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COPYRIGHT © 2023 POR MILLA BORGES

Capa: Milla Borges


Diagramação: Milla Borges
Revisão: Amanda Mont’Alverne
Ilustração: @ellephatom_art
Betagem: Larryssa Macedo,
Amanda Mont’Alverne
e Marcelly Kern.

Essa é uma obra literária de ficção. Os personagens, estabelecimentos e


acontecimentos descritos na obra são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência. Todos
os direitos são reservados à autora Milla Borges.
E se uma leitora de Dark Romance fosse sequestrada por três
demônios psicopatas e entrasse no universo de livros que ela mais
gosta?

É isso que acontece com Mirtez González, uma bruxa plus size e
totalmente fora dos padrões do seu clã, que decide fugir de lá por
não aguentar mais a pressão do mundo onde vive e acaba caindo
nas mãos de três demônios da Ira superquentes, que comandam
ringues de lutas ilegais e de que de quebra lutam nas tão temidas
gaiolas da morte.
Eles a encontram em uma de suas festas e ficam completamente
obcecados por ela quando ouvem uma voz chamando por ela e
dizendo que ela pertence a eles, mas não tem ideia do motivo.
Então, para descobrir quem é aquela morena misteriosa, eles
resolvem sequestrá-la até saber quem ela é e o que fez para eles
ficarem naquele estado.

Uma pessoa normal tentaria fugir dos seus sequestradores, certo?


Mas e uma leitora de Dark? Ficaria com medo do que estava por vir
ou a curiosidade por estar vivendo o delicioso e incerto futuro com
essas criaturas falaria mais alto?

Este livro é para que cada mulher que sofre com os seus demônios
possam
encontrar a sua Mirtez interior e dizer um belo foda-se a cada uma
deles.
Seja você a sua vadia má.

Meu Doce Diablo é um DARK ROMANCE com HARÉM REVERSO


onde todos os envolvidos são maiores de idade e o livro contém
cenas de violência gráfica, estupro, assédio, palavras de baixo
calão, mutilção genital, bullying, blasfêmia e tabu.
O relacionamento tabu presente no livro não é entre humanos então
não existem laços sanguineos entre os mesmos.
Não, a história não termina nesse livro. Se você já é meu leitor de
outras primaveras você sabe que terminar um livro sem dividir ele
em duas partes é pedir demais pra mim, certo? Emtão com esse
livro não poderia ser diferente, essa história é um cliffhanger, ela
termina na cena de maior impacto para o leitor instigando a
curiosidade sobre o que vai acontecer na história.
Então tenham paciência comigo, pois a continuação vem logo ai.
Diferente dos meus outros trabalhos nesse livro o hot demora mais
para acontecer, mas ele acontece com todos os integrantes do
harém.
Os povs do passado da Mirtez terão continuação no próximo livro.
Vocês já foram avisados sobre tudo que contém dentro
deste livro, se desejam prosseguir com a leitura sejam
muito bem vindos ao MILLAFERNO.

“O mais triste sobre a traição é que ela nunca vem de inimigos.


Vem daqueles em que você mais confia.”
– Mariana Azevedo
ADE

— MINHA! MINHA! MINHA! — Enquanto eu observava


aquela estranha dançando, essa era a única palavra que se repetia
em minha cabeça.
Estava sendo difícil me controlar e não partir para cima dela
como a merda de um namorado tóxico e retirá-la de cima daquela
bancada.
Ela parecia a porra de um pedaço de mal caminho e se movia
com a malícia de uma diaba, capaz de atiçar e seduzir todos os
homens aqui com apenas um movimento do seu quadril.
—- Que gostosa, essa deve ser uma foda que vale a pena —
comentou o homem (ou melhor dizendo, futuro morto) ao meu lado,
enquanto tomava um gole de sua cerveja.
Respirei fundo antes de me virar para ele e apenas rosnar,
deixando vazar apenas um pouco da minha ira.
Acer não teve tanta paciência, ele apenas levantou o seu
punho e acertou a cara do filho da puta bem em cheio.
— Cala a porra da sua boca e saia da minha casa — ele
grunhiu para o estranho.
— Quem é ela? — eu perguntei aos meus irmãos, mesmo
sabendo que eles sabem tão pouco quanto eu.
— É o que eu pretendo descobrir agora — respondeu Ash
enquanto pegava o seu celular e saia de perto, mas não sem antes
dirigir um último olhar a mulher misteriosa.
— Estou tendo mais autocontrole do que de costume para
não arrancar a cabeça de cada filho da puta que está comendo-a
com os olhos — comentou Acer.
— Que porra está acontecendo? — perguntei a ele sem
realmente esperar por uma resposta.
—- Eu também não sei, porra! Eu estava fodendo Natasha
antes da festa começar e de repente minha visão ficou vermelha,
não conseguia ouvir nada, nem sentir nada, foi como se meu
território estivesse sendo ameaçado e eu quase perdi o controle da
minha forma. Eu apenas senti um puxão e a palavra MINHA repetia
dentro da minha cabeça como um disco arranhado, não sei que
porra aconteceu.
— Quem é Natasha? — eu questiono.
Acer revira os olhos para mim e sorri com pequenas presas
aparecendo.
— Você é um canalha mesmo! Você estava fodendo-a antes
de mim hoje pela manhã, irmão. Você nem perguntou a porra do
nome dela? — Acer pergunta já sabendo a resposta.
Me seguro para não acertá-lo por algo que ele não tem culpa.
Só de me lembrar do que aconteceu pela manhã meu sangue
esquenta novamente, mas decido não deixar transparecer agora. Eu
apenas dou de ombros e volto a me concentrar naquela maldita
sereia, mas então me dou conta de que ela não está mais em lugar
nenhum.
— Foda-se, para onde ela foi? — eu pergunto para ninguém
em especial.
Acer se vira e olha ao redor da sala de estar. Eu tento captar
seu aroma, mas com tantos cheiros por aqui, não consegui captar o
dela, entretanto, no momento em que eu conseguir, ela não vai sair
da porra da minha vista.
— Ali. — Acer me cutuca e acena com a cabeça em direção
a ela.
Retiro tudo o que eu disse sobre ser uma sereia, ela era
porra de uma diaba e nesse exato momento estava sentenciado
diversos filhos da puta para uma morte bem dolorosa.
Dou tudo de mim para não partir para cima dela e tirá-la dos
braços daquele cadáver ambulante. A cada rebolar do seu quadril,
meu sangue esquenta mais em minhas veias e quando ele passa
seus braços em volta da cintura dela e a puxa contra seu corpo, eu
quase não consigo me impedir de ir até lá e acabar com ele no meio
da festa.
Seguro o braço de Acer a tempo, ele consegue estar ainda
pior que eu, meu irmão mal consegue se controlar. Sinto sua pele
vibrando sob o toque da minha mão, ele está tão quente que seria
impossível para um humano encostar nele sem se ferir gravemente.
Nesse momento eu agradeço por Ash não estar aqui, porque
sei que ele não iria conseguir se manter na forma humana, ele é o
que perde o controle da transfiguração mais fácil. Aliás, perde não,
ele a deixa ir.
Ele gosta de causar medo nos humanos, gosta de vê-los
sofrer e sei que não iria precisar de muito para ele foder com essa
festa inteira em questão de segundos.
A cada segundo, Acer fica cada vez mais quente e com
tantas pessoas dançando ao nosso redor, fica cada vez mais difícil
evitar os esbarrões que são seguidos por gritos e gemidos de dor.
Sinto como se eu estivesse por um triz. Quanto mais dor meu
irmão causa, mais duro meu pau fica. Sentir todas aquelas pessoas
sofrendo e gritando me alimenta mais do que ficar dentro do ringue
de luta absorvendo a dor dos meus adversários.
Noto que Acer está ainda mais embriagado de sensações do
que eu quando ele solta um grito alto e rouco, então estica seus
braços tentando captar o máximo de pessoas possíveis em seu
toque mortal.
Em questão de segundos a festa acaba, todos os gritos de
alegria se tornam gritos de puro terror, pessoas que a segundos
atrás estavam bebendo, fumando e cheirando, agora seguram seus
membros retorcidos e tostados.
Não sei em qual momento eu perdi o controle da minha
forma, muito menos em qual momento eu soltei Acer, mas quando
abro os olhos novamente e olho ao redor, eu só vejo carnificina.
E isso me deixa ainda mais perto de gozar, eu aperto meu
pau para dar uma aliviada e finalmente cedo.
Solto um grito eufórico e corro atrás dos humanos que ainda
restam aqui dentro, os poucos humanos que ainda tentam salvar
suas vidas.
Agarro uma mulher loira pelos cabelos e a puxo em minha
direção. Ela se vira para mim com um grito preso em sua garganta,
seus olhos imploram por misericórdia e consigo sentir o odor azedo
da urina enquanto ela se mija de medo.
— Então você é a Natasha? — eu pergunto, pois me lembro
dela quicando no meu pau pela manhã para me acordar contra a
minha vontade e só isso me faz sentir mais vontade de cortar a sua
garganta.
A filha da puta pensou que só porque eu a comi em algum
momento, que ela tinha a porra do direito de me tocar sem a minha
autorização. Assim que acordei com seus gemidos falsos e com seu
corpo me pressionando, eu a enviei para longe de mim com um tapa
em sua cara.
Eu gritei na porra da cara dela que ela não era mais bem
vinda na minha casa e que se eu a visse aqui novamente não iria
pensar duas vezes antes de arrancar seus silicones com minhas
próprias mãos.
Mas a vadia não me ouviu e ainda transou com a porra do
meu irmão.
Noto ela tomando fôlego para suplicar pela sua vida, mas não
espero para ouvir qualquer baboseira que ela tenha para dizer, eu
apenas estendo minhas garras e corto sua cabeça do pescoço.
A sua última expressão é de choque, chega a ser engraçado
ver sua cabeça quicando até parar perto do pé de quem eu estava
procurando.
Se eu acreditasse na sorte, poderia até dizer que ela
interferiu a meu favor agora.
Piso o corpo daquela vadia morta e vou em direção ao corpo
flácido do filho da puta que estava com os braços ao redor da minha
garota.
Agacho ao seu lado e vejo que meu irmão se divertiu um
pouco antes de acabar com ele. Xingo o filho da puta do Acer por ter
pego ele antes de mim, mas agora com ele morto, eu me sinto mais
calmo.
Chego bem perto dele e farejo o aroma dela, e não leva muito
até eu sentir um aroma floral que não consigo reconhecer.
A curiosidade é uma vadia e meu cérebro não para de
processar as milhares de hipóteses para o que está acontecendo.
Isso nunca aconteceu anteriormente comigo e nem com nenhum
dos meus irmãos.
Sempre fomos muito unidos e eu saberia se qualquer coisa
do tipo estivesse acontecendo com algum deles e eles saberiam a
mesma coisa sobre mim, não temos segredos entre nós.
Quem é aquela morena, por que ela nos marcou e como ela
fez essa porra?
Sai dos meus devaneios quando tudo ficou mortalmente
silencioso. Levanto a cabeça e noto que não tem nem mesmo uma
alma viva por aqui, apenas corpos e mais corpos espalhados pelo
chão.
Perto da porta, noto Ash completamente limpo, o que é
totalmente estranho, pois ele é o primeiro a entrar na carnificina e se
banhar com o sangue de qualquer um e agora ele está parado na
porra do celular absorvido por qualquer merda que esteja lendo.
Do outro lado da sala de estar, eu noto o Acer sentado e
completamente acabado. Ele tem uma mancha esbranquiçada em
sua calça e não duvido nada que ele tenha gozado nas calças
enquanto sentia toda aquela energia caótica.
Solto um suspiro frustrado por ter cedido tão facilmente e
agora ter toda essa bagunça para limpar. É nessas horas que eu
penso que deveríamos ter empregados nessa casa, seria muito
mais fácil fazer essas coisas se eu não precisasse limpar depois.
Levanto com facilidade e vou em direção a Ash primeiro,
talvez ele concorde em ajudar a mim e a Acer.
— Conseguiu descobrir quem era ela? — eu pergunto.
— Não — ele diz com um rosnado. – Se não fosse por vocês,
eu teria conseguido capturar uma imagem dela para jogar no banco
de dados central e assim descobrir facilmente quem era aquela
diabinha, mas vocês tinham que foder a porra toda.
A última frase ele fala bem alto para que Acer ouça também.
Meu irmão levanta a cabeça na mesma hora e vem em nossa
direção.
— Eu não consegui segurá-la antes que ela pudesse escapar
— Acer diz e quase faz beicinho com a frustração.
— Segurá-la? — eu questiono.
— Sim, meus olhos estavam grudados nela o tempo inteiro,
assim que ela me viu seu rosto empalideceu e ela correu, foi nessa
hora que eu me soltei de você e fui atrás dela, mas já era tarde
demais.
— Eu vi quando ela passou pela porta, eu tentei ir atrás dela,
mas o mar de pessoas tentando escapar de vocês me atrapalhou
completamente — Ash diz com raiva nítida em sua voz.
— Não olhe assim para mim, Acer que ficou doidão e
desencadeou esse banho de sangue. Estou até surpreso de você
não ter entrado no meio também — eu falo apontando para sua
roupa e pele imaculadas.
— Eu estava focado no meu objetivo, aqueles idiotas nunca
iriam me distrair dela. Ela é minha. — Ele para assim que essa frase
sai da sua boca e me olha com os olhos arregalados se dando conta
do que acabou de sair da sua boca.
As palavras literalmente tem poder para nós. Quando um
Demônio da Ira proclama que alguém é sua, essa pessoa vira a sua
presa na mesma hora, ninguém é capaz de tirar isso de sua cabeça
até ele a possuir.
E isso não acaba nem com a morte da pessoa em questão,
mesmo na morte a sua alma é nossa e irá descansar com suas
irmãs em nosso lar no inferno.
— ELA É NOSSA — Acer completa, fodendo com tudo de
uma vez.
A pobre diabinha veio para essa festa em busca de prazer e
diversão e saiu com três demônios maníacos e sedentos por possuir
seu corpo e alma.
— Foda-se. Descubra quem é ela e vamos descobrir o que
está acontecendo — eu falo, me recusando a proclamá-la como
minha antes de saber o mínimo sobre aquela mulher.
— Eu estou perto de descobrir, conheço uma das mulheres
que estava se comunicando com ela enquanto eu a vigiava. É só
questão de tempo até encontrar alguma foto em suas redes sociais,
esses humanos se expõem tanto que eles nem tem ideia do que eu
consigo fazer com apenas uma foto que eles postam — ele diz
concentrado em seu celular.
— Você é bizarro, até para os nossos padrões — Acer diz
para nosso irmão que apenas dá um sorriso perverso em resposta.
MIRTEZ

— Que droga, de novo não — eu reclamo baixinho enquanto


olho para a balança e noto que engordei mais quatro quilos desde a
última vez que me pesei na semana passada.
— O que houve, Mi? — minha melhor amiga Katalina
questiona do outro cômodo.
Eu respiro fundo para segurar o choro antes de respondê-la,
pois já fazem quatro meses que eu fui forçada a sair da academia e
não paro de ganhar peso desde então.
É tão frustrante ver como outras pessoas conseguem se
manter mesmo depois de anos e em apenas quatro meses eu
consegui ganhar novamente tudo o que eu levei um ano para
perder.
Me sinto tão frustrada, tão incapaz, e sei que se eu voltasse
para a academia agora, no estado em que estou, todas as pessoas
que eu considerava amigas de treino iriam cochichar sobre mim
pelas minhas costas.
Sei quantos olhares maldosos eu iria receber ou quantas
repreensões eu iria ouvir e isso me frustra tanto. Desde pequena eu
venho lutando contra meu peso e parece que é uma briga sem fim,
uma briga na qual eu nunca consigo sair vitoriosa e por mais que eu
tente, por mais que eu me esforce, nunca dá certo.
— Vem aqui, Mi, não chora por causa disso. — Katalina
aparece em meu quarto e me tira do meu estupor. Não tinha
percebido que tinha começado a chorar em cima da balança.
Levo os dedos a minha bochecha molhada e não consigo
segurar o soluço a tempo, e mais uma vez estou chorando por uma
coisa que deveria ser fácil para mim. Eu deveria conseguir utilizar
dos meus dons para conseguir ter o corpo que eu quisesse, todas
as outras bruxas conseguem, mas não, essa é apenas mais uma
coisa na qual eu sou uma fracassada.
Katalina me envolve em um abraço apertado enquanto eu
ponho pra fora toda a dor que eu sinto, toda a culpa pelas coisas
que comi antes de me pesar e toda a raiva por estar chorando por
isso novamente.
— Obrigada, Ka — eu agradeço assim que consigo me
recompor um pouco.
— Olhe para mim — ela diz e levanta meu queixo para que
eu olhe em seus olhos. — Você é linda, Mirtez, sem sombra de
dúvidas a mulher mais bonita que eu já conheci. Você sabe que eu
literalmente só virei sua amiga porque eu queria te pegar, então não
chore porque engordou 1 ou 2 kg, porra, você continua sendo a
mulher mais deslumbrante que eu já conheci na minha vida, eu amo
você — ela completa me dando um selinho na boca.
— Bom, eu realmente sou muito bonita mesmo — eu brinco
tentando aliviar a tensão que ficou.
— Ótimo, então vai tomar um banho e tirar essa cara de
choro pois vamos para uma festa do caralho essa noite — ela diz
dando pulinhos animados.
— Ah não, Ka. Sem condições de sair hoje, estou literalmente
me sentindo um lixo... — Ela me interrompe antes que eu possa
concluir meus motivos para não querer sair essa noite.
— Nem continua, porque hoje, ou você vai fingir que está se
sentindo a mulher mais gostosa e poderosa daquela festa ou vai
pegar a porra de um pote de sorvete e chorar até dormir? — Antes
que eu possa dizer alguma coisa, ela responde por mim.
— Não, porra, você vai fingir que se sente confiante pra
caralho até você começar a se sentir, entendeu?
— Inferno, você sabe ser uma vadia quando quer. — Ela me
dá um sorriso arrogante pois já sabe que me venceu.
— Ótimo, eu vou escolher uma roupa para você enquanto
toma banho, então se apresse — ela diz me empurrando em direção
ao banheiro.
Eu reviro os olhos para ela, mas faço exatamente o que ela
disse.
Katalina é aquele tipo de amiga que sempre vai tentar te
animar te levando pra balada, para beber ou flertar com um cara
qualquer, e eu sempre acabo cedendo, mesmo quando a minha
vontade é ficar jogada chorando e catando meus caquinhos.
Katalina é engraçada, espontânea e extremamente gentil, até
mesmo com quem não merece.
Quando a conheci, eu estava na pior fase da minha vida. Eu
tinha acabado de abandonar o meu clã, estava sem rumo e não
tinha um tostão no bolso, mas ela foi a pessoa que me acolheu e me
ajudou sem nem perguntar o motivo pelo qual eu estava morando
em um carro velho.
Ela é luz por onde passa e eu literalmente não sei dizer o que
mais chama atenção nela, se é a sua personalidade sem igual ou
sua beleza. Katalina tem 1,80 de altura, mas nunca se intimidou ou
se sentiu inferior por esse motivo, ela é do tipo de mulher confiante
que sabe que é linda e que ainda coloca um salto de 15cm para
fechar com chave de ouro, pois gosta de chamar atenção por onde
passa e ser o motivo dos cochichos e fofoca.
Katalina é uma mulher preta, com um cabelo black preto
lindo, mas sempre gosta de ousar com suas laces. Ela tem um
corpo escultural com quadris largos e cintura fina e assim que a
conheci pensei que ela fosse uma modelo, pois ela é literalmente de
parar o trânsito.
— Já terminou, Mi? — Katalina grita do lado de fora do
banheiro, me tirando dos meus devaneios.
— Só mais um minuto — eu grito de volta e começo a me
concentrar no que estava fazendo.
Passo a Gillette com cuidado pela minha perna, pois sempre
me corto quando estou me depilado com pressa.
Ka bate novamente na porta e avisa que está entrando para
colocar minhas roupas em cima da tampa do vaso.
— Espero que você tenha escolhido o seu vestido vermelho,
você sabe que eu o amo em você — eu comento enquanto volto a
bater a Gillette na parede do banheiro.
— Sim, eu fico gostosa pra caralho nele, mas quem vai de
vermelho hoje é você, amiga — ela diz e sai do banheiro sem
revelar mais nada.
— Você sabe que seus vestidos não dão em mim, Ka! Pega
outra coisa — eu grito em vão, pois ela já se foi.
Acelero no banho e termino em tempo recorde, puxo a toalha
que estava estendida no box e me enrolo para ver o que essa
pilantra separou para mim.
Em cima do vaso tem uma caixinha com meu nome escrito e
um bilhetinho.
— Que isso, Katalina? — eu grito do banheiro, mas ela não
responde.
A curiosidade me vence e eu pego a caixa para ver o vestido
mais bonito que já vi em minha vida. O tecido é fresco ao toque e
tão macio que parece seda.
É de um vermelho intenso, com brilhos por todo o
comprimento, ele tem alças finas e é daqueles modelos bem
agarrados no corpo, extremamente curto e tenho certeza de que vou
pagar bundinha o tempo inteiro enquanto estiver dançando.
Eu o achei tão lindo, mas fico insegura de usar com o meu
corpo atual. Respiro fundo duas vezes antes de me virar para o
espelho de corpo todo e me olhar.
Fico uns cinco segundos com os olhos fechados antes de ter
a coragem de me ver, abro os olhos e imediatamente sinto vontade
de chorar.
— Não, Mirtez, você não vai chorar por isso novamente, você
é assim e é linda do jeitinho que você é. Não importa o que você
cresceu ouvindo ou o que aquele babaca vivia dizendo para você.
NÃO IMPORTA! — eu brigo comigo mesma enquanto me olho no
fundo dos olhos.
Olho novamente para o vestido em minhas mãos e decido
colocar ele mesmo e dane-se o que os outros irão pensar. Eu sou
linda e se alguém tentar me dizer o contrário, eu o amaldiçoo até a
última geração.
Antes de colocar o vestido, eu decido fazer uma maquiagem
simples, sem muita elaboração, pois não tenho nenhuma habilidade
para isso.
Então eu simplesmente faço um delineado bonito, colo meus
cílios, passo máscara nos cílios inferiores e opto por não cobrir
minhas sardas, pois elas eram o que meu ex mais detestava em
mim.
E eu sinto raiva de mim mesma por ter escondido elas por
tantos anos por causa daquele relacionamento tóxico.
Passo também um batom vermelho para combinar com o
vestido e começo a secar meu cabelo. Ele é liso, vai até a metade
do meu pescoço e é totalmente preto, gosto da cor em mim, por
mais que antes eu tenha sofrido para me acostumar.
Termino de secar o cabelo e coloco o vestido, respiro fundo
antes de me virar para o espelho e meus olhos se enchem de
lágrimas com a Mirtez que eu vejo. A quanto tempo eu não me
reconheço, a quanto tempo eu não saio para curtir ou me arrumo
para me sentir bem.
Nem isso ele deixava, ele sempre me obrigava a usar as
roupas que ele escolhia, sempre gritava comigo quando eu vestia
alguma coisa que não era de sua aprovação e eu achava normal e
fofo o seu ciúmes doentio e excessivo. Eu literalmente pensava que
ele só agia assim comigo porque me amava, que idiota eu fui.
— Não começa a pensar nele, Mirtez, ele não merece nem
um segundo do seu tempo, então não começa — brigo comigo
novamente e sorrio para mim mesma.
Faz tanto tempo que não me sinto tão bonita, é muito bom
me sentir bem comigo mesma, nem o vestido colado na minha
barriga está me incomodando, Katalina acertou pra caramba nessa
escolha.
— Mirtez, você morreu aí dentro? — Katalina bate na porta
novamente.
Eu me apresso para sair do banheiro e saio de lá ajeitando a
altura que eu quero que o vestido fique, mas sou interrompida pelo
gemido de Katalina.
— Puta merda... — Ela me olha como se ela fosse o leão e
eu o cordeiro pronto para o abate.
Katalina lambe os lábios enquanto me olha de cima a baixo,
noto que sua respiração ficou mais pesada e confesso que sentir o
olhar dela tão quente em mim me deixa um pouco nervosa.
— O que foi? Cuidado pra não babar — eu brinco para aliviar
o clima.
— O vestido ficou exatamente como eu imaginei, você
literalmente ficou o sonho molhado de qualquer um, Mi. — Ela me
devora com o olhar.
— Você está linda também, amiga. — Katalina faz uma
careta com a palavra amiga assim que ela sai da minha boca, mas
logo tenta disfarçar abrindo um sorriso enorme para mim.
Katalina está usando um vestido branco que dá um destaque
ainda maior à sua pele e ainda está usando um daqueles cremes
iluminadores que está fazendo ela simplesmente brilhar. Hoje ela
escolheu uma lace lisa até o meio das costas e ficou deslumbrante,
ela também optou por uma make mais natural e com seu salto de
sempre.
— Você está fantástica, Ka. Até mesmo Afrodite sentiria
inveja de você nesse momento — eu digo segurando sua mão e a
olhando nos olhos.
Katalina abre um sorriso tímido para mim e com sua outra
mão ela acaricia a minha bochecha, ela continua me olhando bem
nos olhos enquanto se aproxima lentamente.
Eu sinto minha respiração engatando e esqueço como se
respira normalmente.
Quando ela está bem próxima do meu rosto, Katalina me dá
um beijo na bochecha e sussurra:
— Se você continuar me olhando assim, eu não vou
conseguir me lembrar que somos apenas amigas. — Ela volta a
olhar nos meus olhos e roça seus lábios carnudos nos meus. — É
isso que você quer, Mi? É melhor você não me provocar, porque
quando eu realmente quero alguém, eu não desisto fácil, você já
deveria saber disso.
Seus lábios roçam os meus no mais suave e delicado dos
beijos e então ela se afasta e volta a agir como se nada tivesse
acontecido.
— Vamos logo. A festa já começou! — Ela pega a sua bolsa
e sai correndo para a porta, enquanto eu continuo parada com o que
acabou de acontecer.
Eu literalmente acabei de desejar a minha melhor amiga?

