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Copyright ©2022 Milena Seyfild

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estabelecido pela lei nº 9.610/98 e previsto pelo artigo 184 do código Penal Brasileiro.

Título: Boys
Capa: Bernaliel
Ilustração: Cacauilustra.
Diagramação: Alessa Ablle.
Revisão: Gabrielle Andrade.
Leitura Crítica: Heloise Pires.

1. Romance | 2. Ficção | 3. Erótico | 5. Newadult

Texto fixado conforme as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa


(Decreto Legislativo n° 54, de 1995).
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos que aqui serão
descritos, são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com a realidade é
mera coincidência.
Índice
Sinopse
Dedicatória
Aviso
Prólogo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Agradecimentos
“A experiência é quase como entrar em uma sorveteria
durante o verão. Com o sol escaldante, você passa a comprar
sorvete com mais frequência. Por que você escolheria sempre o de
morango se, no dia seguinte, pode experimentar o de baunilha?”
Conheci o rebelde Maxwell Davies em uma festa.
Thomas é meu melhor amigo desde a infância e é um nerd
de carteirinha.
Edward, o filho insuportável do meu chefe, apareceu por
aqui durante as férias da faculdade.
E Clarke, ah, Clarke… Nos conhecemos em uma viagem
que fiz durante o verão.
Cada um deles tinha uma particularidade e posso dizer isso
com propriedade. Estive com os quatro, mais de uma vez. Vivemos
bons momentos juntos até eu precisar sair da cidade.
Mas agora estou de volta e as coisas estão diferentes por
aqui. Todos eles sabem um sobre o outro e eu mal posso esperar
para encontrá-los novamente.
Avisos: essa obra é para maiores de 18 anos e contém
conteúdo explícito (como palavras de baixo calão e sexo). Além de
uso de drogas lícitas, ménage e mais de um interesse amoroso para
a protagonista.
Ao One Direction, por terem sido os protagonistas dessa
história uma vez. Fanfics, de certa forma, possibilitam que a gente
viva uma história de amor com os nossos ídolos e espero ter
contribuído com isso de algum jeito.
E a Charli XCX, por ter lançado a música que colocou
“boys” na minha cabeça.
(MUITO IMPORTANTE!)
Essa é uma obra ficcional e mesmo que já tenha sido uma
fanfic do One Direction, não há nenhuma relação com os meninos
da vida real. As personalidades e o enredo da história são
completamente originais.
Boys é um romance New Adult de harém reverso, ou seja,
a protagonista feminina não optará por apenas um dos interesses
amorosos apresentados e se relacionará com todos. Todos os
protagonistas são maiores de idade. Caso não se sinta confortável
com esse tipo de história, não recomendo essa leitura para você.
O livro é +18 e possui palavras de baixo calão, cenas de
sexo explícito e NÃO É RECOMENDADO para menores de idade.
O texto original era de uma fanfic do One Direction do site
“fanfic obsession”, onde eu assinava com o nome “Miles”. A história
foi reescrita, mantendo o tom original de conto, mas agora tem
capítulos extras.
I was busy thinking 'bout boys, boys, boys, boys...
(Eu estava ocupada pensando em garotos, garotos, garotos, garotos...)

Boys Charli XCX

Termino de arrumar a mala segurando um bocejo de tanto


cansaço. A faculdade vem acabando comigo e as olheiras
evidenciam isso muito bem.
Com cuidado, coloco a camiseta dele que trouxe comigo no
cantinho da bolsa. Ainda durmo usando ela todas as noites, mesmo
há quase um ano do nosso último contato.
“Que horas você chega aqui? Ansioso.”
A mensagem do meu melhor amigo me tira dos meus
pensamentos e abro um sorriso involuntário ao perceber sua
inquietação.
— Você nasceu prematuro, foi? Eu devo chegar por aí de
madrugada, então só vamos nos ver amanhã. Dá uma acalmada
nessa sua ansiedade, Thom. — Envio um áudio rápido, bloqueando
a tela logo em seguida.
Meu coração acelera ao pensar que em poucas horas
estarei de volta na cidade. A mesma que deixei sem olhar para trás
para realizar o sonho de começar a faculdade.
A mesma em que os deixei.
Max, Thomas, Edward e Clarke.
Sendo bem direta, eu amo garotos. Sempre observei o
modo como eles agem e desde pequena sempre tive muitos
crushes. Nunca consegui decidir entre o Zac Efron, Tom Cruise e o
Joe Jonas, e, francamente? Acho injusto que tenhamos que
escolher um só cara sem antes experimentarmos o que a vida pode
nos proporcionar.
Acredito que a experiência é quase como entrar em uma
sorveteria durante o verão. Com o sol escaldante, você passa a
comprar sorvete com mais frequência. Por que você escolheria
sempre o de morango se, no dia seguinte, pode experimentar o de
baunilha?
E é isso que eu faço. Eu provo.
Posso afirmar que nenhum deles reclamou.
Mas agora estou voltando e o nó na garganta vai ficando
mais apertado conforme as horas passam.
Respirando fundo, fecho a mala completamente enquanto
pego minha bolsa e a coloco nos ombros. Meu dormitório parece tão
vazio que me dá calafrios e não consigo dispersar essa sensação…
Estranha.
Em um ato de coragem, finalmente tranco a porta e me
preparo para uma longa noite na estrada. Apesar do receio, eu
preciso voltar.
Nesse meu conto de fadas eu não sou a princesa indefesa.
Eu sou a vilã.
THE BAD BOY

I need the bad boy to do me right on the friday...


(Eu preciso que o garoto mau me pegue de jeito na sexta-feira...)

Boys Charli XCX

Acho que toda garota merece um bad boy. Aquele cara que
não liga pra nada, te pega firme e te deixa com as pernas bambas
de tanto sexo. O que gosta de provar que é o bonzão, mesmo que a
palavra seja a coisa mais brega do mundo, e te satisfaz de todas as
formas possíveis para que você entenda isso bem. Ter um desses
vinte e quatro horas por dia às vezes pode ser um problema, mas
aos fins de semana? Ele é a solução.
Conheci Maxwell Davies em uma festa. Ele me chamou
atenção assim que pus os olhos nele; olhar profundo, marcante. As
íris verdes e o cabelo preto cacheado me deixaram com as pernas
bambas. As tatuagens alcançavam o seu pescoço e a jaqueta de
couro lhe conferiam um visual sexy.
Ele me encarou dos pés à cabeça e não desviou o rosto
nem quando corei ao imaginar todos os pensamentos impróprios
que ele deveria estar tendo comigo. Naquele dia, Max deu uma
última tragada no cigarro em sua mão e terminou de beber sua
cerveja antes de vir até mim e me agarrar.
Sim.
Me agarrar.
Me puxou pela cintura e me beijou de uma maneira tão
intensa que pensei que ele tiraria minhas roupas ali mesmo na
frente de todas aquelas pessoas. E para ser honesta? Estava até
torcendo por isso.
Ficamos juntos aquela noite e acabamos transando em sua
caminhonete. Ele me contou que veio de uma família perigosa e
desleixada e que eles o deixavam fazer praticamente tudo o que
queria. Ele também já tinha sido preso uma dúzia de vezes por
pichação e uma por ter roubado o carro de um policial para vencer
alguma aposta idiota. Acho que ele pretendia me assustar, mas não
se deu conta de como me deixou louca para uma segunda rodada.
E foi o que fizemos. No parque, ao ar livre, escorados em uma
árvore. Arranhei suas costas e ele deixou uma marca grande no
meu pescoço.
— Não gosto de compromisso. — Ele sussurrou, ainda
dentro de mim, com a cabeça encostada em meu peito.
Que bom, queridinho, porque eu também não, pensei.
— Não te pedi em namoro, Davies — respondi, com a voz
ainda ofegante.
Maxwell abriu um sorriso convencido e trocamos os
números de telefone. Quase toda sexta-feira ele me manda uma
mensagem perguntando se eu posso encontrá-lo em algum lugar e
eu sempre digo que sim. Hoje ele marcou de me ver em uma casa
do lago que estava abandonada desde que me entendo por gente.
Acho que antes mesmo dos meus pais se mudarem para esse fim
de mundo essa propriedade estava vazia, como se tivesse parado
no tempo.
Vou de carro até o local sem a mínima pressa. Gosto de
toda essa expectativa que vem antes do sexo, a espera sempre faz
tudo ficar ainda melhor.
Antes de estacionar o carro, dou uma última olhada na
minha aparência pelo espelho retrovisor. Pego um lacinho cor de
rosa no porta-luvas e prendo no canto do cabelo, bagunçando
bastante as minhas madeixas para dar um volume legal. Gosto de
me vestir como uma menininha inocente antes de encontrá-lo, uma
piada interna entre a gente que torna nosso joguinho ainda mais
excitante.
Como se eu fosse a chapeuzinho vermelho que,
conscientemente, escolhe fugir do caçador para se jogar nos braços
do lobo-mau.
E, tecnicamente, é bem isso mesmo.
Davies já me espera na entrada da casa com um sorriso de
lado bem característico dele. A jaqueta de couro preta lhe cai muito
bem e molho os lábios ao perceber que ele já arrumou tudo dentro
da casa. Ela não é lá muito espaçosa e muito menos bonita, mas
até que está bem conservada. O lago é bem verdinho e algumas
folhas secas caem no chão. Esse ambiente às vezes faz com que
eu me sinta em um conto de fadas, mas não igual aos tradicionais.
Em contos de fadas não se faz o que Max e eu estamos
prestes a fazer.
— Você demorou — murmura, abrindo espaço para que eu
entre.
Reparo em algumas sacolas em cima da mesa de madeira,
mas ignoro todas. Não estou com fome de comida no momento.
— Você ficou contando os minutos até eu chegar? —
pergunto, provocativa, ignorando sua possível resposta ao entrar
direto no segundo e último cômodo do chalé.
Há apenas uma cama de casal, com lençóis que eu
presumo serem de Maxwell. Não tem pétalas de rosas ou velas, ele
não é assim. Tudo o que ele tinha feito era forrar a cama e levar
alguns travesseiros, afinal, eu não sou do tipo de menina que pede
por cobertores. Meu corpo não é nem de longe perfeito, eu tenho
cicatrizes, estrias, celulites e coxas grossas que por muito tempo me
deixaram insegura, mas hoje a minha confiança não morre de jeito
nenhum.
Afinal, não existe isso de mulher perfeita.
Me jogo na cama, sorrindo ao perceber que Maxwell
caminha até mim a passos lentos. Lentos até demais pro meu gosto.
Estou com uma meia arrastão que chega até os joelhos e
tênis all stars de cano baixo que combinam ainda mais com a minha
aparência. Me deito sobre os travesseiros e abro as pernas, um
claro convite para que o meu lobo mau tome o que quiser de mim e
me faça lembrar do motivo de eu estar aqui uma hora dessas.
E ele me lembra.
Maxwell molha os lábios rosados ao perceber o quão
entregue eu já estou a ele nesse momento e vem andando em
minha direção como um predador, dono de uma calma que faz meu
sexo pulsar. Para um cara tão bruto como ele costuma ser, está
paciente até demais.
Ele puxa uma das minhas pernas em sua direção sem
cerimônia e abaixa a minha meia lentamente, depositando um
beijinho quase casto na parte já descoberta. Ele me trouxe pra
frente com certa brutalidade, o que me faz deslizar sobre o colchão.
Ótimo, todo o trabalho que tive com o meu cabelo não
serviu pra nada mesmo.
— Ah, Savannah, o que eu faço com você? — Ele
pergunta, sedento, encarando o vão entre minhas pernas como se
eu fosse o objeto mais precioso do mundo.
— Faça o que você quiser — sussurro, mordendo a ponta
do meu indicador.
Ele engole em seco, observando quase hipnotizado como
chupo os meus próprios dedos.
— É exatamente o que eu pretendo.
Ele abre ainda mais minhas pernas e retira meus sapatos
com uma rapidez impressionante. Seguro um suspiro ao vê-lo me
apertar com certa força e depois morder uma das minhas coxas.
— Eu adoro as suas coxas — murmura enquanto as
morde, lambe e dá alguns beijinhos —, desde a primeira vez em que
te vi usando aquele vestido preto naquela festa... Me lembro de
como queria segurar suas coxas quando eu entrasse dentro de
você.
Ele começa a subir seus beijos cada vez mais, até se
perder dentro da minha saia. Maxwell deposita um beijinho rápido
no meio das minhas pernas, ainda sobre a calcinha, o que me faz
soltar um gemido baixinho.
— Adoro como você fica molhada com facilidade. Você é
realmente sedenta por isso, não é? Adora quando eu te pego de
jeito.
— Não posso negar — respondo, respirando fundo.
— Tira essa blusa. Eu adoro pensar que estou te fazendo
quebrar as regras vendo você assim, mas eu gosto mais de ver
seus peitos.
Solto uma risada alta e me sento na cama, tirando minha
blusa e jogando-a longe de qualquer jeito. Maxwell não perde tempo
e enche as mãos com meus seios, ainda sustentados pelo sutiã,
dando pequenas mordidas no meu pescoço exposto. Coloco meus
braços ao redor dos seus ombros e o puxo para mais perto, jogando
toda a cabeça para trás com esse movimento. Adoro quando ele me
beija aqui. Me arrepia da cabeça aos pés.
— Isso, assim... — gemendo, me inclino o suficiente para
conseguir tocá-lo por cima da calça e o simples contato dos meus
dedos contra o seu pau já deixam a minha calcinha ainda mais
molhada. Ele já está duro e prontinho pra mim.
— Senti saudades das minhas garotas — Davies murmura,
levando suas mãos até o fecho do meu sutiã. — E ao ver você tão
excitada como está agora, Savannah... Eu diria que elas também
sentiram minha falta.
A minha roupa cai e expõe meus peitos para ele, que não
perde tempo até abocanhar um deles, sugando com certa violência.
A brutalidade e os movimentos frenéticos de sua língua é o que me
deixa mais excitada. Maxwell usa suas mãos livres para apertar os
meus mamilos e alterna sua boca de um para o outro, como se
estivesse sedento e precisasse dar atenção aos dois para
sobreviver. Aproveito que ele está entretido e começo a me esfregar
em sua ereção, estimulando a mim mesma com aquele vai e vem
gostoso.
Ah, sim, eu poderia gozar a qualquer instante se
continuássemos assim…
De repente, ele para.
— Eu amo chupar seus peitos, mas não vou mais fazer isso
se continuar fazendo isso, Sav.
Arqueio a sobrancelha, desafiadora.
— Fazendo o quê?
— Se esfregando em mim como se quisesse gozar logo.
Você sabe que a pressa é a inimiga da perfeição.
Rolo os olhos, me jogando de novo na cama.
— Você é tão chato, tô começando a ficar sem paciência...
Quero gozar logo, Maxwell. É só pra isso que vim até aqui.
Ele vem subindo por cima de mim, os braços em cada lado
da minha cabeça.
— Você não veio aqui só por causa disso. — Ele enterra o
rosto no meu pescoço, dando um beijo de boca aberta enquanto
agarra um dos meus seios com possessividade. — E você vai gozar
muitas vezes hoje, só não agora.
Resmungo alto com todo esse controle.
— Isso é tão ridículo. Parece até que você perdeu o jeito da
coisa — provoco, assistindo aos olhos de Davies escurecerem
significativamente. Ah sim, uma coisa que eu sabia sobre Maxwell é
que ele odeia ser desafiado e eu tinha um desafio perfeito pra ele...
— Eu sinto falta do antigo Maxwell. Do que me pegou forte na
caminhonete e depois contra a árvore. Você quase rasgou minha
roupa quando entrou em mim, lembra? Foi tão gostoso...
Max estreita os olhos antes de me agarrar com certa força
e abre minhas pernas com violência, arrancando minha calcinha
com pressa e transformando a peça em fiapos. Não sei se fico puta
por ele ter acabado com a minha lingerie da Victoria Secret's ou se
fico ainda mais excitada com esse showzinho.
— Seu grosso! Sabe quanto custa uma dessas?
Ele me encara, irônico, enquanto me segura com firmeza
pelas pernas.
— Foda-se.
E então Maxwell desaparece entre minhas pernas,
começando a me lamber da forma mais delicada possível. Sempre
admirei como ele trabalha ambos os lados e assistir a sua língua
subir e descer devagarinho na minha boceta me faz estremecer. Ele
agarra as minhas pernas com ainda mais força e começa a me
chupar sem parar, alternando suas lambidas com chupadas
ritmadas, como se estivesse dando um beijo de língua.
— Maxwell! — Não consigo controlar meu grito e levo
minhas mãos até seus cabelos macios em um aperto forte, como se
fossem rédeas e eu estivesse guiando.
Ele não parece ligar para os meus murmúrios e continua
me sugando no lugar certo como se sua vida dependesse disso,
alternando com alguns beijos carinhosos. Arqueio meu quadril em
direção à sua boca a fim de aumentar o contato do seu rosto com a
minha boceta. O prazer se alastra pelo meu corpo como fogo; vem
do couro cabeludo até a pontinha dos pés.
— Maxwell, eu não vou aguentar muito! — aviso, gemendo
mais alto enquanto fecho os olhos ao sentir uma onda de prazer
forte demais.
Mas ele não para. Ao contrário disso, aumenta ainda mais
as investidas com a língua e começa a me chupar sem parar.
Coloca um dedo na minha entrada encharcada e começa um
movimento de vai e vem delicioso enquanto suga a minha
intimidade, dando tanta atenção ao meu clitórios que faz meus olhos
revirarem.
Começo a sentir aquela onda familiar se acumular no meu
ventre e passo a me mexer mais contra sua boca, agarrando seus
cabelos em punho como se minha vida dependesse disso. E, como
uma bomba, explodo em seus lábios com seu nome na boca.
— Maxwell — Aperto minhas coxas ao redor do seu rosto,
sentindo meu corpo ser tomado pela mais deliciosa sensação do
orgasmo.
— Delícia — Maxwell murmura, aparecendo em meu
campo de visão com os lábios brilhando por conta da minha
umidade. — Adoro chupar você. Você é inteiramente gostosa,
Savannah. Seus peitos, sua boceta... Tudo que vem de você me
deixa viciado.
Sinto meu pescoço esquentar e me livro da saia xadrez até
ficar completamente nua. Já sentia minha intimidade começar a
pulsar só de pensar no quão duro Maxwell já devia estar.
— Vou retribuir o favor. — Aviso, começando a desafivelar
o cinto de sua calça, mas ele segura minha mão.
— Se você colocar sua boca em mim, vou explodir. É sério.
Tô tão duro agora que a única coisa que eu quero fazer no momento
é comer você.
— Isso é injusto. Eu quase nunca faço o oral em você, Max.
Ele solta uma risada, se livrando das próprias calças.
— Eu adoro chupar uma garota. Quando uma menina goza
na minha boca, eu quase gozo junto, Savannah. Não tem coisa mais
excitante. Não precisa fazer em mim, é só deixar que eu me esbalde
em você e estamos quites.
Quase gozo de novo ao ouvir suas palavras. Maxwell era
um adorador das mulheres, amava o corpo de cada uma com uma
certa idolatria e eu não tinha dúvidas de que era isso que o fazia ser
tão querido por todas elas. Nenhuma mulher era mal atendida por
Davies, porque ele sempre fazia questão de que todas saíssem
satisfeitas.
Quando Maxwell está quase terminando de baixar sua
boxer branca, me inclino em sua direção e toco em seu braço de
leve, um pedido mudo para que eu faça as honras. Ele abre um
sorriso de canto sacana e coloca os braços atrás da cabeça,
esperando.
Tiro sua roupa íntima sem nenhuma pressa e seguro um
suspiro ao me deparar com aquele membro duro e pulsante bem ali.
Maxwell tinha um pau e tanto. Grande na medida certa e grosso na
mesma proporção. Perdi as contas de quantas noites usei meus
dedos fantasiando estar com ele bem fundo dentro de mim...
— Vai ficar só babando? — brinca, mas posso ver que ele
estava ficando ainda mais excitado com o olhar admirado que eu
dou ao seu membro.
— Não seria uma má ideia. — Pisco, alcançando uma
camisinha já posicionada perto da cama. Ele realmente pensou em
tudo.
Sem mais delongas, abro o preservativo com os dentes,
tomando todo o cuidado para não arruiná-lo e seguro firme o pau de
Davies, fazendo ele soltar um suspiro entrecortado. Arrumo bem a
camisinha na cabeça do seu pau e me inclino para frente,
terminando de desenrolar com a minha boca. Max involuntariamente
agarra meus cabelos, grunhindo meu nome no processo.
— Eu te avisei pra não fazer isso! — reclama, enquanto eu
limpo o canto da boca.
— Não resisti.
— Você vai me pagar.
Ele me pega com força pelas pernas e me vira na cama
com certa brutalidade, como se eu não pesasse mais do que um
saco de arroz, fazendo com que eu bata a cabeça com violência no
colchão. Estou de quatro, completamente exposta para Maxwell que
abre bem as minhas pernas, dá uma lambidinha na minha boceta e
agarra minha bunda com firmeza, desferindo uma série de tapas em
cada lado.
— Ai! Isso dói! — grito, adorando sentir sua mão pesada
desferir golpes contra mim. As palmadas de Max vão me deixando
cada vez mais molhada.
Ele me dá mais algumas palmadas, apertando firme a
minha bunda depois de maltratar bastante a minha pele. O sorriso
de canto que surge ao perceber que ela está vermelha por causa
dele me faz estremecer.
— Isso é pra aprender a me escutar.
— Como se eu algum dia fosse realmente te... Ah! — Sou
interrompida pelo meu próprio gemido quando Maxwell me penetra
rápido sem nenhum aviso prévio.
Ele agarra minha carne com ainda mais força enquanto
mete sem parar dentro de mim, dando tapas em minha bunda
enquanto eu me inclino ainda na direção do seu pau. Suas
investidas são brutas, cruas, e me fazem sentir como se eu
estivesse ali apenas para o seu prazer, o que me deixa ainda mais
quente.
— Isso! Assim! — Empinando mais ainda a bunda ao sentir
que Maxwell estava acertando exatamente onde eu queria, não
consigo conter meus gemidos.
— Porra, Savannah! — Maxwell grita, seu pau pulsando
dentro de mim.
Ele continua naquele mesmo ritmo por mais algum tempo,
me fazendo rolar os olhos e gemer seu nome cada vez mais alto.
Em certo momento, ele enrola meus cabelos em seu pulso e os
puxa com certa força, fazendo com que eu cole meu corpo no seu.
Ele me abraça pela cintura e murmura perto do meu ouvido:
— Savannah, eu quero que você monte em mim.
Abro um sorriso de canto, me libertando do seu aperto e
ficando cara a cara com ele. Davies não perde tempo e vai logo se
sentar, encostando suas costas na parede onde o colchão está
apoiado.
— Sabe que essa é a minha posição favorita, né? —
questiono, me ajeitando sobre seu colo. Passo minhas pernas ao
redor do seu quadril e sorrio ao sentir Maxwell agarrar com firmeza,
mais uma vez, as minhas coxas.
— É claro que eu sei — responde, um sorriso cretino
despontando do canto da sua boca.
Ah...
Vou sentando sobre seu pau devagar, gemendo alto
enquanto ele me preenche pouco a pouco. Eu adoro cavalgar num
cara por causa da profundidade que eu alcanço quando estou por
cima. Eu também amo a sensação de estar no poder e ter esse
controle me faz sentir como se eu fosse a mulher mais desejada do
mundo.
Começo devagar, subindo e descendo pelo seu pau a fim
de buscar nosso prazer bem lentamente, mas logo meu desejo fala
mais alto e aumento ainda mais a velocidade, me apoiando nos
ombros de Maxwell enquanto quico em seu colo com toda a força.
Ele também não perde tempo e logo sinto sua boca em
meus seios, o contato de sua respiração ofegante em minha pele
faz com que todos os pelos do meu corpo se arrepiem. É difícil
administrar todas as sensações; e, antes que qualquer um de nós
tente decifrar o que pode ser aquilo, sou tomada por aquela dor
gostosa e familiar que vem subindo pelo meu corpo enquanto
cavalgo em busca do meu orgasmo.
Aumento ainda mais o ritmo, sem me preocupar se eu
posso estar soando meio desesperada; a verdade é que eu
realmente estou. Maxwell também aumenta o ritmo das sugadas
que ele dá em meus seios e não aguento mais, jogo a cabeça para
trás e me deixo levar.
Gozo ainda mais forte dessa vez, o que me deixa
completamente satisfeita.
— Por que o segundo é sempre melhor? — pergunto assim
que me recupero da sensação, ainda com as mãos ao redor do
pescoço de Max.
Ele abre um sorriso lindo, desses que faz o coração da
gente acelerar e não resisto ao impulso de fazer um carinho em
seus cabelos.
— Não sei. Mas antes de recomeçarmos até chegarmos ao
terceiro, seria uma boa começar a falar sobre nós, não acha?
Franzo o cenho, parando com a carícia que estava fazendo
agora em sua nuca.
— O que temos pra falar sobre “nós”? — Faço aspas com
os dedos para exemplificar. — Somos o que somos e temos uma
relação puramente sexual. Fim.
Ele junta as sobrancelhas, claramente insatisfeito.
— Vai me falar que tudo isso é só sobre sexo, Savannah?
Dou de ombros, me sentindo pela primeira vez na vida
desconfortável com Maxwell Davies.
— Você foi o primeiro a falar que não teríamos
compromisso.
Ele me encara, intenso.
— Pessoas mudam.
Desvio o rosto, saindo de seu colo e do seu pau e começo
a procurar a minha saia. De repente estar nua na presença dele
parece... Errado.
— Não deveríamos estar nem falando sobre isso pra início
de conversa — desconverso, colocando meu sutiã meio desajeitada.
— Somos tão bons juntos, não entendo o motivo de fugir de
compromisso. Eu sei que posso ser um pouco mais velho e talvez
um pouco problemático e faltam dois meses pra você começar a
faculdade, mas podemos dar um jeito.
— Não acho que estou pronta para nenhum compromisso
no momento. Quero curtir essa minha fase. Não tente me apressar,
tá legal?
Ele solta um longo suspiro, me encarando meio contrariado
antes de finalmente balançar a cabeça em concordância e forçar um
sorriso.
— E por quanto tempo terei que esperar?
— Sinceramente? — Pergunto, indo em direção às sacolas
de comida que antes eu tinha ignorado. — Quem é que sabe? A
vida é como um livro, Max. Quem é o louco que iria se atrever a dar
uma espiadinha na última página?
THE GOOD ONE

And I need the good one to wake me up on the Sunday...


(E eu preciso do cara bonzinho pra me acordar no domingo...)

