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CANIBAIS COM GARFO E FACA

JOHN ELKINGTON

“Hoje em dia, o problema é bem diferente, uma vez que várias pessoas pensam que
sabem o significado de ‘sustentabilidade’, ainda que a definindo de diversas maneiras.
Surpreendentemente, talvez, o setor dos negócios, representado por algumas
empresas líderes, tem estado na vanguarda para identifica o significado de
sustentabilidade no que tange a um produto, um processo, uma empresa, um setor
industrial ou mesmo a uma economia inteira.”1

“A pauta da sustentabilidade, há tempos conhecida como uma tentativa de


harmonizar o pilar financeiro tradicional com o pensamento emergente sobre o pilar
ambiental, está agora se revelando muito mais complicada do que aquilo que alguns
executivos entusiastas haviam imaginado no início.”2

“Sustentabilidade é o princípio que assegura que nossas ações de hoje não limitarão a
gama de opções econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as futuras
gerações.”3

“... qualquer transição para formas mais sustentáveis de desenvolvimento econômico


terão de cooperar com – ou servir de sinalizador para – os principais deslocamentos
políticos. No caso de falharmos em identificar e gerenciar esses desafios a tempo, eles
poderão desencadear elementos-chave da transição para a sustentabilidade.” 4

“... é inevitável que uma grande parte da agenda da sustentabilidade recaia sobre as
mesas das empresas, cada vez mais chamadas de ‘sociedade civil’; todas as instituições
e atividades públicas que criam o contexto social no qual os mercados se envolvem o
os negócios são feitos.”5

“A sustentabilidade não pode ser definida para uma única corporação. Ao contrário,
ela deve ser definida para um sistema econômico-social-ecológico completo, e não
para as suas partes.”6

“Para se aproximar de uma sociedade sustentável, precisamos descrever um sistema


de comércio e de produção no qual cada envolvido e cada ato seja inerentemente
sustentável e renovável.”7 – Paul Hawken

1
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 27.
2
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 33.
3
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 52.
4
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 57.
5
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 61.
6
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 73.
7
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 73.
“Mesmo as melhores empresas [...] serão sustentáveis somente quando as instituições
e mercados ao redor tiverem sido reprojetados a fim de suportar e promover a
sustentabilidade. Esse reconhecimento exigirá maior empenho dos que defendem a
teoria dos três pilares, no investimento muito maior de esforço em campos como a
recalibração dos acordos de comércio internacionais e as operações dos mercados
financeiros globais.”8

“Para os que consideram a definição da comissão de Brundtland sobre a


sustentabilidade muito vaga, aqui segue uma definição mais precisa, segundo Herman
Daly, economista do Banco Mundial. Uma sociedade sustentável precisa atender a três
condições: suas taxas de utilização de recursos renováveis não devem exceder suas
taxas de regeneração; suas taxas de uso de recursos não renováveis não devem
exceder a taxa pela qual a renovação sustentável dos substitutos é desenvolvida; suas
taxas de emissão de poluentes não devem exceder a capacidade de assimilação do
meio ambiente.”9

“O diretor do Programa de Administração Ambiental da Universidade de Michigan,


Stuart Hart, explicou que ‘aqueles que pensam ser a sustentabilidade somente uma
questão de controle de poluição não estão vendo o quadro completo’.” 10

“Alguns envolvidos na comunidade do desenvolvimento sustentável insistem no fato


de que a sustentabilidade não tem relação alguma com as questões sociais, éticas ou
culturais. Eles argumentam que um mundo sustentável poderia ter maior ou menos
equidade que o mundo atual. Eles afirmam que a real questão está relacionada à
eficiência de recursos. Como o rei Canute, eles estão tentando segurar a maré pela
simples força de vontade ou do preconceito. Suas visões devem ser um contrapeso útil
na tentativa de fazer da sustentabilidade uma nova forma de comunismo, mas no final
o nosso progresso na direção do pilar social será extremamente importante na
determinação do sucesso ou do fracasso da transição para a sustentabilidade. No caso
de falharmos no tratamento de questões sociais, políticas e éticas mais amplas, o
recuo terminará inevitavelmente por solapar o progresso na área ambiental.” 11

