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Copyright © 2022 – Lis Santos

Capa: TG Design
Diagramação: Denilia Carneiro
Revisão: Carina Barreira

1ª Edição

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas.


Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados. São proibidos o
armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra,
através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o
consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.
SUMÁRIO

SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
EPÍLOGO
SOBRE A AUTORA
OUTROS LIVROS DA AUTORA
No jogo da vida, todos fazemos apostas e eu apostei
o que tinha de mais importante: meus sentimentos e
ganhei o mais valioso de todos os prêmios, o seu
amor!
Alec Brassard não esconde de ninguém o poder que tem. Frio

e reservado, aprendeu na pele como é ter o coração quebrado e


desde então, paixão não faz parte da sua vida.

Em nome dos negócios, ele decide que chegou o momento de


se casar, mas não será de maneira convencional.

“Por que não usar essa pobre moça?”

Com a morte de seu pai, Brianna Guerra herdou milhares de

dívidas de jogo. Mesmo não sendo sua obrigação, ela precisa arcar.
Sozinha, esgotada e ao ponto de perder sua casa, decide procurar o
magnata dos cassinos Brassard, onde se concentra a maior parte

dos débitos.

Disposta a qualquer coisa, aceita jantar com o dono e recebe

uma proposta. “Case-se comigo e pagarei todas as suas dívidas”.


Sem ter opção melhor, ela assina um contrato que mudará

completamente sua vida.

Alec não está disposto a amar.

Brianna só quer se ver livre das dívidas.


Brianna

Herdar uma linda casa.

Um simples negócio.

Joias e pequenas coisas de valor.

Quantias de dinheiro.

Geralmente é assim que funciona. Mas, comigo aconteceu o

oposto. Após a morte do meu pai, a única coisa que herdei foram
montantes de dívidas e seus cobradores não se importaram em
transferir seus débitos para uma pessoa que não tem nenhuma

relação com a história. Seis meses que vivo esse tormento e como
se não fosse suficiente, há dois perdi o emprego e não faço ideia de

como arcar com todos esses valores.

Apostas, cassinos, empréstimos... Meu pai não parecia se

importar com o futuro, e o pior, as pessoas ainda emprestavam

dinheiro sabendo que a chance de receber era baixíssima.

Criada pelo senhor Guerra desde a morte da minha mãe,

quando eu tinha seis anos de idade, minha vida nunca foi um mar

de rosas. Só nunca pensei que mesmo depois de morto, meu pai


continuaria me dando trabalho. Não tenho certeza de quando

começou seu vício em jogo, perdi as contas de quantas vezes ele


chegou com o rosto arrebentado e ainda assim, tudo se repetia

diariamente.

Sou formada em publicidade e não consigo arrumar um

emprego na área, isso me ajudaria a quitar as dívidas. Como não

tenho dinheiro, vou pagando em pequenas quantias e os juros são


bem altos. Para ser sincera, acho que morrerei pagando esses

desgraçados malditos.
Precisei fazer o que mais temia: hipotecar a minha casa. Se eu
for me basear pela minha atual situação, as chances de perder meu

único teto são grandes, e não saberei o que fazer.

─ Terra chamando, Brianna. ─ Kalese faz sinal com as mãos,

me trazendo de volta para a realidade. ─ Ainda pensando nos

problemas herdados pelo seu pai?

─ E tem como não pensar nisso? Preciso dar um jeito nessas

dívidas, mas não faço ideia por onde começar.

─ Você comentou algo sobre cassinos, o que quis dizer?

Fuçando algumas papeladas, descobri que ele anotava todas

as dívidas e seus respectivos cobradores. Por algum motivo, esse


local em específico tem um montante enorme. O pior de tudo, é que

tem várias datas diferentes. Ou seja, mesmo devendo, eles

continuaram deixando o meu pai se enforcar.

─ Bom, pelo que vi nas suas anotações, a maior parte de seus

débitos estão nos cassinos Brassard.

─ Por que não tenta falar com eles? ─ minha amiga sugere,

me encarando séria. ─ O que foi? Não é como se fossem te matar

só por fazer uma visita.


─ O que eu farei lá? Tenho certeza que o dono nem deve

querer olhar na minha cara, não é como se meu pai fosse o único
devedor.

─ Espera um pouco, vamos ver o que encontro no Google a


respeito.

Pega o celular da bolsa e digita algumas coisas, aproveito para

tomar um pouco da minha bebida, tentando não entrar em um


estado lastimável de depressão.

Por que meu pai era tão inútil e viciado em jogos?

─ Bom, conforme a minha pesquisa, o magnata dos cassinos é


Alec Brassard, tem trinta e oito anos e vive envolvido em escândalos

com mulheres. Perfeito, você pode usar seu charme e ir falar com
ele, amiga.

─ Enlouqueceu de vez, Kalese?

─ Não estou falando para dormir com ele, disse apenas que
poderia usar da sua beleza. Você deveria ir até o cassino e pedir

mais um prazo para o pagamento, de preferência, que amortize


também os juros.

─ Você acha que outras pessoas não fizeram isso?


Sério, não é possível que ela não enxergue como esse plano é

idiota.

─ O que você tem a perder? Isso é melhor do que ficar


sentada, esperando um milagre cair do céu. Se não quiser, tenho

algumas economias guardadas, posso te dar e você...

─ Nem pense, não vou permitir que mexa no dinheiro que vem

há anos guardando por minha causa. Não vamos nos preocupar


com isso, minha intenção era sair e esquecer o problema, assim

você não ajuda.

Nunca me perdoaria por aceitar, eu sei como ela batalhou para


juntar esse montante e não será por um problema do meu pai que
Kalese o gastará.

─ Por enquanto ficarei calada, mas não esqueça que estou

aqui para ajudá-la. ─ Puxa-me para um abraço. ─ E se eles partirem


para a violência? Já pensou nisso?

─ Sim, esse sempre foi um dos meus maiores medos. Mas eu


não tenho muito o que fazer, Kalese. O que estava ao meu alcance

já fiz, até minha casa foi hipotecada. Para ser sincera, pensei em
fugir do país.
─ A princípio pode ajudar, porém, acho que eles a achariam
até em marte.

Que situação deprimente a minha! Onde já se viu, uma pessoa


morrer e transferirem a droga da dívida para outros?

─ Céus, o que faço? ─ Controlo a vontade de chorar, pois

estamos em público.

─ Já tentou pegar um empréstimo?

─ Quem emprestaria algo a uma pessoa desempregada?

Fui em todos os bancos da cidade e todos me disseram a

mesma coisa: “Desculpe, não podemos emprestar sem uma


garantia de pagamento”.

─ Os bancos claramente não, no entanto, acho que seu pai


deve ter uma lista das pessoas com quem ele pegava dinheiro.

─ Não quero me envolver com essas pessoas, fora que os

juros são altíssimos e não tenho como dar nada de garantia. Será
que um órgão vale muito no mercado negro? ─ pergunto pensativa,
realmente cogitando a ideia. Não tenho muito a perder mesmo.

─ Brianna, enlouqueceu? Você não vai vender nenhuma parte

do seu corpo, pensaremos em uma solução melhor. Para ser


sincera, procurar o magnata é a melhor das opções no momento. O
que você tem a perder?

Droga! Parando para pensar ela tem razão, não é como se eu


pudesse me dar ao luxo de dispensar as possibilidades, me

humilhar e pedir clemência, tem como isso realmente funcionar?

─ Tem várias unidades do cassino, terei que bater de porta em


porta até encontrá-lo? ─ Dou-me por vencida.

─ Boba, isso não será necessário. Aqui diz que ele fica na

matriz, ou seja, no cassino que fica na rua 38. Coloque sua melhor

roupa e vá ao encontro de Alec Brassard, se qualquer coisa der

errado, me ligue imediatamente que irei resgatá-la.

─ Você fala como se ele fosse um bandido, isso me assusta

um pouco.

─ Não é como se ele fosse uma pessoa de bem, manter um

cassino desse tamanho requer algumas ações fora do comum. Além

do mais, você viu os brutamontes que cobram as dívidas, eles não


se importam em usar a violência.

Pensando por esse lado, ela tem razão. Então por que diabos
estou cogitando ir até um homem que pode ser perigoso?
Merda! Isso não é hora de ter medo, amanhã à noite irei até os

cassinos Brassard e implorarei se for necessário. Pretendo pagar,


só preciso de um emprego antes.

Continuamos a conversar e mudo o assunto, falar sobre isso


me deixa ainda mais irritada e tudo que eu quero, é beber e

esquecer da vida miserável que estou levando, graças ao meu

querido pai.

Eu queria que alguém aparecesse e pagasse todas as minhas

dívidas. É sonhar de mais, certo?


Brianna

Estou nervosa, parada em frente ao enorme prédio, penso se

essa é realmente a única solução. Assim como Kalese sugeriu,

escolhi a melhor roupa do meu guarda-roupa, caprichei na


maquiagem e cabelo. Pela primeira vez, espero que ser bonita me

ajude em alguma coisa.

O segurança me cumprimenta com um balançar de cabeça e

adentro o espaço, diversas pessoas usam os caça-níqueis e


videopôquer, uns parecem comemorar os ganhos, outros tristes por

possivelmente terem perdido. Esse lugar grita dinheiro, não entendo


como deixaram meu pai sequer entrar.

Dou uma volta pelo ambiente, até que encontro uma porta
protegida por três brutamontes vestidos de terno. Reúno coragem

para me aproximar, tenho quase certeza que o senhor Alec está por

aqui.

─ Com licença, eu queria falar com o senhor Alec Brassard.

Encaram-me com uma sobrancelha arqueada.

─ Quem é você?

─ Ele não me conhece, mas tenho um assunto importante para


tratar. Será que poderiam me ajudar?

─ Mocinha, por que você acha que devemos ajudá-la? Nosso

chefe é um homem importante, você não é a primeira, nem será a

última a querer falar com ele. Para passar por essa porta, só com
horário marcado ─ um dos homens diz, com desdém.

─ E onde consigo marcar horário?

─ Hum, talvez no ano que vem? ─ um outro idiota diz, fazendo

todos rirem como hienas loucas.


─ Babacas, vocês se acham bem engraçadinhos, não é
mesmo? Só sairei daqui quando falar com o senhor Alec, e nem

ousem colocar suas mãos sujas em mim. ─ Cruzo os braços,

olhando feio para eles.

Não me deixarei intimidar, por mais que esteja assustada, não

irei transparecer ou serei uma presa fácil para esses brutamontes.

─ Você vai sair por bem ou por mal. ─ Tenta me segurar, mas

me afasto rapidamente.

─ Vocês querem um escândalo? Não tem problema, posso

fazer agora mesmo. ─ Elevo o tom de voz, chamando atenção de

algumas pessoas. ─ Tudo que precisam fazer é dizer ao senhor

Brassard que Brianna Guerra deseja conversar. O que tem de


errado?

─ Como você disse que se chama?

─ Brianna... Brianna Guerra.

Confusa, observo-os cochichando um com o outro, enquanto


me olham de soslaio. Impaciente, espero terminarem de conversar e

falar ao celular.

Não sei como estou de pé, minhas pernas parecem fracas.

Estou tão assustada! Cheguei tão longe, que agora não posso voltar
atrás.

─ Venha comigo. ─ Assusto-me com um dos homens.

─ Para onde vamos?

─ Você não quer ver o chefe?

─ Como posso saber que não serei enganada?

Não obtenho resposta, só um olhar que gela minha espinha.


Sem alternativa, sigo-o por um corredor, entramos no elevador e

subimos uns dois andares. Poderíamos usar as escadas, talvez ele


seja preguiçoso.

─ Espere quieta e não mexa em nada, o chefe virá em alguns


minutos. ─ Abre uma porta para que eu entre.

O lugar é enorme e tem uma grande janela de vidro

possibilitando a belíssima vista das ruas iluminadas. Aproximo-me e


admiro a paisagem. Ele disse para não mexer em nada, não disse
que eu deveria ficar sentada.

Nossa, é tão grande que minha casa facilmente caberia neste

escritório. Se ele tem tanto dinheiro, por que se preocupar em


cobrar suas dívidas?

─ Desculpe por fazê-la esperar. ─ Uma voz rouca invade o


espaço, me viro, dando de cara com um dos homens mais lindos
que já vi. ─ Não nos conhecemos, então por que queria me ver?

─ Bem, temos uma dívida.

─ Prossiga. ─ Aponta a cadeira em frente à sua mesa, sento-

me e ele se acomoda.

─ Na verdade, não fui eu quem a fez, mas o meu pai. Com a

morte dele, por mais errado que seja, foi transferido para mim e
tenho que arcar com o montante. ─ Esforço-me ao máximo para não

vacilar, seu olhar duro me deixa ainda mais nervosa.

─ Então você quer que eu perdoe o débito?

─ Não necessariamente, queria que você estendesse o prazo

e diminuísse um pouco os juros. Acabei perdendo o emprego e não


tenho como pagar, além do mais, o cassino não é o único lugar que

o meu pai ficou devendo.

─ Você não acha que é uma proposta ousada? ─ Leva a mão


ao queixo, arqueando uma sobrancelha.

─ Talvez, mas essa é a alternativa mais viável. Tentei


empréstimo e como era de se imaginar, os bancos não querem

vínculo com uma desempregada. Hipotequei a minha casa e nada


disso parece ser o suficiente. ─ Encaro as minhas mãos.
─ Olhe para mim enquanto fala. ─ Sua voz autoritária gela a
minha espinha.

─ Me desculpe! O que estou querendo dizer, é que se for


necessário me humilhar, farei isso.

─ Mesmo que eu lhe ajude, o que fará com os outros débitos?

Se me lembro bem, seu pai era um cliente assíduo em diversos


cassinos da cidade.

─ Os cassinos Brassard concentram os maiores valores, acho


que consigo me virar e pagar ao menos os outros.

─ Que garantia eu tenho que você vai me pagar se eu

estender o prazo?

─ A única garantia que posso lhe dar, é a minha vida. Só isso

me restou ─ falo cansada, controlando a vontade de chorar.

─ Você não deveria falar essas coisas, as pessoas podem


entender mal e interpretar como bem entenderem. Não sei se foi
burrice ou ingenuidade da sua parte, Brianna.

Levanta, vai até uma parte escura e volta com dois copos na

mão, não consigo identificar o líquido contido neles. Entrega-me um


e sem pensar duas vezes, bebo, sentindo o gosto forte de whisky.
─ Talvez você seja mais ingênua do que pensei... ─ Sorri,
bebendo sua bebida. ─ Você tem algum compromisso amanhã?

─ Por quê?

─ Você tem, Brianna? ─ repete a pergunta, me deixando


confusa.

─ Não!

─ Me passe seu endereço. Amanhã mandarei entregar um

vestido na sua casa, esteja pronta às oito, um carro passará para

buscá-la.

─ Por quê? Para onde vamos?

─ Você quer minha ajuda? ─ Balanço a cabeça, concordando.


─ Então faça o que estou mandando, pode ser?

─ Você não vai me enganar?

─ Sou um homem de palavras, não precisa ter medo de mim.

Pondero um pouco seu convite. Por que ele quer sair comigo?
Ou melhor, para onde nós iremos? Será que devo confiar nas

palavras de um homem como ele?

─ Tudo bem, estarei pronta no horário combinado.


Sem mais, passo meu endereço e me despeço. Na entrada,

um dos brutamontes está à minha espera e fazemos o percurso


inverso dessa vez. Meu coração parece que vai sair pela boca.

Durante suas pesquisas, Kalese não me disse que Alec Brassard

era tão bonito. Bem mais alto que eu, é dono de lindos olhos
castanhos, uma barba por fazer e olhar penetrante. Apesar da

beleza, ele me pareceu bem sério, eu diria que frio é a melhor

definição.

─ Precisa de carona, senhorita?

─ Por que está me tratando dessa forma?

─ O quê?

─ Agora pouco vocês estavam sendo bem grossos, foi só


conversar com o chefe que mereço um tratamento melhor?

─ Olha aqui, mocinha, é melhor você ficar calada ou posso


mudar de ideia ─ fala, enfiando as mãos no bolso.

─ Não precisa se preocupar, já estou de saída. E não preciso

de carona. Passar bem, brutamontes.

Dou as costas e entro no primeiro táxi, finalmente respirando

aliviada. Não tenho certeza do que acabou de acontecer, só espero


que amanhã tudo corra bem.
Pego meu celular e envio uma mensagem para minha amiga.

“Amanhã às oito irei jantar com Alec Brassard.”


Brianna

─ De todas as coisas que passaram pela minha cabeça, não

pensei que você estaria indo em um encontro com o magnata dos

cassinos Brassard ─ Kalese fala, animada, acho que ela esqueceu


da real situação.

─ Corrigindo, não estamos indo a um encontro, parece mais


com uma reunião de negócios.
Passei o dia todo nervosa e pedi para que ela viesse me

ajudar, e faz pouco tempo que terminamos a minha maquiagem.


Assim como disse, hoje à tarde um entregador deixou uma caixa na

minha porta. Um dos vestidos mais lindos que já vi, e pela

embalagem, é de uma loja de grife. Sinto-me estranha usando


essas coisas, não parece combinar comigo.

Olho-me no espelho e gosto do resultado, apesar de não me


reconhecer. Com um decote discreto, o vestido tem uma enorme

fenda que vem até acima da metade da coxa. O tecido vermelho

sobressai no meu tom de pele. A maquiagem delicada nos olhos e

marcante nos lábios completam o visual.

Será que estou à altura de estar ao lado de um homem como


ele?

Por que o pedido de jantar? Não poderíamos ter resolvido tudo

ontem?

Bem, esse homem é um completo mistério para mim, não vai


adiantar quebrar a cabeça pensando sobre.

─ Não importa a definição, e sim que você jantará com um

homem lindo e podre de rico. Aproveite e seja lá qual for sua

proposta, aceite.
Não tenho tempo de retrucar, pois escutamos uma buzina e
provavelmente é um dos homens do Alec. Despeço-me da minha

amiga, prometendo enviar minha localização assim que chegar. O

motorista abre a porta para que eu entre, pensativa, deixo minha

mente vagar para os acontecimentos das últimas vinte e quatro

horas.

Para ser sincera, quase não dormi à noite, pensando quais


seriam suas verdadeiras intenções. Por que me chamar para jantar?

Será que isso é um sinal de que ele me ajudará com essas dívidas?

Droga! Sinto como se fosse ficar maluca a qualquer momento. Eu só

tenho vinte e oito anos, não deveria estar passando por tanto

estresse.

─ Senhorita, chegamos. ─ Pela janela, vejo a fachada luxuosa

do restaurante, é impossível não ficar de boca aberta.

Desço do carro e uma senhora vem ao meu encontro, sem ter

muito o que fazer, sigo-a até uma parte mais reservada, e logo

avisto o motivo da minha presença nesse lugar.

Alec Brassard.

─ Você conseguiu ficar ainda mais bonita, Brianna.

─ Obrigada, senhor.
─ Por favor, não me chame de senhor, me sinto velho dessa

maneira. Pode me chamar apenas de Alec, ok? ─ Meneio a cabeça,


concordando. ─ Vamos pedir e conversamos depois.

Um garçom nos serve um pouco de vinho, enquanto olhamos o


cardápio. Não faço ideia de que comidas são essas, a única coisa

que compreendo, são os preços altíssimos por apenas um prato.


Vendo minha cara de desespero, Alec fala que fará o pedido por

mim e agradeço.

A comida chega e em silêncio desfrutamos da deliciosa


experiência gastronômica. Em alguns momentos nossos olhares se
cruzam e assim como ontem, ele é completamente enigmático. Não

tem como decifrar suas expressões, muito menos seu olhar.

Olho em volta e só tem nós dois aqui, deve ter custado caro
reservar um andar inteiro. Isso só esfrega na minha cara o quanto

ele é poderoso.

Terminamos de comer, o garçom retira os pratos e um dos

brutamontes entrega a Alec um envelope.

─ Agora falaremos de negócios, Brianna. Achei ousado da sua


parte ir me procurar, mas admito que você foi corajosa e merece

crédito. Tenho uma proposta a fazer.


─ O desespero nos faz agir por impulso, não sei se posso

chamar isso de coragem. ─ Tomo um pouco de vinho. ─ Que tipo de


proposta? Não irei para cama com você.

Surpreendendo-me, ele sorri de canto por um breve momento.

─ Não se preocupe, não tocarei em você, Brianna, dou minha


palavra.

─ Vamos direto ao ponto! O que você quer, Alec?

─ Case-se comigo e pagarei todas as suas dívidas ─ fala

sério, me deixando completamente sem reação.

Ele não é o tipo de homem que faria uma brincadeira desse

tipo, certo?

─ Você não acha que esse é um pedido um pouco estranho?


Eu só queria um prazo a mais para pagar os meus débitos.

─ Acho que não entendeu, Brianna. Quando digo: todas as


suas dívidas, estou me referindo a literalmente tudo que seu pai

deixou nas suas costas. Pelo que mandei averiguar, seria quase um
milhão, fora os juros por não pagamento.

Merda, nunca parei para somar todos os montantes. Eu sabia

que era muito, só não pensei que fosse tanto.

─ Por que se casar comigo?


─ Cheguei em uma idade que ter uma esposa me ajudará nos
negócios. Você é uma mulher linda, jovem e corajosa, a escolha
perfeita para estar ao meu lado como minha esposa.

─ O que te fez me escolher?

─ Você estava necessitada, por que não unir uma coisa à

outra? Não se preocupe, não será um casamento convencional,


iremos assinar um contrato. O que me diz, Brianna?

Casar com esse homem? É uma proposta bem tentadora,


além de não ser nenhum sacrifício me casar com um magnata. Mas

seria como me vender para ele? Não posso pensar assim, talvez se
encaixe melhor como um contrato de trabalho.

─ Posso ver o contrato?

─ Claro, fique à vontade.

Entrega-me o documento e leio atentamente cada linha, até


chegar nas cláusulas que não são muitas, apenas seis.

Cláusula primeira — Fica estabelecido que os citados


acima precisam se casar dentro de um mês, a partir da data de

assinatura deste contrato.

Cláusula segunda — Durante o tempo de convivência,


ambos podem se envolver intimamente com outras pessoas,
desde que não venha a público.

Cláusula terceira — As partes passam a coabitar a

mesma residência pelo período de um ano.

Cláusula quarta — Que as causas de extinção do


presente contrato pode ser: uma das partes já possua um

matrimônio, morte de uma ou ambas as partes.

Cláusula quinta — Todas as dívidas em nome do pai da


senhora Brianna Guerra serão pagas após o casamento, assim

como receberá um salário mensal de R$ 50.000 para despesas

pessoais.

Cláusula sexta — Em hipótese alguma devem envolver

sentimentos amorosos na relação, visto que se trata de um

relacionamento de negócios.

─ Por que eu precisaria de um salário? Serei sua esposa ou

funcionária?

─ Como esposa de um magnata, muita coisa irá mudar, além

de ter muitos eventos que você vai precisar me acompanhar. Você

poderá usar o dinheiro para comprar roupas, ou até para suas


necessidades pessoais.

─ Você não está sendo bonzinho demais?


─ Talvez, mas costumo ser generoso quando sou retribuído.

Você será minha mulher, precisará participar de eventos, festas e de


certa forma terá que abdicar de algumas coisas por estar ao meu

lado. Logo, acho uma troca justa.

Sendo sincera, não tenho nada a perder com esse

relacionamento. Além do mais, não temos obrigatoriedade como

marido e mulher, e podemos conhecer outras pessoas. Só de

pensar na possibilidade de não ter mais aqueles idiotas batendo na


minha porta.

─ Você tem uma caneta?

─ Sábia decisão, Brianna.

Assino o documento e ele faz o mesmo, em seguida entrega


ao homem que aguardava. Conversamos mais um pouco sobre o

casamento, assim como descrito, nos casaremos dentro de um mês

e devo me preparar para me mudar em breve. Algo que me


incomoda, é o fato de precisar sair com um segurança, mas entendo

os motivos e preciso aprender a lidar com isso.

Meu Deus! Kalese irá surtar quando eu contar que estou noiva
e me casarei em breve.
Trocamos nossos números de telefones e nos despedimos,

entro no carro e parece que um peso saiu dos meus ombros. A

presença do Alec é bem intimidadora, será que um dia irei me


acostumar com isso?

Não era necessário ele ter colocado sobre sentimentos no

contrato, não pretendo me apaixonar, afinal de contas, Alec é


apenas alguém que irá pagar os meus débitos e não pretendo

misturar as coisas. Nossa relação é profissional e puramente de

negócios.
Brianna

Pela manhã, quando eu acordei, por um momento pensei que

a noite passada tivesse sido apenas um sonho. A mensagem do

Alec em meu celular deixou claro que foi real. Ainda não sei o que
pensar de tudo isso, minha intenção quando fui procurá-lo era

apenas para pedir que o prazo fosse estendido. Mas se ele estava
me oferecendo benefícios melhores, por que não aceitar?
No contrato diz que nosso casamento tem duração de um

ano, é um tempo relativamente curto, sei que passará rápido. Na


mensagem dizia que no fim de semana teremos nosso primeiro

evento como um casal, e serei oficialmente apresentada como sua

noiva, e que não preciso me preocupar com o casamento, sua


equipe está encarregada de tudo. Uma coisa a menos para me

preocupar.

Escuto batidas frenéticas na porta me tirando do devaneio,

abro dando de cara com Kalese e sua expressão um pouco

assustadora.

─ Que diabos aconteceu noite passada? Quando eu disse

para usar sua beleza a seu favor, não estava me referindo dessa
forma. Como você vai casar com um homem que nem conhece?

─ Você está se preocupando demais, não é um casamento

convencional, assinamos um contrato. ─ Não vejo motivos para

alarde, é um contrato como qualquer outro.

Caminho até a cozinha, pegando um pouco de água. Kalese

parece ainda estar assimilando o que acabei de falar.

─ Como assim, contrato? Você se vendeu para ele, amiga? ─

Sorrio, porque de certa forma foi isso mesmo.


─ Nós chegamos no restaurante, jantamos e ele disse que
tinha uma proposta para me fazer. Alec propôs um casamento com

duração de um ano, sem obrigatoriedade de fidelidade. Uma das

cláusulas do contrato diz que não devemos envolver sentimentos na

relação. Logo, não seremos marido e mulher da forma que você

está pensando.

─ Isso não faz o menor sentido. O que ele ganha com esse
casamento?

─ Estar casado, de certa forma o ajudará nos negócios. Você

viu nas suas pesquisas, ele vive enfiado em escândalos com

mulheres, não é o tipo de homem que se casaria por amor.

─ Certo, faz sentido de alguma forma. Mas ainda não consigo


entender o que você ganha com isso ─ fala pensativa, levando a

mão ao queixo. ─ Ele perdoou as dívidas do seu pai no cassino?

─ De certa forma, sim, além de pagar todos os débitos no

nome dele, não se limitando apenas aos cassinos Brassard.

─ Talvez eu esteja começando a gostar disso. Quando vocês


vão se casar?

─ Daqui um mês.
Esse é o prazo que toda a minha vida irá mudar, mesmo sendo

um contrato, nunca me imaginei casando, fora que nunca tive o


sonho de casar de véu e grinalda.

─ E como está se sentindo? Em breve você será a esposa do


magnata Alec Brassard.

Esposa do magnata. Ainda não tenho tanta certeza, mas sei o

peso desse título, espero ser capaz de estar à altura.

Acho engraçado como essa conversa parece um


interrogatório, ela já está balançada e até sua expressão mudou
bastante. Talvez Kalese não queira mais me matar.

─ Vou tratar como se fosse um trabalho, até porque temos um

contrato envolvido. Irei cumprir todas as minhas obrigações ao lado


dele, o acompanharei e serei a esposa ideal da porta de casa para

fora.

─ O que você quer dizer com isso?

─ Iremos dividir o mesmo teto, afinal de contas seremos

casados. No entanto, seremos marido e mulher apenas nos


eventos, dentro de casa não pretendo me envolver com ele. Não

quero me apaixonar, então não darei margem para qualquer


sentimento que possa atrapalhar o meu foco.
─ E qual é o seu foco?

─ Cumprir o prazo do contrato, ter as minhas dívidas pagas e

depois seguir a minha vida, sem ter que me preocupar com idiotas
batendo na minha porta. Agora, se for necessário, talvez até saia da

cidade.

─ Será que você irá conseguir seguir dessa forma? Já viu o

deus grego que será seu futuro marido? Não sei, mas acho que será
bem difícil vocês não se envolverem.

Dou de ombros. Ele é lindo, não posso negar, mas não é como

se fosse impossível me manter afastada.

─ Você sabe que quando coloco algo na cabeça, dificilmente

faço diferente.

─ Agora parei para pensar em uma coisa. Como você vai se


manter? Ele deixará você trabalhar fora?

─ Ainda não falamos sobre eu trabalhar, até porque estou


desempregada. Mas Alec disse que me dará um salário de

cinquenta mil. ─ Seus olhos arregalam quando falo. ─ Esse dinheiro


será para minhas despesas pessoais, e se for necessário, roupas

para os eventos que irei acompanhá-lo.


─ Por favor, não esqueça da sua amiga e me presenteie com
lindas joias.

─ Não se preocupe! E não esqueça, você tem obrigação de ir


ao meu casamento como minha única família.

─ Você acha que eu perderia esse momento histórico? ─

Aproxima-se e me puxa para um abraço.

Ficamos assim por um tempo, até que meu celular começa a

tocar, me surpreendo ao ver o nome do Alec no visor.

─ Vocês já estão nesse nível? ─ Kalese começa a rir, me


fazendo dar um leve tapa nela.

─ Fica quieta! ─ Atendo a ligação. ─ Alô?

─ Brianna, nossos planos mudaram. ─ Sua voz fica bem mais


rouca. ─ Amanhã um carro passará para buscá-la, te levará a um

salão e também te entregará um vestido. Temos uma festa para ir.

─ Assim tão em cima da hora?