Boys Charli XCX

Quando eu vi Thomas Walker pela primeira vez, soube na


hora que aquele garoto tinha algo de especial. Tínhamos apenas
onze anos quando ele veio falar comigo, meio acanhado e não se
irritou nem um pouco quando fui grossa gratuitamente tentando
repelir qualquer proximidade entre nós. Não que eu tivesse algo
contra ele — até achava Thomas legal —, mas o mesmo andava
com Adam e sua turma e esses garotos viviam mexendo comigo por
conta da minha aparência ou por não estar dentro dos padrões.
Era comum eu estar passeando pelos corredores e escutar
um “vai começar a dieta quando, caloura?”, com risadas maldosas
ao fundo.
Não sou uma pessoa que se deixa influenciar pela opinião
dos outros, então eu só revirava os olhos e os ignorava. Mas me
incomodava pensar que aqueles brutamontes escolheram
justamente a minha aparência física pra falar mal. Eu não me
afetava em nada com isso, mas eu sabia que muitas outras garotas
sim. Quantas meninas Adam não fez correr pro banheiro e colocar
tudo pra fora ao pensar que seus quadris eram largos demais? Ou
que seus cabelos não eram compridos e brilhantes o suficiente? Ou
mesmo que seus peitos não tinham um tamanho bom ou não eram
firmes “o bastante”? Eu fico maluca em pensar nisso.
Alguns anos se passaram e descobri que Adam, na
verdade, tinha uma queda por mim. Ele chegou a cortar um pedaço
do meu cabelo e colar na porta do banheiro dos meninos, mas de
acordo com Thomas, tudo não passava de “marcação de território”.
E foi aí que eu quase tive uma síncope.
Queria mesmo entender a lógica de garotos que fazem da
sua vida um verdadeiro inferno com o objetivo de chamar a sua
atenção. A única atenção que vão chamar, amigo, é a da polícia.
Mas, para a minha surpresa, ao contrário de Adam, ou
qualquer um de seus súditos, Thomas Walker era diferente do
restante dos garotos daquela turminha infernal. Ele não me caçoava
por nada relacionado à estética e sempre frisava o quanto me
achava bonitinha.
Dono de olhos castanhos e cabelos da mesma cor, ele tem
essa aura bondosa que consome todos ao seu redor. É inexplicável.
Ele sempre esteve presente por mim.
Quando Brad, um cara do segundo ano em que eu era
apaixonada, me deu um fora na frente de todo o colégio, achei que
seria o meu fim. Eu tinha só quinze anos e fugi para o banheiro para
poder chorar em paz, mas Thomas correu atrás de mim.
Ele ficou do meu lado.
— O Brad é um babaca. — Ele disse, nervoso de tanta
raiva, se sentando perto de onde eu estava. — Ele só está
namorando a Suzie porque a mãe dela deixou que ela colocasse
silicone e ele está ansioso para ver o resultado.
Naquele dia eu chorei em seu ombro, sentindo a dor
profunda de um coração partido. Foi a primeira vez que me senti
conectada a alguém de verdade, agarrada aos ombros do meu
melhor amigo, soluçando, enquanto ele sussurrava o quanto eu era
linda e em quão sortudo o meu futuro namorado seria por ter
alguém como eu.
Se eu usasse mais uma vez a metáfora dos contos de
fadas, diria que Thomas era um príncipe encantado.
A partir daí nos tornamos inseparáveis. Eu conhecia toda a
família dele e ele também conhecia a minha; sempre passávamos
aniversários juntos e íamos para o trabalho juntos todos os dias no
carro conversível que ele ganhou de presente dos pais no
aniversário de dezoito anos. Ele me contava sobre as garotas que
ele era apaixonado e eu sempre dava detalhes dos meus encontros
sórdidos com Maxwell ou qualquer outro sortudo do momento.
Uma das minhas coisas favoritas e que sempre fazemos
juntos é o “dia do filme”. Essa tradição começou depois que
passamos o final de semana inteiro maratonando os filmes da
Marvel, assistindo em ordem cronológica enquanto ele me
explicava, empolgado, cada mísera referência. A partir daí, todo
sábado à noite eu ia até sua casa e tínhamos o hábito de passar o
dia todo trancados no quarto assistindo filmes que nunca havíamos
visto antes no catálogo da Netflix e HBO Max. Na maioria das vezes
eu dormia abraçada a ele e acordava sentindo aquele perfume
familiar que eu tanto amava. Éramos tão próximos que nossos pais
nem reclamavam mais quando dormíamos no mesmo quarto, por já
estarem acostumados com a nossa dinâmica.
Isso durou até Thomas começar a namorar. Veja bem, eu
não sou uma pessoa que acredita em compromisso, mas respeito
demais quem decide viver isso. Assim que Chelsea entrou na vida
dele, pouco a pouco, eu fui saindo. Não considero isso algo ruim, de
forma alguma, eu só me coloquei no meu lugar de “irmãzinha” e
respeitei os sentimentos de outra mulher. Sei que nos dias de hoje
pode parecer difícil, mas ainda existem pessoas com noção.
Infelizmente para ambos, o namoro não foi tranquilo. Eles
terminavam o tempo inteiro e eu estava ali para os dois, pronta pra
dar conselhos. Confesso que às vezes ficava mais entediada do que
irritada, mas isso acabou se resolvendo com o tempo. Eles
romperam de vez e então tive a chance de oferecer aquele ombro
amigo para Thomas de volta.
— Eu achei que era ela — murmurou, cabisbaixo, entre
soluços. — Eu realmente achei que era ela, Sav.
— Thom, você vai conhecer tanta gente incrível ainda. A
vida é tão curta… Talvez o amor da sua vida esteja agora na Arábia
Saudita e você está aí sofrendo pela futura esposa de alguém.
Passei a mão carinhosamente pelos seus cabelos,
tentando melhorar a confiança daquele que sempre esteve comigo.
Com cuidado, Thomas limpou as lágrimas do rosto com as costas
da mão.
— Tem razão. Mas não faz doer menos.
Depois de várias semanas em uma fossa sem igual, pouco
a pouco, a confiança voltou aos olhos de Walker. Dei graças aos
céus, porque eu já não sabia mais o que fazer para arrancá-lo dessa
situação. Decidimos voltar aos velhos hábitos e a “noite do filme”
veio em uma hora perfeita.
— Tenta chegar cedo amanhã se for dormir na casa do
Thomas hoje. — Mamãe pede, sem desviar o olhar do celular.
— Pode deixar! — respondo, batendo a porta atrás de mim
ao sair.
O carro preto do meu melhor amigo já está estacionado na
porta de casa e ele está escorado no veículo com as mãos no bolso.
O cabelo está sutilmente jogado pro lado e seu suéter azul lhe
confere um ar bem sofisticado. Seus olhos, como sempre, exalam
carinho e não me contenho ao correr em sua direção e me jogar em
seus braços.
— Sav! — Ele me aperta firme, surpreso. — Tá pronta pra
mais uma sessão de comédias românticas sem graça?
— Fala sério. Queria mesmo é uma maratona Star Wars,
que tal?
— Eu já assisti todos os filmes. Vamos de comédia
romântica que me façam acreditar de novo no amor.
— Você é o sonho de toda garota mesmo, hein. — Reviro
os olhos, me livrando do seu abraço para poder entrar no carro.
Thomas me conhece com a palma da mão, então ao entrar
no Audi as músicas do Gun’s & Roses já estão devidamente
selecionadas. Paradise City é meu hino e sempre que estamos no
carro é obrigatório cantá-la a plenos pulmões.
— TAKE ME DOWN TO THE PARADISE CITY, WHERE
THE GRASS IS GREEN AND THE GIRLS ARE PRETTY —
gritamos, sorrindo ao sentir nossos cabelos contra o vento. — OH
WON'T YOU PLEASE TAKE ME HOME, YEAH YEAH!
Continuamos com a nossa cantoria até avistarmos a
casinha branca de dois andares com aquele cercado bonitinho e um
lindo quintal com a grama bem verde. Os Walker são bem
perfeccionistas e se importam muito com as aparências. Por causa
disso, quem os vê de fora pode até pensar que são metidos e
arrogantes, mas quem convive com essa família sabe quão
amigáveis e amorosos eles são.
— Hoje devíamos ver algum filme com a Jennifer Lopez,
então — comento, saindo do carro com Thomas em meu encalço.
— Pode ser. — Ele murmura, distraído, enquanto procura
as chaves de casa.
Por sorte (ou azar) estamos sozinhos em casa.
Aparentemente os pais de Thomas tinham ido assistir uma palestra
sobre “educação responsável” e não sabiam que horas
voltariam para casa.
— Seus pais são uma comédia — comento como quem
não quer nada, dando uma olhada no ambiente. Ele havia aberto o
sofá-cama da sala e arrumado com travesseiros e cobertores.
Levanto uma sobrancelha e o encaro sugestivamente.
— Como eles não estão em casa, pensei que podíamos
assistir os filmes na sala. — Ele dá de ombros, trancando a porta
atrás de si. — A TV daqui é bem maior.
Concordo com a cabeça, me jogando sobre a maciez do
sofá. Thomas Walker sabe mesmo das coisas.
Ele surge depois de um tempo com um balde de pipoca,
algumas barras de chocolate e doces. Sorrio empolgada, batendo a
mão ao meu lado em um claro convite para que ele se sente bem
perto de mim.
— Você é a minha alma gêmea — dramatizo, pegando um
punhado de pipoca. — Sério, quero me casar com você um dia.
— Para de exagero.
— É sério! Você é carinhoso, gentil, cozinha, é organizado
e ainda por cima é um gostoso. Me casaria com você fácil, fácil.
— Savannah…
Balanço a cabeça, brincalhona.
— Qual é? Não posso dizer que meu melhor amigo é o
homem dos sonhos de qualquer mulher?
Ele ruboriza, sem graça, enquanto aperta seus lábios finos.
— Se você ficar me dizendo essas coisas, eu corro o risco
de acreditar.
Estreito meus olhos em sua direção.
— É pra acreditar mesmo! Sem autopiedade, você é foda e
precisa entender isso de uma vez por todas.
Ele me encara por longos segundos e consigo perceber
que há algo na ponta de sua língua. Mas vejo que desistiu do que ia
dizer ao balançar a cabeça, suspirando alto.
— E aí, que filme quer ver? — pergunta, mudando
completamente de assunto.
— Thomas…
— Qual filme, Savannah?
Molho os lábios, abrindo um sorriso de canto mordaz.
— Algum com bastante cenas de sexo. Se é pra ficar aqui
assistindo comédia romântica, que tenha algo interessante mesmo
pra ver.
Ele faz pouco caso dos meus comentários e me estende o
controle remoto.
— Escolhe você então.
Começo a procurar em todo o catálogo da Netflix algum
filme que possa parecer interessante, mas a maioria das minhas
escolhas seriam séries de TV e essas não gostamos de ver juntos.
É uma regra minha e ela existe porque é muito frustrante começar a
ver algum seriado com alguém. Às vezes você tem um tempinho
livre e quer assistir a algum episódio, mas a outra pessoa não deixa.
Por conta disso prefiro ver sozinha e maratonar todos os episódios
de uma vez só, sem sofrimento.
Já estou quase desistindo da busca quando me deparo
com Justin Timberlake e Mila Kunis no filme Amizade Colorida.
Costumava ser o único filme de romance que eu realmente gostava
e vai ser uma experiência engraçada assistir com o meu melhor
amigo, certo?
— Acho que vamos ver esse — declaro, clicando no título
escolhido.
Thomas arregala os olhos, negando veementemente.
— Claro que não! Isso vai ser estranho demais.
— Qual é, Thomas? É só um filme. E além do mais, eu
adoro ver o Justin sem camisa mandando ver.
Ele aperta os olhos, cruzando os braços.
— Esse filme tem muita cena de sexo.
— E daí? É exatamente o que eu quero. Eu sempre te dou
detalhes da minha vida sexual e você não parece se importar.
Assistir a um casal se pegando não vai abalar a nossa amizade,
certo?
Ele fica em silêncio, corando mais uma vez, seu rosto mais
vermelho do que um pimentão.
— Certo? — repito a pergunta, ainda sem obter resposta.
— Thomas?
Walker bufa alto, se deitando no sofá enquanto cobre os
olhos com as mãos.
— Podemos, por favor, não falar sobre isso?
Um estalo surge na minha cabeça e dou um pulo ao pensar
na possibilidade de... Não, não pode ser.
— Thomas... Você por acaso é... Virgem?
Ele arregala os olhos e se senta bruscamente.
— Claro que não! Eu namorei a Chelsea por quase dois
anos!
— Eu sei, mas vocês transavam? Ela parecia ser tão
certinha e você também não fica muito atrás…
Chelsea é filha de um casal de conservadores que moram
perto da casa dos Walker. Thomas e ela se conheceram em uma
palestra chamada “domando a adolescência”, evento que os pais de
ambos os obrigaram a ir. Ela era uma boa garota; ele era um bom
garoto. Foi como juntar dois mais dois. Eram o casal mais certinho e
previsível que eu conhecia, mas as famílias estavam de acordo com
o relacionamento e aparentemente eles também, então me abstive
de comentários e incorporei o meu papel de amiga apoiadora,
fazendo questão de criar uma amizade, mesmo que superficial, com
Chelsea.
Porém, infelizmente eles terminaram depois de Chelsea
colocar um belo par de chifres no meu melhor amigo. A coisa só
piorou quando ela voltou, arrependida, implorando perdão.
Aparentemente o rapaz que “corrompeu” a boa menina não queria
compromisso e quando eu acabei descobrindo que ela dormiu com
Maxwell Davies, um verdadeiro pandemônio se instalou.
Sim, você leu certo.
Depois de mais uma verdadeira maratona de sexo com
meu bad boy, decidi dar uma olhadinha nas fotos do celular. Às
vezes gostávamos de filmar a transa para assistirmos ali juntos e eu
fazia ele apagar segundos depois.
Ele foi ao banheiro e quando abri a galeria de fotos lá
estava, Chelsea completamente nua em toda a sua glória, fazendo
caras e bocas para Max.
— Que porra é essa? — perguntei, mostrando a foto para
Davis assim que ele voltou.
Max suspirou.
— Isso não é legal, Sav. Você violou a minha privacidade e
mais ainda, a dela. — Ele arrancou o celular da minha mão e travou
a tela, uma carranca aparecendo em seu rosto.
Não pensei duas vezes antes de me vestir, calçando os
sapatos desengonçada enquanto já apanhava as chaves do carro.
— Qual é, Savannah, não faz isso.
— Não faz isso é o cacete, Max. Não me liga mais.
Ele segurou meu pulso assim que esbarrei em seu peito e
me puxou em sua direção, colando o corpo forte nas minhas costas.
— Isso tudo é ciúmes?
Soltei uma risada sem humor.
— Só nos seus sonhos. Eu tô pouco me fodendo pra quem
você come, Max, mas essa garota aqui é namorada do meu melhor
amigo. Ele vai ficar com o coração partido.
Max me encarou, sério e eu sustentei seu olhar. Era uma
disputa silenciosa e ficamos assim até ele balançar a cabeça,
frustrado.
— Posso pelo menos explicar o meu lado da história, por
favor?
Decidi que seria bom ter todo o contexto para poder dar a
notícia que iria quebrar Thomas, então assenti, me preparando para
o pior.
Maxwell conheceu Chelsea em uma festa igual a que nós
dois nos conhecemos. Ela pareceu fascinada com as tatuagens que
cobriam os braços dele e passou a noite inteira fazendo joguinhos.
Ele até chegou a pensar que ela era virgem e por isso não avançou
tanto o sinal nesse primeiro momento. Eles trocaram telefones e
marcaram um encontro na velha casa abandonada, onde passaram
a noite, uma madrugada inteira regada de sexo.
Fui embora assim que ele terminou o seu relato e não olhei
mais para trás.
— Ela era bem puritana. No início — Thomas responde,
abrindo um sorriso tímido pra mim. — Perdemos a virgindade juntos.
— E só faziam papai e mamãe, aposto.
Ele cora, balançando a cabeça.
— Acho que isso não é muito da sua conta, Savannah.
Ergo minhas mãos em sinal de rendição.
— Ok, eu entendi. Mas posso fazer uma última pergunta?
Ele dá de ombros, passando as mãos pelo cabelo em um
sinal de nervosismo.
— Ela ao menos sabia te chupar direito, Thom? — Ele
desvia o olhar, coçando a nuca claramente desconfortável. — Ah,
não! Ela nunca fez um boquete em você?
Começo a gargalhar, me dobrando para frente de tanto rir.
Não é possível uma coisa dessas.
— Passar dois anos com alguém e não receber nem uma
chupada, Walker? Sério? — gritei entre risadas escandalosas.
— Quer parar de gritar?!
— Então quer dizer que Chelsea é do tipo egoísta? Você
fazia nela, mas não recebia nada em troca?
Ele franze a testa, confuso.
— O que quer dizer com isso?
Arregalo os olhos e começo a rir ainda mais alto.
— Não acredito nisso! Ela também não deixava você
chupar ela? O que tem de errado com essa garota?
— Ela se sentia desconfortável, só isso. Sexo oral exige um
nível de intimidade muito grande e só não estávamos muito
confortáveis com isso.
— Ah, Walker, você não sabe o que está perdendo... —
jogo no ar, divertida.
Ele desvia o rosto mais uma vez, extremamente tímido. Me
aproximo um pouco mais, tirando seu cabelo do rosto, mas ao invés
de fugir como sempre, ele me encara meio receoso.
— Você já fez?
Dou de ombros.
— Algumas vezes.
— E já fizeram em você?
Abro um sorriso de canto.
— Muitas vezes.
Thomas engole em seco, se recosta no sofá e puxa o
cobertor sobre suas pernas.
— É melhor assistirmos ao filme.
— Ok, pode dar play. Vou só trocar de roupa e já volto.
Essa calça jeans está começando a me incomodar.
Ele assente, distraído.
Corro até o banheiro e troco minhas roupas, colocando o
meu short e blusa de alcinha favoritos. Não que isso fosse uma
tentativa de sedução ou qualquer coisa do tipo, é só o meu pijama
habitual. Thomas já tinha me visto com ele pelo menos umas dez
vezes.
Quando eu desço até o primeiro andar novamente,
entretanto, ele engole em seco ao me observar. Não sei se por
nossa conversa mais quente antes de eu me trocar, mas ele me
encara como se fosse a primeira vez que estivesse me vendo
vestida assim.
— O que foi? — pergunto, confusa.
Ele volta seu olhar para a TV, respirando fundo.
— Nada não. Vamos ver o filme?
Assinto, desconfiada. Thomas de repente ficou bem
esquisito.
O filme começa e parece que tudo está de volta ao normal.
Gargalhamos juntos com o início da história e também quando os
personagens se encontram pela primeira vez no aeroporto de New
York, onde a personagem da Mila se embola toda para conseguir
encontrar o personagem do Justin. Thomas parece estar mais
descontraído com as loucuras que os dois fazem juntos, até
começar a primeira cena de sexo.
E veio a calhar que essa primeira cena é justamente o sexo
oral entre os personagens.
Ele começa a ficar vermelho ao assistir como a Mila
ensinava ao Justin o que fazer lá embaixo e eu abro um sorriso
divertido, começando a ter uma ideia bem parecida.
Me aproximo do meu melhor amigo como quem não quer
nada, me aconchegando em seu peito. Ele parece confuso no início,
mas logo abre seus braços para que eu me acomode melhor.
Reparo também que sua respiração está cada vez mais ofegante e
sinto uma fisgada me pegar desprevenida no meio das pernas.
Os caras bonzinhos sempre me fazem perder a cabeça.
Não vejo nenhum problema e até gosto de ser “a”
experiente. De saber todas as coisas enquanto tem um bom moço
com vontade de aprender. E apesar de amar Thomas como um
irmão, eu preciso reconhecer que o tempo fez bem para ele. Os
braços magros deram lugar para músculos bem salientes e o cabelo
que antes cobria seu lindo rosto, hoje se mantém em um corte que
valoriza seus traços. Os olhos, no entanto, continuam os mesmos.
O filme foi se desenrolando até os personagens
começarem a ter um ritmo frequente de sexo. Me aninho ainda mais
em Thomas, começando um carinho quase imperceptível em seu
abdômen. Ele tem uma vida saudável graças à disciplina dos pais e
apesar de reclamar de ter que comer verduras, frutas, pouco
carboidrato e fazer muitos exercícios durante a semana, eu não
poderia estar mais grata por sua vida fitness.
Passar a pontinha dos dedos pela barriga definida e sentir
os gominhos de seu abdômen estão deixando minha respiração
cada vez mais acelerada.
Walker parece ignorar o movimento das minhas mãos, mas
se sobressai ao sentir meus dedos frios em contato com sua pele
quente por baixo da blusa.
— Savannah? — pergunta, os pelos dos braços eriçados.
— O que está fazendo?
Ignoro seu questionamento, ainda concentrada no filme que
se desenrola na nossa frente. Minha mão começa a passear
livremente pela sua barriga e sinto Thomas se retesar, nervoso.
Acho fofo a forma como ele se ajeita no sofá, possivelmente
tentando esconder a sua ereção.
Não acredito que o deixei passar em branco por tanto
tempo.
Thomas solta um gemido baixo quando começo a usar as
unhas em sua pele e ao colocar minha perna dobrada sobre a sua,
esbarro em seu membro, completamente duro. É bonitinho saber
que com poucos toques ele já está ficando louco.
— Savannah... Não acho que essa seja uma boa ideia…
Seus olhos mostram incerteza, mas seu corpo me diz outra
coisa. Sem pensar duas vezes, cubro seu corpo com o meu e o
puxo para um beijo. Thomas se inclina um pouco para trás,
surpreso, mas não interrompe o contato de nossas bocas. Não peço
passagem para sua língua e nem ele; ficamos apenas com os lábios
colados um no outro, em um selinho demorado. É gostoso sentir sua
respiração contra o meu rosto e meu sexo começa a pulsar,
ansioso, com todo o carinho que ele demonstra através desse beijo.
— Para de pensar tanto — peço ao meu desgrudar dele.
Sem cerimônia, passo meu short pelas pernas, ficando
apenas de calcinha e a minha blusa de alcinha. Vejo Thomas tragar
e depois engolir em seco. É quase possível ouvir as batidas de seu
coração, estão aceleradas demais, como se fosse a primeira vez
que uma garota ficasse nua para ele.
Sem pedir permissão, abaixo sua calça de moletom até os
joelhos. Ele se senta, inseguro, parecendo um pouco desconfortável
com a situação. Franzo o cenho, me afastando dele.
— Thom…
Antes que eu possa me afastar completamente dali,
Thomas agarra meu pulso, firme. Ele não consegue me encarar,
mas sussurra tão baixinho que quase não escuto:
— Por favor, continue.
Concordo com a cabeça, me sentindo mais confiante. Sem
desperdiçar um segundo sequer, me sento em seu colo, ficando
cara a cara com ele. Ele geme alto ao sentir o contato de nossos
sexos que estão cobertos apenas por nossas roupas íntimas.
— Chelsea já sentou em você assim, Thomas? —
questiono, passando meus braços ao redor de seus ombros fortes e
chio ao sentir seu pau duro em contato com minha intimidade
pulsante. Começo um vai e vem devagar, estimulando nós dois ao
mesmo tempo.
Thomas solta um gemido baixinho perto do meu ouvido e
puxa meu rosto em direção ao seu para aprofundarmos um beijo. Ao
sentir sua língua quente em contato com a minha, afundo minhas
mãos em seus cabelos macios e o trago ainda mais pra mim. Ele
agarra meus quadris com certa força e aumenta um pouco mais o
atrito entre nós, fazendo com que uma onda de prazer quase
insuportável tome conta do meu corpo.
Sem explicar nada, me levanto do seu colo em um pulo,
sentindo a sua frustração por perder aquele contato.
— O quê? — Ele pergunta, os olhos ainda nublados de
prazer.
Não respondo ainda, mas a verdade é que eu quero
mostrar para Thomas o que ele estava perdendo esse tempo todo...
E não podia fazer aquilo sem antes mostrar como é bom sentir a
boca de uma garota.
Ele parece decepcionado ao ver que estou de volta à minha
antiga posição, mas logo recupera o tom de vermelho nas
bochechas ao sentir minhas mãos em seu pau. Seguro com firmeza,
começando um leve movimento de vai e vem enquanto a respiração
de Thomas fica cada vez mais ofegante.
Arranco sua boxer preta sem nenhuma pressa, fazendo um
coque nos cabelos para que eles não me atrapalhem. Sem demorar
mais nenhum segundo, coloco a boca em seu membro e o levo até
onde consigo na garganta, ouvindo Thomas gemer meu nome tão
alto que me faz pensar se os vizinhos não virão bater na porta a
qualquer minuto para reclamar do barulho.
Eu começo devagar, apenas subindo e descendo,
deslizando meus lábios por sua carne macia, adorando o jeito como
ele se inclina ainda mais pra frente e em um dado momento,
engancha sua mão em meus cabelos, soltando o coque que eu
havia feito.
— Savannah... — Ele suspira e aperta ainda mais suas
mãos no meu cabelo. — Porra...
Continuo chupando ele da base até a ponta, engasgando
com o seu tamanho e me deliciando ao ouvir seus gemidos
desesperados. Depois de deixá-lo a ponto de explodir, passo a
provocá-lo com a língua, descendo por toda sua extensão apenas
para beijar a cabeça de seu pau algumas vezes. Mostro a língua
antes de alcançar as suas bolas, percebendo Walker ficar todo
arrepiado.
— Isso é tão gostoso…
Seus gemidos são um estímulo a mais pra mim, que
começo a alternar entre as suas bolas e o seu pau, enquanto ele me
guia com as mãos, afoito.
Thomas parece estar em transe; respira fundo e solta
gemidos como se nunca tivesse experimentado sensação igual à
essa antes e consigo perceber que ele se esforça ao máximo para
não gozar.
— Não precisa se segurar comigo. Eu sei que é a sua
primeira vez — Pisco, antes de abocanhá-lo mais uma vez.
— Puta que pariu! — Ele dá um pulo, se ajeitando melhor
no sofá enquanto força minha cabeça ainda mais na direção de seu
pau. — Porra, Savannah! Que delícia a sua boca!
Seguro a risada para não engasgar, pensando em quão
constrangido Thomas vai ficar depois que isso acabar. Duvido que
ele consiga me encarar quando chegarmos ao fim.
Aumento ainda mais o ritmo e a pressão que meus lábios
fazem em seu pau e percebo quando a respiração dele passa a ficar
ainda mais rarefeita.
— Eu vou... Eu vou… — Ele tenta me avisar, mas o seu
líquido quente e salgado invade a minha boca, enquanto ele geme
meu nome em desespero. Gosto de vê-lo tão vulnerável em minhas
mãos. Me faz sentir poderosa.
Engulo tudo que ele despeja na minha boca como a boa
garota que sou e me sento com as pernas cruzadas, enquanto limpo
o canto dos lábios. Ele, por sua vez, parece esgotado ao meu lado.
Com a respiração entrecortada e os lábios entreabertos, Thomas
Walker carrega uma expressão satisfeita em seu rosto. Seu olhar
me encontra e ele parece estar sentindo certa... admiração?
— Isso foi melhor do que todas as vezes que Chelsea e eu
transamos — admite, sem se cobrir e sem vergonha nenhuma.
Ora, vejam só... Thomas Walker está perdendo um pouco a
timidez?
— Eu aposto que sim — respondo, convencida, antes de
voltar a me aconchegar a ele no sofá.
Thomas me encara de lado por alguns segundos antes de
finalmente dizer:
— Quero fazer em você, se não tiver problema. Pode me
ensinar?
Seu pedido foi como atirar um fósforo riscado em cima de
gasolina. Sinto meu corpo arrepiar ao me imaginar ensinando a
Thomas como chupar uma garota da maneira certa e concordo com
a cabeça na mesma hora, parecendo quase desesperada.
Ele sorri, corando um pouco no processo e juntando as
sobrancelhas.
— Como eu começo?
Sorrindo, abaixo minha calcinha até os joelhos, ficando
completamente nua da cintura pra baixo.
— Primeiro você tem que deixar a garota bem excitada.
Vem cá — chamo, puxando ele até meu rosto. — Me beije bem
lentamente e depois vá descendo pelo meu pescoço.
E ele faz, primeiro me dando um beijo lento e molhado, me
fazendo sentir sua língua quente contra a minha de uma maneira
suave e quase carinhosa. E como um bom aluno, Thomas logo
desce seus lábios pelo meu pescoço, colo, seios, barriga... Até eu
estar com a respiração completamente ofegante e quase sem fôlego
para explicar mais nada.
Abro minhas pernas sem cerimônia, sentindo seu olhar
arder sobre mim. Ele então se abaixa e deposita um beijo quase
casto na minha boceta, como se a estivesse conhecendo pela
primeira vez. Todo o carinho e admiração que ele parece nutrir por
mim é o que me faz ver estrelas; o jeitinho de bom moço dele está
definitivamente acabando comigo.
Sem mais delongas, Thomas passa a língua por toda a
minha extensão, fazendo com que eu dê um pulo no sofá. Ele
aperta as minhas coxas com firmeza, me mantendo presa no lugar e
passa o nariz bem devagar pela minha carne molhada. Não consigo
conter meu suspiro e então Thom passa a dar uma sequência de
beijos lentos intercalados com lambidas suaves. Ele parece não ter
pressa e quanto mais tento manter o controle, mais ele afunda seu
rosto contra mim.
— Thomas — gaguejo ao sentir sua língua se
movimentando rápido em minha abertura. Ele me penetra com ela
por alguns segundos, depois sobe até meu clitóris novamente e vai
alternando.
Não posso negar o quanto estou surpresa, afinal, ele não
é... Inexperiente? Mas como quem quer provar o quanto é bom,
Thomas Walker segura minhas pernas com certa firmeza na altura
do meu rosto, me expondo completamente para ele e passa a me
provocar de uma maneira quase diabólica, sugando minha boceta
como se fosse seu doce predileto. Faz um oito com a língua em um
ritmo lento no início, mas que vai ficando cada vez mais rápido
conforme o prazer se acumula em meu ventre.
Involuntariamente agarro um punhado de seus cabelos,
empurrando seu rosto bem forte contra mim.
Mas que porra esse garoto está fazendo comigo? Como ele
pode conhecer meu corpo tão bem?
— Thomas! — grito ao sentir o orgasmo me pegar com
força e deixar minhas pernas com consistência de gelatina.
Parece que eu corri uma maratona.
Ele dá um último beijo na minha intimidade e se ajeita no
sofá, colocando sua boxer às pressas. Ele parece ignorar o fato de
ter me feito gozar em menos de dois minutos!
— Como você fez isso? — pergunto, chocada demais para
acreditar no que tinha acabado de acontecer.
É aí então que ele abre um sorriso cafajeste, um que eu
nunca tinha visto em seus lábios tímidos antes e lança uma
piscadinha sacana pra mim.
— Eu disse que tinha perdido a virgindade com a Chelsea e
que tínhamos namorado por dois anos, mas nunca te falei sobre as
outras.
Levanto uma sobrancelha em sua direção, me sentindo
subitamente... Enganada?
— Que “outras”?
Ele sorri.
— As outras garotas que resolveram me consolar depois da
traição. Você queria ser a minha professora, não é? — Ele joga meu
short para mim, voltando a deitar do meu lado. — Mas acho que já
tive outras antes de você.
Eu. Estou. Em. Choque.
Desde quando Thomas Walker, o garoto de ouro bonzinho
que só namorou garotas que vestiam saias até os joelhos é tão
irônico e pervertido desse jeito?
Sorrio de volta, desafiadora.
— Sei não, hein, Thom… Acho que precisamos fazer isso
mais vezes antes de decidirmos qual dos dois é o melhor. Eu
também te fiz gozar em menos de cinco minutos.
Ele cruza os braços atrás da cabeça e eu me apoio em seu
peito.
— Fico feliz que tenha gostado — diz, meio acanhado.
Arqueio a sobrancelha em sua direção.
— Ah não, Thom. Não vem ficar todo tímido de novo. Olha,
fico feliz que você não seja tão inexperiente como pensei que era.
Ele dá de ombros.
— Não estou tímido… Só um pouco nervoso. Ainda somos
amigos, não é?
Me levanto bruscamente, jogando todo o meu cabelo para
o lado esquerdo.
— Garoto, depois que você me mostrou a habilidade que
essa língua tem, nunca mais vamos ser só amigos — zoo, lançando
para ele um olhar debochado.
Thomas abre um sorriso doce, parecendo completamente
satisfeito com a minha decisão.
— Eu vou te recompensar por esse comentário, Savannah.
Levanto devagar e subo os primeiros degraus da escada,
arrancando minha blusa e jogando-a ali mesmo.
— Mal posso esperar por isso — respondo enquanto vou
caminhando a passos lentos para o quarto do meu melhor amigo.
E eu sei que ele está bem atrás de mim.
THE ONE FROM WORK

The one from work can come over on Monday night...


