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Eu acho que todo mundo já teve a ideia ou leu algum post nas redes
sociais de alguém falando: " Queria pegar não sei quantos mil de um agiota
depois pagar não sei quanto para sumir com ele".
A ideia é que depois disso você viva bem com os muitos "mils" que
te sobram.
Tudo pareceu dar muito certo, mas é claro que eu não sabia que o
As pessoas que acreditavam que ser bissexual era fácil é porque não
sabiam a confusão que realmente é gostar de homem e de mulher. Corinna
conseguia ser péssima nas duas coisas.
“ Ei, que tal irmos ao cinema daqui a pouco, uma pipoca, muito
refrigerante e uma bela comédia romântica.”
“Terminamos!”
“ Sinto muito!”
“ Passo na sua casa nove horas, muita bebida, música alta e nada de
pouco.
suficiente para fazer isso? Talvez ela fosse se conhecesse alguém que
pagasse tanto.
Afastou o pensamento e foi se arrumar, colocou uma calça jeans
escura e uma blusa preta com muito brilho, por cima uma jaqueta vermelha,
o look perfeito para dar uma animada, os cabelos castanhos longos soltos e
dentes e esperar que a amiga passasse em sua casa para pegá-la, o que
carro.
Samila Torres era alta, muito alta, loira natural, olhos azuis, magra e
ainda possuía muitas sardas por todo o corpo e hoje, sempre que possível,
não as deixava visível nunca.
realmente deveria enfrentar. Talvez seus pais ou sua tia tivessem a ajudado
se ela contasse para algum deles, mas não era uma coisa que ela
por mais que negasse muitas vezes, se ela pudesse mudaria quem era.
então deu um toque no volante de leve. — Então, para onde vamos hoje?
— Meu carro é novo e a última vez que dirigiu quase nos matou.
— O que passou na sua cabeça de vir para cá? Aqui só tem... — ela
falou mais baixo, mesmo que não a ouvissem, ela realmente estava com
— Claro que sim, muitas vezes, mas depois acordei do sonho e fui
trabalhar hora essa. — respondeu revirando os olhos, o que estava passando
na cabeça maluca de sua amiga?
bebida chegasse, era infalível. Samila fez o mesmo, mas seu coração ainda
estava descompassado, ela ainda estava com medo de toda aquela completa
loucura.
frente delas, tinham pedido para dobrar a dose de vodca por isso o gosto da
No fundo ela sabia que estava se metendo em algo que daria muito
errado, porém quando não se tem nada para perder, não existe razão para
não tentar.
Capítulo 2
Sentou devagar e tudo parecia rodar cada segundo mais do que antes,
que cachaça era aquela? Ela não queria saber.
músculos tensos.
Observou que estava com alguns arranhões nas coxas, joelhos, tinha
vez...
vibrava sem parar, suspirou caminhando até uma mesa onde estava a bolsa e
o celular que não parava de tocar. Era Samila que ligava e o celular tinha
mais de 10 chamadas perdidas do que ela imaginava ser dela, para sua
de Samila saiu ainda mais nervosa, porque a amiga não respondia logo de
uma vez.
parecia não entender as palavras dela. — Que tipo de piada é essa doida?
Eu acabei de acordar, diga isso mais tarde, está bem? — falou querendo
uma longa pausa, pausa essa que pareceu fazer Corinna despertar de uma
vez. — Amiga, escuta, sai dessa casa, sai agora e vai para qualquer lugar do
mundo, mas some da Sicília porque eles não estão a fim de conversar.
sem se preocupar com mala ou qualquer outra coisa. Ela parou por um
merda de saco de lixo. Quem coloca dinheiro vivo em saco de lixo? Ela não
sabia, mas não importava, pegou uma mala de viagem e colocou o saco
falou sentindo o coração saltar em sua boca, Deus o que ela tinha feito? Em
estava encarando ou se estava ficando doida, mas entre uma opção e outra a
melhor era correr, correr muito e sumir dali antes que terminasse morta em
Eles cortariam sua língua, arrancariam sua unha, ela já havia visto
existia? Ela não tinha certeza na verdade, mas não estava nem um pouco
disposta a ficar ali e descobrir se era mesmo verdade ou não.
Capítulo 3
— O que você bebeu antes de chegar até aqui? Só pode ter sido uma
coisa muito forte, não tem outra opção... — ela revirou os olhos e pediu
susto na pessoa. — falou calma e mais baixo, por que ela tinha que falar tão
alto?
— Por que não? — a amiga riu balançando a cabeça e falando com
ironia.
Por mais que Samila tivesse dito que topava, ela nunca imaginou que
emprestar tanto dinheiro para uma doida no meio de uma boate? Ela
esperava que ninguém, mas estava errada.
por mais incrível que isso pudesse parecer, dançara uma ou duas músicas na
pista de dança, mas ela era mais do tipo observadora por isso preferia ficar
seu ouvido.
uma dose de bebida e colocando uma nota sobre o balcão para pagar. —
bebendo a dose que acabara de ser colocada em sua frente, o homem pegou
o dinheiro olhando o valor da nota, mas nada falou, deveria ser só mais uma
riquinha bêbada.
olhou a amiga.
vendedor de droga, tinha cara de que já estava bem chapado e então dei a
volta e paguei 30 mil para um cara dar um bom susto nele. — Corinna
falava algumas coisas enroladas, mas nada que Samila não pudesse
entender.
no braço direito.
— Onde arrumou esses machucados aí? — falou enquanto ainda a
olhava de lado.
— Cai.
— Claro que não, o susto que ele vai dar no menino vai ser
suficiente para ele nunca mais me procurar e ele estava tão chapado
também que eu duvido muito que se lembre do meu nome.
Samila tinha os olhos arregalados, mas não parou até chegar na casa
da amiga. Assim que pararam, Corinna tirou uma quantia do saco e deu
para a amiga.
— Isso é por você me aturar por tantos anos. — a amiga riu e deu
amanhã?
todas as comidas deliciosas que a mulher tinha feito para ela em todos
aqueles anos.
Sem conseguir pensar em mais nada voltou para casa e foi dormir,
no dia seguinte pegaria o primeiro avião para longe dali, nunca mais
voltaria e dessa forma nunca mais seria encontrada.
Capítulo 4
Tudo parecia rodar, mas ela não se importava com isso totalmente, já
fazia quase um mês desde que ela conseguira o dinheiro para ter a vida dos
sonhos, os primeiros dias assim que ela saiu da Sicília foram vividos de
maneira dolorosa com ela imaginando o que eles fariam quando a
pegassem, com sonhos muito realísticos dela sem dedos, sem língua e
outras coisas que não gostava nem de pensar naquilo, mas os pensamentos
foram sendo apagadas e o medo também foi embora quanto mais dias se
passavam.
