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PERIGOSAS NACIONAIS

ENZO
TERCEIRO LIVRO DA SÉRIE IRMÃOS
LAZZARI

PERIGOSAS ACHERON
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POR: LUYZI MAZZON

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PRÓLOGO

Há uma mulher, bem no centro do jardim, berrando


ordens para todos os lados. Pessoas correm de um
lado para o outro; Homens carregando grandes
jarros com flores brancas, enquanto algumas
mulheres carregam utensílios de louças ou até
mesmo mais flores, só que menores, claro.

Estavam preparando um casamento.

Eu não fazia ideia de quem eram os noivos; A


única coisa que sabia era que mamãe havia me
ligado ontem, avisando que um avião particular da
empresa do seu novo marido estava indo para
Londres, me buscar, para que eu viesse. Juntando
isso e a forma apressada em que as pessoas estão
circulando e gritando, é um casamento de última
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hora.

O lado bom é que, eu não precisei enlouquecer


atrás de um bom vestido, pois assim que entrei no
quarto reservado para mim, na mansão Lazzari,
estendido sobre a grande cama plus size, estava um
vestido azul-celeste, de alças finas, longo, de costas
nua e uma única fenda do lado direito. Perto dele,
havia os acessórios para usar com ele, como uma
pulseira e brincos de diamantes e, claro, uma
sandália de salto alto na cor prata; E eu também
posso ver minha mãe, que não vejo há um ano, e a
comida. Ela está maravilhosa.

O lado ruim, é que estou sendo obrigada a ficar fora


do hospital por dois dias inteiros. Para quem está
estagiando é como se fossem dois anos sem fazer
aquilo que você mais gosta de fazer na vida.

Quase sem perceber, começo a balançar minha


perna cruzada, enquanto observo a agitação lá fora
no jardim, sentada em uma das banquetas da grande
ilha da cozinha. Eu enfio minha colher de
sobremesa na delícia de abacaxi e a levo para a
boca, em seguida, coloco a colher virada para baixo
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para lamber o que restou. Faço isso algumas vezes,


distraída, rindo quando alguém tropeça em seus
próprios pés na correria. Eu até chego a desejar que
alguém pelo menos se corte para que eu possa fazer
alguma coisa que envolver cuidados médicos.

Egoísta e muito horrível da minha parte, eu sei, mas


estou sem pegar em um bisturi por mais de doze
horas. É como estar num inferno, pelo amor de
Deus!

— Cara, eu não gosto de ternos, sabe disso.

Dois caras, um aparenta ter uns vinte e dois anos e


o outro pouco mais de dezessete, entram na
cozinha. Eles são bonitos e lembram o marido da
minha mãe. Hetor tem três filhos, então, esses
devem ser dois deles. Nenhum nota minha presença
e fico feliz.

Não sou sociável e fico confortável assim.

O que aparenta ser mais velho vai até a geladeira e


retira uma garrafinha de água. — Você vai usar um,
Lucca. — ele diz e sua voz é tão boa de se ouvir;
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baixa, rouca, com um toque de coisas sujas… Seus


lábios repuxam levemente de lado, num sorriso
cínico. Com a boca da garrafa quase encostando
seus lábios avermelhados, ele completa: — Se você
quer mesmo ser um arquiteto em breve, terá que se
acostumar com ternos e gravatas. — então começa
a beber sua água.

Eu acompanho, hipnotizada, cada movimento que


seu pomo de adão faz, para cima e para baixo; seus
olhos, incrivelmente e puta-que-pariu!, azuis estão
olhando de forma divertida para o mais novo,
Lucca, eu acho.

Ele é lindo. Alto, cabelos desgrenhados, lábios


avermelhados, olhos azuis, sorriso de matar, voz de
molhar minha calcinha… Ele parece ter saído de
um livro de romance erótico.

Lucca bufa, revirando os olhos, tão bonito quanto


ele, só que mais novo. — Acredite em mim, Enzo,
eu nunca usarei isso de livre e espontânea vontade.
— ele garante.

Enzo.
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O nome dele é Enzo.

Bonito nome. Não tão bonito como seu dono é, mas


ainda sim, bonito. Um nome fácil de gemer.

Enzo ri, tampando a garrafa e devolvendo para a


geladeira. — Claro, se você diz.

Deus, que voz!

Remexo-me o mais silenciosamente que consigo,


sentindo minha calcinha ensopando cada vez mais
que meus olhos continuam sobre ele.

Será que ele é bom na cama?

Bom, eu não sei, mas eu gostaria de saber. Quem


sabe um dia, certo?

Para minha surpresa, ele se vira para mim. Quer


dizer, não para mim, mas na minha direção. E sorri,
um sorriso aliviado.

— Aqui está ela! — ele diz, começando a se


aproximar.
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Meu coração dispara, engulo em seco e fico


sufocada com sua beleza.

Ele sorri para mim. — Você pode pegar essa


caixinha atrás de você? — ele me pergunta.

Eu levo um tempo para entender as palavras que


saíram de seus lábios bonitos. Eu sacudo a cabeça.
— Ah… É… Claro. — desajeitada, eu alcanço uma
pequena caixinha de veludo, na cor vermelha, atrás
de mim, e lhe entrego.

— Obrigado. — ele acena com a cabeça para mim


e se vira para Lucca. — Raquel me mataria se
perdesse.

— Então, guarde-a. — Lucca sorri, zombando. Ele


olha para mim e sorri quando Enzo sai da cozinha.
— Você deve ser Juliet, não é?

Abro a boca para responder, mas ainda estou muito


afetada pela beleza do seu irmão, então, fecho-a e
apenas faço que sim.

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— Bom, sou Lucca e aquele idiota que estava aqui


é o Enzo. — ele se apresenta, com um sorriso
bonito. — Também tem o Giovanni, que você logo
vai conhecer. Helena fala muito sobre você.

Eu sorrio abertamente, mas ainda não respondo.

— Então, Juliet — ele se inclina sobre a ilha,


olhando-me seriamente. — Alguma dica para
escapar do terno e gravata?

Ergo uma sobrancelha, divertida. — Que tal você


usá-la durante a cerimonia e, assim que a festa
começar, você retira a gravata, desensaca a camisa
e desabotoa alguns botões? É sexy.

Os olhos azuis, de um tom mais escuros que o do


Enzo, se arregalam com minha ideia. Ele ri,
genuinamente, aprovando e aponta para mim
quando diz: — Eu gostei de você, garota! — então
sai correndo para fora da cozinha, deixando-me
sozinha, com seu irmão na cabeça.

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●●●

O vestido cai bem no meu corpo magro. Não que


eu precisasse vesti-lo para saber. Mamãe sempre
foi boa em comprar roupas para mim, sem mesmo
me fazer experimentá-las. A fenda do vestido, do
lado direito, mostrava bem minha perna e eu me
perguntei se Enzo iria notá-la. Apesar de não ter
realmente um seio, aos vinte anos, de tão pequenos
que eles são, eu optei por usar adesivos, pois
imaginei que assim que pusesse meus olhos sobre o
enteado da minha mãe, os mamilos apareceriam
sob o tecido fino.

Eu paro diante do espelho, no quarto de hóspedes, e


me pergunto se alguma vez eu já estive pensando
em um cara, como eu estou pensando em Enzo. O
que é insano, uma vez que eu o vi apenas uma vez,
em toda minha vida. Eu tive alguns namorados em
minha adolescência, fiquei com outros quando
comecei a faculdade e, mesmo ficando e vendo eles
o tempo todo, eu nunca tive uma reação a eles,
como estou reagindo a esse cara.
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Sorrio radiante para minha imagem no espelho.

Acho que me apaixonei à primeira vista por você,


Enzo.

●●●

O jardim da mansão estava lindo, repleto de flores


brancas e pessoas elegantes. Aparentemente, a elite
do país inteiro estava presente hoje, o que prova
que Hetor Lazzari é um grande homem, com um
nome poderoso.

Mamãe me colocou na primeira fila assim que


cheguei. Com os olhos castanhos, da mesma cor
dos meus, brilhando, ela suspirou: — Você está tão
linda, querida… — ela tocou meu rosto, levemente
maquiado por uma maquiadora profissional. —
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Estou feliz que esteja aqui hoje. Estava com


saudades. É uma pena que você já esteja de partida
amanhã e não teremos um tempo juntas.

Pego sua mão e beijo a palma pálida com carinho.


— Teremos outra chance, mamãe. Por agora, eu
também estou feliz por ver você.

Eu não sabia antes, mas estou feliz por conhecer o


primeiro homem por quem me apaixonei… Eu não
falei essa parte em voz alta, mas eu tenho a
consciência de que ela não vai demorar para
descobrir.

Ela sempre descobre.

— Bem, olhe, lá vem o noivo! — ela diz, com


orgulho na voz.

Eu sigo seu olhar e eu posso sentir meu coração


caindo todo o caminho até o chão.

Não. Não, não, não! Eu não me apaixonei por um


cara que vai se casar!
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Enzo está tão perfeito em um smoking feito sob


medida para ele. O cabelo está arrumado, penteado
para trás, de uma forma sexy. Ele sorri, seu sorriso
perfeito, enquanto anda entre amigos e parentes,
agradecendo toda vez que alguém lhe parabeniza.
Até seu andar é confiante, apesar de que ele parece
um pouco tenso.

Ninguém pode culpá-lo por isso, certo? É o seu


casamento, afinal. Todo mundo em seu lugar ficaria
tenso.

Instintivamente, eu sinto vontade de chorar. Eu não


me lembro de me sentir da forma que sentir quando
eu pus meus olhos sobre ele. Foi apenas uma vez,
mas eu já estava fantasiando quando ele me visse
nesse vestido bonito. Eu até soltei o cabelo e deixei
que me maquiassem, e eu quase nunca faço isso.

Quando ele se aproxima, ele não me olha, mas sorri


para minha mãe. — Então, como eu me pareço
agora? — ele pergunta, abrindo os braços para que
ela o vejo por completo.

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Eu perco o fôlego quando olho para os olhos dele.

Mamãe toca seu rosto com carinho, da mesma


forma que faz comigo. — Você parece com um
homem, querido. — ela diz para ele. — Um
homem bom e bonito.
Eu dou tudo de mim para não gemer na frente
deles.

Bonito é uma palavra muito pequena para descrever


a beleza dele, mamãe.

Ele sorri amplamente para minha mãe, devolvendo


seu carinho, quando um de seus amigos enrosca um
braço em volta do seu pescoço, pedindo licença
para minha mãe e o arrasta para longe.

— Espera um pouco, cara. Você vai me desarrumar


todo. — Enzo reclama, mas ele está sorrindo, se
divertindo. Toda sua tensão se foi nesse momento.

Mas não a minha. Sento-me em meu lugar e aperto


uma mão na outra. Oh, Deus. Eu estou atraída por
um cara que está prestes a se casar. E todos
parecem muito felizes com isso.
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Ele está muito feliz com isso. Ele deve amá-la de


verdade para casar aos vinte e dois anos, eu acho.
Não sei ao certo sua idade. É isso, ou ele
engravidou a garota e os pais dela o obrigaram a se
casar com ela. Mas ele não sorriria dessa forma,
nesse último caso.

A cerimônia segue, a noiva tem uma entrada


triunfal, em um belo e deslumbrante vestido
branco, provavelmente mais caro que qualquer
coisa nesse lugar. E ela é linda. Tão linda quanto
ele é. Ele tem longos cabelos castanhos, olhos
castanhos claros e grandes; tem um sorriso largo, e
as maçãs de suas bochechas saltam quando ela
sorri; o decote do vestido mostra claramente que
seus seios são fartos, ao contrário dos meus que são
tão minúsculos, que eu duvido que alguém os
chame de seios. Eles formam o casal perfeito:
lindos, educados e ricos.

Quando o juiz declarou que o noivo poderia beijar a


noiva, eu perdi um pedacinho do coração. Tentei
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desviar o olhar, mas estava tão hipnotizada com a


forma que ele olhava para ela: como se ela fosse a
mulher mais linda no mundo inteiro.

E ela, de fato, era.

No momento em que eles separaram os lábios, ela


olhou em minha direção e sorriu, tão largo, que
suas maças saltaram coradas.

Eu sorri, fracamente, de volta, porque eu não sou


capaz de esconder me coração partido. É ridículo,
porque acabei de conhecê-lo, mas não é assim que
acontece o tal “amor à primeira vista”? Você olha,
seus olhos se encontram, e então, você está
apaixonada pelo resto da sua vida, mesmo se
casando com outra pessoa e tendo vários filhos?

Bom, eu me apaixonei à primeira vista pelo seu


marido, Raquel.

E isso foi meu fim.

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CAPÍTULO UM – JULIET

Concertar corações e salvar vidas. É o que eu


costumo fazer. É o meu trabalho.

Eu conserto corações de pessoas que vêm até mim


para que eu as conserte. E eu faço com a maior
facilidade. Para mim, pegar um coração nas mãos,
costurá-lo, trocá-lo ou até mesmo ressecar tumores
dentro de caixas torácicas é como um ato de pintar
um desenho para uma criança.

Mas só apenas quando eu estou tratando com


pessoas que não sejam eu mesma. Comigo é
diferente. Eu não consegui evitar que meu próprio
coração fosse se quebrando aos poucos, cada vez
que eu lembrava dele ao longo dos oito anos.

Eu mergulhei nos estudos, me concentrei em ser


uma das melhores cirurgiãs cardiotorácica da
Inglaterra, em seguida, subi ao ranking e fiquei em
décimo primeiro lugar entre as melhores e mais
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procuradas cirurgiãs cardíacas do mundo, com


apenas vite e nove anos, depois de realizar um
estudo sobre congelamento de corações. Eu
namorei ou apenas transei com alguns caras,
também, e tudo isso tentando esquecer a imagem
dele, que insistiu em ficar grudada na minha mente
desde o dia em que coloquei meus olhos nele.

No dia de seu casamento.

No dia em que meu coração se partiu pela primeira


vez, quando descobri que ele era o noivo.

Mas foram oito anos, e de alguma forma, eu


cheguei a acreditar que essa obsessão era coisa da
minha cabeça; Que eu não sentiria mais nada
quando eu o visse outra vez.

Porém, eu estava errada.

Estou de frente para ele agora, vendo-o conversar


com um dos convidados do seu pai, com as mãos
casualmente enfiadas nos bolsos de sua calça preta.
E meu coração perde mais um pedacinho quando
meus olhos absorvem sua beleza inquietante. Seus
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cabelos estão mais longos que da última vez, assim


como a barba que toma conta de seu queixo e
mandíbulas. Ele parece mais velho, também, e não
é porque se passaram oito anos e ele tem trinta e
um agora. Embora sua postura esteja perfeitamente
ereta, como de costume, ele parece cansado.

E seu sorriso… Ele não apareceu em nenhum


momento em que eu estive olhando para ele. E eu
lembro de ter amado seu sorriso, antes mesmo de
começar amar ele por inteiro.

— Se passaram tantos anos, mas você ainda é uma


menina apaixonada. — a voz suave da minha mãe
soa calma, porém, com um toque de diversão.

Só ela, além da minha melhor amiga, sabiam sobre


meu encantamento pelo filho mais velho de seu
marido.

Eu suspirei um sorriso, piscando para ela, e


balancei minha cabeça, negando. — Não, eu não
sou. Estou apenas olhando todas essas pessoas
desconhecidas.

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Mamãe sorri divertida, quando se inclina e beija


minha bochecha. — Oh, sim. Sei… — Ela passa
sua mão pelos meus cabelos, ajeitando-os por trás
de minha orelha. Seu sorriso é carinhoso, assim
como seu olhar, quando ela segura suavemente um
lado do meu rosto. — Estou feliz que esteja aqui,
querida.

— Eu também estou. — Eu digo, segurando sua


mão, e inclinando meu rosto contra ela.

Eu sentia falta do carinho dela, de seu cheiro, sua


voz, seus conselhos. Sentia falta de tudo, desde que
ela resolveu vir morar com seu novo companheiro,
e eu tive que ficar na Inglaterra por causa da
faculdade. Eu ainda vivia em nossa casa, com todas
suas coisas ainda lá, mas não era a mesma coisa
que tê-la em casa todos os dias; De vê-la quando
chegasse em casa, depois de um dia cansativo no
hospital; De comer sua comida.

Eu tinha vinte anos quando ela veio para os Estados


Unidos, mas eu me senti como se tivesse apenas
doze. Eu tinha que ligar quando tinha que colocar
roupas para lavar, ou quando eu inventava de
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cozinhar, mas não sabia como, ou quando algum


cara me chamava para sair, e eu não sabia se dizia
sim ou não.

Mamãe se afasta um passo apenas para me olhar de


corpo inteiro. Eu havia chegado a apenas três horas,
e tinha ido direto para o hotel, – contra sua vontade
– então, ela ainda não tinha me visto, até agora. —
Você está tão magrinha… — repreendeu ela,
torcendo os lábios em desgosto.

Não pude evitar sorrir, e a puxei para um abraço


forte, de verdade. Quando me afastei, passei meus
polegares abaixo de seus olhos, limpando as
lágrimas que resolveram aparecer por ali. —
Mamãe, você não precisa chorar! — Eu disse,
sorrindo. — Eu sou uma cirurgiã. Eu passo mais
tempo dentro de uma sala de cirurgia, do que eu
passo fazendo qualquer outra coisa. É normal que
eu esteja mais magra que antes, quando eu era
apenas uma estudante.

Ela toca minha cintura em ambos os lados, como se


tivesse me medindo. — Mas você precisa se
alimentar, Juliet!
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— E eu tento, eu juro! — Eu digo e pego seu rosto


entre as mãos, abaixando minha cabeça para beijar
sua bochecha. — Quando eu não consigo fazer algo
que preste na cozinha, eu peço em algum
restaurante próximo. Mas isso é quando eu consigo,
pelo menos, seis horas de folga. No hospital eu
preciso me contentar com torradas e cafés. Muitos
cafés.

Ela me olha com reprovação, mas acaba


suavizando e sorri, quando eu ergo uma
sobrancelha brincalhona para ela.

Por instinto, meus olhos voltam a percorrer a


grande sala dos Lazzari, até que se chocam
novamente nele.

Ainda está conversando com o mesmo homem de


antes, mas o grupo aumentou, com seus irmãos e
mais alguns senhores de meia-idade. Quando seu
irmão mais novo, Lucca, segura em seu braço e se
inclina para falar em seu ouvido, Enzo abaixa o
queixo e franze as sobrancelhas para ouvir,
enquanto seu olhar está em algum ponto no chão.
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Ele ouve atentamente o que seu irmão está dizendo,


em seguida, ele acena com a cabeça, confirmando
alguma coisa e volta a ficar com a postura ereta.

— Como ele está, mãe? — Eu me pego querendo


saber. Eu não preciso especificar quem, porque ela
sabe muito bem.

Eu soube que há onze meses, ele perdeu sua mulher


em um acidente de carro. Um lado egoísta e muito
ruim meu ficou animado e feliz, por saber que ele
estava livre, mas o outro lado – o bom e protetor –
ficou arrasado por ele. Mesmo querendo vir para o
enterro, eu não pude, pois tinha várias cirurgias
para fazer. Mas eu estava sempre ligando e
mandando mensagens para minha mãe, querendo
saber como ele e sua filha estavam.

A resposta era sempre a mesma: Destruídos.


Arrasados.

E toda vez que eu fechava os olhos e imagina ele


dessa forma, algo dentro de mim enlouquecia, e eu
só queria chorar por ele.

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Houve um suspiro do meu lado, quando minha mãe


seguiu meu olhar. — Ele está na medida do
possível. — diz ela, com uma voz triste. — Não há
mais aquela luz de antes. Ele mal sorrir agora, a
não ser quando está diante de Mia. Talvez porque
não quer que ela fique triste, eu não sei… Apenas
está sendo, claramente, difícil de superar.

Eu aceno distraidamente, antes de desviar meus


olhos dele e focar em meus pés. Eu sei que deve
estar sendo bastante difícil para ele, porque eu
tenho que lidar com a perda o tempo inteiro dentro
do hospital, e muitas das vezes, eu que dou a
notícia aos parentes. Então sim, eu sei o quão difícil
está sendo.

E lá se foi mais um pedacinho do meu coração.

Mas eu levanto a cabeça e forço um sorriso para


minha mãe. — Certo. Mas você precisa me
apresentar as pessoas novas dessa família. — Eu
digo, e estendo a mão para pegar uma taça de vinho
na bandeja de um garçom que está passando por
nós. — Eu soube que Lucca e Giovanni se casaram.
E, meu deus, ambos têm filhos agora?
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●●●

Mais tarde, no quarto de hotel, eu tento relaxar meu


corpo em um banho de banheira, logo depois, falo
ao telefone com meu pequeno Jax. Eu precisei
deixá-lo em Londres por causa das aulas, mas me
certifiquei que alguém estivesse com ele em casa,
quando ele chegasse.

Ele odiou, claro. Insistiu várias e várias vezes que


tinha idade o suficiente para ficar sozinho, e que eu
ficaria velha rápido se não parasse de me preocupar
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tanto. Ele até teve a ousadia de dizer que estava


vendo cabelos brancos em mim!

E ele só tem quatorze anos!

Após ter a certeza de que ele estava bem, eu me


enrolei no roupão supermacio do hotel e me deitei
na espreguiçadeira do lado de fora do quarto. Eu
gostava e era acostumada com o frio e a chuva
constante de Londres, mas eu também gostava
muito da brisa de verão da Califórnia. Eu poderia ir
a noite tomar um banho de praia, e não ficaria com
o frio que eu fico em Londres só de tomar alguns
chuviscos leves de chuva.

Eu me ajeito na espreguiçadeira e fecho os olhos.


Imagens de Enzo começam a passar em frente aos
meus olhos, como slides lentos, e preguiçosos. Sua
barba por fazer, seu maxilar duro, assim como sua
expressão, seus olhos azuis desbotados, o modo que
seus cabelos agarram em sua nuca…

Deus, ele conseguia ficar perfeito até em seus


piores dias!

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Eu estou toda derretida sobre a cadeira, e ele nunca


sequer olhou para mim por mais de dez segundos;
tampouco, nos vimos por mais de três vezes.

Uma vez quando eu o vi pela primeira vez, um dia


antes de seu casamento.

Outra no dia de seu casamento.

E outra hoje.

Eu apenas o via às vezes em blogs e revistas,


depois disso. Apenas quando ele permitia que
fotografassem ele ou quando saía alguma matéria
sobre grandes empresas pelo mundo.

E eu o mantive em minha cabeça por todos esses


anos. Eu nem sei se ele sabe realmente quem eu
sou, uma vez, que a única vez em que nos falamos
não foram mais que sete palavrinhas de sua parte, e
uma palavra da minha.

Mas aqui estou eu. Uma mulher de vinte e nove


anos, com uma carreira que dá inveja a muitas
pessoas por aí, e suspirando apaixonadamente por
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um homem que há onze meses não via outra mulher


em sua frente, que não fosse sua esposa.

Resumindo: Eu sou um caso perdido.

●●●

No dia seguinte, eu acordei às sete horas e fui ao


hospital UCLA Medical Center[1] para conhecer o
paciente pelo qual eu precisei vir até aqui. Eu
passei a manhã inteira me inteirando sobre seu caso
com seu antigo médico.

Na hora do almoço, eu mandei uma mensagem para


que minha mãe me encontrasse em um restaurante
de comida local, a duas quadras do hotel em que
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estou hospedada. Ela chega em um SUV preto, e


um homem de terno, com postura de um militar,
abre a porta traseira e a ajuda sair.

Sorrindo, eu coloco minha água de lado enquanto


assisto ela vir até mim, toda “senhora Lazzari” em
vestido amarelo e salto alto, porém, confortável.

— Olha só… — eu comecei, provocando-a quando


ela se sentou em uma cadeira do outro lado da
mesa. — aquilo foi um motorista, mãe?

Ela olhou para trás, para onde seu motorista estava,


profissionalmente, encostado contra o grande carro,
e então se voltou para mim com um sorriso um
pouco envergonhado. Ela bufa. — Sim. Hetor faz
questão que eu tenha um.

— Bom. Porque eu estava tentada a carregar você


de volta para Londres, mas vejo que Hetor está lhe
tratando como a rainha que é.

Eu pisco, sorrindo para ela, e aceno para um


garçom. Peço uma salada, com batatas fritas e um
suco de laranja com pouca açúcar, ignorando o
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olhar feio que minha mãe está me enviando.

— Venha jantar hoje conosco. Hetor quer vê-la


melhor. — Mamãe diz, quando o garçom se afasta
com nosso pedido. — E assim poderá comer
comida de verdade, saudável.

Suspirando, eu puxo meu cabelo para cima do


ombro e olho para ela, com um sorriso. — Eu
adoraria. Ontem não deu para falar com ninguém,
com tantas pessoas circulando por lá.

Ela me oferece um sorriso largo, radiante e


animado. — Ótimo. Todos estarão lá… todos.

Meus lábios se espremeram um no outro em uma


linha fina quando peguei sua sugestão. — Pode
parar, mamãe. — Eu pedi, ignorando as borboletas
em minha barriga que começaram a sapatear,
alegremente. — Se eu for para esse jantar, com
certeza, não será por causa do Enzo. Não faz nem
um ano que ele perdeu a mulher ainda.

Minha mãe acena com a cabeça, mas seu sorriso


ainda está lá, com um toque malicioso sobre ele.
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Ela não está desistindo assim tão fácil. Eu a


conheço. Ela tem a mesma expressão que tinha
pouco antes da minha formatura, quando botou na
cabeça que eu deveria ir com Chad Michael, o
garoto mais popular da escola e minha paixão de
adolescente. Eu pedi pra ela deixar para lá, porque,
provavelmente ele iria com Emma Reese, a garota
mais popular, mas minha mãe não ficou quieta, e eu
acabei no baile ao lado de Chad.

Foi a noite mais feliz da minha adolescência,


mesmo que no meio da noite, Emma e suas amigas
conseguiram derramar bebida em meu vestido.

O lado ruim? Eu precisei voltar para casa mais


cedo.

O lado bom? Chad me ofereceu seu casaco e voltou


para minha casa comigo. Nós terminamos a noite
lá, no telhado da minha casa, tomando chocolate
quente e olhando as formas que as estrelas faziam.