(O cara do trabalho pode vir na segunda à noite...)

Boys Charli XCX

A maior vantagem em conviver com um babaca


diariamente é o mecanismo de defesa que você desenvolve para se
manter longe de tipos como os dele.
Todos dão os mesmos sinais.
Autoconfiança em excesso, sorriso de canto que deixa
todas as suas intenções à mostra e muita lábia.
Pode apostar, sei disso muito bem.
Ao contrário da maioria das pessoas, eu realmente amo o
meu trabalho. Sou atendente em uma grande livraria no centro da
cidade, minha função é catalogar os livros novos e arrumá-los nas
prateleiras, além de ajudar os clientes procurando alguma obra
específica ou pedindo sugestões para sua próxima leitura. Essa é a
minha parte favorita, já que um dos meus hobbies preferidos é
justamente a leitura.
Meu chefe é um homem muito bondoso, me paga mais do
que o esperado por um trabalho de meio-período e quase sempre
pede para que o filho dele me dê uma carona pra casa quando
Thomas está ocupado demais para vir me buscar. O meu maior
problema, entretanto, é esse bendito filho.
Edward Lewis.
Simplesmente não tenho palavras para descrever o
tamanho do desprezo que sinto por Edward Lewis.
Eu sempre adorei sexo e nunca tive vergonha nenhuma de
assumir isso abertamente. Mas o que esse menino faz é
simplesmente ridículo. Ele extrapola as barreiras do bom senso e
isso vindo de uma pessoa como eu, é alarmante.
Seu querido papai deixou ele como gerente na loja
enquanto não volta para a faculdade, o que o torna, tecnicamente,
meu chefe também. Ele acabou de cursar o primeiro ano de
administração e se acha o garanhão por vir de uma família rica,
dona de uma rede de livrarias por todo o Estado.
Ainda me lembro do meu primeiro dia de trabalho, quando
pensava estar sozinha na loja, ao final do expediente esperando a
minha mãe. Tinha acabado de organizar uma estante inteira com
livros sobre a Segunda Guerra Mundial quando escutei um barulho
estranho soar bem alto no banheiro masculino. Sem pensar duas
vezes, corri até lá a fim de me certificar de que estava tudo bem.
Só que, infelizmente, eu acabei constatando que estava
tudo bem até demais.
Edward estava em pé, nu, fazendo caras e bocas enquanto
uma garota de cabelos loiros que mesmo presos em um rabo de
cavalo chegavam em sua bunda. De joelhos, ela chupava o maldito.
Abri a boca, mas as palavras não saíram. Quando me viu, ele abriu
um sorriso safado, sem dar a mínima para minha presença e passou
a meter na boca da loira com mais vontade ainda sem desviar o
olhar do meu. Colocou o dedo sobre os lábios pedindo silêncio
enquanto a outra mão agarrava ainda mais as madeixas da garota,
que engasgava em seu pau.
Saí de lá ultrajada, simplesmente puta com o fato de ele
não ter o mínimo de respeito não só com a minha presença, mas
também com o estabelecimento que o próprio pai construiu.
— Você precisa aprender a relaxar. — Ele murmurou no dia
seguinte enquanto bebia um gole de seu café, como se o que eu
tivesse visto no dia anterior fosse algo corriqueiro do nosso dia a
dia.
Como ele podia ser tão cretino?
— E você precisa crescer — retruquei, antes de me afastar.
Apesar de adorar sexo, eu jamais colocaria à prova a
confiança dos meus pais só para conseguir me satisfazer. Respeito
é a palavra chave e eu me arrisco a dizer que essa definição não
existe no vocabulário de Edward Lewis. O cara é um otário com “O”
maiúsculo.
Os cabelos loiros e os olhos insuportavelmente azuis são
quase uma munição extra para ele. É irritante ver seu charme em
ação quando ele é dono de uma aparência tão impressionante.
No meu conto de fadas, Edward com certeza é o Gaston,
da Bela e a Fera. É tão convencido que chega a ser patético.
— Volte sempre, meu anjo — Ouço a voz do imbecil
quando ele começa a paquerar alguma pobre cliente indefesa e
reviro os olhos, organizando novamente uma prateleira de livros
juvenis que alguns adolescentes tinham tirado do lugar.
Falta apenas meia hora para eu acabar meu expediente e
Thomas já está vindo me buscar. Vamos ao cinema assistir ao novo
filme da Marvel e eu estou bem animada. Apesar de zoar meu
melhor amigo por ser muito fã de histórias em quadrinho, também
caio de amores pela maioria delas.
O único ponto negativo é que Thomas tem um encontro
marcado depois da sessão, então provavelmente vou passar o resto
da noite sozinha.
— Já acabou? — Edward pergunta, distraído enquanto
anota algo em sua prancheta.
Mostro a língua ao notar que ele não consegue ver meu
rosto e me limito a murmurar um “sim”, tentando lembrar a mim
mesma que apesar de ser um babaca, aquele garoto também é
tecnicamente o meu superior.
— Você vai sair daqui a vinte e cinco minutos, certo,
Savannah?
Assinto, irritada, cruzando os braços na altura do peito. Eu
tento ter o mínimo de contato possível com aquele ser humano, mas
às vezes ele não colabora.
— Não vai mesmo falar comigo? — pergunta, divertido,
finalmente levantando seu olhar para me analisar.
Sustento seu olhar levantando a sobrancelha enquanto
nego com a cabeça.
— Sabe que como seu chefe eu posso te demitir, né? Eu
posso alegar que você não respeita a hierarquia e nem os seus
colegas de trabalho.
Abro a boca, ultrajada.
Como ele se atreve?
— Eu que não tenho respeito pelos colegas? Não fui eu
que deixei alguém trancar a livraria sozinha no primeiro dia de
trabalho pra ir transar na porra do banheiro! — grito, louca para
agarrar o pescoço daquele mauricinho e torcer.
Mas, para minha surpresa, Edward apenas abre um sorriso
cretino de canto e diz:
— Acabou de falar comigo. — Ele sai, me fazendo segurar
um grito de frustração na garganta.
No restante dos meus vinte e cinco minutos eu me mantive
o mais afastada possível daquela praga. Organizei todos os livros,
dei uma conferida na caixa registradora e até limpei os espelhos do
segundo andar. Tédio é foda.
Quase choro de felicidade ao constatar que finalmente
estava na hora de ir embora e que agora eu só volto na próxima
segunda.
Não me leve a mal, eu realmente amo meu trabalho. Mas
ultimamente ele está meio parado, o que acaba me desanimando
um pouquinho. Além do mais, ficar sozinha com Edward Lewis não
faz nada bem para minha saúde mental.
— Savannah, antes de sair passe na minha sala, por favor
— O cretino pede, me fazendo soltar um gemido de protesto. — Por
favor. Sem drama.
Drama? Ah, ele ia ver só o drama!
Mesmo a contragosto o sigo até a sala dos fundos, também
conhecida como seu escritório. Por que alguém que está
temporariamente na cidade tinha um escritório? Também não
entendia muito bem. No fim das contas, acredito que Edward pediu
um só pra poder transar no meio do expediente. Patético.
— O que você quer? — questiono, escorada no batente da
porta.
Ele anda lentamente até o sofá e então me encara, bem
sério.
— Quero que feche a porta atrás de você primeiro.
Reviro os olhos e entro de vez na sala, batendo a porta
atrás de mim com uma força exagerada, querendo me assegurar
que alguém escutasse e soubesse onde estou caso não volte mais
para casa.
Vai saber o que esse safado quer comigo.
— Acho que precisamos conversar. — Ele começa.
— Me chamou aqui pra bater papo? Sério?
— Sério. — Ele cruza os braços, seus olhos ainda fixos em
mim. — Quero entender o motivo do seu ódio.
Solto uma risada alta de escárnio, me apoiando na parede
atrás de mim.
— Vai mesmo fingir que não sabe?
Ele exibe uma expressão confusa, me questionando com o
olhar.
Ok. Vamos lá.
— Você transou com uma loira qualquer no banheiro dos
funcionários enquanto eu precisei fechar a loja sozinha no meu
primeiro dia de trabalho.
— E esse é o motivo do seu ódio?
— Não é óbvio?
Ele sorri, se levantando.
— Se queria participar, era só pedir.
— Participar? Querido, já vi performances melhores do que
aquela. Já vivi, aliás. Não sou nenhuma puritana, só acho que deve
haver respeito no nosso ambiente de trabalho.
Ele parece achar graça e dá um passo em minha direção.
— Me explique, por favor, onde eu faltei com respeito.
— A livraria que seu pai construiu e onde tanta gente
trabalha acaba sendo desmoralizada por comportamentos como o
seu.
— Desmoralizada como? Alguém além de nós dois e a
Clara sabe o que aconteceu lá?
Clara?! A menina do caixa?!
— Era a Clara?! — exclamo, sentindo meus músculos
ficarem tensos de nervoso.
Edward solta uma risada ao jogar a cabeça para trás.
— Era sim. Boquete bem meia-boca se quer saber.
— Não quero.
— Ótimo. Acho que já estamos resolvidos.
— Porra nenhuma — objeto, revoltada. — Foda-se que era
a Clara. Para de ser tão cafajeste. Se quer transar, faça isso em
casa!
— Mas aí qual seria a graça?
— O sexo em si já não tem bastante graça?
Ele estala a língua no céu da boca, negando com a cabeça
lentamente.
— Tsc, tsc... Pobre garota inocente. Nunca transou em um
lugar público, não é?
Me lembro instantaneamente de quando Maxwell e eu
fodemos na caminhonete. Ela estava estacionada no meio da rua,
então tecnicamente era um lugar público. Logo em seguida fomos
pro parque e lá transamos de novo escorados em uma árvore, então
com certeza eu já tinha passado pela experiência.
— Não que seja da sua conta, mas claro que já.
— Se tiver sido em uma rua deserta ou em um lugar que
fique fechado ou sem ninguém durante a noite, não conta.
Abro a boca, chocada com sua dedução precisa.
— Eu não preciso da sua aprovação — respondo, seca.
— Qual é? Nunca quis transar sabendo que podia ser pega
a qualquer momento? Imaginando que alguém pode estar te
assistindo e ficando excitado com a visão? — Sua voz passa a ficar
mais baixa, mais rouca, mais... Sensual. — Nunca quis ficar tão
envolvida em alguém ao ponto de até torcer para que te peguem
com ela? Não tem vontade que te vejam e saibam o quanto você é
uma garota má?
Respiro fundo, falhando miseravelmente ao tentar ignorar o
calor se alastrando por todo o meu corpo ao ouvir as palavras sujas
de Edward. Ele tem uma voz macia e rouca na medida certa, que
quando sussurrada me causa arrepios.
A contragosto, engulo em seco.
— Não — minto.
Ele abre um sorriso de canto.
— Mentirosa.
Edward dá mais um passo em minha direção e só nesse
momento percebo o quão próximos nós estamos. Instintivamente
dou outro para trás, tentando a qualquer custo nos manter
afastados.
— Acho melhor eu ir. — Minha voz sai em um fio.
— Por quê? — Ele pergunta, dando o passo final para os
nossos corpos se encontrarem.
Nossas testas estão coladas e nossas respirações se
mesclam, me fazendo sentir o forte perfume da Armani que ele usa
todas as manhãs. Eu nunca tinha reparado no quanto era bom... Até
agora.
— Porque é melhor.
Ele se aproxima bem pertinho de mim, quase colando seus
lábios nos meus. A espera está me deixando cada vez mais
ansiosa, mas me retraio ainda assim. Afinal, é o fucking Edward
Lewis! O filho do meu chefe, o babaca que não tem respeito por
ninguém, o otário que tinha pego a Clara no banheiro e ainda disse
que ela não sabia chupá-lo direito. Eu não posso ceder tão fácil para
esse garoto!
— Eu discordo — Ele murmura, abaixando a cabeça para
conseguir acesso ao meu pescoço.
Pescoço... Meu ponto fraco.
Edward deposita uma série de beijos ali, por vezes
carinhosos, por vezes grandes de boca aberta, me fazendo suspirar
alto e inclinar a cabeça para trás a fim de lhe conceder mais acesso
à minha pele.
Seus lábios quentes e molhados vão deixando um rastro de
fogo por onde passam, me fazendo reprimir um gemido ao sentir
que sua boca tinha migrado para o começo do meu decote. Ele
deixa beijos quase castos ali e eu levo minhas mãos aos seus
ombros a fim de afastá-lo. Edward, no entanto, sobe as mãos até
que essas alcançam meus peitos, apertando ambos com certa
força. Eu não consigo fazer nada além de suspirar e fixar minhas
unhas em sua pele.
Com certeza vai ficar marcado.
— Acho que isso seria muito. — Ele sobe os beijos
novamente, sem a mínima pressa. — Muito mesmo. — Ele beija a
minha clavícula. — Certo. — E mais um beijo, dessa vez no canto
da boca.
Beijá-lo ou não beijá-lo? Eis a questão.
Eu estou ficando mesmo excitada e ele nem fez muita coisa
ainda. O que diabos esse garoto tem, meu Deus? E por que eu não
consigo resistir ao seu magnetismo?
Interrompendo meus pensamentos, Edward pressiona a
sua ereção perto da minha coxa e é o estopim. Suspiro alto, perto
da sua boca e agarro seus cabelos, puxando seu rosto contra o
meu. Quando nossas bocas se chocam há uma explosão. Essa é a
melhor forma de descrever o que acontece com meu corpo ao sentir
os lábios de Edward se mexendo junto aos meus pela primeira vez.
Todo o ódio reprimido serviu para alguma coisa, afinal.
Sua boca talentosa me guia para um lugar desconhecido e
suas mãos, antes rentes ao corpo, agora puxam minhas pernas ao
redor de seus quadris, de modo que eu possa sentir seu pau duro
contra mim. Gemo bem alto, sem conseguir me segurar mais. Eu o
quero. E talvez me sinta assim desde a primeira vez que pus meus
olhos nesse mauricinho convencido.
Cravo minhas unhas nas costas dele ao sentir a pressão
que ele faz em meus quadris, o que me leva à loucura. Meus lábios
não desgrudam dos seus em momento algum, suspiramos juntos
com as bocas coladas, quando começo a sentir uma onda de prazer
me atingir.
Pode me chamar de hipócrita à vontade, mas Edward não
poderia estar mais certo. Eu estou animada com a ideia de alguém
aparecer e nos flagrar juntos. Saber que eu estou praticamente
transando com o filho do meu chefe, o mesmo que eu costumava
odiar, me excita ainda mais. Desconfio de que Edward também.
Afinal, ele adora um desafio e podemos dizer que eu fui um bem
difícil.
Ou talvez... Nem tanto.
Ele escorrega a mão por dentro da minha calça, me
tocando carinhosamente, ainda sob a calcinha. Suspiro em sua
boca, agarrando ainda mais um punhado de seus cabelos. Seus
dedos começam uma pressão gostosa, fazendo pequenos círculos.
Lewis começa devagar, me conhecendo, me testando, querendo
saber como meu corpo reage ao seu toque. Começo a rebolar mais
em sua mão, querendo aumentar a fricção.
— Quer mais rápido? — Ele pergunta, sacana, mas
continua o trabalho com os dedos talentosos.
Sem fôlego, reviro os olhos ao perceber que ele está me
dando exatamente o que eu quero. Sua mão habilidosa está
trabalhando para me levar mesmo à loucura e pouco a pouco posso
sentir todas aquelas sensações se acumularem na minha barriga, a
dorzinha familiar que vai se tornando algo grande demais, intenso
demais, bom demais...
— Edward — chamo, gemendo. — Eu vou... Vou...
Ele me cala com sua boca, aumentando ainda mais a
velocidade da sua mão. Cravo minhas unhas ainda mais fundo em
seus ombros, gemendo alto. Foda-se que estejam nos ouvindo.
— Pode deixar vir. Goza pra mim, anjo.
E como uma boa garota, eu obedeço, explodindo em seus
dedos e sentindo a dor gostosa do orgasmo me consumir por inteira,
desde a raiz dos cabelos até a pontinha dos pés. Me agarro ainda
mais nele, sentindo as pernas bambas depois de todas essas
sensações.
O cretino abre um sorriso satisfeito, retirando a mão de
dentro da minha calça apenas para provar seus próprios dedos.
— Para com isso — peço, envergonhada.
Ele gargalha alto, divertido.
— Você acabou de gozar gostoso nos meus dedos, anjo.
Não vai fazer a tímida agora.
Reviro os olhos, tentando me recompor.
— Que seja.
Na mesma hora meu telefone começa a tocar, mas
ignoramos.
— Que tal retribuir o favor? — Ele sugere, malicioso.
Abro um sorriso sacana, assentindo lentamente.
Me coloco de joelhos e devagar desabotoo o seu cinto da
Gucci. Ele adora gastar dinheiro com coisas do tipo e aposto que
essa peça lhe custou uns oitocentos dólares.
Liberto seu membro duro e umedeço os lábios, ansiosa. Ele
geme o meu nome ao sentir minhas mãos o tocando e antes que ele
possa alcançar meu cabelo, me esquivo, encarando seus olhos que
já queimam em minha direção.
— Quer minha boca nele?
— Por favor — Edward implora, me fazendo abrir um
sorriso malicioso.
Me coloco de pé e dou um selinho rápido em seus lábios,
me virando para sair da sala.
— Pede pra Clara — respondo.
Ele arqueia a sobrancelha, um vislumbre de irritação
aparecendo em seu rosto.
— Como é que é?!
— Isso mesmo. Não achou que fosse conseguir tão fácil,
achou? — Sorrio, convencida. — Pede pra Clara terminar essa
nossa brincadeira. O Thomas acabou de ligar, ele está me
esperando lá fora — Ergo o celular com duas chamadas perdidas.
— Quem é Thomas?
Faço uma careta, fingindo pensar na resposta.
— Ah, cara, essa resposta vou deixar pra sua imaginação.
Tô indo nessa.
— Savannah! Não pode me deixar assim! — Ele reclama.
Abro a porta, travessa.
— Considere isso uma vingança pelo banheiro. Se for um
bom menino eu termino isso pra você em algum outro dia — Pisco,
saindo dali antes que ele tenha chance de me responder.
Quem disse que a vingança é um prato que se come frio
está bem enganado. No meu caso, foi quente... Bem quente.
DIFFERENT RINGTONES

And every city I go on with different ringtones…


(E toda cidade que eu vou tenho toques de celular diferentes…)