Energia pesada. Essa foi a primeira coisa que eu senti assim


que passei pelos portões daquela mansão.
O pátio da mansão estava lotado de carros e pessoas, não
quero nem imaginar como deve estar lá dentro. Nesse momento eu
agradeci mentalmente a Katalina ter batido o pé e insistido para que
pegássemos um táxi para ir e voltar.
Se tivéssemos vindo com o carro teríamos que parar dois
quarteirões antes. Quando eu digo que esse lugar está fervendo de
gente não é brincadeira e muito menos exagero da minha parte.
— Estou arrependida de ter deixado você me convencer a vir,
Ka. — Eu tenho que gritar para que minha amiga possa me ouvir
com a barulheira.
Nós ainda nem entramos, mas o som está tão alto que é um
milagre a festa ainda estar rolando sem nenhuma polícia aqui.
— Pare de ser chata, Mi. Vamos nos divertir hoje! — Ka
garante enquanto sorri e acena para algumas pessoas que eu
nunca vi na minha vida.
— Tem muitas pessoas da faculdade aqui? — pergunto a ela.
Nós duas cursamos na mesma universidade, mas ela faz
dança, e é um dos motivos para seu corpo ser tão torneado. Ela
ensaia muito e nunca falta uma aula, todas as vezes que eu a vi
ensaiando (que foram poucas) eu fiquei abismada, ela parecia
sobrenatural em sua forma de se mover e se expressar, nunca vi
ninguém igual a ela.
Já eu faço psicologia, sempre achei muito interessante a
mente humana e o que pequenas coisas que acontecem no agora
se transformam em grandes traumas no futuro.
— Da faculdade? — Ela solta uma gargalhada e eu fico sem
entender o motivo. — Não, querida, não há ninguém da faculdade
por aqui. A casa é de um conhecido meu, então relaxa e curte.
Eu aceno com a cabeça e começo a olhar ao meu redor. O
terreno é realmente grande, a mansão tem uma pegada antiga, mas
é bem nítido que passou por algumas reformas recentemente. Os
terrenos ao redor são todos de mansões também e são
extremamente arborizados. Estamos a exatamente uma hora do
centro da cidade e se eu não tivesse visto com meus próprios olhos,
não teria acreditado que tem um lugarzinho tão aconchegante
assim, onde você consegue ver as estrelas sem a poluição da
cidade e sentir o cheiro de ar fresco, a tão pouco tempo do centro.
Morar aqui seria um sonho, mas esse é um luxo pelo qual eu
nunca teria coragem de pagar, o tanto que o dono deve gastar
apenas para manter essa grama aparada e verdinha deve ser mais
do que eu consigo fazer em um mês com meu trabalho de influencer
literária.
— Está olhando o que, Mi? Vamos entrar logo! — Katalina
me dá um leve puxão para me forçar a andar e percebo que nem
notei que havia parado de andar e que estava admirando a beleza
do local.
Assim que passamos pela porta gigantesca da entrada,
damos de cara com uma massa de corpos se mexendo e se
esfregando uns nos outros. Por incrível que pareça, o local está bem
menos lotado do que eu pensei que fosse estar, acredito que por
conta do calor que faz aqui dentro as pessoas decidiram dançar ao
ar livre mesmo.
Mais uma vez a energia pesada me bate com tudo e eu olho
ao meu redor alarmada, sinto meus pelos dos braços se arrepiarem
e uma necessidade de ir embora daquele local toma conta de mim.
Pensem o que quiserem, mas eu acredito no meu sexto
sentido e sei quando escutar ele, então decido cutucar Katalina e
informar que vou embora.
— Você sentiu isso, Ka? — grito para que ela me ouça por
cima da música Into It do Chase Atlantic.
Katalina não me ouve e começa a se afastar mais de mim,
ela solta minha mão e em um piscar de olhos eu a perco na
multidão.
— Katalina! — Eu tento gritar no meio da barulheira, mas
meu grito tem o mesmo efeito que um sussurro baixo no meio desse
monte de gente e ninguém parece notar que acabei de gritar a
plenos pulmões.
Fico tentada em ir embora e deixar Katalina para trás, mas
que amiga eu seria se fizesse isso? Então, lutando contra meu bom
senso, eu resolvo ficar e procurar por ela.
— Quando eu te encontrar, Katalina, vou te arrastar daqui
nem que seja pelos cabelos — eu grunho para ninguém em
especial.
Sinto um par de mãos deslizando ao meu redor e uma
respiração quente em meu ouvido. Meu corpo trava na hora e sinto
meu sangue ferver de raiva. Quem esse idiota pensa que é para
encostar em mim sem minha autorização?
Dou uma cotovelada em seu estômago com toda a minha
força e piso em seu pé usando a pontinha do meu salto alto para
esmagar os dedos desse babaca.
— Urgh... — ele solta um gemido de dor e suas mãos se
afrouxam ao meu redor.
Aproveito essa oportunidade para me afastar dele sem nem
olhar para trás para ver quem é.
Tento me esticar para ver se encontro Katalina, mas são
tantas pessoas mais altas que eu, que fica difícil conseguir enxergar
alguma coisa. Logo acabo desistindo e indo em direção ao bar que
eu tinha avistado.
Katalina adora encher a cara, então talvez eu tenha mais
sucesso aqui do que na pista de dança.
Me encosto no bar e peço uma Piña Colada para molhar a
boca. Aqui está tão quente e abafado que já estou suando horrores,
sendo que estou aqui a pouquíssimo tempo.
Estou começando a entender e sentir inveja do pessoal que
preferiu ficar lá fora do que aqui dentro.
— Uma casa tão grande e não tem um ar-condicionado? —
eu murmuro comigo mesma.
— Você não deveria criticar a casa de quem não conhece,
menina — o barman me repreende em um tom severo enquanto
coloca o meu copo na minha frente.
— Mas eu falei baixo — eu respondo olhando para ele com a
sobrancelha erguida. — E não me lembro de ter falado com você,
tome conta da sua vida — dou a resposta com raiva e me viro de
costas para ele.
Dou o primeiro gole sedenta e torço para que apenas um me
refresque, pois não quero gastar dinheiro aqui nesse bar.
Sim, eles estão cobrando a bebida nessa festa. Se eu
soubesse, nem teria vindo, afinal, meu objetivo era dançar e beber
de graça, então vou fazer meu drink render enquanto procuro por…
— Finalmente te encontrei! — Katalina exclama se
aproximando de mim.
— Você sumiu do nada! — eu grito de volta para ela por
causa do som alto.
— Dã, estamos em uma festa, você sabe que eu sempre faço
isso. — Ela franze o cenho para meu copo e tenta tomá-lo da minha
mão. — O que você está bebendo?
— Piña Colada, óbvio. — Eu reviro os olhos para a sua
pergunta, Katalina sabe melhor que ninguém que esse é
literalmente o único drink que eu gosto.
— Quem te deu? — ela questiona e toda a diversão
abandona seu rosto.
— Eu comprei. Que perguntas são essas? Está tentando
roubar o meu drink por quê? — eu pergunto irritada quando ela
tenta pegar meu copo novamente.
— Eu só quero experimentar um pouco, posso? — Ela
estende a mão e eu consigo ver por trás da sua fachada que ela
está nervosa por algum motivo.
Eu aperto os olhos para ela e então noto uma marca de
batom em seu pescoço que não estava lá quando chegamos, sinto a
queimadura da traição no meu peito e olho para sua mão estendida
novamente.
Em um ato de impulsividade, eu viro todo o drink gelado em
minha boca e engulo tudo em um só gole.
— Não — eu digo petulantemente e me afasto dela. Começo
a me mover para o meio da multidão, mas aos poucos sou puxada
para a batida.
I See Red que está tocando, a música é tão envolvente que
eu esqueço de tudo, inclusive o que eu queria falar com Katalina.
Sinto minha mente em uma névoa, como se eu estivesse distante
do meu corpo, apenas assistindo alguém o controlando.
Meus quadris parecem que tem vida própria, meus braços
também tem. Sinto mãos me tocando e tentando me puxar, isso me
incomoda demais, então eu apenas me livro daquele incômodo e
subo em alguma coisa.
Não sei ao certo o que estou fazendo, mas de repente me
sinto livre de tudo aquilo que estava me prendendo e me limitando.
Tanto em minha cabeça quanto ao meu redor.
Pela primeira vez na minha vida me sinto livre e isso é bom
demais.
Eu rio e gargalho enquanto rebolo ao som de The Weekend,
esse homem não erra em nenhuma música, a minha playlist de foda
é completamente composta por ele.
Sinto uma queimação, como se alguém estivesse me
devorando com os olhos, então eu abro uma brechinha e olho ao
meu redor.
Noto que vários olhos estão me devorando, vários homens e
mulheres me olham como se eu fosse a comida mais apetitosa
desse lugar, a mulher mais gostosa do mundo.
Eu me sinto incrível demais, solto um pequeno gritinho e
rebolo ainda mais meu quadril.
Eles querem um show? Eles vão ter um show.
Mas de repente sinto meu mundo escurecendo e quase me
desequilibro do lugar onde estou, mas mãos delicadas envolvem
meu quadril e me puxam para baixo.
Abro os olhos novamente e vejo Katalina tentando me tirar de
cima da bancada. Eu já não me lembro mais porque estava
chateada com ela, mas ainda assim não estou contente em ver ela
tentando estragar a minha diversão.
— Saia daqui, Katalina — eu resmungo, mas o som sai
embolado até para os meus ouvidos.
— Já chega, Mirtez, você vai cair daí de cima. Desça agora
— ela diz e me surpreende com a sua força ao me erguer e me
colocar no chão.
Eu olho para cima e vejo o quão dilatadas as suas pupilas
estão, o desejo é palpável ao nosso redor e quando eu me inclino
em sua direção, ela desvia a cabeça.
— Não me provoque desse jeito quando você não é capaz de
controlar suas atitudes. Eu posso acabar me esquecendo de que
somos apenas amigas e acabar chupando a sua boceta bem aqui
no meio de toda essa gente até te levar à beira do orgasmo e então
parar apenas para deixar você molhada, doendo e necessitada por
mim, como eu fico por você a anos, querida — Katalina diz isso tudo
segurando meu queixo e me olhando no fundo dos meus olhos.
— Eu quero... — eu sussurro.
— Não, você não quer. Pelo menos não quando souber a
verdade e eu sou tão covarde que só estou te dizendo tudo isso pois
sei que amanhã você não vai se lembrar de nada que aconteceu
aqui. — Ela suspira e se afasta um pouco de mim. — Não suba em
nada novamente e não vá muito longe, ok?
Eu aceno com a cabeça e sinto a vergonha por ter sido
dispensada tomar conta de mim.
Eu me afasto dela o mais rápido possível e volto a me
entregar para a música, não quero pensar, não quero ter que agir,
não quero nada. Quero apenas existir.
Sei que estou esquecendo de alguma coisa importante, mas
nesse momento não consigo me importar suficiente para tentar me
lembrar.
Minha boca seca novamente e eu sinto vontade de tomar
outra Piña Colada, então me dirijo em direção ao bar, mas não
consigo chegar a tempo.
Sinto um par de mãos grandes me agarrando novamente,
mas dessa vez eu deixo, não sei porque eu estava tão incomodada
antes, é tão bom sentir o toque de alguém depois de tanto tempo,
eu me entrego as sensações, rebolo e danço com o homem, mas
sem me dar ao trabalho de me virar para ver quem é.
Eu não me importo com isso, só quero me sentir bem e
esquecer tudo de ruim que já aconteceu essa noite e talvez também
queira provocar Katalina um pouco, mostrar a ela tudo que está
perdendo.
Eu fecho os olhos e rebolo ainda mais contra o homem, sinto
ele endurecer contra mim e isso me faz sentir ainda mais poderosa.
Abro um pouco os olhos e espio sob os cílios, procuro por
Katalina até que a encontro no mesmo lugar onde a deixei, ela me
olha com raiva e desejo.
Sinto minha calcinha molhada e minha boceta apertar com o
desejo, rebolo mais contra o homem até que ele solta um gemido e
desliza as mãos pelo meu corpo.
Vejo o quão furiosa Katalina está e abro um sorriso com isso,
posso estar sendo infantil, mas essa noite não me importo com isso.
Fecho os olhos e toda vez que os abro eu noto que Katalina
está me olhando, então eu rebolo ainda mais contra o homem e
continuo a sentir seu pau duro contra a minha bunda.
— Eu quero foder a sua boceta apertada — ele grunhe em
meu ouvido e eu solto uma gargalhada sem me dar ao trabalho de
responder.
É óbvio que isso nunca vai acontecer, imbecil.
E então eu sinto novamente aquele puxão, aquela queimação
e uma sensação de desespero.
Minha mente luta entre a névoa e a lucidez.
Eu olho ao meu redor tentando procurar de onde vem essa
sensação e então eu finalmente descubro.
Me sinto lenta, mas ainda assim consigo perceber quem ele
é.
Aquele par de olhos azuis acinzentados me encaram com
uma necessidade que eu nunca vi antes, consigo sentir a ira
emanando dele como ondas e meu sangue começa a correr mais
rápido em minhas veias.
Eu jurei a mim mesma que nunca mais iria me envolver com
ninguém na minha vida e não é hoje que eu pretendo quebrar a
minha promessa.
Me solto do homem que estava me agarrando e ando
depressa em direção de Katalina, e é nesse momento que eu
começo a escutar os primeiros gritos e então tudo se transforma em
um caos.
ASH
— Aqui está você, pequeno corvo — eu murmuro para mim
mesmo enquanto rodo o feed do Instagram de Mirtez González.
Aparentemente ela trabalha com redes sociais, ou seja, mais
exposta ainda a pessoas como eu.
Fico puto ao pensar em quantas pessoas conseguiriam
encontrar todas as informações sobre ela com apenas um clique,
assim como eu estou fazendo agora.
Eu preciso ensinar algumas coisas sobre segurança virtual
para ela, será que ela nunca ouviu falar nisso? Ela marca até a
porra da localização, tanto nos storys quanto nas publicações do
seu perfil.
Em apenas cinco minutos eu consegui descobrir que ela faz
faculdade na University of The Warlord, que está no quarto período
de psicologia e consegui fechar três quarteirões de onde ela
possivelmente mora por conta dos locais em que ela frequenta
constantemente.
A vontade de esganar ela me deixa quente. Quantos
maníacos ou psicopatas podem estar observando-a agora mesmo
nesse momento? Quantos podem fingir encontrar ela casualmente
em um desses cafés que ela tanto anda?
Porra, vou ter que foder algum juízo na mente do meu
pequeno corvo.
— E então? — Acer e Ade me olham com expectativa
enquanto eu analiso o perfil dela.
— Encontrei — eu anuncio e eles praticamente voam para
cima de mim na tentativa de tomar o celular da minha mão, mas eu
consigo me esquivar e eu mesmo viro a tela do celular para eles.
— Linda pra caralho... — Ade diz sobre sua respiração.
— Não acredito que essa porra está acontecendo! — Acer
rosna.
— Como assim? — eu questiono notando a ira emanando do
seu corpo.
— Todos os outros tiveram escolha, todos eles escolheram se
envolver com humanos, eu não escolhi essa porra! Eu estava bem
pra caralho sem ter que me importar com a vida desses pequenos
seres que morrem com apenas um estalar de dedos meu. Agora
aqui estou eu, um demônio com milênios de experiência e
existência, completamente ansioso apenas para ver a porra de uma
foto? Sentindo essa coisa que está me puxando para ela e me
deixando embriagado de sensações. Foda-se isso! — ele desabafa,
caindo novamente no sofá, mas sem desgrudar os olhos do nosso
pequeno corvo.
— Você quer falar com o pai sobre isso? Quer tentar
entender o que está acontecendo?
— Não, não quero envolver o pai ainda. Vamos tentar pôr um
fim nisso antes que seja tarde demais — ele diz pensativo.
— Dar um fim a isso? — eu questiono e consigo sentir a raiva
borbulhando dentro de mim com essa simples sugestão dele.
Acer e Ade conseguem sentir o meu estado, pois os dois
desgrudam os olhos da foto dela para olhar para mim com as
sobrancelhas arqueadas.
— Porra! Você já está de quatro, não é? — Ade pergunta
rindo.
— Vai se foder — eu grunho para ele, mas não nego e nem
afirmo.
Não sei o que está acontecendo, mas desde a festa quando
ela me olhou eu senti como se o mundo parasse de girar ao meu
redor, com apenas um olhar ela me tomou como servo, como se
fosse a porra de uma feiticeira. Mas ainda não estou pronto para
admitir isso em voz alta, pelo menos não com meu irmão assim.
— E como você imagina que pode dar um fim a isso? — Ade
pergunta com curiosidade e olha para mim na mesma hora.
— Matando-a, óbvio — Acer diz com um dar de ombros, mas
consigo ver que ele não quer realmente fazer isso.
Mas mesmo sabendo disso, eu não consigo me controlar
quando eu pulo em sua direção e dou um soco bem em cheio em
sua boca. Sangue começa a correr na mesma hora e ele me
empurra com tudo, me enviando para longe dele.
Eu caio em cima da mesa central da sala, ela quebra em
vários pedaços e sinto a blusa grudar em minhas costas conforme o
sangue vai empapando a minha camisa.
Eu resmungo e retiro um dos cacos de vidro que entrou em
meu braço. O sangue corre como uma cachoeira, mas isso não me
impede de soltar um rosnado e ir para cima do meu irmão
novamente.
Mas sou impedido por um Ade muito contente e curioso.
— Chega! — Ade diz me empurrando para trás novamente
enquanto eu tento lutar contra ele. — Os dois! — Ele empurra Acer
também quando ele tenta vir para cima de mim.
— Você está fodido da cabeça, porra? — Acer grita para
mim.
— Você não se lembra como a porra daqueles demônios da
Ganância agiram quando falamos sobre a mulher deles? É
puramente instintivo, alguma coisa que aconteceu com nosso irmão
ainda não aconteceu conosco, Acer — Ade explica tanto para mim
quanto para meu irmão o que está acontecendo.
— Então se eu tentar mat... — Eu rosno para ele apenas com
a menção a palavra e ele revira os olhos para mim. — Foda-se, se
eu tentar acabar com isso, ele vai surtar para cima de mim
novamente?
— Sim — eu e Ade respondemos em uníssono.
— Caralho, o que aconteceu com você? — ele questiona e
volta a se sentar.
— Eu a vi ontem e ela também me viu — eu comento dando
de ombros.
— Porra, agora vou ter que me esconder dela? Estamos na
porra do filme Bird Box por acaso? Não pode olhar para ela que fica
assim — Acer reclama, incrédulo.
— De quem você quer falar, Acer? Eu lembro como você
ficou assim que a viu. Por sua causa agora temos uma porrada de
gente nos acusando de assassinato em massa — Ade reclama e
volta a se sentar também.
— A polícia já veio aqui, eles não encontraram nada. E outra,
que eu usei meus truques com eles, você sabe que estamos
totalmente fora da lista de suspeitos — Acer diz convencido. —
Porra, eles sequer acreditam que ouve uma festa aqui ontem.
— De nada por isso — eu comento secamente.
Pois foi eu que dei a ideia de mover tudo para a floresta
próxima a nossa casa, fizemos parecer como se uma festa na
clareira com muitas drogas tivesse rolado ali, consegui trocar todos
os banner e folhetos de divulgação da nossa festa para uma festa
no local, até mesmo de contas que não eram minhas. Tudo foi
mudado e apagado, não há nada que nos ligue ao que realmente
aconteceu, apenas os poucos sobreviventes do jardim, mas esses
mesmos não viram nada, apenas os gritos de socorro.
— E outra, que essa nem é a primeira vez que isso acontece,
você se esqueceu o que rolou da última vez que Ade usou pó
demoníaco? Esqueceu das porras que você fez e que nós tivemos
que lidar? — Ade abaixa a cabeça e dá um sorriso sem graça.
— Bom, verdade. Enfim, a história do urso foi muito boa,
irmão. Agora aqueles policiais idiotas estão por aí enfiados naquele
matagal procurando por um urso que nem existe. — Ade gargalha
com a ideia.
— Enfim, temos que descobrir o porquê disso estar
acontecendo agora e porquê está acontecendo conosco — eu
murmuro enquanto volto a analisar a sua última foto postada.
Ela é linda pra caralho mesmo. Tem os olhos negros como a
noite e o cabelo liso tão preto quanto os olhos, a boca rosada com
os lábios inferiores mais cheios. Ela não é do tipo que sorri para as
fotos, ela faz mais a vibe carão e olhar fatal.
Linda pra caralho…
E o corpo é simplesmente o que mais me atrai: seios fartos
que eu poderia passar o dia inteiro chupando, quadril largo e uma
barriguinha perfeita para apertar enquanto eu a fodo, ela é
simplesmente uma deusa.
Meu pequeno corvo consegue me deixar de pau duro com
apenas alguns vídeos e fotos do seu perfil do Instagram, não vejo a
hora de sentir sua pele contra a minha e ver se ela é tão macia
quanto parece ser.
Alguém arranca o celular da minha mão, eu levanto a cabeça
e rosno para quem quer que seja. Acer me olha como se eu fosse
um caso perdido e balança a cabeça, enquanto Ade apenas sorri
para mim com um olhar curioso.
— Escutou o que Acer disse? — Ade me questiona.
— Não, o que? — eu pergunto de má vontade.
— Poderíamos ir à faculdade que você disse que ela faz,
poderíamos vigia-la e descobrir mais sobre ela — Acer diz
novamente.
— E ficar se escondendo por lá? Não. — Eu bufo para sua
ideia.
— Bom, a gente não precisa necessariamente se esconder.
— Ade me olha com um sorriso de canto. — Poderíamos nos
inscrever para o semestre também.
— Tá de sacanagem com a porra da minha cara, né? — Acer
explode antes que eu possa dizer alguma coisa.
— O que? — Ade pergunta encolhendo os ombros. — Não é
como se tivéssemos outra opção e eu me recuso a ficar escondido
pelos corredores daquele lugar.
— Eu apoio — eu informo, me levantando.
— Como assim? — Acer pergunta em choque. — Vão se unir
contra mim?
— Não estamos nos unindo contra você, estamos querendo
entender que porra é essa e para isso vamos ter que ir atrás dela,
não estou interessado em ficar em um jogo de gato e rato. Eu já a
analisei, já a cacei e agora eu vou comer a minha presa. — Eu me
levanto do sofá para organizar melhor o nosso plano.
— Vocês são uns cachorros do caralho, eu já estou avisando,
eu não vou entrar nessa porra de suruba com vocês — Acer diz com
raiva e sai da sala.
— Bom, temos coisas para organizar — eu digo a Ade, que
concorda com a cabeça e se recosta no sofá novamente.
ACER
Já vi que eu terei que tomar as rédeas dessa porra, esses
idiotas vão foder tudo se eu deixar, então irei resolver eu mesmo.
Pego minha jaqueta e vou para a garagem. Ash já disse onde
ela frequenta e fez um raio de alguns metros da área de onde ela
mora, agora vai ser só uma questão de tempo até eu conseguir
encontrar essa pequena feiticeira e conseguir livrar eu e os meus
irmãos das garras dela.
Eu entro na minha Mercedes Onyx e acelero cantando pneu.
Eu e meus irmãos temos lutas essa noite, não vou deixar essa
humana estragar meus planos.
Eu conheço a mulher que estava com ela, a demônia menor
da luxúria, Katalina Rills, ou pelo menos esse é o nome que ela usa
agora. Eu nunca tive nenhum problema com ela, já até tentei comê-
la em outra ocasião, mas para a minha infelicidade, ela gosta da
mesma coisa que eu.
Eu tinha o número dela até um certo tempo, mas quando
descobri que não iria conseguir nada, eu apenas a deletei e agora
eu me amaldiçoo mentalmente. Se não tivesse feito isso, teria sido
muito mais fácil para encontrar a nossa pequena feiticeira.
Estaciono em frente ao primeiro café onde ela costuma ir e
assim que eu saio do carro, eu sinto o peso dos olhares que recebo,
mas já estou acostumado com isso.
Eu e meus irmãos construímos uma carreira na cidade e eu
duvido que não tenha uma alma aqui nesse café que não saiba a
porra do meu nome.
Vou até uma mesa do canto e me sento afastado dos demais,
mas ainda consigo escutar sussurros com meu nome e olhares
nada discretos.
Sei que se eu inspirar um pouco mais fundo irei sentir como
todas e todos aqui me querem.
Abro um sorriso com esse pensamento e aceno para a
garçonete vir me atender. Ela me olha e observo o medo estampado
em seu olhar. Ela se inclina para sussurrar algo no ouvido de outra
mulher e então praticamente corre para dentro da cozinha.
Mas que porra?
A mulher com quem ela sussurrou toma uma respiração
irregular e vem em direção a minha mesa.
— Bom dia, o que o senhor deseja? — diz a garçonete
morena com a voz incerta.
— Bom dia, querida. Gostaria de um café preto sem açúcar e
o cardápio, pois não recebi ainda — eu digo com uma piscadela.
— Certo, me desculpe — ela diz atrapalhada enquanto retira
o cardápio da mesa ao lado e o passa para mim. — Vou buscar seu
café e venho anotar o seu pedido quando o senhor quiser.
Ela diz e se afasta com pressa também.
— Humanos são tão medrosos — eu resmungo e relaxo na
cadeira enquanto espero pela minha feiticeira.
Minutos se transformam em horas e nada dela aparecer.
Aquela garçonete já veio quatro vezes na mesa em que estou para
perguntar se preciso de mais alguma coisa, acredito que se ela
tivesse coragem já teria me expulsado.
Continuo notando olhares e sussurros ao meu redor, mas
ninguém se atreveu a sentar perto de mim e sei que alguma coisa
está rolando.
Por fim chamo a garçonete novamente e resolvo perguntar o
que está acontecendo.
— Por que estão falando de mim e por que você está agindo
dessa forma? — eu questiono com uma sobrancelha arqueada para
ela.
— E-eu... — ela começa a gaguejar e eu praticamente
consigo sentir o gosto amargo da mentira se formando.
— Seja esperta, Bambi, não minta para mim — eu digo em
um tom de voz sombrio e deixo vazar um pouco da minha energia.
Noto que ela está quase se borrando de medo e isso me
arranca um sorriso verdadeiro. Eu adoro absorver o medo das
pessoas à minha volta, isso me instiga a ser mais duro com ela.
— Você gosta de respirar, Bambi? — eu questiono e ela
acena freneticamente com a cabeça. — Ótimo, então fale logo antes
que eu faça com você a mesma coisa que fiz ontem à noite.
Ela solta um arquejo e começa a falar.
— É exatamente sobre isso que estão falando. O boato que
está rolando por aí é de que você e seus irmãos literalmente co-
comeram pessoas! — ela concluiu um pouco alto demais para o
local.
Olho ao redor e vejo que a conversa dos outros clientes
parou e que todos estão nos olhando com expectativa.
— Oh, é isso que andam falando sobre nós? — eu pergunto
mais alto do que o necessário, para que os outros também possam
ouvir. — Espero que isso chegue aos ouvidos dos meus adversários
desta noite, espero que eles repensem bem antes de entrar naquele
ringue comigo e para todos que ainda tem dúvidas sobre o que eu
fiz ontem à noite, eu aconselho vocês a irem ver a luta de hoje. E
verem com os próprios olhos a carnificina que eu e meus irmãos
podemos fazer.
Eu abro um sorriso enorme e passo a língua pelos meus
lábios enquanto olho para todos que estão naquele café. Sinto o
medo cada vez mais forte e começo a me sentir embriagado de
sensações.
Xingo baixinho sabendo que tenho que ir embora antes que
isso vá longe demais. Peço a conta para a garçonete que estava me
atendendo e quando ela traz, eu deixo uma gorjeta bem generosa
para ela.
Dou uma piscadela para ela e sussurro.
— Até mais, Bambi, cuidado por onde anda a noite.
Ela praticamente corre para a cozinha e nem agradece pela
gorjeta, mas já esperava isso dessa raça ingrata.
Eu bufo e vou em direção a entrada, pronto para ir embora e
recomeçar tudo amanhã. Ela obviamente não vai aparecer hoje,
meu irmão disse que ela vem pela manhã, mas já passa de 18h e
nada dela.
Rosno em frustração e vou em direção ao meu carro, até que
eu a sinto.
Eu sinto seu aroma antes mesmo de ver seu rosto, ou ter
qualquer vislumbre dela. Ela cheira como maçã verde e ar puro,
como terra molhada e água do mar, ela tem um cheiro de natureza,
um aroma tão diferente e que eu nunca senti antes. Me deixa
completamente sedento por mais.
Eu olho ao meu redor e a vejo do outro lado da rua, tentando
atravessar em um local deserto onde não é para pedestres
passarem.
Sem nem pensar direito ou formular um plano melhor, eu
simplesmente corro em direção ao meu carro e entro nele. Eu
arranco com tudo sem olhar para ver se realmente dá para entrar na
pista, não desvio o olhar dela nem por um segundo.
Assim que chego onde ela está eu jogo o carro para o
acostamento, abro a porta de trás e a puxo para o banco, então eu
bato a porta e arranco para a estrada novamente em alta
velocidade.
— QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO? — ela grita e tenta
abrir a porta em uma tentativa falha, pois eu já a tranquei.
Eu apenas abro um sorriso e consigo sentir seus olhos me
queimando, mas não dou a menor importância para isso.
— SE ISSO AQUI FOR UM ASSALTO, SAIBA QUE EU NÃO
TENHO DINHEIRO. SE FOR SEQUESTRO RELÂMPAGO EU NÃO
TENHO FAMÍLIA. E SE VOCÊ TENTAR TOCAR EM MIM SEM A
MINHA AUTORIZAÇÃO, EU VOU ACABAR COM VOCÊ, VOU
CORTAR AS SUAS BOLAS E SEU PEQUENO PAU, ENTÃO EU
VOU COZINHÁ-LOS E EM SEGUIDA SERVIR PARA VOCÊ, ME
ENTENDEU?
— Pequeno pau? Meu pau não tem nada de pequeno! — eu
resmungo, irritado com a sua ousadia, mas ainda me recusando a
olhar diretamente para ela.
— De tudo o que eu disse foi só nisso que você prestou
atenção? Homens são uns porcos mesmo! — ela diz irritada. Irritada
não, ela está puta pra caralho. Respiro fundo para captar o que mais
a nossa feiticeira está sentindo e solto uma risada antes que eu
consiga me controlar.
— Ótimo, ele é um louco — ela resmunga para si mesma,
mas eu ouço. — Então só me resta uma opção. — Ela respira fundo
e tarde demais eu percebo a sua intenção. — SOCORROOOO!
Ela grita plenos pulmões e começa a bater na janela. E isso
só me faz rir ainda mais.
— Pode parar com o teatro, eu sei que não está com medo
— eu digo interrompendo os seus berros.
Ela para de gritar na mesma hora e eu volto a sentir o seu
olhar queimando a minha pele.
— Como assim você sabe que não estou com medo? — ela
pergunta confusa e consigo ver que ela apenas está fingindo estar
confusa.
— Pode parar com o jogo, Mirtez, eu sei que você não está
com medo de mim, consigo sentir que está puta, aborrecida por
algum motivo e com fome, mas não sinto nenhum medo vindo de
você — eu a informo.
— Aborrecida por algum motivo? Essa é boa! Por que será
que eu estou aborrecida, não é mesmo, espertão? O que você quer
comigo? — ela pergunta novamente.
— Eu quero saber quem você é — eu respondo a sua
pergunta de uma vez.
— Você mesmo acabou de dizer o meu nome, idiota — ela
rebate, revirando os olhos.
Eu finalmente chego ao meu galpão, estaciono o carro e abro
a minha porta sem me dar ao trabalho de respondê-la.
Vou em direção à lateral do carro e abro, mas não tenho
tempo para ver o que ela estava tramando, eu apenas sinto um
chute bem forte na minha cara que me pega de surpresa e me faz
tropeçar para trás, o que dá a ela a chance exata para escapar de
mim.
— NÃO SE ATREVA, PORRA! — eu grito em vão.
Ouço ela murmurar algumas coisas e de repente me sinto
preso, as raízes das árvores ao nosso redor se levantam do solo e
começam a prender meus pulsos e tornozelos.
— Você pensou que era o único que tinha uma carta na
manga, demônio? — ela diz e então começa a correr sem nem olhar
para trás.
— FILHA DA PUTA! — eu rosno com todo meu ser, mas não
consigo sentir raiva dela, não consigo sentir uma grama de ódio por
ela ter me passado para trás tão facilmente.
Quanto mais eu tento me livrar das raízes, mais elas me
agarram. Não quero pôr fogo nelas para não começar um incêndio e
perder meu galpão, mas estou quase sem opções aqui.
As raízes não são fortes, mas são muitas e assim que eu
escapo de uma, já tem outras duas para me impedir de me mover.
Eu ainda estou de pé, mas sinto como se elas quisessem me
derrubar, sei que se eu cair vai ser fim de jogo para mim, elas vão
se apossar do meu corpo até que eu as queime com toda a floresta
junto.
— FODA-SE! — eu grito quando dou o primeiro passo livre,
mas muitas outras raízes vêm para me dominar.
Quando eu estou quase desistindo e queimando aquela porra
toda, eu a ouço.
Ouço seu grito fino e assustado, então tudo desaparece para
mim.
Eu começo a pegar fogo da cabeça aos pés, meu corpo fica
completamente cercado por chamas e todos os galhos caem mortos
ao meu redor, porém eu mal os noto.
Eu apenas começo a correr em direção a ela, consigo captar
o seu cheiro facilmente e eu corro como se não houvesse amanhã,
sinto o caos que estou deixando por onde passo, mas não consigo
me importar com isso nesse momento.
Eu apenas preciso encontrar ela e saber como ela está.
Eu vou matar o filho da puta que fez ela gritar, seja um animal
ou um humano, até mesmo se for a porra de um coelhinho. Eu vou
acabar com o que quer que seja.
Quando finalmente a vejo, eu noto que tem braços a puxando
enquanto ela tenta resistir. Não penso duas vezes antes de ir para
cima de quem quer que seja, eu vou como um touro raivoso, mas
antes que eu possa derrubar o meu alvo, algo colide contra mim e
me joga no chão.
Eu me levanto com agilidade e solto um rosnado que parece
ecoar na floresta, ouço os pássaros voando e todos os outros
animais correndo, pois eles sabem que um predador maior acabou
de chegar.
— ACALME-SE, PORRA! — ouço a voz de Ade ao longe,
mas estou tão perdido em minha forma que eu apenas preciso de
sangue e dor, nada mais vai adiantar.
Tento partir para cima dele novamente, mas então ouço uma
voz atrás de mim pedindo desculpas, sinto uma dor forte na cabeça
e tudo fica escuro para mim.
MIRTEZ
— ME SOLTA! — eu grito em vão, pois estou com um pano
amarrado em minha boca para que eu não consiga utilizar a minha
magia quase inexistente.
Fiquei surpresa quando ela realmente funcionou com aquele
demônio. Tudo bem que ele não foi apunhalado no peito como foi o
meu pedido, mas ter as mãos e os pés amarrados foi muito útil
também.
— Eu vou acabar com vocês na primeira oportunidade que eu
tiver! — eu continuo ameaçando os dois que estão parados de
braços cruzados me olhando.
Eu os fuzilo com os olhos enquanto os amaldiçoou em minha
cabeça. Eu sei que são todos demônios, consigo sentir o cheiro
marcante deles, cheiro de pecados capitais e eu falo com
propriedade, pois conheci alguns quando era criança.
Sabia que aquela festa tinha uma energia pesada, por ser
uma bruxa (ou quase), eu tenho uma afinidade maior com os
elementos, consigo captar toda e qualquer energia, inclusive a da
sua essência. Eu fui burra por não escutar meu sexto sentido ontem
à noite e hoje também quando meu cérebro ficou martelando para
que eu não saísse de casa.
Mas eu fui teimosa novamente, quis provar para mim mesma
que eu realmente tinha perdido os meus dons e que aquele
pressentimento era somente falta da minha cafeína diária.
E olha como estou agora? Presa nessa cadeira de metal
enferrujada que a qualquer momento pode se quebrar com o meu
peso. Era só o que me faltava mesmo, além de ser sequestrada,
pegar tétano de brinde.
— Bom, ela finalmente ficou quieta — o demônio gostoso
falou.
Espera, demônio gostoso? Me dou um tapa mental por esse
pensamento intrusivo. Tudo bem que ele era realmente muito bonito
e que tinha um corpo bem legal, mas me recuso a pensar tal coisa
em tais circunstâncias.
Na verdade, todos os três tinham. Confesso que assim que
topei com eles nessa maldita floresta, eu fiquei um tempo bebendo
da beleza deles e que talvez esse tenha sido o motivo pelo qual fui
pega por esses imbecis, mas quem pode me julgar? Eles são
literalmente criados para tentar pessoas normais como eu.
O que acabou de falar é o mais baixo dos três, baixo no
sentido de ter 1.90 por aí, enquanto os outros devem ter 2 metros,
ou seja, ele continua sendo um poste para mim, mas um poste mais
acessível.
Não que eu queira fazer qualquer coisa com ele, óbvio que
não, eu fui sequestrada por ele, pela segunda vez no dia.
Mas enfim, ele é o mais baixo dos três, porém é o mais largo.
Aquele demônio é pura massa muscular e nesse exato momento ele
está olhando para mim sem camisa e por mais que me doa admitir,
eu literalmente não consigo desviar os olhos dos gominhos em sua
barriga ou do V que se forma em sua barriga em direção às suas
calças baixas.
Enfim, ele é extremamente bonito, deveria até ser um pecado
ele existir e literalmente é. Ele é um preto retinto, com olhos negros
que parecem nunca parar de me analisar quando não estou olhando
diretamente para ele, o demônio tem uma boca totalmente beijável
(não que eu queira beijá-la, óbvio, mas ela é realmente muito bonita)
e um cabelo black lindo cortadinho nas laterais, simplesmente
maravilhoso. Eu ouvi os outros dois o chamado de Ade, não sei se é
nome ou apelido.
Ele e o outro estão evitando ao máximo me olhar e sempre
que estou os observando eles, olham para qualquer coisa menos
para mim, o que é bem estranho, afinal, eu sou muito bonita.
Eu ouvi o nome de todos, sei que eles se chamam Ash, Acer
e Ade. Pelo visto, pecados tem alguma coisa com nomes com a
mesma inicial, pois os da gula que eu conheci também eram assim,
vai entender.
Acer foi o que me sequestrou primeiro e é para ele que eu
estou tramando meu plano mais diabólico de tortura. Sei que minhas
mães e irmãs não gostam de nada relacionado a negatividade em
suas magias, mas eu sempre soube que era diferente delas.
Essa vibe boazinha, amante dos cristais e vegana nunca
funcionou para mim. Eu gosto demais de um bacon para conseguir
ser good vibes e só de lembrar delas e do seu falso moralismo eu
sinto a raiva querer me dominar, mas respiro fundo e volto a analisar
o demônio Acer.
Assim que viro a cabeça em sua direção, ele solta um
rosnado e desvia o olhar de mim. Aproveito e olho para ele de forma
ameaçadora, mesmo que ele não perceba, não vou deixar ninguém
pensar que eu estou admirando ele.
Acer é o meio termo entre seus irmãos, ele não é o mais alto
e nem o mais largo, mas pelo volume na sua calça, acredito que
isso seja muito bem compensado.
Até o momento, pelo pouco que vi deles e que escutei de sua
conversa, ele parece ser o mais esquentado, parece ter a
personalidade mais estourada e impulsiva, com certeza vai ser com
ele que eu vou conseguir escapar novamente.
Ele também é extremamente bonito, assim como os outros
dois. Acer é exatamente o estereótipo padrão, ele é loiro, seus
cabelos tem um tom de areia lindo e parece ser muito mais
hidratado que o meu, o que me causou um pouquinho de inveja,
devo admitir. Ele tem os olhos azuis bem claros também e a pele
branca, o complemento oposto de Ade fisicamente.
Já Ash é o que mais me intriga, ele é o único que me encara
e me desafia com o olhar, como se estivesse esperando que eu
fizesse alguma burrice a qualquer momento. Ele tem um pequeno
sorriso nos lábios toda vez que me olha e sua covinha aparece
sempre que sorri.
Talvez eu ache isso fofo, mas se qualquer um deles me
perguntar, eu vou negar até a morte.
Ash é o mais alto dos três e o mais esguio, é nítido que ele
não tem tantos músculos quanto seus irmãos, mas ainda assim é
bem gostoso também. Ele tem os olhos mais bonitos que eu já vi em
toda minha vida. Ao longe parecem iguais, mas se você olhar de
perto, consegue perceber que são de cores diferentes. Um é
totalmente cinza e tempestuoso e o outro é de um tom azul tão
acinzentado que você confundiria facilmente.
Se ele não tivesse me segurado na floresta e se não
tivéssemos ficado bem cara a cara, eu nunca teria notado essa
diferença. Ele tem o cabelo preto e tão liso quanto o meu. E eu
também tenho uma sensação insistente de que já o vi em algum
lugar, por mais que eu não consiga me lembrar aonde.
— Gostou do que vê? — Ash pergunta com uma sobrancelha
arqueada quando percebe que eu estou admirando ele por muito
tempo.
— Como se eu tivesse outra coisa para fazer, seu imbecil —
eu grunho, mas tenho certeza que ele não entende nada que eu falo
por conta da porcaria do pano em minha boca que abafa tudo o que
eu digo.
— Seja lá o que essa diabinha disse, eu tenho certeza que
não foi nada de bom, irmão — Ade diz para Ash sem me encarar.
— Infelizmente ela terá que continuar assim até ficar bem
calminha, pois eu tenho certeza que na primeira oportunidade ela
vai tentar jogar mais algumas de suas palavras para nos encantar —
Ash informa ao seu irmão.
— Eu acho bom ela desfazer a porra do feitiço logo, está
chegando a hora da minha luta e não quero ter essa bruxinha
atrapalhando meus pensamentos — Acer rosna para mim sem me
olhar.
Feitiço? Do que esse idiota está falando agora? Dirijo um
olhar confuso a Ash, que é o único que me olha atentamente.
— O que? Que cara é essa? — ele pergunta sem entender.
Eu reviro os olhos e aceno em direção a Acer e faço
novamente a cara de confusão.
— Quer saber por que ele não está te olhando e por que ele
está agindo feito um covarde? — Ash me usa para implicar com seu
irmão e dessa vez sou eu que solto um som frustrado.
Ele nunca vai entender o que eu quero saber enquanto não
tirar essa porcaria da minha boca.
— Bom, meu pequeno irmão acredita que você está nos
enfeitiçando com seu olhar, por isso ele e Ade se recusam a te olhar
— Ash explica.
Eu não consigo segurar a gargalhada diante de tanta
baboseira.
Eu? Enfeitiçando demônios?
Gargalho ainda mais com a loucura dessa ideia, eu só posso
estar tão doida quanto eles para estar rindo com meus
sequestradores.
Ash começa a rir de seus irmãos também e então eles
começam a discutir.
— Você não deveria se aliar a ela, porra. Ela é a fodida
inimiga aqui — Acer rosna para seu irmão.
— Ela não parecia sua inimiga quando você tentou nos matar
na floresta só porque ela deu um grito — Ade debocha dele.
— Vai se foder, isso não tem nada a ver — Acer resmunga
sem graça.
Eu continuo analisando o diálogo deles para aprender mais
sobre cada um, mas de repente eu volto a ser o foco quando Ash se
vira para mim novamente.
— E quer saber por que eu sou o único que te olha nos
olhos? — ele pergunta enquanto se aproxima lentamente da minha
cadeira.
Então ele se abaixa para ficar a minha altura e sussurra baixo
o suficiente para que seus irmãos escutem com dificuldade:
— Eu te olho porque não tem como você me enfeitiçar mais
do que já estou enfeitiçado. Eu respiro você, só vejo você, eu só
penso em você. Em questão de uma noite você virou literalmente o
foco do meu universo e você não sabe o quanto eu estou me
segurando nesse exato momento para não puxar a porra do seu
cabelo e tomar a sua boca na minha até que você me implore para
foder a sua pequena boceta molhada. — Ele abre um meio sorriso
quando nota que eu pressiono as coxas juntas. — Isso mesmo, se
esfregue para se aliviar, pois quando eu tomar a sua boceta, você
não vai conseguir encostar no que é meu por um bom tempo, sou
extremamente possessivo, meu pequeno corvo.
Depois dessa eu fico literalmente sem saber o que responder
e pela primeira vez na minha vida, eu agradeço por não conseguir
falar.
— Olha o que a bruxinha fez com ele, eu não quero virar um
cachorrinho no cio — Acer reclama com Ade.
Mas antes que Ade possa responder, Ash vai para cima de
seu irmão e dá um soco em cheio nele.
— Não me chame de cachorro, porra — Ash rosna.
Acer apenas ri e acena com a cabeça na minha direção como
se não tivesse acabado de levar um soco que literalmente
arrebentou seus lábios.
— O que vamos fazer com ela? — ele pergunta enquanto
limpa o sangue que escorre pela sua boca.
— Como assim? — Ash questiona.
— Hoje tem a porra das nossas lutas e obviamente não dá
para deixá-la sozinha — Acer explica.
— Um de nós tem que ficar com ela — Ade diz pensativo.
— Eu fico — Ash fala na mesma hora e os seus irmãos
respondem com um não em uníssono.
— Eu posso ficar, na verdade, eu sou a melhor opção — Ade
diz ainda pensativo.
— Você não pode faltar a essa luta, irmão. — Acer balança a
cabeça como se estivesse desacreditado com o que ia falar. — É
melhor eu ficar.
— Nunca! — Ash ruge.
— Eu sou a melhor opção, porra! Você vai deixá-la escapar
em um minuto assim que eu virar as costas. — Acer dá de ombros.
— Não fui eu que levei um chute na cara e quase desmaiei —
Ash debocha de seu irmão.
— Foda-se, ela é forte e eu não disse que quase desmaiei,
eu apenas tropecei.
ADE
— Você acha que foi uma boa ideia? — Ash pergunta pelo
que parece ser a décima vez em menos de quinze minutos.
Eu apenas reviro os olhos e respiro fundo, tentando manter a
calma e me concentrar mais naquela porra de luta.
Não preciso me concentrar porque vai ser uma luta difícil,
mas porque eu preciso ter calma para não despedaçar aquele filho
da puta enquanto ele me provoca.
Eu não consigo lidar bem com as provocações durante a luta,
meu corpo simplesmente desliga quando tentam ferir meu ego e
quando dou por mim já é tarde demais e temos que lidar com uma
plateia em choque e com as merdas que sucedem isso.
Ash não desgruda do celular enquanto aprende tudo o que
pode sobre a minha diabinha. Ele está focado em descobrir a qual
clã de bruxas ela pertence e eu quero saber o que essas malditas
bruxas fizeram para que essa ligação acontecesse contra a nossa
vontade.
Por mais que eu tente demonstrar que não me importo, eu
não consigo desgrudar meu foco dela e do que ela pode estar
fazendo nesse momento com Acer.
Eu sei como aquele filho da puta pode ser sádico, mas o que
ele disse era realmente verdade, eu não posso perder a luta de hoje
e Ash seria uma péssima opção para ficar com ela. O jeito é
terminar a luta rápido o suficiente para que possamos voltar para lá
logo, mas não tão rápido a ponto de parecer que sou invencível.
Eu piso mais fundo no acelerador e corro ainda mais pela
pista até chegar ao galpão da luta, vendo a paisagem se misturar
com a velocidade do carro até que tudo não passe de um borrão.
Em menos de dez minutos chegamos a parte mais isolada da
cidade e aqui é onde a magia acontece, onde a porra dos contos de
fadas se tornam realidade.
Humanos e sobrenaturais se misturam nessa parte da
cidade. Humanos sem nem ter ciência do que estão cercando eles,
o mal que os espreita a cada esquina. Eles bebem, fumam e
transam com os seres mais variados sem ter a porra do
conhecimento sobre o que estão lidando.
Aqui tudo fica oculto e todos tem um espaço para serem
normais. Essa é literalmente a zona neutra, de bruxas sem clã a
vampiros e lobisomens, fadas e duendes, anjos caídos e demônios,
e já recebemos visitas até dos cavaleiros do Apocalipse (aqueles
mesmos da igreja, só que uma versão completamente diferente do
que é pregado).
Tudo o que você pensar existe aqui e todos são obrigados a
serem identificados com uma cor. Contratamos bruxas para ficarem
nas portas e definirem o que cada ser é e darem a eles as suas
pulseiras correspondentes a sua espécie.
Aqui ninguém pode se transformar ou atacar ninguém com
seus poderes e todos podem se alimentar contanto que não levem o
outro à morte ou que cause ferimentos seriamente graves.
Essa é a parte segura do mundo sobrenatural, foi por isso
que eu e meus irmãos criamos nossos clubes, para serem locais
onde todos possam interagir e conviver sem ter suas rixas e
diferenças atrapalhando.
Claro, isso tudo é fora da gaiola, já que dentro dela vale tudo,
inclusive usar seus poderes contra seu adversário, mas não de
forma tão explícita a ponto de revelar o oculto aos humanos.
A gaiola é literalmente o que o nome diz: uma gaiola enorme
onde as lutas acontecem. Lá é permitido de tudo, menos matar seu
oponente. Lá humanos lutam contra lobisomens sem nem saber o
que estão enfrentando, porém, nenhum ser sobrenatural pode
desafiar um humano, somente humanos podem pedir pelas lutas
com sobrenaturais pois seria muito desigual e fácil de ganhar se não
fosse assim.
Tudo bem que às vezes acontecem provocações para que os
humanos desafiem um determinado sobrenatural, mas como foi o
humano que pediu a luta continua dentro dos acordos e acontece
sem problema nenhum.
Nossos galpões estão espalhados por todo o mundo e em
toda a cidade que você puder imaginar, afinal, todos precisam de
um ponto de escape para interagir com outras espécies sem a
pressão de suas linhagens e por isso criamos o nosso próprio clube
de luta.
Ele funciona diariamente e é a nossa fonte de alimentação
também, pois todas as brigas que acontecem nos deixam mais
fortes, independente de qual local do planeta ela esteja
acontecendo. Temos uma fonte interminável de alimentação, mas
quanto mais temos, mais queremos, e é por isso que também
lutamos.

