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Foi escrevendo ele que eu percebi que minha mão pesava muito ao colocar
tudo o que se passava na minha mente,e quando eu decidi arriscar.
Eu sou anônima,e quem já leu algo meu antes sabe que eu costumo me
apresentar como Maria.
Este livro pode conter alguns gatilhos:Traços de Sadomasoquismo,e
masoquismo,submissão,violência gráfica,palavras de baixo calão,descrição
de sexo,morte,falas de estupro,e assassinato.
Me encontre no instagram :@bymaria_escritora
Sumário.
Notas da autora.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo.
Copyright © 2024 Maria
Maria Júlia.
Eu tenho quase certeza que sou influenciada pelos meus amigos em todas as
minhas atitudes,e isso não é bom porque sou sugada desde que eles
entenderam o poder aquisitivo da minha família.Eu nunca gostei de
expor,sempre tentei preservar ao máximo quem eu era mas os meus
próprios comportamentos não ajudavam.
Mimada,sempre fiz tudo o que eu queria e nunca ouvi um
"Não".Principalmente pela história dos meus pais,já que eles ficaram
separados por cinco anos e meu pai não sabia da minha existência,quando
ele descobriu eu continuei sendo a criança que tinha tudo sobre os seus pés
desde sempre.
Meu pai costumava dizer que eu era e ainda sou muito inocente,não sabia
ter maldade em nada,apenas vivia.
Assim que pisei meus pés em casa,minha mãe já começou falando o quando
eu era irresponsável,e eu apenas abaixei a cabeça sabendo que tudo era
verdade,e que aquele garoto no banheiro tivesse morrido e isso iria cair para
cima de nós.
—Você sabe Diego que a vida toda mimou essa menina.—Ela olhou meu
pai.—Eu imaginei que isso fosse acontecer,e ela iria ficar desse jeito
achando que pode tudo.—Meu pai também se calou.—Toda vez que tinha
qualquer erro você ficava chateado comigo se eu brigava mais sério com
ela.
—Não quero você mais nesse lugar,filha.—Meu pai tomou a frente dela,e
começou a dizer,o que me confortou.Ele não sabia brigar comigo.—Você
sabe que eu nunca brigo dessa forma,você é o amor da minha vida,mas
dessa vez onde você se meteu passou dos limites…
Meus olhos encheram-se de lágrimas porque meu pai nunca falava naquele
tom comigo.
Eu já tinha ouvido conversa deles dois,e uma delas era falando sobre mim,e
o quanto meu pai ficou puto e saiu do quarto me pegando atrás da porta,e
me levou até meu quarto para dormir,mas ainda sim eu olhei minha mãe
que nos espiava.Eu lembrava do que ela disse como se fosse agora:
“Maria Júlia é submissa nata,não se encaixa com nossas sobrinhas porque
esse aqui não é o mundo que nós esperamos para ela,Diego.”
—Mas vai passar um tempo.—A voz grossa e rouca do meu irmão mais
velho vinha da escada da nossa casa.
—Não acredito.-Disse,de olhos arregalados por ver meu irmão mais velho
descendo as escadas de casa.-Pensei que você estivesse em Miami.
—Eu vou resolver tudo,ver qual o estado de saúde e tentar tirar seu nome da
lista de convidados antes que isso vaze.—Meu pai falou,ainda sem aceitar
que eu iria ficar longe dele.—São só alguns meses,a gente consegue.—Me
deu uma olhada antes de levantar,e sair.
Respirei fundo,e abracei meus joelhos quando me sentei no sofá.
—E quando eu vou?
—Daqui dois dias.—Meu irmão respondeu.
—Para onde?
—Santa Clara.—Eu fiz uma pequena careta—Fica perto da fronteira,mas
não é tão longe quanto parece.
—E quem vocês conhecem que mora lá?—Perguntei,cruzando os braços.—
Porque eu nunca nem ouvi falar desse lugar,e pior,perto da fronteira.
—Nós conhecemos há alguns anos,quando eu e a Manu fizemos uma
viagem para fora do Brasil antes de eu começar a faculdade.—Explicou.—
São super discretos,e foram nascidos na cidade.Na verdade,eles moram
todos juntos em um casarão na fazenda.
Bem Santiago.
Eu saí do clube Versailles com uma dor de cabeça insuportável,até tentei
jogar uma sessão hoje,e me aliviar,mas aquilo não tirou a raiva de dentro de
mim.Estavam acontecendo roubos de cabeça de gado,e apesar de eu
desconfiar de quem seja,eles estavam fazendo bem feito e não deixavam
provas.Pensei até besteira imaginando que seria algo relacionado a época
que meu pai comandava a Santiago.
Passei pela estrada vazia,e me irritei pela falta de iluminação.Já que eu
tinha influência o suficiente,já tinha dito para arrumarem aquele trecho e
mandarem o orçamento para mim.
Não consegui mirar a cabeça dele pela dor forte que eu estava sentindo.Ele
conseguiu correr antes do meu outro tiro pegar suas costas.Rolei para baixo
do carro,com uma última bala na arma.Vi o pé do filho da puta saindo do
meu campo de visão,rolei para o outro lado e mesmo com a visão turva do
sangue que eu estava perdendo mirei na cabeça do que eu tinha acertado o
pé,assustando o que levou o tiro na barriga.Ele correu se soltando do corpo
e eu fiz o mesmo.
Minhas balas tinham acabado e eu nem pensei duas vezes em correr para
dentro da mata,me encostando em uma árvore.Não queria ir muito
longe,por isso saquei o celular e liguei para minha casa,no segundo toque
Rosinha,que além de trabalhar para gente,a tínhamos como uma segunda
mãe atendeu.
*******
Senti que estava sendo carregado,e jogado dentro do carro.Abri os olhos e
vi meu irmão me olhando desesperado,eu ainda estava sentindo tudo rodar,a
dor de cabeça ainda mais forte.Meu braço já estava dormente,e meu ombro
latejando.
—Seu filho da puta,você está fraco.
—Ele acordou?—Ouvi a voz do delegado de fundo.
—Mas...
Eu olhei o estado do meu ombro,com um curativo,e minha perna com a
calça rasgada e outro curativo grande.Estava doendo muito,porém eu não ia
ficar no hospital.
Quando entrei em casa meu pai já tinha vindo até mim em uma cadeira de
rodas,com a boca um pouco torta pelo derrame seguido de avc.Ele falava
em pausa,se cansando,e ainda sim, era o mesmo Estevão arrogante de
sempre.Eu o odiava pra caralho toda vez o que olhava.
—Me…u…Meu…Fi...filho.Você está bem?—Cansou um pouco.—O que
aconteceu?—A voz falhou no último momento.
—Não faça esforço,Estevão—.Rosinha falou e ele nem a olhou,teimoso
como eu.
—Eu sofri um atentado,Estevão.Mas o senhor fique tranquilo,eu estou bem.
—E meu carro?
—Tivemos que chamar um guincho,o delegado que ficou responsável a
gente estava muito desesperado na hora.
—Você ainda pensa naquela teoria de ser algo com a sua irmã Victória?
—Penso,eu vi de perto,tudo que aconteceu e fui conivente,porque já tinha
idade suficiente.Aquela funcionária não teria ido embora se meu pai não
tivesse tomado a menina dela.
—Acha que ela pode estar envolvida?Eu suspeito que seja vingança
também.
—Eu também.O fato é que tentarem me matar e mandar algum aviso.
—Eu estou de olho,já tem policiais disfarçados na sua fazenda.Eu quero ir
no local de onde aconteceu os fatos,preciso que me descreva.
—Vou no meu carro.
Quando saí da estrada estava perto da hora do almoço e eu tinha que ir para
o escritório mesmo com dor na perna.Precisava de uma bebida forte,então
fui até o Estradas bar,que era de uma amiga,que também foi minha ex-
amante e um caso amoroso (Apenas da parte dela).
Ela sabia que eu não pretendia me casar com ela e nem com ninguém.Ela
acabou nem tentando nada,e quando confessou que me amava e sonhava se
casar decidiu pôr um ponto final e pediu para continuarmos amigos.Acabou
se casando,teve um filho do primeiro casamento,mas quando se divorciou o
garoto preferiu ir com o pai.Depois,ela acabou se casando novamente,mas
deu errado e o marido faleceu depois de um infarto.Ela se casou pela
terceira e última vez,mas, acabou se separando do marido,e tempo depois
ele faleceu.Ela se tornou a viúva negra da cidade.
Esse último marido lhe deixou bem de vida,com casas para aluguéis ela
vivia bem financeiramente.Até me pediu ajuda para deixar tudo que ela
tinha no nome dos dois filhos
Como ela não conseguiu ter outros filhos biológicos acabou adotando uma
menina e a chamou de Karina.A menina era muito tímida e as duas eram
grudadas.Eu particularmente achava muito bonita a relação de parceria que
tinham.
Cheguei no bar e assim que ela me viu saiu de trás do balcão vindo até
mim.Ela era bonita,tinha um quadril largo,era magra,os olhos castanhos
claros levemente puxados e o olhar como de uma águia.Suas sobrancelhas
eram finas e arqueadas,as maçãs do rosto pouco marcadas.O nariz ornava
com o rosto dela e seus lábios eram carnudos,chamativos.Em geral,era uma
mulher bonita na casa dos quarenta anos.
—Vai aparecer?
—Apareço aí por esses dias.Agora que está chegando o São João a cidade
costuma ficar cheia.
Maria Júlia.
Depois de pegar o jatinho até metade do caminho,eu e meu irmão descemos
em um hangar no meio do nada,apenas para pegar o carro que nos levaria à
pequena cidade.Ele me explicou que Santa Clara era na fronteira entre
Brasil e Paraguai,um pouco distante do rio.
—Por quê?
—Você viu a quantidade de mala que você trouxe?
—Qual?
—Tem dois dos irmãos dele que são casados.—Arregalei os olhos.—
Victória foi adotada e se apaixonou por Gael.
—Que loucura.—Disse,surpresa,imaginando como deveria ser isso.
—Acontece mais do que se imagina,nós que não ficamos sabemos.—
Explicou.
—Estou sem palavras ainda.—Falei olhando a janela.—E como eles são?
—Normal,Maju.Apenas evite estressar o Bem,ele é bem sério,eu nunca vi
ele sorrir.Os os outros são mais brincalhões.
—Está bem?
—Sim,pode ir.—Fiquei estranhamente confortável com eles.
—Daqui a pouco volto e a gente sai um pouco. —Meu irmão disse antes de
sair.
—Eu pego as malas com ajuda dos peões.—Enzo falou já saindo de casa.
—Vou deixar o carro aberto.—Meu irmão me mandou um beijo e saiu junto
do Max.
—Vou te mostrar seu quarto.—Rosa foi andando comigo e depois de passar
por um corredor extenso ela comentou:
—Essa porta aqui é o escritório do Bem.Aqui é tipo um apartamento,pois
tem uma copa e um outro corredor.—A senhora abriu a porta e eu olhei
tudo em volta.A porta,o frigobar...—Pode se sentir em casa.
—É verdade,e eu vou estar sempre por aqui.—Victória falou,animada.
Enzo entrou junto de dois peões que assim que me viram arregalaram
levemente os olhos colocando as malas e mochilas no chão
disfarçando.Enzo pediu licença e saiu mais o restante do pessoal.
—Está faltando dois dos seus irmãos,certo? —Perguntei,puxando assunto
para não parecer fria demais.
—Ah,sim—Victória riu.—Um é meu marido,não irmão.—Ah
verdade,Marcelinho tinha me falado para eu não cometer esse
gafe,mas,claro,eu tinha que fazer ao contrário.Ela pareceu não se ofender
ou ligar.—O Gael é médico está de plantão,e o Bem só a noite.
Depois de ficar conversando um pouco,fui convidada para comer com
elas,e aceitei mesmo sem muita fome já que estava estranhando
tudo.Depois que terminei de comer,Victória sorriu para mim.
—Posso te mostrar a fazenda e o resto da casa.
—E o que você faz ?Você é maior de idade?Parece ser tão nova.—A
senhora perguntou interessada.
Bem Santiago.
—A gente pode deixar a reunião para amanhã,Bem.—Fernanda,a minha
secretária executiva falou.—Sei do que aconteceu ontem,está melhor
mesmo?
—Estou.—A olhei,sem sorrir ou ser simpático.
Eu não costumava sorrir para ninguém,nem mesmo meus irmãos.
—Já,vou ficar um tempo em São Paulo, não sei ao certo quanto.Só vim
mesmo porque eu queria conversar com você.
—E sua irmã?Pedi para Rosa arrumar tudo,até mandei deixá-la no quarto
que fica embaixo,é maior e ela tem mais privacidade.
Esse casarão é bem bonito,mas muito dos móveis eram de madeiras e além
de ser aconchegante,era sempre um ambiente calmo demais,escuro.
Me sentei no sofá e fiquei mexendo no celular,vendo fotos e até sorri um
pouco.Rosa veio da cozinha conversar comigo e eu me levantei tentando
não ser chata e ficar apenas sentada,e fui tentar ajudá-la na cozinha.
Ouvi barulho de carro chegando e constatei que fosse meu irmão então fui
para sala correndo e me encostei no sofá.Quando a porta da frente abriu não
foi meu irmão quem eu vi,e sim um homem alto com a cara de
mau,fechada,séria.
Analisei ele quieta,até um pouco assustada porque ele tinha cara que estava
estressado e a qualquer momento iria brigar comigo.Quando me fitou com
um vinco na sobrancelha,eu o analisei melhor e fiquei muito
nervosa,minhas pernas começaram a tremer.Abaixei um pouco as vistas
abalada demais com a visão.
Franzi o cenho quando notei que estava olhando para um cara mais
velho,praticamente da idade do meu pai,e me olhava parecendo que tinha
me odiado.
Agora eu vi que a beleza dele era dura,máscula com cara de macho alfa e
um lobo pronto para o ataque,era muito diferente dos playboys que eu
estava acostumada a andar.
Esse homem tinha cara de violento.E eu...Eu estava excitada com aquele
clima,sua rispidez.Fiquei inquieta,mas não sabia quebrar aquilo.
—Nada,é porque você está sério,não queria incomodar—Cara feia?Quis
completar,mas me contive porque ele era tudo menos feio.
—Não vai me incomodar.—Olhou para a porta e meu irmão
entrou.Marcelinho me analisou e cerrou os olhos em mim,Max estava rindo
de algo com ele,mas meu irmão era observador deve ter notado meu
incomodo com aquele homem.
—Já se conheceram só falta o Gael.—Max falou rindo para mim mais
simpático que o irmão.Parecia que eu tinha ficado mole,e me faltou o
atrevimento habitual.
Bem subiu para o quarto,e meu irmão veio até mim me abraçando,sem falar
com mais ninguém,e a única que se importou com o comportamento fui eu.
—Tem uns restaurantes legais,podemos conhecer a cidade juntos.—Meu
irmão sugeriu.
—Pensei que seu irmão viesse também,ele veio ontem aqui me contou o
que aconteceu.
Que irmão?
Comecei a balançar a perna ansiosa e doida para saber que irmão era.Bufei
torcendo para Max ser um fofoqueiro e contar alguma coisa,e por sorte ele
parecia ser pois comentou com meu irmão que não sabia que ele e Leandra
se conheciam.
—Que Bem e Leandra tiveram um caso de quase três anos eu estou
lembrado,só não sabia que se conheciam.—Minha boca quase caí no chão
com a descoberta.
—Ele levou ela uma vez no clube que eu frequentava.—Me olhou como se
não quisesse falar desses assuntos comigo por perto,com certeza deve ser
clube de sexo não sou tão tonta,ou pelo menos algo parecido.
Apesar de eu ter olhado para Bem daquela maneira ele deveria gostar de
mulheres experientes como essa mulher de agora.E eu nem deveria estar
pensando nisso.
Max acabou contando um pouco da vida dela,e eu olhei a mulher que estava
no balcão rindo para algumas pessoas.Quando ela sentiu que tinha alguém
observando procurou com o olhar,mas eu disfarcei bebendo minha cerveja
fazendo careta com a bebida.
Max decidiu ficar,e meu irmão veio embora comigo.Quando a gente chegou
na fazenda encontramos o outro irmão,Gael.Ele também era super querido e
receptivo,não era muito forte e tinha um sorriso expansivo.
Fiquei calada,incomodada.
Meu irmão disse sim sobre esse estágio,mas eu tinha mesmo que ficar aqui
na fazenda?Eu pensei que o estágio fosse no escritório ou na fábrica que
eles tinham com os produtos que importava.Eu tinha mesmo que ficar na
fazenda o tempo inteiro?Bufei contrariada também.Não estava acostumada
com essas coisas,talvez seja por isso que eu esteja aqui.
—Te amo.
—Eu que te amo.—Beijou o topo do meu cabelo.Bocejei e ele ficou comigo
até eu dormir.
Ainda acordei no meio da noite estranhando o fato de Andrezinho não ter
vindo para cama dormir comigo,e aquela não ser a minha cama.
*********
Lembrei dos meus avós velhinhos assim,meu bisa tinha traços orientais cara
de bonzinho,enquanto aquele homem não parecia ser desse jeito.Não senti
uma sensação boa vindo daquele velho que tinha cara de rabugento e
chato.Só fui simpática porque estava na casa dele.Não falaria nada a meu
irmão porque apesar de não querer ficar aqui,estava com vergonha de voltar
para minha casa.
O café foi servido e logo a mesa estava cheia com todo mundo da
família.Selecionei o que ia comer,porque eu era vegetariana,não comia
carnes de animais só os derivados como queijo,leite...
O dia passou rápido e eu fiquei triste quando anoiteceu e meu irmão
precisou ir embora,foi de jatinho por ser a noite e com urgência para São
Paulo,ficaram encarregados de levar o carro depois.Me senti sozinha por
um momento,mas prometi a mim mesma que eu iria ser forte,logo chegaria
o são João,e eu teria com o que me distrair.
—Maju não fica triste,e por favor me chama de Vicky.
—Vou tentar.
—Amanhã o Bem mandou eu levar você comigo e Enzo para ver os touros
que chegaram.
—Só trabalham com exportação de animais?—Perguntei irritada,mas ela
não percebeu.
Bem Santiago.
Não esperava que a Maju que tanto ouvir falar fosse aquela garota.Foi um
baque ver aquela mulher parada na minha frente me encarando um pouco
retraída.Era linda demais e assim que eu bati o olho senti todos os meus
instintos falarem mais alto,e estava pouco me fodendo o que estava na
minha volta.
Era mediana,loira e tinha os olhos azuis vivos.O rosto era fino,tinha o nariz
pequeno e a boca era uma coisa linda.Era uma boquinha carnuda que fazia
um biquinho naturalmente.
Seu olhar era totalmente submisso e acho que isso foi o que mais mexeu
comigo depois da sua beleza.
O olhar e o biquinho me fizeram ficar louco e a analisar como um
predador.Ficou parecendo que tinha medo de mim,e me analisou com a
mesma fome que eu olhei para ela.E eu não sei se ela sabia que estava me
analisando daquele jeito.
Mas a menina só tinha dezenove anos,e eu não ia fazer isso com ela.Eu era
perverso e violento.Gostava de sexo assim,de trepar feito um animal,de
comer tanto uma boceta a ponto de ver mulher com as pernas
fracas.Gostava de bater,de amarrar e espancar uma bunda e deixar bem
vermelha.
Ela só escaparia de mim por causa da idade,eu não ficava com meninas de
sua idade,era vinte e dois anos a mais de depravação.
Eu tinha idade de ser o pai dela então iria me controlar e ficar longe.
E era melhor porque não gostava de compromissos,e dentro da mesma casa
era complicado.O melhor era ter casos rápidos,fodia à vontade e não
passava disso.Tudo funcionava nos meus termos e não era todas que
aguentavam.
Teve a coragem de sentar ao meu lado então eu puxei assunto vendo que
ficou um pouco sem entender o que eu falava.
Eu ia mantê-la afastada de mim,por isso o contrato que eu ia mandar
Fernanda fazer ia ser para ela estagiar na fazenda,e não no escritório.Eu não
queria saber se ela sabia ou não sobre touros e o caralho a quatro.
Era sim mais fácil ficar perto de Max e Enzo aprendendo sobre os gados de
corte,mas isso significaria ela trabalhando no mesmo lugar que eu.
Quando apareceu com roupas justas fiquei tão desnorteado que acabei me
estressando e chegando mais cedo no escritório ficando super irritado.Era
melhor eu ir ao clube Versailles e procurar alguém com as mesmas
características dela,o que seria difícil.Porque as mulheres que tinham lá
poderiam ter o cabelo loiro e os olhos claros,mas o rosto era de experiência.
—Não.
—Então você vai até a fazenda e pedi para ela assinar o contrato,e explica
como tudo funciona.
—Se pegarem esse homem eu quero ele vivo.—Disse com raiva.—E mais
informações sobre os policiais infiltrados entre os peões?
—Foi relatado algumas movimentações estranhas de dois dos seus
peões,mas nada que possa incriminá-los.
—Te aguardo.
Desliguei e fui para a reunião.Passei a manhã toda em negociação com dor
de cabeça porque queria tudo ao meu controle e com a porra daquele
pessoal eu era obrigado a falar junto do tradutor ao meu lado.Eles vieram
direto e pessoalmente falar comigo.Quando terminou consegui fechar em
um preço bom então estava satisfeito.
—Como o quê?
—A sua irmã,Bem.
—Victória?
—Seu pai mandou matar a família dela,mas eles fugiram,você lembra?O
único que ele matou foi o avó que estava debilitado.—Afirmei com um
aceno.
Eu desconfiava que meu pai tinha feito algo maior contra eles,os acho e
perseguiu,mas nunca disse.
Minha mãe se apaixonou pela menina,e meu pai fazia seus gostos,era cego
aos caprichos dela já que depois de tanta porrada que dava nela queria
agrada-lá.
—Você só sabe parte da história que aconteceu de fato,Bem.Aquela mulher
que não queria entregar o bebê era tia de sangue,e quando sua mãe se
apaixonou pela bebê,a mulher não queria entregá-la.E seu pai mandou
matar o marido da moça também.
—Eles não vão tentar fazer nada com você agora pois querem seu
dinheiro.E pode ser que além deles tenha uma pessoa a mais por trás,mas
isso não leve em consideração é só desconfiança.
Mais esse problema agora,eu ia avisar a meus irmãos para ficarem atentos,e
a Vicky também.Pois ela era boba,e poderia cair no papo deles.
Quando ele foi embora,não demorei a ir também.
Cheguei no casarão e estava tudo em silêncio.Aproveitei o momento,tirei
meu paletó e segui para o quarto de Maria Júlia com o contrato em
mãos.Ela ia assinar aquele contrato.
Bati na porta e ela abriu surpresa por me ver ali.Meus olhos desceram por
seu corpo,estava de short jeans e blusa colada preta.Seus pés eram
lindos,pequenos com unhas bem feitas pintadas de rosa claro.Senti meu pau
incomodar a cueca,e começar a doer.Os seios estavam pronunciados dentro
da blusa apertadinha,subi o olhar para seu rosto fitando a boquinha que
estava me deixando doido.
—Vim para você assinar o contrato.
—Eu já disse que não quero,e muito menos esse salário.Eu não preciso.
—São as normas.
—Meu irmão me disse que eu iria estagiar na cidade,no frigorífico perto do
seu escritório na cidade,por que que eu não posso estagiar lá?
—Porque eu não quero.—Fui firme e senti que ela estremeceu,seu peito
subiu e desceu.Ela entreabriu os lábios chocada e me olhou receosa.
—É por isso?—Apontou para ela e para mim.
—Isso o quê?
—Isso que tem entre a gente desde que a gente se viu a primeira vez.Eu me
senti atraída por você.—Porra,além da pouca idade,a inexperiência,ela não
sabia esconder o que estava sentindo e foi clara.Eu também ia ser sincero
até porque eu não tenho idades para isso.—Eu acho que é isso,e eu nunca
me senti assim antes. —Concluiu.
—Foi por isso,sim.—Ela pareceu surpresa,arregalando levemente os olhos
ficando até um pouco pálida quando fui sincero.—Mas quero você longe eu
não sou uma boa pessoa,e não sirvo para uma menina da sua idade.
Maria Júlia.
Estava colocando minhas bolsas enfileiradas como gostava de organizar.
Rosa entrou no meu quarto segundos depois.
—É a secretária do Bem.