Boys Charli XCX

ANTES

Amores de verão podem ser tão avassaladores quanto


rápidos, afinal, é muito fácil ir para algum lugar onde ninguém te
conhece e se permitir viver uma história intensa antes de voltar para
a “vida real”.
Posso afirmar isso com propriedade.
Foi em um sábado de manhã que conheci Clarke Harris,
um cara bem divertido e safado, que acabou me fazendo gargalhar
e gemer por horas seguidas.
Minha mãe e eu tínhamos acabado de sair de Porto Rico,
onde ficamos apenas três dias e agora estávamos no Rio de Janeiro
aproveitando o resto da nossa semana de férias.
Eu estava tomando sol, perseguindo a minha “marquinha”
na famosa praia de Ipanema, quando senti a areia gelada por todo o
meu colo. Algum otário tinha acabado de me sujar; estava
preparada para começar uma discussão quando o garoto de
cabelos negros e olhos castanhos abriu um sorriso, daqueles de
acelerar o coração, se agachando bem na minha frente.
— Mil desculpas. Posso resolver isso?
Atordoada, fiz que “sim” com a cabeça e quando ele me
puxou pela mão e me pôs de pé, me retraí, confusa.
— O que você está fazendo?
Ele abriu um sorriso de canto galanteador.
— Confia em mim, princesa.
— Eu nem te conheço e você me sujou todinha de areia. —
Puxei a minha mão de volta. — Aliás, esse apelido é brega demais.
— Qual é? — Estendeu a mão de novo, se esforçando para
esconder o riso. — Prometo que vai valer a pena.
— Não, valeu. — Dispensei, voltando a me sentar na minha
espreguiçadeira agora imunda. Puta que pariu.
— Princesa, não me obrigue a fazer o que estou pensando.
Arqueei a sobrancelha, achando graça da petulância desse
estranho. Ele arqueou a sobrancelha de volta, fazendo menção que
iria se aproximar.
— Não ouse — adverti, mas consegui perceber pelo brilho
determinado em seu olhar que já era tarde demais. — Não!
O estranho veio direto em minha direção e passou os
braços fortes ao redor das minhas pernas, me erguendo da
espreguiçadeira como se eu não pesasse nada. Ele me carregou
como se eu fosse um bebê e eu esperneei, tentando me livrar do
seu aperto.
— Filho da puta! Me coloca no chão!
— Que boca suja, hein, princesa? — Ele gargalhou,
correndo comigo em direção ao mar.
— Cara, não se atreva! Não se atreva!
Ele gargalhou mais alto, parecendo achar divertidíssimo o
meu desespero. Sem ter tempo para raciocinar, o garoto acelerou
um pouco mais os passos e ignorando meus gritos de protesto, nos
jogou com tudo dentro da água salgada. Só tive tempo para fechar
os olhos e rezar para que meu cabelo recém descolorido pelas
mechas de morena iluminada que fiz durante as férias, não
passasse por um corte químico.
Quando emergi, puta da vida, ele continuava com o seu
sorriso de canto.
— Agora você está limpa.
— Vou te matar.
— Não vai. Você não parece assassina.
— Pra tudo tem uma primeira vez.
— Você não vai conseguir me matar, princesa. Tem muita
gente aqui, são muitas testemunhas.
— Eu posso tentar — grunhi, irritada, prendendo meu
cabelo em um coque no alto da cabeça. O estrago já foi feito, o
negócio agora é voltar para o quarto de hotel e tentar salvar com
óleo de coco.
— Meu nome é Clarke. — Ele me informou, se
aproximando. — Clarke Harris. E o seu?
— O meu nome não é da sua conta.
Ele passou a mão em seus cabelos molhados e estreitou
os olhos em minha direção, divertido.
— Acabamos de criar um vínculo. Eu te sujei, me redimi,
agora a gente começa a se conhecer. Nunca viu nos filmes não?
Bufei uma risada irônica, cruzando os braços na frente do
corpo para tentar me proteger do frio.
— Não vai rolar, queridão. Meu cabelo vai ficar detonado
graças à sua gracinha. Fiz luzes ontem! Meu Deus, se eu tiver um
corte químico, juro que não penso duas vezes antes de te encontrar
e…
Clarke me interrompeu ao começar a rir, descontrolado. Ele
se inclinou para tentar se apoiar em mim e eu, irritada, me
desvencilhei do seu toque.
— O que foi?
— Nada não. — Ele coloca as mãos na cintura e encara o
céu, respirando fundo. Falhando miseravelmente ao tentar controlar
sua própria risada. — É que você falou de um jeito engraçado.
Franzi o cenho, confusa.
— Falei o quê?
— “Graças à sua gracinha”. — Ele riu mais uma vez —
Achei bonitinho. Redundante, mas bonitinho.
Inspirei fundo, rezando silenciosamente para que meus
impulsos homicidas ficassem bem controlados.
— Eu tô dando o fora daqui. Até nunca mais, estranho.
Ele me pegou pelo pulso, me fazendo dar alguns passos
para trás.
Encarei a sua mão me segurando e arqueei a sobrancelha,
o que fez Clarke me soltar imediatamente.
— Espera aí. — Ele levantou as mãos em sinal de
rendição. — Só tô querendo te conhecer melhor.
— Se essa é a sua ideia de cantada, tenho pena de você,
amigão.
— Calma, princesa. O que posso fazer para me desculpar?
— Hm, deixa eu pensar. — Coloquei a mão no queixo,
fingindo analisar a situação. — Comprar os produtos de cabelo que
provavelmente custam um rim para tentar reparar os danos que
você causou seria um bom começo. Parar de me chamar desse
apelido brega também seria uma boa, e ah, hidromassagem. Não
necessariamente nessa ordem. Tchau.
Ao tentar passar de novo por ele, Clarke me segurou mais
uma vez. Já estava pronta para xingá-lo em todos os idiomas
conhecidos até que ele ergueu o dedo com o mesmo sorriso cretino
no canto da boca e disse:
— Deixa eu só pegar as minhas coisas e podemos ir. Acho
que tem um shopping aqui perto.
— O quê?
— Eu vou recuperar o seu cabelo. Não importa o preço, eu
pago.
Me desvencilhei do seu toque novamente, começando a
me sentir um pouco mal por ter sugerido isso. É óbvio que não achei
que ele iria aceitar, mas de qualquer forma, não parecia certo.
— Deixa isso pra lá, Clarke.
— Faço questão. — Ele levou a mão até a mecha do meu
cabelo que havia se desprendido do coque e a enrolou no dedo. —
Adorei como você disse meu nome.
Encarei ele, confusa.
— Você é estranho.
— É, já me disseram isso algumas vezes. Vamos?
Depois de avisar para a minha mãe onde estaria e ligar a
localização do celular, segui Clarke até o estacionamento.
Passamos o resto daquela tarde juntos e ele cumpriu todos
os requisitos da minha lista. Quase todos, na verdade, porque
continuou me chamando de “princesa” mesmo que eu rolasse os
olhos todas as vezes que o apelido saía da sua boca.
Fiquei em choque ao entrarmos na loja de cosméticos
quando Clarke, brincalhão, pediu para a atendente trazer todas as
linhas de cabelo que pudessem ajudar a recuperar o meu. Ele
comprou tudo com um cartão de crédito black que quase me fez
engasgar.
Ao final do dia sentamos para ver o pôr do sol na
hidromassagem do quarto de hotel dele. A cobertura era
simplesmente impressionante e não recusei quando ele me
ofereceu uma massagem nas costas.
— Gostei de ser mimada. Não quero outra vida — disse,
me afundando mais na espuma que saía da água. Clarke tinha
acabado de encher a minha taça com um champagne delicioso.
— Estou perdoado então?
Dei mais um gole na bebida, fingindo pensar na resposta.
Ele me encarou com expectativa e eu soltei uma risada, terminando
de engolir o álcool que desceu queimando.
— Claro que sim, né, Clarke? Agora vem aqui me dar um
beijo.
Eu nunca acreditei nessa coisa de amor à primeira vista,
porque acho que ele acontece com o tempo, com a convivência. É
necessário saber os defeitos de alguém antes de entender que o
ama apesar deles.
Em contrapartida, sempre acreditei no tesão à primeira
vista. Foi esse sentimento que me engolfou ao ver Clarke Harris
pela primeira vez, com seu sorriso brincalhão de canto e olhos
hipnotizantes.
Ele se aproximou de mim, dando beijinhos por todo o meu
rosto antes de grudar nossos lábios em um beijo profundo. Quando
sua língua tocou a minha, vi estrelas. Puxei ele com tudo para
dentro da hidromassagem e ele caiu, sem se importar com a roupa
ficando toda encharcada, enquanto me beijava como se o mundo
estivesse prestes a acabar.
Quando caímos na sua cama de hotel, eu estava em
chamas. Ele veio por cima de mim, afoito, e beijou tudo o que
encontrava pela frente. Eu gemia feito louca quando ele afundou o
rosto entre as minhas pernas e ele quase esqueceu o preservativo
tamanha a vontade de entrar em mim de uma vez.
Transamos em todas as posições conhecidas durante a
noite toda. Sempre que eu pensava estar saciada, Clarke fazia algo
para me fazer rir e quando dava por mim, estava chupando seu pau.
É o que dizem: tomem cuidado com os engraçadinhos.
Acordei no dia seguinte com beijinhos no pescoço e uma
bandeja variada de comida. Passamos a manhã inteira na cama e
ao me despedir algumas horas depois, trocamos os telefones.
Eu conseguia conversar com ele sobre praticamente tudo e
desde esse primeiro dia, não nos desgrudamos mais. Ele era um
garoto muito divertido e passar os dias ao lado dele foi… Fácil.
Clarke também não era da cidade, mas adorava o Estado
assim como eu e nos envolvemos enquanto os dias passavam.
Parecia a coisa certa.
Em um dos nossos últimos dias, chegamos a transar na
praia. O hotel dele ficava de frente para o mar e, ao notarmos que a
praia estava praticamente deserta durante a noite, corremos como
duas crianças, nos sujando de areia no processo.
Ele levantou meu vestido e afundou dentro de mim, sob a
luz da lua, enquanto me beijava. Nunca me senti tão especial como
naquele dia.
— Não quero acabar com isso, princesa. — Ele sorriu,
triste, entre um beijo e outro. — Eu realmente gostei muito de
passar esse tempo com você.
Tentei disfarçar a voz embargada e sorri, triste, sabendo
que aquilo era iminente. Ele precisava voltar pro país dele, e eu, em
breve, pro meu.
— Gostou de passar esse tempo comigo ou dentro de
mim? — brinquei, passando a mão pelos seus cabelos suados.
Clarke sorriu antes de beijar a palma da minha mão.
— Os dois. Não sei como vou fazer sem a sua bocetinha
nos próximos dias.
Não trocamos os telefones reais com o prefixo de onde
morávamos e nem e-mails e eu também acabei usando um nome
falso. Acho que ele também. Ele me disse que seu nome é Clarke
Harris e eu, em contrapartida, respondi que me chamava Camilla
Navarro. Hoje reconheço ter sido a pior besteira que eu poderia ter
feito, mas quando se tem dezoito anos e preza pela sua liberdade,
ninguém pensa que uma boa foda pode ser o amor da sua vida.
Sabe essa sensação? De ter encontrado alguém perfeito
pra você e ter deixado escapar? Eu não desejo pra ninguém. É
frustrante saber que você pode ter encontrado o seu “felizes para
sempre” só para perdê-lo de vista. Ou talvez, tal qual Olivia Rodrigo,
eu seja muito emocionada.
Mas Clarke Harris realmente mexeu comigo durante
aquelas férias. Corremos nessa mesma praia, à noite, meu vestido
soltinho completamente molhado e sujo de areia enquanto ele exibia
seu físico sem camisa, sem se importar com quem estivesse nos
assistindo das varandas dos prédios ao redor.
— Te peguei, linda — sussurrou, me agarrando por trás
antes que eu pudesse escapar.
Gargalhei alto, me deixando levar por seus braços fortes.
Não tinha lugar melhor para estar.
— Eu quero ser pega por você pra sempre — falei, me
virando até encostar nossas testas.
E ele sorriu. Fizemos amor ali de novo. Eu sei, eu sei, é
brega esse termo. Mas porra! Sentir Clarke dentro de mim enquanto
observava as estrelas foi como ir ao céu e voltar. E se eu realmente
pudesse escolher, não voltaria jamais.
Ao entrar no avião, chorei feito um bebê. Foram poucos
dias, mas esses foram tão intensos que me pegaram de jeito e me
deixaram muito mal, confesso. Como se eu tivesse realmente
terminado um relacionamento de longa data.
Clarke pensou que eu não vi, mas vi sim. Assisti com o
coração apertado quando ele limpou as lágrimas do rosto ao me
dizer adeus, dois dias depois da nossa aventura noturna.
Me senti como a Ariel deixando o príncipe Eric para trás.
Volto a dizer, não acredito em amor à primeira vista,
tampouco nisso de almas gêmeas. Acho que toda essa crença não
passa de conversa fiada para justificar a obsessão que uma boa
transa pode causar nas pessoas.
Mas, se algo assim de fato existir, então eu tinha acabado
de deixar a minha outra metade para trás.
LA ALL THE WAY TO PUERTO RICO

flying from LA all the way to Puerto Rico…


(voando de Los Angeles até Porto Rico...)

Boys Charli XCX

DEPOIS

Três meses e três caras deliciosos depois, eu sinto que


finalmente já superei essa história. Não existe isso de príncipe
encantado e Clarke com certeza não foi o meu. Eu só precisava
guardar na memória aqueles poucos dias como sendo apenas o que
eles foram: especiais.
Assim que voltei pra casa, meu chip internacional parou de
funcionar. Provavelmente ele também usava um temporário, então
foi isso. Como num sonho, acordei para a vida real e preciso
continuar seguindo em frente.
Agora é continuar vivendo até encontrar algo melhor.
Porque é claro que eu quero namorar, casar, ter filhos... Um
dia! No momento, eu só quero curtição. E devo dizer, eu estou
fazendo tudo direitinho.
— Savannah, está pronta? — Minha mãe pergunta em
frente ao espelho, terminando de ajeitar seu vestido branco.
Eu estou trajando um vestido vermelho de alcinha, rodado,
que bate nas coxas. Eu adoro esse vestido! Me sinto sexy e
poderosa quando uso ele. O decote é bem bonito e dá a impressão
de que eu tenho peitos maiores dos que eu realmente possuo. Além
de ser bem acinturado e curto na medida certa, sem mostrar
demais.
— Estou sim — respondo, passando um batom vermelho
para finalizar.
— Então é melhor irmos logo. Detesto ser a última a chegar
nos lugares.
Mamãe e eu havíamos sido convidadas para um jantar
beneficente sediado pelo chefe dela. Ela trabalha em uma agência
de publicidade e é satisfeita com a sua profissão, escrevendo os
roteiros das publis dos famosos. Recebe um salário mais alto do
que a média e por isso temos uma vida muito confortável, apesar de
sermos classe média.
O fundador da empresa, entretanto, é muito rico. Com
frequência ele faz jantares e almoços beneficentes e convida uma
vasta quantidade de pessoas também muito bem-sucedidas. Dessa
vez, no entanto, ele fez questão de que os funcionários de suas
empresas estivessem ali para parabenizá-lo.
Meu pai, como sempre, não pôde ir conosco, mas deixou o
carro para que não precisássemos voltar tão cedo. A casa — ou
melhor, mansão — onde o chefe da minha mãe mora não fica muito
longe, então quando menos espero, já estamos entrando numa
garagem enorme, cheia de carros luxuosos.
— Dá até vergonha de estacionar aqui. — Mamãe
murmura, o que me arranca um sorriso.
— Que besteira, mãe. Isso vai servir de indireta pra ele te
dar um aumento.
Ela me dá uma olhadinha rápida de soslaio, balança a
cabeça e sorri.
— Você não existe, Savannah.
Dou de ombros, risonha.
Talvez ela tenha razão.
A primeira coisa que reparo quando coloco meus pés
dentro da mansão é na decoração. Fico até receosa de dar um
passo em falso e acabar quebrando uma dessas taças, que com
certeza custam mais do que o carro que estacionamos na entrada.
Candelabros que provavelmente podem pagar toda a
minha faculdade estão pendurados orgulhosamente no teto e o piso
está tão brilhante que consigo me ver no reflexo. O salão principal é
enorme, cheio de garçons servindo as mais variadas bebidas
enquanto as pessoas, que estão vestindo roupas de gala, sorriem,
dançam e parecem confraternizar bem.
Me sinto um peixe fora d’água.
A comida, meu Deus do céu, é a coisa mais estranha que
eu já tinha visto. Pesco um canapé e quase ponho tudo para fora
depois da primeira mordida, porque tenho quase certeza que esse
peixe aqui não está normal. Tento pegar uma taça de champagne
com o garçom mais próximo, contudo, minha mãe intercepta o meu
braço no ar.
— Sem bebida alcoólica.
— Preciso tirar esse gosto ruim da boca — imploro,
fazendo biquinho.
— Mesa de sucos. — Ela inclina a cabeça na direção — E
se eu te ver bebendo alguma coisa alcoólica, Savannah…
— Tá bom, já saquei.
Ela está até se divertindo, ao contrário de mim, que acabo
me sentando em uma das mesas, ansiando para que essa festa
chata chegue logo ao seu fim.
— Senhoras e senhores, gostaria de convidá-los para o
salão de jantar, ao lado. — Uma mulher incrivelmente elegante diz,
o microfone quase alcançando seus lábios rosados. — O Sr. Harris
está à espera de vocês!
Pisco, confusa demais ao escutar o sobrenome. Por que
será que isso me soa tão familiar?
— O que foi, Savannah? — Mamãe pergunta ao se
aproximar.
— O quê?
— Você fez uma cara engraçada quando a secretária do Sr.
Harris veio chamar o pessoal para o jantar. O que aconteceu?
Abro um sorriso, nervosa, assentindo rapidamente com a
cabeça.
— O sobrenome me pareceu familiar, só isso.
Em um estalo, as lembranças de Clarke Harris voltam com
tudo na minha cabeça. O sorriso bobo, as mãos firmes, o pau
delicioso. Férias que não voltam mais.
Balanço a cabeça ao recordar que ele havia usado um
nome falso, cacete. É completamente normal que ele tenha acabado
usando um sobrenome tão comum. Não é?
A sala de jantar está lotada e várias mesas estão dispostas
ao redor da principal, que é quilométrica. Com certeza é onde a
família anfitriã vai se sentar, junto com todas as outras notórias da
cidade.
Um homem que aparenta estar na casa dos cinquenta, com
um rosto marcado por linhas de expressão e olhos castanhos
intensos, dá um passo à frente no púlpito improvisado no meio do
salão.
— Gostaria de agradecer a presença de todos! — O Sr.
Harris começa, sorrindo. — É um prazer ver todas as doações que
fizeram para a causa do lúpus! É uma doença séria e que precisa de
toda a ajuda possível.
Todos aplaudem e ele prossegue:
— Gostaria também de agradecer a todos os meus
brilhantes funcionários que vieram até aqui com suas famílias. Sem
vocês, minha empresa não iria pra frente. E falando nisso. — Ele
ergue sua taça de champagne, sendo acompanhado por todos os
convidados. — Eu gostaria de apresentar pra vocês o meu herdeiro!
O garoto que um dia terá tudo isso e é o dono do melhor coração
que eu já conheci. — Ele dá um passo para o lado, orgulhoso,
quando uma cabeleira negra surge no meu campo de visão —
Clarke Harris!
Sinto meu sorriso murchar ao assistir, petrificada, a Clarke
Harris em pessoa dar um abraço tímido no pai. O sorriso
contagiante permeia seu rosto, ele está tão lindo usando esse terno
que sinto minha respiração ficar presa na garganta.
Não pode ser.
Não tínhamos usado nomes falsos?
Isso não pode ser real.
Mas é. E lá está ele, Clarke Harris, minha paixão das férias,
com uma roupa que deve custar mais do que a nossa hipoteca,
olhos apaixonantes, corpo sarado e sorriso fácil, com os braços
fortes ao redor do pai enquanto recebe um sorriso encorajador da
mãe e é ovacionado por todos os presentes.
E eu continuo estática, o coração batendo acelerado no
peito enquanto noto minhas mãos começarem a suar frio. A
ansiedade toma conta do meu corpo e sinto minha boca ficar seca,
enquanto eu procuro qualquer lugar em que eu possa me apoiar.
— Te amo, pai. Obrigado por confiar em mim.
— Te amo mais, meu garoto, pode apostar. Você é o nosso
maior orgulho. — Seu pai sorri, dando tapinhas em suas costas.
E é quando ele se coloca à frente dos convidados que
nossos olhos finalmente se encontram. Todas as sensações de frio
na barriga e borboletas no estômago se intensificam. O poder que
esse garoto ainda exerce sobre o meu corpo é algo fora do comum.
Clarke pisca um par de vezes, confuso, como se não
acreditasse no que seus olhos estão vendo. Abro um sorriso,
vacilante em sua direção. Eu quero mostrar que está tudo bem.
— Filho? — Sr. Harris chama, tirando Clarke de seu transe.
— Hã? — Ele pergunta, arrancando risadas de todos,
inclusive do próprio pai.
— É o fuso horário. Esse garoto ainda está funcionando no
sistema da Austrália — brinca, risonho. — Quer chamar alguém pra
sentar com a gente, na mesa de honra?
Na mesma hora seus olhos castanhos se fixam nos meus,
sérios.
Franzo as sobrancelhas.
— Como assim, mãe? — pergunto.
Minha mãe sussurra de volta:
— Em todos esses eventos o jantar é a parte mais
importante. Normalmente, o Sr. Harris tem um convidado de honra,
na maioria das vezes é o funcionário do mês. Não entendo muito
bem a lógica, mas acho que pra eles é um grande favor para nós
reles mortais nos sentarmos com pessoas mais “importantes” que
nós. — Ela parece indiferente. — Hoje quem vai escolher o sortudo
é o filho dele, Clarke. O menino estava fazendo um intercâmbio na
Austrália, mas deve começar a trabalhar com o pai ainda essa
semana.
Assinto, meio desnorteada e volto meu olhar para um
Clarke muito confuso e que parece estar prestes a tomar sua
decisão.
Olho ao redor, encarando todas aquelas pessoas
apreensivas, rezando mentalmente para que sejam “o” escolhido e
me pego pensando em quantas dessas mesmas pessoas
provavelmente não passaram a noite inteira bajulando Clarke para
conseguir esse feito.
— Filho? — Sr. Harris o chama de novo.
Ele me encara intensamente, sem piscar por vários
segundos. Muito sutilmente faço “não” com a cabeça, temendo o
pior.
Clarke estreita os olhos na minha direção e ergue o dedo,
apontando pra mim, antes de perguntar:
— Camilla?
Minha mãe enruga a testa, confusa, enquanto eu fecho os
olhos com força e mordo o lábio, prestes a cometer um assassinato.
Ignorando todos os olhares que recaem sobre mim e segurando
meus impulsos sanguinários, dou um passo à frente, sentindo a
ansiedade me comer viva.
— Savannah, na verdade.
Há uma verdadeira confusão de vozes no salão,
burburinhos nervosos e olhares de soslaio que me deixam cada vez
mais desconfortável.
— Savannah Navarro? — Ele franze a testa e estou a
ponto de mandá-lo ficar quieto.
Por que ele não pode só escolher alguém e deixar o
interrogatório para quando estivermos sozinhos?
— Savannah Ciarro — respondo, estalando a língua no céu
da boca.
Espero que isso faça com que ele desista do que está
tramando, mas apesar do olhar desapontado, Clarke parece bem
determinado.
— Eu fiz minha escolha. Quero que a Savannah se sente
conosco, pai. Ela é uma velha amiga e uma surpresa boa essa
noite. — Ele comunica, com um sorriso que não chega aos olhos.
Clarke Harris parece quase... Magoado? Decepcionado?
Antes que eu consiga responder qualquer coisa, minha
mãe me puxa pelo braço, nervosa.
— Como você conheceu o filho do meu chefe, Savannah?
Mordo o lábio inferior, desviando o rosto. Não quero
encará-la nesse momento.
— É ele o garoto que eu conheci nas nossas férias no Rio,
mãe. Clarke Harris. Eu achei que tínhamos combinado de usar
nomes falsos e só vivido uma aventura, mas pelo visto ele me disse
o nome verdadeiro.
— Caramba, Sav! — Ela exclama, exagerada. Minha mãe
tem o costume de se exaltar quando se sente acuada. — Seja boa
com ele, Savannah. Não posso perder esse emprego.
Cruzo os braços, começando a ficar irritada.
— Qual é, mãe? Confia em mim, caramba. O que te
garante que não é ele que pisou no meu coração, hein?
Ela balança a cabeça.
— O fato dele parecer bem magoado e confuso já me diz
tudo o que eu preciso saber. Olha. — Ela puxa meus braços em sua
direção, me forçando a encará-la. — Nunca questionei as suas
escolhas. Você sai quando quer, tem casos com quantos homens
quiser, só te peço honestidade e cuidado. Me diz onde vai e use
sempre camisinha. Lembra? Nunca te privei de nada. — Ela suspira.
— Mas brincar com o coração do Thomas Walker é uma coisa, com
o filho do meu chefe é outra, Savannah. É a primeira vez que estou
te pedindo isso. Não magoe esse menino. Ouviu bem?
A contragosto, assinto. Estou pronta para responder a suas
acusações quando escutamos alguém limpar a garganta, o que nos
tira do nosso momento particular.
— Podem nos acompanhar, por favor? — A mulher de mais
cedo, a secretária do Sr. Harris, nos convida.
Minha mãe abre o maior sorriso da vida dela ao seguir a
mulher, me lançando um olhar de advertência ao passar por mim.
Me preparo para segui-la, mas sou impedida por um braço
musculoso.
É ele. Clarke Harris. Eu sei que é. Sinto o coração acelerar
uma batida ao perceber que estou tão perto dele.
— Savannah? É esse mesmo o seu nome? — Ele pergunta
e começo a sentir as mesmas borboletas no estômago que me
invadiram quando nossos olhos se encontraram pela primeira vez.
Concordo, receosa.
— É sim. Savannah Ciarro.
— Então pelo menos o sobrenome é parecido com o que
você inventou.
— Obviamente.
— Bom saber. — Ele continua, frio. — E é bom saber
também que nunca me procurou depois do que tivemos naquele
verão. Achei que eu tinha significado algo pra você.
— E significou! — retruco, atraindo olhares em nossa
direção. Clarke me puxa delicadamente pela mão e nos leva para
um lugar mais privado. — Significou mesmo! Mas achei que
tínhamos escolhido não nos identificar por uma razão.
— Você podia ter pelo menos pesquisado. Tem muitas fotos
minhas no Google, posso te assegurar.
Reviro os olhos mais uma vez. Vou acabar ficando com dor
de cabeça depois dessa noite.
— Aposto que tem mesmo. Mas como você acha que eu ia
sequer pensar em te procurar, mesmo se eu descobrisse quem você
é, quando você vem de uma família tão importante? Eu ia fazer
como? — Ajeito minha postura, me preparando para a imitação: —
Oi, Sr. Harris, eu sou a garota que seu filho comeu durante o verão
e eu realmente gostaria de poder mandar uma mensagem para ele.
Avisa pro Clarke que quando o intercâmbio dele na Austrália acabar
ainda estou disponível, ok?
Ele balança a cabeça, não achando graça da minha
interpretação.
— Você poderia não ser tão irônica?
— E você poderia ser menos pedante?
Ele trava o maxilar, os punhos cerrados.
— Podia ter pelo menos tentado.
Rio alto, me preparando para deixar Clarke falando
sozinho. Ao passar por ele, esbarro propositalmente em seu ombro
e sussurro contra seu pescoço:
— Se você tivesse se esforçado um pouco, teríamos nos
encontrado muito antes. Eu te disse que morava aqui e falei o nome
verdadeiro da minha mãe. Se pra você tudo é muito fácil, pra mim,
não é. Agora precisamos superar essa história, eles já estão
esperando a gente.
E eu então eu saio.

