Você está na página 1de 778

Indomável

LIVRO 1

KACAU TIAMO
Copyright © 2015 Kacau Tiamo

Capa: Jéssica Gomes


Revisão: Ana Aguiar
Diagramação Digital: Katia
Caumo

Esta é uma obra de ficção. Nomes,


personagens, lugares e
acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes,
datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Todos os direitos reservados.
É proibido o armazenamento e/ou a
reprodução de qualquer parte dessa
obra, através de quaisquer meios
— tangível ou intangível — sem o
consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil.
AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente às
minhas Pimentinhas, pois sem
vocês nosso Leãozinho demoraria
muito para sair, o empenho de
vocês nesse presente lindo (que uso
muito) foi de um valor inestimável.
Nunca me esquecerei do que
fizeram por mim. Esse gesto de
amor e união ficará para sempre em
meu coração e em minha memória.
À Sheila Pereira, me incitando a
continuar sempre com suas
montagens lindas...
À Cássia Maria, com suas artes
maravilhosas... e à todas que me
incentivam diariamente com seus
comentários lindos!
Meu obrigada mais que especial
para minhas miguxas do coração,
sempre comigo em todas as horas...
F. Bittencourt, Karoline Gomes,
Deisi Riewe, Alexsandra Peres,
Marina Peres (Cotinha), Dani de
Mendonça, Kelly Faria, Erica
Pereira, Luciana Ferreira e Gisele
Melo, Andreia Calegari, Graziela
Lopes, Helena Costa, Lilia Britto,
Luana Silva, Luciana Rangel,
Mônica Menezes, Diana Camêlo,
Ionara Carvalho, obrigada por me
aturarem dia e noite, vocês moram
no meu coração.
Agradeço também a minha
capista, The Flash, que nunca me
deixa na mão, super paciente e
talentosíssima Jessica Gomes e ao
cuidado todo especial da minha
revisora Ana Aguiar, que aprontou
nosso Leãozinho em tempo recorde
e tão próximo às festas de final de
ano.
Meu muito obrigada a todas
vocês também que prestigiarão meu
trabalho, lendo e apaixonando-se
por Bruno, o mais solitário dos
quatro lobos...
Bem, depois de tantos
agradecimentos, vamos começar
nossa história!
Como sempre, apreciem sem
moderação! :D
SUMÁRIO

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Epílogo
A Autora
Contato
Outras obras na Amazon
CALOR LATENTE
INEVITÁVEL
INCONDICIONAL
CAMINHOS DO CORAÇÃO
Capítulo 1

Estar aqui, entre meus amigos e


suas famílias, me faz pensar em ter
a minha própria.
Os gêmeos de Rick e Jess estão
fazendo um ano, Theo e Pam estão
babando na pequena Giovanna que
está com duas semanas. Bem, não
só eles, todos estão babando na
pequenina. Os gêmeos têm um
pouco de ciúmes da bebezinha, pois
eles eram os únicos bebês de todos
e isso está sendo divertido de se
ver.
Adoro crianças e esses três são
a minha paixão. Vi todos nascerem.
O que também é esquisito, pois já
vi “as partes” das mulheres dos
meus amigos, que são como irmãos
para mim, o que me faz tio dos
pequenos.
Tio... Isso remete à família. A
minha está muito longe e não nos
falamos há tanto tempo que não faz
mais sentido ir atrás. Quem sabe um
dia quando eu tiver a minha
própria, eu os leve para conhecer
meus pais e o resto do pessoal. E lá
estou eu, pensando em ter minha
família novamente.
Exasperado com essa
constatação, passei a mão pelo
rosto e prendi meus cabelos num
coque.
Essa coisa de amor não é para
mim. Nunca senti nada a mais por
ninguém. A não ser por essas
pessoas que hoje são minha família,
e faria qualquer coisa por eles,
nunca senti nada. Acho que a minha
menina perfeita não existe.
Preciso de um tempo no clube.
Dominar é minha outra paixão. Ter
uma mulher ao meu dispor e saber
que ela fará o que eu mandar, me
deixa com muito tesão. Amo as
mulheres, seus corpos, seus
gemidos, suas bocetas macias e
molhadinhas... Mulheres de todos
os tipos, desde que tenha uma
boceta e um par de seios... não
esquecendo da boca... Quando
estão ajoelhadas na minha frente,
chupando meu pau e me olham com
aquele olhar carente e suplicante,
como se dissessem: ”Me dê sua
porra, quero cada gota.”... Caralho,
isso é demais! Sou um safado, sem
vergonha e tarado. Amo dominar
essas capetinhas.
Porra, por que fui pensar
nisso? Agora estou com uma
ereção do caralho, no meio de uma
festa infantil! ! !
Uma coisa era certa, na minha
primeira folga, eu iria ao bar.
– Ei, Brunão, tudo bem? –
Guilherme perguntou, sentando-se
ao meu lado.
– É, tudo indo. Como está indo
com a fertilização?
Guilherme e Ella tinham ido ver
os detalhes para ter um bebê, com
os óvulos congelados dela e eu me
preocupava muito com o lado
emocional dos dois, pois não era
fácil enfrentar essa situação.
– Vamos fazer o primeiro
implante em alguns dias. Sempre
tem aquele nervosismo, sem saber
como vai ser...– ele entrelaçou os
dedos, brincando com os polegares.
Dei um tapa em seu ombro.
– Relaxa, vai ser o que tiver que
ser. Vocês merecem ter sucesso
nessa empreitada e vão ter. E já
sabe que, precisando desabafar, eu
estou aqui.
– Valeu cara, eu sei que posso
contar com você. Queria ter a sua
certeza. Mas vamos tentar mesmo
com medo do que possa acontecer
ou no caso, não acontecer.
– Eu estava pensando em ir ao
bar na minha próxima folga. O que
acha de chamar todos? Faz tempo
que não nos reunimos e bem, você
sabe, as mulheres de vocês adoram.
–Não sei, cara, Pam ainda está
no resguardo e, com certeza, não
poderá ir. Só se conversarmos com
Theo e Rick e marcamos para
depois que ela for liberada. O
pobre do Theo deve estar subindo
pelas paredes!
Foi impossível não rir, só em
pensar no coitado, esse tempo todo
só no cinco contra um.
– Fechado. Fala com eles e
depois me avisa. Será que falta
muito para cortarem esse bolo?
Estou louco pra atacar os doces!
– Cara, você só tem tamanho!
Devia tomar juízo, cortar esses
cabelos, arrumar uma boa mulher e
se casar. Só falta você.
– Há há, até parece. Não tem
aquelas mulheres que ficam pra
titias? Eu vou ficar pra titio, só
curtindo. A minha vida e os filhos
de vocês. Isso não é pra mim, cara.
Eles sempre implicaram com
meus cabelos, mas eram parte de
mim e eu adorava. Com meus dois
metros de altura e minha cabeleira
selvagem, as mulheres
enlouqueciam. Ainda mais quando
eu andava sem camisa. Eu passava
muito tempo trabalhando e o
restante eu dividia entre malhar,
cuidar do bar e fazer sexo, muito
sexo. Minha cabeleira era um
chamariz para mulheres. Diziam
que eu parecia selvagem e tentavam
me domar. Mas como os caras
insistiam em dizer, eu era o
indomável do grupo.
– Vamos lá na cozinha, roubar
uns doces? – eu sabia que
Guilherme estava louco para atacar
também, os doces da Jess eram
viciantes!
Fomos andando disfarçadamente
até a cozinha e encontramos uma
bandeja de brigadeiros, separada
das demais. Atacamos os doces e
pegamos um pouco de suco na
geladeira.
– Bonito, hein? – Ella falou alto
atrás de nós e, no susto, nos
engasgamos com o brigadeiro.
Ella começou a rir de nós e
depois de alguns tapas nas costas,
rimos também. Ella sentou-se no
colo de Guilherme e nos ajudou a
acabar com a bandeja de docinhos.
– Caramba, não guardaram pra
gente?– Pam chegou na cozinha,
escoltada pelo Theo. – A Gigi
dormiu. Vim repor as energias com
alguns docinhos. A Jess faz doces
como ninguém!
– Vi todo mundo se esgueirando
pra cozinha, o que vieram fazer
aqui?– Jess perguntou, da porta.
Rapidamente escondi a bandeja
atrás da cadeira.
– Viemos roubar uns docinhos,
mas quando chegamos aqui esses
três já tinham acabado com todos
os reservas. – Pam nos dedurou.
Jess fez cara feira para nós e
veio pisando duro. Abriu um
armário próximo e retirou mais uma
bandeja de docinhos variados.
– Pronto. Depois de tantas festas
com vocês, eu sabia que isso
acabaria acontecendo, então
fizemos a mais – ela abriu um
sorriso e todos suspiramos
aliviados.
– Ouvi falar em roubar
docinhos? – Rick chegou,
abraçando Jess pela cintura,
estendendo o braço e enchendo a
mão de brigadeiros.
– Ah, vocês são fogo viu! Pega
mais uma bandeja ali, amor. Eu
também vou querer!
Estávamos todos conversando e
brincando com o assunto dos doces.
Olhei para cada um dos meus
irmãos, que estavam agarrados em
suas mulheres, elas entraram de
mansinho em minha vida e me
aceitaram como eu sou. Eu amava
essas pessoas!
Capítulo 2

Depois de cantarmos parabéns


para os meninos e de mil e uma
fotos, chegou a hora de ir embora.
Relutei em deixar todos, mas eles
tinham suas casas para voltar e suas
mulheres para mimar. Então fui
para minha casa também.
Chegando, tomei um banho, a
bagunça e o barulho da festa ainda
estavam em meus ouvidos,
contrastando com o silêncio do
ambiente. Eu precisava de conforto
e carinho, alguém que se importasse
realmente comigo e que fosse uma
boa companhia. Só consegui pensar
na Anne. Se os caras imaginassem
uma coisa dessas, eu seria zoado
pelo resto dos meus dias.
Respirando fundo, liguei o note. Eu
precisava dela hoje à noite.
Entrando na rede social, a
luzinha dela estava verde.
Suspirei, mandando uma
mensagem.
– Boa noite, Anne.
Logo veio a resposta.
– Boa noite, Leãozinho. Como
você está?
– Indo. Como foi seu dia?
– Tudo certo, mas você não me
parece bem – ela sempre parecia
perceber meu estado de espírito,
somente com algumas palavras
minhas.
– Estou me sentindo sozinho,
nesse apartamento enorme… –
desabafei.
– Bem, eu estou aqui pra você –
e colocou uma carinha feliz.
Essa carinha feliz, me fez
imaginar que ela estava fazendo
exatamente essa carinha e isso já
me fez sorrir.
Conversamos um pouco por ali e
era como se ela estivesse ao meu
lado, uma coisa meio louca de se
entender. Com Anne, eu podia ser
eu mesmo, contar meus segredos,
minhas conquistas, fossem elas no
trabalho ou com as mulheres
mesmo, ela ria e se divertia
comigo. Me incentivava ou me
puxava a orelha e eu adorava tudo
isso. Se era possível ter amizade
com uma mulher? Bem, há anos eu e
Anne éramos amigos virtuais. Eu
me preocupava com ela e ela
comigo. Uma amizade gostosa.
– Pimentinha, que bom ter você
em minha vida – mandei mensagem
de voz, algumas horas mais tarde. –
Vou dormir, amanhã entro cedo no
trabalho. Bons sonhos.
– Ok, beijos Leãozinho. Ah, não
some. Eu me preocupo.
– Pode deixar. Beijos e até mais.
Amanhã à noite eu entro de novo.
Desliguei o note. Acho que se
fosse para ter uma mulher comigo
todos os dias seria a Anne. Com ela
eu conversava por horas, sem ao
menos perceber o tempo passar.
Coloquei o note no chão e
pensando nela, dormi.
Acordei suado, no meio da
noite. Que sonho filho da puta! Eu
e Anne transando como animais, eu
ouvia seus gemidos ainda, meu pau
duro estava latejando. Não tive
alternativa, a não ser bater uma
pensando nela.
Caralho, como isso? A punheta
mais deliciosa da minha vida,
imaginando a Anne, gordinha
montada em mim. Deus! Me limpei
com a camiseta e joguei no chão.
Isso não era certo. Não com Anne.
Ela estava acima disso tudo. Ou
não?
Fiquei tão perturbado com isso
que não consegui mais dormir.
Liguei o note e reli algumas de
nossas conversas.
Quente como o inferno!
Como eu nunca percebi? Será
que ela me queria? Não, eu não
posso pensar nela assim.
Arranquei a cueca e fui tomar um
banho. Gelado!
Fui mais cedo para o hospital,
faria uma hora por lá e pegaria
alguma daquelas enfermeiras que
viviam me dando bola, eu
precisava de sexo real, depois
daquele sonho maldito.
Chegando à sala de descanso
dos enfermeiros, a Dani estava por
ali, sentada num sofá, com uma
xícara de café nas mãos. Ignorando
todos os sofás disponíveis, me
sentei ao lado dela, meu corpo
enorme tomando todo o espaço
restante, ficando encostado da coxa
aos ombros dela. Então abri meu
braço, estendendo no encosto do
sofá.
– Ei, como foi a noite?–
perguntei, puxando papo.
– Uma correria daquelas, estou
estressada! – ela respondeu. – E
exausta – suspirou.
– Encoste aqui – ofereci meu
peito.
Ela sorriu e se recostou em mim.
Comecei a acariciar seus cabelos e
fui descendo, acariciando seu
braço, massageando, até que ela
soltou um gemido leve. Com a outra
mão, elevei seu rosto, pelo queixo,
para que me olhasse. Encarei
aqueles olhos lindos e cheguei
perto.
Bingo! Ela entreabriu os lábios,
pedindo para ser beijada.
Encostei minha boca na dela e a
beijei, acariciando seu corpo todo.
Ela estava entregue e não se opôs a
uma carícia mais ousada, quando
minha mão escorregou para dentro
de sua calça. A puxei para cima de
mim e ela se encaixou em meu
corpo, enfiando as mãos em meus
cabelos, aprofundando o beijo. Ela
era pequenininha e me levantei com
ela em meu colo, levando-a para
um dos quartos de descanso.
Realizei meu sonho, mas com a
Dani.
Chupei, acariciei e fodi aquela
bocetinha com vontade e a fiz gozar
diversas vezes até que eu estivesse
satisfeito.
A limpei e lhe dei um beijo de
adeus. Juntei as camisinhas
descartadas e fui para o vestiário,
tomei um banho e coloquei meu
uniforme. Agora sim, eu estava
pronto para mais um dia de
trabalho.
Mas a sombra de Anne ainda
estava em minha mente.
Eu adorava meu trabalho na
oncologia. Por vezes angustiante,
mas a parte da oncologia infantil
era realmente gratificante, ainda
mais quando fazíamos recreação
com as crianças. A faculdade de
educação física era muito útil ali.
Adorava ver a felicidade naqueles
rostinhos tão sofridos.
O câncer é uma doença ingrata e,
na minha opinião, as crianças não
deviam passar por isso, um dos
motivos pelo qual escolhi ser
enfermeiro pediátrico e também da
oncologia.
Aquelas pestinhas me adoravam
e toda vez que eu ia aplicar a
medicação, o sorriso em seus
rostos aparecia, pois se lembravam
das brincadeiras da hora da
recreação. Com meu tamanho e com
a minha cabeleira, eu era
inconfundível e sempre fazia jus ao
apelido que Anne me deu, de
leãozinho e deixava a juba solta
durante a hora da brincadeira.
Anne novamente, rondando
minha cabeça.
Suspirei e entrei no centro de
enfermagem da oncologia,
verificando o quadro e as fichas.
Tentaria não pensar mais nela e
ficaria uns dias sem falar com ela
também. Quem sabe com essa
distância, ela saísse da minha
cabeça.
Assim, meti a cara no trabalho e
me dediquei aos pacientes.
À noite quando cheguei em casa,
o silêncio me envolveu e minha
mão coçou para pegar o note e falar
com ela. Aquilo tinha se tornado um
vício e eu nem havia percebido.
Passei a mão pela minha barba
que estava comprida demais.
Prendi meus cabelos num coque,
peguei uma cerveja, meu violão e
fui para a rede, na sacada.
Bem longe do note e de Anne.
Comecei a dedilhar as cordas do
violão e quando percebi estava
tocando a música tema de Game of
Trones... eu estava mesmo pra
baixo... Terminei a cerveja e toquei
mais algumas, observando o céu
estrelado. O balanço da rede e a
cerveja, me deixaram sonolento.
Me levantei bocejando e me larguei
na cama, do jeito que estava.
Capítulo 3

Acordei cedo. Hoje só


trabalharia à noite, mas não tinha
jeito de dormir até mais tarde.
Arrumei minha mochila para a
academia.
Olhei em volta, procurando as
luvas que usava para treinar e meus
olhos caíram sobre o note. Será que
ela tinha entrado ontem? Eu havia
prometido falar com ela. Não me
aguentando de curiosidade e de
vontade de ter algum contato com
ela, peguei o notebook e liguei.
Entrei na rede social, mas tomei o
cuidado de ficar invisível para
todos. Abri o chat e tinha uma
mensagem dela. Na hora já marquei
como não lida, para que ela não
percebesse que eu tinha visto.
“Oi leãozinho, fiquei te
esperando até agora. Vou dormir,
estou com saudades. Beijo e
espero que você entre amanhã e
me explique o porquê de ter me
deixado na mão. Adoro você. Até
mais.”
Que vontade de responder! Mas
não, eu precisava de distância
disso. Quem sabe eu não
respondendo a coisa esfriasse e até
mesmo que ela me esquecesse. Se
bem que quanto mais eu tentava
ficar longe, ficava mais importante
saber dela. O que eu mais queria
era passar horas conversando com
ela. Caralho, ela fazia eu me sentir
tão bem...
Esperaria mais uns dias. Isso
passaria, essa vontade louca de
falar com ela passaria. Suspirei,
fechando o note. Olhei a hora e já
eram quase 10 da manhã. Peguei
minha mochila e fui para a
academia, sem a luva mesmo, essa
merda devia ter saído andando, não
era possível.
Em minutos cheguei na Swanson
Fitness Club, a academia que de
certo modo era minha também. Uma
pequena parte, mas era. Rick,
quando resolveu abrir a academia,
me chamou e ofereceu uma
porcentagem de tudo, em troca de
meu nome como sócio, pois para
abrir uma academia, você precisa
ser formado em Educação Física e
como eu era, entrei nessa. Ele era
um irmão para mim e nunca negaria
uma coisa dessas a ele, eu não
queria parte nenhuma, mas ele fez
questão. Além do que, confiava em
seus instintos para os negócios e
realmente eu não havia me
enganado. A academia era um
sucesso.
Lá estava eu, treinando, quando
Jess e Rick chegaram. Jess deu um
beijo em Rick, que ficou
acariciando o rosto dela, dando
pequenos beijinhos enquanto falava
alguma coisa que a fez sorrir. Então
ele foi para o escritório e Jess foi
para a esteira, começar seu
aquecimento. Aquela demonstração
de carinho, me deixou com o peito
doendo, e um vazio dentro de mim.
Eu sabia muito bem do que estava
sentindo falta.
Minha Anne era como Jess, toda
cheinha, pele branquinha ... as duas
poderiam ser irmãs, de tão
parecidas. A diferença estava nos
cabelos, os de Anne eram mais
compridos e com umas mechas
douradas.
Por que essa fixação com Anne
agora? Éramos amigos há tanto
tempo, por que agora, cacete!
Descontei a minha frustração no
exercício, me acabando de tanto
malhar. Cheguei em casa, comi
alguma coisa e, depois de um
banho, me atirei na cama.
Acordei com o despertador. Já
estava na hora de ir para o hospital,
eu tinha apagado por horas!
Coloquei uma roupa e fui para o
trabalho, no pior mau humor do
mundo.
Assim foi, durante uma semana.
Quando não estava no trabalho,
estava me acabando na academia.
Olhava as mensagens de Anne, que
estava ficando cada vez mais
irritada com meu sumiço. E
preocupada. Nunca fiquei tanto
tempo sem falar com ela. O que me
pareceu uma boa ideia, estava se
mostrando um enorme erro.
Como sempre, eu acordei e abri
o note, para olhar se tinha alguma
mensagem dela. E não gostei do que
encontrei.
"Eu nunca virei as costas pra
você! Quando você precisou eu
estive aqui. Todas as vezes. A hora
que fosse! Quantas madrugadas
passei com você, trocando
mensagens ao celular? No
computador? Quantos conselhos?
Quantas conversas nós tivemos e
eu te apoiei, ajudei, estive ali pra
você? E você simplesmente some
assim? Você dá valor ao que
temos? Não, porque você só quer o
que você não pode ter! Quanto
mais impossível, mais você quer e
luta por isso. Acho que eu vou
fazer isso também. Ficar
inacessível! Quem sabe, né? Estou
indo embora... quando você
entender que eu gosto de você pelo
que você é e não pelo seu físico,
dinheiro ou sei lá mais o que, você
sabe onde me encontrar! Como
dizem, você um dia vai ver que
perdeu a lua, enquanto admirava
estrelas. Adeus, Bruno.
Sua Pimentinha”

Eu tinha ido longe demais.


Fechei o note com força e larguei
ele por ali.
Que vontade de quebrar tudo!
Coloquei minha roupa, agarrei a
mochila e fui para a academia. Me
entreguei ao treino. Quase no final,
Rick chegou perto de mim e, com
uma cara preocupada, me encarou e
disse: Cara, vai transar. Você vai
acabar se machucando, com tanto
exercício. Me deu um tapa no
ombro e se foi. Ele tinha razão.
Desde que peguei a Dani no
hospital, eu não tinha feito nada.
Voltei para casa e liguei para o
serviço de acompanhante. Eu os
usava como delivery. Ligava, fazia
meu pedido, especificava como
queria e um pouco depois, a comida
chegava na minha porta.
Hoje eu queria alguém como
Anne. E me mandaram a Karol, uma
morena de seios fartos e quadris
largos. Ela mal chegou, já agarrei,
encostando-a na parede. Eu estava
louco para foder e aquela gordinha
gostosa era tudo o que mais queria.
Fui subindo seu vestido, passando
as mãos pelas suas coxas roliças,
desvendando sua barriguinha e
finalmente seus peitões. Caí de
boca neles, sem pensar duas vezes.
Karol gemeu e se entregou
completamente a mim. A comi ali
mesmo, encostada na parede,
depois no sofá, apoiada no encosto,
virada com a bunda para mim.
Depois de satisfeito, a ajudei
colocar sua roupa, paguei e ela se
foi.
Meu corpo estava satisfeito, mas
minha mente não. Eu ainda queria o
que não podia ter!
Frustrado, fui trabalhar. Pelo
menos no trabalho eu não pensava
nela, pois tinha que me concentrar
nos pacientes. Eu não podia
cometer nenhum erro, nunca. Vidas
dependiam de mim e eu me
entregava ao que fazia.
Capítulo 4

Saí do trabalho, ainda frustrado


e fui direto para um barzinho, que
ficava cheio sempre. Encostei no
balcão e pedi uma cerveja. Me
sentei em um dos bancos e fiquei
olhando o povo chegando,
conversando, rindo, indo embora e
eu ali, no balcão, enchendo a cara.
Depois de não sei quantas cervejas,
me levantei para ir ao banheiro e
percebi que estava muito bêbado, o
bar todo estava girando. Por sorte
consegui chegar lá e fazer o que
tinha que fazer, com uma mão
apoiada na parede, para não cair.
Lavei as mãos e joguei água no
rosto, para ver se eu melhorava.
Voltei para o salão do bar, meio
cambaleante e Rick estava ali,
apoiado no balcão.
–Cara o que você está fazendo?
Mandei você ir transar, não encher
a cara!
–Como você me achou? – as
palavras saíram da minha boca de
forma estranha.
Ri com o som delas. Eu estava
falando engraçado.
– O Marcos, lá da academia, te
reconheceu e me ligou. Ele ficou
prestando atenção e quando viu que
você pediu a décima cerveja, me
ligou.
– Eu sou forte, sou grande,
aguento mais que isso!
Caralho eu estava realmente
bêbado.
– Vamos lá, eu te levo pra casa.
Veio de moto? – Rick estendeu a
mão pedindo a chave.
Cacei em meus bolsos a porra
da chave.
– Não, tô de carro – fui colocar
a chave na mão dele, mas tudo se
borrou e sei lá como, ele pegou a
chave de minha mão.
– Bora Tigrão, a bebedeira
acabou – ele se enfiou embaixo do
meu braço e me apoiei nele,
deixando que me levasse.
– Tigrão não, Leãozinho. Sou um
leãozinho! – eu ria sozinho. –Minha
Anne me chama assim... Leãozinho.
– Cara, você não tá falando
coisa com coisa.– Rick abriu a
porta do meu carro e me colocou
para dentro. – Que leão e que
Anne?– Ele perguntou, dando
partida no carro.
– Deixa pra lá – encostei a
cabeça no banco, tudo rodava – Tá
tudo girando – falei rindo.
– Brunão, você é um bêbado
chato. O que aconteceu pra você
encher a cara assim?
– Sei lá. Eu não sei o que fazer
da minha vida. Não sei o que quero.
Não, eu sei o que quero, mas não
sei se é certo – tagarelei, sem nem
saber do que falava. Fiquei olhando
os carros que passavam ao nosso
lado até que Rick disse:
– Chegamos. Vou te levar lá pra
cima.
Rick me ajudou a sair do carro e
entrar em meu apartamento.
– Valeu cara. Volta pra sua casa.
Manda um beijo pra Jess e para os
pestinhas. Eu estou bem, vou ficar
legal – fiz um sinal com a mão,
levantando o dedão. Bem coisa de
bêbado mesmo, pensei, rindo
novamente.
–Vou levar seu carro. Amanhã eu
mando alguém trazer. Tem certeza
de que vai ficar legal?
–Estou bem, cara. Pode ir.
Rick saiu e me larguei na cama.
O note estava ali e eu não resisti.
Abri e como eu tinha virado um
stalkeador, a página dela estava
aberta e o chat também. Tinha uma
música para mim, da Cristina
Perri, Jar of Hearts. Meu peito
doeu ao ouvi-la, com uma emoção
que eu não soube nomear. Sem
pensar, mandei uma mensagem.
– Oi, Pimentinha – não precisei
esperar pela resposta.
– Até que enfim apareceu. Eu já
estava a ponto de ir bater na sua
porta, só para ter a certeza de que
você não tinha morrido.
–Você nem sabe onde eu moro.
– Coisa mais fácil de descobrir
– ela colocou uma carinha zangada
no final da frase.
Coisa mais linda! Sorri e meus
dedos voaram pelo teclado.
–Eu quero você, Pimentinha. Te
quero na minha cama, quero
arrancar suas roupas e lamber teu
corpo inteirinho.
–Tá louco? Ou brincando
comigo? Porque isso não tem graça.
Você está bem? Porque está falando
essas coisas?
–Porque eu quero, quero muito
te pegar de jeito mulher! Você não
quer minha cabeça enfiada no meio
de suas pernas? Não quer
enlouquecer, agarrada em meus
cabelos, pedindo para que eu não
pare de te chupar? – ao em pensar
isso, já fiquei duro. O jeans
apertava meu pau e abri o botão e o
zíper, aliviando um pouco a
pressão.
–Leãozinho, você tá de
brincadeira... você bebeu, só pode!
Quanto você bebeu?
–Um pouco. Caralho, eu não tô
brincando. Eu quero provar você,
sentir sua carne tremendo no meu
pau, sentir ele todo enfiado em
você, você sentada nele mexendo
gostoso, de costas para mim, esse
rabão lindo, meus dedos todos
dentro dele, enquanto meu pau se
delicia nessa boceta molhada,
socando o pau e dedos, virar você
de frente pra mim, minha puta
safada, sua cara de descarada,
rindo pra mim, oferecendo essa
língua e eu chupando... – não sei
como escrevi tudo isso com uma
mão só, porque a outra estava
acariciando meu pau, que já estava
para fora da calça.
– Leãozinho, só de ler isso já
fiquei molhada e querendo. Se você
estiver de brincadeira comigo, não
vou te perdoar nunca.
– É sério, me dei conta de que te
quero pra caralho.
– Você deve estar bêbado. Eu
quero tudo isso, mas quero você me
dizendo isso tudo quando estiver
sóbrio.
Continuei com a sacanagem até
ela entrar na minha e responder
com vontade. Se achei que aquela
punheta sozinho, pensando nela foi
a melhor da minha vida, eu estava
muito enganado. Liguei a câmera e
deixei ela ver o efeito que tinha
sobre mim. Eu me masturbei, num
show particular para minha
Pimentinha. Ela me fez gozar só
escrevendo putarias deliciosas.
Depois, me fez prometer que
dormiria.
– Até amanhã, meu Leãozinho,
agora você é um pouquinho meu.
– Até, Pimentinha – falei, ainda
meio tonto e desliguei a câmera.
Virei para o lado e com um
sorriso satisfeito no rosto, caí no
sono.

Ah! Que sonho bom eu tive!


Me espreguicei e bati o braço no
note. Olhei em volta. Eu estava
com o pau para fora, todo sujo de
porra seca.
CARALHO!!! Aquilo não tinha
sido um sonho! Peguei o note e
olhei a conversa toda. Puta que
pariu! Eu tinha falado tudo aquilo!
Cacete! E ela me queria também.
Isso não estava certo. Como eu
pude fazer isso?
Mas estava feito. Eu não me
lembrava muito bem o que tinha
feito, mas pelo que ela tinha escrito
eu tinha me mostrado para ela.
Eu precisava de um banho e
também trocar a roupa de cama.
Não sei como o note tinha ficado
ileso, sem nenhum resquício de
porra nele, porque o resto... O que
eu faria agora? Eu estava bem
fodido! Quem mandou eu beber?
Me levantei, tirei a roupa da cama,
a minha roupa e fui colocar para
lavar. Não deixaria a Eliane, a
moça que cuidava da limpeza do
meu apartamento, ver o estado
daquilo. Voltei para meu quarto e
fui tomar banho. Aquela porra seca
deu um trabalho terrível para sair.
Não posso mais fazer isso, não
bêbado. Ri da minha desgraça.
Pelo menos uma coisa boa eu
tinha conseguido com tudo aquilo.
Bêbado não tem filtro entre o que
pensa e o que diz, falando sempre a
verdade, assim eu tive a coragem
necessária para dizer tudo o que
estava preso em minha garganta.
Minha cabeça estava latejando.
Enrolado na toalha, fui até a
cozinha e, pegando a caixa de suco
de laranja na geladeira, tomei um
pouco. Levei a caixa comigo e me
deitei na rede. O que eu faria
agora? Entraria para falar com ela
na maior cara de pau? Jesus, eu
não sei o que fazer. Meu celular
tocou e fui atender.
– Cara como você está?– Rick
foi logo falando.
– Estou bem, com um pouco de
dor de cabeça, mas só isso.
– Estou com seu carro, caso não
se lembre. Fiquei intrigado com o
lance do leão e da tal da Anne.
Conversei com Jess e ela acha que
você está apaixonado. Meu Anjo é
um detector de corações
apaixonados.
– Não me lembro de quase nada
de ontem. Não sei o que disse,
mas...
– Te chamei de tigrão e você
disse que era um leãozinho, que sua
Anne te chamava assim. Olha, Jess
é boa com conselhos... se quiser
conversar com a gente, estamos
aqui, cara, pra qualquer coisa.
– Não sei o que fazer, mas vou
pensar nisso. Deixa o carro aí, vou
andando pra academia e pego as
chaves com você. Uma caminhada
vai me fazer bem.
– Você quem sabe. Pensa aí no
que te disse, tá bem?
– Pode deixar. Até mais.
Desliguei e terminei de tomar o
suco da caixa. Coloquei a roupa
lavada no varal e uma limpa na
cama. Eu estava acostumado a fazer
as coisas em casa. A diarista vinha
duas vezes por semana, mas nesse
meio tempo eu mantinha as coisas
em ordem. Deixando tudo
arrumado, peguei a mochila e fui
andando devagar.
Será que eu deveria conversar
com Jess e Rick? Eu sou um tonto,
pareço criança, com medo de mim
mesmo...
Capítulo 5

Caminhando devagar pelas ruas,


fui pensando no que eu havia feito.
Acho que já é hora de me
encontrar com Anne ou, pelo
menos, vê-la. Pode ser que nossa
química não combine e que, vendo-
a ao vivo e a cores, a coisa toda
desmorone como um castelo de
cartas. A vida tem dessas coisas,
pode ser tudo ilusão de minha
parte, causada pela carência que
venho sentindo nos últimos dias.
Ela nunca escondeu seu endereço e
eu devo ter anotado em algum lugar,
de quando mandei flores em seu
aniversário. Isso mesmo! Eu vou,
fico de longe e sinto o clima.
Resolvido, apressei o passo e
logo cheguei à academia. Fui direto
ao escritório do Rick. Bati na porta
e esperei. Ele gritou para que eu
entrasse.
– E aí? – cumprimentei-o com o
punho fechado.
Sentei na cadeira à sua frente.
Ele estava sentado, mexendo no
computador.
– Melhor?
– Aham, tudo certo.
– Brunão, eu estou com a pulga
atrás da orelha. Por que leãozinho?
Para responder essa, soltei meus
cabelos e olhei para ele, que riu
alto.
– Entendi, Jess vai adorar isso!
Agora, e a sua Anne? O que mais
me intrigou foi o fato de você dizer
que ela era sua. Você nunca nem
disse o nome dela pra nós. Quer me
contar, pelo amor de Deus? A
curiosidade do meu Anjo é
contagiante.
Bem, que mal tinha, né? Eu já
havia aberto a minha boca mesmo.
– Certo. Eu a conheci numa rede
social, a cerca de dois anos atrás.
Sabe, conversa online? Pois bem,
começamos a conversar e, quando
dei por mim, estávamos nos falando
todos os dias, por horas. Eu falo de
qualquer coisa com ela, rimos das
mesmas piadas, gostamos das
mesmas coisas, ela me entende
como ninguém, sabe de tudo da
minha vida. Coisas que eu não
conto pra ninguém,ela sabe, e eu sei
dela também. Era só amizade, eu
nunca tinha visto a coisa toda como
nada a mais do que isso. Ela é
como a sua Jess, fofinha, cabelos
castanhos com algumas mechas
douradas, compridos, olhos como
os da Pam – Rick me olhava, sério,
prestando atenção em tudo o que eu
dizia.
– E vocês já saíram, já foram
para os finalmente? – ele balançou
as sobrancelhas,
provocadoramente.
– Aí que tá! Nós nunca nos
vimos. Por fotos claro que já, e ela
acabou vendo algumas partes de
mim pela câmera do note ontem –
parei de falar, passei a mão pelo
rosto e prendi meus cabelos num
coque. Eu tenho essa mania quando
estou nervoso.
– Caramba! Nunquinha? Nada? –
ele estava surpreso. – E você está
assim, com os quatro pneus
arriados por causa dela, sem nunca
a ter visto?
– Nunca. Eu tive a porra de um
sonho com ela, que só de lembrar
eu fico duro. É uma merda.
Enquanto eu vinha pra cá, fiquei
pensando... vou até onde ela mora e
vou vê-la. Não sei se vou falar com
ela ou só ficar de olho... Você sabe
que eu nunca me amarrei em
ninguém. Já tive mulheres de todos
os tipos, das mais gostosas, se
arrastando atrás de mim. Isso tudo
está me assustando. Quero saber o
que sinto realmente.
Rick se levantou e deu a volta na
mesa, ficando ao meu lado,
recostado contra ela.
– Essa é uma boa ideia, mas, e
se for real? Se você estiver
apaixonado por ela? E o pior, se
ela não estiver na mesma? Isso é
uma cilada. Rapaz, você está fudido
– ele deu um tapa em meu ombro.
– Eu sei. Mas tenho a esperança
de que não dê em nada. E se for
real, ela vai ser minha. Totalmente
minha.
– Boa sorte, meu irmão. Você
vai precisar. Se quiser que a gente
vá com você, é só dizer.
– Você tá é doido pra ver ela! –
ri da cara dele.
– Estou mesmo. Curioso pra
cacete, para saber quem conseguiu
te domar. E sem nem chegar perto!
Nosso indomável está sendo
adestrado à distância! – ele riu de
mim.
Mas o que eu podia fazer, se era
verdade? Abri minha carteira e
mostrei a foto dela para ele. Eu
havia imprimido há uns dias atrás.
– Aqui, essa é a Anne.
– Porra, ela é gostosa. Não diga
ao meu Anjo que eu disse isso.
– Eu sei. E juro que iria pra
cima de você, por esse seu
comentário, se não soubesse que
você ama a Jess mais do que a si
mesmo.
– Foi só uma observação. Você
sabe disso. Vá lá, observa, chega
perto, sente o perfume, se der para
esbarrar nela, esbarre. O tato e o
olfato são as melhores coisas para
você descobrir o que sente.
– Eu vou, já me resolvi – me
levantei. – Cadê a chave do carro?
Perdi tanto tempo caminhando até
aqui, que nem adianta eu treinar
hoje. Daqui a pouco começa meu
turno.
Ele pegou a chave e me deu. Me
despedi dele e fui embora.
Olfato e tato. Eu não podia
negar que ele tinha razão. Assim,
comecei a bolar um plano de ação
em minha mente. Eu tinha que tirar
isso da minha cabeça!

Uma hora depois, eu estava na


oncologia pediátrica, com meu
violão, tocando cantigas de roda
para as crianças que estavam
sentadas à minha frente, cantando e
sorrindo. Isso era bom demais,
poder levar um pouco de alegria
para elas. Fazia com que me
sentisse feliz, leve, uma sensação
de estar fazendo o que era certo.
Pobres criancinhas, passariam pela
quimio hoje e não seria nada fácil...
Ao menos, eu saberia que fiz com
que, por uma hora, elas
esquecessem da doença e da dor.
Mais tarde, consegui uma folga
de dois dias para o início da
próxima semana. Era só esperar.
Voltei ao trabalho com as energias
renovadas. Agora vai ou racha!
Passei no centro de enfermagem e,
verificando o quadro, fui dar as
medicações dos pacientes.

Cheguei em casa e bati a porta,


suspirando. Eu estava acabado.
Aquela bebedeira tinha cobrado seu
preço, além do meu plantão. Eu
precisava dormir, meus olhos
estavam pesados de tanto sono.
Abri o note, mas ela não estava
online a essa hora. Procurei na
internet uma foto de um casal se
beijando e mandei, dormindo quase
que na mesma hora.
Capítulo 6

Acordei com o barulho das


mensagens do chat.
– Leãozinho? Você está aí? –
várias mensagens iguais, uma
embaixo da outra.
Esfreguei os olhos, tentando
afastar o sono.
– Estava dormindo. Como você
está?
– Eu estou bem. A pergunta é,
como você está? Como ficou,
depois da bebedeira de ontem?
– Fiquei com um pouco de dor
de cabeça. Só isso – eu não tocaria
no assunto do meu show de ontem.
Queria ver o que ela diria e "se"
diria alguma coisa.
– Acho que realmente deve ser
pouco, perto do que poderia ter
sido. Você se lembra do que me
disse ontem?
– Mais ou menos. Mas saiba que
tudo o que eu escrevi é real. Eu reli
a conversa toda e não me arrependo
de uma só letra.
– Caramba. Foi uma delícia. E
você me surpreendeu. Tá certo que
você sempre disse ser alto e tal,
mas eu não tinha ideia que seu pau
era proporcional à sua altura. Ele é
enorme! – ela colocou uma carinha
espantada, com a boca aberta após
a mensagem.
Aquilo inflou meu ego. Um
sorriso enorme apareceu em meu
rosto e não tinha jeito de tirar.
– Ele é todo seu, Pimentinha.
– Meu para fazer o que quiser?
Posso pegar na mão e admirar? – só
em imaginar ela segurando meu
pau, concentrada somente nele,
perto… – Posso te olhar e ir
chegando pertinho dele, suspirar
por pensar que não vai caber em
minha boca, mas querer tentar
mesmo assim?
Minha imaginação estava a
milhão. Bem que dizem que o
cérebro é a parte mais erótica do
corpo de uma pessoa.
– Pode… – eu estava respirando
pesado e, mesmo sem pensar, minha
mão já estava acariciando meu pau
por cima do jeans.
– Abrir minha boca, pôr a língua
para fora e encostar na pontinha,
sentindo seu sabor?
Caralho, gemi e juro que
consegui sentir sua língua em meu
pau. Não me aguentei e abri a
calça.
– Continua, Pimentinha... o que
mais você quer fazer com ele?
– Rodear a ponta e morder de
leve.
– Morde, chupa, faz o que
quiser...
Ela continuou a escrever o que
faria comigo e o tesão tomou conta
de mim. Eu imaginava aquilo tudo
acontecendo. Eu era doido por um
boquete. Sentir a boca quente e
molhada em meu pau, observar ele
entrando e saindo. Caralho!
Quando isso tudo se tornasse real,
eu a viraria do avesso!
Entraríamos em coma, de tanto
sexo.
– Eu estou quase gozando, Anne.
E tudo culpa sua. Você é gostosa
demais – confessei.
– Me deixa ver de novo?
Se eu deixava? Nem pensei e
cliquei no botão da chamada por
vídeo. Ajustei para que ela tivesse
uma visão privilegiada e continuei.
Ela escrevendo e eu falando,
gemendo e gozando.
– Vou ser o rei das punhetas,
desse jeito – ri, feliz.
– Se todas elas forem para mim,
pode ser. Eu adoro saber que sou a
responsável por te excitar dessa
maneira. Um dia, eu quero você pra
mim. Em mim.
– Ah, isso você pode ter certeza.
Vou te comer gostoso. Espera aí que
vou me limpar. Não foge –
desliguei a câmera e corri para o
banheiro, retornando o mais rápido
que pude.
– Pronto. Limpinho – mandei,
mas não tive resposta. – Anne?
– Voltei. Se estivéssemos juntos,
você não precisaria ir se limpar...
eu teria te deixado limpinho.
Um estremecimento passou pelo
meu corpo. Ela estava mesmo
dizendo que engoliria tudo? Ah,
essa eu gostaria de ver!
Continuamos a conversa, contando
nosso dia, rindo de bobeiras. Eu
amava conversar com ela, mesmo
que fosse por mensagens. Parecia
que só assim meu dia estaria
completo.
– Vou dormir, tenho que
trabalhar amanhã cedo – ela disse
depois de um tempo. – Bruninho,
essa semana eu vou estar meio
ocupada, não sei se vou conseguir
entrar todo dia.
– Tudo bem, quando der, me
chama.
– Certo, boa noite e bons sonhos
– e a luzinha dela apagou.
Continuei deitado com aquele
sorriso besta na cara. Ela me
deixava ligado em minutos. Eu
queria foder como um animal agora.
Dominar, prender as mãozinhas
dela e tomar posse daquele corpo
fofinho. Já que eu não poderia tê-la
ainda, iria ao clube aqui da cidade
e mataria minha vontade com outra,
pensando nela. Eu não poderia
viver de punheta. Não me satisfaço
com uma vez só. Meu sono tinha
ido pro saco.
Sem alternativas, tomei um
banho e, dando vazão ao tesão
causado pelas mensagens com
Anne, fui ao clube. Privado, como
quase todos os clubes do gênero,
estava cheio. Passei pelo bar e
comprei uma cerveja. Escolhi meu
alvo e ataquei. Uma morena cheinha
como minha Anne. Cheguei perto e
puxei conversa. Seu nome era
Gisele e tinha um sorriso meigo.
Em dez minutos de papo, ela estava
na minha. Então ofereci minha mão
para ela.
Esse era o sinal utilizado no
clube, um convite à sacanagem.
Quando ela colocou sua mão na
minha, um sorriso sacana surgiu em
meu rosto e ela olhou para baixo,
numa leve reverência. Nunca fui
rechaçado e também nunca me
enganei quanto a uma sub. Beijei
sua mão e a conduzi pela nuca, até a
porta que dava acesso à parte onde
a ação acontecia. Dois seguranças
estavam a postos na frente da porta
e me cumprimentaram assim que me
viram, um deles a abrindo para que
entrássemos. Casais abraçados e se
pegando pelos cantos, encostados
nas paredes, envolvidos em seus
jogos de sedução. Eu não queria
saber de sedução e fui direto para
um dos quartos disponíveis.
– Porta aberta ou fechada?
– Aberta, Senhor.
Essa era das minhas. A porta
estando aberta, era um convite para
que outros se juntassem a nós.
– Tire a roupa.– ordenei e fiquei
observando. Gisele era uma
submissa obediente e rapidamente
ficou nua. –Existe alguma coisa que
você não queira?
– Meu único limite é dor intensa,
Senhor.
– Ok. De joelhos, menina. Abra
a boca.– abri o zíper e deixei meu
pau pular para fora. Aquela postura
submissa me excitava muito.
Cheguei próximo e encostei meu
pau em sua boca. – Mãos para trás.
Chupe. Faça o seu melhor, menina.
Se me fizer gozar, eu saberei
agradecer.
Aqui era dominação crua. Sexo
por sexo, pelo prazer de dominar e
ser dominado. Gisele fez um bom
trabalho com a boca. Ela chupava,
lambia, gemia e engolia. E me
olhava. Um olhar de gatinha
manhosa pedindo pelo seu leitinho,
que me deixava louco. Comecei a
foder sua boca com vontade e gozei
gostoso. A safada engoliu tudo e
continuou chupando. Me afastei,
retirando meu pau de sua boca. A
coloquei de pé e a levei para uma
das camas. Algemei suas mãos,
prendi em um dos pilares da
cabeceira e a vendei. Comi com
gosto, fazendo com que ela gozasse
várias vezes, sentindo sua boceta
me ordenhando. Pessoas entravam,
observavam e saiam. Alguns casais
usavam as camas ou os aparelhos
espalhados pelo quarto. Era muito
excitante estar ali, fodendo e
observando os outros casais. Usei
várias camisinhas com ela e,
quando me dei por satisfeito, a
soltei e agradeci pelo presente da
sua submissão.
Novamente, meu corpo estava
satisfeito, mas eu queria minha
Anne. Isso tudo era como você
estar louco por um bifão suculento
e comer um ovo frito. Por hora
servia, mas não te satisfazia
completamente. Em casa, mandei
uma foto de um buquê de rosas
lilases para minha Pimentinha. Já
era tarde e eu sabia que ela gostaria
de abrir seu chat no dia seguinte e
se deparar com as rosas. Outro
banho para retirar qualquer vestígio
da noite que tivesse ficado em mim
e fui para a rede, até o sono chegar.
Capítulo 7

Durante essa semana, minhas


conversas com a Anne estavam
cada vez mais gostosas. Digo
gostosas, porque era tão fácil
conversar com ela e, mesmo as
coisas estando em um outro nível
agora, não era só sacanagem que
rolava. Existia um carinho e um
cuidado que estavam além da minha
compreensão. Nunca tinha sido
assim comigo antes.
Uma coisa me intrigava, o fato
de ela não entrar todos os dias ou
ter que sair de uma hora para outra.
Ela nunca tinha sido assim.
Havia chegado o dia da minha
viagem para vê-la. E eu ainda tinha
dúvidas quanto a me mostrar
realmente a ela. Acordei cedo,
aparei os pelos do meu corpo e
minha barba. Nada pior do que um
saco peludo na hora do rala e rola.
Não sei se seria para tanto, mas era
melhor estar tudo lisinho. Coloquei
alguns itens de primeira
necessidade e algumas mudas de
roupas, para qualquer
eventualidade, numa mala, e eu
estava pronto. Uma hora de carro
nos separava. Munido de coragem e
algumas dúvidas, peguei a estrada.
Cheguei próximo ao prédio em que
ela morava e parei meu carro,
ficando de olho. Estava perto da
hora de ela sair para o trabalho.
Não tive que esperar muito para
que o carro dela saísse da garagem.
Mas ela não estava sozinha no
carro. No banco do passageiro
havia um cara todo sorridente que
estava conversando com ela. O
monstro do ciúmes colocou suas
garras em mim. Liguei meu carro e
segui os dois à distância. Ela parou
na frente de um shopping e o cara
se inclinou para se despedir dela.
Aquilo me deixou puto de raiva.
Ele saiu, bateu a porta e ficou
olhando-a se afastar. Guardei bem a
cara do filho da puta. Segui seu
carro até a loja onde ela trabalhava.
Esperei um pouco, prendi meus
cabelos em um rabo baixo e
coloquei um boné. Saí do carro e
entrei na loja. Comecei a olhar as
roupas expostas e, disfarçadamente,
me aproximei dela e inspirei seu
perfume. Meu Deus, ela tinha um
cheiro maravilhoso! Meu pau
pulsou e agradeci silenciosamente
por estar com uma camisa solta por
cima do jeans. Ela estava
arrumando e colocando algumas
roupas no cabideiro. Fui pegar o
cabide que ela estava colocando e
nossas mãos se esbarraram. Um
arrepio me tomou e entendi
perfeitamente o que Rick havia
dito.
Eu era apaixonado pela minha
Pimentinha sim, disso eu não tinha
dúvida alguma. Aquele arrepio foi
fodástico. Fiquei louco para agarrar
aquele corpo gostoso, beijar aquela
boca deliciosa e tirar todo aquele
batom clarinho e brilhante. Me
contive e saí da loja. Eu tinha que
descobrir qual era a daquele cara.
Quem era ele? O que fazia tão cedo
na casa da minha Anne? Por que
tinha ficado todo cheio de sorrisos
para ela? Será que ele era o motivo
pelo qual ela não pôde ser minha a
semana toda? Fui arrumar um hotel
para passar a noite. Agora eu
queria saber! Voltaria para
acompanhar quando ela saísse do
trabalho.
Depois de fazer o check-in no
hotel, fui para o shopping. Quem
sabe eu esbarrava com o safado por
lá? Afinal, cidade do interior em
um dia de semana pela manhã não
devia ter muita gente lá. Andei um
pouco, procurando com cuidado.
Em pouco tempo encontrei o cara
sentado em uma das mesas em
frente a um café. Claro que, pelo
meu tamanho, chamei a atenção
rapidinho. Parei próximo a ele e
olhei em volta, como se procurasse
por alguma loja, me fazendo de
perdido.
– Ei, você sabe onde tem uma
loja de operadora telefônica por
aqui? Preciso comprar um chip...–
perguntei, como quem não quer
nada.
– É por ali – ele apontou para o
corredor, por onde eu tinha vindo.
–Eu acabei de passar por ali e
não encontrei. Você pode me
mostrar? – juntei meus cabelos e
prendi num coque. Caramba, eu
estava começando a ficar nervoso.
Os olhos do cara se prenderam
em meus bíceps. Ele engoliu em
seco.
– Claro, eu já acabei aqui.
Ele se levantou. Não chegava
nem aos meus ombros, o baixinho.
– É sempre vazio assim aqui?
Estou a passeio e não conheço
nada.
– Eu também não sou daqui,
estou na casa de uma amiga
enquanto faço algumas entrevistas
de trabalho. A cidade é muito boa,
sabe?
Caralho, ele estava na casa da
minha Anne mesmo. Passei a mão
pelo rosto e contei até dez.
Juntando toda a minha força de
vontade, sorri para o cara.
– Amiga, é? Sei como é ficar na
casa de amigas… – deixei a
sugestão solta. Nós, homens,
gostamos de nos mostrar,
principalmente no que diz respeito
a conquistas.
– Por enquanto é, mas acho que
hoje a coisa pode mudar. Vamos
jantar para comemorar o emprego
que consegui.
Puta que pariu! Ele daria o bote
hoje? Ah, mas eu não deixaria
mesmo, nem por cima do meu
cadáver!
– Poxa, parabéns pelo emprego
e obrigado por me mostrar onde
fica a loja.
Dei um tapa no ombro dele com
um pouco de força demais. Eu
estava espumando de raiva. Ele
disse alguma que não consegui
entender. A ira tomando conta de
mim. Eu tenho que sair de perto
dele, ou vou quebrar a cara do
sujeito. Entrei na loja e comprei o
tal do chip, na saída, fui comer
alguma coisa. Eu estava bufando
como um touro bravo e meu
estômago roncando. Eu precisava
comer, me acalmar e pensar.
Enquanto almoçava, comecei a
pensar num plano de ação. Nem
ferrando que eu deixaria aquele
tampinha tentar alguma coisa hoje
com minha Pimentinha. A parte de
não me mostrar estava descartada.
Completamente. Mas também não
chegaria agarrando e levando para
meu hotel, por mais que essa fosse
minha vontade. O que eu sentia era
real e queria que fosse da parte
dela também. Iria com calma e ela
seria minha. Ah, seria!
Capítulo 8

Às sete e meia da tarde, lá


estava eu, de banho tomado, roupa
impecável e perfumado. Parei meu
carro bem na frente da loja e
esperei. Em pouco tempo, ela saiu
junto com uma mulher mais velha.
Abri a porta e saí. Apoiei-me no
teto do carro.
– Pimentinha – disse um pouco
alto demais. Anne tomou um susto e
levou as mãos à boca. Dei a volta
no carro e cheguei perto dela. – Oi,
Pimentinha – olhei em seus olhos e
passei a mão pelo contorno do
rosto dela, que sorriu.
– Você é doido – ela disse, antes
de pular no meu pescoço.
A abracei e aspirei seu perfume.
Minha. Hummm, que sentimento
mais gostoso!
A segurei firme e agora
estávamos na mesma altura, nossos
olhos presos, nossas bocas a
centímetros de distância. O sorriso
foi morrendo aos poucos e o
tesão... caralho, o tesão bateu forte.
Encostei minha boca na dela e
meu corpo estremeceu. Porra, isso
com um beijo santinho?
– O que veio fazer aqui? – a voz
dela, rouca, fez meu pau pulsar.
– Vim te ver. Eu disse que um
dia eu apareceria.
– Como é bom te ver! – passou a
mão em meus cabelos. – Você é
tão... grande – os olhos dela
brilharam e um sorriso safado
surgiu naquela boca linda. Me
lembrei do comentário que ela fez
no outro dia e sorri também.
– Minha pimentinha linda!
Estava doido pra te ver – a beijei
de novo, rapidamente, e enfiei o
rosto em seus cabelos. Cheirosa! E,
em breve, totalmente minha. – Está
indo pra casa? – eu sabia que não,
mas precisava ouvir da boca dela.
– Não, vou encontrar meu primo,
vamos comemorar hoje. Vem
comigo. Você vai gostar de
conhecer o Diego.
O sorriso dela era sincero e por
que não? Queria ver a cara do
safado do tal primo. Sem vergonha,
safado e ordinário.
– Eu tenho certeza de que vou
adorar. Está de carro?
– Sim, está bem ali. Me segue, o
restaurante é aqui perto – ela disse,
mas não me soltou.
A abaixei e ela ficou ali, me
olhando de cabeça erguida. Minha
Pimentinha era baixinha. Bem,
como dizem, toda baixinha precisa
de um grandão, e não seriamos
exceção à regra.
– Nem acredito que você está
aqui e que é real – ela me abraçou
de novo e encostou o rosto em meu
peito. – Eu ficaria aqui no meio da
rua abraçada em você até não poder
mais...– se afastou um pouco e
depositou um beijo em cima do meu
coração.
Aquilo me aqueceu por dentro.
Me deixou tonto. Com um tesão dos
infernos.
– Vamos então. Quero conhecer
seu primo – dei outro beijinho santo
e ela se foi.
Um vazio tomou meu peito. Eu a
queria comigo. Suspirei e entrei no
carro. Ajeitei meu pau dentro do
jeans. Isso seria uma tortura, ficar
tão perto e ao mesmo tempo tão
distante. Eu queria ver a cara do
tampinha quando me visse com ela.
Safado!
A segui até o restaurante e parei
ao lado dela. Ela saiu do carro,
veio direto para mim e me abraçou
de novo. Ela também não queria
ficar longe de mim e isso era bom.
Muito bom. Pelo menos, para o meu
ego.
Entramos no restaurante
abraçados.
– Quero ficar com seu cheiro em
mim – ela falou baixinho, se
apertando contra mim.
Ah, eu também queria que ela
ficasse com meu cheiro... assim o
tampinha safado não teria dúvidas
quanto a quem ela pertencia. Dei
um beijo no topo de sua cabeça, a
estreitando contra mim. Quando
entramos, o cara estava sentado no
bar, tomando uma caipirinha. Ao
me ver, ficou branco como cera.
– Diego, esse é Bruno. Bruno,
esse é o Diego, meu primo – ela
nos apresentou sorrindo.
– Ah, você é o cara do shopping!
Cadê a sua amiga?
Eu sei que fui sacana, mas ele
merecia.
– Você está abraçado nela – ele
respondeu, sério.
– Vocês não são primos? – sorri
para ele, a colocando na minha
frente, abraçando e colocando
minha cabeça sobre a dela.
– Somos.
– Ah! Bem, prazer, eu sou o
namorado dela – estendi a mão para
o cara.
Minha Pimentinha virou a
cabeça tão rápido para mim que
achei que ela tinha virado o
exorcista.
– Meu namorado? – perguntou
sorrindo.
– Uhum. Sou seu. – disse,
depositando um beijo em seus
lábios. O sorriso dela ficou ainda
maior.
–Isso me faz sua também – seus
olhos brilharam ao dizer isso.
Me abaixei e sussurrei em seu
ouvido.
– Mais tarde, quem sabe – seu
corpo estremeceu em meus braços e
me deixou ainda mais doido.
– Vocês já se conheciam? – ela
perguntou.
–É, fui almoçar no shopping
quando cheguei e acabei pedindo
uma informação para seu primo,
que tava tomando café por lá. Ele
foi muito gentil.
–É bem do Diego mesmo,
sempre muito solícito.