—E o que ela quer comigo?—Franzi o cenho.—Ah,lembrei,deve ser aquele
contrato.
Quando cheguei na sala olhei a mulher bonita,esguia,elegante dentro de
uma saia lápis comportada no tom azul marinho e um blusa de seda
preta.De saltos que a deixavam ainda mais alta.Era morena,os olhos
castanhos escuros,e usava óculos,com uma aliança enorme do dedo.
—Oi,sou Fernanda,secretária executiva que trabalha para o Bem.
—Não vou assinar nada.E nem quero esse salário.Eu não entendo nada
ainda sobre os animais da fazenda tive que dar uma pausa na faculdade.
—Faz sentindo.—Ela parou para pensar.—Aqui fala sobre alimentação de
animais de pequeno porte,e sobre supervisão.Te entendo,mas são as
normas.-Eu li por cima,confesso.Tinha direito a muitas coisas,mas todas
essas eu já tinha.
—Não aceito,e não quero,desculpe fazer você perder seu tempo.E eu e ele
estamos na mesma casa se ele quiser que venha até mim.—Ela pareceu
surpresa.
—Tudo bem,vou falar com ele.—Ela viu que eu não assinaria,portanto se
poupou do esforço.
Não queria parecer metida,mas eu não ia fazer uma coisa que não sabia
mesmo com supervisão.E eu poderia está tomando a vaga de alguém aqui
que precisava daquele salário.
Hoje de manhã quando eu fui até o estábulo com Vicky olhei as diversas
casas dos funcionários,fiquei me sentindo fútil e mimada porque o salário
que eu olhei aqui pagava uma bolsa das marcas que eu costumava usar.
Fui para o quarto decidida a não aceitar e me distrair com outros assuntos
até a minha situação da faculdade ser resolvida.Fiquei no notebook
revisando e lendo alguns artigos já que não tinha nada para fazer por
enquanto,e Vicky tinha saído.
Na hora do almoço ia trocar de roupa quando ouvi baterem na
porta.Surpresa me tomou por vem Bem entrando no quarto,lindo naquele
terno escuro.Fiquei nervosa e tensa.Eu não era o tipo de menina que ficava
reparando os homens,era mais na minha.Uma vez o outra que eu elogiava
alguém.
Me olhou daquele jeito sério como se não tivesse gostado de mim e vi o
envelope de mais cedo em suas mãos.
Falei que não ia aceitar assinar nada,e acabei perguntando se ele me queria
longe pelo que eu senti,e agora sabia que não fui a única.
—É,e você vai fazer o quê?
—Não quero.
—Você é muito teimosa.—Se alterou um pouco mais,passando a mão pelos
cabelos e olhou para o meu pé depois fitou minha boca.
—Você também,porque fica ignorando essa atração que eu sinto por você e
vice -versa.
—Tenho idade de ser seu pai,esqueça isso.Não vai acontecer.
Bateram novamente na porta e eu achei que fosse ele,mas era uma das
empregadas avisando que o almoço ia ser servido.
Cheguei na sala de jantar sentindo falta de Enzo e Max,estavam viajando,o
que salvou foi Vicky e Gael que foram almoçar em casa.Me sentei bem
distante dele,me servindo bem pouco de comida.O pai dele hoje estava mais
calado que o habitual e umas duas vezes ele olhou para mim como se não
gostasse da minha presença,mas eu já tinha entendido que ele que era
amargo com a vida mesmo.
Fitei Bem algumas vezes,mas ele comia tão contido que pareceu nem ligar
para os meus olhares.Conversei com Gael e Vicky,Rosa também falou,e até
Estevão se meteu algumas vezes na conversa falando pausado e
cansado.Quando terminamos de almoçar,eles gostavam de ficar na varanda
comendo sobremesa e tomando café.
—Fica com a gente na varanda. —Vicky chamou levantando da mesa.
—Não dá,vou fazer uma ligação,depois eu vou.
—Viu,vou guardar sua sobremesa.—Ela falou toda compreensiva e
amorosa.Bem me olhou por um momento, mas logo foi ao lado do pai e
irmão que estavam conversando com ele.
Liguei para minhas primas e elas ficaram eufóricas.Maisa me falou algo
que poderia realmente ser verdade.
—Você de nós três é a mais quieta quando o assunto é sexo.Nunca
fez,nunca se interresou por ninguém e agora ele.É muito diferente de
você,Maju é normal você sentir medo.E você chegou só tem três dias,tenta
deixar isso um pouco de lado mesmo sendo difícil.
Impossível.
—O que você pensa em fazer? —Ana perguntou depois da irmã.
—Já disse que não vou assinar,não sei porque insiste.—Se abaixou mais
pegando um sapato rosa.Acabei me estressando com sua teimosia,a peguei
pelo braço,e a levantei deixando seu rosto bem próximo do meu peito.
—Você vai assinar sim,porque está do jeito que você quer.—A puxei
delicadamente pelo braço e ela veio sem reclamar.Coloquei a porra do papel
na escrivaninha,e puxei uma caneta no bolso do terno.
—Comportem-se.—Disse.
—Isso,ela não é para vocês.Fiquem longe dela.—Saí da sala de jantar e fui
esperar meu café no meu quarto.
Maria Júlia.
Vick me trouxe para ver a égua que estava para parir,e outros cavalos.
—Como se chama?
—Salmo.
—Vou sim.
Horas mais tarde quando estava anoitecendo,Vick veio me chamar dizendo
que Bem já tinha chegado.Quase desisti de ir,porque ele não deveria estar
com a mínima vontade de me levar junto.Continuava de calça,e blusa social
azul escuros,sapatos italianos pretos,só tinha tirado o terno.Estava muito
bonito.Parou em frente a caminhonete grande,de braços cruzados,com cara
séria.Habitual de sempre.O carro dele tinha o seu cheiro,o perfume
forte,marcante.
—Por que?
—Porque eu não quero.
—Você não manda em mim.
—Não preciso mandar.Você não vai e ponto final.Quando Victória não
for,você vai ficar lá em volta daqueles homens?
—O cavalo gostou de mim,isso pode ajudar.
—Problema seu,não quero saber.Você vai estar ocupada no escritório e ele.
—Voltou a subir as escadas.
Capítulo 6
Bem Santiago.
Estava difícil demais Maria Júlia passar despercebida por mim.A filha da
puta não tinha noção do tanto que mexia comigo.Só de pensar que eu estava
olhando para uma menina de dezenove anos me deixava doente.
E ela me deixava louco pra caralho,estava ficando no meu limite.Desde
quando ela veio estagiar aqui me trouxe muita dor de cabeça.E os cabelos
brancos que eu nunca tive estavam aparecendo tanto no meu cabelo e na
barba.
Nos primeiros dias ela estava vindo com Max ou Enzo.Mas Enzo estava
ficando mais tempo na fazenda,e Max vindo mais cedo que o horário
dela.Ela vinha de carona com Luan,um rapaz de vinte e três anos,trabalhava
no frigorífico e morava em uma das casas dos funcionários com os pais e a
irmã.
Além disso, quase matei o representante de um fazendeiro no interior de
São Paulo.Fiquei com vontade de tirar ele da minha sala na base da porrada.
Não sei como,mas ela fez amizade com todos do escritório e frigorífico,com
Fernanda e Lourdes.Minha assistente,que ficava do lado de fora da minha
sala era uma fofoqueira nata,e a garota se aproveitava disso.Não sei que
porra aquela menina veio fazer aqui,que acabou entrando com Lourdes que
vinha servir o caralho do café.Deu vontade de jogar no filho da puta.Ela
trazia a bandeja ajudando Lourdes,que se queixava de problema no braço.E
eu era macaco velho,experiente,sabia que a menina deu um jeito de entrar
apenas para me ver.Ela sabia que eu não era imune,porém eu era mais
esperto.E não ia me render,não com a idade que ela tinha.
Quando ela entrou com a bandeja e Lourdes vinha na frente,fiquei calado
observando a cena.Assim que Gabriel Junqueira olhou a menina,arregalou
um pouco os olhos e ficou sem fala.
—Senhor Bem,pedi ajuda da menina Maju porque o senhor sabe que meu
braço não é dos melhores.—Nem me dei o trabalho de
responder,observando o imbecil babar em cima dela.Enquanto Lourdes
servia o café,ele se levantou todo cavalheiro e foi até ela.E tudo isso na
minha cara.
—Gabriel Junqueira—Estendeu a mão para ela,que fez o mesmo.Ele beijou
a mão delicada com unhas pintadas de rosa olhando nos olhos dela.Ela
piscou e se virou para mim,acho que pela minha cara feia não me provocou
e foi profissional.
Esse foi só um dos episódios.Já tinha passado uma semana que ela estava
trabalhando aqui,e em menos de uma semana um outro comprador de
cavalos nem conseguia se concentrar porque ficou me perguntando quem
era a loirinha que trabalhava no frigorífico.Eu sentia a veia do meu pescoço
pulsar,meu ombro que levei o tiro doer e minha cabeça girar.Parecia que um
véu vermelho tinha descido das minhas vistas. Não vendi os cavalos a
ele,mandei ir embora.
Precisei negociar com um representante fora da fronteira que estava na fila
de espera.Esse sim me agradou já que não olhou Maria Júlia.
Tente me distrair,e na hora do almoço sair mais cedo para não ter chances
de ela me pedir carona.Precisava de uma bebida,e não dava para
esperar.Cheguei no estradas bar,estacionando o carro e pegando minha
caixa umidora.Esse representante gostava de me agradar e trouxe charutos
cubano.Eu não fumava sempre,era só nos momentos que eu eu estava no
meu extremo,e hoje era um dia desses.Por sorte,eu ganhei.Fui recebido por
minha amiga,quando me viu abriu um sorriso,e se aproximou.
—Bem,que visita boa,no meio da semana.A que devo a honra?—Apenas a
olhei,sem dizer nada,e ela entendeu que eu não queria conversar.
—Me sirva um uísque.—Não consegui dizer mais nada.Ela pareceu
estranhar.Soltei um suspiro longo,me sentando no balcão.—Pode acender
meu charuto?
—Claro que sim.—Se aproximou com um isqueiro.Meu olhar desceu por
seu corpo,olhando os contornos da sua silhueta,quadril e bunda larga.Seus
seios firmes,e o sorriso largo,feliz.Soltei a fumaça da minha boca,sentindo o
gosto do charuto forte.Ela bateu o copo e eu peguei bebendo em um gole
sentindo arder,queimar.
—O que houve?Problemas?
Sim,um problema de meio metro,olhos azuis e cabelos loiros.
—Estresse.—Falei por fim.—Já preciso ir,só queria beber uísque e arejar a
cabeça.
—Achei que fosse sobre o atentado que sofreu.
—O delegado está cuidando de tudo,fique tranquila.Eu descobri que tem
haver com os parentes de sangue da Vick.—Ela pareceu chocada e
entreabriu os lábios.Leandra era uma pessoa de confiança,por isso eu não
preocupava em contar nada.Claro que não dava todos os detalhes.
—Meu Deus...—Ela se apoiou no balcão,olhos brilhando.—Precisa de
alguma coisa?
—Não.O bar está indo bem.—Mudei o assunto.Ela sorriu e segurou minha
mão.
—Se tiver outra coisa te preocupando sabe que pode contar comigo.Tem
tempo que eu não te vejo tão estressado e irritado.
O que ela ia achar de eu estar louco por uma garota de dezenove anos
quando eu ia completar quarenta e dois dentro de algumas semanas?Eu
estava enlouquecendo com tudo que eu queria e não podia fazer com ela.E
Maria Júlia não ajudava.Dificultava.Eu não ia contar a Leandra sobre a
garota.
—Não tem.—Terminei meu uísque em um gole e fumei mais do
charuto.Me despedi dela,e saí de lá indo para casa.
Maria Júlia.
Estive aceitando a carona de Luan,e da irmã,Raquel quase todos os
dias.Pois Enzo estava ficando mais na fazenda,e Max vinha cedo
demais.Então vinha com ele,que sempre puxava assunto comigo e a irmã
participava da conversa.Nunca falei meu sobrenome pra ele,e nem sabia se
ele já sabia.Mas ele achava que eu estava de favor na casa dos Santiago.
Na semana que eu comecei a trabalhar aqui,fiz amizade com algumas
pessoas.E entre elas, Lourdes.
Eu não gostava de ir sempre pra casa almoçar,porque achava cansativo
então trazia comida e deixava no refeitório,e foi aí que eu conheci a moça
de meia idade,que gostava de fofoca.Soube que era secretária pessoal do
Bem,e fiz amizade ela.Desde do dia que chamei Bem de cavalo,ele mal
olhava na minha cara,e ficou com raiva quando eu ajudei a senhora com o
café.Me aproveitei da dor de braço dela.
Bem Santiago.
Hoje a cidade estava lotada,e o escritório não funcionaria por dois
dias.Aproveitei para tirar pelo menos um dia de descanso,e só voltar a
trabalhar de casa no outro dia.Eu não ia característico de roupas
quadriculadas porque não gostava,e achava ridículo.Só ia menos sério que o
de sempre.
Enquanto vestia a camisa olhei a cicatriz do tiro,ainda estava recente e
doía,eu que ignorava e me enchia de remédios.
Desci as escadas e encontrei com Enzo se ajeitando em frente ao espelho
que tinha no canto,perto da escada.Assim que me viu,enrugou a testa e veio
até mim.Ele vestia uma camisa preta,e por fora uma blusa quadriculada
aberta azul claro e escuro,horrível.
—Que roupa é essa?Você sabe que o traje é caipira?
—Enzo,eu tenho cara que veste blusa quadriculada?
—Não—Ele começou a gargalhar e eu soltei uma risada,descontraído
também.—Se não é caipira,é o que?
—Eu que vou saber,porra?Caipira vestido de preto.—Disse.sério.—Eu sou
o primeiro.
—Porra.—ele começou a gargalhar.Acabei sorrindo também.Peguei a chave
do meu carro e a carteira.
—Vou com você,vou só pegar minha carteira também.
Dei uma olhada no corredor sabendo que Maria Júlia estava quieta demais
hoje e isso parecia um problema.Estava quase anoitecendo e ela ainda não
tinha aparecido.Enzo voltou,dizendo que não queria dirigir porque ia
beber.Chegamos na fazenda vizinha,que sempre ficava aberta para
visitantes,e nessa época de são João sempre lotava.
Assim que cheguei Leandra veio me cumprimentar toda sorridente com a
filha que segurava os braços dela um pouco tímida.Totalmente diferente da
mãe.Elas se sentaram por perto,e eu fui até a mesa onde estava minha
família falando rapidamente com Max e Rosa.Soube que Maria viria com
Vick e Gael.
Fui atrás de uma bebida,e antes que eu chegasse no balcão para pedir vi a
garota vindo com uma roupa inapropriada para situação.O merdinha do
Gabriel Junqueira tinha ficado na cidade,e assim que viu ela,se despediu do
homem que conversava e foi ao caminho dela.Eu tive ódio mortal do filho
da puta,e alguma coisa por dentro me fez ir até eles.Que caralho de roupa
era aquela que essa menina estava usando? Aparecendo o seio e toda a
barriga exposta?Gabriel a devorou com um olhar,assim como alguns
homens tinham feito.Cheguei até eles,e antes que eu desse um murro e
perdesse um cliente importante,puxei o braço dela.
Caralho.
—Você é virgem,porra.—Disse,piorando a minha situação,pensei em dar
para trás mas não dava.
—Bem...
—Quer perder?
Ela voltou a ficar corada quando balançou a cabeça freneticamente
entendendo o que tinha falado.Chupei seu lábio inferior,e ela fez o mesmo
no meu superior.Voltei a enfiar minha língua em sua boca sentido o gosto
daquela boquinha gostosa e do gloss que tinha gosto de morango.Desci
minhas mãos pelo seu corpo todo pequeno,e delicado.Voltei as mãos e
passei pelos seus braços tirando os cabelos do pescoço,passando a
língua,chupando em seguida a pele branca com cheiro doce.Senti as mãos
dela na minha cintura,e fiz questão de olhar como estava entregue,com a
boca vermelha.
—Vamos sair daqui.—Peguei sua mão,e ela apertou me seguindo.Estava
lânguida,ofegante,com os lábios melados do gloss,parecendo não acreditar
que finalmente conseguiu o que queria.
—Onde vamos?
Maria Júlia.
Ele começou a tirar a roupa e eu fiquei atenta.Comecei olhando seu rosto
másculo,anguloso e mau.Sua barba feita e bem escura.Desci meu olhar para
seus braços fortes,sua barriga dura parando na braguilha da calça.Ele abriu
e minha barriga doeu de expectativa,assisti a cena quieta.A calça desceu
junto da cueca e seu pau pulou para fora batendo no umbigo.O pau dele era
grande,exagerado e grosso.A cabeça robusta e rosada.Os pelos bem
aparados em volta,me preocupei se aquilo era bom,pois ia doer demais.
Imaginei como era a sensação de sentir aquilo tudo dentro de mim,e
esfreguei minhas pernas uma na outra.Ele estava nú e vinha na minha
direção.Sua perna não era depilada,ele era todo bruto mesmo.Posicionou os
dois joelhos na cama,e veio até mim.
Primeiro foi meu tênis,depois minha blusa que ele tirou rapidamente porque
não tinha muito pano,depois a calça deixando só a calcinha de renda
vermelha.Pensei que fosse me beijar novamente e quase abro minha
boca,mas ele desceu o rosto mordendo meu pescoço,e eu soltei um gritinho
de susto.
Mordeu meu pescoço,depois lambeu e chupou.Foi descendo as mordidas
até parar nos meus seios,a aréolas eram escurecidas,e o bico pequeno.Ele
mordeu forte,e eu gritei quando a carne escura e sensível foi saindo entre
seus dentes.Logo,ele capturou meu seio e levou inteiro a boca chupando e
passando a língua quente.Segurei seu cabelo e esfreguei minha boceta no
seu quadril quando meu clitóris ficou dolorido.
—Eu ia chupar sua bocetinha,mas eu preciso enfiar meu pau dentro das
suas pernas.Eu preciso te comer,Maria Júlia.—Meu Deus do céu.Eu estava
ofegante,sem fala,chocada.
—Então vem.—Sussurrei,sentindo minha boceta molhada.Ele se posicionou
novamente com os joelhos de cada lado.
Capítulo 8
Olhei a bocetinha,com alguns pelos loiros curtos melados de sangue.Me
deu água na boca,e eu fiquei louco para abrir a perna dela e enfiar minha
língua.Me contive por ver que era sua primeira vez,e eu não tinha sido
delicado,até porque eu não sabia ser e nem fingir uma coisa que eu nunca
seria.
—O que foi?
—Nada.—Sorriu um pouco,e por um momento me vi admirando seu sorriso
bonito.Ela trouxe uma mão para o meu rosto,mas eu segurei seu pulso.
Concordei.
—Vou te limpar.
—Não.
—Tem sangue.
—Oh...Bem.—Gritou,fora de si.—Ai...ahh.—
Pincelei a entrada no meu pau,a pegado por trás,indo fundo sentindo minha
carne afundar dentro da sua bunda.Não aguentei e desferi um tapa forte,que
fez barulho no quarto.
—AHHHH,Bem,Merda.—Apertou os lençois.
—Você é minha.Minha.Porra.—Desferi outro tapa do lado que não estava
avermelhado.
Ela se inclinou para trás,e eu fui até ela beijando sua boca.Fiquei fora de
mim,belisquei seus seios,fui forte mordendo seu ombro,chupando o vão
entre seu pescoço e ombro.
Ela mexeu comigo,e isso crescia a cada vez que eu olhava para ela.
Provavelmente vão achar que ela foi pra casa com o filho da mãe do
Luan,que ficava babando em cima de Maria Júlia,e eu só não me meti
antes,porque a irmã dele ia junto,e ele ainda estava sondando terreno.
Não queria ter que acordá-la,mas era necessário.Me vesti,enrolando para
fazer isso.Quando me aproximei,ela se virou com os seios cheios de
mordidas,e roxos claros.Lentamente foi abrindo os olhos,e deu de cara
comigo a encarando.
—Se vista,já vamos sair.—A cara sem entender nada,deu início a uma de
incredualidade.O que ela esperava?Café na cama?Vi a cara que fez e como
me olhou antes de se levantar.
—Vai descalça?
—Interessa?
Maria Júlia.
Ele foi calado todo o caminho,e eu também.
Eu não sabia explicar o que tanto me atraiu em Bem,e com certeza não foi a
simpatia,porque ele não era um homem simpático.Não parecia ser amigo de
ninguém.
E me passava o ar maldoso.
Suspirei olhando a estrada,com coqueiros e árvores enormes.Vi a mão
grande e bonita de Bem ligar o som,e a música aparecer no visor:"No Leaf
Clover" by Metallica from the álbum 1999.
Essa época ele deveria ser jovem,e essa provavelmente deveria ser uma
música que ele curtia.Será que quando mais novo,era desse jeito?
—Vá primeiro.
Concordei.
Ele pareceu não acreditar nas minhas palavras,e ficou quieto por um
momento.
—Entendi.—Ela sorriu.
Fui para sala e encontrei Estevão reclamando para não comer com ajuda da
enfermeira.Tentei ajudar,mas ele falou que eu era intrometida e chata igual
a Camila.Descobri que era o nome da mãe de Bem.
—Brigadeiro.
Ele se aproximou o suficiente para eu sentir seu pau duro pressionando
minha bunda.
Victória Santiago.
Meus irmãos tinham chegado da festa,eu ouvi Bem ajudando
provavelmente Enzo bêbado subir as escadas,enquanto eu estava encolhida
na cama esperando Gael chegar em casa.Desde que começou a fazer sua
especialização vivia chegando tarde,e apesar de saber que era do hospital eu
me sentia sozinha.
Sempre morei nessa fazenda,nunca saí daqui porque vivi nas asas dos meus
irmãos desde que me entendo por gente,mas agora parece ser
diferente,porque eu queria viver minha vida igual Gael vivia a dele.Dentro
do hospital ele não era meu marido,ou um dos irmãos Santiago,ele era
apenas um médico como qualquer outro já que pediu para ser tratado assim.
Chegava cansado demais,não me dava atenção,e quando eu tentava
conversar já estava dormindo.Para ele era muito fácil me pedir um filho se
nem em casa ficava,enquanto eu ficaria engordando,com barrigão para o
ver apenas alguns minutos a noite,já que acordava todo dia seis em
ponto,fazia exercícios e já corria para o hospital.
Assim que ele abriu a porta,eu o encarei.Ele iria reclamar que estava
cansado,tomar banho e apagar.Quia revirar os olhos.
Poderia sim ser egoísmo meu,eu sabia disso,e era,mas o outro lado estava
carente,e no fundo eu precisava de Gael.Não foi fácil,ele era meu irmão
adotivo,e negou muito até ficar comigo,eu sempre dei dor de cabeça a ele.E
pelo visto daria agora.
—Em algum momento eu sentei nessa porra de cama e pedi um filho pra
você?Como eu poderia pedir se não estou tempo nem para mim?
—VOCÊ ME PEDIU SIM.
—Eu sempre quis ter um filho com você,mas eu sempre fui o primeiro a
dizer que não era a hora.Nunca te impedir de ir fazer sua
especialização,você que não quis,então não venha querer me
responsabilizar pelos seus erros.
Senti tanta raiva dele.Tanta.
—EU FAÇO TUDO PARA TE AGRADAR,E VOCÊ NÃO ME
ENXERGA.—Disse,cansada.—Estou cansada de ficar sozinha,de não ter
mais o meu marido comigo,quer me chamar de egoísta,me chama,então.
—Ainda bem que você sabe.—Se desencostou da escrivaninha,e entrou no
banheiro batendo a porta com força.
Maria Júlia.
Mais um dia de comemoração,e eu não estava tão animada.Minha cabeça
martelava dizendo que eu só poderia ser doente por aceitar tudo aquilo,a
cada vez que eu olhava as marcas no meu corpo,os roxos e do tanto que eu
implorei,amando sentir dor.
Amando.
Procurei na internet,e tive vergonha das minhas pesquisas “Pessoas que
gostam de sexo com violência”.Aparecia dois termos,sadomasoquista,e
masoquista.Eu não me encaixava nem um pouco no primeiro termo,mas os
segundo parecia me descrever.Fechei a tela do notebook,irritada.Eu não era
masoquista.Não era,não podia ser.
