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O BEBÊ REJEITADO DO MAFIOSO TURCO

Copyright © 2023 by Cris Barbosa


Capa: Dennis Romualdo Design
Diagramação: Cris Barbosa
Revisão e Preparação de Texto: Ebervânia Maria

Todos os direitos reservados a Cris Barbosa 2023.


Publicado de forma independente por Cris Barbosa na Amazon.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.
É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte
dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível —
sem o consentimento por escrito do autor.
Criado no Brasil.
Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Epílogo
Agradecimentos
Sobre a autora
Nota da Autora
Contatos
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Outras Obras
Sinopse
Máfia + famílias inimigas + Age Gap + segredos ocultos +
mocinha virgem + mocinho protetor + gravidez inesperada +
bebê e grávida rejeitados + redenção do mafioso + debaixo do
mesmo teto

Ele rejeitou a mulher por quem estava apaixonado, grávida,


quando descobriu o segredo que ela escondia.
Ela, mesmo magoada, após ser desprezada, precisou
recorrer a proteção dele para manter a salvo a vida do seu filho.

Ayaz Yavuz, após o assassinato de seu pai pela facção


inimiga, tornou-se baba de uma das organizações criminosas mais
temidas da máfia turca. Lindo, milionário, sedutor, cafajeste,
mulherengo e solteiro convicto - ele não quer saber de compromisso
sério com ninguém. Isso até conhecer uma mulher misteriosa, que
vira sua vida de cabeça para baixo.
Eda Aydin é uma jovem que está sendo forçada a se casar
com alguém que não ama e se encanta de imediato por Ayaz. Mas,
para não perdê-lo, oculta dele um grande segredo que pode colocar
o relacionamento - e suas vidas - em risco.
Os dois não resistem ao desejo e ela acaba entregando sua
virgindade a ele. Até que uma gravidez inesperada acontece e ela
se vê obrigada a contar toda a verdade que vinha escondendo até
então.
Revoltado com o que descobre, ele a rejeita, assim como ao
bebê, colocando em “xeque” a sua honestidade e reais intenções.
Alguns meses depois, eles se reencontram, pois ela se vê
obrigada a pedir a ajuda dele para garantir a vida e sobrevivência do
filho. Como consequência, os dois terão que conviver debaixo do
mesmo teto. Será que conseguirão resistir a forte atração que
voltará a rondá-los?

*Conteúdo adulto: +18


** Apesar de não ser um livro dark, pode conter alguns
gatilhos
Capítulo 1
Hoje foi o dia mais difícil da minha vida. Acabei de me formar
em arquitetura na Itália e, ao voltar para casa, meu baba – como os
pais são chamados em meu país – disse que terei que me casar
com um homem que não amo. Chorei e implorei para que ele me
deixasse escolher meu próprio caminho, mas ele não quis me ouvir.
Para ele, a honra da família vinha antes do meu próprio coração.
Eu me sentia desolada, traída e sem esperança.
Como podia ser feliz se não tinha o direito de escolher a
quem amar?
Foi então que me enchi de coragem e resolvi falar com o meu
pai.
Meu coração pesava mais a cada passo que eu dava em
direção ao seu escritório, que ficava na parte térrea de nossa casa.
A luz fraca da lua atravessava a janela e criava sombras dançantes
no chão. Ele estava sentado em uma poltrona, lendo um jornal
turco, como de costume. Eu sabia que não poderia mais adiar a
conversa que estávamos prestes a ter.
— Ba-baba, podemos conversar? — falei com a voz trêmula,
tentando esconder as lágrimas que ameaçavam se derramar de
meus olhos.
Ele abaixou o jornal e olhou para mim com seriedade. Meu
pai, Hilal Aydin, sempre foi muito respeitado e temido em sua
organização. Ele era conhecido por sua firmeza, crueldade, punhos
de aço, maldades e pelas tradições que tanto dizia valorizar.
— O que há, Eda? — respondeu com um olhar indiferente,
como se já soubesse o que estava por vir.
Respirei fundo e reuni todas as minhas forças.
— Baba, eu não posso me casar com Yusuf. Eu não o amo.
Eu não posso passar o resto da minha vida ao lado de alguém que
não me fará feliz.
A expressão do meu pai mudou de indiferença para fúria em
um piscar de olhos.
— Eda, você não entende o que está dizendo. — Pronunciou
bruscamente. — O casamento com Yusuf é uma honra para nossa
família e a organização. — Encarou-me, com as veias do pescoço
pulsando de raiva. — Você não tem de querer nesse caso, foi a
escolhida dele. Essa é uma aliança que fortalecerá nossos laços e
tradições contra nossos inimigos. O amor é secundário.
As palavras do meu pai ecoaram em meus ouvidos, como se
eu estivesse escutando um discurso que tinha sido repetido várias
vezes. Mas eu não queria aceitar. Eu não podia me entregar a um
destino que não escolhi.
— Mas, baba, eu mereço ser feliz. Mereço escolher com
quem quero passar minha vida. O amor não é secundário para mim.
É o que importa — disse com voz trêmula.
— Eda, você sabe que o casamento é uma tradição
importante em nossa organização e que todos eles são arranjados.
É seu dever se casar com um homem que ocupa um cargo
respeitável nela, como Yusuf, e seguir os caminhos que a nossa
família traçou para você — respondeu, com uma expressão séria no
rosto.
— Entendo a importância do casamento, baba, mas não
acredito que Yusuf seja a pessoa certa para mim. Eu quero e
sempre sonhei encontrar alguém que eu possa amar e construir
uma vida juntos, não apenas cumprir uma tradição obrigatória —
argumentei.
— Você é jovem e não sabe o que é melhor para você.
Confie em mim: este homem é o melhor partido disponível que
encontrará entre os nossos aliados e será um bom marido, na
medida do possível — disse, tentando me convencer.
Mas eu não podia e nem queria ignorar meus próprios
sentimentos. Eu sabia que precisava lutar pelo meu direito de
escolher com quem eu queria passar o resto da minha vida.
— Baba, por favor, entenda que eu só quero ser feliz. Não
posso me casar com alguém que não amo — concluí, esperando
que ele pudesse finalmente me entender.
A discussão começou a ficar tensa, carregada com a pressão
de uma decisão que eu não estava disposta a aceitar, quando meu
pai resolveu voltar a me ignorar, recostando-se em sua poltrona
favorita, retornando a leitura do jornal, que estava espalhado a sua
frente.
— Baba, não adianta agir dessa maneira. O senhor não vai
me convencer e nem obrigar a fazer isso — disse com a voz
trêmula, mas determinada.
— Não vou te obrigar a quê, Eda? — Abaixou o jornal de
forma lenta, fingindo-se de desentendido, revelando um olhar sério e
inquisitivo.
— Sobre o casamento com Yusuf — respondi, cravando um
nó na garganta.
Os olhos do meu pai encontraram os meus, e eu pude ver a
preocupação misturada com uma certa perseverança em sua
expressão. Ele sabia exatamente o que eu estava prestes a dizer.
— Por favor, baba. Eu não posso fazer isso. — Continuei,
lutando para manter as lágrimas afastadas. — Eu não amo Yusuf.
Não posso e nem quero passar o resto da minha vida ao lado de
alguém por quem não tenho sentimentos.
— Eda, você não entende. — Sua expressão era um misto de
incredulidade e raiva contida. — Este casamento é importante para
nossa família, para a organização. — Repetiu, enquanto seu rosto
ficava vermelho com a frustração. — Não é apenas sobre o que
você quer.
— Mas, baba, o que eu quero também é importante. —
Balancei a cabeça, sentindo minha determinação aumentar. — Eu
mereço ser feliz e escolher com quem quero passar o resto da
minha vida.
Ele fez uma pausa, olhando para o chão por um momento
antes de voltar a me encarar.
— Eda, às vezes, na vida, precisamos fazer sacrifícios pelo
bem da família e da organização. O amor é algo que pode se
desenvolver com o tempo.
— Baba, eu não quero um casamento baseado em 'pode se
desenvolver' — falei, me sentindo frustrada. — Eu quero uma união
que tenha amor, paixão e conexão. Não posso aceitar me unir em
matrimônio dessa maneira.
A discussão continuou, cada um de nós defendendo seu
ponto de vista com firmeza. E cada palavra que eu pronunciava
alimentava mais a ira do meu pai. No final, ficou claro que baba não
mudaria de ideia. Ele tinha dado a sua palavra e prometido minha
mão a Yusuf, e isso não poderia ser desfeito. Meu pai estava
determinado a cumprir a promessa de casamento, enquanto eu
estava disposta a lutar pela minha própria felicidade, mesmo que
isso significasse desafiar as tradições da organização.
No final, ficou claro que não alcançaríamos um acordo
naquela noite. O abismo entre nossas visões do futuro era profundo
e aparentemente intransponível.
Com o coração despedaçado e uma sensação avassaladora
de impotência, saí do seu escritório e segui em direção à porta da
frente. Eu sabia que uma batalha difícil vinha pela frente, uma que
eu estava procurando travar para encontrar a minha própria
felicidade e liberdade, mesmo que isso significasse ir contra a
vontade do meu pai.
Minha mãe, que estava na sala, tentou me perguntar algo,
mas eu a ignorei. Eu precisava de espaço, de ar fresco para
respirar. Saí para a noite escura, sem rumo. As lágrimas escorriam
pelo meu rosto enquanto eu caminhava pelas ruas. Eu me sentia
como um pássaro enjaulado, incapaz de voar em direção à própria
felicidade.
No meio do caminho, peguei um táxi para não ser imprudente
ao ponto de dirigir bêbada e fui para um bar. Pedi para que o
motorista parasse em frente ao primeiro que apareceu em meu
caminho. Eu precisava de um lugar para me acalmar e pensar.
Sentei-me no balcão, onde alguns baristas serviam bebidas
aos clientes, pedi algo bem forte e deixei que o álcool queimasse
minha garganta. A cada gole, eu sentia um pouco da dor se dissipar.
Mesmo não sendo acostumada, comecei a beber de forma
desenfreada, quanto mais eu me embriagava, mais eu chorava.
As lágrimas começaram a fluir e eu já não me importava com
as pessoas ao meu redor, que me olhavam com curiosidade e
compaixão. Naquele momento, eu só queria esquecer a vida que
me esperava, o casamento que eu não queria.
À medida que a noite avançava e as garrafas se
acumulavam, eu chorava em silêncio, lamentando a falta de escolha
para minha própria vida. Eu era uma jovem turca, filha de um grande
mafioso, mas queria mais do que as tradições e a organização
podiam oferecer. Eu queria amor, liberdade e estava disposta a lutar
por isso, mesmo que fosse preciso desafiar meu próprio pai.
No fundo do meu coração, eu sabia que a jornada seria difícil,
mas estava determinada a encontrar meu próprio caminho, mesmo
que isso significasse enfrentar as consequências das minhas
escolhas. E naquela noite, naquele balcão de bar escuro e solitário,
comecei a traçar meu próprio destino, longe das amarras de um
casamento arranjado.
Capítulo 2
Era mais um dia comum de trabalho no bar da família, cujo
fundo servia de fachada para os negócios escusos da organização
que eu havia me tornado baba[1] desde o assassinato cruel do meu
pai pelo chefe da facção inimiga. Ao chegar lá, com a chave da
porta velha, fazendo o tilintar costumeiro, preparando-me para me
dirigir as dependências dos fundos, onde funcionava nosso cassino
clandestino e eram feitos negócios como o tráfico de heroína e
outros tipos de drogas e de pessoas, acordos políticos importantes,
prostituição, extorsão e alguns acertos de contas. Em outras
palavras, era lá que funcionava o nosso quartel general, se é que
podíamos chamá-lo assim.
Foi então que uma cena chamou a minha atenção. No balcão
de atendimento, uma jovem estava sentada, com os ombros caídos
e os olhos marejados de lágrimas, chorando em silêncio. Seu rosto
estava oculto pelas mãos, e seus cabelos castanhos claros caíam
como uma cortina de seda a esconder sua tristeza. Eu não pude
evitar a curiosidade, afinal, não era comum ver moças chorando
naquele local.
— Murat, você sabe o que aconteceu? — perguntei ao meu
primo e braço direito, que estava a minha espera e se aproximou
assim que me viu entrar no estabelecimento. — Por que aquela
moça tanto chora?
— Estou aqui há algum tempo e vi que ela já entrou assim.
Parece que precisa de ajuda, mas não me atrevi a perguntar.
— Não temos nada importante para essa noite; entre e vá
resolvendo tudo o que for preciso — disse para ele com altivez. —
Vou ver se Ahmet sabe de alguma coisa e daqui a pouco estarei lá.
Meu primo fez o que mandei e eu me aproximei de meu
funcionário mais antigo do bar, um homem de meia-idade com um
bigode espesso e olhos perspicazes.
— Ahmet, você viu aquela jovem no balcão de atendimento?
— Mantive minha voz baixa para não a perturbar.
— Sim, senhor Ayaz, eu a vi. Fui eu mesmo quem a atendeu
inicialmente. — Olhou na direção da garota antes de voltar-se de
novo para mim. — Ela chegou há algum tempo, parece muito
angustiada. Mas não consegui entender e nem descobrir o que a
trouxe aqui.
— Você a conhece? — Assenti com a cabeça, sentindo
minha curiosidade aumentar.
— Não, é a primeira vez que a vejo. — Balançou a cabeça
elevada. — Parece que está em busca de bebida para acalmar seu
coração. Já chegou assim, sentou-se ali e voltou a chorar.
Encarei Ahmet por um momento, ponderando sobre o que
fazer a seguir. Apesar de não fazer isso com frequência, senti que
era meu dever, como bom anfitrião, cuidar dos clientes do bar, e
essa jovem precisava de ajuda ou, pelo menos, de alguém com
quem conversar.
— Vou falar com ela — declarei, determinado. — Talvez, eu
possa descobrir o que está acontecendo e como ajudá-la.
—Vá, mas tenha cuidado, senhor Ayaz — concordou com
aprovação e preocupação ao mesmo tempo. — Não sabemos quem
ela é ou o que está acontecendo. Pode ser uma armadilha.
Agradeci a preocupação de Ahmet e comecei a me aproximar
da jovem com delicadeza, com passos suaves e cautelosos,
observando-a por um momento antes de dizer qualquer coisa. Ela
estava imersa em sua própria tristeza, as lágrimas escorrendo
silenciosamente pelo rosto.
Olhou para mim surpresa, seus olhos verdes, avermelhados
pelo choro, encontraram os meus e soluçou algumas palavras
inaudíveis. Vi neles uma mistura de emoções: tristeza, surpresa e
um toque de constrangimento por ter sido pega em um momento tão
vulnerável. A beleza dela, apesar das lágrimas, era inegável. Ela
tinha traços finos e uma aura de mistério que me intrigou no mesmo
instante.
Senti um calafrio percorrendo minha espinha quando me
aproximei pelo lado de dentro do balcão, de frente para ela, que
olhou para mim com curiosidade, e um pequeno sorriso apareceu
em seus lábios, como um raio de sol rompendo as nuvens.
Quando nossos olhares se encontraram, percebi que não
poderia deixá-la sozinha em seu sofrimento. Algo me dizia que sua
presença em nosso bar era mais do que mera coincidência, que
nosso encontro naquele dia estava destinado a desencadear algo
especial, que mudaria nossas vidas de maneiras que nem
imaginávamos. Mal sabia eu que, naquela noite, o bar da minha
família, em Istambul, havia se tornado o cenário de um novo
capítulo em nossas vidas, onde o destino nos uniu em um encontro
inesperado e mágico.
Capítulo 3
A noite estava avançada e eu continuava sentada no balcão
do bar, chorando muito e já um pouco tonta pelo álcool, que havia
deixado meu corpo relaxado, mas também trazia à tona todas as
tristezas que eu tinha esperança de esquecer. O rosto inchado pelas
lágrimas e a maquiagem borrada eram evidências claras do estado
emocional em que me encontrava.
De repente, meus olhos se fixaram no lado de dentro do
balcão de atendimento, e lá estava ele: um homem incrivelmente
bonito, com cabelos castanhos escuros, olhos profundos da mesma
cor e barba bem feita, como se tivesse sido esculpido por algum
artista talentoso. Minha visão embaçada pelo álcool me fez acreditar
que ele era o barman, apesar de que não me lembrava dele ser tão
lindo daquele jeito, e sem sequer perguntar seu nome, desabei em
lágrimas e comecei a falar.
— Ah, finalmente você apareceu, senhor barman! — Solucei,
apoiando-me no balcão. — Eu preciso de mais uma bebida forte,
algo que faça todo o meu sofrimento valer a pena.
O homem bonito me olhou com uma expressão perplexa,
mas educada.
— O que a senhora gostaria de beber? — perguntou com um
sorriso simpático.
— Ah, não importa, desde que seja forte e desça rasgando
em minha garganta — respondi com um suspiro. — Minha vida está
uma bagunça e eu quero esquecer tudo.
— Claro, vou preparar algo especial para você. Enquanto
isso, posso saber o que está acontecendo? Por que parece tão
triste? — perguntou, olhando-me com simpatia e se inclinando para
mim, parecendo interessado.
Eu não sei o porquê, mas comecei a desabafar com ele.
— Meu baba quer me obrigar a me casar com um homem
que não amo; eu tentei tirar isso da cabeça dele, mas não consegui.
Estou sem saber o que fazer e me sentindo muito perdida.
— Qual o seu nome, senhorita?
— Eda, barman... Eda — respondi e só depois me dei conta
de que, talvez, não devesse revelar minha identidade tão fácil
daquela maneira, por isso me restringi só ao primeiro nome.
— Eda, ninguém é obrigado a aceitar qualquer coisa que lhe
faça infeliz. — Disse após me ouvir com atenção. — Você tem o
direito de escolher sua própria vida e buscar a felicidade. — Tentou
me acalmar, enquanto servia mais uma dose de bebida para mim.
— Ele acredita que esse casamento é a melhor coisa para
mim, mas eu não quero ser forçada a me casar com alguém que
não escolhi, por quem não tenho sentimentos. — Desabafei,
sentindo o peso da minha situação.
— Eu entendo como tudo isso deve estar sendo difícil para
você. — O barman bonito fez um gesto para que eu me acalmasse.
— Mas é importante lembrar que sua felicidade deve ser prioridade
— falou com uma voz tranquila e reconfortante. — Ninguém pode
tomar essa decisão no seu lugar.
Lágrimas voltaram a brotar em meus olhos e ele continuou a
me aconselhar, oferecendo palavras de encorajamento e apoio.
— Siga o seu coração, Eda. Lute pela sua própria felicidade,
mesmo que isso signifique desafiar as expectativas da sua família.
Às vezes, é preciso coragem para enfrentar nossos entes queridos e
buscar nosso próprio caminho — sussurrou, como se
compartilhasse uma sabedoria profunda e pessoal.
Nós conversamos por mais um tempo e, aos poucos, fui me
acalmando. O barman, que eu nem sabia o nome, se mostrou um
ótimo ouvinte e me deu alguns conselhos que me ajudaram a ver as
coisas de uma maneira mais clara.
Aquela noite, tão confusa e complicada para mim, acabou
também sendo muito especial. Aprendi que, mesmo nos momentos
mais difíceis, sempre podemos encontrar alguém que nos escute e
nos ajude a enxergar as coisas de uma maneira diferente. E,
mesmo que eu nunca mais veja o homem lindo a minha frente,
sempre vou lembrar daquela noite como um momento de renovação
e esperança.
— Obrigada por me ouvir, barman — murmurei ainda grogue,
secando as últimas lágrimas.
— Não há de quê, Eda. — Encarou-me com um sorriso lindo,
que parecia ter o poder de iluminar até a noite mais escura. — Às
vezes, tudo o que precisamos é de alguém para desabafar. Espero
que sua noite melhore daqui em diante.
De novo, dei-me conta de que não sabia o seu nome, mas
minha angústia estava tão à flor da pele que não me importei com
isso. Afinal, qual as chances de eu me encontrar com aquele
homem de novo? Mínimas, é claro.
Capítulo 4
Aquela noite já havia se estendido além do horário de
fechamento, e eu estava exausto. Havia me distraído no bar e para
não mandar Eda, daquela maneira embora, acabei dispensando
todos os funcionários e ficando encarregado de fechar tudo. Em um
rompante maluco, dispensei até os seguranças, afinal, ela ainda
estava lá, bebendo demais, perdida em um mar de lágrimas e
álcool. Eu tinha ouvido suas lamentações por horas, mas minha
capacidade de ajudá-la chegou ao fim.
Ela sequer conseguia entender que eu não era o barman,
apesar de eu ter tentado explicar isso várias vezes. O que me
deixou impaciente e frustrado.
Como ela podia achar que eu era um simples empregado?
Será que não percebia, pela minha elegância e educação,
que era impossível eu ser de origem humilde?
De qualquer forma, acabei desistindo e entrando na
brincadeira. Talvez, fosse melhor mesmo que ela não soubesse
quem eu era de verdade. Isso poderia assustá-la.
Então, decidi que havia chegado a hora de fechar e tive que
pedir a Eda que saísse. Ela estava tão embriagada que não
conseguia ficar em pé. Então, constatei que era melhor chamar um
táxi para levá-la para casa. Afastei-me do balcão e fui até o telefone
para ligar para o ponto mais próximo, enquanto Eda continuava a
soluçar em sua tristeza.
Quando voltei e me aproximei do balcão para avisar que o
carro já estava a caminho, uma cena inesperada me fez hesitar. Eu
olhei para a linda jovem a minha frente, com os olhos pesados de
sono, dormindo profundamente debruçada sobre o balcão. Seu
rosto estava sereno, apesar de ainda marcado pelas lágrimas, e um
suspiro involuntário escapou de seus lábios. Ela já havia bebido
muito e estava completamente apagada. Eu sabia que precisava
fazer algo, não poderia deixá-la ali. Tentei acordá-la, mas ela não
respondia. Tinha que fazer alguma coisa para ajudá-la.
— Eda, acorda! Precisamos ir embora daqui — murmurei
enquanto a balançava suavemente.
Nada. Ela nem se movia.
Fiquei em pé ao lado dela, pensando no que fazer a seguir.
Não tinha coragem de deixá-la partir sozinha. Era óbvio que ela não
estava em condições de cuidar de si mesma naquele estado.
Resolvi ligar para o motorista do táxi e cancelar a viagem.
Eu sabia que eu deveria deixá-la em um lugar seguro, então
com todo cuidado, levantei seu corpo frágil e coloquei sobre meus
ombros, sentindo o peso de sua inconsciência. Carreguei-a
cuidadosamente até o meu carro e, como não sabia o seu endereço,
resolvi levá-la para um hotel próximo.
Enquanto seguíamos pelas ruas silenciosas de Istambul, eu
não podia deixar de me preocupar com o que aconteceria com Eda
quando acordasse. Afinal, ela não sabia quem eu era, e eu estava
prestes a deixá-la em um quarto de hotel desconhecido.
Quando chegamos lá, paguei o valor da diária para uma noite
e carreguei Eda, que ainda estava dormindo, entregue a um sono
profundo, até o quarto que havia reservado para ela. Tentei acordá-
la mais uma vez, mas ela não se mexeu. Eu estava começando a
ficar preocupado com a saúde dela. Com cuidado, deitei-a na cama
e cobri com um lençol. Ela estava parecendo frágil e vulnerável, tão
perdida naquela noite caótica... desmaiada.
Eu sabia que tinha feito a coisa certa, mas ainda estava
inquieto com a situação.
— Por favor, não vá. Fica comigo — murmurou de forma
sonora no momento em que me virei para sair.
Minha preocupação aumentou. Ela estava sonolenta, confusa
e completamente indefesa. Voltei para o lado dela e acariciei
suavemente seu cabelo.
— Está tudo bem, Eda. Eu vou ficar com você para garantir
que esteja segura.
Eu sabia que não era a coisa mais adequada a se fazer, mas
eu não podia deixá-la sozinha.
E assim, naquela noite inesperada, enquanto o silêncio da
cidade envolvia o quarto de hotel, eu me deitei ao lado de Eda, em
uma cama que não era minha, mas que se tornou um refúgio para
ambos e de alguma forma parecia o lugar certo para estar naquele
momento. E enquanto a escuridão e o silêncio da madrugada nos
envolviam, ela voltou a adormecer e uma sensação estranha de
conexão começou a crescer dentro de mim, como se nossos
destinos precisassem ser entrelaçados de uma forma que nenhum
de nós poderia ter previsto. Aquela noite nos uniu de uma maneira
única, como estranhos que compartilhavam uma experiência
inesperada e íntima.
Quando acordei de manhã, ela ainda estava dormindo, com
os braços e as pernas entrelaçadas em mim, enquanto eu a
abraçava forte pela cintura. Balancei a cabeça de um lado para o
outro, tentando afastar a estranha sensação de intimidade que
aquele momento me proporcionou. Repreendi-me mentalmente
quando percebi que estava de pau duro, por isso, resolvi levantar,
tomar um banho frio e esperar até que ela acordasse.
Capítulo 5
Abri os olhos com uma dor latejante na cabeça, uma
sensação de confusão que me envolveu instantaneamente e me
assustei ao perceber que não estava em minha própria cama.
Onde estou? Como eu vim parar aqui?
Eu bebi demais ontem à noite e agora não consigo me
lembrar de nada. O que aconteceu comigo?
Olhei em volta e vi que me encontrava em um quarto de
hotel desconhecido, cujas paredes eram decoradas com cores
neutras e cortinas pesadas bloqueavam a luz do sol, o que me
deixou ainda mais confusa. Tentei me lembrar de como tinha
chegado ali, mas minha mente era um borrão de memórias turvas.
Então, sobressaltei-me com o barulho do chuveiro sendo
ligado e uma onda de pânico percorreu meu corpo quando me dei
conta de que não estava sozinha no quarto.
O que é isso?
Será que… será que eu não estava sozinha?
Silenciosamente, levantei-me da cama e, cambaleando, me
aproximei do banheiro, o coração batendo forte no peito. Com
cuidado, empurrei a porta entreaberta e, através do vapor que
escapou do chuveiro, vi um homem que reconheci como o barman
do bar onde estive na noite anterior. Ele estava tomando banho de
costas para mim, a água escorrendo por seus cabelos castanhos
escuros e ombros musculosos, seu corpo perfeitamente esculpido
pelas gotas de água e parecia não ter percebido a minha presença.
Eu não conseguia me lembrar do que havia acontecido, mas
as imagens começaram a se formar em minha mente. Minhas
bochechas coraram instantaneamente, e uma sensação de
vergonha me invadiu.
Meu Deus, o que aconteceu aqui?
Fizemos alguma coisa? Eu não consigo me lembrar de nada!
Será que algo aconteceu entre mim e o barman? Será que
eu... perdi minha virgindade com ele?
Meu baba vai me matar!
Fiquei em choque e comecei a me perguntar o que tinha
acontecido entre nós dois. Eu queria fugir, escapar da situação
confusa em que me encontrava, mas minhas coisas estavam
espalhadas pelo quarto, e eu não consegui me lembrar de como
havia chegado ali.
O que eu tinha feito na noite anterior? O que ele pensaria de
mim?
Não, não posso ter feito isso... posso?
As memórias eram nebulosas, flashes de lágrimas e
conversas, mas eu não tinha certeza se aquilo era um encontro
casual ou algo mais.
Eu bebi demais, isso é certo. Mas e se... e se isso significar
que realmente aconteceu algo entre nós?
Uma parte minha queria ficar ali e enfrentar a situação,
descobrir o que havia acontecido. A outra estava cheia de medo e
vergonha, e só queria fugir daquele quarto desconhecido.
Eu não posso lidar com isso agora. Preciso ir embora, antes
que as coisas piorem.
Desesperada, decidi pegar minhas coisas e sair dali sem que
ele me visse, sem sequer me despedir. Minha cabeça latejava com
cada passo que eu dava, e minhas mãos tremiam enquanto eu
recolhia meus pertences às pressas. O medo e a vergonha se
misturavam em minha mente, e eu escapei daquele quarto e
daquele homem antes que ele se desse conta da minha presença e
de que eu havia acordado.
Eu preciso sair daqui. Não posso ficar aqui e encarar esse
homem que eu mal conheço. O que ele deve estar pensando de
mim? Será que ele acha que eu sou uma qualquer? Eu não sou
assim. Eu não faria isso comigo mesma.
Com cuidado, abri a porta do quarto com pressa e saí em
silêncio pelo corredor do hotel, carregando comigo as lembranças
embaçadas da noite anterior e a sensação de que algo importante
estava perdido. Não me atrevi a olhar para trás, não queria encarar
as consequências do que quer que tivesse acontecido naquela
noite. A culpa e a incerteza pesavam em meu peito enquanto eu
descia as escadas e saía dali apressada.
Eu não sabia para onde estava indo, apenas que precisava
fugir daquele momento constrangedor. Minhas memórias eram
fragmentos confusos, e a única certeza que eu tinha era a sensação
de que algo tinha acontecido e eu não conseguia me lembrar.
Ao caminhar pelas ruas da cidade, tentei me lembrar dos
eventos da noite anterior, mas tudo estava confuso em minha
mente. Eu me sentia envergonhada e arrependida por ter bebido
tanto e por ter ido para a cama com um estranho.
Chegando em casa, tranquei-me no quarto e passei o dia
inteiro tentando processar o que tinha acontecido. Eu me
perguntava o tempo inteiro se tinha sido vítima de algum tipo de
abuso, mas não conseguia ter certeza.
A experiência me deixou abalada e com medo de sair de
casa de novo. A noite anterior permaneceu como um mistério em
minha mente, e eu não tive coragem de enfrentar o que quer que
tivesse acontecido. Em vez disso, resolvi fugir, deixando para trás o
hotel, o homem, que eu pensava ser o barman, e as perguntas não
respondidas, que tanto me atormentavam.
Depois de muito esquentar minha cabeça, resolvi que eu não
queria mais pensar naquilo. Eu precisava esquecer aquela noite e
seguir em frente. Mas como eu ia fazer isso? Como voltaria a confiar
em mim mesma depois do que aconteceu? Será que eu iria
conseguir? E se eu não fosse mais virgem? Como descobriria isso e
contaria ao meu baba? Qual seria a reação dele diante de tal
revelação? Eu estava mesmo perdida!
Capítulo 6
Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Eu
tinha passado a noite inteira com Eda, conversando, aconselhando,
preocupado com ela. Quando acordei pela manhã, enquanto estava
no banho, ela saiu do quarto e deixou o hotel, fugindo de mim, sem
sequer se despedir ou agradecer.
Fiquei furioso. Eu não era acostumado a ser ignorado
daquela maneira. Está certo que também não era do meu feitio
ajudar as pessoas assim, ainda mais sendo desconhecida. Mas algo
nos olhos de Eda havia me tocado de uma maneira diferente.
Como ela podia ter feito aquilo?
Depois de tudo o que fiz por ela na noite anterior, do nada,
desapareceu. Não pude evitar de sentir que não teve consideração
nenhuma por mim.
Eu desci até a recepção para ver se alguém tinha visto Eda
ou sabia para onde ela tinha ido, pensando que, talvez, ela tivesse
tido algum problema e precisasse de ajuda, mas não obtive
nenhuma informação útil. O funcionário só me disse com um sorriso
amigável que ela havia passado pela recepção em direção a saída
há poucos minutos, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Eu fiquei perplexo e furioso ao mesmo tempo.
Como Eda poderia ter ido embora sem sequer me dizer
adeus?
Sem uma nota, uma mensagem, um agradecimento... nada!
Aquilo não fazia sentido. Eu a ajudei, aconselhei, ouvi seus
lamentos, dormi ao seu lado, coisa que nunca fiz com nenhuma
outra mulher, porque ela pediu e, agora, ela simplesmente
evaporou.
Decidi voltar ao quarto para ver se havia alguma pista
deixada para trás, um bilhete que fosse, que tivesse passado
despercebido por mim, algo que pudesse explicar sua partida
abrupta ou, pelo menos, denunciar seu paradeiro. Vasculhei cada
canto, mas não encontrei nada. Nenhuma pista, nenhum bilhete,
apenas o vazio da ausência dela.
A raiva começou a borbulhar dentro de mim.
Como ela ousava me tratar daquela maneira?
Eu era Ayaz, o cruel - apelido que recebi assim que assumi a
posição deixada por meu pai quando foi assassinado, uma alusão
ao significado do meu sobrenome e também ao fato de eu ter me
tornado um baba impiedoso, que aplicava os mais cruéis castigos
aos traidores e inimigos, chefe de uma das maiores e mais
perigosas organizações criminosas da máfia turca, e merecia, pelo
menos, uma explicação, não importando o que fosse.
Mas aí me lembrei de que ela não conhecia minha verdadeira
identidade, achava que eu era um simples barman do bar, o qual, na
verdade, eu era o proprietário.
Será que fugiu dessa maneira por não me achar digno de um
relacionamento com ela? Por se achar de uma classe social acima
da minha? Ou será que havia descoberto quem eu realmente era e
ficou com medo?
Sentindo-me impotente e confuso, tudo ao mesmo tempo,
era como se tivesse voltado a ser o jovem Ayaz, muito mais afável
que o de agora, aquele que não cometia as atrocidades de hoje em
dia. Sentei-me na cama, peguei meu celular e liguei para o meu
primo, melhor amigo e braço direito, Murat, para poder desabafar.
— Murat, preciso da sua ajuda e opinião sobre algo
importante que me aconteceu — disse, minha voz carregada de
frustração e mágoa.
— O que foi, Ayaz? Você está bem? Foi vítima de alguma
emboscada ou algo parecido? Estamos todos preocupados. Sua voz
está em um estado terrível — respondeu, preocupado.
Contei-lhe a história, desde o momento em que saí do banho
e percebi que Eda havia ido embora. Ele me ouviu com paciência e
em silêncio. Fiquei feliz em ter alguém para conversar sobre isso,
mas, ainda assim, me sentia péssimo. Murat tentou me tranquilizar,
dizendo que, talvez, ela tivesse tido um problema ou uma
emergência e que não era culpa minha. E também, que não
entendia o motivo de eu estar me sentindo daquela maneira, já que
ela era apenas uma desconhecida e não representava nada para
mim.
A verdade é que eu não conseguia me livrar do sentimento
de rejeição. Ela tinha se aberto comigo e se permitido ser
vulnerável. De certa forma, eu me sentia íntimo dela por conhecer
sua história. E agora Eda havia desaparecido, sem nem mesmo
dizer adeus. Eu não sabia o que fazer, exceto sentir raiva e
decepção. E nem mesmo sabia explicar direito o porquê de estar me
sentindo assim.
— De qualquer forma, compreendo sua revolta e concordo
que o que Eda fez foi inaceitável, Ayaz. — Sua voz era séria e
compreensiva. — Não importa o que aconteceu, ela deveria, pelo
menos, ter falado com você, agradecido e se despedido antes de ir
embora. Quer que eu vá até aí para conversarmos melhor?
Respondi que sim e esperei ansioso pela chegada de Murat,
minha mente inundada com perguntas e suposições.
Onde ela estava agora?
Por que havia ido embora tão de repente?
O que eu fiz de errado?
A raiva e a confusão giravam dentro de mim e a única coisa
que eu sabia com certeza naquele momento era que precisava de
respostas. E eu estava determinado a encontrá-las, custasse o que
custasse. Eu era um homem poderoso e obstinado, não era
acostumado a rejeição e o que Eda havia feito tinha mexido com
meu ego, deixando-o ferido.
Como ela pôde fazer isso comigo? Depois de tudo o que fiz
por ela, fugir assim sem nem ao menos se despedir? Não acredito
que ela fez isso. Ela confiou em mim, contou seus segredos mais
profundos e agora sumiu, assim, do nada? Será que eu fiz algo de
errado? Será que a culpa é minha? Ou pensou que eu havia me
aproveitado dela por estar bêbada. Não, não pode ser. Eu fui um
amigo leal e fiel, coisa que raramente faço. Fiz tudo o que estava ao
meu alcance para ajudá-la. Talvez, ela estivesse apenas brincando
comigo o tempo todo. Será que era uma armadilha do inimigo?
Eu caminhava de um lado para o outro no quarto de hotel,
murmurando palavras irritadas comigo mesmo. Cheguei até a socar
a parede com a mão fechada, deixando minha frustração se
manifestar de forma física.
Eu mereço respeito, droga!
Parei por um momento, respirando fundo e tentando me
acalmar, mas a raiva continuou a me queimar por dentro. Caminhei
até a janela e olhei para fora, perdido em pensamentos.
Que garota mais maluca e estranha! Talvez, eu nunca
entenda as mulheres. Elas são tão imprevisíveis e misteriosas. Por
isso que nunca quis compromisso sério com ninguém e nada me faz
mudar de ideia a esse respeito. Mas eu merecia, pelo menos, um
agradecimento. Ou não?
Virei-me e encarei o espelho, vendo a raiva em meus
próprios olhos refletidos de volta para mim. Isso tudo sem, ao
menos, entender por que estava me sentindo daquela maneira.
Bem, não importa o que aconteceu, vou encontrar respostas.
Não vou deixar isso assim. Mulher nenhuma me rejeita e foge desse
jeito sem me dar satisfações, mesmo quando não há nada entre
nós. Eda vai ter que explicar por que fez isso, mesmo que eu tenha
que virar o mundo de cabeça para baixo para descobrir onde
encontrá-la.
Respirei fundo mais uma vez, minha raiva se transformando
em determinação. Eu ia resolver esse mistério e entender por que
ela havia fugido daquela forma, sem se despedir, sem uma palavra
de adeus ou agradecimento.

