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Copyright © 2024 Maria Amanda Dantas

REJEITADA PELO IMPERADOR DA MÁFIA

1ª edição | Criado no Brasil


Edição digital

Autora: Maria Amanda Dantas


Revisão: Luana Souza
Diagramação: Elle Zutan
Capa: Hbdesigner

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL E PARCIAL DESTA OBRA, DE QUALQUER


FORMA OU POR QUALQUER MEIO ELETRÔNICO OU MECÂNICO, INCLUSIVE POR
MEIO DE PROCESSOS XEROGRÁFICOS, INCLUINDO AINDA O USO DA INTERNET,
SEM A PERMISSÃO EXPRESSA DA AUTORA (LEI 9.610 DE 19/02/1998).

ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO. NOMES, PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS DESCRITOS SÃO PRODUTOS DA IMAGINAÇÃO DA AUTORA.

QUALQUER SEMELHANÇA COM ACONTECIMENTOS REAIS É MERA


COINCIDÊNCIA. TODOS OS DIREITOS DESTA EDIÇÃO SÃO RESERVADOS PELA
AUTORA.
Sumário

Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Olívia Russo
Capítulo 2
Alessandro Lombardi
Capítulo 3
Olívia
Capítulo 4
Olívia Russo
Capítulo 5
Olívia
Capítulo 6
Olívia
Capítulo 7
Olívia
Capítulo 8
Alessandro Lombardi
Capítulo 9
Olívia
Capítulo 10
Olívia
Capítulo 11
Alessandro Lombardi
Capítulo 12
Olívia
Capítulo 13
Olívia
Capítulo 14
Olívia
Capítulo 15
Olívia
Capítulo 16
Olívia
Capítulo 17
Olívia
Capítulo 18
Olívia
Capítulo 19
Olívia
Capítulo 20
Olívia
Alessandro Lombardi
Capítulo 21
Alessandro Lombardi
Capítulo 22
Olívia
Capítulo 23
Olívia
Capítulo 24
Olívia
Capítulo 25
Alessandro Lombardi
Olívia Lombardi
Epílogo
Olívia
Agradecimentos
Outros títulos
Muito obrigada, pela leitura e pela avaliação.
Sobre a Autora
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Sinopse

Um acordo de casamento. Um baile de máscaras. Ela se entrega a um desconhecido sem


imaginar que ele é o seu noivo.
Olívia Russo está prometida em casamento a Alessandro Lombardi, no entanto, lutará
contra todos para que esse casamento não ocorra. Ela será capaz de se entregar a outro homem
para que seu noivo a rejeite. Contudo, para a sua surpresa, após passar a noite com um
desconhecido, ela descobre que ele era seu noivo, e agora o mafioso fará qualquer coisa para ter
sua mulher.
Alessandro Lombardi é um chefe de máfia. Ele decidiu que está na hora de se casar e ter
seus herdeiros, entretanto, depois de ter fechado um acordo de casamento com a filha de um
velho amigo, descobre que foi enganado e que a mulher com quem ele se casará será a irmã mais
nova, e não a filha do meio, como pensou. Furioso, ele decide acabar com o noivado, até ver sua
prometida em um baile, desesperada para que alguém passe a noite com ela. Alessandro se vê
encantado com a beleza da linda mulher de mechas roxas. E ele a terá!
Para todas as Maria mafiosas assim como eu, que amam um Alessandro Lambardi: italiano,
sedutor, arrogante, sexy, capaz de enfrentar tudo e todos por sua esposa.
Capítulo 1

Olívia Russo
Eu não vou me casar com o meu prometido. Antes de me tornar sua esposa, prefiro beber
veneno e morrer. Foi o que eu disse ao meu pai. Logo depois, ele me acertou em cheio com um
tapa na minha face direita. Ficamos uns dois minutos em silêncio.
Minha famiglia costuma ser muito complicada. Eu carrego comigo um importante
sobrenome, pois somos descendentes de uma grande geração e organização poderosa que tomou
conta do Norte da Itália nos anos 30. O meu pai é o quarto líder dessa organização, que se chama
Camorra.
E sabe o que isso significa para mim?
Nada!
Todo o poder, fortuna e luxo me causam revolta.
A começar pelo meu nome em homenagem à minha avó paterna. Eu não sentia a menor
empatia por ela. A única coisa útil que minha avó disse na vida foi: “É melhor casar suas outras
filhas. Sua filha mais nova não é atraente aos olhos”. E foi o que meu pai fez: casou minhas duas
irmãs mais velhas com dois chefes de máfia muito importantes, daqui mesmo da Itália. Papai
pensou que, assim, conseguiria recuperar parte da fortuna que havia perdido com jogos e
bebidas. Ele se descontrolou nos últimos anos devido ao vício pelo álcool. A nossa sorte é que
ele não é um homem agressivo.
Ao casar minhas irmãs, nosso pai fez grandes acordos comerciais, mas de nada adiantou,
pois usou todo o dinheiro para jogar. E agora, em uma última tentativa de se reerguer, quer me
casar com um homem que nem conheço, 20 anos mais velho que eu. Possivelmente, é um
rabugento, com muitas rugas no rosto e gordo. Não que eu me importe com a aparência física,
mas ainda sou uma menina muito jovem, na flor da idade.
Eu fiz 20 anos há uns meses e decidi que não queria uma festa de aniversário para convidar
pessoas com quem eu não tinha nenhuma afinidade. Sem falar que eu também sabia das
condições delicadas que minha família estava vivendo. Eu jamais exigiria uma festa luxuosa para
aparecer na sociedade.
Minha vida é pacata e tranquilamente confortável. Duas vezes por semana estou
trabalhando em uma ONG voluntariamente, cuidando de crianças carentes, em um programa
social. Meus pais acreditam que eu estou indo me encontrar com minha única amiga. Vivo essa
rotina há alguns meses. Os seguranças, que me seguem para cima e para baixo, são meus amigos
e guardam esse segredo para mim.
— Antônio, por favor, acalme-se. — Mamãe é a paz da nossa casa. Uma esposa dedicada
ao lar, que zela e cuida de suas três filhas com o mesmo amor, cuidado e carinho.
Ela ainda está se recuperando após o casamento da minha irmã do meio, que foi há quase
dois meses. Sempre que uma filha deixa o lar, ela chora diariamente até que aceite a ideia de que
as meninas crescem. Detalhe: elas moram no mesmo país.
— Estou calmo, querida, só me exaltei um pouco com o que essa menina atrevida disse.
Meu pai não é de me bater, essa foi a primeira vez que isso aconteceu. Ele se alterou com o
meu comportamento rebelde. Não costumo ser assim. Nunca o enfrentei antes, nem mesmo
quando queria fazer faculdade após os estudos e ele dizia que não aceitava. Eu sabia que, em
algum momento, ele arrumaria um marido para mim, igual fez com minhas irmãs. E sabia
também que todos os pretendentes solteiros da Itália queriam se casar com elas em vez de se
casarem comigo. Sou uma mulher gorda, diferente das minhas irmãs, que usam o manequim 36,
enquanto eu estou no 44. A compulsividade por doces contribui para o meu sobrepeso. E como
sou baixinha, é isso que me deixa mais cheinha dos lados. Algumas piadas me deixam chateada,
porém tento sempre ignorá-las.
Posso ver o arrependimento nos olhos do meu pai. Ele me ama, só se exaltou quando eu
disse que beberia veneno, mas não me casaria. Contudo, é muito orgulhoso para pedir desculpa.
Quando eu era criança, ele me colocou de castigo por ter “batido” na minha irmã mais velha. Eu
disse que não tinha feito nada, e ele não acreditou em mim, mas, mesmo assim, quando
descobriu que eu dizia a verdade, nunca se desculpou comigo. Fiquei uma semana sem televisão.
— Conversarei com Olívia. Ela aceitará o enlace com o senhor Lombardi.
Nome de velho, ele tem. Claro... Eu tenho 20 anos, e ele tem 40. O homem poderia ser meu
pai se tivesse engravidado minha mãe aos 20 anos. Não aceito esse casamento.
Meu rosto arde e queima. Meu pai tem a mão pesada; não é à toa que faz box.
— Eu já disse que não me caso. Prefiro beber veneno a me tornar esposa de um homem que
não conheço. Já ouvi falarem das maldades terríveis dele.
— Calada, Olívia! Não enfrente a vontade do seu pai — minha mãe praticamente grita
comigo.
Ninguém se importa com as lágrimas que derramo. Ninguém perguntará se estou bem? Se
eu quero um casamento? Ninguém se importa comigo, pelo que percebo.
— Não quero desafiar o papai, só não quero me casar com um homem que matou sua
noiva.
O senhor Lombardi carrega esse boato. Dizem que ele matou a noiva no passado a sangue
frio. O motivo não sabem, apenas que eram vésperas do casamento quando isso aconteceu.
Lembro que, na época, todos ficaram em choque, inclusive meus pais.
— É a um homem desse que vocês querem entregar sua filha mais nova? Como eu poderei
viver casada com um homem que pode me matar por qualquer motivo?
Nunca foi confirmado isso, porém ouvi de minhas amigas da escola que ele matou a noiva
porque ela se recusou a comer a comida favorita dele. Más línguas dizem que ele quer tudo do
seu jeito, e se alguém não faz, ele mete bala.
— Olívia, querida, vamos às compras. — “Ir às compras” é um código de mamãe que
significa “vamos conversar”.
— Às compras? Com qual dinheiro?
— Não estamos na miséria — ela tenta se convencer.
— Se esse for o problema, se eu for um peso, posso trabalhar, ter o meu próprio salário e
me sustentar. — Em desespero, quase me ajoelho. — Por favor, papai, não me condene à morte
— suplico.
— Olívia, eu sou o seu pai, jamais te mandaria à morte. Minha filha, apenas me obedeça,
como suas irmãs fizeram, sem hesitar.
— O senhor as casou com homens jovens e bonitos, não com velhos.
— 40 anos não é velhice, meu amor. — Mamãe sorri. — Você só está assustada porque é
uma mocinha inocente. — Sorri, meiga. — Querido, vamos às compras. Nos vemos à noite.
— Eu não vou me casar — falo pela última vez, batendo a porta.
Como eu poderia me casar em um mês com um homem que nem conheço? Certamente, ele
me comprou, pagou por mim. Por isso o interesse do meu pai. Agora temos dinheiro até para
compras.

Minha mãe está irredutível e não me escuta. Ela sempre faz tudo que o meu pai diz,
gostando ou não. O casamento deles funciona assim há mais de 25 anos. Não me vejo sendo
como ela em uma relação conjugal, tendo meu parceiro ignorando todas as minhas vontades.
Insisto que não preciso de bolsas da Gucci. Possuo algumas que não uso. Na ONG onde
trabalho, uso roupas simples para não parecer uma menina mimada trabalhando para chatear os
pais. Escondida deles, vendi algumas bolsas e sapatos e fiz doações anônimas para a instituição.
Não tenho apego a nada material, apesar de gostar do luxo e do conforto. E quem não gosta? Mas
não me vejo gastando milhões com tantas coisas inúteis.
— Vamos levar essas duas. — Minha mãe está pensando o quê? Não nadamos mais no
dinheiro.
Duas bolsas que dariam para alimentar um país de terceiro mundo. Conheço o seu jogo.
Quando minhas irmãs iam se casar, ela as levou para fazer compras para as deixar ainda mais
belas para os seus noivos. Agora está fazendo a mesma coisa por mim.
— O don Alessandro Lombardi é um homem bonito e atraente, minha filha. E ele não
matou a noiva, como você pensa. — A naturalidade com a qual minha mãe conversa as coisas
comigo é impressionante. Quando não estamos em casa, ela costuma ter a mente mais aberta.
— A senhora o conhece?
— De alguns eventos. Você não se lembra dele, mas já estivemos nos mesmos eventos
antes. Você era mais jovem e não tinha olhos para os garotos ainda.
— Quando eu tinha 10 anos, ele tinha quase 30. — Reviro os olhos.
Peço o meu café expresso na lanchonete que adoro neste shopping.
— Oli, o seu pai só quer o melhor para você. E eu também, meu amor.
— Por que vocês não dizem logo que me venderam? — retruco.
— Pare de falar essas coisas. — Ela está séria como nunca antes.
— Descobri que vou me casar em um mês. A senhora pensava o quê? Que eu iria gritar e
comemorar?
— Veja. Uma foto do seu futuro marido saiu na coluna do New York Times nesta semana.
— Ela me mostra a notícia estampada no site.
“Alessandro Lombardi, o empresário italiano, comprou sua terceira empresa de aviação,
desta vez a poderosa York Airlines, a segunda empresa mais valiosa dos Estados Unidos da
América. Aos 40 anos, o bilionário se encontra solteiro, acumulando uma fortuna que pode
ultrapassar o PIB de 15 países.”
A foto de Alessandro chama a minha atenção por ele não ser um velho barrigudo. O
moreno de 1,97m de altura, como está escrito no texto da notícia, barba rala, terno de cetim
preto, postura ereta, braços fortes, ombros largos e pernas torneadas me impressiona. Parece que
sua vida fitness anda muito em dia. Aqui fala que ele é muito seletivo com o que come e que
sempre pratica exercícios físicos. A coluna destaca também sua habilidade na corrida de cem
metros e na natação e diz que, no seu tempo livre, ele costuma jogar basquete com os amigos em
Nova Iorque. Mas aqui não fala que ele é um mafioso cruel que matou sua noiva no passado.
Confesso que ele é muito bonito, um colírio para os olhos de muitas mulheres. A beleza
dele é algo que não se pode negar. Mesmo que eu sinta raiva por esse acordo, meu noivo é um
homem muito atraente, mas eu jamais admitiria para a minha mãe.
— E, então... Ele é bonito? Vejo que tem uma babinha no canto da sua boca. — Mamãe
gosta de me fazer rir e me irritar ao mesmo tempo.
— Não gostei de nada nele. Os noivos das minhas irmãs eram mais bonitos.
Mentira!
Coitada da minha irmã mais velha, uma pedra é mais bonita que o seu marido. Não tenho o
que dizer dos meus cunhados. Eles não são belos, e além de serem magrinhos, não possuem 1%
da beleza de Alessandro.
— Ele virá te conhecer pessoalmente na sexta.
Daqui a três dias.
— Pensei que ele já me conhecia dos eventos — resmungo.
— Será uma apresentação formal. Você vai gostar muito dele, meu amor. E não precisa
ficar nervosa em relação ao casamento. O senhor Lombardi é um homem experiente, saberá
como cuidar de você.
Em outras palavras, ela disse: “Não se preocupe com sua virgindade, ele saberá como se
livrar disso por você”.
— A senhora deveria conversar comigo na presença do papai sobre virgindade.
— E matar o seu pai infartado?
— Se ele não quer que eu perca a minha virgindade, é simples: basta eu não me casar
nunca.
— Quero que se comporte no jantar da sexta à noite. Também quero que se produza. Que
tal mudar o visual? Pintar o cabelo e as unhas? Comprar roupas novas? Você estará tão linda,
que ele ficará louco quando te vir.
— A senhora tem certeza de que ele sabe que eu sou a noiva dele? Mamãe, olhe para esse
homem. O que ele viu em mim? Meus quadris são largos e meus seios são fartos e caídos. Só
porque eu sou virgem, ele quer se casar?
Não tem uma explicação óbvia para esse casamento. Meu pai o ameaçou? Sabe de algum
segredo dele, e por isso vamos nos casar? É a justificativa mais óbvia que existe.
— A virgindade de uma moça na máfia é importante, mas esse não é o motivo pelo qual ele
a quer. Acredite em mim quando digo que ele procurou o seu pai e pediu a sua mão, e não ao
contrário.
O senhor Lombardi queria a minha mão? Ele que propôs casamento ao meu pai? Por quê?
O que ele viu em mim que nenhum outro homem viu? Há algo por trás disso e eu preciso
descobrir.
Não quero me casar, porém não posso fugir sem dinheiro. A única opção que me resta é o
convencer de que não sou a mulher ideal para esse casamento. Não serei sua esposa. Sei como
deixá-lo assustado, e o primeiro passo será dado no salão de beleza. Tenho uma ideia do que
farei com meu cabelo. Minha mãe terá um ataque cardíaco e meu pai não saberá como reagir.
— Depois eu vou ao salão, então — aviso, mas irei sozinha.
O sorriso dela de felicidade, por acreditar que eu quero me arrumar para o meu noivo, faz
eu sentir remorso, pois sei que ela ficará muito chateada com minha mudança.
O don Alessandro Lombardi desistirá do casamento assim que vir meu visual.
Capítulo 2

Alessandro Lombardi

Um gemido escapa da boca da mulher e minha mão sobe pelas suas coxas, indo de encontro
à boceta gostosa dela. A mulher em questão é uma de minhas putas favoritas. Troco de seio.
Minha língua agora circula no seio da outra. Foder minhas duas putinhas favoritas é
incrivelmente delicioso. Os olhos grandes me fitam com fixação e uma delas está pronta para
receber meu cacete na sua boquinha redondinha. Muitas mulheres bonitas passam pela minha
cama, essas são apenas mais duas entre elas.
— Isso, vadia... Chupa meu pau, sua cachorra. — A loira se ajoelha e chupa minhas bolas,
enquanto a morena inclina o corpo, segurando em meu pau. Um gemido rouco meu as deixa mais
excitadas. — Suas cachorras! Mamem, as duas. Safadas!
A morena desliza a língua pela cabeça robusta do meu pau e, ao enfiá-lo na boca, diz:
— Parece que está maior hoje, Alessandro.
Minhas diabinhas ainda não estão acostumadas com o meu tamanho avantajado.
— Da última vez fiquei dolorida por quase uma semana, mas é sempre um prazer dar para
Alessandro Lombardi.
Puxo-as pelos cabelos, sentado no sofá bem à vontade, e abro as pernas para deixar meu
pau mais livre para as duas se divertirem; uma do meu lado direito e a outra do lado esquerdo, de
quatro no sofá. Mordo os lábios, acariciando as bocetinhas delas com os dedos. As cachorras
gemem. Cadelas no cio.
A morena segura firmemente em meu pau, enquanto a loira cospe na cabeça dele. Ela logo
o penetra em sua boca gulosa em movimentos rápidos e profundos. Engole-o com tesão e o
chupa com fervor. E a outra mulher empurra a cabeça dela com força para que ela continue cada
vez mais constante em seus movimentos.
— Oh, senhor Lombardi, xinga a gente em italiano — a morena pede.
— Le mie puttane!
As duas gostam de ser xingadas no meu idioma oficial.
A morena chupa minhas bolas e a loira safada afunda a cabeça do meu pau na sua boca
cada vez mais. Duas puttane do jeitinho que eu gosto: submissas, safadas e fazendo tudo que eu
quero.
Nada como ter uma tarde cheia e terminar a noite assim: dominando duas raparigas
gostosas. A boca da morena é mais quente e ela se faz de tímida, pois sabe que eu gosto. Mas ela
não me engana; já fez isso outras vezes e engoliu meu membro com facilidade. As duas têm
domínio na arte de chupar um cacete devido à experiência no ramo da prostituição.
— Não volte para a Itália, senhor Lombardi — a loira implora ao tentar me beijar.
Afasto-a, puxando-a pelo cabelo e a fazendo voltar a chupar meu pau.
— Então, nos leve com o senhor — suplica.
Eu as quero somente para comer suas bocetas e depois vou seguir com minha vida. Duas
gostosas prontas para mim. Eu faço a morena engolir toda a minha porra e elas brigam para ver
quem passa mais tempo com meu cacete duro na boca.
— De quatro, morena — eu ordeno e, imediatamente, ela fica de quatro.
Pego uma camisinha. Sou insaciável quando se trata de sexo. Por que fazer sexo apenas
com uma mulher, quando posso ter duas? A maioria das minhas relações é com duas ou mais
mulheres ao mesmo tempo. Também aprecio uma linda cena lésbica, como a de agora. Meu pau
entra duro no cuzinho da morena, que geme, escandalosa. Com força, meto cada vez mais fundo
na piranha, que grita alto. A loira logo se deita toda abertinha para ela, pronta para que a amiga
chupe sua bocetinha rosinha. Fico ainda mais louco de tesão admirando essa linda cena enquanto
como a morena como um animal raivoso.
A terceira surpresa desta noite acabou de chegar despida. A ruiva de seios redondinhos se
senta na parte de cima do sofá, deixando sua boceta praticamente no meu rosto, no meu campo
de visão.
— Boa noite, senhor Lombardi.
Lambo-a ao mesmo tempo em que meto duro na outra. A ruiva é gostosa e minha boca
saliva por ela. A noite será longa com minhas três putinhas.
Por fim, as três ficam de joelhos enquanto eu despejo meu gozo em suas caras e elas
gemem, safadinhas.

Minha vida de solteirice está com os dias contados. Meu relógio de pulso marca 04h30 e as
diabinhas estão dormindo em minha cama. Essa foi a nossa despedida, pois estarei retornando
para casa hoje, após seis longos meses cuidando dos negócios em Miami. Minha velha Calábria
me espera. Lá se encontra algo muito valioso para mim: minha bela e jovem futura esposa-troféu.
Está na hora de eu me casar e construir uma família. Eu, como um homem de 40 anos, devo dar
continuidade ao legado de minha família e honrar minha madre e meu padre, assim como minha
nonna. A minha família exige que eu me case o quanto antes, e assim farei.
A escolhida foi uma das filhas do senhor Russo. As três são bonitas, mas parece que uma
delas está casada. A filha do meio é solteira, e foi a que escolhi. Não tenho nada contra a mais
nova, mas ela ainda é muito menina. Exigi uma esposa mais madura em vez de uma menininha.
Quando me comprometi com o senhor Russo, pedi que ele me desse a mão de sua filha do meio.
Assim, eu não precisarei me preocupar com mais nada, apenas em noivar no tempo certo e
acabar de vez com as cobranças da minha família.
Andreia foi a minha escolhida. Loira, bonita e atraente. Não tem nada de especial nela além
de sua idade, que considero muito importante, por eu não gostar de crianças. Meninas
inexperientes me irritam. Eu não sou paciente em remover lacre de bocetas virgens, mas, como
manda a tradição, irei me casar com uma mulher virgem. Porém, mesmo se ela não for, não me
importo. Não exijo exclusividade. Nunca quis uma mulher somente para mim. Portanto, nada me
impedirá de noivar com a filha do meio dos Russo na sexta, daqui a dois dias, quando eu for a
um jantar em sua casa.
Meu voo sairá de Miami às duas da tarde. Pretendo chegar em casa a tempo de ir a um
evento nessa quinta-feira para socializar após uma longa temporada nos Estados Unidos.
Está na hora de eu retornar para Calábria e me casar com a minha escolhida. A máfia
Ndrangheta precisa continuar por meio dos meus herdeiros.
— Senhor Lombardi, o seu futuro sogro está na linha aguardando para falar com o senhor.
Ele disse que era urgente.
Urgente? Deve ser mesmo, para ligar às quatro da manhã. Na Itália já são 10 horas. O que
diabos ele quer? Espero que não queira exigir a outra parte do dinheiro que receberá como dote
pelo casamento da filha. Eu paguei a metade há cinco meses, quando o procurei para noivar com
Andreia.
— Dispense as garotas assim que o dia amanhecer. O pagamento está no envelope, em
minha mesa do escritório.
Dante assente. Ele é o meu braço direito nos negócios, foi criado como meu irmão e
assume um cargo importante na máfia. Foi nomeado como subchefe pela sua bravura e lealdade.
Ele era filho de um soldado leal ao meu pai. Seus pais foram mortos quando ele tinha 3 anos e,
desde então, ele foi criado pelos meus pais. Minha mãe o considera um filho, e devido a eu ser
filho único, ela vê em Dante um filho mais novo e atencioso. Inclusive, ele a chama de mãe, e
também se dirige ao meu pai por “pai”, “chefe” ou “senhor”. Ele faz parte da nossa família. Ele
me chama de senhor por uma mera formalidade quando há pessoas próximas. Como havia
soldados no corredor, usou esse termo agora.
— Russo? Sabe que são quatro da manhã aqui em Miami?
— Perdão, senhor Lombardi. Estou ligando para comunicar que está tudo certo com o
acordo de noivado. Os jornais nesta manhã publicaram seu compromisso com a minha filha mais
nova, Olívia — sua voz está tensa. Conheço quando alguém está devendo na praça.
Olívia? O que ele quer dizer? Os jornais publicaram meu noivado com sua filha Olívia? Eu
não estou noivo dela, e sim de Andreia.
— O que disse? Olívia?
— Aconteceu uma pequena mudança em nosso acordo, senhor Lombardi. Minha filha
Andreia se casou há mais de um mês com o senhor De Lucca. Foi algo que não pude controlar.
Ela seria capaz de fugir com aquele homem se eu não tivesse forçado o casamento, e seria uma
desonra para a minha casa.
— Pouco me importa, que se dane sua honra. Você descumpriu o nosso acordo. Não posso
me casar com sua filha Olívia, esse não era o combinado. Sou um homem que honra com suas
promessas, e como Andreia está casada, nosso acordo está rompido.
Sua respiração do outro lado da linha é tensa.
Maldito! Como ele ousou tentar me enganar? Como não fiquei sabendo do casamento de
Andreia com De Lucca? O verme deve tê-la casado por baixo dos panos. Traidor! Eu lhe disse
que queria a sua filha do meio, não a mais nova.
— Eu temia que o senhor agisse dessa maneira, por isso procurei o seu pai para acertarmos
os últimos detalhes dessa união. O noivado acontecerá. A informação sigilosa vazou em todos os
jornais locais e internacionais nesta manhã e está em todos os sites.
— Inferno! Como pôde jogar tão baixo?
— Seu pai está muito contente com a união entre nossas famílias e sua mãe, inclusive, está
vindo se encontrar com minha filha Olívia para levá-la para almoçar. Sua avó também estará
presente. Será um lindo casamento e vocês serão agraciados com muitos bebês. Nos vemos
amanhã no evento beneficente, meu genro. Faça uma boa viagem.
Encerro a ligação. Inferno! Arremesso o meu celular contra a porta, que está toda aberta. O
que diabos está acontecendo? Procuro no computador pelas últimas fofocas nos principais sites.
Os mais importantes de Calábria e, também, o New York Times anunciam o meu noivado com
Olívia Russo.
“Bilionário italiano se casará com a herdeira Olívia Russo.”
“União de fortunas. O filho mais velho dos Lombardi se casará com a filha mais nova dos
Russo.”
“Casamento do ano. Conheça a linda jovem que encantou o coração do bilionário mais
cobiçado de Calábria.”
Dante recolhe o que sobrou do meu celular.
O Russo não sabe com quem está lidando. Ele não tinha o direito de brincar assim comigo.
— Como não soubemos que Andreia Russo estava casada há quase dois meses?
— Andreia Russo? Sua noiva?
— Ex-noiva. Me parece que estou noivo de outra mulher agora.
— Quem?
— Olívia Russo.
— A caçula?
— Isso mesmo. Veja. — Viro a tela do computador para que ele mesmo leia atentamente as
notas da imprensa.
— O que o nosso pai sabe sobre isso?
— Que me casarei com Olívia. Inferno!
— Sua noiva é bonita e tem 20 anos.
— Uma criança.
— Você queria Andreia. O que pensa em fazer quando voltarmos para casa? Pensa em
rejeitar a moça?
Dante sabe que o nosso pai exige que eu me case o quanto antes, devido aos problemas de
saúde que ele veio enfrentando nos últimos anos. Por esse motivo, assumi a máfia há quase dez
anos, quando ainda tinha 26 anos. Meu pai enfrentou um tratamento de câncer nos pulmões, mas
já está bem há dois anos, só que a idade o deixou cansado para retomar suas funções. Sou o seu
único filho legítimo. Mesmo carregando o nosso sobrenome, Dante não seria aceito pelo
conselho como chefe principal caso algo me acontecesse.
Olívia Russo não tem bem o perfil de mulher com quem costumo me envolver, porém, ao
olhar mais uma vez para uma foto sua, que foi tirada em um shopping quando ela foi flagrada
fazendo compras com a mãe, não posso deixar de admirar suas curvas e quadris largos. Ela não
veste 36, é uma linda mulher midsize, com seios fartos e cabelo longo castanho. Meu pau vibra
quando dou um zoom em seu decote despretensioso. Ela é muito bonita, mas a beleza não é a
única coisa que me atrai em uma mulher.
Porra!
20 anos mais jovem que eu. É quase uma bebê cheirando a leite. Quero uma mulher mais
madura como esposa, e não uma bebê chorona, que sempre anda na barra da saia da mãe.
Algo faz com que meu coração palpite quando penso naquela boquinha pequena intocada
beijando os meus lábios. Que menina bonita e gostosa.
Por que estou pensando nessas coisas?
Quem é o homem que saiu quase ao lado dela? Ele a está olhando como se a estivesse
devorando. Por que ele está olhando assim para a minha mulher?
Minha mulher?
Porra! Não vou me casar com uma criança.
— O que vai fazer, irmão?
— Você poderia me ajudar casando com ela. Sei que gosta de novinhas.
Dante é mais novo que eu três anos e o seu histórico é de meninas de 19 anos. Olívia seria
ótima para ele.
— Sabe perfeitamente bem que eles querem você casado. Eu sou apenas o filho adotivo,
não preciso me preocupar em construir uma família.
— Podemos não compartilhar o mesmo sangue, mas temos o mesmo sobrenome; o que o
faz meu irmão. E você sempre será o meu braço direito.
— Em minha defesa, eu não gosto de novinhas, mas também não recuso uma que já tenha
18 anos me dando mole.
— Estou pensando em como rejeitar minha noiva sem que nossos pais se decepcionem com
minha atitude, e você vai me ajudar.
— Não me envolva em problemas, Alessandro. Estou pensando em voltar para Calábria
apenas no próximo mês.
— Mudanças de plano: você vai comigo hoje, e está decidido.
Ele não gostou muito da minha ideia, mas sabe que preciso de sua ajuda.
Olívia Russo, não desejo me casar com você, por mais bela que seja. Eu queria sua irmã, e
agora, que não posso tê-la, preciso encontrar uma maneira de te rejeitar, sendo mais inteligente
que seu pai, que armou contra mim, deixando-me em uma saia-justa com minha família e a
imprensa. Até chegar à Calábria terei pensado em alguma coisa.
Capítulo 3

Olívia

O grito que minha mãe deu foi capaz de fazer com que todas as empregadas subissem até o
meu quarto. Ela está passando mal por ter me visto com meu novo corte de cabelo e a mudança
de cor. Os fios longos agora estão curtos, muito acima dos meus ombros. Quase cortei em
chanel, mas mudei de ideia no último instante. Escureci a raiz e pintei mechas roxas, minha cor
favorita.
— Garota rebelde! Por que quer me matar de desgosto?
Quando se trata de drama, a minha mãe é a rainha deles. Precisei me esconder dela durante
todo o dia de ontem, aproveitando que ela passou o dia fora. À noite fingi estar com dor de
cabeça e fiquei deitada. Assim que ela veio ao meu quarto, as luzes estavam apagadas e eu pedi
que ela não acendesse, pois eu queria dormir. Ontem ela veio me dizer que hoje minha futura
sogra e avó paterna do meu marido viriam me buscar para almoçarmos juntas em um restaurante.
Elas querem me conhecer melhor.
Ambas terão uma baita surpresa quando descobrirem o que fiz em meu cabelo. Irão me
considerar uma adolescente rebelde e, com isso, espero que o casamento seja cancelado, pois eu
não estou à altura de me casar com um chefe de máfia bilionário, maduro, que, certamente, não
quer ter dores de cabeça com uma menina rebelde de 20 anos.
Ele deveria ser um velho, e não um puto gostoso. O que aconteceria comigo se eu chegasse
a me casar com ele? Nós teríamos um final feliz? Não consigo me imaginar sendo feliz ao lado
de um homem que não amo. Como minhas irmãs conseguiram assumir seus papéis na máfia,
casando-se com homens obsessivos, impulsivos e poderosos? Não sou como elas, a começar pelo
visual novo no cabelo. Eu sempre quis fazer mechas roxas, mas minha mãe jamais deixou. Pela
primeira vez na minha vida, estou contrariando uma ordem direta dos meus pais.
Com o escândalo que mamãe fez, as empregadas correram para ver o que aconteceu. Duas
riem baixinho dela quando ela dá as costas. Pensei que meu pai desmaiaria quando me visse
assim, com o cabelo mais curto, livre do longo que sempre usei, e as mechas. Contudo, ele não
diz nenhuma palavra e vai ao socorro da minha mãe, que está sentada na poltrona da minha
penteadeira, gritando por dentro e quase chorando por fora. Oh, céus! Por um corte de cabelo e
mechas coloridas.
— Ela não pode se encontrar com a futura sogra desse jeito, querido. Faça alguma coisa, ou
essa menina vai acabar estragando tudo que planejamos para ela.
— Bem... O que eu posso fazer, querida? Oli pintou o cabelo, não raspou. Ela não está feia.
Seria impossível isso acontecer.
Depois que meu pai me esbofeteou, está tentando se desculpar, a todo custo, com gestos e
palavras. Quando ele soube que eu estava com dor de cabeça, mandou trazer bombons suíços
para mim. Não os comi, por mais que os adore, pois estou chateada demais para aceitar
presentes. Ele tem que entender que não sou um boi à venda, que minha carne não pode ser
comprada por um homem.
Tenho acesso às contas da empresa e da família, e também ao diário que minha irmã mais
velha deixou esquecido em um fundo falso de uma gaveta após o casamento. Descobri que papai
recebeu uma doação de 50 milhões de euros de uma conta empresarial de Miami. Associei essa
transferência a Alessandro Lombardi, que reside em Miami há algum tempo; para eu ser mais
específica, há mais de seis meses. O que ele está fazendo lá, eu não sei. Possivelmente, enchendo
a cara, saindo com prostitutas e fazendo algumas alianças para a máfia.
50 milhões de euros é uma grande fortuna. Tudo isso para se casar comigo? O que ele vê de
tão especial em uma garota de 20 anos e midsize? Não sou nenhuma top model; nem me
comparo. Conhecendo o histórico de homens como ele, sei que há mais pressão e segredos nesse
casamento do que eu posso imaginar.
— Olívia continua linda, uma verdadeira joia rara. Não há como marcar um cabeleireiro
para ela antes do almoço, e seria muito inconveniente se desmarcássemos o compromisso dela
por um motivo tão peculiar. Tenho certeza de que depois a família Lombardi descobriria o
motivo.
— Ela não pode ir assim — mamãe esbraveja. — Garota rebelde, quer me matar do
coração? Eu a criei com tanto amor e dediquei meus melhores anos a você, para vê-la
desperdiçar uma excelente chance de casamento por nenhuma razão.
— Há muitas razões, mamãe. Muitas que estão ignorando e as tornando insignificantes para
vocês. Eu não amo Alessandro, e eu sei muito bem que ele pagou 50 milhões de euros por mim.
Os dois ficam petrificados como estátuas. Eles não podem negar a verdade. Eu tenho
acesso às contas, e eles não sabiam, mas agora já devem imaginar. Isso me deixará muito
encrencada, porém não me importo.
— Suas irmãs também receberam dotes. Isso é comum no mundo em que vivemos. Seu pai
também pagou por mim.
— Isso é tão ancestral. Me sinto um boi à venda.
— Preciso ir à empresa e acertar os últimos detalhes do noivado com o pai do senhor
Lombardi. Por favor, querida, se comporte nesse almoço — papai me pede gentilmente.
Uma coisa é certa: desse almoço, eu não tenho como escapar. A menos que eu pule por
aquela janela. O que não desejo fazer por causa de um homem. Encontrarei uma maneira de não
me casar com ele, e mesmo que isso custe um preço alto, estou disposta a pagar por ele.
Já posso imaginar como farei isso.
É um preço alto, no entanto, estou disposta a pagar.

Uso um short de alfaiataria da cor marrom, com dois bolsos na frente e um cinto, uma
regata preta, um blazer também marrom e botas de cano curto pretas. Eu vesti uma meia-calça
preta, mas minha mãe me fez tirar. Acho ridículo ela querer mandar no jeito que eu me visto,
sendo que eu tenho 20 anos e já posso decidir tudo por mim legalmente. Ela age como se eu
fosse uma criança.
— Eu nem deveria ter vindo a esse almoço com você. A senhora Lombardi deixou bem
claro que só queria você aqui, mas eu não confio em deixá-la sozinha com as senhoras. Já me
envergonha demais com esse cabelo.
Pela terceira vez, em menos de um minuto, minha mãe usou a palavra “vergonha”. Ela faz
eu me sentir como se tivesse cometido um crime ao pintar meu cabelo.
— Eu sempre quis pintar meu cabelo dessa cor. — Reviro os olhos, chateada. — Às vezes
eu só queria mandar na minha vida. É pedir demais?
— Só Deus sabe o que você faria da sua vida se pudesse mandar nela. Não quero nem
pensar. Entenda uma coisa, Oli: nós, mulheres, não temos escolhas próprias. Quanto mais cedo
aceitar o seu destino, melhor será para todos nós. Siga o exemplo de suas irmãs.
— Viver uma vida triste não é o que quero para mim.
— E o que você quer? Viver a vida sozinha, sem proteção?
É assim que ela vê o futuro de uma mulher que nasceu na máfia: tendo um destino cruel se
não se casar.
— Mãe, não vivemos mais no século passado.
Quando ela me lança esse olhar frio, sinto que não existe mais argumento algum que a
convença do contrário. Ela é irredutível quando se trata do futuro das filhas.
— Quieta. Lá vêm a senhora Lombardi e a avó do seu futuro marido. Se comporte, Oli,
pelo bem da nossa família. Eu imploro.
Minha mãe teme alguma coisa. Eu não faço ideia do que se trata, mas ela teme. É como se
estivesse devendo no cartório.
Engulo em seco quando vejo duas mulheres se aproximarem, muito elegantes e bem
vestidas. A mais nova, suponho que seja a mãe do meu noivo. Ela é uma mulher alta,
incrivelmente magra, com curvas belíssimas, de cabelo castanho e olhos azuis. É muito bonita. A
mais velha, a avó, cumprimenta a minha mãe com um abraço e um beijo na bochecha. Ambas
falam algo que não compreendo.
A minha futura sogra sorri modestamente, pronta para me abraçar. É quando estendo minha
mão na sua direção para um comprimento. Ela aperta a minha mão e diz, um pouco surpresa:
— Olívia Russo?
— Sim, eu mesma. 1,60m, cabelo roxo, midsize e 20 anos mais jovem que o seu filho. Por
acaso, a senhora está me julgando? — falo, sem papas na língua.
A senhora Giorgia Lombardi fica sem resposta. Eu a deixei completamente sem jeito.
Minha mãe segura em minha mão e me dá um pequeno beliscão discretamente.
— Giorgia, querida, minha filha está nervosa com o noivado. Imagine só, seu filho será o
primeiro namorado dela. Quando ficamos noivas também ficamos muito nervosas. — Ela ri com
modéstia, e parece que minha sogra compreende.
— É muito compreensível. Posso lhe dar um abraço, Olívia?
— Desculpe, é que eu só abraço pessoas da família.
Minha mãe queria cavar um buraco e se jogar dentro. Seu constrangimento é tanto, que ela
também fica sem resposta.
— Não seja por isso, seremos da mesma família. O evento de amanhã à noite está
confirmado? A festa beneficente? Meu filho chegará mais cedo de Miami, e aposto que ele trará
um anel lindo de diamante para colocar em seu dedo nessa quinta, um dia antes do planejado.
— Por mim, o avião do seu filho cairia no Atlântico — resmungo.
— O que disse?
— Olívia está muito ansiosa. Por favor, senhoras, sentem-se. É tanta emoção, que não cabe
no peito dela. O que vamos pedir? O de sempre, Oli, querida? — Mamãe tenta ser gentil, mas,
por dentro, está irritada.
Elas começam a falar sobre o quão importante é esse casamento para as nossas famílias. Os
olhos de minha mãe brilham como se ela fosse a noiva, não eu.
— Meu neto é um homem muito bonito, mocinha, e você vai adorar conviver conosco.
Metade das mulheres do país deseja se casar com o meu lindo Alessandro. Você tem muita sorte.
— Casar sem amor? A senhora chama isso de sorte? — sou franca.
Minha mãe ri para disfarçar e pisa no meu pé por baixo da mesa. Meus olhos estão
marejados e a senhora Ginevra também gargalha, menos minha sogra, que parece me entender.
Sua mão pousa sobre a minha.
— Não precisa sentir medo, eu estarei aqui para o que precisar. Pode confiar em mim. Farei
todo o possível para te proteger.
— Irá me proteger quando o seu filho exigir os direitos dele de marido?
— Então, é disso que tem medo? É comum, você é uma mocinha muito jovem ainda.
— Eu não tenho medo de sexo, tenho medo do seu filho.
Um homem que matou a noiva às vésperas do seu casamento pode me matar também por
qualquer coisa. Eu só queria chorar.
O celular de Giorgia toca. É uma ligação, mas não me atrevo a olhar.
— É meu filho. Preciso atender, só um instante.
A senhora Ginevra nos conta um pouco sobre a história da sua família e do quão ricos eles
são. Tudo o que minha mãe queria ouvir. Das três filhas, eu serei a que terá o melhor casamento.
Sou o bezerro de ouro da família.
Tendo passado alguns minutos, minha futura sogra retorna.
— Tudo bem com Alessandro? — a senhora Ginevra pergunta.
— Sim, sogra. Meu filho ligou para avisar que não chegará mais amanhã ao país. Talvez
ele venha somente no sábado. Teve um imprevisto no caminho. Sinto muito, querida, mas o
jantar de noivado será adiado para o sábado.
Ignoro completamente o aviso dela e sinto alívio porque ele não chegará mais amanhã.
Assim, poderei ir à festa do leilão beneficente e colocar meu plano em prática. Somente assim
esse acordo de noivado será rompido.
Engulo em seco, sufocada pelos assuntos que essas senhoras têm. Elas só sabem falar de
como serei feliz com Alessandro e do quão lindo e majestoso será o nosso casamento. Por
dentro, o meu coração está sangrando, embargado pela tristeza. Espero que o meu plano dê certo,
porque não vou aguentar fazer parte dessa família.
— Qual a numeração das roupas da sua filha? Precisamos encomendar o enxoval. As
camisolas precisam ser sensuais, pois meu neto precisa saber que terá uma linda esposa
disponível para ele sempre que ele estiver em casa.
— Pensei em tons de vermelho. O que acha, Giorgia?
— Eu acho vocês muito sem noção. Pela maneira que falam, não duvido de que todas vão
assistir à nossa primeira vez de camarote. — Sinto asco por ouvi-las falarem de mim como se eu
fosse inexistente.
— Olívia, meu amor, não fale assim. A senhora Lombardi pode pensar mal de você. Tudo
isso é estresse porque está nervosa com os preparativos do casamento.
Fico de pé, chateada. Não posso ficar calada.
— Preciso ir ao banheiro. Com licença. — Deixo-as para trás.
Minha mãe está me deixando com os nervos à flor da pele. Como pode me chatear tanto
com assuntos grotescos? Ela sabe que não será um casamento por amor, só que age como se esse
fosse o caso.
Como Alessandro não estará amanhã no evento beneficente, terei como colocar meu plano
para funcionar. Ele não vai querer uma noiva que não será mais virgem.
Capítulo 4

Olívia Russo

Observo atentamente as pessoas se movimentarem no salão de festas. Instantes atrás, em


outra sala, ocorria um leilão beneficente, aglomerando as famílias mais importantes e
tradicionais do país. Foi um evento de caridade que reuniu também celebridades, políticos e
pessoas dispostas a pagar pequenas fortunas em nome da vaidade de arremeter quadros famosos,
com a desculpa de que seria para a doação. Nenhuma dessas pessoas que está aqui se importa
com caridade.
Agora, após o leilão, acontece um baile de máscaras, no qual todos estão sendo obrigados a
usar máscara. É a oportunidade perfeita para eu conseguir me deitar com o primeiro homem que
aparecer em meu caminho. Não me importo se ele vai beijar mal ou me machucar na minha
primeira vez. Minhas pernas oscilam, tremem, e o nó em minha garganta me causa um
desconforto como se eu estivesse com uma dor de garganta terrível. Porém, estou decidida a
colocar meu plano em prática.
Há muitos homens solteiros aqui, que adoram foder, e eu sou uma garota capaz de despertar
desejo em algum deles. Para isso só preciso de mais um drink.
— Mais bebida, irmã? — Carmia, minha irmã mais velha, aproxima-se de mim,
preocupada. — Você não é de beber.
— O que está fazendo? Me vigiando? Já não basta o papai? Agora você?
— Para a sua sorte, mamãe não veio devido à enxaqueca. Caso contrário, ela já teria te
obrigado a falar com a família Lombardi. Eu soube que os seus futuros sogros estão aqui.
— Ótimo. Era tudo o que eu queria ouvir.
— Você deveria estar feliz. Alessandro Lombardi é o melhor partido do país.
— Que tivesse você se casado com ele.
— Eu amo o meu marido. Não me imagino casada com outro homem que não seja ele. —
Ama? Essa palavra não é muito forte para ser usada? — Um dia você entenderá que tudo que
mamãe e papai desejam é nos ver bem e seguras.
— Ao menos o seu marido não tem fama de ter matado a noiva dele.
— Isso ele não tem. — Dá de ombros. — Agora, vem comigo. Papai mandou eu vir te
buscar para cumprimentar seus futuros sogros.
Suspiro, cansada. Mais um encontro daqueles. Eu não suportarei ficar ao lado deles por
mais de dois minutos.
Giorgia é uma mulher deslumbrante, e Edoardo também é um coroa consideravelmente
bonito, com seus sessenta e alguma coisa. Ele costumava ter um corpo mais malhado, mas,
devido ao tratamento que fez nos últimos anos, sua doença afetou seu físico. Ainda assim, ele é
um homem que atrai olhares, como sua esposa, com seus cinquenta e alguma coisa.
Alessandro é bonito. A genética de seus pais explica tudo.
Minha irmã costuma ser muito leal ao meu pai.
Meu vestido é longo e de ombros caídos, marcando minha cintura. Minha máscara é prata,
presa ao rosto, cobrindo meus olhos e parte do nariz. Minha boca está exposta e eu uso um batom
vermelho.
— Aqui está a futura senhora Lombardi — Carmia diz, empolgada. De nós três, ela é quem
mais se parece com mamãe.
Não posso evitar o abraço do pai de Alessandro. Ele está de máscara neste momento e me
dá dois beijos nas bochechas. O sorriso em sua face é de empolgação.
— Bem-vinda à famiglia.
— Obrigada, senhor.
Minha sogra sorri. Será que está ofendida porque não deixei que ela me abraçasse ontem?
— Você está muito bonita, Olívia.
Sua mão toca em meu ombro. Ela sabe que não gosto de abraçar pessoas que não são
próximas.
Meu pai conversa alguma coisa com o meu futuro sogro. Os dois têm bastante afinidade,
pelo que percebo.
— Senhora Lombardi, mamãe pediu desculpa por não poder comparecer — minha irmã
explica a situação.
— É compreensível. Como você está, Olívia?
— Bem. E a senhora?
— Bem. Esse vestido lhe caiu lindamente e combinou com o seu cabelo.
— Vamos resolver o problema do cabelo de Olívia muito em breve. — Carmia também é
contra a minha mudança.
— Por quê? Acho que ela está muito bonita assim.
Ouvir algo assim de alguém mais velho me deixou muito impactada. Realmente, Edoardo
gostou da mudança em meu cabelo? Possivelmente, está sendo gentil.
Sorrio, em agradecimento.
— Suas filhas cresceram muito, senhor Russo. Quem diria que algum dia faríamos parte da
mesma famiglia? Sua filha Olívia é a mulher ideal para o meu filho Alessandro.
Quando o garçom passa servindo champanhe, pego uma taça e bebo em um gole só. Não
sou muito fã de bebida, mas preciso estar relaxada para ter coragem de ir para a cama com outro
homem que não seja o meu noivo.
— Se vocês me dão licença, preciso ir ao banheiro. — Tenho que encontrar alguém que tire
minha virgindade nesta festa.
Beber de estômago vazio, principalmente para quem não tem costume algum, não parece
ter sido uma boa ideia, mas o que vale é que estou decidida a não me casar com aquele homem
que matou sua noiva no passado. Serei do primeiro homem que aceitar sair comigo.
Para me disfarçar, eu trouxe uma bolsa, que escondi em uma cabine do banheiro que deixei
trancada, com um vestido muito menos volumoso, pouca coisa abaixo dos joelhos, justo na
cintura, de renda, da cor vermelho-sangue, tomara que caia e com um corte V nos seios. É um
tanto vulgar. Prendo meu cabelo em um coque e mantenho o batom vermelho nos lábios.
Também mudo a máscara. Desta vez uso uma da cor dourada, cobrindo mais o rosto nas partes
laterais. Meus lábios permanecem à mostra.
Estou me sentindo confiante para o que farei a seguir. Não tenho problema com virgindade,
esse não é um medo que me persegue. Em algum momento, toda mulher passa por essa
experiência. E que seja com um homem que não vai me matar após o ato.
Olho em volta do salão, onde há muitas pessoas; muitos homens sozinhos e acompanhados.
Tento me atentar se eles usam aliança. Se bem que o filho do governador não usa e é casado. Eu
acabei de vê-lo entrando no banheiro com uma mulher que não era a sua esposa. Agora estou
com medo de abordar alguém casado, já que todos estão de máscara.
Vi dois garçons gatinhos. Eles seriam boas opções se não fossem alvos fáceis para morrer
pelo meu pai ou até mesmo pelo meu noivo, caso eles decidissem se vingar.
Esses saltos começam a pesar em minhas pernas e eu quase caio de cara no chão ao me
esbarrar em um homem que, do nada, entrou em meu caminho.
Putz!
Acabei chamando mais atenção do que desejava. Minha sorte é que estou de um lado
oposto de onde minha família está.
— Desculpe, senhorita. Posso ajudar? Machuquei você? — Sua mão toca em meu ombro
desnudo como se fôssemos íntimos.
Ele usa uma máscara cobrindo apenas seus olhos. É como a de um homem gato. Chega a
ser engraçada.
— Tudo bem. Eu estou bem. — Fecho os olhos brevemente, sentindo uma vertigem devido
a ter bebido de estômago vazio.
— Quer dançar comigo?
A música que toca é lenta e requer que o casal dance o mais próximo possível. Será uma
chance perfeita para eu me entregar a ele. Engulo em seco, prestes a responder “sim”. É quando
ouço uma voz rouca se aproximar de nós por trás, causando arrepios em toda a minha pele.
— Solte minha mulher imediatamente. — Por causa da música, não ouvi com clareza a
primeira parte, apenas a palavra “imediatamente”.
Olho para trás e quase bato meu peito no seu. Que homem alto, forte e grande. Preciso
erguer meu olhar para encarar sua face, que, aliás, está coberta por uma máscara. Quem é ele?
Não o conheço, assim como também não conheço o rapaz a quem eu estava disposta a me
entregar.
Por um instante, sinto meu corpo desfalecer. Não sei o que está acontecendo comigo, só sei
que o homem atrás de mim saiu mais apressado que um trem-bala e desapareceu. Droga! Esse
outro cara estragou minha chance de perder a virgindade nesta noite. Estou pronta para o xingar.
— Está tudo bem? Posso ajudá-la?
— Não, não pode me ajudar. Com licença — resmungo, chateada.
Sinto os seus olhos queimarem sobre mim como se ele estivesse 100% focado em me
encarar. Por que ele não para de me olhar?
— Escuta... O que você ainda faz aqui? E por que está me olhando como se me
conhecesse?
Na verdade, ele está me olhando como se eu fosse um pedaço de carne. Isso é tão
sufocante. Nunca me senti assim antes.
— O que pensa que está fazendo? Por que trocou de roupa?
— Por que está interessado na minha vida? Você nem me conhece, cara.
Já sei: acabei dando de cara com um stalker? Em todo esse tempo, ele estava me
observando? A troco de quê? Está começando a me assustar.
— Tem razão, eu não a conheço. Mas gostaria de te conhecer melhor.
— Gostaria? — minha voz sai falha.
— Mais do que pode imaginar.
— Você sairia comigo? — pergunto, receosa.
— Sim — ele responde, curto e franco.
A ideia que está passando na minha cabeça é a mais louca possível. Esse mascarado tem
tudo para ser perigoso, um stalker. O alerta de perigo está ligado em meu cérebro. Se ele
percebeu que troquei de roupa, é porque estava me observando há algum tempo. Em que
momento foi, que eu não notei? Estava ocupada demais tentando colocar meu plano em ação e
não percebi.
— Você é casado? — pergunto, temendo. Não quero me envolver com um homem casado.
— Não há aliança em meu dedo.
— Uma aliança não significa que um homem casado não vai trair a sua esposa. Agora
mesmo vi alguém casado traindo a mulher.
— Certamente, um moleque. Um homem de verdade jamais trai sua esposa. Eu não trairia
se fosse casado — ele fala com tanta convicção, que eu acredito. Ou quero acreditar. — Você é
casada?
— Não, eu não sou...
— Noiva?
— Não por vontade própria — falo baixinho. — Isso importa para você?
— Depende. Por que quer saber?
— Porque eu quero sair com você. Quero que me leve para um lugar mais reservado e faça
amor comigo. É capaz disso? — falo de uma vez para não correr o risco de desistir.
Doida!
Enlouqueci, porém estou decidida.
Vejo fogo em seus olhos negros. Em sua postura ereta, ele tem uma aura sombria e, em sua
volta, posso ver toda a escuridão que o cerca. É como se não existisse nada além dele aqui. Eu
diria que ele tem quase 2 metros de altura, uma barba rala bem desenhada e pernas e braços
largos. É muito bonito de corpo e de arrancar suspiros. Deve ser por isso que muitas mulheres o
estão olhando agora disfarçadamente. Eu as vejo.
— Sou capaz disso e de muito mais. — Um meio-sorriso brota no canto da sua boca. — No
entanto, não entendo. Acabamos de nos conhecer e já quer dar para mim? — Pelo modo como
ele falou, eu me senti uma puta.
— Eu não sou uma puta, se é isso que está pensando. — Cruzo os braços, chateada.
— Sei que não é.
— Por acaso, sabe o meu nome?
— Seria um prazer saber. Quer saber o meu?
— Não. Já que vamos nos conhecer melhor na sua cama, eu gostaria de não saber nada
sobre você. E também não quero falar nada sobre mim.
— Posso ao menos saber por que você quer trair o seu noivo?
Se ele não quer transar comigo, é só falar, não precisa me encher de perguntas.
— Meu noivo é um velho, um homem poderoso que só pensa em trabalho e mata suas
noivas caso elas não lhe agradem. E acontece que não quero ser mais uma vítima. — Engulo em
seco. — Já que estarei sendo obrigada a me casar com ele, quero ao menos ter uma noite de
prazer com alguém que não me mate após o fim da relação.
— Quem garante que eu não vou matar você?
— Você seria capaz? — Mordo o lábio, imaginando o quão perigosa pode ser essa minha
experiência inconsequente.
— Precisará vir comigo se quiser descobrir. — Pisca, achando o meu medo divertido.
Então, ou é isso ou ceder aos desejos de um mafioso cruel.
— Eu vou com você. — Não pestanejei em momento algum.
Pelo que percebo, ele não me forçou em nenhum instante, deixou-me livre para ir com ele.
É um sinal de que ele não me matará? Ou fez isso para que eu pensasse assim? Vou enlouquecer.
Saímos do salão de festas. Eu o sigo e, por todo o caminho, vamos em silêncio. Meu
coração palpita como nunca antes. Eu ainda poderia desistir, mas não sei se consigo agora. Ao
sairmos da sala, passamos por um corredor largo até chegar a um elevador. Primeiro ele entra e
eu fico o olhando, receosa. Ele percebendo, diz:
— Não estou obrigando você a vir comigo, mas se vier, saiba que não terá mais volta.
Depois que eu a possuir, já estará feito e não poderá voltar atrás. Tem certeza de sua escolha?
O que ele quis dizer? Eu não poderei voltar atrás?
Apesar de estar tremendo, estou mais que decidida.
— Tenho muita certeza.
Eu entro no elevador, ao seu lado. As portas se fecham e ele nos leva para o nosso destino.
Capítulo 5