Pensei em ver os cavalos,mas não tinha ninguém para me levar,e eu não
queria arriscar.Até Bem saiu junto dos irmãos.Bufei,não querendo ir para
cidade,só que eu não tinha muita opção.Ou era isso,ou ficar no quarto.
Pensando em esconder os meus roxos pelo pescoço e costas,coloquei uma
blusa de gola alta,deixando meu corpo quente pelo calor que estava
fazendo,mas era isso ou me perguntarem se eu havia sido agredida.Em vez
de colocar shorts,decidi ir de saia branca para não ser possível ver minhas
pernas vermelhas.
Bem Santiago.
—Pensei que você não fosse vir,irmão—Gael falou animado.—Vem beber
aqui com a gente.—Me sentei na mesa,Enzo sorriu para mim e piscou,e eu
mandei o dedo do meio porque ele estava procurando graça desde que viu a
mordida no meu ombro.Eu esqueci desse detalhe quando o ajudei bêbado.
—Filho da puta.—Ele riu mais ainda.
—Tu é chato pra caralho.—Max falou divertido para Enzo.
Leandra veio atrás dele cumprimentado todos da mesa parando em
mim,tocando meu ombro que estava com a mordida.Enzo olhou na direção
e depois olhou com pena para Leandra.
—Nossa irmã não vem?—Max perguntou.
—Ela ficou descansando.
—Ela brigou com Gael.—Disse Enzo.
Eu estava sabendo.
—Todo mundo ouviu.—Se defendeu.
—Você prestou atenção,é diferente.—Falei.
Eles não continuaram porque Leandra chegou.
—Oi,Leandra.—Sorri para ela.
—Oi,meu Bem—Ela beijou meu rosto.—Veio aproveitar?
—Vim ficar um pouco com eles.
—Depois passe lá no bar.Eu vou tirar um dia para ir te ver no
escritório,preciso da sua ajuda.
—É algo sério?
—É umas contas.
—Apareça que eu te ajudo.Fique um pouco.—Apontei a cadeira e ela
negou.
—Fico tanto tempo sentada.—Continuou em pé—E vou atrás da minha
filha daqui a pouco.
Gael se aproximou de nós parecendo cansado do hospital,e praticamente se
jogou na cadeira ao lado de Max.Ficamos em um clima agradável,até Vick
chegar e o ar pesar um pouco pela briga deles.Enzo disfarçou,Max fingiu
não saber o que acontecia e eu continuei do mesmo jeito.
Capítulo 9
Maria Júlia.
Assim que entrei no quarto,ele me surpreendeu ao tirar o cinto.Pensei que
fosse me bater ali mesmo.
—Fica quietinha.—Disse,enrolando o couro no meu pescoço.
—Se você disser exatamente que quer que eu pare,farei.Mas se tiver apenas
gemendo,eu não paro nem por um caralho.
—Vai me bater?
—Vai.
O meio das minhas pernas começaram a molhar apenas com a forma bruta
que ele praticamente rosnava,ficando escorregadia.
Me puxou mais pelo cinto e me fez ficar cara a cara com ele.Respirei
fundo,deslumbrada com a masculinidade daquele homem.A essência de
macho exalando dele.
Me destruir
Fiquei em silêncio.
—Quero...Quero...—Ele me cortou.
Neguei.
Respirei fundo.
Era a primeira vez que me chamava assim,e foi isso que me impulsionou a
tomar sua glande na boca,suguei devagar fazendo a cabecinha fazendo o
homem ficar desnorteado.
Bem Santiago.
Quando voltei,Maju estava limpando o canto dos lábios,assim que viu meu
outro cinto,já ficou receosa.Tirei o que rodeava seu pescoço,e joguei no
chão,o que eu tinha em mãos era muito mais pesado.Seu olhar passou para a
vela na mão direita.Era vela comum,e eu queria ver até onde iria aguentar.
—CHEGA…AHHH…
Isso foi suficiente para que eu metesse de uma vez,assistindo sua boceta se
abrindo para acomodar meu pau.Peguei a vela,e pinguei em sua
barriga,ouvindo gritar de dor e se contorcer,apertando ainda mais meu pau.
—-Ahhhh…
—É,porra.
Fiquei tão fora de mim,que uma gota de suor brotou na minha testa,mas não
consegui parar,a cada vez que eu era empurrado para dentro,mas eu queria
com uma necessidade filha da puta.
—Fica,por favor…
Bati a porta do carro com força,e entrei pela porta da frente pensando no
que eu inventaria para alguém se perguntasse.Por sorte,quando eu entrei não
tinha ninguém na sala,então fui direto para o meu quarto.
No momento em que eu saí foi só para buscar comida,e vi que o clima
estava tenso entre os irmãos e Rosa que passava a mão no peito.Eles não
pararam de falar quando eu cheguei.No outro dia,preferir não fazer nada e
nem sair quando Max e Enzo vieram me chamar para outra quadrilha que se
apresentaria na cidade.
Bem Santiago.
Assim que ela bateu à porta,fiquei estressado novamente,porque ainda
queria essa Maria Júlia,e não aceitava ser rejeitado daquela maneira.Parecia
gostar do mesmo sexo violento que eu,e isso estava a assustando,mas o que
queria que eu fizesse?O que eu faria seria surrá-la ainda mais.
Minha irmã estava grávida,não sei até que ponto eles sabiam.E o que ela
sabia.Mas Victória apesar de estar sempre sorrindo,era muito calada e
guardava tudo para si.E eu já tinha reparado que estava infeliz com
Gael,mas eu não me metia no casamento alheio,mas já não sabia mais o que
esperar de nenhum um lado.
Quando cheguei na sala vi todos os meus irmãos reunidos,Victória e Gael
cada um lado a lado.No começo,eu não aceitei direto eles dois,ainda havia
muitas questões em mim,machismo,preconceito,eu não era de negar uma
porra daquelas.Mas aos poucos,fui aceitando porque nunca consegui negar
nada aos meus irmãos,e vi que estavam felizes mesmo eu não estando.
—E o que você fez?Eles ainda estão ligando?Vai me dizer que vai ficar
comovida?
—Gael.—Enzo disse,quando viu que nosso irmão mais novo estava puto.
—Deixa ele falar,Enzo.Se você continuar desse jeito,vou embora dessa casa
e ficar longe de você.Pelo visto você não vai se importar nenhum pouco se
eu sumir,já que só liga para a merda do seu trabalho.—Saiu,passando por
ele subindo as escadas.
Ele também não ficou na sala,e saiu batendo a porta da sala com força.
—Vocês sabem que eles estão conseguindo o que querem,não é?-Max foi o
primeiro a dizer depois de nós três um tempo calados.
Contei a eles que o delegado me falou sobre alguns dos peões que estavam
recebendo propina dele para passar informações.Só não estava se
encaixando eles estarem atrás de nós depois de anos,não parecia ser só
isso,mas não me vinha nada na cabeça do que poderia ser.
Eu sabia que meu pai havia mandado matar a família inteira de Victoria,mas
não sei até que ponto ele foi.
Maria Júlia.
O são João tinha acabado,e os trabalhos voltaram.Vick me aconselhou a não
ir ver Salmo por esses dias,porque as coisas não estavam muito boas na
fazenda.Então eu não quis bancar a chata e teimosa,e aceitei ficar indo com
Enzo ou Max para a cidade.Uma vez fui até na moto de Enzo.Evitei Bem
esses quatro dias que passaram,mas ele não fazia o mesmo,vivia me
encarando,me cercando,saindo até depois dos irmãos para garantir que eu
não pegasse carona com Luan.
—Aqui sua comida.
Hoje não queria voltar para o almoço e aceitei levar o
almoço.Agradeci,sorridente,e fui de encontro a Enzo para gente ir pro
escritório.Não demorou muito para eu chegar,e deixar minha comida no
refeitório.Esses dias eu estava para baixo,e o que eu fazia era ler,tinha um
livro preferido que eu demorei muito para entender a leitura dele.Dom
Casmurro era o tipo de leitura que eu até suspirava.A primeira vez que
li,não entendi e só depois da terceira vez entendi o que o autor quis passar.
Mas até no livro Bem me perseguia já que Capitu tinha Santiago no seu
nome.
Voltei para o trabalho e soube que aqui tinha um único gado nelore,e que os
outros estavam na fazenda para um leilão.Max estava super empolgado que
um touro chegaria em breve.Ele me mostrou as fotos do touro filhote e de
como estava parrudo por conta do melhoramento genético.
Liguei para meu pai e pedi para passar o final de semana longe daquela
cidade.Arrumei só uma mochila,e fui para sala esperar um carro vir me
buscar até o hangar onde eu pegaria o jatinho para vir embora.Da fronteira
até minha cidade natal eram duas horas de jatinho,bem rápido considerando
o ciúmes excessivo e vontade ir até bem e bater em sua cara.Porém nem
assim ele ia sentir o que eu estava sentindo.
—Vai viajar?—Gael,que chegava do trabalho, perguntou.
—Então tchelo está aí?—Meu pai gargalhou e meu irmão apareceu sem
camisa,com short preto limpando as mãos em um pano de prato.
-Ele me mandou o dedo do meio e riu também.
—Vim te ver e sou recebido com essa porra de apelido.
—Você nem parece aquele Juiz que usa palavras bonitas.
—N..não.
—É o jeito dele,eu pensei mesmo que seria assim.Você fica intimidada?
—Não.—Tossi,me sentando na cama.—Por que essas perguntas agora?
—Nada,só queria saber se ele se aproximou como os irmãos.
Fiquei calada,sem conseguir encarar meu irmão imaginando sua reação se
ele desconfiasse.Até me perguntei se ele não estava me sondando,mas acho
que a possibilidade de eu e bem nem passava pela sua cabeça.
—Já quero que termine e eu possa voltar para vocês.—Falei sem muita
certeza.
Bem Santiago.
Estaria mentindo se eu dissesse que não fiquei furioso por ela ter sumido
aquele final de semana.Todos os dias ela estava em casa quando eu chegava
do trabalho,e mesmo que eu não a olhasse,e passasse
direto para o quarto sabia que estava debaixo do mesmo teto que o meu.Me
acostumei com todo aquele atrevimento e sorrisinho sacana.Fiquei irado
quando soube que não passaria o final de semana aqui.
Não quis saber de Max para onde ela foi,porque avisou a meu irmão,em vez
de avisar a mim,e nem mesmo a mãe ou o irmão me falaram nada.Preferi
não saber,e fiquei quieto.Passou mil possibilidades na minha cabeça,e a que
mais me perturbou foi o fato dela ter voltado pra casa dos pais,para
encontrar algum namorado.
Não era a melhor escolha tê-la como minha amante,era só uma menina e eu
tinha que ter noção.Eu sabia como era a sociedade em que vivia,sabia das
piadinhas e do tabu.E no fundo aquilo parecia ter uma certa razão,porque eu
não tive limites,e era errado pra mim ficar com uma garota.
Me torturei,mas não perguntei a meu irmão.E se ela não tivesse ido para
casa dos pais?Tivesse viajado com algum moleque da sua idade?Isso não
era muito dificil de ter acontecido,porque ela era linda demais,e só de
pensar em alguém a tocando,um sentimento de posse vinha forte dentro de
mim,e quis matar um de tão puto da vida que eu fiquei.E só de pensar em
alguém beijando a boca da minha loirinha,eu ficava louco.
—Quando Maju voltar,a gente traz ela aqui.—Enzo falou,e abraçou nossa
irmã que alisava a barriga.Ela e Gael não estavam se falando
,mas não quis me meter.Sabia que minha irmã tinha o gênio difícil,mas
meus irmãos e eu passamos a mão pela cabeça dela.
Peguei Atos,que apesar de ser como Salmo era mais dócil comigo e com
quem conhecia.Alisei a crina preta e montei,cavalgando pelas terras que já
tinham sido motivos de disputa um dia.Era extensa,e no final do campo
passava um córrego do rio.Indo mais para frente tinha uma cachoeira
linda,mas a gente evitava ir por lembranças dolorosas.Olhei as terras vendo
o campo de girassol,e mais a frente o milharal a se perder de vista.
—Me...Me mata?—Gaguejou.
—Mato.Você sabe que eu tenho coragem,se você não ficar comigo não fica
com mais ninguém,porra.
Maria Júlia.
Que homem maluco.
Não era para ele ter visto minhas calcinhas,eu morria de vergonha de
alguém ver que eu tinha menstruado,por isso corria e lavava
escondida.Mesmo com o absorvente noturno vazou um pouco atrás na
calcinha,e eu troquei duas vezes,e mesmo assim melou pelo fluxo forte.
Aceitei o beijo matando a saudade que fiquei dele,mas vi que não gostou
que eu tivesse viajado.Problema dele.Além de ter ficado com vergonha das
meninas,que provavelmente fariam fofoca para as outras fiquei com raiva
dele.Terminei de lavar a calcinha no outro tanque e deixei estendida depois
de analisar bem e ver que as manchas tinham saído.
Quando voltei e entrei pensei que a cozinheira,Vera,já tivesse sabendo,mas
me olhou normal e ainda veio me contar que com a ajuda de Bem,a filha
tinha ido fazer faculdade em Belo Horizonte.Tentei procurar Gabriele e
Lúcia com o olhar,elas eram as lavadeiras que presenciaram tudo,e vi que
nem cochichavam.Rosa entrou na cozinha,animada trazendo milho,cenoura
e mais alguns legumes plantados na horta.
—Quer ajuda?—Rosa me olhou e desceu o olhar por meu corpo,com a
roupa molhada.
—Minha filha o que aconteceu?—Continuou a me analisar.Pensei rápido e
a primeira coisa que veio na mente,falei:
Raquel estava muito animada e eu nem tinha comprado nada para ela,então
prometi dar um presente para a casa nova.Ela pretendia morar aqui mesmo
na fazenda com o noivo até ele concluir a faculdade.Depois mudariam para
o centro de Santa Clara.
Cheguei no bar e fomos recebidos por algumas mulheres que ficaram
animadas,e eu só não me senti deslocada porque Luan me deixou ao lado
dele.A decoração me deixou corada porque tinha paus de plástico e eu
estava ao lado de Luan.
Leandra cochichou algo com Bem,e com ciúmes pisei no pé dele na hora da
raiva,e com pressa porque queria sair dali.Não quis incomodar Luan,então
fui até Luan que não tinha tomado iniciativa com a filha de Leandra.
Mas a mãe dela tinha tomado iniciativa com Bem.
Bem Santiago
A busquei com os olhos,mas só consegui ver quando Luan ia na frente
segurando a mão de Maju.Era agora que eu iria matá-lo.
Fiquei cego e mudo para o mundo à minha volta.
Ela estava indo embora com ele,porra.O que iriam fazer?Foder?Nunca.
Não pensei antes me levantar sem olhar para mais nada,peguei apenas a
chave do carro,levantando tão doido que deixei a cadeira que eu estava
cair.O barulho foi alto,mas ninguém se importou por ser bem na hora que o
cantor entrou.
—Bem?—Leandra gritou.—BEM—Ouvi a voz vindo atrás de mim,mas eu
nem dei atenção.Saí procurando por eles,e vi o exato momento em que
Maria Júlia entrou no carro.
—Bem,seu celular,sua carteira.BEM.—Leandra gritava e ouvi sua voz
vindo atrás de mim.Mas nem lhe dei atenção,dando ré tão rápido que não
me importei se tivesse batido em outro carro.Acelerei com o carro e sai
disparado procurando pela caminhonete do filho da puta.Eu já tinha
aguentando demais vendo ele a trazer sempre que podia.
Antes de entrar na estrada que levava para as fazendas,vi Maria Júlia saindo
de uma farmácia,e antes que eu saísse,ela entrou no carro que arrastou
rápido demais.Eu acelerei batendo contra a caminhonete laranja,fazendo
Luan parar bruscamente.
Peguei minha arma no porta luvas,desci rápido do carro a procura dele que
descia do seu sem entender.O peguei pelo colarinho,e enfiei a arma
em sua garganta.
—Estou sim,obrigada.
—Certeza?—Olhou de mim para ele.Maju pareceu gostar que se
preocupasse com ela,pois deu um sorriso fraco e desconfiado para Leandra.
—Sim,tudo não passou de um mal entendido,obrigada por se preocupar
comigo,Leandra,de verdade.—Agora o sorriso foi genuíno,como se as duas
mulheres se entendessem.Se virou para mim,e sua expressão suave mudou:
—Eu não sabia que vocês...Você deixou sua carteira e celular no balcão,e eu
não imaginei que era por isso...—Me estendeu a carteira e o celular
novamente.Não sorri,mas suavizei o olhar,porque Leandra não tinha
entendido nada.
—Obrigado.—Peguei os dois,sem dar explicação para ela.—Só fiquei
nervoso.—Falei para ela que entendeu e lambeu os lábios.
—Fiquei desesperado.
—Problema seu.Eu...Eu fiquei com medo de você.—Admitiu,e olhou par
abaixo.Triste.
—Porra.Porra.—Falou ofegante.
Cai em cima dele.Não saiu de dentro de mim,e eu me agarrei a ele,de olhos
fechados.Soltei a respiração que eu nem sabia que segurava.Só agora caí na
real de como fizemos barulhos,e uma vergonha grande veio do fundo da
minha alma.
Acordei e abri os olhos ainda na mesma posição que dormi.Ele não fechou
a cortina,e o sol nascia iluminado o quarto.Ouvi sua longa respiração,e
fechei os olhos rapidamente fingindo respirar tranquilamente.
Senti seu nariz no meu cabelo cheirando devagar,e seus dedos passeando na
minha boca.Meu coração acelerou dentro do peito assim que a boca beijou
meu pescoço.O polegar passou pelos meus lábios inferiores,sua mão
levantou e pareceu ficar no ar,então suspirei abrindo o olho devagar
fingindo ter despertado agora.
Bem Santiago.
Minha loirinha acordava linda pela manhã,e não me contive em virá-la de
lado apertando seus seios,ouvindo suspirar longamente quando levantei
suas pernas.Beijei seu pescoço e ela sorriu,e sem eu esperar alisou minha
barba.Eu não gostava de carinho,mas acabei deixando,me abrindo um
pouco mais por ela.Meu coração bateu forte quando ela gemeu baixinho.
Maria Júlia.
—Já está parecendo grávida.—Alisei a barriga de Vick.Ela não estava tão
animada como deveria,pelo contrário,havia tristeza em seus olhos além de
ter parado de falar com Gael e a casa desde então estar com um clima ruim.
—Maju.
—Vagina o caralho.Boceta.
Provavelmente fiquei vermelha,apenas balancei a cabeça.
—Eu não posso ficar com você menstruada.
—Pode,vou meter meu pau em você com sangue.
—Não.—Sussurrei quando me pegou no colo,saindo do banheiro comigo
apenas de calcinha.Me deitou na cama,e ficou no meio das minhas
pernas.Acabei ajudando com a sua roupa vendo suas pernas peludas que o
deixavam todo macho.E seu pau grande e grosso babando na cabeça
vermelha.—Está saindo muito sangue.
—Eu quero você de qualquer jeito.Estou com saudades,minha
loirinha.Estava louco sem você.
Bem Santiago.
Minha loirinha acordava linda pela manhã,e não me contive em virá-la de
lado apertando seus seios,ouvindo suspirar longamente quando levantei
suas pernas.Beijei seu pescoço e ela sorriu,e sem eu esperar alisou minha
barba.Eu não gostava de carinho,mas acabei deixando,me abrindo um
pouco mais por ela.Meu coração bateu forte quando ela gemeu baixinho.
—Minha cólica voltou.—Falou quando desci sua calcinha.—Bem,não,estou
toda melada.
—Eu gosto assim.—Sussurrei mordendo sua orelha,passando os dedos nos
grandes lábios molhados de sangue.Gemeu baixinho,com a respiração
entrecortada.Mordi seu ombro,e ela jogou a cabeça para trás encontrando
meu olhar.Não me contive e beijei sua boca ainda mais carnuda quando
acordava.
Desci a calça do pijama que usava,e como estava menstruada,iria transar
com ela sem proteção,depois que tudo voltasse ao normal eu iria atrás de
um médico para ela tomar injeção porque me recusava a foder com
camisinha.
Maturbei o clitóris durinho e ela rebolou,gemendo com a boca na
minha.Flexionei sua perna para cima e aproveitei que estava molhada,e fui
abrindo sua bocetinha quente,molhada e apertada devagar com meu
pau.Intensifiquei o beijo quando senti minha carne dura passar pelas
paredes da boceta melada de sangue,e o cheiro métalico subir.
Maria Júlia.
—Já está parecendo grávida.—Alisei a barriga de Vick.
Ela não estava tão animada como deveria,principalmente por hoje ser o dia
que tanto esperou.Gael não pode ir porque tinha uma cirurgia,e isso a
deixou furiosa.O clima aqui na casa não estava dos melhores desde então.
Fomos a cidade,Eu,Rosa e Vick pois ela iria descobrir o sexo do bebê,pois
já tinha completado quatro meses.Escolheu uma clínica sem ser o hospital
que Gael trabalhava apenas para não ter que encontrá-lo.
—Eu falei com o senhor Bem,e ele está conversando com o fisioterapeuta
nesse momento.—A enfermeira comentou.
—Intrometida.—O velho falou a ela.
—Deixa de ser chato,e deixa a Alane fazer o trabalho dela.—Rosa disse.
—Ele está assim porque não está conseguindo manusear a cadeira.—A
enfermeira Alane falou novamente.
Bem Santiago.
Sai de casa esperando apenas por Max descer e a gente ir para o leilão.Me
irritei pelos homens perto dela que parecia não nota-lá,mas eu ficava
imaginando o pior.Qualquer coisa relacionado a essa menina,me fazia
perder a cabeça,despertar meu lado possessivo.E só de pensar vê-la caindo
me deixava fora de mim.
Eu só pensava nela o tempo todo,e comecei a notar que a parte que eu mais
gostava no dia era de chegar em casa,e vê-la me dando um sorriso de
canto,toda feliz porque sabia que me teria a noite inteira.As coisas entre nós
foram tão rápidas que eu nem percebi que já tinha se passado um mês e
meio que ela estava aqui.
Em quarenta e dois anos que eu faria daqui a uma semana,ela foi a mais
rápida a se infiltrar em mim,e única.Porque eu nunca liguei para
relacionamentos,e muito menos apresentar namorada alguma.Se eu nunca
quis casar,imagina apresentar alguém em casa.Nunca dei satisfações a
ninguém,e ela tinha invadido tudo que eu nunca pensei em ter.Maria Júlia
veio com tudo,e despertou coisas que eu não ia admitir,e com aquele jeito
desde quando há vi pela primeira vez,nada foi mais a mesma coisa.Não
deixava de olhar para ela e me sentir mal pela idade,pelas nossas diferenças
gritantes em tudo.
Sabia que era mimada,havia aprontando muito para sua mãe tomar uma
decisão como essas.E as vezes eu me sentia assim como se estivesse
aprontando algo,e fazendo tudo errado.
Minha loirinha não quis vir comigo,e sabia que ficaria sabendo por terceiros
antes que eu contasse que Leandra iria comigo e meus irmãos.Gael era o
único que não viria,pois estava no hospital,e Victoria parecia distante.
Leandra tinha uma mini propriedade e pediu para ajudá-la.Como sempre
desabafou comigo,e éramos amigos,aceitei ajudá-la.Não teria tempo para
administrar uma fazenda,mas queria algumas cabeças de gado para deixar
para os filhos que tanto amava. Geralmente os leilões eram uma
fortuna,com lances altíssimo.Eu a trouxe porque queria saber como
funcionava,e posso dar umas dicas de como administrar suas terras.Quase
não tenho tido tempo de ir ao bar,depois que eu quase mato o moleque que
queria agarrar o que era meu.
Fomos no meu carro conversando,Enzo era o que mais falava entre os
quatro.Meu irmão sempre gostou de conversar comigo,lembro bem que no
ensino médio sofria bullying e eu fiz bater no menino que fez isso com ele.
—Cadê a menina?—Lancei meu olhar para ela.Se referia a Maria que não
tinha vindo.
—Não quis vir.—Se calou.Nunca comentou sobre o que aconteceu,e eu não
me importava com o que ela achava.
Antes de sair Enzo disse que ligaram de casa afirmando que iriamos nos
encontrar na exposição.Fiquei irritado,porque queria ir buscá-la,mas,me
contive e dirigi um pouco para fora da cidade,onde acontencia a feira de
exposições com várias atrações.
