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Title Page
Copyright
1 - Kayleen
2 - Kayleen
3 - Kayleen
4 - Nathan
5 - Kayleen
6 - Kayleen
7 - Kayleen
8 - Burke
9 - Kayleen
10 - Kayleen
11 - Kayleen
12 - Kayleen
13 - Chase
14 - Kayleen
15 - Kayleen
16 - Kayleen
17 - Kayleen
18 - Burke
19 - Kayleen
20 - Kayleen
21 - Kayleen
22 - Kayleen
23 - Kayleen
24 - Nathan
25 - Kayleen
26 - Kayleen
27 - Kayleen
28 - Chase
29 - Kayleen
30 - Kayleen
31 - Kayleen
32 - Kayleen
33 - Kayleen
34 - Burke
35 - Kayleen
36 - Kayleen
37 - Kayleen
38 - Kayleen
39 - Kayleen
40 - Burke
41 - Kayleen
42 - Kayleen
43 - Kayleen
44 - Nathan
45 - Kayleen
46 - Kayleen
47 - Kayleen
48 - Kayleen
49 - Chase
50 - Kayleen
51 - Kayleen
52 - Kayleen
53 - Kayleen
54 - Kayleen
55 - Kayleen
56 - Kayleen
57 - Kayleen
Epilogo
Uma Esposa Secreta Para Forças Especiais
Sobre a Autora
~ O Contrato ~

Um Romance De
Harem Revérso

Krista Wolf
Copyright © 2019 Krista Wolf
Tradução: Moema Sarrapio
Revisão: Júlia Pessôa

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta


publicação pode ser reproduzida, distribuída ou
transmitida de nenhuma forma sem o consentimento
prévio da autora.
Imagem da capa: Stock footage - a história não tem
relação com os modelos.
~ Other Livros de Krista Wolf ~
Uma Noiva de Sorte
Uma Babás para os Comandos
O Acordo com meu Ex
Uma Amante Secreta para os Navy SEALs
Esposa dos Fuzileiros
Protegendo Dallas
O Brinquedo de Natal
Uma Esposa Secreta Para Forças Especiais
O Contrato

(em inglês)

Quadruple Duty
Quadruple Duty II - All or Nothing
Snowed In
Unwrapping Holly
Three Alpha Romeo
What Happens in Vegas
Sharing Hannah
Unconventional
Saving Savannah
The Wager
Theirs To Keep
Corrupting Chastity
Stealing Candy
The Boys Who Loved Me
Three Christmas Wishes
Trading with the Boys
Surrogate with Benefits
The Vacation Toy
The Switching Hour
Given to the Mercenaries
Sharing Second Chances
Capítulo 1

KAYLEEN

“Não, segure assim. E não corte tudo, só três quartos.”


Fechei minha mão sobre a de Chase, ajudando meu aluno em
potencial a manusear a faca. Era mais uma desculpa do que
qualquer outra coisa, eu só queria encostar meu corpo no dele.
E eu esperava que ele notasse.
“Assim… exatamente deste jeito.”
Chase fatiou a cebola com cuidado, sua mão forte se movendo
debaixo da minha. Eu sentia o calor do seu corpo e o cheiro da sua
pele estava me deixando maluca…
“Agora, vire de lado e corte em cubos.”
Os músculos dos seus braços grandes se flexionavam de
forma tentadora. Eu os assistia quase hipnotizada, como se
estivesse em transe.
Meu Deus, ele é deslumbrante.
“Assim?”
Eu tinha me esquecido completamente da cebola e ele estava
fazendo uma bagunça de novo.
“Tipo isso”, eu disse. “Olha, você precisa manter a ponta da
faca pra baixo”, aproveitei a oportunidade para inverter a posição, e
me enfiei debaixo dos seus braços esticados. Meu corpo derreteu
quando se encostou no seu.
“Aqui”, eu disse. “Vou te mostrar…”
Desta vez peguei sua mão e a coloquei sobre a minha. Seu
toque era elétrico. Eu podia sentir o calor aumentando enquanto ele
se inclinava para a frente e a distância entre nós diminuía.
“O que você quer que eu faça…”
Ele estava acima de mim. E atrás de mim. Tão dolorosamente
perto que seu queixo estava praticamente encostado no meu ombro.
Seu hálito quente fazia cada cabelo na minha nuca se arrepiar…
“Segure firmemente…”
Ok, foda-se.
Soltei a faca e me virei para ele… no mesmo momento que
suas mãos escorregaram para a minha cintura. Chase se inclinou
para baixo, nossos rostos se aproximaram e de repente ele me
beijou.
Sim…
Nossas bocas se agitavam famintas, rolando uma contra a
outra com uma frustração reprimida, finalmente vencida pelo calor e
pela paixão. Finalmente depois de tanto tempo, estávamos nos
beijando.
CARALHO, SIM.
Derreti contra seu corpo, abrindo minha boca enquanto sua
língua se esfregava lá dentro. O beijo era doce e maravilhoso. Seu
gosto masculino misturado com a cerveja que ele tinha deixado
aberta sobre a bancada quando me ofereci para ensiná-lo a cortar
uma cebola propriamente.
Uau…
Coloquei uma mão no seu peito, sentindo a força crua do seu
poder pulsando. Enquanto meus dedos procuravam o caminho entre
os botões da sua camisa perfeitamente justa, a outra mão acariciava
a barba que cobria seu maxilar bem desenhado.
Deus, ele era perfeito! Tão perfeito que eu mal conseguia
acreditar que o estava beijando de verdade. Parados na cozinha,
estávamos dando amassos selvagens. Suas mãos — que estavam
no meu quadril — deslizaram para baixo para tocar a curva suave
da minha bunda.
Esperei por tanto tampo. Eu o desejei tanto, os desejei tanto.
Eles eram tão incrivelmente lindos! Fazia seis meses que eu estava
cozinhado para eles, seis meses torturantes preparando suas
refeições semanais enquanto eles caminhavam casualmente pela
cozinha…
Te provocando, Kayleen. E você sabe disso.
Sim, parecia provocação. Às vezes, eles vinham da academia,
suados, vestindo regatas justas e seus melhores sorrisos. Outras
vezes, eles simplesmente saíam do chuveiro sem camisa e paravam
na cozinha fingindo querer um petisco, suco, água… tudo para
conversar comigo.
Mesmo assim, nenhum deles tomou qualquer tipo de atitude, o
que não fazia sentido nenhum. Três homens maravilhosos dividindo
uma casa de campo no estilo espanhol isolada do resto do mundo.
Chase foi o primeiro a finalmente flertar comigo diretamente.
Começou de forma sutil, alguns sorrisos e elogios aqui e ali. Ele
começou a aparecer com frequência, seus olhos verdes cintilando
perigosamente enquanto eu encarava seus ombros largos e seus
braços enormes. Ele vinha para a cozinha toda segunda,
regularmente, cada vez mais interessado no que eu estava fazendo.
E naquele momento…
Bom, ele estava colhendo os frutos.
Estávamos nos beijando feito dois adolescentes, nossas mãos
vagueavam livremente por nossos corpos. Parecia quase proibido
naquela altura. Tocar alguém que tinha ficado por meses tão perto,
mas ao mesmo tempo tão fora do alcance de forma que me dava
água na boca.
E a melhor parte…
A melhor parte era que ninguém estava em casa naquele
momento. Todos tinham saído. Tchauzinho!
Éramos só Chase e eu.
“Você demorou demais”, provoquei quando finalmente paramos
de nos beijar.
Ele me encarou e deu uma risadinha. “Como é mesmo que
eles dizem ‘A paciência…’?”
“Não faço ideia”, suspirei sonhadora. Ousada, escorreguei uma
mão pelo lado de dentro da sua coxa. “Mas quem espera?”
“Definitivamente alcança.”
Sim, eu estava meio ansiosa. E excitada. E com tesão. Mas na
minha cabeça, aquilo já era para ter acontecido. Era o resultado
natural de toda aquela provocação, a culminância de um cortejo
longo e silencioso.
Isso também, mas você está morrendo de tesão.
Eu certamente não contradiria aquele fato. Meu último namoro
sério tinha acabado fazia um ano. E já fazia um bom tempo desde
minha última transa com Roger ou Dante — meus dois amigos
coloridos favoritos.
“Então você vai me mostrar qual é o seu quarto?”, ronronei,
empurrando-o pelo hall de entrada revestido de azulejos.
Chase me seguiu meio relutante, hesitante o suficiente para
me dar a ilusão de resistência. Entretanto, seu sorriso o traía. “Você
sabe qual é meu quarto.”
“Sim, mas nunca vi o que tem dentro dele.”
Seu maxilar perfeito se flexionou, mas eu pude ver sua
excitação aumentando. Nossos olhos estavam fazendo a mesma
coisa: percorrendo livremente os corpos um do outro. Era quase
como se uma parede tivesse desabado, como se tivéssemos
finalmente conseguido uma licença para desbravar um ao outro.
Aquele tipo de comportamento teria sido totalmente inapropriado na
última meia hora. Mas naquele momento…
“Você tem certeza do que está querendo?”, ele grunhiu, me
apertando contra ele de novo. Sua pegada era forte e dominante e,
devo admitir, me deixava mais do que suavemente molhada, “…
absoluta?”
“Tenho certeza de que espero que sim.”
Ele me empurrou contra a parede e me beijou com mais
intensidade, prendendo minhas mãos para cima da minha cabeça.
Nossas línguas dançavam. Minha respiração virou sua respiração
quando arrulhei na sua boca e retribuí o beijo.
Você tem certeza do que está fazendo?
Sim, eu tinha certeza. Eu estava prestes a transar com meu
chefe. Provavelmente.
Provavelmente?
Aquela não era uma decisão momentânea, por isso tudo fluía
tão rápido. Eu havia decidido que me jogaria sobre Chase assim
que tivesse a chance. Sim, era arriscado, eu poderia perder um
cliente, três clientes, na verdade. Mas mesmo assim…
A realidade dos fatos era… eu não me importava.
“Vamos ter que ser rápidos”, Chase disse, olhando por cima
dos ombros.
Suspirei dramaticamente. “O sonho de toda garota.”
“Não”, ele gargalhou, “quero dizer — eles vão voltar logo.
Nathan e Burke. Nathan certamente, e —”
“Chase?”
“Sim?”
“Cala a boca e me leve pra a cama?”
Ele gargalhou de novo, mas também corou. “Bem, você
pedindo assim, eu —”
Congelamos quando a porta da frente se abriu subitamente.
Ouvimos o CLAQUE da fechadura pesada de metal e Nathan entrou
na cozinha.
MERDA!
“Ei!”, ele gritou, “o que temos pro jantar?”
Ele farejou o ar um pouco antes de nos ver, fingindo inocência
no corredor. Seu rosto se abriu num sorriso.
“Hmm… cebola!”
Capítulo 2

KAYLEEN

“Me deixa cozinhar pra você”, supliquei. “O que você quiser.


Tenho certeza de que posso fazer o que você gos—”
Mas meu senhorio já estava chacoalhando a cabeça. Seus
braços peludos estavam cruzados sobre seu peito grande e
redondo.
“Limpar pra você?”
Eca. Eu odiava limpar. Mal podia manter meu próprio
apartamento limpo, menos ainda a casa de outra pessoa.
“Não preciso que você cozinhe”, disse Jerry. “Não preciso que
você limpe. Preciso que você pague o aluguel.”
Era a velha história: alugar um apartamento, trabalhar duro e
mesmo assim não conseguir pagar o aluguel. Eu sempre ouvia
sobre isso acontecer com outras pessoas, mas era a primeira vez
que acontecia comigo.
“Olha, eu consigo trezentos pra amanhã”, eu disse.
“São oitocentos.”
“E mais duzentos—”
“Oitocentos”, Jerry resmungou. Ele olhou por cima do meu
ombro, para dentro do meu apartamento minúsculo. Fechei a porta
um pouco mais.
“Ok, quinhentos amanhã”, eu disse. “E os outros trezentos…
na quarta?”
Atrás de mim, o Fera mordia uma perna da minha calça. Seus
dentinhos estavam arranhando minha pele, mas tentei não emitir
nenhum som, afinal de contas, meu contrato proibia cães.
“Terça”, Jerry respondeu contrariado. “Você tem o fim de
semana todo. Não precisa pagar nada amanhã, mas quero o valor
total na terça.”
Suspirei aliviada… até ouvir minha calça se dilacerar. Fera se
desequilibrou para o lado, aparecendo no vão da porta.
Jerry fez uma careta. Dei um sorriso amarelo.
“Você sabe que não pode ter cães—”
“Ele é pequenininho”, respondi humildemente.
“Mesmo assim…”
“Minúsculo. E quieto. Tão quietinho. Certo, Fera?”
Por ironia do destino, Fera abanou o rabo e latiu.
A careta de Jerry se desfez um pouco. Ele encarou o pequeno
Corgi por um minuto e então girou nos calcanhares e saiu andando
pelo corredor.
“Oitocentos dólares, senhorita Decker. Em dinheiro. Terça de
manhã”, ele levantou uma sobrancelha. “Estamos combinados?”
Eu acenei avidamente. “Combinados. Combinadíssimos”, ele
olhou para trás. “Combinadérrimos!”
Jerry finalmente deu um sorriso e acenou antes de continuar
seu caminho. “Bom fim de semana, então.”
Fechei a porta e escorreguei até o chão. Rapidamente, meu
rosto foi coberto por baba de cachorro.
Eu não tinha oitocentos dólares. Caralho, eu não tinha nem
metade. Ainda não.
É tudo culpa sua, você sabe.
Fera continuou lambendo meu rosto, fazendo meu humor
melhorar um pouco. Na verdade, era sim minha culpa. Esbanjei
comprando ingredientes caros. Os melhores que encontrei enquanto
podia tê-los facilmente substituído. Mas era difícil. Eu gostava de
cozinhar com o melhor. As melhores facas, as melhores panelas, os
melhores temperos, as melhores proteínas… Carne de primeira,
frango de granja, ovos caipiras…
Você acha que algum dos seus clientes reflete sobre a origem
dos ovos que estão comendo?
Era estupidez, eu sabia. Porque estava saindo muito caro. Eu
mal lucrava, imagina pagar meu aluguel e as contas…
originalmente, eu achava que conseguiria guardar dinheiro. Que
terminaria o curso de gastronomia, conseguiria um trabalho de
prestígio, boas críticas… talvez até abriria meu próprio restaurante.
Seu próprio restaurante? Sim, claro.
Eu não achava que não conseguiria, mas tudo parecia tão
distante naquele momento. Eu estava contando moedinhas para
pagar o aluguel do meu mísero apartamentinho enquanto tentava
sobreviver ao ataque de fofura do meu cachorro.
Segurei Fera longe do meu rosto. “E você? Tem oitocentos
dólares por acaso?”
Ele me encarou de volta com os olhinhos castanhos
arregalados e curiosos enquanto tombava a cabeça.
“É”, eu dei uma risadinha. “Acho que não.”
Capítulo 3

KAYLEEN

Foi um fim de semana longo, estranho e exaustivo. Trabalhei


basicamente o tempo todo em que estive acordada, sempre de pé.
Quando me deitei na cama, meus dedos ainda cheiravam a alho,
não importava o número de vezes que eu tinha lavado as mãos.
E eu só conseguia pensar em Chase.
Chase, cujos beijos praticamente me transformaram em geleia
naquela cozinha bonita. Chase, que me arrastou até a metade do
caminho para o seu quarto quando um dos seus colegas de
apartamento abriu a porta da frente de supetão.
Chase… que não me ligou nem me mandou uma mensagem
durante a semana toda.
Meus pensamentos eram conflitantes. Eu realmente gostava
dele. Eu o queria, o desejava intensamente. E ele também me
queria, eu tinha certeza. Eu podia ver em seus olhos, sentir no seu
abraço e na forma como seu corpo firme respondeu ao meu toque.
Mas ainda assim…
Segunda finalmente chegou e eu atravessei o corredor e a
cozinha rapidamente, até chegar no seu quarto. Entrei sem bater,
parcialmente porque a porta estava entreaberta e parcialmente
porque fazia seis dias que eu não tinha uma resposta.
“Ok”, desabafei, cruzando os braços quando vi meu chefe.
“Vamos direto ao ponto.”
Chase estava sentado do outro lado do quarto, digitando
alguma coisa no computador. Sua escrivaninha em forma de U
parecia a cabine de um avião.
“Hã? O quê?”, ele tirou o fone de seu ouvido esquerdo.
“Kayleen?”
“Sim, Kayleen”, eu disse, rispidamente. “Sabe, sua chef de
cozinha? Aquela que vem todas as segundas fazer sua comida?”
“Ah”, ele apertou os olhos na minha direção. “Já é segunda-
feira?”
“A garota que você beijou semana passada”, continuei. “Beijou
muito. Quero dizer, muito mesmo”, eu sentia minha frustração em
cada palavra, “e muito bem, devo admitir.”
Porra, Kayleen.
Eu deveria ter sido forte. Arrancar respostas dele. Mas ali
estava Chase, me encarando de volta em absoluta surpresa,
coçando sua barba malfeita de forma distraída.
Meu Deus, ele era sexy até fazendo aquilo.
“Tem certeza de que é segunda?”
Ele estava escrevendo — era a única coisa que eu sabia. Pela
sua cara eu sabia que ele estava com a musa.
Merda, Kayleen. Pensei comigo mesma. Agora você parece
uma louca carente!
A musa era familiar para mim. Chase, Nathan, Burke — os três
homens entravam naquele transe em algum momento. Eles eram
jovens escritores e amigos de longa data. Trabalhando em um livro
juntos. Na verdade, em uma série de livros.
Uma trilogia compartilhada. Era o nome que eles deram.
De repente, me lembrei. Chase tinha me explicado na cozinha
um dia, enquanto me fazia companhia na preparação da comida.
“Desculpa”, suspirei, saindo do quarto. Me senti terrivelmente
envergonhada. “Esquece que estive aqui.”
Vergonha não era uma coisa que eu geralmente sentia. Mas ali
estava eu, me excedendo. Eu tinha entrado no estado “agir como
uma grande cuzona”, e eu odiava aquele estado.
“Kayleen, espera…”
Chase saiu da sua estação de trabalho, rolando a cadeira para
longe da escrivaninha. Enquanto ele se aproximava de mim, analisei
rapidamente seu quarto.
“Nada mal”, eu disse, apontando para a decoração. “Um pouco
mais contemporâneo do que eu esperava, mas—”
“Kayleen, escuta”, ele continuou, “me desculpa pela—pela
semana passada. Estou arrependido.”
Dei de ombros. “Pois eu não estou.”
Ele ficou vermelho, seu rosto era adorável quando ele ficava
constrangido. “Bom, eu também não, pra ser honesto”, ele
murmurou, “mas sinto que te devo desculpas… pelo que
aconteceu.”
“O que aconteceu foi que você nem me ligou”, insinuei, “nem
me mandou uma mísera mensagem. Nada do tipo ‘ei, Kayleen,
desculpa pela péssima hora que meu colega resolveu chegar. Por
que não nos encontramos pra tomar um café, um drinque—”
“Me desculpa”, ele disse de novo. Pela forma como seus olhos
evitaram os meus eu não sabia se era verdade ou não. “Eu queria—
queria mesmo fazer isso”, ele disse, torcendo as mãos. “Acredite
quando digo que eu queria. Mas eu… eu não podia.”
“Me ligar?”
“Não. Quero dizer…”
“Entendi”, eu disse, “você estava escrevendo. Você estava com
a musa”, segurei a maçaneta da porta. “Não precisa se desculpar,
você estava obviamente—”
“Quero dizer que não posso fazer isso.”
Me virei para ele de novo. De repente percebi tudo.
“Ahh…”, suspirei. “Você tem uma namorada”, acenei, me
sentindo levemente melhor. “Entendi.”
“Não, não”, ele respondeu. “Não tenho namorada.”
Minhas sobrancelhas se uniram por um momento.
“Namorado?”, perguntei, hesitante.
“Não”, ele disse, dando uma risadinha. “Definitivamente não.”
“É, pela forma como você me beijou imaginei que não
mesmo…”, respondi. “Mas tudo bem. Seja qual for o motivo, sem
ressentimentos. Agora, com licença, vou para a cozinha pra—”
“Kayleen…”
Parei de falar e o encarei, esperando-o continuar. Os olhos cor
de esmeralda de Chase estavam meio tristes.
Qual é o problema dele?
Seja lá o que fosse, ele estava em uma luta interna profunda.
Como se tivesse algo que definitivamente precisasse dizer, mas por
alguma razão, ele não conseguia.
“Desculpa”, ele disse, abaixando lentamente os olhos.
Acenei educadamente. “Você já pediu desculpa.”
Meio minuto depois eu estava caminhando pelo corredor,
tentando tirar aquele momento estranho da minha cabeça. Eu tinha
muito trabalho para fazer na cozinha e quanto mais cedo
começasse, melh—
“Ei…”
Ouvi uma voz do outro lado do corredor. Nathan estava parado
na porta do seu quarto com os braços longos esticados para cima
da cabeça. Ele estava vestindo shorts e uma camiseta branca
desgastada que parecia ter pelo menos uma década de uso.
“Posso falar com você por um segundo?”
Congelei. Sua camiseta modelava seu corpo esbelto e
musculoso, revelando um abdômen ridiculamente bem escupido.
Um tanquinho. Sério — dava mesmo para lavar roupas ali.
Meu coração palpitou.
“Claro”, eu disse.
Capítulo 4

NATHAN

Ela era estonteante. Sexy e sensual, especialmente quando


ficava emburrada e fazia beicinho.
Era aquele beicinho que mais chamava minha atenção. Uma
boca suavemente curvada para baixo e lábios volumosos e
exuberantes. Do tipo que não precisa de batom, mas se ela
passasse ficaria absolutamente maravilhosa.
“O que foi?”, ela perguntou.
Meu Deus, aquela boca. Ela me intimidava um pouco, na
verdade. Mesmo assim, me peguei pensando que seria insano
beijá-la…
“Venha comigo”, eu disse, guiando nossa linda chef de cozinha
pelo corredor.
Kayleen me seguiu e eu pude notar que ela estava confusa.
Era de se esperar, considerando a forma como Chase tinha falado
com ela. Eu tinha ouvido a conversa toda. Fiquei tentando adivinhar
que explicação ele daria para ela. Como esperado, ele não tinha
dado nenhuma.
Explica você, então.
Era um dilema na verdade. Eu poderia deixá-la no escuro, sem
saber de nada, mas ela em algum momento descobriria tudo.
Especialmente se nosso plano desse certo. Então ela ficaria mais
puta do que nunca e nós não queríamos perder Kayleen. Ela era
uma boa pessoa e uma ótima chef de cozinha.
Mas se eu contasse a ela, a espantaríamos. Não tinha saída
fácil. Era um grande problema desastroso e nada ortodoxo — tudo
porque Chase a tinha beijado.
“Olha, a cozinha é por ali”, ela disse, meio irritada, “eu tenho
uma tonelada de coisas pra fazer, então talvez a gente possa
conversar lá?”
Parei no final do corredor. Nosso computador central estava ali,
em um pequena alcova, conectado aos outros três nos nossos
quartos.
“Então ele te beijou.”
A boquinha mal-humorada de Kayleen se contorceu um pouco
mais. Era bonitinho.
“Como você sabe que não fui eu quem o beijou?”
“Bem, você também”, sorri. “Mas esse não é o ponto. O
problema é o que aconteceu depois. Chase agiu como um completo
idiota e te deixou sem entender nada. Eu vou esclarecer tudo pra
você.”
Ela ia cruzar os braços, mas desistiu no meio do caminho. Sua
expressão suavizou. “Vá em frente.”
“Pois bem”, eu disse. “Ele gosta de você. Não entenda mal. Ele
ficaria com você em um piscar de olhos se pudesse, mas isso seria
uma distração, e estamos tentando eliminar todas as distrações das
nossas vidas.”
Um lado da boca da nossa chef de cozinha se curvou em um
sorrisinho. “Ah, sim”, ela disse. “Sua trilogiazinha.”
“Nossa trilogiazona”, eu a corrigi. “Mas sim. Estamos
trabalhando duro nela. Tentando cumprir com os prazos. Tentando
terminar três livros enormes nos próximos meses, escrevendo em
conjunto”, cocei meu queixo. “Ou melhor, estamos escrevendo
capítulo por capítulo juntos.”
“Tipo um boxeador em época de treinamento”, Kayleen riu.
“Nada de sexo antes de uma luta importante.”
“Na verdade, não”, eu a corrigi. “É exatamente o contrário.”
Parei só pelo bel prazer de vê-la se virar na minha direção. Os
olhos de Kayleen ficaram ainda mais estreitos do que o normal na
sua tentativa de entender o que eu queria dizer.
“Sexo é uma válvula de escape maravilhosa”, eu disse,
“especialmente pra criatividade. Então, mesmo que estejamos
tentando eliminar as distrações, não somos malucos. Nós sabemos
que precisamos de companhia feminina. De intimidade e…”
“Sexo”, ela disse, sem rodeios.
Dei de ombros. “Três caras de vinte e poucos anos? O que
você acha?”
“Acho que vocês precisam contratar umas prostitutas”, ela
gargalhou.
Franzi o cenho e chacoalhei a cabeça. “Eu disse companhia.
Intimidade. Coisas que só uma namorada pode fornecer. E
obviamente, sexo também.”
“Então, qual é o problema de Chase?”, ela me interrompeu.
“Não que eu esteja passando a carroça na frente dos bois, mas eu
sou uma namorada do caralho”, ela finalmente cruzou os braços. “E
olha — tragos boas novas — eu definitivamente gosto da parte do
sexo.”
Não pude evitar a gargalhada. “Ele disse mesmo.”
“Então não entendo—”
Eu a interrompi no meio da frase, fazendo um gesto. Depois de
alguns cliques no mouse, eu abri o anúncio e o ampliei para cobrir a
tela toda.
“Leia isso”, eu disse, me afastando da mesa.
Kayleen se inclinou e seus olhos azuis se escancaravam a
medida em que ela lia linha por linha. Seus lábios se moviam
silenciosamente enquanto ela articulava as palavras em voz baixa.
Caralho, acho que eu estava errado. Talvez ela fosse sim
estonteante.
Talvez?
Eu vi sua boca se abrir devagar. Seus olhos se arregalaram.
Por um longo e silencioso momento parecia que o tempo tinha
parado.
“Você não pode estar falando sério”, ela finalmente disse.
Capítulo 5

KAYLEEN

Eu li o documento todo duas vezes, e então uma terceira vez


só para garantir que não tinha interpretado mal. Mas não havia
brecha para más intepretações no texto que eu vi na tela:

PROCURA-SE:
NAMORADA PARA RELACIONAMENTO
EXCLUSIVO POLIAMOROSO COM TRÊS
HOMENS.

(Sim, você leu certo)

Três jovens escritores muito amigos procuram


uma mulher de mente extremamente aberta para um
contrato exclusivo, quase pecaminoso e nada
ortodoxo.
VOCÊ é a mulher mais sexy e inteligente do
planeta que habita os sonhos de todo homem.
Você é divertida, engraçada e anima qualquer
festa.
Você também tem uma libido quase insaciável e
absolutamente ama ser paparicada.

NÓS somos três (3) profissionais dedicados,


bonitos e sarados — além de amigos de longa data
— e queremos compartilhar, amar, proteger e mimar
a mesma mulher maravilhosa.

CONTRATO EXCLUSIVO PARA DIVIDIR UMA


CASA

Você deve estar preparada para morar aqui, na


nossa casa de campo no estilo espanhol, onde cada
uma das suas necessidades será atendida.

SOMENTE POTENCIAIS NAMORADAS


Tenha em mente que nós três queremos uma
namorada, assim como toda a intimidade e o
companheirismo típicos de um relacionamento.
Do nosso lado, NADA de ciúme, NADA de
drama, NADA de treta. Apenas três vezes mais
diversão, emoção, romance (e sexo, é claro) do que
um relacionamento monogâmico tradicional e
entediante.

AVISO:
PODE SER QUE VOCÊ SEJA MIMADA PELO
RESTO DA VIDA

Abaixo do anúncio havia um endereço de e-mail e instruções


específicas sobre como entrar em contato.
“Você não pode estar falando sério”, eu finalmente disse.
Era inacreditável. Além de inacreditável, na verdade. Quase
como se eles estivessem tirando onda com a minha cara.
“Muito sério.”
E de alguma forma eu tinha certeza absoluta de que não era
uma piada.
Olhei para Nathan de forma diferente. Ele ainda era o mesmo
surfista típico loiro e bronzeado que tinha virado um deus da praia
na puberdade. Mas naquele momento eu o via de várias formas
diferentes. Formas que faziam meu estômago se revirar com
excitação.
“Vocês não acham que alguém vai realmente responder a esse
anúncio”, eu disse nervosamente, “acham?”
“É claro que sim. Por isso que postamos.”
“Postaram?”
“Já faz três dias que está no ar e temos quatro candidatas
agendadas pra uma entrevista conosco.”
Sua fala fez minha respiração parar na garganta. Eu não sabia
se era a surpresa com o que eles estavam fazendo ou a ideia de
que alguém realmente gostaria de fazer parte daquilo. Muito menos
quatro alguéns.
“Foi por isso que Chase te dispensou”, disse Nathan. “Não é
porque ele não gosta de você. É porque ele não quer te magoar. E
ele não pode se envolver agora. Não enquanto nós três estamos
tentando fazer isso.”
Ele apontou casualmente para a tela. Eu olhei de novo, ainda
completamente desacreditada.
“Quem teve essa ideia?”, perguntei.
“Nós três.”
“Como?”
“Porque estamos tentando escrever uma trilogia em apenas
alguns meses”, disse Nathan, “e isso requer tempo e dedicação.
Uma namorada interfere no processo. Nós tivemos namoradas
antes, tentando escrever, e não funcionou. As garotas sempre
ficavam com ciúme da nossa ausência e precisavam de mais
atenção do que podíamos dar. Elas não eram felizes. Nos enchiam
de telefonemas e mensagens. E assim, nós ficávamos infelizes”, ele
deu de ombros. “Perdemos prazos e o processo de escrita ficou
prejudicado.”
“Então por que vocês simplesmente não se concentram só na
escrita?”, não pude evitar a pergunta. “Ao invés de tentarem ter
namoradas?”
A boca de Nathan se contorceu num sorrisinho. “Você sabe
porquê.”
“Pelo sexo?”, gargalhei. “Olhe pra vocês três”, eu aproveitei a
oportunidade para dar uma boa conferida no corpo de Nathan de
novo. Ele continuava tão maravilhoso quanto das outras vezes que
eu o cobicei “Nenhum dos três tem problema nenhum em encontrar
candidatas pra sexo casual”, o repreendi. “Então por que
simplesmente não fazem isso?”
“Porque não é o que queremos”, ele disse honestamente. “O
sexo é grande parte, é claro, e nada melhor pra limpar a mente do
que uma gostosa e um orgasmo de tremer a Terra”, ele olhou para
mim como se de repente tivesse se dado conta de que tinha
detalhado demais. “Mas nós concordamos que precisamos de mais.
Precisamos de companhia também. Escrevemos em turnos de três
dias, um dia de descanso. E alternamos esses dias, assim podemos
relaxar.”
Pensei na bunda perfeitamente redonda colada numa cadeira
por três dias seguidos. Com base no seu bronze, eu não conseguia
imaginar ser possível.
“No nosso dia de folga, conseguimos sair, fazer alguma coisa
com alguém. Sair de perto uns dos outros por um tempo e nos
divertir, espairecer. É aí que entra nossa namorada. Alguém pra se
divertir, dar risadas, um bom encaixe”, ele sorriu com o trocadilho.
“Emocional, mas físico também.”
“Entendo.”
“Somos homens, mas não somos bárbaros”, Nathan gargalhou.
“Nós fazemos mais do que só procriar. Acredite ou não, também
temos necessidades emocionais.”
“Nunca pensei o contrário”, pontuei. “Mas...”
“Ciúme?”
Ele é esperto, devo admitir.
“Sim, exatamente.”
“Falamos muito sobre isso”, disse Nathan. “Concordamos em
não deixar o ciúme interferir. Se a mulher for exclusivamente nossa,
somente nossa, vamos dividi-la como tudo o que já dividimos. É
como qualquer outro relacionamento, mas ela vai fazer um rodízio.
Isso não muda nosso tempo individual com ela. Isso não muda a
forma como interagiremos pessoalmente com ela, ou como nos
aproximaremos, ou nosso romantismo, ou—”
“Amor?”
“Amor é sempre uma possibilidade”, ele deu de ombros.
“Afinal, estamos procurando por uma namorada, não uma
acompanhante. Se os sentimentos nos levarem ao apego, amor é
certamente outra consequência.”
“E então, o que vai acontecer?”
Nathan gargalhou de novo, mostrando suas duas fileiras de
dentes brancos perfeitos. “Você está certamente fazendo muitas
perguntas!”
“Bom, é muito intrigante”, eu respondi. “Não é todo dia que eu
vejo um anúncio pra—”
Minha voz sumiu quando Burke apareceu no corredor. Ele
estava vestindo um roupão de banho cor de rosa com várias
canecas de café desenhadas — eu tinha visto aquilo num filme
antes — e carregando uma enorme e real caneca cheia de café.
“Então você mostrou a ela”, ele resmungou, levantando a
caneca em direção a tela do computador enquanto entrava no
cômodo. “Boa.”
Dos três, Burke era o que eu menos via. Ele vinha até a
cozinha para encher sua caneca de café e nossas conversas eram
sempre curtas e pontuais. Entretanto, ele não era menos bonito que
os outros dois. Grande e largo nos braços e ombros, ele era super
alto.
A porta do quarto se fechou atrás dele sem mais uma palavra.
“Boa?”, perguntei a Nathan. “Boa?”
“Nós concordamos que era melhor contar a você o quanto
antes”, ele explicou. “Pode ser estranho pra você nos ver os três
com a mesma mulher, sempre no nosso dia de folga. Isso faria você
pensar que ela está nos traindo ou algo assim.”
A ideia me fez rir. “Possivelmente. Eu não saberia o que mais
pensar.”
“Ou dizer”, disse Nathan. “Ou fazer, quando muito.”
“Sim.”
“Não queríamos te deixar nessa posição. Além disso, você vai
cozinhar pra quatro e não mais pra três. Tudo bem?”
Acenei mecanicamente. Minha cabeça estava girando.
“Vamos ter que aumentar o orçamento da comida. E te pagar a
mais, é claro.”
“Receber a mais é bom”, concordei.
“Bom”, Nathan sorriu. “Estou feliz de ter resolvido isso. E mais
uma vez, desculpa pelo comportamento de Chase. Ele não deveria
ter te beijado.”
“Não, não…”, eu disse distraidamente. “Tudo bem.”
Nathan inclinou seu um metro e noventa e oito, aproximando
sua cabeça da minha. Sua voz ficou mais baixa e rouca quando
seus lábios pincelaram o ar perto do meu ouvido.
“Eu deveria ter beijado você”, ele disse, antes de fechar a
janela do computador e sair andando do cômodo.
Capítulo 6

KAYLEEN

Preparei as refeições deles feito um robô a manhã toda, e


parte da tarde. Nenhum deles apareceu na cozinha em nenhum
momento. Me dei conta de que estavam todos “com a musa”, ou
pelo menos estavam me dando espaço.
Foi só quando cheguei em casa que saí do transe.
Um contrato de relacionamento poligâmico exclusivo.
Era a ideia mais maluca do mundo. Totalmente diferente de
tudo o que já tinha visto na vida. Eu nem sabia o termo correto para
me referir àquilo…
Mas por alguma razão, me pareceu lógico. Parecia algo que
funcionaria para eles. De verdade.
Ah, para! A vozinha na minha cabeça gritou com sarcasmo.
Como diabos você pode saber? Você mal os conhece.
O pressuposto era verdade. Eu conhecia Chase muito bem,
Nathan nem tanto. Eles eram caras legais, mas os detalhes
principais das suas vidas eram desconhecidos para mim.
E Burke… bom, ele era quase que um mistério completo.
Olhei para baixo, Fera estava praticamente fornicando com a
minha perna. Sua tigela de comida estava vazia de novo. Eu tinha
me esquecido de trazer algo para ele.
“Desculpa, amiguinho”, eu disse. “Vou dividir meu jantar com
você.”
Acontece que Fera não ficou nem um pouco interessado na
minha salada de rúcula com morango, mas eu dividi minha porção
de tirinhas de frango com ele. Ele rolou todo feliz quando fui em
direção da TV, pronta para colocar os pés para cima e vegetar um
pouco. Só faltava ele trazer minhas pantufas…
BRRR!
É claro que eu tinha deixado meu celular do outro lado do
cômodo. Era sempre assim.
BRRR!
Até tentei ignorar, mas podia ser algo importante. Eu ia buscar
as pantufas eu mesma no fim das contas.
Meio minuto e um par de pantufas fofas mais tarde, eu tinha
voltado para a Sofalândia. Puxei o cobertor até meu queixo e
desbloqueei o telefone para ver o que era.
Era uma mensagem de Chase em nome dos três, no nosso
grupo. Usávamos para comunicação rápida, eles me avisavam
quando algum ingrediente estava prestes a acabar ou sugeriam
refeições que queriam comer.

Ei! Só queríamos ter certeza de que você não


ficou
completamente em choque com o que
aconteceu hoje.
E saber se está tudo bem para você.

Ah… que fofo, eles queriam saber como eu estava me


sentindo. Não era algo usual. Mas era a primeira vez que eles me
pegavam de surpresa com informações daquele tipo, então…

Tudo de boa na lagoa.


Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
Fiquei chocada por um momento com a minha própria
breguice. Eu queria manter tudo suave, mas era péssima em
escrever mensagens, especialmente para mais de um destinatário.
Escrever abre espaço para más interpretações. Além disso,
conversar pessoalmente é muito mais fácil.
Esperei um minuto, mas não obtive resposta. Sério? Era o
melhor que eles podiam fazer? Amadores.
Por desencargo de consciência, mandei outra mensagem
engraçadinha e apertei o botão ENVIAR.

Confesso que fiquei ofendida por nenhum de


vocês me considerado para a posição. ;P

Ri sozinha do meu flerte inteligente. Talvez eu fosse sim boa


em escrever mensagens. O emoji com a língua de fora deixava o
texto mais atrevido.
O círculo piscando na tela indicava que eles estavam
respondendo imediatamente. Uns segundos depois, recebi o
seguinte:

Acredite, nós queríamos.


Mas onde se ganha o pão não se come a carne.

Eu não sabia se ria ou se chorava. Aquilo servia mais para mim


do que para eles. Então tentei encerrar a conversa.

Sim, vocês têm razão.

Reli a primeira parte da mensagem: NÓS.


Aquilo implicava que eles haviam de fato discutido. Será que
eles tinham mesmo pensado nisso? Pensei que fosse piada no
começo, mas não tive tanta certeza. Eu ainda estava absorta nas
ideias quando outra mensagem chegou.

A última coisa que queremos fazer é te afastar.


Você é incrível, Kayleen.
É muito bom tê-la conosco.

Senti um calorzinho se espalhar, partindo da minha barriga,


para o resto do corpo. Me dava conforto, mas ao mesmo tempo me
causava ansiedade.

Eu sei que sou incrível.


Mas é sempre bom ouvir de outras pessoas.
Vocês também dão para o gasto.

Tentei ser engraçadinha, mas saiu bem horrível. O que foi que
eu fiz para ser chamada de incrível?
Fiquei olhando para a tela um pouco mais, mas nada
aconteceu. Depois de dois minutos, presumi que nossa conversa
tinha acabado. Confesso que fiquei aliviada. Eu nunca soube como
terminar um assunto.
Mas quando eu estava prestes a colocar o telefone de lado:

Temos algumas entrevistas no fim de semana.


Podemos agendar a sua para a próxima
segunda.
Para a próxima seg—
Hm, eles estavam gostando de flertar? Eu era ótima de flerte!
Peguei o telefone e digitei rapidamente:

Fodam-se as outras.
Eu quero ser entrevistada antes!

Dei uma risadinha e acrescentei:

Não sou mulher de ficar atrás.


Principalmente de um bando de interesseiras.
Exijo ser a primeira da fila.

Coloquei o telefone no sofá com um sorriso presunçoso de


satisfação. Para alguém péssima em escrever mensagens, me senti
bem orgulhosa daquelas três frases.
Peguei o controle remoto e estava prestes a começar um
episódio do meu reality show desnecessariamente dramático e
exagerado quando o telefone vibrou de novo:

Combinado.
Sexta. 20h.

Notei que a última mensagem veio de outra pessoa. Ainda no


mesmo grupo, mas escrita por Burke. Aquilo fez um grupo de
borboletas invadir meu estômago.
Ok, certo.
Procurei pelo emoji gargalhando no meu teclado. Eu odiava
emojis no geral, mas usei o segundo assim mesmo, seguido da
seguinte mensagem:

Ah, sim. Claro. Vejo vocês na sexta!

Ainda era um flerte de brincadeira. Não era? Mas meu coração


estava batendo mais rápido por algum motivo.
Ei — foi você que começou a provocação, Kayleen.
Sim, pensando bem, fui eu quem começou. E eles deram
corda, me provocando de volta. Estimulando meu flerte idio—

Estamos falando sério.

A mensagem me atingiu em cheio. Três palavrinhas só. Uma


pequena frase causou o mesmo impacto que um trem descarrilhado.
Comecei a digitar, parei, hesitei. Esperei mais um minuto com o
telefone pousado no meu colo. Depois de mais meio minuto de
silêncio, outra mensagem chegou:

Você não?

Sério? Sério? É claro que eu não estava falando sério! Eu só


estava indo na onda, jogando um jogo. Flertando e me divertindo de
forma sexy às custas deles. Mas eles tinham levado mais a sério do
que eu.
Ou talvez…
Talvez eles estivessem blefando. Entrando no jogo para se
divertirem às minhas custas.
Você vai interromper a brincadeira?
Eu poderia. Era fácil, obviamente. Mas mesmo sabendo que
era só um blefe, meu estômago dava cambalhotas. Por que é que
um nó na garganta surgiu naquele momento?
Continuar o jogo ou interromper antes que ficasse perigoso?
Eu não sabia o que fazer.
Eles estão… blefando. Certo?
Numa decisão impensada, peguei o telefone. Meus dedos se
moviam mais rápido do que meu cérebro podia acompanhar.

Combinado. Sexta. 20h.


É melhor vocês terem vinho.

De repente o telefone parecia não ser mais meu. Era como se


ele tivesse vida própria e a mensagem tivesse surgido ali sozinha.
A resposta veio enviada por Nathan. Aparentemente ele
também estava online no grupo:

HAHA, você sabe muito bem que temos vinho.


É você quem faz as compras da casa.
Aquele adendo me fez sorrir. Ele tinha razão. Digitei uma
mensagem final e então joguei o telefone no outro sofá:

Eu quis dizer vinho de qualidade.


Capítulo 7

KAYLEEN

A semana passou como um borrão.


Consegui o dinheiro do aluguel, graças a Deus, bem a tempo.
Quando Jerry bateu na minha porta, ele parecia extremamente
surpreso ao ver que eu tinha os oitocentos dólares em mãos. Como
se eu tivesse feito um truque de mágica, tipo tirar um coelho da
cartola.
Ocupei minha cabeça com o trabalho todos os dias.
Cozinhando, preparando, indo de um cliente ao outro. Comecei a
perceber cada vez mais que estava trocando cebolas. Eu não
ganhava nem de longe o suficiente para considerar minha empresa
um modelo de sucesso.
Mas durante as noites…
Eu deitava a cabeça no travesseiro pensando na sexta.
Na primeira metade da semana me convenci de que eles não
estavam falando sério. Que eu chegaria lá na sexta e eles nem
estariam ao menos me esperando. Que seria super estranho. Eu
pareceria uma idiota completa e desesperada. Ou pior, eu os faria
se sentirem obrigados a me convidar para entrar. E eu sabia que
eles estavam no processo de escrita. Talvez mais de um deles.
‘Com a musa’.
Na quarta-feira eu tive certeza de que não iria. Então recebi
uma mensagem no grupo. A foto de uma garrafa de vinho tinto,
enviada por Chase. Aquilo me fez me sentir melhor. E era um vinho
de qualidade, na verdade. Um bom Merlot, não uma das garrafas de
dez dólares que eles tinham na prateleira.
Sem querer começar outra saga de mensagens, respondi com
um único texto:

Vamos precisar de mais de uma garrafa.