Olívia

Meu peito sobe e desce, fazendo uma pressão tão forte, que sinto o meu coração ser
esmagado pela minha respiração tensa. Tento não pensar somente no ato, e sim em ficar livre de
um casamento sem amor. As portas do elevador se abrem na cobertura. A primeira imagem que
vejo é de luzes através dos vidros da enorme porta que dá acesso à varanda.
Uau! Como a vista daqui de cima é algo deslumbrante.
Como esse homem misterioso tem acesso a essa cobertura magnífica? O salão de festas,
onde ocorreu o leilão e o baile, pertence a um grande grupo empresarial. É tudo o que eu sei.
Então, tenho quase certeza de que ele faz parte desse grupo.
Ele levanta as mangas da camiseta após ter retirado o smoking e o colocado sobre o sofá
branco. As luzes todas foram acesas assim que saímos do elevador. Vejo-o caminhar até a adega.
Eu nunca tinha visto tantas bebidas alcoólicas em toda a minha vida.
— Vinho ou champanhe?
— Nenhum dos dois. — Eu ainda estou próxima ao elevador e minhas mãos suam.
— Pode se aproximar mais, se quiser. Não vou fazer nada que você não deseje, senhorita
misteriosa. — É assim que ele me chama agora? — Pode aceitar uma bebida, não precisa ter
medo de mim.
— Eu não estou com medo, senhor misterioso. É que eu não bebo — brinco com o apelido
que ele me deu. — De verdade, não posso demorar muito aqui em cima. Logo vão notar que eu
sumi e o caos será instalado.
— Então, pertence a uma família importante?
— Acho que eu não estaria aqui se o meu pai não fosse influente, assim como você não
estaria aqui se também não fosse.
O homem serve uma dose de champanhe para si e bebe em dois goles. Ele domina a bebida.
Eu já estaria bêbada só em cheirar a tampa.
— Essa cobertura é sua?
— Pensei que não quisesse saber muito sobre mim — retruca.
— Eu não quero, perguntei só por perguntar.
— Percebo que é muito curiosa. — Ele acertou, no entanto, não é educado falar algo assim
para uma mulher. — Sei que também não é nada cavalheiro eu lhe dizer isso, mas não leve como
uma ofensa — fala sem desviar os olhos dos meus. — O que quero entender é por que uma
jovem tão interessante está insegura para transar. Pode ser que eu seja mais indelicado ainda, mas
preciso saber: por que tem tanta insegurança?
Mordo o lábio, fico cabisbaixa e cruzo os braços, intrigada com a sua pergunta. Notei que
ele é muito experiente, pela paciência na voz e pelos movimentos singelos e elegantes. Até ao
afrouxar a gravata, ele parece sensual. Posso dizer que é bastante experiente quando o assunto é
mulher. Ele deve estar pensando que eu sou uma garotinha inconsequente. Infeliz!
— Por acaso, você é virgem?
— Isso faz alguma diferença para você?
Sua mão ergue minha face ao tocar em meu queixo e eu sinto toda a sua fúria. A mão dele é
pesada.
— Vai olhar nos meus olhos sempre que eu estiver falando com você — ele é tão mandão,
que sinto calafrios. — Responda à minha pergunta sem fazer outra pergunta, menina.
— Tudo bem. Eu sou virgem, se é isso que deseja saber. Mas que diferença faz? Você, por
acaso, não é capaz de tirar a virgindade de uma mulher? Nunca fez isso antes? Porque se não
sabe como, eu vou embora agora mesmo. — Sem saber mais o que estou falando e morrendo de
vergonha, eu lhe dou as costas, decidida a ir embora.
Essa foi a pior loucura que já pensei em fazer na minha vida: entregar-me para um
desconhecido mascarado, sem saber o seu nome, se ele é do bem ou do mal, e sem saber como
ele trata uma mulher na cama.
Inferno! Tudo está perdido agora. Sua mão segura na minha, fazendo força e puxando meu
corpo para junto do seu. O choque é inevitável, assim como minha expressão de assustada.
Encaro os olhos sombrios do mascarado. Ele está furioso com alguma coisa que eu disse, só que
eu falei tantas coisas, que não sei o que exatamente o deixou assim. Agora estou me sentindo um
pedaço de carne prestes a ser devorado pelo leão faminto.
Acho que brinquei com a pessoa errada.
— Uma coisa, garota atrevida: nunca me dê as costas quando eu estiver falando com você.
— Ergo o meu braço, furiosa, para acertar um tabefe no seu rosto, no entanto, ele é ágil e segura
na minha mão com firmeza ainda no ar. — Se atreveria?
— Você não me deixa escolha. Está me segurando com força e me machucando. Me solta
— peço, com os olhos apertados.
Sua respiração é tão pesada, que quando ele solta o ar, queima o meu rosto.
— Maledizione! Dovevi essere così bella e sfacciata? — ele resmunga. — Não vou esperar
mais nenhum segundo para possuir você. Eu te quero muito, pimentinha. — Ele luta contra algo
que parece ser muito forte. — Se eu a beijar agora, será um caminho sem volta, diabinha.
Inesperadamente, ele me puxa para um beijo. Nossas bocas se chocam e o contato de início
não é muito bom. Ele cheira puramente a champanhe com uma mistura de charutos do meu pai, e
ainda tem um sabor leve de menta. Estou mais perdida que cego em tiroteio. Sua língua invade a
minha boca, buscando a minha. Não sei o que fazer. Eu nunca tinha sido beijada com essa
intensidade e com essa brutalidade. Meu corpo paralisa por breves segundos e eu sinto o ar pesar
em meus pulmões. Ele não me soltará, e eu não estou disposta a me soltar. Quero saber o que
posso descobrir com esse bruto.
— Gostosa. Você cheira a leite, menina. — Ele desce sua boca pelo meu pescoço e sua
mão, em fúria, ergue meu vestido. Assusto-me quando ela apalpa a minha bunda, segurando
firme em minha nádega. Quero me afastar, mas ele não deixa. — De jeito nenhum, você vai fugir
de mim. Não depois de ter me provocado e me deixado de pau duro. Você queria levar uma surra
de pau, e é exatamente isso que terá.
O homem ergue o meu corpo em seus braços, como se eu fosse mais leve que uma pluma, e
me leva para o andar de cima, subindo alguns degraus de escada. Com medo de cair, envolvo as
mãos em seu pescoço. Meus seios no decote estão na altura do seu nariz e a respiração quente
dele queima a minha pele. Nós entramos em um corredor comprido e ele anda 20 passos comigo
em seus braços, com minhas pernas em volta da sua cintura, até pararmos em frente a uma porta
de madeira grande, a qual ele usa a sua digital para abrir. Suponho que seja de madeira, mas
parece ser mais resistente do que eu imaginei.
As luzes do quarto acendem, revelando um ambiente em tons de vermelho, preto e cinza.
Enquanto a maior parte da mobília é preta, as paredes são vermelhas e cinza, dando um ar
sensual, de pecado, ao ambiente.
Por que tenho a impressão de que esse é o seu matadouro?
Sem nenhuma delicadeza, ele me senta no meio da cama. Observo-o tirar sua camisa,
desabotoando botão por botão e revelando o seu peitoral definido. A gravata, ele segura em
mãos, olhando-me de maneira tão sexy com aquela máscara. Então, ele ameaça tirá-la.
— Não — intervenho. — Se for tirar a máscara, apague as luzes, por favor. — É melhor
assim. — E eu tenho vergonha de me despir na frente de um homem — confesso.
— Faremos assim: eu não vou tirar a máscara agora, mas você vai. — Foi uma ordem. — E
quero vê-la se despir na minha frente. Antes de eu foder você, quero te comer com meus olhos,
bella donna. Vamos lá. Sem amarras, sem vergonha ou constrangimento. Uma linda mulher
deveria ser mais confiante — ele diz, sem soltar a gravata. Temo que a use para me prender.
Ele segura em minha mão e eu fico de pé. Vejo-o se sentar no meu lugar e é inevitável não
sentir seu calor queimar a minha pele, seja através dos seus olhos ou através do contato pele a
pele.
— Eu não posso fazer isso... — falo baixinho.
— Claro que pode — incentiva-me. — Mostre-me a bela mulher que você é. Seu vestido é
muito simples de se tirar: basta abrir o zíper do lado e ele cairá pelo seu corpo até chegar ao
chão. Se estiver sem sutiã, seus seios vão pular para fora, e vai ser delicioso assistir de camarote.
Minha boca já saliva por eles, meu doce angelo.
Não consigo evitar que meu coração bata acelerado, saltando em meu peito. Estar sob sua
mira é tenso e, ao mesmo tempo, instigante. As palavras sujas que vieram de seus lábios me
encorajam a fazer o que ele pediu. É isso ou ter que viver casada com alguém perigoso. Abro o
zíper do vestido e o seguro na parte dos seios. Estou sem sutiã, pois ele tem enchimento no
busto.
Ele está louco para que eu deixe o meu vestido cair no chão. Respiro fundo e, de uma vez,
eu o solto. E acontece como foi dito: meus seios saltam para fora e ele os analisa como um
doutor experiente, salivando por eles. Essa foi a primeira vez que me senti desejada de verdade
por um homem. Posso sentir o quanto ele me quer.
Meu primeiro instinto é esconder meus seios, segurando-os com minhas mãos. Porém,
como um policial pronto para me punir, ele se levanta depressa, vem até mim e dá um basta
nessa situação: suas mãos retiram as minhas dos meus seios e os segura. Por muito tempo, achei
que eles fossem grandes demais e sem graça, mas em suas mãos cabem perfeitamente, como se
fossem feitos para ele.
— Deixa que eu cuido disso para você. — Um sorriso safado brota em seu rosto. Mesmo
mascarado, eu sei que ele é lindo, de tirar o fôlego. — São lindos. — Desce os olhos até eles,
segurando-os de um modo que mostra os bicos durinhos com seu contato. — Perfeitos.
— Acha mesmo?
— Muito.
O fogo em seus olhos não pode ser apagado. É o que eu sinto.
A língua úmida e quente percorre o meu pescoço e suas mãos descem pelo meu bumbum,
onde ele apalpa mais uma vez enquanto beija os meus lábios. O senhor mistério barra tentação
faz com que eu me deite já no final da cama. Apenas minhas costas e cabeça ficam em contato
com o colchão. Meus pés tocariam no chão se a cama não fosse tão alta. Tento cobrir meus seios
mais uma vez, até que ele prende os meus pulsos e, sem piedade alguma, usa a gravata para os
amarrar, elevando os meus braços na altura da minha cabeça.
— Se mover seus braços, serei obrigado a bater em você — ele diz, com a voz embargada
de tesão.
Eu deveria ter sentido medo, mas, em vez disso, meu corpo queima ainda mais de desejo.
Ele volta a me beijar. O nosso beijo é gostoso, mesmo com gosto de charuto e champanhe. Estou
começando a gostar. Sei que ele fará coisas deliciosas comigo e me levará a conhecer o mundo
do prazer. É o que eu espero. Tenho um dos meus seios sugados pela sua boca gulosa, enquanto
uma mão sua segura em meu queixo e a outra fica no seio livre. Seus dedos prendem meu
mamilo túrgido, levando-me a sentir algo incrivelmente delicioso.
— Oh! — Não posso conter meus gemidos. Sinto arrepios por toda a pele.
Com meus seios expostos ao contato da sua boca, que não sabe a qual deles dá mais
atenção, meu corpo inteiro se contorce. Eu nunca tinha sentido nada disso antes. Ele gosta de me
torturar dessa maneira, e é muito bom.
Estou sendo dominada por um desconhecido e estou adorando.
Ao parar de chupar meus seios, ele dá atenção à pequena calcinha que uso, da cor
vermelha, e, sem delicadeza nenhuma, rasga a peça íntima, fazendo-me sentir um tremor.
— Calma, menina veneno. Como pode perceber, eu não sou muito delicado, mas prometo
que você vai gostar.
Antes que eu possa falar alguma coisa, ele abre minhas pernas, deixando-me muito exposta,
toda aberta. Nem quando vim ao mundo estive assim. Fecho os olhos e levo as mãos para tapar
minha máscara. É muito vergonhoso. Eu sei o que ele está prestes a fazer e o meu corpo queima
por aquela sensação.
Pelos seus toques.
— Pode até se cobrir, bonequinha, mas não vai me impedir de chupar sua bocetinha. —
Seus dedos entram em contato com minha intimidade e eu gemo, dando gritinhos. Ele massageia
a região do meu clitóris. — Molhadinha para mim?
Percebo que as luzes do quarto foram reduzidas e que ele se livrou da máscara que usava.
Não sinto mais ela em seu rosto. Não depois de ele ter afundado sua cara na minha boceta. Assim
como ele fez com meus seios, deslizando a ponta da língua neles suavemente, faz com minha
intimidade, beijando a região mais sensível de uma mulher. Nunca experimentei nada assim
antes: a boca de um homem na minha boceta. Estou à mercê dele. O que ele quiser fazer comigo,
eu farei. Sua língua explora o meu sexo, cheia de volúpia, em uma tentação sem medida. Ela
dança em meu clitóris e uma de suas mãos sobe até meus seios e brinca com os mamilos.
— Ah! Isso...
A tensão deliciosa cresce em meu ventre, o meu sexo pulsa igual ao meu coração, minha
cabeça está doendo de tanto tesão e minhas costas estão travadas. É como se algo forte fosse sair
de dentro de mim a qualquer instante. Encolho os meus músculos, cada vez mais comprimindo-
os. Suas carícias me estimulam muito. Então, ele introduz um dedo no meu canal. Pensei que
fosse doer, mas estou excitada demais para isso. Ele move o dedo como se estivesse entrando e
saindo, e sei que fará assim com o seu membro. Minhas pernas tremem.
Quando todo aquele prazer se estende pelo meu corpo, explodo, gozando na sua boca. Os
estralos que ele faz são excitantes. Eu sou uma puta gostosa, e ele está dizendo isso ao me fazer
gozar e ao engolir meu gozo como se fosse a melhor sobremesa do mundo.
— Meu Deus, como você é deliciosa, pimentinha. Com certeza me viciei no seu gozo.
Em seguida, ele coloca seu dedo em contato com minha boca para que eu sinta o que ele
está falando. Lambo-o, atordoada com a gozada que tive. Ela me deixou fraca e muito zonza.
Correntes elétricas percorrem o meu corpo.
— Veja só do que estou falando. Você é muito gostosa.
— Não sei se gosto — confesso.
Com as luzes reduzidas, não posso ver bem o seu rosto. Não agora, quando tudo está
girando após eu ter gozado. Mas sei que ele está se despindo.
— Sinta o quão duro estou por você, boneca.
Eu fico sentada na cama e ele segura em minha mão, fazendo-me tocar no seu membro
duro. É enorme! Solto-o imediatamente, como se tivesse levado um choque. Isso não vai caber
em mim. Além de grande, é muito grosso.
— 26 centímetros — ele diz, vangloriando-se.
— Caralho! — xingo. — Promete ser delicado?
— Prometo. Por hoje sim.
O que ele quis dizer com isso? Não haverá outras vezes, se é isso que ele está pensando.
Subo mais para o meio da cama e minha cabeça afunda no travesseiro. Eu estico minhas
mãos sobre o seu peito e ele acaba de se encaixar no meio das minhas pernas. Sinto espasmos e
tremores ao ter o calor do seu corpo nu sobre o meu. Com delicadeza, ele tira a minha máscara e
a joga em um canto do chão, mas ainda não me liberta das amarras em meus pulsos com sua
gravata.
— Não vai me soltar? — refiro-me aos pulsos.
— Não. Gosto de você assim, presa a mim — admite.
— Você sabe que só faremos isso uma única vez, certo?
— Pense como quiser.
Ele ainda segura em meus pulsos, mesmo eles estando amarrados, e, com a outra mão,
encaixa o seu pau na entrada da minha boceta. Por mais que esteja tudo escuro à nossa volta,
sinto que meus olhos estão fixos nos seus. O senhor mistério barra tentação força a minha
entrada apenas para me preparar para o que virá a seguir.
— Porra! — A pressão nem foi tão forte e já sinto que será difícil.
— Precisa estar relaxada, bella donna. Eu estou louco para comer sua bocetinha
apertadinha.
Ele escorrega mais o pênis em meu canal, e arde a cada tentativa sua de entrar mais fundo.
A boca dele suga a minha a todo momento. Quanto mais ele enterra, mais dor eu sinto, mesmo
com seus dedos brincando com meus seios. Tem uma hora que movo os braços do lugar e os
deixo em volta do seu pescoço, cravando as unhas na sua pele. Acho que o feri, pois senti algo
molhar meus dedos. É o seu sangue.
— Desculpe.
— Não precisa se desculpar. Mais sangue vai sair quando eu romper seu hímen. — Ao falar
isso, ele entra de uma vez, perfurando todo o caminho que lhe restava.
Minha vida toda será mudada devido a esse ato. Eu não sou mais virgem e, com isso, não
me casarei mais com Alessandro. Ele rompeu não só meu hímen, como também minha prisão,
dando-me liberdade.
— Tudo bem? — ele pergunta, preocupado. — É inevitável não sentir dor na sua primeira
vez — tenta me acalmar.
— Estou bem. Pode ficar sem se mover por um minuto?
Ele funga em meu pescoço, afundando sua cabeça na curva do meu ombro e distribuindo
beijos na região. Aos poucos o meu desejo é reacendido e a dor vai se dissipando. Elevo o meu
corpo para junto do seu e passo a mover os quadris no ritmo dos dele, deixando de lado toda a
ardência que eu sentia. Seu pau entra e sai da minha boceta lentamente. A amarra das minhas
mãos foi solta e eu posso segurar em seus quadris. A pressão que ele faz no meu sexo aumenta a
cada beijo estralado que ele me dá com muita urgência e necessidade.
Um gemido escapa de seus lábios e todo o meu corpo vibra. Entrego-me a ele de uma
maneira tão intensa, que não posso mais conter meus gemidos. É desesperador para mim morder
a minha mão ou abafar eles entre os beijos.
— Isso, minha linda. Não me prive dos seus gemidos, minha putinha fogosa.
Ele me chamou de putinha e eu gostei? Droga!
— Não sou sua puta — rebato, com minha voz falha de tesão.
— Tem certeza disso? — Ele aperta o meu pescoço e eu imagino um sorriso safado seu. —
Eu gostaria que visse minha expressão ao comer sua bocetinha proibida. Você ficaria pasma.
— Você só fala bobagens — retruco. — E eu já lhe disse que não haverá outra vez.
— Farei isso e muito mais com você. Não pense que vai se ver livre de mim, que transamos
só uma vez. Sempre estarei no seu pé, pronto para te comer. Agora, que você é minha, será para
sempre.
Talvez ele fale isso porque está com muito tesão. Não é o que acontecerá. Ele não sabe o
meu nome e eu não sei o seu, nem vimos o rosto um do outro. Nunca mais acontecerá isso.
Nunca mais nos veremos.
— Gema como uma putinha.
— Oh... Oh...
— Estou sendo misericordioso desta vez porque você era virgem, mas da próxima vez vai
chorar e gritar de tanto prazer, minha putinha.
Suas arremetidas passam a ser mais duras e fortes. Ele está louco e eu estou prestes a gozar
no seu pau. Quando faço isso, molho-o ainda mais, facilitando para que ele deslize mais fundo e
goze em seguida.
Caralho!
Ele rola para o lado e sua respiração é pesada. Eu não sou mais virgem.
O sexo foi delicioso, mas eu preciso ir embora. Antes só preciso descansar por uns 10
minutos.
Capítulo 6

Olívia

Inconformada, jogo a verdade na cara da minha família. Era para ser hoje o jantar de
noivado, no qual eu revelaria ao meu noivo que não posso me casar com ele porque não sou mais
virgem, no entanto, ele decidiu desmarcar de última hora, depois que eu já estava maquiada.
Passei mais de duas horas sendo produzida pela maquiadora e cabeleireira que mamãe contratou
para eu ficar bonita e apresentável para esta noite.
Esse jantar estava sendo mais que aguardado por mim. Seria nessa ocasião que eu
conheceria Alessandro e terminaríamos o noivado antes mesmo da sobremesa. Infelizmente, não
será hoje que terei esse prazer.
— Admitam a si mesmos que o meu noivo não parece estar muito interessado nesse
compromisso. É melhor que aceitem. Assim, não vão se frustrar quando ele desistir de mim.
Minha mãe dá uma garfada na picanha mal passada e me olha, intrigada, como se buscasse
algo diferente em mim.
— O que você está aprontando, garota?
— Nada, mamãe, só estou sendo sincera. Ele cancelou em cima da hora e a culpa ainda é
minha?
— Espero que você não tenha feito nada para evitar esse compromisso, minha filha. O seu
dote já foi pago e já gastamos uma boa parte dele. — Meu pai agora está tenso.
Já que não sou obrigada a permanecer neste jantar, retiro-me antes mesmo de estar
satisfeita e peço minha sobremesa em meu quarto: uma fatia de torta de doce de leite, a minha
favorita, feita pela nossa cozinheira. Adoro essa torta desde quando eu tinha 5 anos. Por ser
brasileira, Jenna trouxe muitas receitas do seu país e as faz para a nossa família há anos. E, além
de cozinheira, ela é a minha melhor amiga da terceira idade. Ela já tem seus cinquenta e alguma
coisa e sempre usa coque e uniforme de empregada. Para mim, ela é muito especial. Nem preciso
mencionar que ela foi minha babá até os meus 10 anos.
— Estive conversando com sua mãe, e ela concordou que eu vá morar com você e seu
marido quando se casarem.
— Não haverá casamento, Jenna — respondo, convicta.
— Como não? Ouvi sua mãe falar ao telefone que será no próximo mês. Já estão
providenciando tudo.
— Por enquanto, é melhor que não saiba de nada, mas assim que meu noivo decidir
aparecer para o jantar de noivado, todos terão uma surpresa quando ele anunciar que não deseja
se casar comigo.
— Santo Deus! Agora fiquei com muito medo. Do jeito que sua cabecinha é oca, aposto
que é capaz até de ir presa para não ter que se casar.
Pensando bem, é uma excelente ideia. Eu a usaria em último caso.
— Caso meu plano não funcione, você me acusa de tentativa de homicídio?
— É melhor parar de alimentar sua cabecinha com tanto açúcar. Me dê seu prato, a torta já
acabou. Você está quase lambendo a louça.
Jenna me conhece mais que minha própria mãe. Ela sabe que não estou feliz e é a única que
se importa com meus sentimentos.
— Eu juro que se pudesse evitar esse casamento, te ajudaria.
Ela não tem filhos, por isso me vê como uma filha. E eu a vejo como uma mãe também.
Está cada vez mais difícil ter um bom álibi para sair de casa sem que os federais dos meus
pais descubram que estou vindo para a campanha de doações. Trabalhar sem remuneração não
tem valor algum para eles. Dedico todo o meu dia, há alguns meses, a essa campanha, e usei a
desculpa de que iria ao shopping comprar sapatos novos devido ao casamento. Hoje é o último
dia da campanha e a equipe está se preparando para a festa de hoje à noite. Terá muito bolo,
salgados e orações. Eu gostaria de vir, mas seria impossível.
Sebastian é o secretário do padre, um rapaz da minha idade que usa óculos e camisa de gola
polo o tempo todo. Nunca o vejo usar nada casual.
— Terminou aí? — ele pergunta ao se aproximar de mim. — Posso ajudar?
— Terminei sim. — Acabei de embalar a última caixa com agasalhos.
— Será uma pena você não poder vir nessa noite. Será uma linda celebração. — Ele sempre
mexe nos óculos quando está nervoso. É fofo.
— Você vai vir, né? — Que pergunta essa minha. É lógico que sim.
Acontece que eu fico nervosa quando estou perto dele. Deve ser porque ele tem aquelas
covinhas charmosas e a mesma idade que eu. E nele eu vejo como seria a minha vida longe da
máfia: tranquilidade, muita paz e almoço de domingo na casa da sogra. Eu já conheci a sua mãe,
e ela me adora. A verdade é que todos da igreja sempre imaginam que nós dois vamos namorar
algum dia. O único motivo pelo qual nunca dei a entender que gostava dele era porque eu não
queria colocar sua vida em perigo. Sou uma mulher da máfia, não posso me relacionar com
homens que não pertençam ao meu mundo. Se meu pai descobrir que perdi minha virgindade
antes do casamento, é capaz de perseguir o homem mascarado barra tentação com quem me
envolvi algumas noites atrás.
Não sei o seu nome, sua idade e nem sequer vi o seu rosto, mas aquela voz rouca ficará em
minha cabeça para sempre. Não tem como eu me esquecer do homem que tirou minha
virgindade. Eu não quis saber o seu nome, pois, caso eu seja pressionada a falar, realmente não
terei uma resposta para dar a quem quer que seja.
Ao pensar naquela noite, minhas pernas tremem quando me recordo do quão deliciosa foi
minha entrega, mesmo tendo sido doloroso no começo. Cheguei ao clímax duas vezes. A
primeira vez foi com a sua língua habilidosa em meu sexo. Só de imaginar, sinto calor na região.
E a segunda vez foi com seu pênis entrando e saindo da minha boceta. Ele fez eu me sentir
desejada, especial e cuidou bem de mim.
Assim que ele se levantou da cama e foi ao banheiro, eu vesti minhas roupas
apressadamente e deixei um de meus sapatos para trás. Depois inventei que o salto dele havia
quebrado e que eu o tinha largado em um canto do salão. Minha irmã ficou desconfiada, mas
ninguém sabia o que tinha acontecido, apenas eu e ele. Mas ele também não sabia quem eu era.
Então, está tudo certo.
— Eu gostaria que fosse o meu par nessa noite.
— Realmente não posso. Compromisso de família.
— Entendo. Se precisar de ajuda, me chame.
Suspiro quando ele sai. E lá se foi a minha chance de ter uma vida normal algum dia.

Eu fiquei para a limpeza do lugar e, em determinado momento, acabei manchando minha


blusa com a tinta que eu estava usando para pintar os cartazes. É uma marca grande em círculo
no seio. O tempo passou tão depressa, que quando percebi já eram quase 18 horas. Tem três
chamadas perdidas da minha mãe e duas do meu pai no celular. Eu já estou retornando, quando
os meus seguranças avisam que precisamos ir. Meus pais estão preocupados atrás de mim.
Pego um moletom na mochila para cobrir a mancha da blusa. Assim, ninguém irá ver
quando eu chegar em casa. Meu cabelo está com uma parte solta e a outra metade presa em um
broche.
Foi tão divertido quando eu estava vindo embora, com todas aquelas pessoas exigindo
minha presença. Isso fez eu me sentir especial. Eu ri quando todos começaram a falar que
Sebastian dançaria com a mãe hoje porque a futura namorada dele não poderia comparecer. Ele
ficou vermelho como um tomate. Sebastian é um cara incrível e nós seríamos um casal bonito se
déssemos certo algum dia.

Fecho a porta da sala, já em casa.


Recebi uma mensagem, de uma menina que trabalha na ONG, mostrando Sebastian sentado
no chão, desconsolado. Gargalho ao ver a foto. O texto diz: “Procurando minha princesa”. Minha
risada ecoa na sala e eu digito que não poderei ir de verdade. Ela me envia mais mensagens e
fotos dele bem desconsolado. O que me dá peninha.
Eu sorria tão abobalhada, que não notei a presença de todas aquelas pessoas até minha mãe
pigarrear.
— Santo Dio! Onde estava, Olívia? Isso é hora de chegar em casa?
Olho para a frente e tomo um susto ao ver todas aquelas pessoas. Meu Deus! Arfo,
assustada. O senhor Edoardo e a senhora Giorgia Lombardi, os pais do meu noivo, estão aqui, e
também a avó dele, a senhora Ginevra, meus pais, minhas duas irmãs e seus maridos. Meu
celular cai de minhas mãos.
Por que todos estão aqui? Estavam reunidos me esperando? Eu me abaixo para pegar meu
celular, quando, de repente, alguém também se abaixa para o apanhar. Nossos dedos se tocam
brevemente, mas o suficiente para causar uma avalanche em meu coração. Que calor foi esse?
Busco os seus olhos castanho-escuros e o reconheço imediatamente da foto. É Alessandro
Lombardi em pessoa, o meu noivo.
— Droga! Quebrou — resmungo baixinho.
Meu celular é o iPhone 11. Não faço questão de ter o do ano, apenas um bom aparelho de
qualidade. E agora ele está com parte da tela queimada.
Eu fico de pé, e Alessandro também. É inevitável não olhar novamente em seus olhos, e
quando faço isso, sinto uma corrente elétrica me percorrer inteiramente, fazendo eu me sentir
incomodada com a maneira como ele me olha. Ele deve estar pensando que eu sou uma mendiga,
pois meu moletom está até rasgado e meu cabelo está molhado de suor. Não estou devidamente
apropriada para conhecer meu noivo.
Engulo em seco. Ele é tão alto, majestoso e viril. Um homem de tirar o fôlego. Respiro
fundo, buscando algo nele que eu acho que já vi antes. Talvez seja algum detalhe que vi nas fotos
da internet no dia em que minha mãe me disse que ele seria meu marido.
Afasto-me um pouco dele, ainda incomodada com essa situação. Todos estão bem vestidos
e elegantes, enquanto eu pareço uma maltrapilha.
— Meu Deus, Olívia! Que roupas são essas, irmãzinha? — minha irmã do meio fala, sem
jeito.
Confesso que estou um pouco envergonhada por ver todos me olhando, impactados com o
meu visual. A calça que uso também é de moletom. Todos devem pensar que eu estava correndo
em uma maratona.
— Eu pensei que tinha dito que sua filha estava fazendo compras. Onde estão as sacolas?
— Ginevra é muito franca.
Eles devem saber que eu não estava fazendo compras. Minha mãe não sabe o que dizer.
— Não achei nada que me agradasse. — Não sei por que menti ao invés de dizer a verdade.
— Minha irmã tem um gosto para moda bastante peculiar. Ficariam surpresos em como
essa garota leva horas para escolher uma peça de roupa — minha irmã mais velha sai em minha
defesa.
Dou de ombros, incomodada com a presença de Alessandro. Mesmo eu tendo me afastado,
ele ainda está muito perto. Em que momento ele apareceu na minha frente? Eu só notei sua
presença depois que vi as outras pessoas.
— Em minha defesa, diferentemente das minhas irmãs, eu não visto 36, então é difícil
encontrar uma roupa que me agrade de cara. A maioria das lojas de grife só veste até o 38. Qual
o problema com o 44? — questiono, bastante indignada.
— Minha cunhada, não há nada de errado com você — meu cunhado me defende. Ele é
muito apaixonado pela minha irmã mais velha e sempre diz coisas que agradam todo mundo da
família.
— Se pensasse em fazer uma dieta, poderia resolver esse problema — a avó de Alessandro
diz, sem papas na língua.
— Acontece, senhora Lombardi, que eu não estou disposta a fazer uma dieta. Não vou
mudar o meu físico por causa de lojas que se recusam a aceitar corpos como o meu. Sou como
sou, e não mudo por ninguém. Lamento que eu seja gorda o bastante para não caber em um
manequim 36 — zombo, chateada.
Odeio quando alguém me manda fazer dieta, principalmente pessoas que não conheço.
— Não há problema algum com o manequim 44. — Olho para o lado. Alessandro
Lombardi está com as mãos enfiadas nos bolsos de sua calça social. Assim como o pai, ele usa
terno e gravata. Muito elegante. — É uma mulher muito bonita, senhorita Russo, mesmo
vestindo moletom.
Essa voz, eu reconheço de algum lugar. É o que penso ao sentir calafrios ao tentar me
lembrar de onde. Até fico sem resposta para dar neste momento. Onde ouvi essa voz rouca? Meu
corpo parece reconhecê-la de algum lugar. Será que foi das entrevistas que minha mãe me fez
escutar dele? Pode ser.
Estou com uma pulga atrás da orelha.
— Senhores e senhoras, perdoem o atraso da minha irmã. Nós vamos dar um jeitinho no
visual dela e, em meia hora, estaremos de volta para o jantar. — Minha irmã mais velha segura
em meu braço direito. — Você está fedendo — ela fala baixinho somente para eu ouvir.
Mostro-lhe a língua, chateada. Por que eu deveria estar pronta, sendo que ele atrasou
ontem, não eu?
— Isso mesmo. Logo estaremos de volta, e sem atrasos.
— Eu não me atrasei. Nem sabia que tinha compromisso hoje. Quem não compareceu ao
jantar primeiro foi ele, não eu.
Levo um beliscão de Andreia. Ela continua sendo a mesma chata e implicante de antes.
Minhas duas irmãs me arrastam para o meu quarto e me fazem tomar banho enquanto pegam
uma roupa apresentável para mim. Lavo o meu cabelo depressa, somente para o deixar sedoso.
Eu não queria comparecer a esse jantar, porém será a oportunidade perfeita para eu contar ao
meu noivo gato que não sou mais virgem.
Em alguns instantes não haverá mais compromisso e nem sequer receberei a aliança de
noivado. Sorrio, animada, ao me preparar para a refeição.
Capítulo 7

Olívia

Quando desço a escada usando esse vestido colado em meu corpo, marcando minha cintura,
sinto o ar falhar por ele não chegar aos meus pulmões. Eu não deveria ter feito o que Andreia
quis. Vestir algo que me sufoca não foi uma boa ideia, mas, segundo ela, esse look é lindo e
perfeito para deixar o meu noivo de queixo caído. Não que eu queira lhe causar essa impressão.
O que ele pensa de mim ou não, sinceramente, não me agrega em nada. É o mesmo que nada,
neutro.
Eu fiz questão de secar meu cabelo e o deixar solto. As mechas roxas estão em evidência,
chamando bastante atenção no meu visual. Tenho certeza de que deixarei todos impactados.
Desço o vestido mais uma vez, já que ele sobe a cada passo que dou. As plataformas que
calço me deixam mais alta 5 centímetros.
— Agora sim minha princesa está dignamente vestida para a ocasião — papai banca o pai
coruja que ele é, só está sendo mais forçado agora.
Quando retorno à sala, noto que há outro homem presente. Ele parece ser o filho mais novo
da família Lombardi. Se não me engano, seu nome é Dante. Apesar de não ter nenhum traço da
família, por não ser um filho legítimo de sangue, é um homem tão bonito quanto o seu irmão.
— Muito linda mesmo. Eu lhe daria um abraço se você não fosse contra abraços — Giorgia
brinca. Ela jamais se esquecerá do que eu disse.
— Contra abraços? — Edoardo fica confuso. Da última vez em que nos vimos, ele me
abraçou como se eu fosse uma filha sua. — Somos uma famiglia. Vieni qui, figlia.
Ele é mais convincente a um abraço. Não posso lhe dizer “não”, por causa da maneira
carinhosa como ele me acolhe na sua família e me faz sentir parte dela.
— Naquele dia, minha filha não a abraçou porque estava muito nervosa, Giorgia. —
Mamãe e suas desculpas sem sentido.
— Ótimo. Até porque gosto muito de abraços. — Ela sorri, chamando-me para um abraço.
— Eu sempre desejei ter uma filha, e agora terei uma. Espero que, muito em breve, duas. —
Olha para Dante, dando-lhe um sinal de que ele deveria se casar.
Ele apenas sorri para a mãe, e Giorgia beija a minha bochecha. Ela é muito querida e
sempre é gentil comigo. Isso faz eu me sentir envergonhada por, naquele dia, eu ter recusado o
seu abraço.
— Está vendo como é dolce? — ela brinca. — Quero que se sinta da família, porque
seremos uma muito em breve.
Cumprimento Ginevra, que não tem uma expressão muito amigável para me receber,
apenas dois beijos nas bochechas. Ela me passa uma seriedade muito rígida, como se não me
aceitasse na família.
— Conhece o meu filho Dante?
— Não — respondo.
— É um prazer conhecê-la, senhorita Russo. Sou Dante Lombardi.
Estendo a mão para o cumprimentar. Não sei por que, mas ele parece sem graça ao apertar
minha mão.
— O prazer é meu. — Forço um sorriso.
— Estão se esquecendo do mais importante: os noivos nem sequer se cumprimentaram. —
Mamãe está tão empolgada. — Vamos lá, querida. Seja educada e gentil, como mamãe ensinou a
você. — Segurando em meus ombros, ela me arrasta até Alessandro, que está mais afastado de
todos, mas, ainda assim, próximo.
Odeio quando ela faz isso: força-me a falar com as pessoas. Sabe com quem ela se parece?
Com uma fã de romances suspirando com o encontro do casal pela primeira vez.
— Senhor Lombardi, minha linda e preciosa Olívia, sua futura noiva.
Engulo em seco ao ter sua atenção voltada para mim. Ele não demonstra nenhuma emoção
descritível em seu rosto. Seu semblante está fechado, como se ele não tivesse ouvido nada do que
minha mãe disse. Ou, simplesmente, não dá importância. Não a que ela desejava.
Por que me frustrou toda a sua frieza? Nunca encontrei ninguém que me olhasse tão
friamente como ele.
— É um prazer, senhorita Russo — ele é cordial e cavalheiro, mas seco.
— Não é um prazer, senhor Lombardi. — Dou um sorriso falso.
Minha mãe me dá um pequeno beliscão no pulso e eu solto um “ai” baixinho. Os demais
não ouviram, apenas nós três. Ela sorri como se nada tivesse acontecido.
— Creio que podem se tratar pelos nomes, já que são noivos.
— Não há nenhum anel em meu dedo, mamãe — sou ríspida.
— Não seja por isso. — Alessandro retira do bolso uma pequena caixinha de veludo da cor
vermelha e a revela diante dos meus olhos.
Quero dar um passo para trás, porém minha mãe me faz ficar onde estou.
— Pensei que faria isso após o jantar. — Ela está surpresa, enquanto eu estou apavorada.
— Por que não agora? — Ele olha em meus olhos, atentando-se a cada expressão minha.
Será agora, antes de nossa conversa? Eu pensei que haveria uma chance para conversarmos
sem a presença de todos, mas vejo que preciso criar essa chance antes que ele coloque esse anel
em meu dedo. Meu peito vai explodir, com a pressão que meu coração faz ao bater acelerado na
caixa do tórax, e minha barriga embrulha. Não estou pronta para isso.
— Meu garoto! É assim que se faz! — meu sogro comemora. — Já podemos brindar,
Leonardo, pela união de nossas famílias.
— Claro, meu amigo Edoardo.
Nossos pais estão animados, quando eu só desejo sumir e chorar.
Alessandro abre a caixinha, revelando um lindo anel de ouro branco com uma pedra
solitária de ametista roxa, da cor das mechas do meu cabelo. Foi uma coincidência ou ele sabia
que essa era a minha cor favorita?
— Olívia Russo, aceita se ca...
— Não! — praticamente grito, apavorada, batendo minha mão na caixinha e a levando ao
chão com o anel.
Alessandro ergue uma sobrancelha, surpreso com minha atitude. Mamãe pega a caixinha,
apressada, e a entrega a ele, que está mais sério que antes.
— Olívia! — ela reclama. — Pare de agir por impulso, garota. — Segura firme em meu
braço. — Faça o pedido novamente. Permita que seu noivo fale, sem interrompê-lo.
— Mamãe, por favor... — imploro.
— Sem interrupções! — Mostra-se severa.
Não posso me casar com ele. Não é o que desejo. Uma lágrima solitária escorre pela minha
face e eu esquivo o meu olhar do seu para que ele não perceba que estou chorando. Engulo o
choro ao ver a expressão da minha mãe. Eles me venderam. Todos da minha família estão contra
mim.
— Prossiga, senhor Lombardi.
— Eu não posso... — minha voz sai falha. — Não quero me casar com o senhor Lombardi.
— Agora tenho certeza de que pareço uma garotinha assustada.
— Qual o problema, minha querida? — Giorgia segura em meu braço direito e minha mãe
segura no esquerdo. Sinto que elas me prendem de alguma forma. — Alessandro disse algo que a
incomodou?
Cabisbaixa, não respondo à sua pergunta. Sinto que meu coração falhará a qualquer
instante. Há um peso sobre minhas costas. Sei que irritei bastante o chefe da Ndrangheta, o boss
mais temido de Calábria.
— Eu não posso me casar com o seu filho. Por favor, senhor Lombardi, será que podemos
conversar por um instante? — Seco minhas lágrimas, esperando pela sua resposta. — No
escritório do meu pai, a sós — peço educadamente.
— Não é adequado que uma moça fique a sós com um homem, mesmo que ele seja seu
noivo. — Ginevra é muito preconceituosa.
O pior já aconteceu: já me entreguei a outro. E preciso contar para ele agora mesmo.
— Acho que os dois precisam resolver uma questão, mamãe. Confiamos em meu filho, e o
Leonardo na filha dele. Permita que os dois conversem. Assim, poderemos ser da mesma
famiglia.
Todos têm esperança de que essa conversa termine em um lindo acordo de casamento. O
que não acontecerá.
Alessandro assente, pronto para conversarmos. Eu caminho na frente e seus passos vêm
logo atrás de mim. É aterrorizante saber que ele está me seguindo. Abro a porta e fico de lado
para ele entrar. Minhas mãos estão suando e tremendo.
Fecho a porta. Ele está no centro da sala e eu permaneço bem próxima à porta, para o caso
de precisar escapar com pressa depois do que revelar. Respiro fundo. Primeiro de tudo, devo me
desculpar pela vergonha que o fiz passar. Ele deve pensar que sou uma criança mimada.
— Peço que me desculpe pelo meu comportamento. Eu não quis bater na sua mão.
— O que quer me falar, Olívia? Por que todo esse vexame no nosso jantar de noivado? Se
você já fosse minha, eu seria obrigado a te punir. — O boss fecha o punho, enfia a mão no bolso
da calça e me olha, irritado pelo meu comportamento. Sinto que ele realmente queria me punir.
— Pensei que fosse mais madura, mas vejo que me enganei em relação a você. — Mostra-se
desapontado.
— Eu sou uma mulher madura. — Eu só estava tentando não parecer uma para que ele não
me tomasse como esposa.
— O pior é que acredito em você, mesmo depois de seu comportamento hostil. Cheguei à
conclusão de que está fazendo de tudo para esse noivado não ir adiante. Quero saber o porquê.
Por que não quer se casar comigo?
— Porque eu não o amo — falo de uma vez, sem pensar. — Você também não deveria se
casar comigo.
— Se isso a deixa satisfeita, eu também não a amo. Nunca poderei amá-la, porque não sou
o tipo de homem que fala “eu te amo” e compra flores para a esposa. No entanto, possuo
maturidade o suficiente para encarar esse noivado como um acordo. Vivemos em um mundo
onde as pessoas não casam por amor, baby.
— Acontece, senhor Lombardi, que não quero ser mais uma esposa-troféu.
— Deve me chamar de Alessandro, já que vamos nos casar no próximo mês — ressalta.
— Acontece que minha mãe me ensinou a tratar os mais velhos por “senhor”. E como é
bem mais velho que eu... — provoco-o.
— Acontece que se me chamar de senhor novamente, serei obrigado a dar umas palmadas
nesse rabo grande que tem.
Arregalo os olhos com tamanha imoralidade. Nem somos íntimos e ele já fala assim
comigo. Minhas bochechas queimam.
— Não fale assim comigo, eu não sou uma de suas putas — lembro-lhe. — E antes que fale
com tanta convicção que vamos nos casar, precisa saber de uma coisa que vai acabar de vez com
o nosso noivado. — Estufo o peito para falar.
— O que vai me dizer? Que dormiu com outro na noite do baile?
Arregalo os olhos, surpresa. Apavorada, para ser sincera. Ele sabia, em todo esse tempo,
que fui de outro? E mesmo assim quer se casar comigo? Porque instantes atrás ele teria me dado
um anel se eu não o tivesse impedido.
— Como sabe? — Espantei-me quando ele falou isso com tanta convicção.
— Eu sei porque... — Aproxima-se de mim como um lobo faminto em busca de seu
cordeirinho. — Permita-me. — Seus dedos descem pelo meu pescoço em uma parte que meu
cabelo cobre. — Há marcas que deixei em todo o seu pescoço, minha menina veneno.
Quando ele me chamou assim, quis morrer no mesmo instante. Travo e paraliso. Ele me
chamou de menina veneno, o mesmo apelido que o homem mascarado barra tentação me deu na
noite em que ficamos juntos. Ou ele tem filmagens daquele momento ou é o homem mascarado.
— Há sinais em meu pescoço de suas unhas, de quando elas cravaram em minha pele no
momento em que meu pau rasgava seu hímen, bonequinha.
É demais para mim. Sinto falta de ar e fico completamente muda, impactada com a
revelação. Tremo mais que vara verde. Não pode ser verdade.
— Não pode ser... — Quero desacreditar do que ele me falou.
— Pode ser sim, menina veneno. Pensou mesmo que eu permitiria que você dormisse com
outro homem que não fosse eu? Você é minha noiva, minha mulher. Agora, que me livrei da sua
virgindade, só basta oficializarmos nossa união perante a sociedade, porque minha você já é, não
é mesmo? — Sorri pretensiosamente.
Eu quis acreditar que não era ele, mas não tem como não ser. Somente agora estou
associando a voz rouca.
— Talvez se lembre da minha voz rouca sussurrando ao seu ouvido sobre o quanto sua
bocetinha era apertadinha — a voz dele queima ao meu ouvido.
Oh, céus! Era ele. O meu noivo é o homem mascarado com quem me envolvi acreditando
que me livraria do casamento se dormisse com outro.
E agora? O que acontecerá comigo?
— Eu...
— Você não vai falar nada. Todos continuarão pensando que você é virgem até o dia do
casamento. Apressaremos as coisas para acontecer o quanto antes. Sua atitude poderia ter
causado a sua morte e de toda a sua família. Se tivesse se deitado com outro homem, eu teria
matado você e toda a sua família por essa afronta. — Há fúria em seus olhos castanho-escuros.
Ele seria capaz de me matar. Temo pela minha segurança. — Estive pensando em rejeitá-la
diante da sociedade. Você seria apenas uma puta desonrada. Mas, em vez disso, eu lhe darei
outro castigo ainda pior: será minha esposa para sempre, e eu te rejeitarei em todos os momentos
da sua vida, deixando-a sempre excluída e sozinha. Irá servir somente até me dar um herdeiro.
Após isso, arrancarei meu filho de seus braços e você viverá sozinha em sua própria jaula. Essa
que você mesma ajudou a construir com suas atitudes infantis — ele fala tudo de uma vez,
furioso. Estou em choque com suas palavras cruéis. Alessandro realmente é um homem terrível.
— Não me importo se pintou seu cabelo de roxo e se está sendo arrogante com minha família.
Você não significa nada para mim. Mesmo sendo virgem, foi apenas mais uma puta na minha
cama. — Engulo o choro. — E se quer mesmo saber, eu matei minha noiva, e posso matar minha
esposa após ela conceber meu herdeiro. Agora, engula o choro e vamos voltar para aquela sala,
onde você aceitará meu pedido se quiser que sua família viva.
— Você é um monstro — falo, em choque.
— O pior que conhecerá, bonequinha. Vou te usar até ter meu filho. Será conhecida como a
esposa rejeitada do boss italiano.
Não me resta opções a não ser ir com ele. É assim que será a minha vida de agora em
diante: ele me usará e depois me rejeitará quando eu der à luz. Estou condenada ao sofrimento e
à solidão. Eu o odeio mais que tudo.
Capítulo 8