Mas para dificultar a vida deles um pouco mais, ela decidira passar
por algumas cirurgias, coisas que ela desejava mudar, algumas coisas em
seu rosto, tudo que funcionaria para que ela não fosse encontrada por foto
Seria muito leviano de sua parte dizer que ela não se sentia culpada
por tudo aquilo, porque literalmente era culpa dela, de sua loucura e
principalmente de sua impulsividade que muitas vezes parecia não ter
limites, mas ela queria uma vez meter as caras e encarar as consequências e
o estava fazendo com perfeição, ainda que de certa forma estivesse fugindo
...
mais correta possível, mal saiu da cama e teve a amiga para ajudá-la nas
Ela ainda era uma criança quando se viu sozinha no mundo, tinha
ido morar com uma tia que estava muito doente e no lugar da senhora
cuidar dela, ela que acabou cuidando da mulher até que ela partisse deste
mundo.
Corinna com todas as forças que podia, dado para aquela pequena criança
para um orfanato e não seria criada por qualquer outra pessoa que ela nunca
legal e a tia por sua vez disse para ela com todas as letras que ela não podia
confiar em ninguém, nem acreditar em nenhuma pessoa, então ela fez
Se escondeu.
dinheiro e também para sumir dos rastros e a casa seguinte era mais
afastada, e bem menor que parecia ficar disfarçada entre as outras casas.
mas Corinna nunca aceitou morar com ela e a família e nem permitiu que
eles dissessem onde ela estava por medo que a levassem para longe, isso era
pouco mais de uma semana, em meio ao sumiço de seu irmão caçula, Felipo
um rapaz que tinha completado 18 anos pouco antes de seu sumiço.
Como ele fora retirado da Sicília era uma pergunta que ela já tinha
ouvido milhares de vezes desde que chegara e que não conseguira
responder nenhuma das vezes já que parecia não ter uma resposta.
O que sabiam é que uma mulher estava envolvida nisso, uma jovem
adolescência que não parecia, mas estava muito longe em suas lembranças.
Porém, desde que pisara os pés em casa outra vez parecia que tinha
ela decidiu cedo que preferia se afastar, seus estudos estavam em primeiro
lugar e ela como mulher não poderia liderar nada e as ordens sempre
estariam para seus irmãos, por isso queria fazer seu próprio nome e
Aquela ideia tinha funcionado muito bem até o dia em que recebeu a
ligação, se afastar era uma coisa, ver a sua família em meio aos tiros era
outra completamente diferente e nesse caso, o sangue sempre vinha antes de
seguinte.
antes que sumisse era da máfia rival, não existia outra possibilidade e muito
em uma caixa?
Essa pergunta ecoava em sua mente o tempo todo, mas ela ainda não
maneira inexplicável.
balcão e alongou o corpo que estava cansado e dolorido como se ela tivesse
mentalmente.
parecia uma parede de gelo intocável não se abalava por nada, o próprio
filho estava desaparecido e mesmo que ele a tivesse mandado encontrá-lo,
Ela passou a mão sobre os cabelos curtos, estava tão cansada que
ela falou baixo, mas a voz era clara, estava chateada, exausta, queria paz,
queria que o homem saísse do pé dela.
— É sua obrigação!
naquele dia que ela realmente olhava o homem nos olhos. — Não é minha
obrigação e você sabe disso muito bem!
— Não faço, nunca fiz. — ela cortou antes que ele terminasse. — Eu
sou uma mulher, sou a maldita filha do meio e sou apenas mais uma entre
maldita Chefe! — ela parecia cuspir suas palavras, o homem podia ver o
fogo brilhar nos olhos dela, mas se mantinha do mesmo jeito.
— Descansar?
de nervos.
a voz dele estava diferente, ela poderia jurar que havia sentido a voz dele
tremer um pouco.
— Eu sei disso muito bem e se ele não fosse meu irmão, nem aqui
mais podres, nos lugares mais escuros e fétidos e ainda não o encontrei, a
tal mulher parece ter tomado a porra de um chá de sumiço. — Francesca
respirou fundo novamente sem tirar os olhos dele. — Eu preciso apenas de
uma maldita noite de sono, apenas uma para poder colocar a cabeça no
lugar e então voltar a procurá-lo com todas as minhas forças, porque pode
ter certeza que a coisa que eu mais quero no mundo é encontrá-lo. Quanto
mais rápido ele estiver aqui, mais rápido eu estarei bem longe.
ela queria pegar um avião para longe, bem longe dali e voltar a sua vida
fingindo que eles não existiam, mas ela sabia que as duas opções não
no instante seguinte.
Foi a vez dele suspirar e contar até dez, estava perdendo a paciência
com ela.
ela se afastar, sabia que não adiantava fazer mais nada naquele momento
então parou e ficou ali pensando no que dizer.
Francesca sabia que ele estava parado do lado de fora, não ouvira ele
se afastar, seus ouvidos eram muito bons, bons até demais, não seria
enganada assim.
porta. — Ache-o, isso é uma ordem, seu tempo está contando. — e sem
entendesse, mas só daria mais razão para chamá-la de criança mimada, por
isso não falou nada, apenas caminhou em direção ao banheiro.
Capítulo 6
mesma forma que precisava de ar para respirar, tomou outro banho longo e
colocou uma roupa sabendo que sairia novamente atrás do irmão.
Calça e blusa preta e uma bota da mesma cor, seu guarda-roupa era
basicamente todo da mesma cor, as diferenças eram apenas os modelos,
todas as peças tinham o mesmo tom, preto.
microondas, era uma macarronada, por isso diziam que Italianos só comiam
massas. Revirou os olhos dos próprios pensamentos e abriu a geladeira
pegando uma garrafa de água, sua vontade na verdade era uma taça de
vinho, melhor uma garrafa inteira de vinho, mas tinha que sair, por isso
aquela não era a melhor ideia.
Colocou a água ao lado do bilhete e pegou um par de talheres,
sua comida, de seu carinho, mas ela escolheu ir embora e ficar longe de
Claro que ela falava com a mãe por telefone, videochamada e tudo
mais, mas não era igual falar pessoalmente, sentir o calor do corpo dela, o
cheiro de maçã que a mãe tinha, ver o sorriso fácil que nascia em seu rosto
toda vez que a via aparecer no corredor ou que levava um susto de algum
dos filhos.
sempre tinha sido, a mãe a entendia, aceitava e não via problema em nada
Francisco Esposito, o Dom. Seu pai, era uma homem sério, frio,
treinado para ser o melhor e realmente era, mas a relação dos dois não era
boa, nunca fora, Francesca jamais aceitava ser colocada de lado apenas por
ser uma mulher e isso tudo piorou ainda mais quando ela descobriu que era
lésbica.
