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PERIGOSAS NACIONAIS

Morgana Campos

Irmãos Martinelli
ENRICO
I

2019

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © 2019 Morgana Campos

Capa: Amanda Freire / Hylanna Lima


Revisão: Amanda Freire
Diagramação digital: Amanda Freire / Hylanna
Lima

Todos os direitos reservados

É proibida a cópia do material contido nessa


obra sem o devido consentimento da autora. Essa
obra é fruto da imaginação da autora e nenhum dos
personagens e acontecimentos citados nela tem
qualquer ligação com a vida real.

PERIGOSAS ACHERON
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Sumário
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
PERIGOSAS ACHERON
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CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
EPÍLOGO

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Agradeço a minha mãe que sempre está ao meu


lado, e a todas as meninas do wattpad que ficavam
comigo ate tarde esperando por um capítulo
atrasado ser postado.

PERIGOSAS ACHERON
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CAPÍTULO 1
Enrico Martinelli

Eu não deveria ter saído ontem à noite, e muito


menos ter ido transar com aquela louca, não estou
conseguindo nem encostar as costas no encosto da
cadeira. Ela me arranhou todinho, parecia uma gata
que precisava ficar afiando as unhas. Agora estou
eu aqui tentando me concentrar em encontrar a
modelo que o nosso cliente quer.
A linha direta da minha secretária
começa a tocar.
— Fala Isadora! — odeio ser incomodado
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quando estou concentrado.


— Tem uma moça aqui para uma entrevista com
o senhor!
Entrevista? Não sabia que eu trabalhava
no RH.
— Eu não me lembro de ter marcado nenhuma
entrevista.
— O nome e horário estão marcados em sua
agenda, pode conferir. — é isso que eu vou fazer,
pego minha agenda na gaveta e começo a folheá-la.
E não é que está marcada mesmo, Bianca de
Alencar. Fazer o que, se está marcado eu tenho que
atender.
— Pode manda-la entrar! — tento me ajeitar na
cadeira sem parecer que estou com hemorroida.
Deixando claro que eu não estou.
Ouço uma batida na porta e peço que entre, uma
loira linda entra, seu cabelo passa um pouco dos
ombros, seu corpo curvilíneo dentro de um vestido
azul escuro que ficou perfeito para uma entrevista,
mesmo não sendo nada revelador, é pouca coisa
acima do joelho, seu rosto não está como estou
acostumado a ver, todas as modelos passam massa
corrida na cara, chega até ficar sem expressão
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facial, mas ela não, sua pele está sem maquiagem,


consigo perceber delineado nos olhos e um batom
rosa, talvez um pouco de blush, não se confundam
eu não sou gay, não tenho nada contra quem é só
não é a minha praia, mas voltando ao assunto da
maquiagem, eu trabalho rodeado de modelos,
aprendi essas coisas com o tempo. Estou surpreso
por ela não está vestida e nem maquiada como
todas as modelos que tenho que escolher para
algum trabalho, mas sim vestida como uma
executiva.
— Bom dia senhor Martinelli! — ate a
voz dela é diferente, é macia, suave e não como se
estivesse tendo um orgasmo ou algo do tipo.
— Bom dia! Pode se sentar! — aponto para a
cadeira a minha frente. Logo ela se acomoda. Eu
começo a mexer em algumas pastas de algumas
publicidades que talvez se encaixem no seu perfil,
quando as escolho lhe entrego, ela pega com as
sobrancelhas franzidas e começa a ler.
— Por que o senhor me entregou esses papéis?
Propaganda de maquiagem e fotos de lingerie? —
ela coloca as pastas sobre a minha mesa.
— Para você olhar e vê se algum te interessa. —
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ela é burra ou o que? Tão bonita!


— Eu não sou modelo! — como não?
— Então o que você esta fazendo aqui? Na
agenda diz que é para uma entrevista.
— Correto, entrevista para advogada não para
modelo.
Como eu pude me esquecer?
— Te peço desculpas, eu não me recordava
dessa entrevista. — em um momento de descuido
eu me encosto com tudo na cadeira e solto um
grunhido.
— O senhor está bem?
— Estou ótimo! Vamos logo ao que interessa.
— fui grosso de propósito, ela não precisa saber
que estou todo arranhado.
— Como o senhor quiser!
Começo a fazer perguntas relevantes, onde ela
estudou, se tem experiência, ela trabalhava em um
escritório de advocacia muito renomado aqui em
São Paulo desde que saiu da faculdade.
— Como ficou sabendo da vaga?
— O meu irmão me disse, ele trabalha aqui!
— Em que setor? — pergunto realmente
curioso.
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— Ele é fotógrafo.
— Qual o nome dele?
— Tiago de Alencar.
Eu sabia que o Tiago tinha uma irmã, nós nos
conhecemos faz muito tempo, mas nunca conheci a
família dele, o pai não aceitou ter um filho gay,
será que a irmã é igual?
— Tiago é gente boa, conheço ela há anos.
— Meu irmão é a melhor pessoa, logo que ficou
sabendo da vaga me avisou, já estou há alguns
meses sem trabalhar.
— Entendo! Por que você saiu de lá?
— É antiético falar mal do antigo emprego,
então prefiro só dizer que estava à procura de novas
experiências.
— Claro! A minha secretária vai entrar em
contato com você. — ela se levanta.
— Tenha um ótimo dia, e espero que melhore
do seu problema em sentar, meu irmão deve saber
de alguma coisa que você possa usar para aliviar a
dor. — então ela vai embora me deixando de boca
aberta.
Ela acha que eu sou gay? Ela acha que eu transei
ao contrário? Isso não!
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***

Lorenzo não consegue parar de rir, ele está a


ponto de chorar de tanto dar risada, estamos no bar
da sua boate, ela ainda não está aberta, então está
bem sossegado, só tem alguns funcionários e nós
dois aqui.
— Para de rir seu idiota, não tem graça alguma.
— eu lhe dou um soco no braço.
— Claro que tem graça. Ela é a primeira mulher
que acha que você é gay e, ainda fala pra você
pedir ao irmão gay dela algumas dicas para aliviar a
dor na sua bunda.
— Eu não estou com dor na bunda!
— Eu sei Enrico, mas é engraçado! Mas o que
você fez quando ela te disse isso? — ele me
pergunta e bebo um gole da bebida de mulherzinha
que ele pediu
— Não disse nada, ela saiu antes que eu pudesse
pensar em alguma resposta.
— E o que você pretende fazer?
Dei o meu famoso sorriso cafajeste.
— Provar para aquele diabo de saia que sou
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muito macho!
Eu nunca precisei correr atrás de mulher, mas o
meu orgulho masculino foi atingido em cheio, eu
preciso transar com aquela loira e mostrar como é
ser bem comida por um homem de verdade.

***

— Por favorzinho Mada!


— Eu não vou mexer com fritura essa hora da
noite Enrico.
— Mas eu quero comer coxinha, e não sei se
você se lembra, mas eu pago o seu salário.
— Não me interessa. Eu não vou fritar coxinha
às onze e meia da noite só por que o príncipe quer.
E não seja por isso, eu tenho certeza que o Marco
iria adorar pagar o meu salário, agora me de licença
que não tenho mais idade para estar acordada uma
hora dessas. Boa noite e durma com Deus! — ela
me dá um beijo na bochecha e sai da cozinha.
Madalena ou Mada como eu e meus irmãos a
chamamos, ela foi nossa babá e agora ela só cuida
de mim, ela é uma senhora de sessenta e cinco
anos, com um pouco mais de um metro e meio de
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altura, eu amo essa mulher como se fosse minha


mãe. Eu só finjo que mando na casa, mas só finjo
mesmo, quem manda aqui é ela.
Poxa, mas eu queria tanto comer coxinha.

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CAPÍTULO 2
Enrico Martinelli

— Isadora, pode ligar para a Bianca de Alencar


e avisar que a vaga é dela e pedir que comece na
segunda-feira.
— Pode deixar Enrico! — ela respira fundo. —
A Vitória não para de ligar, e a cada vez que liga a
sua classe vai para o ralo.
Era só o que me faltava. Que classe que a
Vitória tem?
— O que ela disse?
— Que se você não atender as suas ligações, ela
irá colocar essa agência abaixo.
Até parece que vou me submeter às ameaças da

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Vitória, ela que vá para o inferno.


— Obrigado! — e desligo.

***

Duas horas trancado nessa sala lendo contratos,


ideias para comerciais e propagandas, parece que
minha cabeça vai explodir. Eu amo meu trabalho,
essa agência é minha vida, não me imagina fazendo
outra coisa.
Cada um dos meus irmãos tem seu próprio
negocio meu segundo irmão Marco tem uma
franquia de academias muito bem sucedidas,
Lorenzo meu irmão mais novo tem a sua boate, e a
minha princesa Giulia terminou a faculdade e está
atrás de um trabalho na sua área, ela se formou em
Ciência da Computação. Essa agência é de todos,
mas eu fui o único a se voluntariar a cuidar dela, no
começo eu não queria, não entendia nada disso,
mas depois eu percebi que não importa o ramo que
você está, mas sim o quanto você se entrega para
ser o melhor.
De repente a minha porta é aberta e meu amor
entra e se joga em cima de mim.
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— Oi meu amor! — eu beijo todo o seu rosto e


ela dá vários gritinhos.
— Oi titio, como você está cheloso! — como eu
amo essa menina.
Antes que eu pudesse responder, a voz do meu
irmão me interrompe.
— Por que você não me falou que eu também
estou cheiroso, Maria Eduarda? — Marco é um
homem grande, tem cabelos compridos e Maria
Eduarda o faz de boneca, é cômico.
Maria Eduarda é a filha de Marco, ela só tem
quatro anos, mas imaginem uma criança inteligente
e esperta para a idade, ela é o amor da nossa
família, a única criança que temos.
Ela pula do meu colo e corre para o pai e abraça
suas pernas.
—Você é o homem mais cheloso e bonito do
mundo todo, papai! — dá vontade de morder suas
bochechas rosadas. Ela tem os olhos verdes e seu
cabelo castanho claro, ele é grande chegando a sua
cintura, ela é uma criança muito linda.
— E eu princesa, não sou bonito? — pergunto.
— Você também é bonito tio Rico.
— Como vai Enrico? — Marco se senta na
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cadeira a minha frente e coloca a Duda sentada no


seu colo. — Melhorou do seu problema em sentar?
— o idiota segura um riso, maldito Lorenzo!
— Que engraçado! O Lorenzo já foi fofocar,
aquela marica!
— Tá com machucado no bumbum, tio Rico? —
Duda pergunta inocente. Marco cai na risada.
— Não querida, eu machuquei as costas, não
consigo me encostar na cadeira.
— Amorzinho, vai lá ficar com a Isadora. —
Marco pede para Duda, ela pula do colo dele e vai
correndo até a porta. Quando ela abre a porta,
Lorenzo está parado com a mão no alto.
— Titio Enzo! — ela pula nele que a pega no
colo e lhe dá um beijo estalado na bochecha. — Me
coloca no chão, vou ficar com a Isadora. —
Lorenzo a coloca no chão e ela parte como um
foguete.
— É alguma reunião que eu não estou sabendo?
— eu pergunto.
— Eu não posso vir visitar o meu irmão mais
velho? — Lorenzo se joga no sofá e se fingi de
inocente.
— Eu conheço os idiotas que tenho como
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irmãos, o que vocês querem saber?


— Já conseguiu pegar a advogada? — Lorenzo
pergunta.
— Pedi para Isadora ligar avisando que ela
começa na segunda feira, não falei com ela depois
da entrevista.
— Eu acho que você está ficando mole irmão!
— Marco diz.
— Mole está seu pau! — lhe mostro o dedo do
meio.
— Que bom! Pois seria estranho se o pau dele
estivesse duro com a gente aqui. — Lorenzo faz
cara de nojo olhando para Marco.
— Vocês são dois babacas! — jogo uma caneta
em Lorenzo.
— Claro que somos. Você é o babaca máster!
Todos nós rimos.
— Sabe quem não para de me ligar? —
pergunto.
— Alguma vadia que você pegou e não ligou de
volta! – Lorenzo responde.
—Vitória!
Os dois fazem caretas, e um som estranho sai do
Lorenzo, estou tentando saber que som que foi
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esse.
— Você ainda esta fodendo com ela? — Marco
me pergunta.
— Não! E é exatamente por isso que ela está me
ligando, eu a dispensei.
— Dá agencia também?
— Marco, ela me disse que se eu não atendesse
suas ligações, ela colocaria a agência abaixo, se eu
quebrasse o contrato com ela, provavelmente a
Vitória colocaria fogo nisso aqui.
— Ninguém mandou você se envolver com
essas modelos loucas. Isso tudo é falta de uma boa
alimentação, viver a base de mato e água não dá
cara. — Lorenzo debocha, mas ele está certo,
ninguém merece se privar de comer, mas é a vida
delas.
— E você Marco tá pegando alguém? —
Lorenzo levanta as sobrancelhas e seu olhar é
malicioso para o Marco.
— Não é da sua conta, você que deveria tomar
cuidado com as que você pega, daqui a pouco o seu
pau vai cair por causa de alguma doença, e sem
contar das perebas que pode sair na sua boca. —
Marco responde e eu dou risada da cara de nojo do
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Lorenzo.
— Vira essa boca pra lá, eu me previno muito
bem quando vou transar.
— Mas e a boca? Você não sabe onde as bocas
das mulheres que você beija passaram antes de
você meter a língua dentro delas, nunca achou
nenhum pentelho na sua boca depois de um beijo?
— pergunto me divertindo com a situação.
— Que nojo, não dá pra ter nenhuma conversa
com vocês, estou indo embora. — ele se levanta e
vai embora.
— É muito bom zoar com ele.
— É sim, mas você não respondeu sobre esta
saindo com alguém.
— Não estou saindo com ninguém, saio com
uma aqui e ali, mas não tenho nada sério com
ninguém.
— Entendo! Mas você vai encontrar alguém
legal, que ame a sua filha e que ame você.
— Estou contando com isso, mas agora eu
preciso ir, tenho que levar a Duda para comprar um
presente para uma amiguinha da escola, a gente se
vê!
— Beleza!
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Sozinho de novo na minha sala, um sorriso


involuntário aparece, amo meus irmãos, amo a
minha família, eles são tudo pra mim, eu faria tudo
por eles.

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CAPÍTULO 3
Enrico Martinelli

Nunca me imaginei dizendo isso, mas


finalmente chegou segunda-feira. É hoje que a
diaba começa a trabalhar na agência, não vejo a
hora de colocar as mãos nela. Não me entendam
mal, eu não sou um pervertido, a única coisa que
quero é provar pra Bianca que sou muito macho.
Quando passo pelas portas de vidro da entrada
da agência, já posso ouvir os suspiros apaixonados
e as calcinhas descendo pelas pernas. Eu não me
acho, eu simplesmente sei que sou irresistível. Digo
bom dia e dou o meu famoso "sorriso molhador de
calcinhas” para as meninas da recepção e vou para
o elevador, pego o meu celular e fico verificando
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meus e-mails, ouço as portas do elevador se


abrirem, mas não me dou o trabalho de levantar a
cabeça, ouço o barulho de saltos contra o chão e
logo parar ao meu lado.
— Bom dia Sr. Martinelli! — essa voz,
imediatamente eu levanto minha cabeça e olho pra
diaba ao meu lado.
— Bom dia Bianca, como vai?
— Muito bem, obrigada por perguntar! E o
senhor como está? — ela me devolve a pergunta
com um sorriso quase imperceptível nos lábios.
— Melhor impossível! Você já passou no RH
para assinar a papelada da sua contratação?
— Sim, estou vindo de lá. A moça que me
atendeu me disse para subir direto para a sua sala,
parece que o senhor tem alguns papéis que quer que
eu dê uma olhada.
— O advogado que trabalhava aqui infelizmente
veio a falecer, e ficou muita coisa pendente, você
provavelmente terá muito trabalho nessas primeiras
semanas. — o elevador para no nosso andar, como
bom cavalheiro que sou, peço que ela vá na frente,
e claro para que eu possa dar uma boa conferida na
sua bunda, e posso garantir que ela tem uma bunda
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e tanto, redonda e empinada.


— Compreendo! Sinto muito pelo seu
advogado!
— Obrigado!
Chegamos à minha sala, peço para Isadora não
nos atrapalhar, só se for alguém da minha família.
— Fique a vontade! — aponto para a cadeira em
frente a minha mesa.
Não sei há quanto tempo estamos trancados
dentro da minha sala, olhamos dezenas de
contratos, revisamos, editamos, solucionamos
problemas, só posso dizer uma coisa, é muito bom
quando a mulher não tem só beleza, mas sim o
pacote completo contendo cérebro, e todos os
outros atributos. A porta se abre e um furacão
chamado Lorenzo entra como se fosse o dono da
porra toda.
— Boa tarde mano! — ele olha pra Bianca e
sorri cafajeste. — Boa tarde moça bonita, eu me
chamo Lorenzo! — ele vai até ela e beijas sua mão.
— Boa tarde! Prazer, eu me chamo Bianca. —
ela dá um sorriso pra ele, por que ele ganha um
sorriso e eu ainda não ganhei nenhum?
— O que está fazendo aqui Lorenzo? —
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pergunto sem paciência.


— Vim chamar o meu irmão mais velho para
almoçar. — já é hora do almoço? Ficamos muito
tempo mesmo trabalhando.
— Nos acompanha Bianca? — pergunto.
— Claro, estou morrendo de fome!

***

Fomos ao restaurante que sempre vou, o lugar é


agradável e a comida é muito saborosa, muitos
pensam que eu vivo gastando dinheiro com
restaurantes caros, mas na verdade eu só vou a
restaurantes extravagantes quando tenho que tratar
de negócios com executivos, no meu dia a dia eu
gosto mesmo de um lugar simples com comida
caseira.
Sentamo-nos em uma mesa bem no meio,
prefiro me sentar de frente para as janelas ou da
porta, gosto de ver o movimento. Fazemos nossos
pedidos, fiquei impressionado com o pedido dela,
nada de salada, ela pede arroz, feijão, bife
acebolado com fritas. Todos nós pedimos a mesma
coisa.
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— Você tem uma arma? — Lorenzo parece uma


criança que acabou de conhecer o Papai Noel.
— Não, só fiz as aulas de tiro mesmo.
— Você já atirou em alguém? — por favor,
alguém atira em mim.
— Meu Deus, não! Eu mal sei como segurar
uma arma, já adianto que foi dinheiro perdido, pois
eu fiquei com medo da arma.
— Se você não calar a boca, eu vou pedir que
ela atire em você.
— Tudo bem Sr. Martinelli, não vejo problema
em responder as perguntas do Lorenzo. — já está
me irritando ela me chamar de senhor pra cá e
senhor pra lá.
— Pode me chamar de Enrico, odeio tanta
formalidade.
Ela assentiu.
— Eu tenho uma boate no Morumbi, aparece
por lá qualquer dia, área vip pra você! — ele pisca
pra ela, e eu estou doido pra socar a cara dele.
Pego meu celular e mando uma mensagem pra
ele.

Eu
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Pode parar de dar em cima dela.

Lorenzo Babaca
Eu não estou dando em cima dela, só estou
sendo legal, como sempre sou.

Eu
Eu te conheço Lorenzo, você está dando em
cima dela.

Lorenzo Babaca
Quando você disse que ela era gata, eu não
imaginei que fosse tão gata, mas eu juro que não
estou dando em cima da sua mina. Eu não faria
isso com você irmão.

Eu
Ela não é minha mina!

Ainda não!

— Com licença, eu vou ao banheiro! — Bianca


termina de comer e se levanta e nós como dois
cachorrinhos seguimos o seu rebolado até ela sumir
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dentro do banheiro.
— Cara, ela é muito gata!
— É sim, não vejo a hora de levar ela pra minha
cama.
— Cuidado, ela pode atirar no seu pau. — ele
toma um gole do seu suco. — Isso se ela achar o
seu pau! — Eu dou um soco no seu braço e o idiota
ri.
Muitas mulheres passam nos olhando, elas
acham que somos algum pedaço de carne? Agora
sei como as mulheres se sentem quando nós
homens ficamos olhando pra elas. Bianca volta
com o batom retocado. Lorenzo pede licença pra ir
ao banheiro, safado, ele foi atrás de uma mulher
que estava indo pra lá.
Olho para a entrada do restaurante e na hora
meu bom humor vai embora, lá vem ela com seu
cabelo tingido com um vermelho chamativo e
andando com os olhos cravados na parte de trás da
cabeça da Bianca.
— Então foi por ela que você me trocou? —
Merda!

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CAPÍTULO 4
Bianca de Alencar

Bianca Alencar, você definitivamente não


deveria ter dito o que você disse. Como você
insinua que o seu futuro chefe estava usando a
porta dos fundos?
Eu sei que ele não é gay, já vi várias vezes sair
na mídia ele com várias mulheres, e meu irmão
também já falou que é um desperdício ele não ser
gay. Na verdade eu nem sei por que disse aquilo,
simplesmente saiu. Hoje já é sexta-feira, estou o
tempo todo com meu celular, mesmo eu tendo feito
aquele comentário desnecessário eu estou confiante
sobre conseguir a vaga. De repente me assusto com

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o meu celular tocando e acabo o deixando cair,


pego e atendo rapidamente.
— Alô!
— Bianca de Alencar? — é uma voz doce e
feminina.
— Sim!
— Que ótimo! Sou Isadora, secretaria do Sr.
Martinelli, estou te ligando para avisar que a vaga é
sua, esteja aqui as 07h30min, passe no RH com
todos os seus documentos.
— Maravilha! Muito obrigada!
— Até segunda!
— Até! — desligo o telefone e começo a gritar
pelo quarto.
— O que aconteceu Bia, você está bem? — meu
irmão Tiago entra correndo no meu quarto,
molhado e de toalha.
— Eu fui escolhida Ti, a vaga é minha! — pulo
nele e começo a lhe dar um monte de beijos
babados.
— Ai! Para sua louca, eu pensei que você
estivesse precisando de ajuda aqui. Louca! — ele
sai do quarto emburrado. Começo a rir. Amo meu
irmão.
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***

— Vamos Tiago? — entro na cozinha onde está


meu irmão e meu avô. — Bom dia vô! — dou um
beijo na testa dos dois e pego uma maçã.
— Bom dia minha princesa!
— Eu só começo a trabalhar as 09h00min, eu
não vou agora.
— Por favor! — faço bico.
— Por que você não vai dirigindo?
— Estourei os pontos da carteira.
Ele bufa, levanta-se e sobe as escadas.
— Está feliz? — meu avô me pergunta.
— Muito vô, não aguentava mais ficar em casa
sem fazer nada.
— Eu tenho muito orgulho de vocês! — ele
segura as minhas mãos e dá um beijo em cada uma.
— Pelo menos o senhor tem, e é isso que
importa pra mim e para o Tiago. -
O Tiago desce a escada com a cara emburrada.
— Palhaçada eu ter que ir para trabalho duas
horas antes do meu horário, fique sabendo que você
vai ficar me devendo.
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— Te amo! — lhe dou um beijo na bochecha.


— Também te amo!
— Tchau vovô!

***

Eu imaginava que o Enrico fosse aquele tipo de


chefe que não faz nada e que manda que os seus
funcionários façam o seu trabalho, mas não, ele é
muito empenhado no que faz, ficamos horas
trancados no seu escritório tentando terminar toda a
demanda de contratos que ficaram acumulados por
causa da morte do antigo advogado.
Um rapaz muito bonito adentrou a sala, era o
Lorenzo, irmão mais novo do Enrico, pense em um
cara muito simpático, engraçado, esse é o Lorenzo,
ele foi chamar o irmão para almoçar e o Enrico me
convidou, como não sou besta eu aceitei, nunca
recuso comida.
Fomos a um restaurante bem simpático, não
tinha nada de luxo, era um lugar comum, não ligo
muito pra isso, tendo uma comida boa e limpa, pra
mim está ótimo. O almoço estava ótimo, até que
não ficou mais.
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— Ah! Então foi por ela que você me trocou? —


essa voz, eu não teria tanto azar, ou teria?
— O que você está fazendo aqui Vitória? — a
voz de Enrico sai dura, seu maxilar está trincado,
espero que ele não quebre seus dentes com a força
que está fazendo.
— Eu sei que você gosta de almoçar nesse
lugarzinho, como você não atende as minhas
ligações, decidi vir até você. — ela olha pra mim
com desgosto. — O que você está fazendo aqui
com ele Bianca?
— Ela não te deve nenhuma satisfação e muito
menos eu. Então por favor, nos deixe almoçar em
paz.
— Por que você está me tratando assim Rico?
— ela força uma voz chorosa, as pessoas ao nosso
redor já estão olhando em nossa direção. Que
vergonha meu Deus.
— Vitória, você precisa entender que eu não
quero mais nada com você, esse papel que você
esta fazendo é ridículo. Você está se humilhando
para uma pessoa que não te quer.
— Quem você quer agora é ela? Essa sem sal?
— ela pega o meu copo de suco e joga no meu
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rosto, nessa hora eu queria que um buraco se


abrisse e me sugasse.
— Você é louca Vitória? — ele pega no braço
dela com certa ignorância.
— Tudo bem Sr. Martinelli, eu já estou
acostumada com os surtos da Vitória. — pego um
guardanapo e tento me limpar o máximo possível,
que bom que escolhi um vestido preto hoje. — Mas
eu não tenho nada a ver com a briga de casal de
vocês, então vou voltar para agência, com licença
Sr. Martinelli. — Pego minha bolsa e saio do
restaurante, mas não chego nem a atravessar a rua e
sou pega pelo braço por um Enrico irritado.
— Vamos Bianca, eu te levo para a agência.
— E a sua namorada?
— Vitória não é e nunca vai ser minha
namorada. Na verdade foi um erro dos grandes me
envolver com ela além do profissional.
— Então por que se envolveu?
— Ela se ofereceu pra mim, e eu sou homem,
uma coisa levou a outra. Mas pareceu que vocês já
se conheciam.
— Nós nos conhecemos sim, ela é afilhada do
meu pai!
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— Eu sempre me esqueço de que você é irmã do


Tiago, eu já conheci o seu pai, Paulo de Alencar
Albuquerque, homem um pouco difícil de lidar.
— Pois é! Nós não escolhemos família!
Acho que ele percebeu o meu desgosto e muda
de assunto.
— Me desculpe por aquilo, vamos passar em
alguma loja para você trocar de roupa. – eu aceito e
seguimos para a primeira loja que vimos aqui na
Av. Paulista.
Escolhi uma calça cintura alta preta e uma
camisa bege, ele quis pagar, mas eu não deixei, ele
não gostou da ideia, mas aceitou.

***

Chegamos à agência, fiquei muito sem graça por


que parece que todos perceberam que eu troquei de
roupa e que nós passamos muito do horário de
almoço. Espero que não comecem a imaginar
coisas onde não tem.
— O que aconteceu com o seu vestido Bianca?
— Isadora é uma mulher negra com seus 35 anos,
muito bonita, ela é um doce de pessoa.
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— Acidente com o suco! — é tudo que eu digo.


— Foi a Vitória, não foi? — ela me pergunta
baixo.
— Como você sabe?
— Ela passou aqui querendo falar com o Enrico,
mas eu disse que ele tinha saído para almoçar, aí de
repente você aparece com outra roupa e diz que
sofreu um acidente com o suco, é só juntar os
pontos.
— Ela é louca, disse que o Enrico tinha trocado
ela por mim.
— Vitória sempre causa quando vem à agência,
ela acha que será a senhora Martinelli, mas o
Enrico não quer nada com ela.
— Bianca pode vir a minha sala, por favor? —
Enrico aparece na porta da sua sala.
— Claro! — ele volta para sala. — Depois nos
falamos!