Ofereci o braço a Leandra e sentamos na arquibancada,recebendo alguns
olhares,já que a gente chamava atenção principalmente em cidade
pequena.Não demorou muito Vick acenou para nós,animada e veio
subindo.Por último vinha Maria com cara de poucos amigos,emburrada.
Não falou comigo e se sentou distante de mim,perto de Rosa,três
arquibancadas à minha frente .Não me olhou,conversando apenas com meus
irmãos que já paparicavam ela também.Fiquei impaciente,e nem quando
olhávamos o homem montar no touro antes da grade abrir,não me
distraí.Ele segurou o animal com apenas uma mão e ficou deixando-o
conduzir.O bicho parecia bravo,e logo derrubou o homem que não ficou
nem trinta segundos.
A filha de Leandra chegou,se juntando a ela toda tímida olhando o
campeonato de montarismo.Achava graça que Leandra era dada,e a filha
tímida
Pensei em Maria,sabendo que era ao contrário,e estava me ignorando com
ciúmes.Mas,eu iria desfazer essa marra toda.
Me distraí quando Fernanda chegou com um dos filhos dela,ele não gostava
muito de barulho por ser austista.O menino estava quieto,e ela me
cumprimentou fazendo algumas perguntas de como foi o leilão.Foi Maria e
Enzo que cumprimentaram o menino,e ela brincou com ele apertando a
barriga fazendo-o sorrir.
Ela levantou,passando entre as pessoas,e fui atrás seguindo-a sem me
importar se alguém ia perceber.Foi pedindo licença entre as pessoas e se
direcionou ao banheiro.Dei azar por estar uma filha de mulheres,e como era
a última,esperei,e quando saiu me olhou,seus lábios em uma linha
fina.Tentou passar por mim,mas agarrei seus pulsos.
—É,mas quando se trata de mim fica fazendo cena quase matando o coitado
do Luan e me fazendo passar vergonha.Me larga,Bem.—Cuspiu as
palavras,e me fez reviver o que mais tinha me deixando com raiva em
meses,ver ela saindo com outro
—Não quero que me lembre disso.—Falei entredentes.
—Me abraça.—Não falei nada,mas enfiei minha cabeça entre o vão do seu
pescoço,e entrelacei minha perna na dela,com a mão no seio.Dei uma
mordida no pescoço e ela riu,se calando em seguida.
Capítulo 14
Maria Júlia.
Acordei sem sua mão quente no meu seio,e sem sua respiração no meu
pescoço.Já tinha amanhecido e era lindo ver o sol nascendo do seu
quarto.Ainda era cedo,e eu ia partir para o meu quarto quando ele saiu do
banheiro já todo arrumado e perfumado.Me enrolei nos lençóis e fiquei
olhando.Antes que eu falasse,resmungou algo e disse:
—Acordei com dor nas costas,dormir de mal jeito.—Olhou o relógio no
pulso,parecendo atrasado e depois me olhou—Tomei remédio.
—E o que tem?
—Você está envelhecendo,e eu ainda não.—Tentei amenizar,mas só piorou.
—Isso vai virar um problema depois,e você sabia disso.
—Eu não falei de mal e…
Peguei Bem me olhando mas fingir não ver.Era injusto,se fosse comigo já
teria enchido minha companhia de porrada,mas ao contrário eu tinha que
aceitar?
Ele já tinha tido relações com Leandra,e doeu vê-lo tão simpático com as
duas.
Fiquei tão mexida com a cena,chateada,com raiva e ciúmes por ela ser
amiga dele e o conhecer há mais tempo,que meu primeiro pensando foi ir
para o quarto inventando qualquer desculpa.Bem não deixou de me
olhar,mas não fiz de volta,muito magoada comigo e com ele,por estar
sentindo tanto ciúmes.
Quando Estevão se despediu do delegado e disse que ia se retirar,aproveitei
dizendo que estava com dor de cabeça,e discretamente tirei um pedaço da
torta para o velho e uma para mim.
Estava saindo do quarto sem saber ao certo o que fazer quando a porta do
corredor foi aberta e ele me viu ali parada.Fiquei olhando estagnada,sem
saber ao certo o que fazer,mas ele veio até mim e parou pertinho.Minha
testa ficava na linha do peito dele,ele era muito mais alto que eu,deveria ter
1,90 para cima.
—O que foi?—Perguntei,desviando o olhar.
Só sei que estou louca por você,mesmo que você tenha me conquistado de
um jeito que eu nunca pensei ser conquistada.Quis dizer isso,mas engoli e
guardei pra mim,chateada por hoje,por ter ficado com ciúmes.Por ter
imaginado ele com uma família,me senti excluída e doeu imaginar na
possibilidade daquilo acontecer.
—Não posso deixar que você vá embora de novo,eu não quero.—Seu olhar
tinha um certo desespero.
—Eu não vou ficar aceitando isso de hoje na sala.—Apontei para a porta.—
Quero que me deixe em paz esses dias,preciso pensar.Quero ficar sozinha.
—Você vai embora?—Aquilo saiu na voz carregada dele.
Ele não completou o que ia dizer,mas podia ver que estava expondo o
mínimo que podia pra mim,enquanto eu estava assustada de estar expondo
tudo o que eu tinha.No final das contas,eu só tinha mesmo dezenove anos,e
não sabia quase nada sobre a vida porque não tinha vivido ela.
Ouvimos passos,e eu o empurrei porque ele parecia não ligar se alguém nos
olhasse agarrados.Dei um pequeno sorriso pra ele.O jeito dele de sorrir era
pelos olhos,me olhando intensamente,com as íris brilhando e a pupila
dilatando.Ele era tão sincero,e parecia ser mais intenso e profundo do que
eu imaginava que seria só pela forma de agir e ser.
******
Evitei Bem,mesmo sabendo que ele ficava me observando,sabendo cada
passo meu.Eu o ouvia chegar porque já sabia como era suas passadas,então
evitava.Não me procurou,mas via sua agonia em estar perto,do meu lado o
tempo inteiro,e mesmo que fosse de canto dos olhos me observava.Me
comia com com seu olhar,mas eu ficava na minha.Fiquei até pra
baixo,porque na mesma casa era impossível não se abater.
—Maju,deixa eu te mostrar o que eu comprei.—Vick entrou tão animada no
quarto,nem parecia a mesma que estava triste pelos cantos.
—São para o bebê?
Pensei que fosse para ficar longe dele na mesma casa,mas era um pouco
impossível.Comi o bolo de banana com chocolate de Rosa,que realmente
além de cheirar a casa inteira,era uma delícia.
—Você comeu o bolo todo,Max.—Vick cruzou os braços.
Fiquei encantada por tudo e me apaixonei mais ainda pela área que eu
escolhi.Forcei a vista e vi Rosa de mão dadas com um menino alto,de
cabelos lisos conversando e beijando a mão dela.Quem dava uma de
romântico daquele jeito era o meu irmão.
Ninguém entendeu nada quando corri até eles,e abracei meu irmão bem
apertado como se ele tivesse chegado no momento certo.
—Não vou falar nada,trouxe até meu video game para jogar a madrugada
inteira para te vigiar,o papai falou que você pode estar saindo escondida por
essa hora.
—Eu não estou saindo escondida.
E agora depois de tanto me esconder,eu não teria mais como evitar Bem
Santiago.
Capítulo 15
Bem Santiago.
Eu não sabia que ficaria tão atordoado por uma mulher como estou pela
minha loirinha.Tive que aguentar quase uma semana só a olhando,sem
conseguir ir ao clube Versális,porque por mais que eu tentasse encontrar
alguém com os cabelos loiros e a pele macia,ninguém teria seu cheiro,ou
gemeria do jeito que só ela sabe fazer.
Eu sabia me controlar,por mais que já tivesse feito ao contrário algumas
vezes tudo isso só acontenceu por causa dela.Eu não suportava a ideia de ter
outro tocando no que era só meu.Por mais que ela fosse teimosa,era dela
que eu gostava.Era inexperiente,doce e tentava me entender.Ao mesmo
tempo era uma menina,tinha menos da metade da minha idade,e ela não
sairia dos dezenove anos tão cedo,e aquilo me pertubava.Por mais que eu
não ligasse para o que pensam ou falam sobre mim,isso era algo que vivia
nos meus pensamentos.
Só não pensei que fosse entrar em uma parte de mim que parecia estar
morta.
—Eu fui até lá e ela disse que não ia voltar.—Enzo tomou o café.—Falou
que você não mandava nela.
—EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO ELA SÓ —Eles quatro me olharam
chocados.—É perigoso,caralho.Eles são um bando de macho,e você deixa
ela sozinha,Enzo?
—Veio ver a evolução do Salmo?—O filho da puta que olhou para bunda
falou na cara de pau.
—Não,vim buscar Maria Júlia.
—Me fez passar vergonha na frente dos seus funciónarios.Eu não faço o
que você quer!—Voltou a andar,vermelha de raiva,e por algum motivo
entrou dentro do campo de girasóis.Fui a seguindo com o cavalo.
—Enzo me ligou avisando,e eu não ia deixar que fizessem alguma maldade
com você.—Amansei a voz.
—Maria Júlia,vem aqui.—Peguei seu braço,e minha reação foi tirar o ferrão
que havia ficado por impulso.
A abracei,nervoso,preocupado.Fungou,colocando para fora o que eu nem
sabia o que era.
—Sempre foi.
—Não pareceu isso no seu aniversário quando ficou com sua amiga e a
filha dela,parecendo uma família perfeita.Não sabe como aquilo
doeu,Bem.Foi mais que ciúmes,foi uma dor insuportável,porque você
sempre joga na minha cara que tem idade de ser meu pai,mas não percebeu
que aquela menina poderia ser sua filha com Leandra.Você sentiu ciúmes de
Luan,e não enxerga que Leandra tem sua idade,e eu me senti da mesma
forma,insegura,porque ela sabe mais de você do que eu.Você só enxerga seu
nariz,só pensa em você,e eu cansei.
Maria Júlia.
Parece que eu estava no meu limite e precisava desabafar e gritar tudo que
eu sentia.Todos os meus medos,inseguranças e o que mais me
atormentava.Eu não sabia lidar com aquilo,gritar e chorar parecia a melhor
opção no momento e foi o que eu fiz.Nem quando as abelhas me picaram,eu
senti tanta dor.Eu caí na real,e nada tinha saído planejado como eu achava
que minha vida seria um dia.
Eu via o jeito que meu pai tratava minha mãe,e me tratava.Ele era um
príncipe,todo solícito,me dando flores todos os dias,e agora me deparava
com Bem.O inverso de homem que um dia eu tive visão.Primeiro,eu não
esperava conhecer o meu amor com dezenove anos,fui pega de surpresa,e
com uma avalanche de sentimentos.E talvez aquilo fosse normal,eu não
saber o que fazer.
Bem tinha aquele gênio,mas eu só joguei os defeitos em sua cara,sem nem
saber direito sua história.Ele nunca me contou da vida dele,e eu nem sei
direito como me apaixonei por um homem muito diferente do que sonhava
quando tinha quatorze anos. Sempre assistia romances,e tinha um ao vivo
dentro de casa,e mesmo assim me apaixonei pelo ao "contrário".Pensei que
comigo fosse diferente.Eu nem mesmo sabia que tinha vontade de perder
minha virgindade.Mas fui levada pela intensidade daquele homem,que veio
com tudo.
Fomos uma confusão de mãos e toques,e mesmo com o braço doendo,puxei
seus cabelos,e nos beijamos tão forte,que senti o gostinho de sangue na
minha boca.Eu esfreguei minha boceta nele,sabendo que não era mais a
mesma Maria Júlia que saiu da casa dos pais.Agora falava palavras baixas,e
me tornei uma depravada que gostava como ele me batia e me tratava no
sexo.Como sua putinha.
Eu não queria olhar nos seus olhos,porque já tinha tomado minha decisão e
não queria falar.
—Olha pra mim.—Sussurrou no meu ouvido.Neguei com a cabeça e voltei
a chorar.Me surpreendi quando começou a beijar meu rosto,com carinho e
se inclinou beijando meu braço com a picada.Eu vestia um vestido azul,que
subiu rapidamente,enquanto eu era imprensada no tronco da árvore.
Maria Júlia.
Olhei o corredor vazio,e a casa também parecia que todos tinham saído.Para
não ser vista por ninguém,decidi ir por trás passando pela cozinha.Olhei o
bilhete de Rosa na porta da geladeira dizendo que eles foram no centro da
cidade.Quando ia abrir a porta ela foi aberta primeiro,vi Alane chegando
para seu plantão.
—Dona Maju?—Revirei os olhos para o apelido.—Está inchada sua boca,e
seus olhos.—Eu estava mesmo mal,com formigamento e tontura.
—Estou bem.—Garanti.—Abelha me picou.
—Meu Deus.—Ela veio até mim.—E você é alérgica?
—Não.—Eu não sabia...—Eu preciso ir.
—Mas,precisa de ajuda.Você está muito inchada e...
*******
Abri meus olhos com dificuldade,e a claridade no meu rosto.Olhei em volta
vendo meu irmão conversando com minha mãe,assim que ela me viu
acordando veio até mim,nervosa.Meu irmão ficou atrás de braços cruzados.
—O que aconteceu?—Perguntei.
—Você teve uma reação alérgica ao veneno da abelha,filha.Seu pai ficou
desesperado,e já está vindo para cá.
Meu peito doeu,e eu fiquei com falta de ar pensando que estava longe de
Bem.Eu o larguei dormindo,e temi que meu irmão tivesse contado ou
comunicado ele,mas pela forma que Marcelo estava me olhando,eu sabia
que ele desconfiava de algo.Minutos depois o médico chegou,vindo me
examinar novamente.
—Você teve uma reação alérgica tardia,esses casos são mais raros de
acontecer.—O homem esguio,de maxilar quadrado e barba bem feita,disse.
—Você teve na verdade uma alergia ao veneno da abelha,porque tiraram o
ferrão antes. Alguns dos sinais clássicos do choque anafilático são a
dificuldade para respirar, coceira e vermelhidão na pele,aumento dos
batimentos cardíacos,tonturas e sensação de desmaio.Você só teve alguns
desse sintomas. —Explicou.
—Eu senti algo assim que fui picada,mas não sabia que podia acontecer
isso.
—É,no seu caso é bem mais difícil.Chegou com o rosto inchado e a língua
também.Como ainda pode ter febre,prefiro que fique hoje em observação.
Minha mãe concordou,e meu irmão fechou a cara,muito pensativo.Fechei
os olhos em uma prece para que não percebesse nada.Minutos depois houve
um silêncio,e minha mãe olhava de mim para meu irmão.
—Marcelo.—Minha mãe nunca o chamava assim.
—Como não?Você ouviu por quem ela chamou?—Foi nessa hora que eu
gelei,não acredito que eu cometi esse erro dormindo.
—Dá para parar de me ignorar?—Praticamente gritei para os dois.
—Você chamou por Bem,Maria Júlia.—Ele não parecia contente com
aquilo.—Assim que chegar em casa,conversamos.
—É,vai dizer isso para o seu pai.—Meu irmão acusou.—Você não volta
naquela fazenda nunca mais.
Arfei,sentindo o peso daquelas palavras.Uma preocupação me antingiu,por
mais que fosse isso que eu queria,ouvir da boca de outra pessoa parecia
desesperador.Eu não me despedi de ninguém.Minha mãe tentou me
acalmar,e pelas medicações fortes,acabei cochilando.Só acordei com a voz
do meu pai,o homem bonito e alto entrou no meu campo de visão alisando
meu rosto,provavelmente alheio a tudo que acontecia.
Só fui para casa no outro dia sete da manhã,sendo mimada pelo meu pai que
começou a me tratar como um bebê.Chegamos no apartamento de
Marcelinho,e eu fui recebida por uma das minhas primas,que me recebeu
super preocupada.
Bem Santiago.
Quando eu acordei achei que ela tivesse apenas saído do quarto,e não
fugido da minha vida.Levantei no meio da noite,sem ter comido nada e
achei que fosse encontrar com ela na cozinha como sempre fazia.Maria não
estava,e por mais que eu tivesse que aceitar,eu não ia me conformar.Ela
tinha ido embora,fugido de mim,da minha violência,de quem eu era.
Eu estava me sentindo culpado,por tudo,desde da idade até o jeito que eu a
tratei,assustando-a.Depois da dor que eu pude ver em seus olhos,sabia que
ela tinha me deixado.Mas,eu não ia deixar.Olhei o closet com as roupas
dela,as bolsas que todo dia mudava de lugar e os sapatos caros que eu nunca
a vi usando.A casa pareceu vazia,e eu me senti da mesma forma.
—Eu não quero saber disso agora,Avelar.Quero que você ache o endereço
de uma pessoa para mim.Largue tudo que está fazendo,e eu te pago o triplo.
—Falei com um certo desespero na voz.
Contei tudo a ele,e pedi que fosse o mais rápido possível.Eu não tinha
cabeça para pensar em problemas familiares agora,eu não saberia o que
fazer.
Ela não disse nada pois sabia que eu não gostava de ouvir.Veio até a mim,e
beijou meu braço alisando em seguida,me deixando sozinho.Me conhecia
bem para saber que eu não queria ninguém ao meu lado.Fui para o
escritório tentando me concentrar no trabalho.
Percebi que não tinha nenhuma foto dela,e acabei atirando o celular na
parede.Sem nenhuma foto dela para me confortar,sem notícias,sem ouvir a
voz da minha loirinha.Me recusei a ir ao seu quarto,mesmo com a vontade
louca de cheirar seu shampoo,e sentir seu cheiro nas roupas.
Maria Júlia
Fazia um dia em que eu estava deitada na cama me recuperando.Em volta
meus olhos estavam vermelhos,e eu tomava vários remédios ao longo do
dia para coceira e vermelhidão.Eu tinha que ficar longe das abelhas daqui
em diante,nunca pensei que ficaria tão mal.Franzi o cenho com a gritaria
que vinha de fora,e me levantei da cama,mas antes que eu chegasse à
porta,minha prima abriu primeiro e entrou no meu campo de visão.
—Que gritaria é essa,Ana?—Meu coração ficou acelerado.
—Maju,seus pais estão brigando na sala.Liguei para Marcelinho,e estou
esperando por ele.
—Entendam que Diego ficou quatro anos sem você,filha.Não é fácil agora
para ele assimilar que você cresceu,e conheceu um homem que tem idade
para ser seu pai.
—O que ele fez?—Meu irmão se levantou,nervoso.—O que Bem fez para
você sair sem nada?
—Nada que eu não quisesse.Eu realmente não sou mais virgem,e perdi com
ele.Eu acho que...que eu amo ele.—Abaixei a cabeça envergonhada,e houve
um silêncio.—Podem ficar tranquilos eu já entendi que Bem não é para
mim.
—Calma—Manuela falou,respirando fundo.—Depois quero que me conte
tudo que aconteceu.
—Não quero ter calma,mãe.Bem não me merece,e nunca mereceu.Posso ser
boba em alguns assuntos,mas já entendi o que está acontecendo.
—Vou falar com Diego,e se ele for mesmo na fazenda,irei com ele.—Meu
irmão disse depois de me ouvir.
—Não,você vai ficar com sua irmã até eu voltar.Eu irei com Diego.—
Minha mãe se levantou do sofá.
—Não quero atrapalhar,posso voltar para o Rio.—Olhei meu irmão,e ele
sorriu.
Bem Santiago.
Eu não comia direito,não trabalhava e parecia não viver.Ligava todo dia
para o detetive,tentava contato com Marcelo,Manuela e até mesmo Maria
que não me atendia.
Eu pedi para Rosa não mexer no quarto dela.Só vivia irritado,não queria ver
e nem conversar com ninguém.Hoje era um desses dias,tinha uma semana
que eu não tinha notícias de Maria Júlia.
Não sabia que ela me afetaria tanto,mas era horrível chegar em casa e não a
encontrar no sofá,ou aprendendo alguma receita com Rosinha.Desde
quando eu disse que não queria que ela fosse embora,ela me recebia
sorrindo.Por mais que eu ficasse sério ao vê-la,corria para
mim,abraçava,beijava e íamos para o quarto.Eu parecia ter novamente a
idade dela,escondendo algo que não precisava esconder.
Com saudades de estar dentro dela e me questionar muitas coisas diante dos
seus olhos azuis,até assinar um contrato errado eu consegui.Fernanda teve
que tirar outra cópia,preocupada comigo.Max e Enzo me olhavam querendo
falar algo,mas sabiam que não era hora de se aproximar.Não queria mais ir
ao bar de Leandra,e preferia ir para casa.
Era atormentador ficar sem ela,e eu nunca pensei que seria pegado de jeito
por uma menina.
—E o Mariano Tavares?—Perguntei.
—Estava sem fazer nada,e Rosa pediu minha ajuda,porque as meninas estão
atarefadas na cozinha.—Explicou,ficando um pouco pálida.
—Pode ir.—Falei sendo grosso.
—Ela saiu daqui um pouco atordoada,e me disse que tinha sido picada por
uma abelha.—De novo aquele desespero latente vindo com tudo.—Parecia
alergia.
O que me deixava mais tranquilo,é que no fundo eu sabia que estava
bem.Ela não foi muito longe,e eu só preciso de um endereço.
—Ela não está na casa dos pais no Rio de Janeiro,e o irmão dela parece não
está indo ao fórum esses dias.Está um pouco complicado,mas eu te garanto
que a acharei.
Saí do quarto,e soube que o delegado tinha sido convidado para jantar e
aceitou.Max e Enzo vieram atrás de mim antes de subir as
escadas,deixando Rodrigues ir ao quarto do meu pai para uma visita.
Como o mais velho,eu sempre vi o jeito rude que meu pai tratava a minha
mãe.Tinha quatro anos e tenho lembranças.Ele dizia que a amava,mas
depois fazia pior.
Quando eles nasceram,não presenciaram nada do que eu presenciei.Eu
agradecia,porque sempre os protegi.
Diego Zorn.
Não era fácil ter uma filha que você sempre amou,protegeu e cuidou
vivendo tudo que Júlia estava vivendo.Eu lembro que quando era criança eu
me esforcei para ser o melhor pai.E é dolorido pra caralho ver a minha
princesinha sendo tocada como uma mulher por outro homem.
Como era uma viagem rápida,e nós dois tínhamos pressa decidimos ir de
jatinho,e pegar um carro assim que saíssemos da pista de voo.
Eu sai da minha casa querendo quebrar a cara do sujeito,mas Marcelo iria
me impedir.
A porta foi aberta por uma moça baixinha de cabelos grisalhos,e assim que
viu Marcelinho sorriu,e quando se virou para mim parecia sem jeito.
—Que surpresa você por aqui.Por que não avisou que vinha,meu filho?
—Ela quem tem que decidir,você não pode decidir isso por ela.—Cruzou os
braços.
—Ela já decidiu,e não vai mais voltar aqui.Chegou em São Paulo com
alergia a picada de abelha,toda inchada,vermelha e se coçando.
Maria Júlia.
Meu coração se apertou quando eu soube onde meu pai tinha ido junto ao
meu irmão.Será que Bem ouviu tudo calado?Meu pai chegou chateado e eu
recebi colo da minha mãe e do meu irmão.Era minha primeira grande dor
de cabeça e eu precisava pensar.
Nunca senti a dor da saudade até hoje.Santa Clara tinha virado minha casa,e
Bem também.
Senti falta dos braços dele me apertando,do jeito que me olhava,dos sorrisos
que nunca me deu,eu os presenciava pelo brilho no seu olhar.
Eu nunca encontraria ninguém como ele,desse jeito bruto e muitas vezes
maldoso de ver a vida.Sempre vivi presa no meu próprio mundo,e agora
parecia que meu mundo era ele.
Eu amava esse homem,e meu coração estava doendo muito,dilascerado
longe dele.Eu queria ser firme,porque seria melhor assim.Não podia
simplesmente voltar agora,não com tudo que vinha acontecendo.
Do que adiantava amá-lo tanto e ficar em uma teia conturbada.Eu não era
acostumada com o seu jeito,nunca fui tratada daquela forma,e só agora
longe eu compreendia e sabia dos meus sentimentos.
Vi suas mensagens,suas inúmeras ligações,de Max,e mensagens de Vick.Me
senti ingrata de não responder,só que eu precisava desse tempo.
Foi bom viver esse período com meu irmão,mesmo que faltasse dois dias
para eu voltar para o Rio.