— Chegamos! Está pronto? — Ash me interrompe, me


tirando de meus devaneios.
Não percebi o tempo passando até estar de cara com o
nosso galpão, que com o passar do tempo perdeu muito a vibe
galpão e atualmente está mais para um bar sofisticado.
O estacionamento está lotado de carros e motos, porém
nossa vaga está livre como sempre.
Eu estaciono o carro e paro bem na entrada do nosso galpão.
Consigo ouvir o barulho de música daqui e a fila quilométrica
para entrar me deixa animado. Em alguns cantos você consegue
ouvir de gemidos de prazer a gemidos de socorro por causa de mais
uma overdose, mais um idiota que cheirou além do que podia, que
não tem a porra do controle sobre si mesmo.
Eu ignoro os dois e entro direto no meu galpão. Eu e meu
irmão não precisamos de pulseira, todos aqui sabem quem somos e
os que não sabem estão descobrindo agora.
Para os humanos, somos apenas os filhos da puta ricos pra
caralho que criaram esse lugar clandestino.
E para todos os seres sobrenaturais, somos a porra do seu
maior pesadelo.
A porra do trio da ira, pronto para massacrar a nossa próxima
vítima.
Eu adoro a fama e o cheiro do medo que sinto assim que
entro e ouvir os sussurros sobre mim fazem meu ego aumentar
ainda mais.
Eu e meu irmão cumprimentamos alguns demônios inferiores
e vamos diretamente para a frente do ringue onde está acontecendo
uma luta de aquecimento para a plateia.
Temos um lobisomem contra uma vampira.
Aqui os sexos não te impedem de lutar contra quem você
quiser, todos são aceitos e destruídos sem hesitação. Pelo que
parece, a vampira está se saindo melhor que o lobisomem, ele é
claramente um lobo filhote e ela é uma recém-criada, a
desproporção de força é simplesmente absurda entre os dois.
Os lobos ganham força com o tempo, enquanto os vampiros
têm o seu maior pico de força nos primeiros meses de criação.
Já é óbvio o resultado dessa luta antes mesmo que ela
termine, não sei como esse lobinho foi parar aí, mas sei que a
recuperação dele vai ser dolorosa pra caralho.
Meu irmão bufa com o golpe óbvio que o filhote não
conseguiu desviar.
— Essa luta vai ter que ser interrompida a qualquer momento
— meu irmão murmura pra mim.
Eu aceno com a cabeça, afinal vampiros recém-criados se
perdem na sede de sangue e a chance de sermos expostos é muito
grande se deixarmos essa luta ir até o final.
Procuro o juiz e aceno com a cabeça para que ele dê um
basta. Quanto mais a vampira bate no lobo, mais a plateia vibra e
mais os outros lobos da plateia rosnam para a vampira.
Se ela não estiver em um ninho, tenho certeza de que ela
não passará de hoje, os lobos tendem a ter um ego muito alto e a
serem muito orgulhosos e quando acontece algo que os façam se
sentirem menosprezados, a porra toda vira uma confusão.
E se essa vampira estiver sozinha, eu tenho certeza de que
eles a caçarão para vingar o seu filhote, e essa não seria a primeira
vez que isso acontece.
O filhote acaba sendo arrastado por outros lobos que passam
rosnando para a vampira, enquanto ela apenas levanta uma
sobrancelha e sorri para eles com deboche.
Ela é bem magrinha, qualquer humano que olhe para ela não
dá nada por ela, tenho certeza de que muitos estão tentando
entender como essa derrota acabou de acontecer. Afinal, o
adversário dela era construído com músculos em cima de
músculos.
A vampira finalmente se retira do ringue com um sorriso
vencedor para a plateia e o que mais chama atenção nela é o seu
cabelo rosa espetado em várias direções, ela tem um estilo punk
rock e anda com uma confiança natural que me surpreende em uma
recém-criada.
Assim que a vampira some, as grades da gaiola sobem
novamente e os próximos participantes são anunciados, mas então
o juiz sussurra no ouvido do locutor e anuncia a minha chegada.
O locutor acena com a cabeça e pede desculpas à plateia
pelo engano, então anuncia a próxima luta e assim que a plateia
ouve meu nome, ela fica completamente em silêncio.
Eu arqueio uma sobrancelha para meu irmão.
As pessoas estão estranhas desde o que aconteceu ontem e
pelo que Acer me falou, a mesma coisa aconteceu com ele hoje
enquanto ele procurava a nossa diabinha.
Dou de ombros e decido não me importar com isso agora,
apenas começo a me aquecer enquanto o locutor anuncia o meu
primeiro oponente.
Outro lobo, mas dessa vez é o segundo do Alfa. O cara é
enorme, muito maior que eu e vem cheio de confiança e gingado.
A plateia continua em silêncio, apenas os lobos fazendo festa
e gritando por ele, mas quem me conhece já sabe que ele perdeu a
luta antes mesmo de começar.
Ele não tem chance comigo e por isso sei que ele vai tentar
me desestabilizar.
Eu respiro fundo e rolo os ombros para trás.
Dou o primeiro passo para dentro da gaiola e a tensão é
nítida no meu oponente, ele está tentando fingir que está
descontraído, mas consigo ver por trás da sua fachada.
Consigo ver seus músculos tensos e seu sorriso forçado,
consigo sentir a ira emanando dele e esse foi o seu primeiro erro. A
raiva dele só serve como combustível para mim, eu amo a porra da
energia violenta desse lugar.
O juiz anuncia o início da luta e o primeiro round começa.
Diferente dos ringues de luta que você vê pela TV, aqui não tem
realmente mais de um round, aqui é vale tudo e só termina quando
um dos lutadores fica inconsciente.
A plateia volta ao seu estado normal com gritos, conversa e
apostas rolando.
Eu me desligo do interior e me foco no meu adversário.
— Você se lembra de mim, filho da puta? — ele grita sob o
som da plateia.
Eu apenas dou um sorriso sarcástico para o merdinha, mas
não deixo transparecer a minha confusão com o que ele disse.
Eu nunca vi esse arrombado antes e não sei de que porra ele
estava falando.
— Você está morto, demônio. A partir de hoje, serei intitulado
a porra do primeiro caçador de demônios. Vou levar a sua cabeça
pra casa — ele rosna para mim e avança na minha direção.
Eu o deixo acertar o primeiro soco, não faço questão de
desviar.
Eu amo essa porra de queimação quando ele estoura meu
lábio com seu anel, gosto do metalizado do sangue inundando a
minha boca e adoro ainda mais os suspiros que ouço vindo da
plateia.
Eu abro um sorriso para ele e decido provocá-lo um pouco.
— Era só isso mesmo que você tinha? Eu fiz o que? Fodi sua
mãe ou a sua irmã? — Ele rosna para mim e tenta me acertar
novamente, mas não dou esse gostinho para ele. — Já sei! Foi a
sua namorada, não é mesmo?
— Você está fodidamente morto, porra! — ele grita e vem
para cima de mim cego de raiva.
— Esse foi o seu primeiro erro — eu anuncio quando acerto o
primeiro golpe que o deixa tonto.
Seu supercílio arrebenta na mesma hora e o sangue começa
a escorrer pelo rosto dele, mas não dou tempo para que ele se
recupere.
Dou um gancho de direita me aproveitando do seu estado,
ele recebe o golpe com vários passos para trás e sacode a cabeça
para se livrar da tontura.
Eu recuo alguns passos para que a luta não termine tão
rápido.
— Como hoje eu estou bonzinho, eu vou deixar você tentar
me acertar — eu debocho dele e literalmente abaixo os braços.
Saio totalmente da minha guarda e espero por ele.
Ele vem para mim como a porra de um mamute, correndo
cheio de raiva e isso só me alimenta mais. Quando ele está a
apenas um passo de mim, eu apenas desvio e ele acerta a gaiola
com tudo.
Ouço o urro da plateia, mas eles estão longe demais para
mim.
Solto um grito de euforia e me entrego à luta.
— Esse foi o seu segundo erro: nunca confie no diabo — eu
brinco com ele e espero ele vir para cima de mim novamente.
Mas dessa vez ele está mais esperto e não vem para cima de
mim de cara, ele assume uma postura defensiva e espera eu ir em
sua direção.
— Hoje, literalmente, é um dia do caralho para os lobos.
Primeiro perderam para uma vampira e agora vão perder para mim.
— Eu rio quando sinto que ele ficou mais puto.
E esse é o momento que eu aproveito para avançar. Ele está
tão cego de raiva que está desleixado com seus movimentos,
querendo me acertar sem se importar se vai causar estrago ou não.
Ele manda uma série de socos desordenados e é entre um
desses socos que eu aproveito uma brecha em sua defesa.
Eu encaixo um chute em sua lateral que o envia novamente
para a grade, mas diferente da última vez, dessa vez eu não me
afasto. Eu caio em cima dele e continuo socando sua cabeça, ele
tenta se proteger da maneira que pode, mas sempre consigo achar
uma brecha em sua defesa.
O rosto dele já não é mais reconhecível de tanto sangue e
inchaço, mas o filho da puta não cede nem por um momento.
Seus braços caem frouxos ao seu lado com diversas fraturas,
mas o desgraçado não desmaia, ele continua me olhando e não
implora para que eu pare.
Com acesso livre ao seu rosto, eu faço um estrago muito
maior. Nesse momento seu nariz é apenas uma massa disforme no
seu rosto e seus olhos estão tão inchados e vermelhos que ele vai
ter dificuldades para enxergar novamente.
— E esse foi seu terceiro erro: não saber a hora de desistir —
eu anuncio e dou o soco mais forte que poderia dar nesse ringue.
Ouço o crack em sua cabeça e então seus olhos rolam e ele
finalmente fica inconsciente.
A cabeça dele está literalmente afundada do lado esquerdo e
quando eu me levanto, ouço o coro da plateia, todos vão a loucura
com todo esse sangue e eu me sinto pegajoso.
Olho para mim mesmo e vejo tanto sangue do meu
adversário que eu me sinto a própria Carrie em seu baile na escola.
Sinto a raiva vindo dos lobos e quando olho para cima, vejo
dezenas de olhares furiosos em minha direção. Mas o olhar que me
prende é o do alfa.
Eu consigo ler a palavra vingança escrita nos seus olhos. Sei
que ele não vai aceitar a humilhação que a sua matilha sofreu hoje,
ele vai tentar alguma coisa ainda e isso me deixa puto.
Ele sabia que era uma luta fadada ao fracasso desde que ela
começou.
Ele realmente achou que a porra de um beta seria páreo pra
mim? Eu não sei se ele consegue me cansar ou me dar trabalho.
Não fode porra.
— Você o deixou entrar nisso sabendo do resultado — eu falo
diretamente com ele.
Por mais que a plateia ainda esteja falando alto, eu sei que
ele entende o que eu disse. Eu vejo a compreensão em seus olhos,
mas a sede de vingança ainda vibra dele em ondas.
Ele rosna para mim e desvia o olhar para seu beta que está
sendo carregado para fora do ringue.
— Está esperando o que? Vamos! — Ash grita para mim do
lado de fora da gaiola.
Eu aceno para ele e olho o estrago que fiz ao meu redor.
O chão da gaiola de branco se tornou vermelho, lavado pelo
sangue daquele beta idiota.
As grades estão tortas em alguns pontos onde ele foi
lançado. E o chão está um pouco afundado em uma parte devido ao
impacto dos meus socos.
Rolo meus ombros para aliviar um pouco da tensão, mas
essa luta, ao invés de me aliviar, apenas me deixou mais pilhado.
Quero saber que porra aquele alfa vai tentar, mas não posso
simplesmente atacá-lo aqui por ser uma zona neutra.
Passo a mão pelo cabelo e vejo que até ele tem sangue.
Rosno novamente de frustração e saio da gaiola. Ouço o locutor
anunciando que a gaiola seria reparada rapidamente para que eles
possam dar início a próxima luta, mas não dou importância para
isso.
Vou em direção ao meu irmão e pego a toalha que ele está
segurando para mim.
— Se seque e vamos. Não pretendo ficar aqui além do
necessário.
Eu reviro os olhos para ele, mas também não tenho
pretensão de continuar aqui por mais tempo do que o obrigatório.
Eu pego a toalha de sua mão e me limpo um pouco.
— Vamos — rosno para ele e ele ergue uma sobrancelha
para mim questionando meu estresse. — Vamos ter problemas com
a porra do alfa.
— Eu sei, seus filhotes estão neste momento tentando
implantar um rastreador em nosso carro — meu irmão diz com
calma enquanto seus olhos correm pela multidão analisando todos
ali.
— Como... — eu começo, mas ele me interrompe.
— Câmeras e sensor — ele diz simplesmente e se afasta de
mim andando mais rápido.
Onde moramos não é segredo para ninguém, mas todos do
mundo sobrenatural sabem que esse não é realmente nosso covil,
aquela mansão é apenas para o público e para festas.
Eles sabem que nós não moramos realmente lá, que nosso
lar é secreto e que apenas nós três sabemos onde ele fica.
Essa tentativa de implantar um rastreador foi extremamente
amadora.
Eu nem me dou ao trabalho de removê-lo ou de desativá-lo
quando entro no carro.
Meu irmão se certificou a anos que o nosso lar fosse a porra
do lugar mais inacessível do mundo, a nossa fortaleza é tão bem
protegida que a mais de 10KM da propriedade os rastreadores e
celulares param de funcionar.
Temos inibidores de sinais em diversos pontos e
bloqueadores, também existem diversas minas terrestres em volta
da nossa propriedade para que ninguém entre sem ser convidado.
Elas são ativadas assim que saímos da propriedade e
desativadas assim que chegamos. É praticamente impossível
alguém invadir sem que ficássemos sabendo com horas de
antecedência.
Então a tentativa dele de rastreamento é tão ridícula que
sinto vontade de gargalhar, mas me seguro para que não fique tão
óbvio.
Prefiro que eles descubram sozinhos que a sua ideia é idiota
pra caralho.
ACER
O cheiro dela, essa porra desse cheiro parece ter intoxicado
todo o lugar. Mesmo me afastando dela, e eu literalmente me sentei
o mais longe que eu pude, mesmo assim o cheiro dela não sai de
mim, parece ter impregnado o lugar.
Solto um rosnado baixo de raiva enquanto eu olho para a sua
forma adormecida, linda pra caralho. Vai se foder.
Eu literalmente me tornei aqueles maricas que precisam se
segurar para não levantar e ir tirar o cabelo que caiu em seu rosto
durante o sono ou ajeitar ela numa posição mais confortável para
que ela não acorde dolorida.
Não sei que magia essa bruxa fez para mim, mas eu vou
descobrir.
E eu tenho ótimas ideias de como fazer ela sofrer com o
prazer que irei dar à ela e minha mente vaga para um dos inúmeros
cenários que imaginei com ela nessa caverna durante a
madrugada.
De todas as formas que eu poderia prender ela ou brincar
com o seu psicológico, tenho uma coleção vasta de coleiras que
adoraria prender em seu lindo pescoço.
Sinto a porra do meu pau inchando novamente dentro da
minha calça e eu tenho que me segurar para não rugir em
frustração.
Assim que Ade e Ash chegarem, eu vou foder a primeira
boceta não bruxa que eu encontrar na minha frente. Não quero mais
saber dessa porra, preciso tirar essa bruxinha do meu sistema
rápido.
Me concentro novamente em seu rosto e cruzo meu olhar
com o dela.
— MALDITA! ERA ISSO QUE VOCÊ QUERIA, CERTO? —
eu grito com ela e sinto a raiva esquentar meu sangue, essa maldita
bruxinha me enganou.
Ela literalmente fingiu que estava dormindo apenas para que
eu me sentisse seguro em olhar para ela, inferno! Ela com certeza
sabe que é a própria luxúria em pessoa, essa filha da puta gostosa
do caralho!
Ela me olha com aqueles olhos negros arregalados e parece
assustada com a minha explosão, mas não me importo com isso.
Vou em sua direção e arranco o pano de sua boca.
— Você fez isso de propósito, sua bruxa! — Eu agarro seu
rosto e agacho para ficar na altura dos seus olhos. — Você sabe
quem eu sou, porra?
— O QUE EU FIZ DE PROPÓSITO? ACORDAR COM A
DROGA DE UM ROSNADO IGUAL A DE UM CACHORRO? — Ela
morde de volta e me surpreende com a falta de medo em seu olhar.
Eu apenas consigo sentir a raiva dela rolando em ondas e me
batendo, me enchendo de prazer, então inspiro forte e tento me
acalmar.
Mas então a porra do cheiro dela entra em foco novamente e
eu me perco naqueles olhos pretos, sinto meu corpo vibrar, mas
com outro instinto gritando dentro de mim.
Meu pau começa a latejar e eu me esforço muito para parar
de olhar para os seios dela saltando da blusa com a pressão que as
cordas estão fazendo.
Eu rosno para ela novamente enquanto tento controlar a
minha temperatura. Por mais puto que eu esteja, eu não quero
machucá-la, pelo menos não muito e não dessa forma.
Minhas ideias são completamente diferentes e envolvem
gelo, mordaça, algemas e a minha Cruz de Santo André. Sim, essa
vai ser a forma como vou apresentar a dor e o prazer a ela, tudo ao
mesmo tempo, e vai ser lá onde ela vai aprender a ser a minha
cadela obediente.
— Feche a boca para não babar, babaca — ela diz para mim
e me tira da minha fantasia.
— Você fica mais bonita quando está calada! — eu lato para
ela e solto seu rosto.
Minha raiva foi completamente embora e o que ficou foi a
porra da vontade de foder a vida para fora dessa bruxinha. Mas não
sei que magia ela jogou em mim, então não vou arriscar meu pau
colocando ele dentro desse poço de feitiçaria.
— E você ficaria muito mais bonito se não fizesse tanta cara
feia! — ela diz para mim.
— Eu sou perfeito, sou literalmente a tentação humana, bruxa
— eu digo com a sobrancelha arqueada e volto a me sentar em
minha cadeira.
— Ainda bem que eu não sou humana, então — ela diz
revirando os olhos.
— Então você está dizendo que não se sente tentada por
mim? — eu pergunto com deboche, sabendo que ela vai mentir.
— Sim, é exatamente isso que eu estou dizendo — ela diz
sem me olhar nos olhos.
— Você não deveria mentir para mim quando a porra da sua
calcinha está encharcada, bruxinha — eu digo em um tom mais
baixo.
— Minha calcinha não está molhada, se estivesse seria mais
fácil ser xixi por estar presa a essa cadeira por horas do que por
tesão — ela rebate na defensiva e gagueja um pouco.
— Então você quer dizer que se eu me levantar e tomar a
sua boca em um beijo, você não vai estar gemendo meu nome e me
pedindo para te foder em menos de 5 segundos? — eu pergunto
com arrogância.
— Eu não vou entrar no seu joguinho, demônio — ela diz,
percebendo onde quero chegar.
Droga! Tudo bem que a pouco tempo atrás eu decidi que não
foderia ela, mas não custa nada tentar um beijo, certo? Já fiz o pior
que é olhar para essa feiticeira.
— Como se eu estivesse tentando alguma coisa, bruxa
— Por que eu estou amarrada a essa cadeira ? — ela
pergunta com frustração. — Por que tinha um pano imundo na
minha boca?
— Você sabe o que você fez comigo e com meus irmãos e eu
não iria deixar você ter a oportunidade de me enfeitiçar novamente
— eu a respondo, mas só consigo prestar atenção no subir e descer
dos seus seios, em sua pele molhada pelo suor, no seu cheiro
inebriante e em como deve ser o gosto dela.
— Você vem falando essa besteira, mas eu LITERALMENTE
NÃO SEI DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO! EU NEM TENHO UM
CLÃ, COMO PODERIA FAZER ALGUMA COISA CONTRA UM
DEMÔNIO DO PECADO? — ela questiona aos berros e até que faz
sentido, mas decido não pensar sobre isso agora.
Antes que eu possa responder, a sua barriga faz outro
barulho alto e ela faz uma careta de desconforto, e isso me deixa
imediatamente em alerta.
Eu me levanto e a olho com preocupação.
— O que houve? — eu questiono.
— Estou com fome, babaca — ela diz entredentes. — Você
me pegou antes que eu pudesse comprar alguma coisa, esqueceu?
E desde então estou aqui sem comer.
— Bom, se você for uma boa garota e me disser o que eu
quero saber, eu posso te dar uma coisa bem gostosa para você
comer e se lambuzar — eu digo em um tom grave.
Ela automaticamente olha para meu pau e eu dou um sorriso,
sabia que ela iria cair nessa.
— Nada disso, bruxinha, para conseguir meu pau você vai ter
que ser uma menina muito má, não gosto de boas garotas na cama.
— Eu lambo meu lábio inferior e deixo meu tom cair ainda mais. —
Eu gosto de putinhas sujas, sabe?
— Se manca, seu babaca. Eu nunca foderia você — ela
nega, mas sei que se eu inspirar um pouco mais forte, vou
conseguir sentir o quão molhada ela está para mim.
— Se engane o quanto quiser. — Dou de ombros como se
não me importasse. — Enfim, vai abrir o jogo ou não?
— O que você quer saber? — ela pergunta entredentes e
sinto a sua irritação voltando e isso me deixa animado pra caralho.
Eu me levanto e vou até a pequena geladeira embutida na
parede, abro e vejo que não tenho muitas opções além de um pudim
de chocolate, um pote de doce de leite, alguns legumes estragados
e uma vasilha com algumas frutas picadas.
— Você quer pudim de chocolate ou frutas? — eu pergunto
sem me virar para ela.
— Eu quero comida de verdade, estou com fome — ela
reclama.
— Ótimo, vai ser o pudim — eu anuncio sem interesse no seu
drama.
— Por que me deu opções se iria escolher você mesmo?
— Eu te dei opções e você preferiu reclamar, ou seja, me
passou o direito de escolha. — Ela revira os olhos para a minha
declaração.
Eu pego uma colher que também estava dentro da geladeira,
abro a tampa do pudim e puxo minha cadeira para perto dela.
— Pode me desamarrar? — ela pergunta com irritação.
— Não. — Eu me sento de frente para ela e enfio a colher no
pudim para pegar um pouco. — Vamos à primeira pergunta?
Eu questiono e ela apenas assente com a cabeça.
— Quem é você? — eu pergunto mesmo já sabendo a
resposta para ver se ela vai optar por mentir ou ser sincera.
— Me chamo Mirtez, tenho 24 anos e atualmente estou
afastada do meu clã — ela responde tudo de forma robótica e abre
a boca esperando a primeira colher.
Eu suspiro, pego uma colher rasa de pudim e coloco em sua
boca. Ela automaticamente geme se deliciando com o sabor e meu
pau salta de alegria.
— Você colocou muito pouco — ela reclama.
— Pouca informação é igual a pouco alimento. Por que você
está longe do clã? — eu pergunto e ouço passos vindo da porta.
Sinto o cheiro dos meus irmãos e automaticamente relaxo,
mas não paro o interrogatório.
— Olhos em mim, bruxinha. — Eu viro seu rosto para que ela
volte a olhar para mim ao invés dos meus irmãos. Eles entram
calados e consigo sentir uma energia tensa vindo deles.
— Eu estou longe porque decidi fugir. — Ela não solta mais
coisas e isso está começando a me irritar.
Dou outra colher rasa para ela e ela solta um bufo de
frustração.
— Por que você decidiu fugir? — sigo perguntando.
— Próxima — ela diz.
— O que? Como assim próxima? — eu questiono sem
conseguir acreditar na porra da sua ousadia.
— Não quero responder a essa pergunta, vamos para a
próxima — ela informa inflexível e sem me encarar.
Antes que eu possa responder, Ash vem para meu lado.
Consigo sentir o calor que emana dele e sei que ele mal está se
controlando agora.
— Quem. É. Esse. Filho. Da. Puta? — meu irmão pergunta
com a voz grossa ondulando entre a sua voz demoníaca e a voz
humana.
Ele estende o celular dele e tenho que torcer o pescoço para
ver o que ele está mostrando. Essa parece uma versão mais jovem
de Mirtez com um homem a agarrando pela cintura. Ela tem um
sorriso enorme no rosto e eles parecem estar vestidos para uma
festa de Halloween ou coisa do tipo.
O cara é mais alto que ela, mas não mais que eu e os meus
irmãos. Ele é a própria retratação de playboy, com seu cabelo loiro
platinado até os ombros, pele dourada, dentes brancos e artificiais,
magro e de olhos claros. Está usando calças justas demais para ele,
sem blusa e está com algumas ataduras em volta do corpo, então
eu acredito que essa seja uma tentativa falha de fantasia de múmia.
A minha bruxinha está espetacular, com um short minúsculo
da cor da pele dela e um top do mesmo tom, com maquiagem pelo
rosto e corpo para dar um efeito envelhecido e com várias ataduras
pelo seu corpo que também estão pintadas, seus cabelos estão
presos e ela está usando uma peruca platinada também. Ela está
simplesmente fantástica.
Mas o que me chama atenção são a porra dos seus olhos,
eles estão azuis pra caralho e obviamente não é a porra de uma
lente, me viro novamente para a mulher na minha frente e seus
olhos pretos como carvão encaram meu irmão com raiva.
Sem sombra de dúvidas é ela, então que porra está
acontecendo? Puxo o celular da mão de Ash e dou um zoom maior
na foto, então noto que um fio de cabelo escapa de sua peruca
platinada e a porra do fio que eu vejo não se parece em nada com o
cabelo dela agora, o cabelo é de um laranja tão intenso que chama
a atenção mesmo por foto.
Quem diabos é essa mulher?
Tiro o zoom e olho a foto por completo novamente, tento
reconhecer alguma coisa, algum detalhe dessa foto e sinto alguma
coisa me incomodando lá no fundo, mas não consigo me lembrar o
que.
Rosno com frustração e olho novamente para a mão do idiota
na cintura dela e sinto uma vontade insana de arrancar a porra da
cabeça desse filho da puta.
— Onde você conseguiu isso? — ela pergunta e quando me
viro para ameaçar ela, vejo como está branca igual papel. Mas que
porra?
— Quem é ele, bruxinha, e o que aconteceu? — eu pergunto
em um tom mais baixo. Agora que sei que ele representa alguma
coisa para ela, sinto mais vontade ainda de matar esse filho da puta
por encostar no que me pertence.
— Scott... — ela diz e não completa a resposta.
Eu solto um rosnado e ela parece finalmente despertar do
seu estupor, mas ainda sim não é a mesma pessoa de antes.
— Ele é meu ex — ela informa.
— Onde ele mora? — pergunta Ade, que até então estava
quieto e observando.
— Ele está morto — ela diz em um sussurro.
— Quem o matou? — Ash pergunta com menos raiva.
— Eu — ela diz me olhando nos olhos.
Eu abro um sorriso com isso, parece que essa bruxinha é mais
suja do que eu esperava, mas isso não responde a minha outra
pergunta, o que aconteceu com ela?
MIRTEZ
Isso não pode ser real, não depois de tudo o que eu fiz para o
passado ficar no passado.
Não. Não. Não. Não.
Minha mente não para de repetir essas palavras.
— O que aconteceu? — Ouço a voz de Ade no fundo, mas
não consigo me forçar a responder.
Estou tentando a todo custo bloquear as memórias daquele
dia, não quero me lembrar de Scott e nem do que ele tentou fazer
para mim.
Sinto o ar escapando dos meus pulmões e a respiração
ficando cada vez mais difícil, o ar parece ser rarefeito e
simplesmente não consigo respirar.
Minhas mãos começam a tremer e meus dentes a bater,
parece que estou congelando e a dor rasga meu peito direito.
— Solte as correntes! — Ouço um grito ao fundo, mas não
consigo identificar a voz.
— Respire, amor, vamos lá. — Sinto uma mão forte e quente
fazendo círculos nas minhas costas.
Aos poucos começo a voltar para mim e sinto braços quentes
em minha volta e eu me aconchego mais naquele abraço, mesmo
sabendo que não devo.
Eu não sei porquê ou como, mas eu me sinto segura dentro
deles.
— Eu trouxe comida para ela. — A voz de Ash vem de tão
perto que só nesse momento eu percebo que é ele que me abraça.
— Vou pegar no carro — Ade anuncia e ouço a porta abrir e
fechar.
Eu me recuso a abrir os olhos, não quero voltar para o
interrogatório e muito menos para as lembranças que me
assombram.
Não quero sentir nada daquilo novamente, não quero sentir
as mãos deles em mim contra a minha vontade, não quero ouvir as
piadas deles sobre o meu corpo e nem a suas respirações
ofegantes no meu rosto.
Levanto a mão para os ouvidos como se isso fosse me
impedir de ouvir as vozes deles.

“Eu tento gritar quando sinto a mão de Travis subindo pela


minha coxa, tento sair do seu aperto, mas mal me mexo e o
pequeno movimento que eu fiz me faz sentir como se eu tivesse
corrido uma maratona inteira.
Olho para o lado e a imagem de Mariah sendo enrolada em um
cobertor e arrastada para o canto do quartinho faz meu
estômago se revirar, vômito em mim mesma e Travis me solta
com um palavrão.
Caio no chão com tudo e sinto uma lágrima escorrer pelo meu
rosto, tento mover meus braços para levantar, mas é em vão, eu
me sinto como se estivesse me movendo em câmera lenta e
eles são rápidos demais para mim.
— PUTA NOJENTA! — ele grita e me disfere um golpe com a
sua mão.
Scott, o homem que eu acreditava que me amava, apenas
observa tudo como se não me conhecesse, como se eu fosse
uma estranha para ele.”
— Volte para mim, bruxinha, abra os olhos, vamos. — Ouço a
voz de Acer bem no fundo e ela me ajuda a bloquear as outras.
Suas palavras de conforto lentamente me trazem de volta. Eu
abro os olhos e dou de cara com ele segurando meu rosto e me
olhando com uma expressão preocupada. Olho para o lado e vejo
que seu irmão, Ash, está ao seu lado com alguma comida na mão
que cheira maravilhosamente bem e meu estômago solta um
rosnado de fome.
Tento me mexer, mas braços me prendem e ao olhar para
trás vejo que estou no colo de Ade, nossos olhos se prendem por
alguns segundos e de repente me sinto nadando nas profundezas
ocultas da sua alma.
Como se uma conexão tivesse acabado de se formar entre
nós três, como se ele fosse o último elo para manter tudo no seu
devido lugar.
Não sei como ou porquê, mas sinto que com esses selvagens
eu estou segura, sinto dentro de mim que posso confiar neles.
— Olá, Diabinha. — Ade abre um sorriso enorme para mim e
eu perco o fôlego instantaneamente. Que homem lindo! Ou melhor
dizendo, que demônio lindo.
— Estou com fome — eu reclamo quando sinto o cheiro da
comida novamente.
— Abra a boca, amor — Ash pede e eu arqueio uma
sobrancelha para ele.
— Só vou aceitar essa história de amor porque você é o
único que trouxe comida para mim, babaca — eu o ofendo apenas
para não perder o ritmo e não me esquecer de que eles são os
inimigos aqui.
Ele me dá um sorriso de canto como se já soubesse que
venceu alguma coisa.
Que irritante!
Abro a boca de má vontade, já que não vou conseguir vencer
essa batalha e silenciosamente agradeço pois sei que não iria
conseguir levantar o garfo.
Tenho que apertar a mão em um punho fechado para que
não fique tão óbvio a minha tremedeira e a vergonha que eu sinto
nesse momento por eles terem me visto no meu momento mais
fraco me faz fazer uma careta.
— O que? Nem coloquei a comida na sua boca ainda — Ash
reclama, achando que a careta fosse por causa da comida.
Idiota.
— Não houve nada, estou com fome, vamos! — eu reclamo
novamente. Sei que estou sendo uma pirralha agora, mas bem, eu
não pedi para ser sequestrada.
Antes que eu possa reclamar mais, Ash enfia a colher na
minha boca e eu não consigo impedir o gemido que escapa da
minha boca.
Que comida gostosa! O que é isso?
Sinto alguma coisa endurecer embaixo de mim e
imediatamente fico tensa, me recuso a olhar para Ade ou qualquer
um dos demônios, pois sei o que vou encontrar em seus rostos: a
mesma fome de antes.
Ade percebe o quão estática eu fiquei e sussurra em meu
ouvido com uma voz rouca:
— Você geme como uma puta na porra do meu colo, não
esperava que eu ficasse bem com isso, não é, diabinha? — Para
pontuar o que ele disse, ele se move ajustando a sua ereção para
que ela fique diretamente em contato com a minha boceta.
— Meu Deus! — Eu solto a respiração que nem sabia que
estava prendendo, ele é grande pra caramba!
Ouço o rosnado de Acer e então ele vem para perto de mim.
Ele se agacha ao meu lado, segura meu cabelo em suas
mãos e então o puxa com força para que eu me incline em sua
direção.
— Da próxima vez que você chamar por ele em minha
presença, eu realmente vou fazer você ir aos céus para conhecê-lo
— ele rosna para mim e sorri maliciosamente.
Se eu dissesse que nenhum deles está me afetando eu
estaria mentindo, mas se eu assumir isso, pode ser o início de uma
síndrome de Estocolmo e eu já li muito sobre isso.
Então, não, obrigada.
Vou continuar dizendo para mim mesma que a minha
calcinha está molhada de xixi e não por causa desse desgraçado.
— O que é isso que é tão gostoso? — Eu tento disfarçar,
soltando a pergunta quando Acer solta o meu cabelo.
Eu me viro para Ash e quase perco o brilho de diversão dos
seus olhos observando toda a situação.
— É a comida favorita de Acer, eu imaginei que fosse gostar,
os humanos geralmente gostam muito de lasanha — Ash comenta.
— Eu não sou humana — eu respondo o óbvio.
— Bruxas são praticamente humanos plus. Graças aos
demônios, é claro — Acer diz arrogantemente.
Eu apenas reviro os olhos para ele e não o respondo.
— Comprou aonde? Em algum lugar aqui perto? — eu
pergunto sondando como quem não quer nada.
— Boa tentativa — Ash sussurra para mim e pisca um olho.
Ele não me responde e nem seus irmãos, o que me faz soltar
um bufo alto. Sinto que nesse momento eu poderia cruzar os braços
como uma criança petulante, mas ainda me sinto muito fraca.
— Abra a boca, amor — Ash murmura novamente, focado em
me alimentar.
Faço o que ele pede e tento não gemer novamente, mas é
uma missão simplesmente impossível, nunca comi uma lasanha tão
saborosa, não sei se o tempero dela é a minha fome, só sei que
está sensacional.

Após me alimentar, Ash chamou seus irmãos para conversar.