Meu primo estava muito sério,


encarando meu Leãozinho...
Ah! Meu Leãozinho...
Quase tive um ataque cardíaco
quando ele me chamou. Mal
acreditei quando ele chegou perto
de mim... meu coração parecia que
sairia pela boca. Quando ele
encostou seus lábios nos meus,
Jesus! Me arrepiei toda e o que
mais queria era passar minhas
pernas pela cintura dele, sentir
aquele pau enorme, que eu sabia
que estava escondido ali, roçando
em mim! Só não o fiz porque
estávamos na rua e em frente a loja
em que trabalho. E agora ele não
me soltava e nem eu queria que ele
fizesse isso.
O jantar foi legal, mesmo meu
primo estando com aquela carranca.
Realmente, não me preocupei com
isso, porque eu estava com Bruno.
Gigante, cheiroso e todo meu. E
ainda com aquela promessa...
– Bem, acho que vou pular a
sobremesa – Bruno disse e me
olhou.
Peguei minha bolsa e cacei a
chave do meu carro.
– Diego, você pode levar meu
carro? Vou ficar um pouco com
Bruno, e acho que vou chegar tarde
– sem esperar pela resposta,
coloquei a chave na frente dele.
– Espere um pouco, já volto –
Bruno se levantou e foi em direção
a um garçom.
– Esse é o cara da internet? Você
é doida? Já pensou em como ele te
encontrou? – Diego mal esperou
que Bruno virasse as costas e
começou a esbravejar.
– Sim, ele é o cara da internet,
eu não sou doida e ele me achou
porque dei meu endereço. Nós
conversamos há muito tempo e, se
quer saber, confio mais nele do que
em qualquer pessoa. E outra coisa,
cuide da sua vida. Eu não me meto
em seus relacionamentos ou na falta
deles. Sou adulta, pago minhas
contas e não venha me dar lições de
com quem eu saio ou deixo de sair.
Você acha que é melhor eu sair à
noite e ficar com alguém que acabei
de conhecer ou alguém com quem
converso já há dois anos?
– Acho melhor você ficar
comigo – ele respondeu na maior
cara de pau.
– O quê? Você enlouqueceu. É
meu primo! Eca. Eu nunca ficaria
com você, Diego. E se você tem
essas intenções comigo, faça o
favor de chegar na minha casa e
juntar suas coisas. Deixe as chaves
do meu carro e do apartamento na
portaria. Eu tinha toda a intenção de
te ajudar, mas depois dessa, cuide
de você mesmo. Vá para a casa da
Tia Débora, que é aqui perto; ela
não vai se opor.
Diego ficou branco como cera
pela segunda vez na noite, e seu
olhar se fixou em um ponto atrás de
mim. Olhei e vi que Bruno estava
voltando.
Agarrei minha bolsa e me
levantei.
– Vou pagar a conta e não se
esqueça. Quando eu chegar em
casa, não quero encontrar você lá –
me levantei e Bruno já estava ali.
– Paguei a conta. Vamos? – ele
falou e me encarou. – O que foi,
Pimentinha?
– Nada, vamos sair daqui antes
que eu cometa um primocídio – eu
estava muito brava. Me virei para
Diego. –E você, não se esqueça.
Bruno pegou minha mão e fui
com ele. Chegando no carro, ele
abriu a porta para mim e eu entrei.
– Ei, se acalme. Venha aqui – ele
disse assim que entrou no carro e
me abraçou, meio torto, mas fez o
seu melhor.
– Diego é um idiota.
– Hum. Calma, Pimentinha. Você
sabe que é muito estourada. Respire
fundo.
Bruno acariciava meus cabelos,
meu braço e logo o assunto Diego
estava esquecido. Eu tinha plena
consciência dos dois metros de
homem delicioso que eu tinha ao
meu lado. Ele ligou o carro, uma
música linda começou a tocar, um
piano e um homem cantando. Então
me lembrei da música, era Down -
Jason Walker.
Seus olhos se prenderam aos
meus e seus dedos percorreram meu
rosto, se embrenhando em meus
cabelos. Sua língua contornou meus
lábios e ele mordeu o inferior.
Estremeci e um gemido baixinho
escapou de minha garganta. Sua
boca escorregou pelo meu rosto,
espalhando fogo pelo meu corpo.
Logo senti ele mordendo a pontinha
da minha orelha.
– Se eu te beijar como eu quero,
não vou conseguir parar. Tenho um
tesão sem limites por você – e
lambeu minha orelha, respirando
pesado.
MEU DEUS! Senti a umidade
crescer entre minhas pernas, tudo
pulsando... A voz grossa dele em
meu ouvido me arrepiou toda. Eu o
queria mais que tudo. Então, eu
percebi que estava em minhas
mãos. Se eu o beijasse como eu
também queria, seria o sinal verde
para tudo mais. Tanto tempo
esperando, fantasiando, e tudo
aquilo poderia ser real com apenas
um beijo. Ele escorregou os lábios
para meu pescoço e foi a minha vez
de embrenhar meus dedos em sua
juba. Meu Leãozinho, hoje você
será meu!
Devagar, fui puxando-o para
cima, em direção à minha boca.
Então ele parou e nos olhamos
novamente. Imitando seu gesto,
contornei sua boca com a língua e
fui além. Quando nossas línguas se
encostaram, gememos juntos e aí o
beijo pegou fogo... consumindo
toda a minha sanidade. Que beijo,
meu Deus... Minhas mãos
passearam por seus braços fortes,
senti seus músculos se enrijecendo
sob meus dedos e não parei por ali.
Escorreguei pelo seu peitoral e
mais para baixo... As mãos dele
estavam paradas, agarradas aos
meus cabelos. Eu não esqueceria
aquela música e aquele momento
nunca.
– Pimentinha... Se eu largar seus
cabelos, vou rasgar sua roupa e te
comer aqui, no estacionamento do
restaurante. Quer ir para meu hotel?
– me perguntou com a voz rouca e
ofegante.
Eu apenas concordei com a
cabeça, sorrindo. Ele me olhou com
uma cara de safado e fez hummm...
Me beijou rapidamente e,
engatando a ré, colocou o carro em
movimento.
Capítulo 9

Chegamos ao hotel e, de mãos


dadas, entramos no elevador. Eu
não tirava meus olhos dele. Tentei,
mas era impossível. Ele olhou para
cima e, ao ver a câmera, passou a
mão pelos cabelos.
A porta se abriu e ele se
apressou em sair, me puxando pela
mão. Sorri e o acompanhei. Ele
abriu a porta e se afastou para que
eu entrasse.
– Anne, você sabe o quanto
esperei por isso? – ele me prendeu
contra a parede, assim que fechou a
porta.
Caramba, me senti pequena e
protegida naquele espaço diminuto
entre a parede e seus braços.
– Estou sem saber o que fazer
com você – ele se abaixou e juntou
a testa na minha. – Meu pau está a
ponto de explodir, louco para se
meter em você, no seu calor... Estou
louco para te lamber inteira, te
beijar, morder ... para ter você pra
mim, só para mim. Mas tenho medo
de te assustar ou estar indo rápido
demais. Você é importante demais
para eu te perder por causa da
intensidade do que quero fazer com
você.
Meu corpo estremeceu e fechei
os olhos, suspirando.
– Seja apenas você mesmo. Eu
sei do seu lado dominador e estou
pronta para qualquer coisa que
você quiser – sussurrei, minha voz
rouca demais para ir um tom acima.
Com um gemido torturado,
Bruno tomou posse da minha boca,
senti suas mãos em minha bunda e
ele me levantou. Me agarrei aos
seus cabelos e passei minhas
pernas em torno de sua cintura. Ele
se esfregava em mim e eu nele,
loucos de tesão.
Suas mãos grandes percorriam
meu corpo, apertando e apalpando.
Interrompemos o beijo apenas
tempo suficiente para ele tirar
minha blusa, jogando-a no chão.
Meu corpo todo tremia em
antecipação. Meu sutiã foi ao chão
e ele me abraçou forte, meus seios
se esmagando contra seu peito.
– Segure-se, Pimentinha – foi
todo o aviso que tive, antes de ele
me carregar pelo quarto, como se
eu não pesasse nada.
Me colocou na cama e, sem tirar
os olhos de mim, começou a tirar a
roupa, desabotoando a camisa, seus
músculos foram aparecendo e
minha boca secando. Ele era tão
perfeito! Seu peitoral, os gominhos
de sua barriga... seus braços.
Começou atirar o cinto e meus
olhos se prenderam ali. Eu o veria
ao vivo e a cores!
Sua calça caiu e fiquei sem
fôlego.
Uau! Queria tocá-lo, descobrir a
textura de sua pele, seu sabor...
Seus olhos percorreram meu
corpo e a insegurança me pegou.
Ele era tão perfeito e eu... Eu não
era nada perfeita. Meus peitos
grandes demais, minha barriga e
minhas coxas, grandes demais...
sem falar na minha bunda... Com
esse pensamento, cobri meus seios
com as mãos.
Como um felino, ele subiu na
cama. Meu peito subia e descia,
minha respiração ofegante. Seus
olhos nos meus falavam
silenciosamente, exigindo minha
rendição. Eu precisava me acalmar.
Fechei os olhos e respirei fundo.
– Olhe para mim, Pimentinha. Se
você não quiser fazer nada, nós
paramos. Você manda aqui – me
beijou de leve.
Abri os olhos e vi sua expressão
preocupada.
–Eu quero. Quero muito. Só...
Você é tão... e eu não... ‑​ as
palavras se confundiam e se
misturavam, eu não conseguia me
expressar.
Pegou minhas mãos, erguendo-as
acima da minha cabeça. Seu corpo
se ajustou ao meu quando ele deitou
por cima de mim.
– Você é perfeita pra mim. Não
percebe o quanto te quero? Mulher
nenhuma me tirou do sério como
você faz, Pimentinha. Nunca perdi o
controle ou fiquei sem saber o que
fazer – para afirmar sua declaração,
pressionou sua ereção em mim.
Suspirei.
Ele começou a me beijar
devagar, acariciando meu rosto,
meus cabelos.
– Te quero, Pimentinha...
Tanto...– sua boca escorregou pelo
meu rosto e mordeu de leve meu
queixo. – Gostosa, fofinha e
cheirosa.
Sorri e me entreguei às suas
carícias e, quando dei por mim,
estava nua e ele novamente de pé.
Pegou meu cinto.
– Me dê suas mãos.
Juntei as mãos e estendi, juntas,
na direção dele. Um sorriso safado
surgiu em seu rosto e não pude me
impedir de sorrir também. A
brincadeira começaria.
Vindo para o meu lado, ele
prendeu o cinto em minhas mãos e o
enlaçou na cabeceira da cama.
– Ainda com vergonha de mim?
– Um pouco...
Ele acendeu a luz do quarto e
aquilo me ofuscou. Eu estava
completamente nua e presa.
Ele ficou ali, parado me
olhando. Engoli em seco e senti
minhas bochechas esquentando. Por
que ele estava fazendo aquilo?
–Deixe-me ver o que tanto você
tem vergonha e vamos parar com
isso. Entre nós não pode ter nada
para atrapalhar. Quero você leve e
solta em meus braços, Pimentinha –
se aproximou pela lateral da cama e
ajoelhou-se ao meu lado. – Tem
vergonha de seus seios? – sua mão
passou por um, depois pelo outro,
apertando meu mamilo, que se
enrijeceu. Sua boca percorreu o
caminho de suas mãos e gemi ao
sentir sua língua rodeando o bico e
ele mordeu de leve. – Vergonha da
sua barriga? – ele foi lambendo o
caminho até meu umbigo e enfiou a
língua nele.
Ah, ele vai descer mais...
– Vergonha de suas coxas? – ele
engatinhou pela cama, me lambendo
e beijando. – Vergonha desses
pezinhos lindos?
Chupou meus dedos do pé e um
tesão sem tamanho se apoderou de
mim, meu corpo estremecendo
novamente. Todo e qualquer
resquício de vergonha ou timidez
sumiu de mim e eu só queria que
ele acabasse com aquele tormento e
me comesse.
Sua boca percorreu minha pele,
chupando e mordiscando minhas
coxas, chegando cada vez mais
próximo de onde eu o queria.
– Vergonha dessa boceta… –
senti que a umidade ali aumentou
com suas palavras e ele encostou o
nariz, inspirando profundamente. –
Cheirosa... – e então sua língua
percorreu meu sexo. – Deliciosa...
eu sabia que você seria assim,
docinha. Já sentiu seu gosto,
Pimentinha? – voltou a me lamber e
então sua boca estava a centímetros
da minha. – Prove-se em minha
boca – sua língua se enroscou na
minha e quase tive um treco ao
sentir meu gosto ali e seu pau se
esfregando em meu sexo.
– Por favor... eu quero você...
preciso de você dentro de mim...–
me vi implorando.
– Já já... Preciso de um pouco
mais de você... – escorregou pelo
meu corpo e grudou sua boca em
mim, sugando meu clitóris e
contornando-o com a língua, sua
mão agarrou meu seio no mesmo
instante que seus dedos me
penetraram. Gritei de prazer e meu
corpo todo sacudiu com o orgasmo
que me atingiu como um raio.

Vê-la gozar, sentir suas


contrações em meus dedos, ouvir
seus gemidos quase me fez perder o
controle.
Quase.
Cerrei os dentes, usei de toda a
minha concentração e me mantive
firme. Aquilo não acabaria antes
mesmo de começar. Nunca em
minha vida me senti tão completo e
com tão pouco. Juro que estava até
com medo de me enterrar naquela
bocetinha quente.
Queria que fosse perfeito.
Queria que fosse inesquecível.
Queria que fosse para sempre.
Deus, como eu queria que ela
sentisse um terço do que eu estava
sentindo por ela.
Jogando todas as minhas
incertezas para o espaço, escalei
seu corpo e soltei. Ela não me deu
trégua, e aproveitou que eu estava
ali, em cima dela, e sugou meu
mamilo, me pegando de surpresa.
Meu pau pulou e senti seu sorriso
em minha pele.
– Minha safada, está brincando
com fogo…
Ela riu e o som de seu riso
mexeu com alguma coisa dentro de
mim. A necessidade de dominar se
esvaindo de mim. Eu queria e
estava pela primeira vez prestes a
fazer amor, no sentido mais cru da
palavra. Essa constatação não me
assustou, apenas confirmou o que
eu já desconfiava.
Que o que eu sentia era mais do
que paixão... Eu amava minha
Pimentinha!
Capítulo 10

Massageei seus pulsos e seus


ombros, ganhando um gemido
diferente dos outros. Eu queria
todos os gemidos dela…
Meus, só meus.
Me deitei ao seu lado. Eu a
enlouqueceria antes de enlouquecer
também. Olhei em seus olhos,
estavam brilhantes e anuviados
pelo gozo.
Beijei a pontinha de seu nariz e
ela suspirou. Tomei sua boca
lentamente e a puxei para mim. Meu
pau se aninhou entre suas coxas e
aprofundei o beijo, começando com
investidas rasas, apenas roçando.
Minha mão deslizou pelas suas
costas, segurando sua bunda,
trazendo-a para mais perto.
Estávamos grudados, mas eu queria
meu pau roçando seu calor, sua
boceta molhada.
– Minha Pimentinha... Gostosa –
sussurrei enquanto beijava seu
pescoço, seu ouvido, sugando e
mordiscando. Em pouco tempo, eu
a tinha gemendo baixinho e
investindo contra mim,
respondendo na mesma intensidade.
Eu a queria em cima de mim. Eu
abriria mão do controle só para ter
aquele sonho delicioso sendo
realizado.
Eu queria minha Pimentinha me
montando, como um garanhão
selvagem.
– Bruno, não me atice mais.
Sabe o quanto fantasiei com o
momento em que teria você em
mim, penetrando meu corpo,
devagar... Quero sentir você me
abrindo, entrando centímetro a
centímetro desse pau enorme em
mim – ela sussurrou em meu ouvido
e lambeu.
Estremeci e me arrepiei.
Era eu quem falava.
Era eu quem excitava.
Nunca dei oportunidade para
que fizessem isso comigo, mas era
bom pra caralho.
Me entreguei em suas
mãozinhas. Escorregou a boca pelo
meu pescoço e chupou a pele.
Anne tomou as rédeas nas mãos
e me empurrou para a cama, com
um sorriso safado naquela boca
deliciosa. Desceu a língua pelo meu
corpo, sugou e mordeu meus
mamilos, um após o outro. Seus
olhos presos aos meus
demonstravam seu tesão. Subiu
novamente e montou meu corpo,
roçando os seios em meu peito, me
beijando com fome. Sua boceta
molhada se alojou no comprimento
do meu pau, beijando-o,
percorrendo-o, rebolando.
Me peguei gemendo e entregue
às suas carícias.
Caralho! Eu gemendo desse
jeito!
Minhas mãos percorreram seu
corpo fofinho, meus dedos se
enterrando em suas carnes, naquela
bunda deliciosa, aumentando o
ritmo de suas reboladas.
Eu estava prestes a gozar, sem
ao menos tê-la penetrado.
E então aconteceu e agarrei o
lençol.
Forte.
Tão forte que ouvi o som do
tecido se rasgando quando Anne
empinou a bunda e empunhou meu
pau, colocando a cabeça em sua
entrada e foi descendo.
O calor e a maciez me deixaram
meio doido.
Fora de mim.
Ela me apertava como nada no
mundo e nossos gemidos se
misturaram no silêncio do quarto.
– Que pau delicioso,
Leãozinho... Grosso... ahhh... Me
enchendo de um jeito... Ah,
BRUNO!– Ela gritou ao descer e
me colocar para dentro dela de uma
vez.
Fui obrigado a segurar sua
bunda ali, imóvel.
Eu precisava recuperar um
mínimo de controle. Minha
Pimentinha me levou muito perto do
limite, apenas me colocando para
dentro dela.
Ela tomou posse do meu corpo e
eu era dela.
Não poderíamos ficar assim, por
mais que eu quisesse, e me vi
pedindo, mal reconhecendo minha
voz.
– Mexe, Pimentinha. Me come,
me tome para você. Mexe, pelo
amor de Deus, mexe!
Ela sorriu e, colocando seus
seios na altura da minha boca,
começou a mexer, subir e descer,
rebolar e gemer. Suguei e mordi,
não aguentando mais aquela tortura,
tomei o controle de suas mãos.
Aumentei o ritmo das estocadas,
segurando-a agarrada a mim.
Coloquei um de meus dedos em
sua boca e ela o chupou, molhando
com sua saliva, e desci para sua
bunda, pressionando seu cuzinho
apertado. Seu corpo estremeceu
visivelmente e me brindou com um
gemido delicioso quando a ponta a
penetrou.
Minha, minha, minha... Isso
ressoava em minha cabeça a cada
metida profunda que dava naquela
boceta suculenta.
Sentia seus sucos descendo pelo
meu pau... A tensão de seu corpo
aumentando, seus gemidos se
intensificando, e eu sabia que ela
estava perto.
– Olhe para mim, Pimentinha.
A empurrei de leve e coloquei a
mão em sua barriga, escorregando-
a até que meu dedão encostou em
seu clitóris e comecei a circulá-lo,
pressionando na medida certa.
– Fala que você é minha e que
só eu te como assim... fala.
Ela se agarrou em meus braços e
seus olhos se abriram um pouco
mais.
– Sou sua, meu Leão, só você...
– sua respiração falhou e comecei a
rebolar devagar. –BRUNO! Ahhh...
– em segundos ela gritou meu nome,
seu corpo todo sacudido pelo
orgasmo avassalador que a atingiu.
Sua boceta me ordenhou duro,
contraindo e escorrendo. Não
queria que acabasse, mas não me
aguentei e gozei com ela, a puxando
para um beijo cheio de tesão,
intercalado por nossos gemidos.
Eu nunca tinha gozado tão forte
ou me sentido tão ligado
emocionalmente.
Nunca.
Ela tinha literalmente acabado
comigo em uma única foda.
Foda não, o que tínhamos feito
estava mais para transcendental.
Sensacional. Delicioso. E eu queria
mais.
Muito mais!
– Você acabou comigo,
Pimentinha. Me tem aqui – peguei
sua mão e a beijei. – Amarrado na
pontinha do seu dedo mindinho.
Ela riu e me beijou, feliz. Ficou
ali, deitada em cima de mim e
aquilo era tão bom.
– Tenho que confessar que, antes
de você, homem nenhum tinha
conseguido me fazer gozar. Então,
quem me tem amarrada no dedo
mindinho é você – ela beijou meu
pescoço e senti meu pau pulsar,
ainda dentro dela. – Quer mais? –
me perguntou com aquele sorriso
safado.
– Quero, vou te comer a noite
toda... a noite toda...
Ela riu e comecei a me mexer...
Eu seria capaz de ficar ali dentro
dela eternamente...

Horas mais tarde, despertei,


assustado.
CAMISINHA!
Puta que o pariu! Eu tinha
esquecido completamente! Como
pude ser tão irresponsável? Nunca
tinha transado sem camisinha na
vida.
Outra primeira vez com minha
Pimentinha.
Tinha sido delicioso sentir o
calor e a umidade de sua bocetinha
apertada em meu pau. Jesus! Um
detalhe que poderia ter uma
consequência.
Consequência que seria boa ou
ruim, dependendo do que ela
estivesse pensando ou sentindo, eu
não fazia ideia de nada disso.
Se nosso amor hoje tivesse dado
a vida a um serzinho, eu seria o
homem mais feliz do mundo!
Hoje eu tinha encontrado e
descoberto que amava minha
Pimentinha, tinha aberto mão do
controle e me deliciado com isso,
feito amor pela primeira vez na
vida e, para completar, poderia ter
dado início à minha família.
Um sorriso gigante tomou conta
de meu rosto e acariciei a barriga
dela.
Um filho.
Eu seria responsável, minha
Anne não fugiria de mim e eu
cuidaria dela e do bebê. Uma
miniatura da minha Pimentinha,
seria a coisa mais perfeita do
mundo!
Se ela não estivesse, eu tentaria
até conseguir!
Comecei a rir desse pensamento
e ela se mexeu em meus braços.
Devagar, para não acordá-la,
passei a mão delicadamente pelo
seu corpo, enfiando minha mão
entre suas pernas. Ela murmurou em
seu sono e fiquei com a mão ali.
Ela estava toda pegajosa por causa
da minha porra. Fui juntando e
colocando para dentro de novo.
Nadem, meninos, vão procurar
sua casinha. Para o outro lado!
Segurando suas carnes, me
aconcheguei e adormeci novamente.

Acordei com Bruno todo


possessivo em cima de mim. Me
abraçando agarrada a ele e com a
mão enfiada no meio das minhas
pernas. Em vez de me sentir acuada
e presa, me senti perfeitamente
segura e feliz.
Tão feliz, como eu nunca havia
me sentido antes.
Pena que ele iria embora à noite.
Hoje era meu dia de folga e não
haveria nenhum problema em ficar
com ele o tempo todo. Teríamos
que dar uma passada em casa para
ver se o idiota do Diego tinha feito
o que eu havia mandado. Onde já se
viu!
Não estragaria meu dia
delicioso ao lado do meu
Leãozinho pensando nisso.
Virei a cabeça para observá-lo
adormecido.
Eu me lembrava perfeitamente
da intensidade do verde lindo que
se escondia atrás de suas
pálpebras, seu nariz, sua boca linda
e aquela barba baixinha e macia...
ainda podia senti-la roçando as
partes internas das minhas coxas.
Isso me acendeu, tudo por dentro se
contraiu e senti o sêmen saindo de
mim. Me desvencilhei dele devagar
e fui ao banheiro.
Usei o banheiro e liguei o
chuveiro. Entrei e vi no canto do
box o shampoo e condicionador
dele. Também, com aquela
cabeleira, tinha que cuidar bem
mesmo.
Me ensaboei e ele entrou no
banheiro, bem sossegado, levantou
a tampa do vaso e começou a fazer
xixi. Ele estava bem à vontade
comigo. Tive que rir, pois
estávamos juntos mesmo a menos
de um dia. Ele deu descarga e foi
lavar as mãos.
Pegou toalhas, pendurou ao lado
do box e entrou.
– Bom dia, minha Pimentinha
deliciosa – chegou atrás de mim e
colou seu corpo no meu.
– Bom dia – virei e ofereci
minha boca para um beijo.
Ah, seus beijos eram
consumidores!
Meu corpo se aqueceu,
estremeceu e eu estava entregue.
Suas mãos escorregaram pela
minha pele ensaboada, apertaram
meus mamilos e eu não podia fazer
nada para conter meus gemidos.
– Leãozinho, você me alucina –
encostei a cabeça na parede e a
dele escorregou pelo meu pescoço,
até meus seios.
Me levou para debaixo do
chuveiro, retirando a espuma de
meu corpo e, sem aviso, me
levantou, encostou-me na parede e
se meteu de uma vez em meu corpo,
me fazendo gritar de tesão. Ele ia
fundo a cada estocada.
– Você é minha, Anne. Diz de
novo que ninguém mais te fez sentir
como eu...– sua voz em meu ouvido
me arrepiava e levava às alturas.
Um lance sem explicação.
– Só você, Bruno – respirei
fundo, me contendo. –Só você, meu
Leãozinho faminto, me faz gozar –
olhei em seus olhos. – E está quase
lá... Ahhh! Quase lá de novo.
– Só você, Pimentinha... só você
chegou onde nenhuma outra foi
capaz – me beijou a boca e
aumentou as estocadas de uma
maneira que me fez ver estrelas e
quase desmaiar de prazer. – No
meu coração.
Essa declaração, sua voz rouca
de paixão e seu olhar sincero cheio
de fome por mim, combinados com
uma estocada mais forte me
levaram ao êxtase e chamei seu
nome, como um mantra,
estremecendo da cabeça aos pés.
Senti seu corpo se enrijecer e foi
a vez de ele gemer gostoso, um
gemido rouco que me deixou tonta.
Tonta por saber que eu era a
culpada daquele gemido, daquele
tesão todo.
Eu e meu corpo gordinho, do
qual nem eu mesma gostava muito,
mas que ele parecia adorar.
Sem querer me largar, me levou
novamente para debaixo da água,
me limpando onde conseguia, eu
ainda agarrada, com as pernas em
sua cintura e ele dentro de mim.
Quando não tinha mais onde
alcançar sem que me abaixasse, ele
o fez e continuou a me limpar, lavou
meus cabelos e aplicou o
condicionador. Depois fez nele
mesmo e eu fiquei ali, babando
como uma boba, ensaboando seu
corpo enquanto, com um sorriso,
ele terminava de lavar os cabelos.
Tudo isso intercalado com beijos e
brincadeirinhas bobas.
Eu estava realmente me
apaixonando por ele. Achava que
era uma paixonite, causada pelas
nossas conversas, mas era real.
Eu já estava completamente
abobalhada por ele.
Acabamos o banho e nos
enrolamos nas toalhas fofinhas do
hotel. Em pouco tempo estávamos
descendo para tomar o café da
manhã, abraçados, e depois
passearíamos.
Parecia que, se eu o largasse ou
ele me largasse, um dos dois
sumiria, pois ficamos o tempo todo
nos tocando, segurando as mãos,
abraçados ou, como enquanto
comíamos, nossos pés ficaram
entrelaçados por debaixo da mesa.
O apelido que dei a ele não
podia ser melhor!
Além da sua juba, ele comia
como um leão. Uma grande
quantidade de frutas, iogurte, leite,
alguns pães e pedaços de bolo.
Caramba! E eu ali, com uma xícara
de café com leite, uns pedaços de
mamão cortadinhos e morangos.
Fascinada.
Abobalhada.
Apaixonada.
Tudo isso e mais um pouco, era
como eu me sentia nesse momento.
Quando ele estava quase acabando
de comer tudo aquilo, me olhou
com um sorriso bobo.
– Você fica linda sorrindo assim.
Ele se levantou e, pegando o
celular no bolso, se agachou ao meu
lado.
– Sorria de novo, Pimentinha.
Vou eternizar nosso momento.
Sorri, sem poder negar. Com a
câmera frontal ativada, ele tirou
várias fotos nossas; nós dois
sorrindo, ele me beijando no rosto,
nos beijando. O celular foi para
cima da mesa e nosso beijo
cresceu. Era encostar a boca dele
na minha, que eu ficava insana.
Doida para senti-lo dentro de mim
novamente. Molhada e com os
mamilos durinhos. Meu Deus!
– Pimentinha, minha gostosa,
acho que nosso passeio vai ter que
esperar um pouco. Estou louco pra
te comer de novo. Faminto por
você.
– Ah, ainda bem, pois estou
louca para ser comida pelo meu
leão faminto – disse baixinho,
olhando dentro de seus olhos, para
que ele sentisse o quanto eu o
queria, enquanto os dele me
deixavam perceber sua vontade de
mim.
– Vamos, então. Agora – se
levantou me puxando pela mão e
rimos como aqueles casaizinhos
apaixonados.
Chegando ao quarto, ele me
abraçou gentilmente, me levantando
do chão.
Te quero. Te adoro. Amo
seu cheiro. Amo me perder em suas
curvas – ele dizia, intercalando
com beijos de tirar o fôlego.
Capítulo 11

Horas depois, fomos para nosso


passeio.
Ele era insaciável e eu ficaria
mal acostumada quando ele se
fosse. Ainda não pensaria nisso.
Estávamos na fila do cinema
quando seu celular tocou.
Ele atendeu e colocou no viva
voz.
– E aí, Gui, tudo bem? Espera só
um pouco – ele disse, meio rindo.
Me pegou pela mão, pediu para que
a moça de trás guardasse nosso
lugar na fila e ela, mais do que
rápido, disse que sim, mas não
tirava os olhos do Bruno. Fomos
para um canto mais reservado. –
Pronto, pode falar.
– Onde você se meteu, cara?
Está sumido desde ontem! Você não
é de ficar sem dar notícias.
– Calma, estou com minha
Pimentinha.
– Não acredito! Você teve a cara
de pau de viajar atrás dela e não
dizer nada? Nós iríamos junto,
estamos loucos para conhecer a
mulher que domou o nosso
indomável.
Eu tive que rir. Até parecia que
Bruno seria domado um dia. Eu que
era uma tonta apaixonada por um
homem que não amava ninguém.
Mas eu estava muito boba com tudo
para querer estragar meu dia
pensando nisso.
Eu o amaria por nós dois e
pronto.
– Um dia vocês a conhecerão.
Quando ela quiser, eu a levo. Mas
vai depender só dela.
– Deixa eu falar logo, antes que
me esqueça. Falei com os caras, tá
tudo certo para, não nesse final de
semana, no próximo, descermos
para a praia.
– Hum. Tá certo – ele ficou
sério e me olhou. Achei que queria
um pouco de privacidade.
– Vou voltar para a fila, vamos
perder nossos lugares – sussurrei
para ele.
Mas ele não me soltou, em vez
disso, me puxou para um abraço.
– Vou ver com ela, se ela vai
junto.
– Caralho, eu nunca achei que
esse dia chegaria. Ela está aí do
lado?
– Claro. E você está no viva
voz.
– Pimentinha, parabéns! Você
conseguiu o inimaginável. O tem
amarrado no dedinho mindinho –
Gui disse, com um tom de diversão
na voz, mas, ainda assim,
parecendo sincero.
– Que nada. O lance aqui está
empatado. Vamos ver, acho que
poderei ir sim – respondi
– Bem, então vou avisar os
caras. As mulheres estão loucas
para conhecê-la também.
– Falou então, Gui. Temos que
ir. Até.
Ele desligou e me beijou de
leve.
– Você me tem, Pimentinha.
Amarrado a você – encostou a testa
na minha, se abaixando. –Vamos
voltar para aquela bendita fila, ou
não respondo por mim.
Assistimos o filme e fomos
jantar. O dia já estava acabando e
logo ele iria embora.
– Tenho que ver se Diego fez o
que mandei.
– E o que foi, Anne?
– Eu o mandei sair do meu
apartamento e deixar as chaves na
portaria. Ele foi muito idiota.
– Ele queria você. Chegou a me
dizer isso no shopping, que daria o
primeiro passo com você naquela
noite. Não disse seu nome, disse
que era uma amiga, mas, no
restaurante, ele confirmou que era
você.
– Pois é, eu ouvi essa parte.
Depois ele disse que eu não
deveria ir com você, mas ficar com
ele. Pode isso? – eu estava bufando
de ódio novamente.
– Ei, calma. Caramba, mulher,
respire! – acariciou meus cabelos.
– Eu subo com você, quando te
levar pra casa. Se ele tentar alguma
coisa, ou não te obedeceu, eu dou
um jeito nele.
– Sem violência.
– Eu sou um cara pacato.
Qualquer coisa, eu dou um susto
nele. Não vou sair batendo nele,
por mais que o tampinha mereça.
– Tampinha, é? – eu disse
sorrindo.
– É. Tampinha! – Bruno passou a
mão pelo rosto e prendeu os
cabelos num coque.
Ui! Aquilo era sexy demais. Lá
estava eu pensando em sacanagem
novamente. Meu Deus do céu!
– Anne, se continuar a me olhar
desse jeito, vamos ter que ir
conhecer o banheiro desse lugar –
ele elevou as sobrancelhas.
Estremeci visivelmente com a
ideia dele me comendo dentro do
cubículo do banheiro do
restaurante.
– A ideia te excitou, né?– sua
voz rouca não me ajudou em nada a
tirar aquela imagem da cabeça.
Passei a língua pelos lábios, que
ficaram secos de repente.
– Em breve, Pimentinha. Me
aguarde! – sua ameaça só piorou as
coisas.
Respirei fundo e tomei um gole
do meu suco. Pare com isso, Anne,
você não é uma leoa no cio.
– Me conte como é trabalhar
com as crianças no hospital.
Ele sorriu e começou a contar.
Ele amava o que fazia e isso era
óbvio. Cheguei a ficar com ciúmes
daquelas crianças que o tinham
todos os dias.
Acabamos de comer e fomos
para minha casa.
Chegando lá, minhas chaves
estavam na portaria, conforme eu
tinha mandado que ele fizesse.
Subimos e entramos. Tudo na
mais perfeita ordem e nem sinal de
Diego.
– Ainda bem que ele obedeceu e
sumiu daqui – suspirei, me sentando
no sofá.
– Em todo o caso, amanhã cedo,
antes de ir trabalhar, peça para que
troquem o miolo da fechadura. Ele
pode ter feito uma cópia ou coisa
assim. Mesmo sendo seu primo, não
confie. Ele tinha segundas e
terceiras intenções com você. E, se
ele fizer alguma coisa, qualquer
coisa, me ligue que em uma hora no
máximo eu chego aqui.
– Certo, vou fazer isso. Que
horas você vai embora?
– Depois de uma despedida
beeemmmm gostosa… – e me
beijou daquele jeito consumidor,
possessivo, de arrepiar os
cabelinhos do corpo todo.
Ele me levantou e me carregou
em seus braços, sem dificuldades,
até meu quarto.
Nos amamos de uma maneira
totalmente diferente das outras, com
calma, carinho, sem querer que
acabasse. Perdi as contas de
quantos orgasmos tive, antes de ele
se soltar e vir comigo, gozando com
aquele gemido gostoso que me
arrepiava.
Depois de ficarmos abraçados,
conversando banalidades e, rindo,
fomos tomar uma ducha. Ao
entrarmos no banheiro, ele
congelou e me puxou para ele. Um
rosnado subiu de seu peito, seu
corpo tremendo de raiva.
No espelho em cima da pia,
tinha um recado do Diego, escrito
com o meu batom.

Eu não vou desistir, você vai ser


minha .
– Você tem o número do
chaveiro? Não vamos esperar até
amanhã.
– Devo ter na sala, na gaveta do
móvel, próximo à porta.
– Certo, vá tomando um banho,
vou resolver isso – me deu um
beijo rápido e se foi.
Me senti gelada sem seu calor e
também por causa daquele recado.
Ele esteve ali, em meu quarto, no
meu banheiro. Um arrepio nada
bom percorreu meu corpo. Tomei
uma ducha rapidinha, me enrolei no
roupão e fui até ele, que ainda
falava ao celular.
– Veja se consegue para mim,
Gui. Vai me quebrar um galhão,
não, vai quebrar uma árvore inteira.
Não posso deixá-la aqui assim,
com esse doido – e ele escutou e
suspirou. – Valeu mesmo, cara. Até
mais. Quando conseguir manda uma
mensagem – desligou o celular e
veio me abraçar. – Guilherme está
vendo se consegue o resto da
semana de folga para mim no
hospital. Eu trabalho muito e, assim
como ele tinha horas a mais quando
precisou, eu também tenho. Quer
que eu fique com você?
Se eu queria? Cacete.
– Claro que eu quero! – alívio
me invadiu duplamente!
Ele não iria embora e eu não
ficaria sozinha com aquele imbecil
do Diego por aí. Suspirei e beijei
seu peitoral. Ele estremeceu e me
abraçou.
– Vai lá, tomar sua ducha, vou
preparar alguma coisa para a gente
comer.
– Já volto.
Suspirando e bem feliz da vida,
fui até a cozinha e abri a geladeira,
pegando alguma coisa para fazer
um lanchinho para meu Leãozinho.
Capítulo 12

Depois que o chaveiro foi


embora, nos sentamos no sofá e
comemos os lanches que Anne
havia preparado. Bem, eu comi,
porque ela ficou enrolando, dando
mordidinhas no dela.
– Está preocupada, Pimentinha?
– acariciei seus cabelos e a olhei
nos olhos.
– Um pouco, mas estou mais
triste do que preocupada. Poxa, ele
é meu primo, não devia pensar
essas coisas de mim, crescemos
juntos ‑​ ela desabafou, balançando
a cabeça negativamente.
Puxei-a para meu peito e ela me
abraçou.
– Às vezes, as pessoas são
assim mesmo. Fazem uma coisa e
pensam outra, fantasiam com
alguém a vida toda. Isso passa.
Tudo o que é desencorajado um dia
acaba. Logo ele encontra alguém de
verdade e para de bobeira. Aquele
recado deve ter sido mais uma
coisa de momento – a tranquilizei,
mas, em minha cabeça, eu já estava
esganando o filho da puta.
– Tomara. Ele está passando por
um momento ruim, pode ser que não
esteja pensando com clareza.
Amanhã vou ligar para minha tia e
contar o que ele fez. Assim fico
mais sossegada e eles ficam de
olho nele também.
– Isso, quanto mais pessoas
souberem o que ele fez, menos
coragem de tentar alguma coisa ele
vai ter – e eu também vou dar um
susto naquele tampinha metido a
besta! – Vamos dormir? Amanhã
você trabalha, né? – ela sorriu e
concordou com a cabeça. – Espere
aqui.
Levei o prato dos lanches e
nossos copos para a cozinha e
voltei até ela.
– Vem, minha Pimentinha, para
seu lugar. Em meus braços – a
peguei no colo e a levei para a
cama. Tirei nossas roupas e nos
deitamos, nus e abraçados. – Boa
noite. Sonhe comigo e com os
anjinhos. E não se preocupe. Você é
minha e eu cuido do que é meu.
Anne deu um sorriso lindo e
ofereceu os lábios para um beijo. A
beijei de leve e o fogo acendeu em
mim, mas eu não faria nada agora,
apenas dormiríamos. Teríamos
muito tempo para o amor, já que eu
ficaria o resto da semana com ela.
O que ela precisava nesse momento
era de carinho, dengo e mimo.
E ela teria.
Grandes doses de cada.
A encaixei em meu corpo, sua
bunda bem agarrada em minha
ereção e suas costas grudadas em
meu peito. A noite seria uma
tortura, mas uma tortura deliciosa.
Acariciei seus cabelos até que ela
adormeceu. Fiquei admirando e
velando seu sono, até que também
adormeci.

Na manhã seguinte, acordei na


mesma hora de sempre, com as
galinhas, mas não precisaria
trabalhar hoje. Me espreguicei e
Anne estava dormindo ainda.
Tão linda!
Não pude me ajudar, meu pau
criou vida, pulsando e duro como
pedra. Um rabo daqueles na minha
frente era uma perdição! Me
encostei nela e ela gemeu,
rebolando a bunda em mim, se
ajeitando contra meu corpo. Testei
sua umidade e ela estava pronta.
Gemi, derrotado.
Encostei a cabeça do meu pau
em sua entrada e investi, devagar.
Ela se apertou toda em volta de
mim e sussurrei em seu ouvido.
– Bom dia, minha Anne.
Ela gemeu e se agarrou ao
travesseiro, puxei sua perna para
cima de meu corpo e comecei a
comer aquela boceta gostosa.
Anne era meu paraíso! A minha
primeira em muitas coisas... meu
amor.
– Ahh, bom dia... Leãozinho.
Sua voz rouca pelo sono e pelo
tesão me enlouqueceu, senti minha
pele se arrepiar. Essa mulher fazia
coisas comigo que nem eu mesmo
entendia.

– Que maneira deliciosa de me


acordar – escondi meu rosto em
seus cabelos, beijando seu pescoço.
– Posso te acordar assim todos
os dias... – me abraçou forte e
beijou meus cabelos. – Vamos, vou
te dar um banho, vamos tomar café
e vou te levar para o trabalho.
Olhei para ele sem entender
direito.
Ele me daria banho?
– Anne, não se espante comigo.
Eu sou assim. Você é minha e eu
cuido do que é meu, já te disse. Vou
te mimar o quanto eu puder,
enquanto estiver aqui. Quando eu
me for, você vai ter muito o que se
lembrar de mim. Quero que você
me queira, que precise de mim.
Assim como EU te quero e como
EU preciso de você.
Me emocionei com aquelas
palavras e segurei as lágrimas. Para
disfarçar, me abracei a ele de novo.
Minutos depois ele levantou, me
pegou no colo e cumpriu sua
palavra. Me senti uma princesa em
seus braços. Eu sentiria, e muito, a
falta dele. Mesmo que ele não
fizesse nada, eu já sentiria, me
tratando assim, então... Suspirei.
Sou uma boba apaixonada...

Depois de um beijo delicioso,


deixei-a na porta da loja e fiquei
olhando-a entrar. Voltaria na hora
do almoço para pegá-la.
Liguei o carro e saí procurando
um mercado. A surpreenderia à
noite com um jantar e também, já
que eu ficaria o resto da semana,
precisava abastecer a geladeira. Eu
tenho noção do quanto como.
Encontrei e parei no
estacionamento. Perdi uma hora
comprando tudo, incluindo uns itens
que usaria essa noite, com certeza.
Ela ainda não conhecia meu lado
dominador; ainda que ela tivesse
pedido para que eu me soltasse, não
tive a mínima vontade de dominar.
Queria apenas amar e ser amado,
como nunca fui na vida, e minha
Anne deu conta do recado.
– Ah, Pimentinha... essa noite
você será minha por inteiro –
sussurrei para mim mesmo e sorri.
Sim, hoje ela seria MINHA!
Voltei para a casa dela e guardei
tudo em seu devido lugar. Minha
Pimentinha era muito organizada.
Arrumei o quarto para a noite.
Estava tudo certo.
Fui buscá-la para o almoço.
Cheguei e fiquei esperando,
encostado no carro. Logo ela
apareceu. A estreitei em meus
braços e a beijei.
Meu Deus, como eu conseguiria
ficar sem ela quando voltasse para
casa? Sem seu sorriso, sem seus
beijos?
– Vamos? Onde você costuma
almoçar?
Ela sorriu e me deu a direção.
Fomos a um restaurante calmo e
aconchegante, bem perto da loja em
que ela trabalhava. Ficamos
conversando enquanto comíamos e
o tempo passou voando.
Levei-a de volta e fui resolver
outro assunto. O tampinha!
No shopping, foi fácil encontrá-
lo. Ele estava parado na porta da
loja, creio que por ser seu primeiro
dia, ele estava se sentindo meio
perdido. Quando me viu, se
empertigou todo e entrou.
Ah! Ele achava mesmo que eu
me intimidaria por ter plateia?
Idiota!
O macho possessivo dentro de
mim tomou conta. Entrei sem olhar
para o lado. Uma moça veio
correndo me atender.
– Olá, boa tarde. Posso ajudar
em alguma coisa?
– Sim, eu preciso falar com o
Diego. Acho que ele deve ter
entrado para algum lugar aí por
trás.
– Ah, sim. Só um minuto –
entrou por uma porta e pouco
depois ele apareceu.
– O que quer falar comigo? – ele
perguntou, todo cheio de marra.
–Eu quero provar aquela camisa
ali, tamanho 4. Creio que será
necessário alguns ajustes. Você me
acompanha até o provador?
A vendedora, mais do que
depressa, entregou a ele uma
pulseira com uma almofada cheia
de alfinetes. Ele não poderia negar.
Recebeu da mão dela e pegou uma
camisa do meu tamanho.
No provador, retirei a camiseta
que estava usando e flexionei meus
músculos de propósito, ao colocar
a camisa. Ele tinha que ter uma
noção de onde estava se metendo.
Vi o tampinha engolir em seco e
pareceu querer sumir. Sorri. Isso
era bom. Assim ele pensaria duas
vezes antes de se meter com Anne.
Quando ele veio medir o
colarinho, peguei-o por debaixo
dos braços e o levantei, sem
esforço, para que eu o olhasse nos
olhos. A ira me atingiu de um jeito
que tive que contar até dez antes do
começar a falar.
– Eu vi aquele recado descabido
no banheiro dela. Pense no que
poderá acontecer a você, se algo
acontecer com ela. Fique longe. Se
você for esperto, vai ficar. Se você
se meter a besta, o pessoal da
ambulância vai precisar de uma pá
de lixo para recolher seus pedaços.
Estamos conversados?
Ele ficou pálido e senti um
cheiro de amônia. Olhei para baixo
e havia uma pequena poça embaixo
dele, pingando de seus sapatos. O
tampinha safado havia se mijado!
Covarde!
– É, percebo que você entendeu
– cerrei os dentes e ouvi o ranger
deles. Afastei-o e dei um passo
atrás.
Não queria me sujar com aquilo.
Nojento e patético.
Coloquei-o no chão, peguei
minha camiseta e fui para o
provador ao lado, para tirar a
camisa. Entreguei à vendedora e fui
embora. Pronto, ele não causaria
problemas e, se acaso causasse, eu
cumpriria minha promessa.
Passei no hotel, peguei minhas
coisas e paguei a conta. Agora era
pôr mãos à obra com o jantar da
minha Pimentinha!
Capítulo 13

E lá estava eu, pilotando o


fogão. Fucei nas gavetas e encontrei
um avental estampado com uma
mulher toda malhada e siliconada.
Coloquei e fui olhar no espelho da
sala.
Que coisa mais bizarra!
Eu parecia uma rata de academia
que abusou nos esteroides e ganhou
uma bela barba e voz grossa. Tirei
uma foto com o celular, fazendo
uma pose mais bizarra ainda, e
mandei para Anne.
Olha o que achei na gaveta da
cozinha! Fiquei lindão ou não?

