
— Porra, vocês chegaram aqui tem quanto tempo? — Arthur solta uma
gargalhada. — Se tivéssemos demorado mais dois dias pra chegar
encontraríamos o que? Os dois casados?! — o rosto da Alicia cora
violentamente enquanto ela tenta ignorar Arthur. — Poxa Lice, eu e você
tínhamos tudo a ver como você pode me trocar por esse turista! — viro na
sua direção disposto a respondê-lo, mas não consigo evitar e acabo rindo
diante da sua atuação ridícula.

— Normalmente as pessoas optam pelo melhor. — ergo as sobrancelhas


com ironia.

— Ah, se foder! — ele completa dando risada.

— Ninguém merece vocês dois. — Alicia fala pegando o Tony e se


afastando.

— Alicia... Eu vou te esperar meu amor, não deixa esse babaca interferir
na nossa história! — Arthur grita para as costas dela. — Quais suas intenções
com ela? — fala agora me encarando e fechando a cara.

— Como? Tio Rafael é você?

— Não, mas eu posso ligar para ele. — fala e eu começo a dar risada.

— Boa sorte! — faço um sinal de positivo me afastando. Eu realmente


preciso de um banho.

— Alô? Fala tio como estão as coisas? — Arthur fala e me viro


abruptamente interrompendo o caminho até a escada.

— Cuzão do caralho! — zomba dando risada. Mostro o dedo e respiro


fundo. Arthur é um imbecil completo, tenho certeza esse verão com ele vai
ser um inferno. Não é que eu tenha medo da reação do tio Rafael nem nada,
eu só não quero que ele ache que estou me aproveitando da Alicia e tenho
certeza que se ele soubesse me mataria. — Relaxa irmão, eu não vou falar
nada. Não precisa ficar com essa cara de assustado. — caminha para a
cozinha.
Finalmente olho para Sarah e tenho quase certeza que vi o rastro de um
sorrisinho no canto dos seus lábios, mas conhecendo ela bem como conheço,
tenho certeza que alguma coisa está acontecendo. Normalmente ela já teria
revirado os olhos, resmungado ou dado um pequeno chilique.

— Quer subir e escolher um quarto? — pergunto e ela morde o lábio


inferior.

— Não sei, acho que não vai ser uma boa ideia eu ficar aqui... — suspira.
— Estava pensando em ir para a Itália, talvez uma praia no Havaí. Preciso
ficar um tempo sozinha.

Enrugo a testa. Sozinha? Sarah não me parece o tipo de pessoa que ficaria
sozinha. Pelo que conheço dela posso até afirmar que ela odeia ficar sozinha.

— Sarah, eu não posso impedir você. No fundo eu sabia que vir para cá...

— Te aproximaria dela. É eu sei. Fui idiota em imaginar que você se


importava comigo. — ela brinca com a ponta do cabelo.

Porra! Eu não queria magoa-lá.

— Sarah, eu sempre deixei claro que não tínhamos um relacionamento.


Você decidiu sozinha titular nosso envolvimento e já falamos sobre isso... —
olho para escada e volto a encara-lá. — Ele é meu filho. — espero ela
responder, mas ela não diz nada. — Quero participar da vida dele.

— Claro que você quer, mas não só da vida dele. — força um sorriso —
Está tudo bem, eu vou embora de qualquer forma.

— Sarah Schmidt essa é a primeira vez que te vejo tão passiva e


conformista, aconteceu alguma coisa? — volto a me aproximar e seguro sua
mão, seus olhos brilham com lágrimas e tenho a confirmação que realmente
algo está errado — Sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?

— Eu sei, mas não resolve nada. — empina o queixo puxando a mão que
usa para jogar o cabelo por cima do ombro, e em menos de meio minuto volta
a ser a Sarah que eu conheço. — Espero que saiba o que está fazendo assumir
uma criança é uma enorme responsabilidade. Amanhã mesmo eu vou
embora, e você pode viver seu conto de fadas feliz.

— Um caralho que você vai. — Arthur fala entrando na sala e se jogando


no sofá. — Acha que vou ficar aqui sozinho com esses dois?

— O problema não é meu.

— Esqueceu o que fizemos no carro? — ele fala e encaro Sarah erguendo


uma sobrancelha.

— O que? — ela grita já ficando vermelha. — Não fizemos nada, idiota!


— olha pra mim e de volta para ele.

— Como não? Tivemos uma conexão tão incrível. — ele suspira e dou
risada.

— Que conexão? Você é louco? — Sarah está a ponto de explodir.

— Acho que vou subir, caso também queiram usar a bancada me avise.

— Argh! Não acredito que está falando isso, Nathan Carter! — ela bate
os pés enquanto subo dando risada e deixando ela mais possessa que nunca.

Arthur e Sarah? Isso sim seria novidade.


ALICIA
Entro no quarto com Anthony no colo e o coloco em cima da cama. Eu
queria mesmo que o chão se abrisse e me engolisse. Não acredito que transei
com o Nathan na cozinha e pior, Arthur, justamente o Arthur chegou bem na
hora. Tentei ignorar o fato de ele trazer aquela mulher, mas foi impossível
olhando a cara que ela estava me encarando e com razão. Eu estava nua e
com Nathan enfiado no meio das minhas pernas, e tem o fato de tecnicamente
eu poder estar roubando o Nathan dela. Provavelmente eles têm anos juntos
nessa amizade colorida e eu nem considerei. Nem mesmo precisei de um mês
perto dele pra ceder ao desejo. Meu Deus! Eu não achei que seria tão fácil
assim, mas estar com Nathan me deixa vulnerável e totalmente idiota. Eu
estou parecendo a Sky personagem do livro da tia Thea. Imprudente e
submissa. Tenho certeza que nem precisava do Nathan me mandar abrir as
pernas. Eu abriria de qualquer forma. E nossa como foi bom. Sentir Nathan
foi uma sensação...

— Mamãe, você tá vermelha aqui. — Tony toca nas minhas bochechas


me despertando dos meus devaneios e dou um sorrisinho.

— Eu estou igual a um menininho lindo. — aperto suas bochechas. —


Vamos tomar banho e comer queijo quente.

— Mamãe eu quero panqueca. — ele responde colocando a mão na boca


e faço uma careta.

— Panqueca? De onde tirou isso?

— Eu sonhei com um assim, bem grandão — ele abre os braços para


imitar o tamanho e eu quase dou risada.

— Amor, hoje nós vamos comer o queijo quente e amanhã a mamãe faz
panqueca.

— Mas mãe amanhã tá longe, eu vou dividir com você... — ele levanta as
sobrancelhas sorrindo de lado e eu suspiro.
— Meu Deus, você tá parecendo seu pai.

— O vovô? — ele pergunta e eu comprimo os lábios. Claro que meu


pequeno pensa assim, eu nunca falei sobre esse assunto e ainda mais vendo
eu e Lexi chamando pai sempre que íamos justos em casa.

— Não, não é o vovô. — sento na beirada da cama. — O vovô é papai da


mamãe, o seu papai é outro.

— E onde ele tá?

— Ele está... humm, ele.. Depois eu te conto. Primeiro vamos tomar


banho e fazer panqueca.

— Ebaaa!!! — ele comemora pulando e eu respiro aliviada. Agora não é


momento de falar sobre isso com ele.

— Sabe que em algum momento ele vai saber a verdade, né?! — Nathan
fala e percebo que ele estava parado na porta.

— Não agora. — respondo levantando e virando para tirar a roupa do


meu filho que não para quieto.

— Quando Alicia? Quando ele tiver dirigindo o próprio carro e indo para
universidade? Foi isso que pensou quando escondeu a gravidez e não me
falou nada, né?! Aposto que foi! — ele entra no quarto e caminha
rapidamente parando a centímetros de mim.

— Tio, a mamãe vai fazer panqueca. — Tony sorri olhando por cima do
meu ombro. Nathan suspira.

— Ainda vamos conversar... — sussurra para que só eu escute. —


Panqueca, parece bom. — Responde para o Tony e sinto sua mão na minha
cintura. Mexo-me desconfortavelmente e isso faz com que ele se aproxime
mais. Sua ereção encosta na minha bunda e me afasto com um pulo.

— Bom banho para os dois. — saio do quarto e vou em direção ao andar


de baixo à procura do meu celular e de ar puro. Como ele consegue ser tão
intenso. Só de imaginar eu sinto meu corpo todo arrepiando.

A pequena discussão chega até mim na escada, passo pela sala tentando
não ser notada, mas Arthur me vê e sorri na minha direção com uma
expressão de tédio. Entro na cozinha e pego meu celular. Há algumas
mensagens e ligações perdidas da minha mãe. Enquanto digito uma resposta
saio pelos fundos para olhar a noite e sentir a brisa. Já me sinto sufocada e
nem passou um dia.

Depois do banho dos meninos, eu, Nathan e Arthur comemos o queijo


quente na bancada da cozinha mesmo e ainda passei horas lá fazendo as
benditas panquecas, e claro decorando porque meu filho só come panqueca
feliz. Por sorte achei calda de chocolate na despensa e eu já havia
involuntariamente adiantado o serviço cortando algumas frutas. Dei a
panqueca paro Tony e ainda tive que ouvir as piadinhas de duplo sentido do
Arthur em relação a bancada e nossa simpática e queridíssima nova hóspede
que não saiu de dentro do quarto. O que na minha humilde opinião foi um
alívio. Mas só para mim mesmo, considerando que eu diria que fazem uns
quinze minutos que Nathan foi levar uma bandeja com lanche e até agora não
voltou. Paro de encarar a entrada da cozinha e tomo um gole de suco.

— Acha que está acontecendo alguma coisa lá? — Arthur levanta uma
sobrancelha e da um sorrisinho.

— Não sei. — resmungo.

— Você não se importa? — insisti.

— Por que me importaria? Nathan é livre pra fazer o que bem entender...

— Tem certeza, porque você não para de olhar para a porta. — baixo à
vista e encaro os olhos verdes do Arthur.

— Eu não estou olhando nada. — reviro os olhos e ele deixa escapar uma
risada alta.

— Porra, eu não achei que vocês...


— Fica quieto! — jogo um morango nele que continua dando risada. —
Tony, vamos dormir? Da boa noite para o seu tio Arthur.

— Boa noite, tio — eles se cumprimentam com o toque que Arthur fez
questão que ele apreendesse.

— Bons sonhos, garoto. — Arthur bagunça o cabelo dele enquanto eu o


arrumo nos meus braços. — Boa noite Lice. — ele beija minha bochecha.

— Vai dormir também! — brinco.

— Com você? — ele sorri.

— Claro que não, engraçadinho. — faço uma careta e saio da cozinha.

Passo pelo corredor praticamente correndo e evito responder quando


Anthony pergunta do imbecil do Nathan.

— Hora de dormir. — deito do lado do Tony e ele logo se aconchega nos


meus braços. É assim desde que ele fez dois anos. Eu nem imagino mais
dormir sem ele aninhado nos meus braços. Apago o abajur e ele começa falar.
Isso eu devo ao Nathan que fez o enorme favor de dormir com ele. —
Anthony!

— Tá bom! — da uma risadinha abafada. — Mamãe porque tem que


dormir?

— Porque está de noite? — suspiro.

— A vovó tá dormindo?

— Hum rum... — resmungo. — Fica quietinho. — peço e ele realmente


fica... por alguns minutos.

— Manhê... quero fazer xixi! — respiro fundo e engulo a vontade de


gritar com ele. Sempre que eu grito ele chora e tudo piora muito. Só sendo
mãe para entender como isso é difícil. Agora é xixi, daqui a pouco é água.

Acendo a luz do abajur e forço meus olhos a abrirem, justo hoje. Faço
menção de levantar no mesmo minuto que a porta do quarto abre e Nathan
entra.

— O que está fazendo aqui? — pergunto e Tony já está em pé na cama.


— Anthony, deita!

— Mas manhê... eu vou fazer xixi.

— Vim desejar boa noite para vocês. — Nathan responde.

— Já deu, pode sair! — tiro a coberta e levanto com vontade de bater no


meu filho que parece estar ligado na tomada. — Eu vou levar o Anthony no
banheiro, pode voltar para sua amiga. — pego na mão do Anthony que desce
da cama com um pulo.

— Eu não fiquei esse tempo todo com ela. Eu estava falando com...
Espera, isso é ciúmes?

— Sai da minha frente. — respondo tentando passar por ele.

— Eu levo o Tony no banheiro, pode deitar. Sua cara está péssima.

— Deve ser porque eu não dormi ainda. — respondo dando a mão do


Tony para ele e voltando para cama. — Divirta-se tentando fazê-lo dormir. —
me cubro com a coberta. — Amor, a mamãe te ama.

— Eu te amo um tantão. — ele responde se aproximando da cama para


me dar um beijo. — Tio, você tem que dar beijo de boa noite na mamãe! —
completa voltando para o lado do Nathan.

— Com certeza vou dar. — Nathan se aproxima se abaixando ao lado da


cabeceira. — Eu te amo um tantão. — sorri e sem que eu espere deposita um
selinho nos meus lábios antes se endireitar e sair.

Abro os olhos para a claridade no mesmo instante que os gritos da Kate


chegam até mim. Na minha frente Tony está dormindo tranquilamente, mas
então tento me mexer, e percebo que estou presa em volta de algo
aconchegante, firme e tentadoramente quente. Não demoro nem meio minuto
para perceber que Nathan dormiu comigo e está me abraçando. Oh, santa
merda! A voz da Kate fica mais alta à medida que tento sair do seu agarre
sem acordar os dois. A porta abre de repente e sem opções escorrego me
enfiando debaixo da coberta. Como se isso fosse resolver!

— Cedo demais para acordar ele com um boquete, sua safada. — ela fala
e continuo parada. — Não tenta disfarçar não, da pra te ver e sei que está
acordada!

Gemo de frustração e ele deixa escapar uma risadinha.

— Aposto que ele está de pau duro ai, né?!

— Argh! Bom dia, Katherine! — suspiro derrotada.

— Ótimo diaa... Cuidado para não engasgar aí, te espero lá em baixo. —


fala deixando o quarto sem nem esperar minha resposta.

Primeiro o Arthur, agora a Kete. O que mais eu posso esperar para esse
verão?
NATHAN
Desperto com algo mexendo e remexendo embaixo da coberta. Tenho
certeza que o Anthony acordou e muito cedo para quem ontem não queria
dormir de jeito nenhum, Alicia tinha razão, foi uma tremenda dificuldade
fazê-lo fechar os olhos. Até história eu tive que contar e o mais incrível é que
ela estava bem no nosso meio e não acordou. Abro os olhos lentamente para a
claridade e olhando para o lado me surpreendo ao vê-lo tão quieto e sereno
dormindo. Se ele está dormindo então... Não acredito! Isso só pode ser um
sonho. Com um pequeno sorriso já moldando meus lábios dou um bocejo
abafado no minuto que algo pequeno e quente toca minha perna me fazendo
ficar imóvel, sei exatamente do que se trata e não perco a oportunidade.
Mexo-me vagarosamente virando para o lado de forma que prendo Alicia
embaixo da coberta dificultando ainda mais sua saída já que estico o braço
mantendo a coberta no lugar. Ouço seu suspiro e seguro a vontade de dar
risada. — Arrr! Merda. — ela resmunga e toca minha perna com a ponta dos
dedos de novo, porém dessa vez escorregando o corpo para sair por baixo.
Tenho vontade de impedir sua performance prendendo a coberta nos meus
pés mas desisto quando apenas sua bunda aparece empinada para fora da
coberta me proporcionando uma boa e muito agradável visão. Esse
definitivamente é o melhor jeito de acordar.

— Que bela visão senhorita Montanari. — suspiro e ela levanta de uma


vez, mas de algum jeito se atrapalha e leva junto a coberta enrolada na
cabeça, faço menção de levantar para ajudá-la, porém antes que eu consiga
me mover ela tomba para o lado e cai fazendo um barulho alto.

— Porra! — senta no chão tirando a coberta da cabeça com raiva e não


aguento segurar a gargalhada. — Que merda, você estava acordado? —
reclama tentando arrumar o cabelo que mais me parece um ninho de
passarinho.

— Se eu soubesse não teria falado nada, juro! — digo em meios aos risos.

— Você nem devia estar aqui. Imbecil! — diz levantando e cobrindo


Tony com a causa do seu tombo.
— Você e cobertores não são uma boa combinação... né?! Já considerou
dormir sem eles? — sento na beirada da cama esfregando os olhos.

— Foi sua culpa eu cair, e acho bom sair logo daqui, Kate chegou.
Provavelmente todos chegaram... — suspira.

— Droga! Eu pretendia usar mais aquele balcão. — resmungo me


levantando e percebo seus olhos percorrendo meu corpo e se demorando
especialmente na minha ereção matinal. — Quer me ajudar a resolver isso?
— sorrio de lado capturando sua atenção para o meu rosto e como resposta
recebo o dedo do meio.

— Dormiu comigo desse jeito? — seu rosto se contorce em uma pequena


careta olhando novamente para o meu corpo apenas coberto com uma boxer.

— Normalmente eu durmo sem cueca, mas abri uma exceção.

— Argh! Ninguém merece. Seu nível de idiotice aumenta a cada segundo.


— caminha para o banheiro e vou imediatamente atrás dela aproximando
meu corpo do seu coberto com uma minúscula e fina camisola que não deixa
definitivamente nada para imaginação. Seguro em sua cintura e impeço sua
tentativa de se afastar. — Não começa com isso, Nathan. A porta do quarto
está aberta e o Anthony dormindo bem ali...

— Se não fosse isso eu poderia comer você encostada naquela parede? —


suspiro no seu pescoço e vejo sua pele arrepiar.

— Não mesmo, pode me soltar! — grunhi tentando se soltar.

— Ontem você não reclamou quando me agarrou.

— O-o que? — gagueja.

— Sem estresse, gata. Eu curti dormir de conchinha com você. —


respondo para irritá-la e funciona, pois ela vira e me empurra.

— Sai do meu quarto! — continua me empurrando enquanto dou risada.


Mas acho que ela perde a paciência me dando um tapa no braço fazendo com
que eu me encolha.

— Ai! Lice para com isso, é brincadeira! — caminho para a porta. — Eu


te amo coisinha estressada.

— Eu te odeio! Sai. — assim que ela vira dou um tapa forte na sua bunda
e corro para o corredor. — Eu volto para descermos juntos. — ainda falo
antes de ela bater a porta me xingando de vários palavrões.

Entro no meu quarto e vou direto para o banheiro. Assim como Alícia
escolhi um quarto suíte e já estou me arrependendo, eu poderia usar essa
desculpa para ficar mais tempo no seu quarto.

Quando termino o banho visto uma camiseta e uma bermuda leve antes
de pegar meu celular. Enquanto seco meu cabelo com a toalha disco o
número do meu pai que atende no segundo toque.

— Nathan?

— Oi pai! — cumprimento deixando a toalha no pescoço.

— Oi ursinho da mamãe! — ouço a voz da minha mãe e faço uma careta.


Ela ainda usa esse apelido ridículo.

— Oi, mãe!

— O que aconteceu? — meu pai questiona.

— Está tudo bem relaxa, cadê minha mãe, ela ainda está.. humm... por
perto?

— Assunto de homens? — ele pergunta e tenho certeza que está


arqueando uma sobrancelha.

— Curiosidade... — respondo e ele da risada.

— Sei. Você me ligando, só pode ter feito alguma merda! Sem falar
naqueles áudios desastrosos que me mandou provavelmente bêbado já que
estava chorando. Que merda você aprontou dessa vez? Pode falar, sua mãe
foi para o banheiro, vamos almoçar fora hoje!

— Eu não fiz nada, tá legal! Só quero contar uma coisa e talvez ouvir um
conselho.

— Conselho? — ele fica mudo por alguns segundos — Caralho! É mais


sério do que eu pensava. Pode falar garoto, eu trabalhei como barman, dar
conselhos faz parte da minha natureza.

— Eu tenho um filho! — solto de uma vez e me surpreendo ao ouvir o


grito da minha mãe.

— O que? — ela grita de novo do outro lado da linha e eu suspiro


enquanto meu pai pede calma. Eu deveria saber que a ligação estava no viva
voz.

— Ela está no banheiro, né?! — reclamo.

— Você ia esconder isso de mim? Eu que te coloquei no mundo?! Seu


ingrato. Meu Deus, eu não acredito... — ela continua. — Eu não achei que
sua mãe ouviria Nathan, ela estava realmente dentro do banheiro. Quer me
contar melhor essa história. Quando descobriu isso? — ele pergunta, mas
antes de eu responder dona Dakota fala novamente. — Pode falando tudinho,
eu não acredito que sou avó. Filho tem certeza que é seu? Quem te falou
isso? Como você pode ser tão irresponsável!

— Mãe você disse que engravidou por acidente, essas coisas acontecem!
— suspiro.

— Foi na universidade, não foi? Quem é ela? É daquela menina que foi
no jantar com você? Eu sabia! Sabia... Dakota deixa o garoto falar! Vou
tirar do viva voz! — meu pai ameaça, mas ela continua resmungando.

Respiro fundo e pondero desligar a ligação, mas tenho certeza que se fizer
isso do jeito que minha mãe está agora, ela pega o primeiro voo e aparece
aqui só para me xingar.

— Espero que estejam sentados!


— Estamos, e eu estou quase amordaçando sua mãe!

— É... humm o Anthony! — solto e faz-se um silêncio do outro lado da


linha — Eu não sabia, eu fiquei sabendo agora. Alicia me contou apesar de
que eu suspeitei e...

— Puta que pariu! — meu pai me interrompe — Sua mãe está quase
desmaiando. Que porra é essa Nathan?

— Eu sei... — resmungo.

— Amor, está tudo bem... — ele parece preocupado. Droga! Agora eu


vou fazer minha mãe ter um ataque do coração. — O Tony... Dylan. — ela
sussurra — O bonequinho da Alicia! Meu Deus, eu não acredito! Quando
isso aconteceu?

— Mãe está tudo bem, eu vou resolver! — tento acalma-lá.

— Vai resolver? — ela da risada — Está ouvindo seu filho? Ele vai
resolver! Depois de quase cinco anos longe sem nem mesmo saber sobre a
gravidez, ele vai simplesmente resolver! A filha da Helô, ainda por cima
isso! Com que cara eu vou falar com ela agora? — ela continua — Cinco
anos seu estúpido! Você vai fazer o que, Nathan Carter! Assumir a
paternidade durante esse verão e depois voltar para a Alemanha? Sem
contar à garota que você trouxe com você, pretende resolver isso também?

— Mãe, eu amo a Alicia, se for preciso largar a faculdade eu vou fazer, e


a Sarah é só uma amiga. Eu só não sei como convencer Alicia de que eu
mudei...

— Mudou? Claro, a sua amiga que veio com você evidência muito essa
mudança! Fala com ele Dylan, fala com ele porque do contrário eu vou
pegar um voo e vou cometer um crime. — a ligação fica muda. — Caralho!
Eu devia suspeitar que isso pudesse acontecer. Fui idiota em te mandar para
a Alemanha e acreditar nas merdas que a Lice inventou sobre a gravidez. O
primeiro passo agora é concertar as coisas com ela, depois juntos vocês vão
saber o que fazer em relação ao garotinho.
— Mas, eu estou tentando pai...

— Tentar não é suficiente, caralho! Para de agir como um menino, você


tem um filho agora, sua única opção é concertar essa merda toda. Você tem
que assumir o Tony.

— Ontem nós transamos e agora ela está meio que me evitando. Eu fico
confuso!

— Isso se chama cabeça de mulher filho, não queira entender, sua mãe
fez a mesma coisa comigo, no segundo que eu pensava estar fazendo algo
certo, ela vinha e estragava tudo... PORQUE VOCÊ ERA AINDA MAIS
ESTUPIDO QUE SEU FILHO IMBECIL! — mamãe grita e damos risada
juntos enquanto ela começa reclamar que estamos fazendo piada de algo sério
— Já estão na casa do lago, certo?! — meu pai sugere e meu silêncio
confirma — Quer saber como vai conquistar ela? Só não se esquecer do
garotinho, antes de satisfazer seu pau seja um pai! Eu vou acalmar sua
mãe... — ele suspira. — Eu te amo, seu cabeção. Qualquer coisa me liga e
tenta não dar um irmãozinho para o Tony, ok!

Ele desliga e a sensação que eu tenho por incrível que pareça é de ter
tirado um peso das costas. Agora eu preciso realmente fazer como meu pai
sugeriu o que não vai ser nada complicado, pois eu sinto que já amo o
Anthony. E não teria como não amar. Eu amo os dois e não vou perdê-los de
novo. Passo um pouco de perfume e saio do quarto. Dou algumas batidas na
porta do quarto da Lice e espero ela abrir com as mãos apoiadas no batente.
Depois de uns minutos ela finalmente abre a porta, entretanto a me ver revira
os olhos e suspira se afastando. Tento ignorar o fato de ela estar vestida com
um shortinho e uma camisa que marca perfeitamente seus seios fartos e
redondos e entro. Seu rabo de cavalo molhado indicando que ela acabou de
tomar banho. Fico alucinado com vontade de puxa-lo com força e ao mesmo
tempo passar minha língua na carne macia do seu pescoço.

Desço o olhar tentando me controlar, mas deparo com sua bunda


redondinha e empinada. Então não posso controlar meu pau que se avoluma
dentro da cueca. Inferno! Já estou excitado ao extremo e nem sei direito o que
dizer.
— Você quer alguma coisa? — vagarosamente ela se vira na minha
direção apoiando as mãos na cintura.

Por um momento eu fico sem reação diante dela que me encara com um
brilho sedutor e hostil no olhar.

— Você está muito bonita. — sorrio e ela arqueia as sobrancelhas. Coço a


cabeça. Isso é pior que pisar em um campo minado.

— Veio aqui me falar isso? — ela caminha na minha direção.

A sua nova proximidade me traz seu perfume levemente adocicado e é


tão gostoso que invade as minhas narinas e entorpece o meu cérebro.

— Eu quero um beijo. — peço com um meio sorriso de lado.

— Isso não vai acontecer. — ela espalma as mãos no meu peito me


empurrando e calça a sandálias que estavam ao meu lado. — Acha que pode
ter tudo que quiser, na hora que quiser?

Puxo-a para mim e colo nossos corpos.

— Não acho, tenho certeza. — posiciono uma mão em sua nuca e outra
em sua cintura e não penso muito quando enfio a língua em sua boca. Alicia
geme e seus dedos se enlaçam em meus cabelos com ansiedade. Não é um
simples beijo romântico e comportado eu tomo sua boca com vontade e ela
retribui. Enlaço nossas línguas, chupando com volúpia e sendo chupado na
mesma intensidade. — Eu quero sentir você, caralho Alicia! Você vai me
enlouquecer... — gemo em seus lábios.

Envolta em luxúria, ela amolece o corpo e inclina a cabeça para trás,


gemendo alto e me dando acesso à carne macia do seu pescoço. Justamente o
que eu queria. Perco-me em seu gosto e seu cheiro. O sabor é fodidamente
viciante e muito quente. Ela é deliciosa! Grudo mais minha ereção no seu
ventre e sinto que meu pau está prestes a explodir.

— Quer que eu te coma mais uma vez, Alicia? — aperto sua bunda forte
lambendo o canto da sua boca.
— Nathan;.. — choraminga em meus lábios com a voz suplicante.

— Quer que te coma agora Alicia? Quer gozar novamente no meu pau...
— indago ofegante, afastando nossos lábios para encarar seus olhos pesados.

— Quero... eu quero. — geme e sorrio com a confirmação. Volto a beijar


seus lábios. Porque já não posso mais esperar para estar dentro dela
novamente!

— Mãe? — a voz do Anthony soa rouca e nos atinge como um banho de


água gelada. Alicia se afasta com um pulo e eu passo as mãos no cabelo
tentando respirar normalmente — Mãe você beijou o tio Nathan? — Alicia
abaixa a cabeça com o rosto em chamas e eu encaro o garotinho com os olhos
azuis arregalados e um sorriso enorme no rosto.

Meu pai como sempre está certo. Antes de satisfazer meu pau tenho
obrigações como pai. E algo no sorriso do Tony me faz sorrir junto em
perceber que em se tratando do meu relacionamento com a Alicia eu terei um
aliado.
ALICIA
— Mãe você gosta do tio Nathan? — Tony pergunta pela milésima vez
enquanto desço as escadas de mãos dadas com ele.

— Ela gosta, por isso estávamos beijando. — Nathan ralha ao nosso lado
e eu o fuzilo com os olhos.

Chegamos ao final da escada eu me abaixo para falar com Tony enquanto


Nathan caminha para a cozinha onde provavelmente todos estão esperando.

— Tony a mamãe só beijou o tio Nathan, porque ele estava com


dodói, aí eu dei beijo para sarar. — as duas bolas de gude azuis me encaram
com atenção e um sorrisinho surge na boquinha avermelhada que mais parece
um morango.

— Parou de doer o dodói? — ele questiona e eu aceno em positivo.

— O que vocês estão cochichando? — Kate pergunta se aproximando.

— Nada...

— A mamãe deu beijo no tio Nathan pra sarar o dodói! — Tony responde
junto comigo e pula o último degrau correndo para abraçar a Kate que tem
um sorrisinho sacana moldando os lábios enquanto me encara.

— Aposto que o dodói dele sarou. Porque você não vai lá perguntar se ele
quer um beijo meu também. — coloca Anthony no chão. — Primeiro aquela
ligação de madrugada chorando, depois foto dele dormindo com Anthony,
agora beijo?! Vocês transaram?

— O que? — questiono desviando o olhar do seu. — Vocês chegaram


rápido, né?!

— Ah, sua safada. Lexi me fez sair de casa praticamente correndo por
causa do seu drama e você aqui revirando os olhos. Eu sabia, quando você
enviou aquela foto dos dois eu bem que suspeitei.

— Para de loucura, Katherine Beckham. Não aconteceu nada demais. —


resmungo.

— Você nem fica vermelha para mentir, Alicia. Sua sem vergonha!

— Nossa... safada, sem vergonha, tudo isso porque eu transei com ele. —
faço uma careta.

— Você o que? — ela paralisa e arregala os olhos. — Puta merda! Eu


sabia! — da uma gargalhada escandalosa jogando a cabeça para trás enquanto
eu me estapeio mentalmente por falar demais. — LEXI!!! Ganhei aposta! —
grita.

— Vocês apostaram? — pergunto perplexa arregalando os olhos.

— E a Kate ganhou! — Lexi entra na sala fazendo um coque nos cabelos.


— Eu achando que vocês iriam se matar. Não passou nem uma semana e
vocês já estão juntos.

— Não estamos juntos, nos só...

— Hum... Inventa uma boa! — ela arqueia as sobrancelhas e desisto de


me explicar.

— Eu te disse! — Kate suspira vitoriosa. — Eu nem avisei o Matheus que


já estava vindo. Agora só falta ele, aliás! Quem convidou aquela loira sem
sal? — revira os olhos nos arrancando uma risada.

— Ela chegou com o Arthur. — respondo e sinto minhas bochechas


aquecendo só em pensar como eles me encontraram.

— O que vocês estão cochichando e falando meu nome? — Arthur entra


e abraça Lexi por trás.

— Nossa assim eu me apaixono. Grandão! — ela da uma risadinha.

— Você trouxe aquela Sarna! — Kate reclama apontando pra ele —


Quem autorizou? — conclui cruzando os braços.

— Eu não preciso de autorização. Além do mais, ela está comigo


Katherine, e eu acho bom você não começar encher a paciência.

Minhas sobrancelhas arqueiam-se. Arthur está realmente protegendo a ex


do Nathan?

— Sério você está com ela? — Kate parece tão surpresa quanto eu.

— Não estou com ninguém, mas eu a trouxe e não quero vocês três
perseguindo a garota a troco de nada.

— Puta merda! Sobrou até para mim. — Lexi interrompe se afastando


dele e dando risada. — Acho que eu e você vamos realmente sobrar aqui
querida Helo Kate!

— Também acho. — Kate resmunga com uma careta. — Bom... vou


tomar café, e não se preocupe irmãozinho, não vou mexer com sua protegida.
— sai batendo os pés e Lexi vai atrás.

— Hã... Arthur, obrigada por não... — encaro o rosto do Arthur


contorcido em uma careta engraçada e mordo meu lábio inferior deixando a
frase morrer na metade.

— Por não falar sobre o que eu vi? — ele incentiva arqueando as


sobrancelhas. — Acha mesmo que quero falar que vi o alemão pelado? Sai
dessa Lice! Relaxa, seu segredo está bem protegido. — pisca um olho e passa
as mãos nos meus ombros me levando para a cozinha.

Nathan está com Anthony no colo comendo cereais perto da pia enquanto
Kate e Lexi estão sentadas no balcão tomando suco de laranja, nenhum sinal
da loira, mas como a porta dos fundos está aberta sei que provavelmente ela
saiu.

— Mãe, o tio Nathan vai assistir comigo! — Anthony me chama quando


percebe minha aproximação.

— Assistir parece bom. — sorrio e no balcão as meninas começam a


pigarrear. — Parem de idiotice. — sussurro me sentando.

— Ele já está agindo como o pai do Tony, reparou? — Lexi arqueia as


sobrancelhas.

— Não. — respondo me levantando. Caminho até a geladeira e pego


alguns ovos e bacon. Deixo tudo perto do Nathan e procuro por uma
frigideira. Arthur sai de dentro de casa pelos fundos e as meninas levantam
com a desculpa que precisam descansar. — Vai comer só isso no café da
manhã?

— Preocupada comigo?

— Não, só curiosa mesmo. — dou de ombros e começo a quebrar os ovos


dentro da frigideira. Termino e despejo tudo em um prato fritando o bacon
em seguida. O cheiro da comida faz meu estômago adormecido protestar.

Nathan termina o cereal com o Anthony e o coloca no chão.

— Mãe, posso ir com o tio Arthur? — Tony pergunta quando me sento.

— Pode. — Nathan responde e ele sai correndo. Levanto apressada e vou


até a porta.

— Você nem sabe se Arthur concordou em...

— Para de se preocupar tanto Alicia, não vai acontecer nada com ele. —
responde e senta no balcão com um garfo na mão.

— O que acha que vai fazer? — volto a me aproximar. E ele pega uma
boa quantidade de ovos no prato e enfia na boca me fazendo revirar os olhos.
— Não presta nem mesmo para fazer o próprio café! — suspiro.

— Eu estava ocupado com meu filho! — responde e pisca um olho.

Comemos juntos e em um completo silêncio e estranho que até agora


ninguém apareceu aqui.

— Nathan, acho que precisamos conversar. — limpo a garganta.


— Sobre o que? — ele pega o copo e da algumas goladas no suco de
laranja.

— Sobre o Anthony e isso que estamos fazendo... nós, precisamos parar.

— Eu quero contar a verdade para ele. — seus olhos verdes me encaram


de forma intensa e cheio de expectativa. Sei que o Tony vai adorar a noticia,
mas o problema é que com isso vem toda a questão envolvendo nossa
família. Não sei se estou pronta para isso ainda. Meu pai, tia Dakota e tio
Dylan. Eles vão querer me matar por esconder a verdade.

— Podemos esperar até o final do verão? — mordo o lábio inferior.

— Não, não podemos. Se você não quer participar da conversa então tudo
bem, eu falo com ele sozinho mesmo.

— Não é isso... — coço a cabeça tentando achar uma forma de explicar


melhor o que nem mesmo eu estou sabendo lidar. — Não é tão simples
assim, tem meu pai e seus pais... Não acha melhor voltarmos dessa viagem e
esclarecer tudo de uma vez?

— Está preocupada com isso? — ele sorri. — Não se preocupa Lice,


meus pais já sabem. — conclui e cuspo todo o suco que estava dentro da
boca. — Porra, Alicia! — exclama levantando para dar alguns tapinhas nas
minhas costas.

— Não acredito. Você contou isso assim por telefone? — meus olhos
estão arregalados enquanto tusso tentando não me afogar com suco de
laranja.

— Eu acabei contando sem querer, mas pensa pelo lado positivo. Não
temos mais desculpas.

Entrega para mim a luva térmica que usou para enxugar os respingos de
suco.

— Eu estava pensando em darmos uma volta no lago mais tarde e falar


com o Tony. — não respondo — Tudo bem então, depois do almoço nos
vemos. — sopra um beijo na minha direção e sai pelos fundos.

Inspira, prende e expira. Não tem motivo para tanto nervosismo é só


contar a verdade para um garotinho de quatro anos. Ele com certeza vai
adorar a notícia. E eu não posso negar mais esse direito dele.
NATHAN
O almoço não foi como achei que seria. Lexi e Kate dormiram
praticamente a tarde toda devido á hora que elas iniciaram a viagem e no
decorrer do dia Matheus acabou chegando também e acompanhado. Emily
sua namorada obviamente já conhecia Alicia e ocupou toda à tarde dela já
que ambas ficaram na cozinha entretidas com a preparação do almoço. No
meu caso, bom eu tive que me contentar em tomar cerveja com os meninos
na beira do lago, então acabou que passear com o Anthony e a mãe dele
durante a tarde não rolou como eu imaginei.

Todos na mesa parecem entretidos enquanto comem o almoço que virou


jantar e eu não paro de olhar para Alicia, Kate percebe e faz um gesto sutil
com o guardanapo sugerindo que eu limpe a baba que ela diz estar escorrendo
no canto da minha boca. Merda, não consigo nem disfarçar mais.

— Alicia, decidiu aceitar meu pedido de casamento? — Ethan brinca e eu


faço uma careta. Ao que parece essas brincadeiras são mais comuns do que
eu estava imaginando. Também pudera, Alicia sempre foi a mais contida das
meninas. Eu só não imaginava que além do Arthur outra pessoa também
tivesse essa liberdade com ela. Ainda mais um amigo de época de escola. De
repente me sinto desconfortável na mesa. Parece que eu perdi muita coisa
nesse período que morei fora é isso é uma droga.

— Infelizmente ela não pode, está ocupada planejando nosso casamento.


— Arthur responde dando uma garfada em seguida.

— Mãe eu prefiro o tio Nathan. — Anthony fala e eu sorrio. Esse é meu


garoto!

— Sério carinha? Já está me trocando por esse alemão? — Ethan


dramatiza.

— Já fez lavagem cerebral no menino, caralho! — Arthur observa dando


risada em seguida.
— Até ele sabe que eu sou a melhor opção. — completo orgulhoso e
ambos fazem uma careta dando risada em seguida.

— O cara chegou ontem e já está com essa moral toda? — Matheus


comenta dando um gole em sua cerveja.

— Considerando suas opções Lice, eu se fosse você pensaria bem. —


Kate fala arqueando as sobrancelhas.

— Ah qual é Kat, sei que você está doida para me beijar. — Ethan
comenta divertido e ela revira os olhos.

Continuamos nisso até a porta abrir de repente e Sarah entrar com


algumas sacolas nos braços. Ela fica surpresa em nos ver sentados na sala de
jantar, mas acaba por dar de ombros e entrar.

— Olha quem decidiu aparecer... Entra Barbie, senta aqui do meu ladinho
para jantarmos. — Arthur sorri.

— Nossa é um convite irresistível. — ela ironiza com uma careta — Mas


obrigada eu já comi, licença. — sobe as escadas e rapidamente desaparece.
Caramba! Sarah saiu e eu nem mesmo percebi, e pela sua expressão
preocupada alguma coisa parece está acontecendo, além do fato dela não ser
nem um pouco bem vinda aqui pelas meninas. Porra, sinto que estou
deixando-a na mão. Sarah aguentou muitos dos meus porres e agora que
parece estar precisando eu não estou ajudando em nada.

— Quem é essa? — Ethan questiona com interesse olhando na direção


das escadas.

— A namorada alemã do Nathan. — Matheus responde com a testa


enrugada. — Não sabia que estava aqui, trouxe a loira e ainda a deixa
andando por aí sozinha, Nathan?

— Eu a convidei. — Arthur comenta calmamente. — E ela não é uma


criança sabe se virar muito bem sozinha, não se deixe levar pelo rostinho
angelical, essa Barbie tem garras e uma língua bem afiada.
— E é gostosa também. — Ethan observa e todos o encaramos, inclusive
as meninas que fazem uma careta enquanto eu, Arthur e Matheus damos
risada. Claro que a Sarah é gostosa isso é notório em olhar para ela. — Quero
dizer... bonita. Ela é bonita!

— Claro, bem bonita. — Matheus completa e Emily cruza os braços. —


Com todo o respeito.

— Acho isso deplorável, odeio essa mania que vocês têm de rotular as
mulheres. — Lexi reclama dando um último gole no suco de laranja. —
Aposto que a loira é mais que um par de pernas.

— Com certeza... ela também é um belo par de seios e...

— Argh! — Kate resmunga com uma careta e todas as meninas levantam


e saem da mesa ao mesmo tempo interrompendo Ethan no meio da frase.
Termino minha cerveja e ainda respondo algumas curiosidades em relação à
Sarah deixando bem claro que não temos nada o que deixa o caminho livre
para o Ethan se ele quiser, no entanto isso parece incomodar um pouco o
Arthur, mas como pode ser só uma impressão presumo que por hora não devo
entrar no assunto.

