Você está na página 1de 271

Copyright © 2023 Katarina Sanches

Design de capa: Katarina Sanches


Imagens de capa: Halayalex, Senivpetro, Valuavitaly, javi_indy no Freepik
Iconografia: Flaticon.com
Revisão: Amanda Mont’Alverne
Diagramação: Katarina Sanches
Leitura crítica: Aline Dantas e Elle Zultan
Obra revisada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de
1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida em qualquer
forma, seja por meio eletrônico ou mecânico, incluindo sistemas de
armazenamento e recuperação de informações, sem a permissão por escrito
da autora, exceto para o uso de breves citações em uma resenha. A violação
dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal Brasileiro.
Sumário
Sinopse
Nota da autora
Playlist
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Quando seu dia começa com baratas, volte pra cama
Toc-toc: surpresa!
Onde foi que me candidatei para ser enfermeiro e babá de gatos?
No céu há homens gostosos de sobra
O cargo de CEO estava na promoção
Na minha barriga vivem borboletas e lombrigas
Boas meninas não espiam. Mas eu nunca disse que era boa, né?
O que é mais rápido: rolar da montanha ou cavar um buraco para me
esconder?
Vamos ali trocar o óleo do carro, querido?
Existe limite para cara de pau?
Será que eu sou a bêbada triste ou a bêbada com tesão?
Nossa cama é igual coração de mãe
Uma mão lava a outra, e seis me levam a loucura
Você pinta como eu pinto?
Línguas servem pra mais do que lamber sorvete
Se seu lema for o mesmo dos pinguins, preocupe-se
Por um momento realmente acreditei que tinha nascido com a bunda pra lua
Era uma vez três caras, três gatos e uma princesa
Uma boa garota faz assim
Não preciso de academia, já faço agachamento
Haja chá de picão
Pra você meu nome é Sr. Advogado
Provadores de roupas tem muitas funções
A primeira segunda-feira boa da minha vida
Vendo estrelas por todos os lados
O fundo do poço é sempre logo ali
Depois que tudo isso acabar eu vou precisar de terapia
Meu ouro precioso
Fazer uma centena de cupcakes nem foi o que causou mais bagunça por
aqui
Chocolate faz bem para a pele
Só entra na festa do chá quem tiver convite
Essa festa está virando um enterro
Não me assa se não vai comer
Hathor é a deusa do amor e da sexualidade e com certeza merece o título
Pode me colocar como sócia vitalícia desse lugar
Não recomendo ser pego com as calças abaixadas
Boas notícias para quem?
Homens são idiotas
Impressione primeiro, choque depois
Não me belisca porque se for um sonho eu não quero acordar
Nem eu sou tão criativa assim com meus sonhos
Beijinho no ombro para o recalque passar longe
Se eu pudesse voltar no tempo e dar dicas para a Jasmine do passado,
seriam as seguintes:
- Não demore tanto tempo para se libertar dos seus pais controladores;
- Não se mude para uma cidade onde não conhece ninguém se você
não é muito boa em fazer novas amizades;
- Em hipótese alguma vá a encontros marcados por aplicativo;
- Não invente de fazer trilha em uma montanha se não tem preparo
físico e não sabe nem para que lado é o norte;
- Não saia da trilha e se perca completamente;
- Não ande muitos e muitos quilômetros até encontrar uma casa no
meio do mato, com três homens maravilhosos, dispostos a te dar abrigo e
muito mais;
- E de jeito nenhum, nem pensar, nem em sonho, se apaixone pelos
três...
Ou faça tudo isso. Quem sabe os percalços não levam a uma boa
aventura, com direito a novas experiências, uma alta dose de sensualidade e
muito, muito amor?
Harém reverso bissexual + Comédia romantica + Dividir o mesmo teto +
Muito hot
Oi, oi, tudo bem?
Agradeço demais por você ter se interessado por esse livro e chegado
até aqui. É meu primeiro romance, e espero que você tenha uma experiência
maravilhosa de leitura!
Mas, antes de começar, há algumas coisas que você vai precisar
saber:
Meus Três CEO’s é um livro de harém reverso, o que significa que
teremos uma mulher se relacionando com mais de dois homens — nesse
caso, três (sortuda!). E ela NÃO escolherá entre eles! Juntos, os quatro
formarão um relacionamento poliamoroso.
É importante frisar que todos os homens dessa história também se
relacionam entre si, sexual e romanticamente, ok?
Por aqui, nós consideramos justa toda forma de amor, então se esse
tema de alguma forma te incomoda, por favor, não leia esse livro!
Se você tem menos de 18 anos, também não leia esse livro! A história
apresenta conteúdo explícito, com palavras de baixo calão e cenas de sexo.
Além disso, a história poderá conter gatilhos sobre abandono parental,
alienação religiosa, misoginia e LGBTfobia. Se isso te afetar, por favor,
pare a leitura. Sua saúde mental deve vir em primeiro lugar, ok?
Agora sente-se, pegue uma água e se prepare para ter que cruzar as
pernas :)
Para ouvir a playlist de Meus Três CEO’s é só apontar a câmera para
o QR CODE ou clicar no aqui
Para minha mãe,
Que não pode nem sonhar que escrevi esse livro ou vai querer exorcizar o
pecado do meu corpo. Te amo mãe, mas já é tarde demais rs.
Rosas são vermelhas
Violetas são azuis
Se eu posso ter três
Porque vou escolher um?
A chuva desce com força agora, me fazendo pensar porque momentos
importantes para mim sempre acabam envolvendo tempestades. Mas nem
mesmo o som da chuva castigando as janelas da sala são capazes de superar
o som do meu coração batendo desesperadamente dentro do meu peito
enquanto os três pares de olhos me encaram.
Céus, estou mesmo pensando em fazer isso? Tudo bem que vim atrás
de aventura, mas será que isso já não é aventura demais?
— Consigo ouvir as engrenagens do seu cérebro daqui, baby. Você
está pensando demais — Liam diz, se aproximando e tocando meu rosto
com delicadeza. Ele levanta meu queixo e me faz encará-lo — Não vamos
fazer nada que não queira. Se você nos quer, então é simples, basta dizer
sim e se entregar ao desejo.
Estou tão hipnotizada pelos olhos castanhos de Liam, e pela
quantidade de luxúria que transborda dele, que só percebo que Blake e
Oliver também se aproximaram quando sinto o toque de ambos, um
deslizando suavemente pelo meu braço, e o outro por toda a minha coluna,
me arrepiando inteira.
— Prometemos te fazer ver as estrelas, querida — sussurra Oliver,
com a boca colada no meu ouvido, seguido por um beijo leve no meu
ombro descoberto.
— Vamos te venerar como a porra da rainha que você é, basta pedir
— finaliza Blake, entremeando a mão nos meus cabelos e puxando de leve,
para que eu olhe pra ele — Vou perguntar só mais uma vez, princesa. O que
você quer?
Paro de pensar, de tentar encontrar razão para as coisas, acho que paro
até de respirar por um segundo. Então finalmente deixo escapar num
sussurro:
— Eu quero vocês. Quero os três.
Quando seu dia começa com baratas, volte pra
cama
Jasmine
De todas as coisas idiotas que já fiz na vida, essa aqui é certamente a
maior delas.
Sei que acertei quando me matei de trabalhar para juntar dinheiro,
para poder pegar minhas coisas e me mudar pra bem longe dos meus pais
sufocantes e autoritários. E acertei novamente ao me mudar para uma
cidade com rios, montanhas e uma vida noturna agitada. Porém, com
certeza errei ao escolher fazer uma trilha no meio do nada, só pra cumprir o
maldito desafio do mês, sendo que tenho a resistência de uma ameba.
A voz julgadora do meu pai, da qual pareço nunca conseguir me
livrar, sussurra: “Se tivesse ficado em casa, como uma moça decente, não
teria arrumado essa confusão!”
Mas não deixo que o pensamento se fixe na minha cabeça e respondo a ele
mentalmente, como sempre quis fazer na vida real:
“Primeiro que a vida é minha! Segundo que, o que raios tem de indecente
numa trilha? Não vim pra floresta fazer uma orgia não, me poupe!”
Deixo um suspiro profundo escapar. Será que se eu contar pra minha
psicóloga que tenho discussões mentais com meu pai, ela vai ficar
preocupada?
Quando me mudei para Portland, cerca de 6 meses atrás, eu achava
que estava começando a época dos sonhos da minha vida. E até certo ponto,
é mesmo.
Pela primeira vez em 25 anos fiz minhas próprias escolhas, foquei em mim
e não em agradar minha família. Aluguei um bom apartamento, pequeno,
mas que consegui mobiliar do jeito que eu queria e deixar tudo perfeito.
Tenho um trabalho que eu adoro, um e-commerce de roupas e acessórios
com temática nerd: filmes, livros, jogos, tecnologia e personalizados
também.
Eu que faço todas as artes que vão para as roupas, justamente com o
talento para desenho que minha mãe costumava olhar com desdém e dizer:
“Quando estiver passando fome, tente comer um desses desenhos, menina!
Ai quem sabe você me escuta e vai estudar algo de verdade.” Mas insisti na
faculdade de Design Gráfico e os fiz pagar a língua quando montei a loja e
comecei a ganhar dinheiro. Em dois anos, eu faturava mais por mês do que
minha mãe e seu digníssimo trabalho de contadora. E agora que consegui
contratar uma funcionária para me ajudar com os pedidos, eu tinha uma boa
liberdade de horários.
Mas nem tudo são flores. Na ânsia de fugir dos meus pais, eu não me
atentei ao fato de que não conhecia ninguém em Portland — até minha
funcionária trabalha de forma remota e mora na cidade vizinha — e quando
percebi, estava me sentindo infinitamente sozinha e sem saber como fazer
amigos por aqui, já que não tinha vida social nenhuma.
Depois de um bom tempo de autopiedade e muito doce para atenuar a
frustração, eu decidi tomar uma atitude e fazer um pacto comigo mesma:
sair da minha zona de conforto, mesmo que na marra.
Então, há dois meses, decidi que me desafiaria a, pelo menos duas
vezes por mês, fazer algo diferente e que envolvesse conhecer novas
pessoas. Comecei me matriculando na academia, mas rapidinho percebi que
tinha preguiça de me arrumar para ir pra lá e ainda mais preguiça de tentar
achar assunto para conversar com homens que passavam vários minutos,
entre um exercício e outro, admirando os próprios músculos. Aguentei por
apenas 30 dias, então decidi mudar para uma aula de dança. Era algo que eu
gostava bem mais, e até estava conseguindo fazer algumas amigas. Mas só
a dança não era suficiente, não era tão desafiador assim.
Tentei a coisa de conhecer pessoas por aplicativos, mas depois do
segundo cara que me chamou pra sair, conversou comigo por 10 minutos e
depois me chamou para ‘uma rapidinha no banheiro’, eu realmente desisti.
Então, vasculhando pela internet por “coisas que adultos fazem para
conhecer pessoas e fazer amigos” (Olá, fundo do poço!), eu me deparei com
uma atividade que parecia interessante: trilhas em grupos pelas montanhas
do Oregon. Ver a natureza local, conhecer belas paisagens e ainda me
entrosar com pessoas novas. O que podia dar errado?
A resposta é: tudo!
Deus tentou me avisar que nem era para eu ter levantado da cama
quando acordei e já dei de cara com uma barata na minha cozinha. Surtei
levemente e matei a barata à vassouradas. Mas não prestei atenção ao aviso
divino e continuei com a minha programação de ir fazer a tal trilha de
Watchman Peak. Em seguida, foi uma sequência de infortúnios: a montanha
era muito mais longe do que eu esperava, o ônibus que nos trouxe estava
caindo aos pedaços, meu tênis era novo e ficava machucando meu pé,
minha garrafa de água caiu numa pedra logo no começo da trilha e quebrou,
meu repelente não era eficiente o bastante e os mosquitos tentavam me
comer viva.
Mas isso tudo não foi o pior. O pior foi quando, mais ou menos na
metade da trilha — quando eu na verdade já queria pedir arrego e que
alguém mandasse me guinchar ou me rolasse montanha abaixo — eu me
sentei em uma rocha grande para descansar um pouco, e aí ouvi um miado.
Um miadinho típico de filhote!
Meu coração mole, de quem sempre quis um bichinho, mas os pais
nunca deixaram, não era capaz de ignorar aquele som. Decidi ir atrás do
gato. Se eu podia ouví-lo, não poderia estar longe né? Saí da trilha e entrei
na mata, fazendo barulhos de “psiu psiu psiu” para tentar encontrá-lo.
E agora estou aqui. Perdida, porque entrei na mata muito mais do que
era seguro e encontrei não só um, mas três 3 filhotinhos de gato.
Pelo menos eles são muito fofos! Um é todo laranja, outro com
manchinhas cinzas, laranjas e brancas, e o último é todo cinza. Não são tão
recém nascidos, mas parecem ter desmamado há pouco. Para filhotes de
gatos domésticos assim terem vindo parar na mata, só podem ter sido
abandonados por alguém que pensou estar longe o suficiente para ninguém
perceber. Céus, como odeio quem maltrata animais! Olha pra essas
bolinhas de pelo! Como alguém pode simplesmente deixá-los para trás, sem
condições de se manterem? Não quero nem pensar no que pode ter
acontecido com a mãe destes bebês.
Estou andando há pelo menos duas horas, procurando a trilha ou
algum lugar que tenha sinal de celular. Não encontrei nenhum rastro de
humanos – e nem de animais grandes, amém — e já estou ficando
preocupada com o anoitecer. Já faz horas desde que desapareci, será que
ninguém percebeu? Será que estão me procurando?
Decido parar antes que minhas pernas desistam por completo, e me
sento à beira de um carvalho imenso. Como minha última barrinha de
cereal, tomo um suco de caixinha que por sorte trouxe na mochila, e espero.
— Eles vão nos achar, gatinhos, não se preocupem — digo, enquanto
me revezo para coçar suas orelhinhas fofinhas — E será uma grande
história pra contar né? As pessoas vão perguntar “Como você adotou seus
gatos?” E vou poder contar a emocionante história de que os resgatei, mas
que depois tive que ser resgatada pela polícia florestal. Será que existem
policiais florestais bonitos? Vocês vão gostar de morar em apartamento?
Vou ter que telar tudo, mas prometo que será melhor que essa floresta
gelada…
Divago, conversando com as bolinhas de pelo para tentar não me
desesperar. Estou exausta, com frio e a adrenalina parece estar baixando, o
que me causa um sono imenso. Coloco os gatinhos entre minhas pernas
cruzadas, que logo se acomodam pra dormir, e encosto minha cabeça na
árvore, pretendendo só descansar os olhos um pouco.
Acordo com gotas grossas de chuva caindo no meu rosto. Olho para o
céu, que está totalmente cinza e escuro, como se me dissesse: “não estou
pra brincadeira não minha filha, vou chover pra caralho!” Confiro as horas:
16h. Dormi por malditas duas horas? Agora sim posso me desesperar, né?
Coloco os gatinhos dentro da bolsa, que protestam, mas acho que é
melhor do que deixá-los ensopados nessa chuva. Fecho minha jaqueta até o
pescoço e coloco o capuz. Decido ir reto num mesmo sentido, uma hora eu
tenho que chegar em algum lugar né?
Não dá pra ficar pior!
Toc-toc: surpresa!
Liam
Quando você está numa casa isolada na montanha, a última coisa que
espera é ouvir alguém bater à porta. Já está escuro e cai uma chuva infernal.
Quem raios poderia estar lá fora?
Blake, Oliver e eu somos parceiros de negócio, cada um é o CEO de
sua própria empresa, mas fazemos muitos negócios em comum. Somos
melhores amigos desde a infância e também temos um… Alguns diriam que
é uma amizade colorida, mas pra nós é realmente um relacionamento. Nos
amamos, nos apoiamos sempre, fazemos sexo feito coelhos, mas não somos
exclusivos, porque, por enquanto, não estamos em um ponto da carreira em
que podemos assumir ser um trisal, então é melhor não prender um ao
outro. Eu assumi a empresa do meu pai há 4 anos, Blake há 5 e Oliver há
apenas 2. Somos os filhos riquinhos em quem ninguém bota fé, temos que
provar que merecemos o posto na presidência todos os dias.
No meu primeiro ano, haviam apostas dentro da empresa sobre
quanto tempo eu levaria para destruir o império do meu pai. Dei o dinheiro
para minha secretária apostar que eu aguentaria mais de um ano, que era o
tempo máximo. Ganhamos e dividimos os lucros.
No fim, eu sempre ganho. Mas você tem que saber jogar o jogo do
mundo empresarial. Infelizmente, os grandes acionistas teriam uma síncope
só de imaginar eu assumindo um relacionamento com um homem, imagine
com dois. Mas vamos chegar lá. Quando ninguém mais tiver o poder de
ameaçar nosso lugar na cadeira de CEO, vamos esfregar esse
relacionamento na cara de todos.
Além do mais, nós criamos nosso jeito de nos relacionarmos.
Moramos no mesmo prédio, frequentamos um clube de sexo onde ninguém
pode nos julgar e também, 1 vez por ano, tiramos férias juntos em nossa
casa na montanha. Mandamos construir com tudo que queríamos: uma
cama enorme, jacuzzi, área de jogos, TV gigante, academia e muito espaço
para ficarmos à vontade. E o mais importante? Não temos internet aqui e
temos apenas um telefone fixo para que consigam nos achar em caso de
emergência. Aqui, na nossa casa, podemos ficar isolados, longe dos
problemas e apenas curtindo a companhia um do outro.
E quando digo que a casa é isolada, não é eufemismo. Estamos bem
no meio do Parque Nacional Crater Lake, onde ficam as trilhas de
Watchman Peak. A estrada é íngreme e perigosa, só é possível vir aqui fora
dos períodos de inverno rigoroso e com caminhonetes 4x4. Então alguém
bater na nossa porta, no meio da noite, é simplesmente impensável. Só
posso ter ouvido errado.
Volto a me recostar no sofá, onde Blake e eu estávamos relaxando e
assistindo a um filme enquanto Oliver faz o jantar, quando ouço mais duas
batidas. Dessa vez, Blake também escuta. Nos encaramos com a mesma
cara de espanto.
— Mas que porra? Quem subiria até aqui nesse tempo? — questiono,
me levantando e tentando ver algo pela janela, mas é inútil com tanta água
caindo.
— Deve ser um caçador, ou alguém perigoso vagando por essas
bandas — responde meu namorado, assumindo de imediato a cara de bravo
que está acostumado a usar no escritório no dia a dia, para botar medo em
acionistas reclamões ou negociantes propondo coisas sem cabimento.
— Ou então algum animal selvagem — sugiro e Blake revira os
olhos.
— Acho que ursos e linces não batem na porta. Pegue o taco de
baseball e venha comigo.
Aceno em concordância, me levanto do sofá confortável e xingo
mentalmente quem quer que seja que veio perturbar minhas férias. Pego o
taco dentro do pequeno armário que temos na sala, onde costumam ficam os
materiais de esqui e outras bagunças que não sabemos onde colocar, e me
junto a Blake à porta. Ele abre a porta rápido, enquanto empunho o taco,
mas então somos totalmente surpreendidos.
Uma mulher pequena e toda molhada está na nossa soleira. Sua pele
está branca como papel e os lábios roxos. Deve estar congelando. Abaixo o
taco na hora e o largo no chão ao meu lado.
— Po-por favor. Aju-da. Gatos. Mochi-chila. — Balbucia palavras
desconexas e, em seguida, desmaia. Consigo segurá-la antes que atinja o
chão e por um segundo, eu e Blake ficamos paralisados de espanto. Eu não
faço ideia do que está acontecendo, só sei que temos que ajudá-la. Desperto
da paralisia, pego-a no colo e ando a passos largos até o quarto mais
próximo, já gritando ordens:
— Chame Oliver. Pegue toalhas e cobertores. Ligue a lareira desse
quarto, e rápido.
— Pode deixar.
Deito-a na cama e me apresso a tirar sua mochila e a jaqueta molhada.
Peço desculpas pra ela, mesmo que não consiga me ouvir, porque preciso
tocá-la e tirar essa roupa molhada dela, ou a hipotermia pode matá-la.
Blake aparece com as toalhas, seguido por um Oliver espantado,
carregando dois cobertores grandes. Mas não gasto tempo prestando
atenção neles. Deixo a mulher apenas com as roupas íntimas e agarro as
toalhas das mãos de Blake, começando a secá-la com a ajuda dele.
— Blake, encha a banheira de água morna. Acho que será mais rápido
para subir a temperatura dela. Estenda as cobertas na cama, Ollie.
Eles logo se movimentam para fazer o que pedi, e Oliver me ajuda a
enrolá-la nos cobertores, formando um casulo. Quando terminamos, eu a
observo e respiro normalmente pelo que parece a primeira vez em um bom
tempo. Oliver reveza entre olhar para mim e para a mulher na cama do
quarto de hóspedes.
— Pode me explicar o que aconteceu? Porque Blake só gritou as
palavras: “mulher na porta, desmaiada, vá buscar cobertores.”
— Olha, pra falar a verdade é um bom resumo — digo, rindo
levemente — Ouvimos batidas da porta, achamos que era algum bandido,
mas quando abrimos a porta, era ela nesse estado. Nem sei seu nome, ela só
conseguiu falar poucas palavras antes de cair desmaiada — explico, vendo
Oliver balançar a cabeça de um lado para o outro em descrença.
— Minha nossa.
— Pois é.
— Será que ela tem algum documento na mochila? Pra pelo menos
saber quem ela é? — pergunta ele, enquanto eu nem ao menos me lembrava
da existência da mochila.
— É bom olhar, tomara que tenha resistido à chuva.
Oliver pega a mochila no chão,a coloca sobre a cômoda, e quando
abrimos, tomamos mais um maldito susto.
— Isso é um bicho? Isso tá vivo? — diz Oliver, chocado.
Fecho os olhos, me lembrando então das poucas coisas que ela
conseguiu dizer:
Gato.
Mochila.
Droga. Tomara que estejam vivos.
Oliver se adianta e pega a bolinha de pelo molhada.
— Está vivo, mas por pouco. Tá muito gelado também. Vamos
enrolar na toalha e colocar próximo da lareira. Cheque os outros.
Espera, tem mais?
Logo tiro da mochila mais duas coisinhas felpudas minúsculas.
Também vivos, mas bem gelados, como sua dona. Faço um casulo de toalha
com eles, e os coloco na almofada que Oliver colocou no chão em frente a
lareira. Estávamos terminando de aconchegar os bichinhos quando Blake
retorna.
— A banheira está pronta, vam.. O que é isso? — interrompe o
próprio aviso ao se aproximar de nós.
— Os gatos. — explico simplesmente.
— Ah. Ah! Gatos! E eu achei que ela estava delirando. Garota
durona. Vai levá-los para o banho quente também?
— Já que está pronto, acho que é uma boa. Levem os gatos, vou pegá-
la — digo, levantando e indo até a cama. Toco a pele do seu rosto, ainda
muito fria. Péssimo sinal, mas o banho vai ajudar. Pego-a com casulo de
cobertor e tudo, e a levo no colo em direção ao nosso quarto, onde fica a
única banheira da casa.
Coloco-a na cama apenas para desenrolar as cobertas, e logo a estou
mergulhando na água morna. Por sorte não está quente demais, pois um
choque térmico seria ainda pior pra saúde dela. Apoio sua cabeça numa
toalha à beira da banheira, e seguro seu tronco para que não escorregue e
afunde. Olho para meus amigos na outra ponta da banheira, molhando os
gatos na água morna também, e tentando despertá-los. Um deles, o todo
laranja, solta um miado fraco e tenta abrir os olhos.
Praticamente em sincronia, começamos a rir da loucura da situação.
Está aí uma história que o pessoal do escritório não vai acreditar.
Onde foi que me candidatei para ser enfermeiro e
babá de gatos?
Blake
Eu não gosto de gatos. Certo, nunca tive um — ou nenhum outro
animal, para falar a verdade — mas eu tinha uma certa certeza de que não
gostaria desse bicho em específico. Muito pêlo, muitas garras, muito rabo
pra cima. Mas… bem. Posso até confessar que são fofos. Agora que estão
secos, claro, porque quando chegaram pareciam filhotes de gremilin.
Depois que demos um banho quente nos gatos, e na mulher perdida,
Liam a vestiu com um pijama grosso de Oliver, que é o menor de nós três,
enrolou-a de novo nos cobertores e a deixou na nossa cama. Ela segue
desacordada, o que está me preocupando, mas conseguimos checar sua
temperatura e agora está em confortáveis 36°.
Oliver secou os gatos outra vez e os enrolou em uma nova cobertinha
enquanto eu me encarreguei de voltar ao quarto de hóspedes e cuidar das
roupas molhadas da moça. Coloquei tudo na máquina de lavar, inclusive a
mochila, que esvaziei e não tinha muita coisa: uma garrafa de água
quebrada, embalagens de barrinha de cereal e suco vazios, uma carteira e
um celular, que também coloquei para secar e torci pra que volte a
funcionar. Pelo estado do tênis que ela vestia, quase destruído, essa mulher
andou muito antes de nos achar. Céus, ela poderia ter morrido nessa
floresta!
Em sua carteira, encontrei seus documentos: seu nome é Jasmine Jane
West e ela tem 25 anos. O que você veio fazer nessa montanha, Jasmine?
Depois de dar uma arrumada geral no quarto de hóspedes, voltei para
sala onde encontrei Oliver segurando o cobertor de gatinhos como se
fossem bebês. Ele levantou, carregando os animais e logo os passou para
mim:
— Ótimo, assuma como babá. Eu vou terminar nosso jantar e
preparar uma sopa leve caso a mulher acorde — disse, já se afastando rumo
a cozinha. Os gatos já protestavam de ficar dentro do casulo de cobertas,
então preferi soltá-los e colocá-los no chão. E foi assim que eu acabei aqui:
sentado no tapete da nossa sala, com um gato brincando com o cordão do
meu moletom, um que escalou meu tronco e se instalou no meu pescoço,
enquanto brinco com o terceiro usando uma das minhas mãos. Esse laranja
é certamente o mais atentadinho, e já dá mordidas mais afiadas do que eu
esperava.
— Matéria de capa do site de fofocas: Blake Wolf, o CEO de uma das
maiores empresas de segurança do país, encontra seu ponto fraco em
criaturas peludas — ouço Liam caçoar ao entrar na sala. Ele trocou de
roupa, já que estava todo molhado, e agora veste um moletom cinza de
cintura baixa e uma camiseta branca.
Me distraio por um momento com a visão dos braços bem definidos que ele
deixou amostra, mas logo me recupero e reviro os olhos pra ele.
— Ha ha ha. Jamais acreditariam. Até porque, não é verdade —
respondo, sério. Liam me olha divertido.
— Ah não, né? Nem se eu tirasse uma foto de você com um gato
dormindo no pescoço? — ameaça, rindo.
— Faça isso e no dia seguinte descobrirá que todos os seus sistemas
de segurança falharam como num passe de mágica — retribuo, abrindo meu
melhor sorriso, enquanto tiro o gato cinza do meu pescoço e o coloco no
tapete. Em segundos, ele já está subindo no meu colo de novo. Solto um
suspiro e Liam ri, antes de finalmente caminhar e se sentar no chão ao meu
lado.
Ele pega um dos gatinhos e o aproxima do rosto.
— Até que são bonitinhos. Não vou julgar se essa for mesmo sua
fraqueza.
Reviro os olhos de novo e mudo de assunto:
— Como ela está? Nada de acordar?
— Ainda não. Vamos checá-la a cada meia hora, porque meu receio
agora é que ela tenha febre.
Aceno em concordância e estendo uma das mãos até seu ombro,
massageando a tensão que eu sei que ele sempre acumula na região. Liam
deixa escapar um gemido num misto de dor e satisfação.
— Oliver está fazendo uma sopa. Quando ela acordar, vamos dar a ela
junto com um remédio para dor e um antigripal. Ela parece ter andado
muito — passo os gatinhos para meu namorado, e me levanto rapidamente,
só pra me sentar no sofá logo atrás dele e poder fazer a massagem de
verdade. Liam geme ainda mais e estica o pescoço. Sorrio, porque já
conheço bem todas as suas reações — Ah, e a propósito, o nome dela é
Jasmine. Jasmine Jane West. Achei os documentos dela.
— Que bom. Você acha que ela estava fazendo trilha ou acampando e
se perdeu?
— Acredito que trilha, porque ela não tinha nenhum material de
acampamento com ela, a menos que tenha deixado no caminho. Mas nossa,
a trilha oficial não fica a uns 10km a leste daqui? — pergunto, surpreso.
— Sim. Impressionante que tenha chegado viva, com essa chuva.
A cabeça de Oliver surge pelo vão da porta e sua voz grossa anuncia:
— Vamos jantar, meus salva-vidas. Parece que teremos plantão como
enfermeiros essa noite.

Depois do jantar, subo para verificar Jasmine e levo um susto. Ela se


debate no casulo de cobertores, com os olhos ainda fechados, mas o rosto já
molhado de suor. Começo a retirar as camadas que a cobrem enquanto grito
para Liam e Oliver virem aqui correndo. Segundos depois, ambos estão no
nosso quarto e olham assustados para a mulher.
— Ela está ardendo em febre. Liam, me ajude a trocar esse pijama por
algo mais fresco. Ollie, pegue água e o remédio pra febre ali na caixa de
remédios, vamos tentar fazer ela engolir.
Enquanto Oliver corre pra fazer o que pedi, Liam e eu trocamos a
roupa dela, que já estava ensopada de suor, por uma camiseta e um shorts.
Liam molha uma toalha em água fria e passa no rosto dela, numa tentativa
de aliviar a febre. Céus, 3 empresários dentro de uma casa e nenhum que
tenha feito mais do que um mini curso obrigatório de primeiros socorros.
Primeiro a esquentamos, agora precisamos esfriar, e eu não faço ideia do
que deveria ser o tratamento correto.
Ollie chega com a água e o remédio para febre, e me aproximo para
tentar acordá-la e fazer com que o ingira, mas dessa vez, assim que Liam a
pega pelo tronco e a coloca numa posição sentada contra seu peito, a
mulher abre os olhos.
E então, é como se eu fosse acertado por um tiro, ou melhor, por uma
descarga elétrica. Seus olhos são do verde mais bonito que já vi. Meu corpo
se arrepia e eu dou um leve passo para trás em choque. Ela pisca
repetidamente, desencosta do peito de Liam e tenta focar em mim enquanto
fala:
— Dor, muita dor. Por favor, eu… eu não sei… — o esforço que ela
está usando para falar e se manter acordada é visível. Tomo coragem e me
aproximo outra vez, sentando ao seu lado na cama. Deixo a água e o
remédio no aparador e pego uma de suas mãos, que são pequenas contra as
minhas, e que está muito quente.
— Shhi, fica calma. Você conseguiu, nos achou. Está a salvo e seus
bichinhos também. Meu nome é Blake, aquele na ponta da cama é o Oliver.
E esse atrás de você é o Liam, pode se encostar nele, você precisa
descansar. — digo, com o tom mais calmo que possuo, para não assustá-la
ainda mais. Ela pisca mais algumas vezes, incerta sobre confiar no que
digo, mas em alguns segundos parece decidir que sim, e volta a se encostar
em Liam.
— Jasmine. — diz, baixinho. Já sabíamos disso, mas mesmo assim
aperto sua mão levemente em retribuição e depois a solto.
— Você está com febre, Jasmine. Acha que consegue engolir o
remédio? — pergunto, pegando o copo e a cartela no aparador, mostrando
pra ela o nome do remédio.
— S-sim.
Entrego o remédio pra ela, que usa do restinho de força para colocar o
comprimido na boca, e em seguida coloco o copo em seus lábios. Ela toma
dois goles devagar e para, soltando um suspiro cansado.
Jasmine me encara atentamente de novo, antes de murmurar um
agradecimento e voltar a apagar.
Liam solta o ar de forma audível, e o mais devagar que consegue, sai
de trás de Jasmine, colocando-a deitada nos travesseiros. Ando até o pé da
cama, onde meus namorados estão, e dou um soquinho no ombro de Oliver.
— Hei! — ele protesta, me olhando com as sobrancelhas franzidas.
— Quem mandou você profetizar que passaríamos a noite como
enfermeiros? Realmente não vai dar pra tirar os olhos dela!
No céu há homens gostosos de sobra
Jasmine
Abro os olhos devagar, esperando encarar o teto branco do meu
quarto, mas sou surpreendida vendo a mim mesma. Porque estou me vendo
com o cabelo todo desgrenhado espalhado no travesseiro, e coberta com
uma manta cinza escuro? Tenho certeza que não tenho nada dessa cor. Bom,
pra começar eu também não tenho um espelho no teto…
— Meu Deus — digo, no que esperava que fosse um grito, mas acaba
saindo apenas como uma fala rouca e bem baixa. Cubro o rosto com a
manta, numa tentativa estúpida de auto-preservação, e o movimento
rapidamente me faz lembrar que meu corpo inteiro dói.
As memórias de ontem voltam pra mim todas de uma vez, de forma
bem confusa. A trilha, os gatos, eu ficando perdida, o cochilo em uma
árvore esperando alguém me achar, a chuva.
Céus, a chuva. Eu andava e andava e andava, e a chuva nunca dava
trégua. Trovões, raios, rajadas de vento que eu tinha certeza que iam me
carregar. O desespero de não encontrar ninguém nem chegar em lugar
algum enquanto a noite caía. Eu tinha certeza que, se um urso não me
matasse, o vento frio tocando meu corpo todo molhado o faria. Não sei em
que ponto comecei a tremer, e as memórias daí em diante são escassas.
Lembro de ver uma luz ao longe e usar todas as minhas forças pra
continuar andando, me escorando nas árvores até chegar a uma casa. Depois
disso, apagão completo.
Onde raios eu estou?
— Se estiver com frio, tem um outro cobertor aos seus pés — Diz
uma voz grossa e bem masculina, vinda de algum lugar muito próximo de
mim. Me arrepio inteira, mas respiro fundo e descubro a cabeça para olhar
para o dono da voz.
Grande erro. Eu deveria ter passado mais tempo me preparando.
À minha frente está um dos homens mais bonitos que já vi na vida.
Espera, “um dos”? Cai na real Jasmine, com certeza ele é o mais bonito que
você já viu pessoalmente. Cabelos loiros desalinhados e charmosos, olhos
profundamente azuis, barba por fazer em uma mandíbula quadrada sexy,
bastante alto e com músculos definidos aparecendo sob a manga curta da
camiseta preta que ele está usando. Será que na verdade eu morri naquela
mata e esse aqui é o céu?
Se for, eu não vou reclamar não viu Deus?
O loiro sorri, e me dou conta que estou analisando-o descaradamente
há vários minutos. Um acesso de tosse me salva da humilhação de me
desculpar.
Não deve ser o céu se meu pulmão está ameaçando sair pra fora a cada
tosse né?
— Opa, calma. Respira. Acho que temos xarope pra tosse aqui.
Ele vai em direção a cômoda, perto da porta, e vasculha o que suponho ser
uma caixa de remédios. Em poucos minutos, me entrega um vidro de
xarope com copinho medidor e tudo. Faço menção de me levantar e no
mesmo instante ele já está me ajudando com a tarefa. Sento, me encostando
na cabeceira, e o Deus grego se senta na cama ao meu lado. Tenho quase
certeza que coro um pouco devido à sua proximidade e seu cheiro bom. Ele
não me apressa, nem diz mais nada. Tomo o xarope, e quando percebo que
os acessos de tosse vão dar uma trégua, volto a falar.
— O que aconteceu?
— Bom, você se lembra como veio parar aqui? — Ele me devolve a
pergunta.
— Mais ou menos. Lembro de me desviar da trilha porque ouvi um
miado de gato…— Arregalo os olhos, finalmente me dando conta que não
sei o que aconteceu com os pobres bichinhos — Você os achou também?
Eles sobreviveram? Estavam na minha mochila… Ai meu Deus.
— Eles estão bem! Fique tranquila. Os três sobreviveram e estão lá
embaixo com os caras — responde a minha enxurrada de perguntas
desesperadas. Volto a respirar normalmente e me acalmo.
— Obrigada. Certo, então, lembro de encontrá-los abandonados
dentro de uma caixa de papelão no meio da mata. Alguém de fato os deixou
ali para morrer, o que me deixou louca de raiva. O problema é que, logo
depois de pegá-los, eu já não sabia como voltar. Não via ninguém do meu
grupo por perto. Tentei gritar, tentei ligar, mas, claro, não tinha sinal e então
tentei andar para encontrá-los, o que me deixou mais perdida ainda. E então
veio a chuva terrível, e eu só lembro de ver uma luz de longe e pensar que
era minha última esperança. Não lembro de mais nada depois
O deus grego me olha com compaixão ao ouvir a história.
— Não temos ideia de como você aguentou chegar aqui. São mais de
10km de distância entre nossa casa e a trilha principal. Você foi muito forte
mesmo, Jasmine. Conseguiu bater na porta, mas desmaiou no colo de Liam.
Você estava com hipotermia, e os bichinhos também. Mas, mesmo com
nosso conhecimento bem limitado de medicina, acho que conseguimos
ajudar, já que você está viva né? — diz, rindo levemente.
Fico chocada com a história e com minha sorte de conseguir achar
uma casa no meio do nada, com homens que cuidaram de mim. Isso tudo
poderia ter se tornado uma tragédia.
Ainda tenho muitas dúvidas e perguntas: quem é Liam? Quantas
outras pessoas tem nessa casa? Vocês tem comida? Mas decido começar
pelo mais importante:
— Como sabe meu nome?
— Imaginei que não se lembrava. Eu sou o Oliver. Você teve uma
noite conturbada. Primeiro a hipotermia, depois muita febre e dor. Acordou
algumas vezes, conseguiu dizer seu nome e nesses momentos conseguimos
te dar remédio e umas colheradas de sopa, mas logo você voltava a apagar.
Acho que foram umas 14, 15 horas desacordada no total e eu, Blake e Liam
nos revezamos vigiando você. Mas você não tem picos de febre há cerca de
5 horas, então creio que o pior já passou.
— 15 horas? Vocês cuidaram de mim a noite inteira? — pergunto
chocada. Oliver confirma com um movimento de cabeça — Meu Deus, eu
não sei nem como começar a agradecer, como…
— Olha quem está acordada e falando! Blake, venha aqui! — diz o
homem parado na porta do quarto. Ele me olha e sorri abertamente, e dessa
vez eu tenho certeza que meu rosto está pegando fogo. Passo os dedos pelo
cabelo, temendo imaginar o estado horrendo em que ele está. Outro homem
enorme surge pela porta.
O que é isso, um maldito concurso de beleza? Vim parar na casa dos
candidatos a Mister América?
Ambos têm cabelos escuros, mas o segundo, que imagino se chamar
Blake, tem o cabelo bem curtinho estilo militar, barba, olhos de um verde
claro, ombros enormes e braços cobertos por tatuagens. O primeiro, que
deve ser Liam, tem o cabelo castanho e com ondas rebeldes quase caindo
sobre os olhos escuros que combinam com a barba que preenche seu rosto e
parece estar aparada à perfeição. Ele é um pouco mais baixo do que Blake e
pelos braços descobertos da camiseta, também parece ser bem malhado.
Talvez eu deva voltar aquela possibilidade do céu mesmo, viu?
— Você nem pra nos avisar né? — reclama Blake, parando ao lado de
Oliver, com Liam logo depois.
— Ela não se lembra do que aconteceu durante a noite, não queria
assustá-la ainda mais com a visão de dois brutamontes — Blake revira os
olhos e cochicha algo no ouvido de Oliver, que cora um pouco. Liam dá
uma cotovelada no outro moreno antes de se dirigir a mim:
— Não ligue pra eles. Fico feliz que esteja acordada e pareça melhor.
Quando você chegou aqui congelando, quase nos matou de susto.
— Muito, muito obrigada. Vocês me salvaram. E sinto muito por ter
dado tanto trabalho.
— Imagine, qualquer um teria feito o mesmo — diz, enquanto me
encara com um sorriso suave. Seus olhos tem um ar de diversão e
intensidade que me prendem. Pisco várias vezes para sair do seu encanto e
olho para Blake, que está falando comigo.
— Como está se sentindo? Ainda febril? Muita dor? — Sua voz cheia
de preocupação, grossa e um pouco rouca, faz coisas esquisitas dentro de
mim.
— Acho que não estou com febre. Minhas pernas doem, e minha
garganta está um pouco dolorida também, mas o xarope já aliviou a tosse.
— O que você quer comer? Eu desço para preparar e trago pra você
— É Oliver quem diz dessa vez.
— Qualquer coisa que não te dê trabalho, por favor. Não sou chata
pra comer e nem queria pedir nada, mas realmente estou morta de fome.
— Certo, descanse que já já eu trago — diz de forma prática e logo
levanta do seu lugar na cama ao meu lado e sai pela porta. Seu cheiro
delicioso se afasta junto com ele e eu deixo escapar um suspiro.
Encaro Blake e Liam, sem saber o que dizer. Eu não sou a pessoa com
as melhores habilidades sociais, mas tenho certeza que não existe uma
etiqueta para lidar com essa situação incomum.
Constrangimento me resume nesse momento.
— Será que… eu posso abusar da boa vontade de vocês e tomar um
banho antes de comer?
— Só se puder pagar pela taxa de água quente — responde Liam,
todo sério. Arregalo os olhos, mas a sua seriedade logo se desfaz em uma
risada — Estou brincando. Vem, eu te ajudo a chegar lá. Blake, você pega
uma toalha e outra muda de roupa pra ela? — pede, e Blake logo vai em
direção a uma porta do outro lado do quarto onde imagino que seja o closet.
Tiro o cobertor de cima de mim, e Liam me ajuda a levantar, me
puxando pelos dois braços. Solto uma exclamação de dor assim que meus
pés tocam o chão. Tudo dói. É como se tivesse passado um caminhão por
cima das minhas pernas. O esforço de ontem foi muito mais do que eu
poderia aguentar.
Parecendo pressentir que vou perder as forças nas pernas, Liam me
enlaça pela cintura e ampara meu corpo com o dele. Sou bem mais baixa do
que ele e a ação me deixou com as mãos pressionadas contra seu peito e
encarando seu pescoço. Seu corpo é todo quente e firme e o braço ao redor
da minha cintura faz com que borboletas passeiem ligeiras por toda a minha
barriga. Olho pra cima até encontrar seus olhos, sua testa franzida não
esconde a preocupação dele com meu estado.
— Opa! Te peguei. Vamos com calma, tá? Você ainda está bem fraca.
Se incomoda se eu te carregar até o banheiro?
— Não. É. Pode ser. Tudo bem — respondo, ainda nervosa com a
proximidade. Ótima maneira de repetir as malditas mesmas coisas,
Jasmine! Ele vai achar que a sua cabeça ficou prejudicada pelo frio
também!
Liam me tira do chão e me carrega até o banheiro, me colocando de
frente para uma banheira enorme. É uma daquelas de hidromassagem, para
duas pessoas, retangular e com jatos por todo lado.
— Sente na beirada, coloque um pé primeiro, e se segure em mim. Só
depois vire e coloque o outro.
Faço o que ele pede e respiro fundo diante das pontadas de dor ao
levantar os joelhos.
— Acha que consegue se despir sozinha? — pergunta, me olhando
incerto.
— Sim, sim, não se preocupe.
Blake entra e pendura uma toalha e uma muda de roupas masculinas
nos ganchos ao lado da banheira. Murmuro mais um obrigada e ele apenas
acena em reconhecimento antes de sair.
— Bom, a torneira da direita é a quente. E esse botão é o da
hidromassagem — explica, indicando o painel à minha esquerda — Eu vou
ficar na porta. Caso se sinta mal ou precise de ajuda, é só gritar, ok?
— Ok. De novo, muito obrigada.
Ele me lança um sorriso completo e responde que “não é nada”, antes
de sair e fechar a porta atrás de si.
Solto um longo suspiro.
Ai meu céu, olha a confusão que me meti indo atrás de uma aventura!
O cargo de CEO estava na promoção
Oliver
Cozinhar é minha forma de terapia. Gerenciar uma rede de hotéis e
cassinos é uma tarefa desgastante e estressante, então, ter que me concentrar
em seguir os passos de uma receita, cuidar de cada detalhe de uma comida
para que ela saia perfeita, me ajuda a esvaziar a mente de outras
preocupações e poder relaxar. Foi algo que aprendi na marra quando decidi
morar sozinho e não queria estar sempre cercado por funcionários. Acabei
ficando muito bom nisso, o que faz com que meus namorados me explorem
um pouco quando estamos de férias na montanha. As vezes finjo reclamar,
mas a verdade é que prefiro mil vezes cozinhar do que lavar a louça, que
fica a cargo deles. Mas acho que essa é a primeira vez que cozinho para
uma mulher.
Eu amo mulheres e já fiz muitas gritarem meu nome, porém me
descobri bixessual aos 13 anos e me apaixonei por meus melhores amigos
também na adolescência. Meu coração é deles, mas, além de termos um
relacionamento aberto, às vezes… gostamos de dividir uma mesma mulher.
A última vez que tivemos uma noite dessas no clube foi incrível. Eu só não
costumo ficar com elas até o café da manhã do dia seguinte, por isso agora
é um pouco estranho considerar o que uma mulher gostaria de comer.
Acabo optando pelo básico: pão caseiro, ovos mexidos, maçã e suco de
laranja.
Estou terminando de colocar tudo em uma bandeja quando Blake
entra na cozinha e me abraça pelas costas, deixando parte do seu peso cair
sobre mim.
— Estou morto de sono. Agora que tenho certeza que ela vai ficar
bem, parece que todo o cansaço bateu — resmunga ele, esfregando a barba
em meu pescoço e fazendo com que me arrepie.
— Depois que ela comer vamos poder dormir um pouco.
— Como vamos explicar que precisamos transferi-la para o quarto de
hóspedes, porque precisamos da cama gigante para os três?
Dou risada e Blake me aperta mais forte.
— Salvamos a vida dela, acho que ela pode guardar um segredo, né?
Posso fazer com que ela assine um contrato de confidencialidade antes de ir
embora também — respondo, e é a vez dele dar risada.
— Falou como um verdadeiro advogado.
— Bom, posso ser o CEO da Rede Wish, mas no fundo sempre serei
um advogado. Por sinal, essa noite vou cobrar o que você me prometeu
mais cedo, viu? Advogados também nunca esquecem acordos verbais. —
digo, soltando um pouco dos seus braços pra me virar de frente pra ele.
Blake sorri malicioso.
— Sobre te mostrar o verdadeiro brutamontes? — questiona, e sua
mão direita sobe para o meu pescoço, apertando levemente.
— Isso. "Vou te mostrar o brutamontes quando eu te foder com força
mais tarde" foram suas exatas palavras.
Blake sorri e aperta mais meu pescoço antes de avançar para minha
boca. Seu beijo é sempre abrasador, possessivo, e o gosto da sua língua na
minha é sem igual. Mas antes que eu possa me animar demais, Blake morde
meu lábio inferior, e em seguida me solta, dando um passo pra trás.
— Tenho toda a intenção de cumprir, assim que eu recuperar minhas
forças com algumas horas de sono — confessa, e eu dou risada.
— Não aguenta mais uma noite sem dormir, meu amor? A idade tá
batendo? — provoco, sem medo. Blake é apenas um ano mais velho que eu
e Liam, 35 contra os nossos 34, mas, se na juventude ele se gabava de ter
atingido a maioridade mais cedo, hoje em dia devolvemos a provocação
apontando que os cabelos brancos surgirão primeiro nele. Meu namorado
apenas estreita os olhos pra mim.
— Mexa essa bunda e leve o café da garota logo antes que eu resolva
te colocar de joelhos e bater com meu pau na sua garganta — ameaça e eu
apenas sorrio de lado pra ele antes de me virar e pegar a bandeja.
— Promessas, promessas… veremos — finalizo ao passar pela porta.
Posso jurar que ele rosna em resposta. Perfeito, adoro a versão dele bem
mandão.
Quando chego no quarto, vislumbro Liam sentado à porta do
banheiro. Deixo a bandeja no aparador antes de me virar para ele.
— Ela ainda está no banho?
— Sim, ela ligou a hidromassagem e consigo ouvir seus gemidos
daqui.
— Gemidos? Ela…
— De dor, seu idiota. Deve estar tentando relaxar os músculos. —
responde, revirando os olhos. Me permito corar um pouco de vergonha.
— Ah, certo, certo. Desculpe, minha cabeça ainda está com Blake lá
em baixo — Liam dá uma risadinha, mas não comenta nada e eu continuo
— Será que depois que ela comer, podemos movê-la lá pra baixo?
Precisamos dormir um pouco.
— Mas é claro que sim — não é Liam que responde, mas sim
Jasmine, que abriu a porta de súbito e quase fez meu namorado cair pra trás
por perder o apoio no susto. Olho pra ela e contenho um suspiro. Ainda não
me acostumei com o quanto ela é bonita. Se já havia percebido seus belos
traços enquanto ela dormia, agora com o cabelo preto solto, caindo em
linhas suaves e molhadas por seus ombros, o rosto corado da água quente
do banho e aqueles intensos olhos verdes, ela é um pouco de tirar o fôlego,
mesmo vestindo minha camiseta e shorts, que ficam enormes nela. Tento
afastar a minha distração enquanto ela continua — Prometo que só preciso
comer e descansar por mais algumas horas e aí já posso ir embora e deixar
vocês em paz.
— Nem pensar. Você vai comer e descansar sim, mas nem em sonhos
vai embora hoje. Primeiro porque ainda está doente e a febre pode voltar a
qualquer hora, e segundo que continua chovendo e está pura lama lá fora —
protesto, olhando para ela indignado. Até parece que a deixariamos ir
embora assim!
— Mas eu não posso ficar aqui, eu… — ela me olha insegura, e
decido suavizar um pouco a voz para explicar.
— Não só pode como deve, Jasmine. Olha, é perigoso vir pra cá até
em dias de sol, mesmo com o Jipe que temos, mas com essa chuva e o
terreno todo enlameado e instável, não tem qualquer condição. Se a sua
preocupação é nos dar trabalho, fique tranquila porque prometo que não há
nada demais.
— Exato — intervém Liam, de pé ao lado dela — Temos um quarto
de hóspedes, comida para um batalhão e nenhuma preocupação, pois
viemos pra cá passar as férias. Quando você se recuperar e o tempo
melhorar, te levamos para a cidade.
Aceno com a cabeça em concordância com a fala de Liam e Jasmine
esfrega a testa de preocupação antes de respirar fundo e dizer:
— Tudo bem. Até o tempo melhorar então, muito obrigada.
Sorrio.
— Vem, senta aqui pra comer. E chega de dizer obrigada, tá bem? —
insisto. Ela cora e diz um suave "okay". Liam a ajuda a chegar até a cama, e
coloco a bandeja em seu colo. Ela começa a comer rapidamente e eu
reprimo uma risada.
— Você fica um pouco com ela? Vou arrumar o quarto de hóspedes.
— pergunta Liam, e eu respondo que sim. Ele se afasta, e eu a observo
devorar a maçã por mais alguns instantes até decidir que é uma boa hora
para conversar com ela sobre o relacionamento entre nós três.
— Jasmine? — começo um pouco inseguro, e ela levanta o rosto da
comida pra me olhar.
— Sim?
— Já que você vai ficar conosco por um tempinho, tem algo que eu
preciso te explicar.
Ela me olha incerta.
— Você está me assustando. A hora de dizer que vocês são fugitivos
da polícia, ou membros de uma seita maluca canibal que só me salvou pra
minha carne ficar mais suculenta, era antes de avisar que havia um carro
aqui que eu poderia roubar e sair em disparada, sabe?
Gargalho e meus olhos chegam a lacrimejar, então levo alguns
segundos para me recuperar de sua fala.
— Não somos nada disso, fique tranquila. Desculpe não ter explicado
melhor quem éramos. Estar numa casa com três homens deve ser assustador
— ela confirma com a cabeça e eu continuo — Deixe eu me apresentar
mais corretamente: Sou Oliver Pierce, CEO da rede de Hotéis e Cassinos
Wish. Blake é Blake Wolf III, CEO da Wolf Security. E Liam na verdade é
Oswald Liam Miller, CEO da Construtora OMR. E sim, ele odeia o nome
Oswald, não deixa que ninguém o chame assim — concluo rindo, mas
então percebo que Jasmine está parada me olhando de queixo caído.
— Vocês são todos CEO’s? CEO’s de empresas gigantes que estão
espalhadas pelo porra do país todo?? — pergunta, chocada.
— Hmm, sim? Fomos treinados a vida inteira pra isso e substituímos
nossos pais a pouco tempo.
— E o que vocês estão fazendo no meio do mato? Desculpa, mas é
que, CEO’s não tiram férias tipo nas Bahamas ou em Paris?
Gargalho mais uma vez, cada vez mais encantado com a naturalidade
dessa garota. Tenho quase certeza que ela não tem nenhum filtro entre o que
pensa e o que sai da boca, o que é muito divertido.
— Não sempre. E bom… é isso que eu queria falar contigo. Nós
mandamos construir essa casa na montanha, porque aqui podemos ficar
longe de preocupações, ligações intermináveis nos trazendo problemas e,
principalmente, porque aqui podemos ficar realmente juntos com
tranquilidade — confesso, e espero sua reação.
— Ficar juntos, você diz, vocês três?
— Isso.
— Ah, faz sentido — responde simplesmente e volta a comer.
Só isso? Ela não vai perguntar nada? Dizer nada? Exigir uma
explicação?
— Você entendeu né, que nós três somos um casal? Um trisal, no
caso. Bom, temos um relacionamento aberto, mas ainda sim, um
relacionamento — porque é que eu estou falando sem parar?
— Claro que eu entendi. Eu não consigo arrumar nem um namorado
gostoso, mas você tem a sorte de ter dois. Fiquei apenas com um pouco de
inveja, confesso.
Eu nunca havia contado para ninguém sobre meu relacionamento,
porque decidimos há muito tempo atrás que focaríamos nas nossas carreiras
primeiro. E no Clube Hathor, nenhum tipo de rótulo importa, então nunca
me dei ao trabalho de explicar. Porém agora, eu esperava qualquer outra
reação, menos essa.
— Mas… — começo e paro, enquanto pisco repetidamente, confuso,
tentando achar a lógica dessa mulher. Ele acaba de mastigar o pão que havia
mordido e me dá um sorrisinho de canto.
— Você estava esperando que eu surtasse e saísse correndo, né? Se
vocês não são canibais, nem perigosos, não tenho razão pra correr. Cresci
sendo julgada e reprimida, sabe? Mas me libertei e não dou esse tipo de
tratamento a ninguém — fico sem saber o que dizer e ela continua — E
como estou imaginando que isso tudo ainda seja um segredo, já que estão
isolados nessa montanha, pode ficar tranquilo que jamais contarei pra
ninguém. Embora eu espere que muito em breve vocês possam ser felizes
juntos e sem precisar se esconder.
Olho pra ela completamente fascinado. Mal a conheço, e já sei que é
uma mulher incrível. Lhe ofereço um sorriso largo e afasto o cabelo do
rosto dela, prendendo-o atrás da orelha.
— Obrigado. Eu também espero.
Na minha barriga vivem borboletas e lombrigas
Jasmine
Depois do café da manhã delicioso, Oliver me carregou até o quarto
de hóspedes, embora eu tenha protestado que poderia andar. Mas parei de
reclamar rapidinho ao me ver nos braços daquele homem forte, bonito e
muito, muito cheiroso. Porque perfume de homem dura tanto e o de mulher
parece que some 1h depois que a gente passa? Injustiça, viu!
Ele me coloca direto na cama, que tem o colchão tão bom quanto o do
quarto deles, e eu me aconchego bem feliz. O quarto tem essa cama de
casal, um baú grande aos pés dela, uma escrivaninha branca à direita com
alguns livros, um aparador também branco com uma TV a minha frente e
uma poltrona verde musgo a esquerda que parece perfeita para leitura.
Oliver me mostrou qual era a porta do banheiro e a do closet, e me explicou
que eles não tem internet aqui, para não caírem na tentação de verificarem
os problemas das empresas, então nada de Netflix, porém eles tem infinitos
canais de TV via satélite.
— Nós estaremos lá em cima, vamos dormir um pouco, mas se você
se sentir mal, estaremos a um grito de distância, ok?
— Ok. Também vou tentar dormir pra ver se recupero as malditas
energias que perdi nessa floresta.
Ele dá uma risadinha, me entrega o controle da TV e se encaminha
para a porta, mas antes que ele saia, me lembro de algo importante:
— Os gatinhos! Onde estão? Pode trazê-los pra cá?
Oliver sorri e diz que vai buscá-los na sala. Quando retorna, está com
uma cara de culpado e apenas um gatinho na mão, o todo cinza.
— Então… deixamos eles na sala. Blake até arranjou uma caixa e
colocou uma areia de jardinagem que tínhamos na garagem, pra que eles
pudessem fazer as necessidades, e eu fiz uma espécie de patê pra eles
comerem mas… acho que eles perderam o medo e resolveram explorar a
casa toda, porque agora só achei um — confessa, com vergonha. Dou risada
e estico os braços para pegar o filhote da mão dele.
— Não se preocupe, acho que eles são assim mesmo. Também não
tenho experiência com gatos, esses serão os primeiros que adoto. Mas
sempre ouvi que amam explorar. Desde que não tenha como eles irem lá
fora, está tudo certo. Vamos achá-los dormindo em qualquer canto mais
tarde.
— Não tem como sair. É frio lá fora, então mantemos a climatização
aqui quase o tempo todo. Abrimos as janelas para renovar o ar só algumas
vezes por dia, mas acho que eles ainda não vão alcançar uma janela alta,
né?
— Acho que não. Ou pelo menos espero — digo e aperto o gatinho
contra meu pescoço, amando a maciez dele. Me apaixonei por esses
carinhas assim que os vi.
— Certo, se eu achar mais algum, trago pra você. Agora descanse.
— Obrigada, Oliver. Vá descansar e pare de se preocupar comigo.
Ele balança a cabeça e sai, murmurando algo como “impossível”.
Fico brincando com o gato, mas nem um minuto se passa até que eu ouça
três batidinhas, seguida pela cabeça de Blake aparecendo pela porta.
— Entre, Blake Terceiro.
O moreno bufa, abre mais a porta e caminha até mim com um copo de
água e uma cartela de remédios em uma das mãos, e o gato de três cores na
outra. Sorrio e estendo as mãos pra ele, que me entrega o bichinho na hora.
— Oliver contou também que o nome do meio dele é Barney? —
nego com a cabeça e desato a rir — Cada um tem a herança de família que
merece.
— Entre Barney e Oswald, realmente você está em vantagem.
— Sempre estou — confirma, me lançando um sorrisinho esperto.
Esse cara pode destruir corações só com esse ar de perigoso aliado a um
sorriso sem vergonha. Não há dúvidas de que Deus tem seus preferidos.
Tento não babar e parecer idiota, mas por sorte ele deixa de me encarar e
muda de assunto — Quero te deixar descansar, mas está na hora do remédio
pra febre. A bula dizia de 8 em 8 horas.
Ele me estende os comprimidos e a água, que tomo rapidamente. A
cada segundo que passa fico mais impressionada com minha sorte de
encontrar homens tão cuidadosos.
— Obrigada. Por tudo que vocês tem feito.
— Pare com isso — demanda — Está mesmo se sentindo melhor? O
relaxante muscular dizia de 12 em 12 horas, mas se estiver muito ruim, dá
pra tomar antes, eu acho.
— Não precisa, juro! A banheira já me ajudou muito e depois de
comer, já não me sinto tão fraca. Vou tentar dormir por algumas horas e
pretendo acordar nova em folha. Vocês precisam descansar também,
ficaram horas à minha mercê.
— Certo, mas chame se precisar de qualquer coisa, ok? Qualquer
coisa mesmo. Vamos tirar um cochilo, mas vou deixar a porta do quarto
aberta pra ser fácil te ouvir.
Sorrio diante de mais essa gentileza, e por instinto, alcanço seu braço
e aperto. Blake se arrepia, e eu também, mas escolho ignorar..
— Vou ficar bem, prometo. Vá descansar — solto seu braço, e ele me
olha por mais alguns instantes, mas então diz "Certo." E também se vai,
fechando a porta.
Ligo a TV e deixo em um filme qualquer só pra ter um barulhinho de
fundo, o que me ajuda a dormir. Coloco os gatinhos embaixo do lençol
comigo e instantes depois, caio em um sono profundo.