Dessa vez eles não me prenderam novamente na cadeira, eles
simplesmente saíram pela porta e a fecharam, não sei se trancaram,
mas não pretendo ficar muito tempo para descobrir.
Eu me levanto da cadeira e começo a vasculhar o galpão em
busca de uma saída lateral ou por uma janela, o que for!
— Droga! — murmuro baixinho comigo mesma depois de
passar vários minutos procurando por uma porta ou janela
escondida e não encontrar nada.
Eu não queria fazer isso, mas o jeito vai ser partir pra cima
deles como igual, só que de uma forma bem desproporcional.
Aqueles idiotas são literalmente armários e eu me sinto uma
franga comparada a eles, tanto em força quanto em tamanho, e isso
me faz soltar um suspiro frustrado.
— Então está decidido. — Ouço a voz de Ade vindo do
corredor e literalmente corro até a parte de trás da porta, agarrando
a primeira coisa que vejo na minha frente para usar como arma.
O que acaba sendo uma cadeira de metal dobrada, mas ela
vai ter que servir!
Vejo a maçaneta girando e um corpo volumoso passa pela
porta.
Eu respiro fundo e o acerto com a cadeira com um grito de
guerra, mas a cadeirada não tem o efeito que eu pensei que teria.
Acer foi o primeiro a passar pela porta novamente, mas ao
contrário do que eu pensei, ele não caiu.
Ele apenas soltou a porcaria de um rosnado e se virou
lentamente para mim, a sala instantaneamente se tornando mais
quente e o ar difícil de respirar.
E eu sei que dessa vez não é por causa de nada relacionado
as minhas partes baixas.
Ele está literalmente fervendo de raiva.
Seus olhos mudaram para um preto sem fundo, como um
poço de piche, sua íris desapareceu e até a porcaria do seu globo
ocular ficou toda preta.
Eu dei um passo para trás, tentando me fundir com a parede
e ele literalmente mostra os dentes para mim, eles estão mais
longos e seus caninos muito mais perigosos do que antes.
— Ops — eu murmuro e tento ficar sem respirar para não
atiçar ele. Uma vez vi em um documentário que se você estiver
diante de um leão, você não pode irritá-lo ou fazer movimentos
bruscos e nesse momento eu literalmente me sinto de frente com a
porcaria de um predador.
Um leão muito bravo e pronto para me devorar a qualquer
momento, mas mesmo diante desse demônio descontrolado, eu
ainda não consigo sentir medo.
Muito pelo contrário, eu sinto curiosidade, mas meu senso de
segurança me impede de ir a frente com esse sentimento. Eu
claramente ainda não estou doida.
— Irmão... — Eu finalmente noto seus irmãos atrás dele
olhando para Acer com suas mandíbulas apertadas e cenho
franzido.
— Eu sei o que estou fazendo — Acer responde com a voz
distorcida.
— Eu acho que não sabe, não — eu murmuro para seus
irmãos com um pedido de socorro nítido no meu rosto.
Ouço outro rosnado, mas dessa vez mais perto, e levo um
susto quando percebo que Acer se aproximou ainda mais de mim,
sem que eu nem percebesse, sendo que ele está literalmente na
minha frente.
Ele está me cercando como se eu fosse a sua presa e a cada
passo que ele dá, mais calor eu sinto. Posso sentir uma gota grossa
de suor escorrendo pelas minhas costas, mas me seguro para não
secar.
— Hum, você está invadindo meu espaço pessoal — eu digo
com uma voz fraca que não passa de um sussurro.
— Eu não vou apenas invadir o seu espaço, eu vou invadir a
porra da sua boceta agora mesmo e te treinar até você ser a minha
puta e fazer exatamente como eu gosto — ele rosna e mal abre a
boca para falar.
Sinto um arrepio me percorrer com as suas palavras e olho
para seus irmãos em busca de ajuda ou de outra coisa.
— Oh, não se preocupe, Mirtez, eles vão participar também.
Vamos deixar a porra da sua boceta em carne viva e você vai gostar
disso, bruxinha, vou até fazer você implorar por mais — ele promete
e olha no fundo dos meus olhos.
Eu instantaneamente acredito em todas as suas palavras, por
mais que eu queira negar ou lutar contra isso, então eu digo a coisa
mais madura a se dizer, até porque eu não posso deixar ele ter a
última palavra, certo?
— Eu duvido — eu desafio com toda a certeza que eu não
sinto dentro de mim e ele arregala os olhos instantaneamente.
— Era isso que eu queria ouvir. — Ele zera a distância entre
nossos corpos e toma a minha boca na sua. Ao passo que ele se
agarra em mim, eu espero pela dor da queimadura, mas ela nunca
chega.
Sinto a sua fome me consumindo. O seu beijo é como uma
picada letal que me amortece e me deixa fraca, sinto meus braços
tomando vida própria e se enroscando ao redor dele.
Abro meus olhos em uma pequena fresta e consigo ver o
vapor subindo de onde a minha pele molhada de suor encontra a
sua quase pegando fogo.
Fico admirada por não sentir me queimando ou qualquer
incômodo com a sua temperatura e acabo me distraindo durante o
beijo.
Ele percebe e morde meu lábio inferior ao ponto de eu sentir
dor, mas antes que eu possa reclamar, sua língua faz maravilhas
para curar a pele ferida.
Acer pressiona ainda mais o seu corpo contra o meu,
moldando toda a sua dureza em minha carne macia e consigo sentir
cada músculo tenso do seu corpo, incluindo seu pau duro na minha
barriga.
Beijar ele deveria ser muito desconfortável por causa da
altura, mas não sei o que ele faz pois parece que ele é da altura
ideal para alcançar a minha boca.
— Minha. — Ele solta a minha boca brevemente e olha no
fundo dos meus olhos de forma tão profunda, que quase me perco
no azul cristalino dos seus.
O tapa que eu nunca vi chegar arde a minha nádega
esquerda e eu solto um gemido de dor, então ele abre um sorriso
satisfeito para mim e chupa meu lábio inferior novamente.
Ele começa a descer para o meu pescoço, dando longos
beijos molhados e quentes e sinto que minha calcinha já pesa um
quilo de tão molhada que ela está neste momento.
Eu solto um gemido abafado e abro os olhos para olhar seus
irmãos.
Eles estão com expressões idênticas de fome e seus paus
duros marcam a calça, e tenho que me impedir de gemer
novamente só com essa visão.
—- Eu não posso xingar e estou quase fazendo isso — eu
murmuro para mim mesma.
— O que? — Ash pergunta com um sorrisinho.
— Nada. — Eu me repreendo por ter dito em voz alta, eu não
posso fofocar todos os meus segredos para esses demônios.
DEMÔNIOS!
DROGA! O QUE MERDA EU ESTOU FAZENDO?
Eu fico dura nos braços de Acer, mas antes que ele possa
dizer qualquer coisa, eu miro uma joelhada forte nas suas bolas.
Demônios sentem dor nas bolas? Bom, acho que vamos ter a
resposta agora.
— BRUXA FILHA DA PUTA! — ele ruge, mas antes que ele
tenha tempo de reagir, eu o empurro em cima dos seus irmãos.
Olhos de choque idênticos me olham do chão e eu rezo para
que as forças da natureza não me deixem na mão nesse momento.
Invoco toda a minha magia (que a pouco tempo eu nem sabia
que existia) e peço para que as raízes os prendam novamente.
O chão começa a tremer e raízes grossas de troncos de
árvores começam a brotar no chão e se enrolar em todos os três
demônios.
— VOCÊ ME PAGA, MIRTEZ! — Acer grita e eu consigo ver
a ameaça velada em seus olhos.
— Corra, diabinha, corra, mas saiba que quando eu te pegar,
você vai desejar nunca ter feito essa porra — Ade rosna com a
vingança brilhando em seus olhos.
— Eu tentei ser legal, amor, não diga que eu não avisei. —
Até Ash parece puto comigo.
Acho que talvez deixar eles com bolas roxas não tenha sido
uma boa ideia.
Mas enfim, não perco mais tempo com isso e decido correr
até a estrada mais próxima, após isso é só pedir carona a algum
idiota e me livrar desses demônios para sempre.
— Tchau, queridos, obrigada pela hospedagem de merda. —
Eu tomo um fôlego e corro para fora daquele galpão como se minha
vida dependesse disso.
E ela realmente depende.
ASH
Eu quero essa mulher, não tem como negar.
— Obrigada pela hospedagem de merda? É sério mesmo? —
Ade bufa, incrédulo. — Ela não tinha nada mais impactante não?
— Foda-se isso, eu quero sair dessa porra agora e pegar
aquela filha da puta! — Acer ruge enquanto se remexe tentando se
soltar.
— Quanto mais você se mexer, mais tempo você vai levar
para conseguir sair — eu informo com calma.
— Do que você está falando, porra? — Ele me olha com
raiva.
— Ela não tem um clã, a magia dela é fraca e quanto mais
longe ela estiver, mais fácil vai ser para você se soltar, isso se você
não ficar se remexendo igual uma criança — eu digo e levanto meu
primeiro braço livre.
— E como você sabe disso, caralho? — Eu não quero admitir
que desde que ela chegou em nossas vidas, eu estou igual a um
filho da puta alucinado procurando sobre bruxas como ela em todos
os lugares possíveis e conversando com todos os demônios
possíveis para aprender mais.
Então eu apenas dou um sorriso para ele e não revelo nada.
— Ash... — Acer rosna para mim, mas fica imóvel também.
— O que mais você sabe que nós não sabemos? — é a vez
de Ade perguntar.
Eu arqueio uma sobrancelha para ele, descrente. Eu
obviamente sei sobre muito mais coisas que os dois juntos, e se
eles quiserem arrancar alguma coisa de mim, eles vão ter que
admitir o interesse por ela também.
— Você tem que ser mais específico, irmão.
— O que você sabe sobre ela? — Ade diz entredentes.
Eu consigo soltar meu segundo braço e me sento, puxando
minha faca do bolso para cortar a porra das raízes que envolvem as
minhas pernas.
— Interessante você me perguntar isso, irmão, tem algum
interesse nela? — eu pergunto apenas para mexer com ele.
— Eu só não quero ficar em desvantagem — Ade afirma
como se não fosse nada.
Olho para Acer e ele finge não estar interessado na nossa
conversa, mas vejo que nos observa pelo canto do olho.
Esses idiotas estão tão instigados quanto eu, mas nunca vão
dar o braço a torcer.
— Não muito — eu finalmente consigo me livrar e me levanto.
Jogo a faca no chão entre eles e vou em direção a porta.
— Onde você vai, porra? — Acer grita para mim.
— Atrás dela, óbvio. — Eu dou de ombros e luto contra um
sorriso.
— Então nos solte antes! — Ade pede, mas consigo ver o
veneno pingando das suas palavras.
— E deixar vocês estragarem a minha caça? Não, obrigado.
— Eu saio pela porta e consigo ouvir suas maldições. — Isso, se
mexam mais, seus filhos da puta.
Agora, onde o meu corvo está?
Respiro fundo e tento encontrar o seu cheiro enquanto eu
caminho pela floresta.
Eu quero encontrá-la, não apenas para punir a sua boceta
má, mas também para impedir que ela se machuque em qualquer
uma das nossas armadilhas ou bombas que estão espalhadas por
aí.
Porra, ela tinha que correr logo hoje? Logo depois de me
deixar de pau duro?
— Corvo, eu vou pegar você! — eu grito e espero alguma
resposta, mas não consigo nada.
— Você pode correr, mas não pode se esconder de mim! —
eu cantarolo enquanto corro entre as árvores e tento captar o cheiro
dela.
— Eu sempre vou pegar você! — eu grito mais uma vez para
as árvores na esperança de que ela ouça e crie bom senso.
Ouço um farfalhar ao longe e vou naquela direção, corro
enquanto tento pegar o seu cheiro novamente.
— Você pode se machucar, pare com isso e eu não vou ser
tão mau quando pegar você. — Eu não consigo controlar a risada e
digo:
— Brincadeira, eu vou sim. — Ouço outro som de passos e
tenho certeza que estou ainda mais perto.
— Desde que te conheci, eu monitoro cada passo seu, cada
respiração sua, cada batida do seu coração, não tem como você
fazer nada que eu não saiba, corvo, não tem como você fugir de
mim.
Continuo correndo na direção onde ouvi o barulho até que a
sinto.
Sinto o seu cheiro e corro o mais rápido que posso para
agarrar ela logo e impedir que essa diaba se machuque.
— Peguei você! — eu afirmo com um sorriso.
— Não, eu peguei você! — ela diz e quando eu me viro, vejo
um galho pesado vindo com tudo na minha direção e mal tenho
tempo de desviar antes que ele bata na minha cabeça com tudo.
Assim que ela percebe que errou, seus olhos se arregalam e sua
boca se abre.
— Boa tentativa, corvo. — Eu vou para cima dela e a agarro
antes que ela possa tentar escapar. — Mas a partir de agora, tenha
em mente que eu sempre vou pegar você.
Ela tenta escapar, mas eu a puxo para meu peito.
Ela tenta gritar, mas eu colo a minha boca na sua.
Ela tenta me empurrar e se soltar de mim, resistindo ao meu
beijo, mas quanto mais eu esfrego meu pau contra ela, mais mole
ela fica em meus braços e aos poucos vai cedendo.
Até que eu a tenho me beijando e tocando na mesma
intensidade em que eu estou beijando e tocando ela.
Eu a levo em direção a uma árvore e a prendo contra ela, me
forço entre as suas pernas até que ela desiste e as envolve em
minha cintura.
Pressiono ainda mais o meu pau contra ela e devoro a sua
boca com mais fome e Mirtez geme e se contorce em meus braços,
tentando ter mais atrito com o meu pau.
— Se você continuar gemendo assim, eu vou foder você
contra essa árvore — eu largo a sua boca e começo a beijar o seu
pescoço — e não vai ser bonito, vai ser duro, rápido e bom pra
caralho.
Consigo sentir o cheiro da sua excitação inundando o ar ao
nosso redor e minhas bolas doem com a vontade de foder a sua
boceta.
— Eu quero sentir você gozando em mim, quero sentir a sua
boceta me apertando tanto a ponto de cortar a circulação do meu
pau, quero você tão molhada que todos os animais daqui possam
ouvir seus sons enquanto eu te preencho. — Ela se esfrega ainda
mais em mim e sei que está quase vindo só com a descrição do que
vou fazer com ela.
Sei que se eu olhar para a minha calça ela vai estar com uma
marca de tão molhada que essa bruxinha está.
Eu até poderia deixar ela gozar bem aqui enquanto eu a beijo
e a toco, mas ela foi uma menina muito má para mim, então não vai
ganhar esse presente hoje.
— Ash... — ela sussurra entre gemidos.
— Sim? — eu pergunto com a voz rouca.
— E-eu tenho medo. — Essas três palavras são como um
balde de água fria no meu corpo, ela é literalmente a primeira
pessoa que eu não quero que se sinta assim comigo.
— De mim? — eu pergunto e me afasto para olhar em seus
olhos.
Ela abre a boca para me contar, mas então Acer chega com
um grito furioso e toda a fraqueza vai embora dela, é como se ela se
renovasse diante dos meus olhos. Toda a fragilidade se foi e agora
apenas existe uma mulher pronta para um combate se for
necessário.
— Te encontrei, bruxa — Acer diz com desgosto.
— Seu irmão foi mais rápido — ela diz sem fôlego.
Só então Acer parece notar o nosso estado e como o
pescoço dela tem vários tons de vermelho.
Ele respira fundo e rosna.
Olho para sua calça e é nítido o volume nela.
— Você é um filho da puta, irmão — Ade diz com um olhar
de fome enquanto olha para meu pequeno corvo.
— O que? — Ela arqueia uma sobrancelha para meus
irmãos.
— Pelo visto parece que eu fui o único que ainda não provou
você. — Ade olha para ela com intensidade. — Até amanhã eu
mudo isso.
Ele dá de ombros e se vira indo em direção a nossa casa.
Olho para Mirtez e ela está sem palavras olhando para ele de boca
aberta e com um olhar sanguinário.
— Nem sobre o meu cadáver — ela balbucia.
— Veremos — meu irmão diz ao longe.
— Vamos para casa — Acer diz e vai embora também.
— Casa? Como assim? Que casa? Minha casa? — Mirtez
questiona a Acer, mas como ele está com o ego ferido, não a
responde.
— Vamos, corvo. — Eu seguro o seu braço para que ela não
fuja novamente e a conduzo até a parte de dentro da nossa casa.
— Vocês tem que me soltar logo, já disse que não fiz nada!
Minha melhor amiga deve estar desesperada atrás de mim! — Ela
tenta se soltar de mim novamente, mas é em vão.
— Não estou preocupado com isso, corvo. — Eu dou de
ombros e continuo puxando ela pela floresta.
— Eu tenho uma vida! Vocês não podem fazer isso! — ela
grita e tenta me arranhar.
— De influencer, correto? A propósito, gostei muito dos seus
vídeos sobre Dark romance, você já pode se considerar sortuda por
estar tendo a mesma experiência dos livros que você lê — eu falo
com deboche.
Ela abre e fecha a boca várias vezes como um peixinho.
— Lei da atração, vocês bruxas deveriam saber mais sobre
isso, não? — eu pergunto com um sorriso.
— Quando eu disse que queria viver um romance igual dos
livros, não era isso que eu tinha em mente — ela reclama baixinho.
— Até porque isso aqui não é um romance, bruxa. Isso aqui é
literalmente a sua história de terror, porra. O seu inferno pessoal. —
Acer para na nossa frente e rosna para Mirtez.
— Ou sobre o quantas vezes você consegue gozar sem
desmaiar, vou descobrir isso essa noite — Ade afirma com
arrogância, lá da frente onde ele está liderando.
Mirtez fuzila a cabeça dos meus irmãos com os olhos
enquanto eu continuo arrastando-a.
— Relaxa, corvo. Acer só está com o ego ferido por ter ficado
com as bolas roxas e Ade está com ciúmes. — Eu dou de ombros.
— Eu não me importo com esses babacas, eu quero ir
embora.
— Você vai quando nos disser o que realmente você sabe. —
Ou talvez nem assim.
— Deixe pelo menos eu ligar para a minha amiga Katalina,
ela deve estar preocupada comigo... — ela pede.
— Não — eu respondo com um sorriso. — Não confunda o
que eu sinto com bondade. Eu não sou bom, amor.
— Babaca. Você não é melhor que eles — ela bufa com
raiva.

— Eu nunca disse que era. Eu sou o pior, você só não teve


um vislumbre ainda.

— Estou cansada. Não vamos chegar nunca? — ela


questiona pela quarta vez em menos de uma hora de caminhada.
— Foda-se — Ade grunhe lá da frente e vem em nossa
direção.
Ele para na nossa frente e se vira de costas para Mirtez.
— Suba — Ade diz.
— Que? – Mirtez pergunta confusa.
— Eu não aguento mais você reclamando de minuto em
minuto, suba nas minhas costas, eu carrego você.
— Não! — ela diz e dá um passo para trás.
— Como é? — Ade continua sem se virar para ela.
— Eu sou pesada e... — Eu e meus irmãos caímos na risada
antes que ela possa completar a frase.
— Eu sou a porra de um demônio, diabinha, o que você pesa
não é nada comparado a minha força.
— Mas... — Ela tenta novamente, mas Ade a interrompe com
um rosnado.
— SUBA! — ele ruge e ela toma um impulso para montá-lo.
— Isso mesmo, bem melhor.
— E se esse for mais um truque seu para tentar fugir, pode
ter certeza de que eu não vou pensar duas vezes antes de tirar a
minha cueca e colocar ela inteira em sua boca, bruxa — Acer avisa
em um tom frio.
— Você não vai superar nunca a joelhada? — Mirtez
pergunta desafiadora.
Acer fica nitidamente tenso e não responde.
— Acredito que isso seja um não. — Ela suspira.
Quanto mais tempo passamos andando, mais falante Mirtez
se torna, perguntando a todo momento se já estamos chegando,
para onde estamos indo e o que queremos com ela.
Acredito que a sua nova tática seja ser irritante, tenho certeza
de que ela está esperando por algum deslize para conseguir nos
prender e fugir novamente. Ela é realmente uma diabinha, como
Ade diz.
— Já estamos chegando? — ela pergunta pela
quinquagésima vez.
Acer rosna, mas antes que ele possa falar alguma coisa, eu o
interrompo.
— Eu já entendi o seu esquema, corvo, e já adianto que ele
não vai funcionar — eu digo enquanto caminho ao lado de Ade.
— Esquema? — ela pergunta com falsa inocência e com
pureza emanando dela.
— Ser irritante propositadamente e esperando uma
oportunidade para escapar, não vai rolar — eu informo e seu rosto
cai ao ser descoberta.
– Não me culpe por tentar. — Ela dá de ombros, nem um
pouco abalada por eu ter descoberto.
— Amanhã você vai me culpar por muitas coisas, pode
apostar — Ade murmura e aperta a coxa dela.
Ela dá um tapa no ombro dele e ri ao dizer:
— Espero que você se divirta com sua mão, babaca.
— Eu acho que vou me divertir mais com a sua boca. — Ele
continua acariciando a perna dela.
— Babaca — ela murmura.
Meu irmão está claramente incomodado por ter ficado de
fora, ele está tão mexido por ela quanto eu e saber que até Acer que
teoricamente a odeia já a beijou está matando ele.
É divertido ver as suas sutis demonstrações de ciúmes, o
filho da puta pode ser tão possessivo quanto Acer e tão obcecado
quanto eu quando ele quer.
MIRTEZ
Depois de me fazerem andar pelo que pareciam horas, tudo
bem que eu mal andei, passei a maior parte do tempo sendo
carregada por um demônio mal-humorado e muito gostoso,
finalmente chegamos a mansão. Sério, qual é o problema desses
demônios com mansões? Não conseguem ter uma casinha
pitoresca e apertadinha?
Tem sempre que ser essas mansões ostensivas e que me
chamam de pobre em sete idiomas diferentes? Sério isso?
Enfim, essa mansão não tem nada a ver com aquelas que
vemos nos filmes de sessão da tarde, onde elas são feitas de
madeira e tem aquela carinha de aconchegante.
Essa não é assim. Ela é totalmente moderna e nem parece
combinar com o ambiente onde ela foi construída, afinal, estamos
completamente isolados no meio do nada.
Andamos por horas até chegar nela e eu não vi nem uma
porcaria de uma cabana, não vi nada ao redor, nem um sinal de vida
para que eu pudesse pedir ajuda.
Ou talvez eu estivesse muito distraída com a mão daquele
demônio rabugento passeando pelas minhas pernas para procurar
por uma estrada que permitisse a minha fuga, mas só talvez.
A fachada da casa é toda de vidro, com metais em preto
segurando suas extremidades. Ela possui dois andares com espaço
para uma garagem embaixo e pasmem, com três motos
estacionadas nela.
Além disso, tem um caminho em volta da casa onde
facilmente dá para passar com um carro ou moto, com uma divisão
bem clara entre a floresta e o quintal da casa, quintal esse é bem
cuidado, com um jardim bonito e grama aparada.
Fico alguns segundos olhando tudo e embasbacada com o
lugar.
— Gostou do seu novo lar, diabinha? — Ade pergunta com a
voz rouca enquanto acaricia a minha perna de cima para baixo. Sua
mão é áspera e a cada deslizar dela, sinto pequenos arrepios pelo
corpo.
— Qual é o problema de vocês com casas grandes? Toda
tem que ser espalhafatosas assim? — pergunto para tentar mudar a
minha atenção da sua mão subindo cada vez mais na minha perna.
— O que? — Seus movimentos param com a minha
mudança abrupta de assunto.
— A outra mansão era enorme também, vocês não
conhecem o termo: casa pequena e aconchegante? — eu
questiono, realmente intrigada com aquele fato.
— Você está incomodada com o tamanho da casa e não pelo
fato de que vai ficar presa nela? Interessante. — Ele bufa e solta as
minhas pernas. — Acho que já consegue andar, certo? Mas se
preferir, posso te levar de outra forma, diabinha.
— Eu estou muito bem. — Eu me viro para seus irmãos e
Ash me olha com um sorriso malicioso enquanto Acer me devora
com os olhos. Curiosa, só então eu percebo que meu vestido rasgou
na parte de trás e que estou praticamente com a minha bunda toda
de fora.
— Droga! — Esse é o maior palavrão que eu me permito
dizer e tento juntar as partes de trás para que minha bunda pare de
dizer olá ao mundo. — Vocês estavam olhando esse tempo todo e
não me avisaram?
— Olhando o que? — Ade me vira de costas para ver
também.
— Eu estava apenas tendo uma degustação do que vou
comer mais tarde, corvo — Ash diz na maior cara de pau e lambe os
lábios.
— Minha — Acer grunhe e a fome que eu sinto em seu olhar
parece atiçar ainda mais o meu fogo.
Sinto como se eu fosse a porcaria de uma vela perto desses
demônios, qualquer coisa que eles falam já me derrete toda, minha
calcinha então nem se fala.
Encharcada é pouco para como estou me sentindo, odeio ser
tão fácil assim e é óbvio pelo sorriso deles que eles sabem
exatamente como estou me sentindo nesse momento.
— Vamos entrar. — Ash me puxa para dentro e eu tento olhar
mais um pouco para tentar bolar uma rota de fuga.
Tudo bem que meu comportamento pode não se parecer
tanto com alguém preso contra a sua vontade ou de alguém que
não quer realmente fugir.
Eu quero fugir! Eu realmente quero!
Mas eu também estou intrigada com tudo isso, afinal eu leio
Dark romance e eu já estou acostumada a todo esse mundo! Isso
tudo que eu estou vivendo é literalmente o que eu leio e eles são
gostosos demais para eu não ficar com vontade de descobrir o que
vem depois.
Posso estar completamente errada por ter esse tipo de
pensamento? Óbvio!
Isso pode ser literalmente uma síndrome de Estocolmo
ganhando vida? Claro!
Mas como eu já disse, eu sou leitora de Dark e quanto mais
gatilhos o livro tiver, mais eu me interesso por ele, então eu
obviamente estou perdida a muito tempo.
Então vou entrar no jogo deles, pelo menos um pouquinho.
O que de tão perigoso pode acontecer, não é mesmo?

— Esse é o seu quarto. — Ash não me apresenta a nenhum


cômodo da casa, ele me leva diretamente para o meu quarto, mas
tento memorizar bem os corredores para um futuro próximo
conseguir chegar à entrada antes de ser pega.
— E a cozinha? O banheiro? Como vou comer e ir fazer
minhas necessidades? — eu questiono, mesmo já sabendo a
resposta.
— Se você entrar, vai ver que tem um banheiro no quarto e
iremos trazer a sua refeição aqui para você — ele informa com um
sorriso.
— Então sou uma prisioneira aqui? — eu questiono, sempre
quis dizer isso.
— Sim, desculpe se te passei a sensação errada. Você é a
minha prisioneira e minha posse até eu dizer que não é. Ficou
claro? — ele pergunta com o mesmo sorriso, como se não tivesse
acabado de me sentenciar como um animalzinho dele.
Então eu abro um sorriso maior ainda e decido agir como ele,
passiva agressiva.
— Sim, seu babaca arrogante. — Entro no quarto e fecho a
porta em sua cara.
Me sinto muito melhor após fazer isso. Pode ser infantil da
minha parte? Sim, mas não me importo nenhum pouco com isso.
Olho ao redor do quarto e me surpreendo com todo o luxo
disponível para mim, nem em toda a minha vida eu iria conseguir
me dar tudo isso.
Mesmo que eu trabalhasse por anos a fio como
influenciadora, eu não iria conseguir comprar uma cama tão macia
ou travesseiros tão fofos quanto esses parecem ser.
Olho em volta com a boca aberta e noto cada pequeno
detalhe da decoração. Eu duvido muito que tenham sido eles que
decoraram tão bem e com um toque tão feminino.
Tem até uma mesa com maquiagens e produtos para cabelo.
Mas se não foram eles que fizeram isso, quem foi?
Sinto uma queimadura só de imaginar outra mulher vivendo
aqui e sendo seduzida por eles, mas me recuso a nomear esse
sentimento.
Não vai rolar.
Resolvo tomar um banho quente e longo para tirar toda essa
sujeira do meu corpo, me sinto suada e grudenta em partes que eu
nunca pensei que fossem estar assim.
Minha querida larissinha está toda melada e a calcinha uma
podridão só, infelizmente mais uma peça de roupa para o lixo, pelo
visto a única coisa que me sobrou foi o sutiã tomara que caia que eu
nem mesmo gosto.
Tudo por culpa daqueles idiotas. Sinto a raiva queimar dentro
de mim por eles me fazerem perder tantas peças de roupa, são as
minhas favoritas, poxa.
O banheiro também é extremamente luxuoso, com banheira,
ducha e até uma mini hidromassagem. Eu poderia jurar que esse
banheiro é literalmente do tamanho do meu apartamento.
— Desse jeito eu vou ficar mal-acostumada — eu murmuro
para as paredes.
Fico na dúvida entre a ducha ou a banheira. Estou tão
cansada e com tanto sono que poderia dormir facilmente sem me
lavar, mas sei que iria querer me matar no dia seguinte se deitasse
na cama tão suja como estou agora.
— Eu mereço me mimar por alguns minutos, não vai ser por
muito tempo, apenas um banho rápido de banheira — falo comigo
mesma, decidindo tirar uns minutinhos para me deliciar dentro da
enorme banheira que tem aqui.
Encho a banheira e deixo a água quase fervendo de tão
quente.
— Bem do jeitinho que eu gosto — eu gemo enquanto entro
na água de tão gostosa que ela está.
Pego alguns frascos que estão em volta da banheira e
despejo alguns sais e óleos na água.
— Muito relaxante — murmuro enquanto me recosto na
borda para descansar um pouquinho antes de me lavar
efetivamente.
Apoio a cabeça no encosto da banheira e fecho os olhos por
alguns minutinhos enquanto penso nas reviravoltas que a vida deu
até me trazer a esse momento.
Eu nunca imaginei que estaria nessa posição, sequestrada e
tomando banho de banheira? Quem diria, não é mesmo?
Sinto o sono vindo, mas tento lutar contra ele, afinal preciso
tomar meu banho logo e ir deitar naquela cama gostosa.
Mas e se eu descansasse só um pouquinho? Um cochilo não
faria mal a ninguém, certo?
Já não sei se sou eu pensando ou se isso também já faz
parte de um sonho que estou tendo, mas quanto mais tempo eu fico
com os olhos fechados, mais meu corpo afunda na água.
Até que tudo fica escuro e nenhum pensamento passa pela
minha cabeça novamente.
ADE
Já faz muito tempo desde que ela entrou naquele banheiro.
Quem leva tanto tempo para tomar um banho? Eu não consigo
entender esses humanos que parecem mofar dentro daqueles
espaços fechados com ­água.
Não é só lavar tudo até ficar cheiroso, se secar com a toalha
e colocar uma roupa? Qual é a desculpa para que eles demorem
tanto?
Continuo encarando as câmeras do quarto dela à espera de
que ela saia logo, mas dez minutos se transformam em vinte e
então em meia hora, até que eu finalmente decido entrar naquele
quarto e ver o que está acontecendo no banheiro.
Esse é literalmente o momento em que eu me arrependo de
não ter posto câmeras naquele cômodo também, não sei porque eu
tinha que concordar com Ash e respeitar a privacidade dela pelo
menos nisso.
Mesmo achando uma idiotice essa ideia de ter que respeitar
o espaço dela, eu me pego batendo em sua porta antes de entrar.
— Abra — eu rosno para a porta.
Espero alguns segundos por uma resposta, mas não ouço
nenhuma movimentação lá dentro.
— Abra, Mirtez, não me teste agora!
Continuo sem ouvir nada e sem receber nenhuma resposta e
decido entrar.
O pedido para ela abrir era apenas para ela sentisse que tem
um pouco de controle, afinal a chave estava comigo o tempo inteiro,
ela só iria girar a maçaneta.
Abro a porta e olho pelo quarto para ver se ela já voltou, mas
ela continua naquele banheiro. Indo naquela direção, eu penso em
bater novamente na porta, mas decido não fazer.
— Que se foda, não sou a porra do seu animal. — Chuto a
porta para que ela se abra, pois, a minha linda diabinha trancou
quando entrou.
— Eu acho bom você... — Eu corto minhas palavras com a
cena diante de mim.
Ela nua é uma puta visão do caralho, meu pau se contorce
em minha calça só com a mera visão dos seus seios.
— Mirtez? – Eu mal reconheço a minha própria voz de tão
rouca que ela está.
Ela não responde e eu não consigo ver seu rosto, eu só
consigo ver o topo de sua cabeça, seus seios e a parte de cima de
suas coxas.
E só isso já me dá vontade de foder ela até o esquecimento,
até que ela perca a sua maldita voz de tanto suplicar por mais.
— Mirtez, eu não sou a porra... — eu começo a dizer e então
reparo que ela não se mexe ou se vira, ela não reclama por eu estar
aqui e nem diz nada.
Saio da entrada do banheiro e vou em sua direção, curioso
do porquê ela não estar brigando comigo.
— Porra, Mirtez... — eu sussurro ao ver que ela está
dormindo dentro da banheira com o nariz a poucos centímetros da
água. — Se eu demorasse mais um pouco…
Sinto uma dor estranha em meu peito e não compreendo o
que pode ser, não me sinto bem pensando no que poderia ter
acontecido se eu não tivesse entrado aqui.
— Peguei você... — eu murmuro enquanto a levanto da água.
Seu corpo, que a um minuto atrás estava me distraindo
totalmente, agora não é mais uma prioridade, eu apenas sinto a
necessidade de saber como ela está e de que ela fique bem.
Eu me molho por inteiro ao pegá-la em meus braços e o
banheiro vira uma bagunça com toda essa água derramada, mas
não dou a mínima importância.
Eu a levo em direção a sua cama e a coloco lá com cuidado,
ajeito os travesseiros para que fiquem o mais confortável possível e
ajusto a posição do seu corpo para o que eu acredito que seja
agradável.
Não olho para suas partes íntimas ou para qualquer área
reservada do seu corpo. Agora que sei que ela está inconsciente,
me sinto culpado por ter visto seus seios.
— Que porra de demônio eu estou me tornando? A porra de
um maricas, só pode — eu sussurro para mim mesmo enquanto vou
pegar um edredom no armário para ela.
Pego o primeiro que encontro e a cubro. Mas antes de sair do
quarto, verifico a sua pulsação novamente só para ter certeza de
que ela realmente está bem.
Ela geme durante o sono e o som vai diretamente para o meu
pau.
— Controle-se, porra — rosno para mim mesmo enquanto
saio do seu quarto o mais rápido possível e então o tranco
novamente.
Volto para a sala das câmaras para observá-la dormir igual
um maníaco como meu irmão e me surpreendo ao ver que ele já
está lá.
— Ash? — eu questiono enquanto ele olha para as câmeras.
— O que aconteceu? — ele pergunta sem se virar para mim.
— Ela adormeceu dentro da banheira.
Ele solta uma respiração pesada e estala o pescoço.
— Ela não pode ficar sozinha — ele diz para mim, mas posso
ver seus olhos correndo como se estivesse bolando alguma coisa.
— Por isso colocamos as câmeras — eu digo o óbvio.
— Eu devo ficar com ela no quarto para garantir a sua
segurança — ele diz como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— E ela vai adorar, certo? Além de estar presa, também ter
um maníaco 24h ao seu lado — eu falo com ironia. — Contente-se
com as câmeras, porra. E não se esqueça que ela só está aqui até
que possamos consertar o que quer que ela tenha feito.
Ele rosna para mim e é quase palpável a raiva que ele emana
por ter sido contrariado.
A coisa que meu irmão mais odeia no mundo é ser
contrariado, ele se acha a porra do dono da razão e ouvir um não já
resultou em várias brigas entre nós três.
— Vá lutar hoje, esfriar a porra da cabeça — eu falo para ele
e ele não me responde.
Decido sair da sala antes que eu mate o filho da puta, não
tenho tempo para perder com ele agora.
Preciso ver se Acer já organizou as lutas de hoje e preciso
encaixar Ash de última hora.
— Sabe onde nosso irmão está? — pergunto antes de ir atrás
de Acer.
Ash não se dá ao trabalho de responder, ainda está muito
incomodado com o não que eu disse a ele.
Demônio temperamental do caralho!
— Acer! — grito ao sair da sala das câmeras.
Temos câmeras pelos corredores da casa a muito tempo, o
que não tínhamos era nos quartos, mas isso foi facilmente resolvido
quando decidimos trazer Mirtez para cá.
Por mais isolada e de difícil acesso que a nossa casa seja,
nós temos uma empregada em tempo integral, ela literalmente vive
na casa e mais parece um espírito do que uma pessoa.
Ela nunca passa dos jardins e está sempre longe da nossa
vista, nunca pede para voltar para a cidade, dorme e acorda aqui
todos os dias da semana desde que nos mudamos para essa casa.
E ela nunca reclama ou diz qualquer coisa.
As vezes eu me pergunto o que ela ganha vivendo aqui todo
esse tempo, além do enorme salário que ela recebe, é claro.
Mas de que adianta receber tanto se não sai para gastar ou
para viver a sua vida?
Não entendo a senhora Dollores e não me importo com seus
motivos, desde que ela faça o necessário, que não nos arrume
problemas e tirando isso está ótimo.
Aliás, foi ela quem arrumou o quarto para Mirtez e ajeitou
tudo o que tem lá em um tempo recorde, fiquei até impressionado.
Ela provavelmente deve ser alguma fugitiva da cadeia ou
coisa assim, porque simplesmente não faz sentido.
Mas enfim, continuo a procurar pelo meu irmão enquanto
penso que tipo de crimes a senhora Dollores pode ter cometido para
escolher essa vida ao invés de cumprir a sua pena e ir embora.
A não ser que seja perpétua ou pena de morte, esses seriam
bons motivos.
Enquanto viajo com meus pensamentos, acabo esbarrando
na velha sem perceber.
— Desculpe, senhor — ela diz com um sorriso amarelo e
abaixa a cabeça para sair rapidamente.
A maioria dos seus dentes estão pretos e alguns estão até
faltando, a aparência dela é enrugada e ainda diria que ela tem por
volta de 60 a 70 anos de idade.
Ela é uma senhora pequena, mas ágil, com os cabelos
brancos e a pele clara e a aparência de ser tão fina quanto papel.
Com certeza ela é uma fugitiva.
— Sem sombra de dúvidas — eu murmuro.
— O que? — Acer aparece na minha frente como se tivesse
sido invocado.
— Onde você estava, porra? — eu questiono.
Ele apenas ergue uma sobrancelha para mim e sei que não
vou arrancar nada desse filho da puta.
— Precisamos enfiar Ash em uma luta hoje.
— Por quê? — Acer questiona.
— Ele está com muita energia acumulada desde que
encontramos a bruxa e precisa descarregar isso o quanto antes.
— Eu concordo, acho que ele está muito ligado a ela.
— E você não? — eu pergunto com deboche.
— Estamos falando de mim ou dele, imbecil? — ele
questiona com raiva.
— Claro, claro... Admitir é difícil, certo? Às vezes também me
sinto assim — continuo a provocar ele.
Ele respira fundo e me dá as costas.
— Com quem ela vai ficar hoje? — ele pergunta ao invés de
cair na minha provocação.
— E se ela fosse conosco? — eu solto de uma vez.
— Está maluco, porra? Sem chances! — ele esbraveja.
— Não sei se você sabe, mas você não é nenhum líder aqui
e eu tenho certeza de que se perguntarmos a Ash ele vai concordar
sem pensar duas vezes.
— E toda a história dele lutar para tirá-la do sistema? E você
realmente acha sensato levar a nossa prisioneira, que já tentou fugir
várias vezes, para o nosso ringue com todos os seres sobrenaturais
possíveis reunidos em um só lugar?
Inferno! Ele tem razão. Por mais que eu não queira tirar os
olhos dela, ainda é muito arriscado levar ela para um local tão
público e tem a questão de o Ash estar viciado nela igual droga.
— Certo, mas da próxima eu irei levá-la, quero que ela veja
todos os meus músculos em ação.
Ele revira os olhos para mim.
— Que seja! Ela não vai ficar aqui tanto tempo assim.
Eu apenas levanto uma sobrancelha e não digo nada.
— Enfim, respondendo a sua pergunta, eu acredito que a
senhora Dollores é a única opção viável.
— Você realmente está louco! Aquela bruxa vai derrubar a
velha em segundos! – ele exclama.
— Algo me leva a crer que não. — Eu dou de ombros
repensando nas minhas hipóteses sobre aquela senhora.
— Se algo acontecer... — eu interrompo sua fala.
— O que vai dizer, que está apegado à velha agora? — eu
pergunto, com deboche escorrendo das minhas palavras.
— Não é da velha que eu estou falando, mas sim da nossa
prisioneira fujona.
— Até o momento, ela só fugiu quando você estava sozinho
com ela e quando você a estava prendendo contra a parede — eu o
relembro.
— Foda-se, faça o que quiser — ele cede e se senta
novamente em sua mesa.
— Eu já iria fazer. — Dou um sorriso para o seu olhar
rabugento e por algum motivo ele me envia um aperto direto no pau.
Sinto meu sorriso se desvanecer na mesma hora e me viro
rapidamente para sair da sala. Torço para que ele não tenha visto
nada e nem que perceba a diferença em meu cheiro.
Isso com certeza deve ser algum efeito do que quer que
aquela bruxinha tenha feito conosco, eu nunca olhei para o meu
irmão assim ou me senti assim por ele, não faz sentido nada disso
começar agora.
Se aquela diabinha não estivesse dormindo agora, eu iria
arrancar isso dela por bem ou por mal, não aguento mais não saber
o que realmente está acontecendo na minha cabeça.
Agora eu estou ficando duro por causa da porra de um olhar
do Acer? Foda-se, isso não está acontecendo!
Mas apenas para mostrar que eu estou errado e que não
mando nem no meu próprio corpo, sinto a porra das minhas bolas
se contraindo novamente e várias lembranças do meu irmão sem
camisa me vem à mente.
Tento andar mais depressa pelo corredor e dou um soco na
parede para evitar tocar no meu pau pulsante, mas nem isso é
capaz de me controlar.
Levo a minha outra mão ao meu pau e o aperto enquanto
imagino Acer fazendo isso.
Um gemido rouco escapa da minha garganta e tento lutar
contra as lembranças que tenho do seu pau duro e molhado
enquanto ele fode uma mulher na minha frente.
Isso não é novidade entre mim e os meus irmãos, nunca
tivemos problemas em assistir uns aos outros enquanto transamos,
mas o foco nunca foi a gente, mas sim a mulher em questão.
Começo o movimento de vai e vem, minha respiração
começa a ficar errática e minha pulsação acelerada, então solto um
rosnado por não conseguir parar e logo ele se transforma em outro
gemido.
— Foda-se... — O som sai rouco e ofegante até para meus
próprios ouvidos.
O atrito da calça com a cabeça do meu pau me deixa louco e
eu imagino que é o dedo de Acer me provocando enquanto continuo
a me masturbar.
Sinto a queimação na minha coluna começar e minhas bolas
se apertam ainda mais com isso.
Sei que estou quase lá e me sinto culpado por não sentir
nenhuma gota de vergonha pelo que estou prestes a fazer.
O nome dele vem minha boca, mas eu engulo a vontade de
gemer seu nome. Se alguém escutar, a situação pode ficar um
pouco estranha, não que eu me importe com a opinião dos outros,
eu realmente não me importo, mas ser pego gemendo o nome do
meu irmão é no mínimo estranho.
Minha boca se encheu de água ao me lembrar do seu pau
vermelho pulsando e naquele momento eu não me importei com
isso, eu mal o notei, mas agora eu daria tudo para tê-lo provado,
para saber se ele é de fato tão gostoso quanto parecia.
— Ac... — Eu quase gemo seu nome novamente, mas me
seguro e apoio minha testa contra a parede gelada enquanto
continuo lembrando de vários momentos em nossa longa vida.
Sinto que estou muito perto, sei que vou gozar imediatamente
se eu desabotoar a calça e finalmente tocar o meu pau, mas a
tortura está tão gostosa que decido prolongar ela mais um pouco.
— Se masturbando no corredor, irmãozinho? — Eu travo com
a voz que vem de trás de mim.
Merda!
ACER
Eu sou um hipócrita, teimoso e extremamente arrogante, mas
nunca pensei que eu fosse um fodido mentiroso, porque eu precisei
mentir para mim mesmo dizendo que não me importava quando vi
Ade se masturbando e claramente chamando por mim.
Eu precisei mentir para me impedir de me ajoelhar na sua
frente e tomar seu pau inteiro na boca, ali mesmo no corredor, sem
me importar com Ash, com Mirtes ou com a porra daquela velha
sinistra.
“ Ac... — ele quase geme o meu nome enquanto esfrega seu
pau furiosamente sob a calça e sinto meu próprio pau se contrair em
resposta à sua voz rouca.”
Só de pensar no que poderia ter acontecido naquele corredor
eu me sinto arrependido de não ter ido até o fim. Eu já tive
experiências com outros homens, mas nunca pensei que o meu
desejo fosse se estender até o meu irmão.
Eu nunca pensei nele daquela forma até recentemente.
Desde que aquela maldita bruxa chegou, eu me sinto mais
consciente dos meus irmãos, dos seus cheiros e de sua
proximidade.
É como se eu estivesse muito mais conectado com eles,
como se pela primeira vez eles estivessem dentro de mim do jeito
humano de sentir coisas.
Nós não nascemos e crescemos como os humanos, nossa
criação pura e exclusivamente por vontade de Lúcifer, não
existíamos e com a um simples desejo dele, lá estávamos nós.
Éramos os Pecados originais da Ira e tínhamos uma missão a
cumprir: tínhamos que espalhar a nossa essência pela terra até que
ela ficasse tão contaminada que não fosse mais necessário.
Precisávamos ficar juntos e assim foi desde então. Sempre
estávamos juntos e, com o passar do tempo, era mais cômodo estar
com eles do que sem eles e conhecíamos tudo uns sobre os outros,
aprendemos tudo ao mesmo tempo e compartilhamos dos mesmos
desejos, mas nunca passou disso.
Passamos a dizer aos humanos que éramos irmãos sempre
que eles perguntavam por causa da nossa proximidade e isso ficou,
mas nunca foi além de lealdade e comodismo. Mas desde que
aquela pentelha apareceu, eu sinto como se tudo estivesse
diferente, como se meus desejos e vontades tivessem mudado.
Eu não me sinto o mesmo ou olho para meus irmãos da
mesma forma e isso me irrita pra caralho, eu não quero me
interessar por eles ou por aquela bruxinha irritante.
Nem fodendo!
Olho com raiva para a ereção irritante que continua a latejar
toda a vez que me lembro do meu irmão chamando por mim com a
voz rouca.
Eu precisei dar tudo de mim para apenas me virar e voltar
para essa porra de escritório e olhar para essa tela de computador
como se eu realmente estivesse interessado nela e não em mamar
Ade bem no corredor de nossa casa.
— Não vou — eu resmungo para o meu pau enquanto me
remexo na cadeira em busca de algum alívio.
O maldito realmente precisava fazer isso ali e me lembrar dos
meus próprios desejos conflitantes? Era muito mais fácil ignorá-los
quando pensava que era apenas comigo.
Agora não consigo me impedir de pensar no e se.
Seria realmente tão ruim ceder e proporcionar a Ade o melhor
boquete que ele já recebeu em sua vida? Será que isso não seria
considerado um ato de bondade?
Eu poderia fazer só para equilibrar um pouco a balança do
bem e do mal, não por mim, mas por ele e pelo universo, ser bom
apenas uma vez…
— Foda-se, não — eu rosno para mim mesmo e continuo
olhando para o meu pau duro como uma pedra e dolorido pra
caralho.
— Estou atrapalhando alguma coisa? — Ash entra no
escritório e me tira dos meus pensamentos irritantes.
— Não, o que você quer? — eu pergunto sem interesse, com
minhas bolas me incomodando pra caralho.
— Tem alguma coisa te incomodando, irmão? — Ash
pergunta com um sorriso e pela maneira como seus olhos brilham
quando ele pergunta, eu imediatamente sei que ele está
escondendo alguma coisa.
— O que você quer? — eu pergunto novamente, me
recusando a cair em seu joguinho.
— Só saber a hora em que iremos sair, pelo visto eu não sou
o único precisando esfriar a cabeça e distrair a mente... — Ele deixa
no ar e pelo sorriso que ele dá eu sei exatamente o que ele está
querendo insinuar.
— Saímos em meia hora — eu informo, rangendo os dentes.
— Se for tomar banho, saiba que o banheiro de cima está
ocupado. Ade precisou usar com urgência…
— Fora! — Perco a calma e berro para ele sair.
Seu sorriso se alarga ainda mais quando ele diz:
— Se quiser uma ajuda para relaxar, estou à disposição. —
Ele lambe os lábios e sai do escritório com uma gargalhada.
— Porra! — Olho para o meu pau e vejo que agora ele está
mais duro que antes.
Rosno e sou obrigado a ir para o banheiro do meu quarto me
aliviar.

