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Notas da autora.

Tudo começou a partir desse livro.


Há anos eu tenho ele guardado,e só depois de quase quatros tive coragem
de publicá-lo aqui,do mesmo jeito que eu tinha nos meus arquivos.

Foi escrevendo ele que eu percebi que minha mão pesava muito ao colocar
tudo o que se passava na minha mente,e quando eu decidi arriscar.
Eu sou anônima,e quem já leu algo meu antes sabe que eu costumo me
apresentar como Maria.
Este livro pode conter alguns gatilhos:Traços de Sadomasoquismo,e
masoquismo,submissão,violência gráfica,palavras de baixo calão,descrição
de sexo,morte,falas de estupro,e assassinato.
Me encontre no instagram :@bymaria_escritora

Sumário.
Notas da autora.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo.
Copyright © 2024 Maria

Todos os direitos reservados.


Capítulo 1

Maria Júlia.
Eu tenho quase certeza que sou influenciada pelos meus amigos em todas as
minhas atitudes,e isso não é bom porque sou sugada desde que eles
entenderam o poder aquisitivo da minha família.Eu nunca gostei de
expor,sempre tentei preservar ao máximo quem eu era mas os meus
próprios comportamentos não ajudavam.
Mimada,sempre fiz tudo o que eu queria e nunca ouvi um
"Não".Principalmente pela história dos meus pais,já que eles ficaram
separados por cinco anos e meu pai não sabia da minha existência,quando
ele descobriu eu continuei sendo a criança que tinha tudo sobre os seus pés
desde sempre.
Meu pai costumava dizer que eu era e ainda sou muito inocente,não sabia
ter maldade em nada,apenas vivia.

E foi vivendo que eu quase manchei a imagem da minha família e a


minha,quando um dos meus colegas de faculdade teve uma overdose no
banheiro e quase morreu,e eu apareci nas filmagens de algum desconhecido
saindo de perto do banheiro como se tivesse visto e não quisesse ajudar.
Só que eu não sabia o que estava acontecendo,estava tão perdida que me
deixei levar...
Acontece que quando sua mãe,seu pai,irmão,avós...Tem cargos
públicos,tudo muda de figura.
Eu liguei para o meu pai desesperada,toda vomitada já que não estava
acostumada a beber,e pensando que meu colega havia morrido já que havia
espuma branca pela sua boca e pescoço.

—Meu pai vai me matar.—Minha prima,Ana falou ao meu lado,encolhida e


nervosa.
Eu iria dizer o que o meu também,mas ele estava me olhando com uma cara
tão feia que eu preferi ficar quieta apenas o estudando pelo retrovisor.Após
deixarmos minha prima em sua casa,seguimos para minha,e eu gelei ao ver
minha mãe mais pálida do que já era,e meu pai se mexer no banco
incomodado.Diego era do tipo “Eu posso brigar com minha filha,você não”.

Assim que pisei meus pés em casa,minha mãe já começou falando o quando
eu era irresponsável,e eu apenas abaixei a cabeça sabendo que tudo era
verdade,e que aquele garoto no banheiro tivesse morrido e isso iria cair para
cima de nós.
—Você sabe Diego que a vida toda mimou essa menina.—Ela olhou meu
pai.—Eu imaginei que isso fosse acontecer,e ela iria ficar desse jeito
achando que pode tudo.—Meu pai também se calou.—Toda vez que tinha
qualquer erro você ficava chateado comigo se eu brigava mais sério com
ela.

—E o que você queria que eu fizesse?—A briga começou a ficar pessoal


dos dois,e eu arregalei levemente os olhos.
—Nada,mas eu vou fazer.—Se virou para mim.—Eu nunca pensei que essa
decisão partiria de mim,mas eu confio na minha decisão e eu nunca erro.
—E o que você vai fazer?
Ela apenas ergueu o queixo,e levantou uma sobrancelha.

—Não quero você mais nesse lugar,filha.—Meu pai tomou a frente dela,e
começou a dizer,o que me confortou.Ele não sabia brigar comigo.—Você
sabe que eu nunca brigo dessa forma,você é o amor da minha vida,mas
dessa vez onde você se meteu passou dos limites…
Meus olhos encheram-se de lágrimas porque meu pai nunca falava naquele
tom comigo.

—Desculpa,pai...—Ele me abraçou também e beijou meus cabelos.


—Você vem aprontando bastante,Maria Júlia.—Minha mãe se
aproximou,ainda séria.—E isso não é bem a sua índole,parece coisa de
gente influenciada.Você não se encaixa no perfil dessas garotas,apenas…
Vai.

Eu senti um aperto no peito,porque ela tinha razão,eu nunca me encontrei


em lugar algum,mesmo perto de todos que eu amo minha vida parecia
vazia.Além dos meus comportamentos que parecem ter ficado presos
quando eu tinha dezessete anos,que enquanto minhas primas conversavam
sobre namorados,eu sonhava com algo maior do que só ter um namorado a
cada noite,fechava os olhos e ficava imaginando alguém que me tirasse
daquele mundo que eu vivia.
—O que você quer dizer com isso?

—Que eu queria te mandar para longe um tempo.—Foi o que disse fazendo


meu pai arregalar os olhos,e eu morder o cantinho da boca.
—Fora…Quanto?

—Não é fora do Brasil.—Deu de ombros.


—Manuela,longe de nós dois e …—Meu pai parecia apreensivo.

Eu já tinha ouvido conversa deles dois,e uma delas era falando sobre mim,e
o quanto meu pai ficou puto e saiu do quarto me pegando atrás da porta,e
me levou até meu quarto para dormir,mas ainda sim eu olhei minha mãe
que nos espiava.Eu lembrava do que ela disse como se fosse agora:
“Maria Júlia é submissa nata,não se encaixa com nossas sobrinhas porque
esse aqui não é o mundo que nós esperamos para ela,Diego.”

—Ela tem dezenove anos,está crescendo.—Minha mãe sorriu.—Mas eu não


quero nossa filha longe de nós.
—Eu não vou a lugar nenhum.—Dei meu veredito final.Minha mãe poderia
não cair nas minhas manhas e manias,mas meu pai sim.

—Mas vai passar um tempo.—A voz grossa e rouca do meu irmão mais
velho vinha da escada da nossa casa.
—Não acredito.-Disse,de olhos arregalados por ver meu irmão mais velho
descendo as escadas de casa.-Pensei que você estivesse em Miami.

—Cheguei ainda pouco.-Foi o que respondeu,se juntando a nossa mãe.—


Essa decisão de você ir passar um tempo fora,Manuela já vinha pensando
sem consultar o Diego,e eu apenas dei a ideia do lugar.
—Mas…

—Nenhum de nós vai voltar atrás,sabemos que o Diego não consegue


tomar decisão nenhuma quando o assunto é você.
—Eu não vou...

—Vai.—O tom de voz da minha mãe me fez tremer.—Você não tem


maldade nenhuma para viver em uma cidade como essa,Maria Júlia.Isso
que eu,e seu irmão estamos fazendo é para te proteger,meu amor.
Eu sabia que era verdade,só me restava aceitar que aquilo era para o meu
bem.

—Eu vou resolver tudo,ver qual o estado de saúde e tentar tirar seu nome da
lista de convidados antes que isso vaze.—Meu pai falou,ainda sem aceitar
que eu iria ficar longe dele.—São só alguns meses,a gente consegue.—Me
deu uma olhada antes de levantar,e sair.
Respirei fundo,e abracei meus joelhos quando me sentei no sofá.

—E quando eu vou?
—Daqui dois dias.—Meu irmão respondeu.

—Para onde?
—Santa Clara.—Eu fiz uma pequena careta—Fica perto da fronteira,mas
não é tão longe quanto parece.
—E quem vocês conhecem que mora lá?—Perguntei,cruzando os braços.—
Porque eu nunca nem ouvi falar desse lugar,e pior,perto da fronteira.
—Nós conhecemos há alguns anos,quando eu e a Manu fizemos uma
viagem para fora do Brasil antes de eu começar a faculdade.—Explicou.—
São super discretos,e foram nascidos na cidade.Na verdade,eles moram
todos juntos em um casarão na fazenda.

Me vi derrotada,e apenas aceitei deixando os ombros caírem.Foi o


momento da minha mãe me abraçar,e eu dizer baixinho:
—Não queria causar problemas.

–Vai ser bom,meu amor.—Minha mãe finalmente me abraçou.—E a gente


vai ligar todos os dias,vamos te buscar para as reuniões de família.Acha
mesmo que algum de nós iria te levar e te colocar em perigo?

Bem Santiago.
Eu saí do clube Versailles com uma dor de cabeça insuportável,até tentei
jogar uma sessão hoje,e me aliviar,mas aquilo não tirou a raiva de dentro de
mim.Estavam acontecendo roubos de cabeça de gado,e apesar de eu
desconfiar de quem seja,eles estavam fazendo bem feito e não deixavam
provas.Pensei até besteira imaginando que seria algo relacionado a época
que meu pai comandava a Santiago.
Passei pela estrada vazia,e me irritei pela falta de iluminação.Já que eu
tinha influência o suficiente,já tinha dito para arrumarem aquele trecho e
mandarem o orçamento para mim.

Era estrada no meio e os dois lados coqueiros enormes e um matagal


extenso.Me encostei no banco e passei a dirigir com uma mão,com a dor de
cabeça filha da puta estourando.
Para distrair deixei o som baixo tocando Perfect Strangers,do Deep
Purple.Fiquei prestando atenção na letra quando vi uma caminhonete
grande e preta parada ao contrário na estrada,parei o carro bruscamente e
analisei a situação.Aquilo era uma armadilha.Eu nem pensei muito,comecei
a dar a ré rapidamente olhando para ver o que viria a seguir,os dois homens
pularam do carro,com as armas na mão e começaram a disparar.
Meu carro era blindado,e eles pareciam não saber daquilo,ou se sabiam não
se importaram.Vi eles disparando e a lataria do carro fazendo barulho,mas
eu era orgulhoso demais para abaixar a cabeça em meio aos tiros.Continuei
olhando para eles mesmo com os tiros sendo disparados na minha
direção.Eles miraram os pneus.

A adrenalina tomou conta de mim,orgulho falava mais alto,eu não teria


medo de morrer se a situação fosse outra.E eu não pretendia morrer ali com
dois filhos da puta que nem sabiam que meu carro era blindado.Mas,se
fosse para ir ao inferno,eles viriam junto comigo.
—Porra.—Resmunguei e me abaixei para o banco ao lado.Eles estavam
atirando demais nos pneus e o carro começou a parar lentamente,então com
apenas uma mão e o corpo jogado contra o banco do passageiro,joguei o
carro cantando pneu invertido na pista igual ao deles.Peguei minha arma no
porta luvas,me arrastei para fora do carro e me abaixei perto do pneu.O som
do carro estava ligado tocando a música,pois eu nem pensei em desligar,só
em sair,e dificultava para ouvir,contudo fiquei em silêncio e prendi a
respiração.

—Que filho da puta.—A voz grossa praguejou baixo.


—Não deu tempo dele correr.—Olhei o pé de um vacilando e eu nem
pensei duas vezes,atirei e ele gritou.O outro correu e deu a volta,me
pegando desprevenido acertando meu ombro,seguido de outro tiro de
raspão na perna,porque eu rolei para o lado antes dele acertar.Atirei no filho
da puta também.Ele gritou e dei outro para matar acertando sua barriga em
cheio.

Não consegui mirar a cabeça dele pela dor forte que eu estava sentindo.Ele
conseguiu correr antes do meu outro tiro pegar suas costas.Rolei para baixo
do carro,com uma última bala na arma.Vi o pé do filho da puta saindo do
meu campo de visão,rolei para o outro lado e mesmo com a visão turva do
sangue que eu estava perdendo mirei na cabeça do que eu tinha acertado o
pé,assustando o que levou o tiro na barriga.Ele correu se soltando do corpo
e eu fiz o mesmo.
Minhas balas tinham acabado e eu nem pensei duas vezes em correr para
dentro da mata,me encostando em uma árvore.Não queria ir muito
longe,por isso saquei o celular e liguei para minha casa,no segundo toque
Rosinha,que além de trabalhar para gente,a tínhamos como uma segunda
mãe atendeu.

—Rosa,tomei um tiro na estrada que liga Santa Clara a fazenda.—Ouvi ela


gritar de susto do outro lado da linha,mas não estava raciocinando.—Estou
dentro da mata,na linha onde está o carro.
Antes de voltar a ouvir seus gritos de pavor,eu fui descendo pelo tronco até
cair sentado no chão,e ver tudo rodar,minha boca ficar seca e o sangue
escorrer,ainda tentei colocar a mão,mas fui vencido pela dor e apaguei.

*******
Senti que estava sendo carregado,e jogado dentro do carro.Abri os olhos e
vi meu irmão me olhando desesperado,eu ainda estava sentindo tudo rodar,a
dor de cabeça ainda mais forte.Meu braço já estava dormente,e meu ombro
latejando.
—Seu filho da puta,você está fraco.
—Ele acordou?—Ouvi a voz do delegado de fundo.

—O olho está aberto,mas a boca está pálida.


—Fecha esse olho,você está com dor.

—Fecha o olho porra nenhuma.—Ouvi a voz do meu outro irmão.Eu não


estava identificando quem era quem,a visão turva e a dor me impedindo de
diferenciar a voz.—Ele precisa ficar de olho aberto.—Voltei a ver tudo
rodar e desmaiei de verdade.
Acordei com a boca seca,ainda de roupa,inclinado em cima de uma
cama.Me levantei na hora sentindo uma dor absurda.Não estava com aquela
roupa de hospital porque meus irmãos me conheciam o suficiente.A
enfermeira entrou,e assim que me viu arregalou os olhos parecendo ter
medo de mim.
—Senhor...Não pode levantar.
—Já estou de alta.—Estava me dando alta.

—Mas...
Eu olhei o estado do meu ombro,com um curativo,e minha perna com a
calça rasgada e outro curativo grande.Estava doendo muito,porém eu não ia
ficar no hospital.

—Tire os acessos do meu braço.—Antes que ela falasse,o médico alto,forte


e grisalho entrou na sala olhando para nós dois por cima do óculos.
—Seu irmão Gael pediu para eu te dar alta,porque você não vai respeitar os
dias de repouso.—Disse,contrariado.—Não precisou de cirurgia para retirar
as balas,e você iria ficar apenas em observação—.Ele olhou para a
enfermeira,e ela veio até onde eu estava,em pé,e tirou os acessos do meu
braço.
—Vou te receitar alguns remédios.—Ele foi falando e me seguindo,pois eu
já andava para sair do quarto.Abri a porta e dei de cara com minha família
inteira ali,exceto meu pai que andava na cadeira de rodas,e Enzo.
—Meu filho.-Rosa falou e veio me abraçar com cuidado.—Meu Deus,que
susto.
—Não precisa chorar,estou bem..—Limpei suas lágrimas.Ela era como
minha mãe,e foi o nosso suporte emocional depois que a nossa se foi.
—Ficamos desesperados,irmão—Minha irmã mais nova falou e me abraçou
também.

—Você é teimoso mesmo—.Max,o segundo mais velho, falou e eu afirmei.


—Use pelo menos o descanso do braço,irmão—Gael,meu irmão mais novo,
se pronunciou e mesmo teimando aceitei usar a tipoia.Não teve jeito,não
quis ficar mesmo e tiveram que me levar para casa.

Quando entrei em casa meu pai já tinha vindo até mim em uma cadeira de
rodas,com a boca um pouco torta pelo derrame seguido de avc.Ele falava
em pausa,se cansando,e ainda sim, era o mesmo Estevão arrogante de
sempre.Eu o odiava pra caralho toda vez o que olhava.
—Me…u…Meu…Fi...filho.Você está bem?—Cansou um pouco.—O que
aconteceu?—A voz falhou no último momento.
—Não faça esforço,Estevão—.Rosinha falou e ele nem a olhou,teimoso
como eu.
—Eu sofri um atentado,Estevão.Mas o senhor fique tranquilo,eu estou bem.

—O quê?—A veia em seu pescoço ficou evidente.—Q..uem?-Voltou a


cansar.
—Eu ainda não sei,mas vou descobrir.—Ele me olhou com a mesma
determinação.
—Posso ajudar,filho...—O punho dele estava fechado,pois ficava assim na
maior parte do tempo.
Ajudar como sendo castigo em cima da cadeira de rodas?Eu quis sorrir da
sua cara,se não estivesse tão mal e com dor.
—Depois eu vou precisar de algumas informações.—Ele balançou a cabeça
confirmando e a enfermeira foi ao seu lado enquanto ele ligava sua cadeira
de rodas.Assim que ele saiu,meus irmãos me olharam e eu me virei
sentando no sofá.
—Precisa tomar um banho e tomar seus remédios.

—Eu vou tomar.—Garantir a Rosa,pois eu não estava aguentando de dor.


—Que porra foi essa?—Enzo,meu irmão do meio,que entrou em casa
depois foi o primeiro a se pronunciar

—Um atentado,tenho certeza que está ligado com os roubos de gado.E eu


estou puto,porque eu ia exportar-los.Os gados estavam prontos,e eram dois
nelores e um angus.Porra.
—Sorte que não foi muito prejuízo.
—Não foi,mas temos que ter cuidado com Vick,e vocês também.
—E além deles,tem outras suspeitas?
—Acho que sim,preciso conversar com o nosso pai primeiro.Ainda vou
encontrar o delegado.
—Ele disse que poderia ser amanhã.
—Só não vou hoje porque está muito tarde.

—Eu ia para farra,até desanimei.—Max se jogou no sofá.—Fiquei


preocupado.
—Eu estava saindo do plantão.—Gael me olhou.—Está bem mesmo?

—Estou.—Eu não era do tipo expressivo e cheio de sorrisos como eles,só


nos momentos certos.
—Vou tomar banho e descansar um pouco.—Ele afirmou com a cabeça e eu
subi.Minha irmã subiu junto de Gael,e eu fui até meu quarto passando
direto para o banheiro.
Eu tinha quatro irmãos,sendo três biológicos e Victória adotada.Eu era o
mais velho com quarenta e um anos,em seguida vinha Max com trinta e sete
anos.Enzo,o único loiro da família,com trinta e cinco,e por último Gael com
trinta e um anos.Victória com vinte e quatro anos.
Eu não sou casado e nem pretendo me casar,já tive amantes,casos longos e
uma em especial se tornou minha amiga.Ela sabia que eu não queria
compromissos,que minha vida era isso aqui.Eu era desse jeito,não ia mudar
e não gostava que ninguém questionasse minhas escolhas.
Eu era o chefe da família,comandava tudo isso aqui,e tinha que protegê-
los.O único que que se casou foi Gael,e para tornar tudo mais
complicado,com Victória.Na cidade foi um escândalo,e até para nós foi um
choque já que eu sempre a vi como uma menininha,e a conheci com cinco
dias de vida quando meu pai invadiu a casa da sua antiga família e tomou a
garota na força porque minha mãe queria.Eu lembrava porque estava junto.
A família Santiago tinha influência desde da época do meu bisavó,faliu com
meu avô e meu pai ergueu novamente,do jeito dele,por isso hoje em dia nós
éramos inimigos de quase toda a região.
Desde dos quatorze anos,eu vivia com ele invadindo terras e tomando para
mim,o que ele sempre disse que me pertencia.

Santa Clara foi o lugar onde eu nasci,vi tudo crescer a arruinar,mas eu


sempre estive no mesmo lugar.Perto da fronteira,era um lugar pouco
conhecido,e só era lembrado pela nossa família,que era importante fora
daqui.
Eu mandava e desmandava onde eu queria,já que costumava influenciar na
política local,e até mesmo onde não me cabia eu queria meter o dedo onde
não era chamado e mandar,porque era o que eu gostava de fazer.
Eu era o Bem,só no nome.Inquestionável e teimoso.
O atentado de hoje,desconfio de alguém do passado do meu pai.Só que o
outro lado não sabia que estavam mexendo em um vespeiro,porque se eu
comecei uma guerra,eu não costumo perder,se eu entro é para ganhar.
Não desci para comer,Rosa veio deixar a comida no meu quarto.Eu terminei
de comer,tomei um remédio para dor e apaguei.
Capítulo 2
Bem Santiago

No outro dia acordei cedo para ir na delegacia.


Estava estranhando minhas vestimentas,já que não vestia terno como nos
outros dias estava mais casual de polo e jeans escura.
Tirei a faixa e fiquei com o braço doendo,mas me recusava a demonstrar
fraqueza.Tomei outro remédio e saí do quarto indo para a sala de jantar
onde era servido todas as refeições. Desci e só tinha Rosa colocando o café
da manhã.
Eu sempre acordava cedo,e nem depois de um atentado consegui descansar
direito.Fui até Rosinha e dei um beijo na cabeça dela que me abraçou do
lado que não estava dolorido.

—Está bem,meu filho?


—Com um pouco de dor.

—Já vai sair?


—Claro que sim,preciso dar detalhes a Rodrigues.—Olhou meu braço sem
o apoio e negou com a cabeça.

—Se cuide.Como você deu conta?Quantos foram?


—Foram dois homens,um eu matei,e por isso que eu quero saber o que está
acontecendo.

Provavelmente o delegado deve ter tirado o corpo e vai passar uma


borracha nessa parte.
—Meu Deus...—Ela me olhou espantada pelo modo bruto que narrei o
episódio,mas suspirou e beijou meu braço.—É,mas antes trate de tomar café
da manhã.—Eu sentei na cadeira e ela se sentou perto de mim,logo meus
irmãos foram descendo,e se juntaram a nós no café da manhã.Por último
meu pai veio e me analisou vendo se estava tudo bem.

—Quer ajuda,pai?—Ele olhou para Vick e piscou antes de aceitar.A


enfermeira também veio tomar café da manhã e se juntou a nós desejando
bom dia.Depois de tomar café em clima de paz,peguei a chave de um outro
carro e chamei Max.
—Na hora do café?—Ele revirou os olhos,e eu fiz questão de ignorá-lo.

—E meu carro?
—Tivemos que chamar um guincho,o delegado que ficou responsável a
gente estava muito desesperado na hora.

Max era responsável por gerenciar a parte da exportação do gado,analisar as


carnes antes de mandar para os compradores.Enzo ficava em dois setores,na
fazenda me ajudava a analisar os melhoramentos genéticos dos touros que
vinham de fora,os gados de corte e do resto da fazenda.E no nosso
escritório cuidando da parte das exportações do nosso café e dos produtos
derivados.E eu comandava o escritório em geral,analisava tudo,participava
de reuniões,eventos,fazia compras,negociava e cuidava da parte financeira.
Dirigir com uma mão só a RAM 2500 Laramie Rodeo Edition,que era um
caminhonete grande,negra e imponente.Fui andando pelas ruas de Santa
Clara até chegar na delegacia.Com a cabeça acenei para dois policiais,e dei
uma batida na porta.
—Bem.—Rodrigues se levantou,vindo até mim apertando minha mão.—
Como está?Pensei que fosse ficar em casa,eu ia até lá.
—Preferi eu mesmo vim,quero conversar outro assunto com você.

—Sente-se.—Apontou a cadeira da frente—Sem rodeios porque somos


amigos.Acho que você deve desconfiar que foi um atentado,eu já comecei
as investigações,e estou esperando a do Iml com a identificação do corpo.
—Era isso que eu vim conversar,deve estar ligado com os roubos dos meus
gados.

—Você ainda pensa naquela teoria de ser algo com a sua irmã Victória?
—Penso,eu vi de perto,tudo que aconteceu e fui conivente,porque já tinha
idade suficiente.Aquela funcionária não teria ido embora se meu pai não
tivesse tomado a menina dela.

—Acha que ela pode estar envolvida?Eu suspeito que seja vingança
também.
—Eu também.O fato é que tentarem me matar e mandar algum aviso.
—Eu estou de olho,já tem policiais disfarçados na sua fazenda.Eu quero ir
no local de onde aconteceu os fatos,preciso que me descreva.
—Vou no meu carro.

—Por falar em carros,aqui o endereço de onde está o seu.—Peguei o


cartãozinho e antes de entrar no carro liguei e procurei saber quanto tempo
demoraria.
Fui até o local,junto de Rodrigues,um investigador e dois policiais.Contei o
que havia acontecido,e quando eles se reuniram,meu celular tocou.Olhei o
visor e vi o nome de um grande conhecido e amigo.

—Bem Santiago.—Ouvi a voz de Marcelo,juiz criminal conhecido e que


havia passado panos quentes para as merdas que Enzo já fez.
—Marcelo,quase eu esqueço de você.—Ele soltou um riso fraco do outro
lado da linha.

—Soube o que aconteceu por alto,como está?


—Estou aqui no local.É aquele assunto?Sua mãe entrou em contato e
comentou comigo.

—Isso,eu tinha falado com Max,e sabe como ele é.


—Minha casa estará sempre de portas abertas,quando vai trazer sua irmã?
—Ela está tentando nos enrolar para não ir.—Foi sincero—Mas amanhã
levarei ela.

—Se eu não tiver,Enzo,Max e minha irmã a receberam.


—Incomodo?

—Claro que não,minha casa já é cheia.—Soltei um riso pelo nariz.—E você


sabe que eu te ajudo e você me ajuda.
—Com certeza,amanhã conversamos melhor.—Ele desligou ,e eu liguei
para Rosa avisando e relembrando que a irmã de Marcelo moraria um
tempo conosco.

Eu não conheço a irmã dele só ouvi falar.Marcelo Bragança era poderoso e


importante,e eu o conheci em Miami quando fui em uma reunião de
negócios,e visitar Enzo que estava fazendo faculdade por lá.Na época ele
tinha saído da faculdade e já era importante como advogado
criminalista.Ele ajudou Enzo a se estabilizar em outro país,e a mãe já me
ajudou na parte burocrática,já que era advogada.
E houve uma das milhões de vezes que Enzo foi inconsequente e atropelou
gente inocente,uma das pessoas acabou morrendo e eu precisei da ajuda de
Marcelo para engavetar o caso,sem deixar que as famílias tirassem dinheiro
de nós.

Quando saí da estrada estava perto da hora do almoço e eu tinha que ir para
o escritório mesmo com dor na perna.Precisava de uma bebida forte,então
fui até o Estradas bar,que era de uma amiga,que também foi minha ex-
amante e um caso amoroso (Apenas da parte dela).
Ela sabia que eu não pretendia me casar com ela e nem com ninguém.Ela
acabou nem tentando nada,e quando confessou que me amava e sonhava se
casar decidiu pôr um ponto final e pediu para continuarmos amigos.Acabou
se casando,teve um filho do primeiro casamento,mas quando se divorciou o
garoto preferiu ir com o pai.Depois,ela acabou se casando novamente,mas
deu errado e o marido faleceu depois de um infarto.Ela se casou pela
terceira e última vez,mas, acabou se separando do marido,e tempo depois
ele faleceu.Ela se tornou a viúva negra da cidade.
Esse último marido lhe deixou bem de vida,com casas para aluguéis ela
vivia bem financeiramente.Até me pediu ajuda para deixar tudo que ela
tinha no nome dos dois filhos

Como ela não conseguiu ter outros filhos biológicos acabou adotando uma
menina e a chamou de Karina.A menina era muito tímida e as duas eram
grudadas.Eu particularmente achava muito bonita a relação de parceria que
tinham.
Cheguei no bar e assim que ela me viu saiu de trás do balcão vindo até
mim.Ela era bonita,tinha um quadril largo,era magra,os olhos castanhos
claros levemente puxados e o olhar como de uma águia.Suas sobrancelhas
eram finas e arqueadas,as maçãs do rosto pouco marcadas.O nariz ornava
com o rosto dela e seus lábios eram carnudos,chamativos.Em geral,era uma
mulher bonita na casa dos quarenta anos.

E eu particularmente sempre a olhava.


—Bem,eu soube o que aconteceu,seu braço?—Me analisou.—Quase morri
do coração.
O motivo de eu ter parado de vir:Sua paixão que nunca passou.
—Estou bem,só um pouco dolorido.—Ela me olhou e soltou um sorriso
colocando a mão no quadril balançando a cabeça.Fitei sua boca mordendo
os lábios ficando sem cor.

—Você não tem jeito,fiquei muito preocupada,perguntei a seu irmão e ele


me acalmou.Te liguei querendo saber o que houve.
—Vim tomar um uísque,daqui a pouco tenho que ir para o escritório.

—Como aconteceu?—Ela foi para trás do balcão,me sentei em um dos


bancos e comecei a contar a ela omitindo algumas partes.Tomei meu uísque
em três goles sentindo a garganta arder e queimar.Peguei minha carteira e
joguei uma nota.
—Preciso ir.

—Vai aparecer?
—Apareço aí por esses dias.Agora que está chegando o São João a cidade
costuma ficar cheia.

—Com certeza,terá até algumas apresentações.—Jogou o pano de prato no


ombro.—Seus irmãos sempre aparecem por aqui.Pouco vejo o Gael,ele vem
mais com a Victória,apareçam mais vezes.
—Pode deixar,vou aparecer—Lhe ofereci um sorriso pequeno,acenei e saí
do bar.

Maria Júlia.
Depois de pegar o jatinho até metade do caminho,eu e meu irmão descemos
em um hangar no meio do nada,apenas para pegar o carro que nos levaria à
pequena cidade.Ele me explicou que Santa Clara era na fronteira entre
Brasil e Paraguai,um pouco distante do rio.

Dava para chegar de ônibus,porém era muitas horas.


—Você vai ver que vai passar rápido.—Meu irmão tocou minha mão.Olhei
seu carro,com bancos de couro,e me virei para ele.

—Não queria ir.—Sussurrei.—Quero minha casa.


—Meu amor,não fica assim.—Tocou meu queixo.—Você precisa de um
choque de realidade.

—Por quê?
—Você viu a quantidade de mala que você trouxe?

—Claro que sim.


—Se eu falar mais vou perder meu tempo.

Quando cansei de ficar dentro do carro,perguntei:


—Por que esse lugar?

—Porque eu confio nessa família,e chefe dos Santiago é meu amigo.Ele é


fechado e esquisito,mas é gente boa no modo dele.
—Ele é homem das cavernas?

—Eu acho.—Meu irmão comentou,dando de ombros.—Ele me passa a


impressão que ficou preso em 1985.
—Por que justamente essa data?Ele é tão velho assim?

Ele sorriu um pouco.


—Eu só falei uma data aleatória,Maria Júlia,e você tem muitos porquês na
ponta da língua.

—Ele é velho demais?Tipo a idade do nosso avô?


—Mais velho que seu pai.

Levando em consideração que eu e Marcelo somos de pais diferentes,então


esse amigo era mais velho e por isso era amigo da minha mãe também.
—E o nome dele?
—Bem.
Arregalei os olhos.
—Como?
—Bem Santiago,e o segundo nome é sobrenome.E tem outro assunto que
eu queria conversar com você.

—Qual?
—Tem dois dos irmãos dele que são casados.—Arregalei os olhos.—
Victória foi adotada e se apaixonou por Gael.
—Que loucura.—Disse,surpresa,imaginando como deveria ser isso.
—Acontece mais do que se imagina,nós que não ficamos sabemos.—
Explicou.
—Estou sem palavras ainda.—Falei olhando a janela.—E como eles são?
—Normal,Maju.Apenas evite estressar o Bem,ele é bem sério,eu nunca vi
ele sorrir.Os os outros são mais brincalhões.

—Tudo bem,você está me preparando?


—É porque você não conhece ninguém,quero que se familiarize.

—Você vai ficar uns dias comigo,não é?


—Acho que vou passar uns dois dias.
—É estranho,vou ficar na casa de desconhecidos,mas confio em vocês.
—Eu sei...Mas vou ficar para ver se você se adapta.

—As mulheres devem ser receptivas.


Demorou até chegarmos em Santa Clara,a cidade não era como cidadezinha
de interior,era como uma dessas que ficavam na fronteira.

Paramos em frente ao primeiro portão,que foi aberto,e depois um segundo


onde tivemos acesso onde era o casarão.Era tudo bonito,extenso,mas a noite
parecia ser sombrio do tanto que não havia nada em volta,a casa deles
parecia um ponto perdido no meio do nada.
A mansão era inteiramente branca com corrimãos pretos na escada.
—Nossa,aqui é lindo e sombrio.—Comentei.
Apareceu na porta uma moça muito bonita com os cabelos cacheados,um
homem de cabelo baixo,braços muito fortes e olhos verdes.O outro tinha o
cabelo castanho claro,os olhos castanhos claros,tinha barba e os traços do
seu rosto eram finos.A senhora tinha o cabelo estilo joãozinho grisalhos e
as linhas de expressões do rosto evidentes.
Marcelinho desceu primeiro e eu também pulei do carro,peguei a mão do
meu irmão e agarrei o seu braço enquanto a gente ia até o pessoal.Assim
que subimos as escadas,a moça morena com a pele bronzeada sorriu para
mim toda animada enquanto eu parecia um bichinho acuado.
—Nossa,como você é linda.—Ela falou e segurou minha mão.
—Você também.—Falei de volta,e me virei para os outros.Marcelinho
estava abraçando o cara fortão de olhos verdes.
—Sou Enzo.—O de cabelos castanhos sorriu e me cumprimentou com um
aperto de mão.
—Maria Júlia.—Falei abraçando a senhora,que foi quem me envolveu no
abraço.—Pode me chamar de Maju.

—Sou Vick,essa é Rosa.—A morena apontou para a senhora.


—E eu sou o Max.—O fortão me puxou para um abraço todo afetuoso e eu
abracei também.
—Sejam bem vindos.—Eles foram nos puxando para dentro de casa
passando por uma varanda grande e alguns balanços.Eu olhei a casa,assim
que a gente chegava dava com a escada grande que se perdia de vista.Para o
lado uma sala com sofás cremes e alguns quadros na parede,um tigre
prestes a atacar na cor preta como enfeite perto da lareira que ficava na
parede.E em seguida uma enorme sala de jantar com lustre enorme no
teto.A mesa tinha acho que uns dezesseis lugares.
—E cadê o Bem?—Meu irmão perguntou.
—Está no escritório em Santa Clara.
—Vou fazer uma visita.
—Eu vou com você.—Max falou.—As meninas mostram tudo a Maju,o
Enzo vai para área do pasto agora.
—Pode deixar que a gente te mostra tudo.—Victória segurou minha
mão.Olhei para meu irmão.

—Está bem?
—Sim,pode ir.—Fiquei estranhamente confortável com eles.
—Daqui a pouco volto e a gente sai um pouco. —Meu irmão disse antes de
sair.
—Eu pego as malas com ajuda dos peões.—Enzo falou já saindo de casa.
—Vou deixar o carro aberto.—Meu irmão me mandou um beijo e saiu junto
do Max.
—Vou te mostrar seu quarto.—Rosa foi andando comigo e depois de passar
por um corredor extenso ela comentou:
—Essa porta aqui é o escritório do Bem.Aqui é tipo um apartamento,pois
tem uma copa e um outro corredor.—A senhora abriu a porta e eu olhei
tudo em volta.A porta,o frigobar...—Pode se sentir em casa.
—É verdade,e eu vou estar sempre por aqui.—Victória falou,animada.

—Vou me acostumar.—Disse mais para elas do que pra mim.


—Olha aqui fica o quarto do pai deles,mas ele tem limitações,para
aproveitar a copa e o banheiro fizemos esse quarto aqui.—Rosa abriu a
porta eu gostei do que vi.Tinha uma cama king com cabeceira
acolchoada,no canto do quarto acesso para o banheiro e uma porta embutida
escondida que dava para o closet.Tinha frigobar,ar-
condicionado,televisão,escrivaninha e poltrona.

Enzo entrou junto de dois peões que assim que me viram arregalaram
levemente os olhos colocando as malas e mochilas no chão
disfarçando.Enzo pediu licença e saiu mais o restante do pessoal.
—Está faltando dois dos seus irmãos,certo? —Perguntei,puxando assunto
para não parecer fria demais.
—Ah,sim—Victória riu.—Um é meu marido,não irmão.—Ah
verdade,Marcelinho tinha me falado para eu não cometer esse
gafe,mas,claro,eu tinha que fazer ao contrário.Ela pareceu não se ofender
ou ligar.—O Gael é médico está de plantão,e o Bem só a noite.
Depois de ficar conversando um pouco,fui convidada para comer com
elas,e aceitei mesmo sem muita fome já que estava estranhando
tudo.Depois que terminei de comer,Victória sorriu para mim.
—Posso te mostrar a fazenda e o resto da casa.
—E o que você faz ?Você é maior de idade?Parece ser tão nova.—A
senhora perguntou interessada.

—Faço faculdade de veterinária,aliás,trancaram um período,então...E


sim,sou maior de idade acabei de fazer dezenove.
—Ainda é bem jovem.—A senhora sorriu.—Vá Vicky,leve ela para
conhecer o resto da casa.
A morena me levou para conhecer a parte de cima,que tinha uma sala de
televisão assim que a gente chegava no alto da escada.Um corredor extenso
com as portas dos quartos.Ela foi me dizendo de quem era cada cômodo
apontando para a porta do final do corredor dizendo que era o do irmão
mais velho.Havia cinco quartos de hóspedes,mas eram menores do que eu
estava hospedada.
—E você?O que faz da vida?—Perguntei.
—Sou zootécnica e ajudo Enzo com a alimentação dos gados.Aqui a gente
trabalha com melhoramento genético.
—Já ouvi falar sobre,achei interessante.

Já ouvi mesmo,mas se eu não passasse metade das aulas de gados sonhando


acordada,pensando que dia iria acontecer tudo o que eu sonhava e se
passava na minha cabeça,eu iria saber conversar com ela.
E se a outra metade eu não pensasse em roupas,closets,e uma casa dos meus
sonhos,toda branca,até suspirava.

—O que tem na cidade?Achei curioso...


Ela sorriu.
—Tem de tudo um pouco,clubes,lojas,artesanatos locais.
Ela me levou para conhecer a fazenda junto de Enzo,e eu vi o rio que
cortava para o outro lado onde tinha lotes de terra.Vi de perto os gados,um
touro bonito e grande que estava prestes a ser vendido.Tinha uma área para
tudo,e eu me apaixonei pelos filhotes de porquinhos.
No fim do dia liguei para minha mãe e conversei um pouco com ela já que
meu pai ainda estava digerindo a situação.Me deu vontade de chorar,e eu só
não fiz isso porque Marcelinho ainda estava por perto.

Bem Santiago.
—A gente pode deixar a reunião para amanhã,Bem.—Fernanda,a minha
secretária executiva falou.—Sei do que aconteceu ontem,está melhor
mesmo?
—Estou.—A olhei,sem sorrir ou ser simpático.
Eu não costumava sorrir para ninguém,nem mesmo meus irmãos.

—Podemos deixar a reunião para amanhã cedo.


—Certo,vou falar com Max sobre o comprador que está interessado em um
touro,ele vem de fora e quando estiver tudo certo te passo o relatório.—
Antes que ela saísse,minha secretária Lurdes,que fica na recepção bateu na
porta e entrou tímida:

—Senhor Bem,tem visita.


—Pode mandar entrar.—Ela saiu e Fernanda pegou os documentos
ajeitando na pasta.
No geral era uma mulher simpática na casa dos trinta anos,casada,e com
dois filhos.
—Mais tarde eu te passo por e-mail—Ela saiu,cumprimentando Marcelo
que entrava na minha sala,ele fez questão de olhar a bunda dela sem ser
muito discreto.
Assim que ele me viu sorriu e veio me dar um abraço de lado.
Eu também não era de fazer carinho,muito menos abraçar...Só que tinha
pessoas que valia o esforço.

—Só assim para eu ter um tempo livre.—Ele se sentou na cadeira à minha


frente.
—Já está de mudança?

—Já,vou ficar um tempo em São Paulo, não sei ao certo quanto.Só vim
mesmo porque eu queria conversar com você.
—E sua irmã?Pedi para Rosa arrumar tudo,até mandei deixá-la no quarto
que fica embaixo,é maior e ela tem mais privacidade.

—Maju é a do meio,cheguei a te mostrar fotos quando era mais nova,você


sabe que eu e meus irmãos temos idades bem diferentes.—Balancei a
cabeça.—Ela estava dando dor de cabeça para minha mãe e meu
padastro,então tivemos a ideia de mandá-la para um lugar diferente.
–Que tipo de dor de cabeça?
Já bastava Enzo e sua inconsequência.
—Inocência.—Ele disse,simplesmente.—É inocente demais e sonhadora
para quem dezenove anos,Bem.
Soltei uma risada,e sua expressão se tornou mais divertida.
—Olha,estamos resolvendo o problema da faculdade dela,mas Maju precisa
de um choque de realidade queria ver se aqui se tornava uma mulher,e não
uma menina no meio da cidade grande.
—Eu entendi.
—Pode colocá-la no estágio?
Não era um pedido,eu entendi porque devia a ele.
Quis dizer mais,falar que aqui ela poderia continuar sendo inocente e até
piorar sua situação,porque minha irmã ia pelo mesmo caminho já que nunca
saiu das nossas asas,principalmente da minha.
Só que não estava disposto a me meter na vida de ninguém.
—Posso,vou ver se aqui ou na fazenda, mando fazer um contrato para
agregar no currículo dela futuramente.Agora sou eu que queria ajuda
sua,Marcelo.
—Porra,se você soubesse que é o único que me chama pelo meu nome
assim.—Sorriu.
— Detesto apelidos.
—Eu sei disso.O que houve mesmo com você?—Comecei a contar tudo a
ele.
—Preciso de um investigador,e que o caso pare em suas mãos,são casos
arquivados da época que sua mãe nem pensava em ser advogada.
—Fique tranquilo.
Ficamos conversando amenidades até eu terminar meus afazeres e ir para
casa
Capítulo 3
Maria Júlia.
Assim que elas saíram do quarto eu me sentei na cama e comecei a chorar
por não ter amigos como eu achava que tinha,por estar longe de
casa.Limpei minhas lágrimas e fui trocar de roupa
Tentei ficar confortável depois de tomar banho,deixei minhas sandálias
separadas e senti uma ansiedade dentro de mim e um frio na barriga
inexplicável.Quando abrir a porta do quarto encontrei com a enfermeira que
Rosa me disse e ela sorriu para mim indo até a copa.Eu abri a porta do
corredor e fui até a sala para esperar meu irmão.

Esse casarão é bem bonito,mas muito dos móveis eram de madeiras e além
de ser aconchegante,era sempre um ambiente calmo demais,escuro.
Me sentei no sofá e fiquei mexendo no celular,vendo fotos e até sorri um
pouco.Rosa veio da cozinha conversar comigo e eu me levantei tentando
não ser chata e ficar apenas sentada,e fui tentar ajudá-la na cozinha.

Ouvi barulho de carro chegando e constatei que fosse meu irmão então fui
para sala correndo e me encostei no sofá.Quando a porta da frente abriu não
foi meu irmão quem eu vi,e sim um homem alto com a cara de
mau,fechada,séria.
Analisei ele quieta,até um pouco assustada porque ele tinha cara que estava
estressado e a qualquer momento iria brigar comigo.Quando me fitou com
um vinco na sobrancelha,eu o analisei melhor e fiquei muito
nervosa,minhas pernas começaram a tremer.Abaixei um pouco as vistas
abalada demais com a visão.

O homem na minha frente era grande,alto e esguio,não era super


malhado,mas era definido.Sua bochecha do rosto marcada,ele tinha uma
ruga entre as sobrancelhas que o deixava com um ar de mau.Sua boca era
fina e estava levemente contraída como se ele estivesse com raiva de
alguma coisa,também possuía uma barba rala escura,e como se fosse um
bigode igualmente escuro mais pronunciado.Seu olhos eram de um
castanho claro profundo e intensos,e o cabelo escuro parecia sedosos.

Franzi o cenho quando notei que estava olhando para um cara mais
velho,praticamente da idade do meu pai,e me olhava parecendo que tinha
me odiado.
Agora eu vi que a beleza dele era dura,máscula com cara de macho alfa e
um lobo pronto para o ataque,era muito diferente dos playboys que eu
estava acostumada a andar.

Tive medo da cara dele me analisando friamente como se eu fosse uma


ameaça,recuei um pouco,mas não deixei de olhá-lo mesmo retraída.
—Você,quem é?—Foi ele que falou primeiro.
A voz dele era de comando,dura.
—Maju.—Ele pareceu se tocar de quem eu era,e pareceu não acreditar
muito.

—Maria Júlia.—Fez questão de completar meu nome.Ele não disse mais


nada além disso como se ele soubesse quem eu era e isso fosse suficiente.
—E você deve ser o Bem?—Como me falaram que Bem era o mais
velho,ele parecia ser velho,então...
Senti algo entre minhas pernas,e percebi que estava quente.Aquela cara de
malvado me atraiu sendo que eu nunca me atraí por alguém que o primeiro
sentimento foi medo.Será que isso era normal?Eu não tinha experiência
nenhuma,mas era notável o clima que estava entre nós.
Eu achei estranho e quente,a sala começou a fazer calor.Nunca senti
vontades e muito menos aquela pulsação entre as pernas.

—Sou.—Não apertou minha mão,continuou me olhando.


Acho que era o jeito dele,me deixando BEM desconfortável.Mentalmente
não deixei de fazer uma piada,mas eu não teria coragem de brincar com
aquele homem.
—Sua irmã e sua mãe falarem de você.—O analisei um pouco,olhei dentro
dos seus olhos abrindo um pequeno sorriso para quebrar o clima.

—O que foi?—Se manteve imparcial.


Em segredo pensei que tinha cara que gostava desses sexos mais
duros.Minha nossa,por que eu estava pensando isso?

Esse homem tinha cara de violento.E eu...Eu estava excitada com aquele
clima,sua rispidez.Fiquei inquieta,mas não sabia quebrar aquilo.
—Nada,é porque você está sério,não queria incomodar—Cara feia?Quis
completar,mas me contive porque ele era tudo menos feio.
—Não vai me incomodar.—Olhou para a porta e meu irmão
entrou.Marcelinho me analisou e cerrou os olhos em mim,Max estava rindo
de algo com ele,mas meu irmão era observador deve ter notado meu
incomodo com aquele homem.
—Já se conheceram só falta o Gael.—Max falou rindo para mim mais
simpático que o irmão.Parecia que eu tinha ficado mole,e me faltou o
atrevimento habitual.

Bem subiu para o quarto,e meu irmão veio até mim me abraçando,sem falar
com mais ninguém,e a única que se importou com o comportamento fui eu.
—Tem uns restaurantes legais,podemos conhecer a cidade juntos.—Meu
irmão sugeriu.

—Vamos,vou me calçar.—Corri até o quarto.


Fiquei com uma sensação estranha no peito e ignorei.O que tinha acabado
de acontecer? Então é assim que as pessoas se sentem quando estão
atraídas?Por que me atrai por ele?
Fomos conhecer a cidade,Santa Clara era bem cuidada e bonita.Como
Victoria falou tinha lojas,clubes e galerias coloridas com mais lojinhas
dentro,não dava para conhecer tudo mas o principal.Como nós parecemos
ser novos,algumas pessoas ficaram olhando curiosas.
Max se afastou para cumprimentar dois homens,e meu irmão se virou para
mim,quando ele abriu a boca para falar fui mais rápido.

—Pensei que o Bem fosse diferente.


—Menos mal encarado?—Parecia divertido.—Tive a mesma impressão
pela primeira vez.

—Então...—Ele me cortou sutilmente.


—Somos conhecidos,sou mais próximo de Max e Enzo,ele é mais próximo
da Manuela.

—Da nossa mãe?—Franzi o cenho e Marcelinho afirmou.


—Ela é advogada e ele já precisou dos serviços dela,por que a pergunta?

—Ele é tão sério que fiquei curiosa.


—Eu te avisei.—Balancei a cabeça tentando ficar indiferente ao susto que
eu levei ainda pouco.

Quando Max Voltou nós levou em um barzinho que era famoso na


cidade,fomos apresentados ao estradas bar,e eu decidi beber cerveja com os
dois.Meu irmão tinha tirado o paletó e arrancando olhares por todos
lugares.Ele era alto,forte,grande e loiro.Se eu fosse homem com certeza ia
querer ser bonito daquele jeito.
-Seu nome é Max?Apenas Max?—Perguntei,curiosa.

—O que te fez pensar em outro?


—Não existem muitos nomes iguais ao seu,ou iguais do seu irmão por aí.—
De novo o bem,na ponta da língua,ainda bem que eles não perceberam.

—Ninguém entende o motivo dos nomes diferentes.—Parecia ficar


nostálgico falando da mãe.—Bem que tem cara de malvado,Max que é
nome de cachorro...
Eu sorri achando graça sem entender.
Ele trocou um olhar com meu irmão e começou a rir,enquanto Marcelinho o
fuzilava com o olhar.

Enquanto ele se recuperava da risada,olhei o bar,a moça jovem que estava


atendendo ficou olhando para mesa de modo diferente.
Era um ambiente bonito,mas não era muito chique,balcão marrom e todos
os tipos possíveis de bebidas nas prateleiras.Um palco ao lado com luzes
avermelhadas.

Uma mulher de quadris cheios que dançavam enquanto ela andava,com


olhos pequenos e puxados veio até nós com um sorriso no rosto.Parou na
mesa e apoiou as mãos na cadeira de Max cumprimentando todos nós se
apresentando como Leandra.Eu fui a única que apenas cruzei os braços e
fiquei incomodada com a mulher.Parecia animada e carismática.Se virou
para Marcelinho e falou:
—Marcelo que bom te ver por aqui.-aTocou o braço do meu irmão.—É sua
primeira vez na cidade,certo?

—Sim,vim de passagem apenas acompanhar minha irmã.—Apontou para


mim.Ela riu para mim e eu fiz o mesmo,forçado.Então ela e meu irmão se
conheciam de onde?Comecei a tirar as peles "mortas dos lábio" irritada.
Leandra se virou para Max e comentou:

—Pensei que seu irmão viesse também,ele veio ontem aqui me contou o
que aconteceu.
Que irmão?

—Sabe como ele é,estava ocupado esses dias.


—Ele é muito difícil de atender o telefone.—Ela soltou uma risada.—
Olhem,fique à vontade,viu?Com licença.

Comecei a balançar a perna ansiosa e doida para saber que irmão era.Bufei
torcendo para Max ser um fofoqueiro e contar alguma coisa,e por sorte ele
parecia ser pois comentou com meu irmão que não sabia que ele e Leandra
se conheciam.
—Que Bem e Leandra tiveram um caso de quase três anos eu estou
lembrado,só não sabia que se conheciam.—Minha boca quase caí no chão
com a descoberta.

—Ele levou ela uma vez no clube que eu frequentava.—Me olhou como se
não quisesse falar desses assuntos comigo por perto,com certeza deve ser
clube de sexo não sou tão tonta,ou pelo menos algo parecido.
Apesar de eu ter olhado para Bem daquela maneira ele deveria gostar de
mulheres experientes como essa mulher de agora.E eu nem deveria estar
pensando nisso.

Max acabou contando um pouco da vida dela,e eu olhei a mulher que estava
no balcão rindo para algumas pessoas.Quando ela sentiu que tinha alguém
observando procurou com o olhar,mas eu disfarcei bebendo minha cerveja
fazendo careta com a bebida.
Max decidiu ficar,e meu irmão veio embora comigo.Quando a gente chegou
na fazenda encontramos o outro irmão,Gael.Ele também era super querido e
receptivo,não era muito forte e tinha um sorriso expansivo.

O jantar estava sendo servido,e nos chamaram para comer.Fiz questão de


me sentar perto dele,não sei o que deu em mim,mas senti vontade mesmo
ele sendo assim,e ter me tratado com frieza.
O clima entre nós ficou quente mais cedo e acho que ele sentiu também,e
agora de novo eu estava suando,tremendo e de pernas bambas com um
aperto no peito e nas áreas baixas.Enquanto ele se mantinha imparcial
dentro vestido casualmente de jeans e polo azul.

—E aí,conheceu a cidade,Maju?—Victória perguntou.


—Sim,gostei bastante.

—Depois podemos ir juntas,fazer compras.


—Eu vou amar.—Sorri de volta para ela.

—O Max ficou?—Enzo perguntou se levantando de perto de Marcelinho.—


Filho da puta.—Saiu correndo apressado levando a carteira e chave do
carro.

—Esses meninos eu não sei...—Rosa riu.—Quer café,meu filho?—


Perguntou a Bem que afirmou e ela se levantou.—Vou trazer para todos.
Gael explicava algo a meu irmão que ouvia atento,ele até gesticulava as
mãos.Victória também estava prestando atenção,e só sobrou nós dois em
silêncio.

—Gostou da casa,Maria Júlia?—A voz rouca e grossa perguntou,e eu


estremeci.Virei apenas a cabeça por estar do lado dele.
Meu nome na sua voz parecia surreal de forte e bonito.

—É bonita,e o quarto também,obrigada.


—E a fazenda?Vai trabalhar aqui.

—Aqui?De quê?—Cruzei os braços.Ele me olhou por um momento


novamente antes de me responder.
—Seu irmão me falou que você cursa veterinária então pode ajudar Enzo e
Victória com alguns touros que chegarão em breve,virão de fora do país.
—Não estou aprendendo sobre touros,não vou saber fazer nada.
Eu nem sabia o que queria na verdade.
Ele contraiu a mandíbula parecendo odiar ser contrariado,igualzinho a mim
quando não fazem o que quero.Parecia não ser a resposta que ele queria
ouvir,mas não sabia nada sobre melhoramento genético.
—Tem outros animais na fazenda que você pode trabalhar com ajuda dos
profissionais certo.

Fiquei calada,incomodada.
Meu irmão disse sim sobre esse estágio,mas eu tinha mesmo que ficar aqui
na fazenda?Eu pensei que o estágio fosse no escritório ou na fábrica que
eles tinham com os produtos que importava.Eu tinha mesmo que ficar na
fazenda o tempo inteiro?Bufei contrariada também.Não estava acostumada
com essas coisas,talvez seja por isso que eu esteja aqui.

Senti vontade de chorar novamente,voltar para casa,pensando porque que


eu não gostava de direito também?Fui criada no meio de advogados e vim
estagiar no meio do campo em algo que também não gostava.
Inventei que estava cansada da viagem,me despedi de todos e fui para o
quarto tomar banho.

Passei meus cremes de dormir,e me joguei na cama abraçando o


travesseiro,ainda não eram nem nove da noite,mas eu só queria dormir logo
para passar rápido.
A porta do meu quarto foi aberta e meu irmão entrou também,de calça de
pijama e camiseta azul.
—Vim ver como você estava.—Ele se deitou ao meu lado na cama.
—Na medida do possível.Que história é essa que vou estagiar aqui na
fazenda?Pensei que fosse no escritório...
—Vai estagiar no escritório dos Santiago,são referência.Eles tem inúmeras
áreas e eu comentei com o Bem.Ele vai até redigir um contrato para agregar
no seu currículo,futura veterinária.Você é bem questionadora dava para ser
promotora.
Achei estranho e contraditório,ele falava a verdade ou o Bem.Minha língua
coçou para dizer o que Bem me falou de trabalhar aqui na fazenda e não no
escritório,porém fiquei quieta.

—Quando gritassem comigo no tribunal eu ia chorar.—Ele soltou uma


gargalhada.—Acho que gosto do que escolhi—Sorri fraco,sem certeza.
-Eu fico orgulhoso,te vi nascer,quero seu melhor.—Me joguei no colo dele
e o abracei.

—Te amo.
—Eu que te amo.—Beijou o topo do meu cabelo.Bocejei e ele ficou comigo
até eu dormir.
Ainda acordei no meio da noite estranhando o fato de Andrezinho não ter
vindo para cama dormir comigo,e aquela não ser a minha cama.
*********

No outro dia eu acho que acordei literalmente junto com as galinhas,pois


seis horas eu já tinha acordado,acabei dormindo cedo e acordei
também.Fiquei enrolando na cama até me levantar e ir me arrumar.
Depois,abri a porta do quarto e dei de cara com a enfermeira que estava
com o celular nas mãos abrindo a porta que dava acesso ao corredor
também.Me perguntei onde meu irmão estava,e vi que aqui embaixo só
tinha três quartos.

Cheguei na sala de jantar e vi Rosa,Bem,Victória e um senhor na cadeira de


rodas.Apesar de ter a boca um pouco torta ele deveria ter sido muito bonito
quando mais novo.Tinha cabelos grisalhos,o rosto magro.Ele me olhou e
arregalou um pouco os olhos,franzindo o cenho.Desejei "Bom dia"dando
uma olhada rápida para Bem apreciando o tanto que ficava bonito dentro
dos ternos escuros e caros.
—Pai,essa é a Maju que te falei.—A morena se apressou em dizer.
—Bem fa...falou comigo.Se...senta,menina.—Falou a última palavra com
dificuldade.Ele também deveria gostar de dar ordens.
—Oi—Me sentei perto dele e estendi minha mão,ele me olhou como se não
fosse fazer isso.Todo mundo na sala ficou na expectativa,e ele mesmo com
a mão tremendo aceitou a minha estendida.—Como o senhor se chama?
—Vo..cê.Estevão.
—O meu o senhor já sabe.—Olhei para Bem que me analisava quieto.

Lembrei dos meus avós velhinhos assim,meu bisa tinha traços orientais cara
de bonzinho,enquanto aquele homem não parecia ser desse jeito.Não senti
uma sensação boa vindo daquele velho que tinha cara de rabugento e
chato.Só fui simpática porque estava na casa dele.Não falaria nada a meu
irmão porque apesar de não querer ficar aqui,estava com vergonha de voltar
para minha casa.
O café foi servido e logo a mesa estava cheia com todo mundo da
família.Selecionei o que ia comer,porque eu era vegetariana,não comia
carnes de animais só os derivados como queijo,leite...
O dia passou rápido e eu fiquei triste quando anoiteceu e meu irmão
precisou ir embora,foi de jatinho por ser a noite e com urgência para São
Paulo,ficaram encarregados de levar o carro depois.Me senti sozinha por
um momento,mas prometi a mim mesma que eu iria ser forte,logo chegaria
o são João,e eu teria com o que me distrair.
—Maju não fica triste,e por favor me chama de Vicky.
—Vou tentar.

—Amanhã o Bem mandou eu levar você comigo e Enzo para ver os touros
que chegaram.
—Só trabalham com exportação de animais?—Perguntei irritada,mas ela
não percebeu.

—Não,todos os produtos da fazenda são exportados também.


—Queria ver também o haras.
—Te mostro.—Sorriu.—Tem uma égua que tá para parir.
—É sério?—Meus olhos brilharam.

—É.—Sorriu,mas seu sorriso foi se desfazendo aos poucos.—Preciso


comentar uma coisa,não tem mulheres nessa casa além da Rosa que eu
possa desabafar um segredo.
—O quê?—Arregalei os olhos.

—Acho que estou grávida.


—Jura?—Abri um sorriso genuíno e segurei suas mãos.—Isso é
maravilhoso.

—Sim,estou com um pouco de medo e vou confirmar com um exame.Eu


não queria ter filhos agora,mas tudo bem o Gael estava me pedindo e tenho
certeza que vai ficar feliz.
—Você não parece exatamente feliz para quem está grávida.
—Acho que não recebi bem a notícia.
—Você deve estar assustada.

—É isso.—Sorriu e se levantou.—Estou assustada e tensa.—Estranhei


como ficou um pouco triste,parecia que tinha alguma coisa incomodando
ela,e não queria dizer.
O que quer que fosse ela não sabia disfarçar muito bem.
Capítulo 4

Bem Santiago.
Não esperava que a Maju que tanto ouvir falar fosse aquela garota.Foi um
baque ver aquela mulher parada na minha frente me encarando um pouco
retraída.Era linda demais e assim que eu bati o olho senti todos os meus
instintos falarem mais alto,e estava pouco me fodendo o que estava na
minha volta.
Era mediana,loira e tinha os olhos azuis vivos.O rosto era fino,tinha o nariz
pequeno e a boca era uma coisa linda.Era uma boquinha carnuda que fazia
um biquinho naturalmente.

Seu olhar era totalmente submisso e acho que isso foi o que mais mexeu
comigo depois da sua beleza.
O olhar e o biquinho me fizeram ficar louco e a analisar como um
predador.Ficou parecendo que tinha medo de mim,e me analisou com a
mesma fome que eu olhei para ela.E eu não sei se ela sabia que estava me
analisando daquele jeito.

Mas a menina só tinha dezenove anos,e eu não ia fazer isso com ela.Eu era
perverso e violento.Gostava de sexo assim,de trepar feito um animal,de
comer tanto uma boceta a ponto de ver mulher com as pernas
fracas.Gostava de bater,de amarrar e espancar uma bunda e deixar bem
vermelha.
Ela só escaparia de mim por causa da idade,eu não ficava com meninas de
sua idade,era vinte e dois anos a mais de depravação.

Eu tinha idade de ser o pai dela então iria me controlar e ficar longe.
E era melhor porque não gostava de compromissos,e dentro da mesma casa
era complicado.O melhor era ter casos rápidos,fodia à vontade e não
passava disso.Tudo funcionava nos meus termos e não era todas que
aguentavam.

Eu não queria nem pensar se ela aguentaria ou não, só a manteria longe.


Apesar de seu olhar submisso,e de ela não conseguir me encarar por muito
tempo ainda teve a coragem de soltar um risinho para mim,e aquilo me
deixou louco,fora de mim.Por isso fui bem frio com ela,e achou que eu não
tivesse gostado dela.E seria melhor que achasse mesmo.

Parecia ser ousada e muito mimada.


E eu pensei que minha irmã fosse,me enganei pra caralho.

Teve a coragem de sentar ao meu lado então eu puxei assunto vendo que
ficou um pouco sem entender o que eu falava.
Eu ia mantê-la afastada de mim,por isso o contrato que eu ia mandar
Fernanda fazer ia ser para ela estagiar na fazenda,e não no escritório.Eu não
queria saber se ela sabia ou não sobre touros e o caralho a quatro.

Era sim mais fácil ficar perto de Max e Enzo aprendendo sobre os gados de
corte,mas isso significaria ela trabalhando no mesmo lugar que eu.
Quando apareceu com roupas justas fiquei tão desnorteado que acabei me
estressando e chegando mais cedo no escritório ficando super irritado.Era
melhor eu ir ao clube Versailles e procurar alguém com as mesmas
características dela,o que seria difícil.Porque as mulheres que tinham lá
poderiam ter o cabelo loiro e os olhos claros,mas o rosto era de experiência.

E a porra daquele rostinho era inocente demais.


Marcelo tinha ido embora já fazia dois dias,e eu não vi a menina porque
ficou mais trancada no quarto provavelmente se adaptando,o que eu
agradeci.

Eu era um pervertido,e se eu fosse daqueles que demonstrava meus irmãos


já teriam sacado.Eles pensam que eu não reparei os olhares deles em cima
dela enquanto tomava café.A desgraçada conseguia ser bonita até cortando
o bolo e levando ao prato,parecia ter vergonha até desse simples ato.
Hoje eu também não tinha visto ela pois Rosa me falou que ainda estava
dormindo quando desci para tomar café e vir para o frigorífico.

Fernanda chegou na minha sala um minuto depois com algumas pastas em


mãos.
—Bem,aqui os relatórios e os contratos para você assinar.—Ela colocou as
pastas em cima da mesa.—Estão na ordem que precisam ser entregues.

—Fernanda,eu queria pedir você redigir um contrato para mim.—Expliquei


a ela a situação por alto.—Quero que ela estagiei na fazenda,e ganhe um
salário.Como ainda não sabe muito,achei melhor.—Era mentira,mas
Fernanda não precisava saber.—Depois você manda uma cópia para os
endereços que eu vou lhe mandar.
—Farei agora.Só uma pergunta,você pode leva?

—Peça a Max ou Enzo.


—Eles viajaram para cidade vizinha,esqueceu?Foram para aquela reunião
do rodeio que está próximo.Os compradores pediram para antecipar para
hoje.

—E deram alguma desculpa?—Franzi o cenho.


Filhos da puta,não precisava ir os dois.Como eu conhecia Enzo,foi atrás de
alguém e Max junto porque os dois viviam competindo mulher,se
desafiando.

—Não.
—Então você vai até a fazenda e pedi para ela assinar o contrato,e explica
como tudo funciona.

—Eu vou fazer e levo ainda hoje.


—Vou ligar na portaria e liberar sua entrada.

Antes de entrar na reunião que eu tinha com uns compradores chineses,o


delegado Rodrigues me ligou e eu atendi no segundo toque,perguntando do
que se tratava.
—Sim,Bem a gente descobriu quem é o cadáver.A família veio reconhecer
o corpo,trata-se de Reis Sena,trinta e dois anos.Agora sobre o outro homem
que conseguiu fugir mandei os policiais rodarem as cidades vizinhas e
descobrir que foi internado depois de um tiro,ele se chama Mariano
Tavares.Vou ver o que consigo descobrir sobre ele.

—Se pegarem esse homem eu quero ele vivo.—Disse com raiva.—E mais
informações sobre os policiais infiltrados entre os peões?
—Foi relatado algumas movimentações estranhas de dois dos seus
peões,mas nada que possa incriminá-los.

—E sobre aquele outro assunto?


—Posso passar aí antes do almoço.

—Te aguardo.
Desliguei e fui para a reunião.Passei a manhã toda em negociação com dor
de cabeça porque queria tudo ao meu controle e com a porra daquele
pessoal eu era obrigado a falar junto do tradutor ao meu lado.Eles vieram
direto e pessoalmente falar comigo.Quando terminou consegui fechar em
um preço bom então estava satisfeito.

Peguei café preto,sentando novamente na mesa.Fernanda bateu na porta e


entrou em seguida,ela me olhou por cima dos óculos e se aproximou.
—Como foi?

—Ela disse que não ia assinar nada.


—Por que?—Comecei a me irritar.

—Falou que se recusava assinar e que não precisava de salário


nenhum.Falei que precisava mandar para os endereços que você pediu e ela
se negou,disse que ainda não tinha estudado sobre quase nada que tinha na
fazenda e o máximo que sabia era os gados de corte.
Terminei o café quente em um único gole e saiu queimando tudo.Respirei
fundo,e massageei minhas têmporas ignorando a quentura na garganta.
—Pode ir Fernanda,deixe esse contrato aí.Amanhã te falo,e você manda as
cópias.

—Tudo bem.Como foi com os compradores?


—Tudo certo,só esperar Max chegar e mandar para eles.Aqui os
contratos,já estão assinados.—Estendi os documentos para ela.

Precisava ir para casa almoçar,mas antes ia esperar por Rodrigues.


A porta bateu e Lurdes entrou pedindo licença.

—Senhor Bem,o delegado está aí fora.


—Mande entrar,e ligue para Rosa,Lurdes vou almoçar em casa.—Ela
balançou a cabeça e saiu.
O homem que me viu desde que eu era moleque se sentou à minha frente
parecendo preocupada.
—Eu acho que esse Mariano Tavares está envolvido em algo maior que
apenas roubo de gados.

—Como o quê?
—A sua irmã,Bem.

—Victória?
—Seu pai mandou matar a família dela,mas eles fugiram,você lembra?O
único que ele matou foi o avó que estava debilitado.—Afirmei com um
aceno.

Eu desconfiava que meu pai tinha feito algo maior contra eles,os acho e
perseguiu,mas nunca disse.
Minha mãe se apaixonou pela menina,e meu pai fazia seus gostos,era cego
aos caprichos dela já que depois de tanta porrada que dava nela queria
agrada-lá.
—Você só sabe parte da história que aconteceu de fato,Bem.Aquela mulher
que não queria entregar o bebê era tia de sangue,e quando sua mãe se
apaixonou pela bebê,a mulher não queria entregá-la.E seu pai mandou
matar o marido da moça também.

—Como se chamavam mesmo?Faz tanto tempo.—Minha cabeça latejou um


pouco mais,enquanto tentava encaixar o quebra cabeça.
—A avó se chama Sofia,e a tia,Vanessa.

—O Marido da moça era funcionário da fazenda eu lembro dele.


—Esse Mariano pode ser o pai biológico da sua irmã,na época ele era
amante da mãe biológica de Victória,não sei te dizer se as irmãs brigaram
por ele.

—Eu fui atrás do histórico desse homem,ele é acusado de estupro,femicidio


das ex-companheiras e suspeito até da morte da mãe biológica da sua irmã.
—Pode mandar matar esse homem,e se por acaso eu o encontrar
primeiro,você finge que não viu nada,e engavete todos os arquivos.Mais
alguém envolvido?

—Essa tia e avó podem estar envolvidas também.


—Porra,mesmo com a suspeita que esse homem matou a parente delas?

—Eles querem dinheiro,e nem a morte da mãe biológica da Victória vão


parar eles.
—Então aquele atentando foi um aviso.

—Você é a chave de tudo,Bem.Sabe o que aconteceu no passado,tem


dinheiro e comanda a fortuna.
—Ache elas,e suma com as duas.E se eu fizer primeiro você vai fechar seus
olhos como sempre fez.Quero a morte das duas engavetadas.

—Isso é com um juiz.


—Eu tenho meus meios,assim como você tem os seus.—Ele afirmou com a
cabeça.

—Eles vão tentar te atingir,você sabe de tudo,foi o que acompanhou todo o


processo.Tirando você da jogada ou te desestabilizando eles podem tentar
algo.
—Mate primeiro a velha.Filha da puta,não respeita nem a memória da
própria filha.

—Eles não vão tentar fazer nada com você agora pois querem seu
dinheiro.E pode ser que além deles tenha uma pessoa a mais por trás,mas
isso não leve em consideração é só desconfiança.
Mais esse problema agora,eu ia avisar a meus irmãos para ficarem atentos,e
a Vicky também.Pois ela era boba,e poderia cair no papo deles.
Quando ele foi embora,não demorei a ir também.
Cheguei no casarão e estava tudo em silêncio.Aproveitei o momento,tirei
meu paletó e segui para o quarto de Maria Júlia com o contrato em
mãos.Ela ia assinar aquele contrato.

Bati na porta e ela abriu surpresa por me ver ali.Meus olhos desceram por
seu corpo,estava de short jeans e blusa colada preta.Seus pés eram
lindos,pequenos com unhas bem feitas pintadas de rosa claro.Senti meu pau
incomodar a cueca,e começar a doer.Os seios estavam pronunciados dentro
da blusa apertadinha,subi o olhar para seu rosto fitando a boquinha que
estava me deixando doido.
—Vim para você assinar o contrato.

—Não vou assinar nada.


—Vai sim.
—Me obrigue.Você acha que eu sou idiota?Eu estou estudando bovinos
agora,é óbvio que eu sei mais sobre gado de corte,e não sobre alimentação
de animais de pequeno porte.
—Essa fazenda é cheia de animais,e aqui você também terá instruções.

—Eu já disse que não quero,e muito menos esse salário.Eu não preciso.
—São as normas.
—Meu irmão me disse que eu iria estagiar na cidade,no frigorífico perto do
seu escritório na cidade,por que que eu não posso estagiar lá?
—Porque eu não quero.—Fui firme e senti que ela estremeceu,seu peito
subiu e desceu.Ela entreabriu os lábios chocada e me olhou receosa.
—É por isso?—Apontou para ela e para mim.
—Isso o quê?

—Isso que tem entre a gente desde que a gente se viu a primeira vez.Eu me
senti atraída por você.—Porra,além da pouca idade,a inexperiência,ela não
sabia esconder o que estava sentindo e foi clara.Eu também ia ser sincero
até porque eu não tenho idades para isso.—Eu acho que é isso,e eu nunca
me senti assim antes. —Concluiu.
—Foi por isso,sim.—Ela pareceu surpresa,arregalando levemente os olhos
ficando até um pouco pálida quando fui sincero.—Mas quero você longe eu
não sou uma boa pessoa,e não sirvo para uma menina da sua idade.

—Então eu não aceito.—Quase gaguejou.

Maria Júlia.
Estava colocando minhas bolsas enfileiradas como gostava de organizar.
Rosa entrou no meu quarto segundos depois.

—Maju,minha filha,tem visita pra você


—Pra mim?Quem é?—Estranhei,já que não conhecia ninguém aqui.

—É a secretária do Bem.
—E o que ela quer comigo?—Franzi o cenho.—Ah,lembrei,deve ser aquele
contrato.
Quando cheguei na sala olhei a mulher bonita,esguia,elegante dentro de
uma saia lápis comportada no tom azul marinho e um blusa de seda
preta.De saltos que a deixavam ainda mais alta.Era morena,os olhos
castanhos escuros,e usava óculos,com uma aliança enorme do dedo.
—Oi,sou Fernanda,secretária executiva que trabalha para o Bem.

—Maju.—Me apresentei e ela apertou minha mão.A mulher analisou minha


roupa,short jeans simples e camiseta preta.Suspirou e me estendeu um
envelope.
—Aqui está o contrato para você assinar,acho que sabe do que se trata.É de
quatro meses,ganha um bom salário e você terá todos os direitos,e é aqui
mesmo na fazenda.—Franzi o cenho suspirando em seguida.

—Não vou assinar nada.E nem quero esse salário.Eu não entendo nada
ainda sobre os animais da fazenda tive que dar uma pausa na faculdade.
—Faz sentindo.—Ela parou para pensar.—Aqui fala sobre alimentação de
animais de pequeno porte,e sobre supervisão.Te entendo,mas são as
normas.-Eu li por cima,confesso.Tinha direito a muitas coisas,mas todas
essas eu já tinha.
—Não aceito,e não quero,desculpe fazer você perder seu tempo.E eu e ele
estamos na mesma casa se ele quiser que venha até mim.—Ela pareceu
surpresa.
—Tudo bem,vou falar com ele.—Ela viu que eu não assinaria,portanto se
poupou do esforço.
Não queria parecer metida,mas eu não ia fazer uma coisa que não sabia
mesmo com supervisão.E eu poderia está tomando a vaga de alguém aqui
que precisava daquele salário.
Hoje de manhã quando eu fui até o estábulo com Vicky olhei as diversas
casas dos funcionários,fiquei me sentindo fútil e mimada porque o salário
que eu olhei aqui pagava uma bolsa das marcas que eu costumava usar.
Fui para o quarto decidida a não aceitar e me distrair com outros assuntos
até a minha situação da faculdade ser resolvida.Fiquei no notebook
revisando e lendo alguns artigos já que não tinha nada para fazer por
enquanto,e Vicky tinha saído.
Na hora do almoço ia trocar de roupa quando ouvi baterem na
porta.Surpresa me tomou por vem Bem entrando no quarto,lindo naquele
terno escuro.Fiquei nervosa e tensa.Eu não era o tipo de menina que ficava
reparando os homens,era mais na minha.Uma vez o outra que eu elogiava
alguém.
Me olhou daquele jeito sério como se não tivesse gostado de mim e vi o
envelope de mais cedo em suas mãos.
Falei que não ia aceitar assinar nada,e acabei perguntando se ele me queria
longe pelo que eu senti,e agora sabia que não fui a única.
—É,e você vai fazer o quê?

—Não sei.Só aceito se você me colocar na área que eu estou


aprendendo,tirar o plano de saúde e diminuir o salário.
—Esse salário vai ser do seu esforço.

—Não quero.
—Você é muito teimosa.—Se alterou um pouco mais,passando a mão pelos
cabelos e olhou para o meu pé depois fitou minha boca.
—Você também,porque fica ignorando essa atração que eu sinto por você e
vice -versa.
—Tenho idade de ser seu pai,esqueça isso.Não vai acontecer.

—Mas não é meu pai.


—Não interresa.—Alterou a voz e eu me assustei chegando para trás.—
Esse assunto morre aqui.—Saiu do quarto levando o envelope.

Bateram novamente na porta e eu achei que fosse ele,mas era uma das
empregadas avisando que o almoço ia ser servido.
Cheguei na sala de jantar sentindo falta de Enzo e Max,estavam viajando,o
que salvou foi Vicky e Gael que foram almoçar em casa.Me sentei bem
distante dele,me servindo bem pouco de comida.O pai dele hoje estava mais
calado que o habitual e umas duas vezes ele olhou para mim como se não
gostasse da minha presença,mas eu já tinha entendido que ele que era
amargo com a vida mesmo.

Fitei Bem algumas vezes,mas ele comia tão contido que pareceu nem ligar
para os meus olhares.Conversei com Gael e Vicky,Rosa também falou,e até
Estevão se meteu algumas vezes na conversa falando pausado e
cansado.Quando terminamos de almoçar,eles gostavam de ficar na varanda
comendo sobremesa e tomando café.
—Fica com a gente na varanda. —Vicky chamou levantando da mesa.
—Não dá,vou fazer uma ligação,depois eu vou.
—Viu,vou guardar sua sobremesa.—Ela falou toda compreensiva e
amorosa.Bem me olhou por um momento, mas logo foi ao lado do pai e
irmão que estavam conversando com ele.
Liguei para minhas primas e elas ficaram eufóricas.Maisa me falou algo
que poderia realmente ser verdade.
—Você de nós três é a mais quieta quando o assunto é sexo.Nunca
fez,nunca se interresou por ninguém e agora ele.É muito diferente de
você,Maju é normal você sentir medo.E você chegou só tem três dias,tenta
deixar isso um pouco de lado mesmo sendo difícil.

Impossível.
—O que você pensa em fazer? —Ana perguntou depois da irmã.

—Nada,apesar de saber sobre sexo eu nunca me interessei em saber as


reações do meu corpo.Eu sou virgem,mas com ele tudo em mim ficou
aceso.Ele me disse que era violento e era para eu ficar longe.
—Pode ser daqueles homens que gosta de sexo muito
pesado,enforcar,xingar.
—Está aprendendo essas coisas onde,Ana? —

—Eu li uns livros.


Sério,onde Ana arrumava esses livros?Eu lia livros eróticos escondidos,só
evitava esse tipo de conteúdo porque ficava envergonhada.
—Não sei se quero isso de violência,estou confusa.
—Não pira com isso. —Maisa se pronunciou tentando me acalmar.
—Eu tenho medo dele,e quero ver suas reações ao mesmo tempo,acho que
por isso provoco tanto.Ele é muito bonito,mas é arisco. —Falei,rolando na
cama mordendo os lábios em um gesto de nervosismo.
—Independente do que seja,é só conversar com a gente. —Minha prima
mais velha tentou me acalmar,o que era impossível convivendo na mesma
casa que ele.

Depois de conversar com minhas primas,enrolei no quarto,cochilei e vi que


já estava quase anoitecendo.Me arrumei e fui encontrar com Vick.Max e
Enzo já tinham chegado de viagem e eu aproveitei a carona de Enzo para ir
à cidade.Ele me deixou na praça,e eu olhei em volta. Marcamos de nos
encontrar próximo a uma sorveteria.Não resisti,e acabei me rendendo para
tomar sorvete.
Vi os cabelos curtos e com cachos de Vicky,ela quando me viu sorriu e
levantou o papel nas mãos.

—Eu ia te chamar para tomar sorvete.—Ela riu.—Fui pegar o exame de


sangue e estou mesmo grávida.
—Parabéns.—Abracei ela de lado.—E o que pretende fazer agora?
—Quero contar hoje mesmo pra todo mundo.Gael só chega do hospital
mais tarde,tô pensando em fazer uma surpresa.
—Podemos ficar aqui,e voltamos com Enzo.—Ela concordou e foi comprar
sorvete também.Atendi a ligação do meu pai,e ele disse que ligaria mais
tarde,só queria saber como o bebê dele estava.Fiquei com Vicky até quase
nove da noite esperando Enzo voltar para buscar a gente.
Assim que cheguei fui para o quarto conversar com meu pai e deixá-los a
sós para Vick dar a notícia.Eu ainda me sentia um pouco deslocada mesmo
sendo bem acolhida por eles.Passou um tempo e eu ouvi uma gritaria na
sala,mas era de felicidade,e as vozes mais alta.Falei um pouco com meu
irmãozinho também,e quando as vozes ficaram mais baixas,saí e dei de cara
com Estevão.Encarei ele também,quando disse:
—Vo...você…pare…ce...com...com...ela.—Ele estava mais cansado que o
normal,parecendo irritado por estar daquela maneira.

—O senhor está passando mal?—Ele negou.