Eu o sinto assim que o garçom vem servir a lagosta. O


prato parece realmente bom, mas eu estou sem a mínima vontade
de comer esse negócio tão exótico. E é aí que sinto a perna de
Clarke se arrastar lentamente pela minha, traiçoeira e sutil como ele
é. Os pelos do meu braço se arrepiam e tento disfarçar a minha
agitação ao dar um gole generoso na bebida doce da minha taça
enquanto passo a mão pela minha pele.
— Clarke tem grandes planos para a empresa — O sr.
Harris começa, orgulhoso. — Vai se formar em Administração no
semestre que vem e não podemos estar mais felizes.
— Pai! — Ele começa a corar, me lançando um olhar de
esguelha.
Encaro o prato, decidindo se me arrisco na lagosta ou não.
Minha mãe resolve responder seu chefe, empolgada e é aí
que Clarke aproveita a distração para arrastar sua cadeira um pouco
mais pra perto da minha.
— Esse prato está muito bom. Deveria experimentar. — Ele
murmura perto demais do meu pescoço.
Meu. Ponto. Fraco.
— Não como frutos do mar.
Ele sobe a mão pela minha coxa, tocando-a
descaradamente enquanto nossos pais continuam uma conversa.
Arregalo os olhos, alarmada, enquanto empurro sua mão
para longe de mim.
— O que pensa que está fazendo?
Ele arqueia a sobrancelha de uma maneira
insuportavelmente familiar.
— Passamos muito tempo sem nos procurar e concordo
que perdemos momentos demais. Prefiro recuperar o tempo perdido
do que tentar achar um culpado, Sav. — Ele coloca de novo sua
mão sobre a minha coxa, subindo meu vestido um pouquinho no
processo e aperta minha pele sem pudor nenhum.
— Filho?
— Oi? — Clarke se vira para o pai, ainda com a mão em
minha perna.
— Você pode explicar para a Sra. Ciarro a importância do
projeto de expansão em que você e seu amigo andam trabalhando?
Quero que ela saiba os benefícios que essas mudanças trarão para
os funcionários. — Ele pede e Clarke sorri, simpático.
Ele é diabólico, respondendo ao pai enquanto continua
avançando mais pelo meu corpo com os seus dedos.
— Mas é claro, pai. Bom, a ideia toda teve início... — Ele
começa a sua explicação, mas não consigo prestar atenção em
nenhuma palavra sequer.
Consigo perceber as risadas que acompanham o seu tom
de voz empolgado, mas a minha concentração só está em um lugar:
sua mão habilidosa, que agora está sobre a minha calcinha. Ele não
faz nada, só passa seus dedos por cima do tecido e a minha pele
começa a se arrepiar com o contato. Me remexo, inquieta, tentando
fazê-lo entender que precisa parar com aquilo o mais rápido
possível.
— Isso será maravilhoso, Sr. Harris! — Minha mãe parece
genuinamente empolgada. — E vai ser uma ótima oportunidade
para novos profissionais. A Savannah anda pensando em fazer
comunicação também, quem sabe ela não consegue um estágio em
uma das novas filiais?
Minha mãe não vale nada, jogando verde para colher
maduro. Estreito meus olhos em sua direção, irritada.
Clarke, por sua vez, ergue a sobrancelha, sorrindo ao me
lançar um olhar sugestivo.
— Vai ser um prazer ser o chefe da sua filha — Ele brinca,
mas posso sentir a malícia implícita em suas palavras.
Coro ao sentir sua mão me apertar com ainda mais força e
tento disfarçar seus movimentos ao tomar mais um gole da bebida
que está no meu copo. Clarke não parece ligar para o meu
desconforto e continua com suas carícias atrevidas, ainda
passeando com os dedos até o início da minha calcinha.
Solto um suspiro alto, arregalando os olhos ao perceber
que todos os olhares da mesa se voltaram para mim.
— Está tudo bem, Sav? — Minha mãe questiona,
preocupada.
Concordo na mesma hora, enfiando uma garfada do
pedaço da coisa que está no meu prato para tentar disfarçar. Porra,
que negócio horrível.
Odeio frutos do mar.
Forço a lagosta descer pela minha garganta, me odiando
mais a cada segundo que passa.
Clarke não pode estar fazendo isso comigo. É desprezível,
baixo, completamente sem noção, um absurdo e...
Gostoso demais.
Ele continua bebendo e comendo como quem não quer
nada, risonho e brincalhão, enquanto sua mão continua passeando
da minha coxa até a minha intimidade, roçando seu polegar na parte
da frente da minha calcinha de novo. Eu abafo meus suspiros dando
longos goles na minha bebida e já começo a temer quando a
mesma chegue ao fim.
— A Savannah também tem grandes perspectivas de
futuro. Acho que trabalhar na empresa seria uma ótima experiência
pra ela. — Minha mãe continua, espertinha demais.
— É mesmo, Savannah? Poderia nos dizer um pouco mais
sobre a área em que gostaria de trabalhar? — Sra. Harris pergunta,
simpática.
Sinto meu corpo se encher de desespero ao me dar conta
da situação em que eu estou. Claro, Sra. Harris, posso te dar todos
os detalhes que você quiser, isso se seu filho parar de me masturbar
por baixo da mesa.
Uma quinta-feira comum.
Lanço um olhar de esguelha para Clarke, implorando
silenciosamente para que ele pare.
— Eu vou começar a faculdade agora no próximo semestre
e de início vou cursar comunicação. Sempre tive dúvidas entre
jornalismo, audiovisual e publicidade, então acho melhor começar
numa área mais geral antes de me especificar.
Tento enrolar o máximo possível sobre as áreas em que eu
gostaria de trabalhar. Clarke, no início, parece se compadecer de
mim e só deixa sua mão sobre a minha coxa, despretensiosa.
Contudo, quando começo a explicar para a sua mãe o motivo de eu
querer trabalhar especificamente em algo que envolva a escrita,
sinto sua mão agarrar a minha pele com uma força além do normal.
Certamente vai ficar vermelho.
Me esforço para ignorar seu toque e continuo falando com
seus pais, tentando fazer com que minha indiferença o faça parar.
Entretanto...
Clarke dá um gole exagerado na bebida em sua taça e abre
um sorriso de canto para minha mãe, a farsa do “garoto de ouro”
estampada em seu rosto. Por baixo dos panos, literalmente, sua
mão afrouxa um pouco o aperto sobre minha coxa direita e vai
subindo lentamente, até alcançar completamente a minha calcinha.
Ofego, pega totalmente desprevenida por seu toque e me
curvo sobre a mesa, arregalando os olhos, nervosa ao perceber de
novo todos se voltarem para mim
— Tá tudo bem, Savannah? — Minha mãe questiona,
franzindo a testa. — Você parece agitada.
Balanço a cabeça, atordoada demais para conseguir
responder e enrolo meus cabelos em punho, prendendo-os em um
coque no topo da cabeça. Estou hiperventilando e acho que posso
estar começando a ficar vermelha, isso se o calor que está subindo
pelo meu corpo for um bom indicativo.
Bebo todo o conteúdo do meu copo em uma virada só.
— Como estava dizendo, eu sempre quis cursar
comunicação. É um sonho meu. Hm… — Começo a tossir e cruzo
as pernas antes de continuar.
Por favor, pegue o recado Clarke Harris, suplico, em
silêncio.
Mas infelizmente ele não parece desencorajado com o meu
bloqueio e, sem nenhum aviso prévio, ele força sua mão por dentro
das minhas pernas cruzadas. Me remexo, nervosa, quando
consegue o acesso que precisa, coloca seus dedos dentro da minha
calcinha de uma vez só. Seguro um suspiro, alarmada demais para
conseguir pensar em alguma saída.
A mão firme de Clarke me mantém presa no lugar e
lentamente seus dedos começam uma carícia bem leve, indo
devagar, apenas roçando a pontinha do dedo no meu clitóris
latejante. Não sei se é por conta da situação em si, mas nunca me
senti tão excitada na vida.
— Savannah, você tá muito corada. — Minha mãe volta a
questionar. — Tem certeza de que está tudo bem?
Eu concordo, assentindo rapidamente, ainda
completamente concentrada no prazer que Clarke está me
proporcionando.
Me empertigo, colando as costas na cadeira alta. Sinto meu
corpo enrijecer e, sem controle algum, acabo deixando um longo
suspiro escapar. Clarke aumenta a velocidade dos seus dedos e eu
o encaro de esguelha, abrindo um pouco mais as pernas para que
ele aprofunde o contato.
— Eu tô com um pouco de dor de cabeça — minto.
Clarke, parecendo perceber meu sufoco, desvia a situação
para ele.
— Deve ser por causa da música alta. Vem, Savannah,
vamos tomar um ar. — Ele oferece, e não penso duas vezes antes
de me colocar de pé.
— Ok, crianças, mas não demorem muito. A sobremesa
será servida em breve. — O pai dele nos adverte, sério.
— Claro, pai. Nos dê vinte minutos.
Clarke sai andando na frente, apressado, cumprimentando
todos os estranhos que esbarram em nosso caminho. Eu apenas
sorrio, educada, sentindo o meu coração palpitar em expectativa.
Onde será que estamos indo?
Clarke me leva até a cozinha e nos encaminha até a porta
dos fundos, com isso damos a volta pela casa através do jardim,
entrando de fininho na sala de estar. Ele continua calado quando
chegamos às escadas e enquanto estamos subindo os degraus, ele
se vira para mim apenas para pedir silêncio. Aparentemente
estamos indo para o seu quarto.
Primeiro vale ressaltar que o quarto de Clarke é maior do
que a minha sala e cozinha juntas. A cama King Size deve custar
uma fortuna e a hidromassagem que ele tem no banheiro também.
Ele se senta sobre o colchão e fica me observando, curioso,
enquanto eu ando por todo o cômodo deslumbrada.
Estou considerando mesmo trabalhar com comunicação se
a remuneração me permitir ter uma propriedade dessa.
— Agora podemos conversar? — pergunta, sério, ao cruzar
os braços.
Concordo rapidamente, me sentando ao seu lado.
— Conversar sobre o quê? Sobre não termos nos
procurado? O que isso vai mudar na nossa história? — questiono,
séria. — Deveríamos estar gratos pelo que o universo fez e é isso.
Confesso que eu achei que você iria terminar o que começou lá em
baixo.
Ele limpa a garganta.
— Savannah, eu acho que você está certa. Mas também
acredito que precisamos conversar sobre o que vem depois de hoje.
— Não temos como saber, Clarke. Quer meu número de
telefone? Eu te dou.
Ele passa a mão sobre os cabelos, desarrumando tudo,
completamente frustrado.
— É claro que quero seu número de telefone, mas também
quero saber sobre você. Sobre a sua vida. Sem joguinhos dessa
vez.
Me jogo sobre a cama, abrindo os braços de uma forma
dramática.
— O que quer saber?
Clarke deita ao meu lado e se vira completamente pra mim.
— Você tem namorado?
Seguro a risada, levantando o tronco e me apoiando nos
cotovelos. Arqueio a sobrancelha de forma irônica e examino seu
rosto bonito. Ele está com o maxilar cerrado.
— Não tenho namorado, Harris. Só transas ocasionais.
— Nossa.
— Que foi?
— Nada não. E eles são fixos?
— Alguns, sim. Na verdade, acabei precisando me livrar de
um deles, longa história. No momento eu só tenho uma transa fixa.
— Quem é?
— Por que você quer saber? Isso é estranho.
— Ele não vai ligar se ficarmos juntos?
— Ele não tem que ligar. O Thomas também tem os rolos
dele. — Dou de ombros, entediada. — A gente até arranja contatos
um para o outro.
— Isso é moderno demais pra mim. — Ele balança a
cabeça e é então que percebo como seu pescoço está vermelho.
Franzo o cenho, preocupada.
— Clarke. — Seguro seu queixo, puxando-o para minha
direção. — O que foi?
Ele desvia o olhar, visivelmente envergonhado.
— Eu não…. Sabe… — Ele limpa a garganta e o rosto
corado passa a ficar mais vermelho ainda. — Não…
A minha ficha vai caindo lentamente conforme Clarke tenta
se explicar.
Não pode ser.
Puta merda.
— Clarke, eu fui a última pessoa que você transou?
Ele não responde, mas balança a cabeça para se livrar do
meu aperto. Lentamente ele se coloca de pé.
— Não é como se eu tivesse muitas oportunidades
também. Eu estudava em um colégio interno na Austrália só para
meninos.
— Por que vocês não tentaram fugir pela janela? Tipo, igual
nos filmes.
— Só em filmes a segurança de um colégio interno é ruim,
Savannah. Na vida real, além de janelas e portas blindadas,
câmeras em cada esquina, ainda tem seguranças em todas as rotas
de saída.
— Que chato.
— Pois é.
Inclino a cabeça para o lado, escaneando-o dos pés à
cabeça. Clarke devolve o meu olhar e, sem vergonha alguma,
arranco a calcinha que estou usando bem lentamente. Ele engole
em seco ao ver a cor: vermelha. Não sei se é obra do destino ou
apenas acaso mesmo, mas no nosso primeiro encontro, ainda na
praia, eu usava um biquíni da mesma cor.
Ao sair de dentro de mim naquele dia, ele me disse que
vermelho era sua nova cor preferida.
— Se é isso que você quer... — murmura, rouco, enquanto
caminha em minha direção como um predador.
Clarke deita seu corpo por cima do meu, me prensando
contra o colchão macio e, coloca sua perna por cima da minha
intimidade, usando o joelho para estimulá-la. Suspiro em sua boca,
excitada demais para pensar em qualquer coisa pra dizer.
Ele me beija por mais algum tempo antes de desgrudar
nossos corpos. Clarke separa minhas pernas com certa brutalidade
e encara, extasiado, a minha boceta nua. Assistir aos seus olhos
pulsando de desejo por mim faz com que eu solte um gemido, ainda
mais excitada. Não estou tímida ou com vergonha; na verdade,
nunca me senti tão à vontade.
— Eu estava com tantas saudades de você... — Ele diz,
fascinado, passando a pontinha do polegar no meu sexo. — Eu
ainda me lembro do seu gosto, de como você me apertava quando
estava quase chegando lá...
Sem pudores, ele encosta o nariz na minha boceta, me
sentindo, me cheirando e eu arqueio as costas sobre o colchão,
pulsando de ansiedade.
— Porra, Savannah, senti muitas saudades da sua
bocetinha. — Sinto meu sexo se contrair com suas palavras sujas;
Clarke, sem dúvidas, sabe como me atiçar até eu ficar louca.
Sem me fazer esperar mais, ele literalmente me abocanha
de uma vez. Eu gemo alto, revirando os olhos e arqueando ainda
mais as costas em sua direção ao sentir sua boca quente e úmida
trabalhar tão avidamente na minha boceta.
Harris começa me chupando devagar, em um ritmo que
está quase tirando minha sanidade. Ele agarra minhas coxas de
novo e me puxa em sua direção, passando a fazer sucções mais
lentas enquanto enterra o seu rosto contra mim.
Agarro seus cabelos macios, gemendo alto ao sentir toda a
corrente de prazer que percorre o meu corpo agora de uma maneira
quase dolorosa. Ele passa a usar a língua na minha entrada,
apenas brincando e eu sinto meus olhos se encherem de lágrimas.
Está intenso demais, forte demais, eu não vou aguentar
muito tempo.
— Clarke! — gemo, implorando para que ele termine.
Ele volta a me chupar de uma maneira ainda mais lenta,
sugando com vontade tudo que encontra pela frente e eu agarro sua
cabeça, forçando-o ainda mais contra a minha carne.
Me coloco sentada sobre a cama, enquanto ele está de
joelhos, de frente para mim.
— Coloque suas pernas nos meus ombros. — Ele manda e
eu obedeço.
Clarke pega um ritmo delicioso, enquanto continua me
chupando cada vez mais forte e mais rápido. Minha boceta está
latejando e eu solto suspiros e gemidos a cada vez que sua língua
penetra minha entrada encharcada. A qualquer momento nossos
pais podem estranhar o nosso sumiço.
Mas esse garoto não parece ligar. Ao contrário, leva suas
mãos até meus seios, apertando-os com vontade enquanto eu sinto
o orgasmo que eu tanto anseio explodir, fazendo com que eu aperte
minhas pernas ainda mais ao redor do seu rosto, saboreando
aquela sensação maravilhosa tomar conta do meu corpo inteiro,
desde o dedo mindinho até a raiz dos cabelos.
Desabo na cama, ofegante, sentindo a exaustão tomar
conta do meu corpo. Eu preciso me recompor.
Clarke, por outro lado, levanta em um pulo, arruma a
gravata e dá mais uma conferida no terno impecável no espelho, se
ajeitando para descer.
— Vai descer sem mim? — questiono com a voz ofegante,
ainda deitada.
Ele pisca, maroto.
— Vou dizer que você tá meio mal e que a sua dor de
cabeça piorou, então vou te deixar em casa. Fica aí que eu já volto.
— Sorri.
Arqueio a sobrancelha, retribuindo o sorriso.
— E vai me levar pra onde, Sr. Harris?
Seus olhos estão escuros, faiscando de desejo por mim.
— Temos um hotel na cidade, as reformas acabaram no
mês passado. Vai inaugurar semana que vem. Lá tem vários
quartos, diversas camas, uma piscina enorme, hidromassagem,
sauna, sala de jogos, ofurôs, sala de cinema... Muitos lugares para
que eu possa te comer de verdade.
Uma corrente elétrica passa pelo meu corpo já excitado ao
me imaginar transando com Clarke a noite toda. Isso com certeza
vai me deixar acabada, mas, porra, valeria a pena.
— Pode ir! Eu vou me arrumar aqui — respondo.
Ele me lança mais uma piscadinha e logo em seguida sai,
me fazendo gargalhar alto enquanto me jogo de novo sobre o
colchão, saciada.
DON’T BE MAD AT ME

Don't be mad, don't be mad at me (no, no, no, no)


(Não fique bravo, não fique bravo comigo, não, não, não, não.)

Boys Charli XCX

1 ano e cinco meses depois


A secretária sai do meu escritório em meio à uma risada, os
quadris balançando enquanto ela faz a sua caminhada até o
corredor. Não consigo evitar pensar na primeira vez em que a vi,
com a pele bronzeada e os cabelos castanhos. Eu a contratei na
hora porque ela me lembrou a garota que rouba todo o meu sono.
A porra da menina que segurou meu coração na mão e
apertou com força.
Não sou rancoroso, tampouco vingativo. Há mais de um
ano que não tenho contato com a Savannah e apesar de ter ficado
puto além do normal no começo, agora só exercito a paciência.
E espero ansioso para o momento em que vou colocar
minhas mãos nela novamente.
Em que todos nós vamos.
— Chamou? — Edward entra tempestivamente no meu
escritório, os cabelos loiros despontando para todos os lados.
Aceno com a cabeça, apontando para a papelada que
Cindy acabou de trazer.
— Tudo pronto.
— Porra. — Pega os papéis de cima da minha mesa e abre
um sorriso convencido, enquanto lê a licença que conseguimos. —
Essa merda vai mesmo acontecer, hein?
— Vai sim.
Ele sobe o olhar para encontrar o meu.
— Já falou com o Max?
Concordo novamente, sentindo a ansiedade tomar conta de
todo o meu corpo. Há exatamente um ano, descobri que Savannah
costumava ficar com um dos meus melhores amigos de infância.
Edward e eu crescemos juntos, nossos pais sempre foram
sócios em alguns projetos em comum. Quando Sav foi aceita na
universidade e me disse, de forma fria, que queria terminar tudo
entre nós dois, fiquei arrasado. Completamente devastado e
destruído ao pensar que ela me descartaria de forma tão fácil.
Foi em um dos meus dias de fossa que Ed veio me visitar.
Fazia cinco dias desde que Savannah tinha ido embora e eu estava
afogando as mágoas em uma garrafa de whisky que provavelmente
pertencia ao meu pai.
— Ela se foi, Ed. — Eu disse, enquanto virava a garrafa
com tudo na boca.
— Sabia que você estava namorando, porra. — Sorriu, mas
o sorriso não chegava aos olhos. — Vamos atrás dela agora,
cacete. Consigo fretar um jatinho, a gente pega o carro, não
importa. Vamos atrás da sua garota.
Não repeti para ele as últimas palavras que ela me disse.
“Somos jovens demais para estarmos tão apegados, Clarke”. Ela
queria estar livre para aproveitar a nova fase de sua vida.
E eu não podia desrespeitar a decisão dela.
— Deixa isso pra lá. — Suspirei, segurando o choro na
garganta. — Ela quer a liberdade mais do que a mim.
Edward colocou as mãos nos quadris e inclinou o rosto, me
analisando como se eu fosse algum tipo de experimento. Não me
importei de estar parecendo patético, porque era exatamente assim
que eu me sentia.
— Quem é ela, afinal?
Desbloqueei meu celular com os dedos trêmulos e mostrei
a foto que eu usava como fundo de tela. Tirei essa uma semana
depois do nosso reencontro, Savannah estava com os cabelos
longos molhados e usava uma camiseta social minha. Estávamos
na varanda admirando o pôr do sol e eu nunca me senti tão feliz.
Por um momento, acreditei que ela também sentia o
mesmo.
— Que porra é essa, Clarke? — Edward agarrou o celular
com certa força da minha mão e eu franzi o cenho, confuso.
— Como assim?
— Essa aqui é a Savannah, uma das funcionárias da
livraria.
Dei de ombros, sentindo o meu corpo se retesar. Alguma
coisa me dizia que eu não iria gostar do rumo dessa conversa.
Edward soltou uma risada carregada de sarcasmo.
— Você não lembra da história que eu te contei? Da garota
que eu costumava pegar quando trabalhei na livraria da minha
família naquele verão?
E então tudo voltou como flashes na minha cabeça. Edward
sempre reclamava dessa garota que ele pegava no escritório e que
nunca deixava ele ir muito longe. Eles se beijavam e até rolava uma
mão boba, mas sempre que ele tentava dar o próximo passo, ela
recuava.
Senti o meu sangue ferver ao imaginar Ed e Savannah
juntos e vi vermelho ao perceber o brilho de fúria no olhar dele.
Edward não tinha o direito de se sentir possessivo sobre algo que
era meu.
O ciúmes nos corroeu e avançamos um sobre o outro,
punhos a postos e raiva sendo descarregada. Em meio a
xingamentos e sentimentos de ódio, consegui extravasar todo o
desgosto que estava me sufocando.
Porra, justo o meu melhor amigo.
Edward sabia do amor de verão que eu havia vivido quando
fui à América do Sul. Foi ele, inclusive, que me incentivou a correr
atrás dela quando comentei que tínhamos nos encontrado.
E em pensar que eu disse o mesmo para ele quando me
confidenciou sobre a funcionária que o deixava louco.
— Clarke? — Ele chama, me arrancando dos meus
pensamentos.
Abro um sorriso cúmplice para Ed.
— Está tudo pronto, Edward. Tudo pronto.
Clarke continua sorrindo de maneira conspiratória em
minha direção e eu desvio o olhar, pensativo. Não posso culpá-lo
por se sentir triunfante dessa maneira porque venho querendo o
mesmo que ele há meses.
Savannah Ciarro.
A garota de língua atrevida que me deixou completamente
louco e foi embora sem olhar para trás.
— Vou encontrar o meu pai para uma reunião mais tarde —
diz. — Você pode ir até lá e supervisionar o restante da obra, se
estiver livre.
Concordo com a cabeça, ansioso.
Clarke e eu crescemos em uma família de acionistas e
empresários que sempre mostraram que o esforço do próprio
trabalho não tem preço. É inegável os privilégios que sempre
tivemos, mas gosto de pensar que todo o investimento que nossos
pais fizeram nas nossas vidas acabaram resultando em alguma
coisa além de festas, iates e sexo desenfreado.
Estamos prestes a inaugurar uma casa de festas que
promete revolucionar o mercado. Não é uma simples boate, mas
sim uma experiência.
O evento vai acontecer em um dos prédios de Clarke, que
reformamos inteiro. Serão três andares ao todo, sendo eles: o térreo
contendo um espaço gourmet — e conseguimos um dos melhores
chefs da região para isso. O segundo andar é uma pista de dança
ampla, com direito a área externa e bastante espaço, tudo isso em
baixo de uma luz que evidenciará a tinta neon que vamos oferecer
para quem estiver a fim de se pintar.
O terceiro e último andar é particularmente o meu favorito.
Uma área composta de quartos privativos e luxuosos para
quem estiver disposto a encerrar a noite da melhor forma possível.
Investimos não apenas em hidromassagem e ofurôs, mas sim em
piscinas na parte externa de cada um.
Vamos ser mais do que uma festa: seremos uma atração
turística.
— Ela chega essa semana mesmo? — questiono, me
recostando um pouco mais na cadeira.
Clarke abre um sorriso presunçoso, que me diz exatamente
o que ele está pensando. Nunca vi alguém ser tão obcecado por
outra pessoa igual ele é com ela.
— Sim, Thomas já me confirmou. Mal posso esperar por
isso.
— Eu também. — Suspiro, fechando meu punho. —
Finalmente vou colocar minhas mãos nela.
Ele arqueia a sobrancelha.
— Nós vamos.
— Claro, cara. Jamais diria algo diferente disso.
— Aham. — Estreita os olhos em minha direção. — Se
segura um pouco. Todos nós temos coisas para acertar.
Não digo mais nada, mas concordo. Eu sei como ele se
sente possessivo com ela, mas não posso negar a minha
ansiedade.
Savannah e eu não nos apaixonamos, mas a pegação foi
intensa. O que tínhamos não era amor, mas sim química, pele,
paixão. Perdi as contas de quantas vezes saí duro do meu escritório
depois de masturbar a diaba no meio do nosso expediente.
— Você precisa parar de fazer isso. — Ela disse uma vez,
suada e ofegante, enquanto apoiava suas mãos nos meus ombros.
Eu tinha acabado de retirar os meu dedos de dentro dela e
os limpei sugando tudo com vontade. O gosto de Savannah me
deixava louco.
— A gente precisa passar para a próxima fase. —
Sussurrei contra o seu pescoço. — Quero muito te chupar, Sav. E
também quero sentir essa sua boca no meu pau.
Savannah soltou uma risada alta e provocativa, como só
ela sabia ser.
— Continue sendo um bom menino que a sua recompensa
virá, Ed. Eu prometo.
Mas a promessa dela já não valia de nada.
Savannah se demitiu pouco tempo depois e nossos
encontros acabaram se encerrando. Tentei superar e, óbvio, quando
voltei para a faculdade tive um semestre de merda. Afoguei minhas
mágoas em álcool e mulheres das mais variadas, mas a desgraçada
tinha algo inerente à ela que me deixava completamente maluco.
Em uma noite completamente transtornado e louco de
tesão ao me lembrar de uma de nossas sessões de pegação, resolvi
stalkear Sav no Instagram.
Definitivamente a pior decisão que já tomei.
Ela estava deslumbrante e a cada foto que passava, sentia
como se estivesse recebendo punhaladas no meu coração. Fui
descendo todo o seu feed até chegar em uma foto específica, onde
ela mordia a bochecha de um cara que não escondia o sorriso, as
mãos dele na cintura dela.
Meus punhos cerraram e eu contraí o maxilar,
completamente puto. Essa safada provavelmente tinha um
namorado e mesmo assim vinha brincando comigo durante aqueles
dias que passamos juntos.
Depois dessa descoberta, tentei desencanar um pouco
mais. Terminei o semestre e voltei para casa, apenas para encontrar
um Clarke completamente arrasado. Acabamos descobrindo que
estávamos meio obcecados pela mesma garota e eu revelei a ele a
minha descoberta.
Savannah namorava um tal de Thomas.
Quando disse à Clarke, ele deu boas risadas.
Aparentemente ele já tinha sido apresentado a Thomas no passado
e sabia que os dois eram apenas melhores amigos.
Não me convenci.
Conhecendo a diaba como eu conhecia, com certeza ela
vinha se divertindo com todos nós ao mesmo tempo, e, no fundo,
acho que Clarke já suspeitava disso também.
— Ed? — Clarke estala os dedos uma par de vezes na
minha cara e eu pisco, confuso.
É muito fácil ser sugado para dentro da minha cabeça,
então aceno em resposta, silenciosamente agradecendo por sua
intervenção.
— Pensamentos confusos de novo? — questiona, o olhar
visivelmente preocupado.
Dou de ombros, me preparando para sair.
— Eles vão se acalmar, cara. É só questão de tempo.
Me despeço do meu sócio e vou encontrar o engenheiro da
nossa obra. Ele está mais do que entusiasmado ao me mostrar cada
detalhe do prédio, que me impressiona desde o momento em que
coloco os meus pés nele.
Obviamente que eu já tinha vindo aqui algumas vezes e já
fazia uma ideia de como tudo ficaria pronto mas, porra, ficou muito
melhor do que imaginávamos.
— Acho que podemos inaugurar daqui uns dias —
murmuro, genuinamente satisfeito com o resultado.
— Vocês vão fazer história — O engenheiro comenta. —
Isso aqui ficou além da expectativa.
— Não, amigo. Nós vamos fazer história.
E então peço que ele traga um champagne para
comemorarmos.
DARLING, I CAN’T STOP IT EVEN IF I WANTED

Darling, I can't stop it even if I wanted


(Querido, eu não posso parar isso nem se eu quisesse)