— Tio Nathan... você vai comer a sobremesa? — Tony observa enquanto


Alicia retorna com um pote pequeno de ben&jerrys. Olho sugestivamente
para ela e dou um sorrisinho de lado.

— Eu adoraria comer a sobremesa. — Respondo e ela cora tirando


Anthony da mesa sem encarar ninguém.

— Vem tio! — Tony grita por cima do ombro dela e eu prontamente


levanto.

— Não está na hora de dar um irmão para o garoto! — Arthur sorri na


minha direção e eu o ignoro enquanto os meninos que até então estavam
alheios começam fazer comentários. Isso até que demorou a acontecer.

Dou algumas batidas na porta do quarto da Alicia e Anthony quem abre


com um sorriso enorme. Alicia está sentada na beirada da cama com o
controle remoto na mão vendo os desenhos que estão disponíveis na Netflix.
Entro e me sento ao seu lado.

— Você não falou muito no jantar. — observo e ela não responde. —


Está tudo bem?

— Nada fora do comum. — da de ombros. — Jantar, sorvete e desenho.

— Parece uma noite bem agitada. — tento quebrar o gelo.

— Às vezes fazer isso faz parte da minha rotina desde que o Tony nasceu.
Provavelmente não é algo que você costume fazer a noite. — sinto uma
pontada de ironia na sua voz e enrugo a testa.

— Realmente, não era... — levanto-me apenas o suficiente para me jogar


na cama ao lado do garotinho que tem em mãos o pote de sorvete. — Agora
é! Eaí filhão, pronto pra assistir um fil.. — interrompo a frase no meio
encarando o olhar arregalado da Alicia. Merda! Acho que falei mais do que
devia. Olho para o Anthony que me olha com um sorriso enorme realçando
suas bochechas vermelhas. — Desculpa. — volto a encarar Alicia. — Saiu
meio que naturalmente...

— Mãe, você não vem assistir não?

— Estou... indo. — ela sussurra engatinhando para o outro lado da cama


deixando Anthony no meio. — Talvez amanhã possamos sair e... conversar.

Encaro seu rosto no mesmo minuto.

— Está falando sério? — arqueio as sobrancelhas e seu sorriso é resposta


suficiente.

— Mãe, você tem que deitar aqui... — Tony levanta na cama apontando o
meio. — Para você não ficar com medo.

— Eu não tenho medo. Agora deita!

— Mas manhê... — ele faz birra cruzando os braços.


— Anthony...

— Alicia você é menina... — eu intervenho. — Precisa de proteção.

— Meninas também sabem se defender. — ela empina o queixo de forma


afrontosa e dou risada. Não sei quem é mais criança.

— Chega! — puxo-a para meus braços e logo o filme começa.

O desenho desenrola na tela a minha frente, mas não consigo prestar


atenção. Alicia vira de lado para ajeitar Tony na cama e viro-me junto
ficando de conchinha, não resisto e afundo o nariz em seu pescoço sentindo
seu cheiro doce.

— Ele ainda está acordado... — ela adverte se remexendo nervosa é


minha ereção enrijece mais.

— Eu sei, mas ficar deitado assim não está ajudando. — sussurro


pesadamente.

— Presta atenção no filme!

— Shiiu!!! — Tony resmunga e percebo que alguém aqui está prestando


atenção no filme.

Subo a mão vagarosamente desenhando o corpo da Alicia e aproveito a


oportunidade para enfia-la baixo da camisa que ela está usando como pijama.
Ela se assusta com o toque e prende a respiração, mas não me afasta como
imaginei que faria. Chego até um de seus seios e sinto como o bico está rijo.
Claro que Alicia também quer isso. Eu estou quase enlouquecendo! Pressiono
minha ereção em sua bunda e aperto o seio que cabe perfeitamente de dentro
da minha mão. Ela deixa escapar um pequeno gemido é isso faz com que eu
consiga me afastar um pouco. Não podemos fazer isso com Anthony
acordado.

Volto a encarar a televisão, mas meu pau parece pulsar dentro da boxer,
tenho certeza que minhas bolas estão roxas de tesão acumulado. Não achei
que isso seria tão complicado, péssima ideia Alicia deitar no meio. Penso
comigo mesmo voltando a me aproximar dela.
ARTHUR BACKHAM
Termino de jantar e me distraio vendo as mensagens que estão chegando
sem controle no meu celular. Algumas semanas fora e Kiara não me deixa em
paz um minuto que seja. Eu nem sei por que ainda perco tempo respondendo-
a. Bom, ela é muito gostosa e gosta de me agradar. Isso com certeza conta.
Termino de digitar uma resposta rápida enquanto subo as escadas para o
andar de cima. O resto do pessoal foi beber na beira do lago e o casal do
momento nem preciso dizer nada, provavelmente estão trancados no quarto
com Anthony. Caminho sem fazer barulho pelo corredor extenso e fico
tentado a bater na porta ao lado do meu quarto, mas desisto e entro. Sinto que
estou me preocupando demais com a tal Sarah e só o que eu ganho dela são
respostas afiadas.

Sinceramente, eu nem sei como aguentei uma viagem inteira ao lado dela.
Percebi que além de metida a garota é um verdadeiro pé no saco. Não sorri,
não fala e não come. Na verdade tenho quase certeza que ela é um androide
alemão super desenvolvido e sem emoções. Um androide aparentemente
lindo, com lábios rosados em formato de morango, chamativos, sexy e que
aparenta ter um gosto extremamente viciante. Porra. Estou cheio de tesão
acumulado por causa de algumas horas perto da maldita Sarah. Só para isso
que ela serviu, para foder com meu juízo. Ter aquele par de pernas bem
embaixo do meu nariz no carro e não poder sequer encostar foi um sacrifício
que merecia reconhecimento. Além é claro, do fato de instala-lá quando
chegamos já que Nathan estava... ocupado.

Pelo menos alguém está se divertindo! Penso comigo mesmo bufando em


seguida. Sei que em algum momento o lance de me masturbar no banho
como um maldito adolescente punheteiro não vai mais funcionar, mas por
hora isso terá que servir. Chegamos praticamente agora e pelo que estou
vendo Ethan será o único a me acompanhar nas saídas, pois é o único sem
amarras nessa porra de viagem. Sinto frustração no minuto que tiro a camisa
jogando-a no chão do quarto e me esparramo na cama, eu gosto de dormir
sozinho, juro, mas não quando eu dou carona para loiras gostosas e com
lábios de morango. Caralho! Eu até consigo imaginar como seria sentir
aquela boquinha atrevida em volta do meu pau.

— Filha da puta! — ralho sozinho e me levantando irritado com intuito


de tomar outro banho gelado. Ethan que se prepare se tem intenção de se
envolver com aquela megera. Eu bem o vi a observando por um tempo longo
demais. E quer saber, nem sei por que isso está me incomodando tanto. Se ele
quer a loira isso não é problema meu. Por mais linda e intrigante que ela seja.

Merda!

Preciso parar de pensar ou vou enlouquecer. Pego uma toalha e caminho


para a porta. A maldita nem mesmo agradeceu por eu dar a ela a suíte. Ela
quem deveria ter de ir usar o banheiro no final do corredor.

Assim que fecho a porta um estrondo no quarto ao lado me faz ficar


paralisado. Volto alguns passos e já estou quase colando meu ouvido na
madeira da porta. Nenhum barulho constato por fim decidindo ignorar, mas
então ouço sua voz irritada xingar um palavrão. Suspiro derrotado e bato na
porta. Alguns minutos até que ela se abre e minha boca quase caí no meu pé.
Sarah está apenas de lingerie. Não acredito que ela abriu a porta desse jeito.
Seus olhos castanhos descem divertidos pelo meu corpo e então seus lábios
de morango se esticam em um sorrisinho safado.

— Oi... Tutu! — sua voz se arrasta para pronunciar as palavras enquanto


ela tenta se equilibrar apoiada na porta. E que porra é Tutu?

— Eu ouvi barulho... Você está bem? — pergunto tentando focar o olhar


em seu rosto, mas porra eu não sou feito de ferro e ela está vestida apenas
com uma maldita lingerie de renda branca.

— Eu cai — ela da de ombros e vira de costas para entrar. Encaro sua


bunda empinada coberta apenas com um minúsculo pedacinho de pano e
sinto meu pau chorar.

— Caralho. — resmungo e entro no quarto apressado quando escuto


passos na escada. — O que você acha que está fazendo? — olho na direção
da sua cama e percebo três garrafas de vinho vazias entendendo por fim o
motivo dela não estar sequer se aguentando em pé. — Você comprou isso?
— Vinho... eu comprei vinho e foi com o meu dinheiro. — da risada
pegando outra garrafa pela metade na penteadeira — Não resolve nada
economizar agora. Ele vai me achar de qualquer forma. — se vira na minha
direção apoiando na beirada do móvel e sorri antes de colocar a garrafa na
boca.

Ele? A pergunta se forma na minha mente e sem me dar conta já estou


questionando.

— Ele quem? Quem está te procurando? — caminho até ela pegando a


garrafa da sua mão. — Você pode falar comigo, Sarah.

— Você me acha bonita? — questiona mudando de assunto e brincando


com a ponta do cabelo.

— Você é linda. — suspiro.

— Acha que eu devo apanhar por conta disso?

— O que? — praticamente grito alarmado. — De onde você tirou isso?


Sarah, nenhuma mulher merece apanhar por motivo algum. — seguro seu
rosto entre minhas mãos. — Alguém... bateu em você? — as palavras saem
da minha boca com um gosto amargo. Imaginar que alguém seria capaz de
machucar sua pele de porcelana me deixa estranhamente irritado. Ela engole
em seco e seus olhos de perdem por alguns minutos em alguma lembrança.

— Não faz diferença. — fala por fim e sua voz agora não passa de um
sussurro quase que inaudível.

— Foi... o Nathan? — é uma pergunta idiota. Sei que Nathan não seria
capaz de fazer algo assim pelo que conheço dele, mas eu preciso saber. Porra.
Preciso muito saber. Seus lábios em formato de morango se repuxam em um
sorriso e percebo seu olhar suavizar enquanto ela pisca os cílios.

— O Nathan nunca me machucou. Ele me faz esquecer, eu queria que ele


olhasse pra mim como olha para ela. — seu dente fisga o lábio inferior e a
vontade de provar seu gosto aumenta em proporções inimagináveis fazendo
com que eu me afaste imediatamente dando uma golada no vinho, o gosto
suave e doce da bebida invade minha boca. Odeio vinhos suaves, na verdade
eu odeio qualquer tipo de vinho; só bebo em evento ou reuniões de família.
Deixo a garrafa na penteadeira e viro na sua direção. Eu me sinto
estranhamente incomodado. Alguém já a machucou? — Ei Tutu, eu gosto dos
seus olhos... Tem castanho neles! — ela tenta se aproximar e fracassa
tropeçando nós próprios pés.

— Porra, Sarah! — seguro em sua cintura mantendo-a no lugar e suas


unhas pintadas de vermelho arranham meu abdômen exposto pela falta de
camisa. — Você por acaso comeu alguma coisa hoje?

Mantenho minhas mãos em seu corpo para ajudá-la a manter o equilíbrio


e não sei o que fazer primeiro se colocá-la em um banho gelado ou me livrar
dessas garrafas antes que ela cause um acidente.

— Posso te beijar? — ela ignora totalmente minha pergunta enquanto


ainda mantém as mãos cravadas no meu abdômen. — Você me deixa com
calor.

— Eu te deixo com calor? — minhas sobrancelhas arqueiam. Ela tem um


rubor nas bochechas ainda mantendo um sorriso descarado no rosto e eu
percebo que ela fica ainda mais linda quando sorri desse jeito.

— Calor... Bem aqui — suas mãos descem para sua boceta e eu quase
engasgo com a saliva.

— Banho. Preciso te dar um banho. — a arrasto para o banheiro ao som


da sua gargalhada musical. Sento-a no vaso sanitário enquanto abro o
chuveiro. Só não sei quem precisa mais desse banho agora, se eu ou ela. —
Vem. — ajudo-a a se levantar.

— Está gelado. — ela grita tentando sair da água. Quando a enfio no box.

— Para com isso, Sarah. Você está me molhando. — tento segura-lá


embaixo do jato de água dando risada. Sarah é muito engraçada quando não
está sóbria. Uma novidade, afinal de contas. Desligo o chuveiro apenas
quando acho que ela está um pouco mais sóbria, mas sei que não resolveu
nada quando sou obrigado a carregá-la no colo para o quarto. A embrulho
com minha toalha e sorrio ao ver seu queixo batendo de frio. — Fica aqui. —
peço e tiro as garrafas da cama deixando no chão perto da penteadeira
mesmo. Pego uma das malas e consigo puxar o que parece ser um vestido.
Estico o pano o avaliando, e desisto. Apertado demais até para os meus olhos,
constato com uma careta. — Tenta se secar, eu já volto.

Saio do quarto apressado e desço para a cozinha. Ligo a cafeteira e faço


um pouco de café, coloco em uma bandeja com pão, queijo e alguns
morangos. Subo e passo no meu quarto para pegar uma camisa. Entro
finalmente no quarto e encontro Sarah sentada no chão com a mala aberta e
várias roupas espalhadas ao seu redor. Ela parece uma criança emburrada e
totalmente perdida no mar de roupas.

— Não achei à amarelinha! — ela bula tirando o cabelo molhado do


rosto.

— Trouxe essa. — estendo a camisa na sua direção. — Não é amarela,


mas é confortável.

— Tira meu sutiã. — ela pede levantando do chão com dificuldade.


Deixo a bandeja na cama e penso em uma forma de ajudá-la sem olhar além
do necessário.

— Vira. — ordeno e ela obedece prontamente, abro seu sutiã e a impeço


de se virar na minha direção. Essa é a primeira vez que tiro o sutiã de uma
mulher com a qual não vou transar. Olhar seus seios nesse momento seria
demais para minha sanidade e se isso fosse um teste eu sem dúvidas teria
passado. Visto-a com dificuldade e só a viro na minha direção quando sei que
não corro nenhum risco. — Trouxe café. — afasto-me quando ela se inclina
para tirar a calcinha.

— Obrigada por ficar comigo. — diz pesando por mim e indo para a
cama. Não acredito que ela tirou a calcinha. Não acredito que ela está nua.
Totalmente nua vestida com minha camisa. — Argh! Isso está sem açúcar...
— ela continua falando. — Tutu? Vem deitar comigo.

Odeio esse apelido ridículo e odeio achar isso sexy saindo de seus lábios.
— Não posso. — resmungo passando as mãos no cabelo. Eu não sou tão
forte assim. Porra, nenhum homem na minha posição seria.

— Pode sim. — levanta com a bandeja me fazendo ampara-lá antes que


derrube tudo no chão.

— Você devia deitar. — reclamo tirando a bandeja de suas mãos e


colocando na penteadeira.

— Você é tão bonito. — suas mãos enlaçam meu pescoço e sem que eu
espere ela me rouba um selinho. Parece que ela fica mais ágil sempre que eu
me viro.

— Não faz isso... — murmuro pesadamente e ela morde um morango que


eu nem percebi que estava segurando.

— Não me acha bonita... — ronrona enfiando os dedos no meu cabelo.

— Pra caralho...

— Então, me dá um beijo... — o sorrisinho sapeca volta a moldar seus


lábios.

— Não vou fazer isso. A última vez que soube de sexo misturado a
bebidas Anthony nasceu.

— Por favor, Arthur. Por favor, não me deixa sozinha, fica comigo! —
sua proximidade é o estopim do meu autocontrole. Seguro em sua cintura e
colo nossos lábios e como eu imaginei seu gosto é doce como o inferno. E
isso me deixa mais faminto por ela.

— Quem machucou você, Sarah? — sussurro em seus lábios quando


sinto a umidade das suas lágrimas em minha bochecha.

— Eu não posso... ele.. — soluça — Eu não posso.

— Shiiu! — a silêncio com meus lábios. — Me da um nome, eu prometo


que não vou deixar ninguém te machucar...
Encaro seus olhos com expectativa e até mesmo eu me assusto com
minha promessa. Eu não a conheço, Deus. Não faço ideia do que pode ter
acontecido, mas olhando-a agora sei que ela é frágil. Mais do que eu estava
esperando. Volto a beija-lá e caminho com ela para a cama. Minha
necessidade agora é cuidar dela e vê-la sorrir mais uma vez.
ALICIA
Sinto uma respiração pesada no meu pescoço e algo duro na minha bunda
fazendo-me abrir os olhos, Anthony já está dormindo a minha frente e o filme
finalmente acabou deixando agora a televisão acesa na página inicial da
Netflix. Faço movimentos mínimos para não acorda-lo e busco pelo controle
enquanto ainda sinto a ereção do Nathan roçando na minha bunda. Céus, eu
realmente preciso aprender me controlar perto dele, não acredito que ficamos
trocando carícias durante praticamente metade do filme. Ele até mesmo tirou
a camisa e a calça que estava usando e só não tirou a minha camisa, porque
estou praticamente nua por baixo e Anthony iria perguntar assim como
perguntou quando ele tirou a própria roupa alegando sentir calor. Faço um
movimento mínimo e de soslaio vejo que Nathan também tem os olhos
fechados. Mais uma noite dormindo juntos. Não sei o que estamos fazendo,
Emily acabou de chegar e durante a preparação do jantar não hesitou em
perguntar se estamos juntos. E eu não posso nem mesmo culpar só o Nathan,
já que também não foi fácil manter meus olhos longe.

Respiro fundo e consigo desligar a televisão sem me mover muito. O


calor do corpo quase desnudo do Nathan deixa meu corpo totalmente em
alerta.

— Quem mandou você desligar? — a voz rouca sussurra no meu ouvido


me assustando.

— Merda, Nathan! Achei que estava dormindo. — suspiro sentindo meu


coração batendo acelerado.

— Acha que consigo dormir excitado como estou agora? — ele parece
estar se divertindo com a situação e tenho certeza que está sorrindo.

— Pois deveria! — retruco irritada virando de barriga para cima e


puxando o máximo que consigo a camisa que estou vestindo.

— Na verdade estava esperando um garotinho de olhos azuis dormir, mas


ele aguentou bravamente cada minuto desse filme e dormiu só no final ao
contrário de você que me deixou na mão!

— Eu não deixei nada e pensando bem acho que já pode ir para o seu
quarto! — cruzo os braços.

— Eu não posso ir, prometi para o Tony que dormiria aqui com ele! —
sua mão toca minha boca e eu prendo seu dedo em uma mordida. — Caralho!
— ele se assusta e agora eu que estou dando risada.

— Você tem dois minutos...

— Para sair ou para estar dentro de você? — ele me interrompe. —


Porque se for para escolher, eu prefiro a segunda opção.

— Escuta Nathan, sei que estávamos fazendo coisas indecentes e...

— O que são coisas indecentes? — ele me interrompe de novo com uma


risadinha abafada.

— Você sabe muito bem! — reclamo e faço uma careta. Ainda bem que
está escuro, olhar para a cara de deboche que com certeza Nathan está
fazendo agora não me ajudaria em nada.

— Lice... — sua voz soa suave — Sabe que eu te amo, né?! — não
respondo — Eu acho que você também me ama... e sabe, é comum duas
pessoas que se amam fazerem coisas indecentes.

— Não quando elas têm uma criança dormindo com elas. — viro de
costas para ele arrumando bem a camisa no corpo para não ficar com a bunda
a mostra.

— Então você concorda que nós nos amamos? — ele se vira também
ficando em uma posição que acabamos de conchinha e claro que sentir o
volume mal contido na sua boxer me faz imaginar se ele esteve assim esse
tempo todo. Na verdade nem sei bem quando peguei no sono. Eu só me
lembro de receber carícias e cafuné que não recebia há muito tempo.

— Eu acho que você precisa sair da cama, agora. — sussurro com um


suspiro.
— Você poderia me levar até a porta? — pede levantando de repente e
me surpreendendo. Eu não estava esperando para uma aceitação tão fácil e
rápida. Melhor assim! Penso comigo mesma levantando também. Tateando
no escuro encontro e acendo o pequeno abajur que tem em cima do criado
mudo. Nathan ainda está parado perto da cama e criando coragem finalmente
o encaro nos olhos para me arrepender em seguida. Dou um sorriso fraco
para ele e tento com todas as minhas forças ignorar o fato dele estar
mordendo o lábio inferior com uma expressão de safado estampada no rosto,
enquanto me avalia de cima a baixo. Minhas bochechas estão quentes assim
como meu corpo inteiro depois desse olhar. Imagine se ele me tocar. Deus!
Preciso ser forte. Anthony está aqui no quarto dormindo.

Com esse pensamento tento passar pelo Nathan decidida a tirá-lo do


quarto, mas ele é mais rápido e me prende com um braço puxando o
prendedor que estava segurando meu coque no alto da minha cabeça com
outra mão livre. Abro a boca para reclamar, mas desisto quando ele
voluntariamente se afasta caminhando até as enormes janelas. Nathan abre as
cortinas com um pequeno barulho e fazendo a lua que está perfeitamente
colocada no mar marinho estrelado iluminar parcialmente quase todo o
quarto. Sinto-me encantada e hipnotizada com o brilho prateado que entra
através dos vidros e com a boca escancarada de admiração percebo agora o
quanto é difícil ver a lua do meu apartamento. A lua até mesmo parece maior.

Ele faz menção de abrir as janelas, mas olha de mim para o Tony e desiste
caminhando até parar na minha frente.

— Eu não vou sair Lice. — fala tão calmamente que minhas respostas
ficam presas na garganta. — Você escolhe... chão, parede ou aquele sofá. —
se abaixa quase me tocando e apaga o abajur deixando apenas o brilho
prateado da lua como iluminação.

— São essas as minhas opções? — mordo o lábio inferior e encaro o


sorriso se alargar no rosto a minha frente.

— Você me surpreende mais a cada segundo que passo ao seu lado. —


ele me puxa para seus braços e logo sua boca está na minha. A língua ávida
pede passagem entre meus lábios e eu cedo me deixando ser beijada.
Não teria como resistir. Nesse momento meu corpo só deseja uma coisa e
me encontro em um estado mais que disposto a atendê-lo. Caminhamos
juntos sem desgrudar nossos lábios até a parede próxima à entrada do
banheiro já que é a única longe da cama e livre. Assim que Nathan me
pressiona entre a parede fria e seu corpo musculoso minha camisa é a
primeira a ser descartada. Sua coxa grossa se posiciona entre minhas pernas
me mantendo no lugar enquanto suas mãos livres já passeiam livremente pelo
meu corpo.

— Não podemos fazer barulho... — gemo sentindo os lábios firmes do


Nathan trilhar beijos no meu pescoço.

— Entendi, sem barulho. — balbucia agora arranhando os dentes no


lóbulo da minha orelha e logo sinto seus dedos invadindo o calor entre
minhas pernas.

— Ahhh — gemo mais alto do que deveria para quem acabou de exigir
silêncio.

— Sem barulho! — desfere um tapa na minha bunda e é impressionante


como isso me excita, o toque do Nathan me faz sentir tão devassa e ao
mesmo tempo tão sem controle, que chega ser uma sensação estranha, porém
libertadora e que em uma velocidade absurdamente rápida me torna mais e
mais ligada e íntima do homem que eu sempre amei.

— Nathan... ohhh — aperto seus músculos enquanto seus dedos fazem


movimentos entrando e saindo da minha intimidade molhada e necessitada.

— Eu amo ouvir você gemendo meu nome! — tira os dedos de repente


me fazendo protestar e com um sorrisinho os leva a boca. — Tão gostosa...
porra, assim você me quebra Alicia!

Sentindo-me mais do que ousada, tomo o comando sobre nossos atos e


giro o corpo deixando-o agora contra a parede, desesperada busco sua boca
com a minha e pressiono meus seios no seu peitoral musculoso, cada
movimento excitando-me mais, e com certeza excitando-o também. Deixo
ainda mais meus instintos me guiarem e escorrego minha boca para seu
pescoço, depois para o seu tórax, lambendo e me esbaldando em seus
músculos duros, continuo descendo, e ouço-o sibilar enquanto enterra os
dedos nos meus cabelos me incentivando. É a dose de coragem que preciso.

Ajoelho-me diante dele e sem hesitar desço sua boxer. Seu pau salta
deliciosamente duro diante dos meus olhos, e é com uma vontade visceral
que colocou-o na boca, lambendo a glande antes de enterrá-lo até a raiz,
levando-o à minha garganta e trazendo de volta. Nathan passa a gemer alto
me obrigando a interromper meus movimentos.

— Sem barulho, lembra — sorrio olhando para cima e encarando seu


rosto contorcido de prazer.

— Sua safada! — geme escorregando o corpo na parede e sentando no


chão a minha frente. — Vem cá, minha menina levada.

Ele não precisa pedir duas vezes, eu estou ansiando por senti-lo e nem me
dei dou conta que preciso tirar a calcinha antes de montar em seu colo e
devorar sua boca.

— Sem calcinha... — Nathan passa a gemer nos meus lábios, mas


continuo esfregando meu sexo no dele, enquanto busco desesperada alívio
para o calor acumulado no meu ventre. — Você é mesmo uma devassa! —
desfere alguns tapas na minha bunda. Com o barulho ecoando no quarto
Anthony se mexe na cama e ele paralisa. Dou uma rápida olhada de soslaio e
continuo minhas investidas. — O Tony... Vamos para o banheiro?

— Tudo bem. — sorrio me sentindo uma adolescente novamente. Com


um pouco de dificuldade devido à falta de claridade nos levantamos e
entramos no banheiro, porém fazendo o mínimo de barulho possível.

— Se o Tony acordar...

— Shiiu!!! Ele está dormindo! Eu preciso te sentir agora, Nate. Bem


fundo e... forte.

— Seu desejo é uma ordem! — Nathan sorri e me sentando na bancada


do banheiro avança para minha calcinha rasgando o tecido com tamanha
facilidade que me deixa impressionada e fez meu corpo reagir imediatamente,
ondulando em expectativa. Estou começando a realmente amar bancadas. —
Quer que eu te coma aqui, Alicia? — sua mão passa a acariciar minha
intimidade encharcada.

—Ah... sim... — sibilo excitada.

— Você é mesmo uma putinha deliciosa. — suas palavras sujas me


deixam ainda mais necessitada. Nathan segura minha cintura e com um golpe
duro e certeiro entra em mim. Com a surpresa um grito agudo acaba me
escapando enquanto derrubo todos os produtos de cima da bancada no chão.
— Devíamos ter fechado a porta. Amor, segura meu ombro e por favor, por
favor, não grita. — ordena repetindo o movimento, seu tamanho me
alargando e misturando dor e prazer dentro de mim me obriga morder os
lábios com força e não demoro a sentir o gosto de cobre na minha língua.

— Ah! Porra! — o palavrão me escapa na terceira estocada. Nathan puxa


os meus quadris e invade novamente, com toda força, indo tão fundo, que
quase perco o controle sentindo tudo em mim implorando por mais.

— Quer assim, Lice? Está gostoso?

— Ah... sim...

Batidas na porta me fez quase encolher de frustração, Nathan prende


minha boca com uma mão e arregala os olhos olhando para o quarto.

— Lice, está acordada? — a voz da Lexi chama do outro lado e encaro o


Nathan que solta minha boca.

— A porta está destrancada... — sussurro arregalando meus olhos


também. Eu não preciso passar por mais um episódio constrangedor! Não
mesmo. — Oi... — grito de dentro do banheiro sem ter certeza que ela
consegue me ouvir já que minha voz mais parece um gemido estrangulado.

— Está sozinha? — ela questiona e encaro Nathan.

— Hum rum...
— Claro que está! Foi mal eu não quero atrapalhar é que amanhã vamos
fazer trilha de manhã. Espero vocês dois! Ok Nathan?! — se afasta e tenho
uma crise de riso.

— Parece que isso sempre acontece com você, Senhorita Montanari!

— Só quando estou com você, Carter! — acaricio o rosto do Nathan e


não consigo evitar me sentir como se fôssemos cúmplices de algo
extremamente errado, mas ao mesmo tempo tão certo e indescritivelmente
prazeroso. Sem sair de dentro de mim, Nathan termina o que começamos.
Como eu senti falta dele. Falta do sorriso entre um beijo e outro. E de como
se sinto segura em seus braços.

Voltamos para o quarto na ponta dos pés e rindo um para o outro como
dois adolescentes apaixonados, mas antes de alcançarmos a cama ele se move
silenciosamente e com muita agilidade nos levando para o chão.

— Você é maluco? O que está fazendo? — sussurro com uma risadinha


abafada.

— Preciso de mais. — responde simplesmente e logo estamos perdidos


um no outro mais uma vez.

Cada estocada dele me leva ao limite. Começo me mover junto com


Nathan, buscando-o ainda mais e logo meu corpo exige libertação. Juntos
chegamos ao ápice gozando e nos beijando de forma tão intensa que nossos
corpos ondulam em perfeita sincronia. Enquanto seu sêmen quente e seus
espasmos se fazem no meu interior pareço estar sendo partida em mil
pedaços, ao mesmo tempo que me sinto maravilhosamente satisfeita.

Finalmente ficamos imóveis e languidos no chão. Ainda dentro de mim,


Nathan me abraça apertado antes de se jogar ao meu lado.

— Acho que você me ama — fala depois do longo silêncio, sua boca
tocando minha orelha.

— Talvez um pouquinho — falo preguiçosamente.


— Porra, sem moral mesmo. Primeiro você me usa e agora vem com essa
pra cima de mim?! — ele tenta se levantar com pressa e bate a cabeça na
quina do criado mudo.

— Para de ser bobo! — digo me aconchegando em seu peito. — Podemos


tentar, mas no primeiro erro...

— Eu não vou pisar na bola. Eu te amo, porra, Alice eu te amo demais!

Eu até tento, mas não consigo evitar o riso de pura felicidade e satisfação.
Aqui, em seus braços, eu concluo que a vida não pode ficar mais fácil. E se
caso ela mais para frente decida não ficar fácil, tentamos com dificuldade
mesmo.
NATHAN
Abro os olhos sentindo meu corpo dolorido em partes que eu nem sabia
que poderiam doer. Esse é o resultado por dormir no chão. Depois do que eu
e Alicia fizemos acabamos pegando no sono e só acordamos quando os
primeiros raios de sol invadiram o quarto. Provavelmente castigo por ter sido
irresponsável, e eu bem que tentei relaxar com o sexo quente que tivemos no
banheiro, mas Alicia estava tão irresistivelmente tentadora e sorridente que
eu acabei caindo em tentação, de novo. Levanto tentando fazer silêncio e
caminho para o banheiro, parece que passei a noite malhando. Olho para
Alicia deitada ao lado do Anthony e respiro fundo. Não foi certo fazer o que
fizemos com ele aqui sem duvidas estou pagando o preço por minha total
imprudência, mesmo assim eu não pretendo contar isso ao meu filho, bom
quem sabe um dia quando ele for adulto e queira conversar sobre como eu me
apaixonei pela mãe dele, consigo lembrar uma vez que fiz isso com meu pai e
me arrependi amargamente no minuto que ele para me provocar desatou a
falar algumas das inúmeras besteiras que fazia com minha mãe e pior,
comigo ainda dentro do útero. O que na época eu achei o maior absurdo e
olha para mim agora, transando no chão do quarto onde meu filho estava
dormindo. Certo, me atirem pedras eu devo merecer, mas não consigo me
arrepender de nada. Faria tudo de novo e mais um pouco. Provavelmente essa
é apenas mais uma das loucuras que faço por amor. Entro no chuveiro e deixo
a água quente relaxar meus músculos rígidos.

— Qual a graça? — a voz da Lice chama minha atenção e abro os olhos.


Lice está deliciosa parada no batente da porta com o cabelo todo
desgrenhado.

— A graça é que nunca transamos em uma cama, como pessoas normais.


— falo e ela faz um biquinho pensando. Minha vontade agora é agarra-lá e se
possível não soltar mais.

— Isso é culpa sua, Carter! — estala os lábios por fim.

— Claro culpa minha, você estava mesmo sendo obrigada. — encaro seu
rosto com uma expressão de deboche.
— Se você considerar bem minuciosamente eu basicamente fui induzida
e até seduzida, porque que eu me lembre bem.. Eu sempre pedi para você
parar.

— Quer que eu ajude você se lembrar quais foram suas palavras ontem?
— arqueio as sobrancelhas. — Entra aqui!

— Mãe?! — uma vozinha chama e ela sorri.

— Quem sabe da próxima. — encara minha ereção já apontando e sai tão


apressada que nem consigo responder.

Termino o banho e enrolo uma toalha na cintura para sair já que não
tenho roupas aqui. Entro no quarto e encontro os dois dando gargalhadas.

— Posso saber que bagunça é essa? — questiono passando as mãos no


cabelo e fazendo algumas gotas de água respingar em volta.

— Tio, a mamãe dormiu... dorminhoca. — dou risada com a animação do


menininho agarrado ao pescoço da Alicia.

— Ah! Vou te dar umas palmadas, seu sapeca! — Lice começa fazer
cócegas em sua barriga e ambos caem deitados na cama. Isso me faz lembrar
quando minha mãe fazia isso comigo e meu pai ficava parado olhando e
sorrindo igual bobo do jeito que estou agora. Eu tenho uma família. Porra, eu
tenho uma família.

— Eu amo vocês! — falo e Alicia interrompe os movimentos me


encarando surpresa assim como o menininho que me encara com expectativa.
Aproximo-me dos dois. Não consigo esperar mais, nem ser chamado de tio!
— Então, Tony, eu e a sua mãe estamos querendo falar uma coisa com você.
— Alicia parece mais nervosa conforme eu falo. — Lice, eu acho melhor
falar de uma vez...

— Nathan, você não pode falar isso assim, precisamos preparar ele. Tem
que ser com cal...

— Tony, eu sou o seu pai.


— Nathan!!!

— O quê? — os olhos do Tony ficam enormes.

— Sabia! Deveríamos falar com calma.

— Mãe, o que o tio disse?

— Filho, lembra que a mamãe te falou que você tinha um pai, mas ele
tinha ido embora e não sabia sobre você? — conforme Lice explica — Tony
não para de me olhar. E tem tantas emoções nos olhos que eu fico sem saber
como reagir. — Então, meu amor, foi com o ti... Com o Nathan que eu
namorei para ter você. Mas depois ele teve que ir embora e eu não consegui
falar sobre você!

— Tony, você entendeu o que sua mãe falou? — questiono me


ajoelhando perto da cama e como resposta ele só assente com a cabeça.

—Tony, o Nathan soube de você e ficou muito feliz, agora queremos que
você saiba também.

— Exatamente, eu fiquei muito, muito feliz. Tony, eu sou o seu pai de


verdade.

— Você vai embora de novo?

— Não, não filho. Eu nunca mais vou embora. Eu era um idiota. Agora
eu tenho você e não vou nunca mais. — inesperadamente Tony se joga nos
meus braços me abraçando e começa a chorar assim como Alícia que tenta
disfarçar as lágrimas. — Ei, carinha eu te amei no minuto que coloquei os
olhos em você!

— Posso te chamar igual à mamãe chama o vovô? — ele me solta


limpando o rosto com as costas da mão.

— Só se você parar de chorar. — levanto bagunçando seu cabelo.

— Mãe... eu tenho um pai! — e era uma vez o choro. Agora Tony parece
ligado na tomada de tanta animação. — Vocês vão me dar um irmãozinho
agora?

— O que? — Alicia se assusta. — Tony, é cedo demais para irmãos...


talvez daqui alguns anos!

— Ou alguns meses. — sorrio sentando ao lado deles.

— Nathan, não incentiva, pelo amor de Deus! A mamãe não pode ter um
bebê agora, Tony!

— Por quê?

— Porque ela não quer filho. Se dependesse só do papai isso iria


acontecer rapidinho!

— Sério?! Como você pode me dar um irmão?

— Nathan! Tony lembra que a mamãe falou da cegonha? — ele balança a


cabeça em positivo — Então, nós estamos brigadas. Ela não quer me dar um
bebê agora.

— Caralho! Cegonha? — começo a dar risada.

— Não é cegonha igual no filme? Como é pai?

Paro de dar risada e encaro o Tony sentindo meu peito inchar de tanto
orgulho.

— Do que você me chamou Anthony?

— De pai... — ele praticamente sussurra fazendo uma careta de medo.

— Porra, eu nem acredito! — o puxo para os meus braços beijando o alto


da sua cabeça. Agora eu entendo o meu pai. Consigo entender perfeitamente
todas as vezes que ele pegou no meu pé. Eu tenho certeza que por esse
menino eu serei capaz de qualquer coisa.

— Então pai, me explica como é feito os bebês?


Oh, merda!

— Lice...

— Nem vem com Lice... vai papai, explica para ele. Quero ver! — Alicia
incentiva levantando e indo para o banheiro.

Enrolar o Tony foi mais difícil do que eu pensava sem contar os tapas que
eu recebi da Alicia em meios das suas risadas quando eu falei da famosa
sementinha que eu faria para ela engolir. Sim, foi o melhor que eu consegui
pensar no momento. O resto da manhã foi de pura farra, risos e gritos da
Alicia por conta dos palavrões perto do Tony.

— Eu só preciso colocar uma roupa! Eu já volto... — falo pela quinta ou


sétima vez me levantando para tentar ir até meu quarto. Alicia entra no quarto
com uma toalha e da risada.

— Ser pai é falar as mesmas coisas diversas vezes sem perder a paciência.
— ironiza.

— Estava tomando banho lá, mas com as orelhas aqui, né?! Curiosa! —
replico e ela me mostra a língua.

— Tony, o papai precisa ir colocar roupa. Ele não vai sumir! E você
precisa ir para o chuveiro.

— Tá bom, mãe. Eu to indo! — ele me solta e desce da cama caminhando


para o banheiro. — Pai, você liga o chuveiro?

— Abro, sim filhão! — caminho atrás dele para o banheiro.

Coloco Tony no chuveiro e já aproveito para pegar a escova de dente e


pasta, segundo ele, super incrível do homem aranha.

Volto para o quarto e encontro Alicia de costas penteando o cabelo


molhado. O vestido florido que ela veste chega até o meio das suas coxas a
deixando deliciosamente sexy.

— Que tal eu te dar umas sementinhas agora... — abraço-a por trás


arrancando dela um gritinho agudo.

— Argh! Nathan! Muito obrigada, mas eu passo! — se afasta de mim


indo calçar as sandálias. — Vá logo se vestir, porque seu filhão não vai me
dar sossego perguntando de você. — caminha rebolando para o banheiro.

— Também te amo. — grito para suas costas.

— Então some logo daqui! — rebate afrontosa.

Abro a porta do quarto e dou de cara com a Kete que me avalia de cima a
baixo e solta um assobio espalhafatoso como ela.

— Nossaaaaaaa... vou até desmarcar o oftalmologista que já achei o


colírio dos meus olhos! — fala me arrancando uma risada.

— Se controla Hello Kate!

— Eai... Resolveu com ela? — balanço a cabeça em positivo. — Falou


com o Tony? — repito o mesmo gesto. — Hummm... quer ajuda?

— Ajuda? — enrugo a testa.

— Para trocar de roupa! Emoção demais faz mal para o estilo.

— Desculpa, agora sou um menino comprometido.

— Mentiraaaaaaa!!! — grita arregalando os olhos. — Caralho! Alicia!!!


— passa por mim entrando no quarto e batendo a porta atrás de si.

— Sabia, que tem mulheres nessa casa, o Sr. peladão? — Lexi fala
batendo a porta do quarto um pouco à frente e interrompo os passos. — Está
explicado porque o Tarzan não foi para a trilha hoje cedo, né?! — encaro seu
rosto inchado e o cabelo que mais parece um ninho de passarinho e arqueio
as sobrancelhas.
— Você por acaso foi?

— Não. Eu estava ocupada sonhando com o David Hunter, até você e a


vadia chamada Katherine me interromper.

— Não faço ideia de quem seja esse...

— Fala sério, você não leu o livro Entre quatro paredes da Thea, não?!

— Não e nem quero. — faço uma careta. Prefiro fazer a ler.

— Pois deveria, o Sr, Hunter é maravilhoso. — sorri e mantenho minha


careta. — Então, porque a Kate estava gritan... espera, é verdade você dormiu
com a Lice e... puta merda! — passa por mim como um foguete entrando no
quarto também.

Eu não preciso entender essas mulheres. Decido por fim e caminho para o
meu quarto para finalmente vestir uma roupa. Hoje tudo indica que meu dia
vai ser cheio e me sinto estranhamente empolgado. Mas, antes preciso ligar
para minha mãe, tenho certeza que dona Dakota vai adorar saber a novidade.

— Sim, mãe! Ele gostou e já está me chamando de pai!

— Oh, meu Deus! Eu tenho o netinho mais lindo do mundo! — completa


fungando do outro lado da linha. — Quando vocês pretendem se casar, eu
vou comprar as passagens e...

— Dakota Carter, respira. — a interrompo. — Eu disse namoro!

— Ah, filho... até o final do verão você vai estar perfeitamente lindo de
smoking esperando ela na igreja! Pode escrever!

