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SINOPSE:

A PROMETIDA DO MAFIOSO

ESTE LIVRO CONTÉM: DARK ROMANCE + MÁFIA ITALIANA +


ENEMIES TO LOVERS + CASAMENTO POR CONVENIÊNCIA + HOT (+18)

Esta história contém VÁRIOS GATILHOS, como descrição de

t0rtura, m0rte, abuso psicológico, autoagressão etc.

“Eu colocaria fogo na porra daquela cidade, mas ela jamais saberia que
era a minha fraqueza".

Aos vinte e três anos, MASSIMO RAMAZZOTTI se vê à frente de uma


grande responsabilidade do seu legado: o Dom da Cosa Nostra. Ele sabia que
um dia isso aconteceria, mas não imaginou que fosse ser como aconteceu.
Ainda vivo, seu pai lhe deu uma missão que jurou cumprir e, após a sua morte,
ele está ainda mais determinado para cumpri-la, custe o que custar!

PERLA MARTIN cresceu sabendo o que a aguardava futuramente, mas,


ao completar dezoito anos, seu pai achou que conseguiria mudar o rumo já
traçado para a sua vida, o que foi um grande erro.

Ela foi prometida a ele ainda criança.


Ele não desistirá da sua missão e vingança.

Pode o amor surgir em meio ao mar de pura escuridão?