Boys Charli XCX


Dou uma última tragada no cigarro, prometendo a mim
mesmo que será o último. Sorrio, sabendo bem que toda a vez que
acendo um, faço a mesma promessa.
Meu telefone toca e eu franzo o cenho, irritado com quem
quer que esteja atrapalhando meu único momento de paz.
— Que foi, porra?
A voz do outro lado soa risonha.
— É assim que você atende um velho amigo? — A voz de
Clarke é inconfundível e eu abro um sorriso antes de tragar o cigarro
mais uma vez.
Deixo a fumaça sair lentamente enquanto me preparo para
responder.
— E então? O que você quer?
— Sempre direto ao ponto, Max — diz. — Está tudo pronto.
Edward acabou de me ligar e vamos começar os preparativos para
a inauguração.
Não consigo evitar o sorriso que me escapa e sinto aquele
fio de adrenalina tomar todo o meu corpo. Toda a espera, toda a
ansiedade, toda a expectativa… Tudo isso para um dia que será
inesquecível para todos nós.
E pode marcar o nosso futuro para sempre.
— Podemos marcar uma reunião mais tarde — comento. —
Só preciso terminar umas coisas por aqui.
— Eu imagino. — Ele zomba, irônico. — Pode continuar
com os seus casos, mas guarde energia para a minha garota.
— Nossa garota — corrijo, com os punhos cerrados.
Clarke tem a mania irritante de querer ser o dono da
Savannah, como se ele tivesse mais direitos sobre ela do que
qualquer um.
Porra nenhuma.
Se há alguém que não pertence a nada e nem a ninguém,
essa pessoa definitivamente é a Sav.
— Claro. — Ele limpa a garganta. — Nossa garota, Max.
Clarke não passa de um engomadinho acostumado a ter
tudo que quer, mas as coisas não vão funcionar do jeito dele. Porra
nenhuma.
— Preciso que você aprove o menu que preparei. — Apago
o cigarro no cinzeiro. — Posso te enviar por e-mail?
— Claro.
Sempre amei cozinhar, embora meu pai me proibisse de
ajudar a minha mãe na cozinha porque “era coisa de menina”.
Nunca acreditei nessa merda. Apesar do pouco incentivo, participei
de exposições gastronômicas na cidade e até cogitei entrar para
algum reality show.
Nem preciso dizer o porquê disso não ter ido para frente.
Acabei ficando pela cidade e fiz alguns cursos para me
especializar. Até pouco tempo, costumava trabalhar em um dos
restaurantes locais como o chef principal e estava bom pra mim.
Cozinhar o dia todo e ir para cama com algumas clientes
satisfeitas? Porra, era o paraíso.
Mas agora tenho uma oportunidade de ouro na minha vida
profissional e na pessoal, não vou perder isso por nada.
Me despeço de Clarke e desligo a ligação poucos
segundos depois. Apesar de irritante, não posso negar que o cara é
simplesmente foda. Dono da mente mais brilhante que já conheci.
Ele e Edward são como dois pitbulls para os negócios e farejam
dinheiro de longe.
O privilégio de nascer em famílias tão poderosas.
Nos conhecemos através de Thomas, o responsável pela
nossa “estranha” amizade. Eu e ele tivemos um desentendimento no
passado por causa da ex-namorada dele, Chelsea, mas tivemos
também o nosso momento de redenção.
No meu celular, a foto de fundo de Savannah enche meus
olhos. Ela estava tão linda nesse dia que faz meu coração apertar
de saudade. Posso parecer a porra de um homem carente, mas eu
quero aquela mulher de volta.
Não importa a condição que haja para tê-la.
— Você não vai voltar pra cama? — A morena deitada de
bruços na minha cama ronrona, se recostando na cabeceira da
cama sem ligar para os seios nus à mostra.
— Já volto, gata — murmuro, ainda preso naquele sorriso
da foto que rouba todo o meu ar.
Quando ela descobriu sobre Chelsea e eu, foi embora sem
olhar para trás. Eu entendi a raiva que ela estava sentindo, afinal,
era o melhor amigo dela que estava sendo traído. Dei o espaço e o
tempo necessário para que Sav se acalmasse e entendesse que, no
fim, ainda éramos nós dois.
Mas ela nunca mais voltou pra mim.
Não desisti, no entanto. Procurei por ela em todos os
lugares que eu sabia que ela frequentava, como a porra de um
lunático, até eu perceber que ela já tinha seguido em frente.
E então os vi.
Era uma noite estrelada, numa quarta-feira, a temperatura
estava perfeita para um piquenique.
A merda da cesta estava no porta-malas.
Thomas e Savannah juntos, rindo, de mãos dadas. Ele
estava buscando ela na saída do trabalho enquanto eu segurava um
buquê de rosas como um babaca ao lado do meu carro.
— A noite passada foi incrível. — A garota volta a dizer,
abrindo as pernas para me mostrar o que ontem eu tomei mais de
uma vez.
Parece estranho foder alguém quando estou prestes a
encontrar a menina que virou meu mundo do avesso, mas aqui
estamos.
— Abre as pernas pra mim, gatinha. — Passo a minha
camiseta pela cabeça, estalando o pescoço como se estivesse me
preparando para o ringue.
A morena solta uma risada alta e então eu a ataco.
A vida às vezes pode ser engraçada.
Quando abracei Sav pela última vez, secretamente aliviado
por ela ter terminado tudo com Clarke, jamais esperaria estar
atraindo-a de volta justamente para juntar ambos novamente.
“Você nasceu prematuro, foi? Eu devo chegar por aí de
madrugada, então só vamos nos ver amanhã. Dá uma acalmada
nessa sua ansiedade, Thom.”
Seguro uma risada ao perceber o tom irritado dela.
Savannah está a caminho, afinal, e isso é tudo que importa.
É engraçado pensar em como sempre fui o garoto tímido
que esteve durante toda a vida secretamente apaixonado pela
melhor amiga. Savannah sempre me viu como um menino
introvertido, meio acanhado, até que ficamos pela primeira vez.
A nossa relação poderia ser facilmente criticada, afinal,
tínhamos uma espécie de amizade colorida mas não deixamos os
nossos outros contatinhos de fora da parada. Sei que talvez ela
tenha parado de me dar tantos detalhes sobre sua vida amorosa
porque achava que eu me incomodava, mas ela não fazia ideia.
Não tinha noção de quanto eu ficava duro ao ouvir os
detalhes de sua noite sórdida com algum outro sortudo.
De como eu só conseguia pensar em estar lá da próxima
vez, dividindo-a com outro cara.
Minha maior fantasia seria ver com meus próprios olhos
Savannah e Clarke juntos. Sempre que ela me contava sobre os
encontros dos dois, minha pele arrepiava. A química que eles
pareciam ter era quase palpável. Queria poder estar lá e participar,
sentir como ambos se encaixavam.
Meu coração acelera ao pensar no quanto isso está
próximo.
Quando meu telefone toca, abro um sorriso convencido
antes de atender.
— Edward?
— Thomas! — Ele está tão animado que o tom risonho em
sua voz é notável. — Está tudo pronto, cacete. O nosso clube pode
ser inaugurado daqui uma semana.
— Tudo está se encaminhando bem.
— Bem pra cacete! Ela confirmou com você que volta, não
é?
— Acabou de me mandar um áudio. — Faço uma pausa. —
Mas precisamos definir que dia isso vai acontecer. Se ela chegar na
cidade e eu arrastá-la para algum lugar imediatamente, vai ser muito
suspeito. Vamos esperar uns dois dias.
A linha fica em silêncio.
— Aham, pra você poder ficar com a Sav todinha pra você
durante esse tempo. — Ed diz, a voz cheia de sarcasmo. — Nem
vem. Acho que podemos nos encontrar no dia seguinte sem
problema algum.
O tom de acusação me tira do sério, mas respiro fundo,
tentando apaziguar as coisas. Nunca fui muito de conflito e não
começaria isso agora.
— Tudo bem, Ed.
Nos despedimos e quando eu desligo, jogo meu celular em
cima da minha cama de qualquer jeito.
Também estou fazendo faculdade, mas ela não fica muito
longe daqui e estou sempre na cidade. Meus pais sempre foram um
pouco paranóicos comigo e eu entendo isso por ser filho único. Ver
o passarinho saindo do ninho pode ser difícil para alguns.
Foi em uma das minhas voltas que a bomba toda explodiu.
Pode-se dizer que tudo vinha cozinhando lentamente desde que
Savannah e Clarke se reencontraram. Ele é muito possessivo com
ela e a Sav não ligava.
Isso deveria ter me alertado, mas não.
Quando paramos de ficar, percebi que ela não ficou
completamente feliz com isso. A Sav não é monogâmica e com
certeza sentiu falta de sair com outras pessoas, mas o sentimento
que ela tinha por ele falou mais alto.
E fui jogado para escanteio.
Não que isso me incomode mais. Ver Clarke com os olhos
inchados e vermelhos de tanto chorar me encheram de satisfação.
Eu sabia quem ele era e ele também sabia quem eu era.
Nos encaramos, o meu olho esquerdo tremendo, os dele
estreitos em minha direção.
Uma disputa silenciosa.
Mas aquela noite não acabou exatamente do jeito que
imaginávamos.
Maxwell estava por lá, enchendo a cara para variar e
Chelsea apareceu no fim da noite também. Ela mal me lançou um
olhar antes de tentar chamar a atenção de Max, que parecia
completamente alheio em tudo à sua volta.
Todos de luto pela garota que foi embora sem nunca olhar
para trás.
— Desgraçado — murmurei, ao passar por Max.
A merda é que ele estava tão louco que duvido que tenha
me escutado.
Chelsea ficou ao redor dele mas não demorou muito para
perceber a minha presença. Ela se jogou em cima de mim e eu não
me importei. Max estava assistindo tudo com um olhar atento, quase
sublime, sem piscar enquanto passei meus dedos lentamente pela
coxa desnuda dela.
Ele lambeu os lábios e ela se virou na direção dele, com a
bunda pressionando meu pau por trás. Caralho. A sensação de
estar sendo estimulado com tantos olhares em cima da gente não
deveria ser tão excitante, mas foi.
— Será que ele conseguia te satisfazer como eu, Chels? —
Max provocou, antes de levar a garrafa de cerveja aos lábios. Ele
tomou um longo gole e limpou a boca com as costas da mão antes
de continuar. — Sempre me perguntei o que esse garoto sabe fazer.
As garotas não conseguem largar o osso.
Soltei um chiado pela garganta, sem conseguir acreditar na
cara de pau.
— Também me faço a mesma pergunta — respondi.
Nossos olhares não se desgrudaram enquanto Chelsea se
colocou de joelhos, abriu meu cinto e colocou tudo que aguentava
na boca. E depois ele. E então nós dois ao mesmo tempo. Gostaria
de fingir que gozei tão violentamente por causa da língua habilidosa
da minha ex, mas eu sabia que estar compartilhando ela com ele foi
o que tornou tudo tão melhor.
E mais intenso.
Clarke estava por perto e Chelsea o chamou com o dedo.
Todos nós estávamos disputando atenção da mesma, mas foi
quando Edward finalmente chegou que as peças se encaixaram.
E foi ali, com os outros três do meu lado deixando Chelsea
com as pernas bambas que a minha ficha caiu. Não precisávamos
disputar a Savannah como se ela fosse o nosso brinquedinho.
Podíamos ficar com ela.
Os quatro.
E agora cá estamos, meses depois de amadurecer a ideia,
atraindo Sav de volta como uma presa.
E ela não faz a mínima ideia do que a espera.
AND WHEN THEY FINALLY LEAVE ME I’M ALL
ALONE

And when they finally leave me I’m all alone


(E quando eles finalmente se vão, estou completamente sozinha.)

Boys Charli XCX

A universidade não é tudo aquilo que pensei que seria.


Quando assistia aos filmes, já conseguia me visualizar como
membro de uma irmandade, rodeada de amigas, participando toda a
noite de festas universitárias regadas a álcool e sexo. Ao contrário
disso, no entanto, o que tenho é uma puta dor nas costas por passar
a noite inteira sentada na biblioteca para uma prova que
provavelmente nem vou passar e ansiedade sem fim, que é
alimentada pelo vício em café e péssimo hábito alimentar.
Universitário não vive, ele sobrevive.
Mas tento ignorar tudo isso enquanto relaxo sobre o banco
do meu carro novo. Consegui comprar esse com o dinheiro que
juntei ao trabalhar na empresa de publicidade da família Harris,
pouco antes de me mudar para finalmente realizar o sonho de
cursar comunicação.
Faz um ano que não encontro nenhum deles.
— Já estou quase chegando. — Envio um áudio para a
minha mãe, vislumbrando o horário.
Porra, já são quase duas da manhã.
Odeio pegar a estrada e se pudesse iria de avião até a
padaria. Infelizmente não tenho condições de fretar um voo ainda,
então o que me resta é pagar todos os meus pecados dirigindo a
noite inteira.
Ao chegar em casa, sinto o peito arder com nostalgia.
Thomas também está de volta à cidade por causa das férias e
Clarke provavelmente também está por aqui. Ele assumiu o negócio
da família e se tornou um verdadeiro orgulho pro pai, que deixou a
rede de hotéis completamente sob o comando dele.
Clarke e eu temos uma conexão que é até difícil entender,
mas no final das contas, nosso envolvimento acabou não dando em
nada. Tínhamos planos muito diferentes, eu já sabia que queria me
mudar, enquanto ele estava pronto para governar o império da
família com punho de ferro.
Aproveitamos o restinho do nosso tempo com bastante
sexo e, de certa forma, carinho. E durante o tempo em que Clarke e
eu ficamos, eu dei um “basta” em todos os meus outros ficantes
esporádicos. Pode-se dizer que tive um namorado por algum tempo.
— O Thomas não para de ligar. Acho que esse menino vai
ter um troço se você não responder ele, Savannah. — Minha mãe
avisa, assim que ponho meus pés em casa.
Lar doce lar.
— Eu vou retornar pra ele, mãe, valeu. — Coloco as malas
no cantinho da porta, aproveitando a liberdade para espreguiçar
meus músculos cansados.
— Como foi a viagem?
— Cansativa. Quero cair na cama e acordar amanhã só
meio dia.
Ela concorda, o olhar cansado.
— Seu quarto já está arrumado.
Agradeço com um aceno de cabeça e corro até meu antigo
quarto, chorando de alívio ao sentir a maciez do colchão e apago na
mesma hora.
Às nove e quarenta da manhã, sou despertada pelo meu
celular, que toca repetidamente “Boys” da Charli XCX. Meu toque de
chamadas desde os dezesseis anos.
— Quem é?
A voz do outro lado soa risonha ao responder:
— O seu melhor amigo. Chegou na cidade e nem veio dizer
oi?
— Foi mal, Thomas, mas eu estou exausta.
— Eu imagino. Só estou com saudades.
Um sorriso de canto desponta em meus lábios ao ouvir seu
tom de voz melancólico.
— Também estou morrendo de saudades. Planejou alguma
coisa pra essas férias?
— Sim e já deixo avisado aqui que a senhorita é toda
minha durante esses próximos dias, Savannah. Não quero ouvir
reclamações a respeito disso.
Mordo o lábio, me preparando para levantar.
— Todo possessivo, Thomas. O que aconteceu com você?
— Nada. Eu só sinto sua falta. Parece que você decidiu
que seu namoradinho era mais importante do que nós e nem
pudemos aproveitar os meses antes da nossa mudança para a
faculdade. — A forma como ele dá ênfase à palavra “namoradinho”
me causa arrepios e eu balanço a cabeça, frustrada.
— Thomas, Clarke e eu não temos mais nada. Eu sou toda
sua durante o verão então não precisa ficar com ciúmes.
— Não tô com ciúmes.
— É mesmo?
— Mesmo. — Ele repete, firme. — Mas não vou achar nada
mal se voltarmos a transar.
Solto uma risada, arrancando minhas roupas para poder
entrar no chuveiro.
— Você definitivamente não vale nada, Walker.
— A culpa é sua por ser tão habilidosa com a língua.
Recebi mais boquetes durante o meu primeiro semestre do que
podia aguentar, mas nenhuma delas me fez gozar tão rápido como
você.
— Isso é injusto com elas, você sabe, né? Só sou tão boa
assim porque eu te conheço. Conheço cada pedacinho do seu corpo
e sei do que você gosta. Ei, Thom, sabe o que iria resolver isso?
Consigo ouvi-lo suspirar do outro lado da linha.
— O quê?
— Uma namorada.
— Engraçadinha.
Ficamos em silêncio por alguns segundos antes de Thomas
voltar a dizer:
— Consegui ingressos para uma festa que vai rolar mais
tarde. É uma casa noturna que vai inaugurar oficialmente amanhã,
então hoje a apresentação é só para convidados selecionados.
— Ah, que chique. E como você conseguiu esses
ingressos, então?
Ele limpa a garganta e consigo sentir a hesitação de
Thomas antes de começar a falar. Imediatamente fico em alerta,
parando na metade do caminho em direção ao banheiro.
— Thomas?
— Meu pai é amigo do pai de um dos sócios.
— E quem são os sócios?
— Savannah…
— Quem são eles, Thomas?
— Clarke Harris e Edward Lewis.
Começo a sentir que minha garganta está prestes a fechar.
Engulo em seco ao fechar os olhos, respirando fundo antes de falar
qualquer coisa.
— Tudo bem.
— Só isso?
— É. — Equilibro o celular entre o ombro e a boca,
terminando de me despir. — Escuta, Thom, preciso tomar um banho
e acho que vou passar um tempo com os meus pais. A gente se fala
mais tarde, pode ser?
— Claro, Sav. Eu passo aí sete horas pra te buscar.
— Combinado.
Já estou me preparando para desligar quando escuto sua
voz, ansiosa:
— E Sav?
— O quê?
— Não precisa usar calcinha.
Quando Thomas estaciona o carro e abre os braços, não
consigo afastar o sentimento de nostalgia que me atinge ao me
atirar nele. É como nos velhos tempos, onde tudo o que realmente
importava era a nossa amizade.
— Porra — sussurra, com a cabeça enterrada no meu
cabelo. — Como senti a sua falta, Sav.
— Também estava morrendo de saudades de você, Walker.
Ele continua com os braços ao meu redor, apertando com
força meu corpo contra o seu. E então, Thomas, sem vergonha
alguma, coloca a mão por baixo do meu vestido e aperta a minha
bunda, descarado.
— Thomas!
— Veio mesmo sem calcinha. Gostei disso. Não vai
precisar dela de qualquer forma. — Ele me solta e eu arqueio a
sobrancelha.
— Quem é você e o que fez com o meu melhor amigo? O
Thomas que eu conheço costumava ser tímido.
Ele dá de ombros.
— Disse bem, costumava. Seu amigo continua bonzinho
por dentro, mas agora também tem confiança.
— Olha só o que eu fiz, meu Deus — brinco, medindo-o de
cima a baixo.
Uma centelha de reconhecimento passa pelo seu rosto
enquanto morde os lábios. Os cabelos castanhos que antes
estavam sempre em perfeito estado, hoje estão despontando para
todos os lados, em uma rebeldia de cachos que o deixa com uma
aparência mais… Sexy. Ele também abriu mão dos óculos e dos
suéteres e não consigo evitar me imaginar arrancando suas roupas
de marca ao final da noite. Os olhos castanhos, entretanto,
continuam os mesmos: esbanjando simpatia.
O caminho até a festa é tranquilo, conversamos sobre
nossas novas vidas e também trocamos figurinhas sobre os casos
que tivemos até então. Estar com Thomas é tão fácil, tão familiar,
que consegue me fazer esquecer o motivo do frio na barriga que vai
aumentando conforme vamos chegando mais perto do evento.
Edward e eu não chegamos a ter um caso concreto. Como
ele era filho do meu chefe, na época, eu ficava receosa de ser pega
com ele em público, então os nossos amassos e mão bobas tinham
que ser escondidos. Ah, se o escritório dele falasse…
Já Clarke, apesar dos pesares, é praticamente o meu ex.
Não sei se eles sabem que tem uma transa em comum mas, porra,
não quero que descubram justamente essa noite.
— Tá tudo bem? — Thomas pergunta assim que
estacionamos.
Balanço a cabeça, acenando positivamente. Não tem
motivo para pânico.
A entrada está lotada, mas assim que Thom mostra as
nossas credenciais, entramos na festa. O local é muito diferente do
que eu imaginei; ao contrário das baladas comuns, essa não fica no
escuro. Pelo contrário, as luzes refletem um pequeno espaço
gourmet, que fica ao lado do bar.
— A pista de dança fica no segundo andar — Thomas diz
no meu ouvido, inclinando a cabeça na direção das escadas. — É lá
que as luzes são mais baixas.
Dou uma rodopiada, examinando a estrutura do prédio.
— Que loucura. Acho que nunca vi algo assim.
— Aqui tem três andares, Sav. O primeiro é mais para
confraternização, dizem que o chef contratado ganhou vários
prêmios. Podemos pegar um aperitivo mais tarde se você quiser. —
Aponta para cima — O segundo andar é onde as pessoas vão pra
dançar, normalmente depois de beberem aqui. E o terceiro tem
quartos privativos e até piscina.
— Uau. Não economizaram nada nesse lugar.
— Isso aqui vai virar uma atração turística, tenho certeza.
Quer subir?
Eu assinto, seguindo-o até as escadas. Conforme vamos
subindo, a batida da música vai aumentando e ao abrirmos a porta,
o barulho é quase ensurdecedor. O lugar é simplesmente
impressionante e eu chego a tropeçar quando passamos pela porta
magnética. A luz negra deixa os corpos pintados em evidência e há
um espaço com tinta neon de livre acesso para quem quiser usar.
— Isso é tão legal — grito por cima da música,
impressionada, pegando o pincel e mergulhando na tinta rosa.
Com precisão, desenho um pequeno coraçãozinho na
minha bochecha. Thomas cruza os braços e eu abro um sorriso
para ele através do espelho.
— Posso te pintar?
— Eu tenho escolha?
— Não! — Escolho para ele a tinta amarela. — Vem cá.
Ele anda alguns passos até me alcançar e eu me inclino
em sua direção, tomando todo o cuidado ao desenhar uma estrela
perto da sua covinha.
— Lindo.
— Com certeza estou ridículo — afirma.
— Para, Thom! Confia em mim, vai.
Ele revira os olhos, apertando meus dedos contra os seus.
— Vamos dançar, quero sentir seu corpo no meu.
Meu corpo inteiro se arrepia com a sua ordem e eu
concordo, seguindo-o até a pista de dança.
Começo uma dança sensual contra a pele de Thomas,
subindo e descendo sem pudor algum enquanto me esfrego no seu
corpo sarado. Ele não economiza na mão boba e sempre que pode,
agarra a minha cintura para pressionar a minha bunda contra o seu
pau.
É tão estranho pensar que durante um tempo nos víamos
praticamente como irmãos.
— Também estava com saudades disso. — A voz rouca é
sinal da sua excitação e quase não consigo ouvir o que ele diz por
causa do barulho.
Jogo minha cabeça para trás, dando acesso ao meu
pescoço arrepiado. Thomas não perde tempo, me enchendo de
beijos e eu reviro os olhos, aproveitando a sensação gostosa que
me toma dos pés à cabeça.
E é então que os vejo. Clarke entra no meu campo de visão
primeiro, sentado na área VIP da balada como a porra de um deus,
com uma garota montada em seu colo, excitada pela mão que ele
mantém em baixo do seu vestido. Mas seus olhos penetrantes estão
voltados para mim.
Edward está bem ao seu lado. Os lábios estão apertados e
os punhos cerrados. Ele também tem companhia essa noite, uma
ruiva de tirar o fôlego que agora se concentra em encher seu
pescoço de beijos, mas o olhar enraivecido também está apontado
em minha direção.
Abro um sorrisinho para ambos, percebendo como Clarke
fica rígido ao notar que também estou acompanhada. E muito bem
acompanhada, diga-se de passagem, porque Thomas é um filho da
puta gostoso.
— Quer beber alguma coisa? — Thom questiona, a mão
subindo devagarinho pela minha coxa.
— Quero sim.
— Já volto — diz, antes de puxar meu rosto em sua direção
e me roubar um beijo intenso. Correspondo, sentindo a umidade
crescer entre as minhas pernas. — Gostosa.
Acho que posso estar hiperventilando.
Volto a dançar, ignorando os olhares dos meus “ex”
amantes que queimam sobre a minha pele. Saí da cidade sem olhar
para trás e tenho consciência de que posso ter partido alguns
corações no processo. Mas, cacete, esses dois estão muito bem de
vida. As meninas que estão no colo de ambos são gostosas demais,
vale ressaltar.
Vou subindo e descendo conforme a batida da música vai
ficando mais intensa. A dança, assim como o sexo, é algo que
sempre me proporcionou liberdade. Estou aproveitando a endorfina
quando sinto uma mão forte e estranhamente familiar me agarrar
pela cintura.
— Savannah? — O tom de voz alto me causa arrepios. —
É você mesmo?
Inspiro, sentindo o cheiro almiscarado inconfundível de
Maxwell me atingir em cheio.
— Sou eu mesma.
— Porra… — Ele me abraça por trás, ansioso. — Que
saudade.
Ele enfia o rosto no meu cabelo, inspirando meu cheiro
enquanto me abraça por trás.
— Ouvi muito isso recentemente — brinco, colocando
minha mão por cima da sua.
— Onde você se meteu?
— Faculdade. Precisei me mudar. — Desencosto seu
braço, me virando para ele. — E como você está?
Maxwell sempre foi impressionante. Os olhos verdes
continuam com o mesmo brilho malicioso e os braços tatuados
estão em evidência por causa da roupa branca. Ele usa uma blusa
abotoada até o pescoço e um avental está amarrado em sua cintura.
Franzo o cenho, atordoada, e aponto para o seu traje.
— Por quê você está vestido assim?
Max morde o piercing do lado, balançando a cabeça.
— Eu trabalho aqui. Sou o chef do restaurante lá embaixo.
Te vi entrando aqui e achei que fosse uma miragem, precisei ver
com meus próprios olhos.
Me aproximo um pouco do corpo dele, rodeando meus
braços em volta do seu pescoço. O contraste dos braços tatuados e
do piercing no lábio com seu uniforme o deixam irresistivelmente
sexy.
— Que orgulho! Ouvi dizer que você é bem renomado.
Max coloca as mãos sobre a minha bunda, me puxando em
sua direção. Consigo sentir seu pau duro contra mim e isso me
causa arrepios.
— Depois do seu pé na bunda, decidi que precisava de
uma nova obsessão. Acabei me apaixonando pela gastronomia e
aqui estou.
— Não te dei um pé na bunda.
— Então por que não apareceu mais na casa do lago
depois que pegou as minhas fotos com a Chelsea, hm?
Decido mudar de assunto.
— Ainda continua partindo corações por onde vai?
Maxwell abre um sorriso antes de se inclinar na minha
direção para me dar um beijo. Abro a boca, risonha,
correspondendo com o mesmo afinco que ele. Max me mantém
colada em seu corpo, agarrado a minha cintura e passa a dar beijos
no meu pescoço e colo em um desespero que me faz segurá-lo
pelos ombros.
— Calma, Max, não tem motivo pra essa pressa.
— Preciso descer. — Ele engole em seco. — Mas acho que
quando eu me virar, você vai virar fumaça, Savannah.
— Não vou. Eu te encontro quando estiver saindo, tudo
bem? Vou te passar meu número novo.
Ele encosta a testa na minha, respirando fundo.
— Você promete?
Me inclino para depositar um selinho em seus lábios
rosados. O piercing me causa curiosidade e tenho quase certeza
que Max sabe usá-lo ao seu favor.
— Prometo.
Max me rouba mais um beijo de tirar o fôlego e dá uma
série de beijinhos no meu pescoço antes de se virar e ir embora. Ao
chegar nas escadas, ele se vira mais uma vez e me encara, os
olhos em uma promessa silenciosa.
Mando um beijo, observando o mesmo descer as escadas.
Ao voltar a dançar, mais um braço me puxa, dessa vez pelo pulso.
— O que foi agora?
Não reconheço o homem uniformizado, mas ele parece
focado em mim.
— A senhorita precisa me acompanhar. — Sua voz grossa
me causa arrepios e não de um jeito bom e eu torço a minha mão,
tentando me libertar do seu aperto.
— Como é?
— Só recebo ordens. Precisa vir comigo. — O segurança
me estende a mão de novo, mas eu nego, batendo o pé.
— Até parece que eu vou sair com um homem que nem
conheço.
— Os donos querem que você suba até a área VIP.
Me empertigando, volto meus olhos até o local
mencionado. Edward e Clarke agora estão sozinhos, me
observando de uma maneira quase teatral. Ambos estão sentados
como reis, os olhos escuros de excitação e frios me percorrendo
como se eu fosse um brinquedo que querem muito, o que me irrita.
— Eles que se fodam.
— Senhorita… — Ele se inclina para mim e eu desvio,
furiosa.
Estou me preparando para dar um chute no meio das bolas
dele quando Thomas aparece de novo, imponente, segurando dois
copos na mão.
— Savannah? — O segurança se vira para ele, rígido. —
Está tudo bem?
— Ela precisa vir comigo.
— Não vou pra lugar nenhum!
— Eu só recebo ordens. — Ele repete, exasperado.
— Ela não sai daqui — Thomas diz, se endireitando.
Será que é muito estranho dizer que estou começando a
ficar excitada com Thomas vindo em minha defesa?
O segurança bufa, irritado, e por um segundo me sinto mal
de estar dando trabalho para ele. Volto meu olhar para a área VIP,
mas nem Clarke e nem Edward continuam ali, o que me faz franzir o
cenho. Que porra esses caras têm em mente, cacete?
Toco no braço de Thomas, desviando a sua atenção do
segurança que continua tentando me arrastar para onde seus
chefes pediram.
— Thom, acho que é melhor irmos embora. Agora.
— Mas, Sav…
— Me escuta, tô falando sério.
Ele estreita os olhos, pensativo. Cruzo os braços e vamos
medindo força através do olhar. Nesse jogo eu sempre venço e
Thomas sabe. Por fim, ele suspira, frustrado.
— Não saio mais com você, já tô avisando.
— Sem mim é que você não sai, Thom — brinco, puxando-
o pelo braço.
— Vocês não podem ir embora. — O segurança tenta
intervir, mas não nos impede de passar. Mando beijinhos para ele
enquanto Thomas vai me arrastando até as escadas.
— Você só me dá trabalho, Savannah.
— Mas você me ama mesmo assim.
— Infelizmente sim. Quem mandou eu ter uma amiga tão
gostosa?
Me sinto bem de não ter arruinado completamente a noite
dele e já vou me preparando para compensá-lo com tudo o que
Thomas tem direito. A última vez que transamos foi antes de eu
descobrir que Clarke morava aqui na cidade, então já faz bastante
tempo.
Quando estamos nos preparando para descer, sou
suspensa do chão por dois braços fortes que me agarram pela
cintura. Grito, surpresa, e Thomas se vira para mim, alarmado. Ele
para o seu movimento ao reconhecer a pessoa que está apertando
meu corpo possessivamente contra o seu.
— Já está indo embora, amor? — A voz doce de Clarke é
inconfundível.
Não respondo, mas consigo sentir seu nariz na minha nuca.
Ele inspira, sentindo meu cheiro e vai andando para trás, agarrado
comigo.
— Você sabe que sequestro só é excitante nos filmes, né?
— pergunto, sem desviar meu olhar de Thomas. Ele cerra o maxilar,
os olhos brilhando com ciúmes.
Clarke solta uma risada no meu pescoço e o timbre
repercute em todo o meu corpo. Merda. Como esse cara pode ter
tanto poder sobre mim?
— Eu não posso deixar que você vá embora antes de
termos uma conversinha.
— Você, por acaso, é meu dono agora?
Ele fica em silêncio por alguns segundos e limpa a
garganta antes de me responder:
— Seu dono, não. Mas já fui o único que importava para
você. Fiquei magoado de não receber nenhum aviso sobre a sua
volta.
— Desculpe, Clarke. Não sabia que te devia satisfação.
— E não deve, Savannah. Apesar que — ele coloca a mão
na minha coxa e me puxa para trás até que minha bunda pressione
o seu pau —, não pode negar que nossos corpos se entendem.
Thomas continua parado, assistindo tudo com um olhar
indecifrável.
— Meu corpo se entende bem com quase todo mundo,
Clarke. Não te disseram? — provoco, chamando Thomas com o
dedo.
Sem hesitar, ele caminha em minha direção, focado. Me
inclino um pouquinho para frente, sentindo o aperto de Clarke na
minha cintura aumentar. Thomas se abaixa o suficiente para que
nossos lábios se encontrem e eu o beijo, ansiosa, ainda nos braços
do outro.
Clarke, sem perder tempo, passa a dar beijos na minha
nuca com avidez. Thomas e eu estamos nos beijando intensamente
enquanto meu ex passa a mão por todo o meu corpo e eu nunca
estive tão excitada na vida.
— Não acredito que não fui convidado para a festinha. —
Edward limpa a garganta, os olhos nublados de excitação ao me
assistir entre os dois homens. — Senhores e senhorita, acho que é
melhor procurarmos um lugar mais reservado.
— E quem disse que quero ir com vocês? — pergunto, sem
fôlego.
Clarke sorri e deposita um beijinho no meu ombro desnudo.
— Confia em mim, Savannah, você não vai se arrepender.
Estudo os três homens ao meu redor, que ao contrário do
que imaginei caso uma situação parecida acontecesse, não estão
nada chateados por me compartilhar. Ao contrário disso, parecem
até… Ansiosos.
Inclino a cabeça para o lado, imaginando como seria
transar com todos de uma vez. Um calor sem igual toma conta do
meu corpo e mordo meu lábio, excitada. Nunca fui de negar prazer a
mim mesma, não seria agora que eu iria começar.
— Me mostrem o caminho.
E é o que fazem.
THEM TWENTY QUESTIONS, THEY ASKIN’ ME
WHERE I’M AT