O Dom não aceitava aquilo, não era uma possibilidade, ela tinha sido
prometida em casamento pouco depois de seu nascimento e o casamento
seria com um homem, ela teria um marido assim que completasse 21 anos.
importava se ele era o Dom ou a porra que fosse, nunca se casaria com
homem nenhum e nem com alguém que não gostasse.
Ela fugiu dois dias antes do casamento, mas não antes de sequestrar
o homem e espancá-lo até ele jurar que não iria atrás dela e que diria que a
ideia era dela, mas fingiam que aceitavam aquela mentira mal contada.
postura altiva dizendo que não queria mais nada com Francesca e saiu
deixando todos lá parados sem ação enquanto ela aquela altura já estava
longe da Sicília o suficiente para que ninguém pudesse atentar contra sua
Claro que aquele feito dela não passou despercebido por seu pai, o
homem ocupava o lugar de Chefe por uma razão e sabia muito bem o que a
filha era capaz para ter o que queria. Foi atrás da jovem, mas ela não o
qualquer pessoa, mas claro que ela havia visto aulas, ouvido ensinamentos e
sempre foi esperta o suficiente para fazer o que fosse preciso quando quer
que fosse.
sobre o balcão enquanto encarava o homem que estava de costas para ela no
balcão.
respondeu com uma voz sorridente e quando se virou seus olhos foram de
imediato para o metal cintilante, ele ficou sério por alguns segundos, mas
logo arqueou uma sobrancelha. — O que pensa que vai fazer?
Ela viu com o canto do olho quando ele fez um sinal com a mão e
mesmo tempo que seus homens entravam no espaço e ele levava uma
coronhada na cabeça. — Odeio quando eles fazem isso.
Capítulo 7
— Então agora você está morando onde? Não posso imaginar uma
italiana fugindo da Itália… kkkkk — Corinna leu a mensagem e pensou se
responderia com a verdade ou qualquer outra coisa.
Rir das pessoas que estavam lá ou qualquer outra coisa aleatória que
passava em sua mente.
Ela tinha criado um perfil com nome falso, mas sua foto de agora,
não que ela acreditasse que as pessoas que estavam atrás dela entrariam em
que morava nos Estados Unidos e que era muito bonita por acaso, as duas
estavam conversando desde então, ficavam horas jogando conversa fora,
para falar a verdade não conheço nada, mas não vai faltar tempo para isso.
— ela respondeu depois de algum tempo. Falar isso não mudaria nada, era
Foi a única coisa que ela respondeu, pensou duas ou três vezes se
falava mais alguma coisa ou sumia.
Seria muito suspeito, claro, mas isso era mesmo um problema? Ela
finalmente acontecer, agora preciso ir, beijos! — Antes que ela pudesse
responder viu que a mulher tinha ficado off, então apenas respirou fundo e
saiu do computador.
Foi para a cozinha pegar algo para comer e viu Samila sentada no
sofá da sala.
— Não vai sair hoje? — Corinna perguntou sentando ao lado da
amiga e observando com atenção a televisão, um dos seus seriados favoritos
estava passando: Sob Pressão Para Corinna esta era a maior vantagem de
para Corinna. — E sua nova "amiga". — fez as aspas com os dedos dando
certo.
— Mas você está gostando das conversas, não? Estão de papo a
bastante tempo…
mãos sobre os cabelos. — Ela parece ótima, mas meu radar não é dos
melhores, disso eu tenho total certeza.
certa, realmente queria que estivesse, isso significava que uma vez em sua
vida ela teria um bom relacionamento, alguém se apaixonaria por ela de
verdade e enfim ela poderia amar e ser amada da mesma maneira.
Corinna daria uma chance para o amor, daria o braço a torcer, quem
A música estava alta e Corinna não era capaz de ouvir nem seus
O rapaz falou algo que Corinna não foi capaz de entender e ela
apenas assentiu e seguiu para a pista de dança. Pelo menos alguém dormiria
bem.
Se para ela já era difícil flertar, em outro idioma era ainda pior. Ela já
estava liberada pelo médico não somente para flertes ou beijos, mas para
transar, mas esse fato não acontecia a tanto tempo que ela começava a
tempos.
naquele momento, a bebida era melhor do que ela esperava e bebeu tudo de
uma vez, voltou ao bar fazendo um sinal de um e apontando para o copo.
Outro copo foi colocado para ela que sorriu pegando e dizendo um “
Foi para o centro da pista outra vez e de longe avistou uma mulher
que possuía um olhar perdido, mas um lindo olhar, olhos azuis brilhantes,
cabelos ruivos na altura do queixo, usava roupas pretas, um conjunto de
A mulher nunca ficaria com ela, nem ia entender o que ela estava
falando, ainda que para esse tipo de coisa não necessariamente se precise
entender o que a pessoa está dizendo, é uma coisa mais corporal, e a língua
dos corpos é somente uma, fica evidente quando existe desejo, quando duas
pessoas querem aquilo ou não. Muitas vezes, nenhuma palavra é necessária.
Antes que ela pudesse perambular o olhar pelo salão, os olhos azuis
da mulher encontraram os dela. Corinna não conseguiu mais desviar, ficou
ali parada encarando-a enquanto ela se aproximava. Por uma fração de
segundos foi como se todas as pessoas à volta delas sumissem.
A mulher se aproximou com o rosto sério, não tinha nada nas mãos e
Sem que ela precisasse falar mais alguma coisa a mulher avançou
contra ela a beijando e ela sorriu retribuindo, não importava quem ela era
seus.
Pensou ter ouvido as pessoas falarem algo a sua volta, mas não
perto, ouviu um suspiro baixo e desejou sair dali, queria ir a um lugar onde
não tivesse que parar até que o corpo não aguentasse mais.
Capítulo 8
— Eu não sei que merda aconteceu, mas você pegou a pessoa errada.
— ela falou com a voz baixa, sentia a garganta seca e a verdade era que
queria sumir, correr dali, mas era impossível e sabia disso muito bem.
ela que estava à sua procura, ela que queria sua cabeça, e Corinna tinha se
entregado de bandeja a Italiana bonitinha.
Corinna engoliu seco, será que ela tinha pego Samila também? Onde
a amiga estaria, olhou para o lado à procura da amiga, mas pareciam estar
sozinhas ali.