—Cansando.—Falou rápido.—Parece...com..com minha esposa.
—O senhor sente falta dela?—Abri a porta para ele passar.Ele estava
controlando a cadeira pelo botão.
—Me...me...traiu.
—Não precisa se esforçar.—Olhei,com um pouco de pena por vê-lo naquela
situação.Parecia que a qualquer momento ele ia levantar daquela cadeira de
rodas e fazer alguma coisa a alguém.
—Estevão,venha aqui temos notícias maravilhosas.—Rosinha falou
animada.
—Gritos.—O velho disse,e a moça se pôs ao seu lado.Tirei meu olhar dele e
foquei em Bem,que estava me olhando,abaixei as vistas e me sentei em uma
das poltronas da sala.Todos na sala estavam radiante,até Bem que era mais
na dele,sorriu bem discretamente para o irmão que estava todo
bobo.Parabenizei Gael também.
Não estava conseguindo me conter olhando Bem dentro daquele terno com
um copo de uísque na mão sorvendo o líquido aos poucos.Suspirei,doida
para sair dali e fazer algo que eu nunca tinha feito mas pensava fazia um
tempo.Abriram champanhe para comemorar,e eu neguei,ficando apenas na
água.O calor se espalhou no meu corpo,e eu mordi os
lábios,agoniada,nervosa.
Assim que Max saiu,e Enzo subiu,aproveitei para correr pro quarto
também.Estava envergonhada pelo que eu ia fazer.Fechei tudo,e fui para a
cama,fiquei embaixo das cobertas e fechei os olhos tentando
relaxar.Comecei um pouco perdida,mas logo minhas mãos foram
descobrindo por onde passear,e eu timidamente passei as mãos pelos meus
seios apertando o biquinho,soltando um longo suspiro.Abri as pernas,depois
de tirar o short e a calcinha passando minha mão explorando meu corpo
conhecendo minhas curvas e dobras.Senti a textura da minha vagina,e
apertei meu clitóris.Eu sabia onde ficava,só nunca tive coragem de
estimular.Comecei pelo dedo do meio rodeando o clitóris,começando a
fazer movimentos circulares.Pensei na primeira vez que vi aqueles olhos me
fitando,a cara de malvado,o jeito que parecia querer me comer viva toda
vez que me olhava.Bem invadiu minha mente,e eu arqueei um pouco o
corpo quando a sensação ficou muito gostosa.Eu estava me
masturbando,pensando em Bem,e foi tão gostoso,estava tão entregue e
concentrada com ele rondando meus pensamentos que gozei.
Quando acabei estava ofegante,e com os dedos melados mesmo acabei
pegando no sono.
Capítulo 5
Bem Santiago.

Consegui me estressar o dia todo,e hoje não estava sendo diferente.Mesmo


com a notícia de gravidez de vicky que me deixou feliz por eles,eu estava
puto,louco,porque aquela menina tinha me tirado do sério.E estava com
raiva,porque ela não saía da minha cabeça.
Fernanda me perguntou se eu tinha conseguido,e falei que também
não.Garota teimosa do caralho.Fernanda chegou na minha sala e bateu à
porta em seguida:

—Bem,eu estava pensando porque não muda algumas coisas do contrato?


Pode deixá-la sendo supervisionada por seus irmãos no frigorífico,e tem
também aquele estagiário que está mais avançado e pode auxiliá-la.E
quanto ao salário como ela disse que não precisa,você só diminui mais.E o
transporte ela pode vir com algum de vocês.Realmente,sua fazenda é cheia
de peões,desculpe a intromissão.Eles não fariam nada com sua irmã porque
é a patroa também,mas,a menina é muito bonita,chama atenção.Não me
leve a mal.
Eu sabia que ela tinha razão,e apesar de gostar dos trabalhos dos peões não
confiava totalmente neles.E eu não sabia do que eles eram capazes quando
o assunto era mulher.E ela não,era toda delicada,linda demais,e eu a queria
longe desses homens.Eu quero ela longe desse estagiário também.
—Você tem razão.—Suspirei.—Pode mudar o contrato Fernanda,e deixe
que eu mesmo vou levar.—Ela concordou,e saiu da sala.
Maria Júlia era muito teimosa,e tinha conseguido o que queria,ficar perto de
mim.Pois ela não era boa em esconder as coisas,como eu.

Ela acordava cedo,mas não mais do que eu,provavelmente viria com


Enzo,que sempre era o último.Eu a manteria longe aqui também.Ficaria em
outro setor.
Mais tarde Fernanda me deu novamente o outro envelope,e eu levei comigo
para casa.Quando cheguei em casa cumprimentei o fisioterapeuta que
acompanhava meu pai,e falei com Gael que estava de folga.Meu irmão
estava feliz com a gravidez de Vicky,e eu também.Pois essa casa nunca teve
crianças,e seria bom.Pedi licença,e fui até o quarto de Maria Júlia.Bati e ela
gritou um "entre".Quando cheguei no quarto estava todo arrumado,o que
me surpreendeu pensei que ela dependia dos outros para fazer.
Entrei e fui até o closet.Ela estava em cima de uma escada organizando suas
bolsas por cores.Fiquei parado observando o movimento da bunda dela,e de
como era dedicada e organizada na arrumação de seus pertences.

—Ai que susto.—Colocou a mão no peito.—Entrou calado,nem ouvi você


entrar.
—Está devendo?

—Não,é que ficou aí parado.—Ela olhou para mim,e depois para


escada.Pensei que fosse me pedir ajuda,mas foi descendo devagar,e eu
acompanhei atentamente.Pensei que fosse sair do closet,mas se ajoelhou
arrumando os sapatos,e um em específico me chamou atenção.Um
preto,bem alto,com duas tiras traspassadas.Provavelmente as tiras ficavam
bem cima do seu pé,atrás era fechado...Imaginei aquele sapato no pé bonito
e delicado dela,e fiquei com as bolas doendo imaginando como ficariam.
—Vim trazer seu contrato.

—Já disse que não vou assinar,não sei porque insiste.—Se abaixou mais
pegando um sapato rosa.Acabei me estressando com sua teimosia,a peguei
pelo braço,e a levantei deixando seu rosto bem próximo do meu peito.
—Você vai assinar sim,porque está do jeito que você quer.—A puxei
delicadamente pelo braço e ela veio sem reclamar.Coloquei a porra do papel
na escrivaninha,e puxei uma caneta no bolso do terno.

—Aqui.—Ela pegou a caneta,e leu o que estava escrito.Olhou para mim,e


deu um sorrisinho.Depois assinou onde estava assinalado.
—Prontinho,Bem.—Ela deu outro sorrisinho.—Assinado.—Peguei o papel
de sua mão.

—Você vai com Max ou Enzo.


—E com você?
—Acordo muito cedo,mas pode também.—Ela balançou a cabeça.Vi
quando se afastou e fiquei doido nos seus cabelos loiro grande chegando na
bunda.A cinturinha cheia,o cabelo espalhado nas costas.
—Vamos almoçar.—Falei em tom de ordem,e ela se virou lentamente.

—Tá bom.—Disse simplesmente.—Vou me trocar.—Apontou o short curto.


—Fiquei parado olhando ela sumir dentro do closet.Imaginei ela se
trocando apenas de calcinha.Isso tinha que parar.Não tive reação fiquei ali
tentando me recompor e quando fiz ajeitei o terno puxando a lapela.Ela
voltou com um short de cumprimento maior,sorriu quando me viu e veio
andando.Me virei e abri a porta dando passagem a ela.
Durante o almoço Enzo e Max ficaram conversando com ela,brincando e
sorrindo.Ela não sorria daquele jeito para mim,e nem conversava daquela
forma,mas eu também não dava abertura e nem daria.

—E você tem namorado?—Enzo perguntou.—Sou solteiro e serei homem


de uma mulher só.
—Não tenho. —Sorriu.

—Menino deixa de ser sem vergonha.—Rosa riu.Enzo brincava,mas eu


sabia que se Maria Júlia vacilasse ele a agarraria.Max também ia pelas
beiradas.Estavam até se comportando em relação a ela.
—É,não caí nessa dos meus irmãos.—Vicky disse rindo também.
—Eu te vi naquele dia do bar Max,com duas.—Ela entrou na
brincadeira,mas eu não estava achando graça.Gael acabou rindo também.
—E você,Gael?
—Eu sempre gostei só de uma,e estou muito bem casado não sou como
vocês.—Ele riu para os irmãos.Não eram de brincar comigo porque sabia
que eu não gostava,mas de vez em quando pegavam no meu pé.

Quando a sobremesa ia ser servida,Vicky dispensou por estar enjoada e


Maju também não quis,disse que comeria depois.As duas acabaram saíndo
para ver a égua que estava prenha.Pedi café para tomar no quarto,e quando
me levantei avisei.
—Quero vocês dois longe da Maria Júlia.—Eles me olharam de cenho
franzido e ouve um silêncio.—Ela é nova,porra.Seu eu ver um de vocês de
gracinha para cima dela vão se ver comigo,e eu não estou brincando.—Falei
bem sério.Max levantou as mãos em rendição,e Enzo soltou um riso para
mim e balançou a cabeça lentamente.

—Comportem-se.—Disse.
—Isso,ela não é para vocês.Fiquem longe dela.—Saí da sala de jantar e fui
esperar meu café no meu quarto.

Maria Júlia.
Vick me trouxe para ver a égua que estava para parir,e outros cavalos.

—Acho que vão nascer hoje mesmo.—Ela se pendurou na cerca


também.Havia um rapaz capinando perto,parecia ter um pouco mais de
vinte anos.Ele parou o que fazia,ficou estático por um momento e se
aproximou.
Ele era bem simpático,e quando nos viu,sorriu.

—Veio acompanhar o nascimento do potro,patroinha?—Falou com Vick


que assentiu.—Luan.—Estendeu a mão para mim,se apresentando.
—Maju.—Sorri de volta.—Você acha que vai ser hoje?

—Vai,ela está muito inquieta.Mas essa parte não é comigo.Trabalho na


cidade,estou de folga e vim ajudar meu pai.
—E qual raça ela é?
—Quartzo de milha.—Voltamos a dar atenção a égua,que fez um barulho e
se deitou parcialmente no chão,começando a se contorcer.No primeiro
momento,foi pouco,mas,depois,começou a fazer alguns barulhos e se deitou
completamente.Ela ficou assim por pelo menos dois minutos,em seguida,se
deitou parcialmente de novo,e fez força.

Quando ela se deitou e começou a expelir algo como se fosse um saco


branco,saiu um pouco de sangue,e ela foi fazendo mais força até as patas do
potro sair,e então com mais força que ela fez,o filhote saiu inteiro de dentro
dela,se mexendo querendo levantar,mas sem forças ainda.
Ficamos assistindo até Enzo chegar e passar um braço pelo ombro da
irmã,olhando a cena sorridente assim como nós.

—Ruth pariu.—Luan e o pai acabaram sorrindo.—Queria ter vindo mais


cedo,mas estava checando os cavalos que vão ser vendidos para outras
fazendas.
—Você está me devendo.—Enzo olhou para mim.

—É,vamos,estou devendo a Vick também mostrar o novo cavalo que


chegou.
Olhei mais um pouco o filhote quietinho,e a égua Ruth que já se levantava
expelindo um pouco de sangue de onde o filhote tinha saído.Fiquei surpresa
de como aquela fazenda era rica de animais que eram mandados para as
outras fazendas.Fui andando pelo estábulo,e Enzo foi falando as raças e
explicando como funcionava.

—Esse é o Ibrahim,um Mangalarga marchador.Geralmente a gente fica com


poucos desses aqui,porque são bem disputados entre os fazendeiros.
Passei a mão pelo cavalo quando ele se aproximou de mim acompanhado
de um senhor que o segurava pela corda.
—São avaliados em uma faixa de três a cinco milhões de reais.—Enzo
continuo a explicação.Era lindo,todo marrom com a crina preta e uma faixa
de mancha branca na cara e focinho.
—Qual é o cavalo do Bem?—Me vi perguntando, e realmente,o cavalo não
era muito diferente do dono.Enzo me mostrou que o cavalo estava
separado,quieto nos encarando.O espaço era grande,e logo ele sairia.Era da
raça Puro -sangue inglês.

Me apaixonei pelo cavalo assim que o vi.Era lindo demais,negro e


imponente.Eu ouvi falar um pouco dessa raça,e sei que eles adoram um
bom desafio.A crina dele era grade,brilhosa e bem cuidada.
—Ele é bem arisco e valente,está sendo bem difícil para domá-lo.Ele não
deixa ninguém se aproximar muito,e relincha bastante.—Enzo olhou o
cavalo por um momento.

—Ele está me encarando.—Fiquei olhando para ele também.


—É uma raça usada principalmente em corridas devido à sua grande
velocidade. São cavalos pequenos e magros que se destacam em
competições de turfe e hipismo.E eles tem um temperamento bem
difícil,Maju.Esse mesmo está sendo super,nem o Bem está conseguindo.

—Como se chama?
—Salmo.

Eu fiquei olhando para o cavalo,e ele para mim.Quis muito por a


mão,porém fiquei com medo dele me morder.Olhei a outra raça disponível e
eram os cavalos árabes,os mais caros do mercado.Eram
Brancos,enormes,de focinhos grandes e alongado.Fiquei apaixonada.
Os quartzo de milhas que tinham estavam andando soltos pela área da
fazenda acompanhados de domadores e alguns peões.Era mais dóceis,e eu
pude passar a mão no fucinho de dois.Um era branco,e o outro castanho
claro.O outro preto que estava mais distante também ficou me encarando,e
eu me aproximei,de começo ele ficou arisco comigo,e Enzo disse para ter
cuidado,mas eu parei a mão no ar e devagar tentei de novo,e ele abaixou um
pouco a cabeça pegando todos de surpresa.

—Esse é o Atos.—O domador falou.—E ele só aceita quando o patrão


passa a mão no focinho dele.—Descobri que aquele cavalo era o que Bem
andava pela fazenda.
Apesar de ter amados todos,Salmo ficou na minha cabeça e eu fiquei com
pena dele por estar tão sozinho.Um dos domadores disse que assim que
fosse adestrar Salmo me chamaria e eu ficaria aguardando.Ele ia fazer isso
na presença de Bem.

Fiquei meio tímida porque chamei atenção de todos os peões,e eu não


gostava muito de chamar atenção.
Quando chegamos Bem estava descendo as escadas,com outro
terno.Suponho que ele tenha tomado banho e estava voltando para o
trabalho.Estava um cheiro forte amadeirado pelo ar,marcante.

—Bem,o Atos abaixou a cabeça para Maju.—Enzo falou.—Tô sem


acreditar até agora.
—Ele nunca abaixa a cabeça para ninguém.—Bem me encarou depois
voltou a olhar para o irmão.—E o Salmo?
—Está arisco,e quase mordeu um dos peões.
—Eu vou passar lá mais tarde,tem algum tempo que eu estou adiando.

—Posso ir também?—Soltei na hora,e Vick olhou para o irmão animada.—


O domador me prometeu que iria me chamar.
—É, cheio de homens...—Enzo falou.—Seria uma boa mesmo você ir com
o Bem.

—Tá.—Bem falou com alguma relutância.—Mais tarde passo aqui e busco


vocês duas.—Falou quando não tinha mais jeito.Ele não queria ficar só
comigo,e colocou a irmã dele na jogada.Ficou um clima entre nós,e eu para
disfarçar fui atrás de Rosa para comer minha sobremesa.
—-Tia rosa.-Sorri,e ela se virou enxugando a mão em uma toalha de prato.
—Quer a sobremesa?—Ela perguntou rindo e abriu a geladeira.Eu tinha
feito amizade com a cozinheira,as três faxineiras que revezava e as duas
lavadeiras.
—Vai começar amanhã no escritório?—Rosa perguntou ajudando a
faxineira na arrumação dos pratos no armário.

—Vou sim.
Horas mais tarde quando estava anoitecendo,Vick veio me chamar dizendo
que Bem já tinha chegado.Quase desisti de ir,porque ele não deveria estar
com a mínima vontade de me levar junto.Continuava de calça,e blusa social
azul escuros,sapatos italianos pretos,só tinha tirado o terno.Estava muito
bonito.Parou em frente a caminhonete grande,de braços cruzados,com cara
séria.Habitual de sempre.O carro dele tinha o seu cheiro,o perfume
forte,marcante.

Quando chegamos,o domador de mais cedo estava presente junto de Luan,e


mais dois homens.O Salmo estava dentro de uma haras de areia.Assim que
viram Bem,foram cumprimentar o patrão.Notei que Bem pouco vinha aqui
nessa parte.Agora Salmo estava solto,andando devagar.
Assim que ele me viu,ficou me encarando e parou de relinchar.Parei ao lado
de Luan,de olho nas costas larga de Bem que conversava com um dos
homens.A área verde estava escura,e o cavalo parecia estressado.Será que
aquela era uma boa hora para domar um cavalo?Ou era a hora que ele
queria?
—Por que estão domando ele essa hora?
—Mais cedo ele tentou morder um peão.—Luan disse,e riu em seguida.—
Ai ficou mais recluso hoje.Acho que é só para o patrão observar um pouco ,
—Entendi.
—Você vai ficar por aqui?

—Não,amanhã vou para a cidade trabalhar—Quase reviro os olhos.Quase


—Faço faculdade de veterinária.
—Posso te dar carona se quiser.—Ele sabia que eu tinha carona dentro do
casarão,porque eu era hóspede.Notei que ficou me olhando algumas vezes e
certamente tinha interesse—Não se preocupa,que minha irmã vai também.
—É,vai ser uma boa ter amigos aqui.Eu saio mais tarde alguns dias da
semana mesmo.
Quando parei de falar com Luan,Bem encarava nós dois,estava lá aquela
expressão de maldade e raiva no rosto dele.A boca contraída como se
estivesse irritado.Saí de perto de Luan,e fiquei mais próximo de Vick.
O cavalo estava me observando,e eu estendi a mão para ele que veio
devagar na minha direção.

—Ele vai te morder.—Um dos homens disse.


—E se não for para me morder?—Rebati.O cavalo se aproximou mais da
cerca.

—Não arrisque.—O homem voltou a falar.Fiquei quieta e esperei todo


mundo se distrair.Olhei para o cavalo,e ele pareceu entender que era pra vir
porque veio devagar,com a cabeça erguida.Meu coração acelerou,acho que
vinha mesmo para me morder.Mesmo tremendo,ergui a mão e deixei no
ar.Ele relinchou e mexeu as patas da frente.Devagar fui levando minha mão
e quando vi já estava sentindo a maciez do pelo.Subi um pouco a mão,bem
devagar.Ele não abaixou a cabeça ficou me encarando e eu a ele.
Ouve um silêncio e a conversa parou.Eu estava séria,concentrada e com
medo de Salmo me morder enquanto me olhava firme.Quando o domador
foi se aproximar dele,ele pareceu notar e balançou a cabeça,a crina negra se
movendo no movimento brusco.Tirei a mão rapidamente,assustada.
Senti o perfume de Bem,e a mão dele no meu braço,puxando com certa
força.Quando olhei para cima vi seu olhar em mim.
—Teimosa.—Me deixou ao lado dele—Ele poderia ter te mordido,não está
adestrado.
—Ele não mordeu ela mesmo,ficou até mais calmo.Ô moça,quando a gente
começar o adestramento,l bem que a senhorita poderia vir.—O mais
magrinho,que se aproximou do Salmo disse.—Acho que ele gostou dela.
—É Maju,eu te acompanho.—Vick disse.
—Ela não vai vir .—Bem disse e calou todo mundo novamente deixando
um clima ruim.—Eu já vou,e volto pela manhã e a gente tenta.Deixem ele
descansar.
Pensei que fosse me deixar lá,mas pegou meu braço e me posicionou na
frente dele.Acenei para Luan que sorriu para mim.Saí andando na
frente,Vick veio lado a lado com ele.Agora mais essa,Bem achava que ia
mandar em mim.
A sala estava vazia,e antes que ele subisse a escada falei alto:
—Eu vou sim.
—Não vai.—Ele nem se deu o trabalho de virar para olhar nos meus olhos.

—Por que?
—Porque eu não quero.
—Você não manda em mim.
—Não preciso mandar.Você não vai e ponto final.Quando Victória não
for,você vai ficar lá em volta daqueles homens?
—O cavalo gostou de mim,isso pode ajudar.
—Problema seu,não quero saber.Você vai estar ocupada no escritório e ele.
—Voltou a subir as escadas.

—Vamos ver se eu não vou!


—Quem vai ver será você,garota.—A voz cortante dele me fez
estremecer.Fiquei com raiva e bufei,morrendo por dentro.

O meio das minhas pernas latejou,e eu fiquei com mais raiva


ainda,querendo fazer a mesma coisa que fiz ontem.
—Cheguei à conclusão que você é parente do Salmo.Cavalo.—Grunhi.
Fiquei indignada pela forma que ele estava me tratando.Nem parecia que eu
tinha pouco tempo aqui.Ele se virou lentamente,e eu não fiquei para
ver,atravessei o corredor correndo sem olhar para trás.

Capítulo 6
Bem Santiago.

Estava difícil demais Maria Júlia passar despercebida por mim.A filha da
puta não tinha noção do tanto que mexia comigo.Só de pensar que eu estava
olhando para uma menina de dezenove anos me deixava doente.
E ela me deixava louco pra caralho,estava ficando no meu limite.Desde
quando ela veio estagiar aqui me trouxe muita dor de cabeça.E os cabelos
brancos que eu nunca tive estavam aparecendo tanto no meu cabelo e na
barba.

Nos primeiros dias ela estava vindo com Max ou Enzo.Mas Enzo estava
ficando mais tempo na fazenda,e Max vindo mais cedo que o horário
dela.Ela vinha de carona com Luan,um rapaz de vinte e três anos,trabalhava
no frigorífico e morava em uma das casas dos funcionários com os pais e a
irmã.
Além disso, quase matei o representante de um fazendeiro no interior de
São Paulo.Fiquei com vontade de tirar ele da minha sala na base da porrada.

Não sei como,mas ela fez amizade com todos do escritório e frigorífico,com
Fernanda e Lourdes.Minha assistente,que ficava do lado de fora da minha
sala era uma fofoqueira nata,e a garota se aproveitava disso.Não sei que
porra aquela menina veio fazer aqui,que acabou entrando com Lourdes que
vinha servir o caralho do café.Deu vontade de jogar no filho da puta.Ela
trazia a bandeja ajudando Lourdes,que se queixava de problema no braço.E
eu era macaco velho,experiente,sabia que a menina deu um jeito de entrar
apenas para me ver.Ela sabia que eu não era imune,porém eu era mais
esperto.E não ia me render,não com a idade que ela tinha.
Quando ela entrou com a bandeja e Lourdes vinha na frente,fiquei calado
observando a cena.Assim que Gabriel Junqueira olhou a menina,arregalou
um pouco os olhos e ficou sem fala.

—Senhor Bem,pedi ajuda da menina Maju porque o senhor sabe que meu
braço não é dos melhores.—Nem me dei o trabalho de
responder,observando o imbecil babar em cima dela.Enquanto Lourdes
servia o café,ele se levantou todo cavalheiro e foi até ela.E tudo isso na
minha cara.
—Gabriel Junqueira—Estendeu a mão para ela,que fez o mesmo.Ele beijou
a mão delicada com unhas pintadas de rosa olhando nos olhos dela.Ela
piscou e se virou para mim,acho que pela minha cara feia não me provocou
e foi profissional.

—Maria Júlia Zorn.—Tirou a mão,e colocou junto ao corpo.


—Você mora aqui na cidade há muito tempo?
—Eu não...
—Passarei um tempo aqui na cidade,e...—Antes que ele falasse,Lourdes
empalideceu pela minha cara encarando fixamente a cena,vidrado no filho
da puta.Eu nem piscava.
—Eu não conheço nada também,cheguei faz pouco tempo.—Ela também
começou a arregar os olhos.—Licença.—Deu o braço a Lourdes e saiu da
sala.
—Ela é linda.

Eu sei,porra.Ela é linda mas é minha.


—Ela é minha.
—Sua o que,filha?—Franziu o cenho sem entender.—Ela entrou e ficou
olhando pra você,pensei que...Que...
Gaguejou,nervoso e sem graça.
—Ela é minha mão em sua cara se você voltar a pensar no que não é
seu,porra.Se eu souber apenas que você imaginou qualquer caralho com
ela,te caço no inferno.
—Eu...Eu achei que...—Começou a gaguejar,ficando sem
graça,recompenso a postura.
—Não quero nem que você ache nada,eu quero que você foque
nessa...nesse contrato aqui.—Apontei para o contrato à nossa frente.Estava
cego de ira,mas não podia xingar com esse merdinha.Meu olho nem
piscava,e eu até sentir um tremor levemente no olho .Estresse.
—Me desculpe...eu não sabia.

Esse foi só um dos episódios.Já tinha passado uma semana que ela estava
trabalhando aqui,e em menos de uma semana um outro comprador de
cavalos nem conseguia se concentrar porque ficou me perguntando quem
era a loirinha que trabalhava no frigorífico.Eu sentia a veia do meu pescoço
pulsar,meu ombro que levei o tiro doer e minha cabeça girar.Parecia que um
véu vermelho tinha descido das minhas vistas. Não vendi os cavalos a
ele,mandei ir embora.
Precisei negociar com um representante fora da fronteira que estava na fila
de espera.Esse sim me agradou já que não olhou Maria Júlia.

Tente me distrair,e na hora do almoço sair mais cedo para não ter chances
de ela me pedir carona.Precisava de uma bebida,e não dava para
esperar.Cheguei no estradas bar,estacionando o carro e pegando minha
caixa umidora.Esse representante gostava de me agradar e trouxe charutos
cubano.Eu não fumava sempre,era só nos momentos que eu eu estava no
meu extremo,e hoje era um dia desses.Por sorte,eu ganhei.Fui recebido por
minha amiga,quando me viu abriu um sorriso,e se aproximou.
—Bem,que visita boa,no meio da semana.A que devo a honra?—Apenas a
olhei,sem dizer nada,e ela entendeu que eu não queria conversar.
—Me sirva um uísque.—Não consegui dizer mais nada.Ela pareceu
estranhar.Soltei um suspiro longo,me sentando no balcão.—Pode acender
meu charuto?
—Claro que sim.—Se aproximou com um isqueiro.Meu olhar desceu por
seu corpo,olhando os contornos da sua silhueta,quadril e bunda larga.Seus
seios firmes,e o sorriso largo,feliz.Soltei a fumaça da minha boca,sentindo o
gosto do charuto forte.Ela bateu o copo e eu peguei bebendo em um gole
sentindo arder,queimar.
—O que houve?Problemas?
Sim,um problema de meio metro,olhos azuis e cabelos loiros.
—Estresse.—Falei por fim.—Já preciso ir,só queria beber uísque e arejar a
cabeça.
—Achei que fosse sobre o atentado que sofreu.
—O delegado está cuidando de tudo,fique tranquila.Eu descobri que tem
haver com os parentes de sangue da Vick.—Ela pareceu chocada e
entreabriu os lábios.Leandra era uma pessoa de confiança,por isso eu não
preocupava em contar nada.Claro que não dava todos os detalhes.
—Meu Deus...—Ela se apoiou no balcão,olhos brilhando.—Precisa de
alguma coisa?
—Não.O bar está indo bem.—Mudei o assunto.Ela sorriu e segurou minha
mão.
—Se tiver outra coisa te preocupando sabe que pode contar comigo.Tem
tempo que eu não te vejo tão estressado e irritado.

O que ela ia achar de eu estar louco por uma garota de dezenove anos
quando eu ia completar quarenta e dois dentro de algumas semanas?Eu
estava enlouquecendo com tudo que eu queria e não podia fazer com ela.E
Maria Júlia não ajudava.Dificultava.Eu não ia contar a Leandra sobre a
garota.
—Não tem.—Terminei meu uísque em um gole e fumei mais do
charuto.Me despedi dela,e saí de lá indo para casa.

Maria Júlia.
Estive aceitando a carona de Luan,e da irmã,Raquel quase todos os
dias.Pois Enzo estava ficando mais na fazenda,e Max vinha cedo
demais.Então vinha com ele,que sempre puxava assunto comigo e a irmã
participava da conversa.Nunca falei meu sobrenome pra ele,e nem sabia se
ele já sabia.Mas ele achava que eu estava de favor na casa dos Santiago.
Na semana que eu comecei a trabalhar aqui,fiz amizade com algumas
pessoas.E entre elas, Lourdes.
Eu não gostava de ir sempre pra casa almoçar,porque achava cansativo
então trazia comida e deixava no refeitório,e foi aí que eu conheci a moça
de meia idade,que gostava de fofoca.Soube que era secretária pessoal do
Bem,e fiz amizade ela.Desde do dia que chamei Bem de cavalo,ele mal
olhava na minha cara,e ficou com raiva quando eu ajudei a senhora com o
café.Me aproveitei da dor de braço dela.

Era bom trabalhar perto do frigorifico.Eu não ficava exatamente nessa


área,ficava na administração das exportações dos bois,também monitorava
gados de corte.Max me ensinava muita coisa.
Que hipocrisia da minha parte,uma vegetariana que trabalhava no
frigorífico.Na verdade,a culpa é mais da minha mãe e do meu irmão que me
jogaram aqui.Por sorte,eu realmente trabalho com os animais e não vejo o
resto.
Vi Bem saindo do carro dele que tinha voltando do conserto há três
dias.Sabia que ele não ia me esperar.Não quis esperar por Max,e acabei
almoçando por um restaurante próximo mesmo e voltei no fim do dia de
carona com Luan.Ainda na estrada,meu pai finalmente me ligou.Quando
cheguei no casarão fiquei na escada na varanda falando com ele.
—Oi,amor da vida do papai.
—Oi,papai.—Sorri.—Estou com saudades.
—Como está sendo o trabalho?
—Estou amando.Fiquei apaixonada na parte dos cavalos da fazenda.—Pena
que vou pouco,porque Bem é um grosso que deixa minha calcinha úmida.
—Que bom,minha loirinha.Aqui nessa casa não é o mesmo sem você,e eu
sinto que você está gostando.
—Não sei como seria se eu morasse aqui.—Confessei.—É estranho pensar
em longa data.Cadê o Andrezinho e a mãe?
—Saíram,foram no shopping comprar uma quadriculada para seu irmão.
—Queria passar São João aí ,mas sei que ainda é cedo.

—Não é só você quem sofre,pequena.Papai mandou te entregar um


negócio.
—É sério?
—Sim.Logo você estará aqui conosco novamente.
Fiquei conversando um tempo com meu pai,ele me atualizando do que
acontecia,até perdi a noção do tempo.
O carro de Max estacionou perto de uma árvore,e eu me dei conta do
quanto estava tarde e eu ainda não tinha entrado,provavelmente perdi a hora
de comer.Acenei para Max que entrou primeiro,e depois de desligar,entrei
também.Assim que abri a porta,estavam todos reunidos na sala.A família
inteira.
—Filha você demorou a gente acabou comendo—Tia Rosa falou.
—Ah,eu ainda estou cheia.
—Ainda tentei,mas cheguei de plantão morrendo de fome e enchi o saco de
Rosinha.—Gael falou divertido.Bem encarava as flores em cima da mesa de
centro,e me encarava em seguida.As flores eram azuis,um buque enorme.
—Tudo bem.
—São suas.—Vick apontou.Meus olhos arderam,foi meu pai.Desde
criança,ele sempre me deu flores todos os dias.—E são lindas.É tão raro ver
esse tipo de flor por aqui.

—É.—Peguei o buquê e cheirei olhando o cartãozinho com a letra dele.—


Bem deixou a xícara em cima da mesinha ao lado da poltrona e se levantou.
—Foi meu pai que mandou.—Mostrei o cartão.
—Posso colocar no vaso pra você.—Rosa estendeu os braços para pegar.—
Deixo no seu quarto.
—Seu pai é fofo.—Vick comentou e se virou para mim.
—Ele me dá flores desde que eu tinha quatro anos,quando eu descobri que
mudei de "pai".Não lembro muito bem.—Rosa pegou as flores e saiu.Bem
deixou os ombros caírem e subiu desejando um boa noite,frio.
—Como assim?—A morena se interessou e eu me sentei na
poltrona,contando um pouco do que aconteceu.
—É complicado,vou resumir.O pai do meu irmão Marcelinho não é o
mesmo que o meu.—Vick balançou a cabeça,pois essa parte já sabia.—E o
meu pai,Diego,é primo do pai do Marcelinho,Álvaro.—Vick e Gael abriram
a boca chocados.Max cruzou os braços também,interessado.
—Conte mais,tá interessante.—Max falou rindo.—O safado do Marcelinho
nunca me contou essa parte.
—Claro que não,você sempre está ligado nas bundas das mulheres,Max.

—Quando eu nasci,minha mãe ainda era casada com Álvaro.—Tive um


pouco de vergonha de contar o quanto foi adúltera.
Eu nem olhava na cara do pai de Marcelinho nos aniversários e recepções
da nossa família.Álvaro não deixava de ir,e meu pai também não,mesmo
errado.
Fui criada por ele até os quatro anos,só que eu não lembro.Minhas
memórias afetivas já são com o meu pai.Minha mãe me disse que na época
precisei de terapia,deve ter sido horrível.
E a família dela,ela nunca falou.Não sei quem são seus pais,meus avós.Ela
nunca tocou no assunto depois que cresci.
—E as flores?—Vick quis saber.
—Assim que minha mãe e Álvaro se separaram,ela teve crises de ansiedade
e depressão então não conseguiu ficar comigo,fui morar com meu pai,a
forma de se aproximar dele foi essa.

—Fico imaginando sua cabeça de criança na época.—Max comentou.


Ficamos conversando até tarde,contando sobre a nossa infância.Soube um
pouco da história de Vick,e não foi tão boa,pois a mãe dela havia falecido,e
ela foi criada pelos irmãos.
No dia seguinte decidi sair um pouco mais tarde de casa,junto de Luan.
Vi Rosa guardando uma marmita,e falando a um peão o que ele tinha que
fazer.Ouvi parte da conversa.
—Peça para deixar com o senhor Bem.
—Não precisa,Rosa,tirar o rapaz do trabalho dele.Eu levo.—Sorri para ela.
—Não me atrapalha,juro.

—Se é assim.—Ela me estendeu a marmita.Peguei a sacola,e fui para o


escritório.Eu adorava perturbar o juízo de Bem,porque sabia que ele não era
imune e queria ter uma boa relação com ele.Se bem que nossa relação era
muito estranha desde da primeira vez,e eu tento relevar.
Nem passei no meu setor,já fui direto para o de Bem.Como Lourdes era
minha amiga,sorrir para ela e apontei para a sala que tinha o nome"Bem
Santiago"na porta.
—Ele está com visita.
—Quem?
—O delegado.
—Vou esperar.—Fiquei esperando meia hora sentada no sofá da recepção
até o delegado sair.Bem estava atrás dele e apertava sua mão.Assim que
Bem me olhou pareceu só ter olhos para mim,e o delegado percebeu,e
acenou para mim educadamente indo embora.Levantei a sacola,e sorri para
ele que se manteve sério.Nem esperei ele falar já fui entrando em sua sala
sem vida,e escura.
—Rosa te mandou. —Mostrei a sacola.
—Obrigado.—Pegou da minha mão.

—Você só tem essa cara? —Questionei,olhando dar a volta na mesa.


—A única que eu tenho.—Se sentou na mesa.
—Hm.—Continuei olhando para ele.—Estou indo.
—Você vai voltar comigo hoje. —Estranhei,pois ele nunca deu abertura
para eu voltar com ele.
—E vai me levar para ver o Salmo?
—Não.

—Vai sim.—Cruzei os braços.


—Depois do São João,estou sem tempo de ir lá essa semana.—Me
surpreendi quando ele foi menos grosso.—Você só vai comigo,não confio
nesses homens.
—Tudo bem.—Frisei e ele continuou com a mesma cara.—Se prefere
assim.—Não quis mais incomodá-lo e sair da sala dele.
Na semana seguinte já era São João,e eu me surpreendi do tanto que passou
rápido.Essa era primeira vez que eu ficaria relativamente só sem ninguém
da minha família por perto.Já tinha me adaptado.
Eu soube que teria uma festa na fazenda vizinha que era aberta ao público,e
no dia seguinte uma quadrilha ia se apresentar na praça da cidade.Santa
Clara estava toda decorada de bandeirolas coloridas e bonequinhos
caipiras.Até aquele Estradas bar,que era famoso na cidade,receberia um
cantor de forró.
Todos do casarão iam,até mesmo Rosa que não era muito de sair de
casa.Não sabia bem o que usar,mas optaria por algo mais confortável.Me
arrumei com uma blusa transpassara pelo pescoço,calça bege,e deixei os
cabelos soltos.
Passei uma maquiagem básica e nos lábios um gloss com fundo rosa.Eu ia
com Vick e Gael,que iriam mais tarde.A casa estava silenciosa e era sinal
que todo mundo já tinha saído.
Pensei em Bem,se ele já tinha ido com os irmãos na frente já que não o vi
hoje.
Ele era sempre tão intenso com a família,protetor,mas nunca vi dando
grandes sorrisos,e tenho a impressão que era porque eu estava sempre por
perto.Era um homem um pouco sombrio,e mesmo assim,perto dele eu
sentia meu corpo pegando fogo,e minhas partes piscavam,pulsava.
Eu ainda não sabia como me referir a minha vagina.Acho que boceta
combina mais quando se fala de sexo,mas eu ainda fico meio insegura de
chamar a minha boceta de boceta.Talvez quando eu começar a fazer sexo,eu
queira usar termos quentes e ousados.E a verdade é que eu me sentia
pronta,porque eu queria sentir a sensação.
Quando Vick desceu as escadas com os cabelos soltos do cachos,com uma
blusa quadriculada e um short jeans,sorri para ela elogiando como estava
bonita.Ela arregalou os olhos para a minha roupa meio ousada,mas disse
que eu estava muito linda também.Gael veio atrás com blusa
quadriculada.Dos irmãos,ele era o mais diferente em termo estético.O
cabelo dele era grande e sedoso,com uma barba rala bem feita,mas não era
tão forte,e sim bastante alto.

—Vamos?—Gael sorriu.—É uma das épocas que eu mais gosto do ano.—


Segurou a mão da esposa que sorria alegre e apaixonada por ele.
—E você tem folga.
Eles riram.
—É,eu estou ficando bastante tempo no hospital...Esses últimos meses na
verdade quase não paro em casa.
Eu percebi isso,ele desde que cheguei estava ficando mais no hospital
porque estava terminando sua especialização.Percebia o quanto Vick ficava
sentida,triste pelos cantos mas nunca disse nada.
Ela a olhava apaixonada,mas via parte de sua tristeza.Era como se ele
estivesse vivendo a vida,e ela presa aqui na fazenda trabalhando e grávida
dele,sendo que ele mal tinha tempo para ela.
—Vamos?—Ele chamou.
—Vamos.—Disse quando ela não respondeu,e me pegou no flagra olhando
ele.

Bem Santiago.
Hoje a cidade estava lotada,e o escritório não funcionaria por dois
dias.Aproveitei para tirar pelo menos um dia de descanso,e só voltar a
trabalhar de casa no outro dia.Eu não ia característico de roupas
quadriculadas porque não gostava,e achava ridículo.Só ia menos sério que o
de sempre.
Enquanto vestia a camisa olhei a cicatriz do tiro,ainda estava recente e
doía,eu que ignorava e me enchia de remédios.
Desci as escadas e encontrei com Enzo se ajeitando em frente ao espelho
que tinha no canto,perto da escada.Assim que me viu,enrugou a testa e veio
até mim.Ele vestia uma camisa preta,e por fora uma blusa quadriculada
aberta azul claro e escuro,horrível.
—Que roupa é essa?Você sabe que o traje é caipira?
—Enzo,eu tenho cara que veste blusa quadriculada?
—Não—Ele começou a gargalhar e eu soltei uma risada,descontraído
também.—Se não é caipira,é o que?
—Eu que vou saber,porra?Caipira vestido de preto.—Disse.sério.—Eu sou
o primeiro.
—Porra.—ele começou a gargalhar.Acabei sorrindo também.Peguei a chave
do meu carro e a carteira.
—Vou com você,vou só pegar minha carteira também.
Dei uma olhada no corredor sabendo que Maria Júlia estava quieta demais
hoje e isso parecia um problema.Estava quase anoitecendo e ela ainda não
tinha aparecido.Enzo voltou,dizendo que não queria dirigir porque ia
beber.Chegamos na fazenda vizinha,que sempre ficava aberta para
visitantes,e nessa época de são João sempre lotava.
Assim que cheguei Leandra veio me cumprimentar toda sorridente com a
filha que segurava os braços dela um pouco tímida.Totalmente diferente da
mãe.Elas se sentaram por perto,e eu fui até a mesa onde estava minha
família falando rapidamente com Max e Rosa.Soube que Maria viria com
Vick e Gael.
Fui atrás de uma bebida,e antes que eu chegasse no balcão para pedir vi a
garota vindo com uma roupa inapropriada para situação.O merdinha do
Gabriel Junqueira tinha ficado na cidade,e assim que viu ela,se despediu do
homem que conversava e foi ao caminho dela.Eu tive ódio mortal do filho
da puta,e alguma coisa por dentro me fez ir até eles.Que caralho de roupa
era aquela que essa menina estava usando? Aparecendo o seio e toda a
barriga exposta?Gabriel a devorou com um olhar,assim como alguns
homens tinham feito.Cheguei até eles,e antes que eu desse um murro e
perdesse um cliente importante,puxei o braço dela.

—Você vem comigo.—Chega.Eu estava no meu limite,e estava indo perder


a razão.Eu sabia que tinha perdido essa.Ela ia conseguir o que queria desde
da primeira vez que me olhou daquele jeito.
—Bem.—Ela me chamou,e eu só fui arrastando-a dali.Eu estava cego de
raiva,só queria sair de perto daquele tanto de gente.Ela tinha conseguido me
deixar louco por ela,e eu não aguentava mais ficar quieto,e mesmo com a
idade dela perturbando minha mente,eu tinha cansado de ignorar isso.Passei
semanas irritado,perturbado por causa de Maria Júlia.E agora mais essa
roupa.Minha vontade era quebrar alguma coisa.Tinha culpa porque ela era
nova,Marcelo confiou em mim a irmã mais nova dele,Manuela também.
Maria Júlia não tinha vivido nada ainda,eu poderia oferecer o que ela queria
em sexo.Apenas.
—Que porra é essa,Maria Júlia? —Perguntei alterado.
—Eu não...—Encostei ela em uma parede branca,perto de onde os carros
estavam estacionados.O barulho da música ficou alto demais,e já não tinha
tantas pessoas passando.-Meu Deus,Bem...—Estava ofegante.
—O que você quer?—Encostei ela na parede olhando dentro dos olhos dela.
—Me foder?
—Eu não quero nada.—Quando ela começou a falar,sem muita certeza do
que dizia,visualizei sua boca,o biquinho e o gloss.Imaginei aquela boca com
aquele gloss melando o meu pau,babando e fiquei fora de mim.Cerrei a
mandíbula e encarei o rosto bonito da desgraçada,tão nova,tão bonita.E
minha sem eu nem ter a tocado.
—Eu sei o que você quer,e vão ser nos meus termos.—Abaixei um pouco o
rosto e avancei contra os lábios dela.Ela pareceu surpresa,mas rodeu os
braços no meu pescoço,e se deu pra mim.Abri minha boca e a
beijei,encontrando a língua dela pelo caminho.Pressionei meu corpo contra
o dela,e puxei o cabelo loiro e grande que me fascinava para trás.Ela me
beijou com a mesma fome,agarrando meu cabelo,chupando minha língua.

Peguei a inexperiência ali também,e parei de beijá-la para perguntar:


—Já beijou na boca antes?
Ela arregalou os olhos,piscou e ficou com as bochechas vermelhas.
—Como...como
Porra.
Porra.

Caralho.
—Você é virgem,porra.—Disse,piorando a minha situação,pensei em dar
para trás mas não dava.
—Bem...
—Quer perder?
Ela voltou a ficar corada quando balançou a cabeça freneticamente
entendendo o que tinha falado.Chupei seu lábio inferior,e ela fez o mesmo
no meu superior.Voltei a enfiar minha língua em sua boca sentido o gosto
daquela boquinha gostosa e do gloss que tinha gosto de morango.Desci
minhas mãos pelo seu corpo todo pequeno,e delicado.Voltei as mãos e
passei pelos seus braços tirando os cabelos do pescoço,passando a
língua,chupando em seguida a pele branca com cheiro doce.Senti as mãos
dela na minha cintura,e fiz questão de olhar como estava entregue,com a
boca vermelha.
—Vamos sair daqui.—Peguei sua mão,e ela apertou me seguindo.Estava
lânguida,ofegante,com os lábios melados do gloss,parecendo não acreditar
que finalmente conseguiu o que queria.
—Onde vamos?

—Vamos a minha casa que fica aqui em Santa Clara.—Abri a porta do


carro para ela,e a ajudei subir.No caminho,apertei a cintura dela,e ela me
olhou com a boca entreaberta.Passou as pernas pela minha cintura,e eu
puxei um pouco do cabelo,indo de encontro a sua boca novamente.Chupei a
língua provando seus lábios movendo minha boca contra a dela.Quando
terminamos estávamos ofegantes.Suspirei no pescoço dela antes de dar a
volta e entrar do lugar do motorista
Liguei o carro e parti para a casa que eu tinha aqui na cidade,mas ficava
afastada do centro e da praça.Era onde eu costumava levar as mulheres
quando queria pegar pesado,e não queria que ninguém soubesse.
Se ela me quisesse,as coisas iam ser nos meus termos e eu não cederia.
—Por que tem uma casa aqui?
—Às vezes eu preciso de privacidade.—Quando chegamos no portão,um
dos seguranças que olhava a casa abriu o portão e eu desci com o carro
deixando no subsolo.
Abri a porta do carro e tirei ela da mesma forma que a coloquei.As mãos
delicadas e o rosto sereno me fez querer encher a bunda dela de tapas.Me
contive assim que abri a porta de acesso a garagem e as luzes se acenderam.
Maria Júlia seria só minha,só eu entraria no corpo dela.Ela só ficaria nua
para mim.Saber que só eu iria tê-la,me fez ficar mais insano.Meu pau doeu
e babou louco para meter na bocetinha virgem.Eu só tinha ficado com uma
virgem uma vez,há anos atrás quando tinha vinte e três anos.
—Eu gosto de bater.—Ela arregalou os olhos.—As vezes queimo com
vela,as amarro para que apenas eu tenha o controle.Eu só tenho isso a te
oferecer.Sexo.
—Eu também quero isso.Eu quero experimentar,Bem.—Puxei sua mão e
levei até a sala toda decorada em tons escuros que eu achava que
combinava em casa.Sofás grandes,aparadores e quadros de exposições,ou
de leilões que eu arrecadava.
Se dependesse de mim,eu e Maria Júlia seria só um caso.Eu esperava que o
irmão viesse buscá-la e ela esquecesse de mim,e eu esqueceria que comi
uma menina de dezenove anos.Assim que ela se virou,depois de admirar
toda sala,perguntei:
—Por que eu?
—Eu quero experimentar porque foi a pessoa que eu senti desejo e fiquei
atraída.Não sou de ficar me atraindo por ninguém,nunca nem beijei na
boca.—Sua sinceridade sempre me pegava.
Nunca beijou na boca,porra.Eu não iria esquecer aquilo nunca.
Olhei seu rosto bonito,perdido nos olhos azuis claros que brilhavam.
–Eu me toquei pensando em você.
Por um momento fiquei calado,e respirei fundo tentando manter o resto de
sanidade que me restava antes de fazer uma besteira.Pensei em conversar
com ela sobre qualquer outro assunto,mas ao fitar os olhos inocentes,não
resisti.
—Você se tocou quando?—Falei em um fio de voz,meu pau estourando
dentro da cueca.
—Tem alguns dias.—Ela voltou a ganhar a coloração na bochecha.Imaginei
por um momento a mão pequena,com as unhas pintadas de rosa,tocando o
clitóris devagar,se descobrindo,sentindo como aquele ato deveria ser
gostoso.
Subimos a escada e chegamos no meu quarto.Eu iria ceder só hoje,já que
ela ia perder a virgindade.
—É só até quando eu quiser,e depois você vai seguir sua vida e eu a minha.
Ela olhou o quarto sem me responder,a cama também tinha dorsais e
cabeceira,só mudava a cor que era preta.A porta do banheiro era embutida e
parecia que só tinha a cama,e a porta de correr do closet.Ela parou na minha
frente,e eu desci o olhar sabendo que era primeira vez que perdia a cabeça
para uma menina muitos anos mais nova que eu.Eu não ia pensar
muito,porque aquilo me incomodava demais,mas já não me conseguia
controlar com ela.
Coloquei a mão dentro do seu cabelo e beijei sua boca.Ela simplesmente se
deu para mim tomando minha boca da mesma forma que eu fazia com a
dela.Quando desgrudei nossas bocas,ela se deitou na cama me olhando.Eu
estava duro,a ponto de explodir dentro da cueca,as bolas doendo
muito.Sobre o olhar atento dela comecei a tirar a roupa,sabendo que não
havia mais volta.
Capítulo 7

Maria Júlia.
Ele começou a tirar a roupa e eu fiquei atenta.Comecei olhando seu rosto
másculo,anguloso e mau.Sua barba feita e bem escura.Desci meu olhar para
seus braços fortes,sua barriga dura parando na braguilha da calça.Ele abriu
e minha barriga doeu de expectativa,assisti a cena quieta.A calça desceu
junto da cueca e seu pau pulou para fora batendo no umbigo.O pau dele era
grande,exagerado e grosso.A cabeça robusta e rosada.Os pelos bem
aparados em volta,me preocupei se aquilo era bom,pois ia doer demais.
Imaginei como era a sensação de sentir aquilo tudo dentro de mim,e
esfreguei minhas pernas uma na outra.Ele estava nú e vinha na minha
direção.Sua perna não era depilada,ele era todo bruto mesmo.Posicionou os
dois joelhos na cama,e veio até mim.

Primeiro foi meu tênis,depois minha blusa que ele tirou rapidamente porque
não tinha muito pano,depois a calça deixando só a calcinha de renda
vermelha.Pensei que fosse me beijar novamente e quase abro minha
boca,mas ele desceu o rosto mordendo meu pescoço,e eu soltei um gritinho
de susto.
Mordeu meu pescoço,depois lambeu e chupou.Foi descendo as mordidas
até parar nos meus seios,a aréolas eram escurecidas,e o bico pequeno.Ele
mordeu forte,e eu gritei quando a carne escura e sensível foi saindo entre
seus dentes.Logo,ele capturou meu seio e levou inteiro a boca chupando e
passando a língua quente.Segurei seu cabelo e esfreguei minha boceta no
seu quadril quando meu clitóris ficou dolorido.

Ele passou para o outro seio mordendo o biquinho,mamando


rapidamente.Apertei forte seus cabelos,e tentei levar mais meus seios na
boca dele gostando da sensação de ser tocada daquela forma.Rebolei mais
me esfregando,querendo tudo.Suas mãos estavam nos meus quadris,mas ele
foi descendo até separar minhas pernas.Me olhou enquanto sua boca estava
cobrindo meus seios,e suas mãos separavam minhas pernas.Abri a boca
quando seus dedos grandes abriram meus grandes lábios passando por entre
eles,espalhando.

—Ahhh..—Gemi quando seu dedo indicador e o do meio massagearam meu


clitóris devagar excitando-me mais ainda.Joguei a cabeça para
trás,deixando só o olhar preso no dele.Meus gemidos ecoavam pelo
quarto,meus seios estavam doloridos,meu clitóris sendo masturbado
devagar.Aquela sensação se crescia dentro de mim,de que eu precisava de
mais.
—Ai...Vai mais rápido.Bem.—Resmunguei agoniada

—Eu poderia te fazer gozar só mamando nos seus peitos.—Soprou


um,beliscando o outro.Quase grito quando vi meus seios,estavam com uma
mordida,avermelhados e sensíveis.Ele se levantou sem tirar a mão de dentro
das minhas pernas se inclinando e abrindo a gaveta,tirando quatro pacotes
de preservativos.
—Ai.—Tentei fechar minhas pernas,mas ele impediu.
Abriu o pacote,tirou o látex de dentro e passou pelo pau.
—Bem...

—Eu ia chupar sua bocetinha,mas eu preciso enfiar meu pau dentro das
suas pernas.Eu preciso te comer,Maria Júlia.—Meu Deus do céu.Eu estava
ofegante,sem fala,chocada.
—Então vem.—Sussurrei,sentindo minha boceta molhada.Ele se posicionou
novamente com os joelhos de cada lado.

—Vai doer.—Ele se inclinou capturando minha boca em um beijo.Não o


agarrei,mas apertei os lençóis.Mudei minha cabeça de lado quando o beijo
se aprofundou, ele parecia querer me devorar pela intensidade do
beijo.Segurou o pau,desceu a mão e passou pelo meu clitóris devagar.Meu
coração disparou quando ele posicionou na minha entrada,pensei que fosse
entrar devagar, quando eu ia enrolar minhas pernas em torno da sua cintura
ele se enfiou em mim me rasgando de vez,a dor aguda e a ardência me
invadiu.Parecia que eu tinha sido rasgada.

—AHHH.—Gritei,e meus olhos encheram-se de lágrimas de dor.Ele me


olhou,e seus olhos suavizaram pela primeira vez desde quando esteve
comigo sozinho.
—Vai doer um pouco,mas vai passar.—A mão grande segurou meu rosto,e
parou dentro de mim.Senti a carne dura,quente e macia que tinha me
rasgado pulsando dentro de mim.Soltou um suspiro,e encostou a testa na
minha empurrando devagar.Fechou os olhos por um momento tentando se
recuperar,mas,foi mais rápido batendo dentro de mim.Uma mão foi na
minha cintura e a outra puxou meu cabelo rudemente.

—Olhe.—Olhei para baixo,e ele voltou a se movimentar, eu vi o exato


momento que seu pau se perdeu dentro de mim ficando apenas alguns
centímetros para fora.Ele saiu,e a cabeça do seu pau estava melada de
sangue assim como uma pequena mancha no lençol.
Me apoiei nos cotovelos com a cena,e fiquei vidrada olhando o movimento
de entra e sai dele.Encostei minha testa no seu ombro gemendo um pouco
alto de dor,e do prazer que começou a se formar no meu ventre.Quando abri
meus olhos dei de cara com um espelho,sua bunda contraída no reflexo,suas
costas largas e ele batendo forte dentro de mim me rasgando,comendo.
—Ahhh...Bem...Está…—Não consegui terminar de falar.—Ahh..
Eu estava inclinada,ele segurando os dois lados da minha cintura,me
inclinou um pouco,e apoiei os pés de cada lado dele também.O abracei para
não cair na cama e perder a posição.Busquei sua boca,e ele aceitou
comendo minha língua no processo.
—Porra,que bocetinha gostosa.—Ele mesmo cortou o beijo e olhou as
nossas pélvis unidas.Passou a língua na minha orelha,e eu mordi forte o
ombro dele, urpresa com as sensações que eu nunca pensei que teria.Meu
ventre se contraiu,e eu o apertei mais em mim,e tudo se explodiu para nós
quando eu fui atrás de um beijo na mesma fome que ele,e nossas bocas se
bateram,se morderam e se comeram.Eu gozei,senti o líquido saindo de
mim,e ele veio em seguida.Ainda ficou estocando em mim enquanto tinha a
boca grudada na minha.

Ficamos um tempo naquela posição,até eu me deitar de volta contra o


travesseiro e ele se deitar do meu lado.

Capítulo 8
Olhei a bocetinha,com alguns pelos loiros curtos melados de sangue.Me
deu água na boca,e eu fiquei louco para abrir a perna dela e enfiar minha
língua.Me contive por ver que era sua primeira vez,e eu não tinha sido
delicado,até porque eu não sabia ser e nem fingir uma coisa que eu nunca
seria.

Maria cochilava virada de frente para mim enquanto eu estava deitado


observando.Olhei seu corpo nú,as curvas e a barriga lisa.Estava toda
marcada por mim,seus peitos com mordidas,marcas vermelhas e um
pequeno roxo que se formava.Seu pescoço também estava vermelho e com
uma mordida.Olhei a manchinha de sangue,e um sentimento que eu não
queria me invandiu.Ela era minha.

Fui ao banheiro e me limpei,pensei em levar uma toalha e limpá-la


também,mas eu lembrei do sangue da sua virgindade,e eu limparia com
minha língua assim que ela acordasse.

Ela se virou para mim,e me pegou observando-a.Passou a mão pelo rosto,e


eu fui até a cama,me deitando novamente ao seu lado.Ela me
encarou,calada observando os traços do meu rosto,e de novo aquela
sensação desconhecida me invadiu enquanto os olhos azuis me analisavam.

—O que foi?
—Nada.—Sorriu um pouco,e por um momento me vi admirando seu sorriso
bonito.Ela trouxe uma mão para o meu rosto,mas eu segurei seu pulso.

—Você só vai dar para mim,entendeu?Você é minha,Maria Júlia.—Parecia


surpresa.—Enquanto estiver comigo,só eu posso ter você.

—E você?—Antes que ela falasse,subi em cima dela,prendendo seus braços


acima da cabça.

—O que tem eu?Estou falando de você.

—Mas se eu sou só sua,você é só meu.

Concordei.

Até porque não teria cabeça pra outra mulher.

—Estou um pouco dolorida.—Suspirou.—E sentindo minhas pernas


meladas.

—Vou te limpar.

—Eu vou levantar e...

—Não.

—Vai pegar uma toalha?

—Vou te limpar com a língua.—Os olhos dela dobraram de tamanho,e ela


olhou dentro das pernas dela.A confusão de esperma,sangue e o próprio
gozo.

—Tem sangue.

-Não ligo.—Ela ia protestar,mas eu a coloquei de quatro na cama.Ela se


apoiou na cabeceira acolchoada.Suas pernas tremeram em expectativa.

—Eu não vou aguentar,Bem.—Resmungou.Passei meu dedo onde tinha


melado e esfreguei a ponta do meu dedo no cuzinho virgem.
—Em breve eu vou comer aqui também.—Ela não falou nada,só
ofegou,nervosa e trêmula.Abri suas pernas,olhando a bocetinha
pequena,toda depilada.A abri com a mão,separando os grandes
lábios.Cheirei,e lambi a fenda até chegar no clitóris durinho.Capturei um
dos grandes lábios e chupei.

—Aii...assim.—Ela se virou um pouco para trás e segurou minha


cabeça.Abocanhei a boceta,e mamei seu clitóris até ficar durinho,tirando da
capinha.Deixei a língua dura e passei freneticamente de cima para
baixo,fechei os olhos quando senti os líquidos dela saindo,e ela
tremeu,sensível.Passei a língua na entradinha sugando os líquidos dela.

Chupei tanto,até minhas bochechas ficarem côncavas e eu massegar o


clitóris durinho com a língua.Ela rebolou,dizia que estava doendo que não
ai aguentar.

—Oh...Bem.—Gritou,fora de si.—Ai...ahh.—

Tentou se afastar,mas eu a segurei firmemente, e mamei gostoso,tirando


tudo que eu podia dela.Gritou meu nome várias vezes,até o gozo a invadir
novamente.Esse era eu,eu não ia dar descanso a ela.Ficou rebolando na
minha boca mesmo depois de gozar se tremendo toda.E eu chupei mais
ainda,engolindo seu gozo,sentindo o seu sabor.

—Eu não vou aguentar.Para...—Ela queria parar,mas estava tão


fissurada,que não conseguia parar de rebolar,e nem eu parar de
chupar.Avancei nela,passando a língua,passei o rosto,melando minha barba
esfregando,e espetando ao mesmo tempo.Ela gritou quando gozou
novamente,e caiu na cama de bunda para cima,ofegante.

Pincelei a entrada no meu pau,a pegado por trás,indo fundo sentindo minha
carne afundar dentro da sua bunda.Não aguentei e desferi um tapa forte,que
fez barulho no quarto.

—AHHHH,Bem,Merda.—Apertou os lençois.
—Você é minha.Minha.Porra.—Desferi outro tapa do lado que não estava
avermelhado.

A comi por trás,doido para comer o cu virgem.Não resisti ao enfiar um


dedo devagar.
Ela se assustou,mas deixou e só gritava,gemendo alto.

Ela se inclinou para trás,e eu fui até ela beijando sua boca.Fiquei fora de
mim,belisquei seus seios,fui forte mordendo seu ombro,chupando o vão
entre seu pescoço e ombro.

Ela gozou mais uma vez,caindo de frente na cama,e eu vim em seguida


ainda dentro dela.Me deitei novamente ao lado dela,ofegante
também.Suspirei,olhando o rosto sereno,corado e suado.

Ela era muito bonita,tinha o rosto jovem e delicado.A maquiagem estava


borrada,e ela lânguida.

Senti novamente aquele aperto no peito,o sentimento de posse que parecia


me deixar ainda mais doido por ela.

Ela mexeu comigo,e isso crescia a cada vez que eu olhava para ela.

Era uma sensação do caralho,que me deixava fora de controle.Eu nem


mesmo conseguia ser racional.

Sua respiração tranquila indicava que havia dormido.Não consegui parar de


olhá-la,sabendo que aquele desejo não passaria tão cedo.

Acordei de madrugada olhando ela de bruços,com uma perna enrolada na


minha.Ainda estava amanhecendo,e fiquei preocupado de alguém ter visto
nós dois.

Provavelmente vão achar que ela foi pra casa com o filho da mãe do
Luan,que ficava babando em cima de Maria Júlia,e eu só não me meti
antes,porque a irmã dele ia junto,e ele ainda estava sondando terreno.
Não queria ter que acordá-la,mas era necessário.Me vesti,enrolando para
fazer isso.Quando me aproximei,ela se virou com os seios cheios de
mordidas,e roxos claros.Lentamente foi abrindo os olhos,e deu de cara
comigo a encarando.

—Se vista,já vamos sair.—A cara sem entender nada,deu início a uma de
incredualidade.O que ela esperava?Café na cama?Vi a cara que fez e como
me olhou antes de se levantar.

—Te espero lá embaixo.—Peguei minha carteira,a chave do carro,olhando


as roupas dela no chão.Saí do quarto,e fui esperá-la perto da porta de saída.

O sentimento de culpa me engolfou quando ela desceu as escadas,sem


maquiagem,e descalça.Segurava a bolsa de um lado,e o sapato do outro.

A culpa me corroeu por dentro,sabendo que tinha idade de ser minha


filha.Logo eu faria quarenta e dois anos,e pelo que o irmão me contou,ela
só completaria vinte anos no ano que vem.Faltava alguns bons meses.

Eu tinha perdido minha razão.

—Vai descalça?

—Interessa?

Maria Júlia.
Ele foi calado todo o caminho,e eu também.

O que estava acontecendo comigo?Aquele homem era bem diferente do que


eu estava acostumada a conviver.

Eu não sabia explicar o que tanto me atraiu em Bem,e com certeza não foi a
simpatia,porque ele não era um homem simpático.Não parecia ser amigo de
ninguém.

Vivia de cara amarrada,muito sério.

E me passava o ar maldoso.
Suspirei olhando a estrada,com coqueiros e árvores enormes.Vi a mão
grande e bonita de Bem ligar o som,e a música aparecer no visor:"No Leaf
Clover" by Metallica from the álbum 1999.

Essa época ele deveria ser jovem,e essa provavelmente deveria ser uma
música que ele curtia.Será que quando mais novo,era desse jeito?

Não demorou muito até chegar na fazenda.Ele estacionou o carro em frente


a casa e olhou em volta.

—Vá primeiro.

Concordei.

—Não me procure,deixe que eu faço isso.—Me virei para ele


lentamente,sentindo seu olhar queimar em mim.

—E se eu não quiser?Ou não estiver disponível?

Ele pareceu não acreditar nas minhas palavras,e ficou quieto por um
momento.

—Como assim disponível?

—Posso conhecer outra pessoa...

—Mas não vai.—Disse de forma bruta.—Experimente conhecer alguém pra


ver o que lhe acontece.

—Não pode me ameaçar.

—Não só posso,como estou fazendo isso agora.

Abri a boca,em choque.

Não estava conseguindo correr,então caminhei por dentro,vendo a piscina


grande que quase nunca era usada.A cascata que ficava ligada de dia,estava
desligada e o silêncio era sepulcral.
******

Acordei tarde,quase onze da manhã.Olhei meu corpo no espelho,estava com


manchas vermelhas,minha bunda avermelhada.Não poderia aparecer
assim.Hoje e amanhã a cidade ainda estava em festa.Coloquei uma blusa de
gola alta,sem mangas para esconder o pescoço,e uma saia longa.

Saí do quarto e fui para sala,desconfiada.

—Minha filha onde você se enfiou?—Rosa assim que me viu,perguntou.

—Ah,eu voltei de carona com a irmã de Luan.—


Menti.

—Entendi.—Ela sorriu.

—Fiquei mal do estômago,e não quis te preocupar.—Sorri de volta.

Fui para sala e encontrei Estevão reclamando para não comer com ajuda da
enfermeira.Tentei ajudar,mas ele falou que eu era intrometida e chata igual
a Camila.Descobri que era o nome da mãe de Bem.

Rosa ficou mexida,porque aparentemente o homem não esqueceu a esposa.

Mais tarde,fui à cozinha de pijama.Estava com fome,e procurava algo para


comer.

Senti uma respiração atrás de mim,e me virei no susto.

—Que susto.—Coloquei a mão no peito.

Bem estava de short de dormir e camiseta.Ele conseguia ser bonito até


assim.

—Escondendo algo?—Não respondi e me virei mexendo a panela.—O que


está fazendo?

—Brigadeiro.
Ele se aproximou o suficiente para eu sentir seu pau duro pressionando
minha bunda.

—O que você quer?—Perguntei com a voz trêmula.

—Nada.—Olhou a panela.—Vim beber água.

Fiquei quieta,e não foi surpresa quando avançou em mim,me


beijando.Segurei seu pescoço,e o beijei como se não tivesse feito isso horas
mais cedo.

Bem me agarrou forte,segurou minha cintura,e nuca.Lambi seus


lábios,chupei seu lábio inferior e passei minha língua pela dele.Bem sabia o
que estava fazendo,beijava bem,sem pressa,e me apertava como eu descobri
que gostava.

Ouvimos o barulho da porta de entrada,e ele se afastou.Fui rápida em sair


quase correndo,ouvindo Enzo chegar bêbado sendo arrastado por Max.Bem
pareceu reclamar,mas foi ajudar o irmão.

Victória Santiago.
Meus irmãos tinham chegado da festa,eu ouvi Bem ajudando
provavelmente Enzo bêbado subir as escadas,enquanto eu estava encolhida
na cama esperando Gael chegar em casa.Desde que começou a fazer sua
especialização vivia chegando tarde,e apesar de saber que era do hospital eu
me sentia sozinha.
Sempre morei nessa fazenda,nunca saí daqui porque vivi nas asas dos meus
irmãos desde que me entendo por gente,mas agora parece ser
diferente,porque eu queria viver minha vida igual Gael vivia a dele.Dentro
do hospital ele não era meu marido,ou um dos irmãos Santiago,ele era
apenas um médico como qualquer outro já que pediu para ser tratado assim.
Chegava cansado demais,não me dava atenção,e quando eu tentava
conversar já estava dormindo.Para ele era muito fácil me pedir um filho se
nem em casa ficava,enquanto eu ficaria engordando,com barrigão para o
ver apenas alguns minutos a noite,já que acordava todo dia seis em
ponto,fazia exercícios e já corria para o hospital.

Assim que ele abriu a porta,eu o encarei.Ele iria reclamar que estava
cansado,tomar banho e apagar.Quia revirar os olhos.
Poderia sim ser egoísmo meu,eu sabia disso,e era,mas o outro lado estava
carente,e no fundo eu precisava de Gael.Não foi fácil,ele era meu irmão
adotivo,e negou muito até ficar comigo,eu sempre dei dor de cabeça a ele.E
pelo visto daria agora.

—Que cara é essa?—Ele perguntou,contrariando tudo o que eu tinha


pensado dele.Estava de mochila,ainda de pijama cirúrgico verde.
—Nada.—Engoli o que sentia,no fundo me sentindo egoísta demais e me
senti culpada.
—Nada?Você não é assim,Victória.—Continuou a me analisar,e eu desviei
o olhar dele assistindo-o colocar a mochila na cadeira,e se encostar na
escrivaninha que ele tinha ali.—O que tem a me dizer?
—Só estou me sentindo sozinha.
Algo me alertou para contar a ele sobre minha tia biológica ter me
procurado,mas não consegui abrir minha boca para falar nada.
Silêncio.

—Não vai dizer nada?—Encarei seu rosto.


—Você está sendo egoísta.—Foi o que disse,e com raiva eu levantei.
—Eu sei,mas você não entende o meu lado,eu estou grávida e me sinto
sozinha,Gael.Você não está mais em nenhum momento da minha vida.
—Victória,eu nunca te impedir de realizar os seus sonhos,você sempre foi
livre para fazer o que queria,se não fez,não vou levar a culpa,porque é isso
que você me faz sentir toda vez que pensa demais.
Meu peito se comprimiu.
—Eu deixei de viver a minha vida para a viver a sua,Gael.Quando decidi
ficar com você,eu tinha uma especialização fora do Brasil que me deixaria
longe de você por anos,e eu preferi ficar.O nosso combinado foi de eu não
engravidar pelos próximos três anos,e quando você chegou em casa me
pedindo um filho porque se encantou pelas crianças de onde você
trabalha,eu fiz suas vontades.
—O corpo é seu.
—Babaca.A escolha foi nossa.

—Em algum momento eu sentei nessa porra de cama e pedi um filho pra
você?Como eu poderia pedir se não estou tempo nem para mim?
—VOCÊ ME PEDIU SIM.
—Eu sempre quis ter um filho com você,mas eu sempre fui o primeiro a
dizer que não era a hora.Nunca te impedir de ir fazer sua
especialização,você que não quis,então não venha querer me
responsabilizar pelos seus erros.
Senti tanta raiva dele.Tanta.
—EU FAÇO TUDO PARA TE AGRADAR,E VOCÊ NÃO ME
ENXERGA.—Disse,cansada.—Estou cansada de ficar sozinha,de não ter
mais o meu marido comigo,quer me chamar de egoísta,me chama,então.
—Ainda bem que você sabe.—Se desencostou da escrivaninha,e entrou no
banheiro batendo a porta com força.

Maria Júlia.
Mais um dia de comemoração,e eu não estava tão animada.Minha cabeça
martelava dizendo que eu só poderia ser doente por aceitar tudo aquilo,a
cada vez que eu olhava as marcas no meu corpo,os roxos e do tanto que eu
implorei,amando sentir dor.
Amando.
Procurei na internet,e tive vergonha das minhas pesquisas “Pessoas que
gostam de sexo com violência”.Aparecia dois termos,sadomasoquista,e
masoquista.Eu não me encaixava nem um pouco no primeiro termo,mas os
segundo parecia me descrever.Fechei a tela do notebook,irritada.Eu não era
masoquista.Não era,não podia ser.
Pensei em ver os cavalos,mas não tinha ninguém para me levar,e eu não
queria arriscar.Até Bem saiu junto dos irmãos.Bufei,não querendo ir para
cidade,só que eu não tinha muita opção.Ou era isso,ou ficar no quarto.
Pensando em esconder os meus roxos pelo pescoço e costas,coloquei uma
blusa de gola alta,deixando meu corpo quente pelo calor que estava
fazendo,mas era isso ou me perguntarem se eu havia sido agredida.Em vez
de colocar shorts,decidi ir de saia branca para não ser possível ver minhas
pernas vermelhas.

Na sala só estava Vick,com uma cara preocupada.Estranhei,pois ela estava


sempre tão animada.Prendi meu cabelo com as mechas na frente deixando
só atrás solto.
—O que foi?
—Muitas coisas.—Respirou fundo.—Meu casamento,ando brigando com
Gael,ele não me entende.Não sei se você vai entender.
—Depende.—Sorri.—É apenas isso.
—Eu sei...É que,eu não sei se quero falar agora...
—Não precisa falar agora se não quiser.

—É muito complicado pra mim.—Seus olhos encheram-se de lágrimas.—


Você sabe que eu sou adotada.—Afirmei com a cabeça.-E minha tia
biológica me procurou dizendo que minha avó está doente,e que meu pai
biológico queria me conhecer.O pior nem é isso Maju,e sim que o meu pai
que me criou,Estevão mandou matar minha mãe biológica e o marido dessa
tia que veio me procurar.
O quê?
Minha mãe e meu pai sabia disso?
—Essa sua avó...?
—Usa fraldas,come de sonda,está bem debilitada,pediu pra conversar
comigo.Eu nunca fui,só encontrei com essa tia uma vez,e ela nunca mais
me procurou.Estou reunindo coragem para contar aos meninos,minha briga
com o Gael.Não sei se você sabe,mas o Bem sofreu um atentado,e eu ouvi
uma conversa dele e dos meus irmãos dizendo que poderia ser ameaça da
minha família e pai biólogico.—As lágrimas pularam sem controle do seu
rosto. —Me sinto culpada.

—Você precisa contar isso pro seu irmão.


—Eu quero contar hoje.
—Isso é sério,Vick.Melhor você contar,porque pode se tornar uma bola de
neve.
—É que se meu pai fez mesmo essas maldades à elas...
—Agora já está feito,infelizmente.—Segurei sua mão.—Quando se sentir
assim pode falar comigo,prometo que não vou contar nada,até porque é sua
história.
—Você tem razão e eu não queria esconder isso.Elas tentaram se comunicar
mas eu nem atendi e ignorei,depois disso nunca mais.—Fiquei sentida por
ela e a abracei.Deve ser muito difícil ficar recebendo ligações de pessoas
que julgam ser seus parentes sendo que sua única referência era seus irmãos
e o pai.

—Vamos um pouco na cidade?—Sorri,tentando confortá-la.


—Vamos no meu carro.
Quando chegamos na cidade,estava cheia e movimentada,com instrumentos
sendo montados no meio da praça.Olhei em volta tentando me familiarizar
com o ambiente,pensando no que eu estaria fazendo se estivesse na casa dos
meus pais,na minha casa.Vick encontrou os irmãos sentados em uma mesa,e
todos que passavam cumprimentava eles.Eu sabia que eram
importantes.Olhei a moça do bar,que se chamava Leandra parada com a
mão no ombro de Bem.Pelo que Max falou eles não tinham nada,e aquilo
me aliviou,mas se tivesse também problema deles.Quer dizer,não sei como
estava em relação a isso.
Vi Vick gesticulando com a mão e apontando para mim,me chamando com
a mão.Antes de ir,Luan e Raquel apareceram na minha frente perguntando
se eu queria cerveja,e eu neguei porque da vez que tentei achei ruim.Então
Luan voltou com uma garrafinha de água,e eu sorri em agradecimento
dizendo que iria até a mesa dos Santiago.
—Pensei que não fosse vir falar com o mais bonito daquela casa.—Enzo
brincou comigo e me abraçou.A Leandra tirou a mão do ombro de Bem,e se
afastou um pouco conversando com um homem e uma mulher que
passavam.
Bem não bebia nada diferente dos irmãos,e assim que virou o corpo,mirou
minha barriga desnuda.
—Não quer beber Maju?—Enzo Levantou a long neck.
—Não sou acostumada a beber cerveja.—Fiquei de cara feia ,usaria meus
dotes de metida.
Enzo estava rindo empolgado,e eu continuei abraçada com ele,e não liguei
para os olhares,porque ele estava flertando com uma mulher da outra
mesa.O clima estava estranho comigo e Bem,o irmão e Vick.

Gael comenta sobre um caso que apareceu hoje de manhã no hospital


disfarçando,mas a mulher desviou o olhar,visivelmente irritada.

Bem Santiago.
—Pensei que você não fosse vir,irmão—Gael falou animado.—Vem beber
aqui com a gente.—Me sentei na mesa,Enzo sorriu para mim e piscou,e eu
mandei o dedo do meio porque ele estava procurando graça desde que viu a
mordida no meu ombro.Eu esqueci desse detalhe quando o ajudei bêbado.
—Filho da puta.—Ele riu mais ainda.
—Tu é chato pra caralho.—Max falou divertido para Enzo.
Leandra veio atrás dele cumprimentado todos da mesa parando em
mim,tocando meu ombro que estava com a mordida.Enzo olhou na direção
e depois olhou com pena para Leandra.
—Nossa irmã não vem?—Max perguntou.
—Ela ficou descansando.
—Ela brigou com Gael.—Disse Enzo.
Eu estava sabendo.
—Todo mundo ouviu.—Se defendeu.
—Você prestou atenção,é diferente.—Falei.
Eles não continuaram porque Leandra chegou.
—Oi,Leandra.—Sorri para ela.
—Oi,meu Bem—Ela beijou meu rosto.—Veio aproveitar?
—Vim ficar um pouco com eles.
—Depois passe lá no bar.Eu vou tirar um dia para ir te ver no
escritório,preciso da sua ajuda.

—É algo sério?
—É umas contas.
—Apareça que eu te ajudo.Fique um pouco.—Apontei a cadeira e ela
negou.
—Fico tanto tempo sentada.—Continuou em pé—E vou atrás da minha
filha daqui a pouco.
Gael se aproximou de nós parecendo cansado do hospital,e praticamente se
jogou na cadeira ao lado de Max.Ficamos em um clima agradável,até Vick
chegar e o ar pesar um pouco pela briga deles.Enzo disfarçou,Max fingiu
não saber o que acontecia e eu continuei do mesmo jeito.

Procurei Maju com os olhos,e observei Luan oferecendo cerveja a ela,que


negou.Quis me levantar,e chutar aquele moleque que a olhava com uma
adoração,disfarçando e fitando sua boca rosada com aquele gloss que ela
deveria estar usando só para mim.
Leandra estava conversando com meus irmãos,e tentou falar algo
comigo,mas eu só enxergava Maria Júlia rindo.Porra,meu pau inchou na
hora,e eu fiquei doido para sair dali,pega-lá e fazer chupar e melar meu pau.
Luan chamou Maju para dançar,e ela negou sorrindo.Maju falou algo para
Max e Enzo e saiu passando pela multidão.
—Cadê a menina?—Leandra perguntou.—Acho que não foi muito com
minha cara.
—Ela é assim.-Falei,tentando não ser ríspido,defendendo-a.
Talvez estranhassem meu comportamento,mas eu não ligava para as
opiniões dos outros.Só não iria deixar que falassem dela,independente de
quem fosse.

Fiquei agoniado quando perdi Maju de vistas.Deixei todos na mesa falando


que ia no carro,e sumi também pela multidão.Vi de longe os longos cabelos
loiros batendo na bunda,as pernas cobertas pela saía.Estava dançando
sozinha no ritmo da música na fila da barraquinha de comida.
—Vai ficar mesmo de gracinha?—Ela se virou,e revirou os olhos cruzando
os braços.
—Eu converso e falo com quem eu quiser.—Peguei o braço dela e a virei
para mim.
—Se não parar de falar com ele,eu vou te bater,Maria Júlia.Você que eu
faço.Não te quero conversando com esse moleque.—Não sei o que
pensou,mas em vez de correr assustada como qualquer outra mulher
correria pela forma agressiva que falei,senti que se remexeu incomodada
por outro motivo.Porra,ela gostava de apanhar.A filha da puta gostava.
Intrigado com a menina,que se fechou por uns segundos no próprio
mundo,ela se desvencilhou de mim.Pensei que fosse me abraçar pelo
pescoço,se fizesse,eu a agarraria aqui mesmo.

—Ele é gentil comigo,você não é.


—E quem disse que eu quero ser gentil com você.Eu tenho cara que trato
alguém bem por querer,porra?
Ela riu,desacreditada.
Me aproximei e a agarrei pelo braço.
—Olhe na minha cara e diga que não gosta de nada que a gente faz.
Ela se calou,obediente,até porque não sabia mentir,e era isso que mais me
ligava a ela.Era inocente e parecia se conhecer agora.
—Venha comigo.
Cruzou os braços,como se pensasse e estivesse indecisa.
—O que vai fazer comigo?
—Nada que você não queira.

Capítulo 9
Maria Júlia.
Assim que entrei no quarto,ele me surpreendeu ao tirar o cinto.Pensei que
fosse me bater ali mesmo.
—Fica quietinha.—Disse,enrolando o couro no meu pescoço.

—O que vai fazer?


Ele riu ironicamente.
—Te levar como a porra de uma cadela na coleira.A minha cadela.—Eu
deveria odiá-lo,mas ofeguei,irritada com a fricção nas pernas.Ele notou,e
ainda fez como se cheirasse.
—Eu gosto do cheiro que sai da sua boceta.
Meu coração batia freneticamente e eu apenas desviei o olhar.Ele fez o
caminho até sua casa na cidade com seu cinto em torno do meu
pescoço.Assim que descemos,eu olhei em volta preocupada de alguns dos
seguranças olhavam aquela cena.Ele se aproximou,e me trouxe pelo
pescoço.
—Acha que eu iria querer que alguém olhasse essa cena?—Não neguei.—
Vem comigo,andando devagar,enquanto eu te puxo.
Concordei,e fui andando até a gente chegar no seu quarto,que parecia muito
escuro mesmo sendo a noite,talvez pelas cortinas vermelhas e fechadas.