O cheiro de bacon é o que me faz acordar. Coloco os pés pra fora da


cama e me levanto com cuidado, ficando feliz quando sinto menos dor.
Depois de escovar os dentes com a escova extra que os meninos me deram,
lavo o rosto, prendo meu cabelo rebelde em um coque e saio pelo corredor
na direção do cheiro, deixando os dois gatinhos ainda na cama dormindo..
— Talvez você precise mudar seu nome para Aurora, já que é a
própria Bela Adormecida, hein? — A voz atrás de mim me assusta, e viro
rápido, dando de cara com o tórax de Liam. Ele me segura e dá risada.
— Meu Deus, sério? Eu dormi por mais quanto tempo?
— Umas 7 horas, eu acho. Mas nós acordamos não faz muito tempo
também. Vem, vamos ver o que Oliver está fazendo de tão bom.- Ele me
gira e voltamos a andar pelo corredor, até chegar em uma cozinha grande e
muito bonita.
Os móveis são todos em preto fosco e os eletrodomésticos em
metálico, o que dá um ar bem chique. Oliver está na ilha da cozinha, onde
fica o fogão acoplado, e mexe em uma panela ao mesmo tempo que bate na
mão de Blake, que tentava roubar um pãozinho da bancada. Liam, ao ver a
cena, corre para roubar dois pães e sai correndo para o outro lado, evitando
por pouco a colher que Oliver tenta acertar nele. Ele lança um dos pães para
Blake, que sorri, enquanto Oliver revira os olhos.
— Vocês tem mais de 30 anos na cara, não 13 viu? E vão ficar sem
pães na hora da sopa.
Rio das brincadeiras entre os 3 grandes empresários, pensando em
quem imaginaria algo assim. Liam termina de comer seu pão e indica que
eu me sente nas banquetas altas em frente a ilha. Sofro um pouco ao tentar
fazer isso, pois esticar os pés me causa mais uma fisgada de dor na
panturrilha, porém quando menos espero, Liam já me pegou pela cintura e
me colocou sentada.
Esses caras tem que parar de me carregar pra lá e pra cá, estou
ficando mal acostumada. Murmuro um agradecimento, ao qual ele retribui
com uma piscadinha.
Borboletas malditas, vocês tratem de morrer aí dentro da minha
barriga, porque esse é só mais um cara lindo e fofo que não quer nada com
vocês!
Blake e Liam ocupam os outros lugares na ilha e ficamos assistindo
Oliver picar e adicionar coisas à sopa, super concentrado.
Quando pergunto se posso ajudar com algo ou lavar a louça, os três
respondem um "Não!" em uníssono, então me resigno a ser tratada como
princesa e esperar que me sirvam comida.
— Porque estava cheirando bacon se você está fazendo sopa? — não
resisto em perguntar, já que além de borboletas, existem lombrigas na
minha barriga que estavam na expectativa de ganharem um pouco de bacon.
— Estou terminando um caldinho de batata que fica perfeito com
pedacinhos de bacon e queijo parmesão por cima. Então já deixei os
cubinhos fritos e prontos, e o queijo ralado.
— Meu Deus, acho que gosto ainda mais de você agora — confesso,
e posso jurar que o CEO loiro cora à minha frente. Decido não deixar um
clima esquisito, e mudo para minha especialidade: perguntar demais.
— Então, o que é que vocês fazem? Como conseguiram se tornar
presidentes de grandes empresas aos 30 e poucos anos? Quantos anos vocês
têm, aliás? Desculpa, muita pergunta. Mas achei que era só em livro e filme
que presidentes de empresas eram jovens e bonitos, e na vida real eram só
caras calvos de 50 e poucos.
Os três desatam a rir e logo me contam de suas famílias importantes,
de serem amigos desde pequenos e serem preparados para assumir os postos
dos pais também desde cedo.
Conto também pra eles sobre minha pequena empresa e ganho
diversos elogios deles sobre minha criatividade e empenho para fazer a
Nerd Dream crescer. Quando a sopa fica pronta, comemos ali na ilha
mesmo, e eu tenho que me segurar para não gemer diante de algo tão bom.
O caldinho mega saboroso, os pedacinhos de bacon, o queijo ralado…
minha nossa. Perfeito demais.
Logo percebo que cada um tem uma personalidade bem diferente,
mas não menos interessante. Liam é o divertido, que adora falar besteira,
mas tem todo um lado carinhoso. Blake é mais sério, com um humor
sarcástico e também parece bem protetor com relação a seus namorados. Já
Oliver é sempre gentil, atencioso e uma presença relaxante de se ter por
perto. Ficar ali com eles é tão natural, que chega a ser estranho.
Boas meninas não espiam. Mas eu nunca disse que
era boa, né?
Jasmine
Depois do jantar, tento ir para o quarto para deixá-los a sós, mas os
três insistem para que eu vá para a sala assistir um filme com eles.
A sala mais parece um cinema, com uma tv de 60 polegadas, um
home theater, 3 consoles de videogames de última geração, uma parede
inteira de filmes em Blu-ray e um sofá enorme que daria para umas 5
pessoas deitarem.
Quando eu crescer eu quero uma vida assim, sabe.
Oliver se senta bem no meio, e em dois segundos Liam está deitado
com a cabeça em seu colo. Blake escolhe se sentar em uma das pontas, se
aconchegando apoiado no braço do sofá, então só resta me sentar entre
Oliver e ele.
— O que vamos assistir? — pergunto, olhando a parede de filmes.
Tem um pouco de tudo ali, ação, comédia, terror, ficção e até alguns
romances.
— Hoje é dia do B escolher — responde Liam.
— Isso mesmo, e vocês já sabem que será um de terror. E já sei
exatamente qual. Comprei essa semana pelo telecine.
Faço uma careta que espero que eles não tenham percebido. Meus
pais consideravam todos os filmes de terror "coisa do demônio". E os
poucos que assisti, foi escondida, mas me davam medo em dobro: pelo
filme e por ser pega por meus pais.
Blake pega o controle, liga a TV e zarpa pelas configurações até
chegar aos filmes comprados. Ele seleciona então um filme chamado
M3gan, que tem a foto de uma menina meio estranha, que parece uma
boneca. Não deve ser tão ruim, né?
E tudo começa realmente bem. Uma menina que perdeu os pais e que
encontra conforto e amizade em uma garotinha robô criada pela tia.
Trinta minutos depois, quando essa mesma garotinha começa a correr
feito um bicho possuído atrás de outra criança, eu me encolho toda no sofá,
abraçando os joelhos e morrendo de medo do que a criatura vai fazer.
Alguém encosta em mim pela esquerda e eu levo um susto tão grande
que solto um gritinho e quase vou parar no colo de Blake.
— Uou! Calma, sou só eu! — Oliver tenta me acalmar, e me esforço
para voltar a respirar normalmente, mas meu coração ainda está batendo
rápido demais.
— Você está morta de medo! — Blake aponta e eu lhe lanço um
sorriso amarelo de desconforto — Ah princesa, porque não disse que não
gostava de filme de terror? Poderíamos ter escolhido outra coisa. Vem aqui,
te protejo da boneca assassina.
Ele me puxa para seus braços e eu aceito de bom grado, me
acalmando de verdade no meio do abraço quente dele, que é muito maior do
que eu e consegue me envolver quase toda. Oliver e Liam observam tudo
tentando disfarçar que acham graça.
— Eu não sabia que ainda me assustavam tanto. A última vez que
tentei assistir um, escondida dos meus pais, eu ainda tinha uns quinze anos.
Blake ri, e o som reverbera por seu corpo todo.
— Liam, vou passar minha vez pra você. Escolha uma comédia para
que a Jasmine não sofra com pesadelos a noite toda — determina, jogando
o controle para o namorado. Liam sorri contente enquanto passeia pelas
opções, e Blake me solta.
— Melhor? — pergunta baixinho perto do meu ouvido. Deus tá
realmente me testando colocando essa voz grossa dele assim tão pertinho de
mim.
— Sim, obrigada.
— Sempre a disposição, princesa — diz, me dando um sorriso leve e
uma piscadinha antes de voltar a olhar pra frente.
Daí em diante, a noite foi tranquila. Liam escolheu Modern Family,
que é uma das minhas séries de comédia favorita, e passamos algumas
horas no sofá rindo e relaxando. Os gatinhos fizeram algumas aparições,
brincando e correndo pela casa e nos fazendo chorar de rir ao assistir o
laranjinha tentar morder o nariz de Liam.
Quando comecei a bocejar de sono, já passava da meia-noite e
concordamos em irmos todos dormir. Blake me trouxe uma camiseta e
shorts de pijama, pelos quais agradeci. Dei um beijo na bochecha de cada
um e fui para o meu quarto, enquanto eles subiam para o deles.
Apesar de tudo que aconteceu comigo de ontem pra hoje, eu me
sentia tranquila como não me sentia a muito tempo.
Coloquei o pijama, escovei os dentes, tomei os remédios e deitei na
cama confortável. Abracei um travesseiro e dormi pensando que algumas
aventuras estranhas ainda podiam trazer surpresas boas.

No sonho, estou no enorme banheiro do quarto dos meninos, aquele


com a banheira incrível, mas só consigo pensar no quanto preciso fazer
xixi. Corro para o vaso sanitário, me sento feliz e…
Graças a Deus, acordo. Vou andando para o banheiro o mais rápido
que consigo, xingando a mim mesma por ter tomado tanto suco enquanto
assistia a série e ter ficado com a bexiga estourando de tão cheia. Me alivio
— no lugar certo, amém —, lavo as mãos e volto para o quarto. A cortina
fina da janela me permite ver que ainda está escuro, e que ainda chove de
leve.
Não sei que horas são, mas decido me arriscar até a cozinha para
pegar água, porque agora estou morrendo de sede. Abro a porta
silenciosamente e saio para o corredor. Quando estou passando pelas
escadas, é que eu escuto e fico paralisada.
Batidas ritmadas.
Gemidos graves.
Um pedido de mais.
Ai, meu Deus.
Ai meu Deus.
Ai meu Deus!!!
Eles estão transando e provavelmente esqueceram de fechar a porta,
porque consigo ouvir quase tudo. Sinto meu corpo todo esquentar de
vergonha e de e outra coisa que prefiro não identificar. Forço meus pés a
voltarem a andar, sem fazer qualquer barulho, e seguir para a cozinha. Pego
um copo de água e bebo tudo de uma vez, tentando matar minha sede e meu
calor. Não adianta muito, então tomo um segundo copo e faço o caminho de
volta.
Os sons continuam. Gemidos de todas as partes, um som estalado que
só pode ser de um tapa acertando uma bunda, pedidos de "assim", "isso", e
"mais forte" de vozes que meu cérebro não consegue mais identificar os
donos porque derreteu. E esse não é o pior. O pior é que estou, de novo,
parada na escada, ouvindo cada um dos barulhos emitidos por aqueles
homens gostosos, e estou ficando molhada.
Ah, céus. Ah, céus. Isso é tão, tão errado. Estou ferindo a privacidade
deles. Vai já pro seu quarto, Jasmine!
Tento ordenar a mim mesma, mas continuo parada. Ouvindo,
imaginando e ficando mais excitada do que já estive na minha vida inteira.
Um grunhido especialmente alto me arrepia inteira.
Meus pés não obedecem mais meu cérebro, e passam a responder à
minha vagina, porque por algum motivo doido, pirado e totalmente errado,
estou subindo as escadas de forma mais silenciosa que consigo.
Se eu for processada por invasão de privacidade, será que posso
alegar estar no período fértil do meu ciclo e não transar a muito tempo?
Minha vagina tenta convencer o meu cérebro de que a gente só
precisa dar uma olhadinha. Uma única olhadinha, só pra saber como é, e
que depois vamos sair correndo. Prometo.
Estou no alto da escada e encaro a porta, que realmente tem uma
fresta aberta. Quando me aproximo, sem ousar nem respirar, e consigo vê-
los, sinto que me transformo numa poça molhada no chão.
Oliver está de quatro no colchão, chupando Liam que está ajoelhado
na frente dele, e controla os movimentos com a mão embrenhada no cabelo
de Oliver. Liam olha pra baixo, acompanhando cada movimento da língua
do loiro em seu pau, e mordendo o próprio lábio para conter gemidos muito
altos, mas é inútil.
Blake, por sua vez, está focado no vai e vem que faz na bunda de
Oliver. Ele nunca perde o ritmo e reveza entre apertar a bunda de Oliver
entre os dedos grandes, esfregar com suavidade ou deixar tapas estalados na
região.
Blake acelera e Oliver perde a concentração no oral que estava
fazendo, para então levantar o tronco até estar grudado no peito de Blake. O
moreno morde seu ombro e estende a mão para alcançar o pau de Oliver e
masturbá-lo enquanto continua a penetrá-lo com força.
Oliver geme sem parar, mantendo os olhos fechados. Liam, que
assistia mais de longe enquanto se masturbava, agora se aproxima até ficar
de frente para Oliver e beijá-lo com ânsia, com fome.
Suor escorre pelo corpo dos três, brilhando e destacando
principalmente as tatuagens de Blake, e a visão de tudo isso me faz ofegar.
Eu sabia que eles teriam corpos incríveis por debaixo das roupas, pois os
braços malhados eram um bom indicativo, mas jamais teria sonhado com
tamanha perfeição. Ombros largos, tórax definido, coxas grossas…
Meu clitóris pulsa, e estou tão molhada que já escorre pelas minhas
pernas, já que não estou usando calcinha, apenas um shorts largo. Coloco
uma mão na boca para conter minha respiração arfante.
Oliver e Liam tocam um ao outro, enquanto trocam beijos profundos.
Blake segura Oliver pela garganta enquanto continua entrando e saindo
dele, agora mais devagar, e com mais força.
Mas é quando eles começam a falar que eu perco tudo.
— Desgraçado gostoso. Diga o quanto gosta do meu pau — ordena
Blake, puxando Oliver pelo pescoço até que se solte dos lábios de Liam.
Liam sorri malicioso, admirando os dois homens a sua frente
— Eu amo seu pau, B.
— Diga que pensou o dia inteiro em rebolar pra mim.
— Eu queria que tivesse me comido naquela cozinha hoje mesmo,
contra a bancada, estragando todo o café da manhã da Jasmine — confessa,
e eu quase desmaio só de ouvir meu nome sair daqueles lábios com uma
voz carregada de tanto tesão. Eu vou sonhar com ele dizendo meu nome
assim, tenho certeza.
Blake grunhe e arremete com mais força.
— Eu vou te comer lá na próxima oportunidade, não se preocupe.
Agora rebola pra mim, vai — manda, empurrando Oliver de volta para os
quatro apoios — E quero ver essa boca cheia com o pau do Liam. Não é
assim que você gosta? Ficar cheio com os teus dois machos?
— Sim. Ah, porra, sim! Isso! — geme Oliver, e então volta a chupar o
pau de Liam com vigor.
Meu corpo todo treme de excitação. Mordo minha própria mão, me
forçando a acordar desse devaneio e, o mais silenciosamente que consigo,
me afasto dali.
Desço as escadas, mas só consigo aguentar até aí. Tampo minha boca
de novo com uma das mãos, e a outra desço até minha boceta. O mísero
toque no meu clitóris já me faz pular. Estou inchada e ensopada, e faço
movimentos circulares com pressa.
Isso é tão errado, tão errado… Mas puta merda, é tão gostoso. Me
masturbo ouvindo-os gemer. Ouvindo Blake mandar nos outros dois e falar
mais coisas depravadas. Ouvindo os sons do sexo mais gostoso que eu
poderia imaginar. E quando Blake anuncia:
— Ah, porra, isso. Eu vou gozar!
É que eu gozo também.
O que é mais rápido: rolar da montanha ou cavar
um buraco para me esconder?
Jasmine
Eu demorei horas pra dormir depois de tudo aquilo, o dia já estava
clareando quando consegui pregar os olhos de novo. Minha cabeça ficava
rodando, variando entre culpa e desejo. Era como ter um diabinho, um
anjinho e minha mãe discutindo no meu ombro:
“Eles são um casal e ela invadiu a privacidade deles, isso é errado! Você os
fetichizou!” Dizia o anjo, me recriminando, o que faz com que eu me
encolha toda de culpa.
“Foi algo novo pra ela, é óbvio que ela ficaria curiosa! E eles nem
precisam ficar sabendo! O que os olhos não vêem, o coração não sente.” O
diabinho passava pano pra mim.
“No fundo eu sempre soube que você era uma sem vergonha!” Dizia
a minha mãe. Mas essa eu fiz sumir do meu ombro rapidinho, qualquer
coisa que eu fizesse nessa vida meus pais considerariam errado, então que
se foda. Mas o anjo e o diabo discutiram a noite toda, e eu perdi boa parte
do meu sono.
Quando acordo de novo, tem um gato brincando com meu cabelo e
não faço ideia de que horas são. Nem sei como os gatos entraram, pra falar
a verdade. Apesar da minha vergonha, tomo coragem, levanto e vou escovar
os dentes. Os gatinhos me seguem, brincando entre minhas pernas enquanto
ando e dou risada, o que ajuda a espantar a tensão.
Ao voltar para o quarto, vejo que minhas roupas estão lavadas e
dobradas em cima da escrivaninha, além do meu tênis e do meu celular.
Que por um milagre, está ligado e funcionando.
Faço uma careta quando vejo as horas: 10 da manhã. Eles vão ter
certeza de que sou a Bela Adormecida, mas isso é uma gota perto do meu
lago de péssimas decisões.
Mas chega de autopiedade. Troco de roupa e saio em direção a
cozinha, onde encontro os três tomando café.
Observo-os de longe, conversando, brincando um com o outro, e a
culpa termina de me corroer. Eu invadi a privacidade deles, desse
relacionamento entre pessoas tão incríveis. Decido então tomar café o mais
rápido possível, arrumar minhas coisas, confessar tudo pra eles e então ir
embora. É a única coisa a ser feita. Respiro fundo e entro na cozinha.
— Bom dia — me anuncio, e os três pares de olhos lindos se viram
pra mim, ecoando de volta o bom dia.
— Como se sente? Teve febre à noite? — Pergunta Blake, como
sempre preocupado.
— Não, não, nada de febre. E já quase não sinto dor nas pernas.
— Fico feliz. Venha, sente-se aqui, coma e ouça uma das fofocas
mais absurdas do cassino do Oliver — responde, e eu faço o que pede,
tentando esquecer só por mais alguns momentos a minha vergonha e ter um
último momento de diversão ao lado deles.
A história de Oliver é realmente absurda e envolve uma piscina, uma
roleta, umas 10 pessoas, entre funcionários do cassino e clientes, além de 3
vacas leiteiras e uma cartomante.
Chega um momento que rio tanto que quase sai suco de laranja pelo
meu nariz.
Ah céus, menos de dois dias que conheço esses caras e já vou sentir
falta deles.
Depois de comer, eles me convidam para a sala de jogos com eles,
mas recuso dizendo que gostaria de tomar um ar lá fora.
Pego minha jaqueta no quarto de hóspedes e saio da casa,
caminhando até o guarda-corpo da varanda e admirando a vista daqui.
É realmente incrível. Estamos numa posição bem elevada da
montanha e daqui é possível ver os vales e picos da região montanhosa,
assim como uma parte do lago Crater. Apesar do frio estar bem acentuado,
não me arrependo de gastar alguns minutos ali olhando a linda paisagem e
me preparando para a confissão mais embaraçosa de toda a minha vida.
Depois de algum tempo, olho só mais uma vez para as montanhas, agradeço
aos céus por não estar chovendo agora — apesar do céu ainda estar meio
nublado —, porque isso faria do meu caminho de retorno ainda mais
miserável. Respiro fundo e me viro para voltar pra casa, apenas para dar de
cara com Liam.
Arregalo os olhos de susto, porque não o ouvi chegar.
— Hey, baby — me cumprimenta, como sempre me olhando com
aqueles olhos castanhos calorosos e divertidos.
— Hey.
— Você está bem mesmo?
— Estou, eu… — me interrompo, porque não consigo aguentar mais
nenhum segundo disso — Não. Eu fiz algo errado ontem, Liam — Começo,
medindo bem minhas próximas palavras. Mas nem preciso, porque Liam
me surpreende ao dizer:
— Você nos viu, eu sei.
Tenho certeza que fico branca como um papel. Ele me viu? Ele me
viu!
Ah não, não, não, algum lugar dessa maldita montanha precisa ter um
buraco para eu me enfiar imediatamente!
Escondo o rosto com as mãos.
— Sim. E nem sei por onde começar a pedir desculpas. Eu levantei
para tomar água, mas então os ouvi no corredor e eu… eu…
Liam tira minhas mãos e é a sua vez de segurar meu rosto, me
fazendo olhar pra ele.
— Você ficou curiosa — afirma, calmo. Em qual momento ele
começa a me xingar?
— S-sim.
— Então subiu pra nos ver — seus olhos me perscrutam com
seriedade, mas sem deixar transparecer raiva, enquanto eu estou prestes a
chorar.
— Sim.
— E gostou do que viu?
Arregalo os olhos diante da pergunta, mas engulo em seco e digo a
verdade.
— Sim.
— Você se tocou pensando em nós?
Ah Deus, a humilhação tem que sempre ser completa né? Fecho os
olhos, tentando fugir da questão, mas Liam não deixa.
— Abra os olhos, Jas. Responda olhando pra mim.
Faço o que ele manda, e deixo um “Sim” fraco, escapar por entre
meus lábios.
Liam desmancha a cara de sério, e me olha com lascívia antes de se
aproximar da minha orelha e dizer:
— Ótimo, porque foi excitante pra caralho saber que você estava alí
— diz e planta um beijo rápido no meu pescoço antes de se afastar —
Agora vamos entrar, Blake e Ollie estão nos esperando na sala de jogos.
É só isso que ele vai dizer depois de eu confessar tudo?
— Como assim? Eu invadi deliberadamente um momento íntimo de
vocês e é só isso que me diz? Não está bravo, ofendido, querendo me chutar
montanha abaixo?
Liam ri, soando tranquilo.
— Eu te vi ali. E já te disse como me senti. Contei para eles depois
que acabou e também não se importaram nem um pouco. Nós frequentamos
um clube de sexo, sabe? Fazemos sexo com outras pessoas assistindo com
certa frequência. É excitante e gostoso. Então não, não estamos ofendidos,
muito menos quero que você vá embora. O tempo ainda está instável e não
é seguro sair daqui.
— Mas… Mas…
— Relaxa essa cabecinha, baby. E vamos entrar que está um frio do
caralho — finaliza, e eu fico sem palavras, piscando repetidamente. Ele dá
mais uma risadinha, e me pega pela mão, me puxando de volta para dentro
de casa.
E como se eu já não tivesse chocada com tudo que acabou de
acontecer, assim que entramos Liam para, me puxa pela cintura e se
aproxima do meu ouvido outra vez dizendo:
— Mas da próxima vez, não precisa ficar escondida, tá? Você pode
olhar de perto, pode participar… O que quiser.
Ele me solta e sai andando, enquanto eu me escoro na porta e fico
vários segundos ali tentando recuperar a força das pernas.
Vamos ali trocar o óleo do carro, querido?
Blake
Quando Liam volta para a sala de jogos sozinho, fico um pouco
decepcionado. Estava louco para ver as reações de Jasmine ao saber que foi
flagrada. Não foi de propósito sermos tão barulhentos ontem, é só que
estamos acostumados a ficarmos sozinhos aqui e podermos transar em
qualquer superfície, ainda mais em dias de mau tempo, em que não há
muito o que se fazer nessa casa. Mas quando Liam nos confidenciou ontem,
que tinha visto Jas nos observar pela porta entreaberta, o meu desejo por
aquela garota aumentou exponencialmente.
Eu sabia o quanto ela era linda, desde que acordou e colocou aqueles
olhos verdes em mim, mas estava controlando meus impulsos, afinal, ela
estava doente e, claro, não está acostumada com nosso jeito de viver e de se
relacionar. Mas se ela ficou curiosa a ponto de nos assistir transando…
talvez haja esperança né? Porém, vou averiguar esse terreno com bastante
cuidado. Não quero que ela se sinta desconfortável presa aqui com 3
homens.
Liam entrou na sala assobiando, mas sem expressar nada além disso.
Típico dele, adora aguçar a curiosidade alheia. Reviro os olhos, mas mordo
a isca.
— E então? Conversou com ela? Onde ela está?
Liam sorri arteiro antes de me responder.
— Ela estava vindo pra cá, mas no meio do caminho me pediu para
usar o telefone para poder avisar sua funcionária que vai demorar mais uns
dias para voltar. Levei ela ao escritório.
Espero pela continuação das respostas, que não vem. Dessa vez é
Oliver que intervém.
— Tá, mas o que raios você disse pra ela? Como ela reagiu?
Liam solta uma risadinha, para finalmente desembuchar:
— Ela estava se corroendo de culpa, tadinha. Ia confessar tudo
quando eu disse que já sabia. Mas a fiz confessar também que gostou do
que viu e que se tocou depois de assistir — seu olhar de completo desejo
não esconde o quanto ficou feliz com essa confissão.
— Liam! — repreende Oliver — Você a deixou mega constrangida!
— Ela merecia um pouquinho, vai? Jas realmente invadiu nossa
privacidade, afinal não sabia o quanto gostamos de ser observados ao fazer
isso. Eu só queria umas verdades em retribuição, pra saber em que terreno
estamos pisando. Posso também ter deixado um convite em aberto para que
ela assista mais de perto da próxima vez, ou que participe…
Engulo em seco, minha mente já viajando por cenários incríveis onde
nós quatro aproveitaríamos muito. Desde ontem, quando conversamos a
respeito e estabelecemos que os três a desejavam, eu não consigo tirar essas
imagens da cabeça.
— Você acha que ela toparia? — questiono, me corroendo de
curiosidade.
— Talvez. Eu sei que ela tem curiosidade, só não sei o quanto tem de
ousadia. Mas talvez possamos deixar claro hoje que somos bissexuais,
sabe? Facilitar as coisas pra ela…
— Talvez, mas nada de assustar a garota, beleza? — determina
Oliver, olhando direto para Liam.
— Eu? O dominador oficial é ele, sabe? É ele que pode assustar —
diz, fingindo choque e apontando para mim, que reviro os olhos.
— Ele pode ser o mais mandão, mas você é o mais cara de pau —
retruca o loiro, para minha satisfação.
— Tá bom, chega disso. Daqui a pouco Jasmine aparece e nos pega
falando merda. Vamos jogar — digo, passando pela mesa de sinuca para
pegar os tacos.
— Vamos jogar o que? — a voz feminina invade a sala de súbito.
Viro-me para observá-la. Suas bochechas estão coradas e os olhos
mais tranquilos, agora que não está mais se martirizando. A cor que invade
seu rosto com frequência me faz pensar quais outras partes dela também
coram. Balanço a cabeça para afastar o rumo dos pensamentos e alcanço um
taco para cada um da sala.
— Vamos jogar sinuca. Já jogou? — questiono.
— Um jogo típico de bar? Claro que não, meus pais teriam uma
síncope — responde ela, tentando soar engraçada, mas dá pra perceber que
sempre que o assunto esbarra nos pais dela, Jasmine fica mexida.
— Então hoje você está com sorte, porque ganhou três professores
pacientes.
— Paciência e Blake Wolf no mesmo contexto? — se intromete Liam,
gargalhando. Estreito os olhos pra ele em desafio. Liam apenas continua
com o sorriso provocativo, até que reviro os olhos pela milésima vez.
— Por namorar você, espertinho, um dia ainda serei indicado a algum
prêmio de santa paciência.
Oliver e Jas caem na risada, enquanto Liam me mostra a língua. No
fundo, ele ainda é um adolescente pentelho. Mas tudo bem, porque já sei de
quem é a bunda que vou esquentar essa noite.

Passamos várias horas ensinando Jasmine a jogar sinuca e pebolim, e


é só quando a barriga de Liam começa a roncar, que paramos para almoçar.
Jasmine convenceu Oliver a deixar que o ajude, então está
descascando batatas, sentada na ilha ao nosso lado.
Teremos carne assada com purê de batatas e alguns legumes, e agora que
estou aqui sentindo o cheiro da comida sendo preparada, também estou com
a barriga protestando de fome.
— Sobrou um pouco daqueles pãezinhos de ontem, amor? —
pergunto a Oliver, que confirma com a cabeça — Vou pegá-los para
beliscarmos e aproveitar para pegar um vinho na despensa também. Você
gosta de vinho branco, Jas?
— Se for suave, eu amo — responde, esticando o pescoço para
desviar de Liam e olhar pra mim. Até mesmo o pescoço dessa mulher é
longo e lindo. Inferno.
— As suas ordens, princesa — gracejo, fazendo-a corar novamente
— Liam, pegue as taças pra gente, por favor.
— Devo dizer, ‘as ordens, meu príncipe', também? — ele provoca de
volta, enquanto se levanta para fazer o que pedi. Aproveito para dar um
belo tapa em sua bunda. Liam protesta e eu apenas saio rindo.
Na despensa, escolho um vinho branco suave delicioso que trouxe da
minha última viagem a portugal. Pego também os pães e um pedaço de
queijo que tínhamos na geladeira. Sirvo tudo em um prato, aproveitando pra
já mastigar um quadradinho de queijo e coloco os aperitivos na ilha em
frente a eles, que começam a devorar tudo em instantes. Eu sabia que
estavam todos mortos de fome e Oliver não sabe cozinhar nada rápido,
apenas perfeito.
Sirvo o vinho na taça e levo até Jasmine do outro lado da ilha.
— Espero que goste, princesa Jasmine — ela me olha com
expectativa enquanto pega a taça.
— Devo cheirar e rodar o vinho na taça como se eu entendesse algo
de vinho, Sr. Wolf? — replica e eu dou risada.
— Não, tenho certeza que sentir o sabor com sua língua é o suficiente
— comento, e ela decide se esquivar de uma resposta levando a taça aos
lábios e bebendo.
Jasmine fecha os olhos e solta um gemidinho de contentamento que
fazem meu corpo faiscar.
— Santo Deus, é o melhor vinho que já tomei na vida! — exclama,
passando a língua tentadora pelos lábios para sorver uma gotinha que
escapou.
Desejo ser aquela gota.
Quero provar aquela língua.
Quero provar ela inteira.
Maldição, e eu achando que estava bem controlado…
Volto quase correndo para o meu lugar, mas antes de me sentar tenho
uma ideia melhor.
— Ollie, acha que vai levar mais uns 20 minutos ai?
— Sim, 20, 25 minutos. Porque? — questiona, levantando a cabeça
da tábua onde corta a carne.
— Nada importante. Liam, vamos comigo ver algo no carro
rapidinho? Estava fazendo um barulho estranho quando viemos e não quero
ter nenhum problema quando formos descer a montanha.
— Barulho? Eu não lembro de nada — diz, confuso.
— Você não estava dirigindo, não ia prestar atenção mesmo. Venha,
tenho certeza que será rápido.
Meu namorado segue confuso, mas dá de ombros e me segue para
fora da cozinha. Descemos para a garagem, que fica no subsolo, e assim
que passamos pela porta, agarro Liam contra ela, beijando-o com desespero.
Ele deixa escapar um som de surpresa, mas segundos depois já está
rindo contra meus lábios. Largo sua boca para descer os beijos por seu
pescoço, e aproveito para agarrar sua bunda e pressioná-lo contra mim. Ele
já está ficando duro, perfeito.
— Jasmine tomou um gole de vinho e te deixou nesse estado de tesão,
meu amor? — Não respondo, apenas mordo seu pescoço e Liam ri ainda
mais, mas começa a encaminhar uma das mãos para baixo, até apertar meu
pau por cima da calça de moletom. Gemo e me afasto do seu pescoço
apenas para poder retirar minha camiseta e a dele.
— Duro feito aço só com um gemidinho dela. Ficou imaginando
como ela vai gemer quando estiver na nossa cama, Blake? — provoca
Liam, e eu murmuro um sim antes de voltar a atacar seus lábios enquanto
abro os botões do shorts dele. Empurro a peça para baixo junto com sua
cueca, só o bastante para libertar seu pau, que agarro, ganhando um gemido
de Liam em reação.
Ele finalmente para de me torturar me tocando apenas por fora da
calça, e insere a mão pelo moletom. Como não estou usando cueca, o
caminho está bem livre e comemoro quando ele começa a me masturbar
com movimentos lentos.
Largo sua boca outra vez, não sem antes morder seu lábio inferior até
fazê-lo protestar. Seus olhos se fixam em mim, carregados de desejo.
— Você não faz ideia do quanto foi difícil não beijar aquela boca
deliciosa dela enquanto confirmava que tinha sentido tesão em nos ver —
Liam diz, fecho os olhos e encosto a testa na dele, tentando me controlar
enquanto ainda mais fogo se alastra por todo meu corpo — Ouví-la
confirmar que se tocou pensando em nós.
Grunho e agarro seu pescoço.
— Eu quero assistir enquanto você a beija. Quero assistir você lambê-
la inteira, pra eu poder fazer o mesmo em seguida — confesso, e Liam me
dá o seu melhor olhar de safado, aumentando a velocidade com que sobe e
desce a mão grande por meu pau e eu movo minha mão para agarrar seu
cabelo.
Passo a distribuir mordidas e lambidas em seu ombro, e também
acelero a masturbação nele. Liam ofega, tentando conter os gemidos. Nós
conhecemos o corpo um do outro perfeitamente, todos os sinais, sons e
gemidos, então sabemos muito bem onde e como tocar para enlouquecer.
Quando trago uma das mãos até suas bolas e as massageio, ao mesmo
tempo em que passo o dedão na cabeça do seu pau bem devagar, Liam
treme e eu sei que ele está perto. Solto mais um sorriso de satisfação.
Como sei que não podemos fazer bagunça em nossas roupas nem
vamos ter como nos limpar, faço a única coisa lógica: me ajoelho e o coloco
na boca.
Meu namorado grita, e eu tiro seu membro da boca para dar o aviso:
— Quietinho Sr. Miller, ou eu vou parar — lambo a cabeça, olhando
pra ele. Liam então usa as mãos para cobrir a boca e sorrio antes de voltar
para minha tarefa.
As pessoas às vezes acham que, por eu ser mais dominador, não gosto
de fazer oral, mas é a mais pura besteira. A verdade é que não há poder
maior do que esse: o prazer de Liam está todo nas minhas mãos e boca. Ele
vai gozar quando eu quiser e se eu quiser. E ele faria o que eu mandasse pra
impedir que eu pare. Esse é o poder do sexo oral, e é completamente
viciante.
Lambo e chupo tudo que consigo, e masturbo a área que não alcanço
com os lábios, enlouquecendo Liam do jeito que eu esperava. Minutos
depois, ele tira as mãos da boca para me avisar:
— Porra. Eu vou gozar — e bastam alguns segundos para que ele se
derrame na minha minha língua. Engulo e depois lambo seu pau até ficar
limpinho. Guardo-o no shorts e me levanto, beijando sua boca de leve até
que se recupere.
— Agora, amor, é sua vez. De joelhos.
Existe limite para cara de pau?
Oliver
As duas criaturas a quem eu chamo de namorados voltaram para
almoçar desgrenhados, com as roupas amassadas e arranhões de barba no
pescoço um do outro, jurando que estão sendo super discretos. Eu não sabia
se revirava os olhos ou segurava a risada pela cara de pau dos dois.
Só se Jasmine fosse cega para não notar. Mas fiz o que pude para não
instaurar um clima ainda mais esquisito, e conversamos durante todo o
almoço sobre alguns dos países que já visitamos.
Depois de comer, eu alimentei os gatos com o patê de carne que havia
improvisado e agora eles dormiam espalhados pela sala nas mais variadas
posições estranhas. Eu tive um gato quando criança e o amava. São
criaturinhas engraçadas, fofas e tenho adorado a companhia deles nessa
casa.
Eu e os cara de pau decidimos passar a tarde jogando vídeo game,
enquanto Jasmine preferiu ficar em seu quarto assistindo a uma maratona de
“Irmãos à obra” e outros programas de reforma que eu não fazia a menor
ideia de qual era o apelo.
Como almoçamos já eram umas três da tarde, à noite decidi me dar
uma folga e assar duas pizzas congeladas. Eram feitas por uma senhorinha
italiana que vivia no nosso bairro e eram absolutamente divinas.
Levamos as pizzas para a sala de jogos e abrimos algumas cervejas.
Eu ia sugerir que jogássemos pebolim, quando uma outra ideia me ocorre.
— Jas, agora que aprendeu a jogar sinuca, o que acha de participar de
um desafio com a gente? — pergunto, e os três pares de olhos me encaram
com curiosidade.
— Como assim desafio? — questiona ela, enquanto prende o cabelo
em um coque simples.
— Desafio, jogo. Chame como quiser. Vamos jogar, e a cada vez que
você acertar uma bola na caçapa, pode nos fazer uma pergunta, sobre
qualquer coisa. E cada vez que nós acertarmos, temos direito a uma
pergunta pra você.
Ela arregala os olhos e toma um gole da cerveja enquanto parece
pensar.
— Mas serão 3 contra 1?
— Não, a cada rodada, só um de nós joga. Mas podemos combinar as
perguntas entre nós.
— E se eu não quiser responder?
— Não precisa, mas nesse caso também teremos direito a não
responder uma. Vai do quanto você é curiosa… —- digo, já imaginando que
esse é seu ponto fraco. Ela pondera por mais alguns segundos.
— E não vamos usar nenhuma outra regra da sinuca comum? Só
tentar encaçapar qualquer uma, em qualquer ordem?
— Isso mesmo — confirmo, então ela sorri e caminha até mim,
estendendo a mão.
— Fechado — diz, e apertamos as mãos como se fechássemos um
grande negócio.
— Que comecem os jogos então, querida — lhe retribuo com um
grande sorriso. Blake assobia e Liam dá risada atrás de mim.
Pego os tacos e distribuo para todos. Tenho certeza que será uma
noite interessante. Blake organiza as bolas e faz o primeiro estouro. Nós três
nos posicionamos de um lado da mesa, enquanto Jasmine está fixada na
outra ponta, observando atentamente a distribuição das bolas.
— Primeiro as damas — digo, e Jas suspira, mas posiciona o taco e
faz sua jogada acertando com habilidade a bola branca na amarela listrada.
Confesso que não esperava que ela acertasse de primeira e solto uma risada
orgulhosa. Ela me devolve o sorriso com um ar convencido. Linda pra
caralho.
— Muito bem, faça sua primeira pergunta, Jasmine Jane — começo,
e assisto enquanto ela pensa, mordendo o lábio.
Blake está com um braço apoiado no meu ombro e Liam meio
debruçado sobre seu próprio taco, ambos sem tirar os olhos dela, como eu.
— Certo, hmm… Como foi que vocês começaram a namorar? —
decide perguntar. Olho para meus namorados, verificando se algum deles
quer responder, mas eles sinalizam para que eu faça as honras.
— Bom, é uma longa história, mas vou tentar resumir. Crescemos
juntos, num mesmo condomínio de luxo com muita segurança, muitas
regras, casas com muitas babás disponíveis, mas poucos pais presentes
porque estavam sempre trabalhando ou viajando, então nos apegamos um
ao outro. Fazíamos basicamente tudo juntos, e depois passamos a frequentar
também a mesma escola. Quando a adolescência chegou, com os
hormônios, as dúvidas, as inseguranças, nós… hmm — paro pra pensar por
uns segundos — Bom, já que fazíamos tudo juntos, porque não ajudar um
ao outro a aprender a beijar antes de tentarmos com as garotas bonitas da
escola, e corrermos o riscos de sermos taxados como ‘beija mal’? E ai…
— Praticamos bastante. E de fato beijamos as meninas também, que
ficaram muito felizes com nosso desempenho — intervém Liam, dando
risada.
— Pois é, dos beijos, evoluímos para outras coisas, conforme
crescíamos. E sempre fomos nós três juntos, era natural. Nunca pareceu
estranho, nunca pareceu que eu precisava competir com um ou outro, ou ter
ciúmes. Também gostávamos de garotas, e saíamos com elas, mas sempre
acabávamos voltando para nossa unidade segura. E perdemos a virgindade
juntos aos 16 e 17 anos.
— Mas então, no ano seguinte eu fui pra faculdade do outro lado do
país, porque meu pai queria que eu cursasse Engenharia da Computação em
Stanford. Um ano depois, Liam e Oliver também tiveram que se separar:
Liam para cursar Engenharia Civil na Universidade de Boston, e Oliver foi
para direito em Harvard — conta Blake.
— Nunca perdemos o contato, claro. E ficávamos juntos sempre que
íamos pra casa passar as férias. Mas entre faculdades e especializações,
passamos 8 anos longe. Então quando enfim estávamos todos na mesma
cidade outra vez, voltamos um para o outro — finalizo, aproveitando o
momento para passar os braços pelos ombros de ambos os meus amores.
— Que perfeito — diz Jasmine, sorrindo abertamente e com os olhos
brilhando, mais bonita do que nunca — Posso dizer que vocês são almas
trigêmeas?
Gargalho, sendo seguido pelos meninos.
— Você é muito espertinha— comento, enquanto ando até o frigobar
para pegar mais uma cerveja — Mas agora é nossa vez. Blake, depois da
damas, vêm os mais velhos.
Blake revira os olhos em seu gesto típico, e faz sua jogada, acertando
a bola vermelha diretamente no buraco do canto esquerdo. Liam e eu
comemoramos, enquanto Jasmine se encolhe um pouco em receio.
— Certo, podem mandar.
— Porque se mudou pra Portland? Ontem você comentou
rapidamente que só está na cidade há alguns meses — decido começar
devagar, mas com coisas que de fato estou curioso.
Ela respira fundo antes de começar a responder, olhando para fora,
onde ficam as portas de vidro com vista para a montanha.
— Basicamente? Porque queria ir para o mais longe possível dos
meus pais. Cresci em uma cidade pequena na Carolina do Sul. Meus pais
eram religiosos e muito rígidos.
Eu só podia ter amigos da igreja. Só podia ouvir musicas gospel e assistir
filmes cristãos, tinha que me vestir de tal jeito, me comportar como "uma
mocinha direita" — diz, fazendo as aspas no ar com as mãos — Eu sempre
odiei tudo aquilo, mas também odeio conflitos, então quase sempre fazia o
que era esperado de mim. Aos 18, quando me interessei por um rapaz da
igreja, Richard, e começamos a namorar, meu pai já queria que eu casasse.
Consegui enrolá-los por um ano inteiro, mas assim que Richard colocou um
joelho no chão, no meio de um jantar com toda igreja, eu pensei estar
vivendo um pesadelo. Se eu aceitasse, teria aquela vida pra sempre. Aquela
vida que eu desprezava. Entrei em pânico, de verdade. E disse não.
Ela apoia a cintura contra a mesa de sinuca, e toma um pouco da sua
cerveja antes de continuar.
— O detalhe é que Richard era o filho do pastor. Eu e minha família
não fomos oficialmente expulsos, mas depois do episódio, ficou claro que
ninguém mais nos queria ali. Meu pai me bateu nesse dia. Disse que eu era
a pior humilhação da vida dele e que jamais me perdoaria. Minha mãe disse
que não sabia por quais pecados estava pagando para merecer uma filha
como eu. E só porque eu disse não. Daí em diante, eles me desprezavam, e
era recíproco. Entrei na faculdade que eles não queriam, abri a empresa que
eles não queriam, e aguentei calada todo o desaforo e desprezo enquanto
juntava o dinheiro para sair dali. Na metade do ano passado, eu finalmente
consegui. Fiz minhas malas, saí pela porta ao som de "Filha minha não sai
de casa pra viver vida de solteira por aí! De hoje em diante nunca mais
quero te ver!", e não olhei pra trás. Escolhi Portland de forma meio
aleatória. Parecia bonito, tinha muitas opções de entretenimento, opções de
apartamento que eu podia pagar, então… pra quem nunca tinha vivido
quase nada, parecia um sonho — finaliza, finalmente desviando os olhos da
montanha e voltando a olhar para nós. Ao ver nossas caras idênticas de
incredulidade com tudo que ela contou, Jasmine arregala os olhos.
— Opa. Acho que eu transformei uma pergunta simples em uma
confissão né? Desculpa, tem horas que falo demais mesmo — diz ela,
ficando constrangida.
Sem pestanejar, dou a volta na mesa e a surpreendo com um abraço,
sendo seguido pelos meninos. Formamos um casulo de proteção ao redor
dela, e nada nunca pareceu tão certo.
Será que eu sou a bêbada triste ou a bêbada com
tesão?
Jasmine
Eu juro que não comecei a contar a breve história da minha vida para
que eles ficassem com pena de mim. Odeio expor minhas fraquezas, mas…
Não sei explicar, contar tudo aquilo para eles três não pareceu errado.
Pareceu seguro. E agora, enquanto de certa forma eles me esmagam entre
seus braços, fico emocionada com tanto carinho.
Se esses caras não se cuidarem, eu vou me apaixonar por eles.
Balanço a cabeça para afastar essas ideias e também as lembranças
desagradáveis.
— Tá bom, chega, chega. Não quis transformar a brincadeira em um
muro de lamentações, nem que vocês sentissem pena — digo, me
remexendo até que eles me soltam. Sinto falta do calor deles de imediato.
Blake me pega pelo queixo e me faz olhar em seus olhos.
— Não é pena. Sentimos muito que você tenha tido que enfrentar
tudo isso, mas só confirma o que eu soube assim que você bateu na nossa
porta: você é corajosa e forte pra cacete — determina, antes de se
aproximar ainda mais e beijar minha testa.
— Exatamente. Sabemos o quanto você é foda, mas agora chega de
assuntos que te deixam triste. É a sua vez de jogar de novo — diz Liam, e
eu vejo Oliver concordar com um aceno ao lado dele. Dou um sorriso leve,
agradecida por poder me distrair e fechar a porta do passado.
Dou uma mordida na minha pizza que havia ficado esquecida e tomo
mais alguns goles de cerveja antes de me posicionar para a jogada. Miro
corretamente, e a bola branca chega a tocar na verde, mas sem força
suficiente para que a fizesse cair pelo buraco. Solto um muxoxo, que ganha
uma risadinha dos garotos, mas me afasto um pouco da mesa de sinuca para
que Liam possa jogar. Como esperado, ele encaçapa a bola verde que eu dei
de bandeja pra ele, e depois sorri vitorioso pra mim. Mostro a língua pra ele
em retorno.
— Certo, vamos dar o verdadeiro sentido de todo jogo de perguntas:
questões sobre sexo. Como foi sua primeira vez, baby? — começa Liam,
com sua tipica cara de menino travesso, mas então parece lembrar de algo e
continua — Pera, você já fez sexo apesar dos pais malucos né?
Dou risada e mordo o cantinho da boca, esperando alguns segundos
para responder enquanto eles me olham com expectativa e curiosidade.
— Vou fingir que você não fez duas perguntas em uma, viu? Mas sim,
já fiz sexo, seus manés. Perdi minha virgindade com o famigerado filho do
pastor. Estávamos na casa dele, torcendo para que ninguém chegasse. Foi
rápido e esquisito, e ele me culpou por tentá-lo ao pecado — reviro os olhos
perante a lembrança — mas correu atrás de mim pra pecar muitas outras
vezes.
Liam ri, incrédulo, e levanta seu copo de cerveja.
— Um brinde aos pecadores então, que se divertem muito mais —
exclama e todos alcançamos os copos para fazer o mesmo. Estou na minha
segunda lata de cerveja e já sinto meu rosto todo esquentar e meu corpo
ficar relaxado.
É a minha vez de jogar, e dessa vez eu acerto. Decido então ser
ousada com minha pergunta.
— Liam disse mais cedo que vocês participam de um…clube? Como
é?
Blake e Oliver revezam entre olhar de mim para Liam, como se
dissessem “quando foi que você contou a ela sobre isso?”, mas Liam apenas
dá de ombros. É Blake que se adianta para responder.
— Como todo clube de sexo, você precisa ser convidado. Um amigo
me apresentou a dona do Clube Hathor, a Scarlet, há uns 5 anos. O Hathor
já existia, mas era pequeno na época, e ela estava em busca de um
investidor para expandir e aprimorar o lugar. Ela me convidou para
conhecer o clube, e disse que eu podia levar convidados então, claro, levei
Liam e Oliver. Desde aquele primeiro dia, daquela primeira experiência,
nós fomos fisgados. Então aceitei ser seu investidor silencioso, assim como
Oliver. Scarlet triplicou o lugar. A fachada dele é de apenas um bar. As
pessoas podem se sentar, beber, conversar, a maioria que passa por ali não
tem noção de que, se pedir o drink certo ao garçom, ele te leva para o clube.
Há uma antessala, onde as pessoas podem conversar e assistir aos shows,
mas devem permanecer vestidas e há um limite de um drink por pessoa.
Pessoas bêbadas não podem consentir a nada. Ah, e assim que entramos,
dizemos a Hostess a nossa sexualidade, as preferências sexuais primordiais,
e ganhamos pulseiras com as cores correspondentes a essas respostas. Roxo
para bissexual, por exemplo, branco para ‘disposto a sexo em grupo’ e etc.
Blake faz uma pausa para morder um pedaço de sua pizza. E eu sigo
meio paralisada, agarrada a mesa de sinuca, com a cabeça girando tentando
imaginar tudo que ele conta, todas as possibilidades. O moreno retoma a
fala depois de alguns instantes.
— E ai temos três corredores, o primeiro leva para as salas escuras,
salas de completo breu onde pode acontecer um pouco de tudo. As pulseiras
brilham no escuro, e são importantes nesse momento, para identificar quem
podemos tocar. O segundo corredor leva para as salas de voyeurismo
mesmo. Há sofás, mesas, poltronas e camas espalhadas, e é permitido fazer
sexo em qualquer superfície, mas há também uma divisão entre, quem quer
participar ativamente e quem quer apenas assistir. E o terceiro corredor são
os das fantasias. Diversos quartos, com os mais variados temas e fantasias
sexuais que as pessoas podem ter. O que você procura é uma masmorra para
sexo BDSM? Um escritório para fantasiar transar no trabalho? Há um
pouco de cada coisa e você pode também pagar e agendar a montagem de
um quarto específico, com tudo que deseja.
— Há diversas regras, claro, e seguranças por todo lado, garantindo
que ninguém faça nada que não queira. E não é fácil entrar, você deve ser
convidado, pagar uma bela quantia para se tornar sócio do clube, além de
uma taxa mensal, e deve passar por uma avaliação para saber se você não
representará um risco para os outros membros. Quem deseja entrar também
tem que passar por exames, e o uso de camisinha é obrigatório nas áreas
abertas — complementa Oliver.
Fico sem saber o que dizer, minha mente se desdobra para imaginar
tudo que eles descreveram. Para quem viveu sendo reprimida e tem pouca
experiência em sexo, é um pouco assustador. Meu primeiro instinto é achar
tudo aquilo errado, imoral, mas… Parece intenso, diferente, libertador até e
muito, muito tentador. Começo a me imaginar indo ao clube, com eles…
Ah, senhor, me abana.
Desvio o olhar dos meninos, tentando esconder meu rubor atrás do
meu copo de cerveja, que acabei de encher e tomo tudo de uma vez. Tento
aplacar minha sede, meu calor, meu desejo, mas não parece adiantar muita
coisa.
Vamos Jasmine, diga alguma coisa antes que essa situação fique
bizarra.
— Legal. Deve ser uma experiência e tanto mesmo — é o que
consigo expressar. Os três carregam expressões idênticas de que sabem
muito bem porque estou corando e estão achando um pouco de graça, então
tento tirar a atenção de mim — Agora é a vez do Oliver, né?
O loiro confirma com a cabeça, e logo faz sua jogada, encaçapando a
bola azul listrada. Ele sorri travesso antes de lançar sua pergunta pra mim:
— Qual o lugar mais inusitado em que já fez sexo?
Engulo a vergonha e respondo que o depósito da igreja era o lugar em
que eu e Richard mais usávamos para transar, o local com menos riscos de
sermos pegos. A confissão arranca gargalhadas de Liam.
Daí em diante, o tempo parece voar enquanto bebemos, jogamos e
provocamos uns aos outros.
Descubro que eles já quase foram flagrados uma vez, quando
adolescentes, e Blake e Liam tiveram que sair pela janela do quarto de
Oliver, que era no segundo andar, e isso quase fez Liam quebrar o pé. Já eu
tive que confessar que sim, tenho vários vibradores em casa. Eu só tinha um
enquanto ainda morava com meus pais, um bullet em formato de batom,
mas desde que me mudei, já comprei e experimentei uns 5 modelos.
Quando pergunto quem é o mais insaciável dos três, eles são
unânimes em escolher Blake, que diz ostentar o cargo com orgulho. Mas
quando Liam me pergunta se prefiro fazer ou receber oral, é que finalmente
os deixo chocados, porque respondo:
— Não sei, nunca fiz ou recebi.
Blake até se levanta da poltrona em que tinha ido parar, larga o uísque
que bebia e vem para perto de mim. Quando percebo, os três estão à minha
volta exclamando coisas do tipo: “Como isso é possível?”, “Com quem
raios você tem transado?” e “Não posso acreditar”.
Se normalmente eu já tenho pouco filtro com as palavras, com a
quantidade de álcool que ingeri, não me sobrou nada, então me vejo
contando tudo a eles.
— Eu tentei fazer, uma vez, mas Richard disse que era imoral demais.
Me foder podia, mas chupar? Nossa, não, aí sim vai pro inferno — digo
sarcástica e reviro os olhos — E disse que também não faria em mim. Tive
outros dois casos de uma noite durante a faculdade, mas foi tudo muito
rápido e como eu não queria confessar para os caras que eles teriam que me
ensinar se quisessem, acabou não rolando também.
— Minha nossa, você só transou com completos imbecis — protesta
Oliver, ganhando a concordância dos outros. Elevo os ombros, em sinal de
“fazer o quê?”.
— Ah, sei lá, nunca fui a mais interessante dos lugares, os caras não
achavam que eu valia o esforço, eu acho — digo, dando vazão a um
pouquinho da bebada autodepreciativa que existe em mim.
Porém, não tenho tempo de pensar mais nada disso porque Blake foi
parar às minhas costas, colocando uma mão forte na minha nuca e a outra
na minha cintura. Me arrepio inteira, o calor descendo dos locais que ele
toca para todo o meu corpo. Blake então encosta a boca próximo a minha
orelha, e só sua respiração quente já ameaça me enlouquecer.
— Olha pra eles — ordena, com aquela voz grave — Esses dois e eu
daríamos qualquer coisa para ter a honra de chupar você. Eu tenho até
mesmo sonhado com você sentando no meu rosto e me deixando tomar
tudo que você tiver para dar. Você merece ser venerada, Jasmine. Desde a
primeira vez que sorriu pra mim, eu penso em lamber você da cabeça aos
pés, princesa. E se você quiser, nós faremos exatamente isso. Os três.
Não consigo respirar. Não consigo mais pensar. Não consigo me
mexer. Meu mundo girando em torno da fala de Blake. Fecho os olhos, o
desejo insano percorrendo minhas veias. Blake aperta mais um pouco
minha cintura e eu deixo escapar um arquejo.
— A-agora? — gaguejo, mas enfim consigo perguntar.
— Agora não princesa, porque nós já bebemos demais,
principalmente você. Agora nós vamos te acompanhar até seu quarto, e
você vai se masturbar até esse tesão todo passar e conseguir dormir, ok? —
pede, soltando meu coque e inserindo uma mão em meus cabelos e puxando
até que eu olhe pra cima, direto em seus olhos azuis.
— Ok — confirmo, vidrada em seu olhar e com a voz pesada de tanto
desejo. Fico pensando em quais outros momentos ele puxaria meus cabelos
assim…
Mas então ele me solta e volto a olhar para frente, encontrando Liam
e Oliver agora a poucos centímetros de mim.
— Amanhã, quando acordar e se lembrar dessa conversa, pense no
que quer fazer. Você decide tudo, ok? Podemos te ensinar o que é prazer de
verdade, podemos te ensinar tudo que quiser saber e um pouco mais — diz
Oliver, passando a mão em meu rosto de leve.
É a vez de Liam me prender em sua atenção, o que ele faz puxando
meu queixo em sua direção com delicadeza.
— E se não quiser, basta fingir que nada disso aconteceu, e nós
faremos o mesmo, ok baby? — complementa ele.
— Okay — repito e Liam sorri.
— Venha, vamos dormir.
Nossa cama é igual coração de mãe
Liam
Acordei com o eco dos trovões e o vento sacudindo as janelas. Ótimo,
mais uma porra de tempestade. Eu amo essa casa, mas gosto ainda mais
quando podemos passar mais tempo do lado de fora, jogando futebol,
tomando um sol e às vezes até indo até o lago, mas esse clima horroroso
parece que decidiu se fixar por aqui. Checo as horas no meu celular, que
aqui no meio do nada só serve como relógio mesmo, e verifico que já são 4
da manhã.
Odeio acordar no meio da noite porque demoro pra voltar a pegar no
sono.
Decido então levantar para fazer um leite quente ou algo do tipo. Me
desvencilho do braço de Blake, que estava jogado em cima de mim, e saio
da cama, me arrastando escada a baixo em direção a cozinha.
Um relâmpago ilumina quase a casa inteira, graças à quantidade de
janelas de vidro que temos, e eu me assusto tanto pelo clarão, quanto por
dar de cara com Jasmine no sofá da sala.
— Jas? O que está fazendo aqui?
— Liam! Eu, hã… acordei com os trovões e não consegui mais
dormir, ficava me lembrando de caminhar e caminhar sem ter pra onde ir —
confessa, apoiando o queixo nos joelhos, toda encolhida.
— Ah baby — me compadeço e caminho até ela, sentando no sofá e
passando um braço por seus ombros — Você viveu uma situação
apavorante, é normal ter reflexos de medo. Quando for assim, tente se
distrair, ver TV, ler, algo do tipo, para conter o pânico.
— Não pensei nisso, fiquei um pouco paralisada pelos trovões, acho.
Abraço-a com mais afinco, e ela encosta a cabeça no meu ombro.
Ficamos assim em silêncio por alguns segundos.
— Vem, essa chuva também me acordou e eu desci pra fazer algo pra
beber. Aproveite que chocolate quente é basicamente minha única
especialidade culinária — digo, já levantando e estendendo a mão pra ela.
Ela solta um risinho fraco, mas aceita minha mão e me segue até a
cozinha. Preparo o chocolate quente sob seus olhos distraídos e percebo seu
corpo ter leves espasmos sempre que um trovão soa ou um raio cai muito
próximo da casa.
Nos sentamos na ilha e entrego a xícara para ela, que prova e exclama
que está uma delícia, mas depois volta ao seu silêncio incomum.
Terminamos a bebida e deixo tudo na pia para lavar quando
amanhecer.
— Obrigada Liam, pela companhia e pelo chocolate. Acho que
consigo dormir agora — diz, mas sem exalar confiança nenhuma e então
tomo uma decisão..
— Vem comigo — pego sua mão de novo e saio guiando-a até as
escadas para o segundo andar. Quando começo a subir, Jas finalmente
protesta.
— O que está fazendo?
— Você vai dormir com a gente — afirmo e continuo subindo com
ela a reboque.
— Não vou, não! — nega, chocada e finca os pés no degrau, me
obrigando a parar também.
— Vai sim, você não vai conseguir pregar o olho lá sozinha com esse
tempo, então vai dormir com a gente. Prometo que tem bastante espaço,
vamos — determino e volto a puxá-la escada acima.
— Oswald Liam, eu não vou! — me arrepio só de ouvir esse nome
horroroso. Vou esganar quem contou pra ela.
— Jasmine Jane, você tem duas opções. Ou ir com as próprias pernas,
ou ir no meu ombro, porque não vou hesitar em te carregar — meu olhar
deixa claro que não estou blefando. Jasmine bufa, mas finalmente volta a
andar e eu sorrio vitorioso.
— Você é ridículo, o que eles vão pensar quando acordarem e me
virem na cama?
— Que eu sou o sortudo que trouxe a princesa até seus fiéis
escudeiros, onde a protegeremos da chuva maligna? — sussurro usando
toda a minha cara de pau enquanto entramos no quarto. Blake ronca
baixinho e Oliver está com os membros todos enrolados no moreno. Típico.
Levo Jasmine até meu lado da cama e me deito, batendo em seguida
sobre o colchão para indicar que ela faça o mesmo, enquanto levanto o
cobertor pra ela entrar comigo.
— Isso é ridículo — protesta ela só mais uma vez, porque em seguida
um trovão horrível ressoa e ela se apressa em se deitar. Dou uma risadinha
enquanto ela se aconchega, ficando de lado e virada pra mim, evitando
assim olhar para a janela.
— Pronto, nem doeu né? Agora você pode ficar olhando para meu
lindo rosto e em 2 minutos esquecerá o que é chuva — sussurro, por que
não resisto.
— Você é um idiota convencido — responde, dando um leve tapa no
meu peito. Agarro sua mão e a faço ficar ali, encostando em mim. Jasmine
suspira e murmura um quase inaudível "mas obrigada". Ela fecha os olhos e
eu também, mas por mais alguns minutos continuo sentido-a tremer ao som
da chuva. Volto a abrir os olhos e sussurro:
— Isso não está funcionando, querida. Vamos tentar de outro jeito —
pego-a pela cintura e a coloco por cima de mim, rolando nós dois para
trocarmos de lugar. Jasmine contém um gritinho de susto. Deixo-a entre e
eu e Blake, e giro-a até que fique de costas pra mim, para então abraçá-la.
— Agora sim — digo diretamente em seu ouvido. Ela me permite
abraçá-la, mas ainda está toda tensa — Relaxe, baby. Eu vou cuidar de
você, prometo.
Se passam mais alguns segundos, mas ela enfim relaxa o corpo contra
mim. Ela é toda pequena e suave, tão gostosa de abraçar. Fecho os olhos
outra vez e percebo quando, minutos depois, ela finalmente adormece, pois
sua respiração muda. Me permito cair no sono também, sorrindo por
conseguir estar aqui por ela.