─ Sim, recebi um convite irrecusável e não fará muito sentido

aparecer sozinho. Você é minha noiva, pode fazer isso, certo?

─ Você irá me buscar?


─ Sim, já combinei com uma amiga que é dona do
estabelecimento, às oito da noite você estará pronta e passarei para
irmos à festa. Não precisa se preocupar, cuidarei de tudo quando

chegarmos. ─ Ele parece falar com outra pessoa ao mesmo tempo.

─ Tudo bem, farei o que você pediu, Alec.

─ Perfeito. Até amanhã, Brianna.

Encerra a ligação.

─ O que houve? Ele desistiu do contrato?

─ Não, temos uma festa para ir amanhã. Ele quer que eu vá a


um salão, disse até que me mandaria um vestido. ─ Encaro minhas

próprias mãos, pensativa.

Por que passei a me sentir ansiosa de repente?

Eu deveria me preocupar tanto?

Será que as pessoas irão me achar interesseira por estar ao

lado dele? Afinal de contas, minha cara de pobre não engana a

ninguém.

─ Você é linda e vai brilhar ainda mais ao lado dele ─ fala,

como se soubesse o que estou pensando. ─ Quando estiver pronta,

não esqueça de me mandar uma foto. E não importa o que as


pessoas irão falar, você é a noiva dele e mais ninguém.
─ Kalese, agora consegue ler a mente das pessoas? ─ brinco,

me sentindo mais aliviada por tê-la ao meu lado.

─ Não sabia? Esses são um dos meus superpoderes.

Rimos do seu comentário e encerramos o assunto. Por

sugestão dela, faremos uma noite de garotas, ou seja, pizza e

cerveja, da maneira que a gente gosta.

Amanhã será minha primeira aparição pública como noiva do

Alec, seja o que Deus quiser!


Alec

Ela foi corajosa, preciso lhe dar créditos por isso. Quando

meus homens disseram que a filha daquele miserável estava me

procurando, meu primeiro pensamento foi mandá-la embora, mas


decidi dar um pouco de atenção e escutar o que tinha para falar.

Talvez fosse divertido vê-la implorando, já que era assim que seu
pai fazia quase toda semana.
Por que continuávamos deixando-o jogar, mesmo sabendo que

nunca pagaria o montante que nos devia? Bom, uma hora a corda
em seu pescoço seria apertada e de uma forma ou de outra,

receberíamos o pagamento.

Não fazia ideia que ela era tão bonita, confesso que me

surpreendeu, e naquele momento pensei: por que não essa pobre

moça? Tenho trinta e oito anos e fazia um tempo que vinha


pensando em me casar, seria ótimo para os negócios. Um homem

com uma bela esposa, de certa forma passa mais credibilidade, e

digamos que minha imagem não é muito boa.

O que posso fazer se as mulheres só faltam se jogar na minha

cama? Não sou de ferro, é impossível resistir a essas beldades.

Bom, voltando ao que interessa, depois de convidá-la para

jantar, mandei que investigassem sua vida e tudo que herdou após a

morte do seu pai. Entrei em contato com meus advogados e disse

como queria o contrato, fiz questão de deixar como cláusula a não

obrigatoriedade de fidelidade. Como posso ficar um ano sem sentir


um corpo feminino sobre o meu?

Diferente do que imaginei, Brianna não questionou nada, pelo

contrário, tive a impressão de que gostou de tudo, principalmente o


prazo que precisamos estar juntos. A quantia que irei desembolsar
para pagar suas dívidas não me fará falta, assim como o valor

mensal que darei para suas despesas.

─ Como assim perderei meu companheiro? ─ Ramon, meu

amigo, entra sem bater, como todas as vezes.

─ Do que você está falando? ─ pergunto sem dar muita


atenção.

─ Fiquei sabendo que você irá se casar em breve. Por que

precisei escutar da boca dos outros, e não do meu melhor amigo? ─

Me pergunto como estão sabendo, já que não tinha ninguém

presente além do advogado.

─ Não tenho culpa que as pessoas amam uma fofoca, eu te

contaria quando achasse necessário. ─ Dou de ombros, conferindo

um documento em minhas mãos. ─ O que veio fazer aqui a essa

hora? Não tem trabalho no hospital?

─ Por acaso acha que sou escravo? Não posso trabalhar

demais, estava de plantão ontem e hoje decidi sair para beber e


encontrar uma companhia. ─ Vai até o bar e se serve com uma

bebida. ─ Quando irei conhecer sua noiva?

─ Amanhã.
─ Por que decidiu se casar? Alec Brassard não ama ninguém,

tenho certeza que são por outros motivos.

─ Esse casamento é apenas um contrato que será bom para

ambas as partes, e dentro de um ano estarei divorciado.

─ Espera, deixa eu ver se entendi. Você está casando apenas


por negócio?

─ Sim, exatamente!

─ Você só pode ter enlouquecido de vez, Alec, isso não faz o

menor sentido.

Esse bastardo não sabe de porra nenhuma! Para chegar onde

estou hoje, não foi fácil, foram anos de dedicação e empenho para
finalmente criar um nome no mercado. Tive ajuda dos meus tios,

que também são donos de cassinos, eles me deram o pontapé


inicial e deixaram que eu corresse atrás, afinal de contas, não faria
sentido se me dessem tudo pronto.

Conexões, amizades, relacionamentos, tudo isso ajuda e

agora não será diferente. Sei que as pessoas me olham de maneira


estranha, e mesmo sendo jovem, não pega bem sair toda semana

em uma fodida manchete de jornal só porque dormi com alguém. A


maioria dos meus concorrentes são casados e ao longo desses
anos, vim observando o quanto as esposas ajudaram a criar quem

são hoje. Então, de certa forma, também decidi ter isso para mim.

Sei que poderia recorrer a qualquer uma das mulheres que


passaram pela minha cama, mas iria acabar misturando o lado

pessoal com o profissional, e essa não é minha intenção.

─ Um médico não entenderia nada sobre o mundo dos

negócios!

─ Está me chamando de burro?

─ Entenda como quiser.

─ Seu bastardo de merda, espero que você não use a sua

futura esposa e descarte como um lixo. Por mais cafajeste que seja,
tudo precisa ter um limite.

─ Não irei descartá-la como lixo, nós assinamos um contrato e

ela sabe o que podemos ou não fazer. É um casamento por


contrato, pare de colocar caraminholas na sua cabeça, Ramon. ─
Olho feio para ele, cansado desse assunto. ─ Se já terminou, é

melhor ir embora, tenho muita coisa para fazer.

─ Vamos sair e relembrar os velhos tempos, em breve perderei


meu companheiro de curtição.

─ Você não tem outros amigos para encher o saco?


─ Tenho, mas hoje meu dia é exclusivamente para você, Alec
Brassard.

─ Vai se foder, Ramon! Diferente de você, tenho muito trabalho


para fazer e não irá pegar bem ser visto em uma boate na noite

anterior ao anúncio do noivado.

─ E desde quando você se preocupa com essas meras


formalidades?

─ Desde quando assinei um contrato.

─ Porra, você é impossível! ─ Ele bate com o punho na mesa.


─ Estou saindo, não me ligue quando quiser sair para beber.

Da mesma maneira que entrou, vai embora batendo a porta.


Todos os dias me pergunto por que diabos sou amigo desse

bastardo de merda. Apesar de ser médico, Ramon continua com


atitudes que relembram nossa adolescência, ou seja, uma criança

mimada e sem responsabilidade.

Volto a me concentrar nos papéis em minha mão, preciso

terminar essa leitura até o final do expediente. Pretendo abrir outra


unidade do cassino, estamos estudando todas as possibilidades e

qual se encaixa melhor na proposta.


Não sei quanto tempo exatamente se passou, mas o meu
estômago reclama de fome. No caminho até o elevador, sou
interceptado pelo meu secretário, ele está responsável por organizar

todo o casamento. Não será um evento para muitos convidados,


ainda assim precisa ser memorável. Será a primeira e última vez

que Alec Brassard irá se casar.

Depois de resolver todas as pendências, finalmente consigo


entrar no meu carro. O caminho para minha casa não é muito

distante, dez minutos são suficientes. Estaciono na minha vaga e


entro no elevador, subindo até a cobertura. Cansado, retiro toda

minha roupa e vou direto para o banheiro, deixando a água quente

cair sobre a minha pele.

No espelho, vejo a maldita cicatriz nas minhas costas. Além da

dor física, a mental foi ainda mais desesperadora. Há dez anos sofri

um acidente de moto enquanto seguia aquela miserável, que não se


preocupou em esmigalhar um coração que ela estava dentro.

Balanço a cabeça, tentando parar de pensar nisso. Amanhã

escolherei pessoalmente um vestido, de preferência que destaque a


linda mulher ao meu lado. Não importa as circunstâncias da nossa

relação, não sou cego ao ponto de não enxergar o quanto ela é

belíssima e chama atenção.


Amanhã irei apresentar a todos minha noiva e futura esposa,

estou confiante que meu plano sairá conforme o planejado, e algo


me diz que escolhi a mulher perfeita!
Brianna

Tem dez minutos que estamos no carro e não trocamos uma

palavra, o clima é bem desconfortável, mas não é como se

tivéssemos algo em comum para conversar, somos de mundos


completamente diferentes. Nunca pensei que usaria roupas tão

caras, o vestido escolhido por Alec é ainda mais bonito que o outro,
marca bem as minhas curvas.
Estou nervosa e assustada, a única coisa que ele me disse, é

que a festa será em um hotel de luxo. Meu maior medo é de não me


adaptar ao local e deixar isso evidente na minha expressão. Muita

gente rica no mesmo lugar é sinônimo de soberba e arrogância.

─ Não precisa ficar tão nervosa, eu te disse que irei cuidar de

tudo, Brianna.

─ É impossível não ficar nervosa.

─ Transparecer seu nervosismo fará de você uma presa fácil.

É uma festa com muitas pessoas importantes, mas nem todas


dentro da lei. Sorria quando for necessário, acene e em hipótese

alguma saia do meu lado. Entendeu?

Olho em volta e percebo que já chegamos, tem uma fila


enorme de carros em frente ao prédio luxuoso.

─ Entendido.

Sem pedir qualquer permissão, pega minha mão e coloca uma


aliança no dedo anelar. É um anel delicado e, ao mesmo tempo,

chamativo, pois tem uma pedra que acredito ser diamante. Quanto

será que custou essa pequena joia?

─ Como posso apresentar a minha noiva sem uma aliança? ─

pergunta sério, saindo do carro.


Respiro fundo, tentando organizar os meus pensamentos. O
contrato foi assinado, não posso voltar atrás.

A porta ao meu lado é aberta e seguro sua mão estendida.

Automaticamente, vários flashes são direcionados e os jornalistas

nos cercam. Não tem como fingir costume nessa situação, todas

essas luzes estão me incomodando e se não fosse a mão do Alec

em minha cintura, minhas pernas cederiam.

─ Senhor Alec, quem é a jovem moça ao seu lado?

─ Finalmente uma namorada oficial?

─ Pode nos falar um pouco mais sobre a jovem ao seu lado?

─ Senhor Alec...

Várias perguntas são feitas ao mesmo tempo. Como eles

esperam que alguém responda dessa maneira?

─ Não importa quantas vezes eu fale, vocês continuam me

tratando como a porra de uma celebridade. ─ Suas palavras duras


não parecem ter muito efeito. ─ Como sei que não irão me deixar

em paz, vamos acabar com esse assunto de uma vez. Essa é

Brianna, minha futura esposa.

Prende-me mais ao seu corpo e sem querer prendo a

respiração.
─ Esposa?

─ Quando será o casamento?

─ Ela está grávida?

Grávida? Que bando de idiotas! Quer dizer que ele só pode


casar se for por obrigação? Droga! Ficar sobre todo esse holofote

está me deixando de mau humor, pior é saber que todas as vezes


que estivermos juntos, será dessa forma.

─ Não, ela não está grávida. Eu apenas decidi que chegou o

momento de sossegar, e essa linda mulher me conquistou de


imediato. Se nos dão licença, temos uma festa para aproveitar.

─ Senhora, como se sente ao saber que irá ocupar a posição


de esposa do magnata Alec Brassard?

Olho para Alec, que silenciosamente me autoriza a responder.

─ Não sei, não estou me casando com o magnata, e sim com


o homem que gosto. Não me prendo a essas posições, dinheiro não

é tudo nessa vida.

Nos despedimos e finalmente conseguimos entrar. Alec


cumprimenta algumas pessoas e todos param para nos olhar. Será

que é por que estamos de mãos dadas? Dane-se, eles deveriam ser
mais discretos e não nos encarar dessa maneira. Chegamos em um

grupo de homens, que só falta me comer com os olhos.

O que essas pessoas têm na cabeça? Não conseguem


respeitar uma mulher acompanhada?

─ Você demorou, mas parece ter escolhido perfeitamente bem,


Brassard ─ um homem fala, me olhando dos pés à cabeça.

─ Preciso concordar, essa jovem moça é um espetáculo de

mulher ─ um rapaz loiro complementa.

─ Agradeço os elogios, mas parem de olhar para ela como se


fosse um pedaço de carne. Só eu posso fazer isso, entenderam? ─
fala calmamente, tomando um pouco de seu drink.

─ Se você não a quiser mais, posso ficar com ela.

─ Não sou uma mercadoria, senhor! ─ Arrependo-me

rapidamente de ter aberto a boca, não consigo identificar o olhar


que recebo do meu noivo.

─ Vocês não sabem como tratar uma mulher, deveriam


aprender e deixar de serem uns babacas ─ uma voz masculina fala

atrás da gente, me viro, dando de cara com um homem muito bonito


e sorridente. ─ Muito prazer, eu sou Ramon, melhor amigo desse

idiota aqui.
Sem qualquer abertura, me surpreendo quando ele beija a
minha bochecha na frente de todos, sem se importar com a cara de
poucos amigos do Alec.

─ Não encoste na minha mulher, Ramon. ─ Puxa-me para

mais perto.

Estou me sentindo um animal indefeso no meio de vários


predadores. Os avisos do Alec não serviram para nada, pois eles
continuam me encarando, principalmente o decote dos meus seios.

Babacas!

─ Você tinha razão quando disse que ela é linda, agora estou

começando a achar que não combina contigo. Brianna, se esse


idiota pisar na bola, pode me ligar.

Entrega um cartão de visitas. Ramon Santiago – Cirurgião


geral. Talvez isso tenha sido uma surpresa, ele não me parece um

médico, mas também não é como se as pessoas viessem com


coisas estampadas na testa. Não sou cega ao ponto de não
enxergar sua beleza, ele é muito bonito e tem um sorriso fácil e

encantador.

─ Não se iluda, ele está apenas em busca de uma presa ─


Alec sussurra em meu ouvido, fazendo minha pele arrepiar.
Que droga acabou de acontecer? Encaro-o confusa e ele dá
de ombros. Alec ignora completamente o amigo e sai me arrastando
pelo salão, cumprimentando mais pessoas. Recebo alguns olhares

de desprezo, a maioria vindo de mulheres. Sorrio vitoriosa, porque


sei que elas gostariam de estar no meu lugar, elas só não precisam

saber que tudo não passa de um contrato.

O garçom passa oferecendo bebidas e aceito, talvez o álcool


me ajude a enfrentar o resto das horas. Sorrir e acenar, o resumo da

minha noite.

─ Tio, não sabia que o senhor estaria aqui.

Pela primeira vez o vejo sendo amigável com alguém. Será


porque são da mesma família?

─ Acabei decidindo de última hora, pelo visto foi uma excelente


ideia. Quem é essa linda mulher? Parece tão delicada. Você por

acaso a ameaçou para estar ao seu lado? ─ Percebo o tom de

brincadeira em sua voz.

─ Sou Brianna Guerra, muito prazer. ─ Estendo a mão em um

cumprimento e ele me puxa para um abraço.

─ Ela é a minha noiva, não precisa agarrar muito, tio.


─ Como pode sentir ciúmes do seu próprio tio? ─ Ele acerta

um tapa em sua cabeça, controlo a vontade de rir.

─ Tio, pode fazer companhia para a Brianna por alguns

minutos? Tenho que falar com algumas pessoas, não vai demorar
muito.

─ Pode ir, vou cuidar dessa linda dama. ─ Enlaça os braços

nos meus e Alec vira as costas, caminhando na direção contrária. ─


O que acha de comermos alguma coisa? Estou morrendo de fome.

─ Gosto da ideia.

Procuro Alec pelo salão e nem sinal. Como ele disse que tinha

muitas pessoas envolvidas com a criminalidade, talvez tenha ido

encontrar com elas. Não vou pensar ou me preocupar com isso,


minha função é unicamente de ser a esposa perfeita. Agradeço por

estar com alguém que parece ser confiável, algo me diz que se eu

estivesse sozinha, essas mulheres não ficariam apenas olhando de


longe.

─ Não se importe com os olhares, meu sobrinho é uma pessoa

importante e bem disputada. Nesse salão, oitenta por cento das


mulheres queriam estar no seu lugar, sinta-se orgulhosa ─ fala,

enquanto leva um pouco de comida à boca.


─ Ele é bonito, consigo entender por que devem me odiar.

─ Não só a beleza, a maioria quer apenas o dinheiro mesmo.

Mas por algum motivo, acho que você é diferente.

─ Sim, ser a esposa de alguém tão importante tem um peso

enorme, mas a conta bancária do Alec é o que menos importa para


mim.

Não é totalmente mentira, eu realmente não me importo com o

fato dele ser milionário. Se ele não tivesse proposto aquele contrato,
eu teria ido embora do cassino e nunca mais nos veríamos. Aprendi

que o dinheiro pode trazer felicidade e tristeza, no meu caso foi a

segunda opção.
Alec

Lentamente aproximo o meu membro de sua entrada, brinco

um pouco antes de entrar completamente. Começo a me

movimentar, aumentando o ritmo de maneira gradual, o corpo dela


está tão quente, me deixando completamente louco. Troco nossas

posições, deixando que ela cavalgue em mim, seus seios durinhos


balançam conforme sobe e desce. Seguro em sua cintura e com a

outra mão livre, acaricio seu clitóris.


O barulho de nossos corpos se chocando é inevitável, penetro

mais fundo e só consigo escutar os gemidos da linda e gostosa


mulher à minha frente. Inverto novamente as posições, ficando por

cima e ela rodeia os braços em volta do meu pescoço, me puxando

para mais perto.

─ Você não vai me dar ao menos um beijo, Brassard? ─

sussurra no meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha.

─ Você sabe que não beijo durante o sexo, não gosto de

misturar as duas coisas.

Todas as mulheres com quem dormi sabem sobre minha

preferência. Beijo é algo muito sentimental e não é como se eu

fosse beijar qualquer uma. Mesmo sabendo, elas ainda insistem,


não compreendo.

Aumento mais os meus movimentos, e suas unhas são

cravadas em minhas costas. Sua expressão erótica e a forma como

seu corpo se retrai, deixa evidente que chegou a um orgasmo.


Encharcados de suor, prendo o seu corpo ao meu e com mais

algumas estocadas me libero dentro da loira à minha frente.

─ Por que você está aqui, e não com sua noiva? ─ Viro

levemente a cabeça, a encarando. ─ Não me olhe como se ninguém


soubesse. Afinal de contas, saiu em vários sites há poucos dias.

─ Digamos que estou na minha despedida de solteiro.

Levanto-me e sigo em direção ao banheiro, não posso

demorar muito, tenho trabalho a fazer e meu casamento será em

dois dias.

─ Você vai beijá-la? ─ pergunta, encostada no box do

banheiro.

─ Sim, ela é minha noiva.

─ Por que você a escolheu? Não me parece uma mulher

influente, e você já dormiu com outras mais bonitas.

─ Não fale assim da minha mulher, não irei permitir que a

diminua dessa maneira.

Existem mulheres mais bonitas? Sim, mas ela foi a única que

chamou de fato a minha atenção, caso contrário não a teria pedido

em casamento.

─ Pode ir parando com esse discurso, ela está grávida, não é

mesmo? ─ insiste, entrando e parando à minha frente. ─ Não ache

que sou inocente ao ponto de cair nessa. Você sempre disse que

não se casaria, não faz sentido anunciar um noivado e casamento

em tão pouco tempo.


─ Você realmente acha que sou do tipo de homem que se

casaria para assumir uma criança? ─ Seguro firme em seu braço,


sem me importar se ficará ou não machucado. ─ Coloque uma coisa

na sua cabeça, o que faço ou não da minha vida não lhe diz
respeito.

Saio do box, dando esse assunto por encerrado. De onde ela


tirou que pode exigir alguma coisa? Para ser sincero, nem lembro

seu nome.

Visto rapidamente a minha roupa e vou embora. O quarto já


está pago, então não preciso me preocupar com mais nada. Entro
no meu carro e sigo para o cassino, depois de resolver algumas

pendências, irei descansar. Não vi necessidade em uma lua de mel,


por motivos óbvios, mas meu tio insistiu em nos presentear com

uma viagem e não tive escolha.

Eu estava certo em relação a Brianna, na última festa que


fomos, ela foi o centro das atenções, e por algum motivo, os
babacas que tinham me negado uma reunião, mudaram de ideia.

Meu tio a adorou, diferente das outras mulheres que estiveram ao


meu lado. Ela me deixa intrigado, parece que não é afetada por mim

e isso machuca um pouco o meu ego.


Estaciono e sigo para o andar do meu escritório, não estou

com saco para passar pelo salão de jogos e ser abordado por
perdedores. Sei que poderia designar funções, afinal de contas,

tenho empregados para isso, mas gosto de estar envolvido com o


trabalho.

─ Chefe...

─ Se for algum jogador, mande-o embora, hoje não estou com


paciência para isso ─ falo, caminhando para a minha sala.

─ Ok.

─ Senhor, assim como pediu, todos os convites foram


enviados e confirmado a presença. Não tem mais nenhuma

pendência, só aguardando o dia ─ meu secretário diz, ao meu lado.


─ A senhorita Brianna fez a última prova do vestido.

─ E a imprensa?

─ Escolhi apenas duas para cobrir o evento, como orientado.

Meneio a cabeça, encerrando o assunto. Antes mesmo de


conseguir entrar na minha maldita sala, avisto alguém desagradável

e que não deveria estar aqui.

Adam Walker.

─ O que faz aqui?


─ É assim que trata as suas visitas, Brassard? ─ Seu
sarcasmo sempre me irritou, bastardo de merda.

─ Você não é uma visita, parece mais um lixo que esqueceram


de descartar.

Passo por ele, que me segue mesmo sem ser convidado. Vai

até o minibar e pega uma bebida. Que merda esse idiota pensa que
está fazendo?

─ Tenho uma história engraçada para te contar. ─ Senta-se à


minha frente. ─ Há uns dias fui até uma pobre moça que herdou

todas as dívidas do pai, ela é muito bonita e meu maior desejo era
tê-la em minha cama. Imagine a minha surpresa, quando além de
não ter dinheiro para pagar, ainda recusou quando tentei beijá-la?

─ Você o quê? ─ Na primeira frase eu já sabia de quem se

tratava.

─ Não se preocupe, aquela vadia chutou as minhas bolas.

Dou a volta rapidamente, segurando em seu colarinho. Minha

vontade é de arrancar esse sorriso de merda, mas por que sujar


minhas mãos com esse verme, quando tenho homens qualificados

para isso?
─ Não importa o que você veio fazer aqui, se não quiser
apanhar, vá embora agora mesmo, Adam.

─ Eu irei, depois de receber. Sua namoradinha disse que você


pagaria em alguns dias. Até pensei em esperar, mas mudei de ideia,

quero agora!

Claro, esse verme é movido a dinheiro.

─ Quanto ela deve? ─ Tiro minhas mãos dele.

─ Sessenta mil, e só aceito dinheiro vivo.

Envio uma mensagem para o meu secretário e peço para que


ele traga, odeio mexer no caixa do cassino, mas não é como se eu

pudesse ir em um banco agora. Apoio os braços na mesa,

encarando esse idiota. O dinheiro chega e ele não consegue


disfarçar a cara de felicidade.

─ Foi um prazer fazer negócios com você, Brassard. Diga à

sua namoradinha, que a partir de hoje não temos mais nenhum


vínculo. ─ Dá as costas, sem se importar com mais nada.

Ingenuidade ou burrice de sua parte?

─ Chefe, estamos prontos ─ um dos meus seguranças diz.

No momento que falei sobre o dinheiro, também pedi para que


eles ficassem a postos. Se Adam pensa que deixarei por isso
mesmo, não perde por esperar.

─ Quebrem a cara dele, e garantam que nunca mais chegue

perto da Brianna.

Assente, saindo da minha sala. Por mais que não tenhamos

um relacionamento como os outros, não deixarei que a tratem dessa

maneira. Enquanto o contrato estiver vigente, a protegerei de

qualquer um e não deixarei que nada de ruim lhe aconteça.


Brianna

Respiro fundo quando o motorista para em frente ao local onde

será realizada a cerimônia de casamento. Sei que não estou sendo

obrigada a me casar, mas não consigo deixar de pensar e


amaldiçoar o meu pai, porque se não fosse por seu maldito vício em

jogos, não estaria me sujeitando a esse casamento por dinheiro.


Uma pequena lágrima desce pelo meu rosto, limpo-a rapidamente.

Por mais estranho que seja, agora não posso voltar atrás.
Com a ajuda de uma pessoa completamente desconhecida,

desço do carro, e assim como da primeira vez que nos viram juntos,
vários flashes são direcionados a mim. Alec disse que jornalistas

estariam presentes, só não pensei que fossem cobrir cada detalhe.

Sorrio, afinal de contas, em alguns minutos serei oficialmente

esposa do magnata Alec Brassard e toda minha vida irá mudar,

mais do que já mudou desde minha visita ao seu cassino. Uma


senhora aparece e diz que devo me preparar para entrar, enquanto

faz os últimos ajustes no meu vestido.

Assim como todo o casamento, Alec também se encarregou da


minha roupa, só precisei ir até o atelier tirar as medidas e há dois diz

fiz a prova final. É muito bonito e chamativo, ao menos a minha


maquiagem e cabelo estão discretos.

Um dos momentos mais difíceis, sem sombra de dúvidas, foi

quando o secretário me perguntou quantas pessoas eu gostaria de

convidar. Percebi que se não fosse pela Kalese, estaria

completamente sozinha no mundo. A minha mãe morreu quando eu


era mais nova, e o meu pai, mesmo só me dando trabalho, era meu

único familiar. Não conheci os meus avôs, tios, primos. Não faço

ideia se tenho algum.


Fico me perguntando, se não conseguisse arcar com as
dívidas, qual seria o meu fim? Acho que tive uma amostra, quando o

Adam foi até a minha casa e tentou me forçar a beijá-lo. Esses

homens são cruéis e quando envolve dinheiro, tudo fica ainda pior.

─ Senhorita, chegou o momento. ─ Saio do devaneio.

Eu só preciso dar alguns passos.

As portas são abertas e diversas pessoas estão presentes, são

poucos os rostos conhecidos, e ao ver Kalese, respiro um pouco

mais aliviada. Caminho lentamente até o Alec, que me espera no

altar. Ele está tão lindo, que não consigo enxergar mais nada ao

redor.

─ Você está linda, Brianna.

─ Obrigada, você também está lindo e deve saber disso! ─

respondo sem conseguir encará-lo.

─ Por um momento pensei que você não viria, e eu teria que

mandar os meus homens te procurar ─ fala apenas para que eu


escute.

─ Passou pela minha cabeça, confesso.

─ Por que não foi adiante?


Ficamos de frente um para o outro, e ele segura as minhas

duas mãos, olhando fixamente em meus olhos.

─ Homens ricos como você não costuma deixar as coisas

baratas, eu só iria me preocupar e teria mais um problema para


resolver. Um ano passa rápido, posso fazer esse sacrifício e usar o

seu dinheiro em meu benefício próprio.

Uma sombra de sorriso aparece em seus lábios, sorrindo


rapidamente.

─ Ousada e corajosa, essas características me fizeram


escolher você, Brianna.

Encerramos o assunto e a cerimônia prossegue.

Sinceramente, não faço ideia do que esse homem está falando,


minha mente está vagando por lugares difíceis e eu só quero que

isso termine de uma vez.

Olho para Kalese que me encoraja, assim como John, tio do

Alec.

Talvez seja paranoia da minha cabeça, mas eu diria que as


pessoas não estão contentes com o que estão vendo, então me

pergunto por que aceitaram vir para um casamento onde não


gostam da noiva ou dos noivos, em geral.
Levando em consideração a minha vasta experiência em

filmes, acredito que para eles seja como um evento. Marcar


presença no casamento de um magnata é algo importante. Não dá

para julgar, apesar que não me sujeitaria a certos tipos de coisas.

Finalmente chegou o momento da troca das alianças, como


era de se esperar, a escolha do meu noivo são anéis bem caros, eu
facilmente compraria uma casa, carro e mais diversas joias com

essa pequena preciosidade no meu dedo.

Chegamos ao final da cerimônia e a parte que eu mais temia, o


beijo dos noivos. Sei que seria estranho se não nos beijarmos em

nosso casamento, apenas tinha esperanças de que Alec não se


importasse com essas formalidades.

Sem pedir qualquer permissão, ele me puxa pela nuca, dando


um selinho em meus lábios. Quando penso que ficaremos apenas

nesse toque singelo, sinto sua língua pedindo passagem,


intensificando o beijo. O contato é quente e úmido, deixando todo o

meu corpo em alerta. Lindo, gostoso e rico. Qual a merda do defeito


de Alec Brassard?

Não tenho ideia de quanto tempo se passou, até que nos


afastamos e os convidados aplaudem. Agora, oficialmente sou
Brianna Brassard.

Recebemos os cumprimentos de algumas pessoas e sorrio

agradecendo. Algumas se esforçam para parecer simpáticas, falham


drasticamente.

─ Parabéns pelo casamento, amiga. Você está tão linda,

parecendo uma verdadeira princesa da Disney. ─ Kalese me abraça


e sussurra apenas para mim: ─ Seu noivo é um baita gostoso,
ganhou na loteria, garota.