Eu não iria fugir.

Se posicionou atrás de mim,tocou minha nuca como se me


manipulasse.Minha garganta estava seca,o coração acelerado.

—Se eu passar dos limites,você manda eu parar.

—Só mandar parar?

—Se você disser exatamente que quer que eu pare,farei.Mas se tiver apenas
gemendo,eu não paro nem por um caralho.

Concordei,e vi seu reflexo sério.

—Vai me bater?

—O que você acha?

—Vai doer muito?

—Vai.

O meio das minhas pernas começaram a molhar apenas com a forma bruta
que ele praticamente rosnava,ficando escorregadia.
Me puxou mais pelo cinto e me fez ficar cara a cara com ele.Respirei
fundo,deslumbrada com a masculinidade daquele homem.A essência de
macho exalando dele.

—Eu quero você toda.

Céus...Ele iria me partir ao meio

Me destruir

Fiquei com medo,trêmula.

—O que quer dizer com isso?—Mordi os lábios.

—O que mais você quer de mim?—Perguntou.

Fiquei em silêncio.

—Quero...Quero...—Ele me cortou.

—Sabe o que eu quero de você?

Neguei.

Meu coração estava disparado.

—Foder sua boca,seus peitos e sua boceta.Você vai ficar quietinha,me


servindo bem ali.

Respirei fundo.

—Já engoliu um pau antes,Maria Júlia?

—Sabe que não.

Ele pareceu gostar,principalmente pelo sorriso que ele quase esboçou


fazer.Me mandou de quatro e eu obedeci prontamente como uma cadela.Ele
se afastou de mim,e ficou me olhando ainda vestida.Entendi que era para ir
engatinhando até ele,e fiz o que queria.Fui devagar,sentindo o carpete do
chão até parar diante da sua calça.Ele abaixou a calça lentamente,e seu pau
pulou para fora,tão grande,avermelhado na cabecinha que eu me perguntei
se iria aguentar engolir tudo aquilo.Não sabia nem por onde começar.

Ele me puxou pelo cinto,e segurou minha cabeça,segurando o pau pela


base,esfregando ele nos meus lábios.Abri a boca devagar,e ele foi
colocando aos poucos.Comecei a engasgar,mas ele foi empurrando seu pau
para dentro da minha boca sem se importar.Fiquei se conseguir
falar,parecendo presa.

—Vou te ensinar a mamar bem gostoso,loirinha.

Era a primeira vez que me chamava assim,e foi isso que me impulsionou a
tomar sua glande na boca,suguei devagar fazendo a cabecinha fazendo o
homem ficar desnorteado.

—Porra…—Grunhiu,enfiando mais seu pau,me fazendo babar.

Meus olhos encheram-se de lágrimas,mas eu não conseguia parar,continuei


sugando devagar,tentando passar a língua,minha cabeça movimentando de
cima para baixo.Agarrei em suas pernas como se implorasse seu
perdão,mamando sem parar.Ele até tentou fugir,mas não resistiu à medida
que eu tomava o quanto podia,até a garganta,com ânsia.

O engolia cada vez mais,e o senti começar a forçar minha cabeça,estocando


dentro da minha boca.Eu sufoquei,mas gostei tanto daquilo que não quis
que parasse,apenas aceitei.Meu clitóris estava tão dolorido que eu poderia
agarrar suas pernas e implorar.

Gozou na minha boca,mas se levantou enquanto eu sentia o seu gosto pela


primeira vez.Era salgado,intenso.Enquanto tentava voltar a respirar,ele me
olhava de cima como se fosse superior.

—Fique assim.—Disse,como se eu fosse capaz de levantar tentando buscar


a respiração.

Bem Santiago.
Quando voltei,Maju estava limpando o canto dos lábios,assim que viu meu
outro cinto,já ficou receosa.Tirei o que rodeava seu pescoço,e joguei no
chão,o que eu tinha em mãos era muito mais pesado.Seu olhar passou para a
vela na mão direita.Era vela comum,e eu queria ver até onde iria aguentar.

Eu queria assustá-la para fugir de mim.

Queria ver como era seu choro pedindo que eu parasse.

Acendi um charuto cubano,e em seguida fiz o mesmo com a vela deixando


queimar.

—Vai para cama.—Ordenei,e ela foi rapidamente,ficando de frente para


mim.Mandei que tirasse a roupa,e ela fez,ficando nua.Era a coisinha mais
linda,com aqueles peitinhos empinados e fartos,diferente dela que era
pequena e delicada.

Esperou o pior,mas eu apenas a trouxe para mim e rodei a língua em seu


pescoço mordendo,e chupando forte em seguida.Ela gritou,fincando as
unhas em minha pele.Unhas pintadas de rosa que me deixavam louco.Desci
chupadas pelo peitinho gostoso,lambendo,e sugando até tentar colocar
inteiro na boca.Maria Júlia se arrepiou toda,se contraindo,tentando me
agarrar para que eu conseguisse engolir tudo.

—Ohhhh….—Gemeu,fora de si enquanto eu passava para o outro,tomando


tudo na boca.

Traguei o charuto,enquanto minha mão descia até o seu clitóris.Ela se


ajoelhou,tentando ficar mais alta enquanto meus dedos pressionavam sua
entrada,até a boceta engolir meus dedos,melando os dois.Traguei a fumaça
ainda mais,e acelerei meus dedos que eram sugados para dentro.Maria
Gemeu,jogando a cabeça para trás.

A joguei na cama,e a puxei pelas pernas,largando a porra do charuto apenas


para arreganhá-la.Não aguentei esperar,e isso nunca acontenceu
antes.Pincelei o pau na sua entradinha,pensando que se fodesse a camisinha.
Peguei a vela,e pinguei em sua barriga antes de enfiar meu pau
nela.Arregalou os olhos,e tentou sair de perto.Eu a trouxe pela perna de
novo,e sem que esperasse voltei a pingar a vela,até seus olhos irem
enchendo de lágrimas.

—CHEGA…AHHH…

Isso foi suficiente para que eu metesse de uma vez,assistindo sua boceta se
abrindo para acomodar meu pau.Peguei a vela,e pinguei em sua
barriga,ouvindo gritar de dor e se contorcer,apertando ainda mais meu pau.

—Caralho..—Empurrei mais fundo,ouvindo o barulho das minhas bolas


socando e molhando até o talo.

Estoquei fundo,sentindo as paredes de sua boceta me acomodando à medida


que meu pau deslizava cada vez mais fundo.A agarrei pelos cabelos,e
acelerei meus quadris indo cada mais forte.Ela tentou gemer,pareceu não
sair como ela queria.A fodi para que perdesse a fala,enquanto seus peitos
balançam sem controle em minha direção.

A trouxe pelas pernas,e a fiz se chocar contra as minhas,sua pélvis batendo


contra a minha a medida que meu pau sumia todo dentro da bocetinha
quente.

Voltei a queimá-la com vela,ouvindo Maria Júlia gritar,apertar os lençóis


levando as mãos para trás.Pinguei mais vendo suas reações,a forma como
seus olhos encheram-se de lágrimas,seu corpo era empurrado para trás.Parei
de pingar as velas quando ficou muito vermelha e as lágrimas desciam por
sua bochecha.

Peguei o cinto,e coloquei em volta do seu pescoço,apertando enquanto a


enforcava,ouvindo seu gemido agoniado,se dando para mim,subindo os
quadris a medida que eu estocava com força,apertava seus cabelos e a ponta
do cinto,perdendo o controle.

A coloquei de quatro,e bati com o cinto em sua bunda.Não esperava por


isso,pois arregalou os olhos e seu corpo praticamente caiu na cama.A
peguei pela cintura,a coloquei de quadro e bati uma vez.

—-Ahhhh…

–Pede que eu paro.

–É o que você quer?

Dei mais uma cintada,vendo as lágrimas pingarem no colchão.

—É,porra.

—NÃ…AH.—Berrou quando bati mais uma vez,vendo sua bunda


avermelhada.A abrir pela bunda,e voltei a trazê-la pela cintura,até encaixar
meu pau.

Fiquei tão fora de mim,que uma gota de suor brotou na minha testa,mas não
consegui parar,a cada vez que eu era empurrado para dentro,mas eu queria
com uma necessidade filha da puta.

Gozei dentro dela,mas não parei de estocar,soltando apenas o cinto,tomando


seu seio na boca.Maju se contraiu inteira,esmagando meu pau,e foi meu
delírio.Mordi onde já estava mordido,deixando tão vermelho que parecia
sangue.

Caiu na cama,e eu fui por cima dela,ouvindo sua respiração agitada.Ela


tentou me olhar,e por um momento pensei que fosse fugir,mas tudo o que
fez foi puxar meu braço querendo se acomodar no meu corpo.Aquilo foi
novo para mim,tentei sair mas resmungou baixo:

—Fica,por favor…

Pedindo daquele jeito ficava difícil,até pensei em sair,mas continuei calado


e fiquei.
Capítulo 10
Maria Júlia.
A gente tinha sumido por horas,eu não sabia o que inventaria mas Bem
parecia sério e não falou nada o caminho de volta.Eu me sentia perdida,me
entreguei a um homem que nunca pensei que teria.Suspirei,caindo a ficha
de quem eu era,e tive mesmo de mim mesmo por um momento.Meus
braços estavam roxos pelas correntes,meu pescoço ainda pior,com marcas
ficando esverdeadas.
As imagens de mim tentando fugir,e ele vindo atrás de mim,a satisfação nos
seus olhos ao me pegar.Ele parecia não perder o controle nunca,sempre com
aquela cara de quem tinha o controle de tudo.

Eu confesso que depois de tudo eu estava assustada pela forma que me


bateu,e eu aceitei.
Tudo só piorou quando a gente chegou na fazenda,ele foi frio,daquele jeito
de sempre:
—Não sei quando nós vamos voltar lá novamente.
Me virei lentamente para ele,com raiva.
—E quem disse que eu quero voltar lá?-Rebati.Ele me olhou.
—Eu pensei que quisesse.—Sua cara se fechou,levemente surpreso.

—Pensou errado.—Disse,com raiva de mim,e dele.—Não quero mais nada


com você.Acabou.—Vi agora o quanto o peguei de surpresa.Estava irritada
demais com nós dois,eu já não me reconhecia mais.
—Você tem certeza?Eu não vou atrás de você nem por um caralho.
Depois de apanhar daquele jeito,ainda tinha que ouvir aquilo.
—Não ligo que não venha atrás.—Dei de ombros.—Só não posso sair
apanhando mais de quem não sabe quando eu vou voltar na casa dele.

—Porra.—Disse,ainda sem uma reação.—E o que vai fazer?Ir embora?Não


pode ir,tem seu emprego e eu coloco seu irmão para pagar uma multa que
ele vai lembrar de mim por anos.—Ou eu estava ficando doida,ou sentia o
desespero em sua voz.Provavelmente eu estava ficando doida.
—Não vou mais decepcionar ninguém da minha família,Bem.E só vou
aceitar ficar aqui por esse motivo,e pela essa multa ridícula que você só está
fazendo para me prender aqui.Você não é o centro de tudo.E uma hora eu
vou embora,e não vou mais precisar olhar você.—Foi o suficiente para calar
sua boca.

Bati a porta do carro com força,e entrei pela porta da frente pensando no
que eu inventaria para alguém se perguntasse.Por sorte,quando eu entrei não
tinha ninguém na sala,então fui direto para o meu quarto.
No momento em que eu saí foi só para buscar comida,e vi que o clima
estava tenso entre os irmãos e Rosa que passava a mão no peito.Eles não
pararam de falar quando eu cheguei.No outro dia,preferir não fazer nada e
nem sair quando Max e Enzo vieram me chamar para outra quadrilha que se
apresentaria na cidade.

Bem Santiago.
Assim que ela bateu à porta,fiquei estressado novamente,porque ainda
queria essa Maria Júlia,e não aceitava ser rejeitado daquela maneira.Parecia
gostar do mesmo sexo violento que eu,e isso estava a assustando,mas o que
queria que eu fizesse?O que eu faria seria surrá-la ainda mais.

Assim que cheguei,não ouvi barulho de ninguém,apenas Rosa na


cozinha.Perguntou quando eu sumi,e eu disse que saí com Leandra,acabou
acreditando porque meus irmãos falaram o mesmo.Falei que quando eles
chegassem,que me chamasse e reunisse todos na sala.
O delegado me ligou,me falando mais informações sobre a família
biológica de Victória,e que eles estiveram por perto recentemente.Foi o
suficiente para me deixar puto,já que Maria Júlia havia tirado qualquer
resquício de calmaria que eu poderia sentir.

Minha irmã estava grávida,não sei até que ponto eles sabiam.E o que ela
sabia.Mas Victória apesar de estar sempre sorrindo,era muito calada e
guardava tudo para si.E eu já tinha reparado que estava infeliz com
Gael,mas eu não me metia no casamento alheio,mas já não sabia mais o que
esperar de nenhum um lado.
Quando cheguei na sala vi todos os meus irmãos reunidos,Victória e Gael
cada um lado a lado.No começo,eu não aceitei direto eles dois,ainda havia
muitas questões em mim,machismo,preconceito,eu não era de negar uma
porra daquelas.Mas aos poucos,fui aceitando porque nunca consegui negar
nada aos meus irmãos,e vi que estavam felizes mesmo eu não estando.

—Que cara é essa?—Max perguntou,tentando desviar do assunto “Gael e


Victória”
Gael franziu a testa.

—Descobrir quem roubou os gados e quem armou o atentado contra mim.-


Max me olhou e franziu o cenho.—E tem envolvimento com sua família
biológica,Vick.—Ela me olhou parecendo chocada,e abaixou a cabeça.
—Eles me procuram,eu encontrei a mulher que se diz minha tia na cidade.
—A surpresa atingiu a todos nós.Ela não se encolheu,era boa de briga
demais apesar de ser a mais calma de nós três.—Ela saiu correndo atrás de
mim falando da minha avó,falou mal do meu pai adotivo.

—E por que não me contou isso?-Gael parecia furioso.


—Talvez porque você nunca esteja em casa.—Ela falou de volta.

—E o que você fez?Eles ainda estão ligando?Vai me dizer que vai ficar
comovida?
—Gael.—Enzo disse,quando viu que nosso irmão mais novo estava puto.

—Deixa ele falar,Enzo.Se você continuar desse jeito,vou embora dessa casa
e ficar longe de você.Pelo visto você não vai se importar nenhum pouco se
eu sumir,já que só liga para a merda do seu trabalho.—Saiu,passando por
ele subindo as escadas.

Ele também não ficou na sala,e saiu batendo a porta da sala com força.
—Vocês sabem que eles estão conseguindo o que querem,não é?-Max foi o
primeiro a dizer depois de nós três um tempo calados.

—Eles já não estão bem há um bom tempo.—Foi o que eu consegui dizer,e


me preocupei de Victória sair no meio da noite e sumir no mundo,ela fez
isso uma vez quando tinha dezoito anos e foi parar em São Paulo.
—Devem estar querendo dinheiro,vingança,e contato para se aproximarem
mais.Victória não deu atenção a eles,então vão vir atrás de mim.

Contei a eles que o delegado me falou sobre alguns dos peões que estavam
recebendo propina dele para passar informações.Só não estava se
encaixando eles estarem atrás de nós depois de anos,não parecia ser só
isso,mas não me vinha nada na cabeça do que poderia ser.
Eu sabia que meu pai havia mandado matar a família inteira de Victoria,mas
não sei até que ponto ele foi.

O delegado me contou na ligação sobre o irmão de Vanessa que havia sido


preso há anos atrás logo quando elas estavam na miséria,com os maridos
mortos,e elas não puderam fazer nada.O irmão apareceu morto logo
depois,e até hoje era um mistério.

Maria Júlia.
O são João tinha acabado,e os trabalhos voltaram.Vick me aconselhou a não
ir ver Salmo por esses dias,porque as coisas não estavam muito boas na
fazenda.Então eu não quis bancar a chata e teimosa,e aceitei ficar indo com
Enzo ou Max para a cidade.Uma vez fui até na moto de Enzo.Evitei Bem
esses quatro dias que passaram,mas ele não fazia o mesmo,vivia me
encarando,me cercando,saindo até depois dos irmãos para garantir que eu
não pegasse carona com Luan.
—Aqui sua comida.
Hoje não queria voltar para o almoço e aceitei levar o
almoço.Agradeci,sorridente,e fui de encontro a Enzo para gente ir pro
escritório.Não demorou muito para eu chegar,e deixar minha comida no
refeitório.Esses dias eu estava para baixo,e o que eu fazia era ler,tinha um
livro preferido que eu demorei muito para entender a leitura dele.Dom
Casmurro era o tipo de leitura que eu até suspirava.A primeira vez que
li,não entendi e só depois da terceira vez entendi o que o autor quis passar.
Mas até no livro Bem me perseguia já que Capitu tinha Santiago no seu
nome.
Voltei para o trabalho e soube que aqui tinha um único gado nelore,e que os
outros estavam na fazenda para um leilão.Max estava super empolgado que
um touro chegaria em breve.Ele me mostrou as fotos do touro filhote e de
como estava parrudo por conta do melhoramento genético.

—Max porque eles leiloam esses gados?


—Eles são resistentes a doença chamada vaca louca.Apresentam excelente
adaptação ao clima tropical, tem a pele mais resistente aos ectoparasita e
apresentam temperamento ativo e dócil.
—Eles ficam na fazenda?
—Sim,esse está aqui porque era filhote e estava doente,o que é raro.Na
fazenda tem um monte desses com mais o menos oito meses.Ai eles vão
passando por fazes comum na pecuária, criação extensiva em pasto nativo,
pasto cultivado,criação semi-intensiva,criação em confinamento.É tipo as
fases que eles precisam para serem leiloados ou vendidos.

—Eles ficam no confinamento na fazenda?Estudando sobre isso.-Mostrei o


caderno.
—Sim.—Ele sorriu.—Mando o Enzo te mostrar quando você chegar.
Quando ele terminou de explicar,fui ajudá-lo com o animal de mais ou
menos oito meses.Estava na hora do almoço,e eu subi para buscar minha
comida no refeitório.Enquanto esperava a comida esquentar,fiquei na porta
e visualizei aquela Leandra falando com Lourdes.Ela sorriu,e entrou
rebolando com uma bolsa no antebraço.Fiquei morrendo de ciúmes,mas
disfarcei e fingi que nada acontecia.

Meu peito se contorceu,e senti o coração acelerar.Não consegui nem


almoçar direito,tremendo de raiva dele porque ela não tinha culpa.E para
completar quando saí,fiquei quieta olhando Bem acompanhá-la pelo
elevador,e o pior,que fez meu coração doer foi ver o sorriso bonito que ele
deu pra ela.Eu nunca tinha visto aquele sorriso,nunca.Era lindo,todo
certinho,e aquela cara de mau se dissipava completamente.E as rugas no
canto dos olhos,denunciava um pouco da sua idade.
Quando o expediente acabou,pedi a Luan a carona de sempre porque queria
ir embora para casa mais cedo.

Liguei para meu pai e pedi para passar o final de semana longe daquela
cidade.Arrumei só uma mochila,e fui para sala esperar um carro vir me
buscar até o hangar onde eu pegaria o jatinho para vir embora.Da fronteira
até minha cidade natal eram duas horas de jatinho,bem rápido considerando
o ciúmes excessivo e vontade ir até bem e bater em sua cara.Porém nem
assim ele ia sentir o que eu estava sentindo.
—Vai viajar?—Gael,que chegava do trabalho, perguntou.

—Vou ficar esse final de semana com meus pais.


Me despedi dele,de Vicky e Rosa.Um carro veio me buscar,e minutos
depois eu estava em um jatinho da minha família pronta para voltar um
pouco a minha casa e para meus pais.Eu precisava ficar longe dele esses
três dias

Quando aterrissou,meu pai e meu irmão me esperavam.Assim que meu


irmão me viu,veio correndo me abraçar.Ele estava quase do meu tamanho,e
ainda conseguiu me levantar quando eu o abracei.Ele era lindo,com os
cabelos lisos e super parecido com meu pai,era sua cópia.
—Amor da minha vida.—Meu pai me abraçou como se soubesse minhas
dúvidas,meus medos.O abracei como se minha vida dependesse daquilo,e
suspirei sabendo que de todos os homens que eu teria,o que eu mais tinha
medo de decepcionar era ele.
—Você está bem?—Ele perguntou,estranhando,principalmente minhas
roupas longas para esconder os roxos.

Se ele soubesse…Acho que nunca me perdoaria.


—Claro que não—.Andrezinho falou.—Você não comeu o bolo de
chocolate que eu fiz junto do Marcelinho.

Fui salva de responder a inspeção do meu pai.


—Quer dizer que você fez bolo e nem me enviou foto?

—A gente fez hoje.


Me animei,mas por dentro estava com saudade da fazenda,dos meninos,de
Vick e Rosa.Eu estava louca por Bem,mas aquilo que eu fiz pareceu tão
errado.Me afastar dele foi a melhor decisão para ficar longe do caos que
virou minha cabeça.

Cheguei em casa e fui recebida por minha mãe,que me olhou de cima a


baixo como se soubesse que eu não era mais virgem,e a situação que eu me
encontrava debaixo das roupas.
—Meu amor.—Beijou minha testa e me analisou.De minha mãe eu não ia
poder esconder nada porque ela sabia ler as pessoas.Só que eu acho que não
era o momento.—Seus irmãos fizeram o bolo que você gosta.

—Então tchelo está aí?—Meu pai gargalhou e meu irmão apareceu sem
camisa,com short preto limpando as mãos em um pano de prato.
-Ele me mandou o dedo do meio e riu também.
—Vim te ver e sou recebido com essa porra de apelido.
—Você nem parece aquele Juiz que usa palavras bonitas.

—Tem dois dentro dele.—Meu pai falou e recebeu um pano na cara.


Andrezinho tinha sumido,e quando chegamos na cozinha, ele estava
comendo o bolo sozinho.Foi engraçado ver a cara dele quando foi pego em
flagrante.Fiquei com minha família atualizando sobre as novidades,mas
senti o olhar ávido do meu irmão em cima de mim,e da minha também.Meu
pai parecia alheio me olhando como se eu tivesse parado nos cinco anos de
idade.

Manuela e Marcelo tinham apenas quatorze anos de diferença,e era algo


que eles não comentavam comigo,eu não sabia como tinha sido a vida da
minha mãe antes de mim e meu pai,ela nunca contou.Mas quando ela teve
meu irmão era apenas uma criança,e apesar de não falar isso aos dois,eu
achava estranho não saber o que havia por trás.
Deixei minhas coisas no meu quarto,e senti meu corpo dolorido.Bem vinha
na minha cabeça,e senti falta de beijar sua boca e ver seu jeito sério o tempo
todo.Nem o sorriso lindo que Leandra teve a sorte de receber,saía da minha
cabeça.

Me olhei no espelho,vendo o brilho no meus olhos por saber quem estava


me deixando assim,o que era estranho porque Bem era o oposto do meu
pai,e pelo homem que me criou eu sempre fui tratada bem,com Bem não era
assim,e ainda sim eu estava ligada nele.
—Posso entrar?—Meu irmão deu uma batida na porta,e eu olhei pra ele
balançando a cabeça.
—O que foi?
—Você está triste?
Eu fiquei com ciúmes de Bem rindo para outra mulher que não fosse eu.
—Não,impressão sua.

Não consegui olhar em seu rosto,apreensiva dele notar algo.Conversou


comigo perguntando se eu estava gostando,e eu respondi que sim
escondendo tudo que pude.
–E o Bem?

A pergunta me pegou desprevenida,e eu acabei me assustando.Minha


barriga gelou,e eu pensei o pior.
—O que tem ele?
—Ele se aproximou de você como Enzo e Max?
Não sabia se negava,ou falava que sim.

—N..não.
—É o jeito dele,eu pensei mesmo que seria assim.Você fica intimidada?
—Não.—Tossi,me sentando na cama.—Por que essas perguntas agora?
—Nada,só queria saber se ele se aproximou como os irmãos.
Fiquei calada,sem conseguir encarar meu irmão imaginando sua reação se
ele desconfiasse.Até me perguntei se ele não estava me sondando,mas acho
que a possibilidade de eu e bem nem passava pela sua cabeça.
—Já quero que termine e eu possa voltar para vocês.—Falei sem muita
certeza.

No final da tarde me reuni com minha família,e percebi como eu era


diferente deles,sempre fui mais quieta e calada,só não era tímida,e sim
curiosa.Fiquei observando cada pessoa do meu círculo e percebi que Bem
não se daria bem com nenhum deles,provavelmente o achariam maluco e
manipulador,e mesmo sabendo que no fundo era verdade,eu não quis
aceitar.

Perceberam que eu estava mais isolada,mas ao mesmo tempo que eu estava


aqui,minha cabeça parecia em Santa Clara,me perguntando o que Bem
deveria estar fazendo ou pensando,se foi ao Bar atrás de Leandra e já tinha
esquecido o que a gente teve.
Capítulo 11

Sou o seu sonho, mente perdida


Sou os seus olhos quando você está longe
Sou a sua dor quando você retribui
Você sabe que isto é triste, mas é verdadeiro

Sad but true-Metallica.

Bem Santiago.
Estaria mentindo se eu dissesse que não fiquei furioso por ela ter sumido
aquele final de semana.Todos os dias ela estava em casa quando eu chegava
do trabalho,e mesmo que eu não a olhasse,e passasse
direto para o quarto sabia que estava debaixo do mesmo teto que o meu.Me
acostumei com todo aquele atrevimento e sorrisinho sacana.Fiquei irado
quando soube que não passaria o final de semana aqui.
Não quis saber de Max para onde ela foi,porque avisou a meu irmão,em vez
de avisar a mim,e nem mesmo a mãe ou o irmão me falaram nada.Preferi
não saber,e fiquei quieto.Passou mil possibilidades na minha cabeça,e a que
mais me perturbou foi o fato dela ter voltado pra casa dos pais,para
encontrar algum namorado.

Não era a melhor escolha tê-la como minha amante,era só uma menina e eu
tinha que ter noção.Eu sabia como era a sociedade em que vivia,sabia das
piadinhas e do tabu.E no fundo aquilo parecia ter uma certa razão,porque eu
não tive limites,e era errado pra mim ficar com uma garota.
Me torturei,mas não perguntei a meu irmão.E se ela não tivesse ido para
casa dos pais?Tivesse viajado com algum moleque da sua idade?Isso não
era muito dificil de ter acontecido,porque ela era linda demais,e só de
pensar em alguém a tocando,um sentimento de posse vinha forte dentro de
mim,e quis matar um de tão puto da vida que eu fiquei.E só de pensar em
alguém beijando a boca da minha loirinha,eu ficava louco.

Ela era minha.


Parecia que só ela tinha aquele olhar azul brilhante,e a raiz do cabelo tão
loira quanto os cílios e o pelo das sobrancelhas.Minha loirinha.

Fui em busca de Max umas duas vezes,mas parei no meio do caminho


tentando me controlar.Fiquei impaciente na sala,agoniado pensando nela e
com raiva de mim.Andei até a porta do corredor que dava para o seu
quarto,e vi a porta fechada,sabia que pela manhã ficava aberta enquanto
arrumava todo o quarto e fazia questão de limpar.
Me segurei para não entrar e olhar suas coisas,se é que ainda tinha.Pensei se
ela tivesse ido embora de vez,eu estava mesmo preocupado.Com tudo que
estava acontecendo ainda tive que ir com Max olhar a parte que eu menos ia
na fazenda.E Salmo,um dos meus cavalos assim que me viu ficou ainda
mais arisco.Pensei em Maju,que sempre pedia pra vir aqui,e eu nunca
deixei porque não queria nenhum homem olhando pra ela,e não confiava
nesses peões a ponto de deixá-la andar só por esse lado.
—Ele só se acalmou uma vez quando Majuzinha estava aqui.—Meu irmão
comentou sem saber,e eu me irritei mais ainda.E isso se estendeu quando
meu pai,que era inimigo de metade de Santa Clara perguntou pela menina
porque disse que ela se parecia com minha mãe.
Ele deveria enxergar que eu não estava bem.Meu pai estava preso e
debilitado naquela cadeira de rodas,mas ficava ligado em tudo que podia.

—Quando Maju voltar,a gente traz ela aqui.—Enzo falou,e abraçou nossa
irmã que alisava a barriga.Ela e Gael não estavam se falando
,mas não quis me meter.Sabia que minha irmã tinha o gênio difícil,mas
meus irmãos e eu passamos a mão pela cabeça dela.
Peguei Atos,que apesar de ser como Salmo era mais dócil comigo e com
quem conhecia.Alisei a crina preta e montei,cavalgando pelas terras que já
tinham sido motivos de disputa um dia.Era extensa,e no final do campo
passava um córrego do rio.Indo mais para frente tinha uma cachoeira
linda,mas a gente evitava ir por lembranças dolorosas.Olhei as terras vendo
o campo de girassol,e mais a frente o milharal a se perder de vista.

Quando voltei,Rosa veio dar notícias de Maju,mas não queria me importar,e


subi para o quarto tentando não ouvir antes que eu fizesse uma
loucura.Desci só para jantar,depois fui ajudar meu pai.Comigo ele sempre
deixava e resmungava pouco.Não aguentava segurar a colher,se
tremendo,sofria de mal de parkinson.Quando sofreu o acidente fizeram os
exames gerais,e descobriram uma alteração no mesencéfalo.E no
hospital,dois dias depois do ocorrido quando foi tentar se alimentar sua mão
tremia,ficando rígida e sem equilíbrio.Por isso se cansava tanto na hora de
comer,mas era teimoso e não gostava de receber ajuda.
No outro dia esperei encontrar com Maria Júlia,mas ela não havia
chegado.Fiquei tão irritado que preferi tomar café no escritório,e nem
Fernanda entendeu nada quando disse que preferia ficar sozinho e só me
entregasse os contratos outra hora.Como não era função dela e sim de
Lourdes,pedi que me trouxesse alguma coisa para comer e não demorasse.
Olhei o relógio vendo que já passava das dez,e eu já não aguentava mais
ficar sem notícias.Tudo que vinha acontecendo era por culpa minha,pelo
meu descontrole.De qualquer forma ela já deveria estar em casa.
Me levantei,e irritado peguei minha pasta preta.Entrei no carro e parti para
casa.

Alguma coisa dentro de mim me alertou,e eu dei a volta cantando pneu


parando no fundo da casa,na área da piscina,com vista da mata fechada.E
era onde as lavadeiras lavavam as roupas.Tinham duas delas no
tanque,esfregando as roupas enquanto conversavam,provavelmente
fofocando sobre a vida de alguém.Eram fofoqueiras natas igual a minha
assistente Lourdes.
Quando vi a cabeça loira surgir com umas calcinhas na mão,colocando no
tanque e se esticando pegando o sabão.O corpo pequeno se ergueu ficando
na ponta dos pés pegando o produto.Desci do carro,estacionado de qualquer
jeito,batendo a porta com tanta força que assustou ela e as meninas que
lavavam as roupas.Não quis nem saber se tinha gente olhando,mas quando a
virei para mim e ela arregalou um pouco os olhos,as duas que lavavam
roupas correram apressadas.

—Onde você estava,porra?—Esperava muito que ela falasse a alternativa


que eu estava pensando.
—Meu Deus...Bem...—Falou ofegante,e olhei suas mãos sujas de sabão,e
reparei nos detalhes de suas duas calcinhas com manchas de sangue.Voltei a
olhar pra ela.

—Estava com algum macho?—Me aproximei vendo-a ficar ofegante,indo


para trás.
—Não,se informasse com Max e ia saber onde eu estava.—É,então tinha
ido para casa dos pais.

—Por que foi?


—Porque eu quis.—Ela me desafiou,e tentou me afastar com as mãos
molhadas de sabão.Olhei seu shortinho pequeno e folgado, a camiseta mais
curta mostrando a barriga.A peguei pela cintura e a fiz sentar no tanque,ela
se molhou com a água que subiu,e acabou molhando um pouco meu
terno.Me olhou por um momento antes de eu avançar na sua boca
,entrelaçando minha língua com a dela,enfiando as mãos nos seus
cabelos.Devorei sua boca,sentindo a textura dos lábios macios contra os
meus,e sua entrega quando deixou sua língua tocar a minha,me pegando de
volta apertando e molhando meu terno com suas mãos,desesperada.
Chupei seus lábios desesperado por ela também.Puxei seu cabelo para trás e
chupei seu pescoço tentando descontar o que eu sentia ali.Não paramos nem
para respirar,só quando o ar realmente faltou.O que não demorou muito,e eu
pude ter a língua dela dentro da minha boca novamente.Engoli tudo que ela
tinha a me oferecer.
—Foi se encontrar com alguém?—Minhas mãos estavam em sua nuca.

—Por que quer saber?—Me olhou lânguida,com a boca vermelha e


inchada.—E se fui?Não tem nada a ver com isso.
—Então você foi?—Me afastei dela e ela ergueu uma sobrancelha.Mordeu
os lábios,e e pude jurar que vi um resquicio de um maldito sorriso.

—Me fala,porra.Se eu ver você com outro eu te mato.—Falei no calor do


momento.Eu não sabia demonstrar nada a ninguém.—E mato ele.
Isso pareceu assustar ela.

—Me...Me mata?—Gaguejou.
—Mato.Você sabe que eu tenho coragem,se você não ficar comigo não fica
com mais ninguém,porra.

Se esquivou,descendo do tanque tentando me empurrar.Pegou as


calcinhas,uma de oncinha e a outra rosa de renda,e jogou em mim.Peguei
com a mão olhando o círculo manchado de sangue.
—Eu fico com quem eu quiser.—Gritou sem se importar se seríamos
ouvidos.

—Fica um caralho,só por cima de mim.


—Não quero mais nada com você,seu louco.—Pegou as calcinhas da minha
mão,parecendo envergonhada por eu ter visto o sangue.—Saí da minha
frente.—Foi passar por mim,indo para o outro tanque onde as lavadeiras
correram.Entrei em casa pela porta da cozinha,e as meninas que estavam lá
fora me olharam assustadas,e fingiram que não viram nada.Tirei meu
terno,e subi cuspindo fogo.

Maria Júlia.
Que homem maluco.

Ele tinha realmente ficado com ciúmes,achando mesmo que eu fui me


encontrar com outro?Desceu do carro e veio até mim pisando duro.
Foi tudo tão rápido e uma loucura.

Não era para ele ter visto minhas calcinhas,eu morria de vergonha de
alguém ver que eu tinha menstruado,por isso corria e lavava
escondida.Mesmo com o absorvente noturno vazou um pouco atrás na
calcinha,e eu troquei duas vezes,e mesmo assim melou pelo fluxo forte.

Aceitei o beijo matando a saudade que fiquei dele,mas vi que não gostou
que eu tivesse viajado.Problema dele.Além de ter ficado com vergonha das
meninas,que provavelmente fariam fofoca para as outras fiquei com raiva
dele.Terminei de lavar a calcinha no outro tanque e deixei estendida depois
de analisar bem e ver que as manchas tinham saído.
Quando voltei e entrei pensei que a cozinheira,Vera,já tivesse sabendo,mas
me olhou normal e ainda veio me contar que com a ajuda de Bem,a filha
tinha ido fazer faculdade em Belo Horizonte.Tentei procurar Gabriele e
Lúcia com o olhar,elas eram as lavadeiras que presenciaram tudo,e vi que
nem cochichavam.Rosa entrou na cozinha,animada trazendo milho,cenoura
e mais alguns legumes plantados na horta.
—Quer ajuda?—Rosa me olhou e desceu o olhar por meu corpo,com a
roupa molhada.
—Minha filha o que aconteceu?—Continuou a me analisar.Pensei rápido e
a primeira coisa que veio na mente,falei:

—Eu fui pegar o sabão e acabei me molhando,tia Rosa.—Engoli


seco.Torcendo para não ter fofoca sobre isso.—Venha,deixa eu te ajudar.—
Peguei um pouco do peso de seus braços,e a ajudei.Ela sorriu,e eu fui até a
mesma colocando as cestas com os legumes.
—Como foi a viagem?Quero conhecer seu irmãozinho que Vick me
mostrou as fotos.Traz ele pra passar uns dias aqui.

—Foi ótima.—Sorri.—Ele vai entrar de férias por quinze dias na escola e


penso em falar com minha mãe.
—Ele deve ser bonzinho assim como você.

—Que nada,é uma peste.—Ela gargalhou e Vera acabou sorrindo também.


—Só sabe me atentar e jogar vídeo game.
Fui para o quarto,me arrumar para pegar o segundo turno.Passei meu gloss
nos lábios e segui de carona com Enzo.Chegando lá cumprimentei
Luan,que disse sentir minha falta,e por coincidência,eu ficaria no mesmo
setor que ele.Luan me falou que sua irmã estava fazendo uma despedida de
solteira porque ia se casar no cartório em breve,e o casal juntaria dinheiro
para festa.Me convidou para ir no Estradas bar,e eu quis revirar os olhos,por
ter que ir onde a dona era também a dona do sorriso de Bem.

Fiquei ao lado de Luan,e vi suas olhadas em mim,só parava quando Enzo se


aproximava.
Enzo parecia meu irmão,e cuidava de mim da mesma forma que fazia com
Vick.Por volta das seis horas,mesmo em um dia de semana,Raquel insistiu
que eu fosse para a despedida dela.Ela não tinha a mesma relação com
Vick,mesmo a morena sendo muito mais sorridente e simpática que
eu,Raquel dizia que Vick não era essa boa moça que aparentava,e sim
metida que só gostava de quem vivia no mesmo círculo dela.
Aquilo mexeu comigo porque a irmã de Bem não era assim comigo.
O que me fez pensar que Victoria era tão mimada quanto eu.
Nunca falei meu sobrenome,para eles eu sou apenas a Maju.Eu segui os
conselhos de Marcelinho,pois com os meus "amigos"da faculdade muitos
deles só andavam comigo porque sabia das minhas condições.
Fui ao banheiro e troquei o absorvente,sentindo uma dorzinha dentro das
minhas pernas, muito incômoda.Eu tinha o fluxo bem forte mesmo,a minha
sorte era que só ficava três dias menstruada.E nunca atrasava.

Raquel estava muito animada e eu nem tinha comprado nada para ela,então
prometi dar um presente para a casa nova.Ela pretendia morar aqui mesmo
na fazenda com o noivo até ele concluir a faculdade.Depois mudariam para
o centro de Santa Clara.
Cheguei no bar e fomos recebidos por algumas mulheres que ficaram
animadas,e eu só não me senti deslocada porque Luan me deixou ao lado
dele.A decoração me deixou corada porque tinha paus de plástico e eu
estava ao lado de Luan.

Bandeirolas rosa com o rosto do noivo,além de docinhos temáticos.


A festa de Raquel era em uma área isolada,com ar condicionado que
Leandra alugava como salão de festas.

Do vidro que separava o ambiente do bar,meu coração bateu forte ao ver


Bem de cara feia sentado no balcão me olhando fomos se fosse...Me matar.
Ele só faltou quebrar o copo,e eu aproveitei disso,e sem me importar com
sua presença me sentei ao de Luan.

O bar mesmo sendo dia de semana,encheu e aquilo revoltou mais


ele,porque dificultou sua visão.Foi muito engraçado ver seu esforço
erguendo a cabeça para tentar me ver.Ri baixinho com a cena.As meninas
começaram a puxar assunto comigo,e eu respondi sorrindo,mas doida pra
sair dali,arrependida de ter aceitado.Só fui mesmo por consideração a
Raquel e seu irmão que sempre foram gentis comigo.
Logo que os irmãos Santiago chegaram,Enzo e Max.Bem não foi até os
irmãos.Enzo foi circular e Max se encostou no irmão mais velho,Leandra
sorriu enxugando um copo.
—Já viu que aquela menina está te olhando?
—Qual?—Luan perguntou sem graça.
—A filha da Leandra.—Ele ficou um pouco sem graça e eu cutuquei ele
sorrindo.—Acho que temos uma amizade,não acha?—Ele olhou para mim e
riu um pouco.
—Eu e você não vai rolar nada mesmo,não é?—Neguei com a cabeça.Eu
não conseguia nem pensar na possibilidade de ser de outro homem.—Sei
que deixei a entender.Pensei que tivesse chances.

—Não fique chateado.—Ele me olhou e bebeu a cerveja por um momento.


—Você é uma boa pessoa.—Disse com sinceridade.
—Não estou,mas você é linda não só por dentro.Eu gostei muito de
você,mas já que não tenho chances podemos ser amigos?

—Sim.—Sorri,sem querer usá-lo para fazer ciúmes em Bem,com medo que


ele demitisse Luan.O abracei de lado e sorri.A menina quase desfez o
sorriso,mas viu esperança quando ele abriu um sorriso discreto para ela.
Max me chamou com a mão e apontou para os petiscos no balcão,bolinhos
de queijo,o mesmo pedido que eu fiz da última vez que vim ao bar com
meu irmão e ele.Ignorei Bem,que bebia um copo de uísque e acendia um
charuto.
Comi o petisco e olhei para ele passando os dedos pelos meus lábios cheio
de gloss.Era bom saber que eu conseguia provocá-lo.Desviei o olhar e
voltei a comer.Leandra perguntou se eu queria beber algo,e neguei.Senti o
cheiro de nicotina queimando.

Leandra cochichou algo com Bem,e com ciúmes pisei no pé dele na hora da
raiva,e com pressa porque queria sair dali.Não quis incomodar Luan,então
fui até Luan que não tinha tomado iniciativa com a filha de Leandra.
Mas a mãe dela tinha tomado iniciativa com Bem.

—Já foi falar com ela?


—Não,eu tô esperando ela terminar de atender.
—Pode me levar na fazenda?Desculpe atrapalhar,comi algo que não me fez
bem.—Menti.
—Posso sim.Acho melhor falar com ela antes,o que acha?

—Sim.—Sorri.—Diga que voltará.

Bem Santiago
A busquei com os olhos,mas só consegui ver quando Luan ia na frente
segurando a mão de Maju.Era agora que eu iria matá-lo.
Fiquei cego e mudo para o mundo à minha volta.
Ela estava indo embora com ele,porra.O que iriam fazer?Foder?Nunca.
Não pensei antes me levantar sem olhar para mais nada,peguei apenas a
chave do carro,levantando tão doido que deixei a cadeira que eu estava
cair.O barulho foi alto,mas ninguém se importou por ser bem na hora que o
cantor entrou.
—Bem?—Leandra gritou.—BEM—Ouvi a voz vindo atrás de mim,mas eu
nem dei atenção.Saí procurando por eles,e vi o exato momento em que
Maria Júlia entrou no carro.
—Bem,seu celular,sua carteira.BEM.—Leandra gritava e ouvi sua voz
vindo atrás de mim.Mas nem lhe dei atenção,dando ré tão rápido que não
me importei se tivesse batido em outro carro.Acelerei com o carro e sai
disparado procurando pela caminhonete do filho da puta.Eu já tinha
aguentando demais vendo ele a trazer sempre que podia.
Antes de entrar na estrada que levava para as fazendas,vi Maria Júlia saindo
de uma farmácia,e antes que eu saísse,ela entrou no carro que arrastou
rápido demais.Eu acelerei batendo contra a caminhonete laranja,fazendo
Luan parar bruscamente.
Peguei minha arma no porta luvas,desci rápido do carro a procura dele que
descia do seu sem entender.O peguei pelo colarinho,e enfiei a arma
em sua garganta.

—BEM.—Maria Júlia berrou—MEU DEUS,PARA.


—Eu te avisei,não foi,porra?

Ela negou,muito assustada.


—Estava levando a minha mulher pra onde?—
Gritei na cara dele,com a arma em punho.—FALA,CARALHO—Coloquei
a outra mão.Ouvi uma gritaria,e Maria pulando e agarrando meu braço.
—Para com isso,Bem.—Tentava me puxar mas eu não lhe dei atenção.A
ignorei e foquei nele que apesar de pálido não abaixou a cabeça.
—Eu não sabia que ela era sua mulher,patrão.Maju,porque não me disse?—
Ele a olhou nervoso,e decepcionado.
—Larga ele,Bem,por favor.—Maju me pediu,e eu perdi as forças ao olhar
para ela.Tudo o que eu fiz foi entregar minha arma para ela que ficou sem
ação.
Fiquei com tanto ciúmes que tudo a minha volta pareceu não fazer
sentido.Quis descontar meu ciúmes no menino que não tinha nada a ver
com a história.Foda-se.
—Só se você for comigo.
Ela olhou a arma,depois a mim.
—Eu estava levando ela para a fazenda.

—Bem.—Ouvi a voz de Leandra,mas não a olhei-.-Você deixou tudo em


cima do balcão,fiquei preocupada.O que está fazendo?Solte o garoto.
—BEM.—Maria gritou nervosa,segurando meu braço.—Por favor,deixe ele
ir.

—Solte o menino,Bem.—Leandra falou.


Maju foi no meu carro,abriu a porta e pareceu jogar a arma.
—Qualquer coisa,pode falar comigo.—Ela o olhou e sorriu,nervosa.Ia para
cima dele de novo,mas Maju gritou agarrando minha cintura,tentando me
puxar para trás.
—Não faz isso,ele não tem culpa.PARA.—Gritou.
A trouxe comigo para o meu carro,quando a caminhonete deu ré desviando
do carro de Leandra,que ela usava para comprar as mercadorias.
—Bem,o que foi isso?—Estendeu o celular e a carteira para mim.—Você
está bem?—Olhou para Maria Júlia que continuava pálida.

—Estou sim,obrigada.
—Certeza?—Olhou de mim para ele.Maju pareceu gostar que se
preocupasse com ela,pois deu um sorriso fraco e desconfiado para Leandra.
—Sim,tudo não passou de um mal entendido,obrigada por se preocupar
comigo,Leandra,de verdade.—Agora o sorriso foi genuíno,como se as duas
mulheres se entendessem.Se virou para mim,e sua expressão suave mudou:

—O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?—Ela gritou e socou meu peito.


—VOCÊ APONTOU UMA ARMA PRA ELE.
O modo que falava era surreal.
—Eu não sabia para onde ele estava te levando.—Falei morrendo de
ciúmes,mas não ia admitir por nada.
—Você me assusta.
Disse,sem ter para onde ir entrou no carro,irritada.
Olhei para Leandra que presenciava a cena,um pouco surpresa e pálida,até
porque nunca me viu daquele jeito,e a se gente conhece há anos.Nunca
perdi o controle como aconteceu aqui,e nem fiquei vulnerável por
ciúmes.Mas eu não ia deixar esse moleque levar minha loirinha.

—Eu não sabia que vocês...Você deixou sua carteira e celular no balcão,e eu
não imaginei que era por isso...—Me estendeu a carteira e o celular
novamente.Não sorri,mas suavizei o olhar,porque Leandra não tinha
entendido nada.
—Obrigado.—Peguei os dois,sem dar explicação para ela.—Só fiquei
nervoso.—Falei para ela que entendeu e lambeu os lábios.

—Eu entendi.—Não falou mais nada.—Passo no escritório depois.


—Te aguardo.—Me despedi de Leandra que entrou no carro.Joguei o que
ela me deu no banco de trás,enquanto Maju continuava com o bico e de
braços cruzados.Pensei que receberia alguma coisa,mas ela ficou assim o
caminho todo,e quando chegamos pulou do carro e bateu a porta com raiva.
Desci do carro e fui atrás dela,que passou direto para o quarto.Ouvi a porta
do quarto batendo,e antes de entrar e falar com ela,fui ver meu pai.A
enfermeira me disse que ele hoje quase não comeu,e que quis ficar no
quarto.
—Amanhã ligarei para o médico.—Informei a enfermeira,e sai do quarto
gelado pelo ar condicionado.
Achei que o quarto de Maju tivesse trancado,mas estava aberto,e vi a luz do
banheiro acesa com a porta um pouco encostada.Entrei no quarto e tranquei
a porta,abrindo a do banheiro vendo-a trocar o absorvente cheio de sangue,e
fiquei atento quando tirou enrolando no papel trocando por outro.Quando
me viu olhando ela fazendo isso rapidamente ficou corada.
—O que foi?—Lavou as mãos.Estava apenas de calcinha e com a blusa
branca,não se importava mais comigo olhando seu corpo.E porra,mexeu
comigo mais uma vez.—Você protagonizou uma cena.Horrível.

—Fiquei desesperado.
—Problema seu.Eu...Eu fiquei com medo de você.—Admitiu,e olhou par
abaixo.Triste.

—Não precisa ter medo de mim.Porra,olha pra mim.—Tentei,mas ela


recuou.—Eu fiquei com ciúmes,porra.
Me aproximei,e ela não recuou então envolvi sua cintura e beijei seu
pescoço,cheirando em seguida.
—Você precisa me entender.
—Estou tentando.—Respirou fundo.—Mas é complicado.
—Eu senti sua falta.—Admiti e ela me olhou surpresa.Pude ver seu cabelo
longo batendo na bunda,e a calcinha com as abas do absorvente.
Ela não respondeu,não sorriu,apenas me analisou,parecia diferente.
Passei minha barba pelo seu rosto,cheirando os cabelos com cheirinho de
cereja.Capturei seu lábio inferior,e depois de insistência minha tentando se
desculpar ela foi cedendo,e me beijou devagar,passando a língua na minha.
A agarrei,trazendo mais para mim como se fosse possível, e deixei que
chupasse minha língua.Passei minha língua pelos seus lábios,e ela abriu me
recebendo novamente,a pressionei com meu quadril e ela gemeu,sem
desgrudar.
Quando encostei minha testa dela,a certeza que eu tive foi que Maria Júlia
me deixava doente,e eu tinha medo do que poderia fazer com ela.
Capítulo 12
Maria Júlia.
—Minha loirinha.—Sussurou passando a língua pelo meu ouvido,mordendo
onde ficava o furinho da minha orelha.Me segurei na pia quando apertou
meus seios vendo que estavam sem sutiã.Não consegui usá-los.Ele juntou
os dois e mamou,babando minha blusa ficando com a marca da sua boca
onde havia chupado.
—Ai.—Resmunguei,dengosa.—Bem,estão doendo.—Apertei seus ombros
com força.
—Por quê?—Segurou meus cabelos olhando nos meus olhos.
—Porque estou menstruada e estão sensíveis.—Subiu minha blusa,e olhou
meus seios inchados,muito maiores do que eram realmente.E aquilo fez seu
olhar suave mudar,e ele passar a mão inteira pelo seio.Sua mão era grande,e
ainda tinha um relógio grande no pulso que passou raspando.
—Vou mamar gostoso e vai passar.—Passou a boca pelo meu
pescoço,mordendo como gostava de fazer,e o hálito quente encontrou meus
seios.Sugou um,levando inteiro dentro da boca quente.Doeu,mas ao mesmo
tempo foi tão gostoso que não contive um gemido.Seus olhos se fecharam
quando ele mamou rapidamente passando a língua no bico sensível.O outro
começou a arrepiar,os bicos ficando estrumecidos,doloridos demais.
Me ofereci tentando tirar sua mão do meu seio,e ele tirou a boca de um e
passou para o outro mamando forte.Olhei para baixo vendo meu seio na sua
boca,e fiquei mais excitada ainda com a cena.
Não consegui deixar de olhá-lo chupando meus seios,e ele sentiu meu olhar
queimando,e me olhou de volta.Passou a intercalar a boca entre um e o
outro,enquanto me encarava.
—Bem.—Sussurrei,minha vagina estava doendo,e pulsando,dolorida.A
cólica ficou mais forte,e eu senti o sangue escorrendo dentro de mim.
—Minha vagina está doendo.
—Vagina o caralho.Boceta.
Provavelmente fiquei vermelha,apenas balancei a cabeça.

—Eu não posso ficar com você menstruada.


—Pode,vou meter meu pau em você com sangue.
—Não.—Sussurrei quando me pegou no colo,saindo do banheiro comigo
apenas de calcinha.Me deitou na cama,e ficou no meio das minhas
pernas.Acabei ajudando com a sua roupa vendo suas pernas peludas que o
deixavam todo macho.E seu pau grande e grosso babando na cabeça
vermelha.—Está saindo muito sangue.
—Eu quero você de qualquer jeito.Estou com saudades,minha
loirinha.Estava louco sem você.

Mordi os lábios doida para falar do sorriso dele para a Leandra,mas me


contive sabendo que ele deveria ser sincero,principalmente pelo jeito de
ser.Abri minhas pernas,mesmo com a parte interna da minha boceta doendo
muito.Eu estava excitada,agoniada,precisando de alívio.Ele ficou nú,e me
ajudou a tirar a calcinha olhando o absorvente encharcado,e quando pensei
que jogaria no chão,cheirou,e jogou a peça no chão.
—Vem...Por favor.—Implorei,vendo que queria aquilo tanto quanto
ele.Doida para aliviar aquela dorzinha e a cólica extremamente forte.Ele
pegou o pau e se masturbou,depois suas mãos foram em minha cintura e me
deixou de quatro.Pegou o pau e encaixou dentro das minhas pernas.

—AH.—Gritei alto sem me importar se seríamos ouvidos.Ele entrou em


mim de uma vez,e eu fui para frente com tudo,meus seios balançando com
brusquidão.
Ele bateu novamente tão forte,que quase caí para frente sentindo meu útero
se contraindo de dor .

—Gostosa.—Bem começou a estocar forte,bruto,fundo.Bati minha cabeça


na cabeceira e ele trouxe minhas costas para encostar no peitoral dele.—
Que saudades de meter nessa bocetinha.—Gemeu no meu ouvido e eu gemi
um pouco alto,rebolando sentindo-me pingar,mas passei a não ligar e deixei
que me comesse como fazia e eu gostava.Não tinha jeito para mim,pelo
visto eu gostava de sexo forte e de apanhar.

Segurou no meu pescoço por trás,e me inclinou para frente estocando em


mim,fazendo suas bolas bateram na minha bunda.O barulho das estocadas
dura dele ecoou pelo quarto,que quem quisesse podia colocar o ouvido na
porta e aproveitar.
—Ai que delicia...Isso...Bem.—Puxou meu cabelo na ponta,inclinando só
um pouco minha cabeça.Por um momento esqueci do mundo,e fiquei
apenas nos gemidos gostosos que ele soltava,no barulho molhado,e no
cheiro metálico de sangue e suor que escorria pelo quarto.Sua mão pesada
deu vários tapas na minha bunda,fazendo ainda mais barulho,e eu gemi
mais alto,manhosa rebolando de volta.

Me puxou para seu peito,e saiu de dentro de mim.Se deitou e eu vi estado


que estava suas coxas meladas de sangue,assim como seu pau.A cama
estava com alguns pingos também.Vi meus grandes lábios no mesmo
estado,e antes de ficar com vergonha me beijou novamente,possessivo,duro
como ele.
—Rebola para mim,Maria.—Suspirei ouvindo meu primeiro nome saindo
da sua boca.Me sentei sem dificuldade,sendo lubrificada pelo meu sangue
que já escorria sem controle e nos melava.Me inclinei para trás e calvaguei
com ajuda de suas mãos.Eu ainda não sabia cavalgar direito,ficava perdida
e precisava que me ajudasse.Ele pareceria saber disso,pois suas mãos
pareciam me ajudar nos movimentos de desce e sobe.

Quando voltei a olhar para seu rosto estava sério,com a boca


semiaberta,olhando minha boceta saindo sangue.Cavalguei mais
forte,quando essa posição foi fazendo com que a dor passasse.Desci e subi
com o apoio dos pés.
Agarrou os meus seios,mamando forte,e eu não controlei os gemidos,e
gritos.Enquanto ele me invadia,senti sua carne quente me arrombando por
dentro,indo com tanta força que até os gemidos eram cortados com a
grosseria de suas investidas.
—Ah,porra,Maria Júlia.—Urrou,fora de si.No momento em que fui para
frente,coloquei a língua para fora e ele sugou para dentro da sua
boca.Invandido tudo que podia de mim,e eu gozei como nunca,sentindo seu
esperma quente se misturar ao sangue.

—Porra.Porra.—Falou ofegante.
Cai em cima dele.Não saiu de dentro de mim,e eu me agarrei a ele,de olhos
fechados.Soltei a respiração que eu nem sabia que segurava.Só agora caí na
real de como fizemos barulhos,e uma vergonha grande veio do fundo da
minha alma.

—O que foi?—Tirou uma mecha do meu cabelo,e continuou me olhando.


—Eu acho que podem ter ouvido a gente.O quarto do seu pai é aqui do
lado,e a enfermeira está acordada.—Escondi meu rosto em seu
pescoço,morrendo de vergonha.

—Eu estava matando a saudade de você,do seu cheiro.—O olhei.


—Eu senti saudade de você entrando em mim...Assim.—Um resquício de
sorriso bem rápido passou por seus lábios,foi quase imperceptível.Fui até
ele e beijei o canto de sua boca de forma carinhosa.Eu queria o chamar de
lindo,mas me contive.Cheirei seu rosto passando o nariz,e coloquei a mão
na sua face.

—E se Rosa ouviu?—Fiquei realmente preocupada.—Eu gritei muito


porque doeu.—Voltei a esconder meu rosto no vão do seu pescoço,e ele
suspirou longamente.
—Se a enfermeira ouviu será discreta.—Suspirou,colocando o braço no vão
do meu pescoço e outro na cintura em um abraço.O abracei de volta,com as
mãos na suas costas,e as pernas entrelaçadas na dele.Recebi um selinho
molhado,sentindo sua língua passeando por meus lábios.O beijo teve estalar
de línguas e lábios quando aprofundou mergulhando a boca na minha.

Fomos para o banho,porque o sangue não parava de sair e começou a melar


muito a cama.Passei o shampoo sobre seu olhar,que leu o rótulo da
embalagem.Era um cheirinho que eu passei a usar desde dos meus quatorze
anos,de cereja e fundo de chiclete.Bem tomou banho comigo,e vestiu a
roupa dele novamente,deixando só o terno na mão.Disse que tomaria banho
direito no quarto dele. Do jeito que era chato,com certeza era cheio de
manias.

Sai do banheiro já com outra calcinha e absorvente,colocando uma


camisolinha rosa curta de flor,que segurava meus seios.Esperei que ele
fosse embora,mas ficou me observando por um tempo segurando o
terno.Ajeitei minha cama,tirando o lençol sujo guardando na cesta para
lavar amanhã.
—O que foi?—Falei indo pegar no armário uma roupa de cama nova.

—Venha dormir comigo.—Não foi um pedido,e sim uma ordem.Fique até


um pouco surpresa.—Amanhã de manhã cedo você vem dormir no seu
quarto.
—Tem certeza disso?

—Absoluta.—Disse sem vacilar.


—Tá bom.—Passei na frente dele,e abri a porta ficando super constrangida
quando a enfermeira de Estevão saiu dando de cara conosco.Bem tinha uma
mão na minha cintura e a outra fechava a porta atrás de si.Ela ficou tão sem
graça,que não sabia onde enfiar a cara,e corou acho que mais do que
eu.Ficamos nos encarando,e imaginei o que ela não estava pensando de
mim,com meus gritos e gemidos altos.

Fiquei tão envergonhada quanto ela,que desejou apenas um boa noite e


correu para o outro lado do corredor onde tinha o banheiro.
—Venha.—Bem me puxou com ele e subimos a escada para o seu quarto
agarrados.

Me deixou no quarto dele,e entrou no banheiro.Olhei o quarto escuro sem


muita decoração,tinha apenas uma cama grande com quatro dorsais,e uma
janela do teto ao chão com vista para suas terras.Uma poltrona de canto e
uma mesinha com garrafa de café em cima,além do abajur.
Tinha duas portas,uma de correr que suponho ser o closet,e a outra que ele
entrou,banheiro.Tinha também uma porta embutida,abri e vi roupas de
cama,e alguns de seus sapatos.Entrei no closet e analisei suas roupas
arrumadas e alinhadas.Quando o barulho do chuveiro parou corri e me
deitei na cama.Ele saiu só com a calça do pijama e veio até mim,com o
cabelo molhado cheirando a sabonete phebo.

Não falou nada,só me puxou para os braços dele e entrelaçamos nossas


pernas.Estava de frente para ele,e me ajeitei melhor com a mão em seu
abdômem,apagando.
******

Acordei e abri os olhos ainda na mesma posição que dormi.Ele não fechou
a cortina,e o sol nascia iluminado o quarto.Ouvi sua longa respiração,e
fechei os olhos rapidamente fingindo respirar tranquilamente.
Senti seu nariz no meu cabelo cheirando devagar,e seus dedos passeando na
minha boca.Meu coração acelerou dentro do peito assim que a boca beijou
meu pescoço.O polegar passou pelos meus lábios inferiores,sua mão
levantou e pareceu ficar no ar,então suspirei abrindo o olho devagar
fingindo ter despertado agora.

Bem Santiago.
Minha loirinha acordava linda pela manhã,e não me contive em virá-la de
lado apertando seus seios,ouvindo suspirar longamente quando levantei
suas pernas.Beijei seu pescoço e ela sorriu,e sem eu esperar alisou minha
barba.Eu não gostava de carinho,mas acabei deixando,me abrindo um
pouco mais por ela.Meu coração bateu forte quando ela gemeu baixinho.

—Minha cólica voltou.—Falou quando desci sua calcinha.—Bem,não,estou


toda melada.
—Eu gosto assim.—Sussurrei mordendo sua orelha,passando os dedos nos
grandes lábios molhados de sangue.Gemeu baixinho,com a respiração
entrecortada.Mordi seu ombro,e ela jogou a cabeça para trás encontrando
meu olhar.Não me contive e beijei sua boca ainda mais carnuda quando
acordava.
Desci a calça do pijama que usava,e como estava menstruada,iria transar
com ela sem proteção,depois que tudo voltasse ao normal eu iria atrás de
um médico para ela tomar injeção porque me recusava a foder com
camisinha.

Maturbei o clitóris durinho e ela rebolou,gemendo com a boca na


minha.Flexionei sua perna para cima e aproveitei que estava molhada,e fui
abrindo sua bocetinha quente,molhada e apertada devagar com meu
pau.Intensifiquei o beijo quando senti minha carne dura passar pelas
paredes da boceta melada de sangue,e o cheiro métalico subir.
—Os lençóis...—Falou entre gemidos quando me movimentei,a comendo
por trás enquanto meu pau era sugado para dentro—Ah...Bem...
—Foda-se a porra dos lençóis.—Fui para cima dela,segurando sua
perna,mordendo a frente do seu pescoço,passando a língua.Apertei seu seio
com a mão livre,sentindo durinho,pontudo e arrepiado no biquinho.
A comi de lado,estocando sem pausa,doido por essa garota.Não aguentei
sair de cima dela nem quando o despertador tocou,avisando que já era a
hora de ir.
Não deixei que voltasse a dormir,e antes que alguém a olhasse aqui no meu
quarto ela se levantou,e olhou para os meios da perna morrendo de
vergonha.Levou os lençóis com ela alegando que ia lavar,e eu concordei
sem contrariá-la indo para o banho.
Fiquei o dia inteiro preso em uma sala de reunião,tendo uma dor de cabeça
seguida da outra e vários contratos para assinar.Passei o dia lendo relatórios
e passando a minha rubrica no final de cada página.Pensei na minha
loirinha,e quis voltar para casa porque sabia que hoje ela saia mais cedo.Já
estava anoitecendo quando Fernanda,sempre alinhada e exigente bateu na
porta e pediu licença.
—Bem,aqui tem o contrato de venda de três touros nelore com
melhoramento genético.Estão me dando trabalho,porque um vai para o
leilão,o outro para exposição na cidade e um para fora do estado.Acontece
que tem um que não está se desenvolvendo bem e era o que mandaremos
para o leilão.
—Faça o seguinte,mande os dois que estão saudáveis para o leilão.—Passei
a mão no meu bigode,em seguida na testa analisando e pensando no que eu
faria.—Peça para Enzo preparar o touro que está na fazenda,a gente
exportará esse.—Ela balançou a cabeça em afirmação.

—Posso pedir a Lourdes que confirme sua presença no leilão?Alguns


clientes e anunciadores ligaram perguntando se você iria marcar presença.E
você disse que tinha um cavalo que se interessava.
—Pode mandar Lourdes confirmar,e você vai comigo junto dos meus
irmãos.—Concordou.—Obrigada,vou assinar esses e te mando.—Troquei
as pastas com ela pegando novos documentos.

—Tudo bem.—Ela sorriu simpática também e deixou a sala.

Maria Júlia.
—Já está parecendo grávida.—Alisei a barriga de Vick.Ela não estava tão
animada como deveria,pelo contrário,havia tristeza em seus olhos além de
ter parado de falar com Gael e a casa desde então estar com um clima ruim.
—Maju.

—Minha loirinha.—Sussurou passando a língua pelo meu ouvido,mordendo


onde ficava o furinho da minha orelha.Me segurei na pia quando apertou
meus seios vendo que estavam sem sutiã.Não consegui usá-los.Ele juntou
os dois e mamou,babando minha blusa ficando com a marca da sua boca
onde havia chupado.
—Ai.—Resmunguei,dengosa.—Bem,estão doendo.—Apertei seus ombros
com força.

—Por quê?—Segurou meus cabelos olhando nos meus olhos.


—Porque estou menstruada e estão sensíveis.—Subiu minha blusa,e olhou
meus seios inchados,muito maiores do que eram realmente.E aquilo fez seu
olhar suave mudar,e ele passar a mão inteira pelo seio.Sua mão era grande,e
ainda tinha um relógio grande no pulso que passou raspando.
—Vou mamar gostoso e vai passar.—Passou a boca pelo meu
pescoço,mordendo como gostava de fazer,e o hálito quente encontrou meus
seios.Sugou um,levando inteiro dentro da boca quente.Doeu,mas ao mesmo
tempo foi tão gostoso que não contive um gemido.Seus olhos se fecharam
quando ele mamou rapidamente passando a língua no bico sensível.O outro
começou a arrepiar,os bicos ficando estrumecidos,doloridos demais.
Me ofereci tentando tirar sua mão do meu seio,e ele tirou a boca de um e
passou para o outro mamando forte.Olhei para baixo vendo meu seio na sua
boca,e fiquei mais excitada ainda com a cena.
Não consegui deixar de olhá-lo chupando meus seios,e ele sentiu meu olhar
queimando,e me olhou de volta.Passou a intercalar a boca entre um e o
outro,enquanto me encarava.

—Bem.—Sussurrei,minha vagina estava doendo,e pulsando,dolorida.A


cólica ficou mais forte,e eu senti o sangue escorrendo dentro de mim.
—Minha vagina está doendo.

—Vagina o caralho.Boceta.
Provavelmente fiquei vermelha,apenas balancei a cabeça.
—Eu não posso ficar com você menstruada.
—Pode,vou meter meu pau em você com sangue.
—Não.—Sussurrei quando me pegou no colo,saindo do banheiro comigo
apenas de calcinha.Me deitou na cama,e ficou no meio das minhas
pernas.Acabei ajudando com a sua roupa vendo suas pernas peludas que o
deixavam todo macho.E seu pau grande e grosso babando na cabeça
vermelha.—Está saindo muito sangue.
—Eu quero você de qualquer jeito.Estou com saudades,minha
loirinha.Estava louco sem você.

Mordi os lábios doida para falar do sorriso dele para a Leandra,mas me


contive sabendo que ele deveria ser sincero,principalmente pelo jeito de
ser.Abri minhas pernas,mesmo com a parte interna da minha boceta doendo
muito.Eu estava excitada,agoniada,precisando de alívio.Ele ficou nú,e me
ajudou a tirar a calcinha olhando o absorvente encharcado,e quando pensei
que jogaria no chão,cheirou,e jogou a peça no chão.
—Vem...Por favor.—Implorei,vendo que queria aquilo tanto quanto
ele.Doida para aliviar aquela dorzinha e a cólica extremamente forte.Ele
pegou o pau e se masturbou,depois suas mãos foram em minha cintura e me
deixou de quatro.Pegou o pau e encaixou dentro das minhas pernas.
—AH.—Gritei alto sem me importar se seríamos ouvidos.Ele entrou em
mim de uma vez,e eu fui para frente com tudo,meus seios balançando com
brusquidão.
Ele bateu novamente tão forte,que quase caí para frente sentindo meu útero
se contraindo de dor .
—Gostosa.—Bem começou a estocar forte,bruto,fundo.Bati minha cabeça
na cabeceira e ele trouxe minhas costas para encostar no peitoral dele.—
Que saudades de meter nessa bocetinha.—Gemeu no meu ouvido e eu gemi
um pouco alto,rebolando sentindo-me pingar,mas passei a não ligar e deixei
que me comesse como fazia e eu gostava.Não tinha jeito para mim,pelo
visto eu gostava de sexo forte e de apanhar.

Segurou no meu pescoço por trás,e me inclinou para frente estocando em


mim,fazendo suas bolas baterem na minha bunda.O barulho das estocadas
dura dele ecoou pelo quarto,que quem quisesse podia colocar o ouvido na
porta e aproveitar.
—Ai que delicia...Isso...Bem.—Puxou meu cabelo na ponta,inclinando só
um pouco minha cabeça.Por um momento esqueci do mundo,e fiquei
apenas nos gemidos gostosos que ele soltava,no barulho molhado,e no
cheiro metálico de sangue e suor que escorria pelo quarto.Sua mão pesada
deu vários tapas na minha bunda,fazendo ainda mais barulho,e eu gemi
mais alto,manhosa rebolando de volta.

Me puxou para seu peito,e saiu de dentro de mim.Se deitou e eu vi estado


que estava suas coxas meladas de sangue,assim como seu pau.A cama
estava com alguns pingos também.Vi meus grandes lábios no mesmo
estado,e antes de ficar com vergonha me beijou novamente,possessivo,duro
como ele.

—Rebola para mim,Maria.—Suspirei ouvindo meu primeiro nome saindo


da sua boca.Me sentei sem dificuldade,sendo lubrificada pelo meu sangue
que já escorria sem controle e nos melava.Me inclinei para trás e calvaguei
com ajuda de suas mãos.Eu ainda não sabia cavalgar direito,ficava perdida
e precisava que me ajudasse.Ele pareceria saber disso,pois suas mãos
pareciam me ajudar nos movimentos de desce e sobe.
Quando voltei a olhar para seu rosto estava sério,com a boca
semiaberta,olhando minha boceta saindo sangue.Cavalguei mais
forte,quando essa posição foi fazendo com que a dor passasse.Desci e subi
com o apoio dos pés.
Agarrou os meus seios,mamando forte,e eu não controlei os gemidos,e
gritos.Enquanto ele me invadia,senti sua carne quente me arrombando por
dentro,indo com tanta força que até os gemidos eram cortados com a
grosseria de suas investidas.
—Ah,porra,Maria Júlia.—Urrou,fora de si.No momento em que fui para
frente,coloquei a língua para fora e ele sugou para dentro da sua
boca.Invandido tudo que podia de mim,e eu gozei como nunca,sentindo seu
esperma quente se misturar ao sangue.
—Porra.Porra.—Falou ofegante.
Cai em cima dele.Não saiu de dentro de mim,e eu me agarrei a ele,de olhos
fechados.Soltei a respiração que eu nem sabia que segurava.Só agora caí na
real de como fazemos barulhos,e uma vergonha grande veio do fundo da
minha alma.

—O que foi?—Tirou uma mecha do meu cabelo,e continuou me olhando.


—Eu acho que podem ter ouvido a gente.O quarto do seu pai é aqui do
lado,e a enfermeira está acordada.—Escondi meu rosto em seu
pescoço,morrendo de vergonha.

—Eu estava matando a saudade de você,do seu cheiro.—O olhei.


—Eu senti saudade de você entrando em mim...Assim.—Um resquício de
sorriso bem rápido passou por seus lábios,foi quase imperceptível.Fui até
ele e beijei o canto de sua boca de forma carinhosa.Eu queria o chamar de
lindo,mas me contive.Cheirei seu rosto passando o nariz,e coloquei a mão
na sua face.

—E se Rosa ouviu?—Fiquei realmente preocupada.—Eu gritei muito


porque doeu.—Voltei a esconder meu rosto no vão do seu pescoço,e ele
suspirou longamente.
—Se a enfermeira ouviu será discreta.—Suspirou,colocando o braço no vão
do meu pescoço e outro na cintura em um abraço.O abracei de volta,com as
mãos na suas costas,e as pernas entrelaçadas na dele.Recebi um selinho
molhado,sentindo sua língua passeando por meus lábios.O beijo teve estalar
de línguas e lábios quando aprofundou mergulhando a boca na minha.

Fomos para o banho,porque o sangue não parava de sair e começou a melar


muito a cama.Passei o shampoo sobre seu olhar,que leu o rótulo da
embalagem.Era um cheirinho que eu passei a usar desde dos meus quartoze
anos,de cereja e fundo de chiclete.Bem tomou banho comigo,e vestiu a
roupa dele novamente,deixando só o terno na mão.Disse que tomaria banho
direito no quarto dele. Do jeito que era chato,com certeza era cheio de
manias.
Sai do banheiro já com outra calcinha e absorvente,colocando uma
camisolinha rosa curta de flor,que segurava meus seios.Esperei que ele
fosse embora,mas ficou me observando por um tempo segurando o
terno.Ajeitei minha cama,tirando o lençol sujo guardando na cesta para
lavar amanhã.

—O que foi?—Falei indo pegar no armário uma roupa de cama nova.


—Venha dormir comigo.—Não foi um pedido,e sim uma ordem.Fique até
um pouco surpresa.—Amanhã de manhã cedo você vem dormir no seu
quarto.
—Tem certeza disso?
—Absoluta.—Disse sem vacilar.
—Ta bom.—Passei na frente dele,e abri a porta ficando super constrangida
quando a enfermeira de Estevão saiu dando de cara conosco.Bem tinha uma
mão na minha cintura e a outra fechava a porta atrás de si.Ela ficou tão sem
graça,que não sabia onde enfiar a cara,e corou acho que mais do que
eu.Ficamos nos encarando,e imaginei o que ela não estava pensando de
mim,com meus gritos e gemidos altos.
Fique tão envergonhada quanto ela,que desejou apenas um boa noite e
correu para o outro lado do corredor onde tinha o banheiro.
—Venha.—Bem me puxou com ele e subimos a escada para o seu quarto
agarrados.

Me deixou no quarto dele,e entrou no banheiro.Olhei o quarto escuro sem


muita decoração,tinha apenas uma cama grande com quatro dorsais,e uma
janela do teto ao chão com vista para suas terras.Uma poltrona de canto e
uma mesinha com garrafa de café em cima,além do abajur.
Tinha duas portas,uma de correr que suponho ser o closet,e a outra que ele
entrou,banheiro.Tinha também uma porta embutida,abri e vi roupas de
cama,e alguns de seus sapatos.Entrei no closet e analisei suas roupas
arumadas e alinhadas.Quando o barulho do chuveiro parou corri e me deitei
na cama.Ele saiu só com a calça do pijama e veio até mim,com o cabelo
molhado cheirando ao sabonete phebo.

Não falou nada,só me puxou para os braços dele e entrelaçamos nossas


pernas.Estava de frente para ele,e me ajeitei melhor com a mão em seu
abdômem,apagando.
******
Acordei e abri os olhos ainda na mesma posição que dormi.Ele não fechou
a cortina,e o sol nascia iluminado o quarto.Ouvi sua longa respiração,e
fechei os olhos rapidamente fingindo respirar tranquila.
Senti seu nariz no meu cabelo cheirando devagar,e seus dedos passeando na
minha boca.Meu coração acelerou dentro do peito assim que a boca beijou
meu pescoço.O polegar passou pelos meus lábios inferiores,sua mão
levantou e pareceu ficar no ar,então suspirei abrindo o olho devagar
fingindo ter despertado agora.

Bem Santiago.
Minha loirinha acordava linda pela manhã,e não me contive em virá-la de
lado apertando seus seios,ouvindo suspirar longamente quando levantei
suas pernas.Beijei seu pescoço e ela sorriu,e sem eu esperar alisou minha
barba.Eu não gostava de carinho,mas acabei deixando,me abrindo um
pouco mais por ela.Meu coração bateu forte quando ela gemeu baixinho.
—Minha cólica voltou.—Falou quando desci sua calcinha.—Bem,não,estou
toda melada.
—Eu gosto assim.—Sussurrei mordendo sua orelha,passando os dedos nos
grandes lábios molhados de sangue.Gemeu baixinho,com a respiração
entrecortada.Mordi seu ombro,e ela jogou a cabeça para trás encontrando
meu olhar.Não me contive e beijei sua boca ainda mais carnuda quando
acordava.
Desci a calça do pijama que usava,e como estava menstruada,iria transar
com ela sem proteção,depois que tudo voltasse ao normal eu iria atrás de
um médico para ela tomar injeção porque me recusava a foder com
camisinha.
Maturbei o clitóris durinho e ela rebolou,gemendo com a boca na
minha.Flexionei sua perna para cima e aproveitei que estava molhada,e fui
abrindo sua bocetinha quente,molhada e apertada devagar com meu
pau.Intensifiquei o beijo quando senti minha carne dura passar pelas
paredes da boceta melada de sangue,e o cheiro métalico subir.

—Os lençóis...—Falou entre gemidos quando me movimentei,a comendo


por trás enquanto meu pau era sugado para dentro—Ah...Bem...
—Foda-se a porra dos lençóis.—Fui para cima dela,segurando sua
perna,mordendo a frente do seu pescoço,passando a língua.Apertei seu seio
com a mão livre,sentindo durinho,pontudo e arrepiado no biquinho.
A comi de lado,estocando sem pausa,doido por essa garota.Não aguentei
sair de cima dela nem quando o despertador tocou,avisando que já era a
hora de ir.
Não deixei que voltasse a dormir,e antes que alguém a olhasse aqui no meu
quarto ela se levantou,e olhou para os meios da perna morrendo de
vergonha.Levou os lençóis com ela alegando que ia lavar,e eu concordei
sem contrariá-la indo para o banho.
Fiquei o dia inteiro preso em uma sala de reunião,tendo uma dor de cabeça
seguida da outra e vários contratos para assinar.Passei o dia lendo relatórios
e passando a minha rubrica no final de cada página.Pensei na minha
loirinha,e quis voltar para casa porque sabia que hoje ela saia mais cedo.Já
estava anoitecendo quando Fernanda,sempre alinhada e exigente bateu na
porta e pediu licença.

—Bem,aqui tem o contrato de venda de três touros nelore com


melhoramento genético.Estão me dando trabalho,porque um vai para o
leilão,o outro para exposição na cidade e um para fora do estado.Acontece
que tem um que não está se desenvolvendo bem e era o que mandaremos
para o leilão.
—Faça o seguinte,mande os dois que estão saudáveis para o leilão.—Passei
a mão no meu bigode,em seguida na testa analisando e pensando no que eu
faria.—Peça para Enzo preparar o touro que está na fazenda,a gente
exportará esse.—Ela balançou a cabeça em afirmação.
—Posso pedir a Lourdes que confirme sua presença no leilão?Alguns
clientes e anunciadores ligaram perguntando se você iria marcar presença.E
você disse que tinha um cavalo que se interessava.
—Pode mandar Lourdes confirmar,e você vai comigo junto dos meus
irmãos.—Concordou.—Obrigada,vou assinar esses e te mando.—Troquei
as pastas com ela pegando novos documentos.
—Tudo bem.—Ela sorriu simpática também e deixou a sala.

Maria Júlia.
—Já está parecendo grávida.—Alisei a barriga de Vick.
Ela não estava tão animada como deveria,principalmente por hoje ser o dia
que tanto esperou.Gael não pode ir porque tinha uma cirurgia,e isso a
deixou furiosa.O clima aqui na casa não estava dos melhores desde então.
Fomos a cidade,Eu,Rosa e Vick pois ela iria descobrir o sexo do bebê,pois
já tinha completado quatro meses.Escolheu uma clínica sem ser o hospital
que Gael trabalhava apenas para não ter que encontrá-lo.