Acordo com a luz me acertando no rosto, e mais uma vez me


arrependo por não ter insistido nas cortinas de blackout que não compramos
porque Oliver as achava feias demais. Feias, mas úteis né? Permaneço de
olhos fechados enquanto meu corpo termina de despertar.
Estou abraçado em um corpo pequeno e macio, o que é um pouco
estranho, mas não reclamo e por instinto, aperto mais o corpo contra mim.
Entretanto, a confusão de cabelos na qual meu rosto afunda faz com que eu
abra os olhos e me lembre que se trata de Jasmine.
Sorrio e me permito cheirar seu pescoço só mais um pouquinho. Ela
não usa perfume, claro, então cheira apenas a sabonete e uma doçura toda
própria. Fico mais alguns instantes assim enquanto ouço sua respiração
calma, mas então percebo que há outra parte do meu corpo acordando.
Maldição.
Tento me soltar dela, mas Jasmine reclama dormindo e agarra meu
braço sob sua barriga. Decido então afastar pelo menos minha pélvis da
bunda dela, mas só pioro a situação porque, assim que ganho um espaço
para trás, Jasmine me acompanha e volta a se aconchegar toda, rebolando
aquela bunda maravilhosa sobre meu pau.
Ok, ok, desse jeito não vai dar.
— Jas — sussurro baixinho, tentando acordá-la, mas não aos meninos
— Jas, baby, você precisa acordar.
Ela volta a se remexer ainda mais e murmura o que acredito ser um
“não” bem sonolento. Olho para o teto tentando pensar em queda de ações,
furos de orçamento da empresa e qualquer outra coisa incômoda para que
não fique ainda mais excitado.
— Jas… — chamo outra vez.
— Shiu, só mais uns minutinhos — responde, grogue de sono, e
abraça ainda mais minha mão que está em seu corpo, quase segurando seu
seio. Deus realmente está me testando.
— Querida, se você não se desgrudar de mim, logo perceberá que eu
não tenho muito controle sobre ereções matinais — decido pela abordagem
mais direta, o que funciona, porque Jas se assusta e pula pra frente, só para
ir parar de cara com Blake.
— Ah meu Deus! — exclama, assustada, e se levanta, ficando sentada
na cama enorme. Tudo isso faz com que os outros dois acordem e olhem
para os lados sem entender nada. Oliver esfrega o rosto, e Blake esconde
um bocejo com a mão antes de também sentar e dizer:
— Bom dia, princesa. Eu lembro de ter te deixado na sua cama
ontem. Como é que veio parar aqui?
Jasmine está toda corada daquele jeito adorável e decido salvá-la de
responder.
— Eu a encontrei na sala durante a madrugada, morrendo de medo da
tempestade, então a trouxe pra cá. — explico, também me sentando apoiado
contra a cabeceira da nossa cama. Oliver também já fez o mesmo e assiste a
cena curioso.
— Isso, e eu nem devia ter aceitado. Desculpa, já vou indo — diz ela
e tenta se levantar, mas Blake se adianta em puxá-la e colocá-la de volta
sentada agora entre suas pernas.
— Princesa fujona, eu não estava reclamando. Às vezes eu enjoo
mesmo de acordar olhando pra cara desses dois.
— Mas de novo eu invadi o espaço de vocês, me…
— Se pedir desculpas de novo é que eu vou ficar bravo — interrompe
Blake, em seu tom mais mandão.
— Fora que me lembro de termos deixado um convite em aberto pra
você, querida — comenta Oliver, que ergue uma sobrancelha sugestiva
quando Jasmine vira o rosto para olhá-lo.
— Isso mesmo. Você pensou na nossa proposta de ontem? —
questiona Blake no ouvido de Jas e ela se arrepia toda.
— Ainda não, ontem eu só tomei um banho e capotei. E quando
acordei de madrugada, estava muito apavorada para pensar em qualquer
coisa — confessa ela, e Blake a abraça, encostando a cabeça em seu ombro.
— Mas você quer pensar? Ou já descartar a ideia? Como eu disse
ontem, podemos não tocar mais no assunto se você não quiser — digo,
olhando pra ela com curiosidade, quando uma possibilidade me atinge —
Droga, eu nem sei se você realmente se sente atraída por nós, eu só presumi
depois que nos viu aquela noite, mas pode ter sido algo de momento…
Meu discurso é interrompido por uma Jasmine ligeira que ficou de
joelhos sob a cama e me puxou pela blusa do pijama até encostar seus
lábios nos meus, em um rápido selinho. Fico tão chocado que nem reajo, e
arregalo ainda mais os olhos ao assisti-la fazer o mesmo com Oliver e por
fim Blake, para depois voltar a se sentar entre as pernas dele com o rosto
todo afogueado.
— Acredite, desejar vocês nem é uma questão. Eu jurava que havia
chegado no céu quando acordei naquele primeiro dia e vi vocês três ao meu
redor — revela e suspira antes de continuar — O problema é que me sinto
insegura. Eu tenho pouca experiência com sexo, devo ter transado…umas 8
vezes no máximo? E agora, do dia pra noite, ir pra cama com 3 caras?
Minha vagina diz “sim sim sim”, mas meu cérebro também tá gritando aqui
“amada, você não dá conta!”
Não resisto e caio na risada acompanhado dos outros.
— Ah, Jasmine. Você é realmente única, não é? — elogio e impeço
que ela replique colocando meu indicador sobre seus lábios — Nós
podemos ir com calma, sabe? Uma experiência por vez. Falamos sério
ontem sobre podermos te ensinar tudo que quiser saber, tudo que quiser
experimentar.
— Exato. Tudo que quiser, no ritmo que quiser — complementa
Oliver, pegando na mão dela e beijando devagar.
— O que me diz, princesa? — pergunta Blake, fazendo com que ela
se arrepie ao roçar a barba em seu pescoço.
Jasmine olha de mim para Oliver e então finalmente diz:
— Sim. Ah céus, eu perdi o resto do juízo que tinha, mas sim.
Sorrio de orelha a orelha, enquanto Blake grunhe em aprovação e dá
uma mordida de leve no pescoço descoberto de Jas. Oliver, por sua vez, está
distribuindo beijinhos da sua mão até o ombro, fazendo-a rir.
Quero jogá-la nessa cama, tirar sua roupa e lambê-la inteira, encher
esse quarto com seus gemidos misturados com os nossos. Mas me controlo,
sacudindo a cabeça para afastar os pensamentos e apenas falo:
— Então vamos descer e tomar café, querida. Algo me diz que vamos
precisar de energia.
Uma mão lava a outra, e seis me levam a loucura
Jasmine
“Bom dia, Jasmine. O que você fez hoje?”
“Ah, eu acordei na cama de três homens gostosos e concordei em
deixá-los realizar todas as minhas fantasias e você?”
As conversas que tenho comigo mesma dentro da minha cabeça estão
saindo do controle. Até apelidei uma das vozes de “Ansy”, pra ficar mais
bonito e simpático do que “Ansiedade”.
Espero que a Ansy não corroa meu fígado enquanto espero pra que
algo aconteça.
Estou nessa pilha de nervos desde que disse “sim” para os meninos.
Confesso que achei que eles já iriam me agarrar bem ali, naquela cama
enorme e tão propícia. Mas não. Nós descemos, eu ajudei Oliver com o café
e depois de comer passamos alguns minutos entre brincar com os gatinhos,
limpar sua caixinha de areia e servir pra eles uma lata de atum.
E agora estou aqui, no banheiro do meu quarto, escovando os dentes e
trocando minha única blusa por uma camiseta preta do Blake, mantendo
minha legging e os pés descalços mesmo, já que o chão aqui é todo
aquecido.
O sol brilha lá fora — amém né, depois daquela tempestade dos
infernos — mas a temperatura segue baixa. Levo minha blusa, sutiã,
calcinha e meias para a lavanderia e coloco no ciclo rápido. Ficar nessa casa
com os meninos tem sido incrível, mas ter só uma calcinha vai acabar me
matando. Nunca mais saio pra canto nenhum sem outra muda de roupas,
nunca se sabe em quais outras ciladas eu sou capaz de me meter nessa vida.
Encontro com meu trio favorito na sala, todos parcialmente vestidos,
usando apenas shorts, chinelo e toalhas penduradas nos ombros.
— Não sei se vocês sabem, mas o outono está batendo na porta, já
está frio — digo, levantando uma sobrancelha.
— Estávamos só te esperando, querida. Vamos para a jacuzzi —
explica Oliver
— Jacuzzi? Vocês tem uma jacuzzi aqui e eu não sabia?
Oliver ri e confirma com a cabeça.
— Fica na parte de trás da casa, que você ainda não explorou muito.
Hoje ainda está meio frio, mas como está sol deve estar bom o suficiente
para aproveitarmos a jacuzzi — explica, e caminha até ficar na minha
frente, roubando um pouco do meu fôlego ao encarar seu abdômen definido
— Aqui está sua toalha e um chinelo extra que achei no armário. Vai ficar
enorme pra você, mas vai ter que servir por enquanto.
Pego o chinelo da mão de Oliver, e ele pendura a toalha e meus
ombros.
—- Mas eu não tenho um biquini! — exclamo, enquanto eles já estão
andando e Liam me puxa pela mão para acompanhá-los.
— Você está com uma camiseta que quase chega aos seus joelhos,
baby, entre com ela e tudo certo — decide Liam.
— Mas…mas…
— Chega de ‘mas’ e de tanto se preocupar com detalhes princesa.
Vamos — determina Blake e, em questão de segundos, meus pés saem do
chão, pois ele está me carregando como um saco de batatas sobre o ombro e
indo bem depressa para os fundos da casa.
— Aah, seu brutamontes! Me coloca no chão! — ordeno, mas Blake
ri e me solta apenas um minuto depois, quando já estamos do lado de fora e
de frente para uma área externa coberta, onde há uma jacuzzi enorme, todo
um espaço para churrasco, uma mesa e um sofá. A vista é para a floresta e
me deixa encantada, mas me distraio apenas por alguns segundos antes de
dar um soquinho no braço de Blake, que apenas dá risada outra vez.
— Seu ridículo, eu teria vindo com minhas próprias pernas.
— E me fazer perder a oportunidade de carregar essa bunda linda por
aí? Seria um desperdício.
Coro violentamente e fico sem resposta, o que o faz me lançar aquele
sorriso provocador de homem sem vergonha.
Idiota.
Idiota gostoso.
Oliver e Liam já estão dentro da água, sorrindo da minha ceninha com
Blake. Bufo, mas paro de protestar e começo a tirar minha legging para
poder entrar só de camiseta. A verdade é que quero muito entrar naquela
água com eles. Primeiro porque nunca entrei em uma jacuzzi antes e estou
me sentindo chique. Segundo que: ficar molhada com esses caras parece
muito, muito interessante.
Deixo minha toalha no aparador que fica ao lado da banheira e
mergulho um dos pés, testando a temperatura da água. Quente e perfeita.
Desço o degrau e me sento entre Blake e Liam. Sou abraçada por aquela
água e me sinto no paraíso, com direito a três jatos de água me fazendo
massagem nas costas. Ai como vida de rico é boa, minha nossa. Fecho os
olhos e até deixo escapar um gemidinho de satisfação.
— Está confortável agora, princesa Jasmine? — pergunta Blake,
irônico.
— Sim, sim, mas se meus súditos quiserem me fazer massagem nos
pés também, eu não vou reclamar — brinco, sorrindo pra ele. Os três dão
risada, mas Blake realmente puxa uma das minhas pernas para cima do seu
colo.
— Para a sua sorte, eu de fato sou um excelente massagista —
responde, e começa a apertar e massagear meu pé esquerdo com destreza.
Fecho os olhos de novo, em plena satisfação. E como pelo visto acertei na
loteria da vida, Liam está massageando minha mão direita enquanto Oliver
cuida do outro pé.
Morri e fui para o céu, certeza. Ninguém é tão feliz assim na terra.
Passo maravilhosos minutos assim, sendo paparicada, até que sinto os
primeiros beijos de Liam subindo por meu braço. Abro os olhos e dou de
cara com os círculos cor de chocolate dele me olhando de volta, enquanto
sobe os beijos delicadamente até chegar no meu ombro. Ele para e se fixa a
centímetros do meu rosto, me olhando com tanta luxúria que faz meu ventre
se contrair de imediato.
— Faça esse servo feliz e me deixe beijá-la, Jas — pede, enquanto
passa o dedão por meu lábio inferior. Estou hipnotizada por ele, presa na
atração desse momento, e mal termino de acenar com a cabeça em
concordância quando os lábios de Liam me tomam.
Seu beijo é desesperado, urgente, intenso. Ele me segura pela nuca
enquanto invade minha boca com sua língua, me enlouquecendo a cada
toque, a cada exploração. Nunca fui beijada com tanta ânsia, e meu corpo
todo ferve em resposta. Nos separamos só quando de fato não há mais
fôlego.
— Cacete. Eu sabia que você era perfeita, mas porra. Eu nunca mais
vou largar dessa sua boca, mulher — exclama Liam, entre arquejos e eu
apenas sorrio, também recuperando o ar. Liam me dá um último selinho e
beija meu pescoço antes de se afastar.
Volto meu olhar para Oliver e Blake, que também já deixam transbordar a
luxúria de seus olhos. Fico subitamente envergonhada, mas Blake não me
dá tempo para pensar demais.
— Venha aqui, princesa — pede, mas sua voz é de quem está
tentando se segurar. Levanto, e em seguida ele está me puxando para seu
colo. Fico de joelhos no degrau, com ele sentado entre minhas pernas,
ficando na altura perfeita de sua boca. Blake sorri diabólico.
— Agora sim. Você quer que eu te beije, Jasmine? — questiona com
aquele timbre rouco que sempre me fez tremer.
— Sim — confesso, baixinho, e ele entranha uma das mãos no meu
cabelo, como fez na noite passada, e puxa minha cabeça um pouco para
trás, até expor meu pescoço. Ele lambe da base dele até a bochecha, e
depois volta distribuindo beijinhos. Quando os beijos chegam no meu
ombro e eu acho que ele vai parar, Blake me surpreende me mordendo, com
mais força do que já tinha usado antes. A suavidade seguida pela surpresa
da dor da mordida faz coisas insanas com meu corpo e eu arquejo.
— Então peça — diz ele.
Eu já sabia que era disso que ele gostava desde a noite que os
observei, mas perceber o quanto eu gostava de ouví-lo demandar coisas foi
uma surpresa pra mim. Arregalo um pouquinho os olhos, encarando os seus
profundamente azuis, mas faço o que ele quer:
— Por favor, Blake. Me beije.
— Boa garota — Ele exibe um sorriso lindo, e então me devora.
Seu beijo é exigente, forte, pedindo tudo de mim e um pouco mais. A
mão dele em minha nuca serve para que ele me direcione para onde quer,
comandando o beijo. Apoio minhas mãos em seus ombros e o aperto,
amando o gemido que ele solta quando eu finco minhas unhas em sua pele.
Separo nossos lábios a contragosto, porque meu corpo idiota insiste em
precisar de ar, mas Blake só me larga depois de morder meu lábio inferior
para me enlouquecer mais um tiquinho.
— Inferno de mulher gostosa! — diz, e move as mãos até enchê-las
com a minha bunda, apertando as bandas com gosto e me deixando super
ciente de que não estou usando calcinha. Blake chupa meu pescoço com
força, o que sei que vai deixar marca, mas eu não poderia me importar
menos.
Ele tira suas mãos e a boca de mim subitamente e me olha com puro fogo
nos olhos.
— Vá para o Oliver antes que eu me sinta ainda mais tentado a
esquecer tudo e te foder agora mesmo — diz, e me pega pelos braços até
me deixar de costas no colo de Oliver. Minha bunda vai certinho de
encontro ao seu pau, já super duro, e nós dois ofegamos. Me remexo por
instinto, mas Oliver me segura pela cintura e me faz parar.
— Não vamos pular etapas. Ainda vou te deixar rebolar no meu colo
o quanto quiser, Jas, mas agora quero essa sua boca. Vire-se pra mim.
Faço o que ele pede e logo estou com Oliver entre minhas pernas
assim como estava com Blake. O loiro sorri abertamente ao me olhar, e
afasta meu cabelo do rosto.
— Oi, querida — diz, suave, e eu me derreto mais um pouquinho.
Como ele consegue ir do safado ao fofo em segundos é algo que me deixa
intrigada.
— Oi, Ollie
— Você está bem?
— Talvez eu entre em combustão, mas estou ótima — respondo e ele
ri, enlaçando minha cintura com as mãos outra vez.
— Então o que é mais um pouquinho de fogo, né? — responde e
finalmente me beija.
Seu beijo não é como nenhum outro. É calmo, profundo, e ele parece
explorar cada cantinho da minha boca com devoção. Minhas mãos
acariciam seu cabelo macio, e eu termino de me perder em todas as
sensações que Oliver me causa.
Quando paramos para respirar, ele segue me dando beijinhos suaves,
em contraste com as mãos na cintura que me apertam com determinação.
Céus, como vou beijar qualquer outra pessoa depois de beijar esses
três?
Estou tão tonta de desejo, tesão, luxúria e tudo mais, que mal percebo
quando Oliver me coloca de pé no meio da banheira, e agora os três estão
ao meu redor, me tocando.
Você pinta como eu pinto?
Blake
Jasmine está em pé no meio da banheira, enquanto permanecemos
sentados, admirando-a. Os cabelos bagunçados por nossas mãos, os lábios
inchados, os olhos pesados de desejo e aquela camiseta molhada grudada
em cada maldita curva.
— Podemos parar por aqui se quiser, Jas. Mas se não… — começa
Oliver, ganhando a atenção imediata dos olhos cor de jade dela.
— Se não? — questiona ela, sem piscar.
— Se quiser continuar, vamos para sua primeira aula: tocar — me
adianto em dizer — Vamos tocar você inteira, até te fazer ver estrelas. E
você vai nos tocar o quanto desejar também.
Dessa vez, ela nem hesita em dizer sim, e eu quase gemo por
antecipação. Toco a barra da camiseta.
— Tire isso pra nós, princesa. Queremos te ver.
Ela me olha um pouco insegura, e eu aperto sua coxa em reafirmação.
Jas respira fundo e então começa a puxar a camiseta até retirá-la pela
cabeça e jogar para o lado de fora da jacuzzi e voltar a nos olhar,
apreensiva.
Ah, céus, ela é perfeita. Magra e com coxas finas, seios que parecem
do tamanho ideal para se encaixarem nas minhas mãos, boceta com pelos
baixinhos e uma bunda pequena e redondinha que eu poderia morder.
— Gostosa pra cacete — exclama Liam.
— Ah meu bem, como você é deliciosa — é a vez de Oliver elogiar,
enquanto ela cora ainda mais e eu assisto aquele rubor, que já é sua marca
registrada, se espalhar do rosto para todo seu peito.
— Tão perfeita, Jasmine… Porra, você vai acabar com a gente —
confesso, e ela ri descrente, mas logo se cala sob meu olhar — Apoie um pé
no degrau — mando, e ela obedece sem pestanejar, o que me faz salivar
diante de sua boceta exposta. Liam se dedica a pegar sua perna levantada e
percorrer as mãos por sua panturrilha, depois joelho e coxas, fazendo com
que a garota o encare sem perder nenhum movimento.
Oliver já está a suas costas, e move o cabelo dela para o lado para
poder beijar seu pescoço. Ele passa as mãos pelos braços dela
delicadamente, como se venerando sua pele.
O vento frio faz sua pele se arrepiar e seus mamilos endurecerem, e
quero tanto morder aqueles bicos que quase perco o controle, mas respiro e
me aproximo dela devagar, primeiro provando aqueles lábios perfeitos mais
uma vez. Enquanto aperto sua cintura, Jasmine toma coragem de passar a
mão em meu tórax, arrastando as unhas por cada gominho da minha barriga
e me causando arrepios deliciosos. Arrasto então as mãos para seus seios, e
nós dois gememos quando os aperto contra minha mãos.
Paro de beijá-la, mas sigo com nossos rostos próximos para poder
admirar suas reações enquanto revezo entre apertar, beliscar os mamilos e
apenas circundar com suavidade. Estou tão sintonizado em seus gemidos e
arquejos que sei o exato momento em que as mãos de Liam encontram sua
boceta, porque seu corpo todo se contrai em resposta.
— Molhada, tão molhada que está escorrendo por suas pernas, baby
— constata Liam, e eu e Jasmine olhamos pra baixo, para acompanhar os
dedos dele entrarem e saírem dela devagar e decido que preciso participar.
Agarro seus cabelos, enrolando-os no meu pulso e puxo, enquanto a
outra mão faz um caminho torturantemente lento até seu clitóris. Jasmine
grita ao primeiro contato e eu me delicio, aproveitando para morder seu
lábio inferior.
Oliver me substituiu e está focado em seus seios agora, e Liam não
para os movimentos em seu interior. Nossa garota fecha os olhos de prazer,
mas protesto imediatamente:
— Não, não. Olhe pra mim, princesa. Você vai gozar em nossas mãos
e olhar pra mim o tempo todo, entendido? — pergunto, puxando ainda mais
seus cabelos.
— N-não consigo! São muitas sensações, eu… Ah céus! — grita e
abre os olhos porque belisco seu clitóris.
— Consegue sim, princesa. Olhe pra mim, ou vou parar — reforço, e
ela choraminga, mas acena com a cabeça e continua de olhos abertos.
— Boa garota. Você quer gozar?
— Sim! Deus, sim! — diz entre gemidos, porque acelerei os toques
circulares.
— Você quer gozar nos dedos de Liam, ou nos de nós dois juntos? —
pergunto, e Jasmine arregala os olhos, parecendo não saber o que responder.
Oliver aproveita para morder o pescoço dela. Decido ser mais incisivo e
retiro minha mão do seu cabelo para segurar seu queixo.
— Você é nossa putinha particular, Jasmine? — pergunto e ela treme
de leve, o que me faz sorrir. Nossa garota também se excita com palavras
sujas.
— S-sou — confessa, com os olhos pesados de tesão.
— Então responda: nossa putinha quer dois dedos, ou quatro? –
Belisco seu clitóris ao mesmo tempo que Oliver aperta seus mamilos e ela
solta um gemido desesperado.
— Quatro. Porra. Eu quero quatro — pede entre arquejos. Ela está
muito perto.
Sorrio de orelha a orelha e em seguida mordo seu queixo. Apenas
olho para Oliver por sobre o ombro de Jasmine e ele pisca em resposta,
porque sabe muito bem o que fazer.
Oliver cola seu peito nas costas de Jasmine, agarrando um seio com
uma mão e tocando sua boceta com a outra, enquanto eu desço minha
própria mão para penetrar dois dedos nela junto com Liam.
Jasmine grita desesperada e goza. Seu centro aperta nossos dedos com
força e todo seu corpo treme. Ela fecha os olhos e dessa vez não a provoco
para que os abra. Suas pernas perdem as forças e Oliver a ampara. Eu e
Liam tiramos os dedos de sua boceta, mas Oliver permanece com um dedo
em cima de seu clitóris, prolongando seus espasmos de prazer e sussurrando
palavras doces em seu ouvido.
Oliver volta a sentar, trazendo-a para seu colo dentro da água.
Jasmine vai normalizando a respiração e volta a abrir os olhos. Acaricio seu
rosto enquanto Liam beija a mão dela suavemente.
— Foi bom pra você, princesa?
Ela solta uma risadinha cansada.
— Bom? Bom nem começa a descrever, puta merda — responde, nos
arrancando risadas. Saio da jacuzzi e busco por uma garrafa de água no
frigobar, que fica na área da churrasqueira. Volto para a água e entrego a
garrafa pra ela, que agradece e bebe avidamente.
Depois de mais alguns minutos, Jasmine se remexe no colo de Oliver
e olha para nós.
— Certo, agora é minha vez? — sonda ela.
Eu e meus namorados rimos e Oliver rouba um beijo dela antes de
responder:
— Estamos à disposição, querida. O que tem em mente?
Ela morde o lábio, mas parece ter perdido as inibições iniciais porque
revela:
— Quero que me ensinem a masturbar Blake, enquanto assisto a
Liam e Oliver se tocarem também.
É a minha vez de morder o lábio, enquanto olho para Jasmine
fascinado por tudo que sai daquela boca esperta e mente safada.
— Está pronta para fazer o que eu mandar? — questiono, segurando
seu queixo. Seus olhos brilham de desejo e sua respiração acelera.
— Sim.
— Boa garota — reforço, enquanto aproveito para levantar e tirar
meu calção de banho. Meu pau salta pra fora, duro feito aço desde o
momento em que colocamos os olhos nessa mulher. Jasmine nem pisca e
umedece os lábios enquanto me olha inteiro.
Liam também já está nu, e eu roubo Jasmine de Oliver, para que ele
também possa se despir, e a trago para o meu colo, beijando seus lábios
com fome. Quando nos separamos estamos ambos sem fôlego.
— Você gosta das palavras sujas, princesa? — pergunto, só pra
confirmar.
— Gosto.
— Então peça pra me tocar. Pra pegar no meu pau — ordeno e ela me
dá um sorrisinho safado antes de obedecer.
— Me deixa bater uma punheta pra você, Blake? Por favor? — Sua
voz excitada me faz grunhir.
— Toca esse pau que em breve você vai sentar, princesa — digo,
dando um tapinha em sua bunda, o que a faz soltar um gritinho e no mesmo
segundo está com uma mão agarrando meu pau.
Contenho um gemido quando sua mão sobe e desce pela primeira vez,
de forma suave, e me preparo para instruí-la quando Oliver interrompe.
— Ele gosta forte. Aperte a base com uma mão e movimente a outra
com firmeza. Se apertar demais ele vai reclamar na mesma hora, então não
se preocupe. Aproveite que a água da banheira vai te deixar deslizar
perfeitamente.
Ela segue as instruções à risca e em questão de segundos já estou
arfando. Foram dias de tesão acumulado, e depois de ter a feito gozar nas
nossas mãos, eu não vou resistir muito.
Liam e Oliver se beijam e Jasmine os encara fascinada. Fico me
revezando entre olhar para os meus namorados punhetarem um ao outro
com destreza, gemer com o toque de Jasmine no meu próprio pau e a visão
dos seus deliciosos seios balançando conforme movimenta as mãos.
Esses três vão me levar à loucura e não vai demorar.
Meus homens descolam as bocas para nos olhar.
— Massageie um pouco as bolas, ele gosta — indica Liam, e faz o
movimento em Oliver. Jasmine assiste e o imita com perfeição.
— Porra — exclamo, quando ela também decide passar o dedo pela
cabeça do meu pau, seguindo as instruções de Oliver. Estou tão perto que
sofro para me controlar. Jasmine pousa seus lindos olhos verdes em mim
enquanto me masturba com perfeição e ela respira pela boca, deixando o ar
sair pesado de esforço. Cada vez que olho para esses lábios penso em como
eles ficarão ao redor do meu pau.
Quando os gemidos de Oliver e Liam indicam que eles também estão
perto de gozar, pergunto a Jas:
— Onde você quer que a gente goze, minha putinha? Nos seus peitos
ou sobre sua bunda?
Meus namorados soltam gemidos idênticos ao me ouvirem falar.
Jasmine pensa por apenas 2 segundos.
— Nos meus seios — decide, e eu sorrio.
— Perfeita. Fique de pé no degrau mais baixo — ordeno, e ela
obedece. Assumo o toque no meu próprio pau e gesticulo para que Liam e
Oliver façam o mesmo.
Sou presenteado com uma das visões mais excitantes da minha vida.
Jasmine parada no centro da jacuzzi, com os olhos brilhando de expectativa,
massageando os próprios seios enquanto nós três nos masturbamos em pé
no degrau de cima. Quando ela geme baixinho, eu perco tudo.
Gozo com sofreguidão, derramando tudo em seus peitos e barriga.
Sendo seguido por meus dois homens, que gemem e murmuram: "Porra,
porra, isso foi incrível" e "Caralho".
Mas só consigo prestar atenção no rosto de Jasmine. A satisfação sem
vergonha estampada em seu rosto, acompanhando enquanto a porra escorre
por seus peitos, e depois voltando para me olhar enquanto morde o lábio e
por fim sorri.
Caralho de mulher.
Ela vai ser o nosso fim.
Mas nós também a marcamos, e agora ela é nossa.
Línguas servem pra mais do que lamber sorvete
Jasmine
Ansy está caladinha dentro da minha cabeça desde aquele orgasmo. E
não era pra menos, né? Acho que nem meu cérebro está funcionando direito
depois que eu fui ao céu e voltei.
Solto mais um suspiro de satisfação, coisa que tenho feito com
frequência nas últimas horas, desde que saímos da jacuzzi.
Depois de tomar banho, eu vesti apenas uma camiseta de Liam e
ficamos na cama deles assistindo filme, comigo deitada no peito de Oliver
enquanto ele acaricia meu cabelo. Confesso que meus olhos já estavam
fechando de tanto relaxamento, quando Liam diz:
— Que tal aproveitarmos que está sol e irmos mostrar o lago para
Jas?
— Olha, seria uma boa. Não dá pra vir ao Parque Nacional do Lago
Crater, e não conhecer o Lago Crater — apoia Oliver — O que acha,
querida?
— Hummm, o quanto eu tenho que andar pra chegar lá? — questiono
porque, obviamente, eu e trilhas não somos melhores amigas.
— É perto, uns quinze minutos de caminhada. Talvez vinte para
alguém com essas perninhas — responde Liam, zombeteiro e eu apenas
mostro a língua pra ele.
— Certo, eu topo. Vamos logo depois do almoço? — questiono, mas
Liam arregala os olhos parecendo ter outra ideia.
— Porque não pegamos alguns pães, vinho, queijo e qualquer outro
lanchinho, e fazemos um piquenique à beira do lago?
— Ah Deus, isso seria incrível! — digo, alegre.
— Perfeito, então é isso que faremos. Vamos nos arrumar — decide
Blake, e logo estamos todos nos movendo para sair da cama e nos preparar
para o passeio.
Meia hora depois, estou outra vez usando leggings, tênis, a camiseta
de Liam, minha jaqueta e com o cabelo amarrado com um elástico que
milagrosamente achei na minha mochila. Estou longe de estar bonita e
arrumadinha, mas não dou a mínima. Eles me conheceram bem assim, não
foi?
Saímos de casa em direção ao lago com o sol a pino e já pressinto que
vou me arrepender de ter trazido a jaqueta. Oliver carrega uma bolsa com
nossa comida, Blake uma mochila com um lençol grande e o vinho e Liam
trás apenas um estoque interminável de piadas sujas que me fazem oscilar
entre querer bater nele e rir até minhas bochechas doerem.
— Joãozinho mandou uma carta para o papai noel escrito: Por favor,
me mande um irmão. Sabe o que o papai noel respondeu? — questiona ele,
me observando com aquela cara de pau de sempre.
— Não sei Sr. Miller, qual foi a resposta? — dou corda, porque sei
que ele vai perturbar até que eu responda. Liam abre um sorriso enorme
antes de completar:
— Papai noel escreveu: Ok, me mande sua mãe.
Meu queixo cai de incredulidade e desfiro um tapa no ombro do
moreno, que ri ainda mais.
— Liam! — exclamo, tentando repreendê-lo, mas não adianta nada,
porque não resisto e caio na risada, acompanhada dos outros. Minha risada
só acaba quando, logo após uma curva na trilha, dou de cara com o lago.
Infinitamente azul e enorme, com montanhas ao redor protegendo aquele
pedaço de paraíso e há também uma ilha ao longe. A água brilha tanto e
com o efeito do sol refletindo nela é uma das coisas mais bonitas que já vi.
— Eu poderia olhar pra isso aqui para sempre — digo, encantada de
verdade.
— É muito bonito mesmo. Ainda acho que você é mais bonita, mas o
lago chega perto — diz Oliver, parando ao meu lado e passando um braço
por minha cintura. Como esperado, sinto meu rosto todo esquentar, e olho
para cima até encontrar o rosto dele e murmurar um tímido "Obrigada".
Oliver sorri e depois cola seus lábios nos meus até me deixar sem fôlego e
com muitas e muitas borboletas voando no meu estômago.
Borboletas tontas, parem com isso.
— Os bonitinhos vão ficar aí no meio da trilha, ou vamos procurar
um lugar pra sentar e comer? — interrompe Blake. Oliver me dá um último
selinho e voltamos a andar, procurando um espaço perfeito para montar
nosso piquenique.
Acabamos optando por estender nosso lençol embaixo de um
conjunto de árvores grandes que ficavam bem próximas da margem do lago.
Tiramos os tênis para ficarmos confortáveis, e eu também retiro a jaqueta.
Logo estamos sentados, abrindo a bolsa de comida. Oliver trouxe pão,
queijo brie, torradinhas, um patê de ricota e azeitona divino, e também
alguns muffins.
Enquanto comemos, Blake nos distrai contando os casos mais
bizarros e engenhosos de tentativas de invasão aos sistemas de segurança
pelos quais sua empresa é responsável. A Wolf Security trabalha desde
segurança pessoal, escolta e equipes de vigilância, até os mais avançados
sistemas de monitoramento e de segurança da informação. Entendo
pouquíssimo das palavras tecnológicas que ele diz, mas ainda sim
acompanho tudo que sai de sua boca fascinada. Caras inteligentes são
simplesmente tão gostosos! Adicione isso aquelas tatuagens espalhadas por
quase todo o corpo… Sei lá, parece a junção de um mafioso com um nerd e
ambos me deixam excitada.
Tomo um gole de vinho, que estamos bebendo direto da garrafa,
porque tentar trazer taças teria sido uma receita para desastre, e balanço a
cabeça para espantar os pensamentos lascivos. Quando me viro para passar
a garrafa para Liam, o encontro me encarando.
— O que foi? — pergunto, sem entender.
— É que você deixou cair uma gotinha de vinho aqui. Deixa que eu
limpo — diz, se aproximando até seu rosto me alcançar e ele lamber o
cantinho da minha boca. Em seguida, Liam me lança aquele sorriso safado,
e me pega pela nuca para me beijar profundamente, me arrancando um
gemido de surpresa.
Droga, acho que nunca vou me acostumar a beijá-los sem me derreter
toda.
— Hmm, o vinho ficou ainda mais gostoso na sua boca — diz ao
desgrudar nossos lábios — Como será que ficaria contra sua pele?
— Não faço ideia — respondo, perdida em uma maré de luxúria que
aquele beijo despertou.
— Só há uma maneira de descobrir, né? Tire sua roupa, querida —
pede Oliver, que agora está do meu lado direito.
— O que? Aqui?
— Sim. Estamos sozinhos, e Liam quer derramar esse vinho nos seus
seios e lamber — informa o loiro, como se sua fala não tivesse feito meu
corpo inteiro se arrepiar.
Ah, céus. Quem tá na chuva é pra se molhar né? Já fiz isso do jeito
literal e ruim, o que custa se arriscar para viver mais essa experiência?
Seguro a barra da camiseta e pela segunda vez no dia, a retiro pela
cabeça, exibindo meus seios em meio a natureza. Enquanto isso, eles
aproveitaram para guardar o restante da comida de volta na mochila e
deixar todo o centro do lençol vazio.
— Se não quiser se sujar, tire tudo, baby — indica Liam, já parecendo
lamber minha pele exposta só com seu olhar. Oliver e Blake não estão
muito diferentes.
Respiro fundo e me levanto. Já que estou aqui, decido tentar fazer isso
direito: tiro a calça devagar, empinando a bunda e recebendo um tapinha
rápido de Blake. Olho para Liam com expectativa, aguardando a próxima
instrução.
— Deite-se bem aqui, baby, mas se apoie nos cotovelos e mantenha
seu tronco inclinado — pede, e faço isso rapidamente — Isso, perfeita.
Perfeita e gostosa pra caralho.
É estranho estar nua e deitada aqui, na beira do lago, onde um turista
fazendo trilha poderia chegar a qualquer momento, mas o pensamento não
me faz ter medo, pelo contrário, faz com que o risco me deixe ainda mais
excitada.
As pupilas de Liam estão dilatadas enquanto ele observa cada
partezinha do meu corpo, antes de finalmente deixar um fio de vinho
escorrer por meu seio esquerdo e então lamber todo o rastro.
Porra.
É como se sua língua ativasse todas as minhas terminações nervosas.
E tudo com uma simples lambida.
Liam sorri quando me vê arrepiar e então repete o gesto em meu seio
direito, derramando mais vinho e o colocando quase todo na boca. Deixo
escapar um arquejo.
— Ainda mais deliciosa do que eu pensava. O vinho é bom, mas nada
comparado ao gosto contra sua pele — diz, e então começa a despejar a
bebida pelo meu pescoço, percorrendo com a boca o caminho da minha
barriga até o queixo, para então me beijar com gana. Sua língua dança pela
minha, o sabor do vinho e do próprio Liam completando a tarefa de me
enlouquecer. Estou pronta para subir em seu colo e implorar para que ele
me coma, quando Liam separa nossos lábios.
— Calma baby, prometo satisfazer todos os seus desejos, mas apenas
relaxe e sinta, ok? — pede, acariciando meu lábio inferior com o dedo.
— Ok — respondo prontamente, enquanto ele desce o carinho por
meu pescoço.
— Você está pronta para pecar?
— Com vocês? Sempre — afirmo, e arranco um sorriso enorme de
Liam.
— Ah, garota, eu acho que você será nossa perdição mesmo — diz
baixinho contra meus lábios — Deite-se, e feche os olhos.
Faço o que ele pede e em segundos sou atacada por muitas sensações.
Blake está me beijando, daquele seu jeito possessivo, e me fazendo gemer
contra sua boca.
Alguém está lambendo meu seio, e imagino que seja Oliver, pois a
sensação é diferente de quando era Liam. Ele alterna entre apertar meus
seios com a mão, chupar, lamber, e então soprar o caminho molhado que
sua saliva deixou, me provocando todo o tipo de arrepio.
Então só pode ser Liam subindo beijos pela minha panturrilha. Os
beijos chegam ao alto da minha coxa, onde ele para por alguns segundos e
deixa uma mordida na parte de dentro. Solto uma lamúria contra os lábios
de Blake quando Liam não faz o esperado e decide beijar minha outra perna
ao invés de me chupar. Blake ri, desprendendo a boca da minha.
— Olhe pra mim, princesa — demanda, e eu o faço — Quem está te
torturando?
— Liam — respondo, sem fôlego, encarando os olhos azuis de Blake.
— O que você quer que ele faça? Diga pra nós — pergunta, indicando
com a cabeça os outros dois. Sou atingida pela visão de Oliver com os
lábios inchados enquanto trás um dos meus mamilos com os dentes, sem
nem precisar apertar para me fazer me contorcer. Liam, por sua vez, está
ajoelhado entre minhas pernas, segurando uma delas sobre o ombro e dando
um beijinho na coxa enquanto olha pra mim. Há essa altura eu já não tenho
nenhuma vergonha, então respondo:
— Quero que Liam me chupe. Agora.
Os três sorriem diante da minha demanda, e Liam pisca pra mim antes
de descer o rosto e finalmente devorar minha boceta.
Meu corpo todo estremece em reflexo.
Caramba, se o pecado é assim, quero pecar todo dia.
Foda-se, quero pecar toda hora.
O toque da sua boca quente e a língua macia contra minha boceta é
uma das melhores sensações que já senti. Liam lambe e chupa, alternando
entre meu clitóris e os lábios. Deixo escapar gemidos curtinhos e
desesperados de prazer.
Abro os olhos rapidamente, só para ver que Oliver e Blake me
encaram com luxúria, as pupilas dilatadas de tesão. Oliver enche uma das
mãos com meu seio direito, enquanto a outra está entremeada no cabelo de
Liam, quase como se comandasse os movimentos do outro. Volto a fechar
os olhos quando Blake aperta meu pescoço e eu arquejo de prazer.
Porém, quando acho que estou próxima do céu, Liam para. Abro os
olhos de súbito para vê-lo se ajoelhar à minha frente.
— Liam, por favor — estendo a última vogal enquanto imploro. Liam
não diz nada e apenas toca no ombro dos seus namorados, indicando que
também me soltem, o que eles fazem e eu quase choro com a falta dos
toques. Liam me puxa pelas mãos até que eu esteja também de joelhos.
— Relaxa, baby. Vou cuidar de você, é que tive uma ideia melhor:
senta na minha cara — informa ele, já se deitando na minha frente.
Fico alguns segundos parada, olhando, com o queixo caído de
surpresa.
— Sentar?
— Isso. Coloque um joelho em cada lado da minha cabeça e traga sua
boceta deliciosa para minha boca — explica, e eu arregalo os olhos, mas
não levo mais do que alguns instantes para fazer exatamente isso. Coloco os
joelhos ao redor dele e pressiono as mãos em seu peito para me equilibrar.
Liam volta a me chupar e depois a me penetrar com a língua.
Como se tudo isso não fosse erótico o suficiente, olho pra frente e
vejo que Oliver e Blake tiraram as roupas enquanto eu me distraia com
Liam, e agora Blake está também removendo o shorts e a cueca de Liam,
revelando o pau grosso do moreno. Em seguida, Blake me olha e lança uma
piscadinha antes de agarrar o pau de Liam e colocá-lo quase todo na boca.
Liam geme embaixo de mim. Meu grito é abafado pelos lábios de
Oliver, que alcançou minha boca com ânsia.
Perco a noção de tempo e espaço, diante de tanto prazer. Liam me
penetra com dois dedos enquanto dá lambidas ritmadas em meu clitóris e a
esse ponto, já estou rebolando contra seu rosto.
Oliver se reveza entre beijar meus lábios, pescoço, ombros e seios.
Não sei em qual momento passei a masturbar o loiro em retribuição, mas o
faço com afinco, amando as reações que causo nele.
Às vezes também me perco olhando para o boquete que Blake faz em
Liam.
Estou perto de gozar e lacrimejo quando Liam retira os lábios de mim
por um instante. Ele me dá um tapa ardido na bunda.
— Vira pra cá, quero poder ver seu rosto quando gozar na minha
boca.
Resmungo, pois estava quase lá mesmo, mas faço o que ele manda,
soltando o pau de Oliver, me virando e agarrando o cabelo de Liam por
instinto.
— Gostosa do caralho. Agora sim, você pode gozar — exclama, me
dando mais um tapa na bunda antes de voltar a me penetrar, agora com três
de seus dedos, e chupar meu clitóris com força.
Rebolo feito doida sob o rosto dele, puxando seu cabelo, gemendo e
arquejando. Oliver se dedica a beliscar meus seios e terminar de me
enlouquecer.
O orgasmo não chega, ele me atravessa. Grito e me contraio toda
enquanto alcanço as estrelas, o sol, a lua, a porra da constelação inteira.
Liam geme, e nem preciso olhar para saber que ele também está
gozando na boca de Blake. Só esse pensamento já faz mais um espasmo
percorrer meu corpo. Liam ainda me lambe devagarinho até que eu pare de
tremer.
Saio de cima dele, e caio exausta nos braços de Oliver.
— Esse foi o melhor piquenique da minha vida — é a única coisa que
tenho forças pra dizer.
Aviso: ilustração +18 a seguir!
Se seu lema for o mesmo dos pinguins, preocupe-
se
Oliver
Mesmo enquanto meus passos atingem com força a esteira enquanto
corro, minha cabeça não consegue abandonar as lembranças da tarde de
ontem. Após nos banquetearmos no corpo de Jasmine e ela se recuperar do
orgasmo tremendo, nossa garota quis aprender a fazer um boquete. Me
voluntariei como tributo, é claro.
Ah, céus, aquela boca. Tão tímida no começo, mas que pegou o jeito
muito rápido e me fez sofrer para segurar e não gozar em segundos.
Tomo um gole de água da garrafa que trouxe comigo para nossa
pequena academia particular e tento afastar os pensamentos, mas é inútil.
Jasmine de joelhos entre minhas pernas. Meu pau em sua boca doce.
Seus olhos verdes me encarando com provocação e luxúria. Derramando
meu gozo por seus seios outra vez. E se isso ainda não fosse bom o
suficiente, eu ainda a assisti chupar Blake e também enlouquecer meu
namorado.
De fato, o melhor piquenique possível. Depois de passarmos algumas
horas por lá, nós voltamos pra casa e passamos o resto do dia entre beijos,
sessões de filme abraçados na nossa cama, e toda uma bagunça divertida
quando coloquei todos eles para me ajudarem a fazer a massa do macarrão.
Sujamos a cozinha toda? Sim, principalmente quando Liam começou a
guerra de farinha. Em algum ponto até os gatos estavam cobertos com o pó
branco, mas não me arrependo porque foi muito divertido. E porque todos
ajudaram a limpar, claro.
Jasmine dormiu conosco, dessa vez entre Blake e eu, e descobri que,
quando ela não está com medo de tempestade, dorme como um polvo. Às
vezes com os braços em cima de nós, às vezes as pernas, às vezes uma parte
do corpo em cada um, o que achei muito engraçado.
Sorrio instintivamente, mas o sorriso logo morre quando me lembro
que precisamos ir embora hoje. É o segundo dia de sol e a estrada deve
estar melhor, o que significa que precisamos voltar para a vida real.
Trabalhar sem ter hora pra parar. Ter que esconder nosso amor do mundo.
Fingir o tempo todo.
Sorria e acene, já diziam os pinguins de Madagascar, né? Não sei em
que ponto da vida isso se tornou meu próprio lema.
Inferno. Estou tão cansado de tudo isso.
Aumento a velocidade da esteira, tentando afogar minhas frustrações
em exercícios.
— Corrida e testa franzida. Um clássico sinal de Oliver pensando
demais — diz uma voz da porta. Liam. Me viro para dar de cara com ele e
Blake parados na entrada da academia.
— Se bem que essa também é a cara que ele faz quando come algo
que considera mal feito — complementa Blake e eu reviro os olhos,
desacelerando a esteira até chegar a uma caminhada tranquila. Quando saí
da cama pouco antes das 7h, deixei os três dormindo.
— Suspeito que estão aqui justamente procurando o chefe de cozinha
particular de vocês.
— Sim, porque o café que o Blake faz é capaz de fazer bico como
segurança na Wolf, de tão forte — confessa Liam e eu dou uma risada leve,
porque é verdade — Mas não só por isso, sentimos sua falta ao acordar. O
que o preocupa, Ollie?
Solto um suspiro e paro a esteira. Esfrego a toalha no rosto para
conter uma parte do suor, e tomo um pouco de água antes de responder.
— Vocês sabem que estendemos o máximo das nossas férias. O
tempo melhorou, o que significa que precisamos voltar para a vida real.
Os sons de frustração que os dois ecoam são quase idênticos.
— Estava tão distraído com Jasmine e toda essa paz, que nem me
lembrei das datas — confessa Blake, sentando em uma das máquinas e
esfregando a mão na barba cheia — Tem mesmo que ser hoje?
— Infelizmente sim, se não quisermos ficar reféns do tempo. E eu
tenho uma reunião com meu gerente de Nova York amanhã à tarde —
informo a triste realidade.
— Droga — é a vez de Liam protestar.
— Mas isso não significa que precisamos parar de ver a Jas, né? —
questiona Blake, olhando de mim para Liam.
— Não sei, moramos na mesma cidade, mas será que é algo que ela
quer fazer fora daqui? — digo, inseguro. Seria incrível continuar essa
experiência em Portland. Ainda temos tanta coisa para ensinar, para provar
com ela… Poderíamos levá-la ao clube, inclusive.
— Também não sei, mas acho que deveríamos tentar. Fazer essa
proposta a ela, de nos vermos pelo menos uma vez por semana, lá no prédio
ou algo assim — sugere Liam e eu concordo com a cabeça.
— Sim, vamos tentar. Ainda não estou pronto para me separar dela —
confessa Blake.
— Nem eu — concordamos eu e Liam ao mesmo tempo. Dou um
meio sorriso e suspiro.
— Certo, então vamos fazer o café e levar na cama pra ela. E peguem
os gatinhos, vamos usar aquelas carinhas fofas como vantagem.