Minhas primas ficaram comigo.Ana já estava passando uma temporada
aqui,e Maisa veio de surpresa trazendo seu bebê junto.Eu nunca tive muito
jeito para crianças,mas fiquei atrás dela assistindo como trocava as fraldas,e
ela sorriu para mim e a irmã dizendo que um dia seria nós duas.
—Você pode ser madrinha do meu segundo bebê.—Maisa comentou
comigo.
—Está grávida?—Ana arregalou os olhos.
—Eu não sei...—Ela riu.—Mas não quero estar grávida agora.
—Nossa,já pensou?Imagina.—Me dava vontade de me jogar de uma ponte
se fosse eu no lugar da minha prima,com dois bebês.
—Eu queria ter filhos.—Ana disse.-E agora se possível,só que o meu lindo
príncipe diz que não quer fazer um bebê em mim agora.—Fez um
biquinho,revirei os olhos,e sorri.
—Eu que não quero,sou a mais nova de vocês duas.
Continuamos conversando até Maisa tocar no assunto que deveria ser
proibido.
—Não vai mesmo ligar para o Bem?—
—Eu sei.
Nosso olhar recaiu em Ana,que se manteve calada.Maisa deixou de pintar a
unha dela,e minha prima olhou para o outro lado fazendo o mesmo que
eu:Fugindo.
—Se eu tivesse oportunidade também iria para o Rio.—Mudou de assunto.
—Deixa de ser sonsa,você está gostando.—Acusei,e ela riu.—Pelo menos
vocês não estão passando pelo mesmo que eu.Só queria voltar no tempo e
fazer as coisas diferentes.—Me joguei no sofá e abracei uma almofada.
—Nunca pensei que você curtisse homens rústicos.—Ana disse.
—Ele tem cara que fode bem.—Maisa disse e riu,acompanhada de Ana.—É
sério.
Não sei se estou pronta para voltar e enfrentar tudo de novo.Não sei se ele
vai mudar,e no fundo não quero que ele mude por mim.Eu é que não estava
pronta para ficar.
Capítulo 18
Maria Júlia.
Estava arrumando os pertences para voltar ao Rio junto da minha mãe.Não
demorou para ela bater na porta do quarto,e entrar.
—Está tudo certo?A gente já está perto de ir.
—Sim,vou apenas calçar o sapato.—Ela mandou um beijo.
Peguei minha mochila e saí do quarto ouvindo uma conversa acalorada
vinda da sala.Franzi o cenho,achando estranho e tentei me concentrar para
entender o que se passava.As vozes ficaram mais alta,porém a masculina se
destacou fazendo minha barriga gelar.
Estava alucinando longe dele,era isso.Ele era problemático até longe.
—Você vai ter que aprender a conviver com isso,porque quando estive perto
você me queria longe.Quase me quebrou.
—Eu estava errado,só te quero de volta.A minha maior tortura é chegar do
trabalho,e não te ver em casa,não sentir teu cheiro.
—Não quero.
—Eu não quero mais você.Vá embora.
Bem Santiago.
Marcelo não queria conversar nada comigo além de me chamar de filho da
puta,e dizer que eu nunca fui amigo dele.Realmente,eu não sou amigo de
ninguém.Esperei ele me falar tudo que queria,não absorvi,nem dei ouvidos
a metade do que me disse.Eu queria a irmã dele de qualquer jeito,e isso não
mudaria.Não era uma competição,eu não queria competir com o pai,nem
com ele na vida de Maria.Eu só a queria para mim,e se ela me quisesse eles
iam ter que aceitar.
A única que parecia entender meu lado era Manuela.A mulher vinha de um
passado conturbado que eu tenho certeza que a filha não sabia da metade de
tudo que ela fez para chegar ao topo e para ter o marido ao lado dela.
E não seria diferente comigo,eu faria de tudo para ter a filha dela ao meu
lado.
Depois de alguns dias,eu não estava conformado,mas estava levando até a
hora certa.
—Leandra não quero falar sobre isso.—Seu olhar tinha uma tristeza bem no
fundo,e eu sabia que era por minha causa.Nunca me falou nada,mas sabia
que era difícil para ela me ver tão louco por alguém dessa forma
desesperada.—Melhor eu ir embora.—Me levantei,e ela me conteve.
—Bem,te conheço um pouco,sei que está tenso.Fique.Eu só nunca te vi
dessa maneira e me preocupo.
—Eu nunca fiquei assim antes.—Confessei,me abrindo um pouco.—E
como está indo suas terras? —Mudei de assunto.
—Quero apenas um sítio para deixar para os meus filhos,e as terras eles
decidem depois.Você tem me ajudado bastante nisso.
—Se você mantiver daquela forma que eu te disse,vai dar certo.Cabeças de
gado sempre tem lucro.—Ela sorriu,e balançou a cabeça.
Não demorei muito,fui embora e chegando em casa fui recebido por Rosa e
a nova funcionária da fazenda,Sther.Não fui com a cara dessa velha,alguma
coisa nela me pertubava,e só aceitei empregá-la por Maju e Rosinha.Assim
que me viu correu,e Rosinha sorriu.
—Como foi a viagem?E Majuzinha?
—Vou falar com ele.—Beijei sua têmpora e deixei que ela fosse descansar.
Eu iria mandar investigar a velha.
Capítulo 19
Maria Júlia
Depois de mandar mensagem para Vick,Max e Enzo falando da minha ida
depressa,me justifiquei com eles me despedindo e desculpando por ter saído
sem avisar.
No fundo do meu coração,eu só mandei despedidas por mandar,porque eu
sabia que aquele não era o fim de verdade.Não com Bem em meus
pensamentos a maior parte do tempo.
Me assustava.
Eu tinha questionamentos sobre,me perguntava se ele já matou na vida?E a
resposta parecia clara.E em vez de me assustar,me sentia protegida.
Não estava com medo de Bem,estava com medo de mim,disso que eu
pensava sozinha.
Ainda sim a dúvida era cruel,não sabia se deixaria minha vida no rio,e tudo
para trás.Passei a ficar ansiosa,talvez isso tenha realmente me
engordado.Não que eu tivesse problemas,mas eu nunca conseguia engordar
como agora,o que parecia bom.
—O que está fazendo?-Minha mãe parou na porta do quarto.
—Testando roupas.—Tirei,ficando apenas de calcinha.—Vou procurar
roupa para usar amanhã no evento da Ong.
—Seu pai já está vindo.
—Eu vou com ele comprar um terno novo,me falou que viria me buscar.
Fiquei pronta às quatro,de calça jeans e blusa branca que cobria metade da
minha barriga.Fomos ao shopping procurar um terno para ele desfilar ao
lado da minha mãe no evento da ONG.
Meu pai era um homem muito bonito, alto e grande,me teve ainda jovem.E
eu sorri um pouco ao perceber que ele e Bem eram homens completamente
diferente de terno.Na verdade,meu pai parecia mais novo do que ele.
Estava tomando sorvete olhando as vitrines da loja,distraída.
—Pai,acho que deveria apostar em um terno azul,fica bonito em você.—Ele
me olhou,e abriu um sorriso.
—Eu estava pensando a mesma coisa.
—Que cara é essa?—Ergui as sobrancelhas.
—Estou preocupado com você.—Alisou meu rosto.—Aos poucos sua mãe
está me ajudando a entender tudo que aconteceu nos últimos tempos.Nunca
pensei que fosse tão difícil para mim enxergar e aceitar certas coisas.Ainda
não tinha conversado com você sobre,e agora que estamos só nós dois em
um clima agradável,acho bom.
—Desculpa por não contar antes,é bem complicado falar disso.—Olhei para
baixo.—Confesso que ainda me sinto confusa.
—Você gosta dele?—Voltei a olhar para meu pai,vendo sua cara contorcida
de ciúmes.
Consegui me mover indo até minha mãe que sorria para uma das diretorias
da Ong.Ela me olhou,e pediu licença segurando meu braço.Meu coração
batia tão forte,que chegava a garganta.
—Por que não me contou que ele estaria aqui?
Bem Santiago.
Só vim porque sabia que ela viria,e essa noite não passava de mim.Se o pai
dela não se conformasse eu a tomaria na força,foda-se.
Enzo e Max ainda iam se arrumar,então não esperei por eles e fui na frente
com Gael,Vick e Fernanda.Os dois tinham ido a São Paulo fazer o enxoval
do meu sobrinho,pareciam em crise,mas estavam disfarçando na mi na
presença.
Fomos levados a mesa e fiquei calado observando a movimentação,procurei
com o olhar disfarçadamente e encontrei quem eu queria.Minha loirinha
deve ter chegado mais cedo,e estava linda dentro de um vestido laranja,com
sandálias de salto alto preto.Só fiquei puto pelo decote nos seios,odiei que
estava expondo o que era meu,só eu havia colocado a boca,porra.
—Eu não sei,porra.—Me alterei.—Só quero que volte para mim,eu não
aguento mais ficar longe de você.
Tinha muitas coisas sobre mim que ninguém sabia além dos meus irmãos,e
eu nunca quis contar a ninguém.Sempre fui o mais velho,o que viu todas as
desgraças e tragédias que quase destruíram tudo que nós temos.Eu não
sabia que era importante para Maria saber quem eu poderia ser.
Maria Júlia.
Uma chance.
Era tudo que Bem me pedia no momento,e fiquei tentada a dar essa chance
a ele.Eu me sentia uma fraca por estar cedendo,e mordi os lábios indecisa
para ver se ele saberia usar essa chance.
—O que eu tenho que fazer para ter a minha loirinha de volta?—
Perguntou,manso,bem diferente do Bem arrogante.
—Não me tratar como me tratava antes,e me contar quem é você de
verdade.Eu não vou fugir,Bem.Eu fiquei com você quando me mostrou o
seu pior lado.
—Esse sou eu,e não vou mudar para os outros,mas me dê uma chance para
eu tentar melhorar por você.Minha vida não é a mais mesma desde que
você foi embora.
Merda.Eu ia ceder.Mais uma vez eu faria o que meu coração
mandava.Quando se aproximou novamente eu deixei,a saudade e algo forte
tomando conta de mim.Eu sabia que o nome disso era amor.Veio
rápido,sem explicação e o motivo era ele.Ninguém nunca faria o que ele fez
na minha vida.
Suas mãos grandes tomaram meu rosto,e sua boca apossou a minha
forte,bem do seu jeito.Delicadeza não era o seu forte,não era quem ele é de
verdade.Chupei sua língua,e me entreguei aos nossos lábios que se
comiam,l com saudade.Meu braço foi em volta do seu pescoço,e eu o
agarrei trazendo-o para mim.Mesmo de salto,ainda continuei em uma altura
que era desvatagem.Fui colocada em cima da pia,enquanto minha boca era
devorada.
A gente não queria se largar,isso foi um fato quando minhas pernas
abraçaram sua cintura,e seu volume ficou no meio das minhas pernas.De
repente,aquele calor,o suor,a pressão sentida toda do seu pau entrando em
mim se fez presente e a saudade foi tanta que me arrepiei inteira imaginado
exatamente aquelas sensações.Me afastei dele,pois aquele não era o
momento de transar.Não com a porta aberta.Se alguém me procurasse aqui
seria um escândalo.
—Volta comigo?—Sua cara parecendo desesperada pela minha resposta me
fez morder o lábio inferior.
—Volto.—Fechei os olhos,e quando abri,os seus estavam intensos,escuros
fitando-me.
—Amanhã volte comigo,eu vou te buscar..
—Prefiro te encontrar onde você estiver.Não quero brigar com meu pai,e sei
que já vai ser uma nova confusão quando eu comunicar minha decisão.
—Então,amanhã?—Falou baixinho.Suas mãos ágeis indo para dentro do
meu vestido,passando pela minha calcinha chegando no clitóris.
—Amanhã...—Sussurei.
Capítulo 20
Vanessa
Ódio e decepção me tomaram quando minha sobrinha Victória não aceitou
participar da nossa vingança.Assim que nasceu,e a segurei no colo,me
apaixonei pela menina.Tão pequena,com a pele lisinha,parecida com a
minha irmã.Essa era uma fraca,sempre foi.Ela foi tirada de nós por Estevão
Santiago aquele assassino.
Quando mandou tirar Victória de nós,enlouquecemos.Ela tinha outro
nome,outra vida,e teria outra história se não fosse pela família que
tem.Estevão mandou matar o meu marido,e o meu irmão.Minha mãe
sempre teve uma preferência pelo meu irmão,e meu pai por mim e a nossa
irmã.Foi uma luta nos conformar que tiraram a menina de nós.
Éramos pobre,sem educação.Meu pai foi tentar a vida e nunca mais
voltou.Minha mãe,Sofia tinha parentes em um interior perto de outra
fronteira sem ser pela área dos Santiago.Fomos tentar a vida com ajuda de
parentes,trabalhamos na mesma fazenda como empregadas.A mãe da Rosa
era governanta do casarão na época,e a menina a ajudava em tudo.Era uma
idiota apaixonada pelo patrão.Lembro que algumas vezes suspirava,e eu
como menina mais nova,besta e também apaixonada ouvia suas histórias
suspirando junto com ela.
Eu e o filho mais velho de Estevão tínhamos a mesma idade,me apaixonei
por ele assim que o vi em cima do cavalo olhando as terras junto do pai.De
todos,o pai só mostrava as terras para ele indicando como deveria
proceder.E eu ficava de longe encantada observando cada passo de Bem
Santiago.O garoto desde pequeno era durão,fechado, e lembro que tentei ser
sua amiga,mas só recebi desprezo.
Passamos dois anos nas terras,até a mãe de Bem,Camila,começar a ter
comportamento de pessoas depressivas.Era obcecada na barriga de grávida
da minha irmã que também era empregada.Camila parecia ter ficado mais
doente quando minha irmã Valentina saiu de licença maternidade.O pai da
criança não ligava muito,Mariano era capataz de outra fazenda e minha
irmã se apaixonou loucamente por ele.
Quando soube que se tratava de uma menina deixou minha irmã de lado,e
ela vivia atrás dele mesmo assim.
—Eu não quero só o dinheiro,e matar sua filha não vai me ajudar em nada.
—Mate alguns dos irmãos de Bem,ou o próprio,mas não vamos estender
isso.—Mariano falou por fim.Minha mãe me olhou e ficou quieta dizendo
que estávamos errados.
Maria Julia.
Eu nunca vi meu pai tão chateado,mesmo respeitando minha decisão de
seguir com o estágio não concordou comigo.Já minha mãe falou que nem
sempre eu poderei agradar a todos,e mesmo que eu tivesse tomando a
decisão errada,eu precisava aprender a fazer escolhas.
Eu não me mudaria definitivamente,só ia terminar o que comecei.E
depois,eu teria que saber o que fazer.Ficar de vez no Rio e abrir mão de
Bem,ou ficar com ele.Dar uma chance a ele não significava que eu já tenha
acertado toda minha vida.Eu não sei se conseguiria viver muito tempo em
Santa Clara.
—Maria,eu não sei ser diferente do que você conheceu.Eu cresci dessa
maneira,tenho meus instintos agressivos,mas se não fosse assim eu não
estaria onde estou hoje.Sempre vi o jeito que meu pai tratou minha mãe.
—Achei que o problema fosse comigo,nunca fui tratada daquele jeito por
isso fui embora.
—Desde da sua idade tive que aprender a defender não só a mim,mas a
minha família.Eu não sei ser diferente disso aqui que você conheceu,esse
sou eu.Só que depois que você foi me senti culpado.Senti tanto sua falta que
nem trabalhei direito e isso nunca aconteceu em vinte e dois anos.Sou eu o
chefe de família desde dos dezenove anos,assumi tudo,todas as
responsabilidades,peguei os problemas do meu pai para mim.
—Nós dois somos diferentes um do outro.
—Muito,me senti culpado pela sua idade,e confesso,ainda me sinto.
—Eu não estou nem aí.—Soltei um sorrisinho.
Aquele Bem parecia outro querendo mudar por mim,e eu fiquei culpada por
não pensar a longo prazo como ele.Se eu me apaixonei por ele do jeito
errado,com todas as falhas,não tinha como não ficar agora.Agora eu
entendia em partes seu jeito,e daria um tempo para ele se sentir confortável
e contar o resto.Foi praticamente pai dos irmãos mais novos,cuidou do pai
doente e nunca colocou mulher dentro de casa.
Se meu irmão queria um choque de realidade eu tive um com Bem.Mesmo
com todo dinheiro que tinha,assim como eu,não o impediu de ser um cara
ferido.Precisou ser maldoso para proteger sua família.
—No que está pensando?—Tirou o cabelo da minha testa.
"Eu estava pensando que eu te amo,só não sei se é a hora certa de
falar.Amei o homem ferido,com mais defeitos e erros do que acerto.Desde
do dia que vi seu jeito,a forma que me tratou,tinha algo por trás,e eu fui
fundo aceitando seus desejos e taras."
—Em você.
Ele ia falar mais coisa,porém se calou quando a comida chegou.
Bem Santiago.
Maria perguntou vários momentos da minha vida,e eu respondi.
Aluguei uma cobertura aqui no Rio de Janeiro para conseguir ter um pouco
da minha privacidade.Já estava sentindo falta da minha casa,e do meu
quarto.Me sentia preso dentro de um apartamento,e queria até vender minha
cobertura de São paulo,e comprar uma casa.No caminho Maria estava
animada contando alguns momentos da vida dela também.Até chegar em
um ridículo,e eu me sentir mais ainda.
—Você nunca teve namoradas?-Neguei com a cabeça.—Só casos?—
Afirmei ainda com a cabeça.—Com quinze anos tive um amor platônico
por um menino do terceiro ano da minha escola,só que não deu em nada
porque meu pai era muito ciumento—Me senti ridículo por sentir ciúmes de
um garoto,e o pior,que ela se interessou com quinze anos.Ainda era uma
menina,não que ela não seja,mas por sorte nunca deu em nada e eu sou o
único.
Voltou a tagarelar,e eu apenas ouvi quieto.Ela olhou algumas pastas e
perguntou do que se tratava.
—Eu tenho duas viagens para fazer a negócios.—Se virou no banco
juntando as mãos.
Eu tinha sido pego de jeito por ela,qualquer coisa que ela me pedisse eu
faria.
—Próxima semana.
Porra,ficar só eu e ela sozinhos.E ainda,minha loirinha de biquiní,eu
podendo afastar a calcinha e meter a qualquer hora?Eu ia a qualquer
lugar.Enlouqueceria até a próxima semana.
—Não,vou te foder.
Ela arfou,e voltei a beijá-la com desespero.Peguei sua bunda,e a trouxe para
o meu colo esfregando meu pau na sua boceta por cima do vestido.Meu
coração bateu forte enquanto a olhava com a boca inchada,me olhando
lânguida.
A virei de frente indo para perto da janela grande com vista para o mar
escuro.Encostei seus peitos no vidro frio,mordi e chupei seu pescoço
enfiando dois dedos dentro dela movimentando devagar enquanto se
contorcia.
—Bem.—Resfolegou—Acaba logo com essa saudade que eu estou sentindo
de você.
Não aguentei,e levantei uma de suas pernas posicionando meu pau enfiando
até o talo dentro dela.Gememos juntos pelo contato,por ter minha carne
invadindo a sua.Fui duro e firme.A trouxe no colo até a cama.Ela se
deitou,e eu me ajoelhei trazendo-a para mim,encaixando,fodendo tão
gostoso que a minha vontade era bater forte na sua bunda.Abraçou minha
cintura com suas pernas,essa nova posição entrei tudo de vez matando
minha saudade.
—Eu senti tanto sua falta minha loirinha.—Ofeguei enquanto batia dentro
dela, seus olhos lacrimejaram.Fui rápido,enlouquecido querendo
tudo,agoniado de tanta falta que aquela menina me fez.
Puxei seu cabelo de leve observando seu rosto com a maquiagem saíndo,os
olhos azuis,o nariz afilado.Sua boca estava me chamando,então beijei seus
lábios,nervoso e excitado demais para falar alguma coisa.
—A gente não está usando preservativo desde da vez que ficou menstruada.
—Mudei de assunto.
—Todo começo de mês fico menstruada,ou seja,não vai demorar muito para
descer de novo.Ela é sempre forte,e eu nunca me cuidei.
—Também não quero mais usar camisinha.O que acha da injeção?
Maria Júlia.
Depois de falar com minha mãe,e mandar mensagem para meu pai levantei
da cama indo me arrumar.Voltaremos hoje para fazenda,porque no dia
anterior ficamos muito ocupados fodendo como coelhos.
A volta foi tranquila,dormi a maior parte do tempo sob seu olhar avaliativo
que não saia de cima de mim.
Bem me contou que Gael parecia trabalhar cada vez mais,e Vick não o
perdoava de jeito nenhum pareciam cada vez mais em crise.A trégua na
cidade havia passado.
—Gael sabe?—Bem perguntou.
—Verdade.—Enzo comentou.
Fiquei feliz em ouvir aquilo me sentindo em casa mais uma vez,e a culpa
veio em cheio pelas minhas incertezas.Eu tinha ganhado pessoas boas na
minha vida,amigos de verdade.
—Não.
—Sério?
—Sim.
—Pensei que o senhor ia sentir minha falta.
—Não.
Nesse momento Bem entrou olhando a cena de interação entre nós
dois.Estava pronto para sair todo arrumado e alinhando,com seu cheiro
único.Olhou de mim para o pai,e Alane saiu de fininho deixando-nos a sós.
—Estou.
O pai parecia olhá-lo com pesar,e Bem muito frio com ele.
Minhas pernas fraquejaram,ficaram bambas e eu tremi inteira com as
palavras de Bem dizendo que estava feliz.
Quando ele saiu aproveitei para arrumar meu.A minha caixinha de
recordação estava revirada,e faltava uma foto minha.
No meio do caminho para cá Bem me pediu para ver umas fotos e eu
mostrei todas da minha galeria até enviei umas para ele.
O dia de ontem havia sido para ficar um pouco com a família dele
conversando.A noite transamos como dois coelhos e só fomos dormir perto
de amanhecer.Hoje eu não iria para o trabalhos,só amanhã.
Era muito nova,e parecia ter a minha idade.Rosa me falou que seu nome era
Camila.
—Quantos anos ela tinha aqui?—Mostrei a foto.
—Vinte anos.
Voltei a olha as fotos vendo o bebê com os olhos grandes,escuros como
duas jabuticabas.Sua bochecha era enorme,e seus olhos arregalados.Seu
cabelo extremamente liso e grande para um criança tão novinha.Era um
bebê muito cabeludo.Esse era o mini Bem.Nunca imaginei que tinha aquele
tanto de cabelo,dava para amarrar.
Nas outras fotos o menino sorridente foi ficando sério,não sorria para fotos
e tinha a mesma expressão de hoje em dia.Me deu pena ver o cabeludinho
triste e sério nas fotos.
Uma única dele sorrindo ao lado de sua mãe,enquanto ela beijava a
barriguinha dele.
—Quantos anos ele tinha aqui?—Perguntei,da única foto em que ele sorria.
—Uns cinco anos.Ele e Camila eram muito apegados.
Capítulo 22
Maria Júlia
O tempo foi passando e eu e Bem fomos nos conhecendo.Eu falava pelos
cotovelos,enquanto ele prestava atenção e fazia comentários
pontuais.Contei vários momentos da minha vida,o tanto que minha família
era grande e conturbada.
Fiquei animada quando me contou que não conheceu os avós maternos,o
avô havia abandonado sua mãe,e a mulher que a gerou foi embora com o
amante a deixando para trás.
Todos os dias nós íamos juntos para o
Escritório,Bem não se importava com os comentários,e no dia em que eu
entrei junto com ele segurou minha mão para todos ver que estávamos
juntos.Foi uma surpresa,gerou muitas fofocas e descobriram quem eu era.
Lembro que Raquel,Irmã de Luan até me questionou sobre o assunto,e ficou
chateada achando que escondi o motivo da minha família ser rica.Os
olhares para mim mudaram no início,foi notório mas eu continuei a mesma.
Rosa veio fofocar comigo e me pediu segredo,mas tinha certeza que a linha
foi inspirada em mim.
Eu sabia que era,ele me contou em segredo no quarto quando estávamos
nós dois.Bem não iria admitir aquilo tão cedo,mas quando confessou a mim
o sentimento foi tão grande,e me sufocou a ponto de eu me trancar no
banheiro sem entender o motivo do aperto no peito.