Na quinta eu surtei. Eu nem sabia o porquê. Nenhum


compromisso tinha sido firmado, tudo poderia simplesmente ser
uma brincadeira. Um motivo para uma noite divertida, talvez com um
pouco de vinho.
Além disso, eu já conhecia os rapazes fazia alguns meses.
Eles não eram estranhos completos. Mesmo assim eu me sentia
totalmente nervosa. Como se estivesse indo para um primeiro
encontro às cegas.
A sexta chegou e eu tive que me acalmar. Finalmente me
convenci de que tudo não passava de um happy hour casual com
clientes. Como um evento qualquer que eu sempre promovia para
manter uma boa conexão com eles.
Mas naquele dia eu estava indo para um happy hour com três
belos jovens, na sua enorme e bem decorada propriedade. Numa
sexta à noite. Com vinho envolvido.
Ah, sim. E nós falaríamos sobre eu talvez me tornar sua
namorada. Dos três ao mesmo tempo.
Gargalhei depois que estacionei o carro, torcendo para que
eles não estivesses me assistindo pelas câmeras de segurança. Eu
estava parecendo uma maníaca enlouquecida. Certamente eles me
dispensariam pelo interfone mesmo.
Se ao menos você tivesse essa sorte.
Mas não. Aparentemente não tinha como voltar atrás. Não sem
tornar a coisa ainda mais embaraçosa. Então decidi fazer o que eu
fazia de melhor: agarrar o touro pelos chifres.
Se eles queriam me entrevistar, que entrevistassem.
Quando cheguei na porta me perguntei se deveria tocar a
campainha ou usar minha própria chave. As duas opções pareciam
estranhas. Tradicionalmente, eu entrava sozinha, mas eu não
estava ali a trabalho. E era sexta à noite, não segunda de manhã.
“Kayleen!”, uma voz pairou pelo interfone digital, alegre e viva.
Reconheci Nathan na hora. “Entra!”
Ele abriu a porta e eu cruzei o saguão revestido de lajotas.
Paredes de estuque branco culminavam suavemente em arcos
iluminados calorosamente por arandelas de ferro forjado. Plantas
verdes se erguiam como sentinelas, estrategicamente posicionadas
para colorir e enfeitar enquanto videiras pendiam dos vasos, dando
ao lado de dentro da casa uma sensação de exterior.
Caramba, eu já tinha estado ali uma dúzia de vezes, mas
nunca tinha me dado conta de como tudo era tão lindo.
“Entra, estamos na cozinha!”
Eu sabia onde a cozinha ficava, obviamente. Minha saia
esvoaçava na altura dos joelhos enquanto os saltos dos meus
sapatos faziam barulho no piso a cada passo. Me dei conta de que
nunca tinha usado salto ali antes. Eu sempre estava com sapatos de
trabalho confortáveis.
Os três estavam na cozinha tomando vinho. Chase e Nathan
estavam sentados, mas se levantaram para me cumprimentar.
Burke estava de pé, recostado casualmente em um dos balcões de
cimento.
“Que tal me servir um pouco desse aí?”
Chase me deu uma taça enquanto Nathan servia. Era uma
taça enorme, fiquei muito grata.
“Aqui”, eu disse, colocando um pacote na mesa. “Eu trouxe
queijo.”
Burke se inclinou para a frente, instantaneamente interessado.
Notei que ele estava tomando cerveja e não vinho.
“Trouxe um pouco de Brie e Garrotxa meia cura.”
Nathan apertou os olhos. “O quê?”
Dei uma risadinha. “Não importa. Experimentem.”
Comemos um pouco e foi só então que me dei conta de que eu
estava faminta. Provavelmente porque estive meio sem apetite nos
dias anteriores.
“Isso é bom”, Burke disse, depois do terceiro pedaço de Brie.
“Fica melhor com vinho”, provoquei.
“Talvez”, ele respondeu, levantando a garrafa. “Mas tudo fica
bom com cerveja.”
Começamos conversando sobre o que eles tinham comido
naquela semana. Eles me contaram do que tinham gostado, quais
pratos eu deveria repetir. E também quais pratos deveriam ser
banidos para o reino do desgosto, que nunca mais deveriam ser
preparados.
Engoli a primeira taça de vinho bem rapidamente e já ia me
servir de novo, mas Chase foi mais rápido
“Então…”, comecei, me sentindo abruptamente quente e
confiante. “Por que eu deveria aceitar sua oferta?”
Chase e Nathan se entreolharam. Burke deu uma risada.
“Oferta? Não te oferecemos nada.”
“Ainda não”, eu disse. “Mas eu me qualifico. Sou exatamente o
que vocês procuram, não sou?”
Eles me encararam um pouco mais, num silêncio
ensurdecedor. Me parecia a oportunidade ideal, resolvi agir.
“Olha, eu sou divertida, engraçada, ótima. Animo qualquer
festa. Sem contar que sou linda.”
Dei uma voltinha teatral, fazendo minha saia se levantar um
pouco. Segurei a borda do balcão da cozinha para parar o giro e dei
uma risadinha.
“Sou sexy. Sensual. Não tenho NENHUM problema com a
minha libido”, pisquei. “E bem, eu obviamente amo ser… mimada?
Bajulada?”
Os dois homens mais perto de mim pareciam perplexos. Burke,
entretanto, abriu mais uma cerveja.
“Caramba, essa garota tem estilo”, ele murmurou.
“E o melhor de tudo é que vocês me conhecem”, continuei. “Eu
sou uma namorada do caralho e uma cozinheira sensacional”, parei
por um momento para tomar um gole de vinho. “Entretanto, não
limpo nada. Posso ser sua namorada, não sua empregada.”
Meu discurso estava acabando. Ele tinha sido impulsionado
por nervosismo, impulso e um pouco pela deusa do Merlot. Não
tinha sido a primeira vez que ela tinha agido e possivelmente não a
última.
“Aqui”, eu disse, por fim. “Fim da entrevista. Agora é a minha
vez. A única pergunta que tenho é… vocês três são o que eu quero
de verdade?”
Tomei mais um gole, observando a reação deles por cima da
borda da minha taça. Meu pulso estava acelerado e não era só por
causa do vinho.
“Suponho que”, eu disse, deslocando meu quadril, “tudo
depende dos seus termos…”
Capítulo 8

BURKE

Ela era explosiva, eu diria. Tão ousada quanto loira e linda. Ou


ousada ou cheia de caô. Dessas que falam de mais e fazem de
menos.
De qualquer forma, eu estava determinado a descobrir.
“Então, o que vocês podem me oferecer?”, Kayleen perguntou,
bebendo sua segunda taça de vinho. Era divertido ver sua evolução.
Vê-la ficar mais atirada e mais confortável à medida que o tempo
passava. Parte disso era culpa do vinho. A outra parte, bem… eu
não sabia muito bem o que era.
“E então?”
Ela passou o dedo suavemente pela borda da taça. Era um
movimento muito feminino. Intencionalmente sensual.
“Bem, se eu for sua namorada”, ela disse, colocando ênfase no
eu, “o que exatamente devo esperar?”
“Tudo o que você leu no anúncio”, disse Chase. “Diversão,
entusiasmo, romance…”
“Sexo”, interrompi abruptamente, analisando sua reação.
Se ela se chocou com a astúcia da minha fala, certamente
disfarçou bem. Assisti Kayleen quebrar um pedacinho de queijo e
colocar na boca. Até aquele pequeno ato parecia excessivamente
erótico.
“E eu moraria aqui?”
Nathan acenou. “Sim. O quarto no fim do corredor seria todo
seu.”
“Todo meu, hm?”
“Bem, claro”, eu disse. “Para dividir com quem quisesse,
quando quisesse.”
Vi seus olhos azuis lampejarem através dos seus cílios pretos
e grossos. Ela estava diferente. Não parecia mais aquela chef de
cozinha amistosa que preparava nossas refeições.
Não, ela estava mais mulher. Ela já era uma antes, é claro,
mas seu poder de sedução ficou mais evidente. Seu corpo, suas
curvas, a cascata dos seus cabelos loiros exuberantes… a forma
como ela movia seu quadril. Mesmo a forma como ela batia suas
unhas longas e pintadas na borda da taça…
“Me mostrem os termos, então.”
Nos entreolhamos, Chase e eu. Estávamos surpresos.
“Vocês têm algum tipo de contrato, não tem?”
Eu ri. “Como você sabe?”
“Ah, isso é fácil”, disse Kayleen. “Vocês são homens das letras.
Certamente fariam algo do tipo”, ela sorriu e inclinou a cabeça na
direção de Chase, “especialmente ele. Ele é o Sr. Organizado. O
secretário. O tesou—”
“Ok, ok”, Chase sorriu, tirando o celular do bolso. Ele abriu
alguma coisa na tela e o entregou para Kayleen.
Abri outra cerveja enquanto ela lia, e até Nathan quis tomar
uma. Enquanto isso, os olhos de Kayleen estavam focados na tela
brilhante. Seu rosto permaneceu calmo e impávido, como se nada
que estava escrito a impressionasse. Como se ela estivesse lendo
uma receita ao invés de termos de um contrato nada ortodoxo para
uma relação à quatro.
“Nada mal”, ela disse, finalmente. “Já é alguma coisa.”
“Alguma coisa?”
“Bem… sim. Algumas coisas precisam ser alteradas. O
‘subsídio’, por exemplo”, ela chacoalhou a cabeça firmemente. “Eu
nunca vou aceitar dinheiro pra namorar alguém.”
Nathan me encarou e levantou uma sobrancelha. Devo admitir
que eu estava impressionado.
“Não é bem assim”, Chase interrompeu rapidamente. “É
porque como você vai ficar aqui o tempo todo, entretida e ocupada
conosco com frequência, não vai ter tempo de trabalhar pra ganhar
dinheiro.”
“Bobagem”, disse Kayleen. “Sempre dá pra trabalhar e ganhar
dinheiro.”
Encarei nossa chef de cozinha de forma mais profunda. Fui
esquecendo minhas dúvidas iniciais e começando a gostar dela
cada vez mais.
“Pense nisso”, disse Nathan. “Chase tira folga na segunda. Eu,
na terça. Burke na quarta. Você vai ficar ocupada nesses três dias.
Vamos querer sair com você. Te levar pra jantar, tomar um drinque.”
“Me parece bom”, Kayleen sorriu.
“Mas se—”
“Isso não significa que eu não vou poder trabalhar”, Kayleen
continuou. “Não vou abandonar meus clientes”, ela parou por um
momento. “Eu posso melhorar o panorama. Largar alguns dos meus
trabalhos menos lucrativos ou que demandam mais tempo.
Especialmente se eu não precisar pagar aluguel.”
Os caras ficaram pensativos de repente. Não era algo que
tínhamos refletido profundamente, e ela tinha razão.
“Além disso, vocês estão fazendo isso tudo para evitar
distrações, não é? Então vocês realmente querem que eu fique em
casa vinte e quatro horas por dia? Sete dias na semana?
Caminhando pelos corredores enrolada numa toalha? Toda
saltitante pra cima e pra baixo de lingerie?”, ela deu um sorrisinho e
deu de ombros. “Para ser honesta, eu costumo fazer isso…”
“Saltitar?”, Nathan brincou.
“Sim, tipo isso.”
“E as outras coisas”, eu disse, acenando pro contrato. “Pra
gente é fácil — dividir o tempo. Mas pra você… você vai ter três
namorados. Três relacionamentos individuais pra cultivar”, meus
olhos se fixaram nos dela. “Três vezes tudo, se é que você me
entende. Emocionalmente, fisicamente…”
A garota do outro lado da cozinha hesitou. Ela manteve contato
visual comigo, sorrindo ironicamente enquanto levava a taça de
vinho até sua boquinha mal-humorada.
“E qual é o problema?”
“Bom, são vários”, respondi. “Mais do que você imagina. Talvez
mais do que você consiga dar conta.”
Ela ainda estava me encarando, se recusando a aceitar o
desafio. Suas írises estavam fixadas na minha. “E como você pode
saber se eu consigo ou não dar conta?”
“Precisamos ter química”, eu disse.
“Totalmente”, ela concordou.
“Então como vamos saber se—”
Ela já tinha começado a caminhar antes que eu terminasse a
pergunta. Kayleen colocou sua taça no balcão da cozinha, vagueou
na minha direção e quando me dei conta ela estava com os dois
braços em volta dos meus ombros.
Então ela me beijou… e meu corpo inteiro foi tomado por um
calor intenso.
Caramba.
Paixão, pura e simples. Kayleen ficou na ponta dos pés e me
beijou longa e profundamente, girando seus lábios suavemente nos
meus e enfiando sua língua quente na minha boca.
Caramba.
Minhas mãos deslizaram instintivamente para seu quadril, se
fixando lindamente dos dois lados da sua curva. Seu cheiro era
magnifico. Morangos e creme, ou algo igualmente delicioso. Eu
podia sentir seu corpo no meu, seu cheiro e seu gosto… era como
se meus sentidos estivessem se aguçado, aumentando minha
percepção da sua presença enquanto eu a abraçava e a beijava de
volta.
Acho que ficamos parados ali por meio minuto, nos beijando
como amantes, mas quando ela se afastou pareceu cedo demais.
Kayleen piscou os olhos diabolicamente para mim — um olhar que
só nós dois compartilhamos. Então ela se virou e afastou seu cheiro
delicioso de frutas vermelhas de mim, retomando sua taça de vinho.
Todo mundo na cozinha, inclusive eu, estava totalmente sem
palavras.
“Então… química”, ela disse, tomando outro gole do seu vinho.
Ela deu uma risadinha musical, “Ceeerto.”
Capítulo 9

KAYLEEN

Cada centímetro da minha pele ainda estava formigando. Eu


estava quente e vermelha, com o coração disparado.
Kayleen, que merda é essa?
Mas eu não me lembrava de me divertir tanto.
“Então… onde está o meu beijo?”
Nathan estava rindo para mim do canto da cozinha. Apoiado
nos seus braços longos que eram super musculosos.
“Não se preocupe”, provoquei. “Vamos chegar lá.”
Eu nunca tinha me sentido tão viva. Tão poderosa e no
controle. Era como se eu tinha virado outra pessoa — talvez
exatamente a pessoa que eles descreveram no anúncio. Como se
eu estivesse interpretando um papel, desempenhando uma função.
Só que bem no fundo eu sabia que não estava. Eu estava
jogando e provocando, mas ainda assim, falando seríssimo.
Secretamente, eu sabia que queria.
Isso não pode estar certo.
Será? O que exatamente significava certo?
Você não quer mesmo fazer isso, quer?
Eu não tinha namorado, não tinha amante, não tinha vida
sexual além da minha gaveta de vibradores. Eu tinha uma empresa
fadada ao fracasso, nenhuma reserva financeira e um
apartamentinho que eu mal podia pagar.
Do outro lado da moeda estavam aqueles três homens lindos,
um mais gostoso que o outro. Os três dispostos a me receber em
sua incrível propriedade, me deixar morar lá — e aparentemente me
mimar — como sua namorada comunitária. Me dividir entre eles de
todas as formas possíveis.
Te comer.
Sim, isso também. Aquela parte era um pouco avassaladora, é
claro, mas não menos excitante.
Por alguma razão estranha, eu me via fazendo isso. Eu
conseguia me imaginar naquela casa, cuidando de tudo. Amando
tudo. Caminhando descalça pelo piso de azulejo. Cozinhando
naquela cozinha de tirar o fôlego — não só como chef de cozinha,
mas como mulher. Amante. Namorada…
“Então, quando me mudo?”, uma voz perguntou, eu mal pude
acreditar que era a minha.
Os caras se entreolharam. Muitas informações foram trocadas
sem nenhuma palavra.
“Duas cláusulas”, disse Chase.
Aqui vamos nós.
“Primeiro, você não precisa se sentir obrigada. Traga suas
coisas, fique uma semana, como se fosse um teste. Se funcionar…
funcionou. Mas se não…”, ele apontou para mim. “Você continua
sendo nossa chef, fica conosco, não importa o que aconteça. Não
vamos te perder, Kayleen. Como amiga ou como cozinheira. Ok?”
“Combinado”, eu disse.
“Segundo”, ele continuou, “queremos que você fique
confortável. Portanto, vamos nos mover no seu ritmo. Somos três
caras e você é uma garota. A última coisa que queremos é que você
se sinta sobrecarregada.”
Sobrecarregada…
A palavra era ao mesmo tempo divertida e empolgante.
“Isso é tudo?”
Os rapazes se entreolharam e acenaram. “Sim.”
“Que bom, porque também tenho algumas condições.”
Cruzei meus braços sobre meu peito, encarando os rapazes.
Chase e seu rosto e maxilar de modelo. Nathan e seu corpo alto e
sarado de nadador. Eles eram absolutamente maravilhosos. Eu os
desejava… meu Deus, como eu os desejava.
E finalmente Burke, o selvagem. O barbudo enigmático de
peito largo. Ele era tão (ou mais) bonito quanto os outros, mas de
uma forma meio bad boy, meio taciturna. E a forma como ele tinha
acabado de me beijar…
Você o beijou, lembra?
Ainda assim, eu estava cambaleante por causa do beijo. Minha
mente ainda girava com a vertigem causada pelos seus braços
autoritários. Pela força e poder da sua pegada…
“Primeiro, sem ciúme. Eu sei que vocês concordam, mas vocês
são amigos de longa data. Não quero ficar no meio disso.”
“Sem ciúme”, disse Chase. Os outros assentiram.
“Segundo, vocês não vão me pagar nada. Eu ainda vou fazer
compras, cozinhar, mas como sua namorada, e são coisas que amo
fazer. Na verdade, nasci para isso. Vocês não são mais meus
clientes. Daqui para a frente só pagam pelas compras.”
Nathan levantou uma mão como se estivesse na escola.
“Sim?”
“Podemos apertar sua bunda enquanto você cozinha?”
Dei uma piscadela e joguei um beijo para ele. “Sou sua
namorada, não sou?”
“É claro.”
“Então sim.”
Parei para respirar profunda e longamente. As coisas estavam
prestes a ficarem malucas. Todos os aspectos da minha vida iriam
mudar drasticamente. Mas considerando o que eu tinha no
momento, pior não ficaria.
“Finalmente”, eu disse. “Cancelem o resto das entrevistas”,
levantei minha taça e sorri. “Vocês já encontraram a candidata
perfeita.”
Chase e Nathan ergueram suas taças, Burke ergueu sua
garrafa e nós todos brindamos àquele contrato maluco e ridículo.
Agora me restava aprender a controlar meu coração que dava
piruetas dentro do meu peito.
Capítulo 10

KAYLEEN

Não me mudei até segunda à noite. Era muita coisa para fazer.
Roupas para lavar, empacotar e deixar tudo pronto — mesmo que
fosse uma mala para uma semana só.
Bom, eu queria causar uma boa impressão.
Eu fiquei ocupada o fim de semana todo, me certificando de
fazer tudo o que eu podia para adiantar. Minha ideia era entrar
nesse relacionamento com a agenda limpa, mesmo que aquilo
significasse que eu ia chegar lá com os pés machucados.
Mas pensei nos meus três novos namorados. Na verdade, eu
estava pensando muito neles.
Chase e Nathan me mandaram várias mensagens no grupo e
individualmente. Seus textos e eram divertidos e sedutores no
começo, mas foram ficando mais insinuantes a medida em que o fim
de semana se aproximava. Aquilo era bom. Eu queria “quebrar o
gelo” o quanto antes, para prevenir estranhezas.
Burke, entretanto, ficou em silêncio.
Eu não tinha certeza se aquilo era bom ou ruim. Resolvi pensar
que era uma coisa dele mesmo e deixei para lá.
Ainda assim era difícil imaginar ter três amantes. Três homens
diferentes, com características próprias, escolhas, decisões e estilos
próprios. Três gostosos… e disponíveis para mim, absoluta e
completamente. E felizmente, que me queriam.
Você tem certeza de que quer isso?
Caralho, claro que eu queria!
Não é tarde demais para desistir…
Três bocas sedentas para me beijar, me lamber, me devorar.
Três nomes diferentes para você se lembrar durante o sexo.
Eu gargalhei. É, aquela parte realmente era difícil.
Eram quase onze horas quando estacionei. Eu não sabia que
vaga usar. Ainda havia muita coisa a ser discutida.
Mas naquela noite…
Naquela noite eu sabia exatamente o que eu queria.
Entrei em silêncio. As luzes estavam quase todas apagadas e
o silêncio deixava os corredores totalmente decorados ainda mais
bonitos. Caminhei pela cozinha vazia para o espaço onde a TV
indicava que começava a extensa sala de estar.
Chase estava espalhado no sofá, exatamente onde ele tinha
dito que estaria por mensagem. Ele parecia descansado e relaxado.
Lindo, lindo, de calça de moletom cinza e uma camiseta.
“Ei, linda.”
Ele sorriu e levantou os braços, eu me joguei sobre ele.
Nossas bocas se encontraram em câmera lenta, nossos lábios
retomando o movimento que tinha sido interrompido tão
abruptamente da última vez.
Meu Deus, que delícia…
Era a forma perfeita de terminar um dia tão longo. Beijar Chase
devagar e com movimentos suaves. Escalar seu colo, montando no
seu corpo firme e correndo minhas mãos para cima e para baixo nos
seus braços duros feito pedra.
Fazia só cinco minutos que tínhamos nos tornado namorados
mas parecia que estávamos juntos desde sempre ao mesmo tempo.
Tudo era novo, mas ao mesmo tempo familiar. Até mesmo a sala de
estar. Entrar naquela casa era diferente, era mais como um lar.
“Vem”, eu disse, ficando de pé. Segurei sua mão e o guiei na
direção dos quartos. “Temos negócios pra terminar.”
Chase me seguiu obedientemente, me permitindo que o
guiasse pelos cômodos silenciosos. Assim que chegamos no quarto,
ele assumiu o comando, me puxando para os seus braços
novamente. Me esmagando contra seu peito enquanto beijava
minha boca, meu pescoço, meus ombros… sua língua morna
causando arrepios de prazer em todo meu corpo.
“Oh!”
Em um único movimento, ele me inclinou para trás e juntos
caímos na cama. Era macia, mas ao mesmo tempo firme. Os
lençóis eram sedosos e suaves.
Finalmente…
Nossas bocas se conectaram de novo e nós dois nos beijamos
com o fogo e a paixão de um primeiro beijo. A forma como cada
nervo do meu corpo reagia ao seu toque era sensual e bruta — e
quase mágica.
“Muitas roupas”, sussurrei, beijando seu pescoço. Chase me
ajudou e em segundos estávamos sem blusa. Eu escalei seu corpo
de novo, me sentei no seu colo, sentindo aquele volume aumentar a
medida em que me abaixava pelo seu tórax para circular seu
mamilo com a ponta da minha língua.
Que volume!
Ele era bem-dotado. Fiquei positivamente surpresa pelo
tamanho enquanto me roçava nele. As mãos de Chase estavam na
minha bunda, se esfregando para baixo, pelas minhas pernas e pelo
meu quadril. Tremi de novo quando senti suas palmas agarrando
minha pele desnuda, então ele me virou de costas e tirou o restava
das nossas roupas.
Vi seu pau antes que pudesse tocá-lo — longo e rígido e
grosso. Eu ansiava para senti-lo dentro de mim.
“Merecemos isso”, suspirei com os lábios na sua orelha. “Eu e
você…”
Fechei minha mão em torno dele, esfregando-as para cima e
para baixo no meu sulco derretido. Eu não estava molhada, eu
estava absolutamente ensopada. Tudo no meio das minhas pernas
pulsava com vontade, necessidade, desejo.
“Achei que íamos pegar leve”, ele riu, roçando o nariz no meu
pescoço.
“Ninguém disse nada sobre pegar leve”, murmurei, “acho que
concordamos em fazer do meu jeito.”
Suspirei e rosqueei meu corpo para baixo, aproveitando cada
grama do seu peso. Ao mesmo tempo agarrei gentilmente aquela
vara enorme e enfiei a cabeça na minha boceta.
“Esse é meu jeito”, gargalhei com a voz rouca.
Capítulo 11

KAYLEEN

Os braços de Chase estavam travados e ele me encarava de


cima. Nossos olhos se cruzaram e um momento se passou. No
instante seguinte, minhas pupilas se dilataram selvagemente
quando ele enfiou mais fundo… enterrando seu membro dentro de
mim em uma simples e gloriosa estocada.
“Ahhhhhhhhhhh!”
Eu estava no céu. Tomando sorvete no céu. Tomando sorvete
no céu enquanto cachorrinhos corr—
“Ahhh, SIM!”
Eu queria sussurrar, mas acabei gritando. Sobretudo porque
Chase batia as bolas na minha bunda enquanto ele girava
sensualmente seu quadril… estocando seu pau que já ultrapassava
os limites possíveis dentro de mim.
Para ser honesta, ele atingiu lugares inexplorados.
“Caralho, meu Deus…”
Eu sussurrava e suspirava enquanto minhas duas mãos
escalavam os músculos da sua bunda firme e suave. Por alguns
momentos maravilhosos, eu não o deixei sair. O mantive ali, para
aproveitar sua plenitude, gozando do sentimento de ser comida de
novo depois de tanto tempo… e não só comida, mas bem comida.
“Caralho, como eu desejei isso”, ele rugiu. Sua voz já estava
inebriada pela luxúria.
“É tudo seu”, sussurrei. E então, depois de uma risadinha
suave, completei. “Por agora.”
Ele me beijou de novo, me fodendo devagar. Para dentro e
para fora do meu corpo, sentindo minha pulsação. Eu via nos seus
olhos que ele estava gostando. Era aquele olhar de êxtase e
contentamento.
Aquele olhar precedia a “cara confusa” com meu último
namorado. Ou como eu gostava de dizer, três segundos antes da
explosão. Era o aviso final antes que Anthony gemesse e gozasse e
pedisse desculpas — às vezes tudo isso ao mesmo tempo.
Mas naquele momento…
Eu me engasguei de prazer quando meu amado entrou no
ritmo, mergulhando cada vez mais fundo em mim. Seus músculos
melhoravam tudo. Sua força, sua estamina — tudo era muito novo
para mim, e me deixava totalmente excitada, literalmente,
considerando o que estava acontecendo entre as minhas pernas.
Você disse que topava qualquer coisa.
Foi isso o que ele perguntou? Eu já não sabia ao certo.
Fechei meus olhos bem apertado, lágrimas de prazer
escorriam pelas laterais do meu rosto enquanto Chase se enfiava
em mim profundamente e com força. Eram lágrimas de alegria, de
puro e abençoado alívio.
Kayleen… e se eles forem todos assim?
O pensamento me fez arrepiar de empolgação. Era uma
possibilidade, definitivamente. Meus três novos namorados eram
amigos próximos, de longa data. Pelo que eu tinha entendido, eles
faziam tudo juntos. E só de olhar para os seus corpos, eu sabia que
academia era uma das atividades envolvidas.
Você topa tudo de verdade?
Por Deus… claro que sim. Por favor.
Meu próprio orgasmo foi se aproximando enquanto eu
deslizava minhas mãos pelo peito do meu amado. Eu queria retribuir
na mesma intensidade todo o prazer que eu sentia. Então o
empurrei gentilmente, sorrindo para ele.
“Senta”, murmurei. “Quero te cavalgar.”
Chase sorriu e me deu uma bombeada, sem o menor esforço.
Então rolou de lado e se sentou na cama, me levando com ele.
Durante todo o movimento, seu pau não saiu da minha boceta. A
união continuou ali, estática.
Isso!
E então eu estava montada dele… e de repente eu estava no
controle.
Chase parecia um modelo de capa de revista deitado na cama.
Ombros perfeitos, um peitoral largo e definido que se afunilava dos
lados. Tudo aquilo culminava na parte de baixo do seu corpo — seu
abdômen deliciosamente sarado que me fazia querer mergulhar e
ficar ali por dias.
Suas mãos agarraram meu quadril e seu toque me lembrava
fortemente o de Burke. Não tão insistente. Forte, mas sem dominar.
“Agora é sua vez”, sorri, provocando seus mamilos com a
ponta dos meus dedos. Eu me inclinei para beijá-lo, mas de última
hora desviei e arrastei minha língua pelo seu peito.
“Acho que não.”
“Você acha mesmo?”
Ele empurrou a bunda para cima, me levantando totalmente da
cama. Aquilo o fez se enterrar tão profundamente na minha boceta
que eu literalmente me engasguei.
“Eu não acho. Eu sei.”
Eu o empurrei para baixo de novo, apertando minha bunda
contra sua pélvis. Então, me inclinei para a frente para ficarmos cara
a cara… e balancei minha bunda — mas só a bunda — para cima e
para baixo no seu pau duro e grosso.
“Pooooorra!”, Chase gemeu. Seus olhos se reviraram tanto que
foram parar na nuca.
Dei uma risadinha, continuando o movimento. Minha boca se
aproximou da sua orelha. “É isso mesmo que eu quero.”
Eu sabia rebolar — assim como todas as garotas que
frequentavam bares e festas. Mas eu aperfeiçoei a técnica durante o
sexo. Fiquei tão boa que nenhum homem durava muito quando eu
rebolava, e aquilo me deixava muito perto do meu próprio ápice na
maioria das vezes.
Como naquele exato momento.
“Caralho, Kayleen, eu vou—”
Assenti, com a boca aberta e as mãos espalmadas pelo peito
magnifico de Chase. Eu podia sentir meus batimentos se
acelerarem. Um calor que se espalhava enquanto eu contraía meus
músculos e continuava balançando, rebolando, deslizando minha
boceta molhada para cima e para baixo no seu pau duro e cônico.
“Goza”, sussurrei no seu ouvido. Então acrescentei, para não
haver dúvida. “Goza dentro de mim.”
As mãos de Chase escorregaram para baixo e ele apertou
minhas coxas com força no momento final. Seu corpo tremeu
quando ele se enfiou profundamente — numa última estocada — e
me encheu com seu calor escaldante.
Gozei em torno do seu pau no mesmo momento.
PORRAAAA!
Meu clímax fez meu corpo todo sacudir e me deixou tremendo
de êxtase dos pés à cabeça. Me arrepiei toda, sem parar de mexer
a bunda para cima e para baixo, enquanto eu sentia as pulsações
do seu pau no mesmo ritmo das contrações da minha boceta, como
se uma bomba explodisse dentro de mim.
Quando acabou, meu corpo todo tremia. Chase me embalou
sutilmente para a frente e para trás, ainda dentro de mim, até um
pigarro chamar nossa atenção.
Nathan estava parado no portal, com as mãos na cintura, nos
encarando com um sorrisinho.
“Nada mal”, ele disse enquanto tirava a camisa.
Capítulo 12

KAYLEEN

Congelei de costas para a porta, completamente perdida. Eu


ainda estava sentada no colo de Chase. Ainda me esfregando nele,
para ser bem técnica.
“O—o que você está fazendo”, perguntei.
Nathan continuou se despindo casualmente. E eu continuei
assistindo cada músculo do seu corpo de surfista se estirando
maravilhosamente.
“Já passou da meia-noite.”
Engoli secamente. “E daí?”
Nathan deu de ombros. “E daí que já é terça-feira. E terça-feira
é meu dia.”
Meu Deus do céu.
Eu deveria ter ficado chocada ou envergonhada. Eu deveria ter
me coberto. Mas eu não fiz nenhuma dessas coisas. Na verdade,
fiquei estranhamente curiosa.
“Faz quanto tempo que você está aí parado?”
“Tempo o suficiente para te ver rebolar enquanto meu amigão
aí estava dentro de você”, ele disse, sua voz com um toque do que
parecia ser admiração. “Caramba, foi realmente impressionante.
Onde você aprendeu a fazer isso?”
Fiquei sem palavras pela primeira vez. Totalmente perdida.
Então Nathan tirou sua cueca e eu fiquei sem ar.
“Eu definitivamente preciso de um pouco disso.”
Terça-feira. Hoje é terça…
A vozinha na minha cabeça estava gargalhando. É óbvio que
eles revezariam à meia-noite! Eles eram homens jovens, cheios de
energia com hábitos noturnos, libido alta e provavelmente vigor o
suficiente poupado durante a jornada de trabalho sentados
escrevendo.
Você achou que era a única com tesão assim?
A vozinha gargalhou de novo. Mas eu não me incomodava com
a troca. Mesmo rápida daquele jeito. Eu já tinha decidido que assim
que dormisse com um deles, teria que fazer o mesmo com os
outros, eu não poderia ir fundo com um deles e ficar de joguinhos
com os outros. Se alguma coisa fosse causar ciúme, não seria
aquilo.
Não, eu entrei nessa sabendo de uma coisa. Para aquele
contrato ter alguma chance de dar certo, eu teria que tratar os três
da mesma forma. Como se fosse uma relação monogâmica.
“Ok”, eu disse, dando um pequeno sorriso. “Preciso de alguns
minutos para me limpar e te encontro no seu—”
“Não é necessário.”
Nathan já estava na cama, se movendo na minha direção. Ele
segurou meu rosto com as mãos enormes — seus dedos eram tão
longos! — e gentilmente virou meu rosto para cima enquanto se
abaixava para me beijar…
Ai…
Seus lábios eram carnudos e lindos. Firmes como os lábios de
um homem, mas cheios de fome e energia. Ele me beijou
profundamente, com urgência, desejo, movendo sua língua dentro
da minha boca enquanto seus dedos acariciavam meus cabelos
gananciosamente.
Uau…
Nathan tinha uma presença impositiva e eu derretia sob seu
toque. Imediatamente eu queria mais dele. Senti que me rendia a
ele de várias maneiras diferentes, e é claro que eu me atraía por ele
desde o início.
Seu cheiro. Seu gosto… tudo era tão intoxicante. Ele era o
único dos três que eu ainda não tinha beijado, e agora eu o beijava
enquanto seu amigo ainda estava enterrado na minha boceta.
Caramba, Kayleen.
Era tão selvagem. Mais gostoso do que qualquer coisa que eu
tinha experimentado antes. Ser dividia pelos rapazes era algo para o
que eu estava me preparando, mas aquilo não estava saindo nada
como eu esperava.
Só que eu não tinha um único motivo para reclamar.
“Por Deus, isso é tão gostoso.”
As palavras saíram da boca de Chase enquanto suas duas
mãos apalpavam meus peitos, as pontas dos seus dedos roçavam
tentadoramente meus mamilos. Nathan ainda me beijava. Tudo
parecia um sonho. Ou um filme. Como se outra pessoa estivesse
vivenciando aquilo e não eu.
“Eu a quero agora.”
Chase se moveu debaixo de mim enquanto fui rolada por
quatro mãos. Duas delas afastaram meus joelhos, me abrindo,
expondo minha boceta recém encharcada pelo meu orgasmo.
Então Nathan se posicionou entre minhas coxas.
Eu gani com a mais nova forma de prazer quando ele deslizou
para dentro de mim, me penetrando completamente. O pau de
Nathan era longo e esguio, assim como ele. Era quente e
maravilhoso senti-lo escorregar para dentro e para fora, lubrificado
pelo meu próprio líquido misturado ao depósito significante recém
realizado por seu amigo, Chase.
Falando em Chase, ele me segurava no seu colo. Ele
embalava minha cabeça com suas pernas quentes e masculinas
enquanto seu amigo se enfiava em mim sem parar.
Jesus Cristo.
Estava acontecendo, finalmente. Eu estava fodendo dois caras.
Ou melhor, eu estava sendo fodida por dois caras que me
revezavam… e provavelmente aquela seria minha realidade daquele
momento em diante.
Bem, você queria tentar, não queria?
Sim. Eu sempre fantasiei com aquilo, na verdade. E eu
compartilhei aquela fantasia com um ou dois namorados, mas
nenhum deles tinha se sentido confortável o suficiente para tentar.
Até aquele momento…
“Pega leve com ela”, Chase murmurou para o amigo. Ele
acariciava meu cabelo. “Ela nunca fez isso antes.”
Meu corpo relaxou quando me entreguei, praticamente
derretendo na cama. Nathan estava me fodendo profundamente. Eu
estava praticamente hipnotizada pela dança do seu abdômen, que
se flexionava e relaxava a cada estocada longa e deliciosa.
A sensação de ser agarrada por Chase enquanto seu amigo
me fodia elevava o momento a um nível totalmente novo. Ele
acariciava meu rosto gentilmente com o dorso da mão enquanto
penteava meus cabelos amorosamente com os dedos. As vezes ele
se abaixava para me beijar, sorrindo ao ver Nathan me invadir mais
e mais.
Virei minha cabeça para o lado e dei de cara com seu pau que
descansava. Faminta, o enfiei na boca no momento seguinte, sem
ao menos refletir sobre o que estava fazendo.
“Agora sim”, ouvi Nathan dizer.
Seu estímulo era motivador. O pau de Chase tinha uma mistura
de gostos, o dele e o meu, e eu sempre gostei de sentir meu próprio
gosto. Eu o chupava com entusiasmo, o enfiando profundamente na
minha garganta. Aquilo me deixou ainda mais excitada, quando o
senti ficar duro de novo. Eu sabia que estava dando prazer aos dois
ao mesmo tempo, e eles faziam o mesmo comigo.
Isso é insano.
Insanidade era um bom nome para o que estava acontecendo
entre nós. Uma insanidade total.
Comecei a gemer e choramingar, realmente excitada quando
os dois me tomaram, pela frente e por trás. Uma das minhas mãos
envolvia Chase, masturbando-o no ritmo das estocadas de Nathan.
Quando eles me viraram, não resisti, os deixei controlar meu corpo,
fazer o que quisessem, desde que continuassem me fodendo.
De repente eu estava de quatro. Nathan me fodia por trás,
suas mãos enormes envolviam minhas nádegas, agarrando quase
tudo. Na minha frente, Chase me beijava selvagemente, segurando
meu rosto com uma das mãos. Seus lábios pressionavam os meus
com suavidade.
O que está acontecendo, Kayleen?
Minha mente ainda estava chocada com aquela piscina de
luxúria. Aquilo não estava no contrato. Ou estava?
E isso importa?
Certamente não. Não naquele momento.
Suspirei na boca de Chase enquanto Nathan continuava me
fodendo por trás, se inclinando sobre as minhas costas para
aproximar seu rosto do meu. Ele começou a beijar minha nuca, sua
boca estava muito perto da de seu amigo, que estava colada na
minha, nossas línguas dançavam com o calor da paixão.
“Você está tão quente e molhada…”, Nathan sussurrou.
Grunhi e assenti.
“Quente como fogo. Molhadinha como água. Melada…”
Aquela conversa obscena e suja me deixava com mais tesão
ainda.
“Eu vou terminar dentro de você”, Nathan suspirou. Eu senti
uma mordidinha. O toque gentil dos seus dentes na ponta de cima
da minha orelha. “Eu vou—”
“GOZA”, suspirei, sem me preocupar com nada mais. Eu
queria que ele gozasse mais do que nunca. Queria senti-lo dentro
de mim, chapinhando minhas paredes, me enchendo assim como
Chase tinha feito. Queria que o líquido dos dois transbordasse pelas
minhas coxas com—
“AAAAAAAAH!”
Nathan gozou com um único grito selvagem — o grito de um
animal feroz. Eu o senti dentro de mim, pulsando densamente. Seus
espasmos contínuos me preenchiam enquanto suas mãos se
enrolavam dos dois lados da minha bunda.
SIM!
Eu me sentia completa. Como se toda uma existência tivesse
sido preenchida em apenas um minuto.
“ISSO!”, sibilei, ecoando o que eu sentia.
Chase não parou de me beijar em nenhum momento, mas
agora ele me segurava forte. Minhas bochechas estavam estáticas
no meio das suas mãos fortes enquanto eu o olhava nos olhos.
Milhares de palavras silenciosas foram trocadas por nós enquanto
seu amigo enchia minha boceta por trás.
Puta merda.
Foi lindo de uma forma perversa. Uma conexão profunda e
silenciosa entre ele e seu melhor amigo, me usando como
condutora.
Então Chase ficou de pé e eu me dei conta do quão duro ele
estava. Ele tinha se masturbado todo aquele tempo. Então, ele
enfiou a cabeça do seu pau na minha boca trêmula… estocando, se
espremendo… e se esvaziou totalmente na minha garganta.
MEU. DEUS. DO. CÉU.
Foi absolutamente incrível. Fui preenchida de duas formas.
Simultaneamente tomada por dois homens maravilhosos — homens
que me usaram e abusaram do meu corpo da forma que quiseram,
me enchendo com seu leite.
Engoli algumas vezes, drenando Chase completamente. Ainda
assim ele gozou muito, mesmo que tivesse acabado de descarregar
um primeiro jato na minha boceta.
Quanto terminamos, tudo virou um borrão. Um borrão de pele,
gozo, calor e suor.
Então caímos na cama, eu entre os dois. Meu coração estava
acelerado. Minha mente estava perdida em algum lugar entre as
nuvens.
E minha boceta virou um pântano cremoso.
Vai ser sempre assim, não vai?
Por Deus, eu esperava que sim. Eu já tinha feito muitas coisas
travessas na cama, mas nada se comparava àquilo.
Ficamos deitados por um bom tempo, sem ousar falar nada.
Não queríamos quebrar o silêncio de contentamento. E eu não me
lembrava de me sentir saciada e confortável e cheia daquele jeito.
“Vamos”, disse Nathan finalmente, se levantando da cama.
Com um único movimento de um dos braços, ele apanhou todas as
nossas roupas, enquanto esticava o outro na minha direção.
“Você ainda não viu o meu quarto.”
Capítulo 13

CHASE

O cheiro de bacon e ovos era o melhor bom dia, sempre.


Especialmente naquela manhã.
“Finalmente. O belo adormecido acordou.”
A frase foi meio sarcástica. Mal dei dois passos e Kayleen
enfiou uma xícara de café na minha mão, apontando para uma
cadeira vazia.
“Senta.”
Olhei para o lado, Nathan já estava confortavelmente sentado
em uma das cadeiras. Havia um prato na sua frente, com restos de
ovos, bacon, pimentões e outras coisas.
“Omelete ocidental?”, perguntou Kayleen.
Ela parecia uma rainha guerreira, alta e esguia, com os
cabelos frisados, segurando a espátula como se fosse uma arma.
Eu não tinha ideia do que era uma omelete ocidental, mas aceitei
mesmo assim.
“Claro.”
Minha bunda mal tocou a cadeira e Kayleen já estava de volta
no fogão. Tomei um gole do meu café enquanto Kayleen misturava
os ingredientes numa tigela.
“Certo”, ela apontou para Nathan. “Ele se recusou a falar
qualquer coisa até você chegar. Então vamos lá. Desembuchem.”
Eu pisquei. “Desembuchar o quê?”
“Vocês já tinham feito isso, não tinham? Não pode ter sido sua
primeira vez.”
Olhei para Nathan. Ele estava sorrindo para mim como se
tivéssemos acabado de roubar um banco juntos.
“Feito o quê?”
Kayleen jogou uma luva de cozinha na minha direção com
muita precisão. Ela voou pela cozinha até acertar minha testa. Tudo
aconteceu tão rápido que não consegui desviar.
“Ok, ok”, eu disse, quando ela ameaçou jogar outra. “Você
venceu.”
“Então?”
“Sim”, admiti. “Já tínhamos feito isso.”
Nathan tomou um gole do seu café, talvez esperando que
aquilo evitasse luvas voando em sua direção. Mas Kayleen estava
ocupada no preparo da omelete naquele momento.
“Então não sou a primeira garota com quem vocês tentam”, ela
disse casualmente. Eu não tinha certeza, mas senti uma pontada de
desapontamento na sua voz.
“Não, você é, definitivamente”, respondi rapidamente. “Nunca
publicamos um anúncio antes. Nunca convidamos nenhuma garota
pra morar aqui, ou tentamos—”
“Mas vocês já dividiram uma mulher.”
Olhei para Nathan e dei de ombros. “Sim.”
“Nós dividimos um dormitório na faculdade”, disse Nathan,
interrompendo. “Chase e eu moramos no mesmo apartamento
misto. Havia uma garota legal com quem sempre saíamos e…
bom… nós meio que também fomos namorados dela.”
Kayleen encarava a panela impassiva, fazendo sua mágica
culinária. Depois de um ou dois minutos, ela virou a omelete e se
virou para nos encarar.
“Vocês dois a namoravam”, ela insinuou.
“Sim.”
“Qual era o nome dela?”
Parei por um segundo. “Dana.”
“Hmmm”, ela respondeu. Ela parecia meio interessada, meio
contemplativa. Era fofo. “E Burke?”
“Ele não se envolveu”, eu disse.
“Então vocês dois… a compartilharam.”
“Sim.”
“Como fizeram comigo?”
Assenti. Não havia razão para mentir. “O tempo todo.”
Kayleen virou a frigideira e a omelete deslizou para um prato
limpo, então ela a finalizou com sal e pimenta. Ela empurrou o prato
na minha direção, pegou uma xícara de café e se sentou na cadeira
vazia entre nós.
“Então vocês descobriram que gostavam disso?”
“Disso o quê?”
“Dividir uma mulher”, ela respondeu. “E não só revezar alguém,
individualmente, mas fazer sexo juntos, como um time.”
Nathan e eu nos encaramos de novo, com mais incerteza do
que antes. Eu não sabia exatamente o que ela queria ouvir.
“Nós gostamos sim”, eu disse, me inclinando sobre ela.
“Podemos dizer que entramos nessa juntos.”
“Como vocês entraram em mim?”
Nossos rostos estavam muito próximos. Eu assenti
vagarosamente.
“E Burke?”, ela perguntou. “Vocês acham que ele vai querer
entrar nessa também ou ele é mais individualista?”
“Não sabemos, na verdade”, disse Nathan. “Talvez sim, talvez
não. Burke é meio…”
“Esquisito”, eu o interrompi, e gargalhei. “Brilhante! Porém,
meio esquisito.”
Os olhos de Kayleen se fixaram nos meus. Ela estava tão perto
que eu podia beijá-la sem me mover muito. Beijá-la como eu tinha
feito na noite anterior. Tomá-la em meus braços e fazer coisas
indescritíveis com ela. Seria uma forma fantástica de começar o dia.
Mas a manhã estava correndo e eu precisava trabalhar.
“Quero ouvir mais sobre essa tal Dana”, Kayleen disse sem
respirar. “Quem ela é. Como ela é”, seus olhos viajavam entre
Nathan e eu. “O que vocês faziam com ela.”
Eu engoli seco. “Nathan pode te dar detalhes”, eu disse,
cortando minha omelete. “Eu… hm… vou ter que engolir o café da
manhã e correr pro escritório.”
Me arrependi do que disse no instante seguinte. Teria sido
muito mais fácil quebrar meu próprio protocolo e começar a
trabalhar um pouco mais tarde.
Mas era terça. E terça era meu dia de escrever.
“Kayleen”, eu disse cuidadosamente, “está tudo bem depois da
noite passada?”
Ela me olhou mais uma vez com seus olhos azuis antes de se
recostar na sua cadeira. “Sim. Por quê?”
“E daí?”
“E daí que estou meio preocupado…”, hesitei. “Talvez
tenhamos ido muito rápido, te forçado… talvez você esteja
assustada com a intensidade.”
Ela me encarou impassivelmente por alguns segundos, sua
boquinha mau humorada se contorcia de forma sexy e adorável.
Alguns flashes da noite anterior invadiram minha mente sem que eu
pudesse evitar. Seus lábios subindo e descendo no meu pau
enquanto Nathan a penetrava do outro lado.
“Sinto muito se você acha que estou fazendo perguntas
demais”, disse Kayleen, sem nenhum tipo de arrependimento. “Mas
eu não estou assustada, nem com medo de nada… seja lá o que
vocês estão pensando.”
Uou.
Meus ombros relaxaram com o alívio, visivelmente. Mas se
contraíram de novo quando Kayleen se levantou, se aproximou até
encostar seus lábios no meu ouvido.
“Só queria me certificar de que faremos isso de novo.”
Capítulo 14

KAYLEEN

“Sobre o que é o livro, exatamente?”


Fiz aquela pergunta no corredor da galeria, passando por
afrescos com paisagens coloridas que se misturavam perfeitamente
com a decoração do resto da propriedade. Pela primeira vez me
perguntei o que era aquele lugar. Qual deles teria dinheiro o
suficiente para ter uma casa luxuosa daquelas? Ou será que eles
tinham alugado?
“Não é um livro”, Nathan respondeu. “São livros. Três.
Lembra?”
Ele carregava caixas com meus pertences empilhadas contra
seu peito. Elas pareciam pesadas, mas ele não parecia estar
fazendo o menor esforço.
“Suspense”, ele continuou. “Suspense militar. Coisa bem
dramática.”
“Contemporâneo?”
“Sim.”
Estávamos terminando a primeira de duas viagens até meu
apartamento — coletando as últimas coisas que eu tinha que trazer.
Ele foi muito gentil em me ajudar. Especialmente no seu dia de
folga.
“Então é uma trilogia?”
Nathan assentiu. “Até agora sim.”
Atravessamos o hall até o fim do corredor onde ficava meu
quarto. Ou pelo menos o que seria meu quarto teoricamente. Não
que eu já tivesse dormido lá, mas nunca se sabe.
“E vocês estão escrevendo um livro cada?”
Nathan chacoalhou a cabeça. “Não. Na verdade, decidimos
que assim a história teria falhas. Ao invés disso, estamos
escrevendo capítulos, na sequência.”
Apertei os olhos. “Parece complicado.”
“E é.”
Virei a maçaneta e a porta de carvalho incrustado se abriu,
rangendo as dobradiças de ferro. Todas as portas eram assim.
Totalmente maravilhosas.
“Então cada um de vocês escreve sobre um personagem
diferente?”
“Na maior parte do tempo sim”, respondeu Nathan. “Nós
trocamos os pontos de vista às vezes, mas geralmente—”
Ele mal tinha dado dois passos dentro do quarto quando pulou
para o lado abruptamente. Me assustei quando ele tropeçou nos
próprios pés para não pisar em algo pequeno e peludo.
“MAS QUE—”
Ele deu pulinhos de lado até perder o equilíbrio totalmente no
último minuto. Fazendo um esforço valoroso, ele tentou salvar as
caixas ao invés de si mesmo… e acabou não salvando nada no
processo. Ele acabou no chão, coberto pelas minhas roupas e
objetos pessoais… encarando meu cachorrinho minúsculo, amarelo
e branco.
“Nathan, este é o Fera.”
Fera deu dois passos para trás, cheirando Nathan. Então
espirrou.
“Fera?”, Nathan parecia estar se divertindo. “Essa coisinha se
chama Fera?”
“Ele é mais valente do que parece”, expliquei.
“Imagino.”
Estendi um braço para ajudá-lo a ficar de pé. Ao invés disso,
ele me puxou para cima dele. Caí sobre seu corpo, com o rosto
colado ao seu.
“Alguma outra surpresa pra mim?”, Nathan flertou.
“Talvez.”
Nossos olhos se encontraram, nossos lábios estavam
praticamente colados. Desejei muito beijá-lo.
Meu Deus…
Minha mente foi tomada por cenas da noite anterior. Do corpo
duro de Nathan pressionando o meu. Dos prazeres que ele e Chase
tinham me dado… assim como tudo o que ele fez comigo depois, no
conforto da sua própria cama.
Meu cansaço naquele dia não era mero acaso.
“GRRRRRRR…”
Nossos lábios tinham acabado de se encostar quando Fera
começou a rosnar ferozmente. Nossas cabeças se viraram
relutantemente para o lado, para onde meu pequeno Corgi estava
rangendo seus dentes tortos.
“Maravilha”, brincou Nathan. “Ainda por cima ele é
superprotetor e um grande desmancha prazeres.”
“Sim, desculpa”, gargalhei. “Ele vai se comportar quando te
conhecer melhor.”
“E quanto tempo demora?”
“De seis a dez meses”, brinquei.
Ficamos de pé, infelizmente. Mas tudo bem, eu tive a sensação
de que outros momentos como aquele aconteceriam durante o dia.
Pegamos minhas coisas espalhadas no chão uma por uma. De
repente, Nathan levantou um objeto em particular com o sorriso
mais irônico possível.
Meu estômago se revirou quando me dei conta do que era.
“Bem?”, ele deu uma risadinha, virando o vibrador azul-
marinho na palma da mão. “Não vai nos apresentar?”
“Claro”, eu disse, num suspiro. “Nathan, este é Ramsés.”
Ajeitando seu cabelo loiro com uma das mãos, meu novo
namorado surfista gargalhou profundamente.
“Você tem um cachorro que se chama Fera e um vibrador que
se chama Ramsés?”
“Ramsés III, na verdade”, admiti, recolhendo o objeto das suas
mãos e o jogando de volta na caixa. “Mas sim.”
Nathan ainda estava encarando o objeto grosso e comprido.
Eu não sabia se ele estava intimidado ou impressionado.
“Você não vai precisar disso enquanto está aqui”, ele disse,
espertamente.
Gargalhei. “Vamos ver.”
Não demoramos muito para desempacotar tudo. As caixas
continham majoritariamente roupas, que couberam com folga no
closet espaçoso do quarto.
Só mais uma viagem e eu teria efetivamente me mudado do
meu apartamento. O pensamento era feliz, especialmente porque
tínhamos o resto do dia livre.
“Então… o que aconteceu com Ramsés I e Ramsés II?”,
Nathan perguntou abruptamente.
Sorri de volta para ele inocentemente.
“Você não vai querer saber…”
Capítulo 15