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CAPÍTULO DOIS – JULIET

Eu precisava estar na casa da minha mãe dentro de


uma hora, mas ainda não tinha nem começado a me
vestir. Eu não tinha roupa para um jantar. Não
havia trazido nada além de algumas roupas básicas
para ir ao hospital, o vestido que usei na noite
passada, e um macacão de tecido, na cor preta. Eu
olho para ele, espalhado sobre a cama do hotel
enquanto coço minha mandíbula. É minha única
opção, na verdade. É ele, ou o vestido que eu já
havia usado lá, ou um par de jeans. Eu realmente
não tenho que pensar muito, então, eu retiro meu
roupão e visto o macacão.

Ele é longo, cintura alta e com alças fininhas.


Ficava bom no meu corpo magro e eu não
precisava usar sutiã, uma vez que meus seios eram
minúsculos e o macacão fazia bem o trabalho de
escondê-lo.

Eu também não tenho muitas opções de sapatos,


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então eu calço a mesma sandália alta que usei


ontem, assim como a esma pulseira grossa. Eu
deixo meus cabelos soltos e faço uma maquiagem
para noite e um batom vermelho. Quando termino,
eu me olho no espelho e meu nariz se enruga. Eu só
preciso de maquiagens e saltos altos quando tem
algum evento médico para ir. Até quando eu tenho
que ir na escola do Jax, eu apenas prendo meu
cabelo em um rabo de cavalo e visto um par de
jeans.

Quando eu desço do táxi em frente a mansão


Lazzari, eu sou um poço de nervosismo. É
necessário que eu conte até dez antes entrar na
casa.

Já estão todos lá. E minha mãe não estava


brincando quando disse “todos”, porque realmente
estavam.

Eu cumprimentei um por um com um beijo no


rosto, menos Enzo. Ele estava distante de todos,
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sentado em uma poltrona perto da parede de vidro


com vista para os jardins. Ele estava inclinado para
frente, com os cotovelos em seus joelhos, enquanto
balançava sua mão para mexer o uísque em seu
copo, e tudo que fez foi olhar para mim por alguns
instantes. E eu prendi a respiração nesses mínimos
segundos.

— Espero não ter me atrasado. — Eu digo,


forçando um sorriso quando minha garganta fica
seca. Eu sento ao lado da minha mão, e
carinhosamente, ela segura minha mão. Olho para
ela, agradecendo. Estava tão nervosa por estar tão
perto dele…

— Ora, non ti preoccupare. — Alessa, que era só


uma menininha quando a conheci, sorri para mim.
— Ainda estamos esperando por alguém.

Lucca se levanta em um pulo quando um


menininho rechonchudo vai engatinhando para
baixo do centro da sala. — Por aí não, filhão! —
Ele pega o menino em seus braços e olha para mim.
— Na verdade, você chegou cedo. Do jeito que o
Ethan é, nós vamos jantar de meia-noite.
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Sorrio um suspiro aliviado. Eu estava tão ciente de


que Enzo estava bem atrás de mim, que eu estava
sentindo minhas mãos tremerem. Meu corpo, assim
como minha mente, estava em alerta. Eu tinha a
noção de que bastava mover minha cabeça para o
lado, na direção de Alessa, e eu seria capaz de
visualizá-lo com minha visão periférica.

A conversa se manteve tranquila enquanto


jantávamos. Eram conversas aleatórias. Em sua
maioria sobre as crianças. Enzo não falou sequer
uma palavra; Ele apenas estava sentado lá,
comendo e, vez ou outra, ele ajudava Mia a cortar a
carne.
— Então, Juliet — Hetor chamou. — soube que
você veio de tão longe apenas a trabalho.

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Eu acenei enquanto limpava minha boca com o


guardanapo, em seguida, o devolvi para meu colo.
— Sim. É a verdade, infelizmente. — Eu digo. —
Se trata de um menininho que não tinha condições
de viajar, então, a UCLA me chamou aqui. O lado
bom, é que eu pude ver minha mãe e vocês, claro.

— Mas o que exatamente você veio fazer nesse


menininho? — Melissa, a esposa do Lucca,
perguntou.

— Um transplante de coração. — Eu respondo. Eu


estou tentando olhar diretamente para ela, e ignorar
que Enzo está bem do seu lado esquerdo. — No
caso dele é um procedimento raro ainda, mas eu já
o fiz três vezes em Londres.

Melissa acena, com curiosidade, mas antes que ela


possa falar qualquer outra coisa, a zoada do arrastar
de uma cadeira contra o piso soa e Enzo se levanta.
Eu engulo em seco após o pequeno susto e olho
para baixo, para meu prato, porque eu,
simplesmente, não posso olhar em sua direção
agora.
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— Desculpem. Eu preciso de um pouco de ar. —


Ele diz, com sua voz tão bonita e baixa.

E eu tremo.

Eu, literalmente, tremo.

E então eu estou batendo meus indicadores contra


meus talheres, sentindo meu rosto inteiro esquentar.
Eu só conseguia pensar em como seria melhor para
minha sanidade eu ter ficado no hotel. Eu teria
estado melhor lá. Eu pediria alguma comida e
estudaria mais os exames do meu paciente, até
umas onze da noite, quando eu poderia ligar para
minha casa em Londres e pegar o Jax acordado
com uma videochamada, antes que ele saísse para a
escola.

Mas não. Em vez disso, eu escolhi aceitar o convite


da minha mãe e aqui estou eu, sentada na mesa da
nova família da minha mãe e, por algum motivo,
me sentindo culpada pelo silêncio que se
estabeleceu sobre a mês agora.

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Eu olho para minha mãe quando eu ouço os passos


pesados – que eu presumi ser do Enzo –
começarem a sumir e ela me oferece um olhar
carinhoso e preocupado. Ela era o principal motivo
de não estar arrependida cem por cento. Eu queria
passar mais tempo com ela e não seria uma
paixãozinha absurda de oito anos atrás que
estragaria isso.

Após alguns instantes, eu retirei o guardanapo do


meu colo. — Eu posso usar o toalete? — Eu
preciso me inclinar na direção da minha mãe, para
que a pergunta saia apenas para ela.

— Claro. Você ainda lembra onde fica?

Eu confirmo com um sorriso, tentando tranquilizar


seu olhar preocupado e peço licença a todos antes
de sair.

No banheiro, eu passo uns instantes me olhando o


grande espelho. Meu rosto estava bastante corado,
do jeito que imaginei. Era exatamente a forma que
eu fiquei as poucas vezes que estive perto dele. Eu
não queria estragar a maquiagem, então eu molhei
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minha mão e toquei meu pescoço. Ele estava um


pouco suado pelo nervosismo. Eu faço o mesmo
com minha nuca, afagando um pouco para aliviar a
tensão. Quando termino, enxugo com lenço de
papel e saio para o corredor.

Eu estava fechando a porta quando uma figura alta


em uma varanda chamou minha atenção.

Era ele.

Ele estava lá, a uns sete ou oito passos de mim. Ele


estava de costas, no entanto, com as mãos enfiadas
nos bolsos da calça, e sua cabeça levantada
levemente para cima, como se ele tivesse olhado
para o céu. O vento sopra bagunçando seus cabelos
e traz o seu perfume para mim.

E, novamente, eu tremi.
Ele estava tão longe, mas cheirava tão bem. Eu
queria poder chegar mais perto e enfiar meu nariz
em seu pescoço e sentir melhor. Ele se moveu um
pouco para frente, segurando na grade da cerca e
abaixou a cabeça, deixando-a entre os ombros
largos.
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— É o primeiro jantar em família sem a Raquel.

Eu tomo um pequeno susto quando a voz baixa de


Alessa soa atrás de mim. Eu me viro para vê-la de
braços cruzados, olhando na direção da varanda,
sua esta franzida em preocupação.

Ela olha para mim e me oferece um pequeno


sorriso, quase que se desculpando. — As pessoas
disseram que ele superaria com o tempo e ele
estava indo bem, mas então hoje a Mia lhe
perguntou o por quê que a Pérola e o Ben estavam
com suas mamães e ela não.

Eu observo suas costas e vejo quando ela tensiona


levemente quando ele balança a cabeça, retirando o
cabelo do rosto. Eu posso sentir meu peito se
apertando. Eu odeio tanto saber que ele está
sofrendo.

Ele não merece isso. Ninguém merece.

— Ela era sua mulher e mãe de sua filha. — eu falo


baixinho para Alessa. — O tempo pode fazê-lo se
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acostumar com a dor, não superar. É óbvio que ele


a amava demais. Ninguém nunca supera uma perda
assim.

Meu peito apertava mais a cada palavra que saía da


minha boca. Eu tinha a noção de que o homem do
qual eu estou – de alguma forma desconhecida –
sentindo algo, nunca me veria, ou a qualquer outra
mulher, da mesma forma que via sua esposa. Eu
nem sabia o motivo pelo qual eu me apaixonei por
ele. Nós moramos tão longe um do outro e, por
mais que eu passei esses oito anos com ele na
minha cabeça, eu imaginava que era apenas uma
paixãozinha idiota, um tesão reprimido, já que o
homem é um deus italiano, que grita “sexo” em
cada movimento seu.

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CAPÍTULO TRÊS – JULIET

Quando voltei para o hotel, após o jantar, eu estava


mentalmente exausta, e ainda um pouco nervosa.
Eu troquei minhas roupas por uma mais confortável
e procurei ocupar minha mente.

No caminho de volta, no banco de trás de um táxi –


do qual eu precisei insistir para pegar, meus
pensamentos insistiam em voltar para Enzo. Eu via
seu rosto com a expressão perdida enquanto ele
jantava, o olhar vazio que ele me dirigiu quando
cheguei, o modo em que seu corpo estava tenso
naquela varanda…

É o tipo de coisa que eu jamais poderei mudar.


Talvez, até nunca terei uma chance de tentar.

Eu sou apenas a garota, filha da esposa de seu pai,


que apareceu uma vez, justo no dia de seu
casamento, em seguida, no primeiro jantar em
família sem sua esposa.
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Nada vai tirar da minha cabeça que, por algum


motivo, foi minha culpa ele ter se levantado
daquela mesa.

Meu peito ainda está um pouco pesado quando eu


me sento de frente para meu computador e chamo
por Jax. São onze horas aqui em Los Angeles, o
que significa que já está quase na hora dele sair
para escola em Londres.

Ele aparece já tomado banho, mas seu cabelo ainda


está uma bagunça molhada. — Oi, J1. — Ele diz
enquanto coloca alguns livros dentro de sua
mochila.

— Ei, J2. — eu sorrio, o peso do meu peito


diminuindo na medida em que meus olhos
permanecem nele através da tela do computador.

Eu tenho criado Jax desde que ele tinha apenas


nove anos. Sua mãe era minha melhor amiga de
infância. Nós fazíamos tudo junto, até decidimos
fazer a mesma faculdade para não nos separarmos.
Estava tudo ótimo. Tínhamos empregos bons, no
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mesmo hospital e quando minha mãe veio para a


América, ela se mudou para minha casa. Até que há
pouco mais de cinco anos, ela sofreu um acidente –
bem parecido com o da Raquel, e morreu de
traumatismo craniano. Como o pai de Jax nunca
procurou por ele, eu era a pessoa mais próxima,
então eu o assumi e venho cuidando dele desde
então. Apesar de que nossa relação é parte mãe e
filho e parte irmã e irmão, eu o amo como um filho.

J1 e J2 é uma coisa apenas nossa, já que nossos


nomes começam com J.

Jax fecha a mochila e a coloca para baixo, então ele


pega sua caneca de vitamina e a leva para boca. —
Eu achei que você não ligaria hoje. — Ele toma
mais um gole de sua vitamina e pisca os olhos
negros para mim.

Eu ajeito minhas pernas sob meu corpo. — Não


deixaria de ligar, sabe disso. Não consigo dormir
sem antes saber como você está.

Ele revira os olhos, divertido. — Tirando o fato de


que tenho uma babá, eu estou bem. — diz. — Eu
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tenho estudado para as provas na semana que vem,


mas…

Arqueio minha sobrancelha quando vejo que ele


hesita. — Mas…?

— Mas, convidei uma garota para sair na sexta a


noite. Vamos ao cinema. — Ele para me olha com
expectativas. Muitas delas. — Se você deixar,
claro.

Eu fui pega de surpresa. Eu abro a boca para falar,


mas a fecho em seguida, e então eu solto uma
pequena e silenciosa exclamação, um pouco
chocada. Eu tinha noção de que ele estava
crescendo, mas não imaginava que ele pediria para
sair com uma garota aos quatorze anos. — Eu acho
que por mim… tudo bem!? — Eu digo, ainda um
pouco surpresa. — Apenas tome cuidado e volte
para casa antes das dez, por favor.

E o que acontece em seguida é um dos motivos


pelo qual eu faço de tudo por ele. Ele sorri. Ele
sorri e seu sorriso é o mais lindo que eu já vi em
um menino tão jovem. A forma como sua covinha
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única na bochecha direita se afunda, e faz imaginar


quantas garotas irão se derreter por esse sorriso no
futuro.
Jax se inclina pra pegar a mochila e a pendura
sobre o ombro. — Certo, J1. Eu mando mensagem
para você saber que horas eu saí e que horas vou
chegar. — Ele pisca um olho para mim. — Você
vai ligar amanhã?

— Pode apostar que sim. — Eu digo, sorrindo pra


ele. — Tenha um bom encontro e, por favor, Jax,
penteia esse cabelo antes de sair para a escola.

●●●

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— Dra. Harret?

Eu levanto os olhos do meu tablet e vejo um


médico se aproximando. Eu mudei meu peso de
perna e observei enquanto ele caminhava. Ele
aparenta ter uns trinca e dois a trinta e três anos.
Seus cabelos eram de um tom louro queimado e os
olhos eram pequenos e verdes. Quando para em
minha frente, ele me oferece uma mão.

— Sou Peter Anderson, chefe da plástica. — Ele


está sorrindo para mim, e eu não posso deixar de
notar que é um sorriso bonito. Ele é um homem
bonito. Ele também é alto; Pelo menos uma cabeça
mais alto que eu.

Eu pego sua mão e balanço. — Prazer em conhecê-


lo, dr. Anderson.

Seu sorriso bonito amplia enquanto ele mantém


seus olhos nos meus. — Peter, por favor. — Ele
pede. — Seremos colegas de trabalho por um
tempo, certo?

— Um mês. — Eu esclareço. — E você pode me


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chamar pelo primeiro nome.

— E qual seria? — Ele ainda não largou minha


mão, mas eu não estou fazendo nenhum movimento
também.

— Juliet.

Um brilho divertido toca seus olhos verdes. Ele


alça uma sobrancelha e minha boca se abre em um
“O” quando percebo que ele está brincando
comigo. Eu ri. — Desculpe, não pude evitar. Você
é Juliet Harret! Eu acho que todos aqui conhecem
bem você. Especialmente, eu.

Eu faço minha melhor expressão de surpresa. —


Oh. Então você é um fã meu?

— Eu não disse isso. — Peter olha o relógio em seu


pulso, em seguida, ele toca meu braço, em um ato
de despedida. — Tenho cirurgia agora, mas, se
quiser, podemos tomar um café mais tarde.
Adoraria saber como você pensou no lance de
congelar corações.

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Sorrio e confirmo com um aceno de cabeça. — Eu


adorarei contar para você, em detalhes, dr.

Duas horas mais tarde, eu tenho meu celular na


mão enquanto espero a ligação do hospital onde se
encontra o meu doador. Eu estou andando pela
emergência do hospital, ansiando pelo telefonema,
quando vejo uma menininha de cabelos claros,
muito familiar, sentada em uma das camas.

Preocupada, eu me aproximo. — Mia, o que


houve? — Eu pergunto, mas não é preciso ouvir
sua resposta.

Quando ela se vira para mim, eu vejo o corte no


topo de sua testa. Há sangue escorrendo pela sua
têmpora, bochechas e pescoço.

— Cristo! O que aconteceu? — Eu pego seu rosto


pequeno em minhas mãos para examinar a
profundidade do corte.

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Não é tão fundo, para meu alívio, mas vai precisar


de pontos.

— Eu estava na piscina e escorreguei. — Ela


responde. Ela está calma, sem chorar, o que é uma
coisa boa. Geralmente as crianças choram horrores
quando se machucam, mas pelo visto, não ela.

Eu pego o kit de suturação da enfermeira que veio


atendê-la e digo que eu mesma farei. Eu puxo um
banquinho e sento-me de frente para ela. Enquanto
eu coloco as luvas, eu lhe ofereço um sorriso para
logo depois desmanchá-lo. — Quem te trouxe,
Mia?

Ela aponta para o outro lado da sala, onde uma


jovem está assinando os papéis, de forma muito
nervosa. — Treena. Papai a deixa cuidando de
mim.

Tentando ignorar as borboletinhas em minha


barriga, eu sorrio de forma mais carinhosa possível.
— Tudo bem. Você se lembra de mim, certo? Sabe
quem eu sou?

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Ela assente. — Você é a filha da minha vovó. Eu vi


você ontem.

— Isso. Meu nome é Juliet. — Eu pego o algodão e


a água. — Olha, eu vou limpar todo esse sangue e
depois, nós vamos fechar esse corte, tudo bem?

Ela me olha desconfiada. — Vai doer?

Sacudo a cabeça. — Prometo que não. — Começo


a limpar o sangue com cuidado. Minha garganta
está coçando para lhe fazer a pergunta, mas estou
procurando uma forma de fazer isso, sem
demonstrar o quanto me afeta, mesmo ela sendo
apenas uma criança de sete anos. Eu jogo o algodão
usado em uma lixeira próxima. — Seu pai já está
sabendo?

Ela encolhe levemente os ombros. — Treena disse


que ligaria pra ele. Você acha que ele vai ficar
bravo?

— Não foi culpa sua ter escorregado, querida. As


crianças costumam cair bastante, em várias
circunstâncias.
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— Eu sei, — ela diz, mas sua voz abaixa alguns


tons, como se ela quisesse que apenas eu escutasse.
— mas eu não quero que ele fique bravo comigo.

— Ele não vai ficar. — Eu olho em seus olhos,


garantindo isso.

Eu estou prestes a terminar a sutura quando Enzo


entra na emergência, como se fosse o próprio
furacão. Ele corre até nós, com uma expressão
beirando o apavoro. Ele segura o rosto pequeno de
sua filha nas mãos, analisando os pontos, mas só
quando Treena se aproximou, ele se expressou: —
Aonde você estava, que não viu isso acontecer?

A mulher se encolheu, como qualquer pessoa em


seu lugar faria, devido ao olhar duro de Enzo neste
momento. — E-eu sinto muito, senhor. Eu apenas
fui pegar um copo de suco para ela-
— Eu tenho quinze pessoas trabalhando na minha
casa por um motivo! — Enzo gritou,
interrompendo-a e assustando a todos no local.
Inclusive eu.
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Eu olhei chocada ao redor, vendo os pacientes e


algumas enfermeiras e médicos olhando para nós,
até que vi sua filha com olhos arregalados. —
Enzo, você precisa se acalmar. — Eu digo pra ele
enquanto retiro minhas luvas. — Está tudo bem
agora. Foi só um corte.
Ele se vira e olha para mim.
Sim. Ele olha para mim. De verdade. Seus
perfeitos, incríveis e quase insuportáveis olhos
azuis estão fixados em mim agora. Nos meus olhos,
no meu rosto. Em mim.
O meu coração bobo pulou algumas batidas e meu
interior esquentou, mas por fora eu estava com
minha expressão profissional.
— Juliet? — Ele parecia surpreso quando
pronunciou meu nome, mas eu não me importei
porque eu adorei o modo como soou saindo de sua
boca.
Soou quente. Ou pelo menos, foi o que eu achei.
Eu acenei e joguei as luvas fora. — Sim. Eu mesma
cuidei dela, não precisa se preocupar. Acidentes
acontecem.
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— Acidentes matam pessoas. — diz ele, ríspido.


Eu sei que ele está se referindo ao acidente que
matou sua esposa, então eu me arrependo de ter
dito aquilo. Eu passei oito anos para falar com ele
novamente, e quando eu faço, não é uma coisa boa.
Puxei uma respiração e coloquei minhas mãos
dentro dos bolsos do meu jaleco quando forcei
meus olhos a encontrarem os seus, e vi algo negro
lá, se misturando com a tempestade azul. — Escuta,
eu entendo, tudo bem? Eu tenho um menino de
quatorze anos em casa, então eu sei o que é isso.
Mas eles são crianças e crianças se machucam o
tempo todo. É da natureza deles. A sua filha teve
apenas um pequeno corte na testa, que eu já resolvi.
Ela nem chorou. — Eu olho brevemente para Mia e
pisco um olho para ela. — Ela estava apenas com
medo de que você ficasse bravo. — Eu completo.
Seus olhos aliviam um pouco e ele continua me
encarando.
Eu sou capaz de ouvir os batimentos do meu
coração através da veia pulsando em meu pescoço,
mas eu não desvio meus olhos. Eu apenas luto para
ele não notar o quanto ele me afeta.
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Após alguns instantes – que mais parecem um


milênio – ele assente duramente e retira os olhos
dos meus e passa ambas as mãos pelo rosto e
cabelos. Ele suspira pesado e, em seguida, ele me
faz prender minha respiração quando toca meu
braço e deixa sua mão lá por uns segundos quando
diz: — Me desculpe, eu acho que perdi a cabeça.
Obrigado por ter cuidado da Mia.
Eu forço um sorriso amarelo, meus olhos um pouco
arregalados, cientes do formigamento em meu
braço, no local onde sua mão estava. Eu fico parada
em meu lugar, com o ar preso na garganta enquanto
vejo ele pegar Mia no braço.
Ele olha para mim uma última vez, olhando bem
nos meus olhos, e acena em despedida. Então eu
vejo ele sair, carregando Mia e Treena logo atrás,
ainda um pouco assustada.
Só quando eles somem do meu campo de visão, eu
deixo meus pulmões trabalharem.

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CAPÍTULO QUATRO – ENZO

Assustado não chega nem perto de descrever meu


estado quando recebi a ligação, informando que
minha filha estava no hospital.
Eu estava desesperado, e por um momento
enquanto eu ouvia Treena falando no telefone, eu
fiquei paralisado com o medo. Em seguida, eu
abandonei a reunião em que estava e me apressei
até o hospital. As lembranças me invadiram no
momento em que eu pisei na ala da emergência, e
ver minha única filha lá sentada, enquanto uma
médica cuidava dela, foi o suficiente para que eu
perdesse a cabeça.
E não foi apenas uma médica; foi Juliet, a filha da
esposa do meu pai, que é uma médica conhecida
por cuidar de casos graves.
Quando eu a vi, logo os pensamentos negativos
vieram com tudo. Por que ela estaria ali, se não
fosse grave, afinal? Treena mentiu pra mim quando

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disse que foi apenas um corte na cabeça?


Então eu chamei seu nome porque eu não
conseguia acreditar. Talvez eu estivesse tão
desesperado, que estava começando a ver coisas.
Eu olhei bem para ela enquanto ela falava sobre
como sabia o que eu estava passando.
Ela não poderia saber. Ninguém que não passou por
isso, poderia.
Só quando ela disse que Mia estava medo, eu
consegui relaxar, minimamente. E agradeci a ela,
apesar de estar um pouco constrangido. Essa foi a
segunda vez que causei mal impressão. A primeira
foi ontem, no jantar na casa do meu pai.
Juliet não tem nada a ver com meus problemas,
mas minha cabeça encontrou um jeito de fazê-la
ter, e mesmo eu sabendo que é errado, eu não
consigo fazer parar. A primeira vez que a vi, era o
dia do meu casamento com a Raquel; então quando
a vejo novamente, é no primeiro jantar de família
sem minha esposa.
É uma coincidência de muito mal gosto. Eu mal
consegui ficar sentado naquela mesa sem pensar na
Raquel entrando na igreja, vestida de noiva.
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Eu parei no batente do quarto de Mia e a vi sendo


colocada na cama. Eu ainda não tinha conversado
com ela desde que voltamos do hospital, então eu
entro no quarto e digo a Treena que ela pode ir
dormir. Havia pedido desculpas por gritar com ela,
mas pedi que ficasse mais atenta.
Crianças se machucam, como Juliet falou, mas todo
cuidado é pouco. E, por isso, com minha filha, eu
duplicaria o “todo”.
Deitei na cama e Mia se aconchegou no meu peito.
Eu beijei sua cabeça. — Eu sinto muito por ter
gritado mais cedo. — Eu digo pra ela. — Fiquei
com muito medo de perder você.
— Tudo bem, papai. Eu estou com saudades da
mamãe, mas não quero deixar você.
Eu engulo a ardência em minha garganta e seguro
ela mais perto. Eu também sinto falta da Raquel.
Ela provavelmente saberia lidar mais com esse
pequeno acidente. Ela teria segurado Mia em seus
braços e procurado saber com Treena como aquilo
havia acontecido, e não gritado com a pobre moça
como eu fiz. Eu sinto sua falta todos os dias, e não
importa que já tenha passado onze meses, a dor a
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mesma de quando os médicos me disseram que ela


havia partido.
— Papai? — Mia chama, sua voz já bem sonolenta.
— Sim?
— Convida a Juliet para meu aniversário. — ela
pede, em seguida ela boceja, esfregando os
olhinhos. — Eu gostei dela. Ela me deu um band-
aid da Cinderela.

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CAPÍTULO CINCO – JULIET

— Pensei que você tinha alguém para fazer isso por


você. — eu digo para minha mãe enquanto empurro
o carrinho de supermercado pelo corredor de frios.
Eu acordei com uma mensagem dela, pedindo para
que eu a encontrasse aqui. Estava um clima frio,
então eu me enfiei em um moletom e fui ao seu
encontro.
Ela estava me esperando em frente ao mercado
quando eu desci do UBER. Seu sorriso era o
mesmo de sempre quando eu chegava perto dela,
carinhoso e familiar.
Já faz quinze minutos que estamos aqui e ela está
terminando de encher o segundo carrinho.
— Querida, você sabe o quanto eu amo fazer isso.
— Ela faz sinal para que os dois caras – que estão
empurrando os carrinhos – a seguirem enquanto ela
vai para outro corredor. — Soube que cuidou de
Mia no hospital ontem. Ela não parou de falar sobre
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como você é legal, e que lhe deu um band-aid da


Cinderela.
Eu abro um sorriso. — Ela é uma menininha linda e
corajosa. Não chorou em nenhum momento. — É
tudo que eu digo e, para disfarçar, eu retiro meu
celular do bolso da calça e começo a rolar as
mensagens, sem realmente precisar abri-las.
Não preciso olhar para cima para saber que minha
mãe está me observando. — Enzo falou sobre você.
— comentou ela.
Eu não queria, mas isso me fez olhar para ela,
mordendo meu lábio inferior, lutando contra a
vontade de fazer a pergunta que está fazendo a
curiosidade dar apertos em meu estômago.
Mamãe sorri, seu sorriso que diz que ela vai me
fazer falar. Ela adora me torturar. Sempre adorou.
Exalo um suspiro, desistindo e faço a pergunta: —
O que ele disse?
Ela encolhe os ombros, enquanto ler a validade de
uma lata de ervilhas. — Ele disse que estava muito
agradecido por você ter cuidado da Mia, e que, em
breve, ele agradecerá pessoalmente. Ele me
perguntou aonde você estava hospedada.
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O ar é pesado nos meus pulmões agora.