Não quis entrar com elas,preferi ficar andando pelo centrinho,parando em


uma padaria toda colorida onde tinha alguns doces diferentes.
—Para moça bonita,é de graça.— O velhinho simpático e sem dente disse
para mim,e eu sorri um pouco pegando o saquinho com doces de sua mão.
—Não se deve aceitar comidas de estranhos assim.—Me virei e olhei uma
senhora,me olhando.O rosto estava acabado,com uma mancha escura no
rosto,os cabelos grisalhos e os fios loiros ressecados.Sorriu para mim,e eu
senti frio na espinha ao ver que seus dente eram escuros e podres.
—Não é de estranhos,eu quis comprar,estavam na vitrine
Ela me analisou,fitando meu rosto por um momentos eu fiz o
mesmo,estranhando quando me dei conta que ela me lembrava alguém.
—Desculpe incomodar,é que vi você andando com a família Santiago,e
queria saber se você sabe de alguma vaga de emprego como empregada.
—Eu não sei.—Acabei ficando com pena por ver seu estado.—Eu não sei
quem cuida dessa parte,o que você pode fazer é perguntar para a governanta
da casa.Rosa.
Ela veio me acompanhar quando saí da padaria.Meu celular vibrou e eu vi a
mensagem da minha mãe perguntando se eu estava bem,mas ignorei
deixando para responder depois.
—Como posso fazer para encontrá-la?—Perguntou.
—Ela está aqui pela cidade,estava com ela ainda pouco.
—Sou Sther.—Estendeu a mão,com unhas grandes.
—Maria Júlia.—Ela me encarou um pouco mais,e sorriu.
—Maria Júlia.—Ouvi a voz grossa de Bem,e me virei no susto.A senhora
também arregalou os olhos.—Quem é?—Apontou com a cabeça para a
senhora.
—Encontrei ela na padaria.—Olhei atrás dele e vi Leandra colocando
algumas garrafas de bebidas no carro.Ele analisou a mulher que falou com
ele,e não ficou com pena como eu.Pelo menos,seu rosto e expressão não
transmitiam nada.Acabou estendendo o braço pegando minha mão trazendo
discretamente meu corpo deixando ao lado dele.
—Eu estava perguntando se ela sabia de alguma vaga de emprego.—
Explicou para ele,que não se sensibilizou nenhum um pouco,pelo
contrário,só faltou mandar a mulher sair do meu lado.
—Não sabe quem é ela,tem que tomar cuidado.—Disse ele.
Antes que eu falasse,Vick veio com Rosa que parecia feliz,mas a garota não
tinha o mesmo sorriso,mas seu olhar não estava mais tão triste.

—Não deu para ver o sexo.—Victória falou e mostrou a ultrassom a Bem,e


pela primeira vez vi ele ficar feliz de verdade,e de costas para mim,sem
intenção.Perdi o vislumbre do sorriso que deu a ela antes de beijar sua
testa.Leandra olhou a cena e sorriu também.
Era uma mulher simpática,e eles dois combinavam,deveriam ter idades
próximas.Pelo que soube tiveram um caso e ela conhecia ele há muito mais
tempo que eu.Fiquei morrendo de ciúmes,e desviei o olhar.
—Maju,nós vamos dar uma volta,você quer ir—Rosa perguntou.Fiz
menção de sair de perto de Bem deixando os grandes amigos
sozinhos,entretanto a voz grossa falou:
—Maria não vai,Rosinha,tenho que explicar algumas coisas a ela já que
Max está ocupado com a exposição.—A mulher concordou,e saiu puxando
a irmã de Bem para longe parecendo reclamar algo com ela.
—Você vem comigo pra casa.—Me passou na frente dele,enquanto Leandra
terminava de arrumar o porta-malas do carro.O olhar dela caiu em nós,e a
expressão da mulher mudou para tristeza

—Obrigada Bem,quando investir do jeito que me disse falo com você.


—Tá certo.—Fui andando na frente,apenas dei acenei para a mulher.
—Eu sei andar sozinha.—Me esquivei de suas mãos nas minhas costas e
entrei no carro.Não ia dar uma crise de ciúmes,mas ficaria quieta engolindo
a raiva que sentia.
—Eu soube que andou indo ao haras.
—É.—Olhei a janela.
—Há anos tive algo com ela,loirinha.—Olhei.—Faz muito tempo.Pode
desfazer esse bico.—Falou mais sério.

O caminho para casa foi tranquilo,fui ouvindo as músicas selecionadas que


ele gostava de ouvir.Chegamos na fazenda mais rápido do que eu
gostaria.Assim que olhei dentro de casa,uma das faxineiras me olhou,e
assim que me viu arregalou os olhos.A fofoca já deveria ter corrido,e não
sabia onde enfiar minha cara.
—Aconteceu alguma coisa com meu pai?
—Ele se recusou a fazer a fisioterapia,e o fisioterapeuta disse que queria
conversar com o senhor.
—E os remédios?
—Ele tomou e foi dormir,mas tem dois dias que se recusa a sair.Até
perguntou pela senhora,dona Maria Júlia.—Falou sem saber como se portar
comigo,já que me viu gritando e gemendo ontem.Suspirei,medindo meu
escândalo.
—Pode ser apenas Maju.—Sorri para ela tentando quebrar o clima
—Por você?—Aquele vínculo entre as sobrancelhas ficou evidente e a
enfermeira olhou para mim.Mordi os lábios,e olhei para ela.—Pode
ir,Alane.—Ele nem olhou para a enfermeira que saiu rápido.

—Vai brigar comigo se eu te contar?


—Não consigo.—Abriu a porta deixando-me passar,fui indo para meu
quarto,mas ele foi mais rápido me puxando pela cintura entrando no
escritório comigo.
—Fique aqui comigo.
—Eu fico.—Fiquei na ponta dos pés,e avancei na boca dele roubando um
beijo,que logo ele fez questão de controlar.
—O que você tem a me contar?
—Bem,desculpa não foi por mal.Eu andei dando doces ao seu pai.Não
tenho culpa se às vezes ele é muito rabugento,e não deixa ninguém em paz.
Pensei que fosse fechar a cara,mas se sentou na cadeira de escritório e sem
que eu esperasse abriu um sorriso lindo para mim.Pude ver de perto seus
dentes alinhados e brancos.Era tão bonito que eu fiquei perdida olhando
para sua boca e os lábios esticados.Passou a mão na barba,na parte onde
ficava o bigode pronunciado.
—Então quer dizer que meu pai é rabugento?
Soltou uma risada,e eu não esperei por aquilo.
—Você não está chateado?
—Não.—Continuou a sorrir,achando graça do que eu falei.—Vou resolver
algumas pendências e quero que fique comigo.
Acabei concordando meio sem entender,e me deitei no sofá que tinha
ali.Acho que ele queria minha presença, fiquei tão feliz.Eu estava
apaixonada,essa era a verdade.Me apaixonei pelo seu jeito
grosseiro,mandão…A forma que me batia na cama.Era estranho,e até um
pouco bizarro,mas não podia controlar.Não mais.
Pude vê-lo trabalhar de perto lendo alguns papéis concentrado.Meu telefone
tocou,e eu atendi balançando os pés para fora do sofá.Era meu pai,falei com
eles por alguns minutos.Mordi a pontinha da unha ouvindo meu pai contar
seu dia,e eu o meu.Olhei para Bem que me olhava falar ao telefone,me senti
mal por estar escondendo tudo que eu estava vivendo,mas eu ainda não
tinha coragem de contar que eu não era mais aquele bebê que ele achava
que eu era.
Capítulo 13
Maria Júlia.
Hoje tinha um leilão de gados,mas eu não estava com a mínima vontade de
ir.Bem me chamou no quarto,e disse que queria que eu fosse porque me
queria perto dele,mas eu não gostava muito dessas coisas,e preferia ficar em
casa.E mais tarde tinha a exposição,e um montarismo de touro que eu nunca
vi de perto.
Bem fechou a cara porque queria que eu fosse com ele,mas eu não tinha
saco para esses programas mais sérios.
—Não.—Ouvi a voz grossa de Estevão falar do corredor.Rosa estava
tentando convencer o velho a ir para fisioterapia.

—Eu falei com o senhor Bem,e ele está conversando com o fisioterapeuta
nesse momento.—A enfermeira comentou.
—Intrometida.—O velho falou a ela.
—Deixa de ser chato,e deixa a Alane fazer o trabalho dela.—Rosa disse.
—Ele está assim porque não está conseguindo manusear a cadeira.—A
enfermeira Alane falou novamente.

A cadeira era automática,mas tinha que apertar o botão,e depois de olhar


para as mãos dele,vi que tremiam.Fui até ele,que mesmo sobre protestos
aceitou que eu o empurrasse.Eu consegui empurrar sozinha,e era uma
verdadeira luta porque ele tinha o dobro do meu peso.Então com a ajuda de
Alane e Rosinha,o levamos para fora deixando-o na varanda.
Um dos fisioterapeuta era um homem de pele negra,alto.com alguns dreads
no cabelo do tamanho de Max.

Ao que parecia a fisioterapia iria ser ao livre pois todos os aparelhos


estavam ali.
Enzo ajudou a retirar o pai da cadeira de rodas,e o colocou sentado na
cadeira.

O outro fisioterapeuta saiu junto de Bem,que apertava sua mão em


cumprimento.Bem estava todo lindo dentro de um terno preto alinhando e
sapatos italianos brilhando.
Ele me olhou,e assim que notei que me olhava desviei o olhar.

Bem Santiago.
Sai de casa esperando apenas por Max descer e a gente ir para o leilão.Me
irritei pelos homens perto dela que parecia não nota-lá,mas eu ficava
imaginando o pior.Qualquer coisa relacionado a essa menina,me fazia
perder a cabeça,despertar meu lado possessivo.E só de pensar vê-la caindo
me deixava fora de mim.

Fique com ela na varanda,tampando sua visão para ver os fisioterapeutas,e


eles a olharem também.
Ainda não sabia o que iria fazer em relação a ela,mas não queria que saísse
de perto de mim.Sei que estava errado de querê-la o tempo todo
comigo,mas ficava com medo que voltasse de novo para casa dos pais e me
deixasse.

—Promete que não vai demorar e vai me levar no montarismo?—Falou


toda dengosa,e eu suspirei,querendo entrar com ela,e me afundar dentro da
sua boceta.Nunca gostei de mulher muito melosa,e pior,dengosa.E ela
parecia ser dengosa e mimada,e eu alimentava,se ela me pedisse qualquer
coisa como aquela,eu nem pensava em negar.
—Eu vou te levar—Olhei para o short jeans sem ser muito curto,e me
incomodei.

Eu só pensava nela o tempo todo,e comecei a notar que a parte que eu mais
gostava no dia era de chegar em casa,e vê-la me dando um sorriso de
canto,toda feliz porque sabia que me teria a noite inteira.As coisas entre nós
foram tão rápidas que eu nem percebi que já tinha se passado um mês e
meio que ela estava aqui.
Em quarenta e dois anos que eu faria daqui a uma semana,ela foi a mais
rápida a se infiltrar em mim,e única.Porque eu nunca liguei para
relacionamentos,e muito menos apresentar namorada alguma.Se eu nunca
quis casar,imagina apresentar alguém em casa.Nunca dei satisfações a
ninguém,e ela tinha invadido tudo que eu nunca pensei em ter.Maria Júlia
veio com tudo,e despertou coisas que eu não ia admitir,e com aquele jeito
desde quando há vi pela primeira vez,nada foi mais a mesma coisa.Não
deixava de olhar para ela e me sentir mal pela idade,pelas nossas diferenças
gritantes em tudo.

Sabia que era mimada,havia aprontando muito para sua mãe tomar uma
decisão como essas.E as vezes eu me sentia assim como se estivesse
aprontando algo,e fazendo tudo errado.
Minha loirinha não quis vir comigo,e sabia que ficaria sabendo por terceiros
antes que eu contasse que Leandra iria comigo e meus irmãos.Gael era o
único que não viria,pois estava no hospital,e Victoria parecia distante.
Leandra tinha uma mini propriedade e pediu para ajudá-la.Como sempre
desabafou comigo,e éramos amigos,aceitei ajudá-la.Não teria tempo para
administrar uma fazenda,mas queria algumas cabeças de gado para deixar
para os filhos que tanto amava. Geralmente os leilões eram uma
fortuna,com lances altíssimo.Eu a trouxe porque queria saber como
funcionava,e posso dar umas dicas de como administrar suas terras.Quase
não tenho tido tempo de ir ao bar,depois que eu quase mato o moleque que
queria agarrar o que era meu.
Fomos no meu carro conversando,Enzo era o que mais falava entre os
quatro.Meu irmão sempre gostou de conversar comigo,lembro bem que no
ensino médio sofria bullying e eu fiz bater no menino que fez isso com ele.

Busquei Leandra que estava arrumada em um vestido de um ombro


só,preto,batendo nos joelhos.
Entrou atrás,e sorriu nos cumprimentando.No caminho olhei Max
ultrapassando a gente de moto.Visualizei por um momento a tela do meu
celular e vi uma mensagem de Maria dizendo que estava com saudades de
mim,que eu não demorasse muito.Quase bati o carro no meu irmão,que me
lançou o dedo do meio.
Quando chegamos no evento,fomos bem recebidos,e logo de primeira não
quis nenhuma bebida.Todos vieram nos cumprimentar com tapas no ombro
e cordialidade.Apresentei Leandra como amiga da família,e nos sentamos
em uma mesa.A mulher era simples e não estava acostumada com esse
luxo.

—Cadê a menina?—Lancei meu olhar para ela.Se referia a Maria que não
tinha vindo.
—Não quis vir.—Se calou.Nunca comentou sobre o que aconteceu,e eu não
me importava com o que ela achava.

—Estão juntos?Nunca vi você daquele jeito,então suponho que goste dela.


—Não aceitou o champanhe que o garçom ofereceu.
—Não aceito que ninguém toque no que é meu.Ela é minha.—Falei,sem
rotular demais,e ela ficou me encarando.Pensei que fosse jogar na minha
cara que era nova demais para mim,mas eu não queria ouvir a
verdade,então se calou porque fechei a cara não querendo ouvir.

Ficou quieta,e puxou outro assunto.Max e Enzo explicaram para ela


algumas coisas também que ouvia tudo atentamente.Não me concentrei
direito,pensando em voltar logo para Maria.Não gostava de chamá-la pelo
apelido,não suporto apelidos,mas mesmo assim dei um a ela.
No fim eu dei o lance sobre um cavalo que eu queria muito,ele era avaliado
em três milhões de reais,e seria um investimento para a fazenda.Foi o único
lance que dei.

Antes de sair Enzo disse que ligaram de casa afirmando que iriamos nos
encontrar na exposição.Fiquei irritado,porque queria ir buscá-la,mas,me
contive e dirigi um pouco para fora da cidade,onde acontencia a feira de
exposições com várias atrações.
Ofereci o braço a Leandra e sentamos na arquibancada,recebendo alguns
olhares,já que a gente chamava atenção principalmente em cidade
pequena.Não demorou muito Vick acenou para nós,animada e veio
subindo.Por último vinha Maria com cara de poucos amigos,emburrada.
Não falou comigo e se sentou distante de mim,perto de Rosa,três
arquibancadas à minha frente .Não me olhou,conversando apenas com meus
irmãos que já paparicavam ela também.Fiquei impaciente,e nem quando
olhávamos o homem montar no touro antes da grade abrir,não me
distraí.Ele segurou o animal com apenas uma mão e ficou deixando-o
conduzir.O bicho parecia bravo,e logo derrubou o homem que não ficou
nem trinta segundos.
A filha de Leandra chegou,se juntando a ela toda tímida olhando o
campeonato de montarismo.Achava graça que Leandra era dada,e a filha
tímida
Pensei em Maria,sabendo que era ao contrário,e estava me ignorando com
ciúmes.Mas,eu iria desfazer essa marra toda.

Me distraí quando Fernanda chegou com um dos filhos dela,ele não gostava
muito de barulho por ser austista.O menino estava quieto,e ela me
cumprimentou fazendo algumas perguntas de como foi o leilão.Foi Maria e
Enzo que cumprimentaram o menino,e ela brincou com ele apertando a
barriga fazendo-o sorrir.
Ela levantou,passando entre as pessoas,e fui atrás seguindo-a sem me
importar se alguém ia perceber.Foi pedindo licença entre as pessoas e se
direcionou ao banheiro.Dei azar por estar uma filha de mulheres,e como era
a última,esperei,e quando saiu me olhou,seus lábios em uma linha
fina.Tentou passar por mim,mas agarrei seus pulsos.

—O que você quer?


—Não seja teimosa,Maria Júlia.—Ela me olhou,realmente com raiva e
mexeu os pulsos.

—Não ligo,me solte.—Tentou se soltar.—Por que não me falou nada?


—Você não quis ir.

—É,mas quando se trata de mim fica fazendo cena quase matando o coitado
do Luan e me fazendo passar vergonha.Me larga,Bem.—Cuspiu as
palavras,e me fez reviver o que mais tinha me deixando com raiva em
meses,ver ela saindo com outro
—Não quero que me lembre disso.—Falei entredentes.

—Vou perseguir vocês também da próxima e tentar estrangular sua


amiga.Volte pra lá me deixe.
—Não.—A encostei na parede perto dos banheiros químicos,tudo escuro e
fedendo.

—Já disse que não quero.—Falou já rendida,e entreguei no seu joguinho.—


Não gosto que fique por aí com ela.—A pressionei nos meus
braços,roçando o volume que se formava na minha calça
—É minha amiga.—Mordi sua orelha,lambendo o lóbulo.

—Se eu sou sua,você também é meu.—Tirei o rosto o seu pescoço.


—Você é toda minha.—Suguei sua boca,envolvendo minha língua na dela
em um beijo gostoso.Eu quis mais,sabendo que precisava ir com calma,a
dobrando aos poucos.

Deixei a coleira com meu nome no carro,pensando em usar com ela.A


peguei no colo,e a equilibrei nos meus braços,beijando-a mais um
pouco.Quando desceu,a puxei dali e levei para o carro.
—Quero que use uma coisa.—Ela me olhou,e eu abri o porta luva tirando a
coleira.

—Como?—Me olhou confusa.


—A gente vai pra casa trepar.—Seu olhar mudou,e o clima entre nós ficou
pesado.Soube que estava a corrompendo quando seus olhos brilharam
pegando a coleira.—E você vai usar isso,porque é muito malcriada.—Ia
pedir para ir nua,mas eu queria ir para casa foder com ela no meu quarto,na
minha cama e não na outra casa que eu tinha.E como ainda era cedo,tinha
funcionários pela fazenda.

Quando chegamos fomos surpreendidos com o carro de Gael parado,assim


que entramos não vi meu irmão,apenas Vick que levou um susto ao nos ver
e disse que se sentiu mal,vomitou tudo e o marido a trouxe.Maju inventou
que se sentiu mal também e pediu para mim trazê-la.Como não gostava de
esconder nada,não me importei se desconfiassem,eu não devia explicações
a ninguém.Por sorte,falaram que acabaram de chegar e chegamos em
seguida.Maju foi para o quarto,e eu subi para o meu.

Estava tudo escuro e tarde,quando desci atrás dela.Ouvi o barulho na


cozinha e achei que fosse um dos meus irmãos,mas era quem eu
queria.Estava se esticando para pegar algo,com um shortinho de tecido
colado ao corpo e uma blusa transparente.
—Quer ajuda?—Ela se virou,com uma colher na boca,e olhei a sobremesa
do almoço sobre a bancada.

—Não.—Sorriu.—Vim rápido porque não queria que ninguém me olhasse


desse jeito além de você.
—É para mim?
—Sim.—Sorriu,mordendo os lábios.—Gostou?
—Vou te mostrar.—Fui até ela,me aproximando,mordendo seu seio pelo
tecido fino.Chupei com o tecido,e ela se contorceu deixando que eu fizesse
no outro.Mordi o biquinho bem forte,e ela repetiu o gesto no meu ombro.

—Minha sobremesa.—Ofegou,segurando minha cabeça.


—Você come depois.Agora eu que vou te comer.—Ela largou a colher,e eu
segurei sua bunda para ela pegar impulso e juntar as pernas no meu
quadril.Rocei meu volume bem na rachinha do seu short que marcava os
grandes lábios da boceta.A coloquei em cima da mesa,e ela se
deitou,abrindo suas pernas.Desci o short,e a calcinha fina deixando-a
apenas com a blusa .Abaixei a alça dos dois lados,e espremi seus peitos
com a mão apertando forte.

Enfiei dois dedos dentro dela,que mordeu a mão para ninguém


ouvir,enquanto eu descia meu short até a metade da perna.Peguei meu
pau,posicionei na entrada pequena,e fui metendo devagar.Segurei os dois
seios,me movendo devagar aumentando os movimentos em seguida.
Estava toda arreganhada para mim,sem prender as pernas no meu
quadril,me dando,se expondo,e eu tive o vislumbre de ver meu pau sumindo
dentro dela.A mesa arrastou,e ela gemeu baixo sem controle.

—Hoje você não me escapa de apanhar na bunda,minha putinha.—


Sussurrei no seu ouvido,me inclinando,e empurrei tudo até onde
cabia.Apertei seu pescoço,e seu seio,bombeando forte.Só parei quando ouvi
o barulho de carro chegar.A peguei no colo,e trouxe comigo apenas o short
que ficou no chão.O cabelo bonito e cheiroso que eu tanto gostava estava
bagunçado e tocava na minha mão enquanto a segurava pela bunda.
Subi as escadas,e assim que cheguei no quarto tranquei a porta.Ela se
arreganhou toda na cama e suas mãos ficaram no alto de sua cabeça.Eu
quase perdi a minha,me controlei ao máximo indo pegar a coleira..Fui até
ela e coloquei no seu pescoço.

—Tem seu nome?—Tentou olhar.


—Tem,você me pertence,é a minha putinha gostosa.
—Bem.—Mordeu os lábios.—Você vai mesmo bater na minha bunda igual
aquele dia?
—Comer também.Se vira.—Ela se virou devagar,e se empinou para
mim,colocando a cabeça no travesseiro.Espereu ansiosa,e eu peguei o cinto
que usei hoje mais cedo,e lubrificante.Mostrei a ela que me olhou assustada
com as bochechas coradas.
—Vai ser só uma vez.—Ela assentiu,e esperou. —Vai ser por sua teimosia
de não querer ir comigo ao leilão.
—Pode gritar.—Afastei suas nádegas e vi o buraquinho rosado.Não
aguentei,e espalhei o lubrificante,a deixando melada como
gostava.Coloquei meu rosto entre suas nádegas e chupei o buraquinho
sensível,pois nunca tinha feito aqui,e sabia que doeria.

—Ahhhhh—Comi sua bunda,lambendo,enfiando a


língua,chupando,mordendo.Quando senti que estava entregue,gemendo e
rebolando levantei e suspirei olhando sua bunda branca.Estalei o
cinto,pesando a mão e ela foi pra frente no susto.
—AHHHH.—gritou,e eu larguei o cinto,a virando de frente.Buscou minha
boca,se oferecendo e eu dei.
—Abre sua boceta com a mão.—Ela levou a mão trêmula e com os
dedos,separou os grandes lábios.—Isso.
—Me come logo,Bem.—Ergueu o quadril,e fui abrindo a boca,capturando o
clitóris chupando e colocando todo dentro da minha boca querendo deixá-la
sensível em todos os lugares.Chupei com vontade,apertando seus seios que
eram a minha loucura.Subi lambendo sua barriga,umbigo,tirando sua blusa
e enfiando minha boca no peito gostoso,todo meu.Coloquei a mão de cada
lado dela e entrei de uma vez.

Ficava louco dentro dessa menina,me enfiando até o talo,sentindo as


paredes internas se contrairem,toda apertadinha,delicada,de lábios
pequenos.Seus olhos azuis brilhavam,meu coração bateu sem controle,senti
um frio na barriga vendo-a deixar eu fazer tudo que queria.Fui mais forte
quando vi a coleira com meu nome no pescoço.Com uma mão por debaixo
dela enfiei dois dedos no cuzinho cremoso e ritmei com as minhas
estocadas.
Não parei nem mesmo quando senti minha porra quente jorrar dentro dela,e
nem tirei minha língua dos bicos dos seus peitos.Fiquei atordoado,sem
conseguir sair de dentro,ouvindo seus gemidos altos,seus puxões no meu
cabelo.Enfiei as mãos nos seus cabelos apertando forte,liberando a última
gota sentindo se contrair em torno do meu pau gozando,com as pernas
tremendo.

—Me abraça.—Não falei nada,mas enfiei minha cabeça entre o vão do seu
pescoço,e entrelacei minha perna na dela,com a mão no seio.Dei uma
mordida no pescoço e ela riu,se calando em seguida.
Capítulo 14
Maria Júlia.
Acordei sem sua mão quente no meu seio,e sem sua respiração no meu
pescoço.Já tinha amanhecido e era lindo ver o sol nascendo do seu
quarto.Ainda era cedo,e eu ia partir para o meu quarto quando ele saiu do
banheiro já todo arrumado e perfumado.Me enrolei nos lençóis e fiquei
olhando.Antes que eu falasse,resmungou algo e disse:
—Acordei com dor nas costas,dormir de mal jeito.—Olhou o relógio no
pulso,parecendo atrasado e depois me olhou—Tomei remédio.

—Acho que você está envelhecendo.


Saber que tinha quarenta e um anos e eu ainda dezenove doía porque ficava
pensando que ele iria envelhecer primeiro que eu.E eu me desesperei ao
pensar nisso.

Mas ele entendeu tudo errado.


Me arrependi em segundos quando vi a carranca que assumiu o lugar da
cara má dele.Já era assim,e com a carranca ficava pior,me deu medo ver
como ficou.Eu imagino que a idade importava e mesmo que para mim
não,pra ele sim.

—E o que tem?
—Você está envelhecendo,e eu ainda não.—Tentei amenizar,mas só piorou.
—Isso vai virar um problema depois,e você sabia disso.
—Eu não falei de mal e…

—Não,você falou a verdade.


Ele realmente se ofendeu.
—Pode ser,Bem,mas…
—Maria Júlia,você já falou demais.Chega.—A forma brusca e ríspida
doeu,e irritada com ele me levantei de lençóis e tudo.

Não esperei que falasse mais nada e sai do quarto,sem me importar se me


veriam.Por sorte todos pareciam dormir.Fui para o quarto,e me tranquei
com raiva dele,e o arrependimento passou só pelo jeito que me
tratou.Grosso.Do jeito que era ia ficar rabugento igual ao pai dele.
Me arrumei e saí do quarto devagar,vendo todos o abraçando,desejando
feliz aniversário e aquilo me quebrou por dentro,pois eu fiz a brincadeira
sem graça justo no seu aniversário de quarenta e dois anos.Eu não sabia que
era hoje,nunca me disse a data e eu não procurei saber.Sabia que o fato de
eu ser nova demais o incomodava,e acabei voltando para o
quarto.É,oficialmente estava um ano na frente do meu pai.

Só saí do quarto quando todos saíram,e eu fui à cidade com o motorista da


fazenda já que Vick o dispensou.
Na hora do almoço Bem me chamava para voltar com ele,mas dessa vez
não me chamou,e pensei em pedir desculpas,mas ele também foi grosso
então fiquei na minha.Acabei me esbarrando com Luan que de começo não
queria olhar na minha cara,mas expliquei a situação,e se acalmou
mais.Acabou me contando que ele e a filha de Leandra estavam se
conhecendo melhor.

Fui sozinha almoçar em um restaurante próximo ao escritório,e cerca de


quarenta minutos depois voltei.
Na hora de voltar vim com Max, rindo de uma das suas histórias.Nem
reparei que tinha um carro a mais estacionado,e só fui envolvida por ciúmes
e raiva quando vi um bolo branco de aniversário simples,e Leandra
entregando uma caixa pequena para Bem,que sorriu para ela.Olhei a cena,e
vi que tirava uma caixa de madeira com vários charutos.A filha dela
também estava presente,um pouco na dela aceitando apenas um copo de
suco de Rosa.
Vi neles três uma família.Bem tinha mesmo idade de ser o pai da filha de
Leandra também.Meu coração doeu tanto,que quis dar um murro nele e sair
para o meu quarto.

—Majuzinha que bom que chegou.—Rosa sorriu.—A sobremesa de ontem


acabou estragando porque ficou fora da geladeira,fiz outra para o
aniversário de Bem.—Minhas bochechas esquentaram com a menção da
sobremesa.Eu esqueci de guardar.
Engoli o ciúmes,a paixão,o bolo no estômago,e tentei ser simpática.Não
desejei feliz aniversário,aquilo era problema dele.Fiquei emburrada todos
os minutos seguintes,e fiz questão de me sentar perto de Estevão.Sorri um
pouco para ele,e logo desviei o olhar vendo que me encarava por tempo
demais.

Peguei Bem me olhando mas fingir não ver.Era injusto,se fosse comigo já
teria enchido minha companhia de porrada,mas ao contrário eu tinha que
aceitar?
Ele já tinha tido relações com Leandra,e doeu vê-lo tão simpático com as
duas.

—Ah,Maju.—Rosa me chamou.—Eu conversei hoje com aquela senhora


que você encontrou na padaria esses dias.Falei com Bem,e quis ajudar.A
contratei para trabalhar aqui como lavadeira.
—Que bom,ela está tão judiada.—Rosa assentiu.—Quem sabe não fique
por aqui e arrume uma casinha como a dos funcionários.

—Com o tempo,depois que ganharmos confiança, temos que ficar ligados.


O delegado da cidade chegou depois,cumprimentando Bem e vindo falar
com Estevão.Só tinha a gente por muita insistência de Rosa de fazer
algo,era um jantar simples e um bolo que ela mesmo fez.

Estevão parecia que estava definhando na cadeira,mas não dava o braço a


torcer.Sua mão tremia cada vez mais,e não queria ajuda chamando atenção
do pessoal que conversava.
—Pai.—Enzo o chamou.Ele queria comer,mas não queria ajuda de
ninguém.

—Pode deixar.—Falei a Alane.—Só me ajuda com a cadeira,Enzo.—Ele


sorriu,e saiu empurrando a cadeira para a mesa de jantar.
—Ele não quer comer com o pessoal.

—Deixe eu te ajudar.—Ele me olhou,e me falou mais uma vez que eu


parecia com a esposa dele.
Ele acabou concordando,e como não queria que ninguém desse comida em
sua boca diretamente,o ajudei pegando na sua mão levando comida a sua
boca.Ele era um velho orgulhoso,mas se estava preso aqui provavelmente
pagando o que fez no passado.Sua mão tremia,mas sua teimosa não o
deixava ficar quieto.Gael olhou o pai comer,e Enzo também veio checar,
Rosa trouxe suco para ele,e me deu para ajudá-lo.

Senti a presença de Bem pelo perfume amadeirado se aproximando.


—Meu filho.O tom orgulhoso do pai fez Bem deixar de me olhar—Seu
aniversário.—Sorriu para o filho

—É,sim.Esqueceu?—Não demonstrou muito amor pelo homem.—Está


bem?Venha ficar comigo na sala.—O velho olhou para mim,e balançou a
cabeça em direção a sala também.
Nesse momento a senhora Sther entrou junto de Rosa,que mostrava onde
ficava cada cômodo.A senhora pequena e magra não passou da porta,atrás
dela um homem alto,com blusa social azul e calça jeans
surrada,provavelmente o segurança,a rondava.

—Vou também.—Olhei para o bolo e depois para ele dando um meio


sorriso.O assunto doce,eu e o rabugento éramos parceiros.Ele entendeu o
recado.
—O senhor não pode comer essas coisas.— Bem falou,olhando as feições
do pai.Estevão resmungou,contrariado.

—Uma dose de Uísque.


—Não,pai.

Quando ele levantou a cabeça,Rosa já tinha saído com a senhora.Olhei para


Bem sabendo que tinha que dar os parabéns,e fiz de forma seca apenas
porque estava na casa dele.Esperei que os dois fossem na frente,e fiquei
esperando para me sentar ao lado de Enzo novamente,me irritando ao ver
Leandra ali e como Bem dava atenção.Não para me provocar e sim porque
era atencioso e educado.
Passei a noite inteira apenas conversando com Vick sobre o bebê,o que foi
bom.Contei que lembrava de trocar algumas fraldas do meu irmão,e ter nojo
do conteúdo da fralda.Jantei quieta também,olhando Leandra do lado de
Bem,mas sem tocar muito nele.Ela nem arriscou me olhar,parecendo sem
graça por eu estar estranha,ninguém percebeu mas ela não era boba.

Fiquei tão mexida com a cena,chateada,com raiva e ciúmes por ela ser
amiga dele e o conhecer há mais tempo,que meu primeiro pensando foi ir
para o quarto inventando qualquer desculpa.Bem não deixou de me
olhar,mas não fiz de volta,muito magoada comigo e com ele,por estar
sentindo tanto ciúmes.
Quando Estevão se despediu do delegado e disse que ia se retirar,aproveitei
dizendo que estava com dor de cabeça,e discretamente tirei um pedaço da
torta para o velho e uma para mim.

Entrei no quarto escuro sentindo o ar gelado,nunca tinha entrado aqui


antes,e parecia um apartamento.Alane já estava para trocar de turno,porque
dois dias da semana ela ficava,e os outros outra enfermeira.
—Desculpa me intrometer dona Maju,você está bem?—Não,eu não
aguentava mais essa situação de ver como eu tinha mudado,me entregado e
dos meus gostos.

Eu ficava excitada de como ele me batia,e não entendia,não entrava na


minha cabeça ser louca por Bem quando ele sempre foi desse jeito
comigo.Era marcante,único e tinha a última palavra de tudo.Sempre
centrado,com aquele vínculo nas sobrancelhas.Eu estava surpresa,porque
sempre tive as coisas na mão,e nunca aceitaria a forma que tudo começou
entre nós
—Não muito.—Fiz careta pela forma que falou comigo.—E não precisa me
chamar de dona,já disse…—Sorri para ela.Achei melhor deixar o quarto de
Estevão que não tinha um clima muito bom,e fazia eu me sentir mais
sobrecarregada do que estava.

Estava saindo do quarto sem saber ao certo o que fazer quando a porta do
corredor foi aberta e ele me viu ali parada.Fiquei olhando estagnada,sem
saber ao certo o que fazer,mas ele veio até mim e parou pertinho.Minha
testa ficava na linha do peito dele,ele era muito mais alto que eu,deveria ter
1,90 para cima.
—O que foi?—Perguntei,desviando o olhar.

—Nada,vim ver você e meu pai.


-Não quero ver você,estou chateada,magoada,estressada.Me deixe
sozinha.Acho melhor parar por aqui.Estou cansada,não sei como agir,não
sei o que fazer.

Só sei que estou louca por você,mesmo que você tenha me conquistado de
um jeito que eu nunca pensei ser conquistada.Quis dizer isso,mas engoli e
guardei pra mim,chateada por hoje,por ter ficado com ciúmes.Por ter
imaginado ele com uma família,me senti excluída e doeu imaginar na
possibilidade daquilo acontecer.
—Não posso deixar que você vá embora de novo,eu não quero.—Seu olhar
tinha um certo desespero.

—Eu não vou ficar aceitando isso de hoje na sala.—Apontei para a porta.—
Quero que me deixe em paz esses dias,preciso pensar.Quero ficar sozinha.
—Você vai embora?—Aquilo saiu na voz carregada dele.

—Não vou.—Como se eu conseguisse,estava enrolada nos meus próprios


sentimentos.
—Eu te dou o que você quiser,Maria,mas eu não olho para ela como eu
olho pra você.Eu quero sentir seu cheiro,sua pele—Veio até mim e enrolou
a mão no meu cabelo.Eu lembro como foi insuportável ficar sem a sua
presença nos dias que fiquei fora.Não falei nada,só me entreguei,e o beijei
com toda a paixão que eu tinha.

Podia jurar que vi seus olhos carregados,com medo que eu fosse


embora.Como se fosse uma luta admitir aquilo até pra ele mesmo.Abracei
seu corpo grande e quente rodeando sua cintura e me surpreendi quando ele
fez de volta sem deixar minha boca.
—Não vá embora.—Aquilo não foi um pedido,e sim,uma ordem.—Não
faça isso.

Ele não completou o que ia dizer,mas podia ver que estava expondo o
mínimo que podia pra mim,enquanto eu estava assustada de estar expondo
tudo o que eu tinha.No final das contas,eu só tinha mesmo dezenove anos,e
não sabia quase nada sobre a vida porque não tinha vivido ela.
Ouvimos passos,e eu o empurrei porque ele parecia não ligar se alguém nos
olhasse agarrados.Dei um pequeno sorriso pra ele.O jeito dele de sorrir era
pelos olhos,me olhando intensamente,com as íris brilhando e a pupila
dilatando.Ele era tão sincero,e parecia ser mais intenso e profundo do que
eu imaginava que seria só pela forma de agir e ser.
******
Evitei Bem,mesmo sabendo que ele ficava me observando,sabendo cada
passo meu.Eu o ouvia chegar porque já sabia como era suas passadas,então
evitava.Não me procurou,mas via sua agonia em estar perto,do meu lado o
tempo inteiro,e mesmo que fosse de canto dos olhos me observava.Me
comia com com seu olhar,mas eu ficava na minha.Fiquei até pra
baixo,porque na mesma casa era impossível não se abater.
—Maju,deixa eu te mostrar o que eu comprei.—Vick entrou tão animada no
quarto,nem parecia a mesma que estava triste pelos cantos.
—São para o bebê?

—Sim,estão no carro.Eu vim te chamar porque estou apertada para ir ao


banheiro,vai indo.
Então ela fez as compras sozinhas?Quis perguntar,mas me contive.
—Vou só pegar um casaco.—Entrei disparada no closet.Eu acho que os
irmãos estava mais curiosos para saber o sexo do bebê que ela.Ainda não
era possível ver pois ele ou ela estava de perninhas fechadas.

Hoje o dia estava chuvoso,frio e com neblina.


Depois de ver o que Vick tinha comprado,ficamos um pouco do lado de
fora.Antes de entrar Sther vinha conversando em um celular velho,e assim
que nos viu guardou rapidamente.

—Boa tarde,meninas.—Sorriu um pouco sem graça.


Vick não sorriu,e a impressão que eu tive era que fiquei no meio das duas.
Ela foi contratada e trabalhava na parte de fora da casa,só entrava para
pegar roupas sujas.Ela parecia simpática comigo,até me contou o que as
lavadeiras viram quando Bem veio para cima de mim quando voltei da casa
dos meus pais.
O som do pneu raspando no chão anunciava os carros se aproximando,e
estranhei ao ver o carro de Bem vir tão cedo.Atrás o de Max,estacionaram
perto da árvore.Bem desceu,todo alinhado em um dos seus ternos pretos
alinhados.
—Por que veio cedo,Bem?—Vick foi até o irmão,e abraçou
—Licença.—A senhora saiu,tão silenciosa quanto entrou.

—Vim conversar com o delegado em casa.—Explicou.


—Vou entrar para comer,tampinha.—Max disse,e Victória se irritou
mandando o dedo do meio indo junto com ele.
—E você,minha loirinha?
Estremeci com o apelido que me deu,tinha tempo que não usava Maria
Júlia.Maria ou minha loirinha faziam minhas pernas ficarem
bambas,fazendo-me arfar de desejo,doida para ficar nos seus braços e
deixar que fizesse o que quisesse comigo.Independente da nossa situação
ele sempre me chamava assim.Porque ele e eu sabemos que eu sou dele.Eu
sou sua loirinha.
—Por que veio cedo?É algo importante?
—Muito,mas não quero que você saiba dessas coisas.—Sorri para ele
quando veio se aproximando,lambi os lábios em expectativa,mas Vick
chegou da porta me gritando,e o deixei subindo as escadas correndo

Pensei que fosse para ficar longe dele na mesma casa,mas era um pouco
impossível.Comi o bolo de banana com chocolate de Rosa,que realmente
além de cheirar a casa inteira,era uma delícia.
—Você comeu o bolo todo,Max.—Vick cruzou os braços.

—Vai chorar?—Max riu.—Rosa faz outro.


Enzo logo entrou na sala de jantar e chamou para ver o cavalo que Bem
tinha arrecadado.Eu parei no meio no caminho e fui ver Salmo,que estava
conseguindo se desenvolver bem melhor.Alisei a crina bem penteada dele e
sorri,vendo-o ser domado pelo domador que estava em cima dele segurando
na rédea.Depois de domado,ele ia aprender técnicas de hipismo.Geralmente
os cavalos da raça dele aprendiam com facilidade e eram treinados para
isso.
Acabei ficando mais um pouco,e fui quando todos já estavam encantados
olhando o touro que seria exportado,e alguns gados de corte em
desenvolvimento.Eles estavam passando por uma avaliação nutricional
Me pendurei na cerca olhando os animais grandes,robustos sobre
avaliação.O touro estava andando de um canto para o outro agitado.
—Maju,o que você me perguntou daquela vez,o Bem responde melhor que
eu.—Enzo disse sem saber de fato o que acontecia entre eu e seu irmão.
Todos olharam para mim,até o senhor que colocava a comida dos
animais.Ficou um clima pesado entre eu e Bem,que não parava de me olhar
e quis me jogar dentro da cerca quando todos notaram o clima.Enzo chegou
a franzir a testa,como se encaixasse algo.Era o que faltava.
—O que você quer saber?—Quis correr e voltar para casa,mas agora seus
três irmãos perceberam e eu estava constrangida.Pensando que eles
deveriam ter associado a minha cara feia no aniversário de Bem,chegando a
uma conclusão.
—Nada demais.
—Os gados de corte são a cadeia produtiva da carne bovina,por isso
acabam sendo mais caros.Precisa ter ambiente próprio e comportamento no
manejo reprodutivo.Hoje estão passando por uma avaliação de eficiência
nutricional:chave para a produção sustentável de carne bovina.
—Só depois chega no manejo sanitário que te expliquei da última vez,Maju.
—Enzo falou cortando o clima,tentando não me constranger
—Agora consigo entender,obrigada por explicaram.—Sorri para
Enzo,evitando Bem porque estava com vergonha,e também porque eles
pareciam ter notado alguma coisa.Bem não se incomodava com nada a sua
volta relacionando a mim.

Fiquei encantada por tudo e me apaixonei mais ainda pela área que eu
escolhi.Forcei a vista e vi Rosa de mão dadas com um menino alto,de
cabelos lisos conversando e beijando a mão dela.Quem dava uma de
romântico daquele jeito era o meu irmão.
Ninguém entendeu nada quando corri até eles,e abracei meu irmão bem
apertado como se ele tivesse chegado no momento certo.

—O que está fazendo aqui?—Falei alisando seus cabelos.


—O nosso pai mandou eu vim te vigiar.
—Quando decidiram isso?
—Eu estava esperando o vovô terminar e vir me trazer.—Ele sorriu.—
Surpresa.
—Maju,seu irmão é um amor e muito galante.Quando chegou,já veio me
beijar na mão.
—Eu sou um cavalheiro,e seu bolo é muito gostoso.
Abracei meu irmão que não entendeu nada,mas eu precisava abraçar
alguém,e ele retribuiu me apertando de volta.Levei ele até a cerca e
apresentei o famoso Andrezinho a todos.Ele não era de fazer pergunta,mas
me surpreendeu conversando com Bem,que mesmo sério não impressionava
tanto meu irmão quanto eu.E ele parecia ter um ar divertido respondendo
tudo.
Voltei mais cedo para o casarão junto do meu irmão,Rosa e Vick.Na hora do
jantar,ele e Max viraram super amigos,e Andrezinho rapidamente
conversava com todos da mesa inclusive Bem que me surpreendeu muito
quando alisou os cabelos do meu irmão e sorriu para ele ouvindo o que o
abusado falava.Até Estevão se rendeu e conversou com ele um pouco.Mais
tarde,acabei fugindo com meu irmão para meu quarto,e vi uma pequena
mochila.
—Você está triste?—Se sentou na cama tirando o tênis
—Não.—Disse,preocupada.—Não fala essas coisas para o papai.
–Da sua tristeza?
Acabei rindo.

—Não vou falar nada,trouxe até meu video game para jogar a madrugada
inteira para te vigiar,o papai falou que você pode estar saindo escondida por
essa hora.
—Eu não estou saindo escondida.

—Ele disse isso,ouvi atrás da porta.


—Como assim?
—Ele falou pra mamãe que você está esquisita e que pode ser homem.
Fiquei chocada pelo meu irmão ser tão fofoqueiro,ou por meu pai ter notado
tanto em mim.
Marcelinho ficou três dias comigo,e foi muito bom,eu precisava tanto
disso.Levei ele comigo para conhecer a cidade,nos outros dois dias o levei
para o trabalho e almoçamos fora.Por sorte,tinha um parque que estava
passando pela cidade e a gente foi também.Notei a aproximação de Bem
com meu irmão,eles conversavam antes do jantar ser servido.

E agora depois de tanto me esconder,eu não teria mais como evitar Bem
Santiago.
Capítulo 15
Bem Santiago.
Eu não sabia que ficaria tão atordoado por uma mulher como estou pela
minha loirinha.Tive que aguentar quase uma semana só a olhando,sem
conseguir ir ao clube Versális,porque por mais que eu tentasse encontrar
alguém com os cabelos loiros e a pele macia,ninguém teria seu cheiro,ou
gemeria do jeito que só ela sabe fazer.
Eu sabia me controlar,por mais que já tivesse feito ao contrário algumas
vezes tudo isso só acontenceu por causa dela.Eu não suportava a ideia de ter
outro tocando no que era só meu.Por mais que ela fosse teimosa,era dela
que eu gostava.Era inexperiente,doce e tentava me entender.Ao mesmo
tempo era uma menina,tinha menos da metade da minha idade,e ela não
sairia dos dezenove anos tão cedo,e aquilo me pertubava.Por mais que eu
não ligasse para o que pensam ou falam sobre mim,isso era algo que vivia
nos meus pensamentos.
Só não pensei que fosse entrar em uma parte de mim que parecia estar
morta.

Eu não era mais o mesmo,me descontrolava com ciúmes violento dentro de


mim.Havia posse sobre ela,que eu sabia explicar sim mas era difícil admitir
até para mim mesmo.Era tão na dela,paciente,carinhosa.Tive medo que
fugisse novamente e saísse de perto de mim.
Eu já tinha falado que não queria ela na aérea dos cavalos quando eu não
estivesse,não confiava totalmente nesses homens que trabalhavam comigo,e
se acontecesse alguma coisa com ela,uma triscada no fio de cabelo loiro eu
mataria um.

Eu não estava em um bom dia desde do dia do me aniversário,quando fez a


piadinha e o que tanto me incomodava voltou.
Estava tentando me concentrar no trabalho,olhando aos gráficos que
Fernanda tinha me enviado mais cedo.

—Bem,seu irmão pediu para atender o telefone.


Olhei o celular vendo as ligações que eu ignorei
porque queria me concentrar,mas atendi por ser algo importante.Era
Enzo.Ele já tinha entendido que eu e Maria tínhamos alguma coisa,e não
me questionou porque sabia que eu não iria responder.Só se aproveitava
ficando cheio de brincadeirinhas e sorrisinhos para mim.

—Irmão.—Eu conhecia aquela voz,divertida e cheia de gracinha.


—Fale,Enzo.

—É que como você disse para Maju ir só comigo para o lado do


haras,liguei para avisar que foi na minha frente,sem me esperar.
—Como é?—Me levantei na mesma hora,pegando a chave do carro.—E
por que não te esperou?

—Teimou comigo.—Começou a rir.—Disse que ia sozinha e pediu ajuda a


Luan.
—E você não falou para ela que era perigoso,inferno?Nem Victória vai
sozinha.
Fiquei agoniado,porque era a primeira vez que alguém não fazia o que eu
queria.Desliguei o telefone na cara dele sabendo que ficaria rindo de
mim.Só dei o trabalho de desligar o computador,e passei por Lourdes que
não entendeu nada ao me ver saindo aquele horário.
Cheguei na fazenda e larguei o carro de qualquer jeito,vendo Max,Enzo e
Gael conversando na varanda junto de Rosa,que estava servindo café para
eles,sorrindo de alguma coisa que Max falava.Enzo quando me viu,prendeu
o riso,e Gael franziu o cenho.

—Cadê ela?Ainda não voltou?—Quase gritei,assustando Rosa que colocou


a mão no peito.
—Meu filho para que tanto estresse?

—Eu fui até lá e ela disse que não ia voltar.—Enzo tomou o café.—Falou
que você não mandava nela.
—EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO ELA SÓ —Eles quatro me olharam
chocados.—É perigoso,caralho.Eles são um bando de macho,e você deixa
ela sozinha,Enzo?

—Se acalma,Bem—Max se levantou.


—NÃO VOU ME ACALMAR.—Desci as escadas da varanda,ouvindo o
Riso de Enzo,e a voz de Max brigando com ele.
O primeiro peão que encontrei pedi para selarem Atos.Não demorou
muito,e um dos meus funcinários mais antigos me entregou as rédeas do
cavalo,alisei a crina,e subi saindo pela fazenda atrás dela.
Fiquei tão irritado a ponto de largar tudo no meio do expediente cheio de
compromissos,com a agenda cheia.
Depois de cavalgar três minutos avistei ela alisando o cavalo que tanto
gostava,sorrindo toda feliz.A princípio,só vi a esposa de um funcionário
junto,conversando e olhando para Maria parecendo impressionada.Pude ver
um dos peões da fazenda de olho na bunda dela enquanto se esticava
fazendo carinho no cavalo.De cima,olhei todos virarem a cabeça na minha
direção,e ela deixar de sorrir imediatamente.
—Patrão.—Um deles foi o primeiro a me cumprimentar,balancei a cabeça,e
os cumprimentei.

—Veio ver a evolução do Salmo?—O filho da puta que olhou para bunda
falou na cara de pau.
—Não,vim buscar Maria Júlia.

Houve um silêncio,e eu fiquei encarando todos,esperando que ela se


pronunciasse.Não falou nada comigo,se despediu e saiu batendo o pé
passando por mim em cima do cavalo sem dizer nada.
O céu estava cinza escuro,sinalizando que cairia uma chuva violenta daqui
há algumas horas.Ela nem olhou para trás e saiu andando,tentando
encontrar o caminho de volta.

—O quê você pensa que está fazendo?—Cruzou os braços.


—Eu já tinha te falado,e você não me ouve,porra.Viu como aquele filho da
puta estava olhando pra você?—Ela ficou calada.

—Não nasci grudada com vocês,posso vir sozinha.—Descruzou os


braços.Estávamos perto da plantação de girassóis,como não estava na
época,só tinha alguns abertos.
—Você é muito teimosa.

—Me fez passar vergonha na frente dos seus funciónarios.Eu não faço o
que você quer!—Voltou a andar,vermelha de raiva,e por algum motivo
entrou dentro do campo de girasóis.Fui a seguindo com o cavalo.
—Enzo me ligou avisando,e eu não ia deixar que fizessem alguma maldade
com você.—Amansei a voz.

Eu era desconfiado com os funcionários mais recentes,principalmente do


que eles eram capazes de fazer.Muitos eram honestos,estavam comigo há
anos,como aquele casal que estava com ela,mas não era sempre assim.
—Me deixa em paz,Bem.Está preocupado com o quê?Estou
cansada.Exausta.—Gritou e me olhou com os olhos cheiros de lágrimas.—
Estou cansada do seu jeito,cansada de mim,surpresa pelos meus gostos.Eu
cansei disso tudo.—Cuspiu as palavras,e saiu afastando as folhas
grandes,que eram maiores que ela.

—Saí daí,Maria Júlia.—Gritei para ela.


—Não,para de querer mandar em mim.—A voz chorosa me partiu no meio.

—Eu vou te pegar aí.—Avisei e fui passar por fora do campo de


girrásois.Pude ver seu olhar cheio de lágrimas,como se alguma coisa tivesse
a perturbando.
—NÃO.—Gritou e quando estava chegando perto do final,tinha algumas
abelhas tentando sugar o néctar dos girassóis que restaram da plantação
passada.

—Maria,cuidado.—Gritei e ela não viu, quando foi afastar a


folhagem,gritou de susto quando foi picada,e eu fiquei louco sem poder
fazer nada por ela.Avancei com o cavalo e o larguei solto no final da
plantação.
—Ai,ai,ai...—Gritou desesperada e eu gritei junto,mandando parar de se
mexer porque seria pior.Ela correu até o final se batendo nas folhas,e pude
ouvir seu choro alto.

—Maria Júlia,vem aqui.—Peguei seu braço,e minha reação foi tirar o ferrão
que havia ficado por impulso.
A abracei,nervoso,preocupado.Fungou,colocando para fora o que eu nem
sabia o que era.

—Está doendo?—Falei olhando seu braço avermelhado.—Tem alergia?—


Ela negou com cabeça,fungando.Aquilo com certeza iria inchar,mas
aparentemente não tinha mais o ferrão.
—Me deixa,Bem.—Falou com as lágrimas banhando seu rosto,segurando o
braço.Olhou em volta vendo uma árvore e o córrego do rio com algumas
pedras.

—Vem aqui.—Fui chegar perto dela e ela negou se afastando,mordendo o


lábio superior,com os olhos ficando vermelhos.
—NÃO.—Se alterou.—Estou cansada do jeito que você me trata..—Gritou
mais comigo—Exausta por sempre ficar em segundo plano na sua vida e...

—Você não é meu segundo plano,minha loirinha.


—Agora eu sou sua loirinha?

—Sempre foi.
—Não pareceu isso no seu aniversário quando ficou com sua amiga e a
filha dela,parecendo uma família perfeita.Não sabe como aquilo
doeu,Bem.Foi mais que ciúmes,foi uma dor insuportável,porque você
sempre joga na minha cara que tem idade de ser meu pai,mas não percebeu
que aquela menina poderia ser sua filha com Leandra.Você sentiu ciúmes de
Luan,e não enxerga que Leandra tem sua idade,e eu me senti da mesma
forma,insegura,porque ela sabe mais de você do que eu.Você só enxerga seu
nariz,só pensa em você,e eu cansei.

—Não...—Aquilo doeu até mim sabendo que ela pensava assim.


—Quero que me deixe em paz de uma vez.—Gritou—Meu pai me trata
como uma princesa desde quando eu era criança,e só agora eu cheguei à
conclusão de me questionar como eu fui me apaixonar por um cara que é
agressivo,violento e só pensa em si.Eu mereço mais,porque eu sempre tive
muito.—Gemeu,soltando mais lágrimas,segurando o braço,se tremendo.—
Eu quis você assim mesmo sendo mais velho,mais experiente,com seu jeito
possesivo,com o sexo pesado que eu nem sabia fazer.Eu te quis,DROGA.—
Gritou—E eu não sei nada.—Sussurrou.

—Eu também te quero,Maria.Esse é meu jeito,eu sou assim,mas eu quero


você.—Falei temendo uma nova reação da parte dela.
De perdê-la.

—Eu não sei se quero mais isso...—Olhou em volta,e eu não me aguentei


indo até ela me sentindo culpado por ter se sentido assim em relação a
Leandra.Eu não queria mais ninguém que não fosse ela,e tive medo.Deu um
trovão alto no céu,e ela se encolheu.Maria me deixou sem palavras,porque
eu sei como é o meu jeito,e ela me quis assim mesmo.E agora parecia
cansada,dizendo que tinha cansado de mim,e o modo como proferia isso,era
exausto,de uma forma dolorida.
—Você não me quer mais?—Falei,em um fio de voz.Ela conseguiu me
olhar,passando a palma da mão no nariz que escorria.

—Pior que eu quero.—Sussurrou,mas não me olhou nos olhos como


sempre fazia.Fui até ela e a peguei no colo buscando sua boca,apertando
seu cabelo,como se aquilo fosse ajudar na sua dor e na minha.Lambi sua
boca,e fui andando até encostar na árvore com a raiz grande.Rodeei suas
pernas em torno da minha cintura,enquanto sua boca lambia a minha.

Maria Júlia.
Parece que eu estava no meu limite e precisava desabafar e gritar tudo que
eu sentia.Todos os meus medos,inseguranças e o que mais me
atormentava.Eu não sabia lidar com aquilo,gritar e chorar parecia a melhor
opção no momento e foi o que eu fiz.Nem quando as abelhas me picaram,eu
senti tanta dor.Eu caí na real,e nada tinha saído planejado como eu achava
que minha vida seria um dia.

Eu via o jeito que meu pai tratava minha mãe,e me tratava.Ele era um
príncipe,todo solícito,me dando flores todos os dias,e agora me deparava
com Bem.O inverso de homem que um dia eu tive visão.Primeiro,eu não
esperava conhecer o meu amor com dezenove anos,fui pega de surpresa,e
com uma avalanche de sentimentos.E talvez aquilo fosse normal,eu não
saber o que fazer.
Bem tinha aquele gênio,mas eu só joguei os defeitos em sua cara,sem nem
saber direito sua história.Ele nunca me contou da vida dele,e eu nem sei
direito como me apaixonei por um homem muito diferente do que sonhava
quando tinha quatorze anos. Sempre assistia romances,e tinha um ao vivo
dentro de casa,e mesmo assim me apaixonei pelo ao "contrário".Pensei que
comigo fosse diferente.Eu nem mesmo sabia que tinha vontade de perder
minha virgindade.Mas fui levada pela intensidade daquele homem,que veio
com tudo.
Fomos uma confusão de mãos e toques,e mesmo com o braço doendo,puxei
seus cabelos,e nos beijamos tão forte,que senti o gostinho de sangue na
minha boca.Eu esfreguei minha boceta nele,sabendo que não era mais a
mesma Maria Júlia que saiu da casa dos pais.Agora falava palavras baixas,e
me tornei uma depravada que gostava como ele me batia e me tratava no
sexo.Como sua putinha.
Eu não queria olhar nos seus olhos,porque já tinha tomado minha decisão e
não queria falar.
—Olha pra mim.—Sussurrou no meu ouvido.Neguei com a cabeça e voltei
a chorar.Me surpreendi quando começou a beijar meu rosto,com carinho e
se inclinou beijando meu braço com a picada.Eu vestia um vestido azul,que
subiu rapidamente,enquanto eu era imprensada no tronco da árvore.

—Bem,não me pede isso.—Olhei para frente,vendo o córrego que


passava,as nuvens carregadas e ouvindo o trovão no céu.
—Olha,Maria.

Foi descendo a calça,com equilíbrio enquanto me sustentava no colo.Eu


estava entregue a ele.Abracei seu corpo,beijando sua nuca,cheirando seu
pescoço sentindo seu cheiro.
Apertei seu pescoço,sentindo a dor no braço que inchava e não me
importei.Pincelou o pau na minha entrada molhada,em meio aos nossos
beijos.Esfregou meu clitóris e eu gemi.Entrou em mim com força,e eu bati a
cabeça na árvore,mole.
—Me beije.—Pediu e eu o olhei,me inclinando,beijando sua boca.Minha
boceta sugou seu pau bem gostoso para dentro de mim,e eu senti sua carne
quente e dura passando por mim,me abrindo.Ele gemeu guturalmente e
soltou um rosnado,tão macho.Me agarrei tanto a ele que nos
fundimos.Olhei a paisagem carregada a minha frente,lambendo seu
pescoço,sentindo o impacto da penetração profunda.—Mais forte,Bem,por
favor.
Ele aumentou os movimentos,e doeu um pouco da forma brusca que me
invadiu,se chocando contra mim,e eu gemi mais alto,ficando
ofegante.Estávamos em um só,e se alguém por acaso chegasse,não saberia
distinguir onde um começava e o outro terminava.Com a profundidade que
ele estava indo,eu estava sendo levantada para cima,com a boca aberta.Seu
pênis pareceu inchar dentro de mim,e a cabeça do seu pau passou nas
minhas extremidades.Gememos o nome um do outro ao mesmo tempo,e eu
gozei,jogando a testa no seu ombro com tudo,sentindo o corpo ficar
mole.Senti o jato quente do seu esperma me invadir e ele parar dentro de
mim.Fiquei tonta na mesma hora e ele percebeu,segurando meu
rosto,saindo de dentro de mim.
—O que você tem,está mole,eu fui muito forte?Me fala.—Perguntou
nervoso,analisando meu rosto.Ele foi muito forte,doeu um pouco,e apesar
da minha vagina está dolorida não era de uma forma ruim,e sim gostoso
saber que esteve em mim.
—Me leva pra casa.—Me agarrei nele.
—Vamos ao médico.

—Não,por favor,eu estou bem.Eu só quero ir para casa,faz o que eu tô


mandando.—Falei já gritando com ele,achando que ia passar por cima do
que eu queria e fazer o que desse em sua cabeça.Me olhou,e eu vi mais
culpa no seu olhar.Até sua expressão mudou.
—Pode ser alergia,a reação pode ser tardia,Maria.Não faz assim comigo—
Voltei a querer chorar,sensível,irritada.

—Já disse que não.—Ele me colocou no chão,subi apenas minha calcinha,e


ele segurou minha mão me levando dali.O cavalo estava um pouco
distante,então Bem acabou me levando no colo até chegarmos no
animal,que comia capim.Me levantou e ajudou a subir,vindo atrás.Encostei
minhas costas no seu peito,sentindo passar os braços por debaixo do meu
para pegar as rédeas.
Os pingos de chuva começaram a cair na gente,ele fez Atos ir mais rápido,e
não demorou muito para chegarmos no casarão.Deixou o cavalo,e me levou
para dentro de casa.Eu não quis ir para o quarto dele,então ele veio para o
meu.Não tinha ninguém na sala,fiquei até mais tranquila e menos
envergonhada.
Tomamos banho juntos,ele me lavou,passou sabonete em mim,e massageou
minha nuca.Quando terminamos,ele me deixou na cama e foi apenas
colocar um short.Quando voltou,eu fingi estar dormindo porque não queria
mais olhar para ele,pois seria pior.Agarrou-me nos braços,e me abraçou
com cuidado entrelaçando uma perna sobre a minha.
Acordei no meio da noite vendo que ainda não era tão tarde.Nós tínhamos
chegado em casa por volta das seis horas,agora já era um pouco mais
tarde,e Bem estava dormindo pesado de frente para mim.Me levantei
devagar e não quis fazer barulho,indo na ponta do pé até o closet.
Não levaria nada,porque sabia que nada daquelas bolsas ou sapatos
importavam mais.Eu só queria sair daqui,não queria mais Bem.Vesti uma
calça jeans,e camiseta rosa simples jogando apenas um casaco branco por
cima.Peguei a bolsa e alguns documentos.Meu braço lajetava,e meu rosto
começava a inchar.Peguei o caderno das minhas anotações e uma
caneta,explicando que não deveria me procurar e que eu não o queria
mais.Um pingo de lágrima caiu em cima do papel,e eu tratei de limpar.
"Bem,estou indo embora.Não quero que me procure,vou pedir para meu
irmão ou minha mãe não te dizer onde estou.Sinceramente não queria fazer
isso,mas nem tudo é como a gente deseja.Eu ainda não entendo se você é
demais para mim,ou se eu sou demais para você lidar por causa da idade.A
sua felicidade passou a ser a minha e eu quero que você seja feliz,porque eu
não estou conseguindo ser.Acho que estou atrapalhando sua vida,e ficar
perto de você já não me faz bem."
Deixei o papel ao seu lado da cabeceira colocando uma presilha de cabelo
em cima.Não quis olhar para ele,só sai logo do quarto antes que eu
desistisse.
Capítulo 16

Maria Júlia.
Olhei o corredor vazio,e a casa também parecia que todos tinham saído.Para
não ser vista por ninguém,decidi ir por trás passando pela cozinha.Olhei o
bilhete de Rosa na porta da geladeira dizendo que eles foram no centro da
cidade.Quando ia abrir a porta ela foi aberta primeiro,vi Alane chegando
para seu plantão.
—Dona Maju?—Revirei os olhos para o apelido.—Está inchada sua boca,e
seus olhos.—Eu estava mesmo mal,com formigamento e tontura.
—Estou bem.—Garanti.—Abelha me picou.
—Meu Deus.—Ela veio até mim.—E você é alérgica?
—Não.—Eu não sabia...—Eu preciso ir.
—Mas,precisa de ajuda.Você está muito inchada e...

—Eu me viro.—Não deixei ela terminar de falar.—Obrigada,Alane.—Sai,e


fiquei pensando no que eu iria fazer,e não restou opção para ligar a não ser
Luan.Ele demorou de atender,e eu perguntei se poderia me levar na
rodoviária,ele disse que estava em um encontro com a filha de Leandra,mas
chegaria logo.
Demorou um pouco até ele chegar com a caminhonete,e eu praticamente
me jogar dentro do carro.Ficou preocupado querendo me levar ao
médico,mas eu não queria ir.

—Você quer ir para São Paulo de ônibus desse jeito? —Perguntou,olhando


meu rosto.
—Eu quero sair daqui. —Me encostei no banco,bufando.
—Se foi picada por uma abelha,pode ser a reação alérgica.Tem casos
tardios que só aparece horas depois.—Me olhou preocupado.—Brigou com
o senhor Bem?
—Não quero que fale nada pra ele.—Tive uma ideia,liguei para meu avô
que atendeu no segundo toque.Ainda ia dar dez da noite.
—Vô.—Ele atendeu no segundo toque.
—Oi,minha princesa.

—Quero sua ajuda,mas só fala com meu irmão.


—O que foi meu amor?
—Eu quero ir para São Paulo,e eu não consigo ir de ônibus.—Mordi os
lábios.
—De ônibus?Marcelinho está sabendo disso?—Neguei.—O que aconteceu?

—Não,só quero ir embora.Me ajude,Vô.


—Em trinta minutos esteja na pista de voo da família que você está
hospedada,sabe onde fica?

—Eu me informo aqui.Obrigada,te amo.—Ele se despediu todo


preocupado.Disse a Luan onde ficava,e ele me olhou meio estranho e
levou.Acho que cochilei,porque quando acordei olhei Luan ficando turvo,e
ele me perguntou se eu estava bem.
Olhei em volta,vendo hangar.Informei de onde estava vindo,e que estava
esperando um jatinho.

—Eles estão sabendo,Maju?—Luan perguntou olhando em volta.


—Quem?—Eu não estava racionando direito.

—Que você vai usar o jatinho deles?—Franziu o cenho.


—Vou usar o do meu avô.—Falei.Ele me acompanhou e cheguei em um dos
homens que estavam mexendo no helicóptero.

—Boa noite.—Eles se viraram para mim.—Maria Júlia Zorn.—Estendi a


mão para o homem alto e careca que me cumprimentou.—É...Estou
esperando o jatinho.
—Eu acabei de receber a ligação do seu avô,foi eu quem o recebeu assim
que ele veio trazer o neto.Pode esperar ali.—Apontou.Ele como todos os
outros refez a pergunta se eu estava bem,e eu respondi o mesmo.

—Não sabia que sua família também era importante.—Luan se sentou


comigo em uma das cadeiras para esperar.—Você é filha do dono da
império?—Neguei com a cabeça e sorri.
—Meu avô,meu pai e minha mãe são advogados.—Não me estendi no
assunto.Fiquei deitada de olhos fechados,e acabei deitando no ombro de
Luan.—Meu irmão juiz.—Sua reação foi surpresa.

Fiz a viagem toda oscilando entre dormir e acordar,bem mal.Comecei a


sentir coceira,e olhei meu braço todo empolado e vermelho.Estava três
vezes o tamanho normal,e eu me sentia tonta,vendo duas comandantes de
bordo loiras,vestidas elegantes quando na verdade era só uma.Minha boca
secou,minha garganta começou a fechar.Eu não sabia como eu tinha
aguentando até ali.
Quando o avião pousou,e as portas foram abertas pude ver meu irmão olhar
para dentro,e quando me viu correu desesperado.Eu não vi mais nada.

*******
Abri meus olhos com dificuldade,e a claridade no meu rosto.Olhei em volta
vendo meu irmão conversando com minha mãe,assim que ela me viu
acordando veio até mim,nervosa.Meu irmão ficou atrás de braços cruzados.

—Meu Deus,Maju,que susto.—Ela alisou meu cabelo.


—Que horas são?—Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça.
—É de madrugada.-Olhei meus pés,as unhas pintadas de rosa e suspirei.Eu
estava longe de Bem.

—O que aconteceu?—Perguntei.
—Você teve uma reação alérgica ao veneno da abelha,filha.Seu pai ficou
desesperado,e já está vindo para cá.

Meu peito doeu,e eu fiquei com falta de ar pensando que estava longe de
Bem.Eu o larguei dormindo,e temi que meu irmão tivesse contado ou
comunicado ele,mas pela forma que Marcelo estava me olhando,eu sabia
que ele desconfiava de algo.Minutos depois o médico chegou,vindo me
examinar novamente.
—Você teve uma reação alérgica tardia,esses casos são mais raros de
acontecer.—O homem esguio,de maxilar quadrado e barba bem feita,disse.
—Você teve na verdade uma alergia ao veneno da abelha,porque tiraram o
ferrão antes. Alguns dos sinais clássicos do choque anafilático são a
dificuldade para respirar, coceira e vermelhidão na pele,aumento dos
batimentos cardíacos,tonturas e sensação de desmaio.Você só teve alguns
desse sintomas. —Explicou.

—Eu senti algo assim que fui picada,mas não sabia que podia acontecer
isso.
—É,no seu caso é bem mais difícil.Chegou com o rosto inchado e a língua
também.Como ainda pode ter febre,prefiro que fique hoje em observação.
Minha mãe concordou,e meu irmão fechou a cara,muito pensativo.Fechei
os olhos em uma prece para que não percebesse nada.Minutos depois houve
um silêncio,e minha mãe olhava de mim para meu irmão.
—Marcelo.—Minha mãe nunca o chamava assim.

—Como não?Você ouviu por quem ela chamou?—Foi nessa hora que eu
gelei,não acredito que eu cometi esse erro dormindo.
—Dá para parar de me ignorar?—Praticamente gritei para os dois.
—Você chamou por Bem,Maria Júlia.—Ele não parecia contente com
aquilo.—Assim que chegar em casa,conversamos.

—Marcelo,calma,porque ainda tem Diego.—Minha mãe pediu em uma


calma invejável.
—Gente,só para vocês se situarem um pouco.A vida é minha,ok?

—É,vai dizer isso para o seu pai.—Meu irmão acusou.—Você não volta
naquela fazenda nunca mais.
Arfei,sentindo o peso daquelas palavras.Uma preocupação me antingiu,por
mais que fosse isso que eu queria,ouvir da boca de outra pessoa parecia
desesperador.Eu não me despedi de ninguém.Minha mãe tentou me
acalmar,e pelas medicações fortes,acabei cochilando.Só acordei com a voz
do meu pai,o homem bonito e alto entrou no meu campo de visão alisando
meu rosto,provavelmente alheio a tudo que acontecia.

Só fui para casa no outro dia sete da manhã,sendo mimada pelo meu pai que
começou a me tratar como um bebê.Chegamos no apartamento de
Marcelinho,e eu fui recebida por uma das minhas primas,que me recebeu
super preocupada.

Bem Santiago.
Quando eu acordei achei que ela tivesse apenas saído do quarto,e não
fugido da minha vida.Levantei no meio da noite,sem ter comido nada e
achei que fosse encontrar com ela na cozinha como sempre fazia.Maria não
estava,e por mais que eu tivesse que aceitar,eu não ia me conformar.Ela
tinha ido embora,fugido de mim,da minha violência,de quem eu era.
Eu estava me sentindo culpado,por tudo,desde da idade até o jeito que eu a
tratei,assustando-a.Depois da dor que eu pude ver em seus olhos,sabia que
ela tinha me deixado.Mas,eu não ia deixar.Olhei o closet com as roupas
dela,as bolsas que todo dia mudava de lugar e os sapatos caros que eu nunca
a vi usando.A casa pareceu vazia,e eu me senti da mesma forma.

Ela me deixava louco,tão louco,que estou nesse momento enchendo o irmão


dela de ligações,e ele não me atende.
Me irritou muito,quando meus irmãos chegaram de madrugada eu não quis
falar com ninguém e me tranquei no quarto.No outro dia,inconformado de
ficar sem ela,eu enlouqueci de preocupação,e meus irmãos ficaram me
chamando preocupados quando quebrei um vaso e saí de casa.

Marcelo não me respondia,e sua mãe muito menos.Então eu ia tirar minhas


próprias conclusões.Eu nunca me interessei em saber o endereço de
Marcelo porque sempre morou fora,e quando voltou,não me atentei a isso.
—Bem.—A voz do detetive soou do outro lado da linha.—Eu ia te ligar
hoje mesmo,descobri muitas...

—Eu não quero saber disso agora,Avelar.Quero que você ache o endereço
de uma pessoa para mim.Largue tudo que está fazendo,e eu te pago o triplo.
—Falei com um certo desespero na voz.
Contei tudo a ele,e pedi que fosse o mais rápido possível.Eu não tinha
cabeça para pensar em problemas familiares agora,eu não saberia o que
fazer.

O dia só ficou pior,passei a não me concentrar em nada,perdido,com raiva e


muito mais irritado.Tomei mais de quatro xícaras de café,e não consegui ler
os contratos,estava me distraindo fácil.O telefone tocou,e eu atendi sabendo
que era Lourdes.
—Senhor Bem,os compradores acabaram de chegar na sala de reunião.

—Lourdes,mande Fernanda vir na minha sala.


—Sim,senhor.

Pelo meu tom de voz,ela rapidamente fez o que eu pedi.Fechei os olhos e


passei a mão na barba,nervoso.
Eu não ia conseguir ficar parado trabalhando,sabendo que ela tinha fugido
de mim,que não me queria mais.

—Bem,mandou me chamar?Quer ajuda com os compradores?—Fernanda


falou atenciosa como sempre entrando na sala.
—Fernanda,quero que assuma para mim essa reunião.Peça ajuda de Max.

—Mas,Bem esses compradores são importantes.


—Fernanda,eu não tenho cabeça.Não estou bem,e confio em você.—Vi seu
semblante agradecido e feliz,mas contida.

—Desculpa perguntar,você está passando por algum problema?


—Sim,vou trabalhar de casa.Qualquer coisa me ligue.—Ela afirmou e saiu
da sala,pedindo para Lourdes chamar Max.

Demorei mais um tempo na sala,peguei minha pasta,e saí encontrando com


Max que abriu um sorriso quando me viu.
—Irmão,não vi a Majuzinha hoje.

—Ela foi embora,porra.—Falei,vendo sua surpresa—Eu vou atrás dela,nem


que seja a última coisa que eu faça.
—Marcelo ficou de me dar o endereço. —Ergueu uma sobrancelha.
—Ele não vai te atender.
Meu irmão franziu o cenho.
—Quer ir ao estradas hoje?
Pensei em Maju,e como tinha ciúmes da minha amizade com Leandra,se
sentia insegura,e se eu tivesse feito o certo desde do começo,minha loirinha
não tinha ido embora.

—Não.—Disse zangado,e ele não falou mais nada.


No caminho para casa até tentei ligar mais duas vezes para Marcelo ,até
meu chamador bloquear,e eu socar o volante com raiva.Joguei o celular
longe,irado,querendo extravasar,quebrar alguma coisa.Dirigi em alta
velocidade e buzinei irritado parecendo que tudo hoje estava girando em
torno para dar errado e me provocar.
Demoraram de abrir o caralho da porteira,e eu demorei para chegar em
casa.Sabia que não adiantaria ligar do telefone de ninguém porque ela ia
sacar que era eu,e já deve ter sido orientada.Cheguei em casa,e Rosa
quando me viu aquele horário tomou um susto.

—Bem?A essa hora?O que aconteceu?—Falou limpando as mãos no pano.


—Eu estou com vontade de matar um.—Passei a mão pelo cabelo andando
de um lado para o outro.—Que caralho.

—O que foi?—Seu rosto era de susto.—Meu Deus.-Colocou a mão na


boca.—Se acalme.
—Maria Júlia.—Ela pareceu compreender.
—Achei que ela tivesse saído com vocês.O que você fez,meu filho?
—Eu quero minha loirinha de volta.

Ela não disse nada pois sabia que eu não gostava de ouvir.Veio até a mim,e
beijou meu braço alisando em seguida,me deixando sozinho.Me conhecia
bem para saber que eu não queria ninguém ao meu lado.Fui para o
escritório tentando me concentrar no trabalho.
Percebi que não tinha nenhuma foto dela,e acabei atirando o celular na
parede.Sem nenhuma foto dela para me confortar,sem notícias,sem ouvir a
voz da minha loirinha.Me recusei a ir ao seu quarto,mesmo com a vontade
louca de cheirar seu shampoo,e sentir seu cheiro nas roupas.

Não saí do escritório,sem querer ver ninguém.Rosa veio deixar comida ,e


Max só bateu na porta atualizando que a reunião foi um sucesso e os
compradores perguntarem de mim.Também me deixou quieto,na
minha,porque quem estava a ponto de explodir era eu.

Maria Júlia
Fazia um dia em que eu estava deitada na cama me recuperando.Em volta
meus olhos estavam vermelhos,e eu tomava vários remédios ao longo do
dia para coceira e vermelhidão.Eu tinha que ficar longe das abelhas daqui
em diante,nunca pensei que ficaria tão mal.Franzi o cenho com a gritaria
que vinha de fora,e me levantei da cama,mas antes que eu chegasse à
porta,minha prima abriu primeiro e entrou no meu campo de visão.
—Que gritaria é essa,Ana?—Meu coração ficou acelerado.
—Maju,seus pais estão brigando na sala.Liguei para Marcelinho,e estou
esperando por ele.

—Você ouviu do que se trata?


—Em partes,sim.—Seu olhar foi triste para mim.—Estão brigando por sua
causa.
—Minha mãe contou ao meu pai?MEU DEUS,ANA.Preciso sair.
—Melhor você ficar,prima.
—Não posso,fica aqui no quarto.—Ela balançou a cabeça.Com o coração
descompassado,abri a porta e do corredor já dava para escutar a briga
intensa dos dois.
—EU VOU NAQUELA FAZENDA,E MATAR AQUELE FILHO DA
PUTA.—Sim,era um escândalo.Senti vontade de chorar.—A culpa é
sua,porra.Você mandou minha filha para aquele buraco.—Falou,fora de
si.Aquela era a primeira vez que eu via meu pai daquele jeito.

—Diego,se acalme.Maju está se tornando uma mulher,é adulta.Ela faz as


escolhas delas.
—Com um cara da minha idade?Eu não aceito essa merda.Não aceito.—
Gritou histérico.—Filho da puta.—Grunhiu—Maria Júlia só fica com ele se
um dia eu morrer,Manuela.Fora isso,eu nunca vou aceitar.

—DIEGO.—minha mãe gritou.—Não te reconheço,porra.Maju é adulta,tem


vontades e escolhas.E a culpa é sua dela ser tão mimada,e dependente de
você.Agora você tem que aceitar que ela cresceu,e perdeu a
virgindade.Deixa de ser hipocrita,seu irmão também é casado com um
mulher mais nova,e você apoiou os dois.
—Minha cunhada não era a minha filha.—Rebateu.—E eu já disse que não
aceito,minha menina tem dezenove anos,Manuela.E esse filho da
puta,desgraçado,tem quarenta e dois.Mais que eu,caralho.Ele tem a vida
feita,minha filha não.O que você quer?Que ela fique em casa,cuidando
dele,e trabalhando naquela fazenda?E se ela engravidar?Maju não deve nem
saber como usar anticoncepcional.—Minha mãe se calou um pouco.—A
minha filha não vai ficar em casa,protelando,esperando esse desgraçado
chegar.
—NOSSA FILHA.
—MINHA.—Bateu no peito.—Foi eu quem ficou com ela quando você
nem conseguia cuidar dela direito depois de me esconder por quatro anos
que ela era minha.—Falou e depois se arrependeu,indo para cima dela.—
Desculpa,amor.Porra,me perdoe.—Minha mãe colocou a mão no rosto e
chorou copiosamente.
—PAI—Gritei,e saí do corredor correndo até minha mãe que chorava,seu
rosto tomado por um vermelho.Nessa hora Marcelinho apareceu e correu
até a gente.
—O que você falou à minha mãe?Tá ficando maluco,caralho?—A voz
grossa soou no ambiente.Tudo isso por minha culpa,comecei a chorar
também.

—Não briguem,por favor.Desculpa.—Solucei,sensível,me sentindo


culpada.Meu pai saiu batendo a porta da sala com força,e eu tampei os
ouvidos.
—Calma,meu amor.—Mesmo chorando minha mãe tentou me acalmar.-Seu
pai está nervoso,falando sem pensar.Mesmo que as palavras dele tenha me
machucado,eu o entendo.

—Ouvi a gritaria do elevador.—Meu irmão tocou os cabelos loiros da


minha mãe.—Ele já sabe?
—De tudo,e disse que vai na fazenda.
—Manu,Bem não é flor que se cheire.—Marcelinho alertou.
—Duvido que ele faça algo com o meu pai.—Foi a minha vez de falar.—Eu
nunca perdoaria ele—Minha mãe limpou as lágrimas,e suspirou.

—Entendam que Diego ficou quatro anos sem você,filha.Não é fácil agora
para ele assimilar que você cresceu,e conheceu um homem que tem idade
para ser seu pai.
—O que ele fez?—Meu irmão se levantou,nervoso.—O que Bem fez para
você sair sem nada?
—Nada que eu não quisesse.Eu realmente não sou mais virgem,e perdi com
ele.Eu acho que...que eu amo ele.—Abaixei a cabeça envergonhada,e houve
um silêncio.—Podem ficar tranquilos eu já entendi que Bem não é para
mim.
—Calma—Manuela falou,respirando fundo.—Depois quero que me conte
tudo que aconteceu.
—Não quero ter calma,mãe.Bem não me merece,e nunca mereceu.Posso ser
boba em alguns assuntos,mas já entendi o que está acontecendo.
—Vou falar com Diego,e se ele for mesmo na fazenda,irei com ele.—Meu
irmão disse depois de me ouvir.