KAYLEEN

Meus olhos se fecharam pela terceira vez em dez minutos. E


eu tinha certeza de que eles ficariam fechados por mais quinze ou
vinte segundos depois que eu tentasse ver melhor.
Deus…
Certamente era o que parecia de onde eu estava sentada. Ou
para ser mais precisa: onde eu estava roçando — diretamente na
cara de Nathan. Me esfregando contra sua boca talentosa enquanto
ele enfiava e contorcia sua língua dentro de mim.
Ai meu Deus.
Eu já tinha perdido as contas dos meus orgasmos. Quando eu
chegava naquele nível de tesão era difícil saber. Oral era uma das
minhas coisas favoritas no mundo todo. Infelizmente para mim,
alguns dos meus namorados não concordavam.
E por esse motivo eles eram ex-namorados.
“Ok”, me engasguei, agarrando aquele rosto lindo. Eu tinha
certeza de que minhas mãos tinham perfurado sua pele naquele
momento. “Ok. Tio.”
Nathan deixou escapar um grito de vitória enquanto
escorregava, saindo de baixo de mim. Foi ideia dele fazer aquilo no
meu apartamento. Uma última rodada na minha cama antes de me
mudar, fosse a mudança permanente ou não.
“Foi bom?”, ele suspirou por trás de mim, acariciando meu
cabelo com uma das suas mãos fortes. Seu rosto estava próximo do
meu. Virei minha cabeça e vi que seus olhos estavam sonolentos
como os meus.
“Sim.”
Ele se inclinou e me deu um beijo quente e molhado por cima
do ombro. Eu sentia meu próprio gosto na sua língua, doce,
almiscarado e sensual.
“Espera…”
A boca de Nathan se moveu pelo meu pescoço, me fazendo
arquear as costas e suspirar. Ao mesmo tempo, seu corpo rígido
apertava o meu por trás. Eu podia sentir sua força. O poder cru dos
seus músculos, especialmente os do seu abdômen, pressionando
minha lombar.
Duas mãos se fecharam em torno das minhas, que agarravam
a cabeceira da cama enquanto ele devorava meu ombro com sua
boca quente. Eu senti uma pontada de dor — que foi substituída
quase instantaneamente pelo prazer suave do seu pau duro se
enfiando pela minha entrada molhada.
“Pronta?”, ele grunhiu, com a boca na minha orelha.
Abri meus joelhos sutilmente e acenei. A antecipação era
avassaladora.
“Quero ouvir você dizer.”
“Eu—eu estou pr—”
Nathan não me esperou terminar. Ao invés disso, se enfiou
gloriosamente no meu buraco, provocando algo que parecia um
engasgo, um suspiro e um grito na minha garganta.
E sim, era uma mistura dos três. Porque era muito mais do que
qualquer coisa que já tinha me acontecido na cama.
“Como você é apertadinha.”
Sua voz era sexy, abafada… e me deixava absolutamente
maluca. Sem contar a respiração forte no meu ouvido e a sensação
de ser preenchida por três. Eu era uma mulher feliz.
“Me fode com força…”
Minha voz saiu muito baixa, mas ele ouviu assim mesmo.
Nathan começou a me foder, usando seu corpo todo para me
pressionar contra minha cabeceira preciosa e decorada. Minhas
unhas viraram garras, arranhando a madeira.
Era difícil olhar para aquele apartamento daquele jeito. Todos
os cantos tinham resquícios de esperanças faltas e sonhos
despedaçados. Desde os quadros baratos que ocupavam as
paredes desde que eu me mudei, com a promessa de substituí-los
quando eu tivesse meios, até a pequena televisão que eu nunca
consegui trocar por uma melhor. Cada partícula de poeira naqueles
objetos representava a falha — a inabilidade de melhorar mesmo
com tantas as promessas que eu fiz para mim mesma durante
aqueles dois anos e meio de dificuldade.
Ou eu só era uma péssima faxineira.
Entre todos, o objeto que trazia mais frustração era o pote de
conserva vazio na prateleira mais alto. Era para ele estar cheio de
dinheiro naquele momento — para pagar o curso de gastronomia.
Mas ao invés disso, enchi o recipiente até a borda com conchas.
Parcialmente porque vê-lo vazio era muito deprimente, mas
principalmente porque conchas eram grátis.
Era bom demais dar o fora dali. Era bom ir para outro lugar. Um
lugar novo, cheio de vida e pessoas como…
“CARALHO, Nathan…”
Eu gemia cada vez mais alto. Gritava por cima do ombro no
ritmo das estocadas desafiadoras do meu amante. Nathan tomou a
frente do movimento me fodendo mais forte enquanto suas mãos
comprimiam as minhas. O restolho de barba no seu queixo roçou
meu ombro quando ficamos de rosto colado.
“Bom?”
“Sim!”, sussurrei.
“Ótimo?”
Eu grunhi e sorri de volta para ele. “Talvez…”
Nathan deu uma risadinha maquiavélica e aproveitou a deixa.
Ele aumentou o ritmo e pelos próximos minutos me fodeu
impiedosamente, sem a menor intenção de desacelerar. Seu corpo
era uma máquina, seu pau era um pistão embebido em óleo
martelando meu corpo por dentro. Ele me empurrava cada vez mais
e a cabeceira da cama batia na parede, enquanto eu gemia e
gritava sem parar.
Caralho, Kayleen.
Meus olhos tremulavam. Lascas de tinta caíam da parede, se
espalhando pelo chão feito flocos de neve. Era o meio do dia, então
eu só conseguia desejar que os vizinhos não estivessem em casa.
Assim eles não ouviriam os sons que vinham do meu quarto e
ligariam para a polícia para reportar um assassinato.
Por onde este homem andou até agora?
Aquela era uma boa pergunta, porque os caras que eu tinha
trazido para casa nunca nem tinham notado a cabeceira da minha
cama, menos ainda a usado para me enlouquecer.
“Caralho!”, eu gritava, enquanto meu clímax mais intenso
ameaçava tomar conta de mim. “Assim, assim, assim, assim—”
Gritei feito um fantasma em uma casa mal-assombrada quando
gozei, o mais alto e da forma mais pura que eu pude. Como se
fossemos as últimas pessoas do mundo tentando repopular o
planeta. Não havia nada que pudesse me parar. Nada que pudesse
evitar que eu perdesse o controle.
Mas de novo, isso importava? Aquela poderia ser minha última
tarde naquele apartamento.
“SIIIIIM!”
Nathan gozou feito um animal, rugindo na minha cara enquanto
se enfiava profundamente em mim. Eu o senti atingir o colo do meu
útero, longos e pesados jatos de creme quente, me enchendo
completamente.
Por Deus, até seus orgasmos são sensuais!
De alguma forma eu consegui soltar uma das mãos, e a usei
para cravar as unhas na sua bunda que se comprimia contra mim.
Do lado de dentro a intensidade aumentava. Eu conseguia sentir
contrações após contrações poderosas, enquanto seu pau
reverberava dentro de mim como um motor ligado.
“Você é um idiota”, suspirei quando caímos na cama. Minha
boceta respingava com todo o seu leite.
Nathan me puxou para perto só com um braço. Quando minha
cabeça descansou no seu peito liso e macio, ele gargalhou entre
suspiros. “Por quê?”
“Poderíamos estar fazendo isso faz tempo”, adverti.
“Ah sim?”
“É claro”, respondi sorrindo. “Se você tivesse aparecido antes
na minha vida.”
Capítulo 16

KAYLEEN

O resto do meu dia se resumiu a desencaixotar, organizar e


preparar meu novo quarto. Eu precisava trocar a roupa de cama,
afofar os travesseiros, passar as roupas e mais um monte de outras
coisas para tornar meu canto do banheiro mais bonito. O canto que
os rapazes tinham graciosamente me designado.
Quando terminei tudo, estava exausta. O que potencializou
minha alegria quando cheguei na cozinha e Chase já tinha pedido
pizza para o jantar.
“Eu já disse que te amo?”, provoquei.
Chase tinha se servido de três fatias e voltava para o seu
quarto. “Ainda não”, ele sorriu com a boca cheia de queijo.
“Pois eu amo”, disse alegremente. “E se uma dessas tortas
tiver salsicha, eu sou capaz de te pedir em casamento.”
A cozinha cheirava à pão, carne e queijo. E o calzone que jazia
sobre a mesa estava requintadamente salpicado com alho, queijo e
brócolis, ao lado das asas de frango. Três quartos da comida já
tinha ido embora naquele momento.
“Caramba”, eu disse chacoalhando a cabeça. “Vocês sabem
bem escolher seu jantar.”
“Bom, nós temos essa fantástica chef que cozinha para nós”,
ele sorriu, “mas ela tirou folga essa noite.”
“Ah sim?”
“Sim. Ela passou o dia todo trabalhando pesado”, ele sorriu
para mim, piscando. “Muito pesado.”
Comemos ali na cozinha, Burke e Chase estavam em seus
quartos, trabalhando. Então nos enroscamos no sofá, falando sobre
nada em especial enquanto assistíamos TV, meio indiferentes. Um
filme começou, mas nem vimos qual. Nós dois estávamos exaustos
por causa das atividades da noite anterior, sem contar o dia de
mudança… entre outras coisas.
Nathan foi o primeiro a bocejar.
“Vou dormir”, ele sorriu apologeticamente, ficando na ponta dos
pés e espreguiçando seu corpo esguio. Finalmente ele se virou e
estendeu uma mão. “Você vem ou não?”
“Já”, respondi. “Vou ficar mais um pouco.”
Ele acenou e sorriu para mim. “A porta está sempre aberta.”
“Bom saber”, sorri de volta. “Mas acho que vou dormir na
minha própria cama hoje, para estrear o quarto…”
“Ok.”
Nathan se inclinou e me beijou. Um beijo apaixonado, amoroso
e sexy.
“Te vejo amanhã, linda.”
Um minuto depois eu estava sentada em silêncio, aproveitando
minha nova casa sozinha pela primeira vez. Era meio surreal,
considerando tudo. Pensar que eu tinha ido de viver sozinha para
ter três companheiros de casa diferentes. Pensar que eu tinha ido
de absolutamente solteira para namorada… de três.
Três namorados gostosos… ao mesmo tempo.
Fera ficou de pé quando me levantei do sofá abruptamente. Ele
se espreguiçou enquanto eu me espreguiçava e então me seguiu
enquanto eu atravessava os corredores escuros.
Essa é sua nova casa, Kayleen.
Certamente não parecia. Ainda não. Mas se aquilo se
consolidasse, era melhor que eu me acostumasse com aquela vila
em estilo espanhol. E nada melhor para me fazer me sentir em casa
do que um lanchinho da madrugada.
Caminhei até a cozinha e preparei um sanduíche — entre
todos os ingredientes possíveis — de manteiga de amendoim e
morangos. Espalhei sementes de girassol no topo, me servi de um
copo de leite e joguei duas tiras de carne assada para Fera, como
recompensa por ele ter me esperado pacientemente.
Então, deixamos o cômodo.
Eu entendia muito pouco de arquitetura, mas sempre apreciei o
estilo espanhol. Aquela vila era clássica, combinando o estilo retrô
com a tecnologia moderna. Cores e estampas brilhantes iluminadas
lindamente pela luz de LED.
Passei por colunas e arcos de pedra. Trilhos se contorciam em
lindos desenhos, decorando as paredes de estuque suavemente
curvadas dos corredores. Os vitrais do estúdio pareciam ter mais de
cem anos. Diferentes azulejos pintados à mão revestiam a varanda,
mas nada na casa toda era tão lindo quanto o átrio central.
Fiquei parada naquele quadrado no centro da casa: um jardim
exuberante a céu aberto. Samambaias e suculentas se espalhavam
pelo espaço que também era ocupado por três palmeiras altas e
deslumbrantes. Um caminho de cascalhos atravessava os jardins,
culminando em um conjunto de bancos de mármore esculpido
diante de uma fonte borbulhante.
Me sentei em um dos bancos, me perdendo no ar fresco da
noite. Transplantada de Nova Jersey, eu sempre tinha achado o
deserto da Califórnia impressionantemente lindo, mesmo de noite.
Ou melhor, especialmente de noite.
Olhei para cima já sabendo o que veria. Preenchendo o
retângulo sobre minha cabeça, milhões de estrelas brilhantes
piscavam no céu escuro.
“Caramba.”
Aquilo sempre me deixava impressionada, não importava
quantas vezes eu já tinha visto antes. Vindo de uma área
constantemente poluída pelas luzes, cenários como aquele sempre
pareciam quase surreais.
Um som chamou minha atenção e olhei para baixo. Fera
estava aliviando sua bexiga no vaso de plantas mais próximo.
“É melhor você não deixar os rapazes verem o que você está
fazendo”, alertei.
Meu Corgi só me olhou de volta com um sorrisinho.
Fiquei ali sentada por todo o tempo que pude, até o ar frio do
deserto invadir meus ossos. Ainda assim era um bom lugar. Um
ótimo lugar, na verdade.
“Vamos trazer um cobertor da próxima vez”, eu disse ao Fera.
“Me lembre.”
Voltei para a cozinha com meu copo vazio, imaginando como
seria acordar ali. Seria quarta-feira, dia de folga de Burke. O único
dia de folga dele, segundo Chase e Nathan, porque Burke gostava
de trabalhar seis dias ao invés de quatro.
Dobrei meus braços e examinei a cozinha até decidir voltar
para a ala dos quartos da casa. Fera me acompanhou serelepe e o
sininho da sua coleira fazia um barulhinho que me lembrava o Natal.
Parei quando cheguei na alcova no fim do corredor. O
computador, que Chase tinha chamado de “central”, jazia ali.
Nenhum deles usava a máquina para trabalhar. Era só o lugar onde
eles depositavam seus trabalhos mais recentes e liam o que os
outros estavam escrevendo.
Eu via Chase e Nathan ali com frequência, lendo. Até Burke,
uma ou duas vezes na semana. Havia um bloco amarelo de
sugestões do qual metade das páginas já tinham sido arrancadas,
um lápis e nada mais. Naquele momento, a primeira página estava
em branco.
Você devia ler o que eles estão escrevendo.
O pensamento invadiu minha cabeça na mesma velocidade
que foi embora. Eu nem tive certeza se aquele pensamento era meu
mesmo.
O que será que eles estão escrevendo, de verdade?
Era tentador, obviamente. Ler o que eles escreviam me daria
uma ideia de como eles pensavam. Talvez eu até pudesse dar
sugestões, mesmo que eles não as usassem. Ou talvez sim.
Me afastei da máquina sabendo que era o melhor a se fazer.
Talvez algum dia um deles queira compartilhar comigo.
“Vamos lá seu maluquinho mijão”, bocejei, cutucando Fera com
meu pé. Girei nos calcanhares e fui para o quarto.
“Vamos experimentar essa cama de princesa.”
Capítulo 17

KAYLEEN

Burke ainda estava dormindo quando entrei no seu quarto na


manhã seguinte. Era mais de dez horas. Os outros já tinham me
alertado de que ele dormia até tarde, mas para os meus padrões,
aquilo era ridículo.
“Bom dia, garotão.”
Ele se mexeu ainda entorpecido e se virou na minha direção.
Uma das suas mãos voou direto para os seus olhos, protegendo-os
da luz.
“Que—”
“Café da manhã”, eu disse, depositando uma bandeja na cama.
“Cinco gemas mexidas — maluquice, se quiser saber minha opinião
— torradas de trigo seco e café. Ah, sim. E molho picante. Não
sabia de qual você gostava mais então trouxe os quatro que achei
na geladeira.”
Burke se sentou e coçou a nuca. Ele estava sem camisa e eu
gostei da visão. Era muito boa, na verdade. Ele possivelmente
estava sem cueca debaixo dos lençóis, mas aquilo era algo que eu
teria que descobrir sozinha.
“C—Como você entrou aqui?”
Ergui uma peça retorcida de metal frio. “Chave-mestra.”
“Chave-mestra…”, ele começou a abrir os olhos devagar.
“Como diabos você tem uma ch—”
“Ela estava na cozinha esse tempo todo”, eu disse. “Pendurada
no porta-chaves, desde que comecei a trabalhar aqui. Eu sempre
quis saber pra que servia.”
Ele tomou a chave de mim resmungando e a virou nas mãos
algumas vezes. Quando ele me devolveu, troquei o objeto por uma
xícara de café.
“Beba”, eu disse. “Ou vai esfriar. Assim como os ovos.”
Burke suspirou profundamente e mergulhou no seu café da
manhã. Ele comeu ferozmente, enfiando garfadas enormes de
comida na boca. Eu assistia seus músculos se moverem com
atenção.
Meu Deus, ele é gigante.
Ele era, de fato. Maior do que qualquer cara com quem eu
tinha saído. Burke tinha ombros enormes e dois braços maciços,
repletos de músculos. Mas seu peito e suas costas… bem, aí sim é
que a coisa ficava séria. Seus peitorais pareciam duas montanhas e
eu poderia passar a noite toda as escalando. Caramba, seu corpo
todo parecia um parque de diversões.
“Sabe, pra escritores vocês são bem sarados.”
Ele engoliu seu primeiro pedaço de torrada e acenou. “Temos
uma academia muito boa em casa.”
Estiquei uma mão e apertei um dos seus braços. Era como
segurar o mastro de uma bandeira.
“Isso vem com radiação gama?”
“Talvez.”
“Vou ter que testar, seria bom ter superpoderes.”
Burke apontou para os seus ovos com o garfo, com apreço.
“Seu superpoder é cozinhar.”
“Um deles, sim”, pisquei.
Burke se virou para me olhar. Ele me examinou toda por um
momento, como se fosse a primeira vez que estivesse me vendo.
“Então você é minha namorada hoje?”
“Sou sua namorada todos os dias”, dei de ombros. “Hoje é só
seu dia de folga.”
Ele resmungou de novo. “Então imagino que você queira fazer
alguma coisa?”
“Bom, sim…”, sorri, tocando seu peito com as costas da minha
mão. Eu não precisava fazer aquilo realmente, mas eu queria muito.
“Mas primeiro, tenho que trabalhar”, eu disse. “Tenho que
preparar algumas refeições e um jantar formal. Devo terminar no
meio da tarde, certamente antes do jantar.”
Ele mexeu as pernas além da beirada da cama e ficou de pé.
Fiquei meio desapontada porque ele estava usando uma cueca
boxer, mas elas eram apertadas, então eu não podia reclamar.
“Então o que comeremos no jantar?”, ele perguntou.
“Não sei, você escolhe. Eu sou a namorada, lembra?”
“Sim, mas você também é a cozinheira.”
Sorri para ele. “Eu posso cozinhar se você quiser. Ou… você
me convida pra jantar fora.”
Burke bocejou e examinou o quarto — possivelmente
procurando sua camiseta. Eu sabia exatamente onde ela estava,
mas eu não ia contar de jeito nenhum.
“O que você geralmente faz nos seus dias de folga?”,
perguntei.
“Acordo bem mais tarde do que isso”, ele sorriu.
“E o que mais?”
“Eu faço exercícios primeiro. Vou ao banheiro. Tomo banho.
Faço a barba.”
“A santíssima Trindade masculina.”
“Às vezes resolvo algumas coisas fora. Volto, almoço. Trabalho
um pouco.”
Levantei uma sobrancelha. “Você trabalha no seu dia de
folga?”
“Às vezes sim.”
“Isso é um saco, não é?”
Ele não respondeu. Ao invés disso, abriu a gaveta e pegou
uma camiseta limpa. Quando ele a vestiu, seu dorso se contorceu
lindamente.
“Eu gosto de ficar em casa, geralmente”, ele disse. “Mas se
você realmente quiser sair—”
“Não precisamos sair”, eu o interrompi. “Relaxe, aproveite seu
dia de folga. Eu cozinho alguma coisa para nós quando voltar. E
então podemos curtir.”
“Curtir?”
“Sim”, eu disse, segurando a chave-mestra. “Talvez explorar
um pouco…”
Ele deu uma risada. “Explorar, não é?”
“Você, por acaso conhece todos os cômodos deste lugar?”,
perguntei a ele.
Burke parou por um momento e então chacoalhou a cabeça.
“Dei uma volta ontem a noite. Essa casa tem pelo menos cem
portas. Também tem um porão que Chase e Nathan dizem não
conhecer, mas ele deve ter acesso pelo telhado.”
“Explorar”, ele disse de novo, impávido. Era como se ele nunca
tivesse usado aquela palavra antes. “Hoje à noite.”
Eu sorri contente. “Sim.”
“Esta casa velha.”
“Claro, por que não? Vai ser divertido”, sorri suavemente. “A
não ser que você queira fazer outra coisa comigo essa noite?”
Eu vi seus olhos se arrastarem pelo meu corpo, da mesma
forma que ele tinha feito na cozinha na outra noite. Na noite em que
eu o beijei. A noite que ele me beijou de volta e fez meu mundo
girar.
“Se você ficar sem ideias do que fazer mais tarde”, eu disse,
minha voz ficou mais baixa, “você pode pedir uma sugestão ao
Chase ou ao Nathan.”
Cruzei o quarto e me aproximei dele, colando meu corpo no
seu. Com tranquilidade, corri um dedo pelo centro do seu peito.
“Eles sabem o que fazer comigo”, sorri maliciosamente.
Capítulo 18

BURKE

“Olha só esse lugar. É incrível!”


Eu não pude deixar de sorrir só de vê-la daquele jeito,
parecendo uma criança em uma loja de doces. Uma loja de doces
muito velha, empoeirada e coberta por teias de aranha.
Ela era de fato corajosa, porque nem se incomodava com as
aranhas.
“Eu não diria incrível”, dei de ombros. “Mas é de fato um
porão”, caminhei mais um pouco, ainda inclinado para a frente.
“Bem baixo, por sinal.”
Passamos uma hora explorando a casa depois do jantar,
quando todo mundo já tinha ido para a cama. Kayleen tinha insistido
na aventura, ela disse que seria mais divertida sob a luz da lua e de
lanternas, mesmo que aquilo nos fizesse ir mais devagar do que o
normal.
Talvez fosse esse o motivo real.
Primeiro, pensei que tudo aquilo era uma estupidez. A ideia de
explorar uma casa na qual eu morava já fazia mais de um ano. Mas,
entrar e sair das portas que a chave-mestra abria era divertido. E na
maioria das vezes, os cômodos eram interessantes.
Por exemplo, encontramos um galpão encoberto por folhas no
jardim. Depois de remover as videiras e abrir a porta, encontramos
um punhado de ferramentas e equipamentos de jardinagem
antiquados. Havia foices e tesouras de poda, ancinhos e
cultivadores agrícolas. No centro do galpão também havia uma
coleção de lindos ovos adornados. A coleção pertencia à um ninho
feito de cobre polido que estava abandonada no canto.
Um ninho que resolvemos levar para o átrio só por capricho.
Kayleen me convenceu a arrastar para cima e polir cada peça
enquanto seu cachorrinho assistia tudo atentamente. Quando
terminamos, era absolutamente maravilhoso: cinco ovos lapidados
dentro de uma banheira que refletia o céu estrelado e a luz da lua.
“Ok, isso é muito legal”, tive que admitir.
Kayleen apenas sorriu suavemente. “Eu te disse.”
Encontramos guarda-roupas e gabinetes, às vezes cheios, às
vezes vazios. Uma porta no fundo da casa ainda nos levou para um
outro quarto, todo arrumado e cheio de mobília da virada do século.
Mas o porão era de longe o melhor achado.
Nós o havíamos visto de fora, é claro, pelas janelas no nível do
solo manchadas pelo tempo. Kayleen localizou a entrada quando
descobriu onde as escadas deveriam estar e movendo uma
pequena estante de livros para o lado. A chave-mestra encostou na
fechadura e, depois de escalar uma escada duvidosa, lá estávamos
nós.
“Ninguém vem aqui faz anos”, Kayleen disse, se movendo por
entre filas de caixas decrépitas e baús de madeira velhos. “Talvez
décadas.”
Ela já estava usando duas peças de joias que tinha
encontrado: um pingente e um bracelete. Eu é que não ia dizer a ela
que ela não deveria os estar usando. Nem ao menos sabíamos se o
dono se lembrava daquele cômodo, com base na meia polegada de
poeira acumulada. Tudo estava encoberto, cada objeto, cada
espaço, algumas partículas até mesmo dançavam com a luz das
nossas lanternas. Quanto mais movíamos, mais a poeira se
espalhava.
“Então… por que você trabalha tanto?”
Ela fez a pergunta abruptamente, enquanto examinava o topo
de latão de um lampião velho a gás. Pelo tom da sua voz ela estava
tentando parecer casual.
“Porque eu posso”, dei de ombros.
“Sim, mas os outros tiram dias de folga pra relaxar”, ela disse.
“Recarregar as baterias criativas. Você, pelo contrário, parece nunca
parar.”
Eu queria contar a verdade a ela. Escrever era mais difícil para
mim do que para eles. Eu realmente tinha que trabalhar duro, muito
mais do que eles, para criar histórias boas. Talvez, apenas talvez,
eles fossem melhores do que eu era.
“Eu gosto de planejar”, eu disse, ao invés. “Faço muitos
esboços. Tomo notas.”
“Isso é bom”, disse Kayleen.
“Sim, mas os outros nem sempre fazem isso. Chase as vezes
só escreve ideias, pensamentos, diálogos, qualquer coisa que lhe
vem à cabeça. Não é muito difícil. E Nathan simplesmente escreve
continuamente.”
Kayleen estava diante de uma cômoda, mexendo nas gavetas,
levantando cada vez mais poeira.
“Eles escrevem duas vezes mais rápido do que eu”, expliquei.
“Então eu trabalho por mais horas pra compensar.”
“Você já parou pra pensar que ficar longe do seu computador
com mais frequência pode te ajudar a escrever mais rápido?”
“Não.”
“Por que não?”
Porque já tentei, eu queria responder. Porque tentei e tudo o
que consegui foi bloqueio criativo.
Como eu podia contar a ela a verdade? Que eu não tinha
escrito mais do que cinco páginas nos últimos dois dias? Que eu
tinha reescrito aquelas páginas várias vezes até passar a odiá-las?
Que às vezes eu me perguntava se deveria mesmo insistir?
“Não sei…”, Kayleen disse, reiniciando uma conversa que eu
queria deixar acabar. Ela estava desenhando na poeira com a ponta
dos dedos. Fazendo ilustrações elaboradas. “Só me parece que
você precisa de mais tempo livre, Burke. Um pouco de diversão. Um
pouco de—”
“Aventura?”
“Sim”, ela sorriu para mim. “Exatamente.”
Ela era tão bonita, mesmo no escuro. A luz da lanterna
iluminava seu cabelo e deixava brilhando feito platina. Kayleen era
extremamente bonita, de uma forma atrevida e sarcástica.
“Eu suponho que é aí que eu entro”, ela disse, chegando perto.
“Ter uma namorada pode ser inspirador pra você. Pode quebrar a
monotonia. Ajudar… ajudar você a fluir?”
Ela abaixou sua lanterna. Senti seus braços se enrolarem na
minha cintura na semiescuridão empoeirada.
“Você está falando de fluídos criativos?”
Kayleen deu uma risadinha. “Talvez.”
Ela se aproximou, deslizando seu corpo contra o meu. Tudo
nela era suave e feminino. Ela era tão morna, tão maravilhosa. E
tinha um cheiro fantástico.
“Talvez eu esteja falando de todos os seus fluídos…”
Seu rosto era absolutamente perfeito — maçãs do rosto
protuberantes e macias, pele de porcelana que culminava no seu
beicinho sexy. Mesmo no escuro, seus olhos brilhavam. Eu podia
vê-los reluzir naquele momento, com expectativa.
“Ou você prefere—”
Eu me inclinei e a silenciei com um beijo, deixando minha
própria lanterna cair no chão. Senti a eletricidade entre nós de novo,
como faísca se arqueando e conectando dois corpos.
Caramba.
Tudo o que aconteceu na cozinha naquele dia se repetiu: todo
o calor e o fogo da paixão. A boca de Kayleen empurrava a minha,
circulando com excitação. Suas mãos escorregaram pelas minhas
costas, me puxando com mais força enquanto eu a inalava
profundamente, saboreando sua doçura cítrica.
O porão estava em absoluto silêncio. Tudo ao nosso entorno
parecia ser designado para absorver sons. Parados ali, envolvidos
pelo escuro, cada suspiro e gemido se ampliava dez vezes. Cada
som que ela emitia me deixava cada vez mais excitado.
Nos beijamos pelo que pareceu para sempre, contentes por
estarmos apenas nos abraçando. Então, gradualmente, nossas
mãos começaram a explorar…
De repente, Kayleen parou. Ela me olhou com uma expressão
estranha por um momento, então espirrou violentamente.
“Vamos voltar pra cima?”, perguntei.
Ela assentiu e deu uma risadinha.
Reunimos as lanternas rapidamente e corremos para o
primeiro andar. Estávamos quase na ala dos quartos — sem ao
menos nos importar em devolver a estante de livros para o lugar —
quando Kayleen de repente me empurrou em outra direção.
Na direção oposta do meu quarto, o que era a última coisa que
eu queria.
“O quê?”
“O telhado”, ela disse, simplesmente. “Nós combinamos de ir lá
ver, lembra?”
Capítulo 19

KAYLEEN

O telhado espanhol tradicional da vila consistia em telhas de


argila, exceto por uma pequena área aberta que tinha grades de
cimento curvadas em torno da parte da frente da casa. Perto dos
fundos dava para ver até o átrio.
O céu claro do deserto sobre as nossas cabeças parecia uma
tigela de estrelas brilhantes.
“Meu Deus, isso é tão lindo!”
Eu estava impressionada com a beleza das luzes do vale que
se espalhava até as montanhas. A cobertura da casa era imaculada.
Um banco de pedra na parte da frente parecia solitário.
“Como diabos nenhum de vocês nunca veio aqui?”
Burke estava chacoalhando a cabeça e olhando em todas as
direções. Pela sua cara de espanto, eu já imaginava a resposta.
“Nós nem nos demos conta de que este lugar existia.”
Eu gargalhei. “Vocês não viram do átrio?”
Ele fez uma careta. “Ei, estamos ocupados escrevendo livros,
lembra?”
“Sim, dentro dos seus quartos. Que chatice.”
Burke esticou os dois braços poderosos e me puxou contra seu
corpo. O movimento me deixou sem ar… e encarando seus olhos
cor de chocolate.
“Nem tudo o que fazemos no quarto é chato”, ele rosnou, me
cheirando. “Eu estava indo te mostrar.”
Suas mãos alcançaram minha bunda e uma nova onda de
arrepios invadiu meu corpo. Elas eram fortes e insistentes.
“Na verdade, o que eu quis perguntar foi por que vocês não
usam este espaço pra escrever?”
Ele hesitou só por um segundo, seus lábios estavam indo em
direção ao meu ombro. Ele me beijou e apertou minhas duas
nádegas, uma com cada mão.
“Boa ideia”, ele murmurou no meu pescoço.
“Talvez uma mudança de cenário…”, joguei a cabeça para trás
e suspirei, tinha perdido a linha de raciocínio. Seu cavanhaque
estava pinicando minha pele. Meu Deus, como a sensação era boa!
“Talvez possa…”
“Me inspirar?”
“Sim!”
Suas mãos fizeram alguma coisa mágica e em um movimento
suave e único ele me virou completamente de costas. Agora Burke
estava por trás de mim, beijando minha nuca, escorregando suas
mãos pelo meu peito, minha barriga, ultrapassando a linha da minha
saia…
“Talvez você possa me inspirar”, ele rosnou.
Suas mãos desceram mais, até alcançar a pele desnuda do
lado de dentro das minhas coxas. Ele me apertou e eu pulei, caindo
mais para trás, direto no seu abraço.
“Acho que esse lugar… pode… te ajudar com…”
Eu estava perdendo a coerência de todos os meus
pensamentos rapidamente. Meu corpo estava me dominando,
alarmado com os movimentos do meu mais novo namorado, que
beijava meu pescoço e minha nuca. As mãos de Burke puxaram
minha saia para cima, expondo minhas coxas. Seus dedos
encontraram o tecido da minha tanga que já estava ensopada…
“Você queria fazer isso aqui, não queria?”, era mais uma
constatação do que uma pergunta. “No telhado, sob as estrelas.”
Eu inalei com um suspiro trêmulo, deixando a pergunta
suspensa no silêncio da noite. Com uma mão ele me prendeu contra
ele, seu dedo do meio deslizava com virilidade pelo meu clitóris
inchado. Com a outra mão, ele começou a tirar seu cinto.
Deus…
Eu estava achando aquele relacionamento estranhamente fácil.
Ser quase possuída por aqueles três homens, como sua namorada
e amante. O aspecto físico era simples — a atração e a química já
existiam entre nós. Mas a verdade é que eu estava prestes a transar
com três pessoas diferentes em poucos dias.
E aquilo era definitivamente pouco ortodoxo, para ser bem sutil
na escolha de palavras.
Caralho, era mais do que não ortodoxo. Era quase sujo e
impuro. E ainda assim, ao invés de me fazer hesitar, o fato enfiava
uma faca afiada de empolgação bem fundo no meu estômago.
Principalmente porque eu sabia que tinha que ser assim.
Era algo que eu tinha decidido no final de semana: se eu ia
fazer mesmo aquilo, eu tinha que dar cem por cento de mim. Sem
restrições. Sem travas. E se eu já tinha transado com um deles…
Eu teria que fazer isso com todos.
Por incrível que pareça, aquela parte fazia perfeito sentido para
mim. E além disso, a verdade é que eu os desejava.
Os três…
Burke ainda beijava meu pescoço, mastigando meu ombro. Ele
tinha um dos braços firmemente em volta da minha cintura e dois
dedos escorregadios dentro da minha fenda ensopada enquanto me
guiava para a frente, me empurrando na direção da borda do
terraço.
Então ele me inclinou sobre o parapeito… e eu senti o calor e a
pulsação do seu sexo contra o meu.
A sensação de penetração era maravilhosa. Seu pau era
grosso e estava muito duro. Minha saia estava enrolada na minha
cintura. Suas mãos quentes agarravam minha bunda e
contrastavam com o ar frio da noite nas minhas pernas e coxas.
“Jesus, Kayleen…”
Seu gemido ecoou por trás de mim quando ele começou a
bombear. Imediatamente senti que ele era experiente. Ele tinha
empolgação e ritmo. Velocidade e profundidade, assim como
controle total. Minha boceta gritava aliviada. Grata por cada
segundo que ele passava dentro de mim, por cada pulsação do seu
corpo por trás de mim.
Caralhoooo…
Nossa união toda foi linda, em cada aspecto da palavra. O
silêncio da meia-noite, o ar do deserto. A luz da lua nas montanhas
no horizonte, balançando gentilmente diante dos meus olhos
enquanto eu era fodida por trás.
Meu Deus, isso é—
Era maravilhoso. Cheio, completo, incrível. Eu encarava a
paisagem sonhando acordada, deixando meu rosto se apoiar nos
meus braços. Eu quase nem sentia o parapeito de cimento frio
debaixo de mim. Eu só sentia o calor, a força, o prazer…
Parece um sonho.
As mãos de Burke escorregaram para a frente, encontrando
um espaço debaixo da minha blusa. Elas viajaram por ali, agarrando
meus peitos. Manuseando-os grosseiramente o suficiente para fazer
meu corpo se pressionar contra o dele, moendo seu abdômen
contra minha bunda redonda e macia.
O melhor sonho do mundo.
Ele ia tão fundo. Tão dolorosamente e tortuosamente profundo
na minha boceta. Cada estocada fazia nossos corpos se chocarem
fervorosamente, nos fundindo em um só. Ele estava me fodendo
mais forte, estocando até o fundo e eu usei o parapeito para me
chocar com mais avidez contra ele.
Ahhhh…
Os dedos de Burke começaram a brincar, rolando meus
mamilos de forma que me fez querer gritar. Ele empalava minha
boceta freneticamente como uma britadeira desenfreada. Pela forma
como ele se comportava, dava para saber que ele tinha ficado
tempo demais sem fazer isso.
“Eu… eu…”
Eu estava falando sem pensar. Ou melhor, tentando falar, mas
sem saber exatamente o que dizer. Eu só sabia que queria dizer
algo. Ou talvez só dizer a ele que eu estava quase.
“Ai meu Deus…”
A pressa do meu estímulo se transformou numa onda
gigantesca que ameaçava me arrastar a qualquer momento.
qualquer coisa que ele fizesse causaria um maremoto. Se ele
gozasse naquele momento, me faria atingir meu orgasmo. Eu sabia
porque um mero movimento do seu quadril me fazia ver estrelas.
“Deus… Eu…”
Suas mãos se moveram mais para cima e se cravaram no meu
cabelo. Burke movia os nós dos dedos para segurar com mais força.
Minhas costas se arquearam e meu queixo se ergueu, apontando
para o céu…
“POOOORRA!”
Ele explodiu feito uma bomba dentro de mim, completando o
ato. Maculando o silêncio com um gemido alto.
QUE. DELÍCIA!
Lágrimas escorriam pelas minhas bochechas. Eu estava
gozando feito doida. Apertando seu pau com a minha boceta, que
pulsava selvagemente enquanto eu me parafusava nele. E ele não
parava de puxar meu cabelo. Doía, mas era uma dor maravilhosa.
“Não para!”
As palavras podiam ter vindo de qualquer um de nós, mas fui
eu quem disse. Eu praticamente implorei para que ele continuasse.
Eu queria que ele soubesse que podia me partir em duas se
precisasse, desde que continuasse me dando seu leite.
Ele me montou como se eu fosse uma égua, usando meu
cabelo como rédeas. Ele me segurava com mais força a cada
pulsação, até a última estocada. Cada movimento do seu quadril na
minha bunda moía até o último grão do nosso orgasmo.
“Agora sim, você é minha namorada”, ele grunhiu finalmente,
aproximando sua bochecha da minha. Sua voz soava diferente. Era
fria e autoritária, mas muito sexy.
Ele soltou meu cabelo e eu pude olhar para baixo. Eu ainda
estava na ponta dos pés. Meu corpo todo estava tremendo, mas
minhas pernas se moviam involuntária e violentamente. E de
repente seu leite começou a escorrer pelo lado de dentro das
minhas coxas.
C—caralho.
Minha boceta reverberava com dormência e prazer. A
intensidade do momento me chocava.
“Desculpa”, ele gaguejou, se afastando um pouco como se
tivesse cometido um crime. “Eu acho que me perdi aqui—”
“Não peça desculpas.”
Me virei e o beijei, embalando seu rosco com as mãos. O
momento era doce. Por alguns instantes tudo o que existia era
aquela conexão que tinha acabado de se formar entre nós.
“Está tudo bem.”
Os olhos de Burke se suavizaram. Eles estavam cheios de
compreensão. Ele me encarou de volta e eu sorri.
“Na verdade”, eu disse, num suspiro de gratificação. “Está tudo
mais do que bem.”
Capítulo 20

KAYLEEN

“Você só pode estar brincando.”


Marcy estava sentada do outro lado da mesa, afundando duas
batatas fritas em um mar de katchup. Ela olhava para a tela do meu
telefone, deslizando por entre as fotos com a informalidade casual e
sem sentido típicas de melhores amigos.
“E estes são seus companheiros de casa.”
“Sim.”
“Todos os três.”
“Sim.”
Eu me senti meio envergonhada pelo fato de termos nos
desconectado. Geralmente nos encontrávamos uma vez por
semana para almoçar ou tomar café, mas já fazia um mês desde a
última vez, ou talvez até mais.
E ela não sabia nada sobre minha nova vida… só que eu tinha
me mudado do apartamento.
“Kayleen, eles são uma delícia!”
Tomei um gole do meu drinque enquanto o resto do lugar
rodopiava ao nosso redor. Era meio sujo, mas eles tinham bons
sorvetes e milkshakes. Os anéis de cebola também eram decentes.
“Este cara”, ela disse apontando para Chase. “É perfeito!”
“Eu sei.”
“E esse aqui… o alto. Meu Deus, Kayleen.”
“Nathan.”
“Ele está sem camisa em todas as fotos.”
Eu gargalhei. “Ele raramente usa camisa, na verdade. Surfista.
Quase toda manhã ele dirige pra longe, só pra pegar onda na sua
praia favorita.”
“E você está morando com eles”, ela disse, rolando um pouco
mais. “Os três. Estes caras aqui. Nesta casa…”
Ela estava olhando fotos da casa. Da cozinha, da galeria, do
solário. Até algumas fotos meio artísticas do átrio que eu tinha tirado
em um ângulo legal para incluir o céu azul impecável.
“E você cozinha pra eles?”
“Sim, eles me contrataram já faz alguns meses”, expliquei.
“Mas agora sou tipo a chef de cozinha residente.”
“Então eles têm dinheiro e músculos.”
Misturei meu milkshake, acenando. “Tipo isso.”
As últimas semanas tinham sido completamente loucas. Um
turbilhão de ajustes para me adaptar à nova e sólida rotina.
E é claro, pulando de cama em cama.
Eu tinha demorado um tempo para conseguir equilibrar meu
trabalho externo com as tarefas de casa, tudo isso enquanto
mantinha um calendário cheio das atividades de escrita dos
rapazes. Eu era namorada em tempo integral, mas cozinheira em
tempo parcial. Uma pequena empreendedora, dirigindo pelo vale
todo, tentando ganhar a vida.
E é claro, eu era uma garota muito feliz.
De segunda até quarta eu ficava com Chase, Nathan e Burke
respectivamente. Sábado era nosso dia de folga juntos e geralmente
fazíamos algo divertido. No domingo eles trabalhavam… então era
meu dia de folga de tudo. Eu fazia o que precisava, incluindo
pequenos trabalhos como autônoma.
Quintas e sextas eram um pouco diferentes. Enquanto Burke
ficava no computador o dia todo, Chase e Nathan tiravam meio dia
de folga. Era durante esses momentos que às vezes tínhamos
encontros triplos… e era tão divertido quanto parece.
“Somos bons em revezar namoradas”, disse Chase.
“Ou em dividir namoradas”, Nathan deu uma piscadinha.
Nós três estávamos na cozinha, eu estava fazendo
sanduíches. Aquilo fez meu estômago revirar instantaneamente.
“Mas—mas e o Burke?”
Eles se entreolharam e deram de ombros. “Ele aparece uma
hora dessas. Ele só é meio viciado em trabalho.”
Fazia um mês que eu estava aprendendo sobre meus três
novos namorados, e a coisa sobre a qual eu menos sabia eram
suas escalas de trabalho. Eu soube que eles tinham publicados
histórias antes. Chase ganhou um tipo de prêmio para Jovens
Escritores da América e Nathan escreveu uma série de novelas de
mistério que engajou toda uma geração. A maior conquista de Burke
tinha sido o primeiro lugar no concurso “Novos Mundos”, quando ele
criou um futuro distópico que deixou os leitores desesperados por
mais. Ele aparentemente estava no meio da continuação quando os
três decidiram se unir para escrever uma trilogia.
“Por que caminhar quando você pode correr?”, Nathan sorriu
como se fosse de fato simples daquele jeito.
Bom, no caso dele, poderia até ser simples daquele jeito.
Descobri que Nathan era o benfeitor que estava financiando aquela
pequena aventura. Ele tinha alugado a vila para os três e um dos
seus melhores amigos era o editor-chefe de uma editora muito
famosa. Eles tinham garantias. O primeiro livro já tinha sido
acordado, tudo estava pronto para a edição, impressão e
distribuição. Além da equipe de marketing de matar.
“Então você está me dizendo que tem três companheiros de
casa maravilhosos…”, Marcy ainda chacoalhava a cabeça incrédula.
Fiz uma careta quando ela colocou mais ketchup na sua montanha
de fritas. “E nenhum deles tem namorada.”
Ela deslizou o telefone de volta para mim quase
relutantemente. Tentei não olhar para ele.
“Não.”
Minha amiga suspirou desejosa. “Qual deles é meu?”
Minha boca se abriu e o canudo caiu. “O quê?”
“Com qual deles você vai me arrumar um encontro?”
Com nenhum! Minha mente gritou.
“Você não pode ficar com todos, Kayleen”, ela deu uma
risadinha. “Ganância é pecado.”
“Eu… eu não. Quer dizer—”
“Bom, você está transando com um deles, não está?”
“Não estou transando com um deles”, disse.
Minha amiga olhou para mim do outro lado da mesa. Vi seus
olhos se afunilarem. Ela era esperta demais para aquele jogo.
“Repete”, Marcy demandou. “Mais devagar dessa vez.”
Eu abri a boca de novo e então a fechei. Caramba, eu tinha
acabado de dizer que tinha me mudado para a casa de três caras
solteiros lindíssimos e mostrado várias fotos. O que eu esperava
que ela fosse fazer?
“Ok, se não temos outra solução… Eu mesma escolho um”, ela
tamborilava a tela do meu telefone com os dedos. “O alto. Não
resisto a uma beleza loira.”
“Você não pode sair com Nathan.”
Fiquei chocada com a velocidade com a qual as palavras
saíram da minha boca. Era como se outra pessoa as tivesse dito.
Marcy deu de ombros. “Ok, me arrume um encontro com o do
cavanhaque.”
“Ele trabalha quase vinte e quatro horas por dia, todos os dias
da semana”, eu disse impacientemente, “e você é carente. Nunca
vai dar certo.”
“O terceiro então”, minha amiga suspirou. “Ele é lindo, Kayleen.
E me lembra d…”
Ela parou no meio da palavra. E me olhava atentamente. Me
estudando. De repente quase seu rosto todo ficou paralisado com o
choque.
“PUTA MERDA!”
Tive a impressão de que todo mundo do restaurante tinha
virado a cabeça para nos encarar. Eu tentei fazê-la ficar quieta,
batendo um dedo repetidamente contra meus próprios lábios.
“Você está saindo COM OS TRÊS!”
Marcy não se calaria. Nunca havia se calado antes.
Estiquei uma mão e apertei seu braço até doer.
“AI!”
Ela puxou o braço de volta, esfregando a pele com uma
expressão de mágoa.
Minha amiga teve piedade e abaixou a voz se inclinando.
“Você está transando com todos os três?”, ela perguntou.
Eu não conseguia responder. O silêncio era suficiente.
“Meu Deus!”, ela ficou chocada e admirada. “Kayleen!”
“Eu sei, eu sei…”, respondi rapidamente. Como é que eu
poderia ao menos explicar algo como o que estava vivendo.
“É… é que…”
“Não venha me dizer que é complicado.”
“Bom… mas é”, engoli seco.
Minha amiga se recostou na cadeira, totalmente chocada. Sua
boca ficou aberta por cerca de um minuto.
“Precisamos de café”, ela disse para a garçonete. “Duas
xícaras, por favor. Duas canecas.”
A garçonete mal se virou para ir buscar os cafés quando Marcy
praticamente pulou sobre a mesa para me cutucar. Seu olhar estava
mortalmente sério.
“Certo”, ela disse firmemente. “Ninguém se levanta dessa
mesa até você me contar tudo…”
Capítulo 21

KAYLEEN

“Você quer?”
Os dedos de Nathan penteavam gentilmente meu cabelo,
ajeitando-o atrás da minha orelha enquanto eu o chupava. Eu fazia
aquilo devagar. Aproveitando. Arrastando meus lábios para cima e
para baixo nas laterais da sua vara antes de enfiá-lo totalmente até
o fim da minha garganta.
“Você vai ter que me dizer se quer ou não.”
Sua linda figura estava estirada sobre a cama. Eu estava de
barriga para baixo, entre as suas pernas de surfista. A vista dali
eram só músculos e abdômen… e lá no fim, aquele par de olhos
azuis me encarando permanentemente.
Eu ainda não tinha respondido. Estava concentrada em dar
prazer a ele, como ele tinha acabado de fazer comigo. Eu queria
que ele gozasse na minha boca. Queria sentir seu pau pulsar
poderosamente e esguichar seu leite no fundo da minha garganta.
Mas ele estava certo. Eu também queria aquilo.
“Eu quero”, murmurei, lambendo de baixo para cima. Fixei
meus olhos nos dele. Minha língua rodopiava na sua parte mais
sensível, debaixo da glande.
“Tem certeza?”
Eu assenti obedientemente. Só de pensar no que ele tinha
acabado de propor fazia o meio das minhas pernas ficar ainda mais
encharcado.
“Ok, então”, ele disse, pegando seu telefone sobre a mesa de
cabeceira e o entregando para mim. “Faça.”
Peguei o telefone, mas não sem antes passar meus dedos pela
sua barriga sarada. Minhas unhas fizeram marcas temporárias na
superfície da sua pele bronzeada.
Então digitei uma única palavra e enviei a mensagem:

Venha.