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CAPÍTULO 5
Enrico Martinelli

Eu me segurei para não matar a Vitória quando


ela jogou o suco na Bianca, quis apertar o pescoço
dela até ela ficar roxa, mas me controlei, não
valeria a pena ir pra cadeia por causa dela.
Quando vi a Bianca indo embora com muita
vergonha, eu percebi a classe que ela tem, em
nenhum momento ela bateu boca com a Vitória, ela
simplesmente tentou se limpar pegou sua bolsa e
saiu do restaurante de cabeça erguida, diferente da
mulher parada a minha frente que queria continuar
discutindo como se nós tivéssemos algum
relacionamento. Lorenzo apareceu bem na hora que
Bianca estava saindo.
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— Pague a conta, por favor! — eu disse para o


Lorenzo.
— Você não vai atrás dela, eu sou sua mulher!
— eu me segurei para não rir, ela está
completamente louca.
— Você não é e nunca vai ser a minha mulher,
nós não temos nada, e pode se considerar fora da
agência.
— Você não pode fazer isso, nós temos um
contrato! — a voz dela se altera.
— Contrato que irá vencer em breve. — eu a
deixo plantada no meio do restaurante e vou atrás
da Bianca, que bom que a alcancei antes dela ir
para a agência, a levei para comprar algumas
roupas e fiquei bastante irritado por ela não ter me
deixado pagar por elas.
Estamos na minha sala trabalhando nos
contratos, ela em momento algum tocou no que
aconteceu no restaurante. Pego o contrato de
Vitória e entrego pra ela.
— Eu quero desvincular a Vitória da agência,
mas não quero pagar uma multa exorbitante, o que
posso fazer?
Ela fica alguns minutos lendo, eu paro prestando
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atenção em cada movimento seu, quando seu


cabelo loiro cai no rosto ela rapidamente o coloca
atrás da orelha, ela morde o lábio quando está
muito concentrada, seu nariz arrebitado é perfeito.
— Falta menos de três meses para o seu contrato
vencer, você não terá que pagar um valor tão
considerável, por ser pouco tempo eu aconselharia
a não quebrar o contrato, mas sim deixar que vença.
— eu penso bem, ela tem razão.
— Você está certa! — ainda não consigo
acreditar no que a Vitória fez. — Eu sinto muito!
Eu não sabia que ela iria fazer aquilo, ela sempre
teve aquele gênio forte, mas o que ela fez passou de
todos os limites.
— Enrico... Eu conheço a Vitória desde que me
entendo por gente, eu sei as maldades que ela pode
fazer, ela é uma pessoa oca por dentro, sempre fez
o meu pai ficar contra o Tiago e eu, já estou
acostumada com ela, aquele suco foi fichinha pra
mim.
Eu já vi a Vitória destratando empregados,
garçons, mas o modo de Bianca está me dizendo
isso parece que ela é muito pior, mostra que ela
gosta de maltratar e ofender as pessoas, como pude
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me envolver mesmo que sexualmente por alguém


assim? Não é à toa que a minha família não gosta
dela.
***

O expediente já está no fim, Bianca foi para a


sala dela logo depois da nossa conversa sobre a
Vitória.
— Oi filho! — meu pai adentra a minha sala.
— Oi Pai! O barbeador do senhor quebrou? — o
abraço, ele está com a barba imensa, estou
acostumado com a barba rala ou totalmente
aparada. Meu pai é um coroa boa pinta, Italiano
legítimo, cheio de charme, seus cabelos e barba já
estão totalmente brancos, sessenta anos, mas com
espirito de um garotão de trinta.
— Sua mãe pediu que eu deixasse minha barba
crescer.
— Dona Laura é terrível, mas como o senhor
está?
— Estou ótimo, passei aqui pra levar você pra
jantar em casa.
— Claro, vamos!

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***

Estamos dentro do carro saindo da garagem da


agência, quando avisto Bianca no ponto de ônibus
toda espremida entre várias pessoas, parei o carro e
abaixo o vidro do lado do meu pai.
— Entra Bianca! — gritei pra ela que me olha
assustada.
— Não precisa Sr. Martinelli, o ônibus já vai
passar. — que droga, ela voltou com esse papo de
Senhor.
— Entra logo Bianca, olha o tanto de gente que
vai pegar o ônibus. — ela fica pensando e
finalmente entra.
— Obrigada!
— Me passa o seu endereço. — ela me passa,
ela mora no mesmo condomínio que meus pais,
como nunca a vi por lá?
— Seu avô está bem Bianca? — meu pai
pergunta. Até o meu pai a conhece.
— Está sim Giuseppe, e ele está te esperando
para fazer aquele churrasco de novo, e peça, por
favor, para a Laura não levar a caipirinha, meu avô
ficou muito alegrinho da última vez.
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Churrasco, Giuseppe, Laura, caipirinha? Em que


universo eu estou?
— O seu avô não parece ter a idade que tem. —
meu pai ri.
— Se deixar o seu Manuel faz festa todo dia.
— Não sabia que vocês se conheciam. —
comento.
— O avô da Bianca é um senhor muito
simpático, logo quando eu e a sua mãe nos
mudamos para o condomínio há cinco anos, a nossa
casa ficou com problema no esgoto, nós não
tínhamos água nem para beber, o Manuel nos
ofereceu a sua casa para que nós pudéssemos tomar
banho e durante três dias nós fazíamos todas as
refeições lá, ele não deixava de jeito nenhum que
nós comêssemos em algum restaurante... Foi na
mesma época que você voltou de Londres não é
Bianca? – olha para ela pelo retrovisor, eu vi que
ela ficou um pouco desconfortável.
— Foi sim, meio que sempre morei com o meu
avô, mas nessa época eu tinha ido para a casa dos
meus pais em Londres, mas não saiu como
planejado, então depois de três dias voltamos meu
irmão e eu, e estamos a até hoje com o vovô.
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— O seu pai eu já conheço, mas tenho que


admitir que estou muito curioso para conhecer o
seu Manuel.
— Claro Enrico, fique a vontade!
— Por que você estava no ponto de ônibus? —
meu pai pergunta.
— É... Que não estou podendo dirigir. — ela diz
um pouco sem jeito.
— Por quê? — pergunto curioso.
— Eu estourei todos os pontos da minha
carteira.
Meu pai e eu caímos na risada. Essa mulher
tinha que ter algum defeito.
— Pelo jeito você a Laura tem o mesmo
problema com carros, ela também é péssima no
volante. — meu pai zoa com a cara dela.
— Eu não sou péssima no volante, só que às
vezes eu... Eu... Os outros carros que me
atrapalhavam.
— Claro, com certeza era isso que acontecia! —
me seguro para não rir do rubor do seu rosto.
Chegamos até o condomínio, o segurança libera
a nossa entrada, paro primeiro em frente à casa de
Bianca.
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— Muito obrigada pela carona!


— Disponha!
— Boa noite! — então abre o portão se vira pra
gente dá um aceno, e entra.
Acho que vou começar a vir mais vezes na casa
dos meus pais.

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CAPÍTULO 6
Bianca de Alencar

— Aquela piranha fez o que? — acabo de contar


a Tiago o que a Vitória fez e ele está surtando.
— Eu quis matá-la, mas agi com a classe que
tenho e sai de lá por cima.
— Essa garota está fora da casinha! Que pena
que eu nasci nesse corpo maravilhoso de homem,
se eu fosse mulher eu já teria sentado a minha mão
na cara dela.
— Não acho que valeria à pena se sujar por tão
pouco como a Vitória e nem arranjar confusão com
o Paulo.
Vitória está na minha vida desde que eu me
entendo por gente, ela é afilhada do meu pai, e o
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pai dela é meu padrinho. Ela sempre esteve por


perto, nas festas de aniversário mesmo eu não a
convidando, nas datas comemorativas do ano.
Resumindo, sempre que tinha chance ela implicava
comigo e me humilhava até não querer mais. Meu
pai não fazia nada, ele sempre gostou mais dela do
que da própria filha, sempre ficava e fica do lado
dela em tudo, até parece que ela é a filha dele e não
eu.
— Pode tirar esse olhar, aquele homem não
merece que você fique triste por ele. — Tiago me
abraça, ele e meu avô são os homens da minha
vida. — Ele é tão podre quanto ela, por isso sempre
fica ao seu lado.
— Você tem razão! Mas mudando de assunto,
como vai o processo de fisgar o boy? — levanto
minhas sobrancelhas e ele cai na risada.
— Para de fazer isso com a sobrancelha, fica
medonho! — e então suspira derrotado. — Está um
porre, ele não quer assumir para a família, nós só
nos encontramos no seu apartamento, Bernardo só
quer ficar comigo se for escondido, mas eu não
passei por tudo aquilo para no final eu me esconder
de novo. Não mesmo!
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— Você tem toda razão Ti, coloque ele na


parede, se ele gostar mesmo de você ele vai fazer a
escolha certa. Quem pode resistir a esse rosto de
bebê e esses olhos azuis lindos que você tem? —
ele dá aquele sorriso cheio de dentes perfeitos que
só ele tem.
— Fazer o que se fui eu o irmão que nasceu com
a beleza.
— E eu com o cérebro! – completei. Nós caímos
na risada, a Vitória dizia que o meu irmão ficou
com a beleza, mas aí ele disse que eu tinha cérebro
que compensava qualquer coisa. Não que eu seja
feia, longe disso, eu sei muito bem que sou bonita,
meus olhos azuis, meu corpo malhado e meus
cabelos sedosos podem comprovar isso. Mas o
Tiago falou isso por que o Fernando tinha que
pagar a escola se ele quisesse que ela saísse da
escola algum dia, digamos que inteligência não é
um dos pontos positivos da Vitória, claro, se ela
tivesse algum ponto positivo seria o corpo. Vitória
é uma mulher linda, sério, ela é muito bonita
mesmo, alta, magra, grandes olhos castanhos, rosto
harmonioso, o cabelo mesmo tingido é muito
bonito, é um vermelho extremamente vivo. Mas a
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beleza não compensa na personalidade nem no


caráter. Infelizmente.
— Mas me conta como foi o almoço com o
gostoso do Enrico? — meu irmão pergunta
eufórico.
— Eu não almocei só com Enrico, o Lorenzo
também estava.
— O Lorenzo irmão mais novo e delícia do
Enrico? — confirmo com a cabeça. — Você é
muito sortuda!
— Não foi nada de mais, na verdade só fui
convidada por educação, Lorenzo apareceu
chamando o Enrico e eu estava junto, então pra não
ficar chato Enrico me chamou para ir também.
— Duvido!
— Tiago, eu insinuei que ele era gay.
— Exatamente! Agora ele quer provar pra você
que não é. Ele deve esta se coçando para que você
saiba que ele é homem. Ou seja, ele quer te levar
pra cama.
— Isso não vai acontecer! – afirmo.
— Por que não?
— Simples, eu não vou transar com o meu
chefe!
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— Duvido! Eu já ouvi muitas histórias das


mulheres que já transaram com ele, Enrico
Martinelli é o Senhor do Sexo.
Eu não duvido que ele seja o tal do Senhor do
Sexo, qualquer homem que tenha quase 1,90 de
altura, cabelos castanhos, olhos verdes, corpo
sarado e que tenha uma lista de incontáveis
mulheres e que seja italiano com certeza é o Senhor
do Sexo. O toque do meu celular me tira do meu
transe.
Pego meu celular e na tela marca que quem está
me ligando é um número desconhecido. Estranho.
—Alô? — atendo.
— Bianca, é o Lorenzo! — uou.
— Oi Lorenzo, aconteceu alguma coisa? — meu
irmão me olha de boca aberta.
— Não aconteceu nada, eu só liguei para te
convidar a vir na boate hoje, um DJ muito foda vai
vir. Pode trazer quem quiser seu nome já está na
lista e convidados está em branco. – Tiago esta com
o ouvido grudado do outro lado do celular, ele faz
sinal de positivo com os dedos para que eu
responda que sim.
— Não sei Lorenzo, sair pra ir pra balada na
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semana, eu tenho que ir trabalhar amanhã cedo.


— Você que sabe, mas seu nome continuara na
lista caso mude de ideia.
— Tudo bem, muito obrigada!
— Tchau! — nós desligamos.
— Nem vem, pode ir tomar um banho e ficar
muito bonita, porque nós vamos sim! — Tiago já
está dentro do meu closet fuçando nas minhas
coisas, ele sai de lá segurando um vestido preto
com muito brilho no busto, foi ele quem me deu
esse vestido, nunca usei.
— Você quer que eu vá com esse? — aponto
para o vestido.
— Ele e essa belezinha aqui. — na outra mão
está um par de saltos preto, me levanto indo para o
banheiro, fazer o que? Não dá pra contrariar o
Tiago, o gênio forte está com ele, eu só fiquei com
a calma.
Tomo um banho não muito demorado, lavei meu
cabelo hoje de manhã. O vestido ficou bem curto,
muito acima do meio das minhas coxas, o decote
também não está tão discreto como costumo usar,
mas também não está vulgar, dá pra usar, coloco
aquele sapato lindo de morrer e vou fazer a minha
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maquiagem, faço um delineado um pouco puxado,


nada de sombra nem massa corrida na cara, eu sou
a favor de deixar imperfeições á mostra, passo
muita máscara de cílios, Tiago entra na hora que eu
preciso dele.
— Nude, rosa ou vermelho? — levanto três
batons para ele me ajudar a escolher.
— Vermelho com certeza!
— Você está muito bonito! — ele está com uma
calça jeans, uma camisa branca com as mangas
dobradas até o cotovelo, ele não precisa de muita
coisa pra ser lindo, já nasceu perfeito, do jeitinho
que é.
— Pronta? — ele me pergunta.
— Pronta! — ele passa o meu braço pelo dele e
vamos em direção à noitada, não quero nem
imaginar a cara que vou ter que ir trabalhar
amanhã, mas fazer o que? Não consigo dizer não
para o meu maninho.

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CAPÍTULO 7
Bianca de Alencar

Estamos em frente à Sensuale, sim, o nome da


boate do Lorenzo traduzindo do italiano para o
português fica sensual. A fila está imensa, nós
passamos na frente de todo mundo, ouvimos muitos
xingamentos e pessoas dizendo para irmos para o
final da fila.
— Boa noite, meu nome está na lista. — digo
para o segurança com cara de poucos amigos.
— Boa noite! Nome, por favor. — ok. Sem
muita conversa.
— Bianca de Alencar.
— Nome dos convidados.

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— Somente o meu irmão Tiago de Alencar. — o


segurança dá uma boa conferida no meu irmão, e
não foi uma conferida de segurança, mas sim o
analisando, danadinho. Ele começa a digitar no
tablet. Ele é um cara alto, cabelo escuro, olhos
igualmente combinados com a barba também
escura, mas sua pele é clara, seu corpo mesmo por
dentro daquela roupa dá pra perceber que ele é
musculoso.
Ele coloca as pulseiras vermelhas nos nossos
punhos demorando um pouco mais no Tiago, eles
ficam se olhando por alguns segundos, depois se
afasta e nos deixa entrar.
— Ficou quente de repente! — meu irmão se
abana.
— Com o olhar que ele te deu até eu senti a
temperatura subir.
— Que espécime de homo sapiens é aquele?
Acho que vou vir aqui mais vezes!
A boate é bem impressionante por dentro, em
tons de vermelho escarlate e preto, olhando pra
cima você consegue ver a área vip, voltando para a
parte de baixo, tem a pista de dança que está lotada
de pessoas dançando uma música animada, olhando
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para esquerda tem o bar, alguns caras estão


bebendo e dando risada.
— Bianca, está vendo aquele cara de camiseta
azul? — eu olho, o cara é bonito, alto e com cabelo
escuro que passa um pouco das suas orelhas. — Ele
é o Bernardo!
— Vai dar um oi pra ele. Enquanto você fala
com ele eu peço alguma coisa pra gente beber.
Nós vamos andando desviando de todas aquelas
pessoas dançando, ainda não é nem meia noite e as
pessoas já estão bêbadas e suadas. Eu fui direto
falar com o barman e o Tiago foi em direção ao
Bernardo, estou a uma distância que não consigo
ouvir o que eles estão conversando.
— Boa noite! O que a moça bonita vai querer?
— o barman me pergunta, mas antes que eu possa
responder, uma voz muito conhecida me
interrompe.
— Ela gosta de caipirinha de vinho! — O Bruno
ainda está mais bonito do que eu me lembro.
— Eu posso pedir a minha bebida sozinha
Bruno. Você está me seguindo? — pergunto sem
paciência, Bruno é um ex-namorado, nós
terminamos há um ano quando eu o peguei na cama
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com a Vitória, mas ele sempre me liga me pedindo


perdão pela traição.
— Posso te garantir que foi o destino! — como
se a palavra dele valesse alguma coisa. Uma
movimentação do nosso lado me chama atenção,
meu irmão está no chão com o nariz sangrando, e o
Bernardo está com os punhos cerrados e xingando
o Tiago.
— Cara, sai de perto da gente, nós não queremos
que você nos passe essa sua doença de viado. — ele
não disse isso, caminho até o meu irmão e o ajudo a
se levantar, seus olhos estão marejados, me viro
para o desgraçado enrustido.
— Deixe-me ver se eu entendi. Você só gosta de
dar a bunda quando está no quarto com o meu
irmão, agora quando está com os seus amigos
homofóbicos você é hétero? – eu vejo seu rosto
ficar vermelho, ele levanta a mão para me bater. —
Encosta um dedo em mim e antes de você se afastar
já estará algemado. – Bernardo acompanha o meu
olhar até o Bruno que está com seu distintivo na
mão.
— Eu não sou gay, nem conheço esse cara! —
ele aponta para o meu irmão que está ao meu lado.
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— Você não me conhece? Então eu posso


mostrar as mensagens que nós trocamos todos os
dias para os seus amigos?
— Você não tem esse direito! — ele quase
suplica.
Olho para os amigos deles e dou um sorriso de
lado para eles.
— Todos vocês jogam futebol? — eles
assentem.
— Cuidado! Pois ele pode estar olhando para o
pau ou a bunda de vocês.
Viro de costas, mas foi péssima ideia, pois logo
sinto o meu cabelo ser puxado e um tapa forte feito
o inferno no meu rosto.
— Sua vadia, eu vou acabar com você! — ele
tenta vir pra cima de mim, mas é impedido por um
soco que meu irmão lhe dá no queixo.
— Ninguém encosta na minha irmã! — Tiago
ruge.
Então a confusão está feita, são socos e chutes,
garrafas voando, cadeiras sendo quebradas, sinto
uma dor na cabeça e algo escorrer na lateral do meu
rosto, passo a mão e vejo que é sangue, me sinto
tonta tento chamar pelo meu irmão, mas não
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consigo, meu corpo fica mole, quando acho que


vou cai no chão, sinto braços fortes me segurarem,
olho para o rosto do meu salvador vejo Enrico.
Com certeza foi uma pancada muito forte.
— Vai ficar tudo bem Bianca!
Eu apago.

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CAPÍTULO 8
Enrico Martinelli

Vanessa está rebolando em cima de mim, seus


seios siliconados não me atraem tanto, prefiro os
naturais, mas precisava me aliviar e me recuso a
voltar à época da adolescência. Ela é uma modelo
fotográfica muito boa no que faz, seus cabelos
totalmente negros combinam com seus olhos
verdes, sua boca e carnuda, mas não naturalmente.
Nós costumamos transar sem compromisso, porém
ela está vindo com um papo de querer algo a mais
comigo, essa será a nossa última vez, de mulher
louca no meu pé já basta a Vitória.
— Ai meu Deus! Enrico você é muito gostoso!
— ela grita — Estou quase lá!
De repente meu celular começa a tocar, tateio a
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minha mão sobre a cômoda ao lado da cama. No


visor marca o nome do Lorenzo.
— Espero que seja alguma coisa importante pra
você está me atrapalhando.
— Acabei de ligar para a Bianca a chamando
para ir hoje à Sensuale e ela aceitou. — Vanessa
geme alto — Você está falando comigo enquanto
transa? Isso é nojento até mesmo pra mim. Mas
como estava dizendo ela vai vir, aparece por aqui!
Deixar Bianca toda linda sozinha naquela boate?
Nem pensar, os caras vão cair matando na carne
nova.
— Só vou terminar aqui e passar em casa pra
tomar banho, é hoje que vou mostrar pra Bianca
como se satisfaz uma mulher. — me dou conta do
que disse e olho pra Vanessa que parou com os
movimentos e me fuzila com o olhar.
— Não acredito que você está transando comigo
e fala que vai dormi com outra! — ela sai do meu
colo, começa a se vestir. — Você é um cretino
Enrico! — então ela sai batendo a porta com força.
— Você é mesmo um cretino Enrico! —
Lorenzo me repreende.
— Vanessa é uma cachorra, logo ela vai estar
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me ligando pedindo uma foda, mas não quero nada


com ela, já estava ficando grudenta.
— Tanto faz, até daqui a pouco! — ele desliga
na minha cara.
— Babaca! — falo sozinho olhando pra o
celular.
Eu não sou um cafajeste que usa as mulheres e
não pensa em seus sentimentos, quando me
envolvo com alguém, elas sabem muito bem as
minhas intenções, a única coisa que quero delas é
sexo, nada mais. Agora, se elas colocam na cabeça
que vão me conquistar e seremos felizes para
sempre, elas estão muito enganadas. Eu nasci para
ser livre, leve e solto, não quero me prender a
ninguém e se um dia acontecer, vai ser em um
futuro muito distante, sou muito novo para me
prender, existem muitas mulheres no mundo para
eu conhecer.
Quando eu estava na faculdade, inventei de
namorar uma garota, ela era linda, tinha um corpo
de deixar qualquer homem louco, e fazia um
boquete digno de Oscar. Ficamos juntos por uns
dois meses, mas o problema era que havia outras
garotas que faziam a mesma coisa que ela, então eu
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parei e pensei, por que ficar com uma se eu posso


ter todas? Esse é o meu lema!
Bianca não vai ser diferente, eu quero aquela
mulher, dependendo do que acontecer depois,
talvez eu tenha que demiti-la, mas ela pode
conseguir emprego onde quiser não vou me sentir
mal por tal feito.
Chegando em casa vou direto para o banheiro,
preciso tirar o cheiro desse perfume doce da
Vanessa. Escolho uma camisa azul marinho
juntamente com uma calça jeans escura, nos pés
calcei um sapatênis marrom.
— Não vai jantar meu filho? — Mada me
pergunta quando desço as escadas.
— Não Mada, vou me encontrar com Lorenzo.
— lhe dou um beijo na testa. — Não me espere
acordada!
— Eu nem seria louca de ficar acordada até de
manhã. — me despeço dela e vou embora.

***

— Você tem certeza que ela vem? — pergunto


para o Lorenzo que está olhando para a pista de
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dança.
— Ela disse que iria pensar, mas acho que já sei
a resposta. — ele aponta para o bar, e lá está a
Bianca de frente para uns caras, parece que ela está
discutindo com um deles. Ela fala alguma coisa que
o faz levantar a mão ameaçando bater nela, nessa
hora meu sangue ferve, mas logo ele abaixa a mão,
ela diz mais alguma coisa, vira de costas e começa
a andar, inesperadamente ele puxa seu cabelo e lhe
dá um tapa no rosto.
— Merda! — Lorenzo diz.
Levanto-me e vou até ela. Vejo um pandemônio
acontecendo e corro, quando chego, estão todos
brigando e Bianca com a mão na cabeça, no exato
momento em que ela iria cair eu a segurei, sua
cabeça está sangrando, ela olha pra mim como se
estivesse alucinando.
— Vai ficar tudo bem Bianca! — logo ela
desmaia nos meus braços.
Lorenzo aciona os seguranças, logo a briga é
apartada, um cara imobiliza o sujeito que bateu na
Bianca, sangue sai do nariz do Tiago, ele olha pra
mim e depois para a irmã desmaiada nos meus
braços, seus olhos se ampliam e ele vem correndo
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em nossa direção.
— O que aconteceu?
— Alguma coisa acertou a cabeça dela,
precisamos levá-la para o hospital.
— Pode deixar que eu a levo! — o mesmo cara
que estava imobilizando o babaca vem com suas
mãos para pegar Bianca dos meus braços, mas me
afasto.
— Bruno você não vai encostar essas mãos sujas
na minha irmã. — Tiago entra na frente do tal do
Bruno. — Vamos Enrico!
Saímos da boate e estamos esperando trazerem o
meu carro. Miguel para com o carro na nossa
frente.
— Lorenzo pediu que eu os levasse para o
hospital! — reparei na troca de olhar deles, Miguel
também é gay, mas isso não bem ao caso agora.
Eu estou no banco traseiro junto com Bianca,
Tiago está no banco da frente junto com Miguel.
— Como começou aquela briga? — pergunto.
— O cara que eu estava saindo não gostou muito
que fui falar com ele, seus amigos estavam por
perto, eu o chamei de babaca e ele me bateu. —
apertou suas mãos em sinal de nervosismo —
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Bianca sempre protetora dos pobres e oprimidos


tomou as minhas dores e foi tirar satisfação com
ele, até parece que ele é a mais velha e não eu, ela
falou que ele só é gay quando está dando a bunda
no quarto, mas é macho quando está com os
amigos, porém o ponto alto da situação foi quando
ela disse que ele olha para o pau e a bunda dos
caras quando estão no vestiário se trocando. Aí ele
partiu pra agressão e eu parti pra agressão encima
dele.
— Eu tomaria as suas dores de novo se fosse
preciso, que cara babaca. — me assusto com a voz
de Bianca, ela levanta a cabeça do meu colo e se
senta direito no banco. — Quem acertou a minha
cabeça?
— Provavelmente foi uma garrafa perdida!
— Tiago responde.
— Para onde estamos indo? — ela pergunta.
— Hospital! — respondo.

***

Bianca não precisou de pontos, somente um


curativo e alguns remédios para dor, Miguel deixou
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cada um em sua casa e depois foi embora de taxi.


Essa noite não foi nada como estava esperando,
eu tive Bianca nos meus braços, mas não como eu
queria.

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CAPÍTULO 9
Enrico Martinelli

Chego à agência atrasado, odeio chegar atrasado


para qualquer coisa, mas fui dormi tarde depois do
incidente com Bianca. Dou um bom dia
rapidamente para as meninas da recepção, coisa
que sempre faço, uma coisa que meus pais me
ensinaram, não importa se o seu dia está sendo uma
merda, as pessoas ao seu redor não tem culpa disso,
então seja educado.
— Bom dia Isadora! Algum recado? — paro em
frente à mesa de Isadora, essa mulher é bonita e
comprometida, mas só a vejo como uma amiga, sim
ela não é somente minha secretária, nós já
trabalhamos há tanto tempo juntos que passamos a
ter uma amizade.
— Bom dia Enrico, somente a Bianca que está
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querendo falar com você.


— Tudo bem, irei ligar para o celular dela. —
caminho ate a minha sala.
— Você não sabe o ramal da sala dela? — paro
em frente a minha porta e me viro para Isadora.
— Como assim o ramal dela? Eu pedi que ela
ficasse em casa hoje.
— Pois é ela não o obedeceu. — ela dá um
risinho.
Vou andando a passos largos e pesados até a
sala da Bianca, entro sem bater.

