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SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
EPÍLOGO
LEIA TAMBÉM: UMA VIRGEM RESGATADA PELO CEO
SINOPSE
Da mesma autora de “Uma virgem resgatada pelo CEO”, vem aí: Uma
virgem comprada pelo CEO.
Thomas de Albuquerque foi traído pelo seu sócio e melhor amigo. A
empresa da família é o que tem de mais precioso na vida e agora o CEO se vê
prestes a falir e jura vingança. Ele sabe que não vai conseguir o dinheiro de
volta e nunca mais vai recuperar o que perdeu. Vai ter que trabalhar duro para
reerguer o seu império, mas não está disposto a deixar com que o traidor saia
impune. E a melhor forma de fazê-lo pagar pelo que fez é também tomando o
que ele tem de mais precioso.
Cecília Magalhães tinha muitos planos para a sua vida, e nenhum deles
jamais envolveu ser forçada a se casar com um homem que mal conhece
como pagamento por um erro do seu pai. Ela não entende como acabou nessa
situação, mas sabe que não tem escolha: ou aceita ou seu pai vai morrer na
cadeia.
Assim que coloca os olhos na garota, Thomas percebe que cometeu um
erro. Ele esperava uma garotinha assustada que serviria apenas de enfeite na
sua casa, e não alguém que o desafiaria a todo momento. Na tentativa de
mantê-la sob controle, ele exige que o casamento aconteça logo, mas promete
esperar os seis meses que faltam para ela se formar antes de fazê-la ir embora
com ele.
O que ele não esperava é que esses seis meses seriam o suficiente para
que ela virasse sua cabeça do avesso.
Dois mundos diferentes colidem em uma explosão.
E agora os dois precisam decidir: um acordo comercial ou um
casamento por amor?
CAPÍTULO 1
Thomas de Albuquerque
Eu tenho vontade de destruir cada parte do corpo daquele maldito.
Coloco os cotovelos na mesa do escritório, apoio o rosto nas palmas
das mãos e puxo o cabelo com força. Eu falhei. Pela primeira vez em muitos
anos, eu falhei.
Sempre administrei meus negócios muito bem, melhor do que as
expectativas do meu pai. Melhor do que ele mesmo fez. Fiz o que devia fazer,
sem me preocupar em ter que destruir algumas pessoas no caminho. No
mundo do sucesso, empatia e compaixão não existem. Contratei gente de
confiança e me certifiquei de que os transformaria em menos que nada se
algum deles falhasse ou traísse a minha confiança. O que eu não fiz foi
imaginar que ia ser traído pelo homem que está comigo desde que nós éramos
pirralhos. Foi exatamente aí que falhei.
César Magalhães, meu quase irmão, amigo de longa data, estava me
roubando há anos. Anos. Como gestor financeiro da minha empresa, ele tinha
métodos de desviar o dinheiro sem que ninguém percebesse. E meu erro foi
confiar nele cegamente. Mas isso não vai acontecer nunca mais. Com
ninguém, sob hipótese nenhuma.
Escuto o telefone do escritório tocando alto e arrumo a postura antes de
atender.
— Fala, Diana.
— Senhor Thomas, ele está aqui. Peço para ele entrar?
— Sim, e não deixe ninguém chegar perto desse andar até eu abrir a
porta, Diana. Entendido? — Não espero que ela responda e desligo na sua
cara. Sinto meus músculos travados de tensão e meu corpo treme com ira
crua e devastadora que toma conta de mim.
Nunca tive muito controle da minha raiva. Hoje mais do que nunca não
consigo evitar ter pensamentos homicidas em relação ao sujeito lá fora.
Escuto uma batida de leve na porta e olho para lá. Apoio um cotovelo
no braço da cadeira, coloco um dedo na bochecha e espero.
Assim que César entra na sala, tudo o que sinto é ódio do homem que
sempre foi muito mais do que meu parceiro de negócios. É como se ali fosse
o meu maior concorrente no meio dos negócios, meu maior inimigo. Uma das
pessoas que entrou facilmente na lista de gente que não faço oposição
nenhuma a deixar no fundo do poço, a deixar sem nada.
O homem alto, já grisalho apesar de não passar dos quarenta anos, de
olhos castanhos e cabelos ruivos, se aproxima com a postura descontraída de
sempre e se joga na cadeira em frente à minha mesa.
Somos o completo oposto em muitos aspectos da nossa vida. Em
relação à personalidade: eu sou explosivo e ele é descontraído. No jeito de
levar a vida: eu sou libertino e ele é “família”. Mas uma coisa temos em
comum: a ambição.
— Caralho, Thomas, você vai morrer congelado nessa sala. Precisa
colocar o ar-condicionado para congelar desse jeito?
Não respondo, porque estou ocupado demais tentando controlar a
explosão que ameaça vir, pela primeira vez. Mas ele me conhece bem
demais. No segundo em que olha para meu rosto, inclina a cabeça para o lado
e pergunta:
— O que aconteceu? Algum problema?
Eu me levanto e ando devagar até sua cadeira. César franze a testa e
ergue a cabeça para me olhar. Fico de costas para ele, ando até a porta e a
tranco para ninguém me interromper.
— Está planejando abaixar minha calça e comer meu rabo, porra? —
pergunta e solta uma risada. Não consigo falar nada. Sinto minha boca
amarga, meu estômago revirado, o nervo da minha testa tremulando. Cravo
as unhas na palma da mão com força. Tento e falho controlar a raiva e a
decepção. — Você está me preocupando, Thomas.
— Você me ensinou muita coisa, César — digo. Raspo a garganta e
vou em direção às janelas de vidro que mostram a grande metrópole de São
Paulo abaixo de mim. — Me ensinou que não devemos confiar em ninguém.
— O que você está falando?
Volto a olhar para ele e me aproximo devagar, com a mão esquerda
dentro do bolso da calça social.
Sem conseguir mais um segundo de controle ao olhar para sua
expressão dissimulada, eu o tiro da cadeira de forma abrupta e o seguro pelo
seu colarinho.
— Que por…
— Você vai calar a sua maldita boca nesse instante, seu filho da puta
desgraçado! Vai escutar tudo o que eu digo e fazer absolutamente tudo o que
eu quero. Entendido? — esbravejo e sacudo seu corpo.
Seus olhos se arregalam e ele toca minhas mãos. Tenta se desfazer do
aperto forte, mas eu não o solto.
— Achou mesmo que eu não ia descobrir seu roubo, hein? Você já foi
mais inteligente, César. Achou mesmo que podia me fazer de idiota dentro da
minha própria empresa por anos, seu filho da puta? Por anos!
Eu o sacudo mais uma vez antes de levar uma mão à sua garganta para
sufocá-lo.
— Eu… Me deixa ex…
— Te deixar explicar o que, César? Que você é um traidor de merda?
Que você ria pelas minhas costas enquanto afundava cinco hotéis de uma
vez? Você tem noção do prejuízo que me causou? Vou ser obrigado a
recorrer a investidores que nunca precisei contar por sua culpa, seu merda! Se
eu não fosse tão bom no que faço, teria ido à falência!
— Vou explicar, Thomas. Não traí… você. Eu não… — diz com as
frases entrecortadas por causa da falta de ar causada pelo meu apertão.
Eu o jogo no chão e arrumo as mangas da minha camisa social. Sinto a
respiração acelerada, as narinas inflamadas e o coração saltando. Sinais da
minha ira. Às vezes sinto que vou me dividir em mil pedaços.
— Vou te deixar explicar, César. Vamos, te dou um minuto em nome
da nossa bela amizade — falo com ironia e abro um sorriso predador
enquanto o olho.
Eu quero matar esse verme. Desde que ele pisou no escritório, não o
vejo mais como o cara que compartilhou bons momentos comigo. Quero
destruir tudo o que existe de melhor na sua vida. Quero fazer com que o resto
dos anos sejam de pura dor, sofrimento e amargura. Quero que César nunca
mais descubra o que é confiar e nem ter a confiança de ninguém. Quero que
sofra.
— Eu estava precisando de dinheiro. Você sabe que a Paula tem gostos
caros e acaba extrapolando nos gastos. Não queria pedir dinheiro para minha
família. Começou com um empréstimo pequeno, você nem ia notar… — fala,
se senta no chão e coloca a mão no pescoço marcado pelo meu aperto. —
Mas… as coisas se descontrolaram. Eu não fiz de propósito. Você é meu
mano, cara. Qual é… Acha que eu ia te foder de propósito?
— Seu mano… — debocho. Sorrio abertamente e sacudo a cabeça. Me
aproximo mais dele e o chuto. Ele arregala os olhos de surpresa ao mesmo
tempo em que leva à mão até a barriga.
Monto nele e o acerto com vários socos no rosto. César não reage, e
não acho que ia conseguir se quisesse.
Estou cego pela fúria, mas paro minutos depois quando me lembro de
que, se ele morrer agora, vai fácil demais. Não vai ter o sofrimento que
merece.
Sinto meus dedos fodidos e doloridos. Aperto a mão e vejo a
vermelhidão do sangue do seu nariz ali.
Não me importo se ele está com o rosto fodido, não me importo se está
pedindo ajuda através de gemidos. Não me importo com mais nada, só com o
fato de que esse homem quase destruiu uma empresa de anos, um império. O
meu império. A rede de hotéis de luxo não era nada quando meu avô a criou
quando ainda era novo. Não era muito mais quando meu pai a assumiu
muitos anos depois, mas se transformou na maior rede de hotéis do Brasil e
alcançou diversos países do mundo quando eu assumi. Tenho orgulho de tudo
o que construí e absolutamente ninguém vai me tirar isso.
Tiro um lencinho de dentro do paletó do terno e limpo meus dedos.
— Nós vamos ter uma conversa séria agora. Consegue me ouvir?
— Seu filho da…
— Não, César. O filho da puta aqui é só você.
Me ajoelho em frente ao seu corpo ainda estirado no chão e o encaro.
Patético.
— Passei todos esses dias tentando pensar em uma maneira de te
presentear pelo que você me fez — falo, ouvindo seus gemidos de dor. —
Shh, quietinho porque ainda não acabei de falar.
— Eu vou…
— Pensei em pegar a sua mulher. Uma troca, sabe? — interrompo e
ele tenta me atingir com um chute. — Aquilo que mais importa para mim por
aquilo que mais importa para você. Ou melhor, por quem mais importa para
você.
— Não vai… — diz com uma careta de dor. Seus olhos já começam a
ficar inchados pelos socos que dei e eu sorrio.
— Mas aí eu pensei… Você ama a sua mulher, tanto que quase faliu a
minha empresa por ela. — Aperto o maxilar de raiva. Quero partir para cima
dele de novo. Bater nele até ele se acabar, mas preciso terminar o que
planejei. Vou até o fim com isso. — Mas quem você ama mais no mundo não
é a sua mulher, nem a sua mãe. Quem você mais ama no mundo é Cecília,
sua queridinha filha. Aliás, como ela está?
— Você não vai tocar na minha filha, seu desgraçado!
— Será que não vou, César? — falo. Sorrio para ele e dou um soco no
seu braço como costumávamos fazer. — Sua princesinha doce, meiga, seu
anjinho. Como você a chama mesmo? Seu cristal…
Me levanto e o deixo tentar lutar para se levantar, mas a dor o impede.
Gosto de vê-lo ali, rastejando como um verme. Vou até o armário de bebidas
e tiro uma garrafa de conhaque. Encho um copo e viro a bebida quente de
uma vez. Repito o gesto e volto a me sentar na cadeira, esticando o pescoço
para vê-lo.
— Por que ainda está aí no chão, cara? Senta aqui para eu te ver
melhor… — falo. Ele xinga, resmunga, tenta se mover, mas a dor o vence.
Volto a me levantar, vou até ele e o levanto de uma vez.
Praticamente o arrasto em direção ao sofá de couro preto no canto do
escritório e o jogo ali. Me sento ao seu lado no outro assento e apoio a lateral
do pé sobre um joelho.
— Como ela está, hein, César? — pergunto, mas não o deixo
responder, porque tudo o que eu quero é deixá-lo irado. Não existe nada que
ele não faça por sua preciosa filha, para a proteger. — Quando ela volta dos
Estados Unidos? Lembro de como ela era um anjinho. Vai ser bom ter uma
pessoa doce e recatada assim do meu lado.
— Do seu lado? — diz e passa a manga do paletó no nariz que está
escorrendo sangue. — Que porra você está falando, Thomas? Não mexe com
a minha família!
— Ah, César… Você mexeu com a minha vida, por que eu não vou
mexer com a sua?
— Ela… É diferente, cara. Aqui é só dinheiro. Eu te devolvo tudo!
Consegui multiplicar com investimentos e você sabe como minha família é
rica. Eles podem me…
— Ah, você devolve? Simples assim? — pergunto e sacudo a cabeça.