Alessandro Lombardi

Analiso alguns documentos que estavam em cima da minha mesa. Meu irmão, Dante, está
intrigado com o que acabei de lhe revelar. Ele é a pessoa em quem mais confio neste mundo.
Somente por isso lhe confiei esse segredo sobre aquela noite do baile de máscaras.
— Então, foi por esse motivo que você mentiu para os nossos pais, dizendo que não
conseguiria chegar a tempo para o leilão beneficente? Queria observar sua noiva de longe?
Naquela noite, eu a admirei como um expectador o tempo todo. Cheguei à Calábria
decidido a não me casar com aquela menina atrevida. Por meio de minhas fontes confiáveis,
descobri que ela pintou o cabelo para me provocar e me desafiar, acreditando que isso seria
motivo o suficiente para que eu não me casasse com ela. Como Olívia sabia que isso não
funcionaria, eu temia que ela se envolvesse em algum escândalo, por isso decidi observá-la de
longe, sem que ninguém soubesse que eu estava na festa. Só Dante saberia, mas ele não
compareceu.
— A diaba é ainda mais atrevida do que imaginei. Como foram me arrumar uma noiva
assim?
— Você escolheu a família Russo e combinou tudo com Leonardo Russo. Agora está
reclamando de quê?
— Eu queria me casar com a filha do meio, e não com a menina veneno.
Todas as vezes que o seu lindo olhar invade a minha mente, meu pau pulsa. Estou
atormentado pelas imagens da nossa noite quente. O que aquela diabinha não sabe é que tudo foi
filmado. As câmeras podiam capturar imagens gravadas no escuro, pelos seus sensores. Não
costumo filmar nenhuma transa minha, no entanto, naquela noite as câmeras da suíte não foram
desligadas. Eu não imaginava que a estrearia com minha noiva, que, aliás, é uma danadinha
gostosa, atrevida e muito perigosa.
Se eu não tivesse chegado a tempo para o leilão, ela teria se deitado com qualquer um
apenas para me provocar e, assim, anular o nosso noivado.
Maledizione!
Em toda a minha vida, eu nunca tinha sentido tanta posse em relação a uma mulher como
sinto por Olívia. O fato de ela ser virgem me enlouqueceu, assim como saber que fui o primeiro
homem a afundar meu pau na sua bocetinha intocada e que serei o único a possuí-la. Fico
completamente doido com esse pensamento.
— Tem noção da loucura que foi ter se deitado com sua noiva antes do casamento?
— Tenho sim, por isso antecipei a data do nosso casamento no civil para a próxima
segunda.
— Daqui a três dias? Irmão, está louco?
— Louco eu ficaria se esperasse mais um mês e ela viesse a engravidar antes do casamento.
Há a possibilidade de Olívia engravidar, já que transamos sem camisinha e eu gozei dentro
dela. Foi uma única vez, mas foram jatos potentes. Se ela estava no período fértil, será certeira
uma gravidez. Não quero correr o risco de ter surpresas indesejadas antes de ela ser minha
mulher.
Aliás, eu a farei pagar pela sua ousadia. Quem ela pensou que era para cogitar que poderia
me trair? Se as pessoas descobrissem que minha futura esposa se deitou com outro homem, caso
ela tivesse conseguido fazer o que desejava, minha imagem estaria arruinada e eu seria motivo de
chacota. E a Ndrangheta jamais é alvo de chacota.
Por isso já decidi o castigo que darei a Olívia: eu me casarei com ela apenas por
conveniência, mesmo ela sendo uma puta gostosa, e a farei minha escrava sexual somente para
que ela me dê um herdeiro. Depois a rejeitarei da minha vida e ela passará o resto de seus dias
presa em uma propriedade longe de tudo e de todos.
Se tem algo que odeio é que me desafiem. Sou um homem poderoso, sanguinário e cruel.
Não aceito que ninguém aja como se tivesse mais poder que eu. Por isso minha menina veneno
pagará com consequências.
Estou antecipando o casamento no civil para que não haja nenhuma especulação caso ela
possa estar grávida com poucos dias de casada.
Não suporto pensar no fato de outro a tocando, quando ela é apenas minha. Mas minha
posse e obsessão por sua boceta não mudam em nada. Não sou o tipo de homem que diz “eu te
amo”, que compra flores e leva a amada para jantar. Meu coração desconhece o significado da
palavra “amor”, só tem conhecimento do desejo carnal e sexual. E depois que ela me der um
filho homem, não haverá mais nem isso.
— Nosso pai mataria você se descobrisse que se deitou com sua noiva antes do casamento.
— Por isso irei me casar na segunda, e você será o meu padrinho — intimo-o. — Nossa
avó será seu par.
— Creio que nossa avó não gostou muito da sua futura esposa.
— Ela não gosta de ninguém. — Eu o fiz rir.
— Ela gosta de você. Claro, você é filho legítimo. Diferente de mim, que fui criado por
misericórdia.
— Não fale assim. Se isso te consola, nossa mãe ama mais você do que a mim, que saí do
ventre dela. Talvez porque você seja um banana que vive a abraçando e dizendo que a ama.
— O que eu deveria fazer? Ela é a minha mãe. Sou grato por tudo que ela fez por mim.
— Nosso pai também te ama e te vê como um filho. Vai mesmo continuar se importando
com o que a nossa avó pensa sobre você? Se o nosso pai tivesse dado ouvidos a ela, não teria te
criado como filho e hoje não seríamos irmãos. — Dante sabe que tenho razão.
Peço que ele providencie tudo com a nossa mãe para que o casamento aconteça em nossa
propriedade, apenas com a presença da família e amigos mais íntimos. O casamento no religioso
será algo no qual pensarei futuramente. Meu sogro exigirá que sua filha se case de véu, grinalda,
vestido branco e muitas damas de honra.
A família Russo brincou comigo. Eles me deram a noiva errada e pegaram meu dinheiro;
não cumpriram com o combinado. Por esse motivo, não farei da filha deles o que eles desejam.
No que depender de mim, Olívia será apenas a mãe do meu filho, e nada mais.
Agora sei de quem ela herdou o espírito da traição. Se o pai dela me enganou, entregando-
me a noiva errada, foi porque ela compactuou com isso. Porém, por algum motivo, ela quis
desistir do matrimônio. A traição está no sangue deles.
Ragazza velenosa!
Isso não ficará assim, você terá o que merece. Sua rejeição está cada vez mais próxima e
você sofrerá, doce ragazza.
Por trás daquele olhar meigo e inocente há uma mulher ardilosa, assim como todos da
família Russo. Não se pode confiar plenamente neles.
O grande dia chegou. Terei Olívia Russo como minha esposa em algumas horas. A menina
veneno será minha esposa e me parece convencida de que não terá como escapar de mim. No
jantar de noivado, deixei bem claro que não toleraria gracinhas e que se ela ousasse fazer alguma
coisa que me irritasse, eu a mataria, assim como matei minha noiva no passado. Seus olhos quase
pularam para fora quando revelei aquilo que ela tanto temia.
Não me importo se ela me odeia e se me chama de monstro. A única coisa que desejo é o
seu medo e me alimentar dele. Deixei muito explícito, com todas as letras, que se sua rebeldia
voltasse a atacar, eu mataria toda a sua família. É assim que se controla uma pequena diaba:
deixando-a apavorada e mostrando do que é capaz.
— A família de sua noiva já chegou — Dante diz assim que entra no meu quarto.
— Ótimo. E como ela está?
— Fora a expressão de velório, está muito bem, eu diria.
Lembro-me do sorriso que ela mostrou ao meu irmão ao segurar em sua mão no dia em que
eles se conheceram. Já para mim, não demonstrou nada além de irritação. Senti vontade de
cometer uma loucura naquela noite. Ela é uma vadiazinha atrevida que está me fazendo perder a
razão.
Aperto o nó da minha gravata. Estou usando um terno preto, gravata preta e sapatos sociais
de número 48. Meu perfume está irradiando.
Qualquer mulher ficaria feliz em se casar comigo, menos aquela diaba. No momento em
que desço para a sala, meus olhos vão de encontro aos seus. O vestido azul-piscina colado em
sua cintura e cinco dedos acima dos joelhos desenha perfeitamente bem suas curvas, fazendo
com que todos aqueles filhos da puta olhem para ela descaradamente e deseje o que é meu. Suas
curvas, seu corpo... Tudo me pertence. Eu poderia matá-los agora mesmo.
Vejo que Olívia está usando meu presente de casamento: um colar de pérolas que pertencia
à minha mãe, uma joia de família passada a gerações. Mamãe sempre quis que ele fosse de uma
filha, mas como ela nunca teve nenhuma, sugeriu que fosse da minha esposa. Ela ainda usa duas
pulseiras de ouro branco. Está deslumbrante. Seu cabelo está solto e as mechas bem visíveis.
Muitos a olham e comentam discretamente do cabelo dela, mas não me importo com a cor dele
ou se ela está alguns quilos acima do peso. Nada disso me importa. Ela é linda exatamente como
é.
Que diabos! Estou pensando somente na sua beleza? Como uma tormenta em minha vida,
desde que meu pau entrou em sua boceta, não paro de pensar nela e no quão deliciosa e quente
ela é.
Aproximo-me de Olívia, que, mesmo usando saltos de cinco centímetros, da cor de âmbar,
sua cabeça mal bate no meu ombro. Ela é muito pequena. Uma tampinha, para eu ser exato.
Assim que a vi, meu corpo inteiro queimou, ardendo de desejo por essa diaba.
— Pronta, futura esposa... — Sorrio com a intenção de provocá-la. — Para nos tornarmos
uma só carne?
— É bom que tenha comprado um anel ainda mais caro que esse, querido. Já que serei sua
esposa contra a minha vontade, saiba que lhe darei muitos prejuízos financeiros.
— Quanto a isso, não se preocupe, menina veneno. Pode gastar o que quiser e quando
quiser. Tenho dinheiro o suficiente para vivermos umas cem vidas com muito conforto. Pode
gastar o que quiser, contanto que esteja disposta a me pagar com bastante sexo.
— Pensei que eu só serviria para lhe dar um herdeiro, e nada além disso. — Ergue uma
sobrancelha, desafiando-me e sorrindo como uma megera.
— Para termos um filho, é necessário que façamos bastante sexo antes. Isso se já não
estiver grávida. Caso esteja, após os nove meses de gestação, você passará a viver isolada na sua
gaiola de ouro, pequena atrevida, sozinha e rejeitada. — Adoro ver o medo em seus olhos azuis
arregalados. Ela não faz ideia do quanto me deixa excitado. — Adoro farejar o seu medo,
ragazza. Me alimento dele, futura esposa.
— Você pode ter pensado que venceu, Alessandro Lombardi, mas, no final, garanto que vai
implorar pelo amor, e serei eu a te rejeitar.
O sorriso dela me enche de ódio. Penso diversas vezes em pegá-la agora, como está, subir
até o quarto e lhe dar umas boas palmadas, só que ela precisa ser minha no papel para que isso
aconteça.
— Assim que você assinar aquele bendito papel, eu a arrastarei até o quarto e lhe darei
umas boas palmadas.
Ela não se importa com a minha ameaça, dá de ombros e sai caminhando na frente, indo
para o local da cerimônia. No jardim tem todo um cenário montado: algumas mesas redondas
para cerca de 50 convidados, um buffet de almoço, doces, bolo e muitas bebidas. Um casamento
matinal nas primeiras horas do dia para a deixar mais chateada por ter acordado cedo para se
preparar para ele.
Isso, doce ragazza. Rebole essa bunda grande, furiosa, e provoque o seu futuro marido. Eu
lhe darei uma surra com meu pau assim que você for minha.
Nós estamos prontos para a cerimônia, e nossas famílias também. De pé, Olívia e eu
estamos de frente um para o outro. A juíza de paz começa a falar da importância do casamento,
como se estivéssemos nos casando no religioso. Assinamos os papéis e, agora, estamos casados.
Olívia ganhará uma nova aliança. Eu a levo até o lado de dois vasos de flores no chão, sobre a
cerâmica branca. Tem uma cortina atrás de nós. Não sou de detalhes; não desse tipo. Eu seguro
em sua mão e o fotógrafo bate fotos deste momento.
— Aqui está a aliança ainda mais cara que a sua de noivado. — Em seu dedo anelar, coloco
a aliança de ouro que me custou uma fortuna.
— Não é mais bonita que a anterior.
— Tudo isso porque ela tem uma pedra roxa?
— Não é da sua conta. — Dá de ombros.
— Agora o casal pode se beijar — a juíza fala ao microfone.
Olívia fica completamente paralisada. Não é para tanto, pois esse não será o nosso primeiro
beijo.
Sussurro ao seu ouvido:
— Por que tanta rebeldia? Esse nem será o nosso primeiro beijo. Aposto que te deixei com
a boca doendo naquela noite. E também não será a nossa primeira vez transando. O lance da
virgindade não existe mais, e como eu disse, da próxima vez não serei nada carinhoso com você.
— Sorrio, perverso.
— Engana-se se pensa que vou me entregar de novo — ela rebate, chateada.
— O beijo. Vem cá.
— Um selinho. Não se atreva a usar essa língua. Nem sei onde você a enfiou hoje.
Ela me deixa muito irritado, mas, ao mesmo tempo, eu gosto.
— Você não reclamou quando a enfiei na sua boceta.
— Se eu soubesse que era você, não teria me entregado. — Aposto que não.
Diante de todos os convidados, puxo-a para mais junto de mim. Minha mão toca em sua
face e Olívia não me afasta. Ela sabe que muitos nos olham e que não é o momento de ser rude.
Como ela está cabisbaixa, ergo seus lindos olhos para mim.
Minha, minha, minha. Somente minha, para todo o sempre.
Selo os nossos lábios em um beijo lento e me vejo saciado com essa atitude. Como eu
posso ter gozado várias vezes e não ter sentido nada como isso? Um beijo é capaz de fazer eu me
sentir mais que o seu dono; como o seu amante e mais algumas coisas.
— Viva os noivos! — as pessoas gritam.
Tenho certeza de uma coisa: Olívia será minha ruína.
Capítulo 9

Olívia

Seus lábios aveludados estão colados no meu. Sua boca tem aquele cheiro de charuto
misturado com whisky e menta. Eu não gosto muito.
As pessoas gritam “viva os noivos”, brindam, aplaudem e assoviam. A música clássica
começa a tocar. O violonista é de uma importante orquestra. Minhas mãos estão em seu peito e
eu tento empurrá-lo para pararmos o selinho, porém ele é forte. Quando percebo, já está sedento
com o beijo lento e suave, como bitoquinha, sem envolver língua.
O beijo reacende chamas quentes como as que senti naquela noite em que ele me tomou em
seus braços.
— Não gosto desse cheiro de charuto — falo baixinho ao me afastar dele.
— Tudo bem, vou parar de fumar. — Não levo a sério o que ele disse.
Recebemos os cumprimentos dos nossos pais. A minha mãe é a mais feliz entre todos. É
como se ela fosse a noiva. Enquanto eu me sinto presa em um velório, ela está como em um
show do seu cantor favorito, pulando de emoção e gritando, eufórica.
— Parabéns, mais uma vez. — Giorgia e mamãe se abraçam, animadas.
— Eles formam um lindo casal. — Mamãe sorri, alegre.
Reviro os olhos e cruzo os braços, cansada dessa cena melancólica, como se eu fosse a
noiva mais feliz do mundo.
— Você virá comigo agora. — Alessandro segura firme em minha mão para que eu não
escape.
— Aonde vamos? — Mal nos casamos e ele já quer me dar ordens.
Meu corpo se encontra sonolento, já que minha mãe me acordou às quatro da manhã para
eu me preparar para a cerimônia, que seria às dez em ponto, na mansão dos Lombardi. Não estou
feliz com esse casamento, e acredito que todos que olham para mim sabem disso. É recíproco e
evidente.
— Sem perguntas. Quando eu lhe der uma ordem direta, apenas obedeça. — Ele não diz
mais nada.
Engulo em seco e saímos entre os convidados sem chamar muita atenção. Por ser um
casamento no civil, optei por usar um vestido azul-piscina, que caiu super bem em minha pele
morena e realçou minhas mechas, que, aliás, chamam a atenção de todos que a veem. Eu ouvi
alguém falar: “Como ele se casou com uma mulher que pinta o cabelo igual a uma adolescente?”
Revirei os olhos, chateada. Como eu não estava em casa, não lhe dei uma resposta apropriada.
Agora somos marido e mulher. Esse compromisso começa a pesar em minhas costas.
Alessandro já está agindo como se fosse o meu dono, porque sabe que não tenho forças o
suficiente para o enfrentar. Não depois que ele ameaçou matar toda a minha família. Não posso
correr o risco de ele cumprir com o que disse.
Passamos por um corredor até chegarmos a uma porta preta, a qual ele abre, revelando algo
como um escritório com estantes gigantes repletas de livros. Acredito que eles não contêm os
mesmos conteúdos dos que estão no meu kindle, parecem tratar de temas mais sérios. Chega a
ser engraçado mafiosos terem livros de constituições e direitos de cidadãos, quando eles mesmos
quebram todas as regras. O meu pai também tem muitos. Mesmo com todas essas regras, eu as
ignoro. Desejo ser livre.
Ele fecha a porta e passa a chave. Viro-me imediatamente para encarar sua face. O que ele
quer de mim? Usar meu corpo? Com todos os convidados lá fora? A festa mal começou e mal
nos casamos e ele já deseja fazer safadeza comigo? Dou um passo para trás. A seriedade em seu
olhar é algo com que nunca vou me acostumar. A frieza de seus olhos me incomoda. Como
alguém pode ser tão lindo e, ao mesmo tempo, tão sombrio, perverso e cruel? Quando ele me
encara assim, sinto como se uma tempestade com raios e trovões caíssem em minha cabeça e, em
seguida, um furacão de categoria 5 me atingisse, devastando todas as minhas energias. Com
certeza, é isso que ele quer: ver-me arruinada por eu ter pensado em dormir com outro homem
que não fosse ele. Pergunto-me o que teria acontecido se eu tivesse conseguido. As
consequências não seriam nada boas para a minha família. Eu sei disso agora, conhecendo-o
como conheço. Ele matou sua noiva e me confessou com todas as letras. O que o torna mais
terrível e cruel.
A família Lombardi agora é minha família, no entanto, meu marido fará de tudo para me
ver sempre excluída. Ele se casou comigo para me rejeitar e porque temia que eu pudesse estar
grávida, devido a termos feito sexo sem proteção.
— O que você quer de mim, Alessandro?
— Eu quero tudo, menina veneno — sua voz sai rude. Ele foi violento em suas palavras,
que me atingiram como chicotes.
— Receio em não poder lhe dar tudo que você quer — minha voz sai falha.
— Garanto que você pode — a convicção em seu tom me assusta.
— Por que estou aqui? É para o que eu estou pensando?
— Estou curioso. Está pensando em quê? Sua mente safadinha está imaginando o quê?
— Não sou safadinha, como diz — falo, com repulsa. — Você me compara com as suas
putas, e eu não gosto disso.
— Vive falando isso, mas não sabe nada da minha vida passada.
— Sei que é um galinha, um pervertido. Ou vai me dizer que nunca saiu com uma rapariga?
— Por que quer saber? Por acaso, sente ciúme, doce anjo?
Minha voz chega a falhar e não digo uma palavra. Engasguei-me com sua suposição. Até
parece que eu vou sentir ciúme porque ele já ficou com outras mulheres. Ou duas ao mesmo
tempo, no caso. Em certo momento, ouvi uma moça comentar com a outra que Alessandro
sempre saía com duas mulheres ou mais e que ele não se contentaria apenas com uma. Ou seja,
comigo. Além de ser safado, ele vivia em orgias. Isso chega a me dar asco.
— Me poupe. Eu com ciúme? Por mim, você pode continuar com suas orgias, contanto que
não toque em mim, querido.
— O que a faz pensar que vou preferir orgias a ter minha esposa exclusivamente para mim
todos os dias?
— Você se casou comigo porque acreditou que eu poderia estar grávida. Faremos assim:
vamos esperar um mês, e se eu não estiver grávida, você volta a me tocar como quiser, quando
desejar. Mas...
— Mas...?
— Se eu estiver grávida e der à luz um menino, você me deixa em paz, faz o que quiser
comigo, me prende na tal gaiola de ouro ou me rejeita como quiser, mas nunca mais irá me tocar,
porque eu sinto repulsa quando você me olha e asco dos seus toques.
— Não foi isso que sentiu quando eu a possuí na noite do baile.
— Não foi mesmo. Eu não sabia que era você. Caso contrário, jamais teria me entregado a
um homem que foi capaz de matar a própria noiva.
O que me faria acreditar que ele não teria a mesma atitude comigo depois que eu tivesse o
seu herdeiro? De qualquer modo, eu estou condenada à escuridão. Não posso permitir que ele
vença. De algum jeito, preciso escapar desse casamento.
— Temos um acordo?
— Temos um acordo.
Assim, tão fácil? Confio desconfiando na palavra do meu marido.
— Um mês. Espero que já esteja carregando o meu herdeiro. Assim, poderei me ver livre
dos meus deveres com você, diaba.
— Se eu sou uma diaba, e se para você é tão ruim assim ter que se deitar comigo, por que
não me deixou livre?
— Eu paguei por você, é justo que eu receba o que comprei.
Suas palavras foram duras, mas é a verdade: ele pagou por mim; meus pais me venderam.
Doeu ouvir isso de sua boca. Ele é seco. Não tem um coração batendo em seu peito, e sim uma
pedra de gelo.
— Você pagou por mim. — Doeu repetir. — Mas temos um acordo. Por favor, cumpra-o,
senhor Lombardi.
— Se me chamar de senhor mais uma vez, juro que arranco sua língua. — Temo que ele
faça isso. — Somos marido e mulher, Olívia. Aceite isso. E temos um acordo. Aprenderá que
sempre honro com minhas promessas. Se lembra do que eu disse há alguns minutos lá na sala? O
que eu faria com você quando nos casássemos?
— Você disse que faria o que quisesse comigo.
— Sim, eu disse. Mas agora, que temos um acordo, esperarei um mês. No entanto, eu falei
outra coisa também.
Outra coisa? Realmente não me lembro.
Alessandro segura em minha mão e o calor que ele transmite é algo que mexe comigo. Ele
me faz sentir tremores e espasmos ao me tocar, e sinto que reacende todo o fogo que há em mim.
O que não quero sentir nunca mais. Nunca mais quero que ele me toque daquele jeito.
Arfo, assustada com o que ele está prestes a fazer.
— Eu lhe disse que assim que nos casássemos, eu te arrastaria até o quarto e lhe daria umas
boas palmadas. O escritório está mais perto e minha mão está coçando para te castigar.
— Oh, não. Por favor...
Alessandro se senta no sofá e me puxa com força, fazendo com que eu deite de bruços no
seu colo. Minha cabeça está sobre o estofado e minhas pernas passam para fora dele. Tento sair
do seu colo, só que ele é forte demais e me mantém firme na mesma posição.
— Seu covarde! Eu vou gritar.
— Grite, e eu aumentarei seu castigo. Em vez de cinco palmadas, eu lhe darei dez. Minha
mão é muito pesada, baby.
Seguro as lágrimas para não chorar. Estou presa. Ele é forte e não tenho como escapar.
Fecho os olhos, esperando pela agressão. Alessandro sobe o meu vestido e descobre minhas
nádegas. Uso uma calcinha fio-dental da cor branca. Ela é minúscula e sensual.
— Porra, diabinha! Está usando uma calcinha minúscula. Fica difícil eu não ficar de pau
duro vendo essa bunda grande engolir a pequena renda da sua calcinha. — Ele puxa a lateral da
peça, fazendo com que ela volte em um estralo em contato com minha pele. Ardeu. — Essa
bunda grande enlouqueceria a cabeça de qualquer homem. Pensou mesmo que eu deixaria outro
tocar no que é meu?
— Por favor, não me bate — peço, assustada.
Sua mão grande e pesada acaricia a minha pele, fazendo círculos e apalpando a carne, que é
muita nessa região. Por que tem que ser tão bom? Suspiro, quase gemendo, quando ele passa a
explorar entre minhas coxas e desce a mão para perto da minha intimidade.
— Alessandro...
— Tudo isso é meu. Eu posso pegar quando quiser, menina veneno.
Ele acerta um tapa em cheio na minha nádega direita, fazendo-me gritar de dor. A ardência
é insuportável. Porra! Quase derramei uma lágrima. Eu não esperava por esse tapa tão forte
agora. E antes que eu possa me recuperar do primeiro, ele vem com o segundo no mesmo lugar,
e desta vez sua mão vem à minha boca, na qual ele enfia dois dedos para conter meu grito.
Caralho! Queima e formiga. E é bom. Como é possível?
— Gema como uma putinha, minha putinha safadinha — a voz dele se torna sensual aos
meus ouvidos.
Fecho os olhos, inspirando fundo, atordoada com essas sensações que nunca tive antes.
Pergunto-me como algo que doeu tanto pode ter sido tão quente e sensual.
— O que foi, minha putinha? Está gostando?
Balanço a cabeça, negando. Ele força seus dedos em minha boca, empurrando-os mais para
dentro. Quer que eu os chupe.
— Um pequeno treinamento para quando você estiver chupando o meu pau, diabinha.
Ele se engana pensando que algum dia colocarei aquela coisa grande na minha boca.
Quando lembro que é enorme, sinto calafrios.
Alessandro bate do outro lado uma, duas vezes, deixando tudo por igual. Ainda falta mais
uma. Gemo, tentada pela sensação de ter seus dedos em minha boca. Por um instante, imagino
que seja o seu pau, e isso me deixa excitada. Contraio os músculos da minha boceta e sinto que
estou molhadinha com suas palavras sujas e a ardência em minha bunda. Até que gosto de ser
uma menina rebelde.
Minha insanidade se encontra em êxtase. Sempre que estamos juntos, sinto que nossos
mundos colidem, e isso é terrível, porém é tentador ser dominada pelos seus gestos sujos e
sensuais. Do jeito que estou aqui, não precisaria de preliminares para transar.
Alessandro bate mais duas vezes, um tapa de cada lado, chegando a seis. Ele tinha dito que
seriam cinco, mas não penso em reclamar. Gostei de sentir sua mão quente em minha pele.
— É isso que acontece com meninas malvadas.
Ele me ajuda a ficar de pé e eu desço meu vestido, cobrindo minhas nádegas. Quando o
vejo se levantar, sento-me no sofá, buscando recobrar minha lucidez. Encontro-me tão fora de
mim, envolvida por aquelas sensações de tesão. Minha bunda arde e queima, e eu gosto de senti-
la queimando. Não sei o que dizer. Ele me deixou completamente sem reação e morta de
vergonha por estar suspirando e quase gemendo baixinho.
— Vamos voltar para a festa. E já sabe: se me desobedecer, será sempre castigada, ragazza.
— Preciso de um minuto, minha bunda está doendo. — Na verdade, sinto mais tesão que
dor.
Droga! Por que além de bilionário e poderoso, ele precisa ser um deus grego?
— Acho que está sentindo outra coisa, esposa. Veremos se conseguiremos resistir a um
mês sem nos tocarmos, angelo.
Ele abre a porta e me espera para voltarmos à nossa festa. O boss me olha com a seriedade
com a qual me encarava antes de tudo isso. É por essa seriedade que juro que vou resistir.
Capítulo 10

Olívia

Encaro a cama como se ela fosse o calvário. Dormir ao lado do meu algoz não me parece
uma boa ideia. Não depois de ele ter bebido a noite inteira como se não houvesse amanhã. O
vestido colado em meu corpo começa a incomodar. Em algum momento, devo tirá-lo e vestir a
lingerie que deixaram em cima da cama para a minha noite de núpcias. O meu marido me trouxe
para esta cobertura assim que a festa acabou. Seu motorista dirigiu para nós, porque ele estava
tão bêbado, que não era capaz de dirigir o próprio carro.
Estou receosa, sem saber se devo trancar a porta do quarto para me trocar no banheiro. Não
sei como ele iria reagir se tentasse abri-la e não conseguisse. Engulo em seco. Tudo o que eu
preciso está na minha necessaire que mamãe me entregou assim que entrei no carro. Ela colocou
aqui meus cremes, escova e calcinhas. A lingerie na cama faz parte de uma camisola de seda
branca, de renda, em estilo de época, no entanto, sensual. Minha pepeca e meus seios ficariam
muito evidentes. Nunca que vou usar um negócio desse.
Alessandro está falando alguma coisa importante ao telefone. Assim que saímos do
elevador, ele atendeu à ligação e me disse como chegar ao quarto. E cá estou eu. Pego tudo que
será necessário para essa noite. No armário, há algumas camisas do meu marido, que ficarão
longas em mim, na altura dos joelhos. Está de bom tamanho.
Tranco apenas a porta do banheiro e tomo um banho. Meu corpo suado e peguento não me
deixaria dormir. Uma ducha quente era tudo o que eu necessitava. Seco o meu cabelo na toalha e
uso um secador. Como ele é curto, seca depressa. Escovo os dentes e visto apenas a calcinha da
lingerie e a camisa do meu marido. Ela está limpa, porém é como se o seu cheiro estivesse
impregnado nela. Escondi a camisola dentro da gaveta do criado-mudo.
Olho-me no espelho, cansada. Casada com um monstro. Essa é a pior vida que uma mulher
pode ter. Deixo o banheiro e retorno para o quarto no mesmo instante em que Alessandro passa
pela porta e a fecha. Ele está usando um colete, sem gravata, pronto para desabotoar a camisa.
Encaro seus olhos negros, receosa, e cruzo os braços, incomodada. Seu olhar desce pelo meu
corpo, principalmente pelas minhas pernas grossas. Por algum motivo, ele rosna.
Mordo o lábio, inquieta com esse silêncio, que, para mim, é duradouro. Temos um acordo,
ele não vai me tocar. E se eu estiver grávida, irá me deixar em paz. Isso me dará algum tempo
para pensar e tentar fugir. As chances são muito remotas, mas se há chance, há esperança.
Meu peito sobe e desce. Pergunto-me se ele está incomodado por eu ter vestido a camisa
dele sem pedir. Juro que não pensei que algo assim pudesse incomodá-lo. Se ele é um tipo de
reizinho que tem ciúme de suas coisas, o problema é dele, porque eu não vou tirar a camisa.
— Você tem preferência por algum lado da cama? — questiono.
— Não. Mas como sei que você dorme do lado direito, eu fico com o esquerdo.
Esse homem me surpreende sempre. Provavelmente, minha mãe lhe revelou essa
informação.
— Então, vamos realmente dividir o mesmo quarto?
Alessandro me observa com aquele lindo olhar sombrio, que me faz arfar por algum
motivo. É de tirar o fôlego.
Diabos! Pare já com esses pensamentos, Olívia. Ele pode até ser o mesmo homem que a
chupou como uma sobremesa suculenta, mas não se engane, a máscara caiu dessa vez.
— A aliança em seu dedo diz que você é minha esposa. Correto?
— Sou sua esposa. — Suspiro, cansada. Nunca vou me conformar com essa ideia.
— Não só vamos dividir a mesma cama, como também moraremos no mesmo apartamento.
E você dirá à minha famiglia que estamos vivendo nossa lua de mel como um casal feliz. Sua
mãe irá adorar saber dos detalhes.
— Não vou contar mentiras.
— Pode contar como foi nossa primeira vez juntos no baile de máscaras, mudando apenas a
descrição do local onde ocorreu. — Seu sorriso sarcástico me irrita profundamente. — Antes de
se deitar, preciso desse lençol.
— Para quê?
— Para provar que você é minha mulher e sangrou na sua primeira vez.
— Nem todas as mulheres sangram na primeira vez.
— A minha sangra.
— Como, se não vamos fazer nada? E não sou mais virgem. — Dou de ombros.
— Eu resolvo essa situação. — Ele pega o lençol da cama e o deixa sobre o sofá.
Tem algo no olhar de Alessandro Lombardi que me deixa apavorada, e eu posso listar
muitos motivos:
- Ele matou a noiva;
- Ameaçou-me;
- Disse que me rejeitaria;
- Disse que mataria a minha família.
— Baby, não precisa me olhar assim.
— Assim como?
— Como se eu fosse o Lobo Mau que vai comer você. Eu comeria a sua bocetinha com
muito prazer sim agora, mas temos um acordo.
— Você está bêbado.
— Esposa, não se preocupe, eu estou sóbrio. Posso beber um barril de cerveja, que
continuarei sóbrio. Sou um homem, não um moleque que se embebeda com suas taças. Se está
com medo de que eu a force, fique tranquila. Temos um acordo, doce angelo.
Assusto-me em como ele me parece sincero. Caminho até o meu lado da cama, puxo o
lençol grosso e me sento. Seu olhar ainda queima meu corpo.
— Alessandro, tem problema se eu vestir suas camisas? — pergunto apenas para garantir.
— Problema algum, angelo. Ela caiu perfeitamente bem em seu corpo. Se bem que eu
preferiria que você dormisse com a lingerie minúscula que deixaram sobre a cama.
— Você a viu?
— Imagino que tenham deixado uma. Agora, descanse. Teremos longos dias até termos
certeza se você está grávida. Caso contrário, cuidarei para que fique grávida o mais depressa
possível.
Sinto calafrios e arrepios, duas sensações tão semelhantes. Ao mesmo tempo, parece que
estou totalmente envolvida por elas. Como é possível? Minha mente me perturba por causa desse
idiota bipolar, que em um momento diz que sou gostosa e que queria me comer, e no outro diz
que vai me rejeitar e me fazer sofrer. Vai entender.
Filho da puta! Eu o mataria se pudesse.

Tomo o café da manhã sozinha. Recebi ordens para ficar na cobertura hoje. Pelo que sei,
não vamos morar aqui. A mansão que estão preparando para nós ficará pronta em alguns dias,
mas, por enquanto, este será o nosso lar e a casa dos seus pais em alguns momentos.
Cá estou eu, abandonada em nosso segundo dia de casamento. O que não é ruim. Na noite
passada, o meu marido não dormiu em nosso quarto, e será bom se não vier hoje à noite também.
Mas se ele não vier, onde estará? Com alguma amante em seu leito? Se deliciando com uma
vadia? Alessandro se engana pensando que tolerarei traições. Não vou aceitar jamais que ele
tenha outras mulheres enquanto eu serei exclusivamente dele. Sou capaz de me deitar com outro,
mas não vou levar chifre sozinha.
Encaro a mulher que me serviu. Ela está me observando como se fosse obrigada a ficar me
olhando o tempo todo.
— Como se chama?
— Francesca, mas pode me chamar de Fran. Ao seu dispor, senhora Lombardi.
O sobrenome Lombardi pesa em minhas costas. Forço um meio-sorriso.
— Fran, há quanto tempo trabalha para o senhor Lombardi?
— Ha mais de oito anos, senhora.
Ela tem em média uns 30 anos, é bonita, de pele morena, cabelos claros e cintura fina. É
uma linda mulher.
— Sabe me dizer quantas mulheres o meu marido já trouxe para cá?
Ela fica em silêncio, vendo-me beber meu suco com frieza. O simples fato de que ele pode
ter trazido outras mulheres para cá me irrita.
— Não sei dizer, senhora.
— Não sabe ou tem medo?
Fran permanece calada. Entendo o seu medo e receio. Além de seu emprego, sua vida pode
estar em risco caso ela me responda com a verdade. Faço um sinal de que ela pode sair da sala.
— Quando eu precisar, te chamo. Obrigada.
Ela pede licença e se retira.
Sozinha: é assim que me vejo nesta cobertura. O meu celular foi trazido a mim nessa
manhã. Tem tantos áudios da minha mãe, mas não estou com cabeça para os ouvir. Aliás, se
estou vivendo esse pesadelo, em parte ela tem culpa. Meus pais me venderam para esse mafioso
em troca de que suas dívidas fossem pagas.
A única mensagem que ouço é da minha irmã, que me perguntou como estou. Andreia
gravou áudio e me mandou um texto.
“Como você está após ter lido a notícia do dia?”
De qual notícia ela está falando?
“O que quer dizer?”
“Pensei que soubesse. Leia isso.”
Ela me envia um link que me direciona a uma página de notícias na qual não encontro nada
de mais, apenas algo sobre a queda de valores. Se esse assunto a deixa tão preocupada, não posso
fazer nada. Envio emojis rindo.
“Lamento, mas não posso fazer nada em relação à bolsa de valores.”
“Eu deveria saber que a notícia seria apagada. Mas eu tirei print. Irmã, eu sinto muito por
algo assim ter vazado na sua lua de mel. Você e seu marido não estavam casados quando isso
aconteceu. Mamãe não queria que eu lhe falasse, mas sempre somos sinceras uma com a outra.”
Andreia me enviou uma imagem de visualização única. Quando meus olhos se deparam
com aquela notícia, sinto repulsa, raiva e vontade de esganar Alessandro.
“BILIONÁRIO ITALIANO É FLAGRADO ENTRANDO EM UM MOTEL COM DUAS
STRIPPERS. As moças revelaram que o senhor Lombardi costuma sair com mais de uma mulher
ao mesmo tempo e afirmaram que ele dá conta de tudo.”
Na foto, é possível eu ver um homem de costas, forte, que, provavelmente, é o meu marido.
Essa notícia é de antes do meu casamento, mas, mesmo assim, já estávamos comprometidos
quando aconteceu, com o compromisso firmado entre os nossos pais.
Eu engulo em seco e minha garganta fica seca. Como ele pôde fazer isso comigo? Tudo
bem que não éramos casados e que eu o odeio, mas, ainda assim, eu já era a sua prometida. Por
que ele veio atrás de mim, sendo que não pretendia me respeitar, saindo com duas vadias?
— Bom dia, esposa — a voz rouca me faz encarar a face dele.
Alessandro está sentado à outra ponta da mesa. Eu estou na ponta também. Ele me olha
como se já estivesse há algum tempo aqui, mas como eu estava prestando atenção na notícia, não
percebi sua chegada. Ele está muito bem à vontade, preparando-se para tomar o seu café. Eu
poderia socar sua face neste momento.
— Que cara é essa? Está chateada?
— Não é nada. — Fico de pé, pronta para sair da sala.
— Espera. Aonde vai?
Se eu ficar no mesmo ambiente que ele, não será nada bom para ambos. Como ele pôde
fazer isso comigo? E se não dormiu em casa, estava com outras mulheres. Com duas ao mesmo
tempo, já que transa com mais de uma.
Filho da mãe!
Controlo minha respiração. Estou inconformada. A virgem pura deve se casar com o chefe,
enquanto ele trai sua esposa com vadias. Não é justo.
— Estou indo para o quarto. — Controlo minha respiração. Eu seria capaz de matá-lo.
— Fique aqui comigo. Quero tomar café com minha esposa.
— Já terminei meu café — digo, apressada.
— Senta — seu tom de voz não é um pedido, ele dá uma ordem.
— Não sou seu bicho para que me dê ordens — retruco.
— Posso apostar que algo a deixou chateada. Posso saber o que foi?
— Eu só quero ir para o meu quarto.
— Eu mandei você ficar. — Agora ele perdeu a paciência, tanto que bateu na mesa,
causando um barulho chato aos ouvidos.
— Eu não vou ficar. Não no mesmo ambiente que um sem-vergonha, um cachorro da pior
qualidade, que não é capaz de respeitar a esposa. Você passou a noite fora com uma de suas
amantes? Ou, melhor dizendo, com quantas delas? Já que o Lombardi só transa com mais de uma
mulher.
Sinto um nó em minha garganta. O meu coração está apertado e pequeno como um botão
minúsculo. Tudo isso porque não suporto ser traída.
— De onde tirou isso?
— Da internet. Sinto muito se você não conseguiu que sua equipe apagasse a notícia antes
que ela se espalhasse. Agora todos devem estar rindo de mim porque sou chifruda.
— Eu não traí você, mulher — rosna.
— Quer saber? Eu não me importo. Pode se deitar com quantas vadias quiser e participar
de orgias. Se gosta disso, continue com sua vida, contanto que não deixe sair na mídia. E, o mais
importante, contanto que não me toque. Ore para que eu já esteja grávida, Alessandro, porque
não vou permitir que me toque nunca mais. E se insistir em continuar me traindo, alerto que
tenha cuidado, porque posso, muito bem, me divertir com seus seguranças. Babaca!
Vejo a fúria dominar seu rosto a ponto de fazê-lo ficar de pé e caminhar na minha direção,
esfumaçando, furioso como um boi bravo. Não saio do lugar. Não por medo, mas para o encarar
de igual para igual.
— Nunca mais... Nunca mais fale algo do tipo. Eu seria capaz de matar você, Olívia.
— Seria melhor eu morrer a passar o resto da minha vida presa e longe de todos. — Não
tenho nada a perder.
— Vá para o seu quarto e descanse. Em outro momento conversamos, menina veneno.
— Vá à merda com suas conversas!
Eu lhe dou as costas e me tranco no quarto pelo resto do dia, irritada e querendo esganá-lo.
Filho de uma mãe!
Capítulo 11

Alessandro Lombardi

— Abra essa porta, esposa. Isso é uma ordem.


Até o momento, encontro-me com bastante paciência para lidar com as criancices da minha
esposa. Droga! Desde que ela leu aquela notícia há dois dias, não sai do quarto para nada. Eu
tenho dormido no quarto de hóspede por achar que seria uma péssima ideia dormir ao lado de
uma gostosa como ela sem poder fodê-la devido ao nosso acordo.
Maldito acordo! Onde eu estava com a cabeça quando concordei que não desfrutaria da
minha linda esposa, uma deusa com curvas capazes de enlouquecer qualquer homem ou mulher
que a olhar? Tudo aquilo é meu e eu não posso desfrutar.
Inferno!
Soco a porta, furioso. Essa garota me tira do sério. Às vezes fico à beira de perder a cabeça
com sua rebeldia. Como posso não a castigar? A todo momento ela me ofende e, ainda assim, eu
a trato bem. O que é meu dever de marido. Eu queria ao menos dominar sua rebeldia com meus
beijos e carícias. Maldita hora em que aceitei não ter o que é meu.
— Por que você não se junta às suas prostitutas? Com certeza elas vão te satisfazer melhor
que eu.
Ela está furiosa, enciumada? De onde Olívia tirou isso? Por que tanto desdém vindo de sua
doce voz embargada por algo que eu diria ser choro? Provavelmente, ela se sente traída dentro
deste casamento sem amor, imaginando que estou tocando em outras mulheres. Esta é apenas a
nossa primeira semana de casados e ela já me deixa com dores de cabeça.
Isso que dá se casar com uma criança.
Inferno!
— Pare já com isso e abra a porta agora mesmo. Eu seria capaz de arrombá-la, querida. —
Meu peito sobe e desce. Estou esfumaçando de raiva.
Nenhuma mulher nunca tinha batido a porta na minha cara ou se negado a mim, sempre
quiseram me ter como seu amante.
— Então, arrombe, porque eu não vou abrir.
— Você precisa se alimentar, Olívia. Pare de ser teimosa. — A empregada chegou com a
bandeja de café da manhã que eu pedi para a minha esposa.
Seu silêncio me enfurece.
Desde o começo, eu sabia que Olívia era uma garota mimada, por ser a filha mais nova
entre três mulheres. É impossível ela não ter sido paparicada.
— Traga a comida em outro momento — eu peço e a mulher assente.
— Senhor, o seu irmão, Dante, acabou de chegar.
— Peça para ele me esperar no escritório.
Respiro, cansado. Tenho tentado me afastar de Olívia, dormindo em um quarto separado do
dela, passando a maior parte do meu dia fora de casa e tentando — mas falhando — não pensar
nela. Acontece que eu vim ao país decidido a terminar aquele noivado ridículo, que não foi o
combinado. Não era ela que eu queria como minha esposa. Eu a tinha rejeitado antes mesmo de
conhecê-la. Minha esposa é uma menina, e, exatamente por esse motivo, eu não desejava esse
enlace.
Apareci no baile de máscaras com o intuito de observar a família Russo. Meu pai estava
feliz demais com o noivado, e minha mãe nem se fala. Eu acabaria com a alegria de todos,
mesmo que conseguisse a fúria do meu pai voltada a mim. Estava disposto a enfrentar
consequências.
Então, eu a vi.
Olívia Russo.
Linda como a aurora da manhã.
Desesperada para que algum homem a tomasse naquela noite, acreditando que isso seria
motivo o suficiente para que eu não a tomasse.
Se ela soubesse que eu estava disposto a terminar tudo, não teria causado minha fúria a
ponto de me fazer casar com a intenção de desprezá-la, de rejeitá-la.
Agora, por um instante, posso entender por que ela está se comportando dessa maneira.
Além de acreditar que a estou traindo, sente-se insegura com o seu corpo, por ouvir de pessoas
indesejadas que ela deveria fazer dieta. Se a ragazza soubesse o quão duro eu fico só de pensar
em suas curvas e que a quero do jeitinho que ela é...
— Voltarei em outro momento com a chave — aviso.
— Já vai se encontrar com uma de suas amantes? Melhor dizendo, duas. Vá à merda com
suas putas! Fique sabendo que se você me trai, eu também vou te trair.
Maledizione!
Soco a porta três vezes seguidas, causando um barulho terrível aos ouvidos. Meus olhos
estão praticamente saltando. Eu poderia arrombar essa porta agora mesmo, jogar minha mulher
em nossa cama e mostrar a ela o único homem que poderá foder sua boceta.
— Essa conversa não acaba aqui. Voltaremos ao ponto em que paramos, menina veneno —
rosno.

— Então, ela pensa que você a está traindo?


Dante é esperto e às vezes pergunta demais. Como ele é o meu irmão, relevo. Sempre
fomos de contar tudo um para o outro.
— Juro por Deus que sou capaz de fazer uma loucura. Aquela garota me deixa louco de
várias maneiras. — Soco a mesa, sem saber quantas vezes fiz isso.
— Ficará sem os dedos, irmão.
Detesto o barulho que ele faz ao girar em sua cadeira para um lado e para o outro.
— Fique quieto — peço, chateado.
— Agora a culpa de sua esposa o rejeitar é minha?
— O que disse? — pergunto, sem acreditar.
Como ele pode falar algo assim? Sou eu que a estou rejeitando, não ao contrário. Tento me
convencer disso.
— Não seja tolo, irmão. Você acha que está rejeitando sua linda esposa, quando, na
verdade, é ela que não quer ser tocada por você. Ou seja, ela o está rejeitando. Como é a
sensação de ser rejeitado?
— Eu gostaria de saber qual é a sensação de morrer após falar o que não deve, mas como
irá me falar se estará morto? — Às vezes Dante me deixa puto da vida.
Só não o mato porque ele é o meu irmão, mas ao menos um soco eu deveria dar nesse rosto
lambido que ele tem.
— Eu queria entender como você pode ser tão tolo. Está casado com uma deusa; com todo
o respeito, com uma das mulheres mais bonitas de Calábria. E, ainda assim, insiste em rejeitá-la
apenas porque o seu sogro o enganou. E daí?
— E daí? Eu aposto que a família Russo está rindo de mim. Eles me deram a irmã errada.
Você sabe perfeitamente que eu queria me casar com Andreia, não com Olívia.
— Sinceramente, Alessandro, sua esposa é a mais bonita das irmãs Russo. — Nisso ele tem
razão, mas poderia ter ficado calado. Não gosto que outros homens a elogiem.
Minha esposa é apenas minha.
Jamais vou admitir que Olívia é a mais bela entre as mulheres. Aquela diabinha só me
causa dores de cabeça.
— Minha esposa é uma criança mimada, rebelde, que pintou o cabelo de roxo para me
provocar e não perde uma oportunidade para expressar sua opinião e me humilhar. Ela é uma
garotinha, por isso eu não queria me casar. Sabe perfeitamente que eu a rejeitaria, mesmo tendo
passado uma noite com ela. Se não fosse pela possibilidade de ela estar grávida, eu jamais teria
me casado com ela. Repito: jamais.
Um estralo lá fora faz com que nossa atenção se volte para a porta, que, somente agora,
percebo que não está totalmente fechada. O barulho foi como o de um vaso sendo quebrado.
Dante vai até lá imediatamente e constata o objeto quebrado. E ninguém está no corredor?
— Possivelmente, ele estava por um fio e caiu. — Ele fecha a porta.
Não sou o tipo de homem que costuma perder a cabeça assim, tão facilmente, no entanto,
minha esposa é uma grande provação em minha vida.
— A verdade, irmão, é que eu não esperava que Olívia pudesse ser tão encantadora.
Também pensei que seria mais fácil domá-la e que ela seria submissa, mas, em vez disso, é uma
diaba atrevida e uma puta gostosa. E se eu ouvir você ou qualquer outro elogiá-la, sou capaz de
puxar o gatilho.
— Não está mais aqui quem falou. — Seu sorriso é de quem diz “eu sabia”. — Eu sabia
que você se apaixonaria por ela. Só não entendi por que a traiu.
— Faça-me o favor, Dante. Eu não traí minha esposa. Nós casamos há menos de uma
semana e faz alguns dias que não transo. Na verdade, não transo com ninguém desde o dia em
que a possuí. Você tem noção do quão difícil é para mim ficar sem transar por causa de uma
menina veneno?
Desde aquela noite no baile em que transei com Olívia, quando ela ainda era a minha noiva,
não me aliviei mais com nenhuma outra mulher. É como se eu tivesse morrido para as outras
naquela noite. Tenho certeza de que minha menina veneno lançou um feitiço para me prender: o
seu chá de boceta. Aposto que na noite do noivado, o chá servido foi coado na sua calcinha.
— Cara, nunca pensei que você fosse ficar tão obcecado por uma boce... — Vendo minha
irritação, ele se corrige. — Por uma mulher em tão pouco tempo. Já é quase quarentão e nunca
tinha se apaixonado na vida, nem mesmo quando era adolescente.
— Diferentemente de você, irmão, que tem paixões em cada esquina.
— Paixão não é amor. — Pisca. — Um dia, quem sabe, eu encontre uma boceta que me
vicie, como você encontrou. Perdão. Uma mulher apetitosa que me faça amá-la. O que acredito
que será muito difícil.
— Quem sabe.
— Hoje é o jantar em família, não se esqueça. Nossa mãe odeia atrasos.
— Nossa mãe ainda age como se fôssemos meninos.
— É ela quem manda na casa, você sabe disso. Nosso pai seria capaz de nos bater se, por
acaso, não comparecêssemos. Se lembra daquela vez em que bebi todas e vomitei durante o
jantar? Papai quase me fez sentir o peso do seu chicote. Ele disse que eu desapontei mamãe.
Rimos ao nos relembrarmos. O jantar em família é sagrado para a nossa mãe, portanto, sei
que não posso faltar. Peço para a empregada avisar isso à minha esposa. Eu lhe darei o restante
do dia livre sem a minha presença, para que ela possa ficar mais tranquila e não me envergonhe à
noite.