PRÓLOGO

MASSIMO RAMAZZOTTI

OITO ANOS ANTES…

Enquanto atravesso o corredor amplo, meus passos são firmes e, em


meio à incerteza do que meu pai teria para falar comigo, continuo meu caminho
até me ver diante da porta de madeira maciça do seu escritório. Sem parar
para pensar em mais nada, seguro a maçaneta e a giro, pois ele já estava à
minha espera. Assim que entro, me permito inspirar o ar profundamente,
oxigenando meus pulmões, e a fecho.
Giro sob meus sapatos e meu olhar vai ao encontro do meu pai,
Maurizio Ramazzotti, Dom da Cosa Nostra, que parece tão ou mais inquieto e
ansioso que eu. Com um acenar de cabeça, logo me indica a poltrona à frente
da sua mesa, e assinto, seguindo até me acomodar no assento de couro,
aconchegando minhas costas contra o encosto extremamente macio. O
encaro, aguardando que se pronuncie.
— Estou aqui, pai. O que tem para me falar? — Avalio as rugas que se
formam em sua testa, e ele ajusta sua postura na cadeira, me fitando
seriamente.
— Fez quinze anos há alguns dias, já é um homem feito e acredito que
está na hora de termos essa conversa. — Pausou, mantendo seu olhar preso
ao meu, e coçou sua barba rala.
Imagens de dias atrás, quando aconteceu a minha iniciação na máfia,
vem à minha cabeça e trinco o maxilar, balançando a cabeça em negativo,
para afastá-las. Por conta de toda a nossa linhagem e sua história com a minha
mãe, já imaginava qual seria o assunto da nossa conversa. Eu herdaria todo
esse império para comandar após o meu pai e me sentia mais do que pronto
para ouvir sobre todas as obrigações que teria de cumprir futuramente.
Espantei meus pensamentos dizendo:
— Vá em frente.
— Como se sente? — quis saber. Eu o conhecia muito bem e sabia que
aquela pergunta era referente a minha iniciação na máfia, não a como me
sentia sendo uma pessoa comum.
— Me sinto pronto, pai — respondi. — Sempre deixou claro que eu,
como seu primogênito, terei uma enorme responsabilidade para herdar. Um
império para mandar e desmandar, com regras a serem seguidas e, se me
chamou aqui, tenho certeza de que é para me falar sobre mais uma das
inúmeras obrigações que terei de cumprir — proferi.
— É ótimo vê-lo tão determinado dessa forma, Massimo. É disso que a
Cosa Nostra precisa, e tenho certeza de que será um Dom ainda melhor do
que eu. — Comprimi meus lábios em um sorriso ameno, não escondendo o
quanto me sentia feliz por ele me enxergar daquela forma. Então, ele
continuou: — Te chamei aqui para explicar sobre o “tratado de paz”, que vem
desde os nossos antepassados, firmado com a Outfit. Dará continuidade a isso,
tanto que já tem uma noiva prometida a você e terão que se casar quando ela
completar dezoito anos. — Já tinha ouvido falar sobre a existência desse
tratado, até pela história do meu pai com a minha mãe. Só não imaginava que,
aos quinze anos, meu destino já estaria entrelaçado ao de uma mulher que é
de uma máfia rival.
— Não sabia que, além de herdeiro de um Dom, ganharia uma esposa
como “brinde”. — Fiz aspas no ar, expondo minha confusão.
— Nossos antepassados selaram esse acordo a fim de manter a paz
entre a Cosa Nostra com a Outfit, após um primogênito ter fugido e se casado
às escondidas com a primogênita da máfia rival — comentou. — Entendo sua
confusão, só que a lealdade corre em nossas veias e, como meu sucessor, não
pode quebrar esse acordo. Jamais! Me entendeu? — disse firmemente.
— Vou me casar com uma desconhecida porque um primo meu, muito
distante ou sabe-se lá o que, não guardou o pau na cueca? Não tinha mulher
na famiglia naquela época? — debochei, contrariado.
— Claro que existia, mas claramente não era a que ele desejava e, por
conta disso, estamos pagando esse “preço” há gerações — mencionou.
Bufei, balançando a cabeça em negativo.
Era inacreditável!
— Esse “ciclo” nunca terá um fim? — questionei.
— Não — negou.
Soltei uma baforada de ar e remexi sobre o assento.
— Ok. Disse que terei de me casar quando a garota completar dezoito
anos, e quantos anos ela tem agora? — perguntei.
— Dez anos — comunicou.
— Eca! Isso é nojento! — reclamei.
— Só se casarão quando ela tiver dezoito anos, Massimo! Não faça
comentários idiotas, afinal, somos mafiosos, não monstros. Zelamos pelas
mulheres e crianças, mesmo que não sejam da nossa máfia, sabe disso — me
reprimiu.
Fiquei em silêncio por alguns segundos ao reconhecer o meu erro.
— Entendi — murmurei, aceitando que aquele era o meu destino e não
havia nada que eu pudesse fazer para mudá-lo.
— Terá oito anos pela frente até se casar. Enquanto isso, continuará
treinando e se aprimorando para quando finalmente chegar o momento de
assumir o meu lugar. — Ele se pôs de pé, abandonando sua poltrona, e veio
até mim.
Me ergui da cadeira e ficamos frente a frente. Meu pai sempre foi um
exemplo pra mim e, independentemente de sermos da máfia, eu queria ser
alguém tão ou mais poderoso que ele. A sede de poder corria em minhas
veias.
— Estou bastante ansioso por isso, pai. — Maurizio não era muito de
sorrir, mas, naquele momento, seus lábios se curvaram em um sorriso
satisfeito e segurou em meu ombro.
— Será um grande Dom. Tenho certeza disso. Agora pode ir — disse.
Assenti e caminhei em direção à saída. Ao atravessar aquela porta,
respirei fundo e passei as mãos pelos fios do meu cabelo, alinhando-os para
trás. Por mais que aquela ideia de casamento por conta de um “tratado de paz”
feita por nossos antepassados fosse algo ridículo, não tinha como eu fugir à
regra.
Encararia os próximos anos normalmente, aprendendo, me dedicando e
me fortalecendo. Quando o momento de me casar chegasse, cumpriria com o
acordo, assim como meu pai e todos em meio à máfia esperavam de mim.
CAPÍTULO 1