Você achou meu avental de


cozinheira gostosona! – ela
mandou, em resposta.

Você é gostosona sem ele. É a


minha gostosa. Às sete e meia eu
passo aí pra te pegar.

Tá... Eu estou com saudade...


muita. <3 Até mais.

Voltei para a cozinha.


Cebola picada, temperos,
azeite... Tudo na panela... Agora
abaixar o fogo, farinha, colocar o
leite... mexer... engrossar... E aqui
tá pronto. Cortar o frango em
tiras, jogar na panela com azeite...
temperos... O que mais... Ah, o
arroz! Outra panela... caramba!
Mais azeite, tempero, arroz...
mexer... água... Pronto.
Deixei o arroz lá e fui tomar meu
banho.
Teria que comprar algumas
roupas. Hoje eu não usaria cueca.
Será que minha pimentinha
estranharia?
Saí enrolado na toalha e fui
olhar o arroz. Tampei e desliguei o
fogo.
Fiquei fazendo hora, escutando
música, pensando no que faria com
minha Anne mais tarde... E, graças
a Deus, o tempo passou. Enfiei o
jeans, uma camiseta, os sapatos e
fui buscar minha Pimentinha.
Eu estava ansioso!
Creio que passei alguns faróis
vermelhos, mas eu não estava nem
aí. Eu queria minha Pimentinha!
Parei o carro e ela veio. Lasquei
um beijo daqueles nela. Que
saudade do sabor daquela boca, da
maciez de seus lábios... Duro era
pouco para o estado em que me
encontrava.
Caralho! Eu jantaria primeiro
minha Anne e depois aquela comida
toda que eu havia feito.
Quando chegamos na porta do
apartamento dela, a peguei no colo.
– Minha Pimentinha, feche os
olhos. Só abra quando eu mandar –
ela sorriu e fechou seus lindos
olhos esmeralda. A carreguei para
o quarto. – Vai ser minha essa
noite? Totalmente minha? – minha
voz tinha aquele tom imperativo e
eu sentia o poder tomando conta de
mim ao vê-la ali, obedientemente
de olhos fechados.
– Sim, Senhor – ela respondeu,
abaixando o rosto.
Puta que o pariu! Minha
pimentinha era perfeita. Olhei para
suas mãos que instintivamente ela
tinha colocado para trás.
Estremeci.
Tesão puro.
– Tire a roupa. Não abra os
olhos.
Ela estremeceu visivelmente e
obedeceu. Quando ela começou a
tirar a calcinha, avisei.
– Deixe a calcinha – sou tarado
por mulher com calcinha. Ainda
mais a que ela estava usando, de
renda branca.
Na hora, ela parou e recolocou
as mãos para trás.
Respirei fundo e o perfume de
sua excitação me deixou louco de
tesão. Porra, que mulher deliciosa!
Cheirosa... e MINHA!

Por que eu não parava de


tremer?
Me sentia vulnerável assim, de
olhos fechados e só de calcinha,
mas a excitação estava me matando.
O que ele faria?
Eu nunca estive assim, tão nas
mãos de alguém. Ainda mais esse
alguém sendo um Dom assumido.
Estava perdida em meus
pensamentos quando senti seu hálito
quente em meus mamilos. A língua
úmida passou sobre eles, que
ficaram durinhos. Ele soprou,
resfriando um deles, e logo após
abocanhou, chupando forte. Não
pude segurar um gemido. Meu
estômago se encheu de borboletas e
ele abocanhou o outro, deixando o
primeiro formigando.
Queria que ele me tocasse. Que
me pegasse forte, me agarrasse,
queria seu corpo no meu!
Mas o que veio a seguir foi seu
nariz em meu pescoço. Ele estava
me cheirando... logo após sua
língua, sorrateira, me lambeu a pele
sensível.
Meu Leão!
Encostou a testa na minha e me
beijou. Senhor! Que beijo...
– Olhos fechados, senão vou te
vendar – sorri e continuei de olhos
fechados.
Ele foi se abaixando pelo meu
corpo, lambendo seu caminho... Sua
respiração acompanhava o traçado
úmido de sua língua e me arrepiava
toda.
Agora eu sentia sua respiração
em minha barriga, quase lá... E
então sua língua pressionou a renda
da minha calcinha, forte,
encostando em meu clitóris.
– Seu gosto e seu cheiro... são
meus. Só meus – ele sussurrou antes
de afastar o tecido. –Abra as pernas
para seu Dono.
Caraca. Meu dono…
O tesão que senti me deixou de
pernas trêmulas, mas obedeci.
Era incontestável.
Eu era dele.
Abri um pouco as pernas. E
esperei. Esperei por um contato que
não veio.
– Você é tão linda aqui – sua
língua me percorreu. – Tão doce,
tão cheirosa – seu dedo me
penetrou e dançou dentro de mim,
me fazendo contrair tudo por
dentro, agarrando-o. – Tão quente e
tão apertada – gemeu de encontro a
minha carne molhada e quase
desabei.
Nunca tinha sentido uma coisa
assim, um tesão tão louco que me
tirava a sanidade.
Então, me tomando de surpresa,
ele me pegou nos braços. Foi difícil
ficar calada e não abrir os olhos,
mas fiz. Ele tinha que perceber que
eu confiava nele.

Porra!
Nem um grito!
Ela estava tão entregue... isso
me fez ficar mais louco por ela.
– Braços para cima – ordenei
quando a deitei na cama e fui
obedecido.
Quantas vezes eu me
surpreenderia com ela essa noite?
Tinha deixado uma meia calça
passada pelas grades da cabeceira
da cama e amarrei seus punhos.
Eu queria minha Pimentinha se
contorcendo de prazer, gemendo,
implorando por mim. Beijei de leve
sua boca, uma, duas vezes, até que
ela, às cegas, procurou minha.
Raspei de leve minha barba em seu
pescoço, desci e passei o queixo
pelos seus mamilos, mordi e soprei,
lambi e suguei. Ela suspirava e
arqueava o corpo em minha
direção, gemia, mas eu queria mais.
Desci mais e enfiei a língua em seu
umbigo. Ela sorriu e eu mordi sua
barriga, arrancando um gemido de
puro prazer dela.
Hum, ela gostava disso.
Desci mais e raspei a barba no
interior de suas coxas e ela
estremeceu.
Lambi sua boceta de cima a
baixo e ela arqueou o quadril
pedindo mais.
Mordi aquela boceta fofinha e
ela gemeu alto.
Voltei para seu clitóris e me
esbaldei naquela boceta suculenta.
Minha Pimentinha estava prestes a
gozar. Eu podia afirmar pelos seus
gemidos e pelos espasmos de seu
corpo. Meti dois dedos nela e
mordi mais forte o gordinho
daquela boceta gostosa, fazendo ela
gozar em meus dedos, com um grito
delicioso.
Ela gostava de um pouco de dor
e mordidas! Caralho!
Olhei para a marca dos meus
dentes em sua boceta lisinha.
Minha! Tão linda! Fiquei olhando
admirado para minha obra de arte.
– Pimentinha. Me olhe. Diz o
que você quer.
Ela arfava, seus seios subiam e
desciam rápido. Fiquei hipnotizado
pelo movimento.
–Eu quero seu caralho gostoso
em mim.
Que desbocada! Levantei sua
perna, virando um pouco e bati em
sua bunda. Seu sorriso cresceu.
Não resisti e a beijei com toda a
fome que eu tinha.
Me afastei e abri a calça,
deixando meu pau pular para fora,
duro como aço.
– Pimentinha, boca suja –
escorreguei o corpo pelo dela e a
boca pelo seu rosto, sussurrando
em seu ouvido. – Fala mais do meu
caralho.
– Ah, esse caralho enorme,
grosso, gostoso, que quando entra
em mim me deixa de pernas bambas
e meu corpo tremendo... – disse
olhando em meus olhos.
Sem pudor.
Safada! Ahh.. se isso não mexeu
comigo, nada mais mexeria! Meu
corpo estremeceu. ESTREMECEU!
Jesus!
– Seu desejo é uma ordem.
Me encaixei e meti sem dó
naquela boceta que era minha!
Seus olhos se arregalaram com a
investida e, enquanto eu a comia,
ela continuava a falar.
– Meu tesão, meu dono, sou
sua... assim… Hummm... você me
come tão gostoso...
E, entre gemidos, eu me perdi no
corpo delicioso da minha
Pimentinha desbocada, que mexia
comigo como ninguém.

Deixei minha Pimentinha


descansando, mas ainda amarrada à
cama. A meia era flexível, ela
poderia se mexer, mas não sair de
lá.
Minha e completamente minha!
Completamente nu, fui esquentar
o jantar. Coloquei uma porção
generosa no prato, servi um copo
de suco, peguei a caixinha e levei
tudo para o quarto. Coloquei sobre
a cômoda e a olhei. Ela estava tão
linda, adormecida e atada à cama.
Se meu estômago não estivesse
roncando de fome, eu a acordaria
como pela manhã... Humm, só o
pensamento já me deixou em ponto
de bala. Mas primeiro eu cuidaria
dela.
– Pimentinha, acorde – sussurrei
em seu ouvido. – Vamos,
dorminhoca... eu trouxe comida...–
disse, distribuindo beijos em seu
pescoço e colo.
Ela se espreguiçou e me olhou
com aqueles olhinhos verdes e
sonolentos.
– O cheiro está tão bom.
– Sente-se – peguei o prato e me
sentei ao seu lado. Ela fez menção
de pegar, mas não deixei. – Você é
minha, Pimentinha. Vou te alimentar.
Mãos para trás.
Com muito cuidado, coloquei um
pouco de tudo no garfo e levei-o à
sua boca. Ela, obedientemente,
abriu e aceitou que eu a
alimentasse. Aquilo mexeu com
uma parte dentro de mim, intocada.
Um calor tomou meu peito e uma
sensação de plenitude me invadiu.
Minha Pimentinha...
Dei mais algumas garfadas para
ela e então levei o copo à sua boca.
Ela sorriu e tomou um gole.
– Muito bem. Quer mais?
– Quero. Mas você não vai
comer?
– Vou sim, logo depois que eu
acabar de te alimentar. Aqui, mais
um – levei o garfo novamente à sua
boca e repeti até que ela estivesse
satisfeita.
Dei o restante do suco para ela,
ganhando outro sorriso lindo.
– Satisfeita? – ela respondeu,
afirmando com a cabeça. – Então,
agora eu vou comer. Recoste-se
aqui – arrumei os travesseiros sob
suas costas, fui me servir e voltei.
Me sentei aos pés da cama para
jantar.
– Você fica tão linda assim, nua,
atada à cama e me olhando desse
jeito... Abra as pernas, Anne.
Deixe-me ver o que é meu – seu
rosto enrubesceu, mas, mesmo
assim, ela obedeceu. Perfeita.

Ah... Meu Leãozinho quer me


olhar enquanto come? Vou fazer
ele ficar com vontade de comer
outra coisa!
Olhando para ele, levei um dedo
à boca. Foi impossível não sorrir
diante do que eu estava planejando
fazer.
Nunca fiz isso na minha vida,
mas com ele é diferente. Com ele
eu sou capaz de qualquer coisa.
Dando início ao meu plano,
continuei com a mão levantada,
passando os dedos pelos lábios,
para que a outra pudesse ter mais
movimento, já que eu estava
amarrada com a meia calça.
Passei a mão pelo meu seio,
segurando e apalpando, acariciando
meu mamilo com os dedos. Suas
pupilas se dilataram e ele inalou
profundamente. Ele parecia não
querer dar o braço a torcer, mas seu
pau cresceu visivelmente, tampando
seu umbigo. Meu sorriso cresceu
ainda mais. Coitado do meu
Leãozinho...
Desci a mão pela minha barriga
e continuei... Cheguei pertinho do
meu sexo, mas desviei, acariciando
minha coxa até o que a meia limitou
meu movimento. Os olhos dele
seguiam minha mão e então voltei,
passando os dedos de leve em cima
da marca de sua mordida.
Ele se mexeu, engolindo em
seco. Deu mais uma garfada e
deixei que ele comesse um pouco.
Elevei meus joelhos, plantando os
pés no colchão, separando um
pouco mais as coxas.
Eu sabia perfeitamente o que
fazer para tirá-lo do sério.
Afastei os lábios do meu sexo e
acariciei meu clitóris com o dedo
indicador. Escorreguei o dedo e me
penetrei, lentamente, gemendo
baixinho, recostando a cabeça na
cabeceira.
A sensação de estar me
mostrando para ele, me
masturbando para seus olhos, era
tão erótica... Eu estava molhada,
sentia meu dedo sendo apertado
pelas paredes de minha vagina.
Escutei o gemido dele e o olhei.
Seu pau estava tendo pequenos
espasmos e uma gota brilhante
surgiu na ponta. Lambi os lábios
diante daquela visão e minha
umidade aumentou.
Meu Deus, como eu queria
sentir o gosto dele!
Continuei a me masturbar para
ele. O prato foi esquecido e ele
chegou mais perto, mas sem me
tocar, apreciando meu show.
– Isso é tortura, Pimentinha. Meu
pau está chorando de vontade de se
meter em você – sua voz rouca me
fez estremecer.
Eu estava à beira do orgasmo
quando ele chegou perto, com o
nariz quase tocando meus dedos.
Não consegui me segurar quando a
língua dele se juntou aos meus
dedos e gemi, minhas pernas
tremiam tanto... A única coisa que
me impedia de fechá-las eram os
ombros dele entre elas. Agarrei
seus cabelos e cruzei minhas pernas
sobre seus ombros. Eu gemia de
prazer e ele respondia a eles com
seus próprios, abafados em minha
carne.
Meu Leãozinho me levou a um
orgasmo incrível, meu corpo
convulsionando embaixo do dele.
Seus lábios beijaram minha barriga,
meus seios, pescoço e chegaram em
minha boca. Eu nunca me cansaria
dele... mas sentiria sua falta...
Será que eu estava destinada a
ele e por isso nunca ninguém
conseguiu me levar ao orgasmo?
Um monte de “serás” se
passaram pela cabeça...
– Ei, Pimentinha. Onde está essa
cabecinha? – Bruno perguntou,
passando as mãos pelos meus
cabelos e olhando em meus olhos,
ele parecia preocupado.
– Eu só estou pensando que vou
ficar com saudade de você quando
voltar para casa. Passei o dia todo
querendo que o tempo voasse para
poder te ver. Como vai ser? Vou
sentir falta de seus beijos, de suas
mãos em mim, do calor do seu
corpo no meu durante a noite, de
sua voz sussurrando em meu
ouvido... – uma lágrima besta
escorreu pelo meu rosto.
– Não chore. Eu volto pra casa,
mas você vai continuar sendo
minha. No final de semana você vai
ficar comigo e assim vamos
levando.
Ele soltou minhas mãos e me
puxou para um abraço. Me senti
protegida e um pouco reconfortada
com o que ele disse.
Tempos depois, ele se levantou,
colocou o jeans, pegou um pijama
na gaveta do armário e me vestiu.
– Venha, vamos assistir um
pouco de TV e namorar no sofá? –
estendeu a mão para mim e fui com
ele.
Não havia lugar melhor para
ficar do que em seus braços e
guardaria seu cheiro em minha
memória. Conhecendo Bruno como
eu conhecia, isso tudo poderia ser
apenas mais um passatempo para
ele e eu poderia perder tudo de uma
hora para outra, como todas as
outras mulheres que passaram por
sua vida nesse tempo todo. Mas
entrei nessa, sabendo o que poderia
acontecer.
Por que comigo seria diferente?
Respirei fundo e me abracei
mais a ele... não prestei atenção
nenhuma no que se passava na TV,
me concentrando apenas nele e no
que estávamos vivendo, durasse o
quanto durasse...
Capítulo 14

Acabei de deixar Anne no


trabalho e minha meta hoje seria
achar uma boa academia. Meu
corpo estava acostumado com um
treino diário, pesado, e eu
precisava me exercitar. Ficar o dia
todo de pernas para o ar não era
para mim.
Depois de passar em frente de
muitas e dar uma olhada pela
fachada, encontrei uma que parecia
ser o que eu precisava. Nada
dessas academias de modinha.
Queria treinar sem ser
interrompido.
Estacionei e fui direto ao balcão
de informações. A recepcionista só
faltou arrancar a blusinha que
usava, de tanto que puxava para
baixo o tempo todo, a fim de me
mostrar seu decote. Acho que teria
que fazer como Guilherme e andar
com uma aliança no dedo.
Quantos caras não deveriam dar
em cima da minha Anne enquanto
ela os atendia?
Passei a mão pelo rosto e prendi
meus cabelos. Porra! Eu teria que
tomar uma atitude e logo, nem que
fosse apenas para aliviar minha
cabeça.
Fiz a matrícula e paguei o mês.
Ali mesmo tinha uma lojinha e
comprei uma bermuda e camiseta
para o treino, me troquei e comecei
a treinar. Um homem chegou perto e
ficou me olhando. Aquilo foi
enchendo o saco e me irritando a tal
ponto que parei o que estava
fazendo e me virei para ele.
– Posso ajudar em alguma
coisa? – perguntei, cruzando os
braços sobre o peito.
– Err... Eu estava aqui te
olhando, cara, mas não me leve a
mal. Você é muito parecido com um
cara da faculdade. Você não seria o
Bruno, né?
– Sou eu mesmo – fiquei
intrigado.
Eu não me lembrava dele, mas
se ele sabia meu nome...
– Sou Andréas, eu era bem
magrinho – ele disse sorrindo e me
lembrei dele.
– Caramba, como você mudou!
Claro que me lembro. O que você
anda fazendo?
– Depois que acabei a
faculdade, voltei pra cá e abri essa
academia. Como você pode ver, é
bem rústica. O galpão que era da
minha família estava abandonado e,
bem, espaço é tudo o que
precisamos e temos de sobra aqui.
E você?
– Eu? Sou enfermeiro – prestei
atenção no que ele diria.
– Poxa, é uma profissão
gratificante. Mas vejo que você não
parou de treinar. Eu também,
sempre que posso... – ele se olhou
no espelho, flexionado os
músculos, antes de continuar. –
treino um pouco. Você está aqui a
passeio?
– Estou na minha namorada. Mas
no final de semana eu volto para
casa.
– Ah, vamos sair um dia desses.
Tem um barzinho bem legal aqui
perto, o que acha?
– Vou ver com ela e amanhã te
falo.
– Certo. Desculpa atrapalhar seu
treino.
Nos despedimos com tapas no
ombro e continuei treinando
pesado.
Depois de voltar para casa e
tomar um banho, busquei Anne e a
levei para almoçar. Depois de
deixá-la no trabalho novamente, fui
comprar umas roupas e dar uma
olhada em Diego. Ele continuava na
mesma loja; pelo visto, o incidente
não o havia prejudicado. Menos
mal. Eu não gostava dele, mas
também não queria que perdesse o
emprego. Passei o resto do dia na
casa dela, esperando a hora passar,
me entretendo.
À noite, busquei Anne no
trabalho e a levei para jantar.
– Não estou arrumada para ir ao
um restaurante, Bruno.
– Você está linda, mas fique
sossegada, vamos apenas numa
pizzaria que eu vi aqui perto e
parece bem aconchegante, um lugar
onde a gente pode ficar bem
juntinho. Fiquei com tanta saudade
de você – peguei a mão dela, beijei
seu pulso e dei uma leve mordida.
Ela deu um risinho nervoso e
meus olhos foram atraídos como um
ímã para seus mamilos, que ficaram
durinhos.
– Assim você vai me fazer
mudar de ideia quanto a pizza,
Pimentinha – beijei de novo e
suguei a pele, lambendo devagar.
Ela gemeu baixinho e me deixou
louco de vontade de comer ela, em
vez da pizza.
Agora.
Aqui no carro.
Ela parecia cansada, então me
segurei. Hoje eu cuidaria bem dela.
Sorri e quando paramos no
semáforo, puxei-a para um beijo
delicioso.
Será que ela estava muito
cansada mesmo? Enquanto eu
achava que sim, meu pau achava
que não. Sossega garoto.
Na pizzaria, pedimos uma pizza
grande, de quatro sabores
diferentes. Eu estava com fome! Só
não sabia qual fome era maior, por
comida ou minha fome por ela.
Meu Deus, como eu queria essa
mulher! Comigo, onde quer que
fosse, para ficarmos assim,
aproveitando a noite em uma
pizzaria, como ontem, deitados no
sofá e assistindo a um filme ou
fazendo amor deliciosamente até
ficarmos cansados demais para nos
mexermos. Eu a amava demais!
Tanto que só em pensar que eu teria
que deixá-la no domingo, me dava
uma coisa estranha, um aperto no
peito.
– Hoje me matriculei numa
academia e encontrei um colega de
faculdade. Ele quer sair um dia
desses, ir num barzinho. O que você
acha?
– Ah, tudo bem. Vamos sim,
quando você quiser – respondeu
com um lindo sorriso.
– Vou ver pro final de semana
então. Amanhã falo com ele.
Nossa pizza chegou e estava
muito boa. Ou eu estava com muita
fome... Conversamos sobre o dia
dela e ela quis saber mais sobre as
mulheres do Theo e Rick. Sobre
Ella, Anne já sabia, pois contei
para ela tudo o que aconteceu
durante o transplante e que ela era
nossa chaveirinho desde sempre.
– Pam é esposa do Theo, tem
uma empresa de vigilância e eles
têm uma bebezinha, a pequena
Giovanna, que está com um mês.
Ela é prima do Rick, marido da
Jess. Eles têm dois meninos,
gêmeos, que fizeram um ano. Você
vai gostar delas e sei que elas vão
amar você – Por que eu amo você.
Queria falar para ela o quanto eu a
amava, mas meu medo de espantá-
la com a intensidade do meu
sentimento me impedia. – Vem
sentar aqui do meu lado, para eu
poder te abraçar. Estou com
saudade do teu calor, do teu
cheiro... preciso de você bem
pertinho de mim. Vem?
Com um sorriso safado no rosto,
ela veio para junto de mim, me
abraçou e encostou a cabeça em
meu ombro.
Todo o resto do mundo foi
esquecido.
O cheiro dela me embriagou e eu
precisava sentir sua boca na minha,
a maciez dos seios em meu peito...
o calor da sua boceta em meu pau.
Meu Deus...
– Vamos pedir a conta e vamos
para casa. Eu quero você. De
sobremesa – eu juro que tinha a
intenção de deixá-la descansar, mas
aquilo era maior do que eu, me
consumia.
Pouco tempo depois, estávamos
entrando na casa dela.
– Uau! Você contratou uma
diarista para limpar minha casa? –
ela olhou admirada para tudo.
– Claro que não, eu só não
queria deixar nada bagunçado pra
você. Só dei uma ajeitada, não tinha
nada para fazer a tarde toda… –
passei as mãos por seus cabelos e a
beijei de leve. Meu tesão era tanto,
que minha vontade era rasgar as
roupas que ela estava vestindo e
fazer amor com ela ali, contra a
porta da sala. – Venha, está
cansada? Trabalhou muito? – a
puxei para o quarto.
– Um pouco... – respondeu,
incerta.
Ela me olhou, erguendo a
cabeça, não resisti àquela boca e a
beijei. Minhas mãos começaram a
tirar as roupas dela e logo eu a
tinha nua, na minha frente.
– Deite-se de bruços. Vou fazer
uma massagem em você, para
relaxar.
– Humm, casa arrumada, beijos,
massagem... assim você me
acostuma mal – se deitou, como
mandei.
– Feche os olhos.
Arranquei minhas roupas, peguei
o óleo de massagem que eu havia
encontrado no banheiro e coloquei
um pouco nas palmas das mãos.
– Tire os cabelos das costas.
Outra vez, me obedeceu.
Respirei fundo e comecei a
espalhar o óleo pelo corpo dela.
Nas costas, em sua bunda, nas
coxas, panturrilhas e pés. Quando
ela estava bem escorregadia, eu
comecei a massagem. Esfreguei e
massageei seus ombros, desfazendo
nódulos e ganhando gemidos... fui
descendo até que cheguei em sua
bunda. Pulei direto para as coxas
dando atenção especial para as
panturrilhas e pés. Quando ela
estava bem relaxada, espalhei óleo
em meu peito, abdômen e coxas.
Passei as mãos em sua bunda e meu
corpo se arrepiou.
Ajoelhei-me entre suas pernas,
afastando-as, e comecei a
massagear, escorregando meus
dedos até seu cuzinho, que se
contraiu com meu toque. Aquele
aperto rápido fez meu pau pulsar.
Acariciei, espalhando o óleo em
sua bocetinha gostosa, que já estava
molhada. Escorreguei um dedo para
dentro dela e gemi de tesão.
Coloquei outro e ela empinou a
bunda para mim, num pedido mudo.
– Esse óleo corporal é beijável.
Tem gostinho de morango – a voz
dela estava rouca de tesão.
Como eu não tinha percebido
isso?
Mais do que rápido, dei vazão
ao meu desejo e meti o rosto em sua
bunda, sentindo aquela contração
em minha língua. Minha Pimentinha
gemia e se esfregava em meu rosto.
Passei a língua em toda sua bunda,
mordiscando de leve, lambendo sua
boceta suculenta e seu buraquinho
apertado, circulando seu clitóris
com os dedos.
Quando ela estava trêmula sob
minhas mãos, fui subindo pelo seu
corpo, esfregando meu peitoral em
sua bunda e costas.
– Seu Leãozinho vai te comer,
Pimentinha – sussurrei em seu
ouvido, meu corpo se moldando ao
dela, a cabeça do meu pau
encontrando a entrada úmida de sua
boceta.
Devagar fui invadindo seu calor,
meio que enlouquecendo com a
sensação, com o aperto e a maciez
de sua boceta. A agarrei pelo
pescoço, sufocando-a por alguns
segundos enquanto me metia todo
dentro dela. Fiquei imóvel, sua
boceta ordenhando meu pau.
A soltei e virei seu rosto para
um beijo consumidor, assim como
meu desejo por ela.
Lambendo, beijando,
mordiscando e metendo forte. Seus
gemidos de prazer eram como a
bebida mais forte, me embriagando,
me deixando tonto de tanto tesão.
– Me olhe, Anne – virei sua
cabeça e segurei seus cabelos,
puxando-a para mim. Com a outra
segurei seu pescoço.
A apertei de leve. Um pouco
mais, até que ela começou a ficar
vermelha. Mordi seu ombro,
olhando-a. O prazer estampado em
seu rosto me levou à beira do
precipício. Eu não aguentaria
muito. Larguei seu pescoço e,
passando a mão por baixo de sua
barriga, cheguei ao seu clitóris e a
masturbei enquanto fodia sua
boceta, sem dó.
Anne gritou, chamando meu
nome e, puta que pariu, vi estrelas
quando sua boceta começou a
contrair em meu pau. Gemi como
um animal e escorreguei pelo seu
corpo.
Eu queria seu gozo em minha
boca, sentir o gosto doce do mel de
sua boceta.
Eu era um depravado, mas ela
era minha, toda minha. Lambi e
suguei até que ela estava novamente
gemendo e rebolando.
Essa mulher foi feita pra mim!
Aquela bunda ali, na minha cara,
estava me deixando doido. Eu
precisava fazê-la minha, totalmente.
Me posicionei entre suas pernas
e encostei meu pau em seu
buraquinho apertado. Ele contraiu
com o contato e estremeci. Fui
avançando, o óleo ajudando. O
gemido rouco de Anne quase me fez
gozar ali mesmo, logo na entrada.
Centímetro a centímetro, vi meu
pau ser engolido por aquele rabo
gostoso. Era lindo demais. Tirei um
pouco e voltei a me meter nela, que
começou a acompanhar meus
movimentos. Nossos gemidos se
confundiam e se misturavam no
quarto, insanos e perdidos no
prazer absoluto. Anne gozou de
novo e, dessa vez, me deixei levar,
gozando junto, nossos corpos
estremecendo de prazer, nossos
nomes sendo ditos por vozes roucas
de tesão, exaustas pelo prazer.
– Você é minha, Pimentinha. Diz
pra mim – olhei em seus olhos.
– Sou sua, Bruno. Sua e só sua,
enquanto me quiser.
– Te quero pra sempre, minha
Anne – beijei sua boca com paixão,
demonstrando minha posse total. –
Minha...
Escorreguei para fora de seu
corpo e me deitei ao seu lado,
puxando-a para mim.
– Descanse, minha Anne. Durma
nos braços do seu Dono.
Senti seu sorriso em meu peito e
meu coração de pedra se amoleceu.
Abraçada em mim estava a
mulher da minha vida. A única que
chegou em meu coração... Senti uma
lágrima escorrer pelo meu rosto e
tive a certeza absoluta de que tinha
encontrado alguém para o resto da
minha vida...
Capítulo 15

Os dias passavam lentos demais


e o tempo que eu ficava com ela
passava voando.
Hoje já era sábado e amanhã à
noite eu iria embora. Tristeza e um
vazio sem explicação começaram a
tomar conta de mim.
Verificando o relógio, vi que
estava quase na hora de passar no
shopping para pegar o presente
dela. Será que ela gostaria?
Teria que dar uma última olhada
em Diego também. Tampinha
safado.
Deixei tudo arrumado e fui ao
shopping antes de buscá-la. Já
conhecia aquele shopping como a
palma da minha mão. Fui direto na
loja e o presente havia ficado
perfeito! Passei em frente a loja na
qual o tampinha trabalhava, mas
como não tinha nem sinal dele,
entrei e perguntei por ele.
– Ah, sim. O Diego não passou
na experiência, foi dispensado pela
manhã – me informou a moça do
caixa.
– Obrigado.
Saí de lá pensando onde o
tampinha poderia estar e o que
estaria fazendo. Coisa boa é que
não devia ser. Agora eu iria embora
preocupado com minha Pimentinha.
Já no carro, coloquei a caixa do
presente dela no porta-luvas, joguei
fora a sacola para que ela não
desconfiasse e fui buscá-la. Parei
em frente ao trabalho dela e a
impaciência me tomou.
Me sentia como um leão
enjaulado, louco de fome, sabendo
que um bifão apetitoso estava do
outro lado da grade.
Eu queria sair correndo do
carro, entrar onde ela trabalhava, a
jogar no ombro e levar embora,
amarrá-la na cama e não deixá-la
sair de lá, até que minha fome
tivesse passado. Saí do carro e
fiquei esperando, andando de um
lado para o outro.
Minutos depois ela apareceu, e
quando me viu abriu aquele sorriso
lindo. Agarrei e a levantei do chão,
dando um beijaço nela, mas nem
assim aquela coisa em mim
diminuiu. Pelo contrário, agora eu a
queria ainda mais. Seu cheiro, sua
pele, seus cabelos...
– Vamos para casa, Leãozinho.
Passei o dia querendo ser sua
leoa...– falou baixinho, sussurrado,
com uma voz sensual que me deixou
ainda mais louco para me perder
nela.
Em menos de dez minutos, eu
estava fechando a porta da casa
dela atrás de mim, nossas bocas
coladas, mãos ansiosas percorriam
pele, arrancando roupas,
apalpando, apertando, arranhando...
humm, quando ela arranhava minhas
costas eu enlouquecia. Ah, minha
Pimentinha insaciável... A recostei
no braço do sofá e matei um pouco
da sede e da minha fome por ela.

Uma hora e meia depois


estávamos entrando no bar, próximo
à academia. O lugar era bem legal,
parecido com o meu bar da praia.
Até o palco e a pequena pista eram
parecidos. Andréas e sua namorada
nos esperavam. O cara era gente
boa.
– E aí? Anne, esse é Andréas e
sua namorada.
Anne estendeu a mão para ele e
deu três beijinhos na garota.
– Essa é Alexsandra. Prazer em
conhecer você, Anne – Andréas
disse, olhando para minha
Pimentinha de cima a baixo.
Não gostei disso e Anne, pelo
jeito, também não, pois se abraçou
a mim, como para se proteger.
Nos sentamos e Anne começou a
conversar com Alexsandra. Em
pouco tempo, aquele clima
desconfortável passou e pedimos
bebidas e uns petiscos.
– Qual é a do palco ali?
Qualquer um pode cantar? Ou só
bandas?
– Eles têm um karaokê aqui e
bandas também se apresentam.
Vamos perguntar ao garçom. Você
ainda toca? Lembro que fazia parte
de uma banda na faculdade.
– Às vezes matamos a saudade
dos velhos tempos e nos juntamos.
Ainda sai alguma coisa legal.
Continuamos o papo e, depois
de algumas cervejas, achei que era
a hora. Me levantei, dando a
desculpa de ir ao banheiro.
– Anne, tudo bem você ficar
aqui? Eu já volto – ela assentiu com
a cabeça. – Ok, não saia daqui.
Entendeu? – dei um beijo nela e fui
até o carro. Antes de sair, perguntei
ao barman se tinham algum violão,
pois eu estava querendo tocar.

Bruno já tinha saído há uns 10


minutos. Eu olhava impaciente para
o lado dos banheiros, na esperança
de vê-lo voltando. Andréas me
olhava de um jeito que estava me
deixando desconfortável.
Alexsandra foi ao banheiro
também, deixando nós dois
sozinhos na mesa. Ele se levantou e
sentou-se ao meu lado.
Perto.
Muito perto para o meu gosto.
Colocou a mão sobre minha
perna e chegou perto do meu
ouvido.
– Sabe, quero te comer. Você
deve ter uma boceta de ouro, para
que Bruno esteja assim, de quatro
por você.
Me senti ultrajada por suas
palavras, mas completamente sem
reação. Ele se aproveitou disso e
escorregou a mão pela minha coxa,
muito perto da minha virilha.
Aquilo me deixou enojada e me
afastei tão rápido, que quase caí da
cadeira.
– Calma gata, eu não mordo. A
menos que me peçam.
– Você é repugnante. Fique longe
de mim… – eu ia dizer mais umas
verdades para ele, mas Alexsandra
retornou, dizendo que a fila do
banheiro estava muito grande.
Nisso, a estática do microfone
sendo ligado chamou nossa atenção
e olhamos para o palco.
E lá estava meu Leãozinho,
sentando em uma banqueta alta,
com um violão no colo. Ele deu três
tapinhas no microfone.
– Essa é para minha Pimentinha
– seus olhos se grudaram aos meus
e o assunto Andréas foi esquecido
completamente. Minha atenção
presa a ele.
Os acordes do violão encheram
o bar e todos ficaram quietos,
prestando atenção no som que ele
produzia no violão, e então ele
começou a cantar.
“Acredita em anjo, pois é, sou o
seu... Soube que anda triste, que
sente falta de alguém, que não
quer amar ninguém... Por isso
estou aqui, vim cuidar de você, te
proteger, te fazer sorrir, te
entender, te ouvir e quando tiver
cansada... cantar pra você dormir.
Te colocar sobre as minhas asas,
te apresentar as estrelas do meu
céu, passar em Saturno e roubar o
seu mais lindo anel. Vou secar
qualquer lágrima que ousar cair,
vou desviar todo mal do seu
pensamento, vou estar contigo a
todo momento sem que você me
veja... Vou fazer tudo que você
deseja. Mas, de repente você me
beija, o coração dispara e a
consciência sente dor... E eu
descubro que além de anjo, eu
posso ser seu amor.”
Lágrimas quentes rolavam pelo
meu rosto, borrando minha visão e
novamente fiquei sem reação,
olhando para ele, que se levantou
colocando o violão ao lado da
banqueta, vindo em minha direção.
O bar todo aplaudiu e o barulho
dos clientes aumentou novamente.
– Pimentinha, eu te amo. Muito –
ele disse, tirando uma caixinha de
dentro do bolso, estendendo em
minha direção.
Incrédula, me levantei e fiquei
olhando para ele, que sorriu e abriu
a caixa. Dentro tinha uma
gargantilha, com um pingente.
Comecei a rir, nervosa e
completamente abobalhada.
O pingente era um leãozinho
com uma pimentinha na boca.
Me atirei em seu pescoço,
beijando-o.
– Eu vou embora amanhã, mas
vou ficar sempre com você – ele
colocou a caixinha na mesa e pegou
a gargantilha. Levantei meus
cabelos e ele prendeu a gargantilha
em meu pescoço. –Minha,
definitivamente minha.
– Repete que me ama – pedi
olhando em seus olhos. Ele secou
minhas lágrimas e me beijou de
leve.
– Amo você, minha Pimentinha,
minha Anne.
– Eu também amo você, Bruno –
e, tocando o pingente, continuei. –
Meu Leãozinho.
– Vamos para casa... – ele
sussurrou em meu ouvido, me
abraçando e rodando comigo nos
braços.
Nos despedimos de Andréas e
Alexsandra. Bruno me puxava pela
mão em direção à saída,
impaciente. Novamente chegamos
em casa em tempo recorde,
deixando as roupas espalhadas pelo
caminho até o quarto.
Com a língua, a boca, as mãos e
com seu corpo todo, ele me provou
o quanto me amava e, em seus
braços, me senti a mais amada e a
mais linda das mulheres...
Capítulo 16

Acordei na mesma hora de


sempre, com minha Pimentinha em
meus braços. Me embrenhei em
seus cabelos e aspirei seu perfume.
Como eu ficaria sem ela?
Suspirei, resignado. Eu
precisava ir e ela precisava ficar...
Hoje eu queria que o dia fosse
especial e inesquecível, já que à
noite, eu teria que ir embora.
Devagar, saí da cama e fui para
a cozinha fazer o café da manhã.
Um pouco depois, com tudo em uma
bandeja, levei para o quarto. Ela
estava dormindo de bruços,
abraçada ao travesseiro, o lençol
mal cobrindo sua bunda, fazendo
com que eu pensasse mil e uma
safadezas. Coloquei a bandeja em
cima da mesa de cabeceira e,
subindo na cama, comecei a beijar
suas pernas.
– Vamos acordar, Pimentinha...
Ela se espreguiçou e virou para
mim, abrindo os braços, me
chamando. Mais do que rápido, me
deitei em cima dela, que me
abraçou. Forte.
O café da manhã ficou esquecido
e ficamos nos beijando, nossos
corpos colados...

***

– Vamos comer, Pimentinha, fiz


café para nós – me sentei e puxei a
bandeja para meu colo. Peguei um
pedaço de pão. – Abra a boca.
Ela obedeceu na hora, já
acostumada a ser alimentada por
mim. Como eu amava isso, poder
cuidar da minha Anne. Desse modo,
acabamos com tudo com o que eu
havia preparado e recoloquei a
bandeja em seu lugar.
– O que você quer fazer hoje? –
perguntei, puxando-a para meus
braços.
– Eu poderia ficar assim,
abraçada em você o dia todo... –
ela colocou a cabeça para trás,
olhando em meus olhos. – Eu já
estou com saudade.
– Eu também, Pimentinha. Mas
tenho que voltar, o hospital me
espera. Sexta à noite eu venho te
buscar e então vamos para a praia.
Eu não vejo a hora de te levar ao
bar e ver a tua carinha quando olhar
para tudo aquilo.
– Querer também consola – ela
respondeu triste, apertando a
cabeça em meu peito.
– Não vamos pensar nisso, tá? A
semana vai passar tão rápido que,
quando percebermos, já será
sexta... e também, não é tão longe,
quem sabe eu não apareça por aqui
durante a semana? Sei que não vou
conseguir ficar sem teu calor, sem
seu cheiro, sem seus beijos... –
puxei-a para cima de mim. Eu
precisava senti-la em mim, meu
corpo precisava da memória de
suas curvas, meu pau necessitava
memorizar o calor de sua boceta. –
Eu preciso estar dentro de você. Só
ficar, quieto e metido em seu
calor… – tomei posse de sua boca,
enquanto ela, num movimento de
quadril, me levou para dentro.
Fiquei quieto, só sentindo aquela
boceta molhada me apertando.
Segurei sua bunda firmemente
contra mim, impedindo que ela se
movesse também. Mas minha Anne
era uma capetinha e começou com
uma série de contrações,
pressionado e soltando seus
músculos internos. Fui incapaz de
conter o gemido animal que saiu de
mim. Ataquei sua boca com mais
vontade, o beijo consumindo o
resto da minha sanidade.
Onde ela havia aprendido
aquilo?
Eu estava perdendo o controle
sobre meu corpo, sendo sugado e
ordenhado sem dó por aquela
boceta deliciosa. Tentei sair, mas
estava preso a ela. Eu estava
ofegante e louco de tesão, tive que
interromper o beijo para poder
respirar. Anne desceu os lábios
pelo meu pescoço e ficou lambendo
e sugando, sua língua subiu,
contornando o lóbulo da minha
orelha.
– Meu Leãozinho gostoso... seu
pau é tão grande... vai tão fundo...
ahhh... – ela gemeu quando meu pau
pulsou dentro dela. – Meu Deus,
Leãozinho... faz de novo...
Eu estava em êxtase, meu pau
tinha vida própria e eu estava quase
gozando, ali, parado! Que coisa
louca! Com o pedido dela, ele
obedeceu sozinho, pulsando uma
vez após a outra. Anne levantou a
cabeça e nossos olhos se
prenderam, arregalados, surpresos
pela intensidade do que estava
acontecendo. Gemidos escapavam
de nós, nossos corpos conectados e
trêmulos, à beira do orgasmo.
– Bruno, eu não aguento mais…
Seus seios, com os mamilos
durinhos, pressionavam meu peito,
e então tudo aconteceu. Anne
estremeceu, gemendo meu nome, e
aquelas contrações aumentaram de
velocidade com o orgasmo dela,
puxando o meu. Vi estrelas, minha
visão escureceu e apertei a cabeça
contra o travesseiro, chamando
minha Anne, sem fôlego.
Caralho! Nunca imaginei uma
coisa assim. Passei meus braços
pelas costas dela, sem forças,
abraçando-a.
Senhor, obrigado por ter posto
essa mulher em meu caminho.
Ficamos algum tempo assim,
abraçados e quietos, para não
estragar a magia do momento.
Depois, a peguei nos braços e levei
para o chuveiro, lavando todo seu
corpo, seus cabelos, cuidando e
mimando minha mulher.
Mais tarde, fomos almoçar em
um restaurante, passeamos no
zoológico e ela fez questão de tirar
fotos de mim em frente à jaula do
leão. Rimos e nos divertimos a
valer, além de tirar muitas fotos de
nós dois. À noitinha, quando
voltamos, passamos no drive-thru
de uma lanchonete, compramos
lanches e fomos para casa.
Jantamos em frente à TV, assistindo
a um filme.
A hora de ir embora se
aproximou rápido demais. Não
levaria nada do que trouxe, deixaria
tudo aqui para a próxima vez.
Peguei minha carteira, o celular e a
chave do carro.
– Anne, pegue a caixa do colar
que te dei.
Ela foi até o quarto e retornou
com a caixa nas mãos.
– Tire a calcinha – ordenei.
Seus olhos correram para os
meus e ela retirou, estendendo-a
para mim. Peguei e cheirei. O tesão
estampado em meu rosto e no
sorriso safado que não consegui
impedir. Dobrei a calcinha e,
retirando a parte acolchoada da
caixinha, a guardei.
– Meu tesouro. Vou levar comigo
– ela me abraçou e seu corpo
tremeu. – Não chore, Pimentinha.
Prometo que na primeira
oportunidade, eu volto.
– Está bem, leve a cópia da
chave com você. Assim, se você
puder vir e eu ainda estiver
trabalhando, pode entrar.
Ela buscou e estendeu-a para
mim. Guardei a cópia da chave
dentro da caixa, junto com a
calcinha.
– Está bem. Eu tenho que ir.
Você vai ficar bem? – segurei seu
rosto, olhando em seus olhinhos
verdes cheios de lágrimas. – Tome
cuidado, não confie em ninguém e
não abra a porta para nenhum
desconhecido. E nem pro tampinha
safado do seu primo. Eu não confio
nele.
– Está bem, pode deixar que vou
me cuidar. Quando você chegar na
sua casa, você me avisa?
– Sim, Pimentinha. Vai ser a
primeira coisa que vou fazer, assim
que parar o carro na garagem, eu te
ligo.
Nos beijamos e descemos pelo
elevador, abraçados.
Chegando na garagem, abri a
porta, me enfiei dentro do carro e
guardei a caixinha no porta-luvas.
Saí, a abracei forte e beijei de
novo, acariciando seus cabelos.
Foi a despedida mais sofrida de
toda minha vida.
Entrei e dei a partida. Anne
ficou ali, parada, acenando
enquanto o carro se distanciava.
Coloquei Spoke in the
whell para tocar, a música bem alta,
e me afundei em autopiedade, meu
coração havia ficado lá, com ela.
Mal estava prestando atenção na
estrada, dirigindo meio que no
piloto automático, quando um carro
bateu de leve atrás de mim. Olhei
pelo retrovisor e vi um furgão
preto, que se distanciou e acelerou
para cima do meu carro. Sem
pensar, meti o pé no acelerador,
desviando dos carros à minha
frente, um olho na estrada e outro
no furgão que continuava em meu
encalço.
Mas que caralho!
Um motorista distraído mudou
de faixa sem dar seta, se enfiando
em minha frente. Para não bater
nele, virei o volante com tudo e
perdi o controle do carro. Tudo
virou uma bagunça, o carro
derrapou e capotou não sei quantas
vezes.
Tudo voava, minha cabeça
sacudia para todo lado. Meti os
dois pés fortemente na embreagem
e no freio e segurei no volante
firmemente, para minimizar o
sacolejo do meu corpo, mas em
vão.
Quando ele finalmente parou,
senti tudo rodando à minha volta.
Minha visão falhava e minha
cabeça latejava. Passei a mão pelo
meu pescoço, procurando por
alguma lesão e pela minha têmpora.
Senti o sangue quente, escorrendo
pelo meu rosto. À minha frente,
fumaça estava saindo do capô do
carro.
Eu precisava sair dali!
Uma dor lancinante tomou conta
de mim, quando tentei mexer as
pernas e a escuridão me engolfou.
Capítulo 17

Acordei banhada de suor.


Que sonho idiota!
Levantei e fui até a cozinha
beber um copo de água com açúcar,
para ver se acalmava meu coração,
que parecia querer sair pela boca.
Peguei meu celular na mesinha da
sala e verifiquei se tinha alguma
mensagem de Bruno. Nada.
Cadê você, quando eu mais
preciso?
Nenhuma mensagem, nenhuma
ligação, nadinha de nada. Meu
coração se apertou. Já era para ele
ter ligado...
– Será que você não vai dar
sinal de vida? Cadê você? –
resmunguei sozinha.
Ele pareceu tão verdadeiro em
sua declaração, em seus gestos...
O que que eu devo fazer?
Fiquei andando pela sala e
pensando no que fazer. Ligar para
ele? Mandar uma mensagem pelo
note? Esperar ele ligar?
– Será que aconteceu alguma
coisa? Ou esse sumiço é apenas o
que eu devo esperar de você? –
agora eu estava ficando doida,
falando sozinha.
Completamente perdida e
desanimada, me sentei no sofá e
liguei a televisão. Fiquei passeando
pelos canais, comecei a ver um
filme, mas as cenas românticas me
fizeram mudar novamente os canais.
De repente, meu coração acelerou
outra vez ao ver um carro capotado
no noticiário.
Ai, meu Deus! Ai MEU DEUS!!!
Era o carro dele ou um muito
igualzinho. Agarrei o celular e
liguei para ele. Caiu direto na caixa
postal. E agora? Eu precisava
avisar alguém, mas eu não tinha o
telefone de nenhum dos amigos
dele...
Recomecei a andar pela sala,
minha cabeça pegando fogo, meu
coração acelerado. Claro! O
Guilherme, que era médico no
mesmo hospital! Se eu desse sorte,
ele estaria de plantão ou alguém me
daria o contato dele. Corri para
meu quarto à procura do papel em
que Bruno havia escrito seus
números. Eu tremia tanto que mal
conseguia apertar as teclas do
maldito celular.
Respirei fundo tentando me
acalmar. Logo uma mulher atendeu.
– Eu gostaria de falar com o Dr.
Guilherme, da oncologia. É urgente.
– Qual seu nome, Senhora? – a
atendente respondeu numa lerdeza
que só por Deus.
– É Anne. Diga que é da parte
do Bruno. E é urgente – se não
dissesse isso seria capaz da moça
me colocar na espera infinita.
– Ok, só um segundo.
A musiquinha da espera
começou a tocar na linha e quase
enfartei. Qual a parte de urgente
que aquela mulher não
entendeu?!?
– Oncologia, boa noite.
– Boa noite, preciso falar com o
Dr. Guilherme, é urgente.
– Dr. Guilherme está em
cirurgia. Quer que peça para ele
entrar em contato?
– Por favor, peça para que ele
me ligue assim que sair da cirurgia.
É superurgente. Você pode anotar
um recado? Para ele entrar em
contato com Anne, é sobre o Bruno.
Realmente é urgente.
– Sobre o Bruno? O Bruno,
amigo dele e enfermeiro aqui do
hospital? O que tem ele?
A mulher ficou aflita e o monstro
do ciúme me pegou. Essa devia ser
uma das que já tinham provado do
meu Leãozinho. Mas não era hora
de pensar em mim, com a vida dele
podendo estar em risco. Engoli em
seco e respondi.
– Ele pode ter sofrido um
acidente. Preciso realmente falar
com o Guilherme.
– Pode deixar, Anne. Me passa
seu número que, assim que a
cirurgia acabar, eu entrego
pessoalmente pra ele.
Passei o número para ela,
agradeci e já ia desligar quando me
lembrei de um detalhe.
– Ah, qual é seu nome?
– É Dani. Fique sossegada,
Anne, eu prometo dar o recado.
– Ok. Obrigada então, Dani.
Desliguei o celular. Caramba, eu
estava tão nervosa que dormir era
impossível, inimaginável. Troquei
de roupa, peguei minha bolsa,
celular e as chaves e saí. Eu iria
para onde tinha sido o acidente, a
alguns quilômetros daqui. Lá, com
certeza, eu teria alguma notícia.
Entrei no carro e saí cantando o
pneu.