— Não adianta procurar saída, não vai sair daqui, não antes de me
dizer o que eu quero pelo menos. — a mulher seguiu falando e ela voltou a
Aquilo era a maior mentira que a outra podia dizer, já tinha visto
filmes o suficiente para saber que não sairia dali com vida.
— Eu não vou falar nada, nem te conheço, não sei quem é, nem sua
cara consigo ver. — esbravejou, não tinha mais nada a perder mesmo.
ficava um pouco a frente de onde estava, deveria estar ali para que a tal
mulher a pudesse ver.
penteado incomum, mas que ela gostou. Deus, gostou? A mulher estava ali
para matá-la e ela reparando na beleza dela? Só podia estar louca mesmo,
— Me diga, onde está meu irmão! — a voz era baixa e grave, ela
deveria estar furiosa e isso fez o coração da loira bater mais forte.
O pior não era morrer, o pior era o que vinha antes da morte.
— Eu não sei quem é seu irmão, sério, não sei. — ela falou sentindo
a voz tremer, droga não queria parecer desesperada, mas ela realmente
estava desesperada.
entrando em desespero.
Ela devia sentir o cheiro do medo e Corinna tinha certeza que o seu
estava por todos os lugares.
tempo eu passar aqui mais pedacinhos eu vou tirar e mandar para sua
família. — ela pareceu degustar a última frase com um prazer que a loira
dentes fora.
— Minha família está morta, idiota! Não tem ninguém para você
— Está mentindo!
— Não tenho por quê. — tentou dar de ombros, mas não era
impossível daquele jeito. Ela virou o rosto para o lado, às vezes sentia
vontade de chorar quando falava de seus pais, de sua família, mas tentava
Corinna entendia o que aquilo queria dizer, se ela não tinha ninguém,
se não tinha família, não tinha o que temer, não tinha pelo que lutar, ela
sabia disso muito bem, por isso que se metera naquela merda colossal, não
existia alguém que pudesse ser ameaçado, alguém que pudessem matar por
causa dela, bom na verdade tinha Samila, mas ela não estava ali.
— Você deve ter alguém para quem eu possa mandar, sempre tem!
— ela deu de ombros e Corinna sentiu que o coração parava por um
— Não tenho.
largamente, aquela notícia parecia ter dado a ela um novo motivo para
continuar tudo aquilo, Corinna podia dizer que a notícia tinha sido
para as sombras onde estava antes, mas parou e a encarou. — Até porque
mesmo que não tenha uma família de sangue, tem sua família da máfia, não
é? — arqueou uma sobrancelha.
essas coisas! — falou quase gritando, mas era mentira, ela tinha roubado o
dinheiro da máfia, mesmo que sua intenção inicial não fosse essa, era o que
ela tinha feito no final.
engoliu seco fechando os olhos tentando não sentir a dor que aquela fala
causava.
nenhum.
pareceu não entender a fala dela. — Não se faça de sonsa, você pediu
dinheiro ao meu irmão, ele te deu dinheiro e depois você sumiu com ele,
— Me diga o nome da pessoa que eu tenho que ligar para falar com
meu irmão!
a olhando de costas.
— Faça aí mesmo, não vai sair dessa sala até o meu irmão estar
Claro que ela já tinha matado pessoas, essa era uma coisa que mais
hora menos hora, você tinha que fazer na máfia, mas ela nunca tinha
matado uma mulher, isso era algo que ela não fazia, não importava a razão.
Agora estava ali com uma mulher para matar, uma que tinha pego a porra
do idiota do seu irmão e para piorar a desgraçada era belíssima, tinha um
perfume suave que a fazia querer foder com ela ali mesmo.
matar uma pessoa inocente, não gostava disso, não queria essa porra em sua
consciência pelo resto de seus dias.
Ela tinha visto o rosto da mulher pelas fitas da segurança e claro
havia dado um jeito de descobrir o nome dela, esse tinha sido o menor
problema naquele dia. O rosto dela estava um pouco diferente assim como o
cabelo, mas era um disfarce para que não a encontrassem, o que não seria
outra máfia que estava ali em um canto da festa olhando para Felipo e
pouco depois o homem foi lá pegando-o e o levando para fora do
Era óbvio que a cena pelo dinheiro era um fingimento apenas pelo
menino, agora eles já estavam com o irmão a dias até dinheiro haviam
recebido por tudo aquilo, por que ainda não tinham entregado o idiota?
Sim, Felipo era um idiota, não tinha explicação para ele, como podia
cair em uma dessa? Ele era muito mais treinado do que ela, sabia muito
mais e ainda assim tinha caído, como? Como não escapara ainda?
Deu outro soco na parede tentando contar até dez, mas parecia mais
impossível a cada segundo que passava, será que ele estava morto? Se
Já deveria ter passado mais de uma hora quando a porta foi aberta
novamente, Corinna já estava no limite de seu corpo, tudo doía, a cabeça
principalmente provavelmente pela ressaca, queria sua casa, sua cama,
A ruiva caminhava na direção dela com uma cara que parecia ainda
pior do que a que ela tinha quando saiu, ela estava ferrada e não existia
focar na pessoa.
verdade, porém a raiva era crescente, queria sair dali, poder voltar para
casa, descansar, ela não sabia onde o garoto estava, só queria ficar em paz,
— Sim, sim sou eu, mas eu estava muito bêbada, nem lembro dessa
hora.
costas, ela parecia contar, deveria estar tão puta quanto ela com toda aquela
merda, mas não tinha o que fazer.
— Você não sabe de nada, não viu nada, muito conveniente, não é?
A paciência dela parecia ter ido para o espaço já, e pelo canto do
olho ela viu a caixa de metal no canto da sala sobre uma pequena mesa,
estavam somente as duas ali naquele espaço, mas ela sabia o que aquela
caixa significava, por algum motivo existia uma lembrança sobre ela, que
— Eu não conheço esse cara, não sei quem ele é e nem o nome dele,
muito provavelmente foi a única vez na vida que vi ele, lembraria dessa
que a visão pareceu falhar, tinha certeza que não estivesse sentada iria cair
no chão, o coração pareceu bater ainda mais forte, parecia que ela havia
dado um passo em direção a morte, porém tinha certeza que isso era
impossível, porque ela já estava com os dois pés dentro da cova desde o
não sei quem é esse homem e nem sei onde ele está ou o seu irmão. —
Ela gritou com o apertão, o que ela ia fazer quebrar seu braço? Mas
Fingir que está me cortando com sangue falso? — falou sem ver a mulher
que estava atrás dela a empurrando para andar.