─ Você não perde a chance.

─ Boba, se eu fosse você aproveitava para seduzi-lo e

transformar a relação de vocês em um casamento real. Imagina


como ele deve ser bom de cama ─ fala, analisando o Alec, que
conversa à nossa frente.

─ Por que você está falando assim do meu marido? ─ Entro no

personagem, soltamos uma gargalhada em seguida.

─ Meu sobrinho fez uma escolha magnífica. Não pensei que

você pudesse ficar ainda mais linda, Brianna. ─ John me puxa para
um abraço. ─ Por favor, cuide desse cabeça de vento e seja muito

paciente.

─ Pode deixar, John, cuidarei muito bem do meu marido.


Iniciamos uma conversa e me afasto para comer alguma coisa,
não como nada desde ontem à noite, não consegui tomar café da
manhã porque estava ansiosa. Aproveito um pouco de tudo e

maneiro na bebida, não quero ficar bêbada, temos um voo para


pegar amanhã cedo.

─ Ainda não consigo entender por que ele se casou com você,

vejo de longe que não é da nossa classe. ─ Levanto o olhar, dando


de cara com uma mulher loira, me olhando com desdém. ─ Você

não vai responder?

─ Por que eu deveria responder a alguém tão insignificante? É

claro que suas palavras são influenciadas pela inveja, isso não me

afeta de maneira nenhuma.

Continuo comendo, buscando Alec com o olhar, mas nem

sinal. Onde meu digníssimo marido se meteu?

─ Desça desse pedestal que você subiu, você é apenas mais

uma na vida do Alec, não ache que é diferente das outras que

passaram pela sua cama.

─ Claro que sou diferente, além desse belo anel no meu dedo

─ mostro bem para ela gravar cada detalhe ─, sou a única com o
seu sobrenome, e oficialmente a esposa dele. Tem certeza que

ainda pode se comparar a mim?

─ Senhora, ela está te incomodando? ─ Um dos seguranças

intervém, parando entre nós duas.

─ Sim, pode tirá-la de perto de mim, por favor? ─ Sorrio, vendo

a loira ficar vermelha.

Se elas pensam que irei escutar insultos, calada, estão bem

enganadas.

Alec se aproxima e diz que chegou o momento de irmos

embora, despeço-me da Kalese e John e o sigo até o

estacionamento, não sem antes posarmos para alguns jornalistas.

Essas fotos irão sair em diversos locais, tenho que estar ao menos
bonita.

Entramos no carro e seguimos para o seu apartamento, ou


melhor, nosso, já que irei morar nessa residência por um período.

Alec disse que não era necessário eu levar nada, pois preparou todo

um guarda-roupa para mim. Às vezes acho que estou presa dentro

de um sonho. Por que ele está sendo tão prestativo?

─ Quando chegarmos, descanse, nosso voo será amanhã

cedo. Tente aproveitar ao máximo essa viagem, porque ao


voltarmos terá muitas coisas para fazer. ─ Quebra o silêncio, focado

no tablet em sua mão.

─ Como assim?

─ Toda sua agenda foi preparada, você irá participar de alguns

eventos de caridade como minha esposa. E não importa onde você


irá, em hipótese alguma poderá sair sem um segurança, ok?

─ Por que eu terei que andar com um brutamontes? ─ O

segurança me olha pelo retrovisor interno, dou de ombros.

─ Você já me viu andando sozinho? ─ Balanço a cabeça,

negando. ─ Logo, você também não pode. Coloque na cabeça que


agora não é apenas a Brianna, e sim esposa de um magnata, e a

segurança virá sempre em primeiro lugar. Mesmo que não goste da

ideia isso não está em discussão.

Não vai adiantar eu retrucar, apenas aceno. Como ele disse, a

minha antiga Brianna ficou no passado, não posso esquecer desse

detalhe.
Alec

Alguns dias se passaram desde a nossa lua de mel, fomos

para a Tailândia e apesar de não ser igual aos outros casais,

conseguimos aproveitar e descansei bastante. Realmente não fazia


ideia do quanto estava cansado. Assim como o desejado, o meu

casamento virou assunto do momento, espero ansioso para colher


os frutos desse momento.
A adaptação de dividir a casa com alguém não está sendo

difícil, afinal de contas, o apartamento é enorme e dormimos em


quartos separados. Até agora Brianna vem se saindo bem, se não

estou enganado, essa tarde ela foi prestigiar um evento no orfanato.

A porta é aberta abruptamente e não preciso de muito para

saber de quem se trata, esse bastardo não teve a decência de ir ao

meu casamento, mas compreendi seus motivos. Uma cirurgia de


emergência, a vida de alguém estava em risco no fim das contas.

─ Como vai o recém-casado mais falado da cidade?

─ Estava ótimo até você chegar. O que faz aqui a essa hora?

─ Não posso mais visitar o meu amigo? Não responda, você é

muito cruel, Alec ─ fala antes que eu diga qualquer coisa. ─ Não sei
como Brianna topou casar com você, eu certamente seria um

pretendente melhor.

Pego um objeto não identificado e jogo em sua direção,

acertando em cheio sua cabeça.

─ Filho da puta, quer ferir esse lindo rostinho?

─ Por que você só aparece para encher a porra do meu saco,

Ramon? Nunca vi um médico ter tanto tempo livre. Não tem

pacientes para atender?


─ Bastardo, você acha que tenho que trabalhar todos os dias?
Deveria me agradecer, não sou seu único amigo por acaso, é

porque ninguém aguenta sua personalidade de merda. ─ Ele

gesticula, me olhando com uma cara feia. ─ Por sua culpa já ia me

esquecendo do motivo que me trouxe aqui.

─ Desembucha logo, tenho trabalho a fazer.

Realmente ele está correto quando diz ser meu único amigo,

não tenho paciência para certas coisas e a maioria das pessoas

apenas me bajulam por onde passo. Apesar de ser uma criatura

irritante, sei que posso contar com sua amizade.

─ Você mudou de ideia em relação a beijar?

─ Não, por quê?

Pega o celular do bolso e me mostra o vídeo do meu

casamento, para ser mais exato, o momento em que nos beijamos.

Eu tinha esquecido completamente que isso fazia parte da

cerimônia, por um instante pensei como seria estranho se não nos

beijássemos e a repercussão negativa que teria. Para ser sincero,


quando meus lábios encostaram nos seus, um arrepio atingiu a

minha espinha, ao mesmo tempo que desejei aprofundar o contato.


─ Como você acha que as pessoas reagiriam se não nos

beijássemos?

─ Como você se sentiu?

─ Eu deveria sentir alguma coisa? Ramon, tudo faz parte de


um acordo, não se iluda com sentimentos desnecessários. Porra, às
vezes acho que você é uma mulher!

─ Mulher minha bunda! Não me julgue, já presenciei diversas

cenas onde você negou um beijo, até mesmo virou o rosto para as
mulheres.

─ E a vida é feita de exceções, naquela situação me forcei a


entrar no personagem. Você sabe o que aconteceu no passado, não

é justo me fazer relembrar essa merda. ─ Jogo a papelada sobre a


mesa, cansei desse assunto. ─ Estou indo embora, você só me tirou

do sério.

─ Essa não foi a minha intenção. Vamos sair para beber

alguma coisa, está cedo para ir para casa. Eu pago.

─ Ficaremos aqui mesmo no bar do cassino, uma bebida e


depois irei embora. E por favor, tente não aparecer na minha frente

nos próximos dias, estou farto de olhar para a sua cara.


O idiota apenas ri, me acompanhando ao sair da sala. Meus

seguranças ficam na minha cola, mesmo estando no meu cassino,


não posso me sentir seguro, afinal de contas, todos sabem quem eu

sou.

Passamos pelo salão lotado, típico dos finais de semana.


Cumprimento brevemente alguns rostos conhecidos e logo
chegamos na área vip. Peço um drink e Ramon me acompanha

pedindo o mesmo. Um minuto é o suficiente para alguns jogadores


se aproximarem, não consigo ter paz aqui dentro.

─ Senhor Alec, eu só preciso de alguns minutos da sua

atenção ─ um senhor na faixa dos cinquenta anos implora.

─ Não estou trabalhando no momento, pode falar com

qualquer funcionário, eles estão autorizados a resolver todo tipo de


problema ─ respondo, esfregando as têmporas.

─ Eu já fui até eles, mas o senhor é o único que pode me

ajudar. Minha casa depende disso, senhor Alec. ─ Chora, não me


convencendo nem um pouco.

─ Sua casa deve estar em risco porque você é um viciado em


jogos, não tenho culpa que perdeu todo o seu dinheiro e ainda
assim insistiu em jogar. Sou dono do cassino, não Deus. Então, por
favor, pare de me incomodar e dê o fora daqui.

Sinalizo para que o retirem, é sempre o mesmo discurso. Por


que diabos acham que faço caridade?

─ Brianna também veio implorar, você a tratou assim? ─

Ramon pergunta, tinha até esquecido da sua presença.

─ Não sou escroto a esse ponto, você sabe que detesto ver

mulheres chorando e isso certamente aconteceria. Além do fato dela


ser linda, e eu ter decidido propor o acordo assim que ela entrou na

minha sala.

Tomo todo o líquido do meu copo, que desce queimando por


minha garganta, deixando um gosto amargo em minha boca.

─ Você pretende mesmo ficar um ano sem tocar na sua


esposa?

─ Sim, não quero misturar as coisas ou contribuir para que


Brianna tenha ilusões. Se dormirmos juntos, pode deixar nossa

relação confusa.

─ Duvido que você consiga, mas estou torcendo por você, meu
amigo. ─ Cai na gargalhada.

Qual a merda da graça?


Brianna é uma mulher linda e gostosa, não sou cego, mas isso
não significa que eu queira dormir com ela. Quando meu corpo
sentir falta de sexo, não irá faltar opções, e foi justamente por esse

motivo que deixei aquela cláusula no contrato. Se tem uma coisa


que prezo, é pela minha palavra, não pretendo tocar nela, a não ser

que seja sua vontade, também não sou de ferro.

Terminamos nossa bebida e nos despedimos. Recebo uma


mensagem do segurança dizendo que já estão em casa, essa será

a primeira vez que vou chegar antes do jantar. Deveremos comer


juntos?
Brianna

Nunca imaginei que eventos de caridade fossem tão

cansativos. Talvez eu precise conversar com o Alec, minha agenda

está muito cheia, quase não parei desde que chegamos da


Tailândia. Não faço ideia de como fui para a cama ontem, cheguei

esgotada, comi algo rápido e sentei no sofá para esperá-lo, quando


dei por mim, estava no meu quarto. Será que ele me carregou?
─ Senhora, chegamos. ─ Saio do transe com a voz do

brutamontes que me acompanha.

Assim como todos os outros dias, mais um evento em prol de

instituições de caridade. Não pensei que ele se preocupasse com


essas coisas, não me parece o tipo de situação que Alec daria

importância.

Saio do carro e agradeço a ausência dos repórteres, eles já


me viram diversas vezes e ainda assim me cercam sempre que tem

oportunidade. Todos já me conhecem como a esposa do magnata,

então qual o sentido de fotografar e noticiar cada um dos meus


passos?

Mesmo sem conhecer, aceno, cumprimentando algumas


pessoas. A recepcionista indica meu lugar, e para o meu desprazer,

é na mesma mesa que aquela loira que me abordou no casamento.

Sua cara de desprezo é impagável, ela criou uma rivalidade que não

deveria existir, afinal de contas, não tenho culpa do Alec não a ter

escolhido como esposa.

O evento começa e tento prestar atenção ao máximo. Pela

manhã, quando acordei, Alec não estava em casa, apenas deixou

um envelope com um cheque, cheguei à conclusão de que era para


doação, já que esse é o propósito do evento. A causa em questão é
boa, confesso que fico sentida quando envolve crianças. Eles

pretendem reformar o orfanato. Algumas pessoas passam

recolhendo as doações e seguimos para a parte final, onde terá uma

apresentação dos pequenos.

Nunca me imaginei sendo mãe, não me lembro da figura

materna em minha infância, então não faço ideia de como seria


minha vida carregando um ser inocente no ventre. Futuramente,

quem sabe não me permito essa experiência...

─ Senhora Brianna, que felicidade tê-la em nosso evento.

Ficamos muito felizes quando confirmaram sua presença. ─ A

anfitriã vem me cumprimentar, sorrio em resposta. ─ Tem algo que


podemos fazer por você?

─ Não precisa se preocupar, estou bem, obrigada!

─ Mande os meus cumprimentos para o seu marido, espero

que da próxima vez ele a acompanhe.

─ Se nossas agendas baterem, faço questão de trazê-lo. O


evento está lindo, parabéns!

Conversamos mais algumas amenidades e ela se afasta, dou

uma circulada pelo local e sou parada diversas vezes por pessoas
desconhecidas. Sinto-me como uma celebridade, preciso me

acostumar com isso. Para ser sincera, nunca imaginei que faria
tantas coisas sendo esposa do Alec. Quase não nos encontramos e

também não passou pela minha cabeça que ele trabalhasse tanto.
Pessoas ricas não têm subordinados para tudo?

Pego uma bebida com o garçom, em dez minutos irei embora,


combinei de sair com Kalese, ela quer ir ao cassino e me fez

prometer que a acompanharia.

Tem uma coisa me deixando extremamente desconfortável,


não importa onde eu vá, um maldito homem continua me secando
com os olhos. Ele é um pouco mais alto que o Alec, veste um terno

que parece caríssimo e também está cercado de seguranças. Quem


é esse idiota? A essa altura do campeonato, é impossível que não

saibam que sou casada, minha aliança não deixa dúvidas, e minha
cara estampada nos jornais também não.

─ Posso fazer companhia à jovem dama? ─ Assusto-me com a


voz e respiração perto demais do meu pescoço.

─ Não preciso de companhia.

─ Eu faço questão...
─ O que te faz acreditar que preciso de companhia? Ou

melhor, por que dentre todas essas pessoas, eu iria escolher um


desconhecido como você? ─ Não queria ser grossa, mas é

inevitável.

─ Agora entendo por que Alec a escolheu entre tantas opções.


Uma mulher que além de linda, também tem uma personalidade
forte. Preciso parabenizá-lo, pela primeira vez foi inteligente. ─ Tem

um certo sarcasmo em sua voz, isso me incomoda.

─ Se você sabe que sou casada, por que insiste em falar


comigo? Se me der licença, estou me retirando.

─ Logan...meu nome é Logan White.

─ Não perguntei o seu nome, para ser sincera, não me


interessa.

Dou as costas, seguindo para o estacionamento. No caminho,

tenho a infelicidade de cruzar com aquela mulher. Que merda de dia


é esse? Minha intenção era passar sem ligar para sua presença,
talvez ela esteja empenhada em me irritar.

─ Preciso admitir, você é rápida, já está tentando encontrar

alguém mais rico que o seu marido,

─ Hum...
─ Você sabe quem era aquele que estava conversando? Como
pode ser tão dissimulada, garota?

Resolvo não responder, sigo até o meu destino, mas não


consigo encontrar o carro. Pego meu celular e envio uma

mensagem para o segurança, que responde dizendo que virá ao


meu encontro. Enquanto isso, continuo não dando atenção, sei que
sua intenção é me tirar do sério, não darei esse privilégio. Se quiser

brigar, fará isso sozinha.

─ Uma hora o Alec irá se cansar de você, seus dias de realeza


estão contados e logo irá voltar para a sarjeta, lugar onde nunca

deveria ter saído. ─ Suas palavras são carregadas de ódio.

─ Talvez você tenha razão, eu posso voltar para minha antiga

vida sem problemas, isso não me preocupa. ─ Pego meu celular,


pesquiso o meu nome e lhe mostro: ─ Está vendo essas palavras?

Brianna Brassard, esposa do magnata Alec Brassard. Percebeu


algo nessa frase?

─ O que eu deveria perceber? ─ Cruza os braços na altura dos


seios, me olhando com desdém.

─ É simples, você pode me chamar do que quiser, mas entre

nós duas, a única que ocupa o posto de esposa sou eu.


─ Escuta aqui... ─ Levanta a mão para me acertar, por sorte o
segurança a intercepta.

─ Se eu fosse a senhora não faria isso, temos ordens para


acabar com qualquer pessoa que tocar na esposa do chefe ─ fala

duro, apertando seu pulso. ─ É melhor ir embora e não se aproximar


novamente.

Sem nem questionar, sai pisando duro. Preciso conversar com

o Alec sobre isso, não ficarei lidando com suas ex dessa maneira.
Espero que essa seja a primeira e última a encher minha paciência.

─ Para onde iremos, senhora?

─ Primeiro iremos passar para buscar a Kalese, depois

podemos ir para o cassino.

─ Preciso avisar ao chefe?

─ Não é necessário, não estou indo vê-lo. ─ Ele me olha

confuso, apenas dou de ombros.

É claro que Alec irá saber da minha presença assim que eu

colocar os pés fora do carro, então não vejo necessidade de avisar


com antecedência. Ele nunca disse nada sobre não poder ir ao

cassino, além de ter sido claro que poderia gastar o dinheiro como

bem entendesse.
Desejo ter uma noite em paz, aqueles dois testaram a minha

paciência.
Alec

Há pouco mais de vinte minutos fui informado sobre a Brianna

estar no cassino, essa é a primeira vez que ela vem ao local. A

princípio pensei que queria falar algo comigo, mas tudo indica que
está se divertindo com sua amiga no salão de jogos.

Ontem quando cheguei em casa, ela estava dormindo no sofá,


me questiono se estava sendo muito duro com sua agenda. A

coloquei em seu quarto e preparei um jantar rápido. Conversarei


com o meu secretário e irei tentar ser mais cauteloso, apesar de ter

dito que esse casamento era para ajudar nos meus negócios.

─ Chefe, tenho algo para relatar ─ diz Hernandez, o homem

responsável pela segurança da Brianna.

─ Você a deixou sozinha?

─ Não, Cálix e outros homens estão com a senhora e sua


amiga.

─ Prossiga.

─ No evento desta tarde, houve duas situações que

incomodaram a senhora. Primeiro o senhor Logan apareceu,

observei de longe e não consegui escutar o que eles conversaram,


mas ela não pareceu muito confortável com sua aproximação.

Aquele maldito do Logan deve ter algum tipo de problema

comigo, todas as mulheres que dormi foram sondadas por ele,

talvez ache que irá conseguir o mesmo com Brianna. Acho que devo
fazer uma visita a esse idiota, se eu o ver perto da minha mulher

novamente, mandarei quebrarem suas pernas e não me importo

com sua influência.

─ Cuidarei dele eu mesmo. ─ Tamborilo com os dedos na

mesa. ─ E a outra pessoa?


─ A senhora Sylvia.

─ Quem? ─ Tento me lembrar do nome e associar a uma

pessoa, não faço ideia de quem seja essa mulher.

─ A filha do senador, chefe.

É a mesma que dormi uns dias antes do casamento e veio


com questionamentos idiotas. Por que diabos está rondando a

minha esposa? Se ela pensa que estamos em algum tipo de

triângulo amoroso, preciso acabar rapidamente com suas ilusões.

─ Ela estava pronta para acertar um tapa na senhora Brianna,

consegui chegar a tempo e evitar a agressão.

─ Que merda ela tem na cabeça? Que direito acha que tem

para bater na minha esposa?

─ Eu disse que estava autorizado a acabar com qualquer

pessoa que chegasse perto da patroa, isso fez com que ela fosse

embora. A senhora Brianna não pareceu se importar muito, mas

pelo que escutei da sua conversa com a amiga, essa não foi a
primeira abordagem da senhora Sylvia.

Usar violência com mulheres não faz o meu estilo, porém, não

posso deixar essa história ir ainda mais longe. Amanhã mandarei os

meus homens a trazerem aqui e teremos uma conversa, não


permitirei em hipótese alguma que essa merda continue e ela fique

agindo como uma pessoa traída. Nós apenas transamos algumas


vezes e nada mais.

Dei algumas ordens para Hernandez e mandei que voltasse ao


seu posto e ficasse de olho na Brianna e nas pessoas ao seu redor.

Pedi para ser avisado assim que ela fosse embora, iremos juntos,
precisamos conversar sobre uma viagem que ela vai precisar me

acompanhar em dois dias.

Acesso às câmeras do salão e logo a avisto, Brianna parece


bem animada com sua amiga. Não tenho dúvidas de que fiz uma
boa escolha, os jornais a definem como doce e educada. Nos

eventos é bem receptiva e prestativa, talvez seja por isso que


continue chegando convites para diversas ocasiões: leilões, projetos

de caridade, festa da alta sociedade. Sei que ela não gostaria da


maioria, então permito apenas aqueles que imagino que lhe

agradem.

Um homem se aproxima e cochicha algo para o responsável

pela mesa, que repassa para a Brianna. Assisto toda a cena e me


incomoda, observo mais um pouco e ele troca de lugar. Inofensivo,

certo? Errado, quero ele longe dela.


─ O homem de terno e gravata vermelha, tire-o de perto da

Brianna agora ─ falo assim que Hernandez atende o telefone.

─ Certo, chefe.

Desliga e faz o que mando, sorrio satisfeito ao vê-lo sair


esperneando. Como tem a audácia de querer dar em cima da minha
esposa, dentro do meu próprio cassino?

Brianna pega o celular, para quem ela está ligando? Seu nome

no visor me responde.

─ Sim, Brianna. ─ Atendo de imediato.

─ Preciso de um pequeno favor ─ fala com a voz baixa.

─ Estou escutando.

─ Não estou conseguindo fazer transferência e percebi que

esqueci minha carteira em casa. Pode me emprestar um dinheiro?


Prometo que lhe pagarei.

─ Por que precisa de dinheiro? Esse lugar é do seu marido,


pode beber e pegar quantas fichas quiser, depois eu resolvo.

─ Posso mesmo? ─ Vejo ela morder os lábios. Por que isso

me pareceu tão sexy?


─ Sim, você e sua amiga tem passe livre. Divirtam-se com
moderação, quando quiser ir embora me avise, iremos juntos.

─ Ok, obrigada, Alec. Tchau! ─ Encerra a ligação e fala algo no


ouvido da amiga.

Às vezes ela me parece inocente demais, mesmo que seja

corajosa em alguns momentos.

Chegamos em casa e Brianna vai direto para o seu quarto


tomar banho. Vou até a adega e escolho um vinho, sirvo em uma

taça e me sento no sofá para esperá-la. Recebi um convite para


uma inauguração de um grande hotel, estendido para a minha

esposa e sei que ficaria estranho se aparecesse sozinho. É na


cidade vizinha, trinta minutos de jatinho será suficiente para

chegarmos.

─ Precisa falar comigo? ─ Brianna aparece com um short curto

e camisa larga. ─ O que foi? Gosto de dormir confortável.

Que diabos! Como ela conseguiu ficar ainda mais bonita com
essas roupas tão simples? Seus cabelos estão presos em um coque
e seu rosto está sem nenhuma maquiagem. É a primeira vez que a
vejo tão à vontade.

─ Aceita uma taça de vinho? ─ Acena, concordando, sirvo a


bebida e lhe entrego. ─ Bom, prepare uma pequena mala para

daqui dois dias. Compre uma roupa adequada para o evento, que
será esporte fino. Ficaremos duas noites na cidade, e talvez surja

algum convite extra, então esteja preparada.

─ Qual o nosso destino?

─ Não muito longe, iremos até Girassol, uma cidade a trinta

minutos daqui.

─ Tudo bem, irei organizar tudo amanhã. Se não tiver mais

nada para falar, irei dormir. ─ Toma todo o vinho de uma só vez.

─ Era apenas isso, pode descansar, Brianna. ─ Encaro-a, ela

parece querer falar alguma coisa. ─ Desembucha, está na sua cara

que tem algo a dizer.

─ Sei que não somos marido e mulher, propriamente dito, e

também não quero me intrometer na sua vida. Mas por favor, deixe

as mulheres que você dormiu longe de mim. Não tenho culpa de


você ter me escolhido para ser sua esposa, hoje quase levei um

tapa sem merecer.


─ Não se preocupe, fui informado sobre a situação e irei

resolver. Seja a Sylvia ou qualquer outra, não deixarei que cheguem


perto de você novamente.

─ Agradeço! Se me der licença...

Antes dela sair da sala, pergunto:

─ O que o Logan conversou com você?

─ Ele queria me fazer companhia, mas eu deixei bem claro

que não estava interessada. Ele também disse que pela primeira
vez você foi inteligente em sua escolha ─ responde sem virar para

mim. ─ Estou cansada, boa noite, Alec.

Em poucos segundos, sai completamente das minhas vistas.

O que aquele idiota quis dizer com isso? Eu sempre fui

inteligente nas minhas escolhas, ou não estaria na lista dos dez


homens mais ricos do país e na posição acima da dele. Amanhã

farei uma visita ao Logan, e para a Sylvia mandarei um pequeno

aviso, não me importo que seja filha do senador.

Não estou brincando quando digo que protegerei Brianna, não

importa se a nossa relação não passa de um contrato, ela continua

sendo minha esposa!


Brianna

Estou desfrutando de muitas experiências novas ao lado do

Alec, assim como ele disse, fizemos um voo breve de 30 minutos e

só temos tempo de passar no hotel, trocar de roupa e ir para a


inauguração, que na verdade, é mais uma unidade do hotel que

estamos.

Assim que chegamos, somos recepcionados pelo anfitrião, que

me parece uma pessoa simpática, dentre tantas com um ar de


superioridade absurda. Surpreendendo-me, Alec entrelaça os

nossos dedos e caminhamos assim pelo salão, enquanto


cumprimenta diversas pessoas. Homens, mulheres, jovens e idosos,

todos parecem bem ansiosos para conversar com o meu marido e

isso de certa forma me deixa curiosa.

Enquanto ele conversa com um grupo de homens, sorrio

deixando minha mente vagar. Lembro da última conversa que


tivemos, para ser sincera, ponderei um pouco se falaria sobre o fato

daquela mulher ficar me abordando. De certa forma, já sabia que

Hernandez tinha reportado, inclusive falou também daquele homem,

que não me recordo seu nome.

Estou tentando fingir costume, apesar do nervosismo. Não


estou assim por conta do evento que estamos, mas sim por estar de

mãos dadas com ele. Alec é tão seguro de si, que fico abismada

como as pessoas saem da frente quando o avistam. Impotente e

poderoso, apresentando uma pobre desempregada como sua

esposa. Nunca neguei o quanto ele é lindo, mas talvez hoje esteja

superando sua beleza e isso me incomoda, mesmo sem saber o


motivo.

O garçom se aproxima e pego uma bebida, controlando a

vontade de tomar todo o líquido de uma só vez. O álcool costuma


ser um excelente companheiro em situações como essa.

Sou elogiada por alguns homens, o que me chama de fato

atenção, são as mulheres que também me elogiam, geralmente elas

sempre me olham com desprezo e hoje são bem-educadas. Queria

que a Kalese estivesse aqui, a experiência que tivemos no cassino

foi incrível. Quando me dei conta que tinha esquecido minha bendita

carteira, fiquei sem saber o que fazer, até que ela sugeriu ligar para
o meu marido.

Sua resposta me dando carta branca no cassino foi

surpreendente. Quando penso que, ao mesmo tempo que a

ganância do meu pai o destruiu, indiretamente também influenciou a

minha vida, e fico sem saber como lidar com essa situação. Em que
momento imaginei que estaria no cassino me divertindo? Bem,

nunca passou pela minha cabeça.

─ Você está bem?

─ Sim, por que não estaria?

─ Não precisa disfarçar, sei que não gosta desse tipo de lugar.
Aguente mais um pouco, iremos embora em alguns minutos.

─ Não precisa se forçar a ir embora por minha causa, Alec.

Estou ciente que como sua esposa, preciso frequentar lugares como
esse. E sinceramente, não me incomoda estar aqui, as pessoas ao

nosso redor não me desagradam, pelo menos a grande maioria.

Acena em resposta, pegando a taça de minhas mãos e

bebendo. Olho para ele, chocada com a cena. Uma garçonete


passa, Alec pega duas bebidas e me entrega uma, voltando a

conversar com o grupo de homens.

Não sei exatamente quanto tempo se passou, até Alec se


despedir e seguirmos para o estacionamento. Estamos

acompanhados de dois seguranças, por algum motivo me sinto


segura, mas não pela presença desses homens, sim por esse
alguém ao meu lado.

Será que isso é influência do álcool? Não faz sentido, afinal de

contas não estou bêbada, só levemente alterada.

Minutos depois chegamos ao hotel e seguimos direto para a


cobertura, nossos quartos são um ao lado do outro.

─ Brianna, você está cansada?

─ Ainda não ─ respondo sem entender sua pergunta.

─ O que acha de tomarmos alguma coisa no meu quarto? Não


se preocupe, não tenho segundas intenções.
Penso um pouco e me pergunto se eu gostaria de passar mais

tempo com ele, estranhamente a resposta é sim e confio quando diz


não ter segundas intenções.

─ Tudo bem, acho que vai ser bom beber alguma coisa e

conversar, nós somos casados e eu não sei muitas coisas sobre


você.

─ Não estamos em um local completamente seguro, então


mantenham os olhos e ouvidos bem abertos. Fui claro o suficiente?

─ fala para os seguranças, que acenam confirmando.

Entramos no quarto que é igual ao meu. O que mais gostei é a


enorme janela, a visão da cidade fica perfeita do alto. A única coisa
que me deixa pensativa é sobre a privacidade, será que corre algum

risco de alguém nos ver? Apesar de que estamos no último andar,


então seria quase impossível, eu acho.

Começamos com algumas bebidas leves, além de conversas

bobas. Nunca imaginei que estaria bebendo, sentada no chão de


um hotel com o Alec.

─ Você disse que não me conhecia, então te darei o direito de


fazer três perguntas. A vida é uma via de mão dupla, então também

terei o mesmo direito.