Them twenty questions, they askin’ me where I’m at


(Com vinte perguntas, eles perguntam onde estou)

Boys Charli XCX

Entrelaço meus dedos com os de Thomas enquanto vou


subindo as escadas até o terceiro e último andar do prédio. Clarke
está atrás de mim e Edward nos guiando na frente.
— Você já sabia disso? — Me inclino para o meu melhor
amigo, que dá de ombros, abrindo um sorriso de canto.
— Acho que você e Clarke precisam se resolver. Eu sei que
o que você sentiu por ele foi diferente, Savannah. Só quero te ver
feliz.
Estreito os olhos em sua direção, irônica.
— É por isso que você pediu para eu vir sem calcinha e me
apalpou em toda a oportunidade que teve? Por que queria que eu e
Clarke nos entendêssemos?
Ele abre um sorriso safado.
— Isso não fazia parte do plano, mas eu não podia deixar
passar. Morro de saudades da sua bocetinha, Sav.
— Você não presta, Thomas Walker. Santinho do pau oco.
Quando chegamos ao terceiro andar, literalmente congelo.
O lugar é mais do que impressionante, com uma suíte de tirar o
fôlego. O quarto é do tamanho de um apartamento, com uma
piscina aquecida na área externa e um ofurô na interna. O banheiro,
além de chuveiros com jato duplo, também tem uma
hidromassagem.
Ao lado da cama king size há garrafas de champanhe, que
estão dentro de um balde repleto de gelo. Thomas pega um deles e
abre, derramando espuma no chão.
— Porra — Ed solta uma risada e Clarke estreita os olhos.
— Esse carpete vale uma fortuna.
— Como se o caralho de um carpete fizesse tanta diferença
assim — Thomas retruca.
— Não faz, mas, caramba, no primeiro dia de inauguração
e já perdemos um carpete. — Edward balança a cabeça, analisando
o estrago. — Eu encomendei eles da Rússia, cara!
— Até parece que você que pediu. A Cindy que deve ter
cuidado de tudo — Thom responde.
Edward se sobressai, estreitando os olhos azuis na direção
do meu amigo. Pela coloração vermelha das bochechas, poderia
dizer que está ficando irritado.
— Mas eu que pedi pra ela trazer essas peças de lá, cuzão.
A gente não achou nosso dinheiro no lixo.
— Vai chorar, bebezão?
— Será que eu preciso intervir? — murmuro, fascinada por
essa interação.
— Não, eles são assim — Clarke revira os olhos,
meneando a cabeça na direção dos outros dois. — Parecem duas
crianças.
Ignorando a discussão acalorada ao nosso redor, Clarke
senta na cama, desabotoando a blusa social que deve custar uma
fortuna. Mordo o lábio, me lembrando de todas as vezes em que
transamos no hotel da sua família e ele percebe.
— Vem aqui, Sav.
Caminho lentamente em sua direção, sentindo minha
intimidade pulsar de ansiedade.
— Que saudade de você — murmuro, antes de me inclinar
para um beijo.
A língua de Clarke logo encontra a minha, ansiosa, e eu
monto em seu colo sem cerimônia. Ele agarra meu cabelo,
aprofundando ainda mais o beijo, enquanto eu me esfrego em seu
pau por cima da calça. Agradeço mentalmente a Thomas por ter me
dito para vir sem calcinha, porque o atrito do tecido da roupa de
Clarke com a minha boceta está literalmente me fazendo ver
estrelas.
— Delícia. — Ele geme, agarrando minha bunda com força
em sua direção.
— Já vão começar? — Escuto a voz de Edward soar atrás
de nós, mas não damos atenção, continuando na pegação
desenfreada.
— Eles estão com saudades, Ed. Deixa eles ficarem um
pouco sozinhos — Thomas responde.
Ignoro seus comentários que estranhamente denotam
intimidade e continuo me esfregando no colo de Clarke, que agora
desce sua mão até o meio das minhas pernas. Ele geme ao
perceber que estou sem calcinha e sua língua entra mais fundo na
minha boca enquanto ele me masturba, afoito.
— Porra, você está sem nada, Sav?
Concordo com a cabeça, aproveitando a sensação
deliciosa de seus dedos em mim.
— De nada. — Escuto a voz de Thomas, divertida.
— Você fez isso? — Clarke pergunta, quebrando o nosso
beijo para lançar um olhar questionador para Thom.
Isso parece chamar a atenção de Edward, que surge no
meu campo de visão e pergunta:
— O que você fez?
— Ela não está usando calcinha — grunhe Clarke contra o
meu pescoço, dando uma mordida que arranca um gemido surpresa
de mim.
Os outros dois respiram fundo.
— Então ela estava esse tempo todo sem nada cobrindo
essa bunda gostosa por baixo desse vestido? — Ed questiona.
— Sim — Thomas finalmente responde, com a voz rouca
de tanto tesão.
— Porra.
— Você já está tão molhada, Savannah — Clarke sussurra
contra a minha boca, excitado. — Porra…
Começo a montar a sua mão, sem me importar com o show
que estou dando para os outros dois presentes no quarto. Agora
tudo o que me importa é a saudade que sinto do corpo de Clarke
Harris.
Ele separa nossos lábios por alguns segundos, apenas
para levar seus dedos melados com a minha excitação até sua
boca, chupando tudo com avidez, me fazendo estremecer.
— Preciso chupar a sua boceta, Sav. Estou morrendo de
fome. — Ele me agarra pela nuca. — Lembra como eu costumava te
acordar todo o dia? Hm? — Eu assinto, sentindo meu corpo inteiro
se arrepiar. Clarke costumava me dar bom dia com a cara enterrada
entre as minhas pernas toda manhã. — Não sabe como esse café
da manhã me faz falta.
Ele vai se afastando na cama até encostar a cabeça na
cabeceira. Com um gesto de mão, ele me chama. Eu levanto meu
vestido até a cintura, expondo minha boceta para seu olhar faminto
e vou caminhando em sua direção.
Edward está sentado na poltrona ao lado da porta,
acariciando o próprio pau enquanto nos assiste. Thomas, por outro
lado, ainda está completamente vestido ao saborear seu
champanhe e ele não pisca enquanto examina a cena.
— Isso vai ser interessante — murmura.
— Quero ver a sua cara gozando, Savannah — Ed diz,
extasiado. — Dá a sua boceta pra ele, agora.
Passo minhas pernas ao redor do corpo de Clarke, que
desce um pouco mais a cabeça no travesseiro para que eu possa
me sentar sobre o seu rosto.
— Seu cheiro já está me deixando louco…
Eu respiro fundo, me preparando para afundar em sua
boca. Desço sobre Clarke que não perde tempo ao agarrar minha
bunda e pressionar os lábios contra a minha boceta, chupando tudo
como se fosse seu doce favorito.
— Ah… — gemo, perdendo o pouco controle que me resta.
Ele usa a língua para fazer círculos preguiçosos ao redor
da minha entrada, me penetrando com a pontinha dela antes de
subir novamente, sugando meu clitóris em sucções ritmadas. Apoio
meus joelhos ao lado do seu rosto e seguro na cabeceira da cama,
assistindo, maravilhada, seus cabelos escuros desaparecerem por
baixo de mim.
Clarke continua me chupando e, pouco a pouco, passo a
me mexer para acompanhar os movimentos da sua boca. Ele geme,
agarrando a minha bunda com força, enquanto esfrega o rosto na
minha boceta molhada.
— Parece que o negócio aí tá muito bom — Edward
comenta e eu me viro pra ele, que continua acariciando o pau
lentamente.
Jogo a cabeça para trás, aproveitando a onda de prazer
que corre sobre mim quando Clarke passa a dar atenção exclusiva
ao meu clitóris. Ele segura as minhas coxas, me mantendo presa na
posição, enquanto passa sua língua por toda a minha carne
latejante.
— Deixa eu te ajudar com isso aqui… — Thomas sussurra
por trás de mim, puxando o vestido pela minha cabeça. — Como
você é linda, Sav.
Abro um sorriso, reprimindo os gemidos que querem me
escapar enquanto Clarke continua me chupando. Thomas, com
cuidado, se junta a nós dois na cama.
— Posso te beijar? — pergunta, com a cabeça encostada
no meu ombro.
Agarro seu pescoço e me inclino para trás, colando meus
lábios nos seus. Thomas agarra meus seios, roçando seu pau na
minha bunda enquanto Clarke continua com o rosto enterrado entre
as minhas pernas. É uma dança sensual que nos enche de prazer.
Sem pudor algum, começo a me movimentar sobre o rosto
de Clarke, cavalgando sua língua em busca do meu prazer. Ele
parece ficar ainda mais animado com isso e me suga sem dó,
enquanto estremeço violentamente em cima dele.
— Porra, eles estão ficando muito excitados com você, Sav
— Edward diz, se aproximando da cama com o pau para fora. —
Que tal você me chupar como deveria ter feito desde a primeira
vez?
Paro de beijar Thomas, aproveitando suas carícias nos
meus mamilos endurecidos. Suas mãos são mágicas e o polegar
agora roça meu peito em movimentos circulares.
Mordo o lábio, chamando Edward para mais perto com um
gesto de mão. Ele está tão duro que parece que a qualquer
momento vai explodir.
Saio de cima do rosto de Clarke, que me solta depois de
beijar minha boceta várias vezes. Beijo seus lábios, sentindo meu
gosto na sua boca gulosa.
— Não sei como consegui passar tanto tempo sem isso —
murmura.
Solto uma risada, engatinhando pela cama em direção a
Edward, que me encara em expectativa. Fico de quatro e empino
bem a minha bunda antes de descer sobre seu pau, abocanhando
tudo de uma vez.
— Puta que pariu — Edward geme, levando suas mãos
diretamente até o meu cabelo.
Chupo seu pau, engolindo tudo que consigo e engasgando
no processo. Isso parece estimular ele ainda mais, que começa a
bombear dentro de mim enquanto segura o meu cabelo em um rabo
de cavalo.
— Sua boca é uma delícia, Sav — rosna, alucinado, ao
continuar fodendo a minha boca.
Enquanto isso, Thomas dá a volta por trás de mim e segura
a minha bunda, enfiando o rosto entre as minhas pernas.
— Ah… — Solto um gemido ao sentir sua língua habilidosa
na minha entrada, lambendo tudo que encontra enquanto me
mantém parada na mesma posição.
Estamos presos nessa dança e meus sentidos começam a
se perder de tanto prazer, quando escuto a campainha tocar.
Paro de imediato, estática, mas Thomas continua me
chupando e Edward me mantém com a boca no seu pau.
— Calma, deve ser alguém que já estamos esperando. —
Clarke parece ansioso ao caminhar até a porta.
Mas que merda está acontecendo aqui?
Congelo, fazendo força para me desvencilhar de ambos os
apertos. Consigo me soltar de Edward, que continua excitado e duro
feito pedra, mas Thomas continua me sugando como se nada de
anormal estivesse acontecendo.
— Que porra é essa?
— Calma, princesa — Clarke está despreocupado. —
Serviço de quarto.
Ele puxa a maçaneta e meu queixo cai.
Maxwell Davies está em toda a sua glória, só de avental,
segurando uma bandeja nas mãos. Arqueio a sobrancelha, confusa
e Max não perde tempo até entrar no quarto.
— Já começaram a farra sem mim? Não foi esse o
combinado.
— A culpa não é nossa. O Clarke que avançou o sinal —
Edward responde, massageando o próprio pau.
Parece que ele não consegue manter as mãos longe de
seu órgão genital.
— Não consegui resistir — Clarke se aproxima de mim,
roubando um beijo rápido dos meus lábios. — A boceta da
Savannah é irresistível.
— Vocês vão continuar nesse papo bizarro sem me explicar
que merda está acontecendo aqui? — questiono, reprimindo um
gemido quando a boca do meu melhor amigo passa a ficar mais
ávida em mim.
— O Max também foi convidado pra nossa reunião —
Edward responde simplesmente.
Estreito meus olhos na direção dos três.
— Que porra de reunião é essa?
— A que estamos tendo agora — Clarke responde. —
Pensei que você iria gostar dessas “boas vindas”.
— Essa não é a questão — friso.
— Você realmente quer discutir isso agora, Savannah? —
Max morde o piercing e eu sinto minha boceta se contrair em
expectativa. — Estamos morrendo de saudade.
— E você tem um magnetismo que é meio difícil de explicar
— Clarke completa. — Ficamos meio loucos sem você.
— Isso eu vou ter que concordar — Max dá a volta na
cama, parando ao lado de Thomas. — Deixa eu chupar ela um
pouco. Faz tempo que não faço isso e tô morrendo de vontade.
Thomas me agarra com mais força, enterrando dois dedos
com tudo dentro de mim. Sua língua passa a fazer movimentos mais
ritmados, rápidos e eu solto um gemido, me contorcendo inteira. Se
ele continuar desse jeito não vai demorar muito tempo até eu gozar.
— Thomas, sem egoísmo — Max pede.
— Ei, eu nunca chupei a Savannah. Tô me sentindo na
desvantagem — Edward resmunga, voltando a me oferecer o
próprio pau. Eu o coloco na boca novamente, chupando com
vontade.
Já que está no inferno, abrace o capeta.
— Não sabe o que está perdendo — Clarke responde. — É
viciante.
A conversa paralela que estão tendo entre eles me deixa
cada vez mais em chamas. Estou gemendo com o pau de Edward
nos lábios enquanto Thomas me devora como se eu fosse a sua
primeira refeição em dias.
— Calma, Thomas, ela já está quase gozando, cara —
Edward murmura entre gemidos enquanto bombeia na minha boca
com força. — Deixa o Max ficar um pouco também.
Com uma última lambida no meu centro latejante, Thomas
me liberta, não antes de desferir um tapa na minha bunda. Max
assume sua antiga posição, murmurando um “gostosa” antes de
começar a me chupar.
— Está gostando, princesa? — Clarke pergunta ao se
aproximar de mim. Com carinho, ele passa a fazer uma carícia no
meu cabelo enquanto me mantenho entretida com os dois homens.
— Está gostoso?
Faço que sim com a cabeça, ainda mamando Edward, que
já está quase gozando. Ele aperta a minha cabeça com mais força
contra o próprio pau e eu sugo, faminta, bebendo toda a porra que
ele despeja na minha boca.
— Ah, merda… — Edward goza com tudo, estremecendo e
contraindo a própria barriga ao sair dos meus lábios. — Puta merda,
Sav.
— Ela costumava fazer isso comigo também — Max diz
ainda com a boca em mim. — Eu normalmente castigava ela com
uns tapas.
— É disso que você gosta, princesa? — Clarke vira meu
queixo para ele. — De levar uma surra?
— Depende de quem bate.
— Safada. — Ele morde o lábio, passando o dedo no canto
do meu lábio inferior que ainda está sujo pelo líquido de Edward.
— Eu vou ficar toda assada de tanto que vocês estão me
chupando. — Empino um pouco mais a bunda, observando Maxwell
agarrá-la mais contra o próprio rosto. — Quero que vocês me fodam
logo.
— Tão impaciente… — Edward murmura, agora
completamente nu. — Comigo você costumava gostar de provocar.
Lembra?
— Eu gosto de receber orgasmos. Nunca curti muito os
joguinhos — murmuro, entre um gemido, enquanto Max coloca um
dedo dentro de mim. — Isso, assim…
— Não deixe ela gozar ainda, Max — Clarke manda e eu
levanto uma sobrancelha em direção a ele.
— Desde quando você é o comandante aqui, Clarke?
— Desde que eu aceitei compartilhar você com todos eles,
Sav.
Fico em choque, sem palavras. Estou me preparando para
responder a sua frase sem noção quando Thomas puxa meu queixo
em sua direção, tomando a minha boca com vontade. A língua dele
na minha me deixa ainda mais molhada e Max aproveita para
aumentar ainda mais a velocidade de seu dedo e boca em mim.
— Ele vai fazer ela gozar — Edward diz, com uma risada
na voz.
Ignorando os outros dois presentes, me entrego por
completo a Max e Thomas. É engraçado por um segundo pensar
que em algum momento eles já foram inimigos mortais por causa da
ex do Thom, Chelsea.
— Você é tão linda, Sav — Thomas suspira na minha boca,
segurando meu rosto com possessividade enquanto continua o seu
beijo que tira meu fôlego.
Começo a estremecer quando sinto um calafrio subindo
pela minha barriga se alastrando pelo meu corpo inteiro, grito na
boca do meu melhor amigo, entregue, ao sentir o orgasmo poderoso
me pegar de surpresa. Max continua me chupando, sem parar,
enquanto meus últimos tremores desaparecem.
— Gostosa — Clarke diz, dando a volta em minha direção.
— Quero te comer. Vem.
Me livrando do aperto dos outros dois, subo em Clarke, que
já está devidamente protegido e pronto para mim. Desço em seu
pau, ouvindo ele gemer meu nome alto e eu nunca me senti tão
poderosa.
— Deita com ela por cima de você, Clarke — Edward diz,
colocando uma camisinha. — Também quero comer a Sav.
Clarke não pensa duas vezes e se recosta no colchão,
enquanto subo e desço de costas para a sua barriga. Edward, sem
perder um minuto da diversão, encaixa seu pau na minha entrada já
preenchida.
— Já fez isso antes, Savannah? Já teve dois homens
comendo você, um atrás do outro? — provoca.
Nego com a cabeça, excitada e ansiosa para experimentar
isso pela primeira vez. Ele vem por cima de mim e começamos um
beijo de língua, enquanto Clarke continua investindo em mim por
trás.
— Será que ela aguenta? — Thomas pergunta do canto do
quarto, virando uma garrafa de água inteira na boca.
— A Sav é dura na queda — Max responde, enquanto se
masturba ao assistir a cena.
Thomas joga a garrafa no chão e vem em minha direção, o
pau duro em evidência. Chamo com a mão, enquanto Clarke
continua me comendo. Edward e eu quebramos o beijo e ele se
afasta, dando um tapinha nas costas de Clarke.
Ele entende a deixa e sai de dentro de mim, deixando o
caminho livre para o sócio.
— Deixa eu te chupar, Thomas. Vem também, Max — peço
entre gemidos, aproveitando a sensação que os dois garotos estão
me causando.
Nunca pensei que um dia aguentaria dar para mais de um
homem no mesmo dia, mas aqui estamos.
— Eu amo como você é gulosa, Sav — Thomas provoca,
ajoelhando-se ao lado do meu rosto.
Sem perder tempo, coloco seu pau inteiro na minha boca.
Edward acelera os próprios movimentos, excitado com a cena e
rebolo, alucinada, enquanto Clarke agarra um dos meus peitos por
trás.
— Puta merda — Max surge do meu outro lado e coloca a
boca no meu outro seio, sugando sem perder tempo.
Nunca me senti tão preenchida como agora. Com Edward
dentro de mim, me comendo sem dó, Thomas na boca e Max
mamando com vontade. O prazer vai se acumulando dentro de mim
e perco a noção de tempo, tudo que importa agora é o que estamos
fazendo.
— Porra, vou gozar — Thomas avisa, bombeando na
minha boca com mais vontade. Ele contrai a barriga e eu sinto o jato
salgado na minha língua, engolindo tudo que ele despeja.
— Caralho, Sav — Edward aumenta mais seus
movimentos, me comendo com força. Ele perde o controle e me
agarra pelos quadris, entrando e saindo de mim ao gozar
violentamente.
— Você fez os dois chegarem ao mesmo tempo. — Escuto
a voz de Max, sarcástica. — Ninguém aqui tem estamina o
suficiente.
— Vai se foder — Edward resmunga, ofegante. — Eu era o
único que ainda não tinha comido ela. Estou orgulhoso de ter
durado mais do que três minutos.
Ignorando os comentários, Clarke volta a entrar em mim e
eu rebolo em cima dele, sugando os últimos resquícios de prazer do
mesmo. Ele geme, o corpo completamente suado enquanto
aproveita o orgasmo que eu proporciono.
— Linda — Clarke murmura, se aproximando para
depositar um beijo na minha testa molhada.
Estou completamente encharcada de suor.
— Vem aqui, Sav — Max pede, com um preservativo na
mão. — Deixa eu te fazer gozar.
Sem hesitar, todos saem de cima de mim. Levanto de cima
de Clarke e cruzo o quarto, em direção à poltrona em que Max está
recostado, como um deus. O corpo repleto de tatuagens está mais
impressionante do que eu me lembrava, esculpido com músculos
que o deixam mais gostoso do que costumava ser.
— Esse olhar faminto é o que mais me fez falta, Savannah.
— Ele me puxa com força em sua direção e eu caio em seu colo.
Passo as mãos em volta do pescoço de Max e devoro a sua boca
com a minha, faminta, sentindo meu gosto em seus lábios.
— Esse piercing é incrível — murmuro, passando a língua
pelo acessório. — Você sempre servindo, Max.
— Essa é a minha função. — Ele abre os braços,
colocando-os em volta da própria cabeça. — Pode usar meu pau
para te fazer gozar, Sav. Ele está aqui com esse propósito.
Mordo meu lábio inferior, sentindo um arrepio me varrer da
cabeça aos pés. Encaixo seu membro na minha entrada, me
apoiando em seus ombros ao descer nele com vontade.
Maxwell agarra a minha cintura, me ajudando, enquanto
cavalgo seu pau em busca do meu próprio prazer.
— Gostosa. — Ele rosna, afoito, examinando minha boceta
engolir seu membro centímetro a centímetro.
Jogo a cabeça para trás, perseguindo meu orgasmo. Max
dá impulsos furiosos para frente, nossos quadris se encontrando,
sedentos, enquanto me apoio em seus ombros largos.
— Que gostoso, Max — solto um gemido, incapaz de me
controlar.
Continuamos nessa dança até sentir a dor prazerosa
familiar me tomar por inteiro. Maxwell estremece debaixo de mim,
respirando com dificuldade e pingando de suor.
Com cuidado, afasto os fios molhados do seu rosto e ele
vira a cabeça para dar um beijo na palma da minha mão.
Solto um suspiro, satisfeita.
Ah, como eu adoro esses garotos.
I WAS BUSY THINKING ‘BOUT BOYS

I was busy thinking 'bout boys...


(Eu estava ocupada pensando em garotos...)