— Mãe! Para.

— Paieeeeeeê!!! — Tony grita entrando no quarto. — A mamãe tá te


chamando.

— Dylan você ouviu isso! Que coisa fofa... — minha mãe volta a fungar
do outro lado da linha.

— Filho, papai já está indo. Só vou terminar de falar com sua avó
chorona.

— É a vovó Helô? — questiona com os olhos brilhando.

— Não, essa é a vovó Dakota!

— Humm, posso falar com ela? — pede e sorrio entregando o celular. —


Oi vovó... eu to. Eu também gosto... do papai! E a mamãe fez um topete no
meu cabelo... tá bom, outro beijo, tchau vovó! — me devolve o celular.

— Estou muito orgulhosa de você, filho. Não estraga tudo. Parabéns


pelo Anthony ele é um menino muito esperto e especial. Se cuida e cuida da
sua família! Eu te amo.

Desligo o celular e encaro Anthony.

— Que tal tomarmos café?

— Ebaaaa!!! Vou comer cereal!

— Então vamos comer juntos, porque eu adoro cereal! — o pego no colo


sorrindo de orelha a orelha.

— Você tá feliz? — pergunta agarrando meu pescoço enquanto caminho.

— Feliz pra caralho!

— É... eu também pra caralho!

Talvez Alicia tenha razão em me estapear. Isso não é só uma criança, é


um gravador ambulante.
ALICIA
Enquanto Nathan e Tony brincam com os cereais sentados do meu lado e
totalmente alheios à nossa volta eu tento não derrubar minha segunda xícara
de café, porque a primeira já foi para o espaço. Beberico o líquido quente
escondendo o rosto o máximo que consigo atrás da xícara, mas sinto os olhos
de todos cravados em cada um dos meus movimentos.

— Qual é meninos, deixem a Lice tomar café em paz! — Emily sorri me


entregando o pote de geleia.

— Caralho! Não acredito que o Nathan é o pai do Anthony! — Arthur


fala apoiado no batente da porta. — Tio Rafael sabe disso?

— Não. — respondo enquanto passo geleia em uma fatia de pão. —


Quando eles voltarem de viagem, eu vou conversar com ele.

— Eles são parecidos, vai... — Kate fala sentando do meu lado. — A


única diferença é a cor dos olhos. Por favor, né?! Deixem de ser estúpidos e
parem de olhar para a Alicia como se ela tivesse cagado na mesa.

— Tão amável irmãzinha! — Matt faz uma careta para a Kate que mostra
a língua como resposta. — Estou feliz por você, cara! Mas se você sumir de
novo...

— Eu não vou sumir e abandonar minha família! — Nathan resmunga


mal levantando a cabeça.

— Nossa... que lindo! Minha família. — Kate remenda com uma


risadinha e eu belisco sua perna. — Aí! — reclama me encarando e eu
balanço a cabeça em negativo para ela que simplesmente da de ombros. Tia
Jess em pessoa.

Eu sabia que esse seria um dos questionamentos depois que descobrissem


sobre a paternidade do Anthony. Não é algo que dá para simplesmente apagar
ou deixar no passado. Infelizmente eu e Nathan fomos imaturos demais e
meu filho foi o único que acabou sendo afetado, mas olhando agora ele com o
Nathan não consigo deixar de me emocionar. Tony aceitou o Nathan como
pai tão rápido e eu imagino que não seria diferente. A química entre os dois
foi quase que instantânea. Pensar que dias atrás eu não queria nem mesmo
ouvir seu nome e agora me vejo constantemente com vontade de agarra-lo.
Família, eu realmente tenho uma pequena e adorável família para chamar de
minha e estou tão feliz que seria difícil descrever em simples palavras. Se
qualquer pessoa que me conhece me ouvisse dizer isso com a cara de
felicidade que estou exibindo agora, não acreditaria. Céus, nem eu mesma
acredito o quanto fico realizada em apenas ver o Nathan com Anthony no
colo fazendo algo simples como tomar café da manhã, tanto que eu idealizei
esse momento, que preciso me controlar para não ficar como uma boba
admirando-os. Poder finalmente viver isso mesmo em um espaço pequenino
de tempo me faz muito bem, e completa. De uma forma totalmente
inesperada, mas incrível. Esse é definitivamente o verão mais inesperado.

Depois do café da manhã nada convencional todos decidimos fazer um


churrasco no lago e eu mais do que depressa me ofereci para ir até o mercado
na cidade próxima para comprar os preparativos. Qualquer desculpa seria
válida para fugir das piadinhas e dos olhares especulativos. Nathan
obviamente iria comigo e com Anthony como as famílias que vemos em
comerciais segundo Kate fez questão de nos descrever. Arrumo Anthony na
cadeirinha e saio para buscar minha bolsa que esqueci na cozinha. Assim que
coloco os pés fora do carro Nathan me agarra e gruda os lábios nos meus.

— Nate! O Tony! — o empurro olhando para o safado do meu filho que


tem os dois olhos bem atentos em nós dois com um sorriso enorme
estampado no rosto.

— Essa noite você não me escapa. — Nathan sussurra piscando um olho


e indo para o lado do motorista.

Com um sorrisinho de puro contentamento entro na cozinha e encaro um


par de olhos castanhos que faz meu sorriso morrer tão rápido quanto um
flash. Eu definitivamente tinha me esquecido que a amiga do Nathan estava
na casa. Sem dizer uma palavra vou até a geladeira pegar uma garrafinha de
água, já que o sol está especialmente quente.
— Ele me falava de você! — ela fala e interrompo meus movimentos
com a porta da geladeira ainda aberta.

— Eu não tive intenção de intervir no quase relacionamento de vocês. —


suspiro e fecho a geladeira. — Provavelmente você já sabe sobre o Tony!

— É eu sei... — ela responde — Nathan parece... humm... feliz com a


notícia. Não se preocupe Alicia, eu pretendo sair dessa casa para não
atrapalhar o casalzinho. Pode te sido divertido enquanto durou, mas ao que
parece ele nunca me amou de verdade.

— Não posso dizer que sinto muito. — sou sincera. Eu realmente não
sinto que eles tenham acabado e no fundo posso estar sendo uma pessoa
egoísta, mas realmente espero que ela vá.

— É claro que não. — replica praticamente rindo. — Só espero que sejam


felizes! — empina o nariz caminhando para o outro cômodo e logo Nathan
me grita. Essa mulher é tão... Argh! Seu ar de superioridade me estressa.
Talvez ela não faça por mal, tia Dakota tem o mesmo jeitinho, mas não sei,
ela é tão amável e sincera. Parece totalmente o contrário dessa Sarah.

— Achei que tinha ido pegar a bolsa no seu apartamento em Nova


Iorque! — reclama quando abro a porta do carona.

— Encontrei sua amiguinha... — faço uma careta.

— Sério. Como ela estava? — questiona com demasiado interesse e tento


me manter neutra engolindo com dificuldade o bichinho do ciúme que
ameaça dar as caras.

— Estava do mesmo jeito! — balanço os ombros.

— Preciso conversar com ela! — explica dando a ré no carro para


manobrar para a estrada. — Mas, você está bem? Ela te falou alguma coisa...

— Não, nada... — resmungo olhando pela janela.

Nathan passa o caminho todo até o mercado cantando as mais variadas


músicas de rock e incentivando meu pequeno a gostar também. Eu até que
tentei colocar outros estilos como pop, mas sem chance... a trilha sonora
estava delimitada em The Beatles, The Rolling Stones, Led Zepellin e
AC/DC, definitivamente nada de Beyonce, Rihanna, Ariana Grande ou a
maravilhosa da Adele para mim. Assim que chegamos ao estacionamento o
celular do Nathan toca e não consigo evitar ler o nome Mandy que aparece no
painel do carro. Desço apressada e vou pegar o Anthony na cadeirinha já
aproveitando para passar as regrinhas básicas que as mães nunca devem
esquecer quando o assunto são compras no mercado. Caso contrário o muito
safado do meu filho vai querer levar de tudo e como toda criança que nasce
com o único intuito de enlouquecer os pais, ele vai me deixar de cabelo em
pé. Tento ao máximo me manter entretida com o Tony, mas acabo ouvindo
Nathan dizer que depois retorna a ligação, pois está ocupado. Sim, eu
realmente estava falando com o Tony, mas prestando atenção na ligação
alheia, quem nunca fez isso?! Tento não me importar, mas primeiro foi a
Sarah e agora uma ligação. Eu preciso saber diferenciar as coisas. Talvez o
fato de ele assumir Tony publicamente não inclua assumir um romance
comigo. De qualquer forma foi isso que o fez ir embora no passado.

— Vamos! — ele chama se aproximando de mim e pega Anthony no


colo.

— Ele sabe andar, Nathan! — suspiro fechando a porta do carro. Tenho


vontade de perguntar quem era a tal Mandy, mas desisto. Isso não é da minha
conta.

— Sei disso, amor. Mas, não me importo em carregá-lo. — sorri e forço


um sorriso em resposta que fracassa quando vejo sua testa enrugar.

— Vai carregar ele o tempo todo? Sabe que vamos precisar pegar coisas
pesadas, certo? — tento começar outro assunto tentando fazê-lo parar de me
encarar.

— Vou colocar ele em um carrinho, ok? — o sorrisinho se mantém no


seu rosto.

— Tá! — respondo com uma careta.

— Porque está com esse bico? — ele segura meus lábios entre os dedos e
consegue me deixar irritada em um milésimo de segundo. Juro que a ligação
não me irritou, mas isso... isso é inaceitável.

— Para de ser idiota! — dou um tapa na sua mão e isso o faz rir ainda
mais. Bufo uma lufada de ar e começo a andar na frente até essa irritação
boba se esvair.

— Caralho! — eu paraliso e viro para trás com os olhos arregalados. Sim,


esse foi o meu filho falando. Fecho os olhos e levo às mãos as têmporas já
imaginando na minha mente várias formas de assassinar o imbecil do...

— Nathan!!! — praticamente grito. Abro os olhos de novo e tenho quase


certeza que estão faiscando.

— Lice, ele disse carrinho. — Nathan me direciona um sorrisinho fraco.

— Carrinho?! Ele disse carrinho, Nathan Carter. Eu não acredito que


você...

— Lice? — a voz do doutor Erick me interrompe e me viro na direção do


som. Respiro fundo e tento não parecer uma assassina pronta para matar.

— Erick! — sorrio. — Oi, como você está? — me aproximo dele


depositando dois beijinhos em seu rosto.

— Estou bem... e poxa, você fica mais linda a cada dia que passa, já faz
um tempinho que não nos vemos. Como está o Tony?

— Bem... ele está bem. — olho para a cara seria do Nathan e volto a
encarar o pediatra do meu filho. Claro que depois de conhecer o médico do
meu filho as meninas tentaram marcar um encontro e por sorte eu me
esquivei. Doutor Erick é jovem e lindo assim como é mulherengo ao
extremo. Tenho certeza que eu não seria a única mãe a esquentar sua cama.
— Erick, deixa eu te apresentar... — me aproximo do Nathan que está quieto
demais — Esse é o... Nath...

— O pai do Tony. — Nathan me interrompe e eu o encaro.

— Nathan, esse é o doutor Erick pediatra do Tony. — friso a palavra


tentando amenizar sua carranca, mas isso obviamente não acontece.

— Tudo bem, Nathan? — Erick estende a mão que Nathan aperta sem
dizer uma única palavra. — Eai, garoto... não acredito que você cresceu mais
desde a última vez que nos vimos... — brinca bagunçando o cabelo Tony que
sorri o cumprimentando com o toque de mão que virou costume entre os dois.

— Eu to bem... eu cresci um tantão assim... — Tony fala abrindo os


braços.

— Eu sei que cresceu! — Erick sorri focando agora sua atenção no rosto
tenso do Nathan — Não me lembro de ter te visto em nenhuma consulta. —
conclui perdendo uma ótima oportunidade de ficar calado.

— Deve ser porque a consulta não era minha e sim do Anthony. —


Nathan retruca contraindo a mandíbula.

— Então, Erick não esperava te encontrar tão longe de Nova Iorque. —


intervenho quando percebo que a atmosfera se tornou tensa demais. E ambos
estão se encarando de forma nada amigável.

— Sabe como é né, linda. — Erick arrasta os olhos na minha direção


preguiçosamente — Peguei uns dias de folga do hospital, e decidi me afastar
um pouco da bagunça de Nova Iorque. — sorri de forma safada e me
surpreendendo captura uma mecha do meu cabelo. Fala sério, ele só pode
estar de brincadeira!

— Entendi... hã, foi um prazer te encontrar, mas eu tenho que ir... — me


afasto rapidamente do seu toque.

— Claro, fique a vontade. Ainda vamos marcar aquele café! — segura


meu braço e deposita um beijo no canto da minha boca. Filho da puta! —
Tchau carinha, continue crescendo. Foi um prazer... — sorri para o Nathan.

Permaneço virada de costas sem entender o que deu nesse homem para
fazer isso.

— Ele te deu um selinho?


— O que??? Claro que não! — viro exasperada para trás.

— Vocês já...

— Não! — interrompo Nathan apressada. — Erick é só o pediatra do


Tony.

— Ele é o doutor legal, pai! — Tony segura o rosto do Nathan fazendo-o


encara-lo e acabo sorrindo. Essa palavra se tornou a favorita dele desde que
falamos com ele.

— Ele não é legal filho, ele é um babaca! — Tony parece pensar.

— Para de ensinar coisas erradas para o menino. — resmungo.

Entramos no mercado e pegamos o necessário para um excelente


churrasco e infelizmente cruzei com Erick mais duas vezes, na primeira vez
ele passou sorrindo de orelha a orelha, mas estranhamente depois que Nathan
e ele ficaram sozinhos no setor de bebidas por alguns minutos ele pareceu ter
mudado da água para o vinho, pode ter sido impressão minha, mas ele passou
por mim todo sério evitando sequer olhar na minha direção quando Nathan
quem exibia um sorriso enorme de contentamento.

Eu nem preciso dizer que o Anthony colocou quase metade do mercado


dentro do carinho com a permissão do idiota do pai dele. Ele sequer precisava
pedir, Nathan fazia questão de pegar qualquer coisa que ele gostasse ou
encarasse por mais de um segundo.

— Acho que precisamos colocar alianças. — Nathan fala batendo a porta


do porta malas após guardar sozinho todas as compras.

— Como assim Alianças? — termino de arrumar Anthony na cadeirinha e


fecho a porta do carro.

— Sim, um pequeno e redondo aro de metal, que usamos no dedo e...

— Eu sei, engraçadinho. — reviro os olhos e ele dá uma risadinha


apontando o carona para que eu entre.
— Então, acho que precisamos de um par.. — continua entrando no
banco do motorista e se inclinando na minha direção.

— E quando precisamente você começou achar isso? — pergunto


arqueando as sobrancelhas.

— Quando aquele doutorzinho de merda tocou em você.. — passa as


mãos no cabelo bagunçando mais seu penteado desgrenhado. — Não gosto
de ver outro cara tocando em você com tanta intimidade.

— Sério esse é o motivo? — pergunto de forma irônica. — Nathan...

— Lice... — me interrompe. — Hoje eu recebi uma ligação da diretora da


universidade, eu decidi ficar de vez em Nova Iorque.

Arregalo os olhos totalmente surpresa.

— Vai abrir mão da universidade? — sussurro. — Você não precisa fazer


isso.

— Eu estou praticamente formado. — da de ombros. — E isso não vem


ao caso. Eu só preciso do seu sim.

— Meu sim?

— Exatamente.

— Como assim? Você pretende me pedir em namoro? — arqueio uma


sobrancelha esperançosa e ele dá um sorrisinho de lado.

— Claro que não, não vou te pedir em namoro de onde tirou isso? — vira
para frente e liga o carro para sairmos do estacionamento. Nossa! Acho que
agora ficou bem claro que um relacionamento entre nós dois realmente não
vai acontecer. Penso comigo mesma enquanto internamente me afundo no
meu próprio sentimento de desapontamento. Eu estava mesmo nutrindo uma
esperança que isso fosse acontecer. Olho para ele um tanto sentida e ele dá
uma gargalhada provavelmente se divertindo com minha cara de idiota
apaixonada. — Eu vou te pedir em casamento Alicia Montanari! — conclui.
— O QUE????? — grito engasgando na minha própria saliva.
KATHERINE BACKHAM
Puta merda.

Apenas uma noite e meu cérebro parece borbulhar de ideias. Sento na


cama e gemo um lamento baixinho enquanto seguro a cabeça em minhas
mãos decidindo o que fazer primeiro. Minha ficha ainda não caiu. É
inacreditável que realmente o Ethan está aqui e pior ainda que ele tenha
mostrado interesse justamente pela nova protegida do meu irmão. Pudera,
desde os tempos de colégio ele só consegue me enxergar como a irmãzinha
intocada dos amigos. Nem mesmo quando me levou ao baile foi diferente,
muito pelo contrário, nós nos beijamos e depois ele decidiu ignorar
totalmente minha existência com a desculpa que eu era nova demais. Sim, na
época eu quis matá-lo. Até porque eu tenho a mesma idade que ele. Mas,
como a melhor atriz do clube de teatro da escola me sai muito bem em
ignorá-lo e provocá-lo o máximo que nossa proximidade permitia já que ele
passava muito tempo na minha casa. Eu sabia que Ethan me desejava
simplesmente pelo jeito que me cobiçava com o olhar. Então, fazê-lo sofrer
era minha diversão número um. Apaguei qualquer resquício de sentimentos,
porque eu e ele na junção "nós" nunca existiria e simplesmente o desejei pelo
motivo mais óbvio e insignificante de todos... ele estava me evitando. Ethan
se tornou um desafio, delicioso e muito, muito suculento. E eu nunca fui de
fugir de um bom desafio. Ficamos nessa até a formatura quando ele decidiu
se mudar para a casa dos avós do outro lado do planeta em tão... tão distante.
Acredite eu chorei feito uma criança que recebeu seu primeiro não. Os anos
passaram e eu jurava que não o encontraria nunca mais ou pelo menos
contava com isso já que nunca tivemos nada além de um beijo estúpido. Eu já
tinha dado essa história por encerrada. Até esse momento.

O fato é que ele continua extremamente lindo. E eu arrisco dizer que


muito melhor. O típico cafajeste sexy, que me faz tremer nas bases. Foi difícil
esquecer cada maldita polegada daquele rosto que estava gravado no meu
cérebro de uma forma insuportável, mas eu consegui e foi só olhar para ele
agora que tudo veio à tona como num flash. Volto a ser a Kate adolescente só
em estar perto dele. Céus! Tanto que eu tentei me envolver com outras
pessoas e não consegui passar de alguns beijos. Não que eu tenha feito um
voto de castidade ou algo do gênero, chega ser irônico que eu pegasse tanto
no pé da Alicia, quando eu também não cheguei concluir essa questão... por
assim dizer.

Levanto e vou até a cômoda. Meu rosto me parece sem graça demais. Eu
sou por completo. Como Ethan olharia para mim. Ele que é lindo, alto e com
músculos digno de um atleta dedicado. Há uma insinuação de barba por fazer
sombreando o rosto másculo e o nariz dele é perfeito. Santa porra, aquele
nariz é um charme. Juro que tentei me manter centrada, mas bastou uma noite
no lago perto dele para perceber que sua postura de não-dou-a-mínima-para-
Kate permanece intacta. Maldito. Inacreditável que depois de praticamente
três anos sem me ver ele segue com essa linha de pensamento arcaica.
Suspiro derrotada enquanto a escova escorrega nos meus fios castanhos.
Dessa vez eu não vou facilitar para ele, não que eu tenha feito isso antes, o
fato é que Ethan é um objeto de prazeres proibidos ofertado pelo próprio
demônio e eu vou ter minha vez com ele. Meu verão acabou de ganhar um
novo propósito. Depois de tanto tempo não posso me tornar uma virgem na
meia idade. Ok, não é como se eu estivesse me oferecendo a qualquer um. Eu
conheço o Ethan e sou atraída por ele desde os tempos de colégio. Por mais
que não queira, o infeliz me tem completamente. E eu me decidi. Não vejo
mal em usá-lo para um propósito onde ambos serão beneficiados.

Coloco o short jeans, a parte de cima do biquíni e colocando meu celular


no bolso, desço. A casa está vazia. Ao que parece todos foram à cidade
próxima. Alicia está no mercado com Nathan. Lexi foi com Matt e Emily e
Arthur decidiu levar a tal da Sarah para conhecer as redondezas. Nem preciso
dizer que Ethan está sumido desde o café da manhã. Desço os degraus
calmamente enquanto balanço o vidro de protetor solar. Eu amo dias
ensolarados e justamente por isso não quis sair. Vou apenas deitar e curtir o
silêncio e o som do lago. Esse é o que me faz querer vir para cá todo ano. A
tranquilidade. Só preciso deitar e respirar. Nada mais. Preparo o drink que
minha mãe me ensinou com morangos e vodka e vou em busca da minha
felicidade.

Chego à enorme varanda e minha respiração engata na garganta. Meu


coração quase sai pela boca. Ethan está sentado em uma das espreguiçadeiras
sorrindo para uma ruiva que parece hipnotizada. Encaro-o com um sorrisinho
e ele me olha de volta de um jeito que não posso descrever ou identificar.
Mas me intriga. Tenho vontade de dar meia volta quando a ruiva toca seu
braço com intimidade, mas obrigo meus pés seguirem enquanto ele
acompanha meus movimentos. Desço a escada degrau por degrau
bebericando o líquido avermelhado no meu copo.

— Olá! — digo passando por eles sem esperar por respostas e


caminhando para uma das espreguiçadeiras. Posicionada perto de onde eles
estão sentados bebendo.

— Ethan, vai ser legal se você for... — a voz feminina fala de forma
melosa e reviro meus olhos.

— Não gosto de baladas, linda. Mas por você eu vou! — ele responde e
minha vontade é vomitar. Tomo um generoso gole da minha bebida e decido
ignora-los por hora.

— Katherine, se lembra da Valery? — Ethan questiona se levantando e


mal me inclinando dou uma expiada por cima do ombro. Claro que me
lembro da garota que fazia questão de contar para escola toda que eles tinham
um caso. Infelizmente sou obrigada a encontrá-la todo verão na cidade, já que
os pais dela tem uma casa do campo por aqui. Só não achei que ela chegaria a
tanto. — ...Ela encontrou com o Matheus na cidade e ele a convidou para o
churrasco. Esse é o irmão dela Adam acredito que também deva se lembrar.
— explica dando de ombros.

Meus irmãos e suas ideias estúpidas. Dou uma boa olhada nos dois e
sorrio para o loiro nada parecido com a irmã. Adam ao contrário da Valery
sempre foi muito gentil apesar de ser um cretino em se tratando do sexo
feminino. Acho que na escola eu fui uma das poucas a resistir seus cortejos.
Meu foco estava totalmente no moreno deliciosamente sério encarando meu
decote com demasiado interesse.

— Lembro... fiquem a vontade. — forço um sorriso.

— Estamos combinando de ir a uma boate que abriu recentemente lá na


cidade, se quiser ir? — Adam fala chamando minha atenção e me medindo de
cima a baixo.

— Ela não quer. — Ethan se intromete e responde por mim me fazendo


arquear as sobrancelhas em surpresa. — Katherine está de férias com a
família. — Odeio essa formalidade. Ela não combina em nada com o que eu
tenho em mente para nós.

— Na verdade... eu adoraria — o sorriso se espalha por meu rosto


quando abro o primeiro botão do short e Ethan arregala significativamente os
olhos. Talvez agora seja o momento ideal de iniciar meu plano. — Preciso
mesmo me divertir. — concluo piscando os cílios.

— Perfeito, pego você às nove. — Adam diz animado.

— Ethan... — chamo da forma mais graciosa que consigo. — Me ajuda


com o protetor? Eu não alcanço minhas costas. Seguro o cós do short pelas
laterais e empurro a peça para baixo com toda a calma curvando-me mais do
que o necessário quando faço isso. Ethan se aproxima e tira o vidro da minha
mão com um puxão. Encaro seu rosto com minha melhor expressão de
Anastácia Steele na sala de jogos.

— Vai nos meter em problemas, não sei por que tirou essa porra de short.
— sua voz é fria, mas seu olhar é penetrante e quente. Oh, Deus. Isso é tão
excitante.

— Está calor... — dou um sorrisinho quando sinto sua mão deslizar nas
minhas costas e porra; elas são tão suaves. Grandes e áspera na medida certa,
despertando em mim desejo de senti-las em outras partes. — Também não
alcanço meu bumbum, você poderia, por gentileza, passar aí? — dou uma
risadinha abafada e sorrio ao ver por cima do ombro que ele engoliu em seco.

— Nem fodendo. Não vou encostar na sua bunda. Faça você mesma e
também não é como se fosse grande coisa... — ele arqueia a sobrancelha
quando vê que eu me incomodei e bufa jogando o vidro na espreguiçadeira
antes de se afastar.

Não é grande coisa? Qual é, eu sou filha da Jessica Beckham, herdar o


bumbum dela foi meio que uma obrigação. E agora isso? Pois, ele vai ver se é
ou não grande coisa. Se antes eu estava receosa em ficar apenas com o
biquíni isso evapora em questão de segundos. Viro-me de costas para ele e
abaixo para pegar o copo que está surpreendentemente no lugar certo. A
forma que me curvo quase tocando o chão faz minha bunda enfiada em um
belo fio dental preto, praticamente se estampar em sua cara e eu balanço um
pouco mais, de propósito. Ouço um engasgar atrás de mim, mas não me viro
para ter certeza de quem faz o som. Está bom para você Ethan?

Abro os olhos e percebo que estou sendo carregada para dentro da casa.
Droga, acabei pegando no sono e estava me distraindo tanto com a tagarelice
do Adam que depois de uns minutos se juntou a mim. Ok talvez isso tenha
me feito dormir. É uma hipótese a ser considerada. Tento sentir desconforto
devido ter ficado no sol, mas isso não acontece. Barulhos no andar de baixo
mostra que alguém chegou, mas então eu já estou dentro do quarto. Sou
colocada na cama e então um par de olhos avelãs com um pouco de verde me
encaram.

— Estava acordada?

— Não, mas se quiser me pegar de novo estou à disposição! — me


espreguiço e Ethan me avalia, ele realmente me olha com cobiça, despertando
em mim desejos adormecidos. Ethan me deixa quente. Vontade de fazer o
que nunca tive coragem. E então em um piscar de olhos, não há nada lá,
como se ele nunca tivesse me dado aquele olhar. O interesse facilmente
substituído pela indiferença e um enorme vazio.

— Não acho uma boa ideia você sair com o Adam. — ele se endireita.

— Isso não é da sua conta!

— Sério? Achei que você tinha amadurecido, mas pelo que estou vendo
continua agindo igual criança... — caminha pisando duro para a porta.

— Você vai para a balada e eu querer ir depois de ser convidada me torna


uma criança? Por favor, estou a todos ouvido, me explica à lógica? — me
levanto irritada e cruzo os braços.
— Adam não quer nada além de sexo, e você facilitou muito com aquela
cena... — passa as mãos no cabelo de forma exasperada. — Só não acho
prudente ficar com um cara tão...

— Tão? — incentivo com uma risadinha. — Não vou ficar com ele, estou
me guardando para outra pessoa...

Ele não responde e abre a porta do quarto saindo tão rápido quando é
possível. Caio sentada na cama. Talvez isso seja mais fácil do que eu estava
esperando.
NATHAN
Chegamos à casa praticamente junto com todo mundo. E logo iniciamos o
churrasco, todas as meninas se reuniram na cozinha para agilizar algumas
coisas e eu fiquei na varanda com os meninos e Tony que acordou e não quis
sair do meu lado. Durante o trajeto de volta Alicia não respondeu minha
pergunta, mas sua expressão de contentamento bastou para eu perceber que
realmente é isso que eu quero. Eu já perdi tempo demais longe. Vou pedir
transferência da Universidade apenas para pegar meu diploma e não vou me
afastar nunca mais das duas pessoas mais importantes da minha vida. Já até
consigo imaginar como minha mãe vai ficar com a notícia.

— Seu filho é lindo, Nathan. — Valery fala encarando Anthony


encantada. Ao que parece ficar com as meninas na cozinha não é uma opção
para ela, até mesmo a Sarah entrou surpreendo eu e Arthur que não tirou os
olhos dela desde que chegaram.

— Parece com a mãe. — sorrio bagunçando o cabelo do Tony que mal


levanta o rosto do meu celular. Eu não imaginei que ter aplicativos de jogos
no celular um dia fosse servir para alguma coisa.

— Você não se confunde? Namorar uma gêmea deve ser complicado... —


ela fala brincando com a ponta do cabelo ruivo e sentando ao meu lado.

— Eu sempre sei quem Alícia é, ela a Lexi são mais diferentes do que
aparentam e também, Lexi agora está loira. — dou de ombros. Eu nunca
confundi as duas por incrível que pareça. Mesmo Lexi sendo igual Alicia
fisicamente eu me apaixonei pela pessoa maravilhosa que Alícia é. Pela sua
personalidade. Tenho certeza que mesmo se Alicia tivesse quatro irmãs
gêmeas, ainda assim ela sempre seria minha escolha.

— Nate, quando você tiver um tempinho troca a camisa do Tony, essa ele
sujou de sorvete no mercado. Coloca a regata preta e joga essa no cesto
dentro do banheiro. — Lice fala se aproximando de mim e me entregando
uma garrafa de corola.
— Tudo bem, amor. — sorrio pegando a garrafa da sua mão e dando uma
boa golada no líquido gelado. — Se lembra da Valery? — questiono
apontando com a cabeça para a garota ao meu lado e ela arrasta os olhos do
meu rosto com uma expressão desanimada.

— Ah, oi. — resmunga com um meio sorriso e volta me encarar não


esperando por resposta. — Faz esse favor, porque a Kate disse que vai tirar
algumas fotos.

— Estou indo, senhorita. — levanto e ela sorri em resposta me dando um


tapinha de leve no braço.

— Passa um pouquinho do creme de morango no cabelo dele para tirar o


topete do olho... E você querida, não quer entrar e ajudar na cozinha? —
arqueia as sobrancelhas olhando agora para a ruiva que encara meu abdômen
descoberto pela falta da camisa. — Ficar no meio dos meninos deve ser...
chato. Lá podemos conversar melhor.

— Sou péssima com cozinha, prefiro ficar aqui mesmo. — Valery sorri.

— É claro. — Lice faz uma careta. — Coloca uma camisa também, tá! —
fala na minha direção e sobe os degraus para dentro da casa apressada. Pego
Tony no colo e não consigo evitar o sorriso.

— Nathan cuidado! — Arthur grita me fazendo parar e encara-lo. —


Acabou de pisar na sua masculinidade. — completa e joga a cabeça para trás
dando risada. — Já estão nesse nível? Caralho!

— Vá se foder! — devolvo rindo.

— Sabe o que é isso? — ergue para meus olhos a mão livre com o punho
fechado. Balanço os ombros em resposta. — Isso, são suas bolas.

— Quer vim aqui pegar o pau também? — dou as costas para ele subindo
as escadas.

Entro com Tony e quando chegamos ao quarto finalmente o trago de


volta a realidade tirando o celular da sua mão, ele até tenta reclamar, mas
ameaço que Alicia vai ficar nervosa se ele não se arrumar e ele desiste.
Coloco-o em cima da cama e tiro sua camisa indo para o banheiro.

— Pai, eu posso beber? — fala chamado minha atenção.

— Quando você crescer e ficar do meu tamanho. — respondo e ele dá


uma gargalhada, mas olhando para a garrafa de cerveja que coloquei em cima
do criado mudo. — Não mexe, papai já volta.

No armário a parte mais difícil foi achar a tal regata preta e quando
finalmente achei meu filho muito travesso não quis de nenhuma forma
colocar. Acabei por colocar nele uma camiseta azul com estampa de herói. O
cabelo foi fácil e assim que me dei por satisfeito sai com ele do quarto e fui
no meu pegar uma camisa para mim.

Entro na cozinha e Kate já me faz parar e fazer pose para foto. Ajeito
Tony nos meus braços e sorrio para a minúscula câmera no celular.

— Tal pai tal filho! Vou mandar para o tio Rafael. — da uma risadinha.

— Eu não tenho medo dele! — dou de ombros.

Inesperadamente Sarah não foi para o quarto e está sentada à mesa


cortando frutas distraidamente e olhando-a agora ela me parece bem menos
preocupada. No fogão Lice e Lexi estão mexendo em duas panelas e o cheiro
faz meu estômago protestar de fome.

— Nathan, não acredito que colocou essa camisa nele. — Lice suspira
nos encarando. — Vai manchar de gordura.

— Depois é só lavar! — dou de ombros sorrindo e colocando ele no chão.

— Vem Tony, vamos tirar foto perto do lago. — Kate chama segurando
em sua mão.

— Cuida dele, hein! — falo quando eles começam se afastar e ela vira
mostrando o dedo do meio. — Filho se essa maluca te deixar sozinho você
avisa o papai. — grito quando eles passam pela porta.
Aproximo-me da Sarah e sento à mesa do seu lado.

— Está gostando mesmo dessa coisa de ser pai, não? — sussurra nem
sequer levantando o rosto para me encarar.

— Como você está? — questiono de forma gentil e ela finalmente levanta


a vista do que está fazendo e me encara.

— Bem. Estou bem. Hoje Arthur me levou para conhecer a cidade que
tem aqui próxima e, parece um lugar ótimo para morar...

— Morar? Está pensando em mudar para cá? — minha expressão agora é


de puro espanto. Sarah nunca demonstrou gostar desse tipo de lugar. Tenho
certeza que nem shopping tem por aqui.

— Talvez. — ela sorri da forma que costuma fazer quando vai aprontar
algo em seguida levanta segurando a refratária com as frutas cortadas. —
Terminei. — fala caminhando para perto das meninas e estende a mão
entregando.

— Ahh, obrigada. — Lexi responde pegando. — Se quiser pode ir, já


terminamos praticamente tudo.

Sarah passa por mim com um sorriso e fico tão surpreso com sua
mudança repentina que meus olhos acompanham seus movimentos até que
ela desapareça. Quando volto minha vista para frente Alicia está me
encarando com a mão na cintura e já não vejo Lexi em nenhum lugar.

— Quer um babador, Carter? — arqueia as sobrancelhas e volta a virar de


costas. Levanto-me com um sorrisinho e me aproximo abraçando sua cintura
por trás.

— Eu só tenho olhos para você, amor. — sussurro em seu pescoço


sentindo seu cheiro.

— Deu para perceber! — resmunga tentando se afastar, mas não permito.


— Me solta, seu safado.

— Consegue sentir como eu te quero? — pressiono minha ereção em sua


bunda e ela suspira. Virando-a na minha direção acaricio seu rosto de leve,
tirando uma mexa de cabelo da sua testa. — Quero fazer uma coisa, mas não
sei se devo...

— O que? — Lice se inclina e fez menção de que vai me beijar na boca.


Entre abro os lábios esperando, mas ela apenas sussurra bem perto. — O que
quer fazer?

— Quero me enfiar fundo dentro de você.. — sussurro trazendo-a para


mais perto e afundando a cabeça em seu pescoço, minhas mãos já conseguem
toca-la em vários lugares e sinto a sua mão acariciar gentilmente minha
ereção. Chupo seu pescoço e minha necessidade aumenta em proporções
gigantescas.

— Você é um... descarado. — geme.

— Isso é culpa sua. — sussurro de volta agora encarando seus lábios.


Alicia faz o mesmo, porém sua língua atrevida toca de leve minha boca,
espero pelo beijo apertando os dedos em volta de sua cintura e ainda sim, não
vem. — Eu estou ocupada. — conclui me empurrando.

— Porra, Alícia! Olha o que você fez? — aponto para o volume no meio
das minhas pernas nada contido no short e ela da uma gargalhada.

— Sinto muito. — da de ombros com indiferença voltando a se virar nada


abalada. — Toma um banho gelado! — conclui e instintivamente defiro um
tapa em sua bunda.

— Vou te fazer gritar meu nome e todo mundo vai ouvir, safada!
ALICIA
Nathan me abraça e antes que eu reclame do tapa suas mãos já estão
apertando minha cintura e sua ereção encostando na minha bunda me
deixando totalmente alerta.

— Nate... para com isso. — peço fechando os olhos e ele me solta tão rápido
que imediatamente sinto sua falta. É incrível como fico confusa perto do
Nathan. Ao mesmo tempo em que quero brigar, quero beija-lo e agarra-lo por
horas a fio. Encosto as costas na pia e encaro seus olhos verdes me encarando
de volta com um misto de luxúria e divertimento. Dou um suspiro dramático,
Nathan consegue ficar ainda mais lindo quando estamos assim tão perto. Eu
fico hipnotizada, e totalmente entregue como uma presa fácil apenas com a
insinuação de suas mãos sobre meu corpo.

— Tem certeza que quer parar? — passa as mãos no cabelo bagunçando mais
seu penteado desgrenhado.

— Nate... estamos na cozinha... — minha voz sai em um sussurro enquanto


ele ainda me avalia claramente se divertido. Filho da mãe! — Estamos na
cozinha. — repito olhando em volta.

— E estamos sozinhos. — responde se aproximando em dois passos e logo


meu vestido está erguido. — Você é meu banho gelado, amor. — completa e
em seguida sinto sua mão tirando minha calcinha para fora do lugar. Meu
olhar surpreso o faz dar aquela menção de sorriso presunçoso à medida que
enfia um dedo em mim me obrigando entreabrir os lábios e soltar um
pequeno gemido. — Vamos para o quarto ou você prefere aqui?

— Quarto. — ofego apoiando em seu ombro. Não quero mesmo ser vista na
cozinha fazendo além de afazeres domésticos e de preferência com minha
roupa no lugar.

— Seu pedido é uma ordem. — com essas palavras ele me arruma e sem que
eu espere me joga nos ombros de forma inesperada arrancando-me um grito
de surpresa. — Poupe seus gritos — fala deferindo outra palmada na minha
bunda empinada e próxima ao seu rosto. Olho em volta mais uma vez
enquanto seguimos para o quarto e ainda consigo ver de soslaio Lexi na porta
da cozinha.

Entramos no quarto e assim que me joga em cima da cama Nathan se afasta


para tirar a camisa e trancar a porta. Levanto-me com empolgação além do
normal e fico em pé no meio do cômodo. A expectativa do que vamos fazer
me deixa em um estado de pura inquietação. Não me lembro de já ter me
sentido tão bem como agora. E eu achando que o meu sentimento por Nathan
não poderia mudar, ledo engano a cada segundo que passo perto dele eu o
amo mais. Amo tanto que mesmo em tão pouco tempo não tenho nenhum
receio em ficar nua diante dele, muito pelo contrário eu espero por esses
momentos ansiosamente.

Nathan se aproxima com uma expressão de puro desejo e percebo que essa é
minha motivação para não sentir vergonha. Seu toque, seu desejo e a forma
como se dedica a mim e ao nosso pequeno.

Puxando-me, ficamos pertos o suficiente para meus seios tocarem em seu


peitoral exposto, sinto seus dedos passeando em meus braços e sua boca
avança para o meu pescoço. Minhas mãos se agarram em seu cabelo no
momento em que as suas se fecharam em meus seios por cima do bojo do
vestido.

— Ah! — gemo quando ele aperta com força ainda trabalhando no meu
pescoço.

— Vira de costas. — ordena e prontamente obedeço sem nem hesitar. Nathan


se aperta contra minhas costas, e mesmo sendo bem mais alto que eu, sinto
perfeitamente sua ereção. Gemo sem pudor desta vez com sua boca na minha
orelha enquanto suas mãos descem ágeis para a barra do meu vestido curto.

— Você é minha. — ergue o pano do vestido facilmente até minha cintura.


— Só quero ouvir você gemendo neste quarto. — engulo em seco, e sinto o
vestido sendo arrancado de mim.

Assim que joga meu vestido no chão sua mão avança para dentro da minha
calcinha. Seus dedos brincam com minha intimidade e abro a boca
absorvendo a sensação de seu toque. Nathan segue firme em sua investida
enquanto sua língua me tortura deixando mordidas leves no lóbulo da minha
orelha. Faço exatamente o que ele disse que faria gemendo ebriamente
incapaz de fazer qualquer outra coisa. A sensação é tão intensa que
involuntariamente junto minhas pernas em busca de alívio e sinto o tapa no
lado esquerdo da minha nádega me punindo.

— Nate... oh! Por favor... — suplico com dificuldade de manter meu peso
sob minhas pernas.

— Quero suas pernas abertas, entendeu? — me vira e agora toca meus seios.
Sem conseguir formular uma palavra sequer, apenas passo a língua pelos
meus lábios e logo sua boca assaltar a minha, em um beijo intenso e sensual.
Choramingo quando Nathan morde meu lábio inferior, me libertando e
arranhando meu rosto com sua barba por fazer — Entendeu, Alícia?

— Eu não vou fechar as pernas. — balbucio soltando um gemido


involuntário.