Em um dos galpões subterrâneos, que uso como uma espécie de prisão para os traidores,
caminho entre gemidos de dor e correntes se arrastando em celas onde os malditos pagam por
terem tido a ousadia de me trair. Não me compadeço com a dor deles.
— Senhor, uma carga está chegando de Turim. Acredito que até às duas da manhã já estará
aqui em um de nossos galpões. Temo apenas que o novo delegado do distrito implique com a
frota de caminhões.
— Quanto ao delegado, eu já resolvi. Nada como uma boa propina para o fazer ser nosso
amigo.
Eu telefonei para o novo delegado para conversarmos melhor sobre um encontro. Tenho a
polícia local do meu lado. Meus muitos contatos contam com deputados, governadores e até
príncipes e sheiks. Sempre é bom ter um amigo poderoso na lista de amizades.
— Senhor, as joias foram enviadas à sua casa. Sua esposa acabou de recebê-las. — Minha
empregada de confiança ligou para me avisar.
— Ok. — Encerro a ligação.
Presentes para a minha bela esposa gostosa em uma tentativa de acalmá-la. Toda mulher
adora receber presentes, e joias principalmente. Enviei até os bombons preferidos dela.
Há tantas coisas que sei sobre você, baby, que não pode nem imaginar.
Recebo uma ligação da minha mãe. É para me lembrar do jantar, certamente.
— Filho, como está?
— Bem, mãe. E a senhora?
— Saudade do tempo em que me chamava de mamãe. — Suspira. — Deveria ser como
Dante: mais carinhoso comigo.
— Eu a amo, mamãe — falo, achando-a exagerada.
— Perfeito. Eu liguei para a sua esposa mais cedo para avisar do jantar. Espero que você
esteja cuidando bem dela, Alessandro. Olívia é preciosa para a nossa família. Se seu pai ou eu
descobrirmos que está sendo rude com a menina, nós o faremos pagar por isso.
— Está tudo bem, mãe. Preciso desligar. — Encerro a chamada, fadigado.
Era só o que me faltava: minha mãe ser a protetora número 1 da minha esposa. Eu sou o
filho dela, ela tem que ficar do meu lado.
No fim da tarde, eu me dirijo para casa como um adolescente ansioso para ver como está
sua namorada. Engulo em seco, enfurecido por estar me permitindo ter esses sentimentos de
moleque.
Tudo isso é apenas uma obsessão, Alessandro Lombardi. Homens como você não amam,
apenas fodem.
Abro a porta do quarto e não encontro Olívia no espaço amplo. Pelas luzes acesas vindo do
closet, ela deve estar lá. A porta está entreaberta e eu consigo ver suas curvas largas e sua bunda
grande dentro de uma calcinha minúscula fio-dental, enquanto ela passa creme nas pernas
grossas. Meu pau nunca esteve tão duro, chegando a me incomodar dentro da calça. Preciso
ajeitá-lo dentro da cueca para que pare de doer. Suas costas estão nuas e, através do espelho,
consigo ver seus seios fartos expostos.
Que tentação de mulher.
Mulher gostosa do caralho.
Apenas minha. Para todo o sempre, minha.
Eu deveria dar algum sinal de que cheguei, mas não me canso de olhá-la. Quando
transamos foi incrivelmente delicioso. Mesmo que o quarto inteiro estivesse escuro, tive a
filmagem daquela noite. Não era algo que eu queria ter, mas como aquele prédio pertence à
minha família, tenho acesso às câmeras, e, naquela noite, não foram desligadas a do quarto. Pude
assistir ao nosso vídeo íntimo muitas vezes, alimentando o meu desejo por ela ainda mais. Mas é
claro que o apaguei, para não correr nenhum risco de ela ser exposta.
Olívia veste o sutiã da mesma cor da calcinha: roxo. Sua cor favorita. Por isso tive o
cuidado de que seu anel de noivado fosse dessa cor, com a pedra preciosa e rara.
Ela veste um macacão longo, vinho, que possui um zíper nas costas. Precisará de ajuda para
o subir. Eu me aproximo dela e ela só se dá conta da minha presença quando minha mão toca em
suas costas e pega o zíper, pronta para subi-lo.
— Posso? — Encaro sua face através do espelho em nossa frente.
Seu peito sobe e desce, como se ela estivesse nervosa e incomodada com a minha presença,
no entanto, ela assente.
— Pode.
Subo o zíper com delicadeza. Não gostei da maneira como os seus seios ficaram marcados
na roupa. Ela é somente minha e apenas eu posso contemplar seu lindo decote. Os seios durinhos
são meus.
Percebo que ela não usa nenhuma das joias com as quais lhe presenteei.
— Sem nenhuma joia, querida?
— Se refere às que você me mandou, querido? Eu não as quero. — Sai para pegar uma
bolsa, ainda chateada.
— Querendo ou não, são suas. — Acompanho os seus passos até ela escolher a bolsa
desejada.
— Você acha que pode me comprar com joias e chocolates? Tudo bem, os chocolates eu
comi... — fala, chateada. — Mas acho bom não me mandar mais, porque se não percebeu, eu não
posso comer essas coisas.
— Não pode? Por quê? — Não há nenhuma doença que a proíba de comer.
— Sou uma mulher gorda, evito doces e chocolates. — Ela me olha como se eu tivesse
perguntado uma bobagem.
— Não deveria. Você é linda assim como é. É perfeita. — Tenho certeza de que babei ao
falar isso. — E eu continuarei lhe enviando joias e chocolates todos os dias, até que me perdoe.
Meu comentário a deixou surpresa. É como se ela não acreditasse que eu a acho linda e
perfeita.
— Por você me trair? — Ela está chateada e enfurecida. — Só porque compra as suas
amantes assim, não pense que poderá me comprar, querido. Não preciso de suas joias, muito
menos que me diga que sou bonita e atraente apenas porque deseja que eu me comporte nesse
jantar.
A fúria de minha esposa agora está maior do que de manhã, como se houvesse mais
motivos para ela estar assim. Pergunto-me o que aconteceu dessa vez.
— Eu não... — Meu celular toca, interrompendo-nos.
— Te espero lá embaixo. — Ela se retira, rebolando sua bunda grande e minha.
Porra! Essa mulher vai ser minha destruição.
Capítulo 12

Olívia

Forço um sorriso após ouvir a senhora Ginevra falar a respeito do meu semblante. Ao
menos ela não falou do meu peso, apenas disse que minhas bochechas estão mais rosadas depois
do casamento. Todos estamos sentados em volta da mesa de seis lugares. O senhor Lombardi
está na cadeira central de uma ponta e o meu marido está na outra ponta. Eu estou sentada ao seu
lado direito, sua avó ao esquerdo, Dante está próximo a ela e sua mãe está ao meu lado, porém é
como se eu estivesse sozinha em meio a essa família que agora é minha. Estar com eles é como
estar no meio do nada, sozinha. Vejo-os rirem e conversarem sobre assuntos banais, mas, mesmo
presente, é como se eu não estivesse aqui. Sinto como se não fizesse parte deles, nem mesmo
com o casamento.
— Querida, está tudo bem? — minha sogra me pergunta baixo. — Você está tão calada, e
sei que não costuma ser assim. É alguma coisa com o meu filho? Ele não está cuidando bem de
você?
Engulo em seco e balanço a cabeça negativamente. Respondo baixinho, faltando com a
verdade, omitindo o verdadeiro motivo pelo qual estou triste:
— Seu filho não me tratou mal — em parte é verdade.
No entanto, quando descobri da pior maneira possível que meu marido não queria se casar
comigo, e sim com minha irmã Andreia, senti a dor da rejeição vir forte, abruptamente. Não
deveria estar doendo. Por que isso está doendo, quando eu não o amo e não sinto nada por ele
além de ódio, rancor e muita raiva?
Se ele estava mesmo disposto a romper o noivado comigo, por que, então, mudou de ideia?
Suas palavras foram:
— E daí? Eu aposto que a família Russo está rindo de mim. Eles me deram a irmã errada.
Você sabe perfeitamente que eu queria me casar com Andreia, não com Olívia.
Em seguida, ele completou dizendo que eu era mimada, só lhe trazia dores de cabeça e era
imatura. O que não sou. Apenas me vesti com essa fantasia com a ilusão de que ele poderia me
liberar desse casamento. Mas agora vejo que não fará isso.
A sobremesa é servida e eu a recuso educadamente. Eu gostaria de comê-la, mas sei que se
aceitasse, ouviria uma piada sem graça. O tanto que amo pavê não está escrito. Nunca pensei que
o rejeitaria.
— Muito bem, querida. Vejo que está fazendo uma dieta. Assim ficará mais bonita. Claro...
Depois que voltar à cor natural dos seus fios. Esse roxo é muito... — Essa velha não fica calada
nem quando recuso comida, tem que ser indelicada o tempo todo.
Surpreendo-me quando Alessandro, educadamente, coloca o pires de porcelanato com o
pavê dentro em minha frente. Ele está me dando a sobremesa dele, em um ato de gentileza?
— Não há nada de errado com a cor do cabelo da minha esposa. Ela é linda e os fios roxos
apenas ressaltam sua beleza. E, por favor, querida avó, não fale das curvas da minha mulher. Sou
um homem bastante ciumento quando se referem à minha esposa, independentemente de quem
seja. Estou muito satisfeito com a esposa que me deram.
Satisfeito? Por que ele não diz, simplesmente, a verdade? Que preferiria a minha irmã ou
uma mulher mais velha, mais madura, que não fosse eu?
— Tem certeza, querido? — murmuro baixinho, acreditando que ninguém me ouve.
Por que ele tem que ser sempre gentil, quando não queria ter se casado comigo? Filho da
puta! Isso deveria fazer com que eu o odiasse mais, e não ficasse boba. Ao mesmo tempo, meu
coração dispara com sua atitude de gentileza.
— Os homens da nossa família sabem muito bem escolher sua esposa. — Meu sogro
parece tão apaixonado pela minha sogra. — Foi o meu caso, o do meu filho Alessandro e,
certamente, será o caso de nosso filho Dante. Será o próximo a se casar, rapaz.
Minha sogra também parece muito apaixonada pelo marido. Os dois seguram a mão um do
outro como um casal apaixonado. Sorrio com essa cena. Dante, por sua vez, ficou desconfortável
quando o seu pai falou em casamento.
— Por que não brindamos aos recém-casados?
— Filho, não pode fugir de seus deveres. Em algum momento precisará se casar. Seu nome
terá que continuar através de seus filhos — sua mãe é gentil com as palavras. — Desejo ser avó
de muitos netos. — Ela nos olha como se esperasse algum pronunciamento. — Alessandro,
alguma novidade?
— Nenhuma até agora, minha mãe. Como o meu irmão disse, somos recém-casados. Eu e
minha esposa temos muito tempo pela frente.
— Por favor, não levem muito tempo. Eu gostaria muito de ser avó o quanto antes.
Fico em silêncio.
Quando estamos saindo da sala de jantar, em direção à sala de estar, a mãe de Alessandro
pede que ele fique por mais um instante. Os dois ficam para trás. Aposto que ela está alertando o
filho para me tratar bem. Pensei mal da minha sogra. Ela é uma mulher que não passa a mão na
cabeça dos filhos e é uma aliada para mim.
— Está assim pelo que minha avó lhe disse? — pergunta a voz rouca ao se aproximar de
mim.
Dante é muito bonito, e assim de perto é muito mais. Olhos verdes, cabelo escuro e quase
da mesma altura do meu marido. Ele pode não ser irmão de sangue dele, mas os dois são muito
bonitos.
— Então, você é contra casamento? Mas se até o seu irmão se casou, você também é capaz
— lanço uma pergunta sem ter lhe respondido.
— Sou sim contra casamento. Mas por que disse “se até o seu irmão se casou”?
— Porque sabemos perfeitamente que esse casamento é apenas para que se gerem filhos em
meu ventre, enquanto aquele infeliz continua a viver sua vida de solteiro — falo, amargurada. —
Eu preferiria pular de um penhasco a viver essa vida de parideira.
Dante ri, quase gargalhando.
— Você é engraçada.
— E vocês não são a minha família — digo, ríspida.
— Minha nonna costuma ser complicada. Ela também pega no meu pé, se isso a interessa.
— No seu pé? — Duvido.
— Não sou filho biológico. Acho que ela foi contra na época em que meu pai decidiu me
criar e me registrar como o seu filho legítimo.
— Sua avó é uma naja. — Só agora percebi o que disse, e em vez de ficar chateado, Dante
gargalha.
— Cuidado. Não vá pular de um penhasco caso tenha oportunidade. Meu irmão não
suportaria perder a esposa. Ele está muito viadinho ultimamente.
— Está brincando comigo, Dante? Seu irmão nem queria se casar comigo, e você sabe
disso. Pare de inventar essas coisas. E caso eu tenha a chance de pular de um penhasco, vou
pular — afirmo, decidida.
— Duvida que meu irmão seja louco por você?
— Duvido.
— Ria — ele diz, sorrindo.
— O quê?
— Gargalhe, ele está vindo. Verá como ele ficará louco de ciúme.
Mesmo desacreditando, faço o que ele pediu. Gargalho alto, chamando a atenção de todos
por um instante. Meu sogro fuma seu charuto e conversa com a mãe, já Dante ri, divertindo-se
com a situação. Ele é louco por acreditar que meu marido sentirá ciúme de nós dois juntos,
conversando. Ele é o meu cunhado. Estou me prestando ao ridículo.
— Dante, você é muito engraçado — digo ao sentir aquela presença poderosa atrás de mim.
— Irmão, que bom que chegou. Se junte a nós — ele fala, quase tremendo.
— Sobre o que conversavam? Por que essas risadas altas?
Encaro a face do meu marido por dois segundos e posso ver que ele não está para
brincadeiras. Parece muito irritado. Acredito que seja por alguma coisa que sua mãe lhe disse.
— Eu estava contando à sua esposa sobre aquele dia em que eu caí do cavalo e mamãe
pensou que eu tinha quebrado um braço. Você mostrou a ela um dedo de borracha e ela pensou
que era meu.
Que doideira. Eles devem ter sido duas pestes que deram trabalho aos pais.
— Isso lá é motivo para rir assim?
— O que tem minha risada, querido? — provoco-o.
— Não gosto quando ri assim para outro homem — seu tom de voz é de fúria.
Neste instante, Dante já se retirou. Eu encaro o meu marido, irritada. Como ele pode pensar
que manda em mim assim e me controla? Bato de frente com ele, desta vez muito mais chateada.
Maldito! Ele nem soube esconder que desejava a minha irmã. Ele a queria porque ela é perfeita,
já eu sou o símbolo da rebeldia e tudo que ele mais odeia em uma mulher.
— Vai querer controlar até minha risada? Daqui a pouco também dará palpites em minhas
roupas e até me fará pintar meu cabelo. Me fará perder peso também?
— Eu já lhe disse mil vezes que o seu cabelo é lindo e o seu corpo é perfeito. — Há algo
por trás desses olhos que, por pouco, fazem-me acreditar em suas palavras.
Meu coração dispara.
— Até acredito vendo você falar assim — zombo.
— Não mude de assunto. Não gostei da maneira como gargalhou com a piada do meu
irmão. Eu a proíbo de...
— Você não me proíbe de nada, não manda em mim — rebato, chateada.
— Aqui não é lugar para discutirmos.
A forma ríspida como ele falou me faz acreditar que tudo que ele disse é mentira. Até
porque ele queria a minha irmã. Todas as vezes que me lembro disso, meu coração fica pequeno
do tamanho de uma formiguinha, sendo esmagado pela pressão dessa revelação, levando-me a
ficar com a respiração pesada.
— Não quero fazer nenhum showzinho, não sou uma criança mimada. Se me comporto
dessa maneira é porque você não me inspira confiança, segurança e, acima de tudo, é um babaca.
— Vamos embora — ele avisa, sem paciência.
Nós nos despedimos de sua família e o seu pai diz que não podemos viver naquele
apartamento, pois eu mereço uma mansão mais luxuosa. Meu marido fala que está
providenciando o nosso lar e que, nos próximos dias, estaremos morando próximos à casa deles.
Minha sogra nos promete uma visita.
— Qualquer coisa, ligue para mim, querida. Eu sempre quis ter uma filha, e agora tenho
uma linda nora. — Ela segura em minha mão com carinho. — Sem abraços, eu sei, mas se sinta
abraçada por mim.
Sem sombra de dúvidas, ela é a melhor sogra que uma nora poderia ter. Nunca me força a
abraçá-la, respeitando o meu espaço e o meu tempo.
Minha vida de casada é uma droga. Vivo com um marido psicopata, que não demonstra
sentimentos e emoções e que pode me matar por qualquer motivo pacato. Essa realidade é uma
merda.

Assim que saímos do elevador, caminho apressada para o nosso quarto. Ouço seus passos
vindo atrás de mim e sua voz rouca me chamar uma, duas vezes. Ignoro-o e tento fechar a porta,
entretanto, ele tem mais força. Falhei. Chateada, ando alguns passos para trás.
— O que você quer, Alessandro?
— Vamos conversar, esposa — ele diz, bruto, folgando a gravata.
— Vá embora — praticamente grito.
— Sou o seu marido. Este quarto também é meu, tenho o direito de ficar aqui.
— O apartamento é seu, então, por que você não fica aqui e me deixa ir embora? —
imploro.
— Linda, eu não vou permitir que vá embora nunca. Ouça bem: nunca. É minha esposa, e
você pode estar grávida, esperando um filho meu. E esse apartamento é nosso. Tudo que é meu,
passou a ser seu com a nossa união.
— Eu não quero nada seu, não preciso do seu dinheiro. Posso, muito bem, trabalhar para
me sustentar.
— Como fazia naquele abrigo? Você era boa demais para querer um salário.
Ele sabe sobre o abrigo e os trabalhos voluntários.
O que ele não sabe? Essa é a pergunta correta a se fazer.
— Eu não estou grávida — falo, convicta.
— Como sabe?
— Minha menstruação desceu há dois dias.
Há dois dias eu estava com medo de falar isso para ele, porque sei o que significa: se eu
não estou grávida, ele fará todo o possível para que eu fique.
Engulo em seco. Seu silêncio me deixa ansiosa. O que ele está pensando? Se não há bebê,
não há nada que nos ligue.
— Não há nenhum bebê em meu ventre, não há nada que nos ligue.
Alessandro não está em choque. Em um primeiro momento, pensei que ele ficaria
desapontado, no entanto, ele não expressa nada. O que mais odeio nele é sua habilidade de conter
suas emoções.
— Podemos resolver isso, menina veneno. — Sorri, pervertido, mostrando as covinhas.
Uau! Elas são fascinantes.
— De que maneira? Vai permitir que eu vá embora? — pergunto, esperançosa.
— Que vá embora? Nunca. Pare com esse drama, Olívia. Se está assim porque pensa que
eu tenho outras mulheres, está enganada. Eu não traí você, querida. Naquele momento, quando
fui flagrado com aquelas mulheres, eu não sabia que seria você a minha esposa. Eu nunca te
trairia — ele se expressa verdadeiramente pela primeira vez. Suas pupilas dilatadas me assustam.
Alessandro parece um louco, demente, e isso me dá muito medo. Suas veias em seu
pescoço estão dilatadas como se fossem explodir e seus olhos estão quase saltando para fora. Ele
está irritado.
Então, ele confessou que realmente esteve com as mulheres. Um devasso, filho da puta.
— Não sou nenhum santo, angelo. Tive muitas mulheres na minha cama. Tantas, que parei
de contar.
— Sabe o que mais odeio em vocês? A hipocrisia em quererem se casar com uma donzela
virgem depois de terem ficado com metade das mulheres do planeta.
— Eu não exigi uma noiva que fosse virgem, mas confesso que gostei de ser o seu
primeiro.
— Claro que gostou — zombo. — Você nem queria se casar comigo. Eu sei que queria se
casar com minha irmã — confesso.
Por um momento, ele para, pensa e sorri, convencido de alguma coisa.
— Então, é por isso que está tão chateada? — deduz. — Por acaso, ouviu minha conversa
mais cedo com o meu irmão?
— Não estou chateada. Não me importo se queria se casar com minha irmã ou com
qualquer outra que fosse. Eu não queria ser sua esposa. Se você não gosta de crianças, então, por
que se casou com uma? Sabia que teria dores de cabeça.
Por alguma razão, eu me importo e o meu coração dói. Talvez pela menstruação, minhas
emoções estejam à flor da pele. Não sei o que acontecerá comigo e se suportarei sua rejeição. Ele
é um monstro.
— Então, não sabia que se casaria comigo? — Meu marido tem urgência em ouvir a
resposta de meus lábios.
— Eu sabia sim, mas pensava que você tivesse me escolhido. Foi isso que meus pais me
disseram. Mas agora sei que eles enganaram a nós dois.
— Foi o melhor engano da minha vida, ragazza. — Surpreendo-me com sua confissão. —
Amanhã, quando estiver mais calma, conversaremos, querida.
— Ótimo. Eu estou cansada de ouvir sua voz e não me sinto bem. Pode se retirar.
Droga! Eu queria brigar, discutir, só que ele me deixou sozinha com mil pensamentos. Eu
não queria dialogar amanhã, queria brigar.
Capítulo 13

Olívia

Saio do banho, secando meu cabelo na toalha. Como ele é curto, seca rápido. Na maioria
das vezes, prefiro lavá-lo; gosto da sensação fria na minha cabeça. Ultimamente, essa tem sido a
única paz que tenho.
Meus olhos vão de encontro a Alessandro, que está com a mão na maçaneta, pronto para
sair do quarto.
Eu o flagrei!
Ele entrou aqui como, se eu tranquei a porta com a chave?
Ele tem uma chave extra. Por que não pensei nisso?
Boba!
— O que fazia aqui, entrando e saindo como um ladrão?
Pensei que ele poderia ter vindo pegar uma camisa ou alguma coisa sua no closet, mas
como está de mãos vazias, começo a pensar que estava aqui para me espionar. Maldito!
— Por acaso, estava me espiando enquanto eu tomava banho? — esbravejo.
Após toda a nossa discussão, ele ousou fazer algo tão infantil, adolescente. Quero bater
tanto na sua cabeça, até amassá-la.
— Não é nada disso. Eu vim apenas para deixar alguns remédios para você.
— Remédios? — Meu Deus, são tantos. — Por que tantos remédios?
— Bem... Você disse que não estava se sentindo bem, e eu não sabia o que podia ser: uma
dor de cabeça, de garganta ou febre. Por isso comprei muitos remédios para diversos problemas.
E se precisar, posso te levar ao hospital.
Eu fiquei em choque ao ver duas sacolas plásticas, de tamanho médio, estufadas de
remédios, comprimidos e loções para dor. Há um pequeno estoque de farmácia em cima do
colchão. Os olhos de Alessandro são de quem está preocupado comigo e de quem não queria me
incomodar depois que o expulsei do quarto que deveria ser nosso.
Engulo em seco, ficando sem resposta.
Quando ele disse que iria me rejeitar, não imaginei que seria capaz de comprar remédios
para mim somente porque eu disse que não me sentia bem.
— Obrigada — falo, calma.
É demais para mim essa cena: um marido preocupado com sua esposa como se não fosse
rejeitá-la. Esse homem me confunde e sua bipolaridade é algo com que não sei lidar.
— Você se preocupou comigo? — questiono, impactada.
— Me desculpe se entrei em seu quarto sem bater na porta. Fiz isso porque queria garantir
que você ficaria bem sendo medicada. Eu também liguei para o doutor, e ele está vindo.
— Peça para ele não vir, eu estou bem. Quando eu lhe disse que não me sentia bem, não era
nada grave.
— Ainda estou aprendendo sobre o seu período menstrual. Não sei se costuma ficar
sensível, por isso trouxe bombons, sorvete, ursinhos e remédios para aliviar suas cólicas.
— Alessandro, eu nem sei o que dizer.
— Precisa de alguma massagem?
— Preciso que cancele a vinda do médico. Minha menstruação costuma ser tranquila. Você
trouxe chocolates? — Droga! São os meus favoritos: suíços. As caixas estão próximas ao meu
travesseiro. São duas caixas e dois ursos de pelúcia. É a coisa mais fofa que alguém já fez por
mim. — Eu lhe pedi para não me dar mais chocolate.
Não sei resistir ao sentir o aroma deles, pelo meu vício por doce. O cheiro do chocolate me
deixa mais serena.
— Pediu, mas eu não vejo mal nenhum em mimar minha esposa quando ela está de TPM.
— Desse jeito, não vai poder reclamar quando eu ficar mais gorda do que já sou.
— Eu já lhe disse mil vezes que não me importo com o seu peso. Você é uma mulher linda.
Se pretende ampliar suas curvas, ficará linda aos meus olhos.
Alessandro nem parece aquele homem frio e impiedoso que eu temia na minha vida, parece
até uma pessoa comum. Um marido amoroso, eu diria.
— Amanhã teremos uma conversa esclarecedora, querida. Não aguento mais ter que dormir
no quarto de hóspede. Mesmo que não deseje ser minha, meu lugar é aqui com você, em nossa
cama. Boa noite. — Dito isso, ele vai embora, deixando-me com meus chocolates, meus ursinhos
e duas sacolas cheias de remédios.
Não tive coragem de reclamar por ele ter outra chave do quarto, pois seu gesto foi muito
nobre. Ninguém nunca tinha sido tão gentil comigo. Nem mesmo minha família me mimava em
minhas TPM. Achei essa uma atitude linda, que me arranca um sorriso abobalhado.

— Serei obrigada a comparecer a esse jantar? — pergunto após ter ouvido a voz rouca de
Alessandro me avisar que sairemos para jantar com um velho amigo seu. — Eu nem conheço
essas pessoas.
— Exatamente, querida. Será uma ótima oportunidade para você ampliar seu ciclo de
amizades.
— Posso ao menos saber quem são as pessoas?
— Aksel Foskberg e sua esposa, Ariella Foskberg. Eles são da Suécia.
— Tudo bem. — Encerro a ligação.
A última coisa que eu queria hoje era sair com seus amigos, mas como ele teve um gesto
nobre ontem à noite, decidi que não seria um bom momento para eu me recusar a sair com ele.
Pensei que meu marido fosse agir com brabeza diante da minha situação, porque não estou
grávida, como ele acreditava fielmente. Aliás, esse foi um dos motivos pelos quais ele se casou
comigo.
Engulo em seco. Aposto que seus amigos são chatos. Espero que a esposa do tal Aksel seja
legal. Eu odiaria me encontrar com uma patricinha mimada.
Escolho um conjunto lilás de saia e blazer, botas na altura dos joelhos e uma meia-calça
preta, da mesma cor das botas. Faço uma maquiagem leve, escolho uma bolsa branca na qual
cabe apenas o meu celular e passo o meu perfume francês favorito. É quando a empregada me
avisa que meu marido me espera na sala para irmos.
Se ele veio de banho tomado e vestido elegante para a noite, onde se arrumou? Na casa de
seus pais ou em algum outro apartamento que ele tem para se encontrar com suas amantes?
— Você está perfeita — ele diz assim que desço a escada, pronta para irmos.
— Obrigada.
Há um brilho em seus olhos. Um brilho que nunca vi antes. Não entendi nada. Ele me olha
fixamente e não diz uma palavra, deixando-me sem jeito. É como se fosse o abobalhado da vez.
— Eu queria agradecer, mais uma vez, pelos chocolates. Era tudo o que eu precisava ontem
à noite. E o ursinho personalizado com o meu nome é lindo. — Estralo meus dedos.
— Fico feliz que tenha gostado. Confesso que não sou bom com essas coisas. Entender os
desejos da minha mulher está sendo uma tarefa árdua, mas espero me sair bem.
— Alessandro, você não está chateado comigo?
Ele ergue uma sobrancelha, intrigado. O italiano veste um terno azul que marca o quão
malhado e definido ele é. Meu marido é um homem de tirar o fôlego; um daddy que merece ser
apreciado, de tão bonito que é. E sei que é incrível na cama. Já estive uma vez em seus braços e
foi uma noite quente e deliciosa.
— Por que eu estaria, menina veneno? — Ele me provocou ao me chamar assim.
— Não sou menina veneno. Sei que tenho agido inconsequentemente desde que nos
casamos, mas não sou essa garota mimada. Tudo que eu fiz foi porque pensei que você não se
casaria comigo, já que estaria diante de uma criança sem maturidade. Mas falhei.
— Falhou sim. — Um sorriso largo brota em seu rosto radiante.
— Eu não estou grávida. O que faremos agora? — pergunto, receosa, e engulo em seco.
Por um instante, diante do seu silêncio, sinto que ele está buscando um autocontrole para
não me jogar nesse sofá, tirar minhas roupas e me fazer sua mais uma vez para garantir que eu
fique grávida, no entanto, eu não faço ideia do que ele está pensando. Nunca sei o que se passa
nessa cabeça linda.
Diabos! Estou como uma boba admirando a beleza dele.
Por que Lombardi não é um velho? Assim, seria mais fácil resistir. Além de tudo, é um
gostoso, bom de cama e tem uma língua habilidosa. Sinto tremores bons naquela região sensível
na qual somente ele tocou.
Mas nada muda o fato de que ele queria se casar com Andreia, não comigo.
— Vamos nos preocupar com o jantar. Em outro momento conversamos.
Odeio o fato de ele sempre adiar nossas conversas para depois.
Vejo-o rir de mim por um instante.
— Está rindo do quê?
— Você fica ainda mais bonita quando está irritada.
— Então, deve ser por isso que você adora me irritar — provoco-o.
— Vamos?
Assinto.
Alessandro dirige e eu estou sentada ao seu lado, encarando as luzes da cidade através do
vidro fumê. É quando uma música começa a tocar no som do carro. É uma do Imagine Dragons.
Eu sempre fui muito fã dessa banda. Essa não é uma playlist aleatória, música a música foi
escolhida. Busco os olhos de Alessandro, surpresa por ele ter colocado uma de minhas canções
favoritas. É como se ele soubesse que, sempre que eu dirigia ou saía de carro, ouvia música.
— Posso aumentar?
— Fique à vontade — ele responde sem tirar os olhos da direção.
Aumento o volume no mesmo instante, absorvendo a canção e cantarolando um trecho.
“Thunder, feel the thunder (thun-, thun-)
Lightning then the thunder (th-th-thunder, thunder)
Thunder, feel the thunder (thun-, thun-)
Lightning then the thunder, thunder (th-th-thunder, thunder)”
— Seus amigos são legais? — pergunto, um pouco receosa.
— Você vai gostar deles — supõe. — Gostou da playlist?
— Você que escolheu as músicas?
— Sim.
— Por quê?
— Realmente não sabe? — Encara-me ao parar o carro na frente de um restaurante
tradicional de nossa cidade. Posso sentir o cheiro do macarrão aqui de fora.
Realmente não sei.
Em um gesto de cavalheirismo, enquanto eu retoco o batom, surpreendo-me quando o meu
marido, que já desceu, abre a porta para mim, como um perfeito cavalheiro.
— Vamos, esposa. — Ele estende sua mão em minha direção e eu a seguro. Sinto-me como
se estivesse em um filme de época.
É inevitável não sentir tremores com sua voz rouca ao meu ouvido.
O restaurante é uma verdadeira obra de arte, com música ao vivo e um estilo rústico. É
diferente de tudo que imaginei. Não que o lugar não seja sofisticado, porque ele exala dinheiro e
riqueza, e o círculo de pessoas que frequenta esse tipo de ambiente é milionário. O que me deixa
mais intrigada é saber que Alessandro gosta de lugares assim, que está mais para um barzinho
com cerveja onde amigos se reúnem. Aliás, eu nem sabia que ele tinha amigos a esse ponto.
Caminhamos até chegarmos a um local mais reservado e exclusivo para nós. Avisto um
homem alto, loiro, com quase 2 metros de altura, assim como o meu marido, e de olhos
penetrantes. Ele deve ser o Aksel. Ao seu lado está uma linda mulher, que, assim como eu, é
baixinha. Ela tem o cabelo mais dourado que já vi na minha vida e os olhos azul-celeste. Deve
ser a esposa dele, Ariella.
Nós somos apresentados e nos cumprimentamos com beijos e abraços. Eles são legais. O
casal fala inglês fluentemente, em consideração a mim, que não sei falar a língua do seu país, e
Ariella não domina o italiano. Os homens tomam cerveja, enquanto nós duas conversamos.
— Vocês têm filhos? — Ariella me pergunta.
— Não, ainda não temos filhos — respondo, envergonhada.
Ela parece tão feliz ao lado do marido, que não quis, de cara, falar que me casei obrigada e
que não amo Alessandro. Suspiro.
— Vem ao banheiro comigo?
— Sim.
Ela comunica ao seu marido que irá ao banheiro, enquanto o meu me fuzila com aqueles
lindos olhos negros. Eu reviro os olhos. Ele fica de pé e sussurra ao meu ouvido:
— Não tente fugir, princesa. Eu lhe garanto que não irá conseguir.
— Eu nem sequer pensei nisso, Alessandro.
— Melhor assim. — Sorri largamente.
Deixo-o para trás.
Olho minha imagem no espelho. Estou respirando fundo para não perder o controle na
frente dos convidados. Tudo bem que eu repeti várias vezes que fugiria, no entanto, sua
desconfiança me ofendeu. O que ele quer que eu faça? Que me conforme com o meu destino ao
lado do homem que pretende me rejeitar assim que eu lhe der um filho homem? Sim, eu não vejo
a hora de fugir, mas não seria tola de sacrificar minha família, mesmo eles tendo me vendido.
Todos os dias recebo mensagens de minha mãe do tipo: “Não enfrente o senhor Lombardi.
Seja gentil com o seu marido, por favor. Não o irrite”. Chega a ser cansativo. É como se eu não
fosse a filha dela, e sim Alessandro, pois ela sempre pensa apenas nele.
— Me ajuda com o zíper? — Ariella se vira para mim. Ela usa um vestido longo muito
recatado e elegante.
— Seu vestido é muito bonito.
— Verdade? Eu ainda não consegui me acostumar a mostrar tanto o meu corpo — revela.
Mostrar o corpo? Do que ela está falando? O vestido é longo e sem decote. Ela se refere aos
seus braços desnudos?
— Eu fui noviça antes de me casar. — Estou surpresa. — Você ficaria surpresa com a
minha história.
— Eu gostaria de ouvir.
Quando Ariella me diz que seu marido a raptou em um convento após o irmão dela ter
rejeitado a irmã dele, desejando vingança, fico perplexa. A vida deles não foi fácil, mas, com o
passar do tempo, ela descobriu que Aksel é um bom homem para ela e seus filhos. Ambos são
felizes hoje em dia.
A história deles é digna de um livro. Caçada pelo predador. Posso até imaginar.
Retornamos para a mesa e eu peço um drink. Olhando bem para Ari e seu marido, noto que
eles parecem ser felizes, apesar dos problemas que já enfrentaram. Pergunto-me se algum dia
poderei ser feliz.
Peço mais uma bebida. Ariella e Aksel estão dançando a música lenta, como o casal
apaixonado que são, e meu marido decidiu ir atender a uma ligação justo agora, deixando-me
sozinha na mesa. Como o garçom não me ouviu chamá-lo, opto por ir até ele.
Logo alguém se esbarra em mim.
— Desculpe — a voz rouca diz. O homem expressa um sorriso largo para mim. —
Machuquei você, linda mulher?
— Estou bem.
A culpa foi quase toda minha, que me levantei de vez. Minha cabeça ficou girando. O
homem, que estava no bar, é muito alto e bonito, aliás. Não o conheço, no entanto, tenho a leve
impressão de já tê-lo visto antes.
— Tenho a impressão de que já a vi antes — ele diz, um pouco intrigado.
— Também tenho essa impressão.
— Já sei, você é a filha mais nova dos Russo. — Assinto. — Agora é a esposa de
Alessandro Lombardi. — Ele tremeu ao pronunciar o nome do meu marido.
Agora eu sou o tipo de pessoa que está marcada por ser a esposa de alguém? Bebo mais um
gole da minha bebida.
— Peço que me perdoe, senhora Lombardi. Eu já estou de saída.
— Calma, eu não mordo. Por que esse medo todo? — zombo, chateada.
Os olhos dele estão prestes a saltar para fora. Por que diabos ele está assim, tremendo?
Então, sinto o calor do seu corpo atrás de mim. Ele realmente é poderoso e assustador. Sua
simples respiração é capaz de estremecer o mais poderoso dos homens. Esse homem é o meu
marido.
— Algum problema, esposa? — a voz rouca me causa um impacto contra o qual eu não
consigo lutar e arrepios, principalmente quando sua mão vem ao meu braço, segurando-o firme,
como se eu fosse o seu objeto.
Capítulo 14

Olívia

Bebo mais um gole da minha bebida. Idiota! Não vejo o semblante de Alessandro, mas sei
que ele está olhando para esse rapaz com desejo de matá-lo. E seria uma tragédia se isso
acontecesse aqui, na presença de alguns funcionários. No entanto, de tudo, não seria tão ruim
assim: eu ficaria livre, com um marido na cadeia.
— Perdão, senhor Lombardi. Minha intenção não era perturbá-lo. Já estou de saída.
— Se esbarrou na minha esposa? — ele pergunta como se esse fosse o fim do mundo.
— Eu não a vi, senhor. Imploro que me perdoe.
O medo que Alessandro causa nas pessoas chega a ser assustador. O homem está quase
chorando. É como aquela expressão: “cagando de medo”.
— Tocou na minha esposa. — Alessandro aperta o meu braço, furioso com o fato de um
desconhecido ter se esbarrado acidentalmente em mim. Ridículo.
O homem que tanto me odeia e me rejeita todas as noites em sua cama está mordido de
ciúme? Seria isso ciúme? Como, se ele me odeia, acha-me infantil e não nutre nenhum tipo de
desejo por mim?
— Eu poderia matar você, infeliz. — No momento em que ele solta meu braço, imagino
que esteja buscando sua arma.
Seguro em sua mão por cima da sua coxa, impedindo-o de cometer uma loucura.
— Por favor, senhor, vá embora — peço educadamente.
O homem não diz uma palavra, apenas sai correndo, em desespero. Conto mentalmente até
10, tentando não perder a calma e gritar com esse troglodita. Ele precisa ser sempre assim?
Assustador e cruel? Não sabe o que é ser gentil uma vez na vida?
— Você não precisava ameaçar o coitado somente porque ele se esbarrou em mim —
retruco, chateada.
Alessandro é sempre um enorme estraga-prazeres. Em momentos que deveríamos relaxar,
ele consegue roubar minha tranquilidade. Sorte a nossa que, já por ser tarde, não há quase
ninguém aqui além dos funcionários do restaurante e nós.
— Aquele miserável merecia ter levado bala.
— Credo, Alessandro. Não é para tanto. O homem nem tocou em mim. Não foi intencional.
— Maledezione!
— Você precisa ser sempre assim? Um animal sanguinário? Nem sequer é capaz de me
proporcionar uma noite de diversão.
— O que seria diversão para você, menina?
— Dançar — respondo, com empolgação.
Meu marido ergue uma sobrancelha lindamente sexy, atrevido, considerando minha ideia
de diversão ridícula.
— Sinto muito, eu não danço.
— Porque é um velho chato, que não sabe se divertir.
— Temos ideias diferentes de diversão.
— Verdade. Enquanto eu prefiro dançar, o vovô gosta de tirar vidas. — Reviro os olhos,
chateada.
— Vovô? — Ele se mostra insatisfeito com o meu comentário. — Está me chamando de
velho mesmo?
— Não é isso que você é, Alessandro? Um velho ranzinza, que não sente atração por
mulheres mais jovens e que não me acha bonita e atraente a ponto de me tirar para dançar. Mas
só faltou agredir um homem porque ele se esbarrou em mim. E daí se ele tocou em mim? Você
não se importa mesmo, já que, como o meu marido, se recusa a me possuir. — Cruzo os braços,
aborrecida.
Tomei meu vinho quase todo, resta apenas uns dois dedos dele, que não é de todo ruim. Se
eu soubesse que estava precisando beber um pouco, já teria feito isso antes.
— Quem disse que eu não quero possuir você, menina veneno?
Ele pode me odiar, mas, neste momento, estou vendo outro sentimento transbordar de seus
olhos negros. É algo que vai além do desejo e da luxúria que ele me mostrou nos últimos dias.
Seria possível ele sentir tanto desejo assim por mim?
— Eu estou dizendo — pronuncio firme.
— Tem ideia do que eu faria com você se estivéssemos em nossa casa?
— Desde quando só podemos transar em casa? É uma regra?
Estou brincando com fogo, doida para me queimar, provocando um homem experiente.
Minhas pernas tremem, mas não de medo, e sim de desejo. Tudo o que eu menos queria era
sentir tesão pelo meu marido. Ele é um homem medieval, mas que fez um sexo delicioso em
minha primeira vez. Eu queria sentir aquilo novamente com ele. E não é o efeito do álcool, tomei
apenas esse pequeno copo de vinho, pois, durante a noite inteira, eu fiquei dando minha bebida
para Ariella e sempre pegando o copo vazio dela. Acho que a deixei bêbada, tanto que eles
saíram sem se despedir.
A tensão sexual entre mim e Alessandro queima nossas almas. Ele é tentador e viril, não é
um velho, como chamei. Eu disse isso para o chatear.
— O que você quer, esposa?
— Não é óbvio, Alessandro? — É sério que ele não sabe? Falou isso para me irritar. Com a
intenção de provocá-lo, aproximo-me dele, seguro em seu ombro forte e sussurro ao seu ouvido.
— Eu quero transar. — Seu corpo inteiro reage à minha voz e eu sorrio, travessa. Não estou
bêbada, mas quero que ele pense que estou falando essas coisas por conta do álcool. — Mas se
você não é capaz de comer uma ninfeta, tudo bem. Eu mesma me dou prazer do meu jeito.
— Posso saber como faria isso? — Intrigado, ele cruza os braços.
— Vou te deixar curioso. — Pisco, atrevida. — Podemos ir embora? Estou cansada e já
entendi que você não me deseja. — Faço um som de insatisfação com a boca.
— Pequena, não me provoque. A última coisa que quero é me aproveitar da sua falta de
sobriedade.
— Estou sóbria, Alessandro — afirmo, convicta dos meus atos. — Eu só queria que você
pensasse que eu não estava, mas vejo que não me deseja. Já entendi isso. Vamos embora.
Viro-me, pronta para sair. É quando ele me puxa para junto do seu corpo. O impacto é
duro, ele é muito forte. Alessandro agarra firme na raiz do meu cabelo e o seu olhar rígido
aprecia cada movimento do meu rosto minuciosamente. Seu hálito quente em meu nariz é
delicioso. A única coisa que eu quero neste momento é que ele me beije. Se ele realmente me
deseja, fará isso.
— Nunca mais repita que eu não te desejo, insolente. Pode sentir o quão duro meu pau está
por você agora. Minhas bolas chegam a doer. Por isso, não me atente, menina veneno, ou serei
obrigado a comer você no carro.
— E se for isso que eu tanto quero? — Mordo o lábio, provocando-o ainda mais.
— Você merece muito mais que um banco de carro, mas se quer meu pau atolado na sua
boceta, princesinha, terá isso. — Sua respiração está pesada. — Que se foda, eu vou te foder
agora.
Segurando em minha mão firmemente, Alessandro pega um cartão com o garçom e nós
entramos no elevador. Há suítes nos andares de cima prontas para quem quiser passar a noite.
Pelo som que ouvi, suponho que há boates também. Acho que vi algo assim exposto no quadro
de entretenimento no hall.
Em momento algum Alessandro solta a minha mão, certificando-se de que eu não fugirei.
Meu peito sobe e desce. Eu realmente o quero, mas isso não me impede de ficar nervosa. Não
que ele tenha sido um bruto comigo, mas temo que, talvez, as coisas saiam do meu controle. A
última coisa que desejo é ser uma esposa submissa ou, pior que isso, apaixonar-me pelo animal.
A porta se abre, mostrando uma sala ampla com sofás brancos enormes. Olho o ambiente
por uns cinco segundos. O meu nervosismo é de parar o coração. Alessandro dá um passo à
frente, levando-me junto.
— Arrependida do que disse instantes atrás, querida? — Ele solta a minha mão e agora abre
os primeiros botões da sua camisa.
Olho em volta, notando que há um corredor que leva para uma cozinha e, possivelmente, a
uma suíte aconchegante, que é para onde iremos.
— Não. Eu quero você — respondo, um pouco insegura.
— Parece assustada, anjo. Tem certeza de que é isso que quer?
Volto a olhá-lo nos olhos. Alessandro abriu todos os botões de sua camisa, privilegiando-
me com a linda visão de parte do seu peitoral definido. Olha só que homem gostoso, lindo e em
forma. Ele é um puto gostoso, de tirar o fôlego. O resto de segurança que me restava, foi por
água abaixo. Como ele pode ser tão majestoso? É um homem encorpado. Tudo nele é enorme e
até seus dedos são grandes.
— Eu quero isso, mas... — Não tenho coragem de lhe dizer.
— Se quisermos fazer isso, precisamos conversar abertamente, princesinha.
— Alessandro, você é tão bonito, forte, malhado e tem um corpo perfeito, enquanto eu...
Bem... Eu sou acima do peso, sou uma mulher gorda. Não há como eu não me sentir insegura
estando com você.
Ele me olha como se eu tivesse acabado de falar algo absurdo, que não pode ser levado em
consideração, mas é assim que me sinto. Quando transamos, as luzes estavam apagadas, mas
agora tudo está tão claro, que sinto vergonha de ele me ver nua.
— Nunca mais... Está me ouvindo? Nunca mais repita tamanha besteira. Você é linda,
maravilhosa demais, gostosa demais e seu corpo é delicioso. Acha mesmo que eu não fico louco
todas as vezes que rebola essa bunda grande? Todas as vezes que olho para o seu decote?
— Eu...
— Você é uma puta gostosa, Olívia, e eu sou completamente louco por você. A atração
física que causa em mim é maior que a força do universo. Eu preciso possuir seu corpo gostoso
mais uma vez.
Alessandro avança na minha direção e me beija violentamente. Um beijo bruto no qual
nossas bocas engolem uma a outra com urgência, com uma necessidade insana que eu nem sabia
que existia. Suas mãos sobem pelas minhas costas, por baixo do tecido da blusa. Ele está louco
para abrir o fecho do meu sutiã. Ficamos tanto tempo sem nos tocar, que há muita pressa de
ambas as partes.
Sua boca sedenta beija o meu pescoço, distribuindo, além de beijos, mordidas e lambidas.
O insaciável está faminto. Meu marido é um devorador nato, pronto para comer sua presa. Ele
consegue me ter de várias maneiras possíveis, e suas mãos grandes em minha carne, sentindo-
me, causam-me sensações deliciosas.
— Seja lá quem fez você acreditar que não é uma mulher desejável, eu os amaldiçoo. Se
me der os nomes, mato todos. — Alessandro me arranca um sorriso com sua maneira inusitada
de resolver as coisas. — Não duvide, anjo, quando digo que é apetitosa. — Estrala um beijo nos
meus lábios. — Deliciosa. — Suga parte da pele do meu decote. — Desejável. — Lambe o
lóbulo da minha orelha. — Meu pau está quase rasgando a minha calça. — Apalpa a minha
bunda por baixo da saia.
Alessandro me faz virar abruptamente e eu apoio as mãos na parede. Em um movimento
rápido, ele desce o zíper da minha saia, fazendo-a cair pelas minhas pernas, e eu a chuto para
longe. Estou usando uma calcinha minúscula.
— Tentação! Em todo esse tempo usando uma calcinha minúscula e me privando de vê-la.
— Sem dó, meu marido acerta um tapa em minha nádega, fazendo-me dar um pulinho. — Eu
vou ser bruto com você, princesa. Sem piedade, vou comer sua bocetinha, pois é exatamente isso
que você quer: que eu a devore como um animal.
Inferno! Não tenho forças para negar. Não quando ele se livra da minha blusa e, em
seguida, do meu sutiã, deixando-me apenas de calcinha fio-dental.
Alessandro me faz ficar empinada.
— Esfregue essa bunda gostosa no meu rosto, boneca. — Ele se inclina. Acredito que ficou
de joelhos.
Faço o que ele ordenou: jogo minha bunda no seu rosto. Suas mãos alisam cada parte do
meu bumbum e minhas bochechas queimam.
— Pode apagar a luz? — Eu gemo baixinho e ele me acerta outro tapa daquele, deixando o
outro lado da minha bunda também ardendo.
— Se me pedir isso novamente, eu te amarro e faço com que você fique aberta até a alma
para mim, anjo.
É melhor eu não insistir.
Alessandro desce minha calcinha com delicadeza. O único ato delicado até agora.
Suavemente, desliza sua mão pela minha boceta e a preenche com a palma quente.
— Gostosa! — Ele não se cansa de falar isso. Estou começando a acreditar. — Abra mais
suas pernas — ordena.
— Eu tenho vergonha — falo baixinho.
— Sou o seu marido, Olívia. A última coisa que quero é que tenha vergonha de mim. —
Ele beija o meu ouvido com carinho e seus dedos beliscam os meus mamilos. É delicioso. —
Faça o que eu ordenei, ou serei obrigado a amarrar você.
— Por favor... — imploro.
Alessandro ri da minha expressão de medo ao me virar. Ele me pega em seus braços, leva-
me pelo corredor e abre a porta do quarto. Quando ele acende a luz, fico surpresa ao ver tantas
amarras. Será capaz de me amarrar? Ao me colocar no chão, pega uma corda vermelha. Engulo
em seco ao ver todas essas coisas. Aquilo é um chicote?
— Por ser uma menina rebelde, serei obrigado a te castigar.
— Eu não fiz nada. — Ele me agredirá? — Que lugar é esse?
— Um lugar onde você sentirá muito prazer, além de aprender que é somente minha.
Meu marido me leva para o lado de uma cômoda de madeira. Primeiro beija meus lábios,
sedento por mais. O contato de nossas línguas é suculento. Com as mãos, ele massageia meus
seios, depois os coloca entre seus dedos, dando-lhes leves beliscões, e suga um a um. Sua língua
faz mágica agora, levando-me a gemer alto. Quanto mais ele tem meus seios na sua boca, mais
molhada eu fico.
— Você confia em mim?
Balanço a cabeça, dizendo que sim. Ele nunca me machucou fisicamente.
— Não sinta medo, se liberte dos receios e me deixe mostrar o quanto te desejo. Posso? —
Mostra-me a corda.
Olho-a, receosa, no entanto, sinto muito desejo. Preciso gozar na sua boca e no seu pau. Eu
o quero.
— Pode.
Ele me faz ficar na mesma posição em que eu estava na sala: de costas e empinada. Mas
desta vez amarra as minhas mãos com a corda, fazendo com que meus braços fiquem elevados.
Ela está presa em volta de uma tocha de ferro que tem fixa na parede.
— Abra as pernas para mim — ordena. — Me obedeça, ou irei te chicotear, safada. — Tem
um pequeno chicote sobre a cômoda.
Eu abro as pernas, empinando a bunda, e Alessandro se enfia entre elas, sentado no chão,
tendo a visão da minha boceta sendo aberta pelos seus dedos diante de sua boca gulosa. Ele enfia
sua língua quente na minha fenda e eu grito. Isso é uma tortura. Eu me mexo e ele segura firme
em minhas coxas para que eu me movimente o mínimo possível. Ter sua boca lambendo minha
boceta é delicioso, com estralos de beijos. Em resposta, meu corpo inteiro treme, desejando-o
mais e mais. No momento em que eu me abro ainda mais, Alessandro intensifica os movimentos,
levando-me a um orgasmo delicioso. Ele puxa todo o meu gozo e o engole com tesão. Eu poderia
cair de joelhos se não estivesse sendo presa por essa corda, que me impede.
— Minha gostosa! Agora lhe darei uma surra de pau, minha safada.
Em um movimento rápido, ele me rasga, entrando duro em mim. Eu grito. Ele entrou
fundo, de uma só vez. É deliciosamente bom, torturante e quente. Estou pingando por ele.
Alessandro agarra a minha cintura com suas mãos e passa a me estocar com força. Seu pau entra
e sai da minha boceta, que é somente sua.
— Minha esposa parece gostar de ser tratada como minha putinha. Gosta quando o seu
marido a pega com brutalidade. Diga, safada, que deseja o meu pau — sufocando o meu
pescoço, ele ordena que eu fale.
— Eu quero o seu pau, Alessandro.
— Você terá, anjo.
Entorpecida pela sensação de fraqueza, por ter gozado há poucos minutos na sua boca,
posso sentir o fogo queimar toda a minha pele. Quando não massageia meus seios, ele puxa meu
cabelo, enfiando seus dedos grandes na minha boca.
— Chupe, safada. Imagine que é o meu pau em sua boca. Logo você terá meu cacete na sua
boquinha pequena.
Chupo seus dedos, tomada pelo prazer. Suas bolas estralam em minha intimidade.
Alessandro é muito bom no que faz e sabe exatamente onde me tocar; sabe como me deixar mais
vulnerável e excitada.
Recebo suas estocadas sem dó nem piedade. Ele me come duro, como um lobo faminto.
Posso sentir o gozo prestes a dominar cada parte do meu corpo, apertando minha intimidade, e
gozo. Alessandro goza em seguida, urrando alto. Sinto-me delirar. O orgasmo me deixou ainda
mais fraca, então tombo um pouco, ficando suspensa com as mãos elevadas.
— Oh, Alessandro, tenha piedade e me desamarre. Me sinto fraca.
Ele surge ao meu lado e segura o meu corpo. Sem me soltar, oferece-me um apoio para eu
permanecer em pé. Em seus olhos há luxúria e mais sede. O insaciável beija a minha boca com
muita volúpia, puxando o meu cabelo para trás.
— Vai ficar amarrada até quando eu quiser, safada. Agora, chupe o meu pau. — Sem
nenhuma delicadeza, ele segura em minha cabeça firmemente, fazendo-me engoli-lo.
Eu nunca chupei um pênis antes, e ele sabe. Agora está fodendo minha boca, enfiando seu
membro nela como um devasso e sentindo prazer com minha inexperiência.
— Isso. Sugue o resto do meu gozo, pimentinha. Sua boquinha pequena é muito suculenta.
— Me sinto fraca, Alessandro.
Ele enfia seu cacete duro na minha boca mais uma vez.
— Aqui está a visão do paraíso. Nem pense que vou parar agora com você. Vou te foder
mais uma vez, anjo, até que desmaie. Aí sim vou te libertar.
Ele não está falando sério, está?
Alessandro me penetra de novo, totalmente excitado, como se não tivesse gozado há dois
minutos. Ele me segura firme pela cintura para que eu não caia. Gosto de tê-lo dentro de mim,
mesmo estando fraca. O homem mete duro e de modo preciso. Novamente, estou muito excitada.
— É assim que trato minha putinha favorita. Gosta?
— Gosto.
— É minha esposa, Olívia, mas também é minha putinha. Você pediu pau e me fez possuí-
la, então não pense que me satisfarei com uma ou duas gozadas. Eu poderia comê-la a noite
inteira ou até você aguentar sem desmaiar, princesa.
— Devasso!
— Sou mesmo. Um devasso louco pela sua inocência, pimentinha.
Puxando meu cabelo, meu marido me come. A cada estocada, mais fraca eu fico, e quando
eu gozo pela terceira vez, ele solta minhas mãos, percebendo que eu praticamente desfaleceria se
continuasse na mesma posição. Ele me segura contra a parede e goza. Em seguida, toma-me em
seus braços e se deita por cima de mim na cama macia, beijando meus lábios, desta vez
suavemente.
Minha cabeça gira. Nunca estive tão fraca assim e, ao mesmo tempo, satisfeita e saciada.
— Gostosa. Se prepare, que eu ainda não terminei com você.
Foi uma promessa. Terá muito mais.
Capítulo 15