— Posso saber por que você não está em casa


descansando? — consigo ver suas pernas desnudas
por debaixo da mesa, os seus olhos que há
segundos estavam nos papéis, agora estão em mim,
ela está tão sexy com esses óculos de grau.
— Por que eu não precisava descansar, estou
ótima! E também tenho dezenas de contratos e
documentos para ler, não posso me dar ao luxo de
ficar em casa sem fazer nada. — ela levanta-se e
vai até à estante, pega alguma pasta que não me
interessa saber o que é. — E antes que eu me
esqueça, bom dia, Sr. Martinelli!
— Você levou uma pancada na cabeça Bianca,
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essas coisas são perigosas. — eu ando até ficar


atrás dela.
— Eu est... — ela para de falar quando percebe
que estamos bem próximos, olho para sua boca
rosada, sinto o cheiro do seu perfume levemente
adocicado, seu hálito de hortelã chega até meu
nariz e não me seguro, avanço com minha boca na
sua, a beijo como se fosse a última coisa no mundo,
passo meu braço por sua cintura, a encosto na
estante, Bianca geme na minha boca quando me
esfrego nela mostrando o quanto estou excitado.
Passo minhas mãos pelos seus seios, bunda, a
suspendo e ela enlaça suas pernas na minha cintura,
ando até o sofá e a deito.
— Feche a porta! — ela pede com a voz rouca.
Faço o que ela pede. Caminho até ela desabotoando
a minha camisa, a tiro e jogo em qualquer lugar da
sala. Fico por cima de Bianca e desfaço os botões
da sua camisa, seu sutiã é branco rendado, seria
angelical se não fosse tão atraente, beijo o bico dos
seus seios por cima do sutiã, sua respiração está
acelerada, retiro seu sutiã e logo minha boca está
em seus seios deliciosos. Dou pequenas mordidas
em seu pescoço, suas bochechas estão rosadas, me
enfio no meio de suas pernas e me esfrego nela,
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desço minha mão pela sua barriga até chegar ao


meu destino.
— Acaba logo com isso Enrico! — seus olhos
estão fechados e sua boca entreaberta.
Abro minha calça, puxo a calcinha dela pelas
pernas e a penetro, nós dois gememos, a beijo cheio
de desejo, essa mulher é muito apertada. Seus
gemidos são baixinhos, ela beija meu pescoço,
arranha minhas costas me fazendo urrar de dor e
prazer.
— Você é muito gostosa, não sabe o quanto
queria fazer isso! — digo e mordo sua orelha.
— Ai meu Deus! Enrico!
Desfaço-me encima dela.
— Isso foi uau!
Ela começa a se vestir sem dizer nada, então
faço o mesmo.
— Como você pode ver, eu estou ótima! — ela
volta a se sentar na sua cadeira — Daqui a pouco
irei até a sua sala, tem alguns documentos que
preciso que você assine.
Minha cara vai ao chão, ela simplesmente está
agindo como se nós não tivéssemos acabado de
transar, uma transa muito boa por sinal.
Saio sem dizer nada, me sinto usado e
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humilhado. Nunca nenhuma mulher me tratou


desse jeito. Chego na minha sala e Lorenzo está
sentado na minha cadeira se sentindo o dono do
lugar.
— Tire essa bunda cabeluda da minha cadeira!
— ele se levanta com cara de ofendido.
— Saiba você meu irmão, que a minha bunda
não tem um cabelo se quer, ela parece até bunda de
neném. Mulheres não gostam de bundas cabeludas,
você deveria saber disso.
Bufo.
— O que está fazendo aqui? — pergunto sem
paciência.
— Eu não posso visitar o meu irmão? – cerro
os olhos pra ele. — Eu não tenho nada pra fazer
durante o dia, ficar em casa sozinho é muito chato!
— Você está carente? — pergunto com um
sorriso.
— Não é carência! Só que em casa está
chato. — ele abaixa a cabeça — meuxboxquebrou!
— Não entendi o que você falou.
— O meu Xbox quebrou! – ele bufa.
— Como você quebrou? — pergunto curioso.
— Não fui eu! Levei uma louca ontem à noite
pra casa, mas eu errei o nome dela e ela pegou a
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primeira coisa que viu e jogou no chão.


Começo a rir, só o Lorenzo pra me fazer rir.
— Só você me fazer rir hoje.
— Por quê? O que aconteceu?
Conto ou não conto? Conto!
— Transei com a Bianca!
— Ué, mas não era o que você queria? — ele
pergunta confuso.
— Sim, mas depois que terminamos, ela
simplesmente se vestiu e voltou a trabalhar como se
não tivesse acontecido nada.
— Caralho! Vocês transaram aqui? — ele
praticamente grita.
— Fala baixo, porra! Sim, transamos na sala
dela, eu não tinha planejado nada, simplesmente
aconteceu.
— Mas isso é bom, não é? Você conseguiu o
que queria e ela não ficou no seu pé.
— Só que eu me senti usado, e não é uma
sensação boa.
Ele se levanta e vai até a porta.
— Parece que você está no lugar das mulheres
que você transa. Agora eu vou passar em alguma
loja e comprar um Playstation. — ele vai embora.
Pois é, parece que o jogo virou. Agora eu sou o
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usado e colocado pra escanteio, mas isso não vai


ficar assim, essa diaba me paga.

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CAPÍTULO 10
Bianca de Alencar

Que merda que eu acabei de fazer?


Não acredito que transei com o Enrico na minha
sala, como pude me deixar cair tão rápido pelo seu
charme e suas mãos grandes, seus beijos
deliciosos? Não me julguem, eu estava sem sexo há
meses, e meio que o Enrico é irresistível, mas claro,
ele nunca irá saber disso pelo menos não da minha
boca.
Eu espero que ele esteja limpo, pois nós não
usamos camisinha, quanta irresponsabilidade nossa.
Mas se ele acha que vou ficar correndo atrás
dele, ele está muito enganado, acho que a cena que
eu fiz logo depois que transamos deixou isso bem
claro. Foi bom? Foi ótimo! Mas foi um erro.
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Preciso contar para o Tiago. Mando uma


mensagem pedindo pra ele vir a minha sala, essa
coisa de trabalhar no mesmo lugar que ele é ótimo.
— O que aconteceu agora? — ele entra sem
pedir, sem educação, se joga no sofá, no cujo sofá,
seguro a risada.
— Transei com o Enrico, nesse sofá. — aponto
para o sofá.
— Eca! — ele levanta olhando com nojo para o
sofá — Sua safada, fazer isso na sua sala. Não
sabia que tinha uma irmã devassa. Como
aconteceu? Está mais pra anaconda ou minhoca
desnutrida? Conte-me tudo!
— Ele chegou surtado por eu ter vindo trabalhar
e quando vi já estávamos nos beijando e o resto
você já sabe, eu não vou falar como é o... Negócio
dele!
— Chata! Foi bom pelo menos?
— Muito bom!
— Mas o que foi que você falou mesmo? — ele
faz uma pausa. — Ahhhh é "Eu não vou transar
com ele, ele é o meu chefe." — Tiago fala com a
voz fina.
— Cala a boca! Essas coisas acontecem.
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— Eu disse que ele queria te provar que é


macho.
E coloca macho nisso, só havia estado com dois
homens em minha vida e o Enrico é o terceiro, mas
comparando ele com os outros dois, sem sombra de
duvidas ele é o melhor. Mas voltando a dizer, ele
nunca irá saber disso.
— Mana, o papo está bom, mas tenho um
modelo divoso para fotografar agora, nos vemos
em casa. — Tiago se levanta pra ir embora.
— Como assim, nos vemos em casa? Você não
vai me levar?
— Amore da minha vida, estou com tanto
trabalho que sairei daqui muito tarde.
— Tudo bem! Bom trabalho pra você, também
tenho uma pilha de contratos pra revisar e encarar a
fera daqui a pouco.
— Boa sorte! — ele me dá um beijo na testa e
vai embora.
Vamos Trabalhar Bianca!

***

— Oi Isadora, o Enrico está ocupado?


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— Oi Bianca, ele está com uma pessoa na sala.


Por que estou com a sensação de que essa
pessoa é uma mulher?
— Sabe se ele vai demorar?
— Não sei, mas senta aí, vamos conversar
enquanto você espera.
Conversamos sobre sua família, ela é casada há
quinze anos, tem dois filhos um de dez anos e outro
de cinco anos. Isadora também me contou que o
seu filho caçula ficou doente e que o Enrico pagou
todo o tratamento e pagou seu salário mesmo ela
não indo trabalhar, parece que o Enrico é uma
pessoa muito boa.
A porta do escritório se abre e de lá sai uma
loira que se eu disser que ela é linda seria
eufemismo. Loira, alta, corpo sem uma grama de
gordura, e um par de olhos azuis lindos. Quem é
ela?
— Te espero em casa! — eles se abraçam — Te
amo!
— Também te amo! Dirija com cuidado!
Te amo? Casa? Não acredito que ele tem uma
mulher e transou comigo. Nunca me senti tão usada
na minha vida.
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— Tchau Isadora! — ela passa por nós, olha pra


mim e dá um sorriso tímido — Tchau!
— Veio tratar dos contratos Bianca? — Enrico
pergunta.
— Sim, está livre agora?
— Claro, entra! — passei por ele sem olhá-lo —
Isadora, só passe alguma ligação se for realmente
importante ou da minha família.
Como pude me deixar ser a outra, mesmo que eu
não soubesse, ainda sim é horrível.
— Então... Cadê os contratos? — ele se senta na
sua cadeira e fica me olhando. Vamos ao trabalho!

***

— Eu não tenho mais tanta certeza que quero


fazer negócio com essa empresa, da última vez
houve uma confusão tremenda.
— O que houve?
— Eles tinham a modelo oficial da marca, mas
ela acabou ficando doente, e quando foi para
escolher uma das modelos da agência, nenhuma se
enquadrava, foi uma confusão para eles aceitarem,
e fiquei sabendo que novamente a modelo deles
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não vai poder fazer a campanha, e eu não estou a


fim de passar por aquilo de novo.
— Então nada de contratos com eles. — lhe
entrego outro contrato.
— Eu não me lembro de ter assinado esse
contrato. – ele fica olhando pra o contrato
desconfiado — E essa assinatura não é minha!
— Me deixa ver! — ele me entrega o contrato,
comparo a assinatura com outro contrato que ele
acabou de assinar. — Realmente, as assinaturas se
parecem, mas não é a mesma.
— E também nunca ouvi falar dessa empresa,
tomara que isso seja um engano.
— Dificilmente é um engano quando alguém
forja uma assinatura para uma empresa fantasma.
— eu digo.
— Você acha que o Agenor estava roubando a
agência?
— Eu vou voltar para a minha sala e procurar
mais contratos com sua assinatura falsificada.
— Eu vou junto com você! — cerro meus olhos
para ele — Não estou desconfiando de você, só
quero ajudar!
— Vamos!
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Que legal, acabei de chegar e já tenho que


solucionar uma provável fraude.

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CAPÍTULO 11
Enrico Martinelli

Bianca está agindo como se nada tivesse


acontecido entre a gente e, isso está me irritando
bastante. Foi gostoso e eu quero repetir, várias e
várias vezes.
Quando chegamos na sua sala, o primeiro lugar
que olho é para o sofá, depois olho pra ela, Bianca
esta me olhando, mas logo desvia o olhar e vai para
a sua mesa.
— Bianca, sobre o que aconteceu...
— Eu sei, foi um erro e não vai mais voltar a
acontecer! — ela não esperou nem eu terminar de
falar. Mas como assim não vai mais acontecer?
— Não era isso que eu ia dizer! O que aconteceu
não foi um erro... — me aproximo do seu rosto,
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olhando dentro dos seus olhos — E eu quero que se


repita muitas vezes. — então o que eu menos
esperava aconteceu, ela me dá um tapa.
— O que você acha que eu sou? Eu não sou
nenhuma vadia que vai aceitar ser a outra na vida
de ninguém. Se veio aqui para tratarmos de
assuntos profissionais, ótimo, mas se não foi, eu te
peço que se retire e me deixe trabalhar.
Porra! O que acabou de acontecer? A mulher
colocou a armadura de batalha e está me
massacrando.
— Tudo bem, não vamos discutir sobre isso
agora. Vamos procurar os outros contratos.
Ficamos durante duas horas procurando esses
malditos contratos, mas encontramos poucos e
esses estavam perfeitamente dentro da lei, eu
mesmo assinei e lembro muito bem, mas não
encontramos os que supostamente são falsificados,
talvez eu tenha assinado aquele contrato e não
estou lembrado.
— Vou procurar de novo na estante. — Bianca
esta determinada. — Merda!
— Que foi? — Bianca sai da frente da estante e
eu vejo um fundo falso, e ele está cheio de papéis.
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— Droga!

***

— Enrico, isso é muito sério! Ele estava


transferindo dinheiro da agência e, com a sua
assinatura falsificada.
Se o Agenor não estivesse morto, eu o mataria.
— Como pude ser tão idiota, estava acontecendo
bem debaixo do meu nariz.
— Não se culpe. Se ele não tivesse morrido,
duvido que você descobrisse.
— Ele trabalhava com o meu pai, ele era velho
na casa.
Velho desgraçado! Dizia que era amigo do meu
pai. Tomara que esteja queimando no inferno e
levanto muita lança no cú.
— O que temos que fazer? — pergunto para
Bianca.
— Conheço algumas empresas de auditoria, vou
entrar em contato com elas. Mas irei precisar dos
balanços das contas, o problema é que não sabemos
desde quando ele estava roubando, vamos começar
com os últimos cinco anos.
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Isso vai dar um trabalho.


— Não deveríamos falar com a contabilidade?
— pergunto.
— Nós não sabemos quem mais está envolvido,
quanto menos pessoas souberem melhor! — essa
mulher é muito inteligente e, eu estou ficando
excitado. E não é uma boa hora para ficar excitado,
amigão ai embaixo, pode ficar quietinho, pois não
vai ter brincadeira agora, talvez mais tarde.
— Você tem razão, mas tem uma pessoa que
confio cegamente.
— Tudo bem, se você confia, mas quem é?
— Isadora! — ela dá um sorriso contido e
confirma com a cabeça. Isadora gosta da Bianca e,
é muito difícil a Isadora gostar de alguma mulher
que me relaciono não que ela saiba que me envolvi
com a Bianca.

***

— Não acredito que aquele velho safado fez


isso, se ele não estivesse morto eu chutaria aquele
saco murcho dele. — Isadora está um pouco
revoltada — No que eu posso ajudar?
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— Precisamos dos balanços das contas, vou


entregar para a auditoria, mas gostaria que também
olhássemos.
— Já está tarde, vamos embora! Amanhã
começamos. — levanto e destravo minhas costas,
acho que estou ficando velho — Vamos! Eu levo
vocês.
— Não precisa me levar, meu marido já está me
esperando aqui em frente.
— Tudo bem, então até amanhã! Vamos
Bianca? — ela pega sua bolsa e olha pra mim.
— Eu agradeço, mas não precisa, vou pegar um
taxi. — vai nessa.
— Nem pensar, eu estou indo para o
condomínio. Não aceito um não! — ela bufa e vai
na frente, ótimo pra mim que tenho a visão desse
bunda redondinha.
— Você não vale nada Enrico. — me esqueci
que a Isadora ainda está aqui.
— Não estou fazendo nada! — finjo demência.
— Se eu não te conhecesse até acreditaria em
você, mas eu te conheço. Boa noite!

***
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— Como vai o seu irmão depois daquela


confusão? — não aguento esse silêncio dentro do
carro.
— Vai bem, ele já estava cansado do Bernardo
mesmo. – e o silêncio volta.
Meu telefone toca e eu atendo pelo carro.
— Oi mãe!
— Onde você esta meu amor? A Giulia não para
de perguntar de você, ela praticamente acabou de te
ver e já está com saudades. — sério mãe? Que
mico! Sinto a Bianca se mexer desconfortável com
a menção da Giulia, será que ela pensa que a Giulia
é minha namorada? Acho que vou vomitar. Mas faz
sentido, depois que ela viu minha irmã sair do meu
escritório ela falou aquelas coisas de ser a outra.
— Já estou chegando mãe, só irei deixar a
Bianca na casa dela e vou pra ir.
— Bianca aqui do condomínio?
— Sim!
— Oi querida! – que animação da minha mãe.
— Oi Laura, como vai? — Bianca pergunta sem
jeito.
— Estou ótima! Por favor, venha para o jantar,
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adoraria a sua visita. — ela olha pra mim com os


olhos arreganhados. Dou de ombros.
— Eu não quero incomodar Laura, mas obrigada
pelo convite!
— Não vai incomodar em nada, venha, por
favor! — minha mãe faz a típica voz chorosa dela
— Passe na sua casa e traga o seu avô, eu insisto.
— Tudo bem, eu vou!
— Até logo querida! Beijo! — e ela desliga.
— Tchau mãe, beijos! — finjo que ela ainda está
ao telefone.
Bianca ri discretamente.
— Posso te pedir uma coisa? — pergunto a ela.
Bianca me olha cautelosamente e assenti — Não
comenta nada do que descobrimos com ninguém lá
em casa, só quero conversar com o meu pai,
quando conseguirmos todas as provas.
— Claro, pode ficar tranquilo!
Ótimo, tenho no máximo dez minutos para me
preparar psicologicamente para esse jantar, dona
Laura, Lorenzo e Bianca no mesmo recinto não vai
sair coisa boa.

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CAPÍTULO 12
Enrico Martinelli

Estou esperando a Bianca e seu avô em frente a


sua casa. Ela achou que a Giulia minha princesa é
minha namorada, só posso dizer uma coisa, que
nojo! Eu sei que a minha irmã é linda, muitas
pessoas que não sabem que ela é a minha irmã,
achavam que fossemos um casal, ela é próxima de
todos os irmãos, mas é mais apegada a mim,
sempre a defendi de todos até do meu pai, há cinco
anos quando ela quis ir estudar no exterior nosso
pai não quis nem ouvir o que ela tinha a dizer, fui
conversar com ele, ficamos muito tempo trancados
no seu escritório, mas consegui convencê-lo, eu
tive que fazer um acordo com ele, eu estava o
ajudando com a agência, mas não estava
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responsável por ela, ele me propôs que se eu


assumisse a presidência ele a deixaria ir. Eu faria e
faço qualquer coisa pela minha princesa.
Mas será que a Bianca ficou com ciúmes? Se
tiver ficado isso é muito bom, significada que
significo alguma coisa pra ela.
Olho para a porta, ela desce com um vestidinho
branco até os joelhos que molda perfeito o seu
corpo, e seu avô vem logo atrás e olha diretamente
pra mim com uma carranca. Eita!
— Desculpa a demora, mas eu precisava de um
banho. — eu sei por que dela precisar de um banho.
Bianca entra e se senta ao meu lado, seu avô vai
para o banco de trás e o vejo me olhando pelo
retrovisor.
— Boa noite senhor! — ele estreita os olhos pra
mim e Bianca segura um riso. O que foi que eu fiz?
— Onde você está vendo o senhor aqui? Eu
estou na flor da idade, tenho até uma namorada.
Bianca olha para o seu avô como se tivesse
nascido um chifre em sua testa.
— Como assim você tem uma namorada e eu
não fiquei sabendo?
— A conheci na academia, uma coroa boazuda.
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— eu não me aguentei e cai na risada, Bianca está


com os olhos cerrados pra mim.
— Quero conhecer essa sua tal namorada! –
parece que tem uma ciumenta aqui.

***

— Que bom que vieram! — meu pai nos


recepciona.
— Obrigado pelo convite meu amigo, Bianca
chegou mais tarde hoje e não tinha janta pra mim.
— Vô, isso é coisa que se fala? — Bianca ficou
roxa de vergonha.
— Então que bom que fiz muita comida hoje,
parece que estava adivinhando que teríamos visitas.
— minha mãe vem me abraçar e cumprimentar
Bianca e seu avô — Você não cansa de ser linda
Bianca!
— Imagina Laura, você que sempre está
deslumbrante, no máximo eu sou ajeitadinha. —
todos caímos na risada.
Estamos na sala de jantar, esperando meus
irmãos chegarem, Giulia está se arrumando no seu
quarto e Lorenzo iria passar na casa do Marco para
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trazê-lo.
— Cheguei família! — falando no diabo.
— Eu também cheguei! — minha princesinha
vai correndo para o colo do meu pai.
— Você não cansa de ser linda meu amor? —
meu pai é um babão com essa neta, na verdade
todos nós somos.
— Não vovô, o tio Enzo falou que eu puxei a
minha beleza dele.
— Você puxou a minha beleza filha! — Marco
dá um tapa na cabeça do Lorenzo — Boa noite a
todos!
— Bianca, que bom te ver, você está mais linda
do que me lembrava! — Lorenzo puxa Bianca para
um abraço e pisca o olho pra mim, desgraçado.
— Oi! Você parece uma princesa! — que
vontade de morder essa minha sobrinha.
— Eu só pareço, mas você sim é uma princesa!
Qual o seu nome? — Bianca se agacha para ficar
na altura da Duda.
— Meu nome é Maria Eduarda, pode me chamar
de Duda. — Marco se aproxima e coloca as mãos
no ombro da filha.
— Prazer, sou Marco, pai dessa princesa. — eles
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dão as mãos.
— Prazer, sou Bianca e esse é meu avô Manuel.
— eles se cumprimentam, logo Duda está de papo
com o seu Manuel, Bianca está conversando toda
entretida com a minha mãe. Lorenzo, Marco e eu
estamos conversando com o meu pai.
— Boa noite, desculpem a demora, mas
precisava tirar todo aquele cheiro de aeroporto. —
Giulia vem logo me abraçar, olho para Bianca se
está com o maxilar travado.
— Já percebeu Marco que a Giulia só gosta do
Enrico? — Lorenzo ciumento.
— Claro que não! Eu amo todos vocês do
mesmo jeito! — ela vai abraçar meus dois irmãos.
— Gostaria de apresentar a minha filha, Giulia,
ela estava morando na Inglaterra e chegou hoje.
— Prazer! Você não é a moça que vi hoje na
agência, conversando com a Isadora? — minha
irmã pergunta para Bianca.
— Sou eu sim! — ela me olha discretamente,
mas posso ver fúria em seus olhos.
Ficamos todos conversando durante o jantar, que
como sempre está maravilhoso, minha mãe é uma
cozinheira de mão cheia, ela fez nhoque com
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bastante queijo. Minha mãe foi para a cozinha


buscar a sobremesa e Bianca a acompanha.
— O que você tem com a Bianca, Enrico? — me
engasgo com a pergunta da Giulia. Olho pra ela,
depois olho para Manuel que está prestando
atenção na conversa.
— Não tenho nada com ela, Bianca é só uma
funcionária da agência. Só isso! — olho para a
entrada da sala e lá está Bianca me olhando com
magoa.
Droga! O jeito que eu falei parece que ela não
tem importância alguma, sou um babaca mesmo.
— Você é um idiota! — Marco que está sentado
do meu lado fala no meu ouvido.
— Eu sei! — respondo.
Fiquei com medo de o Lorenzo falar alguma
besteira, mas acabou que quem falou fui eu.

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CAPÍTULO 13
Bianca de Alencar

Bianca é só uma funcionária da agência. Só isso!


Essa frase fica martelando na minha cabeça, o
jantar transcorreu bem até essa parte acontecer.
Depois de ouvir a declaração de Enrico, entro na
sala de jantar sem demostrar nenhuma reação, me
sento ao lado do meu avô que segura a minha mão
e me dá um beijo na bochecha.
— Te amo minha princesa! — lhe dou um
sorriso.
— Está gostando de trabalhar na agência
Bianca? — Giuseppe me pergunta.
— Estou gostando sim, todos me tratam muito
bem. — evito o máximo olhar para Enrico.
— Agenor deixou muito trabalho inacabado? —
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não consigo evitar olhar para Enrico.


— Alguns contratos, coisas simples, mas já
estou resolvendo com o Enrico.

***

Nunca fiquei tanto tempo olhando para o teto do


meu quarto, talvez um portal se abra e me mande
para o passado onde eu possa não transar com o
Enrico, resolveria o meu problema de não
conseguir parar de pensar nele, e ao mesmo tempo
querer matá-lo por ser um idiota.
Claro que eu sei que não iria ser uma transa
maravilhosa que ia fazer o Enrico se apaixonar por
mim, e nem é isso que eu quero, mas o jeito que ele
respondeu a irmã dele foi me desdenhando como se
eu não passasse de uma funcionária, coisa que eu
sou, mas o tom dele foi maldoso.
— Que bad é essa Bianca? — quase enfarto.
Tiago entra no meu quarto que nem percebi.
— Que susto do cacete Tiago, seu viado!
— Sou mesmo! O vovô pediu que eu viesse ver
como você está? O que o idiota barra gostoso do
Enrico fez? — ele se joga ao meu lado na cama.
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— Eu sei que o vovô já te contou. O Enrico só


disse a verdade, sou só sua funcionária.
— Bianca meu amor, está na cara que o Enrico
está em negação. — ele fala como se fosse óbvio o
que ele disse.
— Em negação sobre o que? — ele se senta e
olha pra mim.
— Ele quer acreditar que você não passa de uma
funcionária, mas ele sabe que você não é.
— E como você o todo sabichão chegou nessa
conclusão? — me sento.
— Logo depois de vocês terem o momento
caliente na sua sala, você o dispensou certo? —
concordo. — Ninguém nunca o tinha dispensado,
agora ele quer que você pense que também não
significou nada pra ele.
— E o que você sugeri que eu faça? — conheço
esse sorriso, pura maldade está rondando a cabeça
do Tiago.
— Faça o mesmo! Mostre que ele não é a última
Coca Cola do deserto. Eu vou te ajudar com isso.
Deus me ajude!

***
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O plano do meu irmão é simples, fazer o


máximo de ciúmes possível para o Enrico. Tiago
tem um amigo modelo que topou ajudar com isso,
eu não o conheço, mas meu irmão disse que ele é
um pedaço de mau caminho. Na verdade ele disse
que ele é uma rodovia inteira.
Quando cheguei hoje na agência à primeira
coisa que fiz foi ir para o departamento de
contabilidade pedir os balanços, agora a minha
mesa está lotada de papeis e eu não sei em que ano
terminarei isso tudo. Já é 11h00min da manha e não
estou nem no final do primeiro ano, talvez eu não
seja muito boa com números e esteja levando uma
surra desses balanços.
Alguém bate na minha porta e logo ela se abre
mostrando um Enrico acanhado.
— Bom dia! Passei na contabilidade para pegar
os balanços e eles me disseram que você pegou
hoje cedo. — ele entra e fecha a porta.
— Sim, fiz isso logo quando cheguei! —sinto
sua respiração no meu pescoço quando ele se
posiciona atrás de mim para olhar o que estou
lendo.
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— Primeiro ano ainda? — não poderia ficar


mais envergonhada.
— Digamos que eu não seja muito boa com
números. — Enrico abre seu paletó e se senta na
cadeira de frente com a minha mesa.
— Será que posso te ajudar? Eu sou ótimo com
números. — maldito sorriso deslizante de
calcinhas.
— Fique à vontade! — então começamos a
trabalhar.
Às vezes eu o pegava olhando pra mim por
sobre os papéis, às vezes ele me pegava o olhando.
— Bianca sobre o jantar de ontem à noite...
— Foi muito bom, sua família é muito
acolhedora, e sem contar da princesa da sua
sobrinha, uma graça! — o interrompo.
— Sim, eles são! Mas não é sobre isso que eu
quero conversar, mas sobre a parte que eu disse que
você não passava de uma funcionária... — o corto
novamente.
— Eu sou só uma funcionária como qualquer
outra Enrico.
Ele se levanta e começa a andar pela sala, parece
um animal enjaulado.
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— Você não é somente uma funcionária, eu não


dou caronas para as minhas funcionárias, nem as
coloca dentro da casa dos meus pais no meio da
minha família, você é diferente! — eu não consigo
me controlar e começo a rir, mas antes que eu possa
respondê-lo meu celular toca.
— Alô!
— Oi Bianca, sou o Lucas o amigo do Tiago! —
salva pelo gongo.
— Oi Lucas, tudo bem? — Enrico vira a sua
cabeça em minha direção parecendo à menina do
exorcista.
— Você quer almoçar comigo para que
possamos nos conhecer pessoalmente? Você está
livre agora? — direto esse tal de Lucas.
— Estou livre sim e morrendo de fome, você
passa aqui pra me pegar? — Enrico está vermelho.
— Claro, até daqui a pouco! Beijo!
— Beijo! — eu me levanto e pego a minha
bolsa.
— Será que podemos continuar o trabalho
depois do almoço?
— Claro! — ele sai e bate a porta. Parece que
alguém está nervoso.
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CAPÍTULO 14
Bianca de Alencar

Estou esperando o tal do Lucas que nunca vi na


minha vida, meu irmão disse que ele é gente boa.
Um carro grande e preto para bem na minha
frente, eu não sei que carro é esse, só sei que é
grande e parece caro. Um Deus grego sai e vem ao
meu encontro. Que homem é esse produção? Alto,
musculoso, cabelo escuro, olhos azuis. Nossa!
— Bianca? — ele me pergunta.
— Oi! — sério, oi?
— Vamos? — ele abre a porta do carro pra mim.