— Gosto disso. — sua voz rouca combinada com o calor de sua pele me
causa um frenesi simplesmente divino em um efeito excitante. Sinto um dedo
percorrendo minha coluna até minha nuca e um arrepio sobe pela minha
espinha. — Tira a calcinha e deita.

Cambaleando me afasto e faço exatamente como me pediu tirando a calcinha


e deitando de barriga para cima.

— Não se mexa! — seu comando ecoa no quarto e minha ansiedade aumenta.

Antes que consiga reclamar sua falta, sinto seu peso na cama e de repente sua
boca na minha coxa. Sua língua desponta e começa a trilhar minha pele. Me
mexo. O toque molhado se vai ao mesmo tempo em que sinto a ardência do
tapa em minha coxa direita. Dói e ao mesmo tempo me excita ainda mais.

— Mandei não se mexer, safadinha. — seu hálito me chicoteia. Minhas mãos


se agarram ao lençol com força e ele volta a trilhar a língua em minha pele.
Porém, agora sua mão se enfiando em minhas pernas, me tocando e
explorando.
No minuto que sua língua passa pelo meu centro de forma pecaminosa sinto
vontade de gemer e o faço sem nenhum pudor. O medo de sermos ouvido
sendo facilmente substituído pela expectativa. Nathan me segura
firme enquanto sua língua continua em mim. As sensações me tomando de
forma intensa sem me dar chance de raciocinar. Senti-lo assim é
inexplicavelmente bom e novo.

— Estou viciado nessa bocetinha doce... — suas palavras sujas me fazem


gemer mais alto. Então seu polegar acaricia e estimula mais minha entrada
sedenta.

—Ah! Por favor... — agarro seu cabelo e um tapa leve na minha vagina
quase me faz ondular. Entro em um estado de êxtase tão grande, que me sinto
fora de mim. As sensações de sua língua me penetrando, sua barba por fazer
arranhando, são enlouquecedoras, e muito, muito prazerosas.

— Sei o que você quer minha safadinha... e vou fazer você gozar.. — segura
firme em meu quadril e o barulho da sua respiração, se misturando com meus
gemidos é um estimulante deliciosamente excitante. Meu ventre se contrai, e
a familiar vibração começa a me assaltar sem aviso. Arqueio minha coluna do
colchão, sentindo seus dedos apertarem forte em minha pele para me manter
no lugar.

— Ahhhhhhhh!!!!!!! — grito tentando me mover, quando finalmente o


orgasmo me atinge fazendo-me em vários pedaços.

Quando volto em mim abrindo os olhos pesadamente. Nathan tem um


sorrisinho presunçoso me encarando.

— Você deveria gozar mais vezes, fica linda assim.

Ele se movimenta delicadamente se acomodando entre minhas pernas. Sua


mão agora segura firma em seu pênis ereto enquanto a outra mantém minha
perna aberta. Olha fixamente minha vagina exposta enquanto morde o lábio
inferior como se curtisse um espetáculo particular. Então vagarosamente
levanta os olhos para mim e eu já me sinto mais do que preparada. Nathan se
acaricia enquanto mantendo nosso olhar e minha vontade é toca-lo como ele
está fazendo.

— Nate... — chamo perdida em uma nova onda de prazer e ele se inclina um


pouco sobre mim. Sem deixar de me encarar começa a me penetrar as mãos
espalmando ao lado da minha cabeça. Seus olhos verdes fazem conjunto com
seu rosto e a expressão carregada de luxúria. Fecho os olhos e inclino a
cabeça para trás apreciando senti-lo de forma tão íntima.

— Gostosa do caralho. — geme enquanto me penetra fundo e então sinto


seus dentes em meu mamilo. Grito com o susto da mordida forte e ele
começa a estocar cada vez mais fundo e forte. — Vou te marcar, para se
lembrar de mim cada vez que olhar no espelho. — o grito se esvai se
transformando em lamúrias desconexas enquanto o prazer me consume em
níveis que eu nem consigo explicar. Agarro-o para beijar seus lábios e nossos
corpos se encaixam perfeitamente deixando tudo mais intenso e cálido.

— Puta merda! — exclamo na frente do espelho. São visíveis as marcas


vermelhas de chupadas no meu pescoço seguindo uma trilha até meu decote.
— Nathan estúpido Carter, o que é isso? — pergunto para ele que continua
esparramado preguiçosamente na cama com um sorriso enorme.

— Isso é o decote um pouco exagerado da minha noiva. — sorri.

— Não sou sua noiva, seu imbecil. — digo voltando a encarar o espelho. —
Sabe o que eu estou mostrando, você me deixou toda vermelha.

— Quero que todos vejam que você me pertence. E adianto que eu não
precisaria fazer isso se fôssemos noivos. — conclui e mostro o dedo do meio
como resposta.

Nathan está insistindo nesse assunto desde que voltamos do mercado e eu


nem sei o que pensar já que não aceitei e nem recusei o quase pedido de
casamento. É estranho pensar nessa possibilidade. Nathan me tem
completamente e nunca deixou de ter, mas casamento é um compromisso
para vida inteira. Talvez esse receio seja medo de estar vivendo um sonho e
ele ir embora a qualquer momento. Estou tentando confiar e me deixar levar
sem amarras ou inseguranças, contudo é involuntário sentir medo do quão
rápido as coisas estão acontecendo.

— Nós já estamos sumidos por muito tempo. Preciso ver como Tony está. —
chamo afastando o rumo que meus pensamentos estão seguindo.

Ele levanta parando a centímetros de mim, há um brilho em seus olhos e


tenho a impressão de que se pudesse arrancaria meu vestido de novo.

— Está muito ruim? — questiono e ele me avalia mais ainda.

— Está perfeito pra caralho, eu fiz uma verdadeira obra de arte. — se gaba.

— Você é um imbecil.

— E você é linda pra caralho, sexy pra caralho e gostosa...

— Me deixa adivinhar... — o interrompo. — Pra caralho. — digo e ele sorri


concordando. — Tem caralho demais na sua boca. — resmungo.

— E de menos no meio das suas pernas, mas podemos mudar isso! — tenta
segurar a barra do meu vestido.

— Não mesmo. — afasto-me caminhando para a porta. — Por sua culpa nem
vou poder colocar biquíni. — cruzo os braços com um biquinho.

— Então você devia me agradecer.

— Agora mesmo! Obrigada Nathan, por ser um filho da puta! — digo e ele
me encara surpreso com os olhos arregalados.

— Sua safada! — avança na minha direção e corro para fora do quarto dando
risada.

Durante o churrasco as piadinhas não faltaram e o filho de oitocentas putas


do Arthur fez o favor de fazer todo mundo reparar nas marcas do meu
pescoço que até então não foram notadas. Fiz o possível e o impossível para
ignora-lo, mas Nathan tende a ser um idiota às vezes e ficou se gabando com
essa história de casamento. Tentei não me envolver, mas afirmei veemente
estar noiva para a senhorita "sou péssima com cozinha" não por ciúmes ou
algo relacionado, mas eu já estava me irritando com seus olhares sugestivos.
Sarah por incrível que pareça deixou de me preocupar. Eu até consigo
simpatizar com ela depois desse almoço onde percebi que seus olhos
castanhos não desviaram um segundo sequer do imbecil chamado Arthur.
Fora isso o dia foi divertidamente calmo e tirei tantas e tantas fotos com
Nathan e Tony que poderíamos facilmente montar um álbum ou dois.

— Certeza que não vai? — Kate pergunta arrumando o micro vestido no


corpo.

— Não vou deixar o Tony com uma desconhecida para ir à balada. — sento
na beirada da cama enquanto meu filho continua com o celular do pai
totalmente alheio a nossa conversa.

— É uma babá. — revira os olhos — Para de ser idiota!

— Não quero ir e Nathan também não. — dou de ombros.

— Espero que o pau dele não suba!

— Kate! — grito olhando por sobre o ombro na direção do meu filho e ela da
risada.

— Acha que o Ethan vai gostar? — fala passando meu batom vermelho. Nem
preciso dizer que minha nécessaire está toda revirada em cima da cama.

— Eu reparei no churrasco, acho que está pegando pesado com o pobrezinho!

— Preciso dele para um projeto.

— Que projeto? — questiono curiosa e ela da um sorriso safado — Quer


saber, deixa. Não me conta! Tenho medo do que pode sair da sua boca. Pode
levar o batom e divirta-se.

— Pode ter certeza! — pisca na minha direção rebolando para fora do quarto.
Que Deus proteja o pobre Ethan. Penso comigo mesma.
— Cheguei família! — Nathan grita entrando e o muito safado do meu filho
finalmente solta o celular. Eu insisti tanto e ele sequer olhou pra mim.

— Pai eu ganhei! — grita de volta empolgado.

— Não acredito?! — Nathan passa por mim e se junta a ele.

Sim, esse é o início da minha noite. Um a zero para o celular!


ETHAN COOPER
Por que por um caralho eu não consigo ficar longe dessa garota? Juro que
não estou me conhecendo. Nesse exato momento eu poderia estar
aproveitando uma boa boceta mantendo meu pau até estar seco e exausto de
tanto foder. Valery mesmo estava mais do que disposta a me oferecer sua
boceta. No entanto, eu poderia, em passado que obviamente não existe já que
estou aqui cuidando da bunda bêbada dessa garota inconsequente para que ela
não se enfie mais em confusão ou pior ainda acabe se machucando. Porra.

Assisto-a rebolar enfiada naquele pedaço de pano agarrado ao seu corpo


de forma que não deixa nada para a merda da imaginação e engulo com
dificuldade o resto da minha água. Sim, eu estou bebendo água simplesmente
porque terei de ser o sóbrio dessa vez e também porque já me meti em três
brigas inclusive com Adam que fugiu a deixando sozinha na primeira
oportunidade. Assim que outro idiota se aproxima dela cheio de mãos
caminho decidido para onde eles estão. Arrasto-a para fora da pista de dança
com dificuldade enquanto ele resmunga irritado e tenta me segurar.

— Deixe a gatinha se divertir, cara.

— Se encostar nela outra vez, vou te encher de porrada. Caralho. —


rosno irritado e continuo andando.

— O que aconteceu com ela? — Matheus grita por cima da música se


aproximando com Emily e me fazendo parar.

— Não aconteceu naaada, maninho. Eu já pedi para o Ethaaann me levar


para cama.. ops! casaaaa. — explica de forma arrastada e agarra meu
pescoço para tentar me beijar. Puta que pariu! Ela realmente quer me beijar
na frente do irmão. Essa maldita não tem um pingo de amor pela sua vida, ou
pela minha. Desvencilho-me dos seus braços, mas ainda mantendo-a
equilibrada enquanto ela continua falando e fantasiando merdas comigo que
não vão acontecer nem por um caralho. Desisto de argumentar e só encaro o
olhar de aviso que Matheus me lança que serve apenas para aumentar mais
ainda minha raiva.
Devolvo seu olhar com uma garantia que eu não tenho, mas ele não
precisa saber. Não vou tocar em um fio de cabelo dessa ninfeta infernal. Os
Beckham tem minha total lealdade, e eles sabem disso. O que eles não sabem
é o quanto eu aprecio as curvas exageradas de Kate, ela sempre foi meu
calcanhar de Aquiles e isso piorou muito desde o maldito instante que a vi
com aquele biquíni. Agora minha mente fantasia coisas sujas com ela o
tempo todo. Isso, entretanto, não quer dizer que farei algo.

— Caralho, que tanto ela bebeu? — ele coça a cabeça. — Vou levá-la
para casa.

— Não se preocupe. Eu cuido disso!

— Vai cuidar dela? — sua testa enruga.

— Não vou tocar em sua irmã. — prometo e não espero por sua resposta
saindo da boate a arrastando junto já que ela mal consegue se manter sob as
pernas.

— Mmm... você me deixa molhada entre as pernas... — suas unhas


arranham meu pescoço enquanto praticamente a carrego. Procuro pelo meu
carro entre os demais estacionados e decidido a ignora-la. — Ethan... posso
sentir seu pau? — sua pergunta vem acompanhada de uma maldita lambida
no lóbulo da minha orelha, que faz meu pau enrijecer no mesmo minuto
como pedra o desejo ganha força dentro de mim e minhas bolas parecem
prestes a explodir. Essa infeliz consegue fazer minha pele ficar toda arrepiada
apenas com uma lambida. Estremeço. Trinco o maxilar puto com as reações
do meu corpo e olho para baixo. Arrependo-me da minha decisão quando
meus olhos se fixam em sua boca carnuda e vermelha. Sexy como o inferno.
— Me beija... — ela morde o lábio interior como uma demônia devassa e
engulo em seco.

— Pare com isso Katherine, caralho. — rosno e ela sorri abertamente,


mas vejo luxúria brilhar em seu olhar desfocado.

— Estou te excitando, Ethan? — sua mão desce ligeira pelo meu corpo e
com uma mestria de profissional ela consegue agarrar minha ereção por cima
da calça.

— Pare com isso, porra. — desisto de procurar pelo meu carro e começo
a caminhar à procura de um hotel. Não me atrevo a entrar em um carro com
ela agora, pois provavelmente vamos bater ou causar um acidente. Continuo
puxando-a pela mão e nem me importo quando ela começa tropeçar.

— Meu pé está doendo. — choraminga, mas não paro.

— Foda-se! — ralho. A raiva borbulhando em minhas veias.

— Foder? Mmm... se for com você eu aceito! — da uma gargalhada


perdendo o pouco de equilíbrio que lhe resta e sou obrigado a parar e pega-la
no colo.

— Ethan! — um carro buzina e eu paro reconhecendo os cabelos ruivos


esvoaçantes já que a janela está aberta. — Aonde você vai? Ela está bem?

— Estou ótima, pica-pau! — Kate se adianta jogando as mãos para o ar


como uma criança.

— Ela esta bêbada! — explico rapidamente. E de onde saiu isso de pica-


pau?

— Quer entrar? Tem quartos sobrando na minha casa!

— Nããããããããããão.. quero minha.. nossa cama! Com ela não! Só eu..


você.. nós.— Kete começa balançar as pernas quase me fazendo derruba-la
com o movimento surpreso.

— Kate para com isso. Eu prometo que vou dormir com você! Só nós
dois. Agora para! — falo e ela para de se mover quase que imediatamente,
então se aninha enfiando a cabeça no meu pescoço e murmura algo que eu
não entendo.

Eu achei mesmo que ela estava dormindo, mas no minuto que bato a
porta do carro ela volta me atormentar, Kate me tenta com sua língua quente
atrevida, chupando, mordiscando e molhando meu pescoço e pra piorar ela
não tem nenhum pudor enquanto sussurra sacanagens no meu ouvido.
Algumas eu diria tão absurdas que acabo dando risada. Eu só consigo me
sentir em um teste de sanidade e resistência e estou por um fio de perder a
compostura. Valery parece mais incomodada que eu, mas se mantém neutra
mesmo quando Kate a chama de pica-pau. Uma merda de apelido, diga-se de
passagem, além de me atormentar com suas investidas ela ainda me obriga
segurar o riso toda vez que olho para o cabelo avermelhado da garota que
está nos ajudando. Ela até mesmo imitou a risada do desenho, e dessa vez não
consegui evitar e acabei gargalhando junto com ela. Katherine é uma
demônia enviada das profundezas para foder com minha vida. Eu sempre
soube disso. Sua única missão é mandar para o inferno todo meu
autocontrole. Minha vontade agora é realmente rasgar esse maldito vestido e
meter fundo em sua boceta até ela calar a porra da boca e esquecer o próprio
nome.

— Ajuda ela deitar e depois desce, eu vou esperar aqui. — Valery fala
apontando a direção da enorme sala.

— Espera sentada. — Kate ralha e morde minha orelha. — Ele vai dormir
comigo, pica-pau.

Tenta caminhar até Valery, mas a impeço.

— Eu já volto! — digo para Valery pegando Kate no colo para subir as


escadas.

A casa é enorme por dentro como é por fora e eu não vejo necessidade de
manter um lugar assim e não usufruir. Segundo Valery seus pais quase nunca
vêm para cá. Totalmente o contrário dos meus avós que tem uma verdadeira
adoração pela casa que comprou na praia.

— A cama — Kate aponta assim que abro a primeira porta do enorme


corredor.

— Você precisa de um banho. — passo direto indo para o banheiro.

— Nããããããããããão, Eu... eu.. preciso de você!

A coloco sentada sobre a tampa fechada do vaso e penso em uma forma


de terminar o quanto antes já que Valery está me esperando. Eu queria não
me importar, sair e deixar Kate se virar com isso. Mas, está óbvio que ela não
é capaz de ficar sozinha nesse box sem acabar causando um acidente. Ligo o
chuveiro e o jato cai forte, regulo a temperatura e me aproximo dela.

— Deixa eu tirar sua roupa! — peço e ela levanta animada. Desfaço-me


do seu vestido e estaco ao dar de cara com seus seios fartos e sua boceta
depilada. Sem sutiã. Sem calcinha. Em uma boate! — Porra. Caralho. —
xingo me afastando e ela deixa o vestido escorregar para seus pés, mas se
atrapalhar em passá-lo pelas sandálias. — Cadê.. sua.. calcinha? — seguro
sua cintura evitando baixar a vista.

— Eu acho que tirei — da de ombros nada afetada. E eu nem consigo


imaginar em que momento ela conseguiu essa proeza. Sentando-a novamente
no vaso me livro das minhas próprias roupas mantendo apenas a boxer e
tentando não pensar no que vem a seguir.

Não é nada demais. Apenas para ajudá-la. Penso para convencer meu pau
que está tão duro que chega incomodar. Kate levanta a vista e sorri de forma
tão doce que eu me vejo há anos atrás quando fui buscá-la para o baile. É o
mesmo sorriso doce que me tirou noites de sono. E mesmo com a maquiagem
carregada ela ainda é aquela menina. Vê-lá assim não facilita em nada minha
vida. Muito pelo contrário, fica especialmente difícil me segurar e não
devolver o sorriso, mas resisto mantendo minha expressão indiferente.

A levo para debaixo do jato de água e então ela grita e tenta sair do meu
abraço, se debatendo como uma gata e me marcando com alguns arranhões.

— Está gelaaaaaado, filho da Puta! — xinga com a voz trêmula e mesmo


assim não a deixo sair agarrando ainda mais seu corpo, e internamente
apreciando à sensação. Seu corpo apesar de pequeno se ajusta perfeitamente
ao meu. Suspiro ao constatar que ela tem a pele macia e delicada da forma
que aparenta.

— Consegue se manter sem cair? — pergunto e ela me olha.

— Estou de sandália. — olho para baixo e desisto da ideia de deixá-la


aqui sozinha. Eu realmente esqueci a maldita sandália.
—Você esta duro — um sorrisinho sacana estica seus lábios.

— Não olhe para baixo.

— Mas eu gosto... Mmm... — ela abaixa a cabeça.

— Katherine, não. — repito em um tom bravo, esforçando-me muito para


não rir. Kate nunca esteve tão adorável.

Dou banho nela, rejeitando completamente a ereção filha da puta que não
me deixa por um segundo sequer. Ao terminar, puxo-a para fora do box.
Sempre odiei mulheres bêbadas e, certo como o inferno é quente, que cuidar
delas nesse estado não me atrai em absolutamente nada. Eu não cuido. Não
me preocupo. Nem abraço. Eu simplesmente fodo e caio fora. Mas com Kate
é diferente. Tinha que ser caso contrário eu não estria nessa situação fodida.

Levo-a de volta para o quarto enquanto ainda tento secar seu cabelo com
a toalha preocupado que ela consiga além de me enlouquecer também um
resfriado. Quando fico satisfeito viro-a para mim e me vejo completamente
preso e arrebatado na súbita vontade de beijá-la é exatamente o que eu faço.
Sugo seus lábios com volúpia a apertando contra mim e sentindo seus seios
esmagados contra meu peito. Minhas mãos avançam sem controle pelo seu
corpo e quando seguro seus seios entre meus dedos batidas na porta me faz
me afastar em um pulo. Minha testa franze em repreensão quando me dou
conta do que estava prestes a fazer, e então, engulo com dificuldade o desejo
encarando seu rosto ruborizado ante sua falta de reação.

— Ethan? — a voz abafada da Valery me chama.

— Está tudo bem, Valery. Estou indo!

Essa é uma situação na qual nunca imaginei estar. Disposto a sair de perto
da Kate agarro minhas roupas no banheiro e a visto com minha camisa
tirando sua sandália e deitando-a embaixo das cobertas. Eu deveria ir, porque
ficar aqui é a coisa imprudente a se fazer agora ainda mais depois desse beijo.
Mas, a escuto fungar baixinho e não me movo dizendo a mim mesmo que só
ficarei até que ela durma. Apago a luz do quarto e suspiro cansado, excitado e
completamente fodido voltando e me enfiando embaixo das cobertas com ela
simplesmente porque me importo mais do que devo.

—Você... não me quer? — sussurra.

— Não. — respondo cético. — Dorme Katherine! Não chore por


besteiras.

— Você me beijou..

— Cale a boca e durma.

— Eu não sou boa o bastante pra você? É isso? Pois... foda-se você e
aquela pica-pau! Eu vou encontrar alguém e vou perder a porra da minha
virgindade com ou sem sua ajuda, imbecil!

Fico completamente imóvel com o que acabei de ouvir. Acendo o abajur


ao lado da cama e a encaro tentando identificar em seu rosto que ela está
brincando. Caralho! Não é possível.

— Kate você... é virgem?

— Não por muito tempo! — responde se afastando brava e fechando os


olhos deixa sua respiração pesar. Aproveito para observar seu rosto de perto.
A pele levemente bronzeadas como se fosse beijada pelo sol, lábios
exuberantes e longos cílios escuros. Cílios. Quem liga para cílios afinal de
contas, mas até isso chama atenção em seu rosto perfeito, o nariz arrebitado e
as bochechas coradas. Tudo nela parece chamativo e sensual demais. Não
consigo entender porque Kate é virgem. Inferno. Eu não precisava saber
disso. Fecho os olhos, exalando forte e esfrego o rosto com força. Minha
adorável menina tem uma boceta intocada e proibida. Porra. Não consigo
pensar em outra coisa até senti-la se mover para perto de mim, encaixando
seu traseiro na minha frente. Abraço seu corpo e ela se contorce virando para
mim.

— Estou te esperando por tanto tempo, Ethan. Você é tão.. lindo. —


suspira com os olhos fechados. — Me sinto segura com você...
Segura comigo? Porra. Matheus e Arthur me matariam se nos visse agora.
Eu não posso pensar nela dessa forma. Não posso mesmo.

Tento me convencer, mas deixo-a se aninhar em mim até que estamos


totalmente enrolados em uma confusão de pernas e braços, sua cabeça
enfiada entre meu ombro e pescoço.

Meu pau parece disposto a furar a boxer, mas ela relaxa e me obrigo a
fazer o mesmo. Eu me sinto estranhamente feliz, um sentimento inusitado,
que me desconcerta e também irrita. Virgem. Porra. Ela é Virgem. Sorrio
desfrutando da sensação de segurá-la e saber que nenhum outro o fez antes de
mim. Minha pequena demônia. Kate é minha! Pelo menos nesse momento.
NATHAN

Duas semanas mais tarde


Abro os olhos ainda sonolento e percebo a cama vazia ao meu lado. Essa
é a terceira ou quarta vez que Alicia tem a cabeça praticamente enfiada
dentro do vaso. Ainda bem que Anthony está dormindo com a Kate essa
noite. Olho para o relógio no criado mudo e já passa das quatro da manhã.

— Lice? — chamo me esticando e pulando para fora da cama quando ela


não responde. Enfio a cabeça dentro do banheiro e encontro-a sentada no
chão. — Ei, amor. O que aconteceu com você? — abaixo-me e seguro seu
rosto entre minhas mãos.

— Nada. — sussurra em um fio de voz com um sorrisinho fraco.

— Estou começando a cogitar a ideia de te levar em um hospital. — falo


pegando-a facilmente em meus braços.

— Nate não... eu não posso sair daqui. — protesta, mas ignoro indo com
ela para a pia.

— O que você está sentindo? — encaro seu rosto pálido demais enquanto
ela faz um gargarejo com enxaguante bucal.

— Alem do fato de não conseguir parar de vomitar? — o sorriso fraco


continua moldando seus lábios. — Estou bem, não se preocupe. Foi à
comida, eu acho... — da de ombros, mas parece preocupada com algo.

— Que comida? Você mal tocou na comida hoje, Alicia. — volto à pega-
la no colo caminhando agora para o quarto.

— Estou preocupada, nossos pais chegam essa semana. A desculpa que


você inventou de que está planejando uma festa não vai colar. Estou
pensando como será que meu pai vai reagir...
Dou um suspiro. Foi uma idiotice ligar para o tio Rafael, soube disso no
minuto que ele atendeu a ligação, mas esse segredo estava me matando. Não
que eu quisesse mantê-lo no escuro, por mim eu teria assumido Tony desde
que seu coração começou a bater. Mas, as coisas tomaram outro rumo e agora
que eu sei o que é ser pai e amar uma pessoa incondicionalmente, não acho
justo que ele continue sem saber a verdade. Eu amo a Alicia. Quero viver
com ela e vou assumi-la da forma correta. Já perdemos tempo demais. Tio
Rafael tem que entender e aceitar. Estou inseguro. Que merda, pareço mais
uma menininha amedrontada! Mas, decidi dar um basta nisso. E não vou
voltar atrás na minha decisão.

— Respira, Carter! — ela levanta se afastando e eu desperto do meu


transe com sua risadinha abafada.

— Aonde você vai?

— Vou ver se tem morangos. — sorri antes de sair do quarto.

Depois de comer praticamente todos os morangos da geladeira e foram


quase todos mesmo, Alicia finalmente volta para o quarto e sucessivamente
para a cama. Ela parece estranhamente quieta e pensativa. O que não estava
acontecendo nessas duas últimas semanas. Aproveitamos o máximo que
conseguimos, saímos muito e visitamos alguns pontos turísticos, assim como
um parque de diversões. Anthony obviamente foi o mais sorridente em todos
os momentos e parecia estar em êxtase. Nem preciso dizer do tanto de vezes
que fizemos amor. Por isso essa mudança repentina está me preocupando
tanto. Ultimamente Alicia está falando de menos e comendo morangos
demais.

— O que está acontecendo com você? — pergunto, mas ela já está


dormindo. Ótimo! Terei de esperar mais algumas horas pela resposta. Abraço
seu corpo e inspirando profundamente me obrigo a relaxar.

Abro os olhos e me estico antes de me desvencilhar do corpo quente que


me aperta. Com cuidado me levanto fazendo o mínimo de barulho possível,
eu tive uma noite péssima. Preocupado com Alicia e com medo dela levar a
qualquer momento como vem fazendo ultimamente. Tomo um banho rápido
para tirar o cansaço da noite anterior e assim que saio do quarto dou de cara
com a Sarah, mas ela parece tão distraída e fora de órbita que me ignora
completamente caminhando apressada para o andar de baixo.

Sarah anda de um lado para o outro na cozinha e nem mesmo nota que
estou parado perto da porta a encarando. O engraçado é que estamos
dividindo essa casa a mais de duas semanas e não estamos nos vendo.
Sinceramente eu não achei que seria assim tão simples. Sarah não me
atrapalhou com Alicia em nenhum momento como tive receio que fizesse,
muito pelo contrário me parece que ela está fazendo é questão de não ser
notada.

— Sarah? — chamo e ela interrompe os passos bruscamente e me encara.

— Oi... —sussurra.

— Está tudo bem?

— Eu... eu... — ela parece extremamente nervosa e isso começa


realmente a me preocupar. Aproximo-me em dois passos e seguro sua mão
que está trêmula. Ok, isso está ficando cada vez mais estranho!

— Sarah, me conta o que aconteceu, porque está desse jeito?

Minha pergunta é o estopim para ela desabar em lágrimas. Passo os


braços a sua volta e deixo que ela acalme seus soluços enquanto acaricio seus
cabelos loiros. Inferno! Agora tenho certeza que alguma coisa realmente
aconteceu. Sarah me pareceu tão envolvida com Arthur. O que pode ter
mudado? Sei que ele vem dormindo com mulheres nesses últimos dias
simplesmente porque já o vi dispensando-as em algumas manhãs, e bom pelo
que percebi provavelmente seu envolvimento com Sarah não passou de
compaixão em vê-la sozinha o tempo todo ou o fato dele gostar de irritá-la,
mas então o que? Sarah pode ter confundido as coisas?! Será que se
apaixonou e foi rejeitada? Caralho! O que estou pensando? O que isso tem
haver com a porra da minha vida. Como se ter de falar com tio Rafael já não
fosse complicado demais, agora estou bancando a merda do Sherlock.

— Nathan... — chama e eu me afasto o suficiente para encara-la nos


olhos, mas sem que eu espere ela deposita um beijo nos meus lábios.
— Sarah... — sussurro me afastando. — Eu estou com a Alicia.

— Eu estou grávida!

Sua declaração me pega desprevenido. Paraliso totalmente surpreso e em


choque.

Grávida? Como assim grávida?

— Grávida? — minha voz sai estrangulada e nem eu mesmo me


reconheceria falando agora.

— Eu fiz o teste! Deu positivo, eu estou mesmo grávida!

— Quando descobriu isso? — sussurro e na minha cabeça começo a fazer


contas e mais contas tentando lembrar quando deixei de usar preservativos
com ela. Céus! Quando ela ficou grávida? De quanto tempo? Nada do que eu
penso faz sentido. Sarah não pode estar grávida de um filho meu, mas porra,
ela está aqui. Viajando comigo. De quem mais seria? Não me lembro de te-lá
visto com ninguém. Ela teria que estar de um mês e pouco, quase dois meses.
Afasto-me exasperado e corro os olhos pelo seu corpo tentando ver alguma
mudança no mesmo minuto que um arquejo chama nossa atenção. Viro-me
rapidamente na direção do som e encaro os olhos arregalados da Alicia.
Porra!

Começo caminhar na sua direção, mas barulhos de portas de carro


batendo do lado de fora e falatórios me interrompe deixando-me totalmente
alerta. Ah, não! Por favor, agora não!

— Filho! — minha mãe grita entrando na cozinha depois de uns minutos


e correndo na minha direção. Alicia permanece parada me encarando e tão
pálida que me preocupa que a qualquer momento ela acabe desmaiando. E é
exatamente o que acontece em um rompante ela simplesmente desaba
fazendo-me desvencilhar da minha mãe e correr para ampara-lá.

O caos é estabelecido e porra todos falam ao mesmo tempo enquanto fico


igual um desesperado com Alicia nos braços desacordada sem saber o que
fazer. Não vejo Sarah mais em nenhum lugar. Simplesmente vejo meus pais,
tio Rafael e tia Heloísa, tia Jess e tio Enzo. Todos. Exatamente todos vieram e
todos estão a minha volta falando ao mesmo tempo.

— Calem a boca! — grito fazendo-os se calar. — Precisamos ir para o


hospital!

— Sim você tem razão. Vem, eu dirijo! — tio Rafael fala correndo na
direção da porta e vou logo atrás, mas tenho certeza que ouvi o choro do
Anthony. No carro Alicia parece recobrar os sentidos, mas mesmo assim não
tenho certeza já que seus olhos permanecem fechados. Não demora muito até
pararmos em frente uma pequena clínica, por milagre, já que nessa cidade
não parece ter hospitais. Desço desajeitado e assim que as pessoas me
encaram com o corpo desacordado da Alicia abrem passagem e logo ela é
colocada em uma maca e levada para dentro.

— O que aconteceu? — tia Heloísa pergunta nervosa enquanto estamos


na sala de espera.

— Ela não estava se alimentando direito nas últimas semanas, talvez


algum mal súbito. — tento, mas eu mesmo não consigo me convencer disso.
Alicia estava muito pálida e merda, ela ouviu toda minha conversa com a
Sarah. E se ela viu o beijo? Provavelmente está pensando que o filho é meu.
Eu também pensei e sinceramente não tenho certeza. É uma possibilidade por
mais assustador que seja e não faço ideia do que vou fazer.

Minha mãe se aproxima e passa os braços ao redor da minha cintura


também demonstrando nervosismo e explica rapidamente que já preencheu
todas as fichas e acertou alguns valores já que a clínica é particular. Tento
relaxar em seus braços, mas isso obviamente não acontece.

— Isso é estranho, Alicia não é de sofrer desmaios sem sentido! — tio


Rafael observa com a testa franzida caminhando de um lado para o outro.

— Tenho certeza que foi só um mal estar. — meu pai fala me encarando
como se quisesse me enforcar. Sustento seu olhar tentando entender o porquê
da sua hostilidade sem sentido. E juro que o vejo me chamar de cabeção
irresponsável, mas não tenho certeza.
Parece estar demorando mais do que devia para passarem notícias e isso
me deixa irritado. Deus sabe o quando eu amo aquela mulher e só de
imaginar que algo grave pode estar acontecendo com ela me deixa totalmente
desnorteado. Logo meu celular começa a tocar me tirando dos meus
desvarios e identificando o número da Kate atendo rapidamente fazendo que
a pequena conversa a minha volta se silencie.

— Kate?

— Está tudo bem? Que confusão! Tomei um susto... Alicia está bem?

— Sem notícias ainda! — suspiro. Passaram apenas quinze minutos, mas


me parece que foi uma eternidade.

— Anthony está muito agitado, ele acabou que viu Alicia e não para de
perguntar por vocês. Meus pais estão aqui e já sabem de tudo... hã, será que
consegue acalma-lo?

Suspiro. Eu sabia que tinha escutado seu choro.

— Coloca... ele na linha. — peço e a ligação fica muda.

— Papai? Cadê a mamãe? — ouço sua vozinha do outro lado e passo as


mãos no cabelo de forma exasperada. Anthony virou sem dúvidas meu
pequeno e precioso tendão de Aquiles.

— A mamãe está aqui com o pa... está comigo! Está tudo bem, Tony. Não
se preocupe logo eu vou levá-la para casa. — sinto olhos curiosos na minha
direção e nem me atrevo a levantar a vista do chão. — Estamos indo sim... Eu
prometo.

— Tudo bem! — ele suspira quando eu prometo que já estamos indo para
casa. — Eu te amo um tantão! — ele conclui e sorrio. Fizemos isso às
últimas semanas inteiras praticamente e mesmo assim sempre que ele diz
essas palavras meu coração parece dar um salto.

— Eu também te amo, garoto! — termino a ligação e encaro o sorriso de


contentamento da minha mãe.
— Era o... Tony? — tio Rafael questiona me fazendo encara-lo, mas não
tenho tempo de responder, pois o médico entra chamando por Alicia.

— São os parentes?

— Sim, é minha filha! — tio Rafael responde nervoso apertando a mão


do homem.

— Bem não precisam se preocupar. Alicia está bem. Os dois estão. —


conclui.

Nesse momento ninguém fala nada, tenho certeza que sequer respira. Ele
disse...

— Dois? — tia Heloísa é a primeira a se pronunciar ecoando meus


próprios pensamentos.

— Sim, ela está grávida! Eu diria que umas duas semanas ou menos. Não
temos aparelhos para fazer um ultrassom para ter certeza, mas pelos meus
anos de experiência eu diria que menos de um mês. Ela está no soro e logo
será liberada!

O médico sai da sala e o silêncio permanece ninguém se atreve a falar


sequer uma palavra. O clima pesa tanto que mais parece que recebemos uma
notícia ruim. Grávida. Alicia está grávida! Vamos ter outro filho! Puta merda.
Eu nem sei o que pensar ou falar.

— Ei! — uma voz feminina chama e viramos todos ao mesmo tempo.


Encaro a enfermeira que conheci com Alicia no parque de diversões e que
por acaso ficou encantada com.. — Como está seu filho? — Tony. Merda!
Ela sorri se aproximando enquanto balanço a cabeça em negativo
freneticamente, mas pelo jeito ela não entende sinais ou o significado da
palavra discrição. — Tony é um amor! Eu vi que sua mulher está grávida...
parabéns! — toca no meu braço com um sorrisinho. — Você pode entrar para
falar com ela se quiser! Só seguir o corredor, virar à direita e procurar o
quarto 202. — se afasta batendo os saltos no chão e engulo em seco.
— Sua mulher? — tio Rafael rosna com os olhos semicerrados na minha
direção. — Quer me contar alguma coisa, Nathan?

Tento não me sentir como um maldito adolescente nesse momento, mas


eu consigo sentir o excesso de suor se acumulando na minha testa. Merda!
Preciso falar alguma coisa.

— Eu... hã... Alicia e eu... — respiro fundo. — Nós...

— Alicia e você o que? — ele dá um passo na minha direção me


interrompendo.

— Nós estamos... já tivemos e... eu não sabia, mas eu estou aqui agora e...
vou ficar com esse bebê. Porra! Também vou ficar com o Tony! Eu.. eu..
amo. Amo mesmo sua filha... tio. — engulo em seco quando ele para na
minha frente.

— Quer me explicar que porra está acontecendo? — ele pede impaciente


cruzando os braços.

— Amor... — tia Heloísa tenta intervir.

— Está tudo bem, Helô. Deixa o Nathan terminar, quero muito ouvir a
explicação dele.

— Vamos ver como a Lice está... — meu pai fala praticamente arrastando
minha mãe e tia Heloísa para fora. — Boa sorte, cabeção! — sorri na minha
direção e desaparece. Encaro os olhos azuis do tio Rafael e sorrio também.
Sim, eu sei que estou fodidamente fodido para ser bem exato. E não é só
Alicia que vem nos meus pensamentos, mas também a Sarah. Por todos os
Santos, como as coisas ficaram tão complicadas de uma hora pra outra.

Acariciando minha bochecha provavelmente vermelha e inchada onde


tem um pequeno corte pelo que pude sentir passando a ponta dos dedos vejo
meu pai caminhando na minha direção com uma fúria decidida.

— Você é a porra de um irresponsável. — ele tenta me pegar e sou


obrigado a rodear o sofá fugindo. Já basta ter levado um soco do tio Rafael
fazendo a maior cena, agora isso. Olho em volta e percebo algumas pessoas
paradas nos encarando.

— O que houve? — questiono sem entender nada.

— Levou um soco? — ele observa olhando fixamente para meu rosto. —


Deu sorte, se fosse minha filha eu te quebrava na porrada. O que você tem na
cabeça?

— Pai aconteceu...

— Aconteceu? — ele me interrompe e voltamos a correr. Juro que


esperava essa reação do tio Rafael. — Eu saio da merda do quarto
preocupado com você e adivinha... escuto Alicia dizer que você engravidou
outra mulher.

Fico parado com os olhos arregalados. Ela ouviu. Porra. Ela sabe!
Provavelmente também viu o beijo.

— Eu não tenho certeza se é realmente meu.

— Você não usa camisinha? Quando eu disse pra se divertir não quis
dizer pra você povoar o mundo. Caralho! Três filhos, já? E pior, duas
grávidas ao mesmo tempo. Você tem o que, merda na cabeça?

Canso de fugir e sento no sofá com um suspiro.

— Ela sabe. — respiro fundo. — Como... como ela está?

— Parece disposta a matar alguém e meu palpite é que esse alguém é


você!

— Eu não tenho certeza se o filho que a Sarah está esperando é meu, faz
tempo que não transamos. Alicia pode ter entendido tudo errado. Até mesmo
eu posso estar tirando conclusões precipitadas. Esse filho não pode ser meu,
mas, eu tenho certeza que o da Alicia é, e porra pai eu a amo pra caralho.
Tem noção que eu faria qualquer coisa por ela.
— Eu sei por que fiquei exatamente assim com sua mãe, mas você
precisa aprender a proteger seu pau. — ele suspira e se senta ao meu lado. —
Resolve isso cara. Você não é mais um menino eu não posso decidir nada por
você! Eu te amo. — ele me encara e faz uma careta olhando diretamente para
minha bochecha baixando os ombros em um suspiro derrotado. — Acha que
gosto de ver meu filho apanhando? É foda. Essa situação toda é. Mas eu
estou deixando você resolver. E você precisa fazer isso logo. Tenho certeza
que sua mãe também vai querer te matar. Mas por hora você só pode fazer
uma coisa. Vai ver sua mulher! E seja paciente com ela!
ALICIA
Abro os olhos e cometo a idiotice de puxar o braço me dando conta que
tem um acesso nele. Pisco rapidamente focando a minha frente e percebo que
estou em algum hospital. Minha cabeça dói e minha boca está amarga. Fecho
os olhos e tento organizar minha confusão interna. Só desmaiei uma vez para
saber como essa sensação é horrível. As imagens estão desconexas na minha
mente, mas me recordo bem do que eu ouvi. Grávida. Ela está grávida. E
pensar que eu estava até simpatizando com a tal Sarah. Estava no passado
porque nesse momento, depois do que eu vi. Droga! Ver que eu e Nathan
estamos juntos durante todos esses dias não foi suficiente? Eu até entendo o
fato dela estar nervosa e confusa já que estive grávida e sei como isso afeta
nossas emoções, mas poxa. Eu não sou feita de ferro. E nesse momento só
consigo sentir raiva. Raiva do Nathan. Por ele ser um idiota e se deixar ser
beijado, e possivelmente por ter engravidado outra mulher. Ainda por cima
aquela loira atrevida, metida e traidora. Fingiu ser boazinha e mostrou as
garras na primeira oportunidade. Não quero julgar, longe de mim ser esse
tipo de pessoa, entretanto ela beijou meu namorado. É infantilidade, é
besteira, eu sei. Mas, eu estou tão irritada que lágrimas brotam nos meus
olhos borrando minha visão e piorando em cem por cento minha irritação.