Ele quer agradecer pessoalmente. De novo, porque
ele já me agradeceu no hospital, mas quem se
importa com isso?
Ele quis saber qual era o meu hotel.
Eu estou um pouco ofegante agora, e eu agradeço
por ter escolhido um moletom grosso, porque ele
esconde com perfeição o meu peito subindo e
descendo. Eu enfio minhas mãos no bolso frontal
do moletom e aperto meus dedos direitos ao redor
do meu celular. — E você disso qual era?
— Claro. — ela diz prontamente. — Que mal tem?
Eu toco meu lábio superior na ponta do meu nariz e
balanço a cabeça. — Nenhum, mãe. Apenas o fato
de que eu me torno uma geleia quando estou perto
dele e meu coração parece que está competindo
como um corredor nas Olimpíadas. — Eu forço um
sorriso amarelo, irônico. — Nenhum mal.
Mamãe sorri levemente e toca meu braço, alisando-
o devagar por alguns instantes. — Então, não se
torne uma geleia e controle seu coração.
— Ah, claro. Isso vai ser como tirar doce de uma

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criança. — eu ironizo.
— Juliet, você é uma mulher agora. Uma muito
bonita e bem-sucedida. Uma capaz de dar primeiros
passos. Você nunca teve medo de enfrentar seus
problemas, e sempre fez isso sozinha. Dê o
primeiro passo nesse jogo. — Ela levanta a mão e
coloca uma mecha solta do meu cabelo para trás da
minha orelha. Seu sorriso carinhoso estava lá,
novamente. — Talvez, Enzo esteja precisando que
as pessoas parem de pisar em ovos ao seu redor e
deem o primeiro passo.

●●●

Eu passei o resto do dia no hospital, monitorando


meu paciente. Ele só poderá receber o coração
daqui a uma semana, então ele precisa de
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monitoramento constante. Eu também ajudei com


outros pacientes que chegaram e precisaram de uma
cardiologista. No pequeno intervalo de vinte
minutos, eu me juntei ao Peter e tomamos o café,
que eu estava lhe devendo, em seguida, voltei ao
trabalho.
Foi um bom dia, considerando que em um dia aqui
eu trabalhei mais do que em dois dias em Londres.
Lá, as pessoas costumam dar entrada nos hospitais
por acidentes com seus veículos por conta da neve,
então, uma cardiologista vive muito em ação, como
os neurocirurgiões e os cirurgiões ortopédicos. Mas
não aqui. Aqui as pessoas precisam mais de uma
cardiologista, porque é um país onde as frituras
reinam, e frituras normalmente causas doenças
cardiovasculares.
Eu trabalhei o dia inteiro tratando de pessoas que,
aparentemente, não sabem nem o que são legumes
e, provavelmente, não ligam para própria saúde. E
mesmo isso sendo uma coisa ruim eu estou ansiosa
para amanhã.

Quando entro no saguão do hotel, eu o vejo e meu


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coração capota, então pausa, e acelera com tudo.


Enzo se está sentado em um dos sofás marrons de
espera, seu corpo inclinado para frente enquanto ele
descansa os cotovelos em suas pernas grandes. Ele
não me vê, no entanto.
Eu exalo algumas vezes, antes de me aproximar.
Você é uma mulher adulta agora, Juliet, e não
aquela mulher jovem e insegura de oito anos atrás!
Respire, inspire.
Respire.
— Enzo. — Eu falo seu nome com tanta força, que
sinto as covinhas ao redor da minha boca
afundarem.
Ele ergue os olhos e me vê, em seguida, ele se
levanta e agora está me encarando de cima.
Eu engulo em seco, mas eu não desvio os dos deles,
porque afinal, eu sou uma mulher adulta, não uma
adolescente em pânico.
Ou talvez, eu realmente estava em pânico e
paralisada, e por isso eu não posso me mexer.
— Oi. — Ele diz. Ele não sorri, ele apenas olha
para mim. — Desculpe vim sem avisar, mas eu
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queria agradecer mais uma vez.


— Eu só fiz meu trabalho. — Eu consigo
pronunciar.
— Eu agradeço mesmo assim. Mia é tudo que eu
tenho agora. — Ele estende um envelope azul-
marinho em minha direção. — Ela quer você na
festa dela.
Pego o envelope customizado de sua mão, minha
testa levemente franzida enquanto eu olho para ele
e minhas mãos. Eu ergo meus olhos de volta para
os de Enzo. — Ela quer?
Eu não sei como minha pergunta soou, mas eu pude
ver sua expressão se tornar um pouco contrariada
por alguns segundos. Ele enfiou as mãos nos bolsos
e deu um passo para longe, mas seus olhos ainda
estavam nos meus quando ele disse: — Eu
realmente espero ver você lá.

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CAPÍTULO 6 - JULIET

O resto da semana, eu me mantive ocupada. Eu me


dividi entre ajudar no hospital, com os pacientes da
cardiologia e com algumas cirurgias, e encher os
ouvidos e e-mails da empresa de brinquedos da
qual eu encomendei o presente de aniversário de
Mia.
Eu não fazia ideia do que dar a uma criança que já
têm de tudo, mas eu sabia que ela era louca pela
Cinderela, então usei isso. Eu lembrei da nota de
uma revista que eu estava lendo uma vez, na sala de
espera do colégio de Jax, enquanto aguardava a
reunião com os pais começar. Era uma empresa
nova que estava fazendo a cabeça das crianças na
Alemanha. Ela criava bonecos inspirados em
qualquer coisa, de personagens de desenhos
animados, até crianças reais.
Quando Enzo me entregou o convite, eu demorei
um dia para me lembrar disso, e logo procurei
como entrar em contato e encomendei uma
Cinderela idêntica à da Disney. Ela não é muito
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grande, mas ela será quase do mesmo tamanho que


a própria Mia. Ela também falará frases que a
Cinderela fala nos filmes e dará acenos reais como
o curvar de corpos que as pessoas costumam fazer
com a realeza.
Um pouco exagerado, talvez, mas eu estava
desesperada.
Minha roupa eu deixei por conta da minha mãe, já
que não tinha trazido nenhuma roupa boa. Ela
escolheu um macacão preto e curto, de mangas
compridas e um decote que chega um pouco acima
do meu umbigo. Por algum motivo, ela acha que
esse tipo de roupa e tops ficam bons com meus
seios microscópicos.
Eu não sou uma pessoa muito social. Eu não chego
e vou logo me enturmando; eu levo um certo tempo
para isso. Então quando Alessa me puxou pegou
pela mão e me levou ao local onde estavam suas
duas cunhadas, eu não sabia o que fazer ou falar.
Eu apenas me sentei lá, agarrei meu copo de suco
de laranja com as duas mãos, e concordava com o
que elas falavam Só depois de um tempo eu
consegui me entrosar e conversar.

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Elas são pessoas legais, afinal.


Vez ou outra eu olhava ao redor para as crianças
estavam brincando no parque de diversões
contratado pelo Enzo.
Sim, há um grande parque de diversões bem no
meio de seu jardim.
Enzo… Eu também tenho procurado por ele, e ele
está sempre por perto de Mia enquanto ela brinca
nos brinquedos e até vai com elas nos mais
radicais.
Neste momento, ele está olhando ela ir em um
trenzinho. Eu queria ter uma câmera agora, porque
eu tiraria uma foto sua. Ele está usando jeans azul e
uma camisa branca de botões, com as mangas
enroladas em seus cotovelos. Ele está sorrindo,
todo bobo, enquanto ver sua filha se divertir.
E eu estou paralisada, encarando-o porque ele está
sorrindo. Pela primeira vez desde que eu cheguei, o
estou vendo seu sorriso.
O que faz coisas muito ruins no meu coração e
entre minhas pernas.
Quando está sério, ele é perfeito, mas quando ele
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sorri, ele fica irresistível. Insano. Surreal.


E como se tivesse sentindo a atenção sobre ele, ele
olha em minha direção, e assim como um cometa
muito rápido, seu sorriso vai embora. Ele enfia as
mãos nos bolsos e desvia os olhos para Mia outra
vez. Mas ele não sorri novamente, e eu quase gemo
lamentando.
No final, quando a maioria das crianças e seus pais
já tinham ido, eu me disperso das meninas e vou a
procura da minha mãe para dizer tchau.
Eu estou chamando um UBER quando eu o sinto
perto. Levanto meus olhos para vê-lo, meu coração
acelerando de novo, uma coisa já bem corriqueira
para mim quando estou perto dele.
— Já está indo? — Ele pergunta e é como se algo o
tivesse forçando a perguntar.
Eu confirmo. — Amanhã eu vou até Boston, cuidar
para que dê tudo certo no transporte do coração do
meu paciente.
Ele acena e aponta em direção à sua garagem. —
Vou levar você de volta para o hotel.
As borboletas em meu estômago se agitam e meus
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olhos crescem em surpresa. Eu não estava


acreditando no que eu estava ouvindo, porque ele
é…. ele.
O cara que tem agido com frieza comigo, por
algum motivo. O cara que me entregou o convite
do aniversário da sua filha apenas porque ela pediu
isso.
Eu olho para trás, em direção aos brinquedos onde
Mia ainda brinca com algumas poucas crianças que
sobraram, e volto a olhar para ele. Não há nenhuma
expressão em seu rosto além de seu olhar gritando
"Podemos ir?". — É muita gentileza sua, mas não
posso aceitar. É o aniversário da sua filha, fique
com ela. Acabei de chamar um UBER e falta
apenas seis minutos para ele chegar. — Eu mostro
a tela do meu celular. — Mas obrigada mesmo
assim.
— Essas coisas não são seguras. — diz ele,
franzindo o nariz em reprovação. — Principalmente
para uma mulher sozinha.
Foi minha vez de franzir o nariz para ele, apesar de
apreciar sua preocupação repentina. — Não se
preocupe, Enzo. — Sorrio suavemente. — Vou
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ficar bem.
Eu vejo que falta apenas três minutos agora e dou
um passo para longe, mas ele me segue.
— Então me deixe levá-la até a saída. — Ele vai
comigo até o lado de fora de sua casa e permanece
calado enquanto esperamos a minha carona.
Eu tenho minhas mãos unidas em minha frente,
espremendo meus dedos, uns nos outros, enquanto
meu pé batia levemente contra o chão, num ato
nervoso.
Apenas quando o carro estacionou em nossa frente,
ele falou, — Mais uma vez, obrigado por cuidar de
Mia. — e abriu a porta traseira para mim.
Eu pisei para perto da porta e olhei em seus olhos
azuis perfeitos. Eu queria que ele sorrisse para me
ver de perto como eles ficariam.
“Talvez, Enzo esteja precisando que as pessoas
parem de pisar em ovos ao seu redor e deem o
primeiro passo.”
Eu me sinto tão nervosa perto dele, que é quase
vergonhoso. Mas eu decido ser a mulher de vinte e
nove anos agora, e dou um passo para perto dele.
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Ele está me encarando de volta e eu posso ver


agora o brilho confuso em suas profundezas azuis.
Mas eu não dou tempo dele ou eu recuar. Eu pego
em seu rosto e pressiono meus lábios nos deles.
Ele não se move ou move os lábios, ele só fica
parado, como se estivesse em um transe. Eu coloco
minha outra mão em seu rosto, agora segurando ele
entre as duas mãos, sentindo sua barba por fazer e
pressiono mais nele. Eu volto minha cabeça para
trás e olho dentro de seus olhos. — Mais uma vez,
— eu digo baixinho. — eu só estava fazendo meu
trabalho.
Eu entro no carro e fecho a porta. Através da
janela, eu posso ver sua expressão contrariada
enquanto ele observa o carro ir embora. Por todo o
caminho, eu não fui capaz de conter o sorriso na
minha boca, e também de impedir meus dedos de
tocar meus lábios. Eu estava orgulhosa de mim
mesma. Eu nem sei se conseguirei dormir hoje.

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CAPÍTULO 7 | JULIET

O dia inteiro eu estive em Nova Iorque,


monitorando cada passo do congelamento e
transferência do coração do meu paciente. Amanhã
seria um longo dia na sala de cirurgia, por isso,
tudo que eu precisava agora era de uma boa e
tranquila noite de sono.
Estava acenando para um táxi quando com minha
visão periférica, eu vi uma BMW X1 prata se
aproximar e estacionar há alguns passos de onde
estou.
Enzo saiu e bateu a porta, enquanto retirava os
óculos escuro. Ele se aproximou e eu me virei para
olhar pra ele, meu cansaço não deixando eu me
preocupar com as reações que ele causa no meu
corpo.
— Por que fez aquilo? — Ele foi logo perguntando,
com um pequeno toque de irritação na voz.
Alcei uma sobrancelha e perguntei com ironia, —
Quer saber porque te beijei? — encolhi os ombros.
— Porque eu tinha essa vontade, Enzo. Porque eu
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passei oito anos da minha vida pensando em como


seria beijar você, como seria sentir você, seu toque.
— Do que você está falando? Não tínhamos nos
vistos mais de duas vezes até você estar de volta.
— ele diz, sua voz soando desacreditada. — E eu
estava me casando!
Eu pisco com força quando meus olhos começam a
arder. Estava tão cansada, que tinha perdido o resto
do controle sobre minhas emoções. — Eu sinto
muito por você achar isso uma coisa muito ruim,
Enzo, mas eu não sinto muito por ter beijado você.
— balanço a cabeça — Eu até faria de novo,
porque se tem uma coisa que eu aprendi nesses
anos trabalhando em hospitais, é que a vida é muito
curta para deixar as oportunidades passarem.
Enzo sacode a cabeça, seus cabelos sendo agitados
pelo vento frio de fim de tarde de Los Angeles. Ele
abaixa a cabeça e olha bem dentro dos meus olhos.
— Eu não quero um relacionamento. — diz ele em
voz baixa, para que as pessoas, que estão passando
ao nosso redor, não escutem.
— Tampouco, eu quero um. — eu recrutei. — Em
nenhum momento, eu disse que queria isso. — Eu
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meio que menti. Eu queria Enzo, mas não sei se


realmente queria um relacionamento com ele,
porque eu não sei se seria capaz de dividi-lo com
Raquel. — Eu tenho desejo por você. Eu quero
saber como é estar na mesma cama que você.
Quero saber qual a sensação do seu toque. — Eu
aceno para outro táxi e ele para em nossa frente. Eu
abro a porta de trás e volto a olhar para os olhos
confusos e irritados de Enzo. — Não é preciso um
relacionamento para isso, sabe disso.
Ele estreitou os olhos para mim. — O que diabos
você quer?
— Você. — eu respondo, rapidamente, surpresa
comigo mesma por conseguir falar tudo isso. —
Você sabe o hotel que estou. Vou deixar a recepção
saber, caso você queira dar uma passada por lá
mais tarde… ou qualquer outro dia nesse mês.
Ignorando a irritação brilhando em seus olhos e
entro no táxi antes dele falar qualquer coisa.
Naquela noite, eu não consegui dormir da forma
que eu queria e devia ter dormido. Eu não
conseguia parar a ansiedade dançando em minha
barriga, sabendo que, talvez, a qualquer momento,
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Enzo poderia entrar em minha suíte.


Ele não fez, no entanto. E eu só consegui descansar
por três horas.

•••

No dia seguinte, eu fui cedo para o hospital, me


preparar para a cirurgia, que durou pouco mais de
quatro horas e foi um sucesso.
Eu estava exausta quando aceitei, de muito bom
grado, o café que Peter me comprou e a carona para
o hotel. Não estava com cabeça para chamar um
UBER, nem acenar para um táxi. Eu não só estava
cansada, mas também estava frustrada de forma
sexual e sentimental.
Peter estacionou seu Audi tt em frente ao hotel e eu
soltei meu sinto.
— Obrigada, Peter. Eu realmente não estava com
cabeça de ouvir os rádios dos táxis.
Ele sorri e olha dentro dos meus olhos quando diz,
— Me agradeça almoçando comigo essa semana.
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Eu posso ver e sentir seu interesse sobre mim. Ele


tem estado perto desde que eu cheguei aqui, e não
faz movimento algum para negar esse interesse.
Pelo contrário, ele faz de tudo para ficar bem claro.
O lado bom é que ele é lindo. Ele é o tipo que faz
as mulheres suspirarem quando ele chega perto. Ele
é alto e atraente e tem um sorriso de derreter
qualquer uma.
O lado ruim é que ele não é Enzo.
Com toda certeza, se estivéssemos em Londres e eu
ainda não tivesse beijado Enzo, eu o convidaria
para dentro e transaria com por toda a noite. Mas,
eu estou em Los Angeles, muito perto de Enzo, o
homem que tira meu fôlego, meu sono, meu
autocontrole…
— Eu aceito almoçar com você. — eu digo, com
um sorriso sincero. — Eu só não posso garantir que
aconteça algo a mais.
— Eu posso fazer você mudar de ideia.
Eu sorrio, meneando a cabeça. Você pode tentar,
Peter, mas não vai conseguir.
— Até amanhã, Peter. — É tudo que eu digo antes
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de sair do carro.

•••

Eu não tinha mais esperança nenhuma de que Enzo


viria depois de mais dois dias. Eu só ficaria por
aqui por mais duas semanas, então eu estava prestes
a aceitar o pedido de Peter para sair e conhecer LA
a fundo, que ele fez depois do nosso almoço de
ontem.
Eu era uma mulher e tinha minhas necessidades. O
que eu poderia fazer se Enzo não me queria? Sentar
e chorar? Ou esperar um milagre acontecer para ele
aparecer aqui?
Eu nunca, em vinte e nove anos, implorei pela
atenção de alguém, e não começaria agora. Mesmo
sentindo uma coisa bastante forte por ele.
Paciência se, mesmo depois que falei tudo aquilo,
ele não veio.
Após falar com Jax pelo FaceTime, eu tomei um
banho e vesti uma camisola roxa com o decote de

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renda e fui me deitar. Não tinha nem fechado meus


olhos quando ouvi o bip que a trava do cartão-
chave faz quando alguém abre a porta.
Me levantei em um pulo, meu coração acelerado e
meus olhos arregalados.
Era um hotel com uma segurança impecável. E só
havia uma pessoa que estava livre para pegar o
cartão dessa suíte na recepção…

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CAPÍTULO 8 | ENZO

A porta se fechou atrás de mim quando eu entrei na


suíte. Estava silêncio e as luzes apagadas, com
apenas as luzes da cidade lá fora, atravessando as
janelas de vidro, mas eu sabia que ela estava aqui,
porque a recepcionista me disse.
Eu ainda não sei por qual motivo um gesto tão
rápido, de seus lábios pressionados nos meus, se
tornou tão presente na minha cabeça, e tão intenso
no resto do meu corpo. Eu não sentia vontade por
outra mulher há nove anos, apenas pela minha
mulher.
E com Juliet não havia sido diferente. Em nenhum
momento antes, eu olhei para ela como mulher, ela
era apenas a filha da minha madrasta, que nunca
fez questão de se juntar a minha família. Ela era
uma mulher igual as outras tantas que existem por
aí.
Mas, depois do que ela fez e do que ela disse, foi
como se meu subconsciente mudasse de conceito e
eu comecei a enxergar mais além que apenas a
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"filha da minha madrasta".


Eu enxerguei o quanto ela era bonita e decidida. O
tipo de mulher que eu sempre fui atraído.
Eu enfio o cartão-chave de volta para meu bolso
quando a vejo parada na porta do quarto. Ela parece
surpresa sob as sombras da cidade, os braços
abraçando seu próprio corpo, os cabelos presos em
um rabo de cavalo com mechas rebeldes caindo
pelo seu rosto pálido.
— Você veio. — ela diz, baixinho, mas eu posso
notar o toque de insegurança em seu tom.
— Eu quero deixar algumas coisas bem claras aqui.
— eu começo dizendo quando vejo ela dando
pequenos passos em minha direção.
Nenhum de nós faz movimentos para ascender as
luzes, e eu prefiro assim. — Então, deixe. — ela
pede.
Eu olho em seus olhos castanhos, que estão se
destacando pelas sombras. — Eu não quero
machucar você, então, antes que qualquer coisa
aconteça nesse quarto, eu preciso que me prometa
que quando isso acabar…
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Ela chega perto e coloca o dedo indicador sobre


meus lábios, balançando a cabeça e fazendo as
mechas rebeldes se agitarem no processo. — Sexo
casual. Será isso que teremos aqui, tudo bem?
Estarei de partida dentro de duas semanas, então,
não se preocupe em me machucar, preocupe-se em
me dá as melhores duas semanas da minha vida, e
em seguida, quando eu voltar para Londres, eu
prometo que não vou mais procurar por você.
Duas semanas de sexo casual. Talvez, eu consiga
fazer isso.
Juliet desce a mão da minha boca e segura a minha
mão e me guia até o quarto. O cômodo está mais
claro, porque as persianas estão abertas, então eu
posso ver melhor seu rosto corado. Ela solta a
minha mão e começa a deslizar as alças da
camisola sobre seus ombros, até que ela está em um
emaranhado ao redor de seus tornozelos. Ela não
está vestindo nada além que uma calcinha preta
agora, e eu estou começando a sentir o suor
escorrendo pela minha nuca.
Eu passo um tempo olhando apenas para ela,
enquanto ela está parada em minha frente,
esperando que eu me mova. Ela é definitivamente o
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meu tipo de mulher. Ela não tem seios exagerados,


eles são bem pequenos, na verdade, com mamilos
escuros e minúsculos. A barriga é reta, seguida por
um quadril mais largo e pernas grossas. A única
mancha visível é um sinal cor de vinho, pouco
acima do seu quadril esquerdo.
Meus olhos vão para cima, em seu pescoço longo e
mandíbula redonda. Eu levo minha mão para trás
de sua cabeça e desfaço seu rabo de cavalo. Ela
balança a cabeça para espalhar o cabelo, e o
contraste de seus cabelos castanhos com sua pele
pálida é perfeito. Eu vejo quando os fios roçam seu
seio, eriçando o mamilo, e isso me deixa com água
na boca.
— Eu não faço isso há muito tempo. — Eu aviso,
minha voz rouca e baixa.
Ela se aproxima mais e, ficando na ponta dos pés,
ela segura atrás da minha cabeça e cola o corpo no
meu. — Tenho certeza que não desaprendeu. —
Ela sussurra.
Eu seguro em suas laterais e, minha nossa, ela está
quente. Eu abaixo um pouco minha cabeça, apenas
o suficiente para encontrar sua boca com a minha.
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Eu deixo ela me beijar de novo, mas dessa vez, eu a


beijo de volta. Eu passo minha língua pelo seu
lábio inferior, depois o superior, e em seguida,
dentro da sua boca.
Sua língua encontra com a minha e a maciez me faz
gemer em sua boca. O beijo não é rápido, mas é
duro. Seus dedos agarram com força meus cabelos
e ela os puxa enquanto tenta se fundir a mim.
Me inclino para baixo, agarrando a parte de trás de
suas pernas e levanto, logo, a colocando deitada na
cama King Size. Eu volto a ficar de pé e, enquanto
eu me livro da minha roupa, eu procuro bloquear
todo sentimento e pensamento que possam me levar
a desistir e ir embora, e foco apenas no quão
perfeito é sua pele branca se destacando no lençol
de seda azul-escuro. Eu assisto quando ela encaixa
os polegares em cada lado de sua calcinha pequena
e começa a retirá-la. Eu sempre adorei fazer isso,
mas ver que ela decidiu tirar ela mesma, me fez
ficar ainda mais duro do que já estava.
— Eu tive oito anos de preliminares, — ela começa
quando joga a calcinha de lado. — portanto, vamos
pular para os finalmente, tudo bem?

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Se eu não tivesse tão louco de tesão nesse


momento, eu teria rido de sua ansiedade.
Eu peguei a camisinha que havia trazido no bolso
da calça e fiquei de joelhos entre suas pernas
quando ela as abriu para mim. Me abaixei, pairando
sobre ela, apoiado em meu braço esquerdo
enquanto o direito desceu e minha mão agarrou sua
cintura. Eu olhei para baixo, entre nós, vendo seus
mamilos arrepiados quando eu empurrei para
dentro dela.
Seu corpo arqueou, seu peito tocando o meu e um
lamento saiu de sua boca, mas eu segurei meu
gemido. Ela agarrou meu rosto com ambas as mãos
quando comecei a me movimentar, seus olhos
fechados, e seu rosto coberto pela sombra da lua.
Ela era gostosa demais.
Bem mais do que eu esperava que fosse.
Eu aumentei a velocidade dos meus quadris contra
ela, porque eu não sei se seria capaz de aguentar
por muito tempo e eu precisava que ela viesse
primeiro. Eu subi minha mão de sua cintura e
agarrei seu seio, abaixando a boca para sugar o
mamilo pontudo. Eu sugava com força e empurrava
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nela com precisão enquanto ela se contorcia


debaixo do meu corpo, gemendo sem parar,
agarrando meus cabelos, puxado-os, suas pernas
em volta de mim, me segurando nessa posição.
Ela puxou meus cabelos com mais força e seu
tronco saiu do colchão quando senti ela se
apertando em volta do meu pau e ela gozou.
Mas, eu não parei. Eu segurei seus quadris no
lugar, minha testa pouco acima de seus seios, indo
mais fundo e mais rápido, até que eu gozei também.
No instante seguinte, eu estava deitado ao seu lado.
O silêncio reinando de uma forma que éramos
capaz de ouvir as batidas frenéticas dos nossos
corações. Eu fechei os olhos e coloquei minhas
mãos cobrindo meu rosto.
Eu não estava arrependido da forma que achei que
ficariam, sentindo-me culpado por causa da Raquel.
Eu só não esperava que transar com ela, uma
mulher que não é a Raquel, poderia ser assim… tão
malditamente bom.