Olívia

— Alessandro, você é insaciável — murmuro ao despertar, sonolenta, em meio a um


bombardeio de beijos no meu pescoço.
Os pelos dos meus braços estão todos eriçados, eu estou nua e sua mão está acariciando
minha intimidade suavemente. Ao meu lado está o homem mais delicioso que conheci em minha
vida, meu marido, Alessandro Lombardi, um chefe de máfia que me comprou. Eu faço questão
de odiá-lo todos os dias, menos agora. Não nestes momentos, quando estamos juntos como se
mais nada existisse.
— Bom dia, esposa. Como está? Dormiu bem?
Minha cabeça está um pouco dolorida. Não sei exatamente em que hora dormi, só sei que
era tarde. Muito tarde. O sol já devia estar próximo de nascer. O insaciável não me deixou quieta
por muito tempo, sempre estimulando meus desejos mais profundos que eu nem sequer sabia que
tinha. Foram tantas as posições e eu me abri tanto para ele, que começo a me sentir
envergonhada. Se bem que na hora do ato, eu gemia tão alto, que a última coisa com a qual me
importava era a droga da vergonha.
— Sinto-me como se um caminhão tivesse me atropelado. — Bocejo. — Que horas são?
O tempo todo ele olha em meus olhos, admirado com alguma coisa em mim. Talvez a
minha beleza? Muitas pessoas dizem que sou bonita de rosto. Sorrio, tímida, querendo cobrir
meu rosto com o lençol, porém ele me impede usando apenas uma de suas mãos. A outra ainda
está na minha intimidade.
— São dez e meia, querida. Pare com isso. Sou seu marido, não admito que sinta vergonha
de mim — repreende-me. — Quer ser castigada novamente? — Balanço a cabeça em negativa.
— Pois será isso que irá acontecer se ousar sentir vergonha do seu homem.
Minha mente está tão confusa. Talvez a dor de cabeça seja pelo vinho, pois não tenho o
hábito de beber quase nada, então qualquer gotinha que seja me deixa assim. Tenho toda a
atenção de Alessandro voltada a mim. Ele me olha como se eu fosse a mulher mais bonita do
mundo. Com todas aquelas frases, confesso que minha autoestima está um pouco melhor nesta
manhã. Não é certo deixar que alguém domine nossa autoestima, e sei também que ninguém
pode ter o poder de diminui-la, mas não posso negar que ouvir de um homem incrivelmente
atraente que sou gostosa me deixou com a bola elevada. Foi tão bom ouvir que sou bonita.
Alessandro conseguiu me convencer de que sou muito atraente aos seus olhos.
O tanto que meu marido me chupou, lambeu a minha pele e minha boceta e me beijou,
somente um homem muito envolvido fisicamente por uma mulher faria.
— Peço que me perdoe se excedi meu limite na noite passada. Acontece, querida, que eu
estava há muitos dias sem possuir o corpo de uma mulher. Desde que te possuí pela primeira vez,
naquele baile de máscaras, não me envolvi com ninguém.
É inacreditável imaginar que ele está há tantos dias sem sexo.
— Está falando a verdade? — Isso é incrivelmente insano.
— Não tenho por que mentir. Acontece, pimentinha, que você me deixou impotente para
outras mulheres. Por mais que eu quisesse muito, não conseguiria trair você, mesmo que nosso
casamento tenha sido arranjado.
— Você não queria se casar comigo, e sim com minha irmã — lembro-lhe e logo fico
chateada.
— Isso ficou no passado. O fato de eu ter pensado em me casar com sua irmã foi somente
por ela ser mais velha e mais madura. Você é bem mais jovem, Olívia. Eu temia que não me
aceitasse por eu ter 40 anos.
— Pensei que você não me quisesse por não se sentir atraído por mim, por eu ser gordinha.
— Eu já disse que você é a mulher mais apetitosa que tive o prazer de ter em meus braços.
E fique sabendo, esposa, que não vou mais abrir mão do que é meu por direito.
Isso significa que ele me quer ao seu lado? Estou confusa.
— Mas você disse que o nosso casamento não seria de verdade; que tudo o que queria era
um herdeiro, e depois disso me rejeitaria, enviando-me para longe do meu filho e me deixando
sozinha pelo resto da minha vida.
— Minha esposa, acredita mesmo que eu seria capaz de rejeitá-la após a nossa noite
passada e a madrugada quente? Eu seria um tolo se a afastasse de mim, pimentinha.
Alessandro fica por cima de mim e segura em meus pulsos, erguendo meus braços. Ele
gosta de me prender, de dominar no sexo e ver o quão satisfeita fico após o nosso ato. Sua
revelação me deixou um tanto eufórica. É como se eu quisesse ouvir isso há mais tempo. No
entanto, ele também me deixou em alerta. E se tiver falado essas coisas somente para plantar um
bebê em meu ventre e depois me rejeitar, como disse antes tantas e tantas vezes?
Entre beijos e carícias, Alessandro, aos poucos, estimula meu clitóris, massageando-o com
suavidade em movimentos circulares e beijando minha boca com vigor. Isso faz com que eu me
entregue inteiramente em seus braços, como se sempre tivesse pertencido a ele. Gemo baixinho
entre o beijo, com sua língua devorando a minha. A sensação de estar chegando ao meu limite,
ao êxtase do prazer entorpecente, é deliciosa, principalmente quando sua boca gulosa deixa a
minha e busca meus mamilos endurecidos. Meus bicos estão excitados. Ele faz a festa como
gosta: sugando-os como se fossem as coisas mais deliciosas que já levou à boca.
Logo gozo intensamente, sentindo tudo à minha volta girar. Estou fraca e, agora, com muita
fome.
— Ficaremos o dia inteiro aqui, querida, e não sairemos para lugar nenhum. Vou foder
tanto a sua bocetinha, que precisará de cadeira de rodas. — Arregalo os olhos. Ele quer me
matar? Preciso comer primeiro. — Mas antes vou alimentá-la. Poderia ser com o leite do meu
pau, mas serei piedoso com você ao menos uma vez. — Pisca, safado.

Tomamos um café da manhã barra almoço reforçado. Inicialmente, quando nos levantamos
da cama, decidimos pedir um café, porém, com o tempo que levou para que tomássemos banho e
eu lavasse meu cabelo e secasse, pedimos um almoço. Como um pouco de cada coisa que tem.
Alessandro não cansa de me olhar em nenhum momento. Chega a ser desconfortável.
— O quê? Tem alguma coisa suja no meu rosto? — pergunto, preocupada. Só pode ser isso
e ele não sabe como falar.
— Seu rosto está limpo, lindo e perfeito.
— O quê? — Ele tem o poder de me desconcertar apenas com um olhar.
— Preciso atender a uma ligação. Meu pai já me ligou umas cinco vezes somente nessa
manhã. Ele deve estar surpreso, assim como todos, por eu ter perdido um dia de trabalho.
Licença. — Educadamente, ele se retira.
Continuo comendo minha salada verde, deixando de comer o que realmente queria: aquele
lindo pedaço de torta de morango, uma das minhas favoritas.
Alessandro retorna para a mesa alguns minutos depois.
— Está tudo bem? — pergunto.
— Sim. Era apenas assunto de trabalho. Meu pai também queria avisar que minhas primas,
Ludovica e Charllota, chegaram agora há pouco de viagem, de surpresa, para o aniversário da
nonna na terça.
Será o aniversário daquela senhora chata que tanto implica comigo. Não posso xingá-la
como quero por respeito à sua idade, mas que ela é inconveniente, ela é. Bastante.
— Suas primas?
Elas não estavam no casamento, senão eu as teria conhecido.
— São primas de primeiro grau. Minha falecida tia Jenovia era a mãe delas. Ludovica é
viúva, seu marido faleceu há oito meses, e Charllota está noiva. Elas são gêmeas.
— Legal. Será um prazer conhecê-las.
Posso notar algo estranho na expressão do meu marido. É como se ele não estivesse
contente com a visita delas. Devo perguntar se houve alguma coisa?
— Você não comeu quase nada. Não gostou da comida? — questiono.
— A comida que eu quero, ainda não está disponível devido a estar fraca após nossa noite
passada. — Malicioso, ele sorri, cheio de perversidade.
Como pode ser tão gostoso, irritante e, ao mesmo tempo, irresistível? Esse será o seu
apelido de agora em diante: senhor irresistível.
— Já estou devidamente alimentada, senhor Lombardi, não estou mais fraca. — Sorrio,
provocando-o e mordendo o lábio delicadamente.
— Quando eu começar, não vou parar tão cedo, anjo.
— Sem problemas. Vamos passar o dia inteiro aqui. Quem sabe a noite também? — Uso o
seu argumento de mais cedo.
Alessandro sorri lindamente. Esse sorriso é tentador. Ele se levanta da cadeira, prende meu
cabelo em sua mão e beija o meu pescoço de leve, arrepiando até a minha alma. Eu solto um
gemido baixo, e ele também geme, rouco. Depois lambe aquela região sensível. Estou usando
apenas sua camisa branca, que caiu como um vestido folgado em mim.
— Abra as pernas, princesinha. Quero ver se está usando calcinha.
Ele puxa a cadeira para trás comigo sentada. É como se eu fosse uma pluma. Suas mãos
descem pelo meu pescoço, apertando-o sem me causar dor ou agonia.
— Picolla, meu pau está tão duro por você — ele sussurra, rouco, ao meu ouvido,
descendo mais sua mão, enfiando-a por dentro da camisa e alcançando o meu seio direito.
— Estão sensíveis — aviso.
— Eu sei. Mamei muito neles ontem.
— Porra... Você não se satisfaz nunca?
— Você é tão gostosa, pimentinha. Eu sempre quero mais e mais. — Ele brinca com meu
mamilo sensível. É bom.
Abro as minhas pernas, como ele queria. Usando as duas mãos, Alessandro desabotoa todos
os botões de sua camisa. Ficando em minha frente com aquele olhar fervoroso, devora o meu
corpo nu, sentado na cadeira. Eu estou sem calcinha, e isso o deixa louco.
— Sem calcinha, esposa? Serei obrigado a castigar você.
— Com amarras?
— Quer ser amarrada e chicoteada, baby?
Engulo em seco e fico com a garganta seca. Talvez eu queira muito.
— E se eu falasse que sim? — Ergo uma sobrancelha, atrevida.
Ele sorri, diabólico e devasso.
— Será um prazer, safada. Mas antes me deixe ter o privilégio de chupar minha mulher nua
e crua, como eu tanto gosto.
O estralar de sua boca na minha intimidade é quente e me arranca gemidos de delírio.
Tenho Alessandro de joelhos em minha frente, erguendo minhas pernas e as apoiando com suas
mãos fortes, enquanto sua boca lambe meu clitóris em movimentos circulares de vai e vem e
suga minha região de prazer. Só posso fechar os olhos e delirar, febril. Gosto também de
observá-lo a cada movimento seu; o que torna o ato mais excitante. Agora entendo por que ele
me olha a todo momento, captando minhas reações. Isso excita mais.
— Oh, querido... Isso... Mais...
Sinto as paredes da minha intimidade se romperem em seguida com um gozo maravilhoso.
Ele me puxa para junto de si e beija meus lábios. Tem o meu gosto nele.
— Esse é o seu sabor, querida. Sinta como você é gostosa. — Dito isso, ele me beija mais
uma vez, e agora com muita volúpia.
Seguro-me em sua cintura e sou sentada sobre a parte livre da mesa de madeira. Beijando-
me, Alessandro se livra da sua calça e da boxer, ficando nu. Eu seguro em seu pau e o massageio
entre minhas mãos, deixando-o maluco.
— Está brincando com fogo e agora vai se queimar. — Em um rasgo, ele invade minha
boceta.
Eu envolvo as mãos em seu pescoço e ele afunda a cabeça em meus seios. Neste momento,
percebo que precisamos um do outro igualmente. Alessandro é uma droga que me vicia.
Segurando em meus quadris firmemente e deixando as marcas de suas mãos na região, ele
decide me marcar ainda mais no pescoço. Hoje mais cedo vi o quão marcada eu estava. Será
difícil cobrir com maquiagem, terei que vestir roupas de gola fechada.
Meu marido me fode rápido e duro. Com facilidade, seu pênis desliza na minha boceta
lambuzada.
— Você é somente minha, Olívia, e será por toda a nossa vida. Eu não vou te largar nunca
mais, mulher. Minha gostosa sexy.
Segurando-me em seus braços e sem tirar o pau de mim, ele se senta na cadeira de madeira.
Continuo encaixada nele. Ele quer que eu me movimente subindo e descendo.
— Cavalgue no seu homem, safada.
— Oohhh! — alucinada, recebendo suas estocadas rígidas, grito como uma puta.
Em uma explosão violenta, gozo no seu membro, cavalgando como uma amazona.
Segurando-me na cintura, ele continua até chegar ao seu clímax. Os jatos quentes dentro de mim
o fazem grunhir. Deixo que minha cabeça repouse em seu ombro, e o único som ouvido é o de
nossas respirações. Estar em seus braços é aconchegante.
— Vamos para a cama — ele sugere.
— Podemos dormir mais um pouco durante o dia? Estou muito cansada.
— Faremos como você quiser, meu anjo.
Adoro quando ele me chama assim; é um dos apelidos que mais gosto de ouvir. Sorrio,
satisfeita com o nosso sexo e por ele fazer algo que quero.
Capítulo 16

Olívia

Estar na casa de campo da família é como estar em um cenário de época, vivendo uma
fantasia. Eu nunca havia estado em um lugar tão grande e tão bonito como esse. Da janela do
meu quarto, posso ver a imensidão verde da natureza dentro da propriedade murada,
devidamente segura e protegida. Por ela ser mais afastada da cidade, há muitos seguranças para a
proteção da família.
Chegamos nessa manhã, quando apenas meus sogros estavam na casa. A viagem de quase
uma hora foi cansativa devido a meu esposo insaciável e eu termos ficado por quatro dias
naquele quarto, a todo instante transando. Foram quatro dias intensos e inesquecíveis, nos quais
também pude ver uma mudança na sua maneira de se comportar comigo. Em todos aqueles
momentos era como se ele buscasse muito além do sexo. Foi tão romântico quando ele quis saber
as coisas que eu mais gosto, como comida favorita e cor favorita. Obviamente, todos sabem que
é roxo, pela cor do meu cabelo.
Pensei em descansar no quarto por meia hora, pois seria mais ou menos o tempo até que a
nonna chegasse. À noite teremos um jantar com a família e amigos mais próximos. Também
estou na expectativa com a chegada da minha família. Sinto saudade dos meus pais e das minhas
irmãs. Fiquei bastante triste quando Carmia avisou que não poderia vir.
Descansei mais do que deveria, porém recuperei minhas energias e minhas forças. Já está
próximo do horário do almoço e o dia está frio, com bastante névoa. Ouço relinchos de cavalos.
Alessandro falou mais cedo que daria uma volta pela propriedade com o seu pai e me convidou
para ir junto, mas eu recusei, por estar cansada.
Corro para a varanda como a Julieta que espera o seu Romeo chegar em seu cavalo branco.
Observo a cena com atenção. Uma mulher loira, com corpo de modelo, alta, magra e bonita,
desce do seu cavalo com a ajuda do meu marido. As roupas dela estão tão coladas, que marcam
até a sua alma, e ela usa botas até os joelhos e os cabelos presos em um rabo de cavalo. Ouço as
risadas deles. Alessandro volta para o seu cavalo negro, o Tempestade, como ele se chama. Ela
lhe diz alguma coisa, com a palma da mão em sua coxa. E ele permite? Que atrevidos. Quem é
essa mulher? E por que aquele filho da puta não tira a mão dela de sua coxa?
A cena não levou mais que cinco segundos e ele retirou a mão dela, mas, em minha cabeça,
durou uma eternidade.
— Filho da mãe! — resmungo.

Aquela mulher era uma de suas primas gêmeas. Digo isso porque acabei de conhecer uma
delas, Charllota, que veio até mim cheia de sorrisos e abraços. Não sei dizer se era ela que estava
com o meu marido, que, desde o horário do almoço, não retornou para casa. Minha sogra me
avisou que ele está com o pai.
Olho em volta e não vejo a outra prima. Será que eles estão juntos?
— É um prazer conhecer a esposa do meu primo. Você é muito bonita.
— Obrigada. A senhorita também é muito bonita.
— Por favor, me chame de Charllota. Sou como uma filha para a tia Giorgia e o tio
Edoardo, então sou como sua cunhada. Tenho o Alessandro como o meu irmão. Inclusive,
pretendo falar com você e ele para serem padrinhos do meu casamento.
Giorgia abre um sorriso, contente com a ideia, e eu sorrio gentilmente.
— Será um grande prazer para nós. Tenho certeza de que Alessandro aceitará.
— Com certeza, Olívia. — Minha sogra sorri. — Preciso ver como está a preparação das
entradas. Com licença, meninas.
A nonna está sentada em uma poltrona, olhando-me com muita atenção. Ela não gosta de
mim, sendo que nunca lhe fiz nada. Não compreendo por que tanta rejeição de sua parte. Eu
desci com o meu presente para ela porque quero lhe entregar pessoalmente. Eu mesma escolhi
lindos brincos de ouro branco. Suas joias favoritas são essas. Eu observei bem o que cada pessoa
da família gosta.
— Veja só, Alessandro chegou com o tio Edoardo. — Charllota abraça seu tio, que a beija
na testa. Ela e meu marido se cumprimentam com beijos nas bochechas. Eles não parecem
íntimos com ousadia, então suponho que era a outra gêmea a mulher de mais cedo. — Sua
esposa é linda. Acabamos de nos conhecer.
Alessandro caminha em minha direção, com aquele olhar sedutor e faminto. Minha
respiração se torna deliciosamente pesada. De um jeito bom, ele me devora sem pudor na frente
de sua família. Fico sem jeito. O meu marido segura em meu rosto, acariciando-o. Meu cabelo
está solto e ondulado. Eu uso um vestido longo, que marca bem a cintura e o decote, e um colar
simples no pescoço. Fecho os olhos brevemente ao sentir o calor de seus lábios nos meus. Um
selinho apaixonante.
— Você está linda, como sempre, querida.
Sorrio, abobalhada.
— Hum... Vejam só que homem apaixonado, família linda. — Charllota bate palmas,
empolgada, deixando-me ainda mais sem jeito.
Olho para o lado e vejo a outra gêmea. Diferentemente da irmã, ela não gosta de cores. Seu
vestido preto e o batom, também preto, reluzem toda a sua viuvez. As roupas que ela usava mais
cedo também eram dessa cor. Alessandro me disse que faz poucos meses que o marido dela
faleceu. A mulher não poupa abraços em minha sogra, em meu sogro, na nonna e, agora, no meu
esposo. Ela só parece ser falsa ou realmente é?
— Você está lindo, querido Alessandro. — Beija a bochecha dele, sedutora.
Ninguém mais além de mim está vendo isso? Chega a ser um absurdo.
— Conheça a minha bela esposa. — Meu marido me puxa pela cintura como se estivesse
me exibindo. Gostei de sua atitude. — Olívia Lombardi.
Ela me olha de cima a baixo, julgando-me. Posso estar enganada — eu raramente me
engano —, mas há algo nela que não me deixa à vontade. A mulher vem com um sorriso largo
falso, como se fôssemos íntimas e, ao mesmo tempo, rivais. Ao contrário de sua irmã, ela não
tem uma simpatia natural, é algo forçado.
— Sua esposa é bastante... — Ela se cala devido ao olhar de reprovação de Alessandro. O
que ela pretendia falar? — Bastante...
— Ludovica, querida, como você está magnífica — a voz de Ginevra atrás de nós me dá a
impressão de que ela quer me atacar. — Uma mulher tão graciosa e perfeita aos olhos humanos,
viúva. É um pecado que esteja sozinha e sem marido, querida. Todos os homens devem ser
loucos por você.
Ludovica é muito bonita sim. Ela e Charllota são gêmeas idênticas, o que muda é o
carisma, que uma tem e a outra não. O ar de soberba também. As partes negativas ficaram apenas
para Ludovica.
— Querida nonna, a senhora está formidável. — Ela abraça Ginevra, que a acolhe como se
fosse uma celebridade.
— Ludovica está muito bonita, não é, meu neto? Alguns homens tendem a se casar com as
feias e deixar que as mulheres bonitas fiquem sozinhas. — Ela espera uma resposta. De alguma
maneira, está insinuando que Ludovica é bonita, enquanto eu não passo de uma mulher sem
graça.
— No meu caso, tive bastante sorte: me casei com a mulher mais bonita da Itália. —
Alessandro beija a minha bochecha. — Volto já, querida.
Neste momento, as duas mulheres ficam extremamente insatisfeitas com a resposta do meu
marido, que não confirmou que Ludovica é linda. Isso todos já sabemos. Eu me senti vitoriosa
por ele ter me elogiado em vez de elogiar a prima, como sua avó queria.
— Nonna, comprei esse presente para a senhora. Espero que goste, pois escolhi com muito
carinho. — Entrego-lhe a sacolinha pequena que eu tenho em minhas mãos, da marca da loja
onde comprei os brincos.
— Obrigada. — Ela não diz mais nada e nem sequer sorri. — Venha comigo, querida —
chama Ludovica.
— Claro, nonna. — As duas se afastam.
É um alento tê-las distantes ao menos por agora. Respiro fundo. Não gostei nada do
comportamento delas. Se Ginevra não me aceita como esposa do seu neto por motivos fúteis,
tudo bem, mas dessa prima se jogando em cima do meu marido, como se ele estivesse
disponível, não gostei. Quando procuro por Alessandro e a vejo agarrada ao pescoço dele, sinto
tanto ódio, que penso em arrancar os cabelos da vadia e a jogar na rua. Mas não é preciso, porque
ele próprio a afasta, lançando a ela um olhar de reprovação à sua atitude. Pergunto-me se eles já
tiveram algum caso no passado, antes da loira se casar.
Algumas pessoas acabaram de chegar: amigos íntimos dos meus sogros. Mudo minha
expressão de chateação quando vejo os meus pais e praticamente corro para os abraçar. Meu pai
é o primeiro a receber meu abraço. Eles parecem tão diferentes, com as bochechas mais coradas
em uma cor viva. Como é bom abraçá-lo.
— Princesa, sentimos muito a sua falta. Sua mãe chora quase todos os dias, e eu também
sinto muita saudade de tê-la em casa conosco.
— Também sinto saudade, papai.
Minha mãe usa um vestido longo deslumbrante. Ela teve três filhas, mas o seu corpinho é
de top model da Victoria’s Secret.
— Minha filha querida, como está?
— Melhor agora, que estou vendo vocês. — Abraço mamãe com muito amor. Apesar das
desavenças, ela é minha mãe e eu a amo.
— Eu estava conversando com sua mãe. Se tudo der certo, vamos raptar você. Só assim
passará mais tempo conosco — papai brinca, fazendo-me rir.
Neste momento, a voz do meu marido me causa arrepios:
— Olívia nunca sairá do meu lado, senhor Russo, nem de brincadeira.
Papai o cumprimenta com um aperto de mãos.
— Como vai, senhor Lombardi?
— Bem. E o senhor e sua esposa?
— Muito bem — ele responde e mamãe assente gentilmente.
— Vamos tomar um whisky?
— Claro.
Os dois se retiram e minha mãe me olha, empolgada.
— Graças a Deus, vocês consumaram esse casamento.
Assusto-me. Como ela sabe? Andreia! Vou matá-la. Eu lhe enviei uma mensagem para
saber se era comum desconfortos após transar muito, e ela, como uma boa fofoqueira, correu e
contou tudo para a nossa mãe.
— Andreia?
— Claro que não. Eu sei apenas pela maneira como ele te olhou. — Ela não revelaria a sua
fonte. — Diga que é verdade, filha.
— Está bem, mamãe, é verdade. Agora, não faça nenhum show nem diga nada. Vem,
vamos falar com minha sogra e a nonna.
Ela cumprimenta todos. Está tão orgulhosa por mim, que não consegue disfarçar. Se perder
a virgindade fosse algo merecedor de uma medalha ou um prêmio, ela daria para mim.
Em um momento à mesa, mamãe me diz, já que se sentou ao meu lado:
— Você o terá para sempre agora. Nada poderá acabar com esse casamento.
Forço um sorriso. O assunto na mesa é outro. Ao todo, são 20 convidados. Papai se orgulha
ao falar do seu vinhedo no país, a nonna só dá atenção para Ludovica, Dante e Charllota dão
boas risadas e minha sogra está intrigada com alguma coisa em mim, mas não diz nada, por estar
do outro lado.
— Quando der um herdeiro a ele irá deixá-lo ainda mais louco — minha mãe diz quando vê
o meu esposo acariciar minha mão.
— Pare com isso, mamãe — repreendo-a.
Bebo um gole do vinho. Adoro vinho.
— Sinto muito pela sua perda, senhora Ludovica. — Meu pai acabou de ouvir a história da
triste morte do marido dela.
Ele morreu em um ataque inimigo à máfia, em um galpão com poucos homens no local,
deixando Ludovica viúva e sem filhos para dar continuidade ao legado dele. Ele era um mafioso
pouco poderoso, mas tinha algum domínio no Norte.
— Senhor Leonardo, foi difícil, no entanto, os dias são o meu alento. Ele era tudo para
mim.
— Falaremos de outro assunto, pessoal. A nonna completa 80 anos hoje, vamos
comemorar. — Charllota quer brindar.
Dante, assim como eu, sente-se de lado. Sua avó não gosta dele, e isso não é segredo para
ninguém. Por ele ser adotado, ela não aceita que seu filho tenha designado uma nova máfia para
ele, a qual assumiu há algum tempo, tornando-se chefe agora do seu próprio legado. Meus sogros
o amam e não o deixariam desamparado nunca. Alessandro me disse que a organização dele se
concentra mais em Nápoles, por isso ele sempre está lá e cá.
Após o jantar, todos vamos para a sala, onde toca música, uma apresentação ao vivo nos
violinos. Meus sogros dançam uma valsa romântica, apaixonados. Depois os meus pais vão
também e Dante leva Charllota. Observo todos. A vida se torna mais leve com a dança.
— Ele nunca vai lhe proporcionar nada do que você deseja.
— Como? — Encaro a loira, que está de braços cruzados.
— Você entendeu o que eu quis dizer, querida. Seu marido é incapaz de te fazer feliz. Veja
só os meus tios, eles se amam. — Isso é verdade, há muito amor neles. — Até seus pais dançam,
já meu querido Alessandro não é um homem que conduz uma mulher para dançar.
“Meu querido Alessandro?”
Víbora!
Respiro fundo, um pouco enciumada, confesso.
— Isso é problema nosso.
— Não seja azeda, apenas estou te alertando para não criar falsas esperanças. Você é
jovem, enquanto o seu marido é muito experiente e vivido. Jamais viverá um conto de fadas.
Aviso apenas para que não quebre a cara.
— Vamos dançar, querida? — Alessandro segura em minha mão, disposto a me levar para
dançar a música romântica.
Ludovica parece incrédula com a atitude dele, assim como Ginevra, que observa tudo de
longe. Sorrio ao aceitar o convite. Meu marido me leva para o meio da sala, onde passa a dançar
agarradinho comigo a música lenta do Ed Sheeran, “Perfect”, tocada apenas pelos violinos. É
uma canção lenta capaz de acalmar a alma.
Tudo que Ludovica me disse me deixou intrigada. Será que ela nutre sentimentos pelo meu
esposo?
— Não consigo ficar um segundo longe de você, esposa. O que fez comigo? Me lançou um
feitiço?
Sorrio. Ele está me falando que não consegue ficar longe de mim.
— Eu não fiz nada. Nem sei fazer feitiço, e também não coei chá para você na minha
calcinha.
— Você me deu o chá da própria boceta; o que foi melhor.
— Pare de falar essas safadezas. — Certifico-me de que ninguém mais ouviu.
— O que eu posso fazer se minha esposa é linda, atraente e muito gostosa? Meu pau está
muito duro agora.
— E eu estou sem calcinha.
— Vamos para o escritório. Vejo que gosta de ser castigada, safada.
Pensei que ele estivesse brincando e que dançaríamos mais, no entanto, ele me leva até o
escritório, onde nossa festinha particular começará. O dia de hoje já valeu por ele ter se
esforçado para dançar comigo.
Capítulo 17

Olívia

Alessandro tem urgência em me beijar e suas mãos grandes lutam contra o tecido do meu
vestido. Ele começou a me beijar no corredor, quando mal tínhamos nos afastado da sala em que
havia 20 pessoas tomando vinho e conversando sobre assuntos que não me interessavam.
Correspondo ao beijo com muita volúpia. Meu corpo inteiro está pegando fogo e cada
partícula da minha pele anseia pelo seu toque, mas há algo que preciso saber antes de me
entregar.
— Precisamos conversar... — murmuro entre o beijo.
Levo minhas mãos abertas ao seu peito e tento empurrá-lo, desvencilhar-me dele, contudo,
o bruto me segura com mais força, impedindo que eu me afaste.
— Agora não, princesinha. Só depois que eu foder sua boceta gostosa.
— Alessandro...
Suas palavras quentes aumentaram mais o meu tesão. Tento manter a compostura, deixando
que minha irritação seja mais forte que o meu desejo. Percebendo a mudança de expressão em
meu rosto, ele beija o meu queixo, um tanto chateado por eu ter interrompido o nosso momento
delicioso.
— O que deseja me perguntar, querida esposa?
— Acredito que você já saiba, meu marido. — Gosto de chamá-lo de “meu marido”.
— Todo seu, minha bela esposa. — Busca a minha língua em um beijo lento e cheio de
posse.
É incrível como me entrego facilmente nos braços quentes do meu homem. Afasto-o com
delicadeza, desvencilhando-me do seu beijo, e caminho até o outro lado da mesa. Espero que ele
possa ter compreendido o que vi mais cedo. Se realmente ele teve algum vínculo amoroso com
sua prima, deve me falar.
— Ludovica? — Assinto, apoiando minhas mãos na mesa de madeira e esperando uma
resposta sincera. — O que quer saber?
— Tudo. Não me esconda nada.
— Olívia, vamos deixar o passado no passado — pede gentilmente.
— E se fosse ao contrário, Alessandro? Você não gostaria de saber?
— Tudo bem. Se você precisa saber, eu falo. — Folga mais sua gravata. — Ludovica e eu
tivemos um caso no passado. — Eu sabia! Bingo! A intuição de uma mulher nunca erra. — Um
caso proibido. Éramos jovens, insensatos e nos deixamos levar por uma noite de bebedeira.
Quando Dante e Charllota foram dormir, nós dois... Você sabe — Ele parece estar preocupado
com minha reação.
— Pode falar que transaram. Não foi isso que vocês fizeram? — Estou surpresa, eles são
primos.
— Somos primos. Na época, quando o meu pai descobriu, me fez jurar que não tocaria
mais nela. Você sabe como são as leis ancestrais da máfia.
— Eu sei. Vocês, homens, podem tudo, enquanto nós, mulheres, não podemos nada. — É
um fato.
— Quando decidimos encerrar esse caso, ficamos muito tempo sem nos vermos. Os anos se
passaram e ela se casou.
— E agora você está casado também, comigo. — Sinto-me péssima. — Você a amava?
— Eu nunca disse que amei, porque nunca amei, Olívia. Para mim era apenas sexo, e para
Ludovica também — assegura-me.
Ele está totalmente errado: para ela foi mais que sexo.
— Eu vi a maneira como ela te olhava. Também sei que vocês foram cavalgar nessa
manhã. — Ele parece surpreso. — Eu não saí perguntando a ninguém, vi da sacada do nosso
quarto. Vi a maneira como ela tocava em você.
— Então, deve ter visto também que eu a afastei.
— Seja sincero comigo: se eu sou algum empecilho para que vocês dois fiquem juntos, por
favor, eu imploro que me diga. — Meu coração chega a doer só de eu pensar que posso ser o que
os impede de ficar juntos.
Agora faz sentido ele ter dito tantas vezes que me rejeitaria quando eu desse à luz um filho
homem. Era para ficar com ela?
— O quê?
— Se eu sou o que impede vocês de ficarem juntos, imploro que me diga. Podemos nos
separar. Basta ir até o conselho e falar que não me quer mais. Como estamos casados apenas no
civil, você pode...
Alessandro, como em um passe de mágica, está ao meu lado. Não busco seus olhos,
tentando disfarçar o quanto essa nossa conversa me magoa. Preparo-me para o ouvir falar que
sou um empecilho na vida dele. Agora sim eu serei rejeitada. Será doloroso — já está sendo —,
mas preciso aceitar o fato de que ele não me ama e nunca irá me amar.
— Olívia... — Ele faz eu me virar.
Meu olhar está fixo no chão, agora em seus pés, e minha expressão é de choro, eu sei, mas
por mais que doa, não derramarei uma lágrima. Não sei o que estou sentindo. Eu o odeio tanto, e
agora estou com medo de perdê-lo?
— Olhe para mim, meu anjo. — Com delicadeza, sua mão toca em meu queixo, erguendo-
o. Seus olhos negros estão fixos nos meus e há uma enorme tempestade turbulenta neles. —
Você é minha esposa. Por motivo nenhum neste mundo, eu me divorciaria de você. Entende
isso?
— Mas não somos casados na igreja. Nada impediria você de...
— Ainda não somos casados na igreja. Quando nos casamos, havia uma grande chance de
você estar grávida. Não tínhamos tempo de preparar uma festa grandiosa e uma cerimônia digna
de nossa união no religioso, por isso apressei o casamento no civil.
— Acontece que eu não estou grávida.
— Por enquanto. Mas estamos trabalhando muito para que isso aconteça, não é mesmo? —
Ele sorri, safado.
É raro ver um sorriso em seu rosto, tanto que eu fico boba ao presenciá-lo.
— Mas se você a ama...
— Se eu a amasse, teria me casado com ela, pimentinha. Ludovica já estava viúva bem
antes do nosso acordo de casamento ser firmado.
— Então, por que não se casaram?
— Porque ela não era a mulher com quem eu queria passar todos os meus dias — ele fala,
decidido. — Se pensa que viu alguma coisa, não se atormente com isso, pequena. Seja lá o que
tenha visto, saiba que de minha parte só desejo uma única mulher, e essa mulher é você, minha
menina veneno — sua voz sai quase que afetuosa.
Por um instante, perco a noção de tudo, respiro fundo e me sinto anestesiada, como se
tivesse chegado a um orgasmo tão intenso a ponto de esquecer meu próprio nome.
— Essa mulher sou eu? — pergunto só para confirmar que não inventei isso na minha
cabeça doidinha.
— Para eu ser sincero, querida, nunca quis tanto uma mulher como quero você. Chego a ser
obsessivo a ponto de não querer que ninguém mais além de mim aprecie sua beleza.
— Certamente, deve ter sido por isso que você me desprezou tanto — zombo.
— Não zombe de minha sinceridade. Eu não a desprezei. Lembre-se de que você sempre
me afastava, com sua arrogância e atrevimento. Não sabe como era difícil dormir no mesmo teto
que você e não poder tocá-la. Eu não queria ser violento, e jamais seria.
Solto o ar com força. A verdade é que eu nunca tinha desejado tanto um homem como o
desejo. E até mais que minha liberdade. Esse desejo chega a me sufocar.
— Alessandro, você é o tipo de homem mais perigoso que existe — professo, irritada.
— Sou?
— Sim. Porque é um pervertido, safado, capaz de iludir todas as mulheres à sua volta.
Então, você as seduz, faz com que todas se apaixonem perdidamente por você e depois vai
embora. Por que tem que ser assim? — Soco o seu ombro, furiosa.
— Calma, anjo. Por que voltou a ficar tão brava? Por acaso, está dizendo que se apaixonou
por mim? Está com medo de que eu a abandone?
— Não seja ridículo. Eu apaixonada por você? Só porque você faz sexo gostoso, não quer
dizer que eu esteja apaixonada. Nunca vou me apaixonar por você. Nunca.
Quase gemo quando suas mãos descem até as curvas da minha cintura. Ele sabe como me
deixar vulnerável.
— Isso é uma promessa? Nunca se apaixonar? — Dou de ombros. — Porque eu nunca vou
poder prometer nada assim a você, não. Gosto do cheiro da sua pele e estou viciado em beijar
essa boquinha redondinha. Estou completamente viciado em tê-la nua em meus braços. Será
difícil não me apaixonar.
— Homens como você nunca se apaixonam.
— Sempre há uma exceção. Mas se estar apaixonado não envolve nenhuma dessas coisas
que citei, então, não estou apaixonado.
Surpreendo-me com sua resposta. É meio difícil pensar que ele pode estar apaixonado por
mim. Contudo, se ele estivesse mentindo, não estaria me olhando com toda essa paixão descrita
em seus olhos.
— Você é minha perdição, Olívia Lombardi. — Essa foi a segunda vez que ele ligou seu
sobrenome ao meu nome. — Por favor, prometa que nunca mais vai se negar a mim. O que eu
mais quero neste momento é levantar seu vestido, e ai de ti se estiver mesmo sem calcinha.
— Eu não estou usando calcinha, marcaria muito no vestido...
Seu peito sobe e desce. Tenho medo quando ele me olha assim, com tanta devoção. Chega
a me colocar em um pedestal além do que sou. Ao me virar de costas sem nenhuma delicadeza,
meu esposo debruça o meu corpo sobre a mesa de madeira e sobe o meu vestido lentamente pela
minha bunda. Quando percebe que estou sem calcinha, dá dois tapas, um de cada lado das
minhas nádegas. Ardeu mais que a morte. Filho da puta! Quero revidar. Tento me levantar, mas,
com sua mão, ele força a minha cabeça na mesa, enquanto com a outra massageia minha boceta.
Oh, céus! Isso é tão bom.
— Porra, Olívia... Como não quer me deixar louco, se está pingando pelo seu marido?
Diga-me o que eu devo fazer com você, pimentinha.
— Alessandro... — gemo seu nome quando ele passa a massagear meu clitóris, puxando
meu cabelo. Firmo minhas mãos na mesa. A sensação é deliciosa.
— Vou te comer sem nenhuma delicadeza, para que aprenda a não sair de casa sem
calcinha mais.
— Por favor, eu imploro...
Apressado, ele abre o zíper de sua calça e leva seus dedos à minha boca para que eu os
molhe. Seu pau está duro. Olho para trás e o vejo passar o cuspe na cabeça dele. Sem nenhum
aviso prévio, Alessandro se afunda em minha boceta molhada. Eu solto um gemido alto e ele
logo tapa a minha boca com sua mão.
— Você me pertence, Olívia Lombardi. Minha esposa, minha princesinha, minha menina
veneno, minha pimentinha, minha gostosa, minha rainha. Entenda de uma vez por todas que
nunca voltará para a casa do seu pai, porque eu me recuso a me separar de você. Sabe quando se
verá livre de mim? No dia de minha morte. O que não acontecerá tão cedo. — Esse homem é
louco, com traços de psicopata, mas é por ele que meu coração bate aceleradamente. — Nunca
irá se esquecer disso: é minha até nos momentos em que eu não estou dentro de você, picolla.
Agora diga: quem é o seu dono? — Ele não tapa mais a minha boca.
Ele é um demente, devasso. Suas estocadas são duras e me fazem ir a outro mundo e voltar.
Eu não compreendia o quão gostoso seria estar sendo possuída por esse homem. Sempre que eu
ouvia as mulheres falarem sobre sexo, elas falavam com tédio, e muitas só gozavam quando se
tocavam. Era como se o sexo fosse algo sem graça para elas, algo mais como uma obrigação. No
entanto, desde a minha primeira vez com Alessandro, ele me faz flutuar nas nuvens.
— Olívia! — ele me repreende, metendo com mais força.
— Você é meu dono, Alessandro — choramingo, sentindo que estou prestes a explodir em
um orgasmo intenso.
Ele enfia uma de suas mãos por baixo do vestido, buscando o bico do meu peito, o qual
aperta usando o indicador. Isso torna o meu orgasmo mais profundo e o meu corpo inteiro vibra.
— Gostosa! — Ele beija o meu pescoço, afundando-me mais o seu pau até gozar, urrando
como um louco.
Alessandro fica dentro de mim por mais de dois minutos, abraçando o meu corpo. Nosso
sexo é sempre tão delicioso, quente e inovador. Ele sempre me surpreende.
— Você está bem, anjo? — Toda vez ele pergunta como estou. Tão fofo.
— Estou bem. E você?
— Eu te comi como um louco e você me pergunta como estou? Vou lhe dizer como estou.
Sua boceta é tão viciante, que, mesmo depois de eu ter gozado, meu pau continua duro, mas,
infelizmente, não podemos demorar, devemos retornar ao jantar. Porém, fique sabendo que assim
que todos forem embora, imediatamente, vamos subir e continuar o que começamos aqui.
— Por mim tudo bem.
Eu abaixo o meu vestido e ele sobe sua calça. Esperamos mais alguns minutos até que seu
pau abaixe, já que está marcando muito na roupa.
— Espero que não tenha ficado nenhuma dúvida nessa sua cabecinha sobre qual é a mulher
com quem desejo passar o resto dos meus dias. — Segurando em minha mão, ele beija a minha
testa suavemente. Em seguida, retornamos para o jantar.