—Não,você vai ficar com sua irmã até eu voltar.Eu irei com Diego.—
Minha mãe se levantou do sofá.
—Não quero atrapalhar,posso voltar para o Rio.—Olhei meu irmão,e ele
sorriu.

—Depois que tudo se resolver você volta para o Rio.


Capítulo 17

Bem Santiago.
Eu não comia direito,não trabalhava e parecia não viver.Ligava todo dia
para o detetive,tentava contato com Marcelo,Manuela e até mesmo Maria
que não me atendia.
Eu pedi para Rosa não mexer no quarto dela.Só vivia irritado,não queria ver
e nem conversar com ninguém.Hoje era um desses dias,tinha uma semana
que eu não tinha notícias de Maria Júlia.
Não sabia que ela me afetaria tanto,mas era horrível chegar em casa e não a
encontrar no sofá,ou aprendendo alguma receita com Rosinha.Desde
quando eu disse que não queria que ela fosse embora,ela me recebia
sorrindo.Por mais que eu ficasse sério ao vê-la,corria para
mim,abraçava,beijava e íamos para o quarto.Eu parecia ter novamente a
idade dela,escondendo algo que não precisava esconder.
Com saudades de estar dentro dela e me questionar muitas coisas diante dos
seus olhos azuis,até assinar um contrato errado eu consegui.Fernanda teve
que tirar outra cópia,preocupada comigo.Max e Enzo me olhavam querendo
falar algo,mas sabiam que não era hora de se aproximar.Não queria mais ir
ao bar de Leandra,e preferia ir para casa.

Sem nenhuma foto,porque eu não era ligado em tecnologia,e só usava o


celular porque não tinha outro jeito,mas odiava mexer.Agora,eu me sentia a
porra de um imbecil,porque eu queria tanto uma foto da minha loirinha,e
não tinha.
Voltei do trabalho,e vi Rosa conversando com a senhora que agora era
lavadeira daqui de casa.Não fui muito com a cara dela,só dei a permissão a
Rosa para aceitar e contratar,porque não conseguia negar nada a Maria,e vi
que ficou com pena da senhora.
Rodrigues estava sentado aceitando café e bolo de Rosa,junto de Enzo que
o ouvia atentamente,e Max estava em pé de braços cruzados o ouvindo
também.Assim que passei pela porta,os três me olharam e Rodrigues me
fitou,franzido o cenho rapidamente pela minha expressão.

—Bem,Rodrigues precisa conversar com você.—Max se pronunciou.


—É importante.—Ele falou, vendo que minha cara não era boa.
—Porra.—Falei já me irritando.Suspirei.—O que houve?
—Tem uma terceira pessoa envolvida nessa história com a família biológica
da sua irmã.—Fechei os olhos,absorvendo suas palavras.Olhei a casa em
volta,parecendo vazia e silenciosa.

Era atormentador ficar sem ela,e eu nunca pensei que seria pegado de jeito
por uma menina.
—E o Mariano Tavares?—Perguntei.

—Planejando um outro roubo,e uma emboscada para te matar.Os peões que


foram presos,acabaram confessando depois de umas torturas.
—Isso vai me custar quanto?
—As torturas?
—Sim.

—Nada,vocês são meus amigos.


—No dia,eu quero pegar esse filho da puta junto com você.—Avisei.

—Pegando ele você descobre onde as duas estão escondidas.—Olhei em


volta,mandando ele parar de falar quando a senhora entrou servindo mais
café ao delegado.
—Por que está servindo café?

—Estava sem fazer nada,e Rosa pediu minha ajuda,porque as meninas estão
atarefadas na cozinha.—Explicou,ficando um pouco pálida.
—Pode ir.—Falei sendo grosso.

—Bem,você está descontando seus problemas nos outros.—Max tentou me


repreender,com um sorriso no rosto.
—Não gosto dela.
—Já viu o estado dela?Como que vai fazer maldade com alguém?—Enzo
riu.
—Não sei,não confio em ninguém.—Falei,e eles tiveram o atrevimento de
rir.—Rodrigues,fique com meus irmãos,não estou bem.Eu entro em contato
com você.
Só ia sossegar quando Maria tivesse na minha frente.
Eles não entenderam quando fui para o corredor de baixo e abrir a
porta.Entrei no quarto dela,tudo do jeito que deixou quando foi
embora.Olhei em volta,e vi um papel na mesinha ao lado da cama,peguei e
abri lendo o que tinha escrito,sendo pego de surpresa,sentindo-me
rejeitando quando disse que não me queria mais.Guardei o papel no
bolso,desolado com a situação.

Fui até seu closet,peguei um de seus vestidos curtos,que provavelmente me


fariam ter uma crise de ciúmes quando usasse.Levei o tecido ao nariz e
cheirei,olhando o pedaço de pano rosa.Vasculhei seu closet,e achei uma
caixinha de oncinha de veludo.Abrir,e meu coração pareceu relaxar quando
vi uma foto dela mais atual.
Suspirei pegando a foto,matando um pouco o que estava me matando por
dentro.Alisei o rostinho delicado,e sorri um pouco como só fiz pra ela uma
vez.

Olhei outras fotos,vendo uma menininha loira agarrada a um cachorro


grande e robusto.Uma do seu irmão bebê,outra com a família inteira,só com
seus pais,Marcelo,e a última mais duas meninas com ela.Realmente saiu
daqui apressada,porque não levou nem a caixinha que parecia ser
importante.Sai do closet,sentindo o celular vibrar com nome do
detetive.Antes que eu atendesse,Alane saiu do quarto do meu pai para a
troca de turno e me olhou parecendo assustada.
—Aconteceu alguma coisa com meu pai?—Negou com a cabeça
rapidamente.—Por que está nervosa?

—Não é nada,senhor Bem.—De repente me veio um estalo na cabeça,e


lembrei de Maria conversando com ela uma vez.
—Tem algo sim que queira me contar,e eu sei que é sobre Maria Júlia.—
Blefei,e ela suspirou olhando para os lados.

—Ela saiu daqui um pouco atordoada,e me disse que tinha sido picada por
uma abelha.—De novo aquele desespero latente vindo com tudo.—Parecia
alergia.
O que me deixava mais tranquilo,é que no fundo eu sabia que estava
bem.Ela não foi muito longe,e eu só preciso de um endereço.

—Pode ir.—Ela balançou a cabeça e saiu.Retornei a chamada para o


detetive.
—Descobriu alguma coisa?

—Ela não está na casa dos pais no Rio de Janeiro,e o irmão dela parece não
está indo ao fórum esses dias.Está um pouco complicado,mas eu te garanto
que a acharei.
Saí do quarto,e soube que o delegado tinha sido convidado para jantar e
aceitou.Max e Enzo vieram atrás de mim antes de subir as
escadas,deixando Rodrigues ir ao quarto do meu pai para uma visita.

—Notícias dela?—Max perguntou.


—Nenhuma ainda.

—Eu saquei vocês dois desde da montaria.—Enzo confessou,sorrindo.—


Ela sumiu,você em seguida.Nunca te vi assim por ninguém.
—Essa é a primeira vez.

—Sempre tem a primeira vez.—Max falou.—E pela sua cara...


—Vão começar?
—Longe de mim.—Enzo ergueu os braços.—É que eu nunca pensei que te
veria assim.

—Eu já.—Max sorriu.—Sempre cuidou de Gael e Vick,se importava com a


gente.Mesmo eu e você só tendo apenas quatro anos de diferença,assumiu
tudo e deixou a gente viver nossa vida,curtir e estudar.Enquanto você
trabalhou duro para deixar nossos negócios ao nível do nosso pai.Você só
pensou na gente,na nossa família,irmão.Merece ser feliz.E está tarde...—
Max riu.—Passando da hora.
Max apesar de ter trinta e oito anos,era mais descolado,animado e fazia o
que tinha vontade,sem se importar que daqui há dois anos entraria na
mesma casa de idade que eu estou agora.

Enzo era brincalhão,mas muito responsável.Tudo que eu fiz no passado foi


por eles.
Apesar de não ser carinhoso eles eram comigo.Abracei os dois de
lado,sabendo que sempre teria o apoio deles.Ganhei um beijo no rosto de
Enzo,e outro de Max.Beijei a têmpora de cada um também.Os quatro eram
a base da minha vida,por eles eu mataria e morreria.Como já fiz,por eles eu
já matei.

O problema era eu me enfrentar,assumir o que sentia,e conviver com


isso,algo que eu não queria até meses atrás.Eles sabiam que eu não era de
demonstrar.
Demonstravam com carinho o que eu não sabia demonstrar,mas tentava às
vezes.

Como o mais velho,eu sempre vi o jeito rude que meu pai tratava a minha
mãe.Tinha quatro anos e tenho lembranças.Ele dizia que a amava,mas
depois fazia pior.
Quando eles nasceram,não presenciaram nada do que eu presenciei.Eu
agradecia,porque sempre os protegi.

Diego Zorn.
Não era fácil ter uma filha que você sempre amou,protegeu e cuidou
vivendo tudo que Júlia estava vivendo.Eu lembro que quando era criança eu
me esforcei para ser o melhor pai.E é dolorido pra caralho ver a minha
princesinha sendo tocada como uma mulher por outro homem.

—Tem certeza?—Marcelo perguntou.


—Absoluta.

Como era uma viagem rápida,e nós dois tínhamos pressa decidimos ir de
jatinho,e pegar um carro assim que saíssemos da pista de voo.
Eu sai da minha casa querendo quebrar a cara do sujeito,mas Marcelo iria
me impedir.

No caminho olhei em volta,aquele não era o lugar de Maria Júlia.Até para


entrar na fazenda era uma burocracia e eu vi homens com armas escondidas
no cós da calça,algo que Maju não percebeu porque sempre vivia no sei
mundo dor de rosa e duvido que tenha percebido aquilo.
Manuela aceitou por aquele motivo,mas eu não achava motivo suficiente
para minha esposa ter feito o que fez e mandando minha filha para longe
sendo que eu sempre conseguia resolver.

A porta foi aberta por uma moça baixinha de cabelos grisalhos,e assim que
viu Marcelinho sorriu,e quando se virou para mim parecia sem jeito.
—Que surpresa você por aqui.Por que não avisou que vinha,meu filho?

—Vim de última hora,dona Rosa.—Olhei a casa,e foquei na sala onde todos


estava reunidos.Quem seria Bem Santiago?
—Marcelo.—Meu sangue esfriou quando o homem alto surgiu do
corredor,com uma barba escura e o bigode pronunciado.Ele tinha a cara
amarrada.

—Bem.—Olhei para Marcelinho chocado,e Marcelinho me olhou.Apenas


com nossa troca de olhares silenciosas entendi de quem se tratava.Nunca
pensei que Maju se interessaria por um homem assim
—Então é você?—Disparei na frente de Marcelinho.Os três homens que
estavam na sala se levantaram também.Ele me analisou e franziu o cenho
parecendo tomar conhecimento de alguma coisa.Caralho,era esse Bem
Santiago?—Eu quero você longe da minha filha.

—Você veio dentro da minha casa me dizer isso?—Continuo sério,sem


vacilar.
—Você é um filho da puta pevertido.—Apontei—Eu não quero nunca mais
você perto da minha filha.

—Diego,é para você ficar calmo,porra.—Marcelinho falou mais alto.


—Não tem como ficar calmo diante dessa merda que está acontecendo.Eu
não vou deixar minha filha pisar aqui nunca mais.Eu quero você longe dela
caralho,ainda é só uma menina.—Não era como se ela fosse adolescente,e
sim que qualquer um poderia brincar fácil com os sentimentos dela e eu não
ia deixar.
—Eu não vou ficar longe da minha loirinha.—Continuou no mesmo lugar.
—DA SUA O QUÊ?—Fui para cima dele,e Marcelinho tentou me
segurar,um dos irmãos se aproximou e olhou Marcelinho trocando olhares
com ele—Nunca mais você vai encostar na MINHA LOIRINHA,seu
pervertido do caralho.

—Ela quem tem que decidir,você não pode decidir isso por ela.—Cruzou os
braços.
—Ela já decidiu,e não vai mais voltar aqui.Chegou em São Paulo com
alergia a picada de abelha,toda inchada,vermelha e se coçando.

—Meu Deus.—A senhora que se mantinha quieta,colocou a mão na


boca.Até ele se surpreendeu pela sua expressão.
—Isso não é uma competição com quem que ela vai ficar,porque eu sei que
ela sempre vai me escolher.Então não tente ir atrás dela,porque eu não vou
deixar.Já deve ter ouvido o só por cima do meu cadáver,certo?Pois é.Tente
ligar,fazer o que quiser,mas da minha filha você não se aproxima nunca
mais.
—Não é porque você está me dizendo isso que vou voltar atrás.Ela vai ter
que me dizer isso na cara.Eu vou atrás dela você querendo ou não,a loirinha
também é minha.—Tentei avançar novamente,Marcelinho me segurou,e o
irmão dele ficou próximo.

—Dá para parar caralho?—O tirado a forte se meteu.—Vocês tão parecendo


dois ciumentos em cima da garota.Ela que vai decidir essa merda toda.
—Vocês não pararam para pensar que estão tentando decidir por ela.?—
Marcelinho praticamente gritou.

—Não tem o que decidir,Marcelinho.Minha filha foi criada como uma


rainha,com café na cama,declarações todos os dias,uma escola boa,foi uma
criança feliz.Eu não vou deixar Júlia se acabar aqui,sem querer ofender.—
Olhei os irmãos dele—Hoje de manhã eu ouvi parte da conversa dela com
Manuela,e eu ouvi a destruição que você ia fazer na vida da minha
menina.Se vocês não tem filhos ainda,não sabem o que eu estou
falando.Não é apenas um pai ciumento,é um pai que se preocupa com o
bem estar da filha.Ela sempre teve sua essência,fez escolhas,e foi feliz.Não
foi essa a expressão que eu vi no rosto dela ontem,e hoje antes de sair de
casa.Meus filhos são meu mundo,e por eles eu faço de tudo.Pode ter
certeza,Bem,que se minha filha viesse com um sorriso no rosto me contar
sobre quem era você,eu ia sofrer,ter ciúmes sim,mas eu ia apoiá-la porque é
isso que um pai faz.Agora me diga qual pai quer que o filho fique preso em
um lugar,sem saber quase nada sobre a vida,com um homem que ela está
conhecendo? Nenhum,porra.Quando vocês forem pai,vão sentir o peso
dessas palavras.—Me soltei de Marcelinho,e não olhei para trás antes de
esperá-lo no carro.

Maria Júlia.
Meu coração se apertou quando eu soube onde meu pai tinha ido junto ao
meu irmão.Será que Bem ouviu tudo calado?Meu pai chegou chateado e eu
recebi colo da minha mãe e do meu irmão.Era minha primeira grande dor
de cabeça e eu precisava pensar.
Nunca senti a dor da saudade até hoje.Santa Clara tinha virado minha casa,e
Bem também.
Senti falta dos braços dele me apertando,do jeito que me olhava,dos sorrisos
que nunca me deu,eu os presenciava pelo brilho no seu olhar.
Eu nunca encontraria ninguém como ele,desse jeito bruto e muitas vezes
maldoso de ver a vida.Sempre vivi presa no meu próprio mundo,e agora
parecia que meu mundo era ele.
Eu amava esse homem,e meu coração estava doendo muito,dilascerado
longe dele.Eu queria ser firme,porque seria melhor assim.Não podia
simplesmente voltar agora,não com tudo que vinha acontecendo.

Do que adiantava amá-lo tanto e ficar em uma teia conturbada.Eu não era
acostumada com o seu jeito,nunca fui tratada daquela forma,e só agora
longe eu compreendia e sabia dos meus sentimentos.
Vi suas mensagens,suas inúmeras ligações,de Max,e mensagens de Vick.Me
senti ingrata de não responder,só que eu precisava desse tempo.

Foi bom viver esse período com meu irmão,mesmo que faltasse dois dias
para eu voltar para o Rio.
Minhas primas ficaram comigo.Ana já estava passando uma temporada
aqui,e Maisa veio de surpresa trazendo seu bebê junto.Eu nunca tive muito
jeito para crianças,mas fiquei atrás dela assistindo como trocava as fraldas,e
ela sorriu para mim e a irmã dizendo que um dia seria nós duas.
—Você pode ser madrinha do meu segundo bebê.—Maisa comentou
comigo.
—Está grávida?—Ana arregalou os olhos.
—Eu não sei...—Ela riu.—Mas não quero estar grávida agora.
—Nossa,já pensou?Imagina.—Me dava vontade de me jogar de uma ponte
se fosse eu no lugar da minha prima,com dois bebês.

—Eu queria ter filhos.—Ana disse.-E agora se possível,só que o meu lindo
príncipe diz que não quer fazer um bebê em mim agora.—Fez um
biquinho,revirei os olhos,e sorri.
—Eu que não quero,sou a mais nova de vocês duas.
Continuamos conversando até Maisa tocar no assunto que deveria ser
proibido.
—Não vai mesmo ligar para o Bem?—

—Não me sinto preparada.Minha mãe tem conversado muito comigo,e eu


pretendo voltar para o Rio primeiro,quero resolver as coisas entre mim e o
meu pai.
—Você tem razão,mas não vai dar para ficar fugindo sempre.

—Eu sei.
Nosso olhar recaiu em Ana,que se manteve calada.Maisa deixou de pintar a
unha dela,e minha prima olhou para o outro lado fazendo o mesmo que
eu:Fugindo.
—Se eu tivesse oportunidade também iria para o Rio.—Mudou de assunto.
—Deixa de ser sonsa,você está gostando.—Acusei,e ela riu.—Pelo menos
vocês não estão passando pelo mesmo que eu.Só queria voltar no tempo e
fazer as coisas diferentes.—Me joguei no sofá e abracei uma almofada.
—Nunca pensei que você curtisse homens rústicos.—Ana disse.
—Ele tem cara que fode bem.—Maisa disse e riu,acompanhada de Ana.—É
sério.

—Estou sentindo a falta dele,e não sei o que fazer.Se eu ficar,estarei


desistindo dele,e se eu for meu pai não vai me perdoar.
Além de ser difícil conviver com ele,suas escolhas,seu modo de ser.Somos
diferentes um do outro.

Não sei se estou pronta para voltar e enfrentar tudo de novo.Não sei se ele
vai mudar,e no fundo não quero que ele mude por mim.Eu é que não estava
pronta para ficar.
Capítulo 18
Maria Júlia.
Estava arrumando os pertences para voltar ao Rio junto da minha mãe.Não
demorou para ela bater na porta do quarto,e entrar.
—Está tudo certo?A gente já está perto de ir.
—Sim,vou apenas calçar o sapato.—Ela mandou um beijo.
Peguei minha mochila e saí do quarto ouvindo uma conversa acalorada
vinda da sala.Franzi o cenho,achando estranho e tentei me concentrar para
entender o que se passava.As vozes ficaram mais alta,porém a masculina se
destacou fazendo minha barriga gelar.
Estava alucinando longe dele,era isso.Ele era problemático até longe.

Corri para sala,nervosa,as pernas tremendo.De todas as pessoas que eu


esperava,a que eu menos queria ver agora estava diante de mim.
Bem discutia algo com a minha mãe,enquanto a funcionária que trabalhava
no apartamento do meu irmão acompanhava tudo parecendo chocada.

—Bem.—Falei no fio voz,de olhos arregalados.Minha mãe olhou de mim


para ele,e suspirou.
—Filha,te espero no carro.

Nada saiu das minhas cordas vocais,arregalei os olhos.O sangue parecia


querer fugir de mim,me sentia tonta,lânguida,pálida.Ele foi o primeiro a se
pronunciar diante do meu silêncio.
—Preciso da minha loirinha de volta.—O suspiro de Marleide me fez olhá-
la e depois voltar a olhar para ele.A moça baixinha saiu de cena
rapidamente.
—Não fale isso.—Sussurrei.—Por que veio?—Ele se aproximou
devagar,enquanto eu me mantinha estática.

—Eu preciso de você,não aguento mais ficar longe.


Reuni toda coragem que sempre tive,e engoli algumas palavras pelo
caminho.

—Você vai ter que aprender a conviver com isso,porque quando estive perto
você me queria longe.Quase me quebrou.
—Eu estava errado,só te quero de volta.A minha maior tortura é chegar do
trabalho,e não te ver em casa,não sentir teu cheiro.

—Não fale isso.—Minha voz saiu baixa.—Melhor ir embora.


O medo de decepcionar meu pai parecia maior do que enfrentar Bem.

O medo de me enfrentar foi pior do que enfrentá-lo.


Era horrível não me reconhecer mais.

—Não quero.
—Eu não quero mais você.Vá embora.

—Não—Foi rápido em se aproximar.Agarrou meus dois braços,e me fez


encará-lo.—Olha nos meus olhos e diz que não me quer mais.—Seu rosto
estava levemente contrariado com a minha declaração,em uma clara não
aceitação as minhas palavras.
—Me solte.—Fechei os olhos.

Eu não cometeria a burrada de olhar em seus olhos,tive medo do que


poderia enxergar.
—Não faz isso comigo.—Falou mais baixo,desesperado,sussurrando com a
barba passando pela minha orelha e seu hálito quente na minha bochecha.—
Não faz isso.
—Eu faço.—Abri meus olhos,e tentei me soltar.—Bem,você sempre jogou
na minha cara que eu era mais nova,que não queria nada além de sexo
comigo,e eu te dei.Aproveita agora,e ache uma mulher da sua idade,que
goste dos seus desejos e das suas taras.

—Não quero ninguém,eu quero você.—Continuou a segurar meus braços.


—Mas não vai ter mais.—Consegui me soltar.—Vai embora.—Olhei para
trás dele,sem realmente querer olhar para seu rosto.

—Eu não aceito.


Meu olhos arderam,e eu não consegui segurar as lágrimas da frente dele.
—Vai ter que aceitar.—Segurei a alça da minha mochila.
—Nunca.—Ia passar por ele,mas segurou meu braço e me fez ficar junto do
seu corpo alto.Lambi os lábios,mordendo o superior,e seu rosto se
aproximou do meu.Eu cederia,estava quase até algo me fazer parar
novamente.Seu perfume forte me fez espirrar.
—Saí,Bem.—Me desvencilhei,e fugi.—Não vem mais atrás de mim,me
deixa.
Apertei o botão do elevador várias vezes,até abrir e meu irmão aparecer
assim que a porta da caixa metálica se abriu.O clima ruim
voltou.Marcelinho olhou de mim para Bem.
—A gente vai conversar—Marcelinho me olhou enquanto falava com
Bem,me puxando para dentro do elevador.Não olhei para trás,de costas
mesmo apertei o botão da garagem e pelo espelho vi a porta fechar,e seu
olhar em mim.Assim que as portas fecharam-se completamente,achei que
fosse chorar,mas o bolo na garganta pareceu ficar preso.
Procurei pela minha mãe no estacionamento,e a achei eu uma Mercedes
branca.Corri até ela,e me joguei em seus braços tão perdida que não pode
evitar uma lágrima descer.

—Por que eu tenho que passar por isso?


—-Você se tornou uma mulher,minha filha.—Me abraçou mais
apertado,beijando meus cabelos.

—Como ele me achou?


—Me ligou,e disse que se eu não falasse,ele já tinha um detetive atrás de
você.—Alisou meu rosto.—Então deixei que vocês se falassem,não adianta
mais se esconder.

—Ele queria que eu voltasse.—Falei,tentando sondar suas reações.


—É uma escolha sua,você estava aprendendo coisas maravilhosas na
Santiago,não deixa o ciúmes do seu pai interferir.

—O que quer dizer com isso?


—Eu sou uma leoa quando se trata de vocês.Só que os filhos fazem
escolhas,e tem suas próprias vidas.Eu não posso me meter,apenas te
aconselhar.Eu estou aqui para te apoiar,limpar suas lágrimas,ouvir o que
tem a dizer.Sou sua amiga.—Funguei,sentindo meus olhos pesados pelas
lágrimas.—Vamos deixar para conversar mais quando chegarmos em casa.

Eu sabia o que ela falava.


Ela não se envolvia nas minhas decisões como o meu pai fazia.

Eu não sabia,mas estagiar na Santiago era o sonho de muitos alunos que


cursavam Veterinária e zootécnica,e ainda sim meus olhos não brilhavam,o
que realmente fazia meus olhos brilharem era Bem.

Bem Santiago.
Marcelo não queria conversar nada comigo além de me chamar de filho da
puta,e dizer que eu nunca fui amigo dele.Realmente,eu não sou amigo de
ninguém.Esperei ele me falar tudo que queria,não absorvi,nem dei ouvidos
a metade do que me disse.Eu queria a irmã dele de qualquer jeito,e isso não
mudaria.Não era uma competição,eu não queria competir com o pai,nem
com ele na vida de Maria.Eu só a queria para mim,e se ela me quisesse eles
iam ter que aceitar.
A única que parecia entender meu lado era Manuela.A mulher vinha de um
passado conturbado que eu tenho certeza que a filha não sabia da metade de
tudo que ela fez para chegar ao topo e para ter o marido ao lado dela.

E não seria diferente comigo,eu faria de tudo para ter a filha dela ao meu
lado.
Depois de alguns dias,eu não estava conformado,mas estava levando até a
hora certa.

Havia um jantar beneficente no Rio de Janeiro da ONG de Manuela,mãe de


Maju.Eu mandava lucros,e toda minha família acabou sendo convidada para
o evento.Além deles chamei também Fernanda que confirmou em cima da
hora.
Cheguei em Santa Clara exausto,aproveitei para fazer negócios em São
Paulo.Não queria ir para casa ainda,e receber perguntas,então fui ao
Estradas bar beber um pouco e fumar charuto.Assim que cheguei,avistei
Leandra servindo umas mesas.

—Você está tenso.—Falou parando na minha frente.


—Preciso de uma bebida.—Apontei o uísque que eu queria.—Sem gelo.—
Ela fez o que eu pedi,e me estendeu o copo.Abri a carteira para pagar
deixando a foto da minha loirinha cair no balcão sem querer.Coloquei uma
nota em cima da mesma e guardei a foto.

Leandra me avaliou,e colocou a mão na cintura me vendo guardar a foto.


—E a menina?

—Leandra não quero falar sobre isso.—Seu olhar tinha uma tristeza bem no
fundo,e eu sabia que era por minha causa.Nunca me falou nada,mas sabia
que era difícil para ela me ver tão louco por alguém dessa forma
desesperada.—Melhor eu ir embora.—Me levantei,e ela me conteve.
—Bem,te conheço um pouco,sei que está tenso.Fique.Eu só nunca te vi
dessa maneira e me preocupo.
—Eu nunca fiquei assim antes.—Confessei,me abrindo um pouco.—E
como está indo suas terras? —Mudei de assunto.

—Quero apenas um sítio para deixar para os meus filhos,e as terras eles
decidem depois.Você tem me ajudado bastante nisso.
—Se você mantiver daquela forma que eu te disse,vai dar certo.Cabeças de
gado sempre tem lucro.—Ela sorriu,e balançou a cabeça.

Não demorei muito,fui embora e chegando em casa fui recebido por Rosa e
a nova funcionária da fazenda,Sther.Não fui com a cara dessa velha,alguma
coisa nela me pertubava,e só aceitei empregá-la por Maju e Rosinha.Assim
que me viu correu,e Rosinha sorriu.
—Como foi a viagem?E Majuzinha?

—Não quer saber de mim.—Falei,melancólico.Pude ver um resquício de


sorrio em seus lábios.Tratei logo de mudar de assunto—E essa mulher?
—Que implicância com ela,Bem.—Sorriu.—Seu pai perguntou por
você,mas já foi dormir.

—Vou falar com ele.—Beijei sua têmpora e deixei que ela fosse descansar.
Eu iria mandar investigar a velha.

Subi e fui fumar mais um pouco.

Capítulo 19

Maria Júlia
Depois de mandar mensagem para Vick,Max e Enzo falando da minha ida
depressa,me justifiquei com eles me despedindo e desculpando por ter saído
sem avisar.
No fundo do meu coração,eu só mandei despedidas por mandar,porque eu
sabia que aquele não era o fim de verdade.Não com Bem em meus
pensamentos a maior parte do tempo.

Como minha mãe me falou,eu resolveria toda aquela questão com o


tempo.Foi bom o aconchego da minha família.
De todo modo,eu queria entender o único que me relacionei de verdade,o
porquê de ser um homem tão fechado,ruim,e sem amigos.Se eu entrasse em
um relacionamento com ele,certamente não seria como os que tem na
minha família.Ele poderia até conviver,mas sempre teria esse jeito.Se em
quarenta e dois anos não mudou,imagina agora.Ele seria diferente,e eu teria
que ceder.E com o meu pai?Como seria a relação deles,se já não se
gostaram desde do começo.Imagina se meu pai soubesse metade do que eu
faço com Bem.
Ficar com Bem seria sempre assim,viver com toda a intensidade que ele
tem a dar.Dentro de casa com os irmos era até mais maleável,mas com os
outros na rua o homem não sorria,não conversava,não falava com ninguém
era impenetrável.
E eu nem sabia tudo sobre ele,e por mais que fosse me chocar eu queria
saber.
Eu o amo,mas aquilo era um fato.Só queria entender como aconteceu,como
eu fui deixar chegar tão longe e fugir.
Não sabia se ele havia me dado o que mereço,sempre foi frio até comigo no
início.Depois,me deu o seu desespero.
Tudo o que eu tive dele foi a violência.
E não era ruim.

Me assustava.
Eu tinha questionamentos sobre,me perguntava se ele já matou na vida?E a
resposta parecia clara.E em vez de me assustar,me sentia protegida.
Não estava com medo de Bem,estava com medo de mim,disso que eu
pensava sozinha.

O homem mata alguém e eu me sinto...protegida.


Já tinha se passado uma semana desde da última vez que nos encontramos,e
a saudade machucava.

Ainda sim a dúvida era cruel,não sabia se deixaria minha vida no rio,e tudo
para trás.Passei a ficar ansiosa,talvez isso tenha realmente me
engordado.Não que eu tivesse problemas,mas eu nunca conseguia engordar
como agora,o que parecia bom.
—O que está fazendo?-Minha mãe parou na porta do quarto.
—Testando roupas.—Tirei,ficando apenas de calcinha.—Vou procurar
roupa para usar amanhã no evento da Ong.
—Seu pai já está vindo.
—Eu vou com ele comprar um terno novo,me falou que viria me buscar.
Fiquei pronta às quatro,de calça jeans e blusa branca que cobria metade da
minha barriga.Fomos ao shopping procurar um terno para ele desfilar ao
lado da minha mãe no evento da ONG.

Meu pai era um homem muito bonito, alto e grande,me teve ainda jovem.E
eu sorri um pouco ao perceber que ele e Bem eram homens completamente
diferente de terno.Na verdade,meu pai parecia mais novo do que ele.
Estava tomando sorvete olhando as vitrines da loja,distraída.
—Pai,acho que deveria apostar em um terno azul,fica bonito em você.—Ele
me olhou,e abriu um sorriso.
—Eu estava pensando a mesma coisa.
—Que cara é essa?—Ergui as sobrancelhas.
—Estou preocupado com você.—Alisou meu rosto.—Aos poucos sua mãe
está me ajudando a entender tudo que aconteceu nos últimos tempos.Nunca
pensei que fosse tão difícil para mim enxergar e aceitar certas coisas.Ainda
não tinha conversado com você sobre,e agora que estamos só nós dois em
um clima agradável,acho bom.
—Desculpa por não contar antes,é bem complicado falar disso.—Olhei para
baixo.—Confesso que ainda me sinto confusa.
—Você gosta dele?—Voltei a olhar para meu pai,vendo sua cara contorcida
de ciúmes.

Aquilo não deveria ser uma competição de quem eu gostava mais.Amor de


pai é diferente de amar um homem.
—Gosto.—Fui sincera.—E não precisa ficar com ciúmes,pai.

—Nunca duvidei disso,Maju.Só me preocupo de você estar com esse


homem.
—Pai,ainda não pensei nisso.
—Antes de terminar o passeio posso te pedir para prometer uma coisa?—
Afirmei com a cabeça.
—Não se case,não engravide e primeiro curta sua vida.É jovem,merece
viver muitas alegrias antes de ter tanta responsabilidade,acabou de sair das
nossas asas.Recém completou dezenove anos.

—Prometo.—Mostrei meu dedo mindinho e ele fez o mesmo,sorrindo.


***********

Hoje era o dia do evento,e eu me encontrava nesse momento atrasada por


estar dando um retoque na minha maquiagem.Me olhei no espelho satisfeita
com a minha escolha ousada em pôr um vestido laranja transpassado
deixando um pequeno decote nos seios,e nas pernas duas fendas de cada
lado.
Meus cabelos estavam soltos em ondas,e na minha orelha argolas de prata.
Chegamos no local sendo recebidos por alguns fotográfos,e eu sorri para as
câmeras ao lado do meu irmão Marcelinho.No meio estava minha mãe,e ao
seu lado esquerdo meu pai.Andrezinho se mantinha na frente fazendo legal
com o dedo enquanto meu pai tinha sua mão repousada no ombro
dele.Assim que entramos no salão o restante da família estava presente
também.A música que tocava no ambiente era Enjoy the Silence do
Depeche Mode.
Havia várias mesas espalhadas para receber alguns empresários que doaram
parte dos lucros para a ong,e um palco em frente para as mulheres que
sofreram algum tipo de abuso narrar um pouco sua história e encorajar
outras mulheres.
Eu estava em pé ao lado da mesa segurando a mão de Andrezinho.Minha
cabeça estava balançando ao ritmo da música,e por algum motivo estupido
olhei em volta vendo o local encher.Meus olhos e sentidos focaram na mesa
de canto,e eu arregalei os olhos.Por que meus pais não me contaram?A
família Santiago estava presente.
O que eu ia fazer?Cumprimentar como se nada tivesse acontecido?Ou fingir
miopia até o final do evento?
Eu senti o exato momento que Bem me olhou,minhas costas cobertas pelo
tecido do vestido pareciam queimar.Continuei de costas,e tentei não
demonstrar nervosismo.Eu tinha duas semanas sem olhar para Bem,então se
eu vacilasse e olhasse para trás meu olhar encontraria o dele.

Consegui me mover indo até minha mãe que sorria para uma das diretorias
da Ong.Ela me olhou,e pediu licença segurando meu braço.Meu coração
batia tão forte,que chegava a garganta.
—Por que não me contou que ele estaria aqui?

—A secretária confirmou presença apenas dos irmãos,foi surpresa para


mim também.
Claro,Bem não se importava com aquilo,e ficou óbvio o motivo de
Fernanda também estar aqui.Tentei buscar ar,tentando não atrapalhar minha
mãe sem saber como agir,e voltei para o meu lugar.
Meus pés pareciam doer o dobro pelo esforço de ficar em pé no
salto,minhas panturrilhas gritavam e bufei querendo logo sair dali.Não virei
para trás em nenhum momento,mas bebi tanta água que foi impossível
segurar o xixi quando minha bexiga doeu.

Bem Santiago.
Só vim porque sabia que ela viria,e essa noite não passava de mim.Se o pai
dela não se conformasse eu a tomaria na força,foda-se.
Enzo e Max ainda iam se arrumar,então não esperei por eles e fui na frente
com Gael,Vick e Fernanda.Os dois tinham ido a São Paulo fazer o enxoval
do meu sobrinho,pareciam em crise,mas estavam disfarçando na mi na
presença.
Fomos levados a mesa e fiquei calado observando a movimentação,procurei
com o olhar disfarçadamente e encontrei quem eu queria.Minha loirinha
deve ter chegado mais cedo,e estava linda dentro de um vestido laranja,com
sandálias de salto alto preto.Só fiquei puto pelo decote nos seios,odiei que
estava expondo o que era meu,só eu havia colocado a boca,porra.

Eu já conhecia um pouco do seu jeito,do seu nervosismo em mexer uma


perna.Mesmo de costas eu sabia que já tinha me notado aqui,por isso em
nenhum momento virou o rosto.Apenas saiu e foi até a mãe,depois voltou e
ficou ao lado dos dois irmãos.Apenas no momento em que saiu apressada
para o banheiro feminino, fui atrás.
—Onde vai?—Vick perguntou.

—Atrás da Maju.—Enzo comentou,rindo.


—Posso estar indo a qualquer lugar,Enzo.—Me levantei ajeitando o
terno,não querendo dar o braço a torcer.Fiquei do lado de fora esperando
pelo momento em que ela sairia e encontraria comigo. Algumas mulheres
saíram do banheiro,e por último minha mulher saiu distraída,assim que me
viu tentou voltar para dentro do banheiro.
—Está fugindo?
—Não.—Deixou a porta e entrou,dando as costas para mim.Entrei e bati a
porta.—O que você quer?
—Você sabe o que eu quero.—Me aproximei.Olhei pelo espelho grande,e a
encostei na pia roçando meu pau em sua bunda.Estremeceu,e sua respiração
ficou desregulada.Minha mão foi de encontro a sua cintura,e a puxei para
mim colocando o rosto em seu pescoço.—Volta para mim,Maria Júlia.

—Não posso.—Fechou os olhos.


—Me dê uma chance.—Pareceu se surpreender pelas minhas palavras,e se
virou para mim.—Não quer voltar comigo porque briguei com seu pai?
—Não é isso.Eu só não quero que me trate como sempre me tratou.Você é
um grosso,Bem.E eu não sei nada sobre você,não posso sair por aí me
envolvendo com qualquer um sem saber quem ele é de verdade.
Qualquer um o caralho.
—Então não vai me dar uma chance?Ainda não desfiz o contrato,pode
voltar.
—E depois?

—Eu não sei,porra.—Me alterei.—Só quero que volte para mim,eu não
aguento mais ficar longe de você.
Tinha muitas coisas sobre mim que ninguém sabia além dos meus irmãos,e
eu nunca quis contar a ninguém.Sempre fui o mais velho,o que viu todas as
desgraças e tragédias que quase destruíram tudo que nós temos.Eu não
sabia que era importante para Maria saber quem eu poderia ser.

Maria Júlia.
Uma chance.
Era tudo que Bem me pedia no momento,e fiquei tentada a dar essa chance
a ele.Eu me sentia uma fraca por estar cedendo,e mordi os lábios indecisa
para ver se ele saberia usar essa chance.
—O que eu tenho que fazer para ter a minha loirinha de volta?—
Perguntou,manso,bem diferente do Bem arrogante.
—Não me tratar como me tratava antes,e me contar quem é você de
verdade.Eu não vou fugir,Bem.Eu fiquei com você quando me mostrou o
seu pior lado.
—Esse sou eu,e não vou mudar para os outros,mas me dê uma chance para
eu tentar melhorar por você.Minha vida não é a mais mesma desde que
você foi embora.
Merda.Eu ia ceder.Mais uma vez eu faria o que meu coração
mandava.Quando se aproximou novamente eu deixei,a saudade e algo forte
tomando conta de mim.Eu sabia que o nome disso era amor.Veio
rápido,sem explicação e o motivo era ele.Ninguém nunca faria o que ele fez
na minha vida.

Suas mãos grandes tomaram meu rosto,e sua boca apossou a minha
forte,bem do seu jeito.Delicadeza não era o seu forte,não era quem ele é de
verdade.Chupei sua língua,e me entreguei aos nossos lábios que se
comiam,l com saudade.Meu braço foi em volta do seu pescoço,e eu o
agarrei trazendo-o para mim.Mesmo de salto,ainda continuei em uma altura
que era desvatagem.Fui colocada em cima da pia,enquanto minha boca era
devorada.
A gente não queria se largar,isso foi um fato quando minhas pernas
abraçaram sua cintura,e seu volume ficou no meio das minhas pernas.De
repente,aquele calor,o suor,a pressão sentida toda do seu pau entrando em
mim se fez presente e a saudade foi tanta que me arrepiei inteira imaginado
exatamente aquelas sensações.Me afastei dele,pois aquele não era o
momento de transar.Não com a porta aberta.Se alguém me procurasse aqui
seria um escândalo.
—Volta comigo?—Sua cara parecendo desesperada pela minha resposta me
fez morder o lábio inferior.
—Volto.—Fechei os olhos,e quando abri,os seus estavam intensos,escuros
fitando-me.
—Amanhã volte comigo,eu vou te buscar..
—Prefiro te encontrar onde você estiver.Não quero brigar com meu pai,e sei
que já vai ser uma nova confusão quando eu comunicar minha decisão.
—Então,amanhã?—Falou baixinho.Suas mãos ágeis indo para dentro do
meu vestido,passando pela minha calcinha chegando no clitóris.
—Amanhã...—Sussurei.

Capítulo 20
Vanessa
Ódio e decepção me tomaram quando minha sobrinha Victória não aceitou
participar da nossa vingança.Assim que nasceu,e a segurei no colo,me
apaixonei pela menina.Tão pequena,com a pele lisinha,parecida com a
minha irmã.Essa era uma fraca,sempre foi.Ela foi tirada de nós por Estevão
Santiago aquele assassino.
Quando mandou tirar Victória de nós,enlouquecemos.Ela tinha outro
nome,outra vida,e teria outra história se não fosse pela família que
tem.Estevão mandou matar o meu marido,e o meu irmão.Minha mãe
sempre teve uma preferência pelo meu irmão,e meu pai por mim e a nossa
irmã.Foi uma luta nos conformar que tiraram a menina de nós.
Éramos pobre,sem educação.Meu pai foi tentar a vida e nunca mais
voltou.Minha mãe,Sofia tinha parentes em um interior perto de outra
fronteira sem ser pela área dos Santiago.Fomos tentar a vida com ajuda de
parentes,trabalhamos na mesma fazenda como empregadas.A mãe da Rosa
era governanta do casarão na época,e a menina a ajudava em tudo.Era uma
idiota apaixonada pelo patrão.Lembro que algumas vezes suspirava,e eu
como menina mais nova,besta e também apaixonada ouvia suas histórias
suspirando junto com ela.
Eu e o filho mais velho de Estevão tínhamos a mesma idade,me apaixonei
por ele assim que o vi em cima do cavalo olhando as terras junto do pai.De
todos,o pai só mostrava as terras para ele indicando como deveria
proceder.E eu ficava de longe encantada observando cada passo de Bem
Santiago.O garoto desde pequeno era durão,fechado, e lembro que tentei ser
sua amiga,mas só recebi desprezo.
Passamos dois anos nas terras,até a mãe de Bem,Camila,começar a ter
comportamento de pessoas depressivas.Era obcecada na barriga de grávida
da minha irmã que também era empregada.Camila parecia ter ficado mais
doente quando minha irmã Valentina saiu de licença maternidade.O pai da
criança não ligava muito,Mariano era capataz de outra fazenda e minha
irmã se apaixonou loucamente por ele.
Quando soube que se tratava de uma menina deixou minha irmã de lado,e
ela vivia atrás dele mesmo assim.

Depois disso não tive mais contato com Bem,acabei conhecendo um


lavrador da fazenda,honesto e que gostava de mim.No fundo eu gostava de
todo o esforço que fazia por mim,havia um carinho e troca genuína.Senti
raiva de Estevão quando matou meu marido,mas meu coração só bateu forte
por Bem Santiago.Aquele homem nunca trocou palavras comigo,e eu me
sentia tocada por ele.
Muitos anos depois ainda continuamos em Santa Clara passando
dificuldades depois de sermos humilhadas e tratadas como lixo.
Meu irmão,Macário continuava morando em outra cidade e foi quem nos
ajudou a irmos embora.Ele era casado com a mulher de um ex-político que
tinha dois filhos.A garotinha era uma graça,mas medrosa e
fechada,enquanto o menino sorridente vivia protegendo a irmã.
Nessa época vivemos bem,tínhamos fartura e deixamos de lado a
vingança.Dois anos depois vivendo em uma nova cidade descobrimos que
meu irmão era um estuprador.Estuprou a enteada e mais algumas meninas.
A enteada dele virou uma advogada renomada,casou com filho de gente
poderosa que também era advogado e reuniu provas para colocá-lo na
cadeia.Meses após todo o ocorrido,meu irmão foi morto na cadeia.Um
grande mistério que até hoje nunca foi resolvido.Tínhamos nossa dúvida.
A advogada ou Estevão.
Precisamos de dinheiro e ajuda,então voltamos a Santa Clara.

Conseguimos uma aliada valiosa que nos ajudaria a descobrir a verdade e


ela estava dentro da casa dos Santiago.
Estava tão desesperada que pedi ajuda ao assassino da minha
irmã,Mariano.Tentei convencê-lo de se aproximar de Victoria,dizer que era
o pai dela,mas ele não quis de jeito nenhum.
Seus planos eram roubar a filha porque vinha de família rica.Foi aí que eu
tive a ideia de me juntar a ele,era como matar dois coelhos de uma
vez.Planejamos por meses a vingança.
Minha mãe ficou doente,precisou usar fraldas e agora estava debilitada em
uma cama.Eu e ela nos aliamos a Mariano mesmo após ter matado a minha
irmã,pois nós duas sabíamos que Valentina era fraca e por isso não durou
muito.
Esses últimos meses os Santiago não facilitaram e nem mesmo
Bem.Tentamos um atentado para sequestrá-lo e o filho da puta matou um
dos nossos.
Seria difícil atingir Bem,ele não tinha um ponto fraco,parecia não amar
ninguém,e eu queria ir onde mais doía nele igual como fez comigo.
O pai dele me destruiu,ele sempre me humilhou e fechou os olhos para que
o pai dele fazia.
Tivemos que mudar de cidade por um tempo após o atentado,e
reencontramos Stephanie,a viúva do nosso irmão.Ela havia sumido após o
julgamento de Macário,e descobrimos que estava sendo escravizada e
enganada.
Um dos capatazes que trabalhava na Santiago fez fofoca no bar mais
famoso da cidade,comentando que Bem andava de olho em uma menina
loirinha.Claro que chegou aos ouvidos de Mariano,e ele acabou me
contando.
Procuramos até achar de quem se tratava: Maria Júlia Zorn
Bragança.Quando Stephanie ouviu o nome,se levantou às pressas,nervosa.
—É minha neta.
Foi uma surpresa muito grande.Essa vingança era realmente coisa do
destino e tinha que ser feita.
Um ciúmes me invadiu por saber de suas escolhas.Então aquele era o ponto
fraco de Bem?
—Tenho quase certeza que quem mandou matar Macário foi a mãe
dela,minha filha,Manuela.—Surpresa me tomou por nunca ter pensando
nisso.Minha mãe se descontrolou,pálida e magra pedindo por justiça.—Eu
aceito participar da vingança.
—Pode se infiltrar na casa deles.—Mariano comentou.

—Como?Ela é avó da menina—Revirei os olhos,parecia que ele só servia


mesmo para roubar.
—Pode ser.—Sthepanie falou.—Nunca tive contato com a menina,ela foi
fruto de uma traição de Manuela com o atual marido.Ela engravidou do
primo dele.
—Só você dar outro nome,então.—Falei,e ela concordou.
—Vocês querem vingança,e eu o dinheiro.—Mariano disse.—Se infiltre na
casa deles e fique por dentro de como está a situação.
—Eu vou matar o que o Bem mais ama.—Afirmei.
—A vingança é contra minha filha,Vanessa.—Stephanie falou.—Deixe a
menina fora disso.
—Vocês são burros.—Minha mãe falou deitada na cama,levantou uma mão
e apontou para nós.—Vocês tem que atingir o que destruiria a família,não só
uma pessoa.Eu quero essa Manuela morta por ter matado o meu filho,mas
tem algo que doeria muito mais em todos,matar um inocente.Bem Santiago
realmente não teve filhos depois de todos esses anos?

—Não,mãe.Nem casado ele é.


—Então esperem—Falou com a voz forçada,rasgante,rouca.—Esperem a
hora certa.
—Então não vai acontecer nunca.—Mariano disse.—Se esse filho da puta
já tem essa idade nunca teve ninguém imagina agora.
—Vai sim.—Minha mãe afirmou.—Eu ouvi toda conversa,sou vivida,tenho
setenta anos e já vi esse filme antes.Se ele nunca apareceu com ninguém e
agora vive atrás dessa garota,ela não vai demorar muito a engravidar.Se
vocês usarem a raiva de vocês agora darão um tiro no pé,e estragaram tudo.
—Sua mãe está alucinando—Mariano falou para mim,se levantando.—Até
parece que isso vai acontecer.Vamos sequestrar a neta de Sthepanie,e
poderemos tirar dinheiro dos dois lados.
—Com certeza.—Sthepanie afirmou.—Manuela é casada com um dos caras
de família mais rica do Brasil,e os Santiago estão incluso nessa lista,tenho
certeza.Só tirar dinheiro dos dois lados e ficaremos bem pelo resto da vida.

—Eu não quero só o dinheiro,e matar sua filha não vai me ajudar em nada.
—Mate alguns dos irmãos de Bem,ou o próprio,mas não vamos estender
isso.—Mariano falou por fim.Minha mãe me olhou e ficou quieta dizendo
que estávamos errados.

Maria Julia.
Eu nunca vi meu pai tão chateado,mesmo respeitando minha decisão de
seguir com o estágio não concordou comigo.Já minha mãe falou que nem
sempre eu poderei agradar a todos,e mesmo que eu tivesse tomando a
decisão errada,eu precisava aprender a fazer escolhas.
Eu não me mudaria definitivamente,só ia terminar o que comecei.E
depois,eu teria que saber o que fazer.Ficar de vez no Rio e abrir mão de
Bem,ou ficar com ele.Dar uma chance a ele não significava que eu já tenha
acertado toda minha vida.Eu não sei se conseguiria viver muito tempo em
Santa Clara.

Comecei a cursar a faculdade novamente ficando em uma turma totalmente


diferente,estava sendo bom aprender tudo que eu praticava.Tinha matéria
sobre animais de grande porte,ética e bem estar do animal.Eu acrescentei
muito na aula falando sobre minha experiência.
Soube que a amizade de Marcelinho e Bem foi por água abaixo.
Só que ninguém pode me proteger de Bem.
Agora eu estava arrumada,pronta para encontrar com Bem.Usava um
vestido de seda azul claro curto que amarrava na cintura,de mangas até o
pulso e botões.E nos pés botas brancas que iam até o joelho.
Eu preferi ir andando até a frente do condomínio
a Bem entrar e ter uma confusão.Ele já estava me esperando dentro um
carro grande e preto.Ele tomou minha mochila e jogou no banco de
trás,avançando em mim.
—Onde vamos?—Perguntei depois de receber o beijo.
—Em um restaurante.—Ligou o carro.—De madrugada voltamos de
jatinho.
O caminho foi tranquilo até o restaurante,soube que alugou uma cobertura
aqui no Rio para ficar esses dias,e que me levaria para lá depois.Minha
barriga se contorceu em expectativa para saber o que faria comigo.
Chegamos no restaurante e fomos bem atendidos.Bem era o tipo de cliente
que vinha sempre,conhecia o dono e alguns produtos de sua fazenda eram
usados para fazer a comida e as sobremesas daqui.
Pedi coca-cola,e ele uma meia garrafa de vinho.Quando ficamos
sozinhos,ele foi o primeiro a falar:
—O restaurante serve comida vegetariana.—Fiquei surpresa pelo meio
sorriso que me deu.Sorri de volta,meu coração dançando dentro de mim.
—Eu nunca te falei que era vegetariana.
—Eu já reparei que não come carnes,e tem pena de ficar na parte do
frigorifico.—Eu também já tinha reparado tantas coisas nele,como passar o
dedo no lábio e coçar a barba.—Eu pensei que fosse voltar atrás,loirinha.—
Se referia a nossa situação.
—Não,Bem.Falo sério quando digo que vou te dar uma chance.
O amor é uma doação não uma exigência.E eu espero de verdade que haja
essa troca entre a gente.Porque se não for ele,eu não sei se sou capaz de
amar outra pessoa.Ele me deixou incapacitada de olhar para outro
homem.Bem Santiago é único,em tudo,até na minha vida.

—Maria,eu não sei ser diferente do que você conheceu.Eu cresci dessa
maneira,tenho meus instintos agressivos,mas se não fosse assim eu não
estaria onde estou hoje.Sempre vi o jeito que meu pai tratou minha mãe.
—Achei que o problema fosse comigo,nunca fui tratada daquele jeito por
isso fui embora.
—Desde da sua idade tive que aprender a defender não só a mim,mas a
minha família.Eu não sei ser diferente disso aqui que você conheceu,esse
sou eu.Só que depois que você foi me senti culpado.Senti tanto sua falta que
nem trabalhei direito e isso nunca aconteceu em vinte e dois anos.Sou eu o
chefe de família desde dos dezenove anos,assumi tudo,todas as
responsabilidades,peguei os problemas do meu pai para mim.
—Nós dois somos diferentes um do outro.
—Muito,me senti culpado pela sua idade,e confesso,ainda me sinto.
—Eu não estou nem aí.—Soltei um sorrisinho.

—Quer a verdade?quer me conhecer?—Apenas balancei a cabeça,em


expectativa.
—Eu já matei gente.
O frio percorreu meu corpo.
Eu tinha duas possibilidades:Sair correndo,ou ficar.
E eu escolhi ficar.
—Poucos dias antes de você chegar eu estava machucado,sentindo dor
porque sofri um atentado e matei um dos homens.

—Isso é demais para mim,Bem.—Bebi um pouco da minha coca.—Só que


eu já estou envolvida demais para sair assim.Eu não consigo.
—Quando você me falou que sempre foi tratada como uma rainha me senti
mal.Eu nunca quis mulher nenhuma,mas se for para ter,que seja a única.—
Sorri um pouco.
Eu enfrentaria meu pai por ele.
—Eu quero que você tenha tudo comigo.
—Eu quero que a gente se conheça direito.Eu conheço algumas de suas
manias,sei que toca na barba quando está nervoso,e passa o dedo nos lábios
quando está pensativo.Só que agora eu quero saber quem é você.Mesmo
com seus defeitos,sei que não vai mudar,e eu te aceito do jeito que é.
—Eu tenho muito ciúmes de você.—Fiquei olhando meio perdida para o
seu rosto,e quis sorrir quando admitiu algo para mim pela primeira vez.

—Eu também morro de ciúmes de você.—Me calei,e pela segunda vez


recebi um sorriso largo e sincero vindo dele.Era um sorriso muito
bonito,evidenciando suas rugas,seu rosto descontraído.
—Do que está rindo?—Cruzei os braços.—Direitos iguais.—Recebi dele
um beijo no biquinho que se formou na minha boca.
—Eu nunca tive ninguém,Maria.Por isso eu nem sabia agir com você.Te
assustei com o sexo duro.—Parei ele quando tocou no assunto.
—Bem,você sabe que eu gosto.Eu admito.
—Eu sei que você gosta.
Desviei o olhar,tímida.
—Eu te dou tudo que quiser.Qualquer coisa.Só não saia de novo de perto de
mim,mesmo que eu não saiba como agir.
—Não precisa mudar seu jeito você cresceu assim,quando tiver algo que eu
não esteja gostando te falo.—Omiti a parte que eu pensei mais cedo sobre a
fazenda,por mais que eu gostasse.—Algumas atitudes suas me assustaram,e
minha mãe disse que eu deveria conversar com você.
—Eu estou passando por cima do meu orgulho,teimosia que eu sei que
tenho só para tentar te dizer tudo que eu queria.—Continuou a falar.Não
aguentei ver todo aquele esforço,e o abracei mesmo de lado,sentada na
cadeira.Enfiei meu rosto em seu pescoço,sorrindo.—Eu não consegui dizer
nem metade porque fiquei muito nervoso.—Voltou a carranca
novamente,como se aquele fosse seu limite.
—Eu te desculpo.—O abracei mais apertado e ele fez o mesmo.
—Eu vou fazer de tudo para você mudar essa imagem que tem de mim,e
tenha a mesma que os meus irmãos tem.Já disse que faço qualquer coisa por
você,até tentar mudar esse jeito.Não sei se consigo totalmente,só pra
você,me entende?
—Vai mudar seu jeito de ser só para mim,eu entendi.Até porque você sabe
que ninguém muda ninguém.
—Muda sim,pelo menos em parte se a pessoa quiser,ela muda.Posso ser um
filho da puta ruim com quem é comigo,ou ser conhecido assim só que para
você,eu quero ser um filho da puta bom e sincero.—Acabei sorrindo um
pouco do jeito dele, envergonhado.—Fico com ciúmes quando sorrir para
outra pessoa,mas eu também não fiz por merecer um sorriso seu e mesmo
assim você meu deu.

—Você falando essas coisas para mim,eu fico toda derretida.—


Arrepiei,sentindo seus dentes mordendo minha orelha.—Então,quando você
tiver fazendo algo que não é legal,vamos sentar e conversar.Não tem
motivos para sentir ciúmes de mim.Agora eu,tenho.
—Esses dias que ficou longe me afastei do motivo do seu ciúme.Não quero
te magoar nunca mais,nem te fazer chorar.
—Não quero ser egoísta e imatura.
—Enquanto não me resolvesse com você nada mais importava.Sei que não
gostou do dia do meu aniversário,eu também fiquei remoendo muita
coisa,culpado.

Aquele Bem parecia outro querendo mudar por mim,e eu fiquei culpada por
não pensar a longo prazo como ele.Se eu me apaixonei por ele do jeito
errado,com todas as falhas,não tinha como não ficar agora.Agora eu
entendia em partes seu jeito,e daria um tempo para ele se sentir confortável
e contar o resto.Foi praticamente pai dos irmãos mais novos,cuidou do pai
doente e nunca colocou mulher dentro de casa.
Se meu irmão queria um choque de realidade eu tive um com Bem.Mesmo
com todo dinheiro que tinha,assim como eu,não o impediu de ser um cara
ferido.Precisou ser maldoso para proteger sua família.
—No que está pensando?—Tirou o cabelo da minha testa.
"Eu estava pensando que eu te amo,só não sei se é a hora certa de
falar.Amei o homem ferido,com mais defeitos e erros do que acerto.Desde
do dia que vi seu jeito,a forma que me tratou,tinha algo por trás,e eu fui
fundo aceitando seus desejos e taras."
—Em você.
Ele ia falar mais coisa,porém se calou quando a comida chegou.

Eu poderia dizer que era um jantar romântico,só que se fosse de outra


maneira não combinaria com ele.
Capítulo 21
Maria Júlia
Bem é muito agradável de conversar,e o nosso jantar estava sendo tudo que
eu não pensava sobre ele.Enquanto bebia o vinho percebi que queria falar
algo a mais,porém não sabia como.Já tinha olhado milhões de vezes para
minha roupa.
—Agora que estamos resolvidos,quero ver suas fotos de quando era
pequeno e curiosidades sua.—Sorveu um pouco do líquido escuro da taça e
me olhou.

—Peça a Rosa,não tenho essas fotos.E agora uma curiosidade.—Pareceu


pensar.—Minha vida sempre foi mais problemas,e trabalhos.Você me fez
lembrar que em 1999 fui em show da Metallica na Califórnia.
—Foi segundo álbum deles ao vivo,com uma orquestra chamada orquestra
São Francisco.O álbum era o S&M,com as músicas clássicas,a partir do
álbum gravado no estúdio de 1984.Gosto das músicas que me lembram a
juventude.
—Por isso que estava ouvindo daquela vez no carro?
—Sim,eu gosto de ouvir coisas que me lembram momentos bons da vida.

Bem Santiago.
Maria perguntou vários momentos da minha vida,e eu respondi.
Aluguei uma cobertura aqui no Rio de Janeiro para conseguir ter um pouco
da minha privacidade.Já estava sentindo falta da minha casa,e do meu
quarto.Me sentia preso dentro de um apartamento,e queria até vender minha
cobertura de São paulo,e comprar uma casa.No caminho Maria estava
animada contando alguns momentos da vida dela também.Até chegar em
um ridículo,e eu me sentir mais ainda.
—Você nunca teve namoradas?-Neguei com a cabeça.—Só casos?—
Afirmei ainda com a cabeça.—Com quinze anos tive um amor platônico
por um menino do terceiro ano da minha escola,só que não deu em nada
porque meu pai era muito ciumento—Me senti ridículo por sentir ciúmes de
um garoto,e o pior,que ela se interessou com quinze anos.Ainda era uma
menina,não que ela não seja,mas por sorte nunca deu em nada e eu sou o
único.
Voltou a tagarelar,e eu apenas ouvi quieto.Ela olhou algumas pastas e
perguntou do que se tratava.
—Eu tenho duas viagens para fazer a negócios.—Se virou no banco
juntando as mãos.

—Posso ir também?A gente pode ter um tempo só nosso.—É,eu tinha


pensando a mesma coisa,por isso deixei as pastas em cima,de propósito.
Tinha as questões com o pai dela ainda teria que resolver,mas a levaria de
qualquer jeito independente da opinião dele.Não gosto de agradar ninguém.

—Já conheceu toda a Europa?—Neguei com a cabeça,nunca tirei tempo


para férias.Só passava quinze dias fazendo alguma viagem,e os outros
quinze trabalhava de casa.
—Nunca tive tempo—A olhei por um momento—Dois países de uma
vez,pois sempre queria voltar para trabalhar.

—Então você vai tirar férias?


—Sim,tem uns quatro anos que não tiro férias.—Seus olhos arregalaram.

—Isso tudo?—Afirmei.—Tem um lugar que eu ainda não fui.Havaí.Morro


de vontade de conhecer.
—Então a gente vai.

Eu tinha sido pego de jeito por ela,qualquer coisa que ela me pedisse eu
faria.
—Próxima semana.
Porra,ficar só eu e ela sozinhos.E ainda,minha loirinha de biquiní,eu
podendo afastar a calcinha e meter a qualquer hora?Eu ia a qualquer
lugar.Enlouqueceria até a próxima semana.

Chegamos no meu apartamento,e a primeira coisa que eu fiz foi agarra-


la.Beijei sua boquinha com tanta vontade e desespero,não me contendo
querendo mais.A língua dela duelava contra minha,lambi o céu da sua
boca,chupando seu lábio inferior.
—Voce vai me bater?

—Não,vou te foder.
Ela arfou,e voltei a beijá-la com desespero.Peguei sua bunda,e a trouxe para
o meu colo esfregando meu pau na sua boceta por cima do vestido.Meu
coração bateu forte enquanto a olhava com a boca inchada,me olhando
lânguida.

Cheguei no quarto,e não aguentamos esperar,subi seu vestido com pressa,e


ela fez o mesmo tentando tirar minha camisa social.Segurei minha mão por
cima dela,e a ajudei com o cinto.As mãos delicadas foram para dentro da
minha cueca segurando meu pau.Ficamos nos olhando até Maria Júlia
começar me movimentar de cima para baixo.
Fechei os olhos por um momento sentindo o toque que só ela tinha.O toque
inexperiente,e ao mesmo tempo sensual.Voltei a beijar sua boca,me
excitando em saber que só masturbou o meu pau,e só eu conhecia o seu
corpo.

Ficamos nus completamente.


Fiquei alucinado nos cabelos longos e loiros caindo por suas costas batendo
na bunda empinada.

A virei de frente indo para perto da janela grande com vista para o mar
escuro.Encostei seus peitos no vidro frio,mordi e chupei seu pescoço
enfiando dois dedos dentro dela movimentando devagar enquanto se
contorcia.
—Bem.—Resfolegou—Acaba logo com essa saudade que eu estou sentindo
de você.

Não aguentei,e levantei uma de suas pernas posicionando meu pau enfiando
até o talo dentro dela.Gememos juntos pelo contato,por ter minha carne
invadindo a sua.Fui duro e firme.A trouxe no colo até a cama.Ela se
deitou,e eu me ajoelhei trazendo-a para mim,encaixando,fodendo tão
gostoso que a minha vontade era bater forte na sua bunda.Abraçou minha
cintura com suas pernas,essa nova posição entrei tudo de vez matando
minha saudade.
—Eu senti tanto sua falta minha loirinha.—Ofeguei enquanto batia dentro
dela, seus olhos lacrimejaram.Fui rápido,enlouquecido querendo
tudo,agoniado de tanta falta que aquela menina me fez.

—Eu também.Ah,Bem.—Gemeu?fechando os olhos,puxando-me para um


beijo molhado.Virei minha cabeça lambendo sua boca devagar,enquanto ela
chupava meu lábio inferior.
Devagar,e de uma vez pressionei tudo em uma metida lenta rasgando-a
mais,a levando ao limite.

—AH.—Gritou,pressionando os olhos.—Oh Meu Deus,Bem.—Arranhou


minhas costas.Fiquei um tempo indo em metidas curtas,todo enterrado
apenas sentindo seu calor.
—Você é gostosa pra caralho.—Segurei seu rosto encostando minha testa
na dela.Fiquei louco tomando a boquinha e a bocetinha,bem devagar,como
nunca fiz com ninguém.Voltei a estocar rápido,a apertando,mordendo forte
seus peitos deixando minhas marcas,mamando nos peitinhos
empinados.Senti que queria me falar alguma coisa, seus lábios
tremeram,contudo apenas gemeu enquanto olhava no fundo dos meus olhos
tentando passar uma mensagem silenciosa.E eu senti sua mensagem em um
arrepio e frio na espinha,junto de sua entrega.

Gozei fora deixando um pouco na entrada da sua boceta.Quando terminou


ainda fiquei em cima dela,enfiando,com o resto de esperma que tinhaEstava
tremendo,e quando fitei seu rosto,estava com os olhos cheios de lágrima,e
uma solitária desceu.
—O que eu fiz?—Perguntei saindo de cima dela,porém ela veio atrás
agarrando meu pescoço fazendo-me deitar e ficar por cima de mim.

—Nada,meu Bem.Eu só fiquei um pouquinho emocionada.—Fez o gesto


com o dedo.Não foi naquilo que eu foquei,e sim do que me chamou,disse
que eu era dela.
—Pode repetir o que disse?

Ela se apoiou em mim,descansando a mão no meu peitoral e o queixo em


cima.
—Meu Bem?—Balancei a cabeça.—Você é o meu amor,Bem.—Pela
primeira vez uma mulher conseguiu me deixar sem reação,sem saber o que
fazer.Agora eu queria ouvir toda hora.

Puxei seu cabelo de leve observando seu rosto com a maquiagem saíndo,os
olhos azuis,o nariz afilado.Sua boca estava me chamando,então beijei seus
lábios,nervoso e excitado demais para falar alguma coisa.
—A gente não está usando preservativo desde da vez que ficou menstruada.
—Mudei de assunto.

—Todo começo de mês fico menstruada,ou seja,não vai demorar muito para
descer de novo.Ela é sempre forte,e eu nunca me cuidei.
—Também não quero mais usar camisinha.O que acha da injeção?

—Pode ser,só preciso me consultar antes.


Não aguentei vê-la sentada em cima da minha barriga com os peitos
marcados quase na minha cara.Desci seu corpo um pouco mais para baixo,e
a levantei penetrando-a por baixo começando tudo outra vez.

Maria Júlia.
Depois de falar com minha mãe,e mandar mensagem para meu pai levantei
da cama indo me arrumar.Voltaremos hoje para fazenda,porque no dia
anterior ficamos muito ocupados fodendo como coelhos.
A volta foi tranquila,dormi a maior parte do tempo sob seu olhar avaliativo
que não saia de cima de mim.

Chegamos pela tarde,e o sol estava quente.Segurou minha mão


cumprimentando todos que trabalhavam no Hagar apenas com um leve
aceno.Até reconheci os dois homens da última vez que estive por aqui.O
carro já estava pronto,a nossa espera.A caminhonete que era todo seu
estilo,grande e imponente.
Assim que chegamos no casarão fomos recebidos por Rosa,Enzo e Vick.Por
falar nela,sua barriga tinha dado um pulo e estava com quase cinco meses
de gestação.

—Minha filha,que bom ter você de volta.—Rosa veio me abraçar.


—É bom para tirar um pouco do mau humor do Bem.—Enzo brincou vindo
me abraçar.Recebeu apenas um olhar mortal do irmão.

—Sua barriga deu um pulo.—Alisei a barriga de Vick.


—Tenho novidades.—Mordeu os lábios.—É uma menina.

Bem ficou em choque,e eu fui abraçá-la sorrindo diabolicamente para Enzo.


—Eu sabia.Enzo,pode me passar o dinheiro.—Apontei.

—Vocês apostaram o sexo da nossa menina?—Bem olhou para nós dois.


-Um dia voltando para casa apostamos eu,Maju e Max.Que merda,vou ter
que pagar os dois.—Bem foi abraçar a irmã,segurando o rosto dela no
processo.

Bem me contou que Gael parecia trabalhar cada vez mais,e Vick não o
perdoava de jeito nenhum pareciam cada vez mais em crise.A trégua na
cidade havia passado.
—Gael sabe?—Bem perguntou.

—Não.—Foi tudo o que disse.


Deixei que os dois tivessem o momento de irmãos,arrasada com a situação.
—É bom que tenham se acertado.—Rosa comentou.—É a primeira mulher
que ele fica assim,e indiretamente assumiu para nós.

—Verdade.—Enzo comentou.
Fiquei feliz em ouvir aquilo me sentindo em casa mais uma vez,e a culpa
veio em cheio pelas minhas incertezas.Eu tinha ganhado pessoas boas na
minha vida,amigos de verdade.

De agora em diante eu ia voltar a ter minha rotina.Por preferência minha e


sobre a vontade de Bem decidir ficar no mesmo quarto de antes.Ficou um
pouco chateado,mas depois aceitou.
Estevão ainda não sabia que eu tinha voltado,encontrei com ele um dia
depois no corredor.
—Voltou?—O rabugento perguntou.—Onde...onde...
—Voltei sim—Pisquei.—Está feliz?

—Não.
—Sério?
—Sim.
—Pensei que o senhor ia sentir minha falta.
—Não.
Nesse momento Bem entrou olhando a cena de interação entre nós
dois.Estava pronto para sair todo arrumado e alinhando,com seu cheiro
único.Olhou de mim para o pai,e Alane saiu de fininho deixando-nos a sós.

—Estão juntos?—Perguntou ao filho.


—Sim,pai.Maria é a minha mulher.—Um resquício de sorriso quis aparecer
nos meus lábios, porém eu me controlei ao máximo.—Fui buscá-la—
Primeiro o pai dele pareceu chocado,nos fitou seriamente depois afirmou
com a cabeça.
—Está feliz?—Continuou a olhar Bem.

—Estou.
O pai parecia olhá-lo com pesar,e Bem muito frio com ele.
Minhas pernas fraquejaram,ficaram bambas e eu tremi inteira com as
palavras de Bem dizendo que estava feliz.
Quando ele saiu aproveitei para arrumar meu.A minha caixinha de
recordação estava revirada,e faltava uma foto minha.
No meio do caminho para cá Bem me pediu para ver umas fotos e eu
mostrei todas da minha galeria até enviei umas para ele.
O dia de ontem havia sido para ficar um pouco com a família dele
conversando.A noite transamos como dois coelhos e só fomos dormir perto
de amanhecer.Hoje eu não iria para o trabalhos,só amanhã.

Enchi o saco de Rosa para me mostrar algumas fotos de Bem quando


criança.A casa estava em silêncio,Vick ainda dormia e todos já saíram para
trabalhar.
—Achei algumas,Maju.—Rosa falou chegando com algumas caixas.—
Deixo no meu quarto.—Espalhou os álbuns pela sala.Foi me contando
histórias dos nascimentos dos meninos,e um pouco da infância de Bem.O
primeiro álbum Rosa me explicou que era da mãe de Bem na gestação
dele.As fotos eram desgatadas,e não como as fotos reveladas que temos
hoje em dia,mas dava para ver nitidamente que a mulher tinha os cabelos
castanhos claros,quase loiros,um sorriso largo no rosto,com a mão na
cintura.Era muito bonita,e Enzo era idêntico a ela.Parecia ser aqui na
fazenda.

Era muito nova,e parecia ter a minha idade.Rosa me falou que seu nome era
Camila.
—Quantos anos ela tinha aqui?—Mostrei a foto.

—Vinte anos.
Voltei a olha as fotos vendo o bebê com os olhos grandes,escuros como
duas jabuticabas.Sua bochecha era enorme,e seus olhos arregalados.Seu
cabelo extremamente liso e grande para um criança tão novinha.Era um
bebê muito cabeludo.Esse era o mini Bem.Nunca imaginei que tinha aquele
tanto de cabelo,dava para amarrar.
Nas outras fotos o menino sorridente foi ficando sério,não sorria para fotos
e tinha a mesma expressão de hoje em dia.Me deu pena ver o cabeludinho
triste e sério nas fotos.
Uma única dele sorrindo ao lado de sua mãe,enquanto ela beijava a
barriguinha dele.

—Quantos anos ele tinha aqui?—Perguntei,da única foto em que ele sorria.
—Uns cinco anos.Ele e Camila eram muito apegados.

As outras fotos aparecia as outras crianças e gestações de Camila,parecia


uma escadinha entre os filhos.Gael era o único que se mantinha no
colo.Estevão aparecia pouco nas fotos,todas igual a Bem,sério.Passei as
imagens,olhando a mulher bonita e sorridente das fotos passar para as
expressões tristes e deprimida.
—Por que a mãe de Bem ficou desse jeito?
Rosa se manteve em silêncio,e pegou minha mão um pouco triste.
—Camila não era feliz.—Pontuou.—Não sei até que ponto Bem te
contou,então não vou falar muito.Mas ela começou a viver sua vida desde
muito nova,sua família era apenas sua avó que era dona do maior bordel da
cidade,e quando a senhora morreu ela foi morar com a tia e o marido,passou
a frequentar o internato do outro lado da fronteira,e pelo que eu sei
conheceu alguém.
—Quem?
—Um homem também mais velho que ela,igual Estevão era.Camila tinha
sonho de ser escritora,e morar na França.—Sorriu um pouco.—Descobriu
que a mãe fugiu com o amante e foi morar na França,então ela queria morar
no mesmo país.
—Como ela era?
Rosa pareceu pensar.
—Fria.—Ficou ainda mais pensativa.—Ela era bem fria,a frente do tempo
dela.Deixava Estevão louco porque nunca demonstrou amor por ele,só fui
ver Camila ser carinhosa quando Bem nasceu.
—E esse homem que ela amou?
Ela se aproximou de mim mais ainda,receosa.

—Quem sabe,filha.As paredes desta casa tem ouvidos.


Concordei com a cabeça.
—Quem tirava as fotos dela?
—Eu.—Sorriu.—Camila gostava de registrar mesmo quando esteve
doente.A câmera nessa época não era boa,e eu não sabia mexer direito.
—Ela escolheu o nome de todos os filhos?—Me interresei em saber.
—Sim,ela vivia lendo e se interessava em saber os significados.

—Por que o nome de Bem é esse?


—Eu não sei,filha.—Negou com a cabeça.—Era para o nome dele ser
Aarão Santiago.Ela mudou de última hora,um pouco atordoada.E depois
decidiu que todos os filhos teriam nomes curtos com significado
especiais.Estevão só escolheu o nome de Victória.

—Então todos tem um significado especial?


—Sim,mas sabe que conversando com você,eu imagino os segredos que
tenha por trás.Bem,ninguém sabe até hoje o motivo dela ter
mudado.Max,era para ser o melhor.Enzo,porque parecia com ela e com
alguém que ela amou muito,e depois descobrimos que foi em homenagem a
mãe.
Olhei novamente a foto do garotinho triste e me perguntei se ninguém
nunca se preocupou com aquilo.Eu queria entender,e esperava que Bem me
contasse.

Capítulo 22
Maria Júlia
O tempo foi passando e eu e Bem fomos nos conhecendo.Eu falava pelos
cotovelos,enquanto ele prestava atenção e fazia comentários
pontuais.Contei vários momentos da minha vida,o tanto que minha família
era grande e conturbada.
Fiquei animada quando me contou que não conheceu os avós maternos,o
avô havia abandonado sua mãe,e a mulher que a gerou foi embora com o
amante a deixando para trás.
Todos os dias nós íamos juntos para o
Escritório,Bem não se importava com os comentários,e no dia em que eu
entrei junto com ele segurou minha mão para todos ver que estávamos
juntos.Foi uma surpresa,gerou muitas fofocas e descobriram quem eu era.
Lembro que Raquel,Irmã de Luan até me questionou sobre o assunto,e ficou
chateada achando que escondi o motivo da minha família ser rica.Os
olhares para mim mudaram no início,foi notório mas eu continuei a mesma.

Isso gerou falatório até na cidade.


Pensei que Bem fosse se estressar,mas isso não acontenceu.Ouvi
comentários preconceituosos também como se eu estivesse com ele por
dinheiro,e outros falando que eu sabia que ele morreria mais cedo e queria
herdar sua parte na fortuna dos Santiago.

Alguns dias depois pareceu passar a novidade,e eu caí no esquecimento.


Depois que Bem me assumiu,eu vivia indo em sua sala para olhá-lo,e deixar
que me tocasse,parecia que algo em mim gostava do desespero e medo de
ser pega,enquanto ele não queria transar comigo dentro da sala,apenas me
provocava.Em um desses dias quase fomos pego por Lourdes e o delegado.
Ele criou uma nova linha de produtos também,indo de leite de amêndoas a
carne vegetal.

Rosa veio fofocar comigo e me pediu segredo,mas tinha certeza que a linha
foi inspirada em mim.
Eu sabia que era,ele me contou em segredo no quarto quando estávamos
nós dois.Bem não iria admitir aquilo tão cedo,mas quando confessou a mim
o sentimento foi tão grande,e me sufocou a ponto de eu me trancar no
banheiro sem entender o motivo do aperto no peito.

Doeu demais ama-lo.


Eu comentei com ele que estava querendo parar de tomar leite também,e
quem sabe aos poucos virar vegana.Então dois dias depois ele assinou um
contrato com alguns mercados sobre os produtos vegetais.
Estava distraída olhando a foto que estava no fundo do seu computador,era
uma que eu havia mandado para ele.Tanto o computador,como a do seu
notebook eram as mesmas.Eu estava de vestido branco,à vontade,com o
queixo apoiado nas mãos olhando para a câmera.
Vim a sua sala depois que mandou me chamar na hora do almoço.Estava
sendo pressionada em sua mesa,sentindo seu pau duro contra mim.
Suas mãos desceram minha calça de alfaiataria bege,e seus dedos puxaram
minha calcinha pequena de renda.
—Bem...—Sussurrei,ofegante.Rebolei nos seus dedos,enquanto sentia
afundá-los dentro de mim.Ele fez o movimento vai e vem,me inclinei para
frente pressionando a mesa.

—Gostosa.—Se levantou,e me agarrou trazendo meu corpo para trás—


Como eu queria chupar sua boceta,e te comer toda.
—Por que não me come,então?
Seu pau estava duro na minha bunda,seus dedos indo fundo.A boca quente
encontrou meu pescoço e chupou forte estalar da boca na minha
pele.Segurei seu pescoço por trás roçando minha bunda no seu pau.
Era uma desvatagem eu estar de calças baixa,e ele todo vestido.Bem ouviu
passos e rapidamente levantou minha calça saindo de perto de
mim.Guardou minha calcinha no bolso,e me deixou plantada.O telefone
tocou e segundos depois o delegado entrou na sala.
Pedi licença e sai correndo.

Bem Santiago.
Minha cabeça estava longe pensando na minha loirinha.Eu precisava
assinar os contratos,e pela primeira vez em anos me distraí assinando no
lugar errado,Fernanda precisou me corrigir.
Essa última semana cheguei de mãos dadas com Maria,houve comentários
infelizes e preconceituosas,além de fofocas.Nosso relacionamento não tinha
rótulos ainda,mas a menina se tornou o centro de tudo para mim.
Me pegava ansioso para chegar em casa e ver como ficava feliz quando eu
chegava.Depois do almoço eu apreciava tomar café sentado na varanda
olhando minhas terras sozinho.E agora ela chegava e se deixava em cima de
mim com a cabeça apoiada no meu ombro.
Como eu senti saudades quando foi embora,senti tanta falta da minha
mulher.Era minha,só minha.
Bateram na porta,e eu pedi que entrasse sem saber quem era.
—Entre.
Leandra entrou em um dos seus vestidos estampados exagerados,esse de
oncinha.Sorriu para mim,e se sentou a minha frente.
Acabei me afastando de Leandra nos últimos tempo,mas ainda queria a
ajudar.De qualquer forma sempre me ouviu,e nunca deu em cima de mim
depois de tudo que aconteceu entre nós.Ela pediu para vir aqui,para saber
como fazia para negociar as cabeças de gado.
Seu sítio estava dando certo,e produzindo bastante.
—Oi,Bem.Como está,meu amigo?
—Estou bem.—Abri um pequeno sorriso para ela,e fez o mesmo pelo
trocadilho.—E você?Está conseguindo lidar com as terras?
—Estão dando certo.Vim mesmo para pedir sua ajuda nos negócios dos
gados.
—Deveria investir em gados nelores.
—Não sou muito boa nessa parte.—Confessou.—Só vim mesmo porque
estou recebendo lances de todos os lados.
Ajudei ela em como deveria fazer,e mostrei uma planilha com os preços que
eu investia com as cabeças de gado da fazenda.
Senti que ficou incomodada,e pela primeira vez tocou no assunto.
—Está junto da Maju?Essa semana rolou tanta fofoca,chegou no bar e foi
impossível não saber.Até vieram me perguntar.
—Estou sim.—Me limitei a dizer.—Eu ouvi além de fofocas...
—Piadas?—Perguntou.