─ Eu não tenho nada a esconder, claro que topo. Vamos à
primeira pergunta: por que você me escolheu?

─ Já tinha decidido me casar, quando você foi ao meu


escritório, sua atitude ousada, e ao mesmo tempo corajosa foi

crucial para minha decisão.

─ Por que ousada e corajosa?

─ Você foi até o cassino, sozinha, não sei o que passava na

sua cabeça. Eu ou um dos meus homens poderíamos ter feito algo


ruim para você. Fora que não se deve implorar por uma dívida, só

iria me deixar mais irritado.

─ Logo quando eu cheguei, me questionei o que diabos estava


fazendo naquela situação. No entanto, estava sem alternativas.
Desempregada, os bancos me negavam empréstimos e os juros só

aumentavam. Como o seu cassino era onde meu pai mais devia,
pensei que não teria escolha. Kalese me sugeriu e eu fui.

─ Da próxima vez, não vá em um local majoritariamente de


homens, pode ser perigoso ─ fala tomando um pouco da sua bebida

─ Qual a sua última pergunta?

─ Por que optar por um casamento de contrato? Você poderia


se casar igual as outras pessoas, não faltariam pretendentes.
─ Para me casar igual às outras pessoas, eu precisaria me
envolver sentimentalmente e não é como se eu fosse capaz de fazer
isso. Já amei no passado e em troca, fui destruído da pior maneira

possível ─ responde inexpressivo, esse assunto deve mexer ainda


com ele.

─ Quer dizer que você nunca mais vai amar alguém?

Não é como se pudéssemos mandar em nossos corações,

uma hora ele estará de mãos atadas.

─ Se depender da minha vontade, não. Amar dói e não tenho a

menor disposição para passar por tudo aquilo novamente. Quando

você se entrega a outra pessoa de corpo e alma, faz planos,


projetos para o futuro, certamente é porque aquele alguém é o amor

da sua vida. E quando esse sentimento também te destrói, é difícil

voltar a confiar em alguém ao ponto de entregar o coração


novamente.

─ Entendo, na verdade eu nunca me apaixonei, então não faço

ideia do que você passou, mas não deve ter sido fácil, afinal, de
alguma forma influenciou em todo o restante da sua vida.

─ Sim, mas agora vamos falar sobre você, Brianna.


Sua voz, ela sempre foi rouca dessa maneira? Por que mexeu

tanto com meu corpo quando meu nome saiu de sua boca?
Brianna

Ele parece pensativo enquanto me encara em silêncio. Aposto

que Alec pesquisou até sobre a primeira geração da minha família,

então não deve ter nada que não saiba sobre mim. Eu ainda tenho
muitas perguntas para fazer, mas decidi não forçar e esperar outra

oportunidade.

─ Por que você decidiu aceitar a minha proposta? Nós

tínhamos acabado de nos conhecer, e novamente você se


colocando em perigo, Brianna.

Tenho minhas fortes dúvidas sobre ele ser apenas um

magnata, talvez essa seja apenas uma fachada para seus negócios

ilícitos. Por que isso faz sentido na minha cabeça? Bem, é a


segunda vez que fala sobre me colocar em perigo, é estranho.

─ Você é algum bandido?

─ Depende do ponto de vista ─ fala despreocupado, bebendo

seu drink. ─ Não fuja do assunto e responda à pergunta.

─ Eu não tinha nada a perder, fora que quando alguém está


disposto a pagar todas as suas dívidas, não devemos pensar duas

vezes. Além disso, o contrato também me agradou, as cláusulas me

deram um pouco de alívio.

─ Então foi unicamente pelo dinheiro? ─ Balanço a cabeça,

confirmando. ─ Nossa, isso me magoou, poderia ao menos ter dito

que minha beleza influenciou.

Sorri, e minha nossa, que baita sorriso! É a primeira vez que

vejo.

─ Digamos que 10% foi influência do quanto você é lindo, mas

digamos que o dinheiro contribuiu mais. Não me entenda mal,


quando você é cobrado por algo que não é de sua responsabilidade,
vale qualquer coisa para sair dessa.

─ Então se qualquer outra pessoa fizesse a mesma proposta,

você aceitaria?

─ Não faço ideia ─ respondo sincera, não é como se fosse

aceitar essa loucura com qualquer pessoa. ─ Você ser um homem


tão importante e conhecido foi o meu seguro.

─ Você não tem nenhum namorado? Sei da cláusula que deixa

claro a não exclusividade, mas se eu fosse seu companheiro, não

gostaria de vê-la com outro homem.

─ Minha vida sempre foi corrida demais para ter um namorado.


Mesmo quando o meu pai estava vivo, precisava me desdobrar no

trabalho para pagar as despesas da casa e sempre acabava

pagando alguma dívida. Os únicos momentos em que eu saia, era

quando Kalese conseguia me arrastar para alguma boate.

─ Vocês parecem ser muito amigas.

─ Sim, igual a você e o Ramon.

─ Não estrague a nossa noite falando daquele bastardo. ─ Rio

da forma como se refere ao amigo, eles parecem cão e gato. ─

Vamos beber, afinal de contas estamos aqui para isso.


Enche os nossos copos, e para ser sincera, não faço ideia do

que estamos bebendo. É forte, desce queimando na garganta, mas


não é ruim. Só espero não ficar bêbada, tenho que voltar para o

meu quarto.

Continuamos a conversar trivialidades e Alec conta mais sobre

o cassino, como batalhou para chegar no nível de hoje,


principalmente a ajuda que recebeu do John e como foi

extremamente importante. Não sei explicar, estamos aqui há umas


duas horas e por mais difícil que seja de acreditar, consegui

conhecer um Alec diferente. Sempre tão sério e inexpressivo, perdi


as contas de quantas vezes sorriu e teve até um momento que
gargalhou.

Se ele soubesse o quanto fica mais lindo sorrindo, faria mais

vezes. Eu quero beijá-lo! Não sei se por influência do álcool, apesar


de ainda não estar bêbada.

─ Você está bem, Brianna? Seu rosto ficou bem vermelho.

─ É o calor, acho melhor ir para o meu quarto. Vou tomar um


banho e dormir. Depois me manda uma mensagem com a nossa

programação de amanhã.
Levanto apressada, o que faz com que quase caia no chão, se

não fosse pelas suas mãos ágeis segurando em minha cintura.


Nossos rostos estão tão perto um do outro, que sinto sua respiração

quente aumentando o meu desejo de beijá-lo. Como se fosse capaz


de ler os meus pensamentos, ele cola nossos lábios, sugando

minha língua com força, incendiando todo o meu corpo. Rodeio os


braços em volta do seu pescoço, me entregando ao contato quente.

Sem que eu espere, ele encerra o beijo, se afastando.

─ Não podemos continuar com isso, Brianna ─ sussurra,


mordendo o lóbulo da minha orelha.

─ Por que, não? Somos adultos, Alec, e no momento


queremos a mesma coisa.

─ Você está bêbada e eu prometi que não te tocaria.

─ Sobre a influência do álcool sim, bêbada não. E eu estou lhe

dando permissão para me tocar. Mas caso seja demais para você,
eu posso sair e encontrar alguém para terminar o que começamos.
─ Afasto-me e antes mesmo de chegar à porta, ele segura forte em

meu braço.

─ Não ouse! Você está na cidade como minha mulher, o que


diriam se a vissem com outro homem?
─ Sei ser discreta, não irei manchar sua imagem. Não esqueça
de me mandar a...

Em questão de segundos, meu corpo é jogado na cama, talvez


com mais força que o necessário.

─ Não pretendo parar, então essa é sua última chance de

desistir, Brianna.

Puxo-o pela nuca e o beijo. Enfio minha língua na sua boca,

em seguida mordo levemente seu lábio inferior. Suas mãos entram


por dentro do meu vestido, apertando a parte interna das minhas

coxas. Solto um gemido involuntário quando seus dedos fazem


movimentos circulares em meu clitóris, por cima da calcinha.

Alec abocanha um dos meus seios, chupando e mordiscando,


como se me torturasse, apesar de ser delicioso. Ele deixa meus

seios, desce lentamente e em um puxão arranca a minha calcinha,


indo direto para o meu sexo. Desfrutando da minha intimidade,

chupa devagar, me fazendo arquear sobre o colchão. Faz tanto


tempo que tinha esquecido o quanto é prazeroso esse contato.

Fico surpresa quando Alec introduz dois dedos dentro de mim


e começa a se movimentar, não demora e logo encontra o meu

ponto G, intensificando as reações do meu corpo. A todo momento


sinto como se fosse desmanchar na sua boca, enquanto seus olhos
estão cravados em mim. Seguro firme em seus ombros, me
controlando para não gemer loucamente, pois lembro que os

brutamontes estão na porta.

Em questão de segundos, ondas de prazer passam pelo meu


corpo, e pela primeira vez sou capaz de gozar com um oral.

─ Alec... ─ Seu nome sai naturalmente da minha boca.

Sem perder tempo, com uma habilidade invejável, ele retira

toda sua roupa, me dando uma visão perfeita do seu membro ereto.

Aproveito para tirar também o meu vestido, agora não terá mais

nada entre nós. Alec me preenche maravilhosamente bem, e enrolo


minhas pernas ao redor da sua cintura, quando ele começa a se

movimentar com agilidade. Se continuar nesse ritmo não irei durar

muito tempo.

Alec morde e suga o meu pescoço, amanhã com certeza ficará

roxo, mas agora não preciso me preocupar com isso. Arranho suas

costas no exato momento que um gemido escapa dos seus lábios.

Porra! Isso é fodidamente sexy.

─ Você é tão apertada e molhada, Brianna ─ sussurra no meu

ouvido, e todo meu corpo se arrepia.


Ele coloca uma das minhas pernas no ombro, me deixando

ainda mais exposta. Morde levemente o meu tornozelo e


estranhamente eu gosto. Tento a todo instante controlar os meus

gemidos, mas se torna cada vez mais impossível.

─ Não se controle, quero ouvir a sua voz, Brianna.

─ Não posso, eles vão escutar.

─ E qual o problema? Eles só vão ter certeza que estamos

aproveitando uma boa noite de sexo, de qualquer forma somos

casados.

Beija-me, e por mais difícil que seja de acreditar, esse é o

estopim para um orgasmo me atingir e ondas de prazer passarem

por todo o meu corpo. Puxo-o para mais perto, e o maldito sorri
entre o beijo. Com muito custo inverto nossas posições, ficando por

cima. Mordisco seu pescoço, sugando-o levemente. Suas mãos me

seguram firme pela cintura, enquanto desço lentamente, encaixando


novamente nossos corpos. Subo e desço repetidas vezes. Estamos

inebriados pela luxúria, e só os nossos gemidos podem ser

escutados nesse quarto.

─ Brianna, se você continuar assim eu vou gozar. ─ Percebo

sua dificuldade em falar, ele não deve estar se contendo.


─ Perfeito, esse é o meu objetivo.

Em questão de segundos, Alec me puxa para um beijo duro e

carregado de desejo, gozando logo em seguida. Deixo meu corpo


cansado cair sobre ele, esperando minha respiração se acalmar.

Preciso tomar um banho e ir para o meu quarto, apesar de já termos

cruzado essa linha.

─ Descanse um pouco, Brianna, eu ainda não acabei com

você. Lembra o que eu disse? ─ Balanço a cabeça negando. ─ Não


pretendo parar até saciar o meu desejo.

Sinto como se tivesse despertado uma onça, nunca fiz um

sexo tão intenso em toda a minha vida. Percebi que Alec gosta de
morder, amanhã provavelmente amanhecerei cheia de marcas. Não

me arrependo do que fizemos, essa é a única certeza que eu tenho.


Brianna

Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim,

minha cabeça parece que vai explodir. Depois de passar boa parte

da madrugada transando com o Alec, consegui adormecer quase


quatro horas da manhã. Quando despertei às seis, peguei uma de

suas camisas, vesti e retornei para o meu quarto. Com certeza seria
desconfortável se acordássemos na mesma cama.
Agora são sete da noite e não o vi o dia inteiro, recebi sua

mensagem dizendo que sairíamos para jantar e que eu deveria


encontrá-lo no estacionamento. Não sei como encará-lo, ainda mais

por que lembro perfeitamente que a iniciativa partiu de mim.

Saio do quarto e sinto um arrepio em minha espinha, como se

alguém me observasse. Olho em volta e não tem ninguém no

corredor, exceto Hernandez e um outro segurança.

─ Algum problema, senhora?

─ Tive uma leve sensação de estar sendo observada.

─ Fique tranquila, não tem mais ninguém nesse andar, a

senhora está segura.

Meneio a cabeça, mesmo que não esteja convencida. Entre os

dois seguranças, caminho ao encontro do Alec, ele não me disse se

jantaríamos com outras pessoas ou sozinhos, então caprichei no

visual. Ao sair do elevador, meus olhos se cruzam com um homem,

que se veste de maneira inapropriada para o clima atual. Odeio pré-


julgar as pessoas, mas ele me assusta.

─ Você está bem, Brianna? ─ Alec pergunta assim que entro

no carro. ─ O que aconteceu, Hernandez?


─ A senhora disse que estava com a sensação de estar sendo
observada, mas não tinha ninguém no andar além de nós. No

percurso do elevador até aqui, ela ficou ainda mais estranha.

Alec segura o meu rosto com as duas mãos, forçando o

contato.

─ Fala para mim, você viu alguma coisa?

─ Quando saímos do elevador, tinha um homem estranho na

entrada. Suas roupas pretas não estavam combinando com o calor,

e ele ficou me encarando com uma expressão nada agradável.

─ Como era esse homem?

─ Um pouco mais alto que Hernandez, roupa e boné preto.

Seu olhar gélido me deixou com medo e ele olhou diretamente para

mim.

─ Como vocês não perceberam isso? Acho que é melhor

cancelarmos o jantar e adiantar nosso retorno, não posso pagar

para ver e colocar Brianna em risco.

─ Chefe, levará no mínimo uma hora e meia para

conseguirmos voar, precisamos avisar ao piloto e a comissária

sobre a mudança de planos e obter a liberação do aeroporto. Siga

com o jantar programado, enquanto isso pegaremos todas as suas


coisas no hotel e em seguida iremos embora ─ Apollo diz,

encarando Alec pelo retrovisor.

─ Ok, não cometam erros.

O carro entra em movimento, enquanto eles dão diversas


ordens ao telefone. Estamos acompanhados de quatro seguranças,
sendo que dois estão conosco agora e os outros fazendo a escolta.

Chegamos a um restaurante luxuoso, jantaremos com algumas

pessoas e agradeço por isso. Sou apresentada a todos e me


acomodo ao lado do Alec, que tem uma expressão séria e
preocupada.

Será que descobriram quem era aquele homem? Era apenas

uma pessoa, não tem como ele nos fazer mal, certo?

Os homens da mesa conversam sobre negócios e me sinto


completamente deslocada, pois suas esposas não parecem ter ido
com a minha cara e fazem de conta que não estou presente. Um

casal chega atrasado e a mulher se senta ao meu lado, as outras a


olham com desdém.

─ Não se preocupe com elas, podem ser podres de ricas, mas

não possuem um pingo de educação. ─ Sorri, me cumprimentando.


─ Sou Analyse, muito prazer.
─ Brianna, o prazer é todo meu. ─ Ela é muito bonita e jovem

também. ─ Elas também não gostam de você?

─ Não, todas as vezes que nos encontramos é da mesma


forma. Antes eu me importava, hoje é insignificante para mim. Elas

são do tipo nariz em pé, sabe? Se acham superiores por causa do


dinheiro, não sabendo que tenho muito mais que a maioria.

É impossível não rir do seu comentário, olho para seu marido e


ele também é novo, provavelmente tem a mesma idade que Alec.

─ Agora falando sério, acredito que seja dessa maneira porque

acha que somos interesseiras, afinal de contas, elas já tinham


dinheiro antes de se casarem e a gente não.

─ Você me conhece?

─ Quem não conhece a esposa de Alec Brassard? Seu


homem sempre foi muito disputado, a maioria das solteiras da alta

sociedade queriam o seu posto. Ninguém entendeu quando houve o


anúncio de casamento, ainda mais por se tratar de uma moça que
não vinha de família importante.

─ Como você sabe de tudo isso? Nem moramos na mesma

cidade.
─ Além de ter saído em todos os jornais, muita gente comenta
a respeito. Um conselho de quem já esteve na mesma situação: não
ligue para a opinião dos outros, muito menos fique chateada quando

essas invejosas não lhe dirigirem a palavra.

Continuamos a conversar e trocamos nossos números de


telefone, Analyse me surpreendeu e acho que seria perfeito se a
gente saísse com a Kalese. Por causa de sua companhia, o jantar

acabou sendo perfeito e bem divertido, achei linda a forma como ela
e seu marido trocam olhares o tempo inteiro. Todas as vezes que os

meus encontraram os do Alec, parece inexpressivo.

Nos despedimos, mas antes preciso ir ao banheiro.

─ Estou te esperando aqui, não demore ─ Alec diz, me

olhando sério.

Não digo nada, entro no banheiro, faço minhas necessidades e


me sinto mais aliviada. Iremos direto para o aeroporto, quando

chegar em casa irei descansar, ainda sinto o cansaço da noite


anterior. Saindo do local, sinto o mesmo arrepio na espinha e dessa
vez aquele homem está parado à minha frente.

─ Você é muito bonita, como será que o poderoso Alec

Brassard irá reagir quando perder a esposa? ─ ele fala sem piscar,
se aproximando mais. ─ Foi difícil passar despercebido pelos
seguranças, mas graças a Deus tive a oportunidade perfeita.

Como pode colocar o nome de Deus nessa situação?

─ Você não vai falar nada, boneca?

─ O que você quer com o meu marido?

─ Na verdade, recebi apenas ordens de matá-la. Não pergunto


aos meus clientes suas razões, tudo que preciso é do dinheiro. É

uma pena, você é tão linda.

Vejo o exato momento que Hernandez e os outros se


aproximam, ele está de costas, então não percebe. Tento não

transparecer ou será bem pior. Apoio-me na parede quando ele

saca uma faca e aponta em minha direção.

─ Não se aproxime mais e largue essa faca. ─ Um dos

seguranças aponta uma arma para sua cabeça. ─ Se tentar alguma

gracinha, estouro seus miolos.

Alec aparece e me puxa para os seus braços, escondendo

meu rosto em seu peito. Não sei o que ele está fazendo, mas tenho
o vislumbre de uma arma em sua mão. Escuto um disparo e o grito

do homem. Prendo-me mais ao corpo dele, sentindo minhas pernas

fraquejarem.
─ Terminem o serviço e não deixem que esse merda se

aproxime da minha esposa.

A passos largos, somos escoltados até o carro, assim que

entramos, deixo que as lágrimas que eu segurava molhem meu


rosto. Passei por momentos de tensão quando os homens iam

cobrar o dinheiro do meu pai, mas nunca tive uma faca apontada em

minha direção. Pensar que aquele homem nos seguiu desde o hotel,

me deixa mais assustada.

Alec limpa o meu rosto e me abraça, ele sabe que não vai

adiantar falar qualquer coisa nessa situação. Receber seu afago me


conforta de alguma maneira.
Alec

Não consigo acreditar que eles chegaram tão perto da Brianna,

quando ela falou sobre estar sendo observada, deveríamos ter sido

ainda mais cautelosos. Esse babaca nos seguiu desde ontem, sem
levantar qualquer suspeita. Esse é um erro amador e poderia ter

custado a vida dela. Não costumo puxar o gatilho, porém, se eu não


fizesse me sentiria ainda mais frustrado. Não foi um tiro para matar,
foi apenas um aperitivo, afinal, precisamos descobrir quem o

mandou.

Pego Brianna nos braços e seguimos para o avião, ela

adormeceu chorando, não consigo imaginar como foi difícil ter ficado
sobre a mira daquele filho da puta. O motivo dela ter seguranças é

para isso, evitar situações que a coloquem em perigo.

─ Apollo, mande que verifiquem o meu apartamento e todo o


perímetro em volta, não dá para saber se aquele idiota foi o único.

─ O senhor irá para um hotel?

─ Não, é muito arriscado nesse momento. Iremos para a casa

do tio John, pelo menos por essa noite é o local mais seguro. Vamos

dobrar a segurança da Brianna, troquem seu carro também. Se ele


foi a mando de alguém, essa pessoa não irá desistir depois de

apenas uma tentativa.

─ Certo, chefe.

Ela dorme tranquilamente na poltrona ao meu lado, faço o

possível para deixá-la o mais confortável possível. É um voo rápido,

assim poderá descansar apropriadamente em uma cama.

Pego meu celular e ligo para o meu secretário.


─ Senhor Alec, como posso ajudá-lo? ─ Atende no primeiro
toque, sempre prestativo.

─ Quem sabia sobre a minha viagem deste fim de semana?

─ Além de mim, os seguranças que o acompanham e os

pilotos, não foi noticiado nada na imprensa.

Isso é ruim, significa que temos um traidor ou estamos sendo

seguidos sem que meus homens percebam. Merda, eu sabia dos

riscos de ter uma esposa, só não pensei que eles fossem realmente

atacá-la para me atingir. Quando eu colocar as mãos no mandante,

farei picadinho desse maldito.

─ Até segunda ordem, cancele toda a agenda da minha


mulher.

─ Ok, farei isso imediatamente.

Encerro a ligação e envio uma mensagem para o meu tio,

dizendo que passaremos a noite em sua casa. Sei que é uma

atitude extremamente exagerada, mas talvez nós devêssemos


mudar de apartamento, não faço ideia de até onde eles sabem ou

foram.

─ Chefe, o homem se recusa a falar.


─ Continuem tentando, se ainda assim ele não falar uma única

palavra, vocês já sabem o que fazer.

Hernandez e Apollo vão para a parte de trás, nos deixando

sozinhos. De ontem para hoje foi bem movimentado, ainda sinto o


gosto da Brianna na minha boca, custei acreditar que ela estava

realmente me dando carta branca. Assim como imaginei, seu corpo


tem belas curvas e me surpreendeu como se entregou sem

qualquer ressalva.

Não consigo entender por que diabos eu continuo beijando-a,


tem algo que me atrai nessa menina, preciso voltar a ter o controle
das minhas ações imediatamente.

Recebo uma mensagem do Hernandez falando que tem mais

informações, antes de conseguir levantar da poltrona, sinto mãos


delicadas segurarem o meu pulso.

─ Fique aqui comigo, Alec. ─ Sua voz é baixa e trêmula, nem


no nosso primeiro encontro ela estava dessa maneira.

─ Prometo que voltarei em cinco minutos, não vai demorar

muito.

─ Por favor...
Merda! De qualquer maneira ela está nessa situação por

minha causa, não posso ser insensível ao ponto de negar o seu


pedido. Volto para o meu lugar e Brianna deita a cabeça em meu

ombro, segurando firme a minha mão. Acaricio seus cabelos,


tentando passar um pouco de conforto. Já estive na mesma

posição, sei como pode ser traumatizante.

─ Descanse mais um pouco, pousaremos em dez minutos.

─ Vamos para o nosso apartamento? E se tiver alguém lá

também?

─ Não se preocupe, iremos para a casa do tio John, amanhã


mesmo me encarregarei de conseguir outro lugar para morarmos.
Não irei permitir que cheguem perto de você novamente, e o mais

importante, dobrei sua segurança.

─ O quê? Vou ter que andar com quatro brutamontes agora?

─ Sim, e não é uma questão aberta a debate, sua segurança


sempre em primeiro lugar, Brianna. ─ Vendo que não estou disposto
a discutir, ela apenas aceita, mesmo odiando a ideia.

Um tempo depois pousamos e seguimos direto para a casa do

meu tio, que fica há uma hora de onde estamos. Em decorrência do


horário e das ruas livres, conseguimos adiantar nossa chegada.
─ Sintam-se à vontade, querem comer ou beber alguma coisa?
─ pergunta, direcionando o olhar a Brianna.

─ Não, obrigado, eu só preciso descansar. Onde é o meu


quarto?

─ Eu mesmo irei lhe mostrar, pode me acompanhar.

Antes de subir as escadas, Brianna para à minha frente


segurando minha camisa, e encara o meu rosto.

─ Sei que você tem coisas para resolver, e também não é sua

obrigação, mas depois de terminar, poderia passar a noite comigo?


─ fala apenas para que eu escute, meu tio não sabe sobre o

contrato.

─ Tentarei não demorar, prometo.

Acena e segue o meu tio, ela realmente está muito abalada,

normalmente Brianna é mais corajosa e segura de si. Eu juro que


quando pegar quem ordenou isso, não terei pena do desgraçado.

Sigo para o escritório e meus homens me acompanham.

─ Me atualizem! ─ Vou direto para o minibar, preciso de uma


bebida bem forte.

─ Estamos checando todo o perímetro do seu apartamento,

até agora não encontramos nada. O homem que ameaçou a


senhora Brianna é Maison Baker, um homem conhecido entre
aqueles que querem um serviço bem-feito. Matar nunca foi um
problema, desde que o dinheiro esteja em sua conta.

─ Então ele é uma pessoa perigosa.

─ Sim, e costuma passar despercebido pelas pessoas e sabe

como se camuflar para não ser descoberto ─ Apollo diz e sinto que
o pior ainda não foi dito. ─ Depois de muito apertar, ele nos disse

quem o mandou atrás da senhora.

─ Desembucha logo, quem foi?

─ Adam Walker.

─ Aquele filho da puta teve a audácia de fazer essa merda? ─

Bato com o punho na mesa. ─ Tem certeza que foi ele?

─ Sim, depois que o idiota abriu o bico, rapidamente

conseguimos confirmar. Eles se encontraram logo depois daquele

episódio, onde demos uma surra nele.

Adam não deveria mexer comigo dessa maneira, como ele

achou que ameaçaria a minha mulher e não sofreria nenhuma


punição? Pobre inseto insignificante, seus dias estão contados a

partir de agora.
─ O que fizeram com ele? ─ pergunto, me referindo ao idiota

sobre custódia.

─ Estamos aguardando suas ordens, chefe ─ Hernandez

responde.

─ Vocês já sabem o que fazer. ─ Saio do escritório e sigo para

o quarto, encontrando o meu tio no caminho. ─ Onde ela está?

─ Segunda porta à direita. Deixarei que fique ao lado da sua

mulher essa noite, mas amanhã precisamos conversar.

─ Ok!

Antes de entrar, bato e recebo sua liberação. Deitada na cama,

ela me olha com os olhos marejados. Por que vê-la dessa maneira
me incomoda tanto? Sem dizer uma palavra, entro no banheiro e

tomo um banho rápido, retornando para o seu lado. Deito, puxando-

a para os meus braços.

Por hoje esquecerei o nosso contrato e serei o conforto que

Brianna precisa!
Brianna

Um mês se passou desde o ocorrido, e aos poucos estou

tentando voltar para a minha rotina. Hoje será o primeiro evento

depois de ter toda a minha agenda cancelada. De alguma forma


ficamos mais próximos nesses dias, sempre que conseguimos,

jantamos juntos. Estou conhecendo um Alec que eu não fazia ideia


de que existia por trás de toda aquela fachada inexpressiva, ele ri
com muita facilidade, já percebi que gosto de vê-lo sorrir e isso é

muito estranho.

A noite que passamos juntos, na minha mente foi

completamente esquecida por conta daquele episódio. Mas de


alguma forma, as memórias estão bem vivas no meu corpo, porque

toda vez que estamos perto demais, começo a me sentir estranha,

não consigo decifrar os meus sentimentos. Queria desfrutar dos


seus beijos, ter suas mãos passeando pelo meu corpo. No entanto,

isso não faz parte do nosso contrato e não quero deixar as coisas

complicadas entre nós dois, justamente agora que estamos nos

dando tão bem e em alguns meses voltaremos às nossas antigas


vidas.

Minha maior preocupação é de que noticiassem sobre o que

aconteceu, quando perguntei ao Hernandez a respeito, ele disse

que o meu marido tinha dado ordens para que não deixassem a

informação vazar. Se a imprensa noticiasse, poderia dar margem

para que outros tentassem o mesmo. Acabei de lembrar que não

perguntei ao Alec quem estava por trás, farei isso essa noite.

O motorista estaciona em frente ao orfanato e me assusto com

o número de jornalistas. Por que eles estão cobrindo um evento

beneficente?
─ Senhora, infelizmente essa é a única entrada, não temos
como evitá-los ─ Hernandez fala, vendo minha hesitação em descer

do carro.

─ Tudo bem, vamos enfrentar isso de uma vez.

Ele desce e abre a porta para que eu saia, respiro fundo

quando os idiotas correm em minha direção. Assim como todas as


vezes, vários flashes dificultam a minha visão. Por que diabos eles

não param de usar essa merda?

─ Senhora Brianna, por que toda sua agenda foi cancelada?

─ Algum problema de saúde?

─ Pode nos dar uma declaração a respeito?

─ Tem alguma crise no casamento? Afinal de contas, ontem o

senhor Alec foi fotografado entrando acompanhado em um hotel ─

um homem fala, chamando minha atenção.

─ Crise? Essa é uma palavra que não faz parte do meu


relacionamento, e eu odeio ter que expor a minha intimidade dessa

maneira, mas ontem decidimos apimentar a relação, sair um pouco

da rotina ─ respondo, chegando finalmente à entrada.

─ A senhora tem certeza de que não está acobertando uma

possível traição? ─ insiste, me irritando.


─ Por que eu faria isso? Se por acaso meu marido estiver me

traindo, não hesitarei em pedir o divórcio e ainda levarei uma boa


parte do seu dinheiro. ─ Sorrio, tentando não transparecer minha

raiva. ─ Se me dão licença, tenho um evento para prestigiar.

Com isso, os seguranças não deixam que cheguem mais

perto. Alec precisa me agradecer, porque eu poderia ter ferrado com


sua imagem ainda mais, pois ele quebrou uma das cláusulas do

nosso contrato. Como se deixou fotografar dessa maneira?