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CAPÍTULO 9 | JULIET

Nós transamos mais uma vez ontem, antes do


cansaço que dia inteiro me vencesse e eu caísse no
sono.
Quando acordei hoje, ele já tinha ido. A única
prova de que ele esteve ali estava no leve e
delicioso incomodo entre minhas pernas e a
mancha vermelha que ele deixou no meu seio
direito.
Eu, literalmente, me arrestei para fora da cama para
poder ir ao banheiro. Meus cabelos estavam uma
bagunça, minha cara amassada, mas eu estava me
sentindo a mulher mais linda do mundo, no
momento em que me olhei no espelho.
Havia uma mensagem no meu telefone, da minha
mãe pedindo para encontrar com ela na Santa
Monica Blvd. Eu tomei um banho rápido e deslizei
para dentro de uma jardineira jeans de calça
comprida, uma blusinha branca, curtinha e meu
tênis. Eu começo a prender meu cabelo em um rabo

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de cavalo, mas me lembro da forma que Enzo o


desfez ontem a noite, então eu solto de volta e
balanço a cabeça para espalhar os fios pelas minhas
costas e ombros. Eu pego um táxi para Beverly
Hills e encontro com minha mãe na loja da Victoria
Secret.
— Você está ótima, querida. — mamãe disse
quando me abraçou.
— Obrigada. — eu respondi. Eu posso ver em seus
olhos que ela está querendo que eu fale algo mais,
mas eu não faço. Eu desvio os olhos para a sessão
de lingeries rosas e finjo estar interessada em uma
peça.
Minha mãe tem essa coisa de sempre saber que há
algo acontecendo. Eu não preciso falar nada, ela
apenas olha para mim e pow, ela fica sabendo. Eu
nunca, em toda minha vida, consegui esconder
alguma coisa dela.
Mas, dessa vez, não se tratava só de mim; tinha o
Enzo, também. Ele não queria um relacionamento,
portanto, eu deduzi que ele não gostaria que
ninguém soubesse desse nosso "arranjo de
semanas".
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Principalmente, minha mãe.


Eu olho para minha mãe, que está vendo as
lingeries vermelhas. Parece que acabou de sair da
academia e veio direto para cá, vestida com uma
calça e uma bata de ginástica, com um top por
baixo. Apesar dela já está perto de completar
cinquenta anos, ela é dona de um corpo de dar
inveja para muitas novinhas. Ela escolhe um par de
lingerie e vira para mim. — Aqui. Vai ficar linda
em você. — ela empurra em minha direção.
Franzo o cenho. — Eu tenho muitas lingeries, mãe.
Ela me faz segurar as peças e sorri. — Juliet, eu
conheço você. Eu soube, no momento em que
chegou em casa, que você tinha tido sua primeira
vez, e sabe por quê?
Eu nego com a cabeça.
Ela continua: — Porque você tinha um brilho nos
olhos, porque foi com alguém especial. E eu vi esse
brilho outra vez quando começou a sair com Chad,
e eu estou vendo esse brilho agora. — Ela ergue a
sobrancelha, como se dissesse para que eu a
desminta.

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Mas, eu não posso e ela sabe disso. Eu balanço a


cabeça, sentindo meu rosto corar. — Mamãe…
— Eu não quero saber dos detalhes. — Ela me
interrompe, sorrindo de forma carinhosa. — Só
leve essas peças. É um presente. Vão ficar ótimas
em você.
Eu passei o resto do dia com minha mãe e, no final,
eu não só estava levando aquela lingerie comigo, eu
também tinha na sacola mais três pares; um preto,
outro azul e outro rosa, e dois pijamas de shorts de
seda e renda. Nós estávamos saindo da loja que
minha mãe comprou algum presente para seu
marido, quando a tela do meu celular acendeu e o
nome de Enzo piscou nela, mostrando uma nova
mensagem. Franzi o nariz, confusa, porque eu não
lembro de salvar seu número, mas isso não impediu
de fazer as borboletas se agitarem em meu
estômago, nem a parte no meio das minhas pernas
de se contrair.
"Me fale o lugar que você está." Era o que a
mensagem dizia.
Eu olhei de soslaio para minha mãe, que estava
distraída com a vitrine de outra loja, e voltei para o
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celular e respondi:
"Em Beverly Hills...?"
Ele mandou outra: "Que lugar em Beverly Hills?"
"Na Santa Monica Blvd. Por quê?"
A resposta veio de imediato: "Estou indo buscar
você."
E eu prendi a respiração e arregalei meus olhos
para tela do celular, me certificando que realmente
estava lendo certo.
Eu não estava entendendo nada. Eu comecei a
digitar uma resposta, mas meus dedos apenas
ficaram pairando sobre a tela do celular, porque eu
não fazia ideia do que responderia. Poderia
perguntar o motivo disso, ou avisar que eu estava
com minha mãe, mas eu queria que ele viesse me
buscar, por qualquer que fosse o motivo.
Eu fiquei aliviada quando minha mãe decidiu ir
para casa. Ela me ofereceu uma carona, mas eu
neguei, dizendo que iria andar mais um pouco, e ela
foi embora. Cinco minutos depois, a BMW
prateada de Enzo estacionou perto de mim.

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Eu entrei no carro, nervosa por estar perto dele de


novo. Seu cheiro estava por toda parte, causando
coisas ruins para mim. — Como eu tenho seu
número salvo no meu telefone, e o mais importante,
como você tem o meu número? — Eu perguntei
depois dele puxar o carro de volta para o trânsito
agitado de final de tarde.
Ele olha para mim, depois de volta para frente. —
Você estava dormindo quando eu saí ontem, não
tinha como pedir seu número, então, fiz uma
chamada do seu celular para o meu e salvei meu
número nele. — Ele diz, calmamente.
Minha boca se abre em um "O" e eu aceno com a
cabeça. Eu amasso uma mão na outra e olho para
minha sacola entre minhas pernas. — Fiquei
surpresa por ver você tão cedo. — Eu comentei.
Apesar de termos fechado um acordo por duas
semanas, eu imaginei que ele precisaria de um
tempo depois de ontem. Ele estava tão fechado e
frio com todos, e achei que o que aconteceu ontem
iria fazê-lo se recolher ainda mais.
Mas então, ele está aqui. Comigo.
Ele veio me buscar.
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— Você disse que era pra focar em fazer essas duas


semanas as melhores. — diz ele, estreitando os
olhos para frente, sua mão apertando em volta do
volante. — Estou tentando fazer isso. Eu tive o dia
inteiro para pensar sobre isso, e eu só consegui
pensar no quanto foi bom. Eu não acho que duas
semanas vão me matar.
Talvez, elas me matem no final. Eu não disse essas
palavras em voz alta, eu apenas engoli em seco e
fiquei em silêncio.
Enzo nos levou para uma rua perto da praia. Havia
um conjunto de três prédios ainda em reforma, mas
que, aparentemente, eram altamente luxuosos.
Nós descemos do carro e eu segui Enzo para dentro
de um dos prédios. Há pessoas trabalhando na
pintura do interior e um porteiro. Enzo nos faz
entrar em um elevador espaçoso.
Eu enfio as mãos nos bolsos da minha jardineira,
porque elas estão tremendo de ansiedade. Eu noto
que enquanto o elevador sobe, Enzo está olhando
fixamente para os números vermelhos e contando
silenciosamente. Eu continuo observando a forma
que ele leva seu TOC. É divertida, então, eu acabo
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sorrindo.
Ele quebra a conexão com os números e me olha.
— O que foi? — pergunta, como se não tivesse
notado o que estava fazendo pouco antes.
Eu balanço a cabeça, sorrindo e olho pra frente.
Fico surpresa ao ver o nome de Mia pouco acima
do painel de controle do elevador. — Por que tem o
nome de Mia aqui?
Ele desvia os olhos para o nome, depois para mim.
— Isso se trata de um conjunto de hotéis. São três
no total e cada prédio tem um nome. — Ele aponta
para o painel. — Esse é o de Mia, obviamente, o da
esquerda é Pérola e o da direita é Benton.
Compramos eles a pouco tempo e estamos fazendo
as reformas.
Minha. Nossa.
Eu exalei profundamente, mas não perguntei mais
nada. Isso já era grande demais para mim.
As portas se abriram em uma cobertura e eu pisei
para dentro. Ela era muito espaçosa, com as janelas
de vidro, do chão ao teto, por todo lado, trazendo a
vista maravilhosa do pôr do sol na praia. Estava
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vazia, com nada além que uma cama King Size


bem no meio dela e um mini-bar improvisado em
um canto.
Eu me voltei, surpresa pra Enzo. — O que você…
— As duas melhores semanas, lembra? — ele
ergue uma sobrancelha, sua expressão muito séria.
— Se vamos mesmo fazer isso, vamos fazer direito.
Eu não sou homem de metades. — Ele aponta para
o mini-bar. — Gosta de vinho, certo?
Ainda muito surpresa, eu confirmo.
— Ótimo. — Ele pega a garrafa de vinho e começa
a abri-la. Ele acena com o queixo em minha
direção, em seguida, em direção à cama. — Fique à
vontade. Tire as roupas. Vamos começar.

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CAPÍTULO 10 - JULIET

"Tire as roupas. Vamos começar."


Essas foram as palavras de Enzo logo antes dele
virar de costas e começar a servir as taças com o
vinho.
Eu solto um riso silencioso e desacreditado, meus
olhos levemente estreitos para suas costas. Eu
começo a andar até que estou parada ao seu lado, e
viro meu corpo para ficar de frente para ele, minha
mão apoiada no mini-bar e meus olhos observando
seu perfil sério.
Talvez, não tenha sido sua intenção me ofender,
mas, a forma que ele se expressou me ofendeu.
— Você deixou uma coisa clara ontem, e agora é a
minha vez. — eu digo, chamando sua atenção
inteiramente para mim. — Vou falar duas coisas. A
primeira, — eu ergo meu dedo indicador. — eu não
sei se foi sua intenção, mas a forma como falou, me

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fez sentir como uma prostituta. Não faça de novo,


por favor. A segunda, — ergo o dedo do meio. —
nunca me mande tirar as roupas; tire-as você
mesmo. Tenho certeza que vou adorar ver você me
deixando nua.
Ele para o que está fazendo e se vira, bloqueando
os olhos nos meus. Sua expressão continua séria,
mas eu sou capaz de ver a confusão dentro de seus
olhos quando ele diz, — Não foi minha intenção.
— e me passa a taça com vinho. Ele faz uma
varredura por todo meu rosto enquanto me observa
tomar um gole, em seguida, ele leva um braço para
trás do ombro e retira sua camisa. — Eu só não
quero perder tempo.
Eu prendo um pequeno pedaço do meu lábio
inferior enquanto observo suas mãos trabalharem
em seu zíper, minha cabeça levemente inclinada
para o lado. Eu coloco a taça de lado quando ele
vem e começa a desprender os atacadores da minha
jardineira. Suas mãos tocam na pele da minha
cintura quando ele a leva para baixo, e eu
estremeço. Agora eu estou apenas com a minha
blusinha e uma calcinha.
Ele não continua a retirar minhas roupas; Seus
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olhos recaem sobre meu corpo, queimando cada


parte de pele exposta.
Sinto quando meus mamilos ficam arrepiados
contra o tecido do meu sutiã, com sua atenção.
Atenção que eu desejei por tanto tempo…

Enzo traz a mão até meu pescoço, onde toca com


uma suavidade dura. Ele arrasta os dedos grandes
ao longo do meu pescoço e garganta, em seguida,
ele desce ambas as mãos para parte de trás das
minhas pernas e me suspende, fazendo minhas
pernas circularem sua cintura. Ele havia feito isso
ontem, mas dessa vez, ele agarra minha bunda e me
pressiona contra sua dureza.
Eu estou tão molhada, que até esqueci de como ele
me ofendeu. Olhando dentro de seus olhos, eu
posso ver que ele também esqueceu. Eu pego seu
rosto entre as mãos e desço minha boca na dele,
então, nada mais é importante agora.
Não há ofensa, nem mulher, nem ninguém; apenas
nossas línguas se acariciando, nossos lábios se
sugando e nossos sexos roçando um no outro.

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Eu estou subindo e descendo em seus braços, sem


me importar no quão molhada eu estou no
momento.
Ele nos leva até a cama, sem parar o beijo, e no
minuto seguinte, ele está pairando sobre mim, na
cama, com sua boca em minha mandíbula. Ele
morde, suga, lambe, e ele faz isso em meu pescoço
também. Ele fica em seus joelhos apenas o tempo
que ele leva para retirar minha blusa e meu sutiã.
Sua cabeça desce e ele lambe, lentamente, meu
mamilo esquerdo, logo, começa a chupar de forma
dura.
Eu arqueio meu corpo para ele, necessitando de
muito mais e enfio minhas mãos em seus cabelos,
puxando os fios entre os dedos. Eu enlaço sua
cintura com minhas pernas e o trago para baixo,
apertando sua dureza bem no meu meio sensível.
Ele se move, roçando contra mim e o atrito é
delicioso. Eu passei tantos anos sonhando com
esses momentos com ele, que eu estou quase
gozando, e ele ainda nem entrou em mim ainda.
Enzo desce, seus lábios e dentes passando pelo meu
estômago, barriga, e então ele para no meu quadril
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esquerdo e sua língua vem para fora e ele a passa


ao longo da minha marca de nascença que forma o
mapa da Itália.
É uma marca pequena, mas estou feliz por ele ter
notado. Eu sempre achei que ele gostaria disso, e eu
estava certa.
Ele circulou o desenho com a ponta da língua e,
para minha surpresa, ele mordeu a pele pouco
acima. Quando ele segurou minhas pernas e as
espalhou, abrindo-me o máximo para ele, eu exalei,
mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele
havia colocado minha calcinha para o lado e sua
língua estava sendo arrastada pela minha carne
molhada.
Gemi alto, de boca aberta, meus quadris se
movendo enquanto Enzo trabalha com sua boca. Eu
já podia sentir o suor espalhado pelo meu corpo, e
eu estava prestes a gozar.
Seu dedo encontrou o caminho para dentro de mim
e ele sugou o máximo que conseguiu o meu clítoris.
No instante seguinte, eu estou estremecendo sobre
o colchão, a sensação arrebatadora de prazer
atravessando meu corpo quente.
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Ele não para o movimento do seu dedo quando ele


levanta para me olhar. — Você é rápida. — Ele diz,
e mesmo com a visão um pouco dublada, eu
consigo ver o divertimento enrolando seus lábios.
Eu quebro um riso e aceno embriagada. — Não faz
ideia, você…
Ele retira o dedo e eu lamento. Enzo se livra
rapidamente do resto de sua roupa, veste uma
camisinha e se abaixa na cama para pegar minha
cintura, e com um movimento rápido, eu estou
deitada de bruços e ele está se empurrando através
da minha entrada molhada.
Eu agarro o lençol entre os dedos porque não sou
capaz de dobrar os dedos dos meus pés agora.
Ele está sobre mim, os lábios traçando beijos pelos
meus ombros e costas, seu cabelo roçando minha
pele, causando um pouco de cócegas. Ele está a
todo vapor, abrindo seu próprio caminho, gemendo
em meu ouvido, sua mão, vez ou outra, agarrando
meus cabelos. Ele puxa meu cabelo, fazendo meu
rosto levantar do colchão quando pressiona dentro,
uma, duas, três vezes.
Eu já estou tão louca, novamente e quando ele
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desce a boca e suga meu pescoço enquanto sua mão


livre vem por debaixo do meu corpo e aperta meu
seio, eu não posso segurar o gemido. Eu nunca fui
comida dessa forma, com fome de verdade, duro,
realmente suado.
Talvez, porque eu nunca desejei tanto alguém como
desejo ele, mas, isso é muito quente. É delicioso.
Muito delicioso.
Eu rebolo contra ele e o ouço rosnar em meu
ouvido, antes da sua língua sair e lamber meu
lóbulo. É aí que eu percebo que ele não faz muito
barulho; ele reprime qualquer som. E eu, no
momento, não me importo muito com isso. Eu
estou colocando todo meu prazer pra fora.
Enzo se retira, em seguida, entra novamente. Ele
faz isso várias vezes seguidas, até que nós dois
chegamos ao limite e ele goza enquanto morde meu
ombro.
Se passa uns instantes antes que ele deite na cama
ao meu lado. Eu não me movo, estou cansada
demais para isso, então eu fico apenas observando
seu perfil enquanto ele olha o teto e passa as mãos
pelo rosto bonito.
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Quando ele se levanta, eu consigo me virar e puxar


o lençol para cobrir o meu corpo nu. Não por
vergonha, mas por mania. Ele termina de servir a
outra taça e traz as duas para cama, me entregando
a minha.
— Obrigada. — eu agradeço após tomar um gole.
Ele toma seu próprio gole e olha para mim, seus
cabelos úmidos caindo sobre seus olhos azuis, me
fazendo querer levar a mão e passar os dedos. —
Sinto muito se eu ofendi você. — ele diz,
sinceramente. — Não era minha intenção.
— Está tudo bem. — digo — Só não fale daquela
forma de novo. Você viu como eu fico molhada
com você tirando minha roupa. — Eu sorri e dei
uma espiada rápida por debaixo do lençol. —
Apesar de não ter tirado a calcinha…
Enzo ergue um dedo indicador, pedindo um minuto
e se estica para pegar sua calça no chão. Do bolso
traseiro, ele retira um pequeno rolo com mais três
camisinhas e joga na cama ao meu lado, seus lábios
enrolados em um sorriso safado quando ele diz, —
Não se preocupe, que eu ainda terei essa
oportunidade.
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•••

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CAPÍTULO 11 - JULIET

No dia seguinte, eu fui cedo ao hospital. Eu havia


acabado de passar pela porta giratória, checando as
mensagens do meu celular, quando Peter se
aproximou.
— Bom dia, doutora. — ele sorri, e me passa um
dos cafés que segurava.
Eu guardo o celular no bolso de trás da minha
calça. — Bom dia, doutor. — devolvo o
cumprimento e sorrio, acenando o café em minha
mão. — Muito obrigada!
Ele pisca para mim. — Hoje à noite no Tony's, vai?
— Quem é Tony? — eu pergunto.
Peter ri. — É o bar na esquina da rua, Harred.
— Oh. — Eu prendo meus lábios entre os dentes,
prendendo um sorriso enquanto penso em uma
resposta que não pareça um fora. — Peter, eu…
Quando eu hesito, ele ergue uma sobrancelha,

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curioso. — Não diga que está saindo com alguém!


Deixo meus ombros cair. — Sim, eu estou. — Eu
assumo. Eu ainda não sabia se Enzo quer ou não
manter segredo, então, eu não estou citando nomes
aqui.
Os olhos de Peter caem para o café em minhas
mãos, seu cenho franzido, confuso e um pouco
contrariado. — Pode me devolver o café? — Ele
pede, sua voz é baixa e com um toque de irritação.
Meu queixo cai quando eu fico sem reação, porque
eu não esperava essa reação tão…infantil dele. Eu
pisco algumas vezes, tentando não ficar tão afetada
por ele ser um babaca, mas quando eu estou prestes
a empurrar o café para ele, ele cai na gargalhada,
segurando sua própria barriga.
— Harred, qual é! Estou brincando. — Ele diz,
ainda rindo. — Você é linda e era óbvio que estava
em outra. Eu me toquei na nossa primeira saída. —
Ele toca meu braço e aperta de leve, em seguida,
enfia a mesma mão no bolso do jaleco. — O
pessoal quer conhecer a famosa Cirurgiã
Cardiologista Harred, e como eu sou o único que
realmente falo com você, eles me pediram pra te
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convidar. Vamos lá! É apenas alguns drinks e, se


você se sente insegura em relação a mim, não se
preocupe, eu vou chamar alguém para ir comigo.
Ele vai embora e eu fico apenas com meus
pensamentos e meu café. Por um segundo, eu
estava cogitando bofe o café quente na sua cara e
chamá-lo de idiota, mas, agora percebo que eu fui a
única que fez papel de idiota aqui.
Eu não gosto de conhecer muitas pessoas, mas já
que tiveram o trabalho de pedirem para Peter me
chamar, eu vou fazer esse esforço. Eu pego meu
celular e mando uma mensagem para Enzo,
"Que horas você vai para o hotel?"
Devolvo o celular para meu bolso e vou fazer a
visita ao meu paciente.

•••

Eu peguei a unha do meu polegar entre os dentes


enquanto eu digitava a senha do meu celular para

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ler a mensagem inteira de Enzo.


"Estava em reunião, então desculpa a demora.
Ainda não sei. Que horas você quer que eu vá?"
Eu respondi com apenas uma mão,
"Depois das onze da noite? Tenho um
compromisso hoje, mas vou sair cedo."
A resposta dele foi rápida e curta, "Tudo bem."
Eu coloquei o celular de lado e comecei a separar
uma roupa para mim.
Havia duas horas que eu havia chegado no hotel e
faltavam apenas uma hora para a hora marcada de
encontrar com o pessoal do hospital no bar. Eu
passei loja quando estava vindo para o hotel e
comprei algo para vestir. Eu tenho noção que as
pessoas em Los Angeles costumam sair à noite
vestidas como se estivessem indo para o Oscar. De
uma forma mais sexy e ousada, claro.
Depois que tomei um banho, eu vesti uma das
lingeries que comprei com minha mãe, em seguida,
o vestido que comprei esta tarde. Ele era um
tubinho preto, de alças fininhas e que alcançava
apenas até um pouco acima do meio das minhas
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coxas. Eu coloquei uma jaqueta preta por cima,


para esconder as marcas que Enzo deixou em meus
ombros e soltei o cabelo para esconder a do meu
pescoço. A sandália alta era preta também. Após
fazer a maquiagem e, mais uma olhadinha no
espelho, e eu estava pronta.

O bar não era como eu esperava. Ele era grande,


quase como uma boate, com sofás grandes e ovais,
com tons de preto e luzes roxas.
Eu encontrei Peter com mais cinco médicos, em um
sofá de canto.
— Você veio. — Ele olhou para cima, para poder
olhar para mim, de onde está sentado. Ele se
levantou e fez as apresentações necessárias, e então
me indicou um lugar para sentar.
Enquanto tomava gim com tônica, eu consegui
conversar com eles. Eles eram legais, afinal de
contas. Em Londres, nenhum médico faz isso. É
apenas trabalho e casa. Ninguém lá arruma esses
encontros com os colegas de trabalho.
Minha bebida acaba, então, eu peço licença e vou

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pedir outro no balcão. Eu me inclino sobre ele e


faço meu pedido.
— Então, Harred, — Peter chega ao meu lado. —
por que não trouxe ele? — Ele toma um gole da sua
bebida e a deixa sobre o balcão, enquanto ele sorri
para mim.
Leva uns segundos para entender do que ele está
falando. — É apenas um lance casual, Peter. Eu
não ter ele no meu pé sempre que saio para algum
lugar. — Eu estalo a língua contra o céu da boca.
— E você, doutor Anderson, foi um babaca mais
cedo. Eu ia jogar o café quente na sua cara, sabia?
Ele joga a cabeça para trás e ri alto. — Meu Deus,
Harred! Você é hilária.
Eu também acabei sorrindo e balancei a cabeça
quando o barman e entregou minha bebida.
— Boa noite. — essa voz. Enzo.
Virando a cabeça para meu outro lado, eu olho em
seus olhos azuis. Ele está olhando diretamente para
mim. Eu abro minha boca para falar, mas a fecho,
em seguida.
Ele está lindo, todo de preto, da cabeça aos pés,
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seus olhos azuis brilhando sob as luzes do lugar.


Um desejo de beijar seus lábios avermelhados faz
meu estômago contrair, e claro, faz minha calcinha
molhar. Mas, isso também pode ser porque estou
sob o efeito de álcool...
— Boa noite. — Peter devolve o cumprimento e
ergue uma mão para ele, pelo lado do meu corpo.
— Sou Peter Anderson, um colega de trabalho.
Eu não preciso me virar e olhar para Peter para
saber que ele está sorrindo. Sua voz já está dizendo
isso para mim.
Enzo aperta sua mão e balança com firmeza quando
diz, — Enzo Lazzari. — mas, em nenhum
momento, ele desviou seu olhar do meu. Ele olha
para minha bebida no balcão, e volta para meus
olhos. — São onze e meia.
Sua voz estava com um toque rouco, irritado,
apesar de seus olhos não estarem transmitindo nada
além de um pouco de gelo. E isso fez meu clítoris
palpitar dentro da calcinha.
Eu estava um pouco alta, certo? Não tenho culpa.
Peter limpa a garganta, atrás de mim. — Vou ver
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como a Gabe está. Ela bebeu um pouco demais.


Eu aceno distraída, olhando rapidamente para ele.
Quando volto meu olhar para Enzo, ele está
inclinado sobre o balcão, com os cotovelos
posicionados na madeira e o queixo na palma da
mão, olhando para minhas pernas. — Veio me
buscar? — Eu perguntei.
Ele sobe os olhos para meu rosto. — Eu fui para o
hotel e você não estava lá.
— E como sabia que estava aqui?
— Minha mãe também é médica, e ela passou um
pequeno período no mesmo hospital que você
quando o Ben nasceu. — ele move o dedo,
indicando ao redor. — E esse bar é conhecido
como o Bar dos Cirurgiões em Los Angeles. Não
foi difícil deduzir aonde você estava.
Okaaay...
Eu pego minha bebida e a viro de uma só vez, em
seguida, bato minhas palmas contra a madeira. —
Me dá uma carona até o hotel, gostosão?
Ele acena na direção que Peter foi. — Seu colega
de trabalho não vai fazer isso? — Ele ergue uma
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sobrancelha, questionadora, os lábios levemente


enrolados, em um quase sorriso.
Os cantos da minha boca são puxados para baixo e
eu encolho os ombros. — Eu posso ir perguntar…
Eu faço menção de me afastar, mas ele segura meu
antebraço. Ele não diz nada, ele apenas olha bem
no fundo dos meus olhos, seus olhos azuis estão
escuros, gritando várias promessas ruins, enquanto
ele retira uma nota de cem dólares da carteira e
passa para o barman. — Isso deve pagar tudo que
ela consumiu.
Movida, talvez, pelo álcool e pelo meu tesão
descontrolado, eu piso para perto dele e encosto
minha boca em seu ouvido quando sussurro. —
Estou com uma lingerie novinha. Talvez, você
queira tirá-la do meu corpo. — Eu sorrio,
capturando seu lóbulo entre os dentes. — A
calcinha é tão pequena e ela está tão molhada... Eu
deixo você rasgá-la. Não fará falta.
Eu me afasto, ainda sorrindo e caminho para a
saída, sentindo ele vem atrás de mim.

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CAPÍTULO 12 - ENZO

Eu sou um homem ciumento.