Bem Santiago.
Minha cabeça estava longe pensando na minha loirinha.Eu precisava
assinar os contratos,e pela primeira vez em anos me distraí assinando no
lugar errado,Fernanda precisou me corrigir.
Essa última semana cheguei de mãos dadas com Maria,houve comentários
infelizes e preconceituosas,além de fofocas.Nosso relacionamento não tinha
rótulos ainda,mas a menina se tornou o centro de tudo para mim.
Me pegava ansioso para chegar em casa e ver como ficava feliz quando eu
chegava.Depois do almoço eu apreciava tomar café sentado na varanda
olhando minhas terras sozinho.E agora ela chegava e se deixava em cima de
mim com a cabeça apoiada no meu ombro.
Como eu senti saudades quando foi embora,senti tanta falta da minha
mulher.Era minha,só minha.
Bateram na porta,e eu pedi que entrasse sem saber quem era.
—Entre.
Leandra entrou em um dos seus vestidos estampados exagerados,esse de
oncinha.Sorriu para mim,e se sentou a minha frente.
Acabei me afastando de Leandra nos últimos tempo,mas ainda queria a
ajudar.De qualquer forma sempre me ouviu,e nunca deu em cima de mim
depois de tudo que aconteceu entre nós.Ela pediu para vir aqui,para saber
como fazia para negociar as cabeças de gado.
Seu sítio estava dando certo,e produzindo bastante.
—Oi,Bem.Como está,meu amigo?
—Estou bem.—Abri um pequeno sorriso para ela,e fez o mesmo pelo
trocadilho.—E você?Está conseguindo lidar com as terras?
—Estão dando certo.Vim mesmo para pedir sua ajuda nos negócios dos
gados.
—Deveria investir em gados nelores.
—Não sou muito boa nessa parte.—Confessou.—Só vim mesmo porque
estou recebendo lances de todos os lados.
Ajudei ela em como deveria fazer,e mostrei uma planilha com os preços que
eu investia com as cabeças de gado da fazenda.
Senti que ficou incomodada,e pela primeira vez tocou no assunto.
—Está junto da Maju?Essa semana rolou tanta fofoca,chegou no bar e foi
impossível não saber.Até vieram me perguntar.
—Estou sim.—Me limitei a dizer.—Eu ouvi além de fofocas...
—Piadas?—Perguntou.
Leandra Farias.
Acho que disfarcei bastante para sair do escritório de Bem,com um bolo se
formando em minha garganta.Foram muitos anos vendo-o sozinho,e agora
tinha alguém.Era uma dor horrível sentir o que eu estava sentindo,e não
desejo a ninguém.
Amar muitas vezes é deixar ir,e eu deixei Bem ir porque nunca se casaria
comigo.Então acompanhei cada parte de sua vida,sonhando em um dia ser
eu.Foi como gravar mil facas em meu peito ver suas cenas de ciúmes,sua
devoção e desespero completo pela menina.Ele era louco por
ela,apaixonado.E arrisco dizer que o único amor que ele terá na vida.Ele
nunca me olhou assim.
—Mãe?—Karina apareceu na porta do quarto.—O que aconteceu?—Correu
até mim.
—Pode.
—Você gosta do Bem,não é?—Meus olhos encheram-se de lágrima
novamente,e respirei fundo me sentando em sua cama.—Mãe,eu vejo o
jeito que olha para ele.
—Sim,mas ele não é para mim.—Consegui dizer.—Sempre fomos
amigos,tivemos algo mas foi passageiro,filha.
—Eu ouvi dizer que ele está junto daquela menina,Maju.Luan é amigo
dela,e me falou que ela deu o maior incentivo para ele vir no encontro
comigo.
—Eles são amigos?
—Não como antes,eu acho.—Balancei a cabeça.Bem ciumento e possessivo
do jeito que era...impossível.
—Provavelmente não
Maria Júlia
—Você vem no final da semana que vem?—Meu pai perguntou.
—Sim,estou com saudades,pai.
—O contrato que assinou acaba em algumas semanas,certo?—Concordei.—
E a faculdade?
—Estou indo melhor do que quando comecei.
A porta foi aberta e Bem entrou do jeito de sempre.Desta vez eu não estava
no meu quarto,e sim no dele.Me despedi do meu pai,perdida,e surpresa por
já ter passado quase dois meses que eu conheci Santa Clara.Eu teria que
tomar uma decisão muito em breve.
—Tá muito pensativa,o que aconteceu?—Bem se aproximou tirando a
gravata,e o terno.
—Nada,estava apenas conversando com meu pai.—Omiti todos os meus
sentimentos,e o fato dele não ter percebido que o contrato estava quase
vencendo.
—Está preocupada com alguma coisa,está no seu rosto.—Bem falando
desse jeito,se abrindo para mim calmamente deixava-me nervosa.
—São coisas da faculdade,não precisa se preocupar.—Me deitei na cama.—
Onde você queria me levar hoje ?—Relembrei.
—Quero te levar para cavalgar e mostrar um lugar.—Pulei da cama na
mesma hora.
Me olhei vendo que a roupa estava apropriada para cavalgar,só faltava
trocar os sapatos.
A casa estava em silêncio,ele tinha chegado mais cedo do trabalho para
ficar mais tempo comigo.
Do lado de fora da casa Atos já estava nos aguardando devidamente
celado.Bem me ajudou a subir primeiro,e veio em seguida nos guiando até
o campo girassóis.Ele estava calado,perdido nos próprios pensamentos,e eu
por um momento deixei,perdida nos meus também.Chegamos em uma parte
da fazenda que eu nunca vi antes.
—Onde estamos?
—Indo mais a frente tem um córrego que acaba em um rio mais ali na
frente.—Apontou.—E tem uma cachoeira depois de atravessar o corrégo.—
A nossa visão atual era de mato,e árvores enormes.Ele atravessou o
pequeno matagal seguindo por uma pequena trilha até chegarmos em um
lugar lindo,era o córrego.No final já começava o rio a se perder de vista.—
A cachoeira é só atravessar aqui,ou cavalgar um pouco mais de cavalo.
—Aqui é muito lindo.—Falei,deslumbrada.—Olha esse Rio.—Ele esboçou
um sorrisinho.—É fundo?
—Sim,só é bom para quem sabe nadar.Esse córrego também não é muito
raso,mas dar para tomar banho.
Deu um tapinha na traseira do cavalo e puxou a rédea,levando-nos para o
outro lado onde havia uma pedra grande que dava para deitar em cima.O
local era cheio de pedras.Ele continou em cima do cavalo,e eu estranhei seu
olhar direcionando ao Rio.
—Mas Bem...
—Não me arrependo,só a faria sofrer mais.
Havia ciúmes em sua voz também.
—Ela nos amava muito,mas nada a impediu de ficar depressiva.
Bem tinha nascido em um ambiente conturbado.Como se não pudesse
piorar,ficou muito pior os seguintes relatos dele.
—Meu pai sempre foi um homem muito ruim,tratava mal a todos,e direto
havia revoltas para tentar matá-lo,e tomar suas terras.Outros
fazendeiros,pessoal sem teto e funcionários brigavam pelas nossas terras,e
pelo poder que ele tinha.Até que um dia ele me levou para ajudá-lo a matar
um dos fazendeiros e ficou com tudo que era dele.
—Você tinha quantos anos?—Minha garganta ficou seca.
—Doze anos.
Nada me preparou para o choque ao ouvir aquilo de sua boca.
—E o que você fez?
—Tentei sair,coloquei a mão no ouvido mas fui obrigado a assistir tudo.
Capítulo 23
Maria Júlia.
Ouvir o que Bem tinha a me contar era extremamente dolorido,e eu nem
tinha palavras para argumentar sobre uma criança de doze anos que
precisou assistir o pai fazendo atrocidades e a mãe definhando em uma
cama.
—Passei quatro anos da minha vida ouvindo as lamentações do meu pai se
sentindo culpado por ela ter adoecido.Camila deu uma melhorada,e nessa
época uma funcionária da gente,Valentina estava grávida e minha mãe ficou
obcecada quando descobriu que era menina,era o sonho dela.A mulher
morreu,e meu pai tomou a criança da família a força.Eu vi tudo,só fingi que
não vi.
—Assim que fiz dezoito anos Rosa me chamou desesperada dizendo que
minha mãe havia sumido,depois de perguntar aos funcionários,disseram que
ela traçou o mesmo caminho que a gente fez ainda pouco.Na época,só
viemos eu e Max,que só tinha quinze anos.
—Pelo que os peritos afirmam ela afundou bem aqui.—Apontou—E se
afogou no Rio.Achamos o corpo dois dias depois.Depois disso,foi só
trágedias.Meu pai sofreu o acidente,descobriu o parkson.Eu assumi tudo.E
precisei matar,Maria,várias vezes.Defendi meus irmãos,e até mesmo
Estevão que não merecia.Eu não amo meu pai.
—Eu só conheci o meu pai com quatro anos,porque antes minha mãe era
casada com o pai de Marcelinho.—Ele foi me aproximando do rosto dele,e
eu fui gaguejando o que iria falar.
O clima esquentou entre nós dois.
Eu não queria falar de mais nada,apenas precisava dele.Como uma imã leu
meus pensamentos,e verbalizou antes de mim.
—Eu preciso de você.—Desceu minha roupa,a calcinha me deixando nua
da cintura para baixo.Colei minha boca na dele,abrindo o zíper da sua calça
rapidamente.Ele se ajeitou na minha entrada,e entrou estocou em mim
devagar.
*********
Depois de tudo que ouvi fiquei com raiva de Estevão,mas por um lado Bem
tinha razão,ele paga por tudo preso em uma cadeira de rodas,se sentindo
imponente.
Hoje era o dia da gente viajar para Argentina,porém minha ansiedade era
em conhecer o Havaí.
Fui na cidade rapidamente comprar produtos de higiene pessoal e entre eles
o absorvente.Só de olhar já lembrava do que Bem fez comigo,e morria de
vergonha.Após menstruar ia tomar remédio,já tinha decidido.
O caminho para casa foi tranquilo,e relaxei mais achando que aquilo mais
cedo provavelmente poderia ser tentativa de algum assalto.
—Você precisa decidir logo esse nome.—Falei a Vick,sorrindo.
Bem Santiago.
Tínhamos chegado no Havaí e finalmente pude ficar a sós com a minha
loirinha.Sem interrupções do trabalho como fiquei nesses quatro dias de
viagem.Só chegava ao hotel a noite,cansado precisando dela como nunca
precisei de ninguém.
Seria bom para mim tirar esses dias de férias,estavam acontecendo muitas
coisas em Santa Clara,e eu vivia com dor de cabeça,estressado.
Assim que saiu do banheiro com uma camisolinha curta azul,não pensei
muito ao avançar sobre ela.
—Vai me amarrar?
Um sorriso predador se apossou de mim.
Fui até a mala e peguei o lubrificante que trouxe.Sua boceta ficaria mais
sensível que o normal.
Mostrei o lubrificante a ela,abrindo e espalhando nos lábios rosados.Deixei
escorrer para o seu cuzinho apertado,e não esperei ao afastar os lábios da
boceta com a mão.Estava toda depilada,mas com alguns fios loiros
querendo nascer.Sua respiração ofegante mostrava sua ansiedade.Afastei a
capinha do clitóris com a mão,beslicando em seguida.Abaixei,e o suguei
todo para dentro da minha boca ouvindo seus gritos abafados.Tentou fechar
as pernas em torno do meu pescoço,sensível pelo lubrificante.
Seu corpo foi para trás em meio a um gemido.A boquinha pequena escorria
baba enquanto ela se movia.Seus olhos estavam cheio de lágrimas não
derramadas.Se ofereceu para mim erguendo o quadril,mexendo os braços
presos,agoniada,nervosa,gritando como eu queria que ficasse.Voltei a
chupar encarando e sustentando seus olhos enquanto as lágrimas
desciam.Minha língua deslizava na boceta chupando avidamente.Chupei
apenas um lado dos seus grandes lábios,depois fiz o mesmo no outro.Senti
como pulsou,e tirei a boca quando ia gozar.
Apertou as mãos em agonia,se debatendo.Não liguei,e minha boca desceu
para sua bunda.Suas mãos estavam nos meus cabelos.
O celular com uma foto minha atualizada aqui no Havaí na sua tela
bloqueada vibrou mais uma vez,e me apressei em ir até ele.Eu estava sem a
parte de cima do biquíni tentando tomar sol nos seios.Sempre adorei fazer
isso.
—Bem,ligação para você.—Não dava para ver seus olhos,mas a língua
passou pelos lábios.Eu sabia que eram meus seios o provocando.—É do
Brasil,e é o Max.
Ele tinha uma tara assumida nos meus seios,então me virou de frente e
mamou cada um,fechando os olhos.Sua mão invadiu meu biquíni,enfiando
dois dedos dentro da minha boceta.Meu corpo foi posicionado para
frente,uma perna levando e minha calcinha foi para o lado antes do seu pai
grosso me invadir.
*****
A praia da vez era a Hideaway Beach,e posso falar sem medo de dizer que
foi uma das praias mais bonitas que já vi na vida. Havia uma escada de
madeira que levava para a praia que parecia privativa.
A boca de Bem mergulhava na minha enquanto eu sentia meus pés na água
quentinha.Rodeei meus braços em seu pescoço e ficamos assim por longos
minutos.
Nenhum de nós dois percebemos como seria difícil voltar,sabendo que era a
melhor coisa do mundo ficar em sua exclusiva companhia.
Eu poderia ficar aqui tranquilamente,e não voltar.Eu amava esse homem.
Bem Santiago.
A muito tempo eu não era feliz.
Me encontrei com o delegado,e fui bem claro quando mandei ele matar a
velha na cama de hospital.
Max já estava cuidando de tudo,e há uma semana a velha estava internada
recebendo a visita da filha pela madrugada.
Fui para casa na hora do almoço,e não gostei quando vi a nova funcionária
dentro da nossa casa.Ela me olhava com medo,me desejava "Bom dia"mas
eu nunca respondia.
—Pensei que fosse morar fora do Brasil.—Enzo comentou cheio de
gracinhas.Estava sumido desde quando cheguei em uma vaquejada na outra
cidade.
Aquilo já me irritou.
—Não sei se vem coisas boas para sua família,e uma família próxima a
quem você mais ama—Essas coisas ruins iriam ser resolvidas em breve.—E
como está sua menina?
—Maria?—Franzi o cenho.Leandra deve ter lhe contado.Ela apenas piscou
em afirmação.—Está bem,e em casa.—Se calou,e apertou mais a minha
mão.
Vanessa.
Eu só poderia ir pela madrugada ficar com minha mãe.Era uma incógnita
saber sobre Bem.Uma hora eu achava que ele sabia sobre nós,e outra não.
Maria Julia.
O contrato tinha acabado.
Dois meses que minha vida havia mudado.
E ele estava com tantos problemas que fico pensando se seria assim sempre.
No momento eu me encontro ansiosa porque tem algo fora do lugar.A
minha vida.Sim,eu amo Bem como nunca amei ninguém,mas e tudo que
deixei para trás?Eu não sabia se eu aguentaria morar aqui definitivamente e
ele nunca se mudaria dessa cidade.
Olhei pelo reflexo do espelho,e abri a boca sem fala,em total espanto por
ver Bem parado na porta do banheiro me encarando.
Não sei se sou capaz de morar nesse interior,mas não sem viver sem
ele,então prefiro ficar.—Era para eu completar.
Sua cara tinha uma expressão indecifrável de dor,e a aquela boca contraída
em raiva que a muito tempo sumiu do seu dia a dia.
—Bem.—Falei ainda na ligação.—Te ligo depois.—Saí correndo do
banheiro.Bem já estava atravessando o quarto dele com um olhar furioso no
rosto.
—Se ouviu toda a conversa vai saber o que eu disse—Pelo seu jeito não
parecia que ouviu.Só o final e mesmo assim nem foi tudo.
—Só aquilo foi suficiente.O que você está achando,caralho?—Se alterou.—
Eu te assumi,porra.Eu assumi você,e eu nunca fiz isso antes na minha
vida.Eu te contei tudo o que nunca contei a ninguém,e você faz isso comigo
justo agora.
—Justo agora,por quê?
—Eu já disse que eu não quero essa mulher dentro de casa.—Apontou para
a senhora,que arregalou os olhos e correu.—PORRA.—Pegou a chave do
carro do aparador espelhado,e saiu.
—Bem,o que você tem,meu filho?
Concordei.
—Quando minha mãe veio morar aqui me apaixonei por Estevão.—Ela
parou de falar assim que Vera chegou com a bolsa de gelo.
Bem Santiago.
Atordoado,foi assim que essa filha da puta me deixou.Passou esses dias
todos sabendo que voltaria para casa dos pais,e como eu ficaria?Já tinha
feito o serviço completo na minha vida,e agora me deixaria.
Se fosse conseguiria me destruir por dentro.
Quem era esse homem perto de mim?Perto do que eu fazia com a filha
dele?Nada.
Minha mulher me pertencia,e iria viver pra mim.E eu pra ela.
Eu estava completamente louco por ela,que só de pensar na possibilidade de
ficar sem vê-la todos os dias me deixava doente.
Até a respiração dela eu queria controlar,uma pena ainda não terem
inventando.
—Fica comigo.
Sem que eu cometa uma atrocidade,porra.Será pior.
—Eu sabia que tinha alergia.O que eu faço com você?—Tirei uma mecha
do seu cabelo do rosto.—Nunca mais te deixo ir no campo de girassóis ,lá é
cheio delas.—Fomos interrompidos por dona Mercedes,que saiu do quintal
de onde Maria olhava as jacas de Leandra.A senhora se aproximou de nós,e
se apoiou no balcão olhando minha loirinha.
—Como é bonita.—Falou para ela.Ofereceu um sorrisão para a senhora.
—Obrigada.—Apertou a mão de dona Mercedes que ficou um pouco
surpresa pela atitude.
Apresentei as duas rapidamente,sem dar muitas explicações.
—A senhora é a dona das jacas?—Olhou mais uma vez.Mercedes negou
com a cabeça,e sorriu.
—Às vezes venho fazer companhia a Leandra.—
As duas conversaram um pouco.
Maria fez algum pedido que eu não me atentei a qual,porém comentei:
—Desistiu da jaca?—Perguntei divertido,e ela negou com a
cabeça.Enquanto seu pedido ficava pronto começou a falar sobre outro
assunto,e esqueceu da fruta.Pediu o de sempre acrescentado a um
refrigerente.Me ofereceu,e neguei.Max se juntou a nós por um momento
conversando e mostrando as fotos de Gael e Vick em uma viagem de
reconciliação.
Capítulo 26
Maria Júlia
Sentia meu tornozelo latejando,e eu não queria me render a ir novamente ao
hospital.Por um momento fiquei quieta no balcão tentando controlar meu
psicológico devido a dor incomoda.
Leandra passou perguntando se eu aceitava mais algo,e neguei.
Bem se voltou para mim alisando minha perna.De repente o bolinho
fermentou meu estômago,e respirei fundo.
—Está sentindo muita dor,vamos ao hospital—Constatou,e revirei os
olhos.Pagou a conta,e me ajudou a andar devagar até a porta do
estabelecimento.Seu carro estava um pouco distante,então me pegou no
colo e andou comigo o meio do caminho.Novamente a fermentação
estranha,e o bolo na minha garganta veio com tudo.
—Me põe no chão,rápido.—Não entendeu,e parou.Seu rosto expressava
dúvida.—Eu vou vomitar.—Me remexi.Me tirou no seu colo,e em menos de
dois segundos eu jogava toda a comida para fora.Segurou meu cabelo,e o
vento trouxe seu perfume para mais perto do meu nariz,foi o suficiente para
minha barriga se contorcer mais e eu vomitar tudo o que comi durante o dia.
—Merda.—Meus olhos encheram-se de água,e fiquei zonza do tanto que
vomitei.Bem segurava meus cabelos para trás,e sua expressão era
indecifrável...Eu poderia jurar que ele estava se sentindo vitorioso.
—Preciso pegar água para você,me espere no carro.—Não falei nada sendo
ajudada por ele a me sentar no banco do passageiro.Deixou minha porta
aberta e correu ao bar novamente.Olhei em volta,outros carros estacionados
e a escuridão na frente do carro.Minha garganta forçou mais um pouco do
vomito,e eu joguei mais coisa para fora.
Bem voltou lançando um olhar estranho para mim,o canto da sua boca
parecia querer repuxar um sorriso.Abriu a água e me deu,molhei um pouco
a boca e depois cuspi.Me encostei,esperando que desse logo a volta e me
levasse de uma vez ao hospital.Ficou calado todo o caminho,seu cenho
franzido.Também não falei nada,minha estômago revirando.
—Vou.—Falou,sério.
Fiz todos os procedimentos,e ficamos aguardando no quarto.Ele estava
apreensivo na cadeira com as duas mãos no rosto.Odiava muito
silêncio,então perguntei:
—Sim.—Afirmei.
Seu rosto relaxou um pouco,mas a ruga entre as sobrancelhas denunciava
outra coisa.O exame demorou um pouco,e o médico só veio aparecer quase
uma hora depois.Nesse tempo Bem andou o quarto todo,olhando o relógio
enquanto eu achava graça sua preocupação.O médico abriu a porta com os
exames em mão,e um pequeno sorriso do rosto.Sorri também para ele,e
espiei o que tinha:
—O que eu tenho?
—Você estava certo,Bem.—Se virou para mim.—BHCG que Bem pediu
para ser feito deu positivo.Parabéns,vocês serão pais.—O meu sorriso foi
morrendo aos poucos,e eu arregalei os olhos.Minha boca entreabriu em
choque,e terror.Meus ombros caíram,e as palavras do meu pai ecoaram na
minha mente.
Ele tinha razão,eu percebi que estava estranha e ignorei,talvez por medo.
—Meu Deus,eu não acredito que isso está acontecendo comigo.—Soltei um
primeiro soluço.As lágrimas desceram sem controle,e eu me desesperei por
completo,tentando sair da cama,porém com dor.
—Pode acontecer.
Era a primeira vez eu vi Bem feliz,seu rosto tinha emoção,um brilho no
olhar.
Maria Júlia.
Eu saí do hospital com o pé enfaixado,sem gesso,pois devagar eu conseguia
andar,então não tinha sido nada sério.
Combinei com Bem de só contarmos a sua família quando eu comunicasse
a minha.Ainda não tinha me acostumado com a gravidez,muitas vezes
esquecia.
Ele riu
—Do que está rindo?
—Pare de brincadeira,quando vem?
—Não é brincadeira,pai.—Me estressei,começando a ficar nervosa.—Estou
grávida.—Minha voz falhou.—Me desculpa.—Solucei.
—PAI.
O que ele falou me pegou de surpresa.
—Eu não vou aceitar esse seu relacionamento,preciso digerir o que está
acontecendo.Preciso de tempo.—Prendi o choro,e apenas balancei a cabeça.
—Eu te entendo,sei que está chateado.Mas,você entende que não posso
separar um filho do pai.Algumas coisas vão mudar,mas vou ser sempre sua
filha,e está com a minha família.Eu te amo pai,mas você está virando as
costas para mim.
—Pense como quiser,mas esse homem que você mora e tem ao lado é que
estragou a nossa relação,porque quer você apenas pra ele.
Respirei fundo assim que ele saiu do quarto revoltado.
Desci e pensei que fosse encontrar minha mãe,mas Rosa falou que meu pai
veio sozinho e saiu sem falar com ninguém.Apenas concordei e voltei para
o quarto.
Alguns minutos depois Bem subiu,e eu sabia que havia deixado seus
compromissos de lado por mim.
—Como soube?
Bem Santiago.
Eu aproveitaria o momento na hora do almoço para contar a todos.
Nunca pensei em ser pai,mas estava gostando da ideia do filho ser meu e
dela.Maria Júlia não teria o que fazer estaria sempre ligada a mim.
Eu suspeitei desde dos seus seios fartos,a menstruação escura,mas achei que
fosse coisa da minha cabeça.
Eu já estava planejando meter um filho nela,só não pensei que fosse tão
rápido.Eu estava desesperado pela possibilidade do seu pai levá-la de mim e
tenho a impressão que iria acontecer.Eu precisava ganhar.
Cada um tem seus meios,e eu os meus.
Não voltaria para o escritório hoje,e levaria minha loirinha para passar a
noite na minha outra casa.