Um pouco mais calmo, mas ainda com as ideias fervilhando e


minha mente tumultuada, eu estava sentado no terraço do hotel, de
onde nem me atrevi a sair, com a vista panorâmica de Istambul
diante de mim, quando Murat enfim chegou e encarou à expressão
furiosa em minha face.
— Não consigo acreditar que Eda fugiu sem nem se despedir
de mim, Murat. — Desabafei assim que meu primo se sentou ao
meu lado. — Que falta de consideração!
— Calma, Ayaz! Talvez, ela tenha tido um motivo importante
para sair assim.
— Mas ela poderia ter me deixado um recado, não acha?
Achei que, depois de ter me contado seu problema, tivéssemos
criado uma conexão especial, ou, no mínimo, virado amigos.
— Entendo como você se sente, afinal é uma situação nova
em sua vida, algo que nunca aconteceu antes, mas acabaram de se
conhecer, nem sabe quem é essa garota direito. Ela pode, por
exemplo, ter descoberto que você é Ayaz, o cruel, e ter fugido
assustada.
— De qualquer maneira, isso não é justo! Eu a ajudei e não
merecia ser tratado assim. — Ponderei. — Além do mais, como ela
iria descobrir minha verdadeira identidade se achava que eu era um
barman e sequer perguntou meu nome?
— Pelas redes sociais, noticiários de TV, jornais impressos...
— argumentou. — Seu rosto está espalhado por todos os cantos
nas páginas policiais.
— Acho que você tem razão, apesar de ela não ter cara de
quem se interessa por esse tipo de noticiário. Mas ainda estou muito
chateado e confuso com tudo isso.
— Falando do que interessa de verdade, já parou para
pensar o quanto foi imprudente na noite passada? — perguntou
preocupado, mudando o rumo da nossa conversa. — Você
dispensou todos os funcionários, inclusive os seguranças, e
desligou o celular, ficando incomunicável, só para ficar sozinho com
essa garota. Ficamos todos muito preocupados. Sua mãe e muitos
de nossa família nem conseguiram dormir. Parece que, de repente,
você perdeu a noção de quem são e de quantos inimigos tem. E se
ela fosse uma armadilha?
— Você acha que não sei me cuidar sozinho, Murat? —
respondi irritado. — Eda estava completamente embriagada, mal se
aguentava nas próprias pernas. Que mal poderia fazer contra mim?
Eu só fiquei curioso com suas lágrimas e algo, que não faço a
mínima ideia do que seja, me impeliu a ajudá-la.
— Ela poderia estar fingindo. — Franziu o cenho, surpreso
com a minha revelação. — Ou não estar sozinha. Ser uma isca para
uma emboscada como a que seu pai sofreu.
— Tenho que admitir que não havia pensado nisso. —
Reconheci frustrado. — Mas eu ainda acho que mereço, pelo
menos, uma explicação da Eda, Murat.
Ele colocou a mão em meu ombro, em um gesto de apoio, e
começou a tentar colocar um pouco de juízo na minha cabeça.
— Eu entendo sua frustração, Ayaz. Sei que para um homem
que nunca foi rejeitado, a primeira vez que isso acontece deve ser
terrível. Você está com seu orgulho de homem ferido — acrescentou
solidário. — Mas essa tal Eda, apesar de muito bonita, parece ser
misteriosa demais. Para sua própria segurança, acho que o melhor
é esquecer a noite passada e essa garota. Não podemos correr
riscos, já perdemos seu pai há pouco tempo. Talvez, tenha sido
mesmo melhor que ela tenha desaparecido dessa maneira.
— Você tem razão, Murat. Nem eu mesmo sei por que estou
agindo assim, dessa maneira estranha e com tanta revolta se nem
chegamos a ter nada um com o outro. Desculpe os transtornos e
preocupações que causei ontem — falei determinado. — É
exatamente o que vou fazer. Melhor esquecer meu ego ferido do
que correr riscos desnecessários.
— A não ser que... você tenha se apaixonado por ela à
primeira vista. — Aconselhou-me. — Daí, a coisa muda de figura.
— Não diga besteira. Eu? Apaixonado por alguém? Está para
nascer a mulher que vai colocar cabresto em mim. Arrisco a dizer
que ela nunca irá existir. Na verdade, só queria entender, Murat. —
Suspirei. — Saber se fiz algo de errado ou que a ofendeu, se a
assustei de alguma forma, qualquer coisa. Essa incerteza está me
consumindo, porque a minha intenção desde o princípio foi ajudá-la.
— Como eu imaginava, Ayaz, o cruel, jamais se apaixona. —
Encorajou-me a esquecer, deixar tudo para lá e continuar sendo eu
mesmo. — As mulheres são brinquedo em suas mãos. E é melhor
que continue assim. Afinal para quer correr risco por causa de uma
total estranha?
Senti-me um pouco mais reconfortado com as palavras de
Murat. Saber que tinha alguém em quem confiar e desabafar
enquanto enfrentava situações adversas era muito bom. Depois
daquela conversa e de lembrar do que aconteceu com meu baba,
minha determinação em esquecer aquela noite e tudo o que
aconteceu na manhã seguinte só aumentou e eu estava motivado a
seguir com minha vida, mesmo que os olhos verdes de Eda,
repletos de lágrimas e o fato dela ter partido sem, ao menos, me
agradecer não saíssem da minha cabeça.
Capítulo 7
Eu e minha prima Elif sempre fomos muito próximas,
principalmente quando crianças. Apesar de termos passado um bom
tempo distantes uma da outra, depois de meu baba me enviar para
estudar arquitetura na Itália, eu confiava nela como se fosse minha
melhor amiga. Por isso, após acordar naquele hotel, sem me
lembrar de nada e passar uma semana trancada no quarto sem
saber o que fazer; foi aí que corri para contar tudo para Elif.
A noite parecia tranquila. Entretanto, cheguei à casa da
minha prima muito desorientada e com um misto de vergonha e
desespero. Nós nos sentamos na varanda da casa dos meus tios,
com nossas xícaras de chá quente, enquanto as luzes da cidade
brilhavam abaixo de nós. A brisa fresca era reconfortante, e eu
sabia que precisava contar a ela tudo o que havia acontecido
naquela noite confusa.
— Elif, preciso te contar algo... — Suspirei hesitante. — Uma
coisa que aconteceu comigo na semana passada.
— O que houve, Eda? — indagou preocupada. — Você
parece tão agitada e aflita.
— Eu estava em um bar, chorando desesperada, você sabe...
por causa da discussão que tive com o meu pai por conta do meu
casamento arranjado com Yusuf. — Olhei para baixo,
envergonhada. — E então, eu conheci um homem muito lindo que
se ofereceu para me ouvir e ajudar. Na verdade, ele era o barman.
— Um barman? — comentou surpresa. — Continue, Eda.
— Não sou de fazer isso, mas eu bebi demais, Elif, e as
coisas ficaram meio confusas depois... — falei, sentindo o
nervosismo me dominar. — A última coisa que me lembro é de
estarmos conversando no bar, ele dizer que era hora de fechar e
então... Eu acordei em um quarto de hotel, com o barulho dele
tomando banho.
Elif franziu a testa, preocupada com a história que eu estava
contando.
— Eu não me lembro de mais nada além de flashes daquela
noite, Elif — concluí com os olhos marejados de lágrimas. — E o
pior de tudo, é que... acho que... perdi minha virgindade com ele,
mas não tenho certeza. E se for verdade, meu baba vai me matar.
Minha prima posicionou sua xícara de chá ao lado, colocou a
mão no meu ombro em um gesto reconfortante e depois segurou
minhas mãos, olhando diretamente para meus olhos.
— Eda, sinto muito que esteja passando por isso. Você deve
estar se sentindo confusa e assustada. — Ela parecia chocada com
minha história, mesmo assim tentava me acalmar. — Tudo vai ficar
bem, apesar de sua imprudência em sair com um desconhecido.
Sendo quem é, precisa tomar cuidado com quem sai. — Deu um
aperto reconfortante em minha mão. — Em primeiro lugar, precisa
marcar uma consulta e ir a um ginecologista para constatar se
aconteceu de verdade algo íntimo entre vocês — disse com
empatia. — Isso é muito importante. Se quiser, posso marcar com o
meu médico e ir junto no dia e hora marcados para te dar apoio.
Assenti, ainda me sentindo abalada pela situação.
— Eu sei, Elif. Mas isso não é tudo — continuei com tristeza.
— Estou tão confusa, perdida e assustada. Não sei sequer o nome
dele e nem o que fez comigo, porque não me lembro de nada.
— Vamos por partes, Eda. Nós descobriremos tudo juntas —
falou com calma. — Primeiro, vamos cuidar da sua saúde, descobrir
se realmente perdeu sua virgindade e, em caso afirmativo, fazer um
teste de DST. Depois, podemos tentar entender essa situação e
procurar informações sobre esse homem.
Assenti, agradecida pelos conselhos de minha prima.
— Você tem razão. Pode marcar a consulta com seu médico
o mais rápido possível. Mesmo com medo, vou enfrentar a verdade
sobre o que aconteceu. — Suspirei fundo. — Obrigada, Elif. — Eu
me sentia muito grata por tê-la ao meu lado. — Você é a única
pessoa em quem posso confiar nessa situação difícil em que me
encontro.
— Sempre estarei aqui para você, prima. Vamos passar por
isso juntas. Você não está sozinha nessa. — Sorriu de forma
solidária. — E para ajudar a distrair um pouco a mente, relaxar e
esquecer um pouco dessa confusão, que tal irmos a uma festa
amanhã à noite? Vai ser uma ótima maneira de espairecer a
cabeça.
Ponderei por um momento acerca da sugestão de Elif, eu
ainda estava abalada com o que tinha acontecido, até que aceitei o
convite de minha prima.
— É uma ideia maravilhosa, Elif! — respondi animada. —
Talvez, uma noite de música, diversão e risadas seja exatamente o
que eu preciso para esquecer tudo isso por um tempo.
Depois de conversar com ela, eu me sentia um pouco melhor.
Ainda não sabia o que ia acontecer comigo, minha mente estava
repleta de confusão e ansiedade, mas ter minha prima ao meu lado,
já era um grande conforto e me deu esperança de que, juntas,
enfrentaríamos os desafios que estavam por vir. Enquanto isso, eu
tentava entender o que realmente aconteceu comigo naquela noite
confusa com o barman.
Capítulo 8
Eu já sabia que aquela festa seria um desafio. Não que eu
não gostasse de socializar, mas era uma comemoração para jovens
com, no mínimo, treze anos a menos que eu. Era o aniversário da
sobrinha de um amigo com quem eu mantinha uma estreita relação
e fazia muitos negócios envolvendo drogas ilícitas. Daí o motivo
pelo qual eu tinha que comparecer.
O que me fez lembrar de Eda, que tinha mais ou menos essa
faixa etária, e o que ela fez naquela manhã no quarto de hotel. O
fato de ter fugido de mim sem, ao menos, se despedir ou agradecer
ainda ecoava na minha mente. Ela havia fugido. A pior parte era que
eu não tinha ideia do motivo e me sentia ultrajado, meu ego ainda
estava ferido com aquela espécie de rejeição.
A música pulsava alto quando entrei na festa, seguido de
perto por Murat. A casa estava cheia de gente animada, risadas e
conversas preenchiam o ambiente. Eu me senti um pouco
deslocado no início, mas logo fui cumprimentado por amigos e
conhecidos, tão perdidos quanto eu em meio aquele mar de jovens
espalhados pela sala. E então, para a minha total surpresa meu
olhar encontrou Eda, parada do outro lado do cômodo, com um
copo de bebida na mão. Não sei dizer ao certo o porquê, mas meu
coração acelerou.
Eu sabia que deveria me manter afastado dela, evitando
qualquer conflito em uma festa. Mas a curiosidade e a raiva falaram
mais alto, e eu me aproximei, preparando-me para encarar o que
quer que viesse pela frente.
— Ora, ora se não é a fujona quem está aqui. — Usei de
sarcasmo ao me ver diante dela. — Oi, Eda! Como você está? —
perguntei, minha voz mais fria do que eu pretendia
Ela virou-se em minha direção, seus olhos se arregalaram em
surpresa e ela piscou, como se estivesse processando minha
presença. Ela parecia tão bonita naquela noite, mas eu não podia
permitir que a atração física nublasse meu julgamento.
— Barman, é você mesmo? O que está fazendo aqui?
Eu mal pude acreditar que mesmo estando mais sóbria do
que no dia em que nos conhecemos, vendo meu porte e elegância,
ela ainda insistia em me chamar e achar que eu era um barman.
— Quem mais seria? — Retruquei, tentando manter a calma.
— Vim para o aniversário da sobrinha de um amigo. E você?
— Eu pensei que nunca mais o veria... — Olhou para o chão
por um momento e então voltou a me encarar. — Não conheço a
aniversariante, pois como você sabe, voltei há pouco tempo da
Itália, onde morei e estudei por anos, mas vim a festa
acompanhando alguns amigos. — Deu de ombros.
— E onde eles estão? — indaguei curioso.
— Na pista de dança. — respondeu de imediato.
— Você não gosta de dançar?
— Muito. E danço bem, mas estava com as pernas cansadas
e com sede, por isso resolvi parar para beber alguma coisa.
— Cuidado com o álcool, mocinha. Vê se não vai se
embebedar e dar trabalho para alguém de novo.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, nos encarando,
ambos sem saber muito bem o que dizer; com certeza, lembrando
daquela noite estranha. Finalmente, eu decidi quebrar o gelo.
— Sobre o que aconteceu no hotel... posso saber o que
houve? Eu não entendi direito. Te escutei, me preocupei, ajudei,
aconselhei, fui gentil e você fugiu.
— Desculpe se eu fui grossa com você. Eu não estava me
sentindo muito bem naquele dia e não queria que ninguém me visse
daquele jeito. Mas você tem razão... eu deveria ter lhe agradecido e
me despedido.
De repente, deixei meu orgulho ferido e minha irritação
tomarem conta da conversa, que pegou um rumo inesperado e
começamos a discutir por coisas bobas.
— Você achou que poderia simplesmente fugir e nunca mais
veria ou falaria com o pobre barman de novo? — Elevei minha voz,
eu estava perdendo o controle.
— Não é isso, barman, eu só…
— Ayaz... Esse é o meu nome. — Meu tom de voz era ácido.
— Eu não sou o barman e sim o proprietário do bar em que você
estava.
— As coisas não são bem assim como você está pensando.
Eu só não sabia o que dizer ou fazer naquele momento, senhor
Ayaz — respondeu com um tom de arrependimento misturado com
ironia na voz.
— Você poderia, pelo menos, ter se despedido ou
agradecido, nem que fosse através de um bilhete.
— Eu sei que foi errado da minha parte e já me desculpei. O
que mais que você quer que eu faça? Volte no tempo para corrigir o
que fiz e faça mais uma sessão de sexo com um completo
desconhecido que eu nem sabia o nome? Isso é impossível, sabia?
— Afrontou-me com o seu sarcasmo.
Aquilo não era o que eu esperava ouvir. Eu me preparei para
qualquer coisa, menos para aquilo que ela tinha acabado de dizer.
— Como é que é? Você acha mesmo que eu faria sexo com
você naquele estado, Eda? — indaguei incrédulo com a sua
revelação. — Tenho vários defeitos – acredite em mim: são muitos e
inconfessáveis – mas nunca obriguei nenhuma garota a ficar
comigo. Todas ficam por querem. Gosto de ser e sou inesquecível
na cama, baby. Jamais transaria com alguém que não se lembraria
de mim no dia seguinte. Não aconteceu nada entre nós naquela
noite. Só dormi ao seu lado porque você me pediu para ficar no
momento em que eu estava indo embora.
— Não aconteceu nada... nada? — Ela parecia aliviada com
a minha declaração. — Eu achei que havia acontecido, Ayaz, e saí
de lá muito confusa e assustada.
— Era só ficar e perguntar. — Minha paciência, que já não
era muita, estava começando a se esgotar.
— Eu não sabia o que fazer, nunca tinha passado a noite
com um homem antes e estava confusa e assustada por não me
lembrar de nada da noite anterior. — Suspirou e olhou para mim.
— Nunca vou esquecer a desfeita que me fez.
A tensão estava aumentando e se acumulando entre nós.
— Sabe, Ayaz... — começou, com um tom de voz carregado
de desdém — você parecia ser uma pessoa bem melhor quando eu
pensava que era apenas um barman, sem essa sua arrogância e
prepotência de dono do bar e do mundo.
— Você não sabe quem eu sou e do que sou capaz,
garotinha mimada. — Aquilo foi o suficiente para ela me tirar o sério.
— Não pode simplesmente me tratar dessa maneira e nem dizer
algo assim.
A tensão estava se acumulando entre nós. O que poderia ter
sido uma conversa amigável e até mesmo divertida estava se
transformando em um grande desentendimento.
— Uff, Ayaz, uff, eu sei sim quem você é! — Fiquei petrificado
diante dela. Será que Eda havia mesmo descoberto a minha
verdadeira identidade? — Você é uma pessoa muito arrogante e
que não consegue falar sobre algo sem querer se mostrar superior a
todo mundo.
— Eda, você acha que sabe quem sou eu. — A música
pulsava alto em meus ouvidos enquanto discutíamos. — Mas não
faz a mínima ideia das atrocidades que sou capaz.
A nossa discussão estava ficando acalorada e eu não queria
fazer um espetáculo na festa e muito menos revelar minha
identidade para aquela garota insolente, então virei-me de costas e
saí sem me despedir, sentindo uma mistura de raiva e frustração, da
mesma forma que ela fez no quarto de hotel. Deixei Eda a ver
navios, falando sozinha.
Quando fui convidado para aquele aniversário, eu não sabia
o que esperar daquela festa; talvez, apenas algumas horas de puro
tédio em meio aquela garotada desinteressante, mas de uma coisa
eu tinha certeza, meu reencontro acalorado com Eda não era o que
eu tinha em mente.
Capítulo 9
Alguns dias depois que discuti intensamente com Ayaz na
festa de aniversário que fui com minha prima Elif, graças a Allah,
não o vi mais e recebi um convite dela e de seus amigos para ir a
Bodrum, uma cidade litorânea e com belas praias a quase
setecentos quilômetros de Istambul, para curtir o final de semana.
Ainda não havia voltado a conversar com baba sobre o meu
casamento arranjado com Yusuf, estava esperando uma
oportunidade melhor para tocar de novo no assunto. Mas uma coisa
era certa: ele continuava irredutível. O problema era que quanto
mais o tempo passava, mais o casamento se aproximava. Faltavam
apenas três meses para aquela loucura acontecer e se eu não
fizesse nada logo, teria que aceitar o meu fardo. Em breve, meu
noivo encomendado, iria com a família até minha casa pedir minha
mão para, então, ficarmos comprometidos de maneira oficial. Eu
estava tão sob pressão por conta daquilo tudo que acabei aceitando
o convite para viajar.
Naquele final de semana, eu não poderia imaginar que o
destino me levaria a um reencontro inesperado com Ayaz na costa
ensolarada da Turquia. Eu não fazia ideia de que ele também
estaria em Bodrum e ainda por cima no mesmo hotel que eu.
Quando o vi, meu coração acelerou. Depois da nossa última
discussão, eu havia jurado para mim mesma que não queria mais
vê-lo e evitaria qualquer situação que me colocasse cara a cara com
aqueles olhos castanhos fortes e cativantes. Mas parecia que o
universo tinha outros planos. Eu estava com medo de conversar
com ele novamente e estragar meu final de semana, então procurei
evitá-lo a todo custo.
No entanto, as coisas não saíram como planejado. Eu o via
em todos os lugares que íamos; inclusive, comecei a achar que ele
estava me perseguindo. Tentei evitar sua presença, mas em um
momento de descuido, enquanto estava aproveitando o sol na praia,
notei que ele caminhava em minha direção. Eu não podia acreditar
que ele ousaria vir até mim de novo, mas ele se aproximou com
rapidez. Meu coração disparou e eu imediatamente me levantei para
ir embora, mas ele me chamou, sua voz suave penetrou meu ouvido
e um arrepio percorreu minha espinha.
— Eda! — disse com um tom inofensivo — Há quanto tempo!
Parece que o destino insiste em nos reunir.
Eu não sabia se ele estava sendo sincero ou sarcástico, mas
não importava. Minha raiva e frustração transbordaram, e eu
respondi com mais força do que pretendia.
— Destino? Não acredito nisso, Ayaz. Acho que você está
me perseguindo!
Ele pareceu genuinamente surpreso com minha acusação,
mas sua expressão logo se transformou em uma mistura de choque
e ironia.
— Eda, o mundo não gira ao seu redor. Não estou
perseguindo ninguém, muito menos você. Eu vim a Bodrum porque
tenho negócios na cidade. Eu não fazia a mínima ideia de que você
estaria aqui.
Eu não sabia se podia acreditar nisso, havia algo em seu
olhar que parecia um mistério. Apesar de que, eu não havia
percebido nenhum sinal de que ele estivesse seguindo meus
passos.
Talvez fosse, como ele mesmo disse, apenas mais uma
coincidência que a vida adorava nos pregar. Talvez, o destino
estivesse brincando conosco, afinal.
— Devo pedir desculpas para você de novo, Ayaz? —
Murmurei, sendo irônica e deixando bem claro que não acreditava
muito em suas palavras. — Será que eu tirei conclusões
precipitadas mais uma vez? — Virei as costas irritada e saí andando
sem direção.
— Eda, espere! Não seja mal-educada, eu estou
conversando com você. — Veio atrás de mim e me segurou pelo
braço.
— Eu não tenho nada para falar com você, Ayaz. E não
quero discutir de novo.
— Entendo que a nossa última interação foi difícil e que
temos nos encontrado mais do que desejávamos, mas quero reiterar
que não estou perseguindo ninguém. Acho que você está paranoica
com alguma coisa.
— Ah, claro, você tinha que reverter a situação e me colocar
como a louca da história. — Coloquei a mão na cintura, no ápice da
minha irritação. — Vou fingir que acredito que é apenas uma
coincidência que você esteja sempre aparecendo nos mesmos
lugares que eu.
— Eu juro que não estou te seguindo, Eda, e nem quero
brigar com você.
— Eu não acredito em você. Acho que ficou obcecado por
mim naquela noite no seu bar, agora está me seguindo e tentando
se aproximar de mim.
— Eda, ou você é uma completa maluca, ou sua mentalidade
que é muito fértil. De onde tirou essas coisas?
Olhei para Ayaz e percebi que ele estava caçoando de mim e
se divertindo às minhas custas. Como se me irritar tivesse se
tornado o hobby preferido dele na vida.
— Eu não acredito em você. Fui clara? — Respirei fundo. —
Agora dá para me deixar em paz para que eu possa aproveitar o
meu final de semana?
— Tudo bem. Como você quiser, Eda. Talvez, o destino
esteja tentando nos dizer algo, mas você insiste em não perceber.
— Sorriu, e o calor do seu sorriso, de forma estranha, foi como um
raio de sol banhando minha alma.
Eu tinha jurado a mim mesma que evitaria qualquer confronto
com ele, depois da última vez que nos desentendemos na outra
festa. Mas ali estava Ayaz, sorrindo como se não houvesse mal-
entendidos entre nós. Eu tentei ignorá-lo, mas seu olhar insistente
me queimava por dentro.
Enfim, ele se moveu, afastando-se de mim e sua voz suave e
agradável cortou o som das ondas.
— Eu preciso ir, Eda — disse com um tom amigável, após
conferir a tela do seu celular que emitiu um alarme sonoro. — Tenho
uma reunião importante de negócios daqui há alguns minutos.
— Está indo tarde — respondi com rispidez. — E se puder
fazer o favor de não aparecer mais, eu agradeço.
Ayaz pareceu surpreso com as minhas palavras, mas
rapidamente seu choque deu lugar a uma expressão de diversão.
— A gente se vê por aí, Eda. — Suspirou, claramente
frustrado. — Em qualquer lugar onde o destino resolver nos unir e
colocar cara a cara de novo. — Deu uma piscadela, jogou um beijo
no ar, virou as costas e se foi, como se nada tivesse acontecido.
Com raiva, resolvi procurar e me juntar aos meus amigos.
Enquanto caminhava, comecei a pensar que, talvez, Ayaz tivesse
razão e o destino estivesse, de fato, tentando nos dizer algo. Mas o
que poderia ser? Um encontro de almas que não era. Afinal,
estávamos mais próximos de iniciar a Terceira Guerra Mundial.
Capítulo 10
A verdade é que eu não conseguia tirar Eda - e seus incríveis
olhos verdes - da minha cabeça desde o dia em que a vi pela
primeira vez, chorando no balcão do meu bar. Ela estava
incrivelmente linda, com um vestido branco, que realçava cada
curva do seu corpo. Eu me aproximei dela, tentando parecer casual
e na intenção de ajudar, mas a verdade é que meu coração estava
acelerado e ela me atraía como um imã.
Apesar de todas as nossas brigas e discussões, eu não
conseguia esquecê-la e a cada dia que passava, ela dominava mais
os meus pensamentos e invadia os meus sonhos mais secretos,
não saindo da minha cabeça de maneira nenhuma e fazendo meu
corpo e meus lábios ansiarem por ela.
Talvez, tenha sido por isso que fiquei tão indignado e com
meu ego ferido quando ela desapareceu do hotel na manhã
seguinte em que a ajudei. Desde o momento em que nossos olhares
se voltaram, algo havia mudado. Talvez, tenha sido uma quebra de
tensão pelas suas lágrimas derramadas, ou a forma como seus
olhos brilharam quando me viu. Seja como for, ela era diferente e eu
não conseguia ignorar a eletricidade que pairava sobre nós toda vez
que nos encontrávamos.
A noite já havia caído sobre a praia de Bodrum, e as estrelas
começavam a pontilhar o céu, quando a avistei de longe. As vozes
das pessoas que faziam luau na areia ficavam cada vez mais
distantes, enquanto eu caminhava na direção de Eda, que estava
sozinha a beira mar, com os pés sendo banhados pela água
salgada, com meu coração batendo descompassado. Apesar das
inúmeras discussões, a atração entre nós era inegável e eu não
podia mais ignorar o que estava acontecendo e sentindo.
A brisa salgada da praia acariciava minha pele, as risadas à
distância ecoavam como uma trilha sonora de fundo para aquela
noite mágica. Era impossível não notar o cenário deslumbrante à
minha volta, mas apenas uma pessoa monopolizava toda a minha
atenção: Eda.
— Olá! — falei, tentando encontrar as palavras certas. —
Veja só, o destino nos colocando frente a frente de novo.
— Ayaz... como se você não tivesse premeditado tudo,
vendo-me de longe e vindo até aqui por sua conta e risco. — Sorriu
para mim e eu senti meu estômago revirar. — Não culpe o destino
por aquilo que faz de caso pensado.
— Sempre muito perspicaz. — Sorri, percebendo que ela
estava certa. — Eu poderia negar suas palavras, mas aprendi com a
vida que é mais importante ser honesto e abrir o coração, mesmo
que isso signifique admitir que estava errado ou inventando
pretextos para estar ao lado de alguém.
— Sabe, Ayaz, em um primeiro momento achei que você era
muito teimoso e orgulhoso para admitir quando está errado. —
Começou a caminhar ao longo da praia, sob a luz prateada da lua, e
eu a segui.
O som suave das ondas servia como pano de fundo para a
nossa conversa.
— Não é o que se deve fazer quando percebe que foi pego
no pulo? — Seus olhos brilharam quando ela me olhou com
surpresa e intensidade, fazendo meu coração acelerar.
Fiquei sem fala por um momento, preso na força magnética
do seu olhar.
— Já conseguiu resolver o problema do casamento
arranjado? — Mudei de assunto, quebrando o encanto e, enfim,
reunindo coragem para perguntar.
— Ainda não... — disse olhando para mim, seu sorriso
desaparecendo. — Estou esperando um melhor momento.
— E o que falta para que ele chegue? — Cessei a caminhada
e parei de frente para ela.
— Coragem. Ou, talvez, um incentivo. — Começou, mas eu a
interrompi.
— Se é de um incentivo que precisa, vou te dar um agora —
disse, colocando a mão em seu lindo rosto.
Sem perceber, fui me aproximando dela, cada vez mais, até
que nossos corpos se tocaram. Eu senti um arrepio percorrer a
minha espinha e soube, naquele instante, que não conseguiria
resistir aos sentimentos que estavam nascendo em mim.
Eda me olhou nos olhos, sua mão tocou a minha com
suavidade e eu soube que ela também sentia algo por mim. Sem
pensar duas vezes, a puxei para perto, incapaz de resistir à atração
que estava crescendo entre nós, aproximei ainda mais nossos
rostos e a beijei. Nossos lábios se encontraram em um beijo doce,
suave, apaixonado, cheio de promessas e desejos.
Naquele momento, eu percebi que o amor era real, que ele
podia acontecer nos momentos mais inesperados e que até mesmo
pessoas frias, cruéis e impiedosas - como eu havia me tornado
desde que assumi o comando da organização - poderiam sucumbir
aquele sentimento. E que, com Eda ao meu lado, eu seria capaz de
enfrentar qualquer desafio que a vida pudesse me apresentar.
Era como se o universo estivesse conspirando para nos unir
naquela noite mágica, sob o brilho da lua e o som das ondas. Nosso
beijo se aprofundou e a paixão que queimava dentro de nós se
tornou inegável. As mãos de Eda exploraram meu corpo e eu a
segurarei mais firme, sentindo-me abençoado por tê-la ali comigo.
Enfim, afastamos nossos lábios, ofegantes e sorridentes.
Olhamos nos olhos um do outro, confirmando o que estava
acontecendo entre nós.
— Ayaz... — disse, com uma voz suave e cheia de emoção.
— O que está acontecendo aqui e agora é algo muito importante e
especial para mim. Não sou mulher de apenas uma noite. Se tiver
que acontecer algo entre nós, tem que ser real.
— Eu te entendo, Eda. E lhe asseguro que quero te conhecer
de verdade, sem mal-entendidos, discussões descabidas ou jogos.
A partir de hoje, quero que você faça parte da minha vida — assenti,
sentindo que, naquele momento, estava começando algo especial.
— Não é estranho como as coisas podem mudar em um
piscar de olhos? — Encarou-me com intensidade, seu olhar
brilhando à luz da lua.
— Sim, basta um momento para mudar tudo. — Balancei a
cabeça concordando, incapaz de tirar os olhos dela.
Ela deu um passo para mais perto e seus dedos tocaram
levemente minha mão. O toque dela fez com que um arrepio
percorresse todo o meu corpo, e eu não consegui mais resistir à
atração.
— Ayaz, eu quero ser sua essa noite e para sempre —
sussurrou.
Eu a puxei para perto, meu coração martelando no peito, e
selei mais uma vez nossos lábios em um beijo apaixonado. Foi
como se o mundo inteiro desaparecesse e só existisse nós dois na
praia, sob o brilho da lua. A paixão e o desejo queimavam dentro de
nós, o beijo se aprofundava, revelando a intensidade dos nossos
sentimentos.
Sob o manto da noite estrelada, nossos destinos se
entrelaçaram de uma forma que parecia inegável. Sem me conter,
tirei e joguei minha camisa na areia e deitei Eda sobre ela.
Levantando a barra do seu lindo vestido estampado, deixei que
minha mão adentrasse em sua calcinha e conferisse o quanto
estava pronta para mim, fazendo-a gemer de tesão.
Escorreguei meus dedos pela sua bocetinha molhada e me
deliciei com seus gemidos e o movimento involuntário dos quadris.
Não tinha outro jeito e nem como fugir da realidade, eu precisava
saciar o meu desejo ensandecido de me perder naquela mulher, na
sua carne lisa, molhada, quente e sedenta de desejo por onde meus
dedos passeavam.
— Allah... Allah! — gemeu baixinho, aproveitando a
sensação.
Sem pressa, comecei a alisar sua carne com meus dedos,
espalhando a umidade, brincando na sua entrada e subindo até o
ponto certo para lhe dar prazer.
Abri o zíper da minha calça, colocando meu pau, que estava
a ponto de explodir de tanto desejo, para fora, removi sua calcinha e
penetrei sua boceta gostosa e apertada, sentindo uma barreira me
impelir e algo escorrer de dentro dela. De súbito, interrompi meus
movimentos rapidamente.
— Eda, minha vida, minha única, você era...
— Não pare, Ayaz, por favor — implorou, sua voz tomada
pelo prazer. — Eu escolhi você.
— Eu sou grande, Eda. Posso te machucar.
— Não vai. Eu confio em você.
Olhei em seus olhos verdes sedentos por mais e me perdi
dentro deles. O estrago já estava feito, ela já havia perdido sua
virgindade e eu fui escolhido para receber esse presente tão
especial. Agora só me restava tomar cuidado para não a machucar
por conta das dimensões avantajadas do meu pau.
Abaixei as alças de seu vestido e chupei os bicos sensíveis
do seu peito com avidez. Enfiei-me mais fundo dentro dela e iniciei
meus movimentos de vai e vem, desferindo estocadas fortes e
lentas, tentando controlar a fúria do meu tesão, para não a ferir. Mas
eu sabia que, no mínimo, ela acordaria na manhã seguinte assada e
com uma certa dificuldade de andar.
Eda abriu mais as pernas para que eu pudesse estocá-la
cada vez mais fundo e com maior facilidade, assim como eu
desejava. De olhos fechados, eu sentia o meu corpo sobre o seu,
meus lábios na sua pele, e os dedos em sua carne.
— Ayaz... — sussurrou coberta de prazer. — Ayaz... —
repetiu quando suguei afoito o bico de um dos seus seios.
Ensandecido, mantive o ritmo das minhas estocadas,
enquanto acariciava o seu clitóris com meu polegar. Não havia mais
volta, eu a tomava para mim, fodia e dominava cada terminação
nervosa do seu lindo corpo. Foi então que eu a vi explodir em um
orgasmo intenso e seu corpo convulsionar, enquanto ela mordia o
lábio inferior com força. A magnitude do momento foi tão explosiva
que não consegui me conter mais, liberando meu prazer.
Eda se entregou e gozou para mim. E foi naquele momento
que eu percebi que aquela linda jovem, de cabelos longos, olhos
verdes e corpo escultural seria a minha perdição.
E enquanto o amor e a paixão continuavam a nos envolver,
eu a prendi em meus braços e adormecemos, ali mesmo, na areia
da praia, com a certeza de que havíamos acabado de escrever o
próximo capítulo de nossa história, juntos e sob a luz do luar.
Capítulo 11

Eu estava radiante, feliz como nunca havia estado antes.