Tudo estava tão bem. Agora eu estou em um hospital e nem mesmo sei
que horas são. Hoje eu só levantei dei uma espiada no meu filho com a Kate e
desci para procurar por ele. Pretendia ter um dia tranquilo talvez na beira do
lago, dentro do quarto mesmo assistindo filmes ou qualquer outra coisa,
menos isso.

Penso por um momento encarando o soro pingando na mangueirinha e


dou um suspiro. A última vez que fiquei desse jeito descobri que estava
grávida do Anthony. Só pode ser isso. E eu não sei como as coisas vão ficar
de agora em diante. Não quero pensar nessa possibilidade, mas eu sabia que
isso poderia acontecer já que tenho transado feito uma desesperada e sem
proteção. Bom, na verdade eu estava confiada na pílula, mas tenho certeza
que ela só funciona quando ingerida corretamente. E eles chegaram. Todos
chegaram, inclusive meu digníssimo pai. Droga! E se eu estiver mesmo
grávida? Maldito Nathan e sua ideia idiota de trazer nossos pais. Maldita eu e
minha fertilidade sem necessidade.

Vejo o momento exato que minha mãe, tia Dakota e tio Dylan entram na
sala com uma expressão de preocupação e fazem com que eu perca minha
linha de raciocínio. Eu sabia que eles haviam chegado e já estão aqui. Os três
ao mesmo tempo. Não vejo Nathan nem... Oh, merda. Meu pai! Com certeza
eles estão conversando ou será que já ocorreu uma tragédia? Por Deus, eu
espero que não. Por mais raiva que eu esteja do Nathan agora eu preciso dele.

— Dy.. por favor, vai ver nosso menino! — tia Dakota sussurra nervosa e
ativando meu termômetro interno.

— Ele está bem, amor. Pensa no lado positivo estamos em um hospital.


Como você está Lice? — pergunta olhando na minha direção quando minha
mãe me solta do seu abraço de urso e deposita um beijo no alto da minha
cabeça.

— Estou bem. — forço um sorriso, mas percebo que ele também está
preocupado por mais que tente transparecer tranquilidade. — Pode ir, tio. —
falo na sua direção. — Ajuda aquele idiota e trás ele pra cá inteiro. Pode
deixar que eu finalizo o serviço, se precisar. — dou um sorrisinho.

— Se cuida, bonequinha! — fala o meu apelido de criança retribuindo


meu sorriso e sai da sala apressado.

— Oi Lice, como você está? — tia Dakota fala me puxando


delicadamente para um abraço. Como é esperado dela.

— Ele a engravidou. — suspiro abaixando a cabeça e ela e minha mãe se


aproximam com demasiado interesse e de olhos arregalados.

— Quem? Do que você está falando?

— A mulher que veio com ele da Alemanha. Ela está grávida!

— Tenho certeza que tem uma boa explicação para isso. — tia Dakota
fala me encarando.
Contar o que eu vi faz novamente lágrimas teimosas molharem meu
rosto. E claro isso não é quase nada quando tenho a confirmação que
realmente estou grávida. Mais um bebê, mais um parto. Choro mais ainda e
não é de alegria. A notícia me pegou tão de surpresa e veio de um jeito tão
esquisito, que eu não consigo me sentir bem. Dois filhos. Não sei se estou
preparada para isso. Minha mãe só pede para eu ter calma e tia Dakota parece
tão decepcionada que chega ser engraçado que ela tente me manter serena
quando as lágrimas insistem em continuar caindo sem controle.

— Oi, pai. — falo olhando para a porta e passando a mão no rosto para
limpar o rastro das lágrimas, depois de um tempo. Faço uma rápida avaliação
nele procurando vestígios de uma luta corporal, muito idiota pensar assim,
mas a essa altura do campeonato eu não duvido de mais nada.

— Oi, Alícia! — responde entrando e encarando seu rosto não consigo


identificar nada em seus olhos azuis. Ele só me parece cansado e irritado.
Bem irritado. Mas isso eu percebi pela forma que ele me chamou.

— Eu sinto muito. — sussurro quando ele se aproxima para beijar o alto


da minha cabeça.

— Estou muito chateado com você, sabe que deveria ter me contado. —
apelo para minha expressão de coitadinha e espero que isso funcione como
sempre funcionou, mas nem assim sua expressão suaviza. — Não adianta
fazer essa cara. Eu te perguntei tanto e... bom não interessa! Eu não vou me
envolver mais do que já me envolvi. Você é adulta e também é mãe. Tenho
certeza que sabe o que é melhor para você! — passa a mão no meu rosto e
franze o cenho encarando meus olhos que deve estão vermelhos.

Quero chorar e gritar que ele está errado. Eu não faço a mínima ideia do
que vou fazer. Se realmente Nathan for o pai daquele bebê então ele vai ficar
dividindo entre mim e ela. Depois de como reagiu ao saber do Tony tenho
certeza que vai querer acompanhar tudo. Mas como? Como ele conseguiria
dividir a atenção assim, ainda mais quando obviamente a menos favorecida
não serei eu simplesmente pelo fato de que tenho pessoas me ajudando, mas e
ela? Quem ela tem se ele não a ajudar?
Esse pensamento é como um tapa na minha cara. Eu sei muito bem todas
as dificuldades que acompanha uma gravidez inesperada, ainda mais depois
que ela mesma contou no dia do churrasco que não tem muito contato com a
família. Eu pelo contrário sou grata a Deus de ter tido ajuda com o Tony. Tão
grata que me deixei relaxar e vou passar por tudo outra vez.

Uma enfermeira entra com um sorrisinho interrompendo nossa conversa


sobre amenidades e diz que eu logo serei liberada o que me tranquiliza já que
também tenho Anthony como minha prioridade número um. Nathan entra
logo depois de uns minutos que ela sai e a primeira coisa que percebo é o
machucado na sua bochecha que está inchada. Eu o encaro e ele sustenta
nosso olhar com a expressão resignada. Talvez ele tenha percebido que quero
distância. Mas, para ser sincera na verdade eu só queria perguntar como ele
está e beijar onde provavelmente papai o acertou, mas eu não posso fazer isso
aqui e também não conseguiria nem se eu quisesse.

— Desculpe por isso garoto. — papai fala se afastando de mim e se


aproximando dele. — Mas, de hoje em diante estarei de olho! — da uns tapas
que eu considero forte demais nas costas do Nathan.

— Eu sinto...

— Está tudo bem, não se desculpe mais. Você também não sabia. — meu
pai interrompe a frase do Nathan no meio e olha na minha direção com uma
careta.

— Você não é o único que vai estar de olho, Rafael. — tia Dakota suspira
saindo do quarto sem nem olhar na direção do filho. Logo meus pais também
saem e eu não me movo da minha posição.

— Amor... — Nathan sussurra ao lado da cama e eu engulo a vontade de


chorar. Que merda! Nesse momento eu odeio esse homem. Mas então ele
continua me olhar de um jeito diferente. Como se estivesse com medo de eu
me quebrar a qualquer momento, como se eu fosse à coisa mais importante
do mundo para ele. E eu acho que ele nunca me olhou assim com tanto medo
e intensidade duelando no olhar. É algo novo, surpreendente e estranhamente
bom.
— Ela está...

— Não Lice. Por favor, não faz isso!

— Isso o que? Ela está grávida Nathan, eu não estou fazendo nada. Você
e ela. — engulo em seco.

— Claro que não. Eu jamais faria isso com você e o Tony! Isso foi antes,
antes de eu vim para Nova Iorque.

— Eu vi vocês... se beijando. — sussurro.

— Eu não estava esperando! — em um rompante ele segura meu rosto


entre as mãos me fazendo encara-lo. — Eu te amo, Alicia. Juro que nunca
faria isso com você. — tenta me beijar, mas viro o rosto para o outro lado.

— Não faz diferença se ela estiver grávida.

— Você está grávida! — ele me encara e dou de ombros.

— O que você vai fazer? — endireito o corpo e ele se afasta passando as


mãos pelos cabelos.

— Esse bebê não é meu. Mas o seu é. Eu não tenho o que pensar, você é a
minha escolha. Sempre foi e sempre vai ser. Eu amo você e amo nosso filho.
Assim como eu vou amar esse que você está carregando. Por mais que Sarah
esteja carregando um filho meu isso não muda nada. — volta a se aproximar
e segura minhas mãos. — Não tem a menor possibilidade de eu me afastar de
você... minha marrentinha! — tenta me beijar, mas não deixo. Não pretendo
me separar dele, afinal já perdemos tanto tempo para se separar por um
equívoco e Nathan nesse momento deixou clara sua decisão. Mas, eu não
consigo evitar sentir raiva. De qualquer forma Nathan me deixou no quarto
sozinha e estava com ela. E até que toda essa raiva passe eu não vou sorrir ou
facilitar as coisas para ele.

— Acho que o soro acabou. — a enfermeira que a pouco saiu da sala fala
com um sorrisinho e se aproxima de mim. Nem vi que ela já estava na sala de
tão tenso que o clima está. Não estou disposta a falar com Nathan e ele
também parece estar cauteloso em relação a mim. Com agilidade a mulher
tira o acesso do meu braço e faz uma rápida avaliação. — Está sentindo
algum desconforto ou tontura? — nego com a cabeça. — É sua primeira
gestação? — faço que não novamente.

— Já posso ir para casa? — questiono e ela sorri.

— Vou chamar o doutor para assinar sua alta! Acho que ele vai passar
algumas orientações e indicações para que você inicie seu acompanhamento.

Ela continua falando e Nathan fica perto o tempo todo apesar de


permanecer quieto e cada vez mais distante. Em nenhum momento deixa de
sorrir de forma doce quando nossos olhos se cruzam, mas sei que
provavelmente algo está deixando-o tenso e imagino o que seja.

Como prometido a enfermeira chamou o médico que me liberou depois


de passar as familiares orientações e finalmente saio da clínica da forma que
cheguei. Descalça, descabelada e usando apenas a camisa do Nathan. Pelo
menos dessa vez estou consciente. Vou no carro com meus pais e ele decide
ir com tio Dylan e tia Dakota que insiste que eles precisam conversar. Espero
que ela brigue muito com ele. O que provavelmente vai acontecer já que sua
expressão não suavizou por um segundo sequer.

É rápido o caminho até a casa e o lado bom é que realmente me sinto


muito melhor. Não sinto enjoos, nem tontura, nem dor de cabeça ou
desconforto como seria esperado depois do desmaio. Assim que desço o carro
do tio Dylan estaciona atrás e Nathan parece com medo de chegar perto de
mim, ele sorri na minha direção, mas mantém uma distância que horas atrás
não existia.

Assim que entro encontro todos na sala e o primeiro a me abraçar é meu


filho que fica horas dizendo que me ama e como eu também amo meu
pequeno. Claro que meu desmaio virou o assunto do momento e evitei falar
sobre a gravidez já que isso poderia envolver a questão Sarah que por hora
decidi deixar de lado. Insolação foi à desculpa que usei e que tia Jess não
deixou passar, obviamente. Com muito sacrifício consegui dobra-la e depois
disso foquei-me apenas em apreciar o que estava surgindo entre eu e Nathan
que dessa vez não saiu do meu lado e sempre que surgia uma oportunidade
tocava meu braço com carinho. Meu pai fazia caretas, mas sorri ao ver sua
expressão de contentamento quando Nathan e Tony interagiam em um
daqueles momentos fofos de pai e filho. Tudo estava quase se encaixando.
Quase.

Encaro o rosto da Sarah e faço uma careta com vontade de bater a porta
do quarto.

— O que você quer comigo?

— Conversar. — ela da de ombros, mas olha para o final do corredor com


nervosismo.

— Está fugindo de alguém? — arqueio as sobrancelhas e contrariada abro


passagem para ela que nem hesita em entrar.

— Não é do Nathan, é do Arthur. — fala se virando na minha direção e


eu paraliso na porta.

— Arthur? — repito e ela assente — Não acredito. Como isso aconteceu?

— Nós transamos. — fala o óbvio como se eu não soubesse disso e


caminha para sentar na beirada da cama.

— Porque não procurou por ele?

— Ele estava ocupado. Eu só não... não acredito que isso aconteceu. Eu


estava nervosa e Nathan apareceu do nada. Eu era apaixonada por ele e acho
que confundi as coisas.

— É confundiu. — suspiro e me aproximo quando percebo que ela está


chorando. — Você ainda sente algo por ele?

— Faz diferença? — levanta exasperada e deixa escapar uma risada


irônica enquanto limpa o rosto. — Ele é louco por você. Sempre foi. E vocês
tem um filho.

— E o Arthur? Não acha que ele merece saber a verdade.


— Não. — se vira na minha direção. — Nós transamos e foi um erro. —
suspira segurando a ponta do cabelo loiro. — Mas, não vem ao caso o que
importa é que preciso de ajuda.

— Está me pedindo ajuda?

— Eu não tenho opção. E você parece ser a mais equilibrada daqui. Eu


estou fugindo de pessoas que me acharam e o único dinheiro que eu tinha na
conta foi bloqueado. Coisa que não deveria acontecer.

— Fugindo? Como assim? Que loucura é essa, Nathan sabe disso, você
por acaso procurou a polícia? — pergunto sem entender nada.

— A polícia não pode me ajudar. — suspira. — Nathan não sabe de nada.


Eu preciso da sua ajuda não tenho mais ninguém. — ela parece realmente
desesperada e eu diria que a beira das lágrimas quando levanta e segura meus
braços me impedindo de me afastar. — Por favor, eu não viria aqui se não
fosse importante.

— Você está grávida do Arthur. Ele precisa e com certeza vai te ajudar.
— falo e ela me solta quase que imediatamente.

— Não quero ajuda dele. Quer saber, esquece. Óbvio que não vai me
ajudar, nem sei por que vim aqui. Eu me viro. Por favor, só não fala nada
com ele.

— Sarah, espera. — falo quando ela caminha para a porta. — Conheço


uma pessoa que pode te ajudar, e acredite, ela vai querer fazer isso. —procuro
um papel no criado mudo e anoto o número de telefone. — Pode confiar e
boa sorte! — estendo o papel e ela segura.

— Obrigada — suspira e quase vejo a sombra de um sorriso em seu rosto.


— Desculpa por te fazer desmaiar.

— Não foi por sua causa. Eu também estou... grávida. — vejo uma
expressão de surpresa passar por suas feições, mas rapidamente é substituída
por uma máscara de indiferença. — Descobri hoje. — dou de ombros.
— Parabéns, eu acho. Nathan deve estar muito feliz... hã, obrigada de
novo. — balança o papel e sai apressada.

Por essa eu não esperava. Já consigo imaginar a cara do Arthur quando


souber da novidade. Ele que adora gabar sua solteirice. Seria engraçado vê-lo
responsável por outra pessoa que não seja ele próprio. Mas, não pretendo
falar nada. Sarah é adulta e provavelmente sabe o que está fazendo. Pelo
menos é isso que quero pensar já que ela veio aqui me pedir ajuda em um ato
total de desespero. Eu nem mesmo dei a ela dinheiro ou ofereci companhia
talvez para procurar as autoridades. Isso de estar fugindo é loucura. Respiro
fundo. Sei que ela vai conseguir ajuda se ligar. E eu realmente espero que ela
ligue.

Depois de uns minutos Nathan entra no quarto e franze o cenho quando


percebe que não estou tomando banho como falei que faria.

— Está tudo bem?

— Sim. — levanto da beirada da cama e caminho para o closet.

— Ainda está chateada comigo? — questiona se colocando na minha


frente e vagarosamente sobe as mãos por meus braços, para em seguida
rodear minha cintura e me puxa para ele.

— Pode me soltar, por favor? — tento me afastar, mas ele não deixa.

— Eu já pedi desculpa. — sussurra aproximando a boca da minha e já


fico alerta esperando o beijo, então no minuto seguinte ele simplesmente
morde meu lábio e se afasta.

Filho da mãe!

— Idiota! — xingo, mas não consigo evitar o sorrisinho de puro


contentamento. Nathan não vai ter outro filho com outra mulher. Nós vamos
ter outro filho. Essa confirmação faz um desejo avassalador se infiltrar em
cada célula do meu corpo que já está quente.

Tive dificuldades em assimilar a realidade essa manhã, mas tudo voltou a


ficar como deveria. Nathan é só meu e eu sem sombra de dúvidas pertenço a
ele.
NATHAN
O sorrisinho no rosto da Alicia não me esclarece em nada. Muito pelo
contrário, isso me deixa mais confuso. Ela tira camisa revelando seu corpo
apenas coberto com a minúscula calcinha e com aprovação observo seus
seios fartos rijos como um convite. Engulo em seco e me mantenho imóvel. E
como se estar praticamente nua na minha frente não fosse suficiente ela solta
os cabelos e se vira na minha direção. O rosto corado e o lábio inferior
fisgado como se estivesse se controlando. Quero ir até ela, mas fico na
minha, os pensamentos misturados entre o que a Sarah falou hoje pela manhã
e as curvas da mulher à minha frente. Alicia continua me encarando, muito,
repara minuciosamente meu rosto, com uma expressão de curiosidade, mas
logo ela vinca a testa e marquinhas especialmente adoráveis aparecem. Tenho
certeza que minha expressão está horrível. Mas, ela continua me encarando
curiosa e devo admitir que ela está linda assim. Na verdade sou suspeito a
falar, já que a meu ver Alicia fica linda de qualquer jeito. Instintivamente
caminho até ela, e quando levanto a mão com intuito de tocar seu rosto, ela a
segura no ar.

— Está tudo bem? — pergunta.

Detesto essa distância entre nós e a abraço. Sinto seu corpo macio contra
o meu e nem assim consigo relaxar totalmente. Seguro seu rosto entre as
mãos e a beijo com toda calma possível, esperando que ela se afaste, mas ela
corresponde e me sinto aliviado. Porém, quando solto seus lábios ela
finalmente se afasta para me olhar nos olhos.

— Está preocupado com ela? — sua pergunta faz meu coração dar um
salto. Sinto que tudo esta desandando, e para mim as coisas nunca estiveram
tão fodidas quanto agora. Não quero estar com Alicia e pensando em outra,
mas é exatamente assim que estou. Sarah só serviu para foder com minha
cabeça e por mais que tente evitar, estou muito preocupado.

— Desculpa amor. É que...

— Eu falei com ela. — sussurra me interrompendo. — O bebê não é seu.


— conclui de forma tão convicta que mais uma vez meu coração salta no
peito. Vou acabar com problemas cardíacos se continuarmos assim.

— Alicia, como...

— Eu falei com ela, Nathan. — repete — Não vou ser hipócrita em dizer
que ela está bem, porque ela não está. Parece assustada e com medo de... não
sei.. alguém. Ela me disse... bom. Ela esteve aqui e me pediu ajuda.

— Quando Sarah veio aqui? Que tipo de ajuda? — agora eu não estou
entendendo nada. Pedir ajuda não parece ser algo que a Sarah faria,
conhecendo-a como eu conheço posso dizer com todas as letras que isso não
faz nenhum sentido, e essa história de medo menos ainda. Alicia respira
fundo e parece pensar se me conta ou não o que quer que ambas tenham
conversado. — Ajuda com a gravidez? — incentivo para tentar fazê-la falar.

— É... mais ou menos. — morde o lábio inferior dando de ombros e se


afasta.

— Só isso... Mais ou menos? Alicia! O que aconteceu? — a curiosidade


me vence e a seguro pelo braço impedindo que me de as costas.

— É do Arthur.

— O que é do Arthur? — bufo sem entender o rumo que a conversa está


tomando.

— O bebê, idiota. Sarah está grávida dele! — retruca petulante e puxa o


braço.

Meus olhos se arregalam, mas de súbito sou tomado por uma sensação de
puro alívio. Sinto como se tivesse arrancado uma carga enorme dos meus
ombros. Quem diria Sarah e Arthur. Tenho vontade de dar risada. Aguentei
praticamente todos os dias as piadinhas do Arthur nesse verão e agora vejam
só, o destino não poderia ser mais justo do que isso.

— Que notícia boa. Isso é realmente ótimo. — digo tentando conter o


sorriso e fracassando. — Agora que sei que não tenho nada a ver com essa
história, quero muito comer você.

— Fala sério! Estamos conversando sobre algo importante e você vem


com idiotice?! — diz resignada e caminha para o banheiro. Mas, seguro seu
braço trazendo-a de encontro ao meu corpo novamente.

— Idiotice? — seguro em sua cintura e levanto-a em meus braços


arrancando dela um grito de surpresa. — Eu te amo, minha safadinha.

— Nathan... para com isso! — pede, mas da risada quando agarra meu
pescoço.

— Vamos ter outro filho, Alicia. Consegue acreditar nisso? — finalmente


consigo pensar nessa questão em particular sem sentir medo. E era isso que
eu precisava estar em paz com Alicia. Isso muda totalmente e completamente
meu humor. — Vamos ter um filho! — grito empolgado.

— Nós já temos um, vamos ter outro. — grita de volta e suspira


pesadamente.

— Isso é...

— Foda. — diz quando a coloco no chão. — Não sei se estou preparada


para isso.

— Eu estou aqui, eu vou te ajudar em tudo. Tudo mesmo. — a rodeio


com os braços e a beijo. — Estou ansioso para te ver com uma barriga
enorme andando pela casa e comendo morangos. — sorrio quando ela faz
uma pequena careta.

— Não me faça pensar nisso agora, Tony ainda é tão novinho. — faz um
biquinho olhando para baixo. — Ele vai sentir ciúmes. Meu bebê, meu
menininho... Vou ter que dividir minha atenção e o amor que poderia ser só
dele. — funga e percebo seu receio. Com cuidado capturo algumas lágrimas
em sua bochecha com um sorrisinho.

— Amor, não pense assim. Eu sempre quis ter irmãos, tenho certeza que
nosso filho vai adorar saber a novidade. — acaricio seu rosto — Sua atenção
não vai ser dividida, muito menos seu amor. Isso só multiplica. Podemos ter
milhares de filhos e ainda assim você vai amar cada um como se fosse único.

— Não quero milhares de filhos. — se afasta com uma pequena careta.

— Talvez eu queira... vamos começar fazê-los hoje mesmo, o que acha?


— completo e deixo minha mão escorregar para seus seios expostos e com
um sorrisinho sinto-os enrijecer sob meu toque.

— Preciso de um banho. — suspira se afastando. — Não podemos, não


agora... a casa está cheia e é muito cedo. — completa quando seguro sua
mão.

— Estamos no segundo andar... — levo a mão até seu cabelo fazendo um


carinho. Alicia se inclina ao meu toque e me olha intensamente.

— Não. — fala decidida e sorrio.

Oh, minha adorável menina. Eu já estou perdido. Sua negativa é


literalmente como um incentivo. Nem penso duas vezes, beijo sua boca
deixando o desejo dominar cada célula do meu corpo e ela não tem mais
escapatória quando corresponde ao beijo com vontade, sua boca agora
duelando com a minha num frenesi quase que insuportável. Mordo seu lábio
com força a fazendo gemer.

— Não podemos... — suas mãos avançam para minha camisa e a ajudo


arranca-lá por minha cabeça. — Não devemos... — agarra meu pescoço e
começa distribuir beijos no meu maxilar.

— Não, safadinha. Não podemos mesmo. — seguro em sua bunda a


levantando do chão e ela aperta as pernas ao redor da minha cintura.

Deito-a sobre a cama e me afasto o suficiente para arrancar o short e a


cueca boxer. Alicia parece mais necessitada a cada movimento meu. Encaro
seu rosto vermelho com um pequeno sorriso enquanto assisto-a se contorcer
em expectativa. Vagarosamente deito-me sobre ela e apoio meus cotovelos na
cama. Capturo um bico intumescido na boca e sugo avidamente arrancando
um grito dela enquanto começa a se movimentar para cima e pra baixo de
forma incontrolável.

— Lice, sem gritar... — murmuro e passo a língua por seu seio delicioso
antes de erguer a cabeça, Alicia está tão sensível e delicada que posso
facilmente fazê-la gozar se continuar chupando muito forte. — Vou amá-la
do jeito certo e bem devagar.

Além do fato dela estar grávida, quero prolongar ao máximo nosso


momento. É nossa reconciliação e comemoração, afinal. Mas, para minha
surpresa ela está fazendo uma careta.

— Pode me amar do jeito certo e forte? — questiona e deixo escapar uma


gargalhada. É sempre assim com ela, muito forte e intenso. Alicia consegue
ser meiga ao ponto de corar timidamente com tanta facilidade, mas também
safada ao ponto de se tornar um furacão na cama.

— Promete que não vai gritar? — pergunto e ela balança a cabeça


freneticamente. Ajoelho-me entre suas pernas e segurando as laterais de sua
calcinha e desço vagarosamente por suas pernas de modo que a deixa mais
impaciente. Posiciono-me em sua entrada encharcada e entro de uma única
vez enquanto ela faz exatamente o que disse que não faria. Abaixo-me
apoiando os pesos no cotovelo e ficando totalmente imóvel. — Acho que vou
precisar te amordaçar.

— Não, seja idiota. — sibila.

— Essa deve ser a terceira vez que você me chama de idiota. Vou
precisar te fazer pedir desculpa?

Ela me encara séria, mas percebo que não faz diferença quando o familiar
sorrisinho malvado brota em seus lábios deliciosos.

— Hmmm... depende. Como vai me obrigar a me desculpar? — geme


quando faço um movimento mínimo.

— Negando o que você precisa.

Finalmente ela arregala os olhos compreendendo o que quero dizer.


— Isso seria uma atitude idiota!

Não sei como, mas Alicia consegue apertar meu pau com um movimento
leve e minha necessidade de meter nela bem forte e fundo aumenta em
proporções inimagináveis. Chega ser doloroso.

— Pede desculpa ou não faremos. — digo me movendo apenas um pouco


dentro dela e sinto-a estremecer debaixo de mim. Olho em seu rosto surpreso
e ela pisca os olhos incrédula e tenta se mexer, mas estou prendendo seu
corpo sobre o meu, com todo meu peso, por mais que ela continue tentando,
não vai conseguir nada.

— Juro que vou gritar se você continuar parado.

— Vai gritar? — seguro a vontade de dar risada.

— Eu estou grávida e exijo que você me coma. Agora mesmo. Com


força. — reclama petulante com a voz rouca e porra, quase gozo em apenas
ouvi-la tão atrevida.

— Tenho impressão de que de hoje em diante isso vai ser muito usado
contra mim... — respondo usando cada gota de meu autocontrole para não
dar risada.

— Quando decidir continuar me avisa! — ela reclama de novo e sorrio


com sua impaciência.

Definitivamente a cada segundo que passa eu amo mais essa mulher!

Acaricio seu rosto com minha barba por fazer e sussurro em seu ouvido.

— Só porque eu te amo mais do que consigo explicar...

Volto a me mexer como sei que ela precisa enquanto beijo sua boca
ocultando seus gritos. Alicia é como uma droga pesada, quanto mais a tenho,
mais a quero. Não tem como enjoar disso. Desencaixo dela e ela logo
protesta, mas sorri quando percebe minha intenção. Inverto nossas posições a
montando em mim como uma cowgirl. Não quero pesar muito sobre ela e
dessa forma vou conseguir aproveitar sem receios.

— Sou todo seu amor, Cavalga em mim do jeito que você gosta. — ela
geme e começa se movimentar. Aperto sua cintura com as duas mãos e
ajudo-a impulsionando para cima e para baixo. Porém, dessa forma não tenho
como silencia-la em seu pequeno escândalo. — Shiiu! Alicia, você quer a
casa inteira nos escute?

— Não estou nem aí... — dou risada. Ela diz isso agora! Sento-me
abraçando-a apertado e mordendo seu pescoço para soprar em sua pele.

— Safada!

— Ah, Nate... — sibila e sinto meu clímax crescendo, ainda não quero
que acabe sem que Alicia tenha sua própria liberação. Levo minhas mãos aos
seus seios e massageio, é o suficiente para fazê-la explodir em êxtase e ter o
orgasmo que tanto precisa. Alicia joga a cabeça pra trás com o corpo
convulsionando e tenho acesso ao seu pescoço onde deixo pequenas
mordidas e chupadas em sua pele de boneca.

Desço ambas as mãos para sua bunda onde aberto ainda mantendo seus
movimentos e ela geme meu nome de forma tão meiga e doce que só em
ouvir sua voz rouca chego ao meu próprio clímax a levando junto comigo
mais uma vez.

— Satisfeita? — pergunto começando a distribuir beijos em seu rosto


suado e vermelho.

— Muito satisfeita, obrigada! — grunhe manhosa como uma gatinha no


cio e no mesmo momento a porta do quarto abre de repente me obrigando
jogá-la na cama de qualquer jeito e puxar edredom para nos cobrir.

— Está tudo bem? — questiono baixinho enfiando a cabeça embaixo do


edredom já que ouvi o barulho da cabeça da Alicia batendo na cabeceira da
cama.

— Quem entrou? — pergunta alisando a cabeça com uma careta.


— O To...

— Mãe! Você está bem? — Tony me interrompe e juntos saímos de


debaixo do edredom e o encaramos ofegantes. — Você estava gritando, o
papai estava te matando?

Dou uma gargalhada e Alicia se afunda mais dentro dos travesseiros com
um gemido de pura frustração. Eu avisei!

— Desculpe casal, mas tentem ser silenciosos da próxima. — Kate fala


da porta e finalmente noto sua presença. — Aeee, Lice mandando ver, hein!
Espertinha. — da uma gargalhada antes de sair.

— Mãe? — Tony chama e Alicia permanece com a cabeça coberta.

— Eu não estava matando a mamãe, Tony porque eu a amo muito... —


digo ainda rindo e me levanto com um dos travesseiros cobrindo minha
nudez. — Mas, não se preocupe a mamãe vai te explicar tudinho.

Junto minhas roupas e caminho para o banheiro.

— O que??? Nathan volta aqui! — Alicia grita debaixo do edredom.

— Lembra quando você me fez explicar de onde vêm os bebês? Então,


boa sorte amor! — ela finalmente levanta a cabeça mais vermelha que nunca
e me encara. — Eu te amo!

— Nathan... — resmunga entre os dentes e com um sorriso bobo bato a


porta do banheiro ainda ouvindo-a gritar e me chamar de idiota.
ALICIA
Explicar para o Tony porque eu estava gritando não foi tão complicado
quanto explicar o motivo de eu sair da cama enrolada no edredom. Sim, o
filho de oitocentas putas do pai dele me deixou na mão e ainda fez o enorme
favor de deixar chupões mais que visíveis no meu pescoço. Escuto a voz da
tia Dakota, mas quando finalmente decido sair do banheiro só vejo Nathan
sentado na beirada da cama com o celular na mão provavelmente jogando.
Assim que paro a sua frente ele me encara e logo o sorriso idiota surge em
seus lábios.

— O que é isso, Nathan estúpido Carter? — aponto para meu pescoço.

— É um pescoço lindo e...

— Eee??? — arqueio uma sobrancelha e coloco as mãos na cintura.

— Você está parecendo minha mãe. São só chupões, além do mais...


todos lá já sabem que você estava gritando por algum motivo. — da risada e
volta a prestar atenção no jogo. Avanço em sua direção e pulo em cima dele
tentando arrancar o celular da sua mão. — Você não devia se estressar assim,
está grávida. Lembra?

— Você me paga por isso, seu estúpido. — continuo na minha tentativa


frustrada de pegar o celular e quando mais eu tento mais ele da risada.

— Vocês estão brincando de ir na roda-gigante de novo? — Tony abre a


porta de repente e entra correndo me dando um belo susto.

Faço uma anotação mental para não me esquecer de trancar a porta mais.

— Brincando de que? — Nathan pergunta me ajudando a levantar e


arrumar a toalha no corpo.

— Pai a mamãe tem medo de roda-gigante. Eu não tenho medo, faz


comigo?
— Roda-gigante? — Nathan arqueia as sobrancelhas na minha direção
com um sorrisinho de lado e dou de ombros. Foi o melhor que eu consegui!

— Eu não vou gritar igual à mamãe! — Tony fala e engasgo com a saliva
enquanto Nathan tem uma nova crise de riso.

— Claro que não! Você vai fazer as meninas gritarem!

— Nathan Carter! — puxo seu cabelo apenas para vê-lo fazer uma careta
de dor e Tony da risada ainda o encarando com expectativa. — Pense bem no
que vai dizer para ele!

— Caralho, Alicia. — reclama alisando a cabeça quando eu o solto. —


Tony eu prometo que te ensino daqui alguns anos.

— Ahh! Eu queria agora...

— Não queria não! E eu espero que comece a querer quando estiver na


faculdade! — digo e os dois fazem uma careta. Sim, meu filho de quatro anos
fez uma careta sem saber sobre o que estou falando. — Eu já volto, para falar
com os dois algo muito importante.

Caminho para o closet pego um vestido leve e uma calcinha. Quando


volto para o quarto os dois estão juntos com o celular. Entro no banheiro
visto rapidamente a roupa e escovando o cabelo faço uma trança lateral
tentando ao máximo ignorar as marcas na minha pele. Suspiro para o espelho
e encaro meu corpo tentando já ver mudanças, como se eu não soubesse que
ainda falta para isso acontecer. De repente eu me vejo ansiosa com essa
gravidez. Vai ser diferente com Nathan ao meu lado. Ajeito os seios dentro
do bojo do vestido enquanto eles ainda cabem e passo apenas um pouco do
hidratante que tem na bancada finalizando com um pouquinho de gloss.
Gravidez e perfume forte não é uma boa combinação e eu vejo finalmente as
vantagens de já ter enfrentado uma gestação.

Entro no quarto e Nathan me encara com seu olhar quente praticamente


me devorando com os olhos. Sinto minhas bochechas corando e aprecio a
sensação dos seus olhos em mim. Logo ele devia o olhar e tira o celular da
mão do Tony que reclama.

— Reclama para sua mãe. — ele diz apontando para mim e Tony me
encara. Sim, eu sou o adulto chato. Como Nathan mal começou desempenhar
o papel de pai e faz todas as vontades do Tony alguém precisa impor os
limites, certo?

— Nós vamos conversar. — digo caminhando para perto deles e sentando


entre os dois.

— O papai fez merda? — Tony questiona quebrando o silêncio e meus os


olhos se arregalam. De onde ele tirou isso? — Eu já ouvi você falando com a
tia Lexi. — responde como se tivesse ouvindo meus pensamentos e da de
ombros. Oh, céus ao que parece desenhos não são suficientes para prender
atenção de crianças sapecas como meu filho.

— Dessa vez seu pai não fez nada. E não pode falar assim, Anthony. É
feio.

— Também acho dona Alicia! Muito feio. — Nathan reclama e dou de


ombros.

— Tony... — chamo meu filho que me encara com as duas bolas de gude
azuis brilhando. Isso me faz imaginar uma menininha tão linda e gordinha
como ele. — Você, hummm nós vamos... A mamãe está grávida! — espero
sua reação, mas ele continua parado me encarando.

— Tony... — Nathan intervém chamando sua atenção. — Tem um bebê


dentro da barriga da mamãe, você vai ter um irmãozinho!

— Ou irmã... — completo e finalmente ele pisca compreendendo e encara


minha barriga tapando a boca com as duas mãos e no momento que espero
ele comemorar ou ter uma reação parecida ele faz o contrário e começa
chorar. — Tony... amor você não gostou? — tenho um sobressalto e o puxo
para meu colo começando a beijar sua cabeça.

Eu não esperava essa reação. Não esperava mesmo. Sinto algumas


lágrimas se acumulando no canto dos meus olhos e olho para Nathan aflita
demais para falar alguma coisa.

— Eu gostei mamãe. Eu gostei muito. — Tony fala de repente e agarra


meu pescoço quando percebe que já estou chorando com ele. — É menino?
— diz me soltando para encarar minha barriga. As lágrimas já substituídas
por um sorriso enorme.

— Com certeza é menino! — Nathan respira aliviado e me puxa para o


colo afundando o nariz no meu pescoço.

— Espero que dessa vez venha uma menininha. — digo sorrindo.

Quem diria que meu verão terminaria assim? Em algumas semanas


Nathan se tornou tudo o que eu idealizava. Um pai excepcional para nosso
filho e um namorado extremamente carinhoso e preocupado comigo. A
notícia da gravidez foi inesperada, mas meu verão também foi. O verão
inesperado mais esperado da minha vida. Até parece mentira que estou
finalmente na minha própria bolha de felicidade.

— Eu amo vocês. — Nathan sussurra apertando os braços a nossa volta.

— Eu também amo muito os dois! — digo em êxtase.

— Para! Não aperta. Vocês vão machucar o bebê! — Tony reclama


saindo do nosso abraço de urso com a cara amarrada e juntos damos risada —
Ele tá aqui, né mãe?! — aponta para minha barriga e balanço a cabeça em
positivo. — Quando ele vai sair?

— Vai demorar.

— Eu posso brincar com ele no balanço? — questiona e comprimo os


lábios contendo outro sorriso.

— Pode, mas Tony vai demorar um pouquinho para isso acontecer. Ele
ainda é pequenininho demais. — digo e ele faz uma careta.

— Tá! Eu espero né! Fazer o que?! — replica e Nathan explode em uma


gargalhada.
Nossos pais não quiseram ficar mais de duas noites na casa do lago e com
isso todos concordamos que passamos tempo suficiente longe da nossa rotina.
Foram semanas maravilhosas e cheias de novidades pelo menos para mim.
Pelos outros não posso dizer o mesmo já que eu passei a maior parte do
tempo curtindo minha família. E agora para meu total desespero interno tia
Dakota decidiu levar o Tony com ela, e o muito safado do meu filho aceitou
mais do que depressa.

Tony ficou encantado com a notícia que ganhou mais dois avós e em
menos de dois minutos era vovó Dak e vovô Dy o tempo todo e eles pareciam
muito satisfeitos com a espontaneidade do neto. O mais engraçado sem
dúvidas foi ver minha mãe e tia Dakota disputando a atenção dele no decorrer
do dia. E o muito safado nem gostou de toda atenção extra.

Encero a ligação com tia Dakota jurando que eles estão bem, já que tentei
falar com Anthony, mas não consegui, pois ele estava nadando com tio
Dylan. Essa é a primeira vez que fico sem meu filho durante tanto tempo, no
máximo Tony passava uma noite na casa dos meus pais e logo pela manhã eu
já estava lá. Agora já são dois dias sem ver meu pequeno e claro que dona
Heloísa ficou morrendo de ciúmes, me obrigando a prometer que de hoje em
diante deixaria Anthony passar mais tempo com ela. Até porque nossa
viagem está finalmente acabando e minha ansiedade literalmente a mil por
hora. Nathan precisa ir até a Alemanha e isso pareceu não o deixar satisfeito.
Mas, eu vou tentar convencê-lo a ir até lá e se for necessário terminar o curso.

— Porque está com essa cara? Não vai para o lago? É nossa despedida e
não é como se Nathan fosse desaparecer! — Arthur fala entrando na cozinha
e reviro os olhos terminando minha água. Sei muito bem que Nathan não vai
desaparecer apesar de está ocupado falando com o reitor da universidade
desde que levantamos. E bom, tenho certeza que isso se deve ao fato de que
ele já devia ter voltado há uma semana.

— Cuida da sua vida. — ralho e ele arqueia as sobrancelhas.

— Porque está tão nervosa comigo, Lice. Eu te fiz alguma coisa? —


questiona me avaliando. E o pior é que eu nem mesmo tenho uma
justificativa plausível para toda essa raiva. Sei que Sarah está bem e por
vontade própria optou por não ter Arthur por perto o que não julgo já que não
sei como ele a tratou, mas mesmo assim Arthur tem me irritado muito. Não
preciso nem mesmo de um motivo. Eu simplesmente não estou suportando
passar mais de vinte minutos perto dele.

— Eu não gosto mais de você! — dou de ombros e ele arregala os olhos.

— Nossa essa doeu! — dramatiza com a mão no peito e acabo dando


risada. E nesses raros momentos eu me sinto especialmente culpada por estar
com raiva dele.

— Quem era a garota dessa manhã? — questiono tentando puxar assunto


enquanto caminho para a pia.

— Acho que era Mase ou Meggie. — Ok. Escolhi o pior assunto! Penso
fazendo uma careta e virando para encara-ló. — Sinceramente não faço ideia
de quem era, mas sei que ela era muito boa com a boca. — sorri de lado e
finjo puxar uma ânsia.

— Nem mesmo o nome dela você sabe.

— Ah Lice, não adianta decorar nome, não vou mais encontrá-la.

— Cretino mesmo. — resmungo. — Cuidado para não engravidar outra


pobre coitada!