Dou a volta na casa para evitar passar em frente ao banheiro


onde Ade está, não sei se eu conseguiria me impedir se eu o
ouvisse gemendo o meu nome novamente.
Deixo o próximo soco me atingir e solto um grito de euforia.
Sinto a adrenalina percorrendo meu corpo e é bom pra caralho, o
sentimento de invencibilidade é a melhor parte da luta.
Me abaixo para desviar de outro soco e acerto a sua lateral
esquerda com meu punho direito e o vampiro que estou lutando
solta um som agudo e consigo até ouvir o som de CRAC da sua
costela se quebrando.
Abro um sorriso para ele e ele solta um rosnado quando tenta
me acertar novamente, dessa vez não facilito e desvio para a
esquerda quando ele tenta me acertar no meu ponto cego.
Uso minha perna direita para desequilibrá-lo e em segundos
já estou em cima dele, esmurrando seu rosto enquanto grito com
alegria.
Ouço o som do seu nariz quebrando e meu pau estremece
com a vontade de se enterrar em algum buraco essa noite.
Seu lábio e supercílio já foram arrebentados e ele tem tanto
sangue saindo de tantas partes, que eu paro meu ataque no seu
rosto por alguns milésimos de segundos apenas para sentir gosto
do seu sangue na minha língua.
— Delicioso — rosno no seu ouvido e volto a esmurrá-lo. Não
sei se ele percebeu o que eu fiz agora, mas tenho certeza de que
seus amigos do clã viram, pois o som de rosnados que vem da
plateia deixa bem claro que fiz alguns inimigos essa noite.
Experimentar o sangue de um vampiro é o maior ato de
desrespeito que você pode fazer a um clã e só piora tudo quando
ele não é capaz de se defender do ataque.
Sorrio quando o vampiro dá alguns tapas no chão em um
pedido claro de desistência e eu o solto com facilidade, mas não
sem antes correr meus dedos pelo seu sangue, me levantar e
prová-lo novamente olhando diretamente para seu clã de merda.
Alguns vampiros dão passos para frente como se fossem me
atacar, mas sei que isso não vai acontecer. Eles sabem a quem
essa porra toda pertence e tem amor a suas existências medíocres
para saberem bem que é melhor não se meterem no meu caminho.
Saio do ringue como a porra de um Deus, completamente
encharcado de sangue e com um sorriso arrogante no rosto.
— Desnecessário. — Ade vem ao meu encontro com uma
toalha na mão e com um semblante sério.
— O que? — eu pergunto com falsa inocência.
— Você realmente precisava desrespeitá-los assim na frente
de todos? Você sabe como eles são chatos pra caralho com essa
questão do sangue.
— Relaxa, você precisa esfriar um pouco a cabeça. — Noto
que ele não encontra o meu olhar enquanto fala comigo. Na real, ele
mal me olha, está sempre desviando o olhar para os lados ou para o
ringue, onde a nova luta já começou.
Meu pau salta com a lembrança do que aconteceu mais cedo
e preciso dar tudo de mim para não o puxar para o banheiro mais
próximo.
Ele acena com a cabeça para mim e se afasta sem dizer
mais nada.
Essa porra de tensão sexual não pode continuar e sei
exatamente o que fazer a respeito.
Sorrio para a ideia que acabei de ter e vou em direção a
saída dos fundos do galpão, mas antes pego meu canivete que
deixei com o barman antes da minha luta.
Saio de dentro do espaço e sou cumprimentado por uma
lufada de ar fresco. Eu não tinha percebido que lá dentro estava tão
abafado até me deparar com o frescor que está aqui fora.
Inspiro o ar puro aproveitando ao máximo o cheiro das
árvores, lá dentro está fedendo a pau sujo e suor, alguns
lobisomens não são conhecidos por sua limpeza.
Lembrar da última loba que peguei me faz enrugar o nariz e
ter a certeza de que nunca mais vou me envolver com nenhum lobo,
seja macho ou fêmea.
Vou em direção ao estacionamento improvisado e logo
reconheço a moto em que Ade veio para o clube hoje. Olho ao redor
para ver se tenho alguma testemunha e não vejo ninguém olhando
para onde estou.
Não que eu me importe que me vejam, não me importo, mas
prefiro que Ade entre de boa vontade no meu carro essa noite e se
ele descobrir, vai encher a porra do meu saco, então meu plano iria
por água abaixo.
Me agacho ao lado do pneu traseiro e o perfuro três vezes
para ter certeza de que a câmara de ar foi estourada e que ele não
vai conseguir sair daqui hoje com essa moto.
Meu peito se aperta, pois é uma moto muito bonita para
sofrer esse dano, mas infelizmente é necessário.
— Amanhã eu venho buscá-la, princesa — me despeço da
moto como um beijinho no tanque e me afasto rapidamente, pronto
para entrar novamente.
Mas sou interceptado no meio do caminho por uma mulher
brava. Reconheço seu cheiro imediatamente e me lembro do toco
que essa demônia da luxúria me deu no passado e me lembro de
quem ela é amiga.
— Katalina Rills, é melhor você ter um motivo muito bom para
invadir meu espaço pessoal desse jeito. E o único motivo que eu
considero muito bom é um pedido de desculpas por ter me rejeitado
antes — eu falo antes que ela possa me dizer alguma coisa.
Minhas palavras parecem ter o poder de enfurecê-la ainda
mais. Ela abre e fecha a boca algumas vezes antes de finalmente
tentar me bater, mas eu seguro seu punho com facilidade.
Por mais que ela também seja uma demônia, eu sou muito
mais forte que ela, sou muito mais antigo e sou um demônio maior,
ou seja, só se ela me pegasse desprevenido, como a sua amiguinha
gosta de fazer, que ela teria alguma vantagem sobre mim.
— Onde ela está, porra? — ela rosna com raiva para mim.
— Ela? — eu pergunto com falsa inocência.
— Você sabe muito bem sobre quem estou falando, seu filho
da puta — ela grunhe com raiva.
— Esclareça para mim e tome cuidado como você dirige a
mim, não se esqueça de quem você é e de quem eu sou. — Aplico
um pouco mais de força em seu pulso enquanto falo e a solto com
um sorriso.
— Eu fui aonde Mirtez disse que iria e imagine só a minha
surpresa ao descobrir que ela nunca chegou a entrar no café
naquela noite. Então eu decido procurá-la pelos arredores e então
sinto a porra do seu cheiro misturado ao dela. — Ela se aproxima
ainda mais de mim.
Eu arqueio uma sobrancelha para ela e não digo nada.
— Onde ela está, porra? — ela quase grita, mas olha ao
redor para ver se tem alguém nos observando.
Eu abaixo a cabeça para ficar com o rosto na sua altura, já
ela é alta, mas não tão alta como eu sou.
— Não sei do que você está falando, mas vamos supor que
sei exatamente de quem você está falando, você realmente acha
que iria conseguir me intimidar para conseguir qualquer informação
de mim? — Eu a olho de cima a baixo para enfatizar o meu ponto.
— Você... — ela começa, mas eu coloco um dedo em seus
lábios para interrompê-la.
— Deixe-me repetir para ver se fica claro para você: eu não
sei de quem você está falando e você já me irritou o suficiente,
então dê o fora da minha frente ou vai se arrepender por ter vindo
aqui hoje e a sua amiga não será a única a desaparecer.
Devo admitir que a demônia tem coragem, pois ela estufa o
peito e me encara por alguns segundos antes de desviar o olhar e
me ameaçar com alguma coisa que eu não entendi muito bem.
Ela se afasta rapidamente e pega seu telefone, indo em
direção a floresta que nos cerca.
Olho sua bunda balançando por alguns segundos, mas não
me sinto mais atraído como antes, a única que domina meus
pensamentos é uma bruxinha irritante e bocuda.
Eu rosno ao lembrar dela e meu pau salta para vida
novamente, mas arrumo ele dentro da cueca e sigo para dentro do
galpão novamente, ansioso para a hora de ir embora.
MIRTEZ

TRÊS ANOS ANTES...

— Vai ser bom, baby, a quanto tempo você não relaxa assim?
Confie em mim, eu já deixei algo de ruim acontecer a você? — Scott
pergunta enquanto tenta colocar o comprimido na minha boca
novamente.
O som da festa deixa quase impossível escutá-lo direito e me
esforço para falar alto o suficiente para que ele possa me
compreender e não ficar chateado comigo. Scott não costuma
aceitar um não facilmente, essa característica dele é o que mais me
irrita.
— Não quero, pode se divertir com seus amigos, eu prefiro
estar consciente enquanto danço e inclusive posso ser a motorista
da rodada. — Eu empurro sua mão novamente para longe do meu
rosto.
Eu poderia jurar que ele me dá um olhar de raiva, mas em um
piscar de olhos ele está com aquela expressão de cachorrinho que
caiu da mudança, então provavelmente é coisa da minha cabeça.
Zac, seu melhor amigo, se abaixa e sussurra algo em seu
ouvido que o faz abrir um sorriso e acenar com a cabeça para ele,
então ele deixa o jardim e vai em direção a casa onde está rolando
a festa.
— Tudo bem, se você não quer não irei insistir. — Ele guarda
o comprimido no bolso novamente. — Senta no meu colo, por que
você está tão distante?
— Não estou distante, só não gosto de ser pressionada a
fazer algo que não quero. — Eu desmancho um pouco do biquinho
que estou fazendo e me aproximo mais dele, mas ainda não me
sento em seu colo, sou pesada e não quero machucá-lo.
O som da festa está muito alto, mesmo do jardim é possível
ouvir claramente a música Animals do Maroon 5 tocando. Me
remexo um pouco no banco que estamos sentados, mas não me
levanto para dançar, não gosto muito dos amigos com quem viemos
para a festa e não me sinto confortável com seus olhares, sinto
como se eles estivessem rindo de uma piada que só eu não sei.
Para começo de conversa eu nem queria estar aqui fora, mas
Scott e seus amigos queriam fumar e eu não queria ser a única a
empatar o rolê. Eu até sugeri que eles saíssem sozinhos, mas Scott
insistiu tanto dizendo que queria aproveitar cada minuto do nosso
primeiro Halloween juntos, que me senti mal por negar.
Por mais que alguma coisa no fundo da minha mente me
dissesse que não era para eu estar ali, eu ignorei e vim com ele,
afinal, essa não é a nossa primeira festa juntos e sei que, por mais
que ele insista para que eu relaxe com esses “comprimidinhos da
alegria”, ele sempre respeita o meu não.
Não vou ser hipócrita e dizer que nunca senti vontade de
experimentar, eu já senti. Inclusive, assim que conheci Scott, eu
menti dizendo que já havia usado, afinal eu queria parecer
descolada, não queria ser a única caloura do grupo que nunca usou.
Todos os seus amigos usam de tudo que se pode imaginar,
ele também usa e eu queria muito me enturmar. Era meu primeiro
ano longe do clã, eu só conhecia Katalina, mas todos os amigos
dela me rejeitaram logo de cara e não consegui me enturmar com
eles.
Até que Scott entrou para a mesma classe de
Neuroanatofisiologia e se interessou por mim e me apresentou a
sua roda de amigos. Ele era mais velho que eu e só estava na
matéria do primeiro semestre pois tinha perdido antes e não havia
conseguido vagas na classe até então.
Eu me dei bem com ele logo de cara e aqui estamos nós no
nosso primeiro Halloween juntos e…
— Porra! Foi mal, baby, não vi que seu copo estava aqui. —
Scott acaba de derrubar toda a minha bebida na grama. Eu só
estava bebendo refri, mas fiquei triste pois foi uma luta encontrar
alguma bebida que não fosse alcoólica. Hoje eu realmente estava
com um pressentimento ruim, então queria estar o mais sóbria
possível para caso acontecesse algo.
— Tudo bem, eu vou lá dentro ver se encontro mais para
mim, só um minutinho... — Eu tento me levantar, mas Scott segura
meu braço e me impede.
— Relaxa, baby, pedi a Zac para pegar um copo de refri para
mim também, já bebi o suficiente por hoje e não quero que você
seja a única sóbria, é chato ter que cuidar de um monte de
marmanjos bêbados. — Ele abre um sorriso para mim e me dá um
beijinho no rosto enquanto volta a conversar com seu amigo Travis e
dono da festa.
Eu não lembro dele dizendo nada para o seu amigo. Eu me
lembro do seu irmão falando com ele e ele apenas acenando com a
cabeça, mas talvez eu apenas não tenha percebido ele cochichando
de volta.
— Mas como seu irmão vai saber onde tem mais
refrigerante? Para eu conseguir achar foi um sufoco — eu questiono
com curiosidade.
— Eu disse onde guardei — seu amigo Travis responde por
ele e pisca um olho para mim.
Ele é o amigo que eu menos gosto, sinto que ele fica me
devorando todas as vezes que olha para mim, como se eu não
fosse uma pessoa, mas sim um objeto. Já reclamei disso com Scott,
mas ele apenas diz que é implicância minha ou coisa da minha
cabeça, que eu estou me achando demais.
Mas eu posso jurar que não é isso, eu realmente sinto uma
energia ruim tanto dele, quanto de Zac, mas do seu melhor amigo
eu nunca reclamei pra ele, sei que ele não iria acreditar também.
— Que carinha é essa, baby? Não está gostando de ficar
aqui fora não? — ele pergunta, mas antes que eu possa responder,
já vem com uma solução. — Travis disse que aquela casinha perto
da piscina é bem tranquilo pra gente ficar. Ele disse que lá tem uns
puffs e tem TV também, o que acha?
Ele aponta para um quartinho perto da piscina onde
obviamente é guardado materiais para a casa ou itens de
manutenção, aquele lugar não se parece em nada com o que ele
descreveu.
— Pra gente quem? Eu, você, Travis e Zac? — eu questiono
incrédula com a sua sugestão.
— Não, baby, Tom e até a Mariah também vão ficar conosco
— ele diz e tenho quase certeza de que ele não percebeu a careta
que eu fiz ao ouvir o nome do seu outro amigo que iria nos
acompanhar.
Olho para Tom de rabo de olho e percebo que ele
acompanha toda a nossa conversa com expectativa. Eu posso estar
apaixonada por Scott, mas não sou burra. A forma como ele e seus
amigos estão agindo me deixa nervosa e não me sinto segura em
ficar isolada com eles em um quarto, por mais que Scott e Mariah
vão estar juntos, eu não quero ficar trancada com eles bêbados e
drogados como estão.
Olho em direção a casa e posso ver Zac e Mariah vindo
juntos lá de dentro, ela parece suada como se estivesse acabado de
sair de uma maratona de corrida, seus olhos tem aquela nuvem que
sempre fica quando estão chapados demais para saberem onde
estão.
— Eu acho melhor não, prefiro ir embora agora, mas podem
se divertir sem mim — eu respondo pegando a minha bolsa no chão
e me levantando rapidamente antes que Scott tente me segurar
novamente.
— O QUE? POR QUÊ? — ele pergunta visivelmente irritado.
— Eu não estou me sentindo bem e... — Sinto um bafo de
cerveja no meu pescoço e me arrepio inteira, meu sexto sentido
grita para que eu corra, mas tento manter a calma.
— Não está com medo de nós, está? – A voz de Zac vem de
trás de mim e sinto ainda mais o cheiro de cerveja carregado em
suas palavras. — Você sabe que não faz o tipo de ninguém aqui,
certo?
Ele pergunta com zombaria e posso ouvir as risadinhas vindo
do seu irmão.
— CALE A PORRA DA BOCA! — Scott grita com Zac e fico
feliz por ele me defender do seu amigo imbecil. Tento não
demonstrar o quanto suas palavras me afetaram, mas sinto meu
queixo tremer um pouco.
Sei que a intenção dele foi me humilhar por causa do meu
peso, sei que não sou nem o tipo de mulher que Scott costuma
namorar, mas eu já estou tão ferrada da cabeça por sempre ouvir
comentários desse tipo que dói, mesmo não querendo ser realmente
o tipo dele, dói saber que nunca vou ser desejada como a Mariah ou
a Katalina são.
— Vou embora, Scott — eu anuncio ao meu namorado e me
inclino para beijar a sua bochecha antes de ir.
— Tome pelo menos a porra da bebida que peguei para você,
pare de ser infantil, estragando a festa para todo mundo. — Zac
empurra o copo de bebida na minha mão e se afasta com raiva.
Bebida que ele trouxe para mim? Scott havia dito que era
para ele, tenho certeza disso. A minha vontade é de jogar esse
líquido bem na cara desse idiota, mas me seguro, eu aperto o copo
com força e ele se amassa derrubando um pouco do líquido na
minha mão.
Scott se levanta do banco para me acalmar, me abraça e
sussurra em meu ouvido:
— Não ligue para ele, baby, ele está apenas bêbado e
drogado, está falando qualquer coisa para te irritar, fique mais um
pouco por mim — Scott pede, mas não tenho cabeça para continuar
aqui.
— Não, estou de saída. — Me viro para sair, mas ouço Zac
me chamando de vadia ingrata e simplesmente surto.
Viro o copo inteiro de uma vez só na boca, mas a última
golada eu chacoalho de um lado pro outro na boca, me viro para ele
e cuspo tudo em sua cara.
Todos ficam me olhando com expressões idênticas de
choque, mas Zac é o primeiro a sair desse estado e vem para cima
de mim como se quisesse me matar e nesse momento ele já não
parece mais tão bêbado.
— SUA PUTA DO CARALHO! — ele berra e posso jurar que
vi seus caninos se alongando, mas deve ser só coisa da minha
cabeça mesmo.
Scott é o segundo a sair do estupor e entra na minha frente
para me defender.
— EI, EI, EI, CALMA, IRMÃO, JÁ ESTÁ FEITO, PORRA! —
ele grita para Zac e o empurra para trás. Com suas palavras, Zac
parece sair do seu estado de fúria cega e abre um sorriso frio para
mim.
— Tenha uma boa noite, puta — ele diz e se vira de costas
para mim, puxando Mariah pelo braço e ela o segue como um
cachorrinho alucinado. Nem sei se ela se deu conta do que acabou
de acontecer, ela está tão chapada que duvido muito que tenha
percebido qualquer coisa.
Sinto um aperto no coração por ela, Mariah é uma pessoa tão
legal e tão alto-astral, não merecia ter Tom como namorado, ele
nem parece se importar com ela. Seu irmão a puxa de qualquer jeito
e ele nem tenta intervir por ela ou ver se ela está bem.
Continuo acompanhando Zac levá-la para o mesmo quartinho
que Scott queria que eu fosse e isso me faz queimar de raiva e me
questionar sobre quem realmente está do meu lado.
Me viro para ir embora com o coração apertado, mas sei que
sozinha eu não conseguiria tirá-la dali, por mais nojento que Tom e
Zac sejam, eu não acredito que eles iriam fazer algo a ela, afinal,
antes de ser a namorada de Tom, ela era a única mulher do grupo,
eles se conhecem desde a infância, ou coisa assim.
Quando dou o primeiro passo para me afastar de Scott,
Travis e Tom eu sinto minhas pernas falharem e, quase vou ao
chão, mas Scott me pega rapidamente.
— Peguei você — ele diz e me coloca sentada novamente.
Minha mente começa a girar, sinto como se tivesse rodado
por horas e minha língua começa a pesar. Sinto meu coração
disparar no peito e minha respiração se torna mais superficial.
— O que está acontecendo? — tento perguntar, mas só sai
um som inteligível dos meus lábios.
— Eu quase pensei que a puta não fosse beber — Travis diz
sorrindo para mim.
— Sim, porra! Quando ela cuspiu uma parte, eu senti vontade
de enfiar a porrada na cara dela — Tom diz com uma risada.
Ouço a inconfundível risada de Scott e meu mundo cai
quando ele concorda com Tom.
Eu olho para eles como se estivesse assistindo a uma série
de TV onde a mocinha é a última a descobrir que os vilões estavam
ao seu lado se aproveitando dela o tempo inteiro. Eu sempre morri
de raiva de personagens assim, mas agora estando na pele de uma,
eu sabia como é difícil acreditar nos seus instintos quando todos te
chamam de surtada.
Você só compreende a dor do próximo quando passa pelo
mesmo trauma que ele.
Scott percebe a dor em meus olhos enquanto o olho e
apenas me dá um sorriso frio que eu nunca vi em seu rosto e me
apoia quando perco a força para me manter sentada.
Quero gritar para que ele me solte, mas nada sai dos meus
lábios quando eu tento. Abrir a boca demanda uma força surreal e
quando finalmente consigo, já não tenho mais forças para falar.
Apenas gemo quando ele me toca, não consigo nem me
soltar dos meus braços quando ele me pega sem jeito, movo meus
olhos ao redor e não vejo ninguém para conseguir ajuda e a
primeira lagrima escorre assim que vejo para onde estou sendo
levada: o maldito quartinho da piscina.
Por fora eu pareço calma e tranquila, mas por dentro estou
em um turbilhão de emoções. Mas o que mais sinto é culpa, por um
dia pensar que realmente poderia ser amada por um homem como
ele, culpa por não ter confiado em meus instintos e culpa por ter
confiado em um homem.
Uma porta se abre e movo os olhos para ver onde estamos.
A primeira coisa que ouço é o estalo de corpos batendo com força e
rapidez, meus olhos levam alguns segundos para se acostumar com
a escuridão dentro do quarto, mas assim que eu vejo sinto, desejo
continuar sem enxergar.
Minha bile sobe ao ver a cena de Zac fodendo o corpo sem
vida de Mariah enquanto grava tudo em seu celular.
— Chegou na hora certa, putinha, essa aqui já esfriou.
ASH
Volto antes do tempo e deixo Acer e Ade para trás pois não
aguento mais pensar em Mirtez sozinha naquela casa com a nossa
empregada silenciosa. Se ela acordar, pode tentar escapar e eu não
acredito que uma idosa como aquela seja capaz de segurar aquela
bruxinha escorregadia.
Antes de ir embora, eu avisei a Acer que estava indo e ele
me alertou para tomar cuidado para não ser seguido. Não que isso
realmente seja algum problema para nós, afinal nossa casa é
protegida o suficiente para eu saber que só vai entrar ou sair de lá
quem eu realmente quiser.
O que não é o caso da demônia intrometida que foi atras do
meu irmão e que agora está enchendo a porra do meu saco
tentando me seguir disfarçadamente.
O que ela obviamente não sabe fazer, pois já sei que ela está
em meu encalço. Eu realmente não estou interessado em ter outra
luta hoje, mas se ela continuar a me seguir, não sei se terei outra
escolha.
Lutar contra aquele lobo foi um saco, ele não estava
realmente interessado em lutar contra mim, só foi obrigado pelo seu
alfa por causa da surra que levaram na outra noite e eu podia farejar
o medo nele, o que tornou as coisas um pouco entediantes.
Eu gosto dos meus oponentes orgulhosos e confiantes, gosto
de ver eles quebrarem diante dos meus olhos, gosto de ver suas
confianças ruírem. Quando é tudo me dado de bandeja não tem
graça alguma, a luta mal durou dois minutos antes que ele
desistisse.
Ao invés de me aliviar eu saí mais frustrado do que já estava,
se isso for possível.
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez
O nome dela se repete como um mantra na minha cabeça e
eu voo pela estrada mal prestando atenção aos meus arredores,
seus olhos negros como os de um corvo vem e vão em meus
pensamentos.
Dou um soco no volante e afundo mais meu pé no
acelerador. Quero descobrir cada segredo seu, quero desvendar
todas as nuances de sua personalidade, quero saber do seu maior
pecado e o seu maior desejo profano, quero me banhar nos sons
dos seus gemidos, quero possui-la de corpo e alma, quero que ela
seja minha e só minha.
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
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Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez,
Mirtez, Mirtez, Mirtez, Mirtez
Meu lado são sabe que isso é loucura, sabe que eu nunca
fiquei assim por nenhuma mulher e sabe que alguma coisa está
realmente acontecendo.
Mas o meu lado obcecado? Ele não dá a menor ideia para
nenhuma das possibilidades, ele apenas sabe o que quer e não vai
parar até conseguir. Ele diz que vai passar por cima de quem for
necessário e deixar pelo caminho quantos corpos forem precisos.
Ele é a porra de um psicopata e está torcendo para conseguir o
maior número de corpos possíveis, ele gosta disso e está sedento
por sangue.
Vejo novamente a porra do farol daquela demônia e meu
corpo implora para derramar o sangue dela. Já consigo sentir ele
escorrendo pelas minhas mãos e entre meus dedos, uma vontade
louca de extravasar guerreiam dentro de mim, mas sei que talvez
isso seja imperdoável para meu pequeno corvo. Sei que se eu matar
a sua amiga agora ela vai acabar descobrindo em algum momento e
isso pode me atrapalhar com ela.
Solto um rosnado baixo e freio o carro com tudo no meio da
pista, saio do meu veículo e me encosto na lataria enquanto a
aguardo.
Katalina se aproxima aos poucos e estaciona seu carro perto
de mim. Aguardo enquanto ela toma coragem para sair do carro e
não me mexo até que ela se aproxime.
Ela sai do carro e consigo sentir o medo pingando dela, mas
se você olhasse para ela não conseguiria notar que está se cagando
de medo.
Inspiro mais fundo, me aproveitando dos seus sentimentos e
quando ela fica a um passo de distância, eu me viro para ela e
arqueio uma sobrancelha de forma questionadora.
— Por que você está me seguindo, Katalina?
— Eu sei que você está com Mirtez, não adianta mentir sobre
isso... — ela diz com a confiança que eu sei que não sente, mas eu
a interrompo antes que ela possa concluir sua frase ameaçadora.
— Mentir? — Eu não consigo conter a risada e gargalho em
sua cara. — Por qual motivo exatamente você acha que eu iria
mentir para você? O que você, uma demônia menor, poderia fazer
para mim, para que eu me sentisse acuado a ponto de mentir?
Nada, certo? Então não, Katalina, eu não vou mentir para você, não
me importo o suficiente com você para isso.
Posso sentir a raiva queimando nela e isso me alimenta. Eu
torço para que ela dê logo o primeiro passo e me acerte, com ela
sim seria uma luta razoável, por mais que eu não possa matá-la,
uma luta até quase a morte teria que servir.
Eu continuo encarando-a com expectativa, esperando que ela
dê o primeiro passo, mas me surpreendo quando sinto sua raiva
esfriando, sem nem ao menos me dizer qualquer grosseria. Inferno,
vejo que vou sair mais uma vez decepcionado nessa noite.
— Você está com ela ou não está? — ela pergunta
entredentes.
— Sim, estou, por quê? — pergunto entediado, já que sei que
não irei conseguir o que eu quero aqui.
— Acho bom você devolvê-la! Ela é minha amiga e as coisas
não vão terminar bem para você se continuar com ela! — ela
exclama e eu fico surpreso com essa demônia da luxúria. O poder
dela equiparado ao meu é a mesma coisa que nada e me desafiar
assim, sabendo que nunca ganharia, requer muita coragem e amor
pela sua amiga. Ela ganha alguns pontos comigo por isso, mas não
o suficiente para que eu a leve até Mirtez.
— Eu não vou perder meu tempo aqui com você, pequena
demônia da luxúria, mas só porque gostei da sua atitude pela minha
garota, saiba que ela está bem e adorando a estadia conosco, então
não enche o saco e vai arrumar o que fazer. — Eu seguro seu
queixo enquanto falo e deixo vazar um pouco do meu poder para
que ela não tente nenhuma gracinha contra mim.
Ela respira fundo e fixa seu olhar no meu ao dizer:
— Eu quero ver ela em breve. — Ela puxa o queixo do meu
agarre e se vira para ir embora.
Demônia abusada, ela saiu rebolando, entrou no carro e
arrancou com ele sem me dirigir outro olhar.
Eu suspiro e entro novamente em meu carro, estou tão
pilhado que minha vontade é encontrar algum filho da puta idiota o
suficiente para cruzar o meu caminho essa noite e acabar com ele
em questão de segundos.
Se bem que, parando para pensar, essa talvez não seja uma
má ideia, eu realmente posso acabar com algum desgraçado
apenas para desgastar um pouco dessa energia acumulada.