MASSIMO RAMAZZOTTI

SETE ANOS E NOVE MESES DEPOIS…

Sentado atrás da mesa do escritório, que passou a me pertencer há um


pouco mais de seis meses, fixei meu olhar em um ponto qualquer, cerrando
meu maxilar fortemente, e fechei minha mão em forma de punho. Lembranças
dolorosas preenchiam a minha mente e, por mais que tentasse não deixar que
meus sentimentos viessem à tona muito mais do que deveriam, foi algo
impossível de conseguir. Naquele momento, o sangue passou a ser bombeado
com mais agilidade pelas minhas veias e nada que eu pudesse fazer iria
amenizar aquilo.
Dor, ódio e sede de vingança… esses eram os sentimentos que
passaram a fazer parte de mim, ficando cada vez mais fortes dia após dia
desde que ousaram matar o meu pai, Maurizio Ramazzotti. Por conta das
imagens daquele fatídico dia, que passavam pela minha cabeça, desferi um
soco sobre a mesa, que logo me levou a abrir e fechar os meus dedos devido à
dor aguda que reverberou pelo meu braço, causada pelo impacto contra a
madeira maciça. Assumi o lugar do meu pai com vinte e dois anos, tornando-
me o Dom da Cosa Nostra e ainda não havia aceitado que o perdi daquela
maneira e o pior foi descobrir quem havia sido o responsável pela sua morte.
— Bastardo! Pagherà per questo — proferi entredentes, indignado, e
soquei a mesa mais uma vez.
Respirei fundo, soltando o ar pesadamente ao me lembrar de como tudo
ocorreu no dia em que ele foi morto. Eu tinha uma carga para negociar no
mesmo local em que sempre estava acostumado a ir. Éramos uma das
organizações que controlava o mercado de drogas e parte do mercado de
armas na Sicília.
Naquele dia, além da negociação, também tinha um carregamento que
havia ficado pronto na Fábrica para conferir. Meu pai não tinha o costume de ir
a esses tipos de “encontros”, mas algo que deveríamos ter achado suspeito, e
que não notamos, aconteceu. Recebemos uma ligação da escola onde a minha
irmã estudava e nos informaram que alguém havia pegado a Nina.
Quanto a isso, não existiam motivos para acharmos que fosse uma
mentira, afinal, desde que ela insistiu para estudar como uma pessoa “normal”
— já que queríamos que estudasse em casa, justamente por sabermos que
minha irmã correria riscos —, esperávamos que algo assim acontecesse. No
mesmo instante, ficamos em alerta e nervosos com aquilo, então, meu pai me
pediu para ir com o meu tio, que era o seu subchefe, juntamente com o meu
irmão, Dário, para averiguarmos aquela informação.
Mal sabíamos que aquele era realmente o plano de quem tramou tudo
aquilo. Maurizio fez questão de ir no meu lugar para negociar e conferir o
carregamento. Assim que chegamos ao local em que Nina estudava, não havia
nada fora do normal.
A diretora me garantiu que ela estava em horário de aula, mesmo assim,
me dirigi até sua sala, e minha irmã estranhou minha aparição repentina
quando surgi na porta. A conhecia muito bem e sabia que meu sorriso a fim de
disfarçar minha aflição ou até mesmo a desculpa que usei para enganá-la, com
certeza ela não havia acreditado cem por cento, só que se mostrou convencida
e mais tranquila. Com isso, logo me encaminhei para fora do ambiente e, como
uma espécie de aviso que algo ruim havia acontecido, senti um arrepio gelado
percorrer pela minha espinha dorsal, algo que ignorei completamente.
Naquele dia, aprendi que eu jamais deveria voltar a fazer aquilo. Não
podia, em hipótese alguma, desconsiderar os sinais que meu corpo emitisse.
Para a minha surpresa, no caminho de volta para casa, recebi o telefonema do
Vitório, um dos soldados que acompanhou o meu pai. Ele não era somente um
soldado qualquer, Maurizio confiava muito nele, também por ser seu afilhado, e
sempre o dizia que ele ainda cresceria muito na máfia.
Meu pai, com certeza, visava um cargo maior na nossa hierarquia para
que ele pudesse ocupar, mas, naquela ligação, tudo se perdeu. Ainda me
lembro do desespero em sua voz enquanto repetia: “É uma emboscada, é uma
emboscada”, por diversas vezes e, em seguida, ouvi vários tiros sendo
disparados. Preocupado e desacreditado, partimos para onde eles estavam e,
ao chegarmos no lugar, todos os três estavam mortos.
Lembro de ter me ajoelhado e pegado meu pai nos braços. Eu não era
de chorar e, por mais que um nó tivesse se formado em minha garganta, não
me permiti demonstrar fraqueza alguma. Mesmo que estivesse evitando
demonstrar qualquer emoção, meu coração pulsava forte no peito por conta da