Nathan grunhiu quando soltei o telefone na cama e voltei para


a minha função anterior. Meu estômago estava se contorcendo. A
ansiedade me tomava naquele momento, como já tinha tomado
antes, durante o mesmo ato.
A porta do quarto se abriu menos de um minuto depois. Não
precisei olhar para saber que Chase entrava silenciosamente,
fechando a porta.
Você está ficando mal-acostumada, Kayleen.
Sim, eu estava mesmo. Mas até onde eu sabia, esse era um
dos benefícios adicionadas de estar em um relacionamento a
quatro. Eu era responsável por dar prazer a três namorados… então
eles também eram responsáveis por me dar prazer.
E às vezes simultaneamente.
“Meu Deus, isso parece gostoso”, ouvi Chase dizer ao se
aproximar da cama.
Duas novas mãos agarraram minha bunda, deslizando para
cima e para baixo. Meu corpo todo tremeu quando ele passou os
dedos pelo interior das minhas coxas, verificando o quão molhada
eu estava. Três dedos se enfiaram na minha fenda, sentindo o calor
que já estava lá.
“Caralho, mano. Ela está ensopada.”
Nathan acenou vagamente porque eu ainda estava chupando
seu pau com afinco. Sua resposta foi puxar meu rosto para baixo e
enfiar sua vara mais profundamente na minha boca. Enquanto isso,
Chase enfiava dois dedos na minha boceta, os arrastando devagar
para dentro e para fora, seguindo a curvatura do meu canal. Ele os
dobrava naquele lugar específico me deixando totalmente maluca,
me fazendo gemer e ofegar em volta da vara pulsante e quente do
seu amigo.
“Não sei o que você está fazendo com ela”, Nathan gemeu,
“mas não pare.”
Arqueei as costas enquanto Chase me fodia com os dedos,
socando aqueles dedos maravilhosos e grossos para dentro e para
fora enquanto tocava meu clitóris. Eu me engasguei alto quando
senti seus lábios no meio das minhas nádegas, e ele começou a
beijar toda a área, me fazendo parar de respirar.
Meu Deus…
Os movimentos de Chase ficaram mais ousado, sua boca se
movia para baixo até encontrar minha fenda molhada. Ele usava os
dedos para me abrir e poder se enfiar cada vez mais fundo. Ele me
chupava vorazmente por trás e separava minhas nádegas com as
mãos para poder enfiar a língua o mais longe possível.
Com o pau de Nathan enfiado na minha boca, eu só conseguia
gemer e soluçar. Antes que eu pudesse me dar conta…
Chase arrastou a língua pela minha boceta até encontrar meu
outro buraco.
“Ahhhhhhhh…”
Uma onda de prazer puro invadiu meu cérebro. Chase me
abria cada vez mais, chupando e tocando meu pequeno buraquinho
com a ponta da sua língua quente.
“Ai meu DEUS…”
Eu tinha parado completamente de chupar Nathan. Agarrei seu
pau com as duas mãos e o segurei contra meu rosto enquanto eu
me concentrava na nova e maravilhosamente requintada
experiência… era diferente de tudo o que eu já tinha experimentado
antes.
“Isso, isso, isso… não para.”
Eu não sabia o que dizer. Não havia palavras suficientes.
Chase chupava meu rabo, escorregando sua língua quente por toda
a superfície enquanto mantinha o movimento dos três dedos para
dentro e para fora da minha boceta molhada.
DEUS DO CÉU.
Aquilo era tão sujo. Imundo, quente e maravilhoso. Tudo ao
mesmo tempo.
Ele está lambendo seu rabo, Kayleen…
À medida que ele aprofundava a língua, eu perdia mais o
controle. Senti minhas pernas tremendo, meu corpo todo palpitando
com desejo e necessidade e luxúria e exigência.
Ele está enfiando a língua no seu c—
Meu orgasmo me arrebatou tão de repente, irrompendo como
fogos de artifício. Surgiu do nada, me afogando em ondas de prazer
puro, intenso e eu fiquei temporariamente cega.
“Aaaahhhhhhh!”
Eu não me importava com o som, com a minha cara, com nada
que estava na superfície. Eu só me importava com os dedos
grossos de Chase me penetrando cada vez mais. Sua língua
molhada me acariciando em lugares que eram um tabu indescritível,
lugares que eu nunca pensei explorar antes.
Mas eu estava muito feliz de estar explorando.
Eu voltei para a terra quando Nathan me colocou no seu colo,
me segurando com aquelas mãos grandes e macias. Minha
respiração estava super ofegante e minhas bochechas molhadas
com lágrimas de felicidade.
Eu estava tonta. Zonza. Cambaleante de prazer.
Então senti Chase me penetrar devagar por trás… e a paz
reinou no mundo novamente.
Capítulo 22

KAYLEEN

Eles me foderam a noite toda, juntos e individualmente. Me


beijaram, me arregaçaram, se revezaram para me tomar até ficarem
os dois exaustos e vazios.
Quando eles terminaram, eu estava espalhada na cama,
ensopada de suor.
Acordei espremida entre seus dois corpos nus, nas primeiras
horas da manhã. Eu estava quente, saciada, segura. Ouvir suas
respirações rítmicas me fazia me sentir muito poderosa. Como se eu
os tivesse conquistado e fosse a única sobrevivente daquela batalha
suja e sacana.
Jesus, Kayleen.
Saí da cama devagar, sem incomodar ninguém. A casa estava
totalmente silenciosa. Só me dei conta quando abri a porta do
corredor que o quarto todo fedia a sexo.
Eu estava mais faminta do que cansada. Por sorte, uma
cozinha cheia de suprimentos me esperava.
Você é uma grande vadia gulosa.
As palavras de Marcy durante nosso jantar voltaram à minha
cabeça. Ela gargalhou quando disse aquilo, mas a afirmação foi
totalmente correta.
De todas as conexões que eu tinha feito desde que me mudei
para o oeste, Marcy era o mais próximo que eu tinha dos meus
amigos de Jersey. Ela dizia o que pensava, sem rodeios, e tinha
uma política severa de não tretar que eu sempre admirei.
Só que agora ela também me admirava. Especialmente depois
que dei todos os detalhes suculentos do que eu estava fazendo com
os rapazes.
“Isso é surreal”, ela disse, tomando sua segunda xícara de
café. “É loucura até pro estado da Califórnia.”
Eu tinha passado vinte minutos explicando os temos do nosso
contrato e mais dez tentando afastar a ideia de dividir um dos
rapazes com ela. Aquilo era estranho, não porque eu sabia que era
meio que brincadeira, mas porque meu estômago realmente
revirava de pensar em Marcy saindo com um deles.
Você está com ciúme.
Eu parei para examinar meus sentimentos. Merda, talvez eu
estivesse mesmo.
Talvez não. Definitivamente.
Caminhei suavemente pelo corredor, tentando lembrar
exatamente o que tinha acontecido até agora. Eu estava realmente
com ciúme? Ciúme é um tipo de sentimento. Estaria eu
desenvolvendo coisas profundas por eles?
Tremi quando o vento soprou minhas pernas desnudas. De
repente, me arrependi de ter saído sem roupa do quarto. Eu deveria
ter vestido algo por cima da minha calcinha e não só a camiseta
enorme de Nathan.
Sentimentos.
Minha mente estava tentada a se distrair, mas meu coração
continuava focado naquela única palavra. Era exatamente o que
estava acontecendo, não era? Eu estava me aproximando deles,
mais do que apenas fisicamente.
Engoli seco. Eu era a namorada compartilhada de três homens
lindos e gostosos. Era óbvio que eu deveria desenvolver
sentimentos por eles, especialmente considerando tudo.
Mas ainda assim…
“Não tem a menor chance de você conseguir gerenciar os três,
Kayleen”, Marcy tinha dito quando nos despedimos. “Me ligue no
momento que você se der conta que precisa de ajuda.”
Afastei os pensamentos da cabeça e continuei caminhando.
Meio minuto depois eu estava no meio da cozinha escura. Tudo
parecia muito diferente naquele horário. O cômodo estava meio
iluminado só pela luz de baixo do balcão, deixando tudo meio
brilhante, meio obscuro.
Conferi a despensa, a geladeira, e então a despensa de novo
antes de decidir o que fazer. Aparentemente eu estava mais faminta
do que pensei originalmente.
“Queijo quente.”
Assim que declarei em voz alta minhas intenções comecei a
preparar a frigideira. Peguei um saco de pão, manteiga e chipotle,
meu toque secreto para um bom queijo quente.
Era muito bom morar com os rapazes. Era óbvio, mas naquele
momento me dei conta de que era muito melhor do que viver
completamente sozinha.
Pensei em Fera, dormindo pacificamente na sua caminha. Ele
era um bom companheiro, mas eu não podia comparar ao contato
humano. Eu trabalhava muito e acabava exausta na cama no fim do
dia. Fui negligente com contatos sociais por um longo tempo. Mas
estar ali… era o melhor de dois mundos.
Eu tinha companhia. Uma casa linda. Uma cozinha lindamente
equipada. E é claro, uma quantidade exorbitante de sexo de virar os
olhos… onde e quando eu quisesse.
“É isso aí, garota”, eu disse para mim mesma, sorrindo ao
assistir o queijo derretido escorrer deliciosamente entre as duas
fatias de pão. Com um único toque, empilhei as duas partes e
finalizei meu sanduíche. “Amém.”
“Amém por quê?”
Me virei, ficando instintivamente em posição de ataque, meu
coração se acelerou significativamente.
Mas era só Burke.
“O que você vai fazer com isso?”, ele perguntou, olhando para
a espátula. “Me virar na frigideira?”
“Jesus”, eu disse, com a mão no peito. “De onde diabos você
surgiu?”
Ele apontou para cima. Sua outra mão segurava o laptop.
“Telhado.”
Suspirei aliviada. “É seu novo escritório agora?”
“Às vezes.”
Fiquei impressionada. Lisonjeada. Feliz por ele. Tudo ao
mesmo tempo.
“Que bom”, sorri.
“É mesmo”, Burke completou. “Minha cabeça fica descansada”,
ele olhou para mim e sorriu. “Aquele banco… que uma certa garota
me mostrou…”
Corei instantaneamente. Fiquei feliz por estar no escuro.
“Uma certa garota… ela parece legal.”
“Ela é.”
“Aposto que você está transando com ela.”
“Toda vez que tenho oportunidade.”
Estávamos olhando um para o outro… ou melhor, estávamos
nos encarando. Burke vestia calças de moletom cinza e uma
camiseta branca, preenchida por seus braços e peito fortes.
Enquanto eu…
“Quer um queijo quente?”
“Não.”
Ele se aproximou de mim. Meu pulso se acelerou.
“Quer outra coisa?”
Eu estava falando de comida. Juro por Deus.
“Talvez.”
A expressão de Burke virou um olhar faminto. Ele colocou o
laptop no balcão, se aproximando mais de mim.
Nossos olhares travaram um no outro e era como se
estivéssemos nos comunicando sem falar. A cozinha — e todo o
entorno — desapareceu por um instante.
“Bem, quando você decidir o que quer com—”
Ele me tomou tão rapidamente que o resto da minha frase
virou um gemido. Um grito. Que morreu na sua boca quando ele me
beijou com desejo.
Capítulo 23

KAYLEEN

Ahhh…
Tudo derreteu. Tudo menos os braços fortes de Burke em volta
da minha cintura enquanto seus lábios carnudos pressionavam os
meus.
Sim, sim…
Embora sua pegada fosse forte seu beijo era lento construindo
camadas de prazer e intensidade. Meu abdômen se contraiu de
antecipação quando uma das suas mãos encontrou minha coxa.
Meu amado escorregou a mão por dentro da minha camiseta.
Depois desceu de novo e apertou uma das minhas nádegas
redondas com força.
“Quero você.”
Ele olhou para o relógio na parede. Já fazia muito tempo desde
a meia-noite.
“Eu posso ter você agora”, ele murmurou no meu pescoço. “Já
passou da meia-noite.”
Suspirei quando seus dedos invadiram minha calcinha. Tudo ali
estava extremamente molhado.
“Você sabe que pode estar comigo quando quiser”, respondi
com suavidade. Minha respiração estava curta e rápida. “Chase e
Nathan revezam o tempo todo, às vezes eles comp—”
Me engasguei quando ele escorregou um dedo para dentro de
mim. Meu Deus. Que delícia…
“É meu dia”, disse Burke novamente, quase que
mecanicamente. Ele me empurrou para trás, me colocando em cima
do balcão. “Está previsto no contrato.”
Sua calça tocou o chão e ele deu um passo para a frente, já
com uma ereção tremenda. Seu pau parecia tão cheio e grande, tão
quente e pulsante. Eu tentei tocá-lo, mas ele empurrou minha mão
para longe.
“Abra as pernas.”
Suas mãos escorregaram pelas minhas nádegas, me deixando
na borda do balcão. Pela primeira vez me dei conta de como suas
pernas eram longas. Então me dei conta do que ele estava prestes
a fazer.
“Eu disse abra as per—”
AHHHHHHH…
Burke abriu meus joelhos e enfiou o quadril para a frente. Ao
mesmo tempo ele usou as mãos para me puxar contra ele, se
enterrando dentro de mim.
Então ele começou a me foder e o mundo girou.
MEU DEUS…
Eu estava na borda do balcão, minhas pernas abraçavam seu
corpo pelas laterais. Eu não conseguia encostar meus calcanhares
um no outro — ele era muito largo — mas os cravei nos seus rins
enquanto empurrava meu corpo contra o dele.
Caralho.
A penetração por aquele ângulo era maravilhosa. Não. Melhor
do que maravilhosa. Sua altura era perfeita. Cada uma das suas
estocadas tinha uma curva distinta para cima e a cabeça do seu pau
encostava meu ponto G.
“Ah sim…”, ronronei descontroladamente. “Siiim!”
Não sei porque eu ainda segurava minha calcinha de um dos
lados, então simplesmente a deixei ir. Burke me brocava com força
e velocidade, me balançando enquanto eu me esforçava para não
ter cãibra. Minhas pernas estavam mais abertas do que nunca.
“SIM…”
Eu o agarrei com força o suficiente para puxar seu corpo para
dentro de mim. Minhas unhas cravaram a superfície das suas costas
largas de forma que eu não sabia se o estava machucando.
“Você tá molhadinha demais”, ele grunhiu no meu ouvido. “Tão
quente e melada e plena.”
Gritei quando ele começou a mover o quadril e me penetrar
profundamente. Minha resposta foi morder seu ombro.
“Quantas vezes?”
Me afastei para olhar para ele meio grogue. Eu não entendi a
pergunta, estava sexualmente entorpecida.
“Quantas vezes eles gozaram em você?”
Ele queria uma resposta então eu dei.
“Quatro”, eu gemi. “Não… cinco.”
“Vou ser o número seis então?”
Engoli e acenei. Meu Deus, aquilo era tão sacana. E eu não
podia mentir.
“Muito bem.”
Eu não conseguia acreditar na velocidade dele, ou no peso das
suas estocadas. Burke tinha me tirado do balcão, eu estava presa
ao seu torso, e ele segurava todo o meu peso com seus braços
fortes.
Um novo som preencheu a cozinha. Os tapas molhados dos
nossos corpos sem parar. Ele se inclinou para trás, me levantando,
e me beijou apaixonadamente enquanto me fodia por baixo. Eu me
contorcia e me agarrava nele.
Quando gozamos, foi abrupto e explosivo. Senti seu pau
tremendo dentro de mim, me preenchendo toda. Adicionando outra
carga aos depósitos que já tinham sido feitos por Chase e Nathan.
Durou um minuto, talvez dois. Nós dois nos agarrando, unidos
pela união física. Nossas línguas se moviam freneticamente no
silêncio da cozinha escura.
Burke me devolveu para o chão… e o cheiro de pão queimado
invadiu minhas narinas.
“Merda!”
Tirei meu lanche queimado da frigideira, lamentando mais o
estrago que podia ter causado a panela do que ter perdido comida,
na verdade. Depois de descartar o pão queimado, vi que era
possível salvar a panela.
“Você tem certeza que não que—”
Me virei e ele tinha ido da mesma forma que chegou. Em uma
fração de segundo. Seu notebook também não estava mais ali.
Fiquei ali, pingando na cozinha vazia, com as pernas trêmulas.
Vesti a camiseta de Nathan sobre meu corpo nu mais uma vez.
“Meu Deus, ele é rápido”, pensei, pegando mais duas fatias de
pão para reiniciar o processo.
Capítulo 24

NATHAN

“Joelho, joelho… agora um pé só… boa…”


A onda crescia atrás de nós. Ela rolava devagar por debaixo
dela enquanto ela balançava tentando se equilibrar em cima da
prancha.
“Agora SALTE!”
Kayleen mexeu os braços e pulou para cima como eu já havia
mostrado a ela mil vezes antes. Daquela vez, entretanto, ela
aterrissou com os dois pés na prancha ao mesmo tempo.
Caralho.
Ela estava de pé! Seus braços esticados instintivamente,
ajudando-a a se equilibrar. E… de repente ela estava surfando.
“É isso aí! É ISSO AÍ!”
As pernas de Kayleen se chacoalhavam violentamente. Ela
arriscou dar uma olhada para mim, mas sua expressão me fez
gargalhar. Ela estava mais surpresa do que empolgada.
“MANTENHA OS JOELHOS DOBRADOS!”
Usei as mãos para amplificar meus gritos. Assisti minha aluna
fazer seu primeiro grande movimento, se mexendo para a frente e
para trás de forma incerta enquanto a prancha pegava velocidade.
Caralho, ela está mandando muito bem.
Era meio assustador a forma como Kayleen estava
aprendendo. Quando ela me pediu que a ensinasse, eu quase
recusei. Mas até então era tudo tão natural, parecia que ele tinha
nascido para aquilo.
“VOCÊ ESTÁ INCLINADA PARA A FRENTE!”, alertei.
Outros amigos queriam surfar e eu tinha tentado ensinar a
eles. Nenhum deles conseguiu ficar de pé. Sempre achei que fosse
minha culpa — que talvez eu fosse um professor de merda. Mas
pela forma como Kayleen estava conseguindo naquele momento?
Talvez meus amigos fossem alunos de merda.
“NÃO SE INCLINE PRA FRENTE!”, gritei, embora ela não
pudesse ouvir. “NÃO SE INCLINE PRA—”
Ela se jogou para a frente e seu biquíni azul e amarelo
escorregou para o meio da espuma agitada. Remei na direção dela
imediatamente, procurando algum sinal do seu cabelo loiro pairando
entre as ondas.
Quando a vi na superfície suspirei aliviado.
Ela é realmente especial, uma voz na minha cabeça disse.
Definitivamente mais do que você achava que ela seria.
Era estranho para mim estar conversando comigo mesmo ali,
em pleno oceano. Mas eu tinha feito isso a manhã toda e parte da
tarde também.
Ela significa mais do que você quer admitir.
Aquela parte era real, gostasse eu ou não. Havia algo sobre
Kayleen que fazia dela mais do que minha namorada. Ela realmente
despertava algo diferente. E não só em mim…
Mas nos três.
Chase também se sentia daquela forma, com certeza. E Burke
também, admitisse ele ou não. Estávamos nos apegando de várias
formas. Fisicamente. Socialmente. Emocionalmente.
E, certamente, o fato dela literalmente poder nos picar e
cozinhar se quisesse não ajudava.
Kayleen ainda estava cuspindo água quando eu a alcancei,
tossindo partes do oceano. Puxei minha prancha para o lado, para
ela poder se segurar.
“Não se esqueça do que te ensinei…”, eu disse a ela
rapidamente. “Sempre se jogue de lado. Nunca pra frente. Você não
quer que a prancha te atinja.”
Ela tossiu mais uma vez, então apertou os olhos na minha
direção. Ela estava deslumbrante, sorrindo de orelha a orelha.
“Mas eu mandei bem demais”, ela disse orgulhosamente. “Não
mandei?”
Eu já estava sorrindo descaradamente de orgulho.
“É claro que sim.”
Com a sensação de vitória, remamos de volta para a praia,
para onde estavam nossas toalhas jaziam esticadas, aquecidas pelo
sol. Kayleen pegou quatro sanduíches do cooler enquanto eu abri
duas garrafas de água supergelada.
“Saúde, orelhuda.”
Era um hábito estranho de brindar que eu tinha desenvolvido
quando viajei para Londres com meus pais. Kayleen rolou os olhos
com razão.
“Bom trabalho”, disse a ela. “Mais algumas semanas e você já
vai ser tão boa quanto eu.”
Kayleen chacoalhou a cabeça e sorriu. “Mais algumas
semanas”, ela corrigiu, “e eu vou ser melhor do que você.”
Ela brindou e deu uma golada na sua água enquanto eu
gargalhava. Eu não podia evitar meus pensamentos quando a água
escorria pela sua garganta e ela engolia.
“Então…”, ela suspirou, ajeitando o cabelo. “Como vai a
história?”
Gaguejei um pouco antes de responder. A água fazia seu
corpo brilhar, era bonito de ver. As curvas do seu corpo eram
perfeitas demais para qualquer palavra.
Eu queria congelar aquele momento. Colocar num potinho em
segurança, para abrir sempre que quisesse…
“Nathan”, ela sorriu. “Terra chamando Nathan…”
“Está tudo fantástico”, eu disse a ela. “O primeiro livro está
pronto e já estamos bem adiantados no segundo.”
“Isso é ótimo.”
Não era a primeira vez que ela perguntava. Primeiro, achamos
que ela estava só sendo educada, mas recentemente parecia que
Kayleen tinha interesse genuíno na nossa escrita.
“E o melhor é que vocês já têm a publicação garantida”, ela
continuou. “O mais difícil vocês já têm — um agente e um acordo —
sob controle.”
Eu a analisei cuidadosamente.
“Algumas pessoas diriam que o mais difícil é escrever um livro
vendável”, argumentei.
“Talvez”, Kayleen deu de ombros, partindo um sanduíche em
dois e me dando uma das metades. “Mas com a editora e o time de
marketing já preparados pra vocês, o sucesso é garantido.”
Eu mordi algo que tinha sabor de paraíso. Era suave e muito
saboroso, como se ela tivesse pescado naquele momento o atum
mais fresco do universo.
“Não me entenda mal”, ela acrescentou rapidamente. “Não
estou dizendo que seu livro não seria um sucesso se vocês não
tivessem uma editora…”
“Trilogia”, a corrigi. “Não é um livro.”
“Ah, isso aí.”
“E só porque temos uma editora esperando, não significa
que…”
Minhas palavras sumiram. Eu tentei não suspirar, mas era
tarde demais.
“A verdade é que eu nunca quis isso”, eu disse. “Essa coisa de
publicar. Mas meu pai me convenceu. A alugar a casa, escrever
histórias junto com os caras…”, continuei. “Eles já tinham topado, é
claro. Eles ficaram animadíssimos com a influência do meu pai.”
“Mas você não acha que essa influência é necessária?”,
Kayleen me interrompeu.
Dei de ombros. “É meio o que aconteceu com Stephen King.
Por um tempo ele publicou histórias sob o pseudônimo de Richard
Bachman. Naquele ponto da sua carreira, ele queria saber se seus
livros eram vendidos por que eram de fato bons ou por causa do seu
nome e fama.”
“E o que houve?”
“Alguém reconheceu seu estilo”, eu disse. “Eles investigaram o
tal Richard Bachman e acabaram chegando até King. Todo mundo
correu pra comprar os livros de Bachman.”
Ela me olhou, esperando. “Mas?”
“Mas antes disso… seus livros tinham sido vendidos por um
tempo. Ele de fato tinha habilidades, não só fama.”
Kayleen tomou mais um gole de água e me olhou por cima dos
seus óculos de sol.
“Então você quer construir seu próprio nome, certo?”
Ali estava. Finalmente. A verdade. Nua e crua. Pensei sobre
aquilo por um longo e doloroso momento.
“Eu—eu acho que sim.”
Kayleen deu de ombros. Eu a assisti remover um pouco da
areia que cobria seu corpo beijado pelo sol. “Então faça isso”, ela
disse, simplesmente.
Dei uma gargalhada curta e ácida. “Simplesmente assim?”
“Simplesmente assim”, ela sorriu.
Perdi a concentração um pouco quando ela dobrou as pernas,
as encostando no seu peito maravilhoso, abraçando os joelhos.
Kayleen me olhava naquele momento. Seus olhos brilhavam
enquanto ela percorria meu corpo, se demorando mais nos meus
ombros, nos meus braços e no meu abdômen.
“Gostando da vista?”
“Talvez”, ela riu.
Estiquei o braço e a puxei para cima de mim, corpo a corpo,
rosto no rosto. Sua pele ainda estava fria por causa da água, mas
eu sentia o calor do seu sangue correndo por suas veias.
Seu cabelo molhado virou uma cascada nas laterais dos
nossos rostos, criando um casulo de privacidade e silêncio, nos
mantendo afastados do resto do mundo.
“Você é linda”, eu disse, de repente sem fôlego.
“Eu sou, é?”
Ela aproximou seu rosto um pouco mais e me beijou com
doçura nos lábios. Um segundo depois, estávamos os dois cuspindo
grãos de areia. Kayleen gargalhou e se sentou em mim. Ela apoiou
as duas mãos no meu peito.
“Vamos embora, tomar um banho?”
Eu ainda estava em transe, admirando aquele rosto perfeito e
lindo. Finalmente assenti. Engasguei quando ela me puxou
abruptamente, ficando de pé. Ela aterrissou com as duas pernas no
chão — exatamente como tinha feito na prancha — antes de sair
correndo.
“O primeiro a chegar controla o som”, ela gritou.
Capítulo 25

KAYLEEN

Eu poderia dizer que encontramos um equilíbrio tranquilo, mas


era mais como um redemoinho. Uma mistura caótica de trabalho e
diversão, de estar fora e voltar para casa, dormir na minha própria
cama ou em outras três diferentes.
Chase decidiu meu ajudar no seu dia de folga e eu o ensinei
um pouco sobre a cozinha. Começamos a preparar refeições juntos
para quebrar a monotonia e passarmos mais tempo juntos.
Duas vezes na semana, Nathan e eu acordávamos antes do
sol nascer. Dirigíamos até a costa para surfar até o sol estar alto no
céu. Rapidamente se tornou uma rotina — às vezes, quase uma
experiência religiosa. Estar no mar, flutuando na imensidão do vazio
quando o primeiro raio laranja do sol invadia o céu. Não importava o
quão longe a praia ficava e as quase duas horas que demorávamos
para chegar lá. Não houve uma só vez em que não tivesse valido a
pena.
O dia de Burke se tornou meu dia de relaxar e descansar.
Ficávamos em casa porque ele gostava, e passamos a ver filmes
antigos rotineiramente. Ele me apresentou a atores, diretores e
gêneros, expandindo meu horizonte, por assim dizer, com filmes que
eu não assistiria normalmente, mas pelos quais me apaixonei.
Pedíamos comida ao invés de cozinhar, ficávamos no quarto ao
invés de sair por aí. Talvez por isso o sexo mais intenso fosse com
ele. Nos esburacávamos na cama feito dois animais, nos fodendo
até os mais frenéticos e até violentos orgasmos. Nos roçando e
martelando um no outro, gritando a plenos pulmões como se não
houvesse mais ninguém em casa.
Mas havia. Dois outros caras esperando pacientemente com os
braços cruzados pela meia-noite. Esperando para me tomar na
sequência.
Acordei sozinha em um sábado quente. A casa estava
estranhamente quieta. Fera e eu caminhamos até a cozinha, onde
meu café da manhã me esperava no balcão. Ovos, salsichas e
batatas, uma caneca fumegante de café e até um copo de suco de
laranja.
Pela primeira vez, os rapazes me alimentavam.
“Adorável”, eu disse, dividindo uma salsicha com Fera. Ele a
apanhou no ar com os dentinhos e a engoliu de uma só vez.
Encontrei também um bilhete escrito pelos três. Consistia de
algumas palavras, simplesmente dizendo que eles tinham ido até a
cidade e que não voltariam até o anoitecer.
“Droga.”
Eu estava profunda e completamente sozinha. Foi a primeira
vez que fiquei na solidão desde que tinha me mudado e eu não
tinha a menor ideia do que fazer.
“Primeiro, café da manhã”, eu disse ao Fera. “Depois
resolvemos o resto.”
Pensei em me sentar à mesa para comer, mas a cozinha
estava tão vazia. Ao invés disso, me servi de mais café e fui em
direção ao meu quarto, com a intenção de ver TV.
Mas parei no final do corredor, em frente ao escritório onde
ficava o computador central.
O livro deles está bem ali.
Não foi a primeira vez que constatei aquilo. Eu já os tinha visto
usar o computador em diversas ocasiões. Eles o usavam para ler
capítulos que os outros tinham escrito para acompanhar a história.
Também era uma forma deles se manterem motivados. E uma forma
de manterem os prazos. Somente os capítulos revisados e polidos
eram enviados para aquela máquina.
Vá em frente!
Eu ainda não tinha lido nada da história e estava morrendo de
curiosidade.
Eles nunca vão saber.
Fiquei ali parada com meu prato na mão, olhando para o
computador, que parecia me encarar de volta como se estivesse me
desafiando a ligá-lo.
“Quando chegar a hora”, falei comigo mesma. “E eles
estiverem preparados, vão me mostrar.”
Orgulhosa da minha resolução, girei nos calcanhares e
caminhei até meu quarto. Me sentei na cadeira no canto do quarto e
comecei a mudar de canal incansavelmente. Mas eu não conseguia
me concentrar na TV, nem no meu café da manhã.
Eles vão ficar fora o dia todo, você sabe.
Dei outra salsicha para o Fera. Ele a devorou fazendo muito
barulho, o que me fez pensar no ditado que fala sobre a curiosidade
e gatos.
Eles não voltam antes do entardecer.
Merda.
Gastei um minuto tentando me punir pela minha falta de
controle e outro tentando me convencer de que o que eu estava
prestes a fazer não era tão errado. Afinal, eu era parte daquilo
também. Eles estavam escrevendo uma história e eu estava
fornecendo amor, apoio e inspiração.
Amor? Sério?
E sobre que diabos eles estavam escrevendo?
Demorei mais dois minutos para decidir.
Então coloquei meu prato no chão, dei um tapinha na cabeça
do Fera e caminhei pelo corredor com a caneca de café na mão.
Capítulo 26

KAYLEEN

“Reunião de condomínio.”
Foram as duas primeiras palavras proferidas por Chase na
manhã seguinte. As únicas duas coisas que ele disse durante o café
da manhã e que fez os outros dois se levantarem. Um por um, eles
cruzaram o portal para o solário. Disse ao Fera que ficasse lá,
peguei minha tigela de cereal e os segui.
Nós quatro nos sentamos nas cadeiras de carvalho, mas
Chase me lançou um olhar desconfortável quase imediatamente.
“Hm…”, ele me olhou, “Então…”
“O quê?”
“É que… bem, essa é uma reunião pros escritores.”
“Você disse reunião de condomínio”, ressaltei. “Não reunião
pra escritores”, então enfiei uma colherada de cereal na boca,
casualmente. “Eu moro nesse condomínio, não moro?”
“Sim, é claro”, ele sorriu.
“Posso ir se você qui—”
“Sem chance”, disse Nathan. Até Burke discordava com a
cabeça. “Ela fica.”
Me sentei quietinha enquanto eles começaram a falar sobre os
eventos do dia anterior. Aparentemente, eles tinham tido uma
reunião com os editores e, pela forma como eles falavam, não tinha
sido conforme eles esperavam.
“Os problemas de continuidade nós podemos resolver”, disse
Chase. “Mas o resto…”
“O resto é questão de preferência”, interrompeu Nathan.
“Foram sugestões, não correções. Opiniões pessoais.”
“Opiniões pessoais de três pessoas”, disse Burke,
cuidadosamente. “Não se esqueça disso.”
Eles continuaram falando de coisas mais genéricas, nada
muito específica. Fiquei com medo de dizer alguma coisa. Medo até
de levantar o olhar da minha tigela porq—”
“Kayleen, o que você acha?”
Eu olhei para Chase. Ele me olhava atentamente.
“Sobre o quê?”
“Sobre mudanças pelo bem da história.”
Eu estava confusa. “De que tipos de mudança estamos
falando?”
Chase suspirou. Ele estava tentando encontrar as palavras
corretas.
“Mudanças românticas”, Nathan disse abruptamente. “O editor
acha que os personagens são muito superficiais. Que precisam de
interesses amorosos pra se destacarem mais.”
“Ah.”
Eu estava dando o meu melhor para não falar nada.
“Bem, que tipo de interesses amorosos vocês tem agora?”
Eu já sabia a resposta, é claro. Mas eu tinha que bancar a
estúpida sem soar muito estúpida.
“Nenhum”, Chase admitiu. “Pelo menos até recentemente.”
Acenei, talvez um pouco rápido demais. Eles estavam criando
três personagens diferentes. Eu já sabia um pouco das histórias,
suas dificuldades e triunfos. Entretanto, eu não tinha lido nada sobre
interesses amorosos, de nenhum dos personagens.
“Eu… bem…”
Os livros eram interessantes, a escrita era muito boa. Mas
havia algo estranho na história. Algo sobre o qual eu podia dar
minha opinião. Que podia ser simplesmente consertado.
Os três estavam me encarando. A luz jorrava pelas janelas do
solário como se fosse um holofote. Minha expressão me entregou.
“Ela sabe.”
Foi Burke quem matou a charada. Suas palavras me fizeram
arrepiar quando ecoaram pela sala.
Chase parecia confuso. “O quê?”
“Ela sabe, cara”, ele disse. “Olha a cara dela. Ela leu.”
Nathan se ergueu na cadeira. “Nossa história?”
“Sim.”
Coloquei minha tigela no chão e afundei o rosto nas minhas
mãos.
“Puta merda”, Chase suspirou. “Você leu nossa história?”
Eu acenei, meio entorpecida.
“Quanto você leu?”, Nathan perguntou.
Decidi falar a verdade. “Tudo”, engoli seco. “Tudo que está no
computador central.”
“Quando?”
Não respondi. Alguns segundos se passaram.
“Ontem”, Burke respondeu por mim. “Enquanto estávamos
fora.”
Eu esperava que eles estivessem furiosos. Magoados e com
raiva porque eu os tinha traído, invadindo sua privacidade.
Ao invés disso, eles aproximaram suas cadeiras.
“Bem?”, Chase perguntou, animado. “Você gostou?”
Fiquei sem fôlego. Era a última coisa que eu esperava.
“Hmm… sim. Claro que sim.”
“Sério”, Nathan interrompeu. Sua expressão era uma mistura
de sorriso com entusiasmo. “Conta! O que você achou?”
“Achei bom.”
“Bom? Apenas bom?”
“Não”, eu disse rapidamente. “Achei ótimo, na verdade!
Verdadeiramente intrigante e interessante.”
Burke apertou os olhos. “Mas…”
Fiquei quieta e até aquele pequeno momento de hesitação
disse tudo. Eu vi a luz se esvair dos seus rostos e me senti uma
merda total.
“Mas?”, Chase perguntou de novo.
“Vamos, Kayleen”, Nathan pediu, “desembucha!”
Meus olhos viajaram entre eles. Eu nunca os tinha visto
daquele jeito durante aquele tempo em que estava lá.
“De verdade”, disse Burke. “Você pode dizer.”
Foi minha vez de apertar os olhos. “Sério?”, perguntei, ainda
cética. “Vocês não vão ficar bravos?”
Os três sacudiram a cabeça simultaneamente.
“Certo”, eu disse, ficando de pé de repente. “Mas preciso de
mais café.”
Capítulo 27

KAYLEEN

Eles ficaram ali sentados no solário, digerindo tudo o que eu


dizia. E de fato não pareciam bravos.
“Bom, a história é muito boa”, eu disse. “Adorei os ganchos, a
forma como ela começa e como envolve o leitor.”
Meus três namorados me olhavam pacientemente, esperando
pelas críticas. Tentei ser o mais gentil que pude.
“Mas se é pra ser honesta”, fiz uma pausa dramática para
tomar um gole do meu café. Vocês estão usando só um nome
artístico, mas dá pra perceber que a história está sendo escrita por
três pessoas diferentes.
Chase e Nathan deixaram finalmente escapar um suspiro que
parecia estar preso já fazia algum tempo. Burke chacoalhou a
cabeça devagar.
“Droga. Isso não é bom.”
“Não”, concordou Chase, melancólico. “Não mesmo.”
“Talvez seja porque eu os conheça muito bem”, continuei, “mas
consigo notar cada vez que o autor da história muda. Consigo
perceber quando o tom de determinado personagem é alterado
porque vocês se revezaram.”
Chase parecia surpreso, mas não abatido. Nathan estava
coçando sua barba loira.
“Olhem pelo lado bom”, eu disse. “Poderia ser pior.”
“E como?”, Chase perguntou.
“A história poderia ser horrível”, pontuei. “Poderia ser rasa,
chata, inverossímil. A dinâmica poderia ser estranha. Mas não é
nada disso”, me ajeitei na cadeira, segurando a caneca com as duas
mãos. “A história é fantástica.”
O alívio momentâneo deles era palpável.
“Mas a editoria disse que os capítulos iniciais fluíram
perfeitamente”, disse Nathan. “Cara, eu acho que eles usaram a
palavra ‘impecável’.”
“Sim, porque o editor-chefe é o melhor amigo do seu pai”,
justificou Burke. “Então…”
Eles ficaram em silêncio e eu aproveitei a oportunidade.
“Querem saber o problema real?”
Eu tinha atraído a atenção deles. Total e completamente.
“Vocês estão tratando esse assunto da forma errada”, eu disse,
agitando as mãos. “Como se esses livros fossem uma tarefa
indesejada que precisa ser executada e não como um ato que
demanda inspiração.”
Eles me olharam em silêncio. Continuei.
“Esqueçam essa coisa de programação”, eu disse. “Escrevam
quando sentirem vontade, não se forcem a escrever quando vocês
não quiserem.”
Pelo olhar deles eles pareciam estar entendendo. Talvez. Um
pouco.
“Você acha que somos muito rígidos?”, perguntou Chase.
“Sim”, respondi, “O calendário é seu pior inimigo.”
“Mas é assim que nos organizamos”, disse Nathan. “É por isso
que estamos dentro do prazo.”
“Sim, mas a escrita está sendo prejudicada”, expliquei. “Vocês
estão tão segregados, trabalhando sozinhos e ignorando uns aos
outros… a ideia era escrever a história juntos, mas nenhum de
vocês está alinhado com o que o outro está fazendo.”
“Mas é por isso que temos um computador central”, ele disse.
“Para lermos o que os outros escrevem.”
“Mas são capítulos finalizados”, pontuei. “Não são?”
“Sim, mas e daí?”
“Bom, quando vocês os leem eles já não podem mais ser
alterados. Vocês precisam se comunicar bem antes. Manter as
coisas mais dinâmicas e fluidas enquanto escrevem seções da
história. E não após elas estarem terminadas.”
Eu já estava de pé, tamanha minha empolgação. Me virei para
olhar para os três, um de cada vez.
“Então o que fazemos agora?”, Nathan perguntou.
“Bom, primeiro… estou distraindo vocês?”, perguntei. “Sejam
honestos.”
“Não”, Chase e Nathan responderam rapidamente.
“Claro que não”, Burke acrescentou. “Na verdade, você é a
única boa fonte de inspiração que eu tenho.”
Os outros três acenaram veementemente. Ver o entusiasmo
deles me fez me sentir um quentinho interno.
“Ok, então foda-se a escala de escrita”, eu disse. “Vocês
deveriam escrever quando querem. Quando sentem vontade — não
quando são forçados por um dia da semana idiota.”
Eles se encaravam naquele momento, medindo a reação uns
dos outros, tentando entender como os outros se sentiam.
“Ao invés de evitar uns aos outros, vocês deveriam estar
discutindo os capítulos. Deveriam se sentar do lado uns dos outros
se precisarem. Analisarem tudo juntos, linha por linha, cena por
cena. Isso sim é uma colaboração.”
Burke gargalhou. Nathan também.
“Caralho, faz sentido!”
“Tudo parece desarticulado agora porque suas vidas estão
desarticuladas. Vocês fecham as portas dos quartos e tentam
escrever a mesma história, mas vivendo três vidas diferentes.”
Terminei minha fala com as mãos na cintura. Eu estava grata
porque tinha lido a história sem a permissão deles, mas ainda mais
aliviada por ter falado o que eu pensava.
“Mas e você?”, Chase perguntou.
Dei de ombros. “O que tem eu?”
“Como vamos cumprir o contrato?”
Eu gargalhei. “Ouviram o que eu disse? Foda-se o contrato!”
Ele pareceu aborrecido. E era absolutamente adorável.
“Ei, qual é”, provoquei, caminhando na direção dele. “Não é
nem de longe tão ruim quanto parece.”
Ali mesmo, na frente dos outros, escalei seus braços e o beijei.
Chase me beijou de volta instintivamente. Minha pulsação se
acelerou. O calor tomou conta de mim.
“Eu ainda sou sua”, eu disse, finalmente me afastando. Virando
devagar, apontei para os outros dois. “E sua. E sua.”
Caminhei até os outros dois, os beijando em turnos. Eu senti o
peso dos seus corpos sobre mim, o calor dos seus lábios roçando
no meu pescoço. Primeiro me sentei no colo de Nathan, depois no
de Burke. Cada beijo que trocamos era cheio de paixão e
promessas. Beijos longos e duradouros que nos deixavam sem
fôlego e sem finalização. Com gosto de quero mais.
Meu Deus, isso é divertido. Pensei comigo mesma. E muito!
“Eu ainda sou sua namorada”, disse desnecessariamente.
Vocês ainda podem me possuir, vocês três. Mas sem agenda. Vocês
ficam comigo quando quiserem. Eu fico com vocês quando…”
Chase e Nathan ficaram de pé com os olhos arregalados.
Burke compartilhou a mesma cara faminta, mas de uma forma mais
singularmente possessiva.
“O que vocês acham?”, perguntei. “Vamos acabar com essa
coisa de ‘meu dia, seu dia’? Vamos ser mais solidários uns com os
outros? Agir como um time… fazendo coisas juntos?”
Todos os olhares se direcionaram para Burke. Se fosse ser
difícil para alguém, seria certamente para ele.
“Sim, claro”, ele deu de ombros depois de um tempo. “Por que
não? Desde que eu tenha inspiração pra escrever.”
“Ah, você vai ter”, eu pisquei, praticamente jogando aquele
trocadilho no colo dele. Ele sorriu de volta. “Vocês todos vão, na
verdade…”
De repente eu tive uma ideia. Extremamente consciente de que
ele estavam todos olhando para mim, levei um dedo até o canto da
boca.
“Estamos todos de folga hoje”, declarei abruptamente. “Todo
mundo. Me incluo nessa.”
O solário ficou silencioso. Eles não discordaram, mas também
não disseram nada. Somente se ajeitaram nas cadeiras.
“Vamos fazer algo divertido hoje”, eu disse, sorrindo. “Algo
legal. E definitivamente algo que nos tire dessa casa.”
“Você não vai nos levar pra fazer dinâmica de grupo, vai?”,
Nathan brincou.
“Claro que não!”
“Que bom.”
“Ok, hora do banho”, eu disse, coletando as canecas de café.
“E sejam rápidos.”
Eles ficaram de pé devagar, saindo do cômodo. Era
extremamente lisonjeiro o quanto eles tinham me ouvido. No mês
anterior eu era só a cozinheira, mas naquele momento…
Eu era…
O que você é exatamente, Kayleen?
Eu ainda não sabia como definir. Inspiração? Sim. Namorada?
Amante? Sim, definitivamente. Mas era só aquilo?
Talvez você precise se concentrar somente no hoje.
Hoje. Agora…
Soltei uma risada enquanto colocava as canecas sobre a pia
da cozinha. Na verdade, eu ainda não tinha a menor ideia de onde
iríamos. Nem tinha pensado no que faríamos.
Eu só sabia que incluiria nós quatro, para variar.
Capítulo 28

CHASE

Dirigimos para o Oeste só pela diversão, do início ao fim da


rodovia na Range Rover de Nathan. Nós quatro estávamos
gargalhando e relaxando. Falando sobre tudo e nada enquanto os
quilômetros passavam correndo pelos vidros do carro. Não paramos
até chegar no mar.
Tenho que admitir que foi meio estranho estarmos os três
juntos assim. Sempre fomos amigos, crescemos juntos, fomos para
a escola juntos, aproveitamos a infância juntos. Mas estarmos juntos
na vida adulta significava sempre que algum de nós não estava
trabalhando, havia sempre uma pitada de culpa associada. Um peso
invisível que nenhum de nós gostava de sentir. E nenhum de nós
tinha se dado conta disso até Kayleen ressaltar.
Mas naquele dia, decretamos que não sentiríamos nenhuma
culpa. Felizes por estarmos com a cara no sol enquanto o vento
balançava nossos cabelos.
Foi liberador, inspirador, rejuvenescedor. Tudo o que nossa
namorada compartilhada disse que seria, e até mais.
Caminhamos pela praia por um tempo até chegarmos em
Santa Monica. O píer parecia uma pequena cidade, cheio de luzes e
sons, cheiros deliciosos, artistas de rua agitando pequenas
multidões. Jogamos jogos, ganhamos prêmios, andamos de
montanha-russa lado a lado, chacoalhando os braços para cima.
Quando o sol se pôs e as luzes se acenderam, caminhamos de
volta para o carro. Todo mundo estava de bom humor. Até Burke
estava sorrindo, o que era estranho, já que nós o arrancamos da
frente do seu precioso computador.
Eu encarei Kayleen o tempo todo. Ela era uma pessoa
maravilhosa — mais do que maravilhosa, na verdade. Uma
namorada ainda melhor, e uma amante…
Era incrível dividir aquela situação com Nathan de novo.
Compartilhar. Revezar. Dar prazer à mesma mulher, juntos, das
formas mais inacreditáveis que apenas dois homens conseguem…
Era uma tentação que já havíamos provado. Nós dois tínhamos
nos divertido com Dana e naquele momento amávamos cada minuto
com Kayleen. Ela não era só mais um caso, mais um
relacionamento compartilhado. Com Kayleen tudo ia além. Era
notoriamente diferente.
O que aconteceu entre nós e Dana foi selvagem e
despreocupado, sua curiosidade era tão insaciável quanto sua
libido. Ela tinha literalmente nascido para aquilo. Ela não se
importava em simplesmente desaparecer de uma hora para outra e
voltar depois como se nada tivesse acontecido. Era divertido e até
cativante no começo, mas ficou cansativo com o tempo. Eu e
Nathan ficamos em uma situação em que não era possível
avançar… não com a ameaça iminente do furacão Dana que
revirava nossa cama quando queria. Aquilo também revirava nossos
corpos e mentes.
Sexualmente, ela era uma dinamite — tudo o que dávamos
àquela morena curvilínea ela retribuía com duas vezes mais
intensidade. Em algumas noites, ela se submetia a nós. Noites em
que nós a abríamos por completo, corpo e alma, deixando-a
acabada na cama depois de esgotá-la.
Mas na maioria das vezes, eu e Nathan ficávamos
destroçados, totalmente drenados como se fosse um feitiço
perverso que ela lançava e saía do quarto, rindo e rebolando. Dana
era nossa inspiração. Nossa motivação. Nosso impulso. Nosso vício
compartilhado. Mas também nossa maldição.
Pensei naquelas coisas todas enquanto caminhávamos de
braços dados com Kayleen, nos revezando para dar algodão doce
na sua boca linda. O quão temporário seria aquele “contrato”? Ele
acabaria quando os livros estivessem terminados ou ela
permaneceria conosco depois?
E então havia Burke. Ele tinha sido bem aberto ao conceito de
um relacionamento rotativo e não tinha reclamado nenhuma vez.
Seus capítulos eram de primeira qualidade. Escrita brilhante e
convincente.
Mas ele ainda não a tinha compartilhado conosco. Não da
forma que Nathan e eu estávamos fazendo.
Eu estava preocupado com aquilo. Burke estava sendo mais
possessivo. Caralho, ele estava sendo até ciumento. Mas com a
nossa escala de escrita como estava, não tínhamos muito tempo
para falar com ele sobre aquilo. Como decidimos ser mais abertos e
interativos, prometi me certificar de que aquilo mudasse.
O dia escureceu e nós comemos a comida mais maravilhosa
do mundo servida em um trailer. Nos custaria uma hora extra na
academia, mas, porra, valeu a pena.
A volta para casa foi ainda melhor do que a ida. Kayleen
descansou no meu colo, se virando de lado e colocando meu braço
sobre ela para seu conforto e aconchego. Era difícil não deixar
minhas mãos escorregarem pelo seu corpo, bem ali no banco de
trás. Mas decidimos esperar. Ela tinha dito que tinha uma “surpresa
especial” quando chegássemos em casa.
Quando estacionamos no caminho de cascalho, nossa vila
estava iluminada lindamente. Kayleen correu com alegria para
dentro, seguida por Burke. Por um momento — só um momento —
ela me lembrou —
“Dana.”
Me virei quando ouvir Nathan dizer. Ele estava parado ao meu
lado com os braços cruzados. Olhando na direção da porta por onde
Kayleen tinha acabado de desaparecer.
“Estou errado?”
“Não”, eu disse, com verdade. “Quer dizer, sim e não.”
“Dana era mais volúvel”, Nathan admitiu. “Mais maluca e
imprevisível. Mas essa aqui…”, ele acenou na direção da casa. “Ela
é tudo o que eu sempre quis. Cada pedacinho, especialmente a
forma com que ela topa…”
“Ser compartilhada?”
Ele sorriu e concordou. “Sim.”
Tive que concordar. Era algo que eu sempre temi não
encontrar de novo. O único aspecto do nosso relacionamento que
era tão incrível, tão ridiculamente satisfatório que seria uma pena
não fazer aquilo de novo.
“Ela é a Dana”, admiti de novo. “Mas uma versão responsável.
Com objetivos, motivações, ambições.”
“Uma versão consciente da Dana”, ele adicionou.
“Isso também.”
Dentro da casa, algumas luzes se acenderam. Parecia
caloroso. Aconchegante. Convidativo.
“Não vamos perdê-la”, Nathan sorriu, me dando um tapinha no
ombro. “Combinado?”
Ele estava na metade do caminho para a porta quando eu
descruzei os braços e respondi.
“Combinado”, murmurei para o vento.
Capítulo 29

KAYLEEN

A música começou quando entrei no quarto. Era suave e sexy.