Carrego a bandeja escada a cima enquanto Blake carrega um gato no


pescoço e um no braço, e Liam segura o terceiro como se fosse um bebê,
fazendo carinho na barriga do bichinho.
— Hey, princesa. Finalmente acordou? — diz Blake quando entramos
no quarto e encaramos uma Jasmine sentada na cama, com o cabelo
bagunçado e olhos ainda sonolentos. Às vezes ela é tão fofa que tenho
vontade de mordê-la.
— Eu estava mesmo pensando onde vocês estavam. Por um instante
achei que eu apenas havia sonhado — diz ela, esfregado os olhos. Quando
as íris verdes se fixam em mim, ela abre um sorriso enorme.
— Se isso na bandeja for café, vou te considerar meu herói.
— E a gente não ganha nada por trazer seus mascotes? — protesta
Liam antes mesmo que eu possa responder. Jasmine dá risada e estende as
mãos para pegar os gatinhos e abraçá-los até miarem em reclamação.
— Sim, querida, trouxe café — digo e coloco a bandeja ao seu lado,
já que os gatos agora brincam em seu colo.
— Vocês são perfeitos, obrigada — agradece, tomando um gole do
café e soltando um som de contentamento — Por falar nos meus mascotes
aqui, acho que decidi os nomes deles.
— Finalmente, não aguento mais chamá-los de um, dois e três. Quais
são? — Blake pergunta enquanto se senta do lado dela na cama.
— O laranja é Cassian. O todo cinza é o Azriel, e esse tigrinho de três
cores é o Rhys — conta, nos olhando com expectativa. Liam, Blake e eu
compartilhamos de um silêncio confuso e Jasmine bufa — Não sei porque
esperei que vocês soubessem. São nomes de personagens de livros que
gosto muito.
— Aaaah — expressamos em uníssono e ela revira os olhos,
decidindo por atacar sua torrada com queijo.
— Mas então, porque estão de pé logo cedo? Vocês estão de férias!
— pergunta ela. Certo, vamos para o assunto chato logo de cara.
— Então…Na verdade, nossas férias chegaram ao fim. Precisamos
aproveitar o bom tempo e pegar a estrada — revelo e seu rosto murcha.
— Ah, claro, eu entendo. Eu nem devia estar tirando esses dias de
folga também, já passou da hora de voltar para a realidade — diz Jasmine,
devolvendo o último pedaço de torrada no prato — Vocês vão precisar
arrumar a casa e carregar as coisas para o carro? Só vou me trocar e posso
ajudar.
— Não, não, temos um caseiro que cuida daqui quando não estamos.
Vem a cada 15 dias com a esposa e cuidam da casa toda. Quando
estivermos indo, vamos passar na casa dele para deixar a chave — é Blake
quem explica, e Jas apenas acena com a cabeça em sinal de entendimento.
— Certo, então... Vou arrumar minhas muitas coisas na mochila —
ela solta uma risada forçada — E encontro com vocês lá embaixo? Vou
tentar encontrar algo para transportar os gatinhos também.
Ela não nos olha nos olhos, e tenta sair da cama com agilidade, mas a
impeço, trazendo-a para o meu colo.
— Jas. Espera. Precisamos conversar com você sobre algo — peço e
ela fica estática em meus braços. Beijo seu pescoço pois não resisto, mas
então prossigo — Nós temos responsabilidades nos esperando em Portland,
e é só por isso que vamos voltar. Acredite, meu desejo é ficar nessa casa
com vocês por meses e meses. Bom, talvez não durante o inverno, mas
enfim. Não estamos prontos para nos separar de você. De finalizar essas
nossas experiências.
— Exato, princesa. Queremos continuar realizando todas as suas
fantasias, proporcionar todas as experiências que desejar ter. Então essa é
nossa proposta: todo fim de semana, você fica conosco lá em casa. Só nós
quatro e mais nada para atrapalhar. O que acha?
Ela se solta do meu abraço e levanta, encarando nós três, sentados na
cama enorme.
— Todo fim de semana?
— Bom, só os que você quiser. Como sempre, você é quem manda —
responde Liam, lançando seu melhor sorriso sedutor.
— Mas e se nos flagrarem? Sei que vocês querem preservar a
privacidade do relacionamento, e eu sou um risco a mais.
— Besteira. Nós temos todo um esquema há anos. Moramos no
mesmo prédio, um apartamento abaixo do outro e todos conectados.
Normalmente, só usamos um deles: a cobertura de Blake. De vez em
quando usamos os outros apartamentos, se quisermos sair com outras
pessoas, ou então quando nossos pais vêm nos visitar, mas é raro. No dia a
dia somos só nós três e 2 empregados de confiança que aparecem alguns
dias da semana para limpar e cozinhar para nós. Eles são basicamente os
únicos que sabem e trabalham conosco há anos. Além de terem assinado um
contrato de confidencialidade, claro — conto, e ela me olha chocada.
— Uau. Vocês são bem organizados — comenta, e passa a mão pelo
cabelo, sinal que eu já decorei como indicativo que ela está ansiosa ou
nervosa.
— Sim. É maluco, mas funciona pra gente — concordo e apenas dou
de ombros.
— Eu devo estar ficando doida por estar mesmo considerando ter um
caso com 3 caras. Juntos — diz, mais pra si mesma do que pra nós. Blake ri
antes de falar:
— Não é loucura, princesa, é liberdade. Experiência. Prazer. Ontem
foi só uma amostra, sabe?
Jasmine coloca as mãos na cintura e olha para cada um de nós. Ela
morde o lábio, o que me distrai, porque também quero morder aquela boca,
mas então ela finalmente diz:
— Ok. Mas vamos ter que colocar uma data limite. Muito tempo pode
confundir minha cabeça e eu acabar me apegando a vocês. Quatro fins de
semana, e depois nos separamos como amigos.
— Fechado — digo apressado, porque um mês com ela é muito
melhor do que nada.
— Combinado, princesa Jasmine — diz Blake, e até imagino a cabeça
dele planejando tudo o que quer fazer com ela durante esses dias.
— Eu só selo combinados com beijos, baby, venha aqui — É a vez de
Liam falar. Jasmine ri, mas logo está nos braços dele para fazer exatamente
o que ele pediu. Sorrio, me permitindo relaxar. Vai dar tudo certo.
Por um momento realmente acreditei que tinha
nascido com a bunda pra lua
Jasmine
As quase três horas de viagem da casa da montanha até Portland
foram muito tranquilas. Passamos o tempo conversando, discutindo sobre
filmes, séries e música. E cheguei a cochilar por quase uma hora no ombro
de Liam. Mas agora, conforme avisto as ruas do meu bairro, começo a ficar
nostálgica. Foram 5 dias muito malucos: quase morri perdida na floresta, fui
resgatada e cuidada por três homens maravilhosos, ri, cozinhei, brinquei e
tive os melhores orgasmos da minha vida com eles. E foi incrível.
Mas quanto a vida real? A vida real é chata. Bom, talvez agora que eu
tenho gatos e serei bem comida todo fim de semana, as coisas melhorem.
Blake estaciona na frente do meu prédio. Antes que eu possa pensar,
Oliver já saltou de seu lugar no banco da frente e está abrindo a porta pra
mim. Agradeço, e estendo pra ele a caixa de papelão cheia de furinhos onde
os gatinhos agora dormem — depois de muitos protestos sobre estar num
veículo e numa caixa, eles finalmente sossegaram. Desço do carro, e os três
estão de pé na calçada à minha frente, com olhares tristes em comum.
— Chega dessas caras de cachorro perdido da mudança, isso nem é
uma despedida. Vamos nos ver no sábado. Agora mexam essas bundas
bonitas para que eu vá pra casa e possa colocar uma calcinha nova —
exclamo, e consigo meu objetivo quando eles dão risada.
— Você sabe que agora que temos internet e trocamos os números de
telefone, que eu nunca mais vou te deixar em paz né? Vou exigir fotos do
crescimento dos pestinhas felpudos — exige Liam, enquanto me abraça.
— Pode deixar Sr. Miller.
É a vez de Blake passar os braços por mim e me apertar contra si até
me tirar do chão.
— O dia que quiser fazer sexo virtual, nós estamos a disposição
também, viu? — diz ele, sem qualquer vergonha.
— Prometo chamá-los se meus vibradores não derem conta — replico
e ele grunhe na minha orelha, me fazendo rir.
Com os pés de volta no chão, olho para Oliver e a caixa de gatinhos.
— Venha querida, vou subir com vocês — avisa ele, e aceno em
concordância. Dou mais um beijinho na bochecha de Blake e Liam, e sigo
Ollie pela escadas da entrada. Digito a senha da porta da frente e abro,
dando passagem para ele. Mal chegamos ao elevador quando meu síndico
me intercepta correndo.
— Srta. Jasmine! Graças a Deus consegui te encontrar aqui. Estou
tentando entrar em contato com você desde ontem, houve um problema
com seu apartamento — informa, esbaforido, o homem baixinho e calvo.
Nunca interagi muito com ele, mas o achava simpático para um síndico.
— Problema? Que problema? — inquiro, preocupada.
— Então… É… você sabe que as caixas d ' água ficam em cima do
seu apartamento né? — começa ele, inseguro. Fico mais ansiosa a cada
segundo.
— Não sabia, mas já que é no último andar, faz sentido. O que tem
isso?
— Parece que havia um cano vazando lá em cima há um tempão e
ninguém viu. Não dá pra saber quanto tempo, mas ficou lá vazando e
vazando, até que finalmente encharcou o piso e ele cedeu sob o peso das
caixas d'água.
Arregalo os olhos e acho que nunca cheguei tão perto de ter uma
síncope.
— Você está dizendo… que o teto do meu apartamento desabou? —
quase grito a pergunta, tamanho desespero.
— S-sim. O teto do seu quarto desabou e seu apartamento foi todo
inundado pela água. Mas não se preocupe, o seguro do prédio vai cobrir
tudo — explica ele, como se eu devesse ficar contente.
Meu corpo treme de tanta raiva. Que porra de prédio não faz uma
verificação de algo assim, a ponto de um teto cair? Devo estar com o ódio
estampado na cara, além de toda vermelha, porque o síndico me olha com
medo e dá um passo para trás.
— Você diz isso agora? Sabe quantas vezes eu reclamei das
rachaduras estranhas no teto daquele apartamento? Dezenas! Mas o Sr.
Williams ou ignorava por completo meus e-mails, ou respondia que logo
seria arrumado. Seis meses me enrolando e agora isso? Eu não estou
acreditando! — desabafo tudo de uma vez, exaltada. O síndico segue com
seu olhar amedrontado.
— E-eu entendo, Srta., e sentimos muito, mas faremos todo o
possível… — gagueja ao tentar melhorar a situação, mas é interrompido
por Oliver.
— Nos poupe de suas desculpas. E não há dúvidas de que o seguro
vai pagar — Ele deixou a caixa dos gatos no chão e está sutilmente
segurando meus braços contra seu corpo a minhas costas. Será que ele
pressentiu minha vontade de esganar o homem? Tento respirar fundo
enquanto Oliver continua — Assim como vocês vão pagar por todo o
prejuízo, danos e impacto na vida da minha cliente até que o apartamento
dela volte a ficar em perfeito estado. Tenho certeza que você agora vai até
me contar que pagará também pela estadia dela enquanto o apartamento é
reformado, não é? — ele diz, com o tom de voz grosso e autoritário, como
nunca vi antes.
— Cliente? — questiona o calvo, confuso e com as mãos tremendo de
leve.
— Sim. A Srta. Jasmine por acaso é minha amiga, mas também sou o
advogado dela. Fiscalizarei de perto todo o procedimento que esse prédio
fará para recompensá-la pela falta de cuidado de vocês. E estão com sorte
por ela não ter ficado em casa, não é? Ou isso poderia facilmente ter se
tornado uma tragédia. Então ligue para o seu patrão, o dono dessa
espelunca, e diga para ele me ligar, com urgência — ele se separa de mim
para retirar um cartão da carteira e entregar para o síndico — Avise-o para
pensar muito bem nos seus próximos passos. Ou pode ter certeza que vamos
processá-los.
O síndico engole em seco e murmura:
— Sim, senhor — se eu não estivesse tão brava e chocada, teria rido
do quanto o homem ficou apavorado.
— Nós vamos subir para ver como está a situação e se ela consegue
resgatar algumas roupas. Vá logo ligar para seu chefe, vou esperar a ligação
dele em até duas horas — finaliza, e o síndico corre de volta para seu
escritório.
Deixo meu peso cair contra o corpo de Oliver, que me abraça.
— O que eu vou fazer? Eu… — começo, com a voz tremendo.
— Fique calma, querida. Vou resolver tudo, prometo. Vou chamar os
meninos para nos ajudarem, fique aqui um instante, ok?
Murmuro um sim e ele se afasta, saindo do prédio. Fecho os olhos,
pensando no tamanho desse azar. Meu apartamento é pequeno, mas tem
tudo que eu tenho nessa vida. Inclusive meu computador, a mesa
digitalizadora, duas impressoras, e também a máquina de corte. Foram anos
pra conquistá-las, para poder produzir boa parte das minhas próprias peças
e diminuir as despesas. Havia também um pequeno estoque e….
Ah céus, eu vou hiperventilar. Consigo sentir o ataque de pânico se
espalhando por minhas veias.
— Ei, ei, baby! Olhe pra mim! — a voz de Liam chega aos meus
ouvidos e em segundos ele está passando as mãos pelo meu rosto com
carinho. Me forço a abrir os olhos para encarar suas íris castanhas — Vai
ficar tudo bem, ok? Vamos garantir isso.
— Todas as minhas coisas, t-toda minha vida está ali! — digo, com a
voz fraca. Liam me abraça apertado e escondo o rosto em seu peito,
tentando me concentrar no seu cheiro bom e no calor do corpo ao invés do
pânico. Sinto um beijo em meus cabelos, e também carinhos suaves em
minhas costas e sei que os outros dois estão à minha volta. A rede de
proteção deles finalmente faz com que eu me acalme.
Solto do seu abraço, mas Liam não larga minha mão enquanto
subimos pelo elevador.
Quando chegamos no meu apartamento, a porta está aberta e o
cenário é de destruição. Pedaços do teto formam uma pilha na minha sala,
três homens passam pra lá e pra cá, trazendo os detritos de dentro do meu
quarto. O chão ainda está todo molhado, e dá pra ver a marca nas paredes
que indicam que a água subiu uns bons centímetros. Os pés dos meus
móveis da sala estão todos estragados.
Observo tudo com os olhos marejados, e corro para meu escritório.
Por sorte, minhas máquinas estão todas intactas, pois estavam em cima dos
armários, mas boa parte do meu estoque, que estava em pilhas no chão, está
estragado. Controlo as lágrimas, considerando que poderia ser muito pior.
Pego o notebook, carregador e mesa digitalizadora e coloco na minha
mochila, pois, se vou ter que ficar em um hotel, preciso pelo menos poder
trabalhar.
Volto pra sala, onde o Liam e Blake olham ao redor com o cenho franzido
de uma raiva mal contida. Respiro fundo e me preparo para ir para o meu
quarto, mas Liam me detém.
— Não vale a pena ir lá, Jas. Só vai te fazer sofrer. Está tudo
destruído. Oliver está pegando as poucas roupas que ficaram na sua
cômoda, a única que não quebrou. Até mesmo seu guarda-roupa está no
chão.
Olho para ele desolada, e deixo as lágrimas escorrerem devagar pelo
rosto. Parece idiota, sofrer por coisas materiais, mas é que levei tanto tempo
para conquistar meu cantinho, minhas coisas compradas com tanto trabalho,
que dói de verdade saber que tudo pode desaparecer assim, num instante.
Quando vejo Oliver voltar trazendo uma malinha pequena, toda
coberta de poeira e que contém tudo que me restou, finalmente me dou
conta do pior: se eu estivesse em casa, e eu deveria estar se não tivesse me
perdido na mata, seria eu embaixo daquela caixa d'água. Eu poderia ter
morrido.
Choro de soluçar e Liam me pega no colo quando minhas pernas
fraquejam.
— Vamos pra casa, baby. Vamos cuidar de você.
Era uma vez três caras, três gatos e uma princesa
Blake
Fico mais puto a cada segundo. Quem estiver me vendo entre os
corredores do Pet Shop deve me achar maluco, pois coloco itens no
carrinho e resmungo ao mesmo tempo. Depois de levarmos uma Jasmine
chorosa para nosso apartamento — a custo de muito convencimento, e com
ela concordando em ficar lá apenas hoje, para amanhã procurar um hotel —
Liam e Oliver se ocuparam de ajudá-la a se instalar e distraí-la, enquanto eu
decidi comprar a comida e os acessórios que os gatinhos precisam,
principalmente porque eu queria sair de casa e evitar explodir perto dela.
Ela poderia ter estado lá! Poderia estar embaixo de pedaços de
cimento e a porra de uma caixa d’água de 5 mil litros!
Aperto o brinquedo que estava na minha mão, mas era uma daqueles
bichinhos que fazem barulhos quando você aperta, então a pobre galinha
soltou um grito esganiçado. Reviro os olhos e tento respirar fundo. Não vai
adiantar descontar minha raiva em nada daqui. A única coisa que me
deixaria em paz é caçar o dono daquele prédio e enfiar a mão na cara dele.
Mas ele vai receber uma visitinha minha amanhã no primeiro horário.
Volto a andar pelo corredor e pego mais alguns brinquedos, que
adiciono no carrinho onde já tem três caixas de areia, pás, 10kg de areia,
10kg de ração para filhotes, um bebedouro automático e três caminhas.
Adiciono alguns brinquedinhos, mas ainda não estou satisfeito. Procuro por
uma vendedora, que me indica quais outros materiais podem ser necessários
para gatos.
Meia hora depois, saio da loja satisfeito, enchendo o carro com tudo
aquilo e ainda uma caixa de transporte, muito sachê e uma árvore de gatos
que acho que eles vão adorar. Pelo menos poderiam passar a escalar aquilo
ao invés das minhas pernas.
Está escurecendo quando dirijo pelas ruas até minha casa, então
decido passar no nosso restaurante de comida japonesa favorito e levar
yakisoba para todos, poupando o trabalho de Oliver de fazer algo hoje a
noite. Acabo levando alguns temakis também, pois faz tempo que não
como.
Com tudo que preciso, finalmente vou para casa, o que é uma sorte
pois está começando a chover. Em poucos minutos já estou estacionando na
minha vaga do prédio. Coloco todas as compras no elevador, tomando
cuidado especial em não virar os pacotes de comida e fazer uma verdadeira
lambança. Pressiono o cartão de acesso contra o sensor, e logo começo a
subir. Quando a porta se abre na sala da minha casa, grito para que Oliver e
Liam venham me ajudar.
— Tenho só duas mãos e 500 pacotes, venham aqui seus molengas —
digo alto, enquanto seguro o elevador aberto. Ouço um resmungo de ‘mané’
antes de Liam aparecer no meu campo de visão. Entrego a comida pra ele, e
passo a retirar as compras e espalhar pela sala.
— Mas o que raios é tudo isso? — ouço a voz de Jasmine surgir do
corredor que leva para os quartos. Seu rosto não está tão inchado do choro,
o que me alivia. Demoro um pouco para respondê-la, pois agora estou de
fato secando-a. Depois de dias vendo-a com nossas camisetas pra lá que pra
cá — o que já era incrível — aprecio que agora ela veste um shorts jeans e
uma daquelas blusas curtas que mulheres gostam de usar, o que exibe um
pouco da sua barriga e me faz lembrar do gosto daquela pele deliciosa.
Além disso, ela com certeza está usando sutiã, pois o topo dos seios estão
aparecendo no decote.
Acho que preciso lambê-la de novo, urgente. Ainda não realizei meu
desejo de que ela sente na minha cara também. Também quero enfiar meu
pau no meio daqueles seios…
— Terra chamando Blake! — Jasmine diz, estalando os dedos na
frente do meu rosto. Pisco e volto ao momento presente.
— Desculpa, estava distraído pensando em tudo que quero fazer com
você — Confesso na cara dura, porque não existe nenhuma célula de
vergonha nesse meu corpo não.
Jasmine ri e me dá um tapinha no braço.
— Você não presta.
— Não, mas ainda vou fazer com que grite meu nome — anúncio, lhe
lançando meu melhor sorriso cafajeste.
— Chega de tentar me seduzir e me diga o que tanto você comprou!
— pede, enquanto tenta segurar o riso e aponta para as sacolas e caixas.
— Comprei tudo que me disseram que os gatos precisam. Caixa de
areia, ração, aqueles negócios de subir e arranhar…
— Você comprou uma árvore de gatos? — me interrompe para
questionar, incrédula.
— Sim, está naquela caixa — confirmo apontando — Daqui a pouco
eu monto.
— Blake, você ficou doido? Quanto você pagou por tudo isso? —
pergunta, com os olhos arregalados. Dou de ombros.
— Não te interessa — afirmo e ela bufa. É a primeira vez que a vejo
irritada e confesso estar achando adorável.
— Ah, mas interessa sim! São meus gatos, eu vou pagar. Mesmo que
você seja o maluco que resolveu comprar o pet shop todo! — replica,
ficando vermelha. Realmente adorável. Passo um dos braços por sua cintura
e a puxo pra mim.
— Princesa, me poupe. Eu vou mimar você e seus gatos o quanto eu
quiser. E os meninos também, então é bom se acostumar. CEO’s, lembra?
— digo, e impeço que ela proteste lhe dando um selinho.
— Ah mas pode ter certeza — se manifesta Liam, vindo da cozinha
— Inclusive amanhã de manhã nós vamos às compras. Comprar tudo que
não deu para salvar do seu guarda-roupa.
— Nem pensar! Isso é ridículo! — protesta ela de imediato, e se
desvencilha dos meus braços para poder olhar para nós dois — Ninguém
vai comprar droga nenhuma pra mim!
— Claro que vamos, inclusive tenho planos de encher você de
lingerie sexy. Fora que farei o dono do prédio pagar por cada peça de roupa
que você perdeu, então não custa nada nos adiantarmos nessas compras — é
Oliver que comenta, também vindo da cozinha, e lhe dá um grande sorriso.
Controlo uma risada porque agora Jasmine está quase roxa de raiva.
— Não mesmo! Se ele realmente pagar, aí eu compro. Olha aqui, eu
não vou ser a prostituta de luxo de vocês! — diz, indignada e apontando o
dedo para nós três. Reviro os olhos, e me aproximo para pegá-la pelo
queixo e forçá-la a me olhar nos olhos.
— Jasmine Jane West, nós não pagamos por sexo. Nós a desejamos e
você nos deseja, é tão simples quanto isso. E se quisermos mimar você, é o
que vamos fazer, porque nos dá prazer. Então seja uma boa garota e nos
deixe fazer isso, ok? — concluo e então a beijo, antes que possa voltar a
pensar demais. Insiro minha língua em sua boca com avidez e fome,
extasiado por sentir seu gosto outra vez. Beijo-a até que ela solte um
gemidinho contra meus lábios e arranhe meu pescoço. Beijo-a até deixar
nós dois sem ar. Quando a solto, seus lábios estão inchados e as pupilas
dilatadas de desejo.
Ela se afasta e cruza os braços, voltando a revezar o olhar entre nós
três.
— Vou aceitar o dos gatos e é só.
— É o que veremos, princesa — seus olhos se estreitam de raiva, mas
eu apenas dou risada e passo a abrir os pacotes de compras — Agora me
ajudem com isso, que os pestinhas devem estar com fome.

Uma hora depois, estamos todos sentados no sofá da minha sala de


TV, alternando entre observar os gatos brincando com tudo que eu trouxe e
assistir a um reprise de Bones, uma série de investigação policial que gosto
bastante.
— Vocês me recomendam algum hotel aqui por perto? Já que é o
proprietário que vai pagar, vou escolher um bem caro — diz Jasmine, que
está deitada com a cabeça no colo de Oliver e com os pés em cima de mim.
Liam está sentado ao meu lado e é o primeiro a dar risada antes de
responder:
— Baby, você não vai a lugar nenhum. Oliver vai sim pedir que
aquele proprietário de merda pague por sua estadia como se você estivesse
hospedada no Hotel Wish, mas você vai ficar aqui com a gente.
— Não vamos começar com isso de novo, por favoooor — protesta
ela, estendendo a vogal — Combinamos quando eu cheguei que seria só
essa noite, para que eu pudesse me organizar melhor. Mas é só isso, vou
para um hotel enquanto reformam meu apartamento.
— Princesa, só me diz uma coisa. Você vai condenar esses 3 gatinhos
fofos a passarem o dia trancados em um quarto de hotel, sendo que eles
poderiam ficar aqui? Olha como estão felizes! — apelo para seu ponto
fraco, indicando os gatos brincando juntos na árvore.
— Ah céus, mas… eles são bebês, vão se acostumar fácil, não vão?
— ela tenta encontrar uma saída, olhando preocupada para seus mascotes.
— Talvez sim, mas talvez façam xixi de protesto… — jogo a
informação no ar.
— Xixi de protesto? O que raios é isso? — pergunta ela, preocupada.
— A moça do pet shop me disse para trazer bastante entretenimento
para eles, pois gatos quando ficam frustrados ou entediados podem fazer as
necessidades nos lugares errados para chamar a atenção do dono. E ela
ainda me disse que cheiro de xixi de gato não sai de canto nenhum, se pegar
num carpete do hotel… — conto, e nem é mentira. Talvez fosse estratégia
de venda da moça, mas só estou repassando a mensagem. Jasmine grunhe
de frustração e passa as mãos pelo rosto.
— Mas eu não posso ficar aqui, eu tenho uma empresa para cuidar,
receber e enviar pedidos o tempo todo! — conta exasperada — Esses dias
que tirei de folga já me deixaram com coisas acumuladas. Minha
funcionária só gerencia os atendimentos e os pedidos, mas sou eu que crio
as artes, encomendo a produção ou as faço, dependendo do que for, e depois
envio tudo.
— Ainda melhor que você fique aqui então, Jas. Temos portaria 24h,
um motorista que pode te levar para todo canto, e muito espaço para que
você armazene as coisas. Porra, temos 2 apartamentos sem uso lá em baixo,
iguaizinhos a esse aqui, com 4 quartos cada, fora os escritórios —
argumenta Oliver, olhando direto pra ela em seu colo.
— Vocês tem certeza que não vou atrapalhar? Não quero ser um peso
na vida de vocês, que imagino que seja atarefada — inquire, focando seus
lindos olhos verdes em mim.
— Claro que não. Será um prazer enorme, princesa, termos mais de
você todos os dias — afirmo e ela pisca repetidamente para então soltar o ar
e dizer:
— Ok, ok. Só por alguns dias, se de fato eu perceber que não estou
atrapalhando a rotina de vocês.
Sorrio abertamente, enquanto Liam assobia de felicidade e Oliver se
abaixa para dar um beijinho nela, que fica toda vermelha.
— Perfeito. E olha só, você ficando conosco, poderemos nos divertir
bastante — sugiro, massageando seu pé, que a faz soltar um gemidinho de
satisfação para depois arregalar os olhos ao entender o que eu disse.
— Eu acho que já passou da hora dessa diversão começar, aliás —
complementa Liam, apoiando o queixo em meu ombro para olhar para
Jasmine.
Ela passa os olhos por nós três, com a dúvida estampada no rosto.
— Diversão completa… nós quatro? — me seguro para não rir da sua
pergunta e apenas aceno em confirmação.
— Se for o que você quer… Nós temos muita certeza do quanto
queremos isso. O quanto queremos você por inteiro. O que me diz?
Uma boa garota faz assim
Jasmine
Levanto do meu lugar no sofá e passo a andar pela sala, de um lado a
outro.
Ah céus, eu nem deveria estar tão receosa. Já estive nas mãos deles, na boca
deles, e todos os momentos foram incríveis. Mas agora que me pego de
frente com a real possibilidade de três paus…
Três paus!
Será que dou conta? Eu nem sou tão experiente em sexo, e se eles me
acharem uma decepção? Ou ainda mais importante: será que vou conseguir
andar amanhã? Será que vou precisar de pomada para assadura?
Eles também ficam de pé, um ao lado do outro, olhando para mim
com paciência, mas atentos. Liam com seu sorriso fácil, Blake com aquele
olhar de luxúria, e Oliver com a expressão concentrada que o deixa ainda
mais gostoso.
A chuva desce com força agora, me fazendo pensar porque momentos
importantes para mim sempre acabam envolvendo tempestades. Mas nem
mesmo o som da chuva castigando as janelas da sala são capazes de superar
o som do meu coração batendo desesperadamente dentro do meu peito
enquanto os três pares de olhos me encaram.
Céus, estou mesmo pensando em fazer isso? Tudo bem que vim atrás de
aventura, mas será que isso já não é aventura demais?
— Consigo ouvir as engrenagens do seu cérebro daqui, baby. Você
está pensando demais — Liam diz, se aproximando e tocando meu rosto
com delicadeza. Ele levanta meu queixo e me faz encará-lo — Não vamos
fazer nada que não queira. Se você nos quer, então é simples, basta dizer
sim e se entregar ao desejo.
Estou tão hipnotizada pelos olhos castanhos de Liam e pela
quantidade de luxúria que transborda deles, que só percebo que Blake e
Oliver também se aproximaram quando sinto o toque de ambos, um
deslizando suavemente pelo meu braço, e o outro por toda a minha coluna,
me arrepiando inteira.
— Prometemos te fazer ver as estrelas, querida — sussurra Oliver,
com a boca colada no meu ouvido, seguido por um beijo leve no meu
ombro descoberto.
— Vamos te venerar como a porra da rainha que você é, basta pedir
— finaliza Blake, entremeando a mão nos meus cabelos e puxando de leve,
para que eu olhe pra ele — Vou perguntar só mais uma vez, princesa. O que
você quer?
Paro de pensar, de tentar encontrar razão para as coisas, acho que paro
até de respirar por um segundo. Então finalmente deixo escapar num
sussurro:
— Eu quero vocês. Quero os três.
Os sorrisos de respostas são quase idênticos: safados e transbordando
luxúria.
— Vamos para o quarto, princesa. Vamos fazer isso direito — diz
Blake, já assumindo aquela voz mais rouca de quando ele está excitado.
Balanço a cabeça em concordância e no segundo seguinte Liam me pega no
colo e me carrega para o quarto.
Quando eu cheguei, mais cedo, estava muito chateada e mal prestei
atenção ao tour que Oliver fez comigo pelo apartamento. E agora que estou
sendo depositada em cima de uma cama tão grande quanto a da casa da
montanha, não quero me distrair com mais nada que não seja a visão
perfeita desses três.
Liam se afasta para pegar algo na mesa ao lado da cama, que vejo se
tratar de várias camisinhas e um tubo com um gel dentro. Lubrificante?
Antes que eu possa pensar muito nisso, Blake está na minha frente,
segurando meu queixo para que eu o olhe.
— Assim como naquele dia na jacuzzi, você vai me obedecer, não é
princesa? — questiona, e acho que fico ainda mais quente.
— Sim — respondo sem exitar.
— Boa garota. Se houver algo que você não goste ou não queira,
precisa nos dizer na hora, ok?
Estou meio hipnotizada pela proximidade da boca dele, que falou
tudo isso a centímetros da minha, mas consigo verbalizar uma resposta:
— Entendido.
— Mais uma coisa: lá fora, você é nossa princesa. Mas aqui dentro
desse quarto, você pode ser nossa garota safada. Nossa putinha. Nossa
vadia sem vergonha que vai precisar de três paus para satisfazê-la. É isso
que você quer?
Porra. Isso não deveria me deixar ainda mais molhada e excitada, né?
Mas deixa. Me deixa ao ponto de querer esfregar as pernas para aliviar o
mínimo do tesão que estou sentindo.
— Sim. Sim. É isso que eu quero — consigo dizer, e Blake grunhe ao
mesmo tempo que os outros dois sorriem.
— Perfeita — afirma, e aperta um pouquinho mais meu pescoço, o
que me faz arfar — Você é perfeita pra caralho pra nós. Oliver, tire a roupa
dela — ordena, e se afasta um pouco, para que Oliver me pegue pela mão e
me ajude a ficar de pé. Ele me vira de costas pra ele, e de frente para Liam e
Blake, e desce as mãos desde o meu pescoço, passando pelos braços, até
chegar na cintura, onde me aperta com força.
Oliver lambe meu pescoço, e eu fecho os olhos, incendiada pelas
sensação. Ele desabotoa meu shorts e a peça cai em instantes, exibindo a
calcinha preta que coloquei mais cedo.
Foi sorte eu ter colocado um conjunto de calcinha e sutiã
particularmente bonitos. Bom, sorte ou pressentimento de que eu ia dar hoje
né?
Suas mãos passam por toda minha barriga em um caminho
ascendente até chegar na barra do meu cropped, que ele levanta até que a
peça passe pela minha cabeça. Ouço silvos e palavrões vindo deles quando
fico só de lingerie.
Oliver não perde tempo e meu sutiã é o próximo a cair. Ele enche as duas
mãos com meus seios e morde meu pescoço, me fazendo gemer. Sinto seu
pau crescer sob a minha bunda também, e rebolo por instinto.
— Abra os olhos, Jasmine. E veja o que faz com a gente — pede
Liam, e eu o faço, para encontrar os dois nús e tocando a si mesmos,
totalmente duros.
— Porra — é a unica coisa que consigo expressar, arrancando meio
sorrisos de Blake e Liam.
Oliver então larga meu pescoço e se agacha. Suas mãos estão nas
laterais da minha calcinha e ele me dá uma mordida na popa da bunda antes
de abaixar a peça. Ele fica de pé e me gira, e agora é Blake que está
grudado às minhas costas, com seu pau entre minha bunda. Ofego com o
susto e ele ri contra minha orelha antes de morder o lóbulo.
— Vamos ver o quanto a minha safada está gostando disso — diz, e
leva uma mão ao meio das minhas pernas, enquanto a outra segura um seio.
Blake insere um dedo e eu gemo baixinho — Molhada. Ensopada pra nós. É
assim que eu gosto.
Ele permanece com um dedo só, entrando e saindo devagar,
ignorando meu clitóris de propósito e me torturando. Rebolo tentando achar
um atrito melhor, mas Blake não deixa.
— Paradinha, princesa. Estou só esquentando.
Esquentando? Homem, eu to pegando fogo já faz horas! É o que
quero protestar, mas me calo, porque Oliver voltou a se ajoelhar à minha
frente, agora também sem roupas. Liam está logo atrás dele, olhando a cena
toda com a expressão de prazer.
— Coloque uma das pernas dela em seu ombro, Ollie. Quero ela bem
aberta — indica Blake, retirando a mão da minha boceta e subindo a mão
com meu líquido até meu seio, onde ele passa a brincar com os bicos. Me
perco em saber a qual sensação reagir primeiro, pois Oliver levantou minha
perna esquerda, colocou no ombro e caiu de boca em mim.
Solto um grito desesperado quando a língua dele atinge meu clitóris
ansioso. Fecho os olhos e estico o pescoço para trás, e Blake aproveita para
fazer da sua mão o meu colar outra vez.
— Quem diria que a santinha da Carolina do Sul gostaria tanto de ser
segurada pelo pescoço, não é, Jasmine? — provoca Blake, sussurrando.
— É por isso que não conseguiram me manter santa por muito tempo,
porque era isso que eu queria. Eu queria pecar — respondo, sem vergonha
nenhuma, porque é verdade.
Quanto mais me julgavam, mais eu queria errar.
Blake ri gostoso contra minha orelha.
— Ah querida, então você encontrou os caras certos. Agora rebole no
rosto do Oliver, como sei que está doida para fazer — manda, e eu obedeço
porque ele está certo. Rebolo contra o rosto de Oliver, com a boceta toda
aberta pra ele, que geme de satisfação e me chupa mais forte. O pau de
Blake friccionado contra minha bunda também está me enlouquecendo.
— Coloquem ela na cama, quero essa boca bonita dela me chupando
— é Liam quem pede, e eu arquejo quando Oliver se afasta e Blake me
manobra como deseja, até que eu me veja de quatro no meio do colchão.
Oliver ocupa seu lugar abaixo de mim, voltando a encaixar a boca na
minha boceta e agarrando minha bunda com força, para depois desferir um
tapa ardido em uma das nádegas. A intensidade me faz fechar os olhos e
gemer baixinho.
— Tá vendo isso, Liam? Como nossa putinha também gosta dos
tapas? — diz Blake, sentado sob os calcanhares à minha direita.
— Sim, e aposto que ela vai gostar de ser comida com força, não é,
baby? — nem preciso responder, pois emito mais um som de prazer ao ser
penetrada por dois dedos de Oliver. Liam ri e complementa:
— Gostosa do caralho. Enquanto Oliver te prepara pra gente te
comer, quero ver se realmente aprendeu a chupar naquele piquenique —
demanda, ficando de joelhos logo a minha frente, com seu pau ereto bem na
direção dos meus lábios.
Não me faço de rogada e passo a língua na cabeça do seu pau,
arrancando um arquejo dele. Sorrio internamente e contorno a ponta com a
língua mais algumas vezes antes de colocá-lo na boca. Liam não é
terrivelmente longo, mas é grosso, então não consigo engoli-lo todo, mas
vou até meu máximo, controlando a respiração como me ensinaram a fazer.
Liam enrola meu cabelo em uma das mãos e os segura com força para
comandar meus movimentos, enquanto com a outra mão está punhetando
Blake. Só a visão disso já seria capaz de me fazer suspirar de desejo.
Quando Ollie dobra seus dedos em meu interior e atinge o ponto
certo, ao mesmo tempo que chupa meu clitóris, sinto que estou perto de
atingir o céu e sou obrigada a tirar a boca do pau de Liam. Levanto o tronco
e apoio as mãos nas coxas, ficando realmente sentada no rosto de Oliver
enquanto rebolo sem freio. Olhar para baixo e ver os olhos azuis dele me
encarando com fogo só fazem com que me perca ainda mais.
— Isso gostosa, goza no rosto dele. Deixa a gente assistir essa sua
carinha de safada quando atinge o orgasmo rebolando — Blake diz, ele e
Liam agora parados bem a minha frente. Blake aperta um seio enquanto
Liam captura meus lábios e é isso que abafa meus gritos, porque o orgasmo
me atinge feito um raio. Meu corpo todo treme, os espasmos de prazer me
atingindo em ondas deliciosas. Achei que ia me acostumar à sensação, mas
parece ficar melhor a cada vez.
Sei que várias mãos me tocam e sou movida até estar deitada na cama
de costas no colchão, mas até que minha mente volte da montanha russa do
orgasmo, leva alguns instantes.
Quando abro os olhos de novo, encontro os três pares me olhando
com expectativa.
— Agora sim você está pronta, querida — Oliver decreta, e volto a
me arrepiar inteira.
Vai corpinho, você não pediu? Agora aguenta!
Não preciso de academia, já faço agachamento
Jasmine
Sou beijada pelos três, um de cada vez, até que o ar me falte e meus
lábios fiquem pinicando com as mordidas que Blake dá por último. Ele
passa a mão por minhas costas e me levanta até que eu esteja outra vez
ajoelhada na cama. Liam ataca meu pescoço com beijos e chupões que
certamente deixarão marcas, mas não me importo nem um pouco. Blake
belisca meu seio direito até que solte um som fraquinho de protesto e o faça
sorrir antes de me beijar outra vez, com sofreguidão. As mãos dos três estão
espalhadas pelo meu corpo, me mantendo em um turbilhão de sensações
deliciosas.
— Será que nossa garota sabe cavalgar? — pergunta Blake, ainda me
olhando de perto. Uma das suas mãos desce até minha boceta, onde ele faz
movimentos circulares suaves por meu clitóris e minha respiração se torna
ainda mais pesada.
— Sim, eu gosto de ficar por cima — respondo com a voz rouca de
desejo. Blake e Liam sorriem e Liam morde a base do meu pescoço.
— Perfeito. Liam, deite-se — comanda Blake, e é prontamente
atendido por ele, que se deita logo atrás de mim e me olha com expectativa
— Agora suba, Jasmine. Eu quero ver essa bocetinha deliciosa deslizar pelo
pau dele — diz, com a boca a centímetros da minha, na sua voz de comando
que nunca falha em me fazer arrepiar. Porém, antes que eu me mova para
fazer o que mandou, Blake desfere um tapa contra minha boceta, acertando
em cheio meu clitóris sensível e o som que sai da minha boca é um misto de
grito e gemido.
Seu sorriso se alarga com minha reação e ele me dá um último selinho
antes de me largar. Me viro para Liam, que me encara deitado com os
braços musculosos atrás da cabeça, o abdômen marcado sendo evidenciado,
assim como o caminho da perdição, o V que leva até seu pau totalmente
ereto. Passo a língua nos lábios.
— Sente-se no seu novo trono, princesa — provoca Liam, enquanto
eu apoio as mãos em seu tórax, passo uma das pernas por cima de seu corpo
e então me agacho bem em cima de seu pau, sem penetrar, apenas
deslizando pelo comprimento. Nós dois gememos pela fricção gostosa —
Porra, Jas, não me tortura mais, ou vou deixar o autocontrole de lado, te
virar nessa cama e te comer com força como tenho sonhado há dias.
Mordo o lábio com força, porque o pensamento dele fazendo isso
também me excita. Deslizo até estar sentada em suas coxas, e pego a
camisinha que Oliver me entrega, segurando a pontinha e cobrindo o pau de
Liam. Blake e Oliver assistem a tudo atentos, um de cada lado de nós, às
vezes passando a mão por meu corpo, às vezes no corpo de Liam.
Apoio novamente uma mão no tórax de Liam enquanto com a outra
seguro seu pau e direciono em minha entrada. Estou molhada pra caramba,
mas a largura dele me faz fechar os olhos e soltar um pequeno sibilo
enquanto me acostumo a estar tão preenchida depois de tanto tempo. Faz o
quê? Uns 3 anos desde que transei pela última vez na faculdade? É quase
como perder a maldita virgindade de novo.
Liam xinga e agarra minhas coxas com força, torturado pela lentidão
dos meus movimentos, mas não me apressa ou se força para cima. Quando
finalmente estou com seu pau todo dentro de mim, nós dois respiramos
aliviados.
— Apertada pra porra! Caralho de mulher perfeita! — exclama Liam,
e me dá um tapa na bunda, tirando risadas dos outros dois — Agora rebola,
gostosa. Rebola como a boa safada que você é — demanda e eu obedeço,
fazendo nós dois gemermos alto.
Com as mãos na barriga de Liam e com as dele apertando minha
bunda e coxas com força, eu subo e desço até encontrar o ritmo ideal para
nós dois.
Cacete, como é bom.
Fecho os olhos e deixo a cabeça cair para trás quando o pau de Liam
acerta um ponto incrível dentro de mim.
— Está gostando, não é princesa? Quem te vê corar por qualquer
coisa nem imagina que você gosta é de ficar vermelha de chupões, apertos e
tapas — murmura Blake próximo da minha orelha e eu abro os olhos de
imediato para encontrar com os dele, transbordando depravação. Sussurro
um "sim" de resposta, antes de Blake capturar meus lábios com os seus.
Encerro o beijo dessa vez tomando a dianteira e mordendo o lábio
inferior de Blake, ao mesmo tempo em que aproveito para arranhar seu
pescoço com a mão que o segurava. Blake arregala os olhos e solta uma
risadinha de apreciação.
— A gatinha está soltando as garras. Eu vou querer as marcas delas
por toda as minhas costas quando chegar a hora — diz, e minha barriga se
contrai de expectativa.
— Vai deixar suas tatuagens ainda melhores — respondo travessa, e
ele ri em retorno.
Sou surpreendida com Oliver passando a mão por minha nuca e me
puxando para ele.
— Acho que está na hora dessa boca esperta trabalhar também, não é?
— diz, malicioso, e me solta para ficar de pé na cama. Olho pra cima,
absorvendo toda a beleza do corpo dele até encontrar os olhos dele outra
vez e dar uma piscadinha.
Não preciso de indicação do que fazer, pego sua ereção com uma das mãos
e a trago direto para minha boca.
— Porra de boca gulosa. Você aprendeu bem demais! — exclama
Oliver, enrolando meu cabelo em sua mão. Liam assumiu por completo os
comandos de como rebolo, subo e desço, e de vez em quando eu me
contraio toda, só para fazê-lo se contorcer e segurar o orgasmo. É delicioso
demais segurar o prazer deles assim, é como ter um super poder. Não que
eles também não controlem o meu, principalmente agora que Blake decidiu
participar e bolinar meu clitóris. As ondas de prazer são violentas, e não sei
quanto tempo mais vou aguentar.
— Tem noção do quanto está maravilhosa cavalgando em um pau
enquanto engole outro? Eu poderia fazer um quadro disso. E um outro só
dessa sua cara de safada — Blake sussurra no meu ouvido, ampliando ainda
mais o calor no meu corpo — Você está louca pra gozar. Goze, minha
putinha. Goze no pau de Liam e aperte essa boceta até fazê-lo perder o juízo
também. Esse é só o segundo dos muitos orgasmos que vamos te dar essa
noite.
Sou obrigada a tirar Oliver da boca, pois não consigo me concentrar
em mais nada que não em atingir minha própria satisfação. Apoio
novamente as mãos no peito de Liam, e o beijo antes de pedir:
— Mais forte — Liam abre um sorriso devasso e me dá um tapa
estalado antes de fazer exatamente o que pedi. Impulsionando a pélvis para
cima com ímpeto renovado, e me fazendo ver estrelas com quão fundo ele
chega.
— Pegue tudo o que quiser, baby, meu pau agora é todo seu — afirma
Liam, olhando intensamente para mim. Eles têm plena noção do que fazem
comigo só com palavras né?
Fecho os olhos, e sei que a mão apertando meu pescoço agora é de
Oliver, assim como a mão em meu seio, enquanto a de Blake continua em
meu clitóris.
São sensações demais, prazer demais, e finalmente me entrego, gritando
desesperadamente ao atingir o orgasmo. Meu ápice desencadeia o de Liam,
que também geme alto e xinga variações de "safada gostosa". Me
desconecto de seu membro e então caio sobre o peito dele enquanto nós
dois tentamos recuperar o fôlego.
Não sei quantos minutos se passam enquanto ainda tenho espasmos
do orgasmo percorrendo o corpo, mas quando abro os olhos de novo sou
presenteada com a visão de Blake chupando Oliver com gana.
É, eu devo ser mesmo uma grande safada, porque só de olhar pra isso,
desejo puro volta a incendiar minha barriga.
— Está pronta para o segundo round, querida? — É Ollie quem
pergunta, me olhando com expectativa enquanto segura o cabelo de Blake e
eu apenas aceno em concordância, hipnotizada pelos dois juntos. Sou
obrigada a piscar e voltar para o momento atual quando Blake para o
boquete e coloca uma camisinha em Oliver. Ele me toma dos braços de
Liam e instantes depois já estou deitada de costas, com Oliver em cima de
mim.
— Sabia que eu queria fazer isso desde que te vi deitar naquela cama
do quarto de hóspedes? Não pude evitar pensar como você ficaria nua e
deliciosa assim bem embaixo de mim — revela ele e puxa um dos meus
joelhos, me deixando bem aberta para recebê-lo entre as pernas — Mas a
realidade é muito melhor!
Sorrio e também confesso:
— E era capaz de eu ter deixado, mesmo naquele primeiro dia,
porque você era gostoso demais para que eu recusasse.
Oliver ri, e então suas mãos estão por todo lado. Apertando minhas
coxas, passando por minha barriga, meus seios, e me beijando enquanto me
preenche devagar. Ele não é tão grosso, mas é maior do que Liam e a
curvatura para cima acerta meu ponto G com maestria. Quando está todo
dentro, Oliver geme, e desprende o tronco do meu para ficar de joelhos,
colocando em seguida minhas pernas em seus ombros. Ele arremete, e nessa
posição vai tão fundo que vejo estrelas. Acho que deixo até mesmo escapar
um xingamento devido a intensidade. Oliver sorri com malícia, os olhos
azuis brilhando para mim quando ele se retira quase todo e volta a meter
com força. Ele se mantém por bastante tempo nesse ritmo enlouquecedor:
lento, mas com força, me torturando, fazendo com que eu emita sons
ininteligíveis e arranhe seus braços. É terrivelmente bom, mas parece me
deixar sempre ali no abismo, sem conseguir gozar de fato. Tento levar
minha mão até meu clitóris para me aliviar, mas sou impedida por Liam.
— Ah não, baby, pra quê acabar com a festa tão rápido?
Choramingo, mas me contenho e tento focar em olhar para ele
punhetando Blake bem ao meu lado, mas é impossível.
— Cacete, Oliver! Apenas me coma! Mais rápido! — imploro, me
remexendo toda.
— Você quer mais rápido e mais forte, querida? — provoca ele,
ficando completamente parado dentro de mim.
— Sim. Sim! Por favor, Oliver! — quase choro, e tento rebolar contra
ele.
— Então peça Jasmine, peça para eu te deixar gozar no meu cacete —
ordena, e eu vejo que o Oliver fofo foi substituído por sua versão
comandada por tesão e luxúria. Ah céus, eles serão o meu fim.
— Me deixa gozar no seu pau, Oliver. Por favor! Me deixa gozar, e
depois quero que goze em cima de mim — peço e ele grunhe antes de
morder minha perna e finalmente (finalmente!) fazer o que eu quero. Ele
empurra meus joelhos contra meu tronco, e mete com força, me fodendo
com pressa e ânsia.
Caralho.
Merda.
Cacete.
Inferno!
É tão bom que quase dói.
Não demoro nadinha a gozar, explodindo num misto de grito e
gemido, fecho os olhos e realmente vejo pontinhos de estrelas por trás das
pálpebras, porque esse terceiro orgasmo é ainda mais intenso.
Oliver sai de dentro de mim e afasta meus joelhos, me deixando bem
aberta de novo. Consigo abrir os olhos só pra ver ele gozar no alto da minha
virilha e barriga, e depois volto a fechá-los, satisfeita demais com tudo.
Ouço quando Oliver se joga na cama ao meu lado, também
recuperando o fôlego, para em seguida abraçar meu corpo e descansar a
cabeça em meus peitos. Liam soltou meus braços e agora apenas me
acaricia de leve.
Estou tão relaxada que poderia dormir de imediato, mas então uma
outra mão sobe por minhas coxas, apertando com força e me lembrando:
tenho mais um pau pra quicar.
Ah céus, eu definitivamente não vou andar amanhã.
Haja chá de picão
Jasmine
— Blake, acho que vou precisar fazer uma pausa para tomar um chá,
um café, comer uma barrinha de cereal… ou meu corpo vai pedir arrego —
peço, olhando para o gostoso tatuado que me encara de cima. Ele me lança
um sorrisinho de lado.
— Você que sabe, princesa. Você pode fazer sua pausa e eu vou foder
o Liam, ou você pode ficar e deixar que eu te foda e assistir enquanto o
Liam come o Oliver.
Liam solta um assobio de aprovação para o plano, e Ollie até levanta
a cabeça para olhar para os outros dois, igualmente interessados.
É, não vai ter jeito. O rebuliço que apenas a menção dessa sequência
de acontecimentos causou no meu corpo — que eu acreditava estar sem
energia nenhuma — não me dá outra alternativa:
— Escolho a opção que você me fode — Quem tá na chuva é pra se
molhar, e quem já deu pra dois, aguenta dar pra três.
Os três sorriem, mas Blake volta a ficar sério em segundos e estapeia minha
coxa com vontade. A ardência parece ir direto para minha boceta, que
desperta toda animada.
— Então mexa essa sua linda bunda pra cá — manda ele, ao sair da
cama e parar na beirada. Faço o que ele pede e logo estou parada de pé, de
costas pra ele, outra vez com seu pau duro tocando minha bunda. Blake
prende meu cabelo na mão e puxa até que eu exponha o pescoço para seus
lábios.
— Você foi tão perfeita até agora, minha garota. Tão safada e sedenta
quanto nós — elogia com a voz rouca e distribui beijos na minha nuca e
ombro. Fecho os olhos de satisfação — Seus gemidos misturados com os
deles foi uma das melhores coisas que já ouvi. E agora eu vou te fazer gritar
no meu pau.
— Sim — sussurro, enfeitiçada. Ele nem me perguntou nada, mas
concordo com o que ele quiser de antemão.
— Você vai me obedecer, como uma boa garota?
— Sim.
— Vai gritar meu nome quando gozar mais uma vez com meu cacete
enfiado em você até o talo? — questiona, enquanto escorrega uma mão de
volta para o meio das minhas pernas, fazendo apenas menção de tocar, mas
sem me tocar de fato.
— Vou.
— E quer que eu estapeie essa sua bunda deliciosa enquanto te fodo
com força?
Ofego antes de dizer:
— S-sim. Deus, sim.
— Perfeita. Agora abra os olhos. Era isso que queria assistir? —
sugere, e eu o faço, só para encontrar Oliver com as mãos apoiadas na
cabeceira da cama, enquanto Liam mete dois dedos dentro dele, o
preparando. Não sei quem gemeu mais com isso, ele ou eu apenas por
assistir.
O preparo dura mais alguns minutos, mas logo Liam está vestindo
uma nova camisinha e espalhando lubrificante por seu pau antes de começar
a penetrar o namorado. Oliver fecha os olhos e aperta a cabeceira com
força, mas não reclama diante da intrusão.
Blake está realmente me masturbando agora, bem de leve, como se
também tivesse me preparando para recebê-lo.
Mordo o lábio quando Liam e Oliver gemem em uníssono, pois o pau
de Liam entrou todo.
— Desgraçado gostoso! Eu nunca vou deixar de comer essa tua
bunda, sabe disso né? — é Liam quem pergunta e Oliver empina ainda mais
a bunda em sua direção.
— Eu sei. E não vai mesmo, mas agora eu preciso que me foda mais
forte, amor — pede e Liam grunha antes de obedecer, macetando-o com
gosto.
Porra. Acho que posso gozar só de vê-los.
— Chega de só assistir. De quatro na beirada da cama agora, empina
essa bunda pra mim — Blake manda em minha orelha. Quando fico na
posição que ele pediu, sem ele nunca soltar meu cabelo, Blake não exita
nem um segundo antes de meter um tapa com força em cada banda da
minha bunda.
— Filho da mãe! — exclamo por instinto, mas a sensação que a dor
leve deixa é inebriante. Blake me bate mais uma vez antes de colocar dois
dedos em mim.
— Sempre tão molhada e sedenta. Sua boceta pisca só com meus
dedos, gostosa. Vamos ver como ela ordenha meu pau — diz e se enfia de
uma vez em mim. Solto um som alto de prazer quando ele me enche.
— Cacete, que boceta gostosa da porra! — exclama mais uma vez,
antes de começar a me foder com força. Ele entra e sai de mim rápido e
fundo, do jeito exato que me leva à loucura.
Não sei quando perco o controle, se durante as arremetidas profundas,
os tapas de Blake na minha bunda, a visão de Oliver rebolando contra o pau
de Liam, ou quando Blake solta meu cabelo para poder segurar minha
bunda com uma mão, e pressionar meu clitóris com a outra. Só sei que grito
e gozo, apertando minha boceta com força no pau de Blake, que geme, mas
não para. Deixo meu corpo cair quase por completo, ficando com a cabeça
contra o colchão e apenas a bunda empinada.
— Apertada e deliciosa, minha putinha! Eu vou ficar viciado em te
comer. Mas me segurei o bastante para não gozar ainda, quero fazer você
estremecer no meu pau mais uma vez, então rebola, rebola e suga meu
caralho com essa sua boceta de mel.
Meu corpo parece só responder aos comandos do tesão agora, porque
faço exatamente o que ele pede e rebolo o quanto posso enquanto ele mete.
Blake então me vira de repente, me colocando de costas no colchão e
passando minhas pernas ao redor de sua cintura para voltar a me penetrar. A
mudança de ângulo me pega de surpresa e gemo ainda mais.
— Porra! Eu preciso gozar, mas só depois que você vier de novo —
afirma, e desce a boca até meus seios, lambendo, chupando, sugando o bico
em sua boca ou apertando, todas as ações vão acabar por me enlouquecer.
Mas é a fricção da sua pélvis contra meu clitóris que faz o estrago.
— Blake! — Grito seu nome dessa vez, e cravo as unhas em suas
costas enquanto o sinto pulsar dentro de mim ao se entregar ao orgasmo
também. Gozo tão forte que sinto um líquido quente escorrer pelas minhas
pernas. Me assusto e tento me levantar para ver o que está acontecendo,
mesmo que os espasmos ainda estejam percorrendo meu corpo e eu quase
não tenha mais força, mas o peito largo de Blake me impede.
— Não se preocupe querida, você teve um squirting1. Não é tão
comum, mas é normal. É a primeira vez que sinto uma mulher chegar a isso
comigo, e porra, foi insano. Tão bom que parece que você sugou minha
alma junto.
Relaxo o corpo, e Blake depois de alguns minutos de recuperação, me
pega pela cintura e me arrasta até estarmos totalmente no colchão outra vez.
Ele sai por alguns segundos e volta com uma toalha molhada, com a qual
nos limpa e só então se permite cair por cima de mim, usando minha barriga
como travesseiro, também esgotado. Ouço quando Liam e Oliver também
chegam ao ápice, chamando o nome um do outro. Instantes depois, ambos
se juntam a nós e de algum jeito, sinto todos apoiarem a cabeça em mim.
Liam nos meus seios, Blake na barriga e Oliver em minhas coxas.
Eles são um pouco pesados, mas não me importo nem um tiquinho.
Adormeço com um sorriso nos lábios.