dor insana que latejava dentro de mim, somada ao sentimento de revolta.
Dário também se ajoelhou ao meu lado e pude enxergar uma ira
incomum através dos seus olhos e sua postura extremamente rígida.
— Vamos achar o bastardo1 que fez isso, pai. Juro que vamos! —
consegui falar depois de respirar fundo e soltar o ar pesadamente.
O bolo em minha garganta se fortaleceu e engoli em seco, me
esforçando a fim de controlar minhas emoções. Dário apenas assentiu,
concordando com o que eu disse.
Observei meu tio se ajoelhar do outro lado e notei seu maxilar cerrado,
assim como suas mãos fechadas fortemente em forma de punhos ao lado do
seu corpo. Vislumbrei a tristeza e indignação acumuladas em seus olhos, mas
logo se levantou e foi ao encontro do corpo de Vitório.
Estávamos muito tristes com tudo aquilo. Pertencíamos à máfia e
sabíamos todos os riscos que corríamos e, por mais que tentássemos não
demonstrar nossas emoções, não significava que a perda de alguém, sendo
ela do nosso sangue ou apenas da “família”, fosse mais fácil de ser suportada,
pelo contrário.
Movi meus olhos pelo peitoral do meu pai, analisando os vários disparos
por cima da camisa social branca que usava. Havia um colete à prova de balas
por baixo dela, o que deveria ter sido o suficiente para livrá-lo não só dos tiros
que levou naquela região. O problema é que uma bala pegou em um dos seus
ombros e outra, um pouco acima do meio da sua testa, que havia sido o
“certeiro”.
1
Desgraçado.
Também atiraram em suas pernas, algo que vi depois. Por fim, engoli
toda a raiva presente dentro de mim e, vendo que os olhos dele estavam
abertos, passei meus dedos para fechá-los. Ali, me permiti sentir toda a dor da
sua perda e, internamente, jurei novamente que descobriria quem o matou.
Se precisasse ir ao quinto dos infernos, eu iria. Não descansaria até
vingar a sua morte.
Pisquei algumas vezes, abandonando meus pensamentos ao ouvir
batidinhas na porta e ajustei minha postura na cadeira.
— Entre! — gritei.
A porta foi aberta e Dário surgiu em meu campo de visão.
— Não te ligaram ainda? — quis saber, tão ou mais ansioso que eu.
— Ainda não. Estou aguardando — informei, vendo-o fechar a porta.
Caminhou até a poltrona que ficava em frente à minha mesa e se
sentou, acomodando-se contra o encosto. Foi impossível não o observar
naquele assento e não me recordar das inúmeras vezes que fui chamado a
esse escritório pelo meu pai e me sentava justamente onde ele estava nesse
momento. Fechei meus olhos e pressionei minha têmpora com precisão;
respirei fundo e soltei o ar frustradamente.
— Não sei como consegue ficar tão calmo — Dário comentou.
Soltei um riso de canto, abafado.
— Impressão sua, fratello — informei, o encarando.
— Vou arrancar a cabeça dele — afirmou, olhando-me com um
semblante sombrio.
— Talvez eu deixe que o arranque um olho ou algo parecido — prometi.
— Não é o suficiente, porra! — reclamou, enfurecido.
— E acha que não sei disso? — esbravejei, irritado. — Não podemos
matá-lo. Ainda não — reiterei.
— Ele matou o nosso pai! — disse, ainda mais enraivecido.
Me pus de pé e soquei a mesa com força. Ignorei completamente a dor
que atingiu os meus dedos e o fitei seriamente. Dario tinha a péssima mania de
ser impulsivo e duvidar das minhas decisões como Dom.
— Por mais que seja meu irmão e o subchefe, me deve respeito, cazzo!
— exigi, emputecido.
Ele, então, desviou seus olhos dos meus, voltando a me fitar em
seguida.
— Vai mesmo deixar aquele bastardo vivo? — contestou.
— Entendo a sua raiva, mas sou eu quem tomo as decisões aqui,
fanculo2! Pare de me questionar! — o repreendi, puto.
Dario respirou fundo e abaixou a cabeça, passando os dedos
nervosamente entre os fios do seu cabelo.
— Qual é o seu plano? — procurou saber. Parecia mais calmo.
— O carregamento de drogas, quero de volta — comentei.
— Já foi resolvido. Não precisa… — O encarei com um semblante
fechado, e ele se calou no mesmo instante.
— Não se trata apenas disso — bradei.
— Ok. Quando decidir matá-lo, não se esqueça que quero torturá-lo
antes — proferiu entredentes, fechando suas mãos fortemente em forma de
punhos, e se pôs de pé.
— Não é só você quem deseja isso, Dario — o lembrei.
2
Caralho.
Como esperado, nada disse.
— Vou estar lá fora, esperando quando te ligarem — avisou.
Apenas assenti e o vi sair do escritório em seguida.
Voltei a me sentar e a porta foi aberta outra vez. Meus olhos captaram a
presença do meu tio, Eraldo.