Melódica, mas ao mesmo tempo intensa. Reconheci quase
imediatamente: Concrete Blonde.
Uau. Escolha boa para caralho.
De fato, era. Eu tinha delegado aos rapazes enquanto me
preparava no meu quarto, trocando de roupa para um traje que
estava nos meus planos fazia tempo. Talvez eu não tivesse
encontrado a ocasião certa. Mas a verdade é que eu não tinha três
trajes iguais. E eu queria que os três tivessem acesso. Problema
resolvido.
A sala de estar estava à meia luz, cortesia do dimmer
eletrônico. As lâmpadas lançavam um brilho suave e surreal em
tudo quando entrei no cômodo de salto alto e uma taça de vinho em
uma mão.
“Uau.”
Uau era o termo correto. Eu estava adornada dos pés até a
cabeça com o que eu considerava ser minha lingerie mais ousada.
Calcinha e sutiã pretos, cinta-liga de renda e meias transparentes.
“Caralho”, Nathan murmurou.
Sorri suavemente para ele, tomando um gole do meu vinho. Eu
já estava na segunda taça, me sentindo morna e alegre. Três pares
de olhos me encarando ao mesmo tempo parecia intimidador
quando eu elaborei o plano. Mas no momento da execução, tudo
parecia muito casual. Estranhamente natural, para ser perfeitamente
honesta.
Eles estavam me despindo com os olhos, o que, na teoria, não
demoraria muito. Fiquei parada no meio da sala por um minuto,
mexendo os quadris no ritmo da música, olhando de volta para cada
um deles de uma vez.
Nathan e Chase estavam no sofá, segurando dois copos com
um licor âmbar e gelo. Uísque, pensei. Talvez escocês. Burke
estava sentado ainda mais casualmente, bebendo cerveja.
Reclinado em uma poltrona, me encarando.
Era com ele que eu me preocupava mais. Ele nunca tinha feito
aquilo antes. Não da forma como eu queria fazer.
“Hoje”, eu disse, ainda mexendo o quadril. “Foi o dia da
cooperação. Fomos todos solidários.”
Meu discurso não havia sido exatamente planejado, eu estava
improvisando. Mas eu precisava dizer algumas coisas.
“Esta noite… vai ser igual.”
O gelo chacoalhou no copo de Nathan quando ele o encostou
nos lábios. A boca de Chase formou um semissorriso.
“Se vocês vão me compartilhar, precisamos que este
sentimento cubra todos os aspectos desse relacionamento. Eu sou
sua namorada, não devemos ter escalas, não devemos ter limites.”
Me movendo de forma sedutora, dancei para perto de Chase e
escalei seu colo. Seu corpo rígido me fez sentir um calor se
espalhar por todo o meu corpo. Seus olhos verdes aguçados me
seguiram por todo o caminho.
“Eu quero que nosso relacionamento siga o padrão da história
de vocês”, eu disse. “Todos juntos. Trabalhando sozinhos quando
precisarem…”, fechei minha boca suavemente e o beijei. “Mas
também trabalhando simultaneamente… em áreas em que só
podem tornar as coisas melhores.”
Coloquei minha taça de vinho na mão de Chase e engatinhei
até o outro lado do sofá. Nathan colocou a mão no meu quadril
quase instantaneamente, mas eu sorri e chacoalhei a cabeça,
afastando-as.
“Vocês três precisam entender uma coisa”, continuei. “Eu sou
sua namorada sempre. Todos os dias, todas as noites, dos três ao
mesmo tempo.”
Me aproximei tanto que pude sentir o calor que saía da boca
de Nathan. Seu hálito estava doce — certamente uísque maltado.
Meu Deus, ele é tão lindo.
Nossos lábios se tocaram. Foi breve, mas elétrico.
“A qualquer momento que vocês quiserem… eu sou sua. Tudo
o que vocês quiserem fazer comigo…”, meus olhos brilharam
perigosamente. “…eu topo.”
Alguém sussurrou alguma coisa, talvez em aprovação. Eu não
sabia quem. Já tinha ficado de pé, com as pernas um pouco mais
trêmulas do que antes. Eu sentia minha excitação sendo construída.
Meu foco mudando…
“Não existe interrupção”, eu disse, me virando para Burke.
“Nenhuma situação em que um de vocês está comigo
exclusivamente, ou precisa de privacidade, ou não pode
compartilhar com os outros.”
Caminhei cruzando as pernas até meu terceiro amante
deliberadamente devagar. Eu precisava da atenção dele, então tinha
que garantir a melhor vista.
“Quero ser compartilhada”, eu disse, sem fôlego.
Peguei sua cerveja primeiro, colocando-a no chão. Então tomei
suas mãos e as coloquei nas minhas pernas com as palmas para
baixo.
“Na verdade, eu preciso ser compartilhada. Por vocês três.”
Cobri as mãos de Burke com as minhas. Eu as guiei para cima,
deslizando pelas minhas coxas, até o fim das minhas meias. Então
as puxei para dentro das minhas coxas.
Mmmmm...
Nossos olhares se cruzaram quando forcei sua mão para
dentro das minhas pernas. Ele respondeu primeiro com um olhar
ardente. Sentindo que eu estava olhada — mas sem tirar os olhos
— ele enfiou um dedo maravilhosamente dentro de mim.
Ah, sim, caralho.
Mordi meu lábio em êxtase, silenciosamente agradecendo
quem inventou as calcinhas com abertura. Eu nunca tinha sido uma
grande fã, até aquele momento…
Burke estava enfiando e tirando dois dedos de mim, enrolando-
os pelas minhas pregas. Encostando no meu clitóris só o suficiente
para me fazer pular.
Minha mão se afrouxou se soltando da dele. Felizmente, ele
continuou sozinho. Abri minhas pernas, dando a ele acesso mais
profundo. Me inclinando sobre a sua palma que se contorcia para
desfrutar o máximo de prazer possível da sua pegada forte.
Foi quase torturante quando finalmente o fiz parar.
Em um único movimento eu fiquei de joelhos e abri suas
pernas. Nos encaramos por um breve momento e ele, entendendo o
recado, levantou a bunda da poltrona e eu tirei sua cueca boxer. O
movimento libertou seu pau duro e eu o engoli todo.
Uma coisa era chupar um cara, outra era fazer aquilo na frente
de dois dos seus amigos. Dois amigos que já tinham me tomado.
Que já tinham me compartilhado, me entregando um para o outro,
me fodendo insanamente de forma competitiva.
Burke soltou um longo chiado quando eu o enfiei ainda mais
profundamente na minha garganta. Suas mãos encontraram as
laterais do meu rosto… me acariciando gentilmente e afastando
meu cabelo para poder assistir de camarote a cena.
Eu podia sentir o peso dos olhares de Chase e Nathan no meu
corpo. Eles me encaravam de forma invisível, me perfurando com os
olhos enquanto me assistiam foder seu amigo.
Não, não acabe com ele assim…
Ouvi meu próprio conselho e chupei Burke só o tempo
necessário para fazê-lo perder o controle. Era uma tarefa que não
demorava muito. Então me levantei e me virei, me sentando no seu
colo e esfregando minha bunda e minha boceta nas suas coxas.
Caralho, Kayleen.
Eu podia sentir seu volume roçar entre minhas nádegas.
Escorregar pela minha pele brilhante e molhada. Burke estava
segurando seu próprio pau pela base, mantendo-o firme e para
cima.
Devagar e juntos guiamos a cabeça para dentro…
PUTA…
Me abaixei e seu pau me perfurou completamente.
MERDA.
Capítulo 30

KAYLEEN

Transamos daquela forma maravilhosamente proibida, minha


bunda subindo e descendo enquanto Burke me comia
sordidamente. Eu imaginei que era uma stripper e estava fazendo a
dança mais sacana de todas, quebrando a regra de não tocar o
cliente (que aprendi na única vez que fui a um clube de strip e
testemunhei aquilo tudo).
Eu me lembro de assistir as garotas se roçando nos homens e
assistindo pacificamente suas tentativas intensas de manter o
controle e não as tocar. Naquela época, assistir aquilo me deixava
com tesão. Fazer aquilo me deixava com mais tesão!
As mãos de Burke contornaram minha cintura até alcançar
meus peitos. Ele abriu meu sutiã que caiu, revelando meus peitos
quentes que balançavam gentilmente.
“Caralho, sua boceta é uma delícia”, ele gemeu no meu ouvido.
Ele estava beijando meu pescoço todo, me balançando no seu colo
e me fodendo enquanto seu cavanhaque preto imaculadamente
aparado roçava minha pele.
Tudo nele exalava sexy. Seus ombros super largos, seu peito
que parecia não ter fim. Me inclinei para trás, contra ele, sentindo a
força ali. Deixando suas mãos guiarem meu corpo para cima e para
baixo, me rendendo ao seu tamanho, seu desejo, sua dominação
física e bruta.
Suas mãos se moveram para os dois lados da minha boca e de
repente ele enfiou os dedos entre meus lábios. Ele me cavalgava
como uma égua, me segurando com os braços, os dedos se
enfiavam na minha boca enquanto eu me engasgava e gritava e
cheguei até a morder um deles.
Deus! Isso é… maravilhoso… para caralho!
Eu nunca me senti tão selvagem. Total e completamente sem
restrições, gemendo como uma puta. Gritando e jogando minha
cabeça de um lado para o outro. Em algum momento, mordi com
mais força e as mãos de Burke voltaram para os meus peitos. Seus
dedos estavam molhados — cobertos pela minha saliva. Minha alma
quase saiu do corpo quando ele roçou seus dedos pelos meus
mamilos… eles ficaram escorregadios e molhados e gloriosamente
duros.
Chase foi o primeiro a ficar de pé. Ele caminhou até mim e
começou a me beijar, com intensidade e tesão, segurando minha
cabeça entre suas mãos enquanto seu amigo enfiava seu pau
dentro de mim como se estivesse fabricando manteiga.
As mãos de Burke encontraram meus punhos. Ele os puxou
para trás e empurrou minha cabeça para a frente, me segurando
pelos braços enquanto ainda me fodia por trás. Eu estava sendo
beijada… balançada… roçada… e gemia o tempo todo. Era como
um bife de hamburguer entre aqueles dois homens incríveis, seus
corpos duros prontos e dispostos para me quebrar no meio.
Três, Kayleen?
Senti uma pontada de excitação no meu estômago.
Talvez seja muita areia para o seu caminhãozinho.
Não! Que se foda!
No mínimo eu ia acabar com eles.
Nathan tinha saído do cômodo e eu nem reparei. Ele voltou
com um monte de travesseiros e cobertores. Eu o assisti espalhar
tudo pelo chão enquanto Chase me segurava rápido, me
empurrando para baixo pelos ombros para ajudar seu amigo a foder
minha boceta.
“A noite vai ser longa?”, rosnei entre beijos.
Nathan me olhou e gargalhou. “Pra você sim.”
Burke estava realmente afundado em mim. Me puxando para
trás pelos braços e empurrando sua pélvis para a frente, ele
conseguia toda a profundidade que jamais desejou. Era como se ele
estivesse perfurando um poço artesiano. Testando o quão fundo ele
conseguia ir antes de finalmente me fazer gritar.
Mas eu estava determinada a não gritar. Era importante
receber cada centímetro que eles estava me dando. Como se
aquela noite fosse a última fase do vestibular da obscenidade.
E se fosse, eu queria ser aprovada.
Finalmente fui levantada e depositada sobre as minhas costas.
Chase e Nathan levantaram minhas pernas, dando a Burke licença
para me foder da forma que ele quisesse. Eu me engasguei quando
ele se afundou em mim, vindo de cima. Tentando alcançar o fundo
da minha boceta molhada enquanto eu tentava respirar e morder
meu lábio para não gritar.
Olha só para você!
Queria me ver no espelho. Aquilo era realmente lindo.
Como é que você foi parar aí?
Tudo o que eu conseguia ver eram os dois braços musculosos
de Burke e seu peito massivo enquanto ele socava em mim sem
misericórdia. Acima das sua cabeça, eu conseguia ver vagamente
meus sapatos ainda presos aos meus pés.
Isso é SACANA, Kayleen.
E era. Era muito, muito sacana.
Imundo!
Eu estava de costas, com as pernas arreganhadas, sendo
empalada por um dos meus amantes enquanto os outros dois me
seguravam. Aquilo estava além da safadeza. Totalmente na posição
contrária do que era saudável ou racional, mesmo para os meus
padrões desconstruídos.
E ainda assim…
Burke estava finalmente chegando no limite. Uma camada
grossa de suor se formava na sua pela e sua respiração ficou mais
rápida e ofegante.
Eu estava ganhando.
O pensamento era sexy e poderoso. Meu rosto se contorceu e
eu reconheci aquilo imediatamente porque eu já tinha visto antes.
Era o rosto de alguém que não conseguia mais aguentar. A
expressão de um homem que tinha estocado uma mulher o
suficiente para não conseguir mais parar… e mesmo que ele
parasse, o que estava para acontecer era inevitável.
Um grunhido, um palavrão e ele gozou na minha boceta.
Ao invés de diminuir o ritmo, Burke acelerou. Era como se ele
estivesse me punindo, se esforçando para me dar até a última gota
da sua reserva. Mentalmente me informando que sim, talvez eu
tivesse ganhado aquela batalha… mas eu perderia a guerra.
Apertei minhas pernas com força, prendendo suas costas
enormes com minhas duas mãos enquanto ele se esvaziava dentro
de mim. E eu aceitei cada pulso, cada estocada, cada convulsão
eufórica até ele tirar seu pau amolecido e cansado da minha boceta.
“O que foi isso, cara?”
Chase e Nathan estavam ambos olhando para baixo, o leite de
Burke estava por toda a parte. Tinha escorrido pelas minhas coxas,
pelo meio das minhas nádegas, ensopado os travesseiros debaixo
de mim. Parecia que cada gota de frustração sexual tinha sido
liberada de uma vez em um recipiente pequeno demais para conter
a quantidade.
Nathan gargalhou, então deu um soco no braço de Burke.
“Você nunca toca uma?”
Pisquei, encarando meu amante, que grunhiu em resposta.
Então eu comecei a me tocar… enfiei três dedos profundamente na
minha boceta enquanto estimulava meu clitóris.
E esfreguei os dedos lambuzados na minha barriga.
Caralho.
Aquilo era nojento. Picante. Totalmente maravilhoso.
Quem é você e o que fez com a Kayleen?
Comecei a gargalhar feito uma maníaca e então me sentei,
observando os três homens chocados. Aproveitando a safadeza de
ter sêmen nos meus dedos. De arrastar os dedos um por um até a
minha boceta e sentir o quão cheia ela estava.
“Ok, rapazes”, eu disse quando eles voltaram a prestar atenção
em mim. “Quem é o próximo?”
Capítulo 31

KAYLEEN

Transar com o Burke me encheu de energia. De entusiasmo


sem limite. Eu estava disposta a horas de sexo — literalmente horas
— para superá-los.
Chase foi o primeiro. Ele já tinha tirado as roupas e seu pau
enormemente grande estava em uma de suas mãos. Eu encarei
aquilo hipnotizada enquanto sua mão se movia para cima e para
baixo naquela vara grossa. Quando ele chegava na ponta, apertava
a cabeça de forma sexy. Eu já conseguia ver algumas gotas do
líquido pré ejaculatório brotando.
“Coloque-o em mim”, grunhi como um animal.
Eu estava faminta por eles. Gulosa. E quanto mais eu os tinha,
mais eu os queria. Como uma droga. Eu ansiava e precisava deles
dentro de mim.
Chase levantou uma das minhas pernas e pulou sobre a outra,
me deixando confortavelmente como uma tesoura aberta. Seus
olhos estavam cheios de luxúria quando ele se enfiou na minha
boceta inchada e recém fodida.
“Caralho, gata…”
Eu vi seu rosto se contorcer como se ele estivesse sentindo
dor. Mas eu sabia que era êxtase. Eu sabia porque minha boceta
estava quente como uma fornalha naquele momento — milhares de
graus Celsius de calor fundido, inchada e pegajosa, o engolindo
como uma boca sedenta.
Chase enfiou e tirou seu pau algumas vezes, eu sentia suas
bolas baterem na minha bunda.
“Você deve estar brincando comigo.”
Eu gargalhei e o movimento fazia tudo ficar mais apertado. Ele
roçava seu pau com um pouco mais de fricção no meu clitóris que
doía de prazer.
Minha perna se encaixou maravilhosamente no seu ombro. Eu
agarrei meu tornozelo e o puxei em direção a minha cabeça, me
arreganhando para ele ainda mais. Dando a ele alguns centímetros
extras de profundidade deliciosa no final de cada estocada.
“Deixa comigo.”
A mão de Nathan colocou a minha de lado. Ele assumiu,
segurando meu tornozelo, me abrindo ainda mais. Então ele se
deitou de lado, esparramando seu corpo perto do meu, sobre aquele
mundo suave de travesseiros e cobertores e sexo.
Deus…
Ele se inclinou e me beijou devagar. Escorregando sua língua
pelos meus lábios até alcançar o interior da minha boca, se
contorcendo preguiçosamente pelo caminho. Ele tinha cheiro de
praia… de sol e areia e bronzeador. Seus lábios pressionavam os
meus, rolando magicamente, fazendo meu corpo se arrepiar.
Caralho. Isso é—
Fiquei sem palavras. Nada podia descrever aquele sentimento.
O conforto de estar no meio daqueles dois homens lindos, de ser
profundamente e minuciosamente esticada pelo pau enorme de
Chase. Tudo isso enquanto seu amigo continuava me beijando…
respirando com seu corpo e alma na minha boca.
Isso é—
Insano.
Maluco.
Um sonho.
Tudo aquilo junto. Mas era minha realidade naquele momento.
Era minha vida. Três homens perfeitos cuidando de mim com
perfeição. Três homens rasgados e musculosos atendendo a cada
um dos meus desejos sensuais.
Duas mãos deslizaram pelos meus peitos e então senti uma
boca quente. Burke se juntou a nós, arrastando sua língua quente
por um dos meus mamilos sensíveis e roçando o outro entre seus
dedos duros, fazendo meu corpo todo latejar.
Gemi, grata, agarrando seu cabelo com os dedos. Finalmente
eu os tinha reunido. Os três na cama, me dividindo.
“Sua vez”, Chase acenou para Nathan. A expressão no seu
rosto era de puro êxtase. “Se eu continuar…”
Seu amigo acenou, entendendo. Ele parou de me beijar tempo
o suficiente para me virar na cama, enfiando dois travesseiros
debaixo da minha barriga para me apoiar. Então ele se enfiou em
mim por trás, e eu me senti violada.
“Meu Deus, Nathan…”, me engasguei. “Por favor, me dê—”
Interrompi a frase no meio porque dois paus estavam
pressionando meus lábios. Chase e Burke estavam ajoelhados um
de cada lado do meu rosto. Se segurando. Se masturbando…
Abri minha boca e engoli Chase primeiro, rodopiando minha
língua em volta dele. O gosto era picante e doce. Salgado e
almiscarado — uma mistura dele, do Burke e do meu próprio gosto.
Aquilo era especialmente sujo. Eles estavam simplesmente se
descarregando em mim. Dividindo o mesmo espaço íntimo e
profundo do meu corpo, adicionando seus líquidos quentes onde e
quando queriam.
É melhor você começar a tomar dois anticoncepcionais por dia.
O pensamento aleatório me fez rir. Talvez até três.
Dei uma risadinha no pau de Chase. Quem me dera.
As mãos de Nathan estavam segurando aquela curva especial
do meu quadril que parecia que só eu e ele sabíamos. Ele estava
me segurando feito um corrimão, me fodendo estilo cachorrinho.
Puxando minha cinta-liga. Usando-a como uma alavanca perfeita
para se enfiar mais fundo em mim enquanto me dava ritmo o
suficiente para continuar chupando seu amigo.
Meu estômago se comprimiu. Eu estava com calor. A bola de
foto que estava crescendo no meu interior se tornaria logo um
orgasmo completo.
Eu mal podia esperar.
“Agora ele.”
Os dedos de Nathan rolavam pelo meu cabelo. Ele puxava
firmemente, mas não com força, na direção de Burke…
E num piscar de olhos eu estava chupando dois paus ao
mesmo tempo.
Os dois estavam dentro da minha boca juntos. Eu não era
mágica, mas meus lábios se separaram o suficiente para eu poder
abocanhar os dois, se eu alternasse minha atenção. Eu rolava de
um lado para o outro, chupando um, lambendo o outro… enfiando o
pau de Chase na boca por longos segundos, então me virando e
fazendo o mesmo com Burke.
E o tempo todo senti Nathan me fodendo por trás. Me
estocando com ritmo enquanto meu orgasmo se aproximava.
Deixei meu rosto tombar em direção ao chão enquanto gozava,
me esquecendo totalmente de tudo e de todos. Foi como se todo o
meu sangue desaparecesse da minha cabeça. Senti aquilo correr
pelo meu corpo como uma cascata de calor e desejo. Eu engolia o
pau de Nathan com meu corpo durante meu clímax, e meu líquido
escorreu pelo seu pau duro e pulsante.
Alguém me segurou, não pude dizer quem. Eu estava
tremendo e agitada, tentando retomar a consciência quando senti
Nathan banhar meu corpo nu com seu leite quente. Aquilo se
espalhou feito uma chuva em ebulição, me fazendo voar para outro
planeta de tão inimaginavelmente gostoso.
Na metade do caminho ele se enfiou dentro de mim e terminou
seu orgasmo ali. Aquilo era uma delícia, tê-lo sobre mim e em
mim…
“Isso é nosso agora”, ele grunhiu, se inclinando sobre minhas
costas. Ele estava sem ar, ajoelhado atrás de mim. Roçando quatro
dedos para dentro e para fora naquela bagunça melada entre
minhas pernas. “Entendeu?”
Acenei entre as mechas do meu cabelo. Eu entendia
completamente.
“Está aberta a estação de fazer isso”, ele disse, curvando os
dedos. Eu gemi alto porque era muito bom. Era sujo e errado… mas
ao mesmo tempo tão certo.
“Você queria ser nossa namorada?”, ele continuou. “Pois agora
você é. Queria ser compartilhada? Pois vai ser.”
Aí sim…
Ele me deu um tapa de brincadeira, mas intenso na bunda
quando se levantou, o que me fez dar um pulinho. Então ele acenou
na direção de Chase e sorriu feito um lobo.
“Meu Deus, perdi isso!”
Chase piscou para ele e me tomou, me rolando até eu ficar de
costas. Ele manteve minhas coxas separadas e eu as abri ainda
mais, voluntariamente para ele.
Ele gemeu alto quando me penetrou profundamente.
Burke estava descansando contra o sofá, assistindo
atentamente. Virei minha cabeça e vi Nathan passar uma mão pelo
cabelo loiro. Encarei sua bunda perfeita de surfista quando ele
caminhou nu em direção a cozinha.
“Mais alguém precisa de um drinque?”
Capítulo 32

KAYLEEN

O mundo amanheceu mais brilhante, mas verde e mais feliz do


que nunca, me dei conta no caminho para a cidade. Ou era meu
humor, eu me sentia extremamente feliz.
Bom, isso tudo e uma dor prazerosa entre minhas pernas.
A noite anterior tinha ido além do ridículo. Eu tinha sido tomada
por cada um deles, sem parar, até cair desmaiada no forte feito de
travesseiros no chão da sala. Eu cavalguei cada um deles enquanto
eles descansavam, montando seus corpos, um de cada vez.
Correndo meus dedos pelos seus peitos largos, desbravando cada
montanha e cada vale daqueles abdomes magníficos enquanto eles
se enfiavam em mim.
Foi exatamente como um sonho. Um desejo eufórico e meio-
adormecido que nos conectava todos. Eu me deleitei ao sentir cada
um dos meus amantes dentro de mim. Gostei de assistir seus olhos
rolarem enquanto eles me penetravam, brincavam com meus peitos,
meus mamilos, quando eu enfiava meus dedos cobertos de sêmen
na boca…
Eu gemi e suspirei e choraminguei até atingir mais alguns
orgasmos. Então adormeci entre eles, sentindo o calor humano dos
seus corpos. A brisa fresca entrava pelo átrio e fazia meu corpo
sentir um outro tipo de orgasmo. Aquele vento limpava o cheiro de
sexo e trazia um odor doce e terroso direto do jardim.
Naquela manhã tomei o banho mais longo da minha vida. A
água quente parecia um batizado, e quando eu saí, me sentia uma
nova mulher. Fiz café da manhã para os rapazes que ainda estavam
colapsados no chão. A sala de estar parecia uma noite do pijama
perversa e eu saí de casa com um sorriso no rosto.
Eu tinha umas cinco ou seis coisas para fazer e me sentia
muitíssimo produtiva. Liguei para os meus pais como boa filha e até
falei com Marcy, combinamos de almoçar no dia seguinte.
Pensei em parar e me mimar com mais um café quando notei
algo errado. Um carro… me seguindo da rua. Na mesma
velocidade, como se quisesse chamar minha atenção.
Um alarme interno tocou, mas eu deixei para lá. Era uma rua
cheia, no meio do dia, não era como—
“Ei! Kayleen!”
Me virei e a janela do carro estava abaixada. Um homem
baixo, de barba, vestindo uma camisa de colarinho branco estava
olhando para mim. Eu não tinha ideia de quem ele era.”
“Você é Kayleen, certo? Que mora com o Nathan?”
Parei e acenei. “E você é—”
“Jay”, ele disse, tentando não causar um acidente. “Jay
Summers. Sou o editor. Amigo do Nathan. Eu—”
Alguém buzinou e ele colocou as duas mãos no volante.
“Ah, ei”, eu disse. “Olá.”
Parei de caminhar e esperei enquanto ele estacionava o carro.
Ele tinha um daqueles automáticos supercaros e chiques que
manobrava sozinho. Dois minutos depois ele estava na calçada ao
meu lado, com a mão estendida.
“Desculpa ter te seguido”, ele sorriu. “Não quis te assustar.”
“Não precisa pedir desculpas”, sorri de volta. “Eu só—”
“Não me conhecia”, ele me interrompeu. “Totalmente
compreensível”. Notei naquele exato momento que Jay era desses
que te interrompiam. Ele também falava muito rápido, o que era
sinal de nervosismo.
Mas ele não parecia nervoso.
“Eu queria te ligar, mas não tenho seu número. E bum — aqui
está você! Caminhando pela cidade. Resolvi parar e—”
“Como você sabia que era eu?”
A pergunta apenas brotou da minha boca. Deve ter soado um
pouco rude, mas não foi minha intenção. Ainda assim, era uma boa
pergunta.
“Ah, Nathan me disse.”
“Ele te disse?”
“Bem… ele me mostrou”, ele disse rapidamente. “Uma foto
sua. Então eu sabia que era você.”
Eu hesitei. “Ah, sim.”
“Enfim, posso te oferecer um café?”, ele esticou o braço,
apontando para um lugar cujo sinal dizia Gota que pinga.
Imediatamente achei o nome super esquisito.
“Hm… claro. Ok.”, me forcei a relaxar um pouco. “Na verdade,
eu estava indo tomar café mesmo.”
O sorriso de Jay ficou maior. Parecia que ele tinha de repente
50 ao invés de 32 dentes. “Perfeito!”
Ele me guiou pelo caminho, segurando a porta para eu entrar
no lugar. Eu inalei instintivamente, enchendo minhas narinas com o
cheiro rico e delicioso de café.”
“Você vai amar esse lugar”, Jay piscou. “Eles acabaram de
abrir.”
Pedimos, Jay pagou, eu o agradeci enquanto nos sentávamos
em uma daquelas mesas super altas que você precisa praticamente
escalar a cadeira.
“Desculpa de novo por simplesmente ter te parado na rua”, Jay
disse de novo. Ele deixou escapar uma gargalhada que parecia ser
nervosismo, mas sem a parte do nervosismo. “Dei sorte, eu acho.”
Eu o examinei através da fumaça que subia do meu latte. Ele
estava elegantemente vestido, sapatos bonitos, cabelo arrumado,
com alguns fios brancos. Sua barba também já tinha fios brancos,
mas nada que chamasse muito a atenção.
“Então… você queria falar comigo?”
Ele engoliu seu café e sorriu. Todos aqueles dentes o faziam
parecer uma caricatura de si mesmo. “Sim.”
Alarmes de estranheza estavam soando na minha cabeça, mas
eu fiz o melhor que pude para controlá-los. Era o editor dos rapazes,
o melhor amigo do pai do Nathan. Ele era o maior fã deles no
momento, e o melhor aliado.
“Então… você já leu algum dos livros?”
Hesitei, sem saber ao certo o que responder. Ele não estava
me perguntando nada sobre Nathan. Nem sobre mim.
“Alguma coisa.”
“Ótimo!”, Jay disse. “O que achou da história até agora?”
“É muito boa”, eu disse verdadeiramente. “Rápida. Cheia de
ação. Cheia de intriga também, o que faz o leitor devorar.”
“Criar devoradores de livros é difícil”, Jay concordou. “Se você
consegue fazer isso, vai sempre ser um autor de sucesso.”
Eu acenei, concordando, ainda tentando entender o que ele
queria. Então ele finalmente me contou.
“E os capítulos mais… recentes?”
“Capítulos mais recentes?”
“Sim”, disse Jay. “Os rapazes os trouxeram ontem. Eu disse a
eles que os personagens precisavam de interesse amoroso na
história, duas semanas atrás.”
Sacudi a cabeça devagar. “Eu não li nada romântico.”
“Não?”
“Não”, dei de ombros. “Talvez eles não tenham terminado de
escrever ainda.”
“Talvez”, Jay disse. Ele me olhava meio diferente naquele
momento, como se estivesse pensando no que eu disse ou tentando
determinar se eu estava mentindo.
Mas eu não estava. Nenhum dos personagens teve nenhum
tipo de envolvimento romântico na parte que eu tinha lido até o
momento.
“Bem,”, ele começou, cuidadoso. “As coisas românticas que
eles escreveram não foram bem o que eu esperava.”
“Tenho certeza de que você disse isso a eles na reunião de
ontem”, respondi.
“Eu disse.”
Olhei para ele, descrente. “E o que você quer de mim?”
“Bem, eu esperava que você pudesse…”
“Influenciá-los?”, terminei a frase para ele. “Na direção que
você quer?”
Jay colocou a xícara de café sobre a mesa e se reclinou no
assento, com o sorriso cada vez maior. Ele uniu as duas mãos.
Correção. Setenta dentes.
“Essa foi uma observação muito astuta, Senhorita Decker", ele
disse. “E sim, era exatamente o que eu queria.”
Eeeeee… ele sabia meu sobrenome também.
O cara estava me deixando assustada, mas, por causa de
quem ele era, continuei tomando meu latte.
“Eu realmente não converso muito sobre os livros com eles”,
eu disse, dando o meu melhor para parecer casual. “Duvido que eu
tenha muita influência na escrita, menos ainda nos interesses
amorosos dos personagens.”
“Interesse amoroso.”
Demorou um segundo para eu conseguir registrar o que ele
disse, e quando isso aconteceu, meu estômago revirou.
“O quê?”
“Os protagonistas da história não têm namoradAS”, o editor
explicou. “Eles têm um único interesse amoroso. Uma mulher para
os três personagens.”
Meu estômago deu uma cambalhota. A forma como ele me
olhava me fazia pensar que ele suspeitava… de alguma forma, ele
sabia.
“Uma única amante que eles dividem, os três.”
Capítulo 33

KAYLEEN

As semanas seguintes foram no mínimo mágicas. Cheias de


diversão, despreocupação, risadas e trabalho duro… em todos os
sentidos.
Os rapazes levaram a sério a regra rigorosa de não ter regras,
e todos nós nos beneficiamos. Todos estavam mais felizes, menos
estressados. Eles também estavam passando mais tempo juntos.
Não havia mais o estigma associado à “folga”, então eles voltaram
aos velhos tempos de partilha. E essa partilha me incluía.
Nunca fiz tanto sexo na vida — desnecessário ressaltar. Sexo
com um deles. Com dois deles. Com os três, de forma tão suja e
travessa que seriamos censurados até pelo mais liberal. Entendi
rapidamente que eles gostavam de me exibir, mas especialmente
me exibir como namorada dos três.
Eles me beijavam em público, os três. Restaurantes, bares…
seguravam minha mão onde quer que estivéssemos e fomos até
pegos no flagra em um elevador quando Chase e Nathan
resolveram me tocar ao mesmo tempo.
Fazíamos viagens de um dia e dormíamos fora. Nos
divertíamos muito juntos. Olhando o cenário completo, era
realmente como um relacionamento novo. Cachorrinhos e arco-íris e
sorvete. Mas para mim era tudo isso vezes três. Eu tinha três vezes
mais empolgação, afeto, amor e atenção. E três vezes mais
responsabilidade, obviamente.
O número de clientes diminuiu, mas eu estava trabalhando
mais do que nunca. Meus preços subiram e por alguma razão aquilo
parecia ter causado um aumento na demanda. Eu cozinhava para
mais festas e jantares. Fui da preocupação com o aluguel para a
situação de ter tudo pago pelos rapazes e até voltei a procurar as
datas de início do curso de gastronomia.
E quanto aos rapazes, eles estavam trabalhando duro e
arrasando. A liberação da escala rígida parecia tê-los tornado ainda
mais produtivos, e tudo o que eles escreviam parecia mais
perspicaz do que nunca. A história tinha ganhado uma nova vida,
especialmente depois da inserção de Juliana, sua nova
personagem. A quarta estrela da trilogia de três homens. Juliana, a
namorada compartilhada dos protagonistas.
Primeiro, fingi não ter notado. Havia muita coisa acontecendo
na história e era fácil me concentrar na trama. Mas então Chase me
perguntou o que achei do acréscimo romântico. Nathan meio que
deixou escapar que eu tinha influenciado e ajudado a aprimorar o
trabalho deles “mais do que eu imaginava”.
Em resumo, Juliana era eu. Me tornei sua musa, sua
inspiração, ou pelo menos no que dizia respeito ao envolvimento
romântico. Os rapazes tinham misturado a história com suas
experiências pessoais, como a maioria dos autores faz. Mas no
caso deles, sua experiência tinha ficado bem óbvia.
Honestamente? A história ficou melhor! Juliana era forte, feroz,
divertida e esperta. Ela era de fato a heroína da história, e o
relacionamento entre quatro pessoas foi uma grande adição à
trilogia completa. Sem contar as cenas extremamente sensuais de
sexo.
Finalmente precisei contar a eles que amei a história, mesmo
com a inserção de Juliana. Especialmente com a inserção de
Juliana. Eu podia ver que o livro atrairia uma audiência muito maior.
A adição de uma heroína marota e corajosa trazia uma dimensão
maior aos personagens principais, mesmo que o relacionamento
fosse pouco ortodoxo e um tabu.
A única coisa que eu não tinha contado aos rapazes foi meu
café bizarro com Jay, o editor-perseguidor. Eu não tinha tido
nenhuma notícia dele ou o “encontrado por acaso” desde aquele
dia. Mas ele ainda era seu editor… então para o bem de um bom
relacionamento no geral, decidi esquecer.
Só que aquilo me parecia inerentemente errado. Meu silêncio
poderia ser considerado traição, e quanto mais o tempo passava,
mais eu me arrependia por não ter sido honesta. Eles deveriam
enviar novos capítulos em breve, e eu sabia que Jay queria
mudanças. Ele tentou me fazer ajustar a direção da escrita. Me
fazer convencê-los a eliminar Juliana do cenário. E bom, ele estava
prestes a ficar desapontado.
Cheguei ao ponto de quase contar a eles. Eu não queria que
eles fossem para a próxima reunião cegos sobre o tema, sem a
menor ideia do quanto seu editor era contra um relacionamento
daquele tipo. Que ele queria três interesses amorosos, não um. E
que ele tinha me falado aquilo de uma forma bem babaca, enquanto
tomávamos uma xícara de café.
Eu tinha terminado o café da manhã: torradas francesas com
banana e ovos mexidos com cheddar. Arrumei a mesa, Chase e
Nathan já estavam sentados com os garfos nas mãos. Então Burke
entrou na cozinha e tudo mudou.
Capítulo 34

BURKE

Demorou o dia todo até chegarmos no Leste. Ou a maior parte


do dia. Quando chegamos aos Lagos Mammoth, já estava nevando.
Todos estavam ficando malucos de tédio e precisando esticar as
pernas. E molhar as gargantas.
“Esquiar?”, Chase perguntou quando anunciei nossa viagem
repentina. “Você quer ir esquiar?”
“De jeito nenhum.”
“Então o que você quer?”
“Quero ir para as montanhas”, expliquei. “Para algum lugar
com neve, remoto, pra podermos mudar de ares e caminhar fora
desse deserto abandonado por Deus.”
Nathan soube imediatamente o que eu queria. Chase demorou
um pouco mais. Estávamos mergulhados no terceiro livro e todos os
personagens estavam juntos. Estávamos intensificando o suspense
e o drama. Nos preparando para escrever o grande final daquela
aventura de ação. E o cenário que tínhamos escolhido para isso
foram as montanhas nevadas.
“Não podemos escrever uma boa cena que se passa na neve
se estamos nesse calor de quarenta graus”, eu disse. “Precisamos
calçar botas e enfiar o pé na bendita neve. Precisamos ficar imersos
se quisermos sentir e escrever do jeito certo.”
Nathan desapareceu da cozinha sorridente e voltou com uma
mochila depois de uns cinco minutos. Demoramos mais dez para
convencer Chase, mas ele topou. E Kayleen nem precisou ser
convencida.
“Então… férias a trabalho?”, ela sorriu.
“Três dias, duas noites”, eu disse. “Nada exagerado. Levamos
os laptops, escrevemos um pouco, aproveitamos um pouco.”
“Vamos construir iglus e fazer guerra de neve”, Nathan
adicionou com alegria.
“Se você quiser ser humilhado, sim.”
“Onde vamos ficar exatamente?”, Chase perguntou.
“Na floresta”, eu disse. “Como na história”. Pude ver o resto da
dúvida de Chase desaparecer. Assim como Nathan, ele adorava a
natureza. “Reservei uma cabana bem escondida, mas a uma
distância a pé da cidade.”
Kayleen fez duas ligações rápidas. Uma para adiar alguns
trabalhos, outra para encontrar alguém que cuidasse do Fera. Marcy
aceitou a missão e meia hora depois, estávamos na estrada.
O caminho era longo, mas muito cênico. Preenchemos o tempo
com risadas e conversas e coisas engraçadas sobre cada um de
nós. Até jogamos jogos estúpidos de viagem antes de parar para
almoçar no meio da tarde até chegarmos na cabana no fim do dia.
O lugar era pitoresco, bonito e mortalmente silencioso. Tudo o
que vimos nas fotos era real, desde o telhado coberto de neve até a
lareira imensa de pedra. A cozinha era equipada com utensílios
baratos e a geladeira vazia. A chave ficava na terceira pedra a
esquerda da varanda velha, exatamente onde o dono do lugar disse
que ela estaria.
“Isso é perfeito”, Kayleen sorriu, beijando minha bochecha. Ela
apertou minha mão antes de sair correndo para conferir os quartos.
“Obrigada.”
Inalei o rastro do seu cheiro floral que ficou no ar quando ela
saiu do cômodo. Era um dos meus prazeres secretos. Uma das
coisas que eu amava nela.
Coisas que você ama nela… minha mente começou a me
perturbar, ironicamente. Foi o que você disse, não foi?
“Vamos pro bar essa noite”, disse Chase, apertando os botões
de um controle remoto medieval enquanto o apontava para uma
televisão igualmente medieval. Nada aconteceu. “Certo?”
Acenei firmemente, sedento. “Tenho certeza de que nem
mesmo um exército vai nos impedir de fazer isso.”
“Boa.”
Nathan terminou de carregar nossas coisas para a cabana. Ele
bateu a porta da frente com o pé, fazendo alguns flocos de neve se
espalharem perto da entrada. O lugar estava gelado.
“Qual a distância da cidade mesmo?”, ele perguntou.
“Um quilômetro.”
“Mas vamos de carro”, Nathan disse cautelosamente, olhando
para o lado de fora. “Não vamos?”
Eu gargalhei. “Porra, claro que sim.”
Intencionalmente, escolhi a localização mais remota que pude
encontrar, tentando achar um ambiente que fosse semelhante ao
cenário final da nossa história. Mas acima de tudo eu queria frio,
vento e neve. Muita neve.
Também precisávamos de um lugar para caminhar. O vilarejo
de esqui próximo à cabana era perfeito para tomar uns coquetéis e
até mesmo jantar antes de finalmente voltar para o conforto do
nosso pequeno lar temporário.
Me ocupei preparando a lareira enquanto os outros desfaziam
as malas. Havia gravetos e jornais o suficiente para nos aquecer
rapidamente logo que voltássemos.
“Burke?”
Me virei e ali estava ela, linda de morrer vestindo sua parka
rosa. Suas bochechas estavam rosadas por causa do frio, o que
fazia seus olhos azuis-topázio ainda mais brilhantes, e seu rosto
ainda mais vívido.
“Onde vamos dormir?”, Kayleen perguntou, com um olhar meio
travesso.
“Duas noites, três quartos…”, dei de ombros. “Presumindo que
você vá dormir cada noite com um, alguém vai ficar de fora dessa
brincadeira.”
Kayleen se aproximou de mim com um sorriso astuto, sua
expressão fingindo recato. “Bem, então vou te contar meu
segredinho”, ela ronronou, deslizando os braços pelos meus
ombros. “Não vai ser você…”
Ela me puxou para baixo e me beijou e todas as estrelas do
meu universo se alinharam. Foi estranho no começo, beijá-la na
frente dos outros. E beijá-la foi a menor das coisas que fizemos
juntos. Mas mesmo assim, havia algo de empolgante em
compartilhá-la com meus dois melhores amigos. Uma emoção
estranha e quase perversa em saber que estávamos
compartilhando-a das formas mais safadas… mas fora daquele
quadrângulo, nós quatro éramos felizes monogâmicos.
Aquele era o aspecto que tinha chamado minha atenção
quando eles começaram a falar sobre uma namorada comunitária.
Para três amigos de longa data que gostavam de passar tempo
juntos, sair com a mesma garota era o ideal simples. Se fizéssemos
certo, eliminaríamos todos os tipos de problemas emocionais,
ciúmes, entre outras coisas. Poderíamos compartilhar o tempo, os
encontros, os eventos. As férias.
Tudo era perfeito, na verdade, porque ninguém precisaria se
sacrificar. Estávamos dispostos e acostumados a sair com nossa
namorada e uns com os outros — tudo ao mesmo tempo;
Mas eu não contava com o sexo. Eu não imaginava que
poderia ser tão divertido compartilhá-la com os outros. Que eu
acharia tão sexy ver Kayleen de costas, de quatro, com as pernas
abertas, sendo fodida contra a cama pelos meus dois melhores
amigos… e tomá-la imediatamente após, reivindicando meu direito
de possuí-la.
Nas semanas anteriores tínhamos feito sexo a três de forma
quente e escaldante. Algumas vezes, a quatro, o que me
impressionou. Eu nunca tinha gozado tanto e com tanta frequência
na vida, nem assistido a garota de quem eu gostava fazendo coisas
indescritivelmente devassas. Cavalgando um de nós e chupando o
outro. Beijando sua boca — como eu estava fazendo naquele
momento — enquanto meus dois bons amigos se revezavam para
comê-la por trás.
Até mesmo naquele momento, eu estava perdido. A língua
doce de Kayleen rolava dentro da minha boca sedenta. Seu corpo
estava pressionado contra o meu, meu rosto nas suas mãos. Eu
conseguia sentir as vibrações enquanto ela murmurava suavemente
na minha boca, relutantemente parando o beijo somente quando os
outros dois entraram no cômodo.
"Hm-hm”, Chase limpou a garganta.
Olhei para ele e vi um sorriso maroto. Se eu não me enganei,
ele também estava meio corado.
“Temos muito tempo pra isso mais tarde”, ele disse, pegando
as chaves do carro. Ele moveu os braços e as atirou na minha
direção. “Mas agora?”
Habilmente, peguei as chaves no ar. Eu era o motorista da
rodada, aparentemente.
“Vamos encontrar o boteco mais pé sujo que esse lugar pode
oferecer.”
Capítulo 35

KAYLEEN

O vilarejo coberto de neve era absolutamente adorável, desde


os seus prédios altos com cara de pavilhões até as fileiras de
pequenas lojinhas. Tudo era iluminado e acolhedor do lado de
dentro. Vitrines rajadas pela neve nos deixavam ver o interior de
restaurantes, bares, cafés e até mesmo uma loja de doces colorida.
Por mais que eu quisesse desbravar as ruelas exibindo meus
três namorados lindos, estava muito frio e ventando muito.
Tomamos o caminho mais curto até uma casinha bávara que só
poderia ser um pub. Entramos e rapidamente pedimos algo para nos
aquecer.
Era bom estar finalmente fora do carro. Esticar as pernas de pé
no balcão do bar, brindando ao nosso pequeno refúgio de fim de
semana. Três coquetéis mais tarde, nenhum de nós sentia nenhuma
dor, exceto talvez por Burke, que tinha sido nomeado o motorista da
rodada e estava bebendo café quente puro.
Ficamos no balcão por um momento e depois fomos jogar
sinuca. Em pares, oito bolas, e os rapazes tomando cuidado extra
para me “ajudar” com as minhas tacadas. E aquilo obviamente
incluía me inclinar sobre a mesa por trás, pressionar seus corpos
firmes e seus membros ainda mais firmes contra a minha bunda
enquanto eles me mostravam os melhores ângulos.
Mais de uma vez, senti beijos na nuca. E cada uma delas me
fez fechar os olhos e arrepiar de prazer. Na metade do jogo, Chase
voltou trazendo algo chamado “choconhaque” e a bebida encheu
minha barriga com um calor quente que se espalhou lentamente, me
lembrando do quão sortuda eu era.
Por quanto tempo você quer isso?
Era a primeira vez que eu me perguntava aquilo. A primeira
vez que eu me preocupava de fato com o que viria depois.
Vai tudo acabar assim que os livros acabarem? O pensamento
era como uma agulha gelada de medo espetando meu coração.
Tudo isso vai acabar quando o contrato acabar?
Certamente eu esperava que não. Olhando para os meus três
caras lindos naquele momento — jogando sinuca e fazendo piadas
uns com os outros — me dei conta de uma vez só do quanto eu
queria e precisava deles na minha vida.
Você os ama.
Um caroço do tamanho de uma bola de beisebol se formou na
minha garganta. Era a primeira vez que eu admitia realmente para
mim mesma. A primeira vez que eu considerava a possibilidade de
sim, poder amar três homens. Três homens muito diferentes, com
características tão distintas… ao mesmo tempo.
Eu ainda estava absorta nos meus pensamentos quando ouvi
uma comemoração. Nathan e Chase encaçaparam a bola oito. Fim
do jogo.
“Você está pronta pra explodir esse lugar?”
Nathan deslizou um braço ao meu redor. Senti o cheiro de
cerveja vindo dele quando ele apertou minha bunda
sugestivamente.
“Sim”, sorri. “Definitivamente.”
Demorou duas vezes mais para voltarmos para a cabana,
navegando cuidadosamente pelas rodovias cobertas pela neve. Eu
ainda estava sonhando acordada. Encarando os flocos de neve
alvos que se materializavam no céu escuro. Nathan estava com os
dois braços ao meu redor no banco de trás, com as pernas abertas
para que eu pudesse me sentar no meio delas. Era bom ser
embrulhada por aqueles braços grandes. Me senti segura e
protegida.
Você realmente precisa contar a eles.
O pensamento me irritou a viagem toda — o prazo iminente do
editor. A reuniãozinha que tive com Jay que, por alguma razão
estúpida, eu ainda estava escondendo deles.
Não custa nada abrir o jogo.
Não, de fato. E me faria me sentir melhor. E o mais importante,
os prepararia para o que Jay diria quando se desse conta de que
eles mantiveram a história da namorada compartilhada. Que Juliana
continuava irremediavelmente entranhada nos três livros naquele
momento, e que ela definitivamente não iria a lugar algum.
Já estávamos na cabana quando puxei Nathan para o lado.
Chase estava acendendo a lareira, Burke desapareceu pela casa,
fazendo sabe Deus o que.
“Posso falar com você?”
Ele pareceu empolgado quando eu o empurrei para um dos
quartos adjacentes. Ao ouvir minhas palavras, seu semblante
mostrou preocupação.
“Flor, o que foi?”
Hesitei… de novo. Meu Deus, por que eu não simplesmente
conseguia fazer aquilo?
“N—Nada”, gaguejei. “É só que… bem…”
Nathan me puxou para a beirada da cama, nós dois nos
sentamos, e ele segurou minha mão.
“Diga”, ele disse. “Não importa o que seja.”
Respirei fundo. “É sobre… sobre… seu editor.”
Alguma coisa surgiu nos olhos de Nathan. Eu não tive certeza
do que era até ele me interromper.
“Jay?”
“Sim.”
Era reconhecimento.
“Você ainda está preocupada com o que eu disse algumas
semanas atrás”, Nathan continuou. “Sobre fazer tudo sozinho ao
invés de usar as conexões do meu pai.”
“Não”, eu disse. “Quer dizer, sim. Quer dizer, mais ou menos,
mas—”
“Flor, não se preocupe com isso”, Nathan disse, apertando
minha mão. “Eu estava sendo egoísta. Não tinha pensado nos
outros caras. Mas agora isso já passou.”
Caralho, ele não estava entendendo.
“Nathan, eu—”
“Todo mundo tem conexões atualmente”, ele disse
rapidamente, “não usar a influência do meu pai seria uma estupidez
completa. E seria péssimo para Chase e Burke, puxar o tapete
assim, a essa altura. Eu nem consigo imaginar o que aconteceria se
eu dissesse a eles que não temos mais um acordo, ou um agente,
ou qualquer garantia de que publicaremos.”
Estudei sua expressão com cuidado. Ele estava tão feliz de
repente. Tão empolgado. Talvez porque as coisas estivessem indo
tão bem e eles estivessem próximos do fim.
“Não quero que você se preocupe com o que eu disse antes”,
Nathan disse. Ele esticou a mão ternamente para acariciar minha
bochecha. “Eu estava deprimido e sendo estúpido. Criando
problema onde não havia nenhum.”
Ele se inclinou e me beijou. Senti meu corpo todo ficar mole.
Lancei meus braços ao redor dele e o abracei apertado.
“Tudo bem?”, ele perguntou, acariciando minhas costas.
Afastei tudo da minha cabeça e assenti. “Tudo bem.”
“Fantástico”, ele disse, se afastando para poder me olhar. Ele
apertou minha mão mais uma vez e ficou de pé.
“Agora fique aqui por mais dois ou três minutos”, ele disse
enigmaticamente, com os olhos cheios de empolgação. “E então dê
a volta.”
Capítulo 36

KAYLEEN

Fiquei ali, me perguntando o porquê de não ter contado a ele.