Ela ouviu uma risada irônica e parou de caminhar para olhar para a
— Assistiu tanta coisa, leu tanta coisa e não aprendeu que não se
pode roubar da máfia? — ela arqueou uma sobrancelha e Corinna engoliu
seco voltando a caminhar.
— Eu não sabia que ele era da máfia, achei que era só um drogado
idiota. — respondeu de má vontade, claro que se ela soubesse disso jamais
Elas pararam de frente para uma porta, que não era a mesma que ela
tinha passado momentos antes, a ruiva puxou as mãos e abriu as algemas a
cara. — ela falou fria e fechou a porta. — Quando for sair dê dois toques na
porta e não demore.
Não que fugir não tivesse passado pela cabeça da loira, mas no
momento em que ouviu sobre o tiro na cabeça, essa possibilidade
desapareceu como fumaça no ar, podia pagar para ver? Claro.
Mas duvidava muito que a mulher não estivesse com vários homens
do lado de fora da porta assim que ela pisasse do outro lado o tiro na cara ia
vir, mesmo que não fosse da ruiva que estava ali do outro lado da porta.
A pia estava podre e ela duvidava que poderia “lavar a mão” ali,
abriu a torneira cheia de nojo e pensando que era melhor não ter feito isso, a
água saiu e ela limpou a mão, limpou o canto da boca que ardia e bebeu
Deu os dois toques e esperou, lógico que ela não iria demorar ali,
estava tão sujo que ela nem conseguia respirar direito e para ajudar não
tinha janela nenhuma, o que queria dizer que o ar fedia a xixi e outras
coisas que ela nem gostaria de pensar.
— Vire de costas com os braços para trás. — ela ouviu a voz antes
que a porta se abrisse e fez.
Ela queria mesmo era ter coragem para tentar fugir, já estava com a
cabeça encomendada, que morresse lutando, mas era covarde demais para
isso.
Sua cabeça não parava, ela não conseguia pensar em nada que
pudesse dizer que a ajudasse a sair dali, cada segundo parecia um mais
perto de sua própria morte.
Capítulo 11
merda toda.
— Você é a culpada por tudo isso! Acredite, você vai ajudar, tem que
ajudar! — disse sem querer se virar para olhá-la. Parou um segundo e
fechou os olhos abrindo logo depois, ela era esperta, não podia falhar
naquele momento. — Eu quero que me conte tudo.
— Quanto?
— Muito quanto?
Ela não queria ter que falar isso para seu pai, não queria ser ela a dar
a notícia que um de seus filhos tinha morrido depois de ter sido passado
— Não, a ideia era pagar alguém para sumir com ele. — ela falou
devagar como se cada palavra pudesse ser a última. — Mas ele não parecia
— 50 mil, paguei 50 mil para darem um susto nele para que não
fosse mais atrás de mim. — Corinna naquele momento queria cobrir o
próprio rosto, queria fugir, sumir dali, mas ela sabia muito bem que isso era
impossível, que ainda que quisesse primeiro não poderia cobrir seu rosto
remota.
— Pode parecer óbvio para você que trabalha com essas coisas, mas
eu nunca tinha feito nada assim, não sei quais são as regras do crime. — ela
falou ofendida e ouviu a mulher rir e virar de costas passando as mãos nos
cabelos.
Ela sentia vontade de calar a boca, mas era impossível e cada palavra
que saia de sua boca parecia deixar a outra ainda mais puta.
alguém 2 - Nunca fazer isso com uma pessoa da máfia rival 3-Nunca roubar
o chefe 4-Nunca roubar a máfia 5 - E não menos importante: nunca se
apaixonar.
Ela apontava os dedos, mas a última era mais para que ela mesma se
recordasse.
— Anotado! E não se preocupe, a última eu não correria o risco. —
Corinna a olhou nos olhos, precisava falar alguma coisa, tentar dizer
algo que pudesse tirá-la dali, ajudar com que ela se salvasse pelo menos em
respondeu como se tivesse certeza do que ela estava falando, mas a verdade
é que ela estava se enfiando em uma roubada ainda maior e não fazia ideia
Dois dias tinham se passado desde a proposta que Corinna tinha feito
aceitável.
tinha sumido ali, aquele lugar era um perfeito ponto de partida para a busca,
ainda que ela se sentisse com mais medo ali do que longe, mas não podia
fazer nada além de aceitar aquilo e se contentar.
aquela merda toda porque queria o irmão de volta, se percebesse que ela
não valia nada sua cabeça estaria a prêmio e ela morreria no segundo
seguinte.
Não tinha mais o seu telefone e nem acesso algum a qualquer coisa
Mas para quem ela ligaria? Quem poderia salvá-la daquela merda
toda?
A polícia sem dúvida não seria, ela tinha quase certeza que eles
estavam juntos.
decente, não usar um banheiro podre e nem estar amarrada e o fato de sua
amiga estar bem longe dali e não poder se ferrar por causa das roubadas que
de uma maneira lógica, o idiota nunca mais apareceria aqui depois de ter
— É. — falou como se fosse óbvio, que ridículo era lógico que ela já
— Nem pensar!
— Mas…
— É bom que esteja mesmo, sua vida depende disso. — ela deu um
qualquer filme de máfia, será que eles aprendiam como ser mafiosos
assistindo os filmes?
Se fosse assim ela sabia muito disso, até poderia se tornar uma um
dia.
fartos seios, só um pouco, mas era suficiente para fazer a excitação correr
por suas veias, se a mulher não fosse tão desgraçada talvez transasse muito
com ela, essa possibilidade não era tão ruim, por que as duas não poderiam
Ela não teria reclamado, a ruivinha parecia ser uma mulher que
valeria a pena toda a raiva que viria depois.
sussurro.
— O que?
— Ele estava com outro homem, eu obviamente não sei o nome, mas
talvez eu reconheça se o vir de novo, ele não estava naquela foto que me
mandou.
Não, a vida dela estava em jogo, mesmo uma doida saberia que existem
limites para certas coisas, esse era um deles.
certo.
— Claro que eu também! Não ouviu quando eu disse que não vai
sair sozinha?
Corinna deu um passo para trás, mas não deixou que a insegurança
dominasse o seu rosto.
Antes que elas voltassem, Corinna tinha pedido para que fossem até
onde estava morando, rezou o caminho todo para que sua amiga não
estivesse ali e para sua sorte, não estava, pegou várias roupas e no minuto
que a ruiva se virou ela escreveu um bilhete e escondeu torcendo para que
Samila encontrasse.