— Mamãe, tem certeza de que não querem dormir aqui? Já está tarde. Não é perigoso
voltarem a esta hora? — Abraço minha mãe na hora de me despedir dela. Ela e papai serão os
primeiros a irem embora.
Nenhuma de minhas irmãs pôde vir. O que me deixou um tanto chateada.
— Trouxemos muitos seguranças, princesa. Não se preocupe. — Papai beija a minha testa
delicadamente. — Fará uma visita à sua família assim que retornar para a cidade?
— Claro. Podemos jogar golfe juntos, como nos velhos tempo — sugiro.
Minha mãe me abraça mais uma vez e meu pai conversa algo com meu marido.
— Princesa, tenha muito cuidado. Não irrite seu marido. Lembre-se de que ele matou sua
noiva no passado.
— Vocês deveriam ter se preocupado com isso antes de me casarem com ele — jogo a
responsabilidade toda para eles. — Não se preocupe, Alessandro não me fará mal algum. Beijos.
Esse é um dos mistérios que preciso descobrir: por que Alessandro matou sua noiva?
Capítulo 18

Olívia

Pela manhã, após o café da manhã, meu marido me convidou para cavalgar pela
propriedade. Eu lhe disse que não sabia nem sequer montar a cavalo, porém ele falou que nós
poderíamos ir no dele. Aceitei, pois não queria passar o dia inteiro dentro de casa, sem ter nada
para fazer ou, pior, encontrar Ludovica e Ginevra, que não gostam de mim.
O campo, definitivamente, é um lugar lindo e calmo, que transborda tranquilidade. Gosto
de estar na presença do verde. Mesmo estando frio, estou protegida com casaco e botas. Montar a
cavalo não é difícil. Primeiro meu marido subiu, e havia um banquinho para eu subir e, então,
tocar o pé na pedaleira. Um empregado estava próximo para o caso de eu ter dificuldade.
Alessandro segurou em minhas mãos e, assim, eu consegui. Foi engraçado. Comemorei como se
tivesse vencido uma maratona.
Estou montada a cavalo. Meu marido segura as rédeas e me protege com seus braços
protetores para que eu não caia.
— Alessandro, estou começando a ficar tonta de tanto andar nesse cavalo. Pula muito.
Ele ri de mim e paramos debaixo da sombra de uma árvore grande. Posso ver que ela tem
muitos anos, pelo seu tamanho. Alessandro desce primeiro e amarra o cavalo no tronco. Depois
me segura pela cintura, ajudando-me a descer. É como se eu fosse leve como uma pluma. Para
quem deve pesar mais de 100 quilos, com muita massa magra e em forma, ignora meus mais de
80 quilos.
— Ainda bem que trouxemos água. — Pego a garrafinha da minha mochila. Estamos longe
da mansão. Eu bebo a água e lhe ofereço o que sobrou, mas ele nega. — Eu trouxe uma porção
de frutas. Quer?
— Não, obrigado. — Guardo tudo de volta na mochila, sento-me na grama e me deito, um
pouco cansada. Ele fica me olhando, de pé. Está me julgando, eu sei. — Não me diga que vai
ficar em pé em vez de se deitar nessa grama macia.
Alessandro acaba se sentando em um primeiro momento. Ele usa botas, uma calça de
montaria, que marca seu bumbum definido — é uma tentação — e camisa de gola polo. Não usa
casaco, diferentemente de mim. Ele sempre está quente e quase nunca sente calor.
— Vem. Deita aqui ao meu lado, como Bella e Edward em “Crepúsculo”. Só que, diferente
do Edward, você não vai brilhar na luz do sol.
Sua expressão é de quem está mais perdido do que uma agulha no meio da imensidão do
deserto.
— Quem é Bella e quem é esse Edward?
— Nunca assistiu a “Crepúsculo”? É um fenômeno mundial. Ele é um vampiro e ela é uma
humana. Os dois se apaixonam. É muito lindo.
— Um vampiro com uma humana? Esse filme deve ser patético.
— Assista primeiro, para depois julgar.
— Nunca que vou assistir a um filme bobo como esse.
— Você é muito chato, sabia? Não pode se esquecer por um segundo que é um chefe de
máfia e fazer as vontades de sua esposa?
Ele se deita ao meu lado e me encara com aqueles lindos olhos negros tempestuosos. Tudo
nele é uma tempestade com raios e trovões.
— O que eu não faço por você, pimentinha?
— Assistiria ao filme comigo?
Ele suspira, cansado, entregando-se às minhas vontades.
— Assisto.
Comemoro, batendo palmas divertidamente. Olho para o céu com algumas nuvens. Parece
que choverá a qualquer momento.
— É melhor não demorarmos, pequena, vai chover logo.
— Só mais cinco minutos — peço. — É tão bom estar em contato com a natureza. Meus
pais tinham uma casa de campo. Antes de eles venderem, costumávamos ir muito lá. Eu gostava
de alimentar os patos na lagoa.
Quando percebo, Alessandro está com o olhar vidrado no meu, encarando-me com
entusiasmo. Está prestando mesmo atenção em mim. Desço meus olhos até o encontro de nossas
mãos. No momento em que ele buscou minha mão, meu coração ficou acelerado. Gosto dessa
sensação de pertencer a ele.
— Você sempre consegue me desdobrar e, assim, acabo fazendo tudo que quer. Diga-me:
que feitiço me lançou, fadinha?
— Não seria bruxa?
— Sua beleza e ações são de uma fada, não de uma bruxa. — Suavemente, seus lábios
beijam a minha mão.
Sorrio.
Ele tem razão, choverá logo. Retornamos para a propriedade cavalgando depressa. Dessa
vez preferi montar atrás dele, agarrada na sua cintura e apoiando a cabeça em suas costas.
— Por que o seu cavalo se chama Tempestade?
— É uma longa história — ele diz, pensando que eu não teria interesse.
— Eu gostaria de ouvir. — Penduro o meu casaco na entrada.
— Uma vez eu estava caçando na mata com o meu pai, meu irmão e alguns soldados. Eu
decidi me afastar de todos, em busca de algum animal antes deles. Foi quando o cavalo em que
eu estava se assustou com alguma coisa e saiu a todo galope comigo em cima. Tentei pará-lo,
mas foi em vão. Isso resultou em uma queda na qual desloquei meu osso da perna. Começou a
chover naquela noite, uma tempestade aterrorizante, e eles levaram horas para me encontrar.
Confesso que tive medo de que algum raio me atingisse. Eles me encontraram devido ao cavalo
negro, que ainda não tinha nome algum. Um soldado foi derrubado quando o animal disparou a
correr, e meu irmão foi atrás dele para o recuperar. Tempestade chegou até mim e eu fui
socorrido graças a ele.
— Uau! — Isso sim é uma história interessante. — Tempestade é um bom nome, e ele é
um bom cavalo.
Sorrimos um para o outro e encontramos sentados no sofá a nonna e Ludovica
conversando. Elas param quando nos veem.
— Posso saber onde estavam, meu neto?
— Levei minha esposa para dar um passeio pela casa de campo e aproveitei para mostrar
meus lugares favoritos a ela.
O lago é lindo e grande. Também gostei de ver a plantação de uvas que eles cultivam para
os vinhos. A mansão é linda e a propriedade é rica.
— Você gostou do passeio, Olívia? — Ludovica me mostra um sorriso amigável, bem
diferente de ontem à noite.
Sei que é ela pelo batom preto que usa nos lábios dizendo “eu sou uma pobre viúva de
luto”. Aposto que ela não sofre tanto quanto aparenta. A viúva-negra usa sempre roupas pretas.
— A fazenda é muito bonita. — Forço um sorriso. — Eu vou para o quarto. Você vem?
Alessandro assente e depois me responde.
— Vamos juntos. Com licença.
Estamos prontos para sair, quando a empregada se aproxima com o telefone fixo em mãos.
— Telefone para a senhora. Deseja atender?
— Telefone para mim? — estranho. — Quem é?
Meus pais sempre ligam para o meu celular, e qualquer pessoa que eu conheça.
— É um tal de Sebastian. Ele deseja falar com a senhora.
— Quem é esse Sebastian? — Alessandro pergunta, com a voz séria.
Sebastian ligando? E para um telefone fixo que nunca passei para ele? Ginevra e Ludovica
assistem à cena, empolgadas, talvez pelo meu marido estar um pouco chateado por eu estar
recebendo a ligação de um homem cujo nunca comentei com ele.
— Deseja atender no escritório, Olívia? Se quiser, a nonna e eu podemos nos retirar. Parece
que o assunto entre vocês é algo bastante secreto — a serpente lança todo o seu veneno.
— Vou atender aqui mesmo, não tenho nada para esconder. — Pego o telefone das mãos da
empregada e lhe agradeço. Não sei o que falar. O que Sebastian quer? Como conseguiu esse
número? — Sebastian?
Alessandro continua parado ao meu lado, nada contente com essa situação.
— Olívia, sou eu, Sebastian. Fizemos toda a campanha de doações neste ano. Se lembra de
mim?
— Claro que sim, Sebastian. Como estão todos?
— Bem. As crianças sentem sua falta. Você não retornou mais. Pensei que tivesse se
esquecido de todos.
— Eu me casei — falo como se desse uma justificativa.
— Com o empresário Alessandro Lombardi. Fiquei sabendo. Eu consegui seu número com
um amigo. Me desculpe por ligar assim. Eu gostaria de saber se você ainda tem interesse em nos
ajudar na nova campanha. Você sempre foi tão dedicada, que pensei...
— Ficarei muito feliz em doar para a campanha de vocês.
— Falo de participar, não estou pedindo dinheiro.
— Participar?
Alessandro agora cruza os braços.
— Sim. Pode me dar uma resposta até amanhã?
— Claro. Por favor, fale para as crianças que também sinto falta delas. Amanhã entro em
contato com você.
— Você ainda tem meu número? Podemos marcar de nos encontrar nesta semana para
conversarmos mais sobre a campanha.
— Sim, eu ainda tenho o seu número. E podemos marcar sim. Aviso quando estiver
disponível — falo para encerrar de vez essa ligação. Todos me olham como se eu estivesse
fazendo algo errado. — Tenha um excelente dia. Tchau. — Desligo antes que ele possa falar.
Alessandro está louco para me fazer perguntas.
— Uma mulher casada marcando um encontro com outro homem? — a nonna me
repreende com seus julgamentos.
Ela não perde uma oportunidade para me atacar, seja lá com o que for.
— Sebastian é um amigo. Ele é secretário do padre da paróquia que eu frequentava.
Trabalhamos juntos, desde o ano passado, em algumas campanhas de doações da igreja. Ele só
queria saber se eu retornaria às minhas funções, já que, desde que me casei, fui afastada de tudo.
— Acabei falando sem pensar. — Não há nada de mais em eu encontrar um amigo, querida
nonna. — Fui mais ríspida do que desejava.
— Não precisa falar assim com uma senhora. Tudo o que eu quis dizer é que não sabíamos
desse Sebastian até agora. Apenas preocupada com sua segurança, eu quis saber. Seria terrível se
você envolvesse pessoas que não são do nosso mundo em nosso ciclo social.
— Agradeço pela sua preocupação, senhora Ginevra, mas para me proteger, eu tenho o meu
marido.
— Quer dizer que você trabalha com esse Sebastian há quase um ano? Apenas você e ele?
— Agora foi a vez da loira diabólica ser inconveniente.
— Posso ver que nunca esteve à frente de uma campanha de doações, Ludovica. Havia
várias pessoas envolvidas nesse projeto, e eu era uma delas. Eu dedicava praticamente o meu dia
inteiro a essa campanha, até os meus pais... Bem, não importa. Eu vou para o meu quarto. Com
licença. — Devolvo o telefone à empregada.
Subo apressada as escadas. O que há de mais em uma mulher conversar com um homem?
As pessoas conseguem ver maldade em tudo. Não se pode mais ter amigos.
No instante em que passo pela porta, quase a fecho na cara do meu marido. Pensei que ele
ficaria lá embaixo conversando com as duas víboras. Ele fecha a porta. O que eu mais quero
agora é trocar de roupas, já que levamos alguns pingos de chuva e elas ficaram mais apertadas no
corpo.
Alessandro me olha sem dizer uma palavra. Apesar de demonstrar estar chateado, está
calmo.
— Está me olhando assim por quê? Eu não vou me encontrar com o Sebastian, se quer
saber. Falei aquilo somente para ele não me fazer mil perguntas e eu ter que falar que não iria
participar mais das campanhas porque estou casada com um mafioso que me proíbe.
— Eu não proíbo você de fazer nada, Olívia, apenas de tentar fugir de mim.
— Trabalhei por quase um ano nas campanhas. Só me afastei mais porque estava cada vez
mais difícil enganar os meus pais para sair. Eles eram contra eu ajudar as pessoas sem ganhar
nada. Se mamãe soubesse que vendi algumas joias para ajudar os menos desfavorecidos, me
mataria.
— Pode doar quanto dinheiro quiser, e até mesmo participar com moderação, contanto que
esse Sebastian não se atreva a fazer nenhuma gracinha com minha mulher.
Abro um sorriso gigante no rosto. Ele está me permitindo fazer algo que gosto. Chega a ser
maravilhoso. Corro até seus braços e o abraço forte, enchendo o seu rosto de beijos.
— Está falando sério, querido? — Envolvo minhas mãos em seu pescoço.
— Se isso a deixa feliz e a faz correr até meus braços para me encher de beijos, pode ir à
lua se desejar.
— Muito obrigada. Aquelas crianças órfãs são muito importantes para mim. — Beijo seus
lábios suavemente. — Não se preocupe em relação ao Sebastian, ele é quase um sacerdote —
brinco devido a ele ser muito certinho.
— Se ele quiser continuar vivendo, acho bom não lhe faltar com respeito nunca.
— Posso doar o que quiser mesmo? Do seu dinheiro? — Eu estava pensando em vender
umas de minhas joias para conseguir dinheiro.
— Nosso dinheiro, querida. Tudo que é meu, é seu. Se me pedir metade do meu mundo, eu
lhe darei.
— Muito obrigada mesmo. Pensei que você também tinha visto maldade, como a sua avó e
sua prima.
— Confio em você, esposa.
— Também confio em você, por mais que isso seja estranho para mim.
Confio em um homem que matou sua noiva. Isso é muito insano. Se bem que ele já matou
muitas outras pessoas.
— Essa é a base para um casamento funcionar: confiança. — Ele beija a minha testa com
carinho. — Vamos tomar banho juntos?
— Claro.
Alessandro prepara a banheira com sais minerais para podermos relaxar juntos, entre beijos
e carícias. É tudo perfeito. Estar com ele sempre é uma surpresa gostosa.
Capítulo 19

Olívia

Às vezes fico boba e abismada com o quanto meu marido é bonito. Alessandro esbanja
poder, riqueza e domínio em tudo que faz, inclusive o quão majestoso é ao montar no
Tempestade, seu cavalo negro, forte, grande e brilhoso. Gosto de vê-lo cavalgar. É como se o
cavalo fosse seu melhor amigo.
Ele me chamou para darmos outra volta, mas eu disse que ele poderia se divertir primeiro, e
depois eu iria. Felizmente, amanhã retornaremos para casa. O que era para ser um jantar e um
único dia, acabou durando cinco, nas companhias insuportáveis de Ginevra e Ludovica. A viúva
pretende ficar mais alguns dias em Calábria.
Alessandro dá algumas voltas com o cavalo, treinando o animal no hipismo. Ele e o pai
jogam com os primos todo fim de ano, em uma competição eletrizante, segundo a minha sogra,
que também veio assistir aos rapazes.
Há algumas arquibancadas depois da cerca de proteção, onde nos sentamos para os admirar.
O sol hoje decidiu dar as caras, então estou usando um chapéu para evitar me queimar.
— Eles correm divinamente. — Giorgia é uma grande fã dos filhos e do marido. Eles são
sua vida. — Dante tem uma habilidade incrível com tudo que faz. Não que Alessandro também
não tenha, mas o meu Dante é muito mais paciente.
Verdade. Dante trata o animal como se fosse um humano. Ele é muito bom no esporte e seu
cavalo branco o faz parecer um príncipe.
— Como será para a senhora ficar longe dele por tanto tempo? — refiro-me a quando ele,
enfim, for embora e passar longos períodos sem retornar para casa.
— Dante é o meu filho mais carinhoso. Alessandro tem o jeito dele de dizer que me ama,
mas o meu Dante olha nos meus olhos e diz que sou a melhor mãe do mundo, mesmo tendo a
idade que tem.
Rio. Giorgia é uma mulher incrível. Arrependo-me tanto de ter sido mal-educada com ela
tantas vezes e fria.
— Giorgia, eu sinto tanta vergonha, mas, mesmo assim, irei falar. — Ela está intrigada. —
Peço que me perdoe por todas as vezes que fui chata com a senhora.
— Oh, querida... Não precisa pedir perdão, meu anjo. Eu nunca a julguei. Sempre soube o
quão difícil era para você, porque para mim foi a mesma coisa. Meus pais me prometeram a
Edoardo quando eu tinha apenas 15 anos. Eu não queria me casar com um homem mais velho e
também fui rebelde — brinca.
— A senhora, por acaso, pintou seu cabelo de roxo? — brinco também.
— Não. Minha mãe me mataria na época. — Gargalha. — Ela era tão severa, e meu pai
também. Eu não podia recusar o acordo, então fiz da vida de Edoardo um inferno em nossos
primeiros meses de casados.
Minha mãe também quase me matou quando me viu com o cabelo roxo.
— A senhora? Não consigo imaginar. — Uma mulher tão fina já deu dor de cabeça para o
marido.
— Uma vez colei chiclete no cabelo de Edoardo. Ele precisou cortar o cabelo baixinho.
Rimos tanto com isso. Mas, por mais que eu fosse atrevida e irritante, ele não conseguia me
odiar, igual Alessandro é com você. Quanto mais os desafiamos, mais apaixonados eles ficam.
— Alessandro não está apaixonado por mim — falo, sem jeito.
— Abra os olhos, querida, e enxergue aquilo que está diante deles. Meu filho a ama
loucamente. Todos podemos perceber como ele te olha. No café da manhã mesmo, nessa manhã,
você respirava e Alessandro ficava cada vez mais encantado. Também sei que vocês estão muito
ativos, se é que me entende.
Neste momento, morro de vergonha. Queria enterrar minha cabeça em um buraco.
— Sogra... — Não tenho coragem de olhar em seus olhos.
— Perdão, querida, mas não teve como eu não ouvir. Eu estava indo para o meu quarto,
após ter pegado um livro na biblioteca, e não pude deixar de ouvir alguns gemidos. Não quis ser
intrometida, mas precisava ir dormir — ela se diverte ao contar. — Fico muito feliz por vocês
dois estarem, enfim, se entendendo.
— Confesso que Alessandro não é mais aquele monstro que eu temia. — Sorrio,
abobalhada.
— Pelo que pude escutar, logo, logo, eu serei avó. Tudo o que mais quero é mimar meus
netos. — Ela aplaude o salto no cavalo de Dante.
Sorrio timidamente, porém meu sorriso morre quando vejo Ludovica se sentar ao meu lado,
cheia de sorrisos falsos.
— Sobre o que estavam falando? Parecia ser de algo divertido.
— Eu estava comentando com minha nora sobre o meu desejo de me tornar avó. E pelo que
pude perceber nos últimos dias, isso acontecerá o mais breve possível.
Ludovica, a viúva-negra, veste calça e camiseta pretas. Odeio ver esse batom preto em seus
lábios e a máscara preta nos olhos. Ela precisa gritar para todo mundo que está viúva.
A loira não faz suspense algum ao esconder sua insatisfação.
— Filhos são uma benção. Eu não fui abençoada com filhos no meu casamento. — Ela
realmente parece triste ao se lembrar da perda do marido. — Não foi vontade do destino que
ficássemos juntos para sempre eu e meu amado marido.
— Oh, querida, não chore. Tome esse lenço. — Minha sogra lhe dá um lenço.
As lágrimas de crocodilo parecem sinceras. Talvez ela tenha medo do fato de ficar sozinha
para sempre, sem filhos, sem marido, sem poder, sem segurança e até mesmo dinheiro. Parece
que seu pai está com dificuldades financeiras, e quando o seu marido faleceu, ela não teve direito
a nada, por não ter filhos dele. Tudo ficou para o irmão dele.
Fiquei até com uma peninha agora, mas ela não é digna de misericórdia. Ela não é
confiável. Algo me diz para eu não ficar tão perto dessa víbora.
— Obrigada, tia. É tão difícil para mim. — Após secar as lágrimas, ela fica com o lencinho
de seda.
— Vou pegar um copo de água para você. — Minha sogra se retira.
Também quero me levantar e sair, mas a loira logo me mostra o seu veneno.
— Às vezes paro para me perguntar: tantas mulheres bonitas, com um corpo escultural e
mais ricas, com fortunas e poderes imensuráveis, que vêm junto com a união, mas Alessandro
escolheu se casar justamente com a caçula de uma família falida? Por acaso, você tentou dar o
golpe da barriga? Disse que estava grávida? Só pode ter se entregado antes do casamento.
Fico de pé sobre um dos degraus da arquibancada, olhando-a, chateada. Por que ela tem o
prazer de implicar com um assunto que não lhe convém? Se eu me entreguei ou não antes do
casamento não é da sua conta, muito menos se eu estou grávida ou não. O que importa é que
estou casada. Não por minha vontade, mas estou.
— Isso não é da sua conta, Ludovica. Eu não lhe dei liberdade para falar comigo dessa
maneira, não somos amigas. Então, pare de ser intrometida.
— Calma, Olívia, eu só quis entender.
— Passe a entender sua vida, não a minha. Por que você não pergunta para Alessandro por
que ele se casou comigo?
— A mim, você não engana. Há alguma coisa em você que não me agrada, garota. Não vou
permitir que meu primo querido viva com uma esposa tão sem graça somente por obrigação,
porque há um motivo para ele ter se casado com você. Se fosse gravidez, já saberíamos. Você
pode ter algum segredo dele no seu poder, por isso ele se casou com uma mulher tão...
— Tão o quê? Por que não admite que é apaixonada por ele? Porque o meu marido me
contou o que vocês tiveram no passado.
— Então, deve saber que fomos muito próximos. — Sorri, provocando-me.
— Posso garantir que se ele a desejasse, teria se casado com você, afinal de contas, já
estava viúva. Mas, em vez de preferir uma mulher tão bonita e padrão como você, ele quis a
mim. Isso deve tê-la deixado muito furiosa. Porque mesmo se considerando bela... O que
realmente é, e muito mais que eu... Seu primo, ainda assim, me escolheu.
— Querida, como eu disse, há um motivo.
— Sim. Nossas famílias firmaram nosso noivado, como muitas fazem.
Ela fica de pé e o seu olhar me fuzila de todas as maneiras. Agora sim consigo ver o que há
por trás daquele rostinho de viúva coitada com o qual ela tenta enganar a todos. Ludovica não
passa de uma mulher oferecida e despeitada que, a todo custo, sonha em se tornar esposa de
Alessandro e, assim, virar a rainha de sua máfia, em vez de viver esse destino triste e de solidão
que a vida lhe deu.
Ela rebateria o que eu disse, mas não teve coragem, pois percebeu meu marido se
aproximando. Ele chega por trás de mim, abraçando-me e depositando um cheiro no meu
pescoço. Eu sorrio ao segurar suas mãos por cima da minha barriga e a loira quase morre ao
assistir a essa nossa troca de carinhos.
— Eu vim buscá-la para darmos uma volta.
— Claro. Vou adorar.
— Parece que as duas têm muitos assuntos de mulher para colocar em dia, mas devo
informar que vou te roubar, querida. — Foi tão fofa a maneira como ele falou.
— Querido, já que está aqui, pode explicar para a sua prima por que se casou comigo? Ela
me fez essa pergunta e eu não soube responder. Quer dizer... Eu respondi que nos casamos
porque nossas famílias firmaram o nosso noivado, mas ela não entende por qual motivo você se
casou comigo.
Alessandro estranha. Vejo que ele não está satisfeito com o que sua prima fez e lança um
olhar frio para a loira, que morre de vergonha. Ela queria desaparecer. É divertido ver a confusão
no olhar dela e a vergonha estampada.
— Pode explicar, querido.
— Não tenho o que explicar. Não entendo por que minha prima a chateou com perguntas
óbvias, mas se ela precisa de uma resposta, eu lhe darei. — Alessandro segura em minha mão. —
Eu me casei com Olívia porque ela é a mulher mais bonita que já conheci e a única capaz de
tornar a minha vida mais leve. O que parecia impossível de acontecer, devido a eu ser chefe de
máfia. Mas minha esposa tem o dom de tornar tudo mais leve e divertido à sua volta, além de ser
a única que consegue me fazer sorrir.
— Sua esposa entendeu tudo errado. Eu apenas disse que o casamento de vocês foi
inusitado.
— Não teve nada de inusitado, precipitado ou o que quer que pense. Olívia se tornou minha
esposa porque é perfeita aos meus olhos.
Por essa resposta, a víbora não esperava. Nem mesmo eu. Fiquei em choque com sua
revelação. Eu torno a vida dele leve? Como, se tudo que faço é o provocar?
Alessandro me leva até seu cavalo para darmos início ao passeio. Ele segura em minha
mão, cheio de posse. Estou anestesiada com sua resposta e tento entender se ele estava mesmo
sendo sincero, já que tudo que faço é o irritar.
— Como é possível que eu torne tudo mais leve? Alessandro, eu sou uma peste.
— Você é perfeita, anjo. — Apruma a sela.
— Não sou. Você fica furioso quando eu sou rebelde.
Ele ri do meu comentário. Adora me deixar confusa. Nisso é muito bom.
— Furioso por fora, mas, por dentro, fico gargalhando. Você é muito atrevida, pimentinha,
não nego. Em outro caso, eu já teria me livrado de você, mas não consigo. Você é uma peste sim,
mas o que posso fazer se essa mesma peste é quem faz minha vida ser mais interessante? Antes
de você, a vida era tão sem graça.
— Acha mesmo?
— Acho. Você é uma diabinha, mas quanto mais tenta me afastar, mais envolvido eu fico.
Em vez de te castigar, só consigo pensar nesses lábios carnudos colados no meu. — Sua mão
toca em meu queixo com carinho.
Não estou pronta para perguntar isso, mas este é um momento oportuno. Respiro fundo e
digo de uma vez:
— Você seria capaz de se livrar de mim? Igual fez com a sua noiva no passado?
Alessandro fecha o semblante, não aprovando o que eu perguntei. Ele me encara,
totalmente transtornado. Esse assunto parece deixá-lo muito irritado.
— Vou te ajudar a subir.
— Não. Eu não sei se ainda quero passear. Você não parece estar muito empolgado
também. Foi pela pergunta que fiz? Não é capaz de me responder?
— Por acaso, está com medo de dar uma volta comigo? — ele questiona, achando um
absurdo eu sentir medo dele.
— Não é isso. É que se meu marido não é capaz de se abrir comigo, não sei se posso
confiar plenamente nele. E, aliás, eu não tenho medo do que você é capaz de fazer.
— Eu nunca a machucaria, anjo.
Acredito em suas palavras.
— Então, se incomodaria se eu não fosse mais passear com você?
— Não me incomodaria. Apenas voltarei tarde. Pensei que poderia estar comigo enquanto
eu resolvesse alguns assuntos.
— Te vejo à noite. — Beijo sua face, despedindo-me.
Alessandro precisa se abrir comigo sobre um assunto tão importante e conhecido por
muitas pessoas.
Capítulo 20

Olívia

Relaxo na banheira, ouvindo baixinho uma música romântica e lenta de Adele. Os sais
minerais na água me ajudam a relaxar. Estou há uns 15 minutos aqui, sozinha, e todos já
jantaram, menos Alessandro, que ainda não retornou. Meu sogro me disse que ele voltaria mais
tarde. Depois do jantar, subi para o quarto e me permiti desfrutar da hidro.
Tenho certeza de que ele está chateado comigo porque lhe fiz aquela pergunta. Não posso
aceitar que meu marido não esteja disposto a me falar a verdade. Se ele não me contar, quem irá?
Uma coisa minha avó me ensinou: nunca confiar em uma história contada por terceiros. Permito-
me fechar os olhos. A água morna cobre meus seios. Por ter alguma espuma, o banho se torna
mais relaxante.
Às vezes tudo seria mais fácil se existisse mais sinceridade no mundo. Exijo sinceridade de
alguém que não me jurou sinceridade e amor no altar. E mesmo que tivesse jurado, teria sido em
vão. Quando há amor, há amizade e todos os segredos são revelados. Por outro lado, sei que não
posso exigir nada de alguém que não me ama. Minha mente está em um turbilhão. Preciso
entender que sexo e amor são duas coisas bem diferentes.
Suspiro, levando um susto, ao ver meu marido sentado na borda da hidro, com os pés no
chão. Ele me olha por cima do ombro. Há quanto tempo chegou?
— Te assustei?
— Um pouco. Eu estava distraída com meus pensamentos.
Alessandro usa uma camisa branca, a mesma roupa que vestia hoje mais cedo, quando
estava cavalgando. Seu semblante é de exaustão e seus ombros estão tensos. Ele está
praticamente suplicando por uma boa noite de sono.
— Parece cansado. Passou todo esse tempo fora?
— Precisei cuidar de alguns imprevistos.
Quando ele fica de pé, posso ver algumas manchas de sangue na sua camisa. Arregalo os
olhos instantaneamente. O que aconteceu? Engulo em seco. O homem que é capaz de me tratar
como uma princesa é o mesmo homem capaz de matar em nome do poder.
— Pode relaxar aqui comigo agora, se quiser.
— Não está com medo de mim? — Sua pergunta me deixa calada.
A palavra correta não seria “medo”, porém ainda sinto um pouco de receio quando se trata
dele. Mas não é como se ele fosse me matar, como fez com sua noiva. Eu não sei ao certo como
tudo aconteceu, no entanto, se eu parar para pensar, todos os homens da máfia já mataram
alguém, como meu pai, meu avô, tantos outros antes dele e tantos outros depois dele. Todos
fazem a mesma coisa em nome do poder.
— Eu não tenho medo de você, Alessandro.
— Não? — Ergue uma sobrancelha ao se livrar de sua camisa e a jogar no canto. — Posso
tomar banho em outro banheiro.
— Quero que venha relaxar comigo. — Estendo minha mão para que ele possa tocá-la e a
beijar.
Assisto, de camarote, ao meu marido se despir. Noto uma modesta ereção no seu membro,
que já é grande sem estar desse modo. Preciso fechar a boca porque estou babando com esse
corpo moreno delicioso. Ele adentra a banheira, senta-se na minha frente, leva a minha mão aos
seus lábios e a beija com suavidade.
— Não sabe como eu quis chegar em casa e encontrar você. Lamento por não ter sido
sincero nessa manhã quando me perguntou se...
— Tudo bem. Se você não quiser falar, entendo. — Ele duvida, erguendo a sobrancelha, e
eu acabo rindo. — Tudo bem, eu não entendo. Acontece que quero saber muito, pois acredito
que as pessoas exageraram bastante ao passar os fatos adiante.
— Querida, seja lá o que tenha escutado, eu lhe asseguro que é tudo verdade: eu matei
minha noiva — ele diz, sem rodeios.
Uma parte de mim esperava por um motivo mais profundo que, de alguma forma,
justificasse o que aconteceu.
— Está me dizendo que é tudo verdade? Você a matou a sangue frio? — Aperto os olhos,
incrédula. Meu coração se comprime.
Então, simplesmente, ele olhou para ela e a matou friamente?
— Ela e o pai eram dois traidores. Dias antes do casamento, eu a peguei na cama com outro
homem e matei os dois. Só não matei o pai dela porque o infeliz fugiu.
— Alessandro, eu não sei o que dizer...
— Qualquer um em meu lugar teria feito o mesmo. Lavei minha honra.
— Honra não se lava com sangue.
— O que eu deveria ter feito, docinho? Deixá-la viva para contar a história ridícula para
todos zombarem de mim?
Eles sempre pensam assim: honra se lava com sangue. Quando me encontrei com Ariella,
achei um absurdo o que aconteceu com ela e com as pessoas à sua volta. Hanne era prometida a
um tal de Henrik Isaksson, que a rejeitou, casando-se com outra mulher, uma americana
chamada Maddie. O pai apostou a própria filha em uma mesa de cassino e esse Henrik a ganhou.
Ele a quis além de uma noite e a tomou como esposa. Ariella é irmã dele. A tal moça que foi
rejeitada por Henrik não desejava se casar com ele, mas Aksel Foskberg, irmão dela, decidiu que
faria da vida da irmã de Henrik um inferno e a sequestrou. Ariella queria ser freira e viver longe
de toda a máfia. Aksel se casou com ela e, para se vingar por isso, um primo de Henrik
sequestrou Hanne. Fiquei incrédula com as notícias que mamãe me contou mais detalhadamente.
As pessoas pensam que honra se lava com sangue. Uma grande tolice humana.
— Deve estar com uma péssima imagem de mim agora. Acertei?
— Para vocês pode parecer algo comum, mas para mim não é.
— Agora está com medo de mim?
— Eu não tenho medo de você, Alessandro. Se quisesse me matar, teria feito isso antes.
— Está confiante em relação a isso?
— Estou — afirmo. — Se, por acaso, eu tivesse medo, não fecharia meus olhos e dormiria
ao seu lado nesta noite. Pode ter certeza de que se eu estivesse com medo, faria todo o possível
para dormir com sua mãe, mas não ficaria mais sozinha com você em nenhum instante.
— Querida, se estivesse com medo, eu sinto muito, mas seria obrigado a te levar para
alguma torre, onde pudesse trancá-la. Assim, nunca mais escaparia de mim. O que quero fazer
com você exige que fiquemos muito tempo sozinhos.
— O que quer fazer comigo, marido?
— Farei tudo que minha princesa desejar.
— Você não presta, senhor Lombardi. Só consegue pensar em sexo.
— Com uma esposa linda e maravilhosa, é impossível não pensar, senhora Lombardi. —
Alessandro me puxa para um beijo no qual posso sentir todo o calor da sua boca e os seus
desejos mais insanos por mim.

Alessandro Lombardi

A boca dessa menina é uma tentação. Não posso evitar de ficar duro ao tê-la nua em meus
braços. Essa carinha de anjo que ela tem ao me olhar, esperando pelo próximo passo, e o seu
sabor intoxicante e doce me tornam um viciado nela. Sou um refém em suas mãos, e ela não
sabe.
Acabei de lhe contar toda a verdade sobre o que aconteceu com a minha noiva no passado,
e em vez de ficar assustada, Olívia está entregue em meus braços, pronta para que eu a faça
minha mais uma vez. É tudo o que mais desejo nesta vida: possuir minha mulher a todo
momento e nunca ficar enjoado.
Sair com as mesmas mulheres duas vezes me deixava enjoado. Uma boceta nunca me
viciou tanto antes.
Seus olhos pequenos percorrem o meu corpo. Ela tem aquele lindo olhar inocente e eu
poderia passar horas admirando sua beleza rara.
— Você é muito perfeita, garota. Sabia?
— Pensei que eu fosse sua menina veneno. Desde quando ela é perfeita?
— Na minha cabeça, você é perfeita. Não importa o que digam. — Eu aperto suas costas
nuas e ela se encaixa perfeitamente no meu colo. Sua boceta desliza em meu pau duro. Olívia me
pegou de surpresa ao montar em mim. — Oh! Pequena, está brincando com fogo.
— Adoro me queimar nesse enemies to love.
— Ultimamente, só estamos vivendo o love.
Olívia envolve suas mãos em meu pescoço. Devo confessar que ela tem habilidades
incontestáveis. A maneira ardente como os seus olhos me fitam... Porra, isso faz eu me sentir o
mais sortudo dos homens.
Sexo na água com ela se tornou o meu novo vício favorito. A carinha de bebê entorpecida
pelo calor de nossos corpos unidos, os gemidos suaves de quem tem receio de alguém nos
ouvir...
Busco seus lábios aveludados para um beijo lento e gostoso. Ao mesmo tempo em que
sinto vontade de quebrá-la, quero abraçá-la. Somente ela faz eu me sentir assim: indo do céu ao
inferno em segundos.
Rebelde, ela não tem noção do quão perigoso é me afrontar. Enquanto todos sempre
abaixam suas cabeças para mim, minha esposa é a única que bate de frente comigo, ignorando o
perigo iminente de morte, falando sempre com honestidade e sendo carismática e apimentada.
Adoro ver como o seu rosto fica vermelho de raiva quando ela fala que eu sou um idiota e que
me odeia. Olívia é uma tentação, e a mais perfeita que existe. Ela nasceu para me fazer feliz.
Eu nunca tinha alcançado tanta felicidade como venho obtendo nos últimos dias. Tive
tantas vitórias e inúmeras conquistas, mas nenhuma jamais foi tão intensa quanto essa: dominar
os lábios carnudos da minha esposa gostosa. Seu cabelo curto e molhado, com mechas roxas, é
digno de todo o meu respeito e carinho. Tudo que há nela é perfeito.
A confusão em que minha mente se encontra chega a ser insana.
Empurro meu membro com força, desejando violentamente gozar na sua boceta quente.
Seus seios estão balançando bem no meu rosto e o estralo de minha boca em seu mamilo durinho
e suculento a faz delirar. Com a outra mão, estimulo o outro bico. O cheiro que tem aqui é único,
doce e apenas meu.
— Porra, Alessandro...
— Isso, princesa. Goze no seu homem.
Ela rebola com mais tesão, permitindo-se chegar ao seu clímax. Em seguida é a minha vez.
Nossos corpos permanecem abraçados por longos minutos e sua cabeça fica em meu peito,
ouvindo as batidas do meu coração. É a primeira vez que ele bate por alguém, e ela, certamente,
sabe disso.

Deixei o quarto por um instante para buscar algo para comer, enquanto minha esposa ficou
na banheira. Voltarei o mais rápido possível. Desço as escadas. Quase todas as luzes estão
apagadas e eu tenho a sensação de que alguém me segue em passos lentos. Sei bem de quem se
trata. Continuo caminhando até a cozinha, abro a geladeira, pego a primeira marmita preparada e
a levo ao micro-ondas.
Até quando ela vai ficar me olhando?
— O que você quer, Ludovica? — pergunto, sem paciência.
Minha prima surge no mesmo instante, como se tivesse acabado de chegar.
— Querido, você por aqui — ela finge surpresa. Está vestindo um robe preto.
A viúva-negra, como ela é apelidada carinhosamente por todos da família, tem um gênio
forte, além das belas curvas e inteligência rara. Talvez isso tenha feito com que eu quase me
casasse com ela.
— Não estava me seguindo? Eu pude ouvir seus passos.
— O que mais você pôde ouvir? — Abana-se no pescoço. — Está quente aqui, não está?
Além de bonita, ela é uma sedutora nata. Em outros tempos, eu não teria resistido ao
simples fato de estarmos sozinhos à noite, porém hoje tudo é diferente, mesmo que a beleza da
minha prima ainda seja a mesma, apesar do tempo. Nunca pensei que fosse agir com indiferença
a outras mulheres e que poderia ser fiel à minha esposa.
— Está com calor? Deveria se refrescar, está fazendo 12 graus.
Arrumo sobre a bandeja dois sanduíches prontos que encontrei na geladeira. Gostamos de
comê-los gelados mesmo. Para acompanhar, pego duas latinhas de refrigerante zero e pequenas
porções de frutas: maçã, uva e pera. Ludovica observa meus movimentos, atenta, e cruza os
braços quando tem minha atenção.
— Alessandro Lombardi preparando um lanche para a esposa? Se alguém tivesse me
contado, eu não teria acreditado.
— Os tempos mudam.
— Os tempos mudam... Certo. No entanto, um homem como você, meu querido, não pode
estar apaixonado por uma...
— Não se atreva a continuar! — irritado, grito com ela, que se assusta. — Seja lá o que
pensou em falar sobre Olívia, eu a proíbo de falar. Não vou tolerar que ofenda minha esposa.
Não admito que ninguém faça isso.
— Alessandro...
— Sem mais nem menos. O que pretendia vindo atrás de mim? Me testar? Saber se eu seria
capaz de me deitar com você e trair minha esposa? Por favor, Ludovica, não seja tão baixa. Eu
jamais seria capaz de trair Olívia.
— Você a ama? — impactada, ela questiona como se esse fosse o fim.
— Amo. Eu a amo — falo de uma vez.
Eu a amo. É mais que a verdade e já não posso disfarçar ou guardar para mim que morro
por dentro todas as vezes em que não estamos juntos. Ficar longe daquele sorriso meigo é o fim
do mundo. Eu preferiria a morte a permanecer vivo e longe da minha mulher.
— E por amá-la, não admito que a trate com inferioridade. Pensa que não percebi que você
ri dela? Que sempre tem um comentário desagradável sobre ela, junto com a nonna?
— Querido, eu não a trato com indiferença. Ela que, simplesmente, me vê como uma
ameaça por tudo que vivemos juntos.
— Olívia não deveria te ver como uma ameaça, pois tudo que vivemos não chega aos pés
do que vivo com ela. Nem sequer pode ser comparado. Portanto, eu não irei tolerar mais
nenhuma piada, ofensa ou desdém. Olívia é linda e perfeita, não é uma gorda sem graça, como
você e a nonna a chamam. O alerta vai para as duas. Podem ser do meu sangue, mas não vão
ofender minha esposa. — Retiro-me, deixando-a para trás mais pálida que o papel. As duas já
estão avisadas.
Subo para o quarto, em busca da minha esposa. Ela ainda está no banheiro, relaxando na
hidromassagem. Deposito a bandeja sobre o criado-mudo e noto que minha arma não está no
lugar onde a deixei.
— Olívia?
Será que ela relaxou demais na banheira? Corro rapidamente até o banheiro e a encontro
encolhida em um canto. O corpo de um homem está no chão, aparentemente, sem vida, e minha
esposa está cantarolando uma música baixinho, completamente fora de si, segurando minha arma
em suas mãos. Ela é silenciosa, por isso não ouvi o disparo que foi dado no peito daquele
homem. Tudo indica que ela atirou nele e o matou. O que esse infeliz fazia aqui no meu quarto?
— O que aconteceu, querida?
— Alessandro, ele tentou... Tentou... Tentou... — Ela chora, desesperada. — Eu matei um
homem. Oh, céus! Sou uma assassina.
Abraço o seu corpo pequeno encolhido. Ela é tão frágil. Não estava preparada para
vivenciar uma situação como essa. Mas seja lá o que esse infeliz tenha feito, pagou pela sua
ousadia. Tudo me leva a crer que ele entrou aqui por dois motivos: abusar da minha esposa e
depois matá-la. A troco de quê? Seguindo ordens de outra pessoa ou em uma tentativa de se
vingar de mim? Se houve um mandante, destruirei essa pessoa.
— Minha cabeça dói — Olívia resmunga e depois desmaia em meus braços.
Só então posso ver o corte em suas costas, como se tivesse sido passado um objeto pontudo
no local. Foi aquele infeliz, que está morto, que a feriu.
Capítulo 21

Alessandro Lombardi

— Eu derrubarei este hospital abaixo se não me permitirem ver a minha esposa agora
mesmo — explodo, puxando a arma da minha cintura, disposto a atirar no peito desse enfermeiro
atrevido, que se colocou no meu caminho logo após ajudar a deitar minha esposa na maca.
Os médicos a levaram para uma sala e disseram que eu não teria acesso a ela no momento.
— Senhor, se não se acalmar, chamarei a segurança — o homem gagueja, tremendo ao ver
a arma.
De amarelo, ele está pálido agora. O sangue sobe para a minha cabeça. Eu serei capaz de
matá-lo neste exato instante se ousar se colocar entre mim e aquela porta novamente.
Preciso estar ao lado de Olívia agora. Vim o mais depressa possível do campo para o
hospital. Pela primeira vez, fiquei incapaz de dirigir e impossibilitado de fazer uma ligação para
avisar o que estava acontecendo. Quando eu descia as escadas com ela em meus braços, apenas
Ludovica nos viu sair e perguntou o que tinha acontecido. Não lhe respondi, apenas gritei pelo
motorista, que estava pronto para nos trazer à cidade. Quando chegamos aqui, os médicos me
afastaram dela para fazerem exames. Malditos!
— Filho, solte essa arma, pelo amor de Deus — a voz da minha mãe ecoa em meus
ouvidos. Ela acabou de chegar com meu pai e meu irmão.
Ambos estão preocupados, assim como eu. Olívia tinha um sangramento nas costas. A faca
entrou em sua carne, machucando-a. Ela estava sozinha e desprotegida dentro de minha própria
casa. Eu só fui até a cozinha e, por uma fração de segundos, quase perdi a minha esposa para um
maldito soldado que decidiu me trair.
Abaixo a arma e a coloco presa em minha cintura novamente. Meus olhos estão cheios de
ódio e dúvida, por mais que eu tente compreender o que aconteceu. O medo toma conta de
minhas ações, e minhas mãos estão suadas, tremendo. Eu nunca havia sentido um aperto tão
grande em meu peito como agora. Olívia está ferida e minha mente me castiga com o
pensamento de que se eu tivesse passado mais tempo na cozinha, ela não estaria viva neste
momento. Eu não suportaria a ideia de perdê-la.
O tormento do “se”.
Se eu não tivesse chegado a tempo de salvá-la, agora ela estaria morta.
Estou apavorado como nunca estive antes.
— Perdoe o meu filho, senhor.
— Seu filho está armado em um hospital, senhora.
— Ele possui porte. Vamos conversar por um instante — minha mãe trata de acalmar o
homem.
Dante e meu pai me puxam para um canto mais reservado. Meu pai coloca uma mão em
meu ombro, em apoio. Nossa família passou por um possível atentado. O que aquele soldado
poderia fazer após matar minha esposa? Atacar mais membros de nossa família?
— Seu irmão analisou as imagens das câmeras de segurança. O soldado já foi identificado,
no entanto, isso não é de muita ajuda, devido a ele estar morto. — Meu pai está preocupado,
posso ver em sua face. — Fique tranquilo, filho. Sua esposa ficará bem.
— Tranquilo? Tentaram matar Olívia debaixo do meu teto.
— Irmão, o homem não morreu por conta do tiro que levou, ele bebeu veneno quando
percebeu que não poderia mais lutar. Encontramos um pequeno frasco em um de seus bolsos,
aberto. Caso tudo desse errado, ele já planejava tirar a própria vida.
Felizmente, não foi Olívia que o matou. Ela não seria capaz de viver carregando essa culpa.
Sua doçura é demais para esse mundo cruel.
— Preciso vê-la, irmão. Eu juro que botarei este hospital abaixo se eles não me permitirem
ficar ao lado da minha esposa.
— Calma, Alessandro. Precisa controlar sua fúria. Eu sei que está furioso, filho, e com
razão. Olívia é sua esposa e cabe a você protegê-la sempre. Infelizmente, se sente incapaz por ter
falhado nesse momento. Mas não foi culpa sua o que aconteceu. Alguém nos traiu, e vamos
descobrir tudo que esteve por trás desse atentado. Eu lhe garanto, filho, que todos pagarão. —
Meu pai me abraça.
Sinto-me incapaz. Ele tem razão, eu falhei. Mas ele também estava com a razão quando
disse que os culpados pagarão.
Mamãe me traz um café, porém recuso.
Dante volta para a casa de campo, com o nosso pai, para investigar o que aconteceu. Minha
mãe permanece ao meu lado, em uma tentativa de fazer com que eu não perca o controle.
Decidimos não avisar nada aos pais de Olívia por enquanto, antes de vê-la. Amanhã pela manhã,
eles serão informados nas primeiras horas do dia.
— Alessandro, precisa se manter calmo por um instante, filho — mamãe pede, implorando.
— Não me peça para ficar calmo, mãe. Por que essa demora para alguém vir nos falar o
que aconteceu?
— Querido, faz só um pouco mais de uma hora que eles estão examinando sua esposa.
Talvez tenha sido preciso dar alguns pontos na ferida e...
Ficamos de pé assim que o médico surge na sala de espera. O doutor Nicodemos é um
amigo da família e nosso médico pessoal de confiança. Ele é alguém em quem podemos confiar
sempre.
— Senhor Lombardi e senhora. — Aperta a minha mão.
— Como está minha esposa, doutor?
Minha garganta está seca. Eu deveria ter bebido água, mas acredito que o nó que ela tem,
água nenhuma seria capaz de amenizar. Pela expressão do homem, posso perceber que ele tem
algo sério a dizer.
— Felizmente, sua esposa se encontra bem neste momento. Fizemos alguns exames para
ver se havia água em seus pulmões. Fique tranquilo, não havia. A ferida em suas costas também
não lhe causará danos severos. Nós a limpamos e foi preciso dar alguns pontos. Como o objeto
pontudo não ficou cravado na sua pele, os danos foram poucos. Sua esposa é uma mulher
bastante forte. As marcas em seus ombros demonstram que ela lutou bastante para sobreviver.
— Não haverá sequelas?
— Alessandro, tem algo a mais que devo lhe contar.
— O que, doutor? Não me esconda nada.
— Realizei um exame de sangue na sua esposa para obtermos mais informações sobre o
seu quadro de saúde e suas taxas. Também realizei um teste de gravidez e de fertilidade, como o
senhor pediu.
— Não pedi um teste de gravidez, muito menos de fertilidade.
De onde ele tirou isso? Olho para a minha mãe. Ela também não pediu nada.
— Bem... Foi o que uma das enfermeiras me disse agora há pouco, mas devo ter
compreendido errado.
Ignoro mais explicações. Ele está cansado e parece estar em um turno daqueles.
— Posso ver minha esposa agora?
— Pode sim. Ela está dormindo, pois tivemos que sedá-la para realizar alguns exames, para
que ela não ficasse nervosa.
Ele me leva até o quarto onde minha esposa descansa. Olívia está deitada sobre a cama,
dormindo lindamente. Minha Bela Adormecida. Vê-la respirando me deixa aliviado e um enorme
peso sai das minhas costas. Seguro sua mão direita sobre a minha e deposito um beijo suave nela.
O aroma viciante de baunilha me dá muita paz. Acaricio seu rosto e beijo sua testa com carinho.
Puxo uma poltrona para o lado de sua cama. Não a soltarei por nada neste mundo e não a
deixarei sozinha nunca mais, nem que tenha que largar tudo para a proteger.
— Por favor, me perdoe — sussurro e beijo sua mão. Seu aroma faz eu me sentir
revigorado novamente. — Eu prometo que jamais te abandonarei, muito menos te rejeitarei. É
minha esposa, Olívia, e nada neste mundo irá me afastar de você, minha linda menina veneno.
Eu poderia passar a noite inteira a admirando. Ela é perfeita. Puxo mais o lençol para a
cobrir, pois está frio, e a deixo aquecida. O médico explicou que ela pode acordar somente
amanhã, pois está sedada com tranquilizante para que durma e se mantenha calma.
Não sairei do seu lado nesta noite.