***

— Não me leve a mau Bianca, mas vocês


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realmente não tem nada.


— Eu sei disso, mas fiquei chateada! — tomo
um gole do meu suco. — E quem deu essa ideia
idiota de fazer ciúmes foi o Tiago, eu nem quero
isso.
— Então não faça! Faça o que você acha que
deve fazer.
— Você tem razão!
O almoço correu bem, conversamos, ele é um
cara bem legal e gay, é muito desperdiço.
Eu decido que vou conversar com o Enrico sem
todo esse jogo de quem é o mais cretino.

Enrico Martinelli
Que ódio! Quem é esse tal de Lucas? Parecia
que tinha tanta intimidade na conversa. Esse cara
tinha que ligar bem na hora que estávamos tento a
nossa conversa? Mas quando ela chegar nós vamos
ter a conversa, nem que eu tenha que arrastá-la e
nos trancar em uma sala.

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Eu não paro de pensar nessa diaba desde o dia


que ela veio para a entrevista e, depois que
transamos é que não sai mesmo da minha cabeça.
— Isadora, quando a Bianca chegar, por favor,
me avise.
— Pode deixar!

***

— Ela acabou de chegar, foi direto pra sala dela.


— Obrigado!
É agora!
Entro na sala dela sem bater e tranco a porta
guardando a chave no meu bolso. Ela me olha sem
entender e se levanta vindo em minha direção.
— O que significa isso Enrico?
— Significa que nós vamos conversar e você
não vai fugir dessa fez.
— Ótimo! Eu quero mesmo conversar com
você. — ela se senta no sofá, essa mulher é linda de
mais! — Pode começar!
Sento-me ao seu lado, com uma distância segura
para eu não agarrá-la.
— Primeiramente me escute e não me
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interrompa. — ela assenti — Eu quero te pedir


desculpa pelo o que eu disse no jantar, eu não
queria dizer que você não passa de uma
funcionária, eu sempre trato muito bem as mulheres
com quem transo. – ela dá um sorriso, eu acho que
essa parte também não foi legal — O que eu quero
dizer é que você não é qualquer uma.
— Quer saber por qual motivo te tratei daquele
jeito logo depois de termos transado? — afirmo
com a cabeça. — Por que eu conheço o tipo de
homem que você é, se eu demonstrasse que me
importei com que aconteceu você pensaria que eu
ficaria no seu pé e, eu vejo o jeito que você trata as
mulheres sem importância que você leva pra cama
e, eu não quero ser uma dessas mulheres. Mas no
jantar de ontem foi assim que me senti. Uma
qualquer.
Nossa! Um chute nas minhas bolas doeria
menos do que ouvir isso, então é assim que ela me
enxerga? Eu realmente sou um cafajeste!
— Vou te confessar que depois de você ter
insinuado que era gay, eu só queria te levar pra
cama e te provar que eu não era, mas depois que eu
consegui o que queria eu não paro de pensar em
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você, e não é só conversa para te levar pra cama de


novo, até por que nós nunca estivemos em uma
cama. — ela levanta a sobrancelha, Enrico você só
esta dando bola fora em! — Você entendeu!
— Eu não vou negar que também não paro de
pensar em você, logo no primeiro contato que
tivemos no dia da entrevista eu já me senti atraída
por você, foi muito boa à transa que tivemos, mas
eu sabia que não passaria disso, eu sei o quanto de
mulher que corre atrás de você, e eu não quero ser
uma delas, eu tenho o meu amor próprio.
— Eu não estou te pedindo em namoro nem
nada do tipo, mas nós poderíamos passar um tempo
juntos, sair para jantar, transamos sem
compromisso. — dei o lance, vamos ver se ela
aceita.
— Tipo amizade colorida?
— Tipo!
— Aceito! — ela se levanta e fica na minha
frente — Mas só pra você saber, você não me
colocou dentro da casa do seus pais, eu já os
conhecia muito antes de vir trabalhar aqui e
conhecer você.
— Entendo! — me levanto e seguro a sua
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cintura a puxando pra mim — Mas será que agora


eu posso te beijar?
— Você deve me beijar! — interrompo o beijo e
me afasto um pouco.
— Quem é Lucas?
— Um amigo gay do meu irmão! — Ótimo,
pensei que tinha acabado de beijar o cara de tabela.

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CAPÍTULO 15
Bianca de Alencar

— Sua safada! Sexo sem compromisso? O que


mais você poderia pedir? — Tiago está mais
animado que eu. Claro que estou animada, mas não
sei como lidar com essa situação, nós não vamos
ter nenhum tipo de compromisso, ou seja, ele vai
poder continuar ficando com quem quiser. Muitas
pessoas hoje em dia fazem isso, mas não sei se
conseguirei aguentar, porém vou tentar, depois não
vou ficar me queixando de não ter tentado.
— Você conhece o Lucas há muito tempo? —
sim, eu mudei e assunto.
— Fotografei uma campanha de cueca que ele
fez, o cara é muito gato, e o que ele tem no meio
das pernas combina com o tamanho dele.
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— Seu safado! Mas me conta, está saindo com


alguém?
— Eu dei o meu número de telefone para o
segurança da boate do Lorenzo, ele me ligou e me
chamou pra sair na quarta que é folga dele. — fico
feliz com a animação do meu irmão, se alguém
merece ser feliz é o Tiago.
— Fico feliz Ti, tomara que dê certo, ele é um
gato!

***

Três dias depois


— Isadora eu não sei nem como te agradecer por
ter me ajudado com todo essa bagunça. — aponto
para os contratos e balanços jogados em todo canto
da minha sala — Agora vou ir falar com o Enrico!
Talvez essa minha animação não seja por ter
terminado o trabalho, mas sim por que estou doida
pra vê-lo.
Já são 16h00min eu e Isadora estávamos
olhando aqueles papéis desde as 08h00min nem ao

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menos paramos para almoçar, ela não tinha


obrigação nenhum, mas se ofereceu de muito bom
grado, Isadora é um amor de pessoa.
Bato na porta da sala do Enrico e logo ele grita
um entre.
— Boa tarde! — ele levanta a cabeça e me dá
um sorriso sacana.
— Muito boa mesmo! — Enrico se levanta e
vem andando em minha direção.
— Sr. Martinelli, eu vim tratar de assuntos
profissionais. — ele me agarra pela cintura e me dá
um beijo no pescoço.
— Depois de um beijo nós podemos tratar de
qualquer assunto!
Então, ele me beija, suas mãos vão para a minha
bunda e me suspende, engancho minhas pernas em
seu quadril, ele anda até a sua mesa e me coloca
sentada nela, para de me beijar e vai em direção à
porta e a fecha, volta pra mim como um lobo
faminto, levanta a minha saia e fica olhando para a
minha calcinha branca rendada.
— Adoro branco! — ele passa o dedo por cima
da renda e eu ofego — Parece que alguém está
molhada.
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— Você disse que só um beijo e depois iríamos


conversar sobre trabalho. — como posso me
concentrar quanto ele está beijando meu pescoço e
brincando com o dedo lá embaixo?
— Mudei de ideia, quero te comer bem gostoso
em cima dessa mesa. — como posso negar um
homem desse.
— Está esperando o que?
Enrico abre à gaveta da sua mesa e pega uma
camisinha, abaixa a calça junto com a cueca e
aquela obra prima pula livre, lambo meus lábios,
ele coloca a camisinha e põe a minha calcinha para
o lado, se abaixa e deposita um beijo bem no centro
da minha boceta. Ele se posiciona e entra sem
avisar, mordo seu ombro para não gritar, ele puxa
meu cabelo para trás e captura a minha boca e
começa a se mover, isso é muito bom, nós dois
gememos e ofegamos, eu aperto minhas unhas em
suas costas e ele morde meu pescoço.
— Enrico... Droga... Eu vou gozar!
— Goza minha gostosa! — ele se move mais
rápido. Morde e lambe a minha orelha.
— Minha nossa! — é a única coisa que consigo
falar.
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— Eu acho que até a recepção ouviu os seus


gemidos. — ele retira a camisinha e vai até seu
banheiro, aproveito para arrumar a minha saia que
se transformou em um emaranhado em minha
cintura. Enrico volta do banheiro me dá um beijo
casto na boca.
— Agora sim podemos falar sobre trabalho. —
cachorro.
Eu sinto que eu vou sair muito machucada dessa
“relação”, mas está tão bom. Se caso eu me ferrar,
pelo menos aproveitei.
— Recebi a ligação da auditoria, eles
encontraram um rombo nas contas da agência.
Começou há quatro anos, a diferença de valores
não prejudicou muito a agência, mas é um valor
significativo.
Enrico bufa e passa as mãos pelo cabelo, já
percebi que toda vez que ele faz isso é por que está
nervoso.
— Quanto? — ele pergunta.
— Dois milhões! Mas achei um contrato
redigido com um valor bem mais alto, vinte
milhões, a data é de uns dias antes dele morrer.
— PORRA! — ele grita e joga o grampeador na
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parede, eu pulo de susto, mas não digo nada —


Estava assinado?
— Não! Ele não teve tempo.
— O que vamos fazer?
— Vou entra em contato com um conhecido da
Policia Federal, vou passar todas as informações,
eles podem conseguir rastrear a conta, talvez o
Agenor não estivesse nisso sozinho, sua família
pode estar junto com ele? — ele nega com a
cabeça.
— Não estão! Se estivessem juntos com certeza
eles trocariam de casa, carro, viagens, mas a esposa
dele continua trabalhando no mesmo banco em que
trabalha como gerente há anos.
— Estou autorizada a acionar a PF?
— Claro, mas quero estar a par de tudo.
— Pode deixar!
Ele me puxa novamente pela cintura.
— Mas agora eu preciso relaxar! — Enrico
aperta a minha bunda e já sinto a sua ereção na
minha barriga.
— Meu Deus! Você não cansa? — ele dá um
chupão no meu pescoço, isso vai ficar marcado.
— Eu sou uma máquina, nunca me canso.
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— E também é insaciável!
— Você não imagina o quanto!

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CAPÍTULO 16
Enrico Martinelli

Desde os meus seis anos de idade eu já dava


indícios de que iria me dar muito bem com as
mulheres, as xavecava na escolinha, roubava alguns
beijinhos inocentes, fui crescendo e as coisas só
pioraram. Perdi a virgindade com quatorze anos
com a filha de um amigo do meu pai, Luíza tinha
quase dezessete anos, não a julguem, eu não
aparentava ter a idade que tinha e nem o meu pau.
O pai dela descobriu tudo e alegou que eu a seduzi
e tirei sua pureza, não me aguentei e caí na risada e
disse “deixe de ser idiota, naquele parquinho eu não
fui o único a brincar”, se meu pai não tivesse o
segurado ele teria me partido ao meio na base da
pancada.
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Eu sempre fui um safado de marca maior, mas


quando estou com a Bianca parece que toda a
safadeza do mundo se transferi para o meu corpo,
não aguento ficar perto dela e não a tocar, beijar,
me esfregar. Eu gosto de ter ela por perto, a Bianca
é inteligente, engraçada, sempre fico mais feliz
quando ela me conta às coisas que o irmão apronta,
dá pra sentir de longe o amor que eles sentem um
pelo outro, é de amor de irmão eu entendo, amo
meus irmãos de mais.
A Bianca sabe separar a nossa vida particular e a
vida profissional, na agência quando estamos em
reuniões com outras pessoas ou até mesmo quando
estamos a sós ela nunca se insinuou ou se
aproveitou de estar transando com o dono. Já
estamos nessa “relação” há duas semanas e as
coisas só melhoram, não vou mentir e dizer que não
fiquei e fico com outras mulheres, pois deixei bem
claro que não seríamos exclusivos, nós ficaríamos
um tempo juntos, e quando estivéssemos juntos eu
seria dela, mas só naquele momento e, depois desse
momento eu estaria com outras.
— Sabe o que estou com vontade de comer? —
saio do meu devaneio com a voz de Bianca.
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Estamos na minha casa, exatamente na minha cama


e pelados.
— Eu? — ela belisca a minha barriga e eu rio.
— Aquela torta de limão que a Mada fez e
deixou na geladeira. — falando na Mada, ela
simplesmente adorou a Bianca, quando elas estão
juntas parece que se conhecem há anos, não vou
negar que fico com um pouco de ciúmes.
— Vai lá pegar e aproveita e trás pra mim. —
ela me dá um beijo casto na boca, veste a minha
camisa que fica uma tentação nela e sai descalça,
parece uma menininha descalça e descabelada.
Meu celular toca e é meu irmão Marco ligando.
— Fala mano! — atendo.
— Oi Enrico, espero não ter atrapalhado nada!
— sempre educado, tão diferente do Lorenzo que
quer que tudo se exploda.
— Não atrapalhou! Está tudo bem? A princesa
está bem? — já fico preocupado.
— A Duda está ótima, mas eu preciso de um
favor seu. — ao fundo eu escuto a Duda
perguntando se pode tomar sorvete, olho para o
relógio e vejo que está marcando 22h17min, porque
ela está acordada uma hora dessas? — Claro que
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não Duda, volte a dormir! – ele grita no telefone


quase me deixando surdo.
— Que favor?
— Acabaram de me ligar, vou ter que ir para
Vegas no primeiro horário amanhã, vou ficar por lá
pelo menos uns três dias, e como nossos pais e a
Giulia foram fazer aquele cruzeiro e eu tenho juízo
e não a deixarei com o Lorenzo, não tem com quem
a Duda ficar, será que você poderia ficar com ela?
— Claro mano! Algum problema com a luta do
cara?
— O Pedro me ligou e disse que parece que o
cara que vai lutar estava tomando umas drogas,
agora eu vou ter que ir lá e resolver essa porra e dá
um soco na cara daquele moleque.
Marco parou de lutar quando Maria Eduarda fez
dois anos, ele voltou pra casa depois de uma luta e
a princesa chorou quando olhou pra ele, não estava
o reconhecendo e achou que fosse o bicho papão
que iria levá-la embora, então ele decidiu parar de
lutar e só agenciar as lutas e as academias.
— Que treta mano, mas pode ir tranquilo que eu
fico com a princesa.
— Obrigado mesmo, meu voo é bem cedo, a
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Duda ficará dormindo, mas a Dulce vai estar em


casa, é só você vir e busca-la.
— Pode deixar! Qualquer coisa você me liga,
caso precise de uma advogada, eu tenho uma muito
boa! — digo quando vejo Bianca entrar no quarto
com dois pratinhos cheio de torta, ela fica
vermelha.
— Eu vejo como ela é boa, a dita cuja está ai?
— ele ri.
— Sim, agora me deixe em paz, e faça uma boa
viajem!
— Obrigada de novo Enrico!
— Família é pra essas coisas.
Nós nos despedimos e deligamos.
— Era o Marco, vai ter que viajar e pediu que eu
ficasse com a Duda. — Bianca me entrega um
prato e senta ao meu lado.
— Não vai ser nenhuma tortura, aquela menina
é um amor de criança! — seus olhos brilham.
— Ela é sim! — qualquer pessoa que me vê
falando da minha sobrinha, percebi o amor que
sinto por ela.
— É evidente o amor que você sente por ela,
você pensa em ter filhos?
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— Um dia, mas com certeza não agora, tenho


muita coisa pra curtir ainda. — ela concorda e volta
a comer a torta, e meu pau já endurece a
observando lamber a colher.
Essa noite vai ser longa, que bom que não estou
cansado.
— Você me deu uma ideia enquanto comi a sua
torta. — digo.
— Que ideia?
— Eu quero a sua boca no meu pau! — ela dá
um sorriso.
Ela pega um pouco da torta com a colher e
espalha na minha barriga, essa merda está gelada,
ela começa a lamber tudo e depois começa a chupar
meu pau, que boquinha.
— Sua boca é Maravilhosa!
Ela ri com o meu pau na boca.
— Vou gozar! — ela não para, continua até que
gozo na sua boca e ela engole sem derramar uma
gota, Bianca volta a comer sua torta como se não
tivesse me dado o melhor boquete da vida. Essa
mulher ainda me mata.

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CAPÍTULO 17
Enrico Martinelli

Fui chamar a Bianca para almoçar, mas quando


cheguei em sua sala ela não estava, liguei para o
seu celular e caiu na caixa postal, provavelmente
ela deve estar almoçando no restaurante aqui perto
com o Tiago. Resolvo ligar para o Lorenzo.
— Fala viado! — idiota.
— Vamos buscar a Duda na escolinha e depois
almoçar?
— Demorou, estou te esperando! — ele desliga
na minha cara.
— Babaca!

***

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— TITIOS! — Duda vem correndo em nossa


direção.
— Como foi na escola? — pergunto a pegando
no colo.
— Foi tudo bem! Eu lanchei com meu
namolado. — epa!
— Que papo é esse de namorado, Maria
Eduarda? — Lorenzo pergunta sério.
— O Breno é meu namolado!
— Deixa o seu pai ficar sabendo disso!
— O papai disse que vai arrancar o mini pau
dele. — ela coloca a mão no queixo como se
estivesse pensando, ela se vira pra mim — O que é
um mini pau, titio?
— Pergunta para o seu pai quando ele voltar!
— Era só o que faltava “meu namolado”! —
Lorenzo fica resmungando.

***

Duda vai correndo pra dentro do restaurante e,


fica olhando e decidindo qual mesa ela quer se
sentar. Ela volta saltitando.
— Titio, aquela não é a princesa que tava na
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casa do vovô? — ela aponta para uma mesa que a


Bianca está almoçando com um cara, que porra é
essa?
— É ela sim, Duda! — eu quase rosno. Ela sai
correndo até a safada da Bianca. Aproximo-me, até
agora ela não me viu.
— Parece que você não é o único na relação que
também se diverti, mano! — me segura senhor para
que eu não mate o meu irmão.
— Oi! — Duda a cumprimenta toda tímida.
— Oi princesa! O que você está fazendo aqui?
Veio com o seu tio? – ela levanta o olhar e me fita,
mas sua expressão não muda.
— Sim, estou com meus titios! — ela pega uma
mecha do cabelo de Bianca e olha para o cara que
está sentado com Bianca — Você é o príncipe dela?
— que porra de príncipe!
— Não, mas se ela quiser eu posso ser o que ela
desejar! — vou partir a cara desse cara ao meio.
Bianca desvia o olhar de Duda para o babaca e
fecha a cara.
— Não minha linda, o Bruno de príncipe não
tem nem o dedo mindinho do pé. — toma trouxa,
podia ter ficado sem essa.
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Lorenzo os cumprimenta.
— Bianca, eu te procurei na sua sala para
almoçar comigo, mas você já tinha saído. —
estendo a mão para o tal Bruno e ele aperta —
Enrico Martinelli!
— Bruno Avilar! — eu olho bem pra ele,
acho que o conheço de algum lugar.
— Nós já nos vimos?
— Na boate, quando houve aquela briga.
— E vocês se conheceram na boate? —
pergunto.
— Não, Bianca e eu fomos namorados, estamos
separados há pouco tempo! — agora que eu quero
matar esse cara. Olho para Bianca que está me
olhando também.
— E vocês estão em algum almoço romântico?
Por que se tiverem desculpe atrapalhar.
— Não Enrico, esse almoço é puramente
profissional, Bruno é agente federal, ele que está
investigando o desvio do dinheiro da agência. — eu
vou matar a Bianca.
— Tem alguma novidade?
— Como estava dizendo para a Bianca, a conta
foi movimentada recentemente em Londres, eu irei
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pessoalmente investigar.
Duda me puxa pela mão.
— Titio, estou com fome! — coisa linda da
minha vida.
— Nos falamos na agência. Até logo Bruno! —
não espero ele responder, pego a mão da minha
princesa e vamos nos sentar no fundo do
restaurante.
— Parecia que você ia voar na jugular do cara e
mijar na Bianca! — Lorenzo babaca se pronuncia,
estava demorando.
— Por que você ia fazer xixi na Bianca, titio? —
quanta inocência nessa criaturinha.
— Não escuta nada que o seu tio Lorenzo diz,
ele fica doidinho quando está com fome. — ela fica
abismada.
— Então pede logo a comida, não quero meu
titio Enzo doido.
Por que diabos a Bianca foi chamar logo o ex
dela para ficar com o caso? Tenho certeza que tem
outros agentes competentes.
Estava na cara que ele ainda a quer, mas se
depender de mim ele não chega mais perto dela, ela
está comigo.
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Droga, essa diaba não sai da minha cabeça!

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CAPÍTULO 18
Bianca de Alencar

Almoço romântico? Onde já se viu um almoço


romântico? As pessoas têm jantares românticos.
Nossa, eu nunca disse tanto a palavra romântico
quanto agora.
Eu estava quase matando o Bruno naquele
almoço, ele me ligou para me deixar a par das
coisas sobre o desvio de dinheiro da agência, mas a
única coisa que ele fez foi tentar reatar o nosso
namoro, coisa que nunca vou fazer.
Estou chegando na agência e vejo Enrico
conversando com Vitória, ela está descontrolada,
grita, bate no peito dele, Enrico fala alguma coisa
que não consigo ouvir e logo ela vem em direção à
saída, que é onde eu estou.
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— Você sempre no meu caminho! — ela passa


me empurrando, se eu não tivesse equilíbrio, com
certeza estaria no chão. Vou até o Enrico que está
me olhando.
— O que foi isso? — pergunto baixo.
— Quando voltei do almoço Vitória estava
gritando com a recepcionista, ela queria de todo
jeito subir, mas eu proibi a sua entrada, aí quando
ela me viu soltou os cachorros. — nós vamos para
o elevador.
— Por qual motivo ela disse que eu sempre
estou em seu caminho dela?
— Com certeza por que ela sabe que nós
estamos saindo, e eu não quero mais nada com ela,
então ela achou que é por sua causa.
Chegamos ao nosso andar, à primeira coisa que
vejo é Lorenzo sentado no sofá de frente para a
mesa de Isadora, ele está olhando a linda da Duda
sentada no chão com vários lápis de cor e folhas de
sulfite, quando ela nos vê vem correndo para o tio.
— Titio, abaixa, por favor. — ele o faz, ela fala
alguma coisa no seu ouvido, ele olha pra mim.
— Princesa, não sei se ela vai querer!
— Pergunta, por favor! — ela junta as
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mãozinhas, a coisa mais fofa.


— Bianca, a Duda quer saber se pode ficar com
você na sua sala.
— Claro! Podia ter perguntado pra mim
princesa, vamos? — eu estendo a minha mão e ela
segura.
— Tchau titios!
Coisa fofa! Dá vontade de apertar de tão linda
que ela é.

***

Como essa menina pequenina desse jeito com


quatro anos pode ser tão esperta? Nós já
conversamos sobre um monte de coisas,
maquiagens, roupas, filmes que ela gosta de
assistir, ela me perguntou qual era a princesa que
eu mais gostava, ela questionou se eu era namorada
do seu tio Enrico, mas se não estivesse ela gostaria
que eu namorasse o papai dela, por que ela adoraria
me ter como sua boadrasta, palavras dela não
minha, mas o que me deixou mais de boca aberta e
sem saber o que falar, foi quando ela me perguntou
o que era um mini pau, ela me contou que disse
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para o pai que estava namorando, e o Marco


simplesmente disse que iria arrancar o mini pau do
garotinho, essa família é uma comédia.

***

Estou esperando o Enrico na garagem, nós mal


nos falamos hoje, na verdade só conversamos no
restaurante, não quero nem me lembrar daquela
cena ridícula do Bruno dizendo que era meu ex, e
depois nos falamos na recepção, ele me mandou
uma mensagem pedindo para encontrá-lo na
garagem.
Ele já está uns quinze minutos atrasado, estou
encostada no carro dele, vejo uma loira siliconada
com um vestido curto vermelho entrando na
garagem e indo em direção ao seu carro, e logo
atrás Enrico arrumando a gravata, não acredito que
ele me deixou esperando por que estava se
agarrando com essa vadia, que quando passou
ainda me deu um risinho.
— Desculpa a demora, mas eu tive que assinar
uns contratos. — que cara de pau.
— Esses contratos devem ser muito importantes
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para você me deixar plantada por quinze minutos,


mas tudo bem. Vamos? — aponto para a porta, ele
destrava o carro e eu entro.
Estamos chegando à minha casa, entramos no
condomínio e logo ele para em frente de casa.
Quando ele vem para me beijar eu viro o rosto,
nunca que eu vou deixar ele me beijar sabendo que
estava se agarrando com outra há minutos atrás.
— Qual é Bianca. Por que está com essa tromba
desse tamanho? Se tem alguém que deveria estar
bravo esse alguém sou eu. — olho bem na cara dele
pra saber se ele está falando sério, e ele está.
— Por que você estaria bravo?
— Encontro você almoçando com um cara que
era pra estar investigando um crime e descubro que
ainda por cima ele é seu ex-namorado.
— Você está me dizendo que eu não posso sair
com outros caras? — fala sério!
— Não é isso, mas você sabe que eu almoço lá,
não é legal de se ver. — ele só pode estar de
brincadeira comigo.
— Você não está falando sério! Você me deixou
plantada no estacionamento por quinze minutos por
que estava se agarrando com aquele projeto de puta
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e, está me cobrando por ter almoçado com o


Bruno? Eu não sou idiota Enrico, e até onde eu sei,
nós não temos nada, então se eu quiser sair com
cem caras, você não tem nada a ver com isso, se
coloca no seu lugar, pois foi você que quis assim.
— abro a porta do carro e evito olhar pra ele —
Boa noite e passar bem!
Inferno. Vou ter que comer uma barra de
chocolate pra acalmar meus nervos. Idiota, tomara
que seu pau nunca mais suba. Cretino!

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CAPÍTULO 19
Enrico Martinelli

Estou dentro do carro tentando entender o que


acabou de acontecer, eu sei que fui um idiota por
ter a deixado esperando, mas não tenho culpa se a
Micaela ficou me atiçando, eu sou homem porra,
não posso deixar uma mulher se oferecendo pra
mim e não pegar. Talvez tenha sido errado eu tentar
beijar a Bianca logo depois de beijado a Micaela,
mas precisava disso tudo?
Ligo o carro e vou pra minha casa que eu ganho
mais.

***

Já se passaram três dias que eu e a Bianca não


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ficamos, na verdade nós mal nos vimos, ela chega


faz seu trabalho e vai embora. Não vou mentir e
dizer que não sinto sua falta, eu sinto, mas no
momento não posso ir atrás dela, Marco chegou
hoje cedo e agora eu que tenho que viajar a
trabalho, ficarei uma semana na Itália, quando eu
retornar resolverei tudo com a Bianca.

Bianca de Alencar
Não falo com o Enrico há três dias, e não estou
nem um pouco a fim de vê-lo, é provável que eu
faça uma loucura, como o estrangular.
Alguém bate na minha porta.
— Pode entrar!
— Bom dia Bianca, alguém deixou essa caixa na
recepção pra você! — a recepcionista ruiva que
sempre está de bom humor me entrega uma caixa
não muito grande.
— Obrigada! — ela sai da sala e eu abro a caixa.
O que? Está cheia de fotos minhas, saindo de
casa, chegando e saindo da agência, no restaurante,

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com o meu irmão. No fundo da caixa eu vejo que


tem um cartão, pego e começo a ler.