“Os três pilares da sustentabilidade significam que as polêmicas resultantes


provavelmente serão alimentadas pelas questões econômicas e sociais, assim como
pelas polemicas ambientais.”12

8
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 74.
9
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p. 93.
10
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012.
p.108.
11
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
123.
12
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
167.
[...] “a sustentabilidade genuína também exige redução da pobreza, estabilidade da
população, aumento da participação feminina, criação de empregos, respeito aos
direitos humanos e redistribuição de oportunidades em larga escala.” 13- Tom Gladwin

“Gladwin não está simplesmente falando sobre formas de entender a diversidade


cultural ou de lidar com abusos. Ele alerta para ‘um processo mais profundo,
revolucionário e, de fato, doloroso de transformação da ordem moral’. Em suma, uma
redefinição radical do contrato social entre as empresas e a sociedade. A
sustentabilidade, nessa definição, representa uma mudança fundamental de
paradigma. Ela transformará os valores humanos, as visões políticas e as ‘regras do
jogo’ sociais por meio da: ‘eficiência econômica voltada à igualdade social, dos direitos
individuais para obrigações coletivas, do individualismo para comunidade, da
quantidade para a qualidade, da separação para a interdependência, da exclusão para
a igualdade de oportunidade, do homem para a mulher, do luxo para a necessidade,
da repressão para a liberdade, do hoje para o amanhã e do crescimento que beneficia
poucos para um desenvolvimento humano que beneficie a todos.”14

“[...] ainda resta o perigo real de que o crescente enfoque de vários geradores de
relatórios na melhoria contínua gerenciada, Qualidade Total, associado ao crescente
uso de ferramentas gerenciais derivadas da qualidade total, ocultarão os passos mais
fundamentais e necessários no caminho em direção à sustentabilidade.” 15

“... as empresas que realmente começaram a compreender a agenda da


sustentabilidade sabem que a única forma de uma empresa alcançar o progresso
necessário com relação aos três pilares é concentrar-se no aprimoramento do
desempenho de toda a cadeia de valor.”16

“... a sustentabilidade dependerá do progresso de concentrações de industrias, cadeias


de valor completas e economias inteiras. Como resultado, observamos um crescente
interesse na infraestrutura ecológica, como no conceito do parque industrial ecológico.
A ideia central é que por meio do compartilhamento de recursos, seja em forma de
produção de energia eficiente ou da mais atualizada administração de lixo, as
empresas podem impulsionar de maneira ampla, a ecoeficiência de uma economia
local ou regional.”17

13
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
187.
14
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
188.
15
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
223.
16
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
241.
17
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
295.
“... as empresas sustentáveis têm de operar em uma base de ‘palavra de defesa’,
omitindo seus motivos reais perante o resto do mundo e especificamente perante
analistas financeiros? Pelo jeito, parece que sim.” 18

“Equilibrar nosso orçamento com a natureza requer orientação do ritmo de nossa


atividade econômica de forma que esta seja compatível com padrões de tempo da
natureza.”19

“A Shell começou a incluir fatores ambientais em suas situações em 1980, mas


qualquer um que busque o debate saberá que ainda há pouco consenso sobre o que
significa ‘sustentabilidade’, o que dirá sobre como ela deve ser aplicada, em particular,
a produtos, processos, empresas, setores ou economias. Esse problema tende a ser
ainda mais complicado quando a questão atravessa fronteiras internacionais.” 20

“Também está ficando claro que as questões ambientais não podem ser consideradas
isoladamente em uma economia global cada vez mais interconectada, competitiva e
de rápida mobilização. O resultado é um mundo empresarial marcado por uma
crescente complexidade, escalas de tempo para a ação e um crescente número de
surpresas desagradáveis.”21