Ontem tínhamos combinado de jantar, mas perto das oito da


noite recebi sua mensagem dizendo que tinha surgido algo de última
hora e eu poderia comer sozinha. Agora entendo qual foi o

imprevisto, ele simplesmente não conseguiu deixar o pau dentro das


calças.

─ Não contem ao meu marido sobre o teor das perguntas.

─ Mas senhora...

─ Eu conversarei com ele à noite, ou deixem que descubra


quando a notícia sair. Alec pode pagar o salário de vocês, mas eu

posso mostrar o meu descontentamento e pedir para que os


demitam.
Sem mais, adentramos ao local que parece bem movimentado.

Cumprimento o anfitrião e converso amenidades com algumas


pessoas. Depois que o evento iniciar, não irei demorar muito, pois

vou encontrar Kalese no shopping. Minha cabeça não consegue


parar de pensar na fala daquele jornalista, para meu casamento ter

uma crise, primeiro ele precisaria ser real, o que não é o caso.

Há uns dias recebi um convite da Analyse, ela dará uma festa


na cidade e me convidou, ou melhor, me fez garantir que iria

prestigiá-la. Como não tenho certeza da companhia do meu marido,


chamei Kalese para me acompanhar, por isso o nosso encontro.

─ O seu marido não ficará chateado?

─ Em que sentido?

─ Você ir a uma festa sozinha, geralmente só vai em eventos


beneficentes.

─ Não precisamos ficar grudados um no outro, temos nossa

individualidade. Além do mais, não estarei sozinha. Já olhou ao


nosso redor? ─ falo, me referindo aos homens que acompanham
cada um dos meus passos.

Eu queria muito voltar a ficar com apenas dois, mas Alec é


irredutível em relação a isso. Não importa o lugar, sempre estarei

com esses quatro e isso chama muita atenção, e não de uma


maneira positiva.

─ É estranho como há uns meses sua realidade era bem


diferente, amiga. Olha só, vestindo roupas de grife, andando em um

carrão e com quatro brutamontes na cola. ─ Bebe um gole generoso


da sua bebida. ─ Espera, se me lembro bem, você não tinha tantos.

O que aconteceu?

Eu sabia que se contasse sobre o atentado ela ficaria maluca,

então guardei essa informação para mim. Talvez, tenha chegado o


momento de falar.

─ Lembra da última viagem que fiz? ─ Concorda com a

cabeça. ─ Um homem me manteve sob a mira de uma faca, e talvez


pudesse ter acontecido algo pior.

─ O QUÊ? ─ grita, chamando atenção de todos em volta. ─ Já


passou um mês, por que só está me contando agora?

─ Não queria preocupá-la.


Algo me diz que aquela não será uma situação isolada, só
espero não ser tão grave.

─ Que merda, Brianna! Não importa o quão preocupante seja,


você tem obrigação de me contar essas coisas. Por que ele te

ameaçou?

─ Não tenho certeza do motivo, mas tinha ligação com o Alec.

─ Ferir a esposa do inimigo para atingi-lo, eles não sabem que


isso é clichê? ─ ela fala e vejo o sorriso discreto do Hernandez.

─ Esse é o motivo dos seguranças, Alec não me deixou

argumentar e também troquei de carro. Mas, não vamos ficar


falando sobre isso. O que vai fazer no fim de semana?

─ Trabalhar igual uma condenada, por quê?

─ O que acha de irmos às compras? Depois podemos jantar

em qualquer lugar de sua escolha.

─ Não precisa falar duas vezes, é claro que topo. ─ Sua

animação é realmente contagiante. De certa forma, se não fosse por

ela eu não estaria nessa situação, então preciso agradecer à minha


amiga.

Conversamos mais um pouco e nos despedimos, ela vai direto

para o trabalho, por isso não aceita a carona. Agora que estamos
chegando em casa, volto a ficar com raiva. Será que Alec dará

alguma desculpa ou irá falar na minha cara? Bem, não é como se


ele me devesse alguma satisfação.
Alec

Tem meia hora que cheguei em casa e nem sinal da Brianna,

liguei para o Hernandez e ele disse que estão presos no trânsito.

Talvez hoje eu cozinhe, mostrarei os meus dotes culinários para ela.


Não consigo explicar o que diabos aconteceu naquela noite, no

hotel, por que não importa o que faça, não consigo tirá-la da cabeça
e isso está me irritando ao extremo.
Por conta disso, ontem, quando saía do cassino, esbarrei em

uma mulher muito parecida com Brianna. Ela demonstrou interesse


e decidi não perder tempo, estava há um mês sem sexo, também

não sou de ferro. Mas, diferente do que imaginei, não chegou aos

pés do momento que tivemos.

Porra, estou muito fodido! Queria que dormíssemos juntos

novamente, e para isso preciso criar o clima perfeito, não é como se


pudesse chegar para ela e dizer: Brianna, vamos transar! Aposto

que é alguma loucura do Ramon, ele deve ter me jogado alguma

praga, isso explicaria tudo.

Enquanto separo os ingredientes, escuto a porta da sala se

abrir.

─ Se uma das cláusulas do contrato for quebrada, o que

devemos fazer? ─ Estranho sua pergunta e sua expressão nada

agradável.

─ Do que você está falando, Brianna?

─ Sobre se envolver com outras pessoas, desde que não seja

descoberto.

─ Você por acaso saiu com alguém? Por isso está

perguntando? Se for esse o caso, não se preocupe, não lhe cobrarei


uma multa ou nada do tipo, só ficarei chateado por ter se deixado
mostrar.

─ Esse é o ponto que eu gostaria de chegar. Não me importo

que você saia com outras mulheres, afinal de contas, não é porque

dormimos uma vez que temos algo. Mas se quer fazer isso, não se

deixe fotografar, pois me colocou em uma saia justa.

Olho para ela, confuso, não estou sabendo de nenhuma foto.

Que merda essa mulher está falando?

─ Durante o evento, fui questionada sobre a sua traição.

Tiraram fotos suas ontem à noite, em um hotel com uma mulher. Por

sorte, de perfil ela parecia comigo, então consegui dizer que era eu.

Da próxima vez, deixarei que você saia como o marido que trai sua
esposa. ─ Suas palavras são duras, e isso está me irritando.

─ Cuidado com a boca, Brianna ─ alerto a mulher que me

encara, séria.

─ O único que deveria ter cuidado aqui é você, Alec. Limpe a

bagunça que você fez, está em vários sites. ─ Vira-se de costas,


indo para o quarto.

Pego meu celular e logo encontro as malditas matérias.

Sempre vou naquele hotel e nunca vazou nada, como tiraram essa
maldita foto? Ligo imediatamente para Willian, que atende no

primeiro toque.

─ Sim, chefe.

─ Como você deixou eles publicarem essa merda? ─ grito


chateado.

Situações assim já aconteceram antes, mas por algum motivo,


agora estou ainda mais irritado com essas matérias malditas. Tantas

celebridades para esses abutres perseguirem, e eles escolhem ficar


na porra da minha cola.

─ Do que o senhor está falando?

─ De alguma forma eles conseguiram uma foto minha de


ontem à noite, não quero saber que está tarde, resolva isso o mais

breve possível.

─ Ok, senhor, farei isso agora mesmo.

Encerro a ligação, com raiva! Envio uma mensagem para os

meus advogados convocando uma reunião para amanhã, deve ter


alguma forma de evitar que falem sobre mim ou Brianna. Se for

necessário processá-los, não hesitarei em seguir por este caminho.


Estou cansado dessa imprensa maldita me foder com suas
matérias, mesmo sendo verdade, elas não têm o direito de publicar.
─ Hernandez, por que você não reportou o que aconteceu hoje

à tarde? ─ pergunto assim que ele entra.

─ A senhora Brianna deu ordens para que não disséssemos


nada, ela conversaria contigo à noite.

─ Quem paga o salário de vocês?

─ “O Alec pode pagar o salário de vocês, mas eu posso


demonstrar o meu descontentamento e pedir para que mandem

vocês embora.” ─ O encaro sem entender nada. ─ Foram essas as


palavras da senhora, ela estava bem ameaçadora.

Não dá para acreditar que esses marmanjos ficaram com


medo de uma mulher. O dispenso, ainda sem acreditar em suas

palavras. Desde o começo ela já sabia o que fazer, por isso não
permitiu que eu soubesse antecipadamente. Se eu tinha qualquer

esperança de transar com a Brianna, depois dessa noite devo


esquecer.

Os dias sucederam de maneira tranquila, após uma reunião


com minha equipe jurídica, eles acharam melhor tentar um acordo,
caso não tenha solução partiremos para os tribunais. Desde aquele
dia, retrocedemos completamente e Brianna fala apenas o básico
comigo. Por mais que nossa relação não seja convencional, de

alguma forma a chateou e não sei como reverter a situação.

No cassino, decido aproveitar um pouco e jogar, ou melhor,


tirar o dinheiro dos gananciosos. Por ser fim de semana, está bem
cheio e agradeço por isso, afinal de contas, quanto mais pessoas,

maior será o faturamento.

─ Chefe, posso falar com você por um minuto? ─ Surpreendo-


me com a aproximação do Apollo.

─ Qual o problema dessa vez?

─ Não sei se pode ser chamado de problema, mas Hernandez


reportou sobre uma saída da senhora Brianna. Nesse momento eles

estão em uma festa.

─ Por que eu só estou sabendo disso agora?

─ A senhora disse para não falar nada, no entanto, ao chegar

no local, Hernandez achou melhor nos informar. A festa em questão


é da esposa do LeBlanc, acionista majoritário da Blanc Automotivos.

Lembro que na noite do atentado, jantamos com alguns

empresários e eles eram parte dos convidados, não sabia que elas
tinham se aproximado a esse ponto. Entendo que não devemos
satisfação um ao outro, mas por que diabos Brianna não me contou
sobre isso?

─ O que devemos fazer?

─ Nada. Mande ficarem de olhos bem abertos, não irei tolerar

outra falha. Qualquer sinal de alerta, a levem embora imediatamente


do local.

─ Tudo bem, senhor. ─ Antes de se afastar completamente, eu

digo:

─ Apollo, se a minha mulher chegar com algum arranhão, toda


a equipe será punida ─ falo sério e ele sabe que não estou para

brincadeiras.

Volto para minha diversão da noite, apesar de a minha mente

estar longe, precisamente em uma mulher que parece não ter medo

de me desafiar. Talvez seja isso que me chame tanto atenção em

Brianna, gosto de como ela é corajosa.

“Eu sempre saberei todos os seus passos, Brianna.”

Envio a mensagem e guardo o celular.

A noite segue tranquila e posso dizer que fico um pouco mais

rico. Se dinheiro não traz felicidade, por que estou contente? Uma
mulher da mesa ao lado não faz a menor questão de disfarçar seus

olhares, ela é bonita, porém, não estou no clima para dormir com
ninguém.

Uma hora depois encerro a diversão e sigo para o escritório,


pegarei uns documentos e irei embora, acho que ficarei uns dias

sem aparecer por aqui. Não sei por que diabos trabalho tanto, sendo

que tenho funcionários o suficiente para fazer.

─ Alec... ─ Antes de entrar no elevador, escuto meu nome em

uma voz feminina. Viro-me, dando de cara com a mulher de antes.

─ Nos conhecemos?

─ Não, pensei que poderíamos mudar isso hoje mesmo.

Quando me disseram que você era ainda mais bonito pessoalmente,


não acreditei, pelo visto as pessoas estavam certas ─ fala tocando

no meu braço.

─ Não tenho intenção de mudarmos isso, se você me der

licença, tenho muita coisa a fazer.

Ela agarra o meu pulso, sem pensar duas vezes, puxo o meu
braço fazendo com que se desequilibre e quase caia no chão. Por

que esses filhos da puta não estão agindo? É por que é uma

mulher?
─ Não mentiram quando disseram que sua personalidade era

horrível, pelo visto não sabe como tratar uma mulher.

─ Mesmo com esses rumores, vocês continuam vindo atrás do


meu marido. ─ Brianna aparece na companhia do Hernandez. ─ Eu

te disse que deveríamos ter ido para casa.

─ Aconteceu alguma coisa?

─ Decidimos ir embora por precaução, tinha uns homens que

não tiravam os olhos da senhora, achamos melhor evitar qualquer


problema.

─ Vocês não conseguem diferenciar as coisas, eles não iam


me fazer nada, pelo menos não perigoso.

─ O que você quer dizer, Brianna? ─ pergunto, sem entender

onde quer chegar.

─ Eles não eram perigosos, só estavam dando em cima de

mim ─ responde emburrada, cruzando os braços na altura dos


seios.

Sem dizer uma palavra, a puxo para o elevador. Assim que as


portas se fecham, a prenso na parede, seguro firme sua cintura e

beijo sua boca. A princípio ela resiste, sem sucesso. Mordo seu
lábio inferior, sugando sua língua em seguida. Se Brianna queria me

provocar, conseguiu com maestria.


Brianna

─ Que merda você está fazendo, Alec? ─ Com muito custo

consigo sair dos seus braços.

─ Você não estava me provocando? Parabéns, teve êxito no

seu joguinho.

Ele está com raiva? A única que tem esse direito sou eu. De

uma hora para outra Hernandez disse que deveríamos ir embora, ao


invés de me levar para casa, por algum motivo me trouxe ao cassino

e ainda tive que presenciar aquela cena ridícula.

─ Não sei de onde você tirou isso, mas eu não estava te

provocando. Estou indo embora, não compreendo por que me


trouxeram aqui.

─ Ainda não acabamos de conversar.

O elevador se abre e ele me arrasta para a sua sala, fechando

a porta em seguida. Sem o menor cuidado, Alec me joga no sofá e

desfaz o nó da gravata, me dirigindo um olhar lascivo. Fica mais do


que claro suas intenções e sinto que serei traída pelo meu corpo. Eu

deveria estar chateada, não excitada.

Que inferno! Se ele não fosse lindo, tudo seria mais fácil. Ao
menos um pouco preciso me mostrar resistente. Por isso, levanto do

sofá e sigo para a porta, percebendo que ele tirou as chaves.

─ Vou fodê-la naquele sofá, então se você não quiser, olhe nos

meus olhos e diga para eu parar ─ sussurra por trás, beijando a


minha nuca e sinto todo o meu corpo arrepiar.

Suas mãos entram por baixo do meu vestido, apertando a

minha bunda. Leves mordidas são deixadas em meu pescoço, me

impossibilitando de pensar de maneira correta.


─ Brianna, qual a sua resposta? ─ Morde o lóbulo da minha
orelha, esfregando sua ereção em mim. ─ Estou completamente

duro por você, e aposto que você está encharcada e louca para ser

fodida.

Com a respiração pesada, viro-me, ficando de frente para ele.

Nossos rostos estão bem próximos, dificultando ainda mais o meu

autocontrole. Em seus olhos vejo desejo e não deve ser diferente


dos meus. Sem conseguir me conter, o puxo pela nuca, colando

nossos lábios. O beijo não é nada calmo, pelo contrário, é uma

mistura de urgência e desejo. Alec me pega nos braços e rodeio

minhas pernas em volta da sua cintura, já que começamos, não

temos por que perder tempo.

Alec retira minha calcinha e me coloca de costas para ele,

apoiada com as duas pernas no sofá. Sinto quando ele enfia dois

dedos dentro de mim.

─ Eu estava certo, você está tão molhada, Brianna ─ fala,

chupando o meu pescoço. ─ Sei que você merece mais do que isso,

mas agora não temos tempo para preliminares...

─ Pare de falar e faça logo, Alec ─ imploro, sentindo o meu

sexo pulsar cada vez mais.


Sem questionar ou dizer uma palavra, ele enrola meus cabelos

na mão e em questão de segundos me preenche, fazendo um


gemido involuntário escapar da minha boca. Ao mesmo tempo que

se movimenta com agilidade, Alec estimula o meu clitóris, e não


consigo controlar as reações do meu corpo. Eu quero gritar de
prazer, porém, não estamos em um lugar apropriado.

─ Eu quero escutar a sua voz, Brianna.

─ Não posso, qualquer pessoa pode escutar.

─ Além de nós, duvido que tenha mais alguém neste andar.


Não se contenha, quero tirar tudo de você, inclusive seus gemidos

de prazer. ─ Dito isso, aumenta seus movimentos e sinto os sinais


de um orgasmo.

Quando estou prestes a gozar, ele para e se retira de dentro

de mim.

─ Por que parou?

─ Quero você gozando na minha boca. ─ Assim, muda nossas

posições me colocando sentada, completamente exposta para ele.

Sua língua quente entra em contato com o meu clitóris. Um


gemido escapa dos meus lábios, enquanto ele suga e dá leves
mordidas. Alec coloca dois dedos dentro de mim e começa um
movimento de vai e vem gostoso, encontrando rapidamente o meu

ponto G. Ele continua me chupando, dando também atenção aos


meus seios. Seguro firme em seus cabelos, puxando com um pouco

mais de força que o necessário. Meu corpo reage ao seu toque e


não vai demorar muito para chegar lá. Como se pudesse ler meus

pensamentos, Alec passa a me chupar lentamente e sem esperar,


sou atingida por um delicioso orgasmo.

─ Alec...

─ Seu gosto é delicioso, Brianna. ─ Em um ato extremamente


sexy, passa a língua no canto da boca, limpando os resquícios do

meu gozo.

─ Sente-se. ─ Mando assim que recupero o fôlego e ele

apenas obedece.

A essa altura do campeonato, até esqueci o porquê estava


chateada e todos os sinais de alerta que recebi da minha

consciência. Movida pelo tesão do momento, o beijo, sentindo um


pouco do meu gosto em seus lábios. Afasto-me, descendo
lentamente. Desabotoou sua camisa e passo a unha por sua pele, e

não contenho a vontade de passar a língua por seu abdômen


definido. Em frente ao seu membro ereto, não consigo explicar o
desejo que estou sentindo.

Passo a língua por cima, antes de colocá-lo todo em minha


boca. Faço um movimento de vai e vem, pelas palavras

incompreensíveis que saem de sua boca, acho que está gostando.

─ Ter a sua boca quente em volta do meu pau é delicioso, mas


preciso estar dentro de você, Brianna.

Alec me puxa pelos ombros, me colocando deitada no sofá, se


posiciona entre as minhas pernas, entrando de uma só vez. Suas

estocadas se tornam mais rápidas, sinto ondas de prazer passando


pelo meu corpo e nesse momento, apenas o barulho de nossos
corpos se chocando pode ser escutado. Ele me beija e aproveito

para chupar sua língua, intercalando com pequenas mordidas em


seus lábios.

Em determinado momento invertemos nossas posições e fico

por cima, subo e desço, enquanto suas mãos apertam com força a
minha cintura, deixando tudo mais quente e intenso.

─ Você falou aquilo para me provocar, não foi?

─ O que eu disse? ─ pergunto confusa, não consigo pensar


muito agora.
─ Que os caras estavam dando em cima de você. Foi apenas
uma punição por causa da foto, certo? ─ Suga um dos meus seios.
Por que ele quer conversar nessa situação?

─ Não podemos conversar em outro momento?

─ Não, me responda, Brianna!

─ Eu disse apenas a verdade, eles estavam dando em cima de

mim, os brutamontes que entenderam tudo errado.

─ Você é uma mulher casada...

─ Você também é um homem casado! E diferente de você,


Alec, não me deixaria ser fotografada e aproveitaria muito bem a

noite. ─ Como resposta, passa a se movimentar muito rápido. ─

Devagar, Alec.

Ele não responde e mais uma vez inverte nossas posições,

deitada no sofá, ficamos cara a cara e não consigo sustentar o seu

olhar. Escondo o meu rosto em seu peito, sentindo mais um


orgasmo se aproximando. Arranho suas costas, quando Alec passa

a se movimentar ainda mais rápido, sugando e mordiscando o meu

peito. Sem conseguir me conter, gozo chamando o seu maldito


nome, quando um gemido sexy escapa dos seus lábios, gozando

logo em seguida.
Com nossas respirações aceleradas e os corpos cobertos de

suor, ele deita por cima de mim, apoiando o peso do seu corpo nos
braços. Minha mente está uma loucura, não sei o que falar.

─ Quando chegarmos em casa...

─ Já sei, você vai brigar comigo. ─ O interrompo emburrada.

─ Não, iremos para um segundo round. Esse sofá é muito


pequeno e ainda quero desfrutar do seu delicioso corpo.

Isso tudo é muito confuso, e o pior é que realmente não sinto


vontade de retrucar. Por mais que eu tente, não consigo negar o

quanto o meu corpo quer ser tocado por ele, apesar de todos os

alertas de perigo.

Se incrementarmos sexo em nosso contrato, qual a

probabilidade de dar errado?


Alec

Cansei de tentar lutar contra os meus pensamentos, apenas

decidi aceitar o fato de que Brianna não sai da minha cabeça. Essa

mulher se impregnou em mim de uma maneira inexplicável, todos os


dias quando chego do trabalho, nós jantamos juntos. Não dá para

entender como seus lábios são tentadores, ao ponto de me fazer


querer beijá-los o tempo todo.
Não sinto vontade de dormir com mais ninguém, por isso,

enquanto nosso contrato estiver ativo ficarei apenas com ela. Se


tenho uma linda mulher ao meu alcance, por que procurar fora?

Fomos a alguns eventos e todos a elogiam, modéstia parte,


soube escolher bem a minha esposa. Quando tudo isso terminar,

talvez possamos manter uma espécie de amizade com benefícios.

Essa noite sairemos para jantar fora na companhia do meu tio,


ele insistiu no convite e não pude recusar.

─ Bastardo, se eu não o procurar, você esquece da minha


existência, não é mesmo? ─ Ramon entra de supetão na minha

sala.

─ Quando você entrará na minha sala depois de ser


anunciado? Por acaso acha que isso aqui é uma zona?

─ Sou seu amigo, não preciso dessas formalidades bobas. ─

Senta-se na cadeira à minha frente. ─ Vim te fazer um convite

irrecusável, você vai me agradecer depois.

─ Seja lá o que for, minha resposta é não.

─ Não seja precipitado, escute antes.

─ Minha resposta continua sendo não, Ramon.


─ Fui convidado para uma festa vip na boate de um conhecido,
fiquei sabendo que terão muitas dançarinas e acompanhantes de

luxo. Meu amigo tem um bom gosto, então aposto que as mulheres

são verdadeiras beldades.

─ Dispenso ─ respondo friamente, e ele me olha chocado.

─ Que merda está acontecendo contigo, Alec? Desde quando


você dispensa mulher gostosa?

─ Decidi focar apenas no meu casamento, um vacilo quase

arruinou tudo e não quero correr nenhum risco novamente.

─ Você sabe que celulares são proibidos nas festas, não tem

como te fotografarem ou qualquer coisa do tipo. Faz tempo que não


saímos juntos.

─ Podemos beber juntos outro dia, mas não pretendo ir a essa

festa. Por enquanto estou satisfeito com a Brianna.

─ Você está apaixonado!? ─ Parece mais uma afirmação do

que uma pergunta.

─ Não.

─ Não minta para mim, Alec! Desde o começo você disse que

seu relacionamento era só fachada, inclusive colocou uma cláusula

específica no contrato, então essa é a única explicação.


─ Você está errado, nós apenas aproveitamos os benefícios do

nosso casamento, não precisamos estar envolvidos


emocionalmente para isso. Depois da foto que saiu nos jornais,

decidi não me envolver mais em polêmicas.

─ Bastardo, te conheço há anos, não venha com essa

desculpa esfarrapada para cima de mim. Nunca pensei que você


fosse se apaixonar tão rapidamente. Ela é boa de cama? Por isso

está desse jeito?

─ Filho da puta! Cuidado com a boca, veja a maneira como


fala da minha esposa, Ramon. Eu não estou apaixonado, e se
estivesse não seria da sua conta, idiota. ─ Levanto, lhe dando as

costas. ─ Tenho algumas coisas para resolver, quando sair não


esqueça de fechar a porta.

Confesso que tenho pensado bastante em Brianna, mas isso

não significa que estou apaixonado, não tem como ela ter derrubado
as barreiras que estabeleci.
Depois de receber uma mensagem do meu tio cancelando o

jantar dessa noite, dispensei a cozinheira e decidi preparar algo


para jantarmos. Brianna chegou há poucos minutos e foi direto para

seu quarto, disse que tomaria um banho e se juntaria a mim. É


estranho como tanta coisa mudou de uns meses para cá, quando

poderia imaginar que estaria cozinhando para alguém? Bem, de


todo modo não é ruim. Esse casamento me trouxe muitos
benefícios, não apenas na vida profissional.

─ Não sei o que você está cozinhando, mas pelo cheiro parece

divino. ─ Brianna aparece e se senta atrás do balcão, me


observando.

─ Você não tem nenhum tipo de alergia, certo? Sei que eu


deveria ter perguntado isso bem antes.

─ Não, nenhuma. ─ Toma um gole de água e ela parece um

pouco doente, meio cabisbaixa.

─ Aconteceu alguma coisa hoje?

─ Por que a pergunta?

─ Você parece um pouco abatida.

─ Não tenho certeza, hoje acordei um pouco enjoada, talvez

por ter comido algo que não me fez bem.


─ Por que você não foi ao médico? Poderia ter cancelado
todos os compromissos e se concentrado unicamente em sua
saúde. ─ Aproximo-me e toco em sua testa, sem sinal de febre. ─

Vamos jantar e depois você irá descansar, se amanhã continuar,


mandarei que te levem até o hospital.

Ela não retruca e vejo o quanto parece cansada, talvez sua


rotina esteja sendo muito cansativa e eu tenho culpa nisso, afinal de

contas, dei ordens para que aceitassem todos os convites de ações


beneficentes, pois isso ajudaria a manter uma boa imagem. Assim

que terminarmos, mandarei Willian resolver essa questão.

Arrumo toda a mesa e sirvo o nosso jantar, enquanto


comemos, conversamos amenidades e não consigo desviar o olhar
do seu rosto. Tem algo na Brianna que me atrai de uma maneira

inexplicável, gosto de como ela parece ousada e inocente ao


mesmo tempo. Seus olhos me transmitem uma paz que nunca senti

antes.

Eu deveria tentar nos dar uma chance?

Brianna seria igual àquela que me abandonou?

Quando o contrato terminar, ela vai virar as costas sem se

importar com tudo que passamos ao longo desses doze meses?


Tantas perguntas que necessitam de respostas, mas não faço
ideia de como obtê-las. A única certeza que eu tenho, é de que essa
mulher não sai da minha cabeça, depois que a tive em meus braços

só me ferrou ainda mais.

─ Alec... ─ Saio do transe quando Brianna me chama. ─


Quem estava por trás daquele homem?

─ O Adam ─ respondo tirando os pratos da mesa.

─ Aquele capanga que mandei procurá-lo?

─ Sim. Depois de sua visita indesejável no cassino, paguei a

quantia que ele pediu, mas não sem antes lhe dar uma boa lição.
Talvez a surra tenha o enfurecido.

Sentada no sofá, ela parece pensativa, me aproximo,


sentando-me ao seu lado.

─ Por que ele faria isso? Bem, se você mandou que lhe

dessem uma surra, significa que Adam tinha ciência do seu poder e
como provavelmente não sairia ileso dessa situação.

─ Não foi exclusivamente por causa daquela questão, nós já


tivemos algumas desavenças e a raiva era mútua. Adam é o tipo de

homem que faz qualquer coisa por dinheiro, ele não se importava
em ser um filho da puta e tivemos várias discussões em decorrência

disso.

Seguro sua mão entre as minhas, e toco delicadamente seu

rosto, controlando a vontade de beijá-la. Seus lábios parecem tão


chamativos, que é uma tarefa difícil me manter afastado deles.

─ Posso te fazer uma pergunta?

─ Sim, fique à vontade. ─ Coloco uma mecha do seu cabelo

atrás da orelha.

─ Escutei umas mulheres falando que tinham pena de mim,

porque eu estava em um casamento onde o meu marido não

gostava de beijos. Fiquei me questionando, pensei que estavam te

confundindo, mas falaram o seu nome. Isso é verdade? ─ Encara-


me esperançosa.

─ Elas estão certas, eu não gosto.

─ Mas você me beijou e não apenas uma vez, isso não faz

sentido. E como você transava sem beijar as mulheres?

─ Beijo é algo sentimental, não precisamos de sentimentos na

hora do sexo.

─ Nós nos beijamos... ─ Sua cara confusa é realmente fofa.


─ Sim, porque eu gosto de beijá-la. Seus lábios são

extremamente tentadores, Brianna.

Aproximo-me, beijando-a. Realmente não tenho uma resposta


exata, só sei que diferente das outras mulheres que tentaram,

Brianna é a única que eu passaria horas desfrutando dos seus

lábios sem qualquer arrependimento.

─ Acho que eu deveria ir dormir. ─ Se afasta com o rosto

avermelhado. ─ Boa noite, Alec.

Beija minha bochecha e segue em direção ao seu quarto.

Preciso desvendar esse enigma chamado: Brianna Brassard.


Brianna

Eu não pretendia ir até o hospital, mas depois de acordar

durante a madrugada e colocar tudo para fora, pensei que talvez

possa ter alguma coisa errada. Até tentei tomar café da manhã,
quando dei a última colherada, todo meu estômago começou a

embrulhar e nada parou, mais uma vez vomitei tudo.

Quando me levantei o Alec já não estava mais em casa, ele

apenas deixou uma mensagem dizendo que resolveria algumas


coisas e se eu não estivesse me sentindo bem, era para ir até o

hospital da família do Ramon.

Agora estou na recepção, aguardando até chegar a minha vez,

e sinceramente, espero que não seja nada muito grave. Nunca fui
de ficar doente com facilidade, então não será a primeira vez.

Pensei que possa ter relação com a minha rotina exaustiva, gosto

de participar dos eventos, principalmente porque a maioria são


beneficentes, mas talvez eu esteja me esforçando demais e o meu

corpo tenha sentido o impacto das mudanças.

─ Senhora Brianna Brassard. ─ Uma médica, ao menos eu


acredito que seja, aparece me chamando.