Capítulo 13
de Corinna que ela nunca tinha usado e que achou a oportunidade perfeita.
Usar roupas diferentes seria uma forma de não dar tão na cara quem
ela era.
fazer um sinal para pedir algo, mas Corinna segurou sua mão e abaixou
mudando o olhar.
ironia puxando o vestido para baixo. — Por que mesmo eu vesti essa merda
de roupa?
falou bebendo.
seu sorriso mais o que esconde dentro da calcinha. — falou a olhando nos
precisava beber algo para esquecer a imagem da outra nua em sua frente,
maldição.
Ela era linda, deveria ser… Era melhor nem imaginar o que deveria
ser, assim que terminou a primeira taça uma segunda foi servida para ela e
terceira, mais duas e talvez transasse com a outra, não era essa a promessa?
estava ali, olhava a loirinha dançar e cada movimento dela a fazia querer
mais fazer com que ela cumprisse o que havia dito a pouco para ela.
— O que?
sobrenome interessante.
de quem era.
afirmando e baixando o dedo antes que alguém visse. — É ele, o cara falou
com ele muito próximos, como amigos de longa data.
fazendo um sinal com a mão, não mais do que 5 segundos depois vários
homens a estavam seguindo.
que a loira estava dizendo, ela não precisava de nada além daquilo para ter
certeza que era verdade.
— Eu que tenho que perguntar isso, não? Afinal você que está aqui
com cara de quem quer me matar! — ele riu fazendo um sinal para que ela
Como ela não pensou nessa possibilidade? Era escrota demais por
Deu um soco na cara dele que caiu assim que ela soltou.
— Seu porco, asqueroso. Onde ele está? — falou assim que ele a
olhou e viu um sorriso surgir no rosto dele em meio a pequena mancha de
sangue.
— Não é assim que se trata alguém que está com seu irmão.
— É melhor que fale logo, ou vou quebrar o seu nariz agora! — ela
cara dele e mando a cabeça em uma caixa de presente para você! — ele
falou limpando a boca e pelo canto do olho ela viu seus homens se
aproximarem.
dado aviso nenhum. — ela falava em um tom mais ponderado agora, estava
procurando maneiras de matá-lo sem que ninguém soubesse.
— E quem disse que não o fiz? — ele sorriu de lado irônico e ela
revirou os olhos.
ele a olhou e ela passou uma mão sobre os lábios. — Se fizer qualquer coisa
com ele eu mesma mato cada pessoa da sua família, começando pela sua
homens.
meia daqui, ou não encontraria Suzanne na casa que você tem no porto
junto com a sua mãe que por acaso está grávida, não? — ele falou ainda
virada de costas e depois se virou de frente para ele.
onde está, vou considerar isso um aviso de guerra, eu tenho homens a posto
ainda nem nasceu. — A fala de Francesca era seca e ele pareceu ficar sem
voz.
— Não ouse…
— Você tem 24 horas e o tempo está contando. E nem pense em
nem que eu precise matar cada um dos seus parentes vivos e depois matar
você, arrancando seus órgãos primeiro e vendo você estrebuchar como um
verme, porque é isso que você é! — ela cuspiu as palavras sobre ele e saiu
sem dizer mais uma palavra sequer.
Capítulo 16
— Como tem certeza que ele fará isso? — a loira pergunta e recebe
um olhar atravessado da outra.
tentasse melhorar a dor que existia ali, a ruiva estava com os olhos cravados
metros e trocou não mais do que três ou quatro palavras com ele, palavras
outro lugar.
colocando os capacetes para logo irem atrás de Américo que já está a uma
distância considerável.
isto é claro não era pela velocidade da moto e nem pela tensão do momento,
mais, porém ela tinha um propósito ali, estava ali para recuperar o seu
irmão inconsequente e nada além disso, mesmo que desejasse, não podia
fingindo que nada havia acontecido ali, elas esperaram pelos próximos
— Acha que seu irmão está aí? — a voz de Corinna era tão baixa
frente a um carro.
O coração de Corinna batia tão forte que ela podia sentir cada
ela deu duas batidas no vidro e a mulher parada observando a cena fechou
os olhos imaginando o que viria a seguir, tiros? Gritos? Ela não sabia ao
certo na verdade, porém sabia que não podia esperar nada de bom daquilo,
Ela abriu os olhos outra vez e só então se deu conta de que contraia
Francesca e sim aliados, com armas em punho eles partiram para cima dos
que estavam parados em frente ao galpão, socando e atirando e em poucos
segundos ela avistou outros carros chegarem e pararem com homens saindo
correndo deles e partindo para o confronto, ela realmente esperava que
Com sua atenção nos homens que chegavam ela acabou se distraindo
e perdendo a mulher do seu campo de visão, não era difícil achá-la é claro,
a única mulher em meio a todos aqueles homens, cabelos cor de chama do
próprios pés e desejando que tudo ficasse bem, que a mulher ficasse bem.
era o momento para isso, mas se fosse ela sem dúvida aproveitaria e muito.
O que seguiu foram barulhos altos de tiro, gritos e o som das pessoas
lutando, Corinna se encolheu se escondendo, ir lá e lutar era uma coisa que
ela jamais faria, ela não demoraria mais do que dois minutos para levar um
tiro e morrer, disso ela sabia muito bem, então era melhor ficar onde estava.
mãos sobre a cabeça, abrindo os olhos devagar e sentindo que tudo rodava,
no momento que seus pés pisaram no chão sentiu uma enorme pressão na
parte de cima da cabeça como se fosse explodir, apertou os olhos e depois
os abriu outra vez.
Talvez não para sua sorte, porém para sua felicidade estava deitada
na cama de Francesca, deu um sorriso de lado e uma sensação diferente
gritos das pessoas lutando, os barulhos eram tão altos que ela ainda sentia
dor de cabeça só de lembrar.
Assim que a guia abriu ela viu o site de relacionamento que ela fazia
enganado, torturado, quase a matado, ainda assim ali estava ela pronta para
o que quer que viesse a seguir, sem medo do que quer que fosse.
— Acho que o certo é, bom dia! Obrigada por salvar a minha vida e
não deixar que um dos homens que eu mesma coloquei em minha vida me
— Ladra!
— É ladra.
Francesca a encarou pensando no melhor a dizer e então riu
não está, mas sim, você é uma ladra também, e muito intrometida. — os
olhos dela faiscaram como se uma ideia perversa passasse em sua mente e
ela parecia gostar muito dela. — Eu deveria te dar umas boas palmadas por
isso.