— O que? — praticamente grita e comprimo os lábios imaginando que


falei mais do que devia, mas olhando sua expressão divertida dou de ombros
com indiferença. Óbvio que ele não percebeu. — Ficou louca, Alicia! Eu não
engravidei e nem vou engravidar ninguém... sei me cuidar!

— Sabe né?! Bom que você tem essa certeza. Idiota! — caminho para
fora nem esperando pela resposta. Está aí o motivo da minha raiva. Ele
sequer lembra-se da garota que transou com ele sem a merda do preservativo.

Kate está sorrindo com Lexi e Emily quando me aproximo. Sento-me na


espreguiçadeira ao lado delas e olho na direção que estão olhando. À frente
os meninos estão distraídos jogando futebol. Ethan percebe que me aproximei
agora e sorri na minha direção passando em seguida às mãos no cabelo de
forma exasperada no mesmo minuto Lexi suspira.

— Ele é lindo, isso não dá pra negar. — Emily comenta.

— O que? Qual o assunto? O que eu perdi me atualiza. — peço.

— Estamos falando do idiota que não me dá uma chance. Sequer olha na


minha direção. — Kate resmunga.

— Você que pensa. — Lexi fala estalando os lábios. — O cara não parou
de te comer com os olhos o verão inteiro ou ele quer e não sabe como chegar
ou...

— Tem medo dos que seus irmãos vão achar. — completo sua frase e
sorrio.

— Acho foda isso de vocês ficarem completando a frase uma da outra. É


bem gemêano! — Kate observa e caímos na risada. — Ah, meninas sério, eu
meio que desisti. Ele saiu o tempo todo que estivemos aqui com o idiota do
meu irmão. Nem mesmo quando acordamos juntos na casa da pica-pau ele
cedeu.

— Ah, mas seu irmão sempre voltava acompanhado e ele não. — Emily
observa.

— Exatamente. — concordo. — Ele está até se comportando.

— Você gosta mesmo, mesmo dele? — Lexi pergunta de repente. —


Tipo amor não correspondido.

— Não, claro que não. Não mais. — Kate responde apresada e nos três
instantaneamente temos uma troca de olhares com as sobrancelhas arqueadas.
— Sério, eu só queria porque ele não quis ceder... e...

— Eu também nem queria seu irmão, mas estou com ele há dois anos. E
você bem lembra como eu consegui essa proeza. — Emily sorri olhando para
frente. Não teria como não lembrar. Na época ela até comprou um
apartamento no mesmo condomínio do Matheus e virou vizinha dele.
— Eu muito menos o Nathan e olhem para mim agora! — suspiro.

— Mas ele não me quer. — Kate sussurra. — Tem uma enorme


diferença.

— Eu o ouvi comentar com o Matheus que iria passar um tempo


ajudando na oficina do pai, parece que teve problemas com alguns
funcionários... sei lá, não custa tentar.

— Tentar o que, concertar carro? — Lexi ironiza e da risada. — Fala


sério! Você já tem um emprego. Não tome Emily como seu exemplo. Olha
para ele! Não vale tanto esforço assim, sendo bem sincera e... — olha para
frente e faz uma careta. — Porra! Ele com certeza vale seu esforço.

Deixo escapar uma gargalhada.

— Alexia! Assim ela vai ficar confusa.

— Bom de qualquer forma seus pais tem dinheiro mesmo! Vai com tudo.
— levanta e caminha para a cozinha.

— Aonde você vai? — questiono ainda rindo.

— Pegar alguma bebida decente, caro clone. Porque, pelo que estou
vendo sou a única aqui que não está de quatro por um estúpido.

— Ainda. — Emily que se adianta em responder enquanto ela finge se


benzer. — Então Katherine, o que você vai decidir?

— O que você acha? — pergunta com um sorrisinho.

— Será que ele resiste por quanto tempo? — pergunto para a Emily que
finge pensar.

— Considerando que estamos falando da Katherine Beckham... hum, eu


acho que ele não vai durar muito. E nem a oficina.

Continuamos conversando amenidades e Kate não parou de fazer planos e


mais planos. Isso até Lexi voltar com uma bandeja na mão onde consigo ver
quatro copos de coquetéis. Ela se senta e cada uma pega um. Fico tentada a
pegar já que está muito calor e o copo está tentadoramente suado, mas resisto
e finjo que não vi a bandeja.

— O que, você não vai beber? — pergunta me encarando com uma


sobrancelha arqueada.

Penso que esse é o momento ideal para comunicar finalmente a elas sobre
minha segunda gravidez. Não sei como, mas consegui manter isso em
segredo até agora. Bom, uma parte foi devido aos nossos pais serem
excepcionalmente discretos e deixar que eu e Nathan decidamos quando
contar e também o fato da tia Dakota levar o Tony, já que tenho certeza que
meu filho acabaria contando. Não sei por que estou tão receosa em contar. De
qualquer forma todos vão perceber que eu engravidei mais uma vez por puro
descuido. Primeira vez até passa, mas a segunda não tem justificativa.

— É só coquetel, Lice. Pode beber! — Kate fala me incentivando


enquanto dá um gole próprio copo.

— Ela não quer! — a voz do Nathan fala a nossas costas e nos viramos ao
mesmo tempo na direção do som. Ele caminha decidido na nossa direção com
um copo de suco que eu identifico ser de laranja na mão. — Aqui amor... eu
fiz um suco de laranja para você.

Oh! Que fofo. Quase tenho vontade de chorar. Nathan está especialmente
carinhoso e cuidadoso comigo desde que descobriu a gravidez, isso eu não
posso negar e nem reclamar, pois ele tem se esforçado muito para me
agradar.

— Está brincando, né?! — Lexy pergunta perplexa ainda com a bandeja


estendida na minha direção.

— Não. — Nathan responde simplesmente enquanto bebo o suco que está


muito bom, diga-se de passagem.

— Fala sério, viu. Que decepção Alícia Montanari. Que decepção! —


completa pesadamente colocando com cuidado a bandeja no chão para não
derrubar o copo.

— Eu não posso beber. — digo finalmente quando termino minha bebida


e encaro Nathan que faz um gesto discreto me incentivando. — Eu... eu estou
grávida! — completo de forma apressada e as três engasgam ao mesmo
tempo.

— Mentira?! — Kate arregala os olhos.

— Parabéns, Lice. — Emily comemora passando os braços ao redor do


meu pescoço.

— Por favor, depois me passa o nome do seu anticoncepcional para mim


lembrar de nunca comprar dele. — Lexi fala rindo e levantando para me
abraçar também assim que a Kate me solta.

— Já sabe de quanto tempo está?

— Vou jogar um pouquinho, qualquer coisa se essas três te deixarem


entediada você me chama. Principalmente a dupla demô e nio — Nathan
brinca beijando minha cabeça e se afastando em seguida.

— Eu espero que sejam sêxtuplos. — Kate grita as suas costas e dou


risada até raciocinar e entender o que ela disse.
NATHAN
Faz duas semanas que voltamos da casa do lago e eu praticamente me
mudei para o apartamento da Alicia. E quando eu digo praticamente é porque
ainda estou hospedado no hotel, mas passo mais tempo lá que em qualquer
outro lugar. Não quero ter que dividir um apartamento já pequeno com ela e
Lexi, e também não posso leva-lá para nossa casa até resolver minha atual
situação na universidade. O que tem me ocupado muito já que precisei de
todo meu poder de persuasão para negar me formar com os demais alunos da
minha turma, por sorte eu já praticamente terminei meu curso e agora só está
pendente minha transferência finalmente para Nova York. Acho foda toda
essa burocracia, mas infelizmente é necessário. E não pense que leu errado.
Nossa casa, sim. Fiz questão de entrar em contato com a imobiliária que
atende minha família ainda quando estávamos na viagem e eu descobri a
gravidez. E para ser bem sincero por mim eu voltaria já casado. Alicia é a
única mulher que eu quero e sempre admirei o casamento dos meus pais.
Espero ter uma relação sólida e duradoura como a deles. Voltando ao assunto
casa com uma proeza digna de aplausos consegui fazer tudo de forma tão
discreta que Alicia até agora não suspeitou de absolutamente nada e
justamente hoje que eu preciso ir visitar a casa ela está de folga.

— Porque está com essa cara? — pergunta dando a volta no pequeno


balcão da cozinha do seu apartamento. Guardo meu celular e encaro seu rosto
com um sorriso.

— Nada, achei que você ia para a academia. — dou de ombros.

Alicia ainda está trabalhando na academia de dança da família, e parece


ter verdadeira adoração pelo lugar e por causa disso eu não tenho intenção de
fazê-la sair muito pelo contrário nesses dias eu a ajudo cuidando do Tony e
aproveitando para curtir momentos a sós com ele e fortalecer nosso vínculo.

— Nossa parece que você não gostou. — faz um biquinho e a puxo para
meu colo, fazendo-a montar de frente para mim. — Eu fiz uma surpresa até
mesmo mandei o Tony para casa dos meus pais.
— É claro que eu gostei amor. — aperto sua bunda por baixo do vestido
que ela está vestindo e afundo a cabeça em seu pescoço já beijando sua pele.

— Temos o apartamento só para nós. — suas mãos avançam para a barra


da minha camisa e rapidamente a ajudo puxa-la por minha cabeça. E logo
faço o mesmo com seu vestido. — Acho que estou viciada em você. — sorri
me encarando com as bochechas coradas e sou obrigado a concordar. Alicia
está me procurando com muita frequência ultimamente. Inclusive chegou até
me ligar de madrugada implorando para eu vir dormir com ela o que sem
dúvidas o fiz com o maior prazer, mas infelizmente não é só seu desejo
sexual que mudou. Ela está mais estressada. Terrivelmente estressada, mas
não um simples estresse, ela fica psicótica. Juro que não achava que gravidez
era tão complicada. Alicia me morde e me bate com tanta raiva em alguns
momentos e por motivos idiotas para logo em seguida chorar dizendo estar
arrependida. Uma verdadeira loucura. Isso exatamente essa a palavra. Ela
está meio louca e com um apetite fora do comum.

— Estou mais do que disposto em satisfazê-la. — beijo com devoção


cada um de seus seios e tento não pensar em nada quando reivindico seus
lábios com a fome que tenho dela e que provavelmente nunca irei saciar até
meu celular começar tocar nos interrompendo.

Afasto-me dos lábios da Alicia com um sorrisinho, para procurar pelo


aparelho que toca insistentemente. Aposto que é dona Dakota.

Minha mãe me liga todos os dias e não seria diferente, em quatro dias que
ela ficou com o Tony ele ganhou uma quantidade absurda de brinquedos que
daria facilmente para presentear uma pequena instituição. E foi o que Alicia
fez doando vários dos seus brinquedos antigos. Ela também questiona se
Alicia já iniciou o acompanhamento quanto à gravidez e se eu pretendo
resolver minha situação antes do bebê nascer. Sim, ela me cobra isso mais do
que a própria Alicia.

Pego o celular e o nome Jane ilumina a tela. Puta merda! Finjo não ser
nada demais e deixo a chamada cair na caixa postal, mas pela cara que Alicia
está fazendo sei que ela não gostou nada do que viu e eu também não
pretendo falar que é a corretora. Alicia endireita o corpo e antes que eu
consiga impedir pula do meu colo para o sofá.
— O que houve... vem aqui.

— Não vai atender sua amiga? — seu rosto de contorce em uma pequena
careta.

— Depois eu falo com ela... — dou de ombros e ela arqueia as


sobrancelhas.

— Depois você fala com ela, entendi. —repete minhas palavras e meu
celular volta a tocar. Alicia olha de mim pra ele e vice versa, ficamos nisso
por uns segundos até que me vejo obrigado a atender apressado assim que ela
ameaça pegar o aparelho.

— Nathan? — Jane chama quando coloco o celular no ouvido. — Sr.


Carter?

— Jane! Tudo bem? — Alicia continua me encarando, mas agora com os


braços cruzados. Um sinal mais do que claro que estou fodido.

— Sim, tudo muito bem. Espero que também esteja bem. Em relação a
sua visita a casa, consegui o primeiro horário e já agendei. Podemos nos ver
dentro de uma hora?

Lembro que pedi para ela adiantar o horário e me arrependo amargamente


da minha decisão. Minha intenção era ir com o Tony e de lá seguir para a
academia para buscar Alicia, mas ao invés disso ela está aqui me encarando
como se quisesse me matar.

— Sério? — encaro Alicia e sorrio.

— Algum problema ser agora? — Jane pergunta.

— Não, Jane. Problema algum eu estou disponível.

— Ótimo, eu já estou chegando, te mando o endereço por mensagem


apenas para confirmar.

— Tudo bem, nos vemos em breve. — desligo e coloco o celular no sofá.


Alicia levanta sem dizer uma palavra e tenta se afastar, mas a impeço a tempo
puxando-a para meu colo. — O que houve? — pergunto passando os braços a
sua volta mantendo-a no lugar.

— Nada. — responde seca e se mexe para sair do meu colo de forma que
meu pau que ainda está duro comece incomodar dentro da cueca.

— Então fica aqui... — digo e beijo seu ombro. — Vamos terminar o que
começamos.

Essas palavras são suficientes para fazer com que ela se afaste
inesperadamente.

— Acredito que a Jane esteja te esperando. — responde ríspida e seguro a


vontade de dar risada.

— Eu ainda tenho tempo antes de ir encontrar com ela. — dou um


sorrisinho de lado e ela continua seria. — Amor, a Jane é só uma amiga da
família. Eu não sabia que você estava em casa. Eu marcaria para outro dia se
soubesse.

— Você está brincando, né? Então você marca encontros quando eu estou
trabalhando? Você realmente fica cuidando do Tony ou está usando ele como
desculpa?

— Claro que eu cuido dele! Eu não usaria nosso filho dessa forma.

— Quer saber, pode ir para seu encontro. Foda-se. Espero que se divirta.
— sai pisando duro para o quarto e levanto para ir atrás dela com um
sorrisinho. Eu já imaginava que ela não iria gostar. Minha adorável
ciumentinha consegue ficar ainda mais irresistível quando está tão nervosa.

Abro a porta do quarto e a vejo deitada na cama de costas para mim ainda
usando apenas o conjunto de lingerie. Entro e deito ao seu lado sem tocar
nela.

— Amor. — chamo e ela não responde. — Lice eu não sabia que você
estava em casa, juro que não marcaria nada se eu soubesse.
Ela permanece de costas e calada demais. Aproximo-me devagar e passo
os braços a sua volta trazendo-a para perto.

— Sai de perto de mim. — responde fungando tentando se afastar e


quando me encara tenho um sobressalto ao perceber que ela está chorando.

— Lice porque está chorando, amor eu não vou fazer nada. Eu jamais
faria algo para magoar você.

— Você já fez e está fazendo de novo. — levanta limpando o rosto. —


Por isso estava com aquela cara enquanto eu preparava nosso almoço? Você
tem um encontro com outra mulher e eu igual uma idiota preocupada em te
agradar na minha folga.

Tenho vontade de dar risada. Jane está longe de ser alguém com quem eu
me envolveria. Ela tem idade suficiente para ser minha avó.

— Claro que não. Lice não é nada como você está pensando. Já te falei
que Jane é uma amiga antiga da família.

— Estou pouco me importando. Pode ir Nathan. Vai ter seu encontro com
sua amiguinha antiga e me deixa em paz.

Finalmente dou risada e levanto caminhando para perto dela.

— Vem aqui minha marrentinha... — tento me aproximar.

— Não. — responde e abraço seu corpo apesar dos seus protestos e sua
tentativa de me afastar.

— Alicia para com isso. Não tem motivo para ficar assim. Eu só tenho
olhos para você!

— Enquanto eu não estou trabalhando e você marcando encontros. —


seguro seu rosto entre minhas mãos e beijo o rastro de lágrimas antes de tocar
levemente seus lábios.

— Eu te amo. Te amo pra caralho! Quando você vai entender? Eu não


quero mais ninguém.

— E porque você precisa encontrar outra mulher, Nathan? E você disse


que estava disponível. E eu? Eu estou aqui, fiz seu almoço...

— Eu prometi que iria, Alícia. Não posso desmarcar você sabe que na
próxima semana eu tenho que viajar.

— E essa mulher é tão importante assim? — pergunta e não respondo. —


Tudo bem, eu entendi. Faz o que você achar melhor.

Odeio essa frase. Ela simplesmente serve para foder com a cabeça e
colocar um caralho dê pressão na merda da decisão que precisa ser tomada.

Alicia se afasta e caminha para o guarda roupa. Pega outro vestido e


veste. Então faz um rabo de cavalo e pega um par de tênis.

— Aonde você vai? — pergunto quanto ela senta na beirada da cama para
calçar o tênis.

— Vou buscar meu filho e passar o dia com ele. — ok. Também odeio
quando ela usa essa frase. Tony também é meu filho. Mas, não vou reclamar
porque sei que ela está chateada e com razão. Assim que termina com os tênis
se afasta sem olhar na minha direção.

— Você não vai almoçar? — pergunto enquanto ela procura algo na


mesinha de centro da sala.

— Não estou com fome.

— Você está grávida!

— E continuo sem fome! — suas respostas são ríspidas e ela mal olha na
minha cara. Respiro fundo. Porra, porque é tão difícil fazer uma surpresa.

— Eu te levo. — tento e ela não responde. Então meu celular toca mais
uma vez e ela fica imóvel na verdade nós dois ficamos até que ele para.
Alicia pega o aparelho e encara a tela por uns instantes antes de joga-lo na
minha direção que o pego no ar.
— Não precisa me levar, você tem um compromisso. Pode ir até a casa da
sua amiga ela já te mandou o endereço. E nem precisa mais voltar hoje.

Segue na direção da porta e seguro seu braço a impedindo de sair.

— Espera deixa eu te explicar, por favor.

— É um endereço residencial Nathan... ou não é?

— Alicia isso não quer dizer que eu vá fazer alguma coisa. — respondo e
ela deixa escapar uma risada.

— Como você se sentiria se eu estivesse te deixando sozinho para ir


encontrar um amigo na casa dele? Me fala o que você pensaria?

Porra.

— Eu.. eu não vou mais. Vou ficar aqui com você! — seguro seu rosto
entre minhas mãos.

— Sim, você vai ir quando eu estiver trabalhando. Era esse o plano, não é
mesmo?!

— Não. Para de pensar essas coisas, você está enganada. Confia em mim!
— beijo seus lábios, mas ela não retribui. Caralho. Estou começando a ficar
realmente preocupado. — A casa não é dela, Alicia. Confia em mim. — peço
e ela não responde. — Eu te amo. — digo distribuindo beijos em seu rosto.
— Te amo minha pequena! — nada nenhuma reação. Porra! Eu estou até
suando frio.

— Eu tenho que ir. — é a única coisa que ela sussurra antes de se afastar.

Merda. Merda. Merda. É bem provável que ela nem queira mais olhar
para mim depois disso.

— Eu estou comprando a casa. — digo quando ela abre a porta e ela


interrompe os passos. — Jane é uma corretora. Eu queria fazer uma surpresa.
Vagarosamente ela se vira na minha direção. Foda-se a surpresa. Eu achei
mesmo que queria fazer como nossos pais e suas histórias de casamentos
nada tradicionais, mas já percebi que comigo e Alicia as coisas acontecem
sem planejamentos. Viva o inesperado e viva o destino filho da puta que
provavelmente está sentado rindo da minha cara.
ALICIA
Ele está nervoso. Percebo pelas gotas de suor que se formam em sua testa
enquanto ainda encaro seus olhos verdes angustiados. Tento assimilar o que
ele acabou de falar, mas estou nervosa demais para pensar em algo coerente
então espero que ele termine sua explicação. Mas, ao invés disso ele pega sua
chave na mesinha de centro.

— Porra, eu queria te fazer uma surpresa, mas nada com você sai como
planejado. — caminha na minha direção de forma exasperada e segura minha
mão me puxando para fora do apartamento. Nem mesmo tenho tempo de
avisar que ele não pode sair sem camisa pelo condomínio. E acredito que
nesse momento nem mesmo se eu quisesse teria como protestar ou
interrompê-lo.

A decisão brilha em seus olhos enquanto impacientemente aperta os


botões chamando o elevador e assim que entramos sua boca já está na minha
e dessa vez eu não resisto. Nathan me beija, faminto e forte, me dominando e
tirando meu chão até que chegamos ao andar da garagem. E no minuto que se
afasta me sinto aturdida e completamente perdida. Não faço ideia de onde ele
está indo ou do que pretende.

Juro que não planejei nada disso para meu dia de folga. Eu só queria
relaxar e ficar com ele, mas confesso que fiquei tão irritada com a ligação da
tal Jane que nem mesmo dei chance para ele explicar. Posso ter exagerado,
mas tenho certeza que eu não seria a única a ter essa reação, tirando a parte
do choro. Nenhuma mulher de sentiria a vontade com isso. E eu no momento
só consegui pensar nele com outra mulher e isso piorou em mil por cento
quando eu vi a mensagem com o endereço. Eu sabia que não devia pegar o
celular, mas foi automático assim como sucessivamente ler a maldita
mensagem.

Ultimamente minhas emoções estão uma verdadeira bagunça. Hora eu


quero muito sexo o que Nathan não reclama e hora eu só quero deitar e ser
cuidada. Hoje eu só queria um pouco dos dois, mas como ele mesmo disse no
nosso relacionamento nada sai como planejamos. Nathan interrompe os
passos quando chega ate seu carro e me solta. Consigo finalmente respirar
fundo observando ele abrir a porta do passageiro e mexer em algo no porta
luvas.

— Nathan... você não precisa.. — interrompo o que pretendia começar a


falar quando ele sai do carro e me estende uma caixinha de veludo vermelha.
Na verdade eu paraliso. Estaco no lugar totalmente sem reação encarando de
olhos totalmente arregalados sua mão estendida. Ele abre a caixinha e um
anel pequeno e perfeitamente gracioso brilha para meus olhos. A primeira
coisa que percebo é que ele é simples, não contém um diamante enorme e
nem é chamativo. É pequeno, assim como a pedra azul que brilha no centro
cercado por pequenos diamantes. É lindo. Lindo e simplesmente perfeito. —
O que é isso? — sussurro ainda encarando o anel.

— Um anel! — ele responde e encaro seus olhos.

— Sei que é um anel, mas...

— Eu pretendia te fazer uma surpresa. Não queria fazer isso no


estacionamento sem camisa e com você emburrada. Eu faria isso da forma
certa. Em uma noite estrelada no jardim da nossa casa... Teria acendido velas,
coberto o ambiente com pétalas. E teria a levado para jantar antes. Eu só
precisava resolver a compra da casa e a questão da viagem. — começa e se
ajoelhar a minha frente e segura minha mão obrigando-me a manter nosso
olhar — Alicia Marrentinha Montanari, você é tudo o que eu sempre quis
nessa vida e tudo o que eu sempre vou querer em qualquer outra. Eu só quero
cuidar de você. Eu aceito até encarar o seu mau humor matinal e suas
variações de humor durante a gravidez e depois dela, prometo que vou estar
ao seu lado sempre, mesmo quando você não estiver falando comigo.
Simplesmente porque eu te amo desesperadamente. Eu amo a mulher que
você se tornou e admiro a forma que educou nosso filho, sei que pedir mil
desculpas não pode compensar minha ausência nos últimos anos. E eu nunca,
nunca vou me perdoar pelo que fiz. Eu a machuquei e terei a vida inteira para
dizer o quanto fui um idiota. Hoje eu percebi que não existe felicidade longe
de você, então... Quer casar comigo?

Oh, céus! Pisco através das lágrimas e não sei o que dizer. A maneira
como ele me olha me deixa sem ação alguma. Então simplesmente me jogo
em seus braços de forma desesperada.

— Isso quer dizer, sim? — pergunta rindo em meu cabelo e afasto-me o


suficiente apenas para segurar seu rosto entre minhas mãos.

— Sim. — sorrio totalmente sem graça. — Sim um milhão de vezes!

— Acho que você é a única mulher que sente vergonha em aceitar um


pedido de casamento. — ainda rindo Nathan me ajuda levantar do chão com
ele e então tira o anel da caixinha e o coloca em meu dedo. — Não vejo a
hora de te chamar de minha esposa, mas nesse momento eu só preciso estar
dentro de você...

Apenas sorrio porque eu não saberia o que responder ante seus olhos
verdes que parecem pegar fogo me encarando, realmente nada me vem à
cabeça. Bom, na verdade uma coisa me vem à mente agora. Ele se aproxima
aos poucos, seus lábios roçam meu queixo e já me sinto estremecer. Ele
deposita uma mão na minha cintura e me ampara, apoiando meu corpo no
carro presa contra o dele. Seus lábios pousam delicadamente em meu ouvido,
e se arrastam pela minha clavícula até meu queixo. Onde ele mordisca e paira
os lábios acima dos meus.

— Eu te amo. — dito isso seus lábios já estão nos meus, famintos, me


dominando e tirando o pouco de sanidade que me restava. Ele me ergue e
passo minhas pernas por sua cintura. Suas mãos avançam pelo meu corpo me
apertando e acendendo nos lugares certos enquanto seguro seus cabelos ainda
mantendo nossos lábios colados.

— Bom dia. — um pigarro chama nossa atenção, mas isso não faz Nathan
de afastar, ele simplesmente vira a cabeça para encarar quem quer que seja.
— Vocês não podem fazer... hum, esse tipo de coisa no estacionamento. Esse
é um condomínio de respeito. — olho por cima do ombro dele e encaro o
olhar zangado do senhor Thompson. Oh, merda. — Bom dia, Alexia. —
resmunga e afundo a cabeça no pescoço do Nathan com o rosto em chamas.
Então me endireito e me afasto.

— Bom dia, sr. Thompson. — sussurro e seu olhar permanece duro. Bem
que Alexia disse que nosso vizinho não gosta dela.
— Você deveria se envergonhar. Tem crianças morando aqui, inclusive o
filho da sua irmã.

— Eu sou a Ali...

— Não me interessa. — ele me interrompe e balanço a cabeça em


negativo quando Nathan ameaça falar alguma coisa. — Vou formalizar uma
reclamação com o gerente.

— Está tudo bem, eu já vou entrar. — respondo e ele vira e sai pisando
duro.

— Parece que ele não gosta da Lexi. — Nathan observa.

— Nem um pouco. — dou risada. — É uma longa história. Agora vamos


antes que ele volte.

Assim que descemos no andar do meu apartamento Nathan me pega no


colo me tirando um gritinho de susto.

— Acho que essa parte é depois do casamento... — digo passando os


braços em volta do seu pescoço.

— Vou adiantar nossa lua de mel. — sorri meu sorriso preferido. Aquele
sorriso de lado safado que me faz suspirar como uma adolescente
apaixonada.

Seguimos direto para meu quarto. Nathan me deposita no chão e olha em


meus olhos,mas não espero que ele fale alguma coisa. Eu só preciso senti-lo.
Colo meus lábios aos dele. Seu beijo agora é calmo e doce, diferente de
antes!

Ele é tão delicado e ao mesmo tempo tão intenso, que não me deixa
raciocinar. Não sei dizer nem mesmo o que estou sentindo. Eu amo Nathan.
Estou completamente arrebatada. E não restam dúvidas que é ele que eu
quero para o resto da vida. Seus lábios descem por meu pescoço, apenas
roçando levemente, sem pressionar e começo a sentir falta da pressão que só
ele sabe fazer. Firmo meu corpo sobre o seu, forçando seus lábios e me
tocarem com mais força e ele sorri do meu desespero.

— Sempre tão apressada... — se afasta e olha nos meus olhos. Amo o


verde dos seus olhos e agora dada à intensidade que ele me avalia faz parecer
que estão brilhando. Nathan consegue ficar ainda mais lindo do que já é. —
Posso fazer mais forte. Mas se eu fizer, não vou parar. Vou querer tudo de
você e muito mais. Você quer isso, Lice?

Se eu quero isso?

— É tudo o que eu mais quero. — respondo apressada e seu sorriso


alarga.

— Minha pequena devassa, hoje vou cuidar de você como a coisa mais
frágil e preciosa que tenho.

— Não sou frágil. Não precisa ir tão devagar.

Ele sorri.

— Entendi, amor.

Então seus lábios estão nos meus, duro e intenso, me dominando e tirando
meu fôlego. Do jeito que eu preciso. Ele me ergue e guia-me até a cama e se
abaixa comigo pendurada nele. Sua boca não deixa a minha nem por um
minuto. Então ele se afasta para tirar a calça. E volta a se aproximar apenas
usando a cueca boxer colada as suas coxas e que mal contém o volume de sua
ereção. Acaricia de leve meu rosto e prevendo o que ele pretende sento-me a
sua frente e o ajudo a tirar meu vestido por minha cabeça já levando junto
meu sutiã. Tento abraçá-lo, mas antes que consiga Nathan se afasta de novo.
E começa tirar meu tênis um de cada vez e vagarosamente, me fazendo ansiar
por sentir seu toque em mim. Deito na cama enquanto Nathan começa roçar
os lábios na minha pele admirando cada centímetro meu como se amasse o
que está vendo, e quando sua boca alcança meu mamilo, seguro-a no lugar
forçando a pressão de seus lábios. E como esperado ele agora está faminto,
seus dentes raspam minha pele me fazendo arquejar embaixo dele, ansiando
por mais. E enquanto segue trabalhando em meus seios, sua mão desce
percorrendo minha barriga até a calcinha. Ele me toca por cima do pano em
uma pressão deliciosamente forte, que me faz contorcer ainda mais. Seus
lábios deixam meus seios e descem o caminho que seus lábios antes
traçavam. Ele tira minha calcinha gentilmente, olhando em meus olhos.

— Você é minha Alicia. Sempre foi e sempre vai ser. — abaixa a cabeça
entre minhas pernas e sinto o sopro de seu hálito ali, pouco antes de sua
língua tocar delicadamente. Gemo alto. — Minha doce e adorável menina. —
não consigo mais ficar parada e suas mãos firmam meu quadril no colchão
enquanto sua língua trabalha gentilmente antes de vir forte, golpeando meu
clitóris, deixando-me sem ar.

Aperto minhas mãos no edredom e imploro como uma desesperada


enquanto sinto-o me penetrar com a língua, circulando, empurrando e me
levando ao limite da loucura. Estou muito perto e beira do precipício, sinto o
orgasmo se formando na região do meu ventre e me desespero.

— Nathan... Oh, por favor... — tento avisar que não aguento mais, e ele
entende, mas não se afasta apenas enfia dois dedos em mim e me joga do
precipício em uma queda livre e deliciosamente torturante. Grito enquanto
um orgasmo arrasador me toma. Convulsiono embaixo dele ainda gritando
alto sem nenhum pudor, me contorcendo e sua língua continua me torturar
tomando tudo de mim. Quando paro de gemer e começo finalmente a me
acalmar, ele tira os dedos de dentro de mim e se mexendo na cama me beija.
Sinto meu gosto em sua língua, mas não me incomoda muito pelo contrário
isso deixa tudo mais excitante. — Deliciosa. — completa e levantando
segura a cueca boxer sorrindo descaradamente. Nathan sabe o efeito que tem
sobre mim e a tira vagarosamente, fazendo-me salivar. A joga junto de nossas
roupas e aproxima-se novamente. Sua boca volta à minha e ele se posiciona
no meio das minhas pernas. Sinto a cabeça do seu pau entrando e espero
ansiosa.

Ele me penetra lentamente e só consigo me concentrar na sensação


deliciosa de tê-lo, centímetro por centímetro, dentro de mim. Fecho os olhos
totalmente arrebatada e quando abro-os novamente ele me observa, os olhos
intensos e apaixonados. Sorrio e ele começa a se mover bem devagar, sem
tirar os olhos de mim. Mal consigo piscar enquanto o sinto assim. É nosso
momento. Nosso intenso e precioso momento. Aquela urgência volta em meu
ventre. Ele deita o peito sobre meus seios, suas mãos me tocando em todos os
lugares, como se ele não tivesse o bastante e eu me sinto da mesma forma.
Nunca terei o bastante dele. Quando suas mãos seguram meu rosto e ele me
olha com toda amor explícito, não aguento mais.

— Eu te amo. — grito e pela segunda vez, contorço-me embaixo dele


sendo feita em milhões de pedacinhos. Nathan me acompanha com um
grunhido saindo de sua garganta, os movimentos ficando mais exigente e
forte, logo ele chega ao próprio ápice e se libera dentro de mim selando nosso
momento com um beijo e repetindo que me ama.
NATHAN

Três meses mais tarde


Sinto o movimento mínimo debaixo da minha mão e espero com um
sorriso. Isso se tornou meu momento favorito do dia. Alicia continua
dormindo enquanto com minha mão sinto as ondulações quase que
imperceptíveis no volume da sua barriga. Nosso filho está crescendo
perfeitamente como deveria e desde que fui à primeira ultrassonografia estou
totalmente empolgado com a gravidez. Passei um inferno quando tive que
viajar e agilizei o máximo que foi possível para voltar. Agora só estou
esperando enviarem o meu certificado. Sim, eu consegui adianta-lo fazendo
uma prova, mas não uma simples prova, uma especialmente fodida que me e
tirou noites de sono com estudos e atrasou meu retorno. Por sorte meu pai
estava comigo e posso dizer que também foi graças à intervenção dele que
consegui... e obviamente sua ajuda nos meus estudos de madrugada. Fácil
não foi, mas deu certo. E a universidade fez questão de deixar claro que se
tratou de um caso atípico e seria feito em exceção. Uma exceção chamada
cheque assinado por Dylan Carter.

Quando retornei oficializei o pedido de casamento em um jantar nada


convencional na casa dos pais da Alicia e a família quase toda fez questão de
comparecer, até mesmo minha tia Ivy. Sarah, no entanto sumiu, parece que
ela literalmente abriu o chão e se escondeu dentro. Tentei ligar diversas
vezes, porém seu número foi desativado. Eu já tinha procurado feito louco
por ela pelo campus com a esperança de encontrá-la em algum lugar, mas
não. Desde nossa viagem ninguém a viu mais. Isso foi em fevereiro e agora
estamos na metade do ano. Cogitei seriamente em procurar a polícia quando
voltei para Nova Iorque, mas a tranquilidade e a certeza da Alicia em afirmar
que ela estava bem me fez imaginar que ela sabe onde Sarah está e com quem
está, por mais que me diga o contrário.

Quatro meses. Passaram quatro meses e a barriga da Alicia já está


redondinha e volumosa. Ela continua linda e gostosa, isso sem dúvidas,
entretanto notei que quanto maior sua barriga fica, mais ela se torna exigente,
sentimental e estressada. Porra, é literalmente uma montanha russa de
sentimentos. Admito que não imaginava que gravidez mexesse tanto com as
mulheres. Mas, ultimamente eu me vejo a todo instante com medo de deixá-
la chateada ou nervosa. É uma experiência única e assustadora. Essa é a
palavra perfeita para definir como estou. Assustado. Alicia me bate e me
beija, chora e sorri, grita e faz greve de silêncio, ao mesmo tempo em que me
expulsa, reclama por falta de atenção. Sim, ela realmente reclama. O seu
temperamento oscila o tempo todo entre doce, muito sensível, e um dragão
faminto. A paternidade em si começa muito antes de ver o bebê o que eu só
descobri agora. Nada de manuais ou guias de orientações para mim. Estou
descobrindo pelo modo tradicional que ser pai exige muito
comprometimento. É preciso saber que ter uma mulher grávida em casa com
uma criança de menos de cinco, demanda atenção, demanda tempo, demanda
respeito e, mais do que tudo, amor e paciência. Muita paciência. Eu já vesti
minha roupa de capacho e mudei meu nome para: Amor faz um favor? Isso
porque não estamos morando realmente juntos ainda.

Às vezes penso em sua experiência com Anthony passando por esse


processo todo sozinha e consigo admira-la ainda mais. Esse garoto se tornou
indispensável na minha vida. Faz-me perceber que qualquer coisa valeria a
pena por ele. Eu enfrentaria milhões de gestações. Estou vivendo a
paternidade em sua plenitude. Aproveitando todos os instantes, mesmo
aqueles mais difíceis que me levam à exaustão; aqueles em que o choro e as
birras não conhecem fim. De ambos.

Vagarosamente ela abre os olhos e me encara, permaneço com a mão em


sua barriga. Depois de tanto insistir minha mãe convenceu Alicia a passar o
final de semana em San Diego o que eu achei ótimo. Já que meu certificado
chegou junto de muitas responsabilidades. Meu pai fez questão de me colocar
para administrar a filial da empresa em Nova Iorque. E eu não sabia que ele
tinha verdadeira adoração pelo lugar até entrar com ele na sala do último
andar. Segundo ele as coisas estavam exatamente como ele lembrava e sim,
ele me disse que eu fui feito naquela sala. Já fiz questão de mudar toda a
decoração. Alicia ao contrário de mim, não está indo ao trabalho com tanta
frequência, ela passa muito mais tempo na nossa casa e me admiro em vê-la
tão animada com a decoração dos quartos do Anthony e do nosso pequeno
serzinho que ainda não veio ao mundo. Incrível como ela consegue pensar em
tudo desde o papel de parede, até outras coisas como o tipo de parto. Eu me
surpreendo com a capacidade dela em saber tudo, e posso afirmar que ela e o
Anthony se tornaram o motivo do meu sorriso todos os dias. Eu estou
vivendo momentos que não imaginei que viveria tão cedo e estou amando pra
caralho. Não vejo a hora de nos mudarmos finalmente para nossa casa já que
ela insiste que quer estar casada primeiro.

— Oi, está acordado há muito tempo? — sussurra ainda me encarando.


Dou de ombros com um sorriso fraco.

— Está tudo bem? — questiono quando ela faz uma pequena careta.

— Azia. — torce os lábios. Eu também descobrir que gravidez da uma


azia do cão.

— Posso fazer alguma coisa?

— Não, está tudo bem. — respira fundo e se aconchega mais próxima. —


Acha que o Tony está dormindo mesmo ou está no quarto...

— Ele está. Meus pais tem verdadeira adoração por ele. E ele reclamou
em ter de dormir sozinho, acho que pelo barulho das ondas.

— Eu imaginava. — suspira. — Nossa te juro que tinha esquecido como


é desconfortável essa queimação no estômago.

— Quer algum remédio? — inclino-me para olhar melhor para ela.

— Tudo bem, logo vai passar. — sorri.

— Alicia eu estava pensando que poderíamos adiantar nossa cerimônia de


casamento. Já temos nossa casa, já alteramos o registro do Tony...

Sim, Tony já é oficialmente um Carter. Foi uma das primeiras coisas que
fiz depois de comprar a casa. Anthony Montanari Carter. E soa muito, muito
melhor.

— Mas, combinamos de esperar o bebê nascer. — ela faz um biquinho


parecendo pensar na possibilidade.
— Amor você disse que não queria uma festa enorme com vestido de
baile. Podemos agilizar tudo aqui mesmo em San Diego. Uma cerimônia
simples na praia. Quero que seja minha mulher, Alicia Carter. Quero ter uma
aliança com seu nome e quero viver com você na nossa casa...

— Não sei... — morde o lábio inferior.

— Não pense tanto, Lice. Você já disse sim. Eu estou trabalhando em


Nova Iorque, temos uma casa esperando por nós. Tony já é um legítimo
Carter.

— Eu vou precisar de uns dias.

— Te dou uma semana.

— Mas, e se sua mãe não concordar. Não sei se é uma boa ideia, eu estou
grávida e...

— Perfeita. Você está perfeita. Esse volume na sua barriga é resultado do


amor que sentimos e estou em êxtase por poder participar de tudo dessa vez.
Você sabe. Eu te amo. Só me diz sim, mais uma vez.

Admiro o azul dos seus olhos por um tempo e não consigo identificar se o
brilho neles é um bom ou péssimo sinal. Vou entender se ela recusar, e vou
esperar pacientemente mais cinco, seis, sete meses ou até mesmo anos. Não
me importo em dormir em um hotel ou no apartamento que ela divide com a
irmã. Se Alicia quiser uma festa enorme ela terá exatamente isso.

— Eu aceito, mas com uma condição.

— Qualquer coisa que você quiser.

— Um mês. Eu quero um mês. — sorrio. O que são trinta dias para quem
estava disposto a esperar por anos?

— Fechado. — a puxo para meus braços. — Eu te dou um mês. Alícia


Montanari Carter.
— Não sou uma Carter ainda.

— Logo isso mudará. Agora descansa um pouquinho, amanhã teremos


um dia cheio. — beijo o alto da sua cabeça e apago finalmente a luz do
abajur.

—Amor? — Alicia sussurra quando estou quase dormindo.

— Oi.

— Faz um favor?