—Isso e muito mais,porém estou preocupado com outras coisas.


—Com a família de Vick?
—Também,estão muito quietos.O delegado veio me contar que estavam
esse tempo todo em um sítio abandonado aqui perto.
—Jesus—Colocou a mão no peito.—Tão próximo.
Concordei,irritado.
Depois que foi embora,não demorei a ir também ansioso para ver a minha
loirinha.

Leandra Farias.
Acho que disfarcei bastante para sair do escritório de Bem,com um bolo se
formando em minha garganta.Foram muitos anos vendo-o sozinho,e agora
tinha alguém.Era uma dor horrível sentir o que eu estava sentindo,e não
desejo a ninguém.
Amar muitas vezes é deixar ir,e eu deixei Bem ir porque nunca se casaria
comigo.Então acompanhei cada parte de sua vida,sonhando em um dia ser
eu.Foi como gravar mil facas em meu peito ver suas cenas de ciúmes,sua
devoção e desespero completo pela menina.Ele era louco por
ela,apaixonado.E arrisco dizer que o único amor que ele terá na vida.Ele
nunca me olhou assim.
—Mãe?—Karina apareceu na porta do quarto.—O que aconteceu?—Correu
até mim.

—Nada,meu amor.—Limpei as lágrimas.—E você,o que está fazendo?


—Tem certeza?—Me sondou e eu assenti.
—Me emocionei.—Coloquei um sorriso no rosto.
—Ah,sabe o que é?Eu estou escolhendo vestido para um encontro—
Mordeu os lábios,com vergonha.Sorri mais uma vez,ela era o meu oposto.
—Vem,vou te ajudar.—Puxei ela para o quarto.—Vai sair com quem?—
Coloquei a mão na cintura.Ela corou,e disse timidamente.
—Com o Luan,aquele rapaz que trabalha no frigorífico do Bem.Posso te
fazer uma pergunta?

—Pode.
—Você gosta do Bem,não é?—Meus olhos encheram-se de lágrima
novamente,e respirei fundo me sentando em sua cama.—Mãe,eu vejo o
jeito que olha para ele.
—Sim,mas ele não é para mim.—Consegui dizer.—Sempre fomos
amigos,tivemos algo mas foi passageiro,filha.
—Eu ouvi dizer que ele está junto daquela menina,Maju.Luan é amigo
dela,e me falou que ela deu o maior incentivo para ele vir no encontro
comigo.
—Eles são amigos?
—Não como antes,eu acho.—Balancei a cabeça.Bem ciumento e possessivo
do jeito que era...impossível.
—Provavelmente não

—Você é forte,e vai encontrar um homem legal,tenho certeza.—Sorriu.—É


tão bonita,me inspiro em você.
—Com certeza vou,minha princesa.—Abracei minha filha.—Vai se arrumar
e ficar maravilhosa.Vai com esse rosa fica lindo em você.
—Vai jantar com a Dona Mercedes?
Dona Mercedes era conhecida como a curandeira da cidade.Alguns a
chamavam de Bruxa dizendo que ela acertava as previsões do que iria
acontecer.
—Vou tentar levar ela para o Estradas comigo.—Ela riu,e eu também.

Maria Júlia
—Você vem no final da semana que vem?—Meu pai perguntou.
—Sim,estou com saudades,pai.
—O contrato que assinou acaba em algumas semanas,certo?—Concordei.—
E a faculdade?
—Estou indo melhor do que quando comecei.
A porta foi aberta e Bem entrou do jeito de sempre.Desta vez eu não estava
no meu quarto,e sim no dele.Me despedi do meu pai,perdida,e surpresa por
já ter passado quase dois meses que eu conheci Santa Clara.Eu teria que
tomar uma decisão muito em breve.
—Tá muito pensativa,o que aconteceu?—Bem se aproximou tirando a
gravata,e o terno.
—Nada,estava apenas conversando com meu pai.—Omiti todos os meus
sentimentos,e o fato dele não ter percebido que o contrato estava quase
vencendo.
—Está preocupada com alguma coisa,está no seu rosto.—Bem falando
desse jeito,se abrindo para mim calmamente deixava-me nervosa.
—São coisas da faculdade,não precisa se preocupar.—Me deitei na cama.—
Onde você queria me levar hoje ?—Relembrei.
—Quero te levar para cavalgar e mostrar um lugar.—Pulei da cama na
mesma hora.
Me olhei vendo que a roupa estava apropriada para cavalgar,só faltava
trocar os sapatos.
A casa estava em silêncio,ele tinha chegado mais cedo do trabalho para
ficar mais tempo comigo.
Do lado de fora da casa Atos já estava nos aguardando devidamente
celado.Bem me ajudou a subir primeiro,e veio em seguida nos guiando até
o campo girassóis.Ele estava calado,perdido nos próprios pensamentos,e eu
por um momento deixei,perdida nos meus também.Chegamos em uma parte
da fazenda que eu nunca vi antes.

—Onde estamos?
—Indo mais a frente tem um córrego que acaba em um rio mais ali na
frente.—Apontou.—E tem uma cachoeira depois de atravessar o corrégo.—
A nossa visão atual era de mato,e árvores enormes.Ele atravessou o
pequeno matagal seguindo por uma pequena trilha até chegarmos em um
lugar lindo,era o córrego.No final já começava o rio a se perder de vista.—
A cachoeira é só atravessar aqui,ou cavalgar um pouco mais de cavalo.
—Aqui é muito lindo.—Falei,deslumbrada.—Olha esse Rio.—Ele esboçou
um sorrisinho.—É fundo?
—Sim,só é bom para quem sabe nadar.Esse córrego também não é muito
raso,mas dar para tomar banho.
Deu um tapinha na traseira do cavalo e puxou a rédea,levando-nos para o
outro lado onde havia uma pedra grande que dava para deitar em cima.O
local era cheio de pedras.Ele continou em cima do cavalo,e eu estranhei seu
olhar direcionando ao Rio.

—Não gosto muito de vir aqui.


—Por que não?
—Minha mãe se matou aqui.—Queria virar totalmente,mas em cima do
cavalo era impossível.—Tem dois anos que não venho para esse
lado.Enrolei para te contar porque não sei qual será a visão que terá da
minha família depois,e de mim.
—Bem,eu já disse que te aceito como você é.—Seus braços me apertaram
mais,como se eu fosse fugir a qualquer momento.Deitei minha cabeça em
seu peito,minha mão em cima da sua.
—Quando eu era criança não me lembro de quase nada,só dos meus quatro
anos em diante.Ouvia meu pai brigar com minha mãe por causa do único
homem que ela amou na vida,segundo ele disse.Ela gritava que ia fugir,e
me levaria com ele,então ele a trancava no quarto e fazia ela ficar por
dias.Em uma dessas brigas engravidou de Max,e Estevão ameaçou bater
nela porque achou cartas de amor para outro.Quando descobria as traições
do meu pai,ela implorava para ela nos deixar ir,mas ele não abria mão de
mim.Max nasceu antes da hora de tanto estresse da parte dela,e eu estive ao
seu lado.Imagine uma criança de quatro anos assistindo o parto da mãe?
Segurando a mão,assustado vendo o irmão nascer porque seu pai não se
importou.
—Ela recebeu a primeira surra eu tinha cinco anos,e Max meses.Eu me
escondi em baixo da mesa e via tudo.Na gestação de Enzo foi a mais
complicada porque ele colocou na cabeça que meu irmão não era filho
dele,e foi bater nela mais uma vez.Eu já tinha sete anos,me meti e acabei
apanhando no lugar da minha mãe.Eu levei um chute,e fui parar no
hospital.Minha mãe avançou nele ,e deu uma facada no meu pai.—
Pisquei,perplexa sem imaginar.—Eu defendi todos os meus irmãos,e fui o
único a ver tudo.Quando Gael nasceu eu tinha dez anos,e já percebia a
mudança de comportamento da minha mãe,ela chamava por o homem que
conheceu na adolescência,e uma vez ele ligou mas eu desliguei a chamada.

—Mas Bem...
—Não me arrependo,só a faria sofrer mais.
Havia ciúmes em sua voz também.
—Ela nos amava muito,mas nada a impediu de ficar depressiva.
Bem tinha nascido em um ambiente conturbado.Como se não pudesse
piorar,ficou muito pior os seguintes relatos dele.
—Meu pai sempre foi um homem muito ruim,tratava mal a todos,e direto
havia revoltas para tentar matá-lo,e tomar suas terras.Outros
fazendeiros,pessoal sem teto e funcionários brigavam pelas nossas terras,e
pelo poder que ele tinha.Até que um dia ele me levou para ajudá-lo a matar
um dos fazendeiros e ficou com tudo que era dele.
—Você tinha quantos anos?—Minha garganta ficou seca.
—Doze anos.
Nada me preparou para o choque ao ouvir aquilo de sua boca.
—E o que você fez?
—Tentei sair,coloquei a mão no ouvido mas fui obrigado a assistir tudo.
Capítulo 23

Maria Júlia.
Ouvir o que Bem tinha a me contar era extremamente dolorido,e eu nem
tinha palavras para argumentar sobre uma criança de doze anos que
precisou assistir o pai fazendo atrocidades e a mãe definhando em uma
cama.
—Passei quatro anos da minha vida ouvindo as lamentações do meu pai se
sentindo culpado por ela ter adoecido.Camila deu uma melhorada,e nessa
época uma funcionária da gente,Valentina estava grávida e minha mãe ficou
obcecada quando descobriu que era menina,era o sonho dela.A mulher
morreu,e meu pai tomou a criança da família a força.Eu vi tudo,só fingi que
não vi.

—Assim que fiz dezoito anos Rosa me chamou desesperada dizendo que
minha mãe havia sumido,depois de perguntar aos funcionários,disseram que
ela traçou o mesmo caminho que a gente fez ainda pouco.Na época,só
viemos eu e Max,que só tinha quinze anos.
—Pelo que os peritos afirmam ela afundou bem aqui.—Apontou—E se
afogou no Rio.Achamos o corpo dois dias depois.Depois disso,foi só
trágedias.Meu pai sofreu o acidente,descobriu o parkson.Eu assumi tudo.E
precisei matar,Maria,várias vezes.Defendi meus irmãos,e até mesmo
Estevão que não merecia.Eu não amo meu pai.

—E por que cuida dele?


—Porque esse é o castigo dele.—Falou sério,descendo do cavalo.Me
pegou,e me levou até a pedra.Se ajeitou,e me me deitou em cima dele.Era
isso que queria saber?—Neguei com a cabeça.O resto eu preferia não saber
—Então o que era?

—Eu queria saber mais sobre quem é você de verdade.


—Você faz muitas perguntas.—Afirmou,e segurou meu rosto.—Eu gosto.
—Continuou sério,me encarando. —E quero que me conte sobre sobre.

—Eu só conheci o meu pai com quatro anos,porque antes minha mãe era
casada com o pai de Marcelinho.—Ele foi me aproximando do rosto dele,e
eu fui gaguejando o que iria falar.
O clima esquentou entre nós dois.
Eu não queria falar de mais nada,apenas precisava dele.Como uma imã leu
meus pensamentos,e verbalizou antes de mim.
—Eu preciso de você.—Desceu minha roupa,a calcinha me deixando nua
da cintura para baixo.Colei minha boca na dele,abrindo o zíper da sua calça
rapidamente.Ele se ajeitou na minha entrada,e entrou estocou em mim
devagar.

*********
Depois de tudo que ouvi fiquei com raiva de Estevão,mas por um lado Bem
tinha razão,ele paga por tudo preso em uma cadeira de rodas,se sentindo
imponente.

Hoje era o dia da gente viajar para Argentina,porém minha ansiedade era
em conhecer o Havaí.
Fui na cidade rapidamente comprar produtos de higiene pessoal e entre eles
o absorvente.Só de olhar já lembrava do que Bem fez comigo,e morria de
vergonha.Após menstruar ia tomar remédio,já tinha decidido.

Estava esperando por Bem em frente ao escritório,na escadaria perto da


entrada.Passou um vento frio,me arrepiando inteira.Fiquei com a sensação
de estar sendo observada,e por instinto me virei olhando ao redor.
A rua estava movimentada,passando carros a todo momento,mas meu
coração continuava desesperado.Meu telefone tocou e eu atendi ouvindo a
voz do meu irmão mais velho me alertando sobre o contrato e a minha volta
para o Rio.
Voltei a me distrair com um bolo na garganta, e esqueci da sensação de estar
sendo observada até desligar o telefone.Subi as escadas correndo,com um
olhar queimando nas minhas costas.Me bati em uma fortaleza dura,e quase
caio.

—Cunhada?—Max perguntou.—Está pálida,o que houve?


—Nada.—Ainda olhei para trás.—Apenas me assustei.

—Tem certeza?—Me avaliou.


—Tenho.—Ele me soltou.Segurei forte a sacola com minhas compras,e
suspirei.—Cadê o seu irmão?
—Está vindo junto de Enzo.—Sorriu.
Fiquei conversando com Max, até relaxei quando fomos para o lado de fora
novamente.Só me acalmei de verdade assim que vi Bem,seus irmãos se
afastaram nos dando privacidade,e eu aproveitei para agarrar sua cintura e
abraçá-lo ainda com medo.
Beijou meus cabelos,e levantou meu queixo para receber um beijo na
boca,mas foi nessa hora que a sensação voltou,e eu perguntei a ele
horrorizada:
—Bem,você não está sentindo nada?—Grudei na cintura dele,gelando por
dentro.
—Não.—Me avaliou.Não falei nada para não preocupar ninguém atoa.—O
que houve?—Olhou também e se voltou para mim.
—Nada.—Fiquei na ponta dos pés e beijei sua boca.

O caminho para casa foi tranquilo,e relaxei mais achando que aquilo mais
cedo provavelmente poderia ser tentativa de algum assalto.
—Você precisa decidir logo esse nome.—Falei a Vick,sorrindo.

Ela e Gael pareciam estar melhorando,pelo menos ele estava se esforçando


mas como Bem falou,Vick era como eles,rancorosa.
—Gael pediu para colocar o nome.—Falou,surpreendendo o marido que
estava do outro lado da sala.Desde da briga horrível deles,ela não se referia
a ele pelo nome.—Posso te fazer uma pergunta?—Balancei a cabeça em
afirmação.—Aceita ser madrinha da minha bebê?

—O quê?—Quase gritei—Não acredito.É sério?


—É—Ela riu.—Eu tinha algumas amigas para colocar,mas você é muito
presente na vida dela,se lembra todo dia com pequenos detalhes.Pensei em
você e no Enzo.

—É lógico que eu aceito.—A abracei.—Nem acredito que vou ser


madrinha de alguém.
Eu e Vick éramos confidentes,quando chorava falando de Gael eu estava lá
para ouvir e algumas vezes chorava junto.Por um momento me arrependi de
ter aceitado porque não sabia o que iria fazer daqui pra frente.

Minha mala estava pronta e eu também.Estava dentro de um vestido rosa


longo,e sandálias rasteiras.Foi bom ver Bem sem os ternos,com com camisa
polo preta e jeans.Era nossa primeira viagem,e eu fiz questão de comprar
lingeries e biquínis sexy.
Morri de vergonha de comprar fiquei parecendo um tomate em frente a tela
do computador.

Chegamos na capital da Argentina,Bueno Aires por volta das oito da manhã


do dia seguinte.Eu já conhecia,e sempre achei a arquitetura da cidade
bonita.Bem precisou passar a manhã fora,e eu aproveitei para fazer algumas
fotos e passear pela cidade.Fiz vídeo chamada com meus pais,mas meu pai
não quis participar chateado comigo.Resolvi deixar aquilo de lado,e para
me confortar fiz compras,almocei em um restaurante legal,e voltei para o
hotel.
Um dia depois estávamos indo para o Texas.Como previsto passei mais
tempo sozinha.e foi bom para explorar a cidade.

Depois de dois dias no Texas partimos para o Havaí.

Bem Santiago.
Tínhamos chegado no Havaí e finalmente pude ficar a sós com a minha
loirinha.Sem interrupções do trabalho como fiquei nesses quatro dias de
viagem.Só chegava ao hotel a noite,cansado precisando dela como nunca
precisei de ninguém.

Quando me falou do seu desejo de conhecer o estado,nem pensei duas vezes


em me programar em cima disso e realizar suas vontades.
O quarto do hotel era grande,com vista para o mar e perto do jardim
Botânico Hoʻomaluhia que ela queria muito conhecer.Veio falando disso a
viagem inteira até aqui.

Seria bom para mim tirar esses dias de férias,estavam acontecendo muitas
coisas em Santa Clara,e eu vivia com dor de cabeça,estressado.
Assim que saiu do banheiro com uma camisolinha curta azul,não pensei
muito ao avançar sobre ela.

Veio para mim sorridente,mas eu desfaria esse sorriso lindo,todo meu em


alguns segundos.
Se minha loirinha não fosse minha não seria de mais ninguém.Segurei seu
rosto,e beijei sua boca.Avancei com tudo tomando o que era meu.Suas mãos
delicadas agarram meus cabelos,apertando.Se roçou em mim estimulando o
clitóris na minha perna.

—Caralho.—Esbravejei,começando a ficar fora de mim.Gemeu enquanto


me olhava nos olhos.Chupei seu pescoço forte,passando a língua,e ela
gritou aumentando o contato do clítoris com a minha perna.Puxei seus
cabelos,peguei ela no colo e joguei seu corpo delicado na cama.
Eu havia trazido mordaças para amarrar seus pulsos mas mudei de ideia.

—Vai me amarrar?
Um sorriso predador se apossou de mim.

—Você vai ficar calada se contorcendo,enquanto eu como sua boceta.Fique


quieta.
—Então faz logo,Bem.Eu quero você metendo em mim.

—Eu vou te torturar primeiro,minha loirinha.—Peguei o cinto,e prendi nos


seus pulsos.Me olhou abrindo as pernas mostrando os pequenos lábios
rosados.Rosnei,querendo enfiar minha língua na boceta gostosa e
pequena.O próximo passo foi a mordaça em sua boca fazendo-a arregalar os
olhos.Seus olhos azuis estavam atentos,assustados,e era assim que eu
gostava.
Afastei a parte de cima de sua roupa,beliscando forte cada seio fazendo-a
contorcer,e gritar.Suspirei,tirando a roupa sendo cobiçado pelo olhar
assustado dela.

Fui até a mala e peguei o lubrificante que trouxe.Sua boceta ficaria mais
sensível que o normal.
Mostrei o lubrificante a ela,abrindo e espalhando nos lábios rosados.Deixei
escorrer para o seu cuzinho apertado,e não esperei ao afastar os lábios da
boceta com a mão.Estava toda depilada,mas com alguns fios loiros
querendo nascer.Sua respiração ofegante mostrava sua ansiedade.Afastei a
capinha do clitóris com a mão,beslicando em seguida.Abaixei,e o suguei
todo para dentro da minha boca ouvindo seus gritos abafados.Tentou fechar
as pernas em torno do meu pescoço,sensível pelo lubrificante.

Seu corpo foi para trás em meio a um gemido.A boquinha pequena escorria
baba enquanto ela se movia.Seus olhos estavam cheio de lágrimas não
derramadas.Se ofereceu para mim erguendo o quadril,mexendo os braços
presos,agoniada,nervosa,gritando como eu queria que ficasse.Voltei a
chupar encarando e sustentando seus olhos enquanto as lágrimas
desciam.Minha língua deslizava na boceta chupando avidamente.Chupei
apenas um lado dos seus grandes lábios,depois fiz o mesmo no outro.Senti
como pulsou,e tirei a boca quando ia gozar.
Apertou as mãos em agonia,se debatendo.Não liguei,e minha boca desceu
para sua bunda.Suas mãos estavam nos meus cabelos.

—Você me deixa fora da razão.—Disse,pegando meu pau,fazendo


movimentos de baixo para cima,espalhando o pré-semem.Abri suas pernas
encaixando apenas a cabeça na entrada apertada.Limpei suas
lágrimas,tirando a mordaça deixando apenas seus pulsos presos.

—Me deixa gozar,por favor.Eu preciso...Não aguento mais.—Aproximei


minha boca dela,que sugou a minha com desespero.
—Fica arreganhada para mim,Maria.—Abriu mais as pernas.Me enfiei
dentro dela de uma vez,tomando tudo.Descolou minha boca da
dela,deixando próxima,gemendo alto.Fui mais rápido,com as mãos em cada
lado de sua cabeça.O barulho de pélvis batendo ecoou pelo quarto de luz
acesa,e seus gemidos entraram em sincronia com nossos corpos.—Eu fico
fora de mim quando estou dentro de você.—Mordi sua orelha.
—Eu amo quando você me come assim.—Sua boceta parecia me sugar
mais para dentro dela.
Meu coração deu um solavanco no peito,queimando ao ouvir suas
palavras.Porra,não tinha nada no mundo mais importante do que ficar só
com ela.Ela levava toda minha razão embora.Ela tinha tudo meu.
—Goza gostoso para mim.—Voltei a mergulhar minha boca na dela,indo
mais devagar,tirando o cinto de seus pulsos.Me agarrou na mesma
hora,parando a língua na minha boca,gozando em torno da minha
carne.Deixei minha porra dentro dela sabendo que era arriscado,e ela
precisava tomar logo a porra do rémedio.Continuei movimento meus
quadris em torno de suas pernas até derramar a última gota.
Ficamos abraçados,até ela suspirar,e entrelaçar a perna em cima da minha
como gostava de fazer.
Meu celular estava chegando algumas mensagens,provavelmente pelo fuso
horário.Olhei as mensagens e li a do delegado dizendo que estavam perto de
descobrir onde a família de Vick estava escondida.
Capítulo 24
Maria Júlia
A nossa primeira parada foi o Jardim Botânico Hoʻomaluhia,era
simplesmente lindo.Passei horas olhando a imensidão verde e a estrada
deserta que dava ao lago famoso de dentro do jardim.
Eu estava dolorida,e foi nosso único passeio pela manhã com muito esforço.
Eu só consegui um click de Bem,pois ele odiava fotos,e só queria saber das
minhas fotos.
Antes do almoço fomos para praia de pupukea,não era muito
movimentada,a areia era fina e clara,e o mar cristalino.

No dia seguinte seguimos viagem para outro hotel para conhecermos as


outras praias.Passei perto da Valley of the temples,só não quis entrar.Se
trata de um memorial parque localizado no lado de barlavento da ilha
havaiana de Oʻahu no sopé das montanhas Koʻolau, perto da cidade de
Kāneʻohe.Há vários residentes budistas,xintoístas,protestantes e católicos
do Havaí que estão enterrados neste parque.
Estava descobrindo o novo quarto,desfazendo a mala até sentir falta de
Bem.Do jeito bruto dele me fazia carinho,e nos beijávamos o tempo.Eu
nunca beijei tanto na boca,e fiquei junto de alguém como estava com ele.Na
maior parte do tempo fazíamos sexo,conhecemos a praia,e um pouco dos
lugares.
Senti falta dos seus braços em volta de mim,pois vivíamos grudados na
viagem,e nem para tomar banho nos desgrudamos um do outro.
O celular dele tocou duas vezes e era o número de Max.Achei
importante,pois seu irmão não ligaria assim.Fui até ele que estava na
espreguiçadeira,de óculos escuro e shorts,relaxando enquanto sentia o sol
do seu rosto.

O celular com uma foto minha atualizada aqui no Havaí na sua tela
bloqueada vibrou mais uma vez,e me apressei em ir até ele.Eu estava sem a
parte de cima do biquíni tentando tomar sol nos seios.Sempre adorei fazer
isso.
—Bem,ligação para você.—Não dava para ver seus olhos,mas a língua
passou pelos lábios.Eu sabia que eram meus seios o provocando.—É do
Brasil,e é o Max.

—Ele falou comigo ontem,será que aconteceu alguma coisa?—Me puxou


para o colo dele,depositando um beijo no meu ombro,cheirando meu
pescoço.Arrepiei e me ajeitei melhor em seu colo.Atendeu o telefone,e
ouviu.
—Então a mulher deu entrada no hospital da cidade vizinha?—Ele ouvia
atentamente.—Cuide de tudo Max,o delegado já sabe o que fazer.Obrigado.
—Soltou um sorriso.

Bateram na porta,e eu fui correndo pegar o sanduíche e a bebida que


pedi.Coloquei o suco,e a comida em cima da escrivaninha de
madeira,enquanto o homem alto se aproximava como um predador.
—O que houve?—Falei indo para trás.Ele se aproximou,e eu soltei um
gritinho correndo para varanda.Pela sua respiração eu sabia que se
aproximava lentamente,sem correr.

—A "avó"biólogica de Vick deu entrada em um hospital da cidade


vizinha.Ela sofre de câncer na bexiga.-Por um momento não quis ouvir o
resto,porque sabia que não seria coisa boa.—E o delegado pediu para Max
entrar em contato comigo.
Era sério,porque o fuso horário do Brasil para o Havaí era de

Ou seja,Max ligou de madrugada.


—Sei.—Me apoiei no corrimão da varanda olhando a vista
maravilhosa.Encostou sua pélvis na minha bunda,e suspirou.
—Eu não tenho cabeça para pensar em outra coisa esses dias.—Me
prendeu,uma mão de cada lado do meu corpo.—Só em você.

—E eu em você,Bem.—Ele tocou meus seios desnudos,apertando o


biquinho.
—Você está tão gostosa só com a parte de baixo.

—Eu quero você.


Seus olhos escuros me comeram antes do seu corpo entrar no meu.Sua boca
lambeu,mordeu e chupou meu pescoço.Arquejei,jogando meu braço para
trás segurando seu pescoço.O pau duro roçava na minha bunda,a boca
chupando avidamente minha pele.Arfei com as mãos quentes sovando meus
seios doloridos,começando a inchar pela próxima menstruação.Se inclinou
e buscou minha boca dolorida pelos nossos beijos.

Ele tinha uma tara assumida nos meus seios,então me virou de frente e
mamou cada um,fechando os olhos.Sua mão invadiu meu biquíni,enfiando
dois dedos dentro da minha boceta.Meu corpo foi posicionado para
frente,uma perna levando e minha calcinha foi para o lado antes do seu pai
grosso me invadir.
*****

A praia da vez era a Hideaway Beach,e posso falar sem medo de dizer que
foi uma das praias mais bonitas que já vi na vida. Havia uma escada de
madeira que levava para a praia que parecia privativa.
A boca de Bem mergulhava na minha enquanto eu sentia meus pés na água
quentinha.Rodeei meus braços em seu pescoço e ficamos assim por longos
minutos.

Nenhum de nós dois percebemos como seria difícil voltar,sabendo que era a
melhor coisa do mundo ficar em sua exclusiva companhia.
Eu poderia ficar aqui tranquilamente,e não voltar.Eu amava esse homem.

—Eu te amo,Bem.—Falei,me afastando dele achando que voltaria a ficar


sério e estragar a viagem.Olhei a vista a minha frente,mordendo o lábio
inferior.Segurou meu queixo,e me fez encará-lo.Estava levemente pálido,e
pareceu nervoso.—Não posso mais guardar isso dentro de mim.

—Repita o que disse.—Pisquei,vendo sua face voltar a ter cor.—


Repete,minha loirinha.
—Eu amo você.—Esbocei um sorriso,e ele fez o mesmo,só não quis que eu
notasse porque avançou em mim novamente tomando minha boca.

Bem me pediu para repetir mais uma vez ao longo do dia.


Não pensei que fosse me dizer de volta então não me decepcionei,eu só não
podia guardar mais isso dentro de mim.Eu já tinha admitido a quase todas
as pessoas menos ao dono do meu sentimento mais profundo.

Era ele que fazia meu coração acelerar.


Eu não poderia ter outro homem,era ele o meu dono.

Bem Santiago.
A muito tempo eu não era feliz.

Na verdade,eu era a porra de um homem incompleto.


Tirar esses dias de férias,e passar só com ela apenas confirmou o que eu já
sabia.Maria Júlia não sairia do meu lado nunca mais.
Eu me apeguei a ela,vivi esses dias apenas para e por ela.E essa era a
primeira vez que eu vivi para alguém que não fosse eu.
Tivemos que voltar um dia depois dela fazer o que queria comigo,e ter
todas suas vontades atendidas como a boa mimada que era.

DOIS DIAS DEPOIS…


Passei o dia assinando contratos ouvindo as últimas reuniões comandadas
por Fernanda.

Me encontrei com o delegado,e fui bem claro quando mandei ele matar a
velha na cama de hospital.
Max já estava cuidando de tudo,e há uma semana a velha estava internada
recebendo a visita da filha pela madrugada.

Fui para casa na hora do almoço,e não gostei quando vi a nova funcionária
dentro da nossa casa.Ela me olhava com medo,me desejava "Bom dia"mas
eu nunca respondia.
—Pensei que fosse morar fora do Brasil.—Enzo comentou cheio de
gracinhas.Estava sumido desde quando cheguei em uma vaquejada na outra
cidade.

—Ele não iria sem a gente—Gael alfinetou dando risada.


—Deixem meu irmão mais velho em paz.—Vick saiu da cozinha ajudando
uma de nossas funcionárias a colocar dois bolos diferentes na mesa.

Estava linda com a barriga arredondada.


—Maju deve estar enjoada dessa sua cara feia até hoje—Enzo falou,e
riu.Me sentei na mesa,e sorri.

—Porra,vocês vão me encher o saco até quando?—Ela me amava,então não


ia enjoar da minha cara.—Vamos ver se ela vai enjoar de mim.—Rosa me
deu um beijo no cabelo.—Max,hoje você está livre?
—Para aquele assunto?—Olhou nosso pai,que não prestava atenção.—Sim.

—Vou ligar para o delegado.


Nesse momento Sthepanie apareceu,e nos olhou rapidamente.Enquanto
colocava café,notei que ficou olhando para a escada.

—Perdeu alguma coisa aí em cima?—Ficou visivelmente sem ação.


—Não,senhor Bem.Já estou indo.—Foi apressada para a cozinha.

—Meu filho,não precisa tratar a senhora desse jeito.—Rosa


falou,incomodada.
—Eu concordo com Bem.—Gael,que nunca se envolvia nem nada foi o
primeiro a falar.—Não gosto dela.
—Ela é esquisita pra caralho.

Depois da conversa que deixou o clima pesado,Vick tentou puxar outro


assunto e rapidamente o tamanho de sua barriga se tornou o nosso foco.
—Trouxe presentes para ela.—Apontei a barriga.

—Essa menina vai ser mimada.—Rosa falou,negando com a cabeça.


—Já temos um nome.—Gael falou,e olhou Vick rapidamente.—Eu que
escolhi.—O orgulho em sua voz foi nítido.—Giovana.

—Isso tudo porque tem a inicial do seu nome?—Max riu.


Minha irmã revirou os olhos.

Depois de ficar com eles,fui a cidade encontrar com expositores.No


caminho encontrei com Dona Mercedes,a curandeira da cidade.A mulher
guardava muitos mistérios e meu pai devia a ela já que o primeiro filho que
minha mãe teve,que morreu depois de nascer foi ela que fez o parto.
—Que bom te encontrar,dona Mercedes.—Ela segurou minha mão.Seu
rosto enrugado pela idade,e os cabelos grisalhos pareciam estar ainda mais
vividos.
—Tem tempo que eu não te vejo,você envelheceu.—Disse com sua
sinceridade,e a voz grossa.—Tenha cuidado,filho.
—Com o quê?

—Tem traição em sua casa.


Na minha casa?

Aquilo já me irritou.
—Não sei se vem coisas boas para sua família,e uma família próxima a
quem você mais ama—Essas coisas ruins iriam ser resolvidas em breve.—E
como está sua menina?
—Maria?—Franzi o cenho.Leandra deve ter lhe contado.Ela apenas piscou
em afirmação.—Está bem,e em casa.—Se calou,e apertou mais a minha
mão.

—Depois leve-a ao bar de Leandra.


—Levarei.Preciso ir,Dona Mercedes.—Beijei sua mão,e fui à reunião

Recebi mensagem de Rodrigues falando que era arriscado matar a velha,e


eles poderiam nos pegar de surpresa.
Aquilo estava me consumindo,e o que Dona Mercedes disse martelava em
minha cabeça.

Vanessa.
Eu só poderia ir pela madrugada ficar com minha mãe.Era uma incógnita
saber sobre Bem.Uma hora eu achava que ele sabia sobre nós,e outra não.

Mariano andou observando a neta de Sthepanie,mas a fedelha sumiu um


tempo.
Ele ficou tentado a sequestra-la,dizia que era muito bonita e que iria se
aproveitar dela,mas minha mãe mesmo fraca tentava berrar falando que
seria um tiro no pé.
Momentos antes de Sofia ser internada nos reunimos em uma cidade
próxima.Sthepanie estava de folga,e Mariano a pegou no meio do caminho.
—Sequestrar minha neta pode perigoso.Eu já tenho informações que
preciso,confiem em mim.
—Sequestrá-la deixaria Bem Santiago louco.—Constatei.A minha obsessão
por ele tinha se transformado em ódio.—Sthepanie,se quiser sair do plano é
sua chance.Saiba que a mãe dela matou o meu irmão dentro da cadeia.
Enquanto a isso não tínhamos confirmação,porém seria a pessoa com mais
motivos.

—Depois de pegar a garota a força,pode deixar que sumo com ela.—


Mariano sorriu.Estuprador de merda.
—Vocês não vão sequestrar ninguém,porra.—Minha mãe gritou.

Ela passou mal e foi parar no hospital.


Depois disso,seu estado foi se agravando e se encontra entubada na fila para
cirurgia.Perder minha mãe me deixaria sem chão,arrasada.Ela é a única
pessoa que sinto algum sentimento de verdade.

Cheguei no hospital,e havia uma correria que não era comum.Tentei me


informar,e fiquei sabendo por alto que uma das senhoras do UTI tinha
morrido asfixiada.Um frio na espinha me percorreu,e fiquei gritando
desesperada em busca de informação.Apenas horas mais tarde soube que foi
a minha mãe.Um médico veio me dizer que alguém entrou dentro do
hospital e a assassinou.Um grito visceral saiu de dentro da minha garganta,e
o ódio me tomou.Bem Santiago mandou matar minha mãe.Ele sabia de
nós,filho da puta.
Saí do hospital inconsolável,me sentindo vencida por ele,qualquer ataque
ele estaria de olho.
Mariano atendeu o telefone,e quando contei a notícia da morte da minha
mãe,sorriu.
—Eu te falei,porra.Esse filho da puta é pior do que a gente imaginava.Se
ele descobrir de Sthepanie,ela está fodida.
—Do que está rindo?—Falei cheia de raiva,saindo do hospital.Precisava
organizar o enterro de Sofia.—Vamos ter que sair dessa merda de cidade.
—Porra,Vanessa.Você achou que ele não ia descobrir?Sua mãe tinha razão.
—Parei no meio da rua.Mariano não mentia.—A esse ponto sequestrar
Victória,ou a mulher dele não levará a nada,e você sabe disso.—Me juntar
Mariano era passar raiva todo tempo.Eu tinha sentimento: pela minha
sobrinha,queria criá-la,enquanto ele a rejeitou.

—O que vamos fazer?—Passei a mão pelo cabelo.


—Eu também não sei.
Capítulo 25

Maria Julia.
O contrato tinha acabado.
Dois meses que minha vida havia mudado.

Estava há mais ou menos vinte minutos encarando a parede do quarto de


Bem.Meu pai disse que não ia mais aturar essa palhaçada,e me dava até um
dia para voltar.Eu estava em uma corda bamba,e ninguém poderia me
ajudar.
Eu amava Bem,mas eu também amava minha vida no Rio.

E ele estava com tantos problemas que fico pensando se seria assim sempre.
No momento eu me encontro ansiosa porque tem algo fora do lugar.A
minha vida.Sim,eu amo Bem como nunca amei ninguém,mas e tudo que
deixei para trás?Eu não sabia se eu aguentaria morar aqui definitivamente e
ele nunca se mudaria dessa cidade.

Ele nunca falou comigo sobre morar com ele.


Ele simplesmente queria que eu mudasse de quarto,e dizia que eu era
mulher dele.Simples e rude.

Não existiria namoro,aquilo parecia realmente pouco para quem Bem


era.Eu não me sentia namorada dele e o termo ficava até estranho.
Minha última opção foi ligar para minha mãe,por mais que ela não se
envolvesse nos meus problemas,meu pai fazia isso pelos dois.
Se eu fosse embora mais uma vez,não sei se ele me aceitaria novamente em
sua vida.Não sei se eu teria esse mesmo olhar.Provavelmente teria raiva de
mim,e não sei qual seria sua real reação.Engoli em seco,e aceitei as
lágrimas descer dos meus olhos.

—Pensei que não me atenderia,mãe.


—O que houve?

—Meu pai não falou com você?


—Diego não te liga quando estou por perto.Ele sabe que está errado.—
Soltei um riso fraco.

—Eu deveria imaginar,o contrato acabou.—Falei por fim.—Eu recebi o que


tinha para receber,e terei isso adicionado ao meu currículo.
—Não sabe o que fazer,não é?
—É horrível a sensação de estar perdida.
—A vida as vezes é horrível,filha.

—Por que está me falando isso?


—Porque sim,essa é a verdade.Não posso tomar essa decisão por você.É
uma mulher,está desabrochando e precisa lidar com isso.—Apoiei meu
celular no ombro,e fui até o banheiro.

Estava no quarto de Bem.


Havia um armário só para mim.

—Lidar com ele é complicado.


—Você ama um homem que eu não pensei que tivesse tantos
sentimentos.Das vezes que eu o vi era tão calado e fechado,não mudou mas
como você é diferente.
Eu prestava atenção enquanto trocava o absorvente.Minha menstruação esse
mês desceu no dia certo,porém um pouco escura.
Fiquei distraída lavando a mão,equilibrando o celular entre ombro e orelha.
—Acho que já me decidi.—continuei.—Não sei se sou capaz de morar
nesse interior,mas...

Olhei pelo reflexo do espelho,e abri a boca sem fala,em total espanto por
ver Bem parado na porta do banheiro me encarando.
Não sei se sou capaz de morar nesse interior,mas não sem viver sem
ele,então prefiro ficar.—Era para eu completar.

Sua cara tinha uma expressão indecifrável de dor,e a aquela boca contraída
em raiva que a muito tempo sumiu do seu dia a dia.
—Bem.—Falei ainda na ligação.—Te ligo depois.—Saí correndo do
banheiro.Bem já estava atravessando o quarto dele com um olhar furioso no
rosto.

—Espera,Bem.—Parou na porta do quarto.Estava escurecendo,e seu quarto


já era preciso acender as luzes.—Você não ouviu tudo.
—Vai embora?—Disse de costas para mim.—Eu fiz esse caralho todo para
você ir embora.—Falou mais para ele do que para mim.

—Será que dar para virar?—Mordi os lábios.—Não é bem assim...


—Não.—Aquele tom frio estava de volta.—Não é bem assim,o quê?—Se
virou para mim bruscamente controlando aquele homem que eu conheci—
Preferia que tivesse ficado de costas para mim porque seu reflexo era de
tristeza,dor e mágoa.Seu rosto agora é do mesmo homem de antes.A boca
contraída,seu jeito altivo,totalmente na defensiva me fizeram voltar há dois
meses atrás.Deixei meus ombros caírem,e olhei para baixo por um
momento.

—Se ouviu toda a conversa vai saber o que eu disse—Pelo seu jeito não
parecia que ouviu.Só o final e mesmo assim nem foi tudo.
—Só aquilo foi suficiente.O que você está achando,caralho?—Se alterou.—
Eu te assumi,porra.Eu assumi você,e eu nunca fiz isso antes na minha
vida.Eu te contei tudo o que nunca contei a ninguém,e você faz isso comigo
justo agora.
—Justo agora,por quê?

—Agora não importa mais.—Se aproximou,com raiva em seu rosto.Fui


indo para trás,nervosa,temendo sua reação.—Eu não vou aguentar essa
porra,inferno.Você tem o que ninguém nunca conseguiu,e nem vai
conseguir.—Apontou.—Você vai me destruir,sua filha da mãe.—Segurou
meu braço.Meus olhos encheram-se de lágrima.
—Me solte.—Movi meu braço.—Você é um grosso como sempre—Cuspi
as palavras.—NÃO ME DEIXOU NEM TERMINAR.

—EU NÃO QUERO OUVIR,CARALHO.NÃO QUERO.—Sua voz tinha


tanta raiva,tanta dor,que me arrependi.—Eu vou te soltar para você sair
daqui.
Finalmente me soltou,passou as mãos pelo cabelo visivelmente atordoado,e
me lançou um último olhar devastador,e gruniu.—Sua filha da...—Deu um
passo para trás,se segurando,controlando seus instintos com a mão na
cabeça.

Eu estava na cama,olhando suas reações assustada por ele ser desse


jeito.Fechou a porta com tudo,fazendo um barulho extremamente alto.
Corri,abri a porta e fui atrás dele.A essa hora não tinha ninguém além de
Rosa e as funcionárias.No alto na escada vi ele pisando no último degrau.

—ESPERA,BEM.—Gritei.Ele olhou para trás,e se virou novamente.—


Bem.
Rosa apareceu assustada junto de dona Sther e Vera,a cozinheira.A última
moça foi a primeira a sair,disfarçando.

—Eu já disse que eu não quero essa mulher dentro de casa.—Apontou para
a senhora,que arregalou os olhos e correu.—PORRA.—Pegou a chave do
carro do aparador espelhado,e saiu.
—Bem,o que você tem,meu filho?

—Teimoso demais.—Foi a minha vez de descer,e caie com o tornozelo para


o lado.Uma dor forte me invandiu,e eu gritei —Aí.—Gemi de dor,e Rosa
veio correndo me ajudar,nervosa e pálida.

Rosa se agachou na minha frente com dificuldade.


—Acha que torceu?—Levantou meu vestido longo e vermelho.—Tente
mexer.—Tentei com muito custo mover meu tornozelo em movimentos
circulares,doeu muito,mas eu consegui.

—Acho que não torceu,se não doeria muito mais,não acha?—Limpei


minhas lágrimas.
Eu magoei Bem com minhas incertezas,enquanto ele ficou vulnerável para
mim.

—Só me ajude a levantar.—Ela me apoiou,e eu levantei.


—Acho que vai ficar dolorido,talvez roxo —Concordei com a cabeça.—
Bem parecia atordoado,tinha muitos anos que eu não via meu menino
assim.

—A gente brigou,Rosinha.—Falei toda para baixo.—Não foi por mal,eu


apenas conversava com minha mãe e ele ouviu parte da conversa.Ficou
louco da vida,achando que eu ia embora e não me deixou explicar.—Com
apoio dela me sentou no sofá da sala extensa que pouco usavam.—Eu
estava prestes a dizer que não sabia mais viver sem ele.
—Com sua teimosia ,e a raiva tirou suas conclusões e ficou desse jeito.

—Ele te ama muito.—Arrastou a mesinha de centro,e organizou alguns


travesseiros colocando meu pé em cima estirando minha perna.—E eu sei
que ele te ama de uma forma que eu nunca vi alguém perto de mim
fazer.Mas eu não sou uma referência amor.
—Por que diz isso?

Sua expressão me pareceu que era até raiva,e eu estranhei um


pouco.Quando se deu conta da expressão suavizou,e tocou minha mão.
—Vou te contar um segredo.

Concordei.
—Quando minha mãe veio morar aqui me apaixonei por Estevão.—Ela
parou de falar assim que Vera chegou com a bolsa de gelo.

—Então vocês tiveram um romance—Sussurrei,e ela sorriu.Gemi de


satisfação pelo gelo.—Então vocês se...Bom...
—Não,ele sabia que eu o amava porque cai na besteira de me
declarar.Acontence que meu pai era como esses homens machistas e queria
que eu arrumasse alguém,então me arranjou para um lavrador.Fui forçada a
ter um relacionamento.

Desviou o olhar do meu,e nem parecia a mesma Rosa que eu conhecia.Foi


estranho.
Me passava a sensação que ela era outra pessoa.

—Eu ficava escondida seguindo Estevão pela fazenda.Cheguei a me


casar,perdi dois filhos.Um nasceu e morreu horas depois.
—Sinto muito.

—Estevão me fazia trabalhar demais,pareceu ficar com raiva quando me


declarei,não sei ao certo.Eu peguei pesado no início da gravidez,acabou
sendo um dos motivos que me fez perder a segunda gestação.
Queria que aquela conversa acabasse...

—Camila apareceu,tomou o coração dele,mas não o amava.Ela amava


outro,que estava de passagem na cidade,tinha casamento marcado com
outra mulher.
—Preciso ir atrás de Bem.—Tentei me levantar.

—Está a noite,minha filha,espere ele chegar.—Tentou me convencer.


—Não,vou atrás dele agora.

—Como pretende chegar até ele?


—Nem que seja de cavalo.—Cruzei os braços.-Posso pedir para um dos
funcionários me levar.
—Nem pense nisso,Maju,Bem não vai gostar.—Pensei,e só me veio a
alternativa de ligar para Luan novamente,mas era abusar de sua boa
vontade.

Bufei,eu precisava de um carro,só preciso superar meu medo de dirigir o


mais rápido possível.
Luan era minha única opção.

Pensei até achar outra solução,mas era impossível.Liguei mesmo para


Luan,que atendeu e disse que estava indo para o Estradas bar encontrar com
Karina.Provavelmente Bem ia para lá conversar com a amiga.Isso me fez
revirar os olhos.

Bem Santiago.
Atordoado,foi assim que essa filha da puta me deixou.Passou esses dias
todos sabendo que voltaria para casa dos pais,e como eu ficaria?Já tinha
feito o serviço completo na minha vida,e agora me deixaria.
Se fosse conseguiria me destruir por dentro.

Não aguento mais ficar sem Maria Júlia.


Era difícil demais.
Não sei se era o fato de eu gostar dela ser submissa a mim,ou se era algo
maior e eu não queria aceitar porque achava que aquilo poderia me destruir.
Rodrigues mandou assassinar Sofia,deu certo e tudo saiu como eu planejei.
Aliás tudo na minha vida era planejado,menos Maria Julia.
Conseguimos capturar as imagens de segurança de sua filha,Vanessa
falando ao telefone depois do ocorrido.Depois disso,não foi mais vista perto
da fronteira onde costumava viver.

Lembro da mulher trabalhando lá em casa,conversando com Rosa.Tinha


mudado um pouco,antes ela tinha os cabelos morenos,e agora seus cabelos
tem um tom loiro desbotado.
Dirigir na estrada,e por algum motivo tirei a minha arma do porta luvas
deixando no assento ao lado.Olhei o caminho parcialmente iluminado e
tentei me acalmar um pouco,sabendo que era complicado.

Cheguei no bar da cidade,vi Max e Enzo batendo ponto no estradas


bar,jogando sinuca,curtindo a noite.Às vezes meu irmão do meio se
mandava para vaquejada na cidade vizinha,e só voltava dois dias depois.A
vaquejada dessa vez ia acontecer aqui,e alguns cantores com menos
visibilidade estavam vindo cantar no bar de Leandra.
Assim que me viram ficaram surpresos,e Enzo perguntou o motivo da
minha cara amarrada.

—Brigou com Majuzinha?—O fofoqueiro do Enzo perguntou,e Max riu.


—Você é fofoqueiro pra caralho—Acusei,e os dois caíram na
gargalhada.Enzo estava com um cigarro comum entre os dedos,pedi um
para ele.—Eu não quero falar,estou de cabeça cheia.Saí de casa para não
fazer merda.
—Eu já devo saber o motivo.—Max comentou.—O contrato acabou,e o pai
a quer de volta.—Afirmei com a cabeça.
—Duvido que ela vá,nossa cunhadinha te ama.—Enzo pontuou.—Só se
prende porque também ama o pai dela,e você sabe disso.—Um solavanco
no peito me fez suspirar.
Eu tinha ciúmes pra caralho do pai dela,queria o homem longe.
Só que ele se mantinha perto,e me irritava.

E eu não sabia perder.


Maria Júlia era propriedade minha.O pai dela a perdeu no momento em que
eu a vi.Deixou de ser dele para ser só minha.Homem nenhum terá o que é
meu,nem mesmo o pai.

Quem era esse homem perto de mim?Perto do que eu fazia com a filha
dele?Nada.
Minha mulher me pertencia,e iria viver pra mim.E eu pra ela.
Eu estava completamente louco por ela,que só de pensar na possibilidade de
ficar sem vê-la todos os dias me deixava doente.
Até a respiração dela eu queria controlar,uma pena ainda não terem
inventando.

—Eu preciso conversar com ela—Traguei,segurando e soltando a


fumaça.Leandra saiu de trás do balcão com a garrafa de uísque cheia,e um
copo.Sorriu para mim,e colocou o copo em cima da mesa.
Meu pensamento estava longe.
O único jeito de deixá-la comigo era metendo um filho nela.Assim seria
minha pra sempre.
—Bem.—Leandra chamou,e eu desviei os pensamentos.—Pensei que não
vinha hoje.—E não vinha mesmo,meus planos eram estar enterrado na
bocetinha gostosa de Maju,não aqui.
—Vim relaxar um pouco.—Olhei o copo.Ela me serviu—Obrigado.
Eu não queria conversar com ninguém,apenas ficar na companhia dos meus
irmãos,beber e voltar para casa.

—O bar hoje está movimentado—Comentou com meus irmãos.Pelos anos


de amizade,ela sabia que eu não estava nem um pouco afim de abrir a
boca,e deu de ombros.
—Tem alguns amigos que vieram da fronteira.—Max falou a ela.

—A vaquejada de Santa Clara é uma das melhores.—Enzo falou divertido.


Eu gostava de observar os dois,parte minha era deles.
Eu fiz de tudo por eles e temia que se um deles descobrisse não me
perdoasse nunca.
Bebi,olhando a movimentação.Onde nós estávamos toda hora um parava
para falar conosco.Ficaram um tempo conversando,e eu fui obrigado a
entrar na conversa e debater com eles um assunto.
Assim que foram circular peguei minha garrafa e fiquei no canto do balcão
para não ser incomodado por ninguém.Respirei fundo olhando a tela do
meu celular,e fiquei encarando sua foto na minha tela de bloqueio algum
tempo.Precisava de um cigarro,ou um charuto para ficar tranquilo.Deixei a
bebida queimar minha garganta,até Maria aparecer na porta do bar,com o
vestido vermelho decotado na frente.Me buscou com o olhar,e assim que
me achou veio até mim.Franzi o cenho pelo seu modo de caminhar,devagar
sem a pressa de sempre.Seu nariz estava vermelho,indicando que havia
chorado.
—Por que não quis me ouvir?—Parou na minha frente,cruzando os
braços.Abusada.
—Porque não.
Passei meu olhar com a cara feia por todo o ambiente para checar quem
prestava atenção em nós dois,e ninguém,com exceção de Leandra que
enchia uma tulipa de chop,e parou rapidamente olhando nossa cena.Voltei a
olhar Maria.

—Não esperava que você fosse querer ir embora.


—Mas...

—Experimenta fugir de mim e eu te caço.


Ela abriu a boca,em choque.A bochecha vermelha .
Ela gostava de sofrer,da submissão desenfreada.E eu gostava de mandar
nela.
—Caça?
—Não queria me testar,loirinha.Você sabe que eu faço.
—Da última vez disse que ia me matar.

—Não retiro nada do que disse antes.


Ela tinha que ficar comigo
—E se fosse eu falando isso pra você?
Não respondi.
—Se vai me "deixar",por que veio?
—Eu ia terminar de dizer que não sei se aguentaria ficar sem você.—Parei
até de respirar com sua declaração.Porra,eu não conseguia ficar muito
tempo zangado com ela.Não com essa carinha,e esse biquinho
gostoso.Segurei seu rosto,e a trouxe para mim quase colando sua boca na
minha.

—Fica comigo.
Sem que eu cometa uma atrocidade,porra.Será pior.

—Eu sou maluco por você.—Arfou,e seus olhos lacrimejaram.


—Você me intriga demais.—Ela sorriu.
As palavras ficaram presas na minha garganta.
—Você é o amor da minha vida.Talvez nem de mim eu goste o tanto que eu
sou louco por você.
Ela se chocou um pouco.
—Eu te amo.—Disse ela.

Viu que fiquei abalado,sem fala.


Não achava que o amor era suficiente para descrever o que eu sentia,então
me calei.
—Desfaz essa cara.—Sorriu de verdade,o sorriso mais lindo da porra da
minha vida.Seus olhos ficaram pequenos,repuxados.
Não aguentei,e a puxei para um beijo molhado.Segurei seu rosto entre as
mãos,perdido,sem saber o que falar,nervoso com medo que realmente fosse
novamente.Encontrei sua língua no meio do caminho,e ela gemeu baixinho
passando a língua pela minha devagar tomando tudo como se fosse
possível.Trocamos os lados dos nossos rostos,intensificando o beijo com as
bocas coladas.Uma explorando a outra sem pressa nos chupando
devagar.Parei o beijo lento,e dei um curto ainda passeando pela boca dela.

Me abraçou pelo pescoço.Fiz o mesmo agarrando sua cintura beijando seu


rosto,seus cabelos e fiquei tentado a beijar o pescoço.
—Não sei o que vou falar para o meu pai ainda,e nem como vou sair dessa
situação embaraçosa,mas eu quero você.—Continuo com o seu sorriso.

—Seu pai não tem que se meter na sua vida.


—Mas Bem...
Toquei sua boca com meu dedo.
—Seu pai não manda em você.

Ela sorriu triste.


—Sabe que não minto.

—Eu sei.—Encostou a testa na minha.


Por um momento olhou atrás de mim,e tentou se apoiar no meu ombro para
visualizar melhor.Olhei também,e vi que a porta de acesso a casa de
Leandra estava aberta e não tinha nada demais,apenas uma árvore alta no
meio do quintal.
—O que foi?—Seu rosto estava com uma expressão tímida.
—Aquilo é jaca?—Foquei melhor,e assenti com a cabeça.—Como eu
queria,e olha que só senti o cheiro nunca comi.—Voltou a me olhar.—Estou
com água na boca.
—Aqui tem várias outras coisas para você comer.—Se desapoiou de mim,e
gemeu de dor se apoiando no balcão.—O que foi,porra?
—Calma,Bem.Eu caí do penúltimo degrau da escada quando estava vindo
atrás de você.—Fiquei em alerta na hora,pelo vestido longo não dava para
ver como estava.

—Como chegou até aqui?—Soltou um riso sem graça,e coçou a cabeça.—


Não precisa explicar,já entendi.Vamos ao hospital.
—O quê?Claro que não!Minha cota de hospital no ano já deu.Tive reação
alérgica a picada de abelha,e passei a noite em um.—Aquilo me pegou de
surpresa,pois eu vi que no dia que saiu de casa não estava bem.

—Eu sabia que tinha alergia.O que eu faço com você?—Tirei uma mecha
do seu cabelo do rosto.—Nunca mais te deixo ir no campo de girassóis ,lá é
cheio delas.—Fomos interrompidos por dona Mercedes,que saiu do quintal
de onde Maria olhava as jacas de Leandra.A senhora se aproximou de nós,e
se apoiou no balcão olhando minha loirinha.
—Como é bonita.—Falou para ela.Ofereceu um sorrisão para a senhora.
—Obrigada.—Apertou a mão de dona Mercedes que ficou um pouco
surpresa pela atitude.
Apresentei as duas rapidamente,sem dar muitas explicações.
—A senhora é a dona das jacas?—Olhou mais uma vez.Mercedes negou
com a cabeça,e sorriu.
—Às vezes venho fazer companhia a Leandra.—
As duas conversaram um pouco.
Maria fez algum pedido que eu não me atentei a qual,porém comentei:
—Desistiu da jaca?—Perguntei divertido,e ela negou com a
cabeça.Enquanto seu pedido ficava pronto começou a falar sobre outro
assunto,e esqueceu da fruta.Pediu o de sempre acrescentado a um
refrigerente.Me ofereceu,e neguei.Max se juntou a nós por um momento
conversando e mostrando as fotos de Gael e Vick em uma viagem de
reconciliação.
Capítulo 26

Maria Júlia
Sentia meu tornozelo latejando,e eu não queria me render a ir novamente ao
hospital.Por um momento fiquei quieta no balcão tentando controlar meu
psicológico devido a dor incomoda.
Leandra passou perguntando se eu aceitava mais algo,e neguei.
Bem se voltou para mim alisando minha perna.De repente o bolinho
fermentou meu estômago,e respirei fundo.
—Está sentindo muita dor,vamos ao hospital—Constatou,e revirei os
olhos.Pagou a conta,e me ajudou a andar devagar até a porta do
estabelecimento.Seu carro estava um pouco distante,então me pegou no
colo e andou comigo o meio do caminho.Novamente a fermentação
estranha,e o bolo na minha garganta veio com tudo.
—Me põe no chão,rápido.—Não entendeu,e parou.Seu rosto expressava
dúvida.—Eu vou vomitar.—Me remexi.Me tirou no seu colo,e em menos de
dois segundos eu jogava toda a comida para fora.Segurou meu cabelo,e o
vento trouxe seu perfume para mais perto do meu nariz,foi o suficiente para
minha barriga se contorcer mais e eu vomitar tudo o que comi durante o dia.
—Merda.—Meus olhos encheram-se de água,e fiquei zonza do tanto que
vomitei.Bem segurava meus cabelos para trás,e sua expressão era
indecifrável...Eu poderia jurar que ele estava se sentindo vitorioso.

—Preciso pegar água para você,me espere no carro.—Não falei nada sendo
ajudada por ele a me sentar no banco do passageiro.Deixou minha porta
aberta e correu ao bar novamente.Olhei em volta,outros carros estacionados
e a escuridão na frente do carro.Minha garganta forçou mais um pouco do
vomito,e eu joguei mais coisa para fora.
Bem voltou lançando um olhar estranho para mim,o canto da sua boca
parecia querer repuxar um sorriso.Abriu a água e me deu,molhei um pouco
a boca e depois cuspi.Me encostei,esperando que desse logo a volta e me
levasse de uma vez ao hospital.Ficou calado todo o caminho,seu cenho
franzido.Também não falei nada,minha estômago revirando.

O hospital era próximo,e muito grande,por sinal.Me ajudou a sentar em


uma cadeira de rodas mesmo eu falando que não precisava,e foi falar
diretamente com o médico.Era um senhor baixinho,com óculos preto e
careca.Deu um tapinha no ombro de Bem,e constatei que se
conheciam.Agarrei a mão de Bem o percurso inteiro.
Não precisamos esperar,fomos encaminhados diretamente para sala de
consulta.
O médico analisou meu tornozelo inchado e arroxeado.
—Houve uma pequena torção,e precisaremos de um raio-x.—Concordei
com a cabeça.—Enquanto ao enjoo,preciso fazer alguns exames e te
encaminhar para ficar em observação.

—Posso falar com o senhor rapidamente?—Bem perguntou ao médico.


Continuei na sala esperando os dois se levantarem.Fiquei intrigada,e cruzei
as mãos no colo.

—Está acontecendo alguma coisa?—Olhei para os dois.


—Vamos ter que fazer alguns exames antes de ser encaminhada para o raio.

O que seria?Eu só faltava fazer escândalos quando o assunto era


agulhas.Nem tatuagens eu tinha justamente por isso.
—Você vai comigo tirar sangue?—Mordi o cantinho do lábio,me
direcionando a Bem.O médico ficou com um ar de riso,e a expressão de
Bem mudou um pouco.

—Vou.—Falou,sério.
Fiz todos os procedimentos,e ficamos aguardando no quarto.Ele estava
apreensivo na cadeira com as duas mãos no rosto.Odiava muito
silêncio,então perguntei:

—Por que está assim?


—Você vai saber daqui a pouco.—Se levantou,e se aproximou.Agarrei sua
cintura,e fez o mesmo no meu rosto—Está menstruada?

—Sim.—Afirmei.
Seu rosto relaxou um pouco,mas a ruga entre as sobrancelhas denunciava
outra coisa.O exame demorou um pouco,e o médico só veio aparecer quase
uma hora depois.Nesse tempo Bem andou o quarto todo,olhando o relógio
enquanto eu achava graça sua preocupação.O médico abriu a porta com os
exames em mão,e um pequeno sorriso do rosto.Sorri também para ele,e
espiei o que tinha:

—O que eu tenho?
—Você estava certo,Bem.—Se virou para mim.—BHCG que Bem pediu
para ser feito deu positivo.Parabéns,vocês serão pais.—O meu sorriso foi
morrendo aos poucos,e eu arregalei os olhos.Minha boca entreabriu em
choque,e terror.Meus ombros caíram,e as palavras do meu pai ecoaram na
minha mente.

Senti dificuldade até de respirar.


—Está de quanto tempo?—Bem perguntou ao médico,sem tirar as mãos do
meu rosto.Suas mãos estavam suando.

—Um mês e meio,prestes a completar dois.Essa primeira fase é chamada de


primeiro trimestre,e o mais arriscado.
—Eu...eu estou menstruada.—Ainda tentei dizer,prestes a protestar com o
médico aquele resultado.

—É raro,mas acontence.Sua menstruação está vindo mais escura que o


normal,certo?-Balancei a cabeça.O médico nos deixou a sós quando sentiu
o clima,e Bem se virou para mim.
—Não desconfiou de nada?

Neguei,lembrando que as roupas estavam mais apertadas,os seios


doloridos,mas ainda sim a possibilidade não passou na minha cabeça.
—A gente fode o tempo inteiro,Maria Júlia.

Suas palavras foram como um soco,me esquivei dele,irritada com as


lágrimas pulando dos meus olhos.Eu queria ficar sozinha.
—Não falei por maldade,apenas é ingênua demais para ter percebido
antes,loirinha.

Ele tinha razão,eu percebi que estava estranha e ignorei,talvez por medo.
—Meu Deus,eu não acredito que isso está acontecendo comigo.—Soltei um
primeiro soluço.As lágrimas desceram sem controle,e eu me desesperei por
completo,tentando sair da cama,porém com dor.

Bem parecia irritado comigo,pela minha reação.


—Não quer ter um filho comigo?—Abaixei a cabeça,sem conseguir olhar
para ele.

Não,eu não quero um filho.Não agora,ainda acho muito cedo.


—Responde

—Não,eu não quero um filho,droga.—Gritei.—Meu Deus do céu,Bem,você


não entende,não é?Você já tem quarenta e dois anos,eu ainda tenho
dezenove.—Joguei as palavras para fora,atingindo a mim e a ele.Se afastou
um pouco com o peso das palavras.—O que eu vou fazer?—Chorei
copiosamente.—Me desculpa.
Se aproximou novamente me puxando para o abraço,e eu me agarrei nele
como uma tábua de salvação.Eu não queria magoá-lo,e muito menos fazer
isso comigo.Alisou minhas costas,e segurou meu rosto:

—É o meu filho,loirinha.—Seu rosto estava tomado de emoção,e parei o


choro restando apenas o soluço.—Não tem mais o que ser feito,você é
minha.
—Não tem como.—Neguei com a cabeça.—Isso tem que está errado.

—Pode acontecer.
Era a primeira vez eu vi Bem feliz,seu rosto tinha emoção,um brilho no
olhar.

—Você está feliz.—Constatei.


Eu nunca imaginei ou cogitei Bem feliz recebendo uma notícia dessas.

—Eu vou cuidar de vocês dois,vocês são meus.—Repetiu.—Ninguém vai


tirar vocês de mim.
—Eu estou muito assustada,Bem.—Ele me apertou mais.—Não fica
chateado comigo.
—Não,amor,eu não vou ficar chateado com você.
Capítulo 27

Maria Júlia.
Eu saí do hospital com o pé enfaixado,sem gesso,pois devagar eu conseguia
andar,então não tinha sido nada sério.
Combinei com Bem de só contarmos a sua família quando eu comunicasse
a minha.Ainda não tinha me acostumado com a gravidez,muitas vezes
esquecia.

Eu estava com muito medo da reação do meu pai,principalmente depois que


eu tentei conversar com Bem sobre,e ele disse que meu pai havia me
perdido pra ele,o que não era verdade.
Eu amava Bem,mas eu não queria perder o que eu tinha com ele,e isso era o
que me deixava preocupada.Diego nunca aceitaria meu relacionamento.

Eu não queria aceitar o que estava acontecendo comigo.Eu saí da minha


casa há dois meses,triste e com alguns planos frustrados por vir morar em
um lugar que eu não conhecia,e hoje,estou grávida.Não tem como esperar
outra reação da minha parte.
Por sorte,quando chegamos não tinha ninguém nos aguardando,e fomos
direto para o quarto.Eu me agarrei a ele,como se pudesse fazer algo por
mim,e ninguém podia,nem mesmo eu.
Assim que Bem deitou na cama,com o cheiro do sabonete Phebo,não abri
os olhos fiquei quieta na cama sem querer falar com ele,só me aproximei
minutos depois e me aconcheguei no seu peito para tentar dormir.
Eu não conseguiria guardar isso por muito tempo,e amanhã mesmo iria
falar com meus pais.
****
Revirei na cama,e acordei cedo junto de Bem.Ele parecia contente,e fiquei
me sentindo mal por ele não poder contar a seus irmãos da minha gravidez.
Saiu do banheiro,e fingi que estava dormindo para não ter que falar com
ele.Sua respiração ficou próxima do meu rosto,e seu nariz foi no meu
cabelo como se cheirasse.
Suas mãos traçaram meu rosto,e um beijo foi plantado no canto dos meus
lábios.Saiu do quarto,e me senti enjoada pelo perfume forte.Não queria
vomitar então tentei voltar a dormir.
Só consegui ficar na cama até as oito,depois disso fiquei
revirando,pensando em formas de contar a meu pai.Não ia adiantar nada
não contar,então fui correndo tomar banho,sem vontade nenhuma de comer.

Um frio na barriga foi o suficiente para minhas mãos tremerem ao pegar o


telefone,e abrir no contato do meu pai.Eu sentia dentro do meu coração que
ele deveria ser o primeiro a saber.
Por um momento vacilei,pensando em ligar para minha mãe e fazer ela dar
a notícia,mas eu queria saber qual seria sua reação.

Eu queria ser a primeira a ouvir sua rejeição.


—Oi,minha filha.—Fiquei calada por um momento,e me sentei na cama.—
Como está?

—Eu preciso conversar algo com você.


—Já decidiu o dia que vai voltar?—Sua voz soou preocupada.Engoli seco,e
olhei meu pé enfaixado.
—Eu caí,e machuquei meu pé.—Foi a única coisa que consegui dizer.—
Não foi nada sério,já tô bem.
—Meu Deus,Júlia.—Sorriu.—Se fosse algo sério você teria me ligado
ontem,eu tenho certeza.O que tem para conversar comigo,minha princesa?
—Eu acho que você não vai gostar de saber.-Fechei os olhos.—Eu estou
grávida. —Até para mim era difícil pronunciar.

Ele riu
—Do que está rindo?
—Pare de brincadeira,quando vem?
—Não é brincadeira,pai.—Me estressei,começando a ficar nervosa.—Estou
grávida.—Minha voz falhou.—Me desculpa.—Solucei.

—Puta que pariu.—Meu pai gritou,e desligou na minha cara.Abracei meu


joelho,e chorei.É claro que teve a pior das reações,eu também tive.
O que ele ia fazer agora?Tentei ligar novamente,e caiu na caixa
postal.Tentei minha mãe,e nada.

Rosa veio me oferecer comida,perguntou o que eu tinha,e falei que só não


queria comer.Me forçou a comer pelo menos bolo,e tomar o único remédio
de dor que eu podia.
Hoje não tinha aula na faculdade,então fiquei o resto da manhã vegetando
na cama pensando mil coisas.Cochilei novamente,e só despertei ouvindo
uma barulhada no andar de baixo.Estava sonolenta,então tentei voltar a
dormir novamente.A porta foi aberta devagar,e a cama afundou
parcialmente.O corpo inteiro não deitou,então abri os olhos rapidamente
dando de cara com meu pai.

—Pai?—Arregalei os olhos,nem me movi.—Como...como...


—É verdade?—Só os cotovelos estavam apoiados na cama,e seus joelhos
no chão.

—Olha o meu estado.—Foi o que conseguir dizer.—Cadê a minha mãe?—


Seu soluço alto me fez arregar os olhos.Uma das poucas vezes que vi ele
chorar.
—Pai...—Me levantei da cama,mas ele chorava com as mãos no rosto.

Fiquei apenas olhando.


—Eu te falei tanto.—Disse no fio de voz—Esse homem fez de propósito
pra te prender a ele.Eu não queria isso para você.

—PAI.
O que ele falou me pegou de surpresa.

—O que pensa em fazer?


—Eu não sei,fui pega totalmente de surpresa.Eu tinha brigado com
Bem,porque ele ouviu parte da conversa com minha mãe.—Comecei a
contar como descobri.

—Então vai ficar?


—Não posso ir assim.Eu amo a nossa família,mas amo Bem.Eu não queria
escolher,mas tenho condições suficiente de ir ficar com vocês
sempre.Minhas primas elas...Elas também não moram junto dos titios e...

—Você não é suas primas.—Se levantou.


—E esse bebê não é só meu.
—Claro que não é,com um doente desses que você divide sua
vida.Complicado.
—Não fale assim dele.

—Eu não vou aceitar esse seu relacionamento,preciso digerir o que está
acontecendo.Preciso de tempo.—Prendi o choro,e apenas balancei a cabeça.
—Eu te entendo,sei que está chateado.Mas,você entende que não posso
separar um filho do pai.Algumas coisas vão mudar,mas vou ser sempre sua
filha,e está com a minha família.Eu te amo pai,mas você está virando as
costas para mim.

—Pense como quiser,mas esse homem que você mora e tem ao lado é que
estragou a nossa relação,porque quer você apenas pra ele.
Respirei fundo assim que ele saiu do quarto revoltado.
Desci e pensei que fosse encontrar minha mãe,mas Rosa falou que meu pai
veio sozinho e saiu sem falar com ninguém.Apenas concordei e voltei para
o quarto.

Alguns minutos depois Bem subiu,e eu sabia que havia deixado seus
compromissos de lado por mim.
—Como soube?

—Eu sempre sei de tudo,loirinha.


Sorri sem humor,e concordei.

Me agarrei a ele e senti seu cheiro


—Posso contar,ou ainda quer manter segredo?—Se referia a sua família.
—Pelo menos eles vão gostar da notícia.
—Depois ele volta,Maria Júlia.—Tocou meu rosto,e eu apenas concordei.

Bem Santiago.
Eu aproveitaria o momento na hora do almoço para contar a todos.

Nunca pensei em ser pai,mas estava gostando da ideia do filho ser meu e
dela.Maria Júlia não teria o que fazer estaria sempre ligada a mim.
Eu suspeitei desde dos seus seios fartos,a menstruação escura,mas achei que
fosse coisa da minha cabeça.

Eu já estava planejando meter um filho nela,só não pensei que fosse tão
rápido.Eu estava desesperado pela possibilidade do seu pai levá-la de mim e
tenho a impressão que iria acontecer.Eu precisava ganhar.
Cada um tem seus meios,e eu os meus.

Não voltaria para o escritório hoje,e levaria minha loirinha para passar a
noite na minha outra casa.
Só estava esperando Victoria e Gael voltarem de viagem para eu dar a
notícia e sair com ela.

Maria não queria descer,e eu não incomodei.Cheguei na sala de jantar por


último,dei uma olhada para meu pai recebendo seu olhar de remorso.Era
sempre o mesmo olhar durante todos os anos.
Mas eu não o perdoaria nunca.

Talvez nem minha mãe eu perdoasse,por tudo o que ela me fez passar
sabendo como velho era.E eu a defendi,sabendo de segredos que ele não
sonha em saber até hoje.
Ignorei os pensamentos e me deparei com Rosa encarando meu pai por
tempo demais,depois se virou para mim um pouco aflita.

Maria Julia comentou comigo que ficou com um pouco de medo dela há
alguns dias atrás pela olhada que deu a Estevão,e agora eu peguei a mesma
cena.
Quando me pegou no flagra,disfarçou.

Eu sabia que no fundo tinha raiva dele,sou o mais velho e sei que ele
maltratou muito ela.
—Está bem?—Me sondou,achando que eu iria ficar com raiva dela.

—Sabe que sim.


Ela presenciou Diego vindo para cima de mim me bater,se os peões não
separassem,quem não iria perdoar seria minha loirinha.

—Soube que rolou confusão hoje por aqui.—Enzo mexeu as sobrancelhas.


—Eu tenho uma novidade.

—Qual?—Vick sorriu,alisando sua barriga.


—Eu vou ser pai.

Max cuspiu a comida,e Enzo colocou a mão na boca.


—Você tá de brincadeira?.—Enzo falou ainda sem acreditar,seus olhos
arregalados.

—Parabéns,irmão—Gael se levantou sorridente vindo comemorar.Rosa


também veio me abraçar.
—Não acredito que a Gi vai ter um priminho.—Vick falou feliz.—Ou
priminha.

—Essa casa vai ser muito abençoada,vou ter mais um netinho ou netinha.—
Rosa juntou as mãos,emocionada.Olhou para meu pai,que nos olhava de
uma maneira diferente.
—Parabéns,filho.
Apenas acenei com a cabeça.
Eles comemoraram,eu também havia ficado feliz como nunca estive todos
esses anos.

Rosa fez com que Maria comesse,e não fez muitos questionamentos,apenas
lhe parabenizou.Sorriu,toda para baixo,e com os olhos avermelhados.

Maria Júlia.
Na casa de Bem no centro de Santa Clara tinha tudo,ele que nunca vinha.
Decidi cozinhar pra ele,mas eu era péssima na cozinha sabia fazer o básico.

Quando me chamou para passar a noite aqui,eu aceitei porque queria fugir
da realidade.Tentei me colocar para cima,vesti uma das roupas que eu
gostava,e me arrumei um pouco.
Ele estava sentado na mesa de vidro da cozinha,enquanto eu mexia as
panelas tentando fazer algo decente.

—Vem aqui.—Bem me puxou para o meio de suas pernas.—No que está


pensando?
—Eu não sei quase nada sobre bebês.
—Você tem Rosa,e sua mãe que entende.—Sorri um pouco.—E eu.Troquei
Fraldas de Gael.

—É sério?
—Sim.—Falou.Sorri.—Tem outra coisa que queria conversar com você—
Descansei minha mão no seu ombro.

—O quê?
—Quer casar comigo?—Sua expressão era indecifrável.
Sua cara não demonstrava muita emoção,apenas seu olhar apreensivo.
—O quê?—Repeti a pergunta com os olhos pulando de órbita. —Você está
falando sério?Não acha cedo?

—Você é o meu único amor.


Olhei seu rosto,sua barba feita,suas expressões.Seu cabelo apontando
alguns cabelos grisalhos nos cantos.

—Eu não quero me casar com você apenas porque vai ter filho meu.Para
mim,você é única.
—Eu quero me casar com você.—Abracei seu pescoço,e colei minha boca
na dele.Me sentou em seu colo,de lado,e deixou que sua boca fosse
explorada pela minha língua.Me apertou em seu colo,enquanto suas mãos
entravam dentro do meu cabelo.
—Eu te amo.
Ele falou,sério.
As lágrimas rolaram dos meus olhos.
—Eu te amo.—Repetiu,e aproximou o rosto do meu.O abracei com tudo de
mim,com força,dando um beijo no seu pescoço igual como fazia comigo.

—Eu amo você.—Falei de volta,com muita emoção por ouvir aquilo,Era


tudo que eu mais queria.Voltou a me beijar,engolindo minha boca.Me
ajeitou melhor em seu colo com uma perna de cada lado do seu quadril.
—Minha loirinha.—Falou com a boca colada na minha.
—Sempre sua loirinha.
Capítulo 28
Maria Júlia.
Esses dias que se passaram foram desafiadores e de descobertas.Eu passei a
morar junto de Bem,e ele fez uma reforma no quarto para caber todas as
minhas roupas que vieram do Rio.

Minha mãe mandou junto das minhas roupas uma roupinha minúscula de
bebê como presente,e minha ficha caiu que eu estava mesmo gerando uma
criança.
Hoje Vick estava recebeu instruções de amamentação,e eu fiquei super
assustada vendo as fotos das rachaduras nos seios,e alguns com o bico
inflamado.Tinha que ter a pegada correta,e um mundo de coisas que eu não
fazia ideia.
Comecei a entender também porque meus seios estava tão dolorido,e saindo
um líquido estranho.Estavam inchados,e muito pesados.
Só passava o incômodo quando Bem chegava à noite e colocava a boca.
Pensando nisso comecei a baixar livros de leitura sobre amamentação,e
sobre como cuidar de um bebê.Eu tinha pavor de hospital,por algum
motivo,e de cirurgia,então comecei pesquisar sobre partos domiciliares
também.
Bem também não queria que eu ficasse com o trabalho de antes do
frigorífico porque dizia que era trabalho pesado.Depois de muita luta,acabei
concordando.

Tinha também iniciado as aulas na auto escola.Não tem nenhuma lei que
proíba as grávidas que se sintam confortável até os cinco meses de
gestação.
Decidi passar uns dias no Rio de Janeiro também,estranhando o lugar que
eu morei minha vida inteira.Só era estranho ficar longe de Bem,e mesmo
que ele me ligasse todo dia dizendo que era só falar que ele iria me
buscar,eu sentia que precisava passar um tempo sem ele porque era
dependente demais desse homem.E ele de mim.

—Quando meu sobrinho nascer eu vou te ajudar.—Andrezinho disse.


—Pensei que você quisesse ir morar comigo.—Meu irmão mais velho
comentou.
—Estou amadurecendo a idéia.
Eu sorri.

—Mais um filho saindo de casa,a mamãe vai surtar.


—E o nosso pai mais ainda.—Meu irmão mais novo falou rindo.—Ele anda
todo para baixo.

—E não está falando comigo.


Até tentei me aproximar,mas não me deu a abertura,me ignorou todo o
tempo que passei tentando falar com ele.Quando cansei de ficar atrás
dele,decidi ir embora antes do tempo com a decisão que só voltaria aqui
quando voltasse a falar comigo.
A volta até Santa Clara foi rápida,mas o aperto no meu coração não passou.
Fui visitar Bem no mesmo dia que cheguei,mas antes passei em uma banca
de revistas.A sensação que eu tinha enquanto lia um pouco de cada para me
decidir qual levar era de que era observada.

Olhei para trás,e não vi nada,nem ninguém .


Depois de comprar a revista que eu queria,fui para o escritório animada em
fazer a surpresa.No elevador imaginei qual seria a reação de Bem.As portas
abriram,e ele estava parado na recepção com seu jeito
alto,imponente,bonito.Conversava algo com o delegado da cidade,enquanto
entregando alguns papéis para Lourdes.

Olhou na minha direção,e eu sorri para ele.Praticamente corri até ele.Está a


surpreso pois falei que só chegaria daqui dois dias.
Beijou minha têmpora,com as mãos na minha cintura enquanto as minha
envolviam seu pescoço.

Cumprimentei o delegado um tanto tímida,ele tinha o rosto bravo.


—Maju,fiquei sabendo que está grávida.—Balancei a cabeça e sorri.—
Parabéns.

—Estou indo para o terceiro mês.Obrigada.


Fui levada para sala dele,fechou a porta e me prensou na parede engolindo
minha boca.Levei minha mão na sua nuca,e o beijei na mesma
intensidade,morrendo de saudade.
—Senti tanto sua falta.—Falou descendo os beijos por meu pescoço.
—Eu não aguentava mais ficar longe de você.—Antes de abrir um sorriso
para ele,avançou novamente na minha boca,me apertando em seus braços.

—Tem certeza que foi só saudades minha?—Desconfiado como era,sabia


que ia perceber.Coloquei meu rosto em seu peito.
—Na verdade,não está fazendo sentido eu ficar indo esses primeiros
meses,e ser desprezada como fui.

Ele ficou tenso,parecia com raiva.