Ayaz era o motivo da minha alegria. Eu não conseguia
esconder isso de ninguém. Toda vez que nos encontrávamos, eu
sentia meu coração bater mais forte e meu sorriso se alargar. Ele
era incrível! Para minha felicidade ser total, só faltava eu convencer
meu pai a desmanchar o compromisso feito com a família de Yusuf
e cancelar nosso casamento, mas eu ainda não tinha encontrado
uma brecha para falar com ele nesse assunto.
Eu nunca pensei que pudesse sentir tanta alegria e excitação
como nos últimos dias. Tudo começou quando me entreguei a Ayaz,
um homem que iluminou meu mundo de uma maneira que eu nunca
imaginei. As noites se tornaram mais emocionantes e os dias mais
cheios de expectativa, tudo graças a ele.
Desde que nos entendemos de vez, nos encontrávamos com
frequência, saindo para jantares, passeios no parque e noites
incríveis de conversa e muitos risos. Cada encontro só aumentava a
atração que sentíamos um pelo outro. Ayaz era inteligente,
engraçado e incrivelmente charmoso; eu não podia deixar de me
apaixonar cada vez mais por ele.
Hoje eu tinha combinado de encontra-lo e levar minha prima
no bar dele para apresentá-los. Quando chegamos lá, ela travou na
porta do estabelecimento e me pediu para que falasse um pouco
mais sobre o meu barman. E eu comecei a falar sobre ele, sem
conseguir conter minha empolgação.
— Eda, é aqui que ele trabalha? Conte-me mais sobre esse
barman, por favor — disse Elif, com preocupação genuína
estampada na face.
— Bem, com essa situação toda em que está a minha vida,
esqueci de dizer que eu havia feito confusão porque estava bêbada
quando o conheci, mas ele não trabalha aqui; na verdade, ele é o
dono do estabelecimento. — Senti meu coração saltar de alegria só
de falar e pensar em Ayaz. — Ele é incrível, Elif. Inteligente, gentil,
muito sedutor e também um pouco misterioso. Cada dia que passo
com ele é como um sonho se tornando realidade.
— Parece que você está bem encanta por ele — Elif falou,
parecendo não estar muito empolgada com minha descrição. —
Mas você procurou saber algo sobre o passado, da vida ou da
família dele? Sobre quem ele é?
— Não sei muito sobre o passado dele, mas não me importo.
— Dei de ombros. — Só quero aproveitar o nosso tempo juntos e
convencer logo o meu pai a desmanchar meu casamento com Yusuf
para que eu possa ser feliz com Ayaz e só então pensarei em
desvendar os seus mistérios.
— Eda, você tem certeza de que não sabe mesmo quem ele
é? — Senti pelo seu tom de voz que ela estava prestes a me revelar
algo importante e inesperado.
— Ele é meu namorado e dono desse bar a nossa frente —
respondi da melhor maneira que pude. — Por quê? Elif, você está
me deixando assustada.
— Eda, o dono desse bar é Ayaz, o cruel, um dos homens
mais impiedosos, ricos e poderosos do país. Herdeiro da família
Yavuz! — Olhou para mim, com os olhos arregalados. — Após a
morte do pai, ele se tornou o baba da organização mafiosa inimiga
número um do seu pai. Vocês não deveriam ser namorados e sim
oponentes.
Minha boca se abriu em choque. Meu coração afundou no
peito. Eu estava atônita.
Como eu poderia ter estado tão cega e distraída a ponto de
não procurar saber nada sobre Ayaz? Como deixei passar algo tão
importante?
Ele não era apenas um homem misterioso, mas alguém de
enorme importância. E, para piorar a situação, um inimigo.
Eu não tinha ideia de que Ayaz era uma figura tão influente e
perigosa. Desespero e uma onda de pânico tomaram conta de mim,
enquanto eu lutava para processar essa revelação.
Como eu estava apaixonada por ele sem saber de sua
verdadeira identidade?
Eu sabia que, quando a verdade viesse à tona, isso poderia
mudar tudo entre nós.
— Eda, você tem certeza de que ele não sabe quem você é e
que isso não é uma armadilha? — Elif assistiu minha agonia,
colocando uma mão gentil em meu ombro.
— Com certeza, não — respondi atônita. — Na verdade,
nunca revelamos nossos sobrenomes. Se soubesse, já teria me
feito algum mal, oportunidade foi o que não faltou. — Suspirei fundo
ao me lembrar de um detalhe muito importante. — Elif, agora é fato,
eu perdi a minha virgindade com ele em Bodrum, naquela noite que
não voltei para o quarto e que disse a você que adormeci na praia
olhando as estrelas. Na verdade, eu não estava sozinha como lhe
contei e sim com ele.
— Allah, Allah... Eda! Já imaginou a confusão que vai ser
quando você passar pelo exame ginecológico da organização, de
prova de pureza e seu pai e Yusuf descobrirem isso? — Balançou a
cabeça em negativa de um lado para o outro. — Temos que pensar
em algo depois, mas primeiro você precisa colocar um ponto final
nesse namoro. E com cuidado para que ele não descubra quem
você é e lhe faça algum mal.
— Eu tenho que contar a ele? — perguntei mais para mim
mesma do que para minha prima, desanimada. — E sem contar
toda a verdade sobre mim e minha família? Talvez, ele me odeie por
isso.
— Isso mesmo, Eda — assentiu com a cabeça. — Essa
história entre vocês tem que acabar antes que aconteça o pior —
disse, colocando a mão sobre a minha. — Eu vou estar aqui para
você, prima. E eu vou apoiá-la sempre, seja qual for a situação que
tiver que enfrentar.
Concordei, aceitando a responsabilidade que recaía sobre
mim. Prometi a minha prima que assim que tivesse a oportunidade,
terminaria com Ayaz. Afinal, como o amor verdadeiro poderia
florescer entre dois inimigos se a base dele era a sinceridade e a
confiança? E eu não estava disposta a viver meu amor por Ayaz
obscuro em segredos.
Conversamos por mais algum tempo, ainda dentro do carro,
Elif parecia ter ficado satisfeita com a minha resposta. Depois, ela
foi embora de táxi para casa, sem ao menos entrar no bar, sob o
argumento de que poderia ser reconhecida ali, e eu entrei para me
encontrar com Ayaz e colocar logo um ponto final em nossa relação.
Foi aí que, perdida em pensamentos, me veio uma grande
ideia, e se eu, ao invés de terminar com ele logo de cara, confiasse
nele, contasse a minha verdadeira identidade e juntos pudéssemos
decidir o que faríamos. Tinha certeza de que Ayaz não teria
coragem de me fazer nenhum mal, mesmo depois de descobrir
quem era meu pai. O nosso amor era verdadeiro e eu não tinha
dúvida disso. Sabia que não seria fácil, mas estava disposta a fazer
tudo o que fosse necessário para ficar ao seu lado e jamais perdê-
lo.
Por Ayaz, eu enfrentaria sem medo o meu baba, a
organização e a minha família, pois ele era simplesmente a melhor
coisa que havia acontecido na minha vida.
Capítulo 12
Meu coração estava a mil quando entrei no bar da minha
família. Os aromas familiares de comida turca e o som das risadas
das mesas cheias de clientes tornavam ambiente acolhedor, mas eu
só conseguia pensar em uma coisa: encontrar com minha Eda.
Assim que adentrei o salão, a primeira pessoa que vi foi ela sentada
em uma mesa nos fundos. Minha namorada era a única pessoa no
bar que eu queria ver naquele momento.
Ela estava lá, sorrindo com graça para mim enquanto
balançava uma taça de vinho. Seus cabelos castanhos claros caíam
suavemente sobre os ombros, e seus olhos verdes brilhavam com
uma luz misteriosa que me cativou de imediato. Aproximei-me com
um sorriso, sentindo-me abençoado por ter a chance de conhecê-la
e a abracei com força, sentindo o perfume suave de seus cabelos.
—Eda! — Tomei um gole do meu uísque antes de perguntar.
— Onde está sua prima? Ela não viria com você hoje para me
conhecer?
— Então, Ayaz... — Suspirou, parecendo um pouco
desconfortável. — Minha prima é um tanto tímida e acabou
desistindo de vir na última hora.
— Que estranho! — falei de forma despretensiosa. — Pelo
que você me disse, ela estava bem animada em me conhecer.
— Não se preocupe com isso, Ayaz. — Olhou-me com
carinho e segurou minha mão. — Minha prima é assim mesmo, um
pouco reservada, mas tenho certeza de que ela teria gostado de
conhecê-lo. Na hora certa irá acontecer.
Depois disso, nós conversamos por horas e a noite passou
rápido. Compartilhamos risos, histórias e segredos. Eda era
engraçada, inteligente, bonita e muito cativante – tudo o que eu
poderia desejar em uma mulher. Era uma daquelas noites mágicas
em que você sente que encontrou uma pessoa que estava
destinada a estar ao seu lado. Era como se nos conhecêssemos há
anos, não apenas há alguns dias. Eu me sentia atraído por ela
desde o momento em que a conheci, e agora, com ela ali, era difícil
para mim pensar em outra coisa.
Estávamos vivendo dias e noites especiais. Era como se o
mundo ao nosso redor desaparecesse e só existisse nós dois. No
entanto, algo estava me incomodando. Ela parecia estar me
escondendo alguma coisa e sua prima, que eu esperava conhecer
durante a noite, não havia aparecido para o encontro. Eu não sabia
o porquê, mas achei muito estranho e melhor não comentar. Em vez
disso, eu me concentrei em Eda e em como ela me fazia sentir.
Conforme a noite avançava, eu ficava mais e mais
apaixonado por ela. Nós rimos, bebemos e dançamos juntos. Eu
não conseguia parar de pensar em como eu queria passar o resto
da minha vida com ela. Eu sabia que Eda sentia o mesmo, pois eu
podia ver isso em seus olhos.
Ao final da noite, fomos para um apartamento de minha
propriedade, que carinhosamente chamávamos de “nosso cantinho”,
próximo ao bar, que estávamos usando para nossos encontros
fortuitos, pelo menos até que ela falasse sobre nós com o seu pai,
terminasse o noivado arranjado e pudéssemos revelar ao mundo o
nosso amor, pois eu pretendia me casar com ela o mais rápido
possível.
Aliás, esse era o único ponto que estava me incomodando no
nosso relacionamento. Não era uma pessoa cuja maior virtude era a
paciência. Muito pelo contrário, eu era imediatista demais, capaz
das maiores atrocidades para conseguir o que eu queria, como
queria e na hora que queria. Além do que, detestava a ideia de
dividir o que era meu, apesar que no caso dela, eu não a estava
compartilhando com ninguém, porque ela mal conseguia olhar na
cara do tal noivo e os dois não tinham nenhum tipo de contato
íntimo. Mas eu a queria para mim. Só para mim. Deixar meu lado
possessivo aflorar e gritar para o mundo que ela era minha. SÓ
MINHA. E ela estava demorando muito para conversar com seu pai
e resolver aquela situação.
Eda parecia nervosa e, mais uma vez, desconfiei que estava
escondendo algo de mim. Eu a encorajei a contar, mas ela
desconversou, dizendo que era impressão minha. Entretanto, eu
sentia que havia algo que escondia, um segredo que a consumia
por dentro.
Tive a ligeira impressão de que as vezes ela parecia pronta
para me contar alguma coisa, mas sempre hesitava. Eu podia ver
uma luta interna em seus olhos e, embora meu instinto fosse insistir
que ela compartilhasse comigo, eu não queria pressioná-la. Queria
que ela soubesse que podia confiar em mim, que eu estaria ao seu
lado, não importando o que fosse.
Ao contrário do que eu costumava fazer com meus inimigos,
não desejava torturá-la ou interrogá-la até que me contasse a
verdade, obrigando-a a me relatar algo. Minha vontade é que ela me
contasse por sua livre e espontânea vontade. Com Eda tudo era
diferente!
Eu a abracei com força, tentando encorajá-la a me dizer algo,
e prometi que nada mudaria entre nós. Eu estava apaixonado por
Eda e nada poderia mudar isso. Eu a beijei com paixão e ela tornou
a afirmar que estava tudo bem.
De repente, do nada, toda a atmosfera mudou entre nós.
Nossos corpos assim tão próximos fez com que um arrepio
percorresse toda a minha espinha. No mesmo instante, fiquei
consciente do calor do seu corpo em contato com o meu. Eda olhou
para mim, seus olhos verdes profundos refletindo um desejo que
mal conseguia conter. Era sempre assim quando estávamos juntos,
parecíamos como fogo e gasolina.
A paixão e o desejo que se acenderam entre nós naquele
momento eram inegáveis. Nossas bocas mais uma vez se
encontraram, selando nossa paixão que cresceu rápido. Tomei seus
lábios com uma fome avassaladora, enquanto sentia uma corrente
elétrica varrendo minhas veias, estremecendo enquanto sua língua
doce se enroscava na minha.
O tesão intenso castigou meu corpo. Arranquei nossas
roupas, partindo para cima dela, mordendo a carne e saboreando
sua pele com uma certa selvageria. Ouvi-a gemer enquanto eu
mordiscava o seu pescoço e minhas mãos - tão ansiosas quanto
meu pau duro - atacaram seus seios.
— Caralho, Eda! — Xinguei e gemi alto enquanto ela
tombava o corpo para trás e se oferecia mais para mim.
— Ayaz! — gemeu alto e sem pudor o meu nome, enquanto
eu lambia o bico do seu seio intumescido.
Suas unhas arranharam minhas costas e eu perdi o juízo e a
vontade de fodê-la de imediato me invadiu. Deitei-a sobre o
estofado escuro do sofá da sala e admirei-a, esperando por mim em
expectativa, com o olhar vidrado, seios arfantes e lábios inchados e
semiabertos.
Passei as mãos por todo o seu corpo maravilhoso, enquanto
ela se contorcia embaixo de mim, grunhindo, gemendo baixo e com
constância.
— Gostosa! — Rosnei, afundando um dedo na sua
bocetinha, enquanto ela empinava os quadris, alucinada, pedindo
por mais.
Estoquei-o em seu sexo, enquanto com a outra mão, eu
esfregava sua bocetinha. Lambi, mordisquei e beijei sua barriga. Em
seguida, afundei-me nela e comecei a desferir estocadas profundas
e fortes, em busca de um orgasmo arrebatador para mim e para ela.
Fixei meus olhos nos seus para assisti-la gozar gostoso no
meu pau. Sua respiração estava ofegante, sua íris perdendo um
pouco do verde intenso e escurecendo, a luxúria a consumia.
— Ayaz! — gemeu manhosa.
— Goze para mim, minha única, minha vida! — implorei
sedento por também me aliviar dentro dela.
Eda não se fez de rogada e se entregou de imediato, sem
desviar o olhar do meu, entregando-se ao orgasmo de forma
gloriosa. Eu a assistia se esfregar em mim, rebolar e pulsar em
busca de alívio, com seu rosto iluminado pelo desejo. Não aguentei
mais de tanto tesão e me derramei no seu interior, tomado por um
tesão avassalador e sem precedentes, jogando o peso do meu
corpo sobre ela. Aquela mulher me deixava completamente louco e
fora de mim.
Peguei-a em meus braços e a levei até o quarto, aninhando
seu corpo junto ao meu na cama, para que pudéssemos nos
recuperar. Eda não podia se demorar, precisava ir embora para que
seu pai não desconfiasse de nada, pois ela dizia para ele que
estava na casa da prima sempre que nos encontrávamos.
Essa situação incômoda me consumia aos poucos, eu não
via a hora de tê-la a noite inteira só para mim, como tive em nossa
primeira vez nas areias da praia de Bodrum, sob o manto de
estrelas.
Capítulo 13
Como sempre, eu estava nervosa e apreensiva ao subir pelo
elevador que levava ao apartamento onde sempre nos
encontrávamos. Será que Ayaz já estaria lá, esperando por mim?
Eu não conseguia conter a ansiedade que me consumia. Desde que
nos acertamos, há alguns dias, nunca havíamos nos afastado por
muito tempo. Eu estava sempre pronta para me entregar a ele.
Ao abrir a porta, constatei que ainda não havia chegado, o
apartamento estava mergulhado na penumbra suave que só a luz
da cidade poderia criar. A vista da janela, com os prédios altos e
piscando como estrelas, era o cenário perfeito para aquele momento
especial. Eu estava inquieta, com o coração disparado, enquanto
esperava meu namorado.
Aquele era o nosso cantinho, o lugar onde nos isolávamos do
mundo. Quando a pressão da vida cotidiana pesava demais, era
aqui que corríamos para nos encontrar. Ali, éramos só nós dois e o
nosso amor.
A porta se abriu, revelando o rosto familiar de Ayaz, que se
apressou em me dar um abraço apertado e um beijo apaixonado.
Com aquele seu sorriso que sempre me fazia derreter por dentro,
iluminando a sala, enquanto fechava a porta atrás de si. Ele parecia
sempre tão feliz em me ver, que todas as minhas preocupações
desapareciam na mesma hora.
Mas naquele dia algo estava diferente nele. Eu não
conseguia identificar exatamente o que era, mas parecia que havia
descoberto o segredo que eu estava escondendo dele. Até havia
tentado contar em nossos últimos encontros, mas faltou coragem e
o medo de perdê-lo me dominou. E pelo jeito também não
conseguiria falar hoje, pois já me sentia apreensiva com a
possibilidade de ele já saber. Sentia-me vulnerável e exposta, como
se Ayaz pudesse ler meus pensamentos. Tentei disfarçar, mas não
pude evitar a sensação de que algo estava errado.
— Eda... — sussurrou, cruzando a sala com passos
decididos, até estar na minha frente. — Como eu sinto a sua falta,
minha única.
Nós nos abraçamos mais uma vez, nossos corpos se
moldando como se pertencêssemos um ao outro. Sentir o calor do
corpo dele contra o meu trouxe uma sensação de segurança que só
ele conseguia me proporcionar.
— Eu também sinto muito a sua falta, Ayaz — respondi,
olhando nos olhos escuros dele. — Nada parece completo sem
você.
— Eda, você tem alguma novidade para me contar? —
Pareceu hesitar por um momento, como se estivesse escolhendo
cuidadosamente suas palavras.
Meu coração deu um pulo e o medo tomou conta de mim.
Será que ele havia descoberto o meu segredo? Eu vinha
escondendo a verdade sobre quem eu era e sabia que isso poderia
nos separar para sempre.
— Que tipo de novidade? — Tentei manter uma voz firme,
apesar da insegurança que sentia.
— Pelo jeito, você ainda não falou com seu pai sobre nós
dois e o término do seu casamento arranjado. — Suspirou e pegou
minha mão com carinho.
De repente, a tensão que havia emparelhado entre nós havia
se dissipado, sendo substituída pela alegria e pela paixão que
sempre sentíamos. Mas ainda havia alguma coisa diferente na
forma como Ayaz me olhava, algo que eu não conseguia decifrar.
— Ainda não, Ayaz — sussurrei, sentindo-me abençoada por
tê-lo em minha vida. — Tenha só um pouquinho mais de paciência,
por favor.
— Eda, eu sou um homem feito, de trinta e oito anos — falou,
puxando-me para mais perto, beijando o topo de minha cabeça. —
Apesar de ser novinha, eu não tenho mais idade para ficar
namorando escondido. Você precisa dar um jeito nisso logo.
— Também não gosto dessa situação. Tive que me esforçar
para conseguir sair de casa hoje sem ser vista. — Disse sorrindo. —
Vou falar com ele em breve.
— Assim espero — concluiu, tentando esconder um certo
nervosismo.
— Você parece diferente hoje — murmurei, meu coração
apertando de preocupação. — Como se estivesse escondendo algo
ou querendo me dizer alguma coisa.
Eu engoli em seco, preocupada com sua resposta. Mas
precisava saber se ele havia descoberto o meu segredo.
— Impressão sua, minha vida. Deve ser preocupação com o
trabalho — disse, ainda segurando a minha mão. — E você... tem
alguma coisa a mais para me dizer?
— Nada — respondi surpresa com sua indagação. — Apesar
de ter me formado, meu baba só pensa no meu casamento com
Yusuf e não me permite trabalhar. Passo a maior parte do tempo em
casa, trancada em meu quarto, ou conversando com minha prima
Elif. O que eu poderia ter para te contar?
— Que bom! — falou sorrindo. — Agora vem aqui que quero
curtir minha namorada um pouquinho. — Puxou-me para o seu colo.
Nossos lábios se encontraram em um beijo apaixonado,
cheio de saudade e desejo. O mundo inteiro parou e desapareceu
naquele momento, o nosso cantinho era o único lugar que importava
e só existia nós dois naquele momento. Lá, o nosso amor florescia,
segredos podiam esperar e éramos muito felizes. Uma sensação
incrível invadiu meu coração, como se o tempo estivesse suspenso
e eu nunca queria sair dali.
Ayaz se levantou do sofá, posicionou-se entre minhas pernas
e puxou a barra do meu vestido para cima, retirou-o do meu corpo e
logo depois removeu minha calcinha, o tempo todo mantendo nosso
contato visual, deixando-me nua. Contemplou-me por inteiro e sob o
meu olhar vigilante acariciou minhas coxas. Ergueu uma de minhas
pernas, roçando os lábios nela até quase encontrar meu sexo e
deslizou um dedo pela minha bocetinha, fazendo-me estremecer.
As carícias de seus dedos eram delicadas e constantes,
fazendo eu me contorcer de prazer e emaranhar minhas mãos em
seus cabelos macios. Sem delicadeza, ele retirou a camisa, abriu a
calça e a removeu de seu corpo junto com a cueca boxer, liberando
seu pau ereto e glorioso.
Pegou-me nos braços, levando-me até o quarto, colocando-
me na beirada da cama e se posicionou em minha entrada,
afundando-se em mim.
— Ayaz! — Gemi, levando minhas mãos aos seios, tocando-
me.
— Ah, porra! Caralho, Eda, você é gostosa demais. —
Rosnou se afundando ainda mais em minha bocetinha melada.
Gemi embaixo dele ao senti-lo preencher-me. Abri-me mais
para recebê-lo, rebolando os quadris, auxiliando na penetração. Ele
entrou fundo, até não restar mais nada do seu pau para fora e me
encher por inteiro. Ergueu um pouco o corpo para manter contato
visual comigo e começou a desferir estocadas duras... firmes...
fortes.
Ayaz movia o corpo dominado pelo desejo, entrando e saindo
sem parar, certo de que meu orgasmo não demoraria a chegar.
Nossos quadris se chocavam e meus gemidos ecoavam pelas
paredes do apartamento.
Diminuiu a força das estocadas e com seu pau ainda inteiro
dentro de mim trabalhou-o com experiência no meu interior.
Elevando um pouco o corpo, além de me penetrar, ele também
conseguia pressionar o meu clitóris, levando-me a loucura, roçando
seu corpo em mim e me transportando ao meu limite do controle do
meu prazer.
— Agora... — falou perdido em uma névoa de luxúria e
desejo. — Goza para mim, minha única.
Gemi ao seu comando, ao mesmo tempo que senti minha
entrada fechar com força em seu pau, que latejou forte, fazendo-me
gozar tão intenso e visceral, deixando-me ainda mais ofegante.
Ayaz veio logo depois, gemendo meu nome de forma gutural e
desabamos juntos, agarrados um ao outro na cama.
E naquele momento, percebi que, mesmo com o meu
segredo prestes a ser revelado e com muito medo de perdê-lo, meu
amor por ele só crescia e era cada vez mais forte.
Capítulo 14
Eu estava no meu escritório, nos fundos do bar, onde meu
primo e eu costumávamos discutir negócios. No entanto, naquela
noite, eu havia marcado uma reunião extra e tinha algo mais
pessoal para compartilhar com ele. O som abafado da música e das
conversas animadas da clientela não podiam penetrar o local onde
estávamos. Meu primo, Murat, estava do outro lado da mesa,
examinando-me com olhos perspicazes.
Eu tinha notado que Eda estava agindo de forma estranha
nos últimos dias, em especial quando estávamos juntos. Eu sabia
que ela era inteligente e perceberia que algo estava errado. Eu
sentia que minha namorada havia descoberto minha verdadeira
identidade.
Eu precisava contar a verdade a ela, mas tinha medo de
perdê-la por causa disso. Eu já havia adiado a conversa por tempo
demais. Eu me preocupava tanto em mantê-la perto de mim que
acabei escondendo quem eu era. Mas agora, eu sabia que não
podia mais evitar a verdade.
— O que está acontecendo, Ayaz? — disse, um leve sorriso
brincando em seus lábios. — Você parece preocupado. É algo em
que eu possa ajudar?
Suspirei, sabendo que Murat era o único em quem eu poderia
confiar meus segredos. Ele era como um irmão para mim,
crescemos e fomos criados juntos na família Yavuz, uma das
maiores organizações criminosas da Turquia, aquela da qual hoje
eu era o baba, o chefe.
— É a Eda. — Comecei, minha voz quase um sussurro e
uma expressão preocupada no rosto. — Estou incomodado. Tenho
notado algo estranho nela nos últimos dias. Ela tem agido de forma
diferente, como se estivesse escondendo algo ou soubesse de
alguma coisa que eu não contei.
— E o que poderia ser?
— Eu não tenho certeza, mas tenho um pressentimento. —
Balancei a cabeça, minha testa franzida. — Sinto como se tivesse
descoberto alguma coisa sobre mim, algo que eu nunca contei a ela.
— Você está preocupado que ela saiba sobre a sua
verdadeira identidade, não é? — Examinou meu rosto um momento
antes de falar.
— Sim. — Engoli em seco, concordando. — Eu sei que já
passou da hora de contar a verdade a ela, mas tenho medo de
perdê-la.
— Ayaz, apesar de todas as minhas desconfianças no início
dessa história, deu para perceber que compartilham algo especial.
— Meu primo fez uma expressão pensativa antes de continuar. —
Se o amor entre vocês é verdadeiro, Eda vai entender. A verdade
pode ser assustadora, mas é o alicerce de qualquer relacionamento
duradouro e sincero. Não deixe o medo impedi-lo de ser honesto
com ela.
Suspirei, sabendo que ele estava certo. O que tínhamos era
profundo e sincero, e eu não podia mais manter meu passado
escondido. Eda merecia a verdade.
— Você acha que devo contar logo, então? — indaguei
ansioso.
— Você saberá quando for a hora certa, Ayaz. — Colocou
sua mão sobre a minha, em sinal de apoio. — Siga o seu coração.
Eu não posso decidir por você, mas acho que é melhor ser honesto
com ela agora do que deixar isso lhe consumir — aconselhou-me,
depositando a outra mão no meu ombro.
E naquele momento, percebi que estava pronto para
enfrentar meus medos e compartilhar a verdade com Eda, não
importando as consequências. Se ela realmente me amasse,
entenderia e ficaria ao meu lado. E eu tinha certeza de que nosso
amor era forte o suficiente para superar qualquer desafio, ou, pelo
menos, eu queria acreditar que fosse. Sabia que era hora de ser
honesto com a mulher que conquistara meu coração, mas no fundo
ainda estava com medo.
Não podia mais viver com o peso dessa mentira em minha
consciência. Eu sabia que seria difícil, mas eu estava disposto a
enfrentar as consequências.
Capítulo 15
Eu mal conseguia conter a emoção quando vi o resultado do
teste de gravidez. Estava esperando um filho de Ayaz, o amor da
minha vida. Não conseguia acreditar que aquele pequeno teste
mudaria tudo para sempre. Meu pai teria que aceitar o rompimento
do meu noivado arranjado com Yusuf, pois eu estava grávida de
outro homem; logo, eu e meu amado poderíamos assumir nossos
sentimentos, nos casarmos e sermos felizes para sempre.
Só que primeiro eu tinha que contar a ele que eu era filha de
Hilal Aydin, o maior inimigo da organização da qual ele era o chefe.
Nossas famílias viviam em guerra há anos. Decidi que precisava
fazer isso logo, mesmo que soubesse que não seria fácil.
Marcamos um encontro e o meu coração estava acelerado,
batendo forte no meu peito, quando entrei no nosso cantinho, o local
que escolhemos como refúgio do nosso amor, o lugar mais especial
para nós dois. Ele havia dito que também tinha algo importante para
me contar. Sabia que aquele momento seria difícil, mas precisava
ser sincera com o meu amor. Havia uma mistura de emoções dentro
de mim, uma euforia ansiosa e um medo persistente. Eu sabia que
esse encontro mudaria tudo.
Ayaz estava esperando por mim, seu rosto iluminado por um
sorriso acolhedor. Ele era o homem que eu amava mais do que tudo
neste mundo.
— Eda... — disse com carinho, aproximando-se para me dar
um beijo.
Mas antes que nossos lábios se tocassem, recuei, segurando
sua mão com firmeza. Eu precisava contar tudo logo ou acabaria
perdendo a coragem.
— Ayaz, — comecei, com voz vacilante — há algo que
preciso te contar.
— O que está acontecendo, Eda? — Franziu a testa, com
preocupação nos olhos escuros. — Você parece tensa.
Respirei fundo e encarei, tentando encontrar a força para
revelar o segredo que carregava comigo.
— Eu estou grávida, Ayaz. Estamos esperando um filho.
Os olhos dele se arregalaram de surpresa e um silêncio
pesado caiu entre nós. Era como se o mundo inteiro tivesse parado
e só nós existíssemos naquele momento.
— Eda, isso é... isso é incrível — disse, sua voz carregada de
emoção. — Eu vou ser pai.
— Sim, Ayaz. — Senti-me muito aliviada por sua reação
inicial. — Nós estamos começando uma família, mas isso não é
tudo — falei desesperada, com medo de uma mudança de humor
dele.
O sorriso desapareceu do seu rosto, substituído por uma
expressão sombria. Ele se afastou um pouco e uma sensação de
pânico cresceu dentro de mim.
— O que mais está acontecendo, Eda?
— Eu preciso lhe contar a verdade sobre mim. — Seus olhos
fixos nos meus me encaravam com intensidade. — Você tem que
saber quem eu sou.
Meu coração deu um salto e uma onda de frio percorreu meu
corpo.
— E quem é você, Eda?
— Eda Aydin... filha única de Hilal Aydin.
— Você descobriu quem eu sou e está brincando comigo,
não é? — Suspirou, parecendo derrotado. — Me diz que isso não é
verdade. Isso é impossível. Eu nunca poderia ficar com alguém da
sua família.
— Mas, Ayaz, nós podemos superar isso. O nosso amor é
mais forte do que qualquer rixa entre as nossas famílias.
— Você não entende, Eda. Eu não posso ficar com você. Não
depois do que aconteceu no passado.
— Do que você está falando?
— Você sabe muito bem do que eu estou falando. O seu pai
é o responsável pela morte do meu baba. Ele armou uma
emboscada e o assassinou. — Gritou, sua voz trêmula de raiva e
desgosto. — E você, Eda, mesmo que de forma indireta, é parte
dessa história de traição, ódio e vingança. Tem o sangue dele
correndo nas suas veias e nas desse filho que está esperando
também.
— Isso não pode ser verdade. — Paralisei diante dele,
entrando em negação.
— Mas é. E pare de tentar me enganar, fingindo-se de
boazinha e de quem não sabe de nada. Agora eu vejo que você é
como o seu pai. — Apontou seu dedo em riste na minha direção e
começou a me acusar de um monte de coisas absurdas. — Bem
que Murat me avisou desde o princípio que poderia ser tudo uma
armadilha. Como pude não perceber isso? Você Mentiu e me
manipulou para conseguir o que queria. O que pretendem com isso?
Que depois que essa criança crescer eu entregue todo o poder da
minha facção nas mãos dela? Isso nunca vai acontecer.
— Ayaz, por favor, acredite em mim. — Tentei argumentar, já
com lágrimas de desespero correndo pela minha face — Eu não sou
meu pai. Te amo de verdade e tudo o que quero é um futuro, nós
dois e o nosso filho. JUNTOS! Você sabe disso. Escolhi te contar a
verdade porque é o homem que eu amo e confio. Até poucos dias
atrás eu nem sabia quem você era. Descobri através da minha
prima Elif, no dia que iria conhecê-lo. Por isso ela não apareceu
aquela noite.
— E pensar que tive receio de me revelar esse tempo todo
com medo de perdê-la, ia fazer isso hoje, e você já sabia de tudo e
escondia um segredo maior que o meu. — Deu um soco com força
na parede. — Eu não acredito mais em você. E não quero ter nada
a ver com a sua pessoa ou com esse bebê. Quem me garante que
ele é meu de verdade? Não duvido nada de que seja do tal Yusuf, o
noivinho encomendado que você estava fazendo cera para terminar.
Saia daqui e nunca mais volte.
— Ayaz, por favor... — Implorei. — É claro que esse bebê é
seu, eu perdi a minha virgindade com você. Não fale tanta besteira
enquanto está nervoso. Nem faça isso comigo, vamos conversar.
— É melhor você ir embora antes que eu faça uma besteira,
Eda. — Abriu a porta com tudo e apontou para o corredor do
edifício. — SAIA DAQUI AGORA! — Gritou ensandecido. — Eu não
quero te ver nunca mais na minha frente.
— Eu sinto muito, Ayaz... muito mesmo. — Fui sincera,
enquanto ainda chorava. — Eu achei que você seria a única pessoa
que jamais me abandonaria e que me protegeria em todos os
momentos, mas eu estava enganada. Como o seu apelido mesmo
diz, Ayaz, o cruel, você está me abandonando a minha própria sorte
em um dos momentos mais difíceis e complicados da minha vida.
Quem não quer te ver nunca mais, sou eu.
Lágrimas inundaram meu rosto enquanto eu saía do
apartamento, batendo com força a porta da sala às minhas costas.
Meu coração estava partido e meu futuro agora era incerto. Eu não
tinha mais um cantinho para voltar e a dor de ouvir aquelas coisas
me marcaria para sempre.
Meu mundo havia desmoronado. Com um bebê do inimigo do
meu baba crescendo em meu ventre e o amor que eu acreditei ser
eterno agora despedaçado, fui expulsa da vida de Ayaz. Meu choro
entrecortado se misturou com a dor e eu caminhei pelo corredor
desolada, deixando para trás o apartamento que costumava ser
nosso refúgio, agora transformado em um vazio que nunca mais
poderia ser preenchido.
Agora eu precisava descobrir uma maneira de contar e
enfrentar meu pai e Yusuf sozinha. O pior é que não tinha a mínima
ideia de como faria isso.
Capítulo 16
Eu não conseguia mais segurar a angústia dentro de mim.
Eda sempre foi uma incógnita, uma figura misteriosa que eu insistia
em tentar decifrar. Mas agora, que havia descoberto a verdade,
estava quebrado, desesperado, desolado e com muita raiva de mim
mesmo.
Foi por isso que quebrei todo o apartamento que usávamos
para nos encontrar. Revirei minha cabeça e minhas lembranças,
procurando qualquer pista de que ela havia agido de conluio e caso
pensado com o seu pai, só para me enganar e trair, mas tudo o que
encontrei foram mais dúvidas e incertezas.
Eu estava furioso, frustrado e desorientado. Não podia
acreditar que Eda, a mulher que eu acreditava ser minha amada,
havia escondido algo tão importante de mim. Cada pedacinho do
nosso cantinho, que costumava ser nosso refúgio, agora parecia
uma prisão de segredos e mentiras.
As paredes do apartamento ecoavam com o som dos meus
socos, à medida que minha raiva se manifestava de forma violenta.
Móveis quebrados e vidros espalhados pelo chão eram um reflexo
da minha dor e traição.
Como ela pôde fazer isso comigo?
Eu pensei que a conhecia tão bem e que ela era a pessoa
mais confiável que eu já havia conhecido, mas agora eu via que
estava enganado. Ela mentiu para mim, enganou-me. Não se
importava nada com os meus sentimentos.
Joguei uma almofada no chão e chutei a mesa de centro.
Ainda estava com muita raiva, mas também me sentia impotente.
Não tinha a mínima ideia do que fazer, sentia-me perdido. Eu amava
Eda, mas não podia perdoá-la por aquilo e confiar nela de novo.
Tudo era muito complexo e confuso; sentei-me no que restava no
sofá quebrado e suspirei.
Fechei meus olhos e me concentrei em respirar fundo. O
chão sob meus pés parecia desmoronar e a raiva se revirava dentro
de mim como um vendaval incontrolável.
Como eu pude ser tão tolo, tão cego?
A primeira mulher para quem eu havia entregado meu
coração e que eu acreditava amar estava escondendo uma verdade
que eu jamais poderia ter imaginado e me enganando esse tempo
todo.
Ela me usou, o amor que ela dizia sentir era uma fachada,
uma máscara para seus segredos e planos. Como pude ser tão
ingênuo, tão estúpido? O amor que eu pensei ser real e eterno, não
era nada mais do que uma farsa.
Eu mal podia acreditar que tudo o que compartilhamos, cada
momento, cada riso, cada beijo... foi uma mentira!? Ela me usou
para quê? Qual é o objetivo desse jogo cruel que ela decidiu jogar
comigo?
Eu ia descobrir a verdade, custasse o que custasse. Nada
podia permanecer oculto para Ayaz, o cruel. Tinha minhas fontes,
moveria mundos e fundos, mas não a deixaria sair impune dessa
traição.
O apartamento que costumava ser nosso refúgio agora era
um campo de batalha. A destruição ao meu redor refletia o caos
dentro de mim. Não sabia para onde ir e nem o que fazer a seguir.
Minha mente estava turva, meu coração dilacerado e minha
confiança quebrada.
Respirei fundo, tentando controlar a minha raiva. Uma coisa
era certa: Eda tinha que sair de vez da minha vida. Não podia
construir uma família ao lado do inimigo, viver com medo das
mentiras e da traição.
Desesperado e com o coração pesado, eu liguei para o único
homem em quem podia confiar, meu primo, Murat. Precisava contar
a ele tudo o que havia acontecido, desabafar todas as minhas
suspeitas e medos. Tentar entender como havia me permitido cair
em um golpe tão cruel. Deixar claro que não acreditava mais no
amor de Eda, que ele tinha razão em suas suspeitas e que achava
que ela estava me usando para dar um golpe em mim e na
organização.
— Ayaz, o que foi que aconteceu aqui? — disse, sua voz
cheia de preocupação, quando chegou e encontrou o apartamento
em ruínas.
— Murat, eu descobri algo terrível sobre Eda. — Comecei a
explicar, com voz vacilante. — Você nem imagina quais segredos
que ela estava escondendo de mim. Depois do que descobri, eu não
consigo mais confiar nela.
— O que você descobriu de tão grave ao ponto de lhe deixar
assim e levá-lo a destruir o apartamento inteiro? — Inspirou,
encarando-me com olhos solidários.
Contei-lhe com detalhes sobre as descobertas que eu havia
feito através de suas revelações. Minha voz estava cheia de dor
quando falei sobre de quem Eda era filha.
— Mas Ayaz, por que ela te contaria tudo dessa maneira se
seu plano estava dando tão certo? Você acha que ela estava
mesmo te enganando?
— Não sei, Murat. — Minha raiva crescia mais à medida que
compartilhava minhas suspeitas. — Só sei que eu não consigo mais
acreditar no amor dela, em suas palavras, nem nas boas intenções.
Algo me diz que eu estava sim, sendo usado, que ela queria me dar
um golpe. E ainda veio com uma história absurda de estar
esperando um filho meu.
— Você precisa lidar com isso com calma, Ayaz. — Olhou
para mim e ao redor do apartamento, com tristeza. — A raiva e a
destruição não vão lhe levar a lugar algum.
Suspirei, percebendo que ele estava certo. Mas a traição que
senti foi avassaladora e a dor da perda de um amor que acreditei
ser verdadeiro era insuportável.
— Vamos trabalhar juntos para descobrir a verdade, sobre
ela e essa criança. Colocar nossos homens para investigar o que
eles pretendiam ou ainda pretendem. E, acima de tudo, aumentar a
segurança a sua volta. Isso é o mais importante. Se Hilal Aydin
chegou tão próximo a você, pode atentar contra sua vida. Ele é
capaz de tudo e sabemos disso depois que assassinou nosso baba.
As coisas que Murat dizia ecoavam em meus ouvidos. Eu
sabia que precisava encontrar respostas, mas minhas emoções
tumultuadas me faziam questionar se algum dia poderia confiar em
alguém de novo, pois meu coração estava destruído.
— Sinto muito, Ayaz. — Ficou em silêncio por alguns
instantes. — Mas preciso ser sincero com você. Acredite em mim: o
amor verdadeiro não é baseado em mentiras e enganações. Se ela
teve coragem de lhe ludibriar dessa maneira, não merece o seu
amor e é muito mais perigosa do que podemos imaginar.
Precisamos ficar alertas e tomar muito cuidado. Não sabemos qual
será o próximo passo deles, em especial se essa criança que ela
está esperando for de verdade sua e ela conseguir provar isso.
Aquelas palavras tocaram meu coração me atingiram em
cheio. Eu não queria acreditar que tudo o que vivemos foi uma
mentira, mas a verdade era inegável. Era como se existisse uma
tempestade na minha mente, que estava envolta em confusão e
raiva.
Capítulo 17
Eu confiava muito em minha prima Elif. Era minha melhor
amiga e confidente. Eu só tinha a ela para me ouvir e apoiar
naquele momento difícil. Precisava contar sobre a minha gravidez e
o rompimento com Ayaz, que não acreditou em mim quando neguei
tê-lo traído. Eu estava arrasada, perdida e sem saber o que fazer.
— Eda, você parece preocupada. — Minha prima comentou
enquanto me observava.
— Elif, preciso lhe contar algo importante. — Respirei fundo,
tentando encontrar as palavras certas, sentindo-me nervosa e
ansiosa. — Eu... estou grávida de Ayaz.
— Eda, ficou maluca? — Seus olhos se arregalaram de
surpresa, e ela levou a mão ao peito. — Você não ia terminar tudo
com ele? Como vai contar essa bomba para o seu baba? — Ela
parecia chocada com o que eu havia contado.
— Sim, Elif. — Assenti com um sorriso trêmulo. — Eu ia
terminar tudo, mas não tive coragem.
— Mas... você já contou a Ayaz? — A expressão dela mudou
de surpresa para algo que parecia preocupação. — O que foi que
ele disse?
— Eu não sei nem por onde começar a contar, Elif. —
Balancei a cabeça com um suspiro pesado. — Ayaz ficou feliz
quando eu contei sobre a gravidez, mas meu mundo desmoronou
quando contei a ele quem era o meu baba. — Senti lágrimas
escorrendo pelo meu rosto. — Não acreditou em mim, acha que o
filho é de Yusuf e que tudo não passou de um plano do meu pai, no
qual eu ajudei, para atingi-lo e desestabilizá-lo. Me mandou embora
e disse que nunca mais quer me ver. — Ela me olhou com espanto,
sem saber o que dizer. — Eu tentei explicar que eu não o tinha
traído, mas ele não quis me ouvir. Agora, eu estou sozinha, grávida
e sem meu grande amor ao meu lado. — Comecei a chorar e minha
prima me abraçou, tentando me confortar.
— Eu sinto muito, Eda. — Ela me deu um sorriso
reconfortante e eu me senti um pouco melhor. — Mas, eu lhe avisei
que isso poderia acontecer. Mais uma vez você foi louca e
imprudente. E agora, o que vai fazer?
— Não sei, prima. — Fui sincera. — Eu vim falar com você na
esperança de que me desse alguma ideia. Nem imagino o que vou
fazer agora, como irei contar isso ao meu baba e muito menos como
cuidarei desse bebê sozinha.
— Eda, isso é terrível. — Dessa vez sua expressão mudou
de preocupada para desesperada. — Você está sozinha agora.
— Sim. — Assenti com tristeza — Estou sozinha, grávida,
sem saber o que fazer e com o coração partido.
— Acalme-se! Eu estou aqui para lhe apoiar. — Segurou
minha mão com carinho. — Juntas vamos encontrar uma maneira
de resolver isso tudo.
Eu me senti muito grata por ter o apoio de minha prima
naquele momento difícil e complicado.
— O que você fez, Eda? — Meu pai invadiu meu quarto
durante a madrugada, falando com voz elevada. — Como você
pode ser tão desrespeitosa com a organização, nossa família, seu
baba e Yusuf?
Eu fiquei chocada e confusa. Sonolenta, não tinha ideia do
que ele estava falando.
— O que aconteceu, pai? — perguntei, tentando entender a
situação. — O que eu fiz de errado?
— Você está grávida, Eda. E não é só isso, essa criança é de
Ayaz, o cruel, filho de Osman Yavuz, meu grande inimigo — disse,
com desgosto na voz. — E não adianta negar. Elif é mais ajuizada
do que você e me contou tudo.
Meu mundo caiu quando percebi que minha prima, que eu
acreditei que compartilhava da minha dor e angústia, a pessoa em
quem eu mais confiava na minha vida, que havia me consolado,
dado-me seu ombro para chorar, dito que estaria sempre ao meu
lado e iria me ajudar, tinha me traído. Mas não havia tempo de
pensar nisso agora. Precisava primeiro resolver o problema com
meu pai, depois eu cuidaria dela.
Eu tentei explicar para ele que eu amava Ayaz, que quando
me apaixonei não sabia quem ele era e que queria ficar ao seu lado,
mas baba estava ensandecido, não ouvia nada do que eu tinha a
dizer. Só sabia gritar aos quatro ventos que eu tinha desonrado a
nossa família e que nunca iria permitir que o neto dele tivesse o
sangue dos Yavuz.
— Eda, como você pôde fazer isso conosco? Você nos
envergonhou, desacreditou a nossa família — disse, sua voz
tremendo de raiva. — O que vamos fazer com essa criança? —
Continuou, preocupação e choque evidentes em seu rosto.
— Perdoe-me, baba, eu não queria que isso tivesse ocorrido.
— Minhas lágrimas escorreram enquanto eu tentava explicar. —
Mas agora que aconteceu, eu não posso e nem quero desistir do
meu filho.
— Isso não pode acontecer, Eda. Essa criança não deve
nascer. — Ele parecia intransigente. — Não podemos permitir que
nosso sangue se misture com o deles. Vai ser um escândalo na
máfia turca. Isso nunca será aceitável. É melhor que ele nem nasça,
mas se vier a vida, deve ser criado por outra pessoa.
— Baba, você não pode estar falando sério. — Eu estava
atônita, incapaz de compreender direito o que ele estava dizendo. —
O senhor quer que eu faça um aborto ou então que esconda meu
filho e o dê para adoção?
— Eda, essas são as únicas maneiras de proteger o nosso
nome e a nossa honra. — Concordou com frieza. — Você fez uma
escolha errada e agora precisa enfrentar as consequências dela.
A sensação de traição, tanto por minha prima quanto por meu
próprio pai, era avassaladora. Eu não podia acreditar que ele estava
disposto a tomar uma decisão tão drástica, que afetaria para sempre
a minha vida e a do meu filho.
Quanto a Elif, eu acreditei nela e contei tudo. Ela parecia tão
preocupada, tão solidária. Mas a verdade é que ela me enganou,
contou tudo para meu pai, que ficou furioso. Ele não queria que o
neto tivesse o sangue da família de Yavuz.
Estava desesperada. Não tinha para onde ir e ninguém em
quem confiar. Minha prima me traiu, Ayaz não acreditou em mim e
agora minha família queria me separar do meu filho. Não sabia o
que fazer, só que não poderia desistir da minha criança. Eu iria lutar
por ele, mesmo que isso significasse ir contra a minha própria
família.
Minha confiança neles foi traída e eu estava desesperada.
Enquanto eu me via arrancada do meu amor e da criança que eu
estava destinada a trazer ao mundo, a escuridão da traição e do
engano me cercavam, deixando-me em um abismo de desespero.
O que eu faria agora? Como eu poderia proteger meu filho?
No final, meu pai decidiu que eu deveria ir embora da cidade
e esconder a gravidez. Como o bebê também tinha o sangue dos
Aydin, por uma questão de ética e tradições da máfia, não convinha
eu fazer um aborto ou matar a criança, mas ele a daria para adoção
assim que nascesse. Ele diria a Yusuf que eu havia voltado a Itália
para cuidar de tia Melek, que não estava muito bem de saúde.
Depois que eu retornasse, ele manteria sua palavra e eu seria
obrigada a me casar com ele. Quanto a minha virgindade, baba
ainda não sabia como, mas daria um jeito de resolver essa situação
de alguma maneira.
Enquanto eu partia, uma sensação de desespero me
consumia. Como eu poderia proteger a criança que carregava em
meu ventre? Poderia mesmo confiar na palavra de meu pai? E se
ele resolvesse matá-lo ou fazer algo para que eu perdesse a
criança? Era um dilema insuportável e o futuro parecia sombrio e
incerto. Eu fiquei arrasada e desamparada, sem saber o que fazer.
Era como se meu mundo tivesse desmoronando ao meu redor.
Capítulo 18
Quase oito meses depois...