Eu sou do tipo que costuma ter ciúmes até do que
não me pertence realmente. Eu tenho ciúmes da
minha mãe, da minha irmã, da minha filha, tinha
ciúmes da minha mulher... Eu tinha ciúmes até das
garotas que eu ficava na época do colegial.
Não está sendo diferente com Juliet.
Ver ela inclinada naquele balcão, com a barra do
vestido quase alcançando sua bunda, enquanto o
outro cara conversava com ela, sem parar de olhar
para ela e sorrir, me causou ciúmes.
Temos apenas um acordo de sexo casual, mas ela é
minha por duas semanas.
E como um ciumento de verdade, eu não divido. Eu
odeio dividir as coisas, principalmente as que são
minhas, por um período curto ou longo de tempo.
Eu me certifico que ela colocou direito o cinto e
retiro o carro do acostamento. Eu tenho minha
atenção na pista em minha frente, mas, com minha

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visão periférica, eu posso ver ela sorrindo.


— Você está bêbada. — eu acuso.
— Eu não estou bêbada. — Ela discorda e ergue
três dedos. — Aquele foi meu terceiro drink.
Eu alço as sobrancelhas, sabendo que ela está
olhando para mim.
Ela está bêbada.
Ela solta o cinto e vira o corpo para mim. — Você
é um bom motorista, Enzo?
Olho pra ela, bem rápido agora, e volto a olhar pra
frente. — Acredito que sim.
— De zero a dez, qual nota você se daria?
— Dez. — eu respondo, sem pensar duas vezes.
A mão de Juliet vem para minha perna e eu engulo
em seco. Eu posso sentir o seu sorriso malicioso
fazendo cócegas no meu pescoço quando ela se
aproxima mais e sua mão sobe para o botão da
minha calça.
— Uma bêbeda faria isso? — Ela puxa meu lóbulo
entre os dentes, abre o botão e enfia sua mão dentro

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da calça, e imediatamente, eu estou duro.


Limpo a garganta, tentando não perder o controle
do carro quando todo meu sangue desce e se instala
no meu pau. — Uma bêbada, com toda certeza,
faria isso. — Eu digo, com dificuldade porque ela
começou a apertar de leve.
Ela ri, baixinho, gostando do que está me causando,
e desliza o zíper aberta. Quando meu pau salta para
fora, sua mão envolve entorno dele.
Eu largo uma mão do volante e agarro seu pulso,
direcionando um olhar duro a ela. — Eu estou
tentando chegar em segurança no hotel. — eu tento
advertir, mas ela ignora, completamente.
Juliet abaixa a cabeça e seus lábios envolvem a
minha cabeça, e eu deixo um ruído, parte
exclamação, parte gemido, sair. Sua boca é quente
e pequena. Ela é toda quente. E mesmo com o ar-
condicionado ligado dentro do carro, eu posso
sentir minha nuca começar a suar.
— Merda! — eu sibilo, agarrando bem o volante
com as duas mãos, levando tudo de mim para não
perder o controle, da mesma forma que estou
perdendo a cabeça nesse momento.
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Ela leva meu pau mais para dentro de sua boca, sua
língua lambendo ao redor, enquanto sua mão
esquerda envolve o meu comprimento,
masturbando para cima e para baixo, e sua mão
direita massageia minhas bolas. Ela está soltando
gemidos baixinhos enquanto trabalha a boca e as
mãos sobre mim.
Estou respirando com dificuldade, meu coração
acelerado, meu corpo ficando quente e suado. Suas
mãos são perfeitas, sua boca de outro mundo, e eu
estou tão duro por ela, que está doendo.
Juliet me retira de dentro de sua boca, e ela tira a
língua para fora e lambe ao longo do meu
comprimento, voltando a me enfiar na boca, em
seguida.
Retiro uma mão do volante e junto seus cabelos,
enrolando eles envolta do meu punho, para tentar
ver sua boca trabalhando, ao mesmo tempo que
mantenho o foco na estrada. Por incrível que
pareça, eu ainda não fiz, sequer, um zig-zag. Estou
mantendo o carro em uma linha reta, virando
apenas nas curvas necessárias.
Ela aumenta a velocidade de suas mãos e de sua
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boca, e eu estou na borda quando avisto o nome do


hotel. Eu puxo seus cabelos, mas, em vez de parar,
ela me leva mais fundo.
Eu consigo colocar o carro para dentro da garagem
do hotel e estaciono em sua vaga. Desligo o carro e
minha cabeça cai para trás, no encosto do banco,
meus olhos fechados fortemente, enquanto eu
controlo os ruídos que querem escapar pela minha
garganta.
Ela me retira de novo e circula a língua envolta da
cabeça molhada uma vez, antes de começar a
bombear sua mão rápido e com uma força
calculada. Ela pressiona os lábios na minha
mandíbula, sem parar de sua mão. — Vem, baby.
Você precisa vir antes que alguém apareça por
aqui. — Ela sussurra, em seguida, ela desce e me
lambe novamente. Então, ela bombeia uma última
vez, de forma lenta, porém dura, e eu gozo com um
gemido reprimido, melando toda sua mão.
Eu ainda estou de olhos fechados, respirando com
dificuldade, mas eu posso sentir ela se movendo em
seu banco.
— Você ainda acha que estou bêbada? — ela
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pergunta.
Eu abro os olhos para vê-la com um sorrisinho
safado e, sim, bêbado. — Você está. — Eu afirmo,
quando começa a sentir minha respiração voltando
ao normal.
Ainda sorrindo, ela retira a jaqueta que está
vestindo e começa a limpar a mão, seus cabelos
jogados para o lado, por cima de seu ombro direito,
e seus lábios avermelhados e inchados pelo
trabalho de poucos instantes atrás.
Meus olhos descem para seu pescoço, em seguida,
para seu ombro, ambos marcados por mim. Isso me
torna ainda mais possessivo do que eu já sou.
Ela olha para meu pau, quando ela começa a
endurecer de novo, e seus olhos brilham com
malícia.
Eu mexo no banco, deslizando ele mais para trás.
— Venha aqui. — Eu chamo, batendo na minha
perna. — Vamos fazer algo diferente hoje.
— Pensei que eu estava bêbada. — Ela brinca,
prendendo um riso, mas já atravessando o painel e
montando em mim.
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Eu seguro sua cintura fina e levo minha mão para


baixo, sentindo o tecido molhado de sua calcinha.
Eu deslizo o dedo para baixo e meus olhos
endurecem. — Você está usando fio dental.
Ela está com o lábio inferior entre os dentes quando
acena, confirmando. — Estou.
Meus olhos estreitam e eu afasto o tecido de renda
e enfio um dedo dentro dela, lutando para não
gemer ao sentir o quanto ela está quente para mim.
— Você foi encontrar aquele homem com essa
calcinha.
Juliet agarra a barra de seu vestido com as duas
mãos e puxa para cima, retirando pela cabeça, e
revelando seu sutiã tomara-que-caia, cor-de-rosa e
de renda, que puta merda, é muito sexy nela. — Eu
fui com a lingerie completa. — Ela diz, e começa a
se mover de encontro ao meu dedo. — Mas, na
verdade, — ela segura em meus ombros para se
mover melhor. — eu fui já preparada pra você.
— Hum. — Eu retiro o dedo, e ela lamenta. Eu
passo meu polegar pelo seu clitóris sob a renda rosa
da calcinha. — Você disse que eu posso rasgá-la,
então… — Então eu puxo, e ela grita quando o
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tecido se parte contra sua carne.


Eu me inclino para pegar uma camisinha dentro do
porta-luvas e visto ela, um instante depois, estou
deslizando pela entrada apertada de Juliet.
Ela pega meu rosto entre as mãos, e desce seus
lábios para os meus, e começa a me beijar devagar,
enquanto ela sobe e desce, lentamente, se
acostumando com meu tamanho e espessura.
Seguro a parte de trás de sua cabeça e enfio minha
língua em sua boca, lambendo sua língua.
Ela parte o beijo e desce sua boca pela minha
mandíbula e pescoço, quando eu começo a entrar
nela mais rápido. Eu pego sua cintura com as duas
mãos e guio ela sobre mim. Não demora muito para
ela apertar envolta de mim e estremecer.

Depois que eu dou um tempo para ela se recompor


e vestir, eu subo com ela até o quarto.
— Eu acho que estou com um pouco de sono. —
Ela diz, já retirando seu vestido outra vez.
Eu olho para sua bunda nua quando ela se joga na

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cama, de bruços, e balanço a cabeça, engolindo em


seco.
— Será que você vai passar a noite? — Ela
murmura contra o travesseiro.
Eu tento esconder o riso porque, geralmente, depois
de uma adrenalina igual a que tivemos no carro,
qualquer pessoa bêbada ficaria alerta, mas não ela.
Parece que juntou todo o cansaço e se misturou
com a bebida, e isso acabou com ela.
Eu chego perto da cama e vejo que ela já havia
pego no sono, então eu puxo o edredom por cima
dela, e vou embora.
Eu não poderia passar uma noite aqui.

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CAPÍTULO 13 – JULIET

Meu celular despertou na mesma hora que ele fazia


todas as manhãs. Eu tateei por ele, mas ele não
estava por perto. Eu abri os olhos, mas os fechei
rapidamente. A luz do sol estava bem na minha
cara, e minha cabeça parece que vai explodir a
qualquer momento.
Eu aperto os olhos fechados e gemo em agonia. Eu
bebi mais do que devia ontem. Eu pressiono o rosto
contra travesseiro, então percebo que meu
despertador parou de tocar sozinho. Quando eu
abro os olhos de novo, eu olho ao redor, curiosa e
para minha surpresa, Enzo está sentado do sofá
branco, no canto da parede.
Ele está olhando para mim, com seus olhos sérios e
perfeitos, seus cabelos rebeldes e perfeitos, e seu
rosto lindo e perfeito. Era a visão que eu desejei ver
quando acordasse, durante oito anos. Perfeita.
Eu me viro na cama e me sento, segurando o lençol
no meu peito. Eu estou sentindo um vento a mais
nas minhas partes íntimas, mas eu não quero olhar
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debaixo do lençol agora.


Eu dormir nua?
Eu olhei para Enzo, sem me importar que me
pareço um desastre ao acordar. — Você dormiu
aqui?
— Não. Eu fui embora quando você dormiu, mas
voltei quando Mia foi para a escola.
— Ah. — Eu olho para baixo e vejo que ele não
está com a mesma roupa. Eu lembro bem a sua
roupa, eu acho.
Ele estava todo de preto, e agora ele está de calça
preta, mas com uma camisa de botões brancas. Ele
parece que está pronto para um dia de trabalho.
Uma pontada de dor atinge minhas têmporas e eu
faço uma massagem com os dedos para aliviar
— Você precisa de um comprimido? — ele me
pergunta, parecendo preocupado.
Enrolando o lençol envolta do meu corpo, eu me
levanto. — Eu vou tomar algum depois de tomar
um banho. — Eu entro no banheiro, ligo a torneira
da pia, e pego água na concha feita pelas minhas

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mãos unidas para lavar o rosto. Eu não me


lembrava de muita coisa de ontem.
Eu lembro que estava no Tony's, com o Peter e
alguns colegas do hospital, em seguida, Enzo
chegou, e eu adormeci na cama. Mas, eu sei que
aconteceu alguma coisa nesse meio tempo entre
Enzo chegar no bar e eu adormecer.
— Enzo?
— Huh?
— Eu fiz alguma besteira ontem? — Eu pergunto, e
seguro meu estômago, quando o medo de ter dito
algo que não devia, surge.
Enzo aparece na porta do banheiro, e ele empurra
seu ombro contra o batente, me observando com
seus olhos azuis. — Você não lembra, realmente?
Balanço a cabeça. — Eu bebi mais de seis doses.
Ele ri, seus ombros sacudindo de leve. — Você
disse que foram três.
Eu lamento com outro gemido agoniado. — Eu
estava bêbada, e provavelmente não queria que
você soubesse.

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Abro o vidro do box e ligo o chuveiro para


esquentar a água, sentindo o olhar atento de Enzo
sobre cada movimento meu.
Eu olho pra ele. — Vai me contar o que eu fiz?
Ele está sério novamente quando se aproxima, me
fazendo encostar no vidro atrás de mim e levantar o
queixo para poder olhar em seus olhos. Ele agarra
meu queixo entre o polegar e o indicador. — As
únicas coisas que eu vou dizer agora são: A, eu não
sou de dividir as minhas coisas, Juliet. Eu não estou
dividindo você com aquele médico ou qualquer
outro, durante essas duas semanas. — Ele olha bem
no fundo dos meus olhos, como se pedisse para
saber se eu estou concordando, e eu aceno de
imediato. — B, sob nenhuma circunstância, vá
encontrar com seus amigos em um bar, usando uma
coisa tão minúscula como a calcinha que você
estava.
Eu mordo o lábio inferior, prendendo um sorriso de
satisfação. — Você gostou da calcinha?
Seus olhos brilharam. — Não brinque comigo.
Eu me afasto do seu toque, ainda sorrindo e deixo
meu lençol cair, ficando apenas com meu sutiã. —
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Você apareceu no bar, me trouxe de lá, e agora está


dizendo que está com ciúmes do Peter? — eu
pergunto, parte brincando, parte satisfeita. —
Cuidado. — sussurro, divertida. — As pessoas
podem achar que isso é um relacionamento.
Eu retiro meu sutiã e entro no box, e logo, debaixo
do chuveiro.
— Eu não ligo para o que elas acham. — Ele diz,
sua voz um pouco rouca, enquanto seus olhos
descem e sobem, absorvendo cada parte do meu
corpo molhado. — Eu sou muito ciumento, e não
seria diferente com você. Você é linda.
Ah, as borboletas no meu estômago… Elas estão
tão agitadas agora.
Eu encaro seus olhos através da água corrente
caindo pela minha cabeça, e apenas dou um sorriso
amarelo e um aceno como resposta.
Eu não posso me apegar demais.
Não posso.
Não posso.
Sem ilusões.

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Você não precisa de mais ilusões, Juliet.


Oito anos foram o suficiente.
Eu pego o shampoo e começo a lavar meus cabelos.
— Se não foi pra me dizer o que eu fiz ontem,
então, por que está aqui tão cedo?
Enzo cruza os braços, sua expressão mudando um
pouco, como se ele tivesse lembrado de algo ruim.
— Ethan quer falar com você. Ele pediu para
chamar você lá na empresa.
— Ethan, o advogado, que agora é presidente de
uma empresa de aeronaves?
Ele confirma.
Eu franzo o cenho. — O que ele quer comigo?
Ele dá de ombros. — Você já vai saber.

•••

— Obrigado por ter vindo! — Ethan me


cumprimenta, assim que entro no escritório de
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Enzo.
Eu ainda estou confusa. Eu o conheço apenas por
alto, e não vejo nenhum motivo para ele querer
falar comigo aqui. Mas, eu devolvo o cumprimento
com um sorriso.
— Não tem de quê. — eu digo. — Em que posso
ajudar?
Ele parece ansioso quando me passa um tablet.
Eu olho para a tela e vejo uma série de imagens de
exames médicos. São tomografias, que mostram
tumores espalhados por vários lugares, entre eles,
na cavidade torácica. Eu já tinha visto algo
parecido, mas não tão grande. Olho para Ethan,
confusa quando eu pergunto, — Quem é?
— Minha namorada. — ele reponde, nervoso.
Eu abro a boca chocada. Sou acostumada a ver
coisas assim e a lidar com elas, mas, ainda assim, o
impacto é sempre ruim. — Uau… — eu pisco
algumas vezes para a tela, repassando as imagens.
— Eu sinto muito, Ethan…
Ele engole com dificuldade. — Ela tem só mais um
mês de vida, mas o médico responsável disse que,
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se conseguisse tirar parte dele, ela não morreria.


Mas, ele e todos os outros que eu entrei em contato,
não aceitam fazer a cirurgia. Dizem que é muito
arriscado. — Ele olho de forma ansiosa para Enzo,
depois para mim. — Eu sei que é pedir muito,
quando nós mal nos conhecemos, mas, eu ouvi
falar que você é a melhor, e que você adora um
desafio, então…
Eu balanço a cabeça. — Ethan, — eu olho bem
para parte aonde o tumor está espalhado pela caixa
torácica. — eu, de fato, amo desafios. E,
particularmente, eu sou boa com eles, mas eu não
estou por dentro do caso dela…
— Eu faço o que for preciso. Eu te coloco dentro.
— ele me interrompe. — Por favor?
Eu olho em seus olhos perdidos, implorando para
mim, e eu acabo cedendo. Endireito meus ombros.
— Olha só, eu posso fazer, mas eu tenho que ser
sincera com você.
— Por favor. — ele incentiva.
— Eu tenho amigos que, se eu chamar, eles aceitam
tentar retirar das outras partes, isso não é o
problema. O problema é: eu posso retirar apenas
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uma parte, porque o tumor em si já está muito


espalhado e chegou em lugares que é inoperáveis.
— aponto para tela do tablet. — A única coisa que
eu posso fazer, é dar mais alguns meses de vida
para ela, antes que o tumor se espelhe novamente.
É tudo que eu posso fazer.
Ele sorri, com tanto alívio, que o sentimento que eu
costumo sentir quando eu dou uma notícia boa no
hospital, me invade agora. Ele vem e me abraça
forte, pegando-me de surpresa. — Muito obrigado!
Mais alguns meses é melhor que nada, certo?
Ergo um dedo em riste. — Mas, primeiro, você
precisa falar com a direção do hospital em que ela
está e ela precisa pedir para que eu assuma seu
caso. E eu preciso de uma semana para estudar o
caso, para poder me preparar.
Ele assente, confirmando. — Sim, tudo bem.
Obrigado, Juliet! — ele me abraça de novo. — Eu
vou falar com ela agora mesmo!
Quando ele sai pela porta, eu olho para Enzo, que
está encostado na sua mesa, com os braços
cruzados. Ele sorri de lado, e fala de forma
silenciosa um: "Obrigado."
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CAPÍTULO 14 - JULIET

— Você conhece ela? — eu pergunto, quando


deslizo de volta para cama.
Enzo me trouxe para o prédio do hotel de Mia,
novamente, no dia seguinte. Nós já estamos por
aqui há mais de uma hora, e já tivemos o nosso
primeiro round de sexo quente. Muito quente.
Eu pedi um tempo porque, após passar quase a
noite toda ajudando no hospital, eu estava um
pouco acabada, e ainda por cima, Enzo me fez ficar
em algumas posições que eu nunca tinha visto na
minha vida.
Ele me deu uma taça de vinho e colocou uma
bandeja com uvas e morangos perto de nós.
— Ela quem? — ele procura saber, com uma
sobrancelha arqueada, após engolir um morango.
— Lisa.
Ele assente. — Ela está com Ethan o mais tempo
que Mel está com meu irmão. Já é da família.
— Hum. — eu arranco, distraída, as folhinhas do
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morango.
Eu não conheço muito bem nem o Ethan,
tampouco, a Lisa, mas saber que ela é tão próxima
à família da minha mãe, é como se eu estive prestes
a operar alguém da minha família. Eu recebi todos
seus exames e, imediatamente, pedi a transferência
dela para o hospital em que eu já estava
trabalhando. Eu poderia fazer a cirurgia hoje
mesmo, mas eu quero me sentar e estudar, para
quando eu entrar naquela sala de cirurgia, dar o
meu máximo pra ela.
Enzo se remexe, esticando as pernas fortes para
frente. — Você não pode salvá-la? — ele pergunta,
baixo.
Eu engulo em seco, encontrando os seus olhos. —
Se eu pegasse esse caso há um ano atrás? Sim.
Agora? Não. Ela está muito ruim. Eu não sou Deus,
Enzo. Tudo que eu posso fazer é dar três ou quatro
meses para ela.
— Você acredita em Deus?
Eu sou pega de surpresa com sua pergunta. Ele está
me olhando, com curiosidade brilhando em seus
olhos.
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Eu aceno. — Você não?


Ele não responde de imediato; Ele me olha dentro
dos olhos por um tempo, então ele balança a
cabeça. — Você é médica. — ele desconversa.
— Sim. Médica, não Deus. — eu digo. — Eu uso
apenas meu dom com as mãos para abrir uma
pessoa e retirar um tumor, ou um coração, mas não
sou eu que decido quem vive ou morre. Eu já vi
pessoas que dão entrada quase morta e no dia
seguinte, sai andando pela porta, como se nada
tivesse acontecido. Mas eu também já vi pessoas
que chegam pra fazer um curativo no joelho e sai
no outro dia direto para o necrotério.
Ele se inclina, sustentando seu corpo grande com
um braço apoiado contra o colchão. Ele me olha,
realmente interessado no que eu estava dizendo,
mas ainda posso ver um pouco de rancor lá. Talvez
rancor por Deus? Ou pelos médicos? — Então,
você acredita em Deus?
— Eu acredito em propósitos. — eu coloco dessa
forma, querendo mudar de assunto. — Exemplo: eu
estou aqui, e por quê? — eu coloco minha taça na
mesinha ao lado da cama e monto em suas pernas,
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fazendo-o sentar no colchão e segurar minha


cintura. — Se aquele menininho não tivesse um
problema de coração e não precisasse de um
transplante, provavelmente, eu não teria vindo para
cá, e eu não estaria aqui, prestes a transar com você
de novo. Isso foi um propósito.
Ele morde meu queixo, e eu gemo, lamentando. —
Eu gostei desse propósito. — ele murmura contra
meu pescoço. — Eu estou pronto pra entrar em
você, Juliet.
Eu jogo minha cabeça para trás, lhe dando acesso à
minha garganta, e sussurro de volta: — Já devia ter
entrado…
•••

Eu observo Jax colocar suas coisas na mochila


através da tela do computador.
Ele parece maior que da última vez que nos
falamos por chamada de vídeo. Ele para no meio de
seu quarto e coloca as mãos na cintura, enquanto
olha ao redor, sua expressão pensativa, como se
quisesse lembrar de alguma coisa.

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— Algum problema? — eu procuro saber. Quando


estou lá, eu sempre acho suas coisas. Ele sempre
faz questão de esquecer onde coloca elas.
Ele sacode a cabeça. — É o meu livro de biologia.
Eu não sei… Achei! — ele abaixa e quando
levanta, ele tem o livro de biologia nas mãos.
— Você precisa organizar suas coisas, Jax. —
repreendo.
Ele vem se sentar na cadeira de escritório e fixa
seus olhos negros em mim. — Você vai demorar
mais aí?
Deixo um suspiro sair e meus ombros caem. Eu
estou com tanta saudade dele…
— Sim. Recebi outra cirurgia de urgência e devo
demorar mais umas duas semanas a mais que o
combinado.
Ele aperta os lábios em uma linha fina, e mesmo
sem dizer nada, eu posso ver a tristeza em seus
olhos.
Eu me inclino sobre a mesinha que havia colocado
meu MacBook. — J2, ei, prometo que vou chegar a
tempo do seu aniversário, tudo bem?
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— Mesmo? — Ele pede, com esperança.


— Mesmo. — eu garanto.
Jax perdeu a mãe no dia do seu aniversário, então,
ele não gosta de comemorar. Todos os anos, nós
subimos no telhado da nossa casa, e passamos um
tempo lá de noite, comendo várias besteiras. E, se
eu não tiver em casa, ele provavelmente ficará
bastante triste, sozinho.
Jax pega a mochila. — Certo. Estou indo pra
escola, J1.
— Eu ligo pra você amanhã, tudo bem?
Ele assente, ainda um pouco desanimado, e se vai.
Eu deito na cama do hotel e tento o meu melhor
para pegar no sono, porém, há um pequeno
incomodo delicioso no meio das minhas pernas,
que não está ajudando muito.

•••

Se não tiver ocupada hoje, quero que almoce

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comigo.
Foi a mensagem que recebi de Enzo, assim que
acordei. Eu não pude deixar de sorrir enquanto
respondia,
Um almoço casual? Isso parece interessante.
Ele respondeu de volta, rapidamente.
Você gosta de brincar comigo. Não brinque.
Eu: Você adora quando eu brinco com você,
baby. Só me mandar o local e eu estarei lá.
E eu mando uma piscadela pra ele. Eu nunca
mandei uma piscadela para ninguém. Eu estou me
sentindo estranha, porém, orgulhosa.
Quando sua resposta chega, eu preciso me segurar
para não gritar no banheiro.
Esteja em frente ao seu hotel às meio-dia. E não
use uma calcinha. Você não precisará dela hoje.

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CAPÍTULO 15 | ENZO

Até hoje, só haviam três sorrisos que eu costumava


gostar de ver.
O da minha filha, o da Raquel e o da Alessa.
Apenas esses três sorrisos eram capaz de me deixar
em meus joelhos. Apenas esses três sorrisos eram
capaz de me fazer sorrir em seguida.
Hoje, eu não tenho mais o da Raquel, a não ser pelo
porta-retratos ainda posto sobre minha mesinha de
cabeceira e minha memória. O sorriso do seu
primeiro amor, é o tipo de sorriso que você nunca
esquece.
Mas, eu posso dizer que estou um pouco obcecado
pelo sorriso de Juliet.
Ela costuma sorrir enquanto segura seu lábio
inferior entre os dentes. É sexy, tímido ej lindo. Ela
também costuma ficar com as maçãs do rosto
rosadas e seus olhos se estreitam, quase se
fechando, e isso faz seu sorriso ficar ainda melhor.