Quando os primeiros raios de sol surgem, permaneço ao seu lado, velando o seu sono,
como um guarda na porta de um castelo. Olívia não se remexeu muito. O que ela faz bastante
durante a noite. Muitas vezes acordo com uma braçada em meu rosto ou com seu corpo em cima
do meu. Ela é bastante agitada, mesmo dormindo.
As horas se passam. As enfermeiras trocam o soro dela e também lhe dão algumas injeções
para dor direto no soro.
O relógio marcava 10h30 quando Olívia resmungou. Eu estava próximo à janela e ouvi seu
murmúrio, como se seu corpo estivesse dolorido. E deve estar. A ferida em suas costas levará
alguns dias para cicatrizar e precisará de cuidados especiais.
Aproximo-me de sua cama. Ela ainda não abriu os olhos, mas posso perceber que está
dolorida e atordoada. Quando abrir os olhos, confusa e, possivelmente, sentindo fortes dores na
cabeça, a primeira imagem que ela verá será eu.
Prometo, querida, que um dia você me olhará com os olhos cheios de amor e sentirá o
quanto eu te amo e o quanto o meu coração bate por ti.
Sento-me ao seu lado e aperto o botão que chama o doutor. Seguro em sua mão e agradeço
a Deus por ela ter despertado.
— Bom dia, princesa. — Beijo sua testa.
— Alessandro...
— Não faça esforço, meu amor. Está tudo bem. Já chamei o doutor. Por favor, fique
tranquila. Você está bem e eu estou aqui com você. Não vou sair do seu lado nunca mais. — Eu
seguro firme em sua mão e ela fecha os olhos brevemente.
— Foi tudo tão terrível... — Ainda posso ver o pavor em sua face.
— Tente não se lembrar de nada agora. Eu juro por tudo que há de mais sagrado nesta vida
que algo assim nunca mais acontecerá.
Minha mulher respira pesadamente, com os olhos apertados e amedrontados. Dói ver todas
aquelas marcas em seus ombros. O infeliz fez força para tentar afogá-la, mas como não
conseguiu, usou a faca para a ferir. Por sorte, Olívia alcançou minha arma e conseguiu imobilizá-
lo.
— Eu matei um homem. — Ela começa a chorar como se somente isso a preocupasse. —
Sou uma assassina.
— Você não o matou, ele bebeu veneno ao perceber que não poderia se salvar. Não matou
ninguém, princesa. — Beijo sua testa suavemente e seco suas lágrimas.
Meu coração nunca esteve tão pequeno como agora e apertado. Dói vê-la atormentada e
assustada. Eu não consegui evitar esse trauma.
O doutor de plantão é outro e está bem informado sobre o caso da minha esposa. Ele
examina os sentidos dela para ver como ela está e sua pressão é aferida. Olívia respira com uma
certa dificuldade devido ao ferimento nas costas, que a incomoda. Para isso, ele passou mais
algumas injeções para a dor. As enfermeiras as aplicam, enquanto o médico me chama mais para
o canto.
— Ela sentirá muita dor nas primeiras 24 horas, mas os remédios amenizarão, e ela deve
estar sempre se hidratando. Também não a deixe fazer muitos esforços.
— Quando ela terá alta?
— Em dois dias, ela já poderá retornar para casa. Mas, lembre-se: não permita que ela faça
muitos esforços.
Assinto.
Quando ele sai com as enfermeiras, sei que antes de abordar Olívia sobre o que ocorreu,
preciso alimentá-la.
— Está com fome, querida?
— Estou. No entanto, minhas costas doem muito. Ele me acertou, não foi?
— O médico disse que não é grave.
— Eu não queria estar chorando como uma garotinha assustada, mas é exatamente isso que
sou.
Sinto-me o pior dos homens quando ela chora e eu não posso fazer nada para evitar. Abraço
o seu corpo com delicadeza, para não a machucar, e beijo seu cabelo macio, curto e de mechas
roxas. Ela é tão linda. Minha doce uvinha roxa.
— Você é mais valente do que pensa, lutou sozinha contra aquele homem. É merecedora de
todas as honrarias. Conseguiu se salvar sozinha, é mais forte do que imagina.
— Foi terrível. Ainda não sei como consegui lutar contra aquele homem.
— Se não se sente pronta para me contar agora, eu entendo. Não pode fazer esforços,
querida.
— Eu estava na banheira relaxando, quando ouvi um barulho. Pensei que fosse você, mas
quando abri meus olhos, vi aquele soldado que acho que nunca tinha visto antes. Eu gritei, mas
ele conseguiu me imobilizar, tapando minha boca, e disse que não adiantaria eu gritar, porque
você não ouviria, já que estaria muito ocupado. Ele tentou me afogar e eu mordi sua mão. Foi
assim que consegui sair da banheira e vestir um roupão, só que ele veio atrás de mim. Eu gritei
por ajuda várias vezes, porém ele me alcançou antes que eu pudesse chegar à porta. Foi então
que consegui me soltar mais uma vez, peguei sua arma e corri para o banheiro. Não consegui
fechar a porta e lutamos lá dentro. Lembro-me de sentir uma pontada nas costas e, em seguida,
eu atirei nele. Poucos minutos depois, você chegou. — Olívia chora. O maldito tem a sorte de já
estar morto. Caso contrário, eu arrancaria sua pele. — Ele também tentou me violentar. Não
consigo mais falar.
— Shiii... Não fale mais. Por favor, venha cá. — Sua cabeça repousa em meu peito e eu me
deito ao seu lado com cuidado para não tirar o soro nem machucar suas costas. — Sempre estarei
aqui, Olívia. Não porque você é minha esposa e é minha obrigação te proteger, mas porque eu te
amo. E em nome desse amor, te protegerei com minha vida se for preciso.
Ela não diz uma palavra. Eu a tenho em meus braços como minha bebê, para amá-la e a
proteger.
Capítulo 22

Olívia

Fecho os olhos e, de repente, vejo-me vivendo aquele pesadelo mais uma vez.

Estou no banheiro, na hidromassagem, esperando o meu marido voltar com nossa comida.
Ouço uma música lenta e tranquila, que me ajuda a relaxar. Eu teria colocado os pepinos nos
olhos se não os tivesse comido. Estou com fome. Eu e Alessandro transarmos como loucos rouba
todas as minhas energias.
Ouço pisadas. Ele voltou. Eu abro um sorriso singelo e minha fome me faz sentir o cheiro
delicioso da comida. A água cobre meus seios e borbulha de uma maneira revigorante. Ao abrir
os olhos, assusto-me ao ver um homem enorme me olhando como se eu fosse um pedaço de
carne. Antes que eu possa gritar, ele tapa a minha boca e me prende contra a quina da banheira,
onde bati minhas costas. Doeu bastante. Tento gritar e pedir ajuda, só que ele é mais forte.
— Seu marido não vai ouvir você e não chegará tão cedo, porque neste momento está
comendo a prima dele na cozinha, Ludovica.
Não acredito em suas palavras, mesmo que ele tenha falado com tanta confiança. Se não me
engano, eu já o vi aqui uma vez. No dia em que cavalguei, acho que o vi próximo às gêmeas por
um instante. Mas posso estar enganada.
Tento me soltar, porém ele não permite.
— Antes de matar você, vou me saciar com esse lindo corpo. — O maldito apalpa meus
seios e eu sinto tanta repulsa, que quero vomitar. — Deliciosa. Posso adiar sua partida deste
mundo por mais um instante. Prometo que gozarei rápido vendo um corpinho nu delicioso como
o seu. — Os olhos negros carregam muita dureza. Ele é mau, pervertido, assassino e estuprador.
Mordo a sua mão, e é assim que consigo me afastar dele. Mas ele me xinga, entra na
banheira desta vez e agarra o meu pescoço, afogando-me várias e várias vezes, deixando-me sem
ar. Com a respiração pesada, engulo muita água e tento gritar. É horrível. O maldito tem muita
força. Choro ao mesmo tempo em que sinto a morte chegando. Em um novo ato de força,
consigo enfiar meus dedos em seus olhos, e, com isso, ele me solta. Depressa, saio da banheira,
visto um roupão e quase escorrego, toda molhada. Mas antes que eu possa alcançar a porta, ele
me segura pela cintura. Eu me debato e ele ri.
— Temos todo o tempo do mundo. Como eu disse, seu marido está comendo a prima dele
na cozinha — ele fala, convicto, como se quisesse que eu soubesse disso antes de morrer.
A sensação de que vou morrer e que não posso fazer nada para escapar me aterroriza. Sinto
calafrios e só consigo chorar e tentar gritar, mas ninguém parece me ouvir. E se Alessandro
realmente estiver distraído na cozinha?
Consigo me soltar mais uma vez após acertar uma joelhada nele naquele lugar. Ele não cai
no chão, apenas leva as mãos à região. Vejo a arma silenciosa de Alessandro na cabeceira, pego-
a e corro de volta para o banheiro. Tento fechar a porta, mas o homem a empurra.
— Não se aproxime, ou eu atiro.
— Você não seria capaz. — Dito isso, ele se aproxima de mim.
Estou tremendo. Ele sabe que eu não sou capaz. Tentando correr, eu lhe dou as costas. É
quando sinto algo pontudo perfurar minha pele. Não grito, apenas mordo o lábio até sentir o
gosto do sangue. Doeu. Minha corrente sanguínea está a mil por hora, e acho que por isso não
gritei, como queria. Caio no chão, soltando a arma. Ele tem uma faca em mãos e tentará me
esfaquear até a morte. Então, não penso duas vezes, pego a arma e atiro. Não vejo bem onde o
tiro pegou, apenas vejo o soldado cair no chão e muito sangue.
Tornei-me uma assassina. Minhas mãos estão sujas de sangue. Matei um homem. Eu solto
a arma e, logo depois, meu marido surge.

Desperto, apavorada.
— Não! — minha voz sai falha. Sufoco, agoniada.
Toda vez que fecho os olhos, vem à minha mente a imagem daquele homem que tentou me
matar. Meu marido está ao meu lado e estava tirando um cochilo também, contudo, despertou
devido a eu ter praticamente gritado.
Estou suando frio, tomada pelo medo. Meu peito se encontra em angústia. Fico aliviada ao
ver que Alessandro está aqui. Ele não foi embora desde que dei entrada no hospital, faz todas as
suas refeições no quarto comigo, toma banho aqui e cuida de mim com tanto carinho, que chego
a acreditar que ele realmente me ama e não disse aquilo da boca para fora, somente para me
consolar porque passei por um trauma.
— Outro pesadelo, princesa?
— Sim. Mas estou bem. — Bebo toda a água que ele trouxe. — Obrigada.
— Pode dormir tranquila. Eu já disse que não saio daqui sem você.
Meus pais estiveram aqui nessa manhã. É o meu segundo dia no hospital, e talvez amanhã
eu tenha alta. A dor nas costas está diminuindo, comparando a ontem, mas, ainda assim, está
queimando.
Percebi que Alessandro sempre mantém o celular ao seu alcance. Como ele não saiu daqui
em nenhum momento, deve estar se comunicando com sua família. Sei que estão investigando o
que aconteceu. Mais cedo ouvi parte de sua conversa com Dante; eles falavam de câmeras de
segurança.
— Alessandro, quero lhe perguntar uma coisa. Me responda com sinceridade, por favor.
— Pergunte.
— Com quem você estava na cozinha quando eu estava sendo atacada?
— Com Ludovica. Por que essa pergunta? — Intrigado, ele ergue uma sobrancelha.
— Quando eu estava sendo atacada por aquele homem, ele me disse algo que me deixou
intrigada. Ele falou que você estava na cozinha com Ludovica e que vocês dois estavam juntos,
em um clima muito intenso.
Sinto ciúme só de imaginar uma possível cena na minha cabeça. Engulo em seco. Quero
acreditar que eles estavam apenas conversando.
— É verdade que estávamos na cozinha, mas não da maneira como aquele imbecil contou.
É intrigante ele ter ficado sabendo dessa informação — conclui. — Eu estava preparando um
lanche para nós dois, quando minha prima chegou. Nós conversamos por alguns instantes, mas
nada aconteceu, e nunca acontecerá. Desde que nos casamos, menina veneno, só tenho olhos
para você. Eu morri para outras mulheres, como já lhe disse mil vezes. Eu quero só você.
Acredito em cada palavra que Alessandro disse. Ele realmente gosta de mim, e de uma
forma intensa e avassaladora, na mesma intensidade que eu gosto dele. Acho que nós dois
estamos começando a nos entregar a essa paixão dominante e maior que tudo que já vivemos.
— Você é a mulher mais linda que já conheci e o seu sorriso é o mais doce. Amo sua risada
alta e suas curvas largas. Você é o meu pão com requeijão — ele brinca, fazendo-me rir. Está
muito piadista depois do ocorrido. Claro, para me distrair o máximo possível. — Seja lá o que
aquele imbecil tenha lhe dito, eu sou apenas seu, minha uvinha.
— Uvinha? — Essa é nova, ele nunca tinha me chamado assim. Um novo apelido. Amo os
apelidos que ele me dá, até mesmo “menina veneno”.
— Eu também amo o roxo do seu cabelo.
Sorrio, abobalhada.
— Minha mãe quis morrer quando o pintei. — Foi engraçada a reação dela. — Para eu ser
sincera, sempre quis pintar meu cabelo assim, mas nunca tive coragem. Passei por essa
transformação em um ato de rebeldia, porque não queria me casar com você, mas foi uma das
minhas melhores escolhas.
— Comigo pode sempre ser quem você é, mesmo se for rebelde.
— Eu sou educada, mas 75% rebelde e os outros 25% meio atrevida. — Dou de ombros. —
Mas é porque nunca me permitiram ser eu mesma.
— A partir de agora, pode ser você mesma. Aconteça o que acontecer, eu nunca te deixarei.
Não penso em rejeitá-la, como lhe falei. Saiba que quando eu disse aquilo, estava movido pela
raiva. Eu jamais teria coragem de viver sem você, porque acredito que estou apaixonado por
você desde aquela noite no baile de máscaras.
Alessandro é um homem mais velho que eu, mais experiente e sábio com as palavras.
Sempre é sincero em suas falas. A maneira como ele disse estar apaixonado por mim fez eu me
sentir a mulher mais feliz do mundo. Bem que eu percebia algo diferente quando ele falava que
me rejeitaria. Ele não é bom com mentiras, e agora consigo notar que está verdadeiramente
apaixonado por mim. Sei também quando ele está encobrindo alguma verdade. Ele é um homem
de tirar o fôlego.
— Também sinto o mesmo por você há algum tempo.
— Posso beijá-la?
Ele está próximo demais de mim para que eu o rejeite. Eu não quero rejeitar esse beijo.
— Pode.
Sua boca suculenta busca a minha lentamente, sem fazer muito esforço. Ele me beija com
paixão e eu sinto como se fôssemos um casal de namorados ou como se estivéssemos
descobrindo novos sentimentos em um primeiro encontro. Sabe aquele friozinho na barriga? Eu
o estou sentindo agora pela primeira vez. Seu beijo me deixa desnorteada e um misto de
sensações poderosas aquece o meu coração. No seu beijo, eu me sinto segura, protegida e sua
para sempre.
Ele encerra o beijo por medo de me machucar. É difícil para ele não ficar duro ao me tocar.
Posso ver que está muito excitado e louco para me amar. Também estou louca para o amar, mas
este momento não permite.
— Por mais excitante que pareça ser fazer amor com você aqui, em um lugar proibido, não
estou em condições.
— Eu jamais insistiria para te possuir agora, princesa, mesmo estando duro por você. Não
quero te machucar. Teremos muito tempo para matar a saudade quando estiver recuperada. —
Faz carinho no meu rosto.
Alessandro mudou, tornou-se um novo homem amoroso e carinhoso. E isso já vem
acontecendo há algum tempo.
— Confesso que senti muito medo de te perder. Eu nunca tinha sentido isso antes. Nunca
amei tanto uma mulher como amo você.
— Realmente me ama?
— Amo. E nada me fará ficar longe de ti. — Alessandro me beija mais uma vez.
Devido aos remédios, adormeço muito durante o dia.

Minha mãe chora muito, preocupada, parecendo que eu morri. Por mais que eu tente
acalmá-la e os próprios médicos digam que eu não corro risco, ela ainda chora. Precisa de um
calmante.
— Mamãe, eu estou bem. Pare de chorar.
Ela e meu pai vieram me ver nesta noite.
— Querido, veja só, essa menina não compreende que quando se é mãe, tudo o que mais
amamos nesta vida são os filhos. Eu a amo muito, Olívia.
— Eu também te amo, mamãe. Mas estou bem, não chore.
Mamãe e seus dramas. Sei que ela teve muito medo de me perder, mas eu estou bem.
Meu pai conversa baixinho com Alessandro. Eu queria poder ouvir mais o que eles falam,
só que o choro da minha mãe não permite.
— Suas irmãs virão te ver mais tarde.
— Estou com saudade delas.
Ouvi a parte que eles falaram sobre o tal soldado estar me observando um dia antes.
Algumas imagens das câmeras o mostraram me seguindo. Eu não tinha percebido nada. Se
aquele homem tentou me matar, tudo leva a crer que houve um mandante; só precisamos
descobrir quem foi. Quem me odeia tanto a ponto de querer me ver morta? Talvez a pergunta não
seja essa, e sim: quem me quer longe do seu caminho? Alguém que, talvez, não me queira ao
lado do meu marido. São vários motivos, desde alguém não querer que Alessandro tenha
herdeiros a, quem sabe, alguém que deseje o meu lugar. Porque aquele homem não me mataria
só por ter tido uma crise de surto.
Esse quebra-cabeça não está se encaixando. As respostas são poucas, as perguntas são
muitas e não há nenhuma solução óbvia.
Ouvi também quando o meu pai falou sobre um suposto sequestro. Parece que a filha do
soldado foi sequestrada e a pessoa só devolveria a menina se ele me matasse. Encontraram no
bolso dele uma carta com essa informação.
Alessandro evita falar comigo sobre as investigações. Ele não quer me envolver nisso mais
ainda, mas eu tenho todo o direito de saber, porque fui a principal envolvida em tudo e sou a
mais interessada em descobrir quem tentou me matar.
— Você nunca mais ficará sozinha, querida. Entende isso?
— O que, mamãe? Perdão, não ouvi.
— Eu disse que quando temos filhos, nunca mais ficamos sozinhas. Vocês precisam ter
muitos filhos, e logo. — Quando ela começa a falar, não para; fala até pelos cotovelos. E eu a
escuto, paciente, pois não tenho para onde ir mesmo, já que estou em uma cama de hospital, com
dores em todo o meu corpo.
Para a minha sorte, dentro de alguns minutos sentirei sono e vou dormir.

É muito bom ter a minha família aqui presente. Quando minhas irmãs e minha mãe se
juntam, o barulho é ensurdecedor. Ao menos elas me divertem. Alessandro está um pouco
incomodado com o barulho que elas fazem, mas não diz nada, porque sabe que isso me deixa
feliz. Pisco para ele, que sorri. O sorriso mais bonito deste mundo é o seu.
Ele é tão encantador, que não irá demorar muito para que eu o ame intensamente. Talvez eu
já o ame, apenas não saiba disso ainda.
Capítulo 23

Olívia

Finalmente, o dia da minha alta chegou. Não vejo a hora de poder chegar em casa. Nunca
pensei que fosse ficar tão feliz para retornar à minha casa. Meus pais estão assinando os papéis
da minha alta, e Alessandro não quer me deixar sozinha por nenhum minuto. Ele está levando a
sério a promessa de que não vai sair do meu lado por nada neste mundo.
De início, eu deveria passar três dias aqui, mas o médico mudou de ideia e eu permaneci
internada por cinco dias, até minha alta. Enfim, poderei sair deste hospital. Ele mais parece um
hotel de luxo, mas, ainda assim, prefiro o conforto da minha casa.

Eu pensei que voltaríamos para o apartamento na cobertura, mas, em vez disso, meu marido
me surpreendeu ao me trazer para a nossa nova mansão. Uma verdadeira fortaleza maior que a
casa de seus pais, segura e nossa.
Quando respiro, sinto uma leve angústia por tudo que passei. Aquela foi a pior noite da
minha vida. Não será fácil esquecer todas aquelas cenas aterrorizantes. Porém, pelo empenho do
meu marido, sinto que logo tudo isso ficará para trás.
— Eu queria lhe fazer uma surpresa de boas-vindas, mas acho melhor falar logo: as nossas
famílias estão reunidas.
— Minha família e a sua? Até minhas irmãs e minha mãe doidinha? — brinco.
O show que elas deram no hospital o deixou com dores de cabeça. Ainda assim, ele não as
expulsou, por mim. As pessoas da minha família costumam ser muito barulhentas, e quando se
juntam, ficam ainda pior. Eu posso dizer que sou a menos barulhenta. Talvez eles tenham me
traumatizado com tanto barulho.
— Obrigada por cuidar tão bem de mim. — Meu sorriso é singelo e dócil. Amo esse novo
Alessandro.
— Com cuidado, vamos descer.
Minhas costas doem bem menos a cada dia que passa. Estou confiante de que em mais
alguns dois ou três dias esse leve incômodo irá desaparecer. Os remédios são fortes e eficazes,
mas o amor e o carinho que venho recebendo do meu marido chegam a ser mais eficazes que
eles. Em toda a minha vida, eu nunca me imaginei vivendo um romance na máfia. Eu olhava
para os meus pais e acreditava que eles eram uma rara exceção de amor verdadeiro. Quase todos
os casamentos nesse mundo, que eu tinha conhecimento, foram arranjados, inclusive o dos meus
pais, porém eu sabia que meu pai se apaixonou pela minha mãe no primeiro instante em que a
viu, e ela por ele. E eu acreditava que nunca viveria algo tão complexo e intenso como o deles.
— Obrigada. — Seguro em sua mão e desço do carro com sua ajuda.
Fui alertada de que meus sogros, a avó do meu esposo e, possivelmente, suas primas estão
aqui. Não farei uma cena de ciúme por causa de Ludovica. Confio no meu esposo. Se ele diz que
não existe mais nada entre os dois, eu acredito.
— Se quiser, posso pedir para a minha prima ir embora. Saiba que eu não a convidei,
minha avó que a trouxe a tiracolo.
Vê-lo me dar explicações, todo bonitinho, preocupado com minha reação, é algo que nunca
esperei de sua parte. Isso me deixou surpresa e eu acho tudo divertido.
— Não vejo problema algum em Ludovica estar aqui. Não terei nenhuma crise de ciúme,
confio em você.
— Então, sente ciúme de mim?
— Para com isso, eu não sinto nada — falo, constrangida.
Inferno! Eu e minha boca grande.
Seu olhar para mim é intenso e ele está contente com a possibilidade de eu sentir ciúme.
Isso significa que eu gosto dele, nem que seja um pouquinho.
— Fique tranquila. Não haverá motivos para isso, eu a amo. — Ele beija a minha mão
suavemente. — Só existe você em minha vida, e será assim para sempre. Lamento que tenha que
me aturar, menina veneno, já que não sente o mesmo por mim.
— Dramático. Eu já lhe disse que, talvez, eu goste um pouquinho assim de você. — Faço
com os dedos um sinal pequeno da quantidade do meu amor.
Meu coração acelera apenas com um olhar seu. Ele é um homem incrível e apaixonado.
— Espero que não fique se achando e se ponha em meu lugar. Como você agiria se
encontrasse, em diversas ocasiões, um cara que conhecesse todos os segredos do meu corpo? —
provoco-o e vejo o fogo do ciúme em seus olhos.
— Nem de brincadeira diga isso. Eu enlouqueceria se outro homem tivesse tido o que é
apenas meu. — Ele é o mais possessivo dos homens; até me assusta. — Faremos assim: de agora
em diante, Ludovica não frequentará mais a nossa casa e eventos de família. Eu providenciarei
um marido para ela após o fim do seu luto.
— Alessandro, não precisa. Eu já lhe disse que confio em você. Além de tudo, ela é da
família.
— Sua compreensão chega a ser surreal. Você é maravilhosa, mas farei o que disse. Agora,
vamos entrar de uma vez.
Estou ansiosa para conhecer a nossa nova casa, no entanto, meu marido estraga-prazeres já
me alertou de que ficarei alguns minutos na sala e depois iremos para o nosso quarto, de onde
sairemos apenas quando eu não sentir mais nenhum incômodo. Ele ficará comigo em todos esses
dias. Pergunto de seus deveres na empresa e na máfia, e ele assegura que Dante dará conta de
tudo até que eu me recupere inteiramente.
Estar na presença daqueles que amo e me sentir amada é a melhor coisa do mundo. Minha
mãe alertou a todos de que ninguém poderia me abraçar, para que minhas costas não fossem
machucadas. Minha sogra me cumprimenta com beijos nas bochechas e meu sogro beija a minha
mão. Alessandro faz questão de que eu me sente logo, já que, assim, evitarei ficar cansada.
Recuso-me a me sentar, pois fiquei bastante tempo deitada. Ele segura em minha mão, sentindo
medo de que eu caia.
Ginevra sorri com muita satisfação ao me ver. Não compreendo em que momento ela
passou a gostar tanto da minha presença. E Ludovica é como um cão fiel ao lado dela. As duas
estão felizes com minha chegada? Há algo por trás desses sorrisos. Chego a sentir calafrios
quando elas direcionam seus sorrisos para mim.
Charllota é gentil ao me abraçar.
— Seja bem-vinda à sua nova residência, querida Olívia. Felizmente, você está bem. Saiba
que pode contar comigo. Lamento pelo o ocorrido. Imagine só... Aquele infeliz teve a audácia de
te ferir com um punhal.
Todas as vezes que me lembro do que aconteceu, fico sem fala.
Ela me abraça mais uma vez, com carinho. Alessandro a olha, intrigado, e eu não
compreendo bem.
— Punhal? Como sabe que era um punhal?
Charllota fica branca como um papel, mais pálida do que já é, e agora parece assustada.
— Ouvi comentários. Por quê? Não foi com um punhal?
— Foi com uma faca — respondo.
Acredito que era uma faca, mas posso estar enganada. Talvez tenha sido um punhal.
Alessandro não me diz nada, mas está surpreso por sua prima saber qual era a arma com tanta
convicção. Agora sei do que se tratava. No desespero e no medo, apenas associei o objeto a uma
faca, mas agora consigo me lembrar de que era um punhal naquelas mãos. Era um bastante
antigo, como se fosse feito para alguém, e havia um símbolo nele.
— Cunhada, que prazer em vê-la bem. — Dante é sempre muito gentil.
— Obrigada, cunhado.
Minhas irmãs tentam não fazer barulho. Meus pais as alertaram para se comportarem.
Mesmo depois de casadas, não sabem falar baixo. O que não chega a ser errado, apenas dói nos
ouvidos.
Todos já falaram comigo, faltam apenas a nonna e Ludovica. A viúva tem um papel em
mãos, como se fosse o resultado de um exame. Será que ela está doente?
— Fico feliz em saber que está bem, Olívia. — Mais fingida que ela, não tem ninguém. —
Porém, peço a atenção de todos para um comunicado que a nonna fará.
— Precisa ser agora? Minha esposa tem que descansar — Alessandro a corta. — Em outro
momento, vocês fazem esse tal comunicado. O mais importante agora é o descanso e a
recuperação da minha esposa.
— Querido neto, lamento, mas o que tenho a falar não poderá ser ignorado. Devo falar
agora. Peço que fiquem por mais alguns minutos. Você, meu neto, é o mais interessado em saber
o que tenho a revelar.
Ginevra deixou todos nós curiosos. O que ela tem de tão importante para dizer? Sentada em
uma poltrona de maneira elegante, em seu olhar há um misto de sentimentos que vão do prazer e
da satisfação a até mesmo muito ódio. A senhora não gosta de mim, e eu pude sentir isso desde o
primeiro momento em que nos vimos. Mas o que ela tem a comunicar? Não faço a menor ideia.
— Vamos ficar, querido, e ouvir — digo baixinho.
— Como quiser. — Assente. — Seja breve, nonna. Preciso levar minha esposa para o
quarto.
— Acredito que ela não será mais a sua esposa quando você souber a verdade.
De qual verdade ela fala? Por que eu não serei mais esposa de Alessandro? Não há nada
sobre mim que possa levar ao fim do nosso casamento.
A nonna pegou todos de surpresa. O que ela tem para contar?
— Veja lá o que a senhora vai falar da minha irmã — Andreia sai em minha defesa. Minha
protetora.
— Sogra, o que a senhora tem a nos falar? Por favor, diga de uma vez. Minha nora é uma
excelente esposa. O que poderia levar ao fim desse casamento? — Giorgia sempre está a me
defender.
— Asseguro a todos de que minha filha é uma mulher de caráter e honesta. — Mamãe teme
alguma coisa.
Não temo nada, pois sei que nunca fiz nada de errado.
— O que a senhora tem a dizer? Por favor, diga de uma vez. — Estufo o peito, confiante.
— Por favor, nonna, veja bem o que vai falar da minha esposa. Não irei tolerar mais
ofensas. A senhora pode ser a minha avó, mas não tem o direito de falar o que quiser da minha
esposa. Eu a proíbo de falar sobre a minha mulher. Não quero saber o que tem a dizer. Seja lá o
que for, não me interessa. Confio plenamente em Olívia — sua voz sai irritada. Ele não aprova a
atitude de sua avó.
— Alessandro, escute — ela implora.
A atitude de Alessandro me encheu de orgulho. Sua avó disse que tem uma informação que
poderá acabar com o nosso casamento, porém ele disse que não queria saber. Seu amor por mim
é tão grande, que ele se recusa a ouvi-la.
— Vamos subir, querida. E todos vocês, vão embora. — Ele já não tem mais paciência para
aturar todos.
— Espere, querido — peço, paciente. — Se a sua avó tem algo a falar a meu respeito, eu
quero saber. E obrigada por confiar em mim. Você é o melhor marido do mundo. — Acaricio sua
face. Ele respira tenso. — Vamos ouvir sua nonna. Por favor, continue, Ginevra.
Estou confiante. Não há nada que essa mulher possa dizer sobre mim. Nunca fiz nada que
pudesse me comprometer.
— Falarei de uma vez por todas. Esse casamento é um erro e você não é digna do meu neto.
Eu já lhe disse isso uma vez, alertei Giorgia e alertei o meu filho Edoardo, porém todos se
deixaram cegar por você, garota.
— Respeite a minha filha, senhora Lombardi. — Papai sempre vira uma fera quando o
assunto é suas filhas.
— Por favor, papai, deixe-a — peço. — Por que eu não sou digna, senhora Ginevra? Diga-
me, quero saber. Se bem que eu já sei. A senhora sempre deixou muito claro que eu não tenho o
padrão de beleza; costuma criticar meu corpo e meu cabelo. Eu sempre a respeitei,
independentemente de tudo, mas por que não pode gostar de mim? Eu teria que ser magrinha
como Ludovica para ter o seu respeito?
Ela é uma mulher preconceituosa. Chega a ser ridículo alguém ter esses pensamentos hoje
em dia.
— Seu corpo não é um dos mais bonitos e você não possui beleza alguma. Meu neto deve
estar enfeitiçado por você. Pergunto-me o que uma mulherzinha feia assim, de corpo e rosto,
pôde deixá-lo apaixonado. Penso que é porque age como uma sem-vergonha...
— Cale a porra da sua boca, nonna! Se ousar falar mais alguma palavra que ofenda a minha
esposa, esquecerei que é a minha avó e não responderei por mim. — O grito que Alessandro deu
assustou todos, inclusive a mim. Ele soltou a minha mão e deu um passo à frente, como se fosse
um escudo a me proteger.
Ginevra não treme por nenhum instante. Ela é uma das mulheres mais corajosas que já
conheci, como também uma das mais venenosas e preconceituosas.
— Calma, Alessandro.
Dói saber que sua avó não tem o menor respeito que seja por mim.
— Mãe, não irei tolerar que fale assim de minha nora — meu sogro me defende.
Há lágrimas em meus olhos, as quais prendo para não chorar na frente de todos. A viúva-
negra, com seu batom preto, sorri, satisfeita, ao me ver desta maneira. Minha tristeza é sua
alegria.
— Alguém tira essa mulher daqui antes que eu responda por mim?
Dante se aproxima da avó e pede, sútil:
— Por favor, nonna, vamos embora.
— Não sou sua nonna. Você não é meu neto, nunca foi e nunca será.
— Já chega, mãe. Quantas vezes irei repetir que Dante é tão meu filho quanto Alessandro
é? Eu os amo igualmente e exijo que a senhora os respeite. — Meu sogro, assim como minha
sogra, é completamente apaixonado pelo filho adotivo. Eles o amam mais que tudo.
Posso ver o quão Dante fica ressentido com a rejeição de Ginevra. Ela não o aceita como
neto, isso eu já havia notado, mas hoje ela está uma cobra venenosa.
— Virei vê-los em outro momento, irmão.
— Fique, irmão, por favor — Alessandro pede. Ele também ama muito o seu irmão mais
novo.
— Não compreende, senhora Ginevra. Para se pertencer a uma família não é preciso ter o
mesmo sangue, e sim amor.
Dante assente, agradecendo-me.
— Dante é o meu filho. Ele não nasceu do meu ventre, mas é meu filho. A senhora não
pode falar dessa maneira com ele. — Giorgia e Edoardo ficam do lado do filho que eles tanto
amam.
— A minha avó já passou de todos os limites hoje. — Alessandro está enfadado e chateado;
seria capaz de matar quem quer que fosse.
— Fale de uma vez o que a senhora sabe sobre mim, que fará seu neto acabar com o nosso
casamento. Eu quero saber.
— Esse papel nas mãos de Ludovica prova o que vou falar. Você é uma mulher infértil, que
não pode gerar filhos. Com isso, meu neto não poderá ter herdeiros. Isso faz de você uma mulher
seca, que não é capaz de gerar vida, portanto, esse casamento deve acabar neste exato momento.
Alessandro vai rejeitar essa união e se casará com Ludovica. Ela sim é uma mulher fértil.
A revelação da senhora Ginevra foi forte. Eu não posso ter filhos? Se isso for mesmo
verdade, o meu casamento não é válido. De acordo com as nossas leis, se uma mulher não pode
engravidar, seu marido tem o direito de acabar com o casamento e se casar com outra mulher que
possa lhe dar herdeiros.
— Quando eu estava no hospital, o doutor falou sobre esses exames. Ele pensou que eu
havia solicitado, mas foi a senhora. Depois me esqueci. Com que direito fez algo assim?
— Alessandro, você não pode permanecer casado com uma mulher que não pode lhe dar
filhos. Eu nunca me engano a respeito de alguém, e sei que sua esposa não é a mulher certa para
você. Ela é tão seca quanto uma árvore sem vida. A nossa lei é clara quando diz que o casamento
deve ser anulado nesse caso, mesmo se já tiver sido consumado.
É uma lei ancestral que nunca mudou, apesar do passar dos anos. Muitas coisas
aconteceram a favor das mulheres nos últimos tempos, mas algumas coisas serão difíceis de ser
mudadas devido aos comportamentos machistas dos homens.
Em um primeiro instante, sofri um baque, um choque. Eu não posso ter filhos! Nem sequer
me questionei se o resultado do exame é mesmo verídico. Pode ser mais um plano da nonna para
tentar mostrar ao neto que não sou digna de ser sua esposa. A verdade é que ela me odeia, e os
motivos são muitos.
Mamãe segura firme em minha mão, confortando-me.
— Pode ser mentira, querida.
— Não é mentira. Podem analisar o resultado do exame, ele é verídico. Todos podem olhar,
se quiserem, e ligar para o hospital ou, melhor ainda, pedir outro exame. Verão que o resultado
será o mesmo. — Ela está confiante. Sente-se vitoriosa com sua revelação.
Meu coração diminui, ficando apertado. Eu não posso ter filhos! Nunca saberei o que é ser
mãe. Apesar de que não queria ter me casado, nunca parei para imaginar que nunca teria filhos,
nem por um instante.
Minha mãe me ajuda a me sentar.
Se eu não posso engravidar, Alessandro não ficará casado comigo. Ele precisa de um
herdeiro, como chefe de máfia. É seu dever ter herdeiros, e eu não poderei lhe dar.
Nunca poderei.
Lágrimas molham minha face. Meu marido está calado, apreensivo e pensativo. Acredito
que está decepcionado comigo porque sou infértil. O nosso casamento já não vale mais nada para
máfia, e facilita tudo termos casado apenas no civil. A anulação será válida com a prova perante
o conselho. Neste momento já não sou mais a sua esposa, e nem foi preciso que o conselho
soubesse disso. Por isso a nonna está tão feliz, chegando a abrir um sorriso estonteante.
Ludovica está certa de que será a nova esposa de Alessandro. Meu coração está partido.
Minha sogra está analisando o papel do resultado do exame, meu sogro não diz uma
palavra e minhas irmãs estão em silêncio, apreensivas, provavelmente, pensando se podem ser
como eu também: inférteis. Choro baixinho. Mamãe lamenta, mas não diz nada. Ela teme falar
besteira e me magoar.
— Está decepcionado, meu neto. Posso ver em seu olhar.
Alessandro respira fundo. Não nos olhamos desde a revelação. Minha cabeça está baixa e
eu fito meus dedos e pés. Durante os últimos dias, eu estava me sentindo a mulher mais feliz
deste mundo, descobrindo a paixão crescendo em meu coração a ponto de se tornar amor.
Agora já não existe mais nós dois, apenas eu.
Não podemos mais ficar juntos.
— Sim, eu estou muito decepcionado. — Essa frase me matou e quebrou ainda mais o meu
coração.
Capítulo 24

Olívia
— Eu estou decepcionado sim, mas com a senhora, nonna. Como pôde ser capaz de
submeter a minha esposa a uma situação dessa?
— Decepcionado comigo? Sua esposa não pode lhe dar filhos, e sua avó, por fazê-lo
enxergar a verdade, é a culpada?
Tudo que ela fala faz eu me sentir a pior das mulheres. Ela não somente destruiu o meu
casamento, como também jogou na minha cara que não sou capaz de ter filhos, e de uma maneira
perversa e cruel da qual jamais esquecerei. A dor que ela me causou não tem perdão.
Meu mundo está desmoronando e tudo ao meu redor começa a girar a ponto de eu não
conseguir me concentrar no que as pessoas estão falando. São muitas vozes ao mesmo tempo.
— Não se preocupe, minha filha. A porta da casa do seu pai sempre estará aberta para você
— meu pai se ajoelhou brevemente para me confortar.
Sorrio sem querer, agradecida pela sua atitude. Tudo está doendo, mais que a dor nas
minhas costas.
Eu não posso ter filhos!
Meu casamento acabou!
Só me resta chorar e seguir em frente.
— Não será necessário, meu sogro. Olívia nunca mais voltará a morar com vocês. Não
enquanto ela for minha esposa. Não enquanto eu tiver vida — Alessandro é duro ao falar. —
Vamos subir, querida. Você está cansada. — Ele segura em minha mão e eu não me atrevo a
olhar em seus olhos. — Você está cansada e já passou por muitas emoções hoje.
— Alessandro, ela é infértil — como se ninguém soubesse, sua nonna fala mais uma vez,
achando um absurdo seu neto não me expulsar daqui de imediato, como ela desejava.
— Eu não vou tolerar que a ofenda. Olívia é a mulher que amo. Ela é minha esposa e será
minha esposa por toda a nossa vida. Enquanto eu tiver vida, ela será minha, e ninguém nem nada
nesse mundo mudará isso. Ela não pode ter filhos? A lei manda que eu me separe? Que se foda a
lei. Que se dane tudo e todos. Saibam que essa informação a respeito da minha esposa não muda
em nada. Se for preciso, eu abandono a máfia e o meu cargo de chefe, mas jamais, jamais,
abandonarei minha esposa. — Alessandro me toma nos seus braços como um recém-casado que
carrega a esposa para o quarto.
Permaneço em silêncio e encosto a cabeça no seu peito. As batidas do seu coração estão
desenfreadas como tambores agitados. Tenho certeza de que todos estão impactados com a
decisão do meu marido. Confesso que até eu estou. Ele não vai acabar com o nosso casamento?
— Se alguém ainda tem alguma dúvida, espero que eu tenha deixado tudo esclarecido.
Olívia e eu somos uma só carne, e nosso casamento será por toda a nossa vida. Por favor, irmão,
retire da minha casa nossa avó e nossa prima Ludovica.
— Eu não tive nada a ver com isso, querido...
Alessandro deixa todos para trás, seguindo para o nosso quarto. Meu coração está a mil,
principalmente pela sua declaração e afirmação do seu amor na frente de nossas famílias.
Ginevra deve me odiar ainda mais agora, já que nem mesmo com uma notícia dessa conseguiu
acabar com o nosso casamento.
A atitude de Alessandro causou um grande espanto em mim e em todos. Ele seria capaz de
abandonar a máfia. O homem que, há algumas semanas, disse que me rejeitaria após eu dar à luz
um filho homem, agora descobriu que não posso ser mãe e, mesmo assim, afirmou na frente de
todos que me ama. É por um homem como esse que eu sempre quis me apaixonar, um homem
que é capaz de dizer “não” ao mundo inteiro para ficar comigo.
Meu marido se senta em nossa nova cama, que é bem maior que a anterior. Fiquei
encantada com a beleza desta casa. Em outro momento apreciarei os detalhes, mas, por enquanto,
meus olhos estão embaçados pelas lágrimas que não consigo mais conter. Uma das coisas que
sempre odiei nesta vida é chorar na frente das pessoas. Meu coração dói, apertado, e diminui a
cada batida. Esse foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, chegando a se comparar
com o ataque que sofri. Ginevra me tirou, da pior forma, meu sonho. A culpa não é dela, mas a
maneira como isso me foi revelado destruiu o meu psicológico, que já estava abalado
emocionalmente.
Alessandro caminha de um lado para o outro do quarto, chateado. Por ele ser um homem
difícil de compreender, não faço ideia do que está em seus pensamentos, contudo, sei que não
está feliz. Como poderia estar? A mulher com quem ele se casou não poderá lhe dar herdeiros, e
na sua posição, isso é necessário, é uma obrigação. O fato de ele ter me defendido pode levá-lo a
se arrepender futuramente?
Não desejo ser o motivo da sua ruína. Não posso permitir que Alessandro deixe tudo que
sempre quis para trás por mim. Não é certo. Meu coração sente que ele está se precipitando. E se
algum dia ele olhar para mim e falar que fui sua pior escolha? Eu jamais me perdoaria.
Meu marido pega uma taça na adega e eu o observo abrir o frigobar. A bebida o deixa mais
calmo, e ele precisa se acalmar. Por um instante, pensei que ele seria capaz de avançar em cima
da sua avó e a tirar à força da nossa casa. Se bem que ela merecia. Nós, seres humanos, não
respondemos por nós em um ataque de raiva.
Desvio meu olhar para o chão e fecho os olhos brevemente. Eu queria que esse dia nunca
tivesse existido. Eu ansiava para chegar em casa e ficar longe do hospital, só não poderia
imaginar que isso seria péssimo.
— Beba. — Fito o meu marido, que está em minha frente me oferecendo um copo de água.
— Está muito emocionada, vai se acalmar.
— Você está prestes a ter um ataque de raiva, e eu que devo me acalmar? — Pego o copo
de água e bebo. — Obrigada por conseguir pensar em mim, mesmo você não estando nada bem.
— Estou à beira de um ataque de raiva sim, mas não é por você, uvinha, é por tudo que
vem acontecendo nos últimos dias. Me pergunto onde errei. Por culpa de um maldito erro meu,
eu quase a perdi, e agora minha própria avó agiu pelas minhas costas. Tenho certeza de que, a
essa altura, ela já informou ao conselho sobre... — Alessandro se cala, levando as mãos à cabeça,
em desespero. Seu peito sobe e desce. Ele está fora de controle.
— Não é sua culpa o que me aconteceu, e sua avó só fez o que qualquer pessoa no lugar
dela faria.
— Como consegue ter o coração tão puro?
Por mais que eu odeie sua avó neste momento, ela é uma mulher de idade e com
pensamentos machistas, que ficou presa no seu tempo, na sua época. Não dá para lutar contra
pessoas assim.
— O que você teria feito no lugar dela? — questiono.
— Essa não é a questão, ragazza. A decisão era minha. Minha nonna não tinha o direito de
agir pelas minhas costas. Agora eu estou em uma corda bamba, o conselho vai querer o fim do
nosso casamento.
— É o certo a se fazer nesse caso. — Ele me olha como se eu tivesse dito um absurdo. —
Eu não poderei lhe dar filhos. Entende isso? Essa é sua máfia, você é o boss e todos te respeitam.
Ninguém vai confiar em um chefe que não terá herdeiros. O meu pai mesmo perdeu muito
respeito por não ter tido filhos homens. O mesmo acontecerá com você... — Calo-me diante do
choro preso no meu peito.
— Seu pai não deixou a sua mãe após ela ter dado à luz três filhas mulheres, e eu jamais
deixarei você, mesmo que nunca possa me dar filhos. Por favor, nunca mais repita isso. É minha
menina veneno. Não posso imaginar a minha vida sem você ao meu lado, mesmo que, para isso,
eu perca a minha máfia, o meu poder e todo o meu respeito. De nada me adiantaria isso se eu não
tivesse você. — Alessandro se ajoelha, unindo nossas mãos. Há lágrimas presas em seus olhos de
águia.
— Não vai se arrepender futuramente? Eu sou uma mulher infértil, e você perderá o seu
mundo.
— Por favor... O meu mundo é você.
— O meu mundo também é você.
— Então, não vamos nos importar com o exterior. Se você também me ama, foda-se a
máfia e foda-se o que as pessoas pensam. Você é o meu sol, a minha lua, o meu mar e a minha
paz. Não me peça para vivermos longe um do outro. Condene-me à morte, mas não me deixe —
implora.
Alessandro Lombardi implorando para que eu não o deixe é uma cena que chega a ser
absurda de tão irreal. Choro como uma criança manhosa. Não quero viver sem o seu amor e
longe de seus carinhos.
O conselho virá atrás de nós e exigirá o fim do nosso casamento. Posso ver o temor em seus
olhos negros. Ele sabe que não poderá mais exercer poder para me ter, e eu receberia todo o
auxílio para ir embora de uma vez por todas. Se isso tivesse acontecido há algumas semanas, eu
não pensaria duas vezes. Seria a oportunidade perfeita para eu o deixar e acabar com esse
casamento forçado que tanto repudiava.
— Alessandro, eu não te deixarei nem que a lua caia sobre minha cabeça. Só me preocupo
com tudo que você tanto batalhou para conseguir. Está disposto a perder por minha causa?
— Do que me adiantaria o mundo, a glória, se eu não pudesse ter você? Entenda, Olívia,
você é o meu mundo.
— Eu te amo, Alessandro Lombardi.
Ele abre o sorriso mais lindo que já me deu e eu consigo sentir toda a extensão do seu amor
por mim. Meu estômago está cheio de borboletas. Busco os seus lábios, prendendo minhas mãos
em volta do seu pescoço. Minha boca saliva pela sua. Não posso negar que sempre fui
apaixonada por esses beijos suculentos e dominadores que ele dá. Sinto-me a mais desejada e
amada das mulheres quando estou ao seu lado.
Meu marido tem muita fome por mim, e mesmo ele se controlando para não me tomar em
seus braços, eu o quero agora.
— Me faça sua. Eu imploro, querido.
— Você acabou de receber alta do hospital. Tenho medo de machucá-la, anjo. — Sua
preocupação é fofa.
— Per favore, amore mio, me faça sua — imploro.
— Não me olhe com esses olhinhos apertados, principessa. Eu sou seu e para sempre serei,
mas não posso me deitar por cima de você, ou acabarei te machucando.
— Eu fico por cima, então.
— Minha esposa safadinha, está brincando com fogo. Veja só como me deixa.
Seu pau está duro. Passo a mão em volta dele por dentro da calça. Quentinho, duro, melado
e meu. Ele é tão apetitoso. Abro o zíper da sua calça e o ajudo a se livrar dela, e depois da cueca.
Alessandro fica muito sexy coberto apenas pela camisa e de meias.
— Garota, o que está fazendo?
Estimulo o seu membro com movimentos de vai e vem com as mãos.
Meu marido expulsou a raiva predominante em sua face, dando lugar somente ao desejo.
Sei que não consigo fazer muitos esforços, mas ao menos posso tocá-lo e implorar para que ele
também me toque. Meu sangue está quente neste momento e a única coisa que sinto é desejo,
além de uma necessidade imensa de ser amada.
Com cuidado, retiro as alças do meu vestido e o deixo cair pelas minhas pernas, ficando
apenas de calcinha, já que a peça tinha forro para os seios. Abaixo a cabeça levemente,
provocando-o.
— E, então... O que vai fazer, marido, para me satisfazer?
— Ovelhinha, não provoque o lobo. Estou fazendo todo o possível para não avançar em
cima de você. Seus lábios suculentos, seu olhar inocente, sua pele perfumada... Tudo me deixa a
ponto de cometer uma loucura. Eu te desejo mais que tudo nesta vida. Você é meu tudo e eu te
farei minha, como deseja.
Abaixo a calcinha, ficando nua, e ele me devora, faminto. Sua fome por mim é insaciável.
Eu o faço se sentar no baú macio da cama e me livro de sua camisa. Por mais que fosse sexy vê-
lo vestido somente com ela, quero sentir seu corpo nu por inteiro. Depois me sento no seu colo,
sem me encaixar no seu pau. Meus seios expostos diante do seu rosto são engolidos pela sua
boca quente, que os suga com volúpia. Pingo tanto de tesão por esse homem, que não sinto nada
além do prazer intenso.
Minha boceta se encaixa perfeitamente em volta do seu membro, engolindo-o. Seus
gemidos são roucos e seu beijo acelera o meu coração. Devagar, subo e desço, cavalgando. Meu
homem tem todo o cuidado do mundo para não me machucar. Não precisamos de um sexo
avassalador para sentir prazer. Uma transa lenta, com muitos beijos, é mais que o necessário para
fazer com que nós nos sintamos um só. A paixão queima em minhas veias e nas suas.
Ele me escolheu acima de qualquer coisa, e eu o escolhi acima de qualquer coisa.
Capítulo 25

Alessandro Lombardi

— Todos, vão à merda! Eu não quero saber se uma lei diz que devo me separar da minha
esposa. Eu não vou deixar Olívia nem que coloquem uma arma sobre minha cabeça. Se para
continuar sendo o chefe, eu preciso abandonar a minha mulher, espero que todos fiquem felizes
com a volta do meu pai como o boss ou, quem sabe, até do meu irmão Dante. No entanto, eu não
deixo a minha esposa. — Bato forte com as duas mãos na mesa de madeira.
O conselho todo está reunido, os 20 homens que sugam o meu sangue, falando de leis e
deveres. Primeiro me casei para gerar um herdeiro homem porque eles insistiram, e agora
querem que eu me separe e despose outra mulher?
— Sua prima Ludovica é uma linda mulher e fértil, pelo que mostra o resultado do exame
apresentado pela sua avó. O senhor poderá desposá-la, se assim desejar...
— Se insistir mais uma vez nesse assunto, estouro seus miolos neste instante. É isso que
deseja, senhor Colombo?
O homem se cala e não diz mais nenhuma palavra. Maledizione!
Todos esses urubus estavam convencidos de que eu iria fazer o que eles desejassem. Nunca
me submeti aos caprichos deles, e não farei isso agora.
— Meu filho é o chefe da máfia. Se ele diz que continuará casado com a sua esposa, a
senhora Olívia Lombardi, continuará. E ninguém... Ouçam bem: ninguém questionará a decisão
dele. Como meu herdeiro, essa cadeira em que ele está sentado lhe pertence, como também
pertence ao meu filho Dante, mesmo que ele seja adotivo. E eu concedo o direito de governar a
todo e qualquer filho adotivo que for reconhecido como um Lombardi.
— Isso é um absurdo. Como um bastardo poderia se sentar na cadeira de um boss? — o
senhor Romano fica contra, assim como os senhores Ricci, Caruso e Ferrari. Ninguém é a favor.
— Podemos fazer do jeito mais difícil — meu pai sugere. — Gostam de ser conselheiros e
viver com certas regalias?
— É um privilégio ser conselheiro — meu irmão ressalta. — Talvez devêssemos mudar o
conselho, irmão...
— Não é necessário, senhor. Se o senhor Lombardi deseja continuar casado com uma
mulher...
— Veja bem o que irá falar, senhor Ricci — corto-o.
— Eu ia dizer: se o senhor deseja continuar casado com a sua esposa, ninguém será contra.
Em algumas máfias já foi aprovado o direito de um filho adotivo se sentar na cadeira de seu pai.
Caso o senhor e a senhora Lombardi desejem adotar crianças do sexo masculino, será permitido
que elas se sentem na sua cadeira, boss, como também será aceito que o senhor Dante Lombardi
seja considerado seu herdeiro como seu irmão, caso não optem por adotar crianças.
Vencemos!
Era por isso que eu e meu pai sempre batalhamos: para que meu irmão fosse reconhecido
como herdeiro. Papai foi capaz de destruir uma máfia rival para que Dante se tornasse chefe de
sua própria organização, e agora também o tornou herdeiro da nossa máfia, a mais poderosa de
Calábria.
— Você será o próximo chefe, irmão — asseguro-lhe.
— Irmão, não faça isso somente por mim. Você tem todo o direito de colocar no poder um
garoto que carregue seu sobrenome.
— Você carrega o sobrenome da família.
Minha esposa e eu decidimos que, se algum dia adotássemos crianças, seriam todas
meninas.
— Estou bem em Nápoles. Além do mais, eu preciso lhe contar uma coisa. Há cerca de
dois anos, conheci uma garota. Ela me salvou quando eu estava correndo perigo.
— Uma garota?
— Sim. Uma moça que estou mantendo presa há quase seis meses.
— Por qual motivo?
— Ela foi criada pela família que nosso pai e eu matamos, os traidores da máfia da qual me
tornei o novo chefe.
— Por que não a matou?
— Ela não é como os demais, e me parece que era mais como uma empregada do que filha.
Não tive coragem de matá-la, porque se não fosse por ela, eu teria morrido quando o maldito do
Antônio me atacou covardemente. Ela acertou uma paulada na cabeça dele e chamou ajuda
médica.
— Dante, isso aconteceu há algum tempo já. Faz mais de dois anos que você foi atacado
por aquele verme.
— Após mais de dois anos, eu a reencontrei. Não pude matá-la. Compreende?
— O que pretende fazer com a garota? Vai mantê-la presa por mais quanto tempo?
Lembre-se de que não poderá libertá-la nunca, ela é testemunha do que aconteceu.
— Sei disso. Estou pensando no que fazer com Melinda. Mas não falaremos sobre isso
agora. Você continuará no cargo de boss por muitos anos, e eu sempre estarei ao seu lado como
seu aliado.
Abraço Dante. O tempo da humilhação ficou para trás. Nosso velho ajudou os seus dois
filhos ao mesmo tempo, provando que ainda sabe como conduzir um conselho.