Só estava esperando Victoria e Gael voltarem de viagem para eu dar a
notícia e sair com ela.
Talvez nem minha mãe eu perdoasse,por tudo o que ela me fez passar
sabendo como velho era.E eu a defendi,sabendo de segredos que ele não
sonha em saber até hoje.
Ignorei os pensamentos e me deparei com Rosa encarando meu pai por
tempo demais,depois se virou para mim um pouco aflita.
Maria Julia comentou comigo que ficou com um pouco de medo dela há
alguns dias atrás pela olhada que deu a Estevão,e agora eu peguei a mesma
cena.
Quando me pegou no flagra,disfarçou.
Eu sabia que no fundo tinha raiva dele,sou o mais velho e sei que ele
maltratou muito ela.
—Está bem?—Me sondou,achando que eu iria ficar com raiva dela.
—Essa casa vai ser muito abençoada,vou ter mais um netinho ou netinha.—
Rosa juntou as mãos,emocionada.Olhou para meu pai,que nos olhava de
uma maneira diferente.
—Parabéns,filho.
Apenas acenei com a cabeça.
Eles comemoraram,eu também havia ficado feliz como nunca estive todos
esses anos.
Rosa fez com que Maria comesse,e não fez muitos questionamentos,apenas
lhe parabenizou.Sorriu,toda para baixo,e com os olhos avermelhados.
Maria Júlia.
Na casa de Bem no centro de Santa Clara tinha tudo,ele que nunca vinha.
Decidi cozinhar pra ele,mas eu era péssima na cozinha sabia fazer o básico.
Quando me chamou para passar a noite aqui,eu aceitei porque queria fugir
da realidade.Tentei me colocar para cima,vesti uma das roupas que eu
gostava,e me arrumei um pouco.
Ele estava sentado na mesa de vidro da cozinha,enquanto eu mexia as
panelas tentando fazer algo decente.
—É sério?
—Sim.—Falou.Sorri.—Tem outra coisa que queria conversar com você—
Descansei minha mão no seu ombro.
—O quê?
—Quer casar comigo?—Sua expressão era indecifrável.
Sua cara não demonstrava muita emoção,apenas seu olhar apreensivo.
—O quê?—Repeti a pergunta com os olhos pulando de órbita. —Você está
falando sério?Não acha cedo?
—Eu não quero me casar com você apenas porque vai ter filho meu.Para
mim,você é única.
—Eu quero me casar com você.—Abracei seu pescoço,e colei minha boca
na dele.Me sentou em seu colo,de lado,e deixou que sua boca fosse
explorada pela minha língua.Me apertou em seu colo,enquanto suas mãos
entravam dentro do meu cabelo.
—Eu te amo.
Ele falou,sério.
As lágrimas rolaram dos meus olhos.
—Eu te amo.—Repetiu,e aproximou o rosto do meu.O abracei com tudo de
mim,com força,dando um beijo no seu pescoço igual como fazia comigo.
Minha mãe mandou junto das minhas roupas uma roupinha minúscula de
bebê como presente,e minha ficha caiu que eu estava mesmo gerando uma
criança.
Hoje Vick estava recebeu instruções de amamentação,e eu fiquei super
assustada vendo as fotos das rachaduras nos seios,e alguns com o bico
inflamado.Tinha que ter a pegada correta,e um mundo de coisas que eu não
fazia ideia.
Comecei a entender também porque meus seios estava tão dolorido,e saindo
um líquido estranho.Estavam inchados,e muito pesados.
Só passava o incômodo quando Bem chegava à noite e colocava a boca.
Pensando nisso comecei a baixar livros de leitura sobre amamentação,e
sobre como cuidar de um bebê.Eu tinha pavor de hospital,por algum
motivo,e de cirurgia,então comecei pesquisar sobre partos domiciliares
também.
Bem também não queria que eu ficasse com o trabalho de antes do
frigorífico porque dizia que era trabalho pesado.Depois de muita luta,acabei
concordando.
Tinha também iniciado as aulas na auto escola.Não tem nenhuma lei que
proíba as grávidas que se sintam confortável até os cinco meses de
gestação.
Decidi passar uns dias no Rio de Janeiro também,estranhando o lugar que
eu morei minha vida inteira.Só era estranho ficar longe de Bem,e mesmo
que ele me ligasse todo dia dizendo que era só falar que ele iria me
buscar,eu sentia que precisava passar um tempo sem ele porque era
dependente demais desse homem.E ele de mim.
—Eu sei,mas...
—Quer adiar o casamento?—Perguntou.
—Não,Bem.Eu já comprei até o vestido,se ele não quiser vir não tem
problema.
Eu pedi para não me casar agora no religioso,pois queria preparar tudo
direito e ser como sonhei.
Quando contei a novidade a minha família,meu pai disse que era um
absurdo casar no cartório,e desde então não falou comigo.
Depois de ficar com ele em sua sala,voltamos para sua casa horas mais
tarde,apenas na hora do jantar.Ele subiu primeiro para o quarto,e eu subi
dois minutos depois com seu café.
Abri a porta e parei ao ver a cena.
Ele estava com uma roupinha de bebê nas mãos,parado com os braços
esticados.Assim que me viu deixou a peça na poltrona,e veio até mim
tomando a xícara das minhas mãos.
—Gostou dessa roupinha?
*****
Hoje era o dia do meu casamento no civil,e eu estava muito
emotiva,chorando por tudo.Essas últimas semanas foram dias
felizes,tranquilos.
Assim que desci,encontrei com Bem pela primeira vez sem terno
preto.Estava em um de quatro botões na cor cinza escuro,e por dentro uma
camiseta branca.
Dei as mãos a ele,e fomos para o cartório.Da minha família vieram apenas
meus dois irmãos,e minha mãe.O que me deixou profundamente triste.
Bem Santiago.
Vê-la descendo as escadas com o vestido rosa decotado,com os olhos
banhados de lágrimas fizeram meus olhos arderem também.Segurei sua
mão pequena,e delicada saindo com ela de casa.
Maria Júlia era a razão da minha vida,e todo o sentindo dela de agora em
diante.Eu estava feliz por me casar com a única mulher que tem tudo de
mim.Ela era a minha loucura,minha loirinha.
Minha irmã era a mais emocionada,igual a Maju talvez pelos hormônios da
gravidez.Enzo estava com um sorrisão de orelha a orelha.A família de
Maria também estava feliz.O único que veio de surpresa,e apesar de dar um
sorriso para filha,era possível ver a sua dor.O saguão do lado de fora da sala
do cartório estava tocando uma música escolhida por Maria.
—Manipulador.—Parecia furioso.
—Também não vou com a sua cara,e não faço questão de esconder.
Ele cerrou os olhos para mim.
—Não deveria ter vindo,mas fiz porque amo minha filha.
Ele ainda não esboçava nada sobre o neto,e eu nem queria.Diego já era o
contrário,pois já observei duas vezes de olho na barriga dela.
Estavam todos reunidos minha família de um lado das cadeiras,e a dela em
outro.Ela olhou para trás,e a mãe dela tinha os olhos cheios de lágrima.
Capítulo 29
Maria Júlia.
Agora eu me chamava Maria Júlia Zorn Bragança Santiago.
Fiquei muito emocionada em me casar com o homem da minha vida.Bem
era o meu amor,e eu estava em êxtase,e feliz por ter me permitido
ficar.Porque se eu fosse,não seria mais a mesma.
Já tinham se passado dois dias depois do casamento,e eu ainda pensava em
como foi lindo,e minimamente triste por ver meu pai tentando esconder o
quanto não apoiava a minha felicidade.
Eram três da madrugada,e eu acordei espantada depois de ter um pesadelo .
Bem Santiago.
—Que gostoso...—Foi puxando,e tentando descer a minha calça de
dormir.Sua mão me segurou,e
masturbou.
Rosnei,e voltei a mamar mais forte seus seios,doido para quando começasse
a sair leite.Eu ia passar a chupar seus peitos todos os dias.Sovei a outra
carne com a mão.
Seus olhos azuis me analisaram,até chegar no meu pau.
Sua cabeça foi para frente e para trás,enquanto suas bochechas concavas me
engoliam inteiro.
Amarrei seus cabelos em um rabo de cavalo,e fodi sua boca
devagar,deixando que babasse.Suas bochechas estavam vermelhas,e seus
olhos molhados de lágrimas.Tirei meu pau inteiro da sua boca,e enfiei tudo
de vez fazendo com que engasgasse.
Maria Júlia.
No outro dia para eu acordar foi uma luta,até perdi a hora da auto escola e
tive que remarcar para um horário mais tarde.Bem acordou uma hora mais
tarde do que sempre acorda,e nem por isso se atrasou.
Seu pescoço estava com algumas marcas vermelhas ,e isso nem o abalou.Eu
também fiquei,e esconderia a todo custo.
Nas semanas seguintes,com os dias passando,pude ver como amadureci.
Eu me preocupava em saber se daria conta de um bebê,se o amaria como as
mães falam que amam os seus filhos.Eu queria ser uma mãe cuidadosa e
amorosa para ele,e estava com medo de errar.
Se a Maju de cinco meses atrás olhasse a de agora ficaria
assustada,principalmente ao olhar a mão de Bem deslumbrada com o anel
em seu dedo.
A barriga de Vick crescia cada vez mais,ela já estava no chegando no final
da gestação.A irmã de Bem prestes a prestes a completar nove meses,e eu
com cinco meses de gestação.
Bem todo dia trazia algum presente,me mimava muito,fazia todos os meus
gostos e vontades.
Já dava para saber o sexo,mas eu não quis fazer nenhum exame,esperaria o
bebê se mostrar para mim.
Estava quase concluindo minha autoescola,e estava feliz que poderia
comprar meu carro.Eu estava indo muito bem nas aulas práticas.
Alisei minha barriga,apertando um pouco na esperança de sentir algum
chute enquanto Bem não estava em casa.Era só a mão quente,é grande de
Bem entrar em contato com a pele esticada,que o bebê mexia um pouco.
—Se acontecer algo a vocês dois eu enloqueço.—Segurei sua mão por cima
da minha,e depositei outro beijo na sua boca rapidamente.
Giovana nasceu horas depois,e saudável,mesmo sendo apressada.Ainda
estava um pouco inchada,mas já dava para ver que era a cara do pai.
Minha afilhada chorava tanto que sua boquinha tremia.Precisou ficar na
incubadora essa noite,apenas em observação.Max e Enzo ficaram babando
quando Gael a trouxe rapidamente.Bem se aproximou depois,com um
sorriso no rosto.
Acabei ficando muito cansada,e Bem me trouxe para casa.No caminho
alisou minha barriga,brincando com o umbigo.
—Daqui a pouco será ele ou ela.—Me olhou.—Hoje de manhã não quis
mexer para mim.
—Deve estar dormindo.—Sorri.
Tinha um carro parado na porta,e estranhei por não ser conhecido.Entramos
em casa,e me surpreendi por ver meu pai na sala.Tinha seus braços
cruzados,e fitou minha barriga.Passamos quase quatro meses
separados,levando em consideração que a última vez que o vi foi no meu
casamento.Bem ainda tinha a mão na minha barriga.
—Pai.—Não tirou os olhos no mesmo instante,só depois me olhou.
—Vim conversar e ver você.—Me soltei de Bem,e olhei meu pai.Bem
beijou meu rosto,e saiu da sala sem falar com ele.
Eles não se gostavam,e eu não queria que meu pai achasse que eu estava
contra ele.Eu não sou capaz de abrir mão de nenhum dos dois.
—Pode ser aqui na sala,estão todos no hospital.A sobrinha de Bem nasceu,é
linda.—Não me aproximei dele como sempre fiz.
—Eu sinto sua falta,minha filha.
—Parei de ir ao Rio porque você estava diferente comigo.Doeu muito sua
indiferença,pai.Eu também sinto muito sua falta,só aprendi que a minha
tristeza podia influenciar no bebê.
—Sua mãe disse que ainda não sabe o que é.
—É,ainda não consigo ver no ultrassom.—Fiz uma careta.—Por que veio?
—Foi a vez dele se aproximar.Seus olhos encheram-se de lágrima.
—Me desculpe,minha filha.Você sempre foi minha princesa,só fiquei
desesperado porque foi tudo rápido,e mesmo que ainda ache cedo não posso
mandar na sua vida,e nas suas escolhas.—Deixou as lágrimas desceram,e eu
fiz o mesmo.Soltei um soluço,e abracei meu pai.—Eu quero acompanhar
sua gravidez,ficou tão linda grávida.—Funguei,e fechei os olhos.Apertei
mais contra meus braços,com medo que fugisse.
—Não é porque decidi sair de casa,que não te amo ou algo assim.Você é um
dos amores da minha vida.Estava doendo muito seguir minha gravidez com
todos me mimando menos você.—Ele limpou minhas lágrimas.
—Eu que te amo.—Beijou minha testa.—Volte a ir de quinze em quinze
como fazia.
Eu sabia que Bem ficaria contrariado,ele não gostava muito dessas minhas
idas constantes.Mas eu faria isso por meu pai.Eu e ele sempre fomos
unidos,e eu entendia seu lado.Sempre foi o único na minha vida,e do nada
chegou mais dois para ele me dividir.Bem,e essa criança que estava vindo.
—Me desculpa também.—Falei.
—Eu trouxe presentes para o meu netinho.—Limpei as lágrimas e sorri.—
Ou neta.
—Cadê?—Me levou até a sala de estar.
Minha mãe conversava algo com Bem,discretamente.Ele a olhava sério,a
encarando como se fosse atacá-la e não era de um modo bom.Parecia bravo.
Ignorei,e fui ver os presentes.
Capítulo 30
Maria Júlia.
barriga está muito grande para minha estatura.Eu sou uma pessoa pequena,e
—Esse nome,não.
—Muito obrigada.—Maria
respondeu,claramente preocupada.
Estava curtindo minha gravidez,fiz meu álbum de fotos e por mais que Bem
odiasse tirar fotos,tirou pelo menos duas,e atualizou uma de sua família
agora com Giovana.
Na foto da minha família por parte de mãe,que meu pai também fazia
questão de tirar,eu quis chamar Bem,mas ele se negou.
Não quis dizer nada,mas percebi que Bem parecia satisfeito por meus pais
não terem achado casa aqui.Era estranho,mas todas as casas já tinham um
comprador e as terras também.
—Eu mato e morro por você,faço o mesmo pelos meus irmãos.Não posso
deixá-los ficarem nos rodeando.Victória não é nada deles.—Neguei com a
cabeça.
—Não.—Pisquei,e uma dor no baixo ventre veio com tudo.Não falei nada,e
agarrei sua cintura.
Ainda tentei.
Meus pais estavam aqui porque a qualquer hora Bemzinho poderia nascer.
—Sim.—Reclamei.
Fiquei na bola Suíça por alguns minutos,na banheira do quarto com água
quente,e esse foi o lugar que mais me aliviou.
Toda vez que eu dizia que queria ir para o hospital,a doula me distraía. E
não queria cirurgia,não queria essa dor.
Vanessa.
Minha mãe tinha razão,a neta de Sthepanie,idiota que aceita as taras de
Bem,engravidou.
Ele traria tragédias,e desgraças que acabariam com a vida de todos para
sempre.A morte.
Bem Santiago.
Chegamos na casa velha e aparentemente abandonada minutos antes deles
saírem.Desgraçados.Chutei a porta arrombada,com a arma na mão olhando
em volta,lixo fresco,geladeira com comida,e lençóis usados,era tudo isso
que tinha na casa.
—Bem,corre para casa.Seu filho vai nascer.—Meu mundo parou por alguns
segundos,e senti raiva de sair de casa nesse momento.Minha loirinha
gritava de fundo,e eu corri desesperado ouvindo os gritos do meu
irmão.Antes que eu ligasse o carro,ele entrou xingando.Deixei o delegado
para trás e dirigi nervoso.Era cinquenta minutos até Santa Clara,e eu podia
jurar que fiz o caminho em menos,do tanto que acelerei e saí cortando os
outros carros.
Ouvir os gritos de Maria no fundo me tiraram de órbita por milésimos,vê-la
sofrer e gritar desse jeito me fazia puxar os cabelos de tanto desespero.Eu
estava apavorado dirigindo rápido.
Maria Júlia
A porta abriu bruscamente,mas não olhei,sabia que era ele.A doula o fez
lavar as mãos antes de se aproximar.Meu pai chorava,enquanto minha mãe
tirava algumas fotos.O bebê nasceu cabeludo,de tons escuros,igual ao
pai.Levantei o olhar,e Bem estava parado olhando o nosso filho,se sentou
ao meu lado da cama e analisou o bebê.Vi que seus olhos lacrimejaram,e
alisei seu rosto.Ele me olhou e beijou minha mandíbula suada,encostando o
rosto do meu pescoço.
************
Descobri que mentia seu nome,claro que não iria facilitar.Só soube dias
depois do que aconteceu aqui em casa quando Bem me contou.Se
dependesse dos meus pais,eu iria continuar achando que era Sther.
Ele era apegado comigo do mesmo jeito que eu era,vivia no meu colo e
chorava se alguém pegava.Dormia comigo,e muitas vezes Bem precisou
dormir na ponta da cama para não machucar o bebê que vivia no nosso
meio.
Já ouvi que era ruim deixá-lo o tempo inteiro no meu colo,mas se tento
deixar ele algum tempo no carrinho,chora muito então prefiro evitar.
Depois de tomar banho junto dele para adiantar,toquei sua roupa por uma
mais confortável.Usei a que meu pai trouxe para ele,o deixando com uma
barriguinha de ursinho.
Bem chegou no trabalho,e foi recebido por nós dois.Pegou o nosso filho no
colo,e conversou com ele.Seu olhar direcionado para mim fizeram minhas
pernas ficarem bamba.
Eu sabia que desde do dia que me levou para nossa casa na cidade,eu nunca
mais tive tempo pra ele.
Também fiquei um tempo afastada de Salmo,e nem sei se ele lembrava mais
de mim.Eu realmente passava todo tempo do mundo com meu gordinho.
—Acha mesmo que eu vou de vestido para todos olharam minha calcinha?
—Não gosto de pensar nisso—Se aproximou.Suas mãos puxaram meus
cabelos,beijando-me com fome e intensidade.Devolvi da mesma
maneira,sentindo sua língua na minha de forma dura,e quente.
Corri para o closet,para trocar meu vestido por alguma roupa mais
confortável de cavalgar.Meu corpo tinha voltado ao normal,e eu me achei
até mais magra.
—Eu pensei que ele não fosse lembrar.—Continuei alisando seu focinho—
Está conseguindo ser domado?
—Bem,está vazando leite e não sei se deixei muito estocado.—Ele veio até
mim.
O sol estava lindo,e o dia estava muito quente.A noite o clima era mais
fresco por aqui.
—Tire a roupa.
A água gelada e clara nos rodeava,e mesmo no fundo era possível sentir a
fricção dos nossos corpos juntos.Sua boca não deixava meus seios,enquanto
eu pressionava sua cabeça,e seus cabelos molhados.
Gozou dentro de mim,e continuou até ficar por cima de mim sustentando o
peso em seu braço.Me aconcheguei nele,passando os dedos na sua boca,o
enchendo de beijos.
Vanessa.
Eu estava irritada,e joguei uma camisinha em Mariano que riu.Estava difícil
pegar o menino,minha mãe tinha razão até certo ponto,mas pegar a criança
estava complicado.
Sorri um pouco.
Um mau cheiro subiu pelo quarto,era a hora de trocá-lo,o peguei,e levei até
o trocador.Eu podia sentir a presença de Bem atrás de mim,enquanto eu
fazia o serviço.As perninhas balançavam dificultando meu trabalho.
—Não quer vir trocar a fralda dele?—Ele me olhou antes,depois olhou para
o menino.
—Não,prefiro só olhar.—Segurou a mão do filho,beijando em
seguida.Troquei a fralda,e o vesti de novo com a roupa de lã marrom.
Ele foi para o trabalho,e eu fui para a aula da faculdade como sempre fazia.
Hoje eu não quis entregar meu filho a Rosa,preferir ficar com ele nos
braços mesmo sendo mais difícil prestar atenção nas aulas.Duas noites
seguidas eu vinha sonhando com alguém me matando com uma faca,e hoje
acordei estranha.Continuei focada nas aulas,só parei para olhar a porta
assim que Rosa entrou.
Mariano
Nunca foi tão difícil conseguir a porra de um caminhão.Já estava tudo
pronto na casa para gente receber o menino,demorou cerca de quatro dias
para Vanessa aparecer na estrada,fingindo pedir ajuda.Os dois homens
dentro do caminhão pararam o veículo,e foram surpreendidos por duas
armas em suas caras.
—Essa arma estourara a porra dos seus miolos,se não fizer como a gente
combinou.—Ele apenas afirmou com a cabeça.Foi o caminho todo
respirando fundo,com medo.O outro estava indo ao meu lado,na esperança
de algum vacilo meu,mas eu já tinha mostrado quem mandava.
Ele liberou a portaria,e o caminhão seguiu pela estrada que levaria até o
casarão.Não demorou muito,até avistarmos a mansão grande de
longe.Analisei o lugar,e quem eu queria estava no colo de um dos irmãos de
Bem.Uma pena a loirinha dele não estar junto,ou eu levaria os dois comigo.
Até que o bebê não era feio,pelo contrário faríamos um bom negócio se
Vanessa não fosse teimosa.Fiz sinal para a desesperada,descendo do
caminhão em seguida.Puxei a chave do veículo e guardei no bolso.Daqui
em diante,seríamos rápidos ou tudo daria errado.
—E agora?—Me olhou.
Ainda tive que andar um pouco até chegar ao outro lado.Fui em direção a
senhora,indo por trás,pisei na grama verde,com o sol começando a ir
embora novamente.O tempo agora era feio,de chuva.Fiquei atrás da
velha,que não reparou no que acontecia,alheia a tudo.Lerda pra caralho.
Passei reto pela estrada que ligava até a portaria,parando apenas quando o
mesmo homem que nos barrou,veio novamente com o caralho da prancheta
e a caneta.Esperou que eu abrisse a janela,e assim que fiz já foi com a arma
em sua cara,dando um tiro na sua cara feia,mandado o outro homem abrir o
portão.Era mais novo,começou a chorar por ver a cena,e abriu a
porteira.Arrastei o carro,e peguei a estrada indo para três lagos,cidade
próxima.
De longe pude ouvir os tiros,e pelo retrovisor vários carros pretos dobrando
o mesmo caminho que eu fiz.Acelerei com tudo,ultrapassando os outros
carros na estrada.O chatinho não parava de chorar,Vanessa resmungou algo
e beliscou a perna do menino,que berrou alto.
—E você acha que beliscando um bebê de cinco meses de idade vai dar
certo?
Maria Júlia.
Ouvi um barulho distante,e parei para ouvir,poderia ser algum carregamento
chegando.A aula terminou,e estava na hora de Bemzinho mamar,eu já sabia
pelos meus seios.Abrir a porta do quarto,com o coração acelerado,adiantei o
passo,e cheguei na sala abrindo a porta.
Meu mundo parou,minha cabeça girou,e meu coração deu um solavanco tão
grande que pensei estar morrendo.
Rosa estava caída no chão,com sangue em volta,parecendo morta.Comecei
a gritar na mesma hora,apavorada e deu de cara com Enzo.
Meu grito de pavor ecoou por toda a casa tamanho foi meu desespero.O nó
na minha garganta veio como se tivesse algo me impedido de falar,me
tirando o foco.
—MERDA.
Bem Santiago.
Depois da ligação de Maria,veio a de Enzo mas eu não atendi.Fiquei
cego,surdo e mudo para tudo ao meu redor.Ver minha loirinha gritando
daquele jeito no telefone me deixou desesperado.
Todos os olhares para mim foram de pena,mas não dei atenção e entrei
dentro de casa.Abri a porta com tanta brutalidade,que assustou a todos
dentro de casa.
Corri até o quarto ouvindo os gritos de Maria,abrindo outra porta com
força.Ela estava em posição fetal,segurando a touca que Bemzinho usava
mais cedo.A levantei nos braços em um puxão,ficando cara a cara,eu
precisava ouvir pessoalmente,da boca dela.
Isso me fez querer vingança ainda mais,não sei como fiquei de pé.
O ódio me consumiu.