— Escuta bem, as coisas não vão ser fáceis para você daqui para frente. Não
basta me devolver tudo o que me roubou, você vai ter que sentir o que eu
senti quando quase perdi tudo.
— Você está louco.
— Você não viu nada, César. Não viu nada. — Estico o braço e pego o
contrato meticulosamente planejado com meu advogado. — Vamos deixar de
falar de família. Vamos para o que mais gosto: negócios. Aqui está o que
você vai precisar fazer. Vou ser bondoso e ler enquanto você está
impossibilitado.
Ele se remexe no sofá e me encara com raiva, mas não ligo e leio o que
está escrito no papel.
— Cecília Magalhães será obrigada a se casar com Thomas de
Albuquerque e realizar todos os seus desejos — falo e paro só para apreciar a
expressão de surpresa e revolta em seu rosto. — Não é o máximo, César? De
tudo o que a gente foi na vida, amigos, irmãos, parceiros de negócios, eu vou
ser seu genro. A vida é irônica demais, não acha?
— Casar? Você está louco? A minha Cecília é uma menina! Ela só tem
dezenove anos, Thomas. Não faz uma besteira.
— Besteira, eu? Não se preocupe. Jamais ia fazer alguma coisa para te
machucar, amigo!
Ele me olha cético e eu explodo em uma risada pela sua expressão. Se
tem algo que me dá mais prazer além de pisotear quem se mete no meu
caminho é brincar com a presa como se fosse um filhotinho. Amo ver a ira, a
esperança e o desespero se misturarem enquanto faço o que eu quero.
— Você acreditou, não foi? Ai, César, parece que não me conhece.
— O que você quer? Faço tudo, mas não mexe com a minha filha.
— É exatamente por isso que eu a quero — falo e jogo o contrato de
lado. — E eu vou ter, porque eu tenho tudo o que quero, César. Você devia
ter pensado nisso antes. Agora vai embora daqui. Vou te procurar daqui uns
dias. Não tente fugir com sua filha, porque acho todo mundo nem que seja no
inferno. E aí vai ser pior.
— Você vai se arrepender.
Me levanto e não respondo. Volto para a minha cadeira e começo a
trabalhar para recuperar o prejuízo. Vou ter que me desdobrar para não perder
os hotéis que demoraram anos para serem reconhecidos e renomados, mas
não desisto do que quero.
César se levanta com dificuldade e anda até a porta devagar, tocando a
costela.
— Até mais, sogro! — provoco com um sorriso, que se fecha assim
que ele destranca a porta e sai dali.
O primeiro passo já dei, agora falta o resto.
CAPÍTULO 2
Thomas de Albuquerque
Uma semana se passou desde que confrontei César e o informei sobre
meus planos. Ele não apareceu na empresa novamente, mas está na minha
mira. Não vou permitir que fuja ou se esconda antes que meus planos de
vingança sejam concretizados. Aposto que acha que estava blefando quando
disse que ia tomar seu bem mais precioso, provavelmente contando com a
amizade, mas eu não estava. Apenas tinha coisas mais importantes para fazer,
como me reunir com diversos especialistas para ver a melhor forma de sair
desse golpe sem perder muito.
Eu odeio perder qualquer coisa. Odeio que as coisas não estejam ao
meu alcance, que eu não tenha o controle de cada respiração dentro da
empresa. As coisas vão voltar ao que eram antes, custe o que custar. Custe
quem custar.
Alarmo o carro depois de estacionar na frente o prédio que já visitei
mais vezes do que consigo contar. Ando até a portaria e sou facilmente
recebido pelo porteiro que me conhece muito bem e nunca me anuncia. Subo
o elevador olhando minha imagem no espelho. Ajusto as mangas da camisa
social e passo a mão nos cabelos, aguardando a subida lenta em direção à
cobertura. Assim que as portas metálicas se abrem, ando até o apartamento
dele. Toco a campainha apenas uma vez antes de a funcionária aparecer para
me receber.
— Seu Thomas, que surpresa! — diz com simpatia e eu sorrio em um
cumprimento. — Entra, vou chamar o seu César.
A senhora de meia-idade some pelos corredores e eu olho pelo
cômodo. Busco algo de diferente, qualquer coisa que eu possa usar contra o
homem, mas minha inspeção é interrompida por Paula, a esposa do meu ex-
sócio.
— Thomas, querido… — Percebo, pelos anos de convívio e pelo seu
olhar, que ela não sabe o que está acontecendo. Pelo menos ela não sabe que
eu estou ciente da facada que seu marido me deu. Agora, se sabe sobre o
golpe, vou descobrir agora.
— Paula — digo em um cumprimento frio, o oposto do que ela está
acostumada a receber de mim. — Onde está sua família?
— César está no escritório, só está saindo de lá para comer nos últimos
dias — fala e faz um gesto de indiferença com a mão, como se estivesse
acostumada a isso. — Venha, querido, se sente aqui e me conte por que está
tenso.
— Não quero me sentar, Paula. Vou esperar pelo seu marido aqui
mesmo. — Enfio as mãos nos bolsos da calça social e olho meu reflexo na
parede espelhada à minha esquerda.
Pareço mais cansado do que o normal. Noto as olheiras escuras por
causa das noites acordado tentando pensar em uma solução para todos os
meus problemas. Apesar disso, que não pode ser disfarçado, o resto da minha
aparência está meticulosamente no lugar: terno alinhado, roupa bem passada,
o cabelo preto bem cortado e penteado para trás, a barba escura e bem
aparada. Só quem me conhece bem demais e está atento aos detalhes que ia
conseguir notar os sinais de cansaço e de estresse. Felizmente, existem
poucas pessoas dessas na minha vida.
— Thomas… — Escuto a voz do homem e volto meu olhar para onde
ele está.
Seu rosto está completamente fodido da surra que levou de mim e é
inevitável abrir um sorriso fraco.
— Você parece bem — zombo e vejo seu maxilar travado, sinal de que
está com muita raiva. Ótimo. Para mim, quanto mais choro, ira e sofrimento,
melhor.
— O que você quer? — pergunta e olha para sua esposa sentada no
sofá, como se só agora tivesse notado a sua presença. — Minha preciosa,
você pode nos dar licença por alguns minutos? Temos negócios a tratar.
— Ah, Paula, não precisa sair — falo, tendo a minha resposta. Ele
escondeu a verdade da sua mulher. — Eu sei que vocês não têm segredos
entre si. Não vou ser eu a mudar isso.
— Thomas, deixa a minha mulher fora disso… — César aponta para
mim, mas não consigo mesmo o levar a sério com esses olhos e nariz
inchados e roxos, boca cortada e o resto do rosto com uma coloração meio
verde.
— Mas por quê, meu amigo?
A mulher alta e esguia, com os cabelos castanho-escuros cortados nos
ombros e olhos da mesma cor, me encara com desconfiança. Olha de mim
para o marido e eu aproveito para deixar o caos reinar por alguns minutos.
Vejo vários porta-retratos espalhados pelos poucos móveis da sala de
visitas imensa e me aproximo deles. Cecília está na maioria das fotos, desde a
bebê com a cabeça cheia de fios ruivos como o do pai até adolescente, de
óculos de grau e aparelho. Não a vejo desde que ela se mudou para estudar
fora, mas me lembro da menina calada, comportada e educada que vivia
grudada no pai. O seu maior orgulho, seu cristal…
— Fica longe da minha filha, seu doente do caralho! — César exclama
e eu me viro a tempo de ver o olhar de choque no rosto de Paula.
— O que é isso, César? Ficou doido? — ela pergunta e o homem passa
a mão pelo cabelo.
— Querida, prometo que te explico depois. Mas eu preciso mesmo
conversar com Thomas a sós.
— Senta aqui, Paula — digo, ignorando o homem, que me fuzila com o
olhar enquanto me aproximo da sua mulher. — Nossa, você está com um
cheiro fantástico hoje.
— Eu… — Ela arregala os olhos e se senta no sofá, enquanto eu me
ajeito ao seu lado. Seu rosto branco cora até a raiz dos cabelos e seguro a
risada. — Obrigada.
Nunca fui nada além de cortês com ela, afinal, eu valorizava demais a
amizade com César para sequer pensar em algo assim. Paula acabou se
tornando minha irmã também no caminho, mas agora que a amizade acabou,
faço questão de usar tudo para irritar o homem.
— O que acontece é que vou me casar com a sua filha — falo e o rosto
que já estava surpreso se torna cômico.
— Como é? Com… Cecília? — indaga, se levantando do sofá de uma
vez. — Desde quando? Você sabe que minha filha só tem dezenove anos, não
é? Ela é uma menina!
— Eu sei, Paula. Pretendo a respeitar, claro — falo e sua expressão
parece se suavizar, mas não contenho a gargalhada. — Ah, vocês dois… São
tão fáceis de serem enganados.
— O que… O que está acontecendo, César? — ela pergunta para o
marido, que solta um suspiro longo e uma sequência de xingamentos antes de
se virar para ela.
Ele abre e fecha a boca mais vezes do que consigo contar e isso
começa a me irritar. O homem tem coragem de afundar a minha empresa a
sangue frio, mas não tem coragem de contar a verdade à sua mulher. O quão
patético isso é?
— Pode deixar que eu te ajudo — digo e aperto o ombro dele com
força. — É o seguinte, Paula: o seu marido me roubou. Estava há anos
roubando minha empresa para sustentar as suas futilidades, segundo ele.
Espero a mulher processar a informação, de olhos arregalados, boca
aberta, corpo paralisado. Seu olho vai incrédulo de mim para seu marido.
— Você não fez isso, César… — ela sussurra e seus olhos se enchem
de lágrimas. Queria dizer que fico com pena, mas não fico. César me fez
perder a esperança na humanidade e me ensinou que qualquer coisa pode ser
mentira, um teatro para me enganar.
— Ah, querida, não chora… Eu vou cuidar direitinho da sua filha.
— Mas… O que você se casar com Cecília vai resolver?
— Minha preciosa, tudo vai ficar bem. — César se aproxima e arruma
os cabelos da esposa, os colocando atrás das orelhas antes de se virar para
mim com raiva. — Vou convencer Thomas de que isso é uma insanidade.
— Não perca seu tempo, César — falo e ele se vira para mim.
— Quem é você? Que tipo de pessoa se tornou? Você é mesmo capaz
de uma coisa tão baixa? Se envolver com Cecília apenas para me ferir? Você
a viu nascer! Você estava ao meu lado quando comemorei que ela deu os
primeiros passos!
— Verdade, César. Eu… — Toco os cabelos e solto um suspiro. Em
seguida, abro um sorriso de orelha a orelha. — Não me importo. Me poupe
do seu discurso melodramático. Eu vou me casar com ela e ponto final.
Quero o endereço de onde sua cristalzinho está até amanhã de manhã.
Acredite em mim, meu amigo, as coisas podem ficar muito piores se você
não colaborar.
Olho mais uma vez para o porta-retratos de Cecília e sorrio quando
César tenta vir para cima de mim, mas é impedido por sua mulher.
— Até amanhã de manhã, César. Estou esperando.
Faço um sinal com os dedos da lateral da cabeça e ando em direção à
porta.
— Os jantares de família vão ser interessantes, não acham? Até mais,
sogros.
Escuto milhares de xingamentos gritados por César antes de eu fechar a
porta. Enquanto desço pelo elevador, penso que vai ser um pé no saco ter que
me casar para os meus planos se concretizarem. Não que eu esperasse me
casar por amor um dia ou nada do tipo, o que eu tinha em mente era
exatamente isso: um casamento por conveniência. Mas é uma merda que isso
tenha que ser justamente com uma pirralha que mal saiu das fraldas.
Só que vou fazer o que tiver que fazer para que meu império seja
vingado. Desistir não está nos meus planos.
CAPÍTULO 3
Cecília Magalhães
Parece que foi ontem que eu me mudei para cá, que minha mãe estava
chorando no aeroporto e prometendo que ia me ligar todos os dias. Eu fiquei
com muito medo no começo porque nunca tinha morado sozinha, ainda por
cima em um país onde não conhecia ninguém. Foi por isso que eu decidi
morar em uma sororidade, igual às meninas dos filmes das universidades
americanas que eu adorava assistir quando era mais nova. Pelo menos assim
eu não ia ficar sozinha.
Meu pai não queria. Ele é muito ciumento e cismou que eu ia passar
todo o meu tempo livre enfiada em festas e bebendo ao invés de estudar.
Precisei prometer que ia me comportar para ele concordar. César Magalhães
nunca conseguiu dizer não para mim mesmo. Mas era verdade, eu realmente
ia me comportar. Até porque nunca me interessei em ir em festas nem encher
a cara.