Muito tempo se passou desde que fui rejeitada grávida por


Ayaz e levada para longe da minha família e de todos, sem ao
menos poder tirar satisfações com a minha prima, Elif, e por isso a
traição dela ainda me consumia por dentro.
Minha barriga cresceu, testemunhando a vida que estava
gerando, uma criança destinada a nascer no meio de um turbilhão
de segredos e traições. Eu poderia dar à luz a qualquer momento,
visto que quando descobri que estava gestante já estava com um
pouco mais de um mês de gravidez.
Na minha frente, meu pai havia mantido seu plano oculto,
insistindo que minha opção era dar o bebê para adoção, alegando
que era a única maneira de proteger nossa honra e nosso nome.
Mas à medida que minha barriga se expandia, minha determinação
crescia. Eu não poderia permitir e muito menos viver com a ideia de
que meu filho fosse tirado de mim. Minha esperança era de que ao
vê-lo em meus braços, baba se compadecesse de mim e se
apaixonasse pelo neto, desistindo da maldade que pretendia fazer.
Durante esse tempo, uma das mulheres que estava ajudando
com a minha gestação se destacou. Seu nome era Leyla e desde o
início, eu me identifiquei com sua pessoa, que também enfrentou
desafios na vida, mesmo que diferentes dos meus. Se tornou minha
confidente, nossas conversas me deram força. Se não fosse ela me
alertar sobre algumas refeições que eram servidas a mim e, às
vezes, sem que ninguém percebesse trocar meu prato na cozinha,
eu poderia já estar morta por envenenamento ou ter perdido meu
bebê.
Ela quem me revelou a verdade sobre o que minha família
planejava. Eu estava sentada em minha cama, com as mãos na
barriga, tentando processar tudo o que estava por vir, quando Leyla
me contou que havia escutado sem querer uma conversa do meu
pai com o médico que faria o meu parto, onde ele se dizia disposto a
tirar a vida do meu filho, para que sua existência jamais viesse à
tona. Então, ela se compadeceu da minha situação, decidiu que não
poderia me deixar sozinha nessa batalha e me contou tudo. Eu não
podia acreditar que aquela pessoa que me deu a vida e um dia amei
tanto, pudesse ser tão cruel.
Foi uma das piores notícias que já recebi em toda a minha
vida. Depois de todo esse tempo escondida na ilha secreta de meu
pai, longe de tudo e de todos, descobri que eles tinham planos
terríveis para o meu filho que estava prestes a nascer. Eu estava
desesperada, sem saber o que fazer, quando vi uma luz no fim do
túnel. Pedir a Leyla para que inventasse um pretexto qualquer,
relacionado a sua saúde e fosse falar em meu nome com Ayaz,
pedindo ajuda pela vida do nosso filho.
Entendia que era perigoso, mas era a única opção que tinha
naquele momento. Confiava nela e sabia que faria tudo o que
pudesse para ajudar a proteger meu filho. E que o pai dele poderia
não acreditar ou então ficar furioso se soubesse o que minha família
estava planejando, mas era um risco que eu estava disposta a
correr.
— Leyla, eu não sei o que fazer e sozinha não conseguirei
nada. — Confidenciei a ela, com lágrimas nos olhos. — Quando vim
para cá, meu baba falou que ele iria tirar meu filho de mim e dar
para adoção, o que eu já pretendia impedir, mas agora que sei que
a intenção dele é matá-lo, não posso permitir isso.
— Calma, Eda, seja forte. O que aconteceu e está te afligindo
tanto? — Segurou minha mão com firmeza, seus olhos cheios de
compaixão. — Eu gostaria de ajudá-la mais uma vez, mas como
podemos impedir que isso aconteça?
— Leyla, por favor, eu preciso da sua ajuda. Vou lhe pedir um
favor ousado e perigoso. É uma questão de vida ou morte. — Eu
sabia que ela entenderia minha dor e minha luta. — Necessito que
invente uma desculpa para sair da ilha, vá até Ayaz Yavuz, fale em
meu nome, explique a verdade, diga onde estou e peça auxílio pela
vida de nosso filho. Ele é a única pessoa que pode me ajudar.
Ela hesitou por um momento, contemplando o desafio que
estava diante dela.
— Eda, farei isso por você. Pode contar comigo. Vou até
Ayaz e direi a ele tudo o que você precisa que ele saiba. Estou
pronta para enfrentar qualquer desafio para proteger esse bebê. Ele
merece uma chance de crescer ao lado da mãe e em um ambiente
seguro e amoroso.
— Não sei se isso será possível, Leyla, Ayaz estava muito
magoado comigo quando vim para cá; mas só dele salvar a vida do
meu filho, já ficarei feliz. Obrigada de qualquer maneira. — A
gratidão transbordou em mim. — Você é minha única esperança. —
Apertei sua mão em agradecimento. — Tome bastante cuidado, ok?
Nossa determinação estava selada. Eu sabia que não
poderia mais permitir que minha família e seus segredos
destruíssem a vida que estava prestes a nascer. Com Leyla ao meu
lado, enfrentaríamos o desafio juntos, na esperança de um futuro
onde eu pudesse viver em paz com o meu bebê.
Ela partiu determinada e eu rezei para que Ayaz entendesse
a urgência da situação e se juntasse a nós na luta para proteger o
futuro de nosso filho. Era uma corrida contra o tempo e o destino do
nosso herdeiro dependia das ações que seguiríamos.
Capítulo 19
Eu estava sentado à mesa, prestes a almoçar com a minha
família reunida, quando ouvi a campainha tocar. Não estava
esperando visitas. Esrin, governanta da mansão Yavuz, foi atender e
logo vi que ela entrou acompanhada de uma mulher que eu nunca
havia visto antes, mas que insistia em falar comigo, dizendo ser
caso de vida ou morte.
Ela se apresentou como Leyla. Era uma jovem de cabelos
escuros, vestia trajes simples e elegantes e seus olhos eram de um
tom esverdeado profundo, como se escondessem segredos do
mundo. Identificou-se como mensageira de Eda e eu de imediato
soube que não queria ter de ouvir o que ela tinha a dizer.
— O que você faz em minha casa, Leyla? — Minha voz soou
mais ríspida do que eu pretendia
— Senhor Ayaz, — disse, com um sorriso que parecia mais
uma expressão de cortesia do que um cumprimento caloroso — eu
vim em nome de Eda Aydin. Tenho uma mensagem importante dela
para o senhor. — Olhou em volta, como se estivesse avaliando
minha casa e meus entes queridos e depois retornou o olhar para
mim. — Algo que você precisa saber.
— Sinto muito, mas não há nada sobre essa mulher que
possa me interessar. — Fui frio. — A senhora pode se retirar, por
favor.
— Ayaz, talvez você devesse ouvir o que a moça tem a dizer
— sugeriu minha mãe, Özge Yavuz, curiosa.
— Está bem. Fale o que quiser, Leyla, mas vá direto ao ponto
e seja breve. — Suspirei exasperado, mas acabei concordando. —
O que Eda tem a dizer que é tão importante que não pode esperar e
você veio até aqui durante meu horário de almoço?
— Obrigada por me ouvir, senhor. — Assenti e ela começou a
falar em tom solene. — Eda está muito preocupada com a vida do
filho de vocês. — Por que ela ainda insistia em chamar aquela
criança de nossa? — Será um menino e deve nascer em breve, pois
ela já está de quase nove meses de gestação. Ela precisa da sua
ajuda para tentar salvá-lo. Hilal Aydin pretendia dá-lo para adoção,
mas agora existem sérios indícios de que ele pretende matar a
criança assim que nascer, para que sua existência não venha à
tona, já que ele tem o sangue dos Yavuz correndo por suas veias
Eu ouvia tudo com uma desconfiança, que crescia a cada
palavra que saia de sua boca. Não acreditava em nada do que ela
dizia, e, no fundo, achava que aquilo tudo não passava de mais uma
trama armada por Eda para me colocar sob seu controle e tentar
tomar de mim o poder de minha organização. Minha opinião sobre
aquela gravidez, não havia mudado em nada durante aqueles
meses.
— Olha, eu agradeço pela sua visita, mas você pode, por
favor, dizer a Eda que não acreditei em nem uma vírgula do que
você falou — retruquei impaciente. — Eu descobri há tempos a
armadilha que eles haviam armado para mim e nossa história
acabou de vez. Diga para ela esquecer que eu existo, seguir seu
próprio caminho e procurar um outro trouxa para dar o golpe da
barriga.
Na verdade, eu não conseguia entender o porquê de ela
reaparecer depois de tantos meses, quando eu já havia superado o
que houve e voltado para a minha antiga vida de Don Juan.
— Não. Você não entende, senhor Ayaz. — Leyla pareceu
surpresa com minha resposta, como se não estivesse esperando
enfrentar resistência da minha parte. — Seu filho precisa da sua
ajuda para sobreviver.
— Eu já disse que não acredito em nada disso — declarei,
minha paciência se esgotando. — Faz meses que não nos vemos,
ela sumiu, coloquei meus homens para investiga-la, porem ela
desapareceu e ninguém conseguiu nem achar sinal dela nesse
planeta, sequer se preocupou em provar que o filho era meu e agora
reaparece do nada com essa história para boi dormir, insistindo que
vamos ter um filho e que ele corre risco de morte. Está na cara que
aí tem coisa. Mas não vou cair nas artimanhas dela de novo. Agora,
por favor, vá embora que estou com fome, quero almoçar e você
está me atrapalhando.
Com essas palavras, apontei para a porta, mostrando que já
havia passado da hora de ela partir.
— Tudo bem, senhor Ayaz. — Olhou-me desapontada, mas
assentiu. — Espero que não se arrependa de sua decisão tarde
demais.
Ela parecia relutante em ir embora, mas obedeceu, virou-se e
partiu, deixando-me com muito o que pensar por conta de suas
últimas palavras. Quando ela passou, fechei a porta com força,
sentindo-me aliviado por tê-la expulsado de minha casa. Eu não
queria e jamais aceitaria Eda de volta em minha vida. Ainda mais
sendo ela a filha do assassino de meu pai.
Capítulo 20
Eu nunca pensei que algo assim pudesse acontecer comigo.
Eu, Ayaz, o cruel, que sempre fui um homem decidido e com as
coisas sob controle, me vi perdido depois que expulsei Leyla de
minha casa. Por isso acabei ficando sem fome e me retirando, indo
ao meu escritório, na mansão, pensando em suas últimas palavras.
Após sua partida, a raiva em meu coração começou a se
dissipar. Eu poderia até negar as palavras dela e a suposta
mensagem de Eda, mas uma sensação de inquietação persistia
dentro de mim. Perdido em pensamentos, ouvi uma leve batida na
porta e logo em seguida minha mão entrou.
— Como você está, filho? — Olhou-me preocupada e meus
pensamentos se voltaram para tudo o que acabara de acontecer.
— Não sei o que pensar, mãe — admiti, enquanto ela se
sentava diante de mim. — Essa história toda parece loucura, mas
algo nisso não me deixa em paz.
— Ayaz, às vezes, a vida nos coloca diante de escolhas
difíceis. Sei que essa é uma situação complicada, mas você precisa
ser forte e coerente. Por mais que desconfie de Eda, essa moça que
acabou de sair daqui, pode estar falando a verdade. Devemos
considerar a possibilidade de estar acontecendo algo de errado com
ela. — Segurou minha mão. — Eu conheço as mulheres melhor do
que ninguém, afinal sou uma delas, e se algo a preocupou a ponto
de enviar uma mensagem até aqui, depois da forma com que se
separaram, talvez, seja sábio, pelo menos, investigar onde está e ir
até lá. Ela foi uma pessoa muito querida por você e se há uma
ameaça real, não podemos ignorá-la.
— Mas como posso confiar em uma estranha? E se ela
estiver mentindo? — Questionei, ainda cético. — Eda já tentou me
enganar uma vez. E se for tudo mentira, uma grande emboscada?
— perguntei nervoso, massageando minha testa com o polegar e o
indicador de uma das mãos.
— Eu entendo que é difícil confiar em alguém que não
conhecemos ou que tenha nos traído, mas acredito que devemos
dar uma chance. Você estará muito bem-preparado, paramentado e
seguro, já que tem desconfianças da veracidade dos fatos. —
Olhou-me com seriedade. — O que não podemos deixar acontecer
é algo de mal a essa criança, em especial se ele for um Yavuz. Acho
que não temos muitas opções agora — respondeu, tentando me
convencer.
— E como vou saber se sou de fato o pai desse bebê? —
indaguei ressabiado.
Respirei fundo, sentindo-me dividido entre minha teimosia e
os sentimentos que, por mais que eu tentasse negar, ainda nutria
por Eda.
— Vocês homens... sempre tão desatentos aos detalhes! —
Riu com vontade. — Se esqueceu da marca de nascença de todo
Yavus? É só procurar por ela, meu querido.
Olhei para minha mãe, vendo uma preocupação genuína em
seu rosto. Ela estava certa. Eu não podia ignorar o que poderia
estar acontecendo, independente das minhas opiniões pessoais
sobre Eda. Se o bebê era meu filho, e isso nós ainda iríamos
descobrir, eu deveria fazer qualquer coisa para protegê-lo.
— Claro! — Assenti aliviado. — O que seria de mim sem
você, dona Özge? — brinquei. — Você está certa — concordei com
ela, após pensar por alguns minutos. — Vou colocar meus homens
atrás dessa tal Leyla, tentar entrar em contato com ela e descobrir
onde Eda está — disse, com um pouco de alívio na voz.
— Eu sabia que você tomaria a decisão certa, filho. Isso é o
que um verdadeiro baba dos Yavuz faria. — Sorriu e me deu um
abraço, feliz por ter conseguido me convencer. — Descubra onde
está essa garota e, se tudo que foi dito aqui for verdade, você estará
salvando a vida de seu filho. Se for mentira, cada um segue o seu
caminho. Pelo menos você não carregará nas costas o peso da
morte de um bebê inocente, já que carrega consigo o fardo de
tantas outras. Vá até eles e realize o que for preciso para mantê-los
seguros. Se for verídico o que Eda afirma, faça tudo o que estiver ao
seu alcance para trazer meu neto para casa — disse, com
determinação. — Eu estarei aqui, torcendo por você.
Aquelas palavras ressoaram em mim. Minha mãe estava
certa, eu deveria investigar e ir até lá. Mesmo que não acreditasse
mais nas histórias de Eda, talvez, tivesse uma criança inocente em
apuros e isso era suficiente para me motivar.
Decidi que era hora de agir. Chamei alguns dos meus
homens de confiança e compartilhei com eles a situação. Não
mencionei os detalhes, mas disse que, se não fosse uma
emboscada, teríamos que resgatar uma mulher e um bebê que
estavam em perigo. Com determinação, ordenei que rastreassem os
passos de Leyla e descobrissem onde poderíamos encontrá-la, ela
era a nossa única pista.
Foi uma jornada difícil, mas após muitas buscas,
conseguimos descobrir onde ela estava, antes que deixasse a
cidade, e então nos contou onde Eda estava sendo mantida em
cativeiro.
Algumas horas depois, chegamos a um local remoto, uma
ilha secreta, longe de qualquer olhar indiscreto. A casa parecia uma
espécie de fortaleza abandonada.
Com nossas armas qualificadas, entramos na estrutura
sombria. O cheiro de mofo e abandono nos envolveu enquanto nos
movíamos em silêncio pelos corredores escuros. Foi quando ouvi
um barulho fraco, vindo de uma sala próxima. Era um choro de
bebê, frágil e indefeso.
Seguimos o som e chegamos a uma porta trancada. Com um
golpe preciso, a arrebentamos. O que vimos do outro lado me tirou o
fôlego. Eda acabara de dar à luz e estava sofrendo uma hemorragia,
deitada em uma cama improvisada, com seu bebê recém-nascido
nos braços. Seu rosto se encontrava pálido e o lençol todo
manchado de sangue.
— Eda, fique tranquila. — Sem pensar, corri até ela. —
Vamos tirá-la daqui agora.
— Ayaz, você veio — disse com voz fraca e me entregou o
bebê nos braços. — Eu sabia que viria salvar nosso filho.
Enquanto eu segurava o bebê nos braços, ouvi um barulho e
percebi que havíamos sido descobertos e os nossos oponentes
estavam chegando. Não havia tempo a perder. Fiz tudo o que podia
para proteger Eda e a criança, posicionando-me a frente da maca
improvisada, tirando-os da linha de fogo, e então meus homens e eu
começamos a enfrentá-los, tiros ecoando pelos corredores sombrios
e socos sendo trocados. Era uma luta intensa e não tínhamos a
intenção de recuar.
— Ayaz, não se preocupe comigo. — Ela tocou meu braço
com as mãos trêmulas de fraqueza. — Leve nosso filho. Salve a
vida dele.
Mas eu não podia deixá-la lá.
— Você vai comigo, Eda — respondi sem hesitar. — O bebê
ainda é muito pequeno, precisa da mãe ao seu lado.
— Farid! — Gritei para um dos meus homens, cuja lealdade
era inquebrável e a perícia em rastreamento inigualável. — Me dê
cobertura. Preciso sair daqui agora com Eda e a criança, os dois
correm risco de morte. Fique de olho e esteja pronto para qualquer
coisa.
Peguei-a em meus braços, jogando-a em seguida sobre os
meus ombros, ignorando a dor em minha perna que havia sido
ferida, e segurando firme aquele que poderia ser meu filho, junto ao
meu peito, comecei a levá-los para longe daquele lugar horrível. O
caminho de volta foi cheio de ação e perigo, mas eu sabia que não
podia desistir.
Farid e eu saímos correndo e atirando feito loucos pelos
corredores, procurando o caminho de volta, prontos para enfrentar
qualquer desafio que pudéssemos ter pela frente. Não importava
quais obstáculos encontraria em nosso caminho; eu estava
determinado a tirar Eda e o filho de lá, custasse o que custasse.
Nós não iríamos desistir. Lutávamos em meio a momentos de
muita ação, meu pessoal e eu enfrentando os inimigos como em um
filme de ação. Os adversários estavam determinados a nos impedir,
mas não recuamos. A ação era intensa, estrondos ecoando pelos
corredores escuros, socos sendo trocados.
Ao longe, podíamos ouvir gritos e tiros. Eu sabia que os
opositores ainda estavam atrás de nós. Com uma explosão
ensurdecedora, usamos uma bomba improvisada para abrir
caminho e conseguimos sair daquele lugar maldito. Coloquei Eda no
banco de trás do carro, junto com meu suposto filho, e segurei firme
a sua mão. Eu sabia que ela também estava em perigo, por isso eu
não podia deixá-la para trás como havia me sugerido.
Eu tinha uma UTI, sala cirúrgica e todo o tipo de
equipamentos médicos na mansão. Quando não se vive dentro das
leis, não se pode ser atendido em hospitais convencionais com
frequência. Então, assim que conseguimos escapar deles em
segurança, liguei para minha mãe e pedi para chamar o doutor
Tabor, dizendo que era urgente, e voltamos para casa, onde Eda
recebeu os cuidados médicos de que precisava, meu filho foi
examinado e eu e meus homens tivemos nossos ferimentos
cuidados.
Capítulo 21
Após ser socorrida pelo doutor Tabor, Eda foi posta em coma
induzido para sua melhor recuperação, pois havia perdido muito
sangue. Seu caso ainda era delicado e ainda inspirava cuidados.
Ele a acompanharia durante todo o processo e a sedação seria
removida aos poucos até que ela acordasse de vez. Isso poderia
levar alguns dias.
Quando entrei no meu quarto, onde fiz questão de colocá-los,
ela e o bebê dormiam tranquilos, alheios aos conflitos que
fervilhavam na minha mente. Havia uma tensão no ar que parecia
me sufocar. Minha mãe, uma mulher de olhos cansados e cabelos
grisalhos, que também estava lá, olhando por eles, levantou-se da
poltrona onde estava sentada e veio até mim, preocupada comigo.
— Você está bem, Ayaz? — perguntou, olhando para mim
com seus olhos aflitos.
— Não muito. Eu os encontrei em uma situação lamentável
— respondi, aliviado por finalmente tê-los libertado.
— Que bom que conseguiu salvá-los com vida, filho! — disse,
cortando o silêncio, sua voz suave e cheia de compaixão, como se
estivesse tentando suavizar o confronto. — Mas você ainda parece
preocupado. O que aconteceu?
— Ele é mesmo meu filho, mãe. — Assenti, minha mandíbula
tensa, os músculos contraídos do meu rosto. Aproximei-me do berço
onde o bebê dormia um sono tranquilo e pesado. — Ele tem a
marca dos Yavuz. Mas isso não muda nada.
— Ayaz, de qualquer forma, você fez o que era certo, meu
querido. Salvou a vida do seu filho e o trouxe para casa. Isso é o
que importa. — Suspirou e se aproximou de mim, colocando uma
mão em meu ombro. — E o que você vai fazer em relação a mãe
dele? Vai se casar com Eda? Ela é uma mulher muito linda. Agora
entendo os motivos de você ter mergulhado de cabeça em um
relacionamento com ela e ter entregado seu coração de forma tão
intensa como nunca havia feito antes.
Eu me sentei na poltrona, antes ocupada por minha mãe, e
comecei a desabafar. Expliquei tudo para ela, desde o que Eda
havia feito no passado até como eu havia resgatado ela e nosso
filho. Queria deixar claro para ela que eu não estava apaixonado
pela mãe do meu filho e que só permaneceria em nossa casa
enquanto o bebê precisasse dela.
— Eu não a perdoo pelo que fez, mãe — disse, com a voz
firme. — Nada me tira da cabeça de que ela era uma armadilha,
muito bem armada contra mim. Não consigo mais acreditar no seu
amor e em suas palavras. Ela só estará aqui enquanto o filho
precisar dela. Depois disso, terá que ir embora.
— Você tem certeza de que é isso que quer, Ayaz? — Minha
mãe olhou para mim com tristeza e preocupação. — Não acha que
talvez possa perdoá-la um dia? — Encarou-me, seus olhos tristes,
mas compreensivos. — Eu sei que você está magoado, mas a
situação é complicada. Você não pode simplesmente apagar o que
viveram. Vocês têm um filho.
— Não, mãe. Sem chance — respondi decidido. — Ela é filha
do inimigo, do assassino do meu baba e o que fez não tem perdão.
— Minha raiva pulsava dentro de mim e eu me afastei dela com
firmeza. — Eda traiu a minha confiança no passado e agora colocou
todos nós em perigo. O fato de termos um filho juntos não muda o
que ela fez. — Respirei fundo, tentando controlar a minha ira. — Ela
não merece meu perdão, e eu não a quero em minha vida. Eu só
anseio por proteger meu filho e garantir que ele cresça saudável e
tenha um futuro brilhante.
Dona Ozge assentiu, compreendendo minha posição. Sabia
que ela sempre estaria ao meu lado, mesmo nas decisões mais
difíceis. E eu precisava dela agora mais do que nunca, enquanto eu
lidava com as consequências do resgate de Eda e do nosso filho, do
qual eu ainda nem sabia o nome.
— Ayaz, o tempo dirá o que fazer. — Minha mãe suspirou e vi
uma lágrima solitária rolando por sua bochecha enrugada. —Talvez,
você possa encontrar uma maneira de conviver com ela pelo bem
do seu filho. Na minha opinião, para crescer saudável e ter um
futuro brilhante, é imprescindível que a criança tenha pai e mãe ao
seu lado.
— Eu já disse: só a manterei por perto enquanto o nosso filho
precisar dela. — Balancei a cabeça, minha determinação inabalável.
— Depois disso, ela estará por conta própria. Não me peça para
fazer mais do que isso, mãe. — Minha expressão séria e
determinada. — Quero que você entenda uma coisa: não quero Eda
de volta em minha vida. O que ela fez não tem perdão.
— Entendo, Ayaz — concordou, aceitando minhas palavras.
— Vou apoiar suas decisões, mesmo que não concorde com todas
elas. Lembre-se sempre das minhas palavras: uma criança é mais
feliz tendo o pai e a mãe ao seu lado.
E assim encerrou aquele assunto por hora, pois o clima
estava ficando tenso entre nós. Sabia que estava tentando
interceder a favor de Eda. Apesar de ser a mãe de um homem
considerado cruel, impiedoso e que não acreditava no amor e no
perdão, ela tinha um coração generoso, mas eu não poderia ceder.
Meu foco estava em proteger e criar meu filho da melhor maneira
possível, não havia espaço para Eda em meu coração.
Aquela conversa estava longe de terminar, mas mudaria a
minha posição, ainda faltava falar com a mãe do meu filho e eu
sabia que muitos desafios ainda estavam por vir. Mas, naquele
momento, tinha deixado claro para minha mãe - e para mim mesmo
- que meu compromisso era com o meu filho. Existia apenas a
determinação de criar nosso bebê da melhor forma plausível. Não
estava disposto a perdoar Eda, não importava o que minha mãe
dissesse ou fizesse.
Capítulo 22
A minha consciência começou a retornar de forma lenta,
como se eu estivesse emergindo de um abismo escuro e sem fim.
Minha visão estava embaçada, mas as formas começavam a se
definir de maneira gradual.
Estava deitada em uma cama, o cheiro característico de
hospital preenchendo as minhas narinas. Pisquei várias vezes,
tentando compreender minha situação. Abri mais uma vez os olhos
devagar, tentando me acostumar com a luz suave do quarto.
Lembranças do meu cativeiro e medo inundaram minha mente,
enquanto eu me esforçava para entender como havia chegado ali.
Contemplei ao redor e percebi que não estava em casa e
nem na ilha onde meu pai havia me trancafiado por meses.
Constatei então que Ayaz havia conseguido me salvar. Ele era o
meu herói. Tentei me levantar, mas meu corpo parecia pesar uma
tonelada. Lembrava-me apenas de ter tomado alguma medicação
forte e que me fez dormir por horas a fio.
Quando minha visão enfim se estabilizou, aos poucos,
comecei a perceber movimentos ao meu lado e percebi que não me
encontrava sozinha no quarto. Ayaz estava sentado na beirada da
cama, embalando o berço do nosso filho. Ele sorriu forçado e olhou
para mim com olhos sérios e preocupados quando percebeu que
estava acordada e me ajudou a sentar.
— Eda, que bom que acordou — disse com um tom frio.
— Onde estamos? — Senti minha garganta seca e minha voz
rouca quando respondi. — O que aconteceu? Nosso filho está bem?
Ele explicou tudo, desde o resgate até o momento em que
estávamos. Compreendi que ele havia me trazido para a sua casa e
que nosso filho estava seguro. Meu coração se encheu de gratidão,
mas eu sabia que a conversa que estava por vir seria difícil.
— Ayaz, muito obrigada por ter salvado minha vida também.
— Comecei, minhas palavras saindo trêmulas. — Sou grata pela
oportunidade de conhecer e conviver com nosso filho. — Busquei
por seus olhos sérios. — Eu entendo que as coisas mudaram entre
nós depois daquela discussão sem sentido que tivemos no passado.
Eu jurei a mim mesma que não o procuraria nunca mais, mas não
tive escolha. Só pedi a sua ajuda para proteger nosso filho — disse,
sentindo um aperto no peito. — Agora precisamos falar sobre tudo o
que aconteceu e o que está por vir.
— É tudo muito simples, Eda, você ficará ao lado dele até
que ele não dependa mais da mãe. — Suspirou e parou de balançar
o berço. — Depois disso, deve deixar a minha casa. Sozinha, meu
filho fica.
Eu estava preocupada com o rumo daquela conversa. Ayaz
deixou bem claro que assim que nosso filho deixasse de depender
dos meus cuidados diretos, como a amamentação, eu deveria partir.
Eu tentei mudar a ideia dele, intercedendo por mim mesma,
temendo pela minha vida e o que estava por vir quando estivesse
sozinha, mas não consegui dissuadi-lo da decisão.
— Ayaz, por favor, você não pode fazer isso comigo. — A
ansiedade começou a se infiltrar em mim enquanto eu tentava
encontrar as palavras certas. — Separar-me do meu filho e me
deixar sozinha agora. Não sei o que pode acontecer se meu baba
descobrir onde estou. Eu temo por minha vida.
Tentei convencê-lo também a trazer Leyla, a mensageira que
enviei até ele, para trabalhar conosco e ser protegida, já que ela se
arriscou muito para nos ajudar, mas também não tive sucesso em
meu pedido.
— Eda, não insista, minha decisão já foi tomada, vou cuidar
de você e do nosso filho, mas apenas enquanto ele necessitar dos
seus cuidados de mãe. — Ele me olhou, seus olhos cheios de
compaixão, mas sua decisão era inabalável. — Assim que ele não
precisar mais, você terá que partir.
— Ayaz, eu tenho medo. — Meu coração afundou e lágrimas
encheram meus olhos. — Eu não sei para onde ir. E se eles me
pegarem?
— Tenho certeza de que você vai dar um jeito, Eda. Irá
encontrar uma solução para sua situação. Tem tempo para isso. —
Olhou-me e falou do nada, ainda com nosso filho no colo. — Eu só
acreditei que ele era meu depois que vi a marca de nascença. Todo
Yavuz legítimo tem uma. Você sabia disso?
— Não, Ayaz, eu não fazia ideia. — Suspirei fundo. —
Tivemos tão pouco tempo juntos e você nunca comentou nada a
respeito, mas quero que saiba que essa sua desconfiança infundada
ainda me magoa muito.
— Ela é um segredo de família. — Balançou a cabeça, como
se estivesse processando minhas palavras. — É algo que
guardamos a sete chaves e sempre protegemos com todo o
cuidado. Serve para nos resguardar de mulheres e pessoas
oportunistas.
— Como pode ver, Ayaz, eu não traí você e nem a sua
confiança. — Assenti, mostrando a ele o quanto estava enganado a
meu respeito no passado.
— Eda, você entende que as coisas não podem voltar a ser
como eram, não é mesmo? — Suspirou e voltou sua atenção para o
nosso filho. — Não posso apagar o que aconteceu, em especial o
assassinato do meu baba pelo seu. Além do que, apesar do bebê
ser meu filho, não consigo acreditar em você e no seu amor. Ainda
acho que estava participando de um plano com seu pai para me
derrubar. E como tudo saiu errado e estava grávida de mim, ele te
prendeu naquela ilha e queria matar meu filho também, por ele ter o
meu sangue.
— Como sua imaginação é fértil, Ayaz. — Eu sabia que essa
conversa não terminaria bem para mim, mas eu tinha que tentar. —
Por que não me ouve e deixa eu explicar o que aconteceu de fato?
— Esse assunto está encerrado em minha vida, Eda. Já virei
essa página faz tempo. — Encarou-me com pesar, mas sua decisão
parecia imutável. — Por enquanto, você pode ficar pelo tempo que
nosso filho precisar de seus cuidados.
— Ayaz, eu também ainda estou muito magoada com as
coisas que me disse naquela ocasião. — Minhas esperanças
desmoronaram e lágrimas começaram a encher meus olhos. — Não
estou pedindo para voltarmos, só quero estar ao lado do nosso filho
e ajudar a criá-lo.
— Você está começando a me irritar com essa insistência,
Eda.
— Ayaz, e quanto a Leyla, a mensageira que enviei até você?
Nós precisamos ampará-la. A vida dela também está em jogo. Ela
se arriscou muito para nos ajudar e deve ser protegida. — Eu sabia
que não poderia convencê-lo a mudar de ideia, então tentei outra
abordagem. — Você pode contratá-la para trabalhar aqui em sua
casa. Ela pode me ajudar com o bebê. Eu sou marinheira de
primeira viagem e ela é enfermeira, pode me ajudar muito.
— Talvez eu pense nisso, mas em uma outra hora, porém
não prometo nada, Eda. — Hesitou por um momento e pude ver a
preocupação em seus olhos ao pegar na mãozinha do nosso bebê e
a abrir com suavidade. — Mas, por enquanto, precisamos escolher
um nome para o nosso filho. Já pensou em algum?
Aquela mudança repentina de assunto me pegou de
surpresa, mas eu sabia que ele estava tentando desviar a atenção
do momento angustiante. Nós dois olhamos para o berço onde
nosso filho dormia, e um pequeno e triste sorriso escapou dos meus
lábios.
— Tem um nome de que gosto muito, Ayaz. Pensei em Can.
— Can... É um bonito nome. — Deu um sorriso terno, alegre
e cheio de carinho. — Can, meu filho, farei tudo o que estiver ao
meu alcance para mantê-lo seguro e fazê-lo feliz.
Enquanto eu olhava Ayaz segurando o nosso filho, uma
sensação de esperança misturada com medo cresceu em meu
coração. Não sabia o que o futuro me reservava, mas estava
disposta a enfrentar tudo o que viesse pela frente, pelo bem de Can.
Capítulo 23
Depois de alguns dias no quarto em recuperação, acordei
com a notícia de que receberia alta médica. Minhas feridas estavam
cicatrizando e eu podia me mover com mais facilidade. Após
semanas de tratamento, eu já podia me virar sozinha e me
encontrava pronta para voltar para minha vida normal. Estava
ansiosa por isso, mesmo sabendo que a ela nunca mais seria a
mesma. Eu ainda precisava me acostumar com a ideia de ser mãe,
mas agora, também teria que lidar com a família de Ayaz.
Assim que o doutor Tabor saiu do quarto em que estava
ocupando com meu filho, Ayaz entrou e me informou que eu deveria
descer até a sala de jantar naquela noite para fazer as refeições
junto com os seus familiares. Ele disse que era importante que
todos se acompadrassem comigo e que eu me sentisse parte da
família. Eu tentei argumentar, dizendo que ainda estava me
recuperando e que não queria ser rechaçada por todos, mas ele não
mudou de ideia.
— Se vai passar um tempo aqui na mansão, você precisa
começar a se familiarizar com todos, Eda — disse com sua voz
suave, porém firme.
— Ayaz, eu não tenho certeza se estou pronta para isso. —
Senti meu coração apertar de ansiedade. — E se eles me
rejeitarem? E se me olharem com desprezo?
— Eda, nosso filho é parte disso agora. — Segurou minha
mão com firmeza, tentando me tranquilizar. — Minha família precisa
conhecê-los e entender que você passará apenas uma temporada
aqui conosco.
— Ayaz, eu só preciso de tempo. — Implorei, esperando que
ele reconsiderasse. — Por favor, me dê mais alguns dias para me
acostumar com essa ideia.
— Eda, entendo seus medos, mas não podemos adiar isso
para sempre. — Suspirou exasperado. — Eles são minha família,
Can é meu filho e você a mãe dele que permanecerá entre nós por
um tempo. Precisamos esclarecer as coisas.
Com um suspiro resignado, concordei em fazer o que ele
pedia, mesmo que o temor persistisse em meu coração. Aquela
noite prometia ser um desafio e eu não tinha ideia do que o futuro
me reservava naquela casa, onde eu era uma estranha entre
pessoas que, de alguma forma, deveriam ser considerados meus
oponentes.
Senti um nó na garganta quando ele saiu do quarto. Estava
com medo de que todos me repelissem. Eu não imaginava como
eles reagiriam a mim, mas tinha certeza de que, se quisesse me
recuperar por completo e ficar ao lado do meu filho, precisava
enfrentar meus medos.
Sabia que ele estava certo, mas a ideia de encarar o olhar
crítico de sua família me enchia de temor. A ansiedade ainda me
consumia. À medida que a hora do jantar se aproximava, eu ficava
mais nervosa. A noite, no horário combinado, fiz o meu melhor para
me arrumar e desci a escada que levava à sala de refeições.
Assim que entrei, todos os presentes se voltaram para mim e
me olharam com curiosidade. Eu podia ouvir os cochichos,
comentários e sugestões sobre mim ecoarem pelo ambiente. Senti-
me muito constrangida, como uma intrusa em um mundo que não
era o meu.
Sentada à mesa, tentei me concentrar na comida e parecer o
mais calma possível, mas minha fome havia desaparecido, meu
coração batia descompassado e eu não conseguia comer muito.
Sentia-me como se estivesse em um julgamento constante e não
tinha como relaxar.
Ayaz estava ao meu lado e parecia me dar um apoio
silencioso. Sua mãe, uma mulher de semblante sério, me olhava
com curiosidade. O tio dele, um homem de poucas palavras, não
parecia interessado nem em me cumprimentar.
Os outros membros da família – primos, tios e tias, que
moravam na mansão ou estavam ali de visita – olhavam-me com
expressões variadas de surpresa, curiosidade indiscreta e
desconfiança. Eu me sentia julgada a cada movimento. Sabia que
não era bem-vinda ali. Os risos abafados e as conversas
sussurradas eram um zumbido constante que ecoava em meus
ouvidos.
Enquanto o diálogo à mesa fluía entre eles, eu brincava com
a comida no prato, mal tocando na refeição. Os olhares furtivos e os
comentários disfarçados me deixavam desconfortável. Cada olhar
curioso me fazia sentir como se eles julgassem cada movimento
meu.
Eu sabia que todos estavam me observando e isso me
deixava muito desconfortável. Acabei comendo apenas um pouco
do que havia colocado no meu prato, mal conseguindo engolir o que
estava na minha boca; apenas o suficiente para não parecer rude e
me desculpei. Eu queria muito sair daquela situação angustiante e
encerrar aquele jantar.
— Com licença, mas preciso cuidar de Can — disse, não
conseguindo mais suportar a tensão.
Eu usei a desculpa do nosso filho, mas, na verdade, só
queria fugir daquele ambiente hostil. Subi as escadas com passos
trêmulos e o coração apertado. Senti-me aliviada por estar sozinha
de novo, mas ao mesmo tempo, triste e isolada. Eu sabia que teria
que enfrentar a família Yavuz mais cedo ou mais tarde, mas não
tinha ideia de como fazer isso.
O que Ayaz tinha em mente era me ajudar a me integrar com
os familiares dele pelo tempo em que moraria em sua casa, mas eu
me perguntava se algum dia conseguiria superar o muro de
desconfiança que tinha erguido ao meu redor. Naquele momento,
tudo o que desejava era estar no quarto com nosso filho, um refúgio
seguro em um mundo que ainda me era estranho.
No quarto, segurei Can nos meus braços e ele pareceu ser a
única fonte de conforto, meu único consolo naquela noite
angustiante. Senti-me um peixe fora d'água, uma estranha, uma
intrusa em uma casa onde todos me observavam com olhos críticos
e que, de certa forma, deveria ser considerada do inimigo. Eu
desejei apenas estar em paz, cuidando do meu filho, em um lugar
em que eu pertencesse. Aquela noite, como prevista, foi muito
desconfortável.
Capítulo 24