Mas eu não sabia se aquilo faria alguma diferença. Era tarde demais
para mudar qualquer coisa. Eles já tinham escrito o que planejaram
e Jay leria a história de qualquer forma.
Também me perguntei o que Nathan quis dizer com “dar a
volta”.
Mais ou menos três minutos depois eu caminhei até a sala de
estar. A lareira estava acessa. A cabana ainda não estava quente —
nem de longe — mas o calor vindo daquela direção era
definitivamente agradável.
Mas não havia ninguém no cômodo.
Conferi a cozinha, então os outros quartos. Suspirei
longamente enquanto me dirigi para a porta e a abri.
“Boneco de neve, iglu, não importa o tipo de escultura”, eu
disse em voz alta na noite escura, enquanto dava a volta na casa.
“Seja lá o que vocês estão fazendo aqui fora, não vou seguir
nenhuma ideia estranha nesse fr—”
O que eu vi me deixou tão surpresa — e absolutamente
eufórica — que perdi completamente a linha de pensamento.
“Caralho!”
Uma parede de fumaça saia de uma grande jacuzzi feita de
cedro. Os três rapazes estavam dentro, submersos até o pescoço,
rindo feito idiotas. Segurando garrafas de cerveja acima do nível da
água.
“Uma jacuzzi?”
Nathan deu um grito. Burke tomou um gole longo da sua
garrafa, todo sorridente.
“Hm… sim?”, Chase sorriu.
“Ninguém me falou que tínhamos uma jacuzzi!”
“Você não perguntou”, Burke deu de ombros.
Eu estava chocada. Emocionada. Mas ao mesmo tempo,
totalmente congelada.
“Mas eu não trouxe biquini”, protestei.
Os rapazes me olharam de cima a baixo, como lobos
cobiçando uma presa.
“Você realmente acha que precisa de um biquini?”
Estremeci, reconhecendo a estupidez da minha última fala. As
roupas deles estavam jogadas num banco ao lado da banheira,
perto de uma pilha de toalhas.
“Venha, entre aqui”, Chase pediu. “Três homens pelados
tomando cerveja em uma banheira é muito menos estranho se
houver uma mulher junto.”
Os outros dois brindaram, concordando. Hesitei por mais dois
ou três segundos antes de tirar minhas roupas rapidamente.
“Melhor correr”, Nathan provocou. Me dei conta de que ele
estava olhando para os bicos duros dos meus peitos. “Parece que
as meninas estão com frio.”
Duas mãos se estenderam para me ajudar a descer pela
escada da banheira. No segundo seguinte eu estava pisando na
água superquente e espumante. Submergi meu corpo e senti o calor
atingir meus joelhos, minhas coxas, meu estômago… fui descendo
até aquela sensação chegar até o meu pescoço.
“Isso é quase melhor do que sexo!”, gritei quando o calor
removeu o frio do meu corpo. Quase totalmente submersa, notei
que o vento tinha parado também. A banheira era rodeada pela
cabana e mais duas paredes de treliça.
“Ainda bem que você disse quase”, Nathan brincou. “Ou
teríamos que desmistificar sua tese.”
Sorri para ele. “Como se vocês já não fossem fazer isso.”
Ele gargalhou de novo. “É, tem razão.”
Me ajeitei entre Chase e Burke, saboreando o toque das suas
pernas desnudas. Duas mãos alcançaram minhas coxas dos dois
lados, se movendo independentes debaixo d’água.
Nathan esticou o braço e pegou uma garrafa de cerveja que
estava enterrada na neve. Ele abriu a tampa e me entregou.
Gargalhei enquanto pegava a garrafa.
“Tentando me deixar bêbada e soltinha?”
“Bêbada eu não sei, mas soltinha sim, certamente.”
“Soltinha definitivamente”, Chase deu uma piscadela.
Eu suspirei, mas era um suspiro de alegria. Deitei a cabeça
para tomar minha cerveja e olhar para o céu. Flocos grandes de
neve caiam preguiçosamente. Foi o fim perfeito de um dia longo.
“Isso é…”, eu disse firmemente, “incrível.”
“Pra caralho”, Nathan concordou.
“Mais do que incrível”, Burke adicionou.
Conversamos um pouco mais, relaxamos profundamente. A
água nos rejuvenescia fisicamente e lavava nossa mente, afastando
todas as preocupações. Quando terminei minha cerveja e abri outra,
já tinha me esquecido completamente de prazos, do editor bizarro e
de todo o resto do mundo.
Só pensava em Chase, Nathan e Burke.
Finalmente o calor e o álcool fizeram minha mente rodar
prazerosamente. As mãos nas minhas coxas começaram a subir.
Fiz uma competição mental, qual dos dois alcançaria o prêmio
primeiro? Eu apostaria em Chase, mas Burke me puxou
abruptamente com as duas mãos, me sentando no seu colo.
“Vem cá.”
Ele me beijou e eu quase desmaiei com o poder e a força do
seu abraço. Meus peitos estavam acima do nível da água, eu sentia
o frio do ar tentando mordê-los, mas ele ainda estavam muito
quentes, mesmo molhados.
“Esperei por isso o dia todo”, ele murmurou.
Burke me virou de frente, puxando uma das minhas pernas por
cima dele. Ele me segurou pelo quadril, seu rosto quente e molhado
no meu peito. Senti seu volume pressionar minha entrada. E de
repente, ele estava dentro de mim…
“Ahhhhhh…” suspirei alto.
Meus braços escorregaram pelos seus ombros enquanto eu
me afundava na sua vara grossa e incrivelmente quente. A mistura
da água e da minha própria lubrificação me fazia sentir que estava
sendo penetrada por lava vulcânica.
“Caralhooo.”
Nossos rostos se encontraram, assim como nossas bocas.
Seus beijos eram uma nova fonte de calor, sua língua se movia
faminta contra a minha enquanto eu subia e descia devagar no seu
pau duro e grosso.
“Vocês estão agitando a água”, Chase gargalhou depois de um
minuto. “Literalmente.”
E nós estávamos mesmo. A água estava transbordando pela
borda da banheira, derretendo a neve ao redor. Mas eu estava longe
de me importar.
“Venha”, Nathan disse, se sentando mais perto de nós. “Me dê
um pouco.”
Burke continuou me fodendo, suas mãos no meu quadril.
Guiando meu corpo para cima e para baixo no seu colo. Me
beijando como se não houvesse amanhã.
“Sem monopólio, cara.”
Finalmente ele parou de me beijar. Eu sorri e estiquei a mão na
direção de Nathan, masturbando-o algumas vezes debaixo d’água.
Ele estava duro feito pedra. Totalmente pronto.
Em um momento absurdo, Burke me levantou do seu pau e me
colocou sentada no seu amigo. Nathan se enfiou fundo de uma vez
só.
Deus…
Minha mente voou para longe, meu cérebro se acelerou com
novas camadas de euforia enquanto eu fechava os olhos contra a
neve que caía. Derretendo em lágrimas de êxtase, senti meus dois
mamilos sendo abocanhados.
Puta merda.
Chase e Burke estavam beijando e roçando meus peitos
simultaneamente. Agarrei suas cabeças, os puxando para perto de
mim, sentindo a ponta afiada do dente do meu amante que estava
do meu lado direito.
Burke…
Ele sabia o quanto eu amava aquilo. Entre os três, ele era
quem mais sabia meus limites, em que momento a dor e o prazer se
confundiam exatamente.
Ahhhhh…
Me rendi completamente, meu corpo derreteu no peito macio e
lindo de Nathan. Ele estava tão fundo em mim que quase doía. Seu
pau magnificamente duro se agitando… roçando… enfiando…
“Venha”, ele murmurou perto do meu ouvido, e se afastou, até
eu quase ficar deitada nele. “Sua vez.”
A mensagem obviamente não era para mim. Eu sabia pelas
palavras, mas também porque as mãos de Nathan estavam nas
minhas nádegas. Ele as estava separando gentilmente, devagar,
abrindo caminho…
Então senti as mãos de Chase me pegarem pelo quadril, por
trás…
…e meu coração já acelerado disparou como uma bomba.
Capítulo 37

KAYLEEN

Meu corpo sabia exatamente o que Chase estava prestes a


fazer, o que aconteceria comigo a seguir. Mesmo assim, minha
mente se recusava a acreditar.
“Vai devagar…”
Burke gargalhou. Nathan e eu tínhamos falado juntos, em
uníssono, suplicando a mesma coisa.
Puta. Que. Pariu.
Respirei fundo, então soltei. O olhar de Nathan estava fixo no
meu e não desviou por um segundo.
“Relaxa”, ele estava praticamente suspirando. “Você vai gostar
disso.”
Minha mente se acelerou com mil pensamentos, milhões de
sentimentos conflituosos. Eles já fizeram isso antes? Com Dana?
Parecia certamente que sim. Ou isso ou eles estavam se
sentindo inteiramente confortáveis em ocupar o mesmo lugar, na
mesma mulher, ao mesmo tempo.
Relaxa, Kayleen…
Mordi o lábio, ansiosa, enquanto a realização de uma fantasia
da vida toda estava prestes a acontecer. Eu já tinha imaginado ser
duplamente penetrada nos meus sonhos sexuais mais loucos e
selvagens. E naquele momento…
Chase estava enfiando seu pau na minha boceta sedenta… ao
lado do pau do seu melhor amigo.
“MmmmMMmmmMMMmmm…”
Emiti sons que nunca tinha ouvido antes. Provavelmente
porque senti algo que nunca tinha sentido antes. Eu estava sendo
fodida por dois caras, no mesmo buraco, ao mesmo tempo.
“Meu Deus…”
Senti Chase se soltar sobre mim por trás. meu corpo aceitava
seu peso, mesmo com Nathan me segurando firme pela frente.
Centímetro por centímetro, ele se enfiou. Me preencheu. Me
alargou…
E então ali estava ele, com o abdômen prensado nas minhas
costas, a sensação satisfatória de senti-lo dentro de mim!
Completamente. Ao lado do seu amigo, dividindo o mesmo espaço.
Dividindo minha boceta. Me dividindo.
“Vai devagar”, pedi. “Por favor.”
Eles me seguraram ali por alguns segundos, totalmente
imóveis, me deixando me acostumar com suas grossuras juntas.
“Não se preocupe, linda”, Chase sussurrou. Seus lábios
roçavam minha orelha. “Você aguenta.”
Ele deslizou para fora devagar… e então para dentro. Segurei
a respiração, esperando a dor. Mas ela nunca veio. Só senti prazer.
Prazer e um sentimento insano de preenchimento. Completude.
Caralho, caralho, caralho, caralho…
Eu estava abrigada por carne viva e quente. Presa entre dois
corpos duros, dois homens que estavam me compartilhando, que
cuidavam de mim.
Dois homens que me amavam.
Sério?
Abri a boca, formando um ‘O’ perfeito. Então senti Nathan se
mover, bombeando seu pau debaixo de mim.
Sim, decidi, nos recônditos da minha mente. Eu realmente
achava que sim.
“É isso aí. Desse jeito.”
Nathan estava beijando meu pescoço e Chase estava
lambendo minha orelha devagar. Dois amantes, me tomando ao
mesmo tempo. Fazendo o que eles já tinham feito com outra
pessoa, muitas vezes, aprimorando suas habilidades, aperfeiçoando
o ato…
Um ato que agora era executado comigo.
Uma pontada de ciúme surgiu quando pensei em Dana
desfrutando daquilo, mas eu afastei a ideia rapidamente, intoxicada
pelo prazer que eu sentia entre minhas pernas. O passado tinha
ficado para trás. Aquilo era o presente, era o agora, era… era…
Era totalmente insano para caralho.
“Você está gostando?”, Chase sussurrou, intensificando as
estocadas. Eu acenei, engasgada.
“Você é apertada pra caralho.”
Eu sentia o calor da água entrando e saindo de mim. Enquanto
eles entravam e saiam de mim. Às vezes eles se moviam juntos,
como um só. Outras vezes eram como dois pistões grossos, que
entravam e saíam em ritmo alternado. Um saía, mas no mesmo
instante, outro entrava.
Eu estava sempre cheia, sempre lotada… mas era tudo bom.
O lado de dentro, o lado de fora, suas mãos percorrendo meu corpo,
me segurando com força. Seus músculos flexionados, me
ajustando, me colocando na posição que eles queriam.
Ahhh…
Eles me puxavam de volta para eles cada vez que minha
mente se afastava. Me aparafusando contra seus paus duros e
grossos — me empalando por baixo e por trás. Olhei para cima e vi
Burke me encarando com intenção. Seus olhos indicavam uma
aprovação perversa quando encontraram os meus.
Aaaahhh Deus…
Meu clímax iminente ressoou na parte de trás do meu cérebro,
lutando para ser liberado. Era enorme. Tremendo. O pai de todos os
orgasmos.
E quando ele chegou, sobrepôs o resto todo.
“UNGHHH!”
Fiquei perdida por cerca de um minuto, minha mente e meu
corpo. Meu maxilar travou, meus olhos se fecharam e de repente eu
gozei… eu gritava e gozava de prazer. Talvez eu tenha até xingado,
mas não sei dizer, porque meu cérebro foi inundado com a
recompensa deliciosa da dopamina e da endorfina.
Meu estômago se contraiu, minha boceta se contraiu, minhas
coxas se contraíram. Tudo junto como se o resto do mundo tivesse
dissolvido de repente. Eu estava flutuando em uma nuvem de
convulsões eufóricas que pareciam não ter fim. Elas me
arrebataram, uma atrás da outra, me lavando com o mais puro
prazer, cada vez mais intenso.
Fiquei totalmente dormente e acabada, esticada no peito duro
de Nathan. Meus dois amantes seguravam meu corpo, afastando
mechas do meu cabelo que invadiam meu rosto.
“Você está bem?”, Nathan deu uma risadinha.
Eu estava confusa, mas gradualmente fui me recompondo. Eu
ainda os sentia enterrados dentro de mim, ainda duros, ainda
pulsando.
“Vocês…”
“Ainda não, bebê.”
Minha boceta ainda estava pulsando, o que me fazia me
contorcer de prazer. A parte de cima do meu corpo estava ficando
fria enquanto a parte debaixo transpirava de suor.
“Venha”, disse Chase. “Vamos sair da banheira e ir pra uma
cama quente e seca.”
“Eu—eu não recusaria uma boa garrafa de água gelada”, eu
disse, gaguejando.
Nathan resmungou, me levantando do seu colo e me
depositando nos braços de Burke, que me esperavam. Ele me
enrolou em toalhas secas, do queixo aos calcanhares.
“Pronto.”
Capítulo 38

KAYLEEN

Acordei em um lugar diferente, ouvindo risadas distantes. Pela


porta estranha daquele quartinho confortável, eu podia ouvir vozes
familiares. E pela janela… entrava a luz do sol impossivelmente
brilhante.
Meu Deus!
Pulei da cama e vi que vestia uma camiseta e short. Eu não me
lembro de tê-los vestido. Na verdade, meu short estava do avesso.
“A banheira…”
Minha voz ecoou pelas paredes do quarto vazio. Minha
garganta estava seca e áspera. Minhas pálpebras ainda estavam
meio grudadas quando abri a porta.
Chase e Nathan estavam na cozinha, ou melhor, no canto onde
ficavam os utensílios de cozinha. Senti cheiro de ovos, café e
definitivamente de algo queimando.
“Bom dia, gostosa!”, disse Chase.
Talvez torrada.
“Olha só quem finalmente apareceu!”, Nathan disse.
Passei a mão pelo meu cabelo embaraçado e suado. Ou será
que era molhado? Faria mais sentido.
“Q—que horas são?”
“Quase onze”, declarou Chase.
“Caralho.”
“Não”, ele disse, com o esfregão em uma das mãos. “Caralho
nada. Você está de férias, lembra? Onze é totalmente normal.”
Tentei engolir, mas só consegui apertar os olhos. Cocei minha
cabeça dolorida. “Café…”
Nathan me deu uma xícara e duas aspirinas.
“Obrigada.”
Ele sorriu para mim e eu tentei retribuir. Provavelmente aquilo
saiu horrivelmente feio.
“Cadê o Burke?”
“Escrevendo”, Chase apontou sua espátula para um dos
quartos. “Ele passou a manhã toda lá.”
“Legal.”
“Hm-hm”, ele disse, enfiando uma fatia de bacon frito na boca.
Estava quase preto. Era isso que estava cheirando então.
Tomei um gole e surpreendentemente o café não estava ruim.
Depois do segundo e do terceiro gole, perguntei o óbvio.
“Então… o que diabos aconteceu?”
Os dois se entreolharam. Eles estavam sorridentes até demais.
“Você não lembra?”
“Eu me lembro do bar”, eu disse, “de voltar do bar.”
Nathan levantou uma sobrancelha. “E?”
“E…”, eu apertei os olhos de novo, então estalei os dedos. “A
banheira na parte de trás da casa!”
Chase deu uma risadinha. “Muito bem.”
“E vocês me seduziram até lá”, eu disse, me lembrando. “E
então…”
Meus olhos se arregalaram. Meus dois amantes começaram a
rir ao mesmo tempo.
“CARALHO.”
“Sim, literalmente: caralho”, Chase concordou.
Puxei uma das cadeiras e me sentei. Minhas pernas de
repente ficaram mais pesadas do que deveriam estar.
“Você se lembra que—”
“Aquilo foi maravilhoso”, suspirei. Memórias da noite anterior
começaram a invadir meu cérebro em ondas. Elas me causaram
arrepios instantâneos. “A coisa mais incrível que—”
“Ah, então você se lembra sim.”
“Ah, eu me lembro!”, assegurei. Cuidadosamente, cruzei uma
perna sobre a outra, repentinamente ciente de que eu estava toda
dolorida.
“Que alívio”, Nathan disse. “Porque estávamos… bem, ontem
foi selvagem, se me permitem dizer.”
Chase deu um soquinho no amigo que fritava ovos. Na
verdade, eu é que tinha sido socada. Por dois.
Ah, para, a vozinha na minha cabeça me censurou. Você sabe
que gosta.
“Seria uma pena se você tivesse se esquecido”, disse Chase.
Ele sorria para Nathan de forma sacana. “Não que seja impossível
repetir, mas—”
“O que aconteceu depois?”, perguntei. “Além de um de vocês
ter vestido meu short do avesso.”
Nathan me olhou novamente. “Do avesso e de trás para a
frente”, ele sorriu, me dando um copo d’água. “E… foi o Burke quem
fez isso.”
Olhei para o short e dei uma risadinha. É óbvio.
“Depois, nos vestimos e nos aconchegamos perto da lareira”,
Chase disse. “Achamos que você aguentaria um segundo round,
mas não. Você literalmente apagou no colo do Burke.”
Olhei para eles astutamente. “Então vocês… não…”
“Não.”
Chase me deu um prato de ovos e, pela primeira vez, as
gemas não estavam moles. Senti uma pontada de orgulho. Ele
estava claramente aprendendo.
“Desculpe”, eu disse finalmente, desviando o olhar.
“Não peça desculpas”, Nathan disse. “Nos divertimos.”
“Muito”, Chase deu uma piscadinha.
“Sim, mas—”
“Pare”, Nathan sorriu. “Você sempre faz tudo por nós.”
Chase acenou, concordando enquanto me deu um garfo e um
guardanapo. Peguei os dois com gratidão.
“Foi bom, pelo menos uma vez, fazer algo por você.”
Capítulo 39

KAYLEEN

Passamos o resto do fim de semana juntos, só nós quatro.


Conversando. Rindo. Estocando suprimentos na nossa pequena
cabine e mantendo a lareira acesa para nos proteger do frio.
Chase e Nathan passavam seu tempo entre seus laptops e
alguns jogos de tabuleiro antigos que eles encontraram nas
prateleiras empoeiradas. As coisas esquentaram também. Jogar
Detetive acabou virando uma grande competição.
Durante o dia éramos a dançarina Senhorita Rosa, o mordomo
James e o coveiro Sérgio Soturno. Durante a noite, imergíamos na
jacuzzi. O único que não se juntava a nós era Burke, que passou a
maior parte do tempo escrevendo feito maluco no seu quarto. E nós
decidimos não atrapalhar. Afinal de contas, aquela era a viagem
dele, e um tipo de terapia para ele. Se ele precisava terminar sua
história, que terminasse.
No sábado a noite estávamos espalhados em volta do fogo,
sem muito o que fazer. Então Nathan pegou um baralho e sugeriu
um joguinho de Strip Poker. Prontamente aceitei.
Mesmo com aquela proposta tentadora, Burke não saiu do
quarto. Ele estava muito concentrado. Muito dedicado.
“Então, quais são as apostas?”, perguntei, me sentando com
as pernas cruzadas sobre uma almofada.
Chase embaralhava as cartas, Nathan deu de ombros.
“O vencedor te come primeiro?”
Eu gargalhei. “Bom, nesse caso, eu já venci então.”
“Mas o perdedor tem que assistir”, Chase adicionou
rapidamente, com os olhos em chamas. “Por meia hora. Sem tocar.
Só assistir.”
“Porra”, Nathan fez uma careta. “Isso é crueldade.”
“Com certeza.”
As cartas foram distribuídas e as taças de vinho servidas.
Juntos, os rapazes colocaram mais lenha na lareira.
“Ei”, eu disse, com um pensamento que me ocorreu, de
repente. “O que eu ganho, se for a vencedora?”
Os dois refletiram por alguns instantes.
“Um repeteco de ontem?”
Alguma coisa no meu estômago saltou. Minha calcinha ficou
um pouco molhada.
“Sim, por favor!”
Menos de uma hora depois já estávamos todos nus, o fogo
brilhava contra nossa pele. Eu estava sentada cara a cara com
Nathan, minhas pernas em volta dele. Olhando diretamente nos
olhos de Chase enquanto seu amigo me comia.
“Isso não é nem um pouco justo”, ele lamentou.
Dei uma piscadinha e joguei um beijo para ele. Então mexi
meu quadril… enterrando Nathan um pouco mais profundamente na
minha boceta.
“Caralho.”
Aquilo foi inesperadamente bom, provocá-lo daquele jeito.
Assisti-lo se masturbar casualmente enquanto nos assistia foder,
porque ele tinha decidido que a regra de “não tocar” não se aplicava
se fosse em si próprio.
Fechei meus olhos agarrando Nathan com força, de costas
para o fogo. Eu podia sentir o calor na minha bunda. A euforia de
roçar meu clitóris inchado repetidamente para cima e para baixo…
por toda a extensão da sua vara dura.
Jesus…
Eu estava com mais tesão do que nunca. Pronta para explodir
a qualquer momento. Nathan usava sua boca, sua língua, a ponta
dos seus dedos… sem o menor pudor em um esforço presunçoso
de se exibir para o amigo. Mas tudo o que ele fazia com o meu
corpo era dolorosamente e deliciosamente bom.
“Quatro minutos”, disse Chase, olhando no celular. Ele tinha
configurado o cronômetro. Aquilo era hilário.
“Talvez eu deva prepará-la pra você”, Nathan provocou, por
cima do meu ombro.
Ele ficou de joelhos, me deixando temporariamente no ar antes
de me colocar de volta no seu colo. Quando seus lábios encostaram
no meu pescoço de novo, senti que ele estava inchado.
“Vou deixá-la uma bagunça…”
Ele explodiu quando faltavam dois minutos para o tempo
acabar, espalhando seu líquido quente dentro de mim. Cada
movimento do seu quadril era um “foda-se” para seu amigo. Cada
um dos seus gemidos era um grito de vitória.
“Você é um maldito!”, Chase xingou. Uma de suas mãos estava
agarrada no seu pau. Ele tinha passado tanto tempo ali, a cabeça
parecia mais inchada e grande do que nunca. “Sabia?”
Nathan gargalhou. “Ah, eu sei.”
Ele saiu de dentro de mim, deixando um rastro de sêmen
quente pendurado entre as minhas coxas. Suspirei, sem ar. Eu
fiquei com tesão só de olhar.
“CARALHO!”
O cronometro finalmente chegou no zero e o celular tocou um
alarme brega e melódico. Chase nem se preocupou em desligar, ele
deslizou na minha direção, ignorando Nathan e se enterrou
imediatamente e profundamente no meio das minhas coxas.
AHHHHHH…
Ele começou a estocar, me fodendo com movimentos longos e
desesperados que faziam meu corpo balançar para trás. Ele estava
finalmente descarregando a tensão de meia hora de frustração
torturante. Enquanto eu… gozei quase instantaneamente.
Balbuciei incoerentemente com as pernas trêmulas enquanto
eu gozei por todo o pau grande de Chase. Cada contração era como
uma corrente elétrica que empurrava para fora o recente depósito
de Nathan na minha boceta ensopada.
“Ahh, caralho.”
Chase estava olhando para baixo, assistindo o desenrolar
daquilo tudo. O líquido do seu amigo estava gotejando para fora,
cobrindo sua vara, criando uma espuma melecada com aquela
mistura enquanto ele continuava me perfurando sem parar com a
sua ereção pulsante e dura.
Eu sorria… gargalhava… gemia… resmungava. Em êxtase
com tudo aquilo, enquanto Chase continuava me socando contra a
pilha de cobertores na frente da lareira.
Não esperávamos que ele fosse durar muito, e assim foi. Em
mais uma dúzia de estocadas, Chase estava gozando
intensamente, enfiando os dedos na carne do meu quadril enquanto
irrompia avidamente dentro de mim.
Segurei seu rosto nas mãos. Sorri para ele logo antes dos seus
olhos se revirarem.
“Sim, gostoso”, suspirei. “ISSO.”
Ele gozou, gritando meu nome. Jogando sua cabeça para trás
enquanto ele se enfiava fundo na minha fenda melecada.
“Caralho, KayleeeennnNNNNH!”
Não ficamos só molhados, estávamos completamente
encharcados e melados. Minhas pernas, minha bunda, seu pau,
suas bolas… até os cobertores sobre o chão debaixo de nós. Tudo
estava literalmente coberto por sêmen.
“Ahhhhhhhhhhh…”
Chase se soltou sobre mim, ainda gozando. Seu cérebro ainda
estava sendo atingido pelas ondas daquele orgasmo cataclísmico.
De um dos lados, Nathan gargalhava.
“Você não durou muito, hein, amigo?”
Chase grunhiu como um tigre enquanto se deitava de costas.
“Vai se foder.”
Capítulo 40

BURKE

Não ouvi a batida suave na minha porta até a quarta ou quinta


vez. Era suave e baixa, mas definitivamente alguém bateu.
“Está aberta.”
Eu estava encostado na minha cadeira, com os braços
segurando a cabeça. Meu computador ainda estava ligado, mas a
tela exibia a área de trabalho. Não havia mais nenhum programa ou
arquivo aberto.
E tudo isso porque eu tinha acabado.
“Ei…”
Kayleen entrou no quarto, fechando a porta atrás dela. ela
vestia uma camiseta longa, com as pernas de fora e um cobertor
sobre os ombros. Ela estava desarrumadamente linda. Seu cabelo
estava desgrenhado, seus olhos sonolentos.
“Eu vi a luz acesa”, ela sussurrou. “Não acredito que você já
acordou. Ou ainda nem dormiu?”
“Não.”
“Que horas são?”
Eu olhei para o computador. “Quase três da manhã.”
A cena parecia estranha. Eu, sentado daquele jeito naquela
cadeira desconfortável. Sem dormir. Sem fazer nada, só encarar as
paredes da cabana.
“Você escreveu a noite toda?”, Kayleen perguntou.
“Sim.”
“E então?”
“Então…”, sorri pela primeira vez em dias. “Acabei.”
Seus olhos se arregalaram. “Acabou mesmo?”
“Sim.”
Ela sorriu e jogou os braços ao meu redor, trazendo o cobertor
junto. O abraço foi quente e confortante. A melhor parte de um longo
fim de semana.
“E então… o que acontece com Juliana?”, ela deu uma
piscadinha jocosa.
Eu sorri de volta. “Você vai ter que ler pra descobrir.”
Gradualmente vi sua expressão mudar. Ficou um pouco mais
sombria, talvez preocupada. Era totalmente incomum. Inconsistente
com o resto da nossa conversa.
“O que você acha que Jay vai achar?”
Eu virei a cabeça. “Jay?”
Ela parou de repente, como se tivesse falado demais. Mas eu
sabia exatamente o que ela estava dizendo. E ela também.
“Seu… editor…”, ela se atrapalhou. “Vocês disseram que ele
queria mais interesses amorosos pros protagonistas, certo? Como
você acha que ele vai reagir com o fato de haver só uma
personagem mulher pros três?”
“Ele vai ter que amar”, eu disse. “Ela é parte integral da história
agora.”
Por alguns segundos longos Kayleen não disse nada. Eu notei
que ela estava processando. Refletindo sobre algo sério.
“Mas e se ele não amar?”, ela perguntou finalmente.
Nossos olhos se cruzaram e eu vi algo que não deveria estar
ali. Algum tipo de reserva… talvez algum tipo de conhecimento. Algo
um pouco mais tangível do que deveria ser.
“Esquece”, ela disse, com desdém. Ela piscou os olhos
algumas vezes e voltou a sorrir. “Só estou sendo a advogada do
diabo.”
Ela se moveu para mais perto em silêncio completo. A lareira
estava constantemente acesa. Mesmo com a porta fechada, o
quarto estava quente. Confortável.
“Sinto muito que você tenha passado tanto tempo aqui nos
últimos dias”, ela fez beicinho. “Não queríamos te atrapalhar, você
estava com a musa…”
“Eu sei.”
“Nós três nos sentimos culpados ontem”, Kayleen continuou.
“Você organizou isso tudo e nem aproveitou.”
Acenei na direção do computador. “Eu aproveitei muito”, eu
disse. “Na verdade, era exatamente o que eu precisava.”
Kayleen se sentou no meu colo com as pernas abertas, de
frente para mim. Sua bunda estava impossivelmente quente contra
minhas coxas.
“Eu poderia ter ajudado você a aproveitar mais”, ela sugeriu,
abaixando o rosto para perto do meu. Seus cabelos roçaram minha
orelha, seus lábios tocaram minha bochecha brevemente… e então
se fecharam sensualmente no meu pescoço.
Porra…
Deixei minhas mãos passearem debaixo do cobertor, pelas
suas coxas quentes. Terminar a história tinha sido uma das coisas
boas naqueles dias. Outra coisa boa tinha sido pensar nela.
Porra, parecia que eu estava sempre pensando nela.
Está tudo bem, uma vozinha na minha cabeça me lembrou.
Kayleen nunca foi uma distração. Pelo contrário, ela era minha
musa. Ela me oferecia intervalos muito bem-vindos toda vez que eu
tinha bloqueio criativo. E toda vez que eu ficava empacado com
alguma coisa, ela simplesmente me dava uma injeção de inspiração
e percepção.
“Bom, eu queria agradecer”, ela disse docemente, ainda com o
nariz na minha nuca, beijando meu rosto. “Quer dizer, eu sei que
prometi que passaríamos tempo juntos, eu e você.”
“Nós temos tempo”, eu disse. “Eu só precisava terminar essa
história.”
Ela se inclinou para trás para me olhar. Seus olhos, sua boca…
tudo era tão bonito. Tão harmônico.
Caramba ela era estupendamente linda.
“E você terminou, não foi?”
“Sim.”
“Então talvez agora você mereça uma recompensa.”
Kayleen sorriu travessamente e se levantou do meu colo. Ela
tirou o cobertor dos ombros e se sentou devagar na cama.
“Uma recompensa?”
“Sim.”
Ela escorregou para trás até atingir meu travesseiro, seus
cabelos pousaram gentilmente por trás. Então ela levantou os
joelhos… e deixou as pernas caírem, abertas.
Perdi o ar quando vi que não havia nada debaixo da camiseta.
“Você trabalhou duro”, ela disse, arrastando um dedo pela
barriga até alcançar o meio das suas pernas. “Acho que está na
hora da volta olímpica.”
A expressão travessa de Kayleen virou uma expressão de
prazer quando ela aproximou o dedo do seu sexo reluzente. Sua
boceta rosada e linda já estava ensopada. Na meia luz eu podia ver
fios melados grudando nos seus dedos.
“Está tarde, você está cansado, todo mundo está dormindo”,
ela disse, “mas quero que você me use, Burke.”
Sua voz estava sedutora. Ela ronronava mais do que falava.
“Usar você?”
Kayleen acenou e sorriu. Então, respirou fundo e enfiou dois
dedos dentro da sua fenda e os girou.
“Me usar”, ela repetiu. “Pra se soltar. Eu preciso ter você.
Fiquei o fim de semana todo sem.”
Ela parecia uma deusa, aberta na cama, com as pernas
abertas, enfiando e tirando os dedos da boceta. Suas mãos já
estavam cobertas de sêmen, e eu imaginava de quem era.
“Não me importo se vai durar três minutos ou trinta segundos”,
ela sorriu. “Preciso de você dentro de mim, Burke.”
A movimentação dentro do meu short ficou incontrolável. Meu
pau estava crescendo, assim como minha luxúria, tentando se livrar
das amarras.
“Preciso de você… aqui.”
Perdi o controle quando ela tirou os dedos de dentro e
começou a esfregar o clitóris. Kayleen estava puxando a camiseta
para cima com a mão que estava livre. Ela segurou um dos peitos,
pinçando o mamilo.
“Por favor”, ela suplicou, “gato, eu—”
Interrompi o que ela estava dizendo tirando a blusa. Ela esticou
a mão e minha cueca foi removida em um instante.
“Ahhhhh… sim.”
Escalei a cama e ela abriu as pernas ainda mais para mim.
Como eu ainda não estava pronto, ajoelhei perto da cabeça dela,
guiando meu pau na direção da sua boca.
Ela levantou uma sobrancelha, surpresa, mas em dois
segundos abriu a boca e me engoliu com afinco.
CARALHO.
Meus ombros cederam, meu corpo ficou mole como se todo a
frustração do fim de semana quisesse ser liberada pelo meu pau de
uma vez. O calor da sua boca era maravilhoso. Sua língua molhada
se movimentando…
Sua mão segurava minha base e a outra continuava entrando e
saindo da sua boceta melada…
Senhor.
Trinta segundos era uma expectativa otimista.
Aparentemente, Kayleen conseguiu sentir minha excitação
atingir níveis próximos do limite. Porque ela literalmente estava com
a mão nas minhas bolas.
“Não na minha boca”, ela sussurrou, tirando meu pau da boca
momentaneamente. Ela bateu no pântano que se formava entre
suas pernas. “Eu preciso disso aqui…”
Acenei como um zumbi, indicando que tinha entendido. Fiquei
na boca dela por mais quinze ou vinte segundos.
“Estou quase”, eu disse, me afastando. “Deita…”
Kayleen esticou os braços acima da cabeça, sorrindo com
satisfação. Ela arqueou as costas enquanto eu abria suas pernas.
“Trinta segundos?”
Ela mordeu um dedo e acenou. “Hm, hm.”
Me afundei nela, nossos corpos se aproximando com um
gemido mútuo. Era como se ela estivesse me transformando em
líquido quente.
Meu DEUS…
No meio daquele delírio eu comecei a fodê-la. Contando as
estocadas a cada vez que eu colocava e tirava.
Não consigo…
Uma…
Não acredito…
Duas…
Kayleen ria malignamente e agarrava com força minha bunda
que se movia para frente e para trás.
Três…
Não cheguei nem no dez.
Capítulo 41

KAYLEEN

Preparei fraldinha grelhada com cebolas caramelizadas e


salada de romã para o jantar. Um cardápio pertinente para nossa
primeira refeição de volta para casa, especialmente porque eles
pediram. Além disso, era uma boa distração para o que eu estava
prestes a fazer. Ou pelo menos eu esperava que sim.
“Certo”, eu disse, tentando soar o mais casual possível. “Bom
apetite e guardem um prato pra mim. Eu volto logo.”
Estremeci por dentro e me preparei para o impacto. Os três se
viraram para mim imediatamente.
“Espera… o quê?”, gritou Nathan. “Você não vai comer
conosco?”
“Não posso”, eu disse. “Tenho compromisso.”
Virei as costas e me afastei deles para pegar minhas chaves
no balcão. Fiz isso mais com o intuito de esconder meu rosto deles.
“Compromisso?”, ouvi Burke perguntar.
“Consultoria gastronômica. Te falei no começo da semana.”
“Falou?”
“Você é esquecido”, eu ri, esperando que meu sorrisinho
cobrisse a mentira. Suspirei exasperada de forma exagerada. “Não
me admira que vocês três tenham tido a memória apagada depois
dos eventos do fim de semana.”
Eventos do fim de semana. Eventos que nos deixaram
cansados. Exaustos, tanto mental quanto fisicamente.
Mas por Deus, tinha sido um fim de semana e tanto.
Antes que eles pudessem perguntar mais alguma coisa, joguei
um beijo por cima do ombro e saí da casa. Entrei no carro e dirigi…
para a escuridão.
Bom, aquilo foi uma merda.
Definitivamente. Mentir não era algo que eu fazia muito bem ou
com muita frequência. Eu era realmente uma péssima mentirosa.
Terrível, para ser mais exata. Mas isso não me incomodava porque
eu não costumava mentir para os rapazes.
A não ser naquela noite.
Mas fui eu quem solicitou aquela reunião e foi ele quem
conseguiu achar um horário para me receber.
“Claro, Kayleen”, ele disse amigavelmente quando perguntei se
podíamos nos encontrar. “Venha até o escritório depois das sete.
Segundas são geralmente cheias, mas eu trabalho até tarde.”
Os rapazes tinham uma reunião com ele no dia seguinte, para
entregar mais capítulos. Mais uma razão para fazer isso naquele
dia. Encontrar Jay antes talvez o ajudasse a ser mais razoável. Ou
pelo menos eu poderia prepará-lo para o que ele estava prestes a
ler no dia seguinte.
Seu escritório era menor do que eu imaginava — em um prédio
comercial velho nos arredores da cidade. Ele tinha um charme retrô
e parecia ter sido construído nos anos sessenta. Mobília moderna
misturada com a arquitetura antiga de formas violentamente
magníficas.
“Você veio!”
Ele me saudou logo que saí do elevador, me guiando por um
corredor cheio de cubículos vazios. A luz do lugar era fraca e
assustadora. Computadores inativos brilhavam com as luzes de
LED.
“Maldita luz noturna”, Jay lamentou, notando meus olhares. “A
potência de tudo aqui fica pela metade depois de uma certa hora do
dia.”
Ele caminhou, presumindo que eu o seguiria pelo labirinto de
cubículos. E eu fiz… enquanto procurava outra alma viva naquele
lugar. Não havia nem mesmo um zelador.
“Você é o último?”
“Sempre sou”, ele disse.
“Que saco”, não pude evitar dizer.
Jay deu de ombro. “É a vida.”
Para seu benefício, ele tinha o maior escritório do andar. Era
limpo e espaçoso, com janelas largas e móveis ricos de mogno. Jay
se sentou na cadeira grande de couro atrás da mesa, suspirando e
alargando a gravata como se tivesse tido um dia longo. O que, na
verdade, ele teve.
“Então, o que posso fazer por você, Senhorita Decker?”
Eu não sabia se ficava de pé ou me sentava. Nenhuma das
opções parecia muito confortável.
“Eu quero conversar com você”, eu disse. “Sobre o que
falamos da última vez.”
Um clique atrás de mim me fez dar um pulinho.
Desconfortavelmente me dei conta de que era só a porta atrás de
nós que tinha se fechado.
“Ok”, Jay disse, entrelaçando os dedos por trás da nuca.
“Diga.”
“Você queria que eu conversasse com os rapazes”, eu disse
francamente, “tentar fazê-los mudar a direção.”
“E você conversou?”
“Não.”
Seu rosto estava impávido — sem desapontamento ou
surpresa. A falta de reação completa me deixou perplexa.
“Então?”
Finalmente procurei um lugar para me sentar. Mas onde
deveria haver uma cadeira, havia só um espaço vazio. Então me
sentei na poltrona ao lado.
“Olha, eu li a maioria da história”, admiti. “Os três livros, quase
até o fim. São bons. Muito bons.”
“Eu sei que são”, disse Jay. “Por isso assinamos o contrato
com eles.”
Vocês assinaram o contrato com eles porque você é amigo do
pai do Nathan, eu quis dizer, mas mantive a boca fechada.
“A história é boa com a Juliana”, eu disse firmemente. “Eu sei
que você queria que ela fosse removida, mas—”
“Ficaria melhor sem a Juliana”, Jay me interrompeu. “Muito
mais fácil para o marketing. Como editor, eu tenho que considerar
tudo. É o meu trabalho”, ele arqueou uma sobrancelha. “Você sabe,
não é?”
“Sim, mesmo assim…”
“Mesmo assim nada”, disse Jay secamente. “Olha, Senhorita
Decker, eu tenho simpatia por você. Eu sei sua posição. Na
verdade, decidi pedir ajuda justamente por causa da sua posição.”
Cruzei meus braços. “Mas você nem leu as partes com a
Juliana ainda”, eu disse. “A história é fantástica. Ela não é só
alguém com quem os personagens têm um caso e… e…”, gaguejei
estranhamente. “Eles têm um relacionamento com ela. Os três. Ela
se tornou parte de um—”
“Não vou publicar”, disse Jay simplesmente. “Não vai vender.”
Parei de falar, algo nos seus olhos me dizia que aquilo era em
vão.
“As avaliações vão ser péssimas”, Jay continuou. “Olha o nome
do livro. Tentação Tripla. Meu Deus, o estigma que esse título
carrega por si só—”
“O título sempre foi esse”, pontuei. “Mesmo antes—”
“Ainda assim”, disse Jay. Seu rosto estava azedo. “Vamos lá.”
“Pelo menos leia”, supliquei. “Leia e você vai entender o
porquê das escolhas. Você está automaticamente dispensando algo
sem ao menos dar uma chance.”
“Olha”, disse Jay, e ele estava sorrindo. Mas era um sorriso
ruim. Um sorriso terrível. “Eu sei que isso é tudo muito divertido para
você…”
As palavras me atingiram como um raio.
“Divertido para mim?”
“Sim”, ele repetiu. “Divertido para você”. Ele tirou a gravata e
jogou sobre a mesa. “Sabe… brincar de casinha com o filho do meu
amigo. Sem mencionar os outros dois amiguinhos. Caramba, eu só
consigo imaginar como é estar lá para você. Aposto que você está
se divertindo muito.”
Capítulo 42

KAYLEEN

Meu estômago se contorceu. Eu estava suando, embora


estivesse sentindo frio abruptamente.
“O—o quê?”
“E bom, não preciso imaginar, não é?”, Jay se admirou. Ele
inclinou o queixo na direção da tela do computador. “Eu posso ler
sobre isso. Juliana… a namorada compartilhada super sexy e legal
dos protagonistas.”
A segunda parte da sua frase saiu de forma ríspida. Não
consegui acreditar que aquilo estava acontecendo.
“Três livros”, disse Jay, com raiva. “Um ano inteiro de trabalho.
E tudo isso jogado fora por causa de uma nova trama introduzida no
último minuto por causa da chef de cozinha que está muito
apaixonada — ou é muito gananciosa — para tomar uma decisão.”
Eu estava de pé com os punhos e o maxilar cerrados.
“Acabou para eles”, disse Jay calmamente. “Vou dizer a eles
amanhã. Nenhuma editora vai publicar qualquer coisa deles sem o
meu apoio, então…”
Enquanto eu estava de pé, tremendo, ele estava recostado
calmamente na cadeira, com os dedos juntos. Seu olhar percorreu
meu corpo, literalmente dos pés à cabeça.
“É claro…”, Jay disse condescendente, sua voz mudou
novamente. “Existe uma maneira de me fazer entender o ponto de
vista deles…”
Meu sangue ficou quente. Tudo naquele homem — sua voz,
sua expressão, seu sorriso bajulador e malicioso — tudo aquilo me
causava calafrios.
Jay ficou de pé e deu um passo malicioso na minha direção.
Eu queria sair. Me virar e correr. Mas algo me disse para
permanecer ali.
“Como eu estava dizendo, eu não preciso imaginar”, ele disse
sinistramente. “Se você conseguir… me convencer…”
Então ele simplesmente me tocou. Seu braço se moveu com a
eficiência de uma cobra, sua mão se fechou no meu punho.
“Me solta”, eu disse, friamente.
Sua mão era fria e pegajosa. É claro que seria.
“Eu disse—”
“Eu sei que você acha que é a ‘inspiração’ deles”, Jay caçoou.
“Mas eles só estão te usando”, ele deu de ombros, casualmente.
“Você não é mais do que a vagabunda que cozinha para eles.”
Ele disse aquilo de forma gélida, enquanto apertava meu
punho. Uma pontada de dor invadiu meu braço.
“Você não é nada além de distração”, ele grunhiu. “Você
deveria tê-los deixado em paz. Mas bem, podemos reverter isso. Se
você estiver disposta a trabalhar comigo…’
O pedaço nojento de merda segurando meu pulso acenou na
direção do sofá. Alarmes dispararam dentro da minha cabeça. Eu o
empurrei com força.
Nada aconteceu.
“Ah, para…”, Jay gargalhou. “Agora você vai agir com orgulho
e moralismo?”, ele apontou para o sofá novamente. “Você já fez isso
com os três, qual é a diferença de fazer com um quarto?”
Tentei me afastar de novo, mas ele estava me segurando com
força. Minha mão livre se fechou, meu cérebro me deu diversas
opiniões diferentes, mas nenhuma era verdadeiramente boa.
Jay me puxou na direção dele, até seu rosto estar a
centímetros do meu. Eu conseguia sentir seu hálito. Álcool com uma
nota distinta de alho.
“Eu não acho que você não—”
BUM!
A porta do escritório foi escancarada e quase arrebentou as
dobradiças. O vidro estilhaçou e um buraco na pintura da parede
logo atrás da maçaneta se abriu.
Uma movimentação tomou conta do cômodo e de repente Jay
não estava mais segurando meu pulso.
“QUE MERD—”
Eu gritei — mais surpresa do que por qualquer outro motivo —
e me desequilibrei. Me recompus exatamente a tempo de ver Jay
espalhado sobre a mesa… tomando socos e mais socos na sua
cara arrogante e sarcástica.
BURKE!
Meu amante estava lá, martelando o rosto do editor com seu
punho, um golpe atrás do outro.
“Burke, para!”
Jay estava com as mãos levantadas defensivamente. Não que
aquilo estivesse adiantando. Burke socava seu maxilar, seu nariz, o
lado da sua cabeça. Seu braço estava firme e batia com força
enquanto Jay e eu gritávamos para ele parar.
“BURKE!”
Não sei o que teria acontecido se eu não tivesse gritado alto
daquele jeito. O olhar de Burke era assassino. Eu não tinha certeza
do quanto ele tinha ouvido, não sabia quando ele tinha chegado lá.
Mas eu sabia que estava muito, muito feliz em vê-lo.
Burke finalmente o soltou e Jay caiu no chão como o saco de
merda que ele realmente era. Seu rosto estava uma bagunça. Seu
nariz não parecia estar reto mais…
Meu namorado virou para me encarar. Eu não sabia se ficava
apavorada ou excitada.
“Pra fora”, ele ordenou, apontando a porta. “Agora!”
Saí do escritório e caminhei para a fileira de cubículos mais
próxima. Vi Burke agarrar Jay mais uma vez pelo colarinho e sacudi-
lo. Ele gritou mais algumas coisas na cara do editor que eu não
consegui ouvir, mas ele não o golpeou mais.
Então ele saiu do escritório, pegou minha mão e me arrastou
direto para o elevador.
Ficamos em silêncio durante todo o trajeto, ambos
processando o que tinha acabado de acontecer. Eu estava
tremendo. Burke estava limpando a mão na sua camisa suja de
sangue e xingando em voz baixa.
“Eu… Me desculpa”, consegui dizer quando as portas do
elevador se abriram. “Eu não deveria ter—”
Burke esticou o braço, me impedindo de sair do elevador.
“Não”, ele disse severamente. “Não ouse pedir desculpas.”
Eu pisquei, surpresa. Eu ainda estava fria e tremendo. Nossos
olhos se encontraram e eu senti o calor emanar. A compaixão. O
amor. Me joguei nos seus braços, ele me abraçou forte e eu pude
sentir cada preocupação do mundo derreter.
“Nós não deveríamos ter trabalhado com esse cara, nunca”,
Burke disse, esfregando minhas costas. “Eu sabia que ele era um
saco de merda desde o início.”
Ele me segurou por um minuto, me embalando em seus braços
antes de me tirar do elevador. Eu me senti ainda mais segura
quando as portas se fecharam atrás de nós.
“Eu sabia que isso estava acontecendo”, ele continuou. “Ou
melhor, suspeitei.”
Eu estava chocada. “Como?”
“A forma como você falou dele na cabana”, ele deu de ombros.
“E como você saiu de casa abruptamente essa noite. Era óbvio que
você não tinha consultoria nenhuma. Pelo menos pra mim.”
Funguei e tentei sorrir. “Você é observador pra caralho”, eu
disse. “Sabia?”
Meu amado ignorou o que eu disse e só me apertou mais forte.
“Sinto muito por você ter estado em perigo”, ele disse
gravemente. “Nunca mais vai acontecer de novo.”
Ele me puxou para trás, no comprimento dos seus braços e
então levantou meu queixo para eu olhar para ele. Havia uma coisa
nos seus olhos que me fez derreter. Era um olhar que eu nunca
tinha visto antes.
“Kayleen, eu amo você.”
Todo o frio deixou meu corpo de repente. Me senti quente de
novo. Abruptamente leve, feliz e—
“Eu amo você também.”
A admissão era forte. Humilde. Por alguns segundos, apenas
olhamos um para o outro, deixando a gravidade do que tínhamos
acabado de dizer assentar.
Então a mão de Burke tocou meu rosto e me puxou para mais
perto. E o beijo que ele me deu a seguir sacudiu meu universo
inteiro.
Capítulo 43

KAYLEEN

“Bom, parece que vamos precisar de outra editora.”