Eu terminei o ensino médio bem cedo, com dezesseis anos, e sempre
quis estudar para poder trabalhar com ele, então quando ele decidiu que ia me
mandar aqui para Nova Iorque para estudar, eu já sabia o que queria fazer:
contabilidade.
Nem acredito que já faz quase quatro anos e faltam seis meses para eu
me formar!
— Você está linda, Cecília! Vinho é sua cor.
Eu sorrio para a minha melhor amiga, Kelly, que mora na sororidade
comigo. Ela está em frente ao espelho ao meu lado com um vestido verde que
tem a mesma cor dos seus olhos e fica lindo com o seu cabelo preto e longo.
Olho para o meu reflexo e mordo o lábio.
— Você acha? Eu não sei.
Eu sou pequena e magra demais, então é difícil achar alguma coisa que
faça parecer que eu não sou uma criança. O vestido até que ficou bonito, pelo
menos faz parecer que eu tenho algum peito para encher o decote. E a cor
combina com o meu cabelo ruivo.
— O Josh vai ficar doido quando te ver dentro disso — ela diz,
mexendo as sobrancelhas de um jeito insinuativo, e eu me vejo corar pelo
espelho.
— Não quero nada com ele, Kelly — digo e volto andando para a
cabine para trocar de roupa de novo.
— Porque é idiota! — Kelly grita do lado de fora do provador. — Ele
está correndo atrás de você há meses. Não entendo por que não dá uma
chance para ele.
Abro a cortina depois que tiro o vestido e coloco minha calça jeans e
camiseta de novo. Ela para na minha frente e me impede de passar.
— Ele é lindo, inteligente, rico e está doido por você.
— Já disse que não quero nada com ele! — reclamo e ela cruza os
braços, me olhando irritada. — O quê?
— E por que não? Me dá um bom motivo para isso. Você passou a
faculdade inteira fugindo de todos os caras gatos!
— Não estou interessada em nenhum deles! — digo e tento passar,
mas ela me embarreira de novo.
— E por que não? — ela pergunta e eu começo a bater o pé no chão.
— Você fez alguma promessa para morrer virgem?
— Shh! — Coloco a mão na boca dela porque Kelly tem a mania de
falar alto e atrai a atenção de todo mundo ao redor. Que vergonha! — Fala
baixo!
Eu a empurro para o lado e fico parada no meio da loja com o vestido
na mão. Ela me olha emburrada e vai trocar de roupa. Depois de pagar pelos
vestidos, nós seguimos para o Starbucks para tomar um café, e Kelly
continua insistindo.
— Se você acha o Josh tão maravilhoso, por que você não sai com ele?
— pergunto.
— Porque eu já tenho namorado — ela diz, e eu mostro a língua. Kelly
ri e segura as minhas mãos em cima da mesa da cafeteria. — Mas é sério,
Cecília. Eu só me preocupo com você. Você está sempre enfiada no quarto
estudando, a gente tem que te arrastar para os lugares. Você não sai, não se
diverte, não faz nada!
— Eu já te disse que preciso estudar — falo e coloco uma mecha do
cabelo atrás da orelha. — Papai não vai me deixar trabalhar na empresa se eu
não for muito boa. Ele leva aquele lugar muito a sério. E o sócio dele então,
acho que é capaz de matar alguém por causa da empresa — digo, pensando
em Thomas. Ele é amigo do meu pai desde sempre e eu só me lembro da sua
cara fechada e séria o tempo inteiro. Não sei nem se o homem sabe sorrir. E
eu sei que ele não vai me deixar trabalhar lá só porque sou filha do seu
amigo. — O que tem de bonito, tem de assustador.
Só noto que falei em voz alta quando Kelly ergue as duas
sobrancelhas.
— Você tem um crush no amigo do seu pai, Cecília? — ela pergunta, e
eu sinto meu rosto pegando fogo.
— É claro que não! — respondo e bebo um gole do meu café gelado.
— Ele só é… bonito. Você sabe, para um cara da idade dele. Não importa! A
questão é que eu preciso estudar. Esse é meu último semestre, não posso
ferrar com tudo.
— Um beijinho só não vai te fazer mal — ela implica, e eu reviro os
olhos rindo.
Não estou mentindo, preciso mesmo estudar. Mas não vou repetir para
ela a outra parte da verdade. O Josh é legal, ele é muito bonito e divertido,
inteligente, mas… Não é o cara. É idiota, mas eu quero meu príncipe
encantado, um cara que me tire do chão e por quem eu vou me apaixonar
tanto que vai doer até respirar sem ele. Esse cara que vai ser meu futuro
marido, e ele com certeza não é o Josh. Então para que vou perder meu
tempo?
— Ah, eu acabei de lembrar! — digo. — Tenho que comprar um
celular. O meu quebrou tem alguns dias e eu preciso de um novo. Minha mãe
deve estar desesperada achando que eu morri porque não falo com ela há três
dias.
Kelly e eu voltamos para o shopping e depois de algum tempo
escolhendo um modelo novo, precisamos correr para a aula para não
chegarmos atrasadas.
No fim da noite, entro na mansão dos pais de Kelly. Não foi tão difícil
assim fugir dos seguranças. Deus, o que foi que se fez de mim? Nunca, nem
quando eu era adolescente, precisei fugir de ninguém assim. Nunca fiz nada
escondido, nunca fiz nada de errado. Nem me reconheço mais e nem gosto
dessa mulher que virei nos últimos dias. Sinto falta da Cecília chata e sem
graça que só quer saber de estudar. Daria tudo para voltar a ser aquela garota.
Os pais de Kelly me recebem muito bem e dizem que posso ficar o
tempo que eu quiser. Eles me mostram onde fica o quarto de hóspedes e me
levam para fazer um tour pela casa. A mãe dela me mostra onde fica a
piscina, sauna, academia e mais um milhão de coisas que estão disponíveis na
casa.
Eu estou morta de cansaço e só quero dormir por mais doze horas, mas
acabo acordando bem cedinho no dia seguinte quando a mulher bate na porta
do meu quarto e me pede para a acompanhar nas compras. Não consigo dizer
não. Estou aqui de favor e mamãe me ensinou a sempre ser uma boa hóspede.
Então poucos minutos depois de chegar, sou arrastada para algumas lojas de
roupas com ela. A mulher de pouco mais de quarenta anos é bem bonita e
vaidosa, então também não escapo quando ela me leva para o salão para fazer
as unhas e um corte novo de cabelo.
Eu nunca fui muito vaidosa, mas deixo que ela me faça de boneca por
algumas horas, porque sei que ela sente falta de Kelly assim como eu sinto
falta da minha mãe.
Já é quase noite de novo quando voltamos para casa, carregando um
milhão de sacolas.
— Muito obrigada por passar o dia comigo, Cecília — ela diz a
caminho da escada. — Às vezes me sinto muito sozinha nessa casa
gigantesca.
— O prazer foi todo meu — respondo educada. — Obrigada pelas
roupas novas.
Ela me dispensa com a mão e agora sei de onde Kelly pegou essa
mania. O dia foi bom, no fim das contas. Ajudou a tirar minha cabeça dos
problemas e pelos menos fingir que minha vida é normal.
— Por que você não vai tomar banho para jantar? Já deve estar quase
pronto. Meu marido deve chegar em casa em breve.
— Tudo bem — concordo e subo as escadas para o meu quarto.
Coloco as sacolas do pé da cama e tiro a minha roupa a caminho do banheiro
da suíte.
Fico nem sei quanto tempo debaixo da água quente. Seco o cabelo
ainda no banheiro com um secador para poder exibir um pouco o meu novo
corte e até gosto do que vejo no espelho. Quando acabo, me enrolo na toalha
e volto para o quarto.
Solto um grito de susto assim que piso no quarto.
— Ai, meu Deus — sussurro para mim mesma, sabendo que estou
muito, muito ferrada.
Thomas está sentado na cama, segurando um dos vestidos que a mãe
de Kelly comprou para mim hoje. Ele brinca com a peça entre os dedos e
levanta os olhos para mim quando ouve minha voz. Ele está dentro de um
terno, como sempre, bonito como o próprio diabo. Ele está com muita raiva.
Consigo ver no seu rosto. Os olhos azuis estão escuros. Ele respira
pesadamente. Quando olha para mim, aperta o vestido na mão.
— Você não achou que podia fugir de mim, achou?
CAPÍTULO 12
Cecília Magalhães
— Thomas…
Dou um passo para trás quando ele se levanta da cama. Espero que ele
grite ou ameace acabar com a minha vida de novo, mas Thomas
simplesmente cruza os braços e me olha em silêncio.
— Eu posso explicar — digo. Ele abre um sorriso demoníaco e começa
a andar na minha direção em passos curtos. Continuo dando passos para atrás
até que a parede está nas minhas costas.
— Acho melhor você começar logo — ele diz quando me alcança.
Coloca uma mão de cada lado da minha cabeça e aproxima o rosto do meu.
— Que porra você estava pensando quando me marcou naquelas fotos,
garota? — rosna. Sinto a respiração quente no meu rosto e engulo em seco.
— Eu achei que a gente tinha a merda de um acordo.
— Me desculpa… — sussurro. Ele ri de novo.
— Você vai precisar de muito mais do que um pedido de desculpas
para sair dessa — diz baixo. Respiro fundo e sinto meu peito subir e descer
com o movimento. Thomas repara também, porque os olhos deles caem bem
ali.
Seus olhos escurecem ainda mais enquanto encaram meu corpo mal
coberto pela toalha e meu corpo esquenta sob seu olhar. Ele termina de colar
o corpo no meu, e eu ofego. A boca vem ao meu ouvido e fala:
— Sua anfitriã muito educada ofereceu para nos servir o jantar antes de
eu te arrancar daqui de volta comigo. Vai se vestir que eles estão esperando lá
embaixo. Lido com você quando a gente voltar para o hotel — diz. Fecho os
olhos quando sinto a barba roçando na minha pele e estremeço. Ele percebe e
solta uma risada debochada.
Do mesmo jeito que fez no hotel, Thomas passa a barba pelo meu
pescoço e sem querer eu solto um gemido baixinho. Quando faço isso, ele me
prende ainda mais na parede.
— Ou talvez ao invés de se vestir, você prefira terminar de tirar essa
toalha da frente, cristal — sugere no meu ouvido. A mão dele aperta minha
coxa e eu me odeio por quão excitada fico de repente. — Você é um pau no
cu, garota, mas não é de se jogar fora.
Sem pensar, coloco as mãos nos seus ombros e o puxo para mais perto.
Thomas grunhe satisfeito no meu ouvido e a próxima coisa que sei é que sua
boca está na minha. O beijo… não é nada que eu podia esperar. Não é nada
que eu tenha experimentado antes. Já fui beijada, mas não assim.
Thomas é bruto e firme. Ele devora a minha boca e comanda tudo.
Controla o ritmo e os movimentos. Segura meu rosto com força enquanto me
beija até que eu esteja sem ar. Meu coração começa a bater forte e minhas
pernas amolecem com o toque. A mão dele agarra meu seio por cima da
toalha e eu gemo na sua boca. Aperto mais os seus ombros e ele puxa o nó da
toalha para baixo e a faz cair no chão.
Instintivamente, tento cobrir o corpo. Ninguém nunca me viu sem
roupa antes, mas meu cérebro não está funcionando direito, porque ele segura
meu pulso para me impedir e eu deixo. Ele belisca meu bico sensível e
aprofunda ainda mais o beijo.
Estou completamente sem ar quando Thomas solta a minha boca.
— É isso aqui que você quer? — ele pergunta no meu ouvido e coloca
a mão entre as minhas pernas. Estremeço e aperto mais seus ombros. A boca
dele desce pelo meu pescoço e sobe de novo até a minha orelha.
— Thomas… — gemo seu nome quando sinto um dedo me tocar onde
homem nenhum tocou antes. Aperto as penas fechadas num reflexo, mas ele
consegue escorregar um dedo ali.
— Puta merda, você está molhada, garota — diz no meu ouvido e ri.
— Achei que você tivesse gritado na minha cara que prefere ser comida por
vermes, agora está toda molhadinha pra mim.
— Seu… idiota — digo, mas minha voz falha quando ele esfrega o
dedo no meu ponto sensível e eu gemo de novo. — Babaca arrogante.
— Isso, xinga — debocha e acelera o movimento do dedo. — Xinga
mais que eu gosto.
Fecho os olhos e jogo a cabeça para trás. Minha boca está aberta em
um O, mas não sai nenhum som. Não consigo dizer nada, só sentir. Meu
corpo nunca reagiu assim a ninguém. Estou pegando fogo e cada pedaço meu
parece a ponto de derreter. Estremeço por causa do estímulo. Thomas beija
minha pele com brutalidade enquanto continua o movimento dos dedos no
meio das minhas pernas.