Já se passou um mês desde a alta da minha esposa e a verdadeira responsável pelo atentado
foi capturada nessa manhã.
— O destino da minha nonna será viver o resto de sua vida em uma cela. O que ela fez à
minha esposa não tem perdão: arquitetou com Charllota um plano terrível para matar minha
esposa. Ambas acreditavam que, assim, eu me casaria com Ludovica.
— Foi mesmo provado que Ludovica não tinha conhecimento do que sua irmã e nossa avó
planejaram? Eu teria apostado na viúva-negra, e não na irmã meiga, que sempre foi tão gentil
com minha cunhada. Aquele velho ditado: lobo em pele de cordeiro. — Dante está surpreso,
assim como eu.
Charllota confessou que foi a responsável. Ela e nossa nonna sequestraram a filha daquele
soldado e disseram que só devolveriam a garota quando ele matasse minha esposa. Naquela
noite, quando fui à cozinha preparar nosso lanche, tive a sensação de estar sendo observado.
Pensei que se tratava de Ludovica, mas era Charllota. Ela foi atrás do soldado, como mostrou
uma câmera na parte externa da casa, e depois ele subiu atrás de Olívia. Minha prima acreditou
que eu me distrairia com sua irmã na cozinha, já que nos viu juntos. Mesmo que ela conhecesse
os locais das câmeras, havia algumas escondidas, às quais somente eu tinha acesso. Foi assim
que descobrimos. A mulher do soldado, assustada, procurou Dante para contar o que estava
acontecendo. Nós resgatamos a filha dela, depois lhes damos bastante dinheiro e elas foram
embora do país.
Dante me mostra o vídeo, e nosso pai também assiste. A loira está amarrada em uma
cadeira de madeira.
— Eu fui a responsável sim, e não me arrependo. A minha irmã merecia ser feliz ao lado do
homem que ama. Ludovica sempre foi fraca e não soube segurar Alessandro quando teve a
chance. Depois se casou com aquele marido fraco, que eu matei envenenado lentamente.
Também não me arrependo. Ludovica só late, não morde; diferente de mim, que mordo
sorrateiramente. Sou capaz de derrubar um reino inteiro se preciso for. — Ela ri, debochada. —
Eu também mataria meu noivo para ficar com sua riqueza. Ninguém merece ser bonita e pobre.
O que vão fazer comigo? Me matar? Eu sou da família. Olívia não merece viver enquanto eu vou
morrer.
Pauso o vídeo. Charllota é terrível, uma traidora que terá o fim que merece.
— Senhor, a senhora Ludovica pediu para vê-lo.
— Deixe-a entrar — peço.
Meu pai e Dante se retiram. Minha conversa com Ludovica será franca. Ela está muito
triste porque sabe que sua irmã vai morrer. Mesmo sendo da família, a punição para traidores é a
morte.
— Alessandro, o que eu posso fazer para implorar pela vida da minha irmã?
— Nada. Sua irmã vai morrer ainda hoje.
Ela chora, triste. Os crimes de Charllota são muitos. Se a família do falecido marido de
Ludovica descobrir o que aconteceu, vão querer arrancar a pele da loira. O que seria cruel, mas
bem que ela merecia. Porém, por ela ter o meu sangue, eu a pouparei de uma morte lenta.
— Devo me conformar. Tudo bem. — Seca as lágrimas. — Vim aqui também para pedir
perdão por ter sido grosseira com sua esposa. Você realmente a ama, e eu devo aceitar que não
passei de uma diversão para você. Meu erro foi ter me iludido, acreditando que algum dia seria a
dona do seu coração. Olívia é uma mulher sortuda.
— Deveria ter sido mais honesta consigo. Fui benevolente em não a castigar por ter
humilhado Olívia, mas se não fiz tal coisa foi porque ela me pediu. Minha esposa compreende
que você me ama e que agiu apenas em nome do amor. E como não chegou a ferir ninguém, eu
te deixarei ir embora, mas saiba que nunca mais poderá colocar seus pés em Calábria.
— Eu vou viver longe de vocês. Peço que me perdoem. — Seca as lágrimas novamente. —
Quem sabe algum dia eu encontre alguém que me ame tanto quanto você ama Olívia. Desejo que
sejam felizes, querido Alessandro. Adeus.
— Adeus.
Retorno para casa cansado, com o dia cheio que tive. Todos os nossos problemas foram
resolvidos e não há mais nada neste mundo que me impeça de viver ao lado de minha esposa. Eu
adentro o nosso quarto e ela corre para os meus braços. Assim que saí da reunião com o
conselho, liguei para ela e avisei que tudo tinha ocorrido bem. Ainda assim, eu a encontro
preocupada.
— Eles aceitaram o nosso casamento? Você não precisou matar ninguém, certo?
— Ninguém morreu hoje. Quer dizer... Ninguém além de Charllota.
Olívia não queria a morte da minha prima, mesmo ela tendo sido a responsável por aquele
ocorrido. Após muita clemência, permiti que minha nonna pudesse viver o resto de seus dias em
uma cela, e, ainda assim, ela não foi grata à minha esposa.

— Só está sendo salva de uma morte terrível graças à minha esposa. Caso contrário, nem
eu nem seu filho teríamos misericórdia da senhora, vó.
— Não devo nada à sua esposa e desejo que ela morra. Viverei feliz por saber que ela
nunca dará à luz um filho.

Minha avó sempre foi uma mulher difícil. Ela não abaixou sua cabeça nem depois de presa.
Porém, não fará mais mal a ninguém. Também descobri que ela planejava matar Dante
envenenado. Felizmente, não chegou a conseguir.
Olívia está deitada em meus braços. Voltar a ter a sensação de paz é maravilhoso, e devo
tudo isso à minha mulher. Se ela respira, eu respiro. Se ela sorri, eu sorrio. Quando ela chora, eu
também choro. Meu mundo inteiro vive em volta do sol que ela representa em minha vida. Sou
um homem completamente refém da minha menina veneno.
Minha vida era cheia de emoção, com vitórias triunfantes. Eu era poderoso, tinha o respeito
de todo o meu conselho e inimigos, e acreditava que não me faltava nada. Quando recebi a
proposta de casamento dos Russo, não quis a irmã mais nova, queria uma mulher mais madura
em idade, devido à minha idade de 40 anos. Olívia é mais jovem que eu 20 anos; o que a torna
uma bebê com quem preciso sempre ter cuidado e muito zelo. Ela me ama, apesar de nossa
diferença de idade ser muito grande. Ela é a fortaleza da qual eu precisava e não sabia.
Sem o amor, minha vida seria sem sal. Eu poderia ter tudo, mas nunca viveria todo esse
amor que somente Olívia me ensinou a ter.
Ela não poderá me dar filhos nunca, e essa é uma situação que nem mesmo a ciência
mudaria. Conversamos diversas vezes sobre esse assunto. Filhos nos tornariam mais completos,
é um fato, porém o nosso amor é capaz de superar todas as adversidades. Olívia me sugeriu
barriga de aluguel, mas não desejo algo que poderia fazê-la se sentir incompleta. Se algum dia
tivermos vontade de adotar, iremos querer muito uma linda menina, para a levar à praia e encher
seu cabelo de presilhas e laços.
Prometemos que, enquanto tivermos um ao outro, sempre daremos graças e seremos felizes
em nos amarmos.
— Estou tão feliz, Alessandro. No final, tudo terminou bem. Estamos completamente
apaixonados um pelo outro, o nosso amor é sólido como uma rocha e todos os nossos inimigos
ruíram.
— Eu lhe prometi que todos que ousassem fazer mal a você, cairiam, mesmo que fossem da
minha família. Você é o que tenho de mais importante nesta vida, por isso, Olívia, gostaria que
nossa cerimônia no religioso fosse realizada o quanto antes. Quero ter o prazer de recebê-la no
altar vestida de branco, véu e grinalda.
— Quer se casar duas vezes com a mesma mulher, senhor Lombardi?
— Sim, eu quero.
— Eu também quero, querido. Te amo.
— Te amo.
Unimos nossos lábios em um beijo apaixonado.

TRÊS MESES DEPOIS

Olívia Lombardi

Organizar uma cerimônia em três meses não foi uma tarefa fácil. Minha mente estava a mil.
Eu cuidei de tudo pessoalmente: da escolha da igreja, da comida, da decoração e das vestes do
noivo.
Tudo sairá perfeito. Estou ao lado do meu pai e da minha mãe, em direção ao altar. Se não
fosse pela insistência deles, hoje eu não estaria me casando com o amor da minha vida.
Meu vestido longo, de saia-balão, digno de uma princesa, foi inspirado na Cinderela. A
coroa em minha cabeça é modesta e abrilhanta o meu look. Caminho pelo corredor ao som de
“Aleluia”. A festa está sendo realizada para mais de mil convidados. Meu marido queria algo
grandioso, que mostrasse a todos o quanto ele me ama.
Vejo-o sorrir no altar. Seu terno cinza reluz seu corpo definido. Ele é o mais lindo entre os
homens. Amo a tonalidade de seu cabelo grisalho. Desde muito novo, ele ficou assim. Meu
marido é o melhor entre os maridos, e hoje é, sem sombra de dúvidas, o dia mais feliz da minha
vida.
No altar, lado a lado, unimos nossas mãos. O padre dá início à cerimônia que consagrará o
nosso amor por toda a vida.
Alessandro Lombardi, eu te aceito por toda a minha vida, meu amor.
— Eu te amo, minha linda menina de cabelos roxos — ele sussurra ao meu ouvido.
Epílogo

Olívia
CINCO ANOS DEPOIS
Ilhas do Caribe

A brisa do mar do Caribe assanha meu cabelo, deixando-o em terríveis nós. A escova me
castigará mais tarde. Assisto ao pôr do sol debaixo da nossa tenda particular, no resort que
pertence ao meu marido. Sempre que estamos viajando, ele fecha o local especialmente para nós
dois. Celebramos o nosso aniversário de casamento todos os anos, nesta mesma data, há cinco
anos. Costumamos comemorar todas as datas que têm representatividade em nossa vida.
Estou beirando os 26 anos. Dentro de algumas semanas será meu aniversário, e eu
comemorarei com toda a família em Calábria, onde Dante se encontra com Melinda e seus filhos,
meus sobrinhos queridos. Minhas irmãs também deram à luz dois bebês cada uma, e eu sou a tia
mais babona deste mundo. Faço todos os dengos dos bebês.
Melinda e Dante se casaram após um longo período de brigas e revoltas. A minha
cunhadinha era uma mulher muito histérica. Se eu fui difícil para o meu marido, ela foi o dobro
para o seu. Ao menos eu nunca atirei em Alessandro. Dizem que o amor às vezes pode ser um
pouco difícil, mas o que importa é o respeito e a dedicação que um tem pelo outro. Acredito que
Melinda passou a amar Dante depois que atirou nele.
— Querido, vou para o nosso quarto. Você vem daqui a cinco minutos? Quero lhe preparar
uma surpresa. — Adoro preparar surpresas para o meu marido.
— Outra dança daquela, uvinha, e você me mata — brinca.
Ele se referiu à dança caribenha que aprendi. Gosto de balançar minha cintura como uma
latina e danço até bem. As meninas me elogiaram quando me juntei a elas ontem à noite para
dançar na festa para a qual fui. Todos aplaudiram e o meu marido ficou muito satisfeito, apesar
de enciumado por me ver dançando na frente de alguns homens que nem sequer conhecíamos.
— Eu adoraria repetir a performance de ontem, mas hoje será algo diferente. — Beijo seus
lábios com suavidade.
Enquanto caminho até o nosso quarto, não deixo de sorrir, abobalhada. Estou vivendo uma
vida cheia de sonhos. Conheci tantos países nos últimos anos, que não lembraria o nome de todos
se falasse. Experiências que guardarei para sempre em minhas lembranças.
Acendo algumas velas para iluminar o quarto e deixo uma luz vermelha para dar um ar
mais erótico à nossa cabana. Visto o vestido que guardei com tanto cuidado ao longo dos anos e
coloco a máscara que também usei na noite em que nos conhecemos. Sempre fico nervosa ao me
lembrar daquela noite em que me entreguei em seus braços sem sequer imaginar que ele era o
meu noivo. Perfumo meu corpo com Âmbar, a mesma fragrância que usava naquele baile, e me
certifico de que tudo está como desejo. A música que toca é sensual e baixinha, como a que
tocava no quarto.
A porta se abre, revelando o meu esposo. Ele fica tão delicioso usando shorts e camisas
praianas. Controlo-me para não me jogar em seus braços.
Sorrio quando ele paralisa, venerando o meu corpo dentro do vestido que ainda cabe em
mim. O modelo tomara que caia é curto e provocativo.
— Minha nossa senhora! Você quer infartar seu marido com tanta beleza, amore mio? Está
tão bela quanto na noite em que nos conhecemos. Me fez reviver muitas emoções.
— Se lembra de que naquela noite, eu estava disposta a trair meu noivo? Eu não poderia
imaginar que estava diante dele. — Rio, irônica. — Você soube bem se aproveitar da situação.
— O que eu poderia fazer? Permitir que você se deitasse com outro homem? Nunca. Você
é somente minha. Eu me lembro de que não sentiu medo algum de vir comigo. Eu poderia ser
perigoso e te matar, mas, mesmo assim, veio comigo.
— Caminhei para a cova do leão, e cá estou, casada com ele. — Dou de ombros.
— Você está maravilhosa. É mais que um presente na minha vida.
— Que tal revivermos um pouco daquela noite juntos? — Ergo a sobrancelha.
— Vinho ou champanhe? — ele entra no personagem, lembrando-se daquela noite.
Rio, contente, também entrando na personagem.
— Nenhum dos dois.
— Pode se aproximar mais, se quiser. Não vou fazer nada que você não deseje, senhorita
misteriosa. — É assim que ele me chama agora, igual naquela noite. — Pode aceitar uma bebida,
não precisa ter medo de mim.
— Eu não estou com medo, senhor misterioso. É que eu não bebo — brinco de volta com o
apelido que ele me deu.
Alessandro me puxa pela cintura, cola nossos corpos e roça seu nariz no meu. Seu hálito
delicioso de menta se tornou o meu vício, sendo que nem de menta gosto.
— Posso amá-la agora e sair do meu personagem?
— Deve, amore mio. Sou sua. Apenas sua. — Envolvo minhas mãos em seu pescoço.
Ele me despe sem pressa, e em seguida é a minha vez de despi-lo, entre beijos e carícias.
— Veja como você me deixa, uvinha.
A imagem do seu corpo nu é tentadora. Salivo por aquele pau delicioso, que coloco em
minha boca após me ajoelhar. Seguro-o entre minhas mãos. Por ele ser enorme, não consigo
engolir tudo, mas faço um bom trabalho, chupando-o fervorosamente. Consigo enlouquecer o
meu homem com movimentos sexies. Minha boca quente gosta de se engasgar com seu pau duro
e melado. Lambuzo-o com minha saliva até sentir suas veias pulsarem em minha boca. Gosto
quando ele empurra minha cabeça com violência na direção do seu membro.
— Gosta de mamar, la mia piccola cagna? Engula minha porra, ragazza safadinha.
Intensifico minhas investidas até sentir seu gozo queimar em minha garganta. Gosto de
engolir tudo e de sentir o delicioso sabor do seu sêmen. Esse homem é meu. Meu homem
delicioso.
— É minha vez de me lambuzar nessa bocetinha gostosa. Abra bem as pernas para mim,
minha esposa safadinha. Vou te foder com minha língua.
Sua experiência é algo que chega a me assustar. Alessandro é um conhecedor do corpo das
mulheres; do meu corpo. Ele sabe exatamente o que me excita e o que me faz delirar de paixão.
Fico febril em todos os momentos em que estamos unidos no fogo do desejo. Apesar do passar
dos anos, nosso sexo sempre se renova e ele me tem de uma maneira diferente a cada dia.
Suas mãos estão pesadas em minhas coxas e sua língua sedenta está em minha boceta,
sugando meu clitóris. Ele me manda segurar os bicos dos meus seios e eu choramingo a cada
lambida. Deliro com a sensação de explodir em sua boca mais uma vez. Com todo esse fogo,
nem parece que já é a terceira vez que gozamos no dia. O sexo matinal faz parte da nossa rotina.
Alessandro busca meus lábios e inicia um beijo envolvente. Suas mãos exercem domínio
em minhas costas, apertando-me e me marcando como sua. O que ele sempre faz, possesso.
Ajoelho-me na cama, ficando de quatro, como ele pediu. Seu pênis rasga a minha boceta. Ele
está louco de desejo e pulsando para gozar dentro de mim. Fecho os olhos. A surra de pau que
meu marido me dá quase todos os dias me faz viciar nela a cada instante que passa. O desejo é
tanto. Eu não sabia que seria possível desejar tanto um homem.
— Te amo, amore mio, para todo o sempre — Alessandro diz assim que iniciamos a
posição “papai e mamãe”, uma das minhas favoritas, pois assim podemos manter os olhares fixos
um no outro, encher nossos lábios de beijos e nos sentirmos e nos tocarmos intensamente.
— Te amo, amore mio, para todo o sempre — respondo.

— Senhor e senhora Lombardi, apresento a vocês sua filha, a pequena Ananda. Já podem
levá-la para casa.
Meus olhos se encheram de lágrimas de alegria quando a funcionária do orfanato nos olhou
e confirmou que poderíamos levar nossa filha para casa.
Adotar uma bebê foi uma decisão que tomamos juntos há alguns anos, e sempre esperamos
pelo momento certo, pelo dia em que nosso coração afloraria para esse desejo. E aconteceu.
Quando estávamos em nossa viagem ao Caribe, conhecemos uma mulher, e ela morreu ao dar à
luz. A menina se chama Ananda, nome que significa “felicidade”. Ela é a nossa felicidade.
A pequena perdeu a mãe há quase dois meses e, desde então, vivia em um orfanato em
Porto Rico, onde a adotamos. Ela é nossa filha e poderemos, finalmente, levá-la para casa.
Segurar Ananda em meus braços pela primeira vez, como sua mãe, é uma sensação
inesquecível e inexplicável. É a nossa filha.
— Nossa filha. — Alessandro também se emociona. — Oi, filha. Eu sou o seu papai, e essa
linda mulher é sua mamãe. — Segura na mãozinha dela e a beija suavemente. — Papai promete
sempre proteger vocês, minhas principesse.
Uma filha, como sempre quis e sonhei. Uma menina para chamar de minha, para amar e
cuidar por toda a nossa vida. Não tenho dúvida de que nossa família se tornará ainda mais feliz
com a chegada de Ananda e que Alessandro será o melhor pai do mundo, assim como é um
excelente marido para mim. Eu os amo muito.
— Nós três para sempre. — Ele coloca sua testa na minha.
— Nós três para sempre — repito.
O nosso “fim” é apenas o começo de uma grande e mais completa felicidade.

Fim!
Agradecimentos

Agradeço a todos os meus leitores fiéis que sempre me acompanham em cada lançamento,
e aos novos leitores que chegaram aqui.
Outros títulos

Querido leitor, se você chegou até mim, quero agradecer por este contato.
Convido vocês a conhecer os mais de vinte livros que tenho publicados nesta plataforma.
Muito obrigada, pela leitura e pela avaliação.
Protegida pelo Mafioso
Trilogia “Homens obsessivos” - Livro 1
https://a.co/d/1U8GsjP

- Age Agap
- Enemies to love
- A filha do inimigo
- Famílias rivais

Eros Kovalenko sabe que precisa se casar, ainda mais agora, quando está prestes a
completar 38 anos. Pressionado pelo Conselho a ter o seu herdeiro, ele não tem muitas
pretensões quanto à vida matrimonial.
Uma situação complicada levou para as suas mãos a filha virgem de seu inimigo. Milena
foi sequestrada, e o pai dela, sem ter a quem recorrer, buscou ajuda de seu rival.
Eros a salvaria com uma condição.
— Eu a quero para mim, Schneider, como minha propriedade.
Essa foi a sua condição. Porém, o que ele não imaginava era que a filha do seu inimigo
pudesse ser tão bonita. Eros a quer a todo custo, como um tipo de vingança, pois a irmã mais
velha de Milena fugiu do acordo de casamento com ele, que seria uma forma de aliança entre as
famílias rivais.
Milena Schneider é linda, doce e carinhosa. Ela sofreu nas mãos do avô, que a
maltratava. E ao se ver nas mãos de inimigos do seu pai, não imaginou que seria salva por outro
inimigo, que a deseja como sua propriedade.
Agora ela está sob a proteção de Eros Kovalenko.
Prometida ao Mafioso
Trilogia “Homens obsessivos” - Livro 2

https://a.co/d/6bpjScm

- ELA TEVE SEU CASAMENTO ARRANJADO COM UM HOMEM QUE ELA DEVERIA TEMER. E FUGIU
GRÁVIDA DELE.
- ELE É UM MAFIOSO QUE A VIU E DECIDIU QUE ELA SERIA SUA.

Matthew Lansky sempre teve tudo da sua maneira. Ele é o dono do mundo. Nascido em
berço de ouro sempre teve tudo aos seus pés, todos seguindo suas ordens. Herdeiro de uma das
maiores empresas do país, o mafioso sempre está acostumado a possuir as mais belas mulheres,
nunca se imaginou completamente obcecado por uma linda mulher que ele viu apenas uma vez e
decidiu que ela seria sua.

A linda Elisa estava cursando faculdade de direito quando se viu nas garras de um homem
sombrio e perigoso, determinado a torná-la sua esposa. A brasileira sempre foi dona de uma
beleza rara e um sorriso estonteante.
Presa Ao Don da Máfia
Trilogia “Homens obsessivos” - Livro 3
https://a.co/d/3zr3TTD

A MOÇA QUE O ATENDEU QUANDO ELE CHEGOU FERIDO AO HOSPITAL ERA A SUA NOIVA QUE TINHA
FUGIDO HÁ MAIS DE 15 ANOS. ELE A RECONHECEU

Ele é o Don da máfia, rendido pela sua prometida.


Ela era noiva de outro, e ele recuperou aquilo que sempre foi dele, pois a mãe fugiu com
a filha quando ela era criança.
Ela se sente insegura por ser plus size.
Ele a vê como uma deusa.
Ele se feriu e ela o atendeu no hospital.
Demeter Massino sempre teve tudo e todos aos seus pés, menos a sua noiva, que fugiu
ainda criança da Itália. Ele jurou se vingar dela, e, para isso, nunca desistiu de encontrá-la.
Com uma viagem ao Brasil e um tiro de raspão, ele precisa ir ao hospital e se depara
com sua noiva prometida, que é a enfermeira que o atende.
Beatrice está noiva de outro homem. Um relacionamento tóxico com alguém que não a
vê como uma mulher sexy. Bea passou toda a sua vida fugindo do noivo mafioso. Ela e sua mãe
se mudaram da Itália para o Brasil há alguns anos.
Como uma enfermeira formada, ela trabalha duro para se sustentar. Sua vida muda de
cabeça para baixo quando, em mais um dia de trabalho, ela precisa atender um homem ferido de
bala.
Ninguém menos que seu noivo, de quem ela fugia durante toda a vida.
Será que ele a reconheceu?
“— Com um homem como Demeter Massino, automaticamente, as minhas pernas já vão
se abrindo sempre que o vejo.”
Ela agora teme que sua vida e de sua mãe estejam em perigo.
“— Demeter me olha e não vê uma mulher gorda. Ele se mostra tão deslumbrado, que é
como se enxergasse uma deusa em mim.”
OS BEBÊS DO CAFAJESTE QUE NÃO ME AMA
https://amz.onl/0WOhzsS

Leonor Muñoz perdeu a mãe quando ainda era criança e viu o seu pai se casar com uma
mulher malvada, que passou a maltratá-la após a morte dele. Malvinia a transformou em uma
empregada da sua própria casa e a vida dela virou um inferno. Ela viu o lar cheio de amor onde
cresceu, transformar-se em um lugar superficial. Sua madrasta e uma de suas filhas faziam de
tudo para deixar Leonor triste, e até a chamavam de “gata borralheira”, mas ela nunca se deixava
abalar.
O maior sonho de Leonor era se formar em Fisioterapia e deixar Barcelona para viver
em Madrid. Ela realizou esse sonho graças à sua tia, que também é a sua madrinha, a pessoa que
sempre faz de tudo por ela.
Ao se mudar para Madrid, Leonor não imaginava que o seu caminho iria se cruzar com o
de Andres. Ela nunca imaginou que ao ir a um baile real, iria parar na cama do príncipe bad boy
safado que ela havia encontrado duas vezes no passado.
Leonor não sabia que ele era um príncipe, até a imprensa querer saber tudo sobre ela.
Andres, ou Mateo, como é conhecido por Leonor, é um príncipe que não gosta dos seus
deveres reais e muitas vezes quebra todos os protocolos com mulheres, festas e bebidas. Mas
tudo muda quando seu pai fica gravemente doente e ele descobre que será pai de gêmeos.
Um casamento por contrato.
Gêmeos fofos que vão fazê-los sentir um amor intenso e poderoso. Ela é a plebeia que
conquistou o coração do príncipe.
Ele é o príncipe bad boy que a salvou de todas as formas possíveis.
Um conto de fadas moderno.
COMPRADA PELO BILIONÁRIO ÁRABE
https://www.amazon.com.br/B0C41X2V5B

Adara Alcântara é uma brasileira batalhadora, linda e gentil que dedica a sua vida ao seu
irmão mais novo, e por ele é capaz de tudo, inclusive de ir em busca de um emprego melhor para
ajudar com as despesas de casa. Ela só não imaginava que tudo era um golpe.
Sua vida muda completamente ao cair em uma cilada do destino.
Adara se vê traficada e nas mãos de uma máfia perigosa envolvida com tráfico de
mulheres e prostituição. Ela é levada a uma boate, na Espanha, onde é vendida para um
bilionário arrogante com o qual já havia tido um caso meses atrás: uma noite envolvente e
recheada de sexo. Após ter se entregado ao estranho gostoso, agora se vê sendo obrigada a
conviver com ele.
Hakan Al-Hashid é o emir do Catar. Bonito, bilionário e inteligente, ele precisa
encontrar uma mulher que esteja disposta a aceitar ser sua noiva por contrato, já que está sendo
pressionado ao casamento pelo seu pai, que está velho, doente e deseja ver o filho casado. Ele vai
até uma boate para comprar uma mulher e encontra Adara, que já tinha despertado sua atenção
meses atrás, quando eles viveram aquela noite tórrida de sexo. E agora se reencontraram.
Ela aceitará o que lhe for imposto e será a sua noiva por contrato. Poderá, de um
romance enganoso, nascer amor entre ambos?
Ele nunca amou antes, e ela deseja conhecer o amor que acontece uma vez na vida, um
amor que é para a vida inteira. Seria Hakan esse amor?
A BABÁ DOS GÊMEOS DO VIUVO
https://a.co/d/6IR6i0v

- Você seria capaz de amar o homem que pertenceu a sua irmã?


- Um romance proibido entre um viúvo recluso, pai de gêmeos, e sua funcionária 18 anos mais jovem e
inocente.

Tudo muda na vida pacata de Malu quando a triste notícia que sua irmã mais velha
morreu em um acidente de carro. A última coisa que ela se lembra foi que sua irmã saiu de casa
apressada, e falou com um homem no celular, o nome dele era “Otto” disso ela nunca esqueceu.
Bastou pesquisar um pouco, e ela descobriu que se tratava de um poderoso bilionário na qual sua
irmã manteve um relacionamento sério com o mesmo engravidando e dando a luz a gêmeos.
Malu sabia que precisava descobrir mais sobre esta história que sua irmã nunca lhe contou. Para
isso ela decidiu ir até a fazenda de Otto, sem lhe dizer que era sua cunhada. Ela buscava provas
que o incriminasse.
Porém acabou se perdendo no meio do seu objetivo.
“ Aquele homem era tão bonito, não podia jamais me apaixonar. Ele pertenceu a minha irmã. Era
proibido para mim”
Otto tornou-se frio, recluso, e arrogante após a perda do seu grande amor. Fechando seu
coração para todos. Mas tudo muda quando ele passa a implicar com a nova cozinheira da sua
fazenda, fazendo de tudo para provocá-la.
“ — Isso é errado!
— Por que eu sou 18 anos mais velho?
— Não, é isso. Eu prefiro homens mais velho, mas…”
Ele sabia que ela escondia um segredo. E ele faria qualquer coisa para descobrir.
O BEBÊ PERDIDO DO JUIZ BILIONÁRIO
https://www.amazon.com.br/dp/B0BSP6Y1T3

Duologia “Pais em apuros”.


Joaquim Ribeiro é um juiz divorciado que tem seu bebê raptado por sua ex-esposa louca
e obsessiva.
Manuela Ferreira é uma florista que luta para vencer a desigualdade social e ajudar em
casa com as despesas.
Tudo muda quando ela ajuda uma mulher que lhe entrega um bebê e uma carta falando
para ela o devolver à sua família.
Ela só não esperava que o juiz fosse mandá-la para cadeia em vez de agradecer pela sua
boa ação.
A PREDILETA DO MAFIOSO
Série “Máfia Smirnov” - Livro 1

https://amz.onl/gOc7ESi

Bonito, atraente, forte e musculoso. Dominic Smirnov é como o anjo da noite. Ele é
imprevisível quando o assunto é mulheres, porém decisivo e imponente com seus inimigos.
Como chefe da máfia mais poderosa de toda a Europa, Dom tem tudo sob seu poder. É o filho
mais velho, o sucessor de seu pai. Seu legado é implacável, genial e impiedoso, e sua fama
ganhou os quatro continentes do mundo. Conhecido pelo seu harém de mulheres, o “sultão da
máfia” jamais entregou seu coração a uma mulher. Seu conceito sobre casamento e construir uma
família não significa nada além de uma obrigação. Por esse motivo, ele nomeou Malia como sua
futura esposa. Esse será apenas o começo de uma linda história de amor? Ou grandes conflitos
estão prestes a iniciar?
Malia é linda, inteligente, esperta, batalhadora, tem um coração gigante, é bondosa e
encanta todos ao seu redor com sua beleza e carisma. Ela é uma moça simples que vive com sua
mãe desde a morte do seu pai e que teve que se desdobrar para ajudar nas despesas da casa.
Contra a vontade da mãe, Malia ocupou a antiga vaga dela, que precisou deixar o emprego por
conta de problemas de saúde. Ser faxineira e garçonete em uma luxuosa boate não estavam em
seus planos, mas tudo estava indo perfeitamente bem, até que seu caminho se encontrou com o
poderoso chefe da máfia.
A MENINA DO MAFIOSO
Série “Máfia Smirnov” - Livro 2

https://amz.onl/idTot97

Genevieve é linda, divertida e virgem! Ela precisou fugir do seu país e vir para a Rússia,
com o intuito de ajudar a sua família: sua mãe e sua irmã mais nova. Ela deseja tirá-las das garras
do seu pai viciado. Chegando em Moscou, ela conheceu Malia e sua mãe, que são como sua
família. Ela leva uma vida tranquila mesmo trabalhando como faxineira em uma boate de
mafiosos.
Após o casamento de seu irmão mais velho, Nikolai, o subchefe da máfia mais poderosa
da Europa precisava encontrar uma esposa virgem. O que ele não imaginava era que os boatos
sobre a mulher que lhe despertava atenção eram falsos. Ao descobrir a verdade ele ficará furioso,
e a tomara para si.
A ESPOSA VIRGEM DO MAFIOSO
Série “Máfia Smirnov” - Livro 3

https://amz.onl/3yg9vEC

Iuri Smirnov é um playboy bilionário que sempre teve tudo aos seus pés, um Don Juan
bonito e cheio de carisma. Apesar de vir de uma família tradicional da máfia russa, o jovem
construiu um patrimônio sólido, tornando-se um dos homens mais ricos da família.
O filho número três sempre foi obcecado pela vida regada a mulheres e bebidas, mas
conforme foi amadurecendo, precisou se inteirar dos assuntos relacionados à máfia. O mais
importante deles seria honrar o acordo feito pelos seus pais anos atrás: Iuri precisaria se casar
com Marina, a filha da empregada da mansão.
O galinha da família seria capaz de abrir mão das suas farras por um casamento?
Marina Solokova cresceu sem o pai, foi criada pela mãe e passou a maior parte da sua
vida em uma escola católica, onde aprendeu os valores da vida. A menina sempre foi esforçada e
dedicada.
A vida de Marina começa a mudar quando ela decide ir morar com a mãe na mansão
Smirnov e virará de cabeça para baixo assim que ela descobrir que terá que manter um
casamento com o filho dos patrões.
A ESCOLHIDA DO MAFIOSO
Série “Máfia Smirnov” - Livro 4

https://amz.onl/7UjKXbo

Um mafioso viúvo e arrogante.


Uma promessa de casamento.
Ele recusou a mão dela duas vezes.
Kira Smirnov é conhecida por todos como uma menina mimada, patricinha, que adora
exbanjar dinheiro. Porém, o que ninguém sabe é que ela é uma garota estudiosa, que sonha em
trabalhar como arquiteta e viver uma vida tranquila, longe da máfia.
Ela se acostumou com a ideia de que Hades não era para ser seu, após ele recusar sua
mão em casamento duas vezes, e jurou arrancar esse amor do seu peito. No entanto, tudo pode
mudar com a vinda do polonês à Rússia.
O que ele quer?
Hades Kozlowski é charmoso, perverso, arrogante, bilionário e mafioso, dono de um dos
maiores territórios da Polônia. Seu legado é nunca amar. Ele desconhece esse sentimento.
Após ficar viúvo, Hades precisará se casar novamente para garantir sua linhagem. Há
anos ele foge de Kira Smirnov, não quer amá-la.
Porém, tudo muda quando ele volta à Rússia para resgatá-la das mãos de um inimigo.
Seus sentimentos pela bela mulher floreceram e, agora, será inevitável fugir.
"Ela será minha para todo o sempre".
MEU CHEFE CEO VIÚVO
Série “Viúvos atraídos” - Livro 2

https://amz.onl/5l4D31I

Viktor Avillar amou intensamente uma mulher que também o amou de corpo e alma.
Eles se casaram, tiveram uma linda filha, a pequena Bia, e a vida deles estava perfeita. Até que,
em um dia, enquanto voltava da casa dos pais, sua mulher, Sofia, sofreu um grave acidente de
carro que a deixou entre a vida e a morte. Os médicos fizeram tudo que estava ao alcance deles,
contudo o estado dela era muito delicado e ela não teria chance de sobreviver; definhava em um
estado vegetativo e era impossível voltar à vida. Mas Viktor não desistiu dela e não autorizou
que desligassem seus aparelhos. Porém, o destino não quis que ambos vivessem um final feliz.
Sofia morreu, deixando-o sem esperanças de que, algum dia, pudesse amar novamente. Ele se
fechou para o mundo.
Considerado o viúvo mais bonito de toda a cidade de São Paulo, sua única luz está na
sua filha, quem ele ama e para quem se dedica ao máximo. Só não imagina que o amor possa
ressurgir para si novamente; e, dessa vez, em forma de uma menina-mulher: Giulia.
COMPRADA PELO CEO MISTERIOSO
https://amz.onl/2iRPOjU

Lavínia viu a mãe morrer de câncer há três anos e, desde então, trancou-se para o
mundo, abandonou a faculdade e passou a se dedicar ao trabalho em uma lanchonete. Ela vive
com sua tia Joane e seu irmão mais velho, Tomás, conhecido pela sua fama de vagabundo e
pegador, por toda a vizinhança.
A família sempre foi a coisa mais importante para a Laví (como a garota é chamada
carinhosamente), então, no momento em que recebeu o diagnóstico de que sua tia estava com o
mesmo tipo de câncer da sua mãe, seu mundo desabou mais uma vez, e quando o médico lhe deu
a notícia de que Joane poderia vir a falecer se não realizasse uma cirurgia com urgência, ela se
viu desesperada, sem saber o que fazer. Para complicar ainda mais, seu irmão está devendo para
o maior e mais perigoso bandido da favela.
Vender sua virgindade para um estranho, é algo que nunca havia passado pela sua
cabeça, até que sua melhor e mais íntima amiga, Dafne, cogitou e lhe sugeriu essa ideia, por já
ter saído com um homem através de uma agência. Lavínia terá que fazer isso ou acabará vendo
toda sua família morrer, seja pelo câncer ou pelos bandidos.
Felipe Henry Eduardo O’Donnell é um irlandês sexy, bonito e multibilionário cheio de
ambições. Ele leva uma vida regada a sexo e a compromissos importantes, e sempre que vai ao
Brasil à negócios, sabe onde encontrar as mulheres mais sensuais e bonitas, já que é cliente fixo
da agência mais requisitada e sigilosa do país.
Ao se deparar com a foto da virgem mais bonita que ele já viu, não pensou duas vezes:
pagaria o que fosse necessário para ser o primeiro na vida daquela menina de olhos claros e
cabelos cores de mel. Só não esperava que ficaria obcecado pela jovem carioca ao ponto de
passar noites inteiras em claro pensando nela.
Contudo, ele sabe que sua família jamais aceitará qualquer relacionamento seu com uma
mulher que não tenha o sangue real.
Seis meses se passam e, agora, o príncipe Henry é o rei da Irlanda.
A OBSSESSÃO DO CEO
https://amz.onl/chLqAEx

Stehven Foster é o chefe executivo da Hollings International Foster, uma empresa de alta
tecnologia com sede no Reino Unido e com filiais em todo o mundo.
Aos 40 anos, Stheven pode se considerar um homem de poder e influência. Sua vida é
regada de mulheres e farras quando as câmeras não estão registrando sua imagem de “bom
moço”. É um homem frio e arrogante que tornou-se ainda mais prepotente e amargo após a
morte de sua esposa e filha há alguns anos. Tal fatalidade foi capaz de mudar sua vida para
sempre.
O homem não acreditava mais no amor, até vê-la. Como irá conviver com esse
sentimento arrebatador e dominador?
Camilla Roberts não passa de uma menina sonhadora em busca de estabilidade
financeira. Após completar a maior idade, precisou deixar o orfanato onde morava e seguir sua
vida com algum pouco dinheiro que as freiras lhe deram. Ela encontra morada com duas amigas
que também habitavam no lar para crianças abandonadas, mas que agora vivem em um
apartamento modesto e afastado do centro, porém confortável.
A moça acreditava no amor mais que tudo nessa vida e só queria ser amada.
A vida de Camilla está prestes a mudar para sempre ao cruzar seu destino com o do
Stheven, um homem frio e arrogante. Como ela irá lidar com isso?
UM MAFIOSO: OCCHI NON AZZURRI
Trilogia “Família Grego” - Livro 1

https://amz.onl/0O83g6J

Enrico Grego é um chefe de máfia, que desde cedo aprendeu a ser um homem frio e
calculista. Foi criado para despejar ódio pela terra, ser implacável com os inimigos, frio com as
pessoas que o cerca e temido por todos a sua volta. Convicto de suas responsabilidades desde o
dia em que veio ao mundo, sabe que está na hora de tomar sua prometida para si, tornando a
garota sua esposa, mesmo contra a vontade dela. Um homem sombrio e cercado de mistérios
trevosos aprenderá que nem tudo na vida acontece da sua maneira.
Giovanna Prattes é uma menina indefesa e inocente que se vê numa situação indelicada
ao descobrir que está prometida ao temido chefe de uma máfia. Contra a sua vontade, ela e sua
família se mudam para a Itália, onde aprenderá que nem tudo sempre foi magia e que seu mundo
de “faz de conta”, não passa de uma grande ilusão.
Um romance movido por segredos do passado!
PRÍNCIPE DA MÁFIA
Trilogia “Família Grego” - Livro 2

https://amz.onl/9LMnYI0

Enzo sempre viveu na sombra do seu irmão mais velho, o poderoso Enrico Grego. Desde
pequeno fora acostumado a ser sempre o seu braço direito, mas agora, depois de anos sendo
sempre o segundo em tudo, Enzo finalmente assumirá seu cargo de chefe da máfia francesa,
casando-se com a não tão bela jovem Luana.
Luana sempre criou expectativas em relação ao seu casamento. Ela o viu apenas algumas
vezes, mas isso foi motivo o suficiente para se apaixonar perdidamente pelo belo Grego.
Sempre sozinha, Luana busca nesse casamento poder ter novamente uma família de
verdade, já que seus pais morreram em um acidente de carro há alguns anos. Seu único parente
vivo é o seu primo, do qual o respeita e o tem como irmão.
Um casamento de interesses poderá um dia passar disso e se tornar algo a mais? Você
seria capaz de viver um amor em vez de querer ser o chefe?
A BABÁ VIRGEM DA FILHA DO CEO
https://amz.onl/ciK9ZUs

Se você está procurando por mais uma história clichê que migrou da Wattpad para a
Amazon, onde o CEO é lindo e só um pouquinho arrogante, e a mocinha, além de linda, inocente
e virgem, vira a cabeça dele... Aquele velho clichê entre babá e patrão em que uma menina de 6
anos vai fazer de tudo para a sua nova babá namorar com o seu pai... Você está no lugar certo.
Bem-vindo ao meu mundo, onde transformo minha imaginação em páginas de livros!
Stacy é uma jovem sonhadora que sempre desejou fazer grandes turnês internacionais
quando era criança. Com uma voz de anjo, encanta todos à sua volta. Com o passar dos anos, ela
foi se esquecendo do seu sonho e começou a focar nos seus estudos. Após terminar o ensino
médio, mudou-se com sua mãe para a cidade de São Paulo, o grande centro de oportunidades
para quem busca novas chances de emprego.
Um anúncio no jornal se torna sua mais nova esperança. Ser contratada para ser a babá
da filha do CEO irá tirar ela e sua mãe da crise financeira que ambas vivem.
Stacy só não esperava que o CEO fosse um homem de tirar o fôlego, lindo e um
pouquinho arrogante, que a notaria ao ponto de querê-la.
Henrique Prado é um CEO bastante carinhoso e amoroso com sua única filha, Heloyse.
Para ele, a pequena é o seu maior tesouro. Faz de tudo pelo bem-estar dela.
Casado com uma mulher fria e que não faz questão e esconder o quanto não sente
carinho pela filha, Henrique tenta preencher, de todas as formas, o vazio que existe na menina.
LOUIS - UM CONTRATO DE AMOR
https://amz.onl/efR23Ye

Louis Harrison é um empresário britânico de 31 anos, solteiro e galã. Todo dia uma
mulher diferente está em sua cama, muitas delas. Ele está sempre acompanhado das mais belas
socialites britânicas. Se apaixonar não está em seus planos. Louis tem a vida mudada quando sua
mãe exige um casamento para ele, alegando que já que está mais do que na hora.
A família Harrison precisa garantir um herdeiro para comandar seus negócios, e tem que
ser um homem. O único problema é: que mulher aceitaria um contrato onde impede que ela crie
o seu próprio filho?
Isabella Silva é uma jovem brasileira de 22 anos e estudante de medicina pediátrica em
uma das mais renomadas Universidades da Inglaterra, a Universidade de Cambridge. Ela tem sua
vida transformada quando recebe uma grande e dolorosa notícia sobre o seu pequeno irmão.
O destino a obriga a entrar numa confusão e a garota se vê indecisa entre aceitar ou não
o tal acordo. A vida de seu irmão está praticamente em suas mãos. Ela aceitará o contrato,
mesmo tendo que abrir mão da futura criança, pelo bem-estar de seu irmão?
O que o futuro os reserva?
OLIVER: O MONSTRO
https://amz.onl/7C0DkEJ

Laiza Nayara é uma jovem menina doce e inocente que foi abandonada em um orfanato.
Então, descobriu coisas horríveis sobre o local onde foi abrigada: o simples “orfanato” para
meninas, na verdade, é um prostíbulo.
Ao descobrir que foi comprada por um misterioso bilionário, ela se vê completamente
perdida.
Oliver Campbell quer apenas vingança. Ele é um homem frio e calculista que não mede
esforços para conseguir tudo aquilo que deseja. Laiza será dele. Na verdade, sempre foi. Um
grande mistério do passado liga a vida dos dois para sempre.
UM BEBÊ INESPERADO PARA O BILIONÁRIO
https://amz.onl/4SHbimD

Kauã Avillar sempre teve tudo aos seus pés: dinheiro, mulheres e uma vida regada a luxo
e diversão. No passado, ele se apaixonou pela esposa do seu irmão Viktor, quando ambos ainda
eram namorados. Kauã nunca o perdoou por ter se casado com a única mulher que ele amou.
Os anos se passaram e ele, agora, está envolvido com outros prazeres. O homem é
bonito, sedutor, o cafajeste perfeito. E, em uma certa noite, acaba tendo um encontro casual, sob
a luz da lua, com uma mulher misteriosa, que desperta seu lado predador.
A jovem Micaella nem sempre teve a vida fácil. Ela e a mãe nunca deixaram de batalhar
para se sustentarem. A moça é querida, amada pela sua mãe, encantadora e não tem medo de se
arriscar. Ao se esbarrar com o belo e sedutor Kauã, sente-se atraída, e um sentimento arrebatador
surge em seu coração. Quando se entrega ao bilionário, vive uma paixão intensa e arrebatadora.
O que Micaella não poderia imaginar era que o seu amor iria embora e que ela não
receberia mais notícias do homem que a enganou. Dias depois, ela descobre que está grávida.
Aflita, não sabe o que fazer, e se vê perdida para enfrentar a vida sozinha. Ela jurou nunca mais
entregar o seu coração a homem algum.
Mas, e se meses depois, ela encontrasse o pai do seu bebê, mesmo que sem querer, teria
coragem de contá-lo que eles tiveram um filho?
Poderia essa família ter esperanças de um futuro melhor?
PRESA A UM CRETINO IRRESISTÍVEL
Duologia “Cretino irresistível” - Livro 1

https://amz.onl/cqUchvZ

Martina Martins é uma bela jovem brasileira de 19 anos que vive sua vida pacata
morando no morro do alemão, no Rio de Janeiro. É uma típica menina bonita que sonha em
ingressar na Faculdade e ter uma vida normal, como toda garota da sua idade. De personalidade
forte e temperamento explosivo, não tem “papas na língua” e não abaixa a cabeça para ninguém.
Também é tímida e inocente. Vive com o seu pai Juan e sua amiga Gaby. Eles são a única
família que ela tem.
Quando tinha 9 anos, foi adotada por Juan. Tininha — como é conhecida —, não se
recorda de nada do seu passado. É como se tivesse nascido com cinco anos. Todas as suas
memórias passadas foram apagadas e nunca mais voltaram.
Sua vida muda repentinamente quando um grupo de homens desconhecidos batem na
porta da sua casa e a levam à força para um país desconhecido que ela só ouviu falar pelos livros
de Geografia. Então vai parar nas mãos de Theodore Velarde, um homem frio e calculista com o
ego maior que o planeta terra.
Theodore Velarde, conhecido pelo seu coração de gelo, é um homem abominável e
insaciável que não conhece o significado da palavra “não”. Quando ele a viu pela primeira vez,
ficou obcecado, imaginando o dia em que a teria em sua cama.
Após Juan, cogitar deixar a equipe, Theodore decidiu que a filha dele seria sua mais
nova diversão. É um homem perigoso, egoísta e cheio de ambição. Por trás de uma máscara de
empresário bem-sucedido e de prestigio, esconde um passado perturbado e cheio de marcas. É
destinado a ser o mau em forma de pessoa na terra. Rei dos casinos e de inúmeras casas de luxo,
é envolvido com o mundo da prostituição e fará de Martina a sua mais nova obsessão.
Aprisionada e trancafiada, ela só deseja fugir e não se apaixonar pelo seu algoz.
QUASE LIVRE DE UM CRETINO IRRESISTÍVEL
Duologia “Cretino irresistível” - Livro 2

https://amz.onl/hCBia2Z

Após sua suposta morte, Martina se vê em um novo país com uma cultura totalmente
diferente da qual estava acostumada, porém cercada daqueles que ama: o seu pai, a Gaby e,
agora, seu mais novo amor, o seu filho Ethan. Ele é o seu refúgio. Ao seu lado, ela consegue
esquecer os dias trevosos que viveu ao lado de Theodore Velarde.
Todos estão felizes e satisfeitos com a nova vida que levam. Ambos são livres e podem
viver com dignidade e tranquilidade. Mas não por muito tempo.
Ele passou mais de um ano se culpando pela morte da única mulher que amou e, também, a
que mais o fez sofrer. Agora que sabe toda a verdade, seu coração se encheu ainda mais de ódio
e rancor. Está decidido a buscá-la e a torná-la sua amante novamente. Desta vez, para sempre.
Essa história terá, finalmente, um final feliz? Ou Theodore será capaz de cometer os
mesmos erros do passado?
Sobre a Autora

Milhões de páginas lidas e uma mente criativa. Conhecida por séries famosas como “ Máfia
Smirnov”, “ família Grego”, “canalhas tatuados”, “ pais solos” é muito outros sucessos.
Maria Amanda Dantas ou autora MAD, nascida no estado da Paraíba, em uma cidade
chamada Pombal, ela adora ouvir músicas, assistir um bom romance e comer doces. Casada,
mora com o marido. Sempre teve muito amor a leitura, e decidiu publicar seus romances na
Amazon em 2020.
Ela é uma escritora de romances contemporâneos/eróticos com 130 milhões de páginas
lidas nesta plataforma.
Uma autora que ama o que faz. " Poder dar vida a páginas de livros, levar as pessoas além
da sua imaginação, é muito gratificante. Obrigada por embarcada comigo em todos os meus
romances, que são escritos com originalidade e muito amor".
Redes Sociais

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