— Você não ousaria. — foi o único que saiu de seus lábios em meio
a um sussurro que pareceu deixar a outra ainda mais instigada para realizar
aquela promessa.
queimar a pele das duas mulheres, tornava a respiração das duas ainda mais
sua nuca puxando os cabelos dela e dando um beijo sem permitir que a
outra tivesse qualquer reação que fosse.
A surpresa durou apenas um segundo e no seguinte as mãos de
desejo as consumia por dentro, ela não queria só um beijo, não queria só
uma língua em sua boca, queria aquela língua percorrendo seu corpo, queria
a língua entre suas pernas a fodendo sem piedade, fazendo ela gritar até
vezes como se isso fosse acalmar seu coração e apagar o que quase
Não, não iria apagar e ela nem queria que isso acontecesse, muito
pelo contrário, ela queria voltar para o quarto, rasgar a roupa de Corinna e
fazer a mulher revirar os olhos de prazer, a imagem da loira vermelha com a
boca inchada estava dominando sua mente naquele momento e ela queria
que fosse eterna.
em seu bolso, ao lado dele um copo com Whisky pela metade e do outro
virando a garrafa sobre ele se servindo de uma dose, se iria ouvir desaforo,
bebeu o encarando.
A bebida desceu amarga, rasgando, mas estar ali era mais doloroso
— Não, não é! Essa nunca foi a minha casa e nunca será, você não
me aceita, não me respeita, eu nunca servi para você, sempre fui uma
vergonha e ainda assim é para mim que você liga quando precisa de
salvação. — ele tentou falar algo, mas ela esticou a mão para que ele se
calasse. — Eu não quero te ouvir e não vou. — os olhos dela estavam
tentar ser uma pessoa que eu não sou, fingir e dissimular como se fosse
errado ser quem eu sou, não é! Não é errado e eu não estou nem aí se você
pensa o contrário.
— Francesca…
você e essa maldita família, eu vou embora e nunca mais vou voltar, não
mato um por um até que sobre somente você! — ela estava com o dedo em
haste apontado para ele e os olhos vermelhos tentando conter as lágrimas
que brotavam.
— Não, esse feito é seu, papai! Quem me matou foi você, muitos
anos atrás, ainda assim eu estou aqui servindo a você como a boa filha que
sempre fui, fazendo o que nenhum deles jamais teria feito por você, mesmo
que você tenha me matado um pouco mais a cada dia durante todos esses
— Eu ainda serei seu pai! — foi o que ele escolheu dizer, que
péssima escolha.
— Não, não será, quando essa porta se fechar atrás de mim, eu juro
que nunca mais volto a não ser no meu caixão. — a fala fria foi direcionada
Aquelas lágrimas não eram para ele, era somente dela, da dor que
estava tanto tempo dentro de seu peito que a estava matando por dentro, do
buraco enorme que cresceu cada dia mais durante aqueles anos em que ela
não esteve naquela casa, toda mágoa não curada.
— Acho que ele não quis dizer o que disse. — A voz veio do fundo
e Francesca suspirou baixo, por um momento ela tinha se esquecido que a
qual ela estava de volta para a Itália, de volta para a casa que um dia muito
tempo atrás foi o seu lar, a dona dos pensamentos mais loucos que ela teve
por semanas, a mulher que estava sob a mira da máfia e sobre todas as
Corinna saiu do quarto por algum tempo, queria dar tempo para que
Francesca pudesse se recompor sozinha, a ruiva sabia que não teria como
ela fugir, então só sair do quarto não era uma opção tão ruim.
Exceto pelo fato que o pai ainda estava parado no mesmo lugar na
cozinha.
sobre a mesa.
o dedo. — Toda essa confusão, acredito ser culpa sua. — Corinna mostrou
o cenário e depois o encarou.
— O que disse, garota? — A voz ficou grave e ele se aproximou
— Está surdo também? Eu sei que gente velha tem essas coisas,
mas….
— Escuta aqui!
Corinna não estava com medo, não naquele momento, medo é uma
sensação que existe somente quando se tem algo a perder, aquele não era o
caso, ela tinha apenas a sua vida, nem isso mais, estava ali na casa deles,
depois de quase matar o filho de um mafioso, depois de roubar o dinheiro
Por isso não existia razão pela qual ela não pudesse dizer qualquer
coisa que passasse por sua cabeça naquele momento, por mais idiota que a
na mesma posição.
— Essa casa não é sua para que saia pegando tudo. — o homem
algumas coisas que começou a colocar ao lado dos queijos depois procurou
uma garrafa de vinho, devia ter uma em algum lugar por ali.
Não demorou para que ela achasse e colocasse sobre a ilha para abri-
lo.
— Eu poderia matar toda a sua família na sua frente e fazer com que
pais morreram quando eu era uma criança ainda e minha tia antes que eu
me tornasse uma adulta, sou apenas eu e eu, assim como sua filha será
assim que acabar com a minha vida. — ela declarou olhando nos olhos dele
e depois virou todo o conteúdo que ainda estava na taça, a bebida descia
mais amarga do que ela estava acostumada, mas essa não era uma
— Vai, vai sim. Eu sei, você sabe e ela tem certeza disso. — Corinna
apontou para a porta do quarto. — Você quer que ela seja alguém que ela
não é, uma pessoa que você sabe que no fundo ela jamais poderia ser, quer
cobrar dela uma função que ela nunca será gratificada para fazer. Você quer
que Francesca seja você, Don Francisco. — a mulher voltou a encher a taça
e encheu outra mantendo em sua frente. — Talvez ela até se torne um pouco
mais parecida com você quando me matar, entretanto se isso acontecer ela
também terá força o suficiente para subir porta a fora e garantir que você
nunca mais a encontre nem que gaste todas as suas forças e aí eu e ela
Sem falar mais uma palavra sequer ela saiu da cozinha e passou
porta a fora deixando o homem parado ali na mesma posição sem saber o
— Pensei que nunca mais fosse te ver! — a voz era baixa, rouca,
quase inaudível.
Ele passou muito tempo gritando e não estava sendo fácil aquela
recuperação.
Ela pode ver a dor nos olhos dele, era de verdade, ele também estava
sozinho, a culpa parecia consumi-la cada segundo mais, a loira queria poder
dizer que não era culpa, que não era isso que ela tinha pedido, mas a
verdade é que não importava pelo que ela havia pago, a culpa era dela e
ponto final.
— Que eles fariam mal para você! Que iriam quase te matar! Eu não
me importo de ter sido pega.