─ Me aguarde na recepção, Hernandez, ok? ─ Realmente


queria ter vindo sozinha, como não foi possível, negociei com eles e

apenas Hernandez e o motorista me acompanharam.

─ Tudo bem, senhora.

Acompanho a profissional que inicia uma série de perguntas


que fazem parte do protocolo.

─ A senhora alegou que está sentindo enjoos, certo?

─ Sim, eu estava me sentindo cansada há uns dias, ontem de

fato começou os enjoos e nada para no meu estômago, inclusive


precisei acordar durante a madrugada para vomitar.

─ Comeu algo diferente do habitual?

─ Não, nenhuma coisa anormal.

─ E a sua menstruação, ela está em dia?

─ Sim, sem atrasos.

Faz algumas anotações, me deixando pensativa. Se a minha

menstruação estivesse atrasada ou em falta, eu seria a primeira a

suspeitar de gravidez, mas esse não é o caso.

─ Tenho algumas suspeitas. Primeiro faremos alguns exames

para confirmar. Por favor, vá até o banheiro e siga o passo a passo


descrito na embalagem.

─ Por que um teste de gravidez? Como eu disse, minha

menstruação não está atrasada, não faz sentido.

─ Brianna, grávidas não menstruam, mas podem ocorrer

sangramentos e dificilmente uma mulher saberá diferenciar e


acabam se confundindo. Você pode estar ou não esperando um

bebê, então até descobrirmos as causas do seu cansaço e enjoo,

por favor, faça o que eu pedi para descartarmos todas as

possibilidades ─ fala séria e decido escutar o seu pedido.


As chances de eu estar grávida são quase zero, logo esse

teste não fará diferença. Entro no banheiro e sigo todo o passo a


passo descrito na embalagem. Olho fixamente para o relógio,

aguardando os cinco minutos indicados. Sem entender por que


estou assustada, respiro fundo antes de pegar o teste.

POSITIVO. Leio novamente as instruções, talvez eu tenha


visto algo errado.

P-O-S-I-T-I-V-O

Como isso é possível? Ou melhor, nós sempre nos


prevenimos, então como aconteceu?

Céus, que merda... Isso precisa estar errado! Não consigo

entender como estou grávida, não houve nenhuma mudança


aparente no meu corpo exceto esses enjoos.

Depois de não sei quanto tempo, saio do banheiro ao escutar


batidas na porta. Entrego o teste à médica, que me dirige um sorriso

largo.

─ Doutora, nós usamos camisinha todas as vezes.

─ Vamos fazer um ultrassom para conferir de quantas


semanas você está, talvez esteja esquecendo de algo. Por favor, me
acompanhe.
No piloto automático, a sigo pelos corredores, sem conseguir

organizar ou decifrar pensamentos que estão rodando em minha


cabeça. Um filho não se encaixa no meu contrato com o Alec, tenho

certeza que sua reação não será uma das melhores e terei que criar
esse bebê, sozinha.

Eu seria considerada um monstro se abortasse? Devo levar


essa opção em consideração? Pelo amor de Deus, nunca me

perdoaria se tirasse a vida de um ser inocente, os únicos que


cometeram erros fomos nós, os seus pais.

Depois de clarear os meus pensamentos, acho que a única

vez que não usamos camisinha foi quando transamos na nossa


viagem a Girassol, estávamos levemente alterados pelo álcool e não
tenho lembranças de termos nos preocupado com essa questão.

Não vou pensar nisso agora. Deito na cama, ela levanta a

camisa e um gel gelado é colocado na minha barriga. Um aparelho


entra em contato com a minha pele e logo um barulho estranho

toma conta do espaço.

─ Esse é o coração do seu filho batendo. ─ Automaticamente

meus olhos ficam marejados.

Realmente tem um pequeno ser crescendo em meu ventre?


─ Olha só, temos um bebê do tamanho de um pequeno
tomate. Você está de 11 semanas, Brianna.

─ São três meses, certo? ─ Balança a cabeça concordando. ─


Não tive nenhuma alteração no meu corpo. Como isso é possível?

─ Algumas mulheres demoram a descobrir, no seu caso houve

sangramento e os outros sintomas foram tardios. Geralmente as


mamães passam a dar adeus aos enjoos nesse período, mas você
começou agora. O mais importante é que o seu bebê está

aparentemente saudável, Brianna, te aconselho a procurar uma


obstetra. Quer escutar o coraçãozinho mais uma vez? ─ Balanço a

cabeça, concordando.

Meu corpo é tomado por uma emoção desconhecida e

lágrimas descem de maneira silenciosa pelo meu rosto. Eu estaria


mentindo se dissesse que sempre sonhei em ser mãe, nunca

passou pela minha cabeça, mas desde que soube de sua


existência, algo parece diferente.

Terminamos os exames e sou liberada, vou até o banheiro e


jogo uma água no rosto, não quero preocupar ninguém. Encontro o

Hernandez e peço para que me leve à casa da Kalese, preciso de


um colo amigo. O trânsito colabora e rapidamente chegamos.
─ Pode esperar dentro do carro, talvez eu demore um pouco ─
respondo saindo e batendo na porta, que é aberta rapidamente.

─ Gente, que surpresa ter a ilustre Brianna Brassard na minha


casa ─ fala animada, perdendo o brilho assim que olha para o meu

rosto. ─ O que aconteceu, amiga?

─ Merda, eu vou ser mãe!

Começo a chorar novamente, sem conseguir me conter agora.


Meu corpo todo começa a tremer, minha mente está uma verdadeira

confusão e só consigo pensar no que farei de agora em diante.

Kalese me puxa para dentro de casa, me abraçando forte. Ficamos

assim por um tempo, e ela não diz uma palavra.

─ Isso, se acalma que não fará bem para o bebê. Vou pegar

um copo de água, sente-se.

Jogo a bolsa no sofá, me sentando em seguida. Limpo as

lágrimas teimosas que insistem em descer, eu preciso me acalmar,

dessa maneira não conseguirei chegar a lugar nenhum, muito


menos pensar em uma solução para o meu problema.

─ De quantas semanas você está? ─ Entrega-me a água.

─ Onze semanas!

─ Como você só descobriu agora? São três meses, né?


─ Sim, eu também não faço ideia do porquê não desconfiei

antes. Desde ontem estava vomitando, Alec sugeriu que fosse ao


hospital. Pensei que era esgotamento físico, não uma gravidez.

─ O que você vai fazer?

─ Sinceramente? Não faço a menor ideia. Você sabe do que

se trata o meu casamento, no contrato estava explicito que não

deveria envolver sentimentos, imagine um filho. ─ Balanço para


frente e para trás, abraçando o meu próprio corpo. ─ Não sei como

contar para o Alec, minha única certeza é que sua reação não será

boa.

─ Por mais que ele não tenha uma boa reação, não é como se

você tivesse feito esse filho sozinha, também é responsabilidade do

seu marido, e querendo ou não, vocês terão que conversar a


respeito.

─ Eu estou com medo, Kalese.

─ Ter medo é normal, só não podemos deixar que ele dite

nossos passos. ─ Puxa-me para um abraço. ─ Não importa o que

aconteça, eu estarei ao seu lado, e se for necessário, quebro a cara


do Alec.
Pedi para que os seguranças não contassem sobre minha ida

ao hospital, eu mesmo me encarregarei disso. Não tenho como

fugir, terei que encará-lo.


Brianna

Um mês se passou e não tive coragem de contar que estou

grávida. Naquela noite, quando cheguei em casa, Alec se mostrou

tão preocupado que tive medo. Nós estamos nos dando tão bem e
eu sei que a gravidez mudará tudo. Não posso mais fugir, uma hora

ele irá descobrir e será muito pior se não sair da minha boca.

─ Por que você parece tão pensativa? ─ Alec toca

carinhosamente no meu rosto. ─ Eu estava pensando em fazermos


uma viagem, como se fosse uma segunda lua de mel, já que não

aproveitamos de fato a nossa primeira, o que acha?

─ Pode ser uma boa ideia, mas antes precisamos conversar.

Afasto-me, sentando na cama. Ele tem os olhos fixos em mim,


esperando que eu fale. Meu coração parece que vai sair pela boca,

estou nervosa como nunca antes.

─ Sei que nosso relacionamento tem como base um contrato,

e não temos de fato uma relação como os outros casais, mas...

─ Você quer que sejamos iguais aos outros? Tudo bem, por
mim não vejo problemas, Brianna. Faz um tempo que estou levando

nosso casamento a sério, depois daquela foto não fiquei com mais

nenhuma outra mulher, até porque você ocupa todos os meus


pensamentos diariamente. ─ Beija a minha bochecha, me dói saber

que suas palavras vão perder a veracidade em alguns minutos.

─ Estou grávida! ─ Vou direto ao ponto, já enrolei demais.

─ Você o quê? ─ Dá um pulo da cama, me olhando sério.

─ Estou grávida de 15 semanas e o filho é seu.

─ Nós sempre nos prevenimos, não tem como essa criança

ser minha, Brianna.


─ Quando descobri também fiquei sem entender, mas lembrei
que na nossa primeira vez não usamos nada e transamos a

madrugada inteira naquele dia.

Ele passa a mão, repetidas vezes pelo cabelo, me deixando

mais nervosa. Andando de um lado para o outro, Alec não diz uma

palavra e isso me preocupa ainda mais.

─ Eu não quero ser pai.

─ Eu também não queria ser mãe, Alec. Nunca me imaginei

com um bebê no ventre, você acha que é o único assustado com

isso? Há um mês venho guardando isso comigo, até encontrar o

momento apropriado para te contar.

─ Tire essa criança ─ ele fala inexpressivo, da mesma maneira

de quando nos conhecemos.

─ Não irei tirar, o bebê cresce saudável em meu ventre e não

pode pagar pelo erro de dois adultos. Sei que pode ser assustador,

mas podemos encontrar uma solução, ou eu posso sumir da sua

vida, não me importo.

─ Você não está entendendo, Brianna. Nos casamos por

causa dos meus negócios, não quero construir a porra de uma

família. Não importa o que diga, não posso ser pai.


Tento a todo instante controlar as minhas lágrimas, e falho

miseravelmente. Essa é uma reação já esperada por mim, não fiz o


filho sozinha, mas não posso obrigá-lo a assumir. Sempre batalhei

na vida e consegui sobreviver, não será agora que as coisas serão


diferentes.

─ Tudo bem, eu vou sumir da sua vida, não precisa se


preocupar comigo ou com meu filho. Meu pai me criou sozinho, não

deve ser tão difícil.

─ Brianna você não está entendendo, eu quero que você tire


essa criança.

─ E eu já falei que não irei abortar o meu filho ─ grito, sentindo


o meu corpo tremer em decorrência do choro. ─ Entendo que você

não queira ser pai, mas eu estou disposta a ser mãe.

Enfurecido, Alec se aproxima e dou alguns passos para trás,


me chocando contra a parede. Ele segura o meu braço e diz:

─ Você acha que vou cair nessa sua conversa? Você está
dizendo que vai criar essa criança sozinha, mas depois vai aparecer

na minha porta exigindo os seus direitos, pedindo que eu arque


financeiramente ─ fala com o dedo rente ao meu rosto. ─ Eu sou o

pai e também tenho o direito de opinar. Tire!


─ Foda-se que você é o pai, o corpo é meu e eu decido se

continuarei ou não com a gestação. Sabia que sua reação não seria
uma das melhores, só não pensei que fosse ser um grande filho da

puta.

─ Brianna...

─ Me solta, Alec. Lá no fundo, confesso que tinha esperanças

de que você pudesse ficar feliz por saber que seria pai, como sou
burra. ─ Minha voz sai entrecortada por causa do enorme nó em

minha garganta. ─ Vamos romper o contrato, arrumarei minhas


coisas e irei embora agora mesmo.

Mágoa, raiva, decepção. Não consigo definir como estou me


sentindo, o que me machucou não foram suas palavras, mas seu

olhar frio. Meu peito dói de uma maneira inexplicável.

─ Não precisa sair agora, eu farei isso.

Vira as costas e bate a porta do quarto, escuto a da sala bater


também. Meus joelhos cedem e me permito colocar toda a dor que
estou sentindo para fora. Eu também não planejava ser mãe, mas

nem por isso teria uma reação como essa. Meu filho não tem culpa
dos meus erros.
Aliso a minha barriga, tentando mostrar para o meu pequeno,
que agora tem o tamanho de uma laranja que tudo está bem, apesar
das fortes emoções sofridas por sua mamãe.

Sigo até o meu quarto, pois estava no do Alec, separo uma

pequena mala e coloco apenas o necessário, pretendo comprar tudo


novamente. Pego meus documentos e troco de roupa, não importa o
que ele disse, não posso continuar nessa casa. Mando mensagem

para Kalese perguntando se eu poderia passar a noite lá, e minha


amiga responde que sim.

No estacionamento encontro com os brutamontes, que me

olham confusos.

─ Para onde a senhora está indo? O chefe sabe?

─ Seu chefe e eu não temos mais nada, então não precisam

me seguir, já chamei um táxi e ele chegará em alguns minutos.

─ Senhora Brianna, não podemos deixá-la sair dessa maneira,


o chefe vai... ─ Interrompo Hernandez, sem paciência.

─ Foda-se o chefe de vocês, eu acabei de dizer que nós não


temos mais nada. Quando ele saiu agora a pouco, alguém ousou

impedi-lo? Pois bem, espero receber o mesmo tratamento ─


esbravejo com ele. ─ Meu carro chegou, com licença.
O motorista sai e me ajuda com a mala, entro e deixo meu
corpo descansar sobre o banco do passageiro, tentando não
mostrar fraqueza na frente desse desconhecido. Ao sair do luxuoso

prédio, não consigo controlar as minhas emoções e choro


lembrando do que acabou de acontecer. Pelo retrovisor o senhor me

olha preocupado, me fazendo cobrir o rosto com as duas mãos.

“Tire essa criança.” Como um disco arranhado, sua fala passa


repetidas vezes por meus pensamentos, me machucando ainda

mais.

Hoje eu também percebi uma coisa: o que sinto por ele é mais

forte do que realmente imaginei. Em um minuto Alec estava

propondo uma segunda lua de mel, e agora estou aqui, sentindo o


meu coração ser esmigalhado a cada segundo.

Coloco a mão na boca, me impedindo de fazer barulho,


enquanto choro copiosamente e meu corpo é tomado por soluços

involuntários.

─ Laranjinha, de agora em diante será apenas você e a


mamãe.
Alec

Porra! Eu fugi como um covarde, não soube lidar com as

palavras da Brianna. Assim como o casamento, filhos nunca

passaram pela minha cabeça, minha mente está uma completa


bagunça, não sei o que pensar ou como agir.

Em seus olhos vi como minhas palavras a machucaram, mas


naquele momento não tinha como ser racional.
Por que, Brianna? Por que essa criança tinha que aparecer

justo agora no nosso melhor momento?

Bebo todo o líquido do copo de uma só vez, sentindo a bebida

descer queimando por minha garganta. A merda do meu peito dói,


porque eu tinha decidido não lutar mais contra os meus sentimentos

e ao menos até o final do contrato, esqueceria todas as cláusulas

que existem entre nós.

“Estou grávida!”

Essa frase se repete na minha mente, me fazendo ficar com


mais raiva. Além de ter que dividir sua atenção, terei mais um

motivo para me preocupar, um filho será um ponto fraco, uma

fraqueza usada por aqueles que querem me atingir.

─ Não acreditei quando me disseram que meu sobrinho estava

aqui, pela sua cara alguma coisa saiu do controle.

Depois de sair do apartamento não quis ir para o Cassino,

então decidi ir até o do meu tio para esfriar a cabeça.

─ Controle foi justamente o que me faltou, tio.

─ O que aconteceu? Serei seu ouvinte essa noite.

Sentindo-me um completo lixo, conto tudo nos mínimos

detalhes, sem esconder nada. Meu tio, por sua vez escuta
atentamente, mas não tenho coragem de encará-lo por muito tempo.
Tenho ciência de que minhas palavras foram duras e possivelmente

a machucaram, talvez seja isso que me deixa mais irritado. Sendo

levado pela situação, esclareço todas as condições do meu

casamento, ele não sabia sobre o contrato que tínhamos por trás.

─ Vamos conversar no seu escritório. ─ É a única coisa que sai

da sua boca.

Adentramos na sala e sem esperar, meu tio me acerta em

cheio com um soco e sei que foi merecido.

─ Você pode ser uma pessoa arrogante, enquanto solteiro não

via problemas em todas as mulheres que passavam em suas mãos.

Mas agora é diferente, não te criei para ser um lixo, Alec. Sendo um
contrato ou não, Brianna não fez o filho sozinha, você tem

obrigações e nenhuma delas inclui exigir que ela mate a criança que

está esperando.

─ Tio...

─ Eu ainda não acabei de falar. ─ Estende o dedo, me


parando. ─ Compreendo que por ser uma relação recente, a ideia

de ter um filho assusta, no entanto, a sua reação foi muito


exagerada até para uma pessoa como você. Me responda com

sinceridade, o que você sente pela sua esposa?

─ Droga! Eu gosto dela.

Tem uns dias que entendi como me sentia em relação a


Brianna, decidi não lutar mais contra isso, mesmo que eu nunca
dissesse a ela sobre os meus sentimentos.

─ Se você gosta, como foi capaz de proferir palavras que a

machucaram? Brianna provavelmente está com os nervos à flor da


pele por conta da gestação, imagine como foi difícil para ela quando
você mandou que abordasse o filho de vocês?

Lembro de como ela parecia ferida, em seus olhos tinham

mágoa e decepção, mas eu estava com tanta raiva que não me


importei em como ela se sentia.

─ Tio, eu não posso ser pai, não nasci para isso.

─ Depois que sua ex-namorada foi embora com outro, você


jurou que nunca mais se envolveria com ninguém. Agora há pouco

me disse que gosta da sua esposa, então assim como permitiu se


envolver emocionalmente com alguém depois de anos, tenho

certeza que aprenderá a ser um bom pai.


A maneira como ele fala parece fácil, mas eu sei que não é

assim.

─ Tio, uma criança será um alvo fácil, o senhor sabe que


temos muitos desafetos e...

─ Não use isso como desculpa, a sua mulher anda rodeada


de seguranças, o mesmo acontece com você, além dos carros

blindados. Você deveria ter pensado nisso antes de transar sem


proteção, não agora que o bebê cresce saudável.

Estávamos com tanta pressa naquele dia, eu enlouqueceria se

não colocasse minhas mãos em suas deliciosas curvas, e camisinha


foi a última coisa que passou em minha cabeça.

─ Não é tão fácil, tio.

─ Não sofra por antecipação, você será capaz de garantir a


segurança do seu filho, além do mais, não me importo em ajudar.

Depois que os meus pais morreram, meu tio me criou,


agradeço a ele por toda educação e aprendizado, pois influenciou

bastante no Alec que sou hoje.

─ O problema é que ela não deve querer me ver agora.

─ Ninguém poderá julgá-la por isso, passe essa noite na


minha casa. Amanhã converse com a sua mulher de maneira
racional, antes de qualquer coisa se coloque no lugar dela.

Ele sai do escritório me deixando sozinho e sigo para o

minibar, encho o meu copo com a primeira bebida que encontro. O


álcool é sempre uma ótima companhia. Brianna não satisfeita em se

impregnar na porra do meu coração, ainda está me fazendo cogitar


a ideia de ser pai.

Contrariando o planejado, fiquei três dias na casa do meu tio.


Acordei com uma puta ressaca e não tinha a menor condição de
encontrá-la. Estava com os pensamentos bem confusos, então

precisei de um pouco mais de tempo até tomar coragem.

─ Onde está a minha mulher? ─ pergunto ao Hernandez,


depois de olhar todo o apartamento e não a encontrar

─ A senhora Brianna foi embora na mesma noite que você


saiu, chefe.

─ O quê? Por que caralhos não a impediram?

─ Ela disse que não era mais sua esposa, assim como não o

impedimos de sair, também gostaria de ser tratada da mesma


forma.

─ Por que não me ligaram? ─ grito com raiva, esses idiotas se

deixam levar facilmente por ela.

─ Tentamos, porém, sem sucesso. O senhor não atendeu,


muito menos respondeu as mensagens. Um dos nossos a seguiu, a

senhora Brianna está na casa da senhorita Kalese.

Não me surpreende, elas são melhores amigas, a única


pessoa que Brianna pode considerar como família.

Tomarei um banho para esfriar a cabeça e irei até seu

encontro, só sairei de lá com a minha mulher.

─ Não importa o que ela fale, não a deixem sair até eu chegar,

entendido? ─ Balança a cabeça concordando ─ Não irei tolerar


erros, façam o que estou mandando e se necessário, a amarrem.

Saio da sala e sigo para o meu quarto. Preciso organizar os

meus pensamentos e decidir qual abordagem usarei com Brianna.


Minha intenção é resolver tudo não ferrar ainda mais.

Uma hora é suficiente para chegarmos até a casa da Kalese,


bato na porta e escuto passos do outro lado. Ela abre e sua

expressão não é nada amigável.

─ O que você faz aqui, Alec?


─ Vim buscar a minha mulher, onde ela está? ─ pergunto

sério, ignorando seu olhar ameaçador.

─ Sua mulher? Você abriu mão desse direito na noite que falou

um monte de besteiras, ela não quer falar ou te ver, então por favor,
vá embora agora mesmo.

─ Kalese, não me obrigue a ser grosso contigo. Estou aqui

para falar com Brianna e só irei embora com ela.

─ Não me importo com suas grosserias, estou te dizendo que

você não vai entrar na minha casa para incomodar uma mulher
grávida. Esqueceu que mandou que ela tirasse o bebê? Não

entendo por que veio, ou sua intenção é obrigá-la a fazer essa

barbaridade?

─ Não te devo satisfação, Kalese. Você vai sair da frente por

bem ou por mal? A escolha é sua. ─ Cruzo os braços, esperando

sua decisão, tenho todo o tempo do mundo.

─ Segunda porta à direita, se eu escutar qualquer grito da

minha amiga, chamarei a polícia.

Peço para que os meus homens aguardem na entrada.

Nervoso como nunca antes, subo as escadas. Paro na porta


indicada e respiro fundo, antes de abrir. Deitada com as pernas

encolhidas, Brianna me encara assustada.

A mulher corajosa que foi me procurar no cassino não se


assemelha em nada com essa, ela parece assustada e seus olhos

estão inchados.

Que merda eu fiz a essa menina?


Brianna

─ O que faz aqui, Alec? ─ Pulo da cama, será que ele já não

disse merda demais ontem?

─ Vim buscar a minha mulher ─ fala na maior naturalidade.

─ Você está bêbado ou algo do tipo? Quando você foi um filho


da puta, pensei ter deixado bem claro que nosso relacionamento

tinha terminado. Então por que diabos essa conversa agora?


─ Eu nunca disse que concordava com a sua decisão, nós

somos casados e não me lembro de termos assinado um divórcio.


Além do mais, não se esqueça que tem um contrato a cumprir, ainda

faltam alguns meses para terminar, Brianna.

─ Como eu posso ficar ao lado de alguém que renega o

próprio filho?

─ Você precisa entender o meu lado...

─ Que lado? Eu passei um mês assustada, tentando me

adaptar à ideia de que seria mãe. Meu corpo irá sofrer as


mudanças, é no meu ventre que o meu filho está crescendo. Você

não é o único com medo, Alec.

─ Me desculpe, ok? Eu optei por um contrato de casamento,


por não ser capaz de desenvolver sentimentos por outro alguém ao

ponto de casar. Você acha que uma pessoa assim, alguma vez

pensou em ser pai? ─ Ele suspira. ─ Essa hipótese nunca passou

pela minha cabeça. Não me orgulho da minha reação, mas não


tenho como voltar atrás.

─ Não consigo entender, eu sabia que você não teria uma das

melhores reações, só nunca pensei que fosse daquela maneira. A


porra das suas palavras me machucaram, Alec. Em algum momento
pensou em se colocar no meu lugar?

─ Naquele momento não, mas hoje as coisas são diferentes.

─ Diferente para você, é fácil chegar aqui com essa cara de

cachorro que caiu da mudança e achar que ficarei tocada com o seu

lindo discurso de arrependimento. Você rejeitou o meu filho... ─


Levo a mão ao ventre.

─ Nosso filho, Brianna, ele não é apenas seu.

─ Uau, agora é nosso? ─ Estou incrédula com a cara de pau.

─ Qual sua intenção por trás disso, Alec? Vamos direto ao ponto,

não estou com paciência para joguinhos.

─ Não tem nada por trás, como já disse desde que coloquei os

pés neste quarto. Vim buscar a minha mulher, entendo que possa

estar chateada, mas nós ainda somos casados e vou levá-la de

volta.

─ Não importa o que você fale, eu não voltarei para aquela


casa.

─ Tudo bem, posso comprar outra. ─ Ele encosta na parede,

me encarando sério.
Tem algo diferente nele, mas não cairei na sua conversa.

Depois de sair da nossa casa, chorei como se não houvesse


amanhã, nunca imaginei que tinha tantas lágrimas para colocar para

fora. Chegou um momento que não fazia ideia do porquê chorava, a


única coisa que eu sentia era uma dor inexplicável no meu peito.

─ Não se faça de desentendido, você sabe do que estou


falando, Alec. Não voltarei para uma pessoa como você, que

despreza o nosso filho que ainda nem veio ao mundo. Suas


palavras ainda rodam em minha mente e sinto como se uma faca

fosse cravada a cada instante.

─ Eu não fui completamente sincero com você.

─ Jura? Me surpreenderia se você tivesse sido sincero em

algum momento ─ respondo sem conseguir conter o meu sarcasmo.

─ Vou relevar seu sarcasmo porque sei que sou o único


errado, Brianna. ─ Dou de ombros, me sentando na cama. ─ Você
gostava de andar para todos os lados com segurança?

─ Claro que não, sempre te disse isso.

─ Pois então, você acha que eles estão ao seu lado como

enfeites? Os brutamontes, como costuma chamá-los, são


fundamentais para sua segurança e proteção. No momento em que
nos casamos, você se tornou uma fraqueza e qualquer um que

quiser me atingir, sabe por onde começar.

─ Fraqueza? Não estou entendo onde quer chegar.

─ A minha esposa é o meu ponto fraco, e todos que quiserem


me ferir, começarão por você.

─ Não é como se você se preocupasse, Alec.

─ Porra, é claro que me preocupo! Mesmo a uns meses atrás,


quando não tínhamos nenhum envolvimento, eu ainda me

preocupava com a mulher ao meu lado. Eu te propus aquele


contrato, então sou responsável por trazê-la para essa confusão e
não me perdoaria se algo lhe acontecesse.

─ Deixa eu ver se entendi, você está dizendo que sua reação

foi influenciada pelo medo. Pois além de mim, o nosso filho também
será praticamente um alvo.

─ Exatamente! Não me orgulho da forma como lidei com a


notícia, mas quero mudar isso e tentar me adaptar a essa nova

realidade. ─ Senta-se à minha frente na cama. ─ Por isso, quero


que volte para nossa casa.

─ Não irei.
─ Brianna, você não escutou nada do que acabei de dizer? ─
responde frustrado.

─ Escutei, entendo, mas não significa que vou perdoá-lo


facilmente. ─ Levanto, lhe dando as costas.

─ Brianna, olha para mim. ─ Vira-me, segurando o meu rosto

com as duas mãos, forçando um contato visual. ─ Eu gosto de você


e quero que volte para a nossa casa, você é minha esposa.

“Gosto de você”

Meu coração deveria bater dessa maneira só por escutar algo


simples? Seu rosto está muito perto, e não consigo manter o

controle quando estamos juntos. Esse maldito sabe do poder que


tem, com certeza está se aproveitando, mas dessa vez não irei
facilitar.

─ Aprecio suas palavras bonitas, mas não cairei na sua

conversa, Alec. Antes do nosso casamento, você dormia quase que


diariamente com uma mulher diferente, como posso acreditar
agora?

─ É verdade, mas nenhuma delas se impregnou na minha

mente igual a você... Nenhuma delas me deixou com vontade de


beijá-las a cada segundo, muito menos me fizeram cogitar e aceitar
a ideia de ter um filho. Porra, você bagunçou tudo, Brianna!

─ Me prove.

─ O quê?

─ Me prove em ações, não com palavras.

─ Como posso provar algo assim? ─ Ele parece bem confuso,


completamente perdido eu diria.

─ Não sei, um homem tão inteligente deveria saber algo tão

simples. ─ Consigo sair dos seus braços.

─ Tudo bem, eu posso fazer isso. Mas, você precisa voltar

comigo hoje para o nosso apartamento, arrume suas coisas e


vamos sair logo daqui.

─ Não irei ─ falo emburrada.

─ Se você não for, significa quebra de contrato, afinal de

contas temos uma cláusula que diz que devemos residir sobre o

mesmo teto.

─ Você quebrou uma e não houve punição.

─ Você não quis me punir, não significa que eu farei o mesmo.


Caso não tenha lido nas letras miúdas, a parte prejudicada poderá
tomar medidas de acordo com sua vontade. Por isso, se você não

voltar comigo agora, terá que pagar uma multa de 10.000 mil por dia
e não poderá usar seu cartão.

F-I-L-H-O D-A P-U-T-A

Eu sabia que ele estava sendo bonzinho demais, esse na

minha frente não se assemelha com o poderoso Alec Brassard que

conheço. Não posso me atolar em dívidas novamente, porque elas


me trouxeram para essa situação.

Pondero, enquanto o maldito sorri, me encarando


despreocupado. Juro que minha vontade é de bater nele, apesar de

não adiantar muita coisa.

─ Me espere lá embaixo, irei arrumar a minha mala ─ falo, me


dando por vencida.

─ Não ouse fugir, a casa está cercada e dessa vez você não
irá enganá-los com seu rostinho bonito, Brianna.