Eu estava sentado à mesa com minha família, observando


Eda tentar se encaixar em um ambiente que não era o dela. Ela se
encontrava muito desconfortável, e eu sabia que isso não era justo.
Depois do constrangimento que ela havia enfrentado durante aquele
jantar, eu sabia que era hora de fazer algo para demonstrar que era
parte da vida de Can, pelo menos enquanto permanecesse dentro
de minha casa. Decidi que era hora de apresentá-la ao mundo junto
com meu filho, de uma vez por todas.
Resolvi que, para facilitar as coisas, daria uma festa em
minha mansão, convidaria amigos, familiares e até alguns colegas
de negócios onde iria apresentá-los a todos, deixando claro que ela
era a mãe do meu filho e que, mesmo sendo filha do inimigo,
permaneceria entre nós enquanto Can ainda precisasse dela e
merecia todo o respeito. Mas o principal era esclarecer que assim
que o bebê não necessitasse mais dela, ela deveria ir embora.
Na noite da festa, a decoração estava perfeita, a iluminação
brilhava festiva, e a música enchia o ar. Quando desceu as escadas
e chegou à comemoração, apesar de sua apreensão, Eda estava
deslumbrante, usando um vestido que realçava sua beleza natural.
Ela segurava Can nos braços, e meu coração se encheu de orgulho
ao vê-lo. Apresentei-a a todos, enfatizando a importância dela na
vida do meu filho. Todos pareciam entender a mensagem que eu
queria passar e trataram Eda com o respeito que ela merecia.
Subi ao púlpito improvisado e brindei aos convidados,
expressando minha alegria por tê-los ali para celebrar com a gente.
Em seguida, me virei para Eda e Can e comecei o meu discurso:

"Boa noite a todos! Senhoras e senhores, é com grande


alegria que eu os recebo na mansão Yavuz hoje e quero agradecer
a todos por estarem aqui para celebrar essa noite conosco. Como
sabem, esta é uma festa muito especial para mim, pois é a primeira
vez que estou apresentando de maneira oficial a mãe do meu filho,
Eda, e o nosso Can para todos vocês. Quero que conheçam a
mulher que trouxe meu filho ao mundo. Ela é uma parte essencial
da vida dele, e é hora de aceitá-la de braços abertos, mesmo sendo
filha do inimigo. O que quero deixar claro esta noite é que todos nós,
família e amigos, devemos acolhê-la e respeitá-la como a mãe de
Can. Este é um momento de alegria, mas também de reflexão, e
gostaria de compartilhar algo importante com vocês.”
Meu olhar varreu a multidão, deixando claro que não havia
espaço para exclusão. Porém, eu sabia que não poderia esconder a
parte mais sombria da situação. Olhei para Eda e notifiquei a todos
com uma voz firme:
"Há alguns dias, a vida me apresentou desafios inesperados,
que me trouxeram uma nova luz, uma nova esperança, através de
meu filho. No entanto, como em qualquer família, temos desafios a
enfrentar. Eda permanecerá aqui enquanto Can precisar de seus
cuidados diretos, e nossa prioridade é criar um ambiente seguro e
acolhedor para nosso filho. Mas, quando o dia chegar em que ele
não mais depender dela e nem precisar mais da presença constante
da mãe, ela irá seguir o seu próprio caminho e tocar em frente com
a sua vida. Esta é uma decisão que tomei, baseada no que acredito
ser o melhor para todos nós.”
Um murmúrio desconcertante percorreu a multidão, e vi uma
expressão de choque no rosto de Eda.
“De qualquer forma, eu quero agradecer a compreensão de
todos e por estarem aqui hoje e compartilharem esse momento tão
especial comigo e com a minha família. Espero que esta noite possa
ser um novo começo. Agora, vamos comemorar, aproveitar o que o
futuro nos reserva e celebrar essa nova fase das nossas vidas!”
Eda pegou meu filho nos braços deixando claro que estava
pronta para deixar a festa mais cedo, mas eu a detive.
— Onde você pensa que vai?
— Acho que já está na hora de nos recolhermos. — Suspirou.
— O Can precisa mamar e dormir e eu também estou cansada.
— De jeito nenhum, a celebração está apenas começando!
— Olhei-a com firmeza. — Você não pode simplesmente
desaparecer da sua própria festa de apresentação. Está certa sobre
Can, mas ele pode esperar um pouco mais. Venha, vamos dançar
um pouco?
— Uma dança? Aqui na frente de todos? — indagou,
surpresa. —Eu acho que não é uma boa ideia, Ayaz. O Can precisa
mesmo mamar e dormir logo. Ele é apenas um bebê.
— Só uma música. — Estendi minha mão para ela. — Uma
vez você me disse que dança muito bem, mas não tive a chance de
conferir isso ainda. Confie em mim, Eda. Vai ser divertido.
— Tudo bem, Ayaz, mas só uma música. — Suspirou.
— Ótimo! Eu sabia que você não resistiria.
Escolhi um tango, uma dança que exige paixão e entrega e
assim começamos uma dança sensual e provocante que parecia
mais um jogo de palavras do que de movimentos. Nos provocamos
com gestos e falas picantes. As palavras duras foram trocadas, as
verdades foram ditas, e o desejo queimava entre nós.
— Pelo jeito, você ficou brava comigo por causa do que eu
disse no discurso. — Puxei-a para mais perto do meu corpo,
apertando ainda mais o abraço firme, pressionando nossos corpos
um contra o outro.
— Não,imagina, foi maravilhoso quando você disse na frente
de todos que irá me dispensar assim que nosso filho não precisar
mais de mim — provocou-me, mantendo o contato visual enquanto
nossas pernas se entrelaçavam de forma lenta e sensual. — Você
poderia ter sido mais sutil no seu discurso, Ayaz — sussurrou. —
Ficou bem claro para todos que você vai me descartar assim que
não precisar mais de mim.
— Eu não disse nada do que você já não soubesse, Eda. Fui
sincero com os meus, coisa que nem todo mundo é — falei irritado,
levantando minha perna mais alto do que o necessário, envolvendo-
a ao redor da dela por um tempo maior que o normal. — Essa é a
realidade que estamos enfrentando. — Olhei-a intensamente. —
Não podemos negar isso.
— Ah, claro, a "realidade". Você com sua mentalidade fértil é
tão bom em lidar com ela, não é mesmo? — disse com uma pitada
de sarcasmo. — Acredite ou não, eu acho que essa parte do seu
discurso era dispensável, Ayaz. Além do que, eu sou a mãe do Can
e não vou desistir tão fácil assim de ficar ao lado dele. — Me
encarou com raiva, executando movimentos mais amplos e
sensuais com os quadris.
— Claro, claro. — Usei um tom sarcástico. — Afinal, você
sempre foi a princesinha mimada do seu baba, uma cópia perfeita
dele, criada a seus moldes para sucedê-lo e acostumada a ter tudo
o que quer. Não deve ser fácil admitir que perdeu e quem dá as
cartas agora sou eu. Aquele que deveria ser o seu maior inimigo. —
Ainda no embalo da música, passei a mão pelo seu cabelo e toquei
seu rosto com suavidade, aumentando ainda mais a tensão entre
nós. — Você não pode culpar minha desconfiança, Eda — completei
com um toque de ceticismo. — Afinal, você é filha de...
— Não começa com essa história, Ayaz. Não traga minha
família para isso. — Se exaltou irritada. — Eu já te disse uma vez e
você sabe muito bem que eu não sou o meu pai e nem como ele, do
contrário nem teria me trazido para dentro da sua casa. — Me
aproximei ainda mais dela e nossos olhares se encontram em um
jogo de sedução, transmitindo intensidade.
— Eu não sei de nada, Eda — disse com desdém e de forma
desafiadora. — Como posso ter certeza disso e acreditar em alguém
que cresceu em uma família tão corrupta, egoísta e inimiga? Como
saber se tudo o que me disse é verdade? — Ainda seguindo com a
dança, com passos calculados, graça e confiança, nos movemos em
direção um ao outro, mantendo uma distância provocativa,
aumentando a tensão no ar. — Como confiar que você não se
aproximou de mim só para ajudar seu baba a me derrubar, se
nossas famílias vivem em guerra?
— Isso que está dizendo é muito injusto comigo, Ayaz. —
Esbravejou, irritada. — Você sabe que eu não tenho nada a ver com
o que meu pai fez no passado. Nós estávamos até brigados quando
engravidei por eu não concordar com seus métodos e o casamento
arranjado que queria me obrigar a fazer. Se você não consegue
enxergar isso, então talvez não mereça a minha consideração. —
Nossos corpos se aproximaram de maneira cautelosa e nossas
mãos se tocaram com suavidade, como se estivessem explorando a
pele do outro, criando arrepios de desejo.
Os convidados nos observavam e assistiam com atenção, e,
no final da dança, todos aplaudiram o momento em que nos
separamos e, em seguida, voltamos a nos juntar com uma paixão
avassaladora no olhar carregado de tensão sexual, fazendo com
que todos ao redor segurassem a respiração.
Eda estava ainda mais irritada que no início, mas, quando a
música terminou, eu me inclinei como se fosse beijá-la, e sua
expressão suavizou por um momento. Ficamos nos encarando com
desejo evidente no olhar por alguns segundos que mais pareceram
uma eternidade.
— Você não vai me descartar tão fácil assim da vida do meu
filho — murmurou baixinho, só para mim.
— Você já devia saber que aqui, na minha casa, no meu
mundo, no meu império as coisas vão acontecer à minha maneira,
Eda — respondi com um sorriso sutil e provocador. — Não me
desafie! Lembre-se que ainda está aqui porque eu quero que fique,
mas isso pode mudar a qualquer momento.
Depois disso, ela se afastou de mim e, já com nosso filho no
colo, me lançou um último olhar desafiador antes de se afastar, subir
as escadas e ir para o quarto dormir. Eu sabia que Eda ainda estava
desconfortável, mas esperava que a festa e a dança tivessem
mostrado para ela o quanto eu queria que ela se encaixasse ali até
que tivesse que partir, porque, querendo ou não, ela iria.
A festa continuou, mas a tensão que se formou durante a
nossa dança ficou pairando no ar. Sabia que havia muito a resolver,
e que a situação entre nós estava longe de ter um fim.
Capítulo 25

Subi as escadas da mansão com passos pesados, meu


coração acelerado e a raiva fervendo dentro de mim. Entrei no meu
quarto, irritada com Ayaz e fechei a porta atrás de mim. A discussão
com ele naquela maldita festa estava longe de ter terminado bem.
Nossa convivência estava passando por uma fase turbulenta, e eu
não conseguia conter a frustração que sentia. Como ele podia dizer
algo tão cruel? "Quando o filho não precisar mais da mãe, ela irá
embora." Isso não é verdade! Um filho necessita da mãe ao seu
lado a vida inteira. Eu, melhor do que ninguém, sabia como era triste
e ruim não ter pais presentes. Como um baba podia pensar assim?
Can, meu filho, estava agitado e inquieto, com certeza
sentindo a tensão no ar. Suspirei e me aproximei do berço,
pegando-o e balançando-o com suavidade. Seus olhos inocentes
me observavam, e seu pequeno corpo se aninhou no meu peito.
Será que ele já não precisava mais de mim?, perguntei a mim
mesma enquanto ele ainda mamava. Acalmei-me ao sentir o calor
do meu filho contra mim, como se ele pudesse me fazer feliz com
apenas um toque.
Enquanto o amamentava, a lua espiava pela janela, lançando
uma luz suave e mágica sobre nós. Meu bebê, com seus olhos
curiosos, fitava-me enquanto se alimentava. Mesmo naquele
momento de aflição, seu olhar inocente e puro era uma lufada de ar
fresco para minha alma cansada.
— Você sabe, Can, seu pai... Ah, Can, eu não sei o que deu
nele — sussurrei para meu filho. — O que disse para todos naquela
festa foi humilhante. Como ele poderia fazer isso? Dizer que quando
você não precisar mais de mim, eu vou embora? Como se eu fosse
tão dispensável, é tão complexo... Ele não era assim quando o
conheci.
— E essa festa, filho! Parece não ter fim. — O aconcheguei
mais perto de mim e o acalmei, enquanto olhava pela janela. — O
som das risadas, das músicas altas, da felicidade deles... Não
consigo acreditar que todos lá embaixo estão se divertindo enquanto
estou aqui em cima, exausta e triste. Eu só queria paz, Can. —
Suspirei, colocando-o no berço e ajeitando o lençol sobre ele. — Só
desejava poder adormecer, esquecer de tudo isso por um tempo. Eu
não sei qual o futuro entre o seu pai e eu, mas... Eu não quero que
você seja afetado por isso.
Quando enfim Can adormeceu, coloquei-o no berço com
cuidado. Dei-lhe um beijo suave na testa e o cobri com o lençol
macio. Ele parecia tão sereno, alheio a todas as preocupações do
mundo. Eu queria tanto ser como ele, sem problemas, sem
ressentimentos.
Eu, por outro lado, não conseguia pegar no sono. Estava
nervosa e o barulho da festa na sala da mansão, que já havia
diminuído um pouco, mas ainda era audível, não ajudava em nada.
Como eles podiam ser tão egoístas? Não se importavam com o
descanso e bem-estar dos outros? Me deitei na cama, mas o sono
se recusava a me envolver. E a discussão com Ayaz, os olhares de
reprovação dos convidados, tudo isso martelava na minha mente.
Fiquei ali de olhos abertos por um tempo que parecia
interminável, até que o barulho cessou, o silêncio tomou conta da
mansão e tudo pareceu mais calmo. A festa havia terminado, e as
risadas e vozes se tornaram distantes. Eu estava prestes a ceder ao
sono quando ouvi passos se aproximando do quarto.
Meu coração se acelerou de novo. Sabia que Ayaz estava
vindo. Eu não estava preparada para uma nova rodada de
investigação, para as palavras curtas e os olhares frios. Fechei os
olhos e respirei fundo, fingindo já ter adormecido.
A porta do quarto se abriu com suavidade, e eu senti a
presença dele se aproximando do berço de Can, consegui ouvir um
suspiro suave, cheio de carinho e um sussurro de palavras ternas.
Abri um olho, com discrição, e vi Ayaz apoiado sobre o berço,
olhando nosso filho com ternura, do jeito que olhava para mim, no
passado, quando pensava que ninguém estava vendo.
Eu continuei fingindo que estava dormindo, mas disfarçava e
abria os olhos a cada momento, não conseguindo tirar os olhos
dele. Fiquei encantada e admirada com o cuidado que ele tinha com
o filho.
Ayaz não disse nada, apenas cobriu Can com um gesto
suave e ficou ali por um momento, de costas para mim, acariciando
o rosto do nosso filho com dedos gentis. Meu coração se aqueceu
com aquela cena. Era um lado dele que tinha me mostrado quando
namoramos, uma face carinhosa e protetora pela qual eu tinha me
apaixonado.
Então, ele se mudou para mim e eu fechei os olhos com
rapidez, cobrindo-me com o lençol com a mesma delicadeza. Seus
dedos traçaram o contorno do meu rosto, acariciando com
suavidade e eu continuei fingindo estar dormindo. Sussurrou
palavras que eu não consegui entender, mas o tom era de
admiração.
Ele me tocou com tanto carinho... Percebi seu toque, sua
ternura. Talvez houvesse esperança para nós. Quem sabe, no
fundo, ele ainda me amasse como eu o amava. Não sabia o que o
futuro nos reservava, mas naquela noite, naquele momento, me
senti amada e protegida.
Eu continuava fingindo estar adormecida, com um leve
sorriso nos lábios, enquanto ele nos observa com carinho, o quarto
agora cheio de amor e esperança.
Ayaz permaneceu ali por mais alguns minutos, observando-
nos com um olhar suave. Por fim, deu-me um beijo na testa e saiu
do quarto, fechando a porta com cuidado. Eu enfim permiti que as
lágrimas escorressem, não de tristeza, nem de sofrimento, mas de
gratidão. Naquele instante, percebi que, apesar de nossos
desentendimentos, ainda havia amor entre nós.
Aquele gesto me fez perceber que, apesar das nossas
diferenças, Ayaz ainda se importava comigo. Aquele momento foi
especial e me fez sentir mais segura em relação ao meu futuro ao
lado de meu filho. Adormeci com um sorriso no rosto, sabendo que
nem tudo estava perdido.
Capítulo 26

Acordei naquela manhã com uma sensação de apreensão


que tomou conta de mim de imediato. O calor sufocante me fez
suar, e meu coração parecia bater descompassado no meu peito.
Era um tipo de inquietação que eu nunca tinha experimentado
antes. Meus olhos se arregalaram e eu pulei da cama, indo direto
para o meu quarto, onde Eda e Can estavam dormindo desde que
chegaram à mansão, enquanto eu estava acomodado em um dos
quartos de hóspedes. Me sobressaltei quando não os encontrei lá.
O que vi foram apenas os lençóis frios, amassados e vazios. Meu
coração começou a bater mais rápido e uma sensação de pânico
tomou conta de mim. Onde eles estavam?
Eu chamei pelo nome de Eda, mas não obtive resposta. O
cômodo estava em silêncio, exceto pelo zumbido distante do
aparelho de ar-condicionado do quarto em que eu estava dormindo.
Comecei a andar pela casa, procurando-os em todos os lugares.
Estava ficando cada vez mais nervoso, gritando o nome deles
enquanto corria pela mansão. Meu chamado ecoava pelos
corredores vazios, mas ninguém respondia.
Meu coração batia mais rápido a cada passo, e eu estava
quase histérico. Chamei pelos empregados e seguranças,
mobilizando-os para ajudar na busca. Mas todos diziam não tê-los
visto. Meu coração afundou no meu peito quando eu percebi que
eles haviam desaparecido, ele estava acelerado e o desespero
começou a tomar conta de mim. Naquele momento, tudo o que eu
conseguia pensar era que eles poderiam estar em perigo.
Eu reuni todos na sala de estar e comecei a sabatiná-los.
— Onde estão Eda e Can? — perguntei, aflito. — Eu não os
encontrei em nenhum lugar da casa.
— Eu não sei, senhor — Nesrin, nossa governanta,
respondeu de imediato. — Eu não os vejo desde a hora que
tomaram café da manhã. Nem imagino para onde possam ter ido.
— Nem eu, senhor — completou, Sanaz, uma das
arrumadeiras. — Se quiser posso ajudar a procurá-los.
— E os seguranças? — insisti. — Vocês viram alguma coisa?
Eles, incluindo o chefe deles, Farid, trocaram olhares
nervosos.
— Não, senhor Ayaz. — Farid foi suscinto, franzindo a testa
com preocupação. — Mas também não os vimos deixar a casa. Não
temos registro de ninguém que tenha saído da propriedade esta
manhã. Nossas câmeras de segurança não mostraram nada
incomum.
— Nós os procuraremos em todos os lugares possíveis,
senhor — concluiu, Aslan. — Assim que os encontrarmos,
avisaremos o senhor.
— Como é possível? Eles simplesmente sumiram? — Urrei
em desespero. — Eu revirei cada canto desta casa.
Outros moradores da mansão, tios, tias e primos que
moravam sob o mesmo teto que nós, haja visto que éramos
contraventores e quanto mais perto estivéssemos um do outro, mais
fácil era prover as nossas seguranças, expressaram sua
preocupação, cada um negando ter visto Eda ou Can naquele dia. O
pânico cresceu dentro de mim, e eu sabia que não poderia perder
mais tempo.
— Eu ouvi um barulho estranho vindo do quarto de hóspedes,
Ayaz. — Me alertou Murat, que morava na mansão junto comigo
desde que assumi o lugar de meu pai e o transformei em meu braço
direito. — Você mesmo me disse que Eda estava incomodada por
ter te desalojado. Talvez eles tenham mudado para lá.
— Vou verificar isso agora mesmo.
Corri para o quarto de hóspedes, seguido por Murat, os
parentes, funcionários da casa e da segurança, e abri a porta
esperançoso e... Nada deles.
— Atenção, todos vocês, vamos procurar por eles em cada
canto dessa enorme propriedade — declarai com determinação. —
Dividam-se em grupos, verifiquem cada cômodo, cada jardim, cada
sala. Não podemos deixar nada ao acaso.
As pessoas começaram a se dispersar, algumas corriam
pelos cômodos internos da casa, outros iam em direção às saídas
em busca de pistas. Minha mente estava um turbilhão, mas eu tinha
que encontrar Eda e Can. E enquanto a casa se enchia de pessoas
em busca de respostas, o medo e a incerteza continuavam a se
agitar em meu peito.

Eu não conseguia imaginar o que poderia ter acontecido com


eles. Me perguntava se alguém poderia ter invadido na mansão,
sem ser visto sequer pelos seguranças, e sequestrado meu filho e
sua mãe. Ou será que Eda havia fugido?
— Eda! — Gritei, desesperado. — Can! Onde vocês estão?
Minha voz ecoou pelo jardim da frente da mansão, mas
ninguém respondeu. Minhas mãos estavam suadas, e minha mente
correndo a mil por hora. Estava prestes a fazer uma loucura quando
ouvi uma voz suave chamando meu nome. Era minha mãe, que
estava acompanhada por Eda e meu filho.
— Can! — Chamei-o pelo seu nome, correndo na direção
dele.
Eles vieram do rumo do jardim dos fundos da mansão. Eu
estava aliviado ao vê-los e ao mesmo tempo frustrado por ter
perdido tanto tempo procurando-os. Eda explicou que queria que
Can tomasse um pouco de sol e ar puro, então ela decidiu levá-lo
para brincar no jardim. Respirei fundo, tentando conter o desejo de
abraçar Eda, grato por ter ela e meu filho de volta e bem diante dos
meus olhos.
— Onde vocês se encontravam? — disse com voz trêmula.
— Eu estava quase ficando louco! Não conseguia acha-los em lugar
nenhum, fiquei desesperado! — Me postei diante deles, me sentindo
aliviado e furioso ao mesmo tempo.
— Desculpa, Ayaz. Nós estávamos apenas brincando e
aproveitando o sol e o ar fresco da manhã — falou Eda com um
brilho travesso nos olhos. — Eu e sua mãe apenas nos divertíamos
com Can, não havia motivo para se preocupar.
— Você ficou muito angustiado, filho. — Minha mãe se
aproximou, rindo. — Talvez seja hora de aprender a relaxar um
pouco. Apenas brincávamos, e eu estava com eles o tempo todo.
Respirei fundo, me acalmando e olhei para meu filho, que ria
com alegria, alheio a tudo, enquanto uma das funcionárias da casa
brincava com ele. Meu coração ainda estava acelerado, a sensação
de colapso era esmagadora. Tinha sido um susto, mas no final das
contas, todos se encontravam seguros.
Naquele momento, percebi que, às vezes, minha
preocupação excessiva poderia me levar ao desespero. Era
importante lembrar que, mesmo eu sendo um mafioso conhecido,
tendo muitos inimigos e vivendo em um mundo cheio de incertezas,
havia momentos de tranquilidade e felicidade à nossa disposição, se
apenas nos permitíssemos aproveitá-los.
— Graças a Allah! Eles estão bem. — Voltei minha ira para
os seguranças — Mas como eles chegaram até o jardim dos fundos
sem que ninguém os visse? Por que nenhum de vocês sabiam onde
eles estavam?
— Desculpe, senhor. — Farid se justificou constrangido com
a falha deles. — Nós não pensamos em verificar aquele jardim. É
raro alguém usá-lo e a casa é muito grande, então fomos orientados
a dar mais ênfase na segurança dos lugares com maior fluxo de
pessoas.
— Isso não pode acontecer de novo. — Repreendi-os com
severidade. — A segurança da casa e da minha família é prioridade
máxima. Já pensaram se o inimigo nos ataca usando como forma
de entrada aquele jardim? Todo espaço da mansão tanto interno
como externo deve ter pelo menos um homem a postos, mesmo que
para isso tenhamos que contratar mais pessoal. Dinheiro não é nem
nunca foi um problema.
— Sim, senhor. — Meus homens concordaram em uníssono.
— Entendido, senhor Ayaz. — Emendou, Farid. —
Tomaremos as medidas necessárias para garantir que isso não
ocorra mais.
Capítulo 27

Aquele estava sendo um dia estranho. Senti um arrepio


percorrer minha espinha ao perceber um movimento peculiar na
mansão Yavuz. Eu estava curiosa, inquieta, e algo me dizia que não
era uma simples reunião de negócios, então fui tentar por conta
própria descobrir o que estava acontecendo. Caminhei com passos
leves pelo corredor escuro, a respiração presa, e meus ouvidos
aguçados captaram vozes abafadas vindas do escritório do pai do
meu filho.
Arrisquei-me a espiar através da porta entreaberta. Lá dentro,
Ayaz estava de pé, em uma conversa tensa com Farid e Murat. Eles
vestiam roupas escuras e tinham olhares gélidos, que transmitiam
uma aura de perigo iminente. Engoli em seco e me concentrei em
suas palavras, que ressoavam no silêncio da noite.
A conversa que ouvi, me deixou chocada. Zeki, tio de Ayaz,
havia sido capturado pela organização da minha família e queriam
usá-lo como moeda de troca por mim e pelo meu filho Can. Isso me
deixou aterrorizada, pois não queria ser separada do meu bebê.
— Eu preciso falar com vocês sobre algo muito importante.
Nossos informantes no terreno inimigo me falaram que o tio Zeki foi
levado pelos Aydin e eles querem trocá-lo por Eda e meu filho Can.
— O que? Meu pai? Isso é um absurdo! — Exclamou Murat.
— Precisamos resgatá-lo com urgência.!
— Eu sei e concordo com você. Mas eles estão determinados
a impor essa troca.
— E o que pretende fazer, senhor Ayaz? — indagou Farid.
— Meu tio é muito importante para mim e para a organização
e eu preciso dele de volta. mas não quero e nem vou fazer essa
troca.
— Você sabe que não podemos ceder a esse critério, Ayaz
— disse Farid com sua voz baixa e sinistra. — Seu tio é uma peça
muito importante na organização e tem saúde frágil, não podemos
arriscar perdê-lo.
— Eu não vou entregar meu filho e Eda para eles, não
importa o que façam — falou com voz firme e expressão
determinada. — Não vou ceder aos seus critérios. Ninguém pode
me forçar a fazer isso.
— Então, você quer que seu tio, meu pai, apodreça no
cativeiro deles? — Murat inquiriu, encarando-o com olhos
penetrantes e suspirou fundo.
— É claro que não, Murat — Ayaz respondeu com firmeza. —
Nós vamos resgatá-lo sem fazer essa troca absurda. Só precisamos
descobrir onde ele está.
Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Um frio
intenso correu pelo meu corpo. Meu filho Can e eu éramos a moeda
de troca nessa negociação cruel. Sabia que deveria agir para
conseguir o que tanto queria.
Reuni minha coragem e empurrei a porta do escritório aberto.
Os três homens se viraram, surpresos, e eu entrei com passos
decididos.
— Ayaz, — chamei-o, com a voz mais firme que pude reunir
—precisamos conversar.
— Eda, o que está fazendo aqui? — Olhou-me, surpreso e
preocupado.
— Eu ouvi a conversa de vocês, Ayaz — admiti, sem rodeios.
— Eu sei onde está o seu tio.
Murat e Farid me olharam, confusos, mas Ayaz parecia estar
chocado.
— Como você sabe disso, Eda?
— Isso não importa agora, mesmo assim vou te dizer — falei,
com determinação. — Eu sou a filha única de Hilal Aydin, como
você mesmo disse, houve uma época que ele tentou me treinar para
ser a sua sucessora. Percebendo que não ia dar certo, porque eu
não era como ele, me mandou estudar na Itália e tentou me arrumar
um casamento arranjado com alguém que pudesse substituí-lo. Por
isso eu não conheço tudo, mas eu sei para onde eles levam os
reféns das facções inimigas e me ofereço para revelar onde o seu
tio está, em troca de algumas condições.
Os outros dois pareciam perplexos, mas Ayaz me fitava com
uma expressão de mistura de emoções, desde surpresa até
colapso.
— Que condição, Eda?
— Eu não quero ser separado do nosso filho Can — declarei,
com lágrimas nos olhos. — E quero que Leyla, a mensageira que eu
enviei para pedir sua ajuda, venha trabalhar na mansão. Ela se
arriscou muito por nós e também precisa da sua proteção. Ela
entrou em contato comigo outro dia e está com muito medo, acha
que está sendo seguida e eu temo por sua vida.
Os homens começaram a protestar, mas Ayaz os interrompeu
com um gesto. Ele caminhou até mim e segurou meu rosto com
firmeza entre suas mãos.
— Como eu posso confiar em você, Eda? Se já tentou me
enganar antes. — Franziu a testa. — Esse nosso pacto é muito
arriscado. Como posso saber se estou fazendo um acordo seguro?
— Lá vem você insistindo nessa história absurda de novo. —
Fez muxoxo. — Eu entendo que você esteja desconfiado, mas eu
garanto que não estou mentindo. Eu juro em nome do nosso filho.
— Esse acordo me parece muito conveniente para você.
Entretanto, resta uma dúvida, por que estaria disposta a trair sua
família e seu baba? Que vantagem levaria nisso?
— Eu estou disposta a fazer o que for preciso para não ser
separada do meu filho e ficar ao lado dele para sempre — respondi
determinada. — Quanto a minha família, ela agora sou eu, você e
Can. Porque eu deveria proteger as pessoas que pretendiam matar
meu bebê e me deixaram lá, largada, sozinha, com hemorragia,
para morrer ao primeiro sinal de perigo?
Ayaz ficou surpreso com minha oferta, mas não aceitou e
nem concordou com minhas condições de imediato.
— Vou considerar sua oferta, Eda, mas não prometo nada.
Preciso pensar sobre isso. — Ficou contemplativo por alguns
instantes. — Não sei se posso confiar em você. Eu preciso ter
certeza de que isso é seguro para todos nós.
— Eu entendo. Mas é melhor não demorar muito para se
decidir. Meu baba é tão cruel e impiedoso quanto você, Ayaz. Ele
pode fazer muito mal ao seu tio. Vou aguardar por sua decisão.
Capítulo 28
Eu rejeitei a proposta de Eda para nos ajudar a encontrar
meu tio. Não importava o quanto eu precisasse encontrá-lo, eu não
estava disposto a fazer negócios com ela. Não podia e nem queria
confiar nela de novo.
Depois disso, sentei-me em meu escritório, mergulhado em
pensamentos sombrios. Não foi uma decisão que eu tomasse de
ânimo leve. Eu tinha que pensar na segurança de todos. E se aquilo
fosse uma emboscada e ela estivesse me levando para a morte,
junto com meus melhores homens?
Conversando com Murat, expliquei minha decisão e as
razões por trás dela. Ele ouviu atentamente e depois sugeriu que
reconsiderássemos a proposta de Eda. Me lançou um olhar
questionador enquanto fechava a porta atrás de si e disse que
talvez pudéssemos negociar alguns termos com ela e que poderia
ser uma vantagem tê-la do nosso lado.
— Posso saber por que você recusou a oferta de Eda? —
Meu primo me perguntou com curiosidade.
— É complicado, Murat. — Suspirei. — A oferta dela pode
nos levar até seu baba, mas ela impôs condições e eu não tenho
certeza se posso confiar nela. E se ela estiver nos levando direto
para uma armadilha dos Aydin?
— Você acha que ela pode estar tramando alguma coisa? —
indagou pensativo.
— Não sei, mas não posso ignorar o risco — declarei com
incerteza. — Tio Zeki está em perigo e não podemos arriscar a vida
dele, nem muito menos as nossas e de nossos homens.
— Ayaz, você sabe que Eda é a mãe do seu filho. —
Encarou-me com um olhar sério. — Acho que ela não faria nada
para te prejudicar ou te separar de Can. E, de fato, a família dela,
que devia protegê-la, abandonou-a para morrer naquela ilha. Talvez,
ela não os considere mais; enfim, deveríamos reconsiderar sua
oferta — disse com voz calma e mansa. — Entendo sua
desconfiança, mas pense nisso com carinho. Além disso, meu baba
está em perigo, essa pode ser a melhor chance de resgatá-lo.
— Então, você acha que devemos confiar nela? — Comecei
a considerar levá-la.
— Ayaz, confiar é sempre um risco, mas se você não der
uma chance e o privilégio da dúvida a ela, pode ser tarde demais.
Eda conhece os meandros da organização de sua família e isso
pode ser valioso para nós.
— Eu não quero arriscar a segurança, saúde e bem-estar de
Can — acrescentei com relutância.
— Entendo, Ayaz, mas você pode fazer uma contraproposta
para ela — concluiu com empatia. — Que ela vá conosco na missão
de resgate para ter suas condições impostas atendidas. Acredito
que ela, com certeza, se recusará a ir se for uma emboscada. Mas,
se mesmo assim algo der errado, estaremos lá, juntos, para lutar
contra eles.
— Está certo, Murat. Você tem razão. — Suspirei. — Vou
falar com Eda e aceitar a sua oferta e condições impostas; porém,
em troca, ela deve estar disposta a ir conosco para garantir que tudo
corra bem e que não estamos caminhando para uma armadilha.
— Você tomou uma decisão certa, Ayaz. — Sorriu. — Juntos,
superaremos mais esse desafio em nosso caminho e salvaremos
meu baba.