Aperto mais os seus braços porque tenho a sensação de que vou cair se
não me segurar.
— Oh… — solto quando começa a ser demais.
— Você vai gozar, cristal? — pergunta no meu ouvido. Faço que sim
com a cabeça, imaginando que é essa a sensação que está tomando conta do
meu corpo. — Então goza, porra — manda, e eu sinto meu corpo inteiro
explodir.
Afundo o rosto no seu ombro, trêmula, e Thomas me segura por alguns
segundos sem tirar os dedos do meio das minhas pernas.
— Da próxima vez que quiser sair por aí bancando a desmiolada,
lembra a quem você pertence, sua irresponsável — ele fala no meu ouvido.
— Você assinou um contrato, Cecília. Você é minha. Se precisa de alguém
para apagar esse seu fogo no rabo, então eu cuido disso. Mas eu juro que se
você me envolver em mais algum escândalo, vou fazer da sua vida um
inferno. Entendidos?
Faço que sim com a cabeça, ainda sem conseguir dizer nada. Eu me
sinto mole, completamente drenada. Thomas começa a me soltar, mas me
seguro de novo nos seus braços para não cair. Olho para o chão para não
olhar para ele, porque uma vergonha sem tamanho começa a tomar conta de
mim.
Meu Deus, o que eu fiz? O que eu o deixei fazer comigo?
E eu gostei…
Só então lembro que estou nua e me abaixo rapidamente para pegar a
toalha e colocar na frente do corpo.
Thomas pigarreia e dá um passo para trás.
— Vou te esperar lá embaixo. Não demora.
Ele sai do quarto como um furacão e eu fico parada encostada na
parede por mais alguns minutos, me perguntando o que estou fazendo da
minha vida.
Não sei se foi o álcool que ainda não saiu do meu organismo, a noite
mal dormida, a preocupação com o que vai acontecer daqui para frente ou a
completa vergonha que estou sentindo, mas estou a ponto de desmaiar.
O jantar foi uma tortura e a viagem da casa dos pais de Kelly até o
hotel também. Estou tonta e preciso me segurar na parede do elevador para
não cair. Thomas manteve uma distância gigantesca de mim desde o…
incidente no quarto mais cedo e mal olhou na minha direção. Acho que a
primeira vez que tira a cara do celular e olha na minha direção.
— O que foi? — ele pergunta com um vinco entre as sobrancelhas. —
Você está pálida.
— Não é nada — digo baixinho, sem querer dar o braço a torcer. Ele
me olha de cima a baixo como se tentasse decidir se acredita em mim e dá um
passo na minha direção.
— Cecília? — pergunta e me segura bem a tempo antes que eu desabe
no chão. — Puta que pariu, garota teimosa do cacete. Por que não disse que
estava passando mal? — pergunta e me pega no colo.
Como se eu não pesasse nada, ele passa os braços por baixo dos meus
joelhos, e eu prendo os braços em volta do seu pescoço.
— Como se você se importasse — murmuro. As portas do elevador se
abrem e ele sai me carregando no colo. Abre a porta do quarto e me leva
direto para a cama.
Thomas me coloca em cima do colchão e eu imediatamente abraço
meu próprio corpo como se isso fosse me impedir de me sentir tão mal. Ele
fica de pé do lado da cama, me olhando com atenção.
— Você pode ir — digo baixinho. — Prometo que não vou fugir. Não
estou nem conseguindo ficar em pé, muito menos pular a janela.
Ele não fala nada. Só continua me olhando por algum tempo antes de
sair andando. Some das minhas vistas, e eu fecho os olhos porque minha
cabeça começa a doer de novo. Ouço Thomas falando com alguém no
telefone e depois o som da água do chuveiro. Alguns minutos depois, o
colchão afunda do meu lado. Giro para o outro lado e arregalo os olhos
quando o vejo entrar debaixo das cobertas. O peito está descoberto e não
consigo desviar o olhar dos músculos firmes.
— O que… o que está fazendo? — gaguejo.
— Me preparando para dormir, Cecília. O que acha? — diz, seco.
— Mas… aqui? — pergunto confusa.
— Preciso garantir que você não vai morrer durante a noite. Não me
serve de nada morta, garota — diz rude.
Suspiro pesadamente e afundo a cabeça de novo no travesseiro. Alguns
instantes depois, sinto sua mão no meu braço e olho para ele.
— Bebe isso — diz e me estende um copo de água e alguns
comprimidos. Confusa, obedeço. Ele continua me olhando por alguns
instantes e pergunta: — Precisa de ajuda para trocar de roupa?
Faço que não com a cabeça, mas ele me ignora e sai da cama. Abre a
mala que eu trouxe comigo e que algum funcionário do hotel deve ter
deixado aqui antes de a gente chegar no quarto. Ele revira minhas roupas e
volta com o mesmo conjunto de dormir que eu estava usando naquela outra
noite.
Sem falar nada, estica a mão para mim e eu aceito. Fico de pé e apoio
no seu braço. Thomas abre o zíper do meu vestido nas costas e tira a peça
pela minha cabeça.
— Thomas, o que…
— Só vou te vestir — ele me corta. Não digo mais nada enquanto ele
me ajuda a vestir a roupa e depois volto para a cama. Me cubro com o lençol
até o pescoço como se pudesse me proteger de alguma coisa.
Ele apaga as luzes e deita do meu lado. Thomas não fala mais nada por
muitos minutos e eu acho que ele dormiu, até que sinto sua mão na minha
cintura. Solto um suspiro pelo susto e meu coração dispara quando Thomas
puxa minhas costas ao encontro do seu peito. A boca dele vem ao meu
ouvido por trás.
— Você tem razão, eu não me importo — ele fala no meu ouvido, a
voz baixinha que me faz estremecer. — Mas é do seu pai que eu estou com
raiva, Cecília, não de você. Não preciso fazer da sua vida um inferno, você só
tem que colaborar comigo. E não tenho interesse nenhum em te ver doente.
— Tudo bem… — sussurro, sem saber o que mais dizer. Não entendo
essa mudança de comportamento dele. No quarto escuro, não consigo ver
nada, só ouço sua respiração.
— Eu vou tomar conta de você agora — diz no meu ouvido. —
Aqueles seguranças claramente são uns incompetentes, então eu vou ficar de
olho em você. A sua sorte é que sou um homem de palavra e prometi te
deixar terminar a faculdade, mas de hoje em diante você mora comigo.
Entendidos?
Faço que sim com a cabeça e não sei se ele consegue ver. Thomas não
diz mais nada, mas sinto sua mão subindo por dentro da minha blusa e
estremeço.
— Thomas…
— E sobre o que aconteceu mais cedo — ele diz quando a sua mão
cobre o meu seio. — Foi a primeira vez que você gozou?
Abro e fecho a boca, surpresa pela pergunta. Sinto meu rosto esquentar
e agradeço por estar escuro e ele não poder ver.
— Te fiz uma pergunta, Cecília — insiste, rude.
— Foi — admito e a mão sobre o meu seio fica mais pesada. Sinto o
meio das minhas pernas começar a ficar molhado de novo quando ele brinca
com o meu bico. — O que você está fazendo? — pergunto baixinho.
Ele tira a mão do meu peito e aperta meu quadril. Me puxa para trás e
eu ofego quando sinto alguma coisa dura atrás na minha bunda. Arregalo os
olhos quando percebo o que é.
— Você é uma garota estranha — ele fala no meu ouvido. Mordo o
lábio e solto um gemido baixinho quando ele se esfrega em mim. — Achei
que toda virgem fosse idiota, mas você me enfrenta.
— Eu odeio você — sussurro, sentindo minha voz falhar. — Você está
acabando com a minha vida. Eu te odeio.
— Seu corpo não me odeia — ele diz. — Se eu colocar a mão nessa
sua bocetinha agora, ela vai estar pronta para mim. Se eu quiser te foder
agora, você não vai me dizer não.
Ele coloca a mão no meu pescoço e puxa minha cabeça para trás.
— Mas como eu disse, a sua sorte é que eu sou um homem de palavra.
Não vou te foder nem quando você implorar.
— Eu… eu nunca vou fazer isso — digo e preciso me concentrar
muito para não gemer de novo quando ele aperta minha bunda com a outra
mão.
— Você vai — Thomas diz com um riso convencido. — Antes desses
seis meses acabarem, você vai implorar para eu te foder bem gostoso.
Ele me solta de repente e se afasta no colchão. Meu coração está
disparado e mal consigo manter os pensamentos em ordem.
— Me acorda se piorar durante a noite — ele ordena. — E vai dormir.
Pisco várias vezes, encarando o escuro. Esse homem é muito confuso e
se tem uma coisa que eu tenho certeza é que ele vai me deixar louca, de um
jeito bem ruim.
CAPÍTULO 13
Thomas de Albuquerque
Estou puto por ter que me mudar para Nova Iorque temporariamente
para ter que ficar de olho em uma pentelha que gosta de me desobedecer.
Mas preciso fazer sacrifícios para atingir meus objetivos, e esse vai ser um
deles.
Acordo na mesma hora de sempre e a vejo dormindo ao meu lado. Os
cabelos ruivos e cheios cobrem quase todo o rosto. Ela é mais bonita do que
gosto de assumir, até porque não preciso que Cecília ache que tem algum
poder ou influência sobre mim. Não quero que pense que pode usar de algum
joguinho de sedução para ter o que quer, porque isso não funciona comigo.
Então gosto que ache que não a desejo, mas seria quase impossível que isso
acontecesse.
Apesar do corpo pequeno e magro, ela tem curvas e uma cintura fina.
Os seios enchem minhas mãos e são deliciosamente rosados e firmes. Ela não
é de se jogar fora. Estou quase considerando alterar o contrato para pelo
menos poder desfrutar de algo nesse casamento. A garota me deseja tanto que
perde os sentidos quando me aproximo, então sei que apesar da negação de
que me quer, está doida para eu seja o primeiro a acalmar o fogo no rabo que
parece sentir. Essa só pode ser a única explicação para ela fazer tanta
besteira.
— Por que está me olhando assim? — Escuto o sussurro e volto meu
olhar para seu rosto sonolento. Ela esfrega os olhos e se senta na cama.
— Melhorou?
— Sim — diz baixinho, evitando olhar para mim.
— Ótimo. A partir de hoje, você mora comigo aqui no hotel — falo.
Seus olhos se arregalam, quase saltando. — E você vai ter seguranças te
vigiando.
— Thomas… Por favor, não precisa disso. Eu prometo que não vou
mais fazer nenhuma estupidez.
— Você prometeu isso da outra vez, Cecília. Não dou segundas
chances. Não acredito mais em palavras. Foi assim que seu querido pai me
traiu — digo, encerrando o assunto, e vou até o banheiro da suíte. Tomo um
banho rápido e amarro uma toalha na cintura antes de voltar para o quarto.
Cecília continua sentada na cama, desolada, com o queixo apoiado nos
joelhos e os olhos marejados. Seu olhar percorre meu corpo rapidamente, mas
logo a garota constrangida volta a encarar os pés esticados no colchão.
— Você vai poder ter a sua rotina normal, cristal. Não precisa ficar
com essa cara de menina que teve o brinquedo estragado — digo e solto um
suspiro alto pelo drama adolescente.
— Uma rotina normal de uma prisioneira. Vou ser mantida em
cativeiro por um carrasco que vai cortar a minha cabeça se eu sair da linha —
resmunga baixinho, mas alto o suficiente para que eu ouça.
Franzo a testa e me aproximo dela. A garota não me olha, continua
resmungando baixo e mexendo nas unhas dos pés.
— Você vai ver que eu sei ser um doce com quem não pisa no meu
calo. — Ergo seu queixo para que me olhe e de novo seus olhos desviam para
meu peito nu. — Tudo bem?
Me afasto e tiro a toalha. Vou em direção ao guarda-roupa para trocar
de roupa. Escuto uma tosse alta de quem se engasgou e sacudo a cabeça com
a inocência da garota. Constrangida porque está vendo um pau. Chega a ser
surreal ainda existir alguém assim no mundo. Quando volto a olhar para ela,
já vestido no meu terno habitual, noto que seu rosto está quase da cor dos
seus cabelos.
— Eu vou ter meu próprio quarto aqui? — pergunta, baixinho, fazendo
um esforço sobre-humano para manter o olhar fixo no meu ao invés de no
meu corpo.
A garota tenta demonstrar uma força e coragem que sei que na maioria
das vezes não tem, mas eu a admiro por tentar. São poucas as pessoas que
ousam me enfrentar.
— Para você fugir de madrugada despistando os seguranças
incompetentes? Não. Vou pedir para colocarem mais uma cama de casal aqui,
para o caso de você estar com medo de eu te atacar.