“Não é legal se meter onde não é chamada,


para o seu bem é melhor esquecer sobre os desvios.
Esse é um aviso amigável, mas o próximo eu não
serei tão benevolente, atrapalhe os meus negócios
e eu acabo com você!”

Todo o meu corpo se arrepia, eu preciso saber


quem foi que mandou essa caixa.
Disco o ramal da recepção.
— Martinelli’s Model, bom dia!
— É a Bianca, quem foi que deixou essa caixa
pra mim? — ela mal termina de falar eu já me
pronuncio.
— Foi um garoto, mas não deixou nome só disse
que foi seu admirador secreto que mandou entregar.
Por favor, me diz que não é uma bomba!
— Não é uma bomba, tudo bem, obrigada! —
desligo o telefone e tento ligar para o Enrico, mas
só dá caixa postal.
— Droga!
Tento ligar para o Lorenzo, mas ele não atende.
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Vou tentar o celular do Marco


— Alô! — suspiro de alívio.
— Graças a Deus!
— Aconteceu alguma coisa Bianca?
— O Enrico está com você? — tento me
acalmar.
— Não, ele teve que ir viajar de última hora,
ficará longe uma semana mais ou menos.
Aconteceu algo? — sinto preocupação na sua voz.
— Não, está tudo bem! Eu falo com ele depois.
Obrigada Marco! — desligo sem dar tempo de ele
dizer mais nada.
O que eu vou fazer? Eu poderia ir a polícia, mas
essa pessoa está me vigiando, sabe cada passo que
eu dou, não posso pisar em falso de jeito nenhum,
todo cuidado é pouco.
Vou deixar isso de lado, não posso deixar isso
me abalar.

***

Tem vinte minutos que tento me concentrar no


trabalho, mas a maldita caixa não sai da minha
cabeça.
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Ouço uma batida na porta e logo ela se abre e


Marco entra. Meu Deus! Como essa família tem
homens bonitos.
— O que está fazendo aqui Marco?
— Eu percebi que sua voz estava estranha no
telefone e resolvi ver como você está! — o Enrico
não poderia ser assim?
— Eu estou bem! — ele se senta na cadeira a
minha frente e fica me encarando, ele desvia seu
olhar para a caixa que erroneamente deixei em
cima da mesa.
— Ganhou um presente? — ele pergunta.
— É... Ganhei! — não poderia ter sido menos
convincente.
— Me deixe ver! — eu tento pegar primeiro que
ele, mas falho vergonhosamente, a caixa está em
suas mãos agora.
— É uma coisa meio íntima! — tento fazer ele
não abrir a caixa.
— Bianca, o que tem dentro dessa caixa? Foi
isso que te deixou tão nervosa? — ele pergunta
sério.
— Não é nada Marco, já disse! — mas não
adiantou, ele abre a caixa.
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Marco olha atentamente as fotos, quando lê o


cartão seu maxilar se contrai.
— No que você se meteu Bianca? Que desvio é
esse?
— Eu não posso te contar! — o Enrico me pediu
para não contar.
— Eu já sei do desvio que houve das contas
da agência, o Enrico me contou. Parece que o
desgraçado do Agenor tinha um cúmplice.
Sim! É o que parece. E também parece que estou
na linha de tiro dele.
— Vocês já tem ideia de quem possa ser?
— Não! Tenho amigos na polícia e eles
investigaram toda a família, as únicas coisas mais
incriminadoras que acharam foram algumas multas
de transito.
— Tem que ter um jeito!
— O agente que está investigando foi para
Londres, à conta foi movimentada lá, o cumplice de
Agenor não gostou de ser ameaçado, ele estava em
Londres, mas parece que ele está aqui agora.
— Você precisa tomar cuidado!
— Eu vou!
— Você já almoçou? — ele pergunta meio sem
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jeito. É fofo um homão desse ficar envergonhado.


— Na verdade estou morrendo de fome!
— Então vamos almoçar!
Quando saímos da minha sala já vejo a
cabeleireira castanha correndo até mim e abraçando
a minha cintura.
— Bianca, onde você tá indo?
— Estou indo almoçar com o seu papai! — ela
abre um sorrisão.
— Papai, posso ir? — ela faz um bico fofo.
— Claro minha princesa! — ela sai correndo em
direção ao elevador.
— Vamos? — ele me oferece o seu braço,
entrelaço o meu no dele.
— Vamos!

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CAPÍTULO 20
Bianca de Alencar

— Maria Eduarda, você realmente fez isso? —


pergunto surpresa. Ela está me contando que jogou
agua gelada na cabeça de uma namorada do pai.
— Fiz mesmo! Ela me chamou de chatinha, e eu
ainda fiquei de castigo.
— Foi legítima defesa! — olho para o Marco
que segura um riso.
Continuamos almoçando, foi maravilhoso, eu
estou completamente apaixonada por essa menina,
mas ela me deixa em uma saia justa com suas
perguntas. Ela me perguntou na frente do pai se nós
iríamos nos casar e teríamos vários bebês, nós dois
não sabíamos onde enfiar a cara, mas tudo se
resolveu, explicamos que somos somente amigos, e
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assim vai continuar.

***

— Sabe Bianca, se você não estivesse enrolada


com o Enrico... Melhor, se você não tivesse se
enrolado com o Enrico, você poderia investir no
Marco, ele é um cara sério, homem de família e
sem contar que é um gato muito gostoso. — esse
Tiago não vale nada, olha a ideia.
— Não viaja Tiago, não podemos mudar o que
já foi feito, e eu não tenho nada com o Marco e não
vou ter. Pode tirar isso da cabeça.
— Calma irmãzinha, guarde as pedras, só estava
fazendo uma suposição, mas já entendi.
— Tá bom, mas me diz você, como está com o
segurança gato? — o semblante se iluminou.
— Melhor impossível, ele é bem diferente do
idiota do Bernardo, o Miguel gosta de mostrar que
estamos juntos, nós andamos de mãos dadas,
saímos juntos como um casal. Estou vivendo um
sonho.
— Pelo menos um de nós está!
— Relaxa amor, o Enrico vai cair em si, ele
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nunca que vai deixar uma mulher como você


escapar.
— É o que eu espero, pois eu acho que estou me
apaixonando por ele, eu não queria, mas estou.
— Eu sei como é, mas tudo vai se resolver. Ou
vocês ficam juntos ou não.
Meu irmão tem razão, como sempre!

***

Desde muito nova, eu nunca me dei bem com o


meu pai, sempre fui a ovelha negra, não fazia as
coisas que ele queria, ele me colocava no balé, eu
faltava todas as aulas, me colocou nas aulas de
modelar, nunca fui, ele queria eu tivesse feito
moda, cursei direito, e quando o meu irmão contou
que era gay, tudo piorou, eu fiquei do lado do meu
irmão, sempre fiquei ao lado do Tiago, quando o
meu pai foi bater no Tiago, dizendo que ele
precisava apanhar para virar homem, eu entrei na
frente e levei o tapa que era pra Tiago, logo depois
eu e meu irmão pegamos nossas coisas e fomos
para a casa do vovô, que na verdade sempre foi
nosso pai. E a minha mãe? Submissa ao meu pai,
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ela nunca nos defendeu, nunca ficou do nosso lado,


o que sempre importou pra ela era como a
sociedade iria olhá-la, como uma dama rica e fina.
Não vejo meu pai há muito tempo, e também
não faço questão, mas nem sempre as coisas
acontecem como queremos, aqui estou olhando
para o homem que na certidão de nascimento está
como meu pai.
— Não vai dá um abraço no seu pai Bianca? —
cínico.
— Se eu tivesse um pai eu poderia abraçá-lo! —
vejo suas narinas dilatarem.
— Sempre respondona. Cuidado! A sua língua
ainda vai te trazer muitos problemas.
— O que veio fazer aqui?
— Não posso ter sentido falta da minha filha?
Me seguro para não revirar os olhos.
— Se eu me lembro, eu deixei de ser sua filha
quando fui embora com o Tiago, me deixa ver se
me lembro das suas palavras exatas “Se você sair
por essa porta com esse frutinha, pode esquecer que
é minha filha”. Agora me diz Paulo, por que você
está aqui?
— Você tem razão, eu não vim aqui pra te ver,
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até por que você e se irmão são meus desgostos na


vida. — ele se senta no sofá todo pomposo, tanta
elegância. Ele acha que me atingi, mas não atingi,
nunca atingiu, tenho o amor e orgulho do meu avô,
isso já me basta e muito.
— Então o que veio fazer aqui? Jogar o seu
veneno como sempre? – ele se levanta como um
animal raivoso e para na minha frente.
— Eu quero que você pare de atrapalhar a vida
da Vitória! — ele rosna na minha cara, como
sempre defendendo sua preferida — Só foi você
começar a trabalhar naquela agência que ela foi
proibida de entrar e o Enrico rompeu o
envolvimento com ela.
Não aguento e começo a rir na cara dele.
— Eu atrapalho a vida dela? Ela sempre
estragava as minhas festas de aniversários e você
ficava do lado dela, aquela vadia dormiu com o
meu namorado e você não fez nada. Vai por mim,
não foi por minha causa que o Enrico terminou com
ela, ele só percebeu a vadia que ela é! — termino
de falar e sinto meu rosto sendo virado pelo tapa
que ele me deu, respiro fundo e o encaro.
— Olha quem fala, eu sei que você está fodendo
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com ele, quem é a vadia agora? — ele dá um


sorriso asqueroso.
— SAIA DA MINHA CASA AGORA! E
NUNCA MAIS VOLTE! — meu avô aparece na
sala e grita para meu pai, e junto dele vem um dos
seguranças.
— Oi papai, você está ótimo! Anda malhando?
— sempre irônico.
A porta da sala se abre e Tiago entra junto de
Miguel, seu olhar vai direto para o meu pai e logo
ele olha para o meu rosto, vejo sua expressão
mudar, minha bochecha deve estar vermelha.
— Seu desgraçado, você bateu nela? — Tiago
avança no meu pai, mas eu entro na frente.
— Não vale a pena Ti, não se suje! — ele não
para de fulminar o Paulo.
— Quer dá um de macho agora? Já cansou de
queimar a rosca? — meu pai caçoa de Tiago, ele
olha para Miguel — E você? Gosta de comer ou de
dá? Você tem cara de que gosta de ser enrabado! —
foi tudo muito rápido, Miguel avança em cima do
meu pai e começa a socá-lo, o segurança e o Tiago
o tiram de cima do Paulo.
— Eu não sei como era, mas a partir de hoje
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você não trata mais o Tiago e nem a Bianca assim,


ou vai se ver comigo! Não me importa quem você
seja, eu acabo com você!
O segurança tira meu pai da casa, eu abraço
Tiago e depois abraço meu avô.
— Você está bem minha filha? — ele pergunta
melancólico.
— Estou ótima! Adorei ver o Paulo apanhar.
Obrigada Miguel! — ele me dá um sorriso.
— Quando precisar!
Está explicado o motivo do meu irmão estar
doido por ele.

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CAPÍTULO 21
Enrico Martinelli

Graças a Deus estou de volta a São Paulo, não


que eu não goste da Itália, eu amo, é só que São
Paulo é meu lar, é aqui que estão as pessoas que eu
amo. Foi aqui que nasci, cresci e fui criado, não
troco por nada. Fiquei uma semana longe e Bianca
não saiu da minha cabeça, tentei ficar com outras
mulheres, mas minha cabeça não saiu dela, não
consegui. Maldita diaba. Meu pau não subiu para
nenhuma, tenho certeza que ela me jogou uma
praga, e foi das boas. Minhas bolas estão doendo.
— Meu menino! Que saudade! — Mada vem
me abraçar.
— Oi Mada, também fiquei morrendo de
saudade de você e principalmente da sua comida,
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ninguém merece comida de hotel.


— Seu interesseiro! — ela me dá um tapinha no
braço.

***

— Cadê a princesa do titio? — grito entrando na


casa do Marco.
— TITIO! — ela vem correndo e pula em cima
de mim.
— Como você está meu amor?
— Estou bem! Eu sai hoje com a Bianca! —
essa é nova.
— Sério? Onde vocês foram?
— Shoppi! A gente comprou um monte de
coisas bonitas, titio quer ver? — ela pergunta
apertando meu rosto com suas mãozinhas.
— Eu adoraria! Mas primeiro quero falar com o
seu pai, me espera no quarto que eu já vou. — a
coloco no chão e ela sai correndo.
Saio procurando pelo Marco, o encontro na
cozinha, ele está na beira do fogão com o celular no
ouvido.
— Eu não sei se está dando certo, Bianca! —
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Bianca? — Seria melhor se você estivesse aqui, eu


estava contando que você iria vir jantar aqui hoje.
Que caralho está acontecendo?
Faço um barulho com a garganta e tenho a
atenção de Marco, ele se despede de Bianca.
— Fala mano! Chegou faz tempo? — ele
pergunta sem me olhar, esta mexendo em algo na
panela.
— Só passei em casa pra tomar um banho.
Estava falando com a Bianca? Não sabia que eram
tão próximos a ponto de jantarem juntos. — Marco
para de mexer na panela e se vira pra mim, seus
olhos estão cerrados.
— Você está insinuando algo Enrico?
— Não sei, estou? Eu fico fora por uma semana
e quando volto você está de papo com ela, você
está dormindo com a Bianca também? — ele fica
vermelho de raiva.
— Só se eu também estiver, por que até onde eu
sei, eu e a Duda também iríamos jantar. — Lorenzo
invade a cozinha com uma cara não tão boa —
Desconfiar que o Marco fosse capaz de fazer uma
coisa dessas é demais Enrico, ele nunca se
envolveria com alguém que está com você.
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— Mesmo você sendo um idiota que não sabe a


mulher que está perdendo! — Marco comenta —
Sério cara, tentar beijá-la depois de ter pegado a
vagaba da Micaela? Ela já se jogou pra cima de
todos nós, até do papai, nem o Lorenzo que pega
qualquer coisa que tenha peitos a pegaria.
— Ei! É pra você dar lição de moral nele,
esqueça de mim! — Lorenzo resmunga.
— Ela te contou isso? — pergunto surpreso.
— Bianca se mostrou ser uma ótima amiga, e
ela adora a Duda que também a adora. Nós
conversamos algumas vezes.
— Eu sei que fui um idiota, tá bom? Eu vou
resolver isso!
— E como você planeja fazer isso? A Bianca
não quer nem te ver pintado de ouro e, também não
quer continuar como esse lance de transar sem
compromisso, você sabe que ela não é esse tipo de
mulher. — Marco tem razão.
— Você tem razão, por isso vou fazer uma coisa
que achei que nunca faria.
— O que? — os dois perguntam.
Puxo uma respiração e respondo.
— Vou pedir a Bianca em namoro! — eles
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ficam estáticos.
No começo eu só queria transar e mostrar que
não era gay e, também por que ela é linda, mas
começamos a sair, transamos, jantávamos e
conversávamos, eu saia com outras mulheres, eu
não queria admitir que a Bianca mexia e mexe
comigo, a solução que encontrei foi saindo com
outras e provar que não estava apaixonado, porém
não adiantou. Essa semana longe dela me fez ver
isso, não a tinha comigo e não consegui transar
com qualquer outra. Ela se instalou na minha
cabeça e no meu organismo, eu virei um
dependente do seu cheiro e do toque, eu tentei
negar e evitar o máximo isso, mas é como sempre
dizem “no coração não se manda”, e agora quem
está no controle é ele.
— Marco sou só eu ou você também está vendo
a cara de apaixonado que ele ficou agora? —
sempre Lorenzo.
— Estou vendo sim. Eu achei que morreria antes
de ver o Enrico apaixonado, esse dia vai entrar para
a história.
— Pois é irmãos, essa guerra contra o coração
eu perdi, espero que não tenha perdido a Bianca
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também!
— Eu também espero, mas se ela não quiser
mais nada com você, eu a pego pra mim! —
fulmino o Marco.
— Antes de disso eu te quebro na porrada!
— Como se você conseguisse! — ele tem razão,
eu iria apanhar feio. Mas meu irmão nunca furaria
meus olhos, colocaria minha vida em suas mãos,
quem dirá a Bianca.

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CAPÍTULO 22
Bianca de Alencar

— Alô! — o telefone continua tocando, olho


para o que eu achava ser meu celular, mas é o meu
sapato, procuro meu celular e o encontro do meu
lado — Alô!
— Oi Bianca, sua voz está estranha! — Enrico
do outro lado da linha.
— Eu estava dormindo! Você me ligou pra falar
da minha voz? — sim, eu estou sem paciência.
— Dormindo as 15h00min em um calor infernal
de um sábado?
— Qual o problema? Estava com sono e dormi,
agora, por favor, me fala o que você quer.
— Te chamar pra jantar, nós precisamos
conversar! — suspiro e concordo, marcamos as
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20h00min. Volto a dormir.

***

— Eu queria começar dizendo que sou um idiota


e te pedir desculpa! — Enrico está sem jeito.
— Desculpa pelo que mesmo? — me faço de
desentendida.
— Por ter sido um idiota e machista. Eu não
deveria ter tentando te beijar e nem falar nada sobre
o policial, você estava certa, nós não temos nada.
— ele bebi toda a taça de vinho de uma vez — E é
por isso que quero que você seja a minha
namorada.
— Como é que é? — será que eu escutei direito?
— Eu quero que você seja a minha namorada!
— Enrico repeti com mais certeza do que esta
falando.
— Você quer que eu seja sua namorada? — ele
afirma com um aceno — E você vai ser meu
namorado também?
Ele ri.
— É assim que funciona quando duas pessoas
namoram!
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— Então não haverá outras mulheres?


— Somente você! — eu não poderia estar mais
feliz.
O jantar estava muito agradável e divertido ate
que contei sobre a caixa que recebi, ele ficou doido,
disse que eu estava correndo perigo, mas consegui
acalma-lo.

Um mês depois
Já faz um mês que Enrico e eu estamos
namorando, não poderia estar melhor, ele está se
mostrando um homem carinhoso e amoroso,
sempre saímos para jantar e passeamos muito, já
presenciei suas ex-conquistas dando em cima dele
sem se importarem por eu estar do lado, mas ele as
espanta rapidinho. Na cama ele continua
maravilhoso, sempre que acabamos eu fico exausta,
agora entendo por que as mulheres ficam loucas
atrás dele.
Meu celular toca me tirando dos meus
pensamentos.

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— Alô!
— Alô Bianca de Alencar? — é uma voz
feminina.
— Sim, quem está falando?
— Bom dia, aqui é do consultório da doutora
Leona.
Que estranho.
— Bom dia, mas eu não tenho nenhuma
consulta marcada esse mês, só no próximo.
— Eu sei, mas a doutora pediu que você
passasse aqui ainda hoje, é urgente! — meu Deus, o
que será que aconteceu?
— Tudo bem! Passarei aí na hora do almoço,
pode ser?
— Perfeito! Até daqui a pouco! — nos
despedimos e desligamos.
O que será que aconteceu? Agora não vou
conseguir me concentrar no trabalho.

***

— Boa tarde Leona, o que aconteceu? — é a


primeira coisa que pergunto quando entro na sala
da minha ginecologista.
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— Boa tarde Bianca, não sei nem por onde


começar. — ela passa a mão pelo rosto nervosa —
Recebi uma ligação do laboratório que faz as
injeções anticoncepcionais me dizendo que o
último lote que recebi estava vencido.
Que merda!
— Você quer processá-los? É por isso me ligou?
— Não! Você tomou uma injeção que fazia
parte desse lote vencido, eu estou ligando pra todas
as minhas pacientes para que elas possam vir fazer
alguns exames.
— Você está tentando me dizer que eu posso
estar com algum problema por conta da injeção? —
era só o que me faltava.
— Espero que não! Por isso que quero fazer
alguns exames de sangue.
— Tudo bem!
Ela tira meu sangue e me libera.

***

Voltei para a agência, não podia me dar o prazer


de perder um dia de trabalho, as coisas estão uma
loucura por causa do roubo. Enrico decidiu contar
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para o pai o que o Agenor fez antes de morrer,


Giusesppe ficou extremamente triste, ele tinha
Agenor como um amigo, ele estava mais para
Judas, mas não vamos comentar sobre isso.
Enrico ligou pedindo que eu fosse até a sua sala.
— Com licença! — entro em sua sala, ele não
está sozinho, um garoto oriental está com ele.
— Sente-se Bianca, esse é o Mike, ele estava
encarregado de olhar todas as gravações das
câmeras a partir do primeiro contrato fraudado.
— Encontrou alguma coisa? — olho para o
Mike.
— Não relacionado ao roubo, mas encontrei
uma coisa sim.
Ele me entrega o notebook e dá o play.
As imagens são aceleradas para chegar na parte
que ele quer me mostrar. O garoto desacelera a
gravação quando mostra a Vitória entrando no
escritório do Agenor, ela fica lá dentro por volta de
uns quarenta minutos e sai arrumando as roupas e
com o batom borrado, essa não é a única gravação
que acontece isso, há dezenas delas.
— Me deixa vê se eu entendi, a Vitória estava
tendo um caso com o Agenor? — minha bile sobe.
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O advogado pilantra era um senhor de mais ou


menos uns sessenta e poucos anos, feio e gordo.
Eca.
— Pelo que parece sim! — Enrico está sério.
— Você acha que ela pode estar envolvida?
— Eu não duvido, a Vitória é muito ambiciosa e
interesseira, poderia sim estar envolvida. A última
vez que ela veio aqui ficou transtornada por não ter
conseguido subir, e se queria subir para ir até a sua
sala e pegar o contrato milionário que o Agenor
deixou escondido? — Enrico questiona.
— Mike, você conhece algum detetive
confiável? — eu pergunto para o garoto.
— Sim! Meu tio, ele é muito bom!
— Então, peça para que ele venha o mais rápido
possível, pode dizer que pagarei muito bem. —
Enrico lhe entrega um cartão.
— Pode deixar senhor Enrico! Com licença! —
ele sai da sala.
— Se for confirmado que ela esta envolvida no
roubo, o que você pretende fazer?
— Ela vai ter que sofrer as consequências!
Vitória, no que foi que você se meteu?

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CAPÍTULO 23
Bianca de Alencar

— Grávida?
A doutora Leona me ligou dizendo que meus
exames já estavam prontos, não vou dizer que não
fiquei preocupada, achei que eu poderia ter algum
problema por conta das injeções vencidas, mas um
bebê eu não imaginava.
— Eu sinto muito! E eu entenderei se você
quiser me processar, várias das minhas pacientes só
faltaram me bater.
— Eu não digo que não estou nervosa, por que
eu estou! Mas te agredir não vai mudar que eu
estou gerando um bebê. Será que eu posso ver a
caixa e as embalagens que vieram as injeções? —
sai a Bianca paciente e entra a Bianca advogada.
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Ela se retira me deixando sozinha em sua sala.


Eu grávida, de um bebê do Enrico.
MERDA! Um bebê do Enrico!
Como vou contar pra ele? Como ele vai reagir?
E se ele disser que esse bebê não é dele?
Automaticamente minha mão vai para a minha
barriga.
— Aqui estão! — Leona me entrega uma caixa
de papelão e algumas embalagens.
Analiso e vejo que realmente a data de validade
está certa. Ou seja, eles venderam um produto fora
do prazo de validade, mas com a data das
embalagens alterado.
— Logo que sair daqui irei entrar com um
processo de danos morais e negligência, pode ficar
tranquila que é causa ganha.
— Você vai me representar? — ela pergunta
com lágrimas nos olhos.
— Claro! Você não teve culpa de nada! Não vou
dizer que estou radiante de saber que estou grávida
de um cara que há um mês era um tremendo de um
galinha, mas o que eu posso fazer? — eu a abraço.
— Eu vou precisar de todos os nomes, telefones e
endereços das pacientes que foram de alguma
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forma prejudicadas por conta das injeções.


— Vou pedir para a Aline te mandar tudo, não
sei nem como te agradecer. — ela olha para a
minha barriga e depois para o meu rosto — Você
não quer fazer um ultrassom?
— Deixa pra próxima!

***

— Ai meu Deus! Eu vou ser titio? — meu irmão


está praticamente pulando.
— Pois é! O que eu vou fazer? — parece que
agora que está começando a cair à ficha que tem
uma pessoinha crescendo dentro de mim e estou
começando a me desesperar.
— Como assim o que você vai fazer? Vai contar
para o Enrico e para o vovô. — ele fala com se
fosse tão simples.
— Não é tão fácil, e se ele não quiser assumir,
se ele desprezar o próprio filho? — já estou com
lágrimas nos olhos.
— Se ele fizer isso minha princesa, pode ter
certeza que estarei de braços aberto pra você e o
meu bisneto. — meu avô entra no quarto, eu amo
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meu avô.
— Eu sei vô que posso contar com vocês dois.
Eu amo vocês! — eu os abraço e choro.
Não sou nenhuma garotinha, tenho vinte e seis
anos, se o Enrico não quiser assumir, eu posso
muito bem cuidar do meu filho sozinha. Só que se
ele o rejeitar, pode ter certeza que não o perdoou
nunca.

***

Hoje o Tiago só vai precisar ir para a agência


mais tarde, eu não queria que ele precisasse vir
mais cedo só para me trazer, resolvi vir de
transporte público mesmo. O ponto de ônibus é
bem próximo da agência.
Meu dia já começou péssimo, vejo a Vitória
vindo em minha direção.
— Eu posso saber por que o seu ex-namorado
babaca está atrás de mim? — ela aperta o meu
braço.
— Não sei e não me interessa, com certeza ele
deve estar querendo mais uma transa fácil com
você. — puxo meu braço das suas garras e logo ela
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me acerta um tapa no meu rosto, me desequilibro e


caio no chão, sinto minha bochecha arder e gosto
de sangue na minha boca.
— Só vou te avisar uma vez, saia do meu
caminho, eu não me importaria de tirar você
definitivamente dele. — Vitória vai embora, e
deixo minhas lágrimas caírem de raiva.
— Menina, você está bem? — uma senhora me
ajuda a me levantar.
— Estou sim, muito obrigada! Aquela mulher é
louca! Com licença. — sigo meu caminho para a
agência.
Entro no elevador de cabeça baixa e minha mão
vai automaticamente para a minha barriga.
— Não vou deixar essa louca te fazer mal, a
mamãe promete! — digo baixo.
— Eu acredito que você não esteja falando com
as lombrigas da sua barriga. — merda!
Levanto a cabeça vagarosamente e olho para o
lado, como que não vi um homem desse tamanho.
— Mar... Marco, tudo bem? E a Duda como
está? — tento desviar o assunto.
— Estou ótimo Bianca! A Duda está muito bem,
cada vez mais sapeca. — ele olha para a minha
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barriga e meu sangue gela. — Mamãe?


— Mamãe?
— Eu ouvi você falando com a sua barriga,
Bianca. Você está grávida! E é meu sobrinho! —
como pude dar bobeira desse jeito.
— Você não pode contar para o Enrico, é tudo
que eu te peço! — ele coloca a mão no meu rosto.
— O que aconteceu com o seu rosto?
— A Vitória me abordou aqui perto, e você
pode imaginar o que aconteceu. — as portas do
elevador se abrem.
— Eu posso saber que merda está acontecendo?
— Marco e eu olhamos para um Enrico muito
bravo nos encarando.

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CAPÍTULO 24
Enrico Martinelli

O telefone da minha sala toca.


— Alô!
— Bom dia, Senhor Martinelli, o senhor pediu
que eu avisasse se caso a Vitória aparecesse por
aqui. — é o segurança que fica na porta da entrada
da agência.
— Bom dia, José, ela apareceu?
— Sim, chegou bem cedo e ficou em frente à
agência, no mínimo umas duas horas, mas de
repente saiu e alguns minutos depois a Bianca
entrou com o rosto e os olhos vermelhos, ela é
sempre tão educada, mas dessa vez não falou com
ninguém, simplesmente entrou no elevador.
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O que será que essa louca fez agora?