Finalmente em casa e com sangue pingando por toda a


parte, é assim que eu estou nesse momento. Já é quase manhã e
eu perdi totalmente a noção do tempo enquanto brincava com
aquele idiota.
Depois do meu encontro frustrante com Katalina, eu resolvi ir
atrás de um antigo incômodo que estava martelando ao fundo da
minha cabeça. A casa onde Mirtez estava naquela foto em que eu
encontrei não me era estranha, fiquei alguns minutos pensando e
então um estalo me veio à mente: ela pertencia a uma família na
qual eu já fiz muitos favores, uma família de uma antiga hierarquia
de lobos.
E como eu já fui muito bonzinho para eles, eu resolvi cobrar
alguns favores, mudei a minha rota e fui em direção a casa, mas me
surpreendi ao descobrir que quase ninguém morava mais lá.
Não deve ter tanto tempo assim que eu os ajudei da última
vez. Lembro que foi para encobrir algumas mortes que aconteceram
lá enquanto o filho mais velho dos Maddox dava uma festa, se não
me engano foram mais de dois cadáveres que eu e meus irmãos
tivemos que lidar, isso porque um deles pertencia a outra família da
hierarquia dos lobos, não me lembro ao certo quem, mas sei que fui
muito bem recompensado por isso na época.
Eles não podiam deixar vazar, pois fazia pouco tempo que as
matilhas haviam se aliado e inclusive um dos mortos era amigo do
Maddox mais velho, amigo justamente por causa dessa aliança e se
todos descobrissem o que aconteceu naquela noite, a aliança que
tinham firmado iria por água abaixo.
Por coincidência, eu acabei esbarrando com o Alvo Maddox
enquanto procurava pelo caseiro que cuidava da residência, pois a
casa principal estava vazia.
Ele se assustou ao me encontrar ali e senti a desconfiança
dele ao falar comigo. Ele me olhava como se tivesse medo de que
eu soubesse alguma coisa, como se estivesse tramando algo. Eu já
queria um propósito para machucar alguém essa noite, o velho só
me deu um bom motivo para fazê-lo.
E cá estamos nós agora, eu com sangue por todos os lugares
e com pedaços de pele em locais que não gosto nem de pensar e o
senhor Maddox debaixo de sete palmos por não ser um bom
fofoqueiro.
Ele resistiu tanto para falar que a única coisa que consegui
arrancar dele foi:
“Você só vai descobrir quando for tarde demais, seu demônio
de merda!” e então ele cuspiu na porra do meu sapato e eu
simplesmente não aguentei, eu matei aquela porra daquele lobo
velho com gosto. Lembro com prazer dos sons molhados da minha
lâmina picando a sua carne, perfurando órgãos e músculos sem
nenhum problema.
Porém me arrependi um pouco da minha decisão depois, eu
podia tê-lo torturado mais e brincado mais com ele, agora vou ter
que ir atrás da família dele para saber o que está acontecendo.
Seu filho mais velho é o meu próximo alvo: Travis Maddox.
Vou descobrir o que aconteceu naquela noite com Mirtez e vou
descobrir o que eles estão escondendo de mim.
Muito em breve, cabeças irão rolar e sei que nenhuma delas
será a minha ou dos meus irmãos e muito menos de Mirtez, afinal
ela é minha agora e vou fazer o que for necessário para mantê-la
segura, mesmo que ela não concorde com os meus meios.
Falando nela, decido ir até o quarto para ver se ela já
acordou e comeu alguma coisa. Passei em seu café favorito vindo
para cá e obriguei os funcionários a fazerem todos os tipos de cafés
que eles tem no cardápio, isso tudo antes de abrir, para que ela
possa experimentar ele sem sair de casa.
Tenho certeza de que ela ficará feliz com isso. No pouco
tempo em que a conheço, ela já se mostrou extremamente viciada
nesse néctar amargo. Não consigo entender essa fixação que os
humanos e ela tem por essa bebida amarga e fedorenta.
E eu falo disso com propriedade, pois quando voltei para o
carro, levei cada um dos copos ao nariz para cheirá-los e ver se
eram seguros para ela beber. Não experimentei nenhum pois não
estava interessado em me torturar, mas só pelo cheiro já deu pra
notar que essa porra só pode ser nociva a saúde, mas não estava
envenenado.
Olho para ela adormecida na cama e sinto vontade de deitar
ao seu lado, ela dorme tão bem que até mesmo deitar embaixo de
sua cama para ficar perto dela não parece tão absurdo assim.
Fico alguns segundos admirando-a enquanto dorme e enfim
saio de lá, cansado pra caralho e morrendo de vontade de entrar
embaixo do chuveiro logo.
Nesse momento a frase: “Eu mataria por um banho” não me
parece tão absurda também, eu realmente mataria por bem menos
que isso.
Começo a tirar minhas roupas pelo corredor, elas estão duras
de sangue e não quero isso infestando os meus aposentos, deixo
para que nossa governanta pegue amanhã e lave.
O bom dela é que nunca reclamou ou perguntou sobre
nenhuma das peculiaridades minhas e dos meus irmãos, ela sempre
aceitou tudo muito bem e com um pequeno sorriso falso no rosto.
Não compro a sua fachada de boa velhinha. Uma boa
velhinha nunca aceitaria nada do que fazemos ou não fingiria não
ouvir os gritos de socorro que Mirtez deu enquanto esmurrava a
porta do seu quarto.
Eu sei que essa mulher esconde alguma coisa, mas desde
que não me afete, não me importo em não descobrir.
MIRTEZ

TRÊS ANOS ANTES...


​Não, não, não, não, não, não, não…
A palavra não para de se repetir em minha cabeça. Por favor,
mãe, não deixe que isso aconteça comigo. Eu sei que desobedeci a
você e seus fundamentos, mas por favor, não deixe que isso me
aconteça, me dê forças para enfrentar meus inimigos e sair dessa
situação, eu lhe imploro.
Eu rogo para que a mãe de todas as bruxas me ouça, eu
rogo para que nesse momento ela não me abandone, pelo menos
não novamente.
Mas ela parece tão inalcançável, que sinto que quanto mais
eu peço, mais boba eu pareço, como se não houvesse ninguém lá
por mim. Sinto minhas preces serem em vão igual foram no
passado, quando as bruxas do meu clã tentaram fazer aquelas
atrocidades comigo.
Eu também rezei à mãe, mas a única coisa que eu ouvi
naquela noite foram as risadas das bruxas mais novas enquanto eu
era torturada pelas minhas irmãs, ou melhor dizendo, por aqueles
monstros que se diziam ser as minhas irmãs, que diziam só querer o
meu bem, que se autodenominavam bruxas boas, como se essa
história de bondade realmente existisse naquele meio.
Tento me desligar e pensar em qualquer outra coisa que não
seja o meu presente, que não seja a mão de Travis apertando meus
seios enquanto esfrega seu pau mole em minha bunda. Meus
membros estão tão pesados e me sinto tão fraca por não conseguir
me defender agora. Eu sou uma idiota por ter acreditado que
alguém iria me amar assim, que a pessoa realmente estaria comigo
por amor e não por interesse próprio.
CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA,CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA,CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA,CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA,CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA,CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA,
CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA, CULPADA,CULPADA,
CULPADA, CILPADA, CULPADA, CULPADA, CULPADA, CILPADA.
COMO EU PUDE SER TÃO BURRA!
BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA,
BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA,
BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA,
BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA,
BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA,
BURRA, BURRA, BURRA, BURRA, BURRA.
Eu tento gritar quando sinto a mão de Travis subindo pela
minha coxa, tento sair do seu aperto, mas mal me mexo e o
pequeno movimento que eu fiz me faz sentir como se eu tivesse
corrido uma maratona inteira.
Olho para o lado e a imagem de Mariah sendo enrolada em
um cobertor e arrastada para o canto do quartinho faz meu
estômago se revirar, então vomito em mim mesma e Travis me solta
com um palavrão.
Caio no chão com tudo e sinto uma lágrima escorrer pelo
meu rosto. Tento mover meus braços para levantar, mas é em vão,
eu me sinto como se estivesse me movendo em câmera lenta e eles
são rápidos demais para mim.
— PUTA NOJENTA! — ele grita e me desfere um golpe com
a sua mão.
Scott, o homem que eu acreditava que me amava, apenas
observava tudo como se não me conhecesse, como se eu fosse
uma estranha para ele.
Eu não consigo gritar e nem desviar dos outros golpes que
vem a seguir, só consigo chorar e me culpar por ter me colocado
naquela situação. Já não tenho mais forças para pedir ajuda à mãe,
eu só torço para que isso acabe o mais rápido possível.
— Pare de bater nela, porra! Como vou comê-la se ela
parecer um monstrengo desfigurado? — Tom pergunta irritado, me
puxando do chão.
— Ela vomitou na minha mão, porra! — Travis reclama e
ganha uma risada de Zac, que já terminou com o corpo.
— Precisava mesmo tê-la matado? — Scott fala pela primeira
vez.
— Desculpa, cara, me empolguei demais — Zac diz com uma
risada, dando de ombros.
— Porra, eu nem consegui a minha vez! — meu ex-namorado
exclama com falsa irritação.
— Eu prometo que nessa eu vou por último — Zac brinca
quando se refere a mim. — Mas a outra ainda dá para usar, só está
um pouco melada.
Scott faz uma expressão de nojo e me toma dos braços de
Tom. Tento olhar em seus olhos, mas ele se recusa a olhar para
mim.
DESGRAÇADO COVARDE! OLHE NOS MEUS OLHOS!
Eu sinto vontade de gritar, mas a minha boca se mexe saindo
apenas um sussurro ilegível.
— Ah, eu acho que ela está tentando te pedir ajuda, amigo.
— Tom acena com a cabeça para mim enquanto ri.
— Sua putinha, ele nunca vai te ajudar, ele que bolou todo o
esquema. Porra! —Tom debocha de mim e ri com mais vontade.
— Temos que andar logo com isso, enquanto a festa está
rolando e os gritos podem ser abafados — Travis diz.
— Mas a putinha não vai gritar, certo? Ela gosta de ser
fodida, eu mesmo já vi os vídeos que Scott fez sem que ela
soubesse, eu vi como ela geme e pede por mais pau enquanto ele a
fode — Zac diz e vejo a diversão brilhando nos seus olhos quando
ele vê a dor refletida nos meus.
— Vídeos? Por que ninguém me mostrou, porra? — Travis
reclama
Eu gemo com a dor que começo a sentir pelo meu corpo
onde Travis bateu e Scott finalmente olha para mim. Eu não
reconheço o mesmo homem que eu namorei, ele me olha
completamente diferente. A maldade brilha em seus olhos e eu
finalmente enxergo o verdadeiro Scott Hale por trás da máscara que
ele sempre usava quando estava comigo.
A pessoa que conheci era apenas um personagem, era
apenas uma fachada para a sociedade, esse é o verdadeiro Scott,
não o cara amoroso e brincalhão que eu conheci, mas sim esse
monstro que nunca se importou comigo, que só quis me usar e
machucar.
— Você deve estar se perguntando o porquê, certo? Por que
ele está fazendo isso? Ele está sendo obrigado? Por que ele não
me olha? O que está acontecendo? — ele me ridiculariza, afinando
a voz como se fosse eu que estivesse perguntando, como se ele
estivesse lendo a minha mente e me dizendo exatamente o que eu
estou pensando. — Eu não preciso te dizer nenhuma dessas coisas,
sua vaca, mas eu vou dizer porque quero ver a porra da dor
brilhando em seus olhos, ela me excita.
— Vamos, porra! Pra que esse monólogo do caralho? É só
foder essa vadia e pronto. Meus pais dão um jeito no resto, eu já
disse a vocês, só não quero testemunhas — Travis diz irritado
enquanto olha pela janela do quartinho.
— CALA A PORRA DA BOCA! JÁ ESTOU CANSADO DE
VOCÊ ENCHENDO O SACO! — Zac surta e grita com Travis, que
claramente se segura para não dizer nada ou voar na cara de Zac.
— Foda-se, não quero mais me envolver nessa porra, essa
boceta gorda nem vale a pena mesmo. Só terminem logo e não
fodam com tudo! — Travis sai batendo a porta do quartinho com
tudo.
— Finalmente esse merda do caralho saiu, não sei nem
porque estamos andando com esse viado do caralho! — Tom
exclama.
— Você sabe que a aliança é importante, irmão, precisamos
disso — Zac fala baixo com seu irmão enquanto Scott me leva para
o mesmo sofá que Mariah estava.
— Parem com essa merda de clube da Luluzinha, já estou
ficando farto de estar por fora — Scott reclama e me empurra
deitada, não consigo me segurar enquanto caio e quando meu
corpo bate com tudo naquele sofá velho. Meus machucados gritam
agonia, solto um gemido dolorido e Scott ri de mim.
— Ela é gorda, mas ainda dá para o gasto — Zac, o melhor
amigo de Scott, comenta enquanto olha furiosamente para a porta.
— Po-por favoo — eu tento implorar por ajuda, mas as
palavras saem baixas demais para que eles escutem.
— O que você disse, vadia? — Zac pergunta.
— Ela não disse nada, eu que estou falando com ela agora!
— Scott me segura pelos cabelos e puxa minha cabeça para cima, a
dor no meu coro cabeludo é insuportável e ele consegue ver isso
em minha expressão, pois sorri. — Chore novamente, eu gosto pra
caralho quando você chora.
Ele pontua a sua frase apertando ainda mais seu punho nos
meus fios, fazendo com que eles se estiquem ainda mais. Sinto o ar
me faltar de tanta dor, todo o meu peso está suspenso pelo meu
cabelo e parece uma agonia sem fim.
— Sabe por que eu escolhi você? Porque você era um alvo
fácil, sempre carente demais, desesperada demais por atenção,
carinho e até amor. Você era fácil, Mirtez, e foi unicamente isso que
te fodeu. Ver você caindo no meu jogo foi bom pra caralho, a
sensação de ser um Deus da manipulação era boa demais. Você foi
tão burrinha, geralmente a gente espera isso das loiras, certo?
Talvez as ruivas estejam também no mesmo barco. Ou será que é
porque você é gorda e ninguém te quer? — Suas palavras são
como um soco no meu estômago, mas além da dor, eu sinto algo
mais potente, uma fúria fria queimando dentro de mim, como se eu
pudesse me tornar de gelo, como se assim que eu fizesse isso nada
mais seria capaz de me machucar.
— Mas sabe, eu até que gostei de comer você, ver você
sempre tentando me agradar como a porra de um cachorrinho, foi
tão bom. Sempre fazendo tudo que eu pedia, sempre desesperada
pela minha aprovação. Você não teve pai, né? Isso é tão típico. —
Ele gargalha cada vez mais enquanto fala. — Sempre que eu dizia:
“Estou muito orgulhoso de você, minha princesa.” Era como se você
ganhasse a porra do seu dia, com apenas aquela frase ridícula eu
consegui te controlar, Mirtez. Você me deu esse poder sobre você.
— E agora você está aqui, pronta para ser fodida por todos
nós e então ser morta. Que fim de merda, não é? — Zac debocha
de mim enquanto Scott continua me olhando com triunfo em meus
olhos.
ADE
As coisas saíram um pouco do controle. Tudo começou
quando Ash anunciou que ia embora depois da luta de merda que
ele teve. Acer também já estava de saco cheio e com vontade de ir
embora, então eu concordei com ele e fui para o estacionamento.
Minha intenção era voltar na minha moto, da mesma forma
como eu vim, mas assim que cheguei nela, eu notei que algum filho
da puta havia furado meus pneus, e não tinha nenhum sobrando no
clube. Acer não aceitou ir em casa buscar um para mim e não me
deixou usar a porra do seu carro para ir buscar.
Eu fiquei puto com isso e o xinguei pra caralho até que o
clima entre nós ficou tenso novamente, não do tipo violento, mas o
tipo de tensão que geralmente precede ao sexo mais violento que
você pode ter na sua vida.
Mas quando eu pensei que Acer fosse fazer alguma coisa,
ele apenas balançou a cabeça e disse que se eu quisesse chegar
em casa hoje, era para entrar em seu carro naquele momento, pois
ele já estava indo embora e que não iria me esperar.
Isso quebrou totalmente o clima e só conseguiu me deixar
mais irritado do que eu estava. Eu entrei em seu carro sem muita
vontade, mas era isso ou ter que voltar andando por todos aqueles
quilômetros e eu não estava nenhum pouco afim de correr uma
maratona essa noite, eu não tinha nem energia para isso.
Sentei no banco do carona e mal tinha fechado a porta
quando ele arrancou com o carro. Liguei o rádio do carro para não
haver espaço para conversa fiada e a primeira música que tocou foi
a porra da música nova do The Weeknd.
Fill The Void estava berrando nos alto falantes e justamente
na parte onde ele fala sobre escolher alguém para preencher seu
vazio e todos nós sabemos sobre qual vazio ele está falando.
E como se só isso não fosse o suficiente para deixar as
coisas estranhas, Acer ainda começou a cantar em um tom baixo e
com a sua voz rouca.
Oh, I choose you to fill your void, yeah
​Oh, I choose you to fill you up, to fill you up, hey
​Oh, I choose you to fill the void, yeah
Em qualquer outro momento, eu teria rido pra caralho da cara
dele, mas com toda a energia sexual desse carro, era impossível
fazer qualquer coisa além de respirar fundo e usar toda a minha
força para me impedir de acariciar o meu pau enquanto eu o
imaginava fazendo comigo todas as coisas que ele estava cantando.
Eu realmente gostaria de vê-lo tentar preencher o meu vazio.
Meu pau salta em concordância com o meu pensamento e o short
que eu estava usando era aqueles com tecido super leve utilizados
no ringue. Mesmo que eu estivesse de cueca, também era nítido a
grossura do meu cacete marcando o short pra quem quisesse ver.
Mesmo diante da situação, continuei olhando para a estrada sem
me tocar, por mais que meu corpo implorasse por isso.
Mas Acer não teve a mesma ideia e aqui estamos nós agora.
Acer joga o carro para o acostamento e me assusto com o
movimento, pois estava perdido em todos os pensamentos mais
profanos possíveis, coisas que até Lúcifer se envergonharia.
— Que porra? — eu tento perguntar com uma voz séria, mas
ela apenas sai rouca e necessitada.
— Sai do carro — ele ordena e abre a sua própria porta para
sair também.
Fico alguns segundos sem saber se obedeço ou não. Eu
gosto de me fazer difícil, não posso entregar tudo de mãos beijadas,
certo?
— AGORA, PORRA! — O seu grito e a pancada que ele dá
no capô do carro me tiram dos meus pensamentos e eu abro a porta
para sair logo.
Vou até onde ele está e noto que ele está segurando uma
corda em suas mãos. De onde ele tirou essa porra eu também não
sei, mas quero saber o que ele pretende fazer com ela.
Paro em sua frente e arqueio uma sobrancelha em sua
direção. Não digo nada, espero que ele comece com qualquer coisa
que esteja planejan…
Mas meus pensamentos são interrompidos quando ele acaba
com a nossa distância e me puxa contra ele. Sua boca está quente
contra a minha e eu sinto como se a sua pele estivesse fervendo
sob os meus dedos.
Ele me devora com um apetite voraz, sua língua invade a
minha boca e sinto a baba escorrer do meu pau. Luto contra um
gemido até que sua mão vai para o meu cabelo e ele o puxa com
vontade. Normalmente não gosto que encostem no meu black, mas
quando ele faz dessa forma, eu sinto como se pudesse gozar de
tanto tesão que sinto.
— Era isso que você queria, hein? — ele pergunta e esfrega
seu pau contra o meu, sinto que o dele está tão duro quanto o meu
e dessa vez eu não sou capaz de controlar, o primeiro gemido
escapa da minha garganta e ele o engole com a sua boca.
Para qualquer um que nos visse agora, o nosso beijo iria
parecer uma coisa suja e desleixada, mas o tesão é tanto que não
me preocupo em fazer nada sexy, eu apenas quero devorá-lo, quero
consumi-lo por inteiro até saciar a minha fome dele.
— Acer... — eu gemo seu nome sem fôlego e ele desce para
o meu pescoço, mordiscando e dando beijos quentes que me levam
cada vez mais a beira. Sinto como se fosse gozar nas minhas
calças e ele nem encostou na porra do meu pau ainda.
— Eu vou te preencher essa noite... — ele sussurra o trecho
da música no meu ouvido como uma promessa e eu não vejo a hora
dele cumprir ela.
— Eu quero que você me foda, Acer — eu peço.
— Só quando você implorar, querido. — Ele passa o nariz
pelo meu pescoço e pressiona o seu pau ainda mais contra mim.
— Por favor, Acer, por favor, me foda hoje — eu imploro sem
um pingo de vergonha por isso.
— Você sabe como eu gosto de sexo, certo? Você sabe que
eu gosto dele sujo e duro, sabe que eu não fodo com carinho ou
devagar. Quando eu te foder eu vou te destruir, você realmente quer
isso? — Ele beija minha boca novamente e sei que fez isso apenas
para me fazer pensar com o pau e não com a cabeça.
Suas mãos descem para meu pescoço e ele o aperta para
que meu fluxo de ar seja cortado. Ele continua a me beijar e eu sinto
sua língua em todos os locais. Ela escapa da minha boca e ele
continua descendo pelo pescoço até parar em uma parte sensível
dele e chupar com vontade.
— Foda-se, sim... — eu murmuro sem me lembrar com o que
eu estava concordando.
— Ótimo, bom garoto — ele diz com um sorriso aprovador
enquanto coloca a mão em meu ombro e me empurra para baixo até
que eu esteja de joelhos no asfalto, olhando para ele com
expectativa.
— Então me prove com a sua boca o quanto você quer isso,
irmãozinho — ele diz a palavra irmãozinho com deboche, o que me
provoca ainda mais.
Seus shorts são do mesmo material que o meu, ele está sem
camisa e seu peito ainda tem resquícios de sangue da luta anterior.
Eu lambo seu abdômen enquanto vou descendo até a altura do seu
quadril.
Paro bem acima do começo do seu pau e quando estou
prestes a descer sua roupa, ele me segura.
— Não tão rápido, me dê suas mãos — ele exige e eu as
levanto para que ele possa utilizar a corda para prendê-las. Ele as
amarra com força e aperta até que o sangue pare de circular para
elas.
— Agora sim. — Ele solta meus pulsos amarrados e eles
caem inutilmente na minha frente. Esse filho da puta sabe como me
provocar.
Eu rosno para ele e utilizo minha boca para descer seus
shorts e cueca, mordo com força a pele do seu quadril e ele puxa
meu cabelo para que eu olhe nos seus olhos novamente.
— Eu quero que você engula tudo sem engasgar e se
engasgar, eu vou foder a sua boca sem piedade até que lágrimas
escorram pelo seu rosto. Você me entendeu? — ele rosna para mim
e quando dou um micro aceno de cabeça, ele solta meu cabelo e eu
volto para a tarefa de libertar seu pau do short.
Quando finalmente consigo descê-lo e ele fica somente de
cueca na minha frente, eu decido provocá-lo um pouco também. Eu
coloco minha boca sobre seu pau por cima da cueca e começou a
lambe-lo.
Passo minha língua lentamente da base até a cabeça do seu
pau enquanto o olho nos olhos, e vejo que sua mandíbula está
trancada e suas pupilas já se dilataram com a luxúria. Ele respira
com dificuldade e suas mãos se abrem e fecham ao seu lado.
Ele está dando tudo de si para não me segurar e foder a
minha boca até o talo nesse exato momento.
— Ade, não brinque com fogo, porra — ele diz ofegante —,
ou eu juro…
— Ou o que? — eu o desafio. — Ou você vai me foder duro e
sujo? Se for essa sua ameaça, eu espero que você tenha noção de
que ela não tem nenhum efeito sobre mim, é exatamente o que eu
quero, Acer.
— Porra... — Então ele perde o controle e finalmente faz
exatamente o que eu estava salivando para que fizesse.
Ele tira seu pau da cueca e não tenho nem tempo para
apreciá-lo, pois ele logo o enfia em minha boca e começa a fodê-la
sem nenhuma gota de piedade ou misericórdia. Ele é duro, bruto e
forte.
Seu pau vai e vem na minha boca com tanta velocidade que
eu não consigo nem respirar. Suas duas mãos estão na minha
cabeça enquanto ele geme meu nome e a estrada ecoa apenas os
nossos sons.
Minhas bolas ficam mais pesadas e da forma como minhas
mãos estão amarradas, me tocar se torna uma missão impossível e
o máximo que eu consigo para me aliviar é roçar meu pau contra
elas, mas isso acaba não se tornando suficiente.
Ele continua a me foder com força. Sinto minha garganta
doer com o seu tamanho e com a força das suas estocadas. Seu
pau é grosso o suficiente para que eu tenha dificuldade em mantê-lo
dentro de mim, meus lábios doem por estarem esticados ao máximo
e lágrimas começam a brotar em meus olhos.
Quando eu me engasgo, ele não para ou diminui o ritmo, ele
apenas segura minha cabeça com o seu pau até o final por alguns
segundos enquanto eu continuo me engasgando e quando ele
finalmente me solta, eu ofego desesperado por um gole de ar.
— Eu te falei, porra... — Ele me olha com um meio sorriso e
volta ao massacre brutal a minha boca. Acer fica quente como o
inferno sob meu toque e sei que ele está próximo, pois seus
gemidos se tornam mais longos e as pausas menos frequentes.
Meu rosto está encharcado pelas lágrimas que escorrem dos
meus olhos e minha calça está extremamente molhada de pré
sêmen, me sinto como uma torneira que não para de pingar.
— Foda-se, abra a boca e ponha a língua para fora... — Acer
ruge em sua liberação e eu faço exatamente o que ele pede, pronto
para sentir seu sêmen quente escorrendo pela minha garganta.
— PORRA! — ele grita quando goza e sinto jatos quentes de
esperma na minha língua e rosto. Ele ainda treme um pouco após
gozar, mas quando volta a si, me dá um sorriso safado e se agacha
para ficar na minha altura, lambe onde seu esperma caiu na minha
bochecha e então toma a minha boca em um beijo provando seu
próprio sabor.
Ele me ajuda a levantar e eu estico minhas mãos para que
ele as desamarre, mas ele só arqueia uma sobrancelha pra mim e
me empurra contra a lateral do carro.
— Você realmente achou que iria acabar assim? — ele
questiona, mas não me dá tempo para responder antes que tome
minha boca na sua novamente e enfie a mão dentro do meu short.
Eu não estava preparado para isso, eu realmente não estava,
então o gemido que eu solto é tão desesperado que ele rosna e me
beija mais intensamente. Sua mão acelera dentro da minha calça e
ele solta a minha boca para murmurar:
— Seu pau está tão escorregadio, porra.
Suas mãos descem e ele acaricia minhas bolas exatamente
como eu gosto. Seu toque é firme e poderoso, mas não ao ponto de
machucar, na fodida medida certa.
— Acer... — eu gemo seu nome mais uma vez.
— Porra, assim você vai me deixar duro novamente, é isso
que você quer? — ele pergunta enquanto beija o meu pescoço.
Quando ele chupa o lóbulo da minha orelha é o meu fim, eu
venho na sua mão com um gemido torturado e ele volta a beijar
minha boca enquanto eu convulsiono.
Quando finalmente volto para a realidade, ele está me
olhando como se pudesse me devorar e eu sei que sou um filho da
puta por gostar de vê-lo tentar.
Ele retira a mão da minha calça e ela está toda suja com meu
gozo. Ele olha para sua mão e abre um sorriso safado.
— Que menino mal, olha a bagunça que você fez — ele diz
com um tom de repreensão. — Abra a boca para limpar a mão do
seu dono.
Eu abro como se fosse a porra do seu cãozinho de estimação
e espero contente por novas ordens.
— Lamba. — Ele coloca sua mão diante de mim e me olha
com expectativa.
Eu coloco a língua para fora e lambo cada um dos seus
dedos melados com o meu gozo e então passo para a palma da sua
mão. Meu sabor é salgado, mas tão gostoso quanto o dele, então
lamber meu esperma de sua mão não é nada além de saboroso.
Quando ele se dá por satisfeito, ele acena a cabeça e baixa a
sua mão. Toma a minha boca na sua mais uma vez como um sinal
de parabenização e prova do meu gozo em minha língua.
— Muito bem. Agora vamos para casa, quero foder Ash
também — ele diz, mas antes de sair esfrega seu pau em mim
novamente e eu noto como ele já está duro de novo.
— Insaciável — eu brinco e ele pisca um olho para mim.
Eu o desamarro e dou um último selinho em seus lábios, ele
tenta me puxar para mais, mas me afasto rindo.
Abro a porta do carro e entro enquanto espero que ele faça o
mesmo, assim que ele entra, ele se vira para mim e abre um sorriso.
— Rapidinho você — ele diz e explode em risadas.
— Vai se foder — eu digo dando o dedo do meio para ele
enquanto tento disfarçar um sorriso. Sabia que o idiota iria falar que
gozei rápido. — Babaca.
Ele ri ainda mais e arranca com o carro.
Babaca do caralho. Enquanto ele dirige, eu só consigo
pensar no que ele disse sobre Ash, sobre o que ele quer fazer com
ele quando chegar em casa. Seria interessante ver os dois assim,
eles são tão mandões e tem uma dificuldade enorme de seguirem
ordens, fico pensando em quem dominaria quem? Ou será que seria
uma luta até o fim pelo poder?
Se Mirtez já estiver acordada, talvez eu possa descobrir se a
gatinha realmente tem garras e se ela gosta de usá-las nas horas
mais sujas. Meu pau pulsa ao pensar naquela diabinha, gostaria
muito de ver o seu corpo escultural novamente.
Mas com ela acordada e pedindo para que eu a foda com
força enquanto meus irmãos observam, seria bom demais, afinal, eu
fui o único que ainda não a beijou, nada mais justo do que eu ser o
primeiro a fodê-la.
Vou tentar convencê-la dessa ideia antes que meus irmãos
fodam tudo com o interrogatório, ou melhor dizendo, antes que Acer
foda tudo. Esse cara às vezes parece que tem um pau enfiado na
bunda, principalmente quando ele não quer admitir que quer algo ou
alguém de quem não gosta.
O cara fica simplesmente insuportável.
— Por que você está me olhando com essa cara? — Acer
questiona e me tira de meus devaneios, nem percebi que havia
começado a encará-lo, ops.
— Que cara? — eu tento desconversar.
— Como se estivesse planejando alguma putaria. Está com
cara de safado — ele diz com um sorrisinho.
— Talvez eu esteja, mas você só vai descobrir quando
chegarmos em casa.
Ele ri e acelera ainda mais como carro.
Hoje a noite promete!
ASH
Já faz dois dias que ela não acorda, que porra de cansaço é
esse? Não faz sentido ela dormir por tanto tempo assim. Já pensei
em acordar ela, mas meus irmãos, por mais preocupados que eles
também estejam, não acreditam que seja uma boa ideia fazer isso.
Eles acreditam que por ela ser uma bruxa, isso pode ter
alguma coisa a ver, mas isso não faz sentido para mim. Quero
perguntar a alguma bruxa de nosso clube sobre isso, mas não quero
levantar nenhuma suspeita, então logo descartei a ideia.
Já basta a porra daquela demônia farejando em torno de mim
e dos meus irmãos, não quero atrair a atenção das bruxas para uma
possível desertora de um de seus clãs.
Olho para a câmera do quarto dela novamente e vejo que
nada mudou, nem a porra da posição em que ela estava deitada da
última vez em que olhei.
Ela parece a porra de uma estátua, sem se mexer, comer ou
falar. Ela até faz algumas caretas durante o sono, mas nada além
disso.
Acer e Ade estão se pegando pelos corredores quando
pensam que eu não estou olhando. Sei que eles também me
querem, mas ainda não consigo processar isso, não com ela assim.
Estou irritado pra caralho e com os nervos à flor da pele, sinto
que a qualquer momento eu posso explodir…
— Já chega! — Acer irrompe pela porta da sala das câmeras
e me tira dos meus pensamentos.
— O que? — eu pergunto sem interesse.
— Não aguento mais vê-la assim. Temos que acordá-la,
fodam-se as consequências — ele esbraveja e sai novamente.
Olho para as câmeras pela última vez e vejo que Ade já se
encontra lá, como se todos nós fossemos atraídos por ela, como a
abelha rainha atrai seus zangões.
Me levanto e vou em direção ao quarto dela para tentar
também, mas assim que chego à porta, vejo porque meus irmãos
estão parados na entrada e embasbacados olhando para ela.
Mirtez finalmente acordou, mas não parece muito com ela
mesma, pelas câmeras eu não podia ver o quão suada e pálida ela
estava. Ela já é normalmente pálida, mas agora parecia que estava
morta.
Seus lábios estavam quase da mesma cor de sua pele, seus
olhos estavam fundos e sem a luz que me acostumei em tão pouco
tempo, ela não parecia a mulher desafiadora e vibrante que eu
conheci.
Ela parecia uma menina frágil e quebrada, como se o menor
dos ventos fosse capaz de derrubá-la. Não gostei de ver ela dessa
forma, não gostei de me sentir impotente com isso, minha vontade
agora era de entrar na porra do sonho que ela teve e eu mesmo
espancar até a morte o causador disso.
Ela estava visivelmente trêmula e com um olhar perdido que
me fez apertar as mãos em punhos para me impedir de socar
qualquer coisa que pudesse deixar ela dessa forma.
— Pequeno corvo? — eu chamo por ela em uma voz baixa e
calma.
Ela vira a cabeça em minha direção ao ouvir a minha voz.
Seus olhos passam por mim até meus irmãos e ela continua apenas
nos olhando sem dizer nenhuma das suas frases engraçadinhas e
espirituosas.
Dou um passo em sua direção, mas paro ao ver que ela se
encolhe.
— O que aconteceu? — a voz rouca de Acer preenche a
sala, mas ela apenas olha para ele enquanto continua perdida em
pensamentos.
— Nos deixe ajudá-la, diabinha — Ade pede em voz baixa,
mas ela continua sem responder.
— Eu não vou te fazer mal, e nem meus irmãos, você está
segura conosco, sei que pode sentir isso — Acer fala e segue em
sua direção.
A respiração dela acelera, mas ela não diz nada, não nega e
nem se afasta novamente.
— Aqui ninguém vai encostar a porra de um dedo em um fio
de cabelo seu se você não quiser, não vamos deixar nada e nem
ninguém machucar você. Aqui você está segura — eu afirmo e
apenas essas palavras são o suficiente para que lágrimas escorram
pelo seu rosto.
Em passos largos, eu supero a distância que estava dela e a
agarro enquanto ela chora em meu peito. Sinto meus irmãos ao
nosso redor enquanto eles acariciam seus cabelos e sussurram
palavras de segurança para ela.
Eu a seguro como se minha existência dependesse disso,
como se eu fosse seu porto seguro e ela o meu, seguro seu corpo
enquanto ele balança com os soluços que escapam dela.
— Eu prometo que vou proteger você, meu pequeno corvo,
não vou deixar você escapar de mim nunca mais e eu não quebro
minhas promessas, amor. — Ela me aperta com mais força
enquanto chora, e eu acaricio suas costas enquanto deixo que ela
coloque tudo para fora.
— Eu quero nomes. Eu juro pra você que eu vou trazer as
cabeças de quem for necessário apenas para ver seu lindo sorriso
novamente. Eu mato quantos forem necessários, eu sou capaz de
dizimar cidades, estados e países inteiros por você, eu trago a
própria peste para esse mundo se for da sua vontade, eu mato até a
porra da sua deusa por você se for necessário, só me diga o quer
que eu faça — Acer fala com emoção e isso parece atrair a atenção
de Mirtez, pois ela levanta cabeça para ele.
E mesmo com lágrimas escorrendo pelo seu rosto, ela abre o
sorriso mais radiante que eu já vi e diz:
— Que intenso. Para quem não gosta de mim, esse é um
grande gesto — ela diz brincando enquanto funga e tenta limpar os
ranhos que estão pelo seu rosto.
— Eu faria isso por qualquer um... — Acer tenta disfarçar um
pouco, mas não consegue se controlar.
Ele segura o queixo dela e levanta a sua cabeça em sua
direção novamente.
— Eu não estava brincando, bruxinha, me diga o que você
quer — ele diz com um olhar intenso.
— Eu... — ela começa, mas para.
— Você? — Ade pergunta.
— Eu quero esquecer que eles me tocaram, quero esquecer
a sensação de suas mãos pelo meu corpo, esquecer seus rostos e
suas vozes, quero esquecer tudo sobre aquela noite, mas
principalmente, eu quero me esquecer do quão suja e culpada eu
me senti — ela sussurrou tão baixo que eu sou forçado a me inclinar
mais para escutar tudo que ela diz.
— Quem? — eu pergunto mal contendo a minha forma, mal
me controlando para não a assustar.
— Meu ex e seus amigos — ela diz baixinho.
— Tinham outros com ele? — Acer perguntou sem acreditar.
— Eles forçaram você? — Ade pergunta e até mesmo eu sou
capaz de perceber que o quarto dela já ficou vários graus mais
quente, porém isso não parece afetá-la.
— Quase... — ela diz.
— Quem são eles e o que aconteceu? — Acer questiona com
a sua voz mais grossa e rouca que o normal. — Eu vou ter muito
prazer em matar todos dolorosamente para você.
— Não quero falar sobre isso agora, eu só quero esquecer...
— Ela fecha os olhos e vejo o quão cansada ela está, mesmo tendo
dormido por dois dias seguidos.
— Tudo bem — Ade concorda antes que alguém possa dizer
alguma coisa. — Vamos tomar um banho?
Ela acena com a cabeça e deixa ele pegá-la e sem dizer mais
nada, ele se vira com ela no colo e os dois entram no banheiro
acoplado ao quarto.
Acer rosna e acerta um soco na parede, como se isso fosse
resolver alguma coisa. Confesso que sinto vontade de fazer o
mesmo, mas eu me seguro pois se eu começar agora, sei que não
vou parar até destruir esse lugar inteiro.
Então prefiro apenas controlar minha respiração e corpo, não
quero me perder agora, não quando ela precisa de mim, não dessa
forma.
— Tocaram nela, porra! — Acer dá outro soco e metade da
sua mão afunda na parede. — Eu quero matar o filho da puta que
deixou a porra dos seus amigos fazerem isso com ela.
— Se você continuar falando sobre isso eu vou perder a
porra da minha cabeça, Acer — eu digo entredentes.
— Perde, porra, me ajuda a encontrar cada um desses filhos
da puta. Vamos, use aquela foto que você encontrou para achar
quem fez isso com a minha bruxinha. — E então tudo parece se
encaixar.
— A porra daquele dia... — eu sussurro e mal reconheço
minha própria voz.
— Do que você está falando? — Acer pergunta sem
entender.
— A MERDA DAQUELE DIA, PORRA! — eu grito
novamente. — AQUELE FILHO DA PUTA!
— Do que você está falando, caralho? — Acer me agarra e
sacode para que eu olhe para ele, mas não consigo me concentrar
em mais nada além daquele rosto.
Eu me desvencilhei dele e saio do quarto com vontade de
matar o primeiro que eu ver pela frente. Acer me segue de perto até
a nossa garagem e entra no lado do motorista antes que eu o
proíba.
Penso em falar alguma coisa, mas não consigo me
concentrar nisso o suficiente para me importar, entro do lado do
passageiro e então ele arranca com o carro.
— Onde? — ele questiona quando saímos da garagem.
Passo o endereço a ele enquanto pego meu celular e começo
a vasculhar as redes sociais antigas de Mirtez e não preciso de
muito tempo até encontrar quem eu quero.
Eu encontro o perfil de Scott Hale e vasculho em busca do
merdinha que estou procurando, até que eu finalmente o encontro.
A porra do Travis Maddox ao lado do merda que Mirtez
matou. A foto é antiga e o perfil desse Scott não é atualizado há três
anos. A foto não tem marcação, pois a maioria dos lobos antigos
não utilizam redes sociais.
Mas aqui estão eles diante de mim: Scott Hale e Travis
Maddox. Eu me sinto mal agora que sei que fiz parte da ocultação
de um dos merdas que fizeram mal a Mirtez naquela mesma noite.
Se eu pudesse voltar no tempo, eu iria acabar com todos aqueles
filhos da puta, teria matado um por um.
Eu gostaria muito de me lembrar da cara quebrada daquele
fodido quando eu sumi com o seu corpo, ficaria muito feliz em ver o
quão arrebentado Mirtez o deixou. Eu tenho vagas lembranças de
plantas saindo por todos os orifícios do homem, mas não lembro de
seu rosto com exatidão.
Estava escuro aquela noite e eu só queria terminar logo,
agora eu me arrependo tanto. Eu conheci todos os filhos da puta
que abusaram da minha mulher naquela noite, cada arrombado de
merda que tocou em seu corpo e eu ainda os ajudei. A culpa me
consome, mas a sede de vingança fala mais alto.
— Vai me contar o que você descobriu, porra? Eu estou com
tanta vontade de destruir esses merdas quanto você, mas preciso
saber o que está acontecendo! — Acer esbraveja quebrando o
silêncio e me tirando dos meus pensamentos.
— Travis Maddox — eu falo.
— O filho daquele velho que você matou? O que tem ele... —
Ele não chega a concluir a frase, pois o brilho do entendimento
pisca em seus olhos.
— Eu vou matar esse filho da puta! — Acer soca o volante
com raiva e aperta ainda mais o pé no acelerador. Descobrir a nova
residência dos Maddox foi fácil, eu já tinha planos para visitá-lo
antes, eu só tenho a motivação certa agora.
— E ainda os ajudamos... — Acer abaixa a cabeça e xinga
baixinho.
A culpa que o corrói é a mesma que ferve em meu sangue,
mas vou fazer o possível e o impossível para me desculpar com o
meu pequeno corvo.
— A única coisa boa daquele dia foi que nós nos recusamos
a ajudar aquele filho da puta que estava quase morto. Ele era amigo
de algum merda que estava naquela noite, só de pensar que ele
também pode ter tocado ela, meu sangue ferve em minhas veias —
eu comento enquanto me seguro pra não liberar a fera antes da
hora.
— Sim, pelo menos essa porra, fico feliz em me lembrar dele
agonizando enquanto morria lentamente com aquele pedaço de
madeira saindo do seu olho. Mas uma coisa que não consigo parar
de pensar agora que sei é: quem era aquela mulher que nós
levamos? Ela também participou de tudo? Ela também tocou na
minha bruxinha? — Acer diz com raiva.
— Não sei, isso é algo que só ela pode nos responder.
— Foda-se, em pensar que era ela quem eu realmente
deveria ter ajudado... PORRAAAA! — Acer soca o volante com mais
força dessa vez e quase o quebra.
— Calma, temos que chegar na casa daquele filho da puta
primeiro, depois você extravasa — eu tento acalmá-lo, mas sei que
minhas palavras não surtem muito efeito.
A mandíbula dele continua travada e os nós de seus dedos
estão brancos de tanta força que ele faz ao segurar o volante.
Depois disso a viagem transcorre em um silêncio carregado.
Eu não falo nada e nem Acer, mas a tensão é palpável e a minha
garganta aperta com a sede de sangue. Hoje a minha roupa branca
se tornará vermelha com o sangue dos meus inimigos.
Abro um sorriso com o pensamento e lambo meu lábio
inferior, já conseguindo sentir o sangue daquele lobo respingando
em minha face.
— Chegamos — Acer diz e me arranca dos meus
pensamentos.
— Já não era sem tempo, porra! — Abro a porta do carro e
sorrio para o primeiro segurança que protege a casa daquele filho
da puta.
Ele deve ter notado algo na minha expressão ou na do meu
irmão, pois levanta a sua arma para a gente assim que saímos do
carro.
— Identifiquem-se — ele diz, porém já é tarde demais para
ele. Acer avança e o derruba com uma porrada só, mas não se
contenta em apenas nocauteá-lo, Acer pisa em sua cabeça até que
seu rosto não seja mais reconhecível e é possível ver pedaços dos
seus miolos respingados na calça de Acer, mas ele apenas sorri
com a visão.
— Vamos. — Ele se vira pra mim e acena em direção a porta
da frente.
Eu pego a arma do morto com a intenção de atirar em todos
que entrarem no meu caminho, não quero perder tempo com
seguranças de merda, eu quero a porra da cabeça daquele filho da
puta.
— O que será que levou ele a usar segurança pessoal? — eu
pergunto a Acer.
— Talvez algum filho da puta sádico tenha mandado entregar
a cabeça do pai dele para a casa de sua mãe. Talvez seja isso —
Acer responde com sarcasmo.
— Droga, pensei que talvez fosse o bilhete que mandei junto
com a cabeça dizendo para ele me esperar — eu brinco com Acer e
então arrombo a porta da entrada com apenas um chute.
— Querida, cheguei — Acer grita da porta e mais dois
homens se viram para nós, confusos com a chegada inesperada.
Eu empunho a arma que estou segurando e miro nos dois e
antes que tenham tempo para reagir, acerto um tiro limpo em seus
crânios, o que os mata instantaneamente.
— Sem graça — Acer reclama ao meu lado.
Seguimos em direção às escadas que ficam quase de frente
para a porta. Essa casa não é grande como a que eu visitei a dois
dias atrás, ela é quase um ovo em comparação, com toda certeza
do mundo essa é usada apenas para que ele se esconda e se
mantenha fora do alcance de seus inimigos.
Um idiota covarde que só é homem quando é para ferir uma
mulher, mas vai ter o que merece hoje, dessa noite ele não passa.
Subo as escadas de dois em dois degraus até chegar ao
topo. Olho ao redor esperando mais guardas, mas não encontro
ninguém e sinalizo para meu irmão seguir no corredor atrás de mim,
o que ele faz sem reclamar.
Abrimos a primeira porta, mas não havia ninguém dentro, era
apenas um quarto vazio.
A segunda porta também não trouxe nenhum resultado
satisfatório, mas quando eu estava prestes a abrir a terceira, eu
ouço um barulho de surpresa.
Eu e Acer nos viramos e damos de cara com a Sra. Maddox,
a cabeça por trás de todos os encobrimentos daquela noite, a filha
da puta que nos mostrou onde os corpos estavam guardados e que
não esboçou nem uma gota de solidariedade por aqueles jovens
que estavam sendo descartados como se fossem mercadorias
velhas.
A mulher que com toda certeza do mundo sabia o que havia
acontecido naquela noite com a minha mulher e que não se
importou o suficiente para punir seu filho ou ao menos repreendê-lo.
Muito pelo contrário, ela apenas passou a mão em sua
cabeça e disse ao seu marido para deixá-lo em paz pois ele era
jovem e isso acontecia.
Acer não desperdiça uma palavra com ela, ele vai em passos
largos em sua direção e antes que ela possa tomar fôlego para
gritar, ele quebra seu pescoço sem dizer nada.
Seu corpo cai com um baque no chão e Acer cospe em cima
de seu cadáver.
— FILHA DA PUTA! — ele ruge para o corpo sem vida.
Com toda a barulheira, a terceira porta finalmente se abre e o
desgraçado que estávamos procurando sai olhando feio para nós,
até que ele finalmente entende o que está acontecendo diante dele.
É até engraçado a forma como seus olhos se arregalam
quando ele nos vê. Ele até tenta correr, mas não é rápido o
suficiente para isso.
Eu o pego por trás e o puxo pelo seu colarinho.
— O que... — ele tenta dizer, mas não consegue concluir a
frase.