—Se você não achar,minha vida não vai mais fazer sentido,e eu me mato.—
Senti o frio,o peso,a dor de suas palavras.Voltei a balançar seu
corpo,gritando mais alto.—Eu não vivo sem meu filho.
Doeu tudo.
Meu filho.
Lamentei por Rosa,se Maria Júlia estivesse certa.
—E Rosa?
—ME SOLTA.
—Nada vai trazer o meu irmão de volta.Seu pai o matou,assim como fez ao
meu marido.E a minha mãe que você mandou matar,seu desgraçado doente.
—Meu pai não matou seu irmão.—Ela vacilou,mas não quis acreditar.
Ela sorriu.
—Acha mesmo que vou perder a grande oportunidade de destruir sua vida?
Eu quero ver você sofrendo pela morte do filho,e da esposa,ou você acha
que ela vai querer você depois dessa tragédia?Eu quero que você seja
infeliz.
Não deixei aquilo me atingir,não era com o meu casamento que eu estava
preocupado.
Ela sorriu,dissimulada.
—Saiba que eu vou te destruir,e a sua família.Você acha que uma garota
mal saída da adolescência vai aguentar a barra de perder esse moleque
chato?
—Exatamente.
Maria entrou em uma crise nervosa na minha frente,e Gael precisou aplicar
um sedativo nela.Respirei fundo,e me levantei indo ao escritório sem falar
com ninguém,só levei o celular de Vick caso a desgraçada voltasse a ligar.
Capítulo 34
Vanessa.
O menino não tinha mais o que chorar,estava apenas vermelho,e assustado.
—Deixa de ser maluca Vanessa,você não vai matar essa criança.A gente
vende e ganha um bom dinheiro.
—Está com pena?—Perguntei,e não houve resposta.—É sério que está com
pena?
—Se tiver com fome vai querer.Esse é a fórmula certa,falei à vendedora que
o menino tinha uns cinco meses por aí.—Forçou mais,mas o chatinho
continuou recusando.Demorou até ele conseguir sugar o bico da mamadeira
avidamente parecendo realmente com fome.—Viu,tinha fome.Deveria estar
desde daquela hora sem comer,e é gordo,deve fazer isso toda hora.
—Não me importa,dê logo isso a ele.—Me sentei.—Tem certeza que essa
região de três lagos não tem muitas casas?
—Peça mais dinheiro,essa criança é uma mina de ouro.Os avós por parte de
mãe também são ricos.
—A gente não vai sair daqui apenas com alguns milhões,tem que ser muito
mais.—Falou.—Não sabe negociar,porra.Eles vão dar tudo que a gente
quiser.
Maria Júlia.
Levantei espantada lembrando do meu filho.Não consegui levantar da
cama,sonolenta.Olhei para o lado,dando de cara com minha mãe.Ela me
olhava com pena,parecendo triste.
—Não.
—Não era para gente ficar assim logo agora.—Se levantou.—Estou atrás do
meu filho,e infelizmente preciso ser frio para não fazer uma merda
grande,depois a gente conversa.
—Te odeio Bem Santiago,odeio o filho da puta do seu pai.É uma pena que
eu não sequestrei minha sobrinha,nem a bastarda filha dela.Eu quero você
morto,seu pai,seus irmãos...
—Você está com febre.—Meu pai falou após tocar o meu pescoço.
*****
—Me perdoa.
—Não consigo perdoar o que me disse.Acho melhor você voltar para o Rio
de Janeiro.
Capítulo 35
Maria Júlia.
O dia passou rápido,todos na sala sem informações suficientes.O delegado
não conseguiu o rastreio do celular,mas eles estavam olhando algumas
câmeras de segurança das cidades vizinhas,e todas as delegacias também já
tinham sido informadas.Estevão estava no quarto,pois passou mal com
todos os acontecimentos.Depois que acordei suando da febre,decidi ficar na
sala observando a movimentação.
Bem acordou,e não falou mais nada comigo.Estava em seu próprio mundo,o
tempo todo com a cara séria de sempre.A culpa me invadiu,e isso remoeu
dentro de mim.Gael apertou minha mão,e eu olhei para ele,de todos os
irmãos ele conseguia ser o mais tranquilo no momento.
—O filho de Amaro,o funcionário que morreu falou que eles entraram pelo
caminhão de transportar os gados, mas que não viram a mulher.
BEM
Não consegui olhar Maria Júlia,respirando apenas para não perder o resto
de sanidade que eu ainda tinha.A sala estava inteira quebrada,todos tensos,e
eu nem mesmo dormir direito.Olhamos todas as câmeras de segurança das
cidades vizinhas e não achamos nada,as últimas imagens que tínhamos era
do caminhão saindo de Santa Clara.
—Se você fizer alguma coisa com ele,eu acabo com você.
Ela sorriu.
Claro que estava,ele só dorme com as duas mãos nos peitos de Maria
Júlia.O menino é cheio de manias,tudo porque foi acostumado assim desde
que nasceu.Fechei os olhos,e olhei o delegado fazendo sinal para eu enrolar
um pouco mais.
—Não.
—Feito,temos a localização.
Ficamos todos calados,me apoiei na primeira coisa que vi pela frente,e Max
veio me amparar.
—Bem,o menino pode ter se assustado com o tiro.—Controlei meus
olhos,ardendo.Porra,que inferno.Por um lado senti alivio,e pensei com
clareza,eles não iam fazer nada com o menino sem o dinheiro.
—Foi uma briga deles,eu vou trazê-lo de volta.—Ela fechou os olhos por
um momento,e soltou um suspiro.
—Prometo a você que vou trazer ele de volta.—Dei um beijo em sua boca.
—Se for preciso,eu morro por ele.—Ela negou com a cabeça,e soluçou.
Não falei nada,e a deixei chorando por mim,e por nosso filho.
Capítulo 36
Bem Santiago
Não consegui raciocinar direto o caminho inteiro indo para Três
Porá.Minha mente só pensava na possibilidade do tiro ter acertado
Bemzinho de alguma forma,e acabar minha vida e de Maria Júlia.
O caminho até a casa onde estavam os dois filhos da puta não ficava
exatamente na cidade,e sim em uma estrada de terra até uma casa
escondida.A viatura não ligou a sirene para não assustá-los.O matagal
crescia,como se aquela região da cidade vizinha tivesse sido
esquecida.Pulei do carro,mesmo com todos me pedindo calma.
—Eu já sei que você está aí,Bem.Fique onde está—Eu só conseguia ouvir a
voz de Mariano,e o choro de Vanessa.—Se arrombar a porta,eu mato o
menino,e em seguida tiro a minha vida também.—Parei minha mão no ar,e
ponderei.
—É uma pena que eu não tenha conseguido matar esse bastardo,e nem
você.Eu posso ir para o inferno,Bem Santiago mas você também
vai.Tomara que todos vocês peguem uma doença e morram.—Gritou fora
de si,chorando de ódio.Tentou se arrastar indo para o corredor,aproveitei
estar longe do meu menino para acertar mais um tiro na perna dela.
Me virei para o sofá,e meu filho não estava mais,Max tinha o pegado,e
levado para outro cômodo.Fui até o quarto ouvindo o choro do garoto,e o
peguei nos braços.As lágrimas incessante pararam um pouco,beijei a
bochecha de Bemzinho.Com os dedos inchados e cheios de sangue,tirei um
pouco do cabelo de sua testa.Ele suava,e estava fedendo provavelmente
pela fralda suja.
Passei pela porta com meu filho,e olhei Vanessa no porta malas da viatura.
Até a fazenda o caminho foi longo,minhas mãos latejavam de dor por tirar a
vida de Mariano na porrada.
Maria julia
O barulho da porta fizera-me pular do sofá,depois de rezar sem parar.Bem
estava na porta com Bemzinho,e eu não pensei em mais nada a não ser
correr para eles.Fiquei na ponta dos pés,e agarrei o cabelo de Bem no
processo,chorando de tanto alívio,parecia que eu tinha voltado a
respirar.Bemzinho olhava em volta sem entender nada,o peguei no colo do
pai,e enchi sua bochecha de tantos beijos.Estava suado,assustado e sentido.
Olhei para ele assustada,mas ele desviou o olhar do meu,e voltou a focar no
nosso bebê.A primeira coisa que fiz foi colocar meu peito para fora, e dar
de mamar para ele ali mesmo na sala.
—Fique aí.
—Quanto?
—Até a morte.—Disse,simplesmente.
Me calei,e levei a sério suas palavras que matava e morria por mim,e pelo
filho.Eu não teria nunca opinião sobre aquilo,e não perdoaria os dois
sequestradores do meu filho.É uma escolha minha não querer falar sobre
eles.Eu desejava apenas o pior.
Não queria tirar Bem filho de perto de mim,mas queria conversar com o pai
dele direito.Então deixei ele no berço do nosso quarto,alisando sua
bochecha.Me virei para Bem,que já tinha seu olhar sobre mim.Dei a volta
na cama,e parei ao seu lado.
—Certeza?
—Eu também.
—Para sempre?
Eu sabia que ele era muito para eu lidar,e mesmo sendo profundo e
intenso,eu o queria.
Capítulo 37
Bem Santiago.
Essa não seria a primeira vez que eu mataria pela minha família.Faria
sempre que fosse necessário,porque é desse jeito que a vida funcionava para
mim, você mata ou morre.
Se eu pudesse eliminá-lo.
—Não acha melhor a Maju ir passar uns dias com a gente?Ela anda muito
assustada.
Pareceu indignado.
Maria Julia
Esses últimos dias têm sido desafiadores demais para mim.
Rosinha continuava internada,e sua situação não era boa.A casa continuava
com um clima ruim,ela fazia muita falta.
Eu e Bem ficamos bem,mas na última semana a minha atenção foi toda para
o meu filho,e eu esqueci que precisava cuidar do meu marido.
Meia noite o bebê berrou alto,agoniado por não querer ficar no berço,Bem
se levantou na mesma hora,e foi direto para o closet.Isso atrapalhava o sono
dele,e ele ia trabalhar cansado.Nosso filho já dormia no seu quarto,tem
apenas dois dias que vem dormindo no nosso por passar as madrugadas em
claro.
Ouvi Bem comentando com Max que pela segunda vez quase assina um
contrato errado por estar disperso.
Bem Santiago.
Saí de casa com a cabeça latejando.Não que eu não tivesse paciência,mas
esses dias eu estava cheio de contratos importantes,e Bemzinho estava
chorando,e eu não queria me irritar com besteira.É apenas uma criança,e
tem dormido mal.
Se casar com uma menina mais nova de vez em quando tinha suas
desavenças,pela diferença de idade gritante.Há alguns dias estávamos nos
desentendendo por essas e outras coisas.
Tinha muito tempo que eu não vinha no estradas bar depois que o meu filho
nasceu.Max deveria estar por aqui com os amigos,e eu aproveitaria para
ficar um pouco.Cumprimentei com a cabeça algumas pessoas,e me sentei
no balcão.Estranhei ver o delegado ali aquela hora,quando me viu ficou um
pouco sem graça,mas ignorei.
—Ele saiu faz pouco tempo junto de Enzo.—Entendi o que quis dizer,e bebi
um gole da bebida sentindo descer queimando pela minha garganta.Fiquei
por um bom tempo perdido nos meus pensamentos,arrependido de ter saído
no calor do momento,e deixar minha loirinha sozinha.Só não gostava de me
estressar e descontar nela,preferia sair.Terminaria de beber aquele copo,e
voltaria para casa.
A única mulher que me tinha e me teria até o fim dos meus dias era Maria
Júlia,eu não conseguia olhar para mais ninguém desde do dia que ela
chegou.
—Pode.
—Eu não posso ter esperanças nunca mais?—Eu ia me levantar e sair com
tamanha estupidez,mas ela me conteve.—Não é o que está
pensando,Bem.Eu só queria dizer que sofri muito durante todos esses
meses.Ver você tendo com outra mulher o que sonhei.—Deixou o pano que
segurava em cima do balcão.—Eu sempre namorei aquela sua foto bebê que
Rosinha me mostrou,e ver o seu filho tão parecido com você,não sendo meu
me destruiu,confesso.-Seus olhos brilharam.-Eu estou feliz de verdade,e
acho que encontrei alguém bacana que pode me fazer feliz.
Liguei uma coisa na hora e pensei em Rodrigues.Por isso ficou sem graça
em me ver ali.
—Então foi bom ter me afastado esses tempos.Se fiz algo não foi
intencional,realmente quero ver você feliz.Rodrigues é um bom
homem,amigo da minha família há anos.—Sorriu novamente,seus olhos
cheios de lágrimas.
Perguntou por Rosinha,dizendo que iria lhe fazer uma visita.Eu evitava
visitar a mulher,já estava esperando o pior só não queria aceitar.
—Maria...
—Eles não estão em casa.Ninguém vai salvar sua boceta de levar uns
tapas,Maria Júlia.
—Implore.
—Agora.—Exigi.
Seus pés foram nas minhas costas me prendendo sobre ela,apoiei minhas
duas mãos em suas coxas e estiquei sua perna até o limite.
Capítulo 38
Maria Júlia.
Três anos depois...
Dessa vez meus pais sentiram muito,os dois.Falavam que eu era muito
nova,e estava indo para o segundo filho em menos de dois anos.E como
esperado,meu pai passou três meses sem falar comigo.
Ele nasceu minha cara,menos na cor dos olhos.as iria castanhas escuras
eram a marca do pai.
Os dois eram muito apegados comigo.
Max continuava sem ninguém,e dizia que só se casaria com alguém aos
cinquenta anos.
Enzo nos surpreendeu quando chegou um dia pedindo para conversar com
Bem,e disse que assumiria a paternidade de Dan e Fernando.Eles dois são
filhos de Fernanda,a secretária executiva de Bem.
Alguma coisa em mim doía ao pensar que o meu bebê mais velho não
tivesse comigo hoje.Eu chorava toda vez de pensar na possibilidade.De vez
em quando eu pensava se não era protetora demais por causa do que
aconteceu.
Bem alisou seus cabelos,e deu um beijo em sua testa.João coçou os olhos
com sono,e me abraçou pelo pescoço.
Fiquei no altar ao lado do meu marido,e filho.Bem tinha suas duas mãos no
peito do filho mais velho.
João estava no colo de Vick sorrindo das cosquinhas que a tia fazia,ela só
subiria ao altar quando Gael chegasse.
—Eu não sei.—Fitou minha boca,e depois alisou meu rosto com carinho.—
Só espero que o delegado não morra.—Falou sem um pingo de
divertimento,mas aquele era o seu humor.Um humor sombrio.
—Estou doido para tirar esse sorriso do seu rosto.-Me virei para ele de
olhos arregalados.—Quero ouvir você gemendo meu nome.
Hoje tive uma experiência de sair sozinho com Bem Dinho,para cortar o
cabelo pela primeira vez.Estava muito grande,e ele dizia sentir muito
calor.Então o levei,e fiquei segurando sua mão atento ao que o barbeiro
fazia.Se meu filho tivesse um arranhão,eu matava o barbeiro.Deu tudo
certo,e ele foi animado para casa.
Entramos no quarto de Enzo,que ele não havia mudado desde quando era
um menino.
-Eu fiquei nostálgico pra caralho no dia de hoje,e emocionado.Sei que não
te falo sempre,mas mesmo com pouca diferença de idade quem foi o nosso
pai de verdade,foi você Bem.—Parei de olhar a foto,e me virei para ele.
Casar o meu irmão me deixava orgulhoso demais,por tudo que ele fez por
Fernanda,e pelos filhos deles.Se ele os assumiu,isso quer dizer que a família
ganhou mais dois membros.Além de Giovana,ganhei outros dois sobrinhos.
Capítulo 39
Maria Júlia.
Hoje foi o dia da casa ficar cheia,pois era aniversário de Bemzinho,meu
bebê estava completando cinco anos.Com ele eu aprendi o que era amor de
verdade no mais puro poder da palavra.
—Eu não sei se parei por aqui,mas acho quatro uma quantidade grande.—
Pisquei.—Eu pareço uma mulher viciada em ser mãe.—Comentei baixinho
com Vick.
Minha barriga grande aos sete meses de gestação, estava linda demais.Toda
as vezes crescia apenas barriga,engordava pouco.
—Acho que Estevão não passa dessa noite.—Foi sincera.—Ele pediu para
eu não contar nada aos filhos,mas teve um princípio de infarto esses dias.
—Apenas o Bem.
Decidi ficar com Bem,então saí de perto das duas e fui até o quarto.O
corredor cheio de lembranças,a porta do quarto onde tudo começou...Meu
coração deu um solavanco,minha barriga se contorceu.Eu me senti há cinco
anos atrás querendo arrancar atenção de Bem,querendo descobrir quem era
aquele homem fechado,e sério.
—Eu vou pedir para o meu pai levar sua cadeira lá para fora,aí eu consigo
mexer.—Benzinho comentou relaxado na cama do avô,alheio que o senhor
da cama estava prestes a falecer.
Bem Santiago.
Assim que minha loirinha saiu levando nossos três meninos,pude respirar
em alívio.Ele trata meu filho mais velho como nunca tratou nenhum de nós.
A minha infância toda foi recompensada com quatro filhos aos quarenta e
sete anos.Eu fazia com Bem filho,João e Antônio tudo que eu não tive.
—Eu...eu amo meu neto.—Estevão falou.
—Não estamos aqui para falar do meu filho.—Fui firme,sem emoção por
ele morrer.Para mim era um tanto faz
Ele sabia que ia morrer.A gente sabia que ele morreria,em horas ficou
bastante debilitado.Acho que eu só ficaria em paz depois que ele morresse
de verdade.
Filho da puta.
Soltei um suspiro,por um lado aliviado em saber que o homem que foi meu
pai nunca faria mal ao neto.Por outro lado o egoísmo em deixar bem claro
que o único neto que amou foi o meu filho,sendo que ele tinha três que
chegou a conhecer.
—Igual você.—A trouxe para perto,e ela me abraçou pelo pescoço com sua
mania de sempre.Betina não gostou da aproximação da mãe,e começou a
chorar.
Hoje era aniversário do meu filho de cinco anos.Eu tinha orgulho do meu
menino,e no que ele vinha se tornando.Nos mínimos detalhes eu ficava
encantado com ele.
Betina,de todos eles era a mais chorona,brava demais que ficava até
vermelha.Mesmo com cinco meses,só queria ficar comigo o tempo inteiro.
—Paciente.—Falei.
Como Betina não aceitava outro colo,ajeitei ela melhor enquanto Júlia
mexia em seu vestido.A menina parecia uma boneca em sua mão.
Depois da foto, olhei Maria mais uma vez,sabendo que por ela eu sempre
faria qualquer coisa.
Epílogo.
Bem Santiago.
Hoje era o dia do meu aniversário, e eu não queria festa e nem ninguém na
minha casa,mas,eu não tinha escolha quando se tinha uma esposa que
amava dar festas e uma bebezinha que seguia os passos da mãe.
Betina não era mais uma bebezinha,já estava com nove anos, porém,para
mim sempre seria como na primeira vez que eu a vi,e peguei no colo.
Maju estava sem falar comigo um dia,depois da briga que tivemos por eu
não querer nada.
Acabei me apegando ao cachorro,além disso ele era o único que não estava
de cara virada para mim por querer tomar uma decisão por conta
própria.Mas aquele era o preço que eu estava pagando por mimar minha
mulher e minha filha de nove anos, cheia de personalidade que já estava
conseguindo dobrar os três irmãos mais velhos.
Metal de Metalica.
—Ela fica de mau com todo mundo quando ninguém faz o que ela quer.E
ela não dorme sem o senhor,por isso está desesperada tentando ligar para
ficar de bem.—Ele pareceu pensar,parou e me olhou erguendo as
sobrancelhas—O que acha de andar de cavalo?
Precisamos ir até o haras para pegar dois cavalos.Atos já estava velho para
aguentar muito peso e ser montado,nós agora tínhamos cavalos novos em
que nós poderíamos fazer nossas cavalgadas.
Por mais que ele fosse o herdeiro,o poder ele tinha que conseguir,isso não
viria junto do cargo que eu deixaria.
Quando chegamos próximos a cachoeira que eu tinha milhões de
recordações com minha loirinha,parei para enfrentar o sol forte e conversar
um pouco com Bemzinho.De cima era possível ver o campo de girassóis,e a
extensão de nossas terras.
—Você tem noção que metade disso aqui é apenas seu?—O olhei puxando
um pouco a rédea do cavalo.Ele balançou a cabeça,mas me olhou meio
incerto.
—Por que o meu avô deixou tudo pra mim?—Perguntou olhando para onde
eu olhava.
—Ele me amava?
—Acho que você foi a única pessoa que ele amou.E um dia você sabe que
terá que assumir tudo,não é?
—Você pode ser até melhor do que eu.Eu só quero que saiba,Bem,que o
cargo e o nome que você carrega nas costas atrai gente ruim.
—E os seus inimigos?
—É apenas um deles.
Assim que chegamos em casa,eu fui recebido com uma pequena festa no
fundo da casa e antes que eu conseguisse cumprimentar alguém ou ser
cumprimentado,Betina pulou no meu colo como se tivesse quatro anos e
piscou.
—Eu não sou loira.—Rebateu.—Meus cabelos são escuros iguais aos seus.
—Tocou o meu cabelo,segurando entre os dedos.Essa era a sua mania antes
de dormir,por isso não ficava sem mim.
—Mas você parece com sua mãe.—Peguei sua mão e entrei dentro de casa.
—Cadê ela?
—Está se arrumando porque disse que a noite vocês vão sair.Mas não
demora,papai.
—Eu prometo que não demoro,mas se eu demorar você já sabe o que tem
que fazer.
E ela sabia.
Os três irmãos ficariam com ela no quarto até ela apagar.Ela se sentia
protegida por eles,assim como era protegida comigo.
—Se um dia você precisar proteger sua mãe,ou seus irmãos é isso aqui que
você tem que usar.—Abri a caixa e lhe mostrei a arma.—É sua,eu comprei
para você,mas ficará guardado no escritório
Ele arregalou os olhos,e pediu para pegar.Deixou o objeto nas suas vistas e
a virou como se não acreditasse que estava ganhando uma arma.
—Eu vou te ensinar o que eu sei,mas eu não quero que seja como eu.
Maria Júlia.
Bemzinho abriu a porta do escritório feliz demais,mas foi em direção dos
irmãos .Antes que eu atravessasse a porta,João passou como um furacão na
minha frente e entrou indo atrás do pai.
—Não posso ficar com essa roupa?—Se olhou.Tom era uma mistura minha
e de Bem, eu não conseguia identificar com que se parecia mais.Vestia uma
camisa da Metálica,e short preto.O gosto dele,de Bem e Bemzinho no
quesito música eram iguais.
—Pode.
Cada filho meu tinha uma personalidade diferente.Bem era uma extensão
do pai,e queria ser como ele.João era o mais tranquilo deles,vivia em cima
do cavalo,insistia para os tios levá-lo em vaquejadas.Tom era o que dava
mais trabalho, aprontava muito.Betina eu não preciso dizer com quem se
parece.
—E seus pais?
—E vai estragar minha festa.—Falei,mas antes apertei seu volume por cima
da calça.
Se tivesse como ser conquistada todos os dias por ele,eu seria.Mesmo que
às vezes seja teimoso,e fechado,Bem dizia que me amava sem precisar
verbalizar.Abrir a porta,e encontrei com Tom escorado no sofá como se
esperasse pelo pai,estava com a mão cheia de canapés.
Eu lembro de quando cheguei aqui,do tanto que me assustei por saber quem
era Bem,do tanto que eu quis aquele homem desde da primeira vez que eu o
vi.Eu esperei por ele dezenove anos.
Parecia que as horas não passavam.Eu me apaixonava cada vez mais por
ele,pelo que construímos.Se eu não tivesse ficado,insistido,sofrido e lutado
eu perderia tudo,inclusive ele.Eu era imatura,mas sempre soube que ele era
o amor da minha vida.
A razão dela.
Eu deixei tudo por ele.Eu briguei por ele,eu o quis tanto que nada à minha
volta passou a fazer sentido se ele não estivesse.
Pode ser que nem todos tenham a sorte de conhecer o amor da vida,ou viver
um amor que te faz tremer as pernas,a garganta fechar,e as borboletas no
estômago surgir.
Não acredito que Bem tenha reparado de novo o que eu estava tentando
fazer surpresa.
—Sempre,minha vida.
Porque para nós não existiria um fim.Porque o fim seria onde ele estivesse.
Fim.