— Ahh, ela fez isso sim. — engoliu seco. Não estava falando do
tempo amarrada e sim de toda a conversa mentirosa que a outra inventou,
— Acho que ela não fez isso por coragem e sim por tristeza. —
Corinna devolveu com um olhar atento.
— Eu sei disso, queria que fosse diferente, mas acho que nunca será,
que seria.
— Se você quer ficar com ela, tem que saber que isso vai ser
frequente. — Felipo falou depois de algum tempo e a loira o encarou como
uma conversa dos meus pais. — ele deu de ombros outra vez, aquele
parecia ser um gesto natural para ele. — Você dormiu por dois dias e ela
ficou bem preocupada. — ele a olhou com atenção.
mínimo interesse, mas se quiser entrar para uma família da máfia, esse não
vai ser o primeiro sequestro que vai participar, nem o primeiro que vai
mandar acontecer.
Corinna abriu a boca com menção de declarar algo, mas fechou logo
— Ainda que eu quisesse, acho que não seria muito bem recebida
nessa família, estou errada? — Ela arqueou uma sobrancelha e ele riu pela
primeira vez desde o início daquela conversa.
— Não, não está. Mas por Francesca talvez valha a pena tentar, não?
…
Francesca estava com os cabelos molhados, os olhos ainda um pouco
Duas horas haviam se passado desde a discussão com seu pai, depois
de muito chorar, ela saiu para gritar mais algumas verdades para o pai, mas
o mesmo já tinha saído da cozinha, então ela deitou sobre a cama e ficou
Ela teria mesmo coragem de passar pela porta e fingir que eles não
existiam mais? Agir como se fosse sozinha no mundo? Queria muito
Corinna colocou na tábua, ela observava com atenção a loira que estava
não muito, mais o suficiente para que o colo dela ficasse mais a mostra que
o normal.
única que veio em sua cabeça e que a tirava daquele mar de desejo
profundo.
percorrer pelo pescoço, pelo colo, desenhar todo o corpo dela com a língua
até chegar em sua boceta, onde foderia ela sem pena.
lipo, rinoplastia.
sua última escolha, matar Corinna não era uma opção para ela, não mais.
tenha de volta.
Francesca não precisou dizer nem uma palavra mais, largou a taça
sobre a ilha e deu a volta avançando sobre a mulher que sorria, as duas se
corpo.
O beijo das duas tinha gosto de vinho e tesão, Corinna gemeu entre o
meteu entre elas dando um riso baixo e passando a língua desde seu monte
de vênus até a entrada de sua vagina, ela contraiu o corpo quando sentiu
uma mão fria puxar seu mamilo direito e a língua quente rodar sobre seu
clitóris.
Ela sentia a excitação correr por suas pernas e o coração bater cada
vez mais acelerado. Corinna inclinou o corpo para conseguir ver a mulher
ali, que visão, o baixo ventre se contraiu no mesmo instante que um grito
forte escapou de sua garganta e ela sorriu sentindo o gozo tomar conta de
Dois minutos depois ela sentiu sua mão ser puxada e colocada entre
suas pernas, ela olhou para Francesca que se afastou encostando o corpo no
vermelhos estavam ali entre as pernas dela onde a ruiva levava as mãos.
A loira riu sacana quando percebeu o que a outra queria e se tocou
levemente abrindo a boceta e dando para ela um show completo, Francesca
dela.
difícil.
Francesca não aceitou que ela vendesse a casa, seus problemas não
se resolveriam assim.
tudo resolvido a única coisa que faltava era encerrar a história de Corinna,
história essa que ela não desejava que se encerrasse.
vala mais próxima. — Ela bebeu seu Martini enquanto olhava a mulher que
começado.
— Eu não sei o que vou fazer… Ainda não decidi. — Ela respondeu
Ela voltou o olhar para a loira que tinha parado de dançar, o corpo
testa.
— E aí, vai ser você ou eles? — o sussurro veio dolorido dessa vez.
sua ideia outra vez. — Francesca pareceu soletrar as palavras e olhou para a
direção oposta.
— Então pronto. — sem esperar qualquer resposta que fosse ela deu
partida no carro.
— Eles vão nos matar! Vão nos matar! — ela falou alto apertando as
mãos no cinto contra o peito, seu coração sairia pela boca a qualquer
momento, o carro estava a 120 por hora e Corinna estava prevendo que a
qualquer momento elas iriam bater e morrer, não era assim que ela queria
que sua vida acabasse. — Eu disse que queria viver, VIVER!
— Ok, vamos.
vamos!
Capítulo 19
celular, depois de quase meia hora as duas estavam deitadas na cama depois
de um longo e merecido banho.
— Eu acho que essa foi a maior loucura que eu já fiz em minha vida.
— a loira riu enquanto puxava o edredom para cobrir seu corpo.
— É, foi sim. — Corinna riu. — Ele vai nos achar, não vai?
— Não, nunca vai, eu sou boa no que faço, muito boa, acredite ou
Corinna e deitando na cama sobre ela, beijou a boca de leve sorrindo, beijou
A coberta entre elas não era capaz de impedir que o calor dos corpos
garota! — O homem falou na porta aparentando estar sem jeito de ter que
— ele falou se levantando de sua cadeira. — Aquela garota não pode ter
não desapareceria.
com privacidade.
não ocuparia mais esse cargo, então vou te tratar pelo título ainda que eu
estou levando Corinna comigo, é claro, não vou matá-la e nem permitir que
o faça.
mais me verá. E ainda que me procure, não vai me encontrar, quando achar
que está perto de uma pista estarei a quilômetros de distância, sumir do
Eu vou conhecer o mundo e ser feliz, muito feliz como você nunca foi
e jamais será, você é uma pessoa horrível e isso não tem nada a ver com o
que faz, você é morto por dentro e eu espero que em breve esteja por fora.
Don Francisco leu aquelas palavras, uma, duas, três vezes sem
Vazio, a filha tinha levado cada uma das notas que estava ali, duas
e incessante.
— Não para, não para! — ela ouviu o grito que veio assim que a
satisfação, o tremor tomou conta de cada membro do seu corpo assim como
uma sensação de formigamento.
Sentiu a mulher deitar ao seu lado rindo baixo, beijou sua testa e as
duas se olharam.
— Eu também.
sentada agora.
As duas brindaram.
Fim!
Epílogo
Eu posso te dizer….
máfia aquela não seria a primeira coisa errada que eu faria e realmente não
foi. Nós saímos da Itália, e formamos a nossa própria família da máfia em
outro lugar com o dinheiro que Francesca tinha roubado.
Criamos novas leis e com tudo o que Francesca sabia sobre outras
famílias ganhamos ainda mais dinheiro e contatos.