—Ele te desprezou?

—Bem...—Mudei de assunto,chateada.—Deixa isso pra lá,por favor.


—Podem fazer o que quiser comigo,Maria Júlia,mas com você,não.

—Eu sei,mas...
—Quer adiar o casamento?—Perguntou.
—Não,Bem.Eu já comprei até o vestido,se ele não quiser vir não tem
problema.
Eu pedi para não me casar agora no religioso,pois queria preparar tudo
direito e ser como sonhei.
Quando contei a novidade a minha família,meu pai disse que era um
absurdo casar no cartório,e desde então não falou comigo.

Depois de ficar com ele em sua sala,voltamos para sua casa horas mais
tarde,apenas na hora do jantar.Ele subiu primeiro para o quarto,e eu subi
dois minutos depois com seu café.
Abri a porta e parei ao ver a cena.

Ele estava com uma roupinha de bebê nas mãos,parado com os braços
esticados.Assim que me viu deixou a peça na poltrona,e veio até mim
tomando a xícara das minhas mãos.
—Gostou dessa roupinha?

—Espero que caiba.—Falou de um jeito engraçado,e eu dei risada.Ele


sorriu pra mim,o que era raro pois dificilmente Bem sorria daquele jeito.
Se sentou na poltrona perto da janela,e tomou seu café tranquilamente.

—Depois vem tomar banho comigo?


Perguntei já tirando minha roupa,e ele não pensou duas vezes em vir atrás
de mim.

*****
Hoje era o dia do meu casamento no civil,e eu estava muito
emotiva,chorando por tudo.Essas últimas semanas foram dias
felizes,tranquilos.

Eu e Bem estávamos tão grudados e agarrados.


Eu só tinha me afastado um pouco de Rosa,ela estava feliz demais e não
tinha necessidade.Não falei a Bem porque fiquei com medo dele achar que
era implicância minha.
Bem era o motivo da minha felicidade,eu o amo demais.Era bom acordar
todos os dias juntos,e por mais que eu volte a dormir depois gosto de
observar o quanto é metódico.
Gosto de quando chega de surpresa no horário do almoço.Ou ver sua reação
quando chego com seu café extra forte que eu aprendi a fazer.

Meu coração batia dolorosamente ao vê-lo chegando,ou indo me buscar na


auto escola.
Estava me olhando no espelho,vendo a maquiagem que eu mesma fiz,e o
vestido mídi no tom rosa,justo ao corpo.

Olhei minha barriga de lado,ainda sem indícios que eu estava grávida.


Calçava um scarpin da Dior,no tom branco.Meus cabelos estavam presos
em um coque alto,com as mexas da frente soltas.

Assim que desci,encontrei com Bem pela primeira vez sem terno
preto.Estava em um de quatro botões na cor cinza escuro,e por dentro uma
camiseta branca.
Dei as mãos a ele,e fomos para o cartório.Da minha família vieram apenas
meus dois irmãos,e minha mãe.O que me deixou profundamente triste.

Bem Santiago.
Vê-la descendo as escadas com o vestido rosa decotado,com os olhos
banhados de lágrimas fizeram meus olhos arderem também.Segurei sua
mão pequena,e delicada saindo com ela de casa.

Maria Júlia era a razão da minha vida,e todo o sentindo dela de agora em
diante.Eu estava feliz por me casar com a única mulher que tem tudo de
mim.Ela era a minha loucura,minha loirinha.
Minha irmã era a mais emocionada,igual a Maju talvez pelos hormônios da
gravidez.Enzo estava com um sorrisão de orelha a orelha.A família de
Maria também estava feliz.O único que veio de surpresa,e apesar de dar um
sorriso para filha,era possível ver a sua dor.O saguão do lado de fora da sala
do cartório estava tocando uma música escolhida por Maria.

Depois de cumprimentar todos da sua família,parei perto de Max,ouvindo


Diego questioná-la se era mesmo isso que ela queria.
—É isso mesmo que quer?Tem certeza disso?—O pai dela
perguntou,apreensivo,com um certo desespero na voz.

—Sim,pai.Eu nunca tive tanta certeza,estou muito feliz.Será que não


entende isso?
—Eu entendo.—Falou por fim.De lado olhei ela segurar sua mão.

—Não vou deixar te amar nunca.


Deixou a mão dele,e seu olhar recaiu em mim.Sua mãe a puxou e ela foi a
contragosto,e pareceu o momento perfeito para o pai se aproximar.

—Estava ouvindo a conversa?—Ajeitou o terno,de cara feia.


—Sim.—Ficou surpreso pela minha sinceridade.

—Eu não vou aceitar esse casamento,ainda acho uma loucura.—Coloquei a


mão dentro do bolso da calça.
—Eu amo sua filha mais do que tudo,Diego.

—Não vou com sua cara,e você sabe o porquê.


—Sua opinião não importa muito.

—Você é muito sínico,está colocando minha filha contra mim.


—Você que está dizendo.

—Manipulador.—Parecia furioso.
—Também não vou com a sua cara,e não faço questão de esconder.
Ele cerrou os olhos para mim.
—Não deveria ter vindo,mas fiz porque amo minha filha.

—E eu só estou tendo essa conversa por você pelo mesmo motivo.—


Balancei a cabeça em um aceno e saí de perto dele.
Fiquei ao lado do meu pai,que me olhava sem dizer nada pois vivia com seu
remorso.Seu rosto não escondia a sua felicidade em ver o seu filho mais
velho casando.

Ele ainda não esboçava nada sobre o neto,e eu nem queria.Diego já era o
contrário,pois já observei duas vezes de olho na barriga dela.
Estavam todos reunidos minha família de um lado das cadeiras,e a dela em
outro.Ela olhou para trás,e a mãe dela tinha os olhos cheios de lágrima.

Maria me olhou enquanto o juiz de paz falava.Ela tinha os olhos brilhante,é


eu lutei para os meus não arderam também.
Assinei o papel rapidamente,e ela fez o mesmo cuidando para a letra não
ficar borrada.Agora tinha seu nome acrescentando a Santiago.Tudo que era
meu,passava a ser dela.Trocamos a aliança fina de ouro,que adornava seu
dedo fino.Ela passou a aliança pelo meu,e deu um beijinho.Limpei suas
lágrimas,e alisei seu rosto.
Chamei um advogado,e se chegasse a acontecer algo comigo,toda a minha
parte da herança,e meus investimentos passariam a ser dela e do meu
filho,ou filha.Apenas a empresa seria dividia aos meus irmãos,que teriam
suas partes como donos.
Alisei sua barriga rapidamente por cima do vestido,e beijei sua boca.Agora
Maria Júlia era a minha mulher no papel,e aquilo mudava tudo.

Capítulo 29
Maria Júlia.
Agora eu me chamava Maria Júlia Zorn Bragança Santiago.
Fiquei muito emocionada em me casar com o homem da minha vida.Bem
era o meu amor,e eu estava em êxtase,e feliz por ter me permitido
ficar.Porque se eu fosse,não seria mais a mesma.
Já tinham se passado dois dias depois do casamento,e eu ainda pensava em
como foi lindo,e minimamente triste por ver meu pai tentando esconder o
quanto não apoiava a minha felicidade.
Eram três da madrugada,e eu acordei espantada depois de ter um pesadelo .

Fui para a varanda,olhando as terras e o escuro da noite.As estrelas


brilhavam no céu,e fiquei algum tempo olhando elas.
As mãos conhecidas por mim envolveram minha cintura,e suspirei jogando
a cabeça para trás.Me virei rapidamente,e os olhos escuros me fitaram.

—Senti sua falta na cama.—Lhe ofereci um pequeno sorriso.


—Eu tive um sonho ruim,acordei e perdi o sono.
Seus olhos caíram para os meus seios.Depois da gravidez eles cresceram e
sua tara por eles aumentaram.
—Estou doido para mamar em cada um.—Desceu as alças da minha
camisola,expondo meus seios duros.

O vento forte arrepiou minha nuca.


Fiquei nas pontas dos pés,e lambi sua boca,mordendo seu lábio
inferior.Fechou os olhos por um momento,e me encostou no
parapeito.Colocou suas mãos apoiadas,e se inclinou chupando meus
seios.Minha primeira reação foi gritar pela dor,e depois gemer no mesmo
instante com a sensação sendo enviada diretamente para a minha boceta.

Bem Santiago.
—Que gostoso...—Foi puxando,e tentando descer a minha calça de
dormir.Sua mão me segurou,e
masturbou.
Rosnei,e voltei a mamar mais forte seus seios,doido para quando começasse
a sair leite.Eu ia passar a chupar seus peitos todos os dias.Sovei a outra
carne com a mão.
Seus olhos azuis me analisaram,até chegar no meu pau.

—Estou com desejo de enfiar seu pau na minha boca.


—Porra.—Grunhi.—Vem mamar no teu macho,Maria.
—No meu marido.—Falou de volta.
Suas palavras pesaram para mim e para ela.
Se ajoelhou,terminando de tirar minha calça lambendo meu pau
inteiro.Fechou os olhos por um momento,apreciando.Depois seus olhos
abriram,e ela sorriu sem vergonha.Abriu a boca,e foi me enfiando devagar
todo dentro da boquinha pequena,que soltava o hálito quente em
volta.Precisei me segurar no parapeito,e gemer rouco com minhas mãos em
seus cabelos,minha perdição.

Sua cabeça foi para frente e para trás,enquanto suas bochechas concavas me
engoliam inteiro.
Amarrei seus cabelos em um rabo de cavalo,e fodi sua boca
devagar,deixando que babasse.Suas bochechas estavam vermelhas,e seus
olhos molhados de lágrimas.Tirei meu pau inteiro da sua boca,e enfiei tudo
de vez fazendo com que engasgasse.

Segurou minhas coxas,e deixei que continuasse do seu jeito.Olhei sua


bunda ainda vestida,toda empinada enquanto tomava tudo.
Derramei minha porra dentro da boquinha que engoliu tudo.
—Vai me levar na boceta.—A puxei pelos cabelos,e a trouxe para cima.—
Eu só vou parar de te comer de manhã.
—Amanhã você levanta cedo.—Me provocou.
Com apenas uma mão fui descendo a alça de sua roupa,até cair
completamente e ela ficar nua.Como eu gostava.Alguns pelos loiros
começavam a aparecer novamente na boceta,que ela deixou crescer apenas
para me testar.
—Eu não me importo de ficar metendo em você até de manhã.—Me deu
um sorriso safado,olhando meu corpo nú,indo se juntar ao dela.Eu ia meter
até o talo.

Eu precisava todo dia dela.


A encostei na parede,e envolvi suas pernas uma de cada lado do meu
quadril.Passei os dedos na boceta,tocando os pelos,enfiando dois dedos
dentro dela.Estava encharcada,gemendo antes mesmo de eu penetrar.
—Preciso do meu macho dentro de mim,vem logo me comer.—Falou
passando a língua do meu ouvido.
—Você é a porra da minha vida.—Entrei devagar,aprecisando estar dentro
dela.
—Eu preciso de você igual o ar para respirar.—Não me aguentei,e no final
entrei com tudo.Ver nós dois unidos,enquanto eu a comia era sempre
demais para mim.A apertei como se minha vida dependesse disso,e de
algum modo dependia,e bati com tudo dentro dela.Me perdi,apreciando
seus gemidos em meio ao silêncio.
Porra,seus gemidos estavam altos.

Beijei sua boca,numa tentativa nula de conter seus gemidos,porém,gemeu


na minha boca,enquanto sua boceta apertava meu pau.Que gostoso era
sentir suas paredes vaginais sendo rasgada pela minha carne dura.Terminei
o beijo,enquanto arranhava minhas costas e mordia meu ombro.Olhei
minhas terras,e cheirei seu cabelo gozando tudo dentro dela.
Sua respiração estava desregulada,tombando a cabeça no meu ombro.Fiquei
algum tempo parado com ela,ainda pulsado.Parecia com a mesma fome que
a minha,pois suas mãos voltaram a descer pelo meu abdômem.A tirei da
varanda,e voltamos para o nosso quarto.

A deitei na cama,e abri suas pernas.Estava melada do meu esperma,e


continuaria porque ainda não parecia suficiente todo o esforço.Jogou os
braços para trás e mordeu os lábios,na posição ao contrário da
cama.Levantei seus quadris,e meti novamente na bocetinha
apertada,vermelha e inchada.Gemeu,apertando os seios.
—Chupa,Bem.—Tirou as mãos,e mordi inteiro.Fechei minha boca
inteira,engolindo.—Amo ver você mamando desse jeito em mim.
—Você me deixa louco,eu amo comer você inteira,porra.—Mordi sua
nuca,enquanto segurava sua perna.Suas mãos apertavam meu cabelo
baixo,pendurada em mim.
Me levantei,enquanto a comia de pé.Maria gritou,descendo e subindo com
minha ajuda.Me sentei na poltrona de uma vez,deixando ela cavalgar,me
arranhando com suas unhas.
Chupei o vão dos seus seios,vendo suas costas arreganhadas descendo e
subindo.

Maria Júlia.
No outro dia para eu acordar foi uma luta,até perdi a hora da auto escola e
tive que remarcar para um horário mais tarde.Bem acordou uma hora mais
tarde do que sempre acorda,e nem por isso se atrasou.

Seu pescoço estava com algumas marcas vermelhas ,e isso nem o abalou.Eu
também fiquei,e esconderia a todo custo.
Nas semanas seguintes,com os dias passando,pude ver como amadureci.
Eu me preocupava em saber se daria conta de um bebê,se o amaria como as
mães falam que amam os seus filhos.Eu queria ser uma mãe cuidadosa e
amorosa para ele,e estava com medo de errar.
Se a Maju de cinco meses atrás olhasse a de agora ficaria
assustada,principalmente ao olhar a mão de Bem deslumbrada com o anel
em seu dedo.
A barriga de Vick crescia cada vez mais,ela já estava no chegando no final
da gestação.A irmã de Bem prestes a prestes a completar nove meses,e eu
com cinco meses de gestação.
Bem todo dia trazia algum presente,me mimava muito,fazia todos os meus
gostos e vontades.
Já dava para saber o sexo,mas eu não quis fazer nenhum exame,esperaria o
bebê se mostrar para mim.
Estava quase concluindo minha autoescola,e estava feliz que poderia
comprar meu carro.Eu estava indo muito bem nas aulas práticas.
Alisei minha barriga,apertando um pouco na esperança de sentir algum
chute enquanto Bem não estava em casa.Era só a mão quente,é grande de
Bem entrar em contato com a pele esticada,que o bebê mexia um pouco.

Desci as escadas,e encontrei com Estevão no meio do caminho.Ele parecia


paralisado olhando a minha barriga para fora da camiseta cinza.Segurei o
corrimão,e fitei seu rosto sério.Alguma emoção passou pelos seus
olhos,lembrei da mãe de Bem,e do que Rosa me contou.
—Está grande.—Foi o que conseguiu dizer.Apesar de tudo que fez,eu tinha
pena dele,pois estava preso e debilitado enquanto seus filhos
viviam.Ninguém era muito delicado,ou amoroso com ele além de Rosa.

—Está sim,completei cinco meses.


—Já sabe o que é?
Percebi uma piora do seu quadro,e sua mão agora tremia sem parar.
—Ainda não,quando eu souber,te falo.—Dei um sorriso sem mostrar os
dentes.

Ouvi uma confusão vinda da sala de jantar,e um gemido alto.Estevão


começou a ficar nervoso,e resmungar,eu me aproximei rapidamente.Vick
estava gritando de dor,com a mão na costela enquanto Rosa alisava suas
costas.
—O que está acontecendo?—Falei de olhos arregalados.Não era uma cena
muito bonita,ainda mais com o rosto de Vick contorcido em dor,e gemidos
altos.Seus cabelos cacheados estavam em um coque alto,e uma gota de suor
brotava na sua testa.

Rosa pareceu ver meu desespero,e tentou me acalmar.


—Fique calma,minha filha.Entrar em trabalho de parto é assim mesmo.
—Vou ligar para Gael,estamos indo para o hospital.—Rosa correu pegando
o celular.
Parou de chorar,e respirou fundo.Um líquido saiu de suas pernas,e gelei.
—Estou entrando em trabalho de parto antes da hora.—Me olhou.

—Então vamos para o hospital.


—E quem vai dirgir?Vick não tem condições.—Rosa nos olhou.

—Eu.—Falei.—Estou terminando as aulas,e só falto pegar a carteira.—


Disse já pegando a chave do carro.
Vick sorriu de ver meu rosto em certo desespero,balançou a cabeça.
—Não acredito que vou confiar em uma mulher que ainda não tem carteira.
—Foi a minha vez de sorrir.
Estevão resmungou alto,dizendo que queria ir junto.Seria uma luta tirá-lo
da cadeira de rodas e colocá-lo no carro.Não tinha os movimentos da
perna,e nenhum dos homens da casa poderiam ajudar.Sther e a
cozinheira,Vera vieram ajudar super nervosas.
Por milésimos de segundos a senhora olhou para minha barriga,e depois
para mim.Uma sensação estranha me envolveu,e eu foquei em seu
rosto.Seus olhos eram claros,traços conhecidos me lembravam alguém.
—Faça o toque,Alane,por favor.—Vick falou a enfermeira.—E
Rosinha,peça a dois homens para carregar meu pai.—Se sentou,gemendo de
novo.
Seu grito histérico me tiraram de órbita,minha mão foi segurada por outra
que tremia o tempo inteiro,e o choque me tomou por ver Estevão segurando
minha mão.Seu rosto estava torcido de tantos sentimentos,que virei o rosto
rapidamente para frente sem tirar minha mão da dele.
Em minutos a bolsa de maternidade da bebê estava com Rosa,e dois
homens colocavam Estevão no carro,e Alane foi junto atrás.Vick veio na
frente,segurando no apoio de mão com as pernas abertas.Esqueci até como
se ligava o carro.Assim que consegui,soltei um grito também e pisei no
acelerador.
O caminho até o hospital foi tranquilo,se não fosse pelo tampão saindo do
meio das pernas dela.Me tremia igual Estevão por saber que eu passaria por
tudo aquilo.
Definitivamente,não sei se estou pronta para ser mãe.
Estacionei o carro,e descemos.Gael estava no hospital,correu até o carro
pálido e pegou Vick no colo.
Chamei dois enfermeiros para ajudar Estevão a entrar.Ele teimou para vir,e
no momento do desespero,trouxemos.O caminho até o hospital foi marcado
por todos os olhares sendo para ele.
Vick foi para o quarto,pois ainda não tinha dilatado o suficiente,e Giovana
nasceria antes da hora.
Mordi os lábios,pensando na dor horrorosa,e em como seria quando fosse
minha vez.Fiquei muito perdida,e fui surpreendida por Estêvão tentando me
acalmar.
Bem,Max e Enzo chegaram juntos.Bem tinha o rosto preocupado,me
procurando com o olhar.Correu até mim,e sua cara se fechou por ver o pai
de mãos dadas comigo.Chegou ao meu lado,e segurou meu rosto.
—Você está bem?—Me tirou de perto do pai,e sua mão descolou da
minha.Checou meu corpo,parando na minha barriga um pouco para fora
pela camiseta.
—Estou assustada,nunca vi uma mulher entrando em trabalho de parto.—
Me deu um beijo na boca,e eu relaxei.

—Quem trouxe vocês?Que short é esse?Curto demais.—Estava mais sério


que o normal.
—Eu.—Seus olhos arregalaram,e sondei suas reações.—Bem,foi no
desespero,e seu pai quis vir também...
—Não era para ele vir,está se esforçando muito.Maria não pode dirigir
assim,e muito menos nesse estado,poderia acontecer alguma coisa com
vocês.
—Não tinha o que fazer.
Me abraçou apertando,alisando meu cabelo.
—Não precisa ficar chateado porque seu pai saiu.
—Não gosto que ele saia de casa.—Continuei abraçada com ele,olhando o
movimento.

Enzo ficou ao lado do pai,que me olhava.


Percebia que Estevão olhava Enzo diferente,e ele era o filho que o pai
menos demonstrava interesse de ficar perto.
Deixei o pensamento de lado.
Dei um sorriso a ele,enquanto me observava abraçada a Bem,que tinha sua
mão descansando em minha barriga.—Eu não gostei dele segurando sua
mão..
—Acho que segurou minha mão pois fiquei muito assustada.
Bem me lançou um olhar indecifrável.

—Se acontecer algo a vocês dois eu enloqueço.—Segurei sua mão por cima
da minha,e depositei outro beijo na sua boca rapidamente.
Giovana nasceu horas depois,e saudável,mesmo sendo apressada.Ainda
estava um pouco inchada,mas já dava para ver que era a cara do pai.
Minha afilhada chorava tanto que sua boquinha tremia.Precisou ficar na
incubadora essa noite,apenas em observação.Max e Enzo ficaram babando
quando Gael a trouxe rapidamente.Bem se aproximou depois,com um
sorriso no rosto.
Acabei ficando muito cansada,e Bem me trouxe para casa.No caminho
alisou minha barriga,brincando com o umbigo.
—Daqui a pouco será ele ou ela.—Me olhou.—Hoje de manhã não quis
mexer para mim.
—Deve estar dormindo.—Sorri.
Tinha um carro parado na porta,e estranhei por não ser conhecido.Entramos
em casa,e me surpreendi por ver meu pai na sala.Tinha seus braços
cruzados,e fitou minha barriga.Passamos quase quatro meses
separados,levando em consideração que a última vez que o vi foi no meu
casamento.Bem ainda tinha a mão na minha barriga.
—Pai.—Não tirou os olhos no mesmo instante,só depois me olhou.
—Vim conversar e ver você.—Me soltei de Bem,e olhei meu pai.Bem
beijou meu rosto,e saiu da sala sem falar com ele.

Eles não se gostavam,e eu não queria que meu pai achasse que eu estava
contra ele.Eu não sou capaz de abrir mão de nenhum dos dois.
—Pode ser aqui na sala,estão todos no hospital.A sobrinha de Bem nasceu,é
linda.—Não me aproximei dele como sempre fiz.
—Eu sinto sua falta,minha filha.
—Parei de ir ao Rio porque você estava diferente comigo.Doeu muito sua
indiferença,pai.Eu também sinto muito sua falta,só aprendi que a minha
tristeza podia influenciar no bebê.
—Sua mãe disse que ainda não sabe o que é.
—É,ainda não consigo ver no ultrassom.—Fiz uma careta.—Por que veio?
—Foi a vez dele se aproximar.Seus olhos encheram-se de lágrima.
—Me desculpe,minha filha.Você sempre foi minha princesa,só fiquei
desesperado porque foi tudo rápido,e mesmo que ainda ache cedo não posso
mandar na sua vida,e nas suas escolhas.—Deixou as lágrimas desceram,e eu
fiz o mesmo.Soltei um soluço,e abracei meu pai.—Eu quero acompanhar
sua gravidez,ficou tão linda grávida.—Funguei,e fechei os olhos.Apertei
mais contra meus braços,com medo que fugisse.
—Não é porque decidi sair de casa,que não te amo ou algo assim.Você é um
dos amores da minha vida.Estava doendo muito seguir minha gravidez com
todos me mimando menos você.—Ele limpou minhas lágrimas.
—Eu que te amo.—Beijou minha testa.—Volte a ir de quinze em quinze
como fazia.
Eu sabia que Bem ficaria contrariado,ele não gostava muito dessas minhas
idas constantes.Mas eu faria isso por meu pai.Eu e ele sempre fomos
unidos,e eu entendia seu lado.Sempre foi o único na minha vida,e do nada
chegou mais dois para ele me dividir.Bem,e essa criança que estava vindo.
—Me desculpa também.—Falei.
—Eu trouxe presentes para o meu netinho.—Limpei as lágrimas e sorri.—
Ou neta.
—Cadê?—Me levou até a sala de estar.
Minha mãe conversava algo com Bem,discretamente.Ele a olhava sério,a
encarando como se fosse atacá-la e não era de um modo bom.Parecia bravo.
Ignorei,e fui ver os presentes.

Agora com meu pai,eu me sentia tranquila,mas algo ainda me perturbava e


tirava minha paz.

Capítulo 30
Maria Júlia.

A gravidez não é um mar de rosas,e


eu estou sofrendo com isso.Não por
gerar uma vida,mas por tudo que
estou passando.
Bem vinha me mimando cada vez
mais,extremamente cuidadoso.Por
mais que não seja um homem de
admitir nada além do seu amor por
mim,sua apreciação era algo que eu
não sabia explicar.

Nas últimas semanas descobrimos


que era um menino,apenas quando
completei sete meses de gestação,e
confesso que não gostei da sensação
de esperar porque fiquei muito
ansiosa.Eu nunca me imaginei
mãe,ainda mais de um menino.
Eu sentia dores constantes na costela,estou ofegante e muito pesada.Minha

barriga está muito grande para minha estatura.Eu sou uma pessoa pequena,e

o bebê parecia pesado demais.

Por esse motivo,Bem vem pegado mais leve comigo no sexo.

Estou proibida de dirigir,ou de fazer


caminhadas muito longas por ficar
extremamente ofegante.Minhas
roupas também estão apertadas em
mim.

Giovana tinha completado dois meses


esses dias,e teve uma pequena
comemoração aqui em casa com
direito a bebê vestida de vaquinha.
Acabei descobrindo com a minha
afilhada que não tenho jeito para
carregar bebês,e nem trocar
fraldas.Com o tempo fui aprendendo.

Gi mamava bastante,mas era


pequena.Se parecia mesmo com
Gael,que estava nas nuvens com a
filha.Aliás,todos da casa estão.

Bem carregava ela sempre que dava,a


levava para a varanda e ainda
conversava.Eu suspirava nesses
momentos e me questionava se não
seria melhor termos uma menina
também,mas logo o pensamento
passava.
Era muito lindo ver a bebezinha
minúscula no colo dele.

Meu bebê ainda não tinha um nome,e


eu pensava em colocar o mesmo
nome do pai:Bem Santiago
filho.Sempre achei brega colocar o
nome do pai em filho,e estou pagando
minha língua.

Estava na varanda apreciando a


vista,hoje o dia estava nublado,e um
pouco frio.Era um desses dias que eu
sentia dor nas costas,e precisava
respirar fundo.
Bem chegou mais cedo para ficar
comigo,e olhar a decoração do quarto
do meu bebê.Não tinha tema,apenas
organizamos algo confortável para ele
e para mim.No começo ia dormir com
a gente,teria um berço no nosso
quarto,e uma cômoda para ele
também.

—No que está pensando?—Bem se


aproximou,e tocou meu umbigo.Uma
de suas manias era mexer nessa parte
do meu corpo.

—No nome dele.—Toquei minha


barriga de fora —Eu já escolhi,na
verdade.
—E qual é?—Seu rosto se tornou
divertido.Sorri também.

—Podemos homenagear você.—


Franzi o cenho.—Quero que ele tenha
o seu nome.—Seu rosto foi tomado
de surpresa,e ele negou com a cabeça.

—Esse nome,não.

—Mas,Bem...Eu gosto desse nome,é


diferente e vai ser único como você é
para mim.

—Quero que eu seja o único Bem da


sua vida.—Passou o nariz no meio.—
Apenas eu.
—Eu queria ter dois,você e ele.—
Alisei seu braço,gemendo pela
massagem que fazia em meu pescoço.
—Não consigo pensar em mais
nenhum,tenho certeza que ele será a
sua cara,e não terá nada meu.

—Ele será parecido com você.Eu


quero que venha como você.—Me
abraçou,sendo impedido pela barriga
no meio.—Não consigo mais te
abraçar como eu gosto.—Desceu as
mãos,passando pelas minhas costas.

—Podemos ressignificar seu


nome,então.—Suspirou,olhando nos
meus olhos.Resfolguei pelo seu toque
gostoso descendo pela minha bunda.
—Você não vai mudar de ideia?—
Passou o dedo na minha boca.

—Eu quero que o nosso filho tenha o


seu nome.

Eu já o conhecia para saber que seu


nome foi para ser uma pessoa
diferente do seu pai,e eu queria
mudar isso.
Bem Santiago.

Minha mulher sempre foi apenas


minha,e com a chegada do moleque
eu teria que dividi-la.
Ela vivia sorrindo quando eu olhava
as roupas pequenas de urso
acolchoadas,e as toucas.Todo dia eu
olhava sua barriga grande,e tentava
me esforçar para falar com ele.

Me lembrava da minha infância,e


pensava se seria um bom pai quando
me pegava pensando que não seria
mais o único da vida de Maria Júlia.

Às vezes ficava preocupado que


venha parecido comigo,não queria me
enxergar em alguém pequeno e
inocente,diferente do que eu fui.
Quero ver o brilho que eu nunca
tive.Me bate uma angústia pensar em
ver meu menino de cara feia em todas
as fotos como eram as minhas.

Sempre fui revoltado,ciumento até


com minha mãe quando descobri que
ela tinha um amante e poderia me
deixar ali.

Entrei no quarto,vendo Maria arrumando o berço

,a decoração de ovelhinha e nuvens tomou conta de uma parede inteira do

nosso quarto.Primeiro disse que não faria decoração nenhuma,depois

mudou dizendo que se arrependeria.Já é tão apegada aquela criança antes

mesmo dele nascer.


Amo-a tanto,que me irritava quando
o pai queria que ela viajasse,como se
eu não estivesse ali e a mulher e filho
não fossem meus.

Se eu pudesse eliminaria aquele


desgraçado,que só engulo porque
gerou o meu bem mais precioso,a
razão da minha existência.

Só de pensar ficar longe dela,me


irritava.Eu passava horas olhando o
cabelo loiro desde da raiz,as
sobrancelhas do mesmo tom e a boca
rosada.Admiro cada detalhe da minha
motivação de viver.

Maria Júlia é a minha vida.


Se virou para mim,sorrindo falando
algo mas tudo o que eu vi foi seus
seios quase pulando da
camiseta.Porra,eu tinha tara por seus
seios cheios de leite.

—Só um pouco.—Sussurrei,indo para


cima dela no meio da tarde.A casa
estava cheia.Seus peitos estavam
doloridos e vazavam do colostro.

—Alguém pode ouvir.—Abriu as


pernas,se oferecendo para mim.O sol
estava queimando do lado de
fora,para a noite fazer frio.—Meus
seios doem,e minha bocetinha está
latejando por você.—Porra.
Era casada comigo,mas continuava
sendo tímida.A primeira vez que se
referi a sua boceta como
bocetinha,me deixaram perder a razão
de tudo.

—Abaixe o sutiã.—Fez o que pedi,e


um dos seios saiu um líquido
claro.Abocanhei esfomeado,sugando.
Segurou meus cabelos gemendo
baixinho de alívio.Fiz o mesmo no
outro,com fome.Abaixei apenas a
calça junto da cueca,e afastei sua
calcinha para o lado.Não esperei
muito para virá-la de lado,com as
duas pernas juntas,e meter dentro
dela devorando sua boca,louco de
tanto prazer.

Uma das faxineiras que estava


fazendo a limpeza pesada do andar de
cima,bateu na porta avisando sobre a
chegada do delegado.

Deixei Maria tomando banho para se


vestir pois ia visitar umas terras
próximas com o pais e o irmão.
Para o meu desespero o pai queria
uma casa em Santa Clara,mal sabe ele
que eu iria barrar aquela porra.Quero
ele longe,e vou atrapalhar qualquer
tentativa sua de comprar terreno ou
casa,já estou informado dos passos
dele.
Outra visita inesperada foi
Leandra,que estava um pouco
afastada nesses últimos meses,me
ligou dizendo que Dona Mercedes
pediu para ver Maria Júlia.Estavam
os três na sala,e o delegado parecia
impaciente.Não me falaria nada na
frente de Leandra,e eu esperava que
sua passagem seja
rápida.Cumprimentei todos,e Dona
Mercedes se levantou.

—Fiquei sabendo que o seu menino


está pesando muito para a mãe.
—Está tudo indo bem,dona
Mercedes.Está sendo acompanhada
do médico.—Ela me deu um sorriso.
—Vou pedir para chamarem Maria.—
Ela concordou.

Não demorou muito a Rosa descer


com Giovana no colo,enquanto Maria
sorria de algo.Ficou surpresa de ver
Leandra e dona Mercedes na
sala.Pensou que as visitas fosse para
mim,sua expressão ciumenta me deu
uma olhada rápida de lado,mas se
conteve.
—Maria,Dona Mercedes veio até
aqui para falar com você.—Ela se
aproximou,e agarrou minha cintura.A
abracei de lado.

—É bom ver a senhora.—Sorriu.

—Venha até aqui.—Estendeu as


mãos.Me olhou por um momento,e
fui impulsionado a fazer o mesmo.Foi
até a senhora,que pediu permissão
para massagear a barriga dela.O
delegado pediu licença,e foi até a sala
de jantar tomar café servido por Rosa.
—Esse menino está grande para
você,mas vai nascer na hora certa.—
Fez massagem das costas até o
umbigo.—Vim até aqui para alertar
que tome cuidado com o teu filho,não
vem coisa boa por aí.

—É algo com ele?—Maria falou


preocupada.

—Dona Mercedes,dizem que não é


bom preocupar grávida.—Leandra se
meteu,e me olhou por um
momento,parecia magoada.
—Dizem tanta coisa.—Sorriu.—Só
cuidem do menino de vocês.Vim aqui
ver você porque minha intuição
mandou.

—Muito obrigada.—Maria
respondeu,claramente preocupada.

Reparei Leandra muito quieta e


mexida com a gravidez.Seus olhos
em um certo momento encheram-se
de lágrimas e achei certo me afastar
definitivamente.

Fui ao encontro do delegado,e me


sentei à sua frente.
—Bem,lembra do carro do atentado?
Eu estava indo para casa,vi um igual
perto do hospital onde sua mulher faz
o pré-natal todo mês.Fui checar a
placa,e as câmeras de segurança do
hospital antes de tirar a limpo minhas
suspeitas.

—Filhos da puta—Me levantei na


mesma hora.—Até matando aquela
velha desgraçada,eles ainda querem
vingança?
—Eu segui o carro,eles não estão em
Corumbá,e sim em uma outra cidade
vizinha.Estamos armando uma
emboscada para pegar os três.Eu tive
a confirmação de mais uma mulher
entrando no mesmo carro que
Mariano Tavares,uma senhora.—Na
mesma hora,algo dentro de mim me
lembrou de Sther.Não gostava
daquela velha,e odiava que entrasse
dentro da minha casa.Por algum
motivo Gael também implicou com
ela.

—Tente descobrir quem é.Não posso


mais esconder isso de Maria,eu
preferi não falar alguns detalhes
preocupado com a gravidez.
—Mesmo com a morte de Sofia,eles
não desistem.

Uma preocupação me tomou,e pensei


em mandar Maria para o Rio,com
medo de acontecer algo a ela ou ao
meu filho.Com meu egoísmo,ficar
longe dela seria impossível,e pela
primeira vez fiquei com medo que
atingissem a mim,usando-a.
Capítulo 31
Maria Júlia
Desde quando Bem contou da vingança da família biológica de Vick fiquei
apreensiva,e chateada por não ter falado do assunto mais vezes.

Estava curtindo minha gravidez,fiz meu álbum de fotos e por mais que Bem
odiasse tirar fotos,tirou pelo menos duas,e atualizou uma de sua família
agora com Giovana.

Na foto da minha família por parte de mãe,que meu pai também fazia
questão de tirar,eu quis chamar Bem,mas ele se negou.

Não quis dizer nada,mas percebi que Bem parecia satisfeito por meus pais
não terem achado casa aqui.Era estranho,mas todas as casas já tinham um
comprador e as terras também.

Não quis me aborrecer,estava com nove meses,minhas costas doíam muito.

Tudo só piorou quando descobriram o lugar onde estava a tia e o pai


biológico de Vick.

Fiquei desesperada por Bem sair alterado daquele jeito,junto de Max e o


delegado.Sua reação foi pegar a arma,me assustando e me fazendo ir atrás
dele.

—Não vai,Bem,por favor.—Comecei chorar,e ele parou na mesma hora.

—Não quero que chore.—Segurou meu rosto.—Eu volto.

—E se não voltar?—Derramei as lágrimas.—Não vá,por favor.

—Eu mato e morro por você,faço o mesmo pelos meus irmãos.Não posso
deixá-los ficarem nos rodeando.Victória não é nada deles.—Neguei com a
cabeça.
—Não.—Pisquei,e uma dor no baixo ventre veio com tudo.Não falei nada,e
agarrei sua cintura.

—Porra.—Resmungou.—Eu vou voltar para você,minha loirinha.Você é o


motivo da minha vida.

—Então não vai.

Ainda tentei.

Minha mãe me puxou delicadamente,e ele foi.

Meus pais estavam aqui porque a qualquer hora Bemzinho poderia nascer.

Vick estava amentando Gi em cima do sofá,alisando o cabelinho castanho


claro,com o rosto preocupado também.Uma dor incomoda voltou,e eu me
sentei.Meu pai levantou na mesma hora,correndo até mim.

—O que houve?Está sentindo dor?

—Sim.—Reclamei.

Minha mãe se aproximou,e segurou minha mão.

—AH.—Gritei,pela dor forte na minha barriga inteira.Vick deu Gi a


babá,que a ajudava em alguns momentos

—Acho que vou morrer.—Gritei histérica.A dor forte vindo com


tudo,apertei forte a mão do meu pai.

—Ela está em trabalho de parto.—Minha mãe gritou,e Vick arregalou os


olhos.Chamou por Enzo,que desceu as escadas pálido.

—Puta que pariu.—Passou a mão na cabeça.—Justo agora?

—Dói muito.—Me contorci,junto da dor vinha a vontade de fazer força.—


Eu não quero.—Abaixei a cabeça,chorando pela dor horrorosa e a pior que
senti na minha vida.—Eu não quero mais sentir essa dor.
A dor começava com uma aperto forte,e depois descia se espalhando pelas
minhas costas,contraindo minha barriga.

De dez em dez minutos era um verdadeiro desespero da parte dos meus


pais.Vick chamou a enfermeira de plantão para me ajudar,enquanto Rosa
tentava entrar em contato com meu Bem.Eu não estava aguentando mais,e
ainda nem tinha começado.

Em conversa com a médica,bati o pé dizendo que queria parto natural e


humanizado,sem anestesia.Procurei vários vídeos,li muito para chegar a
essa conclusão,contudo,acabo de me arrepender.

Eu estava fazendo um verdadeiro escândalo de tanta dor,chamando por


Bem,com medo de ter acontecido alguma coisa.

—Quero o meu marido—Comecei a chorar,em desespero.

Até Estevão saiu do quarto,pálido,resmungando algo incompreensível por


mim.A mão de meu pai estava agarrada a minha,alisando minhas costas.

Fui para o quarto ficando apenas de calcinha e sutiã,na presença da minha


mãe,a médica,a doula,e Rosa que foi chamada para ajudar.Do lado de
fora,Enzo tentava ligar para os irmãos.

Fiquei na bola Suíça por alguns minutos,na banheira do quarto com água
quente,e esse foi o lugar que mais me aliviou.

Toda vez que eu dizia que queria ir para o hospital,a doula me distraía. E
não queria cirurgia,não queria essa dor.

Vanessa.
Minha mãe tinha razão,a neta de Sthepanie,idiota que aceita as taras de
Bem,engravidou.

Nova,inexperiente,conseguiu agarrar esse filho da puta,desgraçado.


Poderia ser eu no lugar dela a muitos anos,e só recebi desprezo.Eu acabaria
com a vida dele,e com ele.Eu teria muito dinheiro,e mataria todos,sem
exceção,até a criança.

Observamos a menina algumas vezes,nunca estava sozinha.Sua barriga


crescia cada vez mais,e o nascimento do garoto se aproximava.

Ele traria tragédias,e desgraças que acabariam com a vida de todos para
sempre.A morte.

Mariano veio correndo,porque descobriu que Bem achou o nosso


esconderijo.Sthepanie nos avisou agora,antes da fuga,tivemos que deixar
tudo para trás fugido pelo matagal da parte de trás da casa.

Essa criança iria ser a minha salvação,e trazer a destruição.

Bem Santiago.
Chegamos na casa velha e aparentemente abandonada minutos antes deles
saírem.Desgraçados.Chutei a porta arrombada,com a arma na mão olhando
em volta,lixo fresco,geladeira com comida,e lençóis usados,era tudo isso
que tinha na casa.

Tinham fugido pelo matagal.

A ligação insistente me fez atender,puto de raiva de ter perdido esses filhos


da puta novamente.Primeiro a gritaria,me fazendo gelar.Rosa tentou
falar,ofegante:

—Bem,corre para casa.Seu filho vai nascer.—Meu mundo parou por alguns
segundos,e senti raiva de sair de casa nesse momento.Minha loirinha
gritava de fundo,e eu corri desesperado ouvindo os gritos do meu
irmão.Antes que eu ligasse o carro,ele entrou xingando.Deixei o delegado
para trás e dirigi nervoso.Era cinquenta minutos até Santa Clara,e eu podia
jurar que fiz o caminho em menos,do tanto que acelerei e saí cortando os
outros carros.
Ouvir os gritos de Maria no fundo me tiraram de órbita por milésimos,vê-la
sofrer e gritar desse jeito me fazia puxar os cabelos de tanto desespero.Eu
estava apavorado dirigindo rápido.

—Fica calmo,porra.-Max gritou,e eu nem lhe dei ouvidos.Pavor,e desespero


batalhavam loucamente dentro do meu peito,cantei pneu até chegar na
fazenda.Me tremi inteiro ao abrir a porta da frente com tudo,e subir as
escadas correndo ouvindo o berreiro.

Gemidos de dor viam do corredor,e eu simplesmente não consegui ver


minha mulher sofrendo daquele jeito.Parei na porta,ouvindo tudo.Vick
estava com as mãos na boca,Gael encostado na parede,e Enzo pálido.Todos
ficaram me olhando esperando uma reação minha,e eu travei,sem querer ver
Maria gritando.

Depois de mais alguns gritos,veio o primeiro choro.

Maria Júlia

Eu estava de pernas abertas,gritando,e fazendo força pausando apenas para


respirar.O suor respingava do meu rosto,e minha garganta seca de tanto
esforço.Apertei os lençóis,e senti o alívio me percorrer quando Bem
nasceu.Ele veio direto para o meu colo,todo sujo de sangue chorando
muito.No primeiro momento fiquei perdida,apenas olhando o bebê saindo
de mim.Estava um pouco sem jeito para pegá-lo,com medo dele escorregar
dos meus braços.

A porta abriu bruscamente,mas não olhei,sabia que era ele.A doula o fez
lavar as mãos antes de se aproximar.Meu pai chorava,enquanto minha mãe
tirava algumas fotos.O bebê nasceu cabeludo,de tons escuros,igual ao
pai.Levantei o olhar,e Bem estava parado olhando o nosso filho,se sentou
ao meu lado da cama e analisou o bebê.Vi que seus olhos lacrimejaram,e
alisei seu rosto.Ele me olhou e beijou minha mandíbula suada,encostando o
rosto do meu pescoço.

Cortou o cordão umbilical,e depois de todos os procedimentos necessários,a


médica examinou o nosso Bem,e o deixou enrolado em uma manta em
contato direto comigo.

Foi colocado no peito,mas demorou muito para conseguir a pegada


correta.Doeu demais,chorei de dor quando sugou a primeira vez,e a cara de
Bem era pavor.

—Fique calmo.—Sussurrei,e forcei os dentes com a dor das sugadas.O


pequeno Bem demorou de encaixar,mas,depois,começou a mamar
avidamente.Era tão pequenininho,seus pés e mãozinhas,os cabelos lisos
espetados para cima.

Depois de mamar,acabou dormindo no meu aconchego.As mãos grandes de


Bem alisaram ele.

—Olha o tamanho dos pés que chutavam a minha mão.—Sorriu,um dos


poucos sorrisos,raros,que dava.—Ele tem a mesma mancha que eu tinha na
testa.—Sim,parecia com Bem.Todos os traços já indicava que iria parecer
com o pai,não tinha nada meu.

—Não tem problema se parecer com você.—Me aconcheguei nos seus


braços.—Ele é lindo.

—Parece mesmo comigo.—Pareceu pensativo quanto a isso.

Eu estava encantada com o bebê grande nos meus braços,em um lugar


quentinho.Toquei a manchinha da sua testa,assustada com a dimensão do
amor que nasceu de mim.

************

Agora meu bebê já estava arrumado,um macacão de tecido azul,e


manta.Seu nariz é de bolinha,e provavelmente quando crescer vai ficar
como o do pai.Tinha bastante cabelo,e cada traço do seu rostinho,até a boca
fina em cima eram de Bem.Estava apaixonada,sem querer largá-lo,deixei
que ficasse na cama comigo,enquanto eu cheirava seu rostinho,e sentia o
seu bafinho de leite.

Eu vestia uma camisola branca curta,me recuperando,um pouco dolorida.


Aos poucos,todos foram entrando.Enzo riu,dizendo que o sobrinho tinha
cara de joelho.Meu pai o pegou no colo,mas Bem tratou logo de carregá-lo
de volta.

No primeiro chorinho da madrugada,me apressei em pegá-lo,colocando em


prática tudo que li.Vi se estava tudo certo com a pegada,e mesmo com a dor
incômoda,deixei que mamasse.Aos poucos a ficha caia,que agora eu era
mãe de um garotinho esfomeado.

—Lindo da mamãe.—Sussurrei,vendo-o com a boca no meu seio.—Te


amo,meu Bem.

Bem saiu do banheiro,enxugando a cabeça molhada na toalha branca,nos


olhou e se aproximou.Acho que nós dois se acostumava com ele,depois de
mamar um pouco mais,entreguei ele a Bem que pegou o pacotinho pequeno
e ficou em pé.

Os dois amores da minha vida estavam na minha frente.Bem cheirou a


roupinha dele,fechando os olhos,passou o nariz em sua bochecha,e ficaram
quietos.Os dois.
Capítulo 32
Maria Júlia.
A quarentena acabou,e eu respirei fundo tentando imaginar que tudo
estivesse normal,porém sabia que não.

Me virei para o lado,ainda na cama,toda dolorida.Ontem saí com Bem,e


fomos até sua casa na cidade, foi a primeira vez que pegou pesado desde
que passou meu resguardo.

—Bom dia,amor.—Falei a Bemzinho.Ele sorriu para mim,estava com cinco


meses,grande,e cheio de dobrinhas.É um bebê gordinho,bochechudo e de
olhos grandes igual o pai mas fotos quando era criança.

—Está com fome?—Passei a mão na sua testa.

O vesti com um macacãozinho branco de estampas de carrinho,ele abriu um


sorriso desdentado para mim.Daqueles largos,em que os olhinhos pequenos
ficam expremidos.

—Está,meu amor?—Perguntei,louca para aperta-lo mais.

Apenas desci a alça da camisola e ele sugou o seio,esfomeado,enquanto sua


mão pequena repousava no meu seio.Beijei seus dedos,sabendo que estava
apegada demais a ele,que deixei Bem de lado por alguns dias.

Muito ciumenta,não quis contratar babá,aceitava apenas ajuda de Rosa


nesses primeiros meses.

A segurança conosco estava triplicada nesses últimos meses,e de vez em


quando Bem se irritava por não ter pego os dois.Sthepanie continuava
presa,sem direito a nada.

Descobri que mentia seu nome,claro que não iria facilitar.Só soube dias
depois do que aconteceu aqui em casa quando Bem me contou.Se
dependesse dos meus pais,eu iria continuar achando que era Sther.

Com medo de sair,preferi mudar minha faculdade.Minhas aulas eram


semipresenciais até que meu filho ficasse maior.

Ele era apegado comigo do mesmo jeito que eu era,vivia no meu colo e
chorava se alguém pegava.Dormia comigo,e muitas vezes Bem precisou
dormir na ponta da cama para não machucar o bebê que vivia no nosso
meio.

Me sentia culpada,mas desde do ocorrido com Sthepanie,queria protege-lo.

Já ouvi que era ruim deixá-lo o tempo inteiro no meu colo,mas se tento
deixar ele algum tempo no carrinho,chora muito então prefiro evitar.

Depois que terminou,seus olhos estavam avermelhados de tanto


esforço.Algum tempo depois,Bem mandou mensagem pedindo para ver
foto do filho.Aquilo havia se tornado rotineiro da parte dele.

Depois de tomar banho junto dele para adiantar,toquei sua roupa por uma
mais confortável.Usei a que meu pai trouxe para ele,o deixando com uma
barriguinha de ursinho.

Bem chegou no trabalho,e foi recebido por nós dois.Pegou o nosso filho no
colo,e conversou com ele.Seu olhar direcionado para mim fizeram minhas
pernas ficarem bamba.

Eu sabia que desde do dia que me levou para nossa casa na cidade,eu nunca
mais tive tempo pra ele.

Também fiquei um tempo afastada de Salmo,e nem sei se ele lembrava mais
de mim.Eu realmente passava todo tempo do mundo com meu gordinho.

—Vamos dar uma volta de Cavalo?—Bem perguntou,usando uma de suas


calças jeans e camisa polo.—Apenas nós dois.—Balancei a cabeça em
afirmação.—Melhor trocar o vestido.

—Acha mesmo que eu vou de vestido para todos olharam minha calcinha?
—Não gosto de pensar nisso—Se aproximou.Suas mãos puxaram meus
cabelos,beijando-me com fome e intensidade.Devolvi da mesma
maneira,sentindo sua língua na minha de forma dura,e quente.

—Vou me trocar.—Falei com a boca quase colada na dele.

Corri para o closet,para trocar meu vestido por alguma roupa mais
confortável de cavalgar.Meu corpo tinha voltado ao normal,e eu me achei
até mais magra.

Atos já nos esperava do lado de fora da casa.Fomos fazer um passeio pela


fazenda,passamos pelo campo de girassóis que estava abrindo nessa época
do ano,ficava lindo.

Falei com alguns dos funcionários,descendo do cavalo para interagir com


Salmo.Fiquei receosa de pôr a mão,mas ele parecia lembrar de mim.Até
Luan estava no haras,mas ficou distante parecendo ter medo de Bem.Desde
quando engravidei ele apenas me cumprimentava,parecendo estar
incomodado.

—Ele ainda lembra de você.—Um dos funcionários comentou.

—Eu pensei que ele não fosse lembrar.—Continuei alisando seu focinho—
Está conseguindo ser domado?

—Quase.Salmo vai ter sempre esse gênio difícil.—Lembrei de Bem,e quis


rir.

Tinha outra cara perto dos funcionários,o rosto se transformava em uma


expressão fria,com a boca contraída.

—Da próxima vez que eu vir aqui,será que já posso montar?

—Talvez sim.—O senhor respondeu de modo simpático.

De volta ao cavalo,seguimos por outro caminho


para um lugar distante.Era em direção da cachoeira,e eu já podia ouvir o
barulho da cascata caindo.
Meus seios começaram a vazar leite e manchar minha blusa.Assim que
chegamos e Bem amarrou Atos na árvore,falei preocupada:

—Bem,está vazando leite e não sei se deixei muito estocado.—Ele veio até
mim.

O sol estava lindo,e o dia estava muito quente.A noite o clima era mais
fresco por aqui.

—Melhor a gente não demorar muito.

—Eu quero você pra mim só um tempo,por favor.—Se apossou da minha


cintura,beijando meu pescoço.

Ele nunca pedia por favor.

—Ele não gosta de mamadeira.—Reclamei.

—Ele está dormindo,e eu preciso de você—Mordeu minha orelha,arrepiei


inteira encostando o peito firme ao meu.Gemi baixo.—Quando a gente
chegar ele vai estar dormindo ainda.

Era verdade mesmo.

—E os meus seios?—Me afastei dele

—Tire a roupa.

Começou a tirar a dele,passei o olhar por sua perna com os cabelos


escuros,subindo para o pau com os pelos aparados.Tirei minha roupa e
fiquei completamente nua.

—Vá para água.

Meus pés pisaram na água gelada,e eu aproveitei para dar um


mergulho.Subi,e Bem se aproximou,não tentei fugir dele,me aproximei
também passando os braços em seu pescoço.Minhas pernas enlaçaram sua
cintura,e a ponta do seu pau passou na rachinha da minha boceta.
—Bem.—Reclamei da dor nos seios.

—Eu fico louco com esses peitos cheios de leite.—Abocanhou


um,chupando gostosamente.Gemi alto,pelas mordidas forte no meu seio,e
os chupões firme.Chupou o outro,e senti um alívio.Comecei a me esfregar
nele,roçando o meu clitóris na sua pélvis sentindo os pelos aparados.

A água gelada e clara nos rodeava,e mesmo no fundo era possível sentir a
fricção dos nossos corpos juntos.Sua boca não deixava meus seios,enquanto
eu pressionava sua cabeça,e seus cabelos molhados.

—Vai doer.—Falei entre um gemido.—Sempre que me come na água dói.

Tirava um pouco da lubrificação,e eu descobri isso quando me virou de


costas e entrou em mim no chuveiro.

—Você gosta.—Subiu os beijos pelo meu colo,chegando no


pescoço,cheirando atrás da minha orelha.

Lambeu meus lábios,e enfiou língua quente na minha.Pediu passagem entre


uma das minhas arfadas para encaixar seu pau dentro das minhas pernas.Me
beijou com força,metendo em mim até o fim.Puxou-me para baixo me
ajudando nos movimentos,não deixei sua nuca lambendo seus
lábios,chupando o inferior.

Nos tirou da água,andando comigo até o início da cachoeira,me deitando no


chão molhado,abrindo minhas pernas,beijando-me com carinho.Sua cara se
transformou,gemendo baixo,mordendo onde conseguia.Cravei meus pés no
chão,me dando inteira para ele.Estava fazendo com carinho dessa vez,mas
nunca lento.Bem não sabia meter devagar.Segurou um dos lados do meu
rosto,esfregando a barba no outro lado,enfiando o dedo da minha boca para
eu chupar.Chupei o dedão,passando a língua como se tivesse fazendo com
seu pau.

—Amo quando faz com carinho.Isso...ai,assim.—Abracei seus


ombros,beijando sua pele levemente bronzeada.—Ah.—Gemi no seu
ouvido.
—Amor da minha vida.—Falou do meu ouvido com a voz grossa,e rouca.
—Meu tudo.—Passeou a barba pelo meu rosto,depois olhou nos meus
olhos.Fiquei emocionada,um frio na barriga de emoção e expectativa se
apossou de mim.Me arrepiei inteira,e ele também.Me colei mais a ele,que
começou bater em mim freneticamente.

—Amo você.—Falei de volta.

Gozou dentro de mim,e continuou até ficar por cima de mim sustentando o
peso em seu braço.Me aconcheguei nele,passando os dedos na sua boca,o
enchendo de beijos.

Vanessa.
Eu estava irritada,e joguei uma camisinha em Mariano que riu.Estava difícil
pegar o menino,minha mãe tinha razão até certo ponto,mas pegar a criança
estava complicado.

Era nítido a quantidade de seguranças disfarçados,Bem não estava


brincando,e isso me enfurecia.

—Como vamos fazer para pegar o garoto?

—Todas as cidades recebem carregamento dos produtos da Santiago.—


Fiquei atenta ao que dizia.—E também exportam os animais,não é lá que
tem os touros de melhoramento genético?—Afirmei.—Então,fazemos
plantão todos os dias na estrada,uma hora ou outra um desses caminhões
com os bichos vão passar.Rendemos o motorista,nos escondemos e
entramos na fazenda.

Concordei,sabendo que era a única opção.


Capítulo 33
Maria Júlia.
Hoje eu tinha acordado com uma sensação ruim,e estava muito
preocupada,o peito apertado.

Estava prestes a sair do banheiro,mas antes parei na porta observando Bem


conversando com Bemzinho.Hoje o dia estava frio,e por isso vestia uma
toquinha de ursinho.O menino olhava para ele de olhinhos arregalados.

—Só quando você ficar um pouco maior,poderá andar tudo de cavalo


comigo.—Ele estava sentado na poltrona em frente a varanda mostrando a
vista para nosso bebê.

Sorri um pouco.

Bem, às vezes não conseguia demonstrar o que gostaria ao filho,evitava


pegá-lo no colo,passava a maior parte do tempo observando.

Ainda era cedo,e ele já estava pronto para o trabalho.

—Acho que você vai querer andar sozinho,tem cara de teimoso.—Brincou


com o menino,que riu.

—Ele será teimoso igual a você.

Um mau cheiro subiu pelo quarto,era a hora de trocá-lo,o peguei,e levei até
o trocador.Eu podia sentir a presença de Bem atrás de mim,enquanto eu
fazia o serviço.As perninhas balançavam dificultando meu trabalho.

—Não quer vir trocar a fralda dele?—Ele me olhou antes,depois olhou para
o menino.
—Não,prefiro só olhar.—Segurou a mão do filho,beijando em
seguida.Troquei a fralda,e o vesti de novo com a roupa de lã marrom.

—Não demore tanto hoje.—Falei.—Nem saiu,e eu já sinto tanto a sua falta.


—Seu olhar escureceu para mim,fitando o bebê em seguida.O pegou no
colo novamente,e me afastei para guardar os produtos usados.

—Quando você me pede assim,sabe que chego mais cedo.—Prendeu meu


cabelo em um rabo de cavalo jogando minha cabeça para trás.

Ele foi para o trabalho,e eu fui para a aula da faculdade como sempre fazia.

Hoje eu não quis entregar meu filho a Rosa,preferir ficar com ele nos
braços mesmo sendo mais difícil prestar atenção nas aulas.Duas noites
seguidas eu vinha sonhando com alguém me matando com uma faca,e hoje
acordei estranha.Continuei focada nas aulas,só parei para olhar a porta
assim que Rosa entrou.

—Menina,deixa eu levar Bemzinho para tomar sol.—Olhei o bebê fazendo


barulho com a boca.—Saiu um pouco de sol,é bom aproveitar.—Se
aproximou.—Levei a Gi nesse instante,só não levei os dois pois esse
menininho é muito pesado.

—Tudo bem,qualquer coisa me chama.—Receosa,quis negar,mas acabei


entregando o bebê a ela.

Ele resmungou um pouco,fez bico e quis chorar


pois não gostava de sair do meu colo,e logo ficaria estressado de fome.

Voltei a me concentrar na aula tentando recuperar os minutos que perdi


brincando com meu neném.

Passaram-se alguns minutos,e como era intervalo,fui lá embaixo


rapidamente chegando na varanda da entrada da casa,vendo Bemzinho no
colo de Enzo,que conversava com Max, enquanto Rosa falava com um dos
funcionários.Subi novamente,e continuei a prestar atenção na aula.

Mariano
Nunca foi tão difícil conseguir a porra de um caminhão.Já estava tudo
pronto na casa para gente receber o menino,demorou cerca de quatro dias
para Vanessa aparecer na estrada,fingindo pedir ajuda.Os dois homens
dentro do caminhão pararam o veículo,e foram surpreendidos por duas
armas em suas caras.

Ficaram surpresos,levantando os braços em rendimento.Agora,estávamos


indo em direção a Santiago,minha arma estava posicionada na barriga do
motorista,que suava de nervoso,enquanto Vanessa ia escondida entre as
pernas do outro homem.Ela tinha uma arma apontada para o filho da puta
medroso.

—Essa arma estourara a porra dos seus miolos,se não fizer como a gente
combinou.—Ele apenas afirmou com a cabeça.Foi o caminho todo
respirando fundo,com medo.O outro estava indo ao meu lado,na esperança
de algum vacilo meu,mas eu já tinha mostrado quem mandava.

Chegamos na entrada da fazenda,e foi um protocolo esperar a liberação.

—Voltaram?—O homem do outro lado perguntou,com uma prancheta em


mãos.O motorista limpou sua testa rapidamente com o suor,e me
olhou.Pressionei mais a arma em sua barriga.

—Sim,o comprador não estava para receber.

—Estranho.—O homem me olhou rapidamente,mas desviei o olhar.—E


você?—Perguntou a mim.

—Senhor Bem me contratou,e pediu para eu vim com eles.—


Falei.Pressionei a arma,para o motorista completar.

—Era só na volta,mas o comprador não recebeu o gado,então veio comigo.


—O motorista disse,e o homem ficou um pouco pensativo.Olhei em
volta,vendo a quantidade de seguranças que tinha em apenas alguns metros
do caminhão.Merda,se eu fizesse alguma coisa,eu e Vanessa não teríamos
chances.
—O Senhor Bem não notificou a portaria sobre um novo funcionário.—
Olhou a nós dois.Por dentro da roupa do sujeito,destravei a arma,e ele
resfolegou.Ele teria que dar um jeito.—Posso ligar,e perguntar.

—Porra,Rocha,foi o senhor Max.Ele deve ter esquecido,só me deixe passar


com esses animais logo.—O motorista falou sem vacilar.

—Pode passar,mas vou notificar o senhor Bem.—O outro homem assentiu.

Ele liberou a portaria,e o caminhão seguiu pela estrada que levaria até o
casarão.Não demorou muito,até avistarmos a mansão grande de
longe.Analisei o lugar,e quem eu queria estava no colo de um dos irmãos de
Bem.Uma pena a loirinha dele não estar junto,ou eu levaria os dois comigo.

Ficamos no caminhão,esperando o momento certo de pegar o


menino.Trouxe uma mochila com mantimentos para ficarmos escondidos
na fazenda caso hoje desse errado.

Um dos irmãos de Bem entrou no carro e saiu,e o outro foi caminhando na


direção contrária a casa.A velha ficou sozinha com o menino,parecendo
conversar com ele.

Até que o bebê não era feio,pelo contrário faríamos um bom negócio se
Vanessa não fosse teimosa.Fiz sinal para a desesperada,descendo do
caminhão em seguida.Puxei a chave do veículo e guardei no bolso.Daqui
em diante,seríamos rápidos ou tudo daria errado.

De manhã as probabilidades de dar certo seriam maiores que a noite,pois


esse horário Bem estaria em casa,e o filho da puta deu conta de mim e do
meu comparsa no atentado contra ele.

O caminhão estava estacionado relativamente longe do casarão,mas desse


ângulo tínhamos visão de muitas áreas.

—Vamos liberar eles?—Vanessa perguntou,arqueando uma sobrancelha.

—Não.—Falei,antes do homem arregalar os olhos e levar o primeiro tiro na


testa.Caiu morto,com um buraco na cabeça deixando alguns dos miolos
pela grama,e o sangue escorrendo.O outro tentou correr,mas Vanessa foi
mais rápida acertando as costas dele,caiu deitado tendo espasmos.Ainda
estava vivo,a empurrei e dei outro tiro em sua cabeça para garantir sua
morte.Ele poderia ficar paraplégico,e seria mais um para nos descrever.

—E agora?—Me olhou.

—Fizemos muito barulho,temos que ser rápidos.Fique no


caminhão,esperando para receber o menino.

—O quê?—Ela gritou.—Eu também quero ir...Eu...

—Porra,vá para dentro do caminhão.—Gritei.—Serei rápido.—Ela ficou


contrariada,mas aceitou.

Ainda tive que andar um pouco até chegar ao outro lado.Fui em direção a
senhora,indo por trás,pisei na grama verde,com o sol começando a ir
embora novamente.O tempo agora era feio,de chuva.Fiquei atrás da
velha,que não reparou no que acontecia,alheia a tudo.Lerda pra caralho.

Peguei a arma,e me aproximei lentamente.

—Enzo,meu filho,ouviu esses barulhos de tiro?—Se virou com um sorriso


que se desfez,quando viu a arma.Seu instinto foi proteger o
menino,segurando o rosto dele.—Meu Deus,quem...—Não esperei que
terminasse de falar,indo até ela dando uma coronhada na sua cabeça.

Antes que caísse peguei o menino,ele começou a chorar estranhando o


colo.Olhei a senhora caída no chão,e apertei o gatilho disparando na lateral
de sua cabeça.O menino chorou alto pelo susto,e foi o que me levou a
correr até o caminhão.

Abri a porta do passageiro,e joguei o menino de qualquer jeito para


Vanessa.O pestinha esperneou chorando sem parar,me irritando.

—Que caralho de criança chata.—Gritei.Ele se assustou,todo


vermelho,ainda com o bico nos lábios parecendo triste.As lágrimas caiam
incessante do rosto redondo.
—Para.—Vanessa o olhou,chacoalhando o menino.—Calma.—O
abraçou.Dei a volta,e entrei no caminhão depressa,ligando e dando a
marcha arrancando com tudo.

Passei reto pela estrada que ligava até a portaria,parando apenas quando o
mesmo homem que nos barrou,veio novamente com o caralho da prancheta
e a caneta.Esperou que eu abrisse a janela,e assim que fiz já foi com a arma
em sua cara,dando um tiro na sua cara feia,mandado o outro homem abrir o
portão.Era mais novo,começou a chorar por ver a cena,e abriu a
porteira.Arrastei o carro,e peguei a estrada indo para três lagos,cidade
próxima.

De longe pude ouvir os tiros,e pelo retrovisor vários carros pretos dobrando
o mesmo caminho que eu fiz.Acelerei com tudo,ultrapassando os outros
carros na estrada.O chatinho não parava de chorar,Vanessa resmungou algo
e beliscou a perna do menino,que berrou alto.

—PORRA,VANESSA.—Gritei.—Para de beliscar o moleque.—Comecei a


me irritar com ela.

—Eu não sei o que fazer.

—E você acha que beliscando um bebê de cinco meses de idade vai dar
certo?

—Eu não sei—Gritou de volta.Ainda tentei ligar o som,mas o barulho


estridente de choro conseguia ser mais alto.

Maria Júlia.
Ouvi um barulho distante,e parei para ouvir,poderia ser algum carregamento
chegando.A aula terminou,e estava na hora de Bemzinho mamar,eu já sabia
pelos meus seios.Abrir a porta do quarto,com o coração acelerado,adiantei o
passo,e cheguei na sala abrindo a porta.

Meu mundo parou,minha cabeça girou,e meu coração deu um solavanco tão
grande que pensei estar morrendo.
Rosa estava caída no chão,com sangue em volta,parecendo morta.Comecei
a gritar na mesma hora,apavorada e deu de cara com Enzo.

Ele estava ofegante,vindo correndo.

—CARALHO.—Ele olhou Rosa,e levou a mão na cabeça.—Puta que...—


Me olhou.

—Enzo,cadê meu filho?.

Meus cabelos inteiro se eriçaram,minha barriga gelou.Meu corpo não estava


mais reagindo,eu ia cair...Por milésimos de segundos vacilei.

—PUTA QUE PARIU.—Ele colocou as mãos na cabeça.

Meu grito de pavor ecoou por toda a casa tamanho foi meu desespero.O nó
na minha garganta veio como se tivesse algo me impedido de falar,me
tirando o foco.

—CADÊ O MEU FILHO?—Gritei histérica,pisando na grama fria.Levei as


mãos no cabelo e puxei.

Infelizmente Rosa não me importou,eu lamentei por ela.Se estivesse mesmo


morta...Eu não sei o que será do meu bebê.

—Maju...Eu.—Ficou tão fora de órbita quanto eu.

Levaram o meu filho de mim.

Corri até Enzo,gritando.Os seguranças estavam chegando,rodeando a


casa.Um deles levou Rosa,mas algo me dizia que era tarde.

—Meu filho,Enzo...Meu filho.—Solucei,apertando seus braços como se ele


pudesse fazer alguma coisa.—MEU DEUS.

—VOCÊS SÃO INCOMPETENTES PRA CARALHO.—Ele ainda


gritava,com o rosto pálido.—Porra,Maria,vamos ligar para Bem.—Falou
nervoso,só não mais que eu.
Corri antes dele,mesmo com a voz de Enzo me chamando,ele precisou parar
para saber o que fazer com a mulher caída.Subi as escadas da varanda,e
peguei o primeiro telefone que eu vi.Tinha senha,e eu não conseguia
raciocinar,por isso joguei o telefone na parede.

—MERDA.

Subi as escadas de dentro de casa correndo,e fui ao meu quarto pegando


meu celular,discando o número de Bem,em uma tremedeira sem
fim.Demorou até ele atender.Eu já não conseguia mais ficar em pé.

—Minha loirinha,não posso...

—BEM,LEVARAM MEU FILHO.—Gritei.—LEVARAM ELE.

Não houve resposta,apenas o fim da ligação.Agarrei a toquinha como se


minha vida dependesse disso,chorando alto.A sensação era como se eu
tivesse morrendo.

Mas se algo acontecesse,eu morreria também.

Bem Santiago.
Depois da ligação de Maria,veio a de Enzo mas eu não atendi.Fiquei
cego,surdo e mudo para tudo ao meu redor.Ver minha loirinha gritando
daquele jeito no telefone me deixou desesperado.

Porra,sequestraram meu filho.

Dirigi para casa quebrando todas as leis de trânsito possíveis.Pela primeira


vez na vida me tremi de verdade,e senti medo.Estacionei vendo a
quantidade de carros parados,e desci.

Todos os olhares para mim foram de pena,mas não dei atenção e entrei
dentro de casa.Abri a porta com tanta brutalidade,que assustou a todos
dentro de casa.
Corri até o quarto ouvindo os gritos de Maria,abrindo outra porta com
força.Ela estava em posição fetal,segurando a touca que Bemzinho usava
mais cedo.A levantei nos braços em um puxão,ficando cara a cara,eu
precisava ouvir pessoalmente,da boca dela.

—Como acontenceu?—Ela parecia em semi consiência.—responde,porra.


—A balancei.

—Eu não sei...—Seus olhos estavam inchados. —Rosa estava caída no


chão,e eu não vi ele em nenhum lugar...—Voltou a chorar,soluçando.—Eu
quero morrer.

—Porra.Porra.Meu filho.—Foi eu quem gritou.Filhos da puta.—Eu vou


achar ele.—Ela apenas abaixou a cabeça,sem me encarar.—Eu prometo que
vou.

—Acho...acho que a Rosa morreu,Bem.Eles mataram ela.

Um filme passou em minha cabeça,de quando eu era criança e ela me


consolava.Por isso Enzo parecia desolado,era o que vivia a abraçando ela, a
beijando,e se preocupava com sua saúde.

Isso me fez querer vingança ainda mais,não sei como fiquei de pé.

O ódio me consumiu.

—Se você não achar,minha vida não vai mais fazer sentido,e eu me mato.—
Senti o frio,o peso,a dor de suas palavras.Voltei a balançar seu
corpo,gritando mais alto.—Eu não vivo sem meu filho.

—NUNCA MAIS FALA ISSO.—Ela só negava com a cabeça,apertando a


toca.

—Eu não suporto.—Me olhou.—Bem,está doendo tanto.

Doeu tudo.

Meu filho.
Lamentei por Rosa,se Maria Júlia estivesse certa.

—Eu vou achá-lo.—Falei,começando a me desesperar.

Porra,é só um bebê,não tem culpa.Poderiam fazer o que quisesse


comigo,mas com ele e Maria,nada.Por eles eu mato,mas eu também
morro.E se eu tiver de entregar minha alma,eu entregaria.

A deixei na cama,e voltei para sala.Enzo ligou para o delegado,seus olhos


vermelhos de raiva.

—E Rosa?

—A levaram para o hospital,mas...—Ele não completou.—O tiro foi na


cabeça.

Comecei a pensar no que faria,mas o desespero não deixava.Passei as mãos


pelo cabelo,nervoso,sem saída.A primeira coisa que vi na minha frente
chutei,e foi uma poltrona.Revirou,e fez um barulho alto,saí quebrando tudo
de raiva.Quebrei todos os vasos,tirei os quadros da parede jogando no
chão.Braços começaram a me puxar,e uma gritaria começou.Eu não ouvia
ninguém,eu só tinha vontade de matar aqueles dois.

—PARA,BEM—A voz de Max soou.

—Você precisa agir com clareza,porra—A voz de Rodrigues falou em


seguida.Enzo estava estático no sofá,de olhos arregalados.

—ME SOLTA.

—Sei que é difícil,mas se acalme,ou você vai colocar tudo a perder.

—Eles mataram quatro inocentes.—Enzo disse ao delegado.—Rosinha...

—Rosa ainda não está morta,porra.Ela foi para o hospital.

Rosa teve a chance de ir a um hospital,e eu torcia por ela,mas no momento


Benzinho e Maria Júlia rondavam meus pensamentos.
—Vão fazer uma maldade com meu filho.—Fechei os olhos por um
momento,tentando me soltar.—FILHOS DA PUTA.—Voltei a chutar o
aparador,espalhando vidro para todo lado.Enzo se levantou vindo me
segurar também,tinha seis homens me segurando ao total.—ME
SOLTA,PORRA.

—Eu vou atrás das informações.—O delegado me soltou,mas os meus


irmãos,não.

Eu não me acalmava em Rosa no hospital,Maria lânguida na cama.Me senti


imponente,sem poder fazer nada pelo meu filho.Respirei fundo,sentindo os
olhos arderem de raiva,angústia,e medo.

Algumas horas depois,ainda não tínhamos nada,precisava esperar a ligação


de Vanessa,ou do filho da puta do Mariano.Ele poderia querer apenas
dinheiro,mas Vanessa não.Ela queria se vingar,e isso não era uma ameaças,e
sim uma sentença.

O delegado estava com mais dois homens olhando as câmeras de


segurança.Me revoltei em ver como tiraram meu filho do colo de Rosa.Vick
estava chorando muito,Gael furioso.Enzo foi o único que ouviu os tiros
além de Rosa,e correu, mas foi tarde.

Rocha,meu homem de confiança de anos morreu na frente do filho mais


novo,traumatizou o garoto.Foi uma tragédia,e eu sinto que não vem coisa
boa pela frente.Me levantei,esperando a primeira ligação e nada,já tinha se
passado horas.

—Eles não tem o meu número.—Me levantei,olhando o delegado.

—Bem,eles vão ligar de número privado,eu tenho certeza.—Andei de um


lado para o outro,caçando o que mais eu poderia quebrar.Quebraria um
outro vaso,porém Max e Gael foram mais rápido,me segurando novamente.

O telefone de Vick tocou,e ela se levantou,entregando para mim.Me soltei


dos meus irmãos,e peguei o telefone.
—Deve ser eles,deixa no viva voz.—Rodrigues comentou.Atendi,e a voz de
Vanessa falou do outro lado.O que me chamou atenção foi o choro alto,e
sofrido do outro lado da linha.

—Bem.—Ela disse com uma falsa calma.

—Eu vou te matar.—Falei.—Sua desgraçada.—Rodrigues mandou eu


maneirar,fazendo sinal com as mãos.

—Eu estou na sua frente,e sabe disso.Conseguiu o que eu queria.Sabe por


quantos meses planejei pegar esse chorão?

—Quanto você quer?

—Nada vai trazer o meu irmão de volta.Seu pai o matou,assim como fez ao
meu marido.E a minha mãe que você mandou matar,seu desgraçado doente.

—Meu pai não matou seu irmão.—Ela vacilou,mas não quis acreditar.

—Então é mais um motivo para essa criança ser minha garantia.

—Vou no lugar dele.

Ela sorriu.

—Acha mesmo que vou perder a grande oportunidade de destruir sua vida?
Eu quero ver você sofrendo pela morte do filho,e da esposa,ou você acha
que ela vai querer você depois dessa tragédia?Eu quero que você seja
infeliz.

Não deixei aquilo me atingir,não era com o meu casamento que eu estava
preocupado.

—Eu te dou tudo o que eu tenho,porra.Tudo.

Ela sorriu,dissimulada.

—Saiba que eu vou te destruir,e a sua família.Você acha que uma garota
mal saída da adolescência vai aguentar a barra de perder esse moleque
chato?

—Calma,não caí no jogo dela.—Rodrigues falou baixo.Balancei a cabeça.

—Quanto quer? —Refiz a pergunta.

—Para começar quero dois milhões

—Preciso de uma conta e de tempo.—Disse.

—Você não tem muito tempo,Bem.

—Chega,Vanessa,eles vão nos rastrear,porra.—Pareceu puxar o telefone da


mão dela.Desligaram.

—Consegue rastrear?—O delegado falou a um dos homens,que montava


um equipamento.

—Depende de qual seja o aparelho.—O homem falou.—Mas precisamos


que a ligação dure mais de três minutos.

—Preciso ligar para o banco.—Puxei meu celular.

—Bem,isso se trata de uma vingança,não sequestro por dinheiro.—


Rodrigues começou.—Pelo modo que falou,essa mulher sente algo por
você.Demonstrou ciúmes do seu casamento,raiva pelo passado.Isso é um
caso vingança.Ela não devem ter ido longe,vou mandar seus homens
ficarem em cidades próximas,em lugares estratégicos como mercados e
farmácias.

—Para o caso de comprar algo para o Bemzinho?—Max perguntou.

—Exatamente.

—Ele vai ficar com fome.

—Não pense nessas coisas,Bem.—Rodrigues comentou.


Horas mais tarde,sem notícias do meu filho,recebemos a notícia que Rosa
estava em estado grave,e o que mais fodeu a cabeça dos meus irmãos foi
nenhum de nós sair daqui.O único que precisou ir rapidamente foi Gael,já
que era médico e iria acompanhar tudo de perto.

Minha preocupação era Maju,que não queria ver ou falar com


ninguém.Parecia em estado de choque,e me doía não poder fazer nada por
ela quando eu estava na mesma situação.

Ela desceu as escadas,seus olhos sem vida,a expressão de doente.Todos


olharam para ela,preocupados.Eu tentei fazer com que me olhasse,mas ela
desviou o olhar do meu.Segurei seu rosto,mas ela tirou a minha mão com
brusquidão.

—A culpa é sua.—Seus olhos estavam cheios de lágrimas,seu nariz


escorrendo,os cabelos loiros bagunçados.

—A culpa não é minha.—Fiquei tenso.

—É sua.Se eu não tivesse vindo para sua casa,eu não teria te


conhecido,nem me casado,nem engravidado de você.A CULPA É SUA.—
Gritou.—Tudo isso é culpa sua.—Bateu no meu peito,e tentou me empurrar.
—Vão fazer algo ruim ao meu bebê,eu nunca mais vou vê-lo.—Soluçou.

O clima piorou,meus irmãos nos rodeavam como se eu pudesse avançar


nela tamanha foi minha raiva.Eu apenas a encarava,pela primeira vez
irritado com a menina à minha frente.

—Eu te odeio por isso.Ela quer se vingar de você.—Disse entredentes,me


batendo,vindo para cima de mim,histérica.

Me senti culpado de verdade,e por um momento perdi a razão e segurei


seus braços.Não consegui falar nada,sem absorver o que me disse.Enzo
correu,puxando-a dos meus braços.—Eu não deveria ter te conhecido.

Podia ouvir seu choro,seu desespero,e sua agonia.Eu me sentia da mesma


forma,mas não chorava.O que passou pela minha cabeça em fazer com
Maria Júlia,foi causar a mesma dor que eu senti em ouvir suas
palavras.Segurei seus braços e levantei minha mão para dar um tapa em sua
cara,porém não consegui.Eu não me perdoaria nunca se chegasse a bater
nela,e fizesse o mesmo que meu pai fez um dia.Me senti tão merda,tão
acabado,que me afastei decepcionado e a deixei sozinha me
sentando,colocando a mão na cabeça precisando pensar.

—Ela está nervosa.—Max disse,e por um momento a olhou irritado


também porque estava tomando minhas dores.—Maju ainda tem dezenove
anos,acabou de sair da adolescência,os pais a prendiam,não teve tempo de
viver já caiu diretamente nas suas garras.É meu irmão,mas sei muito bem
quem você é.E acredite,Bem,a vida pela primeira vez está sendo dura com
ela.Você passa por isso desde que nasceu.

Eu concordava com ele,por isso apenas acenei.

Maria entrou em uma crise nervosa na minha frente,e Gael precisou aplicar
um sedativo nela.Respirei fundo,e me levantei indo ao escritório sem falar
com ninguém,só levei o celular de Vick caso a desgraçada voltasse a ligar.

Peguei a garrafa de uísque,e abri bebendo de vez.Eu estava sem saída,e


precisava agir,quis jogar a garrafa na parede,mas eu precisava de álcool.Me
senti um nada sem poder ajudar meu filho,derrotado por Maria Júlia.

Capítulo 34
Vanessa.
O menino não tinha mais o que chorar,estava apenas vermelho,e assustado.

Já era de madrugada,e ele voltava a fazer seu escândalo.O beliscão na perna


deveria estar doendo,pois estava avermelhado.O único que o fez se acalmar
um pouco foi Mariano,mas ele logo voltou a chorar.O idiota tinha saído,e
até agora não voltou.

Me descontrolei na primeira ligação,e por isso Mariano me proibiu de ligar


por hoje,deixando Bem e a sem sal loucos de preocupação,pois iríamos
ligar às cinco da manhã.Minutos depois meu comparsa chegou com uma
sacola de farmácia,jogando as coisas em cima da mesa.

—O que é isso?—Me aproximei.