— Eu achava que essa cama não poderia ficar mais cheia, sabe?
Quando a voz feminina surgiu do além, quase me mata de susto, porque eu
ainda estava em um estado de sonolência gostosa, toda enrolada no corpo
de Blake e pensando se conseguiria dormir por mais algumas horas antes de
ter que trabalhar. Ao ouví-la, levanto rápido, segurando o lençol sobre meu
corpo nu e encaro a visitante com os olhos arregalados.
— Hã… oi? — digo, constrangida, e sai mais como uma pergunta do
que um cumprimento. A loira estonteante me olha da porta do quarto com
um meio sorriso divertido.
Os outros três acordaram também com o meu susto, mas ainda estão
se espreguiçando na cama e falando coisas desconexas.
— Bom dia, querida. Desculpa, não resisti a perturbar meu irmão, e
realmente não esperava que tivesse mais alguém aqui. Aos três eu estou
acostumada, agora quatro é novidade. Para dormir, pelo menos. Eu sou
Serena, irmã de Oliver, aliás. — divaga ela, contando tudo de uma vez. Meu
cérebro ainda está em modo avião, e não sei bem o que responder.
— Jasmine — é a única coisa que consigo dizer e sou salva de pensar
em algo mais porque Oliver finalmente está desperto e também se sentou na
cama.
— Eu vou confiscar esse maldito cartão de acesso, Serena. Eu te dei
para emergências, não para ser intrometida sempre que quiser — diz Oliver
em seu tom meio mal-humorado. É a primeira vez que o vejo assim e é até
meio fofo seu franzir de sobrancelhas.
— É uma emergência, você ficou um mês fora e eu estava com
saudade do meu irmão, oras — exclama, cruzando os braços e devolvendo
para ele a cara de indignação.
— Você teria me visto hoje mesmo na empresa, sua pentelha.
— Mas não veria Blake e Liam, de quem, aliás, gosto mais do que
gosto de você — rebate ela, mostrando a língua para Oliver, que revira os
olhos e bufa, mas Serena apenas dá risada.
— Espero que tenha trazido café da manhã pelo menos — diz Liam,
enquanto levanta da cama — por sorte, de cueca — e se dirige até a
cômoda, onde pega uma toalha e coloca sobre os ombros.
— Claro que sim, agora vistam-se e venham para a cozinha, porque a
pobre Jasmine não está entendendo nada do que tá rolando aqui. Vocês tem
cinco minutos, ou vou começar a cantar — define Serena. Liam e Blake,
que estavam deitados e calados até o momento, soltam muxoxos idênticos e
também se levantam.
— Vinte. Precisamos tomar banho — negocia Oliver.
— Tá, mas andem logo ou também sequestrarei um dos gatos —
finaliza ela, e sai pela porta da mesma forma súbita com que apareceu.
Serena tem razão em um ponto: não entendi bulhufas do que acabou
de acontecer. Eles não tinham dito que ninguém sabia do relacionamento?
— É melhor obedecer a rainha do circo, princesa. Ela tem a pior voz
do mundo e nenhum medo de usá-la para torturar nossos ouvidos. Te
explico melhor enquanto tomamos café — conta Blake, levantando
completamente nu e roubando a toalha do ombro de Oliver antes de seguir
para o banheiro. Passo alguns segundos apreciando aquela bunda, mas
decido que o melhor é seguir com a maré, e me enrolo toda no lençol antes
de ir até o quarto onde estão minhas coisas.
Tomo um banho rápido, sem parar para analisar todas as marcas
distribuídas por meu corpo e me concentro apenas em desembaraçar meu
cabelo. Escovo os dentes e visto a melhor opção entre as peças que me
restaram: um vestido soltinho que está meio amassado por ficar na mala, e
que com certeza não é adequado para o clima lá de fora, mas para tomar
café da manhã aqui no climatizador do apartamento está mais do que bom.
Sigo para a cozinha, onde encontro Blake e Oliver com os cabelos
molhados do banho, vestindo apenas calças sociais e encostados sob a
bancada da cozinha.
— Oi querida, venha aqui. Agora consigo te dar bom dia direito —
cumprimenta Oliver, e me dá um selinho enquanto me enlaça pela cintura.
Fico automaticamente vermelha e me viro para olhar para Serena, que
ostenta um meio sorriso e um olhar de curiosidade — Não ligue pra ela,
essa intrometida é minha irmã mais nova. É uma das poucas que sabe sobre
nosso relacionamento, e sobre… bom, quase tudo, já que frequenta o clube
também. Nós crescemos todos juntos, e Serena acabou adotando Blake e
Liam como irmãos também, e os dois a ela, pois é impossível nos livrarmos
dessa pentelha — explica ele, e me gira para que eu fique contra seu peito e
de frente para Serena.
— Pois é, carrego o poder de chantageá-los sobre todos esses
segredos idiotas, mas como sou uma boa alma, não faço nada disso — conta
ela, sorrindo. Blake ri e quase se engasga com o café que estava tomando.
— Boa alma? Serena Pierce? Quer que eu conte tudo que você já
aprontou também, rainha do circo? — caçoa ele, desatando a rir. Serena
estreita os olhos e dá um tapa no braço descoberto de Blake.
— Cale a boca, seu bundão — reclama, fazendo cara de brava, mas
que logo se desfaz porque Blake estala um beijo em sua bochecha —
Ignore ele, e me conte tudo sobre você. Como veio parar na casa desses
manés?
— Lembre que esse mané é responsável pela construção da sua nova
casa, viu? É bom me tratar muito bem se não quiser que eu autorize a
projeção de closets minúsculos — é Liam quem intercede, entrando na
cozinha e dando um selinho em mim e em seus namorados. Serena apenas
abana com a mão, ignorando, e volta a me encarar com expectativa.
— Bom, você quer a versão resumida ou a completa? — questiono, e
ela sorri.
— A completa, é claro!
— Então me passe aquele croissant ali que eu conto.
Pra você meu nome é Sr. Advogado
Oliver
Por alguns instantes eu realmente achei que ia conseguir sair de casa
sem ter que passar pela inquisição de Serena. Havia deixado ela e Jasmine
na sala conversando, como se já fossem grandes amigas, quando fui
terminar de me trocar para trabalhar. Mas assim que piso os pés de volta no
recinto, Serena me chama.
— Finalmente, Ollie! Mais um pouco e nos atrasaremos.
— Porque você não foi para o hotel com o seu carro? E porque não
trouxe minha sobrinha? Estou com mais saudades dela do que de você.
— Porque não vim com ele, o motorista me deixou aqui e eu o liberei
pois vou pegar uma carona com você, é lógico — explica ela, erguendo os
ombros e eu reviro os olhos em retorno — E Lily passou o fim de semana
com nossos pais, vou buscá-la na escola mais tarde.
— Então vamos logo, tenho reuniões desde cedo — informo, Serena
se levanta do sofá e começa a pegar suas coisas espalhadas: bolsa, celular,
casaco.
Blake e Liam também entram na sala, Blake já vestido na sua roupa
social toda preta, que o deixa gostoso pra caramba e parecendo um mafioso
italiano, enquanto Liam veste apenas jeans e uma camiseta de manga longa
simples. Ele é o único que não tem compromissos urgentes nessa sexta,
então vai estender suas férias até segunda-feira e aproveitar para levar
Jasmine para comprar roupas mais tarde. Desgraçado sortudo.
Jasmine falha em disfarçar o quanto se divide para olhar para nós três
e contenho uma risadinha, mas Serena não é tão bondosa e dá uma
cotovelada em Jas enquanto diz:
— Não babe querida, logo eles voltam — a outra fica toda corada e
desvia o olhar para o chão, mas minha irmã continua — Não julgo, tá? Se
não visse todos como irmãos, também os acharia gostosos — todos dão
risada, e eu apenas suspiro em agradecimento outra vez, porque nada me
daria mais pesadelos do que a ideia da minha irmã se interessando pelos
meus namorados.
— Mas só beleza não sustenta essas bundas, então vamos todos
trabalhar, né? Liam você vai visitar obras hoje, por isso o modelito casual?
— questiona Serena, mas Liam nega com a cabeça, enquanto se senta em
uma das poltronas da sala.
— Não, só volto a trabalhar na segunda. Meu velho está lá cobrindo
minhas férias, e ainda não me ligou gritando. Deve estar tudo bem. Eu e
Jasmine vamos sair daqui a pouco, comprar algumas roupas — explica ele.
— Vamos? Em que momento eu me tornei herdeira, querido? Tenho
que trabalhar, talvez no fim da tarde — Jasmine afirma, soando sarcástica,
levantando uma sobrancelha na direção do moreno.
— Que seja mais tarde então, mas vamos sair para gastar previamente
todo o dinheiro que Oliver vai arrancar daquele maldito dono do seu prédio
— conta Liam, abrindo um sorriso. Jasmine dá risada e diz apenas “Ok, já
sei que não adianta discutir”.
— Certo, chega de conversa ou de fato vamos todos nos atrasar —
finalizo, e dou um beijo em Liam e outro em Jasmine, para depois arrastar
minha irmã pelo braço até o elevador. Blake nos segue e rapidamente
estamos descendo até a garagem.
Meu namorado me dá um beijo rápido quando paramos na frente do
meu carro, mas não se afasta de imediato como eu esperava.
— Que horas é sua reunião com o cara do prédio?
— Minha secretária me mandou mensagem avisando que o tal de Sr.
Williams marcou às 10h, lá no hotel, que era meu primeiro horário livre.
Acho que o síndico passou bem o recado — detalho, vendo Blake franzir
ainda mais o cenho.
— Se o Sr. Williams não colaborar, me ligue que farei eu mesmo uma
visitinha para ele, ok? — pede, deixando a clara irritação se propagar.
Contenho um sorriso porque amo esse lado protetor dele.
— Relaxe, querido, ele não vai conversar com o Ollie. Vai conversar
com o Advogado Pierce, e eu nunca perco — afirmo e lhe dispenso um
sorriso convencido, que funciona para que Blake desmanche a carranca.
— Ok então, senhor advogado. Me ligue mais tarde para dizer como
foi. Bom trabalho — deseja ele, e ajeita a gravata em meu pescoço antes de
se afastar e ir até seu carro.
— Vocês são tão irritantemente fofos — reclama Serena — Agora
vamos logo!
Aceno com a cabeça e finalmente entramos no carro e partimos.
Para ser justo com minha irmã, ela aguentou exatos 3 minutos antes
de começar a inquisição prevista.
— Então… qual é a dessa nova dinâmica? Entendi o lance de vocês
terem ajudado ela na montanha, estão ajudando agora por conta do
apartamento, mas vocês três também estão se relacionando com ela… Isso
nunca aconteceu antes!
— Claro que já, já dividimos mulheres várias vezes — explico
pacientemente, sem desviar meus olhos da direção.
— No clube, ou no máximo por uma noite. Acho que nenhuma
mulher nunca nem dormiu nesse prédio, na casa de nenhum de vocês!
— Liam já, aquela menina com quem ele teve um casinho de umas
duas semanas — respondo e nem preciso ver seu rosto para saber que está
revirando os olhos.
— Argh! Quer parar de desviar do ponto? Quero entender o que tá
rolando de diferente dessa vez, com a Jasmine! Porque o que assisti agora
de manhã foi vocês se tornando um… um quadrisal! Com direito a
bichinhos de estimação — exclama ela, irritada. Respiro fundo enquanto
penso no que dizer, porque a verdade é que também não tenho muita
certeza.
— Não sei, Serena. Oficialmente? É um caso com data para acabar,
combinamos de nos divertir juntos por um mês. Mas… — paro no sinal, e
aproveito para olhar para minha irmã, que me encara num misto de
preocupação e confusão — Não vou negar que gostamos dela um pouco
mais do que devíamos. Mas não deve passar de um encantamento, ela é
uma garota divertida, interessante e gostosa pra caramba. Quando
aliviarmos todo esse tesão, vai acabar — concluo e Serena faz uma cara de
nojo.
— Eca, não preciso saber o que vocês fazem a quatro — sua careta
logo se desfaz e ela coloca uma mão em meu braço — Mas olha, só se
cuida, ok? Vocês já vivem algo complicado, um segredo difícil e uma
dinâmica toda própria de relacionamento, então vá com calma ao colocar
mais uma pessoa nessa equação. Cuidado com os sentimentos de vocês, e
com os dela também.
O sinal abre, me dando o escape perfeito para não ter que responder a
Serena olhando-a nos olhos.
— Ninguém vai sair machucado, pode ficar tranquila. É só um pouco
de diversão e carinho, nada demais.
Serena emite um som típico de descrença, mas depois de alguns
instantes decide ser boazinha e muda de assunto. Respiro aliviado enquanto
a ouço contar sobre as fofocas do hotel enquanto estive fora. Aceito a
distração, porque é muito cedo para pensar em coisas complicadas.

Blake me liga 2 minutos depois que o Sr. Williams deixou minha sala.
Aposto 10 mil em fichas de que ele estava de olho nas câmeras do hotel, já
que a Wolf é nossa empresa de monitoramento e segurança.
— Sabe, meu hotel não é Big Brother pra você ficar vigiando, Sr.
Wolf — digo direto, sem nem cumprimentá-lo antes. Blake ri do outro lado.
— Cada um se diverte com os brinquedos que tem. Acontece que eu
tenho vários e a câmera que registra a porta da sua sala é uma das minhas
favoritas, porque às vezes, a sua porta fica aberta e consigo te ver
trabalhando todo concentrado — confessa, e eu não consigo reprimir um
sorriso, mas continuo a provocação.
— Tenho certeza que isso aí não está previsto no nosso contrato, quer
que eu aplique uma multa para a Wolf sobre quebra de privacidade?
— Uma multa pela equipe de vigilância vigiar demais? Quero ver
onde você vai achar uma brecha para isso — replica ele, e também posso
ouvir o sorriso em sua voz.
— Talvez uma direta pra você então, por algum tipo de abuso de
poder.
Blake ri gostoso do outro lado da linha.
— Mande a multa lá pra casa, pagarei com sexo — responde meu
namorado descarado e é a minha vez de gargalhar.
— Ah querido, pode ter certeza de que vou cobrar isso mais tarde —
afirmo, e Blake murmura “mal posso esperar”, que me faz arrepiar. Balanço
a cabeça e tento voltar para o foco.
— Então, sobre o dono do prédio. Era um babaca, como o imaginado.
Achou que ia chegar aqui com um contratinho pronto, oferecendo o
conserto do teto do apartamento, e 10 mil dólares apenas de compensação
para Jasmine — Blake grunhe do outro lado, mas continuo — Mas precisei
de apenas 20 minutos para lembrá-lo de como funcionam as leis
imobiliárias, e uma vez que ele assumiu o risco de ferir alguém ao não fazer
a manutenção do prédio, uma ação contra ele seria causa ganha. Jasmine
poderia ter morrido se estivesse naquele quarto, além de todos os bens
materiais que ela perdeu, há também o abalo emocional. Ele quis se exaltar,
reclamar, negociar, mas acabou assinando um contrato com os termos que
eu queria quando eu o informei que bastaria uma ligação minha para meu
amigo Henry Travers, o prefeito, para que todos os prédios que ele possui
fossem vistoriados e multados em caso de irregularidades. Então ele assinou
rapidinho um contrato com direito a apartamento reformado, reposição de
todos os móveis, objetos e roupas que a água danificou, o quanto for
necessário de diárias de hotel para Jasmine, além de mais 50 mil de
compensação emocional para ela.
Blake está gargalhando antes mesmo que eu termine de contar.
— Meu amor, você é realmente imbatível. Isso foi incrível — elogia
ele, e meu ego agradece.
— Eu teria conseguido muito mais com um processo, mas levaria
muito tempo e seria desgastante para a Jas. Mas o que ele não sabe é que,
de toda forma, avisarei Henry para dar uma olhada cuidadosa nos imóveis
desse babaca, porque vai saber quantas outras vidas ele está pondo em
risco… — Blake ri tanto que o escuto ter que parar para recuperar o fôlego.
— Perfeito, Ollie. Perfeito. Você é meu advogado favorito.
— E é bom que eu seja o único, Sr. Wolf. Agora deixa eu desligar,
porque ainda tenho que ligar para Jas e Liam contando sobre isso antes da
minha reunião das 11h.
— Certo. Queria ir almoçar aí mais tarde, mas um cliente ligou
reclamando e exigindo uma reunião, então vou encontrá-lo nesse que seria
meu único horário vago — reclama ele, perdendo um pouco da animação.
— Que droga, mas boa sorte. Te vejo em casa, B — me despeço.
— Te vejo em casa, Ollie.
Desligamos, mas ainda estou sorrindo enquanto ligo para Liam para
contar para aos dois a novidade.
Provadores de roupas tem muitas funções
Liam
Passei o dia quase todo ao lado de Jasmine enquanto ela trabalhava.
Nossa hóspede instalou a mesa de desenho e o notebook no escritório, e
passou quase uma hora com a funcionária no telefone, se atualizando de
tudo e organizando os pedidos atrasados, enquanto eu me revezava entre
assistí-la toda concentrada e ler as notícias do mercado financeiro no meu
tablet. Depois que Oliver ligou e nos deu as boas notícias, foi visível o
quanto a garota ficou aliviada, como se um peso invisível tivesse saído de
seus ombros.
Durante o almoço, Jasmine insistiu em ajudar a Sra. Roberts, nossa
cozinheira, a preparar o almoço. A Sra. Roberts nem ao menos piscou
diante da presença de Jasmine ali, está mais do que acostumada a não fazer
perguntas, mas percebi que ela gostou de Jasmine de cara, pois cozinharam
e conversaram o tempo todo.
A lasanha ficou incrível e descansamos por uns 30 minutos depois de
comer assistindo TV, e eu super teria tirado uma soneca no colo de Jasmine
se ela não tivesse insistido em voltar a trabalhar.
Fiquei na sala assistindo a alguns episódios de The Last of Us, mas
fazendo algumas pausas para checar Jasmine, lhe provocar com piadinhas
ruins, roubar uns beijos ou admirar ela desenhando.
Porém, quando o relógio bateu cinco da tarde, eu tive que arrastá-la
para fora do escritório.
— Já deu 8 horas diárias, Jas. Pode bater o ponto, sua chefe não vai
reclamar — ironizo e ela revira os olhos verdes pra mim — Nós vamos para
o shopping agora.
— Mas… — tenta começar a argumentar, porém me encara e percebe
que não vou desistir — Aff, tá bom. Vou tomar um banho e me trocar, aí
podemos ir. Pode verificar se meus féericos precisam de comida enquanto
isso?
— Seus o quê? — questiono, sem entender nada.
— Os gatos — responde, como se fosse óbvio.
— E você os chamou de fé… o que?
— Féericos. É que os nomes deles são baseados em personagens do
tipo féerico, que é tipo uma “fada mais poderosa” — explica, fazendo aspas
com as mãos, porém minha cara deve ser da mais pura confusão, porque ela
suspira e continua — Enfim, são criaturas do livro que eu gosto, não
importa. Só vá lá ver se eles têm água, ração e se a caixinha precisa limpar.
Ficarei pronta em meia hora — define e se afasta, seguindo pelo corredor
até seu quarto. Encaro sua bunda balançar enquanto ela anda e só depois
faço a volta e sigo para a área de serviço fazer o que ela pediu.
— Ferinhas? Feriquinhos? Ou seja lá como sua mãe os chama, cadê
vocês? — chamo pela casa, procurando pelos pestinhas. Pelo visto agora ela
manda e eu obedeço, né.

— Liam, estamos aqui há duas horas, compramos mais roupas do que


sou capaz de usar. E sapatos também. Já não está na hora de irmos pra casa?
— reclama Jasmine, carregando três pacotes em cada mão. Eu também levo
mais uns 8 e olha que já fizemos umas duas viagens até o carro para deixar
pacotes.
— Estamos terminando e só falta o mais importante: lingerie —
anuncio com um sorriso enorme, e Jasmine vira a cabeça para o lado
enquanto me olha com sua melhor expressão julgadora — Vamos lá,
carreguei peso até agora por você, mereço escolher quais calcinhas irei
destruir.
Jas abre a boca de descrença e eu dou risada.
— Pode tirar o cavalinho da chuva se acha que vai destruir minhas
lingeries caras, querido — desafia, e eu apenas levanto uma sobrancelha e
lhe lanço um meio sorriso safado, para os quais ganho um tapinha no braço
— Vamos logo com isso então.
Entramos em uma das lojas mais bonitas que existem nesse shopping,
toda em detalhes de rosa pink e preto, com manequins espalhados, indo
desde pijamas até as calcinhas mais provocantes. Gosto imediatamente
desse lugar. Uma vendedora toda sorridente se aproxima.
— Olá, meu nome é Mary, no que posso ajudá-lo? — pergunta
solícita e me encarando sem pudor.
— Olá, queremos ver algumas peças para ela, pijamas, robes, peças
íntimas diversas, queremos ver um pouco de tudo — explico, e a vendedora
finalmente desvia os olhos de mim para Jasmine, perdendo um pouco do
sorriso. Controlo eu mesmo uma risada.
— Claro. Vamos separar alguns itens pra você provar? Venha que vou
te mostrar tudo — Jasmine semicerra os olhos um pouquinho, mas me
entrega as sacolas de suas mãos e segue a vendedora, mas esta dá apenas
alguns passos antes de voltar e me olhar.
— O senhor gostaria de esperar nos sofás da área dos provadores? —
sugere.
— Não, mas gostaria de deixar todas essas sacolas lá e então ajudá-la
a escolher o que ela vai provar — peço, e Mary assente, voltando a indicar
o caminho. A tal área dos provadores fica numa sala no fundo da loja, com
um grande sofá circular no meio, e diversas cabines fechadas ao redor.
Deixo as compras ali sem me preocupar, porque não há ninguém por aqui,
não mais do que uns 2 outros clientes na loja.
Sigo então para a parte divertida: escolher coisas para Jasmine provar.
Nos separamos pelo espaço, e só volto a encontrá-la uns 20 minutos depois,
na sala com os provadores, e segurando mais peças do que ela em meus
braços.
— Minha nossa, você quer que eu fique até amanhã experimentando
isso, homem? — diz, espantada.
— Se você for experimentando e me mostrando, posso ficar várias e
várias horas aqui admirando, baby — revelo, jogando todo meu charme pra
ela. Jasmine cora um pouquinho e não responde, o que faz meu sorriso
aumentar.
Entrego todos os itens para vendedora, assim como Jasmine, e Mary
pendura metade dentro de um dos espaços reservados,deixando o restante
em cima do sofá.
Jasmine me entrega sua bolsa e entra no cubículo, enquanto me sento
no sofá de frente para ela. Mary me lança mais uma olhada, antes de
suspirar e dizer:
— Estarei lá na frente se precisarem de qualquer ajuda, ok?
— Ok, obrigada — concordo, sem lhe dispensar muita atenção e a
moça se afasta.
Alguns minutos se passam até que Jas abra a porta do provador,
revelando um conjunto de shorts curtinho e regata de seda verde. Além da
cor combinar com seus olhos, suas pernas ficam deliciosas demais assim
amostra. Solto um assobio de aprovação.
— Maravilhosa, vamos levar — afirmo imediatamente. Minha garota
sorri meio tímida, mas balança a cabeça em concordância e volta a fechar a
porta. A próxima peça é uma camisola preta com renda nos seios e um
decote generoso. Até meu pau acorda para ver melhor.
— Não sei se gostei muito desse, tenho impressão que meus peitos
vão saltar pra fora a qualquer momento — reflete ela, se virando para olhar
no espelho atrás de si, e me presenteando com a visão da sua bunda coberta
com muito pouco.
— Eles podem saltar quando quiser, sou totalmente a favor da
liberdade dos seus peitos — apoio, e ela volta a olhar pra mim com sua
expressão de “você não vale nada”. Jogo um beijo pra ela.
— Vou pensar se vou levar — diz, já fechando a porta.
Ah, eu com certeza vou levar, baby.
Jasmine demora mais para sair dessa vez, mas aparece com um
conjunto de camisola branca que deixa pouco para imaginação, pois
consigo ver o contorno da calcinha branca por baixo, além de um robe
quase transparente, com estampas de estrelinhas que vai até o chão. Sou
obrigado a me ajeitar no banco, puxando um pouco minha calça jeans para
disfarçar o volume querendo se formar.
— Deliciosa, vamos levar o conjunto todo — confirmo, quase
babando. Jasmine dá um giro enquanto diz:
— O tecido é bem gostoso mesmo, não esperava que fosse
confortável.
— O tecido eu não sei, mas você eu tenho certeza do quanto é gostosa
— Jas cora ainda mais e morde o lábio ao me olhar nos olhos. Controlo a
vontade de me levantar e beijar aquele lábio avermelhado nesse instante
mesmo, mas ela volta a se fechar no provador, afastando a tentação.
Entretanto, a tentação volta como um tiro assim que a porta se abre
outra vez.
Jasmine veste um conjunto de sutiã e calcinha de renda azul marinho,
acompanhados de uma sainha transparente e minúscula.
Não digo nada, nem ela, enquanto eu escaneio cada partezinha do seu
corpo.
Existe um limite de quanto eu consigo me segurar, e ele acabou de
transbordar. Olho para os lados da sala, confirmando que não há mais
ninguém ali, e avanço na direção dela, pegando-a pela cintura e nos
fechando dentro do provador com agilidade.
— Liam! O que… — exclama ela, alto demais, e eu cubro seus lábios
com uma mão.
— Shii, sem barulho, baby. Você vai precisar ficar bem, bem
quietinha, ok? Não tem ninguém ali, mas Mary pode voltar a qualquer
minuto — tiro a mão de sua boca, apenas para cobri-la com a minha
própria. A beijo com fome, tentando demonstrar com a língua o quanto ela
me faz ferver, e ela corresponde em pé de igualdade. Desço os beijos para
seu pescoço e depois direto para o seio, onde apenas abaixo o sutiã e coloco
seu mamilo na boca. Jasmine contém um gritinho enquanto repito o mesmo
com o outro seio, até eles ficarem vermelhos e túrgidos.
— Tire a calcinha, mas mantenha essa sainha maldita — mando, e ela
nem pisca antes de obedecer. Aproveito para soltar minha braguilha,
libertando um pouco meu pau, mas ainda sem baixar a cueca. Beijo-a outra
vez enquanto deslizo minha mão por sua boceta. Molhada. Sempre
infernalmente molhada e pronta.
— Caralho de mulher gostosa. Eu vou te comer contra esse espelho, e
você não vai fazer nenhum barulho, ou vou parar, entendido? — comando,
e ela sussurra “sim” bem baixinho, tão inebriada de tesão quanto eu. Viro-a,
solto seu sutiã e a prendo entre o espelho frio e meu corpo quente às suas
costas. Ela fecha os olhos, espalmando as mãos no espelho e fazendo o
máximo para não esboçar outras reações. Sorrio e chupo seu pescoço
enquanto pego uma camisinha no bolso da calça. Ainda bem que eu nunca
saio desprevenido.
Abaixo um pouco do meu jeans e da cueca e visto a camisinha
rapidamente. Seguro um dos joelhos de Jasmine por trás, indicando que ela
o dobre e levante até estar apoiado no banquinho que tem no provador. Isso
a deixa bem aberta pra mim, e no instante seguinte estou deslizando por sua
boceta quente. Jasmine morde o próprio lábio e eu mordo seu ombro para
contermos os gemidos até eu estar todo dentro.
— Porra, porra, como é bom — murmuro contra seu ouvido e Jas
empina ainda mais a bunda pra mim. Começo a me movimentar, sem ir
rápido demais por medo de fazer muito barulho. Vou devagar, mas fundo, e
faço movimentos circulares em seu clitóris com uma das mãos, o que a
enlouquece mais.
Estou pronto para meter mais rápido e com mais força para nos fazer
atingir o ápice, quando ouço uma voz feminina.
— Senhorita? Está dando certo? — pergunta a vendedora do lado de
fora. Alivio a pressão do meu peito contra Jasmine no espelho, mas não
paro de fodê-la. Estou longe demais pra isso, e excitado demais também.
Jasmine me olha pelo espelho com os olhos arregalados, mas por sorte
reage rápido e responde da forma mais normal que consegue.
— Tudo! Tudo certo! — diz, e em seguida volta a cobrir a própria
boca, porque arremeto especialmente forte contra sua boceta. Saber que
estamos à beira de sermos flagrados, com uma pessoa bem do outro lado da
porta enquanto meu pau está inteirinho dentro de Jasmine só faz com que
minha excitação aumente, a adrenalina correndo por minhas veias.
— Que bom, não precisa de ajuda?
— Ainda tenho várias peças para provar, mas não preciso de ajuda.
O-obrigada — a última palavra sai em um arquejo, e Jasmine disfarça um
gemido ao empurrar o banquinho para trás com o pé, emitindo um barulho
agudo ao arrastar contra o chão.
— Ok… Onde está seu acompanhante? — continua Mary a atrapalhar
minha foda.
— Ele…— “está me comendo contra o espelho” seria a resposta
honesta, mas Jasmine consegue ser lógica ainda assim — Ele foi ao
banheiro, acho. Isso, ele ia ao banheiro e depois comprar algo que esqueci.
— Ah, tá bem. Precisando, estarei lá na frente. Já deu o horário das
outras vendedoras, então vou precisar me dividir entre te atender e olhar a
loja.
— Não se preocupe! Tenho tudo que preciso bem aqui — afirma, e
ouvimos os passos dela se afastando, finalmente. Suprimo uma risada
contra o ombro de Jas.
— Seu filho da puta, não podia parar nem enquanto ela falava? —
repreende ela, mas ao mesmo tempo passa um dos braços para trás e agarra
o cabelo em minha nuca. Rio baixinho contra sua orelha.
— E perdeu um segundo sequer de aproveitar sua boceta? Não, baby.
Sem contar que foi eletrizante pra caralho, admita. Você está pulsando ao
meu redor e a segundos de gozar — provoco, agora entrando e saindo
rápido de seu interior, ignorando o som estalado de corpos se encontrando e
aumento também a velocidade com que toco seu clítoris. Jasmine crava as
unhas no meu pescoço e geme baixinho, mas não responde. Belisco seu
clítoris e a faço arquejar.
— Admita querida. Admita que está amando correr o risco de ser
flagrada rebolando contra minha mão e comigo até o talo entre suas pernas
— demando, encarando seu reflexo: o rosto todo enrubescido, o suor
escorrendo pelo pescoço e colo, os seios prensados no espelho, o cabelo
bagunçado e as pupilas dilatadas de desejo. Simplesmente maravilhosa.
Jasmine me encara de volta e dessa vez me obedece, confessando:
— Sim! Sim, seu filho da mãe! Agora me come com mais força que
eu preciso gozar — solto uma risada gostosa antes de fazer o que ela quer.
Gozamos juntos instantes depois, comigo cobrindo a boca dela para
que não grite, e eu mordendo seu pescoço.
Depois de alguns minutos para recuperarmos a respiração, eu a viro
para frente, espalho beijinhos por seu ombro até chegar no rosto, e apoio
minha testa contra sua.
— Vamos pegar tudo que está aqui, e mais o que separei lá fora.
Vamos levar sem provar mesmo. Quero ir pra casa o mais rápido possível e
te comer de novo, mas agora com Blake e Oliver.
Jasmine ri audivelmente agora, mas não discorda e segue meu plano
com exatidão.
A primeira segunda-feira boa da minha vida
Jasmine
O fim de semana foi um borrão de sexo, conversas sobre nossas
vidas, horas no sofá assistindo filme, série, ou jogando video game, e mais
um pouquinho de sexo. Às vezes eu participava, às vezes só ficava como
uma observadora sortuda. Foi incrível.
No domingo passamos no meu apartamento de novo para pegar a
parte do meu estoque que sobreviveu, mais alguns materiais de trabalho,
além dos meus produtos de cabelo e rosto no banheiro. Também trouxe toda
a minha maquiagem, claro, pois tenho alguns chupões no pescoço para
esconder se precisar sair em público.
Porém, a segunda-feira traiçoeira sempre chega, e dessa vez estou
sozinha em casa, trabalhando no escritório de Blake, e ouvindo Miley Cyrus
no volume máximo do meu celular. Rhys, Az e Cass aparecem de tempos
em tempos aqui para ficar comigo, se dividindo entre brincar entre minhas
pernas ou tentar pegar a caneta da minha mão.
Uso eles de inspiração para uma nova estampa, e desenho três
gatinhos pretos com pequenas asas. Az ganha olhos azuis, Cassian
vermelhos e Rhys roxos, claro. Os faço voando ao redor um do outro, e
coloco o título em baixo: IllyrianCats. Dou risada sozinha da minha própria
criação e envio para que Penélope me diga o que achou. Ela me responde
dando gritinhos de animação e dizendo que ficou fofo demais, então
considero a estampa aprovadíssima e sigo para os próximos passos para
disponibilizá-la no site.
Mais tarde, faço algo rápido para almoçar, já que é só pra mim:
frango grelhado, batatas cozidas e salada, e como um kitkat que acho no
armário, porque ninguém é de ferro e eu amo chocolate.
O resto da tarde é tranquilo. Faço uma reunião por vídeo chamada
com Penélope para organizar algumas coisas, consigo redirecionar as
entregas dos fornecedores pra cá, assim como embalar algumas
encomendas para despachar amanhã cedinho. Recebo mensagens dos
meninos com frequência também. É engraçado e extremamente fofo vê-los
checar se estou bem ou se preciso de algo. Às vezes mando pra eles fotos
dos gatinhos, só pra fazer inveja por estar em casa enquanto eles estão no
escritório.
São cinco da tarde e eu estava pensando se começaria o esboço da
encomenda de uma coleção nova, quando Blake me liga desesperado:
— Jas! Preciso da sua ajuda, está ocupada?
— Oi, B. Não, pode falar — ele respira aliviado do outro lado da
linha.
— Consegue pegar um uber e trazer pra mim um documento que está
num envelope amarelo? Eu acho que deixei no aparador perto do elevador.
É um contrato importantíssimo e preciso dele para a reunião das cinco e
meia, mas só percebi agora que o esqueci em casa. Ele já foi autenticado em
cartório, então não posso simplesmente imprimir outro. E se eu pedir para
um empregado ir ai buscar vai levar mais tempo ainda com esse trânsito da
tarde.
— Claro! Me manda o endereço por mensagem, estou indo.
— Certo. Obrigada, princesa. Fico te devendo essa.
— Me poupe, eu perdi a conta de quantos favores devo pra vocês por
tudo que já fizeram por mim. Chegou num instante, beijos! — digo e ele diz
“obrigada, beijos” antes de desligar. Caminho com pressa até o aparador da
entrada. O envelope esquecido está bem onde ele disse. Pego-o, e retorno
apenas para pegar minha bolsa, sapatos e o cartão de acesso ao prédio que
eles me deram. No elevador mesmo eu peço o uber para o endereço enviado
por Blake. Como estamos na cobertura, tenho um tempinho para me olhar
no espelho e fico satisfeita por estar até decente: cabelo amarrado no alto da
minha cabeça, blusa de seda rosa, calça jeans justa e a sandália branca de
salto baixo que foi a primeira coisa que achei no armário.
Agradeço aos céus quando passo pela portaria e encontro o carro do
aplicativo me esperando. Entro apressada e cumprimento o motorista, que
retorna meu “Boa tarde” e confirma o endereço antes de seguir. Ele não
tenta puxar conversa e garante uma gorjeta, porque eu odeio jogar conversa
fora. Conversar sobre o tempo ou qual celebridade protagonizou um novo
escândalo? Não, muito obrigada.
Aproveito o tempo no carro para pegar o corretivo na bolsa e aplicar
em alguns pontos no meu pescoço, para disfarçar as marcas roxas.
O edifício onde fica a empresa de Blake não é longe, mas o trânsito
de fim de tarde nos faz levar mais de vinte minutos para chegar.
Falo meu nome para o segurança da entrada e ele já devia estar me
esperando, porque libera a entrada rapidamente e me indica para qual andar
seguir. Mais uma viagem de elevador depois, dou de cara com Blake assim
que piso no andar da presidência.
— Nem acredito que você conseguiu! Minha salvadora — exclama
Blake, me abraçando na frente de uma meia dúzia de funcionários e me
controlo para não corar.
— Não foi nada.
— Eu teria perdido um contrato enorme. Esse cliente é exigente e
implica com as menores coisas. Esquecer um documento e fazer ele perder
tempo vindo até aqui? Seria o inferno na terra — revela, passando a mão
sobre o rosto. Ainda não me acostumei a visão desse homem de terno e
tento me conter para não parecer uma idiota de tanto babar sobre ele. Hoje
ele veste outro conjunto preto, mas com uma camisa cinza escura, as
tatuagens aparecem um pouquinho pela gola e pelas mangas, me fazendo
lembrar como os desenhos são incríveis na pele dele.
— Fico feliz de ajudar — é o que consigo dizer depois do meu
momento de apreciação do homem gostoso.
— Você se incomodaria de me esperar? Eu te levo pra casa. Tem algo
que eu quero te mostrar antes também, e essa reunião deve demorar só uns
quarenta minutos.
— Claro, sem problemas. Só vou descer na cafeteria que vi ali na
esquina pra pegar um café e algo para comer e aí volto pra cá.
— Perfeito. Vou avisar Angel pra te levar na minha sala quando
retornar. Agora tenho que correr, o cliente já está aí — diz, e me dá um
beijo na bochecha antes de se afastar a passos largos em direção a um
corredor à direita.
Algumas pessoas me observam com curiosidade, mas decido ignorar.
Os fofoqueiros que lutem para entender.

Estou no auge do meu tédio, sentada no sofá da sala de Blake


enquanto passo por infinitos vídeos nas redes sociais. Pondero se devo
voltar a cafeteria para comprar uma rosquinha quando o CEO finalmente
entra pela porta.
— Desculpe, desculpe. Demorei muito mais do que o previsto. O
homem parecia não querer parar de falar nunca — explica Blake, enquanto
revira os olhos e esfrega a testa. Lhe lanço meu melhor olhar compreensivo.
— Não tem problema, eu não tinha nada urgente pra fazer, não
custava te esperar. Mas no fim deu tudo certo? — pergunto, enquanto o vejo
afrouxar a gravata e retirar o paletó, deixando-o sobre a cadeira em frente a
sua mesa.
— Depois dele torrar minha paciência com mil exigências extras, deu.
Ganhamos o contrato de segurança dos 20 condomínios de luxo que esse
chato possui — conta, e se joga no sofá ao meu lado, soltando um suspiro.
— Fico feliz — ele esboça uma tentativa de sorriso, mas franze o
cenho e escorrega no sofá até apoiar a cabeça no encosto. Outra vez ele
esfrega a têmpora e fecha os olhos — Você está morrendo de dor de cabeça,
não é?
— Sim, fazem umas três horas e nenhum remédio resolveu — conta,
ainda de olhos fechados, mas tateando até encontrar minha mão e passando
a brincar com meus dedos.
— Muito estresse hoje?
— Tudo que puder imaginar. A calmaria da sexta-feira foi totalmente
fingida, e parece que hoje estouraram todas as bombas armadas enquanto eu
estava de férias — revela, soltando mais um suspiro profundo.
— Deita aqui, deixa eu fazer uma massagem para ver se ajuda —
ofereço, e Blake é rápido em aceitar. Vou para a ponta do sofá e ele deita a
cabeça no meu colo. Apesar do sofá ser grande, as pernas dele ainda sim
ficam para fora.
Coloco uma música baixinha no meu celular, só um toque de piano
que costumo ouvir pra relaxar. Passo a mão direita pelo topo da sua cabeça,
com os dedos bem abertos e massageando o couro cabeludo com suavidade.
Blake geme de satisfação. Faço isso por mais alguns minutos, em seguida
me dirijo para suas têmporas, fazendo movimentos em círculos com as duas
mãos.
— Ah, isso é muito, muito bom — confessa ele, relaxando o corpo
visivelmente. Sorrio de contentamento e sigo com a massagem por vários
minutos, até que eu perceba que sua respiração se tornou regular, porque
caiu no sono. Faço o meu máximo para controlar uma risada. É
inacreditável que o homem de mais de 1,90m de altura, com tatuagens por
quase o corpo inteiro e que é CEO de uma empresa multimilionária esteja
ressonando no meu colo como uma criança que foi ninada até dormir.
Continuo passando a mão por seus cabelos de leve. Não vou acordá-
lo, não agora que se livrou da dor depois de tantas horas. Alcanço uma
almofada e a coloco atrás da minha cabeça, ficando mais confortável.
Só me dou conta de que também fechei os olhos e acabei cochilando
quando sinto Blake se mexer no meu colo, tentando se virar e quase indo
parar no chão. Se segura com uma mão no último segundo e desperta
assustado.
— Caramba, o que… — ele começa, mas então seu olhar encontra
meu rosto, onde estou mordendo o lábio para não dar risada. Blake se
levanta do meu colo. — Ah, céus. Eu apaguei totalmente, né? Desculpe.
— Sim, mas não tem problema, acabei cochilando também —
alcanço meu celular que escorregou para o chão — Caramba, 19h30 já.
Dormimos durante uma hora inteira. Mas o que importa é: sua dor de
cabeça passou?
— Sim, você tem mãos de fada mesmo, Jasmine. Mas agora está
fadada a me salvar cada vez que uma dessas enxaquecas me atacarem —
sorrio com o elogio, e com a ideia de estar por perto sempre que ele
precisar, mas espanto esse último porque é um pensamento perigoso
demais. Blake se levanta e me estende a mão.
— Vem, quero te mostrar um lugar — aceito a mão e ele me puxa, até
estarmos a poucos centímetros um do outro. Por um instante acho que ele
vai me beijar, mas apenas me dá um sorriso de lado e começa a andar até o
outro lado da sala, me levando a reboque.
Blake abre uma porta e começamos a subir por uma escada. Dois
lances depois, chegamos a outra porta, que ele empurra e me presenteia
com o que deve ser uma das melhores vistas da cidade.
— Uau. Apenas… Uau — me permito expressar, olhando admirada
para a imensidão de luzes coloridas que é Portland à noite. Estamos no que
acredito ser uma parte do terraço do edifício, que conta com uma amurada
de mais de um metro de altura. O espaço ao nosso redor é fechado com uma
madeira espessa e coberta com vidro, permitindo que a luz da lua nos atinja
perfeitamente. Não deve ter mais do que três metros quadrados, esse
espacinho reservado, mas conta também com uma mesa pequena, quatro
cadeiras e também uma espreguiçadeira.
— Durante o pôr do sol teria sido ainda mais bonito, mas gosto da
vista a noite também – conta ele, enquanto me abraça por trás contra a
amurada.
— É lindo. Eu nunca tinha visto a cidade assim tão de cima. Como
conseguiu esse lugar só pra você?
— Mandei construir. O terraço não era usado para nada, então decidi
fazer algumas melhorias. Fora dessas paredes o terraço é realmente um
espaço todo aberto, com cadeiras, bancos e mesas para os funcionários
ficarem um pouco se desejarem. Um pouco de luz e ar fresco ajuda todos a
desestressarem. Mas eu queria um lugar onde pudesse ficar sozinho
também, então mandei construir essa espécie de casinha só pra mim. É um
dos meus lugares favoritos.
— É um refúgio perfeito. Obrigada por me mostrar — digo, me
virando dentro de seus braços até fitá-lo outra vez. Seus olhos estão bem
mais tranquilos do que quando o encontrei aqui mais cedo, o que me deixa
feliz. Blake não diz mais nada, apenas me olha com intensidade por mais
alguns segundos, e em seguida toma minha boca na sua.
Vendo estrelas por todos os lados
Blake
Estou esperando o momento em que meu desejo por essa mulher será
refreado, mas com certeza ainda não é hoje.
Aperto-a contra mim enquanto a beijo com volúpia. Jasmine geme
baixinho na minha boca e me sinto perdendo o controle. Quero levá-la lá
para baixo e a foder contra minha mesa. Estou pronto para sugerir
exatamente isso quando separamos nossos lábios, mas Jas toma a frente.
— Blake. Quero que me coma aqui, sob as estrelas.
Porra.
Porra.
Porra.
Autocontrole? Já era. Grunho e avanço em sua boca de novo,
enquanto a pego no colo. Jasmine entrelaça as pernas ao redor da minha
cintura e nós dois gememos com o roçar de seu centro no meu pau. Coloco-
a sentada sob a amurada, o que é perigoso, mas igualmente excitante. Suas
pernas continuam ao meu redor, assim como minha mão em sua cintura,
então me sinto à vontade para distribuir os beijos por sua nuca e ombro.
— Como você foi de inexperiente para essa safada que gosta de foder
ao ar livre? — pergunto, malicioso e Jas solta uma risadinha.
— Má influência de três CEO’s. Bastou eu ir parar na cama deles que
fiquei assim, uma verdadeira devassa.
É a minha vez de dar risada, enquanto seguro seu queixo e encaramos
um ao outro. Seus olhos verdes escurecidos nunca escondem o tamanho de
seu desejo.
— Com certeza a melhor coisa que já fizemos — afirmo, e mordo seu
queixo de leve antes de nos afastar da mureta e retirá-la do meu colo, sob
resmungos de protestos dela — Eu vou lá no escritório pegar uma
camisinha. Enquanto isso, você vai tirar cada peça de roupa. Quero você
nua sob as luzes de Portland, ok?
Jasmine se arrepia antes de dizer “ok”, com a voz rouca de excitação.
Me afasto e quase voo escada abaixo, pego algumas camisinhas na minha
escrivaninha e subo correndo, sendo abençoado pela melhor visão do
mundo.
Ela está completamente nua, com os braços apoiados na beirada e a
cabeça jogada para trás, com os olhos fechados e deixando os cabelos serem
bagunçados pelo vento. A pele perfeita, os seios empinados, a boca
vermelha e inchada dos meus beijos, sem contar na boceta quase toda
raspada e deliciosa seriam capazes de me fazer gozar nas calças como um
adolescente. Jasmine não me ouviu voltar e se assusta de leve quando
percorro a língua de um seio até o pescoço.
— Caralho de mulher gostosa — exclamo, e a puxo até estarmos na
espreguiçadeira, eu sentado e ela com os joelhos ao meu redor. A posição é
perfeita para chupar seus seios e é exatamente isso que faço, lambo, mordo,
chupo, aperto, levando eu e ela a loucura. Jasmine está se remexendo por
instinto, procurando um atrito, e resolvo tirá-la da agonia. Desço uma das
mãos para sua boceta ensopada enquanto com a outra dou um belo tapa em
sua bunda, o que a faz soltar um gemido alto.
— Porra, isso. Bem assim. Só que com mais dedos — pede ela, e
solto uma risadinha antes de morder seu peito de leve e inserir mais um
dedo na abertura quente. Os sons de prazer que ela faz são coisa de outro
mundo. Fodo-a com os dedos, bem devagar, e também passo o dedão pelo
clitóris em movimentos circulares. Sei que acertei seu ponto G quando ela
aperta as mãos em meus ombros com força. Me dedico àquele ponto,
fazendo questão de assistir suas expressões enquanto se aproxima do
orgasmo. Mantenho a mesma cadência dos movimentos, e quando sinto ela
se estreitando ao redor dos meus dedos, desfiro 2 tapas rápidos em sua
bunda e Jasmine solta um grito ao gozar na minha mão. Suas pernas
tremem e ela leva alguns segundos para conseguir voltar a abrir os olhos.
Ela me dá vários beijinhos enquanto abre minha camisa, seguido por
meu cinto e calça, libertando meu pau. Jasmine me olha e morde o lábio
inferior enquanto me toca devagar, mas estou muito excitado para esperar
mais. Entrego a camisinha pra ela, que coloca em mim rapidamente.
— Uma princesa sempre precisa de um trono, né? Então faça do meu
pau seu reinado — demando, com a voz grave e os olhos de Jas brilham
antes dela se apoiar em meus ombros e fazer exatamente isso. Ela desliza
por meu comprimento devagar, numa verdadeira tortura, e me faz arfar.
Quando estou todinho dentro dela, enfim liberto o homem
desesperadamente excitado dentro de mim e encho minhas duas mãos com
sua bunda, controlando seus movimentos com pressa e desespero.
Jasmine reveza entre me beijar e passar as mãos por minha nuca,
cabelo e abdômen, me arrepiando inteiro com suas unhas.
— Ah, céus, isso é tão bom — murmura Jas, rebolando com ainda
mais ânsia. Decido ousar um pouquinho mais e aproveito de sua
lubrificação para passar um dedo pelo meio de sua bunda. Como Jasmine
não se assusta, prossigo e começo a inserir um dedo em seu cu, bem
devagar. Agora sim Jasmine para e arregala os olhos, me encarando em
dúvida. Espero seu aceno de concordância para prosseguir. Ela é
extremamente apertada aqui, e vai dar trabalho, mas será incrível iniciá-la
no sexo anal. Coloco o dedo até o fim e ela solta um gemidinho, para o qual
eu dou um grande sorriso e depois mordo seu lábio inferior. Não tiro o dedo
e Jas volta a se movimentar, até encontrar um ritmo que goste.
— Em breve você estará dando esse rabo pra nós também, sabe disso
né? —- provoco, porque sei o quanto ela gosta das palavras sujas — E
depois que perder esse cabaço, poderá ser comida por dois ao mesmo
tempo. É isso que quer, Jasmine?
Ela emite um gemidinho torturado, aumentando a velocidade com que sobe
e desce.
— Sim.
— Até os três, se você quiser. Um na boceta, um na bunda e outro na
boca. Será que você aguenta, princesa?
Jasmine quica com mais força ainda, a respiração pesada enquanto
agarra meu cabelo e murmura:
— Sim. Sim, porra. Eu quero os três.
Sorrio e a perspectiva disso me deixa ainda mais louco. Num átimo,
levanto, levando-a junto no meu colo e nos desencaixo só para conseguir
tirar a calça. Levo Jasmine outra vez para a beirada do prédio e a coloco de
costas pra mim. Volto a penetrá-la, agora por trás, e seguro seu pescoço
enquanto sussurro em seu ouvido.
— Olha pra essa cidade, princesa. Ninguém lá embaixo sabe que você
está aqui, nua e gemendo alto para o prédio todo ouvir — Jasmine geme
ainda mais alto — O prédio não deve estar totalmente vazio ainda, e quem
estiver ouvindo deve estar morrendo de inveja. Mas o privilégio de te comer
é só nosso, não é?
— Só de vocês — ela confirma baixinho. Seu orgasmo está próximo e
eu também não aguento mais me segurar. Dedico uma mão para acariciar
seu clitóris e com a outra aperto um seio com vontade.
— Goza pra mim, princesa Jasmine. Goza no meu pau aqui, sob a lua
e as estrelas — ela então explode, como se fosse guiada por meu comando.
Seu orgasmo também libera o meu, quando ela me aperta gostoso feito o
inferno. É minha vez de não conseguir conter os gemidos altos enquanto me
derramo dentro dela.
Nunca mais poderei vir ao terraço sem me lembrar disso. Sem me
lembrar dela.
O fundo do poço é sempre logo ali
Jasmine
— Você acha que eu deveria comprar mais essa bolsa? Eu sei que
comprei um monte de coisas recentemente, mas não tenho uma bolsa de
viagem com estampa de gatinho — pergunto para Rhys, que me faz
companhia no escritório hoje. E por companhia eu quero dizer: tentar
dormir sobre o teclado, tentar morder a tela do notebook, querer pegar
minha mão enquanto desenho e etc. Já gravei diversos vídeos deles hoje e
mandei no chat em grupo com os meninos, mas faz uns 10 minutos que
Rhys sossegou e está sentadinho ao lado do notebook, pegando o ar quente
da saída do cooler.
— Sim sim, também acho que essa mala é o que está faltando na
minha vida. Obrigada mini grão senhor — respondo a mim mesma nessa
conversa imaginária com o gato.
Adiantei várias das coisas que eu precisava fazer na parte da manhã,
inclusive despachar algumas encomendas na transportadora com ajuda do
motorista do Oliver, então me permiti algumas horinhas de procrastinação
na internet. Considero colocar no carrinho também uma necessaire
combinando quando meu telefone toca.
“Mãe” é o que diz a tela pra mim, e fico estática. Não falo com eles
há mais de 6 meses. Até mesmo no aniversário dela eu tentei ligar e eles
não me atenderam. O que raios minha mãe pode estar querendo agora?
Respiro fundo três vezes e finalmente atendo.
— Alô? — começo, soado em dúvida.
— Olá, minha filha. Como você está? — pergunta a voz do outro lado
da linha, parecendo até simpática, o que me faz levantar tanto as
sobrancelhas que devem estar chegando na testa. Dona Dayse não me
chama de filha há muito tempo. Desde que recusei o noivado, virei
“Jasmine Jane”, puro e simples.
— Hm, estou bem, e vocês?
— Eu e seu pai estamos bem sim, graças a Deus. E estamos em
Portland, gostaríamos de encontrar com você, conversarmos sobre algumas
coisas. Qual o endereço do seu apartamento?
Fico ainda mais em choque, e nem sabia que isso era possível. Eles
realmente saíram da Carolina do Sul e vieram até aqui para me ver?
Belisco meu braço por alguns segundos, só pra checar que estou
mesmo acordada.
— Uau. Isso é uma surpresa. Só que não estou no meu apartamento,
houve um problema, um pedaço do teto caiu, enfim, está sendo reformado.
Estou na casa de amigos por um tempo.
Minha mãe solta seu típico suspiro alto. Consigo sentir ela se
controlando para não perguntar nada sobre meus amigos.
— Ok…Podemos ir até aí, me passe o endereço.
Olho para o relógio, ainda são quatro da tarde, os meninos não devem
chegar até às seis, sete da noite, logo meus pais não vão incomodá-los.
— Tudo bem. Tem onde anotar?
Minha mãe concorda e anota, se despedindo em seguida. Ela disse
que estão em um hotel próximo do aeroporto, então estimo uma meia hora
até aqui. Vou precisar de todos os minutos possíveis para me preparar para
esse reencontro.
Quando o porteiro interfona para liberar a entrada de meus pais, sinto
minhas mãos suarem e meu pescoço ficar rígido de nervoso. Os pais
desencadearem tudo isso na própria filha só reforça o quanto esse
relacionamento é complicado.
Espero por eles no hall de entrada, e quando as portas do elevador se
abrem, fico indecisa sobre como agir. Meus pais nunca foram de abraçar,
nem de demonstrar muito afeto, então acabo optando por um estranhíssimo
aperto de mãos.
Minha mãe veste o conhecido conjunto saia cinza, blusa branca e
cardigã também cinza. Ela considera cores chamativas um ultraje. Já meu
pai veste uma calça social preta e camisa de manga curta branca. Eles me
olham sérios, o que é um avanço, pois estou acostumada às carrancas de
brabeza ou descontentamento.
Depois dos cumprimentos de praxe, seguido de comentários a esmo
sobre como foi a viagem deles e o tempo instável de Portland, eu os
encaminho até a sala e ofereço algo para beber. Meu pai aceita um café, e
agradeço por ter a desculpa de ir até a cozinha preparar e poder respirar um
pouco.
Retorno para sala e os sirvo, quando estamos todos sentados, meus
pais finalmente focam o assunto em algo menos banal.
— Então, Jasmine. Imagino que não tenha ficado sabendo, pois não
está nos grupos da igreja, mas Richard se divorciou há alguns meses —
começa minha mãe. Elevo as sobrancelhas de surpresa.
— Não sabia mesmo. Uma pena, achei que o que Deus uniu, ninguém
podia separar… — comento, mesmo sem entender porque ela abordou esse
assunto.
— Não é a melhor coisa a se fazer, é claro. Mas Deus perdoa a todos
os pecadores, e nesse caso, principalmente, porque ele se separou por um
bom motivo — conta meu pai.
— Ah, é? Ela o traiu ou algo assim? — questiono, já que sou curiosa
por natureza.
— De certa forma… traiu os propósitos de Richard. Victoria não
conseguiu lhe dar filhos durante esses 5 anos em que eles estiveram
casados. Tentaram de tudo, mas ela é realmente estéril — explica meu pai,
como se fosse algo super plausível. Alterno o olhar chocado entre meu pai e
minha mãe e balanço a cabeça, incrédula.
— Espera, ele se divorciou dela só porque ela não podia engravidar??
Isso é um absurdo! Porque eles não adotaram ou tentaram uma barriga de
aluguel? — exclamo, e meus pais me lançam olhares idênticos de "não fale
besteira, menina!"
— Claro que não, primeiro que todo homem quer um filho de seu
próprio sangue. E segundo que, se ela ficou estéril, é porque Deus a está
punindo por algo. Richard não poderia ficar atrelado a isso — retruca meu
pai, e minha mãe acena em concordância. Meu queixo está no chão.
— Eu… — penso em continuar a discutir o quão filha da puta
Richard é, e que Victoria está é tendo uma libertação divina desse traste,
mas respiro fundo e considero que não vale a pena. Nada disso é problema
meu, afinal — Enfim, cada um sabe da sua vida. Só espero que Victoria
esteja bem, ela era uma garota doce. Não tenho interesse na vida de
Richard.
— Ah, tem sim. Ele foi seu primeiro amor, eu sei que sempre terá um
espaço em seu coração — minha mãe diz, me olhando com o que parece um
esboço de sorriso no rosto. Me remexo toda na poltrona, sem saber como
reagir. Ela toma mais um gole de café antes de continuar — É por ele que
estamos aqui, aliás. Agora que Richard está solteiro, está disposto a te dar
uma segunda chance.
— Como é que é??? — se eu achava que estava chocada antes, nada
se compara a esse momento.
— Isso, Deus está te dando a chance de corrigir seu maior erro. Então
eu e seu pai consideramos muito e decidimos que, se Richard está de
coração aberto para voltar a vê-la, nós também deveríamos estar. Viemos
atrás de você, para levá-la para casa e dar um fim em todo esse desvio que
você fez.
Minhas mãos tremem tanto que preciso apertar as coxas para tentar
fazer parar. Meu rosto pega fogo, num misto de raiva e total indignação.
— Desvio? Maior erro? — é tudo que consigo dizer em meio ao ódio.
Meu pai prossegue a falar, ambos ignorando minhas reações.
— Exato. Mas temos algumas condições, é claro. Você deve voltar
para casa, e se comportar com perfeição enquanto estiver noiva de Richard.
Nada do seu empreguinho de desenho, nada de saídas sem dizer onde está
indo, nada de suas crises temperamentais. Você foi uma boa moça durante
um tempo, antes do pecado te desviar por completo, mas tenho fé de que
consegue voltar a ser. Basta pedir perdão por seus pecados, com todo
coração. Acredito que dentro de 4 meses já é decente o suficiente para que
se casem.
— Talvez 6 meses, querido. Não é fácil organizar um casamento
bonito — intercede minha mãe. Meu pai maneia com a cabeça e murmura
"É, pode ser" — Ah, pense como aquela igreja vai voltar a nos tratar com
zelo! — sonha ela, sorrindo enquanto olha para o meu pai.
Eu achei que meus pais não eram capazes de me magoar mais. Eu já
havia apanhado. Já tinha tido todas as minhas vontades reprimidas. Era
mandada constantemente para meu quarto sem jantar, por algum 'desvio de
conduta' quando ainda criança. Aturei todas as vezes em que
menosprezaram meus sonhos, minha faculdade, meu trabalho. Sobrevivi a
sair de casa ouvindo-os gritar que eu não era mais filha deles e que jamais
tentasse voltar com 'o rabo entre as pernas'. Enfrentei tudo isso, mas é esse
momento, esse momento aqui que me destrói. É aqui que meu coração
termina de se quebrar em mil pedacinhos porque finalmente percebo que
essas duas pessoas que me deram vida, nunca me amaram de verdade. Sou
apenas um símbolo de status. Nunca passei de uma bonequinha que eles
esperavam controlar e poder mostrar por aí.
Eles não viajaram centenas de quilômetros para me ver, para dizer
que sentiram saudade. Que sentiam muito pelo que tinham me dito da
última vez que nos vimos. Não. Eles vieram até aqui porque havia a
possibilidade dessa boneca aqui restabelecer seu status de família perfeita.
Um pai.
Uma mãe.
Uma filhinha bonita.
Um genro que agora é pastor.
Empregos estáveis.
Uma vida correta dentro dos princípios da igreja.
Tudo precisava seguir o padrão e as expectativas para dar certo. Para
que eles fossem consagrados entre seu círculo social.
Eu me reduzi a isso: uma pessoa gestada para exercer um
determinado papel .
Meu peito dói tanto, que não consigo nem chorar. Fiquei tanto tempo
congelada, vendo de novo meu castelo de areia familiar ser destruído pela
maré, que me desliguei do fato de que eles continuam falando um com o
outro. Planejando a volta triunfal para a coordenação da igreja. Planejando
um casamento para impressionar.
Meu casamento.
Com Richard.
É tão absurdo e ridículo, que meu corpo produz a única reação fácil
que consegue: dar risada.
Gargalho por vários minutos, e o Sr. e Sra. West me olham chocados.
— Mas o que é isso, garota? Recomponha-se imediatamente! —
esbraveja o rei do lar. Minha risada histérica esmorece um pouco, e consigo
falar:
— Me recompor? Me recompor porque se vocês vieram me contar a
maior piada do ano? — começo, me levantando e eles me encaram bravos.
Respiro fundo e continuo — Eu nem ao menos sei qual foi a parte mais
engraçada. Aquela em que vocês disseram para eu voltar pra casa e ser uma
mocinha direita ou a parte de me casar com o filho da puta do Richard
Hans!
Estou quase gritando, e meu pai também se levanta, para apontar um
dedo em minha direção.
— Olha essa língua, sua garota malcriada! — diz ele, ficando também
vermelho de raiva.
Rio histericamente outra vez.
— Ah, verdade! A parte mais engraçada é eu ter acreditado, por um
milésimo de segundo, que as pessoas que me criaram e que diziam me
amar, teriam vindo até aqui para me ver. Verificar se a filha está bem, sabe?
Se precisa de algo. Juro que cheguei a considerar isso! Mas é claro que não!
— a esse ponto, a histeria dá lugar a lágrimas quentes que descem pelo meu
rosto sem freio, mas ignoro. É a minha vez de apontar o dedo para os dois
— Não, de jeito nenhum! O Sr. e Sra. West jamais se importariam assim
com o bem estar da própria prole! Eles vieram até aqui para poder voltar
para casa e reestabelecer o status deles de família de comercial de
margarina! Reestabelecer a importância perante todo o bairro, né? Ao preço
da mão de uma filha em casamento. Barato demais! Por isso eles vieram
correndo em busca dela. Realmente hilário.
— Cale-se, Jasmine. Cale-se agora! Não vim aqui dar palco para mais
uma das suas crises de rebeldia. Já aguentamos demais! Você estragou
nossa vida no passado, mas não vou tolerar que faça isso de novo —
replica a mulher que se diz minha mãe. Ela cruza os braços como se
refreando a si mesma para não avançar na minha direção.
Esfrego as mãos pelo rosto, tentando limpar um pouco das lágrimas.
— Estraguei suas vidas, não é? Eu sei. Vocês sempre deixaram claro
o incômodo que eu era a qualquer passo errado que eu desse. Sabe quantas
vezes eu me esforcei para te orgulhar, mãe? Quantas vezes tentei ser a
garota perfeita, para ganhar um abraço e um sorriso do meu pai? Mas foram
pouquíssimas as vezes que atingi seus critérios. Em todas as outras vezes,
eu chorei escondida no meu quarto, até crescer e entender que vocês
queriam o impossível. Queriam me moldar a sua imagem, e eu não sou a
porra de um fantoche! — grito, colocando todo meu ódio pra fora. Eles me
olham de olhos arregalados — Eu sou uma pessoa de carne e osso. Uma
pessoa que erra, aprende, sonha, deseja. Uma pessoa com sua própria
personalidade e que só queria tomar as decisões da própria vida! Mas vocês
nunca deixaram! Me reprimiram, podaram, controlaram e brigaram um
milhão de vezes. E o que eu ganhei em troca? Desprezo. Horas de castigo.
Tapas. Beliscões quando ninguém estava olhando. Mais castigo. E ainda
sim eu passei anos mendigando pelo amor de vocês! Mas chega! Chega!
Vocês não disseram da última vez que nunca mais queriam me ver? Pois
bem, vamos realizar esse desejo. A partir desse dia, não tenho mais pais.
Não tenho família. Acho que eu nunca tive, na verdade, eu fui só a boneca
que vocês alimentaram e vestiram. Só percebi isso agora, mas vou colocar o
ponto final.
— Eu é que não sei porque acreditei que você tinha jeito! Você não
passa de uma pirralha mimada e ingrata! Será sempre uma vergonha pra
mim, sempre! — grita de volta meu pai, e avança ferozmente na minha
direção. Não abaixo a cabeça dessa vez. Não me encolho enquanto sua mão
se ergue, mas ele não chega a completar o movimento, porque é parado por
um braço tatuado.
— Encoste a mão nela e considere-se um homem morto.
Depois que tudo isso acabar eu vou precisar de
terapia
Jasmine
Blake tem o mais puro ódio estampado no rosto enquanto torce o
braço do meu pai nas costas e o imobiliza com facilidade. Frank West grita,
irritado, assim como minha mãe.
— Você pode ser pai dela, e eu não ia me intrometer até que você
decidiu ultrapassar qualquer limite. Essa é minha casa e minha garota.
Então vou te dizer seus próximos passos: você vai pedir desculpa para sua
filha, em seguida você vai pegar sua mulher e suas coisas e sumir daqui sem
falar mais nem uma palavra ou serei obrigado a te mostrar porque sou faixa
preta em jiu-jitsu — ordena Blake, com a voz grave. Estou tão em choque
com toda a situação, que nem ao menos reajo quando meu pai balbucia
“Desculpe, Jasmine” do jeito mais falso de toda a história. As lágrimas
continuam a correr pelo meu rosto enquanto Blake o solta. Meu pai então se
agarra à minha mãe e ambos encaram o moreno de quase dois metros
soltando fogo pelas ventas. Eles me dirigem um último olhar de desprezo,
mas, pela graça divina, não falam mais nada e quase correm pelo caminho
da saída.
Permaneço parada em pé, com as mãos tremendo, até que eu ouça o
som característico do elevador se fechando. É aí que minhas pernas perdem
a força e eu vou parar no chão com o máximo de dignidade restante. Apoio
os braços na poltrona e abaixo a cabeça, chorando de soluçar. Não tenho
forças nem para olhar para Blake e lhe agradecer pela intervenção. Só
consigo sentir dor. Dor profunda e irreparável. Não assimilo muito bem,
mas ouço Blake falar com alguém pelo telefone.
— Venham pra casa. Agora. É a Jasmine — é tudo que ele diz, e não
leva mais do que alguns instantes depois para eu o sinta passar os braços
pelas minhas pernas e costas até me pegar no colo. Passo os braços por sua
nuca e escondo a cabeça em seu pescoço, molhando a camisa branca que
ele veste enquanto me carrega. Sou carregada até uma cama fofa que
imagino ser a do quarto deles, mas não confirmo pois não abro os olhos
direito.
— Venha aqui princesa — Blake me coloca deitada sobre seu peito e
eu o abraço forte pela cintura — Chore o quanto precisar, estarei aqui com
você.
— O-obrigada. Por me defender — é a única coisa que consigo
sussurrar. Ele me aperta ainda mais em seus braços e beija meu cabelo.
— Não precisa me agradecer por nada. Eu não cheguei muito antes
daquilo, mas cheguei a tempo de ver você se defendendo perfeitamente.
Desconfio que você teria metido um chute na canela daquele ser desprezível
antes que ele te acertasse, mas eu não podia arriscar. Jamais arriscaria com
você.
Balanço a cabeça contra sua camisa, em sinal de negativa, porque
nem ao menos pensei nisso. Nunca passa pela minha cabeça machucar nada
nem ninguém assim. Mas quero acreditar que eu teria pelo menos desviado
do golpe.
Não sei quanto tempo se passa enquanto permaneço inconsolável, até
ouvir passos apressados seguidos por Liam e Oliver entrando no quarto e
falando ao mesmo tempo:
— O que aconteceu? — é a voz de Oliver que soa, e percebo o
nervosismo nela.
— Minha nossa, que porra aconteceu para ela estar nesse estado? —
Liam pergunta, muito menos contido.
Sinto as mãos de ambos me tocarem, no cabelo, ombros e braços, e a
demonstração de carinho e preocupação verdadeiras vindo de homens que
me conhecem há tão pouco tempo faz os caquinhos do meu coração doerem
ainda mais.
Não tenho forças para responder, e agradeço silenciosamente quando
Blake o faz por mim:
— Os pais dela estiveram aqui. Não sei o total de tudo que aconteceu,
vim para casa um pouco mais cedo pois só tinha alguns e-mails para
terminar de responder e poderia fazer daqui, mas assim que cheguei a
encontrei chorando e gritando com eles, que responderam tentando bater
nela. Aí fui obrigado a intervir e expulsar os dois desgraçados daqui.
As mãos dos três se apertam ao meu redor, como numa reação
instintiva de tentar conter a raiva.
Eles não pressionam para saber mais detalhes e entender o que de fato
aconteceu, só repetem que estão aqui por mim e que vai ficar tudo bem. Os
outros dois também deitam na cama ao meu lado. Sei que é Oliver quem me
abraça pelas costas só por seu cheiro, mas a mão de Liam também dá um
jeito de alcançar minha cintura e é assim que fico. Rodeada pelos três.
Amparada por carinho e palavras doces, e assim finalmente adormeço.