“À medida que o conceito de sustentabilidade tornar-se parte da abertura política, nós


todos vemos um maior reconhecimento de que o desafio é composto de uma
crescente complexidade.”22

“Graças à dimensão de tempo, a sustentabilidade sempre será um conceito relativo.” 23

“... a linha dos três pilares da agenda da sustentabilidade significa que os comitês de
sucesso precisarão testar continuamente suas prioridades e desempenho a fim de
verificar se elas estão caminhando juntas. O desafio para os governos nacionais e
agencias internacionais será avaliar os sistemas de governança das empresas que os
ajudam – e não que os atrapalham – nessa tarefa.”24

“A agenda da sustentabilidade requer que as empresas adotem escalas de tempo mais


longas, aceite as visões dos stakeholders mais importantes e integrem a filosofia da
18
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
322.
19
RIFKIN, Jeremy apud ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil
Editora Ltda, 2012. p. 324.
20
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
327.
21
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
328.
22
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
328.
23
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
330.
24
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
350.
linha dos três pilares em todos os aspectos do negócio e que considerem a
reconfiguração dos aspectos-chave das operações da empresa.” 25

“... o desenvolvimento sustentável dependerá da vontade de se estabelecerem


objetivos sólidos e então, ano após ano, se deslocar na direção de sua obtenção.” 26

“trabalhar em sustentabilidade oferece uma grande esperança de amenizar os


problemas entre nossa atividade econômica e a nossa atividade humana. Em vez de
ver as duas em oposição marxista, nós as vemos como sendo a mesma coisa.” 27 – Bob
Shapiro.

“... a transição para a sustentabilidade exigirá que façamos o deslocamento da ênfase


no crescimento econômico (com seu enfoque em quantidade) para o desenvolvimento
da sustentabilidade (com seu enfoque na qualidade econômica, ambiental e social).
Por sua vez, isso dependerá da nossa capacidade de pensar a um prazo mais longo de
reconhecer que a qualidade dependerá da nossa capacidade de reconhecer, respeitar,
administrar e sustentar a diversidade.”28

“Um mundo sustentável será dificilmente homogêneo. Estilos de vida sustentáveis não
terão linhas de montagem como as da antiga Ford.”29

“Se, por exemplo, uma empresa aprimora a sua política ambiental, mas corta sua força
de trabalho, podemos dizer que ela é sustentável no sentido pleno da palavra? Essas
questões atingem o coração do debate da sustentabilidade, que considera a
combinação das considerações ambientais e de desenvolvimento de maneira que não
sejam ‘ou/ou’, mas sim ‘tanto/quanto’ – o equilíbrio ‘ganha-ganha-ganha’ exigido pela
linha dos três pilares.”30

“A transição para a sustentabilidade dependerá dos mercados, e os mercados por sua


vez dependerão de sistemas adequados de governança internacional, nacional e
corporativos.”31

25
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
364.
26
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
371.
27
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
373.
28
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
398.
29
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
398.
30
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
414
31
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
415.
“O capitalismo não será sustentável a não ser que o crescente gap entre o rico e o
pobre venha a ser enfrentado, seja em sociedades industriais ou entre os mundos
desenvolvidos e em desenvolvimento.”32

“Sem entendimento e apoio públicos mantidos ao longo do tempo, não será possível
haver a transição para a sustentabilidade.”33

Sustentabilidade: “Existem mais de 100 definições de sustentabilidade e


desenvolvimento sustentável, as a mais conhecida é a do World Commission on
Environment and Development, a qual preconiza que o desenvolvimento é sustentável
onde ele ‘atende às necessidades da população atual sem comprometer a capacidade
das gerações futuras no atendimento de suas próprias necessidades.” 34

32
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
416.
33
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
420.
34
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2012. p.
471.

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