— Não tenho medo de você — afirma com a voz ácida, enquanto
arrumo os botões do paletó.
Sorrio de forma predatória e ela ergue o nariz arrebitado,
demonstrando força.
— Pois devia.
Me sento na cama e calço os sapatos sociais, porque vou ter um dia
longo de reuniões pela frente. Vai ser bom resolver as coisas daqui de Nova
Iorque no final das contas, facilita os encontros com os investidores grandes
que vão me tirar do sufoco.
— Vou te levar para um jantar de negócios hoje. Venho te buscar.
Cecília, por favor, esteja apresentável. Pessoas importantes vão estar lá.
— Para que você precisa que eu vá? Não me sinto bem nesses lugares.
Só vou atrapalhar.
— Você é minha noiva agora — respondo e me levanto. — Precisa
estar ao meu lado nessas situações. Nós precisamos nos aproximar, nos
conhecer. Você não quer isso, cristalzinho?
Ela percebe a ironia na minha voz, porque sua expressão se fecha. Vejo
a vontade que está de liberar a insolência que habita ali. Mas Cecília não fala
nada. Trava o maxilar e apenas acena antes de se levantar
— Suas coisas vão ser trazidas hoje, todo o resto que ficou lá. Se
divirta. E juízo.
Saio após pegar meu celular e a chave do carro. Escuto um palavrão
atrás de mim, mas não me importo. Ela não sabe que quanto mais resistência
apresentar, mais seu paizinho vai ficar irritado e preocupado com a filha.
Consequentemente, mais eu ganho com isso e mais eu fico feliz.
Chego cedo da aula pela primeira vez em muito tempo e aproveito para
descansar um pouco. A piscina aquecida do hotel é a escolha perfeita e é para
lá que eu vou. Acabo pegando no sono na espreguiçadeira e acordo quase em
um pulo quando sinto mãos em mim e uma boca cobrindo a minha.
— O que…
Grito quando Thomas me puxa para cima e me joga por sobre seu
ombro como se eu fosse uma boneca. Eu sacudo minhas pernas enquanto ele
atravessa o hotel comigo.
— O que você está fazendo? — pergunto, mas ao invés de responder,
ele estapeia minha bunda. Todo mundo está olhando, mas ele não parece se
importar. Aperta o botão do elevador e só me coloca no chão quando entra
comigo ali. — O que você está fazendo?! — pergunto de novo.
Só então olho para ele. Thomas está… sorrindo. Muito. Os olhos azuis
brilham quando ele vem na minha direção e me prende na parede.
— O que…
— Você está uma delícia dentro desse biquini — ele diz e desce os
olhos pelo meu corpo. — Não sei se gosto de te ver exibindo o que é meu por
aí para quem quiser ver — reclama e me puxa de novo.
O elevador apita no andar certo e eu estou muito confusa quando ele
me puxa pela cintura e me leva até o quarto. Fico parada no meio do cômodo
sem entender o que está acontecendo enquanto ele tranca a porta e tira a
gravata.
Thomas vem até mim e me vira de costas para ele. Dá outro tapa na
minha bunda e eu dou um pulinho no lugar, mas ele desfaz o laço da parte de
cima do meu biquini e puxa a peça de mim. Eu tampo meus seios e ele ri.
— Nada que eu não tenha visto antes, cristal — fala no meu ouvido.
— Thomas… — chamo confusa. Ele começa a desfazer os laços da
parte de baixo do biquini também.
— Estou feliz, Cecília — diz no meu ouvido. — Você estava certa.
Acabei de sair da reunião com o pai da sua amiga e suas ideias malucas
funcionaram.
Viro de frente para ele com os olhos arregalados e a boca aberta.
— Jura? — pergunto. Ele faz que sim com a cabeça e me puxa pelo
quadril.
— Funcionou, cristal. — Thomas suga meu lábio e aperta minha
bunda. — E eu preciso comemorar.
Respiro fundo pela boca, sentindo meu corpo esquentar pelo jeito
predatório que ele me olha.
— Comemorar?
Thomas faz que sim com a cabeça.
— E como você vai comemorar?
Ele ri e diz na minha boca:
— Enterrado bem fundo na bocetinha da minha mulher.
Não tenho a chance de responder nada, porque Thomas me joga na
cama e não me dá qualquer chance de respirar quando me beija com
brutalidade. Mas então ele desacelera e toca meu rosto com delicadeza.
— Você vai me deixar te comer ou vai continuar fugindo de mim que
nem fez nos últimos meses? — pergunta e engole meus lábios daquele jeito
gostoso.
— Thomas… — gemo quando ele começa a beijar meu pescoço e
desce para sugar meus seios. Quando ele volta para a minha boca, eu
pergunto: — Você… você dormiu com mais alguém nesse tempo?
O corpo dele enrijece em cima do meu por um momento.
— Não, Cecília — responde com um suspiro. — Não dormi com
ninguém.
Ele beija meu pescoço e separa minhas pernas com o joelho.
— Por-por que não? — pergunto no meio de um gemido.
— Porque eu não quis. Não tive vontade — responde com sinceridade
na voz. Meu coração bobo dispara com essa simples frase. Ele não quis?
Mas… — Mais alguma pergunta, cristal? — fala no meu ouvido enquanto
passa a mão pelo corpo. Faço que não com a cabeça e ele aperta meu seio. —
Boa menina… Você gosta devagar, não é?
Nem tenho tempo de responder porque, que nem da outra vez, ele
desce a boca até o meio das minhas pernas e não para até eu gozar na sua
boca e estar toda mole na cama.
De repente, ele me vira de barriga para baixo e dá outro tapa na minha
bunda. Ouço o som de Thomas tirando suas roupas e ele deita em cima de
mim. Passa um braço pela minha cintura até alcançar meu clitóris que ainda
está sensível nessa posição.
— Quer que eu te coma bem devagarinho também? — ele pergunta no
meu ouvido e eu o sinto na minha bunda. Sem pensar, eu empino contra ele e
Thomas grunhe. — Cecília…
Gemo quando o sinto forçando a minha entrada e agarro o colchão.
— Você continua tão apertadinha, cristal — fala no meu ouvido e enfia
mais. — Devagarinho vai ter que ficar pra outro dia — rosna. — Preciso te
foder.
Assim que fala isso, Thomas enfia tudo e eu grito pela ardência de
receber aquilo tudo dentro de mim. Mas que nem da outra vez, a dor logo dá
lugar ao prazer quando ele me estimula nos lugares certos.
— Posso ir mais rápido? — pergunta ofegante e aperta minha cintura.
— Diz que posso meter bem gostoso nessa boceta.
— P-pode — gemo e ele me puxa até me colocar de quatro na cama.
Afundo o rosto no colchão quando ele segura meu quadril e estoca com força.
Sinto meu corpo esquentar e aquela sensação gostosa que Thomas me
mostrou começar a tomar conta de tudo. Estremeço debaixo dele e ele grunhe
quando eu gemo e gozo, chamando seu nome.
— Cristal… — chama e estoca mais algumas vezes antes de desabar
em cima de mim.
A respiração dele está descompassada que nem a minha, e eu
estremeço quando Thomas passa os dedos pelo meio das minhas pernas. Ele
cola o peito nas minhas costas e acaricia meu clitóris.
— Como está essa bocetinha? — pergunta no meu ouvido. —
Dolorida?
— Um pouco — admito. Ele ri.
— Você é uma delícia, Cecília — diz. — Eu poderia te foder a noite
toda. A vida inteira.
— Eu vou casar com você — falo baixinho. — Você pode.
Sinto aquele aperto familiar no peito que vem sempre que penso que
isso é tudo que vou ser para ele. Thomas suspira e me puxa para mais perto.
Beija meu pescoço e acaricia meu seio.
— Você vai ser minha esposa — diz no meu ouvido. — E eu preciso
descobrir o que vou fazer com você depois que se formar, cristal. Meu plano
era só te levar nos eventos que precisasse aparecer e te entregar um cartão de
crédito sem limite.
Meus olhos marejam com a perspectiva de uma vida que eu nunca
quis.
— Mas você realmente me ajudou — ele diz e me puxa para mais
perto. — Não sei se te foder quando eu fechar um bom contrato para
comemorar é tudo que quero de você. Não vou mentir, garota, não consigo te
separar do seu pai. Estou só esperando a hora que você vai me esfaquear nas
costas também e…
— Eu não vou — digo e viro de frente para ele. Olho nos seus olhos e
coloco a mão no seu rosto. — Eu prometo que não vou.
Thomas me olha incerto e suspira.
— Eu não sei. Preciso pensar, cristal. — Ele deixa um beijo curto nos
meus lábios. — Mas até eu sei a hora de agradecer. Você ajudou. Obrigado.
Não consigo esconder o sorriso bobo no meu rosto e subo em cima
dele. Thomas geme rouco quando acidentalmente me esfrego no seu membro
semiereto e agarra meus seios.
— Desse jeito você não vai conseguir sentar amanhã — ele diz
entredentes. — Continua assim e eu vou te comer de novo, e dessa vez não
vou devagar.
Arregalo os olhos.
— Aquilo foi devagar? — pergunto assustada. Ele ri e me joga na
cama de novo.
— Você não viu nada — promete na minha boca e começa a me
penetrar de novo. Ele entra e sai algumas vezes, mas antes de poder acelerar,
o som de uma batida forte na cama o interrompe. — Quem é o filho da
puta…
Thomas se levanta e me joga um lençol.
— Se cobre — ordena e pega a cueca boxer jogada no chão. Ele a
veste antes de chegar na porta e a abre.
Não tenho nem tempo de entender o que está acontecendo quando meu
pai invade o quarto como um furacão e empurra Thomas contra a parede.
— Onde está minha filha, seu filho da puta?
Aperto o lençol contra o peito.
— Papai? — chamo e só então ele me vê.
Meu pai dá um passo para trás e olha de mim para Thomas, que ri.
— Sua cristal está bem ali, meu amigo.
CAPÍTULO 21
Thomas de Albuquerque
Não tem melhor expressão para ver no rosto de César do que essa de
espanto ao olhar para mim vestido apenas em uma cueca boxer e sua filha do
outro lado, deitada na cama apenas enrolada em um lençol. Paula, ao ouvir o
gritinho de susto de Cecília, também entra no quarto e olha para nós dois com
os olhos arregalados.
— Ah, meu Deus. O que está acontecendo aqui?
— Acho que você sabe muito bem, Paula. — Antes que eu possa
prever, a mulher se aproxima de mim e acerta um tapa muito forte na minha
cara.
— Mamãe! — Cecília grita, mas a mulher permanece me olhando
enquanto levo a mão até o rosto, chocado.
Como ela ousa?
— Você pode ter a briga que for com o meu marido, vocês dois podem
se odiar e fazerem o que quiserem da vida, mas quem você pensa que é para
tocar na minha filha? O que você fez com ela? Ela é uma menina!
— Olha como você fala comigo, Paula — falo e aperto o maxilar para
conter a raiva que sinto.
— Vou falar do jeito que eu quiser, porque te considerei meu amigo
por anos, mas não vou permitir que brinque com a minha filha. Essa
palhaçada já foi longe demais.
Ela se vira para Cecília, que está acuada encostada na cabeceira da
cama, olhando para nós três com os olhos arregalados.
— Saiam os dois, eu preciso conversar com a minha filha.
Fico boquiaberto, porque Paula sempre foi uma pessoa muito pacífica.
Agora já sei quem Cecília puxou. Me visto puto da vida, mas o pequeno
cristal deitado na cama só falta me implorar com o olhar para que eu tire seu
pai dali. Saio do quarto e sinto César atrás de mim. Quando sua mão toca
meu ombro e me puxa com força, aproveito para descontar o tapa da sua
querida mulher com um soco no seu nariz. Alguns funcionários que estão
passando ali se espantam, mas continuam seu destino sem pararem para
interromper.
— Seu filho da puta! — ele me xinga. Ando em direção à área mais
reservada do hotel, porque sei que César não vai me dar sossego.
E não dá outra. Quando chego no canto das saunas, o homem vem logo
atrás.
— Ela é uma menina, Thomas. A minha menina. — Ele toca a barba
rala do rosto e ergue os olhos para o céu. — Você não devia ter feito isso. Era
meu irmão.
— E você me traiu, porra! — grito. — Você era a única pessoa em
quem eu confiava na vida, a única que eu tinha, e não perdeu a chance de
foder com a minha empresa!
— Eu não fiz com a intenção de te passar a perna, seu pau no cu!
Solto uma risada amarga e me afasto dele para não socar sua cara. Têm
alguns hóspedes mais ao longe de nós. Não conseguem nos ouvir, mas podem
nos ver muito bem.