—Leite,mamadeira e produtos de farmácia.

—O quê?—Cruzei os braços.—A gente não vai alimentá-lo,ele vai chorar


até dormir.

—Deixa de ser maluca Vanessa,você não vai matar essa criança.A gente
vende e ganha um bom dinheiro.

—Está com pena?—Perguntei,e não houve resposta.—É sério que está com
pena?

—Ele está chorando muito.

—Um estuprador,assassino com pena de um bebê.Você é pior que eu.—


Falei nas costas dele,não me deu ouvidos,e ficou lendo as instruções do
leite.Fez tudo como as instruções mandava,jogando a água na mamadeira
azul.

Fui até o menino deitado no sofá,quase dormindo.Analisei seu rosto,e me


deu raiva,era muito parecido com Bem.

Mariano se aproximou com a mamadeira,checando para ver se estava


quente,e todo sem jeito pegou o menino no colo.Enfiou a mamadeira em
sua boca,mas o pestinha não quis sugar a mamadeira.

—Ele não deve gostar.—Comentei,me jogando no sofá da casa velha.

—Se tiver com fome vai querer.Esse é a fórmula certa,falei à vendedora que
o menino tinha uns cinco meses por aí.—Forçou mais,mas o chatinho
continuou recusando.Demorou até ele conseguir sugar o bico da mamadeira
avidamente parecendo realmente com fome.—Viu,tinha fome.Deveria estar
desde daquela hora sem comer,e é gordo,deve fazer isso toda hora.
—Não me importa,dê logo isso a ele.—Me sentei.—Tem certeza que essa
região de três lagos não tem muitas casas?

—Vanessa,fica tranquila,eu já dei um fim no caminhão,e comprei outro chip


para a gente fazer a ligação.Se continuar a se descontrolar eu vou tomar o
telefone de sua mão.

—Eu não vou.

—Peça mais dinheiro,essa criança é uma mina de ouro.Os avós por parte de
mãe também são ricos.

—Stephanie está presa,não faz sentido pedir.

—A gente não vai sair daqui apenas com alguns milhões,tem que ser muito
mais.—Falou.—Não sabe negociar,porra.Eles vão dar tudo que a gente
quiser.

Maria Júlia.
Levantei espantada lembrando do meu filho.Não consegui levantar da
cama,sonolenta.Olhei para o lado,dando de cara com minha mãe.Ela me
olhava com pena,parecendo triste.

Eu queria acordar e ser um pesadelo,oscilei entre dormir e acordar o


restante do dia,com o sedativo forte.

—Cadê o meu filho?—Olhei em volta.—Isso é mesmo verdade?—Tentei


me levantar.

—Bem vai achar meu neto,você vai ver.—Abaixei a cabeça,me sentindo


nojenta pelo que falei a ele.Fiquei tão desnorteada,que falei sem
pensar.Precisava vê-lo,falar com ele.

—Cadê o meu marido?

—Está no escritório.São quase cinco da manhã,e está cheio de policiais lá


embaixo.
—Eu estou desesperada.—Falei em um fio de voz,me jogando em seu colo.
—Se acontecer algo a ele eu não vou aguentar.

—Vamos achá-lo.—Alisou minhas costas.—Bem saiu mais cedo,rodou as


cidades próximas,mas não achou nada.

—Bemzinho não deve estar comendo nada.—Me levantei da cama,mesmo


sonolenta.—Magoei bem,só dormi o restante do dia.—Olhei para baixo.—
Eu não consigo fazer nada,me sinto perdida.

—Minha filha,venha tirar um pouco desse leite.—Me estendeu a mão.—


Depois você procura o Bem.Não é hora dos dois brigarem,é isso que a
sequestradora quer,desestabilizar vocês.

Passamos para a cozinha,onde meu pai estava olhando para o nada.Quando


vi ele,desabei.Ele me abraçou,e eu chorei até ficar sem forças,com as pernas
trêmulas.

—Se eu tivesse ido no lugar da Rosa,talvez eles teriam me levado e…

Minha mãe me olhou na mesma hora,e negou.

—Ou eles teriam te acertado também.—Minha mãe falou com a bomba


manual de tirar leite,e me ajudou.Foram três mamadeiras cheias,e seria mais
se eu não tivesse me levantado.

—Preciso falar com Bem.—Me levantei,e fui em direção ao escritório.

Antes de abrir a porta,bati antes.O cheiro de nicotina estava presente do


outro lado da porta.Ele não falou nada,então entrei assim mesmo.O
delegado estava junto,falando alguma coisa para ele,seu rosto estava
sério,atento.Rodrigues assim que me viu pediu licença e saiu da sala.

A garrafa de uísque estava na metade,e tudo uma bagunça.

Me aproximei da mesa,enquanto ele continuava parado no mesmo


lugar,olhando o nada de cara feia.Me ignorou e voltou a fumar.
—Me desculpa.—Apertei a borda da mesa,olhando minha foto ali.-

—Não.

—Falei sem pensar,tenta me entender.

—E você não me entende também?—Soprou a fumaça.

—Eu não estou sabendo lidar com isso,precisei descontar em alguém.

—Eu estou tão desesperado quanto você.

—Não vai me perdoar?—Limpei o catarro com o dorso na mão,que escorria


sem parar.

—Não era para gente ficar assim logo agora.—Se levantou.—Estou atrás do
meu filho,e infelizmente preciso ser frio para não fazer uma merda
grande,depois a gente conversa.

—Eu quero conversar agora.

—Não.—Se levantou.—Eu não tenho cabeça para nada,não tenho


notícias,ninguém sabe por onde começar.Eu preciso de uma ligação.—Saiu
do escritório,batendo a porta com força,me deixando ali sozinha.

Antes de ir atrás,senti o cheiro forte de bebida vindo dele,e várias fotos de


Bemzinho espalhadas pela mesa.Foi mais forte que eu,deixei Bem ir e fui
até as fotos.

Peguei a primeira,estava sorridente com a toalha em volta dele,enquanto eu


fazia graça.Alisei a foto tirada por esses dias,abracei o papel,me agachando
e fechando os olhos por alguns segundos.

Céus, ia enlouquecer,eu sinto.Impossível não pensar besteira,e seria até


inútil dizer que seria impossível não sentir preocupação.E se não deram
comida para ele?E se estão batendo nele?Ou vão dar ele?Voltei a agarrar a
foto,e fiquei um tempo no escritório.Só levantei por ouvir uma
movimentação vinda da sala,corri e ouvi metade da conversa.
—Eu já disse que vou te dar o dinheiro,Vanessa.Você quer a mim,devolva o
meu filho,porra.Eu vou no lugar dele.—Ele ouvia,e voltava a falar,com as
veias do pescoço no limite.—Pode me matar,sua filha da puta,só deixe meu
filho voltar.—A sala estava em silêncio.

Me aproximei,de olhos arregalados,ninguém tinha me notado ainda,pois


estavam todos de costas.A voz da mulher ficou alta,Bem deve ter colocado
na viva voz.

—Eu quero mais um milhão.—Sorriu.—E quero o dinheiro dos avós


maternos do menino.—Minha mãe balançou as mãos em afirmação.

Estevão saiu do quarto,sendo empurrado por Alane que me olhava com


pena.O velho ficou trancado o dia inteiro no quarto,e o restante eu não
sei...Ficamos os dois parados,apenas ouvindo.

—Você quer se vingar de mim porque nunca te dei atenção,sempre te


desprezei.—A mulher gritou do outro lado da linha.

—Te odeio Bem Santiago,odeio o filho da puta do seu pai.É uma pena que
eu não sequestrei minha sobrinha,nem a bastarda filha dela.Eu quero você
morto,seu pai,seus irmãos...

—Eu vou te matar antes.—Gritou de volta.

—O que...o que…—Estevão resmungou alto,chamando atenção de todos.—


Que gritaria é essa?—Max resmungou algo,vindo até ele.Bem me
olhou,depois desceu o olhar para a foto na minha mão.

—Minha filha.—Meu pai se aproximou.

—Ela quer matar meu filho.

—Você está com febre.—Meu pai falou após tocar o meu pescoço.

—Preciso falar com Bem,mas ele não me ouve.—Funguei.Como a sala


cheia,não quis o estressar.Acho que nós dois estávamos no limite.
Subi e me deitei,a febre ficou forte,e meu corpo mole.Voltei a ter sono,me
sentindo fraca e acabei cochilando novamente.

*****

Acordei com um corpo em cima de mim,e abri os olhos lentamente.Bem


fedia a bebida,com os olhos cerrados em mim.

—Está com febre.

—Ela não ligou mais?

—Não,já são quase meio dia e não temos mais notícias.

—Já temos um dia sem ele.—Alisei seu rosto.—Bem,será que estão o


alimentando?

—Eu não sei…—Ia se levantar,mas o puxei para mim.

—Me perdoa.

—Não consigo perdoar o que me disse.Acho melhor você voltar para o Rio
de Janeiro.

—Não—Falei desesperada.—Eu não vivo mais sem você.

—Nem eu.—Começou a beijar meu pescoço.

—Me perdoa.—Agarrei ele,o apertando,fez o mesmo.

—Vou achar o nosso filho,eu prometo a você.Eles precisam de uma


localização,daqui a pouco vamos em uma cidade vizinha.

—E o meu perdão,Bem?Não posso ficar sem os dois.

—Estou um dia sem dormir,esperando Rodrigues me chamar.

—Se não dormir,não vai conseguir ir atrás dele.


—Não posso dormir.—Ia se levantar,mas continuei o puxando para
mim.Acabou cedendo um pouco,e apenas cochilou trinta minutos.

Capítulo 35
Maria Júlia.
O dia passou rápido,todos na sala sem informações suficientes.O delegado
não conseguiu o rastreio do celular,mas eles estavam olhando algumas
câmeras de segurança das cidades vizinhas,e todas as delegacias também já
tinham sido informadas.Estevão estava no quarto,pois passou mal com
todos os acontecimentos.Depois que acordei suando da febre,decidi ficar na
sala observando a movimentação.
Bem acordou,e não falou mais nada comigo.Estava em seu próprio mundo,o
tempo todo com a cara séria de sempre.A culpa me invadiu,e isso remoeu
dentro de mim.Gael apertou minha mão,e eu olhei para ele,de todos os
irmãos ele conseguia ser o mais tranquilo no momento.

—Está melhor de saúde?

—Sim.—Limpei as lágrimas teimosas.—Meu emocional está um lixo.

—Fique quieta por hoje.

—Cadê a Gi?—Consegui perguntar depois de um tempo

—Está dormindo com Vick.—Balancei a cabeça,lhe oferecendo um


pequeno sorriso.Max veio beijar minha cabeça,Enzo fez o mesmo.Fiquei
apenas ouvindo a conversa deles,rezando para ter alguma pista.

—Já descobriram como entraram?

—O filho de Amaro,o funcionário que morreu falou que eles entraram pelo
caminhão de transportar os gados, mas que não viram a mulher.

—Ela deveria estar escondida.—Bem foi até a janela.—Essa filha da puta.


—Pegou outro charuto e acendeu
Fiquei quieta,encolhida,e acabei espiando meu pai olhando a foto do quadro
na sala.Sei que ainda doía me ver com outra família,e mais ainda me ver
passando por essa situação.

Tive que tirar mais leite do peito,pois o bico começou a ficar


vermelho,dolorido e incomodo.

O tempo passou,e nenhuma ligação,nada do meu filho.

BEM

Não consegui olhar Maria Júlia,respirando apenas para não perder o resto
de sanidade que eu ainda tinha.A sala estava inteira quebrada,todos tensos,e
eu nem mesmo dormir direito.Olhamos todas as câmeras de segurança das
cidades vizinhas e não achamos nada,as últimas imagens que tínhamos era
do caminhão saindo de Santa Clara.

—Temos uma informação.—Rodrigues falou.—Mariano descartou o


caminhão na entrada da cidade que supostamente está.

—Já olharam as câmeras dos estabelecimentos dessa cidade?

—Ainda não,Bem.—Voltou a olhar o computador.

Ficamos nos próximos minutos analisando todas as câmeras de


estabelecimentos que nos foram fornecidas.O próximo passo era enrolar
Vanessa na ligação para o celular ser rastreado,nunca dava tempo,e isso
irritava.

A única imagem que conseguimos era de Mariano em uma farmácia em


uma cidade próxima comprando utensílios para o bebê.

O celular de Vick tocou,e eu atendi desesperado.

—Já tem o dinheiro?—A vagabunda perguntou.

—Já,Vanessa.—Fui frio,e ouvi seu supiro,vacilando.—Preciso de uma


conta.
—Não vai perguntar do menino?

—Se você fizer alguma coisa com ele,eu acabo com você.

Ela sorriu.

—Ele parou de chorar,não quis a mamadeira direito.—Explicou.—E está


um porre para dormir.

Claro que estava,ele só dorme com as duas mãos nos peitos de Maria
Júlia.O menino é cheio de manias,tudo porque foi acostumado assim desde
que nasceu.Fechei os olhos,e olhei o delegado fazendo sinal para eu enrolar
um pouco mais.

—Ele não dorme sem a mãe,Vanessa.—Foi o que pensei em falar.—Já disse


que posso ficar no lugar dele.

—Não.

—Vanessa,ele quer te descontrolar,sua burra do caralho.—Ouvi a voz de


Mariano.—Me dê o telefone.

—Não,Mariano.—Os dois começaram a brigar pelo telefone.—Você só


quer a porra do dinheiro.—Começou uma gritaria alta,parecia ser confusão
entre eles.O delegado começou a ficar vermelho,enquanto um dos polícias
mexia rápido no computador.

—Feito,temos a localização.

Assim que terminou de fechar a boca ouvimos um tiro pela ligação, e o


choro alto de Bemzinho parou.Larguei o telefone deixando cair no
chão,Enzo arregalou os olhos.

Maria Júlia ficou pálida,sem reação alguma.

Ficamos todos calados,me apoiei na primeira coisa que vi pela frente,e Max
veio me amparar.
—Bem,o menino pode ter se assustado com o tiro.—Controlei meus
olhos,ardendo.Porra,que inferno.Por um lado senti alivio,e pensei com
clareza,eles não iam fazer nada com o menino sem o dinheiro.

—Onde eles estão?

—Em porá,do outro lado da fronteira.Não é tão longe.

—Pedi para o delegado de lá bloquear as entradas e possíveis saídas.

A movimentação começou.Max iria comigo,e Enzo ficaria em casa.Fui até


Maria,e segurei seu rosto.

—Não fizeram nada com ele.

—Eu ouvi tiros.—Disse,arrasada.Limpei suas lágrimas.

—Foi uma briga deles,eu vou trazê-lo de volta.—Ela fechou os olhos por
um momento,e soltou um suspiro.

—Por favor,Bem,me perdoa pelo que eu te falei.—Apertou minhas mãos.

—Quando eu chegar com nosso filho conversamos.—Garanti a ela.

Me abraçou apertado,e eu precisei fazer o mesmo sentindo seu cheiro.

—Amo você.Não deixe nada acontecer com ele,eu te imploro.

—Prometo a você que vou trazer ele de volta.—Dei um beijo em sua boca.
—Se for preciso,eu morro por ele.—Ela negou com a cabeça,e soluçou.

—Não.—Negou,mais lágrimas pulando de seus olhos.

Não falei nada,e a deixei chorando por mim,e por nosso filho.
Capítulo 36
Bem Santiago
Não consegui raciocinar direto o caminho inteiro indo para Três
Porá.Minha mente só pensava na possibilidade do tiro ter acertado
Bemzinho de alguma forma,e acabar minha vida e de Maria Júlia.

O caminho até a casa onde estavam os dois filhos da puta não ficava
exatamente na cidade,e sim em uma estrada de terra até uma casa
escondida.A viatura não ligou a sirene para não assustá-los.O matagal
crescia,como se aquela região da cidade vizinha tivesse sido
esquecida.Pulei do carro,mesmo com todos me pedindo calma.

Os policiais vieram na frente,na posição de ataque fazendo sinais para


rodearem a casa.Foi nessa hora que dei o primeiro chute no portão.Comecei
a ouvir gritaria,e pela voz reconheci como a de Vanessa.Rodrigues me pedia
o impossível,mas eu só queria arrombar logo a porra do portão.Me
desesperei por não ouvir choro de criança,e assim que o portão caiu,corri
para dentro do terreno tentando a fechadura.

—Eu já sei que você está aí,Bem.Fique onde está—Eu só conseguia ouvir a
voz de Mariano,e o choro de Vanessa.—Se arrombar a porta,eu mato o
menino,e em seguida tiro a minha vida também.—Parei minha mão no ar,e
ponderei.

—Não vou entrar.—Gritei de volta.

—Estou baleada.—Vanessa gritou.

—Foda-se,porra.Porque a próxima bala vai ser em sua testa.

—Vou dar a volta na casa.—Max falou baixo,indo para o outro lado.Fiquei


parado calculando as possibilidades que eu tinha.Se fosse eu sendo
sequestrado,sairia na mão com Mariano,e o mataria,mas tinha o meu filho.

—Temos o mapa da casa.—Rodrigues chegou com o papel extenso.—É


pequena,só tem duas janelas.
—Vou entrar pela janela.

—Bem,pode ser arriscado.—Rodrigues veio até mim.Não lhe dei ouvidos,e


fui procurar a merda da janela,encontrando com Max olhando o mesmo que
eu.

—Eu vou entrar,só tenho medo de fazer muito barulho.

O delegado veio atrás,junto do investigador.

—Essa é a janela do quarto.—Explicou.

—Tem chance de estar trancada também.—Comentei.

Tentei empurrar a primeira vez,mas parecia pesada.O policial da frente


começou a gritar para distraí-los,tentando fechar um acordo.Empurrei mais
forte a madeira,e consegui ver o quarto.
Estava podre,cheio de camisinhas,e esperma seco pelo chão.

Pulei a janela devagar,e saquei minha arma procurando a sala.Sem fazer


barulho cheguei no corredor,e parei de respirar analisando o
ambiente.Bemzinho estava com a mão na boca,deitado em cima do
sofá.Respirei aliviado em vê-lo aparentemente bem.

Vanessa tinha a perna baleada,e Mariano apontando uma arma para


ela,também sentado no chão.Me escondi novamente no corredor,e pensei
em quem matar primeiro.

Prendi a respiração novamente,e voltei a olhar de novo o corredor.Mirei o


ombro de Mariano,e soltei a respiração atirando sem vacilar,assistindo seu
corpo cair para trás.

Vanessa gritou e empalideceu,Bemzinho voltou a chorar alto,assustado com


o tiro.

—Filha da puta,estava achando que eu não ia te achar?—Falei para


ela.Tentou se levantar,e correr,mas sua perna deveria doer.Antes que
Mariano reagisse,corri até ele e peguei a arma dele também.—Eu vou
acabar com a sua vida.—Falei para ela.

—É uma pena que eu não tenha conseguido matar esse bastardo,e nem
você.Eu posso ir para o inferno,Bem Santiago mas você também
vai.Tomara que todos vocês peguem uma doença e morram.—Gritou fora
de si,chorando de ódio.Tentou se arrastar indo para o corredor,aproveitei
estar longe do meu menino para acertar mais um tiro na perna dela.

Voltei para sala,Mariano se levantava segurando outra arma indo em


direção ao meu filho,corri até ele chutando sua mão,acertando o primeiro
murro em seu queixo.Gemeu de dor,caíndo para trás.

Descontei meu ódio,frustação,desprezo e dor na cara daquele homem.Bati


tantas vezes,que sentia minhas mãos ficarem dormentes.Sua cara estava
inchada,deformada,e irreconhecível.Enfiei o dedo no seu ombro,e ele nem
conseguiu gritar pela dor.Me levantei,e chutei sua costela diversas
vezes,pisando em sua caixa torácica com força descontando um dia de tanto
desespero e culpa.

—Chega,Bem.—Ouvi a voz de Rodrigues.—Ele deve estar morto.—Não


respondi,apenas peguei a arma do chão.Apertei o gatilho,abrindo um buraco
na sua testa vendo seu corpo pular.

Me virei para o sofá,e meu filho não estava mais,Max tinha o pegado,e
levado para outro cômodo.Fui até o quarto ouvindo o choro do garoto,e o
peguei nos braços.As lágrimas incessante pararam um pouco,beijei a
bochecha de Bemzinho.Com os dedos inchados e cheios de sangue,tirei um
pouco do cabelo de sua testa.Ele suava,e estava fedendo provavelmente
pela fralda suja.

Os olhos iguais os meus me fitaram,inchados de tanto berrar.

—Papai está aqui.—Ele abriu um pequeno sorriso,mas logo voltou a se


debater no meu colo.A única que faria ele parar esse choro estava em
casa.Olhei para Max que estava sorrindo,emocionado.
—Vai para casa,irmão.Amanhã você resolve tudo.—Balancei a cabeça.

—Mande levar Vanessa para o mesmo lugar que Sthepanie.

Passei pela porta com meu filho,e olhei Vanessa no porta malas da viatura.

Rodrigues entendeu meu olhar,é fez um leve aceno de cabeça.

Um dos meus homens de confiança me levou para casa,pois eu não tinha


condições de dirigir naquele estado.Bemzinho parecia me reconhecer,pois
se aquietou,e ficou apenas me olhando com a expressão sofrida no rosto.

Até a fazenda o caminho foi longo,minhas mãos latejavam de dor por tirar a
vida de Mariano na porrada.

Subi a varanda e abrir a porta,Maria foi a primeira a olhar,com esperança no


rosto.

Maria julia
O barulho da porta fizera-me pular do sofá,depois de rezar sem parar.Bem
estava na porta com Bemzinho,e eu não pensei em mais nada a não ser
correr para eles.Fiquei na ponta dos pés,e agarrei o cabelo de Bem no
processo,chorando de tanto alívio,parecia que eu tinha voltado a
respirar.Bemzinho olhava em volta sem entender nada,o peguei no colo do
pai,e enchi sua bochecha de tantos beijos.Estava suado,assustado e sentido.

Sua perna tinha roxos,e eu mostrei isso a Bem no momento da emoção.Suas


mãos estavam destruídas,em carne viva

Olhei para ele assustada,mas ele desviou o olhar do meu,e voltou a focar no
nosso bebê.A primeira coisa que fiz foi colocar meu peito para fora, e dar
de mamar para ele ali mesmo na sala.

—Depois preciso examiná-lo.—Gael falou.

—Estou preocupado,pois teve tiro perto dele.—Bem falou,alisando o cabelo


do filho sem tirar os olhos.—Pode dar algum problema no ouvido?
—Daqui a pouco veremos,deixa ele se alimentar primeiro.-O -irmão mais
novo falou,e sorriu um pouco.—Se eu notar algo,o levamos ao hospital.

Eu estava em êxtase,só parei mesmo para falar com meus pais,mas eu me


sentia cansada,precisava ir para o quarto descansar.

Subi para o quarto junto de Bem que se mantinha em silêncio,não falou


comigo parecendo abalado também,e foi para o banheiro.Olhei meu filho
mais uma vez,e sorri para ele.

—Eu te amo tanto,Bemzinho.—Falei querendo chorar.—Você é o meu


amor.—Brinquei com ele,que sorriu e balançou as perninhas,animado por
me ver.-Sentiu falta da mamãe,não é?—Continuou balançando as
perninhas,e pegou um pouco do meu cabelo levando a boca.Beijei sua
barriga,chateada por ver uma manchinha roxa na sua perna,bem escura.

Entrei no banheiro,e dei a Bem para os dois tomarem banho juntos.Deixaria


para falar da mão dele depois,pois pela sua cara não queria conversar.Fiquei
apenas esperando,sentada na borda da cama.

Depois do banho tomado,e de trocar Bemzinho me arrumei na cama,e


ofereci mais peito a ele.Ainda sentia fome,então sugou
rapidamente,fechando os olhinhos no processo.Olhei Bem,que enxugava o
cabelo.

—Não vai cuidar da sua mão?—Me olhou.—Bem,fala comigo.Ele está aqui


com a gente agora,e eu me arrependo do que te disse.—Ia me levantar,com
Bemzinho no colo.

—Fique aí.

Entrou dentro do closet,e mudou a roupa.Pensei que já fosse sair


novamente,mas parecia muito mais cansado que eu.Fiquei espiando seu
andar,seu suspiro vindo até a cama.Se deitou do meu lado,e ficou
observando Bemzinho mamar.

—Daqui a pouco Gael vem vê-lo.


—O que aconteceu?—Me virei para ele,olhando suas mãos.

—Eu bati em Mariano.—Falou,e se virou para frente.

Suas mãos estavam...Irreconhecíveis.

—Quanto?

—Até a morte.—Disse,simplesmente.

Me calei,e levei a sério suas palavras que matava e morria por mim,e pelo
filho.Eu não teria nunca opinião sobre aquilo,e não perdoaria os dois
sequestradores do meu filho.É uma escolha minha não querer falar sobre
eles.Eu desejava apenas o pior.

—Não quero mais falar sobre isso.—Sussurei.—Resolva tudo,e faça o que


tem que ser feito,eu não me importo.—Ele me encarou,e depois olhou para
frente novamente.

Bemzinho demorou de mamar,e teve dificuldade para dormir.Nesse


tempo,Gael fez curativo na mão do irmão,e passou analgésico.Examinou o
sobrinho,e disse para levarmos ele ao hospital para fazer alguns exames.

Não queria tirar Bem filho de perto de mim,mas queria conversar com o pai
dele direito.Então deixei ele no berço do nosso quarto,alisando sua
bochecha.Me virei para Bem,que já tinha seu olhar sobre mim.Dei a volta
na cama,e parei ao seu lado.

—Agora pode me ouvir?Eu fui imatura com você,ninguém teve culpa.

—Não tenho que ouvir.—Se levantou.—Eu vou esquecer isso

—Certeza?

—Queria ter raiva de você,estranhamente é a única que não consigo.Eu te


amo demais.—O final sua voz saiu grossa.

Eu me joguei em cima dele,e o abracei apertado.Podia ouvir seu coração


batendo,sua respiração.
—Eu estou tão cansada.

—Eu também.

—Eu não aguento ficar muito tempo longe de sentir você.—Confessei.—Eu


te amo pra sempre.

—Para sempre?

Voltei a abraçá-lo,buscando sua boca no meio do caminho.Ele me agarrou


com a mesma fome,devorando minha boca,sua língua explorando a
minha.O beijo tinha dizia tanto.

Eu sabia que ele era muito para eu lidar,e mesmo sendo profundo e
intenso,eu o queria.

Capítulo 37
Bem Santiago.
Essa não seria a primeira vez que eu mataria pela minha família.Faria
sempre que fosse necessário,porque é desse jeito que a vida funcionava para
mim, você mata ou morre.

Tirar a vida de Vanessa para mim seria uma questão de


honra,principalmente por ter mexido com um inocente,que nem sabe o que
acontece em sua volta.

Desci as escadas,encontrando com Diego e Manuela.

—Está indo para delegacia?—Ela perguntou,com seus olhos azuis focados


em mim,igual a filha fazia.As duas eram muito semelhantes.

—Sim.—Afirmei.—Quer ir também?—Perguntei,e parei alguns metros na


frente dela.

—Eu sei disso.

—É assim que a lei funciona por aqui?—Diego perguntou,de modo irônico.


—A lei costuma ser eu.

Ele pareceu irritado com a resposta.

Se eu pudesse eliminá-lo.

—Não acha melhor a Maju ir passar uns dias com a gente?Ela anda muito
assustada.

—Ela e meu filho só vão sair da minha vista se você mandar me


matar,Diego.Ou ao contrário.

—Que porra é essa?Ameaça de morte?—Perguntou,irritado.

—Entenda como quiser.A mulher é minha.

Pareceu indignado.

—Sinceramente não sei até hoje o que ela viu em você.

—Me pergunto o mesmo da sua esposa.—Olhei Manuela.—Decida por


ela,não por alguém que não te pertence.

—Minha filha não é um objeto.

—Não é,só é minha.Nunca foi sua,e nunca será.

Aquilo foi o suficiente para deixar minha casa,e ir diretamente a


delegacia.Rodrigues não disse nada,só acenou com a cabeça em direção as
celas.Aquela era a primeira vez que eu não usaria uma arma para atirar na
cabeça de alguém no que eu considerava legítima defesa,e eu realmente não
me importava.

As duas estavam na mesma cela,enquanto Stephanie chorava,Vanessa não


tinha reação alguma aceitando em silêncio.Tive um relance de anos atrás,e
pude me lembrar dela,da irmã e de sua família.

Até a entendi por milésimos de segundo,a família dela era problemática


igual a minha.
Apontei minha arma,e apertei no gatilho assistindo a bala perfurar a testa de
Stephanie,entrando na carne,seu corpo caíndo,espalhando sangue pela
parede.Ainda fiquei um tempo parado,observando Vanessa morrer
lentamente com uma corda em volta do pescoço.Ela se debatia enquanto
olhava para mim, eu lembraria daquela cena,não como um trauma,é sim
como a porra de um trófeu.

Maria Julia
Esses últimos dias têm sido desafiadores demais para mim.

Rosinha continuava internada,e sua situação não era boa.A casa continuava
com um clima ruim,ela fazia muita falta.

Além de tudo isso,eu não estava dormindo direito porque Bemzinho


apresentava dificuldades para dormir,parecia assustado.Nenhuma porta
podia bater que ele abria o berreiro.Só queria saber de mim,de ficar no peito
o tempo todo.

Ontem completou seis meses.Já estava esperto,reconhecia sua família,e


passou a estranhar rostos desconhecidos.

Eu e Bem ficamos bem,mas na última semana a minha atenção foi toda para
o meu filho,e eu esqueci que precisava cuidar do meu marido.

Acabei deixando Bem de lado nesse processo,ele não falou nada,mas eu


precisava dele,o meu corpo já sentia falta do seu.

Meia noite o bebê berrou alto,agoniado por não querer ficar no berço,Bem
se levantou na mesma hora,e foi direto para o closet.Isso atrapalhava o sono
dele,e ele ia trabalhar cansado.Nosso filho já dormia no seu quarto,tem
apenas dois dias que vem dormindo no nosso por passar as madrugadas em
claro.

Ouvi Bem comentando com Max que pela segunda vez quase assina um
contrato errado por estar disperso.

Bem saiu do closet com roupa de sair,e estranhei as peças.


—Onde está indo?—Perguntei,de cenho franzido.

—Preciso ficar sem ouvir o choro dele.—Parecia perturbado.

Amanhã tinha contratos importantes para assinar.

Meus olhos encheram-se de lágrimas por me deixar sozinha.Bateu à porta


atrás de si,e se foi.

Bem Santiago.
Saí de casa com a cabeça latejando.Não que eu não tivesse paciência,mas
esses dias eu estava cheio de contratos importantes,e Bemzinho estava
chorando,e eu não queria me irritar com besteira.É apenas uma criança,e
tem dormido mal.

Se casar com uma menina mais nova de vez em quando tinha suas
desavenças,pela diferença de idade gritante.Há alguns dias estávamos nos
desentendendo por essas e outras coisas.

Tinha muito tempo que eu não vinha no estradas bar depois que o meu filho
nasceu.Max deveria estar por aqui com os amigos,e eu aproveitaria para
ficar um pouco.Cumprimentei com a cabeça algumas pessoas,e me sentei
no balcão.Estranhei ver o delegado ali aquela hora,quando me viu ficou um
pouco sem graça,mas ignorei.

—Bem,meu amigo,que surpresa te ver.—Falou,se levantando da banqueta.

—Vim me distrair um pouco.—Ele sorriu.Conversei mais um tempo com


ele,até a hora que foi embora.Antes de ir cumprimentou Leandra,e as
funcionárias.Me sentei na banqueta também.Leandra veio até mim
sorridente como sempre.

—Bem,tem tempo que não vem aqui.-Colocou a mão na cintura.—E


Bemzinho?Ele está cada dia mais lindo e sua cara.

—Está em casa,a essa hora dormindo.—Ficou quieta,me analisando.—


Obrigado.
—E sua esposa?

—Em casa também,Leandra.Pode me servir um uísque,por favor?—Mudei


de assunto.Ela entendeu,e foi pegar o copo e a garrafa para me servir.

—Viu Max por aí?—Olhei em volta.

—Ele saiu faz pouco tempo junto de Enzo.—Entendi o que quis dizer,e bebi
um gole da bebida sentindo descer queimando pela minha garganta.Fiquei
por um bom tempo perdido nos meus pensamentos,arrependido de ter saído
no calor do momento,e deixar minha loirinha sozinha.Só não gostava de me
estressar e descontar nela,preferia sair.Terminaria de beber aquele copo,e
voltaria para casa.

—Está chateado com alguma coisa?Ainda somos amigos.

—Não é nada demais,apenas perdi a paciência.

Leandra ainda me olhava com uma ponta de esperança.

A única mulher que me tinha e me teria até o fim dos meus dias era Maria
Júlia,eu não conseguia olhar para mais ninguém desde do dia que ela
chegou.

—Prefere sair a descontar suas frustrações nela,não é?—Balancei a cabeça.


—Posso conversar com você?

—Pode.

—Eu não posso ter esperanças nunca mais?—Eu ia me levantar e sair com
tamanha estupidez,mas ela me conteve.—Não é o que está
pensando,Bem.Eu só queria dizer que sofri muito durante todos esses
meses.Ver você tendo com outra mulher o que sonhei.—Deixou o pano que
segurava em cima do balcão.—Eu sempre namorei aquela sua foto bebê que
Rosinha me mostrou,e ver o seu filho tão parecido com você,não sendo meu
me destruiu,confesso.-Seus olhos brilharam.-Eu estou feliz de verdade,e
acho que encontrei alguém bacana que pode me fazer feliz.
Liguei uma coisa na hora e pensei em Rodrigues.Por isso ficou sem graça
em me ver ali.

—Rodrigues?—Perguntei,e ela riu um pouco.—Leandra,eu desejo que você


seja feliz como eu sou.Encontrei a minha felicidade.

—Foi doloroso te ver seguindo em frente.-Balancei a cabeça.

—Então foi bom ter me afastado esses tempos.Se fiz algo não foi
intencional,realmente quero ver você feliz.Rodrigues é um bom
homem,amigo da minha família há anos.—Sorriu novamente,seus olhos
cheios de lágrimas.

—Ele me pediu de casamento hoje,e eu neguei por achar muito cedo.Mas,se


eu me casar quero que esteja presente.

Duvidava muito que Maria Júlia fosse deixar.

—Pode contar comigo.

Perguntou por Rosinha,dizendo que iria lhe fazer uma visita.Eu evitava
visitar a mulher,já estava esperando o pior só não queria aceitar.

Depois da conversa com Leandra,vi que estava tarde,quase duas da


manhã.Paguei a conta,e fui para casa.Assim que subi as escadas,pensei que
Maria já tivesse dormindo,mas a encontrei sentada na cama com os olhos
vermelhos,involuntariamente procurei por Bemzinho mas ele não estava.

—Maria...

—Onde estava?—Se levantou,de cara feia.

—Fui no estradas bar.—Revirou os olhos,e cruzou os braços.

—E me deixou sozinha?Com seu filho chorando daquele jeito?—Se


aproximou,ficando vermelha.—E esse cheiro de perfume?—Me deu um
soco no peito.—Quer saber,Bem?Vou passar um tempo com meus pais no
—Fez menção de sair para o closet,porém agarrei seu pulso.
—Conversei com Leandra,apenas isso.Eu não queria descontar meus
problemas em você.

—São nossos problemas,e você nem me disse para onde ia.—Falou


magoada,cheia de ciúmes.

—Ela está em um relacionamento com Rodrigues.—A peguei de


surpresa,também fiquei.Tentou não se importar,e olhou para os lados.—
Confie em mim.

—Eu confio em você,mas ter ciúmes é diferente.

Me aproximei,o pau latejando dentro da calça.Muitos dias sem ela.

—Estou cheio de saudade da sua bocetinha.—Ela corou um pouco,e


mordeu a pontinha dos lábios novamente.A peguei no colo,e segurei sua
nuca trazendo a boca dela para minha,suas mãos descansavam em meu
peito,e ela me deu um sorriso.Aquele sorriso lindo que fazia meu coração
doer.

—Do que está rindo?—Olhei seus lábios avermelhados,a deitando na


cama.Alisou meu rosto.

—Estou pensando no quanto sou feliz com você.—Jogou os braços para


trás,e eu entendi o que queria.—Tira minha roupa.—Arqueou as costas.—
Eu preciso de você.

—Eu sou depende de você—Passei sua camiseta do pijama retirando do seu


corpo.Fiz o mesmo com a parte de baixo,atento a todos os detalhes do corpo
delicado e pequeno.Emagreceu mais depois da gestação,porém seus seios
ficaram maiores.E ainda estavam.Eu era alucinado neles, fartos,cheios e
agora escorriam leite.

Beijei seu corpo inteiro,o lambendo em seguida.Abri suas pernas deixando


a boceta pequena aberta,ergui minha mão e dei um tapa forte na vulva
molhadinha.Maria gritou alto,e eu a encarei dando outro tapa forte no
mesmo lugar.Eu queria que ardesse,e ela pedisse pela minha boca.
—Bem...Está...—Levou minha mão na boceta para tentar conter um pouco
da ardência.

—Ardendo?—Perguntei,e ela balançou a cabeça.Tirei a mão dela de cima


da minha,e dei outro tapa forte.

—AHH—Gritou.—Bem seus irmãos vão ouvir.

—Eles não estão em casa.Ninguém vai salvar sua boceta de levar uns
tapas,Maria Júlia.

—Me chupa logo...Está ardendo.—Falou,agoniada.

—Não.—Mexi no clitóris com dois dedos,para em seguida bater bem em


cima.

—AI.—Mordeu a própria mão.

—Implore.

Tentou fechar as pernas com a minha mão por dentro,belisquei o clitóris e a


safada rebolou na minha mão,se esfregando,buscando um alívio para
ardência.

—Agora.—Exigi.

—Por favor,Bem.Me chupa...por favor.—Se arreganhou toda,não resisti e


enfiei meu rosto no meio de suas pernas.Lambi sua vulva,fazendo
movimentos de cima para baixo na boceta inteira,cheguei no clitóris e o
chupei,como me pediu para fazer.Voltei para o buraquinho apertado,e enfiei
minha língua dentro.Suguei o gosto de Maria,espalhando por ela inteira.

Seus pés foram nas minhas costas me prendendo sobre ela,apoiei minhas
duas mãos em suas coxas e estiquei sua perna até o limite.

—Mais rápido,por favor.Está ardendo muito...ahhh.—Gemeu enquanto eu a


lambia e chupava devagar,torturando-a.Abri meus olhos,e a olhei,parecia
desesperada em busca de alívio mordendo os próprios lábios.—Bem...—Se
apoiou com os cotovelos,e me deixou doido quando apertou os próprios
seios devagar.

Os dedos apertaram o biquinho deixando vazar um pouco do


leite,intensifiquei a chupada olhando a cena.

Puxou minha cabeça,e deslizou pela cama devagar deixando os seios na


minha cara.Entendi o que ela queria,e coloquei seu peito inteiro na boca.Só
larguei seu seio para retirar a blusa e voltar novamente.

Não desci a calça inteira,não deu tempo.Empurrei dentro dela rápido


sentindo suas paredes quentes,receptivas.Pulsava para mim.Minhas mãos
apertaram tão forte o seu cabelo que ela gritou.

Me deitei de costas,e a fiz vir por cima.Buscou meu pau,e se sentou


devagar,cavalgou para cima e para baixo,gemendo.Busquei sua boca e nos
beijamos devagar,quase parando.Como eu era depende daquela
mulher...Nunca ninguém me completaria como ela me completou.Eu nunca
amei ninguém da forma que a amo.Guardei até o que eu não sabia dar,e dei
somente a ela.

Capítulo 38
Maria Júlia.
Três anos depois...

Rosinha saiu do hospital meses depois,parecia debilitada,fraca e


abatida.Não era mais a mesma,e às vezes parecia que se esquecia das
coisas,nem podia mais trabalhar.

Estevão quando soube o que aconteceu com ela,quis a visitar no hospital e


ficou sem dormir direito até ela voltasse.Como não era mais a mesma,ele a
olhava magoado,triste como se ela tivesse o deixado.

Quando estava bem,Rosa queria tudo,mas quando parecia se esquecer


ficava no seu canto apenas olhando Estevão.
Lembrei do que ela me disse,e tive pena.

Benzinho foi crescendo,e se tornando mais sério,menos sorridente,parecia


sorrir para quem conhecia.Se parecia cada dia mais com Bem.
Meu irmão também tinha assumido um relacionamento com Ana,nossa
prima,e claro que o clima na minha família não era dos melhores.

Meu casamento no religioso aconteceu,e pela briga do meu irmão para


assumir minha prima eu acabei chamando apenas os mais íntimos.Foi a
nossa última festa no casarão,depois ficamos esperando a nossa casa ficar
pronta.Bem decidiu não ficar mais perto do pai,e deixar a casa para ele.No
mesmo terreno do casarão,mas perto da cachoeira.Nesse processo todo
mandou fazer também uma para Max e Enzo.Vick Gael decidiram ficar no
casarão junto de Rosa.

Minha vida se revirou novamente quando eu estava no terceiro semestre da


faculdade quando levei um belo susto.Eu não era mais boba,passei a
conhecer mais do meu corpo,e notei umas diferenças.Engravidei
novamente,pegando a mim e Bem de surpresa.Eu tomava o
anticoncepcional,mas devo ter esquecido em algum momento.

Dessa vez meus pais sentiram muito,os dois.Falavam que eu era muito
nova,e estava indo para o segundo filho em menos de dois anos.E como
esperado,meu pai passou três meses sem falar comigo.

Eu me afastei do meu pai,pois não queria se metesse na minha vida.E estava


ficando cansativo.

João nasceu quando Bemzinho tinha um ano e sete meses de


idade.Diferente do irmão,ele tinha os cabelos com cachinhos loiros iguais
os de Camila.Meu cabelo era liso,o cabelo de Bem era baixo,e liso quando
criança, então depois de procurar por fotos de Camila criança,e adolescente
descobrirmos os cachinhos loiros.

Ele nasceu minha cara,menos na cor dos olhos.as iria castanhas escuras
eram a marca do pai.
Os dois eram muito apegados comigo.

Agora,Bemzinho tinha três anos,e João dois anos.Apesar de ter um pouco


de diferença,os dois conversavam e se entendiam do jeito deles.

Hoje seria o casamento de Enzo.

Max continuava sem ninguém,e dizia que só se casaria com alguém aos
cinquenta anos.

Enzo nos surpreendeu quando chegou um dia pedindo para conversar com
Bem,e disse que assumiria a paternidade de Dan e Fernando.Eles dois são
filhos de Fernanda,a secretária executiva de Bem.

Em algum momento eles se apaixonaram,e foi muito lindo ver o carinho,o


cuidado e a troca com os dois.Nandinho era pequeno,ainda não
entendia,mas Dan era autista,e precisava de cuidados a mais.Carinho,e
atenção que nunca tiveram do pai biológico.

Tudo isso aconteceu na na época de gravidez João.

O casamento também seria aqui na fazenda,um pouco mais arrumado que o


nosso.Bem tinha saído para conversar com os irmãos no casarão.

Me olhei no espelho do closet,vendo a minha trança de lado e meus lábios


em um gloss por cima do batom nude.Meu vestido era prata,brilhante de
mangas longas,sem decote na frente,e uma abertura grande nas costas.

A porta foi aberta,e Bemzinho entrou segurando a mão de João.

Alguma coisa em mim doía ao pensar que o meu bebê mais velho não
tivesse comigo hoje.Eu chorava toda vez de pensar na possibilidade.De vez
em quando eu pensava se não era protetora demais por causa do que
aconteceu.

—Vem,João—Falou coçando os olhos.O irmão sorriu para ele,dando o


mesmo sorriso que o meu.—Achamos a mamãe.
—Mamãe.—João apontou,e me estendeu os bracinhos,mas Bemzinho
sempre o puxava com ciúmes.

—Vocês dois vão ficar bagunçados.—Fui correndo atrás dos dois,que


saíram em disparada—O papai vai brigar se ver vocês dois desarrumados.
—Falei mais para mim,do que para eles.

Eu mimava e enchia os dois de dengo,enquanto Bem educava e dava


limites.

—Papai não vai brigar com eu não.—Bemzinho falou mexendo o dedo.

Me estendeu a mão,e eu peguei antes de abrir a divisória da escada.João


falava pouco ainda,então me estendeu novamente os bracinhos,o peguei no
colo deixando-o de lado no meu braço,dando a mão para meu outro bebê.

Bem chegou dentro de um terno preto,e calça de alfaiataria.Sua barba


estava feita,e escura.Analisou nós três antes de se aproximar.

—Vim buscar vocês.—Me olhou de cima a baixo,e me encarou sério.Mordi


os lábios tensa com o tesão entre nós.

—Papai demorou.—Bemzinho falou.

Bem alisou seus cabelos,e deu um beijo em sua testa.João coçou os olhos
com sono,e me abraçou pelo pescoço.

—Papai foi falar com seu tio.

Me estendeu a mão,e eu peguei,deu a outra a Bemzinho e saímos de casa.

Chegamos no local do casamento,enquanto Bemzinho fazia legal com o


dedo para todos que o cumprimentava,sem muita paciência.João não quis
saber de ninguém,só queria saber de dormir,com a mesma mania do irmão
de dormir com as mãos nos meus seios.Precisei deixá-lo com Vick quando
fui ficar no altar.
Recebemos alguns olhares até parar no nosso lugar.Por exigência de
Fernanda,ela não quis que os padrinhos entrassem,só ficassem em seus
devidos lugares.Ela morria de vergonha de Bem,mas ele gostava dela.

Fiquei no altar ao lado do meu marido,e filho.Bem tinha suas duas mãos no
peito do filho mais velho.

João estava no colo de Vick sorrindo das cosquinhas que a tia fazia,ela só
subiria ao altar quando Gael chegasse.

De longe vi Leandra e Rodrigues sentados de mãos dadas.

—Eles dois são bonitos juntos.—Comentei com Bem.Apesar de achar


isso,eu ainda sentia que Leandra ficava mexida com Bem.—Vão se casar
mesmo?

—Eu não sei.—Fitou minha boca,e depois alisou meu rosto com carinho.—
Só espero que o delegado não morra.—Falou sem um pingo de
divertimento,mas aquele era o seu humor.Um humor sombrio.

—Que horror.—Falei,arregalando os olhos.—Por que está dizendo isso?

—O único homem que escapou da morte foi o pai do filho dela.—Revelou.


—Ela é conhecida como a viúva negra da cidade.—Não aguentei,e caí na
gargalhada colocando a mão na boca.

Bem se aproximou,tinha uma expressão divertida no rosto.Colocou a boca


na minha orelha.

—Estou doido para tirar esse sorriso do seu rosto.-Me virei para ele de
olhos arregalados.—Quero ouvir você gemendo meu nome.

Foi a vez dele sorrir.

Precisei me sentar para ninar um pouco João,fiquei assistindo a interação de


pai e filho no altar.Bemzinho ria de algo que o pai falava,e em algum
momento o abraçou deixando Bem com um sorriso sincero nos lábios.
Bem Santiago.
Hoje era um dia especial.

Eu cresci junto dos meus irmãos,cuidei de outros como se fossem meus


filhos.Assumi tudo cedo.Hoje pela manhã tinha acordado com esse
sentimento,talvez pela emoção de ver Enzo se casando.Meus irmãos eram a
minha base de vida,e eu lutaria por eles até o fim da minha vida,assim como
vivo para a minha mulher,e meus dois filhos.

Hoje tive uma experiência de sair sozinho com Bem Dinho,para cortar o
cabelo pela primeira vez.Estava muito grande,e ele dizia sentir muito
calor.Então o levei,e fiquei segurando sua mão atento ao que o barbeiro
fazia.Se meu filho tivesse um arranhão,eu matava o barbeiro.Deu tudo
certo,e ele foi animado para casa.

No carro sempre me contava muitas histórias,se embolava e se perdia.Eu


passaria horas ouvindo o que ele tinha a me contar.Meu pai nunca foi assim
comigo,posso jurar que em quarenta e quatro anos ele nunca me deu
atenção.

Cheguei no casarão que eu tinha deixado de morar há alguns meses.Não


sentia falta,sempre estava por aqui nas nossas reuniões em família.

Rosa ajeitou a gravata de Enzo,que tinha um sorriso no rosto.

Ignorei Estevão,irritado pela obsessão dele com meu filho.Talvez porque se


parece demais comigo,mas dava raiva vê-lo ignorar os outros dois netos,era
como se eles não existissem.

Meu pai parecia viver esperando pela visita do neto.

—Cadê Bemzinho?—Estevão perguntou assim que me viu.

—Não é da sua conta.—Ele me encarou.—Vou chamar Max para te levar.

-Irmão,quero te mostrar algo lá em cima.—Enzo falou,e apontou com a


cabeça para a escada.
O corredor me trouxe nostalgia.Passei todos esses anos da minha vida
aqui,só não queria que meus filhos crescessem no mesmo ambiente que fui
infeliz.E já estava na hora de cada um ter sua casa.

Entramos no quarto de Enzo,que ele não havia mudado desde quando era
um menino.

—Queria te mostrar uma coisa.—Me mostrou uma caixa.Fui até a cama,e


abri,havia banners,posters,e fotos nossas.Sorri,pegando uma foto minha no
show de Metallica,o mesmo que comentei uma vez a Maria.

—Você foi longe com essas fotos.

-Eu fiquei nostálgico pra caralho no dia de hoje,e emocionado.Sei que não
te falo sempre,mas mesmo com pouca diferença de idade quem foi o nosso
pai de verdade,foi você Bem.—Parei de olhar a foto,e me virei para ele.

—É verdade.—Gael entrou na porta do quarto.—Foi impossível não ouvir.

—intrometido.—Enzo falou.—Quem te chamou?

—E precisa?—Max falou também.

Casar o meu irmão me deixava orgulhoso demais,por tudo que ele fez por
Fernanda,e pelos filhos deles.Se ele os assumiu,isso quer dizer que a família
ganhou mais dois membros.Além de Giovana,ganhei outros dois sobrinhos.

Estávamos esperando a noiva,quando peguei


Bemzinho no colo.Meu filho mexeu no meu bigode,e olhou a mão sorrindo.

—Papai,seu bigode faz cosquinha—Sorriu.

Deitou a cabeça no meu ombro,e continuou fazendo sinal de legal para


todos que o cumprimentava,eu apenas balançava a cabeça em um gesto de
educação.Não demorou muito para a noiva entrar,e Enzo se emocionou ao
ver Fernanda em um vestido simples de noiva.
Em quarenta e quatro anos,eu pude me sentir em paz depois de todos esses
anos.Eu não me arrependi de ter matado ninguém,e se precisar fazer de
novo,farei quantas vezes forem necessárias.

Capítulo 39
Maria Júlia.
Hoje foi o dia da casa ficar cheia,pois era aniversário de Bemzinho,meu
bebê estava completando cinco anos.Com ele eu aprendi o que era amor de
verdade no mais puro poder da palavra.

Eu que nunca imaginei que gostaria tanto de viver a maternidade,tinha me


tornando a mais babona e cuidadosa do mundo.Agora além do João,nós
também tinhamos o Tom e a Betina.Na verdade,seu nome era Antônio.

Antônio era nossa mistura,e eu amava muito a junção de nós dois.

Bettina tinha apenas cinco meses,e se parecia demais com Bemzinho e


Bem,só tinha puxado meus olhos azuis.Ela era brava,chorava por tudo e só
dormia aninhada no colo do pai.E Bem fazia tudo que ela queria,ficava
horas com ela no colo.

Algum tempo depois do casamento de Enzo descobri que estava grávida do


Tom,e eu nem sabia direito o que pensar,ou fazer.E na de Betina,minha
reação foi sorrir de nervoso.Eu achei que teria quatro meninos,pois
demorou para gente descobrir que era uma menina.A gravidez dela foi a
mais tranquila,a única que meu pai não fez drama quando descobriu.

Algum tempo antes...

Quando a gente contou que era uma menina,o engraçadinho do Max


começou a encher o saco do irmão.Ele dizia que não esperava que o irmão
fosse ter tantos filhos.Acho que nem mesmo Bem imaginava que teria
tantos filhos.
—Você respira perto de Maju,e ela fica grávida.—Enzo
falou,sorrindo.Recebeu apenas um olhar mortal do irmão.

—E eu parei mesmo na Gi.—Vick comentou,sorrindo.

—Eu não sei se parei por aqui,mas acho quatro uma quantidade grande.—
Pisquei.—Eu pareço uma mulher viciada em ser mãe.—Comentei baixinho
com Vick.

—Vocês não estavam se cuidando?—Vick perguntou,em um sorrisinho


cúmplice.Neguei com a cabeça,morrendo de vergonha.

—Na verdade,eu estava tomando remédio mas nada além disso.—Ela


começou a rir.

Minha barriga grande aos sete meses de gestação, estava linda demais.Toda
as vezes crescia apenas barriga,engordava pouco.

Depois que o bebê nascia eu sempre amamentava e ficava mais magra do


que eu era acostumada.E nada disso importava,afinal eu abriguei um ser
dentro de mim por nove meses.

Gi veio na direção da mãe,com os cachinhos iguais aos dela.Lembrei de


João,que tinha os cabelos menos cacheados que os dela.

Ficamos nós três na sala,até Rosa aparecer com um ar de choro.Ela vinha da


cozinha,e eu e Vick nos preocupamos,olhando uma para a outra sem
entender.

—O que houve?—Vicky perguntou.

—Acho que Estevão não passa dessa noite.—Foi sincera.—Ele pediu para
eu não contar nada aos filhos,mas teve um princípio de infarto esses dias.

Alisei minha barriga,e mordi o cantinho dos lábios.Tinha bastante tempo


que eu não o olhava.
—Ninguém sabe?—Perguntei.Olhei Vick,que não chorava mas passou a ter
uma expressão triste.

—Apenas o Bem.

Decidi ficar com Bem,então saí de perto das duas e fui até o quarto.O
corredor cheio de lembranças,a porta do quarto onde tudo começou...Meu
coração deu um solavanco,minha barriga se contorceu.Eu me senti há cinco
anos atrás querendo arrancar atenção de Bem,querendo descobrir quem era
aquele homem fechado,e sério.

O ar gelado veio forte,e eu pude ver Max encostado na parede de braços


cruzados com a expressão seria.Vick surgiu atrás de mim,colocando as
mãos nas minhas costas como um pedido silencioso que eu entrasse,e eu
entrei.

Era uma despedida,e Bem trouxe nossos filhos.

Ninguém estava focando na conversa entre Bemzinho e o avô,apenas


Bem.João estava agarrado à perna do pai,e Tom ao pescoço.

Assim que Estevão me viu,pareceu surpreso pela minha barriga grande e


olhou para o filho.Bem não teve expressão nenhuma a não ser os lábios
pressionados como se fosse raiva,e as sobrancelhas grossas lhe dando um ar
mais sério.

—Eu vou pedir para o meu pai levar sua cadeira lá para fora,aí eu consigo
mexer.—Benzinho comentou relaxado na cama do avô,alheio que o senhor
da cama estava prestes a falecer.

Me aproximei do meu marido,vendo-o descer o olhar para minha barriga


arredondada mais uma vez.Me aproximei da cama,passando os dedos no
cabelo do meu filho chamando sua atenção.

—Vamos deixar o vovô descansar,meu amor.—Estendi a mão para ele.

—Depois eu terminei de te contar,vovô.—Falou inocente,recebendo um


olhar carinhoso do homem que nunca sorriu desde que cheguei aqui.
—Você ficou mesmo.—Falou para mim,e eu sorri um pouco.—O que é?—
Apontou sua mão tremida para minha barriga.

—É uma menina,e vai se chamar Betina.—Balancei a cabeça.Deixei Vick


se aproximar,e ajudei Bemzinho a sair da cama.Ele estava descalço,com os
cabelos lisos bagunçados.

—Loirinha,leve eles.—Bem falou baixo.Tom não queria sair do colo do pai


então tive que usar todo o meu poder de mãe,e mostrar meu seio
discretamente para ele.

Disse para Bemzinho segurar a mão de João,quando segurei a mão do seu


irmão.

Max sorriu vendo os três sobrinhos,e se aproximou fazendo João sorrir se


escondendo atrás de mim.Meu cunhado abriu a porta para mim,enquanto eu
colocava Tom no chão,pegando sua mãozinha pequena.

—Tchau,vovô.—Bemzinho falou inocente,e acenou para o velho.

—Tchau,meu neto.—Fiquei parada algum tempo,olhando o pequeno sorriso


em direção de Bemzinho.O primeiro,único e último sorriso que eu vi
daquele homem.

Bem Santiago.
Assim que minha loirinha saiu levando nossos três meninos,pude respirar
em alívio.Ele trata meu filho mais velho como nunca tratou nenhum de nós.

Rosinha entrou no quarto chorando com as duas mãos juntas a boca.

Ele pediu um advogado um dia antes,e só agora entendemos.Estevão estava


morrendo.Acho que o único jeito desse martírio e castigo que ele vive
passar será mesmo a morte.

A minha infância toda foi recompensada com quatro filhos aos quarenta e
sete anos.Eu fazia com Bem filho,João e Antônio tudo que eu não tive.
—Eu...eu amo meu neto.—Estevão falou.

Todos do quarto ficaram em silêncio,surpresos com a revelação.O filho da


puta era um egoísta,sempre foi.

A pose altiva não saía do seu rosto,infelizmente eu tinha muito dele.

—Não estamos aqui para falar do meu filho.—Fui firme,sem emoção por
ele morrer.Para mim era um tanto faz

Ninguém tentou discordar de mim,continuaram em silêncio.Eu estava perto


da porta do banheiro,Enzo sentado no sofá junto a Fernanda,Vick e Gael
abraçados do outro lado da cama,e Max encostado na parede.

—Não,estou bem.—Falou cansado,e Rosa o ajudou a colocar o ventilador


pulmonar.Tivemos que esperar um tempo até ele conseguir continuar.Não
quis presença de médico,e nem ninguém.Só ontem à noite fomos
comunicados do seu começo de infarto.Na madrugada mesmo precisou de
ventilador nasal,e Rosa não aguentou e me comunicou.

Ele sabia que ia morrer.A gente sabia que ele morreria,em horas ficou
bastante debilitado.Acho que eu só ficaria em paz depois que ele morresse
de verdade.

—Pai,o senhor precisa ficar quieto.—Enzo falou.—Coloque o respirador


um pouco.

—Não,já estou bem.Eu...eu queria pedir desculpa a vocês por


tudo.Pedi...pedi ajuda a Rosinha,deixei algo escrito para vocês.—Voltou a
colocar o respirador,fechando os olhos.Pareceu tomar fôlego,o último da
vida dele.—Bem,você fez pelos seus irmãos o que eu nunca fiz.Não espero
o seu perdão,e nem o de nenhum de vocês.—Parou de falar,como se o ar lhe
fizesse falta.A voz já estava rouca,e baixa.

—O seu menino lembra você em tudo,Bem.—Mais suspiros longos.—A


única pessoa depois de setenta e um anos que eu amei de verdade foi o seu
filho.—Falou para me atingir.—Não deu tempo de eu ser uma pessoa
melhor para o menino,vou ter vergonha dele saber quem eu fui.—Tossiu
mais.—E se querem saber,eu mudei meu testamento.—Aquilo terminou de
pegar todos de surpresa.

Max se desencostou da parede com medo da merda que ouviríamos,Enzo


olhou para mim assustado.Cruzei os braços,e esperei.

—O que você fez,pai?—Vick perguntou.

—Deixei tudo meu para o menino.—Falou daquele jeito arrogante.—A


maior parte da Santiago,minhas ações,meu dinheiro em todas as contas é do
único neto que eu gostei.É do seu filho,Bem.De Bem Santiago filho.

Filho da puta.

Minhas narinas inflaram de tanta raiva,que eu só não avancei nele porque


Max e Gael me seguraram.Rosa arregalou os olhos,colocando a mão na
boca em espanto.

—O QUE VOCÊ FEZ,SEU FILHO DA PUTA?—Pela primeira vez o


chamei assim.Eu senti ódio que guardei,e coloquei para fora.—Não quero
meu filho com nada que venha de você.—Eu quis enforcá-lo,só não fiz
pelos braços que me puxavam.—Eu nunca te amei—Falei.—Morra sabendo
disso,e se quer saber mais?—Aquilo o surpreendeu,e de novo o remorso
passando e seus olhos.—Seu castigo é ver o tempo passar.

—Porra,pai.—Max falou,também chateado por ele ser ruim até na hora de


morrer.

—A maior parte da herança será dele.—Falou por fim,antes de colocar o


respirador.

—Meu filho se acalme.—Rosa falou.—Pelo menos tinha algum sentimento


guardado dentro do seu pai.

—Usado para a pessoa errada.—Enzo falou.—Bemzinho é só uma


criança,Rosinha,você precisa entender que nesses cinco anos meu sobrinho
conquistou tudo que nós sempre lutamos para ter ao menos um
pouco.Entenda a raiva de Bem.Não é pelo dinheiro.
—Eu não quero que ele ame o meu filho.—Foi o que eu falei.—Se ele não
tivesse morrendo eu mesmo o mataria.

Ninguém além dela se surpreendeu,porque sabiam que eu faria se fosse


necessário.

Soltei um suspiro,por um lado aliviado em saber que o homem que foi meu
pai nunca faria mal ao neto.Por outro lado o egoísmo em deixar bem claro
que o único neto que amou foi o meu filho,sendo que ele tinha três que
chegou a conhecer.

Estevão morreu com sua ruindade,mas nos deixando em paz.

Algum tempo depois.

Betina estava chorando,com um vestido rosa escolhido por Maria.Passei o


dedo no seu nariz várias vezes,alisando para ela parar de chorar.Isso foi a
acalmando,e sua boquinha de bebê parou de tremer.Eu passava horas
gravando os detalhes do rosto de bebê da minha filha.

—Minha princesa linda.—Falei para ela.—Papai ama muito você.—


Continuei embalando para que ela não chorasse mais.Sorriu para mim.—
Quando você crescer papai vai te encher de presentes,te levar para conhecer
os cavalos,só não pode comer doces.—Ela juntou as sobrancelhas igual
como eu sabia que fazia,e resmungou sorrindo em seguida.

—Ela vai ficar mimadinha.—Maria se aproximou com um vestido rosa.Os


cabelos de Betina eram escuros,mas os olhos claros como da minha
loirinha.Ela também tinha rosácea,e em alguns pontos dos seu corpo de vez
em quando ficavam vermelhos.

—Igual você.—A trouxe para perto,e ela me abraçou pelo pescoço com sua
mania de sempre.Betina não gostou da aproximação da mãe,e começou a
chorar.

—Olha só isso,Bem.Até parece que ela tem ciúmes de você.—Maria riu,e


me deu um beijo no canto dos olhos.—Eu nem posso mais dormir com o
papai porque você tomou o meu lugar em cima do peito dele.—Falou a
nossa filha que continuava chorando.Voltei a mexer a perna para que
parasse.Eu não gostava de ver minha princesa chorar.—E você é um babão.
—Me acusou.

—Ela é linda.—Falei,apaixonado.Eu também não desgrudava mais dela,foi


eu que acostumei ela no colo,preciso confessar.

Hoje era aniversário do meu filho de cinco anos.Eu tinha orgulho do meu
menino,e no que ele vinha se tornando.Nos mínimos detalhes eu ficava
encantado com ele.

Adorava ficar analisando cada um.João era grudado em Maria,só queria


dormir com ela.e eu ficava louco que dormisse logo para ter minha mulher
apenas para mim.Antônio era o mais sorridente dos três.

Betina,de todos eles era a mais chorona,brava demais que ficava até
vermelha.Mesmo com cinco meses,só queria ficar comigo o tempo inteiro.

Antônio se aproximou coçando os olhinhos,ele tinha dois anos,também era


um bebê.

—Venha aqui,meu filho.—O puxei para o colo,beijando seu pescoço.Ele


encostou a cabeça no meu peito ficando quieto.Betina assim que o viu
começou a mexer as perninhas,de ficar agitada.

—Tem alguém que tem ciúmes do pai.—Leandra falou ao lado do


delegado.Agora sim posso dizer que ela não sentia mais nada,e se sentia era
muito bem escondido.Eu devia ao delegado,além dele ser um grande
amigo,por isso o chamei para a pequena festa de Bemzinho.—Eu queria
entregar o presente de Bemzinho.

—Deve estar por aí correndo com Maria.—Falei a ela,que saiu com o


presente.O delegado ficou,e colocou a mão no meu ombro.

—É,meu amigo.—Apertou em cumprimento.—Eu até te ajudaria,mas a


idade chega para todo mundo.—Apontou as costas.—Como é ter filhos
depois dos quarenta?Leandra queria adotar,mas eu não sei se tenho mais
paciência.—Ficou sem graça em pedir o conselho.Fiquei querendo
sorrir,mas não gostava de sorrir assim para ninguém.

—Ter filhos depois dos quarenta exige paciência.—Fui sincero.—Ou você


terá mais paciência,ou ficará mais estressado.

—Você ficou qual ?

—Paciente.—Falei.

Maria me chamou para tirar fotos,e mesmo contrariado eu fiz o que


queria.Porque era sempre assim.

Como Betina não aceitava outro colo,ajeitei ela melhor enquanto Júlia
mexia em seu vestido.A menina parecia uma boneca em sua mão.

Minha mulher não perdeu a essência de menina mesmo com o nosso


casamento,e filhos.Ela sorria ao meu lado segurando a mão de João do seu
lado esquerdo,Bemzinho estava na minha frente segurando a mão de
antônio.Minha cara na foto saiu menos fechada do que das outras vezes por
ver o legal no dedo do meu filho mais velho.

Depois da foto, olhei Maria mais uma vez,sabendo que por ela eu sempre
faria qualquer coisa.

Ela era quem eu amava acima de mim.

O amor da minha vida.

Epílogo.
Bem Santiago.
Hoje era o dia do meu aniversário, e eu não queria festa e nem ninguém na
minha casa,mas,eu não tinha escolha quando se tinha uma esposa que
amava dar festas e uma bebezinha que seguia os passos da mãe.
Betina não era mais uma bebezinha,já estava com nove anos, porém,para
mim sempre seria como na primeira vez que eu a vi,e peguei no colo.

O dia do nascimento dos meus filhos sempre seria o dia em que eu


voltaria,apenas para viver a mesma emoção da primeira vez.

Maju estava sem falar comigo um dia,depois da briga que tivemos por eu
não querer nada.

Na festa que eu também não fazia ideia do ano passado,eu ganhei um


cachorro da raça São Bernardo na cor preta.

Acabei me apegando ao cachorro,além disso ele era o único que não estava
de cara virada para mim por querer tomar uma decisão por conta
própria.Mas aquele era o preço que eu estava pagando por mimar minha
mulher e minha filha de nove anos, cheia de personalidade que já estava
conseguindo dobrar os três irmãos mais velhos.

Bati a porta do carro,e andei em direção às escadas que me levariam para


casa,antes que eu chegasse no primeiro degrau,Metal veio correndo na
minha direção,balançando o rabo esperando que eu fizesse um carinho em
sua cabeça.

Metal de Metalica.

—Então você é o único que está falando comigo.—Acariciei suas


orelhas.Ele me seguiu enquanto eu subia os degraus para tentar chegar em
casa e conquistar minhas duas bravinhas novamente.

A porta foi aberta,e Bemzinho segurou a maceta grande enquanto me


encarava.Era como se eu estivesse me olhando anos mais jovens.

Estava prestes a completar quinze anos,já era um homenzinho que eu


gostava de admirar toda vez que chegava da escola ou defendia os seus
irmãos, principalmente o João.Eu conseguia me enxergar perfeitamente no
meu filho.
—Pai.—Ele disse e deu uma olhada para trás.—A mãe disse para eu sair
com você.

—Sair comigo?Eu não posso entrar na minha própria casa?

—Não.—Ele negou com a cabeça,e bateu à porta atrás de si antes de eu


tentar ver alguma coisa.Ele estava vestido em uma camiseta preta,e shorts
da mesma cor.—Ela me disse que não iria tentar festa surpresa,mas ia
chamar os meus tios.

—Com certeza ela iria chamar.—Ele sorriu,e eu sorri junto.—E seus


irmãos?

—O João está sendo obrigado a ajudar na decoração, e o Antônio está


tentando impedir a Bê de te ligar para pedir alguma coisa.

—Ela estava de mau comigo também.—Sorri e me juntei ao meu


filho,dando meia volta indo para algum lugar que nem eu e muito menos ele
sabia onde.Metal nos seguiu,e apressou o passo quando viu um pássaro
qualquer.

—Ela fica de mau com todo mundo quando ninguém faz o que ela quer.E
ela não dorme sem o senhor,por isso está desesperada tentando ligar para
ficar de bem.—Ele pareceu pensar,parou e me olhou erguendo as
sobrancelhas—O que acha de andar de cavalo?

Precisamos ir até o haras para pegar dois cavalos.Atos já estava velho para
aguentar muito peso e ser montado,nós agora tínhamos cavalos novos em
que nós poderíamos fazer nossas cavalgadas.

Eu sempre gostava de fazer isso com ele,porque metade da Santiago o


pertencia como o único herdeiro do meu pai,e no dia que eu me aposentar
eu esperava que ele tomasse o meu lugar.Eu não queria que meu filho
enfrentasse todos os problemas que eu enfrentei,e nem que matasse
ninguém para chegar em algum lugar no poder.

Por mais que ele fosse o herdeiro,o poder ele tinha que conseguir,isso não
viria junto do cargo que eu deixaria.
Quando chegamos próximos a cachoeira que eu tinha milhões de
recordações com minha loirinha,parei para enfrentar o sol forte e conversar
um pouco com Bemzinho.De cima era possível ver o campo de girassóis,e a
extensão de nossas terras.

No meu aniversário, à medida que eu ia envelhecendo e eles todos


crescendo costumava ser o momento em que eu ficava nostálgico.

—Você tem noção que metade disso aqui é apenas seu?—O olhei puxando
um pouco a rédea do cavalo.Ele balançou a cabeça,mas me olhou meio
incerto.

—Por que o meu avô deixou tudo pra mim?—Perguntou olhando para onde
eu olhava.

—Essa pergunta,meu filho,eu nunca saberei te responder.É a única pergunta


que eu nunca vou saber a resposta.

—Ele me amava?

—Acho que você foi a única pessoa que ele amou.E um dia você sabe que
terá que assumir tudo,não é?

—Eu quero ser igual ao senhor.

—Você pode ser até melhor do que eu.Eu só quero que saiba,Bem,que o
cargo e o nome que você carrega nas costas atrai gente ruim.

—Está me dizendo porque um dia eu estarei no seu lugar?

—Exatamente.Você esse ano completa quinze anos,já está um rapaz e


precisa saber que sempre tem alguém querendo ser melhor do que nós.

—E os seus inimigos?

—Você tem o sobrenome Santiago,isso sempre atraí um ou outro,mas eu


vou te ensinar a se defender.Eu tenho um presente para você quando nós
chegarmos.Presente de quinze anos.
—Adiantando? —Se animou.Quartoze anos ainda é uma criança,e eu nunca
quis que ele perdesse a infância como eu perdi a minha.Mas,uma hora eu
teria que começar a prepará-lo de outra forma.

—É apenas um deles.

Assim que chegamos em casa,eu fui recebido com uma pequena festa no
fundo da casa e antes que eu conseguisse cumprimentar alguém ou ser
cumprimentado,Betina pulou no meu colo como se tivesse quatro anos e
piscou.

—Papai,eu não estou mais zangada,deixarei só a mamãe nessa função.

—Isso por quê?

—Porque eu ainda quero que o senhor fique comigo quando eu dormir,e se


eu ficar chateada você não vai.

—E quem te disse isso?

—Eu criei na minha cabeça.—Afastei seus cabelos,e dei um beijo na sua


testa.

—Mesmo que eu estivesse zangada eu iria até a minha mini loirinha.—A


abracei apertado.

—Eu não sou loira.—Rebateu.—Meus cabelos são escuros iguais aos seus.
—Tocou o meu cabelo,segurando entre os dedos.Essa era a sua mania antes
de dormir,por isso não ficava sem mim.

E no fundo eu queria que fosse sempre assim,porque eu não permitiria que


ninguém se aproximasse da minha filha.Eu era capaz de matar quem fizesse
isso.

—Mas você parece com sua mãe.—Peguei sua mão e entrei dentro de casa.
—Cadê ela?
—Está se arrumando porque disse que a noite vocês vão sair.Mas não
demora,papai.

—Eu prometo que não demoro,mas se eu demorar você já sabe o que tem
que fazer.

E ela sabia.

Os três irmãos ficariam com ela no quarto até ela apagar.Ela se sentia
protegida por eles,assim como era protegida comigo.

Ela subiu pelas escadas indo atrás de Maria e eu entrei no escritório


esperando pelo meu filho mais velho que foi guardar os cavalos.Assim que
voltou e entrou no escritório,eu abri o pequeno cofre que tinha atrás do
quadro com a pintura de nós seis e tirei uma pequena caixa.

—Se um dia você precisar proteger sua mãe,ou seus irmãos é isso aqui que
você tem que usar.—Abri a caixa e lhe mostrei a arma.—É sua,eu comprei
para você,mas ficará guardado no escritório

Ele arregalou os olhos,e pediu para pegar.Deixou o objeto nas suas vistas e
a virou como se não acreditasse que estava ganhando uma arma.

—Obrigada,pai.—Rodeou a mesa e me abraçou.—Eu prometo pro senhor


que quando não estiver,eu defenderei a nossa família.

—Eu vou te ensinar o que eu sei,mas eu não quero que seja como eu.

—Eu não vou,mas eu queria.—Ele tornou a sorrir.

Maria Júlia.
Bemzinho abriu a porta do escritório feliz demais,mas foi em direção dos
irmãos .Antes que eu atravessasse a porta,João passou como um furacão na
minha frente e entrou indo atrás do pai.

Antônio veio atrás,resmungando que estava demorando demais para


começar o aniversário do pai.
Hoje de manhã os quatro pularam na cama,com uma surpresa para o pai
com direito a todas as guloseimas que o amor da minha vida odiava.Mesmo
sendo um rabugento,sem querer festas eu o respeitava,não
completamente,mas Bem merecia.

—Ainda não se arrumou,Tom?

—Não posso ficar com essa roupa?—Se olhou.Tom era uma mistura minha
e de Bem, eu não conseguia identificar com que se parecia mais.Vestia uma
camisa da Metálica,e short preto.O gosto dele,de Bem e Bemzinho no
quesito música eram iguais.

—Pode.

—Posso pegar um doce?

—Se eu disser que não você vai pegar escondido.—Ele soltou um


sorrisinho.

—Tá bom.—Andou desanimado de esperar para fora,indo encontrar com os


tios.

Cada filho meu tinha uma personalidade diferente.Bem era uma extensão
do pai,e queria ser como ele.João era o mais tranquilo deles,vivia em cima
do cavalo,insistia para os tios levá-lo em vaquejadas.Tom era o que dava
mais trabalho, aprontava muito.Betina eu não preciso dizer com quem se
parece.

—Então eu fiz esse presente,o senhor gostou?—Ouvi João perguntar.

—Eu amei,meu filho.

Abrir a porta,e os dois pares de olhos se voltaram para mim.João voltou a


correr,saíndo das nossas vistas.Cruzei os braços,e me encostei na porta.

—Ainda está brava?—Se levantou.


—Talvez.—Fechei a porta atrás de mim.—Mas hoje é o aniversário do
homem da minha vida,não posso ficar zangada com ele.—Pulei nos seus
braços,e lhe dei um beijo.—Eu juro que não convidei ninguém,só os seus
irmãos e seus sobrinhos.

—E seus pais?

—Eles estão aqui sempre.—Falei.—Mas eu queria que a gente tivesse


tempo.—Sussurrei com a boca colada na dele.—Porque eu queria muito
abrir minhas pernas para você.

—E eu queria comer você de quatro nessa mesa.—O aperto no meu cabelo


tinha se tornado mais forte.—Mas se eu começar,não vou parar.

—E vai estragar minha festa.—Falei,mas antes apertei seu volume por cima
da calça.

Precisei esperar que relaxasse novamente,para ir pra fora.Sua mão segurou


a minha fortemente,e eu podia sentir meu coração bater forte como da
primeira vez.Era sempre assim,desde do seu primeiro aniversário em que
ele se chateou comigo,até esse de agora eu reagia da mesma maneira.

Se tivesse como ser conquistada todos os dias por ele,eu seria.Mesmo que
às vezes seja teimoso,e fechado,Bem dizia que me amava sem precisar
verbalizar.Abrir a porta,e encontrei com Tom escorado no sofá como se
esperasse pelo pai,estava com a mão cheia de canapés.

—Pai.—Ele falou de boca cheia.

—O que eu falei sobre não falar enquanto mastiga?—Bem o repreendeu.Em


vez de se chatear,ele riu e precisou colocar a mão na boca.Fez um sinal para
o pai esperar,e respirou fundo.

Suas bochechas estavam vermelhas de tanto correr.

—É que eu não fiz presente,mas eu posso ser o seu presente?—Bem


sorriu,e balançou a cabeça.—Depois eu compro quando tiver dinheiro.
—E por que está tão agoniado?

—É porque queria falar logo,mas eu te amo assim mesmo.

—Eu te amo mais.—Ele respondeu de volta,e puxou o nosso bebê para ir


conosco para fora.

Os irmãos o cumprimentaram, pude sentir Bem relaxado por ter a família


completa do jeito que ele amava.Aqueles momentos eram o máximo de paz
que todos eles conseguiram construir e ter ao longo dos anos.Cada um tinha
sua família,mas eles pareciam se unir cada vez mais.

E eu tinha orgulho de ser parte disso.

Eu lembro de quando cheguei aqui,do tanto que me assustei por saber quem
era Bem,do tanto que eu quis aquele homem desde da primeira vez que eu o
vi.Eu esperei por ele dezenove anos.

E quando eu estava com ele nada mais importava.

Parecia que as horas não passavam.Eu me apaixonava cada vez mais por
ele,pelo que construímos.Se eu não tivesse ficado,insistido,sofrido e lutado
eu perderia tudo,inclusive ele.Eu era imatura,mas sempre soube que ele era
o amor da minha vida.

A razão dela.

Eu deixei tudo por ele.Eu briguei por ele,eu o quis tanto que nada à minha
volta passou a fazer sentido se ele não estivesse.

Ele me dizia que eu era a única,mas ele também.

Pode ser que nem todos tenham a sorte de conhecer o amor da vida,ou viver
um amor que te faz tremer as pernas,a garganta fechar,e as borboletas no
estômago surgir.

Poderia ser um pouco sombrio,diferente.Ele poderia ser violento,já ter feito


coisas que talvez eu não aceitaria antes,porém agora eu o tenho por
completo independente de tudo isso.Eu sou tão dele como ele é meu.

Eu voltaria e faria tudo do mesmo jeito.

—No que está pensando?—Ele me abraçou,rodeando minha cintura.Olhei


para cima e encontrei a infinidade castanha escura,a barba com alguns
pelinhos brancos,e o seu cabelo como os mais escuros que eu já tive a sorte
de ver.

—Em nós,quando eu te conheci,acabei me emocionando.

—Você mudaria algo?

—Nada,só você sabe o que.—Ele assentiu.Eu só mudaria o dia em que


nosso filho sumiu.—Mas eu te amo tanto,Bem.

—Eu não existo mais sem você,Maria.

—Nem eu.—Deixei a lágrima escorrer,e ele limpou.—Eu te amo tanto,meu


amor.

—E eu sei que você pode imaginar o tanto que eu amo.—Eu sorri.Mordi os


lábios e alisei sua barba.—Você está mais chorona que o normal.

—O que quer dizer com isso?

Não acredito que Bem tenha reparado de novo o que eu estava tentando
fazer surpresa.

—Que você está grávida.—Escondi meu rosto em seu peito para me


recuperar,e voltei a olhá-lo.

—Estou.—Sorri.—De novo.—Ele me deu um sorriso tão amoroso,tão


lindo...

—Eu terei quantos filhos você quiser me dar.

—Fui pega de surpresa,a gente não estava tentando.


—É um filho meu e seu.

—Eu sei...—Sussurei.—Nós sempre vamos querer.

—Sempre,minha vida.

Eu conhecia seus desejos e taras e mesmo assim eu quis ficar.Eu conheci o


amor,porque Bem Santiago era o que ele representava para
mim.Sombrio,ou não,esquisto ou não,ele era o maior e único amor que eu
teria na vida.

Porque para nós não existiria um fim.Porque o fim seria onde ele estivesse.

Eu e ele,para sempre.E isso nunca vai mudar.

Fim.

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