Aproxima-se, beija a minha bochecha e me deixa sozinha no

quarto. Se Alec pensa que acreditarei facilmente nele, está muito


enganado. Precisa de muito para que eu possa perdoá-lo, acima de

tudo, ele deve mostrar que aceitou de verdade o nosso filho.

Eu gosto de você.
Minha fraqueza.

Não importa o quanto tente, essas benditas frases não saem

da minha cabeça!
Brianna

Os dias seguem sem nenhuma grande surpresa, provando que

eu estava certa em relação ao Alec. De alguma forma, nosso

relacionamento retrocedeu completamente e passamos a ser iguais


aos primeiros dias que nos conhecemos. Raramente nos

encontramos, apesar de morarmos na mesma casa.

“Gosto de você!”
Quão ingênua eu seria se tivesse acreditado nessas palavras,

certamente ele só disse para me convencer a voltar para casa. Por


esse motivo decidi focar apenas no meu filho, essa tarde faremos

um ultrassom, a médica disse que será possível ver o sexo.

Estaria mentindo se dissesse que não tenho preferência,

quando em todos os meus sonhos me vi com uma menina nos

braços.

Termino de me arrumar e encontro os brutamontes na sala,

acompanhados do Alec, que se levanta assim que percebe a minha

presença.

─ Melhor sairmos agora para evitar o trânsito.

─ Para onde você está indo?

─ Acompanhar a minha esposa grávida e ver como está a

saúde do meu filho, quero que seja um lindo garotão.

Como ele sabe, se não falei nada a respeito? Olho para o


Hernandez que desvia o olhar, não precisa de muito para ter certeza

de quem abriu a boca.

─ Não precisa me acompanhar apenas por obrigação, os

seguranças podem se encarregar de me levar em segurança até o

hospital. Não se preocupe comigo, Alec.


─ Por que diabos não me preocuparia? E por que você está
me excluindo da vida do meu filho? ─ Ele coça a barba, olhando

para mim, sério. ─ Eu lhe dei tempo suficiente para ficar sozinha, ou

você acha que tudo que falei na casa da Kalese era mentira?

─ E não era? Nós moramos na mesma casa e só hoje estou

vendo o seu rosto, Alec. ─ Merda, não era isso que eu queria dizer.

─ Porra, você me confunde dessa maneira, Brianna. Eu sabia

que você não queria olhar para a minha cara, por isso lhe dei um

tempo, mas isso não significa que eu não saiba das coisas que se

passam na sua vida.

─ Não vamos falar sobre isso agora... ─ Passo na sua frente e

ele segura o meu pulso.

─ E quando iremos falar? Porque até quando tento acertar,

pelo visto também sou o errado da história. Te mostrarei que não

estava mentindo quando disse que gosto de você.

─ Vamos chegar atrasado, é melhor irmos embora.

Puxo meu braço do seu aperto, sentindo meu coração bater

descontroladamente. Uma hora não terei mais como fugir, mas

agora estou confusa e não quero me deixar influenciar pelo meu

corpo, que parece implorar para ser tocado por ele.


Seguimos para o estacionamento e rapidamente o carro é

colocado na estrada, estou ansiosa e nervosa. Depois do dia em


que descobri a gravidez, essa será a primeira vez que irei escutar o

coraçãozinho do meu filho.

Apesar de nunca ter me imaginado sendo mãe, não foi difícil

aceitar essa mudança. Gosto de conversar com a minha barriga,


mesmo que ainda quase não dá para perceber que tem um bebê

dentro. Quero sentir seus chutes, alguns relatos dizem que mesmo
doloroso, é uma experiência única.

Sinto o olhar do Alec sobre mim, não tenho coragem de virar o


rosto e fazer contato visual. Pegando-me de surpresa, ele toca a

minha bochecha, fazendo minha pele esquentar. Encaro-o e vejo


que foi uma péssima decisão, eu quero beijá-lo!

─ Chefe... ─ Agradeço aos céus por escutar a voz do Apollo. ─

Por algum motivo a frente do hospital está repleta de jornalistas,


essa é a única entrada.

─ Por que eles iriam até lá? ─ pergunto confusa, não faz
sentido.

─ Alguém deve ter vendido informações sobre a sua gravidez,

eles querem apenas confirmar para publicar suas matérias nojentas


e tendenciosas. ─ Ele coça o queixo, parecendo pensativo. ─ Não

pare, e se alguém estiver na frente, passe por cima.

─ Ok, chefe ─ Apollo responde, o encarando pelo retrovisor


interno.

─ Não se preocupe, a situação está sob controle. Infelizmente,


nesse meio movido a dinheiro, as pessoas conseguem qualquer tipo

de informação, por mais íntima que seja.

─ É estranho que não tenham publicado nada antes, já fui em


outras consultas desde que descobri sobre o bebê.

─ Também estou surpreso.

Assim como dito anteriormente, a entrada está cheia de


jornalistas e eles já conhecem o nosso carro, nos cercando como

abutres ao redor de sua presa. O vidro escuro impossibilita-os de


fotografar o interior. Entramos no estacionamento e pegamos um

elevador privado, sem a necessidade de passar pela recepção,


benefício para poucos.

Vamos direto para a sala de exames, deixando dois


seguranças na porta para evitar qualquer dor de cabeça.

Conversamos com a doutora sobre as coisas de rotina, é a primeira


vez que Alec me acompanha e isso me deixa mais nervosa. Deito-
me na cama, e faço todo o procedimento igual da outra vez.

─ Alguma preferência? ─ pergunta, colocando o aparelho em


minha barriga.

─ Tenho certeza que é um menino, ele me ajudará a cuidar da

mãe dele ─ Alec fala, olhando atento para a tela.

─ Como você pode ter tanta certeza? Eu sinto que será uma

linda menina, não tenho a menor dúvida.

─ Deus sabe que eu não seria capaz de lidar com duas


mulheres em casa, seria muita dor de cabeça.

─ Parece que temos uma surpresa por aqui ─ fala sorridente,


ganhando nossa atenção. ─ São dois embriões.

Olho em choque para ela, em seguida para o Alec, que está

com o rosto completamente pálido.

─ A senhora tem certeza disso? ─ Balança a cabeça


concordando. ─ Brianna, você não disse nada sobre ser dois, porra,
eu vou enlouquecer com duas crianças ao mesmo tempo.

Começa a andar de um lado para o outro.

─ No primeiro ultrassom a médica não disse nada sobre ser

dois, deve ter alguma coisa errada.


─ Às vezes acontece de na hora da ultrassonografia apenas o
batimento cardíaco de um saco gestacional ser identificado e isso
dificulta a descoberta dos dois bebês. Olhem aqui, conseguem

perceber as marcações?

Ela está certa, olhando para essa tela não tem como não
enxergar os dois bebês. Meu Deus! Gêmeos... porra! Qual a

probabilidade de isso acontecer?

─ Doutora, por favor, me diga que são dois meninos, pelo amor
de Deus.

─ Sinto te desapontar, papai, são duas meninas em uma

mesma placenta ─ fala sorridente.

─ Então são idênticas? ─ pergunto em um misto de medo e

felicidade, ela balança a cabeça concordando.

Realmente uma mãe sempre sabe das coisas, talvez esse era

o motivo de em todos os meus sonhos aparecerem uma linda

menina. Não consigo explicar o que estou sentindo, mas o meu


peito falta explodir de felicidade. Serei mãe de duas princesas, não

tinha como ser mais feliz. Em compensação, Alec continua em

choque, é engraçado vê-lo assim.


Carregar uma criança no ventre tem seus altos e baixos, não

posso dizer que é uma gestação planejada, mas o amor e a vontade


de ter essa criança só aumentou desde o dia da sua descoberta.

Alec limpa uma lágrima que molha o meu rosto, e eu nem sabia que

estava chorando.

A médica coloca para que escutemos o som dos corações e

sinto as batidas do meu falhar, eu não pensei que essa experiência

fosse ainda mais perfeita. Seguro a mão do Alec, que olha emotivo
para a tela. Gostaria de memorizar cada detalhe desse dia, o meu

marido com os olhos marejados é algo que não pretendo esquecer.

Saímos da sala com uma pequena foto das nossas meninas,

Alec segue caminhando em modo automático, não consigo deixar

de rir da situação.

─ Chefe, o senhor está bem?

─ Não, são duas ─ fala caminhando na frente como um


completo robô, deixando os seguranças confusos.

─ Não se preocupem com ele, está assim porque descobriu

que será pai de duas meninas ─ falo sorridente, enquanto eles me


olham em choque.
─ Dois? ─ Confirmo. ─ Agora faz sentido o chefe estar assim,

eu em seu lugar teria a mesma reação. Ser pai de menina é difícil,

duas é ainda pior.

Antes de entrarmos no carro, envio uma mensagem para

Kalese, quero contar pessoalmente que ela será tia de duas

meninas.
Alec

Porra! Acho que isso é alguma espécie de castigo. Uma

semana se passou desde o dia que descobri que seria pai de duas

meninas, isso significa dor de cabeça em dobro e proteção dobrada.


Ainda não sei como lidar com tudo, mas Brianna parece ter aceitado

tranquilamente, enquanto minha cabeça parece que vai explodir a


qualquer momento.
Naquele mesmo dia, assim que cheguei em casa liguei para o

meu tio e contei a novidade, ele nos parabenizou e ficou muito feliz
ao saber sobre as gêmeas.

Estou tentando me concentrar neste contrato, o que está


sendo bem difícil. Pensei que quando Brianna retornasse para o

nosso apartamento, aos poucos iríamos voltar a ser como antes,

mas ela ainda ignora a minha presença, não nos falamos desde que
descobrimos sobre os bebês. Ela disse que eu deveria mostrar em

ações os meus sentimentos, porém, não sei como fazer isso.

Brianna não é o tipo de mulher que se vislumbra com bens

materiais, então fico de mãos atadas.

Gosto da Brianna, mas será que isso pode ser definido como
amor? Não tenho boas recordações desse sentimento, a mulher que

eu mais amei na vida me destruiu e foi embora sem olhar para trás.

Há dez anos tinha um relacionamento que achava ser estável,

estávamos juntos desde o ensino médio, ela foi o meu primeiro

amor e aquela que também perdi a virgindade.

Naquela época, eu era muito bobo, preciso admitir. Tinha

planos de pedi-la em casamento, e queria que estivesse ao meu

lado em todas as conquistas. Tudo isso foi por água abaixo quando

recebi uma foto dela no aeroporto com outro homem. Peguei a


minha moto e corri como um louco, queria entender o porquê
daquilo, foi justamente quando me envolvi em um acidente e fiquei

internado por vários dias. Não tive sequelas físicas, não posso dizer

o mesmo do emocional.

Esse é o motivo do meu receio de me entregar, apesar de algo

me dizer que Brianna não se assemelha em nada com a minha ex,

no entanto, acho que ferrei com as chances que eu tinha dela


aceitar fazer parte da minha vida após a conclusão do nosso

contrato.

Escuto batidas na porta, me surpreendo ao ver Ramon, pensei

que ele não tivesse educação.

─ Você está com algum problema? ─ pergunto assim que ele


se aproxima.

─ Por que a pergunta, bastardo?

─ Ora essa, você nunca bateu na porta, sempre entrou como

se estivesse na sua casa.

─ Não quero estressar o futuro papai, você já terá muita dor de

cabeça ao cuidar de três mulheres na sua vida. ─ Olha-me sério, eu

ainda não tinha contado para ele. ─ Por que diabos fiquei sabendo

disso através da mídia?


─ Mídia?

─ Sim, todos os sites estão falando sobre você.

Pego meu celular e checo a informação, eu sabia que mais

cedo ou mais tarde esses filhos da puta iriam descobrir.

“Segundo informações da nossa fonte, o magnata dos

cassinos Brassard e sua esposa serão os mais novos papais do


momento. Grávida de duas meninas, Brianna foi vista saindo do

hospital da família de Ramon Santiago, médico e amigo de Alec.”

Não me surpreende eles terem descoberto sobre as minhas


filhas, o dinheiro compra qualquer coisa e aposto que
desembolsaram uma grana por isso.

─ Desculpe não ter contado, você sabe como ainda estou

absorvendo a ideia de ser pai, saber que serão duas me deixou


assustado.

─ Só vou perdoá-lo porque sei que deve ser uma baita


responsabilidade. Eu não gostaria de estar no seu lugar, você está

fodido, bastardo. ─ Ele ri, como se eu não estivesse preocupado o


bastante. ─ Pelo menos ajudou vocês a fazerem as pazes, certo?

─ Errado, nossa relação continua uma merda. Brianna disse


que eu deveria mostrar em ações os meus sentimentos, mas como
diabos farei isso? ─ Massageio as têmporas, frustrado por não

saber o que fazer.

Se tratando de amor, eu sou péssimo.

─ E o que você sente por ela?

─ Eu gosto da Brianna... gosto como seu corpo se encaixa

perfeitamente nos meus braços. Gosto do seu lado corajoso,


ousado e, ao mesmo tempo inocente. Você sabe que meu coração

nunca esteve aberto para o amor, mas de alguma forma essa


mulher derrubou todas as minhas barreiras e tudo isso em tão

pouco tempo.

─ Tem certeza que não está fazendo isso por impulso? É difícil

acreditar que um homem como você, seja capaz de amar outro


alguém. Entendo o porquê ela estar receosa.

─ Nunca faria algo desse tipo, no começo fiquei confuso,

pensei que pudesse ser apenas porque nos dávamos bem na cama,
mas não é isso. Quero ficar ao lado dela, beijá-la a todo momento.
Porra! Só de pensar na Brianna, meus batimentos cardíacos

aumentam.

─ Você já disse isso para ela?

─ Não com essas palavras.


─ Então faça o mais breve possível, aproveitem enquanto a
gravidez permite. Leve-a para jantar, lhe compre um presente e o
principal, esteja presente também como um pai.

─ Não sei como fazer isso.

─ Bom, não poderei te ajudar porque nunca tive um filho, mas

ninguém nasce sabendo e você pode aprender. Apesar de ser a


primeira gravidez, aposto que Brianna sabe de muita coisa, peça
para que ela te ensine.

Nunca pensei que estaria recebendo conselhos desse

bastardo, mas no fim das contas reconheço que ele está certo.
Mesmo ainda assustado, aos poucos estou aceitando a ideia de ser
pai e de certa forma ansioso para o nascimento das minhas filhas.

Acho que essa é a primeira vez que vou a um shopping. Ainda


não sei o que comprar, na verdade, nem faço ideia do porquê decidi

vir até este lugar. Caminhando entre os corredores, uma loja de


bebês chama minha atenção. Será que eu deveria entrar?
Sem pensar duas vezes, adentro o local, ficando
completamente perdido com as opções. Uma moça se aproxima
disposta a ajudar, falo que serei pai de duas meninas e que quero

comprar algumas coisas. Meia hora depois saímos cheios de


sacolas, com uma em especial. Passo em uma joalheria e compro

um bracelete para a Brianna, é delicado e talvez ela goste.

─ Por que está me olhando com essa cara? ─ pergunto ao


Apollo, que me encara antes de entrarmos no carro.

─ Chefe, nunca pensei que fosse vê-lo em uma loja de bebê, o

senhor parecia bem perdido.

─ Claro que eu estava perdido, essa é a minha primeira vez


fazendo todas essas coisas. Tenho que me acostumar com essa

nova realidade, apesar de ser bem assustadora.

─ Agora que todos sabem que a senhora Brianna está grávida,

vai dobrar a segurança?

─ Por enquanto não, os homens com ela são suficientes. Pedi


para Willian cancelar toda a sua agenda, não a quero em locais

muito cheios. Por precaução, também iremos trocar de carro, eles já

sabem o modelo que usamos. Quando as minhas filhas nascerem,


penso em como protegê-las, pois terei três fraquezas para me

preocupar.

Muita gente quer a minha mulher em eventos, ainda mais

sendo beneficentes, pois sabem que costumo ser generoso com


essas causas. Agora tudo mudou, sei que gravidez não é doença, e

ela ficará puta com a minha decisão, mas estou colocando sua

segurança em primeiro lugar e isso é indiscutível.

Chegamos ao apartamento e nem sinal da Brianna na sala,

sigo para o seu quarto e escuto o barulho do chuveiro, irei esperar

até que ela saia. Para o fim de semana, fiz reserva em um


restaurante de frutos do mar, espero que me acompanhe.

─ O que faz no quarto de outra pessoa sem ser convidado? ─

Sai do banheiro vestindo um roupão, impossível não olhar para o


caminho que os pingos de água fazem até os seus seios. ─ Alec?

─ Oh, desculpe! Bem, você é minha mulher, qual o problema


de vir até o seu quarto?

─ Como você é engraçado, só usa o fato de sermos marido e

mulher quando lhe convém. ─ Ela me encara, emburrada, tenho


vontade de abraçá-la.
─ Senta aqui um minuto. ─ Bato ao meu lado na cama. ─ Não

se preocupe, não farei nada com você. Prometo não te tocar!

Surpreendendo-me, ela senta-se ao meu lado sem retrucar.


Abro a sacola e retiro a pequena caixa, entregando em suas mãos.

Sem dizer uma palavra, Brianna abre o presente, encontrando dois

pares de sapatinhos rosas. Quando a vendedora me mostrou, fiquei


apaixonado e pensei que ela também gostaria.

─ Pensei que ficaria bom nas nossas filhas ─ falo


envergonhado, sem conseguir encará-la.

─ Nossas filhas...

─ Sim, pela primeira vez fui até o shopping e tinha uma loja de

bebê chamando a minha atenção. Como sou novo nessa história de

ser pai, comprei várias roupinhas e coisas que a vendedora disse


que eram necessárias. Me apaixonei por esses sapatinhos, mas

caso você não tenha gostado...

Beija a minha bochecha, e fico sem reação.

─ Nós amamos, papai!

“Papai”

Droga! Por que parece que o meu coração vai sair pela minha

boca?
Brianna

Alguns dias se passaram desde que Alec me surpreendeu com

aqueles sapatinhos, nunca pensei que ele fosse levar o fato de ser

pai a sério. Além daquele presente, tinha diversas sacolas no quarto


vazio e logo uma decoradora irá preparar o espaço para as nossas

pequenas. Também recebi um bracelete, mas sem sombra de


dúvidas fiquei mais feliz pelo presente das minhas filhas.
No fim de semana passado saímos para jantar, decidi aceitar o

seu convite, pois percebi que ele está se esforçando. Ainda estamos
longe de ter uma relação convencional, mas não me resta mais

dúvidas do que sinto por ele. Não tenho certeza do momento exato

em que me apaixonei, mas esse sentimento parece aumentar a


cada dia, me deixando confusa.

Estou entrando na décima oitava semana de gestação, parece


que depois de descobrir que são duas meninas, minha barriga deu

um pulo e agora está bem evidente que estou grávida. Já era para

elas começarem a chutar, e até o momento não aconteceu, talvez

as minhas filhas sejam tímidas demais.

Hum...estou salivando só de me imaginar comendo um pote de


sorvete de chocolate. Saio do quarto e sigo até a cozinha, abro a

geladeira e não temos esse sabor. Tento provar o de morango, mas

rapidamente o meu estômago passa a embrulhar.

─ Já entendi, vocês querem chocolate. ─ Aliso a minha

barriga.

Pego meu celular e envio uma mensagem para Alec.

“Nós queremos sorvete de chocolate, pode comprar?”


Droga, não consigo parar de pensar nisso. Será que o Alec vai
demorar?

“Chegarei em 20 minutos.”

Sorrio com sua resposta rápida. Estamos juntos há 8 meses e

tanta coisa aconteceu, quando eu falava que um ano passaria

voando, não pensei que também incluía diversas emoções. Não


fazia parte dos meus planos dormir com o Alec, muito menos que o

fruto da nossa primeira noite seria duas meninas.

Confesso que muita coisa ainda é difícil de entender, por

exemplo, não sei lidar com esse Alec prestativo, do tipo que acorda

em plena madrugada por causa do meu desejo de comer sushi. É

engraçado como depois que nos casamos, perdi meu nome e agora
todos me chamam de a esposa do magnata. Eu só queria pagar e

me livrar das dívidas e ganhei tantas coisas inexplicáveis.

Eu já aceitei o meu amor por esse homem, mas é perigoso

amá-lo, tenho medo que um dia ele se canse de brincar de casinha

e dê um fim na nossa relação que não começou igual às outras. Se


isso acontecer, gostaria que não demorasse, assim já não me

apegaria ainda mais a esse homem. Talvez seja influência dos


meus hormônios bagunçados pela gravidez, porém, todas as noites

anseio pelo seu toque.

Como dizer para ele que gostaria que me tocasse?

Ainda sinto meu peito apertar por causa das palavras


proferidas naquele dia, no entanto, quando o vejo sorrir enquanto
toca a minha barriga, esqueço completamente e me deixo levar por

seu belo sorriso.

─ Fiz o possível para chegar rápido, desculpe. ─ Entrega-me o


sorvete e uma colher.

─ Obrigada, estou salivando só de imaginar.

Não perco tempo e dou a primeira colherada, apreciando o


gelado em minha boca. Como mais um pouco, e acabo esquecendo

da sua presença. Olho para ele, que me observa com um sorriso


contido. Sem que eu espere, se abaixa ficando na altura da minha
barriga, é a primeira vez que faz isso.

─ Acabei de perceber que nunca batemos um papo, filhas.

Gostaram do sorvete? Papai estava trabalhando, largou tudo, correu


até a loja de conveniência mais próxima a fim de atender ao desejo

da mamãe.

─ Elas não vão responder ─ falo, tomando mais um pouco.


─ Papai cometeu um erro ao descobrir sobre vocês, mas hoje

se tornaram a minha maior preocupação e também fraqueza. Farei


de tudo para não deixar ninguém chegar perto. ─ Encosta os lábios

na minha barriga, fazendo cócegas. ─ Quero muito que vocês se...

Assusto-me com um pequeno movimento, será que foi um


chute?

─ Você sentiu isso?

─ Sim ─ responde com os olhos arregalados. ─ Vocês


gostaram do sorvete?

Nos surpreendendo, elas chutam em dois locais diferentes,


fazendo meus olhos marejarem. Deixo o sorvete de lado e coloco a

mão na barriga, em direção contrária ao Alec. Ficamos assim por


uns minutos e as meninas voltam a ficar tímidas. Levanto o rosto

encarando o meu marido, que tem o rosto molhado pelas lágrimas.

Nunca pensei que veria algo parecido, limpo suas lágrimas e


ele me puxa para um abraço, escondendo o rosto na curva do meu
pescoço. Não consigo me controlar e deixo a emoção tomar conta

das minhas ações. Seguro seu rosto com as duas mãos, forçando o
contato antes de beijá-lo. Um contato calmo, molhado pelas

lágrimas e capaz de deixar todo o meu corpo à flor da pele.


Suas mãos entram por baixo da minha saia, e um gemido
escapa da minha boca e parece o trazer de volta para a realidade.

─ Desculpe, não quero que pense que estou me aproveitando


da situação. Fiquei tão emotivo, que não pensei direito. ─ Tenta se

levantar, seguro sua mão o impedindo.

─ Eu quero!

─ O que você quer, Brianna? ─ Ele parece um pouco confuso.

─ Fazer amor com você, Alec.

Não posso continuar negando os meus desejos, eu quero estar

em seus braços, de preferência agora.

─ Não sei se serei capaz de fazer amor com você, tenho medo

de machucar vocês três. ─ Se abaixa um pouco, tocando o meu


rosto.

─ Sei que você não nos machucaria. Se for com delicadeza,

acredito que possa ser prazeroso para nós dois, Alec.

─ Você tem certeza? Porque quando eu colocar minhas mãos

em você, não pretendo parar até estivermos satisfeitos.

Não respondo, me afasto um pouco e retiro a blusa, ficando


apenas de sutiã. Seus olhos pousam nos meus seios, que parecem
maiores. Com um sorriso de canto, ele segura meu rosto com uma
mão, beijando meu pescoço, em seguida os lábios.

Com cuidado, me deita na cama, morde o lóbulo da minha


orelha e desce com uma trilha de beijos, até a região da minha

intimidade. Sem perder tempo, Alec retira a minha saia e leva a


calcinha junto, nesse momento estou completamente em

desvantagem, pois ele é o único vestido.

─ Você é a grávida mais linda que já conheci.

─ Quantas grávidas você já conheceu na vida? ─ pergunto

com um sorriso contido.

─ Só você, a mãe das minhas filhas. ─ Beija-me, sugando a

minha língua e mordendo meu lábio inferior. ─ Por precaução, vou

usar camisinha, não quero que os bebês corram nenhum risco.

Se afasta um pouco e pega uma embalagem na mesa de

cabeceira. Ele coloca o preservativo e faz com que eu deite de lado,

se encaixando atrás de mim. Devagar, Alec me preenche, nesse


primeiro momento é incômodo, mas tenho certeza que vai melhorar.

Seus movimentos são contidos, ao mesmo tempo que deixa

mordidas e chupões na parte de trás do meu pescoço.

─ Você por acaso pesquisou sobre posições sexuais?


─ Como você sabe?

─ Nós nunca fizemos assim antes, é confortável e prazeroso

para mim. Mas, como sabia que iríamos transar?

─ A esperança é sempre a última que morre, depois que sua

barriga passou a ficar em evidência, meu desejo e tesão só

aumentaram, só não queria forçar a barra.

─ O desejo é recíproco, eu só não sabia como abordar esse

assunto com você. Iria parecer que estava apenas te usando.

Ele vira o meu rosto e vejo o desejo estampado em seus olhos.

Alec é tão lindo, posso dizer que sou sortuda no fim das contas.

─ Pode me usar quantas vezes quiser, amor. Eu te amo,


Brianna, mesmo que você não acredite.

Ainda não estou pronta para dizer como me sinto, então talvez
seja bom responder por meio das minhas ações. Beijo seus lábios,

tentando passar toda a emoção que estou sentindo nesse momento.

Alec aumenta suas estocadas, me fazendo gemer entre o beijo.

─ Porra, eu te amo, Brianna! ─ repete, mudando nossas

posições, me colocando de quatro. ─ Se estiver desconfortável me

avise.
Acho que chegou o momento de viver sem medo, Alec errou

quando reagiu daquela maneira ao saber sobre a gravidez, mas

soube reconhecer antes que fosse tarde demais. Eu gosto dele, não
tenho como evitar!
Brianna

Aproveitando enquanto a barriga permite, decido acompanhar

Alec no evento. É uma festa em um hotel luxuoso, levei horas

procurando a roupa ideal, afinal de contas, tem uma barriga como


obstáculo. Depois daquela noite em que fizemos amor, a nossa

relação segue melhorando. Não estou tão assustada quanto antes,


mas ainda tenho receios. Nossas filhas devem nascer poucos dias
antes do fim do nosso contrato, não falamos sobre o que faremos

depois disso.

Cumprimentamos alguns rostos conhecidos e sou

parabenizada pela gravidez, acho que essa é a primeira vez que


venho a público depois que minha barriga ficou evidente. Alec está

segurando muito forte a minha mão, será que ele acha que irei

fugir?

─ Nunca pensei que estaria vivo para presenciar esse

momento. ─ Um senhor se aproxima de nós, beijando os dois lados

do rosto do Alec. ─ John tinha razão, sua esposa é realmente linda,


e essa barriga só a deixou mais bela.

─ Tio, pensei que continuaria viajando pelo mundo, esqueceu


dos negócios?

Tio? Pensei que tinha apenas o John, nunca mencionou outro

parente.

─ Diferente de você, eu não gosto de ficar enfiado dentro de


uma sala. Tenho funcionários suficientes para fazerem tudo, é para

isso que pago o salário deles ─ responde sorridente. ─ Sou James,

tio favorito do seu marido.

─ Sou Brianna, muito prazer.


Estendo a mão em um cumprimento, mas sou surpreendida
quando ele me puxa para um abraço, beijando o meu rosto em

seguida. Alec nos afasta, ele definitivamente não gosta que ninguém

me toque e isso inclui os seus tios.

Pelo que conversamos, James estava em uma viagem ao

redor do mundo, por isso durante esses meses não nos

conhecemos. Ele lembra muito o John, só que tem uma


personalidade bem diferente. Continuamos a falar amenidades,

enquanto diversas pessoas se aproximam para falar com o meu

marido.

Estou com fome.

─ Você está bem? ─ Alec pergunta, sussurrando próximo ao


meu ouvido.

─ Não, estamos com fome. ─ Aliso a barriga, ganhando em

troca seu sorriso de canto. ─ Quando poderemos ir embora?

─ Tem algo em especial que você queira comer?

─ Sim, frutos do mar cairia bem agora ─ respondo salivando.

Foram servidos alguns canapés, mas nenhum deles me deixou

com vontade, pelo contrário, me embrulharam o estômago. Para ser


sincera, nesses tipos de eventos a comida nunca me agradou, até

mesmo quando não estava grávida.

─ Pode esperar vinte minutos? Conversarei com algumas

pessoas rapidamente, depois podemos procurar um restaurante


para jantarmos.

─ Tudo bem, pode resolver todas as suas pendências.

Enquanto isso, irei ao banheiro. ─ Levanto-me e logo Hernandez


fica a postos, não preciso de companhia para algo simples. ─ Vou

sozinha, não tem como nada me acontecer nesse intervalo.

─ Brianna...

─ Alec, o banheiro fica apenas alguns minutos, você pode ficar

de olho daqui mesmo, não preciso de segurança. É melhor eu ir


antes que faça nas calças.

Beijo sua bochecha e caminho entre as pessoas,


cumprimentando-as com um meneio de cabeça. Graças a Deus o

banheiro está vazio, faço minhas necessidades e nem demoro


muito. Olho-me no espelho, checando a minha aparência e gosto do

resultado. Assim como James disse, a minha barriga aumentou em


cem por cento a minha beleza, essa é uma das minhas fases mais

bonitas.
─ Se ele cansar dessa brincadeira, não me importo em ocupar

seu lugar. ─ Encostado na parede, Logan, o mesmo idiota da outra


vez.

─ De qual brincadeira você está falando?