— Uma parte muito grande de mim imaginava que você não fosse
permitir que eu tomasse sua cristal, César. Você já foi mais paternal — digo,
bravo.
E é verdade. No início, esperei que ele tentasse fazer da minha vida um
inferno por causa de Cecília. Que virasse o mundo do avesso antes de me
permitir chegar perto da sua filha dessa forma, que preferisse ir preso a deixá-
la nas minhas mãos, sem saber o que eu poderia fazer com ela. Mas não foi
isso que ele fez, pelo contrário, foi fácil demais, simples demais. Fora os
xingamentos, César não moveu um dedo para impedir que eu viesse para cá e
a obrigasse a se casar comigo. Quando digo isso a ele, puto, o homem me
olha com um olhar ressentido, sem entender.
— Você preferiu destruir a vida da sua filha a pagar pelo que me fez.
Você é um merda medroso, César — rosno baixo para ele e me aproximo de
um jeito ameaçador. — Cecília não merece um pai de merda como você. A
garota merece pessoas que se importam com ela. Não sei de quem ela puxou
a coragem que tem de enfrentar as coisas.
César pisca várias vezes, abre e fecha a boca, mas não diz nada. O
homem fica em silêncio por muito tempo, o suficiente para me irritar.
Quando decide falar, o que sai da sua boca me faz rir.
— Você se apaixonou por ela, seu filho da puta. Como isso foi
acontecer, Thomas? — César fala e eu me viro para ele sem entender porra
nenhuma.
— O que você está falando? Bateu com a cabeça?
— Conheço você há muito anos, Thomas. Só perde um segundo da sua
vida para defender alguém que não seja você mesmo se se importar o mínimo
com essa pessoa — diz e ri de forma sarcástica. Ele bagunça os cabelos
ruivos e fica de costas para mim, pensativo. — Eu vi o jeito que vocês se
olharam ali dentro. Como isso foi acontecer?
— Não fala merda! — grito e dou as costas para ele.
Eu me apoio na grade que separa a área da sauna das piscinas e encosto
a cabeça ali.
— Se não fosse da minha filha que estivesse falando, eu quase poderia
rir da situação. O poderoso Thomas foi brincar com o destino e foi laçado —
ele fala e eu me aproximo dele em poucas passadas, segurando-o pelo
colarinho da camisa social.
— Você não sabe do que está falando.
— Ah, eu sei, Thomas. — Ele sorri fraco. — Sua reação só me
confirma isso. Mas você não vai brincar com os sentimentos da minha cristal.
Você vai ficar longe dela a partir de hoje, porque vou a levar de volta. Foda-
se o que vai fazer comigo.
— Não vai a levar. Cecília vai terminar a faculdade, você querendo ou
não.
Ele abre um sorriso de quem entende das coisas e isso só me faz querer
socar ainda mais a sua cara. César tira minhas mãos do seu colarinho e se
afasta de mim, indo de volta para a recepção do hotel.
Respiro fundo e fico aqui pensando na merda que ele disse. Merda.
— Porra! No que você se meteu, Thomas? — falo sozinho e passo a
mão pelo cabelo. Aperto o ossinho entre os olhos e saio dali.
Não quero ter que ver nenhum daqueles dois agora. Não quero ter que
olhar para Cecília com a merda dessa fala de César rondando a minha mente.
Vou para o escritório, mesmo que não esteja vestido de forma apropriada
para isso.
Quando chego lá, aproveito para tomar um banho no banheiro do
escritório. Visto um dos ternos que sempre deixo ali para emergências porque
a outra roupa está cheirando a sexo, cheirando a Cecília.
Tento trabalhar, mas pela primeira vez em muitos anos não consigo me
concentrar como devia, não consigo me dedicar cem por cento ao que estou
lendo na tela do computador.
Pego o telefone e disco para a secretária me trazer um remédio para
dor de cabeça. Quando ela entra, traz uma jarra com água e dois
comprimidos. Serve o líquido se inclinando na mesa, mostrando o decote de
forma proposital.
— Você é nova — falo e ergo meu olhar para ela.
— Eu estou substituindo a Ashley hoje, ela está de folga — diz,
mordendo o lábio de um jeito provocante.
Apenas aceno enquanto viro o conteúdo do copo junto com os
remédios.
— O senhor deseja mais alguma coisa? — pergunta em um inglês
carregado e eu penso.
Porra, quando é que eu penso para foder com uma mulher gostosa?
Nunca penso. Mas aqui estou eu, com a porra do pau morto dentro da calça,
enquanto me pergunto se eu quero comer alguém.
— Não, só isso. Pode ir — respondo seco, irritado.
A mulher sai, parecendo decepcionada. Eu apoio os cotovelos na mesa
e encaixo a testa ali, sentindo a cabeça latejando pelo estresse.
— O que você fez comigo, Cecília?
Solto um suspiro e me forço a continuar a trabalhar depois de alguns
minutos. Faço as coisas que não exigem tanto da minha concentração, com a
mente vagando vez ou outra para a ruiva que deixei naquele quarto com
aqueles pais lamentáveis. Só saio dali à noite, quando o prédio está
praticamente vazio.
Quando dirijo de volta para o hotel, faço o mais lentamente possível,
sem pressa de chegar lá para enfrentar Cecília. Não sei de que forma ela está.
Assim que entro no quarto, não a encontro. Suas coisas estão ali, mas
ela não está nem no banheiro.
Ligo para um dos seguranças que deveria estar com ela nesse turno e o
homem atende.
— Senhor?
— Onde ela está? — pergunto, pensando o pior.
— Senhor, ela não saiu do hotel.
— Sabe dos pais dela? — pergunto, mais aliviado que eles não
levaram a garota daqui.
— Eles foram para outro hotel, senhor. Saíram faz algumas horas e
não voltaram.
Desligo e tiro o terno, colocando algo menos formal para ir procurar a
garota que adora fugir. Pergunto por ela, mas ninguém a viu. As áreas do
hotel estão vazias pela hora, então não vai ser difícil a encontrar. Isso é o que
penso até vagar cerca de trinta minutos porque parece que todo mundo é cego
nessa porra e ninguém a viu.
Quando entro no centro aquático abafado pelo vapor do aquecedor e
das piscinas, eu vejo o movimento e logo os fios ruivos submergindo na água
enquanto o pequeno corpo nada. Ando até lá devagar e ela solta um pequeno
gritinho quando me vê.
— O que está fazendo aqui? Aqui já devia estar fechado — pergunto e
ela suspira, passando a mão pelos fios para jogá-los para trás.
— Eu pedi para um dos funcionários. Aparentemente eles têm medo de
você e sabem que eu sou.
Aceno, olhando para a criatura à minha frente. Eu me xingo
mentalmente. Me xingo muito e chuto a minha bunda na cabeça, porque…
— Por que está me olhando assim? — ela pergunta baixo e percebo
que seus olhos estão vermelhos demais, mais do que o normal para ser só a
água da piscina.
— Por que estava chorando? O que o seus pais fizeram?
— Não quero falar disso.
Ela me ignora e volta a nadar, me deixando ali na beira da piscina
falando para o nada. Chega na outra extremidade, longe de mim.
— Cecília, você pode, por favor, ser um pouco menos teimosa e
responder quando eu te pergunto algo? — pergunto, tentando ser gentil.
— Desde quando você pede por favor? — pergunta surpresa e eu
suspiro.
— Desde quando estou tentando conversar com você…
Ela morde o lábio e aperta os olhos. Quando o choro parece querer
voltar, eu suspiro e ando até a porta do lugar.
— Onde você vai? — ela pergunta e não respondo.
Tranco a porta com a primeira coisa que vejo, uma mesa pesada que
acomoda os equipamentos de natação, e volto para perto dela. Tiro a roupa e
fico apenas de boxer para entrar na água. Cecília arregala os olhos e eu nado
até ela, a imprensando na borda da piscina.
— Vou precisar perguntar de novo ou vai me dizer o que está
acontecendo?
CAPÍTULO 22
Thomas de Albuquerque
— Eu estou cansada, Thomas.
Os lábios de Cecília tremem e as lágrimas se misturam com a água no
rosto molhado. Instintivamente, meus dedos o secam. Eu me afasto. Tomo
distância, porque não estou me reconhecendo mais.
Sei que nós nos aproximamos nos últimos dois meses e tive que ser
mais simpático com ela porque a garota parece de fato um cristal delicado
que não pode quebrar, mas essa preocupação excessiva que tenho com
Cecília não é normal. Como César disse, não sou acostumado a defender
ninguém.
— Cansada do que exatamente? — pergunto com um pigarro quando
meus pensamentos voltam a se bagunçarem.
— Da minha vida inteira — sussurra e funga baixinho. O nariz fica
vermelho pelo choro. — Estou na fase mais difícil do meu curso, que sempre
fiz por amor e me dedicando como uma louca para trabalhar com meu pai,
que descubro por acaso que me vendeu para o melhor amigo dele, que eu…
— Que você…?
— Nada, Thomas. Só queria que as coisas fossem mais fáceis — ela
sussurra e suspira. — Queria que vocês não se odiassem assim, que não
decidissem a minha vida como se eu não tivesse escolha a nada.
Minha garganta se aperta pelo desabafo desesperado da garota, mas me
contenho no lugar. Não vou a abraçar como meu corpo parece implorar. O
que está havendo comigo, porra?
Cecília meu olha por meio das lágrimas durante muito tempo. Como
eu, tenho a impressão de que a garota busca respostas ao olhar para mim.
Pela primeira vez, não sei o que dizer. Parte de mim quer acabar com esse
martírio que parece ser para ela estar comigo, ser forçada a se casar, mas a
outra parte ainda deseja vingança pelo que César me fez.
— Por que não diz nada? — ela indaga baixo. — Você está estranho,
Thomas. O que meu pai te falou?
Solto uma risada baixa e sacudo a cabeça. O homem não tem o poder
de me abalar. Não tem. Repito isso para mim mesmo, mas sou racional
demais para me enganar dessa forma. Sei muito bem o que está acontecendo
comigo, mas não quero acreditar que fui tão… tolo dessa forma.
— Ele não falou nada, cristal. Seu pai é um imbecil.
Ela sorri fraco e aperta os olhos, como se fosse doloroso eu dizer isso.
— Por que está tão perturbada com o ódio que sinto pelo seu pai,
Cecília? Isso não pareceu te preocupar antes — falo e quebro a distância
entre nós dois. Volto a prender seu corpo com os braços. — Por quê?
— As coisas estão diferentes, Thomas.
— Por quê, Cecília?
A garota fica calada e seu olhar vai para a minha boca. Ela coloca as
mãos nos meus ombros e desliza as mãos ali, receosa. Seu olhar busca o meu
e ao invés de me afastar, olho para ela com curiosidade. As unhas curtas
raspam na minha nuca e sobem para os fios de cabelo.
— Você é tão bonito — fala em tom de admiração. — Bonito como o
diabo.
Fico calado e Cecília sobe a mão delicada pela minha barba. Estou
paralisado, apenas olhando para seu rosto atraente de lábios fartos.
— Meus pais quase surtaram quando contei para eles sobre nosso…
envolvimento — ela fala e abre um sorrisinho fraco. — “Como você
consegue dormir com aquele monstro, Cecília?”, eles perguntaram. Parte de
mim concorda, mas a outra parte é ingênua e tem um pouco de esperança
que…
Não deixo que ela termine a frase e a calo com um beijo. Cecília se
assusta, mas logo abre espaço para eu invada a sua boca. Mordo seu lábio
inferior com força e ela solta um gemido baixo. Ergo suas pernas e as passo
ao redor da minha cintura, empurrando meu pau duro na sua boceta por cima
do biquíni.
Raspo a barba pelo seu pescoço e ela fecha os olhos, inclinando a
cabeça para o lado para me dar abertura.
— Você fala demais, Cecília. Me deixa louco da cabeça, me
desobedece, tenta me bater, me desafia sempre que pode, mas muda de
repente para essa carinha doce de que não tem ideia do que está fazendo da
vida — falo e dou uma mordida no seu ombro. — Você me enlouquece quase
o tempo inteiro e ainda assim… Eu desejo você assim, rendida para mim. O
que fez comigo, garota?
— Eu não sei…
Puxo a parte de cima do biquíni e deixo os seios livres para mim. Me
agacho na piscina, seguro os dois e aperto os bicos com força. Ela geme de
olhos fechados e encaixo a boca em um deles, mordendo um dos mamilos
para o ver eriçado.
— Thomas… — Cecília chama e eu ergo meu olhar para ela. — Você
acha que um dia… pode se apaixonar por mim?