***

Graças a Deus tudo saiu bem na


cirurgia, mas, caramba como
demorou! Estou louco de saudade
da minha Pequena, quero chegar em
casa e me aconchegar em seu
corpo, que deve estar quentinho em
nossa cama... Senti meu amigo se
empolgando em minhas calças... eu
não estava tão cansado assim,
afinal.
Saí da sala de cirurgia e estava
indo para minha sala tomar um
banho, quando escutei alguém me
chamar.
– Dr. Santos. Espere! Tenho um
recado urgente para o senhor.
E lá vinha a enfermeira baixinha
correndo desabalada em minha
direção.
– Uma mulher chamada Anne
ligou. Ela disse que pode ter
acontecido alguma coisa com o
Bruno, um acidente, e estava muito
nervosa. Esse é o número dela,
seria bom entrar em contato o mais
rápido possível – ela falou tão
rápido que não entendi metade do
que disse.
Esse Bruno não tinha jeito
mesmo. Pelo nervosismo da
enfermeira, ele já devia ter pego
ela também... será que tinha uma
mulher aqui no hospital que ele não
tinha levado para algum canto?
– Calma, fale devagar. O que
tem a Anne e o Bruno? Respire,
mulher!
A coitadinha respirou fundo e
repetiu um pouco mais devagar. Aí
foi a minha vez de ficar nervoso.
Caralho de asa! Para a Anne ligar
para mim aqui no hospital deveria
ser algo muito importante.
– Obrigado. Vou ligar agora
mesmo – ela virou nos pés e já
estava indo embora, quando se
virou e me chamou novamente.
– Dr. Santos, sei que é muita
petulância minha, mas aqui está o
meu número. Se puder me dar
notícias quando as tiver, eu ficaria
muito agradecida – me estendeu um
papel com o seu nome e telefone.
– Pode deixar, Dani. Eu aviso
sim.
– Obrigada, Doutor.
Ela colocou o cabelo atrás da
orelha e me deu um sorriso tímido.
Não esperei ser chamado
novamente e corri para minha sala.
Lá chegando, peguei meu celular e
liguei para Anne, que logo atendeu.
– Anne, é o Guilherme. Recebi
seu recado, o que aconteceu?
– Graças a Deus que você me
ligou. Estou meio desesperada.
Bruno saiu daqui era umas dez
horas. Fiquei esperando ele ligar,
como disse que faria, e acabei
adormecendo no sofá. Tive um
sonho lazarento, onde ele estava
machucado e sozinho. Acordei com
o coração pulando pela boca. Daí
fiquei assistindo televisão e
trocando os canais. No noticiário
local estavam mostrando um
acidente, um carro capotou e, juro
por Deus, é muito parecido com o
carro do Bruno. Estou quase
chegando no local, quando eu ver o
carro, vou ter certeza e, quem sabe,
alguma notícia.
– Onde foi o acidente?– ela me
passou e anotei. – Acho que
consigo chegar em quarenta minutos
mais ou menos. Se for mesmo, me
ligue confirmando. Vou passar na
casa dele e dar uma olhada se ele
está por lá. Mas, se ele prometeu
que te ligaria, com certeza ele faria
isso. Guarde o meu número aí e se
acalme. Qualquer coisa que tenha
acontecido, eu, como médico,
consigo os detalhes. Logo eu chego.
Desculpe, Anne, mas como eu vou
saber quem é você?
– Eu vou ser a mulher
desesperada e chorando, não tenha
dúvidas – ela deixou escapar um
riso de puro nervosismo.
– Já estou vendo o porquê do
encantamento do Bruno. Você tem
um humor invejável. Se acalme,
estou indo.
Desliguei e liguei para o Theo.
– Theo, parece que o Bruno
sofreu um acidente. Vou direto para
o local do acidente, a Anne me
passou. Não vou ligar agora para
casa, porque Ella deve estar
dormindo. Fica de olho nela pra
mim?
– Tá certo, pode deixar, pela
manhã eu passo lá e dou a notícia
para ela, com jeito. Vá lá e me
ligue quando chegar, para dizer
como ele está.
– Avise o Rick também. Vou
tomar uma ducha e ir, acabei de sair
do centro cirúrgico. Acho que em
mais ou menos uma hora eu chego e
te ligo logo em seguida. Até.
Desliguei sem esperar resposta e
fui arrancando a roupa. Uma ducha
rápida e em cinco minutos eu estava
saindo do hospital.
– COMO ASSIM O CARRO
ESTAVA VAZIO? – gritei com o
policial.
– Acalme-se, senhora. Quando
chegamos ao local, o carro estava
com a porta aberta e não tinha
ninguém dentro. Encontramos
sangue no banco e no chão do
veículo, mas só isso. Estamos
esperando a chegada dos cães
farejadores, para ver se encontram
o rastro do motorista, para saber se
ele se embrenhou na mata ou se
retornou à estrada.
Sentei num pedaço de árvore, só
o toco, e agarrei meus cabelos,
desesperada.
Como assim? Será que ele
estava perdido no mato?
Tomara que ele tenha retornado
para a estrada e alguém o tenha
socorrido... Não consegui conter as
lágrimas e deixei que saíssem
descontroladas. Bem que o
Guilherme poderia chegar logo e
descobrir alguma coisa a mais...
Meu Leãozinho, cadê você?
Peguei meu celular para ligar,
avisando ao Guilherme que era
mesmo o carro do Bruno, mas a
porcaria estava sem bateria.
Droga, droga droga!
E agora? O certo é que eu não
sairia daqui enquanto não tivessem
alguma notícia, pelo menos a
direção que ele tinha tomado, pois,
se ele tivesse se embrenhado no
mato não estaria longe e os
cachorros seguiriam seu rastro,
encontrando-o.
Estava ali, sentada naquele toco
de árvore, sei lá por quanto tempo,
quando uma mão em meu ombro me
tirou dos pensamentos.
– Você é a Anne. Acertei?
Olhei para o dono da voz e
soube na hora que era o Guilherme.
Quase tão alto quanto o Bruno,
dono de olhos incomuns, cinzentos.
– Sou eu. Você deve ser o
Guilherme. Tentei te ligar, mas
fiquei sem bateria – continuei
falando, deixando-o a par da
situação. As lágrimas reapareceram
quando eu disse que eles não
tinham ideia de onde ele poderia
estar.
– Calma. Não vamos nos
desesperar. Isso não aconteceu há
muito tempo. Vamos deixar meu
número com os policiais e,
qualquer novidade, eles ligam para
nós. Enquanto isso, vamos trabalhar
com a possibilidade de ele ter ido
para a estrada e conseguido uma
carona. Ele já foi paramédico,
saberia o que fazer numa situação
dessas e sair para procurar ajuda,
se não estivesse ferido demais – ele
me abraçou e continuei chorando
em seu peito.
Que patético! Mas no momento
aquilo era tudo o que eu precisava.
– Só um minuto, Anne. Sente-se
aqui, já volto – ele disse quando o
celular começou a tocar. Se afastou
e atendeu.

Tive que deixara pobrezinha ali,


para a tender ao celular. Ela estava
realmente abalada. Atendi sem
olhar quem era.
–Dr. Santos.
– Ei, Gui, é o Rick. Saia daí
agora, leve Anne para a casa dela e
me mande uma mensagem com o
endereço. Estou mandando alguns
seguranças.
– Como assim, seguranças?
– Acabei de receber um e-mail
do maldito do ex-marido da Jess.
Ele está com o Bruno. Já mandei
todos para um lugar seguro; Jess, as
crianças, Theo, Pam e Ella. Meus
homens levarão vocês para lá.
– Porra, aquele cara não
desiste? – exasperei e passei a mão
pelos cabelos.
– O filho da puta mandou uma
foto de Bruno anexada ao e-mail.
Ethan, o investigador que ajudou no
caso da Jess, já está atrás de
rastrear o IP. Logo teremos o
maldito.
– E como ele está?
– Na foto, ele está desacordado,
um machucado na testa, com um
pedaço de metal enfiado na perna.
Fora isso, ele parece normal. Não
dá para saber. Mas o fato é que o
maldito está fora de si. Disse que
roubei a família dele e que agora
ele vai pegar a minha e todos os
que amo.
– Cara, eu não sei o que dizer...
– Não diga nada, saia daí e vá
para a casa da Anne. Fique lá até
que Cris chegue com os outros. Ele
veio com os filhos da Jess, mandei
buscá-los de helicóptero. Com esse
louco por aí, não dá pra deixar
ninguém de fora, e como Cris era
policial, ele saberá perfeitamente
como agir. Eles já saíram daqui.
– Minha Pequena está bem? – eu
precisava ter paz, para continuar.
– Está sim, todos já estão em
segurança, incluindo meus pais e
Layla.
– E você? Vai ficar bem?
– Só vou ficar bem quando
colocar minhas mãos naquele
maldito, filho da puta...
– Tá certo, estou indo. Até.
Cuide bem da minha Pequena.
– Vou esperar sua mensagem
com o endereço dela. E, cara,
explique a situação para Anne. Ela,
estando com o Bruno, é mais uma
na mira do maldito. Convença-a a
vir junto com você. Bruno não nos
perdoaria se a deixássemos
desprotegida. Boa sorte e até mais
– desligou e eu alonguei os
músculos do pescoço, fechando os
olhos enquanto a ira me consumia.
Ah, se eu pegasse esse cara...
imagino o que Rick deve estar
sentindo.
Eu precisava tirar Anne daqui.
Rick tinha razão, nenhum de nós
estava a salvo com esse maluco
solto por aí. Mas ele estava
preso…
Caralho, tudo só se complica...
– Anne, precisamos ir. Vamos
para sua casa – me abaixei e
sussurrei em seu ouvido. –Sabemos
onde e quem está com o Bruno.
Alguns seguranças estão vindo nos
pegar. Não reaja, por favor.
Precisamos ir.
Aparentando uma calma que eu
não tinha, me despedi dos policiais,
deixando meu número, como havia
dito que faria.
– Deixe seu carro aqui, depois
alguém vem buscar. O mais
importante é que cheguemos em sua
casa o mais rápido possível – abri
a porta do meu carro para ela, que
entrou meio atônita. Entrei e, dando
a partida, coloquei o carro em
movimento. – Pegue aqui. Mande
seu endereço por SMS para o Rick.
A coitadinha tremia
visivelmente, mas obedeceu e logo
me devolveu o celular, encostando
a cabeça no banco, fechando os
olhos.
– Calma, Anne, ninguém vai
fazer nada com o Bruno. Vamos
chegar até ele antes que qualquer
coisa aconteça. Já temos uma
equipe procurando por ele.
Ela permaneceu calada e só
começou a falar quando chegamos
próximo à entrada da cidade. Foi
me dando a direção e logo
chegamos em sua casa. Estacionei e
subimos.
– Faça uma mala para alguns
dias.
– Eu não posso sair assim, eu
trabalho! – ela retrucou meio
exaltada.
– Anne, entenda. Estamos
lidando com um homem
desequilibrado que foi capaz de
sequestrar a ex-esposa por duas
vezes, há um tempo atrás. Ele está
totalmente fora de si, a ponto de
cometer o mesmo ato agora, só para
mostrar que pode. Você, sendo
mulher do Bruno, é mais uma para a
lista desse louco. Todos estão
protegidos, Rick já providenciou
isso. Você seria uma presa fácil se
ficasse sozinha. Pense, Anne. Pense
no Bruno. Ele nos conhece, sabe
que cuidamos uns dos outros,
somos assim.
Ela ficou quieta, me olhando,
medindo minhas palavras. Então
soltou um longo suspiro e baixou o
olhar, vencida.
– Está bem, você tem razão. Já
volto, fique à vontade.
Ela juntou os cabelos,
prendendo em um coque,
exatamente como Bruno fazia...
Como será que estavam
tratando o meu amigo?
Ele precisava ser tratado, se
estava com um pedaço do carro
enfiado em sua perna... se tentassem
tirar, ele poderia sangrar até a
morte... Um monte de “e se”
passaram pela minha cabeça. Que
Rick o encontrasse logo, antes que
fosse tarde demais...
Capítulo 18

Abri os olhos e olhei em volta.


Mas que porra de lugar é esse?
Eu não estou ficando louco, sei
que acabei de capotar com o
carro. O que diabos eu estou
fazendo deitado numa cama? Isso
aqui não tem nem cara, nem cheiro
de hospital!
Minha perna!
Olhei para baixo e um pedaço de
metal estava fincado, transpassando
minha panturrilha, mas não parecia
ter atingido nenhum osso. A tontura
e aquela sensação de náusea tinham
sumido. Meu corpo estava
dolorido, mas nada que eu já não
tivesse sentido pior, com os treinos.
Tirei meu cinto e prendi firmemente
um pouco acima de onde o metal
estava. Aquilo sim doeria
terrivelmente. Tirei a camiseta
também, dobrei e enfiei na boca,
para que meu grito não fosse
ouvido e, respirando fundo, puxei o
metal.
Ahhhhhh, que dor filha da puta!
Pontos negros surgiram em
frente aos meus olhos, tamanha foi a
dor que senti. Sem fôlego, me
obriguei a rasgar minha camiseta e
amarrar sobre o ferimento,
pressionando para que parasse de
sangrar.
Agora, eu tinha que descobrir
onde eu estava!
Me levantei devagar. Sons
abafados chegavam até mim e fui
até a porta, colando o ouvido na
madeira.
– Fique de olho nessa porta. Ele
está todo ferrado, apagado há dias,
não conseguirá fazer mal a você. E
pare de tremer, rapaz. Você foi de
grande valia, nos entregando o
momento em que esse marombado
aí saiu da casa da sua gordinha. Eu
tenho a minha também, e ela foi
roubada de mim pelo outro
marombado idiota, amigo desse aí.
Aqui, fique com esse celular.
Qualquer coisa, você me liga e eu
mando mais homens para te ajudar.
– Certo, senhor Anthony.
Aquela voz! Tampinha dos
infernos! Apagado há dias? O que
tinha acontecido comigo? Olhei
para meu braço e havia sinais de ter
estado com um acesso para soro ou
outra coisa do tipo. Se eu fui
atendido por um médico, por que
não tiraram o ferro da minha perna?
Ouvi o barulho de passos se
afastando e o sangue me subiu à
cabeça! Eu acabaria com a raça
daquele tampinha desgraçado.
Querendo me tirar do caminho, ele
havia colocado Anne em perigo, na
mira daquele escroto que me
chamou de marombado. Esperei
mais um tempo para ter certeza de
que não haveria ninguém por perto.
Levantei a cama e coloquei perto
da porta, me sentei nela, para não
colocar meu peso na perna ferida, e
meti o pé na porta, com toda a força
que consegui.
A porta caiu por cima do
tampinha, que se estabacou de cara
no chão. Sem cerimônias, pisei em
cima da porta e me agachei
próximo do rosto dele. Na queda,
um pouco mais da metade de seu
corpo havia ficado embaixo da
porta.
– O tal Anthony estava
enganado. Eu não estou tão ferrado
assim – fechei meu punho e desci
na cara do tampinha, que ficou ali
desacordado, com sangue saindo
pelo canto de sua boca. Devo ter
quebrado alguns de seus dentes,
mas ele mereceu. Caído, um pouco
mais à frente estava o celular que
Anthony havia dado para ele.
Peguei e liguei para o Guilherme.
– Dr. Santos.
– E aí, Gui – sussurrei ao
celular.
– Bruno, onde você está?
– Não faço ideia, mas tinha um
cara aqui, Anthony, que ficou
falando de marombados e
gordinhas. Sabe alguma coisa sobre
isso?
– É o louco do ex-marido da
Jess. Deixe eu falar. Anne está com
a gente. Esse cara aí foi o que
sequestrou a Jess das outras vezes.
Falou que pegaria a todos. Então,
estamos todos juntos e protegidos.
Como está a perna?
– Porra, até isso você sabe? Eu
improvisei um torniquete e amarrei.
Estou bem. Conseguem rastrear
esse número?
– O Ethan está vendo isso agora
mesmo. Ele estava pronto para
tentar isso se o Tony ligasse. Mais
um pouco e ele consegue.
– Minha Pimentinha está por
perto?
– Está aqui do lado. Cara, se
cuida. Não vai dar uma de louco e
querer quebrar tudo sozinho.
Aguenta aí, que logo nós chegamos
com a polícia.
– Uhum. Minha Pimentinha.
Agora.
– Certo. Até.
Não respondi nada. Ele me
conhecia muito bem para saber que
aquele aviso serviu apenas para me
irritar.
– Leãozinho? Como você está? –
a voz de Anne chegou até mim,
preocupada.
– Ah, que bom ouvir sua voz...
estou bem, não se preocupe. Faça o
que eles disserem, fique com as
outras mulheres e não se preocupe
comigo. Eu sei me virar. Amo você.
– Também amo você... muito.
Quase morri de preocupação
quando vi seu carro na TV e já faz
quase uma semana.... – ela fungou
do outro lado da linha.
– Não fique assim. Não chore.
Logo estarei com você – vinda do
outro lado da linha, escutei a voz
do Rick, dizendo que tinham
conseguido, que em dez minutos
estariam ali e a polícia já estava a
caminho. – Diga que eu escutei.
Preciso ir. Se comporte, minha
Pimentinha. Ah, quebrei a cara do
seu primo, desculpe por isso.
– Diego? Ele está aí?
– Sim, ele me entregou para o
cara aqui.
– Não me importo, ele fez por
merecer. Por causa dele você foi
machucado e está aí, preso. Não
faça loucuras. Te quero bem e perto
de mim.
– Certo, você pedindo assim… –
eu estava ficando duro ouvindo a
voz dela assim ao meu ouvido.
Porra! – Pimentinha, quando eu te
pegar, vou te foder gostoso... essa
sua voz assim preocupada e toda
chorosa... tá me deixando louco
aqui..
– Uhum. É tudo o que mais
quero. Não faça loucuras e venha
pra mim. Vivo.
– Tenho que ir. Até mais –
coloquei o celular no bolso, sem
desligá-lo.
Alguém estava vindo!
Esgueirei-me por uma outra
porta e aguardei.
Um cara dobrou o corredor e,
vendo a porta caída e o tampinha
também, com sangue escorrendo de
seu rosto, correu e se abaixou ao
lado dele, colocando dois dedos em
seu pescoço.
– Desacordado – o cara
sussurrou e colocou a mão para
trás, ainda agachado, tentando
alcançar o celular no bolso traseiro
da calça. Nesse momento saí e
agarrei seu braço, torcendo-o para
trás, coloquei o joelho em suas
costas e o forcei em direção ao
chão.
– Nem um pio ou quebro seu
braço. Como eu saio daqui?
– Daqui você só sai morto – ele
disse, presunçoso.
– Uhum, e morto eu iria em qual
direção?
– Direto para o inferno.
– Estou vendo que não vai
cooperar... – puxei mais para cima
o braço dele. Um pouco mais e
deslocaria o ombro do trouxa. –
Última chance.
– Por ali – apontou com a
cabeça para o lado oposto ao qual
ele apareceu, gemendo de dor.
– Obrigado por nada, idiota –
imitando o que fiz com o tampinha,
desci o punho na têmpora do
sujeito, que desmaiou, e larguei ele
ali, em cima do outro.
Se ele me mandou para a direita,
eu iria para a esquerda. Devagar,
fui andando com minha perna
latejando e o sangue escorrendo
lentamente pela minha panturrilha.
Cheguei próximo a grade de ferro e
escutei vozes bem próximas, vindas
do andar de baixo. Uma das vozes,
reconheci como sendo a do
Anthony. Observei por entre as
grades de proteção e vi dois
homens sentados
despreocupadamente no sofá,
conversando. Fiquei esperando por
uma chance de chegar até eles, pois
teria que descer as escadas e seria
impossível fazer isso sem que me
vissem.
– Foi uma sacada de mestre dos
meus pais terem mandado meu
irmão me visitar. Ele é meio louco
das ideias, nunca bateu muito bem
da cabeça. Achou o máximo brincar
de polícia e ladrão. É meu gêmeo,
mas eu fiquei com toda a esperteza
na divisão dos genes – e riu alto.
Esse homem era mesmo um
crápula nojento, sem falar nos seus
pais; submeter um filho deficiente a
uma coisa dessas.
Nesse momento, vários carros
chegaram, parando na frente da
casa. Aproveitando o barulho,
desci as escadas. Os dois foram
para a janela, olhar lá fora, cheguei
por trás deles e, rapidamente, bati
uma cabeça na outra.
Lembrando do celular em meu
bolso, peguei.
– Ei, alguém aí?
– Tô aqui –respondeu
Guilherme.
– Já dei um jeito nos caras aqui.
Avise que temos quatro
desmaiados, sendo dois feridos.
Vou abrir a porta.
Desliguei o celular e abri a
porta, me afastando do caminho.
Policiais entraram correndo,
com Rick, Theo e Guilherme atrás
deles, que vieram direto em minha
direção.
– Cara, olhe pra você! Está todo
estropiado! – Theo não perdeu a
oportunidade de zoar comigo.
– Ah, engraçadinho. Capota com
o carro para você ver se não fica
pior.
– A ambulância está lá fora pra
você. Tem que ver essa perna,
Brunão – Guilherme disse,
preocupado, olhando o curativo
improvisado que estava encharcado
de sangue.
– Anne está realmente bem?
– Chorando um pouco e muito
preocupada, mas está bem. Quando
saímos, ela estava ao telefone com
a dona da loja e, sinceramente, eu
entendi o porquê de você chamá-la
de Pimentinha. Vamos, vamos para
o hospital. Do caminho ligamos
para um dos seguranças levar a
Anne para lá.
Rick, que estava de olho nos
movimentos dos policiais, passou a
mão pelos cabelos e pude vê-lo
contraindo o maxilar.
Ethan entrou e veio falar com
ele.
Anthony e seu comparsa estavam
recobrando a consciência. Em um
movimento ágil, Tony pegou a arma
do policial que estava abaixado e
apontou para Rick.
– Rick, Cuidado!
Mal acabei de falar, ouvi o
disparo de uma arma e senti o
braço de Guilherme me puxando
para baixo.
Quando levantei a cabeça para
ver o que tinha acontecido, vi Ethan
de arma em punho e Anthony
largado no chão, em meio a uma
poça de sangue que ia aumentando
de tamanho.
– Rick! – corremos até ele, a dor
da minha perna esquecida
completamente pela adrenalina da
situação.
– Eu estou bem. Devo minha
vida a você, Ethan – Rick estava de
olhos arregalados, olhando para
Ethan e para o Tony.
– Que é isso, é apenas meu
trabalho. Às vezes, isso acontece. É
matar ou morrer. Podem ir – Ethan
nos disse, enquanto paramédicos
entravam na casa, mas nada
puderam fazer por Tony.
Ele estava morto.
Capítulo 19

Chegando ao hospital,
Guilherme cismou em fazer exames,
tomografia e outras coisas, ficando
incrédulo por eu não ter quebrado
nada.
Graças a Deus e aos exercícios
constantes, meus ossos são fortes e
meus músculos uma capa forte em
torno deles. Hematomas eu tenho
aos montes e, tirando alguns
poucos pontos na panturrilha, eu
estou forte como um cavalo. E
louco para ver minha Anne.
Me deram alguns dias a mais de
folga no hospital, por conta do
acidente e da minha perna. Agora
eu teria que convencer Anne a ficar
cuidando de mim. Por mim, ela
sairia do trabalho e viria morar
comigo, eternamente minha. Mas,
conhecendo seu humor ferino, eu
arrumaria uma encrenca dos diabos
se insinuasse que ela deveria sair
de seu emprego. Minha Anne é uma
espoleta, brava que só ela. Eu iria
com jeitinho.
As mulheres não deixaram que
ela viesse para o hospital e ela já
estava bem brava, se sentindo
presa. E eu aqui, preso a essa cama
de hospital também.
– Guilherme, eu quero minha
Anne e quero agora. Com o Tony
morto, ninguém precisa ficar em
lugar seguro nenhum. Quero ela
comigo e mais ninguém. Pode dar
um jeito de tirá-la das garras da
mulherada. Onde já se viu, elas não
deixarem ela vir me ver aqui? –
desabafei, exasperado.
Prendi meus cabelos num coque
e passei a mão pelo rosto. Que
merda!
– Vou te levar pra lá. Todas
estão preocupadas com você, os
pais do Theo e do Rick também, e
estão uma pilha de nervos. Estão
todos juntos. Você não vai querer
todo mundo na sua casa, vai?
– Sinceramente, eu não quero
ver ninguém, só minha Anne –
cruzei os braços e o encarei.
– Cara, isso não é comigo. Você
conhece muito bem os pais do
Theo, estão loucos de preocupação.
Os do Rick já são um pouco menos
preocupados, acostumados a cada
filho em um canto. E todos te
consideram como um filho. Não tem
jeito. A gente passa lá, eles te
veem, você pega a Anne e vão pra
casa. É o melhor a fazer, se você
quiser ficar sozinho por algum
tempo.
– Caramba, Gui. Depois de tudo
o que passei, eu só quero me perder
na minha Pimentinha – bufei como
um touro bravo, apertando a cabeça
no travesseiro.
– Bem, você vai ter alta. Seus
exames não deram nada, só
confirmaram o que a gente já sabia.
Que você é um cabeça dura! – ele
riu de mim. – Vou ver os papéis da
alta e já volto para te pegar.
– Ok, mas vamos logo com isso,
tá? Sem rodeios lá, não quero ficar
muito tempo no meio de todo
mundo, eu só quero... – Gui me
cortou.
– Sim, eu sei. Você só quer sua
Pimentinha – riu de mim outra vez.
– Já volto.
– Lá no meu armário têm
algumas roupas limpas, que guardo
para alguma emergência. Você pega
pra mim?
– Ok. E a senha?
– 26/10.
– Hum, deixe-me tentar
descobrir o motivo desses
números... Dia que conheceu sua
Anne.
Eu só confirmei com a cabeça.
Essa senha eu já tinha há tanto
tempo... como eu tinha sido tão
idiota em não perceber o que eu
sentia por ela?
– Descanse um pouco mais. Já
volto – e saiu, fechando a porta
atrás de si.
Quase uma hora depois, eu
estava entrando no carro dele e
meia hora depois chegamos ao sítio
do Rick. Aquilo parecia mais uma
fortaleza do que um sítio.
Completamente rodeado de muros
altos e câmeras de segurança, além
dos dois portões internos com
seguranças armados.
– Cara, o Rick viajou quando
construiu isso aqui. Parece coisa de
filme.
– Você não sabe, mas o Tony
estava ameaçando pegar alguém há
muito tempo. Por isso os pais dele
tinham segurança 24h, a Jess, os
meninos dela... por isso os carros
dele são blindados. Não era
paranoia ou mania de grandeza.
Eu olhei para ele, realmente
admirado.
– E por que ele não falou pra
gente?
– Você ficaria quieto se ele
dissesse que tinha um louco atrás
dele? Ou da família dele?
Ameaçando da cadeia? Ele fez o
que achava certo. Nenhum de nós
deixaria isso quieto e viraria uma
caça às bruxas, sem falar que todos
nos encrencaríamos por pegar o
maldito. Até eu estou chamando o
finado assim, agora.
– Você está certo. Ainda bem
que acabou tudo bem, pelo menos
para nós. Os filhos da Jess devem
estar arrasados, né? Caramba, não
pensei neles.
– É, estão sim. Ainda estamos
quebrando a cabeça para saber
como Tony saiu da cadeia sem
ninguém perceber.
– Se forem ver, ele ainda está lá.
Os pais mandaram o irmão para
trocar de lugar com ele, uma coisa
assim. Ele tinha um irmão gêmeo,
que sofre de algum distúrbio
mental. Foi o que eu escutei ele
dizendo.
– Cacete! Se for assim, os
meninos perderam mais do que o
pai, perderam os avós e o tio
também. Você tem certeza disso?
– Absoluta. Eu escutei, Gui.
Escutei ele se gabando por ser o
mais inteligente e ter ficado com os
genes bons.
– Vamos falar com Rick, ver o
que devemos fazer. Logo vão
perceber que o cara continua na
cadeia, mesmo depois de ter sido
morto, e descobrirão tudo.
O assunto morreu, pois
chegamos em frente ao casarão do
sítio. Mal paramos o carro, a porta
principal se escancarou e minha
Pimentinha saiu correndo. Abri a
porta e saí para pegá-la. Eu
precisava sentir seu corpo no meu,
ainda que algumas roupas
estivessem entre a gente.
Abri os braços e ela pulou no
meu pescoço. A abracei forte
enquanto ela rodeava as pernas na
minha cintura. O calor de sua
boceta, se espremendo contra a
cabeça do meu pau me deixou
louco. Meu Deus, como eu queria
estar sozinho com ela! Rasgaria
suas roupas e a comeria ali mesmo,
contra o carro.
– Meu filho, que susto você nos
deu! – ouvi a voz da Dona Sirley e
deixei que minha Pimentinha
voltasse ao chão, mas bem perto de
mim. A mãe do Theo veio e me
abraçou, chorando, seguida por
Dona Rosa, mãe do Rick. Pam
estava com a pequena Giovanna no
colo, Jess e Ella com Fred e Felipe
no colo. Rick, seu pai e o pai do
Theo, estavam ao lado delas,
quietos.
– Estou bem, graças a Deus.
Forte como um cavalo! – brinquei
com elas.
– Venha, meu filho, você deve
estar morto de fome. Eles te deram
de comer lá onde você estava? – a
mãe do Theo era assim, sempre
querendo que a gente comesse.
E realmente eu estava faminto. E
não só de comida!
– Me deram um chá com
biscoitos no hospital. Estou indo –
respondi, retribuindo o sorriso.
– Ah, Meu Deus! Só um
chazinho com biscoitos? Isso não é
nada para um homem do seu
tamanh...
Ela continuou a falar, mas eu não
escutava mais nada, pois o perfume
da minha Pimentinha e o calor de
seu corpo junto ao meu, ligou todos
os meus alarmes e meu mundo se
resumiu àquelas curvas suntuosas
em meus braços. Me abaixei e
sussurrei em seu ouvido.
– Lembra o que te disse naquele
dia no restaurante? Quem sabe,
daqui a pouco... na primeira
oportunidade… – aproveitei e dei
uma mordida de leve em seu
lóbulo.
Minha Pimentinha se arrepiou e
se encolheu toda.
– Vou esperar por essa
oportunidade... ansiosamente – me
olhou com aquela cara...
Humm, eu mal podia esperar!
Entramos e um gemido frustrado
escapou de mim. Teria que esperar
um tempo para tê-la só para mim.
Todos juntos na sala! Aquilo
estava parecendo um pandemônio!
Mas um pandemônio
divertidíssimo. Anne não saia do
meu lado, estava bem entrosada
com todos, parecia que todos se
conheciam há anos.
Eu estava deitado no sofá, com
várias almofadas embaixo da minha
perna ferida. A mãe do Theo não
me deixava mexer um músculo.
Anne ria ao meu lado e isso já era o
suficiente para que qualquer zanga
da minha parte, por estar sendo
tratado como um bebê, se esvaísse.
Dona Rosa, mãe do Rick, me
trouxe uma bandeja de delícias
feitas por ela e pela mãe do Theo.
Duas matriarcas, com seus filhos,
noras e netos. Acho que nunca
havia me sentido assim, tão bem no
meio de todos.
Agora eu tinha minha Anne e não
a perderia por nada no mundo.
– Anne, você não está
preocupada com o Diego? –
perguntei quando comecei a comer.
– Digamos que eu estou mais
brava do que preocupada. Ele
escolheu o caminho a seguir. O que
ele encontrou foi somente as
consequências para seus atos. Ele
poderia ter sido responsável pela
sua morte! Não, na realidade, se eu
o encontrasse agora, acho que ainda
daria uma surra nele.
– E comigo? – perguntei fazendo
cara de cachorro abandonado.
– Ah... com você eu estou –
respondeu, rindo. – Diz onde está
doendo que eu dou um beijinho
para sarar – ela completou, num
tom mais baixo.
– Onde eu quero a sua boca, é
um dos únicos lugares em mim que
não está doendo... Mas se eu
demorar muito para ter você, vai
doer pra caramba.
Os olhos dela brilharam e
percorreram meu corpo, olhando
descaradamente para o meu pau.
Safada, gostosa e toda minha!
Segurei sua mão e olhei para os
lados. Uma vez que ninguém estava
olhando, levei sua mão à minha
boca, beijando de leve a ponta de
seu dedo e depois sugando de leve.
Minha Anne entreabriu os lábios e
vi seu rosto corando. Quase pirei
quando ela lambeu os lábios,
devagar.
– Acho que você precisa ir ao
banheiro, Pimentinha – sussurrei,
deixando claro a minha intenção. –
Vá e espere com a porta
destrancada. Eu estou louco de
saudade dessa boceta suculenta,
dessa boca gostosa… – eu mal
podia conter o tesão que me
consumia, minha voz rouca de
vontade, minha boca salivando.
Anne apenas assentiu com a
cabeça e engoliu em seco.
Olhar ela se afastando, com
aquela bunda rebolando
discretamente enquanto andava, fez
misérias com meu controle. Como
eu chegaria ao banheiro ostentando
uma ereção monstruosa, é o que eu
queria saber. Passar por dez
pessoas assim, sem chamar a
atenção de nenhuma, seria um
milagre.
Anne saiu disfarçadamente e
sumiu pelo corredor lateral, que
levava aos quartos, onde tinha
também dois lavabos, um próximo à
sala e outro mais distante.
Todos conversavam
animadamente, prestando atenção
nas gracinhas dos gêmeos e me
aproveitei disso para escapulir
dali. Quando eu estava chegando ao
corredor, olhei para trás, dando
aquela conferida no pessoal, e
Guilherme estava me olhando. Pela
cara dele, ele sabia muito bem o
que aconteceria e só moveu a
cabeça devagar, como que
mandando eu ir logo. Nada como
ter amigos!
Apressei o passo o máximo que
minha perna permitiu e, segundos
depois, eu fechava a porta do
lavabo atrás de mim. Anne me
olhou, ofegante, corada e se atirou
em meus braços. O beijo que se
seguiu foi insano, ela agarrando
meus cabelos e eu os dela, corpos
se roçando... Minhas mãos
percorreram aquele corpo gostoso e
apertei sua bunda, apertando seu
corpo contra minha ereção.
Delícia! Gostosa!
– Estou louco para sentir o calor
da sua boceta, apertando meu pau…
– sussurrei em seu ouvido.
Nossas bocas se encontraram
novamente e mãos entraram em
ação, desabotoando botões,
descendo zíperes, numa fome louca.
Meu pau pulou para fora, espasmos
faziam com que ele parecesse ter
vida própria. Quando a mãozinha
dela se fechou em torno da minha
grossura, não pude deixar de gemer.
Enlouqueci de tesão quando ela
começou a punheta dos deuses.
Encostei a cabeça na porta e ela foi
se abaixando, sua boca
escorregando pelo meu peitoral,
abdômen. até que senti a umidade
quente de sua língua percorrer a
ponta do meu pau. O calor irradiou
dali para meu corpo todo, quando
ela me tomou em sua boca,
sugando, lambendo. Meu corpo
estremeceu e perdi a noção de tudo,
meu mundo resumido a ela. Agarrei
meus próprios cabelos tentando
controlar o tesão que me consumia.
Olhei para ela e nossos olhos se
prenderam. O olhar em seu rosto,
ela ali de joelhos, meu pau sumindo
em sua boca...
O restante do meu controle foi
por água abaixo, no momento em
que seus dedinhos de fada
acariciaram minhas bolas, leves
como penas em contraste com a
chupada deliciosa. Sua língua
contornava a cabeça, se apertando
contra o buraquinho... Deus do céu!
– Anne – segurei sua cabeça
com as duas mãos. – Se não parar,
vou gozar em sua boca –
involuntariamente, minhas mãos a
incentivaram a continuar mesmo
com o meu aviso, e meu corpo se
moveu num pedido mudo.
Ela sorriu e continuou. Aquela
cara de safada me matou e ela
sugou forte. Me peguei chamando o
nome dela baixinho, resfolegando e
gozando em sua garganta.
Ela então me deixou escapar de
sua boca, lambendo todo o
comprimento e depois os lábios.
– Você é como aquele iogurte...
gostoso... cremoso... e quando
acaba, a gente quer de novo.
A olhei espantado e admirado
pela comparação. Para dar mais
enfoque em suas palavras, ela
lambeu e chupou a ponta
novamente.
– Safada... Vou me lembrar disso
toda vez que passar o comercial e
vou querer sua boca...– contornei
seus lábios com os dedos e a puxei
para cima. – Agora vou te comer.
– Que saudade de você, meu
Leãozinho. Eu estou tão feliz em
você estar vivo... e com esse fogo
todo – ela completou quando a
levantei em meus braços,
colocando-a em cima da pia. Abri
suas pernas e olhei para aquela
boceta suculenta e toda minha, que
brilhava, molhada de excitação.
A beijei, esfregando nossos
sexos. Mesmo após ter gozado, eu
continuava duro e doido por ela.
Precisava do calor dela, só dela, o
mais perto possível. Escorreguei
para dentro dela, fundo e de uma
vez. Anne mordia o lábio inferior,
tentando abafar seus gemidos
enquanto observava nossos corpos
se chocando, o barulho molhado
daquela foda escondida no banheiro
e a adrenalina por estarmos fazendo
aquilo escondidos, nos levava ao
limite do prazer, e quando
pressionei seu clitóris, acariciando,
ela mordeu meu ombro, seu corpo
tremendo incontrolavelmente. O
orgasmo da minha Pimentinha,
ordenhando duro, me levou ao
êxtase novamente e me derramei
dentro de seu corpo.
Ficamos ali, ofegantes e
satisfeitos por alguns minutos,
apenas curtindo a proximidade
deliciosa. Saí de dentro dela e a
limpei. Fechei minha calça e tudo o
que eu mais queria era colocar a
roupa nela, mas não podia abusar
da minha perna mais do que já
tinha, só pude observá-la esconder
seu corpo suntuoso com aquela
calça.
Era loucura ter ciúmes de suas
roupas? Pois eu tinha. Beijei-a mais
uma vez e deixei que ela saísse
primeiro.
– Vá para seu quarto, eu já vou
também.
Dei uns minutos e fui para o
quarto, tomando o cuidado de
deixar a porta aberta. Eu conhecia
muito bem as matriarcas que
estavam na sala e logo elas nos
procurariam.
Deitei e Anne colocou
almofadas embaixo da minha perna
ferida, vindo se aconchegar em meu
peito. Nada mais relaxante para
mim do que tê-la em meus braços.
Minha Pimentinha... Minha e só
minha!
Capítulo 20

– Ei, meu filho, acorde. Venha


comer alguma coisa, fizemos seu
prato preferido. Costelinhas! Venha
logo, você precisa comer, depois
de tudo o que te aconteceu – dona
Rosa, mãe do Theo, estava
cochichando ao lado da cama. –
Deixe Anne dormir um pouco mais,
ela só fez chorar esse tempo todo.
Vai esfriar – apertou meu ombro e
foi embora.
Minha Pimentinha dormia como
um bebê. Ah, um bebê... Será que
eu tinha conseguido? Ela se mexeu
e virou para o outro lado, ainda
adormecida. Beijei de leve seus
cabelos e fui jantar. Traria comida
para ela depois, deixaria que ela
descansasse, por hora.
– Bruno... Onde você vai? –
minha Pimentinha perguntou,
esfregando os olhos.
– Estou indo jantar, ia trazer
alguma coisa para você quando
voltasse. Dona Rosa disse que você
não dormiu direito.
– E nem quero, se não tiver você
comigo – disse, levantando-se.
Passou a mão pelos cabelos. –
Estou com a cara amassada?
– Você está linda, como sempre
– abraçado a ela, fomos comer.
Na sala de jantar, todos estavam
à mesa. Fred e Felipe estavam em
suas cadeirinhas, Jess e dona Rosa
tentavam dar comida para eles, mas
os pequenos estavam a fim de
brincar em vez de comer. A
pequena Giovanna dormia no
carrinho ao lado de Pam e Theo,
alheia a todo o barulho, a mesa
repleta de comida...
– Até que enfim vocês
acordaram! Já íamos atacar! –
Guilherme brincou.
O jantar estava delicioso e me
admirei mais uma vez com a
desenvoltura da Anne, conversando
e brincando com todos,
principalmente com os gêmeos.
– Você gosta de crianças, é? –
falei, chegando mais perto.
– Adoro essas pestinhas – nesse
momento, Fred esticou os bracinhos
para ela, pedindo colo.
– Pode pegar, Anne, ele não vai
comer mais do que já comeu – Jess
disse, derrotada.
Anne, com um sorriso enorme,
pegou o pequeno do cadeirão. Ele
então passou os bracinhos pelo
pescoço dela e deitou a cabeça em
seu ombro.
– Ah, como ele é fofinho. Tão
gostoso de segurar...
– Você quer ter filhos,
Pimentinha? – perguntei, incerto.
– Claro que quero. Quero dois,
um casal. Primeiro o menino e
depois a menina, assim ele cuidaria
da irmã e a protegeria no colégio e
dos meninos, quando crescesse – ri
desse comentário. Ela me olhou,
acariciando os cabelinhos do bebê
em seu colo. – E você?
– Quero tantos quanto você
quiser.
Suas bochechas ficaram
vermelhas e ela sorriu abertamente.
– Hum, bom saber.
– Vamos para minha casa?
– Anne, você tem o dom! Olha
só, ele está quase dormindo! – Jess
falou baixinho, chegando perto de
nós. –Isso é quase um milagre! E
você, Bruno, nem pense que elas
deixarão você ir embora hoje, sem
terem a certeza de que você está
bem.
– Caramba, Jess. Não estou
acostumado com isso. Quero o
sossego do meu apartamento.
– Se você for, amanha cedo elas
estarão lá, para preparar seu café –
ela disse, rindo da minha miséria.
– O que vocês estão
cochichando? – Rick abraçou Jess,
se metendo na conversa.
– Ele quer ir embora – Jess
disse, se recostando a ele.
– Boa, quero ver você tentar.
Minha mãe estava enlouquecida por
você estar sumido, e ela é bem
calma, sempre. Você sabe que
aquelas duas ali têm você como um
filho. Melhor aceitar e tentar isso
amanhã.
Rick me olhou, sério, e meu
olhar seguiu para as duas velhas
senhoras que estavam servindo a
sobremesa. Suspirei, resignado.
Eles tinham razão, seria muita falta
de consideração da minha parte
partir assim.
– Deixe que elas cuidem de
você, pelo menos, hoje – Jess
completou e fiquei sem ação.
– Ok, mas amanhã eu vou.
– Certo. Vamos comer o pudim
delicioso da dona Rosa...
– Aqui, meu filho, um pedaço
generoso para você.
– Obrigado, Dona Rosa.
– Esse aqui é para você, Anne.
– Dona Rosa, vou passar a
sobremesa. Acho que abusei das
costelinhas.
– Você, negando doce,
Pimentinha? Está se sentindo bem?
– Estou sim, só meio enjoada.
Deve ser do nervoso que passei
com você lá, preso com aqueles
loucos – seus olhos ficaram
marejados. – Desculpe, estou meio
sentimental esses dias.
Normalmente choro fácil, mas nem
tanto.
YES! Meu subconsciente me
cumprimentou com um soco no ar.
Será? Bem, era muito cedo para
saber. Mais algumas semanas...
– Vamos colocar esse
dorminhoquinho no berço, Anne.
Venha – fiquei olhando as duas se
afastarem. A imagem da minha
Pimentinha, grávida de um filho
meu, encheu meus pensamentos...
O restante da noite foi tranquilo,
ficamos na sala, Rick e Theo
revezando-se no violão e
conversando, apenas curtindo o
momento. Um friozinho começou a
bater e me arrepiei. Estranho isso,
sempre fui calorento, e para eu
começar a sentir frio todos já
estariam de casaco... E eu também
estava com sono, bocejando já há
alguns minutos.
– Pimentinha, vamos dormir?
Estou cansado – ela assentiu e
demos boa noite para todos.
No quarto, abri o guarda-roupa,
tirei um edredom e coloquei sobre
a cama. Tomamos uma ducha e,
como sempre, eu sequei minha
Anne e me deitei abraçado a ela,
nos cobrindo até o pescoço. Que
saudade daquele corpo fofinho
junto ao meu. Enfiei meu rosto em
seus cabelos e o sono me consumiu.

No meio da noite acordei


morrendo de calor. A sensação era
de estar dentro de uma sauna a
vapor. Me mexi e me dei conta de
que eu estava abraçada a um corpo
ardente. Meu Leãozinho ardia em
febre! Me desvencilhei de seu
abraço. Já era madrugada. O que eu
devia fazer? Fui ao banheiro e
molhei uma toalha de rosto na água
fria e voltei, colocando-a dobrada
em sua testa. Ele estremeceu , mas
não acordou.
Caramba!
Peguei o celular e liguei para o
Guilherme. Não bateria na porta do
quarto dele essa hora...
– Dr. Santos.
– Guilherme, sou eu, a Anne.
Não sei o que fazer, Bruno está com
um febrão daqueles. Você pode vir
aqui dar uma olhada nele?
– Estou indo – desligou o
celular.
Corri para vestir alguma roupa e
estava quase terminando de colocar
a boxer nele, quando bateram na
porta. Com muito esforço consegui
terminar minha tarefa e fui abrir a
porta.
– Demorei um pouco porque fui
pegar um termômetro com a Jess.
– Tudo bem, Guilherme. Ele não
acorda, e isso é o que mais me
preocupa. Coloquei pano úmido em
sua testa, a boxer, e ele só
resmungou – expliquei enquanto
Guilherme media a temperatura do
Bruno.
Fiquei ali de braços cruzados,
roendo as pelezinhas em volta das
unhas. Febre, depois de tudo o que
ele tinha passado, não era um bom
sinal.
– Muito alta. Vamos ter que
levá-lo ao hospital. Preciso de
exames. Pode ser alguma infecção
causada pelo metal em sua perna –
Guilherme levantou o edredom e
conferiu o ferimento. – É, temos
que levá-lo. Vou chamar os rapazes
e o colocaremos no carro. Já volto,
esteja pronta. É bom que você vá
com a gente, ele vai te chamar
assim que acordar.
Cobriu novamente a perna ferida
dele e se foi.
Subi na cama e acariciei seus
cabelos. Meu Leãozinho parecia tão
frágil assim, tremendo de febre...
Logo Rick , Theo e Guilherme
voltaram. Colocaram uma camiseta
em Bruno.
– Anne, pegue o edredom e traga
junto. Aqui, pegue a chave e abra o
carro quando chegarmos –
Guilherme disse.
Rick e Theo pegaram Bruno
pelos ombros e Guilherme pelas
pernas. Logo chegamos na sala,
onde todas as mulheres estavam
esperando.
– Assim que soubermos alguma
coisa, eu ligo – disse para Jess e
saí atrás deles.
Abri o carro e a porta traseira.
Entrei e Rick colocou Bruno para
dentro, com a cabeça em meu colo.
Juntando forças, Deus sabe de
onde, consegui puxar o corpo dele,
abraçando-o como um bebê,
apoiando sua cabeça em meu peito.
Rick entrou também, ajeitando as
pernas de Bruno como deu, em seu
colo. Meu Leãozinho era muito
grande, dois metros de homem
gostoso. Pare Anne, não é hora de
pensar nessas coisas!
Rick jogou o edredom por cima
do Bruno e eu ajeitei em seus
ombros. Tirei alguns fios de cabelo
que se prenderam ao seu rosto e
observei seus traços. Como eu o
amava! Bruno tremia
incontrolavelmente e eu fazia de
tudo para esquentá-lo. Ele suspirou
e aconchegou-se ao meu peito e
isso me deixou um pouquinho mais
sossegada.
Em meia hora chegamos ao
hospital e uma maca já nos
aguardava na entrada de
emergência. Não gostei nem um
pouco da cara da enfermeira
baixinha que aguardava junto a
outro enfermeiro. Ela nem tomou
consciência da minha existência.
Uma tontura me tomou e meu
estômago embrulhou quando entrei
no hospital e o cheiro dali me
atingiu. Voltei para fora e respirei
fundo, o ar frio da noite me
acalmando um pouco.
Theo voltou e me abraçou.
– Anne, fique sossegada. Aqui
vão cuidar dele como um rei. Ele é
muito querido por todos –
confirmei com a cabeça. –Venha,
enquanto fazem os primeiros
atendimentos, vamos até a cafeteria.
Quer um chocolate quente? Logo
Guilherme ou Rick nos darão
notícias.
Assim, fomos para a cafeteria
que, graças a Deus, tinha entrada
separada do hospital.
Depois do chocolate quente, meu
estômago se acalmou. Uma hora e
meia depois de termos chegado,
Rick apareceu dizendo que já
estavam levando Bruno para um
quarto. Ele estava com uma séria
infecção e teria que ficar internado,
tomando antibiótico intravenoso e
de olho no ferimento de sua perna.
Jesus, dias nesse hospital? O
importante era que ele ficasse bom.
Então, junto com eles, subimos para
o quarto em que Bruno estaria.
– Vamos dar um tempo aqui fora,
pode entrar e conversar com ele –
Rick disse e eu agradeci.
Abri a porta devagar e entrei.
PUTA QUE PARIU!
Aquela enfermeira baixinha
estava deitada agarrada a ele, que
dormia. AH! Que vontade de
arrancar ela dali pelos cabelos!
Pigarreei e ela levantou a
cabeça.
– Boa noite. Posso saber por que
você está agarrada ao meu
homem?– perguntei de braços
cruzados, para me impedir de dar
vazão à minha vontade de partir
para cima dela. O sangue subiu e
que Deus me ajudasse!
– Desculpa, você é quem? – ela
perguntou, com um sorriso no rosto.
– Sou a mulher dele. Você pode
sair daí antes que eu mesma a tire
pelos cabelos? – a raiva cresceu
ainda mais em mim e meu tom de
voz se elevou. – Agora mesmo!
Nisso, a porta se abriu e Rick,
Theo e Guilherme entraram.
– Anne, o que acontec... –
Guilherme parou de falar e
arregalou os olhos para a cena à
sua frente.
A enfermeira pulou da cama
assim que viu o Guilherme.
– Dani, aguarde do lado de fora,
por favor, e se desculpe com a
mulher do Bruno. Isso foi
totalmente antiético – o tom de
Guilherme foi tão duro e seco que
quase fiquei com dó dela. Quase.
Ela saiu, cabisbaixa, sem dizer
uma palavra.
– Desculpe por isso. Muitas
enfermeiras aqui são apaixonadas
por ele – ele se desculpou pelo
comportamento dela.
– Certo. Como ele está?”
– Vai dormir agora, ficar
sonolento por algum tempo, demos
alguns medicamentos fortes para
combater a infecção. Ontem ele não
tinha nada, eu mesmo verifiquei os
exames...– Guilherme esfregou a
testa.
Theo e Rick estavam atônitos,
olhando para mim, para Bruno e
para a porta.
– Vou ficar com ele. Já avisaram
as garotas?
– Vamos ligar. Você está bem? –
Guilherme perguntou, preocupado.
Eu deveria estar com minha
carranca de raiva. Respirei fundo e
me recompus. Eu tinha que me
acostumar com essas mulheres se
atirando e dando em cima dele.
Afinal, até pouco tempo atrás, ele
era o garanhão do hospital e um
homem sozinho.
– Já já eu me acalmo – sorri
para ele.
– Eu não pensei que ela faria
uma coisa dessas...
– Tudo bem, a culpa não é sua.
Eu sei como ele era. Antes de
qualquer coisa, nós éramos amigos
e ele me contava tudo. Fique
sossegado, Guilherme.
– Ele contava tudo? – Theo
perguntou, curioso e alarmado.
– Uhum – confirmei com a
cabeça também.
– Tudo, TUDO? – Rick
perguntou, se aprumando e ficando
ereto.
Ri da cara daqueles três. Como
se fosse segredo de estado o que
eles eram. Qualquer uma que
ficasse uma hora perto deles com
suas mulheres, saberia
perfeitamente...
– Sim, senhores – brinquei com
eles.
Uma série de palavrões se
seguiram e eu não pude me impedir
de rir. Eu estava com as emoções à
flor da pele.
– Outro linguarudo – Rick
resmungou.
– Fique sossegado, Rick. Tenho
vocês todos como meus amigos. O
fato de eu saber de tudo não muda
em nada o meu respeito por vocês
ou por suas mulheres. Afinal, meu
Bruno também é assim, e eu o amo
com todo meu coração.
Os três respiraram aliviados.
Bobos...
Capítulo 21