– Hora de brincar, seu merda — Acer diz e eu dou um soco


em seu rosto apagando-o na mesma hora.

— Inferno, agora vou ter que carregar esse merda até o carro
– Acer reclama enquanto puxa o corpo do homem sob o ombro.
— Vamos nos divertir daqui a pouco, pense pelo lado
positivo. — Eu dou um sorriso enquanto olho para o corpo da mãe
dele no chão.
— Vamos logo, então. — Acer passa na minha frente e segue
em direção às escadas com velocidade.
— Já avisei a Ade, mas não tenho certeza se ele vem — eu o
informo enquanto tiro o celular da orelha e o guardo no bolso.
— Por quê? — Acer para no meio das escadas.
— Ele parecia bem ocupado no áudio que mandou. — Eu
pego o celular novamente e reproduzo o áudio para que Acer possa
ouvir.
“Oi, eu vou tentar chegar a tempo, – o som de um estalo
seguido por um gemido feminino – mas podem começar sem mim.”
— Que filho da puta! — Acer rosna.
— Ele finalmente conseguiu o que queria — eu brinco.
— Agora ele vai poder parar de encher o saco dizendo que
foi o único que não esteve com ela.
— Sim — eu concordo.
— Vamos logo, então. — Acer se vira e volta a descer as
escadas rapidamente.
Não me importo em limpar a bagunça, quero que todos
saibam o que acontece quando se metem com quem não se deve
mexer. Sei que o crime não será ligado a nós, mas quero deixar a
comunidade em alerta máximo para que todos saibam o que
aconteceu com os Maddox.
A minha mão coça para deixar uma assinatura, mas eu ainda
tenho um filho da puta para caçar, não quero que ele fique alerta
que é o próximo, não quero que ele fuja, daria muito trabalho ter que
ir a outro país apenas para matar um verme desses.
Vou deixá-lo continuar pensando que é intocável e quando
ele menos esperar, estarei em sua porta para acabar com a sua
existência e o seu amiguinho aqui vai contribuir muito para isso.
Travis vai me fornecer todos os detalhes que eu preciso,
todos os nomes dos envolvidos, se tiverem mais, e eu sei o melhor
jeito para conseguir isso. Ele vai se arrepender do dia em que tomou
a decisão de tocar no que é meu.
Abro o porta-malas para que Acer jogue o filho da puta lá
dentro e ele o faz sem cerimônia alguma.
— Isso deve ter doído — eu comento com um sorriso.
— Bom, eu espero que tenha — ele diz batendo o capo que
não fecha de primeira, pois o pé de Travis estava pra fora, tenho
certeza de que alguns ossos foram quebrados agora. — Droga.
Acer se abaixa para colocar o pé mais molenga do que
estava antes para dentro também e fecha o porta-malas. Eu vou
para o banco do passageiro e continuo a minha pesquisa no meu
banco de dados e atualizo algumas informações de hoje.
— Descobri quem eram os seguranças que estavam lá, eles
não são sobrenaturais, acredito que seja por isso que estavam
armados — eu informo a Acer quando ele se senta no banco do
motorista.
— Eles eram apenas seguranças humanos? — ele pergunta.
— Sim, apenas seguranças normais…
— Tanto faz, não poderíamos deixar testemunhas mesmo,
não antes de encontrarmos todos os envolvidos.
Eu apenas aceno com a cabeça e então Acer sai com o carro
em direção ao nosso galpão, o mesmo que levamos Mirtez
inicialmente.
— Ade já disse mais alguma coisa?
— Não. Ele provavelmente está aproveitando bem o tempo
com ela, ele nem respondeu a última mensagem que eu mandei —
eu comento.
— Filho da puta sortudo, eu queria estar aproveitando o
tempo com ela também — Acer deixa escapar.
— Queria? — eu o provoco.
— Sim, não que eu goste dela, óbvio. Isso seria mais por ela
do que por mim, sei que ela nunca teve uma foda tão boa quanto a
que eu posso proporcionar. Olhe só para mim, cara — Acer diz
convencido.
— Não fode, porra, não há nada que você possa fazer que eu
não faça melhor.
— Eu posso te provar que você está errado — ele diz e eu
sinto o clima mudar totalmente.
— Pode? O que te leva a acreditar que você seria o ativo e
não o passivo comigo? Meu doce cachorrinho…
— Eu não sou o cachorrinho de ninguém e mais tarde vamos
descobrir quem vai montar em quem — ele diz me lançando um
olhar de canto cheio de promessas não ditas.
— Vamos ver. — Eu aceito o seu desafio, ansioso pelo que
está por vir.
ACER
Soco, soco, soco é o único barulho que dá para ouvir aqui
dentro do galpão, o som gostoso de carne contra carne e ossos
quebrando.
Ash já está encharcado de sangue e meu pau aperta ao vê-lo
assim. Nesse momento, ele não usa nem mais a sua aparência
humana, ele soltou o seu demônio e é quente pra caralho a forma
como seu rabo se enrola ao redor do pescoço de Travis até quase
sufocá-lo e então o solta e volta a bater.
Ash em sua forma humana é o mais alto de nós três e em
sua forma demoníaca isso não é diferente, ele tem facilmente três
metros de altura, com o tom de pele verde musgo e é tão musculoso
quanto Ade, o que não acontece em sua forma humana.
Seu abdômen é rasgado e seus olhos são completamente
negros, ele tem chifres grandes que se enrolam nas pontas e
parecem aumentar a sua altura ainda mais. Seus pés são apenas
cascos como os de um bode e a sua cauda é tão longa que deve ter
no mínimo um metro e meio, ela tem escamas verdes por todo o
comprimento e ele consegue esticar as escamas e transformá-las
em várias pequenas facas pontiagudas durante suas lutas na forma
demoníaca.
Se ele apenas enrolar sua cauda em um pescoço e ativar
suas escamas, seu oponente morre na mesma hora, não apenas
por causa dos cortes, mas também pela toxina presente nela.
— Por favor, me digam o que vocês querem — o lobo implora
novamente.
Nós ainda não dissemos a ele o porquê de ele estar aqui.
Assim que chegamos ao galpão, Ash prendeu seus pulsos a
correntes que estão presas no teto e o suspendeu.
Então eu comecei a preparar as coisas que iríamos usar hoje,
alguns brinquedos para que ele conte toda verdade logo, eu odeio
esperar.
Ash é ainda pior com isso. Ele começou a socar Travis
enquanto ele ainda estava desacordado e o merdinha já acordou
apanhando e sem entender nada. Agora ele e Ash estão cobertos
de sangue dele enquanto ele ainda tenta entender o que houve.
— Ela disse muito isso enquanto você continuava a encostar
nela, porra? — Ash pergunta e desfere um soco em sua costela, é
possível escutar o barulho do Crac que seus ossos fazem ao se
partir.
— Por favor, não. — Ele chora de dor enquanto tenta puxar o
ar para respirar. — Eu juro que não sei do que estão falando, eu não
fiz nada.
— Não gosto de mentiras, lobo — Ash diz e se vira para a
mesa de utensílios que eu montei para usarmos.
Eu estou encostado em uma das pilastras só observando.
Assim que Ash se cansar vai ser a minha vez e eu não vejo a hora
de poder brincar com esse arrombado também, ele gosta de tocar
em mulheres, certo? Vamos ver se ele vai gostar de ser tocado por
um homem.
Quando Ash me contou o que ele havia descoberto, eu não
acreditei de início, óbvio que não disse nada a ele, mas quando
parei pra pensar na forma que ela reagiu a nós quando chegamos e
em tudo o que ela falou…
Porra…
A minha vontade era de ir ao inferno procurar pelo filho da
puta do ex dela e ser eu mesmo o seu torturador, mas achei melhor
continuar com Ash e torturar esse outro filho da puta enquanto Ade
cuida dela.
Mas ainda tenho planos de ir lá caçar a alma desse
desgraçado, deixa eu só punir os que ainda estão vivos, eu vou
fazer questão de juntar todos na minha ala particular, eles não têm
ideia com quem se meteram.
— NÃO! NÃO! NÃO! — os gritos do lobinho me trouxeram de
volta a realidade.
— Você grita demais, cala a porra da boca — Ash diz
enquanto usa um alicate de pressão para esmagar o mamilo direito
de Travis.
Ele grita mais e mais enquanto Ash aperta cada vez mais
forte, até que a pele se rompe e o mamilo dele fica completamente
esmagado. Parte dele fica no alicate e Ash faz uma careta ao ver,
então ele o limpa na calça de Travis.
— Vai continuar mentindo para mim? — Ash pergunta com
calma.
Travis chora como criança, seu rosto está coberto de suor,
lágrimas e ranho. Nesse momento ele perdeu totalmente a pose de
machão que ele tenta passar para a sua família, agora ele é apenas
um merda chorão que daqui a pouco vai se borrar nas calças.
— Po-por favor, m-me diga quem é — ele implora enquanto
gagueja.
— Resposta errada — Ash diz e sem cerimônia nenhuma
pega o maçarico da mesa e o usa para cauterizar a ferida aberta
para que nosso hóspede não morra tão facilmente.
— AAAAH, POR FAVOR! — Travis grita e soluça enquanto o
cheiro de carne queimada sobe no ar. Percebo que Ash fica mais
tempo que o necessário nessa tarefa e que o seu rosto tem um
olhar maníaco. Ele está gostando pra caralho do que está fazendo.
Quando ele finalmente para o nosso hóspede já está com as
calças molhadas de urina, como eu havia previsto anteriormente.
Conheço esse tipo de lobo aristocrata, eles só têm pompa, mas não
aguentam nada.
— Diga o que você fez com ela que eu posso pensar em
soltar você e deixar você livre para escolher como quer morrer —
Ash fala enquanto passeia com o alicate pelo corpo dele até parar
em seu pau. — Ou pode continuar mentindo e ver o que acontece
em seguida.
— Só me diga um nome, por favor — ele pede chorando. —
Foram muitas as garotas que eu fiquei, eu preciso saber o nome.
— VOCÊ NÃO FICOU COM ELA, PORRA! ELA NÃO
QUERIA VOCÊ! ISSO FOI ESTUPRO, ENTÃO USE A PORRA DAS
PALAVRAS CORRETAS! — eu grito com ele, não consigo me conter
ao ver esse filho da puta reduzir o que fez a uma simples ficada.
— EU NÃO SEI QUAL DELAS VOCÊ ESTÁ FALANDO, NÃO
SEI DE QUAL ESTU-TUPRO — ele gagueja ao falar e isso me faz
sentir mais raiva desse merda.
E ele ainda tem coragem de perguntar qual delas? Ele
continuou fazendo isso depois da minha bruxinha?
— Você acabou de assinar a sentença de morte mais
dolorosa que pode existir — eu anuncio e ele volta a chorar.
— Por fav... — ele é interrompido quando Ash dá um soco na
cara dele.
— Eu estou cansado dos seus pedidos. — Ele abaixa a calça
do lobo junto com a cueca e expõe o pau dele, que é minúsculo.
Ash pega novamente o alicate e segura a bola esquerda do
lobo com ela.
— Fale — Ash diz e aperta um pouco.
— Mirtez — eu digo antes que ele possa vir com a mesma
ladainha de que não sabe quem é. — E acho bom você falar, pois
tenho certeza de que fogo e bolas não combinam.
O brilho do entendimento pisca em seus olhos ao ouvir o
nome da minha mulher, ele sabe muito bem de quem estamos
falando e sabe o que vai acontecer com ele pelo que ele fez.
— Eu sei quem ela é, mas eu não fiz nada, eu só passei um
pouco da minha mão pelo seu corpo, mas não foi nada demais. Eu
juro — ele fala rápido, mas não o suficiente para impedir Ash de
apertar ainda mais.
Ele grita mais uma vez e se mija novamente. O xixi escorre
livremente pelas suas pernas e se tornam uma poça em volta dos
seus pés, se misturando a todo o sangue que já foi derramado.
— Eu sei que você está mentindo, eu sinto o gosto da
mentira na minha boca. Essa é a sua última chance. — Ele faz sons
agudos de choro enquanto Ash aperta mais sua bola. Ela está
brilhando e vermelha, está a um passo de estourar como um balão,
só que esse é um balão de sangue e testículos.
— E-eu bati nela, porra! Bati nela... — Ele volta a chorar alto
e a soluçar. — Não me machuque mais, por favor, eu imploro.
— Tudo bem, eu não vou mais te machucar, hoje estou me
sentindo bonzinho — Ash diz e se afasta.
Travis solta um suspiro de alívio e abaixa a cabeça enquanto
continua a chorar.
— Eu vou — eu anuncio enquanto me desencosto da parede
e vou em sua direção. — E você vai implorar para que ele tivesse
continuado.
— Não, não, não, não... — Ele tenta se afastar de mim, mas
as correntes o impedem.
— Relaxe, amigo, eu não vou tocar em você por enquanto. —
Eu pego as chaves e solto um braço dele.
— Obrigado, muito obrigado — ele agradece enquanto seu
corpo sacode com os soluços.
— Bom, por nada, mas não se precipite agradecendo, eu
disse que eu não vou tocar em você, mas você vai — eu digo e colo
o alicate em sua mão.
— O que? — Ele me olha assustado.
— Segure exatamente onde Ash estava segurando – eu o
instruo, mas ele hesita. — Se você não fizer, eu vou fazer isso com
o seu pau. Você ainda consegue usar o pau sem a bola, mas não
consegue usar a bola sem o pau. Você realmente prefere sair daqui
sem pau? Pense bem.
Como se esse babaca realmente fosse sair daqui. Mas ele
compra o que eu disse pois acena com a cabeça e começa a
apertar a bola com cada vez mais força.
— Está bom? — ele pergunta, seu corpo inteiro treme com
esforço e ele está ficando cada vez mais vermelho.
— Você sabe que não está, eu quero ver ela estourando igual
uma garrafa de champanhe. — Ele solta um grito de dor conforme
vai apertando mais e mais.
— E-EU NÃO CONSIGO — ele grita desesperado.
Eu aceno com a cabeça e com rapidez coloco minhas mãos
por cima da sua e aperto o alicate de uma vez só. Os gritos dele
enchem o galpão enquanto sangue e fezes escorrem por suas
pernas.
— Já se borrou? Olha que nem chegamos na pior parte ainda
— Ash brinca com o psicológico dele.
Eu me agacho e pego um pedaço do seu testículo que voou.
— Abra a boca — eu ordeno e ele abre sem reclamar. Seus
pés já pararam de sustentar seu corpo e ele só está suspenso por
um braço.
Eu coloco o pedaço de testículo em sua boca e ele o mastiga
e engole sem que eu precise mandar. Confesso que eu estava
esperando um pouco mais de resistência, com ele fazendo de bom
grado acaba sendo um pouco broxante, mas nada que a minha
criatividade não possa superar.
— Bom, estenda o braço novamente. — Ele estende e eu o
prendo na corrente.
— O que você vai fazer comigo? — ele pergunta.
— Eu já disse que não irei fazer nada, tudo o que acontecer é
você quem fará, eu posso até te ajudar vez ou outra, mas nada além
disso. Agora eu quero que você me conte quem mais estava com
você naquele dia. — Ele faz um som de choramingo novamente e já
sei que esse merda vai enrolar novamente para contar qualquer
coisa.
— Não, por favor. Eles vão me matar — ele implora.
— Você não precisa se preocupar com isso, eles não vão
conseguir tocar um dedo em você. — Eu me abaixo para ficar na
altura do seu ouvido e sussurro. — Porque eu vou matar você antes.
— Não, por favor, eu estou contando tudo, eu estou falando
tudo que vocês estão pedindo, não façam isso comigo — ele pede.
— Ela também repetiu essas palavras? — eu questiono. —
VOCÊ PAROU QUANDO ELAS DISSERAM ESSAS PALAVRAS?
VOCÊ PEGOU MAIS LEVE? VOCÊ AS DEIXOU IR? FALA,
PORRA!
Ele não responde nada e isso já é resposta suficiente para
mim.
— Não, certo? Então não me peça para pegar leve com você,
isso não vai rolar. Agora responda as minhas perguntas e pode ser
que você saia daqui. — Só não disse que era com vida, mas tudo
bem.
— Eram Zac Daniells e seu irmão Tom, nosso amigo Scott
Hale, que também era o namorado dela na época e Mariah
Cavenaghi, que era a namorada de Tom — ele conta e eu
reconheço os nomes de outras duas famílias aristocratas.
— Essa Mariah morreu por quê? Ela estava participando de
tudo com vocês? — eu questiono, pois preciso saber de sua
participação para torturá-la no inferno.
— Não, Zac a matou enquanto a es-estuprava — ele gagueja
novamente e isso me dá nos nervos.
— Por que caralhos você continua gaguejando? Você não
consegue pôr em palavras o que você e seus amiguinhos de merda
fazem para se divertir? Você não se acha o fodão na hora de pegar
mulheres contra a vontade delas? Não se acha foda na hora de
contar para seu grupinho o que fizeram com elas? — Ele abre a
boca para argumentar, mas eu o calo com um soco. — Não negar o
que eu sei que você faz, NÃO MINTA NA PORRA DA MINHA
CARA!
— Por favor, me desculpe — ele diz entre soluços, porque o
puto voltou a chorar novamente.
— Não é a mim que você tem que se desculpar, o momento
do perdão já passou a muito tempo, aliás, ele nunca existiu, pra isso
não existe perdão. Eu não estou aqui para te perdoar, eu estou aqui
porque eu sou a porra do seu carrasco, eu vou consumir a sua alma
e te atormentar eternamente no inferno. Se você está pensando que
agora está ruim, é porque você ainda não viu o que eu tenho
preparado para você lá — eu rosno para ele enquanto aperto seu
pescoço com minhas mãos. Minha vontade é de estrangular esse
filho da puta agora mesmo, mas isso seria muito pouco comparado
ao que ele merece.
— Não c-consigo... — ele diz baixinho enquanto tenta puxar o
ar.
É bom ver ele sufocando, ver seu rosto tão vermelho quanto
um pimentão enquanto seus olhos parecem que podem saltar de
suas órbitas. E só nesse momento que eu me dou conta de que não
fiquei de pau duro machucando-o. Eu sempre me entrego a
sensação, sempre fico excitado com a dor alheia, mas dessa vez
isso não aconteceu. Dessa vez, eu só quero machucá-lo tanto
quanto ele machucou a minha bruxinha e tantas outras mulheres.
— Acer... — Ash me tira de meus pensamentos e sei que ele
não disse que era para soltar ele, mas o seu tom deixou muito claro,
não quero correr o risco de matar esse lobo de merda sem querer.
Eu solto seu pescoço e estalo meus dedos, olho para ele
novamente e abro um sorriso frio.
— Onde nós estávamos mesmo? — Eu paro alguns
segundos para me lembrar e me viro para ele novamente. — Certo,
Zac estuprou a namorada do seu próprio irmão e a matou, como
Tom ficou com tudo isso?
— Ele não se importou, ele nunca gostou daquela vadia. —
Eu acerto outro soco em sua cara e ele cospe seu dente frontal. —
Meu dente, porra!
— Fale mal de qualquer uma dessas mulheres que vai ser
muito mais que um dente que você vai perder — eu o aviso. —
Continue com o que estava dizendo.
— Ele só estava com ela para evitar os problemas entre as
alcateias, era tudo pelo poder, um não ligava para o outro — ele
esclareceu o que eu já imaginava.
— Certo. Quer perder o pé ou a mão? — eu pergunto
mudando totalmente de assunto. — E não comece com as lamúrias
ou pedidos para parar porque eu não quero e não vou ter pena de
você.
Ele olha para Ash em busca de ajuda e eu sou forçado a rir
da situação. Se não fosse pelas suas informações e pela diversão
da tortura, ele já estaria morto. Será que ele não se tocou? Ele
realmente acredita que vai encontrar alguma ajuda em Ash?
— Tic tac, se não escolher eu vou por você — eu cantarolo.
— A mão porra! A mão! — ele diz enquanto chora.
— Ótimo, vai ser o pé, então. — Ele me olha com os olhos
arregalados. — Você realmente pensou que iria ser o mais fácil para
você? Tsk Tsk, você é bem burro mesmo.
Solto suas duas mãos das correntes e ele cai pesadamente
no chão.
— Não tente nenhuma gracinha, pois eu vou adorar te punir
por isso — eu aviso.
Ele está bem pálido, provavelmente é por causa das bolas
que continuam vazando. Não queria cauterizar agora, sei que ele vai
desmaiar com isso, por mais divertido que seja, eu ainda preciso
saber onde seu amigo está se escondendo.
— Bom, mudanças de planos, não vamos cortar seu pé
agora, eu quero saber primeiro onde seus amigos estão se
escondendo — eu questiono. — Claro, se você preferir não contar
de primeira, sempre podemos ir pelo caminho mais difícil e divertido,
difícil pra você e divertido para mim.
Eu levanto a serra que iria usar para cortar seu pé apenas
para causar um efeito mais dramático à minha declaração.
— No seu clube, ele vive lá, porra! — ele confessa.
— O QUE? — Ash grita com raiva.
— Eu juro, ele está diferente depois de tudo o que aconteceu,
mas ele vai lá em todas as lutas, você pode acreditar em mim, ele
mudou o nome também, mas ele ainda está lá.
— Filho da puta! — eu rosno.
— Ele teve que mudar o nome para não ser perseguido
depois do que aconteceu. Ele anda pelas sombras, ninguém sabe
quem ele é, mas ele continua lá.
Um estouro lança a porta do galpão longe. Eu não ouvi
ninguém chegando e pela expressão de Ash tenho certeza de que
ele também não ouviu nada.
— Que porra? — Eu aperto os olhos enquanto tento enxergar
quem está parado lá fora.
— Graças a Deus, eu estou aqui! Socorro! — o merdinha do
lobo grita para quem quer que tenha acabado de chegar em seu
auxílio.
— Eu pensaria bem antes de agradecer se fosse você,
Travis. Não foi nenhuma heroína que acabou de entrar aqui, eu sou
o seu maior pesadelo e você vai se arrepender do dia em que
encostou em mim. — Mirtez entra acompanhada de Ade e eu quase
vou a óbito ali mesmo. Ela está toda vestida de couro preto, com
coturnos pretos e todas as suas curvas que me deixam de pau duro
só de olhar.
Gostosa pra caralho.
— Por favor, não — Travis pede a mim enquanto olha para
Mirtez e balança a cabeça.
MIRTEZ
Olho para Ash e Acer, que continuam me olhando
embasbacados e reviro os olhos. Se não fosse Ade deixando
escapar sem querer para onde estava indo, eu nunca iria descobrir
o que eles estavam fazendo pelas minhas costas.
— Vocês não me conhecem muito bem ainda, então já
saibam de antemão que essa história de fazer as coisas pelas
minhas costas para o meu bem não funciona comigo — eu os aviso.
— Como iríamos te chamar se você estava mal pra caralho
quando saímos? — Acer questiona indignado.
— Não interessa. É sobre o meu passado e meus traumas
que estamos falando, não preciso de nenhum cavaleiro montado em
um cavalo branco pra me salvar ou lutar minhas batalhas. Nunca
precisei e não é agora que vou começar a precisar. Eu sempre me
ergui sozinha e vou continuar assim. Você pode me ajudar a destruir
meus inimigos, mas nunca fazer pelas minhas costas e destruí-los
sem mim, isso é sobre mim e sobre o que eu passei, não sobre
você. — Eu ponho para fora tudo que estava sentindo e vejo que
mesmo contrariado, Acer me ouviu e entendeu.
— Sinto muito, nunca tive a intenção de fazer você se sentir
dessa forma, pequeno corvo, isso não se repetirá — Ash se
desculpa.
— Sim, me perdoe. — Acer me surpreende se desculpando
também e pela cara dos seus irmãos, eu não sou a única surpresa
com essa atitude.
— Bom. Onde você pensa que está indo, idiota? — eu
pergunto ao merda tentando escapar rastejando pelo chão.
Acer perde a paciência e chuta a cara dele com tudo, o
apagando instantaneamente.
— Droga, agora vou ter que pegar ele para prendê-lo
novamente — ele resmunga para si mesmo e se agacha para pegar
o corpo.
— Agora me conte o que aconteceu? — Eu me viro para Ash
com uma sobrancelha erguida, pois sei que ele é o mais fácil de
convencer a me contar tudo.
— Primeiro ADE vai dizer, o que aconteceu? — Acer me
interrompe e eu o fuzilo com os olhos.
— Olhe para ela, cara, é impossível dizer não. — Ade dá de
ombros.
— Ainda mais quando se tem o cheiro da boceta dela por
toda a sua cara, não é? — Acer pergunta grosseiramente quando
finalmente termina de prender Travis as correntes.
Olhar para ele faz o meu estômago embrulhar. Acer não
estava errado quando falou que não teria como ele me chamar para
ver a tortura desse homem quando ele saiu da sua casa, eu
realmente não iria aguentar.
Depois de passar dois dias revivendo meus maiores traumas
em um pesadelo sem fim, eu acordei muito abalada. Não sei o que
aconteceu, não sei por que fiquei presa dentro daquele limbo sem
conseguir acordar, isso é provavelmente uma coisa que só as
bruxas mais experientes saberiam me explicar.
Mas não quero pensar naquele clã que tanto me fez mal
também, isso é para outro momento, não me sinto preparada agora,
eu preciso enfrentar um demônio por vez.
Olho para o estado do corpo de Travis e me sinto realmente
feliz pelo jeito que ele se encontra. Eu quero muito que ele sofra por
tudo que fez a mim e Mariah, por tudo que ele e a família dele
acobertaram, quero que todos paguem com vida.
Depois de acordar com todo o mal-estar que eu senti, eu
também senti outra coisa, me senti mais forte e mais ligada a esses
demônios babacas. Nunca senti isso em toda minha vida, como se
minha magia estivesse conectada a eles, como se eu estivesse
conectada a eles, meu ar e minha alma.
Até mesmo tudo que eu sentia por Katalina a dias atrás
parece tão pequeno em comparação a como me sinto por eles. Não
que eu não me sinta mais balançada por ela, eu ainda me sinto
assim, mas não tanto quanto antes, agora parece que outros três
seres lutam por espaço dentro de mim.
Eu não diria que isso é amor, até porque eu não sei como o
amor se parece, mas sei que eles estão mexendo comigo e agora
eu realmente comecei a acreditar em toda aquela baboseira que
eles diziam no início.
Mas o que as bruxas iriam ganhar com isso? Eu fugi do meu
antigo clã, como elas iriam me encontrar novamente? São tantas
perguntas sem respostas e não aguento mais essa incerteza sobre
o que vai acontecer.
— Está escutando? — Acer estala os dedos na frente do meu
rosto.
— O que? — eu pergunto entredentes, estou começando a
gostar até demais dessa hostilidade presente entre nós.
Inferno! Isso não pode acontecer, ele é um demônio babaca e
cabeça quente, tudo bem que ele é muito gostoso também, mas ele
me sequestrou, eu não posso querer dar pra ele, certo?
Estou me sentindo como a Addie em Assombrando Adeline.
Agora sim eu te entendo, irmã, desculpa ter te julgado tanto por não
assumir seus sentimentos pelo Zade.
Como assumir uma coisa que você não quer sentir? Poxa, eu
o conheço há o que, cinco dias? O que está acontecendo comigo?
— Eu sei que sou irresistível, mas me encarar por todo esse
tempo é estranho até para você, bruxinha — Acer diz e me tira dos
meus devaneios novamente.
— Cale a boca, idiota, o que você estava tagarelando antes?
— eu questiono.
— Que se você pensa que eu e Ash vamos virar seus
cachorrinhos só por causa da sua boceta, você está muito
enganada. Ade sempre foi o mais fraco por sexo, Ash e eu somos
fortes e você não aguentaria — ele diz convencido.
— Eu não aguentaria? Você tem certeza mesmo disso, Acer?
— eu digo sedutoramente. Não sei se é o seu peito rasgado e sujo
com sangue que está me atraindo ou é a sua boca irritante e
completamente beijável que está me levando cada vez mais a ele,
mas algo definitivamente está acontecendo aqui.
Mas quando dou por mim, estou cara a cara com ele e a
tensão sexual que nos cerca chega a soltar faíscas no ar. Ele
continua me olhando com aquela cara de convencido, mas seus
olhos brilham com desejo e fome.
— Mirtez, você não me aguentaria nem se eu estivesse
pegando leve com você — ele diz com a voz rouca enquanto devora
meu corpo com os olhos.
— Acer, você sabe o que dizem sobre quem fala muito,
certo? — eu debocho dele.
— Eu vou fazer você me implorar por perdão enquanto chupo
sua boceta tão forte que você só conseguirá ver estrelas.
— Eu só acredito vendo. — Ele abre um sorriso enorme para
mim e quebra distância mínima que estávamos um do outro.
Ele segura o meu cabelo da nuca e me puxa para seus
braços, sua boca me devora como se ele estivesse a anos no
deserto e eu fosse o único copo de água.
Seu beijo não é delicado, gentil ou amoroso, ele é bruto,
difícil e faminto. Acer não me beija, ele me devora, com mãos tão
gananciosas quanto a sua boca.
Ele me aperta em todos os lugares possíveis, até descer a
boca pelo meu pescoço me arrancando o gemido mais carente que
eu não queria dar a ele.
— Com licença — Ade diz —, mas vocês realmente estão
sentindo tesão aqui? Com toda essa urina, fezes e sangue ao redor,
sério mesmo?
Solto Acer como se ele pegasse fogo, e ele realmente está a
um passo disso, me viro pra Ade e dou o dedo do meio para ele.
— E toda a história de não falar palavrão? — Ele arqueia
uma sobrancelha para mim.
— Eu realmente não falo, mas não disse nada sobre gestos.
— Como assim não fala? — Ash pergunta com curiosidade.
— E todos os livros que você lê? Os Dark Romances não contam?
— Primeiro que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Segundo que por causa do lance de ser bruxa do bem isso atrai
coisas ruins e nos modifica com o tempo, não é apenas besteira da
minha parte, tem um real motivo por trás. E terceiro, que nada disso
é da sua conta. — Eu reviro meus olhos para ele.
— Vamos para casa terminar isso aqui ou você vai amarelar?
— Acer pergunta olhando no fundo dos meus olhos.
— Nós vamos para casa porque precisamos nos planejar
também, certo? — Ash comenta com um sorriso.
— Eu nunca amarelo, vamos — digo decidida.
Eu poderia pelo menos uma vez ceder as minhas vontades,
certo? Não é como se eu fosse me apaixonar por causa de um sexo
com três demônios extremamente gostosos.
Será que essa não é finalmente a hora de me desprender do
meu passado? Um dos maiores monstros dos meus pesadelos está
aqui, diante de mim fraco e impotente, tudo porque esses demônios
que eu mal conheço decidiram me vingar e fazer dele um exemplo
para todos.
Olho para Travis mais uma vez, realmente olho para ele dos
pés à cabeça, o homem por quem eu temi por tanto tempo, as mãos
que tanto me aterrorizaram, olho o quão fraco ele parece agora e
me sinto boba por tê-lo temido por tanto tempo.
— Antes de irmos embora, eu quero que vocês saibam que
ninguém vai matar ele antes do tempo, ele é meu, me entenderam?
— Eu olho para os três que acenam em concordância.
— Mas e o fato de não poder matar outras pessoas? — Ade
questiona ao lembrar de nossa conversa do dia anterior, porque sim,
se passou um dia inteiro até que eu descobrisse tudo o que estava
acontecendo.
— Eu realmente não posso, mas isso não quer dizer que eu
não possa instruir vocês a fazerem como eu quero — eu o informo.
— Não pode matar pessoas? Como assim? Pelo visto
passaram bastante tempo fofocando — Ash comenta secamente, eu
até diria que se parece com ciúmes, mas não quero me precipitar,
afinal, não tem motivo para isso.
— Sim, quanto mais eu mato, mais eu mudo. Alguma coisa
dentro de mim se quebra e me deixa mais cruel e insensível, eu não
quero que isso aconteça mais do que já aconteceu. As mortes
daquele dia me deixaram da forma que estou hoje em dia, você
mesmo viu aquela foto do meu passado, você viu que meu cabelo
era ruivo, meus olhos azuis e minha pele mais morena. Olhe para
mim agora, eu carrego a marca da maldição e quanto mais eu me
render a esse lado cruel, mais ruim eu irei me tornar e eu não quero
isso.
— Merda, desculpe por isso — Ash vem em minha direção e
passa os braços ao meu redor. Eu não havia percebido que estava
prestes a chorar até que ele sussurra em meu ouvido para que eu
não chore.
— Porra, as bolas! — Acer corre até uma mesa cheia de
ferramentas e pega uma espécie de maçarico. — Eu recomendo
que você não olhe, bruxinha.
Ash tenta tapar meus olhos, mas dou um tapa em sua mão.
— Vou sugar cada gota de dor que esse babaca sentir e ai de
quem tentar me impedir. — Eu arqueio uma sobrancelha para Ash e
ele acena com a cabeça, aceitando a minha decisão.
Tudo vira uma carnificina, o cheiro de carne queimada
penetra minhas narinas antes que eu realmente veja a cena na
minha frente: Acer agachado queimando as bolas de Travis
enquanto ele entra e sai da consciência.
Quando acorda ele grita, vomita ou se mija ou se borra
inteiro, mas o grito está sempre presente. Eu acredito que Acer
prolonga a tortura mais que o necessário, pois quando ele me pega
olhando-o, sorri para mim e pisca um olho.
— Acho que já está bom — ele diz por fim e apaga o fogo do
maçarico. — Agora podemos ir.
Travis está apagado novamente em sua poça de sangue,
urina e fezes, e não há nada que me deixe mais feliz do que o ver
nesse estado.
— Vamos — eu concordo.