Meus pensamentos se embolaram ainda mais. Murat tinha


um ponto: Eda não faria mal a Can, eu tinha certeza disso. Por isso,
depois de minha conversa com ele, resolvi ir até ela, que parecia
nervosa e ansiosa, e continuar nossa conversa.
— Eda, conversei com Murat e ele me fez perceber que,
talvez, eu tenha sido muito precipitado em rejeitar a sua oferta. —
Fui sincero. — Se concordar com a minha proposta, eu aceito suas
condições. Não vai apenas nos dizer onde está o meu tio, mas
também nos levará até ele. Irá junto conosco na ação de resgate. E
em troca vai ter o que tanto quer: não precisará mais partir quando
Can não depender mais de você. Só precisamos achar uma solução
para os nossos constrangimentos e a sua mensageira trabalhará e
terá proteção aqui na mansão.
Eda olhou para mim, surpresa e apreensiva. Suas mãos
tremiam e eu podia ver a hesitação em seus olhos.
— Ayaz, eu... eu não sei se devo ir — falou com nervosismo.
— Eles me querem como moeda de troca pelo seu tio, podem me
prender e manter cativa lá, obrigando-me a viver longe do meu filho.
Não sei se sou corajosa o suficiente para enfrentá-los dessa
maneira.
— Entendo seus medos, mas eu também tenho os meus.
Não sei se posso confiar só na sua palavra. Você impôs suas
condições; em contrapartida, essas são as minhas.
Eda olhou para o nosso filho, que brincava inocente no
jardim. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela enfim concordou.
— Está certo, Ayaz — disse resolvida. — Eu aceito as suas
condições. Irei com vocês para resgatar o seu tio. Não posso mais
ser separada do me filho. Eu o amo muito e não suportaria essa dor.
E Leyla também precisa de proteção. Ela fez muito por mim e está
na minha vez de retribuir.
Sabia que ela ainda tinha suas próprias motivações, mas
agora que estava indo conosco, eu poderia, pelo menos, manter os
olhos nela. Eu só esperava que essa decisão não se voltasse contra
nós no futuro.
Capítulo 29
Eu estava muito nervosa com a ideia de participar da ação de
resgate do tio de Ayaz. Nunca em minha vida pensei que estaria
envolvida em algo tão perigoso, mas ele me deu a confiança de que
eu precisava para seguir em frente. Estava tremendo de medo, mas
sabia que tinha que fazer isso para ajudar o tio dele e enfim ficar em
definitivo para sempre ao lado do meu filho.
— Você está com medo? — Entrou em meu quarto e se
postou atrás de mim, de maneira que eu, de frente ao espelho,
pudesse ver sua imagem refletida.
— Não é sempre que participo de uma ação de resgate —
ironizei. — Muito menos do lado do inimigo e sendo considerada
como moeda de troca.
— Não se preocupe com isso — disse com voz firme. —
Fique o tempo todo perto de mim, Eda. Eu vou protegê-la, não
importa o que aconteça.
— Ayaz, eu não sei se sou capaz de acompanhar você nessa
missão de resgate — falei com voz trêmula, tomada pelo pânico que
ameaçava me dominar. — Eu não tenho experiência em situações
assim. É muito perigoso.
— Eda, entendo que você esteja com medo, mas você não
está sozinha e eu preciso muito da sua companhia nessa missão —
falou com determinação. — Meu tio está em perigo e você é a única
pessoa que pode nos ajudar a resgatá-lo. Ficarei ao seu lado o
tempo todo, vou observá-la. Confie em mim.
— Eu sei disso, Ayaz — admiti com os olhos marejados. —
Mas eu nunca fiz nada assim antes. Não sei se vou conseguir.
Tenho receio de me tornar um fardo para vocês ou colocar suas
vidas em risco.
— Você não será um fardo, Eda. — Acariciou meu rosto. —
Sei que você é mais forte do que pensa; o suficiente para superar
seus medos e ajudar a salvar meu tio Zeki. A situação é terrível,
mas juntos superaremos isso. E de quebra ficará para sempre perto
de nosso filho.
— Tudo bem, Ayaz. — Engoli em seco. — Eu vou fazer o que
for preciso para ajudá-lo. Farei isso por Can. Mas, por favor, cumpra
sua promessa, fique perto de mim e me proteja, se necessário.
— É claro, Eda. — Completou com carinho. — Como prometi:
estarei ao seu lado o tempo todo, superando cada desafio que
surgir. Vamos trazer meu tio de volta para casa.
As palavras de Ayaz foram como um conforto para mim.
Segurei sua mão com força, determinada a enfrentar o perigo ao
seu lado.
Eu estava cheia de tensão e medo quando embarcamos na
ação de resgate do pai de Murat. O coração martelava em meu
peito e minha mente se encheu de preocupações sobre o que
enfrentaríamos. Mas eu não estava sozinha, o pai do meu filho
prometeu que estaria ao meu lado e isso me dava forças.
O sol já havia se posto, a cidade estava mergulhada na
escuridão da noite e uma chuva fina havia começado a cair quando
finalmente chegamos ao local onde o senhor Zeki estava sendo
mantido refém, tudo aconteceu muito rápido. Havia tiros para todos
os lados e eu estava tentando não entrar em pânico. Os homens do
meu baba estavam armados até os dentes e não estavam dispostos
a liberar o refém. Nós sabíamos que era uma situação delicada e
que qualquer erro poderia resultar em tragédia.
Com muita cautela e habilidade, Ayaz, eu e sua equipe
conseguimos nos infiltrar no prédio e, avançamos sorrateiros pelos
corredores escuros até chegar ao andar onde o tio dele estava. O
confronto começou e a troca de tiros foi intensa. O pai do meu filho
e seus homens se esquivavam dos disparos enquanto tentavam
neutralizar os inimigos.
A cena de ação foi digna dos grandes filmes policiais, com
muita adrenalina, coragem e habilidade por parte dos homens da
organização dos Yavuz. Apesar dos riscos, eles não hesitaram em
agir para proteger um de seus ilustres integrantes.
Mas o que mais me surpreendeu foi a mim mesma. Em um
momento de desespero, quando a situação parecia sem saída,
peguei uma das armas das mãos de Ayaz e atirei com precisão
especial. A imagem dele, olhando para mim com surpresa e orgulho,
ficou gravada em minha mente. Foi quando ele descobriu que eu
sabia atirar.
— Uau! — Exclamou com admiração. — Eda, onde você
aprendeu a atirar bem assim?
— Por que você está tão surpreso, Ayaz? Sendo filha de
quem sou, não deveria ser de se estranhar que eu saiba me
defender e manejar uma arma.
Eu sabia que não era o momento mais adequado para ele se
surpreender com minhas habilidades recém-descobertas e nem de
conversarmos sobre isso, portanto, apenas dei de ombros e deixei
passar. O resgate do tio de Ayaz era nossa prioridade e tudo o que
importava era que ele saísse dali em segurança.
De repente, uma explosão estrondosa fez com que todos se
atirassem ao chão. Destroços voaram pelos ares e a fumaça cobriu
o ambiente. Em meio ao caos, avançamos pela fuligem densa,
usando a escuridão e a surpresa a nosso favor. O som dos tiros
ecoava pelo corredor estreito, criando uma cacofonia
ensurdecedora. Disparei de novo com uma destreza
impressionante, derrubando inimigos com tiros precisos.
Em um movimento coreografado, Ayaz e sua equipe surgiram
de um lado, eliminando os oponentes um após o outro. Era uma
batalha intensa, uma dança mortal entre as duas maiores
organizações criminosas da máfia turca.
Em meio à troca de tiros, explosões e socos, Ayaz e seus
homens não perderam o foco. Cada movimento era calculado, cada
tiro era preciso. Eles avançaram com determinação, cientes de que
o tempo estava se esgotando.
Enfim, chegamos ao local onde o senhor Zeki estava preso.
Uma explosão espetacular abriu caminho para nós e lá estava o tio
de Ayaz, desorientado, mas ileso.
— Tio! — Ficou quieto por alguns segundos para conferir o
local. — Estamos aqui!
O momento do reencontro de Murat e Zeki foi emocionante,
pai e filho se abraçaram aliviados e eu senti uma onda de gratidão
ao ver o tio de Ayaz são e salvo. Foi uma sensação incrível salvar
alguém e ver que eu era capaz de enfrentar meus medos. O perigo
ainda estava presente, mas sabíamos que havíamos dado um
grande passo na direção à segurança dele.
A ação de resgate foi bem-sucedida e voltamos para a
mansão mais do que aliviados. No final, estávamos todos seguros e
isso foi tudo o que importou. Eu não tinha ideia de que era capaz de
enfrentar situações tão perigosas, mas com o pai do meu filho ao
meu lado, descobri uma força que jamais imaginaria possuir.
— Eda, você foi incrível! — disse com carinho e respeito. —
Valeu mesmo a pena confiar em você. Suas habilidades podem
fazer a diferença entre a vida e a morte em situações como essa.
Naquele momento, percebi que, com determinação, coragem
e apoio, eu era capaz de superar qualquer desafio que o destino me
lançasse. E, acima de tudo, pelo meu filho, eu estava pronta para
enfrentar o que viesse.
— Eu só não quero ser separada do meu filho, Ayaz —
respondi com gratidão. — E farei o que for preciso e estiver ao meu
alcance para garantir que isso não aconteça.
O olhar que trocamos naquele momento não transmitiu
apenas admiração, mas também um entendimento mais profundo
de que eu estaria interessada em fazer qualquer coisa para proteger
aquele que eu mais amava no mundo: Can. E, com as minhas
habilidades em manejar uma arma de fogo, sabíamos que estava
mais preparada do que nunca para enfrentar o que quer que o
destino me reservasse.
Capítulo 30
Após o perigoso resgate do meu tio, estávamos de volta à
segurança da mansão Yavuz. A tensão da operação ainda ecoava
em minha mente, mas tínhamos sido bem-sucedidos e, apesar de
algumas baixas inevitáveis que sempre aconteciam nesses
confrontos diretos, todos os sobreviventes se encontravam a salvo.
Estava sentado no meu escritório, ainda tentando me acostumar
com o fato de que eu, meus homens e Eda havíamos escapado
daquele inferno. Eu não conseguia tirar da cabeça as coisas que ela
havia feito para nos ajudar e me sentia culpado por não ter
acreditado nas boas intenções dela quando se ofereceu para nos
levar até o tio Zeki.
Como ela sabia manejar uma arma?
Por que ela nunca tentou fugir da mansão?
Eu precisava entender. Então, chamei Eda para conversar.
Dialoguei com ela sobre muitas coisas, então me senti mais
preparado e decidi que era hora de abordar o assunto que estava
me intrigando.
— Eda, eu preciso saber mais sobre o que aconteceu durante
a ação de resgate da qual participamos e entender algo. — Comecei
com cuidado. — Como você sabe manejar uma arma com tanta
familiaridade e habilidade? E por que nunca tentou fugir do cativeiro
e da minha casa, mesmo sendo rechaçada por alguns dos meus
familiares e eu dizendo que lhe mandaria embora assim que Can
não precisasse mais de você? — indaguei. Eram tantas perguntas a
procura de respostas.
— Aprendi a manejar uma arma durante minha infância,
Ayaz. Foi meu baba quem me ensinou. Ele era muito hábil nisso. —
Olhou-me surpresa com as minhas perguntas. — Segundo ele,
sendo sua filha única, eu precisava aprender a me defender — falou
com uma expressão pensativa.
Assenti, entendendo a conexão entre suas habilidades e sua
família, mas a segunda parte da minha pergunta continuava sem
resposta, por isso insisti.
— E quanto a fuga?
— Nunca tentei fugir do cativeiro porque, sozinha e grávida,
não teria conseguido. Eles eram muitos e eu estava em
desvantagem. Fugir não era uma opção viável. Eu não tinha
ninguém em quem confiar e não queria colocar meu filho em risco
— completou com sinceridade.
Aquela resposta era esperada, mas não era a única coisa
que eu queria ouvir. Havia uma parte de mim que ansiava por uma
confirmação que ainda não havia recebido.
— E sobre nunca ter tentado fugir da minha casa... — insisti
com voz suave.
Eda se virou para mim, olhando-me de frente com uma
expressão firme.
— Quanto a mansão, eu nunca quis fugir daqui, porque essa
casa é o lugar onde eu quero e sempre quis estar, Ayaz —
respondeu com sinceridade.
Fiquei boquiaberto com sua resposta, mas ela não desviou o
olhar.
— Mas... por quê? — perguntei surpreso, sem entender
direito a sua resposta. — Por causa do nosso filho?
— Não só por ele, Ayaz. — Encarou-me com determinação.
— Por causa do pai dele também.
Eu fiquei estupefato com a sua resposta. Eda se virou e foi
embora, deixando-me sozinho com os meus pensamentos e uma
enxurrada de emoções. Eu havia subestimado os sentimentos de
Eda e sua resposta me deixou perplexo. Nunca imaginei que ela
pudesse ainda sentir algo por mim, mas agora, com o nosso filho e
a permanência dela por perto, eu precisava admitir que, talvez, eu
também sentisse alguma coisa por ela. Enquanto eu contemplava
suas palavras, a verdadeira profundidade de seus sentimentos e a
conexão entre nós se tornaram mais claras do que nunca.
Capítulo 31
Não conseguia parar de pensar nas palavras de Eda. Ela
havia dito que ficou em minha casa não só por causa do nosso filho,
mas também por mim. Eu estava atordoado e não sabia o que fazer
com aqueles sentimentos que estavam fervendo do meu peito.
Depois da nossa conversa franca, as palavras dela
continuaram a ecoar em minha mente, deixando-me perturbado.
Nunca imaginei que ela ainda sentisse algo por mim, a ponto de
querer estar em minha casa, não apenas por Can, mas por minha
causa. Essa revelação bagunçou minhas emoções de uma maneira
que eu não poderia ignorar.
Naquela noite, sem pensar duas vezes, fui até o quarto de
Eda e do nosso filho, com meu coração pulsando com uma mistura
de incerteza e desejo. Abri a porta com suavidade e o cômodo foi
iluminado apenas pela luz fraca da lua. A visão dos dois ali,
dormindo em paz, me fez sentir um amor avassalador. Can estava
deitado em seu berço e Eda adormecida na minha cama. Não resisti
e me deitei ao lado dela, com cuidado para não a acordar. Abracei-a
forte e senti o seu cheiro. Meu coração batia tão descompassado
enquanto a observava que eu achava que, se acordasse de repente,
ela poderia ouvi-lo.
A proximidade de Eda me preenchia com uma sensação de
paz e contentamento que eu não sentia havia muito tempo. Minha
mente estava em conflito, mas meu coração me dizia que ali era
onde eu queria estar. Eu a envolvi com cuidado, não querendo
despertá-la, e, sem perceber, adormeci com uma mistura de
esperança e medo de me entregar de novo.
Na manhã seguinte, quando acordei, Can já estava acordado
em seu berço, fazendo barulhinhos engraçados com a boca. Eda
dormia ao meu lado, virada em minha direção, com uma das pernas
entre as minhas e um dos braços envolvendo meu pescoço, seu
rosto estava sereno e angelical. Uma parte de mim não queria sair
dali, mas sabia que aquilo não podia se tornar um hábito, que eu
precisava ser prudente e cauteloso.
Com cuidado, levantei-me e quando já estava prestes a
deixar o quarto, ouvi sua voz melodiosa chamando pelo meu nome.
— Ayaz?
— Bom dia, Eda. Não é nada disso que você está pensando
— falei, com o olhar tenso. — Nós precisamos conversar sobre o
que aconteceu na noite passada.
— Do que você está falando? — Ela parecia confusa pela
sonolência, mas manteve uma expressão calma. — O que houve?
— Eu dormi com você aqui esta noite, mas não foi por
escolha — disse tudo embolado e de uma só vez, com uma pitada
de nervosismo. — Eu não deveria ter feito isso e quero que você
entenda a razão.
— Como assim? — Encarou-me com um olhar inquisitivo. —
E qual foi o motivo?
— Às vezes tenho insônia e tomo remédios para combatê-la.
— Suspirei. — E como o dia de ontem foi muito eletrizante, precisei
fazer uso dele. — Dei a desculpa mais esfarrapada do mundo. — O
comprimido fez efeito quando vim ver Can... senti-me tonto e me
deitei um pouco na cama para esperar melhorar, mas acabei
adormecendo ao seu lado porque ele fez o efeito mais rápido do que
eu esperava. Não foi intencional. Entretanto, isso não vai acontecer
de novo, eu juro.
— Ayaz, eu não entendo. Por que você está me dizendo
essas coisas e agindo assim, desse jeito estranho? — Inquiriu com
um olhar atento. — Desde quando você costuma usar
medicamentos para dormir?
— De vez em quando eu tomo. Estava preocupado com
algumas coisas, a ação de resgate do meu tio foi muito tensa e eu
tomei o remédio para me ajudar a relaxar. Eu não planejei dormir ao
seu lado — falei com uma expressão hesitante. — É que eu não
quero que você confunda as coisas. Nós temos um filho e ele é
nosso único vínculo. Nada mais vai acontecer entre nós.
Ela abriu os olhos, encarando-me com uma expressão de
compreensão e desgosto.
— Tudo bem, Ayaz. — Suspirou fundo. — Eu já entendi. O
que aconteceu ontem à noite não vai se repetir. — Afrontou-me com
um olhar desafiador.
— Isso mesmo, Eda, não vai — afirmei com a voz me traindo,
apresentando uma pitada de tristeza. — Precisamos ser sensatos, o
que vivemos ficou no passado e deve permanecer lá.
A tensão entre nós era palpável e havia muito de não dito no
ar. Ambos sabíamos que, independente das palavras pronunciadas,
nossos sentimentos eram uma força que não poderíamos controlar
com facilidade. O que o futuro reservava para nós era incerto, mas
uma coisa era clara: essa batalha entre o desejo e a razão estava
longe de terminar.
No fundo, eu não queria que aquilo fosse apenas uma noite.
Eu desejava estar ao lado de Eda todos os dias. Acordar ao lado
dela todas as manhãs e sentir o seu cheiro todas as noites. Porém,
sabia que aquilo não poderia acontecer jamais, pois eu não podia
me render a filha do inimigo e assassino do meu baba, mas não
conseguia parar de pensar nisso. Entretanto, eu tinha que honrar
meu nome e minha fama de cruel e impiedoso.
Eu sabia que tinha sentimentos conflitantes, mas não
conseguia evitar. Sempre fui apaixonado por Eda e sabia que aquilo
poderia acabar mal. Mas não conseguia parar de pensar nela, ainda
mais depois dela ter se declarado.
Saí do quarto com o coração pesado. A batalha entre a razão
e a paixão continuava e eu não sabia qual venceria no final. Mas,
naquele momento, o melhor era fugir dos meus próprios
sentimentos.
O que eu faço agora?
Na noite passada, quando a vi dormindo, a sensação que
invadiu meu coração era indescritível. A maneira como ela disse que
queria estar em casa, não apenas por nosso filho, mas por mim,
mexeu comigo de uma forma que eu não conseguia ignorar. Agora,
eu estava debatendo um dilema interno. Meu senso de
responsabilidade e proteção estava em guerra com o desejo que
ardia dentro de mim. Eu a amava e disso já tinha certeza, mas
nosso envolvimento era complexo e perigoso. Então, eu me
perguntava: até que ponto poderia permitir que esse amor voltasse
a florescer?
Aquela batalha entre a razão e a paixão estava me
consumindo. Por um lado, sabia que precisava ser sensato, que ela
era a filha do inimigo e assassino do meu pai. Por outro, meu
coração clamava por ela, pela mulher que me deixava atordoado.
As palavras de Eda, sua sinceridade e seu olhar penetrante,
ecoavam em minha mente. E agora, eu me encontrava em um
dilema que não tinha certeza se conseguiria resolver.
Capítulo 32
Acordei em um sobressalto e com um nó no estômago, ainda
sonolento, confuso, desnorteado e com uma sensação de
desespero que eu não conseguia entender. Quando me dei conta de
que estava sonhando com ela, meu nervosismo só aumentou. Nos
meus sonhos, Eda dormia serena ao meu lado, com um sorriso nos
lábios que era capaz de iluminar o quarto, nós dois estávamos
abraçados, nossos corpos se encaixando de maneira perfeita e isso,
por si só, não deveria ser um problema. Afinal, dormir ao lado de
alguém que se ama é uma das melhores sensações do mundo,
certo? O problema era o que aconteceu depois. Seu pai invadiu
nosso quarto, na mansão, e nos metralhou em nossa cama.
Levantei-me com cuidado e fui até a janela. Abri as cortinas e
olhei para fora, esperando que a visão da água fresca da piscina me
acalmasse. Mas o que eu vi lá fora fez meu coração apertar ainda
mais. Eda estava usando um biquíni vermelho minúsculo que
acentuava suas curvas, nadando, rindo e brincando com Leyla, que
já havia se juntado a nós na mansão e agora ajudava a mãe do meu
filho nos cuidados com ele, e nosso filho, que parecia se divertir
como nunca.
Meu coração deu um salto e senti um ciúme incontrolável
tomar conta de mim naquele momento. Como ela podia estar assim,
tão à vontade, tão feliz, seminua na frente dos seguranças e
trabalhadores da casa, enquanto eu estava aqui, desorientado e
incomodado?
Respirei fundo e tentei me acalmar. Decidi que não podia
deixar as coisas assim. Saí do quarto e fui até a piscina; quando
cheguei, meu coração acelerou. Meus punhos se fecharam com
raiva, mas eu sabia que não poderia deixar que ela visse isso em
mim. Afinal, eu havia deixado bem claro para ela que nosso caso
havia ficado no passado. Tossi, tentando chamar a sua atenção. Ela
se virou e me olhou com surpresa.
— Você por aqui, Ayaz? — disse, com uma expressão
confusa no rosto. — Sua mãe me falou que é raro você usar a
piscina.
— Eu acordei e vi vocês pela minha janela e... — Gaguejei,
não sabia como explicar o que eu estava sentindo.
— E o quê? — Franziu a testa e cruzou os braços.
— Eu não gosto de te ver vestida assim na frente dos
seguranças e empregados da casa. — Respirei fundo, tentando
encontrar as palavras certas. — O que você pensa que está
fazendo? Não pode e nem deve se exibir assim na presença de
outros homens. Será que você pode trocar de roupa, por favor?
Colocar algo mais discreto, menos chamativo.
— Você está com ciúmes, Ayaz? Depois de tudo o que
aconteceu entre nós, ainda tem coragem de sentir isso? — Arqueou
uma sobrancelha e sua expressão mudou para uma mistura de
surpresa e diversão. — Pois saiba que eu não estou me exibindo e,
sim, apenas nadando com o meu filho na piscina. E não vejo
problemas em usar um biquíni.
— Não estou com ciúmes. — Não pude evitar a sensação de
calor subindo pelo meu pescoço. — Só não quero que ninguém
fique olhando para você, também acho que a mãe do meu filho
deveria dar o exemplo e usar algo mais discreto e recatado.
— Ayaz, você está com ciúmes, sim. — Olhou para mim, com
um sorriso malicioso no rosto. — E isso é muito fofo, sabia?
— Não estou tentando ser fofo, Eda. — Bufei, sentindo-me
ainda mais irritado. — Estou apenas... pedindo a sua cooperação.
— Cooperação em quê, Ayaz? — perguntou, parecendo
querer entender melhor.
— Está bem, Eda, eu estou com ciúmes. — Fiquei em
silêncio por um momento, depois respirei fundo e decidi continuar
sendo honesto com ela. — Era isso que você queria ouvir? Pois
bem, eu assumo. Passei todo esse tempo tentando me convencer
de que não sentia mais nada, que não queria estar com você... mas
a verdade é que eu sinto sua falta e lhe ver com esse biquini
minúsculo na frente de todo mundo me deixou louco de despeito e
me fez perceber que eu não posso mais fingir.
— O que você está dizendo, Ayaz? — Olhou-me surpresa e
um pouco esperançosa.
— Estou dizendo que talvez eu tenha cometido um erro ao
me separar de você. — Eu sabia que agora não poderia mais voltar
atrás. —— Talvez, devêssemos tentar de novo, estarmos juntos
como uma família, nós dois e Can.
— Ayaz, você me fez sofrer muito quando me rejeitou,
quando renegou o nosso filho. — Encarou-me, seus olhos cheios de
emoção. —Eu não posso só voltar atrás e fingir que nada disso
aconteceu.
— Eu sei que errei, Eda. — Sabia que ela estava certa. — Fui
um idiota e eu lamento por tudo. — A machuquei muito e não podia
apagar o passado. — Fiz você sofrer demais, mas eu ainda te amo.
Não consigo suportar a ideia de outro homem olhando com desejo
para você. Eu só quero uma chance de corrigir tudo e fazer as
coisas forma correta.
— Olha, Ayaz, eu não posso só voltar assim. Você me
magoou muito no passado. Se quiser que as coisas voltem a ser
como eram antes, precisa se desculpar de verdade. Se você
realmente quer isso, então me peça perdão. — Suspirou e olhou
para Can, que brincava na piscina. — Por todas as vezes que me
machucou e por tudo que me fez passar e, talvez, possamos
começar de novo.
E naquele momento, à beira da piscina, sob o sol quente,
enquanto olhava para Can e Eda, enfrentando o passado e o futuro
com um misto de expectativa e incerteza, eu percebi que havia uma
pequena luz de esperança para nós, uma chance de reconstruir o
que tínhamos perdido.
Mas será que meu orgulho permitiria que eu fizesse o que ela
estava me pedindo?
Capítulo 33
Eu estava muito irritado.
Eda havia colocado uma condição para que pudéssemos
voltar a ficar juntos: eu deveria pedir perdão por tudo o que a fiz
passar. Eu, Ayaz, um homem que nunca pediu sequer desculpas na
vida, estava sendo confrontado com essa exigência impossível. Eu
nunca me rendi a ninguém e não seria agora que isso iria acontecer.
Ela disse que eu precisava me desculpar pelo nosso passado
antes de voltarmos e nos tornarmos uma família, mas eu não
conseguia entender o que eu tinha feito de errado. Não era perfeito,
muito pelo contrário, tinha muitos defeitos; porém, ela necessitava
entender que nossa situação era complicada, afinal, ela havia
escondido de mim que era filha do inimigo. Amava tanto os dois que
chegava a doer e agora, que havia assumido meus sentimentos,
eles pareciam ainda maiores, mas não podia pedir desculpas por
algo que não fui só eu quem tive culpa.
Não era que eu não quisesse estar com ela, porque eu queria
muito e havia deixado isso bem claro. A amava mais do que
qualquer coisa no mundo, e nosso filho era a prova viva desse amor.
No entanto, pedir perdão era algo que eu não conseguia fazer. Era
um ato de humildade que me escapava, algo que não estava em
minha natureza.
Eu precisava desabafar com alguém e, por isso, fui atrás do
meu primo Murat. Acho que ele já não aguentava mais ouvir minhas
lamentações. Eu estava sentado no jardim da mansão, olhando para
o horizonte, perdido em meus pensamentos, inquieto e com os
olhos refletindo a angústia que sentia quando Murat chegou e veio
até mim. Ele me conhecia desde que eu era uma criança e sempre
foi um guia de verdades em minha vida. Eu contei tudo o que havia
acontecido e ele me aconselhou a pensar melhor sobre a situação.
— Ayaz, é perceptível que algo parece estar te incomodando
muito — falou com preocupação. — O que aconteceu dessa vez?
Eu suspirei e olhei para ele, praguejando a situação em que
me encontrava.
— É a Eda, Murat — disse frustrado. — Ela quer que eu peça
perdão por tudo o que fiz no passado e eu... eu não consigo fazer
isso.
Meu primo e confidente se sentou ao meu lado, seu rosto
refletindo empatia e compreensão.
— Ayaz, sei que no nosso mundo pedir perdão é sinal de
fraqueza, — continuou sereno — mas essas coisas de
relacionamento são complicadas; às vezes, considerar nossos erros
e pedir desculpas é a única maneira de avançar. Talvez, exista um
outro jeito de fazer isso, sem dizer as palavras, sabe, através de
ações.
Balancei a cabeça, minha frustração aumentando.
— Eu entendo isso, Murat, mas veja bem... — Rosnei irritado.
— Eu nunca pedi perdão e nem me apaixonei antes na vida e,
agora, ela quer que eu comece com tudo? Como eu faço algo que é
tão contrário à minha natureza?
Murat colocou uma mão gentil em meu ombro.
— Ayaz, é difícil para mim também falar dessas coisas que
me são desconhecidas, mas dizem por aí que o amor muda as
pessoas — proferiu com calma. — Às vezes, precisamos nos
esforçar para fazer o que é certo, mesmo que seja difícil. Eda é - e
sabemos que sempre foi - importante para você e agora vocês têm
um filho juntos. Talvez, seja hora de reconsiderar sua posição. Pode
ser algo só entre os dois, ninguém precisa saber o que se sucedeu.
Eu me afastei, sentindo a pressão em meus ombros. Eu
sabia que ele estava certo, mas também tinha certeza de que não
seria fácil.
— Murat, você não entende... — concluí frustrado. — O pai
de Eda é o homem que assassinou meu baba e nós terminamos
porque ela me escondeu isso. Eu fiquei cego de ódio. Não sou o
único culpado. Além do mais, como eu posso pedir perdão à filha
dele? Como posso ignorar tudo o que ele fez?
Murat olhou para mim com seriedade.
— Ayaz, você não está pedindo perdão ao pai de Eda. —
Sorriu com empatia. — E sim a ela, à mulher que você ama e que
vocês têm um filho juntos. Não culpe ela por escolhas ou ações que
foram de Hilal Aydin.
Minhas mãos cerraram em punhos, mas eu sabia que meu
primo estava certo. Era hora de colocar de lado meu orgulho e
considerar que, se quisesse ter Eda e nosso filho de volta, primeiro
teria que aprender a pedir perdão. Era uma mudança que me
aterrorizava, mas eu faria por amor, mesmo que isso significasse
acordar os fantasmas do passado.
Ele ainda disse que se eu amava Eda de verdade, tinha que
entender que ela não tinha culpa pelo que Hilal Aydin tinha feito. Eu
sabia que ele estava certo, mas, ainda assim, não conseguia me
imaginar pedindo perdão para ela e nem para ninguém. Afinal, eu
era Ayaz, o cruel, o mais temido e impiedoso dos chefes da máfia
turca.
Eu precisava encontrar uma solução para esse impasse e
comecei a pensar em maneiras de mostrar para Eda que eu a
amava e que estava disposto a fazer o que fosse preciso para
reconquistá-la, menos pedir perdão, aquilo já era demais para mim.
Talvez, eu não precisasse implorar por desculpas, mas sim
demonstrar o meu amor de outras maneiras.
No final das contas, eu decidi que iria seguir o conselho do
meu primo e tentar encontrar uma maneira de mostrar para Eda que
eu a amava de verdade. Precisava provar para ela que o nosso
amor era mais forte do que qualquer problema do passado. E, com
o tempo, eu sabia que poderíamos superar tudo juntos.
Capítulo 34
Meu dia ia começar com uma consulta de rotina ao médico
pediatra de Can; mal sabia eu que esse momento se transformaria
em um pesadelo. Antes de sair de casa, ainda quando eu estava
arrumando as coisas do meu filho, ouvi passos se aproximando; era
Ayaz - que ainda não havia me pedido perdão - entrando em nosso
quarto e, como se estivesse pressentindo algo, me chamou para
conversar.
— Eda, eu não poderei acompanhá-los hoje ao médico
pediatra, mas dois dos meus melhores seguranças e Leyla irão com
vocês. — Limpou a garganta, parecendo nervoso e inseguro com a
situação. — Quero pedir para que se cuide. Eu sei que é apenas
uma consulta de rotina, mas nunca se sabe o que pode acontecer.
Fique alerta. — Seus olhos escuros transmitiam carinho. — Eu me
preocupo muito com você e com o nosso filho.
— Relaxa, Ayaz! — disse, tentando se gentil. — Sei que você
está preocupado, mas estou indo apenas a uma consulta médica de
rotina; não há nada com que se preocupar. Além disso, teremos dois
seguranças conosco.
— Eu sei, mas nunca é demais lembrar. — Sua voz estava
repleta de preocupação. — Afinal, você é a mãe do meu filho e,
apesar da condição ridícula que me impôs para voltar comigo, eu
não suportaria perdê-la. Prometa que vai me ligar assim que a
consulta terminar. Quero ter a certeza de que vocês estão bem.
— A minha condição não é ridícula, Ayaz. — Ralhei com ele.
— Só eu sei o que passei depois que me rejeitou. Nós estamos indo
apenas ao médico, o que poderia acontecer de ruim em uma
situação tão simples e corriqueira? — Sorri com carinho para aliviar
a tensão. — Nós estaremos bem, não se preocupe tanto.
Voltaremos em breve, prometo.
— Eu sei que é improvável, mas, nesse nosso mundo, tudo
pode acontecer e é sempre bom estar preparado para qualquer
situação. — Tocou meu rosto com afeto, ignorando a minha
resposta inicial. — Só quero que você e o nosso filho estejam
seguros e saudáveis. Vocês dois são as pessoas mais importantes
da minha vida.
— Tudo bem, Ayaz. E eu prometo que vou tomar todos os
cuidados necessários. Você pode confiar em mim.
— Eu sei disso e confio em você, Eda. Estarei esperando
ansioso pelo retorno dos dois.
— Voltando para casa, conto os detalhes sobre a consulta de
Can. — Sorri. — Até breve, Ayaz. Tudo vai dar certo. Estaremos de
volta antes que você perceba.
— Até breve, Eda.
Saí de casa com o meu filho, Leyla e mais dois seguranças.
Era cerca de nove horas da manhã quando todos entramos no
automóvel e seguimos em direção ao consultório, com o sorriso
travesso do meu bebê iluminando o meu coração. Mal sabia eu que
em questão de duas horas nossas, mais ou menos, nossas vidas
seriam viradas de cabeça para baixo.
A consulta correu bem e eu fiquei aliviada por Can estar
saudável e crescer feliz. Ele era o raio de sol da minha vida e nada
mais importava. Nós tínhamos acabado de sair do consultório e
estávamos retornando ao veículo com nossos seguranças quando a
atmosfera mudou. No momento em que o carro arrancou, um
automóvel preto surgiu atrás de nós e a rua se transformou em um
caos de buzinas e gritos. De repente, fomos cercados por vários
outros carros, que se aproximaram em alta velocidade. Então, eu e
os seguranças percebemos que se tratava de uma armadilha.
Os homens no carro preto não demoraram a mostrar seus
interesses: janelas foram baixadas e armas surgiram, apontadas em
nossa direção. Gritei em pânico, segurando Can em meus braços,
enquanto os seguranças de Ayaz tentavam manobrar para escapar,
mas era tarde demais. Os capangas de meu baba bloquearam a
estrada e saíram apontando suas armas para nós.
Tudo aconteceu tão rápido. Tiros foram disparados,
obrigando-me a abaixar, segurando meu filho junto ao meu peito; o
som dos vidros quebrando ecoou pelo interior do veículo. Um dos
seguranças foi atingido e o carro se chocou com um poste, parando
de forma abrupta.
Tentei manter a calma, mas meu coração estava acelerado
de medo pelo meu filho. Os homens armados ordenaram que todos
saíssem do carro e se rendessem. Eu sabia que não podia deixar
que nada acontecesse com Can, então decidi obedecer.
Em um instante, fomos arrancados do carro pelos homens
armados. Can chorava desesperado em meus braços e meu
coração estava a mil. Nós estávamos sendo levados como reféns,
minha visão obscurecida pela mão de um dos sequestradores.
— Eda, onde está Ayaz, o cruel? — O líder da emboscada,
que reconheci como sendo meu primo Hassan, rugiu com uma arma
pressionada contra minha têmpora.
— Eu não sei! — Gritei desesperada, respondendo com voz
trêmula. — Ele não veio conosco a consulta.
Os sequestradores não acreditaram em mim e o líder abriu o
gatilho da arma, disparando um tiro na direção do carro que ainda
estava preso ao poste. O som da explosão me fez estremecer.
Fomos empurrados para um automóvel diferente, enquanto
eu segurava Can com toda a minha força. Tentei não demonstrar
medo, meu coração martelando em meu peito. Eu sabia que nossa
única esperança era que Ayaz viesse nos resgatar. Meu filho e eu
éramos tudo o que importava agora - e eu faria qualquer coisa para
mantê-lo a salvo.
Naquele momento, percebi que minha única missão era
proteger Can. Tudo o que eu mais amava nesse mundo estava em
risco e não havia mais espaço para o pânico. Lutaria e enfrentaria o
desconhecido por ele. O que quer que estivesse reservado para
nós, estaríamos juntos e eu não permitiria que nada de ruim
acontecesse a ele.
Capítulo 35
Eu estava sentado em meu escritório, tentando descansar um
pouco e aguardando a chegada de Eda e Can, quando Leyla e um
dos meus homens, que havia ido ao médico com eles, entraram
correndo, em pânico, com os rostos pálidos e a respirações
aceleradas. Eu sabia que alguma coisa estava errada. O segurança
mal conseguia articular as palavras e meu coração se afundou na
antecipação do que estava por vir.
— Senhor Ayaz, precisamos conversar, temos más notícias
— disse ofegante. — Eda e Can foram capturados pelos homens de
Hilal Aydin. Fomos vítimas de uma emboscada.
O mundo desabou ao meu redor. O desespero inundou meu
peito, e por um momento, fiquei sem palavras. Eda e Can, minha
razão de viver, estavam em perigo. Eu não poderia permitir que
nada de mal acontecesse com eles.
Eu sabia que não podia perder tempo. Eda era a mulher que
eu amava e Can, o meu filho. Eu precisava resgatá-los. Recuperei a
voz, ordenando que todos os meus homens se reunissem de
imediato. Era hora de estudar a ação do inimigo e montar um plano
de resgate. Sabíamos que seria perigoso e que teríamos que ser
rápidos, mas estávamos dispostos a fazer qualquer coisa para tirar
os dois de lá.
— Senhor Ayaz, temos informações sobre o paradeiro deles
— disse Farid com urgência, adentrando de súbito o meu escritório.
— Eles estão sendo mantidos em um armazém abandonado na
periferia da cidade, o mesmo onde prenderam seu tio Zeki.
Olhei para meus homens com determinação, meus olhos
refletiram a fúria e a preocupação que eu sentia.
— Vamos trazê-los de volta a qualquer custo — ordenei com
voz firme.
Nosso plano estava em ação. Um pequeno exército de
homens bem treinados se reuniu em torno de mim e partimos para o
armazém abandonado. O combate seria rápido e intenso.
Assim que chegamos ao local, a peleja começou. Nós nos
dividimos em grupos e fomos atrás dos sequestradores. Lutamos
contra eles, disparando tiros, cujos barulhos ecoavam pelo local;
lançando granadas de gás lacrimogêneo, invadimos o armazém. A
tensão estava no limite. Houve muita perseguição, tiroteio e
explosões. Era como se estivéssemos em um filme de ação. Eda e
Can estavam lá, em algum lugar, e não descansaríamos até
encontrá-los.
Finalmente, chegamos ao local onde minha família estava
sendo mantida. Minha mulher se encontrava amordaçada, algemada
e assustada. A sensação de tê-los em meus braços mais uma vez
foi indescritível. Beijei o rostinho de Can, minha voz embargada de
emoção.
A mãe do meu filho estava apreensiva, mas com um sorriso
aliviado nos lábios.
— Ayaz, eu sabia que viria. — Sua voz estava repleta de
gratidão. — Você veio nos salvar.
— Eu vou levar vocês dois de volta para casa, meu amor.
Mas a tragédia ainda estava à espreita e algo inesperado
aconteceu assim que consegui desamarrá-la, enquanto fugíamos do
armazém, Hilal Ayadin, baba de Eda - e da facção inimiga - e líder
dos sequestradores, apareceu. Ele apontou uma arma para mim, o
ódio evidente em seus olhos. O momento se desenrolou em câmera
lenta e eu me preparei para o pior.
Antes que ele pudesse atirar, Eda, que estava ao meu lado,
se jogou na minha frente, levando o tiro que era destinado a mim. O
impacto da bala atingiu-me como um soco no estômago. A dor que
senti naquele momento foi indescritível.
Foi aí que tudo parou.
Eu não conseguia acreditar no que tinha acontecido.
Eda estava ferida e eu não sabia o que fazer.
Um dos homens presentes no barracão, não sei se da minha
organização ou da facção inimiga, foi rápido o suficiente e
conseguiu acertar a cabeça de Hilal Aydin, um tiro certeiro que tirou
sua vida na mesma hora e seus homens bateram em retirada, de
maneira covarde, assim que aconteceu.
Eda caiu no chão, sangrando, e eu me ajoelhei ao seu lado,
minha voz vacilando.
— Eda, não, por favor... — Gritei, desesperado.
Mas ela apenas falou com voz fraca e repleta de ternura,
seus olhos cheios de amor.
— Cuide de nosso filho... e peça perdão por mim. Diga a ele
que fiz tudo o que eu podia para ficar para sempre ao lado dele,
mas o destino não quis assim.
Ela fechou os olhos, deixando um vazio de dor em seu lugar
e meu mundo desabou mais uma vez. A mulher que eu amava, que
tinha arriscado sua própria vida por mim, estava agora gravemente
ferida. Eu a abracei, sentindo a dor avassaladora de perdê-la. Ela
havia se sacrificado para me salvar e agora era minha vez de
proteger nosso filho e tentar salvar sua vida que parecia estar por
um fio.
Capítulo 36
Eu não era um homem de muitas palavras. Na verdade,
gostava de acreditar que minhas ações falavam por mim, mas
hoje... eu tinha muito o que dizer. Não havia como negar o
desespero. Eda levou um tiro em meu lugar. Nunca pensei que
alguém pudesse amar tanto outra pessoa a ponto de arriscar a
própria vida. Mas ela o fez. E agora, aqui estou eu, correndo com
ela mais uma vez para UTI improvisada em minha casa.
— Murat, escute com atenção, preciso que você faça algo por
mim agora — falei com urgência. — Estou indo com Eda e Can para
casa nesse exato momento.
— Sim, Ayaz. Aconteceu alguma coisa com Eda?
— A operação de resgate deu errado e ela levou um tiro;
sofreu um ferimento muito grave e precisa de um médico de
confiança. Necessito que você encontre o doutor Tabor e o avise da
situação. Diga a ele que é uma emergência, que Eda foi baleada.
Peça para que ele vá para a mansão o mais rápido possível salvar a
vida dela.
— Entendido — respondeu, compreendendo a gravidade da
situação. — Fique calmo, tudo dará certo. Desejo que tudo corra
bem.
— Obrigado, Murat. Eu confio em você para cuidar disso
enquanto eu cuido da minha família — acrescentei com gratidão. —
Agora vou correndo para casa, precisamos chegar o mais rápido
possível porque ela está perdendo muito sangue. Eles são tudo o
que tenho e não posso perdê-los. Certifique-se de que o médico
esteja preparado para recebê-los.
— Vou cuidar de tudo. Estaremos prontos quando vocês
chegarem.
Com isso, coloquei o corpo desfalecido de Eda no bando de
trás do meu carro e meu filho no bebê conforto, no banco do carona,
e parti em alta velocidade em direção à mansão, com o coração
pesado e a esperança de que o doutor Tabor pudesse salvar a vida
dela. O tempo era crucial e eu faria de tudo para proteger a minha
família. Enquanto corria a toda velocidade, eu conversava com ela,
que não me ouvia, nem respondia, mas mesmo assim eu precisava
abrir meu coração.
— Eda, por favor, aguente firme! Eu sei que dói, mas eu
preciso que fique comigo. Não se preocupe, vou cuidar de você.
[Silêncio]
— Eu só queria ter levado o tiro no seu lugar. Eu não
suportarei te perder. Você é tudo para mim, meu amor!
[Mais Silêncio]
— Eu sei que está lutando; você é forte. É a pessoa mais
corajosa que eu já conheci. E eu prometo que vou estar aqui
contigo, não importa o que aconteça.
[Um silêncio ensurdecedor]
— Eu te amo, Eda; mais do que tudo nesse mundo. Por favor,
não me deixe. Eu preciso de você.
[De ensurdecedor, o silêncio passou para desesperador]
— Eu prometo que tudo vai ficar bem. Vamos sair juntos
dessa. Eu só preciso que você aguente firme. Por favor, minha
vida... aguente firme.
No interior do carro, com Eda frágil e ferida deitada no banco
de trás, eu dirigia desesperado, com lágrimas nos olhos, em direção
a minha casa.
— Eda, por favor, não me deixe. — Implorei com voz trêmula.
— Você é a minha vida. — Solucei. — Suporte a dor, minha vida. Eu
sei que está sofrendo, mas vamos chegar à mansão logo. O doutor
Tabor vai cuidar de você e tudo vai ficar bem, eu prometo.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto, enquanto o carro
zunia pelas ruas, cada obstáculo parecendo uma eternidade. Eda
permanecia inconsciente, seu corpo imóvel deitado no banco de
trás. Enquanto Can parecia entender a gravidade da situação e
seguia quietinho no seu bebê conforto, no banco do carona ao meu
lado.
— Você é forte, Eda — balbuciei com a voz embargada. —
Lute por nós, por mim, por nosso filho. Não deixe nada nos separar.
— Respirei fundo. — Por favor, volte para mim. Nosso filho precisa
de você... Eu preciso de você.
As palavras saíam de mim como uma prece, como se o poder
da minha voz pudesse trazê-la de volta. O rádio do carro sussurrava
uma canção suave, mas tudo o que eu conseguia ouvir era o som
do meu coração partido enquanto eu continuava a rogar para que
Eda aguentasse firme, porque, no fundo do meu ser, eu sabia que o
nosso amor poderia superar qualquer obstáculo.
Assim que cheguei à mansão Yavuz, olhei para o relógio,
ansioso, esperando que o médico já estivesse lá a nossa espera.
Enquanto a retiravam do banco traseiro do meu carro, abracei meu
filho e fechei os olhos por um momento, orando em silencio,
esperando que, de alguma forma, minhas preces fossem atendidas
e Eda pudesse se recuperar.
— Por favor, doutor Tabor, faça tudo o que for preciso —
disse com urgência. — Salve Eda. Ela é a minha razão de viver. Ela
é o amor da minha vida.
Eu andava de um lado para o outro na sala de estar da minha
casa, com a expressão preocupada e meu coração acelerado.
Por que ela fez isso?
Por que Eda tomou o tiro por mim?
Lembrava-me com clareza do momento em que tudo
aconteceu. Sentia-me impotente, sem saber o que fazer. Culpava-
me por não ter sido rápido o suficiente para impedi-la e nem ter
conseguido protegê-la.
Ela sempre foi muito forte, corajosa e altruísta.
Sentei-me em uma das poltronas ao lado de minha mãe e
fechei os olhos por um momento. Eu sabia que precisa manter a
calma, mas não conseguia evitar as lágrimas.
Por favor, deixe que ela fique bem - implorei em silêncio.
Eu não sabia mais o que faria sem ela.
Depois de um tempo, que mais pareceu uma eternidade, o
médico apareceu e me informou que Eda estava fora de perigo. Eu
não consegui conter a emoção e o abracei.
— Obrigado, muito obrigado! — disse aliviado. — Eu devo
tudo a ela. Eda salvou a minha vida. — Sorri para mim mesmo, feliz
por saber que meu amor estava em segurança.
— Só tem um detalhe, Ayaz: Eda entrou em um estado de
coma profundo, resultado do trauma que sofreu. E nós não temos
como prever quando ela acordará e nem se isso um dia vai
acontecer.
Meu mundo caiu pela segunda vez naquele dia.
Ela estava em coma há algum tempo, mas eu não perdia a
esperança. Conversava com ela todos os dias, implorando para que
não morresse. Meu filho e eu precisávamos dela, de sentir seu
toque, ouvir sua voz e ver seu sorriso de novo.
Eda era uma guerreira, sempre foi. Era forte, corajosa e
determinada. Amava a vida e tudo o que ela tinha a oferecer. Eu
nunca conheci alguém como ela. E agora, enquanto a via deitada na
cama, lutando pela vida, minha admiração por só crescia.
Eu confiava muito no doutor Tabor. Ele e sua equipe eram os
melhores da cidade e eu sabia que fariam tudo o que pudessem
para salvá-la. Porém, no final do dia, tudo o que eu podia fazer era
esperar. Até aprendi a rezar.
Eu nunca fui um homem religioso, mas agora... bem, minhas
orações eram constantes. Eu orava para que Eda acordasse e
voltasse para nós. Para que ela se recuperasse por completo e
pudéssemos continuar nossa vida juntos.
Eu não sabia o que o futuro nos reservava, mas tinha certeza
de que faria tudo o que estivesse ao meu alcance para manter Eda
e nosso filho seguros e felizes. E enquanto ela lutava por sua vida,
eu estaria aqui, ao seu lado, lutando com ela.
O estrondo da bala ecoando como um grito distante, era um
som que se perpetuaria em minha mente para sempre. Minha
respiração tornou-se um arfar errático e meu coração martelava no
peito, como se quisesse escapar daquela angústia que se abatia
sobre mim toda vez que me lembrava da cena. O mundo ao meu
redor desacelerava, tornando-se uma massa borrada.
A imagem de Eda caída no chão, sua blusa branca
manchada de vermelho e seus olhos, que fitavam o vazio, era uma
lembrança triste que não me abandonava. Ela tinha levado aquele
tiro em meu lugar, protegendo-me com coragem inabalável.
Aquele quarto agora abrigava nosso pesadelo particular, com
aparelhos médicos e monitores que piscavam sem parar. Eda
estava na cama, conectada a tubos e fios. Dias se arrastavam como
anos naquele cômodo. A mulher que eu amava estava em coma
profundo, e eu permanecia ao seu lado a cada minuto. A pele dela
estava pálida e frágil, seu rosto tão sereno, como se estivesse
apenas dormindo. Eu segurava sua mão com firmeza, como se
minha vida dependesse disso, porque dependia.
Conversava com ela todos os dias, sussurrando palavras de
esperança, lembranças felizes e juras de amor eterno. Contei-lhe
sobre nosso filho, o bebê que crescia mais a cada dia, e como ele
precisava dela, assim como eu. Prometi que faríamos de tudo para
que nossa família fosse feliz, que criaríamos nosso Can juntos, que
ele ouviria as histórias de sua coragem e determinação.
A cada batida do coração dela que ecoava nos monitores, o
meu se enchia de esperança. Implorava para que ela acordasse,
para que me ouvisse, para que soubesse o quanto eu a amava e
precisava dela. Às vezes, minhas palavras eram interrompidas por
lágrimas silenciosas que escorriam por meu rosto, mas eu nunca
desistia.
Os médicos nos disseram que o coma era resultado do
trauma e que não poderiam prever quando ela acordaria, se isso um
dia aconteceria. Mas eu sabia que o nosso amor era mais forte do
que qualquer diagnóstico médico.
Dia após dia, eu me sentava ao lado dela, compartilhando
nossos segredos e sonhos. Às vezes, cantava suas músicas
favoritas, sussurrando as letras como um mantra. A esperança e a
dor se misturavam em meu coração, mas eu nunca deixava a
escuridão me dominar. Não quando nossa família dependia disso.
A cada novo amanhecer, eu olhava para Eda e orava para
que aquele fosse o dia em que seus olhos se abririam, que sua voz
doce voltaria a encher a casa. Até lá, eu continuaria a conversar
com ela, a implorar para que não morresse, porque ela era o meu
mundo, e nosso filho precisava dela tanto quanto eu. O amor, o
tempo e a esperança eram minhas armas e eu estava disposto a
lutar com todas as forças para tê-la de volta.
— Eda, meu amor... — falei com voz trêmula. — Olha só,
Can está aqui. Ele é tão pequeno, tão indefeso e precisa tanto da
mãe dele. Você é a luz das nossas vidas. — Engoli em seco. — Por
favor, não nos deixe.
Can balbuciou em meus braços, enquanto eu acariciava com
suavidade a cabecinha dele.
— Você ouviu? — Indaguei com lágrimas nos olhos. — Ele
sentou sozinho pela primeira vez ontem, Eda. — Chorei em silêncio.
— Nós precisamos de você, da sua voz doce, do seu sorriso que
ilumina nossos dias.
Acariciei seu rosto pálido com cuidado e beijei sua testa.
— Você não pode partir, Eda. — Implorei em desespero. —
Pois é a minha vida, a minha razão de viver. Eu tenho tantos planos
e sonhos para nós dois e o nosso filho. — Olhei para Can. — Ele vai
crescer e precisa da mãe incrível que tem.
Can se mexeu em meus braços, como se estivesse
entendendo, respondendo e se juntando ao pai naquele apelo
desesperado.
— Eu prometo, Eda, que estarei aqui a cada passo do
caminho — acrescentei com determinação. — Vou cuidar de Can e
dar a ele todo o amor que tenho, mas você precisa estar aqui
conosco também. Nós precisamos de você. Segurei sua mão e a
apertei com carinho.
— Eu sei que pode ouvir minha voz, mesmo que esteja em
algum lugar profundo desse coma. — Acariciei seus cabelos com
amor. — Por favor, Eda, acorde por nós. Eu te amo mais do que as
palavras podem expressar e não posso imaginar a vida sem você.
Abaixei a cabeça, beijando a mão dela com suavidade e
continuei a acariciar Can, com a esperança de que minhas palavras
alcançassem o coração dela e a trouxessem de volta para nós.
Capítulo 37
Depois de tanto tempo, após um longo e profundo mergulho
na escuridão, eu comecei a emergir e abri meus olhos. A
consciência retornou de maneira gradual, como a luz do amanhecer
invadindo um quarto escuro. Tentei mover minhas mãos, minhas
pernas, mas tudo parecia pesado e desconectado. Tentei falar, mas
minha voz saiu rouca e fraca. Chamei por Ayaz e Can, logo senti o
toque quente das mãos dele nas minhas.
— Ayaz... — sussurrei.
Meu coração deu um salto, tornei a abrir meus olhos com
lentidão. Vi o rosto dele, que estava ali, ao meu lado, segurando
minha mão com uma expressão de felicidade e lágrimas nos seus
olhos úmidos e vermelhos de emoção. Ele segurava nosso filho
Can, que me olhava com curiosidade. Meu peito se abriu com
ternura. Eu não acreditava que estava viva e que enfim tinha
acordado.
— Eda, minha única, você acordou! — falou com voz
embargada.
Minhas mãos trêmulas se estenderam em sua direção, ele
colocou Can no berço e me tocou, senti o calor reconfortante de sua
pele contra a minha.
— Ayaz... — Repeti seu nome com voz fraca.
— Eu estava com tanto medo de te perder, Eda — disse com
lágrimas nos olhos. — Tentei ser forte, por você e por Can. Mas a
cada dia que você estava nesse coma, meu coração se partia um
pouco mais.
Eu não consegui dizer uma palavra, mas minha expressão
dizia tudo. Meu olhar se perdeu naqueles olhos castanhos que eu
tanto amava, e um sorriso fraco curvou meus lábios.
— Eu senti você, Ayaz, mesmo no coma — afirmei com
carinho. — O calor das suas mãos, o toque suave de Can. Nunca
quis deixar vocês, que são tudo para mim.
— E você é tudo para nós, Eda! — Exclamou com gratidão.
— Agora que está de volta, Can vai poder crescer, ouvindo histórias
suas, sabendo o quanto o ama. Eu nunca deixei que ele se
esquecesse da mãe.
Ayaz contou tudo o que havia acontecido durante os meses
em que eu estive inconsciente. Meu pai havia morrido durante a
ação do meu resgate, mas eu não podia deixar de me sentir grata
por estar viva. Alguns rumores diziam que ele havia sido
assassinado por alguém da minha própria família, querendo assumir
o poder da organização, mas o pai do meu filho me convenceu a
deixar isso para lá. Eu não fazia mais parte daquela família desde
que Can nasceu, tornando-me parte da vida de Ayaz.
— Então, meu baba... ele... — Mesmo depois de tudo o que
meu pai me fez passar, senti tristeza por ele.
— Ele não resistiu, Eda — falou com pesar, por perceber
como eu estava me sentindo. — Durante a ação do seu resgate,
após ter baleado você, algo deu errado para ele, que acabou
levando um tiro certeiro na cabeça. Alguns dizem que pode ter sido
alguém ligado a mim, mas também há rumores sobre seu próprio tio
ou alguém da facção dele em busca de poder. A verdade é que ele
se foi.
— Meu pai... — pronunciei com a voz embargada.
— Eu sei que é difícil, Eda, mas ele teve o que mereceu. E
você não pertence e já não pertencia mais àquela família. Agora faz
parte da minha vida... da nossa família. Você agora é uma Yavuz —
completou com compaixão.
Silêncio caiu sobre nós por um momento, mas foi algo
carregado de significado, de promessas de amor e apoio.