Estava adormecida no sofá-cama


quando bateram na porta e um vulto
entrou.
Ah, se fosse aquela enfermeira
novamente, juro que eu...
– Anne? – a voz de Guilherme
chegou até mim.
– Oi, estou acordada.
Ele acendeu a luz lateral do
quarto.
– Eu trouxe algumas roupas para
você. As meninas tinham feito uma
malinha, quando voltei com notícias
– ele colocou a mala ao lado da
cadeira de descanso próxima à
cama do Bruno. –Ele não acordou
ainda?
– Nada ainda... eu já fui
verificar se ele estava respirando
umas 10 vezes. Nem se mexeu –
passei a mão pelos cabelos,
prendendo-os em um coque, como
Bruno fazia.
– Não se preocupe... a febre
cedeu, foi feita uma assepsia
profunda no ferimento da perna e os
remédios ministrados são fortes o
suficiente para combater a infecção.
Adormecido assim, a recuperação
vai ser mais rápida. Na hora certa,
ele acordará – o olhei tentando
entender. – E, conhecendo-o como
eu conheço, vai acordar faminto –
brincou.
Se ele não estava preocupado,
era um bom sinal. Sentou-se ao meu
lado e falou baixinho.
– Jess está preocupada com
você. Não sei como dizer isso, mas
eu contei para elas que você passou
mal quando entrou no hospital. Na
realidade, Theo contou. Tem
alguma possibilidade de você estar
grávida?
– Grávida? Não, nem pensar.
Você é médico, acho que posso
contar pra você e vai entender o
porquê. Eu tenho três miomas no
útero, um deles do tamanho de uma
bola de tênis. Minha ginecologista
me disse que eles são um dos
fatores de infertilidade feminina e
que eu não engravidaria. Devo estar
assim por conta de tudo isso que
aconteceu com ele, a costelinha de
ontem estava muito temperada, eu
não sou acostumada com temperos
fortes. Bem que eu gostaria de ter
filhos, mas já me acostumei com a
ideia de que será meio
impossível... só com tratamento
forte, segundo minha médica –
meneei a cabeça, derrotada. – E
outra, faz muito pouco tempo que
estamos juntos...
– Isso que sua ginecologista te
disse... sinto muito, mas a
informação que ela lhe deu não está
correta. Você pode engravidar
como qualquer outra mulher.
– Como assim? – perguntei
alarmada.
Óbvio que eu adoraria ter um
bebê, mas não assim, de supetão!
Caramba! Pensando bem, eu
deveria ter menstruado ontem ou
hoje. Caramba!
– Vamos esperar, Guilherme.
Não diga nada para o Bruno, por
favor.
– Fique sossegada. Não direi
nada. Daqui a pouco, as meninas o
visitarão e seria bom que você
conversasse com Jess sobre isso.
Se quiser, podemos fazer um exame
de sangue para tirar as dúvidas, se
elas existirem. Se você estiver, e
com os miomas, terá que ser
acompanhada de perto, desde cedo.
Ter alguns cuidados a mais que o
normal, talvez até mesmo um
repouso. Mas, lembre-se, não é
impossível. Vocês tomaram
precauções quanto a uma gravidez?
– Não, Guilherme, te disse que
nem imaginava que podia
engravidar, ela tinha sido tão
enfática... – um mal-estar me
obrigou a parar de falar e respirar
fundo.
– Pois pense. Posso conseguir
um exame de sangue em dois
minutos. Está bem?
– Certo. Se nada acontecer... –
fiz movimentos com a mão,
apontando para minha pélvis. –...
até de tarde, eu quero sim.
– Ok, vou deixar tudo certo para
que seja colhido o material hoje à
tarde. Me avise se esse “algo”
acontecer e eu desmarco.
– Obrigada, Guilherme – eu não
sabia o que pensar.
Eu queria um filho? Sim, mais
que tudo na vida, afinal, eu já
estava com vinte e nove anos. Não
queria ter meu bebê muito tarde,
queria ser uma mãe presente e
ativa. Não que alguns anos
mudassem esse fato! Ah, meu Deus,
que confusão!
Guilherme se levantou e foi
verificar Bruno. Ajustou o soro,
que passou a gotejar mais devagar,
auscultou seu peito e mediu sua
temperatura.
– Volte a dormir, Anne. Não são
nem seis horas ainda. Mais tarde eu
volto. Ah, e não se preocupe com a
Dani. Ela foi substituída, quem vai
atender esse setor será a Sheila.
Você vai gostar dela. Até mais.
Ele apagou a luz e saiu.
Dormir??
Quem conseguiria dormir com
essa coisa de gravidez? Comecei a
fazer contas, a tentar lembrar do
lance todo de dias férteis...
Caramba, caramba, CARAMBA!
O que meu Leãozinho pensaria
disso tudo? Será que aceitaria numa
boa ou acharia que eu estaria dando
o golpe da barriga? Ah, meu Deus!
Ele era tão independente, tão... tão
sozinho sempre e me lembro bem
que ele dizia adorar ser assim, sem
ninguém pegando no seu pé, indo e
vindo quando bem entendesse...
Uma criança, um filho mudaria
tudo.
Não sei quanto tempo fiquei
perdida em pensamentos... até que
um movimento fraco na cama, me
chamou a atenção. Levantei
correndo e rapidinho eu estava lá,
ao lado dele.
– Pimentinha... – ele sussurrou.
– Oi, amor, eu estou aqui. Está
se sentindo bem? – passei a mão em
seus cabelos e olhei em seus olhos,
preocupada.
– O que aconteceu? Porque estou
no hospital... outra vez? E por que
tudo isso? – ele disse, olhando em
volta e levantando o braço onde
estava o soro.
– Você teve uma febre superalta
e chamei o Guilherme. Eles te
trouxeram pra cá, fizeram alguma
coisa no seu ferimento da perna e te
colocaram no soro. Deram
antibiótico também, ou está no soro,
eu não entendi direito, mas foi isso
– saí tagarelando como uma doida.
– E você, está bem? Eu te
conheço, Pimentinha... quando você
começa a falar sem controle, é
porque alguma coisa está te
preocupando.
– Claro que estou preocupada
com você. No meio da noite, você
estava queimando em febre... – as
malditas lágrimas apareceram de
novo. Ai meu Deus!
– Calma, minha Anne. Eu sou
forte como um cavalo. Logo estarei
bem e fora dessa cama – ele me
puxou para um abraço. – Venha cá,
se deite comigo.
Subi na cama e ele me ajeitou
contra seu corpo.
– Falando em se deite comigo,
quando eu cheguei aqui no quarto,
uma enfermeira baixinha, lazarenta,
safada... – respirei fundo. – Então,
a tal da enfermeira estava deitada
aqui, agarrada em você. Eu teria
arrancado ela pelos cabelos e
arrastado para fora do quarto, se os
três não estivessem do lado de fora.
O que eles pensariam de mim, né? –
ele riu e me abraçou mais forte. –
Por sorte, Guilherme abriu a porta e
os três entraram, a fulaninha saiu
com o rabinho no meio das pernas.
Você pegou meio hospital, né?
– Não... eu devo ter pego uns ¾
das funcionárias desse hospital.
Você sabe como eu era –disse
rindo.
– Ainda bem que você disse era
– Brinquei com ele.
– Sim, porque agora eu sou seu e
só seu, minha Anne, minha
Pimentinha malagueta.
Me aconcheguei em seu peito e a
imagem de um bebezinho, um mini
Leãozinho tomou meus
pensamentos.
Acordei e saí devagar do abraço
dele... precisava dar um passadinha
no banheiro.
Devagar, fechei a porta atrás de
mim. Abaixei minha calça e a
calcinha, de olhos fechados. Ai,
caramba! Nunca fui covarde, mas
nesse momento era tudo o que eu
estava sendo.
Abri um olho só e olhei para
minha calcinha.
Nada!
Fiz xixi e me sequei. Olhei o
papel e nada!
Caramba, caramba, CARAMBA!
Meu Deus, eu estava ficando meio
lesada da cabeça, pois caramba era
a única palavra que eu repetia.
Era certo que eu estava grávida.
Tínhamos feito amor por
incontáveis vezes.... E não usado
proteção em nenhuma. Também, a
médica tinha sido tão enfática
dizendo que eu não engravidaria
sem um belo tratamento e que,
mesmo assim, seria difícil. E, antes
de Bruno, bem... antes dele, meu
único parceiro sexual, nos últimos
tempos, havia sido meu vibrador.
Não esperaria até a tarde.
Terminei meus negócios e,
resolvida, saí do banheiro, peguei
meu celular e mandei mensagem
para o Guilherme.

Eu: Guilherme, será que dá para


fazer o exame agora? Bruno ainda
está dormindo e acho que não vai
ter hora melhor para fazer sem que
ele perceba.

Mandei e logo veio a resposta.

Guilherme: Tudo bem, venha até


minha sala. Pegue o elevador, suba
para o quarto andar, setor de
oncologia. Vou chamar uma
enfermeira de confiança para colher
seu exame.
Respirei fundo.
Era isso aí. Nada a temer, o que
estava feito, não tinha jeito. Se eu
estivesse realmente grávida, teria
que me cuidar, como Guilherme
disse, seria uma gravidez meio
arriscada, com muitos cuidados.
Mas ninguém melhor para cuidar de
mim do que meu enfermeiro
gostosão!
Pelo que ele havia dito na noite
anterior, ele queria tantos filhos
quantos eu quisesse... isso podia
significar que ele queria também...
Peguei minha bolsa e, com o
mínimo de barulho possível, saí do
quarto e segui as orientações de
Guilherme.
Logo eu estava batendo na porta
de seu consultório.
– Entre – abri a porta e entrei. –
Sente-se, Anne. Andreia logo estará
aqui.
Eu cruzei os dedos das mãos,
para que elas parassem de tremer.
Confirmei com a cabeça e olhei
para elas.
– Anne, acalme-se. Não é uma
coisa do outro mundo, se você
estiver grávida. Bruno ama crianças
e vai ficar enlouquecido se souber
que vai ser pai. Vai por mim.
Primeiro, ele, mais do que ninguém
que eu conheça, se preocupava com
o uso de preservativos. Você sabe
como ele era. Se ele não usou com
você é porque ele também não
estava preocupado com o fato.
– Guilherme, a gente conversava
e muito, sobre tudo. Ele sabe dos
meus miomas, sabe que não posso
ter filhos. Vai ser um baque para
ele, ainda mais sendo independente
como ele é... – as palavras
morreram em minha boca. Eu não
podia mais pensar nisso. Não me
preocuparia com o fato antes
mesmo de ele acontecer.
Uma batida na porta fez com que
eu estremecesse por inteira.
A enfermeira entrou e sorriu
para mim. Uma expressão tão
cálida que me acalmou na hora.
– Olá, sou Andreia Filipa. Vou
colher o material para seu exame e
a pedido do Dr. Santos, vou trazer o
resultado direto para ele, o mais
breve possível.
– Ok. Sou toda sua – brinquei e
estendi o braço, arregaçando a
manga da minha blusa.
Com mãos de fada, Andreia
tirou meu sangue e eu mal percebi.
– Prontinho. Pressione o algodão
no local por alguns minutos. Assim
que eu tiver o resultado, eu trago –
ela apertou meu ombro de leve e se
foi.
– Bem, está feito. Vou voltar
para o quarto, antes que ele acorde
e perceba que eu saí. Obrigada,
Guilherme.
– Imagina, Anne. E se eu estiver
certo, uma consulta com o
ginecologista precisará ser
agendada. Vou cuidar disso
também. Um de confiança e que
saiba bem o que faz – ele piscou e
sorriu para mim.
Não tive outra alternativa a não
ser retribuir o sorriso, saindo de
seu consultório.
Dei uma volta enorme... eu
precisava pensar. Fui até a cafeteria
e pedi um chocolate quente para
viagem. Logo me lembrei que
Bruno não tinha comido nada e pedi
um para ele também. Paguei e
peguei os dois copos de isopor,
saindo de lá.
Bem à minha frente, a loja de
presentes chamou a atenção. Um
lindo par de sapatinhos, um mini
leãozinho... entrei e comprei,
guardando na minha bolsa.
Então, mais conformada com a
situação, voltei para o Bruno.
No quarto, ele ainda dormia.
Cheguei ao seu lado, coloquei os
copos sobre a mesinha e passei a
mão por seus cabelos.
– Amor, acorda, trouxe um
chocolate quente para você.
Ele abriu os olhos e senti o ar
escapando de meus pulmões. Como
ele era lindo... tomara que nosso
mini leãozinho puxasse a ele.
– Humm, bom dia, Pimentinha.
Estou louco de fome.
Foi ele dizer isso, seu estômago
roncou.
– Não comprei nada a mais, por
não saber o que você poderia
comer, mas leite sempre pode, né?
Sorriu e sentou-se na cama. Ele
parecia bem melhor. Entreguei o
copo para ele, que tomou com
vontade, estendendo o copo vazio
para mim. Beberiquei o meu; o que
parecia tão gostoso, agora me
enjoava.
– Aqui, tome o meu também.
Meu estômago não está me
ajudando hoje.
Novamente ele sorriu como se
tivesse ganho na loteria. Tudo isso
por um copo de chocolate quente!
– Guilherme passou aqui mais
cedo e disse que logo mais as
mulheres . Estão todas muito
preocupadas – puxei as mangas da
minha camiseta para baixo. Se ele
visse meu braço, quereria saber o
que eu fiz... e ainda não era a hora.
Fiquei na cama com ele um
pouco e Sheila entrou, para conferir
os sinais dele e aplicar a
medicação. Fiquei observando a
perícia dela, fechando o acesso
para o soro e conectando a seringa
com o antibiótico pelo outro lado.
– Pode arder um pouco. Sei que
você sabe disso tudo, mas hoje
você é o paciente – sheila brincou
com ele. Terminou e voltou a mexer
no trequinho, fazendo com que o
soro voltasse a pingar. Deu um
adeus para nós e se foi. Assim que
ela saiu eu pulei novamente na
cama com ele.
– Anne, preciso falar uma coisa
com você que está me preocupando.
Seu emprego. Será que você
consegue uns dias para ficar
comigo?
– Eu já falei com eles enquanto
você estava preso com aqueles
homens horríveis. Adiantei minhas
férias e tenho o mês para ficar com
você.
Ele me abraçou e cheirou meus
cabelos.
– Que notícia maravilhosa! Nós
iríamos esse final de semana para o
clube, mas Guilherme mudou tudo
para o próximo. Vai dar tudo certo,
minha Anne. Você vai conhecer
minha casa, pois não adianta eles
quererem me levar de volta para o
meio do mato, eu quero minha casa.
Quero você só pra mim – pegou
minha mão e beijou. E a colocou
sobre seu pau.
– Humm, ficou todo animado
com isso...
Ele cheirou meu pescoço,
beijando a pele sensível.
– Eu lembrei do que você disse,
sobre o iogurte... aquela musiquinha
não sai da minha cabeça...
– E eu louca para provar o SEU
iogurte novamente...
A boca dele pousou sobre a
minha e sua mão se perdeu pelo
meu corpo...
– Bruno, estamos no hospital...
comporte-se – sussurrei entre
beijos.
Ele começou a rir.
– E eu não sei? Passo mais
tempo nesse hospital do que em
qualquer outro lugar – me deu um
último beijinho. – Acho que preciso
usar o banheiro. Não saia daqui.
Bruno então pulou da cama,
como se fosse a coisa mais normal
do mundo estar com o soro grudado
em seu braço e usar aquela
camisolinha de hospital. Sem falar
que parecia forte como um touro,
não lembrando em nada o homem
desmaiado e ardendo em febre da
noite anterior.
Alguns minutos se passaram e
então escutei o barulho da
descarga, da água correndo, ele
devia estar lavando as mãos. Foi
então que eu ouvi ele me chamando.
– Pimentinha, pode me dar uma
ajudinha, por favor?
Pulei da cama e fui ver o que ele
queria.
Quase enfartei ao vê-lo nu e de
pau duro, alisando-o de cima a
baixo. Ele tinha tirado o soro!
Quase me preocupei com isso, mas
ele, sendo enfermeiro... o
movimento de sua mão me
hipnotizou e me esqueci disso.
Minha boca se encheu de água ao
ver seus músculos esculpidos... e
tudo aquilo era meu! Entendi
direitinho o que ele queria...
Entrei no banheiro e tranquei a
porta atrás de mim.
Ele veio andando com aquele
jeitão, me olhando com fome... o
fogo cresceu em mim, meu corpo
respondendo ao chamado de seu
dono. Sem palavras, ele chegou
bem perto de minha boca, mas não
tocou. Cheirou meu pescoço, tirou
minha camiseta e meu sutiã de uma
só vez e passou o nariz pelos meus
mamilos, que se enrijeceram em
expectativa, desceu pelo meu corpo
e levou minha calça e calcinha
junto.
– Ah, o cheiro da minha mulher.
Não tem cheiro melhor no mundo –
passou e me cheirar toda, sem me
tocar. Eu ardia de tesão, mas não
me mexia, esperando seu próximo
movimento. Sentia minha vagina
latejando, escorrendo de vontade,
pronta para ele.
Ele se agigantou à minha frente,
dois metros de homem gostoso.
Pegou meu queixo e elevou meu
rosto para ele.
– Segure-se, Pimentinha.
Ele disse segundos antes de se
abaixar e me agarrar pela bunda,
prendendo-me a ele. Passei as
pernas pela sua cintura e agarrei
seu pescoço.
Seu pau abriu caminho em meu
corpo, escorregando para dentro de
mim, arrancando de nós dois um
gemido de puro tesão. Com as mãos
em minha bunda, ele controlava as
metidas, eu subia e descia, agarrada
a ele.
Estava tão louca por ele, o fogo
me consumia de uma maneira...
– Minha Pimentinha gostosa, que
saudade dessa boceta suculenta,
sempre pronta pra ser fodida pelo
seu Leão...
Aquilo sussurrado em meu
ouvido causou uma contração
involuntária dos meus músculos
internos, fazendo-o gemer.
– Essa sua boceta apertada,
Pimentinha, me enlouquece. Acaba
comigo...
Uma de suas mãos subiu para
meus cabelos e com a outra ele
continuou me elevando... eu já
estava no ritmo e agarrada a ele, eu
mesma impulsionava... percebendo
isso, ele relaxou seu aperto em
minha bunda e seu dedo brincou por
ali. Espalhando a umidade, ele
enfiou o dedo em mim. Meu corpo
estremeceu todo com a dupla
penetração. Outro dedo se juntou e
ele começou a me puxar para ele
com mais força, aumentando o
ritmo. O orgasmo abrindo caminho
através de gemidos e metidas
deliciosamente rudes daquele pau
grosso e de seus dedos.
– Goza, Pimentinha, geme pra
mim, em minha boca... quero beber
seus gemidos...
Tomou posse da minha boca num
beijo avassalador, que derrubou
meus últimos esforços para me
manter sã e gozei, ordenhando e
sugando toda a porra quente que me
preencheu, segundos depois. Sua
boca na minha não parou, mesmo
com nossos gemidos de êxtase.
– Minha, só minha... essa boceta
gostosa, essa boca deliciosa...
esses peitos, essa bunda... Você é
toda minha – ele se agarrava a mim
e sussurrava, abraçado fortemente
ao meu corpo. – Vamos tomar um
banho e voltar para a cama antes
que meu médico irado chegue.
Ainda comigo no colo, ele ligou
o chuveiro e nos levou para
debaixo do fluxo da água. Me lavou
e só então me colocou no chão.
Ensaboei suas costas e então me
lembrei do meu braço. Voltei para
debaixo da água e, dando um beijo
nele, saí do chuveiro, me sequei e
enfiei minha roupa.
Abri a porta devagar e olhei
para o quarto, que continuava
vazio. Peguei roupas limpas na
mala que Guilherme me trouxe e
voltei para o banheiro. Primeiro
troquei minha blusa, graças a Deus
estava friozinho e todas as roupas
que estavam ali eram de manga
comprida. Mal tinha acabado de
colocá-la, ele saiu do banho.
– O que foi, Pimentinha?
– Nada, só achei que tínhamos
que ser rapidinhos para que
ninguém nos pegasse – o que
também não deixava de ser
verdade.
– Tá certo. Tem razão. Já já o
batalhão todo chega e adeus
sossego – ele me abraçou e beijou
meu pescoço.
O remorso por esconder o
exame me corroeu, mas de que
adiantava eu preocupá-lo com uma
coisa que não era certa? Logo mais
isso acabaria, quando Guilherme
me dissesse o resultado.
Ele recolocou a camisola do
hospital, pegou o suporte do soro e
voltou a se deitar. Acabei de me
trocar, peguei a escova na minha
bolsa e fui cuidar da juba do meu
Leão.
– Sente-se, me deixe pentear
essa juba – ele riu e sentou-se.
Enquanto eu penteava seus cabelos
ele dava pequenos gemidinhos,
adorando aquilo. – Está gostando?
– Uhum. Está tão gostoso... – ele
me olhou com uma carinha dengosa.
Ele era tudo o que uma mulher
podia querer... carinhoso,
possessivo e acessível. Totalmente
meu e eu totalmente dele.
Nisso a porta se abriu e todos
entraram, conversando, as crianças
da Jess querendo vir no meu colo,
jogando os bracinhos para mim.
– Vem com a tia Anne,
pequeninho – peguei um deles e o
outro foi para o colo do Bruno, que
tomou o cuidado de se cobrir
direitinho.
O bebê se deitou em meu ombro,
me abraçando.
– Você tem jeito com crianças.
Eu já disse isso, né? – Jess falou,
dando uma piscadinha.
Apenas sorri e embalei o bebê
em meus braços, acariciando suas
costas.
– Bruno, você é terrível! Por que
tirou o soro? Vou chamar a Sheila
agora mesmo para recolocar. Isso
não se faz! – Guilherme ralhou com
Bruno, que riu e olhou para mim
com cara de quem aprontou e amou
ter aprontado.
Guilherme saiu e o burburinho
começou, com todos conversando,
as crianças resmungando na
linguagem toda delas, a bebê da
Pam querendo mamar... Aquilo era
tão gostoso!
Um pouco depois, meu celular
tocou, avisando que havia chegado
uma mensagem. Entreguei o
pequeno para a Jess e fui pegá-lo.
Desbloqueei e tive que me
apoiar na parede, diante do
conteúdo da mensagem.

Parabéns, mamãe!

Procurei Guilherme com o olhar


e ele sorriu. Olhei para os outros e
todos estavam com aquele sorriso
no rosto. Caramba, será que todos
já sabiam?
Parecendo poder ler meus
pensamentos, Guilherme negou com
a cabeça. Eu teria um pouquinho de
tempo para poder contar ao Bruno.
De repente, a realidade daquilo
tudo me invadiu!
Eu iria ser mãe!
Um sorriso enorme quase rasgou
meu rosto ao meio e levei a mão à
minha barriga.
Um bebê... um mini leãozinho
estava a caminho...
Capítulo 22

Com todos ali, foi fácil escapar


para o banheiro. Eu precisava me
recompor antes de encarar qualquer
um e poder ter uma conversa
razoavelmente decente com alguém.
Fechei a porta atrás de mim e
recostei a cabeça nela.
Como eu contaria isso para o
Bruno? Verifiquei se tinha
realmente trancado a porta e me
sentei no vaso sanitário, coloquei
os cotovelos nos joelhos, segurando
a cabeça com as duas mãos.
Que situação!
Me recostei na parece, passando
a mão pela minha barriga. Um bebê.
O meu bebê. Deveria ser tão
pequenininho agora, lutando pela
vida no meio dos meus miomas.
Força, meu filhotinho. Fique ai,
cresça e lute pela vida. Mamãe
fará o mesmo por você, aqui de
fora. Sussurrei para minha barriga.
Pelo jeito, eu conversaria muito
com ela pelos próximos 8 meses e
pouco. Pensando nisso... era tão
pouco tempo! Guilherme pediu para
que eu conversasse com Jess, mas
ela só teve gêmeos! Caramba, será
que eu estava passando mal assim,
no início, por serem dois?
Me levantei e olhei no espelho.
Eu devo estar ficando louca.
Preciso colocar a cabeça no lugar.
Joguei água no rosto e lavei as
mãos. Sequei-me e respirei fundo.
Daquele momento em diante, eu
teria que pensar e me preocupar por
dois, nunca mais seria sozinha.
Acariciei novamente minha barriga
e voltei para o quarto, que
continuava cheio com os sons dos
bebês e das conversas paralelas.
Olhei para o Bruno, que estava de
olho em mim, com uma cara
preocupada. Fui para perto dele.
– Aconteceu alguma coisa,
Pimentinha?
– Nada, por quê?
– Você mexeu no telefone,
depois se enfiou no banheiro... –
ele deixou no ar, esperando que eu
dissesse alguma coisa.
– Não foi nada. Não se preocupe
– beijei de leve seus lábios.
Eu queria gritar que ele seria
pai, me atirar em cima dele e amá-
lo deliciosamente. Mas não poderia
fazer nada agora, com o quarto
lotado.
Logo a enfermeira abriu a porta
e entrou. Todos se acalmaram e
abriram espaço para que ela
atendesse o Bruno.
– Não acredito que você retirou
o acesso! E molhou todo o curativo
da perna... ai ai ai! – Sheila ralhou
com Bruno. – Me dê o outro braço.
Você ainda tem medicação para
fazer, não pode ficar sem o soro
ainda. Comporte-se – ela disse,
pegando o outro braço dele e
colocando o acesso, ajustando o
gotejamento do soro. Logo após,
ela trocou o curativo da perna.
Mesmo tendo estado úmido, estava
bem. Os pontos me causaram
calafrios e dei graças a Deus por
não ter passado mal com aquilo.
Do jeito que chegou, ela se foi.
– Bem, já vimos que você está
bem, Brunão. Amanhã, volto para
buscá-lo –Rick disse.
– Rick, agradeço por tudo o que
fizeram, mas eu vou para minha
casa. Anne tomará conta de mim.
Rick o encarou por algum tempo.
Jess ficou olhando também, mas
não disse nada.
– Está bem. Nada como a casa
da gente, né? Mas vou mandar dois
seguranças para ficar na sua porta.
Mesmo com Tony morto, ainda acho
prudente termos cuidado por um
tempo.
– Tudo bem. Eu entendo sua
preocupação.
– Então, eu mando as suas
coisas, Anne. Mas, Bruno, saiba
que minha mãe e a mãe do Theo
irão na sua casa – disse rindo. – E
todo o batalhão vai também.
– Adoro vocês todos. Sabem que
minha casa está aberta a qualquer
um de vocês – fez sinal para que
Rick se aproximasse. – Mas, pelo
amor de Deus, avise, assim, umas
duas horas antes.
Rick caiu na gargalhada.
– Bruno! – dei um tapa em seu
ombro.
– Claro, né? Eu e você sozinhos
em casa... – ele balançou as
sobrancelhas para mim, fazendo
com que Rick risse mais ainda.
– Pode deixar. Vou levar todos
embora agora. Você precisa
descansar. Até mais.
Deu um apertão no ombro de
Bruno, veio para perto de mim e me
deu um beijo de adeus. Todos
fizeram o mesmo e se foram.
– Enfim, sós – Bruno disse, me
puxando para a cama.
– Espera, preciso da minha
bolsa – peguei e me deitei ao lado
dele.
– Você está toda preocupada
hoje. Me diga o que está
acontecendo, Anne – ele pediu,
sério.
Respirei fundo e levantei a
manga da blusa que eu vestia.
– Hoje pela manhã, fiz um exame
de sangue. Não queria que ficasse
preocupado.
– O que você tem? – ele
acariciou meus cabelos e meu
rosto. – Me diga, Pimentinha –
beijou de leve meus lábios,
preocupado.
– Um mini leãozinho – disse de
uma vez. Peguei a mão dele e levei
à minha barriga. – Aqui.
Bruno arregalou ao olhos e
olhou incrédulo para onde sua mão
estava.
– Eu consegui... – ele sussurrou,
num fiapo de voz. – Você... eu...
vamos ter um bebê! – lágrimas
escorreram dos olhos dele, que se
fixaram nos meus.
– Uhum – eu estava sem
palavras diante da emoção
estampada no rosto dele. – Um
filhote de leão – sorri, chorando
também.
– Ah, Pimentinha... eu te amo
tanto – sua mão subiu para meus
cabelos e segurou meu rosto,
enquanto sua boca se apossava da
minha. – Um filho... – voltou a me
beijar. – Sou o homem mais feliz na
face da terra! – ele gritou e me
puxou para cima dele, rindo.
– Também te amo, meu
Leãozinho. E também amo essa
coisinha minúscula que já está me
dando algum trabalho.
– Um médico. Você precisa de
um médico, Anne! Seus miomas...
eu tinha me esquecido disso – ele
ficou sério de repente.
– Não se preocupe. Guilherme
ficou de marcar um ginecologista
para mim ainda hoje; segundo ele,
um bom que saiba o que faz.
– Claro, o Guilherme. Se ele não
fosse um irmão pra mim, e se eu
não soubesse o quanto ele ama Ella,
eu ficaria muito possesso com essa
intimidade toda de vocês.
– Bruno! Não é assim... – contei
a história toda, o que Guilherme
havia me dito pela manhã e tudo o
que havia acontecido.
– Entendi. Bem, então, se é
assim, menos mal. Tenho que
agradecer à Jess e ao Guilherme.
Mas venha aqui, Pimentinha –
voltou a me deitar na cama e
levantou minha blusa, expondo
minha barriga. – Você aí dentro.
Não judie de sua mãezinha, viu.
Cresça forte e não se preocupe com
nada. Papai está aqui para proteger
você – beijou minha barriga,
fazendo com que eu chorasse ainda
mais, emocionada. – E você
também. Vou proteger você de tudo.
Vou te cuidar, te amar e proteger,
todos os dias. Vocês dois – deitou a
cabeça em minha barriga e
acariciei seus cabelos.
Puxei minha bolsa que estava
quase caindo da cama e peguei o
pacote.
– Aqui. Comprei isso mais cedo
– ele abriu o pacote e riu. O
sapatinho de bebê tinha a carinha
de um leãozinho na ponta, em
couro. – Não pude deixar de
comprar.
– É lindo. Já te vejo andando
pela nossa casa, grávida, nosso
filho se mexendo aqui dentro –
voltou a se deitar em minha barriga
e ficou acariciando. – Vou ser o pai
mais babão do mundo!
– E eu a mulher mais sortuda do
mundo, tendo o homem mais
carinhoso do universo.

Uma batida na porta e um cheiro


delicioso me despertaram. Abri os
olhos e vi Guilherme com uma
bandeja enorme de comida ao meu
lado.
– Trouxe o almoço de vocês.
– Já não era sem tempo. Eu estou
doido de fome!
Anne acordou também, ao ouvir
a conversa. Nos sentamos e
Guilherme puxou a mesinha para
perto de nós.
– Anne, pelo que eu acompanhei
de Jess e Pam, uma salada
temperada com limão pode
melhorar seu enjoo. Limão em tudo.
Era o que elas diziam. Chegavam a
chupar limão. Limão sozinho, limão
com sal, limão, limão... – disse
Guilherme.
Percebi que Anne olhou para
Guilherme e desviou o olhar, com
aquela carinha que ela fazia ao ver
um doce gostoso. Ela ficou com
vontade disso tudo que ele havia
falado. Eu teria que ficar atento às
suas mudanças, pois ela não era de
pedir as coisas e eu não deixaria
minha Anne passar vontade durante
sua gravidez.
Caralho, eu sou demais! Foi pá
e pum!
– Por que está com esse sorriso?
– Cara, eu vou ser pai! Isso é
motivo para eu nunca mais parar de
sorrir!
Guilherme sorriu também,
estendeu a mão para mim e fizemos
nosso comprimento.
– Parabéns, Brunão! Você vai
ser o melhor pai do mundo.
– Minha Pimentinha não poderia
ter me dado presente melhor na
vida! – a abracei com cuidado.
Afinal, ela tinha um bebezinho
dentro dela, lutando por um espaço
e pela vida. Eu teria uma conversa
séria com o médico sobre tudo!
Minha Anne deu um sorriso tímido.
– E vocês? Como estão indo?
– Aguardando. Essa espera é de
matar.
– Vai dar tudo certo.
– Guilherme, sobre o médico.
Você chegou a marcar?
– Ah, sim. Te encaixaram hoje a
tarde, às 16h.
– Eu vou junto! Não quero saber
se estou internado ou não – fechei a
cara e cruzei os braços, me
recostando na cama.
– Fica frio. Eu venho buscar
vocês. Até porque já vão fazer uma
ecografia lá mesmo, para ver como
estão os miomas e o bebê – apontou
para Anne. – Fique com a bexiga
cheia. Uma das vantagens de
trabalharmos no hospital é que
sempre tem alguém que te deve um
favor e, no nosso caso, que sempre
demos a vida nesse hospital então,
nem se fala – Guilherme riu.
– Sério que já vamos poder ver
o bebê hoje? – perguntei, já me
alegrando novamente.
– Brunão você está parecendo
uma criança no dia do aniversário!
– Guilherme riu de mim.
– Aniversário nada, pra mim é
como o Natal! – abracei Anne
novamente e beijei seus cabelos.
–Bem, vamos comer. Obrigado,
Gui. Pela comida, pela consulta,
por tudo.
– Até mais tarde então. Aqui é o
resultado do seu exame impresso –
ele entregou para Anne em um
envelope. – Não esqueça de levar
junto, na consulta.
Deu um adeus com a mão e saiu
do quarto, nos deixando com a
comida. Coloquei um pouco de tudo
no garfo.
– Abra a boca, Pimentinha.
Vamos alimentar vocês dois
primeiro.
Ela obedeceu, mas não comeu
muito.
– Desculpa, Bruno. Acho que
vou ficar só na salada mesmo– fez
uma carinha que, juro por Deus, eu
queria colocá-la em meu colo e
niná-la. Acariciei seu rosto.
– Hoje conversaremos com o
médico sobre esse seu mal estar.
Você não vai poder ficar sem se
alimentar direito.
– Não se preocupe, amor. Tudo
vai dar certo. Você vai ver.
Assenti com a cabeça e observei
ela comer toda a salada. Acho que
Guilherme tinha razão sobre o
limão. Comi tudo o que tinha na
bandeja e me senti muito bem. Um
tanto sonolento, mas bem.
Anne bocejou ao meu lado.
Afastei a mesinha da cama, apaguei
as luzes do quarto, pelo painel ao
lado da cama e a puxei para meus
braços. Coloquei o despertador do
celular para às 15h e deixei o sono
me levar.

Um pigarrear me tirou do mundo


dos sonhos. Sheila estava ao lado
da cama.
– Sei que ele é mandão, mas
você não pode ficar na cama com
ele – ela disse baixinho, mas séria.
– Ok – fui me levantar, mas os
braços de Bruno me apertaram a
ele.
Abriu os olhos e olhou em volta.
– Onde você vai? – perguntou
sonolento.
– A Sheila vai cuidar de você.
Fazer tudo aquilo, estou só abrindo
espaço – disse, colocando as
pernas para fora da cama.
Ele olhou para Sheila e sorriu.
Aquele sorriso que desarmava
qualquer mulher. E realmente não
foi diferente com ela.
– Ah, Sheila, vem aqui pelo
outro lado. Minha Pimentinha está
meio ruim do estômago, deixe ela
aqui, deitadinha comigo.
– Está doente? – Sheila
perguntou, colocando a mão em
minha testa.
– Desde quando gravidez é
doença? – Bruno contou, feliz da
vida, me puxando de volta para ele.
– Uau! Parabéns! Se é assim,
está bem, pode continuar deitada.
Sheila pareceu realmente feliz
com a notícia. Ou com o sorriso
matador que ele deu para ela. Mas,
seja lá qual fosse o motivo, o bom
foi que ela esqueceu sobre me tirar
da cama.
– Bruno, você não teve mais
febre, mas, mesmo assim, terá que
fazer o tratamento completo, você
sabe. Não tire o acesso. Vou dar
outra dose do antibiótico agora e
por mais duas vezes, fechando as
24h. Sua prescrição é para começar
com o antibiótico oral por mais 6
dias. Novamente, eu sei que você já
sabe de tudo isso, mas se você não
tomar direito, na hora certa, a
infecção volta e você não vai sair
daqui até ficar curado. Nós temos
mania de achar que nada pode
acontecer conosco, pois sabemos
como cuidar... – ela meneou com a
cabeça, deixando a frase
incompleta, injetando o remédio no
acesso do soro.
Com certeza, pela cara dela, ela
já tinha cometido esse erro.
Percebendo que eu a observava, ela
sorriu para mim, mas um sorriso
triste, o que só confirmou minha
suspeita.
– Pode deixar, Sheila. Prometo
fazer ele tomar direitinho.
Seu sorriso ficou melhor, mais
alegrinho e então ela se foi. Mas
não tivemos muito sossego, meu
celular despertou e Bruno o
desligou. Logo em seguida
Guilherme bateu na porta e entrou.
– E aí? Como estamos?
Rimos e ele entregou algumas
roupas para Bruno. Desconectou o
soro do acesso, fechando-o.
– Vá lá, trocar de roupa. Quando
você voltar, recolocamos o soro.
– Todo mundo preocupado com
essa coisa. Ele acabou de tomar
uma bronca da Sheila, por ter tirado
antes.
– Tirei por um bom motivo – ele
se agigantou por cima de mim e me
beijou com vontade.
– Ei ei! Parou com a saliência.
Vá se trocar – Guilherme o
apressou, batendo palmas.
– Certo, tô indo...
Bruno fez que ia sair e voltou,
dando um beijo rápido em minha
barriga. Saiu pulando da cama e foi
andando com a bunda à mostra até o
banheiro.
–Ele é assim mesmo. Parece que
não sente dor. Se fosse, qualquer
outra pessoa estaria mancando.
Incrível! – Guilherme comentou.
Esse era meu homem, o pai do
meu filho. Um leão em todos os
sentidos.
Capítulo 23

Fomos caminhando pelo


corredor; eu, ladeada por Bruno e
Guilherme, me sentia uma
formiguinha. Eles eram altos pra
caramba!
Bruno não me largou, o tempo
todo com o braço sobre meu ombro.
As enfermeiras me olhavam de um
jeito estranho... com certeza eram
as que ele já havia pego. Ah,
queridinhas... a mamata acabou.
Ele tem dona! Ri do meu
pensamento possessivo.
– Tá feliz, Pimentinha?
– Demais– me abracei a ele.
– Logo logo vamos ver nosso
filhotinho.
– Ele não deve passar de uma
bolinha na tela. É muito pouco
tempo.
– Mas, mesmo assim, será nossa
bolinha.
Ele era todo sorriso e isso era
muito bom. Meu medo todo,
completamente infundado, graças a
Deus. Pegamos o elevador e
chegamos ao andar do consultório
do Guilherme e chegamos ao setor
de ginecologia e obstetrícia.
– Esperem aqui, vou dizer que
chegamos. –Guilherme foi até a
recepção.
–Podem entrar. Dr. César os
atenderá – A recepcionista me
entregou uma ficha e um cartão da
gestante.
– Fique tranquila, Pimentinha.
Dr. César é o cara. Já instrumentei
muitos partos com ele – Bruno
sussurrou para mim e apertou minha
mão. Eu estava suando e nem tinha
percebido.
– Meu medo são os miomas.
– Não se preocupe. Daremos um
jeito em tudo – beijou meus cabelos
e se levantou, me levando com ele.
– Vou esperar vocês aqui –
Guilherme sentou-se e pegou uma
revista.
– Já voltamos.
Bruno então bateu na porta e a
abriu.
– Olha só! De instrumentador e
parte da equipe a papai! – Dr.
César brincou com Bruno.
– Existe uma primeira vez para
tudo!
Bruno puxou a cadeira para mim
e sentou-se ao meu lado.
– Sou César, ginecologista e
obstetra há mais de 20 anos. Me
conte, qual foi o dia da sua última
menstruação? – ele foi me enchendo
de perguntas e anotando tudo na
ficha. – E Guilherme havia dito que
você tem alguns miomas – contei
tudo o que a outra médica havia me
dito. – Vamos até a outra sala e
teremos a dimensão real do
problema. Por aqui – ele se
levantou e abriu a porta lateral. –
Tire tudo da cintura para baixo,
deite-se na maca e cubra-se com
esse lençol. Eu já venho. Fiquem à
vontade.
Me entregou o lençol e fiz o que
ele ordenou.
– Hum, você assim me dá ideias.
Ri da cara de tarado que ele fez.
– Contenha-se – entreguei o
lençol para ele me cobrir.
Ele estendeu por cima de mim e
o médico entrou. Me posicionou,
colocando minhas pernas sobre os
suportes de ferro nas laterais da
maca.
– Vamos fazer uma ecografia
transvaginal. Respire fundo e relaxe
– com cuidado, ele introduziu a
ponta do instrumento em mim.
Logo qualquer desconforto foi
esquecido, pois a tela à nossa frente
ganhou vida.
Três bolas grandes e uma
bolinha pequena, diferente das
maiores.
– Aqui estão seus miomas – ele
marcou e mediu as bolas maiores.
Deu um zoom na bolinha menor. – E
aqui, o bebê.
Olhei para Bruno, que olhava a
tela com atenção e com um sorriso
enorme. Ele estava imensamente
feliz.
– Doutor, e os miomas com o
bebê?
– Por enquanto, não teremos
problemas. O saco gestacional está
bem implantado – ele circulou com
o mouse para que eu pudesse
entender e ver o que ele estava
falando. – Mais para o meio da
gravidez o cuidado deverá ser
maior e as ecografias mais
frequentes. Por enquanto, vida
normal, mas sem exageros.
Ele fez mais algumas medições e
retirou a coisa de dentro de mim.
Suspirei aliviada. Aquilo era uma
tortura! Ele ficava virando e
enfiando aquela coisa em mim e,
ainda por cima, eu estava louca
para fazer xixi. Mas tudo pelo meu
filhotinho!
– Limpe-se e pode se vestir.
Quando estiver pronta, venha para
minha sala.
– Pimentinha, importa-se se eu ir
antes para perguntar uma coisa pra
ele?
– Não, pode ir. Eu termino aqui
– sorri e ele saiu.
Corri para o banheiro.

– Dr. César, em todos esses anos


como enfermeiro, eu já vi muitas
ecografias. Tem alguma coisa
diferente no saco gestacional. Não
está normal. Parece ser...
– Pois é – ele me interrompeu. –
Eu vi isso, mas não podemos dar
uma notícia dessas para uma mãe
sem poder confirmar, ainda mais
uma mãe com miomas. Vamos
confirmar isso na próxima
ecografia, daqui a quatro semanas.
– Pelo amor de Deus, me diga
que vi coisas.
– Não, você não viu coisas.
Mas, como eu disse, só poderemos
confirmar na próxima ecografia. Se
dermos uma notícia dessas, ela
pode ter problemas de pressão, que
acarretaria em muitos problemas.
Vamos com calma. Mas se prepare,
pois o que você pensou, pode
realmente ser verdade. Por hora, se
realmente for o que pensamos, não
mudará em nada o quadro clínico
dela.
– Certo – passei as mãos pelos
cabelos. – E o sexo? Alguma
restrição?
– Ah, quanto a isso nenhuma.
Está liberado. Quando e se
houverem restrições, eu te digo.
Ela entrou na sala sorrindo.
– Então, mamãe, vou te passar
uma receita de vitaminas e ácido
fólico, essenciais para o primeiro
trimestre e alguns exames de rotina.
Entregou as receitas a ela e se
levantou.
– Bem, é isso. Aqui a foto do
bebê. Assim que tiverem os
resultados dos exames, retornem.
Boa sorte a vocês e parabéns!
Nos levantamos e nos
despedimos, pegando a foto.
Ao sairmos, Guilherme levantou
e veio até nós.
– E aí?
– Tudo certo. Olha a foto do seu
afilhado! – falei e coloquei Anne na
minha frente, abraçando-a.
Quando ele pegou a foto,
arregalou os olhos e fiz sinal para
que ele não dissesse nada.
– Parabéns! As mulheres tinham
razão mesmo! – ele nos abraçou,
deu um beijo em Anne. –Cara,
superparabéns! E obrigado por me
fazer padrinho do seu filho! Nem
sei o que dizer!
– Você é meu melhor amigo,
sabe disso. Ninguém melhor do que
você pra isso.
– Sei que te conheço há pouco
tempo, mas o apoio que tem nos
dado está sendo demais. Fico muito
feliz que você aceite – Anne
confirmou.
– Ah, Pimentinha, desculpa, nem
falei com você e já fui chamando...
– Não se desculpe. Não tem
ninguém melhor do que Guilherme
para ser o padrinho do nosso
filhotinho.
O sorriso dela me contagiou. A
preocupação, pelo que a ecografia
poderia estar mostrando, foi
esquecida. Mas não por muito
tempo.
Capítulo 24

Sheila não se importou mais com


o fato de dormirmos na mesma
cama. Agora ela até cuidava de
mim também, preocupada se eu
estava enjoada ou qualquer outra
coisa.
Depois da consulta com o
médico, Bruno se mostrou o homem
mais cuidadoso do mundo comigo e
não cansava de acariciar minha
barriga. Dizia que me amava a cada
dez minutos! Os remédios que eram
ministrados no soro davam muito
sono e ele agora estava
adormecido, abraçado a mim, com
a mão sobre a minha barriga. E eu
com medo da reação dele... Pelo
jeito, ele seria um ótimo pai para
meu bebê. Nosso bebê.
Tudo estava acontecendo rápido
demais... Tivemos dias
maravilhosos juntos, mas agora,
pensando bem, eu fui muito
imprudente. Ele poderia ter me
usado, descartado como todas as
outras que vieram antes de mim e
hoje eu estaria em casa, grávida e
sozinha. Se isso tivesse acontecido,
eu estaria em maus lençóis. Por
sorte, ele me amava e me queria
com ele, assim como ao nosso filho
que, mesmo sendo uma bolinha
meio disforme e que mais parecia
um monte de bolinhas juntas, já era
muito amado.
Se há um mês atrás alguém me
dissesse que eu estaria namorando
e grávida em tão pouco tempo, eu
provavelmente riria na cara da
pessoa. Mas agora, aqui deitada
nos braços do meu homem, eu me
sentia a mulher mais feliz e
realizada do mundo. Como a vida
da gente é imprevisível!
Fiquei acariciando seus cabelos
e logo já era hora da Sheila aplicar
a última dose do antibiótico.
Quando ela saiu, me deixei
adormecer também.
– Pimentinha, acorda. Está na
hora de irmos – Bruno sussurrou e
abri os olhos.
No sofá-cama, Rick e Guilherme
estavam sentados, esperando
pacientemente. Sorri para eles, que
me deram bom dia. Levantei, usei o
banheiro, lavei as mãos, o rosto e
escovei os dentes. O gosto do
creme dental me embrulhou o
estômago e tive que correr para o
vaso sanitário.
Enquanto eu deixava um pouco
de mim ali, a porta do banheiro foi
arrombada e Bruno entrou
correndo, vindo direto para mim,
segurando meus cabelos e
colocando a mão em minha testa.
– Calma, meu amor, já vai
passar. Respire – ele sussurrou
para mim.
Fiz o que ele disse e respirei
fundo. Aos poucos, aquela sensação
passou e me levantei.
– Você está melhor?
– Uhum – fui até a pia, lavei a
boca com antisséptico. – Porcaria
de creme dental.
–Isso é normal, Pimentinha.
Muitas mulheres passam mal até o
terceiro mês de gravidez, ainda
mais ao escovar os dentes. Vamos
ter que ir testando os cremes
dentais para ver qual não te causa
enjoos – acariciou minhas costas. –
Quer tomar uma ducha? Ajuda a
melhorar também.
– Bruno, você arrebentou a
porta! Como vou tomar banho? –
sorri para ele.
– Mando eles esperarem do lado
de fora e cuido para que ninguém
mais entre enquanto isso – olhou em
meus olhos, colocando meus
cabelos atrás da orelha.
– Ok – peguei uma mexa do meu
cabelo. – Eca, preciso mesmo de
um banho.
Dessa vez, foi ele quem riu de
mim.
– Espere um pouco então, vou
me livrar daqueles dois ali e já
volto. Vou te dar um banho bem
gostoso.
Ah! Aquela cara... Meu corpo se
acendeu e fiquei ali parada,
esperando, a ansiedade e
antecipação me corroendo. Os
banhos do meu leãozinho nunca
eram simples banhos...
Ouvi a porta do quarto fechando
e ele apareceu na porta, seu corpo
enorme tomando o espaço. Ficou
ali parado, me olhando com fome.
Engoli em seco e senti meu corpo
umedecendo e se preparando para
ele.
Ele sorriu e relaxou. Tirou a
camiseta que vestia e colocou sobre
a pia.
– Vamos ao seu banho… – andou
em minha direção e começou a tirar
minha roupa. Fiquei parada
deixando que ele me despisse,
como ele gostava. Quando me
deixou nua, abriu o chuveiro,
retirou o restante de sua roupa e
entrou comigo. Lavou meus cabelos
e ensaboou meu corpo com
cuidado.
– Olha o que você faz comigo.
Me deixa louco com esse corpo
gostoso – me encostou na parede e
me beijou, esfregando seu pau duro
em mim.
Gemi de tesão em sua boca,
quando ele se abaixou um pouco, se
aninhando entre minhas pernas e
ficou roçando em minha umidade.
– Ah, minha Anne... eu queria
tanto te comer aqui e agora. Mas
vou ficar na vontade, temos que ir.
– Só um pouquinho, Leãozinho.
Me deixe te sentir dentro de mim só
um pouquinho... – eu estava
tremendo de tanta vontade.
– Se eu me meter no seu calor,
não vou conseguir parar.
Ele sussurrava entre beijos, mas
não parava de se roçar entre minhas
pernas.
– Por favor, só um pouquinho...
Eu quero você dentro de mim... –
sussurrei em seu ouvido, lambi e
mordi.
Ele estremeceu e, com um
gemido, me levantou e me agarrei
em seu pescoço, seu pau
escorregando para dentro de mim.
Ele me preencheu de uma maneira e
foi tão fundo que tive que morder
seu ombro, para conter o grito que
escapou de mim. Senti o orgasmo
me tomando e meu corpo todo
estremeceu, enquanto eu o
ordenhava.
– Ah, Pimentinha... Anne... eu...
ahh! – sussurrou e senti seu gozo
quente me preenchendo e
escorrendo pela minha bunda. – Só
você para me fazer perder o
controle tão rápido. Você me tira do
sério...
Sorri, satisfeita, beijando-o onde
eu alcançava.
– Você é meu afrodisíaco, basta
um olhar e já me tem pronta – dei
um beijo em sua boca. –Vamos
logo, antes que eles decidam entrar
e ver porque estamos demorando
tanto.
– Não são nem loucos de entrar
aqui. Arranco os olhos dos dois se
fizerem uma coisa dessas.
Entrou comigo novamente
embaixo da água, me colocando no
chão e em pouco tempo estávamos
prontos para ir embora.
Dei uma última verificada no
quarto, para ver se não estávamos
esquecendo nada e saímos.
– Está melhor, Anne? – Rick
perguntou , assim que me viu.
–Estou sim, obrigada – senti
minhas bochechas esquentando.
– Ei, não fique envergonhada
por passar mal. Você está grávida, e
isso é supernormal – Guilherme
disse, sorrindo.
Ah, se eles soubessem que o
meu vermelhão era por ter dado
uma rapidinha no banheiro enquanto
os dois esperavam aqui fora...
Capítulo 25

Rick parou o carro em frente a


um prédio lindo e acionou o
controle para entrar na garagem.
Fiquei olhando admirada para a
fachada. Uau! Logo entrou e
estacionou. Descemos do carro e
Bruno pegou minha mão.
– Seja bem-vinda ao seu novo
lar. Agora sim, pela primeira vez,
eu posso chamar minha casa de lar,
um lugar onde vou ter e cuidar da
minha família, minha mulher linda e
meu filhotinho –me abraçou e
beijou meus cabelos.
Fiquei com os olhos cheios de
lágrimas, mas não choraria assim,
com o Rick ali. De fiasco, bastava
eu ter vomitado as tripas com os
dois no quarto.
Me abracei a ele e dei um beijo
em seu peito. Senti ele estremecer
e, quando o olhei, ele estava com
os olhos marejados também.
– Te amo. Muito – ele se
abaixou e beijou meus lábios de
leve.
– O elevador chegou. Vamos? –
Rick falou e sua voz estava meio
embargada. Ele deveria ter ouvido
o que Bruno disse e estava
emocionado também.
Entramos no elevador e Bruno
me puxou para ele, me colocando à
sua frente e me abraçando. Senti
seu pau duro em minhas costas,
pressionando de leve, e estremeci.
Caramba, tínhamos transado no
banho há menos de meia hora atrás
e eu já estava com esse fogo
novamente? Olhei para Rick, que
estava à nossa frente, alheio a tudo,
olhando para a porta do elevador.
Logo a porta se abriu e Rick se
adiantou, caminhando à nossa frente
e, abrindo a porta do apartamento,
entrou.
– A casa é toda sua. Entre –
Bruno disse e estendeu a mão,
teatralmente. – É casa de macho,
mas você pode mudar o que quiser
– ele riu, entrando atrás de mim e
fechando a porta.
Eu olhava para tudo,
impressionada. Era lindo e
realmente era um apartamento de
macho. Sala enorme com uma
televisão maior ainda, mas muito
bem decorado.
– Brunão, abastecemos a
geladeira e os armários, seus
remédios estão aqui, junto com a
receita. Vou deixar meu carro com
você até sair o lance do seguro.
Seus itens pessoais, que estavam no
carro, estão todos no seu quarto.
Cida vai dar uma geral aqui pra
você. Dia sim, dia não, ela passa
por aqui e sem reclamações – Rick
foi falando e Bruno sorriu.
– Obrigado por tudo, cara.
Assim que estivermos prontos,
vamos dar a notícia da gravidez
pessoalmente para todos.
– Sossega e se cuida. Não
vamos falar nada – Rick deu um
tapinha nas costas de Bruno, um
beijinho na minha bochecha e, se
despedindo, foi embora.
– Bruno, como ele vai embora,
se deixou o carro aqui? – perguntei.
– Ele pega um táxi. Fazemos
isso sempre que um precisa do
outro. Quer conhecer o restante?
Bruno me pegou pela mão e foi
me mostrando a cozinha, apontou a
área de serviço, mas disse que eu
não chegaria nem perto de lá,
portanto, não precisava conhecer.
Me levou para a sala novamente e
me mostrou a sacada, e assim foi
indo pelos vários cômodos do
apartamento até chegarmos próximo
a uma porta fechada.
– E aqui é onde vou te levar às
estrelas, qualquer hora do dia ou da
noite.
Abriu a porta e perdi o fôlego.
Seu quarto era enorme, uma cama
king size dominava o quarto, a
decoração sóbria, mas como tudo
no apartamento de muito bom gosto.
Sobre a recamier, tinha uma
bandeja com morangos, duas taças
e um balde onde só a ponta da
garrafa com a rolha estava
aparente, coberta por um
guardanapo de pano. Um bilhete
estava ao lado.