— Ela entrou agora no elevador?
— Sim senhor!
— Obrigado! — desligo o telefone e decido
esperá-la em frente ao elevador.

Mas que surpresa que eu tenho quando encontro


Marco com a mão no rosto de Bianca, eles estão
bem próximos.
— Eu posso saber que merda está acontecendo?
— pergunto.
Marco se afasta dela e vem em minha direção.
— Que bom que perguntou, por que parece que
a sua ex-amante vadia bateu na Bianca em frente a
seu lugar de trabalho. — Marco está nervoso.
Bianca sai do elevador e vejo sua bochecha
esquerda vermelha, vou até ela e passo a mão no
seu rosto e logo lhe dou um beijo, sinto gosto de
ferro, de sangue em sua boca.
— Sua boca está machucada?
— Eu estou bem, Enrico, eu só preciso ir pra
minha sala e esquecer a humilhação que eu tive que
passar no meio da rua. — ela se afasta e segue para
a sua sala, mas sem antes olhar para o Marco.
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— Vamos para a minha sala. — ele me


acompanha.
Logo que entramos na minha sala, eu fui direto
para a minha mesa e o Marco bate com força a
porta.
— Se você for dar mais um chilique por causa
de ciúmes é melhor reconsiderar, por que se me
acusar de estar tendo um caso com a Bianca eu
quebro a sua cara. Eu não sou fura olha, pior ainda
furar o olho do meu irmão. — Marco está
realmente vermelho, seu pescoço está vermelho,
parece que tem alguma coisa fervendo dentro dele e
que a qualquer momento pode explodir levando sua
cabeça junto.
Levanto-me e vou até ele, coloco minhas mãos
nos seus ombros.
— Calma aí mano, desse jeito você vai enfartar,
não se esqueça que você tem uma filha pra criar,
pensa quando chegar na época que ela for ter os
namoradinhos.
— Maria Eduarda não vai ter namoradinho
nenhum, e você também vai ter que afastar os
marmanjos da sua filha.
— Que papo é esse? Tá doido, eu não tenho
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filhos, estou muito novo para ser pai e, quando eu


tiver uma filha, eu vou providenciar um convento
ou um colégio bem rígido só de meninas.
Marco ri e bate no meu braço.
— Boa sorte mano. Boa sorte! — então ele me
deixa sozinho na minha sala. Que papo mais doido
esse.
Deixa-me voltar para o meu trabalho que eu
ganho mais.

Bônus Tiago
Miguel me chamou para almoçar com ele no
shopping, foi uma ótima ideia, estou querendo
comprar uma câmera nova e alguns equipamentos
e, claro dá uns pega gostoso no meu namorado
barra segurança gostoso.
— Oi amor! — lhe dou um beijo casto nos
lábios, mas ele me puxa para um beijo muito do
proibido para se dar em público, que bom que
estamos dentro do seu carro.
— Agora sim isso foi um beijo! — ele liga o
carro e vamos para o shopping.
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Miguel foi a melhor coisa que aconteceu na


minha vida, ele é um cara carinhoso, safado, tem
uma pegada que deixa qualquer um derretido por
ele, e sem contar que é bem resolvido, não tem
problema nenhum em andar de mãos dadas comigo
no shopping, não me esconde como o babaca do
Bernardo fazia, ele quer é que todos saibam que
estamos juntos.
Almoçamos, conversamos, já fomos comprar
as minhas coisas, ele comprou algumas coisas pra
ele também, cuecas para ser mais exato, adoro ele
em uma cueca boxer, é uma visão maravilhosa e
deliciosamente tentadora e o melhor é toda minha.
Ele ficou com vontade de ir ao banheiro, mas
eu não quis ir junto, decidi ficar sentadinho aqui
esperando meu homem.
— Finalmente, consegui pegar você sozinho!
— tiro os olhos do meu celular e olho para a última
pessoa que gostaria de ver.
— O que você quer Bernardo?
— Esse cara parece um cachorro que não
larga o osso. — ele está um pouco mais magro do
que me lembro, seu semblante está abatido.
— Pois é! É isso que uma pessoa que gosta
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da outra faz, fica por perto, não esconder! — eu


nunca disse que não gosto de uma boa indireta.
— Eu quero você de volta! — olho pra ele
sem acreditar.
— Você está brincando comigo? Você me
bateu, até aí tudo bem, mas você encostou na minha
irmã, isso eu nunca vou perdoar. Eu sugiro que
você me esqueça e volte para o buraco de onde
você saiu. — vejo Miguel voltando, ele está
soltando fogo pelas ventas. — Se você não quiser
apanhar, eu sugiro que dê o fora daqui. — ele olha
para o Miguel com fúria.
— O que esse babaca está fazendo aqui? —
Miguel fica na minha frente.
— Se eu não tivesse sido um idiota com o Ti,
ele nunca teria dado uma chance pra você, ele é
louco por mim! — gente, o cara está pior do que
pensei. Miguel lhe dá um soco no rosto.
— Então eu devo lhe agradecer! E pra você é
Tiago! Vamos amor! — ele me puxa pela mão.
— Você vai me levar agora para um motel.
— praticamente suplico.
— Claro que eu vou! — eu amo esse homem.

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CAPÍTULO 25
Enrico Martinelli

— Faz tanto tempo que não saímos juntos. —


Giulia parece à mesma menininha de sete anos que
me atormentava para levá-la para sair. — Obrigada
por ter vindo comigo para o shopping.
— O que eu não faço por você minha princesa?
— lhe dou um beijo na cabeça. Eu faria qualquer
coisa pela minha irmã.
— Como está a vida?
— Qual parte?
— Amorosa.
— Estou namorando!
— E posso saber por que não fiquei sabendo?
Eu quero convencê-la! — aí está a Giulia ciumenta.
— Você a conheceu no jantar na casa dos
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nossos pais.
— A loirinha que levou àquele senhor super
fofo?
— Essa mesmo! Tentei não me envolver, mas
não deu muito certo, ela me pegou de jeito.
— Que bom que é uma moça decente, e não
esses projetos de puta que você costumava sair.
Meu passado sempre vai me perseguir.

***

Duas semanas depois

Bianca de Alencar
— Ti, eu estou tão nervosa! — estamos
chegando ao consultório da Leona, hoje é o meu
primeiro ultrassom, vou ser sincera, eu estava com
medo, mas o Tiago ficou falando tanto no meu
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ouvido que resolvi vir logo. E não, o Enrico ainda


não sabe.
— Fica tranquila, todo os meus cinco sobrinhos
estão bem. — ele coloca a mão na minha barriga.
Cinco?
— Cinco? Você está louco? Não era pra ter
nenhum bebê aqui dentro.
— Mas tem, então não fale nada contra os meus
sobrinhos.
— Vamos logo!

***

— Eu suponho que você seja o pai. — Leona


estende a mão para o Tiago.
— Deus me livre! Eu sou o irmão da Bianca. —
meu irmão faz cara de nojo.
— Me desculpe! Vamos começar Bianca? — ela
me aponta a maca.
— Claro! — me deito na maca e levanto minha
blusa e abro o botão da minha calça.
— Vamos lá! — ela coloca um gel gelado na
minha barriga.
Um som estranho começa a tomar conta da
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sala.
— É o coração? — Tiago esta com a voz
embargada.
— São os corações. — a doutora responde e
nós dois nos viramos pra ela.
— O meu filho tem dois corações? —
pergunto desesperada.
— Não, cada um dos seus filhos tem um
coração.
— Filhos? — eu e o Tiago falamos ao
mesmo tempo.
— Você está com seis semanas, e pelo o que
parece tem três fetos.
— Três? — eu falo pra mim mesmo.
— Estão vendo esses três pontinhos? — afirmo
— São seus filhos!
— Eu vou ter três sobrinhos bebê! — Meu
irmão está comemorando do meu lado.
Três. Filhos. Do. Enrico!

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Enrico Martinelli
Estou a ponto de arrancar todos os cabelos da
minha cabeça, eu vou matar a Vitória.
— Você tem certeza? — pergunto num rosnado.
— Ela estava em Londres junto com um
homem. — o babaca do policial ex-namorado da
Bianca me estende um envelope — Mas não
consegui vê o rosto.
Abro o envelope e pego algumas fotos, várias
tem a vadia da Vitória em lojas de grife, outras na
recepção do hotel mais caro de Londres, e algumas
está acompanhada de um homem que não consigo
identificar.
— Só isso? — pergunto.
— Pelo menos já sabemos que ela está
envolvida. — que inteligente esse policialzinho
— E agora? O que temos que fazer? — pergunto
sem paciência.
— A Vitória estava no mesmo dia que a conta
foi usada nesse hotel e nessas lojas, tudo indica que
poderia estar usando o dinheiro, o que nós temos
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que fazer é uma intimação para que ela compareça


para dar declarações.
— Mas está na cara que é culpada! — pra quer
enrolar tanto.
— Sim, mas não é o suficiente, não mostra que
está usando o dinheiro que está na conta, só que ela
estava no mesmo lugar, por isso tem que dar sua
declaração. Para um cara bem sucedido você é bem
tapado. — o que quê esse policial de merda está
dizendo?
— Eu sou o tapado? Que eu saiba não fui eu que
deixei uma mulher maravilhosa como a Bianca
escapar por entre seus dedos. Bom pra mim!
— Como assim? — ele pergunta.
— Você está falando com o novo namorado da
Bianca. — lhe dou o meu sorriso mais cínico. Vejo
seu rosto ficar vermelho, suas narinas dilatar.
— Bianca é boa de mais pra você! Logo ela te
dá um belo pé na bunda ou você faz alguma merda.
— ele se levanta e sai batendo a porta.
— Pode cair do cavalo policialzinho, eu não vou
deixar a Bianca sair da minha vida! — digo pra
mim mesmo.

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***

— Estava morrendo de saudade do seu cheiro!


— beijo seu pescoço logo depois de inalar seu
perfume.
— Estávamos com a cabeça muito cheia essa
semana. — Bianca passa as unhas pela minha nuca,
adoro quando faz isso.
— Mas não quero falar sobre problemas, essa
noite eu quero aproveitar a minha mulher. — aperto
a sua bunda e mordo de leve seu pescoço.
— Sua mulher? — ela praticamente ronrona.
— Você é minha mulher, agora deixa de
enrolação, quero estar dentro de você agora.
Puxo seu vestido pela sua cabeça e fico
admirando esse corpo feito para enlouquecer um
homem, sua lingerie preta se destaca na sua pele
branca.
— Você é muito linda! — a puxo pela nuca e
lhe dou um beijo, desço a mão para a sua bunda e
aperto, ela geme na minha boca, sua mão desce
para o meu pau e começa a me acariciar. — Diaba.
— abro seu sutiã e abocanho seus lindo e
suculentos seios.
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— Não me tortura! — ela sussurra no meu


ouvido e morde a minha orelha.
A deito na cama e me esfrego nela.
— Você está com roupa de mais. — ela abre a
minha camisa e o botão meu cinto.
— Você está devagar demais. — tiro a minha
calça junto à cueca e me encaixo em suas pernas.
— Pronta?
— Estou sempre pronta pra você! — entro de
uma vez.

***

— Bianca está tudo bem? — depois que


transamos ela ficou estranha.
— Está sim, por quê?
— Você está estranha! — ela se levanta
enrolada no lençol.
— O que está estranho em mim?
— Sei lá, você está distante e seu corpo pareci
um pouco diferente! — seus olhos se enchem de
lágrimas e estou pronto para me desesperar.
— Você está me achando gorda, não é? Eu sabia
que isso ia acontecer. — ela começa a recolher suas
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roupas e se vestir.
— Calma Bianca! Não estou chamando você de
gorda. Você está linda! — lágrimas escorrem pelo
seu rosto, ela continua a se vestir.
— Estou indo embora! — e realmente foi
embora, e eu fico sem entender nada, que bicho
mordeu essa mulher?

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CAPÍTULO 26
Bianca de Alencar

Droga. Mil vezes droga. Eu tenho que contar


sobre a gravidez.
Como eu vou para casa? Foi o Enrico que me
trouxe para a casa dele, eu não tenho mais carteira
de motorista. Parabéns Bianca, nem para ficar com
a habilitação você é capaz.
Desço as escadas correndo, chegando perto da
porta da frente escuto os passos do Enrico, ele está
descendo as escadas correndo, vestindo somente
uma cueca boxer preta. Delicioso.
— Posso saber que merda acabou de acontecer?
— ele pergunta irritado.
— É besteira minha não tem nada haver com
você. — só os três filhos que você colocou dentro
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de mim.
— Bianca, já faz um tempo que você está
estranha, e não estou falando do seu corpo. O que
está acontecendo, amor? — amor? Eu preciso
contar.
— Lembra-se do problema com a minha
médica? — começo.
— Não sei muito bem o que aconteceu, mas o
que isso tem haver?
— É que ela teve um problema com as inje...
— seu telefone começa a tocar — Atende, pode ser
importante!
— Você é importante! — ele rebate.
— Atende! — ele bufa.
— Enrico! — ele atende — Como vai Yuri?
Eu me afasto para dar mais privacidade, esse
telefonema só pode ter sido um sinal me dizendo
que ainda não é hora de contar que o Enrico vai ser
pai.
Decido mandar uma mensagem para o Tiago
pedindo que ele venha me buscar.

Eu
Ti, você pode vir me buscar na casa do Enrico?
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Ti
Tem que ser agora? É que estou no meio de uma
coisa muito importante.

Eu até imagino que coisa importante deve ser


essa.

Eu
Sim, tem que ser agora!

Ti
Ok, já estou indo, Bjs e te amo.

Eu
Também te amo.

— Bianca? — estou sentada na cadeira do lado


de fora da casa há uns dez minutos.
— Estou aqui fora! — grito.
— Era o detetive que coloquei atrás da Vitória.
— ele se senta ao meu lado.
— Ele descobriu alguma coisa?
— Não, só as futilidades de sempre, compras,
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restaurantes caros, essas coisas.


— Entendo! O Bruno deu alguma notícia sobre
o caso? — ele bufa.
— Ela estava no mesmo hotel e lojas que a
conta foi usada, isso meio que prova que está
envolvida. O policialzinho disse que a Vitória terá
que dar algumas declarações.
Cadela!
— Ainda não é suficiente! — me ajeito na
cadeira, mas uma coisa é certa, Vitória é perigosa.
— Como o celular atrapalhou a nossa conversa,
podemos retomar agora. — ferrou.
— Mas antes de voltarmos a nossa conversa, eu
gostaria de te fazer uma pergunta.
— Pode perguntar!
— Você pensa em ter filhos? — ai meu Deus, eu
perguntei.
— Sim Bianca, mas ainda tenho 29 anos, quem
sabe lá para os meus 35 anos, e você?
— Eu achava que só tendo o meu irmão e o meu
avô eu não precisaria de mais ninguém, mas aí você
apareceu, invadiu minha vida e o meu coração. Não
pensava em ter filhos, entretanto a vida nos
surpreende, sabe Enrico, eu não sabia como te
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dizer, porém você precisa saber. — eu paro de


falar, meus olhos estão cheios de lágrimas.
— Falar o que Bianca? — ele segura a minha
mão.
— Eu... Eu estou grávida! — seu rosto fica
branco — Você vai ser pai!
Enrico se levanta e fica de costas pra mim, passa
as mãos pelo cabelo.
— Como isso aconteceu? — sua voz sai baixa.
Aconteceu do jeito tradicional.
— Eu tomo injeções contraceptivas, mas houve
um problema com as injeções, o laboratório que é
responsável pelo fornecimento para a minha
médica, acabou que entregaram as injeções
vencidas.
— Você está de quanto tempo? — ele ainda não
virou para me olhar.
— Seis semanas. — ele se vira, olha para o meu
rosto e logo depois seu olhar desce para a minha
barriga, e automaticamente a minha mãe pousa
nela.
— Bianca... — a campainha toca.
Graças a Deus!
— É o meu irmão, você precisa ficar sozinho
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agora, precisa pensar. Depois nós conversamos.


Então o deixo sozinho.

Enrico Martinelli
Grávida, Bianca está grávida de um filho meu.
Eu vou ser pai. Ai meu Deus, eu vou ser pai,
vou virar o meu pai.
Seis semanas. Por que Bianca não me contou
antes? Medo claro, ela estava com medo da minha
reação.
Eu não menti quando disse que queria ter filhos,
um dia claro, mas não agora. Não estou preparado,
e nós estamos há tão pouco tempo juntos.
Já sei com quem eu tenho que falar.
— Fala mano!
— Marco, tem como você vir aqui pra casa?
— Só vou deixar a Maria Eduarda na casa da
mamãe e já passo aí.
— Valeu! — agora é só esperar.
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***

Abro a porta deixando meu irmão e à tira colo


está Lorenzo, como não adivinhei que ele viria
junto.
— O que aconteceu? — Marco é o primeiro a
perguntar.
— Eu vou ser pai!
— Não acredito que você engravidou qualquer
uma por aí. Pelo amor de Deus, não me diz que é a
Vitória. — Lorenzo se desespera.
— Vira essa boca pra lá! Deus me livre ter uma
ligação para o resto da minha vida com aquela
mulher.
— Então quem é a mamãe? — Lorenzo pergunta
se jogando no meu sofá.
— Bianca! — Marco responde.
— Bianca está grávida? Não perdeu tempo não é
maninho? — sempre o Lorenzo com suas
piadinhas.
Peraí, como o Marco sabia que é a Bianca está
grávida?
— Marco, você sabia?
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— Quando a Vitória a agrediu, Bianca estava


muito nervosa, e quando entrou no elevador não viu
que eu já estava dentro, ela colocou a mão na
barriga e disse que não iria deixar que nada de ruim
acontecesse com ele, e também se chamou de
mamãe.
— E posso saber por que você não me contou?
— sim, estou furioso.
— Por que ela me pediu, e o segredo não era
meu.
— Ele tem razão!
— Não se mete Lorenzo!
— Não é comigo que você está nervoso! Então
nem vem descontar em mim, você só está nervoso
por que esconderam coisas de você.
— O ponto não é esse, você não me chamou
aqui só pra me contar isso. — Marco sempre direto.
— Eu não estou pronto para ser pai! — admito.
— Deixa de ser fracote! Marco foi pai aos vinte
e dois anos, você tem quase trinta. – eu vou matar o
Lorenzo.
— A questão não é a idade. Enrico, quando eu
fiquei sabendo da Duda, me desesperei, achei que
não estava pronto, eu era muito novo, mas agora
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não me vejo sem a minha princesa. Olha que você


tem uma vantagem, você vai ter a Bianca junto com
você. — eu sei tudo o que ele passou com a mãe da
Maria Eduarda, e como ele cuidava dela, todo
cuidadoso, não deixava ninguém se aproximar, se
eu for metade do pai que ele é para a Duda, já
ficarei feliz.
— Você foi e é um ótimo pai!
— Você também vai ser! Eu lembro muito bem
como você cuidava da Giulia quando ela chegou
você ate trocava suas fraudas.
— Cala a boca! — lhe dou um soco fraco no
braço.
— Vem aqui papai! — ele me puxa para um
abraço.
— Eu também quero participar desse abraço. —
e somos apertados pelo Lorenzo.
Como já disse antes, eu amo os meus irmãos.

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CAPÍTULO 27
Enrico Martinelli

Três dias foi o tempo que deixei as coisas se


acalmarem, por mim eu teria ido no mesmo dia
conversar com a Bianca, mas o Marco me
convenceu a esperar um pouco, ele sugeriu uma
semana, mas três dias foi o meu limite.
Estava acostumado a fugir das mulheres,
transava com uma hoje e esperava que não me
ligassem no dia seguinte, mas isso tudo mudou
depois que conheci e me envolvi com a Bianca.
Não posso dizer que a amo, pois nunca senti isso
por nenhuma mulher, mas posso sim dizer que
estou apaixonado, essa diaba loira meu filho não
saem da minha cabeça, penso neles a todo o
momento. Ainda estou assustado, eu não queria ter
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essa responsabilidade tão cedo. A única coisa que


posso fazer e aceitar e estar ao seu lado.
Chego na sua casa, aperto a campainha e
aguardo.
A porta se abre, o avô dela me encara com cara
de poucos amigos.
— Boa tarde, Senhor Manuel! — lhe entendo a
mão.
— Boa tarde, garoto, o que faz aqui? — ele
aperta a minha mão um pouco forte de mais, esse
tiozinho é forte.
— Gostaria de falar com a Bianca!
— Minha neta não está, saiu no começo da tarde
e ainda não voltou.
Olho o relógio no meu pulso, já são quase
18h00min.
— Ela não disse aonde ia?
— Não, passou por mim feito um furacão, achei
estranho, pois minha menina sempre me dá um
beijo antes de sair.
— E o Tiago? — talvez eles estejam juntos, ou
pelo menos ele saiba onde ela está.
— Ele saiu ontem e ainda não voltou, deve estar
com o namorado.
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— O senhor disse que achou estranho o


comportamento dela, certo? Será que aconteceu
alguma coisa com o Tiago e ela não quis preocupar
o senhor?
— Ai meu Deus, será que aconteceu alguma
coisa com o meu neto? — parabéns Enrico, se o
avô da Bianca enfartar você está ferrado.
— Fica tranquilo seu Manuel, e vou tentar falar
com eles, mas se nenhum dos dois me atender eu
ligo para o Miguel.
— Tá bom, mas me mantenha informado.
— Pode deixar!

***

Não consigo falar com nenhum dos dois, vou


ligar para o Miguel.
— Alô! — ele atende.
— Miguel, o Tiago está com você? — fui direto
ao ponto.
— Quem fala? — acho que ele ficou um pouco
irritado.
— O Enrico, irmão do Lorenzo.
— Ah sim, por que quer saber o Tiago? — senti
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daqui a pontinha de ciúmes.


— Eu não consigo falar com a Bianca, ela saiu
de casa e ainda não voltou, tentei ligar, mas só dá
caixa postal. O avô deles me disse que o Tiago não
voltou para casa ontem.
— Como assim não voltou? Ele saiu aqui de
casa ontem e disse que iria direto pra casa, eu tentei
ligar hoje, mas também caía na caixa postal.
— Não estou gostando nada disso! — confesso.
— Também não, vou tentar rastrear o telefone
dele, tem como você vir pra minha casa? Te mando
o endereço por mensagem.
— Tudo bem. Até mais!
Pelo amor de Deus que Bianca esteja bem!

Bianca de Alencar
Estava em casa quando recebi uma mensagem
do meu irmão, tinha um endereço e a foto do Tiago
amarrado, a mensagem me pedia para ir sozinha,
chorei, sabia que não deveria ir, mas é o meu
irmão, mandei uma mensagem para o Bruno, ele

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vai saber o que fazer.


Saí de casa sem falar com o meu avô. Cheguei
ao endereço, era uma fábrica abandonada, entrei
morrendo de medo, estava tudo escuro, quase não
conseguia enxergar, senti uma presença atrás de
mim, mas antes de me virar ou até mesmo correr
sinto uma batida na cabeça.

***

Sinto muita dor de cabeça, e um gosto amargo


na boca. Tento me mexer, porém minhas mãos e
pés estão amarrados.
— Bianca? Está acordada? — Tiago?
Abro meus olhos, mas está tudo escuro, tento
achar meu irmão no breu.
— Ti, é você? Onde estamos?
— Sou eu Bi, não sei onde estamos à última
coisa que me lembro é que sai do apartamento do
Miguel, estava indo em direção ao meu carro e de
repente senti uma dor na cabeça e tudo escureceu.
E você, como veio parar aqui?
— Eu recebi uma mensagem sua, tinha uma foto
sua sentado na cadeira e embaixo um endereço, se
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eu não aparecesse iriam te matar. — começo a


chorar.
— Fica calma amor, eu estou bem! Ninguém
encostou um dedo em mim. — ele me tranquiliza.
— Que bom Ti, então você não sabe quem nós
sequestrou?
— Não faço a menor ideia! Você avisou para
alguém?
— Mandei uma mensagem para o Bruno, se eu
não entrasse em contato em três horas era pra ele
acionar a polícia.
— Menos mal! Mas por que o Bruno? — depois
que o Bruno me traiu o Tiago pegou um ranço tão
grande do dele.
— Mesmo ele tendo sido um babaca como
namorado, ele é ótimo como policial.
Escuto o barulho da porta sendo destrancada, e
logo a claridade afeta meus olhos, tento focar na
pessoa que adentra o local.
Só pode ser brincadeira!

Enrico Martinelli
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Nada, nenhum sinal da Bianca nem do irmão


dela, Miguel tentou rastrear o telefone dele, mas
não conseguiu nada.
Meu telefone toca, olho para a tela e vejo que é
o policialzinho.
— Agora não é uma boa hora!
— Tenho certeza que não, a Bianca foi
sequestrada! — meu sangue gela.
— Sequestrada? Como sabe disso?
— Ela me mandou uma mensagem mais cedo,
parece que pegaram o Tiago, mandaram uma
mensagem com uma foto dele amarrado e um
endereço, ela pediu que caso não entrasse em
contato comigo em três horas, era pra acionar a
polícia, achei que como namorado dela, você
também deveria saber.
Merda, merda, merda. O que Bianca tinha na
cabeça para ir lá sozinha?
— E agora? O que vamos fazer? — estou com
vontade de chorar.
— O aconselhável a esperar os sequestradores
entrarem em contato. — ele responde calmo, se eu
estivesse na sua frente estaria socando a cara dele
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agora.
— Você está de brincadeira, você é a droga de
um Policial Federal, faz alguma coisa! — já estou
respirando com dificuldade.
— Eu disse que aconselhável seria fazer isso, eu
não disse que iria fazer. O que temos que fazer
agora é ficar calmos. Vou acionar a minha equipe,
te mando uma mensagem com o endereço e o
horário para nos encontrarmos.
— Ok! — desligo o telefone.
— O que aconteceu? — Miguel aparece na sala.
— Eles foram sequestrados!

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CAPÍTULO 28
Bianca de Alencar

Olho para o meu irmão que está de boca aberta


assim como eu. Poderia imaginar várias pessoas,
mas quem entrou me deixou surpresa.
— Tia? — a voz de Tiago saiu baixa.
— Arg! Odeio quando vocês me chamam assim!
— ela caminha pelo quarto abafado e fedido, passa
os dedos em alguns móveis constatando o quanto
sujo o lugar está.
Márcia Fontana, essa é a mulher que está na
minha frente, seu cabelo loiro claríssimo e suas
roupas de grife, uma mulher elegante e plastificada
dos pés à cabeça e mãe da Vitória.
— Por que está fazendo isso Márcia? — Tiago
pergunta, mas não a deixo responder.
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— Por que ela é tão suja quanto à filha! Estou


certa, tia? — a provoquei.
Seus saltos fazem barulho enquanto caminha até
mim. Márcia segura meu queixo e suas unhas me
machucam.
— Você sempre achou que era melhor que
minha filha, sempre a mais inteligente, "Bianca a
superior". O que você pensou quando viu o seu
namorado na cama com ela?
— Eu só confirmei o quanto a Vitória é baixa,
sem um pingo de caráter e principalmente uma
vadia. — a sua mão veio direto no lado esquerdo do
meu rosto, seus anéis acabaram me cortando.
Não aguento mais levar tapas na cara.
— Não encosta nela sua velha louca! — meu
irmão grita.
— Começando a festa sem mim, mamãe? —
Vitória entra acompanhada do Bernardo. Grande
filho da mãe.
— Agora você realmente desceu o nível Vitória.
— cadela ruiva.
— Mamãe, será que vocês podem nos deixar a
sós? — Márcia pede para o Bernardo tirar meu
irmão, ele sai gritando para que não me deixasse.
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— Tudo isso por causa do Enrico? — pergunto.