Passaram-se alguns dias, eu havia recebido alta e já me


encontrava restabelecida. Foi então que Ayaz me chamou para uma
conversa em seu quarto. Eu não sabia o que esperar, mas quando
cheguei, vi que ele estava de joelhos diante de mim, algo que jamais
imaginei ver, pedindo perdão por tudo o que havia me feito passar
no passado. Meu coração se encheu de surpresa.
— Eda, minha única, minha vida, eu não posso apagar o
passado, nem as besteiras que fiz... — pronunciou com humildade.
— Sinto e me arrependo muito de cada erro que cometi. Peço
perdão por cada dor que lhe causei, por ter rejeitado você e o nosso
filho, duvidado do seu amor e sinceridade e não ter acreditado em
suas palavras. Eu estava errado, cego, consumido por egoísmo e
soberba.
Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Ayaz, o cruel, havia se despido de seu orgulho e estava me pedindo
perdão, eu mal podia conter a emoção que sentia. Lágrimas
escorreram dos meus olhos e me ajoelhei ao seu lado.
— Ayaz, eu nunca esperei ouvir isso de você, mas eu aceito
suas desculpas. A vida é feita de erros e acertos — falei com amor
— Eu também não sou perfeita e errei. Eu já lhe perdoei, muito
antes disso tudo. O que importa é o presente e o futuro; quero
construir nossa história, nós três, juntos. Agora, mais do que nunca,
temos que trabalhar juntos para criar nosso filho e seguir em frente.
Senti um grande peso sair dos meus ombros.
Nossos olhos se encontraram e ele me puxou para junto de
seu corpo másculo, abraçou-me com força e beijou-me com desejo.
O meu tesão se avolumou quando ele me colocou sentada sobre a
mesa de cabeceira e abriu minhas pernas, apossando-se do meu
corpo e roçando sua ereção em mim.
Ayaz arrastou os dentes pelo meu pescoço, ao mesmo tempo
que puxava minha calça para baixo, junto com a calcinha e em
seguida se livrou da minha blusa. Agarrei-me a ele, enlaçando
minhas pernas na sua cintura, permitindo que ele me pegasse no
colo, passando em seguida as mãos na minha bunda.
Afundei meus dedos em seus cabelos castanhos escuros,
deliciando-me com a sensação de maciez. Ele voltou a me beijar de
forma mais possessiva, nossas línguas se provocando, instigando
dentro de nossas bocas em uma dança sensual e profunda.
Deitou-me na beirada da cama e retirou toda a sua roupa,
liberando e exibindo seu pau perfeito e viril. Gemi, gritei e puxei
seus fios quando avançou para cima de mim e afundou a boca na
minha bocetinha.
— Ah! Ayaz! — Implorei sem saber ao certo pelo que estava
pedindo, sentindo todo o meu corpo tomado por uma avalanche de
sensações extasiantes.
Eu não tinha mais o controle sobre mim e minhas ações.
Meus quadris criaram vida própria e se movimentavam de encontro
ao corpo de Ayaz, enquanto ele me chupava gostoso e me
fragmentava em espasmos profundos.
Sem resistir, gozei, contorcendo todo o meu corpo e sentindo
a força avassaladora do meu orgasmo varrer todas as minhas veias.
Ayaz, sem perder mais tempo, sugou meu seio e enquanto
me tocava com luxúria, penetrou-me de uma só vez, afundando-se
com tudo em mim, fazendo meu corpo submergir sobre o colchão.
Eu me abri mais, proporcionando liberdade de movimentos,
enquanto ele, de forma implacável, entrava e saía de mim e eu
rebolava de encontro ao seu corpo. Puta merda! Do nada começou
a desferir estocadas fundas e firmes, enquanto me apalpava com
vontade. Acelerou um pouco mais os movimentos, fazendo-me
ofegar.
— Ah, Allah! — Gemi alto quando senti a segunda onda
quente de orgasmo varrer todo o meu corpo através de cada
terminação nervosa existente nele.
— Porra, Eda! — Rosnou forte, com sua respiração ofegante,
até que o último espasmo abandonou todo o seu corpo, amolecendo
seus músculos.
Desmoronou satisfeito sobre mim e me puxou em seguida
para os seus braços, acariciando minhas costas até eu adormecer.
Não trocamos mais nenhuma palavra um com o outro, não havia
necessidade. Tudo o que importava já havia sido dito.
E assim, o tempo nos deu uma segunda chance e, naquele
momento, nós a agarramos com força, certos de escrever uma
história repleta de superações, perdão e um futuro brilhante com
nosso filho Can. Enfim, nossos corações estavam em paz, prontos
para viver um amor verdadeiro e duradouro.
Capítulo 38
Fazia tempo que planejava essa surpresa para Eda, algo que
expressasse meu amor e meu desejo de começar uma nova etapa
de nossas vidas juntos. Eu me sentia nervoso, mas tinha certeza de
que queria passar o resto da minha vida com ela e estava
determinado a fazer o pedido naquela noite. Sabia que era a hora
certa e queria tornar este momento especial, inesquecível.
Pedi para minha mãe ajudar Leyla a cuidar de Can por uma
noite e ela aceitou com entusiasmo, sabendo que algo importante
estava para acontecer.
Meu coração batia forte. Eda estava linda em um vestido
longo, vermelho e com uma fenda lateral que deixava uma de suas
lindas pernas a mostra. Levei-a até o bar de minha família, onde
começou nossa história de amor. Eu sabia que o lugar perfeito para
propor casamento a ela seria onde nos conhecemos. Ficamos na
parte mais restrita, onde teríamos mais privacidade. Quando
chegamos, ela ficou surpresa com o que viu. Nossa mesa estava
decorada com velas e flores.
— Uau, quanta produção! — Exclamou com curiosidade. —
Ayaz, o que estamos fazendo aqui? Pensei que fôssemos em mais
uma daquelas reuniões chatas na casa de seu tio.
— Lembra-se deste lugar? — perguntei com carinho. — Foi
aqui que nossos caminhos se cruzaram pela primeira vez, onde tudo
começou.
— Sim, é claro que eu me lembro — respondeu nostálgica. —
Como eu poderia me esquecer? Parece que foi há uma eternidade.
Sentamo-nos em nossa mesa, pedimos nossos pratos
preferidos, e enquanto conversávamos, minhas mãos de forma
gentil encontraram as dela.
Durante o jantar, relembrei a primeira vez que a vi, de como a
achei bonita, mesmo chorando; inteligente, depois que começamos
a conversar e de como roubou meu coração. Falei, sem medo de
me declarar, que ela era a única mulher que eu havia amado em
toda a minha vida.
Eda ficou emocionada e feliz ao ouvir as minhas palavras.
Disse que também me amava muito e que queria passar o resto de
sua vida ao seu lado.
— Eda, desde o momento em que lhe conheci, minha vida
mudou de uma maneira que eu jamais poderia ter previsto. — Abri
meu coração com sinceridade. — Você trouxe luz, amor e felicidade
para o meu mundo e eu não quero mais uma vida sem você.
— Ayaz... — Sorriu com ternura.
Segurei sua mão, minhas atitudes ganhando mais confiança.
— Eu te amo mais do que palavras podem expressar —
continuei, com determinação — e quero passar o resto da minha
vida com você, enfrentando todos os desafios juntos, comemorando
cada vitória. Eu a quero fazer feliz, todos os dias.
— Ayaz! — Arregalou os olhos, surpresa.
Então me ajoelhei diante dela e tirei uma pequena caixa de
veludo de dentro da minha jaqueta, abrindo-a com cuidado,
revelando um belo anel de noivado.
— Eda, você aceita se casar comigo? — indaguei com um
sorriso bobo nos lábios.
Ela olhou para o anel, depois para mim e lágrimas de alegria
encheram seus olhos.
— Sim, Ayaz, eu aceito — respondeu com lágrimas de
emoção nos olhos. — Eu te amo mais do que tudo e quero passar o
resto da minha vida ao seu lado.
Deslizei o anel em seu dedo e nossos lábios se encontraram
em um beijo cheio de promessas. Não me restavam mais dúvidas,
eu sabia que tinha tomado a decisão certa. Estava feliz e aliviado
por ter pedido a mulher que amava em casamento. Nós estávamos
juntos, unidos pelo amor que sentíamos um pelo outro e nada
poderia nos separar.
Mas a surpresa não havia acabado por aí, depois do jantar,
levei Eda de volta para o apartamento que, no passado, nós
costumávamos chamar de "nosso cantinho".
— E daqui, você se recorda?
— Claro, Ayaz. — Sorriu. — Aqui nós compartilhamos
momentos muito especiais.
Convidei-a para se acomodar no sofá e me sentei ao seu
lado, com nossas mãos entrelaçadas.
— Os móveis são novos, porque eu meio que destruí tudo,
em um momento de raiva, quando nos separamos. — Encarei-a
com ternura. — Mas eu nunca tive coragem de me desfazer deste
apartamento... — acrescentei nostálgico. — Cada canto, cada
pedacinho dele, me trazia memórias de você.
— É um lugar muito especial para mim também, Ayaz, assim
como nosso amor.
— Eda, você é a razão pela qual este lugar é tão especial
para mim — declarei-me com toda a sinceridade do meu coração.
— Ele é o símbolo do nosso amor, das memórias que
compartilhamos. Por isso que tenho certeza de que não desejo mais
uma vida sem você. Quero que seja o meu futuro, minha esposa,
mãe dos meus filhos, não só de Can, mas de muitos outros que
virão. Vamos encher a mansão Yavuz de crianças. Eu quero passar
o resto da minha vida ao seu lado.
Avancei em sua direção, envolvendo-a em meus braços com
mãos afoitas e quentes e a beijei com fome e desespero, como se
sentir o seu gosto pudesse salvar minha vida. Nosso beijo intenso e
sensual ditava o ritmo para um ato cru, selvagem e instintivo.
Eu me apossei de seus seios ainda sob o vestido vermelho
que atiçava minha libido. Desgrudei nossos lábios só para arrancar
sua roupa e joguei no chão, fazendo-a arfar, vibrar e estremecer ao
meu toque.
— Ayaz — Gemeu meu nome, sem controle.
Emiti um rosnado rouco quando meus dedos cravaram em
sua carne. Suguei seus seios, segurando o bico entre meus dentes.
Arranquei sua calcinha e voltei a torturá-la, com mordidas e
chupadas em seus peitos. Minhas mãos a exploravam, passeando
por todos os lugares, excitando-a, levando-a loucura.
Ouvi-a resfolegar quando a palma da minha mão, afundou
entre suas pernas e envolveu sua bocetinha gostosa. Sentei-a no
sofá, ajoelhei-me a sua frente e comecei a distribuir beijos por todo
o seu corpo. Arfou quando afundei um dedo nela e a chupei como
se fosse a fruta mais saborosa do mundo.
Abri mais suas pernas e me posicionando entre elas, com
meu pau na sua entrada apertada, afundei-me nela sem encontrar
qualquer resistência. Movimentei-me de forma alucinada, entrei e
saí dela desferindo estocadas longas e profundas, firmes e fortes.
Nossos corpos sedentos e suados se chocavam de forma selvagem,
arrancando a minha capacidade de raciocinar.
— Olhe para mim, Eda. — Pedi alucinado. — Quero te ver
enlouquecer de prazer, minha única.
Nossos corpos se convulsionaram enroscados um ao outro e
nos afundamos em um orgasmo alucinado, juntos, ao mesmo
tempo, entorpecidos pelo prazer. Meu pau pulsava forte e intenso
dentro de sua boceta gostosa e quentinha.
Abraçados, vimos o mundo girar por alguns minutos, até nos
recuperarmos. Então, peguei-a em meu colo e a levei para o quarto.
A nossa noite especial estava só começando e a última coisa que
faríamos seria dormir.
Epílogo
Estava me preparando para o nosso casamento há meses.
Queria que tudo fosse perfeito e que Ayaz se sentisse o homem
mais feliz do mundo. Sabia que não tinha nada a temer, pois ele me
amava muito, mas, mesmo assim, me sentia ansiosa.
O grande dia havia chegado, aquele em que Ayaz e eu nos
casaríamos, unindo nossas vidas de vez em um compromisso
eterno. Enquanto eu me preparava, não consegui evitar o
nervosismo e a emoção que tomava conta de mim. Leyla e algumas
mulheres da família do meu noivo, que se tornaram minhas amigas,
me ajudaram a vestir meu lindo vestido de noiva, enquanto Ayaz, do
outro lado, deve ter enfrentado os mesmos sentimentos.
Foi inevitável pensar em Elif, minha prima em quem tanto
confiei em vão e que eu nunca mais havia visto. As últimas notícias
que tive dela foi que tinha sido obrigada a se casar com Yusuf, meu
ex-noivo arranjado, ocupando o meu lugar nas obrigações da
organização. Se ela não tivesse me traído de forma vil, com certeza
teria me ajudado a me preparar para o dia mais feliz de minha vida,
mas, enfim, ela tinha tido o castigo merecido. Tendo que pagar por
aquilo que tentou ajudar meu baba a me obrigar.
Minha mãe também não estava presente em meu
matrimônio, pois mesmo depois da morte de meu pai, continuou se
omitindo, e nunca mais me procurou, se preocupou comigo ou quis
conhecer o neto. Desapareceu sem deixar sinal. Dela nunca mais
eu soube nada. Mas não sentia falta, foi com os Yavuz que aprendi
o verdadeiro significado de família e isso me bastava.
O cenário estava perfeito. Um jardim encantado, com flores
vibrantes, um céu azul e um suave vento de verão. Convidados
ansiosos ocupavam suas cadeiras alinhadas ao longo do tapete
branco que se estendia até o altar, enquanto um piano suave tocava
uma melodia romântica.
À medida em que a cerimônia se aproximava, eu podia sentir
meu coração bater forte no peito. Minhas mãos tremiam e eu sabia
que era um sinal de que esse era o momento mais importante da
minha vida. Eu estava prestes a realizar um grande sonho: casar
com o homem que amava, com quem havia superado tantos
desafios e obstáculos. Enquanto eu me preparava, todas as
emoções se misturavam em meu coração. O nervosismo era
palpável, mas também a empolgação, a ansiedade e, acima de
tudo, o amor.
A música começou a tocar e o momento havia chegado.
Sozinha, caminhei até o altar, onde Ayaz esperava por mim, com um
sorriso iluminando no rosto. Quando ele me viu passar pelo corredor
enfeitado com pétalas de rosa, em meu vestido de noiva - adornado
com rendas e pérolas, brilhando com a luz suave das velas - ficou
encantado. Seus olhos estavam fixos em mim e eu podia ver o
amor, o desejo e a ansiedade em seu olhar. À medida que me
aproximava, seu sorriso se alargou e ele parecia ainda mais
deslumbrante do que nunca. Eu tive certeza de que era a mulher
mais sortuda do mundo. Quando, enfim, nos encontramos, ele
segurou minha mão com ternura e nos encaramos de maneira
profunda e cheia de cumplicidade.
— Você está tão linda, minha única — disse com a voz
tremendo de emoção.
— Você também está lindo, meu amor — respondi com um
sorriso estampado nos lábios.
O celebrante começou a cerimônia e as palavras de amor e
compromisso encheram o salão. Prometemos amar, respeitar e
cuidar um do outro pelo resto de nossas vidas. Nós nos encaramos
com intensidade e dissemos a palavra que mudaria nossas vidas
para sempre: sim. Beijamo-nos com paixão e fomos aplaudidos por
todos os presentes. Era um momento de alegria, de felicidade pura
e eu sabia que não poderia ser mais abençoada.
Então, mais tarde, na hora da dança dos noivos, sussurrei
algo no ouvido de Ayaz, uma coisa que eu sabia que o faria sorrir
ainda mais. Revelei que estava grávida de novo. Ele ficou
entusiasmado com a notícia e gritou para que os convidados
ouvissem. Seu rosto se iluminou de surpresa e alegria e ele olhou
para mim com um brilho especial nos olhos.
— Ei, pessoal! — Gritou empolgado. — Temos uma notícia
maravilhosa! Estamos grávidos de novo, em breve teremos um novo
membro na família!
Os convidados ao nosso redor ficaram surpresos e
emocionados com a notícia. Mais gritos de alegria e aplausos
ecoaram no salão, enquanto todos comemoravam conosco. Era o
começo de um novo capítulo em nossa jornada juntos, cheio de
amor, felicidade e a promessa de um futuro brilhante. Todos
comemoraram conosco e desejaram tudo de melhor para o futuro.
Para nós, aquele momento era perfeito. Estávamos casados
e tínhamos outro filho a caminho. Sabíamos que teríamos muitos
desafios pela frente, mas também que estaríamos juntos para
enfrentá-los. Dançamos a noite toda, felizes e apaixonados.
O dia do nosso casamento foi mais do que um sonho tornado
realidade. Foi a celebração do nosso amor, da nossa união e da
nova vida que estávamos prestes a começar. Ayaz e eu fomos
cercados pelo amor e apoio de nossos amigos e familiares, sabendo
que, independente dos desafios que a vida nos reservava,
estaríamos sempre juntos, enfrentando tudo de mãos dadas.
Nosso casamento não foi apenas o início de uma jornada a
dois, mas também o começo de uma nova família, de novos sonhos
e de um amor que continuaria a crescer. Era um momento de alegria
e comemoração, que nunca esqueceríamos.
Agradecimentos

A Deus, minha fonte de fé e inspiração para criar e


escrever lindas história e por ter me dado a graça de me realizar na
carreira literária.
Obrigada, José Carlos (meu marido), D. Dorva (minha
mãe), minhas três queridas irmãs, meus amados sobrinhos e
sobrinhas e aos meus cunhados, pelo apoio incondicional que
sempre deram à minha carreira de escritora. Minha família, além de
linda, é demais!
A Ebervânia Maria (Bebel), minha revisora inseparável,
pela revisão impecável de mais um original. Sempre disposta a me
atender, mesmo quando eu a procuro em cima da hora. Eu não sei o
que seria de mim sem ela. Não troco ela por nada. (risos)
A Grazi e Carlinha da KF Assessoria por estarem sempre ao
meu lado em meus lançamentos e me ajudarem em tudo o que
preciso.
Ao querido Dennis Romualdo por essa capa perfeita! Nem
tenho palavras para descrevê-la, só sei que fiquei #inlove com ela
desde o primeiro momento que a vi.
A todos os meus IGs e blogs literários parceiros, muito
obrigada por sempre prestigiarem e divulgarem os meus livros.
A todos os meus leitores e leitoras, por me acompanham a
tanto tempo, pelas mensagens de carinho recebidas, por lerem
meus livros e acreditarem em minhas histórias. Acima de tudo,
vocês se tornaram grandes e verdadeiros amigos. Vocês são
demais e eu amo vocês!
Um beijo no coração de
cada um,
Cris
Barbosa.
Sobre a autora

Cris Barbosa, esposa dedicada, escorpiana, 51 anos, cirurgiã


dentista há 29.
Formada na Faculdade de Odontologia da Fundação
Educacional de Barretos.
Nascida no dia 8 de novembro de 1971, em Ituverava, interior
de São Paulo e, hoje, reside em Ribeirão Preto, no mesmo estado.
Escrever é sua maior paixão!
Exerce sua profissão como responsável técnico em uma
clínica odontológica e hoje, depois de um longo período, já
consegue se dedicar mais tempo aos livros e a escrita.
Autora de 18 e-books, 7 deles em físico: “Uma Incontrolável
Atração”, "O Último golpe do amor", “Perdendo o medo de amar, “O
bebê de um ‘EX’ solteiro convicto”, “O Viúvo e eu – Uma chance
para recomeçar”, “Apenas por conveniência?”, “Subitamente
Grávida: Uma noite com o CEO”, “Pai Solo: a filha do meu vizinho”,
“Refém da Vaidade: O pecado do CEO”, “O pai do meu bebê é um
Sheik”, “A redenção do CEO”, “Minha esposa por contrato”, O filho
escondido do magnata turco e dos contos “O dia do meu
casamento”, “Não sei quando vou voltar”, “Você em mim”, “Paixão
em um click”, e “Refém da vaidade”, todos publicados em
Antologias.
Autora também de “De repente namorados” e “As Aparências
Enganam”, que contam a história completa dos protagonistas
Bernard e Valentine e que foram retirados da Amazon para serem
publicados em um só livro: “TOUCHDOWN: a virgem e o
quarterback”. De “Os opostos se atraem”, que contam a linda
história de amor e superação de Harold e Melanie, também retirado
da Amazon para ser publicado com o novo título de “FIELD GOAL: a
cheerleader e o jogador nerd”. “Quem desdenha quer comprar”, que,
da mesma forma que os anteriores, foi retirado da Amazon e se
tornou essa linda história com o novo título de “Rejeitada pelo
Cowboy”, que ganhou um spin-off, o conto “Um desejo de Natal”, “A
força da paixão”, que igualmente aos outros, foi retirado da Amazon
pela Editora Qualis e publicado por mim de forma independente com
o novo título de “A filha que ele não conhecia”. E enfim, “O bebê
rejeitado do mafioso turco”, seu mais novo lançamento e primeiro
livro no universo da máfia. Espero que gostem!