Oliver

Não sei bem qual de nós está com mais raiva. Blake é o que mais
demonstra, claro. Está socando um saco de areia há 40 minutos sem parar,
mas Liam também não para de balbuciar e xingar baixinho enquanto
levanta mais peso na barra do que de costume. E eu estou correndo na
esteira, como sempre, para tentar desestressar.
Não saímos do lado de Jasmine enquanto ela dormia, exausta de tanto
chorar. Quando ela acordou, duas horas depois, consegui fazer com que
comesse umas torradinhas e tomasse um remédio para dor de cabeça. Só
então ela conseguiu nos contar em mais detalhes sobre a discussão com os
pais.
Saber de tudo só nos deixou mais putos. É tão ridículo e absurdo que
parece coisa de novela mexicana. Vir até aqui pra levar a filha para se casar
com um filho da puta daqueles! E ainda falar todo tipo de absurdo e tentar
bater nela!
Talvez correr não seja suficiente e eu tenha que também socar alguma
coisa por um tempo. Fecho as mãos em punhos antes de apertar o botão de
parada da esteira com toda força e descer da máquina, ainda repassando
todos os acontecimentos na cabeça.
Depois de nos contar tudo, nós a consolamos e a distraímos como
pudemos. Fizemos pipoca doce e salgada e ficamos abraçados a ela
assistindo a uma maratona de Jogos Vorazes, sua saga favorita. Mas mesmo
quando ela adormeceu outra vez, nós três não conseguimos pregar o olho.
Por fim resolvemos vir até nossa academia particular, que fica no
apartamento de Liam, para tentar transformar ódio em suor.
Tiro os sapatos ao me aproximar da área de tatame onde Blake está, e
calço minhas próprias luvas de boxe, mas escolho bater no boneco de
pancadas. Depois de uns 15 minutos batendo, meus braços queimam pelo
esforço, e meu corpo está pingando suor, mas sinto um certo alívio. Isso é
realmente muito mais eficaz. Faço uma pausa para tomar água e tinha a
intenção de voltar ao boneco quando reparo que Blake parou e está quieto,
segurando o saco de pancada com as duas mãos e com a testa encostada
sobre ele. Decido me aproximar e retiro as luvas para tocar suas costas
nuas.
— B? Não é só a situação com Jasmine que está te deixando assim,
não é? — inquiro, e o vejo respirar fundo antes de confessar.
— É por causa disso, mas… ah cara, você não sabe como foi. Eu só
ouvi o último dos desaforos que o pai falou pra ela, mas já foi horrível. E o
olhar dos dois pra ela era de total desprezo mesmo, sabe? Nunca pensei que
os pais pudessem fazer isso com uma filha.
— Que merda. Também nunca pensei — concordo, e assisto enquanto
Liam também para sua atividade para se aproximar de nós.
— E ver aquilo, me fez pensar… E se isso acontecer conosco?
Quando nossos pais descobrirem sobre tudo isso? Seus pais sabem que você
é bissexual pelo menos, mas eu não tive coragem nem de fazer isso quando
ainda era adolescente. Mas meus pais… Eu sei que a cabeça deles ficou no
século passado, sabe? Melhoraram com o passar dos anos, mas ainda tem a
cabeça fechada e um tanto quanto preconceituosa. Eles não foram os pais
mais presentes do mundo, mas eu sempre soube que me amavam. Sempre
me apoiaram nos momentos importantes. E eu os amo demais. Mas será que
o amor deles também é condicional como é o dos pais da Jas? Um filho
bissexual e que vive com mais de um parceiro pode ser a condição que os
fará virar as costas pra mim?
Blake levanta a cabeça depois de desabar tudo isso, e olha de mim
para Liam, procurando respostas. Mas a verdade é que também não sei. Eu
o abraço fortemente enquanto reflito.
Sendo honesto comigo mesmo, esse também sempre foi um dos meus
medos. Meus pais são muito mais flexíveis e com pensamentos mais
modernos, e ainda sim levaram um tempinho para se acostumarem ao fato
de eu me assumir bissexual ainda no começo da faculdade, mas nunca
pensaram em me renegar por conta disso. Por mim já teríamos contado
sobre nosso relacionamento, tirar esse peso de nossas costas, mesmo que
interfira em nossas carreiras, mas a realidade de Blake e Liam é
completamente diferente.
Blake foi criado para dizer amém a tudo que o pai pedisse. Fez
diversas artes marciais desde pequeno porque precisava ser forte, fez
faculdade de computação porque o pai queria expandir a área da empresa
que cuidava de segurança da informação. Trabalhava desenvolvendo
softwares em meio período e na outra metade seguia seu pai pra lá e pra cá,
para aprender sobre negócios. E mesmo quando Blake assumiu como CEO,
o pai dele ainda ficou 2 anos indo pelo menos uma vez por semana até a
empresa para ver como as coisas estavam. Blake sempre teve essa coisa
dentro de si de ter que se provar, de garantir que seria o orgulho da família,
o melhor em tudo. É muita pressão para por em si mesmo.
Mas para quem estou querendo mentir? Nós três somos assim.
Queremos o topo sempre, e tememos tudo que ameaça isso.
Para Liam as coisas não são muito melhores. A mãe e o irmão mais
velho faleceram num acidente de carro 15 anos atrás. Ryan era 8 anos mais
velho do que Liam, e era o garoto de ouro. Era ele que teria seguido o
caminho do pai e tomado conta da construtora, mas depois da tragédia…
Toda a atenção do pai recaiu sobre Liam, como se ele quisesse realizar
todos os sonhos do outro filho e da esposa através da vida dele. A sua
obsessão da vez, inclusive, é ter netos. Ele já tentou arrumar tantos
encontros para Liam com ‘moças casáveis e de boa família para me dar
netinhos logo’, que perdemos as contas. E Liam teme decepcioná-lo.
— Eu queria poder te dizer que isso é impossível, que nossos pais nos
amam e que vai dar tudo certo. Porém, se tivéssemos essa certeza, não
teríamos passado dos 30 ainda carregando esse medo. Mas a hora de
enfrentarmos isso se aproxima, eu sinto isso. E só nos resta torcer pelo
melhor. Torcer para o amor ser suficiente para superar qualquer coisa. Só o
que posso afirmar é que o nosso amor será — digo, e Blake respira fundo
contra o meu pescoço enquanto me abraça.
— De um jeito ou de outro, vamos superar isso. Seja do jeito ideal,
onde tudo vai dar certo, ou com muita terapia, álcool e sexo até superarmos
todas essas mágoas. Assim como a Jas também vai conseguir — reforça
Liam, esfregando nossas costas.
É. O amor terá que ser suficiente.
Meu ouro precioso
Liam
Jasmine passou os dias seguintes bem mal, e não era pra menos. Nós
três também não estávamos nos nossos melhores momentos depois daquela
conversa sobre família. Mas doía olhar para ela, ver um semblante tão
arrasado e aqueles olhos verdes sem brilho era desolador. Não podíamos
deixá-la afundar assim, então no sábado logo depois do almoço, nós a
convencemos a sair de casa para ver como estava o andamento das obras no
apartamento dela, mas não contamos sobre a programação para depois
disso.
Estamos todos no meu carro dessa vez, e consigo uma vaga próxima
do seu prédio. Enquanto caminhamos até a entrada e depois ao elevador,
aproveito para passar o braço pelos ombros de Jasmine.
— Como você está, baby? De verdade? — pergunto, e ela respira
fundo antes de responder.
— Estou… melhorando. Foi bom ter conversado com minha
psicóloga ontem. Faço terapia desde que comecei a ter dinheiro para pagar,
três anos atrás. Sarah me atendia virtualmente a cada 15 dias, porque eu
realmente estava muito melhor desde que saí da casa dos meus pais. Mas
depois disso tudo… bom, vamos voltar aos encontros toda semana. Uma
hora vai doer menos. Uma hora eu vou superar e seguir em frente. Não
tenho opção além de cuidar de mim e acreditar nisso, né?
Aproveito que paramos ao entrar no elevador, e olho pra ela,
impressionado. Consigo ver em seus olhos ainda aquela dor, mas também o
reflexo da mulher forte que está lutando para superar tudo. Ela pode estar
abalada e frágil, mas não vai se permitir desmoronar. Que mulher incrível.
— Você é uma força da natureza, baby. Vai superar tudo que desejar
nesta vida, tenho certeza — afirmo, sorrindo suavemente pra ela, que me
retribui com um meio sorriso e um murmuro de "obrigado". Meus
namorados também ecoam em concordância sobre ela ser incrível.
Aproveito a privacidade do elevador e dou um beijo rápido em seus lábios.
Ao chegarmos no apartamento, encontramos o lugar em um estado
muito melhor do que na semana anterior. Não há detritos espalhados pelos
cantos e nenhuma caixa d'água à vista. Os móveis danificados também já
foram todos retirados e no quarto de Jasmine, o teto está parcialmente
reconstruído. Enquanto passo os olhos por tudo, só consigo pensar no
desperdício de investimento que esse imóvel é. Esse prédio é ótimo, mas
muito mal cuidado. Os apartamentos têm ambientes de tamanhos
excelentes, o que é um grande diferencial aqui em Portland. Entretanto, o
exterior é horrível, as escadas tem azulejos quebrados, o corrimão da frente
não existe, e o elevador opera numa velocidade péssima. Além da
segurança ser bastante questionável, a porta da entrada de Jas é tão fina que
eu abriria com alguns chutes. Esse espaço, nessa região, poderia ser alugado
por preços muito mais interessantes se fosse reformado.
Não seria uma má ideia…
Pego meu celular e anoto como primeiro compromisso na segunda-
feira: ligar para o idiota dono daqui e verificar se ele não tem interesse em
vender. Faz muito tempo que penso em investir em coisas assim, mas meu
pai sempre foi reticente. "Nós construímos com qualidade. Não reformamos
espeluncas, garoto!" É o que ele me disse mais de uma vez. Porém, se eu
não envolver a OMR, posso fazer o que bem quiser. Tenho dinheiro mais do
que suficiente para comprar sozinho e cuidar de uma equipe de reforma. Eu
deixaria esse lugar perfeito para Jas, e sem risco nenhum de acidentes por
falta de manutenção.
— Está bem melhor. Não deve demorar muito mais para ficar pronto
e eu poder parar de incomodar vocês — Jas interrompe meus pensamentos.
Olho para ela com minha melhor cara de deboche.
— Ah, sim, que bom. Porque você realmente vai acabar me
enlouquecendo. Não sei se com sua língua ou sua sentada, mas toda vez
tenho certeza de que vou perder o juízo.
Ela semicerra os olhos e tenta me empurrar para trás, sem muito
sucesso.
— Você é mesmo um bocó, sabia? — repreende ela, mas sem
conseguir conter o repuxar de lábios de um sorriso.
— E você é linda, sabia? — devolvo, e ganho mais um mini
empurrão, mas é seguido de um sorrisinho e fico feliz de estar conseguindo
entretê-la.
— Tá bom, já vimos tudo. Podemos voltar pra casa porque hoje tem
maratona de Vestida para Casar e eu adoro ver noivas surtadinhas e vestidos
lindos — anuncia Jas, se encaminhando para a saída.
— Claro, claro. Mas vamos passar no shopping antes, tá? Na próxima
semana a filha do meu gerente financeiro fará aniversário e preciso comprar
um presente. Preciso de você para me ajudar a escolher um livro, ela tem 13
anos — digo uma meia verdade. Não vamos lá só para isso, é claro, mas
sabia que funcionaria para convencer Jasmine a não mais uma tarde meio
cabisbaixa no sofá.
— Certo, adoro comprar presentes, ainda mais se forem livros — Ela
ergue as sobrancelhas e me olha mais animada ao dizer isso.
— Então, vamos crianças? Vimos o que precisávamos, que o homem
está cumprindo com sua palavra e arrumando as coisas com agilidade.
Podemos ir embora tranquilos — pergunta Oliver, já com a porta da frente
aberta enquanto nos espera.
— Isso. E é sua vez de dirigir — digo, e jogo a chave do carro para
Oliver, que bufa, mas aceita seu destino.
Quarenta minutos depois, meu peito se aquece ao ver uma Jasmine
quase totalmente iluminada outra vez enquanto leva 5 livros de lançamentos
nos braços. Ela escolheu o livro para eu dar de presente em poucos minutos,
dizendo que não há como errar levando Cinder, porque é uma releitura de
Cinderela, só que no caso a garota é uma ciborgue. Até eu achei
interessante, jogaria um jogo com essa trama distópica facilmente. Levo
também um marcador de páginas magnético, post its e canetas marca-texto
de várias cores. Segundo Jas, esse é um pacote básico de leitora. Não
entendo nada, mas acho uma graça vê-la explicar.
— Desde que me mudei eu já gastei muito mais do que eu devia em
livros. Mas antes eu só podia ter ebooks, que eram protegidos no meu
kindle com senha para meus pais não bisbilhotarem. Agora todo mês
compro 4 ou 5 livros das minhas sagas favoritas. Mas com o dinheiro de
compensação do Sr. Williams, acho que eu posso me permitir esbanjar um
pouco, né? — dispara ela a explicar e me entrega os livros que tem nos
braços, rapidamente virando e indo em direção a outra prateleira para
procurar por mais títulos.
— Eu acho que acordamos o dragãozinho consumidor de livros
dentro dela — digo para Blake, parado ao meu lado também observando
Jasmine. Oliver está em algum lugar também escolhendo livros de
suspense.
— De fato. Acho que acordamos o Smaug e os livros são o ouro que
ela vai empilhar — Blake concorda, arregalando um pouco os olhos
quando a vê carregar um box de livros nos braços. Gargalho com a
referência a Hobbit e aceno em concordância.
— Acho bom encontrarmos um lugar para sentar para poder segurar
tudo isso — digo e meu namorado concorda. Por sorte essa livraria tem
algumas mesas, cadeiras e pufes, então encontramos uma mesa pequena
vazia e colocamos os livros nela enquanto sentamos.
Em dez minutos, Jasmine já apareceu para deixar conosco o box e
outros três livros.
— Você acha que ela ficaria tão animada assim escolhendo
brinquedos eróticos? — questiono, erguendo uma sobrancelha para Blake.
Ele me encara de volta rindo e balançando a cabeça.
— Eu desconfio que não, mas qualquer hora vamos ter que testar.
Dou risada e concordo. Agora só nos resta esperar.
Após o frenesi literário, passamos o resto da tarde como quatro
crianças: fomos ao cinema, nos empanturramos de pipoca e refrigerante, e
depois passamos umas três horas dentro do parque indoor, onde
descobrimos que Jasmine é péssima no jogo de corrida de carros, porém
excelente no jogo de dança e deixou Oliver no chinelo. Eu a venci na
primeira partida do jogo de matar zumbis, mas na revanche ela pegou o
jeito de atirar e ganhou de mim por 5 pontos, só não conseguiu ganhar de
Blake. Gostaria de dizer que facilitei e a deixei ganhar, mas seria uma
grande mentira.
Passamos pela maior parte dos jogos, e fizemos até uma competição
verdadeira na mesa de Air Hockey. Eu e Oliver disputamos a final, que ele
venceu por 1 único ponto. Como estávamos apostando um boquete, não
estou preocupado. Pagarei com muito gosto.
Jantamos cachorro quente no shopping, e talvez eu tenha que tomar
um antiácido antes de dormir, depois de comer só besteira o dia todo, mas
não me arrependo nem um pouco. Após chegarmos em casa e tomamos
banho de banheira juntos, estamos estirados em nossa cama, assistindo a
Modern Family outra vez. Jasmine está deitada apoiada no meu peito,
enquanto Oliver também usa Blake de travesseiro.
— Obrigada por hoje. Por todos esses dias, aliás. Por todo esse
carinho e preocupação. Nem sei como explicar como esse apoio é
importante pra mim. Obrigada, de verdade. Vocês são incríveis — Jasmine
se pronuncia, antes de pegarmos no sono.
— Estamos sempre a disposição, princesa — Blake diz, esticando a
mão para tocar a bochecha dela.
— Exato, e não fizemos nada demais. Só queríamos que você se
distraísse e voltasse a rir. Funcionou, e nós nos divertimos pra caramba
também — afirma Oliver, segurando sua mão.
— Nossa missão agora é essa, baby. Fazer você sorrir — também
confirmo, acariciando seu cabelo. Ela fecha os olhos, numa tentativa de
esconder as emoções transbordando, e murmura outra vez "Obrigada".
Aperto-a mais contra mim e sussurro de volta — Durma bem, estaremos
aqui.
Fazer uma centena de cupcakes nem foi o que
causou mais bagunça por aqui
Oliver
— Serena, você só pode estar de brincadeira! — exclamo no telefone.
Havia acabado de sair do banho e pretendia ir na padaria comprar algumas
coisas para comermos, quando Serena me ligou.
— Por favooooor, Oliver! Você é minha única saída. Eu esqueci
completamente que esse maldito evento da escola dela era nessa segunda-
feira e que eu fiquei responsável por levar os cupcakes. Não existe nenhum
lugar que eu possa encomendar com tanta urgência! — pede, e posso
apostar que do outro lado da linha ela está fazendo sua melhor cara de
gatinho do Shrek. Grunho de frustração, porque minha irmã já aprontou
dessas comigo diversas vezes. Não sei pra quê ela tem uma agenda se não
lembra de anotar nada nela.
— De quantos você precisa?
— Cento e vinte.
— Cento e vinte?! — quase grito, e começo a andar pelo quarto de
um lado a outro — Você acha que eu sou uma confeitaria para conseguir
produzir tudo isso nessa tarde?
— Eu sei que você consegue, é só colocar todos para trabalhar. Além
dos meninos, ainda tem a Jasmine como um par de mãos extra, e vocês
podem usar os fornos de todos os apartamentos! Vai dar certo, irmãozinho!
— Simples assim, né? Porque é que você não vem ajudar também?
— Porque eu sou um desastre na cozinha e você passaria mais tempo
brigando comigo do que realmente cozinhando — confessa ela com a maior
tranquilidade.
— O pior é que é verdade — concordo e esfrego a mão na testa
enquanto penso na logística disso — Aff, Serena, eu não sei…
Sou interrompido pela voz infantil da minha sobrinha.
— Tio Ollie! Você vai fazer meus cupcakes cor de rosa? Quero
cobertura rosa e um unicórnio de enfeite, como um que vi numa loja com a
mamãe.
— Oi minha flor, não garanto nada sobre o unicórnio, mas vou tentar
a parte do rosa, ok? — respondo para Lily com minha voz mais suave. Que
não é o tom que a mãe dela vai ganhar quando eu voltar a falar com ela já
já.
— Oba! Pode ser de chocolate também, eu amo chocolate —
comemora ela, toda animada.
— Pode deixar. Deixa o tio Ollie falar mais uma coisinha com a sua
mãe, por favor?
— Tá bom. Beijinhos de fada! — se despede ela com seu bordão fofo
mais recente. Como alguém poderia negar qualquer coisa a ela?
— Beijinhos de fada para você também, minha flor — respondo, e
ouço alguns barulhos enquanto o telefone volta para as mãos de Serena.
— Diga, maninho.
— Jogo baixo, Serena Miller! Jogo muito baixo esse seu! —
repreendo, e ela dá risada do outro lado.
— Cada um joga com as cartas que tem e acontece que essa minha
cartinha fofa aqui funciona para muitas coisas — confessa minha irmã, com
sua cara de pau natural. Grunho de frustração mais uma vez. Adeus
domingo de descanso e sexo.
— Você vai ficar me devendo essa. E se vire para arranjar o corante
cor de rosa que ela quer, além das forminhas e mandar entregar aqui o
quanto antes. O restante dos ingredientes eu acho que tenho.
— Hmm, corante eu tenho bastante aqui, rosa, roxo, azul e tudo mais.
Descobri que ela tende a comer mais legumes se forem coloridos, e agora
nossa cozinheira faz sempre. Uma couve-flor pink é irresistível — a
estratégia me faz sorrir — Quanto as forminhas… eu vou dar um jeito. Em
uma hora no máximo estará tudo aí.
— Ok. Enquanto isso vou ficar aqui pensando como é que você vai
me recompensar — digo e Serena ri outra vez.
— Beleza. Me avise quando decidir. Obrigada, maninho! Te amo!
— Você é um pé no saco, mas também te amo — me despeço e ela
desliga ainda rindo.
Termino de me trocar, vestindo a primeira camiseta que encontro e
caminho até a sala para encontrar meus novos ajudantes de cozinha.
— Levantem suas lindas bundas do sofá. Temos infinitos cupcakes
para fazer para uma garotinha de 5 anos, e não foi possível recusar.

Estamos nas últimas fornadas de cupcakes, depois de 4 longas horas.


Eu estou até limpo, assim como Jas, já que usamos os únicos aventais
disponíveis na casa, mas Blake tem farinha no cabelo e na barba e Liam tem
chocolate até na testa, então acho que o avental não teria ajudado muito.
Coloco a última leva dos malditos bolinhos no forno do meu
apartamento, e me viro para observar enquanto Liam termina de colocar a
cobertura nos que já esfriaram, e Blake lava louça enquanto Jasmine seca
todos os utensílios que usamos. Aproveito para passar um pano em toda a
bancada.
— Pronto. E acho que nunca mais quero ver chocolate na minha
frente — dramatiza Liam, largando o saco de confeitar na bandeja.
— Também acabamos aqui — anuncia Jas.
— Certo, só tem aqueles últimos 12 no forno. Podem subir, tomar
banho e descansar, eu termino aqui — afirmo, e ganho olhares agradecidos
de Liam e Blake, mas Jasmine balança a cabeça em negativa.
— Eu fico com você, não vai demorar muito mais.
— Tem certeza?
— É claro — confirma, me lançando um sorriso de lado. Estico o
braço e a puxo pra mim, abraçando-a.
— Ótimo, os bonitinhos ficam aí e nós vamos entrar no chuveiro até
conseguir tirar toda essa sujeira — aponta Blake, coçando a barba e
lançando farinha para os lados. Antes de irem, agradeço pelo empenho e
dou um beijo em cada, acabando por me sujar um pouquinho, mas não me
importo.
Eu e Jasmine ficamos sentados na ilha da minha cozinha,
conversando sobre doces favoritos e momentos da infância. Descubro que
ela sabe tocar piano e que abandonou o curso de xadrez no primeiro mês
porque odiava a sensação de ter que "sacrificar os peões". Essa última me
arranca uma boa gargalhada.
Quando o forno apita avisando que os cupcakes estão prontos, eu o
desligo e os deixo lá dentro por mais alguns minutos, para não correr o risco
deles baixarem — aconteceu com a primeira fornada e foi de matar. Algum
tempo tempo depois, os coloco sobre a bancada para que esfrie e a gente
possa rechear de chocolate e cobrir com o glacê rosa. Sim, eu caprichei
nessas coisinhas.
Volto a me sentar ao lado de Jas e quando ela pergunta sobre o pai de
Lily, decido compartilhar com ela um resumo da história da minha irmã.
— Serena se apaixonou por um espanhol que estava na cidade à
negócios, segundo ele. Ele passou mais de dois meses flertando, seduzindo-
a, conquistando sua confiança, até convencê-la a investir em sua empresa de
importação de vinhos. Ela investiu 300 mil dólares, e assim que o dinheiro
caiu na conta da empresa falsa, o cara sumiu. Serena só descobriu que
estava grávida dele 2 meses depois.
— Minha nossa, ela deve ter ficado apavorada — observa Jasmine,
passando a mão por meu braço em um carinho.
— Eu nunca vi a minha irmã chorar tanto quanto no dia que bateu na
nossa porta e me entregou aquele teste positivo. Não que ela não quisesse
ser mãe, mas ela não queria daquele jeito. Daquele homem, e com o
coração tão partido do jeito que estava. Ele lhe roubou boa parte daquela
alegria natural que ela emanava, sabe? Passei a gravidez e o pós parto
inteiro grudado nela, temendo que ela entrasse em depressão. Mas no fim,
Lily é a coisa mais certa que aconteceu na vida dela. Serena se tornou uma
mãe incrível e aquela criança devolveu a felicidade para a vida da minha
irmã.
— Que bom que essa história teve um final feliz. Adoraria conhecer
essa garotinha — afirma sorrindo.
— Vou pedir para Serena deixar ela passar uma noite aqui essa
semana, eu a vi algumas vezes lá no hotel desde que voltamos das férias,
mas estou com saudade de passar mais tempo com aquela baixinha — conto
e Jas sorri em resposta. Um sorriso genuíno e adorável que não me permite
resistir e eu me inclino para beijá-la.
O beijo, que começa suave e calmo, não demora mais do que alguns
instantes para pegar fogo. Peço passagem com minha língua e ela cede, me
permitindo mergulhar em sua boca. Ela tem o gosto do chocolate que estava
provando antes e eu gemo de satisfação. Desço do banquinho e a trago
junto comigo, até poder pressionar meu corpo no dela.
Jasmine tem uma mão em minha nuca e outra subindo por dentro da
minha camisa, arrastando as unhas de leve e me enlouquecendo. Coloco
minhas mãos em sua cintura fina e a ergo até que fique sentada na parte
vazia da bancada. Ainda bem que deixamos os cupcakes próximos da pia.
Desse jeito, fico na altura ideal para beijá-la com força, e roçar meu
princípio de ereção entre suas pernas abertas. Estou tão distraído de desejo
que só escuto algo quando já é tarde demais.
— Oliver, querido, você precisa… Ora ora, o que temos aqui? — a
voz da minha mãe ecoa pela cozinha, gelando até minha alma. Me solto
imediatamente de Jasmine e me viro, dando de cara com meus pais. Olivia
Miller nos encara com uma expressão de curiosidade, enquanto meu pai,
Charles, sustenta uma sobrancelha levantada e um sorrisinho de "bem feito,
cortei seu barato". Aperto os olhos, como se piscar fosse fazer essa situação
embaraçosa desaparecer, mas é claramente impossível. Ajudo uma Jasmine
constrangida a descer da bancada de mármore e ela ajeita o cabelo
bagunçado por mim em um coque rápido.
— Mãe, pai, essa é Jasmine. Jas, esses são Olívia e Charles Miller —
apresento, e Jasmine estende a mão para eles.
— Prazer em conhecê-los.
Meu pai aceita sua mão, mas minha mãe a surpreende com um
abraço.
— Ah, você é tão bonita! Prazer em conhecê-la também — diz e só
então a solta, sorrindo enormemente antes de se virar para mim — Porque
estava escondendo uma namorada de nós, Oliver?
Ah, céus. Jasmine está adquirindo um tom preocupante de tomate a
esse ponto.
— Nós… hã… estamos saindo a pouco tempo — é o melhor que
consigo arranjar enquanto passo a mão no cabelo, nervoso.
— Mas pelo visto estão se dando muito bem! — provoca meu pai, e
quero enfiar minha cara naquele forno — Como foi que se conheceram?
— Eles salvaram minha vida — dispara Jasmine, fazendo meus pais
arregalarem os olhos de surpresa — fui fazer uma trilha e me perdi na
montanha, acabei indo parar na porta da casa deles já quase congelada. Eles
me ajudaram, e bom…
— Eu não pude resistir aos olhos verdes, é claro — ajudo, e agradeço
por ela ter optado pela verdade. Pelo menos essa parte é realmente verdade,
só está longe de ser toda ela.
Os olhos da minha mãe brilham enquanto olha para nós dois.
— Que coisa mais linda! Obra do destino mesmo.
— Mas é isso, ainda estamos nos conhecendo — finalizo, e tento
desviar o foco — Vamos lá para a sala enquanto vocês me contam o que os
traz aqui? Normalmente me avisam antes de passarem para me visitar —
questiono, enquanto damos os poucos passos até minha sala de estar, que é
em conceito aberto com a cozinha.
— Liguei para sua irmã há uma hora atrás para saber como Lily
estava, porque ela havia me dito que a pequena tinha tido uma reação
alérgica, mas parece ter sido só um inseto que passou. Enfim, aí ela me
contou o que tinha aprontado pra cima de você. Tentei te ligar e você não
atendeu, então viemos ver se precisava de ajuda — explica ela, já sentada
no sofá ao lado do meu pai, e eu contenho o franzir de testa ao pensar na
minha mancada de não saber onde deixei o celular.
— Está tudo sob controle. Jasmine, Blake e Liam me ajudaram, os
dois foram embora agora a pouco. Só temos mais uma dúzia de bolinhos
para colocar recheio e cobertura.
Meu pai olha pra nós impressionado.
— Deram conta de 120 cupcakes? Caramba. Já podemos abrir uma
doceria junto do restaurante do hotel para você cuidar, Oliver?
— Claro, pai. Basta interromper sua aposentadoria e se ocupar da
administração outra vez — devolvo sua brincadeira sorrindo, e vejo o
homem se arrepiar.
— Deus me livre. Ajudei sua irmã por lá durante esse mês que esteve
fora e, se um dia senti saudade de tudo isso, passou rapidinho — revela e eu
dou risada.
— Nem em sonhos. Eu esgano ele se sequer pensar em interromper
nossas viagens pelo mundo para voltar a ficar enfiado atrás daquela mesa de
escritório — reafirma minha mãe, bufando. Até Jasmine solta uma
risadinha baixa da poltrona ao meu lado.
— Bom, já que está tudo certo, podemos deixar outra vez os
pombinhos a sós, não é querida? — sugere meu pai e o agradeço
mentalmente. Amo meus pais, mas odeio ter que ficar contornando
situações e escondendo coisas deles.
— Vamos sim. Mas você vai levá-la ao baile da Wish no sábado, não
é, meu filho? — pergunta ela e não tenho saída além de dizer que sim —
Ah, que coisa boa! Mal posso esperar para vê-los juntos em trajes de gala.
Lembre de combinar a gravata com a cor do vestido dela, sim?
— Claro, mãe.
Ela se levanta sorrindo, e se despede de nós com abraços. Meu pai
está longe de ser afetuoso assim e apenas me dá um tapinha camarada no
ombro e outro aperto de mão em Jasmine.
Depois que eles saem, volto a respirar normalmente e esfrego o rosto,
ainda próximo do elevador.
— Então… sua gravata imaginária combina com qual dos meus
vestidos de gala invisíveis? — questiona Jas, sua voz soando as minhas
costas. Me viro para encarar seu rosto com a sobrancelha erguida e os
braços cruzados abaixo dos seios. Lhe dispenso meu melhor sorriso de lado.
— Parece que vamos às compras mais uma vez, querida.
Chocolate faz bem para a pele
Jasmine
Existem mil motivos para não ir nessa festa: não conheço ninguém
por lá e vou me sentir deslocada, não quero fingir ser namorada do Oliver
porque não sou muito boa em mentir, fora que odeio andar de salto muito
alto e de fato não tenho roupa pra ir. E realmente explico tudo, mas ele está
distribuindo beijinhos no meu ombro e pescoço enquanto apresenta
soluções para tudo que digo, e está ficando muito difícil raciocinar direito.
— Liam e Blake também estarão lá, além de Serena. E você vai
conhecer alguns de nossos amigos — beijinho — Você não precisa mentir.
Basta fazer o que fizemos hoje, contar uma meia verdade. Estamos nos
conhecendo melhor, ninguém precisa se intrometer no restante — beijinho
— Serena é especialista em festas, ela vai te ajudar desde o vestido até
maquiagem e cabelo — beijinho — E você não precisa usar salto se não
quiser. Por mim você poderia até mesmo usar all stars e eu diria o quanto
fica perfeita.
Ganho um beijo mais demorado, agora sob meus lábios. Solto um
gemidinho, mas tento resistir e me descolo dele, correndo para o outro lado
da ilha da cozinha. Estamos na cozinha conversando sobre isso há um
tempo, enquanto terminávamos os últimos cupcakes. Porém, depois que os
bolinhos foram para suas devidas caixas e Oliver ficou com as mãos livres,
ele as está usando para me seduzir. E pior é que sei que vai funcionar, mas
ainda estou tentando ter juízo por nós dois.
— Você nem teria me convidado se não tivesse sido obrigado por
seus pais — jogo minha última cartada. Ele vira a cabeça para o lado e
franze o cenho.
— Porque claramente sou um idiota. Achei que seria complicado,
mas não precisa ser. Podemos simplesmente nos divertir e pararmos de
pensar demais — afirma, e começa a contornar a ilha em minha direção.
— Não sei não…
— Vamos, Jas. Minha mãe ficará magoada se você não for. Ela é uma
mulher sentimental — apela ele, e é a minha vez de grunhir.
— Tá bom, tá bom. Mas saiba que, se eu pagar algum mico por não
saber regras de etiqueta ou falar besteira, a culpa será toda sua — me rendo,
e os olhos dele brilham de modo ainda mais predatório.
— Duvido você ser algo além de perfeita, querida — elogia, e avança
vários passos para se aproximar de mim, mas recuo no sentido contrário. A
atmosfera do ambiente muda para algo elétrico, uma antecipação gostosa e
algo em mim fica instigada por esse pega-pega — Agora venha aqui.
Balanço a cabeça, e mordo o lábio, travessa. Oliver sorri, devasso.
— Você quer que eu te pegue, Jasmine?
— Sim — confesso, com o coração acelerado.
— Mas quando eu te pegar, vou te colocar sob essa bancada e te
comer sem dó. É isso que quer? — continuamos a rodar a passos lentos ao
redor do móvel e me arrepio inteira com a sugestão.
— Sim.
A versão Oliver fofo e contido desapareceu, e aprecio seu sorriso
diabólico surgir antes dele disparar para me pegar. Até tento correr e
dificultar as coisas pra ele, mas Oliver é muito mais ágil e me pega pela
cintura, me girando até estar grudada em seu peito. Ele me beija
ferozmente, enquanto suas mãos às minhas costas soltam o laço do avental,
tanto da cintura quanto do pescoço, e logo a peça está no chão. Uso um
vestido solto, portanto tudo que Oliver precisa é levantar um pouco a peça
para enfiar os dedos sobre minha calcinha. Gemo fraquinho assim que ele
me toca.
— Amo como você fica molhada rápido com a gente — diz ele ao
parar de me beijar para nos permitir respirar, mas deixando o rosto bonito
ainda a centímetros do meu. Mordo o lábio inferior dele quando seus dedos
circulam meu clitóris no ponto exato.
Quase choro quando suas mãos param de me tocar, mas não preciso
reclamar porque ele se ocupa de tirar o próprio avental e camiseta, seguido
pelo shorts. Seu pau duro extremamente marcado na cueca me faz querer
tocá-lo, mas sou contida do impulso porque agora Oliver está passando meu
vestido por minha cabeça para depois jogá-lo longe. Não uso sutiã, e ele
para por alguns segundos para admirar meus seios.
Quando seus olhos voltam a encontrar os meus, ele me agarra pela
cintura e me coloca sentada outra vez na bancada.
— Acabei de ter uma ideia ainda melhor. Fique aí — manda, e se
afasta apenas para voltar com o saco de confeitar que ainda tem um pouco
de recheio de chocolate.
Oliver se posiciona entre minhas pernas e sou surpreendida quando
ele começa a derramar o doce pelos meus seios. Ele espalha e depois olha
orgulhoso para sua arte antes de passar a língua e lamber cada partezinha.
Não sei se toda mulher tem essa enorme sensibilidade nos seios, mas
porra, eu tenho. Por onde a língua e os lábios desse homem passam, minha
pele vibra e esquenta. A excitação percorre minhas veias por completo,
principalmente porque ele também usa as mãos para me apertar, na cintura,
nas coxas, nas costas e em toda parte que alcança.
— Mulher deliciosa! Melhor que qualquer sobremesa. O sabor da sua
pele deixa o chocolate ainda melhor — diz ao terminar de lamber todo o
chocolate e voltar a atacar minha boca.
Instantes depois Oliver me manda deitar na bancada e repete o
processo, passando chocolate por minha barriga e lambendo lentamente. Ele
vai me enlouquecer se continuar assim.
— Ollie, eu preciso… — choramingo, mas ele levanta a cabeça e me
interrompe.
— Ah, eu sei do que você precisa, não se preocupe, querida — diz,
deixando o doce de lado e sorrindo pra mim. Ganho uma última mordida no
seio esquerdo antes que Oliver levante o tronco e me traga junto, até eu
estar sentada outra vez. Seu pau ainda com a cueca se encaixa exatamente
no meu centro e eu gemo. Quero arrancar as duas peças de roupa que nos
separam, e faço menção de abaixar sua cueca, mas Oliver me impede.
— Não, não. Fique quietinha, que eu vou cuidar de você — afirma, e
com uma mão passa a segurar meus braços atrás das costas. E então, o
desgraçado começa a roçar contra mim, devagar mas forte, fazendo com
que o tecido da calcinha gere um atrito no clitóris que nunca imaginei. É
bom, mas diferente e não sei como reagir.
Seus movimentos continuam, e ele me encara profundamente, focado
em minhas reações e eu as dele.
Minha calcinha está ensopada a essa altura, o que ajuda a deslizar
gostoso. Começo a rebolar contra ele, aumentando a fricção e fazendo com
que nós dois soltemos sons de prazer.
Minhas mãos continuam presas atrás das costas, e confesso que gosto
da restrição temporária. Ficar à mercê das vontades dele é bom pra
caramba.
— Você realmente vai nos torturar assim ao invés de me comer? —
provoco.
— Não querida, mas seu primeiro orgasmo será assim. Vou te fazer
tremer só com o encostar do meu pau, e só depois vou te virar e te comer
com força, como prometi — responde com a voz rouca e pesada que me faz
gostar de tudo isso ainda mais.
Parece algo que a gente faz na adolescência quando ainda tem receio
de transar: roçar sobre as roupas, ou deixar que o namorado foda suas
coxas. Não fiz nada disso na época, mas tinha vontade. E agora sei que
também pode ser gostoso pra caralho.
Oliver acelera os movimentos, e se alterna entre beijar minha boca ou
meus peitos. Seu pau acerta sempre o ponto exato, e eu não demoro a
atingir o orgasmo, gritando e fechando os olhos, sem parar de rebolar contra
ele enquanto ainda tenho espasmos de prazer.
Só tenho tempo de ouvi-lo exclamar "Finalmente!" antes que suas
mãos me manobrem até que eu me veja de pé, mas com os peitos
pressionados no balcão de mármore gelado. Liam se afasta por alguns
segundos e pega uma camisinha na carteira, rasgando-a com pressa logo em
seguida. Ele apenas puxa minha calcinha de lado e em seguida me penetra
com tudo. Duro e forte, me fazendo gemer.
Oliver me dá um tapa em cada lado da bunda antes de mandar:
— Braços para trás.
Faço o que ele quer, ficando com o rosto colado no mármore e ele
segura minhas mãos antes de voltar a estocar forte. Perco totalmente o
controle do quanto grito, gemo e peço por mais, inebriada de prazer.
A posição devassa no meio da cozinha, a restrição que ele impõe, sua
voz oscilando entre me chamar de "gostosa", "minha querida safada" e
"cadela", somados ao seu pau me preenchendo e atingindo todos os pontos
certos, não me permitem durar muito.
Gozo outra vez, gritando seu nome, mas Oliver não me acompanha e
continua a me foder com ímpeto.
— Caralho, como é bom te sentir me apertando assim. Vamos mais
uma vez, sim?
— Não sei se consigo, Oliver, eu…
— Ah, consegue sim — ele solta meus braços e me faz levantar até
colar o peito em minhas costas e eu ter que segurar na ilha com as duas
mãos para aguentar o ritmo.
Suas mãos se ocupam de beliscar o bico dos meus seios e dar
batidinhas leves e ritmadas no meu clitóris.
— Porra, porra! Assim, Oliver, exatamente assim — imploro, as
sensações são viciantes e infinitamente gostosas. Oliver ri contra minha
orelha, e dá uma mordidinha em meu pescoço.
— Tá vendo como consigo arrancar de você quantos orgasmos eu
quiser? Seu corpo responde ao meu pau, querida.
Ele permanece no ritmo perfeito e distribuindo os toques por meu
corpo. A nova explosão de prazer me acerta em cheio, parecendo me partir
ao meio, e Oliver finalmente se entrega também, gozando e chamando meu
nome.
Deixo meu corpo cair sobre a bancada, e Oliver cai por cima de mim.
Suados, exaustos, mas satisfeitos até o último fio de cabelo.
— Essa foi a melhor coisa que já fiz nessa cozinha — murmura
Oliver depois de alguns instantes.
— De fato, eu amo sua comida. Mas amo mais quando você me come
— sussurro de volta, e nós dois gargalhamos.
Só entra na festa do chá quem tiver convite
Jasmine
— Oi. Eu não conheço você. O que tá fazendo na casa dos meus
titios? — uma figurinha loira de cerca de um metro de altura e vestido lilás
com brilho me avalia assim que entra na casa de Blake. Seus olhos possuem
cores diferentes, um azul e um castanho, e é tão linda que quero roubar pra
mim logo de cara.
Me agacho para ficar na altura dela enquanto explico:
— Oi, meu nome é Jasmine. Eu sou amiga dos seus tios e estou
ficando um pouco aqui porque minha casa encheu de água.
— Jasmine, tipo a princesa? — questiona, curiosa.
— Isso mesmo — confirmo sorrindo para ela.
— Isso é tão legal! Mamãe, porque eu não tenho nome de princesa
também? — diz Lily, se virando para olhar para Serena à sua esquerda.
— Porque a mamãe queria um nome de flor. E combina perfeitamente
com você. Tenho certeza que um dia ainda vão criar uma princesa Lily, não
se preocupe.
— Espero que sim, é o melhor nome — concorda a pequena, e volta a
olhar para mim — E você tem um Aladim?
Controlo uma risada pela pergunta.
— Infelizmente não. Mas eu tenho 3 gatos, quer vê-los?
O rosto dela se ilumina por completo, e ela estica a mãozinha pra
mim.
— Gostei de você. Tá convidada para o meu chá mais tarde. Agora
quero ver os gatos.
Sorrio de orelha a orelha com sua aprovação. Fico de pé e pego sua
mão, caminhando para dentro do apartamento em busca dos gatos.
— Então, você vai servir chá mais tarde pra gente?
— Eu não, mas o tio Oliver vai. Sempre que venho dormir no tio
Blake, nós fazemos festa do chá, com o Sr. Unicórnio e o Sr. Bolo Fofo
como convidados, mas hoje você pode participar também — explica, como
uma miniatura de adulta. Fico impressionada demais com sua personalidade
e em como ela fala bem. Tenho ideia de quem sejam Unicórnio e Bolo
Fofo? Não, mas pelo visto os conhecerei em breve.
Encontramos o primeiro gato na sala, brincando em sua árvore e Lily
larga a minha mão para correr pra ele. Ela está visivelmente afoita, mas
ainda sim passa a mão no bichinho com o maior cuidado, o que me faz
respirar mais tranquila.
— Ela está acostumada com animais. Temos um cachorro e a ensinei
a tratá-lo com gentileza. O golden retriever come na palma da mão dela, a
deixa usá-lo de travesseiro, colocar presilhas no seu pêlo para fazer
penteados e tudo mais. Mas se fosse por ela, já teríamos também um gato,
um coelho, um papagaio… — conta Serena, que nos seguiu até aqui. Dou
risada e acompanho enquanto ela olha pra filha com um amor que
transborda.
— Ela é incrível — elogio e a irmã de Oliver me lança seu melhor
sorriso.
— Ela é mesmo. Minha flor mais preciosa — confirma, e em seguida
olha o relógio dourado em seu pulso que tenho certeza que vale alguns
milhares de dólares — Bom, Oliver me pediu para deixá-la aqui depois da
escola, mas pelo visto se atrasou para voltar para casa. Posso deixá-la, com
você? Eu meio que… tenho um encontro daqui uma hora e ainda tenho que
me arrumar.
Ergo as sobrancelhas ao perceber que Serena parece até um
pouquinho tímida em revelar isso.
— Mas é claro que pode! Nós vamos nos divertir bastante e vou
torcer para que você também se divirta. Os meninos não devem demorar a
chegar, todos sabiam que ela vinha pra cá hoje — confirmo para
tranquiliza-lá.
— Obrigada. Espero que sim também. É meu primeiro encontro real
desde Lily — explica ela, e agora compreendo seu leve nervosismo.
— Vai lá, vamos ficar super bem.
Ela me dirige um sorriso grato e me entrega uma bolsa rosa grande.
— Aqui estão as coisas dela, inclusive os ursinhos favoritos, sem os
quais ela não dorme, alguns brinquedos, pijama, mudas de roupas e também
remédios emergenciais. Mas me ligue se ela ao menos espirrar, ok?
— Pode deixar.
Serena se vira para a filha.
— Lily, venha dar um abraço e beijo na mamãe que eu já estou indo.
Você vai ficar com a tia Jas, mas os titios também logo chegam, ok?
Lily corre até a mãe e a abraça com um braço só, porque com o outro
está carregando Cassian como se fosse um ursinho. O mais engraçado é que
o bicho nem protesta.
— Até amanhã, mamãe. Te amo — declara e eu quase me derreto de
fofura aqui mesmo.
— Também te amo. E comporte-se — Serena dá um último aviso
antes de beijar a bochecha de Lily, que segundos depois já voltou a fixar sua
atenção no gato.
Serena se despede de mim com um abraço.
Lily volta a ficar na minha frente e pega na minha mão, ainda com
Cassian no colo.
— Vem, tia Jas. Vamos achar os outros. Esse aqui está com saudade.
Dou uma risadinha e a sigo.

Duas horas e uma festa do chá depois, minha barriga dói de tanto rir,
e estou fazendo um verdadeiro álbum de fotos de Lily brincando de salão de
beleza com os tios.
Oliver trouxe pra ela um kit enorme de maquiagem infantil, além de
itens como escova de cabelo, amarradores coloridos e presilhas de
borboleta. A garota amou e decidiu que os tios seriam os clientes perfeitos.
Blake ganhou um batom rosa bastante borrado, além de uma sombra
roxa e duas presilinhas no cabelo. Liam foi premiado com um penteado
mais elaborado, envolvendo diversas maria chiquinhas e um blush bem
forte na testa e nas bochechas. Oliver é a cobaia da vez, e Lily está
passando uma sombra azul em suas pálpebras depois de terminar de encher
o cabelo do tio com as borboletas.
Eu assumi o papel de assistente dela, claro. Alcançando os itens,
dando opiniões e tirando fotos de cada passo.
Eu vou mandar fazer quadros com essas fotos e pendurar nas paredes
da minha casa e vou rir a cada vez que olhar.
A sorte deles é esse kit não ter vindo com glitter, ou desconfio que os
três estariam cobertos com ele.
— Pronto, tio Ollie. Ficou bonito — anuncia a pequena, terminando
de passar um batom laranja em Oliver e entrega um espelhinho para ele
poder conferir a arte.
Perco o controle da gargalhada que eu estava segurando quando o
vejo encarar o espelho com pavor genuíno. Liam e Blake, sentados no
tapete da sala ao meu lado, também estão se matando de rir.
— Ficou ótimo, minha flor, obrigada. Agora diga para aqueles bobões
que eu sou o tio mais bonito dessa casa — demanda Oliver, enquanto aperta
as bochechas fofas de Lily com as mãos. Ela se solta rapidamente e olha de
uma para outro.
— Hã…minha mãe mandou eu nunca responder isso. Que é pra eu
dizer que gosto dos três iguais — diz ela, olhando em dúvida.
Oliver abre a boca, indignado, mas se recupera e diz:
— Está certo, espero mesmo que você goste muito de nós. Mas diga
aqui para o tio Ollie, quem é o mais bonito? — tenta ele de novo. Lily
coloca a mão embaixo do queixo, pensando com afinco e analisando cada
um.
— Hummm, acho que o mais bonito é o tio Liam. Mas vocês são
todos bonitões, não se preocupe.
Cubro a mão com a boca para não rir da cara de incredulidade de
Oliver. Liam já não é tão bondoso, e se levanta num segundo para pegar
Lily no colo e enchê-la de beijos na bochecha.
— É isso aí, garota esperta! Titio Liam bonitão, titio Liam bonitão,
titio Liam bonitão — entoa ele como uma musiquinha, e gira com ela pela
sala, fazendo a menina gargalhar.
— Pronto, como se ele já não fosse convencido o suficiente – diz
Blake, revirando um pouco os olhos, mas dando risada também.
Oliver se arrasta até se sentar do meu lado e apoiar a cabeça no meu
ombro. As presilhas no seu cabelo me fazem cócegas e me encolho toda.
— Meu ego nunca mais vai se recuperar. Minha própria sobrinha!
Sangue do meu sangue! — diz ele, ainda indignado. Sei que não está
realmente chateado, mas dou um beijinho em sua testa em consolação — E
quanto a você, Jas, quem vai escolher como mais bonito?
Mordo o lábio e finjo pensar, de repente ganhando de volta a atenção
dos 3 homens. Lily já desceu do colo de Liam e agora está penteando Az
com suavidade.
— Porque é que eu teria que escolher um, se posso ter os três? —
digo finalmente.
— Muito espertinha, Srta. West. Muito espertinha — repreende
Blake, semicerrando os olhos pra mim. Pisco pra ele, sem nenhuma
vergonha.
— Ah, eu sei. Esperta e sortuda. Fazer o quê?
Os três dão risada, mas não percebo a trama da troca de olhares entre
eles até que gritam:
— Ataque de cócegas na tia Jas!
Arregalo os olhos, e nem tenho tempo de tentar fugir antes de Oliver
me puxar pelas pernas e me colocar deitada no tapete. Os três, e Lily, fazem
um verdadeiro complô contra mim, me fazendo gritar e pular enquanto me
atacam com as cócegas por todo lado. Eles só param quando peço arrego.
— Parem, parem, parem, eu faço o que quiserem! — imploro e rio ao
mesmo tempo. Só então eles sossegam e me largam, e Lily parece pensar no
que quer pedir.
— Que tal montarmos uma cabana bem grande aqui na sala? —
sugere ela, e estendo minha mão na direção da loirinha.
— Fechado. Para sua sorte, sou expert em cabanas de lençol —
confirmo sorrindo, ela pega na minha mão, fechando o acordo.
— Oba! E depois chocolate quente!
Ouço suspiros triplos dos homens ao meu redor. Parece que essa noite de
quarta-feira ainda vai demorar para acabar, mas eu não poderia estar me
divertindo mais.
Essa festa está virando um enterro
Jasmine
Depois de gastar a manhã de sábado inteira para escolher um vestido
com ajuda de Serena, ela me levou a um salão e spa, onde fui depilada,
massageada, fiz pé, mão e sobrancelhas, além de penteado e maquiagem
chiquérrimos. Com o vestido vermelho escuro que desce até o chão — e me
permite usar saltos baixos e razoavelmente confortáveis — não nego que
estou me sentindo uma princesa de verdade.
Deixar os três homens embasbacados quando saí do quarto toda
pronta não foi nada ruim também. E agora estamos aqui, na limousine que
Oliver alugou para irmos até o baile de 70 anos da rede Wish.
Impressionante o império que sua família conseguiu construir a partir de
uma simples pousada.
Eu, que obviamente nunca tinha entrado em uma limousine, não
consigo parar de olhar para todos os lados em admiração enquanto
deslizamos pela cidade e de beber o delicioso champanhe que me serviram.
— Está nervosa, baby? — pergunta Liam, colocando a mão sobre
minha coxa e fazendo com que eu pare o movimento frenético que estava
fazendo. Não sou eu que controlo essas reações, é a minha velha amiga
Ansy. Dou um meio sorriso constrangido para ele.
— Um pouco, não posso negar. Não faço ideia do que esperar e a
ansiedade está roendo minha perna — confesso e ele me dá uma risadinha
compreensiva.
— Você vai desfilar maravilhosa desse jeito nos braços de Oliver, e
ele vai te apresentar a basicamente todo mundo. Haverão alguns homens
sem noção que ficarão olhando para seus peitos, algumas velhas ricas e
metidas que vão julgar cada movimento seu, e 99% das pessoas serão
curiosas ou intrometidas demais, mas minha dica é: dê um meio sorriso, um
levantar de sobrancelhas e tome um gole de champanhe. Assim não precisa
responder nada que não queira, e as pessoas irão te classificar como
“misteriosa”.
— Não sei se saber de tudo isso me deixou mais ou menos nervosa —
admito, franzindo as sobrancelhas.
— Mas se alguém te incomodar de verdade, basta nos avisar, ok? —
ajuda Blake de seu lugar à minha frente.
Concordo, e tento desviar meu foco de atenção. Volto a reparar em
como os três ficaram gostosos vestindo paletó completo e gravatas
borboleta estranhamente sedutoras. Me dá vontade de tirar com os dentes.
Essa linha de pensamento me distrai e seco Blake de cima a baixo sem
receio.
— Pare de me olhar assim se quiser sair desse carro ainda toda
arrumadinha, princesa — avisa, e eu me arrepio um pouquinho com sua voz
grossa. Passo a língua nos lábios enquanto encontro seus olhos e ganho um
som parecido com um rugido saindo do peito dele — Você é uma tentação
ambulante e eu vou rasgar esse vestido quando chegarmos em casa.
Dou risada enquanto um calorzinho gostoso se espalha pela minha
barriga.
— Entre na fila, amor — diz Liam, debochado. Blake volta os olhos
profundos para o ele.
— Posso começar com sua camisa também, não tem problema —
afirma Blake, e Liam sustenta um sorriso de safado ainda maior.
— Parem com isso antes que a gente chegue na festa com
semiereções! — intercede Oliver, e o vejo se ajustar dentro da calça. Me
contenho para não rir e decido olhar para fora. Quando vejo a imensa
fachada do hotel, com o nome Wish todo iluminado, meu queixo vai no
chão.
— Cacete, esse é o seu hotel?
— Um deles, sim. Um dos mais bonitos, na minha opinião. Acho que
só perde para o de Vegas e o de Miami — reflete Oliver, enquanto o carro
se aproxima da porta de entrada.
— Um, de quantos? — pergunto, me arrependendo de não ter
pesquisado sobre a vida dele antes.
— Trinta e dois no total, espalhados pelo país. Outros três estão em
construção — conta, com um subir de ombros como se fosse algo banal.
Acho que vou hiperventilar.
Foi bom eu não ter pesquisado antes, ou realmente teria tido uma dor
de barriga de tanto nervoso.
— Nada disso, respire e olhe pra mim, isso. Você está maravilhosa e
será bem tranquilo, ok? Prometo — reafirma ele, e tenho que respirar fundo
várias vezes enquanto foco em seus olhos azuis para me acalmar.
O carro para e um funcionário abre a porta. Liam me faz um carinho
na mão antes de ser o primeiro a descer. Blake murmura “Vai ficar tudo
bem” antes de fazer o mesmo.
— Pronta? — pergunta Oliver, atencioso como sempre.
— Não. Mas vamos lá — digo e ele sorri antes de descer do carro.
Deslizo pelo banco até estar ao lado da porta e observo que Oliver
substituiu o funcionário e está parado do lado de fora estendendo a mão
para mim. Pego-a em apoio, tanto moral quanto para não tropeçar nesse
vestido.
Há câmeras e flashes saindo por todos os lados e passo a agir no
automático. Oliver me conduz pelo tapete vermelho da entrada, parando de
vez em quando para posarmos para alguma câmera. Sorrio por instinto em
todas essas paradas, rezando para não ter nada no dente, nem que meus
olhos estejam esbugalhados de medo.
Volto a respirar normalmente só quando já estamos dentro do salão de
festas suntuoso, decorado com flores brancas e amarelas, e infinitos
detalhes em metal dourado reluzente. Se algo disso aqui for ouro eu vou
desmaiar.
— Beba, querida — pede Ollie, me entregando uma taça de
champanhe e pegando uma pra si mesmo. O líquido gelado desce
maravilhosamente por minha garganta que nem percebi o quanto estava
seca — Melhor?
— Sim. Um pouco.
— Então venha, vamos cumprimentar meus pais e depois fazer uma
pequena peregrinação cumprimentando as pessoas — diz ele, voltando a
colocar a mão em minha cintura para guiar o caminho.
— Mantenha o álcool vindo — é tudo que digo antes de embarcar
nesse mundo deles por completo.