Eu me afasto dela e vejo seu olhar doloroso quando faço isso. Xingo
baixinho e a noto arrumando seu biquíni, com o rosto vermelho de vergonha,
antes de virar de costas para ela. A intenção é sair daqui para evitar esse tipo
de conversa banal. A intenção é deixar o que quer que a gente tenha para trás
para não ter de ouvir esse tipo de pergunta esperançosa.
Mas Cecília não deixa.
— Thomas, por favor… — O tom de súplica misturado com choro me
para. Essa garota é uma peste. — Não foge. Só preciso de um “sim” ou de um
“não”.
Suspiro e volto a olhar para ela.
— Sinto muito, Cecília. Não posso.
— Não pode ou não quer? — pergunta com um tom afiado. — Por que
é tão difícil? Sou tão intragável assim? Eu te irrito tanto? O que é? É pelo
meu pai?
— Isso é o suficiente, você não acha? Até uns meses, seu pai e a
empresa eram tudo o que eu tinha, Cecília! Eu perdi um e quase perdi o
outro.
— Você sente a falta dele, não é? Está magoado pela traição, por
perder seu quase irmão. Isso dói mais do que quase perder a empresa —
supõe e fico com raiva.
— Para de falar como se me conhecesse! Você é uma garota que não
sabe de nada da vida. É uma mimada que tem tudo o que quer na mão,
Cecília.
Ela morde o lábio e acena. Fecha a cara para mim, seca o rosto e
impulsiona o corpo para sair da piscina. Pega a toalha que deixou na beirada
e enrola no próprio corpo.
— Cecília… — falo, apertando o ossinho do nariz. — Não me deixa
falando sozinho, garota. Para onde você vai? Cecília!
Calça as sandálias de dedo e anda em direção à porta. Saio da piscina e
a alcanço com poucas passadas. Impeço que ela saia do lugar me
posicionando na sua frente.
— Você não tem ideia do quanto me irrita quando age como uma
garota birrenta, Cecília.
— Então me deixa em paz, Thomas! Só me deixa! Eu não entendo
você, juro! — ela grita e aponta o dedo para meu peito. — Ao mesmo tempo
em que parece que tem um coração, você se transforma. Mas quer saber?
Cansei. Cansei de você, das suas mudanças de humor, desse seu jeito cavalo
de ser, desse bloco de gelo que tem no lugar do seu coração. Eu…
Me aproximo para a calar novamente com um beijo, mas ela agora
prevê e se afasta. Sua mão pequena vai no meu peito.
— Não. Você não vai resolver tudo com um beijo. Não vai se
aproveitar da minha fraqueza por você para me calar.
Arregalo os olhos de surpresa e ela permanece firme. Me deixa ali e
vai em direção à porta. Cecília tenta arrastar a mesa que tampa a entrada, mas
é pesada demais para o corpo pequeno.
— Pode me ajudar aqui ou vai ficar só olhando?
Sacudo a cabeça para a petulância, mas me aproximo para liberar a
passagem. Mal o faço e a garota atrevida sai dali, me deixando sozinho,
confuso e com o pau dolorido. Eu sabia que meu juízo estava perturbado, mas
agora tive a certeza.
Visto minha roupa e volto para o quarto. Escuto o barulho do chuveiro
ligado e me sento na cama. Quero dar umas palmadas na bunda daquela
garota enquanto eu a fodo. É a única maneira que consigo pensar para acabar
com um pouco dessa perturbação que toma conta de mim.
Quando sai do banheiro já vestida, ela finge que não me vê e seca os
cabelos de costas para mim, sentada na cama dela. Ela se deita e se enrola
com o edredom, ignorando completamente a minha existência. Decido não
dar corda para ela também e vou tomar um banho rápido para tirar o cloro da
piscina. Coloco uma boxer e uma calça de moletom quando saio.
Olho para o corpo pequeno deitado na outra cama.
Solto um suspiro alto, conto até três e me aproximo. No meio do
caminho, volto para trás, me perguntando por que insisto tanto em acalmar
essa garota. Mas volto a chegar perto dela. Me sento na cama e toco seu
braço, achando o gesto estranho para mim.
— Cecília.
— Me deixa em paz, Thomas — fala e percebo o tom de choro. Escuto
um soluço e levo a mão para meu cabelo, puxando os fios em busca da
paciência que nunca tive.
— Chega para lá.
Eu a empurro para o outro lado da cama e ela se afasta, ainda de costas
para mim.
— Cecília, me desculpa por ter falado com você daquele jeito.
Satisfeita? Você é muito sensível, garota.
— Boa noite, Thomas.
Solto uma risada descrente e coloco a mão nos fios ruivos. Ela se
sobressalta e se vira para me olhar, os olhos grandes arregalados.
— O que está fazendo? — pergunta baixinho.
— Não tenho ideia, Cecília. Eu não tenho ideia.
Eu me deito e puxo seu corpo pequeno para perto do meu. Ela vem.
Assustada, mas vem. Se aconchega ali e de repente não sei o que fazer. Fico
travado porque é a primeira vez na minha vida inteira que tenho uma mulher
assim, tão perto nesse gesto tão íntimo, sem trepar ainda por cima.
— Eu gosto de carinho na cabeça — fala baixinho e levo minha mão
para os fios ruivos devagar, sentindo-os ainda molhados.
De repente, escuto uma risada baixa seguida de um fungado.
— O que foi?
— Você parece que está fazendo coisa de outro mundo. — Ela ri de
novo.
— Para mim é de outro mundo — resmungo e ela se aconchega mais,
parecendo satisfeita.
— Eu gosto.
Solto um suspiro e aspiro o cheiro do seu shampoo. Seu rosto se
inclina e encontra o meu. Ela estica a mão e acaricia meu cabelo também,
fazendo círculos com os dedos, enrolando os fios curtos. Em seguida, explora
meu rosto e para nos meus lábios. Sinto o corpo pequeno se erguendo e a sua
boca encontrando a minha, tímida e receosa. Fecho os olhos e, quando vou
aprofundar o beijo, Cecília se afasta.
Ela volta e dá pequenos selinhos na minha boca. Grudo minha mão no
seu cabelo e a puxo de volta, afundando minha língua ali.
— Você não conhece a delicadeza, não é? — pergunta, se afastando.
— Nada na minha vida é delicado, Cecília. Quer dizer, você é —
respondo, e ela ri baixinho.
— Posso fazer uma coisa?
Arqueio a sobrancelha e não respondo. Ela toma isso como um sim e
se desembrulha, jogando o edredom para longe de nós. Cecília monta em
mim e eu me espanto, porque isso não é bem o que imaginei que fosse fazer.
Encho uma mão minha com sua bunda.
Ela a tira dali e a ergue junto com a outra, levando as duas para o lado
da minha cabeça, enquanto se deita sobre mim e me beija, do mesmo jeito
delicado de antes. Quando abro os olhos, o sorriso pequeno me arrebata.
— Imaginei como seria ter você assim — confessa, com o rosto
pegando fogo de constrangimento.
Essa garota é mesmo uma graça. Está montada no meu pau por contra
própria e com vergonha disso. Não respondo nada, porque quero ver até onde
vai.
— Você não vai dizer nada? — pergunta e morde o lábio. — Vai gritar
comigo de novo?
— Não, Cecília. Não vou. — Solto um suspiro. — Vem cá. Deita aqui.
Seus olhos se arregalam e ela vem, voltando para a posição que estava.
— Você não me quer mais depois do que falei?
Pego sua mão e a levo até meu pau dolorido.
— Está bom para você assim? — pergunto em um rosnado e ela arfa.
— Vai dormir, Cecília. Boa noite.
Ela suspira, gruda seu corpo ao meu, passando uma perna para cima de
mim, e eu a acaricio até que pegue no sono.
Ah, merda. Estou fodido.
CAPÍTULO 23
Cecília Magalhães
— O que está acontecendo com você, querida?
Aperto os joelhos e não consigo olhar para a minha mãe porque tudo
que eu sinto é vergonha. Eu sou uma idiota, mas disso eu já sabia. Dói muito
ela estar me olhando com essa cara de quem sabe a grande estúpida que eu
sou.
— Eu não sei — falo baixinho e aperto ainda mais os joelhos. — Eu
só…
Olho para ela, mas não consigo ver nada porque meus olhos estão a
ponto de transbordar com as lágrimas. Ela e papai chegaram há dois dias e
tem sido um festival de gritos e xingamentos para todos os lados. Thomas e
meu pai estão a ponto de se matar. E toda vez que papai diz que vai me levar
embora, tenho vontade de vomitar.
— Eu não quero ir, mãe — digo e mordo o lábio. — Quero terminar a
faculdade e ficar aqui com…
— Com Thomas? — ela pergunta chocada. — Com o homem que vai
te forçar a se casar com ele para se vingar do seu pai? Cecília, onde você está
com a cabeça?
Faço que não com a cabeça e não falo nada, porque não sei nem como
explicar. Thomas tem esse jeito grosso dele, mas… Talvez eu só esteja sendo
uma completa idiota, mas tenho tanta certeza de que ele gosta de mim.
— Minha filha… Volta pra casa comigo. A gente deixa esses dois
brigando e vamos só nós duas. Só vão perceber quando a gente já estiver de
volta em casa.
Eu arregalo os olhos.
— Você? Contrariando o papai? — pergunto surpresa, porque isso
nunca aconteceu.
— Seu pai… seu pai fez uma coisa muito ruim quando roubou do
Thomas, mas fez uma coisa pior ainda quando deixou você pagar pelo erro
dele. Eu não… Não sei se um dia vou conseguir perdoar.
— Ah, mamãe…
Ela me abraça e a gente fica assim por um tempo muito longo.
— Você tem certeza do que está fazendo, Cecília? — ela pergunta e
alisa meus cabelos. — Seu pai já disse que vai pra cadeia se Thomas quiser
prestar queixa, que você não precisa ter que lidar com esse homem. — Mordo
o lábio e me afasto dela. Sinto meu rosto pegar fogo e os olhos da minha mãe
arregalam. — Você está apaixonada por ele, não está?
Faço que sim com a cabeça e ela aperta minhas mãos com força.
— Cecília…
— Eu sei, mãe. Ele é muito mais velho que eu, é um idiota, grosso,
arrogante, irritante… — Ela sorri daquele jeito carinhoso que é só dela. —
Mas… Ele me faz sentir coisas que nunca senti antes.
Mamãe suspira e aperta mais minhas mãos.
— Promete que vai tomar cuidado, querida.
— Prometo — digo, mesmo sem saber cuidado com o que exatamente.
Porque se for com o meu coração, já sou um caso perdido. É dele. Nem sei
como isso aconteceu, mas é dele, e se Thomas quiser mesmo me destruir, ele
pode.
Ainda estou meio grogue por causa da mudança de fuso horário desde
que voltamos para São Paulo. Faz alguns dias só e ainda não me acostumei.
Estou dormindo mais do que o normal e ando me sentindo cansada
ultimamente, então realmente espero que melhore logo, porque preciso
trabalhar.
Fiquei nervosa no meu primeiro dia, mas agora já peguei o ritmo da
coisa e estou adorando cada segundo. Thomas não perdeu tempo e mergulho
direto no trabalho logo que chegamos aqui. Ele está mesmo decidido a
colocar esse lugar nos trilhos depois de tudo que papai fez, e está
conseguindo, porque a pilha de trabalho não para de aumentar. Todo mundo
que trabalha na contabilidade está atolado até os cabelos com todos os
contratos e compras e tudo mais que Thomas tem mandado nos últimos dias.
— Cecília?
Um dos homens que trabalha aqui bate na porta da minha sala e entre
segurando uma pasta. Sorrio e ele me entrega a pasta.
— Aqui aqueles relatórios que você pediu. Já está tudo pronto, só
precisa assinar aqui.
— Obrigada.
Olho e confiro tudo. Franzo o cenho porque tem uma parte do relatório
que não parece certa.
— Na verdade… Acho que eu preciso discutir isso aqui com o senhor
Albuquerque — digo. É estranho usar o sobrenome de Thomas assim e toda
vez que faço isso me faz lembrar que em poucos meses vai ser o meu
sobrenome também.
Eu devia estar mais animada com isso, não devia? Vou me casar com o
homem que eu amo e que me ama também, eu devia estar pulando de alegria.
Mas tem um gosto ruim saber que aquele contrato ainda existe.
Pego o elevador até o último andar, que é onda a sala do Thomas fica.
Assim que eu saio do elevador, consigo ouvir os gritos e paro no lugar
apertando a pasta na frente do meu corpo. A secretária dele está com os olhos
arregalados e batendo uma caneta na mesa, nervosa.
— O que aconteceu? — pergunto e ando até ela. A mulher abre a boca,
mas nada sai.
— Algum problema com algum contrato — ela responde com a voz
baixinha. Fiquei amiga da mulher desde que cheguei aqui e ela adora contar
fofocas de tudo que acontece no escritório. — Senhor Albuquerque está
furioso a manhã inteira.