— Enrico? Claro que não! Ele é bom de cama?
Sim! Mas tem outros melhores.
— Então por que esse show todo?
— Minha vida estava ótima, tudo estava dando
certo, mas ai você tinha que começar a trabalhar na
agência e estragar meus planos. — ela caminha até
mim e puxa meus cabelos para trás, me fazendo
olhar para cima. Merda, essa droga dói. — Como
sempre você me atrapalhando, sempre querendo ser
melhor que eu, a mais inteligente, a mais amada e
amável, você sempre quis pegar meu brilho, eu
sempre vivi na sua sombra. Bianca, você não tinha
nada que se envolver com o roubo, colocou a
polícia atrás de mim, me fez perder vinte milhões.
Vitória está totalmente louca, seus olhos
mostram isso.
— Vitória, você está se ouvindo? Você sempre
estragou a minha vida, até o amor do meu pai você
tem!
Ela ri descontroladamente.
— É por que ele é o meu pai! — fico sem reação
— Surpresa!
— Você é minha irmã? — isso não pode estar
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acontecendo.
— Graças a Deus não, eu sou filha dele, você
que não é.
Não sei se sinto alivio ou raiva de ter convivido
com aquele homem esse tempo todo.
— Você sempre foi à filha prodígio, a perfeita,
inteligente, é você que tem o nome Albuquerque e
não eu. Eu sou a primogênita! — grita me
assustando e logo depois seu punho acerta meu
rosto de deixando zonza. — Você roubou o meu
lugar! — continua a me bater — Mas pode ficar
tranquila, pois logo vou ser a única Albuquerque.
— Vitória, escuta o que está dizendo. Você
roubou, sequestrou duas pessoas e está planejando
nos matar, sua situação só está piorando. — ela
começa a gargalhar.
— Ninguém irá me pegar. Vou ligar para o
Enrico, ela vai me dá os milhões, claro, ele vai
pensar que quando eu estiver com o dinheiro irei te
entregar, coisa que não vai acontecer, pelo menos
não com vida.
Estou suando frio, não sei quem amarrou as
minhas mãos, mas irei agradecer, estou quase me
soltando, e quando eu me soltar vou dá o que eu
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deveria ter dado há muito tempo para a Vitória.


Uma surra bem dada.

Enrico Martinelli
Já faz horas que não temos noticias dos dois,
decidimos não contar para o seu Manuel, vai que
ele passa mal, mas já liguei para meus irmãos e
todos vieram para o apartamento do Miguel,
inclusive meus pais.
— Mas já entraram em contato meu filho? —
meu pai me pergunta.
—Não, mas a Bianca avisou para aquele cara ali.
— apontei para o policial que estava falando com
alguém no telefone — Que caso ela não voltasse ou
entrasse em contato era pra acionar a polícia.
— Mas quem poderia ter feito isso? — Lorenzo
pergunta.
— Eu tenho quase certeza que é a mesma pessoa
que está usando o dinheiro roubado da agência.
— Já descobriu quem é? — tenho toda atenção
do meu pai.

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— Vitória!

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CAPÍTULO 29
Enrico Martinelli

Estou desesperado, já se passaram várias horas e


nada de notícia.
— Você não vai fazer nada? — pergunto para o
policialzinho que está entretido no seu notebook.
Ele levanta a cabeça e olha pra mim com uma
expressão de cansaço.
— Eu estou fazendo! — ele vira a tela do
notebook pra mim. — Estou assistindo as
gravações do estacionamento, mas só mostra o
Tiago sendo acertado na cabeça, a única pista que
temos é que é um homem, ele o colocou dentro do
carro e não dá pra ver mais nada. Tenho conhecidos
no departamento de trânsito, eles estão tentando
achar alguma coisa, mas está difícil. — ele bufa.
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Meu celular toca me tirando a atenção do


policial.
— Alô!
— Oi gostoso! — a voz dá Vitória me dá nojo,
como pude um dia ficar excitado com essa mulher?
— O que você quer? — faço sinal para o Bruno
começar a rastrear a ligação. Coloco a ligação no
viva voz.
— Vamos parar de teatrinho, você sabe que eu
estou com a vadia da sua namoradinha e o viado do
irmão dela. — olho para o Miguel que está
vermelho de raiva.
— Vou perguntar de novo, o que você quer?
— Vinte milhões! — eu me segurei para não rir.
— Vinte milhões? Você está completamente
louca!
— Ou você me dá o dinheiro, ou começo a
entregar pedaço por pedaço dela. — a ligação é
encerrada. Viro-me para o policial.
— Me diga que você conseguiu rastrear.
— Consegui!
Bianca estou indo resgatar você e o nosso filho!
E o seu irmão também, claro.

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Bianca de Alencar
No meu aniversário de quinze anos, minha mãe
quis fazer uma festa digna da realeza, muitas
pessoas da alta sociedade, meninas mimadas filhas
de modelos seguindo o mesmo caminho dos pais.
Eu não queria aquilo, só queria uma festa com os
meus amigos, onde a gente pudesse comer muita
porcaria e dançar músicas antigas, mas como
sempre meus pais queriam mostrar como são ricos
e influentes, não aceitaram fazer uma festa no
quintal de casa.
Eu estava usando um vestido perolado, o famoso
vestido de princesa, ele era longo, logo que vi me
apaixonei. Mas como sempre, Vitória queria aquele
dia pra si, chegou com um vestido vermelho longo,
ela sempre foi linda, nunca entendi a sua
implicância comigo, Vitória sempre quis ser melhor
que eu, e eu sempre quis ter distância dela.
No momento que fui para o centro do salão, ela
simplesmente pisou na barra do meu vestido, foi
tudo tão rápido, senti o puxão, caí no chão e logo

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escutei as risadas. Eu estava no chão, com o vestido


rasgado e mostrando a bunda, naquele momento eu
pensei sentir ódio da Vitória, mas estava enganada,
ódio eu estou sentindo agora.
Sinto meu rosto arder, mas ao mesmo tempo o
sinto dormente, meus pulsos estão ardendo, estou
fazendo o possível para me soltar, mas sem que ela
perceba. Consegui soltar as minhas mãos e deixei
as cordas dos meus pés frouxas.
Vitória adentra a sala com aquela pose de
superior que tem. Essa garota é muito louca, está
com uma peruca idêntica ao meu cabelo.
— Eu vou acabar com você! — digo. Vitória ri.
— E como você vai fazer isso estando
amarrada?
— Quem disse que estou amarrada?
Avanço sobre ela e tiro sua peruca, agarro seus
cabelos a jogando no chão, subo em cima dela e
começo a desferir tapas e socos. Ela arranha meus
braços, mas com a raiva que estou não sinto dor,
desconto em seu rosto tudo que fez comigo, toda a
humilhação que me fez passar. Vitória começa a
gritar e chorar chamando por sua mãe. Covarde.
Ouço o barulho de um tiro e logo sinto meu
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ombro arder, caio para o lado segurando meu


ombro, olho para a Márcia segurando uma arma,
caminha até mim e me chuta nas costas.
— Quem você pensa que é para bater na minha
filha? Eu deveria ter atirado na sua cabeça. — ela
me chuta mais uma vez.
Sinto meu corpo tremer, estou suando frio, e
sangrando muito. Não sei há quanto tempo estou
aqui no chão, mas estou sentindo passarem as mãos
pelo meu cabelo, abro os olhos e vejo meu irmão e
o Bernardo.
— Meu Deus Bianca, o que fizeram com você?
— meu irmão está chorando, sinto meus olhos
pesarem.
— Lembra quando você dizia que a Vitória era
louca? — ele assenti. — Você tinha razão! — então
tudo fica escuro.

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CAPÍTULO 30
Enrico Martinelli

Estamos a mais de vinte minutos no meio do


nada, foi daqui que a ligação foi feita, mas não tem
nada, é uma estrada sem nada ao redor.
— Cara, você tem certeza que é aqui? — Miguel
pergunta.
— É aqui, mas acho que ela é mais esperta do
que imaginávamos. — Bruno diz o que eu estou
pensando.
— Você também acha que ela ligou daqui por
saber que nós iriamos rastreá-la? — ele concorda.
Quando conheci a Vitória há anos atrás, a achei
uma mulher linda, alta, cabelos vermelhos
impactantes, ela era ótima na cama, simpática,
gentil, mas foi passando o tempo e foi mostrando
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uma Vitória diferente, insensível, gananciosa,


maldosa e, agora posso dizer com certeza que ela é
completamente louca.
— Enrico? — Miguel me chama. Ele está
falando ao celular.
— Sim? — caminho até ele.
— É o ex do Tiago, ele disse que sabe onde eles
estão, mas só fala se for com você. — pego o
celular da sua mão.
— Enrico falando!
— Eu não tenho muito tempo, quando entrei
nessa merda, era por que me prometeram que eu
iria conquistar o Tiago de novo, mas acabou de
acontecer uma merda das grandes e eu vi que isso
está muito errado.
— O que aconteceu?
— A Bianca está ferida. — ouço um barulho do
outro lado da linha. — Tenho que desligar, irei
mandar a localização por mensagem. — ele desliga.
Bianca ferida? Eu vou matar a Vitória.
Sabe aquele ditado que diz que você só da valor
quando perde? Agora eu percebi que eu amo aquela
diaba, só de pensar em ficar sem ela, me dá uma
dor, nunca sentir nada como isso.
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Meu celular apita me tirando dos meus


pensamentos. É a localização.
— Já tenho a localização, não é muito longe
daqui, vamos embora. — vamos todos para o carro,
Bruno fica o tempo todo falando com seus amigos
policiais e passando coordenadas, coisas eu não
entendo.
Entramos em uma área rural, cheio de chácaras.

***

A localização é de uma casa bem afastada de


qualquer outra, as janelas e portas estão todas
fechadas e parece que não tem ninguém.
— E agora? O que vamos fazer? — pergunto.
— A polícia vai chegar daqui a pouco, eles
pediram para não nos envolver.
— Não nos envolver? A minha mulher está lá
naquela casa.
— O meu namorado também está lá dentro, mas
o Bruno tem razão, nós podemos estragar tudo.
Vamos deixar com os policiais, eles sabem o que
fazer. — Miguel tenta me tranquilizar, ele tem
razão, ele também tem uma pessoa especial lá
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dentro.
— Tudo bem, mas eles vão demorar a chegar?
Ouço sirenes ao longe.
— Acabaram de chegar! — Bruno diz.

Bianca de Alencar
Estou sentindo muito frio, mas pelo menos estou
consciente. Estou nos braços do meu irmão, ele não
me largou um segundo.
— Bi, como você está? — ela passa a mão no
meu cabelo suado. Com muito esforço eu coloco a
mão na minha barriga.
— Meus filhos, eles estão bem, não é? — ele
coloca a sua mão sobre a minha.
— Meus sobrinhos estão ótimos, são fortes
como a mãe.
— Você sabia que nosso pai não é meu pai? —
pergunto.
— Que? Quem te disse essa loucura?
— E a Vitória é sua irmã.
— Não viaja Bianca, você deve estar delirando.

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Escuto um som de sirene ao longe, e a voz da


Vitória alterada, logo a porta é aberta e Bernardo é
jogado dentro do quarto por um homem, Vitória
aparece.
— A morte de vocês não iria ser tão dolorosa,
mas graças a esse idiota que passou a nossa
localização, vocês três irão virar churrasco. — logo
a porta é fechada.
— Eu sinto muito! Tentei fazer a coisa certa,
mas essa garota é completamente louca.
— E nós vamos morrer. — a única coisa que eu
posso fazer nesse momento é chorar. Meus filhos
não irão ter a oportunidade de nascer, eu nunca vou
ver os rostinhos deles. Coloco as mãos na barriga e
sussurro:
— A mamãe ama vocês!

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CAPÍTULO 31
Enrico Martinelli

Avisto uma cabeleira loira sair pela lateral da


casa.
Só pode ser a Bianca.
— Bianca está saindo pela lateral! — informo
para Bruno que olha com o cenho franzido.
Não espero sua reação e vou correndo atrás de
Bianca, mas diminuo a velocidade dos meus passos
quando vejo a mãe de Vitória também sair, ela
acende um fósforo e joga dentro da casa. Volto a
correr em direção a Bianca, mas paro quando
consigo ver o rosto da mulher que eu acreditava ser
a minha diaba, mas na realidade é a Vitória. Ela
não me vê, aumento a velocidade das minhas
pernas, agarro seu braço, Vitória me olha assustada,
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mas logo me dá um sorriso, seu rosto está


machucado.
— Enrico, vejo que veio resgatar a sua amada
Bianca.
— Onde ela está? — pergunto furioso apertando
seu braço, não estou com tempo para
cavalheirismo.
— Está tendo uma amostra do inferno! —
aponta para a casa que está começando a pegar
fogo.
Meu coração acelera.
— Ela está lá dentro?
— Se ela não morrer por conta do tiro, morre
queimada! — Vitória começa a rir loucamente. A
solto e corro para a casa.
— Bianca! — grito da porta de entrada da casa.
— Tiago!
— Enrico? — Miguel e Bruno estão atrás de
mim. — Não me diga que estão aí dentro. —
Miguel pergunta aflito assim como eu.
— Tem alguém aí? — escutamos a voz do
Tiago.
— Amor, sou eu! — Miguel grita.
— Estou entrando! — adentro a casa em
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chamas, não me importo de me queimar, a única


coisa que me importo é tirar a minha diaba daqui.
— Tiago, você precisa falar com a gente,
precisamos saber para qual direção ir. — Miguel
tem toda razão.
— Estamos aqui! — escuto batidas ao longe.
Tem muita fumaça e já está começando a cair
escombros, quase nos acertando. Subimos a escada
chegando a um extenso corredor com várias portas.
— Tiago? — grita Miguel.
— Estamos aqui! — Tiago grita da última porta,
tento abrir, mas está trancada, Vitória não seria tão
burra de deixar a porta destrancada.
— Se afasta! — chuto a porta, mas ele nem se
mexe — Merda!
— Afasta! — Miguel me empurra para o lado,
pega uma arma na parte de trás da calça, aponta
para a fechadura e atira.
Eu não estava preparado para essa visão.
Bianca está deitada ensanguentada com a cabeça
no colo de Tiago que está com lágrimas nos olhos,
o babaca do seu ex está no canto do quarto.
Ajoelho-me em frente a eles.
— Me passa ela! — pego Bianca nos braços
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com cuidado — Bianca, fala comigo amor? — me


levanto e vou para a porta, precisamos sair daqui,
logo não irá restar nada dessa casa.
Seus olhos se abrem.
— Enrico? É você mesmo? — ela passa a mão
pelo meu rosto.
— Sim amor!
— Por favor, salve os nossos bebês! — então ela
desmaia.
Bebês? Mais de um?
— Eu vou salvar vocês.
Saímos da casa, logo uma equipe de
paramédicos vem ao nosso encontro e tiram Bianca
dos meus braços e a levam para a ambulância.
— Eu vou junto! — digo seguindo a maca.
Você vai ficar bem diaba, e os nossos filhos
também.
Filhos, no plural. Jesus me proteja.

***

Mas de duas hora que estou aguardando notícias


da Bianca, mas ninguém apareceu, junto comigo
está Miguel, Tiago, Senhor Manuel, e a minha
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família.
— Calma mano, ela vai ficar bem! — Lorenzo
me puxa para um abraço.
— Não acredito que vou ser avó! — desde que
minha mãe descobriu que vai ser avó de novo, não
para de falar sobre isso, como vai paparicar e que
vai ser a melhor vovó do mundo.
— E eu não consigo acreditar que vou ser pai de
gêmeos. — Tiago começa a rir. — Qual a graça?
— É que você não vai ser pai de gêmeos. —
sabe quando você sente um alívio que parece que
vai voar? Estou sentindo isso.
— Não? Mas a Bianca disse para eu salvar
nossos filhos.
— Claro, mas ela estava falando dos trigêmeos e
não gêmeos.
Antes das minhas pernas perderem as forças,
escuto minha mãe gritar.
— Eu vou ser vó de três netos ao mesmo tempo!
Pensei que ia desmaiar e ser a piada dos meus
irmãos pelo resto da vida, mas me mantive forte e
me sentei na cadeira.
— Trigêmeos de três? — pergunto em um fio de
voz.
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— Que eu saiba se é trigêmeos são de três. —


Lorenzo me responde. — Irmão, pra ser três de
uma vez sua po... Ai pai, por que fez isso? — meu
pai acabou de dar um tapa digno de prêmio na
cabeça de Lorenzo.
— Você ia dizer uma coisa muito feia de ser dito
na frente da sua mãe e sua irmã. — meu pai
responde.
— Foi mal, desculpa mamãe! — ele faz cara de
inocente, safado de uma figa.
— Tudo bem meu amor! — minha mãe passa a
mão no rosto dele, ele pisca para o meu pai de
revira os olhos.

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CAPÍTULO 32
Enrico Martinelli

— Familiares da Bianca de Alencar. — vamos


até o médico.
— Como a minha irmã está? — Tiago pergunta.
— Ela está muito bem, já está no quarto, mas
ainda está sob o efeito da anestesia. A bala não
acertou nenhum lugar critico, o único agravante foi
à perda de sangue, mas agora está tudo bem, logo
vocês poderão vê-la.
— E os bebês? — eu pergunto.
— Estão ótimos, são pequenos guerreiros.
— Graças a Deus! — minha mãe sussurra.

Bianca de Alencar
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Sinto meu corpo dolorido e pesado,


principalmente meu ombro, minha cabeça está
latejando, passo a mão sobre a minha barriga, meus
filhos, tomara que estejam bem.
Estou sozinha no quarto, encontro o controle
para chamar as enfermeiras, aperto e aguardo.
Poucos minutos se passam e a porta é aberta, uma
senhora baixinha e gordinha com praticamente todo
o cabelo branco entra no quarto.
— Que bom que acordou querida! — ela me
entrega um copo de água.
— Obrigada! — lhe devolvo o copo. — Como
estão meus filhos?
— Eu não posso te passar nenhuma informação,
mas chamarei o médico responsável. — assinto e
ela se vai.
Fecho meus olhos e tudo que aconteceu volta
com uma enxurrada. Vitória me agredindo, dizendo
que é filha do Paulo e eu não, o tiro e o fogo. Eu
pensei que iria morrer, pensei que meu irmão e
meus filhos fossem morrer, quando minhas
esperanças já estavam se esgotando, comecei a
ouvir a voz do Enrico, achei que estava delirando,
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senti seus braços me levantando, consegui dizer


para eles salvar nossos filhos e logo depois apaguei,
agora estou aqui sem saber como meus bebês estão.
— Graças a Deus que você está viva! — meu
irmão se atira em cima de mim, me tirando dos
meus devaneios, senti uma fisgada no ombro, mas
não disse nada.
— Oi Ti! Mas não sei se por muito tempo, já
que você está me apertando tanto que daqui a
pouco ficarei sem oxigênio. — sinto ele ri no meu
pescoço.
— Desculpa Bi, é que estou tão feliz que você
está bem, fiquei tão assustado com você nos meus
braços. — ele começa a chorar. — Eu não sei o que
seria de mim sem você.
— Eu estou bem agora amor, nós estamos bem!
— seguro sua mão e levo aos meus lábios e dou um
beijo. — Onde está o Enrico? — mal termino de
falar e ele aparece na porta.
— Me procurando?
— Você estava ouvindo atrás da porta? — Tiago
pergunta.
— Claro! — responde o cara de pau. — Como
você está amor? — ele beija minha testa.
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— Como estão meus bebês? Ninguém me diz


nada. — meus olhos se enchem de lágrimas.
— "Nossos" filhos estão ótimos! — Enrico
coloca a mão na minha barriga.
Uma batida na porta corta o nosso momento.
— Vejo que a nossa mamãe já acordou! — um
médico muito bonito entra no quarto, logo vejo a
carranca do Enrico. — Está se sentindo bem? —
ele coloca a mão no meu ombro.
— Ela está ótima, "doutor", já pode tirar a mão.
— Macho alfa detectado! — meu irmão imita
uma voz robotizada.
— Pode ficar tranquilo Enrico, eu sou muito
bem casado com o meu marido.
— Menos Enrico, bem menos, o doutor só está
fazendo o trabalho dele. — olho para o médico —
Só ignora doutor. Agora me diz como estão meus
filhos?
— Eles estão bem, mas você precisa ficar de
repouso e descansar bastante para não correr
nenhum problema.
— Quando poderei levá-la pra casa? — Enrico
pergunta.
— Daqui a uns dois dias ela poderá ir embora,
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mas volto a dizer que é pra ficar de repouso, você


tem três crianças ai dentro, têm três vezes mais
chances de sofrer um aborto.
Chega a me dar calafrios só de pensar, faz pouco
tempo que descobri a gravidez, mas já os amo
como se os conhecesse há séculos.
— Vira essa boca pra lá doutor, a Bi não vai se
levantar da cama pra nada, não é Bianca? — meu
irmão me olha e não espera eu responder. — Está
vendo, ela vai ficar quietinha.
— Ótimo, mas agora ela precisa descansar.
Depois vocês voltam.
O Enrico reclamou bastante, mas o médico
conseguiu colocar os dois pra fora.
Agora sim posso ficar aliviada de saber que
meus filhos estão bem.

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CAPÍTULO 33
Enrico Martinelli

Eu nunca achei que iria me apaixonar e querer


me prender a uma só mulher, que meu coração iria
falhar todas as vezes que a visse, ou que meu
estômago congelaria todas as vezes que ela me
tocasse, e aqui estou completamente apaixonado
pela Bianca.
Lembro-me quando ela entrou na minha sala
para a entrevista, toda formal e séria, insinuou que
eu era gay, depois disso só queria provar que eu
não era, mas tenho certeza que ela sabia disso, mas
enfim, eu só queria levá-la pra cama, porém aquela
diaba loira invadiu meus pensamentos, eu não
consigo tirá-la da minha cabeça.
Já me envolvi com todos os tipos de mulheres,
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mas em uma coisa elas eram todas iguais, todas


eram interesseiras, então nunca me importei em
usá-las somente para o meu prazer, elas também me
usavam para consegui jantar em restaurantes caros,
ganhar roupas e bolsas de grife, joias, nós nos
ajudávamos, nunca prometi nada a nenhuma delas.
Entretanto com a Bianca desde o começo foi
diferente, tudo nela me encantou, mesmo eu não
enxergando, ela conquistou meus irmão e minha
sobrinha, teve um momento que pensei que ela e
Marco estavam tendo alguma coisa, mas meu irmão
nunca faria isso comigo.
Há Alguns meses eu era conhecido como
galinha e agora eu vou construir uma família com a
Bianca, e cara, eu vou ser pai de três bebês.
Que doideira.
— Terra chamando o papai do ano! — Marco
estala os dedos na frente do meu rosto.
— Fala mano, estava aqui pensando que até
ontem eu era putão, e agora sou pai de três.
— Bem vindo ao meu time! — ele se senta ao
meu lado.
— Que bom que tenho você para me dar
algumas dicas.
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— E tem a mim também, esqueceu que criei


quatro filhos? — meu pai aparece e senta do meu
outro lado.
— Eu sei que posso pai, você é o melhor pai e
avô!
Ficamos conversando por um tempo, eu não
quis e nem vou arredar o pé desse hospital
enquanto a Bianca estiver aqui, mesmo que as
loucas da Vitória e a sua mãe estejam presas, ainda
assim não quero deixá-la sozinha.
Ao longe avisto seu Manuel caminhando até nós
com uma bela senhora ao seu encalço, o velho não
é fraco não.
— Como minha neta está? — ele aperta nossas
mãos.
— Ela está ótima, o médico disse que em dois
dias já poderá voltar pra casa. — respondo.
— Ótimo! Quero apresentar a minha namorada,
Marta esses são Enrico o namorado da Bianca,
Marco seu irmão e Giuseppe Martinelli pai desses
rapazes. — ele aponta para cada um de nós quando
diz nossos nomes, ela aperta nossas mãos.
— Muito prazer em conhecê-la Marta! — digo.
— É um prazer conhecer todos vocês! Mesmo
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não sendo nas melhores circunstâncias.


— Por favor, eu gostaria de saber qual o quarto
da paciente Bianca de Alencar. — escuto um cara
de uns cinquenta anos na recepção, ele parece um
pouco alterado, vejo a recepcionista apontar em
nossa direção, parece que eu o conheço de algum
lugar.
— Manuel, por favor, me diz como a Bianca
está.
— Fernando, ela já está medicada e
descansando.
— Graças a Deus! Quando você me ligou e
disse o que a Vitória e a mãe dela haviam feito eu
corri o mais rápido pra cá.
— Com licença, mas quem é o senhor? —
pergunto o encarando.
— Me chamo Fernando, sou o pai da Vitória. —
meu queixo vai ao chão.
— E você já foi visitar a sua filha e sua mulher
na delegacia? Onde você estava que não internou
aquelas loucas?
— Calma filho, ele não tem culpa pelas ações
delas. — meu pai me afasta um pouco do tal
Fernando.
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— Seu pai tem razão, eu não tenho culpa das


atitudes delas, sou culpado por ter fechado os olhos
e não ter visto que a Vitória precisava de ajuda. Eu
nunca deixaria nada de ruim acontecer com a
Bianca, eu a tenho como uma filha!
— Mas você não é o pai dela, você sempre quis
esse posto, mas eu o tenho! — Paulo Albuquerque
já chega causando como sempre faz, e no seu
encalço está a sua esposa troféu.
— Talvez seja por que você nunca foi pai de
verdade! — Tiago chega junto com Miguel, se
tivéssemos combinado de todos estarem no hospital
no mesmo momento não teria dado certo. — Ter o
nome da certidão de nascimento não te faz pai,
papai!
— Chegou à aberração! — que homem
desprezível.
Não é atoa que os filhos não gostam dele, eu já
estive em alguns eventos em Londres onde ele
também estava, e posso garantir que ele é a cópia
masculina da Vitória, esnobe, gosta de humilhar as
pessoas, uma merda de ser humano.
— Sabe o que a Vitória andou contando por ai?
— Tiago pergunta ao pai, em um momento uma
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sombra de medo passou no rosto de Paulo, mas foi


tão rápido que não tenho certeza. — Que ela é sua
filha e que a Bianca não. — ele olha para a esposa
que fica branca.
— Deixe de dizer bobagens Tiago, claro que o
Paulo é pai Bianca.
— Vitória está com problemas, não se pode
levar tudo que ela diz a sério! — Fernando se
manifesta. — Ela só disse isso para magoar a
Bianca, todos sabemos que elas nunca se deram
bem.
Olho para o Paulo e vejo um sorriso nojento,
porém discreto, tenho certeza que tem caroço nesse
angu.

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CAPÍTULO 34
Bianca de Alencar

Graças a Deus já se passou os dois dias que


tinha que ficar no hospital, meu ombro doí, mas
nada que alguns analgésicos não resolvam.
Recebi a visita do meu padrinho para alegrar o
meu dia, mas ao mesmo tempo fiquei triste por ver
como ele estava triste. O Fernando me contou que
faz alguns meses que pediu o divórcio para a
Márcia, enquanto ficou em Londres, Márcia veio
ficar com a Vitória no Brasil. Fernando não falou e
nem as viu já muito tempo, e quando recebeu
alguma notícia que foram que elas me sequestraram
e tentaram me matar.
— Fiquei sabendo que vai ter três coisinhas
correndo por aí em breve.
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— Sim! Dá pra acreditar que eu vou ter três


bebês? Eu vou ficar louca. — comento rindo.
— Você vai ser uma ótima mãe, e com certeza o
nervosinho lá fora irá ser um ótimo pai.
— Por que eu estou com a impressão que o
Enrico fez alguma coisa?
— Nada de mais, só estava defendendo a mulher
que ama. — ai meu Deus, meu coração deu um
salto agora. A mulher que ama? Enrico me ama?