" Para um bom início, nada


melhor do que champanhe e
morangos. Mas, como sabemos que
a mamãe não pode tomar nada
alcoólico, fizemos um ajuste.
Desejamos tudo de melhor para
vocês.
Bom retorno, parabéns pela
família e pelo novo membro que
logo chegará.
De todos nós."

Retiramos o guardanapo e ali no


balde estava uma champanhe sem
álcool, dessas para crianças. Rimos
e Bruno pegou a garrafa, abrindo
teatralmente. Coloquei a taça
embaixo para que não pingasse no
chão e ele encheu as duas.
Brindamos e ele me olhou,
supersério.
– Anne. Vem aqui – fez com que
colocasse minha taça junto com a
dele na bandeja e que me sentasse
na cama, sentando-se ao meu lado.
–Nossa vida agora tomou outro
rumo, com nosso filhotinho a
caminho. Eu quero vocês comigo,
para sempre. Não quero que você
vá embora quando acabarem suas
férias – ele se levantou e foi até
onde estava a sacola com as coisas
que estavam no seu carro. Mexeu lá
dentro, pegou alguma coisa e voltou
a se sentar ao meu lado. –Casa
comigo? – abriu a caixinha e
estendeu em minha direção.
Olhei abobalhada e emocionada
para o anel mais lindo que já tinha
visto em minha vida. Um lindo
coração brilhava, solitário, no anel
de ouro. Estiquei a mão para tocá-
lo, Bruno segurou-a e colocou o
anel em meu dedo. Levou até a
boca e beijou o anel.
– Sim, sim, siiiiim! – pulei em
seu colo e o enchi de beijos.
Ele riu e retribuiu meus beijos
com um de tirar o fôlego.
– Vamos buscar todas as suas
coisas. Pode mudar o que quiser
aqui. Quero que se sinta em casa.
Olhei para a cama em que
estávamos deitados agora.
– Quantas mulheres você já
trouxe pra essa cama?
Ele riu e seus olhos dançaram
nos meus. Não achei graça nenhuma
naquilo e fechei a cara, já tentando
me desvencilhar de seus braços e
me levantar.
– Calma, Pimentinha. Uma ou
duas só.
– Só? – respondi muito brava
com sua cara de pau, rindo de mim.
– Sim. Só. Se nosso filhotinho
for uma filhotinha, então serão
duas, se for um filhotinho, então é
só uma.
Minha braveza se esvaiu na hora
em que entendi sua brincadeira e o
riso todo. Ele me puxou para cima
dele e bati onde deu, distribuindo
tapas e rindo junto.
– Isso não se faz, não pode
brincar assim comigo. Até parece
que não me conhece.
– Desculpa, amor, eu não resisti.
Nunca trouxe uma mulher pra minha
cama.
– Então teremos que trocar o
sofá, a mesa, as bancadas da
cozinha, redecorar os banheiros... –
brinquei com ele.
– O sofá sim, agora o resto não.
Ninguém nunca passou do sofá.
– Eu estava brincando, mas
gostei de saber que você era assim.
Que preservava sua privacidade,
mesmo não precisando.
– Você sabe, Pimentinha, que
quando eu queria alguma coisa ia
atrás, em clubes, essas coisas.
Nunca escondi isso de você.
– Eu sei – beijei sua boca,
calando-o.
Eu não precisava lembrar das
centenas de mulheres que ele já
havia tido. E ele, com todo o
carinho, me fez esquecer de tudo
aquilo. Com beijos, carícias e
palavras sacanas sussurradas em
meu ouvido, sua barba por fazer
roçando minha pele...

Os dias passaram e a rotina com


meu Leãozinho era uma delícia.
Passeávamos, saíamos para jantar
ou simplesmente ficávamos
assistindo a um filme, deitados no
sofá. Quando eu estava distraída,
ele chegava e me beijava a barriga.
Todos os dias pela manhã, ele me
dava bom dia e também para nosso
filhotinho.
O final de semana chegou e com
ele a nossa viagem para a praia. Às
onze da manhã, o celular de Bruno
tocou.
– Já estamos aqui embaixo –
Rick falou, mesmo antes do Bruno
dizer qualquer coisa.
– Ok, já estamos indo.
Bruno desligou, me abraçou
por trás e eu estremeci. A
expectativa de ir ao bar e conhecer
o outro lado dele, me deixava
arrepiada, e eu já me sentia
superexcitada. Me arrepiei
realmente quando senti tudo dentro
de mim se apertando e a umidade
me tomando.
– O que aconteceu, Pimentinha?
Está com medo? – ele sussurrou em
meu ouvido. Seu corpo pressionado
às minhas costas me tirava o juízo.
– Não...
– Está com frio? – perguntou,
mordendo a pontinha da minha
orelha.
– Não – sussurrei de volta e
estremeci novamente.
– Então, o que acontece? Por
que estremece desse jeito e está
toda arrepiada... – sua voz em meu
ouvido e sua boca em minha pele
estava me enlouquecendo.
– Tesão. Puro Tesão... – virei a
cabeça e sua boca caiu sobre a
minha.
– Eu também estou assim. Louco
para que a noite chegue para te
levar ao nosso quarto –para dar
maior veracidade às suas palavras,
ele se esfregou em minha bunda e
não contive um gemido. – Guarde
esse fogo todo para mim, mais
tarde.
Peguei sua mão e a coloquei
entre minhas pernas.
– Só em pensar, eu já estou
assim.
– Vai ser uma tortura viajar por
horas pensando nessa boceta
gostosa toda molhadinha pra mim.
Ele abriu o botão da minha
calça, enfiou a mão por dentro e
afundou os dedos em mim. Amoleci
e me recostei em seu peito, o fogo
me consumindo. Gemi baixinho e
me apertei sobre seus dedos.
– Tão pronta... tão gostosa... tão
cheirosa... – sua boca escorregava
pelo meu pescoço e seus dedos não
davam trégua em minha carne
molhada.
– Leãozinho... Eles estão
esperando... – sussurrei sem forças,
rebolando em seus dedos.
– Depois eu dou uma desculpa,
agora vou te comer, Pimentinha.
Gemi alto quando ele puxou
minha calça para baixo e me
debruçou sobre o encosto do sofá.
Em segundos, senti a cabeça
acetinada de seu pau explorando
minhas dobras e gritei de prazer
quando ele se meteu todo de uma
vez, bem fundo em mim. O ritmo, a
força de suas estocadas e as
carícias em meus seios estavam me
deixando louca, mas perdi o
controle quando ele agarrou meus
cabelos e me puxou para ele, sua
boca na minha e um tapa gostoso
que estalou na minha bunda me
fizeram gozar alucinadamente. As
contrações do meu orgasmo
puxaram o dele, que gemeu meu
nome, mordendo meu ombro de
leve.
– Eu amo você, minha
Pimentinha.
– E eu amo você também, meu
Senhor – não resisti, depois
daquela pequena demonstração do
que seria a noite.
Outro tapa estalou na minha
bunda e ele riu.
Depois de uma passada no
banheiro para nos limparmos,
Bruno pegou nossa mala e
descemos. Quando saímos com o
carro, eles estavam parados do
lado de fora dos deles, esperando.
– Caralho, que demora! Achei
que teríamos que subir para pegar
vocês dois – Theo reclamou quando
nos viu.
– Sabe como é mulher grávida –
escutei Bruno dizendo e senti
minhas bochechas queimarem. Ele
saiu do carro e saí também, indo até
eles.
– Ah, eu sei bem. Não tem hora
para passar mal. Um cheiro
diferente já embrulha o estômago
da gente, né? – Pam, que estava ao
lado de Theo, falou e me deu um
beijo no rosto.
– Pois é. Uma hora eu me
acostumo com isso – ah, se eles
soubessem...
Demos oi para todos e voltamos
para o carro, seguindo viagem.

– Mãe, chegamos! – Theo gritou


e abriu a porta para que nós
entrássemos.
– Aqui na cozinha – escutamos a
mãe do Theo dizer.
Entramos todos na cozinha
ampla e a senhora estava ao fogão,
mexendo um doce. O cheiro me
tomou e, em vez de me embrulhar o
estômago, me fez salivar. Humm.
– Que cheiro bom, mãe! – Ella
disse e foi abraçar a mãe.
– Desculpem por eu não os
receber na porta, mas brigadeiro
tem que mexer o tempo todo, senão
desanda – dona Sirley se desculpou
com um sorriso. – Meus netinhos
lindos. Dormindo como anjinhos.
Filho, coloque-os lá na cama; você
também, Theo, coloque a
pequeninha na sua cama, já deixei
arrumado com cobertores, para ela
não cair.
Todos passamos por ela, dando
um beijinho, e eles foram colocar
as crianças na cama.
Meu Deus, que cheiro delicioso!
Minha vontade era de pegar uma
colher e encher de brigadeiro ainda
quente, ir soprando e comendo
pelas bordinhas... ou então... Olhei
para Bruno e ele entendeu na hora o
que eu queria. Sorriu para mim e
me pegou pela mão, me puxando
novamente para o lado dela.
– Você sabe que te tenho como
minha mãe, né? – Bruno disse a ela,
me abraçando por trás e colocando
o queixo sobre minha cabeça, como
sempre fazia, segurando minhas
mãos e acariciando.
– Claro, meu filho! – ela olhou
para Bruno. – Ai, essa carinha, me
diga logo o que você está
aprontando.
Rick, Jess e Theo voltaram e se
sentaram à mesa. Ele então levantou
minha mão e mostrou para ela.
– Em breve, teremos mais um
casamento – ele disse sorrindo.
A senhora desligou o fogo na
hora e largou a colher de pau com
que mexia o brigadeiro.
– Meu Deus, vai chover canivete
aberto! Nunca imaginei que esse
dia chegaria! – ela disse já com as
lágrimas rolando.
Nos abraçou e chorou como
criança, encostada ao ombro do
Bruno.
– E tem mais... – eu disse e ela
se afastou um pouco, olhando para
mim. – Vamos ter um filhotinho.
Bruno abraçou a senhora com
um braço e colocou a mão sobre
minha barriga, depositando um
beijo em meus cabelos.
– Vai ser vovó de novo.
Achei que a pobrezinha teria um
treco de tanto que chorava. Ouvi
umas fungadas e olhei para a mesa.
Todas as mulheres estavam
chorando e os homens olhavam
para seus sapatos, disfarçando a
emoção.
– Pois é, e tem alguém salivando
pelo seu brigadeiro – Bruno riu de
mim.
– Ah, minha filha, então tome
aqui. Grávida não pode passar
vontades. Vocês sabiam que na
gravidez do Theo eu fiquei com
vontade de comer torta de morango
e ele nasceu com uma manchinha
vermelha na nuca? Um moranguinho
perfeito – ela enxugou as lágrimas
em guardanapo de papel e pegou a
colher da panela, estendendo-a para
mim. – Trate de satisfazer todas as
vontades dela, por mais estranhas
que sejam – ela disse para Bruno,
com o dedo em riste.
– Pode deixar, vou cuidar bem
da minha Pimentinha.
– Cadê o papai? – Ella
perguntou; levantando-se, ela foi
até a geladeira e se serviu de água
gelada. – Alguém quer água?
Percebi o nervosismo de Ella. O
que será que estava acontecendo?
Olhei para Bruno. Eu amava essa
coisa que nós tínhamos, essa
comunicação muda, só por olhares.
“Eles estão tentando.” Ele
sussurrou em meu ouvido. Ah, tava
explicado!
Fui me sentar enquanto todos
conversavam e Bruno foi guardar
nossas coisas. Fiquei ali
saboreando meu brigadeiro e tive
um outro desejo devastador! Nossa,
eu estava virando uma
ninfomaníaca! Ri de mim mesma.
Eu hein!
À tarde, fomos todos passear na
praia, uma calmaria gostosa
sentindo a areia nos pés, ouvindo as
ondas quebrando na praia. Um
contraste absurdo com a agitação
que eu sentia por dentro, sabendo
que logo mais eu experimentaria o
lado dominador dele, o bar e tudo
mais. Olhava para as mulheres e
sentia nelas essa mesma energia,
essa coisa que parecia que
explodiria a qualquer momento.
Quando retornamos, Bruno foi
logo dizendo que eu precisava
descansar por causa da gravidez e
dos miomas. Aproveitei e fiz um
pedido.
– Rouba um pouco daquele
brigadeiro e traz para o quarto.
Quero comer brigadeiro com
banana.
– Banana? Vou ver se tem – ele
disse, enrugando a testa.
– Não, Leãozinho, não é uma
banana qualquer... é a sua – sorri
descaradamente. O observei passar
a mão pelo rosto e prender os
cabelos em um coque.
– Não me pressione, Anne. Já
estou a ponto de te roubar daqui e
te levar para nosso quarto no clube
antes da hora – voltei a sorrir
descaradamente e baixei o olhar.
Escutei quando ele puxou o ar entre
os dentes. – Vá se deitar. Eu já vou
e com o seu brigadeiro.
Ele estava no limite. Até sua
maneira de falar estava diferente.
Mais sério, mas duro. Sua postura
também estava diferente. Meu
Deus! Só de olhar para ele, eu tinha
a sensação de que logo entraria em
combustão espontânea.
Fiz o que ele mandou e fui me
deitar. Eu realmente estava cansada
e acabei adormecendo sem
perceber.
– Pimentinha... acorde... –
escutei a voz dele me chamando e
abri os olhos. Ele estava deitado ao
meu lado, passando os lábios pelo
meu rosto e pescoço. – Deixei você
dormir um pouco, mas estou louco
aqui te olhando, adormecida... seus
seios subindo e descendo conforme
você respirava... – seus dedos
passearam de leve por sobre meus
mamilos, fazendo-os virar dois
pontinhos duros. Sua língua
explorou a pele sensível do meu
pescoço e gemi baixinho. – Trouxe
o que me pediu.
Gemi mais alto quando seus
dedos apertaram de leve meu
mamilo. Meu fogo se alastrando por
todo meu corpo.
– Eu estava sonhando com isso –
me ajoelhei na cama e peguei o
potinho onde estava o brigadeiro e
a colher que estava ao lado.
Bruno estava só de boxer, seu
pau duro louco para escapar dali,
pulsava visivelmente.
Libertei-o e peguei um pouco do
doce na colher e coloquei sobre a
cabeça rosada.
– Brigaralho... ah... como eu
quero esse seu caralho gostoso na
minha boca...– Bruno gemeu e
segurou meus cabelos.
– Essa boca suja me deixa
doido. Fala mais do meu caralho,
fala.
Comecei a elogiar aquele pau
grosso e gostoso. Bruno apertou a
cabeça contra o travesseiro e
gemeu, quando eu dei uma lambida
contornando toda a ponta.
Lambuzei todo de brigadeiro e
chupei com vontade, levando-o
fundo em minha garganta. Eu estava
gulosa e queria mais dele.
Acariciei, pressionando de leve um
ponto um pouco abaixo de suas
bolas. Ele ficou tenso embaixo de
mim e gemeu novamente.
– Vou gozar, Pimentinha.–
sussurrou com aquela voz rouca e
tudo o que eu queria agora era
provar o sabor dele novamente.
Deixei ele sair da minha boca e ele
me olhou. Nossos olhos se
prenderam e lambi, contornando a
cabeça, pressionando logo abaixo
da glande com a língua e aumentei a
pressão de meus dedos. Ele abriu
um pouco mais os olhos e prendeu a
respiração por um momento, e eu
soube que ele não aguentaria muito
mais. Num movimento ágil, o engoli
todinho, sugando.
Seus dedos apertaram meus
cabelos e meu nome saiu de sua
boca, enquanto a minha era
inundada. Meu homem gostoso e
saboroso!
Um sorriso satisfeito surgiu em
meu rosto. Fui incapaz de contê-lo.
– Bom saber que eu consigo te
deixar tão satisfeita assim. Mas,
você sabe... uma hora é da caça,
outra do caçador. Me aguarde!
Ah... eu não via a hora...

Mais tarde, Bruno me entregou


um vestido e uma sacola com
sapato e roupa íntima.
– Pimentinha, agora você só vai
me ver na hora em que sairmos. Vá
se arrumar com as outras mulheres.
– ele me abraçou e começou a
arrastar o nariz pela minha pele,
seus lábios roçando de leve. – Eu
estou com fome de você, uma
vontade de te ter sob minhas mãos
que mal posso me conter –
pressionou seu corpo no meu e
mordeu meu lábio inferior.
Respirou fundo. – Vai lá. Não
demore muito.
Me deu um tapinha na bunda e
fui, muito contrariada, pois queria
ficar com ele, para junto das
meninas. Quando entrei no quarto,
elas estavam superanimadas, rindo
e se arrumando em frente ao
espelho.
– Anne, bem-vinda à nossa
loucura – Jess me cumprimentou
assim que entrei.
– Você já foi em algum lugar
parecido? – Ella me perguntou.
Neguei com a cabeça, meio
intimidada pela intimidade toda que
elas compartilhavam. Estavam de
calcinha e sutiã. Pam arrumando o
cabelo de Jess e Ella se maquiando
ao lado, e eu me sentia um peixinho
fora d’água.
– Fique à vontade. Cacete, eu
estou louca para voltar ao bar –
Pam falou.
– Está preparada? – Ella me
perguntou, sorrindo.
– Mais ou menos. Eu sei como é
e o que acontece lá, Bruno já me
falou muito do lugar, durante esse
tempo todo em que conversávamos.
– Então, acho que você não se
surpreenderá como eu, da primeira
vez em que Guilherme me levou lá
– Ella continuou e vi em seu rosto a
excitação, suas bochechas coraram
e as outras compartilharam do
sorriso safado dela.
– Você vai ver, quando
descermos, o que estará nos
esperando. É apenas um aperitivo.
Me lembro quando descemos da
primeira vez em que fomos todos
juntos. Quase enfartamos ao vê-los
daquele jeito.
– Pam, não conte – Ella riu e eu
me senti mais à vontade, rindo
também.
– Tá bem, vamos ao que
interessa. Bruno me entregou essa
roupa, não sei quando ele comprou
isso, mas...
– Menina, que coisa mais linda!
– Pam passou a mão pelo vestido
que eu tinha nas mãos.
Realmente, o vestido era lindo,
nude com um tecido rendado bem
trabalhado, num intrincado mais
fechado de desenhos que se
sobrepunham. Tirei a sacolinha da
lingerie e senti minhas bochechas
queimando. Um sutiã preto rendado,
calcinha fio dental, e uma parte
rendada com ligas, meias e um
sapato maravilhoso.
– Uau! Bruno vai enlouquecer
quando te ver nessa roupa! – Jess
comentou.
– Que nada, vai enlouquecer
quando tirar! – Pam caiu na
gargalhada e a acompanhamos no
riso. – Vá colocar a roupa e volte
aqui, vou arrumar seu cabelo e Ella
fará sua maquiagem.
Entrei no banheiro e respirei
fundo. Olhei novamente para as
peças de renda em minhas mãos.
Um arrepio de antecipação me
percorreu...
– Ei, Brunão – Rick me chamou.
– Se acalma, cara.
– Fácil falar. Você sabe que eu
nunca amei ninguém. Não consegui
dominá-la ainda, ela demonstra
tanto amor que eu só quero tê-la em
meus braços, acariciar e cuidar.
Quando estamos na cama, ela me
tira do sério. Me tira a
concentração – passei as mãos no
rosto e prendi os cabelos em um
coque. – Estou nervoso. Hoje vai
ser a nossa primeira vez.
– Brunão tá com medinho.
Relaxa, homem de Deus. Você faz
isso basicamente a vida toda.
Quando estiver no seu ambiente,
com tudo a favor, a coisa acontece.
Com a Pam foi assim também. Eu
estava uma pilha de nervos, mas
quando chegamos na frente da
porta, o instinto foi maior e foi a
melhor noite de todas.
Respirei fundo. Elas estavam
demorando para descer. Parei em
frente à janela e fiquei olhando o
mar, mas nem isso me acalmava. Eu
queria minha Pimentinha! Escutei
risos e olhei para trás e lá estava
ela, maravilhosa como eu imaginei
quando vi aquele vestido. Meu pau
ganhou vida e chegou a doer, preso
dentro da calça de couro. Que Deus
me ajudasse!
Cada um pegou sua mulher e eu
não consegui mexer minhas pernas,
apenas a olhando.
Ela sorriu e baixou o olhar.
Puta que pariu, ela era perfeita
para mim. Só fui capaz de estender
a mão para ela, que veio com
aquele jeito inocente e com as
bochechas em brasa.
– Pronta para ser minha,
realmente minha? – sussurrei.
– Sim, Senhor. Pronta para o que
meu Senhor quiser.
Engoli em seco.
– Vamos logo, estou criando
raízes aqui – falei alto o suficiente
para que todos ouvissem.
Saímos todos e, como sempre,
cada um foi em seu carro. Minutos
depois estávamos entrando no bar.
Os garçons me cumprimentavam,
assim como alguns frequentadores
mais assíduos.
Fomos para a pista. Theo tinha
razão. Eu já não me aguentava de
vontade de tê-la submetendo-se a
mim em nosso quarto.
Lean on – Major Lazer
começou a tocar e deixei que o
ritmo me embalasse, junto ao corpo
dela. Outras músicas se seguiram e,
quando mudou para o ritmo
hipnótico de The hills - The
weeknd, eu só conseguia pensar em
minha Pimentinha rebolando no meu
pau, seguindo as batidas da música.
Olhei para Rick, Guilherme e
Theo que entenderam meu sinal
mudo.
– Chegou a hora, minha Anne –
sussurrei em seu ouvido e mordi o
lóbulo. Ela estremeceu e seus olhos
se prenderam aos meus.
Seguimos para o caixa; pela
primeira vez, eu liderava a coisa
toda.
– Henrique, as chaves.
– Sim, senhor Riewe.
Estendi a mão e Henrique me
entregou as quatro chaves. Peguei a
Lilás e entreguei as outras para
Guilherme. A mão de Anne tremia
e ela se agarrava à minha.
– Pimentinha, hoje eu vou te
foder.
Em resposta, vi seus lábios
entreabrirem e dali saiu um gemido
rouco.
Sorri satisfeito.
Passei os dedos por suas costas
e a segurei pela nuca. Com um leve
impulso, ela começou a andar na
minha frente, eu a conduzindo para
a porta que dava acesso ao clube.
Os seguranças abriram para que nós
entrássemos e a levei direto à porta
de nosso quarto. No caminho, ela
olhava para tudo, mas não hesitou
em nenhum momento.
Quando chegamos em frente à
porta, a virei para mim. Senti meu
lado Dominador aflorar. Com um
toque em seu queixo, ela elevou a
cabeça e tomei sua boca. Meu
corpo pressionou o dela contra a
porta e ela se rendeu a mim. O
beijo foi selvagem, possessivo.
Minhas mãos percorreram suas
curvas e, naquele momento, ela era
minha para o que eu bem
entendesse.
Capítulo 26

Eu sentia uma necessidade


urgente de possuí-la, de tê-la se
entregando de corpo e alma.
Paramos e eu a virei para mim.
– Anne, quando cruzarmos essa
porta, você será minha no sentido
mais cru da palavra. Vou foder você
com força e de todas as maneiras
que eu quiser – seus olhos
brilharam e vi sua garganta mexer,
como que engolindo em seco. – A
qualquer momento, podemos parar
com tudo e ir embora, se você não
quiser basta dizer e tudo acaba.
Mas, se você quiser e aceitar cruzar
essa porta, eu não serei seu
Leãozinho, serei seu Senhor, Dono
de suas vontades – eu mal me
aguentava dentro das calças, meu
pau pulsava, louco de tesão,
querendo se enterrar no calor
gostoso daquele corpo suntuoso.
Com um último aviso, continuei. –
Vou submetê-la a mim e às minhas
vontades. Vou foder sua bocetinha
suculenta e comer seu cuzinho
gostoso e eu não serei gentil com
você.
Mal acabei de dizer as palavras
e pude sentir o cheiro de sua
excitação. Seus seios subiam e
desciam com sua respiração rápida.
Anne fechou os olhos e respirou
fundo, passando a língua pelos
lábios, umedecendo-os. Quando
retornou a abri-los, pude ver
estampado neles todo o seu tesão.
– Tudo o que mais quero é ser
sua menina, meu Senhor. Conhecer
o peso de suas mãos em minha pele,
e ser sua como nunca fui de
ninguém. Confio em meu Senhor,
cegamente. Quero satisfazer suas
vontades, seu prazer será o meu
prazer. Sou sua, faça de mim o que
quiser.
Um sorriso satisfeito e
convencido surgiu em meu rosto.
Enfiei a chave na fechadura e abri a
porta.
– Entre.

Virei de costas para ele e olhei


para dentro do quarto. Prendi a
respiração. O quarto estava na
penumbra e apenas a cama estava
iluminada, indiretamente. Senti uma
pressão de leve em minhas costas e
andei para dentro do quarto.
– Não se vire. Tire seu vestido e
a calcinha. Ajoelhe-se sobre a
almofada e mantenha a cabeça
baixa – sua voz dura e me dando
ordens mexeu com meu interior.
Senti uma excitação tão grande que
arfei, puxando o ar que parecia me
faltar.
Obedeci e coloquei a mão para
trás, descendo o zíper do meu
vestido lentamente, dando um
showzinho particular para ele.
Deixei o vestido cair ao chão e
passei os dedos pelo elástico da
calcinha, puxando-a para baixo, me
abaixando, empinando a bunda para
ele, que puxou o ar por entre os
dentes. Deixei a calcinha cair
dentro do vestido que formava uma
poça de tecido aos meus pés e fiz o
que ele ordenou e, de cabeça baixa,
me ajoelhei sobre a almofada roxa
que estava próxima aos pés da
cama.
De onde eu estava, só conseguia
ver os pés dele, descalços.
– Olhe para mim – ele disse
depois de alguns minutos.
Fui subindo lentamente o olhar
por suas pernas musculosas, que
estavam cobertas pela calça de
couro negra. Tudo dentro de mim se
apertou ao ver a protuberância de
seu pau dentro da calça, aquele
volume todo parecia que tinha vida
própria e pulsava visivelmente.
Levantei o olhar para ele.
Seu rosto estava duro, sério,
compenetrado. Um pouco cruel até,
o que o deixava ainda mais gostoso.
Eu queria me beliscar para ter
certeza de que aquilo tudo estava
acontecendo realmente.
Ele abriu a calça e libertou seu
pau, que apareceu empinado à
minha frente. Ele acariciou-se de
cima a baixo e senti minha boca se
encher d'água.
– Mãos nas costas. Não toque,
senão eu a amarrarei.
Obedeci e, nessa nova postura,
meus seios se empinaram ainda
mais. Senti o olhar dele queimando
minha pele.
– Abra a boca – ele ainda se
acariciava, indo da base à cabeça e
voltando. Então se aproximou e,
empunhando seu pau grosso,
encostou a ponta em meus lábios. –
Abra mais.
Abri mais e senti uma de suas
mãos segurando meus cabelos,
enquanto com a outra ele
pressionava seu pau contra meus
lábios e meus dentes. O olhei,
indefesa e ajoelhada aos seus pés,
com seu pau em minha boca e, numa
atitude atrevida, lambi a ponta
acetinada.
Sem aviso, ele pressionou minha
cabeça para a frente, me fazendo
abocanhar boa parte de seu
comprimento. Me segurou ali e
puxou minha cabeça para trás.
– Sugue.
Chupei seu pau com o maior
prazer, já esperando pelo momento
em que ele me seguraria novamente.
Ansiosamente.
Eu estava tão excitada por
aquela atitude dele, que sentia a
umidade escorrendo pelas pernas.
Ele ia e vinha, cada vez mais
rápido e mais fundo, até estar todo
metido em minha boca, e ai veio a
pressão de sua mão em minha
cabeça. A privação levou minha
excitação às alturas e sentia meu
íntimo pulsando. Seus olhos
demonstravam sua satisfação.
– Sua boca é tão macia, tão
quente! – a voz dele estava rouca e
então ele saiu completamente de
minha boca, me deixando respirar.
Puxando meus cabelos, ele me fez
olhá-lo. – Vou gozar em sua boca.
Jesus amado, como eu queria
sentir o gosto dele. Apenas abri a
boca e coloquei a língua para fora,
num pedido mudo. Com um gemido
torturado, ele enfiou o pau em
minha boca, continuando a
comandar meus movimentos. E
então, novamente ele segurou minha
cabeça, todo dentro, e senti seu
gozo em minha garganta, ao mesmo
tempo em que ele gemia alto.
Segurou-me de encontro a seu
corpo enquanto gozava, meu nariz
encostado em sua pele. Quando me
liberou, lutei pelo ar, senti meus
olhos marejados e engoli
repetidamente.
Dentro de mim, alguma coisa se
quebrou e eu não percebia mais
nada à minha volta, a não ser ele.
Meu mundo, minha realidade se
resumia a ele e senti lágrimas
escorrendo por meu rosto.
Ele me levantou e secou minhas
lágrimas com beijos. Foi descendo
os lábios pelo meu rosto e me
beijou a boca num beijo feroz,
selvagem, exigindo minha entrega.
Suas mãos desceram pelos meus
braços e ele prendeu minhas mãos
novamente às minhas costas,
passando alguma coisa em volta
dos meus pulsos, que era fofinho
como plumas, mas me impedia de
mexer as mãos. Voltou a acariciar
meus braços e sua boca deixou a
minha. Seus olhos brilhavam, na
semiescuridão do quarto.
Escorregou os dedos pelo meu
colo ate o meio dos meus seios e,
me pegando de surpresa, puxou a
renda, que se partiu, liberando
meus seios, roubando de minha
garganta um grito de espanto.
Seus dedos apertaram meus
mamilos, causando uma leve dor.
Arfei e sua boca cobriu a minha
novamente, com força. Sua língua
invadindo a minha enquanto seus
dedos castigavam meus mamilos de
uma forma deliciosa. Eu tremia,
mal conseguindo me manter em
cima dos saltos, o fogo consumidor
de seus beijos e seus dedos me
levaram à beira do êxtase. O cheiro
da minha excitação era perceptível
até para mim.
– Goza, minha Anne – apertou
com mais força meus mamilos e o
orgasmo me tomou. Gemi seu nome
e senti meu corpo amolecer em seus
braços. – Perfeita. Mas mal
comecei. Venha, vou cuidar de
você.
Pegou-me nos braços, me
levando para a cama, me deitando
em cima de seu peito. Por um
momento, ele me abraçou e me senti
a mais realizada das mulheres, suas
mãos me acariciando os cabelos,
meu rosto.
– Agora vou foder essa boceta
gostosa – como uma boneca, ele me
levantou. – De joelhos.
Seus dedos percorreram minhas
costas e roçaram meu pulso, para
então segurá-los. Me deitou
devagar e encostei a cabeça no
lençol escorregadio e frio abaixo
de mim.
Escorregou os dedos para baixo,
percorrendo o caminho até minha
vagina, brincando e espalhando a
umidade pela minha bunda.
– Não posso me conter, minha
Anne. A minha vontade de você é
maior do que tudo. Me deixe saber
se for demais para você.
Senti suas mãos apertando a
lateral de meus quadris e, no
momento seguinte, seu pau se
aconchegou na carne inchada de
minha vagina, que ainda pulsava
com os resquícios do orgasmo.
Em um movimento rápido, me
puxou para si, entrando todo, minha
bunda batendo em sua pélvis.
Nossos gemidos se fundiram e ele
aumentou as estocadas, agora me
puxando pelas minhas mãos atadas.
Novamente, o mundo à minha volta
se resumia a ele, ao seu poder e
controle sobre mim. Me senti
caindo em um poço sem fim, o
prazer, a euforia me consumindo e
tomando minhas veias como uma
droga. Muito longe eu ouvia
gemidos, as sensações táteis
exacerbadas e gritei de prazer ao
sentir sua mão pesar em um tapa na
minha bunda. Nada se comparava
ao formigamento que tomou conta
de minha pele, sentia minha vagina
pulsando em torno daquele pau
duro e quente que se metia cada vez
mais rápido e mais fundo… Senti
que ele me puxava pelos cabelos e
sua voz chegou até mim.
– Vou comer esse seu cuzinho,
com força.
Como que consumido por um
choque elétrico, meu corpo
estremeceu sob o dele, com a
expectativa de tê-lo em minha
bunda.
A cabeça acetinada passou por
meu ânus e pressionou. Sem poder
esperar mais, pressionei meu corpo
para trás, o tomando
completamente. O gemido que
escapou dele me deixou quente e
pulsando. Satisfeita além do
possível. Os tapas continuavam,
esparsos e, de uma maneira que não
sei explicar, me deixavam mais
aberta e empinada para ele. Seus
dedos encontraram meu clitóris e o
estremecimento aumentou, a tensão
característica do orgasmo me
tomou, a tontura pela intensidade
dos sentimentos me fez voar às
estrelas...
– Anne, goza pra mim, em meu
pau. Me ordenhe com essa boceta
divina.– Ele disse entre gemidos –
Agora!
Meu corpo obediente ao seu
comando se liberou e me senti
flutuando, as sensações fortes
demais… A voz dele me chamando
ao longe e a quentura gostosa em
minha bunda me levaram ao limite,
as contrações dos meus músculos
sobre aquele pau duro… Ahhhhh
– Bruno... – ouvi minha voz,
distante e tudo ficou escuro.

Seu corpo mole e inerte em meus


braços me fez o homem mais feliz e
realizado do mundo. Satisfeito além
do imaginável. Nunca, em toda a
minha vida, me senti tão completo.
Eu havia soltado seus pulsos e
aguardava que ela recobrasse a
consciência enquanto acariciava
seus cabelos e nuca. Um leve
estremecimento em suas mãos, me
deixou alerta e olhei para seu rosto.
– Bem–vinda, minha Pimentinha
– sussurrei, beijando a pontinha de
seu nariz.
Ela piscou, meio perdida, o que
era normal, visto que ela havia se
entregado de corpo e alma e estava
naquele estado entorpecido, pós-
dominação. Ela ficaria assim,
desprotegida, por um tempo e cabia
a mim sua segurança e a de nosso
filhotinho.
– Está com sede, amor? Precisa
de alguma coisa? – perguntei,
solícito. Ela apenas negou com a
cabeça e deitou em meu peito. Senti
as lágrimas quentes molhando meu
peito. – Anne, não fique assim. É
normal se sentir crua após uma
sessão intensa como a nossa, ainda
mais sendo sua primeira vez. Eu
estou aqui para te acolher, proteger
e amar. Sou seu, assim como você é
minha. Amo você e preciso de você
mais do que tudo nessa vida. Esse
sou eu, Pimentinha – acariciei seus
cabelos e suas costas até que toda
aquela sensação fosse embora e ela
parasse de chorar. – Você se sente
assim porque houve uma descarga
muito grande de adrenalina e seu
corpo está exausto. Suas emoções à
flor da pele. Mas estou aqui pra
você. Sempre.
Ela me abraçou apertado e seu
corpo se aquietou. Sua respiração
tornou-se cadenciada e percebi que
ela havia adormecido.
Agora, tudo estava como devia
ser. Minha Pimentinha nunca mais
me deixaria e nem eu a ela.
Estávamos ligados por um elo
indestrutível, além do amor, uma
ligação de almas.
Deixei que ela descansasse um
pouco. Mas não muito.
– Anne, acorde. Quero mais de
você, não consigo me conter e nem
quero.
Com essas palavras, Anne
despertou totalmente e seus olhos
se prenderam aos meus. Sem dizer
uma palavra, ela estendeu as duas
mãos para mim. Pulsos voltados
para cima, lado a lado. Esse gesto
me deixou louco e, a pegando no
colo, a coloquei de pé ao lado da
cama.
Minha fome por ela não tinha
comparação com nada que senti até
hoje. Nossas bocas se colaram e
nossos corpos se roçaram com uma
urgência sem limites. Com uma leve
sugestão, um impulso mínimo do
meu corpo, ela começou a andar
lentamente para trás, sem quebrar o
beijo.
Ergui seus braços e prendi seus
pulsos no alto. Anne gemeu quando
desci as mãos por seus braços.
Interrompi o beijo e mordi seu
lábio forte o suficiente para causar
uma leve dor, lambendo em
seguida, fazendo-a suspirar.
Ela gostava disso e eu sabia.
A playlist de Weeknd tocava,
enchendo o quarto com seu ritmo
erótico, e mostrei para minha Anne
a quem ela pertencia.

Já era dia quando chegamos à


casa dos pais do Theo, esgotados e
satisfeitos. A casa estava em total
silêncio e fomos andando
devagarinho para não acordar
ninguém, mas dona Sirley já estava
acordada. Anne quase gritou de
susto quando ela colocou a cabeça
pela porta da cozinha e nos deu
bom dia.
– A noite foi boa, né? Para
estarem chegando essa hora! – ela
sorriu para nós. – Todos chegaram
há muito tempo e estão dormindo
ainda. Venham tomar café, depois
vocês vão dormir um pouco.
Menina, você tem que comer bem,
não se esqueça do seu bebê.
– Nem por um minuto – Anne
respondeu, retribuindo o sorriso.
Nos sentamos à mesa, que estava
repleta das delícias da dona Sirley.
Alimentei meus amores, sob os
olhos atentos da mãe do Theo, que
suspirou em aprovação.
– Bruno, nunca pensei em ver
esse dia chegando, você se
acalmando, com mulher e filhos.
Deus existe, meu filho! E ouviu
minhas preces, por esses anos
todos. Minha querida, esse rapaz
era indomável, e eu o conheço
desde que era adolescente. A
mulherada se jogando aos pés dele
e ele nem aí. A cada temporada que
ele passava aqui, deixava um bando
de mulher chorando quando ia
embora.
– É que meu coração sabia que
tinha uma pessoa especial em algum
lugar. Eu estava quase perdendo as
esperanças, quando me dei conta de
que a dona do meu coração estava
na minha frente e fui atrás.
– Dona Sirley, isso tudo que a
senhora disse, eu sei e faz tempo.
Antes de ficarmos juntos, éramos
amigos e ele me contava cada coisa
cabeluda, que só por Deus – ela riu
e ri com ela.
Saber que ela confiava em mim,
a ponto de não sentir ciúmes do
meu passado, nem das mulheres que
passaram por ele, me deixava muito
satisfeito. Satisfeito e realizado!
– Vocês não sabem como me
fizeram feliz com essas notícias.
Que Deus abençoe e proteja vocês
– ela pegou nossas mãos enquanto
falava e uma lágrima escorreu por
seu rosto. Afaguei aquela mão que
sempre cuidou de mim com tanto
carinho. – Agora que já comeram,
vão dormir um pouco, vão...
aproveitem enquanto está tudo
silencioso. Daqui a pouco a
bagunça começa, todo mundo
falando, as crianças brincando e
vocês não conseguirão descansar –
ela disse, disfarçando e secando as
lágrimas.
– Obrigada por sempre cuidar
do meu Leãozinho, dona Sirley.
Pelo que ele me contou, só é o
homem que é hoje, porque a
senhora e seu marido o mantinham
na rédea curta.
– Imagina, eu o considero como
meu filho. Eu meio que o adotei, já
que a mãe dele... – nesse momento
olhei para ela, que entendeu que eu
não tinha chegado nessa parte com
minha Anne ainda. – Bem, deixa
pra lá. Vão descansar – ela deu um
abraço em cada um de nós e fomos
para nosso quarto.
Me admirei por Dona Sirley ter
deixado que dormíssemos juntos.
Afinal, Theo e Guilherme nunca
puderam dormir com as namoradas
quando vinham para cá com elas.
Poderia ser por causa do bebê, mas
quem sabe, né?
No quarto, fechei a porta atrás
de mim e puxei Anne para meus
braços, beijando-a. Comecei a
abaixar o zíper de seu vestido e ela
estremeceu.
– Nem tenha ideias, Pimentinha.
Só estou tirando seu vestido para
colocar sua camisola. Abusamos
muito e agora você vai descansar.
Te quero agarrada em mim,
dormindo em meu peito. Qualquer
coisa que precisar estarei ali, ao
seu lado. Amo você e nosso
filhotinho – dei um beijo de leve
em seus lábios e, descendo seu
vestido, me abaixei, beijando sua
barriga.
– Não posso me conter. Meu
corpo se acende quando você está
perto de mim. Ainda mais depois
dessa noite e com você estando
com a boca aí, tão perto...
Ri dela e depositei um beijo
rápido por cima de sua calcinha.
Tive que usar de todo meu controle
para levantar e terminar de colocar
a roupa nela. Essa mulher me
deixava louco!
Com cuidado a deitei na cama e
a cobri, tirei minha roupa e me
deitei ao seu lado, puxando-a para
meu peito. Ela suspirou e
aconchegou-se a mim. Em minutos,
sua respiração se acalmou e
adormeceu. Observei seu sono por
alguns momentos e deixei que ele
me levasse também.
Capítulo 27

As duas semanas de afastamento


do hospital acabaram, eu estava
como novo, somente com uma
pequena cicatriz na perna. Ter que
deixar minha Pimentinha sozinha na
cama foi a coisa mais difícil que já
fiz em toda a minha vida.
Aqui estava eu, entrando no
hospital, o que sempre me acalmou,
mas que hoje era como uma tortura.
Queria sair correndo e voltar para
ela. Passando a mão pelo rosto e
prendendo meus cabelos, me
preparei para enfrentar um turno
longo demais para mim. Fui direto
me trocar, mal dando bom dia para
quem passava, num mal humor do
caralho.
Estava em frente ao meu
armário, guardando meus objetos
pessoais, quando alguém se
abraçou a mim.
– Que saudade de você, achei
que não voltaria nunca – uma voz
feminina, abafada, chegou até mim.
Porra, no humor que eu estava,
isso não deveria acontecer.
Respirei fundo e segurei aquelas
mãos que se esgueiravam para meu
peito, com uma intimidade absurda.
Afastei-as do meu corpo e me virei.
Dani… essa daria problema.
– Dani, eu sou um homem
comprometido agora, por favor, não
fique com essa intimidade toda.
Achei que você tinha entendido
naquele dia em que o Guilherme
falou com você. O que aconteceu
entre nós ficou lá atrás, no passado,
e é onde vai continuar.
Ela ficou muda, me olhando de
boca aberta. Dei as costas para ela
novamente e terminei o que estava
fazendo.
– O que você viu naquela
gordinha? Com tanta mulher gostosa
por aí, que faz qualquer coisa por
você? Você é burro ou o quê? – ela
esbravejou.
Aquilo quase me tirou do sério.
Quase.
– Dani, aqui é nosso local de
trabalho, vamos nos cruzar por um
número incontável de vezes... O
que faço ou deixo de fazer, ou
quem, ou porque escolho alguém,
creio que não lhe diz respeito. Nós
dois tivemos um lance. UM lance.
Como tive com mais da metade das
funcionárias desse hospital nesses
anos todos – segurei seu queixo e
olhei em seus olhos. – E eu amo
aquela gordinha, como você disse.
Sim, ela é gordinha, gostosa e
fofinha. Aquela gordinha chegou
onde nenhuma mulher, por mais
gostosa que fosse, conseguiu.
Chegou ao meu coração. Por favor,
ponha-se em seu lugar.
– Quem diria, o indomável foi
amansado – ela comentou,
sarcasticamente.
Ri e mostrei minha mão com a
aliança para ela.
– Amansado, domado e
algemado!
Essa foi boa. Eu não imaginava
que a maneira como Guilherme se
referia a mim, de brincadeira, tinha
se espalhado pelo hospital. Ah, eu
tinha sido domado e estava amando
isso tudo!
Minha mão estava coçando para
ligar pra casa e saber como ela
estava. Mas ela deveria estar
dormindo ainda… Respirando
fundo mais uma vez, me atirei no
trabalho.