As palavras de Burke invadiram ouvidos chocados. Chase e
Nathan tinham ficado em silêncio durante toda a história. Naquele
momento eles estavam apenas putos.
“Graças a Deus você a seguiu”, Chase disse. “Se você não
estivesse lá…”
“Eu sei.”
A sala de estar estava em silêncio, a TV estava muda. As
imagens do programa que os rapazes estavam assistindo ainda
estavam passando na tela.
“Sinto muito, Kayleen”, disse Nathan novamente. Ele deitou a
cabeça nas mãos pela terceira vez. “Mesmo. Eu não sabia.”
“Você não sabia”, o consolei. “Você não tinha ideia.”
“Sim, mas meu pai tinha.”
Nathan ficou chocado e então muito bravo. Parte daquela raiva
era direcionada ao seu pai e aquilo me incomodava.
“Talvez não”, Chase pontuou, “talvez seu pai tenha—”
“Não”, Nathan latiu. Ele estava fervilhando. “Esse cara é um
dos melhores amigos do meu pai. Ele tem que saber que algo nele
não está certo.”
Ele se levantou, pegou o celular da mesa de centro e deixou o
cômodo abruptamente. Eu só conseguia imaginar a conversa que
estava prestes a acontecer.
Chase estava segurando e apertando minha mão para me dar
suporte. “Você tem certeza de que está bem?”
Ele estava me olhando, procurando indícios de que eu não
estava sendo totalmente honesta. Tão doce da parte dele.
“Sim, estou bem”, eu disse, desviando meu olhar para Burke.
Ele sorriu de volta para mim, gentilmente. “Melhor do que nunca”,
adicionei.
Burke se afundou no sofá com um saco de gelo sobre sua mão
inchada. Tão casual que parecia que ele tinha chegado em casa
após um dia duro de trabalho.
“Então você chutou a bunda dele?”, Chase perguntou. “Na
moral?”
“Na moral.”
“E foi bom?”
Burke acenou. “Melhor do que sexo”, ele olhou para mim,
então rolou os olhos. “Ok. Quase melhor do que sexo.”
Eu dei uma risadinha. “Obrigada pelo esclarecimento.”
Meus dois amantes ficaram em silêncio. Olhando para o nada,
perdidos em seus pensamentos.
“Isso muda tudo”, Burke disse abruptamente.
“Uhum.”
“Conseguir uma editora nova vai ser difícil”, Burke continuou.
“Pode demorar meses. Anos.”
“Vamos precisar de um agente primeiro”, disse Chase. “Vamos
precisar fazer orçamentos, preparar alguns capítulos de exemplo
pra apresentar…”
Eu conseguia ver a esperança sumir dos seus olhos. A
empolgação de ter terminado a história sumiu e deu lugar ao monte
de trabalho que ainda precisava ser feito.
“Ou vocês podem publicar independentemente”, sugeri.
Parecia que eu tinha sugerido que eles publicassem a quarta
Lei de Newton pelas caras que eles fizeram.
“O quê?”, eu disse. “É totalmente comum.”
“Nós acabamos de escrever uma trilogia”, disse Chase, “e você
quer que renunciemos à publicação?”
“De jeito nenhum”, respondi. “Vocês vão publicar. Sem ajuda.
Todo mundo faz isso atualmente.”
“Onde?”
“Por toda parte”, eu dei de ombros. “Vocês já procuraram?
Existem diversas plataformas diferentes.”
Chase engoliu seco e apertou os olhos na minha direção.
“Vamos precisar pagar nossos próprios editores”, ele disse. “E isso
vai custar uma pequena fortuna.”
“Sem mencionar a arte da capa. Editoração. Revisão…”, Burke
grunhiu. “Não entendemos nada dessas coisas.”
“Aprenderemos”, eu disse. “Não pode ser tão difícil.”
Burke gargalhou. Talvez não por causa do que eu disse, mas
por causa do meu entendimento do processo. Fiz uma careta.
“Olha, se você não acha que é bom o suficiente—”
“Por favor”, ele rolou os olhos. “Você realmente acha que vai
conseguir usar psicologia reversa de merda conosco?”
“É sério”, continuei, “vários autores de primeira linha
começaram publicando sozinhos. Eles contratam agentes e editoras
depois, quando já estão consolidados. Alguns deles ganham mais
dinheiro ficando independentes. Alguns tem sorte e até conseguem
um bom acordo com a indústria cinematográfica.”
“E você realmente acha que podemos fazer isso?”, perguntou
Chase.
Foi a minha vez de apertar a mão dele. “Claro que sim. Vocês
vão precisar fazer isso”, acenei para o lugar onde Nathan estava
antes. “Ainda mais se as coisas não correrem bem…”
“E elas não vão”, Burke adicionou rapidamente.
“Então sim”, eu disse. “Publicar os livros sozinhos talvez seja a
melhor e única opção.”
Chase ficou de pé, caminhou até a janela, encarou o deserto
na noite, contemplativo, com as mãos na nuca.
“Publicações independentes, então?”
Até sua silhueta era linda. Larga, com os ombros afinando na
direção da cintura. Um V perfeito. E aquela bunda… que Deus
conserve. Que bunda.
“Você sabe por onde podemos começar?”, ele perguntou,
ainda olhando pela janela.
“Sim.”
Ele se virou para Burke, que assentiu.
“Vamos nessa então. Temos muito trabalho pela frente.”
Capítulo 44

NATHAN

Acordei sentindo Kayleen curvada atrás de mim, dormindo de


conchinha comigo na minha cama. Eu não me lembrava de ter ido
dormir com ela. Para falar a verdade, eu não me lembrava muita
coisa da noite anterior.
Porque eu estava bêbado.
Caralho…
Meu quarto não girava mais quando eu abria os olhos. Aquilo
era definitivamente progresso. Mas as marteladas na minha
cabeça… bom, aquilo era algo que eu deveria resolver logo.
No entanto, me desvencilhar do corpo de Kayleen era difícil,
toda morna e macia e adormecida. Se não fosse aquela dor de
cabeça, eu teria ficado ali para sempre. Mas ao invés disso,
caminhei descalço pelo corredor até a cozinha.
Tudo estava impossivelmente brilhante, ridiculamente
iluminado. Chase e Burke já estavam ali fazia um tempo. A garrafa
de café estava quase vazia.
“Bem-vindo de volta”, um deles disse.
Me atrapalhei tentando abrir um pote de aspirinas. Finalmente,
Chase tomou da minha mão e abriu para mim.
“Você está bem?”
Eu olhei para o meu amigo e forcei um sorriso. “Suave.”
“Cara, seu cheiro não está suave.”
Resmunguei e me sentei do outro lado de Burke, que já tinha o
laptop aberto. Entretanto, ele não estava escrevendo. Com o
mouse, ele estava possivelmente rolando uma tela.
“Estamos fodidos, não estamos?”, ele disse sem me olhar.
“Sim. Definitivamente.”
Tomei meu primeiro gole de café e quase suspirei. Mas
suspirar não ia nos ajudar naquele momento, decidi. Suspiro é coisa
de molenga.
“Vamos ouvir”, disse Chase.
“Ouvir o quê?”
“Seu pai”, ele disse. “Sobre a sua ligação. Conte-nos como foi
a conversa com ele.”
Memórias que eu tinha intencionalmente deixado borradas
começaram a tomar forma na minha mente. Eu conseguia imaginar
a careta do meu pai do outro lado da linha. Enquanto ele gritava
rispidamente comigo. Zombando de mim, me repreendendo. Por
tudo e por qualquer coisa.
Meu Deus, se eu não estivesse tão bêbado, juro que teria
dirigido até a casa dele. Que bom, porque a coisa teria ficado feia.
“Bem, meu pai acha que nós somos os cuzões”, eu disse.
Burke levantou uma sobrancelha. Chase, as duas.
“Você está de brincadeira?!”
“Quem me dera. Aparentemente, Jay ligou pra ele antes, antes
mesmo de vocês terem chegado em casa.”
Burke fez uma careta e chacoalhou a cabeça. “Claro que ele
ligou. Pra controlar os danos.”
“Ah”, eu bufei. “Ele fez bem mais do que isso.”
O tom que meu pai tinha usado na noite anterior destruiu
alguma coisa entre nós. Ele tinha conseguido arrancar lascas
importantes da nossa relação que já era frágil. Eu não sabia se
daquela vez eu ia conseguir relevar.
“Jay disse a ele que Kayleen apareceu lá, tarde da noite, do
nada”, eu disse, “e que ele não tinha ideia de quem ela era. Ou
inicialmente, que diabos ela queria.”
“Ele é um mentiroso do caralho”, Chase rosnou
desnecessariamente. Acenei antes de continuar.
“Ele disse ao meu pai que tentou ser razoável com ela, mas
que ela estava bêbada e maluca. Quase violenta. Que ela queria ser
uma personagem na nossa história e então ela… ela…”, eu pausei,
tentando encontrar palavras melhores para explicar. Mas realmente
não consegui.
“O quê?”
“Jay disse ao meu pai que ela admitiu ter transado com nós
três para conseguir estar no livro.”
O rosto de Chase se contorceu em uma fúria que eu não tinha
visto desde que um cuzão resolveu encostar em sua irmã no Ensino
Médio. Já a expressão de Burke era o oposto. Ele estava
mortalmente calmo, seus olhos claros como cristais.
Eu não sabia qual das duas reações era mais assustadora.
“Ele disse o quê?”
“Ele disse que Kayleen tinha ido se encontrar com ele pra se
certificar de que ele não iria cortá-la na edição. Que ela tentou agir
preventivamente, sabendo que nos encontraríamos no dia seguinte”,
apertei minha xícara de café com força entre as duas mãos. “Ele
disse que ela contou a ele tudo sobre nós. Tudo”, abaixei minha voz.
“E então ele disse outra coisa…”
O corpo todo de Chase estava chacoalhando de raiva.
Calmamente, Burke fechou seu laptop.
“E o que foi?”
“Jay disse que Kayleen deu em cima dele.”
Um “bang” ressoou quando Chase chutou o armário de cozinha
mais próximo. Panelas se agitaram fazendo barulho do lado de
dentro. Entretanto, Burke nem se moveu.
“E o que você disse a ele?”
“Eu disse a verdade, é claro. Que Kayleen foi até lá para falar
sobre a história porque ele fez contato com ela antes.”
Aquela parte foi surpreendente — nossa namorada realmente
tinha conhecido Jay antes da noite anterior. Eu ainda estava
incomodado porque ela não tinha nos contado sobre seu primeiro
encontro com ele. Nós todos estávamos.
“E o que você disse a ele sobre—”
“Eu disse a ele a verdade sobre isso também”, continuei. “Que
sim, eu estou com ela. Que estamos com ela, mas que o fato de
estarmos com ela não interfere em nada na história, nem no fato
dela ter estado lá ontem ou—”
“Ah, eu acho que tem a ver com a história.”
Eu me virei e ali estava ela, parada, vestindo uma das minhas
camisetas. Nos ouvindo do portal, apertando os olhos contra o sol
da manhã. Me perguntei quanto tempo ela tinha estado ali, o que
mais ela tinha ouvido.
Não precisei perguntar.
“E o que mais você disse ao seu pai?”, ela perguntou
inocentemente.
Ela estava com a mesma aparência de sempre: linda e
perfeita. Uma perna desnuda cruzada sobre a outra. Inclinada sobre
o batente da porta da mesma forma que eu já tinha visto outras
dúzias de vezes sobre uma prancha de surf.
“Eu disse a ele que eu te amo”, respondi, sem titubear.
O tempo parou. Pela primeira vez, a cozinha estava em total e
completo silêncio.
“Na verdade, eu disse a ele que nós te amamos.”
Capítulo 45

KAYLEEN

Eles estavam me encarando, os três, quase como se


estivessem me vendo pela primeira vez. Não como uma pessoa,
não como sua chef de cozinha, sua colega de casa, nem mesmo
como sua amante compartilhada.
Eles estavam me olhando com uma intensidade muito maior.
Eles estavam me olhando com confissão nos olhos.
“Isso é verdade?”, consegui perguntar.
Minha boca estava seca. Meu coração estava acelerado! E
além disso tudo, eu estava tendo uma conversa — provavelmente
uma das mais importantes da minha vida — antes de tomar uma
única gota de café.
E ainda assim…
“Sim”, disse Chase sem hesitar. Sorri calorosamente. Era muito
tocante a forma como sua expressão tinha mudado de raiva para
amor tão rápido.
Os dois se viraram para Burke, que deu de ombros da forma
que conseguiu.
“Bom, se estamos todos sendo honestos”, ele disse,
vagarosamente descruzando os braços. “Sim”, e me deu um sorriso
de lado, quase secreto. “Totalmente.”
Eu estava explodindo de emoção! Mas não podíamos celebrar
naquele momento. Não porque as coisas ainda estavam muito
bagunçadas.
“Eu amo vocês também”, eu disse, entrando na cozinha.
“Todos vocês. Amo pra caralho”, sorri. “Mas eu—”
“Ama mais ainda uma xícara de café?”
Chase já estava me servindo uma das minhas xícaras
favoritas. Eu gargalhei.
“Eu ia dizer ‘também’, não ‘mais ainda’. Mas gosto do fato de
você já estar atento.”
Me afundei numa cadeira vazia, inalando meu primeiro gole
enquanto o tomava. Então me virei para Nathan. Dos três, ele era
quem me preocupava mais.
“Você está bem?”
Ele acenou melancolicamente. “Além da britadeira na minha
cabeça”, ele disse. “E não ter conseguido nenhuma resposta sobre
as publicações. E do meu pai pensar que batemos no seu melhor
amigo porque uma garota duvidosa estava ‘se jogando’ em cima
dele…”, ele suspirou. “Minha manhã está indo muito bem.”
Meu estômago roncou de forma audível. Me dei conta de que,
no meio daquele caos, eu não tinha jantado na noite anterior.
“Ok, então não temos mais editora”, Chase disse, tentando
encontrar o lado bom daquela situação. “E daí?”
“Somos melhores que isso”, disse Nathan.
As expressões dos outros ficaram imediatamente graves. Algo
no tom de Nathan me dizia que suas próximas palavras não nos
deixariam muito felizes.
“Meu pai quer que a gente saia.”
Burke assobiou. Chase colocou uma mão na cabeça.
“Saia?”, pisquei.
Ele acenou.
“Sair, tipo sair?”
“Ele paga o aluguel mensalmente”, disse Nathan. “E ele vai
cancelar com efeito imediato.”
“Bem… que merda.”
“Dupla merda.”
“Quanto é?”, perguntei.
Nathan riu de nervoso. “Por mês? Muito mais do que podemos
pagar.”
“Você não sabe”, eu disse. “Eu tenho uma reserva.”
Lá se vai o curso de gastronomia.
O pensamento foi repentino e invasivo, mas eu o afastei, me
sentindo culpada. Eu tinha ficado lá sem pagar aluguel ou qualquer
outra conta por meses. E eles ainda pagavam pela comida e todas
as outras despesas. Só havia um motivo pelo qual eu tinha
finalmente uma reserva financeira.
“Tenho um pouco de dinheiro guardado também”, disse Burke.
“Não é muito, mas o suficiente pra nos manter aqui por mais um
mês, talvez.”
“Enquanto procuramos por outro lugar?”
“Não”, disse Burke. Ele olhou rapidamente para Chase e eu,
antes de finalmente olhar para Nathan. “Enquanto publicamos
nossos livros independentemente.”
Os olhos de Nathan se arregalaram. Não por choque ou
ceticismo ou nada do tipo.
Não, daquela vez sua expressão era de entusiasmo.
“Sério? Vocês topariam?”
Chase ficou parado onde estava, sem dar nenhuma indicação.
Mas Burke acenou vagarosamente.
“Não é uma escolha ruim”, ele disse. “Comecei a ler sobre isso
na noite passada. E quanto mais eu leio, mais entendo que é um
bom caminho a ser trilhado.”
Ele abriu seu laptop de novo e Nathan avidamente se sentou
em uma cadeira. Quando Burke clicou no mouse de novo, eu e
Chase também estávamos perto.
“Temos muita coisa a fazer, eu sei. E definitivamente
precisamos de dinheiro. Mas assim que passarmos pelos primeiros
passos, o resto é apenas marketing.”
Ele abriu uma longa lista que ele aparentemente tinha escrito
enquanto o resto de nós dormia. Eu o cutuquei com o joelho, como
encorajamento.
“Nós temos nossos próprios seguimentos, sem mencionar a
associação sólida aos nossos sucessos anteriores”, Burke
continuou. “E nós podemos tomar conta das redes sociais
facilmente. Especialmente se os três—”
“Quatro”, interrompi categoricamente.
“Corrigindo, quatro”, disse ele, sorrindo. “Melhor ainda.”
Capítulo 46

KAYLEEN

Burke falou sobre tudo o que ele tinha aprendido nas


pesquisas por uma hora e meia. Falou sobre a agenda de
lançamentos. Sobre estratégias nas redes sociais. Ideias de
promoções e como eles poderiam usar seus contatos de marketing
do passado para aprimorar o impacto. Nathan ficou encarregado de
buscar as soluções criativas, tipo capa e contracapa. Chase se
encarregou do resto todo.
E eu fiquei encarregada de fazer os mais belos e cremosos
ovos Benedict que já tinha feito na vida. Comi dois enquanto os
rapazes basicamente ignoraram seus pratos.
Quando eles finalmente se espalharam em direções diferentes,
eu estava satisfeitíssima. Empolgada em ver os rapazes tão
estimulados, animados, cheios de ambição. Mesmo na iminência de
um desastre.
E foi assim que a culpa me invadiu.
Você é a responsável, Kayleen.
Eu tinha ignorado o pensamento até aquele momento. Evitado.
Mas ali estava ele.
Se você não tivesse insistido em ir encontrar Jay…
Lavei os pratos e outros utensílios. Limpei totalmente os restos
de molho holandês. Meu sorriso já tinha sumido do rosto.
Tecnicamente era minha culpa. Se ao menos eu tivesse
seguido meu próprio instinto. Se eu tivesse contado a eles no chalé,
ou até mesmo antes.
Eu estava colocando um prato na lava-louças quando uma
mão abruptamente cobriu a minha.
“Ei…”
Chase se materializou atrás de mim feito um ninja. Ele me
esperou colocar o prato na máquina e então virou meu rosto na
direção do dele.
“Você não está triste com essa história toda, está?”
Eu não conseguia evitar. Não conseguia esconder. Então tentei
desviar o olhar.
“Kayleen, pare.”
Sua voz estava surpreendentemente gentil. Eu esperava que
ele estivesse bravo ou ao menos desapontado. Chase sempre foi o
que mais se empolgou com os livros. O mais animado com a ideia
de publicar e com o processo de marketing.
“Eu… eu arruinei tudo”, eu disse.
“Não mesmo.”
“Sim, Chase. Arruinei”, eu não queria falar sobre aquilo
naquele momento. Eu não precisava de paternalismo. “Se eu não
tivesse metido o meu bedelho—”
“A culpa não é mais sua do que é do pai do Nathan”, ele me
interrompeu. “Ainda não decidimos, mas ele pode ser ou não um
grande idiota teimoso.”
Ele sorriu, mas não fez efeito para mim.
“Bom, isso aconteceria de qualquer forma”, disse Chase. “Jay
receberia os capítulos e quando ele visse que não tínhamos tirado
Juliana da história… ele romperia o combinado.”
Me senti um pouco mais leve. Aquela parte era definitivamente
verdade. Aquele idiota já tinha ameaçado.
“Ainda assim, eu sou a culpada por Juliana existir na história”,
eu disse. “Não estou me gabando nem nada, mas a personagem é
obviamente baseada em mim.”
“Ela é baseada no nosso relacionamento com você sim”,
Chase concordou parcialmente. “Mas ela é fictícia.”
“A personalidade dela, seus trejeitos — são muito parecidos
com os meus”, argumentei. “Fora o cabelo roxo, ela sou eu.”
Chase coçou o queixo e suspirou. Então deu de ombros. “E
daí? Você gostou da história, não gostou?”
“Eu amei a história! Não é esse o ponto.”
“Sim, é esse o ponto”, disse Chase. “Juliana faz com que a
história fique melhor. Assim como você nos fez melhores.”
Ele esticou os braços e envolveu minha cintura. Então me
inclinou sobre o balcão me puxando para perto.
“Jay estava certo sobre a necessidade de um elemento
feminino no romance. Uma heroína forte. Alguém pra aparar as
arestas machistas desse bando de pinto saliente.”
Ele estava sorrindo para mim, suas mãos escorregaram pela
borda da minha camiseta — ou melhor, camiseta do Nathan — até
ele alcançar minha bunda coberta apenas pela minha tanga.
“A única coisa que fizemos foi escolher uma mulher ao invés
de várias. Um interesse amoroso ao invés de três. Não é ortodoxo, é
um tabu e provavelmente algumas pessoas vão condenar a
escolha…”
Nossas coxas e virilhas estavam encostadas.
“Mas funciona pra nós, não funciona?”
Assenti vagarosamente. O calor entre nossos corpos era uma
distração maravilhosa.
“Sim.”
“Bom, vai funcionar no livro também.”
Ele me apertou forte e eu derreti no seu corpo. O primeiro beijo
de Chase fez minha culpa e raiva desaparecerem. O segundo e o
terceiro foram ainda mais sensuais, apaixonados. Eles acabaram
com qualquer pontada de pensamento racional que existia em mim.
“Você está pensando no mesmo que eu?”, ele perguntou.
Eu me senti leve como uma pluma em contato com seus
músculos duros fazendo uma espiral em volta de mim.
“Que os outros vão nos matar se não começarmos a
trabalhar?”, eu disse, me odiando por aquelas palavras.
Chase gargalhou e me deu um tapa na bunda. “Sim!”
O tapa doeu, mas fez minha bunda ficar quente, marota,
tesuda e gostosa. Especialmente quando ele a apertou de novo.
“Vamos ter que continuar isso depois”, ele disse.
Eu me virei, roçando a bunda no seu volume com pressão
antes de me afastar dele.
“Desde que você continue com esses tapas também”, eu
pisquei para ele por cima do ombro.
Capítulo 47

KAYLEEN

As semanas posteriores foram como andar na corda-bamba.


Um equilíbrio precário entre trabalhar o tempo todo em que
estávamos acordados e pesquisar a melhor forma de gastar o nosso
já limitado orçamento.
Gastei até o último centavo das minhas economias. Burke
também. Fiel à sua promessa, o pai de Nathan cortou o aluguel
completamente. Felizmente, ele tinha crédito para conseguir algum
dinheiro. Pelo menos por enquanto.
Chase voltou a trabalhar com reformas e fez de tudo, desde
construção à eletricidade. Era cansativo. Ele voltava exausto e
geralmente tarde, cheirando à serragem e cedro e aqueles outros
aromas bons de madeira. Aquilo me deixava excitada.
Mas não tínhamos tempo para sexo. Nossa rotina sexual
anteriormente explosiva foi reduzida a rapidinhas e encontros
fortuitos à meia noite, e geralmente era eu quem os escalava e
sentava nos seus membros meio desmotivados por causa do
cansaço. Mas estava tudo bem para mim. Eu entendia, assim como
eles, a importância do lançamento dos livros. Como cada minuto de
dedicação à promoção ou ao marketing da pré-venda valeria
dinheiro mais tarde, porque garantiria o sucesso da trilogia.
Publicar tradicionalmente deixou de ser uma opção. Nós
tivemos que escolher entre gastar nosso dinheiro com a promoção
dos livros ou no aluguel da vila por mais um tempo enquanto
esperávamos respostas de agentes ou editoras. A segunda opção
era arriscada. Podia ser que nosso dinheiro acabasse e nós não
recebêssemos nenhuma resposta positiva. Já a primeira…
Bom, a primeira opção era segura. Nós lançaríamos o livro de
qualquer maneira, para o bem ou para o mal. Seria um triunfo
brilhante ou uma falha cataclísmica… ou um meio termo.
Não havia nenhum momento em que um de nós não estivesse
na frente do computador, contactando possíveis colaboradores ou
pesquisando como fazer o livro prosperar. A casa estava sempre
quieta, mas alguém sempre estava acordado. E sempre havia muito
café envolvido…
Algumas boas notícias foram chegando. Um membro da
equipe de marketing do escritório de verão de Jay — alguém que
tinha ficado empolgado com os livros — tinha se apiedado de nós.
Por sorte, ele tinha desenvolvido um relatório com Nathan que
continha informações o suficiente para nos ajudar, com dicas e
conselhos e até mesmo nomes e endereços. Se ele fosse pego,
seria demitido imediatamente. Nathan o protegia encontrando-o
pessoalmente e nunca revelando seu nome, nem mesmo para nós.
Faltava pouco. Uma semana. Cinco dias. Quatro. Dois…
“É amanhã.”
As palavras ecoaram na cozinha vazia, reverberando nos
eletrodomésticos inoxidáveis. Chase esfregou os olhos cansados
enquanto falava enquanto o resto de nós se sentava em círculo.
“Tudo começa amanhã.”
Nós sabíamos o que aquilo significava, o que estava em jogo.
Os três livros seriam lançados com dois meses de diferença entre
cada. O sucesso de mais de um ano de trabalho duro e
planejamento dependia do que aconteceria a seguir. O dia seguinte
seria definitivo para nossa vitória ou derrota.
“Não há nada que possamos fazer hoje”, disse Nathan. “Está
tudo certo, tudo agendado.”
“Tudo o que podemos fazer é sentar e esperar”, disse Chase.
“Começar a atualizar nossas telas à meia noite, então—”
“Foda-se.”
Me levantei e estiquei as pernas pela primeira vez no dia.
“Vamos sair”, eu disse. “Estou convocando.”
“Sério?”
“Seríssimo. Acho que ainda tenho uns trocados no bolso”, dei
uma risadinha, “se eu espremer com força.”
Os outros se entreolharam com alegria. Na verdade, eu podia
sentir a tensão saindo dos seus corpos.
“Ela está certa”, disse Burke. “Merecemos. Na verdade,
precisamos disso”, ele ficou de pé e desligou o laptop. “Dia da
atenção à saúde mental."
Chase olhou pela janela. Estava realmente muito escuro do
lado de fora. “É mais a noite da atenção à saúde mental.”
“Mais uma razão para darmos o fora daqui”, Burke concordou,
“amanhã está quase chegando…”
Nathan acenou e sorriu. Ele pegou o telefone do bolso e o
jogou sobre a mesa. “Sem celular. Sem nada.”
Burke acenou firmemente, concordando e fez o mesmo. Chase
o seguiu.
“Hoje somos só nós.”
Capítulo 48

KAYLEEN

Não era o melhor restaurante do mundo, mas também não era


uma espelunca. Comemos na praia, num lugar chamado Píer. O
lugar perfeito para gastar nossos últimos centavos bebendo cerveja,
comendo ostras e aproveitando até eles fecharem.
Na volta para casa, caminhamos perto da água, de braços
dados. Quase não tínhamos casa, financeiramente fodidos. Pela
primeira vez em semanas não tínhamos nenhuma preocupação —
nosso destino não estava nas nossas mãos.
Nos sentimos livres, leves e soltos. Totalmente zonzos com a
total falta de responsabilidades.
Imprudentes também.
De repente eu estava sendo segurada, beijada, tocada… na
base de um píer velho. Burke me segurava por trás, com o rosto
enfiado no meu pescoço enquanto Nathan segurava meu cabelo.
E Chase… estava de joelhos na areia, beijando minha barriga
enquanto levantava meu vestido pelas minhas coxas.
CARALHO, SIM, POR FAVOR.
Meu Deus, eu senti falta daquilo. Senti muita falta daquilo! De
ser compartilhada também, mas só do simples fato de passar tempo
com eles… ou de estar com eles juntos, nós quatro. Porque era
exatamente nosso melhor cenário.
“Aqui?”, eu ri, tentando colocar meu vestido no lugar, mas sem
muito afinco.
“Por que não?”
“Porque temos uma cama”, protestei sem muita convicção. “Na
verdade, temos quatro camas e até um—”
Dei um pulo quando o ar frio da noite cortou meu mamilo
exposto. A boca de Nathan se fechou em torno dele rapidamente,
quente e molhada. Aquilo era tão bom que me fez me empinar para
trás, me esfregando no volume já duro de Burke que se pressionava
contra minha bunda.
“Eu—eu quero dizer…”
A boca de Chase chegou ao seu destino e minhas palavras
foram interrompidas por um suspiro longo e contido. Ele estava
debaixo do meu vestido, provando minha umidade com a boca e
com a língua…
Caralho.
“Pensando bem…”
Suspirei e encarei a lua. Era uma moedinha de prata lá no alto.
Eu ouvia gargalhadas distantes na marina e o barulho branco e
rítmico das ondas se quebrando na costa.
“Você tem certeza de que não quer que a gente pare?”, Nathan
provocou. Eu o agarrei ainda mais forte contra meu peito para fazê-
lo ficar quieto. “Porque podemos facilmente—”
“Fica quieto.”
Era tarde, mas não muito tarde. Aquela faixa de areia era
privada, mas não totalmente. E bom, eu tinha tomado quatro
coquetéis, estava enterrada em um mar de músculos e com muito
tesão. Finalmente eu estava entre os três juntos de novo, finalmente
eu seria corretamente saciada…
“Por favor”, suspirei. “Me fodam.”
Chase praticamente rasgou minha calcinha e me virou. Eu ouvi
o barulho do seu cinto, do seu zíper e, de repente, ele estava
enterrado em mim por trás. Ele tinha enfiado até as bolas na minha
boceta.... enquanto os outros me seguravam pela frente e pelo lado.
“Caralho…”
Me empinei para trás, parafusando minha bunda contra meu
primeiro amante enquanto ele me fodia profunda e vagarosamente.
As mãos de Chase estavam nos meus ombros. Ele controlava a
profundidade, o ângulo — cada aspecto da penetração enquanto
socava em mim sem parar, debaixo dos suportes de madeira podre
daquele píer velho e carcomido.
Você está completamente louca.
Nathan segurou meu rosto com as mãos e me beijou
ferozmente enquanto Burke corria as mãos pelas laterais do meu
corpo. Eu senti o cheiro de amendoim. De pipoca. O som e o cheiro
do píer novo — e as luzes dos brinquedos do parque de diversão
somente a alguns metros de distância dali.
Mas não ali. Não no nosso mundinho privado e sombrio perto
da costa. Escondido da luz fria e fraca da lua no céu.
As mãos de Chase agarraram meu quadril com força e eu
podia sentir que ele estava prestes a gozar. Me enfiei para trás,
mexendo a bunda em círculo enquanto gemia na boca de Nathan.
Ele explodiu feito uma rolha em uma garrafa de champanhe, se
esvaziando dentro de mim.
“CARALHO…”, ele suspirou quando finalmente acabou. Senti
suas mãos relaxarem. “Quem é o próximo?”
Um por um eles me tomaram, segurando meu corpo com força
entre eles enquanto alguém me destruía por trás. Tudo naquela
dança era cru e primitivo. Indescritivelmente gostoso. Havia um quê
em estar do lado de fora… em sentir o vento na minha pele,
respirando o ar salgado do mar. Uma liberdade incrível que vinha
com o fato de estarmos do lado de fora e ainda assim ser tomada
daquele jeito, das formas mais animalescas.
Nathan terminou com um grito, se enfiando profundamente até
o penúltimo momento. Colidindo em mim como as ondas colidem
com a costa. Então finalmente Burke se apossou do seu lugar, me
segurando forte pela bunda. Golpeando seu corpo no meu. Me
usando para o seu prazer.
Eu gritei de júbilo e a mão de Chase cobriu minha boca. Talvez
ele estivesse querendo me fazer me calar, mesmo que
estivéssemos longe da multidão. Era mais provável que ele
estivesse tentando me deixar mais excitada.
Ele sabe do que você gosta…
E era verdade. Não havia segredo sobre meu corpo mais. Eles
já estavam acostumados a me foder separadamente e juntos, e
dividiam seu conhecimento da mesma forma que me dividiam.
Eles todos sabem.
As mãos de Burke deslizaram para os meus braços até meus
pulsos. Ele estava me fodendo selvagemente, segurando minhas
mãos por trás. Se enfiando em mim com uma eficiência implacável
até eu gritar contra a palma da mão de Chase e gozar como se
fosse o fim do mundo.
E era, de certa forma. O fim do mundo que conhecíamos até o
momento. Todo o trabalho que tínhamos feito por semanas e meses
era parte daquela empreitada tremenda. As incontáveis horas. Todo
o dinheiro gasto. A mudança de casa. Tudo aquilo dependia do
sucesso ou do fracasso de um único romance de quatrocentas
páginas. Que poderia ser lido por milhares de pessoas… ou por
ninguém.
Mas isso importa?
O pensamento era totalmente descabido. Um alienígena. É
claro que importava!
Sim, mas acertando ou errando… você ainda os ama.
Eu estava prestes a explorar mais aquela linha de pensamento
quando Burke finalmente explodiu. Ele atingiu fundo, suas bolas
pendendo contra mim. Senti minha boceta se contrair uma última
vez e de repente ele estava pulsando, vibrando, gemendo alto
enquanto me segurava firme.
Jesus…
Finalmente ele tirou o pau de dentro de mim e me ajudou a
colocar o vestido de volta no lugar. Imediatamente eu pude sentir
filetes de sêmen quente escorrendo pelas minhas pernas. os
rapazes estavam em volta de mim, sorridentes. Seus peitos
estavam estufados de orgulho, aproveitando o momento.
“Tomara que tenha uma toalha no carro”, suspirei.
Chase deu uma risadinha enquanto pegava minha mão. “Pra
casa, já?”
“Ah, sim”, eu disse, puxando seu braço para mais perto. Por
Deus, como era bom tê-los por perto daquele jeito.
“Nós temos que ir”, disse Nathan. “Temos um caminho longo
pela frente.”
“Tudo bem”, eu disse. “Vamos tomar um banho quente. Vou
preparar um lanche e podemos ficar no sofá assistindo um filme…”,
suspirei com alegria. “Ei, que tal se dormíssemos os quatro juntos
hoje?”
Visões de um mar de travesseiros e cobertores no chão
invadiram minha mente. Meu corpo rodeado por pele, calor,
músculos…
“Sim, por que não?”, disse Burke. “Apesar de que, com a
iminência do lançamento nas nossas cabeças, eu duvide muito de
que alguém vai conseguir pregar os olhos. Eu diria que vamos
passar a noite em claro juntos.”
Minha mão livre segurou sua mão e eu sorri. “Bom, talvez seja
esse meu plano, na verdade.”
Capítulo 49

CHASE

O lançamento correu tão bem quanto esperado. Talvez até


melhor, o que foi difícil dizer, porque não tínhamos experiência
prévia no assunto.
Ao invés disso, passamos os dias posteriores grudados nos
nossos computadores, acompanhando as vendas subirem e o livro
subir de posição na lista dos mais vendidos. Foi uma primeira
semana intensa. Nós sabíamos que precisávamos trabalhar pesado
no marketing do segundo livro da trilogia, mas foi difícil focar.
E o mais maravilhoso foi observar o quão rápido as pessoas
são capazes de avaliar um livro. Meses e anos dedicados à escrita
de algo possível de ser lido em um ou dois dias. E ainda assim, as
avaliações eram devastadoramente fantásticas. Nos sentávamos
juntos para ler em voz alta no fim de cada dia, sabendo que cada
uma delas era um passo importante em direção à nossa meta
principal: a lista dos mais vendidos.
Promoção por promoção, nós ultrapassamos outros livros do
mesmo gênero. É claro que a presença de Juliana era um tabu. Era
uma reviravolta sexy e proibida na narrativa que não estava lá
desde o começo. Mas que melhorava a história. Fazia tudo muito
mais importante. Escrever um romance sobre a vida e o amor.
E o maior detalhe de todos: dissemos a Kayleen que a
amávamos. Não foi algo que planejamos, só aconteceu. Mas era
amor. Não dá para planejar o amor, ou evitar ou lutar por ele. Ou ele
está lá ou não está. E no caso dela, era amor vezes três.
Ela nos amava de volta, o que era ainda melhor. Fazia tudo
ficar mais completo. Mais igualitário. Kayleen era aberta e carinhosa
— ela se importava profundamente, diferente de qualquer outro
relacionamento que eu tive antes. Enquanto nós três tínhamos
encontrado uma mulher incrível para amar, ela tinha três homens
para cuidar. Três relacionamentos diferentes para cultivar e
alimentar.
E ela dava conta do recado. Ela lidava com cada um de nós à
sua maneira especial, assim como seu trabalho. A paixão de
Kayleen pela culinária era óbvia desde antes dela se tornar nossa
namorada. Ela fazia o que amava, assim como nós, mas a diferença
é que ela estava sacrificando um pouco do seu negócio para nos
ajudar com o nosso.
Só por esse motivo, nós precisávamos que tudo desse certo.
Precisávamos alcançar nossa meta de ficar financeiramente
independentes. De conseguir o suficiente para permanecermos
onde estávamos e nos preparar para o próximo passo, para uma
vida melhor. E para melhorar a vida dela.
Em duas semanas ficou óbvio que nosso livro era um sucesso.
Ele tinha sido descrito como único, arrojado e cru. Entre as redes
sociais e propagandas pagas conseguimos alcançar o escalão mais
alto. Estávamos planando em direção a fontes e lojas novas e
independentes. Se alcançássemos aquela marca, seria muito bom.
Ou poderíamos ir mais além.
Nossa meta era sermos notados por agentes. Escolhidos por
editoras. Ter nosso livro em estantes reais além das milhares de
cópias digitais que tínhamos vendido e as cópias impressas sob
demanda. Mas tudo isso dependia do que aconteceria a seguir.
Enquanto isso, compartilhávamos Kayleen mais do que nunca.
Além do nosso suporte emocional e físico, ela era uma distração
gostosa do estresse que nos rodeava. No passado, nosso livro tinha
sido um navio e nós controlávamos o timão. Mas naquele momento,
a história estava navegando entre massas, à deriva. Renunciar ao
controle era novidade para nós.
Além disso, tê-la em casa conosco era maravilhoso. Ver seu
sorriso ao final de cada dia, sabendo que ela não iria embora. Que
ela era nosso lar. Que pertencia a nós.
E que nós também pertencíamos a ela.
Foi quase depois de um mês do lançamento que aconteceu: o
livro ficou entre os dez mais vendidos de uma lista das listas mais
prestigiadas. As vendas aumentaram enlouquecidamente. Uma
nova vida começava.
Burke chegou em casa e jogou o jornal sobre a mesa sem
dizer nada, Nathan e eu largamos os garfos simultaneamente para
pegá-lo, quase rasgando-o em duas partes…
Ainda estávamos comemorando com tapinhas nas costas e
abraços quando Kayleen entrou no cômodo. Ela estava usando seu
avental de cozinha branco cheio de manchas depois de um dia
longo de trabalho. Nós sorrimos e abrimos os braços, convidando-a
para um abraço coletivo.
Foi só quando ela estava entre nós com o queixo curvado
sobre o peito que nos demos conta de algo que fez nosso sangue
congelar.
Kayleen estava chorando.
Capítulo 50

KAYLEEN

Eu não conseguia falar. Eu nem conseguia enxergar com os


olhos inchados de chorar. Eu nem deveria ter dirigido, mas ainda
assim dei um jeito de chegar em casa.
“Linda, o quê? O que está acontecendo?”
Os três me perguntaram a mesma coisa, enquanto me
colocavam no centro de um círculo de carinho. Normalmente sentir
seus braços ao meu redor no final de um dia era incrível, mas
naquele momento quase que pouco importava.
“Conte-nos!”, eles estavam ficando preocupados. Tudo o que
eu podia fazer era soluçar. “Kayleen, por favor, o que—”
Eu empurrei o tabloide na direção deles sem dizer nada. Eu
estava com ódio. Devastada. Até mesmo envergonhada.
Alguns segundos se passaram enquanto o papel se agitava
nas mãos deles, e então houve o silêncio ensurdecedor. Foi Burke
quem finalmente disse alguma coisa.
“Eu vou matar alguém!”
Marcy tinha me ligado. Marcy quis se encontrar comigo para
dar a notícia. De alguma forma, aquilo tornou tudo menos terrível.
Mas não muito.
“Isso é inacreditável”, escutei Chase dizer. “Quem diabos faria
algo assim?”
“As pessoas que conhecem meu pai”, disse Nathan, miserável.
“Essas pessoas.”
Era um jornalzinho de meia tigela, nem valia a pena ler, mas
era amplamente distribuído pelo país todo de forma gratuita.
Daqueles que te encaravam no caixa do supermercado até você
decidir pegar um exemplar para matar o tédio ou ler alguma história
enquanto espera na fila.
No meio do tabloide, ocupando metade da página, havia uma
foto minha. Enorme, colorida. Não estava só eu na foto, mas os
rapazes também. Os três. Ao meu redor. Me segurando e me
beijando…
E acima da foto, um título grande em negrito.

NOVO ROMANCE DE SUCESSO


EXIBE TRAMA DA VIDA REAL:

OS TRÊS JOVENS AUTORES


ESTÃO DE FATO
COMPARTILHANDO
A MESMA NAMORADA!

Li a manchete diversas vezes enquanto encarava a imagem.


Na foto, eu estava beijando Chase. Não só um beijo qualquer.
Estávamos dando uns amassos. Burke estava atrás de mim, com a
boca no meu ombro, enquanto Nathan levantava meu vestido, suas
mãos pelo meu corpo.
Não havia como negar o que estava acontecendo na fotografia.
Não havia espaço para “não é o que vocês estão pensando” ou
“podemos explicar”. Na verdade, a manchete descrevia exatamente
o que estava acontecendo.
Eu não conseguia acreditar. Eu queria morrer.
“Essa foto foi tirada na noite anterior ao lançamento”, disse
Chase, com raiva. “Naquele píer velho.”
Nathan assobiou. “Tivemos sorte de não ter sido ainda pior do
que isso então.”
Burke chacoalhou a cabeça e então resmungou.
“O que foi?”, perguntou Chase.
Demorou um pouco até ele responder. Ele parecia muito
desconfortável.
“Fala, cara. Se você tem algo a—”
“Pensa”, Burke cuspiu. “Você acha que alguém tirou essa única
foto e depois se afastou?”
Um calafrio percorreu meu corpo. Minhas pernas ficaram
fracas.
“Vo—você está dizendo que eles devem ter mais?”
“Devem?”, Burke levantou uma sobrancelha. “Devem?”
Puta merda.
Minhas veias ficaram frias feito gelo. Um torpor me invadiu e eu
senti que estava caindo. Mas senti Burke me segurar. Ele me guiou
até uma cadeira e me ajudou a me sentar.
“Quem faria isso?”, Chase perguntou de novo. Sua voz estava
apertada. “Especificamente.”
Todo mundo olhou para Nathan. Não era segredo que ele não
falava com seu pai fazia semanas. Além de Marcy, que era a única
pessoa que sabia nosso segredo, de fato. A não ser que…
“Jay.”
Os três se viraram para mim imediatamente. Eu estava
esfregando os olhos, tentando me recompor.
“Jay sabia”, eu disse. “E Jays nos odeia. Ele me odeia por tê-lo
rejeitado. Ele odeia Burke por… bem…”
“Reconfigurar o rosto dele?”, sugeriu Nathan.
“E destroçar seu ego, sim.”
“Sem mencionar”, Chase adicionou sabiamente, “Jay perdeu
nosso contrato.”
Olhei para ele com curiosidade. “O que isso tem a ver?”
“Bom, o livro está fazendo sucesso, certo? Estamos ganhando
força. Ganhando um pouco de dinheiro…”
“Sim, mas e daí?”
“E daí que estamos fazendo tudo sozinhos”, Chase continuou.
“Tudo com um orçamento anoréxico, com nada além das nossas
habilidades limitadas pra lidar com o marketing”, ele coçou o queixo.
“Agora, imagina o que poderíamos fazer se tivéssemos publicado
pela editora… e como Jay se sente um idiota completo por ter
desprezado uma coisa boa?”
Não pensamos naquilo antes. Até aquele momento.
“Sim”, disse Nathan finalmente. “Tem razão.”
“É totalmente aceitável pensar que ele nos seguiria”, disse
Burke, “ou que contrataria alguém pra fazer isso. Eu não imagino
que ele fizesse o trabalho sujo sozinho, aquele covarde de merda.”
“Ok”, concordei. “Mas o que ele ganha com isso?”
“Vingança”, disse Chase. “Ele quer se sair bem com a
empresa. Parecer que não cometeu um grande erro.”
Nathan acenou. “Faz sentido. Então ele ataca nosso livro com
um rumor em um tabloide idiota—”
“Ninguém com dois olhos na cara acha que isso é um rumor”,
disse Burke, apontando para a foto. “Gostemos ou não, essa
publicação é um fato.”
“Acho que sim”, Nathan suspirou. “Mas a questão é que com
essa foto, Jay prova que está ‘certo’. Se os mandachuvas da
empresa estavam duvidando, essa matéria vai fazê-lo voltar a cair
nas graças deles.”
“E nas graças do seu pai”, Chase adicionou. “Não se esqueça
disso.”
Nathan acenou solenemente. O movimento foi seguido por um
silêncio muito longo e estranho.
“Então o que fazemos agora?”, Nathan finalmente perguntou.
“Olhem pra isso. Os nossos nomes estão aqui. Não só nossos
nomes artísticos. Nossos nomes reais.”
Burke se aproximou e pegou o tabloide, então arqueou uma
sobrancelha.
“Eles escreveram certo o nome do livro, pelo menos”, ele disse,
pensativo. Então dobrou a página e leu um pouco. “Na verdade, eles
mencionam o título três vezes.”
Meu coração disparou, pensando nos coitados dos meus pais.
Minha mãe descobrindo sobre meu relacionamento num jornalzinho
de merda. Meu pai encarando aquela foto terrível…
“Três vezes?”, disse Nathan. “Caralho, só piora.”
“Por quê?”
“Você está de brincadeira!”, Nathan exclamou. “Porra, Burke.
Todo mundo lê essa merda! Todo mundo vai rir da nossa cara, todo
mundo vai—”
“Para”, Burke interrompeu veementemente. Então, amaciou a
voz. “Pensa no que você está dizendo.”
Nathan parou. “O quê?”
“Fala de novo. Repete.”
“Todo mundo vai rir da nossa cara?”
“Não. A outra parte. Antes disso.”
Nathan parou, ainda confuso. Seus olhos se apertaram
enquanto ele tentava pensar. “A parte em que eu disse que todo
mundo lê essa merda?”
“Sim”, os olhos de Burke se inflamaram perigosamente. De
repente, havia uma centelha diferente ali.
“Exatamente.”
Capítulo 51

KAYLEEN

“Entra.”
A porta se abriu gentilmente e eu senti Nathan entrar. Eu
estava deitada de barriga, minha cabeça pendia da parte de baixo
da minha cama. Eu sabia que era ele sem precisar olhar.
Fera pulou da cama no chão para cumprimentá-lo.
“Como vai minha garota das ondas?”
Era o apelido dele para mim e sempre soava fofo. Mesmo
naquele momento.
“Já tive dias melhores.”
“Concordo”, ele suspirou, coçando as orelhas do Fera. Meu
cachorrinho tremeu de alegria e até deixou Nathan o pegar no colo.
“Bom, não é todo dia que você tem que explicar para os seus
pais que você está em um relacionamento poliamoroso com três
homens”, eu disse. “Ei, a melhor parte é: eles descobriram porque
seus amigos leram uma matéria em um tabloidezinho de
supermercado…”
Nathan colocou o Fera sobre a cama antes de se deitar com a
cabeça posicionada ao lado da minha.
“Como eles reagiram?”
“Bom, minha mãe acha que eu sou completamente doida”, eu
disse. “Mas este é o melhor dos cenários porque na verdade ela
ainda está negando. Ela acha que é uma ‘aventura sexual’ e que eu
vou me entediar logo.”
Nathan gargalhou. “Se entediar? Ela não te conhece muito
bem, certo?”
“Pois é…”
“E seu pai?”
Demorei um pouco mais para responder. Enquanto minha mãe
ficou genuinamente surpresa, meu pai… bom, na verdade, ele ficou
magoado.
Que droga, me matava pensar nele daquele jeito.
“Quer ouvir algo engraçado?”
“Manda.”
“Ele acha que eu fiz isso como manobra publicitária. Como se
nós realmente tivéssemos produzido a foto pra chamar a atenção do
público para o lançamento do livro.”
Nathan refletiu sobre minhas palavras por um longo momento.
“Caralho, essa não é uma má ideia!”
Eu dei uma cotovelada na costela dele. “Para!”
“Seu pai está disponível para consultoria?”, ele continuou.
“Podemos contratá-lo pra fazer nosso marketing e—”
“Fala sério por um minuto”, eu disse. “Honestamente. O que
você acha?”
“Eu acho que sua posição é horrível”, ele disse. “Como você
consegue ficar deitada assim? Todo o meu sangue está indo pra a
minha cabeça e—AU!”
Ele se encolheu quando dei uma cotovelada ainda mais forte
nele. Então se sentou.
“Kayleen, olha. O que nós temos não é algo que podemos
explicar pra qualquer pessoa, menos ainda pra nossas famílias. Não
da forma que faria justiça, na verdade.”
Ele estava certo, é claro. A situação era tão complicada quanto
não-ortodoxa. É preciso estar em uma situação assim para entendê-
la. E mesmo assim…
“Olha por esse ângulo. Você pode realmente explicar como é
se apaixonar pra alguém que nunca se apaixonou?”
Chacoalhei a cabeça. “Claro que não.”
“Bom, é claro que você pode explicar o conceito. Mas pra
alguém que nunca se apaixonou pode soar maluquice. Pensar em
alguém o tempo todo? Esperar pra passar o tempo acordado com
aquela pessoa? Pra quem não está envolvido, soa como obsessão.
Mas pra quem está envolvido…”
“Quem está envolvido não troca isso por nada no mundo”,
completei a frase.
“Exatamente.”
Paramos de falar. Pude ouvir o vento uivar do lado de fora. Me
perguntei quanto tempo fazia que eu estava ali sentada no quarto. A
ligação para os meus pais parecia ter sido horas antes. Me dei conta
de que provavelmente foi.
“O que você acha que seu pai vai dizer?”, perguntei a Nathan.
“Quando vocês voltarem a se falar…”
“Não sei”, ele deu de ombros. “E não me importo. De uma
forma estranha, fiquei feliz por isso ter acontecido. E você também
sabe o porquê.”
“Porque você queria independência.”
Ele assentiu. “Eu precisava de independência”, disse Nathan,
“dependi dele por muito tempo para tudo. Foi muito fácil para mim.
Me fez me acomodar.”
“Filhinho de papai!”, eu ri, mas ele não. “Desculpa.”
“Ah, tudo bem.”
Nathan arrastou uma mão pelo seu cabelo que parecia uma
juba. Era tão grosso que voltou imediatamente para o lugar.
“Foi bom ter acontecido”, ele terminou. “Foi rápido e tudo de
uma vez só, mas tudo bem. Foi tipo arrancar um band-aid.”
Palavra por palavra, visitei a conversa que eu tinha tido com
meus pais mais uma vez. Tinha que acontecer em algum momento,
a voz na minha cabeça argumentou. Talvez seja melhor ter
acontecido mais cedo do que mais tarde.
Nathan colocou suas mãos sobre as minhas. Elas pareciam
incrivelmente fortes. Impossivelmente bronzeadas.
“Vamos passar por isso, garota das ondas”, ele me deu um
sorriso brilhante e incorrigível. “Prometo.”
Respondi com minha marca registrada, um suspiro-sorriso.
“Promessa de dedinho?”
“Dedinho onde você quiser”, ele deu uma piscadinha. “Os
meus e os dos outros. Falando niss—”
TOC-TOC.
A porta se abriu de supetão e Burke entrou. Fera deu uma
olhadinha da cama, mas não se mexeu.
“Ninguém dorme nessa casa mais?”, Nathan perguntou,
bocejando.
“Eu até poderia dormir”, disse Burke. “Mas temos dois
pequenos problemas pra resolver.”
Ótimo. Mais merda para a grande pilha de merda.
“Problema número um”, ele começou. “O Chase sumiu.”
Fiquei de pé. “Como assim sumiu?”
“Ele desapareceu um pouco depois que você chegou em
casa”, disse Burke. “O quarto está vazio. O carro dele não está na
garagem.”
Um sentimento horrível tomou conta de mim, seguido de uma
preocupação crescente. Será que ele estava passando pelo mesmo
que eu? Lutando com os próprios demônios?
Ou ele está arrependido?
De repente, senti que deveria falar com ele.
“Ok”, disse Nathan ao se levantar. “Chase sumiu. Mas antes de
irmos procurar por ele, qual é o segundo problema?”
Burke se moveu desconfortavelmente. Ele dobrou os braços…
mas não de forma confrontante. Na verdade, ele parecia quase…
empolgado?
“O segundo problema está logo ali”, ele disse, apontando para
o corredor. “Venham, vou mostrar.”
Ele se virou e caminhou para fora, eu e Nathan não nos
mexemos, ficamos nos encarando. Burke disse por cima do ombro.
“Não se preocupem tanto. Esse é um bom problema.”
Capítulo 52