─ Pai e marido perfeito. Tenho certeza que uma hora ou outra


ele vai se cansar, um homem como Alec não se contenta apenas

com uma mulher.

─ Mesmo que eu não tenha pedido a sua opinião, muito


obrigada. E caso o meu marido se canse do nosso casamento, você

será o último que irei procurar. Não gosto de perdedores! ─


respondo séria, vendo seu sorriso sumir.

Dou as costas, e ele ousa segurar o meu pulso.

─ Quem você pensa que é para me deixar falando sozinho? ─


Tento puxar o meu braço, e ele aperta ainda mais. ─ Não é porque

se casou com aquele idiota, que automaticamente virou alguém


importante. Quando alguém como eu lhe dirigir a palavra, responda!

─ Você é um perdedor e não deveria colocar as mãos em mim.

Parecendo furioso, vejo Alec e os brutamontes caminharem


em nossa direção. Até que demorou, esse idiota tomou uma das
piores decisões da vida dele e não farei nada para evitar que o meu
marido quebre sua cara.

─ Por que caralhos você está segurando o pulso da minha


mulher? ─ Alec o puxa pela gola da camisa, por estar de costas,

não tinha percebido sua aproximação. ─ Eu fui bem claro quando


conversamos, Logan.

─ Eu só estava conversando com essa mulherzinha...

─ Cuidado com a boca, você não deveria se referir à minha


mulher de maneira pejorativa. ─ Leva a mão até o pescoço dele,

apertando. ─ Sou muito possessivo quando se trata da minha


esposa, odeio quando outro homem coloca a mão no que é meu.
Esse é o último aviso que lhe dou: NÃO SE APROXIME DA MINHA

ESPOSA! — fala rente ao seu rosto, pensei que ele socaria a cara
desse idiota, deve estar se controlando bastante para não causar

um escândalo.

Sem dizer uma palavra, ele me arrasta para o estacionamento,


talvez andando rápido demais para eu conseguir acompanhá-lo.
Alec abre a porta para que eu entre, fazendo o mesmo logo em

seguida. Nenhum dos seguranças nos acompanha, nem o motorista


da vez.
─ Alec...

─ Calada, Brianna.

─ Você ficou chateado comigo? Não é como se eu tivesse

culpa daquele idiota ter se aproximado, além do mais...

─ Eu disse calada!

Segura o meu rosto entre as duas mãos, colando nossos


lábios. Ele enfia a língua em minha boca, deixando o contato mais

intenso e úmido. Entrego-me ao momento, enfiando minhas mãos

em seu cabelo, puxando-o para mais perto. Quase sem ar, nos

afastamos e fico surpresa quando Alec beija a minha testa.

─ Odeio a ideia de outro homem te tocando ─ fala

rapidamente.

─ Não sabia que você era tão ciumento. Devo me preocupar?

─ indago, controlando a vontade de rir.

─ Você não, mas os filhos da puta que te tocarem sim. Só eu

tenho esse direito, não permitirei que cheguem perto.

─ Por que tenho a sensação de que você planeja me manter

em cárcere privado? Além do mais, que homem se interessaria por

uma mulher grávida?


─ Você se surpreenderia se soubesse. E coloque na sua

cabeça que a gravidez te deixou ainda mais linda e gostosa, claro


que esses malditos desejam o que é meu.

Rodeio meus braços em volta do seu pescoço e digo:

─ Não se preocupe com isso, nós temos um contrato para

cumprir, eles podem tentar e será sem sucesso.

─ Você planeja me deixar ao final do contrato? E como nossas

filhas ficarão sem pai? Brianna, você está proibida, nós vamos

renovar por mais alguns anos.

Começo a rir da sua cara de assustado, esse homem não

cansa de me surpreender. Será que ele não percebe as coisas à

sua volta? Não é possível que seja tão tapado. Mesmo o nosso
contrato chegando ao fim, temos um vínculo eterno por causa das

nossas filhas.

─ Não precisa se preocupar, eu ainda pretendo usufruir dos

benefícios de ser sua esposa ─ brinco, tocando o seu rosto. ─

Podemos conversar depois? Estou com mais fome ainda.

─ Droga, por que não me lembrou disso, Brianna? Eu aqui

falando e vocês morrendo de fome. Vamos, serei o motorista da vez.


Trocamos de lugar no carro e ele assume o volante, saímos do

prédio e vejo os seguranças nos seguindo. De alguma maneira

acabei me acostumando com a presença deles, de certa forma me


sinto segura.

A noite teve algumas emoções, mas sem sombra de dúvidas,

presenciar um Alec ciumento foi o melhor de tudo. Esse homem é


uma caixinha de surpresas!
Alec

Ainda não entendo o que está acontecendo comigo, por algum

motivo Brianna se impregnou na minha mente, de uma forma que

nem dormindo com outra consigo tirá-la da minha cabeça. Pior do


que tudo isso, é o fato de já ter convicção do que sinto por ela. Essa

mulher apareceu no meu cassino e desde então bagunçou


completamente a minha vida.
Não tenho dúvidas de que a amo, seu sorriso, o jeito corajoso

e a forma como me desafia, essa mulher não tem medo de brincar


com fogo e gosto desse seu lado.

Quando que me imaginei sendo pai? Nunca. Mas hoje estou


vivenciando essa realidade e ansioso para chegar em casa e sentir

o chute das minhas filhas. Não decidimos ainda os nomes, estamos

em um impasse e até o nascimento precisamos nos decidir, elas


não podem continuar sendo chamadas de bebês.

Brianna disse que sairia com o Kalese, então me permitirei

tomar um drink antes de ir para casa. Reforcei a equipe


administrativa, quando as minhas meninas nascerem tirarei um mês

de folga, preciso descansar e ajudar a minha esposa.

Assim que chego na parte do bar, pego uma bebida, faz uns

dias que não bebo nada alcoólico, eu gosto da sensação do álcool

descendo e queimando a minha garganta. Tantas coisas estão

passando na minha cabeça agora, as mudanças são difíceis de

aceitar, no entanto, estou lidando bem de certa forma. As pessoas


podem não acreditar nos meus sentimentos pela Brianna, mas acho

que desde o primeiro dia, quando ela foi corajosamente me procurar

para estender o prazo, me encantei por aquela mulher.


─ Finalmente te encontrei sozinho, você só anda
acompanhado agora. Por acaso virou cachorrinho daquela mulher?

─ Uma morena se aproxima pronta para me beijar, desvio a tempo.

─ Você está se referindo à minha esposa? ─ questiono com

cara de poucos amigos.

─ Quem mais seria? Você só aparece com ela ao lado, além


disso, nunca mais me ligou. Sinto sua falta, Alec ─ fala com uma

voz manhosa. ─ O que acha de relembrar os velhos tempos?

─ Não faço ideia de qual seja a porra do seu nome, isso deixa

evidente seu grau de importância para mim. Sou um homem

casado, não pretendo procurar outras mulheres, estou satisfeito com

a minha.

─ Você quer me dizer que aquela mulher gorda é suficiente?

Seu desdém está me irritando, e realmente estou cogitando

esquecer que ela é uma mulher e usar violência. Não posso permitir

que continue falando assim da minha esposa.

─ Primeiro, ela está grávida, não gorda. Segundo, não pense

que pode falar qualquer merda sobre a minha mulher. ─ Meu tom de

voz vai aumentando a cada palavra. ─ Terceiro e último, não

pretendo dormir com uma mulher como você, que não sabe
respeitar o outro e se coloque no seu lugar. Nunca mais toque no

nome da minha esposa, muito menos esteja no mesmo espaço que


ela. Fui claro o suficiente?

Sinalizo para que Apollo a retire, cansei de perder meu tempo


com esse tipo de pessoa. Brianna é uma das mulheres mais lindas

que já conheci, e eu não brinco quando digo que a barriga a deixou


mais bela e gostosa. Só de pensar fico animado aqui embaixo.

Viro toda a minha bebida em um único gole, e sigo para o

estacionamento. Acho que já deu tempo suficiente da Brianna ter


chegado, estou morrendo de saudade delas. Entramos no carro,
agradeço o trânsito livre assim chegarei muito mais rápido ao meu

apartamento.

Em casa, não vejo sinal da minha mulher. Olho em seu quarto,


banheiro, cozinha, varanda e nada. Hernandez disse que a tinha

deixado na porta, então por que diabos não a encontro? Pego meu
celular e disco seu número, chama várias vezes até cair na caixa
postal.

Porra, estou começando a ficar nervoso e a sentir um maldito

aperto no peito. Ela está com quase nove meses de gestação, não
tem como ficar perambulando por aí, além de ser uma presa fácil

para qualquer um.

Ligo para Hernández, que atende no mesmo instante.

─ Onde está a minha mulher?

─ Em casa, chefe.

─ Então por que diabos não a encontro? Vocês deixaram que

ela saísse sozinha? ─ grito, assustado com a possibilidade de algo


ter acontecido.

─ Chefe, eu mesmo deixei a senhora dentro do apartamento,


não tem como ela ter saído e nenhum de nós ter visto. O senhor

olhou no quarto das bebês?

─ Bebês?

─ Sim, a senhora Brianna fez algumas compras na companhia


da senhorita Kalese e todas eram para as meninas. Talvez esteja no
quarto, o senhor não olhou, certo?

─ Vou desligar.

Porra! Esqueci completamente dessa possibilidade. Ansioso,

corro até o quarto próximo ao meu, abro a porta, encontrando a


minha mulher dormindo no sofá, rodeada de roupinhas e artigos de
bebê. Respiro aliviado, eu nunca me perdoaria se algo acontecesse
com elas. Brianna abre os olhos, me encarando confusa.

─ Alec...aconteceu alguma coisa? Você parece um pouco


pálido.

─ Eu fiquei muito assustado, você tem noção de como senti

medo?

─ Assustado por quê? Não estou entendo a sua reação. Eu te

disse que sairia com a Kalese, e estava acompanhada dos


seguranças ─ fala confusa, ainda meio sonolenta.

─ Cheguei em casa e te procurei em todos os cômodos, mas

não havia te encontrado. Comecei a ficar assustado, com medo de


que tivessem feito algum mal a vocês. Porra! Você e as nossas
filhas são as minhas fraquezas, meu maior medo é de ferirem vocês

para me atingir. ─ Encosto a cabeça em seu ombro, tentando me


acalmar.

─ Eu cheguei, tomei um banho e decidi arrumar todas as


coisas que comprei, foi quando comecei a me sentir sonolenta e

acabei dormindo. Não queria te preocupar, me desculpe.

Acaricia os meus cabelos, me sinto tão bem!


─ Não se desculpe, eu que fui burro e esqueci completamente
do quarto das nossas meninas. Depois de ligar, pronto para pedir a
cabeça do Hernández, ele me lembrou desse cômodo.

─ Não acredito nisso, Alec ─ responde divertida, rindo da

minha cara.

─ Eu fiquei assustado, ok? ─ A puxo para um abraço, sentindo


o cheiro doce de seus cabelos. ─ Você pode ainda não acreditar,

mas eu te amo, Brianna... Tentei ser resistente a esse sentimento e


falhei completamente. Quando pensei na possibilidade de algo ter

acontecido, um medo descomunal tomou conta do meu peito. Eu

amo seu cheiro, seu sorriso, seus beijos e até sua coragem, às

vezes burrice.

─ Alec, eu...

─ Não se sinta obrigada a retribuir. Sei que fui um lixo quando

mandei que tirasse as nossas filhas, ou quando dormi com aquela

mulher. Te machuquei com as minhas palavras e não me orgulho.

Você pediu para que mostrasse em ações o meu amor, mas sinto
que ainda não fiz o suficiente. ─ Seguro seu rosto com as duas

mãos, forçando um contato visual. ─ Confie em mim! É só isso que

te peço.
─ Você sabe o que é amar, Alec?

─ Pode parecer que não, mas eu já amei uma vez e

infelizmente esse amor também me destruiu. Ela foi embora com

outro sem me dizer nada, para ser sincero nunca percebi nenhum
indício de que estava descontente com o nosso relacionamento.

Essa cicatriz que tenho nas costas, ganhei quando corri até o

aeroporto tentando alcançá-la. Depois disso me fechei, até você

aparecer.

─ Como você sabe que realmente me ama? Não está confuso

por causa das nossas filhas?

─ Brianna, eu não sou o tipo de homem que confunde os

sentimentos, muito menos ficaria com você apenas por causa dos

bebês. Eu te amo! Esse sentimento ainda me assusta, mas não


tenho a menor dúvida da veracidade.

Eu não estava pronto para voltar a amar, até Brianna aparecer


e se apossar da minha mente e coração. Pode parecer complicado,

mas quando o amor é verdadeiro, se torna prazeroso, e mudar pelo

nosso parceiro não é um sacrifício. Claro que nem tudo será flores,

iremos brigar, nos desentender em alguns momentos, e isso faz


parte da vida.
─ Vamos acabar com isso, Alec.

─ O que você quer dizer com isso? Não vou permitir que se

afaste, Brianna, nosso contrato...

─ Fique quieto, eu estava falando. ─ Coloca um dedo nos

meus lábios, me impedindo de falar. ─ Sempre soube que te amar


era perigoso, mas não tive como evitar que esse sentimento

crescesse em meu peito. Você me machucou e esse era um dos

meus maiores medos, suas palavras perpetuaram na minha mente e


era como se uma estaca fosse cravada a cada lembrança. No

entanto, soube reconhecer seu erro e se esforçou para mudar isso.

Seus olhos estão marejados, me amaldiçoo por ser o único


culpado disso.

─ Não posso dizer que me arrependo do nosso contrato, afinal


de contas, esse foi o meu melhor presente. ─ Alisa a barriga, sem

desviar os olhos dos meus. ─ Eu te amo há muito tempo, e com

esse sentimento veio o medo. Fiquei assustada, todas as matérias

te colocavam como cafajeste e me questionei se você seria capaz


de me amar também.

─ Sim, eu te amo, Brianna.


─ Hoje eu sei disso e posso dizer que o amo mais que ontem.

Vamos tentar isso juntos, Alec. ─ Beija brevemente a minha boca. ─


Por favor, não faça com que eu me arrependa de ter lhe dado uma

chance.

Sem conseguir acreditar, com cuidado a puxo para os meus

braços, a abraçando com força me sentindo aliviado por ter

escutado suas palavras. Farei o possível e impossível para não

quebrar sua confiança, mostrarei todos os dias que a amo


intensamente, assim como as nossas filhas.

─ Eu te amo, Brianna.

─ Eu também te amo, Alec.

Beijo sua testa e acaricio sua barriga, sentindo as meninas


fazerem uma verdadeira festa. Deito no sofá e ela fica por cima de

mim. Rodeio meus braços em volta do seu corpo, colando-a mais a

mim. Nos meus braços eu tenho a verdadeira definição de felicidade


e a minha nova chance de amar!
Brianna

DOIS ANOS DEPOIS

Um filme passa em minha cabeça nesse momento, tanta coisa

aconteceu nesses dois anos, não saberia dizer qual me


surpreendeu mais. Depois de ter confessado que amo o Alec, nossa

relação ficou ainda melhor e percebi o quanto ele é grudento e

possessivo, nunca imaginei que ele fosse desse jeito. Por enquanto,
não me incomoda, mas se chegar a esse momento, não hesitarei

em deixar as coisas claras.

Lembro de como ele surtou quando a minha bolsa estourou,

era madrugada e corremos para o hospital, ele me acompanhou


durante o trabalho de parto, acho que se arrependeu.

─ Alec, nunca mais iremos transar sem preservativo, não

passarei por essa experiência novamente ─ falo, sentindo uma

contração forte, me fazendo gritar de dor.

─ Desculpe, amor, prometo que depois de termos um menino...

─ Menino? Você não vai me engravidar novamente. ─ Aperto

forte sua mão, quando meu corpo contrai de dor novamente.

─ Estamos quase lá, Brianna. Já consigo ver a cabeça de uma

das meninas, só aguenta mais um pouco.

Faço o máximo de força que consigo, mesmo me sentindo

extremamente exausta. Escuto um choro forte, seguindo de outro

mais baixo, e me deixo respirar aliviada, me permitindo chorar com

a emoção de ter sido forte o suficiente para colocar as minhas filhas


no mundo. Com as duas nos braços, Alec tem o rosto molhado de
lágrimas, deixando o momento mais especial

─ Parabéns, amor, elas são lindas. ─ Beija a minha testa. ─

Amber e Emma, sejam bem-vindas ao mundo louco dos seus

papais.

Em uma mistura minha e do Alec, as nossas filhas parecem


duas princesas lindas. Com os olhos castanhos e cabelos da

mesma cor, suas bochechas redondas me deixam com vontade de

morder.

─ Elas parecem com você, amor. ─ Sorrio entre as lágrimas. ─

Obrigada por essas lindas bênçãos, Alec. Depois que o meu pai

morreu, fiquei sozinha, sem nenhum familiar, agora as coisas


mudaram. Você mudou a minha vida, eu te amo.

─ Posso saber por que a senhorita parece tão pensativa? ─

Assusto-me com a chegada do Alec, ele segura a Amber nos

braços.
─ Estava pensando no nascimento das nossas meninas. Onde

está a Emma? ─ pergunto, beijando a testa da minha filha.

─ Com a Kalese. Só passei para saber como você estava, não

fique nervosa, tudo dará certo, amor. Tudo dará certo na


inauguração, estarei segurando a sua mão.

Alec me presenteou com uma agência de publicidade, no

começo não quis aceitar, mas Kalese acabou me convencendo. As


nossas filhas estão com quase dois anos, de alguma forma me sinto

mais segura de deixá-las com a babá. O pessoal do Alec cuidou de


tudo, eu só precisei escolher o nome e a data, o resto ficou a cargo
deles, até o Ramon me ajudou de certa forma.

Durante esses anos, tivemos alguns desentendimentos,

nossas personalidades são bem diferentes e isso de certa forma


contribuiu para todo o estresse. As mulheres continuam dando em

cima dele, isso me irrita de uma maneira que não consigo evitar.

Pensei que com o tempo me veria livre dos seguranças, como

fui ingênua, continuo com os brutamontes na minha cola. E para


piorar a situação, Hernández e Kalese estão namorando, não faço a

menor ideia de quando ou como aconteceu, apenas aceitei, pois


minha amiga parece bem feliz.
─ Obrigada por estar comigo nesse momento, você é

fundamental para a minha vida.

A babá aparece com Emma e me entrega, ela brinca com os


meus cabelos de maneira concentrada. Amber foi a primeira a falar

papai, Emma demorou, mas falou mamãe, lembro que fiquei bem
emotiva quando escutei ela me chamando. A maternidade tem
várias complicações, e ainda assim amo ser mãe, é mágico e

gratificante.

─ Quando você vai aceitar o meu pedido? ─ Toca


delicadamente o meu rosto, sinto minha bochecha esquentar na

mesma hora.

Ele colocou na cabeça que quer se casar novamente, pois o

primeiro não valeu, já que tudo fazia parte de um contrato. Acho


dispensável, estou feliz com a forma como as coisas aconteceram

entre nós, não preciso de um outro casamento.

─ Não precisamos de uma outra cerimônia, Alec. Mesmo


sendo um contrato, o nosso primeiro casamento foi o suficiente. Eu
amo você e estou feliz com a nossa família. Quando as nossas

meninas completarem dois anos, nós podemos fazer uma segunda


viagem de lua de mel, o que acha?
─ Só nós dois? ─ Sorri animado, ele é um ótimo pai e me
ajuda bastante com as meninas, mas entendo por que ficou tão
animado.

─ Sim, só nós dois. Podemos deixar as meninas com Kalese

ou o John, aposto que não será nenhum sacrifício para ambos.

Fico sem entender quando Alec pega Emma dos meus braços
e sai do quarto, me deixando confusa. Minutos depois ele volta
sozinho e passa a chave na porta.

Nos encaramos por breves segundos, até que colo nossos

lábios. Alec me puxa pela cintura, aproximando ainda mais nossos


corpos, intensificando o beijo. Esse homem tem o poder de me
deixar louca com um simples contato. Tudo começou de maneira

diferente entre nós, mas não mudaria nenhuma vírgula na nossa


história, pois isso nos fortaleceu.

─ Quanto tempo nós temos?

─ Acho que vinte minutos. Por quê? ─ pergunto, recuperando


o fôlego.

─ É o suficiente, eu preciso entrar em você agora mesmo,

amor. ─ Beija o meu pescoço e todo o meu corpo se arrepia.


Sem perder tempo, Alec tira a minha calcinha, me penetrando
em seguida. Ele começa a fazer pequenos movimentos, tento me
controlar a cada instante, não posso fazer barulho. Tomo seus lábios

na tentativa de conter os meus gemidos. Seus movimentos passam


a ser mais precisos, está gostoso!

─ Se estiver difícil de se controlar, pode morder o meu ombro,

amor. ─ Chupa o meu pescoço e todo o meu corpo se arrepia.

Alec passa a dar atenção aos meus seios, chupando e


deixando leves mordidas. Meu corpo anseia por libertação, sinto

como se estivesse cada vez mais perto.

─ Brianna...você é tão gostosa! ─ Ele me puxa pela nuca,


colando nossos lábios.

─ Alec, mais rápido, por favor.

Rodeio meus braços em volta do seu pescoço.

Eu quero estar ao lado do Alec até o final dos meus dias.


Antes, ser reconhecida como esposa do magnata me incomodava,

porque de certa forma perdi minha identidade, mas hoje as coisas

são bem diferentes e gosto quando falam do meu marido. Erros,


acertos, recomeços e um amor que foi construído aos poucos.
Passamos por algumas tempestades, e hoje finalmente estamos

vivendo o calor do verão.

─ Eu te amo, Alec! ─ falo quando um orgasmo me atinge, e

seguro firme em seus braços.

─ Eu também amo você, minha menina.

Beija a minha testa, se liberando logo em seguida. Exaustos e


com o coração acelerado, encosto minha cabeça em seu peito e

sinto que finalmente encontrei o meu lugar favorito: os braços do

Alec!
SOBRE A AUTORA

Lis Santos é baiana, tem 26 anos e iniciou o gosto pela leitura


ainda na adolescência. Uma army apaixonada por séries e doramas,
procura sempre ter tempo de colocar os episódios em dia. Resolveu
se arriscar na escrita em 2016 na plataforma wattpad, tendo seu
primeiro e-book publicado na Amazon em 2017 e lançado em físico
no ano seguinte na Bienal de São Paulo. Dedica-se à escrita desde
maio de 2019 e publicou mais de 30 títulos na Amazon entre
noveletas, contos e romances.
OUTROS LIVROS DA AUTORA

Acesse o link abaixo e confira as outras obras da autora Lis


Santos.
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A Redenção de Nicholas
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Nicholas é um dos CEO mais respeitados e temidos da


cidade, aos trinta e cinco anos, leva uma vida recheada de
mulheres, bebidas e muito trabalho. Amor não faz parte da sua
realidade, pois a única mulher que entregou seu coração, foi embora
com outro.
Angel divide sua atenção entre o filho e seu trabalho de
dançarina em um clube famoso. No passado, após flagrar uma
traição, resolveu deixar tudo para trás, incluindo seu grande amor,
aquele que mais a machucou.
Vítimas de um mal-entendido esses dois corações
machucados são colocados frente a frente e Nicholas precisará se
redimir, afinal de contas, o amor falará mais alto que a raiva e o
rancor.

Amor no Tribunal
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Filippo é conhecido como o terror dos tribunais, um Juiz
completamente inexpressível, não se importa em aplicar uma
sentença, mesmo que seja injusta aos olhos de outros.
Relacionamentos não fazem parte de sua rotina, quando o corpo
pede, um clube sensual torna-se sua opção.
Apesar da profissão escolhida, April não consegue deixar de
lado suas emoções, o que às vezes é um empecilho para seus
julgamentos. Após uma ação disciplinar, é encaminhada para a 50ª
Unidade, e passará um período como juíza assistente de Filippo.
Como duas pessoas completamente opostas conseguirão
trabalhar em conjunto? Embates, conflitos e uma química
avassaladora.

O Bebê da Minha Melhor Amiga


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CEO da Andrade Engenharia, Isaac sempre foi o filho e
profissional modelo, mas quando o assunto era casamento e
paternidade, ele fugia, assim como o diabo da cruz. Após um
ultimato de sua avó e correndo risco de perder sua posição na
empresa, precisa tomar uma decisão às pressas. Tudo na sua vida
é resolvido com contratos, e agora não seria diferente.
Luísa se viu perdida ao descobrir uma gravidez, fruto de um
caso de uma noite. Por causa de uma emergência financeira e com
uma criança crescendo em seu ventre, topa embarcar na loucura de
seu melhor amigo e assina um contrato.
Uma simples decisão pode mudar completamente o destino.
Dois amigos, uma criança inocente e um desejo até então
desconhecido.
O Lutador e a CEO
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Rael Fernández é um lutador dedicado que desde muito novo


viu no esporte uma oportunidade de mudar de vida. Aos trinta anos,
inicia sua árdua busca por um empresário que realmente acredite
em seu potencial.
CEO da García Empreendimentos, Maria nunca gostou do
convencional. Enquanto as meninas assistiam desenhos e
brincavam de bonecas, ela direcionava toda sua atenção para lutas
e competições. Caminhando pelas ruas, Maria vê um lutador
enigmático com o potencial que estava buscando e fará de tudo
para fechar um contrato. É possível não misturar trabalho e prazer?
Era para ser apenas um contrato de trabalho, mas a
adrenalina que corre nas veias tornará tudo mais intenso.
Série Homens de San Diego
ICE – LIVRO 2
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Sargento do exército americano e apaixonado pelo trabalho,


Bryan perdeu oitenta por cento de sua equipe em um atentado no
Afeganistão. Ele e Megan se conheceram em um momento difícil de
suas vidas, e encontraram no outro, conforto para os dias nublados.
Tudo seguia perfeitamente, se Bryan não estivesse cego de
ódio. Entre o amor e a vingança, ele fez uma péssima escolha.
Grávida, Megan decidiu não contar sobre a gravidez e partiu
sem o amado, recomeçando sua vida em San Diego. Responsável
por suas batidas do coração falharem, Megan teria um dilema a ser
resolvido com o retorno do homem que ama.
Bryan precisará lutar pelo perdão daquela que tanto ama.
Perdoar e reviver um grande amor, ou esquecer e seguir em
frente?

Série Homens de San Diego


STONE – LIVRO 1
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Dylan é um ex-militar que carrega terríveis marcas
emocionais. Sendo incentivado pela mãe, ele aceita uma ajuda não
tão convencional, um fórum on-line.
Durante algumas visitas ao site, Dylan conhece a jovem e
encantadora Ayla, uma psicóloga que encontrou na internet uma
forma de ajudar aqueles que precisam.
Um homem com o coração e a mente machucados.
Uma doce mulher disposta a ajudar.
Entre medos e recomeços, uma forte ligação surge entre
eles, e a paixão é inevitável.

VIRGEM MISTERIOSA
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Vincenzo é um dos advogados mais requisitados do país,
após inúmeros convites para conhecer o clube de uma amiga,
finalmente aceita. Ele não tinha intenção de comprar a virgindade de
uma mulher, no entanto, a linda mascarada de olhar puro chama
sua atenção.
Luz é estagiária de um dos maiores escritórios de advocacia
de Madri, e devido a um problema familiar, precisa recorrer a
medidas extremas. Como última opção, vai até um clube
frequentado pela alta sociedade.
Tudo seria simples, se dias depois ela não descobrisse que o
cara que passou a noite é seu chefe.
Ela sabia a identidade dele.
Ele não fazia ideia de quem era ela.
LEON – LIGADOS PELO SANGUE
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Leon cresceu em um orfanato e, sem ter muitas opções, se


envolveu com coisas erradas, até que depois de quase morrer,
decidiu dar um rumo para a própria vida.
Aos trinta anos, é editor-chefe de uma das maiores editoras
dos Estados Unidos. Contrariando as estatísticas de sua área de
trabalho escolhida, é mal-humorado e totalmente impaciente.
Leon leva a vida de forma tranquila, até que seus desejos
mais intensos são despertados por uma estagiária linda e de
aparência angelical.
Com a convivência, o desejo fala mais alto e eles decidem se
entregar, vivendo, assim, uma intensa e conflitante paixão.
Finalmente Leon teria uma vida normal, mas o passado vem à tona
e ele precisa se desdobrar para proteger a amada, sem deixar que
sua imagem de editor seja manchada.

UMA BABÁ PARA MELINDA


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Gabriel teve sua vida mudada da noite para o dia, quando a


mãe de sua filha lhe entregou a guarda, ele precisou reorganizar
toda sua rotina e lidar com um bebê de pouco mais de seis meses.
Cansado de abusar da boa vontade de sua mãe, decide contratar
uma babá para sua pequena Melinda. ⠀
Era para ser um simples contrato, se a morena de cabelos
cacheados não chamasse tanto sua atenção, em todos os sentidos.
Sendo influenciados pelo desejo eles se entregam a paixão de seus
corpos, e se apaixonar torna-se inevitável. ⠀

UMA NOITE INESPERADA


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Maiane é uma agente literária de renome. Sua vida


profissional brilha cada vez mais, contrastando com o lado pessoal,
que vai de mal a pior. Ultimamente seus únicos acompanhantes
masculinos, eram os crushs dos livros.
Tudo está a um passo de mudar quando sua amiga e autora
de sucesso lhe entrega um manuscrito, onde ela e o médico da sua
mãe são protagonistas.
Da ficção a realidade, Maiane se vê num jogo de sedução
com o doutor quando ele surge em uma noite inesperada. Só resta
saber se não é sua mente que está lhe pregando peças.

AMOR POR ACASO


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Daniel sempre sonhou em ser pai, aos quarenta anos, esse


sonho parece cada vez mais distante. Acostumado a ajudar as
pessoas, emprega uma jovem mãe, criando um vínculo quase que
instantâneo.
A convivência faz com que um novo sentimento apareça e
eles se entreguem. Seria o acaso, responsável por esse amor?

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