Esse lugar é lindo, as pessoas são lindas e usam roupas e acessórios


de marcas que nem conheço, o jantar é uma delícia e a bebida nem se fala,
mas depois de um tempo, pareço estar repetindo sempre as mesmas
interações com as pessoas. A maioria me olha com curiosidade, tentando
entender meu relacionamento com Oliver e se sou alguém importante com
quem eles deveriam tentar se familiarizar, mas quando percebem que não,
rapidamente focam só em conversar com Oliver mesmo.
Não tenho tempo de conversar com Blake e Liam, e sinto falta da
companhia deles, mas sei que estão ocupados andando pelo salão, também
fazendo contatos importantes. Sigo-os com o olhar com frequência, apesar
de tentar me controlar sempre que me lembro.
Oliver não é tão diferente aqui com as pessoas do que é em casa. Ele
só é mais sério e ostenta uma pose um pouco metida, reconheço, mas não
deixa de ser gentil com ninguém, e parece conhecer todo mundo e ainda se
lembrar de perguntar sobre seus familiares. Fico impressionada.
Meu único alívio da noite foi Serena, que nos acompanhou pela maior
parte do tempo, e às vezes sussurrava no meu ouvido fofocas sobre as
pessoas da festa. Tinha até uma envolvendo o prefeito!
Quando Oliver e Serena sobem no palco para discursarem sobre os 70
anos da empresa, passo o tempo todo olhando para ele admirada. Homens
que passam confiança e falam bem parecem ficar até mais gostosos, né?
Entretanto, os próximos 50 minutos de discursos de sócios, gerentes e
familiares de Oliver me fazem querer cochilar em algum cantinho. Meus
pés doem de andar por aí e passar horas em pé, e ainda bem que substituí o
champanhe por água há um tempo atrás ou o álcool realmente teria me feito
fechar os olhos aqui nessa mesa de jantar.
Quando os discursos e homenagens enfim acabam, a banda assume o
palco e uma pista de dança é aberta. Não demora para que Oliver apareça ao
meu lado, me estendendo a mão.
— Será que posso tirar a mulher mais bonita desse lugar para dançar?
— pergunta ele, charmoso. Bato meus cílios pra ele, como vi várias das
moças aqui fazendo enquanto tentavam chamar sua atenção.
— Se depois você me levar até aquela mesa de doces do outro lado do
salão, pode fazer o que quiser — digo e seguro sua mão enquanto me
levanto. Oliver me lança um sorriso antes de aproximar a boca da minha
orelha para sussurrar:
— O que eu queria de verdade seria levar você, Liam e Blake daqui, e
poder foder você enquanto algum deles me come também.
Arfo e sinto que ruborizo de leve, contendo a vontade de cruzar as
pernas.
— Agora vou precisar que isso vire realidade mais tarde, querido —
devolvo a provocação, e Oliver me dá uma piscadinha e um selinho rápido
antes de me arrastar até a pista de dança.
A banda não toca nada que seja para sair rebolando, o que é uma
pena, porque aprendi várias coisas nas aulas de fit dance, mas me contento
em passar meus braços sobre o pescoço de Oliver e balançar com ele para lá
e pra cá ao som de uma baladinha das antigas.
— E então, o que está achando da festa? — pergunta ele.
— É muito bonita e muito chique. Impressionante tudo que vocês
construíram.
— Mas… — questiona, me olhando de perto. Solto um suspiro.
— Mas… confesso que é um pouco massante, todas essas pessoas, as
conversinhas sem futuro, os olhares de julgamento e etc. Fora que sinto
falta de Liam e Blake.
— É exatamente isso. As conversas jogadas fora eu estou
acostumado, mas a pior parte é não poder ficar muito perto deles. Não
poder tocar, abraçar, trocar olhares demorados… Eu também odeio. E ainda
tenho que aturar aquilo — diz, indicando a cabeça para a esquerda e eu sigo
seu olhar, encontrando com Liam dançando com uma garota loira de corpo
violão e muito bonita. Ele ri de algo que ela diz, e algo dentro de mim se
aperta. Torço para ser dor de barriga e não um ciúmes sem sentido.
— Achei que, por vocês terem um relacionamento aberto, não
sentissem ciúmes — comento, e Oliver balança a cabeça em negativa.
— É aberto, mas gostamos mais de compartilhar, do que se dividir,
sabe? Já aconteceu algumas vezes, mas não sou tão bom em controlar o
incômodo. Nenhum de nós é 100% imune a sentir ciúmes às vezes.
Principalmente porque aquela mulher é amiga da família dele e está no topo
da lista de pretendentes que o pai dele quer empurrar para o Liam.
Arregalo os olhos, mas não encontro o que dizer, então Oliver
continua.
— E aquele ali — diz, me girando até estarmos na direção de onde
Blake conversa com um ruivo magro e alto — É o gerente de marketing da
Wolf, e só falta tentar morder o B toda vez que pode.
Estreito os olhos para o homem, também detestando o fato que ele
toca o braço de Blake a cada 10 palavras. Acho que até bufo um pouquinho,
porque Oliver solta uma risadinha de entendimento.
As próximas 5 músicas que dançamos são a mais pura tortura. Nem
eu nem Oliver conseguimos evitar buscar por eles com os olhos o tempo
todo. Dançando com outras pessoas, rindo com outras pessoas que não nós.
Eles nos encaram de volta de vez em quando também, e vejo em seus olhos
que nada disso é confortável pra eles.
Chego no meu limite da noite quando uma menina finge tropeçar para
ir parar a centímetros da boca de Blake. Ranjo os dentes enquanto Oliver
aperta as mãos em minha cintura, também tentando conter a raiva. Paro de
dançar e o seguro pela mão.
— Está na hora daqueles doces que me prometeu. E depois, vamos
pegar nossos homens e ir pra casa — afirmo categoricamente, e saio
arrastando Oliver pelo salão, que não protesta nenhum pouco com o plano.
Não me assa se não vai comer
Jasmine
Dizer que eu estava ansiosa naquela manhã de sábado seria o
eufemismo do século. Blake me disse durante o café da manhã que essa
noite poderíamos ir ao clube Hathor, se eu quisesse. Se eu quisesse! Por
favor, estou imaginando tudo sobre esse clube desde a primeira vez em que
ele foi mencionado, é lógico que eu quero ir, e deixei isso claro o mais
rápido possível, quase cuspindo meu café e fazendo os três gargalharem.
Porém, a missão de controlar meu nervosismo até às 22h da noite,
horário que eles me disseram que iriamos, não seria nada fácil. Por sorte,
Liam teve a excelente ideia de irmos todos para a piscina da cobertura.
Animada, corro para colocar um dos biquínis que comprei durante aquela
farra de compras com Liam. Pego minha toalha, calço os chinelos e sigo
para as escadas que levam até a área da piscina.
O espaço é privativo para eles e lindíssimo: todo cercado por vidro,
com um teto que você pode abrir quando tem sol, ou manter fechado e
climatizado para dias frios como hoje. Há um pequeno jardim, área de
churrasqueira, espreguiçadeiras e algumas mesas, além, claro, da piscina
aquecida, que tem uma área redonda de hidromassagem embutida a ela.
Blake, Liam e Oliver já estão por lá, Liam sentado na borda, com Blake em
pé dentro da água, mas entre as pernas do primeiro, que faz massagem nos
ombros tatuados do namorado. Enquanto isso, Oliver está relaxando nos
jatos de água. Tão lindos que eu tenho vontade de ser as gotinhas de água
que escorrem por seus ombros. Eles me secam de volta sem vergonha
nenhuma, e Oliver faz um gesto com a mão para indicar que eu dê uma
voltinha. Não afirmo nem nego que dou uma reboladinha extra ao fazer
isso, e ganho assobios de aprovação dos três.
— Entre aqui logo, sua tentação ambulante — pede Oliver, e sorrio
pra ele antes de deixar minhas coisas em uma cadeira e caminhar até a
escada da piscina. Coloco um pé na água para testar e está deliciosamente
quentinha. Não hesito nem mais um segundo antes de me jogar dentro
d'água.
Quando volto à superfície, Blake está logo à minha frente e passa uma
mão por minha cintura antes de capturar minha boca com agilidade. Me
perco em seu beijo durante alguns instantes, mas antecipo sua intenção de
pegar minha bunda para me grudar contra ele, então bato em seus ombros e
solto nossas bocas.
— Nem começa, eu tenho que guardar energia para noite — afirmo,
mesmo que vá contra todos os meus instintos não tentar me esfregar nele
em qualquer oportunidade. Blake me lança um sorriso malicioso.
— Você pretende aproveitar essa noite ao máximo, princesa? —
questiona o moreno, e Liam logo está parado ao lado dele, apoiando um
braço em seus ombros e também me olhando com desejo. Oliver também já
deixou seu lugar na hidromassagem e se aproxima.
— É óbvio. Vou querer a experiência completa — o sorriso dos dois
se alarga e sinto Oliver se posicionar às minhas costas, passando uma mão
pela minha barriga e grudando nossos corpos. Tremo levemente com o
contato.
— Experiência completa, querida? Conte pra gente o que você vai
querer experimentar no Hathor — pergunta Ollie, dando um beijo no meu
ombro.
— Eu… não sei. Vou descobrir quando chegar lá e ver tudo —
respondo, sentindo meu corpo esquentar só de imaginar. Oliver me dá mais
um beijo, agora na nuca.
— E que tal experimentarmos hoje essa sua bunda linda? — sugere
Blake, me fazendo arregalar um pouco os olhos. Não que seja uma grande
surpresa, faz tempo que estou curiosa com anal e os tenho deixado brincar
com dedos e plugs pequenos por lá também. desde aquela primeira vez com
Blake.
— P-pode ser — gaguejo um pouco para responder. Não é todo dia
que a gente se prepara para perder uma virgindade, né. Só se tem duas, no
fim das contas.
Liam e Blake sustentam os sorrisos predatórios e as pupilas dilatadas
de desejo. A ereção de Oliver está completamente pressionada contra minha
bunda, e ele passa o nariz pelo meu pescoço enquanto fala.
— Você vai querer um de nós em cada lado, querida? — pergunta ele.
Porra.
Sim.
Só percebo que disse isso em voz alta quando os três dão risada.
Blake segura meu queixo, me fazendo focar em seus olhos.
— Então nós faremos exatamente isso, mas até lá, você vai precisar
ser preparada, princesa.
— Me preparar? Como?
— A primeira vez será menos dolorosa se você for se acostumando
com a invasão aos poucos — explica ele — Quando sairmos dessa piscina,
nós vamos lá para o quarto, onde vamos te fazer gozar e depois colocar um
plug em você. Várias vezes durante o dia, vamos repetir esse processo,
aumentando o tamanho do plug a cada vez.
Arfo diante da perspectiva de tudo isso.
— Vamos transar durante o dia todo, e ainda mais vezes à noite? Isso
é energia pra caramba — questiono, meio espantada. Blake balança a
cabeça negativamente, e rouba um selinho antes de explicar:
— Nós não vamos transar. Vamos fazer você gozar, seja com os
dedos, a boca ou um vibrador, porque isso vai te ajudar a relaxar. Nós
ficaremos com um terrível caso de bolas azuis até de noite, mas vai valer a
pena — afirma, e me dá mais um beijinho antes de me soltar e se afastar.
Liam assume o lugar à minha frente, se abaixando até que eu sinta sua
respiração no meu rosto.
— Vai valer a pena pra caralho — confirma, e fico hipnotizada por
ele. Meu ventre se aperta de expectativa pelo beijo dele, mas Liam então me
dá um sorriso cafajeste e desvia da minha boca, se erguendo até alcançar a
boca de Oliver ao invés disso. Meu queixo cai com a ousadia desse homem,
mas não chego a ficar brava pela quebra de expectativa, porque vê-los
juntos já me deixaria naturalmente com as pernas bambas. Ser prensada
pelos dois corpos enquanto eles se beijam? Me chame de recheio e me deixe
nesse sanduíche para sempre!
Leva alguns segundos para que o beijo termine, mas é mais do que
suficiente para meu corpo chegar a ponto de ebulição. Quando estou
justamente pensando em me esfregar desavergonhosamente nos dois, eles se
separam e se afastam de mim. Oliver mergulha de imediato, nadando até
parar na outra borda da piscina. Liam me lança uma piscadinha.
— É um jogo de esquenta e esfria, baby. Não se preocupe, você vai
gostar — diz, e também mergulha de cabeça.
Droga. Não sei se essa água é gelada o suficiente para me esfriar.

O restante do dia foi o inferno e o paraíso ao mesmo tempo. Depois


de passarmos algumas horas na piscina, brincando de vôlei, guerra de água
ou apenas relaxando na hidromassagem, nós descemos para o quarto e eles
rapidamente começaram a cumprir suas promessas. Liam me colocou
sentada completamente nua em seu colo, virada para a frente, e me fez abrir
as pernas para que Blake me chupasse com gana. Gozei em sua boca
enquanto Liam segurava meu cabelo e lambia meu pescoço e Oliver
beliscava meus seios. Depois do orgasmo tremendo, o primeiro plug foi
bem lubrificado e entrou com facilidade, pois eu já havia o usado antes.
No meio da tarde, Oliver se sentou no sofá e me fez subir em seu
colo, um joelho em cada lado de sua cintura e os seios ao alcance de sua
boca enquanto ele me torturava com um vibrador pequeno e potente contra
o clitóris. O plug de metal, um pouco maior agora, foi colocado por Blake
segundos antes de eu ver estrelas. A sensação de apertar lá atrás com força
foi diferente e muito, muito boa.
A esse ponto eu só queria desesperadamente que eles me comessem.
Só um pouquinho, o que custava? Gozar assim era bom, mas não era nada
comparado com quando eu os tinha dentro de mim. Porém, os três foram
irredutíveis e seguiram com o esquenta e esfria. Não fazia ideia de como
estavam aguentando as ereções frustradas.
A terceira vez foi no começo da noite, fomos tomar banho e Liam
introduziu o plug maior, esse doeu um pouquinho, mas esqueci disso bem
rápido enquanto 3 pares de mãos me tocavam por todos os lugares. Gritei
alto quando gozei com o plug e 2 dedos de cada um deles dentro da minha
boceta.
Três orgasmos. Três orgasmos antes mesmo de chegarmos ao clube de
sexo!
Acho que vou precisar de um energético.
Hathor é a deusa do amor e da sexualidade e com
certeza merece o título
Jasmine
Liguei para Serena um pouco antes de vir, porque queria ter uma
noção melhor do que esperar, do ponto de vista feminino. Ela me contou
algo bem parecido com o que os meninos já tinham me dito, mas também
me aconselhou a: não usar lingerie, porque só vai se perder por lá; trançar o
cabelo, para ele não se transformar numa juba cheia de nós; usar saltos
baixos e confortáveis, além de não usar maquiagem.
— Você vai suar e a coisa inteira vai derreter da sua cara. Fora que
mancha todos ao redor. Passe um batom se quiser e só. Fora que você vai
usar máscara, e essa desgraça também esquenta demais — explica ela pelo
telefone, e faz muito sentido.
— Perfeito. Obrigada pelas dicas.
— Não é nada. Divirta-se — agradeço outra vez e estava prestes a
desligar quando ela dá um gritinho — Hei! Você vai querer ficar com outras
pessoas lá?
— Hã… não. Três já tá mais do que suficiente, né? — solto, mas fico
imediatamente constrangida. Estou falando com a irmã de um deles! Mas
Serena apenas dá risada do outro lado.
— De fato. Mas então não esqueça de colocar a pulseira de
comprometida, para não receber toques indesejados, ok?
— Certo. Pode deixar.
— E faça esses três usarem também.
— Ah, eles vão. Não há a menor dúvida! — digo, categórica, fazendo
Serena gargalhar. Não tenho qualquer interesse em ver outras mãos
passando por eles.
— Ai garota, você estar colocando esses três na coleira é certamente o
acontecimento do ano. Vai lá e arrasa. Beijo.
— Beijo — desligo, e corro para me arrumar.
Estou usando um vestido preto justo e simples, mas que acentua bem
minhas curvas e me sinto gostosa com ele. Uso um salto quadrado
confortável, mas sem deixar de ser bonito, e fiz uma trança embutida no
meu cabelo. Não uso outros acessórios além de pulseiras metálicas lilases.
A máscara preta está na minha bolsa e colocarei depois que passarmos pelo
bar. Blake, Liam e Oliver usam roupas idênticas: calça social e camisa
pretas, sem gravata e com os primeiros botões abertos.
Enquanto entramos pelas portas ornamentadas do Bastet, nome do bar
que serve como a fachada do clube, não consigo parar de olhar para todos
os lados, registrando todos os detalhes. É um lugar suntuoso e chique. As
luzes são baixas, as mesas são todas pretas com detalhes em dourado e há
pinturas da deusa Bastet em suas várias representações estampadas nas
paredes. O balcão do bar é todo em pedra preta e lisa e a parede atrás dele é
constituída por uma estante de bebidas que vai até o teto, com iluminação
embutida, o que dá um efeito incrível. Há pessoas bem vestidas e bonitas
por todos os lados. Algumas nos banquinhos do bar, algumas nas mesas, e
há garçons fazendo ou servindo drinks o tempo todo.
Nos aproximamos do bar e um garçom rapidamente se aproxima e me
entrega um cardápio.
— Seja bem vinda ao Bastet. O que posso servir para a senhorita
hoje? — pergunta o homem de quase dois metros, pele preta e olhos escuros
intensos. Céus, é muita gente linda por metro quadrado.
Não preciso olhar o cardápio, Oliver já havia me instruído sobre o que
pedir. Poderíamos ter seguido direto para o clube, já que eles são sócios
daqui há muito tempo, mas qual seria a graça disso? Avisei que queria a
experiência completa.
— Vamos querer o Sol de Hathor — digo, e o garçom imediatamente
abre um sorriso e me lança uma piscadinha. A mão de Blake, que estava só
em minhas costas, se aperta ao redor da minha cintura e me puxa para mais
perto dele. Engulo uma risadinha e a vontade de dizer “Tá vendo? Foi assim
que me senti naquela festa, com todos dando em cima de vocês!”
O garçom finalmente desvia a atenção de mim para olhar meus
acompanhantes.
— Sol de Hathor para todos?
— Sim — é Oliver quem responde, seco, e o homem apenas acena em
concordância.
— Queiram me seguir até sua mesa, então — pede, e se encaminha
para fora do balcão do bar. Nós o seguimos, passando por uma porta pintada
com um enorme gato preto com colares dourados. Passamos por um
pequeno corredor e depois uma escada, por onde descemos. Tudo possui
uma iluminação parcial, apenas o suficiente para que ninguém tropece. São
apenas dois lances de escada até estarmos parados em outra porta. Nessa, há
uma pintura toda dourada da deusa Hathor, em sua versão mais bonita: com
as asas e o cetro.
— Fiquem à vontade, atrás dessa porta haverá mais pessoas para
guiá-los pelo clube. Divirtam-se — diz o garçom, e logo pega o caminho de
volta.
Liam tem a cortesia de esperar que o homem esteja nas escadas antes
de se virar para mim e dizer baixinho:
— Ah, o bonitão não vai se convidar para te guiar por todos os
espaços do clube? Que triste — debocha, e controlo uma risada para poder
provocar mais.
— Uma pena, realmente. Mas acho que ainda posso chamá-lo, não?
Ganho um grunhido de Blake, um silvo de Oliver e Liam estreita os
olhos, se aproximando mais de mim e passando o dedão por meus lábios.
— Ninguém vai te tocar além da gente, baby. Vamos passar por
aquelas portas e eles vão poder olhar o quanto quiserem. Vou adorar que
eles vejam como te fazemos delirar. Mas tocar? Nem em sonhos — afirma
sério, e não resisto a morder seu dedo e lhe devolver uma piscadinha
provocativa.
Liam chia e se afasta.
— Vamos logo, mulher infernal. Eu não aguento mais me controlar
perto de vocês.
Dou risada, e eles finalmente empurram a porta para passarmos.
Eu meio que esperava já dar de cara com pessoas transando bem ali?
Sim, mas tenho que me contentar em avistar o saguão primeiro.
O chão é de um mármore preto e as paredes e o teto parecem ser
cobertos por tecidos da mesma cor. Há um balcão vermelho à direita,
ocupado por uma mulher loira bonita. Mais a frente, há outros dois
conjuntos de portas, guardados por um segurança.
— Bem-vindos ao Hathor. Já estava mesmo sentindo falta de vocês
— cumprimenta a loira. A plaquinha de identificação em sua blusa informa
que seu nome é Carol.
— Boa noite, Carol. Passamos um bom tempo viajando, mas também
sentimos falta — Blake responde gentil e Carol sorri — Jasmine entrará
como nossa convidada. Só ficará conosco, então não há necessidade de
passar pelos outros procedimentos, ok?
— Certo, Sr. Wolf. E quais pulseiras vão usar hoje?
— Basta a vermelha e a amarela para todos dessa vez — informa, e
ela se afasta para pegá-las no armário a suas costas. Aproveito para
sussurrar para Oliver:
— O que significam essas?
— Vermelho para comprometido. Amarelo para: ‘ver, mas não tocar’
— explica ele.
— Perfeito — respondo, e Oliver me lança um sorriso de
entendimento.
Carol volta com todas as pulseiras e estendemos os braços para que
ela coloque. Entregamos a ela nossos pertences, como bolsas, celulares e
carteiras, restando só as máscaras, que finalmente colocamos.
Caramba, porque eles ficaram automaticamente mais sensuais só de
colocarem uma máscara preta comum? Deve ser a aura que isso emana, de
algo secreto e proibido. O proibido é sempre mais gostoso, não tem jeito.
— Prontinho, e seu cartão de consumação já está configurado para
também abrir o quarto que reservou, Sr. Wolf— diz Carol, entregando o
cartão vermelho a Blake, que o guarda no bolso. Fico curiosíssima para
saber o que teremos nesse quarto.
O segurança abre as portas e enfim entramos no clube de fato. Essa
área tem uma estética parecida com o Bastet, mas além de preto e dourado,
também temos vários elementos em vermelho. O bar em si é pequeno, e fica
no canto esquerdo. Já que aqui há uma limitação de bebidas, faz sentido que
seja menor. Há mais mesas e também sofás, todos ao redor de um palco
comprido, por onde há três mulheres fazendo uma coreografia complexa e
bonita enquanto estão penduradas em tecidos no teto.
Aqui é bem menos lotado, não deve ter mais de 20 pessoas sentadas
assistindo ao show, e mais umas três no balcão do bar. À direita, há
seguranças parados na entrada de três corredores, e cada corredor possui
uma placa de identificação logo acima do arco da passagem: Escuridão,
Visão, Imaginação. Imagino que sejam as Salas escuras, salão de
voyeurismo e quartos customizados conforme você desejar.
Absorvo todos os detalhes, fascinada por completo. Mal me mexi
desde que entramos. Os meninos não me apressam, mas quando finalmente
paro de olhar ao redor e volto o foco para os três, Oliver pergunta:
— E então, querida. O que vai querer experimentar primeiro?
— Escuridão — respondo de pronto, e sou presenteada com os três
sorrisos predatórios.
— Ótima escolha. Vamos — confirma Oliver, e pousa a mão sob
minhas costas para me guiar até o corredor, com Blake e Liam nos seguindo
de perto.
Andamos poucos passos até chegarmos a outra porta, onde há mais
um segurança. O homem, que mais parece uma geladeira frost free duas
portas de tão grande, nos informa sobre as regras: homens devem colocar
camisinhas já na antessala, antes de entrar na escuridão completa; e
devemos prestar atenção às cores das pulseiras e não tocarmos em ninguém
que não deseja. Há um guia das cores grudado na porta, e apenas passo os
olhos pela lista, porque não tenho mesmo a intenção de tocar em outras
pessoas.
— Como estão com pulseiras de comprometimento, aconselho a
entrarem de mãos dadas, ou vão se perder um dos outros — informa, e
assinto em concordância — Há câmeras de visão noturna por todos os
pontos, e uma equipe monitora o tempo todo, para evitar quaisquer
problemas. Alguma dúvida?
— Não, obrigada — digo, verdadeiramente impressionada com todo o
esquema para proteger os clientes. Ele então abre a porta e passamos para a
antessala, onde podemos optar por ficar completamente nus, e parece ser o
mais prático mesmo. Tiramos toda a roupa e a deixamos com o funcionário.
Se eu passei um tempinho admirando os paus dos meus homens enquanto
eles se tocavam até estarem duros para poderem colocar as camisinhas?
Talvez.
Liam me flagrou uma vez e me deu seu melhor olhar sacana.
Antes de entrarmos, Blake me puxa pela cintura e sussurra em meu
ouvido:
— Já sabe, não é princesa? Quando entrarmos ali, você vai fazer o
que mandarmos, e vai gostar muito disso.
O frio na minha barriga pela ansiedade é imediatamente substituído
por calor.
— Sim — sussurro de volta.
— Perfeita. Nossa safada favorita — finaliza, dando uma mordida
leve no lóbulo da minha orelha, me fazendo arrepiar.
Depois de prontos, damos as mãos e, passamos por uma série de
cortinas de fitas de tecido preto, ficando mais escuro a cada passagem, até
atingirmos o breu total. Sei que chegamos à sala, mas não enxergo quase
nada, só as pulseiras brilhantes e uma pequena seta ao longe que deve
indicar a saída. Entretanto, sou consumida pelos sons. Gemidos, gritos,
arquejos, batidas ritmadas. Minha nossa. Sou puxada pela mão por mais
uma dezena de passos, até que paramos, e então sinto tudo. As mãos deles
estão em todos os lugares. Sei que é Blake que está me beijando, pois cada
um tem uma forma inconfundível de beijar, mas as mãos subindo por
minhas pernas e outras apalpando meus seios? Sei que são eles, mas não ter
a certeza a quem pertence, é excitante pra cacete. Somado aos sons de
prazer e ao fato de que estamos cercados de pessoas transando bem ali do
lado, sem ver seus rostos, saber nomes ou conseguir saber com exatidão o
que estão fazendo? Puta merda. É uma sensação inexplicável de algo
proibido e gostoso.
Tento tocar neles em qualquer lugar que alcanço, fincando as unhas
em seus braços, ombros ou pescoço.
Gemo longamente quando uma boca toma meu seio. Uma mão se
enrola em minha trança e puxa minha cabeça para trás, liberando meu
pescoço, que é atacado por lambidas e chupões. Há uma ereção pressionada
contra minha coxa, e seu dono é quem percorre a mão até minha boceta e
provoca o clitóris devagar.
— Nossa cadela está sempre tão molhada — reconheço a voz de
Liam, rouca e profunda — Eu poderia me afundar em você bem aqui e
agora, que estaria pronta, não é, baby?
— Faça. Preciso que me coma agora mesmo — respondo de pronto,
porque é verdade. O joguinho da tarde me deixou desesperada por mais.
Liam ri gostoso contra minha orelha.
— Ah, minha putinha perfeita. Você pediu, então você vai ter —
responde ele, o que é seguido por uma série de manobras de todos por meu
corpo. Por fim, sou pressionada contra um tronco quente, que ostenta uma
ereção potente contra minha bunda enquanto levanta minha perna esquerda,
me abrindo toda. Liam invade minha boca ao mesmo tempo que seu pau me
preenche de uma vez. Solto um gritinho, e ele para por apenas alguns
segundos para que eu me acostume, mas aproveita esse tempo para dizer no
meu ouvido:
— É assim que você gosta, Jasmine? Um pau entre as pernas e outro
em sua bunda? — ele começa a se mexer, e me seguro em seus ombros.
— Sim. E ainda falta um — confesso, e três risadas roucas chegam
aos meus ouvidos.
— Mais tarde, princesa. Agora, Liam vai te comer enquanto eu como
o Oliver, aqui bem atrás de você — conta Blake.
Porra, porra, porra. Quase desejo poder realmente ver isso mas, só de
imaginar, já me faz atingir níveis inimagináveis de tesão. Liam volta a se
mexer, com força, enquanto me segura pela cintura, seu pau atingindo
lugares incríveis dentro de mim, além de sua púbis se esfregar
deliciosamente por meu clitóris.
Ouço quando Oliver solta um gemido dolorido, e sei que Blake o está
penetrando. Ele começa devagar, mas suas estocadas em Oliver também
refletem em mim, sarrando o pau do loiro entre as bandas da minha bunda.
Não tenho qualquer chance de durar muito, principalmente quando
Blake e Liam aceleram as estocadas ao mesmo tempo. Os sons, as milhares
de sensações e toques, além da plena noção de que estamos fazendo algo
devasso, intenso e que muita gente nunca vai experimentar, me levam ao
ápice. Grito, me agarrando ainda mais aos ombros de Liam, e ele me
acompanha, gozando logo em seguida.
Quando me recupero um pouquinho, me desencaixo de Liam e Oliver.
Viro e me ajoelho na frente do último. Tiro a camisinha que ele usa, e
coloco seu pau imediatamente na boca. Oliver arqueja, e suas mãos vão
parar no meu cabelo, segurando com força. Relaxo as bochechas e deixo
que ele foda minha boca no mesmo ritmo com que Blake o fode. Não leva
mais do que mais alguns minutos para que se derrame, gemendo alto e
sendo seguido por Blake.
Sorrio satisfeita enquanto me levanto. Isso foi incrível. E eu já quero
experimentar muito mais.
Pode me colocar como sócia vitalícia desse lugar
Jasmine
Depois de sairmos da sala escura e vestirmos nossas roupas, escolhi ir
para o salão de voyeurismo. Era super interessante, para dizer o mínimo.
Um salão oval bem grande, com sofás pretos em praticamente todas as
paredes. Oliver me explica que os sofás pretos são para quem só quer
assistir, neles você pode no máximo se masturbar. E pode pedir algo para
beber também, pois há alguns funcionários circulando o tempo todo.
Já os móveis vermelhos espalhados pelo meio são para os que querem
participar. Há sofás, poltronas e mesas vermelhas em pleno uso. Além
disso, há dois quartos de vidro no meio do salão. Em ambos há camas
grandes, e eles me explicam que as pessoas podem reservar aquele espaço
também, vai da preferência.
Nós nos sentamos nos sofás pretos e peço uma taça de champanhe,
enquanto eles optam por uma dose pequena de uísque com bastante gelo.
Passo bons minutos me recuperando, aliviando a sede e claro,
observando cada canto desse lugar. Há uma mulher ruiva logo à nossa
frente, sentada em uma poltrona enquanto outra está de joelhos, agarrada
em suas coxas e deve estar lambendo com dedicação, pois arranca longos
gemidos da ruiva. Logo ao lado delas, há dois homens e duas mulheres em
um sofá. Elas sobem e descem nos membros deles, mas olham o tempo todo
uma para outra com desejo escorrendo dos olhos. Em um dos quartos de
vidro há quatro homens em um sexo bruto, com direito a muitos tapas. Ver
a bunda super vermelha de um deles me deixa até um pouco corada.
Ridículo ficar corada depois de fazer tudo que já fiz, mas nunca
consigo controlar essa merda.
— E então querida, o que vai querer? Participar aqui, ou realmente só
observar? — pergunta Oliver, com o braço em meus ombros e também
olhando a movimentação.
— Acho que quero ir para o nosso quarto agora — opto, e termino de
beber o champagne em um gole só. Oliver se vira para me encarar.
— Ah, querida, o que vamos fazer com você? — seu tom é de
pergunta retórica, mas respondo mesmo assim.
— Vocês me prometeram muitos orgasmos e vou cobrar cada um
deles.
Oliver ri e Liam quase cospe sua bebida. Blake balança a cabeça
como se dissesse “mulher terrível”, mas apenas ergo os ombros pra eles.
Quem mandou eles me ensinarem o quanto tudo isso podia ser
incrível? Agora eles que lutem.
— Venha, sua garota de língua esperta, vamos para o nosso quarto
para usarmos essa sua boca para muitas coisas — diz Blake, se levantando e
me estendendo a mão, que eu aceito prontamente.

O quarto não tem nada muito mirabolante, mas parece perfeito para
nós. As paredes são cobertas por espelhos, e o teto também. Uma luz
vermelha suave é responsável pela iluminação do lugar, e temos uma cama
bem grande no centro, com lençóis de seda. Há uma grande cômoda de
mogno ao lado da cama, e abro as gavetas — curiosa como sempre —
dando de cara com os mais diversos tipos de produtos que poderíamos usar.
Vibradores de vários tipos e tamanhos, lubrificantes, camisinhas, algemas,
cordas e até mesmo um chicote de couro. Minha coluna se empertiga só de
imaginar usar esse último. Não descarto totalmente a ideia, mas com certeza
não será hoje.
Blake se aproxima e pega várias camisinhas, um vibrador fino e um
dos lubrificantes na gaveta, jogando tudo na cama. Em seguida, ele me puxa
pela mão e me coloca no centro do quarto, rapidamente descendo o zíper do
meu vestido e desfazendo o laço da minha máscara. Tiro os sapatos e, agora
nua, subo na cama, aproveitando para apreciá-los também se despindo.
— O que está fazendo aí tão longe, minha putinha? Quero você aqui
de joelhos — manda Blake, e não demoro a obedecer, saindo da cama e me
ajoelhando no chão, na frente dos três paus, já semi eretos. Nem preciso de
instrução e abocanho Liam, que está bem no meio, enquanto masturbo os
outros dois. Alterno entre chupar e tocar os três, amando os sons de prazer
que provoco, e principalmente o sentimento de poder, de controlar o prazer
de todos eles.
Daí em diante, é pura loucura. Eles me colocam na cama e Oliver me
chupa, enquanto insere um vibrador pequeno no meu cu. Quando gozo
chamando seu nome e já me considero feliz pra caralho, Blake assume o
lugar de Oliver, repetindo todo o processo. E depois mais uma vez com
Liam. Poder nos ver de todos os ângulos devido aos espelhos eleva ainda
mais o nível de luxúria. No terceiro orgasmo, tenho certeza que meus
membros já viraram gelatina, mas Blake me vira até me deixar de quatro no
meio da cama e estapeia minha bunda.
— Empina essa bunda gostosa, e nos diga quem você quer que coma
esse cu primeiro — manda ele, mas solto uma lamúria, me recusando a
escolher.
— Qualquer um, apenas… apenas me comam, por favor — imploro,
pois já perdi a cabeça e sou totalmente controlada pelos anseios do meu
corpo.
Pelo tapa que se segue, sei que é Blake quem se posiciona atrás de
mim. Eu já estava lubrificada por conta do que usaram para inserir o
vibrador, mas sinto quando ele despeja mais, e só depois começa a me
penetrar devagar. Afundo a cabeça no colchão. Blake é bem mais grosso do
que os plugs e vibradores que já usei, mas estou tão relaxada que dói bem
menos do que eu esperava. Entretanto, só volto a respirar normalmente
quando sinto que ele está todo dentro.
— Porra. Caralho. Tão apertada e gostosa! — esbraveja e me segura
pela trança, fazendo com que eu volte a erguer a cabeça e o encare pelo
espelho. Blake sai quase todo, e depois me preenche outra vez, o que me faz
morder o lábio para conter um gemido. Ele sorri diabolicamente — Olha só
como você fica linda assim, uma puta perfeita, perdendo a última
virgindade que restava.
Não respondo, mas deixo um longo som de êxtase escapar, porque ele
encontrou um ritmo delicioso de me penetrar. Blake solta meu cabelo e se
dedica a apertar os dedos em minha bunda com força. Aproveito para virar
a cabeça para o lado e assistir enquanto Liam e Oliver se masturbam para
nós.
Não passamos muito tempo assim, pois Blake logo anuncia:
— Ela está pronta — não sei o que isso significa, mas ele sai por
completo de mim, e me puxa até que eu esteja ajoelhada. Oliver se
aproxima e se deita ao meu lado, mas com as pernas para fora da cama.
Faço menção de esticar a mão para iniciar uma punheta para ele, mas Blake
me impede.
— Não, não, quero que se sente nele, minha safada. Oliver vai comer
essa boceta, enquanto vou encher esse cu ao mesmo tempo. Exatamente
como você queria.
Minha respiração fica ainda mais acelerada enquanto faço o que pede,
passando as pernas por cima de Oliver e deslizando por seu pau, já coberto
com a camisinha. Eu e ele gememos em uníssono. Colo meu peito com o
de Oliver, deixando a posição perfeita para que Blake volte a me penetrar
por trás.
Eu nem ao menos sei como descrever ser preenchida por dois ao
mesmo tempo. É um pouco estranho, por ser a primeira vez, mas é intenso e
bom pra caralho. E quando eles começam a se movimentar dentro de
mim…porra. É insano.
— Era como imaginava, minha gostosa? — pergunta Blake.
— Não. É bem melhor — confesso entre gemidos. Blake e Oliver me
imitam.
— Então se prepare, porque faremos sempre — afirma Blake,
passando a mão lentamente por minha coluna e me fazendo arrepiar.
— Sempre. Gostosa do caralho — reitera Ollie, e depois me beija.
— Cada parte sua é nossa agora, Jasmine. Sua boca, sua boceta e seu
rabo. Só nossa — continua Blake, e deixo as afirmações me atingirem,
deixo o sentimento incrível de fazer parte deles se infiltrar por minha
corrente sanguínea.
— Só de vocês — confirmo, e ganho um sorriso de Oliver, além de
um beijo de Blake nas minhas costas, mas que é logo seguido por um tapa
na bunda.
— Agora rebola nesses paus, princesa. Rebole como uma boa
princesa em seu reino de devassidão — manda, e obedeço tão rápido como
sempre.
Tento olhar para nós pelos espelhos, mas a cada estocada sou atacada
por tantas sensações que é difícil focar. Mas vejo quando Liam se aproxima
de Blake e acaricia suas costas. Quando ele me segura para que eu pare de
me movimentar, sei que é porque precisa de uns instantes para se ajustar ao
pau de Liam o penetrando.
Quando voltamos a nos mexer, encontramos um ritmo perfeito: lento
e com força. Perco a noção do que digo, gemo e grito dentro desse quarto.
Perco a noção de quantas vezes atinjo o orgasmo. Completamente inebriada
pelos toques, pelos sons e pela visão de nós quatro juntos, ao mesmo tempo.
Quando gozo mais uma vez, liberando um squirting que me faz ver o céu,
eles aumentam o ritmo e sei que também estão perto, então faço meu último
pedido:
— Quero que gozem em cima de mim.
Oliver quase ruge contra minha boca, não muito diferente das reações
dos outros.
Nos desencaixamos e sou jogada de costas na cama, logo sendo
cercada pelos três, que se masturbam com pressa. Revezo em me concentrar
nas expressões de prazer de cada um, mas quando gemem alto e começam a
gozar, espalhando porra pelo meu corpo, finalmente fecho os olhos,
sorrindo e completamente satisfeita.
Não recomendo ser pego com as calças abaixadas
Blake
Eu me orgulho de ser um cara organizado e prevenido. Eu sigo uma
agenda meticulosa, então nunca esqueço de uma reunião, nunca perco uma
data comemorativa, nunca chego atrasado nos lugares, e nunca, nunca sou
pego de surpresa, porque meus sistemas de segurança estão por todo lado,
principalmente na minha casa e na empresa, onde tenho uma TV com as
imagens das câmeras para que eu possa observar de vez em quando. E eu
nem sei o que me fez olhar para essa TV justo agora, enquanto Oliver se
afunda na minha bunda e Liam está logo no tapete da minha sala comendo
Jasmine com força.
Meu fim de tarde ter virado uma mini festinha a quatro não estava na
programação, com certeza. Mas depois que acabei dizendo no grupo que
estava morrendo de fome, mas ainda tinha uma pilha de papelada para
resolver e trabalharia até tarde, os três decidiram me fazer uma surpresa,
chegando aqui às seis e meia da tarde munidos de sanduíches, batata frita e
refrigerante que eles compraram no caminho. Confesso que não comi mais
do que algumas batatas antes de atacá-los porque decidi me satisfazer de
outra forma.
E o que com certeza não estava na programação desta quarta-feira é
meu pai estar passando pela portaria do prédio acompanhado de um amigo
dele nesse exato momento.
— Porra, fodeu. Meu pai — exclamo desesperado, pensando no que
fazer primeiro.
— Que? B, eu não tenho essa pira de ‘daddy’ não viu? — pergunta
Oliver, completamente confuso.
— Não, cacete. Meu pai está subindo pra cá, olha ali — digo,
apontando para a TV com as câmeras, onde os dois homens passam agora
pela recepção.
Oliver sai de mim num rompante e os minutos seguintes são de puro
caos. Todos nós estamos xingando baixinho e tentando pegar todas as
roupas espalhadas pela sala, além dos pacotes de comida. Me visto o
melhor que posso, mas não dá nem tempo de colocar a gravata de volta
quando ouço meu pai bater na porta e tentar abrir.
Agradeço a todos os deuses que me lembraram de trancar.
— Só um minuto pai, estou no banheiro — é a única coisa
vergonhosa que consigo pensar enquanto empurro meus namorados pela
porta que dá para o terraço para poder escondê-los.
Corro para o banheiro e dou descarga para disfarçar, e aproveito para
passar uma mão por meu cabelo e alinhá-lo um pouco. Respiro fundo e só
então me encaminho para a porta do escritório e a abro.
— Pai. Sr. Jones. Eu não os esperava por aqui — cumprimento, e
gesticulo para que entrem. Meu pai me dá um tapinha no ombro.
Blake Wolf Junior, mais conhecido apenas por Wolf, é um homem de
65 anos, alto e magro, com cabelos grisalhos cheios que são motivo de
inveja para a maioria dos seus amigos já carecas. O homem que o
acompanha é Jeremy Jones, dono do clube de campo que todas as famílias
ricas dessa região frequentam. Ele me cumprimenta com um aperto de mão
e logo os dois estão sentados na poltronas em frente a minha mesa. Tento
não pensar no que eu estava fazendo naquela mesa há menos de 10 minutos
enquanto a contorno e sento na minha cadeira.
— Ah, eu sei garoto, mas eu estava tomando um café com o Jeremy
aqui por perto, e ele comentou sobre alguns novos negócios que podem
interessá-lo. Imaginei que ainda estivesse trabalhando depois daquela
reunião com os acionistas mais cedo, então arrisquei vir até aqui — diz meu
pai, animado.
— De fato tenho muita coisa para resolver ainda hoje. Mas vamos lá,
sou todo ouvidos.
Jasmine

Enquanto termino de me vestir nas escadas, não consigo afastar a


sensação de me sentir… errada. Um segredo obscuro que precisa ser
escondido tão desesperadamente. Abotoo minha blusa e subo sem encarar
os outros dois, buscando apenas pelo ar puro do lado de fora, numa
tentativa de tentar clarear meus pensamentos.
Me debruço sobre a mureta, outra vez encarando as luzes de Portland
se acendendo conforme a noite desce. Realmente o pôr do sol é lindo daqui,
mas nem a beleza da vista consegue me animar. Não consigo esquecer o
pânico no rosto deles, nem a angústia em meu peito.
Quantas vezes nessa vida vou precisar me esconder? Reprimir quem
eu sou e o que faço, ou ainda, ser escondida da vista de outros como um
segredinho sujo?
Claro, ninguém quer ser pego transando, mas não poderíamos apenas
nos vestir e ficar ali, como pessoas comuns passando tempo juntas? Não é
nenhum crime.
Apesar de continuar olhando para frente, sei que Oliver e Liam
ocupam, cada um, um lugar ao meu lado.
— Você está bem, baby? — pergunta Liam suavemente.
Balanço a cabeça em negativa, mas não tenho coragem de encará-lo.
— Estou, eu só… Não sei como vocês conseguem fazer isso por tanto
tempo. Entendo que sou um só acréscimo temporário, mas não machuca
vocês? Ter sempre que fugir das situações dessa forma?
Liam apoia a cabeça no meu ombro e suspira.
— Sim, machuca. No começo era até divertido, sabe? Tinha algo de
elétrico e instigante em quase ser pego, em se arriscar. Mas quanto mais o
tempo passa, mais isso cansa, e mais magoa não poder demonstrar afeto em
praticamente lugar nenhum. Não poder comemorar uma conquista beijando
as pessoas que amo. Não poder segurar suas mãos nem em um passeio no
parque. É frustrante pra caralho — desabafa Liam.
Oliver alcança uma das minhas mãos com as suas e beija o dorso.
— Acho que isso resume bem: é frustrante para um caralho. E está
nos desgastando — confessa numa voz claramente desanimada.
— Olha, eu sou só uma pessoa de fora e ninguém pediu minha
opinião, mas vou dizer mesmo assim…
— A gente sempre se importa com sua opinião, Jas — interrompe
Oliver, e aperta mais a minha mão. Olho pra ele rapidamente e puxo o ar
com força para dentro dos pulmões antes de continuar.
— O que vocês têm é lindo. Vi desde o momento em que os conheci o
quanto vocês se amam. O quanto cuidam um do outro, o quanto se
protegem. Poxa, vocês tem um amor de anos, e isso é foda pra caramba!
Mas vocês construíram tudo isso sobre um castelo de cartas que não
desmanchou até hoje por um milagre! Sinceramente, não faço ideia de
como as pessoas não percebem assim que os veem num mesmo ambiente o
quanto vocês são sintonizados, o quanto olham um para o outro com muito
mais do que só um olhar de amizade. Vocês se desdobraram até agora, e
funcionou, mas basta um sopro, como o que poderia ter acontecido hoje,
para o castelo inteiro cair — me afasto da grade para poder olhar para os
dois ao mesmo tempo. Eles me encaram de volta com expressões similares
de derrota — E tudo isso pra quê? Por cargos de CEO’s? Por uma validação
de suas famílias? Olha onde eu fui parar em busca de validação familiar. Sei
que vocês amam seus pais, e eles os amam também, mas não dá pra viver o
resto da vida fazendo só o que eles querem e esperam. Vocês precisam lutar
e mostrar para o mundo todo quem realmente são. E fazê-los engolir. E não
tenho nem sombra de dúvida de que vocês conseguem. Se libertem e tirem
esse peso das costas, meus amores.
Liam esfrega as mãos pelo rosto, agoniado. Oliver não está muito
melhor e está paralisado fitando o chão, perdido na própria mente.
— Eu sei que você está certa, mas… — começa Liam, mas
interrompe a si mesmo soltando um palavrão.
— Apenas pensem nisso, ok? Me prometam que vão pensar — peço e
Liam concorda com a cabeça. Oliver finalmente ergue a cabeça outra vez e
me encara, com os olhos vermelhos.
— É basicamente só o que eu penso. O tempo inteiro — confessa ele,
parecendo esgotado.
Abro os braços, e eles entendem o gesto, se aproximando até estarem
me esmagando em um abraço triplo.
— Vai dar tudo certo. No fim vai dar tudo certo — afirmo, e
realmente torço por isso. Torço muito pela felicidade deles. E engulo a
dorzinha dentro do meu peito que também diz: “e você não fará parte de
nada disso”.
Boas notícias para quem?
Jasmine
— Srta. West? Aqui é o Sr. Adams.
— Desculpa, quem? — sou obrigada a perguntar, porque sei que conheço
a voz, mas não consigo ligá-la a um nome
— Adams, o síndico do prédio onde a Srta. mora — responde ele, como
se estivesse profundamente entediado. Uau, como estamos formais. Oliver
realmente deixou esses caras acuados.
— Ah, claro, claro. A que devo a ligação Sr. Adams?
— Seu apartamento ficou pronto, e todas as mobílias afetadas já foram
substituídas pelas mais semelhantes possíveis. O Sr. Williams me pediu para
ligar e informá-la disso.
— Ah, que notícia boa! Voltarei hoje mesmo para casa, obrigada por
avisar.
— Foi um prazer, tenha um bom dia Srta. West — finaliza ele, com um
tom de voz que indica que não foi prazer nenhum, mas não dou a mínima.
Giro na cadeira de escritório de Blake até fitar a janela e o dia bonito lá
fora. Receber essa ligação de que posso me afastar logo depois do péssimo final
de noite de ontem só pode ter sido um sinal. Uma confirmação de que preciso
me afastar antes que eu me envolva demais com esses três.
Ansy dá uma risadinha dentro da minha cabeça, seguido por um “Ih, tarde
demais, fofa”, mas opto por ignorá-la por mais um tempo também.
Respiro fundo e foco só nas coisas práticas que preciso fazer, a começar
por listar tudo para não esquecer. Volto a girar até ficar de frente para a mesa e
pego o bloco de notas e um caneta chique de Blake, e começo a escrever:
1. Ligar para Penélope e verificar o status das encomendas sob
responsabilidade dela.
2. Pedir ao motorista de Liam que deixe algumas caixas na
transportadora para mim. (céus, como vou sentir falta dessa
praticidade)
3. Finalizar o desenho de um moletom customizado para um
casal
4. Fazer o pedido de novas canecas e copos
5. Arrumar minhas malas
6. Arrumar todas as coisas dos gatos, inclusive desmontar a
árvore
7. Tentar não surtar
8. Só avisar os meninos quando eu já estiver em casa, porque se
eu vê-los corro o risco de pedir que eles me deixem ficar com
eles para sempre.
Tudo isso até às cinco da tarde, e já são dez da manhã. Vou precisar
correr.
Por sorte, hoje é dia da Sra. Roberts e da sua filha estarem por aqui. A
filha, Nicole, é uma jovem falante e animada que cuida das tarefas domésticas,
e por quem também me afeiçoei desde a primeira vez que a conheci. Nic acabou
me ajudando a guardar a maior parte das coisas.
Meus pequenos illyrianos não estão nada felizes conosco desmontando e
guardando suas caminhas e brinquedos, e deixam isso claro se escondendo por
aí e planejando ataques às minhas pernas.
Nicole nunca me fez perguntas intrometidas sobre meu relacionamento
com os meninos, mas nessa tarde já a peguei olhando pra mim e contendo os
lábios tantas vezes que bufo e resolvo tirar nós duas dessa agonia.
— Apenas diga o que quer, Nic — ela me olha incerta mais uma vez e tira
o cabelo cacheado do rosto.
— É que eu achei… que você fosse ficar, sabe. Para sempre. Sempre
achei uma graça ver os três juntos, mas com você… não sei, parece ter algo a
mais.
Um tiro doeria menos do que ouvir aquilo. Meu peito dói ainda mais do
que já estava desde que tomei a decisão de ir embora. Disfarço o melhor que
posso, soltando um sorriso triste para Nic.
— Não, combinamos de ser algo passageiro. Foi muito divertido sim, mas
já estou há mais de um mês aqui. Logo eles vão querer partir para uma próxima
aventura e eu vou voltar a minha vida sem grandes emoções. É melhor assim.
Nicole me encara de volta realmente preocupada, mas depois ergue os
ombros, parecendo desistir de se aprofundar no assunto.
— Se você diz. Mas acho que devia conversar com eles primeiro, e não
sair assim, parecendo uma fugitiva.
— Não, não, eu vou conversar com eles, com toda certeza. Preciso
agradecer por tudo. Mas será mais fácil se eu já estiver dentro da zona de
conforto da minha casinha, entende? — explico, e é a mais pura verdade.
Pretendo chegar no meu apartamento e ligar para eles, pedindo que venham
jantar. Farei minha especialidade: lasanha de quatro queijos.
É provável que eu compre também sorvete para comer e chorar depois
que tudo acabar? Com certeza. Mas vai ficar tudo bem. Minha consulta semanal
com a psicóloga é toda sexta.
Nicole me lança um último olhar de pesar antes de voltar a me ajudar a
colocar as roupas na mala.
— Espero que dê tudo certo — deseja ela.
— Eu também Nic, eu também.

São cinco e meia da tarde quando o motorista de Liam termina de me


ajudar a subir com todas as minhas coisas para o apartamento.
Inspeciono a casa rapidamente. Ganhei um sofá novo, assim como um
hack para a TV da sala e um aparador pequeno e charmoso perto da entrada. No
meu quarto, tudo foi substituído: tenho um nova cama box, guarda roupa e
cômoda brancas, além de um tapete azul claro bem bonito. Agradeço
mentalmente a quem quer que tenha escolhido tudo. Não fico encarando o teto
para não pensar outra vez na possibilidade dele despencar na minha cabeça.
Vai ficar tudo bem.
Repita até acreditar.
Coloco minhas malas de qualquer jeito dentro do quarto, e então solto as
ferinhas de sua odiada caixa de transporte. Eles demoram um pouco para ter
coragem de começar a explorar o ambiente e enquanto isso, me dedico a
desencaixotar todas as coisas deles, principalmente a caixinha de areia, porque a
possibilidade de xixi de protesto realmente me assusta.
Meia hora depois, sei que meu tempo acabou. Às seis da tarde eles devem
estar terminando o trabalho e em breve estarão a caminho de casa. Da casa
deles, quero dizer.
Sento no sofá, dobrando as pernas embaixo de mim mesma, e conto até 3
enquanto encaro o grupo de mensagens e tomo coragem para mandar a
mensagem que preparei desde mais cedo.