Acordei e passei a mão na cama,


onde ele deveria estar. Levantei a
cabeça do travesseiro, esfregando
os olhos, olhando em volta à
procura dele, mas só encontrei o
silêncio.
Me deixei cair novamente no
travesseiro ao me lembrar de que
hoje ele voltou a trabalhar.
Afastei o lençol com os pés e
levantei. Depois de um banho e de
escovar os dentes com creme dental
infantil, pois era o único que não
me enjoava, resolvi ligar para
minha mãe. Eu ainda não havia
contado da gravidez para ela,
esperaria mais um pouco, pelo
menos, até a próxima ecografia e
depois disso contaríamos
pessoalmente para ela e meu pai.
Eu estava falando cada vez menos
com ela, para não cair em tentação,
pois minha vontade era contar tudo!
Ela ficaria louca com a notícia!
Peguei o telefone e após alguns
instantes ela atendeu.
– Oi, mãe.
– Anne! Como você está, minha
filha? Não me liga mais, fico numa
apreensão sem notícias suas. Por
que faz isso comigo, hein? Quando
vou conhecer esse seu namorado? –
ela foi perguntando, sem ao menos
respirar direito.
– Calma, mãe. Tá tudo bem, se
acalma. Semana que vem ou na
próxima nós vamos até aí e você
vai conhecer o Bruno. Ele é
enfermeiro, sabe como é, trabalha
bastante.
– É, você me disse. Está certo,
então, mas me conta, filha, como
você está? Vai ficar todos os dias
de suas férias aí com ele? –
perguntou, insatisfeita.
– Vou sim, mãe. Quando a gente
for te ver, eu te explico direitinho.
Aqui está tudo bem, ele me trata
como uma rainha.
– Menos mal…
Ela continuou querendo saber
como eu estava e, para amenizar um
pouco, falei que a chamaria pelo
note e mostraria o apartamento para
ela. Desliguei e esperei um pouco,
para que ela ligasse o computador.
Logo a chamei e seu rosto
preocupado apareceu na tela.
– Oi, mãe. Mais calma agora que
tá me vendo? – perguntei sorrindo.
– Muito. Ver sua carinha assim,
feliz, é muito melhor e acalma meu
coração. Sabe como sou
preocupada, e você aí, longe, na
casa de um homem que conheceu
pela internet...
– Ei, mãe, pode ir parando. Nos
conhecemos pela internet sim, mas
somos amigos há muito tempo. E
desde que nos encontramos não nos
largamos mais. Ele é meu, estava
escrito assim. Para de pensar
besteira.
– É que a gente escuta cada
coisa! Mas estou vendo sua
felicidade e vou ficar bem agora.
Vai me mostrar a casa?
– Vou sim – ri e virei o note para
que ela pudesse ver tudo.
– Minha filha, que casa enorme
– ela comentou quando voltei para
a sala. – Como ele consegue tudo
isso sendo enfermeiro?
– Ele é sócio de uma academia
também, mãe, uma superacademia,
com um amigo dele. É assim que
ele ganha o suficiente para poder
ter o que tem.
– Eu tenho que confessar, filha,
que quando disse que ele era
enfermeiro, eu achei que ele era um
aproveitador que estava atrás do
seu dinheiro.
– Mãe, pelo amor de Deus! Eu
nunca disse nada disso pra ele,
apenas comentei por cima. Depois
que herdei o dinheiro da vovó, eu
continuei com minha vida do jeito
que sempre foi, continuei no meu
apartamento, no meu emprego, você
sabe. Nunca mexi naquele dinheiro!
Vai ficar lá onde está; se um dia eu
precisar, ele está lá, e até esse
momento chegar, ele continuará lá.
Que criatividade, mãe!
– Anne, não é criatividade, é
preocupação. Eu falei pra você que
o Diego estava com segundas
intenções quando pediu pra ficar na
sua casa, mas achei que ele te
roubaria, não que tentaria te
conquistar. Mas acertei, de
qualquer maneira, que ele não
estava indo de coração aberto e a
procura de emprego, como ele
disse.
– Diego foi um caso sério. Tem
notícias dele?
– Nenhuma novidade, está preso,
esperando julgamento. Aquele lá é
fruta podre. Já tinha alguma coisa
na ficha dele; estelionato, se não me
engano. Ele não vai sair fácil, não
se preocupe.
–Está bem. Qualquer novidade,
você me avisa – sorri para ela. –
Vou sair agora, mãe, fazer umas
comprinhas para um jantar especial
para meu Leãozinho.
– Que apelido mais ridículo,
minha filha. Chamar um homem de
leãozinho? No diminutivo? Ele não
se ofende, não?
Caí na risada quando percebi
onde ela queria chegar.
– Ah, mãe, ele não liga não,
porque nele não existe nada de
pequeno – meu riso virou uma
gargalhada ao ver minha mãe corar.
– Ok, ok, eu entendi – ela riu
também. – Então vá lá, minha filha,
vá preparar tudo para seu jantar.
Agora estou sossegada. Você está
num lugar bom e está feliz. Tirou
um peso dos meus ombros.
– Está bem, mãe. Até mais então,
assim que eu souber quando vamos
até aí, eu aviso. Beijos.
Terminei a chamada, comecei a
fuçar no meu perfil da rede social e
acabei passando algumas horas por
ali, conversando com algumas
amigas. Estava compenetrada
atualizando minhas postagens,
quando o interfone tocou.
– Senhora, algumas mulheres
estão na portaria querendo subir.
Posso deixar? São Jessica, Pamela
e Ella.
– Pode sim, sem problemas.
Abri a porta e fiquei esperando
por elas.
– Viemos te roubar para
almoçar! – Pamela disse, abrindo
os braços, pedindo um abraço.
– Ah, está bem. Entrem, eu só
tenho que me trocar e avisar o
Bruno.
– Não se preocupe, eles vão
atrás de nós rapidinho – Ella riu e
me abraçou.
Jess entrou por último, e, quando
fui fechar a porta, vi os seguranças
postados do lado de fora.
– Eles não entram? – perguntei
fechando a porta e apontando para
ela.
– Não. Depois do que aconteceu
comigo e com o Bruno, eles ficam
em alerta o tempo todo. Rick não
relaxa e eu entendo ele. Mesmo
Tony estando morto, tem a coisa
toda dos pais que trocaram ele com
o irmão na cadeia e todo o
processo que está rolando. Rick
acha que eles podem estar
pensando que tudo é culpa minha e
tentar alguma coisa, já que a ideia
da troca, pelo jeito, foi deles – Jess
disse, meio desanimada.
– Vou me trocar, então. Fiquem à
vontade.
Fui para o quarto, a ideia do
jantar teria que ficar para outro dia.
Me troquei rapidinho, passei uma
maquiagem leve e voltei para a
sala. Encontrei as três conversando
animadamente e rindo.
– Vocês não estão saindo
escondidas, né?
– Se você se refere a não contar
para nossos maridos que estamos
indo almoçar fora, sim estamos.
Eles são muito protetores, você já
deve ter percebido – Pam disse.
– Somos crescidinhas, né?
Deixamos as crianças com as avós
e seguras, estamos com os
seguranças também, não tem nada
demais sairmos juntas para almoçar
– Jess respondeu e Ella concordou
com a cabeça.
– Precisamos de um momento só
das meninas – Ella riu, sapeca.
– Ok, vamos lá – isso seria
interessante.
– Vamos ver quanto tempo
demora para eles chegarem no
restaurante – Pam riu também.
– Ai ai, não vejo a hora de
chegar a noite! – Jess falou e ficou
corada.
– Ah, agora tô entendendo tudo!
– caí na gargalhada. – Alguém vai
ficar com a bunda vermelha essa
noite.
– Alguém não, todas nós!– Pam
se levantou, ainda rindo e abriu a
porta. – Vamos indo, se quisermos
conversar um pouco e sossegadas.
Ao me lembrar da noite em que
ganhei uns tapas na bunda, lá no
clube, estremeci. Agora eu também
não via a hora da noite chegar...
Entramos no elevador, nós
quatro e os dois seguranças,
ficando espremidas atrás deles.
Quando o elevador chegou ao
térreo, eles saíram primeiro e se
postaram, cada um de um lado da
porta. Do lado de fora, dois carros
já nos esperavam, com os
seguranças mantendo as portas
abertas. Jess me pegou pelo braço e
pediu para que eu fosse com ela,
enquanto Pam e Ella entravam no
outro carro. Os homens que
estavam junto conosco no elevador
se dividiram entre os carros, tendo
assim, um segurança para cada uma
de nós. Caramba! Rick não estava
para brincadeiras! Eles não
ficariam bravos com nenhuma de
nós, afinal, estávamos protegidas.
– Para onde, senhora? – o
segurança que estava na direção
perguntou.
– Quer comer o que, Anne?
Massa ou carne?
– Humm, acho que carne – só em
pensar numa picanha com alho no
espeto, fiquei com água na boca. –
Churrasco?
Jess sorriu para mim.
– Vamos para o Grill – ela disse
ao motorista, que confirmou com a
cabeça, colocando o carro em
movimento. – É uma churrascaria
ótima que tem aqui perto, costumo
ir lá com o Rick e as crianças,
quando eles vêm me visitar.
Em minutos chegamos ao
restaurante e entramos, escoltadas
pelos seguranças. Três deles
sentaram-se na mesa ao lado da
nossa enquanto um deles
permaneceu de pé um pouco
distante, próximo à parede.
O maitre nos levou a uma mesa
para oito pessoas, certamente ele já
estava acostumado com elas
chegando sozinhas e eles deveriam
chegar sempre depois.
Pedimos as bebidas e
começamos a conversar
amenidades, e eu estava me
sentindo muito à vontade com elas.
– E então, Anne. Nos diga o que
você achou do bar – Pam
perguntou.
Senti meu rosto esquentar e elas
começaram a rir.
– Não fique constrangida. Todas
nós passamos por isso – Ella ficou
vermelha também. –Esses nossos
maridos são assim. Possessivos,
ciumentos, e deliciosamente
depravados.
– Foi muito bom. Mais do que
bom. Nunca tinha sentido aquilo
tudo, tão crua, tão exposta… tão
dele.
Todas concordaram com a
cabeça.
– Falou tudo! Olha aí, chegaram
nossos drinks – Jess disse
sorridente. – Pode tomar sossegada,
são apenas coquetéis de frutas, sem
álcool.
Provei e realmente era muito
gostoso. Passamos pelo buffet de
saladas e logo começaram a passar
as carnes. Ao sentir o cheiro da
picanha com alho, quase chorei de
vontade. Bem passadinha e
deliciosa! Estava tão concentrada
na minha carne apetitosa que não
percebi a mudança nas meninas,
que ficaram quietas de repente.
– Estou vendo que vou ter que
comer uma dessas também. Assim
ficamos os dois com bafinho de
alho.
Quase pulei da cadeira ao ouvir
a voz do Bruno em meu ouvido.
– Caramba, Leãozinho, quer me
matar do coração? – disse,
deixando o garfo em cima da mesa
e colocando a mão no peito.
– Eu sabia que na primeira
oportunidade vocês a trariam junto
para seus almoços escondidos! –
Bruno riu, sentando-se ao meu lado.
Pegou minha mão e beijou, vindo
me dar um selinho. – É,
definitivamente, eu tenho que comer
um pedaço disso aí.
Ele abriu a boca e peguei um
pedaço da minha carne, colocando
em sua boca.
– Humm… está muito boa
mesmo – disse ele, fazendo sinal
para que o passador trouxesse mais.
Olhei para as meninas e todas
estavam voltadas para seus
maridos.
– Bruno, você não está bravo
por eu ter vindo com elas, né? –
perguntei incerta.
– Ah, não. Eu até achei que
demorou para elas fazerem isso –
ele disse, colocando meus cabelos
para atrás da minha orelha. – Mas
não pense que isso ficará sem
punição.
Seu tom de voz e seu olhar
penetrante, me deixaram tonta de
desejo, a lembrança do clube e do
meu Leãozinho dominador chegou
com força total. Fechei os olhos e
suspirei.
– Não faça essa cara,
Pimentinha, ou então teremos que
fazer uma visitinha ao banheiro
feminino – ele sussurrou em meu
ouvido.
Não pude deixar de gemer
baixinho. Ai meu Deus, esse
almoço seria uma tortura. A picanha
foi esquecida e eu não queria mais
comer, queria era ser comida!
Bruno riu e atacou seu prato,
mas antes pegou minha mão e
colocou sobre sua coxa, tão perto
de seu pau que eu podia sentir seu
calor.
Percebendo que eu não comeria
mais nada, ele começou a me
alimentar de seu próprio prato, até
que eu recusei, dizendo não
aguentar mais. Todos começamos a
conversar animadamente, até que
Rick se levantou e disse que tinha
que ir embora, para não nos
preocuparmos com a conta, que
estava tudo certo. Esse era o jeito
dele e todos já o conheciam bem.
– Você vai voltar para o
hospital?
– Não, meu turno já acabou.
Conversei com o pessoal do
hospital e diminuíram minhas horas.
Vou para casa com você.
Nos despedimos e todos saímos
juntos.
Bruno abriu a porta do carro e
entrei, estava tentando colocar o
cinto, quando ele entrou. Do nada,
suas mãos seguraram meu rosto,
seus dedos se embrenhando em
meus cabelos, me puxando para ele.
Sua boca caiu sobre a minha, num
beijo selvagem. Senti meus seios
pesados e meus mamilos
enrijeceram, meu corpo todo
preparado para ele em segundos.
– O que acha de darmos uma
volta antes de ir para casa? – ele
me olhou, divertido.
– Não, eu quero você. Vamos
para casa agora mesmo – eu estava
num estado de excitação tão grande,
que queria montar nele, ali mesmo
no estacionamento.
– Humm, a espera faz parte da
sua punição. Vamos passear no
shopping – mal acabou de falar,
ligou o carro e colocou-o em
movimento.
Durante o resto da tarde, seus
beijos quase acabaram com meu
controle. Quando voltamos para
casa, já era noite, e eu estava
literalmente subindo pelas paredes.
Ele me pegou pela mão e me
levou para a sacada. Tirou meu
vestido e a brisa morna lambeu
minha pele. Fiquei só de calcinha
na frente dele, mas ele tinha ideias
e se abaixou, retirando a peça de
mim.
– Me dê suas mãos – ele
ordenou.
Estendi os braços, juntando os
pulsos, e ele os atou com minha
calcinha, elevando meus braços, me
empurrando levemente para trás,
até me encostar na parede, e
enroscou a calcinha no gancho da
rede.

Ela estava tão linda assim, nua e


ao meu dispor.
Beijei sua boca e deslizei,
lambendo sua pele até seu queixo.
Desci mordiscando a pele sensível
de seu pescoço, mordendo a curva
de seu ombro e sua respiração se
agitou. Continuei até seus seios
deliciosos e mordi o bico duro. A
olhei e ela estava mordendo o
lábio, contendo um gemido.
– Quero te ouvir. Minha Anne –
mordi o outro e ela gemeu alto. –
Seus gemidos me enlouquecem –
mordi abaixo de seu seio, na curva
da cintura, e ela se contorceu. Me
afastei para olhá-la.
Linda.
Perfeita.
Suas coxas roliças, sua boceta
suculenta e o rachinho lindo a
mostra.
Contornei seus lábios com o dedo,
escorregando-o até seus seios e
continuei até o rachinho, afundando
o dedo.
Incapaz de conter um gemido,
me afastei, provando seu mel em
meu dedo.
– Saborosa.
Me afastei e tirei a camiseta e a
calça. Afastei suas pernas e seu
sexo estava brilhante de excitação.
Cheguei a centímetros de sua
boca e a cheirei. Arrastei meu nariz
por sua pele, fazendo-a estremecer.
Rocei de leve meus lábios nos dela
e lambi. Minhas mãos passeavam
por sua pele, apalpando cada vez
mais bruscamente, pegando-a,
puxando-a para meu corpo. Elevei
uma de suas pernas para acariciar
seu cuzinho, espalhando a umidade
de sua boceta para aquele
buraquinho gostoso, que se contraiu
com o contato. Brinquei por ali até
tê-la gemendo e se contorcendo,
querendo mais. Sem aviso, me
afastei.
– Espere, minha Anne.
Fui até o quarto e peguei uma
joia anal que havia comprado para
ela, um vibrador, e retornei.
Seus seios subiam e desciam,
denunciando sua excitação. Mostrei
a joia para ela, colocando o
vibrador na rede e seus olhos se
prenderam aos meus, seus lábios se
abriram e ela passou a língua por
eles.
Encostei a ponta, que logo
estaria enterrada em seu rabo lindo,
por seus lábios.
“Me mostre sua língua.”
Ela colocou a língua para fora e
encostei a minha, passando a ponta
da joia entre elas, umedecendo.
Arrastei meus dedos por seu corpo
e brinquei com a joia em sua
boceta, Arrastei até seu cuzinho,
pressionando até que ele
escorregou para dentro, prendendo.
Minha Anne gemeu e sua cabeça
pendeu para trás.
Ataquei seu pescoço, lambendo
e sugando, me abaixando para que
meu pau se enterrasse fundo em sua
boceta, fazendo-a gritar.
– Segure-se.
Agarrei suas pernas e a levantei
do chão, empalando-a mais fundo,
rebolando e metendo fundo. Logo
eu a tinha trêmula em meus braços,
sua boceta me apertando tão forte
que tive que usar toda a minha força
de vontade para não explodir
dentro dela. Seu gemido rouco era
um afrodisíaco para meu ego.
Quando senti que ela gozaria, saí de
seu corpo e me afastei.
Ela ficou ali, parada, me
olhando e ofegante.
Esperei que se acalmasse e com
um sorriso safado comecei a me
masturbar para ela.
– Gosta do que vê?
Anne lambeu os lábios.
Estremeci, me lembrando do que
aquela boca era capaz.
Voltei para perto dela e rocei
meus lábios novamente nos dela.
Meti a mão entre suas pernas, que
ela abriu de bom grado. Rodeei seu
clitóris com o dedo, pressionando
acima dele, jamais tocando-o
diretamente.
Incitando.
Excitando.
Torturando lentamente até que
seu corpo estivesse novamente
entregue às minhas carícias.
Escorreguei os dedos até a joia e a
girei, puxando um pouco, para que
a pressão a deixasse louca.
Novamente me afastei quando ela
estava à beira do clímax.
Apenas percorri seus lábios com
a língua.
Perto e distante.
Dando e tomando.
Alcancei o vibrador e o liguei.
Mostrei a ela e encostei na ponta do
meu pau, a vibração me deixando
louco de vontade, mas, primeiro,
ela enlouqueceria.
Passei por seus mamilos, barriga
e, quando cheguei em sua boceta e
encostei em seu clitóris, ela chamou
meu nome, gemendo.
– Bruno... Senhor, acaba com
isso, não aguento mais, eu quero...
eu preciso...
Dei um tapa em sua bunda.
– Sei do que você precisa. E vou
te dar tudo.
Passei o vibrador em sua boceta,
entrando um pouco, encostando-o à
joia. Anne arfava, gemendo, suas
pernas tremiam.
Soltei suas mãos, mantendo-a
presa com a calcinha e a abracei.
Levei-a para a cama, depositando-a
de bruços. Ajeitei a calcinha,
prendendo seus braços atrás das
costas, a colocando sobre os
joelhos, cabeça encostada no
colchão.
Sua bunda arrebitada,
ornamentada pela joia que se movia
a cada contração daquele cu
gostoso, me chamava. Sem pensar,
agarrei suas mãos e meti meu pau
sem dó.
Anne gemia sem pudor.
– Me aperte, Anne. Aperte meu
pau daquele jeito.
Fui prontamente atendido com
contrações ritmadas, me puxando,
engolindo. Dei um tapa estalado em
sua bunda e ela gritou. Puxei a joia
de seu rabo lindo e tirei meu pau de
sua boceta gostosa, mirando em seu
cuzinho, agora dilatado pela joia.
Pincelei, espalhando seu suco e
pressionei, entrando devagar.
Enlouquecida, Anne rebolava e se
apertava contra mim. Eu a sentia
tensa, segurando o orgasmo. Ainda
metido em sua bunda a levantei,
puxando-a para meu peito.
– Quem você ama.
– Amo você, meu Senhor – sua
voz saiu rouca, respirando com
dificuldade.
– A quem você pertence?
– Ao meu Senhor.
– Quer gozar?
Seu corpo estremeceu todo.
– Sim, Senhor.
– Boa menina.
Escorreguei minha mão por sua
barriga, chegando ao rachinho de
sua boceta e o abri, acariciando seu
clitóris. Aumentei a velocidade das
estocadas enquanto a masturbava no
mesmo ritmo.
– Goza, minha Anne.
Seu corpo me obedeceu e com
um grito de prazer, convulsionou
colado ao meu e enterrei os dentes
em seu ombro, marcando-a.
As contrações de seu orgasmo
puxaram o meu e tirei meu pau;
deitando-a novamente, gozei sobre
seu cuzinho e sua bunda... e suas
costas. Ver minha porra escorrendo
sobre sua pele, marcando-a como
minha, acendeu uma parte
desconhecida de mim.
Um prazer total, aquela
satisfação que senti no clube se
apossou de mim.
Soltei suas mãos, massageei
seus pulsos, subi pelos braços, até
seus ombros.
– Amo você, minha Anne.
– Também amo você... – ela
disse num sussurro.
– E nosso filhotinho – me
aconcheguei às suas costas, fazendo
uma lambança, e a virei de lado,
acariciando sua barriga.
O amor era tão grande em mim
que senti meus olhos ardendo.
Como eu amava aquele corpo, que
eram vários ao mesmo tempo, a
coisa mais perfeita do mundo.
Minha mulher, minha e só minha.
Capítulo 28

– Achei que ganharia umas


palmadas no traseiro – peguei sua
mão e beijei.
– Existem outras formas de
punição, Pimentinha. A espera, a
ansiedade e expectativa, depois a
privação do orgasmo também são
uma forma de punição.
– Ah, isso eu percebi. Sofri
querendo você. Minha vontade era
de forçar meus pulsos contra a
calcinha e te agarrar, derrubar você
no chão e montar em cima, só
saindo quando estivesse satisfeita –
ri e ganhei uma palmada na bunda.
– Eu sei, estava em seu olhar, em
seu rosto essa vontade toda – me
beijou na curva do pescoço.
– Sabe, falei com minha mãe
hoje pela manhã e fiquei com uma
coisa na cabeça. Eu te contei sobre
o dinheiro que minha avó me deu,
como parte da herança?
– Você disse alguma coisa sobre
uma doação em vida. Já faz algum
tempo, não faz?
– Sim, faz. O fato é que ela fez
essa doação em valor igual para
todos os netos, que acabaram
torrando tudo, como o Diego fez.
Eu guardei e investi, não vou tocar
em nada, a menos que realmente
necessite. Sempre fui contra isso e,
se um dia ela precisar, o dinheiro
estará lá, muito bem guardado. O
negócio é que minha mãe achou que
o Diego só veio com essa história
de ficar lá em casa para me roubar.
Sabe como é família, o fato de eu
ter guardado o dinheiro correu
pelos ouvidos de todos e ficam
especulando quanto eu posso ter
guardado.
– Eu não sei bem como é isso,
basicamente fui criado sozinho e
depois pela mãe do Theo, e lá eles
são muito sossegados. Mas eu faço
uma ideia – ele me abraçou mais
forte e se aconchegou ao meu
pescoço. – O tampinha pode
mesmo ter pensado isso e assim
quis me tirar do caminho.
– Pois é, ela disse também que
ele tem passagem pela polícia por
estelionato. A gente nunca conhece
bem uma pessoa, né? Nunca pensei
isso dele, crescemos juntos...
– Cada um tem um caráter
diferente. Às vezes entre irmãos,
criados da mesma maneira, com o
mesmo amor e atenção, um acaba
indo pelo caminho do crime ou
fazendo alguma coisa errada.
Acontece, Pimentinha. Mas não se
preocupe com isso, ele está onde
merece, atrás das grades.
– Verdade. Tomara que fique lá
por um bom tempo. Falei para ela
também que nós faríamos uma
visita um dia desses. Temos que
contar para ela sobre o bebê.
Ele acariciou minha barriga.
– Acha que ela vai gostar? De
ser vovó?
– Ela vai ficar louca com a
notícia!
– Quando formos na casa dela,
passamos na sua e já trazemos suas
coisas pra cá.
– Você já tem tudo aqui. Vou
apenas pegar minhas roupas, fotos
antigas, coisas assim. Vou deixar o
apartamento fechado por enquanto.
Depois, se for preciso, eu alugo, sei
lá. Desse jeito não precisaremos
dormir na minha mãe quando
formos pra lá.
– Você é quem sabe, Pimentinha.
O que decidir está bem para mim.
O que me importa é que você esteja
aqui, comigo. Todos os dias, todas
as noites, sempre.
– Vou estar, Leãozinho, vou estar
– virei e ofereci meus lábios para
um beijo.
– Vamos tomar um banho, comer
alguma coisa... – seu estômago
roncou e nós dois rimos.
– Ok, vamos lá – tentei me
desvencilhar de seu abraço, para
me levantar.
– Mas antes eu quero um beijo –
ele disse já muito próximo à minha
boca e me perdi em seus carinhos.

Horas depois estávamos na


cozinha, eu fazendo um arroz com
brócolis e ele temperando filés de
frango. Funcionávamos tão bem
juntos!
Havíamos deixado a TV ligada
em um canal de músicas e nesse
momento começou a música da Ana
Carolina, Encostar na Tua. Ele
largou o frango e lavou as mãos, me
abraçou por trás e cantarolou em
meu ouvido…
– Eu quero te roubar pra mim,
eu que não sei pedir nada, meu
caminho é meio perdido, mas que
perder seja o melhor destino…
Agora não vou mais mudar, minha
procura por si só, já era o que eu
queria achar … Você, minha
Pimentinha é tudo o que eu queria
para mim e nem sabia. Eu amo você
– me beijou o pescoço daquele
jeito que me deixava tonta e
retornou para seus filés de frango,
cantarolando o restante da música.
Meu Leãozinho era todo
possessivo, dominador, mas muito,
muito romântico e carinhoso.
Suspirei, tampando a panela do
arroz, indo ajudá-lo com seu
trabalho. Em pouco tempo
estávamos sentados à mesa,
saboreando uma comida gostosa e
saudável. Segundo ele, ali tinha
quase tudo o que eu precisava,
carboidrato, proteína e o brócolis,
de que eu nunca fui fã, mas que
preparado daquela maneira não era
tão ruim assim, e eu tinha que
admitir que até estava bem gostoso.
Acabamos de comer, tiramos a
mesa e fiquei observando-o lavar a
louça. O que eu poderia querer
mais nessa vida? Foi pensar nisso,
ele enxugou as mãos e veio até
mim, me abraçou e levantou-me em
seus braços.
– Agora, a sobremesa… –
sussurrou contra meus lábios e me
levou para o quarto.

Na manhã seguinte, Bruno me


deu um beijo antes de sair para
trabalhar. Como ainda estava
escuro, voltei a dormir. Despertei
horas depois, bem-humorada e me
sentindo muito bem. Coloquei uma
roupa confortável, tênis e fui andar
um pouco pela vizinhança.
Encontrei uma loja de materiais
para artesanato e pintura. Sem
pensar, separei alguns materiais
para pintura, tintas especiais sem
componentes tóxicos por causa do
bebê, pinceis, telas e um cavalete.
Corri até em casa, peguei meu
cartão do banco e retornei até a
loja, paguei tudo e passei o
endereço para entregarem. Pintaria
para passar o tempo e também,
assim, já faria alguns quadrinhos
para o quartinho do bebê.
Feliz, continuei com minha
caminhada até encontrar uma
padaria com sonhos de creme na
vitrine, rodeado de carolinas,
pudins e brigadeiros! Agindo no
impulso, entrei e pedi um daqueles
sonhos enormes que pareciam ser
tão deliciosos e um suco. Me sentei
e logo a moça que me atendeu
trouxe meu pedido. Minha boca se
encheu d'água e dei uma mordida
generosa no sonho… MEU DEUS!
Era a coisa mais deliciosa, gostosa
e tentadora do mundo.
– Você vai gostar dessas
gordices, né, meu filhotinho? –
conversei com minha barriga,
acariciando de leve.
Nunca tive tanta vontade de
comer alguma coisa a ponto de
salivar dessa maneira. Com certeza,
era coisa de grávida, elevada à
décima potência. Devorei o doce e
terminei o suco. No dia seguinte, eu
voltaria e provaria uma outra
gordice daquele lugar! Retomei
minha caminhada, agora com uma
sensação estranha de ser
observada. Olhei para todos os
lados enquanto voltava para casa,
mas não vi nada fora do normal.
Pouco depois de entrar em casa,
vieram entregar o material de
pintura.
Tirei a rede da sacada e montei
ali meu cavalete, apoiando as tintas
e pinceis na mesinha que havia ali e
puxei uma cadeira para perto.
Comecei a pintar e me entreguei ao
prazer de dar vida à minha
imaginação, na tela em branco.
Depois de não sei quanto tempo
ali, fui até a cozinha pegar um copo
de suco e ouvi meu celular tocando.
Corri a casa toda atrás dele, sem
me lembrar onde o tinha deixado. O
encontrei no chão, ao lado da cama,
e o peguei. Caramba, trinta ligações
do Bruno! Liguei para ele, que
atendeu rapidamente.
– Caramba, por que não atendeu
o telefone? – Bruno vociferou
assim que atendeu.
– Ei! Oi pra você também. Eu
estava pintando e não me lembrei
de levar o celular junto, ficou no
quarto, carregando.
– Nunca mais faça isso, leve-o
sempre com você, onde quer que
vá. Mas, espera, pintando como?
– Fui caminhar um pouco e
encontrei uma loja, então comprei
algumas coisas para passar o
tempo.
– Saiu sozinha, Pimentinha? É
perigoso, não faça isso. Estou
vendo que vou ter que contratar
alguém para ficar com você
também, se você quer dar umas
voltas sozinha.
– Não seja tão pessimista –
retruquei.
– Não é questão de ser
pessimista, e sim de ser realista.
Você já viu o que fizeram com a
Jess e até mesmo comigo. Esse
povo não está pra brincadeira. Vou
falar com a Pam e conseguir alguém
para te proteger enquanto eu não
estiver por perto. Me diga que
aceita, para minha paz de espírito –
ele pediu, bem mais calmo.
– Eu acho que é exagero, mas se
você quer assim, tudo bem.
Continuamos a conversar por
alguns minutos e contei para ele dos
doces deliciosos que eu havia
descoberto.
– Promete que só volta lá se eu
estiver juntou ou se já tiver o
segurança?
– Ok. Eu prometo.
– Então está bem, já já estarei
em casa.
– Vai vir cedo para casa hoje?
– Não, vou na mesma hora. Você
perdeu a noção do tempo enquanto
pintava, minha Anne.
Afastei o celular e verifiquei a
hora. Eita!
– Caramba, perdi mesmo. Não
demore – nos despedimos e
desliguei.
Já eram quase seis da tarde! E
eu passei o dia todo só com aquele
sonho… mas também ele era tão
grande!
Voltei para a varanda, guardei as
tintas e deixei a tela no cavalete
para secar. Olhei admirada para
meu trabalho. Estava ficando
realmente bom! Sempre desenhei
muito bem na escola e não tinha
perdido a mão!
Estava na cozinha, lavando os
pinceis na pia, quando ele chegou.
– Olha o que eu trouxe! – olhei
para a porta e ele entrou na cozinha
lotado de caixas e sacolas.
– O que tem aí? – larguei tudo
dentro da pia e sequei as mãos.
Cheguei perto e ele abriu uma
das caixas e foi abrindo tudo. Ali
estavam diversas variedades de
doces e o pudim da padaria.
– Tudo o que minha Pimentinha
ficou babando. Vamos guardar na
geladeira, algumas coisas podem
ser congeladas, a atendente marcou
com um C as embalagens que
podem.
– Amor, não precisava.
– Não quero você saindo atrás
dessas coisas enquanto eu não
estiver em casa – puxou um dos
doces e mostrou para mim. Um
canudo de chantilly. – Esse aqui eu
não resisti. Tive visões do seu
corpo coberto com o chantilly em
alumas partes... – ele deixou o doce
ali e veio como um gato para cima
de mim, me beijando a boca com
vontade.
Gemi deliciada ao sentir sua
ereção em minha barriga. Comida,
pinceis, pintura e qualquer coisa
perdeu a significância diante do
tesão que me consumiu. Me
puxando para cima, agarrei seu
pescoço e enlacei as pernas em sua
cintura. Ele foi andando e me
levando com ele, mas antes pegou o
doce.
– Não posso esquecer disso aqui
– ele riu e me levou para a cama.

– Me deixou toda melada,


Leãozinho – eu disse rindo, depois
de um tempo, passando a mão pelos
meus seios e entre minhas pernas.
– Foi o doce mais gostoso que
eu já provei. Estava louco para
fazer uma coisa dessas, desde o
brigaralho – ele chupou o bico do
meu seio e gemeu. – Hummm,
docinha – riu e continuou. –Vamos
tomar uma ducha, ou então vou te
dar outro banho de gato. Garanto
que dessa vez eu tiro todo esse
doce de você.
Levantou-se e eu estendi os
braços para ele. Eu estava com as
pernas trêmulas ainda, resquícios
dos orgasmos deliciosos que ele me
proporcionou com aquela boca
deliciosa e depois com seu corpo...
– Venha, Pimentinha – me pegou
nos braços e me levou com ele.

Todos os outros dias foram


assim, ele me beijava antes de sair
e eu dormia até mais tarde. Banho,
arrumar a cama, pintar e comer. A
moça da limpeza vinha dia sim, dia
não e eu não precisava me
preocupar com a casa ou com
comida. Nunca fui de ficar parada e
isso já estava me incomodando.
Agora eu tinha um guarda-costas,
Allan, que ficava postado do lado
de fora da porta. Toda vez que ia
andar, ou até a loja de materiais de
pintura, ele ia atrás, como uma
sombra. Com a cara sempre
fechada e muito sério, ele era
intimidador até para mim. Um dia
eu me acostumaria com isso. Já
havia conversado com Jess sobre o
assunto e ela me afirmou que
somente no início seria tão
estranho, que não havia nada nesse
mundo que não nos
acostumássemos.
Quando Bruno chegava era uma
festa, eu estava sempre com
saudades e louca por ele. Os
hormônios da gravidez estavam me
transformando em uma
ninfomaníaca, mas ele não
reclamava, muito pelo contrário,
atacava fogo com fogo.
No sábado, estávamos no sofá,
curtindo um filme com pipoca,
quando ele veio com a notícia.
– Pimentinha, vamos ver sua
mãe nesse sábado?
Eu estava com muita saudade
dela e aceitei na hora. Em três dias
eu veria minha querida mãezinha!
– Vou avisar então, amanhã cedo
eu ligo pra ela. Ela vai amar.
– O importante é te fazer feliz,
minha Anne. O resto é
consequência.
Me aconcheguei em seus braços
e ficamos ali, de bobeira… não
cheguei a ver o final do filme e
adormeci…
Capítulo 29

A sexta feira chegou e eram


quase cinco horas da tarde, quando
Bruno me ligou.
– Anne, você pode vir até aqui?
Peça para Allan vir com você,
pegue um táxi, eu aguardo vocês na
entrada do hospital.
– Aconteceu alguma coisa?
– Sim, aconteceu! Eu consegui
antecipar a consulta da semana que
vem e vamos ver nosso filhotinho e
quem sabe conseguir uma foto
melhor para mostrar à sua mãe
amanhã.
– Vou tomar um banho rápido e
logo estarei aí, ligo quando estiver
saindo.
– Certo, não demore. A consulta
é em meia hora.
Nos despedimos e desliguei,
pulando de alegria. Eu estava doida
para rever meu bebê, saber se havia
crescido, como ele estava!
Tomei uma ducha relâmpago e
coloquei o primeiro vestido que
achei, pois era mais prático, tanto
para eu pôr agora quanto para eu
tirar depois no consultório. A
ansiedade me consumia.
Quando abri a porta de casa,
Allan estava ao telefone,
confirmando o táxi.
– Já estão nos aguardando lá
embaixo, senhora – ele tinha um
vozeirão que me assustava.
– Que bom, Allan, obrigada –
ele era muito prestativo e segurou a
porta do elevador para eu entrar, e
depois a porta traseira do táxi
também, entrando no banco da
frente, ao lado do motorista.
Liguei para Bruno, que já nos
aguardava no local combinado.
Quando ele avistou o táxi chegando,
já se adiantou para abrir a porta
para mim e me abraçou forte, assim
que meus pés tocaram o chão.
– Vamos, minha Anne. Ansiosa?
– Demais!
– Então vamos, já me biparam e
estão nos esperando.
Allan veio atrás de nos, ficando
a uma certa distância, só de olho.
Chegamos no setor de ginecologia e
obstetrícia e logo chamavam pelo
meu nome.
Bruno abriu a porta e entramos.
– Sejam bem-vindos. Como está
se sentindo, Anne?
Falei para ele que os enjoos
haviam diminuído um pouco, ele me
perguntou sobre as vitaminas, me
pesou e nos levou para a sala de
exames, onde a ecografia seria
feita.
– Já sabe, né? Tire tudo da
cintura para baixo, deite-se e
coloque esse lençol sobre as
pernas. Já volto.
Fiz o que me pediu e Bruno se
prostrou atrás de mim, segurando
meus ombros. Ele parecia muito
mais ansioso do que eu, seus dedos
estavam inquietos sobre minha
pele.
– Ei, está tudo bem? Se acalma,
logo veremos nosso bebê.
– Vamos poder escutar o
coraçãozinho dele, ver muito mais
do que da outra vez. Estou louco
para ver e ouvir nosso filhotinho.
– Nosso baby, Leãozinho, vai
estar forte, você vai ver. É um
pedaço de você. E olhe só pra
você, grande, forte… só pode gerar
bebês como você. Quero que ele
tenha seus olhos, lindos.
Abaixou-se e beijou minha boca
de leve. Ele estava suando de tão
nervoso. Coloquei minhas mãos
sobre as suas e apertei de leve.
– Ok, vamos lá? – disse o
médico sentando-se em frente ao
aparelho, pegando a sonda e
colocando um preservativo sobre
ela e uma boa quantidade de gel
sobre a ponta. – Relaxe… isso
mesmo, pronto. Vocês querem
ouvir os batimentos cardíacos? –
respondemos em uníssono, um sim
bem articulado. Ele mexeu em
alguma coisa la no aparelho e o
som encheu a sala, alto e rápido. –
Esse é o coração do bebê… vamos
olhar como ele está – virou a sonda
dentro de mim e meu coração pulou
uma batida ao ver a imagem na tela.
– Uau! Estão vendo aquilo?
Parabéns!!!
Pingos quentes caíram sobre
meu colo e arrisquei uma olhada
furtiva para Bruno. Ele chorava
silenciosamente, tentando impedir
que as lágrimas caíssem sobre mim,
mas elas eram mais rápidas do que
ele conseguia secar.
Eu estava em estado de choque e
meus olhos retornaram para a tela à
minha frente. Puta que o pariu!
Meu coração estava acelerado e eu
estava meio tonta com a percepção
de que seria mãe de três bebês. Não
era possível, eu devia estar vendo
coisas.
– Bruno, me belisca. São três?
Doutor, é isso mesmo?
– Sim, são três bebês. Lembra-
se que na primeira vez haviam
várias bolinhas? Não pude afirmar
quantos eram no início como
estava, pois existem as vesículas
vitelinas e elas se desenvolvem
precocemente, mas se tornam
vestigiais algumas semanas depois.
Agora, com os trigêmeos um pouco
mais desenvolvidos, é fácil
distingui-los. Vamos chamá-los de
bebê 1, bebê 2 e bebê 3 – Enquanto
falava, ele ia marcando em cima
dos bebês. – Trigêmeos idênticos!
Isso é bem raro de acontecer – o
médico olhou para mim e puxou um
aparelhinho que colocou em meu
braço. Eu devia estar pálida como
cera.
– Acalme-se, Anne. Respire
fundo e relaxe. Não entre em pânico
– Bruno sussurrou em meu ouvido.
Seus cabelos tamparam minha visão
dos bebês e eu fechei meus olhos.
Era óbvio que eu estava
exultante de felicidade, mas a
preocupação com meus miomas e
tudo o que poderia acarretar era
grande demais. Dando voz aos
meus pensamentos, perguntei para o
médico.
– Doutor, minha preocupação
maior não está em ter três bebês,
mas sim no que os miomas podem
fazer de ruim na minha gestação –
passei a mão sobre minha barriga,
acarinhando meus filhotinhos, como
se isso os protegesse dos miomas
intrusos.
– Na realidade, Anne, os
miomas só atrapalharão se
migrarem para a boca do útero.
Nesse caso, teremos que intervir,
mas não é coisa para você se
preocupar no momento. Faremos
ecografias mais seguidas e
acompanharemos de perto o
desenvolvimento dos bebês. Deixe
que eu me preocupe com seus
miomas. Curta sua gravidez, tenha
seus momentos de lazer, leve a vida
normalmente. Mais tarde teremos
que entrar com um pouco de
repouso, mas nada que tenha que se
preocupar por hora. Vou aumentar
sua ingestão de vitaminas e ácido
fólico, faremos um cardápio
equilibrado para que não falte nada
nem para você, nem para eles.
Suspirei aliviada e deixei que a
felicidade tomasse conta de mim
enquanto o médico ia medindo e
ouvindo o coração de cada um
deles. Meu riso virou choro de
alegria e Bruno me dava vários
beijinho a cada número que o
médico nos passava…
– Eles estão se desenvolvendo
bem, em tamanho normal para a
idade gestacional – ele imprimiu
algumas imagens para nós e
terminou o exame. – Pode se secar,
Anne, espero vocês no consultório
assim que estiver pronta.
Ele saiu e me sentei na maca.
Olhei para Bruno, que estava com
um sorriso de orelha a orelha.
– Como você conseguiu guardar
esse segredo por tanto tempo? –
perguntei, dividida entre ficar
brava com ele e a felicidade
arrebatadora que me tomava.
– Se lembra que saí da sala de
exame logo depois da ecografia?
Fui perguntar exatamente isso para
o médico, o que significava o que
eu havia visto. Ele explicou que
não tinha certeza e que, se
déssemos a notícia a você naquele
momento, sua pressão poderia subir
e fazer algum mal aos bebês, até
porque não tínhamos a certeza de
quantos eram.
– Eu te amo tanto. Vem cá, meu
leãozão fodão. Três numa tacada
só, hein?
Ele se empertigou todo,
orgulhoso, jogando os cabelos para
trás.
Um leão se exibindo.
Eu não podia ter colocado um
apelido melhor nele. Leão o
definia.
Capítulo 30

Fomos para casa com a


recomendação de me alimentar
bem, mais vitaminas…
– Eu estava pensando, teremos
que reformar esse apartamento.
Acho que transformar os dois
quartos extras em um só, ou então
vendemos esse e compramos um
maior, com mais espaço para eles
crescerem e brincarem – Bruno
falou, quando entramos em casa e
nos largamos no sofá.
– Se você tiver algum apego a
esse apartamento, a reforma é uma
boa ideia. Vai dar um trabalhão
danado. Agora, se não, procuramos
outro – me estiquei e beijei de leve
sua boca.
– Acho melhor procurarmos
outro, então. Assim que voltarmos
da casa da sua mãe, vamos procurar
um que se encaixe na nossa nova
vida – ele se abaixou e encheu
minha barriga de beijos.
Ficamos fazendo planos,
pensando no que gostaríamos de ter
no apartamento novo.
– Acho que deveríamos ter um
quarto, com isolamento acústico, e
fazer uma réplica do nosso quarto
no bar, para eu poder te fazer gritar
de prazer sem incomodar as
crianças.
Cheguei mais perto dele, esse
papo de me fazer gritar de prazer
me deixou com vontade.
– É, com três de uma vez só…
essa é uma boa ideia. Mas quando
eles crescerem um pouco irão
querer saber o que tem por trás da
porta, criança é curiosa pra
caramba. Acho então que
deveríamos ficar com esse
apartamento aqui, assim teríamos
como escapar de tudo.
– Mulher, você é genial! E
falando em te fazer gritar, estou
louco de vontade de ver se sou
capaz...
Ele avançou em minha direção,
mas escapei dele, rindo. Ele veio à
caça e correu atrás de mim pelo
apartamento. Óbvio que eu queria
que ele me pegasse e pegasse com
gosto, então fugi para o quarto e
deixei que ele me alcançasse
quando entrei. Ele me agarrou e
atacou minha boca, com fome.
Gemidos escapavam de nossas
bocas, à medida que nossas roupas
caiam espalhadas pelo chão. Sua
mão deslizou pelo meu corpo,
apalpando, apertando meus seios,
rolando os bicos duros entre os
dedos, me enlouquecendo. Depois
foi descendo e segurou meu sexo,
um dedo se aventurou por minhas
dobras e ele gemeu quando
encontrou minha umidade. Eu
estava louca por ele e meu corpo
demonstrava isso, se preparando
para abrigar todo seu tamanho
dentro dele.
– Eu fico louco de tesão quando
meus dedos escorregam nessa
bocetinha deliciosa.
– Impossível não ficar molhada
perto de você. É só te olhar e já
fico doida – nesse momento ele
enfiou alguns dedos em mim e meu
corpo estremeceu.
– Quer meu pau todo em você...
– ele sussurrou em meu ouvido,
lambendo e descendo a boca pelo
meu pescoço.
Seus dedos não davam trégua em
meu sexo e minhas pernas já
estavam trêmulas, pelo orgasmo
que se aproximava.
– Uhum... – consegui murmurar.
Sua boca em minha pele, seu
corpo junto ao meu, seu cheiro,
seus dedos me penetrando e
contorcendo-se dentro de mim,
tomavam toda minha sanidade, me
fazendo esquecer de tudo ao meu
redor.
– Quer minha boca em você? –
ele lambeu minha pele, descendo e
abocanhando meu mamilo, sugando
com força, arrancando um gemido
rouco de mim. Desceu ainda
mais… – Quer minha língua
atormentando essa bocetinha doce?
Afastei minhas pernas e senti a
maciez e a quentura de sua língua
em minha pele molhada. Ele soprou
meu clitóris, provocando um
arrepio em meu corpo todo e
chupou, enquanto seus dedos faziam
sua mágica dentro de mim. O
orgasmo chegou forte, sacudindo
meu corpo. Minhas pernas cederam
e ele me segurou, me levantando em
seus braços e me deitando em nossa
cama.
– Tenho que dar o que você quer,
Pimentinha, você não pode passar
vontade. Me diga o que você
deseja? – sussurrou com a voz
rouca de tesão.
– Quero que me prenda e me
foda. Com força – minha voz estava
rouca por causa da avalanche de
sensações provocadas por ele…
– Você me mata, Pimentinha.
Espere, comprei uma coisa pra
você – correu até o outro quarto e
voltou com um par de algemas, um
vibrador roxo e uma venda nas
mãos. – Seu desejo é uma ordem.
Um sorriso cresceu em meu
rosto, juntei os pulsos, oferecendo-
os a ele que puxou o ar entre os
dentes, antes de prendê-los. Me
vendou e recomeçou com a tortura,
elevando meus braços.
– Segure-se, minha Anne. Não
abaixe os braços.
Senti o cheiro de sua pele, seu
calor tão próximo e estremeci. A
primeira coisa que senti foi sua
barba, arranhando de leve minha
pele, acompanhada do calor da sua
respiração. Quando sua língua
entrou em ação, deixando um rastro
úmido pelo meu corpo, me arrepiei
toda. Minha respiração estava
pesada, como se eu tivesse corrido
uma maratona, gemidos escapavam
de mim, impossíveis de conter
quando ele encostou o vibrador na
minha pele molhada e me penetrou.
Sua boca cobriu a minha,
consumindo, exigindo tudo de mim.
Eu me contorcia, o prazer que ele
me proporcionava era tamanho que
eu não conseguia controlar meu
corpo.
– Quero você… por favor… –
sussurrei em sua boca.
Ele estremeceu e jogou longe o
vibrador, vindo para cima de mim.
A cabeça larga do seu pau se
acomodou entre minhas pernas e
suas mãos seguraram as minhas, seu
corpo pressionando e aprisionando
o meu.
– Eu te amo, Pimentinha.
E me penetrou, todo de uma vez,
me fazendo gritar de prazer. Seus
movimentos fortes e bruscos me
levaram à loucura.
– Gostosa, tão apertadinha! – ele
gemia em meu ouvido. – Toda
minha, minha!
Gritei seu nome quando o prazer
tomou conta de mim e me agarrei a
ele, com minhas pernas, fazendo
com que ele entrasse ainda mais
fundo.
Escutei seus dentes rangendo e a
venda foi arrancada de mim.
– Essa boceta gostosa
ordenhando meu pau assim… – me
agarrou, seus dedos apertando meu
ombro, me mantendo presa a ele. –
Me olhe, Pimentinha. Olhe o que só
você faz comigo.
Ele levantou minha bunda com
uma das mãos, ajeitando o ângulo
da penetração e aumentou o ritmo,
metendo forte, cravando os dedos
em minha bunda.
Seus olhos estavam escuros,
pupilas dilatadas, seus lábios
entreabertos, ofegante. Seu corpo
todo se contraiu e seus olhos
perderam o foco quando ele gemeu
alto e gozou forte dentro de mim.
– Você é meu mundo,
Pimentinha. Não sei viver sem você
– seu olhar me dizia a mesma coisa.
– E você não vai, amor. Sou sua.
Ele retirou as algemas,
acariciando meus braços e o
abracei.
E você é todo meu. Meu
leãozinho gostoso – ele abriu
aquele sorriso satisfeito. – Amo
você.
Capítulo 31

Olhando Bruno carregar nossa


mala para o final de semana, eu
imaginava a reação da minha mãe
quando o visse. Comecei a rir
sozinha.
Bruno, à primeira vista, era
intimidador. Com sua barba por
fazer, sua cabeleira rebelde e seus
dois metros de altura, tudo isso
aliado aos seus músculos muito
bem esculpidos, ele chamava a
atenção de quem quer que fosse.
Primeiro assustava, mas, olhando
bem, não tinha quem não babasse
por ele, fosse homem ou mulher, os
olhares se prendiam a ele.
– O que foi, Pimentinha? – ele
me olhou com aquela cara de
safado. – Você tá com aquela cara
de tesão.
– Nada não, Bruno. Vamos?
– Vamos, minha Anne – ele
largou a mala perto da porta e veio
me beijar.
Me abraçou pela cintura e me
puxou para fora de casa. Pegamos o
elevador, a mão dele acariciando
minhas costas. Chegamos na
garagem, ele abriu a porta para que
eu entrasse, colocou nossa mala no
porta-malas e entrou. Ele ocupava
muito bem o espaço destinado ao
motorista com seu corpo delicioso.
Eu não me cansava de admirá-lo.
Me olhou e abriu um sorrisão,
engatou a ré e saiu da garagem,
logo estávamos na estrada, ele
cantava e tamborilava os dedos na
direção, fazendo às vezes de
bateria, imitando a música. Eu não
podia me esquecer que ele tinha
uma banda com os outros caras e
também da sua voz potente. Eu
estava me segurando no banco para
não atacá-lo enquanto dirigia, pois
de pouco em pouco ele pousava a
mão em minha perna, acariciando,
fazendo círculos com os dedos em
minha coxa, me atentando.
– Sei que você tá louca de tesão,
Pimentinha… estou vendo em seu
rosto – a voz dele estava rouca e
me arrepiou.
– Estou. Você fica tão sexy
dirigindo assim, cantando e
brincando com o volante… – me
remexi no assento, tentando acalmar
o fogo que me consumia. – O pior é
que meus pais estão nos
esperando…
– Não tem nada que me impeça
de te fazer gozar aqui e agora.
Seus olhos estavam azuis, como
labaredas… Engoli em seco.
Entreabri os lábios, minha boca
ficando seca de repente.
Ele colocou a mão entre minhas
pernas e puxou uma para seu colo.
Fiquei meio torta no banco, quase
recostada na porta. Seus dedos se
aventuraram por baixo da saia do
meu vestido e puxaram minha
calcinha de lado… continuaram sua
exploração… lentamente, eles me
exploraram, brincaram com meu
clitóris e aprofundaram-se em meu
corpo. Gemi baixinho, segurando
meus seios, que estavam sensíveis,
meus mamilos estavam durinhos,
queria a boca deles ali…
Bruno dividia sua atenção na
estrada e em minhas reações. Ele
segurou o volante com a perna e
tirou minha sapatilha, apertando
meu pé contra seu pau duro, e senti
a pulsação dele contra minha sola.
Fiquei acariciando seu
comprimento enquanto ele me
masturbava lentamente.
Sua respiração ofegante me
deixava ainda mais acesa… Foi
quando ele parou o carro no
acostamento e caiu de boca em
mim. Me agarrei em seus cabelos e
quando eu estava quase gozando,
ele me puxou para seu colo, fechou
os vidros e abriu o zíper.
Em segundos, ele estava dentro
de mim. Fundo e forte. Meu corpo
ondulava contra o dele e nossas
bocas se encontraram. Minha
sanidade se esvaiu quando ele
gemeu meu nome, gozando forte
dentro de mim, me apertando contra
ele, numa penetração
superprofunda, me fazendo gozar
como louca.
Nem me passou pela cabeça que
alguém pudesse nos ver. Eu queria
seu pau em mim desde que tinha
acordado. Foi a coisa mais
exibicionista da minha vida.
– Só você para me fazer perder
a cabeça no meio da estrada, minha
Anne – ele riu. – Vamos ter que dar
uma passadinha no seu apartamento
para tomar um banho, estamos com
cheiro de sexo. O que seu pai diria
se eu o fosse cumprimentar e
sentisse seu cheiro em minha mão?
– Tem razão. Mas está tão bom
aqui – rebolei em seu colo e ele
pulsou dentro de mim.
– Não brinque, Pimentinha. Ou
passamos o final de semana no seu
apartamento – ri e desmontei de seu
colo. – Trouxe algumas coisas aqui
– ele se abaixou e retirou do porta-
luvas um pacote de lenços
umedecidos, ainda fechado. – Eu
tinha a intenção de te comer no
carro há dias – ri de seu
planejamento e meu riso virou um
gemido quando senti sua porra
saindo de mim. Seus olhos se
grudaram em meu sexo e foi a vez
de ele engolir em seco. – Anne,
estou mudando de ideia. Vamos
ficar no seu apartamento. Essa
visão me deixou de pau duro de
novo.
– Nada disso. Vamos passar por
lá, tomar uma ducha e ir ver minha
mãe, antes que ela coloque a
polícia atrás da gente.
– Eu não posso encontrar seus
pais assim – ele apontou para o pau
que estava duro para fora da calça
ainda.
– Prometo que vamos dormir em
meu apartamento e então serei toda,
toda sua – eu nunca me cansaria
dele. Era olhar para seus olhos e o
fogo me consumia.
Ele me limpou e, suspirando,
acomodou seu pau com dificuldade
de volta dentro da calça, fechando
o zíper. Uma hora depois, de banho
tomado e com a maior cara lavada,
chegamos na casa da minha mãe,
que nos aguardava na porta de casa.
Saí do carro, mal esperando
parar completamente, e me joguei
nos braços da minha mãe. Girei
com ela, para que não visse Bruno
saindo do carro. Queria ver a
reação dela.
– Que saudades, minha filha! –
ela me abraçou forte. – Cadê seu
namorado? Quero ver quem foi
capaz de agarrar seu coração dessa
maneira.
Sorrindo para ela, eu vi Bruno
se aproximando e a virei de frente
para ele, que veio andando com
aquele jeito felino, jogando os
cabelos para trás. Minha mãe
resfolegou e soltou um palavrão.
– Prazer em conhecer a senhora
– Bruno disse para ela.
– Jesus, Maria e José! – minha
mãe levou a mão à boca e me
olhou. – Tá explicado o porquê de
você não querer sair da casa dele
para vir me ver. Meu Deus! –
minha mãe pareceu cair em si
quando Bruno gargalhou. –
Desculpa, meu filho, mas, caramba!
Você é lindo!
– Eu disse que ela ficaria muito
feliz em nos ver – ri junto com ele.
Soltando minha mãe, fui até o
lado dele, que me abraçou e beijou
meus cabelos.
– Agora já percebi de onde veio
a beleza da minha Anne.
Minha mãe ficou vermelha como
um pimentão, o que fez com que eu
risse ainda mais.
– Ah, para. Seja bem-vindo,
Bruno – minha mãe respirou fundo
e se mexeu. – Vamos entrando,
venham.
Virei para ele com um sorriso
enorme no rosto.
– Ela gostou de você.
– Eu causo esse efeito nas
mulheres… – ele se empertigou
todo, orgulhoso.
– Aham. Espere até conhecer
meu pai e ele descobrir que você se
aproveitou da filhinha dele e a
engravidou.
A expressão dele foi impagável!
O sorriso sumiu e ele ficou sério.
– Vamos lá então, vamos
enfrentar a fera.
Me tomou pela mão e me puxou,
indo atrás da minha mãe. Eu ri
muito e entrei na casa em que
cresci. Foi assim que meu pai me
viu. Feliz, rindo e brincando com
Bruno, que sorria novamente para
mim, com os olhos cheios de amor.
Foi tudo o que ele precisou para
aceitar meu Leãozinho. Saber que
ele me fazia feliz. Muito feliz.