Sorrio um meio suspiro e espero que dessa vez ela não me peça nada
muito complicado como pizza de pepperoni com abacaxi, raiz forte e um
toque de gengibre. Inacreditável, mas Alicia conseguiu transformar a
deliciosa pizza tradicional nova-iorquina em um show de horrores.
ALICIA
— Estão preparados para saber o sexo do bebê? — o médico questiona
com um sorrisinho e olho para Nathan com expectativa. Hoje finalmente o
bebê está em uma posição onde é possível saber se é menino ou menina.
Desde que completei dezesseis semanas estamos tentando saber, mas ele
sempre estava com as pernas bem fechadas. E olha que eu tentei de tudo.
Comi doces e chocolates antes das ultrassonografias, pois minha tia Teresa
afirmou que bebês respondem aos impulsos do açúcar no sangue. Fiz alguns
jumping jacks, com cuidado é claro, cócegas, conversas, músicas, e até
mesmo frequentei algumas aulas de ioga para gestantes. Definitivamente
nada resolveu. E quando finalmente decidimos que vamos deixar para
descobrir no parto ele abre as benditas pernas. Minha ansiedade é quase
maior que a determinação brilhando nitidamente nos olhos do meu adorável
namorado.

— Não queremos saber. — a voz do Nathan soa como um belo banho de


água fria. Ele aperta minha mão beijando minha cabeça e quase gemo de
frustração. O médico me encara e tenho certeza que estou fazendo uma
careta, pois ele enruga as sobrancelhas.

Bem, saudável e com as pernas abertas. O bebê está crescendo


perfeitamente. O bebê que pode ser menino ou menina e eu ainda não sei.
Droga! O médico faz as anotações na caderneta onde tia Teresa costuma fazer
passando alguns cuidados para os quatro meses seguintes e nem consigo
prestar atenção, pois minha mente vagueia em saber o que o bebê é. E só
consigo pensar que ele sabe. Sabe, e precisa me contar. Assim que Nathan
entra no carro eu faço uma careta de dor apoiada à porta do carona.

— Azia de novo? — ele questiona fazendo menção de sair e rapidamente


recomponho-me.

— Calma não se preocupe. Eu só preciso fazer xixi. — digo com as mãos


estendidas o tranquilizando.

— Mas amor, você acabou de ir ao banheiro. — ele sorri balançando a


cabeça e voltando se acomodar no banco do motorista.

— Vai ser rápido. — digo batendo a porta e já correndo para dentro da


clínica. Justamente hoje tia Teresa não pode vir. Caminho decidida para o
consultório e dou algumas batidas na porta.

— Entra! — o médico grita e rapidamente pulo para dentro. — Alicia!


Oi, está tudo bem? — pergunta confuso.

— Depende da sua resposta. — olho em volta como se estivesse prestes a


cometer um crime e ele enruga as sobrancelhas.

— Tudo bem, não precisamos prorrogar esse momento e torná-lo ainda


mais constrangedor. Uma piscada para menino e duas para menina. —
arregalo os olhos encarando seu rosto e como se possível suas sobrancelhas
enrugam mais. — Vamos doutor, não tenho o dia todo. — concluo e ele
finalmente tem uma reação. Não a que eu esperava. O médico está rindo.
Rindo da minha cara. Babaca!

— Nathan sabe que você está aqui. — diz fechando o que parece ser um
prontuário e cruzando os braços em cima de sua mesa.

— Sabe. Claro que ele sabe... nós mudamos de ideia. Fala o sexo! —
peço mais uma vez.

— Desculpe, Alicia. Não posso fazer isso.

Respiro fundo. Merda.

— Tudo bem, doutor eu entendo. — abaixo a cabeça e abro minha bolsa.


— Estou disposta a pagar pela informação. Anda, só dizer menino ou menina.
Vou facilitar... dá um tchauzinho se for menina, se for menino um aceno de
cabeça.. e eu saio daqui rapidinho. — volto a encara-lo agora com a carteira
na mão.

— Eu realmente não preciso do dinheiro. — aponta para a porta.

— Por favor, doutor. Eu estou desesperada. — peço juntando as mãos em


uma prece.
— Seu bebê será exatamente como à senhora deseja. — sorri.

— Sem essa. Só trabalho com informações exatas. Eu quero saber o sexo,


me fala!

— Não. — responde decidido.

— Não seja idiota... com uma mulher sensível e grávida que não pode
passar por estresse. Fala logo. É meu filho!

— Ou filha. — completa sorrindo e cruzo os braços. — Na hora certa a


senhora e seu marido vão saber.

— Tudo bem. — respondo com uma careta. Então faço meu melhor olhar
assassino. — Nos veremos em breve, doutor.

Saio de sua sala batendo os pés como uma criança birrenta que recebeu o
primeiro não. Inaceitável. Esse médico não perde por esperar. Agora virou
uma questão de honra. Eu poderia ir a qualquer outro médico e obter a
informação, mas não. Agora eu quero que ele me diga. E ele vai dizer.

— O que houve, amor? — Nathan pergunta quando entro no carro.

— Nada. — resmungo.

— Porque está com esse bico?

— Não é nada. Amor, você pode ir buscar o Tony? Eu preciso passar na


casa da tia Jess.

— Tudo bem, eu tirei o restante do dia. — responde dando partida e


finalmente eu sorrio abertamente. Não me julguem, não consigo pensar em
uma pessoa mais perfeita para conseguir a informação.

Passar á tarde com minha tia Jess foi muito divertido. Ela é aquela pessoa
que sempre está disposta a tudo, totalmente maluca e cativante. É fácil
entender o motivo do tio Enzo amá-la tanto. Foi ela quem me ajudou e
aconselhou no início da gestação com o Tony. Pois, de todos... ela foi a única
a descobrir a verdade sem que eu precisasse contar e agora vai fazer o mesmo
com meu segundo bebê mesmo que involuntariamente.

Assim que ela sai do consultório do médico corro na sua direção.

— E então? — pergunto com curiosidade.

— Sabia que sua visita não era só por saudade. — resmunga ajeitando a
bolsa no ombro.

— Você é minha tia favorita. — faço um biquinho.

— Mentirosa. — acusa. — Menina! — completa e eu dou um grito.

— Sério? — digo com os olhos arregalados.

— Sim sério. É uma menina! — afirma e a abraço.

— Obrigada, eu te amo! Como conseguiu fazê-lo falar?

— Usando meu charme. — sorri quando a solto. — E meu marido


mafioso.

— O que? — enrugo as sobrancelhas, mas desisto de pedir explicações.


Eu vou ter uma menina. Isso é o que realmente importa no momento. Um
casal. Tudo não poderia ficar mais perfeito.

Acordo com um burburinho abafado de conversa e me espreguiço


devagar. Eu já sei que estou sozinha na cama antes mesmo de abrir os olhos.
E mesmo sabendo que Nathan não está na cama espio o lado dele só por
garantia. O barulho das ondas se arrebentando nas rochas e a leve brisa que
entra no quarto trazendo o cheiro do mar indica que teremos um dia daqueles
bem ensolarados. Estamos em uma casa em frente à praia. Meu prazo acabou,
já quase dois meses desde minha conversa com Nathan. Estou com
praticamente seis meses de gestação, uma barriga já bem avantajada, peitos
inchados assim como meus lábios que parecem ter saído de um procedimento
de botox e mesmo assim hoje será meu casamento.

Levanto-me e sinto minha menina mexendo antes de caminhar para o


banheiro. Eu nem acredito que consegui manter em segredo que o bebê é
menina, bem tirando os momentos que tive uma crise de riso quando Nathan
dizia ser menino ou quando sem querer me referia a ele como ela. Assim que
termino o banho volto para o quarto amarrando o roupão e encontro os dois
sentados na cama entre uma bandeja que deixa um cheiro leve de frutas, ovos
e bacon no ar. Meu estômago da o primeiro sinal de vida.

— Bom dia! — digo animada e Anthony pula da cama.

— Mãe?! — grita correndo na minha direção — Hoje eu vou te dar a


aliança que o papai não quer te falar. Ela é brilhante. — sorri mostrando
todos os dentinhos brancos.

— Eu imagino que seja bem bonita. — digo pegando-o no colo e ele


balança a cabeça em positivo freneticamente. — Oi! — aproximo-me do
Nathan que pega o Tony do meu colo.

— Bom dia, senhora Carter. — sorri e deposito um beijo em seus lábios.

— Ainda faltam algumas horas. — pego uma tira de bacon e como.

— Mãe, o papai não pode ver seu vestido, né?!

— Hum rum. Não pode mesmo. — continuo comendo as coisas da


bandeja.

— Posso contar pra ele que é branco? — interrompo meus movimentos e


encaro Nathan que está com um sorrisinho safado. Eu não tive como evitar
mostrar o vestido para o Tony e antes que ele consiga estragar uma tradição
de anos dou um jeito de tirá-lo do quarto.

— Você pode ir ver se sua avó está bem. — digo e ele pula do colo do pai
dele quase que imediatamente.
— Já imaginou outro menino como ele... — Nathan pergunta sorrindo e
eu começo a dar risada. Eu não disse. Crise de riso.

— Hum... imaginei sim. — ele então me encara com uma sobrancelha


arqueada.

— Qual a graça, Alícia Carter? — me puxa gentilmente para seu colo e


sinto que meu menino já está pronto para mim.

— A graça é que eu te amo. — beijo sua boca para distraí-lo. — Mais do


que posso descrever. — agarro seu pescoço e logo ele me vira para frente em
seu colo quase derrubando a bandeja e nem mesmo o volume da minha
barriga nos atrapalha. Muito pelo contrário. Isso só nos aproxima mais.
Nathan abre meu roupão vagarosamente e geme fazendo-me ansiar por sentir
seu toque em mim. Admira meu corpo como se amasse o que está vendo, e
quando sua boca alcança meu mamilo, ele mostra exatamente isso. Suas
pupilas dilatadas fazem o verde dos seus olhos se destacarem de uma forma
incrivelmente sexy e enquanto lábios trabalham com maestria e calma, não
sugando com força como ele normalmente faz, seus dentes raspam minha
pele fazendo-me arquejar e implorar por mais.

— Eu estou louco para estar dentro de você. — sobe a cabeça para beijar
meu pescoço. — Não imagina o quanto preciso senti-la.

— A porta está aberta... — gemo em um som quase que inaudível


inclinando a cabeça para facilitar seu acesso.

— Suas pernas também. — sorri de lado e pisca um olho antes de tomar


meus lábios em um beijo. Agarro seus cabelos e suas mãos descem ágeis pelo
meu corpo embaixo do roupão acariciando e aquecendo o lugar onde passam.

— Nate... — gemo quando ele aperta minha bunda forçando sua ereção
mal contida na calça de moletom em meu centro já sedento.

— Nathan Estúpido Carter! Solta agora a Alicia. — a voz da tia Dakota é


como um banho de água gelada sobre nós e rapidamente separamos nossos
lábios ofegantes. Mesmo assim Nathan me mantém presa no lugar. — Você é
mais parecido com seu pai que eu imaginava. — suspira. — Te dou cinco
minutos para sair dessa casa! — se afasta e Nathan volta a me beijar. —
Agora Nathan!

Seu grito me faz levantar rapidamente com um sorrisinho enquanto ainda


consigo me equilibrar sozinha.

— Melhor você ir. — digo fechando o roupão.

— Porra. — ele reclama passando as mãos nos cabelos de forma


exasperada. Fazem exatamente uma semana e meia que estamos sem sexo e
Nathan nunca esteve tão desesperado. Eu nem preciso fazer nada para deixá-
lo excitado. Basta um beijo ou a insinuação de algo e ele já fica mais duro
que uma rocha. Contudo, ultimamente eu me vejo muito atarefada com os
preparativos do casamento e com o término da decoração da nossa casa. Não
tenho tempo nem mesmo de pensar, quando deito na cama eu já praticamente
estou dormindo. Isso nos raros momentos que conseguimos dormir juntos. —
Eu não aguento mais. — conclui e aproximo-me sorrindo para aconchegar-
me entre suas pernas.

— Só mais algumas horas, amor. — seguro seu topete bagunçado e beijo


o alto da sua cabeça.

— Eu vou comer você a noite inteira. — me abraça afundando a cabeça


nos meus seios.

— Tudo bem. — sorrio.

— Vai ser forte...

— Eu sei.

— E também vou comer sua bunda.

— Nathan! — afasto-me e ele está rindo. — Você é um safado.

— E você ama.

Terminamos junto o café da manhã e nos beijamos o tempo inteiro com


pequenas carícias. Eu realmente amo o jeito que Nathan é comigo. Nele eu
não mudaria absolutamente nada. Nem mesmo seu jeito de menino safado.

Minha mãe está completamente feliz ela e tia Dakota apostaram em uma
decoração simples, mas com um ar boho chic. Eu opinei em tudo que pude,
mas confiei que as duas fariam ser exatamente como eu imaginava. E pelo
pouco que eu vi da montagem das tendas na praia teríamos muitas flores
naturais, renda, macramê, madeira e sedas em tons de verde... Basicamente,
uma pegada meio rústica, excêntrica e sofisticada, ao mesmo tempo em que
delicada.

Um sorriso se instala no meu rosto ao repassar nossa história em minha


mente enquanto entro no banho. Esses meses, eu posso afirmar com todas as
letras que estão sendo os melhores da minha vida. Tenho finalmente minha
própria família. Anthony, Nathan, eu e nossa pequena menininha que cresce
no meu ventre seremos unidos e nunca na minha vida eu deixarei faltar amor
e carinho para eles. Finalmente percebo que tudo que aconteceu no passado
serviu apenas para moldar ainda mais meu caráter. As decepções fazem parte
da vida e são excepcionais para ajudar nos definir como pessoas, assim como
perdoar. Não é feio e nem sinal de fraqueza perdoar quem te magoou. É
difícil, sim, excepcionalmente complicado. Mas, se trata de uma decisão e
não de um sentimento. Não digo que isso significa esquecer o que a pessoa
fez, porque não seria verdade. Mas, é simplesmente lembrar sem se ferir e
sem sentir raiva ou tristeza. É ter o coração leve e curado de ressentimentos.
Ter a liberdade de sorrir sem o peso que você não fez nada para merecer. Eu
decidi perdoar e foi a minha melhor decisão. Também reconheço que errei,
mas minha história não seria perfeita se fosse feita só de acertos, ela seria
entediante.

Entro embaixo do jato de água e banho-me com calma. Finalmente


chegou o momento e a ansiedade está quase me sufocando. Termino meu
banho e entro no quarto. Todas estão aqui. Todas mesmo. Instantaneamente
meus olhos se enchem de lágrimas. Sentada na cama está minha avó Esther
ao lado da avó do Nathan Daiana ouvindo animada o que a mãe da tia Jess
conta com um sorriso enorme. Mamãe, tia Dakota, tia Teresa e tia Jess estão
em pé olhando alguns detalhes no vestido que está no manequim no meio do
quarto e sorrindo animadas. Perto da penteadeira estão Kate, Lexi, Emily,
Thea e Ivy. Sorrio ao perceber que não estarei sozinha nesse momento que é
um dos mais importantes da minha vida.

Finalmente minha mãe nota que estou ali parada perto da porta do
banheiro e se aproxima.

— Espero que sejam lágrimas de felicidade.

— Eu não achei que todas estariam aqui. — fungo.

— Onde mais nós estaríamos Alicia? — questiona colocando a mão na


cintura e me abraça. — Eu te amo minha menina. — sussurra no meu cabelo.
— Estou muito orgulhosa de você.

— Eu também te amo, mãe.

— Vamos fazer o brinde. — tia Jess grita pegando uma garrafa de


champanhe em um balde na penteadeira onde agora noto ter algumas taças.
Elas já estavam planejando esse brinde pelo que dá para perceber. Separo-me
da minha mãe entro no quarto. Todas pegam uma taça e são servidas com a
bebida. Faço o mesmo apenas para participar do momento. — Aos amores
que o destino nos presenteou e a amizade. — ela completa e todas
estendemos a taça. — Alicia minha sobrinha linda, espero que seja
imensamente feliz.

Beberico um pouco do champanhe e sorrio. Eu amo minha família e


principalmente as mulheres da minha família. Sem sombras de dúvidas.

— Muito bonito. — tio Enzo fala aparecendo na porta e todas nos


silenciamos e praticamente paralisamos. — A cerimônia prestes a começar e
vocês aqui bebendo. Até você Alicia?

— Amor...

— Nada de amor, Jessica Beckham. Aposto que isso foi ideia sua. Vamos
logo, o pobre Nathan está quase desmaiando.

— Mas...
— Sem, mas. Andando. — ele aponta para a saída — Todas vocês. —
uma a uma elas vão saindo e depositando beijos na minha bochecha e desejos
de boa sorte. Até que finalmente ficamos apenas eu, Kate e Lexi. Que estão
adoráveis em vestidos de damas de honra, diga-se de passagem.

— Prometem que vão me deixar linda.

— Por favor, Lice, não temos o poder de te fazer nascer de novo. — Kate
zomba e se aproxima. — Brincadeira! Você vai ficar maravilhosa. — me
abraça.

O tempo está quente, mesmo pela tarde. Vamos nos casar ao por do sol.
Uma bela e perfeita tarde de setembro. Escolhi um vestido branco feito de
seda com pequenos apliques de flores em renda e pérolas por todo o tecido.
Sua alça é fina e o decote discreto. Se é que meus seios conseguem deixar
algum decote discreto. Kate ficou responsável pelo meu penteado e Lexi pela
maquiagem. Encaro o espelho e sorrio. Meus cabelos cresceram muito nos
últimos meses então, o chignon baixo ficou cheio e devidos aos fios soltos e
tranças está com um aspecto informal, despojado e com ar de leveza..
Constatando perfeitamente com a maquiagem leve. Olho mais uma vez pela
janela a decoração que traz tons de verde água ou azul piscina. Assim como o
vestido das minhas damas de honra. Seguro buquê milimetricamente bem
feito com flores variadas exóticas e limpo algumas lágrimas teimosa que já
rolam no meu rosto.

— Você está perfeita. — Lexi diz passando a mão no volume da minha


barriga.

— Certeza?

— Tenho, só não começa a chorar agora. — me abraça e Kate resmunga


algo fazendo que ambas nos separemos.

— Acho que estraguei meu vestido. — diz olhando para o espelho e


corremos na sua direção.

Aproximamos-nos e realmente eu diria que seu decote está uns cinco ou


sete centímetros maior do que deveria.
— O que você fez? — Lexi pergunta alarmada tentando arrumar o que
obviamente não tem concerto.

— Eu estava arrumando meu sutiã. — ela da de ombros com um


sorrisinho.

— Você é uma burra, esse vestido é de seda. Não percebeu que é


delicado.

— Está muito ruim? — Kate faz um biquinho.

— Não. Você nem tem tanto peito assim. — Lexi da de ombros


colocando as mãos na cintura para avaliar melhor.

— Vadia. — Kate retruca rindo.

— Vou sentir falta de morar com vocês. — sorrio e abraço as duas.

— Eu nem morava com as duas. — Kate sussurra. — Eu amo vocês!

— Todas nos amamos muito, agora vamos. Alicia já está vinte e cinco
minutos atrasada. — Lexi diz fazendo com que nos separemos.

— Viu. Não tem como passar muito tempo com a Alexia. — Kate revira
os olhos. — Por isso eu não morava com vocês.

— Acredito que Ethan tenha a mesma opinião sobre você! — Lexi


arruma o buquê nada afetada caminhando para a saída.

Rindo das duas calço uma rasteirinha e desço as escadas logo depois
delas quase saltitando de felicidade.

— Está pronta? — meu pai fala estendendo a mão no final da escada.

— Estou bonita? — sorrio segurando sua mão e ele me ajuda a girar.

— A noiva mais linda que meus olhos viram, depois da sua mãe. — pisca
um olho e me acomoda ao seu lado para logo em seguida sussurrar no meu
cabelo. — Papai te ama princesinha. Você sempre vai ser minha garota e
sempre será bem vinda em casa.

Encaro seus olhos azuis marejados e sorrio enquanto ele agora acaricia
minha barriga.

— É uma menina. — digo e ele fica imóvel. Depois de uns segundos me


abraça.

— Perfeita e forte como a mãe.

Seguimos para a saída e um acorde suave começa a soar. Reconheço de


imediato à música Perfect do Ed Sheeran e aperto mais o braço do meu pai
obrigando meus pés continuarem andando. Lembro-me do Nathan cantando
essa música para me acalmar quando passamos a primeira madrugada
acordados por causa de uma febre do Tony e eu simplesmente não consegui
parar de chorar. Eu fiquei tão encantada com ele cantando que agora não
consigo pensar em uma música mais perfeita para dar início a nossa história.
Uma voz suave começa a cantar e presto atenção nas palavras não
conseguindo evitar as lágrimas. Perfeita. Não só a música, mas nossa vida
nesses últimos meses e a insinuação do nosso próximo e esperado futuro.

I found a love for me


Eu encontrei um amor para mim

Darling, just dive right in


Querida, mergulhe de cabeça

and follow my lead


E me siga

Well, I found a girl, beautiful and sweet


Bem, eu encontrei uma garota, linda e doce

Pisco entre as lágrimas, mas assim que meus olhos veem o que estava à
minha frente meu coração paralisa. Nathan está parado no final do corredor.
Lindo. Só então a ficha realmente cai. Eu estou no meu casamento.
Oh, I never knew you were
Eu nunca pensei que você era

The someone waiting for me


A pessoa que me esperava

'Cause we were just kids


Pois nós éramos apenas crianças

When we fell in love


Quando nos apaixonamos

Not knowing what it was


Sem saber o que aquilo significava

I will not give you up this time


Eu não desistirei de você desta vez

Dou cada passo para chegar nele com uma única certeza. Nathan Carter é
o homem da minha vida. E eu definitivamente passei a amar viagens
inesperadas de verão.
NATHAN
Não estava mais aguentando um minuto sem Alicia. Esse dia foi
excepcionalmente devagar. E eu não pude fazer nada a não ser esperar a hora
passar segundo por segundo. Juro que quase joguei tudo para o ar em pensar
que minha pequena estava presa na casa principal e não nos meus braços.
Passei basicamente o dia todo na casa da piscina. O único momento que vi a
hora passar rápido foi quando precisei escrever meus votos. Feito isso, joguei
vídeo game com Arthur e Matheus, cuidei do meu filho e até mesmo pizza
nós comemos, e mesmo assim eu não parei de pensar na Alicia. Tentei ajudar
na decoração para me distrair, mas dona Dakota fez questão de contratar uma
empresa especialista e o que no início era uma celebração simples na praia se
tornou uma cerimônia com direito a fotógrafos, Buffet e acredito que quase
cem convidados.

Depois de fazer o caminho iluminado até o pequeno altar segurando a


mão da mulher que também é a razão da minha vida eu não tinha palavras
para agradecer. Minha mãe, tia Helô e seus exageros deixaram tudo perfeito.
A tenda com o fundo para o mar, os bancos espalhados pelo local para a
acomodação dos convidados e principalmente, a decoração toda em branco e
tons de verde ou azul. Não importa realmente como conseguiram, pois é
visível que está tudo muito organizado e bonito. Olhei em volta e os
padrinhos já estavam posicionados. Matheus e Emily sustentavam um sorriso
enorme em seus rostos enquanto sussurravam trocando olhares. Tia Jess e tio
Enzo também estavam cochichando sobre algo, e acredito que seja o fato dela
estar segurando uma pequena sacola de papel florida que eu sinceramente não
faço ideia do motivo. Tirando isso, Tia Ivy e o namorado também estavam
sorridentes olhando tudo em volta. Do lado da Alicia ficaram Lexi que não
deixou de sorrir um único minuto ao lado de um Arthur tranquilo demais. E
admito que olhar para ele me faz pensar na Sarah. Provavelmente ela tem o
mesmo tempo de gravidez da Alicia e continua desaparecida. Pelo menos
para mim. Afasto o rumo dos meus pensamentos e olho para Kate que
também sustenta um sorrisinho satisfeito olhando para os convidados e eu
queria poder dizer o mesmo do Ethan ao seu lado, mas ele parece nervoso e
incomodado com algo ou alguém olhando na mesma direção que ela. Tenho
certeza que não foi uma boa ideia ter esses dois juntos, mas eu não pude
contrariar a decisão unânime das organizadoras.

Passo a mão na testa e limpo o resquício de suor. O calor está


insuportável apesar da brisa suave trazendo a umidade do mar e a sombra que
o por do sol já começa proporcionar. Estou vestido com uma calça creme, e
uma camisa social de botões na cor verde. Minha mãe fez questão de escolher
e segundo ela a cor realça meus olhos. Tentei contrariar, mas ela me silenciou
dizendo que eu não entendo de moda e de um modo geral, devo admitir que
tudo ficou muito bom. Olhando em volta percebo que todos estão
confortáveis e elegantes acomodados abaixo da tenda de véus.

Escuto um murmurinho e fecho os olhos tentando não ter uma crise


nervosa. Faz exatos trinta minutos que o padre está falando sem parar. E não
me pergunte o que por que não prestei atenção em uma única palavra. Só sei
que é o mesmo padre que celebrou o casamento da tia Heloísa e do tio Rafael
e pela idade acredito que Cristóvão Colombo também teve a mesma honra
em seu casamento. Meu nervosismo aumenta. Alicia está a trinta minutos
atrasada.

Olho para minha mãe e forço um sorriso, mas tenho certeza que ao invés
disso fiz uma careta, pois ela deixa escapar uma risada alta atraindo olhares
na sua direção. O padre mesmo a encara com olhos arregalados como se algo
muito ruim fosse acontecer.

— Desculpe. — ela sussurra para que ele volte a falar e me encara. —


Não faça essa cara. — sussurra para mim.

— Ela está atrasada. — sussurro de volta.

— Noivas atrasam filho. Relaxe, logo ela vai aparecer. — diz e cerra os
lábios quando o padre dá um pigarro dramático. Olho para ele e sorrio. Um
sorriso que ele não retribui.

Logo o músico que estava posicionado ao meu lado esquerdo acomodado


em um piano, inicia a música que Alicia passou a considerar como sua
favorita e meu coração parece falhar uma batida. Perfect do Ed Sheraan
ressoa em acordes suaves e lentos e a voz masculina canta calmamente com
timbre aveludado. Devo dizer que não canta tão bem quanto eu, mas isso é
detalhe. Minha atenção é rapidamente direcionada para a entrada, e meus
olhos ardem ao vê-la parada ali no início do caminho de pétalas que vão
trazê-la a ser definitivamente minha esposa. Ao mesmo tempo em que eu
sorrio, posso sentir as lágrimas escorrendo no meu rosto e me surpreendendo.
Apostei com Arthur que não choraria, mas é impossível não se emocionar.

Assim que me aproximo dela quase esqueço as formalidades, mas tio


Rafael parece entender, pois me contem com um sorriso antes que chegue a
ela.

— Cuide dela, Nathan. — sussurra quando o abraço e se afastando de


mim beija o alto da cabeça da Alícia para em seguida ir para o lado da tia
Helô que segura o Anthony já chorando.

Na verdade não só ela, minha mãe, as meninas e minhas tias em geral já


estavam chorando e tenho certeza que como as mulheres dessa família são
emotivas, daqui para o final será um verdadeiro banho de lágrimas. Bom, de
felicidade, eu espero.

— Você está perfeita. — não consigo me conter e beijo Alicia nos lábios.

— Não chegou o momento do beijo ainda. — o padre observa com um


braço em cima do altar onde ele apoia a cabeça parecendo cansado. — Há
alguma coisa errada com essa família. Só pode! — conclui olhando para tia
Heloísa e tio Rafael que estão distraídos com Tony.

A cerimônia foi rápida. Mantive meus olhos na Alicia o tempo todo e


prestei atenção em cada reação sua. E devo dizer que seu sorriso me pareceu
bem mais atraente e encantador. Quando Tony entrou trazendo as alianças
para o momento dos votos foi um verdadeiro show de carisma. Ele estava
vestido todo de branco e seus olhos azuis ficaram bem mais destacados
contatando com o sorriso enorme. Suspiros femininos ficaram audíveis, e ele
não perdeu oportunidade de ser o centro das atenções. O que algumas
crianças têm em timidez, Anthony sobra em extroversão. Fez poses no meio
do corredor para fotos e manteve o sorriso caminhando como se fosse um
modelo na passarela.
Abençoadas as alianças chegou o momento dos votos. Segurei o
microfone e percebi o quanto minha mão estava suada. Respirei fundo e
peguei o papel dentro do bolso da calça. Alicia manteve o olhar curioso e
atento a todos os meus movimentos.

— Alícia Montanari.. — comecei e tentei manter meus olhos apenas na


folha. — Escrever esses votos foi à coisa mais difícil que eu fiz hoje, além do
fato de ser obrigado a ficar longe de você. Sinceramente eu não imaginei que
me faltariam palavras para falar da mulher da minha vida. É difícil descrever
em palavras a razão da minha existência. Então cheguei à conclusão que hoje
eu não estou aqui para te falar que você é a razão da minha vida ou que eu
não vivo um segundo sem você, porque isso é notório em apenas olhar para
mim. Estou aqui para te dizer como eu sou sortudo por estar aqui e viver esse
sonho com você. Quem diria que eu iria encontrar o amor da minha vida
literalmente ao meu lado, você sempre esteve presente, praticamente
crescemos juntos até nossas mães são amigas. Não esqueci o dia de ações de
graças que te olhei de forma diferente pela primeira vez e demos nosso
primeiro beijo. Depois disso eu tive a certeza que o universo nos manda
exatamente aquilo que nós precisamos no exato momento que estamos
preparados. E eu não estava preparado para você. Deus foi muito bom
comigo porque apesar de todas as minhas atitudes erradas tudo conspirou
para estamos aqui nesse momento. Sim, eu acredito em destino, mas também
acredito que ele dependa das nossas escolhas. E por todas as escolhas que eu
já tomei na vida a única certeza que eu tive e tenho é você. Eu escolheria
você mil vezes e em mil vidas diferentes. Acredite, em qualquer versão da
realidade ou em qualquer mundo eu te encontraria e te escolheria e por mais
que aconteçam mil momentos difíceis que ameacem nossa história, ainda
assim eu te escolheria com a mesma certeza e intensidade que senti desde a
primeira vez que nos beijamos. Você é a mulher que roubou meu coração, me
tirou noites de sono e despertou em mim meus melhores sentimentos, só você
preencheu o meu vazio, me deu luz, paz e uma família maravilhosa. Obrigada
pelo Anthony e pelo bebê que cresce no seu ventre e já é tão amado quanto
esperado. Você me fez viver os melhores e mais intensos momentos da minha
vida e juro que vou fazer de tudo para que permaneça assim. Então, daqui pra
frente eu juro que vou te beijar todos os dias ao acordar, juro que vou te
mimar, admirar, elogiar e apoiar. Juro que para sempre vou amar a mulher
que você se tornou, essa de beleza estonteante, guerreira, mãe dedicada,
decidida, de presença marcante, de força e verdadeira. E juro que amarei
ainda mais a menina que você esconde aí dentro. A pequena e carente, meiga,
inocente, frágil, sentimental e que precisa sempre de carinho. Eu juro que vou
te proteger, juro ser seu abrigo, juro que pra sempre vou ser seu melhor
amigo e vou me esforçar todos os dias para ser o melhor para você
simplesmente porque eu te amo.

Encarei o rosto da Alicia banhado em lágrimas e sorri. Eu faria tudo que


jurei e ainda mais.

Ela respira fundo limpando as lágrimas e pega o microfone da minha


mão.

— Eu não pensei nos meus votos. — da um meio sorriso. — Na verdade,


desde o momento que eu abri meus olhos hoje eu só consegui pensar que em
algumas horas eu diria o sim mais importante das nossas vidas. Olha, seria
mentira se eu disse que esperava por esse momento, pois há alguns meses
atrás eu não queria nem mesmo ouvir seu nome. Mas, aprendi o quão difícil é
esquecer o amor da nossa vida. Eu vi seu sorriso durante todo o tempo que
estivemos separados no rosto do nosso filho e a cada segundo o amor que eu
sentia por você só ficava mais forte sem que eu percebesse. Hoje posso dizer
com todas as letras que eu me sinto amada e como isso me faz bem. Você
Nathan Carter, você é minha inspiração. Meu verão perfeito. Meu abrigo e
minha escolha. Você é o pai do meu filho. — ela se vira e pega a sacola da
mão da tia Jess. Sim, a sacola que ela esteve segurando esse tempo todo. Fico
confuso. — Hoje não é só nosso casamento é o início da nossa nova
caminhada e eu prometo que vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para
manter nossa família. Hoje eu me comprometo em ser sua. Sua ajudadora,
sua parceria, sua amiga, sua admiradora, sua cuidadora e tudo que você
precisar... — estende a sacola na minha direção. Fico mais confuso ainda,
mas a pego de sua mão e encaro seus olhos. Estou completamente perdido.
Provavelmente isso faz parte de alguma tradição de casamento que eu não
conheço. Sorrio, já que é a única coisa que posso fazer apenas para que ela
não pense que eu não sei do que se trata. Apesar de ter certeza que isso está
estampado na minha cara. — Eu não poderia ter achado parceiro melhor para
ser o pai dos meus filhos. E sem sombra de dúvidas hoje é o dia mais especial
de nossas vidas. Obrigada por mais esse presente. — aponta para sacola e eu
prontamente enfio a mão dentro a deixando cair aos meus pés. Paraliso com o
que eu vejo. Olho para Alicia e para o pequeno macacão rosado algumas
vezes e pisco ainda sem entender. Então, presto atenção no pequeno
pedacinho de pano sorrindo e quando eu leio o que está escrito nele meu
coração da um salto. Olho para Alicia agora com os olhos arregalados e ela
sorri. — Obrigada por me dar ela. Nossa menina. — completa acariciando a
barriga e só o que eu consigo fazer e tapar o rosto com o próprio macacão e
chorar. Alicia se aproxima e passa os braços a minha volta. Porra. Não
acredito que é menina. Eu vou ter uma menina. E o que antes eram simples
votos de casamento se torna o momento mais importante da minha vida. Hoje
eu descobri que vou ser pai de menina. Seguro Alicia em meus braços e
rodopio com ela beijando seu rosto em todos os lugares possíveis. Nesse
momento nem mesmo o padre estressado vai me impedir de beijar minha
mulher.

— É menina. É menina... — digo entre um beijo e outro.

— Sim, é uma menina. — ela completa sorrindo e aplausos e arquejos


femininos são ouvidos e eu nem mesmo me importo com isso ou com os
flashes na nossa direção.

Na hora de pegar a aliança percebi o quando minhas mãos estavam


trêmulas. Repeti as palavras do padre e coloquei tão rápido no dedo da Alicia
que ela deu risada. Na sua vez ela fez o mesmo, mas não tão ágil como eu
gostaria. Eu precisava ouvir as palavras. E assim que o padre falou...
Aproximei-me da Alicia rapidamente e tomei seus lábios nos meus com
intensidade e paixão. Finalmente fomos declarados marido e mulher. Diante
de Deus e depois de assinar os papéis com o juiz diante dos homens. Como
ela mesma disse em seus votos. Esse seria o início da nossa caminhada. Eu,
ela, Tony e nossa filha.
ALICIA
Dancei e comi o máximo que consegui. Para ser bem sincera eu mais
comi que dancei. Mesmo descalça o peso da barriga não me permitiu fazer
muita coisa. Mas, eu sorri tanto para fotos que os cantos da minha boca estão
até doendo. Fui abraçada e parabenizada por todos pela minha garotinha que
não parou de mexer desde que sentei. Olho para a festa rolando e não consigo
evitar sorrir como uma boba. Tudo está perfeito. O barulho do mar ao fundo,
a banda, a decoração, os convidados, o Buffet, a comida. E pensar que anos
atrás eu estava exatamente igual. Sentada no canto da festa olhando ao redor
e pensando nas inúmeras possibilidades de futuro. Hoje eu posso dizer que
consegui coisas melhores do que eu estava imaginando. Olho para o Nathan
sorrindo com os meninos a sua volta e dou um suspiro. Meu amado e lindo
esposo. Quem diria que estaríamos assim hoje. Nem mesmo eu acreditei.

Acaricio minha barriga e sorrio genuinamente e agradecida até sentir uma


mão apertando gentilmente meu ombro.

— O que houve, está tudo bem? — Nathan pergunta com preocupação


evidente na voz e se ajoelhando na minha frente.

— Eu te amo. — respondo e ele sorri de lado. Meu sorriso favorito.

— Eu também te amo. — toca levemente os lábios nos meus, mas ainda


vejo a ruga de preocupação entre suas sobrancelhas.

— Eu estava pensando na minha formatura. Tanta coisa aconteceu. E olha


para mim agora... casada e grávida do segundo filho.

— Você sempre foi minha AlIcia. Mesmo antes da nossa primeira vez
você já era minha. — beija minha barriga com devoção. — Minhas meninas.
— sussurra antes de me encarar agora com as pupilas dilatadas. — O que
você acha de irmos? — pergunta com um sorrisinho e me puxando para mais
perto toma minha boca em um beijo cheio de amor e carinho.

— Amor, onde estamos indo? — pergunto quando ele se afasta.


— Lua de mel! — responde se endireitando.

— Nate... por favor. — faço biquinho levantando e segurando seu rosto


entre as mãos.

— Nada vai me fazer te contar, então nem adianta fazer esse bico. —
segura meus lábios entre os dedos dando risada. — Você já descobriu o sexo
do bebê, sua malandrinha.

— Exato. E vou descobrir o destino também, então...

— Acha que eu não sei que você usou a tia Jess? — me interrompe e
encaro seu rosto de deboche com a boca aberta. — Nem mesmo o Chucky
pode me fazer falar! — sussurra no meu ouvido e se afasta.

— Vou contar pra ela! — grito as suas costas.

A lua de mel. Estou totalmente ansiosa para esse momento. E meu marido
insensível insiste em me manter no escuro. Bom, pelo menos concordamos
que será uma viagem de apenas uma semana pelo fato de estar grávida e por
conta do Tony.

Juro que pensei que não seria tão difícil me despedir, mas eu
simplesmente não consegui conter as lágrimas. Ao contrário de mim meu
filho muito safado não chorou em nenhum momento. Abraço Tony pela
milésima vez e distribuo beijinhos por todo seu rosto e por milagre, dessa vez
ele não reclama.

— Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Promete que não vai fazer bagunça?


— fungo.

— Mamãe, eu não vou. — limpa algumas lágrimas insistentes que


continuam caindo sem controle. — Não chora, você quer ir comigo e o vovô
no barco?

— Não... — dou risada. — A mamãe precisa ir com o papai.

— Se preferir pode desmarcar a viagem. — Nathan fala se aproximando


com a testa enrugada e tira Anthony do meu colo. Ele está preocupado. Essa
se tornou sua expressão favorita.

— Não. Eu estou bem, só preocupada com esse pestinha. — bagunço o


topete do Tony e dessa vez ele reclama.

— Manhê! Eu vou ficar quietinho. Pai eu vou no barco com o vovô. —


segura o rosto do Nathan obrigando-o a prestar atenção nele. Sorrindo me
afasto dos dois e caminho para a cozinha.

— Eu disse que você era minha tia favorita! — abraço tia Jess e escuto os
protestos da tia Teresa.

— Para de ser boba, eu também te amo. — digo para ela quando solto tia
Jess.

– Sei. — resmunga.

— Inveja causa rugas, Teresa. — tia Jess fala fazendo um biquinho e


dando risada.

— Sério tia, eu não tive oportunidade de falar antes, mas obrigada por me
ajudar fazer a revelação do sexo da minha pequena. — acaricio minha
barriga.

— Então a Jess, sabia? — tia Dakota fala se aproximando com minha


mãe e me viro para ambas.

— Esse é o pagamento por gerar os filhos por nove meses. — mamãe fala
colocando a mão no peito dramaticamente.

— Para com isso, mãe. Eu só procurei a tia Jess, por que era uma situação
complicada... que exigiria uma mente.. humm, maléfica.

— O que? — tia Jess grita e damos risada.

— Já sabe para onde vai? — tia Dakota pergunta arrumando a alça do


meu vestido com um pequeno sorriso. Trocar o vestido de noiva por um
soltinho e floral foi à primeira coisa que eu fiz quando o casamento acabou.
— Eu não sei ainda, Nathan não quer me falar. — suspiro.

— Humm... Eu sei. — ela responde sorrindo e a encaro de olhos


arregalados.

— Eu também sei, engraçado não?! — mamãe completa tocando o braço


dela e sorrindo também.

— E onde é? Por favor, me conta! — peço curiosa para as duas que tem
uma troca de olhares antes de me responder.

— Pergunta para a Jess! — as duas falam ao mesmo tempo e se afastam


dando risada ante minha boca aberta.

— Ciumentas! — tia Jess grita para as duas.

Com as malas no carro eu só precisava finalmente ir. Abracei quem eu


ainda não tinha abraçado e chorei mais ainda, só entrei no carro quando não
tive mais opções. Não que eu não estivesse ansiosa para ter finalmente minha
lua de mel. Eu estou, mas uma parte minha só consegue pensar no Tony. Meu
lindo e pequeno menininho que acenou mandando beijo com um sorriso
enorme e dizendo que me ama. Juro que estava esperando o momento dele
começar chorar e pedir para ir junto. Eu realmente me preparei para isso.
Mas, não foi o que aconteceu e acredito que nenhuma mãe está preparada
para ver o filho desapegar tão cedo. O sentimento de frustração é inevitável,
porém veio acompanhado com o orgulho em saber que meu bebê está
crescendo.