Não leva mais do que alguns segundos para meu celular explodir de
notificações.
Os três tentam me ligar um em sequência do outro, mas não atendo. Sei
que estão putos, mas tenho certeza de que foi o melhor. Mando um áudio no
chat:
“Parem de surtar, estou indo no mercado comprar os ingredientes da
lasanha que vou preparar. Não vou reclamar se vocês trouxerem algum vinho
dessa adega maravilhosa ai, ok? Quando chegarem, estará tudo pronto e vamos
poder conversar. Beijinhos”
Consegui finalizar sem nem sair com a voz tremida. Venci demais.
Eles continuam me ligando, mas decido deixar o celular no sofá e levanto,
pegando minha bolsa e as chaves. Preciso de algum tempo sozinha com um
cartão de crédito na mão para poder colocar meus pensamentos no lugar, então
parto para o mercado mais próximo do meu prédio.
Quando retorno com os braços cheios de sacolas, há três carros de luxo
parados na minha pacata rua, chamando a atenção de vários vizinhos. Mas o
pior são os três homens de braços cruzados e expressões furiosas bem na
portaria do prédio.
Porque é que eu achei que eles seguiriam minhas instruções e só viriam às
20h, hein?
— Vocês podiam ter trazido logo a Ferrari para terminar de chamar a
atenção do bairro todo — começo, tentando brincar, mas só ganho testas
franzidas.
— Não precisaríamos fazer isso se você não tivesse fugido de casa! —
exclama Blake, com uma cara de quem quer me dar umas palmadas. Droga, vou
sentir uma falta danada até das suas palmadas.
— Não fugi não, só voltei para o meu apartamento, que finalmente ficou
pronto. Esse era o motivo pelo qual eu fui parar na casa de vocês, para começo
de conversa — me defendo, e Oliver esfrega o rosto, frustrado.
— Vamos entrar, não estou afim de discutir aqui fora — pede ele e
concordo com a cabeça. Tento colocar as compras no chão para pegar a chave,
mas eles enfim parecem reparar na quantidade de coisas que carrego e em
segundos tomam todos os pacotes.
Abro o portão e entramos, fazendo a viagem de elevador mais
constrangedora da história, já que eles estão se segurando para não falar nada
ainda. Quando entramos no apartamento, eles não levam nem um segundo para
começarem a reclamar.
— Como você pôde nos deixar assim? — exclama Oliver, enquanto
coloca as compras na minha bancada da cozinha.
— Porque não nos falar nada antes de sair? Porque ir, aliás? Achei que
estivesse gostando de ficar com a gente — pergunta Liam, e todos os
pedacinhos do meu coração doem e querem se jogar nos braços deles e pedir
que nos amem até o coração se curar de novo. Mas é um sonho absurdo, e
apesar do meu coração não saber disso, meu cérebro sabe bem.
— Porque não nos deixou ajudar, pelo menos? Eu teria mandado instalar
um sistema de segurança decente antes de te deixar vir — é a vez de Blake
protestar, também se livrando dos pacotes.
Respiro fundo e me encaminho para a sala, fazendo com que me sigam.
Me sento na poltrona e deixo os três ocuparem todo o sofá.
— Eu já disse, não queria atrapalhar vocês. Recebi a ligação do síndico
de manhã e simplesmente senti que era a hora certa de vir pra casa.
— Atrapalhar? Me poupe, Jasmine. Achei que já tivéssemos passado
desse ponto há muito tempo — replica Oliver, me olhando claramente chateado.
— Foi por causa de ontem a noite? — pergunta Blake, estralando os
dedos, o que aprendi ser um dos seus sinais de nervosismo — Eu sinto muito
mesmo, mas entrei em pânico e…
— Não, não — interrompo-o, negando. Apesar de não ser totalmente
verdade — Olha, eu sabia muito bem no que estava me metendo quando disse
sim para vocês, sabia que vocês precisavam manter o segredo. Mas lembram
também do que combinamos, lá naquele primeiro dia?
— O quê? Do prazo de um mês?
— Isso — confirmo para Liam, mas foco o olhar no chão enquanto
continuo — Na verdade, quatro fins de semana. Eu disse que precisávamos de
um prazo para acabar, porque eu corria o risco de me apegar demais. Eram para
ser só aventuras sexuais e diversão, mas toda essa situação com meu
apartamento nos fez ficar muito mais tempo juntos do que o previsto. Dormi e
acordei com vocês por mais de um mês! E me afeiçoei à vocês, à rotina que
criamos e quando vi… estava apegada. Não adianta negar agora. Mas eu
precisava me distanciar o quanto antes, porque se não, quanto mais demorar,
mais vai me machucar, entendem? — confesso tudo de uma vez e só então
volto a procurar seus rostos.
Suas expressões são um misto de confusão e tristeza. Imagino que o
mesmo que a minha.
Liam é o primeiro a voltar a falar, trocando olhares com seus namorados
antes de se voltar para mim.
— Mas e se… confessarmos que nos apegamos a você também?
— Sim. E se quisermos tentar, sabe, algo de verdade. Com você — apoia
Oliver, seus olhos azuis pedindo direto para os meus, já marejados.
— Não estou nenhum pouco pronto para me afastar de você, princesa —
é a vez de Blake se pronunciar.
Me levanto e beijo calmamente cada um deles, colocando todo o carinho
que consigo. Quando volto para a poltrona, lágrimas silenciosas escorrem pelo
meu rosto porque, uma situação que eu pensei que não poderia ficar pior, ficou.
E muito.
Se eles não sentissem nada por mim de volta, seria muito mais fácil. Seria
mais fácil de superar e esquecer. Mas agora vou ter que partir ainda mais meu
coração, e o deles, por algo que sei que eles não podem mudar.
— Por favor, diga alguma coisa. Está me matando te ver chorar — pede
Oliver, baixinho.
— A verdade é que, no fim, não vai mudar em nada. Porque não há nada
para se tentar. Não posso ser um segredo mais uma vez. Não posso mais ter que
reprimir meus sentimentos e esconder partes de mim mesma. Fiz isso a vida
inteira e não consigo voltar. Nem mesmo por vocês — revelo, e a dor de reação
dos três rostos me acerta em cheio.
Homens são idiotas
Liam
Há instantes na vida que servem para nos fazer despertar. Não sei
dizer em que momento nós acabamos presos e dependentes de uma trama
de mentiras. Em que momento pensamos que colocar uma carreira ou a
aprovação de uma sociedade à frente dos sentimentos era uma boa ideia. A
frente do amor.
Não sei dizer quando foi que fingir que "Nós preferimos assim"
acabou se tornando uma verdade. Uma verdade ridiculamente frágil e
estúpida.
Ninguém prefere se esconder. Ninguém prefere não poder segurar a
mão das pessoas que ama.
Mas de algum jeito, nós conseguimos arrastar essa situação absurda
até aqui. E eu só acordei de verdade quando Jasmine chorou dizendo que
não se esconderia do mundo por nós.
Cheguei em casa destruído. Nada diferente de Oliver e Blake. Eu só
tive força para abraçá-los e chorar, jogados no tapete do hall de entrada.
Acho que eles também chegaram à mesma conclusão, pois pedimos
desculpas um para o outro sem parar.
“Desculpa por esconder que os amo.
Desculpa por todas as vezes que os fiz se esconder, fingir, negar.
Desculpa por todas as vezes que fui obrigado a desviar o olhar do de
vocês, para que as pessoas ao redor não reparassem na intensidade do que
sentimos.
Desculpa por cada vez que os chamei apenas de amigos.
Desculpa se pareceu que amar vocês não era o suficiente.”
Digo tudo isso a eles, e mais um pouco. E recebo o mesmo tratamento
enquanto as lágrimas descem, de alguma forma traiçoeiras e libertadoras ao
mesmo tempo.
Não há dúvidas de que não podemos continuar desse jeito. Não é
justo com a gente mesmo. Porém, acabar com toda essa mentira, sem que
ela acabe conosco, não vai ser fácil. Não vai ser fácil mesmo o que vamos
precisar fazer. Mas desde que eu os tenha do meu lado, sei que de uma
forma ou de outra, vai dar certo.
Vai dar certo. Porque eu nunca perco, e não vou começar agora.
Eu tenho um plano.
Oliver

O plano de Liam tinha duas fases e era bastante mirabolante mas, no


fim das contas, parecia a melhor opção. A primeira fase, claro, era contar
para nossas famílias.
Decidimos que juntos seríamos mais fortes e organizamos um jantar
na casa de Blake para nossos pais e irmãos.
Fiquei responsável pela comida, mas tive ajuda da Sra. Roberts, então
foi tudo muito tranquilo. Naquela noite de domingo, mais de uma semana
depois de Jasmine ter ido embora, nossa casa estava cheia: meus pais e
minha irmã — mas sem minha sobrinha, porque eu temia uma noite
conturbada —, o Sr. Wolf e a mãe de Blake, Grace, além do pai de Liam, Sr.
George Miller.
Depois de colocarmos a conversa em dia e jantarmos, a Sra. Roberts e
Nicole distribuíram taças de champanhe para todos.
— Ora, ora, isso é uma comemoração e eu não estava sabendo, filho?
— pergunta o Sr. Miller para Liam ao meu lado. Vejo Liam lhe lançar um
sorriso contido antes de dizer.
— Pra nós, é sim, pai.
Eu, ele e Blake trocamos um olhar significativo antes de nos
levantarmos, ocupando juntos a ponta da mesa.
— Nós os chamamos aqui para contar algo que foi omitido por tempo
demais. Antes de ouvirem e pensarem em protestar, apenas saibam que nós
amamos muito cada um de vocês, ok? E que esperamos que o amor de
vocês por nós seja igualmente forte.
— Mas é claro, meu filho! Diga logo, estou ficando preocupada —
interrompe minha mãe. Respiro fundo e foco em seus olhos sempre gentis,
quase como se implorando que esse olhar dela de mãe não mude pra mim
depois disso.
— Bom, não há um jeito mais simples de dizer isso do que sendo
direto. Eu, Blake e Liam somos apaixonados uns pelos outros desde… bom,
desde sempre. E nós temos um relacionamento de anos.
A sala fica em silêncio total, enquanto eu seguro as mãos dos dois
homens que amo, pedindo força. Revezo o olhar entre todos, esperando as
reações e quase tendo uma dor de barriga até que minha irmã começa a rir
descontroladamente.
— "Logo depois do jantar" é a aposta vencedora! Sinto muito Wolfs e
Millers, mas a família Pierce levou mais essa — comemora ela, e meus
olhos só faltam sair pelas órbitas quando vejo o pai de Liam e o de Blake
pegarem algumas centenas de dólares da carteira e entregarem para Serena.
— Poxa, meu filho, custava ter sido depois da rodada de charutos e
uísque? Era a minha aposta — reclama o pai de Blake, e acho que meu
namorado está petrificado.
— Que porra está acontecendo? — exclama Liam quase gritando.
— Ah, querido, por favor. Nós somos seus pais e não somos cegos.
Vocês são grudados desde sempre, tem horas que se olham tanto que é
constrangedor ficar por perto — diz minha mãe, tirando sarro, e meu queixo
vai no chão.
— Vocês sempre souberam? — questiono, chocado.
— Claro, garoto. Bom, não desde seeempre. Sabíamos que havia
algo, principalmente ali durante a faculdade. Vocês eram bem menos
discretos do que pensavam. Mas nunca assumiam nada e passavam muito
tempo longe, então escolhemos não nos meter — explica meu pai.
— Isso, e aí quando todos voltaram a morar em Portland e vieram
morar no mesmo prédio… bom, ficamos esperando — continua Grace
Wolf.
— E esperando, e esperando, e esperando mais um pouco! Puta
merda, sabe quantas apostas vocês já estragaram? Toda reunião de família
nós fazíamos as apostas de qual seria o momento escolhido, e nunca
acontecia! — reclama Wolf pai, e o filho finalmente descongela e cai
sentado na cadeira.
— Isso é um mundo paralelo, tenho certeza — diz o moreno tatuado,
olhando confuso para os pais — Vocês sabiam e nunca disseram nada?
Vocês sabiam, e não se importavam?
— Não se importar seria dizer demais né, querido. Foi preciso muitas
consultas na psicóloga, leitura de muitos livros e tudo mais. O primeiro
baque foi quando o flagrei beijando Liam na casa da piscina, quando vocês
tinham uns 17 anos, e depois beijando uma menina no portão da escola. Eu
não sabia se estava brava por você não me contar, por não ser hétero ou por
ser um sem vergonha. — revela Grace, e sou obrigado a dar uma risadinha
nervosa — Não foi fácil, mas você era meu filho e não era você que
precisava se adequar. Era eu. Então fui a psicóloga e procurei orientação, e
trabalhei nisso desde então. Como ela me disse que eu não podia forçar
você para fora do armário, preferi esperar. Seu pai ficou sabendo só quando
vocês voltaram a morar aqui, e foi necessário várias broncas e muita
psicologia também. Conversávamos muito entre nós todos também. E nós
demos muitas dicas ao longo dos anos de que estaríamos com você para
qualquer coisa, não foi? Mas você não enxergava nada além dessa "grande
trama".
— Depois de um tempo, também começamos a forçar a barra, pra ver
se vocês ficavam incomodados até explodirem. Como os infinitos encontros
que arrumei para Liam — confessa o pai dele, rindo — Mas aí Serena me
explicou que além de tudo o relacionamento era aberto e não sei o que, e
que não ia adiantar muito não.
— E porque é que você não parou de me marcar encontros então? —
questiona Liam, indignado.
— Era minha vingança por todos os anos que vinham se escondendo
de nós — responde George, tranquilo e erguendo os ombros para Liam.
Meu namorado esfrega o rosto e balança a cabeça.
— É isso aí. Foi um verdadeiro martírio esperar. E eu ainda não podia
contar que eu sabia que todo mundo sabia! — exclama Serena, depois de
beber todo seu champanhe — Se tivesse completado os 10 anos de
relacionamento oficial, confesso que aí nós íamos fazer um chá revelação
pra vocês. Imagem os fogos e um avião passando com um cartaz: Parabéns,
é um trisal!
Não sou capaz de fazer outra coisa além de rir. Gargalho até minhas
bochechas doerem, e sou seguido por todos da sala, inclusive os meus
amores.
Estou indignado que sofremos por tanto tempo, por nada? Sim. Mas
porra, essa sensação de alívio e alegria é capaz de durar para sempre.
Quando acalmamos as risadas, decido que falta um detalhe
importante.
— Bom, já que estamos aqui. Preciso avisar que, se tudo der certo,
nos tornaremos um quadrisal.
Ganho reviradas de olhos e exclamações similares de "Ah, pelo amor
de Deus" e "Esses jovens ainda vão acabar comigo", mas é minha mãe que
lança a melhor frase:
— Oliver Pierce, se esse adendo não for a Jasmine, eu juro que te
deserdo!
Dou a volta na mesa para abraçar minha mãe enquanto confirmo.
— A própria, mamãe. Ou é Jasmine, ou mais ninguém.
— Foi ela que finalmente fez vocês se mexerem? — pergunta Wolf
pai.
— Sim. Depois que arrumarmos a bagunça das nossas vidas, vamos
buscá-la — afirma Blake, com um sorriso enorme.
— Uma boa garota então. Leve-a lá em casa no próximo jantar de
família — demanda o Sr. Wolf, com o aceno de concordância da esposa.
— Se ela me der netos, está aprovada — reforça George Miller,
fazendo Liam engasgar com a bebida.
— Um passo de cada vez, pai. Um passo de cada vez.
— Se não levar mais 10 anos, beleza. Se não, terei que chutar sua
bunda mesmo, garoto.
As risadas ecoam de novo pela sala, e meu peito transborda de tanto
amor.
Impressione primeiro, choque depois
Blake
A parte 2 do plano era bem mais trabalhosa e difícil. Trabalhosa
porque tivemos que passar três meses fazendo turnos dobrados, apenas para
poder reunir o máximo de benfeitorias e lucros para nossas empresas e
podermos impressionar os acionistas antes de revelarmos nosso
relacionamento à todos. Oliver acelerou a finalização de um dos hotéis na
costa leste e comprou um à beira da falência na Califórnia, para fazer uma
grande reforma. Liam conseguiu a concessão de construção de um novo
shopping em Portland e eu abri dois novos escritórios da Wolf, um deles em
Los Angeles, focado em segurança particular de grandes estrelas. Já
tínhamos conquistado um ator de cinema importante, e havia grandes
expectativas de conseguir outras indicações. O outro escritório era no Vale
do Silício, com foco em inovações para a área de segurança da informação.
Era o jogo mais arriscado de nossas carreiras, mas valia a pena tentar. Por
nossa felicidade, tudo valia a pena. E com o apoio de nossas famílias tudo
se tornou muito mais fácil.
A parte verdadeiramente difícil foi passar todo esse tempo longe de
Jasmine. Decidimos não arrastá-la ainda mais em nossa bagunça. Iremos
buscá-la quando tudo isso terminar e torcer para que ela nos aceite de volta.
Apesar de tudo, esse tempo também foi importante para meu
relacionamento com os meninos. Decidimos, finalmente, sermos mais
honestos sobre tudo que envolvia nosso amor, tudo que nos incomodava e
tudo o que queremos daqui para frente. Foi dificil encarar o quanto nos
prejudicamos por conta desse segredo idiota ao longo do caminho, mas eu
não tinha dúvida de que sairíamos dessa mais fortes.
Enquanto penso em tudo isso encarando o teto do quarto, uma cabeça
se deita em meu peito e abraça minha cintura.
— Você seria mais feliz se dormisse mais, sabe — diz um Liam
sonolento. Esboço um sorriso.
— Tenho inveja de você que simplesmente fecha os olhos e já está
dormindo. Eu dormi bem pouco essa noite, estou ansioso — confesso,
passando a mão por suas costas descobertas.
— Imaginei, mas vai dar tudo certo — afirma ele, tranquilo, me
fazendo revirar um pouco os olhos. Hoje será o dia mais importante de
todos. Essa noite mudará tudo.
— Eu tenho inveja dessa tranquilidade dele — a voz de Oliver
intervém à minha direita, e viro a cabeça para olhá-lo. Controlo uma
risadinha ao ver seu rosto marcado pelo travesseiro.
— Eu também — concordo. Liam ergue um pouco a cabeça para
olhar para Oliver.
— Não é tranquilidade, é confiança. Fizemos tudo que podíamos.
Fizemos milagres em 3 meses! Vai dar certo. E mesmo se não der,
estaremos livres e poderemos dar outro jeito.
— E se ela não nos quiser mais? Nosso silêncio pode ter sido demais
— Oliver expõe seus medos, que são um reflexo dos meus — E se ela já
tiver encontrado outra pessoa?
Fecho os punhos e tento conter a raiva só pela menção a essa ideia.
— Serena teria nos contado — argumento — Elas têm saído juntas
com frequência.
Serena se tornou nossa única forma de conforto. Jasmine e ela se
tornaram muito amigas e era por ela que tínhamos notícias da nossa
princesa.
— Mas será que ela contaria para Serena, sabendo que minha irmã
nos contaria tudo? — insiste Oliver, e olho para ele de cara feia.
— Eu já não dormi muito, e você está piorando meu mau humor.
Meu namorado solta o ar com força, igualmente frustrado e para de
olhar para mim, virando até estar encarando o teto.
— Ok, ok. Vamos esperar e torcer pelo melhor.
— Se ela estiver, talvez a gente vá precisar socar a cara dele e depois
demonstrar como três são melhores do que um. Principalmente nós três —
argumenta Liam.
— Sou obrigado a concordar — finalizo, ficando mais relaxado ao me
imaginar roubando Jasmine de um pretendente imaginário, no maior estilo
homem das cavernas.
Oliver bufa, e nem preciso olhar para saber que está revirando os
olhos.
Três celulares tocam ao mesmo tempo, os sons de alarme indicando
que é nossa hora de levantar.
— Bom, acho que em breve saberemos — digo, e esfrego o rosto para
tentar espantar o cansaço — Vamos lá, vamos impressionar os babacas e
depois ir buscar nossa garota.
Liam

Enquanto termino de ajeitar a gravata verde, me olhando no espelho


grande do nosso quarto, minha cabeça está um turbilhão e, a apenas meia
hora do início do evento, minha confiança já diminuiu consideravelmente.
Planejamos tudo nesses três meses. Os avanços das empresas, os
investimentos inteligentes e, para celebrar as conquistas com chave de ouro,
organizamos uma grande festa de fim de ano. Uma festa em conjunto da
Construtora OMR com a Wolf Security e a Rede Wish. A lista de
convidados é tão grande que o salão de festas do hotel de Oliver não daria
conta, então alugamos um outro espaço com capacidade para 1500 pessoas.
Todo mundo foi convidado, desde os acionistas, alguns políticos, até nossos
estagiários.
E a ideia é beijar meus namorados na frente de todas essas pessoas. E
a namorada também, se tudo der certo.
Pois é, não estamos pra brincadeira.
Tenho a impressão que vamos virar capa de jornal, então tenho que
estar bem bonito para a foto. Mesmo que por dentro minha barriga esteja
doendo de nervoso.
— Se você passar a mão de novo por esse cabelo vai ficar ensebado
— avisa Oliver, me flagrando fazendo exatamente isso enquanto sai do
banheiro todo pronto. Consigo acompanhar pelo espelho enquanto ele se
aproxima, até ficar logo as minhas costas. Ele está gostosíssimo em seu
terno preto, camisa branca e a gravata da mesma cor que a minha. Estamos
quase iguais, mas meu terno é de um cinza chumbo — Você está perfeito,
amor. Está na hora de irmos.
Respiro fundo e solto o ar devagar, virando-me para abraçar Oliver
com força. Ele reclama que vou amassar sua roupa, mas não ligo e ele não
se esforça para se soltar, me abraçando de volta com carinho. Quando
finalmente o solto, encaro seus olhos claros e sorrio.
— Está na hora do show, vamos lá.

O começo da festa é aquela chatisse de sempre: gente demais para


cumprimentarmos, conversas bobas que podem ir de puxação de saco, à
pedido de favores e até críticas disfarçadas de brincadeiras idiotas. Por
sorte, essa parte da recepção não dura mais do que uma hora, e agora
estamos nos preparando para entrar no palco, onde nós três, além de nossos
pais e Serena, faremos uma apresentação com as últimas conquistas de cada
companhia.
Quer dizer, isso se a Serena chegar a tempo, porque faltam 2 minutos
para começar, as pessoas lá fora já estão todas sentadas nas mesas, e nada
da loira. E isso não é um bom sinal.
Abro minha boca para perguntar para Oliver sobre o paradeiro de sua
irmã, quando a figura passa correndo pela entrada da coxia toda esbaforida
e segurando os saltos nas mãos.
— Cheguei. Porra, nem acredito — diz ela, tentando normalizar a
respiração e apoiando uma das mãos nos ombros de Oliver.
— Porque raios demorou tanto? — pergunta Blake, dando voz ao que
eu também quero saber.
— Pegamos um acidente na avenida, foi um caos. Por pouco eu e Jas
não decidimos descer e vir a pé.
Não sou capaz de conter o sorriso enorme no meu rosto, e acho que
nós três falamos quase ao mesmo tempo:
— Ela veio?
Serena revira os olhos de deboche antes de responder.
— Veio. Não sei como, porque não pude dizer quase nada a ela, né?
Mas pedi que confiasse em mim e em vocês, e no fim ela concordou. A
deixei com a tia Millie na primeira mesa, como combinamos.
Me aproximo de Serena e a abraço, tirando-a do chão e a fazendo
soltar um gritinho.
— Ela está aqui! Ela está aqui mesmo! — só falto gritar de animação.
Nossa Jasmine está a poucos passos de nós! Finalmente, caralho!
— Me põe no chão, seu ogro! — manda Serena, batendo nos meus
ombros. Faço o que ela pede, mas não me afasto antes de deixar um beijo
estalado em sua bochecha.
— Você é a melhor, Serena. Obrigado — digo, profundamente
agradecido. Nós demos a ela uma missão difícil: buscar Jasmine na casa
dela e convencê-la a vir para a festa, sem contar sobre o que vai acontecer.
— Sim, eu sei. Vou aceitar meu agradecimento em forma de uma
nova bolsa da Prada, mando a conta para vocês depois.
— Você pode ter quantas bolsas quiser se as coisas derem certo hoje,
irmãzinha — confirma Oliver, também sorrindo ao meu lado.
— Obrigada, Serena. De verdade, obrigada por cuidar da nossa garota
durante essa loucura toda — é a vez de Blake agradecer. Serena sorri para
ele, mas então abana as mãos.
— Certo, agora chega disso, porque ver vocês com essas caras de
cachorrinho que vai reencontrar a dona me deixa meio emocionada. E eu
tenho um evento para apresentar — determina ela, se apoiando em mim
dessa vez para poder calçar os saltos. Ela ajeita também o cabelo e estica os
ombros, encarnando o ar de poder dos Pierce que Oliver também usa
sempre que precisa — Pronto. Vejo vocês em alguns minutos.
Serena sai caminhando elegantemente da coxia para o centro do
palco. Ela vai coordenar todas as apresentações de hoje, começando com a
Wish. Enquanto ela faz a introdução para os convidados, Oliver e Blake me
encaram com expressões de mais animação do que nervosismo, como
estávamos antes.
— Vai dar certo. Estamos apostando alto, mas vamos ganhar o jogo
— decreta Oliver, sorrindo.
— Não tenho dúvidas, agora vai lá brilhar, amor — confirmo, e eu e
Blake o abraçamos rapidamente antes que ele entre no palco.
A próxima hora é uma verdadeira tortura, os minutos parecem se
arrastar enquanto cada um de nós apresenta gráficos, balanços e previsões
de lucro. Embora eu seja apaixonado por todo o projeto do shopping que
estou mostrando nesse momento, meus olhos não conseguem passar muito
tempo sem procurar por Jasmine entre aquelas mesas. Meu corpo está aqui,
mas minha cabeça só queria estar em uma casa na montanha com as pessoas
que amo.
Finalizo a apresentação e Blake e Oliver voltam a ocupar o palco ao
meu lado enquanto recebemos os aplausos ensurdecedores.
Bom, essa era a parte fácil. Agora vamos para o último ato desse
plano.
Não me belisca porque se for um sonho eu não
quero acordar
Jasmine
Minha perna direita balançando freneticamente é porque Ansy está
cantarolando na minha cabeça: “Não acredito que você passou 3 meses e 5
dias tentando superar eles, e na primeira oportunidade correu para vê-los!”.
Chacoalho a cabeça tentando espantá-la. Pode até ser verdade, mas quem
disse que eu quero enfrentar isso agora?
Hoje eu decidi me arriscar. Só mais uma vez. Os últimos meses foram
bem ruins. Eu senti muita falta deles. Dormir sozinha é ruim, acordar
sozinha é ainda pior. E nem vamos começar a falar sobre fazer sexo
sozinha, porque não há vibrador que se compare. Se fosse um homem só,
talvez, mas três? Nem o pobre do sugador de clitóris é páreo para eles.
Meu único consolo realmente foram os gatinhos. Os três cresceram
tão rápido! Já perderam a cara de bebezinhos, mas a sapequice continua
firme e forte. Já destruíram vários cabos de celular, derrubaram inúmeros
enfeites e porta-retratos, escondem todos os meus amarradores de cabelo
brincando com eles pela casa e às vezes me acordam às 3h da manhã
pedindo para dar comida pra eles, mas de verdade? Não trocaria por nada.
Eles são meus parceirinhos para tudo. Estiveram grudados em mim todas as
vezes que dormi chorando de saudade dos meus outros três gatos homens.
Mas nem tudo foi fossa nesses meses, sabe? Além de intensificar a
terapia, voltei a dançar e fiz novas amigas. Além de ter solidificado minha
amizade com Serena e Nicole. Descobri que Nic não mora longe do meu
prédio, então nos vemos com frequência, às vezes para tomar um café da
tarde, às vezes para um barzinho, e já fomos em boates algumas vezes
também, acompanhadas de Serena, que sempre tem entradas VIP para os
lugares. Ambas têm a delicadeza de não falar sobre os meninos, o que
agradeci imensamente, porque ficar vidrada em querer saber como a vida
deles andava só teria me deixado ainda pior.
Bom, Serena tinha essa delicadeza até hoje, quando entrou na minha
casa às duas da tarde e me pediu para confiar nela, e neles, e acompanhá-la
à festa de fim de ano das três empresas. Ela já tinha comprado um vestido
verde oliva belíssimo e agendado o salão para nos arrumarmos. Minha
cabeça dizia “não, nem pensar, só começamos a remendar esse seu coração
idiota”, mas o coração idiota em questão queria desesperadamente vê-los.
O coração ganhou, é claro. Então aqui estou eu, vendo meus três
CEO’s maravilhosos resumirem o ano de suas empresas em grandes
conquistas. Eles emanam poder e realização, e a cada vez que os olhos deles
se fixam na minha direção, eu me arrepio inteira.
Após Liam terminar sua parte e receber os aplausos, vejo todos eles
voltarem ao palco. Oliver, Serena e seus pais, outro casal que se apresentou
mais cedo como Grace e Blake Wolf Junior, os pais do meu Blake, além do
pai de Liam, que também já discursou nesta noite.
Os três CEO’s se posicionam na frente, e a família forma uma linha
logo atrás. Eles são bonitos, ricos e poderosos, e sabem disso. Incríveis de
se ver.
— Bom, senhoras e senhores, eu agradeço a presença de cada um de
vocês nessa noite. Obrigada por aguentarem mais de uma hora de pessoas
falando sem parar e mostrando estatísticas — diz Liam, e arranca um bom
coro de risadas das pessoas nas mesas — Mas preciso confessar que essa
noite tem um objetivo maior do que mostrar as conquistas desse ano da
OMR, Wolf e Wish.
Liam então para e olha para Oliver, passando a palavra a ele.
— Isso mesmo. Essa festa também tem um objetivo pessoal nosso.
Para mim, Blake e Liam, essa noite é… especial. Algo que esperamos por
muito tempo para fazer.
— Algo que vocês provavelmente não vão entender, mas que não
estamos mais dispostos a esconder. Não estamos mais dispostos a esperar
que a sociedade chegue nesse nível de compreensão e empatia para com
todas as pessoas e todas as formas de amar — continua Blake, todo sério. O
salão enorme ferve em murmúrios de curiosidade, cada um tentando
adivinhar o que vem a seguir — Mas antes, precisamos de mais uma pessoa
aqui conosco. Jasmine West, poderia vir ao palco, por favor?
Ah, céus. Não é possível.
Os três andam até a ponta do palco, logo à minha frente, e Blake me
estende a mão, os olhos azuis intensos perfurando os meus. Apesar de ter
passado mais de uma hora olhando para eles, eu não estava preparada ainda
para encará-los tão de perto. E além disso eles querem que eu vá até o
palco?
Minhas mãos tremem quando olho para os lados e percebo que há
centenas de pessoas me olhando com expectativa.
É hoje que eu vomito de nervoso na frente da população de Portland.
— Vai lá, querida — incentiva Millie Pierce, a tia de Serena que ela
havia me apresentado mais cedo. Uma senhorinha de uns 80 anos muito
fofa e simpática. Respiro fundo e me levanto, tentando focar em olhar
apenas para os três, e não para as pessoas ao meu redor. Há uma escadinha
na lateral esquerda do palco, e Blake me estende a mão para me ajudar a
subir com o vestido longo que estou usando. Tocar nele é sentir uma
imediata descarga elétrica, e sei que ele também sente, pois aperta ainda
mais meus dedos. Quando termino de subir e finalmente estou bem na
frente dele, seguido por Oliver e Liam, perco o fôlego.
Blake não solta minha mão enquanto diz:
— Oi princesa. Estávamos com tanta saudade — murmuro algo
parecido com “Oi” em resposta, porque é só o que consigo, e os três
sorriem. Liam se aproxima ainda mais e pega minha outra mão, fazendo
meu corpo levar choques também.
Céus, como senti falta deles.
Liam então estende a outra mão para Oliver, que segura e então
começamos a andar assim, grudados, até estarmos no meio do palco.
Agradeço pelo foco de luz que vem lá do alto na direção do palco, me
impedindo de ver o salão por completo. Só dá para enxergar as primeiras
mesas, então talvez eu não vomite hoje. Mas só talvez.
Os cochichos do público estão cada vez mais altos e Oliver volta a
falar no microfone primeiro.
— Essa é Jasmine West, a mulher de nossas vidas. Sim, nossa. E
esses dois também são os homens da minha vida — explica Oliver,
apontando para cada um — Somos uma união, os quatro, em todos os
sentidos. E não vamos mais esconder esse amor — revela, e acompanho o
movimento quando os três erguem nossas mãos dadas, em um gesto
emblemático, abaixando logo depois.
Talvez meus olhos saltem do meu rosto, tamanho o choque que fico.
Eles realmente fizeram isso? Revelaram o relacionamento na frente de
todos? E ainda: mulher de nossas vidas? Amor? O que está acontecendo
aqui, cacete? Vim parar numa realidade paralela?
Olho de Blake para Liam e Oliver, tão espantada que nem sei o que
dizer primeiro. Blake e Liam apenas apertam minhas mãos, em sinal de
conforto, e volto a olhar para frente bem no momento que o silêncio do
salão é substituído por milhares de vozes fazendo muitas perguntas ao
mesmo tempo. É Blake quem volta a falar dessa vez.
— Nós somos os presidentes dessas empresas, mas cansamos de ser
só isso e esconder o restante. Sabemos da nossa competência, aliás, acho
que mostramos muito bem isso hoje, né? E cansamos de viver presos a uma
normatividade imposta pela sociedade. Não devemos explicações a nenhum
de vocês sobre nosso relacionamento, decidimos apenas expor isso
abertamente para evitar o início de fofocas e teorias mirabolantes quando
começassem a nos ver juntos — explica ele, extremamente calmo.
— Quem tiver problemas com qualquer forma de amor, está
convidado a se retirar. As pessoas com as quais nos importamos estão bem
aqui — diz Liam, soltando minha mão para apontar para a família, logo
atrás de nós — E o apoio deles é tudo que precisamos.
A família deles se aproxima, colocando as mãos sobre os ombros de
nós quatro. Um gesto tão simples, que dura apenas alguns minutos, mas é
tão importante e bonito que finalmente me leva a derramar lágrimas de
emoção. O momento é seguido por abraços em todos no palco, enquanto
choramos e ignoramos as falas e gritos que vem da platéia.
Liam inclusive dedica alguns minutos para beijar nossas bocas uma
por uma, e depois acenar tranquilo para o público.
Eles então me arrastam para a coxia e depois para uma grande sala
reservada atrás do palco. Simplesmente nos afastamos e deixamos o caos
para trás.
E nunca estive tão feliz.
Nem eu sou tão criativa assim com meus sonhos
Jasmine
— Ah, inferno — reclama Blake assim que colocamos os pés para
fora do salão de festas e somos cercados por fotógrafos e jornalistas. Como
esse povo chegou aqui em tão pouco tempo? Achei que saindo pela porta
dos fundos nós não teríamos que passar por isso.
Perguntas jorram por todos os lados.
“Há quanto tempo esse relacionamento existe?”
“Vocês vão abrir mão da presidência depois desse escândalo?”
“Vocês vão mesmo continuar vivendo esse pecado?”
“O que os investidores vão pensar dessa pouca vergonha?”
Os meninos me colocam no meio deles e empurram os interesseiros
para abrir caminho para nós até o carro. Me sinto sufocada e apavorada com
todos os flashes, toda a gritaria. Faço de tudo para ignorar o que dizem, mas
fica cada vez mais difícil.
— Se essa florzinha precisar de mais um pau, pode me ligar! Mas só
ela, as bichas eu dispenso — diz uma voz nojenta à minha esquerda.
Até mesmo tropeço ao ouvir, meu queixo caindo de tanto choque, e
me viro para ver quem foi, mas Oliver é mais rápido. Ele acerta um soco
bem no nariz do homem, que cai no chão como um fantoche, gritando e
com o nariz sangrando.
— Abra essa boca de novo, pra ver se não termino de quebrar sua
cara aqui mesmo! — ameaça Oliver, rubro de tanto ódio.
O nojento, que imagino ser fotográfo porque sua câmera também foi
ao chão quando ele caiu, apenas devolve um olhar assustado e se treme
inteiro. Oliver parece tentado a bater mais no cara, mas Liam o segura e
voltamos a caminhar.
O cerco à nossa volta se afasta um pouco após o episódio, e poucos
passos depois finalmente entramos na limousine.
Estou toda tremendo quando o carro começa a andar, mas Oliver
parece a um segundo de explodir, então decido por sentar em seu colo e
abraçá-lo.
— Desculpa te fazer passar por isso — diz ele baixinho, o rosto
apoiado em meu ombro.
— Não há o que desculpar, aquilo ali fora foi insano. Obrigada por
me defender.
Ficamos assim por mais alguns segundos, até eu sentir que a
respiração dele voltou ao normal. Solto meus braços dele, mas continuo em
seu colo e olho para os demais.
— Vocês estão bem?
— Sim, desculpe por isso, princesa. Não imaginei que seria esse
inferno até na saída dos fundos, mas acho que o tempo que passamos nos
despedindo da família serviu para eles cercarem o lugar todo — diz Blake,
passando a mão no rosto em sinal de cansaço e preocupação. Suspiro
profundamente, pesarosa pelos desdobramentos de tudo. E olha que nem
demoramos tanto assim, pois tínhamos muito o que conversar, mas saímos
deixando promessas para os pais de todos de marcamos um jantar para que
eu fosse devidamente apresentada.
Relaxo o corpo contra o peito de Oliver, para em seguida ser
surpreendida pela risada alta de Liam. Nós três olhamos para ele em total
confusão.
— Não acredito que, de todos nós, foi justamente Oliver que bateu no
cara. Você não é fã nem de treinar boxe com a gente. E foi um soco
perfeito, em cheio no nariz do infeliz! — explica, e ri ainda mais. Não
resistimos a acompanhá-lo, porque de fato foi algo meio chocante. Oliver
que é todo sério, comportado, o advogado exemplar, sair batendo em
alguém sem pensar.
— Realmente, fiquei orgulhoso pra caramba, amor — concorda
Blake.
— Bom, agora sabemos que meus reflexos ficam ótimos quando fico
puto — concorda Oliver, e rimos mais, aliviando um pouquinho a tensão.
Passamos um tempo em silêncio, num acordo tácito de deixarmos
para falar tudo em casa. Porém, reparo quando Blake afrouxa a gravata, que
os três usam a mesma cor e modelo.
— Suas gravatas são da cor do meu vestido? — pergunto, sem
conseguir resistir. É Oliver mesmo quem responde:
— Sim. Pedi para Serena escolher todas as peças para que
combinassemos.
— Caramba, isso foi muito fofo — respondo, com o coração
quentinho. Parece bobo, mas ao mesmo tempo tão significativo, me incluir
como uma parte do todo. Eu poderia chorar de emoção só com isso, mas me
contenho, e apenas dou beijos rápidos nos lábios dos três.
No restante do caminho, eles nunca deixam de me tocar também,
fosse segurando minhas mãos, beijando meu ombro ou acariciando meu
cabelo.
Quando chegamos, Oliver me guia até a sala, onde nos sentamos no
chão mesmo, porque desse jeito era mais fácil de podermos olhar uns para
os outros. Fingi não ver a intensidade dos olhares dos três quando levantei
meu vestido até as coxas para poder me sentar. Não era hora disso. Ainda.
— Juro que planejamos tudo até aqui, até mesmo o que dizer para
você, Jas, para que nos perdoasse, nos aceitasse de volta. Mas não consigo
lembrar de nada com exatidão enquanto olho para você depois dessa noite
— confessa Oliver, visivelmente frustrado enquanto esfrega a barba e me
fita.
— Deixa que eu começo então: porque? Porque fizeram tudo isso? —
digo, alternando o olhar entre os três, porque ainda não faz sentido para
mim eles decidirem de repente mudar totalmente suas vidas.
Liam solta uma risada fraca.
— Porque nunca devíamos ter nos escondido. Porque quando saímos
da sua casa, magoados, chateados com a gente mesmo, finalmente
percebemos o quanto nos prejudicamos com tudo isso. O quanto sofremos
por um motivo besta. Não que vá ser fácil o que vai vir por aí. Os
julgamentos, o preconceito… várias portas vão se fechar. Mas agora temos
mais firmeza no que somos, em como queremos viver e na força do nosso
amor. E só conseguimos enxergar tudo isso naquela noite. Abrir mão de
você, por conta de uma maldita plaquinha escrita CEO na porta dos
escritórios? Era estúpido demais — desabafa Liam, tudo de uma vez. Não
chego a pensar no que responder porque Blake dá sequência:
— Não que o nosso amor fosse fraco antes, sabe? Não era. E não era
menos verdadeiro, mas nós mesmos nos limitamos. Não poder demonstrar
os sentimentos para todos, não poder tocar, fazer carinho, olhar
demoradamente… tudo isso foi nos machucando dia após dia. E quando
você chegou… não sei explicar. — Blake olha para o teto por alguns
segundos, parecendo escolher as palavras. Quando seus olhos voltam para
os meus, sinto a profundidade de suas emoções — Éramos três, e
achávamos que esse era o quebra cabeça completo, mas ao mesmo tempo
nunca batemos o martelo nisso. Acontece que, esse tempo todo, você era a
pecinha que nos faltava. Éramos unidos antes, mas com você ficamos
realmente completos — termina ele, e agora estou de fato chorando. Blake
alcança minha mão e beija as costas dela com verdadeira devoção.
— Depois que entendemos isso, focamos todas as energias em mudar
essa situação. Começamos por nossa família, que foi surpreendente, para
dizer o mínimo — conta Oliver, dando um meio sorriso — Todos eles já
sabiam. Havia até mesmo apostas rolando sobre nosso relacionamento e
quando iríamos contar — ele ri enquanto conta essa parte, e eu o imito
numa risada baixinha de incredulidade. Mas logo os seus olhos azuis ficam
marejados — Eles nunca nos pressionaram, nunca tentaram nos renegar.
Eles fizeram terapia para poder lidar bem com o assunto, dá pra acreditar
nisso?
Balanço a cabeça em negativa, porque realmente não dá para
acreditar. Então é assim que famílias deveriam se parecer? Amor
incondicional. Afeto. Compreensão. Famílias que apoiam e torcem pela sua
felicidade. Que sonho.
— Que incrível — elogio, e Oliver acena em concordância.
— Então, depois da família, vieram as empresas. Meu plano era
simples: impressionar primeiro, com nosso desenvolvimento estrondoso,
para só então jogar a bomba e sair correndo — explica Liam, passando a
mão por minhas costas, num carinho suave — Mas para isso, precisávamos
ir com tudo. Escrever nossos nomes com fogo na história das companhias,
sabe? Fizemos turnos dobrados, investimentos arriscados, Blake inaugurou
2 escritórios novos, Oliver terminou a construção de um hotel e já comprou
outro, e eu fechei o melhor acordo da minha carreira, para a construção de
um shopping enorme. Se valeu a pena, só vamos saber quando a notícia se
espalhar por todo canto, o mercado financeiro reagir e os acionistas
marcarem reuniões emergenciais. Mas de qualquer jeito, estamos
orgulhosos para cacete de tudo que fizemos, e nossa família também. Então,
se na segunda-feira nos vermos fora da presidência, vamos fazer outra coisa
e arrasar como sempre — afirma Liam, me dando seu melhor sorriso de
confiança.
— Não duvido disso nem por um segundo — reitero, orgulho por
todos eles correndo por minhas veias — Mas porque… — começo, mas
paro, insegura e mordo o lábio.
— Porque demoramos para te buscar? — sugere Oliver.
— Isso.
— Não queríamos arrastá-la para essa loucura. Não queria fazer você
sofrer e ter que se esconder por mais todo esse tempo. Além disso,
precisávamos de um tempo para entender nossos sentimentos também —
confessa ele, e compreendo. Doeu ficar longe, mas o quanto não poderia
doer estando perto e vendo-os arriscar tudo? Iria me enlouquecer.
— Eu entendo. Mas não foi fácil, eu descobri que odeio dormir
sozinha — tento brincar, limpando o rastro de lágrimas com as mão e dando
a eles um meio sorriso. Eles retribuem com risadas curtas.
— Descobrimos que nossa cama também fica muito vazia sem você
— revela Blake, e meu peito se aquece.
— Certo, mas afinal, o que tudo isso significa para nós? — tomo
coragem de perguntar. Os três trocam olhares antes de voltarem a me
encarar.
Blake se ergue do seu lugar apenas para se aproximar até seu rosto
estar quase grudado no meu, os infinitos olhos azuis me fazendo querer
mergulhar neles.
— Significa que te amamos, Jasmine. Te amamos pra caralho. Nos
apaixonamos por você praticamente desde o instante em que caiu por
aquela porta da casa da montanha, quase congelada. Só fomos estúpidos
demais para perceber.
Meu coração bate acelerado, meu peito subindo e descendo rápido
demais enquanto ele expõe tudo isso. Nem tenho tempo de reagir, porque
Oliver me puxa pelo queixo e me faz encará-lo. Não sei se estou pronta para
a intensidade dos sentimentos que parecem emanar dos olhos verdes dele.
— Exatamente. Fomos idiotas de não perceber logo. Fomos idiotas
com várias situações que envolvem nosso relacionamento. Mas amamos
você Jas, de todo o coração. Não brinquei quando disse naquele palco que
você era a mulher das nossas vidas. Realmente é. E temos bastante certeza
disso porque, no momento em que te deixamos, foi como se um pedaço de
nós ficasse para trás.
Lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto mais uma vez, e é a
mão de Liam que me alcança para secar minha bochecha e roubar minha
atenção para ele.
— Amo você assim como amo cada um deles, baby. Você chegou
como um terremoto e abalou todas as nossas estruturas. E olha que de
estruturas eu deveria entender — solto uma risada em meio às lágrimas de
emoção e ele continua — Foi impossível resistir. E agora você tem esses
três idiotas completamente apaixonados por você, e terá que lidar com eles
se esses três meses longe não te fizeram esquecer do que um dia sentiu por
nós — complementa, ficando subitamente inseguro no final da frase.
É a minha vez de passar a mão por seu rosto com carinho.
— Acho que tempo nenhum seria capaz de enfraquecer o amor que
sinto por vocês — afirmo, e ganho três sorrisos lindos em retorno. Me jogo
sobre eles, em um abraço apertado e necessário, que parece finalmente
colocar as coisas no lugar.
Eles me cobrem de beijos antes de me soltarem.
— Bom… Jasmine Jane West, então você aceita namorar com a
gente, mesmo sabendo que as pessoas vão nos julgar, às vezes ofender, e
dificultar nossas vidas em vários sentidos? E que a gente talvez vá precisar
bater em alguns deles, só pra esclarecer que não estamos de brincadeira? —
pergunta Blake, sendo realista, bruto e fofo ao mesmo tempo.
— Sim, sim, sim! Mil vezes, sim! — respondo de imediato, tão feliz
que quase dói. Meu coração nunca sentiu nada igual.
— E você aceita vir morar com a gente? — questiona Liam, e
arregalo um pouco os olhos.
— Morar com vocês? Não é cedo demais?
— Claro que não, passamos mais de um mês morando juntos, e foi
incrível, não foi? — é a vez de Oliver dizer.
— Claro que foi, mas…
— Não dá pra mantermos um namoro com um dos membros em uma
casa e outros três na outra. — me interrompe Liam — Você não disse que
detesta dormir sozinha? Problema totalmente resolvido — confirma ele,
sorrindo, enquanto eu ainda estou meio chocada.
Como foi que eu acordei solteira, sem perspectiva de namorar de
novo porque sabia que compararia qualquer um a esses três, e agora estou
aqui discutindo sobre vir morar com eles? Que vida doida.
Muito mais interessante assim, mas bem doida.
— Exato. Mas se for te fazer sentir mais segura, você pode manter
seu apartamento lá por, digamos, uns 6 meses, enquanto criamos nossa
rotina e vivemos esse amor dia após dia. E você pode ir para lá nos dias em
que formos idiotas e você quiser tirar um tempo pra você. Infelizmente
pode acontecer — sugere Blake, mas franzo o cenho com a ideia.
— Não sei, ficar pagando aluguel sem morar lá, parece meio que um
desperdício — explico para ele, mas é Liam quem abre um sorriso enorme.
— Você não vai precisar pagar aluguel nenhum. Eu comprei seu
prédio, a papelada foi concluída na semana passada. Pretendo começar a
reforma inteira dele em Janeiro.
Meu queixo vai no chão.
— Você comprou meu prédio? — exclamo, quase gritando. Liam
apenas dá de ombros.
— Sim, era um bom negócio para se investir em paralelo. Farei
diversas modernizações, e depois venderei cada unidade por um preço bem
mais alto. Mas enfim, vai demorar, e com isso, seu problema está resolvido.
— Simples assim? Céus, como deve ser bom ser rico — digo, ainda
incrédula. Minha alma de pobre não consegue conceber a idéia de comprar
um prédio inteiro, do nada, enquanto para ele é algo tão comum como
comprar pão. Liam dá uma risadinha.
— Somos milionários, baby. Há muitas vantagens e você poderá
aproveitar todas elas — confirma, e eu reviro um pouquinho os olhos do
quanto ele é convencido.
— E então, princesa, qual é sua resposta? Aceita entrar nessa loucura
maravilhosa com a gente? — pergunta Blake outra vez.
Olho para cada um, me permitindo ser completamente preenchida
com o amor deles. O amor de três homens incríveis agora me pertencia. Sou
uma mulher de muita sorte.
— Quando foi que eu pude resistir a vocês três? — digo por fim,
abrindo um sorriso enorme, sem mais receio algum. Simplesmente sei que
vamos fazer dar certo.
Eles não respondem, não precisam. Ficamos de pé e Liam me pega no colo,
roubando um beijo rápido antes de dizer:
— Você sabia que o sexo de reconciliação é o melhor de todos?
Beijinho no ombro para o recalque passar longe
Jasmine
As pessoas são idiotas, preconceituosas, hipócritas e intransigentes.
Mas, mais de um ano depois de começarmos a namorar, já não dou a
mínima para nada disso. Eu tenho três namorados me paparicando e me
dando orgasmos todo dia. Quer me olhar feio porque apareço em público
beijando três bocas? Olha aí do seu canto da tristeza, porque estou muito
ocupada sendo maravilhosamente feliz.
Enquanto passo pelas portas do prédio da OMR em direção à sala de
Liam, um verdadeiro filme se passa em minha cabeça, de tudo que
passamos e superamos.
Naquela segunda-feira depois da festa, os acionistas da construtora
conseguiram tirar Liam da presidência. O mesmo aconteceu com Blake,
mesmo sob protestos dos pais de ambos e muita briga interna. Oliver se
manteve no posto por muito pouco, mas todos que votaram contra ele hoje
babam ovo do CEO que fez a Rede Wish abrir mais 6 hotéis e cassinos em
14 meses.
Já Liam, saiu do posto com tranquilidade e 3 meses depois já havia
inaugurado a própria empresa de reforma e revitalização de
empreendimentos. O que começou com o prédio em que eu morava,
rapidamente se transformou em dezenas de outros, afinal ele era muito bom
no que fazia. Dez meses depois de dispensá-lo, com as ações da OMR em
queda livre e a obra do shopping super atrasada, o conselho da empresa
pediu pelo retorno do meu namorado. Ele aceitou, depois de fazê-los sofrer
bastante por uma resposta, e fez diversas exigências, como a incorporação
da sua empresa de reformas como um ramo novo da OMR, e total liberdade
para colocar a construtora de volta nos eixos.
Na viagem de elevador, relembro que a saída de Blake durou ainda
menos. Meu namorado, que havia decidido tirar um ano quase sabático
optando por apenas supervisionar seus investimentos, como o Clube
Hathor, foi chamado de volta para a Wolf em 6 meses. O CEO que o havia
substituído fez uma grande besteira com um novo sistema de segurança,
que manchou a reputação impecável da Wolf Security. A volta de Blake
seria a forma mais evidente de tentar restabelecer essa credibilidade perante
os clientes. Blake aceitou depois de conquistar um salário de quase o dobro,
e revirou a empresa inteira até voltar a deixar tudo certo.
Meus três CEO’s estão nos lugares de onde nunca deveriam ter saído,
e estamos mais felizes do que nunca.
A Nerd Dream também cresceu muito com a ajuda e os conselhos dos
meus namorados. Agora eu tinha uma sede de produção das peças
personalizadas, produzindo a maioria dos itens sem ter que comprar de
terceiros e conseguindo uma margem de lucro muito melhor. Penelope se
tornou minha gerente, e tínhamos mais de 30 funcionários. Esse ano
teremos até um estande enorme na Comic Con, o que é a realização dos
meus maiores sonhos nerds.
Quando o elevador enfim chega ao destino, caminho sorrindo pelo
corredor da OMR, cumprimentando rapidamente o secretário de Liam, que
me confirma que ele está desocupado antes de eu entrar direto no escritório.
Assim que abro a porta, Liam me olha por sob os óculos de leitura —
que o deixam muito sexy — e abre um sorriso.
— Oi amor, que surpresa boa — cumprimenta e afasta sua cadeira da
mesa antes de tirar os óculos. Sigo direto para seu colo, passando apenas
para deixar minha bolsa na poltrona.
— Vim te buscar antes que você esquecesse dos nossos planos
enquanto mergulha em projetos e planilhas — digo, passando a mão por seu
rosto cansado do fim do dia. Ele tem trabalhado muito para dar conta de
gerenciar todas as construções e agora também as reformas.
— Eu jamais esqueceria, estou louco por essas pequenas férias. Só
estava terminando de ler esse relatório e já ia mesmo para casa. Deixei
minha mala pronta logo cedo.
Não vamos conseguir as maravilhosas férias de um mês na casa da
montanha, por conta de todas as complicações que persistem nas empresas,
mas consegui aproveitar um feriado e encaixar uma semana de folga na
agenda dos quatro.
— Então vamos? — digo, dando um beijo leve em seus lábios. Ou o
que era pra ser leve, se Liam não passasse a mão por meu pescoço e
aprofundasse o beijo.
Nos soltamos quando o ar acaba, e Liam me encara com a expressão
carregada de desejo.
— Não temos tempo para uma rapidinha aqui na minha mesa? Tenho
certeza de que não a estreamos ainda — tenta ele, aproveitando para apertar
minha bunda, mas empurro seu peito e me levanto.
— Já estreamos essa mesa umas cinco vezes, seu sem vergonha! —
respondo, dando um tapa fraco em seu ombro, e ele apenas pisca um olho
pra mim — Vamos logo, não quero rapidinha, quero pacote completo, mas
lá na nossa casa.
— Como sempre, às suas ordens amor.

A viagem até a montanha é bem tranquila. Como acostumei meus


mascotes a passear de carro, nem eles se incomodam mais e passam o
tempo todo dormindo.
A noite cai lá fora, mas a casa está toda iluminada, porque Blake
avisou o caseiro para passar por aqui mais cedo. Os três descem do carro
praticamente correndo, alegando precisarem ir ao banheiro. Dou de ombros
e me encarrego de soltar Az, Cass e Rhys de suas coleiras, e depois
começar a retirar as malas. Quando se passam mais de 10 minutos e
nenhum deles volta, fico indignada com a folga e grito da escada da
garagem:
— Seus bundões, eu não vou descarregar esse carro sozinha, não!
Um segundo depois, a voz de Oliver responde de volta.
— Já estamos indo, amor. Mas você poderia subir aqui para ver algo
primeiro? Estamos na sala.
Reviro os olhos, mas subo as escadas carregando apenas minha mala
pequena. A casa está quase toda escura agora, o que acho estranho. Deixo a
mala no corredor e sigo em direção à sala, de onde vem a única fonte de luz
dourada fraca.
— O que… — começo, quando entro na sala, mas então entro em
choque com o que vejo. Há pétalas de rosa por todo o chão e velas acesas
espalhadas por todo canto. Mas isso não é nem de perto o mais impactante.
O que me faz perder as forças são os três homens parados no meio da sala,
ostentando olhares meio nervosos, mas sorrisos lindos.
Não consigo falar e só consigo me mexer porque Blake se aproxima e
me puxa pela mão até que eu esteja parada bem no meio deles.
— Você conhece o significado do trevo, princesa? — pergunta Blake,
e balanço a cabeça confusa, mas sussurro:
— Sorte?
— Também, esse é o significado mais comumente atrelado ao trevo
de quatro folhas. Mas os celtas consideram o trevo de três folhas sagrado
também, e existem algumas culturas que atribuem um significado a cada
uma das folhinhas: amor, esperança, fé e sorte. Há mais de 10 anos, eu
tatuei na pele um trevo de três folhas. Eram meu amor, fé e esperança, além
de simbolizar nós três como parte de uma coisa só. Mas quando você
chegou, mudando toda nossa vida, eu finalmente percebi a partezinha que
faltava. A quarta parte. A folhinha da sorte. Era você.
As lágrimas descem livres agora, mas pisco e tento focar o máximo
que posso em seu rosto lindo enquanto explica. Me assusto ainda mais
quando ele solta da minha mão para levantar a manga da blusa.
A tatuagem do trevo em seu braço, que eu conhecia perfeitamente, foi
modificada para um trevo de quatro folhas e colorida em um verde forte.
Olho da tatuagem para seus olhos sem parar, com a boca aberta. Blake
apenas sorri e aponta para sua esquerda. Sigo sua indicação, e então assisto
Liam e Oliver mostrando suas novas tatuagens também.
Oliver abriu a camisa até me mostrar o trevo de quatro folhas em seu
peito, logo acima do coração. Já Liam tatuou o mesmo desenho no
antebraço direito, pouco abaixo do ombro.
Perco realmente a força nas pernas, mas Oliver percebe e me guia até
que eu esteja sentada no sofá. Não sei se choro mais um pouco, gargalho ou
saio gritando pela casa, só para poder expressar tudo que estou sentindo. É a
homenagem mais linda que eu poderia sonhar. E tudo fica ainda mais forte
quando os três se ajoelham à minha frente, cada um segurando uma
caixinha de veludo.
— Jasmine Jane West, você nos daria a honra de se casar conosco? —
começa Blake, com a voz um tanto quanto emocionada.
— Aceita dividir a casa, os gatos, os beijos e até mesmo as bagunças
com a gente para sempre? — prossegue Oliver.
— Aceita se tornar Jasmine Jane Miller Pierce Wolf? É basicamente
um nome de princesa mesmo — termina Liam, e os três abrem as caixinhas.
A de Oliver tem o anel mais lindo que já vi. Ele tem três arcos
grudados, que seguram um diamante enorme. A caixinha de Blake tem um
colar dourado com um pingente de trevo, e a de Liam ostenta uma pulseira
com diversos pequenos pingentes: um trevo, três gatos, um livro, um
computador e três corações. Todas as partes da minha vida.
Choro, e faço a única coisa possível enquanto respondo “Sim”
repetidamente. Me jogo em cima dos três, e os deixo segurar todo o meu
mundo.
Os três homens da minha vida. Meus três CEO’s, meus três pais de
gatos, meus três devassos, as três pessoas que amo mais do que achei ser
possível, tudo em um mesmo pacote. Agora eles seriam meus para sempre.
E eu seria deles.
Oi leitor! Você chegou até aqui! Você realmente leu essas coisas
doidas que saíram da minha cabeça até o fim! Não vou confirmar nem
negar que posso estar chorando de emoção por isso.
Se você me perguntar como tive a ideia para esse livro, minha
resposta honesta é: não tenho a menor noção! Eu estava tentando estruturar
outro projeto e escrever os primeiros capítulos, mas não estava fluindo.
Então um dia sentei e simplesmente escrevi o prólogo desse livro. E desde
então esses quatro passaram a viver na minha cabeça e exigir que eu
contasse sua história. E eles definiram o curso disso tudo até a última
palavra. E sou grata demais a eles, porque essa é a primeira vez que consigo
terminar um livro inteirinho. Nunca vou conseguir esquecer que foram
esses quatro que me transformaram em uma escritora de fato.
Agora quanto aos agradecimentos às pessoas reais, agradeço
principalmente às minhas amigas: Aline, Ray, Berta e Ju, que me apoiaram
em todos os momentos. Não me deixando desistir, nem surtar
completamente enquanto escrevia. Vocês são maravilhosas e amo muito
vocês, viu?
Obrigada também às demais amigas que betaram e ajudaram a
divulgar esse meu primeiro livro. Vocês são maravilhosas.
Mas agradeço principalmente a vocês, os leitores. Sem vocês, nada
disso faria sentido. Espero muito que tenham gostado, que essa leitura tenha
sido uma aventura prazerosa.
E se eu puder pedir um último favorzinho? Deixa sua avaliação aqui
na amazon? É rapidinho e me ajuda demaaaaaais!
Obrigada, de todo o coração. Vejo vocês na próxima história!
Instagram
Tiktok
Twitter
Notes
[←1]
Ejaculação feminina.

Você também pode gostar