Meu pai recebeu Bruno como a


um filho e, durante o almoço, eu
percebia o olhar dele em Bruno,
estudando-o. Num acordo mudo,
não tocamos no assunto bebês, por
hora. O baque de conhecerem
Bruno já havia sido grande o
suficiente.
Acostumado, Bruno me dava
garfadas de seu próprio prato e
ficava muito satisfeito quando eu
abria a boca de bom grado ao vê-lo
fazer isso. Meu pai elevou uma
sobrancelha para mim, mas eu
apenas sorri. Bruno nem percebeu,
pois quando ele se focava em me
alimentar, não tinha o que mexesse
com ele. Continuei comendo de meu
próprio prato, mas ele
complementava, me dando mais.
Apenas quando eu neguei com a
cabeça, ele parou e começou a
comer.
– Me diga, Bruno, o que você
faz? Trabalha com o quê? – meu pai
perguntou, puxando conversa com
ele.
Bruno então começou seu
discurso acalorado sobre o
hospital, as crianças da oncologia,
sobre a recreação e seu amor pela
profissão.
– Você parece gostar muito de
crianças.
– Sim, Senhor – Bruno
respondeu pegando minha mão e
beijando.
– Sei que é muito cedo para
isso, mas vocês pretendem casar?
Sou muito observador e vi uma
aliança na mão de vocês – meu pai
meio que fechou a cara.
– Com certeza, senhor. Eu
planejava pedir a mão dela mais
tarde – Bruno deu um de seus
sorrisos para meu pai e desarmou o
pobre coitado.
– Está bem então, não vou
estragar os planos de vocês. Mas
estou intrigado. Como você
consegue, com seu salário de
enfermeiro, ter um carro daqueles
lá fora?
– Pai! – o repreendi, um pouco
alto demais.
– Pimentinha, se acalme – ele
me olhou, lembrando-me dos bebês.
– É simples. Eu, além de trabalhar
no hospital, sou sócio de uma
academia de ginástica de última
geração e também de um
estabelecimento na praia. Ambos
super rentáveis. O trabalho como
enfermeiro é mais como uma ajuda
a quem precisa. Faço tudo pelos
pacientes por que gosto, me sinto
útil ajudando, levando um pouco de
alegria a quem está debilitado por
uma doença e aos seus familiares.
Não faço pelo dinheiro.
Novamente, a paixão com que
ele falava do seu emprego como
enfermeiro, deixou meu pai sem
reação.
Olhei para meu pai, como que
perguntando satisfeito?
Meu pai continuou a comer,
minha mãe, muda, ainda sob efeito
da magia do Bruno. Ela olhava para
ele, para mim e sorria… quando eu
percebia, ela estava novamente
olhando para ele.
– Bom. Muito bom. A
humanidade está perdida, um
querendo acabar com o outro, essa
competição absurda, um querendo
passar por cima do outro, custe o
que custar. É muito bom saber que
existem pessoas como você, que
doam seu tempo e disposição para
ajudar a quem precisa. É louvável.
– Minha filha tirou a sorte
grande. Lindo, alto, cuida dela
como uma princesa e ainda pensa
nos outros, em ajudar quem precisa.
– Mãe! – a repreendi novamente.
– Querida! – meu pai a
repreendeu ao mesmo tempo.
– Ah, qual é! Não falei nenhuma
mentira. Olhe para o rapaz, Mauro!
Alguém que cuida tão bem de si
mesmo, é mais do que capaz de
cuidar de nossa filha.
– Bruno, pelo amor de Deus,
releve – olhei para ele, preocupada
com o que pudesse estar pensando
dos meus pais, mas em seus olhos
vi apenas diversão.
– Claro, a senhora está coberta
de razão. Cuido da Anne como a
uma princesa, pois ela é a coisa
mais preciosa para mim. Satisfazer
os desejos dela é minha prioridade
número um.
Meus pais se olharam e eu senti
minhas bochechas queimarem.
Bruno me deu um beijo na testa e
continuou a comer. O resto do
almoço correu muito bem, meus
pais não fizeram mais perguntas
constrangedoras e mudaram para
um assunto mais ameno,
corriqueiro.
Estava com minha mãe, lavando
os pratos e Bruno estava na sala
com meu pai. Quando eu estava
enxugando o último prato, eles
entraram na cozinha.
– Filha, vou roubar seu
namorado um pouco. Vou levá-lo
até o lago, quem sabe pegar alguns
peixes para o jantar...
Bruno veio até mim, me abraçou
pela cintura e me deu um beijinho
na boca.
– Não se preocupe, Pimentinha.
Voltaremos logo.
Retribui o beijinho casto e eles
se foram. Quando estavam cruzando
a porta da cozinha, escutei meu pai
perguntar.
– Por que você chama ela de
Pimentinha?
Fechei os olhos e balancei a
cabeça. Esse meu pai e sua
curiosidade!
– O senhor já viu o gênio dessa
mulher? – Bruno respondeu e meu
pai riu. Bem, eles estavam se
entendendo…
Escutamos o carro se afastando.
– Filha. Agora entendi o que
você quis dizer com não tem nada
de pequeno nele – rimos e então
ela me olhou, séria. – Anne, seja
sincera. O que você não está me
contando? Por que ele te olha
daquela maneira? Tem coisa aí. Eu
o vi acariciando sua barriga e, com
certeza, não é por ele gostar de sua
fofurice.
– Nada escapa de você, né,
mãe? – fui até ela e a abracei. – A
senhora está certa. Tem coisa sim.
Lembra quando me dizia que eu só
entenderia certas coisas quando eu
fosse mãe? Bem, eu acho que vou
começar a entender agora.
Ela me olhou com os olhos rasos
d'água.
– Vou ser vovó? – uma lágrima
solitária escorreu pelo seu rosto.
– Uhum – eu disse, confirmando
com a cabeça. –Mas tem um
problema.
– Ah, minha filha, não se
preocupe com seu pai, ele vai
aceitar.
– Não, mãe, o problema não é o
papai. É que eu e o Bruno somos
dois. Vai faltar braços para nossos
bebês. Estou grávida de trigêmeos.
Minha mãe me olhou
estarrecida. Depois levantou três
dedos.
– Trê... três bebês? – ela
balbuciou.
– Sim. Três e iguaizinhos.
Ela começou a chorar
copiosamente e eu a abracei.
Deixei que chorasse o quanto
quisesse. Eu mesma havia chorado
quando descobri meus filhotinhos.
– Anne, temos que comemorar! –
ela disse, exultante, ainda fungando.
– Vamos comprar um champanhe!
Pegamos o carro do seu pai e
voltamos antes de eles voltarem
dessa pescaria. Sabe como demora
quando seu pai resolve ir ao lago.
– Será que papai deixou a
chave? – fui até a sala, onde ele
deixava a chave pendurada. – Está
aqui. Vamos?
Estendi a mão para ela, que
pegou a bolsa e veio ao meu
encontro. Peguei a minha e o
celular, colocando-o entre os seios
para não perdê-lo dentro da bolsa.
Sabia que logo Bruno ligaria.
Pegamos o carro e partimos,
rumo ao mercado. Lá chegando,
deixei minha mãe na porta e fui
estacionar o carro.

Estava no lago, com o pai da


Anne, naquela tranquilidade total,
sentados na beirada da água,
segurando nossas varas, quando
meu celular tocou.
– Alô – do outro lado eu só
ouvia a respiração de alguém.
Verifiquei o número, mas era
desconhecido para mim. – Alô?
Quem fala?
– E aí, cara, quanto tempo!
Aquela voz! Eu não havia me
esquecido da voz do tampinha
safado.
– Diego. O que você quer
comigo? Não estava na cadeia? – o
pai de Anne me olhou e começou a
prestar atenção na minha conversa.
– Isso não vem ao caso. Eu vou
pegar sua boneca. Vou fazer o que
devia ter feito desde o início.
– Você está mentindo. Como
conseguiu meu número?
– Seu idiota! Eu não estou
mentindo. Não acredita em mim?
Estou te mandando um vídeo. Vou
pegar essa gorda idiota de jeito.
Vocês vão me pagar por terem me
colocado na cadeia!
– Ninguém, além de você
mesmo, é responsável por isso, seu
merda.
A ligação ficou muda e apareceu
uma notificação do meu aplicativo,
que eu havia recebido um vídeo.
Cliquei no atalho e senti o
sangue se esvaindo do meu rosto.
No vídeo, Anne estava dirigindo e
deixando a mãe em frente ao
mercado, e estava procurando por
uma vaga, cada vez mais próxima
da câmera.
Tentei ligar para Anne, mas só
chamava e caia na caixa postal. O
pai de Anne ligou para a mãe dela e
pediu que ela fosse para o carro,
ele ficou ao telefone com ela, não
prestando mais atenção em mim.
Alguns minutos se passaram e
meu celular tocou novamente.
– Viu? Eu não estava brincando.
Diga adeus a ela.
O barulho de uma explosão fez
com que quase deixássemos nossos
celulares caírem.
Adeus, babaca! – escutei
Diego dizer e então o telefone ficou
mudo.
Capítulo 32

O barulho da explosão e a
consciência do que aquilo
significava fez meu estômago se
contorcer e me abaixei, deixando
todo o conteúdo dele aos meus pés.
Olhei para meu futuro sogro e
ele estava desolado, olhando para o
chão, as lágrimas escorrendo pelo
seu rosto e pingando no chão de
terra.
Fui até a beirada do lago e lavei
minha boca, o gosto amargo da bílis
agarrado em minha língua. Cheguei
perto dele e passei o braço por seus
ombros. Ele se encostou em meu
peito e um soluço fez seu corpo
sacudir.
– Vamos até lá. Talvez possamos
fazer alguma coisa. A ambulância
não vai demorar para chegar – todo
meu treinamento como enfermeiro
estava valendo a pena e consegui
conter minha ira e meu desespero,
em vista do sofrimento do homem.
Amparei o pobre coitado até o
carro. O ódio que me tomava estava
pau a pau com o desamparo, um
vazio que me deixava sem palavras,
sem vontade de viver, querendo
estar junto com ela naquele carro,
minutos atrás. Entrei e dei a
partida, cascalhos voaram para
todos os cantos quando acelerei e
saí em alta velocidade.
Como ela estaria? Minha
pimentinha e meus filhotes … Uma
explosão daquelas… eu nem queria
pensar…
Lágrimas turvaram minha visão
quando entrei na estrada de volta à
cidade. Consegui entender as
coordenadas do Mauro e logo
vimos a fumaça ao longe. Pisei
fundo e chegamos.
Aquilo estava virado no caos
total. Ambulância, polícia e
bombeiros, além da multidão que se
aglomerava em volta, impediam
que chegássemos perto do carro.
Aproveitei do meu tamanho e me
embrenhei no meio do povo,
abrindo caminho para nós.
Tentei chegar até o carro e um
policial me segurou.
– Não pode chegar mais perto,
senhor.
– Mas é minha mulher que está
ali! Eu preciso vê-la.
– É minha filha! – Mauro gritou
para o policial.
– O estado dela é crítico,
ninguém pode chegar mais perto.
– Não posso o caralho! Quero
ver quem vai me segurar, minha
mulher está agonizando naquele
carro e vocês querem me impedir
de vê-la?
O policial, ao ver meu estado,
deixou que passássemos.
– Seria melhor se vocês não
vissem isso. Mas, realmente, eu não
posso impedir a família – o policial
disse, com a voz triste.
Meu Deus, me dê forças.
Cheguei próximo ao carro e
alguns bombeiros estavam
apagando o fogo enquanto outros
tentavam abrir a porta para retirá-la
de dentro. Mauro foi amparar a
esposa que chorava. Realmente,
não tínhamos o que fazer a não ser
esperar que eles fizessem seu
trabalho.
Fiquei atento ao trabalho deles
e, assim que conseguiram arrancar
a porta, eu me adiantei, mas o
cheiro de carne queimada era tão
grande que quase desmaiei.
Cambaleei e caí sentado no chão,
minhas esperanças de tê-la viva e
bem em meus braços se esvaindo
ao observar seu corpo inerte sendo
retirado do carro, um cobertor
molhado foi colocado sobre seu
corpo e a levaram para a
ambulância.
– Senhor, quer acompanhar na
ambulância? – o paramédico me
perguntou e levantei do chão, me
forçando para colocar um pé após o
outro até as portas traseiras que
aguardavam abertas.
Estendi a chave do carro para o
policial e pedi que entregasse para
o Mauro, que estava abraçado com
a esposa, olhando para mim. Com
um sinal positivo, ele disse para
que fossemos.
Me sentei ao lado da maca e o
paramédico entrou atrás de mim.
Seu corpo estava coberto de
fuligem, as roupas viradas em
farrapos queimados. Seus cabelos,
seu rosto tão lindo, completamente
queimados, a pele cheia de bolhas
que deviam estar doendo demais...
Com todo o meu conhecimento, eu
sabia que só um milagre faria minha
pimentinha voltar para mim…
O caminho até o hospital foi
torturante. Saí da ambulância e
deixei que a levassem. Fui com
eles, correndo atrás e me barraram
na entrada para a sala onde a
atenderiam.
– O senhor tem que aguardar
aqui. Logo o médico virá com
notícias.
Essa era a pior parte.
A espera.
Passei a mão pelo rosto,
secando as lágrimas e prendendo
meus cabelos em um coque.
Estava disperso em pensamentos
quando uma mão pousou em meu
ombro. Era a mãe da Anne.
– Meu filho, ela me contou dos
bebês. Eu imagino o que você está
passando – e, sentando-se ao meu
lado, me abraçou. Encostei em seu
ombro e deixei as lágrimas saírem,
todo o desespero que sentia ali,
naquelas lágrimas.
Perdi a noção do tempo e de
quanto eu andei de um lado para o
outro naquela sala de espera
diminuta. De repente, a porta pela
qual ela tinha entrado se abriu e o
médico saiu.
– Familiares de Anne Brunetti.
Corri até ele, que trazia alguma
coisa nas mãos.
– Sou o namorado – ele me
olhou com pesar.
– Somente os familiares, senhor.
– Somos os pais – a mãe dela
chegou ao meu lado, acariciando
meu braço.
– Bem, ela está em estado
gravíssimo. Está sendo levada para
a UTI, sofreu queimadura nas vias
aéreas e inalou muita fumaça, além
de estar basicamente com 40% do
corpo queimado. As chances dela
são mínimas. Aqui está o que
sobrou dos pertences que estavam
com ela. Daqui a pouco, um de
vocês poderá vê-la.
A mãe dela pegou o embrulho e
abraçou, chorando e enterrando o
rosto no peito do marido.
–Devemos contar para a polícia
sobre o telefonema do Diego. Eles
precisam ir atrás dele – Mauro
disse e ele estava certo. – Esse
marginal deveria estar na cadeia!
Como ele foi capaz de uma coisa
dessas? Tem merda na cabeça, o
lazarento!
– Calma Mauro, estamos no
hospital.
– Calma o cacete! Minha filha
está morrendo lá dentro por causa
desse lunático e você quer que eu
tenha calma? Você ouviu o médico!
Por Deus, não me peça para ter
calma!
Ele se afastou e a pobre mulher
me olhou. Abri os braços para ela,
que me abraçou.
– Ele tem razão. Fique aqui, meu
filho. Nós vamos até a delegacia.
Como ele ligou para você, é capaz
de você ter que ir também, mas
deixe isso pra depois. Você precisa
acalmar seu coração. Fique, vá
ficar com ela e com seus filhos. O
médico não disse nada sobre os
bebês, então não deve ter
acontecido nada com eles.
As palavras dela me deram o
consolo que eu necessitava no
momento. Deu um aperto no meu
braço e se foi para junto do marido
e saíram, porta afora.
Suspirei e me sentei, esperando
que me chamassem para que eu
pudesse vê-la.
Mais uma eternidade se passou
até que me permitiram subir.
Meu coração ficou apertado ao
vê-la deitada naquela cama. Mas
alguma coisa estava errada. Eu
sentia uma apreensão dentro de
mim, uma coisa que me dizia que
aquela mulher ali, naquela cama,
não era minha Anne.
Bem, deve ser algum tipo de
recusa em aceitar uma tragédia
como essa…
Ela estava com a cabeça
enfaixada, apenas seus olhos, a
pontinha do nariz e a boca eram
visíveis, ainda assim, bastante
machucados. Nem sua mão eu podia
pegar, pois estava queimada
também.
– Estou aqui com você, minha
Anne. Lute, lute, minha Pimentinha
e volte para mim.
Fiquei velando seu sono.
A sensação de que alguma coisa
estava errada não saia de mim.
Capítulo 33

Quanto mais eu olhava para a


mulher adormecida naquela cama,
mais aquela sensação se apossava
de mim. O tamanho, o tom dos
cabelos eram iguais… o restante
não dava para avaliar, já que ela
estava com queimaduras pelo corpo
todo. Passado os minutos que eu
poderia ficar com ela, saí e fui até
o centro de enfermagem.
– Quero ver a ficha médica da
minha mulher – exigi à enfermeira-
chefe.
– Não posso deixar que mexa
senhor. Além do mais, não
entenderia o que está escrito.
Aguarde até o médico chegar e
converse com ele. É o melhor a
fazer.
– Sou enfermeiro e sei ler muito
bem uma ficha médica. Quero saber
sobre meus filhos! Alguma coisa
está muito errada! Eu sinto isso. Só
quero a confirmação. Quero saber
sobre os bebês!
A enfermeira me olhou como se
eu fosse um lunático. Pegou o
telefone e ligou para o médico,
pedindo a presença dele o mais
rápido possível.
– Não posso te passar a ficha
dela, nem dizer nada no momento,
mas o médico está a caminho.
Passei a mão pelo rosto,
exasperado.
Minutos depois, o médico
chegou , apressado, dirigindo-se a
ela.
– O que aconteceu? Por que
estava tão aflita ao telefone?
Não esperei que ela explicasse,
minha cabeça entrando no lugar e
ligando fatos e palavras!
– Aquela mulher não é a minha
Anne. Eu sinto. Quero saber sobre
os bebês. Minha mulher está
grávida de trigêmeos. Quero saber
sobre eles.
O médico alcançou a ficha dela
e leu, levantou a folha, leu embaixo,
virou, releu.
– Sinto muito, mas não tem
nenhum bebê. Ela não está grávida,
nem nunca esteve. Foi feita uma
ressonância e não tem traços de
gravidez.
– Filho da puta! – me virei e
fechei o punho contra a parede. Ah,
tampinha dos infernos! Quando eu
colocar as minhas mãos naquele
safado! – Vocês, continuem a cuidar
dessa moça com a certeza de que
ela não é minha Anne. Qualquer
sinal de melhora, me avisem. Esse
é meu número. Obrigado.
O safado já tinha muitas horas
de vantagem! Devia estar rindo da
minha cara.
Liguei para a mãe da Anne e
pedi para que me encontrassem na
casa deles. Desliguei e liguei para
o Rick.
– E aí, Brunão.
– Cara, eu preciso da sua ajuda.
Aquele tampinha filho da puta está
com minha Anne. Tenho o número
dele. Preciso daquele seu amigo da
polícia e urgentemente.
– Calma, comece do começo. O
que aconteceu e como ele está com
ela? – expliquei tudo a ele e quando
acabei, ele estava estarrecido. –
Pode deixar, Brunão. Vou ligar pra
ele e vamos para aí. Me dá o
endereço da casa dos pais dela.
– Vai vendo com ele, Rick. Eu
não faço a mínima ideia da porra
do endereço. Sei chegar lá. Me dá
10 minutos que estou indo pra lá e
já te mando. Tenho que ir. Cada
minuto é um tempo a mais que ele
tem para fugir com ela.
– Mande o número dele por
mensagem assim que puder, assim o
Ethan vai tentando rastrear.
– Valeu. Até.
Desliguei e abri a porta do
carro, entrei e saí cantando pneu.
Eu estava louco de vontade de
ligar para ele e encher aquele
tampinha de merda, falar tudo o que
eu estava pensando e o que eu
queria fazer com ele.
Dei um soco no volante,
frustrado.
Eu não o alertaria, não daria a
arma na mão do bandido. Enquanto
ele pensasse que eu não sabia de
nada, não se precaveria de nada,
achando que tinha todo o tempo do
mundo!
Passei faróis vermelhos e não
estava nem aí para a velocidade, eu
queria era chegar logo até a casa
dos pais dela para passar o
endereço para o Rick e então
esperar que eles chegassem e
começar a montar um plano de
ação.
Mandei o endereço e estava
esperando já ha uns 15 minutos
quando os pais dela chegaram.
– O que aconteceu, meu filho,
por que estava tão nervoso?
Aconteceu alguma coisa com a
Anne? – a mãe dela perguntou,
impaciente.
– Preciso ter uma conversa séria
com vocês. Tem uma coisa muito
errada e preciso começar a contar
do início. Podemos entrar?
Eles me olharam sérios e dona
Isabel destrancou a porta,
mantendo-a aberta para nós.
– Sentem-se. Será melhor assim
– sentaram-se e ficaram me
olhando.
Caramba, isso é difícil! Juntei
meus cabelos e os prendi num
coque.
– Vai rapaz, diga logo!
Respirei fundo.
– Mauro, nós viemos até aqui
hoje para dar uma noticia a vocês.
Como eu disse, eu pediria a mão da
Anne em casamento – ele confirmou
com a cabeça e prossegui. –
Também iriamos contar que vocês
seriam avós. Minha Anne está
grávida – Mauro arregalou os olhos
e Isabel começou a chorar.
– Grávida? – Mauro perguntou,
espantado.
– E de trigêmeos, querido –
Isabel colocou a mão na perna do
marido, confortando-o. – Por isso
fomos ao mercado, eu queria
comprar uma garrafa de champanhe
para comemorarmos quando vocês
retornassem. A culpa é toda
minha... – ela caiu num choro
copioso. O marido a abraçou.
– Aí é que a coisa aperta. A
mulher que está no hospital não está
grávida e nem nunca esteve. O
corpo da mulher muda quando dá a
luz, ainda que seja um aborto
espontâneo. Aquela mulher não é a
nossa Anne. Diego ainda está com
ela, em algum lugar...
Mauro se levantou tão depressa
que quase derrubou sua mulher, que
estava amparada em seu ombro.
–Como assim? Essa coisa toda
foi mentira? – Mauro passou a mão
pela careca. – Meu Deus, aquele
seu sobrinho é uma aberração! Olha
o que ele fez a uma pessoa
inocente! Quem será aquela pobre
coitada queimada no hospital?
– Não tenho ideia. Parece que o
pessoal do hospital está tentando
descobrir. Ela está com as digitais
queimadas, vai ser difícil, mas eles
conseguem. Pedi que me avisassem
qualquer coisa que acontecesse
com ela – respondi.
– Precisamos avisar a polícia!
– Calma, Mauro, acabamos de
sair da delegacia! – Isabel tentou
acalmar o marido.
– Tenho amigos que são como
irmãos para mim. Eles estão vindo
e um investigador da polícia vem
junto com eles. Ele ajudou o Rick
quando sequestraram a mulher dele
e também quando o ex-marido dela
me sequestrou ha algumas semanas
atrás. Liguei para eles depois que
liguei para vocês. Eu confio neles.
Cuidaram muito bem da minha
Anne quando eu estava no
cativeiro.
– Vou ligar para minha irmã ver
se ela sabe alguma coisa sobre o
Diego – Isabel disse, preocupada,
se adiantando até o telefone.
– Não, dona Isabel. Precisamos
do elemento surpresa. Ele não pode
saber que já descobrimos sobre a
troca. Enquanto ele está pensando
que é muito esperto, nós estaremos
agindo.
– Ah, meu filho! Não sei se sou
muito egoísta de estar aliviada por
não ser minha filha naquela cama
de hospital… mas estou. Diego
quer o dinheiro que ela tem
guardado. Não a matará.
– Espero que a senhora tenha
razão. Minha mulher e meus filhos
estão nas mãos daquele tampinha
lunático – segurei minha boca para
não xingar aquele mequetrefe de
todos os nomes possíveis e
imagináveis. – No que depender de
mim, ele só vai conseguir uma cela,
numa cadeia de segurança máxima.
Aquele safado só conseguiu
aumentar a pena dele. Vamos pegá-
lo, tenho confiança nisso. Vamos
pegá-lo... – abracei a velha senhora
que soluçava em meus braços
enquanto olhava para meu futuro
sogro, que carregava uma carranca
no rosto, mas, mesmo assim,
balançou a cabeça afirmativamente,
concordando comigo.
Momentos mais tarde, estávamos
todos ansiosos, esperando pela
chegada de Rick e os outros,
quando Isabel resolveu fazer um
café para nós.
Fiquei sozinho com Mauro, na
sala.
– Três então, é? – ele falou, sua
expressão menos carregada agora.
– Vocês vão me fazer avô de um
bando de crianças de uma só vez!
Poxa, rapaz, estou muito revoltado
com essa situação toda, mas muito
feliz por vocês. Devo estar ficando
louco.
– Mauro, eu te entendo
perfeitamente… Não paro de
agradecer a Deus por não ter sido
ela na cama daquele hospital.
Minha Pimentinha é guerreira, vai
dar conta daquele tampinha safado.
E também por tudo isso estar
acontecendo agora, no início da
gravidez… ela está sendo bem
cuidada. Mais para a frente teria
sido uma coisa trágica. Ela vai ter
que ficar de repouso depois,
segundo o médico. Agora ela está
liberada para qualquer coisa.
Pensar nisso me dá um certo alívio.
– Realmente, minha filha tem um
gênio terrível, ele vai pastar nas
mãos dela – ele riu, nervoso.
Isabel colocou a cabeça para
fora da porta e nos chamou, dizendo
que o café estava pronto.
– Venham. Logo eles chegarão…
um café sempre vai bem.
Fui para a cozinha, seguido pelo
meu futuro sogro. Em minha cabeça,
eu só pensava que a Anne estava
presa em algum lugar e eu indo
tomar café. Isso não era justo! Mas,
no momento, era tudo o que eu
poderia fazer… esperar por ajuda.
Capítulo 34

Abri os olhos, meio tonta, sem


saber onde estava. Olhei em volta e
fiquei ainda mais perdida. Eu
estava no estacionamento do
mercado esperando minha mãe e
agora estava em uma sala, que me
lembrava muito a sala da chácara
da minha avó. Olhei em volta e me
dei conta de que eu realmente
estava na chácara. Mas como?
– Acordou, finalmente. Achei
que tinha exagerado e te matado,
mas ainda estava respirando...
– Diego! Como? O que estou
fazendo aqui? Cadê minha mãe?
– Eu te roubei deles.
–Você está louco! Bruno vai
derrubar a cidade atrás de mim!
Rapaz, você estará em maus lençóis
quando ele te pegar..
– Eles não virão atrás de você.
EU mexi meus pauzinhos. Nesse
momento, eles estão velando seu
corpo em um hospital.
– Olha, eu achava que você não
batia bem, agora tenho certeza de
que é completamente louco, um
caso para internação!
– Ah, priminha, você fica tão
linda contrariada! – ele riu de mim.
– Contrariada? Eu não estou
contrariada, estou muito puta com
você. Vá se tratar, Diego. Você está
precisando.
– Anne, Anne, Anne, eu te
sequestrei, peguei uma mulher bem
parecida com você por sinal,
coloquei no seu lugar e explodi o
carro do seu pai. Algum motivo eu
tenho com tudo isso, não está
curiosa pra saber o que é?
Safado, filho de um jumento! E
burro! Logo descobririam que a
mulher do hospital não era eu.
Respirei fundo, podando a vontade
de pular em cima dele e quebrar
todos os dentes daquela boca
sorridente.
– Sinceramente, Diego? Não tô
nem aí para seus motivos, pode
pegar todos eles e enfiar onde você
bem entender – sentei novamente,
pensando nos meus bebês.
Eu não posso me estressar,
tenho que me acalmar. Queria
acariciar minha barriga, para
confortá-los lá dentro, mas Diego
parecia não saber da existência
deles e assim continuaria.
Pegar uma mulher parecida
comigo, não enganaria Bruno por
muito tempo. Ainda mais se
realmente fosse verdade o que ele
disse sobre ter havido uma
explosão! A segunda coisa que
Bruno faria era pedir para que
vissem como os bebês estavam.
As palavras de Rick, quando
Bruno estava no cativeiro com o
doido do Tony, rodavam em minha
cabeça. “Que ele tenha paciência
e não faça nenhuma besteira. Logo
o acharemos, não vai demorar.”
Jess me dizia a mesma coisa, e que
a pior coisa que ela fez foi ter
fugido do Tony. Mas ela estava
sozinha num lugar desconhecido. Eu
conseguiria escapar desse tonto
facinho e sabia muito bem onde
estava, tendo passado muito tempo
da minha vida aqui na chácara da
minha avó. Eu precisava ganhar
tempo. Com certeza, logo Bruno e
os outros estariam colocando a
porta abaixo para me buscar.
Diego estava tagarelando alguma
coisa que eu nem prestei atenção.
Me levantei e ele me olhou com os
olhos arregalados.
– Onde pensa que vai?
– Penso não, eu vou. Preciso
fazer xixi. Quer que eu faça aqui?
No sofá? – virei as costas para ele
e fui ao banheiro.
Estava sentadinha no vaso,
quando meus seios vibraram, quase
me matando de susto.
Meu celular! Eu havia enfiado
ele entre meus peitos, para o caso
do Bruno ligar me procurando!
Bati os pés numa dancinha alegre,
pegando o bendito de dentro do
meu sutiã. Obrigada, meu Deus,
pelos meus seios enormes!
Liguei para o Bruno.
– Pimentinha? – ele atendeu no
primeiro toque.
– Oi, amor. Estou na chácara da
minha avó. Esse doente me trouxe
pra cá – sussurrei.
–Como você está? Ele fez
alguma coisa com você? Os restos
da sua bolsa foram encontrados no
carro, como está com seu celular?
– Calma, Leãozinho, eu estou
bem. Eu coloquei o celular entre
meus seios, para não ter que fuçar
na bolsa, caso você ligasse. Diga
para minha mãe que estou na
chácara da minha avó, ela sabe
onde é. Venha logo… ficar longe de
você... – suspirei. – É uma tortura.
– Logo estaremos aí. Vou com a
polícia para darem um jeito nesse
tampinha dos infernos. Aguente
firme, já estou chegando. Amo
você. Dê um carinho nos nossos
filhotes. Você está bem mesmo? –
perguntou preocupado.
– Estou sim. Também te amo.
Vou desligar e voltar pra sala.
– Ok. Até daqui a pouco,
Pimentinha.
– Até, amor.
Desliguei o celular e apaguei a
ligação do registro de chamadas.
Se, por acaso, ele achasse, não
saberia de nada. Tirei o alerta de
vibração, deixando no silencioso.
Diego se achava muito esperto, mas
eu era mais!
Terminei, lavei as mãos e voltei
para a sala, um cheiro de comida
fez meu estômago roncar.
– Será que não tem nada pra
comer aqui? Estou louca de fome!
– Vamos para a cozinha.
Enquanto você não acordava, eu fiz
o jantar.
O segui, pela janela eu vi que já
estava escuro lá fora, e eu
realmente estava faminta.
Diego retirou duas embalagens
de lasanha do forno.
– Que belo jantar você fez! – ri
dele.
–Eu me lembrei que você
gostava dessas lasanhas, comprei
várias – ele disse como se fosse um
feito grandioso. – Anne, eu estava
tentando te dizer la na sala, mas
você pareceu não ouvir uma
palavra. Eu deixei aquele recado no
seu banheiro quando fui embora, e
eu não estava mentindo – ele
esticou a mão, colocando-a em
cima da minha.
– Diego, eu não tenho nenhuma
intenção romântica com você, você
é meu primo, isso é meio nojento.
– Eu sempre fui apaixonado por
você.
– Mentira. Você é apaixonado
por dinheiro. Você não quer a mim,
você quer o meu dinheiro – ele me
olhou, estreitando os olhos. –
Quando você foi preso, sua fichinha
criminal foi descoberta. Você é um
trambiqueiro, que vive de enganar
as pessoas. Tome vergonha, homem
de Deus, e vá trabalhar como
qualquer pessoa honesta!
– Você não entende. Eu não paro
em lugar nenhum, não consigo
emprego. O que me resta é
conseguir dinheiro do jeito que dá.
– Se você consegue planejar
esses seus jeitos de ganhar
dinheiro, consegue empregar essa
esperteza toda em alguma coisa
lícita. Deve dar um trabalho danado
armar situações, mentiras e tudo
mais para conseguir dinheiro dessa
maneira.
– A primeira vez foi sim, mas
depois acabou virando hábito – ele
começou a comer. – Pode comer,
deixei fechada para que não tivesse
nenhuma desconfiança da sua parte
– colocou mais uma garfada na
boca e continuou a falar e comer,
contando o que já havia feito.
Isso, come, pois vai ser sua
última refeição decente, seu
crápula.
Retirei o plástico da embalagem
e o cheiro me deu água na boca.
Coloquei uma garfada na boca e
estava realmente deliciosa.
Será que Bruno demoraria muito
ainda? Aguentar Diego como se
tudo estivesse bem, estava custando
meus nervos. Continuei a conversar
com ele, como se estivesse
prestando atenção em tudo.
Levantei e fui olhar na geladeira
se tinha alguma coisa para beber.
Peguei uma caixinha de suco e
voltei a me sentar. Diego seguia
cada movimento meu, como se eu
fosse fugir a qualquer momento.
Enfiei o canudinho e tomei um
gole. Diego continuou a tagarelar.
Ah, Leãozinho, não demore!

– Isabel, Mauro, esses são meus


amigos, meus irmãos Rick,
Guilherme e Theo. Este é Ethan, o
policial que ajudou a me achar. Se
tiver alguém capaz de achar minha
Anne, é ele.
Apresentei todos, assim que
chegaram. Ethan os cumprimentou
com um gesto de cabeça.
– Prazer em conhecê-los,
gostaria que tivesse sido sob outras
circunstancias, mas, às vezes, as
coisas saem do nosso controle –
disse Guilherme, estendendo a mão
para meus futuros sogros.
Rick e Theo repetiram o gesto
de Guilherme e Ethan sentou-se à
mesa, abrindo o note.
– Fiquem à vontade, meninos,
tem café na cozinha. A casa é de
vocês. Não sei quanto tempo isso
vai durar, então, se quiserem
descansar, já arrumei camas para
todos, entrando pelo corredor, são
os dois primeiros quartos – Isabel
disse e foi para o lado do Ethan. –
Por favor, encontre minha filha.
– Sim, senhora, essa é minha
prioridade.
Ethan sorriu para ela, que
apertou de leve o ombro dele, em
agradecimento.
Meu celular tocou e minha
respiração falhou, meu coração
pulou uma batida, quando vi o nome
na tela.
– Pimentinha? – atendi, todos
ficaram em silêncio e me olharam.
Anne me disse onde estava, tudo
muito rápido, mas tentei passar
para ela todas as instruções que me
lembrei, para que ela não corresse
perigo quando chegássemos.
– Era ela, meu filho? O que foi
que ela disse? Está tudo bem? –
Isabel quis saber.
Mauro ficou me olhando, sem
dizer uma palavra, apreensivo.
– Isabel, ela disse que está na
chácara da avó dela, que a senhora
sabe como chegar lá. Está bem sim,
ela tinha guardado o celular no
sutiã. Muito esperta a minha Anne!
– disse eufórico.
– Não é muito longe daqui, uns
20 a 25 minutos.
– Esse seu sobrinho, além de
tudo, é burro! Está na chácara?
Verdade? Tão perto!
– Sim, Mauro, está. Bem, vamos
lá. Ethan, consegue reforços? Não
quero deixar brechas para que ele
escape. Desculpe, dona Isabel, mas
eu quero que aquele tampinha mofe
na cadeia.
– Pois eu quero a mesma coisa,
não precisa se desculpar – ela disse
rindo.
Toda a tensão dos
acontecimentos anteriores e da
espera foi substituída pela euforia.
Queríamos ir para lá o mais rápido
possível e resgatá-la. Era um
sentimento coletivo, todos estavam
sorrindo, eu e Rick ficávamos
estalando os dedos das mãos,
ansiosos, só aguardando que os
policiais que iriam junto conosco,
chegassem. Um mandado de prisão
já havia sido expedido e eu não via
a hora de pôr minhas mãos naquele
tampinha. O pior é que eu não
poderia quebrar cada dente daquela
boca e cada osso daquele corpo
como eu queria, mas já sabia muito
bem como punir o filho da puta.
Assim que avistei as luzes das
viaturas se aproximando, abri a
porta e todos saíram, já entrando
nos carros, com Isabel ao meu lado,
para me dar a direção da chácara.
No meio do caminho, Isabel
colocou a mão em meu braço,
chamando minha atenção.
– Meu filho, não vá fazer nada
que possa se arrepender depois.
Você é grande, forte, por isso eu
peço, por favor, contenha-se. Não
quero que seja preso por conta
desse meu sobrinho louco.
– Não se preocupe, Isabel. Eu
sei bem o que vou fazer e não vou
quebrar ele todo, apesar dessa ser
minha maior vontade. Mas antes de
querer ver aquele tampinha safado
virar pó, quero minha Anne e meus
filhos em segurança e, melhor que
isso, sob a minha proteção. Fique
sossegada.
Ela me deu um sorriso cansado.
Acho que não acreditou muito no
que eu disse, minha carranca devia
estar denunciando meu desgosto e
minha raiva. Juro que a ira me
consumia nesse momento, mas
também a necessidade de proteger
o que era meu contrabalanceava o
resto.
Quase chegando, as viaturas
desligaram suas luzes e todos
apagaram os faróis, sendo guiados
apenas pela luz da lua, que, graças
a Deus, brilhava forte no céu.
Ethan estava no mesmo carro
que nós, então me virei para ele.
– Posso ter um minuto ou dois
com ele, antes de você o levar?
Prometo que não vou fazer nada
demais.
– Ok. Por tudo o que você já
passou por causa dele, terá isso.
Satisfeito com a resposta dele,
abrimos as portas com cuidado,
deixando-as abertas, para não
chamar a atenção de Diego lá
dentro.
Os policiais fizeram uma fila
dupla atrás de Ethan e, então, ele
deu um pontapé na porta, que se
escancarou.
– Parado, é a polícia! – Ethan
gritou.
Eu sempre quis dizer isso minha
vida toda, mas ouvir assim matou
um pouco esse meu desejo. Entrei
atrás dele, percorrendo o lugar com
os olhos, à procura da minha Anne.
Anne estava sentada, comendo
de uma embalagem de papel,
enquanto Diego estava de pé perto
da pia. Quando Anne me viu, veio
correndo para mim. Diego tentou
alcançá-la, mas, pela surpresa, seu
tempo de reação foi demorado
demais e ele apenas caiu por cima
da cadeira em que ela estava.
– Eu sabia que você viria! Eu
sabia! – Anne disse, me abraçando
e beijando todo meu rosto enquanto
falava.
– Sempre, minha Anne.
Tampinha nenhum no mundo vai me
separar de você! Vou atrás de você
onde estiver! – beijei aquela boca
deliciosa, nem ligando para quem
estivesse por perto.
Os policiais caíram em cima
dele, Ethan o algemou e o colocou
de pé. Mauro chegou próximo a ele
e meteu um soco no meio do nariz
do tampinha.
– Isso é pelo que nos fez sofrer.
Os policiais fizeram um meio
círculo em volta dele. Rick,
Guilherme e Theo estavam ao meu
lado. Dei um beijo nos cabelos da
minha Anne e Ethan se afastou de
Diego.
– Todo seu, Bruno.
Encarei o tampinha dos infernos
com todo meu ódio, meus três
irmãos vieram atrás de mim
enquanto eu me aproximava dele.
Parei bem à sua frente, olhando-o
fixamente nos olhos, com a certeza
de que o inferno estava estampado
nos meus. Cerrei o maxilar,
contendo minha ira e o peguei pelo
colarinho da camisa que ele usava e
o levantei, deixando-o cara a cara
comigo.
Novamente o cheiro de amônia
subiu e eu o afastei de mim.
Tampinha frouxo, se mijou de medo
novamente. Ele olhou para meus
irmãos que, com certeza, o
encaravam com tanto ódio quanto
eu, e escutei o barulho
característico de dedos estalando.
Então, o fedor aumentou. O
recoloquei no chão.
Às vezes, o medo é o pior
pesadelo de uma pessoa, no caso
do tampinha, o medo foi maior que
tudo, fazendo que ele perdesse o
controle sobre suas funções
biológicas.
– Todo seu, Ethan.
– Caramba, Bruno. Agora vamos
ter que levá-lo assim, todo borrado
na viatura até a delegacia – Ethan
fez uma cara de nojo e levantou a
camiseta que usava, tampando o
nariz.
Sorri e voltei para minha
Pimentinha, abraçando-a fortemente
e girando com ela nos braços,
grudando nossas bocas num beijo
delicioso e cheio de saudade. Meus
futuros sogros, que antes choravam
abraçados a ela, sorriram ao ver
nossa felicidade.
Nem tínhamos ficado tanto
tempo assim distantes um do outro,
mas, por tudo o que passei achando
que ela estava à beira da morte e a
apreensão por não saber onde ela
estava, eu precisava dela bem junto
a mim.
– Vamos direto para o hospital
ver como você e os bebês estão.
Vai saber como aquele tampinha fez
para te carregar.
– Estamos bem, meu Leãozinho.
Ele não nos machucou – Anne
agarrou meu pescoço e a ergui,
pegando-a. Suas pernas se
entrelaçaram em minha cintura e eu
a levei para fora.
– Só vou ter sossego quando o
médico me disser isso – beijei-a
novamente, o tesão tomando conta
de mim, quase fazendo com que eu
aceitasse a vontade dela e em vez
do hospital, eu a levasse para outro
lugar…
– Minha filha, depois de tudo o
que passamos, precisamos saber se
vocês estão bem – Mauro disse,
com um sorriso no rosto.
Anne me encarou com os olhos
verdes arregalados.
– Você contou? – ela olhava para
mim e para o pai, apreensiva.
– Contei, Pimentinha, foi
preciso. Vou te contar tudo o que
aconteceu no caminho. Agora
vamos direto e reto para o hospital.
– Que cara frouxo! Ele se mijou
e se borrou de medo!
Guilherme, Rick e Theo vinham
atrás de nós e riam da miséria de
Diego. Ri também, mas de
felicidade, por ter meus tesouros
em meus braços.
Epílogo

Trinta e seis semanas!


Minha pimentinha havia
aguentado por trinta e seis semanas!
O que era realmente um feito, se
levasse em consideração que eram
três bebês! Eu estava louco para
saber o sexo deles!
Por todos esses meses, essa
espera me consumiu. Nossa nova
casa estava equipada para a
chegada dos bebês e todos estavam
a postos e eufóricos para ajudar a
cuidar deles.
Olhei para minha Pimentinha,
deitada na cama do hospital,
apertando minha mão, durante mais
uma contração… a hora havia
chegado!
Uma batida na porta me fez
sobressaltar.
– Boa tarde! Sou Gustavo, o
anestesista. Vamos aplicar sua
peridural e logo virão te buscar.
Gustavo deu as instruções e
abracei minha Anne, acariciando
seus cabelos, mantendo-a imóvel
para que ele fizesse seu trabalho.
–Calma, Pimentinha. Essa dor já
vai passar e logo teremos nossos
filhotinhos nos braços.
–Ah, o que eu faria sem você!–
Ela me abraçou, quando o
anestesista acabou seu trabalho.
–A dor já cedeu, certo? Logo
virão buscar vocês.
Quando ele saiu, Sheila entrou,
trazendo para mim meu uniforme.
– Aqui está, troque-se papai!
Realmente a hora havia
chegado!
Rapidamente me troquei e segui
Sheila, que empurrava a cama de
Anne, da sala de preparo até o
centro cirúrgico.
Abri a porta para Sheila, meu
lado profissional dando o ar da
graça. Lá dentro estava um
pandemônio, três equipes
completas a postos para receberem
meus filhos. Fiquei de lado quando
transferiram Anne de sua cama para
a mesa cirúrgica e um banquinho
foi posto ao lado dela.
– Hoje você ficará aqui. –
Sheila sorriu e começou a estender
o pano verde a nossa frente.
Sentei-me, pegando a mão livre
de Anne, beijando-a.
–Ansiosa?
Ela só me olhou e confirmou
com um gesto de cabeça.
Escutei o médico perguntar se
ela estava sentindo alguma coisa e
engoli em seco. Sabia que em
minutos estaria com meu primeiro
filho nos braços.
Aproximei-me ainda mais da
minha Pimentinha e quando a
movimentação da primeira equipe
começou, me levantei para olhar
sobre o pano, bem a tempo de ver o
Dr. Cesar retirando o primeiro bebê
de dentro de Anne.
Minha visão turvou e meu
coração pareceu querer sair pela
boca quando escutei o chorinho do
meu filho.
Um menino!
O cordão foi cortado e o bebê
passado para a enfermeira. Então o
outro foi retirado e seu choro foi
ainda mais forte que o do primeiro,
e por fim o último.
–Bruno – Me sobressaltei com a
voz de Sheila. – Quer segurar seu
filho?
Sheila segurava um bebê
enroladinho na manta do hospital.
Estendi os braços para ela e ela me
entregou o pacotinho.
Tão leve!
Olhei para seu rostinho e peguei
sua mãozinha.
Meu filho!
Chorando e sorrindo, mostrei
para Anne, aproximando-o de seu
rosto. Minha Pimentinha chorava
também.
–São meninos, Pimentinha. Três
garotões fortes!
Com a mão livre, Anne
acariciou o rostinho do nosso bebê,
que abriu os olhinhos e piscou.
Sorri para a maravilha da vida
que estava em meus braços!
–Ele tem seus olhos. Lindos
olhos azuis. Parabéns Papai!
Sheila chegou com os outros
dois bebês, dando um para mim e
colocando o outro sobre os seios de
Anne, que segurou-o com sua mão
livre.
–Meu Deus. Olhe só essas
carinhas!
Nossos olhares percorreram as
feições dos três bebês. Idênticos.
Três pares de olhos azuis nos
olhando.
Inclinei-me e dei um beijo em
minha Pimentinha, encostando
minha testa na dela.
–Eu te amo tanto, minha Anne.
Obrigado por ser minha e me fazer
ter as melhores coisas da vida. Eu
estava descrente do amor e você
apareceu para provar que tudo
existia e, hoje, me presenteou com
o amor mais puro do mundo. Amo
vocês.
Nesse momento, o bebê que
estava com Anne começou a chorar
e os outros dois o seguiram.
Rimos e os embalamos.
–Vamos ter trabalho... –Anne
disse sorrindo.
E como teríamos! A felicidade
me invadiu e ri, seguido pela minha
Anne.
Agora minha família e minha
felicidade estavam completas!
A Autora

KACAU TIAMO
Kacau Tiamo nasceu em 76, na
cidade de São Paulo e atualmente mora
no interior. Morou 15 anos em Porto
Alegre, onde se formou em Educação
Física. Acredita que o amor ultrapassa
barreiras, distâncias ou pré-conceitos.
É uma mulher que corre atrás do que
acredita e não para até conseguir o que
quer. Então, em outubro de 2013, ela
resolveu dar vida à uma antiga
vontade, escrever. Assim nasceu Calor
Latente, seu primeiro romance adulto.
Contato

Entre em contato com a autora em


suas redes sociais para saber mais
sobre os projetos e próximos
lançamentos:

Blog oficial | FanPage

Gostou do livro? Compartilhe seu


comentário nas redes sociais e na
Amazon indicando-o para futuros
leitores. Obrigada.
Outras obras na Amazon
Conheça outros romances da
autora:
CALOR LATENTE
Jessica, uma mulher de 37 anos,
resolve tomar as rédeas de sua vida
e algumas atitudes. Mudar seu
corpo e deixar seu marido. Na
academia conhece Patrick, lindo e
carinhoso, que sonhava com ela
desde sua adolescência. Em suas
aulas (e entre elas) eles se veem
presos a uma atração selvagem, que
os impedem de manter as mãos
longe do outro. Traição, amor,
romance e sexo apimentam essa
história deliciosa!
INEVITÁVEL
Uma amizade...
Um olhar...
Um desejo insano...
Uma atração irresistível...

Pamela, uma mulher bem


sucedida, encontra-se com o
inevitável.
Theo, com seus cabelos revoltos
e olhos verdes, tira seu sono e
agora também sua concentração no
trabalho...
Além de um grande amor, a
oportunidade de salvar uma vida,
faz com que Pam tome uma atitude
inesperada...
O que será que o destino reserva
a esses dois?

Muitas surpresas o aguardam em


Inevitável!
Sedutor, erótico, emocionante e
delicioso, esse romance vai
prender você!
INCONDICIONAL
Ella tem a saúde frágil, só
conheceu a dor e o desespero
causados pela terrível doença que a
consome, dia após dia, drenando
suas forças... mas não sua vontade
de viver!
Durante seu tratamento, Dr.
Guilherme é companhia constante e
seu anjo salvador.
Guilherme, cirurgião e chefe da
oncologia do Hospital Geral, é o
melhor amigo do irmão de Ella,
desde a infância.
Ele sempre ajudou Theo a espantar
os tubarões que chegavam perto de
sua irmã caçula...
Agora é a vez dele realmente cuidar
dela.
Encantado pela doçura e
ingenuidade de Ella... ele quebra
todas as regras e resolve mostrar as
delícias que a vida oferece à sua
paciente terminal.

“Emocionante e sensual,
Incondicional vai amarrar você, do
início ao fim.”
CAMINHOS DO
CORAÇÃO
Um único encontro, pode
transformar duas vidas?

Luana é uma mulher solitária, que


vive para seu trabalho.
Um dia, Roberto entra em sua vida,
de maneira nada convencional.
Através de uma rede social, eles se
tornam amigos e se falam
diariamente.
A amizade cresce e um dia, Roberto
aparece. Após um dia maravilhoso
e uma noite melhor ainda, eles se
descobrem apaixonados.
Mas o destino tem outros planos
para esse amor...
Descubra em caminhos do
coração!
Um conto romântico, hot e
emocionante.

Você também pode gostar