O caminho até o aeroporto foi aparentemente rápido, mas não posso dizer
que realmente vi alguma coisa. Fui vencida pelo cansaço assim que o carro
começou se movimentar e dormi apoiada no ombro do Nathan. Quando
chegamos seguimos direto para a sala de embarque e logo subimos no voo
com destino desconhecido.
Maldivas, quatro dias depois...
Fecho os olhos e sinto a brisa soprar meus cabelos. Estou deitada sobre a
proa do barco rodeada pelas águas do Oceano Índico. Minha lua de mel está
tão perfeita que não quero que acabe apesar de sentir falta do meu pequeno.
Estamos em Maldivas. A maravilhosa Maldivas. Uma nação tropical e que eu
descobri ser encantadora. Fiquei tão animada e embasbacada com o lugar que
em dois dias eu e Nathan conseguimos visitar os pontos mais importantes da
capital, Malé. Como alguns dos inúmeros restaurantes e lojas na rua
principal, Majeedhee Magu. Depois disso seguimos direto para a ilha Meeru
Island, pois é umas das ilhas do atol que fica a 50 quilômetros. E foi onde
Nathan fez a reserva do nosso bangalô.

Nem mesmo consigo me arrepender pelas horas cansativas de voô. Esse


lugar vale cada segundo. As praias de areias claras e o mar azul de águas
cristalinas e quente é um cenário único, inesquecível e romântico!

Levanto-me depois de alguns minutos e olho para a água respirando


fundo, faz um pouco mais de uma hora que Nathan mergulhou com o
instrutor de mergulho e ainda não voltou. Estou começando a ficar realmente
preocupada. Passo a mão na barriga e espero pelo chute, nossa pequena
parece entender tudo. Pego meu celular e sorrio para a foto de nos três juntos
na tela de bloqueio. Meus dois amores. É isso só está aumentando. Olho para
o vasto oceano e respiro fundo. Bem que Nathan insistiu para que eu
esperasse por ele no bangalô, mas eu quis vir e aproveitar o sol. O dia como
todos os outros está quente na medida certa. De certa forma hoje eu consegui
um bronzeado decente. Já que das outras vezes que eu tentei Nathan me
atrapalhou. Ele sempre me toca nos lugares certos e em menos de segundos já
estamos trancados dentro do bangalô. Passamos o dia nos amando e boa parte
da noite. Achei que com o crescimento da barriga ficaria cansada, mas isso
obviamente não vai acontecer. Eu estou mais necessitada e faminta pelo meu
marido deliciosamente lindo a cada segundo que passo com ele.

E é só pensar nele que ele aparece. Nathan emerge na água e tira a


máscara de mergulho, mesmo do barco consigo ver seu sorriso enorme
estampado e iluminando seu rosto de menino. Ele também me vê parada na
proa apoiada na grade de proteção e como se fosse possível seu sorriso
alarga, logo nada se afastando e adentra na popa do banco. Continuo parada,
mas consigo ver perfeitamente de onde estou ele e o instrutor tirando os trajes
de mergulho.

Assim que tira a parte de cima do macacão revelando seu abdômen


definido ele caminha na minha direção a passos largos.

— Você tinha que ver lá em baixo. — me abraça apertado girando


comigo e me deixando toda molhada. — É incrível a quantidade de corais e
como é foda, vida. Você devia ter visto.

— Você me molhou. — digo quando ele se afasta e sua resposta é me


direcionar um sorriso safado.

— Sabe que eu amo te deixar molhadinha. — diz alto o suficiente para o


instrutor que se aproxima sorrindo ouvir.

— Nathan! — sussurro e aponto para o senhor Takashi que agora exibe


um tom avermelhado nas bochechas.

— Cara, foi incrível lá em baixo. — Nathan diz se virando e me puxando


delicadamente para seu lado.

— Com certeza Nathan eu nunca canso de ver aquelas belezas marítimas,


pena você não poder ir Alicia, mas da próxima com certeza você vai e vai
adorar. — diz simpático. Sinceramente não sei dizer se sou assim tão
corajosa, mas sorrio concordando. — Desculpe, eu não quis atrapalhar os
dois, mas acredito que já possamos voltar para a ilha.

— Sim, com certeza eu estou com fome. — Nathan me encara e da um


sorrisinho de lado. — Parece que finalmente você conseguiu seu tão querido
banho de sol não é mesmo senhora Carter? — sussurra no meu ouvido.

— É eu tomei sol com e sem biquíni, você nem imagina como é ótimo
tomar sol na...

— Está me dizendo que ficou aqui nua? — ele me interrompe com os


olhos arregalados e dou risada. — Sua pequena provocadora, quando
chegarmos você não perde por esperar.

— Achei que estivesse com fome. — dou de ombros.

— Sempre estou com fome quando estou com você e acredite pretendo te
comer muito.

— Nossa que marido romântico que eu arrumei. — resmungo revirando


os olhos e ele me abraça.

— Eu vou te comer com todo meu amor. — diz no meu ouvido e logo o
barco começa se movimentar.

Eu já estou deitada na cama, com Nathan me beijando e explorando cada


parte do meu corpo acendendo chamas pelo meu corpo. Ele me despe sem
pressa e com demasiada delicadeza e sorrio ao ver que não tem mais do que o
biquíni para ser tirado. Toda essa calma não combina com minha agitação e
expectativa em senti-lo. Cada insinuação dos seus dedos o meu corpo grita
em expectação e minha respiração acelera fazendo meu peito subir e descer
freneticamente. Assim que fico nua, ele para e se afasta do se acomoda entre
minhas pernas para me observar enquanto se toca.

— Foi assim que você ficou no barco? — sua voz rouca e sussurrada faz
o meio das minhas pernas latejarem. — Porra. Você é perfeita para mim!

Logo Nathan desce a boca até meus seios e começa a lamber e a chupar
meus mamilos rosados, mas não com a fome que eu espero. Forço sua cabeça
para baixo puxando seus cabelos e ele interrompe os movimentos para me
encarar.

— Ei safadinha, esse leite tem dona e eu não estou nem um pouco a fim
de roubar o alimento da nossa menina. — diz apertando meu bico
intumescido e fazendo uma gota branca surgir.

Dou risada junto com ele. Esqueci-me desse pequeno detalhe. Nathan
logo volta se abaixar roubando um beijo de mim, finalizando com uma
mordida que me faz arquear os quadris.
— Gulosa. — diz sorrindo no meu pescoço e sinto seus dedos tocando
com minha parte sensível.

Então, sua tortura de beijos e lambidas recomeça. Seus lábios seguem o


caminho da minha barriga, beijando delicadamente o volume e com devoção
até chegar a minha boceta, que lateja em antecipação. Nathan se posiciona
melhor entre minhas e à medida que introduz um dedo em mim, aproxima a
boca e morde meu clitóris, arrancando um grito de mim e fazendo-me arquear
as costas da cama. Sua língua brinca sem pressa, enquanto seu polegar faz
movimentos circulares estimulando ainda mais meu ponto frágil.

— Oh! Nate... Por favor! Eu vou acabar gozando.

— Eu sei disso amor... É isso que eu quero.

Voltou sua atenção para minha boceta, mas dessa vez, com tudo. Entre
mordidas e chupões fazendo movimentos deliciosos. Já não tenho controle e
gemo enlouquecida agarrando os lençóis à medida que tento fechar as pernas.

— Isso amor. Goza pra mim, Quero sentir o gosto da sua bocetinha doce.
— essas palavras batam.

Puxei o lençol da cama com força, gritando seu nome e atingindo o ponto
alto do meu prazer. Sou feita em trilhões de pedacinhos enquanto
convenciono totalmente entregue ao momento.
Nathan vem até mim, e fica entre minhas pernas. Encarando-me cheio de
desejo, isso me deixa ainda mais excitada depois do meu primeiro orgasmo.

— Eu te amo. — diz e lentamente introduz seu pau em mim, me


preenchendo por completo. Como em todos os nossos momentos a
intensidade toma conta e me deixa à mercê. — Eu vou fazer amor com você,
minha menina. Vou amá-la com calma e sem toda a devoção que você
merece até nós dois nos perdermos um no outro.

— Eu te amo. — sussurro. E ele começa a se movimentar. Mas, não


duramos muito nessa posição e Nathan inverte me deixando por cima abaixo-
me para tocar seus lábios e fecho o espaço entre nós dois. Nem mesmo o
volume da minha barriga nos atrapalha e nem poderia, Nathan segura minhas
pernas e começamos a nos mover juntos. Nossos gemidos sendo abafados
pelos nossos beijos.

Seguimos perdidos um no outro e os gemidos que antes eram abafados,


agora ecoam pelo ambiente à medida que nossos movimentos se tornam mais
intensos e fortes, eu já me sinto perto novamente. Estamos suando e
totalmente imergidos um no outro.

— Nate... — tento falar, mas engasgo em um gemido.

— Shiiu! Eu sei. Eu sei... amor! Eu também. Goza comigo.

Atingimos o clímax juntos, e ficamos abraçados nos beijando e


cheirando, como se fossemos um casalzinho de namorados apaixonados.
Mas, meu estômago protesta e acabo dando risada.

— Tudo bem, Lice? — Nathan me pergunta passando a mão pelo meu


rosto, tirando os fios que estavam grudados e apoiando nos cotovelos para me
encarar melhor.

— Hum rum. — balbucio. — Muito bem. – sorrio, e ele retribui.

— Está com fome? — arqueia as sobrancelhas.

— Sim, muita fome.

— Percebi esse barulho não é da nossa menina. É nosso dragãozinho. —


diz e sorri. Automaticamente faço minha expressão murcha.

Sim, meu marido com altas tendências imbecis apelidou meu estômago
de dragão.

— Nossa... Você sabe acabar com um momento, né?! — faço uma careta.

— Não sou eu... — arregala os olhos. — É o dragãozinho! — da de


ombros rindo.

— Idiota! — falo e recebo um tapa na bunda, me fazendo dar um


gritinho.

— Vou preparar nossa janta. — ele levanta me proporcionando uma boa


visão. — Ter um bebê e um dragão não é uma tarefa tão fácil, minha
guerreirinha!

— Vá se foder!

— Primeiro vou te alimentar, depois eu vou te foder. Você será minha


sobremesa! — pisca um olho e se afasta.

A vida ao lado do Nathan promete ser sempre assim, repleta se erotismo,


estresse e amor. Nathan consegue ser carinhoso, divertido, preocupado e
apaixonante em questão de minutos. Eu percebo isso o olhando agora me
limpando como se eu fosse à coisa mais frágil do mundo. Com ele eu não vou
entediar nunca. E acredite, eu realmente fui a sobremesa depois do nosso
jantar.

Aconchego-me nele o máximo que consigo e olho para cima dando de


cara com seus olhos verdes que sorriem assim como seus lábios.

— Eu já disse que te amo? — questiona acariciando meu rosto.

— Hoje eu acredito que umas duzentas vezes. — sorrio. — Você não


vive sem mim meu adorável estúpido.

— E tenho certeza que você também não vive sem mim, gordinha. —
enrugo as sobrancelhas.

— Idiota!

— Marrentinha!

— Eu te amo, Nathan Carter! — digo sorrindo.

— E eu te amo, Alicia Carter! — responde e beija o alto da minha cabeça


apertando os braços a minha volta. Eu não tenho dúvidas de que sou a mulher
mais sortuda do mundo.
Fim
epílogo

NATHAN
Meses mais tarde...
— Para a direita. — Alicia diz acariciando a barriga enorme. — Hummm,
não amor a minha direita! Agora foi muito, volta um pouco. Mais para a
esquerda. Passou... volta. Direita, pouquinho pra esquerda. Direita!
Esquerdaaaa... NÃO!!! Esquerda!

— Porra Alicia! — resmungo parando e ela da uma risadinha.

— Ai! — grita de repente e eu me assusto virando tão abruptamente que


tropeço nos meus próprios pés e desmorono no chão — Achou um lugar
perfeito. — completa.

Encaro a árvore de natal em cima de mim e reprimo a vontade de jogá-la


na cabeça da minha esposa grávida simplesmente levantando do chão e
colocando-a em pé no mesmo lugar que eu havia colocado antes dela me
fazer trocar três vezes. Respiro fundo e dessa vez não consigo evitar uma
careta que é acompanhada de sua gargalhada. — Nunca mais grite essa
palavra. Você está proibida! — reclamo.

— Você está bem? — pede comprimindo os lábios.

— Não vou nem te responder! — resmungo e ela bate no assento ao seu


lado.

— Quando Tony chegar, colocamos os enfeites! — sorri e sento-me no


sofá onde ela indicou. — Não sei, pensando bem, talvez ela ficasse melhor...

— Amor, a árvore está perfeita onde ela está. — interrompo.


— Tudo bem. — suspira olhando o resto da sala já toda enfeitada.

Finalmente dezembro chegou e Alicia já está a ponto de dar a luz. E isso


está me deixando bem agitado e alerta o tempo inteiro. Sinceramente, eu não
sei o que é uma boa noite de sono desde a última consulta, onde a médica foi
clara em dizer que ela pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento.
Qualquer momento. Nada definido. Tudo que eu sei é que será de repente e,
sem aviso prévio. Estou apavorado e isso não me ajuda em nada. Até Alicia
ser devidamente internada, qualquer gemido a noite pode ser minha filha
nascendo. Deu pra entender minha atual situação? Por mim, ela já estaria
internada, desde que completou oito meses.

Estive com ela em todas as consultas e ultrassonografias da nossa


pequena Alana que está perfeita e saudável. Sim, esse é o nome da nossa
princesinha. Alana Carter. Eu escolhi o nome. E foi tão espontâneo que
Alicia não se opôs muito pelo contrário, ela chorou e achou perfeito. Pude
acompanhar todos os detalhes da gravidez de perto dessa vez e, devo dizer
que cada dia é diferente do outro. Não é apenas o mar de rosas que eu
imaginei, ainda mais considerando os enjoos, desejos malucos e as constantes
variações de humor. Contudo, posso dizer com propriedade que tudo valeu
muito a pena por cada batida do coraçãozinho da nossa princesa que eu ouvi,
e cada pequeno avanço no seu crescimento. A ultrassonografia sem dúvidas
foram minhas partes favoritas das consultas. Estou vivendo uma vida
agitadamente perfeita em todos os sentidos da palavra. Todos mesmo.

— O que você comprou para o Tony? — questiona chamando minha


atenção e a encaro com um sorrisinho.

— Um cachorrinho!

— O que? — ela quase grita. Alicia não assume, mas eu sei que ela
provavelmente não gosta de animaizinhos. Desde que chegamos da lua de
mel sempre que eu cogito a ideia, ela faz uma careta e muda de assunto.

— O que mais eu poderia dar? Tony é uma criança que já tem todos os
brinquedos existentes imagináveis... e ele quer um cachorro! — beijo seu
ombro.
— Ele, né?! — suspira. Sim, eu também quero. Na verdade eu sempre
quis ter irmãos e animais de estimação, mas dona Dakota, não. Ela é mais
parecida com Alicia que eu estava imaginando. E agora, meu filho vai ter
tudo que eu não tive inclusive um Husky siberiano, um Akita Inu e um
labrador. — Por favor, só me diz que é um cachorro pequeno?

Engulo em seco. Tenho a impressão de que Alicia vai me matar se eu


disser que comprei três cachorros.

— É... — começo e ela me encara com expectativa. — É sim.

— Nate, me diz que você comprou um cachorro pequeno!

— Amor, nosso quintal...

— Já entendi. É um cachorro grande! — revira os olhos com uma careta e


puxa uma respiração.

— Não, você está enganada... não é um cachorro grande. — respondo e


ela sorri aliviada. — São três! — completo e comprimo os lábios. Eu poderia
esconder, mas ela iria descobrir de qualquer forma.

Alicia me encara de olhos arregalados e não diz nada. Então fecha os


olhos e puxa uma longa respiração. O que ela está fazendo com demasiada
frequência, devo dizer.

— Você só pode estar brincando! — resmunga ainda de olhos fechados e


com dificuldade levanta. — Nathan... — ela faz uma pausa. Há muito tempo
eu não sou Nathan. Eu sou amor, vida, Nate e até mesmo estúpido em
situações extremas. Quando eu volto a ser Nathan quer dizer que estou
encrencado.

— Amor...

— Você enlouqueceu? — ela grita. — Três cachorros de uma vez!


Nathan Carter. — fecha os olhos e respira fundo. — Não. Sem chance, eu
não quero nenhum cachorro.
— Amor...

— Três cachorros. Três. Três! — me interrompe com os olhos


arregalados.

— Amor... nosso quintal é enorme, cabe... — interrompo a frase no meio


quando olho para suas pernas. Há uma pequena poça d'água.

— Não interessa você disse que era um presente para o Tony...

— Amor...

— Um presente, Nathan. Três cachorros? Francamente... eu não vou..

— Alicia! — grito e ela finalmente para de falar e me encara. — A


bolsa... olha — aponto para nossos pés. — Estourou...

— O que? — ela finalmente olha para baixo e percebe a poça de água a


seus pés. — Nossa você tem razão. Estourou mesmo.

Tenho um sobressalto e em um segundo estou ao seu lado.

—Nathan, para. Eu não estou com contração ainda. — diz quando tento
pega-la no colo.

— Mas a bolsa...

— Eu sei. Presta atenção. — segura meu rosto entre as mãos. — Preciso


que você vá ao quarto da Alana e pegue a bolsa dela junto com a minha e
coloque no carro. Eu vou mandar uma mensagem para avisar seus pais, caso
eles estejam vindo trazer o Tony, e vou ligar para a minha médica.

Porra. Ela estava gritando e agora está tão calma que eu que estou ficando
assustado. Não era para estarmos correndo para o hospital? Eu me preparei
para esse momento. Subo para o andar de cima correndo como um
desesperado e pego as bolsas no quarto já correndo para o andar de baixo.
Procuro pela Alicia e não a encontro. Corro para fora e acabo escorregando
na fina camada de gelo e caio de bunda no chão derrubando as bolsas.
— Porra. — xingo levantando e percebo que não peguei a chave do carro.
Volto para dentro de casa, dessa vez com cuidado e com as bolsas.

— Estamos indo para lá... Sim, isso mesmo. Eu acordei hoje com dor nas
costas, não era nada preocupante... — Alicia está conversando tranquilamente
com o celular no ouvido quando entro em casa. Agora ela veste minha blusa
de moletom por cima do vestido — Acho que ele caiu... — fala observando-
me minuciosamente e da risada. — Está tudo bem, vou desligar porque
preciso dele inteiro... Tudo bem... Beijo. — desliga.

Saio novamente e coloco as bolsas no carro.

— Vamos? — digo quando entro e ela morde o lábio inferior contendo


outra risada.

— Amor, se você quiser tomar um banho rápido...

— Alicia, sua bolsa estourou. Alana pode nascer a qualquer momento. Eu


não vou tomar porcaria de banho nenhum. Vamos para o hospital.

— Nathan, você está descalço e desagasalhado. Sua bunda tá molhada, eu


não posso deixar você ter uma hipotermia... lá fora está frio. Troca pelo
menos de roupa e calça um tênis. Eu espero.

— Mas que porra! Se ela nascer vai cair de cabeça no chão. Vou te
colocar pelo menos sentada no carro. — tento pega-la no colo de novo.

— Amor, você acabou de cair no quintal, tem certeza que quer me pegar
no colo?

— Tudo bem, você tem razão. Vou te acompanhar...

— Eu falei com a obstetra, já está tudo preparado nos esperando, por


favor, fica calmo. Ela não vai escorregar de dentro de mim tão facilmente.
Tenho certeza. — ela limpa o suor que está acumulado na minha testa. — Eu
te amo!

— Eu já volto! — bato a porta no carro.


Na maternidade realmente a médica já nos esperava praticamente na porta
da clínica. E enquanto ela e a Alicia engataram em uma pequena conversa
sobre contrações e procedimentos estou a ponto de ter um ataque cardíaco. Só
me tranquilizo quando ouvimos o coraçãozinho da minha pequena e tenho a
certeza que está realmente tudo bem.

Estou no hospital. Alana vai nascer! - Nathan

Mando uma mensagem para o Arthur, enquanto Alicia termina de ser


examinada. Ultimamente temos nos falado mais que normalmente nos
falávamos.

Aee... Caralho Finalmente! Cara, boa sorte! Depois me conta como foi à
experiência. - Arthur

Alicia está tão tranquila que eu estou começando a duvidar que


realmente doa tanto assim. - Nathan

Isso é bom, não é? - Arthur

Espero que sim! - Nathan

— Tudo bem papai... — doutora Celine chama minha atenção e guardo o


celular. — Um dedo de dilatação.

— O que isso quer dizer? — questiono com curiosidade.

— Quer dizer que você pode se sentar e ser muito paciente... São vinte
quatro horas até a necessidade de intervenção de medicamentos contra
infecções. Vamos fazer o acompanhamento, mas a pequena Alana vai nascer
quando for à hora certa.

— Hora certa? E que horas é isso? — enrugo as sobrancelhas e ela ri.

— Sinceramente, pode ser daqui uma hora, duas, cinco ou só amanhã...

— Amanhã? — repito incrédulo.


— Calma, vai dar tudo certo. Sua bebê vai nascer!

Três horas mais tarde


21h58
Encaro Alicia enquanto ela anda pelo quarto e conversa com minha mãe e
tia Heloísa que vieram juntas, trazer roupas e produtos de higiene pessoal
para mim. Eu fiz tudo com presa antes de sair de casa e estou sentado nessa
poltrona fazendo o que eu mais temia, apenas esperando. Já são dez horas da
noite e nada. Nada mesmo. Isso porque chegamos aqui era quase sete. Três
centímetros de dilatação. Nada mais que isso. Alicia diz estar sentindo dores,
mas é como se nada estivesse saindo do lugar. Isso mais me parece uma
tortura. Pego meu celular pela terceira vez e suspiro. Ainda bem que esse
quarto é enorme e tem um banheiro, já que eu só vou sair daqui quando
Alana estiver segura nos meus braços. Nossos familiares também já vieram e
nesse momento Anthony dorme nos meus braços depois de correr pelo quarto
todo, comer um pouco de tudo que tinha na mesa organizada pelo Buffet e
ainda estourar praticamente todos os balões da decoração. Observação:
Sozinho.

— Pai, a Lana vai sair da mamãe hoje? — ele pergunta baixinho abrindo
os olhos.

— Vai, se Deus quiser ela sai hoje.

— Eu posso ver? — ele olha para Alicia e volta me encarar.

— Você pode ir pra casa e terminar de enfeitar a árvore de natal com a


vovó e o vovô. Assim quando ela chegar vai estar tudo arrumado.

— É verdade, eu vou deixar da hora! — ele sorri e eu acompanho.

23h30
— Três dedos e meio de dilatação. Você está indo muito bem. — a
médica diz terminando o exame. Porra três dedos e meio? Ainda? Não vejo
como isso esteja indo bem.

— Está demorando demais. Não tem como acelerar esse processo? —


questiono e Alicia me encara com uma careta assim como a médica.

— Quer trocar de lugar comigo, Nathan Carter? — Alicia questiona e eu


opto por não responder já que ela me chamou pelo meu nome completo.

— Alicia, se você quiser fica um pouco deitada de lado, logo vamos fazer
alguns exercícios para ajudar na dilatação. — a médica sorri descartando a
luva no lixo e assim que passa por mim da um tapinha no meu ombro. —
Seja paciente. — sussurra e sai do quarto.

— Está tudo bem? — encaro Alicia.

— Na medida do possível, sim. As contrações estão suportáveis, por


enquanto. Só dói quando você fala alguma idiotice. — sorri e eu faço uma
careta. — Como será que está o Tony?

— Está em casa. Terminando de enfeitar a árvore e não vê a hora de


voltarmos. Falei com minha mãe por mensagem, eles e seus pais vão dormir
lá em casa.

— Tudo bem. — diz levantando e eu logo a amparo.

— A médica falou para ficar deitada um pouquinho. — observo.

— Não faz essa cara, eu preciso fazer xixi.

01h14
— Oh, droga! — Alicia reclama inclinada e apertando a lateral da cama
para em seguida voltar a andar de um lado para o outro.

— Por que você não tenta sentar um pouquinho. — sugiro.

— Não dá. Nossa, eu esqueci como isso é dolorido! Deus. Eu não estou
aguentando.

3h05
São cinco dedos de dilatação. Segundo a médica ela já está em fase ativa.
Não sei o que isso significa, mas sei que Alicia já pode com certeza dizer
quantos metrôs exatamente tem o quarto, já que ela já andou para todo canto.
Caminhou na esteira. Fez alguns agachamentos com a bola e nesse período,
além da doutora Celine a fisioterapeuta Izzy a está ajudando. Eu só tento
anima-la e distraí-la, mas nada resolve. Ela já chorou, comeu sorvete, brigou
comigo e se desculpou umas dez vezes seguidas. E Alana que é bom, nada.
Nem parece que é madrugada devido o movimento no quarto.

4h47
Seguro a mão da Alice enquanto ela respira fundo. Conforme ela se mexe
a água na banheira balança e respinga ao redor. Eu nunca imaginaria que
trazer uma criança ao mundo era tão complicado e demorado. Sinceramente
achei que chegaríamos ela sentiria dores e pronto. Alana. Mais totalmente ao
contrário do que eu estava pensando, já passaram horas. Ela sente dores e
nada da bebê nascer. Realmente Alicia merece uma medalha de ouro por
bravura. Por isso ela estava pensando em marcar uma cesariana. Porra. Mais
de cinco horas em trabalho de parto. Isso é ter uma tolerância altíssima para
dor. Nem me atrevo a ficar chateado quando ela perde a paciência comigo.
Eu com certeza não queria estar na sua pele agora.

— Que cara é essa? — questiona com o rosto contorcido de dor.

— Eu te admiro demais... — sussurro.

— Isso é pra você ver como ser mãe é uma delícia!

— Vocês são fodas! — pisco um olho.

07h22
— Pronta? — a médica pergunta e eu seguro a mão da Alicia que assente.
— Só fazer força, ela está pronta para sair, só precisa da sua ajuda!

Abaixo e beijo a cabeça da Alicia.

— Estou aqui com você, amor!

Ver Alicia sofrendo e não poder fazer nada é uma sensação horrível, mas
eu sei que esse sofrimento logo será convertido em sorrisos. É o nosso
momento.

— Vamos Alicia, empurra. — a médica incentiva em meios aos seus


gemidos e ela faz tanta força que minha mão começa doer. — Isso mesmo,
muito bem. Continue assim...

É agonizante, assustador e inexplicavelmente lindo. Apesar de tudo.

Então, depois de uns minutos de puro desespero, o choro. A agonia da


lugar as lágrimas de agradecimento, abaixo e deixo um beijo nos lábios da
Alicia antes de ver o rostinho que vai mudar completamente nossas vidas
para ainda melhor.

Deixo que Celine deposite o pacotinho nos braços da Alicia. Ela merece
ser a primeira a segurar nossa pequena.

— É linda! Ela é linda, Nathan. Olha... — diz chorando e sorrindo ao


mesmo tempo aparentemente aliviada.

— É perfeita! — sorrio e fecho os olhos agradecendo. Foram horas


agonizantes, mas como eu previa. Valeu a pena. Fez-me perceber o tanto que
eu perdi por não ver meu filho nascer, mas eu vou recompensa-ló pelo resto
da vida. Nossa vida perfeita, que está apenas começando.

— Eu sou o papai. — sorrio encarando o pacotinho rosa nos braços.

Já foram tantas fotos tiradas e não é o suficiente. Os olhinhos estão fixos


no meu rosto. Pode me chamar de babão, mas a pequena Lana é o bebê mais
lindo que meus olhos já viram. Bochechas gordinhas e rosadas, a boca mais
parece uma cereja de tão pequena e vermelha. Os olhos parecem
acinzentados, nariz perfeito. Dedinhos perfeitos, a fina camada de cabelos
castanhos em sua cabeça, a mãozinha. Ou o jeitinho que ela respira e parece
prestar atenção as coisas a sua volta. Tudo. Tudo nela é perfeito demais.

Já são quase onze horas da manhã quando Alicia acorda realmente. Ter
um bebê durante toda madrugada é no mínimo exaustivo. Eu mesmo quase
não consegui acordar. Salvo o momento que Alana precisou ser amamentada.
Nossa rotina acabou de tomar outro rumo. E eu não consigo sentir nada além
de uma alegria muito grande e amor.

Duas semanas mais tarde...


— Amanhã é véspera de natal! Tem certeza que quer ter três cachorros e
dois bebês em casa?

— Você quer dizer... três cachorros e um bebê. Anthony já é um


homenzinho.

— Isso... Você fica alimentando essa história e ontem ele chorou porque
queria trocar a fralda da Alana. — olho para o meio da nossa cama onde
Anthony e Alana estão dormindo e sorrio.

— Vai dar certo. — sussurro. — E o que você quer de Natal? Outro


bebê?

— Sim, claro. Só que não! A fábrica está fechada!

— Tem certeza? — balanço as sobrancelhas sugestivamente.

— Para de loucura! Sua filha não tem sequer um mês de vida. — Alicia
levanta e com cuidado pega nossa pequena nos braços para não acorda-la e eu
faço o mesmo com Tony.

...

Depois do nascimento da nossa filha a casa ficou ainda mais


movimentada. Nosso natal foi incrível assim como a passagem de ano.
Família inteira reunida como nos velhos tempos. Claro que minha filha de
olhos verdes fez sucesso. Enquanto Anthony ficou com os olhos iguais aos de
Alicia, Alana trás tons visíveis de verde em suas íris exatamente iguais às
minhas. Nossa bonequinha é linda. E óbvio que não faltaram piadinhas por
ela ser menina, mas tenho certeza que não terei dor de cabeça futuramente.
Por incrível que pareça Anthony é mais chato em se tratando dela que eu e
Alicia juntos. É admirável e até engraçado ver o cuidado que ele já demonstra
pela irmã.

Um tempo depois...
Entro em casa e corro para o quarto para tirar o terno e colocar uma
bermuda e uma regata. Como de costume sexta feira eu encerro meu
expediente durante a tarde, para ficar com minha família, já que normalmente
nos finais de semana Anthony reveza entre as casas dos avós.

— Tony! — Alicia grita sentada em um lençol na grama do nosso jardim


olhando-o correr atrás do Batman.

Não é esse Batman que você está pensando. Esse anda sob quatro patas.
Sim, temos três cachorros que são um grude no Tony. Batman, o labrador.
Contente, o akita inu e Thor o husky siberiano. Foram os nomes escolhidos.
Eu particularmente não queria dar esses nomes, mas Anthony escolheu antes
que eu pudesse pensar em alguma coisa melhor. Alana está chupando os
dedinhos quando eu me aproximo. Faz exatos quatro meses do seu
nascimento e ela está mais esperta que nunca. Eu sou o cara mais sortudo que
existe, já que tenho as duas crianças mais lindas e espertas do universo. Não
tenho dúvidas.

— Deixa o menino brincar, mulher. — digo a Alicia sorrindo e sentando


ao seu lado pego minha bonequinha no colo. — Papai estava louco pra te
ver... minha menina linda. — digo distribuindo beijos por seu rostinho e ela
responde com seus gritinhos.

— Oi meu amor. Está tudo bem? Sim claro obrigada por perguntar... —
Alicia resmunga imitando minha voz e dou risada colocando Alana deitada
novamente na grama.
— Oi minha menina ciumenta... — seguro seu rosto entre minhas mãos.
— Senti sua falta hoje... — sussurro e a beijo.

— Mentiroso... — ela ri com os lábios colados nos meus e em seguida


prende meu lábio inferior entre os dentes.

— Acha que isso é mentira? — pego sua mão e coloco sobre minha
ereção crescente.

— Manhê! — Anthony grita e nos afastamos para vê-lo se aproximar


segurando o joelho. — Fiz dodói!

— Por isso eu não o deixo correr. Viu quem ele chama quando quebra a
cara, né?! — ela resmunga levantando e eu pego Alana que sorri me dando
beijos babados. — Eu disse pra você parar de correr, não disse?! — grita se
afastando e dou risada.

— Tony... come logo essa comida ou vou te dar o leite da Alana. —


Alicia fala interrompendo Anthony que parece ter engolido uma vitrola. O
prato a sua frente mal foi tocado.

— Eu não quero leite. — ele faz uma careta e eu dou risada. — Esse leite
é da Lana.

— Então para de falar tanto e come.

— Pai hoje eu fiz um desenho... — ele continua orgulhoso. — A minha


professora não gosta de barulho, ela ensinou duas cores novas em espanhol
e...

— Anthony. — Alicia resmunga terminando de mastigar e dando uma


colherada de papinha para Alana que grita e faz bolinhas ao seu lado.

— Manhê... Eu to comendo, olha... — Anthony sorri e enfia na boca uma


colherada.

— Sua irmã está comento tudo... — Alicia sorri para a nossa bonequinha
que bate palmas de forma empolgada.
— Pai eu aprendi outra música.

— Então você aprendeu outra música? Não acredito?! — respondo para o


Tony tomando um gole do meu suco.

— Você quer ouvir? — pergunta empolgado.

— Anthony, você ficou jogando vídeo game com seu pai desde que ele
chegou do serviço... — Alicia diz e ele tapa a boca.

— Parei, desculpa mãe. — pede e começa prestar atenção no prato. —


Pai, o Thor gosta disso? — Anthony pergunta apontando para o brócolis com
uma careta.

— Tenho certeza que ele gosta. — respondo e finjo que não o vi tirar um
ramo do prato e jogar embaixo da mesa.

— O sol é amarelo. O céu é azul. A floresta é verdinha e tem flores de


montão... — Anthony começa cantar. Exatamente, ele está cantando e eu
seguro a vontade de rir encarando Alicia que solta um suspiro.

— Nathan. Fala para o seu filho comer.

— Pai eu sei em espanhol... — ele sorri.

— Tony come seu jantar. — peço e ele começa prestar atenção no prato.
Por alguns segundos.

— Pai quer ouvir em espanhol?

— Impossível. Hoje você está impossível, Anthony. Vou levar Alana,


para o quarto e você... come. — Alicia levanta da mesa

Isso é comum no nosso jantar, principalmente quando tem legumes no


cardápio. É só colocar o prato de comida na frente do Anthony e ele começa
falar.

— El sol es amarillo. El cielo es azul. El bosque es verde y tiene muchas


flores... — Anthony continuou cantar.
Alicia para na porta da sala e deixo escapar uma gargalhada. Impossível
ver meu filho de cinco anos cantando espanhol e não deixar de me sentir
orgulhoso.

— Hora de colocar minha capa de super pai. — levanto colocando o


guardanapo de boca na mesa.

— Humm... Você fica sexy, quando usa. Se concluir a missão ganha


recompensa.

— Eu vou cobrar. — grito para suas costas.

— Anthony se você comer tudo a comida podemos ir terminar o jogo


antes de dormir. — missão dada é missão cumprida. Anthony finalmente
começa comer e eu dou um sorriso vitorioso.

As coisas nunca estiveram melhores. Eu literalmente trabalho contando


os minutos para chegar em casa. Nossa casa se tornou meu lugar favorito.
Nunca imaginei que seria tão feliz como eu sou hoje. Alicia não me deu
apenas dois filhos. Ela me deu a chance de viver plenamente.

— Dormiu? — questiono quando ela entra no quarto na ponta dos pés.

— Finalmente. — suspira jogando na minha direção à babá eletrônica e


tirando o robe. Normalmente sou eu que coloco Anthony para dormir e Alicia
fica com Alana.

— Nossa hoje você foi rápido, normalmente você demora mais do que
eu... — comenta, mas tenho minha atenção agora focada em outra coisa.
Encaro minuciosamente seu corpo na minúscula camisola rendada vermelha e
sorrio.

— Camisola nova? — questiono colocando o aparelho no criado mudo e


levantando.

— É... então, eu estava esperando perder os quilinhos a mais da gravidez


para começar usar... e como a dieta está dando resultados.. — coloca a mão
na cintura e da uma voltinha com um sorrisinho vitorioso.
— Com certeza está... — sussurro parando na sua frente e seus olhos
viram duas fendas.

— Conheço esse olhar... — diz com especulação.

— Conhece? — arqueio uma sobrancelha com um sorrisinho de lado.

— E como conheço. Sabe que eu estou amamentando, né?

— Hum rum... — seguro sua cintura trazendo-a para mais perto. —


Quero minha recompensa... — inspiro o cheiro do seu pescoço e desço uma
alça da camisola.

— Não estou tomando nenhum tipo de medicação...

— Sei disso, amor. — mordisco o lóbulo da sua orelha e ela estremece.


— Você não pode dormir comigo vestida assim e esperar que eu me
comporte. — começo distribuir beijos em sua pele.

— Você pelo menos repôs seu estoque de preservativos? — geme quando


aperto sua bunda pressionando minha ereção em seu ventre.

— Ainda não...

— Nate...

— Eu sei. Eu também quero. — invado sua boca e sou correspondido à


altura. Minha garota nunca me decepciona. Ainda com nossos lábios
grudados caminho com ela e a deito sobre a cama. — Você me enlouquece,
Lice. Sabe disso.

— Não sei não... — responde sorrindo e passa a língua nos lábios em


seguida.

— Safada!

— Eu te amo, Nathan Carter.


— E eu te amo mais ainda, Alicia Carter. — minha língua invade mais
uma vez sua boca e logo a sua se enrosca a minha de forma áspera. Esse
gosto se tornou meu vício diário. Eu apenas preciso estar perto da Alicia para
sentir como se ela tomasse conta de meu corpo e das minhas necessidades.
Nunca senti tanto amor na vida.

E como eu amo essa minha esposa. Nunca vou esquecer que tudo
começou em uma viagem inesperada de verão. Na verdade continuou. Alicia
sempre foi minha. E eu só posso agradecer a Deus e ao universo! Por ela,
pela vida que construímos juntos, pela nossa história por mais confusa que
tenha sido o início e pelos nossos filhos. Os que nasceram, e com certeza o
que logo, logo irá chegar depois dessa noite!
Livros dessa série
Série Inesperado
Uma série divertida, sensual, muito cativante e cheia de acontecimentos
inesperados.

Gravídez Inesperada
Volume 1 da Série - Inesperado.

Heloísa Bianchi é uma jovem linda, cheia de manias, teimosa e durona. Após
enfrentar sozinha a morte de sua avó sua única parente viva, decide mudar
para Nova Iorque onde pretende dividir um apartamento com uma amiga de
infância.

O que Heloísa não esperava era que depois de anos na nova cidade... Em uma
consulta de rotina no ginecologista sua vida sofreria uma grande mudança.

Heloísa foi inseminada por engano... Agora ela está grávida e pior do que
imaginava o pai do bebê inesperado é ninguém menos que o próprio chefe.

Rafael Montanari é lindo não há dúvidas. Sedutor, galenteador e dono de


encantadores olhos azuis. Rico, charmoso e parece ter o mundo inteiro a seus
pés. Extremamente mulherengo, orgulha-se de levar várias garotas para a
cama e descarta-las como nada em seguida. Dono de umas das redes mais
famosas de hotéis de nova Iorque o playboy está longe de querer trocar sua
vida de balada por mulher e filhos, contudo uma gravidez inesperada pode
balancear sua vida de forma totalmente inesperada.

Heloísa agora tem uma decisão. Seguir ou não com a gravidez.

Rafael não esperava que a ideia de ter um filho lhe fosse tão agradável.
Um romance intenso provocante e divertido de dois jovens, que pertencem a
mundos completamente diferentes, e mergulham em uma jornada de
descobertas juntos.

Atração Inesperada
Volume 2 da Série - Inesperado. Para quem leu Gravidez Inesperada se
apaixonou por Heloísa, Jéssica e se divertiu muito com as loucuras das
amigas, é hora de conhecer e se apaixonar por Dakota nossa quase vilã.

Dakota era uma garota superficial, linda e má, nunca mediu esforços para
conseguir o que a interessava. Ter um marido rico e se garantir era sua única
meta de vida, o alvo, no entanto se tornou totalmente impossível.. Uma revira
volta transforma a vida da moça obrigando-a á rever seus próprios conceitos.
Dakota vai aprender do modo mais difícil que dinheiro não compra
felicidade.

Para Dylan a liberdade é essencial, dono de suas vontades ele encara a vida
de uma forma única evitando ao máximo se envolver em relacionamentos.
No entanto, não dispensa boas noites de curtição na companhia de várias
mulheres diferentes. Ele é lindo e espontâneo de uma forma misteriosa e
atraente. O que facilita muito em suas conquistas. Porém, não esperava que
um fatídico primeiro encontro com Dakota iria mudar sua vida de uma forma
drástica e diferente.

Ela está grávida. Ele totalmente fechado para qualquer tipo de


relacionamento. Porém, por acaso do destino são obrigados a aprender se
suportar e conviver sob o mesmo teto.

Como será essa convivência?

Em uma envolvente e divertida história de amor, a atração, o desejo e


acontecimentos indesejados faz com que ambos percebam o verdadeiro
sentido de querer estar com alguém para a vida toda. Venha se apaixonar, rir
e chorar com esse casal nessa continuação de história que vai prender sua
atenção.

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