— O que havia dito mesmo? — Acer pergunta assim que


ponho o primeiro pé dentro de sua casa.
— Depende, sobre o que está falando? — Eu me faço de
desentendida.
Mas sou pega de surpresa quando os braços de Ash me
circulam por trás e ele me puxa contra seu peitoral firme. Tento me
libertar apenas por charme e logo sinto seu pau contra as minhas
costas.
Nesses momentos eu queria ser mais alta para senti-lo
diretamente na minha bunda, assim eu poderia rebolar contra ele e
deixá-lo cada vez mais excitado, mas tenho que me contentar com
um pau cutucando as minhas costas.
— Não se faça de difícil, amor, eu não sou conhecido por
brincar com a comida — Ash sussurra em meu ouvido.
Ade toma seu lugar a minha frente e sorri pra mim antes de
se abaixar e beijar a minha boca. Seu beijo é menos voraz que o de
Acer, ele beija lento e com toda a sensualidade que falta em seu
irmão. Com ele é tudo sobre explosão, mas com Ade é como um
fogo queimando lentamente e que vai me deixando cada vez mais
necessitada.
E ontem eu comprovei que não é apenas no beijo que ele é
assim, nenhum homem me deixou tão molhada ou me fez gozar tão
rapidamente como Ade fez. Ele literalmente tem uma língua mágica
que acabou comigo em questão de cinco minutos, sendo que os
outros caras com quem eu fiquei sempre reclamavam por eu ser
mais lenta para gozar, mas Ade veio aí pra dar um tapa na cara de
todos porque nem sozinha eu gozo tão rápido assim.
Ele desliza suas mãos pelo meu corpo enquanto me beija
lentamente, Ash aperta meus seios e brinca com meus mamilos
enquanto diz putaria no meu ouvido, sinto a minha calcinha tão
encharcada que esfrego as pernas juntas para amenizar. Eu nunca
me imaginei estando com mais de um homem, mas agora que tenho
um gostinho, eu não sei se um só iria me satisfazer novamente.
— Você vai ter que aprender por bem ou por mal que agora
você é minha — Ash diz enquanto desliza sua mão pelo meu corpo
até chegar em minha boceta — , a sua boca é minha, a sua boceta
é minha e essa bunda gostosa também, então pense duas vezes
antes de tentar se aliviar sem mim.
Ele diz isso, afasta as minhas pernas uma da outra e enfia
sua mão por baixo do meu vestido de couro e seus dedos começam
a brincar com minha boceta por cima da minha calcinha de renda.
— Eu já te disse que sou extremamente ciumento com o que
me pertence, quando você quiser se aliviar, basta pedir a mim — ele
pontua sua frase puxando a minha calcinha para o lado e enfiando
dois dedos dentro de mim. — Abra mais as pernas para mim, amor.
Ele manda e eu obedeço sem reclamar, como uma boa
putinha.
Estou de olhos fechados e perdida em tantas sensações que
nem percebo quando Acer se aproxima de nós. Eu só me dou conta
quando Ade solta um gemido contra a minha boca e começa a
acelerar o beijo com necessidade.
Ele se esfrega contra mim e quando abro os olhos percebo
que Acer está atrás dele, beijando seu pescoço e esfregando seu
pau em sua bunda. Acer abre os olhos enquanto eu bebo da cena
diante de mim e ele me prende com seu olhar enquanto chupa o
pescoço de Ade com voracidade.
Me sinto cada vez mais molhada e escorregadia. Os dedos
de Ash em minha entrada parecem uma máquina de sexo de tão
rápido que entram e saem, Ade esfrega seu pau duro mais uma vez
em mim e por mais que não encaixe na minha boceta, eu me sinto
completamente necessitada por ele.
Gemo em sua boca, mas ele engole cada gemido com os
seus próprios. Acer sussurra algo em seu ouvido que o faz abrir os
olhos e olhar diretamente para mim.
— Você está gostando de ver outro homem tocando em mim?
— Ade pergunta quando finalmente interrompe o nosso beijo.
Sinto meus lábios inchados e dormentes, mas ainda sim eu
quero mais da sua boca, ele me engole e me beija tão lentamente
que sinto que poderia fazer isso eternamente.
— Sim... — eu digo e termino com um gemido quando Ash
acerta em um ponto certo dentro de mim.
Nesse momento eu só posso imaginar como estou parecendo
para eles, com o cabelo completamente bagunçado, bochechas
vermelhas, lábios inchados, vestido pra cima e com a boceta
completamente exposta enquanto eu gemo o nome do seu irmão.
— Assim mesmo, Ash, estou tão perto, por favor... — Minha
voz se perde em um gemido sem sentido enquanto eu começo a
rebolar em seus dedos.
O prazer é tanto que não posso suportar, ainda mais com
Acer e Ade se pegando na minha frente. Acer virou a cabeça de Ash
de lado enquanto toma a sua boca com ferocidade, da mesma
forma que ele me beija, como se eu fosse seu oxigênio e ele
estivesse morrendo sem ar.
A mão de Acer passeia pela frente do corpo de Ade até seu
pau, ele o aperta levemente arrancando um gemido rouco de seu
irmão.
— Porra, Acer, pare de me torturar... — Ade diz em um
gemido.
— Olhe como ela ofega quando eu te toco, a boceta dela
deve estar tão molhada agora vendo eu beijar você e o seu pescoço
— Acer diz a Ade com a voz rouca. — Ash, ela está tão molhada
quanto parece?
— Ela está pingando pra caralho, vamos subir para que eu
possa chupar essa boceta inteira — Ash diz e me puxa mais contra
ele.
— Vamos — Acer concorda. — Eu quero que ela goze me
vendo levar Ade na boca, sei que a minha putinha gosta disso.
Suas palavras me deixam mais excitada ainda, só de
imaginar ele engolindo o pau de Ade até o fundo da garganta me
deixa doendo por um pau na minha boceta também.
Quero que os três me fodam hoje e eu vou conseguir!
— Suba no meu colo, amor — Ash pede e corta todo o meu
clima.
— Não, eu posso subir as escadas sozinha — eu informo e
tento me desvencilhar dele.
— Eu sei que pode, mas quero sentir a sua boceta quente
contra o meu pau enquanto beijo e te levo lá para cima — ele
esclarece enquanto dá pequenos beijos em meu pescoço que me
deixam mole.
— Não — eu nego novamente, mas sem toda a firmeza de
antes, a velocidade dos seus dedos diminui até quase parar e isso
me irrita.
— Por que não?
— Porque eu sou pesada, não quero que se machuque ou
tenha noção do quão pesada eu sou ao me levantar — eu falo em
um tom baixo com vergonha.
— Você é pesada? — Ele solta uma gargalhada forte. — Me
machucar? Você sabe que está falando com um demônio, certo?
— Sim, mas…
— Mas nada, nem se você pesasse uma tonelada você seria
pesada o suficiente para me machucar. Vamos, suba. — Ele retira
os dedos de dentro de mim e eu imediatamente sinto falta.
— Eu tenho vergonha. Scott sempre disse que o que salvava
em mim era o meu rosto, não quero que você se dê conta de todo o
resto, de quão grande a minha barriga é ou de quão grossas as
minhas coxas são. Não quero que vocês me achem menos atraente
depois que se derem conta de como sou gorda e pesada... — Ash
rosna para mim, me vira para ele e agarra meu pescoço.
Ele não aperta a ponto de machucar ou cortar o ar, ele
apenas aplica um pouco de pressão e diz com a voz mais
ameaçadora que eu já ouvi dele.
— Nunca mais eu quero ouvir a porra do nome daquele
merda saindo da sua boca, entendeu? Nunca mais eu quero que
você se rebaixe ou se humilhe novamente por se achar menos que
alguém apenas porque você está acima do peso. Você é perfeita
dos pés à cabeça, Mirtez, então nunca mais aceite que ninguém te
diga o contrário — Ash diz em um tom sério. — Agora vamos subir
com você no meu colo e quando chegarmos lá em cima, eu vou tirar
a porra da sua roupa inteira e depois te chupar na frente de um
espelho para você ver como você é gostosa, entendeu?
Eu não tenho palavras para dizer a ele, realmente não tenho
nada a dizer e sei que se eu tentar dizer alguma coisa, eu vou
chorar aqui e estragarei todo o clima. Não quero que ele veja o
quanto as suas palavras me afetaram, eu literalmente nunca ouvi
isso de ninguém em toda a minha vida. Então eu apenas aceno a
cabeça e deixo que ele me pegue no colo e me leve para onde
quiser.
ASH
Ver o nome daquele merda sair dos lábios dela me levou ao
limite, depois de tudo o que ele a fez passar, ela ainda leva o que
ele dizia em consideração. Não aguentei ver isso, eu precisava
protegê-la dela mesma.
Minha vontade mesmo era de dizer que a amava, mas sei
que isso iria assustá-la por ser cedo demais, então optei por mostrar
a ela o quanto ela é amada, desejada e querida por todos nós, basta
apenas ela ligar os pontinhos.
Eu chupo sua boceta mais forte enquanto ela solta um
gritinho, suas coxas estão tremendo enquanto ela me aperta entre
elas.
Eu fiz exatamente como prometi.
Subi as escadas com ela enrolada em meu colo e a beijei
durante todo o caminho até o quarto e quando chegamos aqui, ela
já estava ofegante e me pedindo para fodê-la, mas eu nunca iria
fazer isso sem antes sentir o gosto da sua boceta na minha língua.
Eu a coloquei de frente para o espelho com um pé apoiado
em um banquinho, para que assim ela pudesse ver tudo o que eu
fosse fazer com ela. Tirei toda a sua roupa e posicionei o espelho
melhor para que ela também pudesse ver o que Acer e Ade
estavam fazendo na cama.
Só então eu me agachei em sua frente e comecei a me
deliciar com seus sons e com sua boceta molhada. Ela tem um
sabor tão gostoso e viciante, é como se eu fosse a Eva e ela o fruto
proibido que quanto mais eu como, mais eu quero. Me tornei viciado
em seu cheiro e sabor.
Enfio a língua profundamente dentro dela tentando coletar o
máximo daquele sabor gostoso em minha boca, mas quanto mais
eu enfio, não parece o suficiente, então eu decido trapacear um
pouquinho.
Modifico a minha boca deixando a minha língua mais longa e
grossa para conseguir tomar o máximo possível dela. Ela geme meu
nome enquanto puxa o meu cabelo, suas pernas tremem cada vez
mais, o que faz mais do líquido gostoso cair em minha boca.
Mas o desejo por mais continua, então eu uso a minha língua
para bombear dentro dela como se fosse um pau e ela parece
gostar disso, pois grita meu nome com todo o seu ser, e então mais
daquele suco divino enche meus lábios.
Eu me esforço para coletar tudo, mas sou forçado a parar
quando suas pernas ficam mole e ela balança um pouco em pé. Eu
me levanto na mesma hora e limpo meu rosto tomando cuidado
para não desperdiçar nada.
— O qu- o que foi isso? — ela pergunta sem fôlego.
— Gostou? — eu pergunto com um sorriso enquanto meu
pau salta na minha cueca.
— Sua boca virou a minha favorita, desculpe Ade — ela
murmura para o meu irmão que provavelmente não escutou, nada
pois está muito ocupado sendo chupado por Acer até gozar
também.
— Você só está dizendo isso porque ainda não teve a minha
boca entre suas pernas, espere só até eu começar a brincar com
você. Se você acha o meu beijo devastador, é porque ainda não viu
como eu chupo uma boceta gostosa — Acer diz confiante e Mirtez
revira os olhos para ele, mas vejo a pontinha de um sorriso
querendo escapar de seus lábios.
— Deite-se na cama — Acer comanda e Mirtez obedece a ele
rapidinho.
— Ash, venha aqui — Ade me chama. — Você não pensou
que fosse escapar, certo?
Ade me empurra para a cama ao lado de Mirtez e começa a
descer a minha calça e antes que eu tenha tempo de me preparar,
eu sinto a sua boca quente no meu pau.
— Porra... — eu murmuro e deixo meus olhos rolarem para a
parte de trás da minha cabeça.
— Acer... — Ouço o gemido de Mirtez e sinto uma gota
escorrer pela ponta do meu pau, Ade suga a cabeça com vontade e
me engole inteiro de uma vez só sem engasgar.
— Porra, Ade... — não consigo segurar o gemido quando ele
desce lentamente para as minhas bolas e começa a chupá-las.
Mirtez está cada vez mais ofegante ao meu lado e sei que ela
vai vir a qualquer momento de novo, então abro os olhos de leve e
vejo que ela olha com desejo para o que Ade faz comigo.
Ele continua me sugando e me levando cada vez mais fundo
em sua boca. Sinto a hora em que ele a alarga para caber mais do
meu pau e ele tem tudo em sua boca, até minhas bolas.
Ele me deixa todo molhado e vai me levando cada vez mais
perto da beirada, suas mãos acariciam minhas coxas enquanto sua
boca continua trabalhando em mim, cada vez mais rápido e mais
fundo.
Eu estou tão envolvido com o que ele está fazendo com a
boca que não vejo o seu dedo chegar de fininho e começar a brincar
com o meu buraco. Seu dedo está tão molhado e quanto mais ele o
esfrega, mais eu sinto vontade de tê-lo dentro de mim.
Mais líquido sai do meu pau com apenas uma pressão que
ele aplica e sei que quando ele enfiar o dedo dentro de mim será o
meu fim, mas ele não o faz logo, ele continua brincando comigo e
me levando ao meu limite.
Até que quando eu menos espero, ele o enfia dentro de mim
de uma vez só e engole meu pau por inteiro. A sensação dos dois
juntos é muito para mim e eu explodo em sua boca na mesma hora.
Mesmo após gozar, ele continua me chupando até que meu
pau amolece e então ele sobe com um sorriso safado no rosto.
— E agora, de quem é a sua boca favorita? — Acer pergunta
e eu percebo que estava tão perdido com Ade, que nem ouvi seus
gritos quando ela gozou novamente.
— A sua, com toda certeza do mundo, desculpe, Ash —
Mirtez diz com a voz fraca e com os olhos quase se fechando.
— Nada de dormir agora, linda. — Ade se deita na cama e a
puxa para cima para cima dele. — Agora você é minha.
— O que... — Mirtez pergunta confusa quando Acer se
posiciona atrás dela, mas ele a interrompe com uma risada.
— Você realmente pensou que essa bunda enorme iria
escapar, bruxinha? — Ele acaricia a sua nádega esquerda e então
dá um tapa de leve nela.
— Ai, o que você quer com a minha bunda? — ela questiona
já sabendo exatamente o que vai acontecer.
— Nada que você não vá gostar, meu bem. — Acer me olha
e indica com a cabeça a escrivaninha e eu sei exatamente o que
tem ali dentro.
— Seu pau não vai ser o primeiro a foder meu cu, nem
pensar! — Ela olha de mim para Ade e balança a cabeça. —
Nenhum de vocês! Eu não estou com vontade de sentir uma tora
entrando dentro de mim, não vai rolar.
Eu solto uma risada incapaz de controlar.
— Você realmente está comparando os nossos paus com
troncos de árvores? Assim eu me sinto lisonjeado — eu brinco.
— Não precisa se preocupar, eu sou um demônio, eu consigo
me ajustar para você e ir ajustando aos poucos meu bem, tudo
bem? — Acer fala com uma voz tranquilizadora.
— Para conseguir meu cu, vocês me chamam até de "meu
bem". Vocês homens são uns cretinos! — Ela suspira e pensa um
pouco quando por fim se decide. — Tudo bem, mas é para ir com
cuidado.
— Sempre — Acer garante e eu me levanto para pegar o
lubrificante.
— Tão molhada — Ade murmura ao enfiar seu pau dentro da
boceta de Mirtez.
– E apertada, não é? — ela pergunta brincando e começa a
se mover no pau do meu irmão.
Ela começa com movimentos lentos enquanto tenta encontrar
uma posição confortável. Fico hipnotizado por alguns momentos
vendo-a subir e descer no pau de Ade, os sons molhados da sua
boceta sugando o pau dele me fazem endurecer novamente.
Pego o lubrificante para Acer, mas ele não o passa no
momento, ele está tão fixado quanto eu nos movimentos dela. Ela
encontra seu ritmo e vai aumentando cada vez mais, sua bunda
sobe e desce cada vez mais rápido, podemos ver exatamente o
momento em que ela engole o pau dele por inteiro e sem reclamar.
Mirtez aperta seus seios enquanto geme o nome de Ade, ela
é a porra de uma feiticeira e eu caí completamente em seu encanto.
— Seu pau é tão gostoso, Ade, você me fode tão bem —
Mirtez geme e começa a esfregar seu clítoris enquanto senta.
Acer pega o lubrificante e começa a passar em todo o seu
comprimento e então me pede ajuda para afastar as nádegas dela.
— Eu vou começar só com a pontinha, tudo bem? — Acer
avisa a Mirtez.
— Sim — ela concorda manhosa e para de se mover.
Ele posiciona o seu pau mais fino que o normal na entrada da
bunda dela e começa a se mover lentamente. Mirtez faz uma careta
de dor e Acer para preocupado com ela, mas ela pede que ele
continue e enfie tudo de uma vez.
— Tudo bem? — Acer pergunta pela quinquagésima vez.
– Sim, comece a se mexer logo, porra! — Mirtez exige e Acer
a obedece com prazer.
Na primeira estocada ela faz outra careta, mas pede para que
ele não pare e ele não o faz. Acer começa com um ritmo lento e vai
progredindo a maneira que Mirtez vai se sentindo melhor.
— Seu pau parece estar me esticando inteira, parece que ele
nunca tem fim — ela geme e se abaixa para beijar a boca de Ade.
Ade geme com a velocidade em que Acer mantém os dois
balançando, pois a cada estocada dele, Mirtez vai e volta no pau de
Ade também.
Eu já estou duro só de observar, então começo a me
masturbar enquanto olho os três fodendo.
— Vai ficar só olhando? — Acer pergunta sem fôlego.
Eu arqueio uma sobrancelha para ele e ele dá de ombros, me
passando o lubrificante que acabou de usar.
Seu pedido me deixa sem palavras por alguns momentos,
mas então ele me olha novamente e eu vejo o desejo brilhando em
seus olhos e não tem como negar a maneira como meu pau salta
para isso.
— Certo... — eu murmuro me levantando da cama enquanto
Mirtez grita após gozar novamente.
Eu me posiciono atrás de Acer e lambuzo meu pau e seu cu
com lubrificante antes de começar qualquer coisa.
— Antes de qualquer coisa — eu começo a dizer e me
posiciono em sua entrada — , com você eu não vou ser delicado.
Eu digo e o penetro de uma vez, ele geme alto e bate tão
forte em Mirtez que a faz soltar um grito de surpresa.
— Porra, porra, porra, porra... — ele geme enquanto eu
mantenho o ritmo forte e rápido. — Você é um filho da puta mesmo.
Eu abro um sorriso para suas costas e decido marcá-lo com
meus dentes, seguro seus quadris enquanto bato com mais força e
o mordo entre o pescoço e o ombro.
Eu sei que ele gosta de sexo bruto e sujo, então eu não
poderia fazer diferente com ele.
Ele geme meu nome e impulsiona a bunda para trás para
encontrar cada estocada minha, seu cu aperta meu pau como a
porra de um punho firme e isso quase me faz gozar na hora.
Ele está tão quente por dentro que é como se eu estivesse
fodendo um buraco do inferno, gostoso pra caralho.
— Mais rápido! — Mirtez pede e o seu pedido é uma ordem.
Eu fodo a bunda de Acer de maneira descontrolada e tudo o
que eu faço com ele reflete em Mirtez e Ade. Os dois gemem e se
beijam enquanto eu seguro o cabelo de Acer e puxo sua boca de
encontro a minha.
— Quem é a putinha de quem agora? — eu pergunto entre
beijos e ele apenas rosna para mim enquanto aperta ainda mais
meu pau.
Dessa vez eu não consigo resistir e gozo com força dentro
dele, que rapidamente me segue e goza dentro de Mirtez também.
Quando saio de dentro dele, vejo que Mirtez e Ade já se
encontram apagados em cima da minha cama. Ainda bem que ela é
grande o suficiente para nós quatro.
Eu me jogo ao lado deles e Acer ao lado oposto.
— Dá próxima vez, eu quero o seu — Acer avisa e cai no
sono também.
Eu apenas abro um sorriso e não digo nada, afinal, quem
sabe?
MIRTEZ
— Não interessa, eu vou! — eu digo e bato o pé no chão
como uma criança petulante. Não importa o que eles digam ou o
que pensam, isso é sobre mim e não vou deixá-los tomarem
decisões sem mim.
— O clube é um lugar perigoso, não quero que você vá —
Acer rosna para mim e tenta manter sua pose de durão.
Reviro os olhos para ele e digo novamente que não importa o
que eles digam, eu vou e ponto final.
— Ver outra pessoa que te machucou no passado pode ser
algum gatilho para você — Ade diz tentando amenizar o clima.
— Sim, mas vocês estarão lá para me apoiar, certo?
— Sim, mas... — eu interrompo Ash antes que ele diga
alguma coisa que vai me irritar.
— Mas nada, está decidido, então.
— Você não vai pro clube, só tem homens e eles vão ficar te
olhando, não quero ter que desrespeitar uma das regras do meu
próprio clube — Acer diz e me deixa confusa.
— Qual regra?
— De matar, porra! O desgraçado que eu pegar te checando
vai receber uma visita minha no inferno hoje mesmo — ele diz com
um biquinho de raiva que fica muito fofo nele, mas que eu nunca
assumiria em voz alta.
— A gente transou pra caralho hoje, não era para você estar
cansada ou coisa do tipo? — Ash questiona.
— Assim como você, eu descansei. — Eu dou de ombros.
— Vamos deixar ela ir logo, é só não deixarmos ela sozinha
— Ade diz me apoiando, pelo menos um.
— E como vamos pegar os merdinhas que faltam? — Acer
questiona.
— Eu sou uma bruxa, não sei se você notou — eu murmuro.
— Mas não consegue usar seus poderes e contra dois lobos
ou mais que podem tentar interferir, você poderia acabar se
machucando — Ash diz.
— Eu nunca mais vou deixar qualquer um tocar em mim sem
o meu consentimento, eu nunca mais vou passar por isso, você
pode ter certeza — eu garanto e dou as costas a eles.
Eu vou, não me interessa o que eles pensam ou digam sobre
isso.
— Volte aqui, isso ainda não acabou! — Acer grita às minhas
costas, mas não me dou ao trabalho de respondê-lo. Eu apenas
levanto a minha mão e dou o dedo do meio a ele sem me virar.
Se eles pensaram que eu seria dócil ou controlável, eles se
enganaram pra caralho. Nenhum homem manda ou me controla,
nunca mais, eu prometi isso a mim mesma há anos atrás quando
finalmente consegui evocar meus poderes e me libertar das garras
daquele babaca.
Viva ao time das vadias e não o das boas meninas.

Para matar. É assim que me sinto quando me olho no


espelho. Eu estou usando o mesmo coturno preto que estava mais
cedo, mas estou usando um vestido preto tubinho e apertado ao
corpo. Ele marca bem a minha barriga, mas não me importo com
isso hoje.
Meias arrastão também entram nessa composição aliadas de
um batom vermelho intenso e um delineado gatinho. Não quero nem
imaginar de quem são esses produtos de maquiagem que encontrei
aqui, mas decidi usá-los pois hoje eu queria estar vestida para
matar.
Me olho de corpo inteiro no espelho e me sinto muito bem
com o que vejo. Não me sinto mais tão insegura ou triste com o meu
corpo, o que parece bizarro, pois a uns dias atrás eu nunca usaria
uma roupa dessas.
Mas desde que conheci esses idiotas, eu me sinto mais
confiante e bem comigo mesma. Eles adoram meu corpo como se
eu fosse um templo, então por que eu estava me dando menos que
isso?
Foi necessário eu ver outras pessoas me adorando pelo que
eu sou para que eu começasse a me amar e adorar também. Não
que eu vá admitir isso a qualquer um deles, não, eu prefiro a forca.
— Gostosa pra caramba, nunca se esqueça disso — eu
murmuro para mim mesma e sinto um aperto no peito ao me
lembrar de Katalina. Era ela quem sempre me dizia isso ao sair e eu
devo muito a ela por me ajudar a preservar o restinho de autoestima
que eu tinha.
Sinto falta dela e um dos motivos para eu querer ir hoje é
para reencontrá-la. Sinto falta da sua acidez e da sua gargalhada,
sinto falta das nossas conversas de madrugada assistindo True
Blood enquanto comíamos um pote de sorvete sozinhas.
Tudo bem que deve ter uma semana e alguns dias que não a
vejo, mas estou acostumada a viver com ela por tantos anos, que
essa semana longe parece ser um século.
— Chega de drama, Mirtez, você vai encontrar com ela hoje,
então pare já com isso — eu digo a mim mesma pelo espelho e dou
mais uma checada em minha roupa antes de descer.
Ajeito o vestido mais uma vez e saio do quarto em direção às
escadas.
Encontro todos os rapazes esperando por mim na sala.
Nenhum deles está prestando atenção em mim, pois estão
envolvidos em alguma conversa. Quem vê de fora confundiria com
uma discussão, mas como não tem ninguém batendo em ninguém,
eu sei que não é.
— Vamos? — eu digo do topo da escada e três cabeças se
viraram na minha direção na mesma hora.
— Nem fodendo! — Acer é o primeiro a falar.
— Não mesmo! — Seguido de Ash.
— Nem pensar. — E até mesmo Ade me abandonou nessa.
— O que? — eu questiono.
— Você quer realmente matar todos os homens daquele
galpão, não quer? — Acer questiona.
— Como assim? — eu pergunto fingindo não entender.
— Não se faça de dissimulada, olha como você está gostosa!
Você é literalmente a porra do pecado da luxuria, impossível não te
cobiçar — Acer diz com raiva, mas eu abro um sorriso com o elogio.
— Todos lá vão te foder com os olhos, nem pense em sair
assim — Ash diz possessivo, me olhando de cima abaixo.
— Somos demônios da Ira, fodidos por natureza, e você
ainda vai provocar? Golpe baixo, linda — Ade diz me devorando.
— É só não ficarem colados em mim, simples. O que os
olhos não veem o coração não sente. — Eu dou de ombros e vou
em direção a porta.
Tento transparecer indiferença, mas estou radiante por dentro
com a reação deles. Talvez eu esteja tão ferrada quanto eles por
gostar disso.
— Mirtez! – Acer rosna novamente e eu estou começando a
duvidar que ele seja mesmo um demônio. Rosna tanto que parece
até um cachorro, que droga!
— Estou gostosa?
— Sim — os três respondem em uníssono.
— E bonita?
— Sim — eles respondem novamente.
— Então, pronto! Lidem com os ciúmes de vocês, eu não vou
mudar de roupa para agradar ninguém.
— Mulher infernal, só pode ser a porra de um castigo de
lucífer — Ash murmura e me segue sem reclamar mais, mas não
deixo de notar as várias olhadas que ele me dá ao longo de todo o
caminho.

Abafado. É a primeira coisa em que penso ao entrar nesse


clube. Que calor do caralho, mal entrei e já estou derretendo. Vai ser
sempre assim nas festas deles? Tudo bem que isso é um clube de
luta ilegal, mas já é a segunda propriedade deles que eu venho e
que está esse calor infernal.
Acer, Ash e Ade parecem três motores ao meu redor. Eles
rosnam pra qualquer pessoa que me olhe, seja homem ou mulher.
Às vezes nem é com segunda intenção, mas lá estão eles,
parecendo três motores fazendo barulho.
Tem três pessoas lutando dentro de uma gaiola, não sei
como essa luta deveria funcionar, mas os três estão quebrados pra
caramba. Um parece ter o braço em um ângulo estranho, mas
continua atacado os oponentes com as pernas e o braço bom.
— Oi amor. — Uma voz melosa vem do meu lado e quando
olho é uma loira linda e gostosa pra caramba olhando fixamente
para o meu Ade. Ela vem em sua direção, mas em um ato
impulsivo, eu me coloco na frente atrapalhando o seu caminho até
ele.
Ela me olha de cima abaixo e o seu nariz enruga em
desgosto.
— Amor, manda essa vadia ir embora, estava com saudades
de você — ela ronrona para Ade e tenta me empurrar para o lado,
mas os braços firmes dele me mantém no lugar.
— Vai embora, vadia — ele diz exatamente as palavras dela
enquanto olha no fundo dos seus olhos.
— O que? — Ela abre e fecha a boca sem entender nada e
então me olha de cima a baixo novamente, me fuzila com os olhos e
então se vira e sai murmurando alguma coisa sobre vadias gordas
que eu não entendo muito bem, mas que preciso segurar meus
demônios para que não fossem atrás dela.
— Vamos para as mesas, lá vai estar menos cheio e ainda dá
para observar o galpão em busca do merdinha — Ash sugere.
Eu concordo com a cabeça e vamos em direção às mesas
perto do bar. Estou morrendo de sede, então peço a Ash para pegar
um drink para mim.
Ele sai sem dizer nada e vai para o bar preparar ele mesmo
algo para mim, afinal, o dono sempre pode tudo. Ade o acompanha
para fazer alguma coisa mais requintada para ele também,
enquanto Acer se contenta com uma cerveja que oferecem a ele.
Algumas mulheres dançam com a música que toca ao fundo,
mas a maioria das pessoas está apenas vidrado na luta que está
acontecendo. Por incrível que pareça e pelo pouco que eu entendo,
o homem com o braço quebrado parece estar se saindo melhor que
todos os outros.
Ele é enorme e mesmo dessa distância dá para ver que seu
corpo é todo remendado com várias cicatrizes. Ele luta bem, mas
não dá pra enxergar seu rosto com todo o sangue que o cobre.
— Senta no meu colo, bruxinha — Acer me chama com um
sorriso safado enquanto dá uma golada na cerveja que deram para
ele.
— Não, obrigada. — Não estou interessada em
demonstrações públicas de afeto, ainda mais com a possibilidade de
Katalina estar por aqui. Eu preciso explicar tudo para ela primeiro,
não quero que pense que eu a abandonei.
— Eu aceito. — Uma ruiva que estava dançando escutou,
não sei como, e veio dos infernos para se sentar no colo de Acer, o
que me deixa fervendo de raiva. Eu o espero ter a mesma atitude de
Ade, mas ele apenas sorri para a vadia e ergue uma sobrancelha
para mim.
FILHO DA MÃE!
Se ele espera que eu dê um surto de ciúmes e a arranque do
colo dele é porque ele não me conhece realmente. Se é assim que
ele quer jogar, é assim que vai ser.
Levanto-me na mesma hora e vou até a mesa do lado onde
um homem que eu nunca vi na vida está sentado tomando sua
cerveja, eu levanto o seu braço rapidamente antes que Acer me
impeça e me sento em seu colo posicionando minha bunda
diretamente no seu pau.
Abro um sorriso forçado para o homem e ele abre a boca
para dizer alguma coisa, mas assim que seus dedos encostam na
minha cintura, a sua cabeça é puxada para trás e ele recebe um
soco bem dado no rosto no meio do bar.
Sou puxada por braços fortes do colo dele e então a briga
começa. Acer parte para cima do homem com tudo e começa dando
um chute em cheio no seu rosto, é possível ver um dente do homem
voando em câmera lenta e caindo no chão.
Não se ouve mais nenhum som no galpão inteiro, nem
mesmo a música que tocava ao fundo se ouve mais.
O homem cai no chão e Ash monta em cima dele para
desferir socos em seu rosto. Sei que eu deveria ficar horrorizada
com a brutalidade deles ou arrependida por toda a confusão que
causei, mas não me importo com isso no momento, eu apenas me
sinto quente ao ver eles brigando dessa forma por mim.
Acer chuta as costelas do homem enquanto Ash continua
socando o seu rosto, é possível ouvir vários estalos dos ossos
quebrando, tanto da face quando dos locais onde Acer chuta.
Ade está ao meu lado me segurando e protegendo da
multidão, mas consigo sentir seu corpo vibrando contra o meu com
a necessidade de participar da violência.
Quase digo para ele ir também, mas repenso antes de abrir a
boca pois dizer isso a ele seria o mesmo que dizer que concordo
com isso tudo e que apoio essa loucura deles, essa maldade sem
sentido, mas eu sou uma bruxa do bem, certo?
Eu não poderia me sentir assim ou apoiar isso. Então por que
eu me sinto tão extasiada vendo eles agirem assim, tão
primitivamente? Por que minha calcinha está ficando molhada a
cada esguicho de sangue que suja o corpo de Ash?
Eu não sou do bem? Então por que continuo sedenta para
ver aonde isso vai?
— QUE PORRA É ESSA? — Ouço o grito dele e congelo na
mesma hora. Essa voz, eu conheço essa voz, mas como é
possível?
COMO EU ESTOU OUVINDO A VOZ DELE?
EU MATEI ELE.
​ELE ESTÁ MORTO.
Eu me viro lentamente para onde vem a voz de Scott atrás de
mim, mas não posso acreditar no que meus olhos veem, aquele
menino loiro e sorridente se foi.
No lugar está um monstro todo remendado e com a cara toda
desfigurada. Se não fosse por sua voz e pela cor do seu olho eu
nunca iria reconhecê-lo, é impossível ele estar aqui.
Eu literalmente enfiei uma faca em seu olho, o esfaqueei
diversas vezes e ainda consegui convocar meus poderes de última
hora e garanti que ele estivesse morto.
NÃO! NÃO! NÃO!
ISSO NÃO PODE SER REAL, NÃO TEM COMO SER REAL,
ISSO NÃO É REAL.
Limpo meus olhos para ver se realmente estou enxergando
com clareza, mas a figura diante de mim não muda. Scott Hale
continua aqui, a porra do meu passado voltou para me pegar.
— Amor, calma. Você é a porra do alfa, vai realmente se
importar com o que fazem com um solitário? — A voz de Katalina
chega primeiro que ela. Katalina sai de trás de Scott e o puxa contra
ela, tentando afastar ele dos meus demônios e da briga.
Não é possível que a mesma Katalina que me ajudou, me
amparou quando eu mais precisei, que sempre me disse para largar
Scott, a mesma Katalina está agora abraçada a ele?
— Katalina? — eu sussurro e então os dois se viram para
mim.
MAS QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AQUI?
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GRUPO DE LEITORAS: Link na bio do Instagram
Eu gostaria de começar agradecendo a cada leitora que está
comigo nessa jornada desde o início me motivando, mandando
mensagens de carinho e apoio nas redes sociais, sem o apoio de
vocês eu não estaria aqui.
A minha beta Laryssa Macêdo por ter sido a primeira pessoa a
acreditar no meu potencial e a me ajudar tanto em tudo o que eu
preciso, sempre me dizendo onde estou errando e onde estou
acertando, ela é totalmente o meu Norte.
A Marcelly e a Dany por terem me ajudado com tantas ideias
maravilhosas para esse livro e a Marcelly novamente por ter me
apresentado aos manhwas favoritos dela que eu amei.

Ao meu namorado por sempre segurar minha mão em momentos


onde nem eu mesma acredito na minha capacidade, por sempre me
incentivar, por sempre enxugar minhas lágrimas quando nada
parece dar certo e por todos os esporros que me dá quando eu
enrolo para terminar o livro.
Eu sou muito grata a cada um de vocês, a cada amizade que a
escrita me proporcionou.

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