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Ela está sorrindo quando descemos do carro no Pier


de Santa Mônica.
Eu olho para baixo, para o vestido de verão que ela
está usando. Está ventando muito hoje, então ela
está segurando o tecido em suas pernas, e eu
começo a imaginar se ela realmente veio sem
calcinha.
Eu levei ela para o North Italia e nos sentamos na
parte de fora, bem de frente para praia. Quando o
garçom veio pegar nossos pedidos, eu sugeri
Parmigiana de Frango e Juliet apenas concordou.
— Comida Italiana? — Ela diz, olhando-me com
um toque de divertimento, mas eu continuo sério.
— Eu preferiria você, mas estamos em público.
Ela ofega, e meus olhos divagam para baixo em sua
boca, quando ela tira a língua lambe os lábios de
forma lenta.
— Se quando eu me levantar dessa cadeira e ela
estiver molhada, — ela diz, malditamente,
sedutora. — a culpa será sua, porque não me quis
de calcinha.
— Vamos fazer assim… — Eu pego meu celular
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quando eu o sinto vibrar e vejo que é uma


mensagem da minha secretária, avisando sobre
minha reunião em uma hora. Devolvo o celular
para meu bolso e olho para Juliet. — Nós
almoçamos e depois, eu mostro a você o motivo de
não te querer de calcinha.
Ela sorri, novamente, seu lábio preso entre os
dentes e sua bochecha cor-de-rosa. E mais uma vez,
eu estou olhando para sua boca.
É incrível a forma como apenas seu sorriso
consegue me deixar excitado. Eu gosto da forma
que sua pele pálida aquece quando estou por perto,
quando eu a toco, quando eu a penetro…

Nosso almoço chega e nós comemos normalmente,


conversando apenas de coisas aleatórias, como Jax,
o garotinho, filho de sua amiga, que ela pegou para
criar. Ela fala dele de uma forma tão dose, que eu
chego a imaginar como é seu lado mãe. Ela deve
ser maravilhosa exercendo esse papel. E também
falamos sobre como Mia adorou seu presente de
aniversário.
— É um pouco assustador para mim. — eu
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confesso, quando engulo. — Mas, ela é apaixonada


pela boneca. Como você achou? Eu nunca ouvi
falar sobre elas.
Ela limpa a boca com o guardanapo. — Porque é
uma empresa alemã ainda em desenvolvimento.
Eles não são muito conhecidos. Eu só descobrir por
uma revista, que estava na sala de espera da escola
do Jax.
Jax.
Eu acabo de perceber que eu gosto da forma que
seu sotaque inglês soa quando ela fala o nome Jax.
Eu já tinha notado seu sotaque forte, óbvio, mas por
conviver tanto com sua mãe, eu já estava
acostumado com ele. Mas, ouvi-la falar o nome
Jax, é muito bom.
Eu olho para sua boca. — Fale Jax de novo. — eu
peço.
Ela me olha, confusa, e para de mastigar por um
momento.
— Apenas fale. Por favor. — insisto.
— Jax… — ela fala, meio arrastado.

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Balanço a cabeça. — Fale normal. Jax.


Ela sorri. — Jax. Tudo bem?
Eu apenas acabo de descobrir ouvir ela falando o
nome do filho postiço é um dos meus sons favoritos
dela. Eu também gosto quando ela fala meu nome,
mas tem algo em quando ela diz “Jax”. Talvez,
puxar bastante o “a” e colocar um pouco de força
no “x” seja uma coisa dos ingleses, mas eu não
tenho contado com muitos inglese; eu tenho contato
com ela. É na voz dela, doce, macia e ao mesmo
tempo firme, que eu escuto, e é perfeita.
— Gostei da forma que você fala esse nome. —
admito.
Os olhos de Juliet crescem um pouco, com
surpresa, então ela captura o lábio de volta com os
dentes e olha, brevemente, para seu prato, antes de
voltar para mim. Seu celular está sobre a mesa, um
pouco afastada do seu prato, quando começa a
tocar. Ela atende, depois de ver quem é.
— Sim? — ela ouve atenta por uns instantes, até
quem quer que seja do outro lado da linha, fala
alguma coisa que a deixa alerta. Ela endireita os
ombros e descarta o guardanapo ao lado do prato.
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— Tudo bem. Prepare uma roupa adequada para


mim, por favor. Estarei aí em vinte minutos. — Ela
desliga e me olha como se estivesse me enviando
um pedido de desculpas.
— Aconteceu alguma coisa? — Eu pergunto,
sentindo sua preocupação, e ela acena.
— O menininho que recebeu um coração novo,
acaba de ser levado para o ala cirúrgica, com
complicações. Ele precisa de uma cirurgia de
urgência.
Eu sinto um aperto o coração, porque eu não posso
parar de imaginar minha filha dentro de um
hospital. Rapidamente, eu pego minha carteira e
deixo em cima da mesa dinheiro suficiente para
pagar nosso almoço e ainda sobrar a gorjeta do
garçom.

Ela para antes de entrar no carro, segurando a porta


aberta, enquanto me olha por sobre o capô do meu
carro. — Você não vai ficar chateado, vai?
— É o seu trabalho, Juliet. Ele é uma criança e
precisa de você. — eu digo, firme, de forma que eu
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consiga ver que não estou mentindo. — Depois,


podemos voltar aqui e eu vou te levar pra conhecer
aquele lugar, pelo qual você veio sem calcinha.
— Ah, Deus! — Ela lamenta e cobre a boca com a
mão, enquanto seus olhos sorriem. — Enzo, tenho
que passar no hotel e vestir uma calcinha.
Eu lhe ofereço um olhar, dizendo silenciosamente
um “Pode ter certeza que nós vamos passar por
lá.” e nós entramos no carro.
Com certeza ela não ficaria sem calcinha perto do
seu colega de trabalho.

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CAPÍTULO 16 – JULIET

Eu permaneci dentro da sala de cirurgia durante a


maior parte da tarde, e mesmo depois de ter
terminado, eu não poderia voltar para o hotel tão
cedo. Meu paciente quase morreu na minha
ausência, e eu não vou sair desse hospital até que
ele esteja completamente fora de risco.
O quarto de descanso dos médicos está vazio, então
eu retiro meus sapatos e deito em uma das camas,
deixando meu corpo relaxar um pouco, meus olhos
pesando com o cansaço.
Depois de alguns instantes, a porta é aberta e Peter
entra, carregando um café nas mãos. —Tome isso.
— ele estende em minha direção e se senta na
beirada da cama. — Soube que você salvou o
menininho de novo.
Eu forço um sorriso e me sento contra a parede,
puxando meus joelhos para meu peito, e bebo um
gole do café. — Fiz apenas meu trabalho, sabe
como é. — aceno o copo em minha mão quando
digo, — Obrigada pelo café. — então sorrio,
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divertida. — Costuma sair por aí dando cafés para


todas ou é só comigo?
Ele faz uma falsa expressão pensativa. — Você
realmente achou que eu era apenas um simples
cirurgião plástico? — ele diz, igualmente divertido.
— Mulher, eu também sou o cara do café.
Minha cabeça cai para trás com uma gargalhada.
Peter ri também, e quando nossos risos sessão, eu
volto a tomar meu café e ele diz, — Há um mês, eu
me inscrevi no programa de pesquisa do Kendric
Memorial e hoje chegou um e-mail, informando
que eu fui aceito. Estou indo em uma semana.
Eu sou pega de surpresa com isso e eu não sei o
que falar de imediato. Engulo, em seguida, consigo
sorrir, realmente animada por ele. — Peter, isso é
muito bom! Eu tenho trabalhado lá durante toda
minha carreira e posso garantir que é maravilhoso.
Principalmente, para quem quer investimento para
pesquisas.
Ele acena, apreciando meu entusiasmo. — Então,
vamos trabalhar juntos?
— Vamos trabalhar juntos. — eu confirmo, com
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um sorriso.
Peter sorri e se levanta. — Bom, estou indo para o
Tony’s comemorar com o pessoal. Você quer ir?
Meus ombros caem um pouco. — Eu preciso
confirmar que meu paciente não terá mais nenhuma
complicação, sinto muito. Mas, estou feliz por
você, Peter. Realmente, parabéns! — Eu me
levanto e abraço ele, seu corpo grande fazendo o
meu ficar ainda menor.
Quando eu quebro o abraço, ele segura meu rosto e
beija minha cabeça, oferecendo-me um sorriso
amigável, em seguida. — Até amanhã, Harred!
Eu aceno em despedida e ele sai do quarto. Eu
termino o café e volto para cama, pronta para
dormir pelo menos uma horinha.
E eu ainda consigo sonhar com Enzo, antes de uma
enfermeira me chamar para ajudar em um caso que
acabou de chegar.

●●●

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ENZO

— Você está gostando dela. — Lucca diz.


— Eu não estou gostando dela. — eu rebato,
lançando-lhe uma rápida olhada atrás dos meus
óculos de leitura.
Ele revira os olhos, enquanto brinca com seu mais
novo projeto, um em que ele está arquitetando um
condomínio de luxo em Miami, em seu Ipad.
Eu acabo de me arrepender de ter dito a ele sobre
isso.
— Nós estivemos juntos apenas três vezes, Lucca.
— eu digo pra ele — Eu não posso gostar dela em
tão pouco tempo.
Lucca para de mexer no Ipad e olha para mim, com
um olhar de “sério?”. — Você pediu Raquel em
casamento apenas um mês depois de conhecê-la.
— Porque eu sabia que ela era a mulher da minha

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vida.
— É disso que estou falando. — ele coloca o Ipad
de lado. — Eu demorei um tempo para perceber
que estava apaixonado pela Mel. No começo eu
pensava que era apenas alguma coisa da minha
cabeça. Giovanni e Aurora? Nosso irmão só
começou a transar com Aurora depois que ele
percebeu que ela era a novata e que ele ainda não
tinha ficado. Mas não você, Enzo. Você sabe
quando vai ficar com alguém na primeira vez que
ver a pessoa. Você nunca foi de perder tempo com
mulheres que você via que não tinham um futuro,
mesmo suas ficadas no colegial sempre acabavam
com um namoro, de longo prazo ou não.
Recostando-me na minha poltrona, eu solto um
suspiro. — As pessoas mudam. Eu tive oito anos
para isso. Não estou a procura de um
relacionamento.
Lucca reprime um sorriso e recupera seu Ipad. —
Eu também não estava, Giovanni tampouco. E olha
onde estamos, certo?
Eu aperto o músculo da minha mandíbula, mas eu
não lhe dou uma resposta. Eu não posso e eu não
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estou gostando de Juliet. Pelo menos, não da forma


que ele acha que eu estou.
Ela é bonita, atraente, gostosa, divertida, mas é só.
Eu morro de ciúmes, porque é o meu jeito, não
significa nada. Não para mim.
Em alguns dias, ela voltará para Londres e eu tenho
que seguir minha vida, cuidando da minha filha e
dando tudo de mim para ela não sofrer tanto com
falta da mãe.

Mas, há noite, quando eu voltei para casa e


coloquei Mia na cama, eu peguei meu celular e
mandei uma mensagem para Juliet, depois eu
peguei algo para beber e me sentei no sofá da
minha sala.
Eu não recebi uma resposta de Juliet e eu não
dormi durante toda a noite, dividido entre ir ou não
no hospital para ver se aconteceu algo com ela.
Mas acabei não saindo de casa. Desde a morte de
Raquel, às vezes, durante a noite, Mia acorda
chamando por ela, então eu preciso estar aqui todas
as noites, para quando isso acontecer, eu poder lhe
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abraçar e dizer que está tudo bem.

●●●

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CAPÍTULO 17 | ENZO

Eu chego no hotel, logo pela manhã, no dia


seguinte. Ainda não tive uma resposta da
mensagem de ontem, e a preocupação não me
deixou pregar os olhos nem por um minuto, durante
toda a noite.
Quando entro na suíte de Juliet, ela está saindo no
banheiro. Ela para de enxugar os cabelos com uma
toalha e seus olhos demonstram surpresa quando
me vê. Ela está vestida com uma camisola e eu
posso ver as manchas escuras e fundas abaixo de
seus olhos.
Ela não dormiu.
— Eu mandei uma mensagem ontem. — eu digo.
— Ainda não tive tempo de pegar o celular,
desculpa. — Ela segue para o quarto e recupera o
celular de cima da cama, e começa a olhar as
mensagens. — Merda. — ela pragueja baixinho,
em seguida, ela lamenta. — Não liguei para Jax
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ontem.
— São quinze horas lá. Ligue para ele agora.
Ela assente e começa a digitar o número em seu
celular, mas antes de levar para o ouvido, ela
procura pelos meus olhos. — Você me espera um
minuto?
Eu aperto um sorriso e aceno com a cabeça. —
Leve o tempo que precisar. — eu falo, e quando ela
se afasta para varanda da suíte, eu me sento em um
dos sofás para esperar.
Eu observo ela com o celular na orelha, falando
com seu filho adotivo.
Ela anda de um lado para o outro, enquanto, pela
sua expressão, se desculpa pelo atraso. Ela parece
tão cansada, mas ao mesmo tempo, tão preocupada
com Jax. As pernas grossas estão todas de fora,
porque o vento está fazendo um bom trabalho em
soprar sua camisola para cima, me deixando ver até
a polpa de sua bunda, de vez em quando.
Eu entorto um pouco o nariz, em uma careta. Só
transamos três vezes e eu já estou tão obcecado
com o seu corpo, seu cheiro, seu gosto. Eu poderia
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tê-la sob meu corpo o dia inteiro e ainda não seria o


suficiente. Estou feliz que teremos uma semana a
mais do combinado, porque eu não sei se meu tesão
sobre ele aguentaria só por duas semanas.
Ela termina a ligação e volta para dentro, seus
olhos encontrando os meus, com um toque de
cansaço, e eu me levanto e enfio uma mão no
bolso.
— Enzo, eu só preciso de algumas horas de sono e
então, serei toda sua. — ela diz, apontando para a
cama.
Eu sinto meu cenho franzir, de imediato. — Eu não
vim aqui por isso. — eu digo, sem me importar de
demonstrar que isso me ofendeu. — Estou aqui
porque estava preocupado com você, e queria saber
se você estava bem.
— Ah. — ela troca seu peso de perna, seu rosto
adquirindo um tom rosado.
Eu vou até ela e, sem que ela esperasse, eu me
abaixo e passo um braço atrás de suas pernas e o
outro em sua cintura, e a levanto em meus braços.
Ela me olha, surpresa brilhando em seus olhos, seus
lábios abertos, como se ela estivesse prestes a falar
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alguma coisa, mas eu não espero para ouvir; eu a


levo até a cama e a coloco sobre o colchão.
— Você está com fome? — eu procuro saber.
Ela ainda está me olhando com surpresa quando
balança a cabeça. — Eu comi alguma coisa no
hospital.
Arqueio uma sobrancelha. — Não foi isso que
perguntei.
Ela morde o interior de suas bochechas. — Não, eu
não estou. — ela diz, por fim.
Começo a retirar meus sapatos, em seguida, minha
camisa e então eu me deito ao seu lado, enquanto
ela me olha, agora espantada, porém, um pouco
divertida.
— O que está fazendo?
Eu puxo o lençol sobre nós. — Vou dormir com
você. Não consegui dormir durante toda noite,
porque estava preocupado com você.
— Oh. — ela pisca, realmente surpresa, agora. —
Isso faz parte do casual?
Pegando sua cintura fina, eu a faço virar de costas
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para mim e trago seu corpo para meu peito. — Faz


parte do nosso casual. — eu digo. Eu estou dando o
meu melhor para ignorar sua bunda roçando em
meu pau, já sedento para estar dentro dela. —
Agora, podemos dormir?
Ela não responde, mas fica imóvel por um
momento. Quando se mexe, é para agarra minha
mão e levar para se próprio peito, onde sou capaz
de sentir as batidas frenéticas do seu coração.
No começo, eu encaro seus cabelos negros,
sentindo-me um pouco estranho por estar prestes a
dormir de conchinha com uma mulher que não é a
minha. Eu posso sentir a relutância empurrando
contra minha consciência quando eu sinto o
coração de Juliet começando a desacelerar e sua
respiração pesar.
Ela caiu no sono.
Enfiando meu nariz em seus cabelos, me permito
relaxar por um momento e sentir seu corpo quente
contra o meu. Então, aos poucos, eu também caio
no sono.

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•••

JULIET

Torno a acordar às treze e meia da tarde, segundo o


despertador do hotel na mesa de cabeceira. Eu
ainda estou um pouco grogue de sono quando noto
um braço circulando minha cintura e uma mão
entre meus seios. A consciência estala em meu
cérebro após alguns segundos.
Enzo. Ele ainda está aqui?
Eu toco sua mão e esfrego meu polegar sobre sua
palma e subo até a marca gritante de um anel ao
redor de seu dedo. Sua aliança. Ele não está
usando, e ele não usou em nenhum momento em
que esteve comigo; Mas ele estava com ela nos dois
jantares na casa de seu pai, na festa de Mia e no
hospital.
Lábios úmidos são pressionados na curva do meu
ombro, e eu pisco com surpresa e viro meu rosto
para ver o rosto bonito de Enzo ao acordar. E ele
também tem um meio sorriso formado em sua boca.
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Não é um sorriso largo, de verdade; é apenas um


inclinar de seus lábios, puxando-os um pouco para
o lado e para cima, mas ainda sim, faz minhas
borboletas se agitarem.
— Eu pensei que você não estaria aqui quando eu
acordasse. — eu sussurrei, porque minha voz ainda
não estava boa o suficiente.
— Eu pensei que não aguentaria ficar. — ele
confessa e sua voz era de uma rouquidão ainda
mais profundo que o normal.
Eu aperto meus lábios em um sorriso pequeno. —
Conseguiu. — murmuro, meus dedos trilhando um
caminho pelo seu antebraço, levemente subindo e
descendo, subindo e descendo.
Enzo se move, e então ele está sobre meu corpo,
seus braços apoiados em cada lado meu, enquanto
seus olhos, desconcertantemente, azuis estão
olhando através de mim.
Meus dedos coçam para tocá-lo, então eu faço. Eu
toco cada lado do seu rosto com meus dedos, tão
suavemente, que eu temo dele não sentir meu
toque. Corro os dedos pelas suas mandíbulas,
queixo, entorno dos olhos, pelo seu cenho sempre
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franzido, e por fim, eu toco sua boca. Eu corro um


dedo indicador entre seus lábios avermelhados e,
pegando-se de surpresa, ele sopra um gemido no
meu dedo, em seguida, ele beija a ponta, colando a
língua para fora e lambendo.
Ele abre a boca e suga meu dedo, sem desviar os
olhos dos meus, e eu posso sentir a sensação
alucinante entre minhas pernas.
— Enzo… — lamento, os dedos dos meus pés se
curvando para baixo, no lençol da cama, por conta
do prazer espalhado por todo meu corpo.
— Ainda está muito cansada? — ele sussurra
contra minha boca.
Eu nego com a cabeça, incapaz de dizer qualquer
palavra enquanto assisto ele se livrar da minha
calcinha, então da sua calça.
Ele desce a boca e beija meu queijo, de uma forma
carinhosa. — Sem preliminares hoje. — ele sopra
contra meu pescoço.
Enzo começa a deslizar para dentro do meu canal, e
pela primeira vez, ele libera seus gemidos. Isso me
deixa à beira da loucura, porque são os gemidos
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mais lindos, mais sexy, e mais esperados da minha


vida. Eu agarro seu rosto e levanto sua cabeça
sobre a minha.
Eu estou olhando bem de perto em seus olhos agora
e algo dentro do meu peito está se apertando, a
ponto de quase me deixar sem ar. Eu cheguei em
Los Angeles com algum sentimento forte por ele, e
hoje, tendo-o dentro de mim, de formas
inexplicáveis, eu posso dizer que, para meu azar, eu
estou completamente apaixonada por esse homem.

•••

Na segunda seguinte, com meu tablet em mãos, eu


entrei no quarto em que Lisa estava, no hospital.
Ethan estava ao seu lado quando eu expliquei,
detalhadamente, sobre sua cirurgia, junto com os
outros cirurgiões que eu convidei para seu caso.
Durante a conversa, eu procurei saber se era
realmente isso que ela queria. Nós lhe daríamos de

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três a quatro meses de vida, mas com isso, viria


mais três ou quatro meses de dor.
"Você não estaria disposta a sentir a dor, se fosse
para ter a oportunidade de olhar para o amor de
sua vida por mais três meses? Talvez, quatro?" Foi
a resposta dela, e foi o suficiente para mim.
Meus olhos se encheram de lágrimas e meu coração
apertou por ela. Eu não respondi com palavras, mas
acenei levemente com a cabeça e sai do quarto para
não chorar em sua frente.
Na quarta-feira, eu estaria pronta para realizar sua
cirurgia.

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CAPÍTULO 18 – JULIET

A cirurgia foi um sucesso.


Nós retiramos tudo que pudemos retirar, e por isso,
Lisa terá mais alguns meses de vida.
Eu tentei ir mais fundo, alcançar as outras partes,
mas eram totalmente inalcançáveis. Pela primeira
vez em minha carreira, eu saí da sala de cirurgia me
sentindo inútil. Agora eu precisava ir até a sala de
espera e informar a família que a cirurgia foi boa,
mas que seu ente querido morrerá dentro de poucos
meses. E eu nunca precisei dar uma notícia assim.
Eu já dei notícias ruins, e notícias boas, mas não
uma assim.
Com calma, eu explico como foi a cirurgia, dando-
lhes cada detalhe do que aconteceu lá dentro, em
seguida, eu explico o que ocorrerá daqui pra frente,
dando meu melhor para manter minha expressão
profissional na frente de todas as pessoas presentes.
Enzo também está na sala, ao lado de Ethan,
enquanto eles me ouvem atentamente, acenando
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com a cabeça, vez ou outra.


Eu posso ver um certo alívio nos olhos azuis-claros
de Ethan, mas eu também posso ver o medo. Medo
do que estar por vir, provavelmente, porque não
será tão fácil. Eu apenas acabei de prolongar uma
despedida lenta, e com certeza, dolorosa. Mas eu
entendo o lado deles, pois eu seria egoísta o
bastante para fazer o mesmo se eu estivesse em
seus lugares. Se Enzo tivesse apenas um mês de
vida. Eu moveria a droga do mundo para lhe
conseguir, nem que fosse apenas alguns meses a
mais.
Quando eu peço para uma enfermeira os levarem
para ver Lisa, ainda desacordada, eu fico sozinha
com Enzo na sala.
Ele vem para perto e me olha de cima, com seus
azuis e tempestuosos olhos. — Obrigado, outra
vez. — ele diz, baixinho. — Isso significa muito
para o Ethan.
— Não consegui salvá-la por completo. — eu
engulo o nó em minha garganta, quando percebo
que ele está perto demais para que eu possa
conseguir respirar.
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— Será o suficiente para eles. — seu dedo


indicador captura o meu e seu polegar se arrasta ao
longo do meu dedo, em uma carícia boa e suave. —
Você esteve lá por doze horas inteiras, sem nenhum
intervalo. Deve estar cansada.
Eu assinto, realmente sentindo o cansaço pesar em
meus ombros.
— Pegue suas coisas e vamos embora. — ele
murmura, com sua mão livre acariciando meu
braço, devagar, para cima e para baixo. — Não sou
muito fã de hospitais e já estou aqui por muito
tempo.

●●●

Ao chegar no hotel, Enzo pede o jantar enquanto eu


sigo para o banheiro, retirando minha roupa pelo
caminho. Quando alcanço o espelho, não tenho
nada no corpo além da minha calcinha. Eu paro por
um momento, e observo minha figura no grande
espelho. Eu tenho algumas marcas ainda ao redor
dos meus seios e ombros e barriga e,
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provavelmente, algumas nas costas e na bunda, que


foram de ontem, que passamos o dia inteiro na
cobertura do hotel de Mia, em cima daquela cama
e, algumas vezes, no hão, próximo às paredes de
vidro.
As olheiras em meus olhos estão profundas e meus
olhos estão um pouco vermelhos pelas doze horas
acordadas.
Livro-me de minha calcinha e vou até a porta do
banheiro, de onde vejo Enzo concentrado em seu
celular. — Você pode tomar um banho comigo? —
eu pergunto, chamando sua atenção. Eu pareço que
vou cair dormindo a qualquer momento, mas agora
só temos nove dias antes que eu volte para Londres.
Tenho que aproveitar cada segundo desses dias.
Ele me olha com algo escuro, safado e ao mesmo
tempo carinhoso, brilhando em seus olhos, então
ele coloca o celular ao lado, no sofá e se levanta,
retirando sua camisa. Ele entra no banheiro,
completamente, nu, e eu bebo cada lugarzinho do
seu corpo grande, másculo e gostoso enquanto eu
ligo o chuveiro e vou para baixo dele. Enzo entra
no box também, chegando bem perto para ficar
debaixo do chuveiro espaçoso o suficiente para
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duas pessoas.
Eu estou com a cabeça debaixo d’água, mas eu
preciso lamber os lábios porque eu apenas consigo
senti-los secos.
Enzo levanta uma mão e afasta uma mecha de
cabelo molhado para trás da minha cabeça, e eu
levo minha mão para fazer o mesmo com o seu
cabelo, que está grudado por toda sua testa. Seus
olhos são ainda mais intensos debaixo d’água.
— Eu não consigo parar de pensar se realmente fiz
a coisa certa. — eu admito em um sussurro. — Eu
nunca entrei em uma sala de cirurgia para sair com
uma incerteza, para dar apenas alguns poucos
meses a um paciente. Ou eu saía de lá com meu
paciente, completamente salvo, ou com ele
completamente morto. Mas isso? — eu balanço a
cabeça quando dou ênfase na última palavra. — Foi
um ato lindo deles dois, mas… Não sei, eles
prolongaram uma dor.
— O amor. — ele corrigiu, segurando em meus
olhos. — Eles se amam, Juliet, e eles precisam de
mais tempos juntos. Eles tiveram essa chance e eles
agarraram ela. Não acontece com todo mundo, eu
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sei disso e você também.


Eu viro a cabeça para encará-lo e eu vejo a dor lá.
A dor de quem não teve essa oportunidade. Meu
peito dói com o egoísmo, o ciúme e a raiva por
sentir isso agora, por causa de sua falecida mulher.
Eu me esquivo de suas mãos, olhando para todo
lugar, menos para ele, mas Enzo me pega de novo,
dessa vez colocando suas mãos em cada da do meu
pescoço, fazendo-me encará-lo de novo.
— Você é a porra de uma médica muito foda, e
você fez a coisa certa. Fez uma coisa linda. — diz
ele, firmemente. — Deixe o resto com eles, tudo
bem?
Mesmo com uma ardência na garganta, eu aceno.
— Ótimo. — ele diz, e em seguida, ele está me
levantando pela bunda, fazendo-me prender minhas
pernas envolta de sua cintura, e me imprensando
entre seu peito poderoso e o azulejo gelado da
parede. Ele pega a parte de trás da minha cabeça e
desce minha boca na sua, e me beija de forma dura
e cheia de fome. Sua língua desliza pela minha
boca, seus lábios chupando os meus, enquanto sua
outra mão aperta minha bunda com força, sua
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ereção pressionando contra minha boceta sedenta.