Boys Charli XCX

Clarke está deitado ao meu lado, imerso em um sono


profundo. Despertei hoje pela manhã sem ter noção nenhuma de
onde estava, até que os flashs da noite passada voltaram com tudo.
Porra, que delícia foi sentir os quatro me devorando ao mesmo
tempo.
Ele é o único que está comigo agora e eu mordo o lábio,
sentindo meu peito se encher de afeição. Clarke e eu temos uma
história antiga e não é novidade pra mim o turbilhão de sensações
que ele me faz sentir.
— Bom dia, princesa. — Ele murmura rouco, ainda com os
olhos fechados. — Já pediu serviço de quarto?
Me apoiando sobre o meu cotovelo, encaro o homem ao
meu lado de esguelha.
— Serviço de quarto com comida mesmo ou serviço de
quarto igual a ontem?
Ele solta uma risada e o timbre grave de sua voz pela
manhã me causa arrepios.
— Eu quero comida, safadinha. Você esgotou tudo que
tinha pra pegar de mim ontem.
— Você costumava ser mais resistente, Clarke.
— Eu sou resistente, Savannah. Nenhuma garota nunca
reclamou. Você é que é insaciável demais.
— Ontem vocês também acabaram comigo. Estou toda
dolorida — reclamo, cruzando as pernas.
— Nem vou conseguir tomar o meu café da manhã como
antigamente, então.
— Pelo amor de Deus, não — peço, me esforçando para
conseguir me sentar. — Acho que não vou andar direito pelos
próximos dois dias.
— Que exagero. Como vamos fazer outra festinha sem o
nosso prato principal?
— Vão ter que esperar a minha companheira se recuperar,
amigão. — Prendo o cabelo em um coque, segurando um bocejo. —
Clarke, preciso ir ao banheiro.
Ele desperta completamente, tira os cobertores de cima de
seu corpo impressionante e vem correndo em minha direção.
— Calma.
— Eu vou te levar. — Ele diz, me pegando em seu colo.
— Estou admirada de você não estar exausto. Noite
passada foi intensa.
— Eu não sou mais o garoto que você praticamente
desvirginou nas férias, Savannah — responde, me colocando
sentada no balcão do banheiro. — As coisas mudaram depois que
você saiu da cidade.
— Percebi. Vocês quatro são tão amigos…
Ele dá de ombros e eu o dispenso com a mão, apontando
para a porta do banheiro. Clarke me espera do lado de fora
enquanto termino de fazer xixi e escovo os dentes.
— Pode vir me buscar.
Ele volta, prestativo, e me carrega nos braços de volta para
o nosso quarto. Pedimos o nosso café da manhã e quando ele
chega, com a mais alta variedade de comidas, sorrio ao abrir um
bilhetinho de Maxwell:
“Com os cumprimentos do chefe. Obrigado pela noite
maravilhosa e inesquecível. Com carinho, Max.”
— Ele merece um aumento — Clarke diz ao ler o recado
sobre o meu ombro. — Te fez gozar duas vezes e ainda é carinhoso
no dia seguinte.
Me viro completamente para ele, curiosa.
— Clarke, como isso aconteceu? Como vocês todos se
conheceram?
Ele se recosta na cabeceira da cama, abrindo os braços.
Deito minha cabeça em seu peito enquanto ele faz carinho no meu
cabelo, concentrado.
— O Thomas você já tinha me apresentado e eu sabia que
vocês costumavam transar. Ele me disse tudo sobre você, inclusive
sobre a sua aversão a compromisso…
— Eu não tenho aversão a compromisso — interrompo.
— Mas ele também me contou algumas coisas sobre seus
casos antigos. O Edward e eu nos conhecemos desde crianças,
sabia? Ele inclusive me contou sobre a funcionária atrevida que
deixou ele passando vontade no escritório.
Seguro uma risada, balançando a cabeça.
— Que loucura! O mundo é mesmo muito pequeno.
Ele assente e volta a dizer:
— Eu não sabia que ele estava falando da mesma atrevida
que me fez comprar produtos de cabelo caríssimos. Precisei
explicar pro meu pai porque gastei aquele valor tão alto em uma loja
de produtos capilares. Ele achou que era um prostíbulo disfarçado.
— Não acredito! — Jogo a cabeça para trás, gargalhando.
— Meu Deus, Clarke.
— Edward e eu descobrimos que se tratava da mesma
garota quando você saiu da cidade. No início, não vou mentir, fiquei
puto. Quase morro de tanto ciúmes e Edward já me perdoou pelo
olho roxo.
— Não acredito que você bateu no seu melhor amigo.
— Ele bateu de volta, então ficamos bem.
Mordo o lábio inferior, começando a me sentir mal por ter
causado tudo isso.
— Acabamos esbarrando em Thomas em um evento
beneficente e ele me explicou sobre as suas… Preferências.
Quando começamos a contar as histórias que tínhamos com você,
fiquei duro pra caralho. E então surgiu a ideia.
— O Max entrar nisso foi o mais surpreendente. Ele e o
Thomas tiveram um pequeno problema no passado.
— A Chelsea?
Franzo a sobrancelha, assentindo.
— Foi por causa dela que a ideia surgiu. — Ele faz uma
pausa. — Thomas e Max reencontraram a Chelsea. Ela se
desculpou com os dois ao mesmo tempo, se é que você me
entende.
— Sério?
— Sim. — Ele me encara, receoso. — Transamos com ela
primeiro. Os quatro, no caso. Quis ver se ia ser muito estranho,
mas, porra, acho que nunca fiquei tão excitado na vida. Adorei
dividir uma mulher, ver ela perder o controle completamente na mão
de quatro homens. Depois disso entendi que talvez viver o seu estilo
de vida não fosse ser tão difícil.
Engulo em seco, sentindo uma sensação completamente
estranha me tomar por completo. Ela vem queimando sobre mim e
me afasto de Clarke, irritada.
Ciúmes.
Nunca me apeguei a ninguém com quem costumava trepar,
mas imaginar os quatro adorando o corpo de Chelsea como fizeram
com o meu me deixa cega de raiva.
— Sav…
— Que porra, Clarke?
— Calma, princesa.
— Princesa é o cacete. — Me ponho de pé, procurando as
minhas roupas pelo chão. — Vou dar o fora daqui. Vocês podem
continuar com as surubas de vocês.
— Savannah, dá pra terminar de me ouvir?
— Não.
Estou terminando de calçar os meus sapatos quando
Clarke surge do meu lado, me abraçando por trás em um aperto
possessivo.
— Sav, não é o que você está pensando.
Solto uma risada irônica, tentando me libertar dos seus
braços fortes. Porra, o que esse cara andou comendo durante esses
meses?
— Não é o que estou pensando, né? Vocês quatro se
encontrando nessa reunião bizarra do tipo “conte aqui como foi
foder a Savannah” e depois indo testar quem tem o pau maior com a
Chelsea?
— Escuta, eu sei que você está chateada…
— Ah, quer saber, Clarke? Vai se foder. — Tento me soltar
de novo, mas seus braços continuam firmes. — Não é como se eu
não tivesse aproveitado a faculdade também.
A respiração dele falha e sinto seu corpo se retesar contra
o meu. Uma centelha de vitória me enche dos pés à cabeça e
aproveito que consegui afetá-lo para continuar aumentando a ferida.
— Eu não dependo de nenhum de vocês pra ter sexo bom,
Clarke. O que não faltou pra mim durante esse tempo foi pau.
Então, não, não estou puta porque vocês comeram a Chelsea
juntos, é todo o conjunto da obra. Eu sou o quê? O brinquedinho de
vocês? Um experimento? Vocês são estranhos pra caralho.
Ele aperta ainda mais o abraço em volta dos meus ombros
e deposita um beijo nas minhas costas, quase casto. Tento ficar
irritada com a sua demonstração de carinho, mas a verdade é que
só estou com ciúmes.
— Já acabou? — questiona.
Mordo a língua para não dizer algo que o magoe de
verdade. Sei que não tenho o direito de ficar chateada com nenhum
dos quatro, eles são solteiros, livres e desimpedidos. Mas, porra,
talvez eu seja um pouquinho possessiva com todos eles em
específico.
E o pior de tudo é que talvez eu só esteja tão chateada
assim por ter sido justamente com a Chelsea. A garota que traiu o
meu melhor amigo e despedaçou o coração dele sem nenhum
remorso.
— Me solta, Clarke.
— Não vou te soltar, Sav. — Ele gruda os lábios no meu
ombro, carinhoso. — Não vou mais te perder de vista. Se o que
fizemos com ela te feriu, me desculpa. Posso te garantir que nunca
mais toco nela. Mas vamos resolver isso, por favor.
— Tarde demais pra isso.
Mesmo morrendo de dor consigo me levantar bruscamente
e vou calçando meus sapatos enquanto caminho em direção à
porta. Clarke parece exasperado, passando a mão pelo rosto
furiosamente.
— Será que você pode pelo menos me escutar?
Não respondo, mas dou o dedo do meio ao sair pela porta.
Sem esperar mais nenhum segundo, corro na direção do
elevador.
— Savannah! — Clarke me chama, desesperado, enquanto
termina de abotoar a calça.
As portas do elevador se abrem e eu observo seu olhar
agoniado enquanto aperto o andar do térreo furiosamente.
Ele corre em minha direção.
Eu aperto o botão de fechar diversas vezes.
Estamos quase cara a cara quando as portas finalmente se
fecham.
E eu respiro aliviada.
Me recosto na parede do elevador, inspirando fundo ao me
lembrar da loucura que foi a noite passada. Nunca me senti tão
completa e feliz como me senti com nós quatro juntos.
E tudo não passou de um jogo.
Quando as portas do elevador se abrem, Edward está
esperando por mim e sua expressão de “eu te peguei”, faz meu
coração saltar. O sorriso malicioso ganha vida, o terno caindo muito
bem no seu corpo malhado. Os cabelos loiros estão encharcados, o
que indica que ele provavelmente acabou de sair do banho.
Engulo em seco, tentando não vacilar.
— Licença — peço ao dar um passo para fora do elevador,
mas ele me intercepta, determinado.
— Desculpa, gatinha, mas não podemos deixar você
escapar.
— O que você acha que é? Meu dono?
— Acho que tivemos uma conversa parecida na noite
passada — brinca, os olhos azuis com um brilho divertido. — Não
acho que você seja uma propriedade, mas você é nossa.
Cruzo os braços, impaciente. A qualquer hora Clarke pode
aparecer aqui e a coisa vai ficar ainda mais complicada.
— Que engraçado. A definição de propriedade é, no caso,
tornar algo uma posse sua. — Dou um passo à frente. — Então, se
eu sou de vocês, sou uma propriedade.
Ele dá de ombros, parecendo achar o nosso diálogo a coisa
mais engraçada do mundo.
— Se é assim que quer enxergar, fique à vontade.
Pondero por alguns segundos sobre suas palavras. Eu sei
que ele só está querendo me provocar, mas realmente sinto como
se estivesse fazendo papel de idiota.
— Me deixa sair, Edward.
— Não — responde ainda sorrindo.
— Vai fazer o quê? — bufo, irritada. — Me manter em
cárcere e privado?
— Olha, imaginar você presa em algum lugar à minha
mercê é uma imagem muito tentadora, Sav. Não me dê ideias.
— Você é louco.
Ele pisca.
— Sim. Por você.
Sou pega de surpresa pelas suas palavras, mas não
consigo evitar as borboletas no meu estômago.
— Para de tentar fugir de nós, Savannah. — Ele segura
uma mecha do meu cabelo, quase fascinado pela nossa
aproximação. — Vamos perder mais tempo? Sério?
Não respondo nada, mas Edward começa a passar o nariz
pelo meu pescoço. O desgraçado sabe fazer isso muito bem e eu
engulo em seco, tentando disfarçar o arrepio que acomete todo o
meu corpo quando seus lábios tocam a minha pele.
— Você sabe que também sentiu a nossa falta — murmura,
rouco. — Não precisa correr da gente, Sav. Vamos manter você.
Meu coração está tão acelerado que quase consigo ouvi-lo.
Os lábios dele deixam um rastro de fogo por onde passam
e eu amoleço, sentindo minhas pernas fraquejarem. Que merda.
Esses garotos sabem exatamente o meu ponto fraco e deixo que ele
se aproxime o suficiente para ter mais acesso ainda à minha pele.
Edward solta uma risada enquanto cola o corpo no meu.
Suas mãos estão na minha cintura e ele segura a minha nuca com
possessividade, como se eu não passasse de um brinquedo.
— Adoro ter você assim — sussurra. — Totalmente sob o
meu controle.
Sua boca captura a minha em um beijo que rouba todo o
meu ar. Nossas línguas se enroscam e ele me puxa para fora do
elevador, sem se importar com o show que provavelmente estamos
dando para quem estiver passando no lobby agora. Edward parece
faminto e eu permito que ele tome tudo que quiser de mim.
Abro os olhos e observo o quanto ele parece entregue.
Tão fácil.
Sem dar tempo para ele perceber o que estou prestes a
fazer, me desvencilho do seu aperto um segundo antes de levar
meu joelho até a sua parte mais preciosa. Edward arregala os olhos
e se sobressai, mas é tarde demais e minha perna já atingiu seu
alvo.
Literalmente.
— Foi mal — peço.
Ele cai para frente, as duas mãos cobrindo o pau, uma
careta de dor que me deixa até um pouco mal.
— Você vai pagar caro por isso.
— Desculpa. — Começo a me afastar, olhando para os
lados para ter certeza que ninguém mais viu o que acabou de
acontecer.
A barra parece estar limpa, mas de soslaio consigo
perceber uma movimentação estranha. Alguns seguranças estão
olhando para todos os lados e se conheço bem esses quatro, com
certeza estão a procura de mim.
Merda.
Começo a correr para o lado contrário, em direção às
escadas.
Não tenho uma opção melhor agora, então começo a subir
todos os degraus de qualquer jeito, pensando em uma maneira de
me manter escondida até conseguir sair daqui finalmente.
Estou quase chegando no segundo andar quando o vejo.
Max está com uma camiseta de manga curta, o que deixa
suas tatuagens em evidência. Porra, por que ele precisa estar tão
gostoso? A única coisa que eu consigo pensar é em como a sua
boca me devorou na noite passada.
Ele dá um passo à frente e eu recuo.
— Savannah, você não está sendo uma boa menina.
Inclino a cabeça para o lado, pensando em como correr
daqui e, ainda assim, não ser pega.
— Vocês quatro que não foram bons meninos. Fiquei
sabendo que a Chelsea teve uma noite e tanto.
Seus olhos verdes me examinam de cima a baixo e um
sorrisinho de canto começa a surgir de sua boca.
Cretino.
— Não acredito que Savannah Ciarro está com ciúmes —
desdenha. — Vai perder a sua pose de desapegada.
— Não estou com ciúmes.
— Ah, não? Então por que está fugindo como se a sua
casa estivesse pegando fogo?
— Porque eu não quero ficar aqui. Não posso?
— Claro que pode. — O brilho do seu olhar me tira do
sério. — Mas não é coincidência você deixar o Clarke falando
sozinho só porque soube do nosso… Passado.
Reviro os olhos, segurando a vontade que sinto de me
atirar no desgraçado e socar a sua carinha bonita.
Como ele se atreve?
— Tô achando bem fofo essa interação entre vocês —
digo, entredentes. — Mas nem tudo gira em torno dessa relação
bizarra. Quero ir pra casa e esquecer que essa noite aconteceu.
— Claro que quer. — Max abre um sorriso antes de dar um
passo em minha direção. — Porque você está com ciúmes.
— Escuta aqui, esse ego tá em dia, né?
— Não é ego, é um fato. Ah, Sav… Se você soubesse
como somos loucos por você. Durante um tempo eu realmente
acreditei que você poderia ser uma espécie de feiticeira, porque a
obsessão que todos nós sentimos não pode ser normal. Mesmo
depois da nossa noite com a Chelsea, ainda assim faltava alguma
coisa. O Clarke e o Thomas estavam tão distantes que por um
momento senti pena.
Engulo em seco ao ouvir suas palavras.
— É tão clichê você dizer que transaram com ela pensando
em mim.
— Pode ser clichê, mas é a verdade.
Seus olhos refletem o desespero que eu sinto sutilmente
em suas palavras. Ele quer que eu fique. Mais do que isso, quer
dizer que o que tiveram com Chelsea não significou nada.
E o pior de tudo é que eu sei que, no fundo, isso é verdade.
Eu também sei que estou com ciúmes. O sentimento de
posse explodiu no meu peito e a fúria tomou a minha mente ao
imaginar os quatro adorando uma outra pessoa.
Porque eles são meus. Sempre foram e sempre serão.
Mas isso não me deixa menos puta.
— Fica aí com a sua verdade, então — respondo, antes de
me virar para descer as escadas de novo.
Mas infelizmente não vou muito longe dessa vez.
Thomas surge do nada, o sorriso vitorioso despontando de
seus lábios. Os braços passam ao meu redor e eu me sobressaio
quando ele me abraça forte. Consigo ouvir os passos de Max por
trás da gente, mas estou completamente paralisada.
E presa.
— Você está dando mais trabalho do que pensávamos —
Thom resmunga. — Mas se viesse tão fácil, não seria você.
— A Sav é mais escorregadia do que um sabonete — Max
responde, alegre. — Mas ela gosta da gente de verdade. Ela está
com ciúmes, Thomas.
— Ah, eu sei. — Sinto os lábios de Thom no meu cabelo e
acho que posso desmoronar a qualquer momento. — E ela está
assustada para caralho por causa disso.
Fico em silêncio por alguns segundos, aproveitando a
sensação de segurança que Thomas me causa. Apesar de fazer
parte desse quarteto e eu estar realmente morrendo de ciúmes, ele
não deixa de ser o mesmo garoto que me consolou quando tive meu
coração partido aos quinze anos.
Thomas faz um carinho no meu cabelo, e consigo sentir a
respiração de Max chegar até a minha nuca. Ele deve estar bem
perto da gente. A nossa situação provavelmente é bizarra, mas
decido ignorar.
Não tenho escolha de qualquer jeito.
— Sav, você sempre foi a única mulher pra mim — Thomas
confessa. — Mesmo quando comecei a namorar a Chelsea, sempre
foi você na minha cabeça. E no meu coração.
Eu travo e ele percebe.
Apesar de transarmos com frequência e de nos amarmos
como se fôssemos família, jamais confessamos qualquer tipo de
amor romântico.
Até agora.
— Não sei se qualquer um desses caras pode dizer que te
ama como eu. — Engole em seco. — E é verdade que você deixou
todos nós… Obcecados. É algo com você. Provavelmente é porque
você tem o espírito mais livre que já conhecemos e quando vemos
algo feliz e solto, temos a mania de querer capturar aquilo e guardar
como algo só nosso. Mas você não é assim. Você jamais seria
assim.
Max passa a mão macia sobre meu braço, o que faz a
minha pele arrepiar. Que droga. Não quero começar a desmoronar
na frente deles.
— E não é sobre você gostar de se relacionar com mais de
um cara ao mesmo tempo — Maxwell completa. — É inerente a
você. Quando conseguiu passar na faculdade e no curso dos seus
sonhos, você largou tudo para correr atrás do que queria. Mesmo
que isso te custasse o Clarke, o Thomas e até o Edward. — Ele não
se incluir nisso parte meu coração, mas não o interrompo. — E
quando você pegou as fotos da Chelsea no meu celular, você me
deixou sem nem pensar. Você é assim. Corre atrás do que você
quer e luta pelo que você acredita. Seríamos um verdadeiro bando
de cuzões se te fizéssemos escolher, não seríamos?
Fico em silêncio por longos segundos, refletindo sobre as
suas palavras. Nunca imaginei que era assim que eles me viam.
Suspiro ao me soltar cuidadosamente dos braços de
Thomas. O olhar dele é apreensivo, mas abro um sorriso de canto,
indicando que está tudo bem.
Ele não parece muito convencido.
— Eu sei que estou sendo hipócrita — confidencio. —
Como eu posso sentir ciúmes de vocês quando… Bem, quando eu
estava transando com os quatro ao mesmo tempo ontem à noite?
— Porra nenhuma — Max vocifera, o que me pega de
surpresa. — A situação é diferente e eu entendo o seu ciúmes.
Caralho, se você me dissesse que costumava transar com quatro
amigos na cidade onde mora, provavelmente eu acabaria
cometendo um homicídio.
Estreito meus olhos na direção dele.
— Então você acha que eu estou certa.
— Você está — Thomas se aproxima por trás, passando
um braço ao redor da minha cintura. — Você só está protegendo o
que é seu. Nós somos seus.
— E você é nossa — Max diz, convicto. — E não vamos
deixar mais ninguém tocar no que nos pertence.
— Para um grupo que gosta bastante de dividir, vocês bem
que estão bastante possessivos, não? — Arqueio uma sobrancelha
na direção dele, sentindo meu pescoço arrepiar quando Thomas
deposita um beijo ali.
Max abre um sorriso satisfeito e se aproxima o suficiente
para que nossos lábios se encontrem. O piercing dele em contato
com a minha pele me faz estremecer.
Porra, podem me chamar do que quiser, mas sentir
Thomas atrás de mim equanto Max devora a minha boca, é o que
me faz sentir completa. Meu coração acelera, minhas mãos
começam a suar e a única coisa em que penso é tirar as roupas de
ambos como fiz na noite passada.
Continuamos o nosso showzinho na escada quando
percebo sons de conversa. O tom vai aumentando conforme as
pessoas se aproximam de nós, mas não recuo. Abro um sorriso por
entre um dos beijos de Max e me solto devagar, fazendo um carinho
no seu rosto tão lindo.
— Eu senti a sua falta, Max. Todos os dias desde que
paramos de ficar. Não tem como te esquecer. Nunca.
Ele parece surpreso com as minhas palavras e seus olhos
escurecem. Maxwell Davies continua sendo uma caixinha de
surpresas mesmo depois de tanto tempo.
Dou um passo à frente, ficando cara a cara com o meu bad
boy. Seu rosto inexpressivo mascara seus verdadeiros sentimentos,
mas não preciso de lágrimas ou de um discurso. O pouco que ele
falou já disse muito.
E ele me ama.
Talvez me amasse desde a primeira vez em que ficamos
juntos.
— Chegamos na hora certa. — A voz inconfundível do
Edward não parece nada amigável. — Fico feliz de saber que vocês
finalmente se resolveram.
— Achei que isso não seria mais necessário — Clarke
cruza os braços, se apoiando em uma das paredes. — Depois de
ontem à noite, já estava começando a acreditar que o Max era o
favorito.
— Por que ele seria o favorito? — Thomas questiona,
apontando em nossa direção. — Foi ele que pegou a minha
namorada enquanto ainda estava saindo com a Sav.
— A Savannah e eu nunca fomos exclusivos. — Ele se
defende. — E se eu não me engano, na época ela já ficava com o
Edward. E com você.
— Só eu cheguei por último — Clarke murmura.
— Tá bom, isso é estranho. — Me afasto de Max, virando
na direção onde os outros três nos assistem. — Se vamos fazer
essa relação funcionar, vocês precisam parar de falar de mim como
se eu não estivesse presente.
— “Essa relação funcionar”? — Thomas faz aspas com as
mãos. — Então você quer que isso seja uma relação?
Respiro fundo, encarando os olhares de expectativas que
todos jogam em cima de mim. Clarke parece ansioso, Edward ainda
está meio bravo, Thomas esperançoso e Max… Max está com a
mão subindo pela minha coxa sutilmente, como se eu não fosse
perceber.
Abro um sorrisinho, percebendo que, no fim, eu era sim de
me apaixonar. Era tão dada a esse sentimento que acabei
distribuindo ele para quatro caras diferentes. É óbvio que o
sentimento que tenho por cada um é diferente, principalmente se for
levar em consideração a relação que tive com Thomas e Clarke.
Mas, verdade seja dita, não conseguiria abrir mão de
nenhum deles.
Nenhum.
No fim das contas, acho que essa minha busca
inconsciente pelo meu conto de fadas não foi de todo em vão. Eu só
não sabia onde me encaixava.
Solto uma risada, sentindo essa emoção tomar conta do
meu peito. Porra, estou mesmo prestes a fazer isso.
— Por que você está rindo? — Edward franze o cenho.
Balanço a cabeça, tirando alguns dos meus fios enrolados
do rosto.
— Nada… Só estou me lembrando de uma história.
— Que história? — Clarke pergunta.
Pisco algumas vezes, mordendo o lábio antes de começar
a falar. Eles vão pegar tudo na primeira frase.
— Na história que deu origem ao conto da “branca de
neve”. Conhecem?
Max contrai o olho esquerdo, o rosto formando uma
carranca bonita.
— Você quer contar uma historinha pra gente?
— Não desdenhe antes de ouvir. — Sorrio. — Aposto que
vocês vão gostar dela.
— Essa eu quero ver — Thomas provoca.
Limpo a garganta.
— Bom… — Começo. — A história vem da mitologia
nórdica. A deusa Freya, que era a deusa do amor, acabou entrando
nessa caverna habitada por anões. Quatro, pra ser mais precisa.
Eles estavam finalizando um colar e quando ela o viu, decidiu que
precisava dele. Reza lenda que era o colar mais bonito que a
humanidade já viu. Ela propôs todo o ouro que eles quisessem, mas
os quatro recusaram. Ela não desistiu e então os anões fizeram uma
proposta pra ela.
— Nem fodendo! — Max grunhi, sorrindo feito um bobo. —
Os quatro deram o colarmais foda de todos os tempos em troca de
sexo?
— Pra você ver como são os homens — respondo. — Mas
foi basicamente isso. Freya aceitou passar uma noite com cada um
deles e conseguiu o colar.
— E depois isso virou um conto de fadas — Clarke balança
a cabeça, pasmo. — Agora eu entendo porque eles fazem tanto
sucesso.
— Que besteira — Edward sorri. — Essa Freya não deve
chegar aos pés da Sav. Imagina a nossa morena nessa caverna,
então. Ia fazer os anões se livrarem até das próprias calças.
— Os coitadinhos nunca mais iam conseguir se concentrar
em qualquer outra coisa — Thomas suspira, dramático. — Pode
apostar, já estive lá.
— Vocês me colocam muito pra cima. — Não consigo evitar
o meu sorriso.
No meio da escadaria de um prédio que promete ser uma
atração turística da cidade, tendo a conversa mais aleatória com os
quatro caras que fazem o meu mundo delirar, percebo como estou
feliz.
E não sei como vai ser quando tiver que voltar para a
faculdade daqui um mês ou quando Ed precisar voltar para a dele e
deixar a administração do clube nas mãos do Clarke. Não sei como
Max vai reagir à nossa distância de novo mas, no momento, não
quero pensar em nada disso.
Esses quatro homens valem a pena.
— Eu quero que isso seja uma relação — digo. — Não
quero imaginar como vai ser daqui um mês, mas estou disposta a
viver o agora.
Eles abrem um sorriso radiante, se entreolhando como se
compartilhassem de algum plano ultrassecreto. Nunca vou
conseguir entender a ligação desses quatro direito, mas também
não faço questão. Sei que eles são amigos acima de tudo e que
gostam de me fazer feliz.
E isso basta.
Thomas me estende a mão e eu a pego. Clarke passa o
dedo levemente pelo meu braço enquanto Max me agarra por trás,
possessivo. Ed, ainda mal-humorado pela “joelhada” que dei na
minha fuga, parece um pouco carrancudo. Faço um biquinho e
murmuro um “desculpa” e ele amolece por completo. Gruda seus
lábios nos meus e eu sorrio entre o beijo, suspirando e feliz por tudo
estar bem.
E tudo vai mesmo ficar bem.
Vamos todos ficar bem.

Fim
Eu não consigo acreditar que finalmente estou lançando
minha primeira história na Amazon (depois de dois meses
reescrevendo, risos).

Obrigada a você que leu até aqui, que veio pelo


Instagram, Tiktok ou se só deu uma olhada na Amazon e se
interessou por Boys. Sério, valeu demais!

Quero agradecer aos principais responsáveis por eu


estar realizando isso: meus pais. Mãe, embora eu não vá deixar
você ler, espero que saiba que eu te amo e que todas as minhas
conquistas são suas. Pai, infelizmente o senhor não está mais aqui
pra ver o meu sonho se realizando, mas eu sinto a sua presença
comigo todos os dias. Obrigada por tudo.

Obrigada aos meus irmãos por serem tudo pra mim.


Geovana e Bryan, tudo que faço é por vocês.
Luise Verônica, você sempre foi minha maior
apoiadora. Isso aqui também é uma conquista sua.

Tia Carla, obrigada por ser uma segunda mãe e apoiar


meu vício na leitura (mesmo quando de livros como esse rs). Te
amo.

Tia Meire, obrigada por ser minha mãe também e estar


sempre por perto, na alegria e na tristeza. Espero que esteja
orgulhosa.

Ao meu namorado, Richard, por me apoiar em cada


passo que dou. Desculpa furar os nossos encontros porque eu
precisava terminar de escrever Boys. Te amo.

Stefânia, @booksndstuffs, você com certeza foi a peça


chave para essa história estar sendo publicada. Obrigada por ser a
beta mais honesta e a amiga mais apoiadora que eu poderia ter. Te
encontrar foi um presente em 2021 e vou te levar pra sempre
comigo.

Bruna, @buoliveira_, obrigada por ser a minha parceira


no crime (e nos negócios), por escutar meus áudios de três minutos
e por me dar todo o apoio para eu seguir nos meus sonhos. Eu vibro
por você assim como sei que você vibra por mim. Meu achado de
2021 pra vida.
Hel, @bookyhel, não tenho PALAVRAS para agradecer
o que você fez com Boys na reta final. Obrigada por ter sido uma
editora sincera e honesta, que conseguiu encaixar as últimas peças
que faltavam para essa história ser o que é. Valeu demais!

Alessa Ablle, muito obrigada pelo apoio e por ter


diagramado essa história. Você é muito importante na minha
trajetória.

Camilla Nunes, nós temos nossos altos e baixos, mas


quero que saiba que toda a minha trajetória como escritora tem você
intrínseca nela. Obrigada por tudo.

Obrigada também ao Fanfic Obsession por ter sido a


primeira casa de “Boys”. Originalmente, Boys era um conto com o
One Direction e cada um desses meninos era um integrante da
banda. Será que vocês acertam quem era quem? (O Zayn não
estava, porque foi bem na época que o dito cujo saiu da banda — e
sim, fui uma directioner magoada).

Espero poder encontrar você no meu próximo


lançamento! Me acompanhe no Instagram: @mseyfild.

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