*Banner by A&Z – Livros e Divulgações


Nota da Autora

Caro leitor,
Gostou do meu novo e-book??
Nem acredito que já escrevi tantos e ainda tenho muitas
histórias para contar!
Não esqueça de deixar seu feedback, através da sua
avaliação sincera, porque ele é muito importante para nós autores.
E aproveite a oportunidade para indicar a leitura para os seus
amigos.
Beijos no coração,
Cris Barbosa .
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Leia Também
Sinopse

Publicado anteriormente como “A força da paixão” por Cris


Barbosa pela Editora Qualis.

Age Gap + Gravidez inesperada + reencontro + redenção


+ second chance + criança fofa + ele vai descobrir que tem uma
filha que ele nem sabia que existia.

Sinopse:
Marcelo Moreno é um jovem jornalista e escritor renomado,
rico, lindo e envolvente, que está de partida para o exterior, onde
permanecerá por alguns meses, vivendo uma das maiores
experiências profissionais de sua vida e que servirá para consolidar
de vez a sua carreira.
Sofia Bulhões é uma jovem que acabou de se formar em
jornalismo e que está muito triste e fragilizada pelo término do seu
relacionamento de longa data. Ela não encontrava em seu noivo o
apoio pessoal e profissional que esperava após a sua graduação.
Os dois se conhecem em um congresso de jornalismo em
São Paulo e passam uma semana maravilhosa juntos. Ao final
desse tempo, Marcelo vai para Londres e Sofia volta para casa,
resolvidos a continuar namorando. Porém, como relacionamento a
distância não é nada fácil, logo começam a aparecer os impasses,
contratempos e imprevistos e eles acabam se separando.
Três anos depois, Marcelo está de volta ao Brasil e os dois se
reencontram no lançamento de um dos seus livros. Novos encontros
ao acaso acontecem e os sentimentos adormecidos entre eles
voltam a se aflorar, fazendo com que ele também se encante pela
filhinha dela de apenas dois aninhos, sem saber que é o verdadeiro
pai da criança. O que acontecerá quando ele descobrir a verdade?
O que o destino reserva para os três?

*Conteúdo Adulto +18.


**História totalmente remodelada, com alterações no texto e
cenas extras.
***Apesar de não ser um livro dark, certos assuntos
abordados na história podem desencadear gatilhos em algumas
pessoas.
Capítulo 1

Sofia...

— Sofia, eu não acredito que você vai insistir nessa história


sem sentido de ir a esse congresso? — João Luís, meu noivo,
alterou o tom de voz, nervoso comigo.
— O que tem de mais em eu ir? — perguntei incrédula — Eu
me formei no ano passado, na melhor faculdade de jornalismo do
país, é a minha profissão.
— Você se formou porque quis, não precisa trabalhar —
argumentou — Aos trinta anos de idade, eu já sou um empresário
bem-sucedido, tomo conta dos negócios da família, tenho dinheiro
mais do que suficiente para levarmos uma vida confortável. Vamos
nos casar em breve e você não vai precisar exercer a sua profissão.
— É tão difícil para você entender que eu não fiz faculdade só
por fazer? — perguntei exaltada — Eu quero e vou sim trabalhar na
profissão que escolhi, não quero passar a minha vida inteira
dependendo de marido.
— Isso nós veremos. — Encarou-me com um olhar desafiador
— Tenho certeza de que seu pai vai concordar comigo e
discutiremos isso após o casamento. — Sorriu com cinismo — Se
você quer tanto continuar brincando de ser jornalista, pode ir a esse
congresso. Mas já vou avisando que está tudo acabado entre nós e
que não vou com você, pois tenho uma viagem importante de
negócios na mesma semana. Portanto, vá sozinha e não conte
comigo para mais nada. — Voltou a sorrir com escárnio, enquanto
caminhava até a porta da minha casa. — Agora, se me dá licença,
eu preciso ir. Tenho uma reunião importante daqui a pouco no
escritório. — Saiu, batendo a porta, depois de ter colocado um fim
em nosso noivado, sem me dar o direito de resposta.
Era sempre assim, João Luís, meu noivo - ou ex, sei lá - nunca
me dava apoio e nem se interessava por nada que dissesse respeito
ao meu sonho de ser uma jornalista renomada. Muito pelo contrário,
criticava e dizia que era perda de tempo. Mas eu não iria desistir e
continuaria lutando. Se ele não queria me acompanhar, eu daria um
jeito de ir sozinha.
Nossas famílias eram amigas de longa data e eu conhecia
João desde criança, ele era sete anos mais velho do que eu. Sabe
aquela paixonite de criança pelo irmão mais velho da melhor amiga?
Pois é, foi o que aconteceu comigo. Ele não dava muita atenção
para mim e me achava uma pirralha. Mas o tempo passou e eu me
transformei em uma linda mulher, que conseguiu despertar o
interesse do príncipe encantado. Começamos a namorar quando eu
tinha dezoito anos e ele vinte e cinco, nosso noivado aconteceu há
aproximadamente um ano, após eu terminar a faculdade.
No início de nosso namoro, ele era completamente diferente,
um homem amoroso e super carinhoso. Fazíamos planos para o
futuro, inclusive sobre a minha vida profissional. Mas, após seu pai
ter sofrido um acidente vascular cerebral, que lhe deixou com muitas
sequelas, João teve que assumir sozinho os negócios da família,
pois era o filho mais velho, e começou a mudar. Tornou-se um
homem arrogante, sem paciência, esnobe e, até mesmo, machista.
Infelizmente, deixou de apoiar os meus sonhos. Ou, vai ver que ele
sempre foi assim e eu, por ser tão apaixonada, ainda não havia me
dado conta disso. É difícil saber qual a verdadeira opção.
Vocês devem estar se perguntando por que eu não coloquei
um ponto final no nosso relacionamento e deixei que o noivado
acontecesse. Simples, ele foi meu primeiro e único namorado, sinto
que ainda gosto dele, apesar de, às vezes, me pegar pensando se
eu não estaria apenas acomodada ao seu lado. E, por fim, porque
prefiro acreditar que a mudança dele aconteceu devido ao acúmulo
de maiores responsabilidades nos negócios da família e que, após
esse período de adaptação, ele voltará a ser como antes. O pior era
que o tempo ia passando e ele continuava na mesma. Será que
estava tentando justificá-lo e com isso enganando a mim mesma?
Capítulo 2

Sofia...

Desde quando fiquei sabendo que na cidade de São Paulo,


durante uma semana, aconteceria mais uma edição do Congresso
Internacional de Jornalismo Investigativo, um dos maiores da
América Latina, não tive dúvidas de que queria participar e comecei
a procurar meios de ir. Esse ano eu não perderia essa oportunidade
por nada nesse mundo, diferentemente do que acontecera no ano
anterior. Dessa vez, eu iria com ou sem a aprovação de João Luís,
que a essa altura eu já não sabia mais se era meu noivo ou ex.
Mesmo triste e fragilizada com a recusa dele em me
acompanhar e com o fato de dizer que estava tudo acabado entre
nós, entrei em contato com uma amiga muito querida, da época da
faculdade, chamada Eliana, que se formou comigo. Ela iria ao
congresso e se ofereceu para dividirmos o quarto de hotel e ainda
afirmou que me apresentaria a um amigo, jornalista e escritor
renomado, muito bem relacionado e que iria ajudá-la a conseguir
alguns contatos com pessoas importantes da área. Sendo assim,
ele poderia fazer o mesmo por mim. Aceitei sem pestanejar.
Não voltei mais a falar com João Luís nos dias que
precederam a minha viagem e ele também não perguntou mais
nada a respeito e nem me procurou. Parecia mesmo disposto a
manter sua palavra e o fim de nosso noivado. Um dia antes de ir
viajar a trabalho, como havia me dito que faria, ele apareceu do
nada em minha casa para se despedir. Quando viu minhas malas
prontas sobre a cama, discutimos novamente. Acho que por eu não
ter falado mais sobre o congresso, ele pensou que eu havia
desistido de ir. Estava inconformado, mas eu não deixaria que suas
palavras e ameaças me intimidassem. Eu iria ao congresso e ponto
final. No fim, ele nem se despediu direito de mim e foi embora
brigado e emburrado comigo, reiterando mais uma vez que se eu
fosse, nem precisava procurá-lo quando voltasse, pois nosso
noivado estava terminado.
No dia seguinte, ignorei as indiretas do meu pai, que insistia
em dizer que eu estava colocando tudo a perder, correndo o risco de
ter meu noivado desfeito, e a cara emburrada de minha mãe. Mal
sabiam eles que João havia me dado um ultimato e se estava
realmente falando sério como eu imaginava, já havia colocado um
ponto final em nosso relacionamento. Fui de táxi até o aeroporto
porque os dois se negaram a me levar até lá e peguei um voo rumo
a São Paulo.
Cheguei ao hotel e minha amiga já estava no quarto.
Cumprimentei-a com um longo abraço, estava com saudades, não
nos víamos desde a formatura e, na época, de faculdade éramos
inseparáveis. Ela me comunicou que seu amigo Marcelo havia nos
convidado para jantar para combinarmos os eventos que
participaríamos durante o congresso e para que ele me conhecesse.
Apesar de estar cansada da viagem, resolvi ir a esse jantar
para não causar uma má impressão. Afinal, Marcelo nem me
conhecia pessoalmente e estava disposto a me ajudar com alguns
contatos importantes. Então, sem discutir ou reclamar, tomei um
banho rápido, coloquei um lindo vestido de linho cru com listras
verticais em marrom, sapatos de salto nude que o meu estilo
mignon permitia usar, deixei meus cabelos castanhos escuros
soltos, fiz uma maquiagem leve e natural apenas dando um
destaque maior aos meus olhos amendoados. Já prontas, pegamos
o elevador para nos encontrarmos com o amigo de Eliana no
saguão do hotel.
— Amiga, esse é Marcelo. — Eliana abraçou o lindo moreno
de cabelos castanhos escuros e olhos azuis à nossa frente. —
Marcelo, essa é Sofia de quem eu lhe falei. — Ficamos apenas nos
olhando por algum tempo sem nada dizer, até que ele segurou em
minha mão, me deu um beijo carinhoso no rosto. Com um sorriso
cativante, mediu-me de cima a baixo com um olhar arrebatador.
Ele era um homem muito atraente e nossa empatia foi
instantânea. Nós três conversamos muito durante o jantar que foi
bastante agradável, também nos divertimos e bebemos um pouco
além da conta, ao ponto de dar muitas risadas e falar besteira. Ele
nos deu muitas dicas, orientando-nos sobre quem procurar e se
propondo a nos ajudar no que fosse necessário. Após o jantar, ele
gentilmente nos acompanhou até o hotel antes de ir embora para
casa.
Capítulo 3

Sofia...

No primeiro dia do evento, eu e Marcelo começamos a ficar


cada vez mais próximos e uma atração, inevitável, começou a surgir
entre nós. Tudo o que estava acontecendo era mais forte do que eu.
Nós três passamos o tempo inteiro juntos. Marcelo nos apresentou
pessoas influentes da área e ajudou como pôde, sempre
demonstrando um interesse especial por mim; do meu lado, não era
diferente. No segundo dia, percebendo a nossa química, que era
inegável e notada a olhos nus, e, aproveitando que ele havia ido ao
banheiro, Eliana me chamou para conversar.
— Quando você pretende contar para ele? — Levantou uma
sobrancelha, olhando-me de forma inquisidora.
— Contar o quê? Para quem? — Fingi que não havia
entendido direito ao que ela estava se referindo.
— Sofia, o clima entre vocês está evidente, Marcelo precisa e
merece saber que deixou um caso mal resolvido com seu noivo para
trás antes de viajar para cá — argumentou.
— Ex-noivo, João terminou comigo antes de eu vir para cá.
Lembra? — Tentei me justificar. — Eu e Marcelo... está tão na cara
assim? — indaguei sem graça.
— De ambas as partes. — Sorriu.
— Eu não vou negar que estou me sentindo muito atraída por
ele, ainda mais que eu e João temos nos desentendido muito
ultimamente e isso tem me deixado muito triste e fragilizada —
argumentei. — E ele era sempre tão especial e atencioso, mas
mudou do nada e foi inevitável não me sentir dessa forma. —
Suspirei fundo. — Mas, apesar de termos colocado um ponto final
no nosso noivado, foi tudo no rompante de uma briga; nossa relação
é complicada, envolve família, negócios e amizades de longa data.
O que torna tudo ainda mais complexo. Você tem razão, eu preciso
ser sincera e contar tudo para Marcelo. Ele tem o direito de decidir
se quer entrar no meio dessa guerra ou não. Assim que tiver uma
oportunidade, vou contar tudo o que aconteceu.
— Então, você é noiva? — Ouvi sua voz macia e rouca nas
minhas costas e senti de imediato um frio na boca do estômago.
— Bom, vocês precisam conversar, eu vou dar uma volta pelos
estandes e deixá-los a sós. — Eliana se afastou para ficarmos mais
à vontade.
— Quando você pretendia me contar? — indagou, olhando
intensamente nos meus olhos. — Se é que você pretendia fazer
isso.
— É claro que eu iria te falar, eu só estava esperando uma
oportunidade — respondi sem graça.
— Acho que ela acabou de surgir. Agora que descobri tudo,
acho que não encontrará oportunidade melhor do que essa. —
Sorriu com ironia.
— Você fala como se eu te devesse algum tipo de explicação,
que eu saiba nós não temos nenhum tipo de relacionamento —
argumentei.
— Mas você não é boba, percebeu o meu interesse e me deu
corda, trocou olhares comigo, demonstrou que era recíproco —
falou, passando as mãos pelos cabelos de forma nervosa. — Afinal,
você vai me contar ou não?
— Me desculpe! Você tem razão, eu não deveria ter deixado
as coisas chegarem a esse ponto. — Comecei a falar com voz
trêmula. — Eu realmente tenho um noivo, na verdade, um ex-noivo,
porque antes de eu vir para cá, ele não queria que eu viesse e,
durante o calor de uma discussão, terminou tudo comigo. O nome
dele é João Luís, nós namoramos desde os meus dezoito anos e há
aproximadamente um ano, quando me formei, noivamos. —
Suspirei. — Na verdade, há algum tempo nós temos nos
desentendido um pouco. João é um empresário bem-sucedido que
toma conta dos negócios da família e ele acha que por isso, depois
que nos casarmos, eu não precisarei trabalhar, que o que ele ganha
é suficiente para nos sustentarmos e termos uma vida confortável.
Por ele, que não está nem um pouco satisfeito com o fato de eu ter
vindo ao congresso, eu nem teria me formado. — Quando percebi,
já estava abrindo a minha vida para Marcelo. Foi aí que constatei o
quanto confiava nele apesar de ser quase um estranho para mim.
— E é por isso que ele não está aqui e vocês nem têm se
falado? — Matou a charada. — Afinal, passo quase o tempo todo
com você e não vi nenhuma ligação suspeita que pudesse me
alertar sobre o fato de ser comprometida.
— Exatamente. Mas como te disse antes, não sou mais noiva,
um dia antes de eu vir para cá, ele passou lá em casa para se
despedir, pois ia viajar a negócios e quando viu que eu viria para cá
reiterou que, se eu viesse, estava tudo acabado entre nós. —
Comecei a relatar o meu último encontro com João. — Na verdade,
ele já havia me informado sobre essa viagem de negócios, mas
acho que não esperava que eu fosse enfrentá-lo e vir sozinha para o
congresso. Acho que perceber que eu não me intimidei com a sua
ameaça de término foi demais para ele. E, mesmo eu argumentando
a importância que o congresso tinha para mim e para a minha
carreira profissional, ele não se importou, nós acabamos discutindo
de novo e ele se foi brigado comigo, anunciando nosso fim.
— Você sabe que isso muda as coisas entre nós, não é
mesmo? — Segurou meu rosto entre suas mãos, olhando-me
intensamente e não deixando que eu desviasse o olhar. — Não
costumo me envolver com mulheres comprometidas e nem faço
para os outros aquilo que não quero que façam para mim, mesmo
que o outro lado seja um cara ridículo e idiota como você acabou de
me relatar que seu noivo é. — Sorriu. — Você é uma mulher linda,
encantadora, tem tudo a ver comigo, mas é complicado. Mesmo me
dizendo que terminaram, pelo que me contou e ouvi da sua
conversa com Eliana, estão há muito tempo juntos, as famílias são
amigas, têm negócios juntas, se separaram durante o calor de uma
discussão e podem reatar a qualquer momento. Acredite em mim,
eu já vi esse filme antes. Por isso, mesmo ele sendo um cara
machista que não te merece, infelizmente, nós dois seremos apenas
bons amigos. Espero que me compreenda.
— Claro. E me desculpe por não ter contado antes. —
Comecei a me justificar. — Não foi algo proposital ou com segundas
intenções. Eu gostaria que soubesse que, assim como você, eu me
senti muito atraída pelo seu jeito, por todas as coisas que temos em
comum e acabei não encontrando um momento certo para te contar
a verdade. Mas eu juro que pretendia falar.
— Ok, não precisa se justificar. Você é uma pessoa totalmente
transparente, dá para perceber suas reações, emoções e
sinceridade só de olhar. Eu sei que está dizendo a verdade. —
Soltou o ar pela boca, visivelmente abatido e decepcionado com o
que acabara de descobrir. — Agora vamos procurar por Eliana
porque daqui a pouco vai acontecer uma palestra bem interessante
no anfiteatro. — Dessa forma, ele colocou um ponto final em nossa
conversa e em qualquer possibilidade de nos envolvermos. Tenho
que confessar que isso me deixou triste e pensativa.
O restante do dia passou rápido, Marcelo continuou
ciceroneando a mim e Eliana. Ele tentou se manter distante e evitou
algum contato mais íntimo comigo. De vez em quando rolava um
olhar diferente, mas sempre que eu o flagrava me observando, ele
disfarçava. Para ser sincera, ele me evitou quase a todo o momento.
— Meninas, vocês se importam de irem embora para o hotel
de táxi, hoje? — Marcelo nos surpreendeu com sua pergunta após o
término dos eventos daquele dia fatídico. — É que eu vou me
encontrar com Alex, um fotógrafo amigo meu que virá fazer as fotos
da minha palestra amanhã, para discutirmos alguns detalhes —
explicou-se.
— Alex não é aquele amigo que você disse que iria me
apresentar? — Questionou Eliana.
— É ele mesmo, mas amanhã eu o apresento a vocês. Hoje
será um encontro de meninos e vamos falar de negócios, tenho
certeza de que será uma noite maçante para as garotas. — Marcelo
desconversou sem graça. Para mim, ficou na cara que ele estava
me evitando mais uma vez.
— Ok, que seja amanhã, então. — Eliana replicou.
— Aliás, amanhã eu devo vir só perto do horário da minha
palestra. Vou passar o restante do dia me preparando. — Começou
a se justificar. — Mas tem muita coisa interessante que vai rolar no
congresso, então vocês devem vir e aproveitar. Eu encontro vocês e
apresento Alexandre no final da tarde, ok? — Antes que qualquer
uma de nós pudesse responder, perguntar ou argumentar algo, ele
se aproximou, despediu-se de nós duas com um beijo rápido no
rosto e se foi.

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Outras Obras
Sinopse

Ferit Özdemir é um magnata turco, bonito, sensual, famoso,


conquistador e herdeiro de uma das famílias mais poderosas de seu
país. Frio, empreendedor e focado no trabalho, sua vida se resume
a gerenciar as empresas da família, no ramo da Marinha Mercante.
Ele diz não ter tempo para relacionamentos, mas deseja ter um filho
para dar continuidade aos seus negócios e ao seu sobrenome.
Aymê Venâncio é uma jovem órfã brasileira muito bonita, que
mora nos Estados Unidos. Desesperada e cheia de dívidas, ela
aceita a proposta de Ferit: ser barriga de aluguel em troca de ter as
contas pagas.
A primeira tentativa de fertilização não dá certo, logo, os dois
acabam se aproximando intimamente e se envolvendo em uma
noite de amor inesquecível, que culmina em uma gravidez. Mas,
antes de contar a novidade, ela ouve uma conversa
comprometedora entre Ferit, sua mãe e seu advogado e decide
fugir, sem contar que está esperando um filho.
Dois anos depois e com várias tentativas frustradas de
conseguir seu herdeiro, Ferit vai ao Brasil a negócios, onde, por
acaso, reencontra Aymê, descobre que é pai de um garoto de dois
anos - que é a sua cara - e, revoltado com o que ela fez, resolve
cobrar satisfações e os seus direitos.
Mesmo com raiva, o difícil será resistir a atração que sente
pela única mulher que, em apenas uma noite, conseguiu deixar
marcas profundas em seu coração antes de abandoná-lo, sem dar
explicações, com seu filho no ventre.

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Sinopse

*Um desejo de Natal é um spin-off de Rejeitada pelo Cowboy


e por ser um conto é uma história curta e de leitura rápida.
**Não é necessário ler o livro Rejeitada pelo Cowboy para
entender o conto Um desejo de Natal.
***Mas se quiser maiores detalhes sobre a história de amor
de Zeca e Ayla bem como da rivalidade entre suas famílias,
aconselho a ler Rejeitada pelo Cowboy.

Sinopse:
Em Rejeitada pelo Cowboy, José Carlos Caccini, um dos
melhores engenheiros agrônomos do Brasil, cheio de atitude e dono
de uma beleza impactante, vive atormentado por ter rejeitado o
grande amor de sua vida devido à uma rivalidade entre famílias.
Ayla Panazzolo, uma modelo internacional badalada,
encontrou na profissão uma maneira de deixar seu coração
quebrado no passado.
Quatro anos se passaram e o amor os fez enfrentar os
obstáculos para viverem juntos.
Desse reencontro nasceu Lucas, hoje com seis anos. No
Natal, ele fez uma cartinha com um pedido inusitado para o Papai
Noel e seus pais terão que enfrentar o maior desafio de suas vidas.
Será que o Bom Velhinho realizará o desejo desse garotinho
fofo que foi renegado? Descubra o poder do amor nesse lindo conto
de Natal que deixará o seu coração quentinho, te fazendo viver
fortes emoções.
*Conteúdo Adulto (+18)
**Apesar de não ser um livro dark, pode conter alguns gatilhos

*Leia aqui: https://amzn.to/3NNjAyD


Sinopse

Publicado anteriormente como “Quem desdenha quer comprar” por


Cris Barbosa.

Cowboy + mocinha rejeitada + rivalidade entre família +


reencontro + uma nova chance para o amor + hot.

José Carlos Caccini e Ayla Panazzolo eram filhos de dois dos


mais ricos e poderosos fazendeiros da região e se sentiram atraídos
um pelo outro de imediato. Mesmo ciente da rivalidade existente
entre as duas famílias, José Carlos seduziu Ayla para logo depois
quebrar o seu coração, abandonando-a sem grandes explicações.
Desiludida e se sentindo rejeitada, Ayla foi embora para a
capital estudar e tentar a carreira de modelo. Alguns anos depois,
seu pai a mandou de volta para a fazenda, com o intuito de passar
uma temporada longe da cidade, das festas e das viagens que
costumava fazer para o exterior. Seu o objetivo era que a moça,
agora uma patricinha mimada e cheia de vontades, aprendesse a
dar valor ao que tinha.
Após reencontrar José Carlos, tão lindo e sedutor quanto
antes, ela, magoada com o passado e decidida a não fraquejar, faz
de tudo para não se iludir e cair novamente de amores por ele que,
arrependido do que fez, estava disposto a reconquistá-la. Resta
saber se ela resistirá à tentação e se as diferenças entre as famílias
não falarão mais alto novamente.

*Conteúdo Adulto (+18)


**História totalmente remodelada, com alterações no texto e cenas
extras.
***Apesar de não ser um livro dark, pode conter alguns gatilhos
Leia aqui: https://amzn.to/40Gu0nc
Sinopse

Publicado anteriormente como “Os opostos se atraem” por Cris


Barbosa.

New Adult + Enemies to lovers + slow burn + hot.

Harold Miller é um jovem muito bonito, tímido e atleta da


equipe de futebol americano da universidade. Ele se esconde atrás
dos seus óculos de grau, da aparência nerd e não acredita que
possa despertar o interesse verdadeiro de garotas populares.
Melanie Davis é o seu oposto. Uma jovem alegre, popular e
extrovertida, mas que possui um segredo que poucos conhecem.
Para se proteger, ela passa uma falsa imagem de garota liberal e
que não quer compromisso com ninguém.
De gênios completamente distintos, os dois se conhecem em
uma festa onde ela demonstra interesse por ele, que, por sua vez, a
repele. Nascendo assim uma antipatia mútua.
Algum tempo depois, eles se unem para ajudar seus amigos
Bernard e Valentine. A atração que sentem um pelo outro aumenta,
tornando-se evidente, mas nenhum dos dois quer dar o braço a
torcer e continuam a se provocar.
Será que eles conseguirão se entender e assumirão o que
sentem? Melanie confiará em Harold a ponto de contar o seu
segredo e se entregar a paixão? Os opostos irão se atrair?

*Conteúdo Adulto (+18).


**História totalmente remodelada, com alterações no texto e cenas
extras.
***Apesar de não ser um romance dark, certos assuntos abordados
na história podem desencadear gatilhos em algumas pessoas.

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Sinopse

Publicado anteriormente como “De repente namorados” (conto) e


“As aparências enganam” (livro que continua a história narrada no
conto) por Cris Barbosa.

New Adult + Enemies to lovers + fake dating (namoro de


mentirinha) + hot + uma cama só.

Bernard Simmons é o cara mais popular da faculdade, além


de quarterback do time de futebol americano. Vive rodeado de
garotas e curte a vida numa boa.
Seu maior hobby é provocar Valentine Gardner, uma jovem
nerd e tímida, que tem poucos amigos, estando sempre muito
sozinha, e vive para os estudos.
Eles vivem às turras. Embora a química entre os dois seja
inegável, não admitem isso nem para seus melhores amigos. Até
que um dia, Bernard, sem querer, envolve Valentine em uma grande
mentira, às vésperas do Dia dos Namorados, e lhe faz uma proposta
indecorosa. Cabe a ela aceitar ou não.
Caso aceite, será que conseguirão resistir a forte atração que
sentem um pelo outro?

*Conteúdo Adulto (+18)


**História totalmente remodelada, com alterações no texto e cenas
extras.
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Sinopse

Khalil bin Ahmad Al-Sabbah herdou o título de sheik após o


falecimento de seu pai. Junto ao título vieram as obrigações com o
seu clã e os negócios da família. Muito lindo e sedutor, após ter
passado alguns anos estudando na Europa, em contato com a
cultura ocidental, Khalil, ao contrário do patriarca da família, não
pretendia se unir a uma mulher através de um matrimônio arranjado,
tampouco ter mais de uma esposa. Queria se casar por amor.
Porém, sua mãe pretendia arranjar-lhe uma noiva o mais rápido
possível, acreditando que isso daria mais credibilidade ao título e a
posição social que ele ocupava.
Até que um dia ele conheceu Isadora Barreto Simões, uma
linda, encantadora e desastrada brasileira que, após terminar um
relacionamento de longa data com alguém com quem ela acreditou
que se casaria, ganhou uma viagem para Dubai em um sorteio.
Os dois se sentiram imediatamente atraídos um pelo outro e
aos poucos foram se conhecendo melhor e se envolvendo cada vez
mais. Entretanto, Khalil resolveu ocultar algumas coisas.... Quando
Isadora descobriu se ressentiu pela mentira e voltou para o Brasil
sem deixar vestígios e sem saber que estava grávida do sheik,
deixando-o desesperado à sua procura.
O que será que o destino reservou para essas duas pessoas
de mundos e culturas tão diferentes?

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Sinopse

“Pode alguém ser tão refém dos seus pecados ao ponto de arriscar
perder um grande amor?”

Apolo Balaska é um rico e poderoso empresário de origem


grega; é muito bonito, sedutor e vive cercado de lindas mulheres.
Extremamente vaidoso, costuma usá-las para o seu bel-prazer e
depois abandoná-las ao léu.
Em uma festa na casa de um amigo, ele conhece Virgínia
Almeida, uma linda, forte e empoderada jovem, que lhe desperta um
desejo inesperado.
Após várias tentativas frustradas de sedução e um plano
friamente calculado, aos poucos ele se descobre apaixonado por
ela. Porém, sua excessiva vaidade pode colocar tudo a perder.

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Sinopse

Apesar das cobranças de seu pai para que se dedique mais à


empresa da família, o playboy Gabriel Montenegro Bittencourt só
quer saber de curtir a vida e se divertir com várias mulheres nas
inúmeras “festas de arromba” que faz em sua casa. Até que uma
linda garotinha é deixada em sua porta, com uma carta afirmando
que ela é sua filha, que a mãe está indo embora da cidade e que,
talvez, não volte nunca mais.
Sem saber o que fazer com a criança e sentindo sua vida
virar de cabeça para baixo, Gabriel pede a ajuda de Anna Ayala,
sua vizinha e diretora de marketing da empresa de seu pai. No início
ela se nega, pois os dois não se dão muito bem devido as farras que
ele faz e que não a deixam descansar e nem dormir direito, motivo
de constantes brigas entre eles. Porém, ela cai de amores pela
encantadora Belinha, logo acaba cedendo e concordando em ajudá-
lo até que encontre uma babá para a menina.
O que Gabriel fará com relação a essa possível paternidade?
Belinha será mesmo sua filha? E se for, ele assumirá sua condição
de pai solo? Que fim terá essa história? Será que essa linda criança
conseguirá fazer com que ele e Anna se entendam e superem suas
diferenças?

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Sinopse

Isis Barros é uma jovem estudante de arquitetura, simples,


esforçada e muito romântica. Em uma noite de festa com os amigos
numa boate ela se encanta por Daniel LeBlanc, um jovem rico e
sedutor, que está de partida para o exterior para cursar seu MBA
sem prazo de término e, só então, retornar ao Brasil para assumir os
negócios da família, se tornando o CEO da maior empresa do ramo
hoteleiro do país.
Os dois tem uma noite de amor inesquecível. Entretanto o
que ela não esperava era engravidar daquele homem, que partiu na
manhã seguinte deixando apenas um bilhete de despedida.
Devido às circunstâncias e a algumas descobertas a respeito
de Daniel, desesperada e contando com o apoio de seus pais, ela
resolve deixar a paternidade do bebê em segredo. Mas Isis não
imaginava que reencontraria aquele homem que havia mexido tanto
com ela e que ele faria as contas tão bem a ponto de desconfiar ser
o pai da criança.
E agora, o que fazer? Contar a verdade ou sustentar a
mentira?

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Sinopse

Casar-se não estava nos planos de Gael Walker, vocalista de


uma famosa banda de rock. Ele só queria curtir a vida e usufruir dos
benefícios de ser uma celebridade. Até que se envolve em um
grande escândalo que pode acabar com a sua carreira e a única
maneira de abafar tudo é se casando.
Não querendo renunciar à sua liberdade, juntamente com a
sua equipe, resolve optar por um falso casamento. Um contrato
assinado por tempo determinado, conveniente para ambas as
partes, e tudo estaria resolvido.
O que ele não esperava é que a linda, ingênua, simples, doce
e forte Helena Alves iria infiltrar em seu coração, fazendo-o se sentir
muito atraído por ela e questionar se seu casamento deveria
continuar sendo apenas por conveniência.

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Sinopse

Após a morte de sua esposa, Enzo Lopez, fechou seu


coração para o amor e passou a se dedicar cem por cento do seu
tempo ao trabalho. Não sabendo lidar com a dor e o sofrimento de
seu filho Pedro, de apenas sete anos, ele se vê cada vez mais
afastado dele e sem saber como mudar essa situação.
Rebecca Garcia, uma pacata professora, na tentativa de
mudar de vida, se afastar de tudo o que um dia lhe fez tanto mal e
esquecer o seu passado, chega a pequena cidade para lecionar na
escola primária.
Um primeiro encontro desastroso... Uma conversa mal
interpretada... Uma fofoca maldosa... Uma discussão acalorada... E
está criada a confusão... Ou não.
Enzo e Rebecca conseguirão se entender?

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Sinopse

Após uma grande festa em seu apartamento, Nicholas


Albertelli, multimilionário e solteiro convicto, se vê envolvido por sua
melhor amiga, a doce e linda Alicia Albuquerque.
Embriagados, os dois tem uma noite de amor incrível regada
a muita intimidade.
Mas o que eles não contavam, era com as consequências
que viriam depois.

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[1]
Como é chamado o chefe das organizações criminosas da máfia turca.
Tradução: papai.

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