Franzo o cenho e lembro que ele estava mesmo agitado essa manhã
quando saímos de casa.
— Eu vou entrar — aviso e ela só faz que sim com a cabeça e nem se
dá ao trabalho de me anunciar. Bato na porta e entro antes de ele responder.
Thomas está sentado na mesa, furioso, e tem um pobre coitado sentado
na cadeira na frente dele parecendo querer morrer.
— O quão estúpido você é que não consegue fazer uma coisa simples?
— ele pergunta entredentes para o homem, que gagueja e não diz nada com
nada. Thomas olha na minha direção. — E o que você… Cecília?
O grito para na metade do caminho e ele só olha confuso na minha
direção.
— Está tudo bem? — pergunta e escaneia meu corpo de cima a baixo.
Mostro a pasta para ele e Thomas suspira. Aperta o ossinho no meio
dos olhos e olha de novo para o homem.
— Você está esperando um convite para sair daqui e ir fazer o seu
trabalho? — pergunta. O homem praticamente pula no lugar e sai correndo da
sala como um garotinho assustado.
Quando ele fecha a porta atrás de mim, eu rio.
— Do que você está rindo? — ele pergunta e arqueia uma sobrancelha.
Mordo o lábio e ando devagar na direção dele, segurando a pasta na frente do
corpo.
— Você fica uma gracinha todo bravo desse jeito.
A próxima coisa que eu sei é que Thomas me puxa pela cintura e
segura a parte de trás do meu pescoço.
— Gracinha, Cecília? — pergunta bravo. Aceno que sim e ele me
aperta mais. — Vou te mostrar a gracinha, cristal…
Gemo quando ele me beija e morde meu lábio com força. Thomas
aperta minha bunda e eu me seguro nos seus braços. O telefone em cima da
sua mesa toca e ele me solta.
— Puta que pariu — reclama e anda até o outro lado da mesa. Senta na
sua cadeira e atende o telefone. — O que é?
Assisto seu rosto se encher de irritação de novo e Thomas passa a mão
no rosto.
— Pra que eu pago vocês? — pergunta naquele tom irritado. Assisto
por mais alguns segundos e dou a volta na mesa também. Paro atrás dele de
pé na cadeira e coloco as mãos nos seus ombros. — Eu não quero saber das
suas desculpas, preciso desse contrato para hoje. Não, eu não quero saber! —
ele grita.
Arranho seu pescoço com as unhas e ele fecha os olhos. Quando os
abre de novo, os olhos azuis estão escuros. Sento no seu colo e ele aperta o
telefone no ouvido.
— Se você tiver qualquer interesse de ter um emprego na segunda-
feira, é melhor dar um jeito — rosna no telefone.
— Você não precisa ser tão mau assim — sussurro no seu outro
ouvido. Eu beijo seu pescoço e ele aperta a minha cintura.
— Dá um jeito — ele fala ao telefone, mas sua voz está um pouco mais
mansa. Afasto o rosto do seu pescoço e pisco os olhos devagar, daquele jeito
doce que eu sei que o derrete inteiro.
Thomas molda um “Cecília…” com os lábios sem fazer nenhum som e
eu mordo o lábio.
Acaricio seu rosto e beijo a ponta do seu nariz, depois dou um selinho
na sua boca. Ele suspira.
— Tudo bem — ele diz no telefone. — Só… faz o que puder, tudo
bem?
Ele fala mais algumas coisas no telefone, sem gritar com ninguém, e
desliga. Assim que coloca o telefone no lugar, ele me puxa mais para perto.
— Você precisa me deixar trabalhar, garota — fala na minha boca. —
Não vou conseguir manter essa empresa de pé se eu for um cachorrinho com
essas pessoas. Eu preciso ser mau, é meu trabalho ser mau.
Acaricio seu pescoço e puxo seu cabelo.
— Eu sei — sussurro.
Thomas dá um tapa na minha bunda e segura meu pescoço.
— Então para de tentar me manipular com esses olhos arregalados,
cristal — diz naquele tom mandão que agora me faz derreter. Eu rio baixinho
e ele me beija devagar, do jeito que sabe que eu gosto. — O que você veio
fazer aqui, afinal? Não tenho nada contra foder minha mulher no meio do dia
de trabalho, mas você não me deixou fazer isso dia nenhum.
— Porque eu tenho que trabalhar! — reclamo e rio, porque é bem
verdade. Desde que comecei a trabalhar aqui, Thomas arruma qualquer
motivo para me arrastar aqui para a sala dele. — Eu vim discutir um relatório
com você, senhor Albuquerque.
Thomas acaricia meu rosto.
— Estou tão orgulhoso de você — ele fala e me beija de novo. —
Você está trabalhando tão duro.
— Você confiou em mim — falo. — Depois de tudo que papai fez,
você confiou em mim.
Ele abre um sorriso pequenino e tão raro, e me abraça.
— Eu amo você, cristal — diz no meu ouvido. — Tenho uma surpresa
para você hoje.
— Uma surpresa — pergunto e olho para o seu rosto reticente. — O
que é?
Ele me segura pelo queixo e passa o polegar no meu lábio.
— Vem comigo em um lugar mais tarde.
CAPÍTULO 28
Cecília Magalhães
— Cuidado para não cair.
Thomas está com as duas mãos em cima dos meus olhos e me guia no
escuro para algum lugar. Quase tropeço em alguma coisa, mas ele me segura.
Assim que saímos do trabalho, ele me começou a me dirigir para algum
lugar e não me disse para onde. Não tenho a menor ideia de onde nós estamos
quando Thomas me deixa parar de andar.
— Vou tirar as mãos dos seus olhos agora — ele fala no meu ouvido e
me arrepia inteira com a voz grossa tão perto da minha pele.
— Tudo bem — sussurro. Pisco algumas vezes para me acostumar com
a iluminação quando ele me deixa olhar e franzo o cenho sem entender onde
nós estamos.
Olho para a casa na nossa frente, tão grande quanto a casa onde cresci.
Tem um quintal grande ao redor, e Thomas segura a minha mão e começa a
me conduzir por ele.
— Onde a gente está? — pergunto, olhando tudo ao redor enquanto ele
praticamente me arrasta pelo lugar.
A casa é linda por fora, e o jardim é mais bonito ainda. Vejo uma
piscina grande nos fundos, flores muito bem cuidadas espalhadas por todo
lugar, e solto um gritinho surpreso quando Thomas me puxa pela cintura.
— O que acha?
— É linda, mas eu não entendo — falo e olho de novo ao redor.
Thomas arrasta no nariz no meu e beija minha boca.
— É nossa — diz. Arregalo os olhos e coloco as mãos na boca. — Se
você quiser. É nossa.
— Mas… — Sinto meus olhos marejarem e olho de novo em volta
antes de olhar para ele. — E o apartamento?
Thomas sorri e segura meu rosto.
— Vem comigo.
Ele abre a porta da casa e me leva pela sala já inteiramente mobiliada,
do jeito que eu faria se fosse eu a escolher tudo. Não sei como ele soube o
que escolher, mas essa casa é perfeita para mim. Ele me leva até uma mesa
posta, com velas e mais flores.
— Não estou acostumada com você sendo romântico — falo quando
ele puxa a cadeira para mim. Me sento e ele serve vinho para nós dois. —
Você comprou mesmo essa casa para nós dois?
— Claro que sim, cristal — ele diz e se senta do meu lado.
Eu me perco nos olhos bonitos que brilham tanto para mim agora.
Thomas segura minhas mãos e beija meus dedos.
— Eu compraria o mundo inteiro para você. Cecília… — Ele aperta
meus dedos. — Eu fiquei louco achando que ia te perder. Quando aqueles
filhos da puta… Eu não ia suportar se alguma coisa acontecesse com você.
— Nada vai acontecer comigo…
— Eu não vou deixar — ele interrompe. — Mas Cecília… Eu não
posso fazer isso. Não quero fazer isso. Nós não vamos nos casar.
Sinto meu coração apertado e mordo o lábio para tentar impedir uma
lágrima de escapar.
— O que… do que você está falando?
Thomas solta minha mão e suspira. Ele pega uma pasta que está no
outro canto da mesa que eu não tinha reparado. Ele a abre e eu vejo o
contrato que nós dois assinamos seis meses atrás.
— Eu entrei na sua vida e te forcei a isso. Te forcei a conviver comigo
e a me aceitar na sua vida porque eu estava tão cego de raiva do seu pai que
nada mais importava, mas eu não posso fazer isso com você.
Thomas pega o contrato da pasta e, sem tirar os olhos de mim, rasga as
páginas em pedaços bem pequenininhos.
— Eu não quero nenhum contrato, cristal. Não quero que isso aqui seja
negócios, nem uma vingança. Não quero me casar com você porque
assinamos um contrato.
As lágrimas escorrem pelo meu rosto e eu prendo um soluço. É de
felicidade porque isso foi o que eu mais quis desde o começo, mas agora…
rasgar esse contrato significa ficar sem Thomas, e essa é a última coisa que
eu quero na vida.
— E o que acontece agora? — pergunto.
Ele me olha por segundos longos, com os olhos presos nos meus.
Thomas fica de pé e eu levanto os olhos para continuar olhando para ele. Ele
mexe em alguma coisa dentro do bolso do terno e meu olhos arregalam
quando o vejo tirando uma caixinha dali de dentro.
— Thomas…
Ele se ajoelha na minha frente e abre a caixinha, mostrando um anel
com um diamante brilhante em cima.
— Eu comprei essa casa porque apartamento nenhum é lugar para criar
uma família. Eu quero ter uma família com você, cristal — ele fala. — Eu…
não tenho uma há muito tempo, e você chegou e mudou tudo. Você tomou
minha vida inteira de mim, garota, e eu não sei mais ficar sem você. Esses
meses com você foram os melhores da minha vida e quero isso para sempre.
Quero acordar do seu lado e enlouquecer todos os dias porque não para de me
enfrentar por coisas idiotas. Mas eu quero que você queira isso tudo. Não por
causa de um contrato, mas porque você… me ama, tanto quanto eu te amo.
Saio da cadeira e me ajoelho na frente dele. Seguro seu rosto e mal
consigo ver nada porque meus olhos estão embaçados pelas lágrimas.
— Não são negócios, cristal, não é vingança… — Eu beijo a sua boca
e ele segura o meu rosto também. — É um amor como eu nunca senti antes.
Casa comigo, Cecília. Fica comigo para sempre.
— Caso — falo no meio de uma risada. — Claro que eu caso, Thomas.
Eu te amo tanto…
Ele segura a minha mão e coloca o anel no meu dedo. Thomas beija
minha mão e me puxa para beijar a minha boca. Sem parar de me beijar, ele
me levanta e nos conduz pela sala até esbarrar em um sofá. Sorrio quando ele
me deita no sofá e deita por cima de mim. Suas mãos percorrem meu corpo e
eu aperto seus braços.
— Agora você é minha noiva de verdade — ele fala na minha boca e
aperta meu seio por baixo da minha blusa. — Minha, Cecília. Só minha, toda
minha. E eu sou todo seu.
— Me mostra — peço e começo a desfazer os botões da sua camisa. —
Me mostra que você é todo meu, Thomas.
Ele começa lento e doce, do jeito que eu gosto, mas hoje eu quero mais
dele. Quero Thomas do jeito que ele gosta de me ter, daquele jeito bruto dele
que me deixa de pernas bambas. Ele tira a minha roupa e beija meu corpo
inteiro no processo. Ele me toca em todos os lugares e me puxa para mais
perto dele quando se encaixa entre as minhas pernas.
— Você é tão gostosa — ele fala no meu ouvido. — Eu sou um filho
da puta sortudo, Cecília.
Ele começa a se mover devagar dentro de mim e eu sinto meu rosto
pegar fogo em antecipação, mas peço mesmo assim:
— Mais forte, Thomas — falo baixinho no seu ouvido.
— Cecília…. Não me pede uma coisa dessas, garota — ele rosna.
— Por favor — choramingo. — Do jeito que você gosta, Thomas.
Ele puxa meu cabelo e mete mais rápido. Eu grito seu nome e ele
chama o meu.
— Minha coisa favorita no mundo é te foder, Cecília — ele fala no
meio de um gemido e me faz gemer também. — Goza pra mim, cristal.
Eu gozo e ele me penetra mais algumas vezes, com força e fundo, antes
de gozar também e desabar em cima de mim. Sua respiração está acelerada
igual ao seu coração, mas eu não poderia estar mais em paz do que agora.
Nos braços do homem da minha vida, do meu futuro marido e meu mundo
inteiro.
CAPÍTULO 29
Thomas de Albuquerque
FIM
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RESGATADA PELO CEO