Pois é, pelo que parece, Enrico realmente me


ama, já que ele entrou em uma casa em chamas
para me resgatar, contra fatos não a argumentos.
Também fiquei sabendo que meus pais
apareceram no hospital, mas não cheguei a vê-los,
parece que eles não quiseram entrar no meu quarto
para me ver, e como sempre meu pai foi
desagradável. Ainda não consegui tirar da cabeça
aquela história da Vitória ser filha do Paulo e eu
não, mas irei tirar essa história a limpo.
— Você está pensativa! — Enrico se senta ao
meu lado no seu sofá, sim, ele me trouxe para a
casa dele, pelo que eu entendi, ele acha que vou
morar com ele. — No que está pensando?
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— Eu preciso saber se o que a Vitória falou é


verdade, se eu realmente não sou filha do Paulo.
— E se ela é filha dele! — concordo.
— O que aconteceu com elas? — pergunto.
— Márcia vai aguardar o julgamento presa, já a
Vitória surtou depois que foi presa, está em uma ala
psiquiatra, mas logo irão depor, tanto pelo seu
sequestro quanto pelo roubo na agência.
Sacudo a minha cabeça.
— Ainda custo acreditar que elas foram capazes
de fazer isso, eu e a Vitória nunca nos demos bens,
mas tentar me matar? Foi demais. — meus olhos se
enchem de lágrimas, ele me puxa para seu abraço.
— O que eu fiz para receber todo esse ódio?
— Xiii! Você não fez nada, elas são ambiciosas
e más, a culpa é toda delas.
Fico no seu abraço por um longo tempo.

Duas semanas depois


Já estou liberada para voltar as minhas
atividades rotineiras, claro, sem exageros, e a

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primeira coisa que escolhi fazer foi vir conversar


com a Vitória, no começo o Enrico, meu irmão e o
vovô fizeram um escarcéu, não queriam que eu
fosse vê-la, mas consegui convencê-los.
O surto dela já passou, mas mesmo assim ela
continua na ala psiquiatra, a liberaram para
conversar comigo, mas sob a vigilância de guardas
e alguns enfermeiros.
O Enrico não pode entrar comigo, ele me
aguarda na recepção, passo pela revista, tiro meus
brincos, anéis e colar, entro sem nada, só com a
roupa e sapatos. Vejo seus cabelos vermelhos que
antes eram brilhantes, agora opacos e sem vida,
seus olhos estão fundos e ela parece bem mais
magra do que já era.
— Ora, ora, vejo quem ainda está viva! —
debochada como sempre.
— O que você disse sobre ser filha do Paulo é
realmente verdade ou algum delírio da sua loucura?
— ignoro o seu comentário.
— Eu não sou louca! — rosna, mas depois me
dá um sorriso convencido. — Mas sim, eu sou
realmente filha do papai Paulo, e você não!
— Por que eu deveria acreditar em você?
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— Porque eu mentiria? Se não acredita, é muito


fácil de provar, façamos um teste de DNA.
— Se o Paulo não é meu pai, quem é então? —
ela pode estar com cara de louca, mas não parece
que esteja mentindo.
— No seu aniversário de doze anos você fez um
pedido quando apagou as velinhas. Que pedido foi
esse? Eu sei qual foi!
De repente fica difícil de respirar.
— Como você sabe disso?
— Do mesmo jeito que sabia dos garotos que
você gostava e sempre os pegava antes de você ter
chance. Sempre soube onde você escondia os seus
diários, eu sempre soube de tudo sobre você.
Bianca, você era realmente ingênua.
Levantei-me com tanta brutalidade que a minha
cadeira caiu no chão, ando rápido para fora dali,
mas escuto a gargalhada da Vitória.

***

Não troco uma palavra com Enrico, eu não


consigo dizer nada, mandei uma mensagem para o
meu avô perguntando se ele sabia onde meus pais
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estavam hospedados, e é onde estamos agora.


Abro a porta do carro e praticamente corro para
dentro do hotel.
— Gostaria de saber qual o quarto dos
Albuquerque, por favor. — pergunto para a
recepcionista.
— Desculpa, eu não posso passar essa
informação, se quiser posso ligar e avisar que quer
falar com eles.
— Fala que é a Bianca, a filha deles!
Ela telefona.
— Pode subir! Eles estão no quarto 115! — não
agradeço. Pego a mão do Enrico que acaba de
chegar do lado e o arrasto para o elevador.
— Bianca, será que dá pra me falar o que está
acontecendo? O que a Vitória te falou para te
deixar assim? — ele pergunta me virando para
olhar para ele.
— Se o que ela me falou for verdade Enrico,
eles mentiram pra mim a vida toda. — o elevador
para e nós saímos.
Paro em frente à porta, respiro fundo e bato. A
porta se abre e a minha mãe aparece.
— Eu só vou perguntar uma vez, e eu espero
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que pelo menos uma vez na vida você seja honesta


comigo. — minha mãe olha assustada.
— O que aconteceu Bianca?
— Acabei de ter uma conversa com a Vitória, e
ela me contou quem é o meu pai, mas eu preciso
ouvir da sua boca. É verdade? — minha mãe fica
branca, e eu sei que não preciso mais duvidar, é
verdade. — Pela sua cara eu vejo que é verdade. —
viro as costas e vou em direção ao elevador.
— Espera! — não me viro. — Eu o amava, eu
ainda o amo, foi uma noite de bebedeira.
— Eu tenho um pai tão maravilhoso e você me
escondeu isso, você deixou que o Paulo me
maltratasse, me humilhasse e nunca fez nada, você
sempre ficava do lado dele, você nunca protegeu,
nem defendeu os seus filhos, que tipo de mãe faz
isso? — me viro pra ela, eu estou em prantos. —
Esqueça que você tem uma filha, pois eu já esqueci
que eu tenho uma mãe.
A deixo espantada na porta do seu quarto e entro
no elevador junto com o Enrico.
— Para onde você quer ir agora amor? — ele me
pergunta.
— Me leve para o Hotel Paulistano, está na hora
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ir encontrar meu pai, meu verdadeiro pai!

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CAPÍTULO 35
Bianca de Alencar

Quando eu tinha doze anos, uma das minhas


professoras inventou que queria que os alunos
levassem seus pais para a aula, para apresentar o
que eles fazem da vida. Eu já não havia gostado da
ideia, nessa época meu pai e eu já não nos dávamos
bem. Quando chego em casa descubro que meu pai
iria viajar e ficaria três semanas fora, ele não
poderia ir na minha escola, então tive uma ideia,
liguei para o meu padrinho e pedi que ele fosse no
lugar do meu pai, e ele não pensou duas em vezes
em dizer sim.
A Vitória teve muita sorte de ter sido criada pelo
Fernando, já eu não tive a mesma sorte.
Pedi que o Enrico me deixasse no hotel e que
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fosse embora, eu preciso ter essa conversa sozinha.


Estou parada em frente à porta do apartamento de
Fernando criando coragem para bater.
Vamos lá, Bianca, você nunca foi medrosa.
Aperto a campainha e fico esperando, será que ele
não está?
Desisto de esperar e vou em direção ao elevador.
— Bianca? — me viro e vejo Fernando vestido
em um roupão branco, parece que ele estava no
banho.
— Oi padrinho, pensei que não estava. —
respondi.
— Entra! — passo por ele, Fernando fecha a
porta.
— Vou me vestir e já volto, pode ficar à
vontade.
Olho em volta, vejo porta retratos, alguns da
Vitória e outros são meus, meus olhos se enchem
de lágrimas quando vejo que foi no dia que ele me
levou para a Disney, eu tinha quinze anos, foi o dia
mais feliz e mais divertido de toda a minha vida.
— Prontinho! — me viro e o vejo vestido com
uma calça moletom e uma camiseta branca, ele olha
para o meu rosto que com certeza está vermelho. —
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O que aconteceu? Por que está chorando?


— Fui falar com a Vitória hoje, e de novo ela
me disse que o Paulo não é meu pai. — ele se
aproxima e segura minhas mãos.
— Querida, você não pode dar ouvidos ao que a
Vitória diz, ela não está bem.
— Depois que sai de lá, fui direto falar com a
minha mãe, e ela confirmou, Paulo realmente não é
o meu pai.
— Puta merda! Mas se não é ele, então quem é?
Coragem Bianca, você consegue!
— Você!
— Eu o que? — me pergunta confuso.
— Você é o meu pai!
Ele me olha com tanto carinho, o olhar que
nunca vi no rosto do Paulo.
— Vamos nos sentar! — depois que nos
sentamos no sofá ele volta a falar. — Pode ter
certeza que tudo que eu mais queria é que você
fosse a minha filha, pois eu te amo como se fosse,
mas eu não sou seu pai Bianca, eu nunca tive nada
com a sua mãe.
Eu já estou chorando, como uma pessoa pode
ser tão doce?
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— A minha mãe me disse que te amava, que


ainda ama, e que vocês dormiram juntos sim, mas
foi em uma noite de bebedeira.
— Eu nunca bebi com a sua mãe, ela deve está
confusa!
— Ou talvez o amor dela fosse tão doentio que
ela te drogou para poder dormir com você, só que
você não se lembra.
Ele se levanta e anda de um lado para o outro
com as mãos na cabeça.
— Bianca, isso é muito grave! Ela nos enganou
esse tempo todo.
— Eu sei, ela me privou de ter um pai de
verdade, me privou de ser amada de verdade! —
olho pra ele. — Você mesmo sem saber foi um pai
pra mim, e agora eu descubro que o que eu mais
queria em toda a minha vida está acontecendo. Eu
tenho um pai, o pai que eu sempre quis.
Vejo lágrimas em seus olhos.
— Você sempre foi minha filha, mesmo não
sabendo, mas meu coração sempre soube.
— Tem mais uma coisa.
— O que? — ele pergunta.
— A Vitória é filha do Paulo. — ele suspira
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triste.
— Isso não me surpreende, eu sempre soube que
a Márcia era apaixonada por ele, mas ele não queria
nada com ela, há uns meses eu descobri que eles
estão tendo um caso, por isso me separei dela. Eu
não duvido que ele esteja por trás do roubo da
empresa do Enrico.
O Paulo é pior do que eu imaginava.
— Eu também acho, mas se a Márcia é tão
apaixonada por ele, ela não irá entregá-lo.
— A Márcia não, mas a Vitória sim.

Enrico Martinelli
Nem consigo acreditar que a Vitória estava
falando a verdade sobre a Bianca não ser filha do
Paulo e sim do Fernando, se isso é verdade, ela ser
filha do Paulo também deve ser verdade.
— Eu nunca vou perdoar a minha mãe por ter
me enganado esse tempo todo. — me feri o coração
ver a Bianca tão triste por isso, mas ela também
está feliz por ter Fernando como pai.

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— Pensa pelo lado bom, você não tem uma gota


do sangue sujo do Paulo, já nas minhas veias é esse
veneno que corre. — Tiago conforta a irmã de um
jeito meio sombrio. — Sem contar que eu tenho a
maluca da Vitória como irmã.
— Você pode ter o sangue dele, mas não tem
um pingo da maldade, essa parte foi toda para a
Vitória.
— Eu te amo sabia? — ele pergunta.
— Não mais que eu! — Bianca responde.
Meus filhos terão a mãe mais amorosa do
mundo. Eu sou um babaca sortudo por ter essa
mulher.

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CAPÍTULO 36
Duas semanas depois
Enrico Martinelli

— Então você tinha um caso com a ré? — o juiz


me pergunta.
— Não era bem um caso, nós transávamos sem
compromisso. — ele fecha a cara.
— Só responda sim ou não! — que mau humor,
acho que ele precisa transar.
— Sim, meritíssimo!
— E em nenhum momento desconfiou do
roubo?
— Não, primeiro por que eu confiava no
Agenor, antes mesmo de eu começar a administrar
a agência ele já trabalhava com o meu pai, e
segundo, a Vitória não é muito inteligente pra ter
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pensado nisso tudo sozinha.


— E a mãe dela? — ele pergunta
— Também não me passou pela cabeça.
— Elas sequestraram e tentaram matar Bianca
de Alencar e seu irmão Tiago de Alencar, está
correto?
— Sim, primeiro sequestraram o Tiago para
atrair a Bianca, então agrediram, e depois
colocaram fogo na casa em que eles estavam e a
Bianca quase perdeu nossos filhos.
E assim se seguiu o julgamento, ter que me
lembrar de tudo que a Bianca passou me deixou
mal, só de imaginar que ela podia ter morrido ou
perdido nossos filhos. Filhos, eu não queria ter
filhos tão cedo e agora vou ter três de uma vez.

***

— Como foi o julgamento? — Marco está todo


confortável sentado no sofá da sala do Lorenzo,
tomando uma xícara de café. Enquanto Lorenzo
está jogando vídeo game com a Duda.
— Como o esperado, Vitória cantou igual um
passarinho, contou que a ideia do roubo foi do
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Paulo, ele arquitetou tudo, pois está falido, mas ele


não sabia do sequestro, isso foi obra das mentes
perturbadas das duas. Elas irão passar um bom
tempo presas.
— Que bom irmão, essas mulheres são
perigosas soltas por aí. — Lorenzo comenta
concentrado no jogo.
— Nem me fale! — digo.
— Como a Bianca está? — Marco pergunta.
— Bem, ela aceitou bem saber que não é filha
do Paulo e sim do Fernando, ficou triste com a mãe
por não ter contado.
— Pesado isso! Mas os bebês estão bem? —
Lorenzo pergunta ainda sem tirar os olhos da TV.
— Daqui a pouco vamos ao médico! —
respondo. — Mas os bebês estão bem.
— Já vai descobrir o sexo? — Lorenzo vira pra
mim.
— Ainda não, ela está com um pouco mais de
oito semanas, só a partir da décima terceira semana
dá pra ver. — respondo.
— Está bem informado! — ele comenta rindo.
— Digamos que eu esteja lendo alguns livros.
— confesso já achando que ele iria rir de mim.
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— Tá certo mano, tem que saber mesmo! — ele


diz. Marco e eu nos encaramos sem entender nada.
— Não vai fazer nenhum comentário
engraçadinho? — Marco pergunta.
— Por que eu faria? Isso é um assunto sério! —
quem é esse cara e o que fez com o meu irmão?

***

— Eu tenho uma pequena impressão que a


doutora não vai deixar todo mundo entrar. — Tiago
comenta. Bianca, mamãe, papai, Marco, Lorenzo,
Giulia, seu Manuel, Miguel e eu estamos todos na
sala de espera do consultório.
— Eu acho que não vai caber todo mundo! —
Bianca comenta.
— Não tem problema, nós deixamos o Lorenzo
pra fora! — Giulia dá a ideia e Lorenzo a olha de
cara feia.
— Fique você do lado de fora, eu vou entrar
sim. — ele responde emburrado.
— Bianca, você já pode entrar! — a
recepcionista nos tira da discussão.
Todos a seguimos, a doutora abre a porta e fica
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assustada com tanta gente, Lorenzo passa na frente


e fica olhando a sala.
— Dá pra todo mundo ficar aqui tranquilo! —
preciso de um buraco para enterrar o Lorenzo.
— Todos irão entrar? — a doutora pergunta.
— Sim! — respondemos todos juntos.
— Então vamos lá! — ela nos deixa entrar, pede
para Bianca se ajeitar na maca, suspende a sua
blusa, passa o gel em sua barriga.
Escuto um barulho diferente.
— Esse é o som dos corações dos bebês! — eu
não vou chorar, eu não vou chorar.
— Está na cara que você quer chorar mano,
chora logo! — Lorenzo maldito.
— Olha amor, os coraçõezinhos deles! Eu acho
que vou desmaiar. — minha mãe sempre dramática.
— Você não vai desmaiar Laura! — meu pai
está se segurando para não chorar, estamos juntos
pai!
— Eles estão bem? — Bianca pergunta.
— Estão ótimos, você esta com um pouco mais
de oito semanas, vou receitar algumas vitaminas.
Seria bom se você fizesse um pouco de atividade
física, nada muito pesado, yoga está ótimo.
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Ela limpa a barriga da Bianca, nos entrega à


receita e vamos embora.

***

Deixamos que a mamãe nos convencesse a


irmos ao shopping, péssima ideia.
— Olha que lindo! — ela mostra uma roupinha
de bebê, está mais para uma fantasia de elefantinho.
— Nenhum dos meus filhos vai usar isso! —
digo.
— Mas como os filhos não são só seus, eu
adorei Laura, vamos procurar mais. — Bianca
traíra.
— E isso aí, vamos procurar mais roupinhas
fofas para os meus sobrinhos. — Tiago se
manifesta.
— Acabei de ver uma roupa dos transformes
logo ali, vou lá pegar cinco pra cada um. — eu
ainda mato o Lorenzo.
— Boa sorte mano! — Marco me dá umas
batidinhas nas minhas costas.
Mamãe, Tiago e Lorenzo juntos, que Deus me
proteja.
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CAPÍTULO 37
Enrico Martinelli

— Enrico, o que aconteceu com o Bernardo? —


Bianca me pergunta do banheiro.
— O pai dele é amigo do Governador, que é
amigo do Juiz, sendo assim, ele vai fazer trabalho
comunitário. — se eu fiquei doido? Pode ter
certeza. — Ele deveria ter ido preso!
— Mas se não fosse por ele, com certeza Tiago
e eu estaríamos mortos. Não foi ele que te ligou e
passou as coordenadas de onde estávamos? — bufo
— Sim, mas ele que sequestrou o Tiago pra
começo de conversa.
— Sim, mas se não fosse ele, elas poderiam ter
contratado qualquer outro para fazer o serviço, e se
isso tivesse acontecido, eu teria virado churrasco.
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— odeio quando os outros têm razão. Ela sai do


banheiro toda arrumada.
— Pra onde você vai toda arrumada? —
pergunto.
— Trabalhar!
— Você não vai trabalhar!
— Quem disse isso? — ele me olha com o
cenho franzido.
— Eu, seu chefe! Você está grávida e vai ficar
em casa quietinha.
— Você só pode estar de brincadeira! Enrico,
gravidez não é doença meu querido, e eu vou
trabalhar sim!
— Mas Bia...
— Mas nada Enrico, eu vou trabalhar e ponto!
— então ela joga um sapato em mim, que por
pouco não me acerta.
— Tá bom! — eu não sou besta de contrariá-la,
ela está totalmente agressiva na gravidez.
— Ótimo!

***

Marco está sentado na minha frente, segurando a


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risada.
— Quanto tempo isso vai durar? — pergunto.
— Até os bebês nascerem, e se você não tiver
sorte, piora depois do nascimento. — o que?
— Você está brincando, não é?
— Nenhum pouco!
Eu estou muito ferrado.
A Bianca anda muito agressiva, chora ou me
bate, mas na cama não tenho com o que reclamar,
um pouco de agressividade é bom, ela está tão
cheia de fogo. Andei pesquisando, mulheres
grávidas ficam com mais libido que o normal, e
posso afirmar que é verdade.
Mas esse não é o ponto, Bianca está irredutível
em não ficar em casa, ela não precisa trabalhar, só
tem que ficar quietinha e cuidar dos bebês. Não sou
machista, mas não quero que nada de ruim aconteça
com eles.
— Fique tranquilo, não é nenhum bicho de sete
cabeças. Imagine se você tivesse três bebês dentro
de você? Todos aqueles hormônios fervilhando. —
Marco sempre dizendo as coisas certas.
—Falando desse jeito parece até que sou um
bebê chorão, vou tentar não deixá-la pior.
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O telefone da minha mesa começa a tocar.


— Pronto!
— Amor, eu quero comer sardinha com abacate!
— é a Bianca.
— Sardinha com abacate? — Marco arregala os
olhos e faz cara de nojo.
— Sim, estou com vontade!
— Espera aí, esse é seu primeiro desejo?
— Por favor! Eu quero muito! — diz manhosa.
— Tudo bem, eu já vou buscar!
— Vou ficar esperando! E eu quero tudo
amassado, como se fosse um patê. — ela desliga.
Que nojo.
— Primeiro desejo hein. Acho melhor correr!
É o que eu faço.

***

Estou na copa abrindo a lata de sardinha.


— Isadora disse que você estava aqui. —
Lorenzo adentra o pequeno espaço. — Você vai
comer sardinha?
— É pra Bianca, ela está com vontade de comer
sardinha com abacate. — despejo aquela coisa
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fedida no prato e vou cortar o abacate. — Juntos,


ela quer comer essa nojeira como se fosse um
patê.
— Que nojo! Mas é melhor do que seus filhos
nascerem com a cara verde.
— Nem brinca com isso! — amasso tudo e faço
uma careta, penso em uma coisa bem malvada de
fazer, pego um pouco do patê verde e fedorento
com a colher e jogo na cara do Lorenzo.
— Que nojo, cara! Porque fez isso? Essa
porcaria entrou na minha boca, que nojo! — ele
pega um guardanapo e começa a se limpar.
— Foi mal, mas não resisti! — pego o prato e
vou em direção à sala da Bianca, mas ainda o
escuto ameaçando me bater.

***

— Isso estava uma delícia, muito obrigada por


ter ido comprar pra mim!
— Tudo por vocês! — dou a volta na mesa e
coloco minha mão sobre a sua pequena barriga —
Eu te amo!
— Eu também te amo! — lhe dou um beijo
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casto nos lábios.


Eca! Gosto de sardinha.

Dois meses depois

Bianca de Alencar
Não queria admitir, mas eu estou ficando mais
no apartamento do Enrico do que na casa do meu
avô.
— Por que você não vem logo morar com ele?
— Tiago me pergunta.
— Você é louco? Eu não vou me oferecer para
morar com ele, se o Enrico me quisesse aqui, ele já
teria me pedido. — ele revira os olhos.
— Se é o que você acha! Eu tenho uma
novidade pra te falar.
— Fala logo!
— O Miguel me chamou para morar com ele!
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— Ai meu Deus! O que você disse? — sim, eu


estou eufórica, finalmente meu irmão está sendo
feliz.
— Por acaso acha que sou idiota? Claro que eu
aceitei.
— O vovô já sabe?
— Sabe, e me apoiou como sempre, ele vai
adorar ter a casa só pra ele e a Marta.
— Ele gosta realmente dela, não é? — nunca vi
o meu avô tão feliz, Marta é um amor de pessoa e
está fazendo bem ao seu Manuel.
— Ele está completamente apaixonado por ela,
está pensando em chamá-la pra morar em casa.
— Ele está certíssimo! Super apoio.
Acomodo-me na cama enorme do Enrico, Tiago
deita ao meu lado.
Estou tão feliz, meu irmão encontrou alguém
que o ama e que não tenha vergonha de dizer o que
sente. Meu avô enfim está feliz e amando e eu,
bom... Não poderia está mais feliz, tenho um
homem que amo e que me ama e três filhos a
caminho.
E antes que eu me esqueça, a doutora Leona
ganhou a causa e ficou um pouco mais rica com a
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multa que a empresa teve que pagar pra ela, adoro


quando a justiça faz o seu trabalho.

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EPÍLOGO
Enrico Martinelli

Já fazem cinco meses que chamei a Bianca para


morar comigo, não que ela já não estivesse
morando, pois estava. Bianca sempre dorme no
meu apartamento, meu closet já está abarrotado
com suas roupas, meu banheiro cheio de porcarias
de mulher.
Ela está me atormentando por causa do quarto
dos bebês, pois ainda não começamos a arrumá-lo,
mal sabe que estou preparando uma surpresa.

***

— Você não vai me dizer para onde está me


levando? — Bianca pergunta sentada no banco do
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passageiro do carro, está vendada e com a mão na


imensa barriga de sete meses. Ela está ainda mais
linda carregando meus filhos.
— Deixe de ser ansiosa, já estamos quase
chegando.
Fico a admirando, mas sempre prestando
atenção na estrada, não posso dar mole, estou com
todos os meus maiores tesouros dentro do carro.
Avisto o condomínio dos meus pais e já tenho a
entrada liberada.
Paro em frente a uma grande casa de dois
andares, ela tem um tom de creme, várias janelas e
portas de vidro, o Tiago me falou que ela adora
casas assim. É cercada com um grande muro, só dá
pra ver o andar de cima, e mesmo assim não
completamente.
Ajudo a minha gravidinha a sair do carro e a
posiciono em frente ao portão.
— Pronto? — sussurro com a boca colada no
seu ouvido.
— Si... Sim! —rio com seu nervosismo.
— Não abra os olhos ainda, só quando eu
mandar! — alerto e desfaço o nó da sua venda.
— Você não manda em nada Enrico! — diaba.
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— Mas vou ser boazinha e acatar o seu pedido.


Posiciono-me ao seu lado.
— Pode abrir! — seus olhos miram o grande
portão.
— De quem é essa casa?
— Se você aceitar é nossa! — olha para todos os
lados e foca na casa do seu avô
— É o mesmo condomínio do meu avô e dos
seus pais.
— Eu achei que você fosse gostar. — admito.
— Eu amei! — ela me abraça meio sem jeito por
conta da barriga, me beija e depois se afasta.
— Que bom, pois já havia comprado! — ela ri.
Adoro sua risada.
Seguro a sua mão e a puxo para a casa, ela fica
maravilhada, tenho que admitir, essa casa é linda.
— É linda! — seu olhar é de pura admiração.
— O Tiago me disse que você adora essas coisas
de vidro. — aponto para as janelas.
— Sim, eu adoro essas coisas de vidro! — ela
me imita.
— Vamos pra dentro!
Eu adoro meu apartamento, mas já não dá mais,
lá é uma casa de solteiro e eu não sou mais, agora
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eu tenho uma família, precisamos de espaço e


conforto, quero que meus filhotes tenham espaço
para correr e brincar, e isso seria impossível de
fazer em um prédio.
Paramos em frente ao quarto dos bebês, ele está
com a porta fechada.
— Abre! — coloco as mãos em sua cintura.
— Ai meu Deus! Que lindo! — ela fala com a
voz embargada.
— Gostou mesmo? Se não gostar de alguma
coisa pode mudar se quiser. — fico apreensivo.
— Eu amei tudo! Está tão lindo, quando fez
isso? — nós entramos no quarto dos nossos filhos.
Como eu sabia como deixar o quarto? Várias
coisas que a Bianca salvava no celular, ela fez uma
pasta com o nome quartinho dos bebês, então
peguei secretamente e mandei para uma arquiteta
amiga do Lorenzo.
O quarto é grande, ela dividiu um lado para os
dois meninos, e o outro lado para a minha
princesinha, pois é, vou ser pai de uma menina,
mas pelo menos vou ter mais dois homens ao meu
lado para protegê-la de gaviões que pensam que
vão chegar perto da minha menininha.
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— Está tão perfeito! Como você soube o que


fazer? Está exatamente como eu queria. – ela não
consegue parar de chorar enquanto passa as mãos
pelos objetos do quarto.
— Eu posso ter mexido no seu celular e achar
várias coisas para quartos de bebê, depois passei
para a arquiteta e mandei fazer como você queria.
— Você é o melhor namorado e pai que existe!
— ela me abraça.
— Falando nisso, eu queria te perguntar uma
coisa. — me ajoelho na sua frente e pego a caixinha
no bolso da calça — Você aceita ser a única na
minha vida, a única a dormir na minha cama, a
única no meu coração, a ser a primeira e única
senhora Martinelli? Você aceita casar comigo e me
fazer o homem mais feliz do mundo, mas feliz do
que já sou? — Bianca está chorando muito, mas
tem um sorriso lindo no rosto.
— Claro que eu aceito, aceito tudo com você!
— então ela se joga nos meus braços e me beija —
Mas eu vou continuar trabalhando na agência.
— Então eu vou continuar sendo o seu chefe?
— Vai sim! Eu não vou deixar você em perigo
com todas aquelas modelos sanguessugas
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interesseiras.
— Minha mulher é ciumenta e possessiva? —
pergunto achando graça.
— Só cuidando do que é meu! Agora vamos
embora, nós temos que arrumar as coisas para nos
mudarmos logo para a nossa casa. — nossa casa!
Gostei disso.
— Vamos então senhora Martinelli!
— Vamos logo chefe!

FIM.

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