Ele solta minha boca e a sua desce pela minha
mandíbula e pescoço, até que ele alcança meu seio
esquerdo e puxa o bico pontudo e pequeno entre os
dentes. Depois, ele faz a mesma coisa com o outro
bico, e então, ele começa a chupar com força,
estalando a língua contra eles.
Tudo que se ouvia além da água caindo do chuveiro
era meus gemidos necessitados e os rosnados
famintos que saiam de sua boca enquanto ela
trabalhava em meus seios.
Instantes depois, Enzo coloca a parte de baixo das
minhas coxas sobre seus antebraços e se empurra
para dentro de mim. Ele investia intensamente, sem
se importar com a zoada causada pelas batidas de
seu quadril contra mim, seu rosto enterrado na
curva do meu pescoço, até que nós gozamos juntos.
E eu fiz isso, com meus dedos agarrando seus
cabelos e gemendo seu nome.

●●●

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Após o jantar, Treena ligou e disse que Mia não


estava conseguindo dormir, então Enzo foi para
casa. Ele se despediu com um beijo na minha boca,
tão intenso quanto o do banheiro, pouco tempo
antes, em seguida, ele me cheirou, como se
quisesse guardar meu cheiro.
Depois que ele saiu, eu esperei um pouco até dar
uma hora boa para ligar para Jax, e como sempre,
eu o peguei na saída para o colégio. Ele me contou
por alto como está indo seus encontros com a
garota do colégio, e mesmo estando com um pouco
de ciúme de ter que dividi-lo com uma adolescente
que eu nem conheço, eu estou orgulhosa por ele
crescer e se tornar uma pessoa linda e boa. Quando
desligamos, eu me deitei a cama, e logo, peguei no
sono.

●●●

Na sexta, eu desci do táxi em frente ao hospital, na


mesma hora que Enzo estacionou uma Ferrari 458,
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vermelha. Ele desceu, batendo a porta atrás de si,


vestido com um jeans escuro, uma camisa branca e
uma jaqueta preta. Os óculos de avidor que estava
usando o fazia parecer ainda mais delicioso do que
ele já é.
— Veio ver a Lisa? — eu pergunto, curiosa, sem
conseguir parar de salivar pela sua aparência. E,
graças a Deus, ele está de óculos, porque estaria
pior se estivesse encarando seus olhos azuis.
— Vim ver você. — ele coloca pra fora, e é como
um estalo em meu estômago.
Eu prendo meu lábio inferior entre os dentes,
reprimindo o riso de satisfação. Eu estou prestes a
abrir a boca para falar, quando a voz grossa do
Peter me interrompe.
— Ei, Harred, você vai?… — ele, claramente,
estava quase falando outra coisa quando ele viu
Enzo. Ele parou e então estendeu a mão na direção
do homem ao meu lado. — Olá. — ele
cumprimentou rapidamente e se voltou para mim,
com uma sobrancelha arqueada, esperando por uma
resposta.
Eu assinto, ciente que Enzo está me observando por
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trás de seus óculos escuros. — Hoje à noite, no


Tony’s. — eu confirmo, e Peter sorri animado, e se
despede.
— O que tem hoje no Tony’s? — Enzo parece
curioso, quando ele retira os óculos e que eu possa
ver seus olhos.
— Bebidas? Músicas? — ironizo.
Ele estreita os olhos, dando-me um aviso claro de
que não está brincando.
Eu suspiro, revirando os olhos para sua falta de
humor. — A despedida do Peter.
— Ele foi demitido?
— Será transferido.
— Para que lugar?
Eu puxo meus cabelos para trás e para cima e
começo a prendê-los em um rabo de cavalo. —
Para o Kedrick Memorial. — eu respondo.
Quando ele não diz nada de imediato, eu ergo meus
olhos e o vejo com a cara fechada. — Esse é o
hospital onde você trabalha.

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Eu não sei como ele sabe disso, mas eu assinto,


sem entender o motivo de suas mandíbulas estarem
tão apertadas. — Sim, esse mesmo.
Enzo se mexe e cruza os braços sobre o peito, me
olhando, seriamente, de cima. — Então, — ele
começa de forma calma, porém, um pouco
intimidadora. — está dizendo que seu colega
trabalhará com você?
Oh.
Eu corro pra colocar uma mão sobre minha boca,
porque eu não sou capaz de prender o sorriso
quando eu percebo que ele, Enzo Lazzari, está
tendo uma pequena crise de ciúme. Ciúmes de
mim.

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CAPÍTULO 19 – JULIET

Eu estou reprimindo meu sorriso, segurando meus


dois lábios entre os dentes, enquanto olho Enzo de
braços cruzados, esperando por uma resposta.
— Sim!? — eu digo de forma arrastada.
Ele aperta a mandíbula.
— O quê? — Eu envio minha expressão mais
inocente para ele.
Não é o suficiente, porque ele aperta ainda mais sua
mandíbula e seus olhos estão prestes a me enviar
pregos. — Me responda uma coisa, certo?
Eu concordo.
— Você tem algo com ele?
É minha vez de apertar a mandíbula. Eu não
acredito que ele me fez essa pergunta. — Que tipo
de mulher você acha que eu sou? — Eu pergunto,
duramente, olhado direto em seus olhos, e eu não
espero ele responder; eu pego meu caminho para
dentro do hospital. Mas eu sinto uma mão segurar

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meu antebraço, e Enzo me segura antes que eu


possa passar pela porta.
— Desculpe, tudo bem? — ele pede, sua voz mais
suave que há um momento atrás. — Eu estou vendo
esse cara no seu pé o tempo todo, e eu vejo a forma
que ele olha para você. Não quero insinuar que
você é esse tipo de mulher; Eu só… — Ele franze a
testa, em seguida, passa a mão pelo rosto. — Eu
sou ciumento, eu já disse isso a você.
Juro, eu tento manter minha expressão chateada,
mas eu não sou capaz disso por muito tempo,
porque eu estou olhando direto para seus olhos
azuis da cor do céu, e então, toda minha firmeza
começa a esvanecer. Eu puxo uma longa
respiração, antes de liberar meus ombros.
— Eu saí com ele uma vez, antes de começarmos o
nosso “caso”. — eu confesso, e eu vejo ele lutando
para não demonstrar seu incomodo. — Mas foi
apenas isso. Sair. Uma saída. E nem rolou nada.
Depois, eu falei que eu estava saindo com alguém e
ele acabou deduzindo que era você, naquele dia no
Tony’s.
Ele me encarou por um momento, ainda o ciúme
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brilhando em seus olhos. — Você realmente


precisa ir para a despedida? — ele quer saber após
uns instantes. — Ele terá a chance de ver você o
tempo inteiro e eu só tenho uma semana.
Isso tocou bem no fundo da minha alma e, de
repente, eu não tinha a mínima vontade de ir ao
Tony’s.
Ele está certo. Eu estaria com Peter todos os dias a
partir da próxima semana, mas tenho apenas 7 dias
com ele.
Eu mordo meu lábio inferior quando olho para
meus pés, coberto por meu tênis, e olho para ele de
novo, acenando. — Me dê quinze minutos para
liberar a Lisa, depois me leve para onde você
quiser.

●●●

ENZO

Eu chego em casa, logo depois de deixar Mia na


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casa do meu pai, e eu vou direto para meu minibar.


A casa está silenciosa, porque eu dispensei todos
que trabalham aqui, então, agora sou apenas eu,
meu The Macallan1 e a lembrança de que hoje, dia
29 de Agosto, faz um ano que eu perdi minha
mulher.
Eu subo para o meu quarto e sento na minha cama;
a mesma cama que também pertencia a minha
mulher; a que ela dormia todos os dias; a que eu
fazia amor com ela todos os dias. Derramo um
pouco de uísque no copo de cristal temperado e
defino a garrafa no chão, ao lado do meu pé.
Enquanto eu viro a bebida quente na minha
garganta, eu olho para o porta-retratos com uma
foto da Raquel sobre a mesa de cabeceira. Eu corro
meus olhos pelos seus cabelos castanhos, seus
olhos brilhantes e seu sorriso perfeito. Eu vejo a
expressão de leveza e felicidade que ela está
transmitindo para a fotografia, e eu fecho os olhos,
lembrando de quando eu podia correr as mãos pelos
seus cabelos, olhar dentro de seus olhos quando
estávamos fazendo amor, e quando eu causava esse
sorriso em seus lábios.
Ela era perfeita em tudo que fazia, dizia, ou até
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mesmo pensava. Ela era inteligente, divertida,


delicada e quente, e foi isso me fez cair de quatro
por ela, no momento em que meus olhos
encontraram os dela. Seu toque me fazia sentir
como se quisesse flutuar, seu beijo me deixava de
joelhos.
Eu soube que ela era minha desde sempre.
O amor da minha vida. E a razão dela por quase
dez anos.
Inclinando-me um pouco para frente, eu abro a
gaveta da móvel e retiro o anel de ouro puro. Eu
giro ele em meus dedos, enquanto eu tomo minha
bebida. Eu o retirei do meu dedo quando comecei a
ver Juliet. Assim, eu não me sentiria errando com
ela ou com Raquel, mas mesmo pensando dessa
forma, a sensação ainda pesa dentro do peito. Eu a
coloco novamente no dedo que ela pertence, em
seguida, pego o porta-retratos e me remexo, ficando
com as costas contra a cabeceira da cama, onde
descanso minha cabeça, pendendo-a para trás.
O dia está começando a ir embora quando eu noto
que minha garrafa de uísque secou. Minha cabeça
está dando algumas voltas quando eu tento levantar
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para pegar outra, e o porta-retratos acaba caindo do


meu colo e o som de vidro estraçalhando enche
meus ouvidos e faz doer meu coração. Eu tento me
abaixar para pegar, mas eu não posso, porque
minhas pernas não permitem, então, eu sinto as
lágrimas escorrendo dos meus olhos, a sensação
pesada de perda – a mesma que senti há exatos um
ano – afundando em meu peito.
Meus ombros estão tremendo e eu estou soluçando,
mas eu insisto e acabo trazendo a parte que sobrou
do porta-retratos. Eu sinto minha mão arder quando
eu agarro o vidro quebrado, mas eu não estou me
importando com isso agora. Eu trago Raquel para
meu peito quando escuto alguém chamando pelo
meu nome.
Está longe, então eu não sei de quem se trata, e eu
não tenho forças para ver quem é. Duas mãos
pequenas me pegam pelo ombro e me fazem deitar
no travesseiro. Uma voz – a mesma que chamou
meu nome – soa preocupada quando toca minha
mão, — O que aconteceu com você, Enzo? — é o
que a voz me pergunta.
Eu não respondo; eu apenas agarro mais Raquel
contra meu peito e me encolho a cama, e murmuro
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um, — Um ano. Faz um ano. — antes de voltar a


soluçar.
Pouco depois, tudo fica silêncio e escuro quando eu
caiu no sono. E, eu sonho que estou chegando em
casa e vejo a Raquel, na beira da escada, sorrindo
para mim, como ela fazia todos os dias, mas, em
seguida, não era mais a Raquel ali.
Era Juliet.

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CAPÍTULO 20 | JULIET

Durante todo o dia de ontem, eu tentei chamar


Enzo pelo telefone. Eu liguei, mas ele não atendeu.
Eu mandei mensagens, mas ele não respondeu.
Então eu liguei para minha mãe, já preocupada, e
foi quando ela me lembrou a data de ontem.
29 de Agosto. O dia em que Raquel sofreu o
acidente.
Minha mãe também havia me dito que ele deixou
Mia na casa do seu pai e voltou para casa sozinho.
Eu fiquei durante meia hora, andando de um lado
para o outro na minha suíte, tentando decidir se eu
deveria ou não ir até sua casa. E eu optei por vir,
porque a preocupação falou mais alto.
Em todo o caminho, dentro do táxi, eu imaginei o
que eu falaria para ele. "Eu sinto muito."? "Você é
forte e vai superar esse dia."? Porém, eu não sabia
que poderia ser tão difícil, até que entrei em seu
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quarto e o vi chorando.
Ele parecia destruído, bêbado e com um corte em
uma de suas mãos.
Foi como se alguém tivesse dado um soco na boca
do meu estômago quando eu vi a foto de Raquel em
suas mãos. Um balde de água gelado foi jogado em
meu rosto e meu peito doeu como o filho da mãe
que ele é. Eu engoli a minha dor e o meu ciúme e o
coloquei deitado na cama.
Ele dormiu quase que imediatamente, agarrado com
o quadro quebrado e murmurando algo sobre "um
ano".
Mantenho minhas lágrimas sob controle, eu peguei
um pano molhado no banheiro e limpei com
cuidado o corte e atravessava a palma de sua mão.
Depois, eu desci até a cozinha e procurei pelos
armários um kit de primeiro socorros. A casa estava
vazia, então, como não podia pedir orientação sobre
onde estava, eu levei uns dez minutos procurando,
até que o encontrei em um armário debaixo da pia.
Por sorte, o corte não precisava de pontos, mas eu
fiz um curativo e enrolei sua mão com gazes para
proteger o corte. Em seguida, eu recolhi os vidros,
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que estavam espalhados pelo chão, a garrafa de


uísque vazia e o copo. Eu voltei para sua cama,
após terminar, e sentei na beira ao seu lado,
observando-o com o retrato em seu peito, seus
cabelos rebeldes quase cobrindo seus olhos.
Ele parecia um pouco perturbado em seu sono,
então eu levei uma mão e passei pelo seu cabelo,
retirando os fios de cima de seus olhos.
Naquele momento, eu aceitei algo que eu não
estava conseguindo aceitar; Eu nunca vou
conseguir tê-lo de verdade. Eu estive me
enganando durante todos esses dias, dizendo a mim
mesma e a ele que eu não queria nada além de sexo
casual, enfiando na minha cabeça que eu poderia
fazer isso e, em seguida, voltar para Londres e
seguir com minha vida. Mas, no fundo, bem lá no
fundo, eu sabia que isso não era possível; Que eu já
era apaixonada por ele e que, talvez, eu conseguisse
fazer com que ele sentisse o mesmo por mim.
Mas, ele é apaixonado por outra mulher, e está tão
óbvio que, pelo menos agora, eu não tenho a menor
chance.
E eu não posso simplesmente me sentar e esperar a
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minha chance chegar.


Eu me afastei dele e fui para o sofá que fica na
parede direita do seu quarto e eu me mantenho lá
durante toda noite.

●●●

São oito e trinta e dois da manhã quando Enzo


começa a acordar, e eu não dormi a noite inteira;
Eu apenas bebi sua aparência adormecida por toda
noite.
Ele se senta na cama, fazendo uma careta enquanto
pressiona ambas as mãos em suas têmporas, mas
logo ele geme de dor quando percebe sua mão
cortada. — O que diabos… — Ele me olha com
surpresa nos olhos, e eu não posso me mover agora.
— Você se cortou com o porta-retratos. — Eu digo
pra ele, tentando manter minha voz monótoma.

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Ele olha o porta-retratos do seu lado na cama, seu


cenho franzido se desfazendo quando a ficha
começa cair. Ele está olhando com tanto dor para
Raquel, que a picada no meu peito se torna
insuportável. Ele olha para mim, confuso. — Como
você entrou?
— Seu pai ligou para seus seguranças e eles me
liberaram. — respondi, em seguida, eu respirei
fundo antes de falar: — Enzo, eu estou indo
embora.
— O quê? Por que? — Ele parece atordoado, com
seus olhos azuis se abrindo ao máximo em
surpresa, quando ele joga as pernas para fora da
cama e vem sentar na beira da cama, de frente para
mim. — Do que está falando? Seu voo é na sexta,
pelo que me lembro.
— Eu liguei esta madrugada e adiantei minha
passagem.
Enzo procura pelos meus olhos quando eu pisco
para o outro lado do seu quarto, tentando fugir do
seu olhar confuso.
— Juliet, — ele chama o meu nome e eu tremo,
fechando os olhos dolorosamente.
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— Eu não posso. — Eu choro. Eu inclino para


frente, apoiando os cotovelos em meus joelhos e
seguro minha boca com uma mão enquanto eu olho
para ele, sem me importar mais em segurar as
lágrimas. — Eu juro que eu tentei, mas eu não
posso.
— Não pode o quê? — Ele procura saber,
totalmente, atordoado, agora.
Engulo o nó em minha garganta e balanço a cabeça,
acenando entre nós dois. — Isso. Nós. — choro
mais. — Nunca foi casual para mim, Enzo. Eu
achei que fosse, mas não era, e ver você do jeito
que eu vi ontem, só me fez enxergar isso. Eu sou,
completamente, apaixonada por você. — eu
confesso, dando o maior ênfase que eu pude dar. —
E o pior de tudo, sabe o que é? — eu faço a
pergunta, mas eu não faço esperando por uma
resposta sua. — O pior é que eu mesma procurei
por isso. Eu mesma destruí meu coração. E ver
você chorando, daquela forma, pela sua mulher,
acabou comigo.
— Juliet…
— Eu não sou uma pessoa egoísta, eu sou boa. —
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eu passo as mãos pelo rosto, para enxugar as


lágrimas e fungo antes de voltar a falar. — Eu
mereço que alguém me ame da mesma forma que
Ethan ama a Lisa, da forma que você amou e ama a
Raquel… — eu olho diretamente em seus olhos.
— Da forma que eu amo você.
Silêncio.
Eu me levanto, enxugando meu rosto com as mãos,
em seguida, enxugo as mãos na parte de trás da
minha calça. — Eu não posso ficar, mesmo
sabendo que para você não passa de uma lance
casual. — digo baixinho. — Eu amei cada segundo
desses últimos dias, porque eu venho sonhado com
isso há oito anos, mas eu me sinto agora como se
estivesse competindo com um fantasma, e por isso,
eu me sinto mal.
Enzo continua sentado, mas ele ergue os olhos para
mim, e eu vejo o brilho contrariado, confuso e
cheio de dúvidas. — Você não precisa ir agora…
— É exatamente o que eu preciso. — eu descordo.
— Você ainda não entendeu? Eu sou
completamente, desesperadamente e loucamente
apaixonada por você há fodidos oito anos. — eu me
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altero quando meu peito afunda mais e eu volto a


chorar. — E eu me sinto como uma merda por ficar
com ciúmes da sua mulher falecida. Eu não sou
assim. Eu preciso me sentir amada pelo menos uma
vez, e no momento, você é a última pessoa que
pode me dar isso. Ela ainda está muito presente,
Enzo, só faz um ano!
Quando ele não fala nada, eu me aproximo, ficando
entre suas pernas, seguro seu rosto e coloco um
beijo em sua bochecha. Ele segura em minha
cintura com a mão boa, fechando seus olhos
trêmulos com o meu toque, e eu tenho que lutar
para não lamentar.
— Adeus, Enzo. — eu sussurro em seu ouvido,
sentindo no peito o peso dessas palavras, e me
afasto dele, do seu toque, do seu olhar, do seu
cheiro.
Quando estou no aconchego de um banco traseiro
de táxi, eu choro de novo. Desta vez, sabendo que
meu coração acabou de perder seu último pedaço.

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CAPÍTULO 21 | ENZO

Mia penteou seus cabelos para fora dos ombros,


aprumou o corpo e então, ela mergulhou da piscina,
dando um banho nas pessoas que estavam por
perto.
Eu enfiei as mãos nos bolsos da minha bermuda
cargo e ri da careta que Lucca fez ao ficar todo
molhado.
— Ela adora estar na água.
Eu virei ao som da voz suave de Helena. Ela estava
parada ao meu lado, observando a forma que Mia
brincava dentro da piscina.
Algo dentro do meu peito pesou.
Eu absorvi seu perfil, doendo por dentro, por ver a
igualdade gritante com sua filha. Eu sentia tanta
falta de Juliet, de estar com ela, ver seu sorriso
bonito, seu olhar que tirava meu fôlego. Acabou
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comigo vê-la daquela forma, destruída, por minha


causa.
Hoje faz um mês desde que ela se foi e cada dia, o
vazio dentro de mim fica maior.
— Ela tem talento para a natação. — Helena diz e
me olha, sorrindo.
Eu volto minha atenção para a piscina quando não
posso mais encarar seus olhos. Engulo em seco e
meus dedos se apertam dentro dos bolsos. — Ela
tem. — eu concordo. — Mas, ela diz que quer ser
modelo um dia.
— Ela é linda, terá muitas chances de se tornar
uma, então.
Eu balanço a cabeça, confirmando, mas não falo
nada.
Depois de alguns instantes de silêncio, Helena toca
meu braço, carinhosamente. — Ela sente sua falta,
Enzo. Ela não diz, mas eu sei que sente. — diz ao
meu lado, e eu sei, pelo seu tom de voz, que ela não
está mais se referindo à Mia.
Engulo devagar e meu peito infla com isso.

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Ela sente minha falta.


E eu sinto a falta dela de uma forma ainda mais
intensa do que sinto falta da Raquel.
Eu sinto uma falta horrível da Raquel, mas eu sei
que ela não pode voltar para mim. Então, a falta
que eu sinto de Juliet consegue ser pior, porque eu
sei que ela está logo ali, a qualquer momento eu
posso ir pegá-la de volta. Mas, eu também sei que
ela não quer que eu vá, porque ela acha que eu não
posso lhe dar o amor que ela merece, e isso dói
feito uma cadela.
— Ela merece coisa melhor. — murmuro, sentindo
meu coração se contorcendo com essas palavras.
— Não há ninguém melhor que você. — ela
devolve. — Ela merece você, e ela sabe disso; você
sabe disso. Basta você deixar o passado em seu
devido lugar e querer ser o melhor para ela.
Helena não me esperar responder, ela afaga meu
braço e depois, ela vai para perto da piscina, brincar
com as crianças.
Eu queria ser o melhor para ela. Era a minha
resposta para ela. Mas eu não posso vê-la chorar
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outra vez, sabendo que eu causei aquilo.

JULIET

A loja de guloseimas M&M's World é a melhor em


toda Londres, e é o lugar onde eu e Jax fazemos
nossas comprinhas no dia do seu aniversário.
Hoje era o seu aniversário, então, nós compramos
todos os doces que queríamos – e precisaríamos –
comer hoje e saímos de lá com cinco bolsas cheias.
Quando a noite caiu, nós pegamos todas as sacolas
e subimos por nossa escada de embutida no teto do
corredor que dá para nossa cozinha, e fomos para o
telhado. Era uma noite bastante fria, mas não
importava. Era o dia do Jax, e não seria uma
nevasca de nada que iria nos atrapalhar.
O telhado estava um pouco escorregadio por conta
da neve que caía lentamente e coloria tudo de
branco, então, nos sentamos no nosso lugar de
todos os anos; próximo a chaminé. Nós espalhamos

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os doces por perto e eu peguei um dos cupcakes, da


sua cor favorita; azul e coloquei uma velinha em
cima.
— Ok. — Eu me virei para ele, erguendo o cupcake
em minhas mãos, bem próximo a sua boca. — Faça
um pedido e depois, assopre.
Jax revira os olhos, prendendo um sorriso na boca.
— Eu sei como funciona, J1. — ele debocha.
— Oh, não diga! — eu brinco, sem conseguir
conter o riso. — Ande! Faça logo isso!
Ele fecha os olhos, seus cílios negros e longos,
descansando abaixo dos olhos, em seguida, ele abre
e assopra a vela. Ele pisca para mim e arranca uma
mordida do caupcake, ainda em minhas mãos,
depois ele sorri, enquanto limpa chantilly ao redor
de sua boca, com as costas da mão.
Eu continuo olhando para ela, com expectativa,
então ele balança a cabeça. — Todos os anos eu
digo a mesma coisa para você: eu não vou dizer o
que eu pedi. É trapaça, sabe disso.
Foi minha vez de revirar os olhos, mas eu suspiro,
rendendo-me, e nós rimos juntos. Eu peguei um
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cupcake para mim e dei uma mordida, mas em


seguida, eu senti meu estômago embrulhar.
Em um segundo, eu estava rindo com Jax, pronta
pra colocar para dentro todas aquelas coisas
deliciosas; no segundo seguinte, eu estava correndo
escada abaixo e indo direto para o banheiro. Só
depois que coloquei tudo para fora na bacia do
banheiro, eu notei Jax parado na porta do banheiro,
me olhando preocupado.
— Você não está bem. — ele diz.
Eu balanço a cabeça. — Eu estou, sim. Não se
preocupe. — eu vou até a pia e lavo minha boca
por dentro e depois, todo o meu rosto. Eu ainda
sentia meu estômago se revirando, mas não queria
voltar para a bacia com Jax me olhando.
— Tenho quinze anos agora, J1, não sou mais
criança. — Ele soa um pouco ofendido agora. Ele
estende meu celular em minha direção. — Aquele
seu amigo, Peter, mandou uma mensagem. Você
vai aceitar sair com ele?
Eu ergo uma sobrancelha para ele, quando recupero
o meu telefone de suas mãos. — Você leu a
mensagem?
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— Ela está aparecendo na sua tela, para quem


quiser vê-la. Há uma opção de retirar isso, é só
querer. — ele responde, sua postura ereta, seus
olhos tão pretos, me encarando com certo carinho e
agora um toque travessura. Ele aponta o celular. —
Que tal uma aposta?
Minha sobrancelha voa para cima de novo. — Que
tipo de aposta?
— Você faz aquele negócio para ver se está
grávida…
— Eu não estou grávida. Eu sempre tomei
remédios. — eu faço uma careta.
— … e se der negativo, você vai lá e sai com o
médico americano. Eu não vou dizer uma palavra
sobre isso, prometo…
— E desde quando você tem que dizer algo sobre
isso?
— … mas, — ele ergue um dedo. — se der
positivo, aí, você vai ligar para o cara que te fez
voltar para casa mais cedo e dizer a ele.
Eu fecho a boca, meu peito afunda com a dor da
lembrança de Enzo. Eu havia contado a Jax sobre
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esse "cara", sem dizer quem ele era, realmente, e


até hoje, ele tem respeitado minha dor e meu
espaço sobre isso.
Jax ver que está doendo agora e seu olhar suaviza.
— Está claro que você ama ele, J1. Você é como
uma mãe para mim e sempre me ensinou a correr
atrás daquilo que eu amo. Corra atrás dele, da sua
felicidade. E não estou falando porque eu não fui
muito com a cara do seu amigo; ele é um cara legal,
apenas não é o homem que você ama.
Eu empurrei a bunda contra a pia, cruzando os
braços no peito, olhando para meus pés, chocada
que um garoto de quinze anos está me dando um
dos melhores conselhos que eu já recebi na minha
vida.
— J1. — ele me chamou e eu olhei pra ele. — Faz
o teste, está bem?
Eu assinto, incapaz de falar qualquer coisa.
Ele solta uma respiração, parecendo aliviado. —
Ótimo. Vou recolher nossos doces lá de cima,
então.
Eu cubro o rosto com as mãos quando ele sai e
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gemo baixinho.
Eu não posso estar grávida, certo?
Eu sou médica, eu saberia disso. Eu sempre tomei
meu remédio.
Mas então, eu estive com a cabeça preocupara
durantes as semanas em Los Angeles, e eu não me
lembro de me lembrar deles.
Oh merda!
Eu pego meu celular e respondo a mensagem de
Peter:
Eu não posso amanhã. Preciso ir ao hospital. É
urgente. Desculpe. Eu realmente sinto muito!