— Posso entrar? — perguntou, parado com a porta aberta.
— Sim — confirmei.
Ele, então, fechou a porta e veio até mim, parando de frente para a
mesa.
— Pelo modo que o Dario passou por mim no corredor, imagino que não
tenham ligado ainda — comentou.
O encarei.
— Ainda não ligaram, mas isso não justifica o humor do meu irmão —
informei.
— O que foi agora? — perguntou.
Soltei uma lufada de ar.
— Dario não entende que não podemos matar aquele vecchio figlio di
puttana3. Além disso, não perde a oportunidade de reclamar sobre minhas
decisões de alguma forma — desabafei, irritado.
Eu confiava no meu tio, quanto mais por ele ter ocupado o lugar como
subchefe quando meu pai estava vivo. Hoje, não mais. Após sua morte e eu ter
assumido como Dom, Eraldo foi nomeado como meu consigliere e tornei Dario,
o subchefe.
Meu tio era um ótimo conselheiro e não confiava em mais ninguém para
essa posição, senão ele.
— Faz pouco tempo que perdemos o Maurizio em uma emboscada.
Dario apenas não se acostumou com a ideia de você ser o Dom. Tenha um
pouco mais de paciência, que logo ele se acostuma — aconselhou.
Soltei um riso irônico.
— Paciência? Já se passaram um pouco mais de seis meses desde que
perdemos o nosso pai! — exclamei, não conseguindo conter minha fúria quanto
ao modo impulsivo do meu irmão.
— Entendo que esteja impaciente com o Dario, mas não se esqueça que
ele também estava ansioso, esperando por esse momento. Foram mais de seis
meses aguardando que você finalmente pegasse aquele bastardo — pontuou.
Era possível sentir a raiva em meio as suas palavras, além de vê-lo fechar suas
mãos em forma de punhos ao lado do corpo e trincar seu maxilar com força,
desviando seu olhar do meu.
— Todos estávamos esperando por esse dia, tio, não somente o meu
irmão e sabe muito bem os meus motivos para só pegá-lo agora — mencionei,
o lembrando.
— Sim. Você é o Dom aqui, quem manda e, quando me contou meses
atrás o porquê de aguardar por esse tempo e por mais que eu tenha o privilégio
de ser o seu conselheiro, em nenhum momento discordei da sua decisão. Foi
bem inteligente, para ser bem sincero. — Comprimi meus lábios em um meio-
sorriso ao escutar sua opinião e assenti, contente por ter seu apoio, ao
contrário do Dario, que sempre colocava em dúvida minhas decisões.
Antes de conseguir respondê-lo, o toque do meu celular sobre a mesa
chamou nossa atenção. Meus olhos, automaticamente, foram para a sua tela e
3
Velho filho da puta
o brilho nela anunciava a chamada de um dos meus soldados, designados a ir
pegar aquele vecchio figlio di puttana. Recolhi o aparelho tão rápido que mal
percebi quando aceitei a ligação e tinha o telefone contra o meu ouvido.
— Estou escutando. — Tentei conter meu ódio, mas meu coração
pulsava forte no peito, cheio de expectativa, sede de vingança e rancor.
— Pegamos todos eles, senhor. Estamos a caminho do local que
ordenou que os levassem. — Cazzo! Ainda não estava acreditando que
finalmente olharia nos olhos daquele accidenti a te4.
— Ok. Já sabem o que fazer com os outros. Não toque no velho, logo
chegaremos aí — comuniquei.
— Certo, senhor. Aguardaremos — disse, e encerrei a ligação.
Com o celular em mãos, me levantei num rompante e alcancei meu
paletó que estava em cima do encosto da minha cadeira. Assim que o vesti,
enfiei o celular num dos seus bolsos internos e olhei para Eraldo, que
aguardava minha resposta a respeito da ligação.
— O pegaram — avisei, e ele praguejou alto, dando um sorriso de canto.
— Finalmente! — comemorou, mas sem esboçar nenhum outro gesto.
Abri a primeira gaveta que ficava na lateral da mesa e apanhei minha
arma. Uma pistola semiautomática. Uma das mais potentes do mundo, sendo
que sua munição podia atravessar proteções balísticas, dependendo de certo
nível.
Conferi o cartucho que estava cheio, também a trava de segurança e a
coloquei no cós da calça, às minhas costas, não dava para ser vista por conta
do paletó que a cobria.
— Vamos! Dario está lá fora. — Saí de trás da mesa, e meu tio assentiu.
Rumamos em direção à porta.
Não via a hora de estar cara a cara com aquele bastardo. O culpado
pela morte do meu pai. Hoje ele descobriria o que eu, um Ramazzotti,
conseguia fazer.
Ele saberia que mexeu com a família errada. Não se mexia com um
Ramazzotti sem receber de volta sua verdadeira punição. O faria se arrepender
amargamente por isso.

4
Maldito.

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