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CAPÍTULO 22 | JULIET

O primeiro teste de farmácia deu positivo, assim


como os outros três que eu fiz, por precação.
Mas, eu ainda não estava satisfeita, mesmo sabendo
que é um método bastante seguro. Eu dirigi até o
hospital em que trabalho e fiz um exame de sangue.
Eu estava nervosa com a espera, então, eu fui até a
praça de alimentação do hospital e peguei um café
duplo e me sentei em uma das mesas, enquanto
várias paranoias passava pela minha cabeça.
Oh, meu bom senhor!
Eu não posso simplesmente estar grávida do único
homem que não posso ser meu.
Eu nem sequer sei o que falar para ele.
"Ei, Enzo, eu preciso te contar uma coisa. Bem, eu
estou grávida e você é o pai, porque eu não transei
com ninguém além de você nos últimos meses.
Então, você poderia esquecer aquela coisa toda
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que eu falei para você e ficar de boa comigo? Pelo


bem do nosso bebê?"
Eu, definitivamente, sou um caso perdido de quase
trinta anos, porque eu estou surtando com o fato de
que estou grávida do amor da minha vida, que está
a um oceano de distância, e ainda é apaixonado
pela sua falecida esposa. E eu me odeio tanto por
ser tão egoísta agora.
Sou pega de surpresa quando Peter senta em minha
frente, com uma expressão intrigada enquanto me
observa. — Você está bem?
— Estou ótima. — responde imediatamente e forço
um sorriso amarelo.
Peter ergue uma sobrancelha em questão, sem
acreditar na minha palavra apressada.
— Tudo bem. — eu me rendo, com um suspiro e
aperto meu copo de café com as duas mãos,
impedindo-as de tremer ainda mais. — Estou em
pânico.
Peter me analisa de perto, com seus olhos verdes.
— Sim, você parece mais pálida que o normal. —
ele dá um meio sorriso intrigado. — O que está
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acontecendo?
Eu encolho os olhos e olho para meu café.
Confesso que estou com angustia de contar isso
para o Peter. Ele é um cara legal e esteve comigo
durante esse mês, me apoiou, me fez rir, e me
mostrou que queria algo a mais comigo. Ele
poderia ser o cara certo para mim, o que me amaria
do jeito que eu preciso e mereço, mas então, tem
isso, e não é algo que eu posso simplesmente
engavetar.
— Eu estou grávida. — eu soo tão baixo, que eu
preciso olhar para ele para saber se ele realmente
me ouviu.
Ele fica em silêncio por um minuto. E dois. Três.
Quatro.
Eu começo a me sentir incomodada sob seu olhar,
sem nenhuma expressão. O odeio por não
demonstrar nada agora; Logo ele, que está sempre
tão aberto a demonstração de sentimentos.
— Uau! — ele finalmente tem sua reação. Ele pisca
algumas vezes, balançando a cabeça enquanto
define seus punhos sobre a mesa. — Eu não… uau!
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— Isso é algum tipo de parabéns, que eu ainda não


saiba? — eu tento brincar para aliviar minha
própria tensão, mas não funciona muito.
— Não… Quer dizer, — ele me olha nos olhos. —
eu apenas não esperava por isso.
— É. — eu olho para baixo novamente.
— Ele sabe?
Balanço minha cabeça devagar. — Não.
— Mas você vai contar, certo? — ele soa
preocupado, agora.
Quando voltei para Londres, eu parecia muito
acabada, mas além do Jax, Peter foi o único que
percebeu e conversou comigo. Eu não contei a
história inteira, mas eu contei a parte que eu amo o
Enzo, mas acabei desistindo de competir com sua
falecida mulher. Ele ficou do meu lado, segurou
minha mão, e me deixou chorar.
— Sim, mas não faço ideia de como. — eu
confesso, em um lamento. — Quer dizer, como eu
vou chegar no cara que me via apenas como um
sexo casual e dizer que esqueci de tomar minha
pílula na hora certo e que agora eu estou grávida
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dele? Ele provavelmente vai fazer aquela cara séria


dele e depois, me mandar embora…
Peter atravessa o braço sobre a mesa e alcança uma
das minhas mãos. — Ei, respire. — ele pede, com
um sorriso carinhoso. Quando eu faço, ele aperta de
leve minha mão na sua. — Harred, ele não vai te
mandar embora. Se aquelas revistas e sites estão
certos, Enzo Lazzari é um homem sério e honesto.
Ele vai ficar surpreso, claro, mas coloque uma
coisa na sua cabecinha, certo? Não foi só você que
se descuidou; ele fez também.
Eu aceno, concordando com ele, na medida que ele
vai falando, mas eu ainda estou puxando o ar com
dificuldade.
— E outra: ele não é burro. Qualquer um daria tudo
para ter você como mãe de seus filhos; eu sou um
deles. — Peter sorri, apertando minha mão, tão
cheio de carinho nos olhos verdes, que eu lamento
por não ser ele o pai do meu bebê.

●●●
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O resultado do exame sai e mais uma vez, – sem


mais surpresas – ele deu positivo.
E dessa vez, eu apenas aceito isso.
Eu mando uma mensagem para minha mãe,
pedindo para que ela me ligue assim que possível e
checo a hora para ver se não está muito tarde para
uma ligação para Enzo, mas em Los Angeles já é
madrugada, então, eu também lhe deixo uma
mensagem.
Eu vou em direção ao estacionamento enquanto
respondo um e-mail da escola de Jax quando vejo
um par de sapatos caros por baixo do celular. Eu
subo meus olhos lentamente, absorvendo o jeans
escuro e o sobretudo negro que alcança os joelhos
da pessoa em minha frente. E não preciso levantar
mais os olhos para o rosto, porque apenas o
perfume que está adentrando em minhas narinas,
fazendo minhas borboletas se agitarem e meu
estômago afundar, já me diz quem é.
Engulo em seco antes de levantar e olhar para o
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rosto do homem mais lindo que já coloquei os


olhos. Eu encaro os olhos azuis perfeitos e
brilhantes e eu sinto que vou desmaiar a qualquer
momento.
Os cabelos de Enzo não estão mais alcançando sua
testa e nuca; ele está rente dos lados e alto em cima,
deixando-o, incrivelmente, mais quente do que o
habitual.
E eu estou salivando, como uma adolescente diante
do seu primeiro amor.
— Enzo? O que…
Ele pressiona seu dedo indicador contra meus
lábios, impedindo-me de continuar. — Você falou
da última vez, então, hoje é a minha vez. Você
pode apenas me escutar? — ele pede, e sua voz…
Santo Deus, ela faz uma coisa bem no meio das
minhas pernas.
Eu assinto, dando tudo de mim para não colocar a
língua para fora e lamber seu dedo.
Ele tira o dedo e enfia de volta no bolso do
sobretudo; Eu lamento, mas espero ele começar.
— Eu magoei você. — ele respira com dor. — Eu
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não devia ter aceitado o sexo casual, porque eu


sabia que, no final, eu ia magoar você. E ver você
magoada daquele quarto, e por algo que eu fiz
involuntariamente, acabou comigo.
— Enzo, eu…
— Meu irmão me disse uma coisa, durante a
semana que estávamos passando juntos, e eu pensei
nisso nesses últimos meses. Ele disse que, ao
contrário dele e do Giovanni, eu só preciso colocar
meus olhos sobre a pessoa uma vez para decidir
saber qual será o papel dela na minha vida. Eu
soube na hora que pus os olhos em Raquel, que ela
seria o amor da minha vida.
Isso foi como um soco no estômago. Eu mudei meu
peso de perna e fechei os olhos por um instante,
impedindo as lágrimas de caírem, mas eu continuei
firme, escutando ele.
— Mas, se tem uma coisa que meu pai me ensinou
quado casou com sua mãe, foi que não estamos
condenados a amar apenas uma vez na vida. — ele
procurou pelos meus olhos, os seus brilhando da
forma que nunca brilhou para mim antes. — Eu
ainda amo e sempre vou amar a Raquel. Eu passei
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quase dez anos com ela e eu tenho uma filha para


me fazer lembrar dela todos os dias, mas, desde do
dia em que coloquei meus olhos sobre você, um dia
antes do meu casamento, eu sabia que você teria
um papel muito importante na minha vida.
Eu estou embasbacada agora. Eu não fazia ideia de
que ele tinha me notado nesse dia.
— Naquele dia, eu não sabia que papel seria esse.
— ele continua. — Mas aí, você apareceu naquele
jantar de negócios na casa do meu pai, depois no
jantar em família… Confesso que eu fiquei
chateado porque você é uma cirurgiã e foi um
colega seu que não conseguia salvar minha mulher,
então, eu não suportava olhar para você por muito
tempo, mas isso mudou quando eu vi você
cuidando da minha filha naquele hospital. Ali, de
algum modo, mesmo não querendo assumir, eu
sabia que era você o segundo amor da minha vida.
Certo. Agora eu realmente estava chorando. —
Enzo…
Mas ele, mais uma vez, não me deixou falar: —
Não me pede para ir embora. — ele implora. —
Não me diz que eu não posso te dar o mesmo amor
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que Ethan dar para Lisa ou que eu dei para Raquel.


Me dá uma chance de mostrar que eu posso ser esse
homem para você. Me dá a chance de amar você da
forma que você merece ser amada. — ele curva um
pouco seus joelhos para poder olhar dentro dos
meus olhos. — Eu perdi meu primeiro amor, então,
por favor, não me faz perder o segundo. Fica
comigo, por favor.
Eu cubro minha boca com uma mão quando um
soluço escapa. As lágrimas estão escorrendo feito
loucas por todo meu rosto. — Enzo, — eu chamo
em um gemido, quando eu seguro seu rosto entre as
mãos e olho bem em seus olhos azuis. — ficar com
você é tudo o que eu sempre quis em oito anos. —
eu digo, baixinho, e acrescento: — Eu amo você e
eu acho bom você não está brincando comigo,
porque eu estou grávida de quatro semanas.

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CAPÍTULO 23 – JULIET

— O que você disse?


Eu vejo os olhos de Enzo arregalarem e sorrio.
Ele parece que está prestes a ter um infarto.
— Eu estou grávida de quatro semanas. — eu
repito. Eu gesticulo em sua direção, batendo em seu
ombro de forma brincalhona, mas meus pés
estavam suando com o nervosismo. — Você sabe,
nós nos descuidamos naqueles dias e acabou
acontecendo. Não que eu não queira isso, mas eu só
não esta…
— Cale a boca, por Deus! — ele pega meu rosto
entre as mãos geladas, e um sorriso divertido e
bonito enrola seus lábios rosados pelo frio. Enzo
olha dentro dos meus olhos, da forma que só ele
consegue fazer, seus polegares traçando um
caminho para cima e para baixo em minha
bochecha. — Foi o melhor descuido que eu já
cometi na minha vida. — ele sussurra, então, ele
me beija.
Nós estamos no estacionamento do hospital, com
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milhares de pessoas andando ao redor, e ele está,


simplesmente, me beijando. Ele me beija com
carinho, apenas beijando meus lábios suavemente,
sua respiração gelada contra minha boca.
Eu senti tanta falta do seu beijo, do seu gosto e eu
estou perto de implorar para que ele me beije pra
valer, porque eu estou gemendo em lamento
enquanto ele chupa meu lábio inferior, em seguida,
o superior. Eu seguro em seus braços, sentindo seus
bíceps trabalhando enquanto ele faz o possível para
apenas me segurar no lugar. Me levanto na ponta
dos pés e deixo sua boca pairando sobre a minha
quando eu digo, — Minha casa não é muito longe e
Jax não está por lá.
Ele ri contra minha boca e beija a ponta do meu
nariz. — Estou louco para conhecer sua casa.

●●●

Ao atravessar a porta da minha casa, Enzo fez um


rápido trabalho em nos livrar de nossas roupas. Ele
segurou em minhas coxas e me ergueu do chão,
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fazendo-me enrolar em sua cintura.


— Diga de novo. — ele pede quando eu indico a
direção do meu quarto.
Eu pego seu rosto e beijo o peito da sua bochecha
esquerda. — Dizer o que? — eu sussurro contra sua
pele.
— Que está grávida e que é meu.
Sorrio e inclino para trás para olhar em seus olhos.
— Eu estou grávida. — eu digo. — E, com toda
certeza, esse bebê é seu.
Enzo sorri, os olhos brilhando como nunca
brilharam antes. Ele não entra diretamente no meu
quarto; ele me coloca contra a parede do lado da
minha porta e mordisca meu queixo. — Então, —
ele começa. Uma de suas mãos vai entre nós e ele
se ajeita na minha entrada. — quer dizer, que nós
teremos um bebê juntos?
Eu começo a acena, mas sou interrompida quando
ele faz seu caminho para dentro de mim. Minha
boca se abre num grito mudo e eu seguro em seus
ombros, procurando uma posição mais firme.
— Eu tenho você de todas as formas agora? — ele
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pede em um rosnado baixo, enquanto empurra duro


em mim.
Eu abraço seus ombros, meu corpo subindo e
descendo, com seu ritmo, deixando minha boca
próxima ao seu ouvido, quando respondo entre
gemidos, — Eu sempre fui sua, de todas as formas.
Nós gozamos juntos, contra a parede, em seguida,
mais uma vez, na minha cama, e então, ele caiu ao
meu lado e me puxou para seu peito. Agora
estávamos abraçados, enquanto eu lhe contava
como descobrir que estava grávida e explicava que
estava pensando em um jeito de lhe contar isso.
Ele parece feliz e diz que está ansioso para contar a
Mia sobre seu novo irmãozinho ou irmãzinha. Ele
beija minha cabeça, depois minha têmpora, depois
minha bochecha, e por último, minha boca. — Eu
quero que você e Jax venham morar comigo. — diz
ele, pegando-me de surpresa.
Rapidamente, levanto a cabeça para vê-lo. — Está
falando sério?
— Muito. Eu amo você e você está esperando meu
filho. Não precisa ser um Giovanni na matemática
pra resolver essa conta.
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Eu ri porque ele usou o nome do seu irmão como


metáfora e porque eu não podia esconder minha
felicidade.
— Então? — ele observa enquanto eu tento parar
de rir, sua mão acariciando meu braço,
delicadamente. — Você vem? Case comigo, me
faça mais feliz do que eu estou nesse momento. E
eu prometo que vou te fazer a mulher mais feliz do
planeta.
Provavelmente, por conta da gravidez, que está me
deixando muito emocionada, eu estou chorando de
novo. Eu não consigo evitar quando as lágrimas
começam a escorrer pelo meu rosto. Eu me movo e
estou montada sobre ele, inclinada para frente, de
modo que meu rosto paira sobre o dele. — Eu vou
e eu aceito. — eu sorrio pra ele. — E eu também
prometo te fazer feliz.
— Me dê um minuto, por favor. — ele está sério
quando ele começa a procurar por algo sobre a
cama.
— O que você está fazendo?
Ele ri. — Procurando por um celular para gravar
essa promessa. Tenho que ter algo para provar
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depois, você sabe…


— Oh, não! — Eu gargalho e ele vem junto.
Em seguida, ele pega meu rosto e desce minha boca
até a dele. — Eu te amo. — então, ele me beija.
E, após oito anos, meu coração está inteiro,
novamente.

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EPÍLOGO – JULIET

O suor escorria em um fio pelas minhas costas


enquanto eu terminava de pendurar o último quadro
da coleção fofa que comprei para completar a
decoração do quarto do bebê.
Minha barriga estava tão grande e meus pés tão
inchados e doloridos. Eu sentei na poltrona
confortável que Aurora pôs ao lado do berço e
suspirei de alívio quando meus pés foram
automaticamente foram para cima com o suspensor
de pés da poltrona. Com um paninho em mãos, eu
enxugo minha nuca suada e olha ao redor do quarto
do meu bebê.
É um cômodo grande, decorado com cores claras;
paredes brancas e chão cinza claro. Os móveis –
berço, cômoda e poltrona, são de um branco gelo,
postas em lugares ordenados, perfeitos. O guarda-
roupa é aberta na frente, deixando amostra as
roupinhas bem dobradas e organizadas. Segundo
Aurora, é última moda e, nas palavras dela, seu
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sobrinho não terá menos que isso.


Eu apenas aceitei, uma vez que foi ela quem
decorou a nossa nova casa inteira.
Quando voltamos para Los Angeles, eu e Jax
ficamos na casa da minha mãe, enquanto Enzo
concluía a compra de uma casa nova. Nós
chegamos juntos à conclusão de que não seria justo
morar na casa em que ele viveu com Raquel, então
ele comprou uma casa ao lado da dos seus irmãos.
Eu achei um pouco exagerado, mas depois que ele
me lembrou de que já temos duas crianças, com
uma por vir, eu não reclamei.
Eu estava completando oito meses hoje e há três
meses, nós descobrimos que nosso bebê é menino.
Era meu primeiro filho, mas eu já tinha um
pequeno gostinho do que seria, por já ter cuidado
do Jax, mas não chega perto da emoção que foi ver
os olhos perfeitamente azuis de Enzo ao receber a
notícia do médico.
Ele se manteve vidrado no monitor, onde nosso
filho estava todo encolhidinho, os olhos brilhando
como se ele estivesse prestes a chorar e um sorriso
bobo nos lábios avermelhados.
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Com as crianças foi um pouco diferente. Jax


permaneceu pensativo durante nossa conversa, e só
depois que acabou, ele levantou e me deu um
abraço e murmurou um "Parabéns, J1." e subiu para
seu quarto. Ele esteve assim, todo calado, durante
alguns dias, até que Enzo começou a passar um
tempo com ele, levando-o para assistir jogos de
lacrosse, ou apenas para algumas reuniões que ele e
seus irmãos costumam fazer para assistir jogos e
conversar conversas de homens. Já Mia, começou a
pular e alternar beijos entre minha bochecha, minha
barriga e a bochecha de seu pai. Ela tem
conversado com o pequeno Nico todos os dias, ao
acordar e antes de dormir.
— J1, — Jax aparece na porta do quarto, com Mia
agarrada em seu pescoço e pendurada em suas
costas. — eu realmente amo brincar com ela, mas
eu ainda preciso muito das minhas costas.
Eu sorrio e me forço a levantar, e vou até a porta.
— Querida, dê apenas um momento ao Jax, tudo
bem? — Eu seguro na cintura de Mia e a trago para
trás, tendo um pouco de dificuldade, porque ela
está fazendo força ao redor do pescoço de Jax. Mas,
ela acaba cedendo quando Jax cambaleia para trás e
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eu a coloco no chão.
Ela faz um beicinho. — Eu só queria brincar com
ele, mas ele só quer saber de estudar, e estudar, e
estudar… — Ela olha feio para Jax, batendo as
mãozinhas contra as pernas, como uma pequena
adulta.
Jax se agachou em sua frente e tocou seus cabelos
claros. Ele curva os lábios carnudos em seu sorriso
bonito e sua covinha se aprofunda ao máximo. —
Eu brinco com você, mas só se você prometer que
não vai ficar pulando nas minhas costas o tempo
todo.
— Mas, você deixa a P ficar nas suas costas, na
piscina. — ela lamenta.
Eu seguro o riso, mas é uma tarefa difícil vê-la com
ciúmes. Ela ficou tão próxima ele desde que
chegamos e ela tem sido assim desde então.
Jax sorri.
Qualquer uma se derreteria com o maldito sorriso
de Jax, quando ele faz, e com Mia não é diferente.
Ela ergue uma mão e, com seu dedinho indicador,
ela toca a covinha profunda e pisco com os
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olhinhos brilhando.
— Bom, na piscina tudo fica mais leve, M&M. —
Jax diz o apelido que ele pôs nela, e ela abaixa o
dedo e olha em seus olhos, com uma expressão de
confusão.
— Por que?
Jax encolhe os ombros. — Não faço ideia. — ele
diz e puxa novamente uma mecha de seu cabelo. —
Que tal, nós dois irmos tomar banho de piscina?
Então, você pode ficar o tempo que quiser nas
minhas costas.
Instantaneamente, Mia abre um sorriso e acena,
eufórica, confirmando. Ela vira para mim, com os
olhos grandes, tão iguais ao do seu pai. — Eu posso
pedir a Treena pra me trocar, J?
— Eu acho que posso fazer isso pela Trenna, o que
você acha? — eu seguro sua mão e ela me guia na
frente até seu quarto.

●●●

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Mia e Jax brincam na água de alguma brincadeira


esquisita, na qual Mia não solta o pescoço de Jax, e
ele mergulha com ela agarrada em suas costas. Mas
eles estão sorrindo e se divertindo, é o que importa.
Eu estou observando os dois, do sofá da minha sala.
Há uma enorme parede de vidro, que divide a sala
da área da piscina, uma arte criada pelo Lucca,
enquanto eu estudo os exames de um paciente. Eu
posso estar com oito meses de gravidez, mas eu
continuo bem ativa no hospital.
Foi minha única exigência: eu aceitei me casar com
Enzo, e eu vou fazer, assim que o bebê nascer, mas
eu nunca vou deixar meu trabalho. É minha paixão,
meu dom, e essas coisas são valiosas demais.
A porta principal se abriu, Enzo entrou, e meu
coração saltou. Ele estava com seu terno de
trabalho, na cor cinza, em mãos enquanto sua
camisa branca tinha as mangas puxadas até o
cotovelo. Seu cabelo estava uma bagunça, como se
ele estivesse passado as mãos várias vezes sobre
ele, e seus olhos ainda estavam protegidos por seus
óculos de leitura, estilo rayban e de aro preto. Ele
abriu seu sorriso maldoso quando seus olhos
pousaram em mim e eu derreti no meu lugar.
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Eu não o vi com esses óculos nas semanas que


estivemos fazendo o casual, então, quando o vi pela
primeira vez, enquanto ele lia alguma tabela sobre
os ganhos da empresa, eu me apaixonei ainda mais.
Eu transei com ele na cadeira de seu escritório,
porque o vê com esses óculos despertou algo
quente dentro de mim e no meio das minhas pernas.
Eles me deixaram com mais tesão que eu tenho por
ele, e até hoje, Enzo tem usado isso a seu favor. Ele
tem ficado constantemente os usando, mesmo nas
horas que ele não precisa.
— Como estão as crianças? — Ele me pergunta,
quando se senta ao meu lado no sofá. Ele primeiro
beija minha bochecha, em seguida minha boca, e
por último, minha barriga.
Eu aceno com o queixo para a área da piscina. —
Jax e Mia estão na piscina. — sorrio, guiando sua
mão pela minha barriga. — Nico deve estar
dormindo. Ele fica acordado durante toda noite.
Enzo sorri, etão abaixa a cabeça e beija minha
barriga outra vez. — Ele vai ser bem agitado.
— Você jura? — eu ironizo.
Ele estala outro beijo na minha bocheche, e joga o
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braço por trás de mim, no encosto do sofá, me


puxando para seu peito. — O que você está
fazendo, paixão?
Eu sinto-me ruborizar com o apelido carinhoso. —
Estudando alguns exames. — aceno com meu
tablet.
— Hum. — ele parece um pouco vago agora. Enzo
coloca as costas de seus dedos livres em meu rosto
e, delicadamente, ele começa a arrastar para baixo,
pela minha mandíbula, pescoço, braço, até que ele
atinge minha perna. Sua mão invade a barra do meu
vestido de verão e ele aperta minha coxa nua.
Eu estou com meu lábio inferior entre os dentes,
mas eu não posso evitar o gemido que escapa da
minha garganta.
— Você parece mais deliciosa que hoje mais cedo.
— Enzo tem seus lábios encostados à minha orelha,
e sua voz rouca e respiração quente causa um
arrepio por todo meu corpo, que vai como uma
corrente, da minha nuca a ponta dos meus pés.
Eu olho pra ele sob meus cílios. — Meus
hormônios estão tão agitados. — eu lamento contra
sua boca. — Não me faça tirar a roupa e ficar de
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quatro pra você quando as crianças estão logo do


outro lado daquele vidro.
Enzo sobre mais a mão e ele pressiona o polegar
contra meu clítoris inchado e sedento, mas é tudo
que ele faz antes de retirar a mão e beijar minha
mandíbula. — Certo. — ele respira pesado. —
Vamos deixar isso pra mais tarde.
Eu rio, o observando ajeitar sua calça. — Mais
tarde, paixão. — eu confirmo, deixando claro
minhas intenções pelo tom da minha voz.
Eu deitei em seu peito quando ele se ajeitou perto
do meu corpo e começou a alisar minha barriga. Eu
voltei a observar as crianças lá fora, que agora
estavam prestes a descer pelo tobogã, com Mia
ainda agarrada no pescoço de Jax. Eu nunca tinha
realmente parado para imaginar como seria ter uma
família, quem dirá uma com três crianças.
Apesar de ter cuidado de Jax todos esses anos, eu
tinha um pouco de medo e hesitação com toda a
responsabilidade que caiu sobre mim. Não era
apenas eu e um menino que desde criança sonha em
ser neurocirurgião, porque sua mãe morreu de
traumatismo craniano; Agora era eu, ele, o amor da
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minha vida, uma menininha linda e amorosa e um


bebê que está pra nascer. Era uma família grande;
Uma que eu nunca planejei, mas que estou ansiosa
para descobrir como será nos próximos anos.
— Nós precisamos mesmo nos casar, assim que
Nico nascer? — eu pergunto baixinho.
Por mim, nós esperaríamos mais alguns meses, mas
ele está apressado para assinar os papéis.
— Sim, precisamos.
— Essa pressa toda tem alguma coisa a ver com
seu ciúme altamente elevado? — eu procuro saber,
enquanto reprimo um sorriso.
Enzo segura minha mão e entrelaça os dedos nos
meus. — Uma parte sim, porque eu preciso que as
pessoas saibam que você é minha, e isso vai
acontecer quando esse dedinho aqui — ele ergue
apenas meu dedo da aliança — estiver usando um
anel. Mas, a parte maior é que — ele aperta a ponta
do meu dedo, em seguida, ele olha para mim, com
suas profundezas azuis, demonstrando todo amor
do mundo. — uma vez, uma pessoa me disse que a
vida é muito curta para deixar as oportunidades
passarem.
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FIM.

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Nos vemos em Alessa!


[1]

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