KAYLEEN

“Santa mãe.”
Nathan estava espiando por cima do ombro de Burke, direto
para a tela. Sua cara de incredulidade foi coroada por um sorriso
que crescia constantemente.
“Santa mãe de Deus!”
Demorei um minuto para entender o que estávamos olhando. E
então eu vi.
“Isso não pode estar certo.”
“Ah, está certo”, respondeu Burke.
“Mas não faz sentido!”
“Faz todo sentido”, ele respondeu. “Se você pensar no que
aconteceu hoje.”
Na tela havia um gráfico indicando o número de vendas desde
o lançamento do livro. As barras dos outros dias pareciam
pequenas, minúsculas, comparadas às últimas duas barras…
“Ontem nós vendemos mais cópias do que vendemos nos
outros dias somados”, disse Burke. “Vezes vinte.”
Abri a boca, mas fechei em seguida. Eu não tinha palavras.
“Olhem”, ele disse, apontando. “Eles só começaram a
contabilizar as vendas de hoje uma hora atrás e já…”
“Já vendemos metade do que vendemos ontem”, Nathan disse.
Sua voz estava cheia de espanto.
“Dois terços”, Burke corrigiu. “Mas sim.”
“Como?”, perguntei alto. “Por que diabos—”
“Vamos lá”, Burke me interrompeu. “Você já sabe a resposta.”
O aperto na boca do meu estômago tinha virado um nó. Meu
coração parecia explodir. Eu queria celebrar o sucesso que eu
estava vendo na tela! Algo maravilhoso estava prestes a acontecer.
A acontecer com a gente. Prestes a acontecer com eles: os caras
que eu amava. Depois desse tempo todo, de todo o trabalho
árduo… eles finalmente colheriam os frutos.
“Quem diria que tantas pessoas leriam um tabloide?”, Nathan
suspirou.
“Bem. É um tabloide, não é?”
“Sim, mas…”
“Nossa história é interessante se você pensar bem”, eu disse.
“Com que frequência você vê três caras beijando a mesma mulher?
Em público? A foto por si só já chama a atenção. Mas eles ainda
mencionaram o livro…”
“E a trama reflete o que está na foto.”
“E na manchete”, adicionou Burke.
Foi uma loucura. Completamente absurdo. Como é que tantas
pessoas reagiram à história tão rápido?
E o tabloide era do dia anterior.
Nathan atualizou a página e a tela piscou rapidamente. A barra
de vendas aumentou de tamanho.
“Tudo isso de um jornaleco de fofoca”, Nathan comentou.
“Esse tipo de publicidade é incomprável.”
Burke acenou devagar. “E você acha que isso é bom?”, ele
sorriu. “Espera até amanhã.”
Eu não tinha certeza de que aguentaria muito mais, engoli a
seco e perguntei. “O que tem amanhã?”
“Todos os sites vão replicar…”, ele disse. “Compartilhamentos
nas redes sociais. Hashtags, tópicos mais comentados. Em vinte e
quatro horas, talvez trinta e seis… isso vai explodir. Viralizar. E…
bom… é isso.”
O nó no meu estômago se apertou. Eu pensei em todos os
meus amigos, minha família, até mesmo nos meus ex-namorados.
Todo mundo que eu conhecia vendo aquela única foto. A culpa me
invadiu novamente, da mesma forma que tinha feito enquanto eu
estava deitada na minha cama. Mas havia algo a mais junto com a
culpa naquele momento.
Algo tipo uma provocação.
“Isso muda tudo”, disse Nathan. “Dinheiro não é mais um
problema.”
“Não”, Burke concordou.
“Estamos safos.”
“Quer ouvir a melhor parte?”
Nathan ficou boquiaberto. “Melhor do que isso?”
Burke estendeu o braço e pegou uma cópia impressa do livro
de uma pilha que estava sobre a mesa. “Este é só o primeiro livro”,
ele disse, chacoalhando o exemplar em mãos. “Logo que as
pessoas terminarem de ler vão querer o dois e o três!”
“E muito mais livros depois”, eu disse. “Vocês vão ter que
escrever mais.”
“Exatamente.”
Comecei a ficar empolgada. Não era mais segredo. Toda a
pressão que senti porque precisei esconder meu relacionamento
tinha acabado de ser liberada de uma vez. Todo o conflito, o medo,
as conversas ensaiadas que eu sabia que teria que ter com a minha
família… tudo tinha passado. Sido levado para longe de forma rude
e abrupta, mas não existia mais.
Depois daquele dia, não havia mais motivos para mentir. Nada
a esconder de ninguém, independente da opinião das pessoas. O
que nós quatro tínhamos podia não ser ortodoxo, mas era nosso. E
o relacionamento era muito mais importante para mim do que a
aceitação de outras pessoas.
Nathan inclinou a cabeça para trás e de repente começou a
gargalhar alto e muito. Foi quase maníaco, na verdade. Eu e Burke
nos entreolhamos, preocupados.
“O quê?”
“Jay Summers fez isso tudo pra boicotar o lançamento do
nosso livro”, ele riu. “Mas ele só conseguiu nos enviar direto para o
topo.”
Burke não conseguiu conter um sorriso. “Tem razão, isso é
engraçado pra caralho.”
A alegria e a empolgação naquela sala estava se tornando
contagiante. De repente eu também comecei a rir com eles.
“O idiota passou a vida toda envolvido com marketing”, sorri. “E
não entende nada de marketing.”
Nathan atualizou a página de novo. A barra cresceu muito
daquela vez, o que fez o tom hilariante da sala aumentar também.
De repente estávamos nos segurando para não cair de tanto rir,
lágrimas escorriam pelos nossos rostos.
Nenhum de nós notou que Chase tinha voltado. Ele entrou na
cozinha e jogou um laptop estranho sobre a mesa. Ele ainda estava
mortalmente sério. Vermelho com a adrenalina.
“O que diabos é tão engraçado?”, ele perguntou.
Capítulo 53

KAYLEEN

Demoramos cinco minutos para mostrar ao Chase o que tinha


acontecido enquanto ele estava fora.
Ele demorou quinze para acreditar.
“Meu Deus…”
Ele estava ainda mais empolgado com o aumento nas vendas
que o resto de nós. Tão zonzo que eu pensei que o sorriso no seu
rosto nunca mais ia desaparecer. Mas principalmente, e eu notei
pela sua linguagem corporal, ele estava aliviado.
“Onde diabos você estava?”, Nathan perguntou. “Estávamos
prestes a ir te procurar e… uau. Isso é—”
“Sim.”
Uma porção de gotas vermelho-escuro se espalhava pelo
antebraço direito de Chase até o fim da sua manga. Havia algo na
sua mão. Era impossível não saber o que era.
“V—você está bem?”, perguntei.
“Melhor do que bem.”
Nos afastamos dele um pouco. Para dar espaço.
“O que diabos aconteceu?”
“Fui resolver o problema”, Chase disse uniformemente, “Foi
isso que aconteceu.”
Havia um traço nos seus olhos que era quase assustador, mas
não de um jeito perigoso. Pelo menos não para nós.
“Você quer nos contar o que é isso?”, Burke perguntou,
entortando a cabeça na direção do laptop desconhecido.
“Isso… é uma apólice de seguro.”
“Para garantir o quê?”
“Pertence a Jay Summers”, adivinhei, dando um passo para a
frente.
“Pertencia”, ele me corrigiu rapidamente. “Mas sim.”
Nathan estava incrédulo. Burke soltou um grunhido de
aprovação.
“Isso é sangue dele?”
“Claro que sim.”
“A sensação é boa, não é?”
Chase deu um sorriso pela primeira vez na noite. “Depois de
tudo o que ele fez? Caralho, é muito boa.”
Ele alcançou seu bolso e puxou um telefone estranho de
dentro. Ele o jogou perto do laptop. Nathan parecia nervoso.
“Hmmm, ele não está no seu porta-malas por acaso, está?”,
Chase demorou a responder, o que fez Nathan levantar os braços.
“Espera, não responda. Acene uma vez se ele estiver lá, duas vezes
se ele estiver—”
“Aquele merda está bem”, Chase explicou. “Exceto pelo nariz.
Acho que quebrei seu nariz de novo”, ele suspirou de forma longa e
pesada. “Pela quantidade de sangue, acho que quebrou. Mas sim,
ele está em casa.”
“Sem laptop, sem celular?”
Chase acenou. “Sem dignidade também. Eu também tirei dele
o que restava.”
Ele continuou explicando o que tinha acontecido naquela noite,
o que foi longo e estranho. Incluiu uma viagem até a casa de Jay
Summer, uma surra rápida, uma viagem até a editora com Jay
amarrado no banco do passageiro com uma camiseta apertada
contra o nariz.
“Meu carro vai precisar de uma limpeza profunda”, Chase
lamentou. “Ele sangrou muito.”
“E ele… apenas foi com você?”, perguntei. “E entregou seu
celular e seu laptop?”
“Ele me daria o que mais eu pedisse”, disse Chase. “Ele não
teve muita escolha.”
Meu coração se encheu de esperança quando me dei conta do
que estava acontecendo.
“Então… você pegou tudo?”
“Todas as fotos, sim. Tudo o que ele conseguiu aquele dia
debaixo do píer. E algumas de nós no restaurante também.”
O alívio me invadiu. Me senti maravilhosamente bem.
“Ele manteve os arquivos no seu telefone e um pen-drive na
sua mesa. Eu excluí tudo.”
“E o laptop?”
Chase deu de ombros. “Fiquei com ele por via das dúvidas. E
acho que foi a melhor ideia.”
De repente pude respirar novamente. Como se o peso
excruciante das últimas muitas horas tivesse sido removido do meu
peito.
“Ok…”, Nathan começou, hesitante. “Desculpa, mas preciso
saber. O que vai fazer com que ele não nos processe?”
“Algumas coisas”, disse Chase, com o punho ensanguentado
no ar. “Essa é uma delas.”
“Além disso…”
“Bem, eu aposto que tem coisas nesse laptop que não podem
ser vistas”, Chase continuou. “Ele me implorou para não levar a
máquina. Na verdade, ele disse que faria qualquer coisa se eu
deixasse o laptop com ele. Mas ao invés disso, eu expliquei como
ele pode recuperá-lo.”
“E como ele pode fazer isso?”
Chase se virou para Nathan. “Ele vai ligar pro seu pai amanhã.
E pedir desculpas por tudo.”
“O quê?”
“Ele também vai explicar que mentiu sobre seu encontro com
Kayleen. Especialmente porque eu vi diversas câmeras no
escritório, inclusive uma cujas imagens podem provar exatamente o
que houve lá dentro.”
Fez-se um silêncio na cozinha, aquilo era inacreditável. Alguém
assobiou.
“Porra”, disse Burke. “Eu nem pensei nisso.”
“Nem ele”, disse Chase. “E acredite, ele não ficou feliz quando
percebeu.”
Nathan encarava o chão, parecendo muito pensativo.
“Olha, nada disso vai apagar aquela foto que saiu no jornal”,
Chase continuou, “mas pelo menos não precisamos nos preocupar
com nenhuma outra foto.”
Graças a Deus.
Ele cutucou Nathan. “Ei, espero que você talvez consiga ficar
bem com seu pai. Quando ele se der conta das merdas do Jay.”
Nathan acenou. “Obrigado, cara. Mas eu ainda preciso explicar
a ele minha história com Kayleen.”
“Todos nós”, Chase deu de ombros. “Pra nossas famílias,
amigos, pra todo mundo”, ele parou e, por um momento, eu vi uma
expressão familiar de desafio no seu rosto. “E quer saber? Por mim
tudo bem. Mais do que bem na verdade…”
Ele me olhou e sorriu calorosamente. Senti meu coração
aumentar de tamanho.
“O mundo já sabe agora” Chase continuou. “Não só por causa
do tabloide. Está no livro. E nos nossos corações.”
“E na internet também”, Burke apontou, movendo o dedo na
direção da tela do computador. “Ou pelo menos vai estar, em breve.”
“Sim”, Chase concordou. “E daí? É tudo verdade.”
Joguei meus braços em volta dele e o abracei apertado. Tudo o
que ele tinha feito… tudo o que ele tinha dito… fazia sentido. Era
tudo por nós. Nós éramos a única coisa que realmente importava,
de fato.
“Caralho, estou cansado”, Chase respirou fundo, se afundando
na cadeira mais próxima. Ele tirou sua camisa ensanguentada, me
fazendo me animar imediatamente. “Mas isso…”, ele apontou para o
gráfico de vendas. “Isso é maravilhoso.”
“Anos-luz além de maravilhoso”, Nathan completou.
Um deles atualizou a página de novo. Burke tossiu.
“Jesus, já estamos ultrapassando as vendas de ontem.”
Eu olhei para cada um deles cuidadosamente. Chase, sexy,
mesmo exausto. Nathan, cujos olhos azuis estavam arregalados e
brilhantes. E Burke, que encarava a tela quase incrédulo, coçando
seu cavanhaque perfeito.
Houve um momento de completo silêncio.
“Você sabe o que isso significa, não sabe?”, disse Chase.
“Que não precisamos nos mudar desse lugar?”, Burke sugeriu.
“Caralho, em uma semana ou duas, poderemos comprar esse
lugar”, disse Nathan.
Eu ri de nervoso. Olhando para a tela, fiz algumas contas
rápidas e me dei conta de que ele tinha razão.
“Tudo isso”, Nathan disse incrédulo, “por causa de uma única
foto…”
Ele se virou de costas para a tela e deu uma piscadinha.
“Imagina se tivéssemos feito um filme.”
Capítulo 54

KAYLEEN

O dia seguinte foi totalmente insano. Muito além do escopo das


nossas expectativas mais altas, e elas eram muito altas.
Nós nunca poderíamos ter nos preparado ou controlado aquilo.
Foi mais rápido e difícil do que estar em uma montanha-russa. Tudo
girava e tremia e se movia numa direção incontrolável. Tudo o que
pudemos fazer foi apertar os cintos de segurança e aproveitar a
adrenalina.
E que adrenalina!
Um mês depois daquela exposição pelo tabloide nós ainda
estávamos colhendo os frutos da publicidade instantânea. Nossos
nomes e sobrenomes foram expostos, assim como quase todos os
outros aspectos das nossas vidas. Ali estávamos nós, totalmente
desnudos para qualquer um que quisesse ver.
Não que nossas vidas fossem particularmente interessantes,
porque elas não eram. Individualmente, éramos bem básicos. Mas
juntos, como um quarteto (era como a mídia se referia a nós), tudo o
que fazíamos era interessante para caralho.
Viramos subcelebridades praticamente da noite para o dia.
Não, corrige isso. Definitivamente da noite para o dia. Fomos
seguidos e fotografados em todos os lugares, fazendo qualquer tipo
de coisa. Nada tão ousado ou sexy quanto o que fizemos debaixo
do píer, mas tudo bem. Ainda havia muita demonstração pública de
afeto para os fotógrafos captarem. Muitas aparições de três ou
quatro de nós passeando de noite ou jantando.
Todas as mulheres do país queriam saber como era minha
vida, e algumas de outros países também. Minha caixa de entrada
de e-mail foi totalmente invadida, nossa caixa de correio física
também. Todo dia eu recebia de tudo, de elogios à xingamentos, de
presentes a cartas me chamando de pecadora e dizendo que eu
seria julgada implacavelmente pelo tribunal divino.
Para mim era difícil, mas para os rapazes era ainda pior.
Suas correspondências eram, na sua maioria, enviadas por
mulheres desesperadas e com tesão. Fotos de cada um deles
apareceram pela internet, sem camisa, parecendo lindos e
musculosos, como eles eram de fato. Eu e Nathan éramos
perseguidos por multidões quando íamos surfar e só conseguimos
paz quando mudamos de praia três vezes.
Demos entrevistas. Algumas. Nada muito grande, mas o
suficiente para manter nosso nome vivo enquanto preparávamos o
lançamento dos outros dois livros. E não houve nenhum tipo de
esforço. Eles alcançaram as listas dos mais vendidos na pré-venda.
Era inacreditável de verdade. Assim como vibrante e lucrativo.
Chegou ao ponto de não precisarmos fazer nenhum tipo de
propaganda. No entanto, contratamos uma equipe mesmo assim.
Tivemos um publicitário por um curto período de tempo.
Contratamos um advogado. Fizemos até parcerias para cessão de
imagens se precisássemos vender camisetas ou algo igualmente
ridículo no futuro.
Mas a verdade dos fatos era simples: não precisávamos fazer
mais nada. Não depois daquilo. Não depois que o dinheiro estava
na conta e a poeira da nossa foto no jornal finalmente baixou.
No fim de tudo, os livros foram considerados um sucesso pela
crítica. Tentação Tripla deu início a uma história atraente, mesmo
sem falar nas similaridades entre Juliana e nossa situação real. Os
rapazes tiveram que negar ofertas de agentes e editores até o
lançamento do terceiro livro. Era nossa estratégia. Demorou dois
meses até eles analisarem ofertas competitivas, tentando encontrar
a pessoa perfeita, para então assinar um contrato para outros três
livros que seriam escritos seguindo a mesma linha.
Quanto a mim, comecei imediatamente o que eu já desejava
por muito tempo: o curso de gastronomia. O que recebíamos como
o “quarteto” não chegava nem perto da venda dos livros, mas era
um bom dinheiro e me permitiu parar meu negócio um pouco. Eu
passava mais tempo fora do casarão do que antes, mas estava tudo
bem. Eu estava fazendo o que eu amava e os rapazes estavam
viajando muito para promover o livro mesmo. Os três livros, para ser
mais exata.
Era loucura. Uma tempestade perfeita de atenção, dinheiro e
fama. Tiramos vantagem de tudo, mesmo que aquilo significasse
estarmos separados por um tempo. Eles estavam constantemente
fora do estado, mas sempre nos falávamos.
E a verdade é que aquilo nos fortaleceu. Aprendemos a
apreciar nosso tempo juntos mais do que nunca quando estávamos
só nós quatro. E tínhamos os melhores momentos.
Quanto aos meus pais, a reconciliação foi difícil. Minha mãe foi
a primeira a ceder, mesmo hesitante. Depois de alguns almoços
juntas e centenas de histórias sobre como os rapazes eram ótimos e
como eu estava feliz, ela finalmente começou a ver as coisas pela
minha perspectiva. Tudo o que ela ouvia, ela contava ao meu pai. E
em algumas semanas ele finalmente voltou a me ligar para
conversar.
Ele nunca perguntava sobre os rapazes diretamente, e eu
nunca tocava no assunto. Mas ele podia notar que eu estava feliz. E
eu podia notar que ele queria que eu estivesse feliz, o que foi o
ponto de partida para tudo aquilo.
Não foi uma aceitação total, é claro. Mas foi definitivamente um
começo. Foi crescendo, devagar e sólido. Nos sentíamos bem em
nos falar de novo. Era como ver uma luz no final de um túnel muito
longo e estranho.
O pai de Nathan voltou atrás bem rápido, especialmente depois
de ter que engolir o fato de ter se enganado a respeito de Jay.
Descobrimos rapidamente que Jay Summers não trabalhava mais
naquela editora, ou em nenhuma outra, pelo menos não que
soubéssemos. Ele nunca pegou seu laptop de volta e nós nunca o
ligamos. Desde que nunca mais tivéssemos notícias dele, Chase
manteria tudo como estava.
Chase e Burke falaram com suas famílias, mesmo não sendo
muito próximos. Eles ficaram mais surpresos do que chateados.
Muito chocados com tudo o que estava acontecendo — incluindo o
sucesso dos livros — para tentar impor moralismo ou dar conselhos
sobre como deveríamos viver nossa vida.
E assim como começou, terminou. A atenção difusa que
tivemos por um tempo acabou rápido, como qualquer coisa em
tempos de internet. Ainda éramos populares, mas não mais parte
daquela loucura do início. Entretanto, a trilogia já tinha se tornado
um best-seller sólido. Os rapazes escreveram um livro na
sequência, consolidando seu lugar e seus fãs. Eles contrataram um
agente, assinaram contrato com uma editora.
E nós ficamos todos bem. Muito bem.
Capítulo 55

KAYLEEN

Foi outra noite longa. Muito longa. Eu estava exausta como


sempre, mas, daquela vez, mais animada do que de costume.
E isso porque Chase estava fazendo jantar para nós.
Era quase irônico o quão faminta eu estava. Rodeada por
comida o dia todo — comida que eu estava fazendo — sem parar
para comer absolutamente nada. Além do mais, eu não queria
prejudicar meu apetite. Chase tinha ficado muito bom na culinária
básica e eu estava curiosa para experimentar fosse lá o que ele
estivesse tramando.
Cheguei em casa com nada menos do que três ataduras no
corpo. Dois ferimentos foram causados por facas e um por uma
panela quente de risoto. Tudo isso porque eu tinha feito várias
coisas ao mesmo tempo. Mas aquela intensidade era boa para mim.
Eu precisava da experiência.
Certamente não é possível abrir um restaurante sem antes
aprender a fazer um monte de coisas ao mesmo tempo.
“Hmmm…”, eu disse quando cheguei em casa. “Que cheiro
bom!”
Eu ainda estava longe daquele sonho, mas mais perto do que
jamais estive. Eu precisava de um lugar, um tema, um cardápio,
fornecedores, funcionários… um plano de negócios bem
abrangente. Burke tinha me ajudado a criar um, mas preciso parar
para viajar com Nathan e promover o livro. Então fiquei com Chase.
Ele não tinha ido porque ia começar a escrever a nova série de
livros. E eu estava definitivamente ansiosa para passar um tempo só
com ele.
Entrei na cozinha e não encontrei ninguém. Entretanto, havia
algo sobre o fogão. Eu conseguia sentir o cheiro.
Descobri a travessa devagar e vi uma deliciosa torta de frango.
Era enorme! Dava para nós dois e sobrava muito.
“O que eu disse sobre desperdício de comida?”, repreendi em
voz alta para ninguém. “Pelo menos a cara está fantástica!”
E estava mesmo. Espessa e cheirosa com uma crosta folhada
dourada e perfeita.
Fera entrou na cozinha rebolando e imediatamente começou a
abanar o rabo. Em três segundos ele praticamente me fez tropeçar,
pulando animado ao redor dos meus calcanhares.
“Onde está o Chase?”
As orelhas do pequeno Corgi se levantaram quando eu disse
aquele nome.
“Ele está no banheiro?”
O rabo do Fera chacoalhava ainda mais rápido. Eu ri.
“Vem, vamos surpreendê-lo.”
Eu estava fisicamente exausta, praticamente arrastando os pés
pelo chão. entretanto, o resto de mim estava bem vivo. Feliz por
estar em casa. Ansiosa para encher o pandu de comi—
Parei no meio do corredor quando ouvi a música que vinha da
sala de estar. Misturada a risadas.
“Ei”, disse Chase quando entrei no cômodo. Ele me deu uma
taça de vinho tinto. “Bem-vinda à festa!”
Minha respiração ficou presa na garganta. Nathan e Burke
estavam parados atrás dele, sorrindo de orelha a orelha. Os três
correram na minha direção para um abraço apertado em grupo.
“Vocês voltaram mais cedo!”
O vinho balançou dentro da minha taça de forma perigosa,
quase respingando pela borda. Eu poderia ter soltado a taça ali
mesmo, sem me preocupar. Tudo o que eu queria era beijar os dois.
“Encurtamos a turnê”, Burke explicou. “É hora de parar de
correr, precisamos aliviar a tensão e voltar a escrever.”
Eu sorri, provocando. “Aliviar a tensão…”, eu disse,
saboreando cada palavra. “Acho que posso ajud—”
“Ah, pare de falar e venha logo aqui”, disse Nathan, me
guiando para o sofá. “Estávamos te esperando.”
O cômodo estava quente e confortável, a música suave. Burke
se sentou, me colocando no seu colo. Suas mãos subiram pelas
minhas costas… e ele começou a acariciar meus ombros.
Ai meu Deus…
Derreti quando ele começou a fazer seus movimentos mágicos,
rolando os dedos pelos meus músculos cansados. Meus lábios se
abriram em um suspiro.
“Acho que estou apaixonada por você”, ronronei, falando sério
em todos os sentidos.
“Por mim ou pelos meus dedos?”, ele perguntou, amassando
meus nós nos músculos com gentileza.
“Pelos dois, é claro”, suspirei, “mas se você me pedir para
escolher exatamente agora, eu escolheria seus dedos.”
Nathan se sentou do outro lado, puxando minhas pernas para
o seu colo. Um por um ele removeu os sapatos dos meus pés
inchados. Eu tinha ficado calçada o dia todo. Então ele começou a
massagear meus pés… e eu atingi o nirvana.
“Você está tentando me fazer te pedir em casamento?”,
suspirei, rolando minha cabeça para trás. “Porque é assim que você
faz com que uma garota te peça em casamento.”
Alguém riu. Não pude ver quem com os olhos fechados.
“Mais cedo ou mais tarde, sim.”
Com a cabeça deitada no peito de Burke, me senti uma
gelatina. Um pedaço de argila macia, pronto para ser manuseado e
moldado por eles.
Senti a tensão deixar meu corpo de uma vez.
Era exatamente disso que eu precisava… pensei. Tão bom.
Bom para caraaaaaaaalho…
Eles me amassaram naquela posição por um tempo e era
como estar em uma nuvem. Eu estava sendo mimada, muito
mimada, mimada para cara—
Mimada para que?
Uma boca encostou na minha e começou a me beijar com
ardência. Poderia ser Chase ou Burke. Com os olhos fechados
comecei um jogo comigo mesma. Quanto tempo eu demoraria até
conseguir saber quem era. Mas então senti uma mão escorregar
pela minha barriga… e meu estômago roncou.
Por Deus eu estava faminta.
“Vamos… hm, comer primeiro…”, murmurei. “Ou…”
Nathan abriu meus botões e então engatinhou para o meio das
minhas pernas. Em questão de segundos ele estava com o rosto
enterrado nas minhas coxas, lambendo com afinco minha boceta
por cima da calcinha.
“Ah, vamos definitivamente comer”, ele murmurou.
Me dei conta de que eles estavam ávidos por aquilo. Burke e
Nathan tinham ficado fora por um tempo. Estavam na seca, por
assim dizer. Eu e Chase, por outro lado, tínhamos transado até
explodir nossos cérebros.
“Ahhhh…”, suspirei, com as pálpebras oscilando. “O—Ok.”
A massagem tinha terminado, mas o manuseio estava apenas
começando. Minha blusa foi levantada, minha calça foi removida,
minha boca e meu pescoço foram beijados. Nathan devorava o meio
das minhas pernas com tanta intensidade que eu estava quase
cruzando os olhos…
“Quarto?”, sugeri, conseguindo dizer alguma coisa.
Alguns segundos depois eu estava sendo carregada pelo
corredor por uma série de braços fortes. Eu vi o vinho pingar fora da
taça. Na verdade, a taça foi chutada para o lado, e uma mancha cor
de sangue apareceu no chão.
Oops, pensei, dando uma risada interna. Mas só isso.
Eu honestamente não estava dando a menor importância para
mais nada.
Capítulo 56

KAYLEEN

“Pronta?”
Meus dedos se curvaram, cavando fundo, mas com cuidando
para não machucar a bela e imaculada pele do peito de Nathan.
“Acho que sim?”, foi o melhor que pude responder.
“Se incline para a frente um pouco mais”, Burke sussurrou no
meu ouvido. Eu já conseguia sentir a cabeça invadindo o espaço.
Escorregando com a ajuda de um mar de lubrificante…
vagarosamente abrindo espaço naquele duto…
Empurrando em direção ao meu rabo.
“Assim. Bem assim.”
Senti aquela parte se esticar, bem devagar, para acomodá-lo.
Era muito apertado! Quase não havia espaço. Especialmente
porque o pau de Nathan já estava enterrado na minha boceta.
“Ai!”
Eu soltei um meio-grito meio-gemido tentando respirar. Senti
um alívio bem-vindo em algum momento. Tudo pareceu um pouco
menor de repente.
“Pronto”, disse Burke. “A parte mais difícil já foi.”
“Você entrou?”, perguntei esperançosamente.
“A cabeça sim.”
Ouvi Nathan dar uma risadinha debaixo de mim. Considerando
a posição em que estávamos, aquilo chacoalhou meu corpo todo.
“Só a cabeça?”
Burke se deslocou um pouco mais e eu senti algo grosso
dentro de mim. Me preenchendo por trás com o seu calor.
“Mais alguns centímetros…”
“Jesus…”
“Ei, vamos lá”, Burke disse, resignado. “Trato é trato.”
Beirava a insanidade ter os dois dentro de mim ao mesmo
tempo. Nos meus dois buracos — uma dupla-penetração real. “Vai
ser bom”, eles disseram. “Você vai amar.”
Sim, claro. Pensei. Não são vocês que estão sendo fodidos por
trás.
Mas eu tinha prometido. E promessa é dívida. Alguma coisa
especial para quando eles finalmente voltassem para casa. E sim,
alguma coisa especial para mim também. Apenas mais uma fantasia
que eu finalmente realizaria. Mais um limite a ser cruzado.
Além disso, eles tinham que tirar o atraso. Nas semanas
anteriores eu e Chase nos divertimos destruindo um ao outro.
“Devagar, gostoso, devagar…”, implorei por cima do ombro,
apesar de Burke estar fazendo um trabalho primoroso lá atrás. Eu
sentia um prazer completo e apertado, com pressão mas sem dor
no meio da minha bunda.
Caralho…
E eu tinha que admitir. A pressão estava ficando boa.
Nathan estava parado dentro de mim. Fazendo uma pausa
enquanto meu corpo se ajustava para comportar os dois. Nos
minutos anteriores ele tinha me fodido alucinadamente. Eu tinha
gozado intensamente no seu pau, meu fluido tinha literalmente
banhado até suas bolas.
“Eeeeee… aqui estamos.”
O abdômen quente de Burke colidiu gentilmente com a minha
bunda. Nossos corpos se curvaram juntos, completando aquela
conchinha.
Ele estava completamente dentro de mim.
“Eu te disse que não seria ruim”, Nathan piscou.
“Não… você disse que seria bom”, meu corpo ainda estava
tenso, meu maxilar travado. “Na verdade, acho que você usou os
termos ‘vai ser bom’ e ‘você vai amar’.”
Ele se afastou para baixo e então apertou a bunda no seu
caminho de volta. A pulsação me fez sentir um choque de prazer
proibido na boceta.
“Ok”, suspirei. “Na verdade, não foi ruim.”
Nathan fez de novo, dessa vez mexendo o corpo.
Escorregando para dentro e para fora de mim com algumas
estocadas enquanto era a vez de Burke ficar parado.
DEUS…
“Ainda estamos no ‘não foi ruim’?”, ele perguntou
maliciosamente. “Ou estamos—”
“Cala a boca e continua.”
Minha voz era só um suspiro. Uma tentativa de inalar oxigênio
e exalar prazer. Sentir Burke enterrado tão profundamente enquanto
Nathan me comia estava me deixando completamente louca de
tesão.
“Essa é nossa garota”, Burke sussurrou de forma provocante
no meu ouvido. “Relaxa e aproveita.”
Seu conselho funcionou de certa forma. Relaxei o corpo, os
músculos cansados e até a mente. Me deixei levar e meu cérebro
abriu espaço para mais prazer. E sem a tensão de me preocupar
com a dor…
“Isso…”, eu me engasguei, lutando para me alavancar. “Bem
assim.”
“Bem assim como?”, Nathan provocou.
Arrastei minhas unhas pelo seu peito, provocando um gemido
alto.
“Querem saber…”, eu disse, sem ar. “Caladinhos os dois. Só
continuem me fodendo assim…”
Felizmente não precisei pedir duas vezes. Nathan me segurou
pela cintura, flexionando seus braços fortes para controlar a
velocidade e profundidade das suas estocadas. Burke fez a mesma
coisa por trás, com as mãos nos meus ombros. Ele me guiou em um
movimento de gangorra, me empurrando para a frente e para trás.
Ahhhhhhh…
Deve ter sido uma visão e tanto para ele, assistir seu pau
desaparecer e reaparecer no meio da minha bunda. Mas para mim
era uma sensação. E era absolutamente maravilhosa.
Aceleramos quando o momento certo surgiu. Comecei a mexer
meu quadril também. O movimento extra mudou a expressão de
Nathan. Ele foi da diversão para a contorção do prazer doloroso.
E para mim era ainda mais intenso. A sensação de ser tão
preenchida por eles… me elevou a outros níveis de excitação. Eu
estava entre dois corpos quentes, sentindo dois paus entrarem e
saírem ritmicamente de mim. Me perfurando profundamente. Me
arregaçando toda…
“Vocês…”, me engasguei. Era difícil falar, mas eu precisava dar
crédito a eles. “Ah… ah… isso…”
As mãos de Nathan escorreram para a minha bunda. Ele
apertou com tanta força que eu sabia que ia ficar marcada.
“Vocês estavam… certos… pra… caralho…”
Capítulo 57

KAYLEEN

Nós três viramos um só. Uma pilha de braços e pernas e


luxúria e sexo e suor. Me senti superpoderosa com aqueles dois
homens incríveis dentro de mim. Tão profundamente conectados a
mim. Conectados por mim. Pelo meu corpo.
Pela minha alma.
Me sentei e abri os olhos, eu nem tinha me dado conta de que
eles estavam fechados. Chase ficou de pé do meu lado, sorrindo
feito um demônio. Ele tinha ficado afastado por um tempo,
permitindo que os outros se divertissem.
“Vem aqui.”
Me aproximei dele sorrindo. Uma das minhas mãos estava no
meio do peito de Nathan e a outra eu estiquei para fechar em volta
do pau latejante de Chase…
Um tiro de excitação invadiu meu corpo quando eu o aproximei
da minha boca. E eu abri sedenta… faminta…
Sua mão empurrou minha cabeça e seu pau entrou fundo, até
a minha garganta.
Simplesmente… uau.
Foi um momento de loucura. Uma “grande foda”, se fossemos
definir o tipo.
Os três estão dentro de você, Kayleen.
Parecia tão certo. Eu me sentia como se estivesse em casa.
Os três ao mesmo tempo…
Notei que Nathan estava aumentando a velocidade antes de
soltar um grito-grunhido. Já estávamos transando fazia algum tempo
e eu era capaz de reconhecer o que era…
Tirei o pau de Chase da boca para olhar nos olhos dele.
“Você vai gozar, gostoso?”
Sua expressão era de esforço. Ele não estava aguentando.
“Ainda não”, sussurrei, pressionando meus peitos no peito
dele. “Espera por ele.”
Eu sorri maniacamente e virei a cabeça para trás. O olhar aflito
de Nathan encontrou o de Burke.
“Gozem dentro de mim ao mesmo tempo”, suspirei. E com as
minhas próprias palavras, uma nova onda de calor me atravessou.
“Vai ser sexy para caralho…”
Eu ainda os estava fodendo com força. Ainda subindo e
descendo e indo para a frente e para trás. Eu masturbava Chase,
mas sem muita convicção. Tudo o que eu queria era fazer os outros
dois gozarem. Dentro de mim. Ao mesmo tempo.
Senti dor quando os dedos de Burke me pressionaram mais
forte. Ele me agarrou possessivamente, se enfiando tão forte em
mim que minhas costas se arquearam. Eu me debati selvagemente
por dez estocadas. Vinte. Parecia que o mundo estava prestes a
acabar. Como se ele fosse me partir no meio.
DEUS…
E então, sem mais nem menos, ele terminou.
“UNNNNGGGHHH!”
Burke se enfiou com tudo na minha bunda, me fazendo gritar
em silêncio. Ao mesmo tempo, senti outro estrondo na minha
boceta, outro tremor.
“CARALHO!”
As pulsações começaram quase simultaneamente. Uma atrás
da outra, sem parar. Senti eles se esvaziarem dentro de mim. Me
curvei para a frente, gritando em êxtase enquanto os recebia
profundamente nos meus dois canais. Me senti poderosa.
Selvagem. Seus paus inchados continuaram a tremer dentro de
mim, como duas pistolas sendo disparadas sem parar.
Pooooorra!
Atingi meu clímax de uma forma estranha e ascendente…
como se eu ainda estivesse no auge do orgasmo e começasse a
gozar de novo. Cada convulsão os apertava com mais força dentro
de mim. Cada pulsão elétrica era uma injeção gloriosa de morfina
direto no meu cérebro.
E durante todo aquele tempo, eles continuaram me fodendo.
Tirando e colocando seus paus do meu corpo, drenando até a última
gota das suas bolas. Eles precisavam daquilo tanto quanto eu.
Talvez mais…
“Jesus, Kayleen…”
Meu corpo subia e descia com as respirações deles. Senti vinte
dedos relaxarem sobre a minha pele, de forma maravilhosa. Era
como se eles me possuíssem. Fossem meus donos.
“Caralho…”, ronronei, aproximando a cabeça do peito de
Nathan. Estava tão quente que eu não podia ficar tão perto.
“Esperamos tempo demais pra fazer isso…”
Epilogo

KAYLEEN

“É incrível, não é?”


Eu praticamente gritei, minha voz ficou fina com a empolgação.
Apertei a mão de Chase do meu lado direito e a de Nathan do meu
lado esquerdo.
“O lugar é maior do que pensei”, disse Chase. “Muito maior.”
“Ótimo”, eu disse, passando por ele. “Muito espaço pra muita
gente.”
Minha mão tremia quando peguei a chave do bolso da minha
jaqueta. A fechadura era grande. Desajeitada. Burke deu um passo
a frente para me ajudar. Eu o impedi com um movimento de quadril.
“Não”, declarei firmemente. “Vou fazer isso sozinha.”
A fechadura fez um “clique” e o ferrolho se abriu. A corrente se
agitou enquanto eu a desenrolava.
Aqui vamos nós…
Um momento depois nós estávamos entrando no meu
restaurante pela primeira vez.
Ou melhor, no que seria meu restaurante.
“Puta merda”, Nathan declarou. Chase assobiou. Burke só
olhou em todas as direções.
“O quê?”
“Nunca mais vamos te ver, não é?”
Eu ri de nervoso. “Muito trabalho pela frente…”
“Você não está para brincadeira.”
Ok, o lugar estava uma zona. Uma grande, larga e
arrebatadora bagunça de sujeira, detritos e materiais de construção
meio demolidos. Mas era a minha bagunça. Minha zona.
“Quando os pedreiros começam?”
“Amanhã. Oito da manhã em ponto.”
“Em ponto?”, Nathan perguntou ceticamente. “Você claramente
não conhece pedreiros.”
“No primeiro dia?”, respondi. “É melhor eles serem pontuais”,
pisei em uma cadeira quebrada. “Ou demito toda a equipe… e
contrato outra.”
Tinha sido o trigésimo-quarto lugar que eu olhei. Eu tinha feito
uma oferta pelo trigésimo-primeiro. Alguns dos lugares estavam
imaculadamente prontos para uso. Outros eram lotes vazios, sem
construção ainda. Eu poderia ter escolhido um estabelecimento
gorduroso que já tinha clientes. Seria lucrativo desde o começo. Eu
poderia ter ido por esse caminho.
Mas não. Eu queria construir alguma coisa.
Alguma coisa do zero.
“A cozinha vai ser aqui”, eu disse, apontando. “O bar daquele
lado. Aqui vai ser uma escada aberta para o loft e—”
“Nós vimos o projeto”, disse Nathan. “Vimos o lay—”
Ele tossiu na metade da frase quando Burke deu um tapa no
seu peito. “Deixa a garota falar sobre o restaurante dela”, ele
interrompeu e Nathan ficou quieto. Então olhou de volta para mim e
sorriu. “Continua, por favor.”
Continuei, movendo meus braços, mostrando tudo o que eu
tinha planejado, meu sonho, meu futuro. Nosso futuro, na verdade.
O que construiríamos juntos.
“Isso vai ser divertido”, disse Chase. “Você tem muito trabalho
a frente, mas vai dar certo.”
“E é claro que vamos ajudar”, Nathan adicionou. Seu sorriso
era apologético.
“Você acha que quero três novelistas trabalhando no meu
restaurante?”, provoquei.
“Provavelmente não.”
Eu gargalhei. “É claro que vocês podem ajudar”, Nathan sorriu
quando dei a mão para ele novamente. “Vou aceitar todas as mãos
que eu puder.”
Era uma tela em branco. Uma lousa limpa. Ou pelo menos
seria depois que limpássemos tudo. Terminar o curso de
gastronomia tinha sido meu primeiro passo. Esse era o próximo.
“A locação é ótima”, disse Burke. “Mesmo.”
O prédio ficava em frente a um salão de shows pequeno. Era
perto o suficiente da praia para ser considerado baía mas longe o
suficiente para não se perder entre os shoppings e restaurantes
fast-food da área. As ruas eram limpas e especialmente brilhantes
de noite. E eu sabia que elas ficavam cheias de vida porque tinha
passado por ali muitas vezes, em dias de semana e nos fins de
semana, antes de fazer uma oferta.
Mesmo assim eu ainda tinha muita coisa para decidir. Eu só
tinha alguns fornecedores até o momento e meu cardápio não
estava nem perto de estar pronto. Havia espaço para um pequeno
palco, mas eu não tinha certeza se queria entretenimento. E eu
ainda estava fazendo pequenos ajustes no layout.
“Nossa pequena e adorável chef de cozinha”, disse Burke,
deslizando um braço pelo meu ombro, “está crescendo.”
Eu corei e nem soube o motivo.
“Dois anos atrás, quando você se mudou… quem diria que
estaríamos aqui agora?”
Eu olhei para ele com o coração cheio de alegria. Ou amor. Ou
ambos.
Sim. Definitivamente ambos.
“Então agora que você está ocupada… estamos encarregados
de decorar nossa casa nova?”
“De jeito nenhum”, eu disse ao Nathan.
“Por que não?”
“Porque você vai transformar tudo em uma gruta masculina
cheia de pranchas de surfe nas paredes.”
Ele parecia quase ofendido. “Qual o problema?”
“Pranchas são pra praia”, eu ri. “Não pra paredes.”
Chase se desequilibrou e acidentalmente chutou uma garrafa
quebrada. Pedaços de vidro se espalharam no chão.
“Talvez nós devamos encontrar uma casa antes?”, ele sugeriu.
Burke acenou sobriamente. “O homem está certo.”
“Bom, se vamos nos mudar pro litoral só pra Nathan e Kayleen
não precisarem viajar pra surfar…”, Chase provocou.
“Não precisarmos viajar pra trabalhar”, eu o corrigi.
“Não importa o motivo”, ele deu de ombros. “Só acho que
Burke e eu temos que ser os primeiros a escolher.”
Mudar para o litoral tinha sido uma decisão fácil, ainda mais
fácil pelo fato de que manteríamos o casarão. Seria um ótimo lugar
para relaxar quando precisássemos ficar quietos ou quando os
rapazes precisassem de silêncio para escrever. Secretamente, eu
achava que o motivo pelo qual queríamos mantê-lo eram as
memórias incríveis que tínhamos do lugar.
Um braço escorregou em volta de mim, depois outro, e então
eu derreti. Era sempre assim. Eu estava ficando boa naquilo.
Caramba, eu estava ficando boa em muitas coisas.
“Pronta pra detonar?”
“Por agora”, eu disse. Não me lembrava de me sentir tão feliz,
tão empolgada. Tão contente. “Sim!”
“Você sabe que vai se cansar desse lugar algum dia”, Chase
sorriu.
“Nah”, suspirei. “Sem chance.”
“Você vai ser cansar até de nós”, Burke sugeriu.
Gargalhei maleficamente. “Vocês não vão se livrar de mim tão
facilmente.”
Nos viramos e marchamos juntos, passando pelas portas
duplas elaboradas. Portas que abririam os próximos capítulos da
minha vida. Portas pelas quais eu caminhava lado a lado com os
companheiros mais perfeitos que eu podia ter.
Você sempre foi tão sortuda, não é mesmo?
Sim, eu era. E não reclamaria nunca.
“É melhor você deixar aberto”, Chase brincou enquanto eu
fechava o cadeado. “Você vai voltar pra cá em doze horas.”
O cadeado era um pesadelo — eu me embananava toda.
Então, abruptamente, as mãos de Burke se fecharam em torno da
minha. Ele me ajudou a fechar, seu toque era macio e forte.
“Você não vai fazer tudo sozinha”, ele sorriu gentilmente.
“Alguém importante nos disse uma vez que somos um time.
Lembra?”
Fiquei corada novamente — por alguma razão, Burke sempre
me fazia corar — e o beijei na bochecha.
“Lembro.”
Era uma coisa incrivelmente estranha estar apaixonada por
três pessoas. Estranha, porém maravilhosa. Todas as vezes que eu
estava com eles, nunca me questionei se eu tinha o suficiente para
dar. E provavelmente porque havia mais espaço no meu coração do
que nunca.
Três vezes espaço.
Três vezes amor.
Chase esfregou sua barriga lindamente chapada. “Eeentão…
vamos finalmente comer agora?”
Nathan acenou entusiasmado. “Senti um cheiro delicioso vindo
daquela direção”, ele apontou.
Burke cheirou o ar. Então olhou para mim e piscou.
“É melhor aproveitarmos a ocasião pra irmos lá. Porque esse
lugar vai ter concorrência em breve.”
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Capítulo 1

DAKOTA

Brian caiu em sua cadeira, mas não antes de verificar


disfarçadamente algo no seu telefone e enfiá-lo no fundo do bolso
da frente. Seu sorriso era superficial. Sua expressão, como sempre,
era como se sua mente estivesse em outro lugar.
“Desculpe o atraso”, mas ele não estava realmente se
desculpando pela demora de vinte minutos. “Caramba. Você pediu
uma garrafa inteira, hein?”
Sorri docemente, servindo-lhe uma porção generosa de merlot
vermelho escuro. Afinal de contas, ele iria pagar por isso. E uma vez
que visse o preço da garrafa que eu escolhi, ele iria querer beber
até a última gota.
“Obrigado docinho.”
“De nada”, sorri, levantando minha taça. Ele brindou comigo
desajeitadamente. “Não posso deixar meu querido com sede. Além
disso, você vai precisar dele para toda a conversa fiada.”
“Conversa o quê?”
Eu murmurei a última parte na minha taça, enquanto a virava
de volta. Seria um milagre se ele me escutasse. “Ah, nada.”
Ele usava sua camisa cinza, uma brilhante que formava um
degradê até quase chegar ao preto. Ela contrastava violentamente
com sua gravata roxa, mas, neste momento, quem estava ligando
para isso? Enquanto pegávamos nossos menus gigantes, de
repente parecia estranho como uma vez eu me sentira atraída pelo
homem sentado à minha frente. Era difícil acreditar que eu já havia
considerado um futuro com ele, mesmo que brevemente, durante o
último ano em que estivemos juntos.
“O que é isso?”
O olhar de Brian estava fixo na taça vazia ao lado, na frente de
uma cadeira vazia. Ele riu. “Você está pensando em beber as
duas?”
“Eu provavelmente deveria fazer isso, mas não”, disse a ele.
“Esse é para a nossa convidada.”
Ele riu novamente. “Teremos uma convidada?”
“Ah sim.”
Ele balançou a cabeça com desdém, enquanto sua atenção se
voltava para o menu. Se ele se importasse, poderia ter notado o
pequeno ponto vermelho no fundo daquela taça. Ou o resíduo de
merlot ainda grudado na lateral dela, se ele realmente tivesse
olhado.
Mas Brian não olhava realmente para nada. Ele usava as
vendas de alguém muito egoísta e verdadeiramente egocêntrico;
nada mais importava, a menos que fosse relativo a ele.
Deus, ele é tão sem-noção.
Tomei um gole encorajador de vinho. Não que eu precisasse
de encorajamento, realmente. Fiz um sinal com a mão e minha
cúmplice se aproximou da mesa. Ela deslizou para a cadeira vazia
enquanto Brian estava ocupado atrás da verdadeira parede que era
seu menu, e eu lhe servia uma nova taça de vinho.
A recompensa veio quando meu namorado finalmente largou o
cardápio. O olhar em seu rosto ficou tão impagável, tão
abruptamente em pânico, que eu desejei poder ter engarrafado
aquele olhar e o mantido para sempre.
“Olá, querido.”
Em menos de três segundos, Brian ficou branco como um
fantasma. Cada grama de cor foi drenado de seu rosto.
“Qual é o problema?” Naomi riu musicalmente. “Nada no menu
que você tenha gostado?”
A boca do meu futuro ex-namorado abriu, fechou e abriu
novamente. Ele quase disse alguma coisa, mas o que quer que
fosse ficou preso em sua garganta.
“Este não é bem o trio que ele queria, é?” eu ri, e Naomi riu
comigo.
“Não”, ela concordou. “Definitivamente não é.”
Brian finalmente deixou cair a cabeça em suas mãos. O menu
comicamente superdimensionado caiu na mesa.
“Que pena”, eu dei de ombros, virando-me para Naomi. “Se ele
fosse o tipo certo de namorado, eu poderia tê-lo escolhido. Na
verdade, sou muito aventureira.”
“Ah, totalmente!”, ela concordou. Minha nova amiga apontou o
polegar na direção da nossa vítima. “Mas com ele?”
Nós duas caímos em uma gargalhada histérica, e a risada foi
libertadora. Foi um alívio finalmente ter terminado. Para acabar com
todas as mentiras, todos os esquemas, toda a decepção.
“Vo... vocês duas planejaram isso?” Brian finalmente falou.
“Vocês armaram para mim?”
“Eu sei, muito louco, não é mesmo?”
“Como algo saído de um filme, na verdade”, Naomi concordou.
“Mas não foi difícil”, acrescentei, “finalmente descobrir. Todas
aquelas vezes que você cancelou planos abruptamente e desligou o
telefone. Todos os feriados que você não podia estar comigo,
porque os passava com ela.”
“Idem”, minha cúmplice assentiu. “Dakota e eu revisamos
nossos encontros juntos e, em retrospecto, parece tão óbvio agora.
Ainda assim, deve ter sido logisticamente difícil, ficar com nós duas”.
Ela o olhou com ceticismo. “Ou sabe de uma coisa? Risca isso.
Para alguém como você, provavelmente foi muito fácil.”
Brian ficou sentado em silêncio, absorvendo tudo. Ele parecia
meio desanimado, meio chateado com todas as risadas que
estávamos dando. Percebi que a raiva dele era provavelmente
minha parte favorita.
“Então, sim, nós duas obviamente estamos terminando com
você”, eu disse a ele com naturalidade. “Acabamos com as
mentiras, as escapadelas e o sexo medíocre.”
“Especialmente o sexo medíocre”, Naomi resmungou, baixando
sua taça novamente. Com a mão livre, ela fez um movimento
obsceno de masturbação. “Nem era tão bom desde o começo, para
ser honesta.”
Eu dei de ombros, tentando lembrar. “Talvez aceitável.”
“Talvez”, ela apertou os olhos.
“Exceto por aquela coisa que ele faz quando ele...”
“CERTO, basta!” Brian gritou de repente. “Já entendi, tá bom?
Eu sou o babaca.”
“Ah, eu não sei se você é o babaca”, Naomi ronronou. “Mas
você definitivamente é um babaca. Apenas um de muitos.”
Ela era realmente bonita, eu dou esse mérito a Brian. Cabelo
escuro, olhos castanhos. Fisicamente o oposto de mim, até por ser
baixa, enquanto eu era alta. No que diz respeito aos babacas
traidores, meu ex pelo menos tinha bom gosto.
Naomi me pegou olhando para ela e deu de ombros. “Então o
que faremos agora?”
“Não sei. Jogamos nossas bebidas na cara dele?”
Minha cúmplice de cabelos negros considerou por um
momento, então balançou a cabeça. “Não. Nós temos mais classe
que isso”, ela deu uma risadinha. “Além disso, esse vinho é bom pra
caramba.”
“É melhor ser”, sorri maliciosamente. “Ele estava na parte mais
embaixo do menu, onde ficam os mais caros.”
Nós brindamos – nós duas – e bebemos nossas taças juntas.
No momento em que as colocamos na mesa, o rosto de Brian havia
recuperado toda a sua cor e mais um pouco.
“Conselho de amiga”, eu disse, olhando nos olhos do meu ex-
namorado, pelo que eu sabia que seria a última vez. Uma pequena
pontada de tristeza ameaçou subir, mas eu a empurrei para baixo.
“Você poderia pensar nas outras pessoas antes de fazer isso uma
próxima vez. E não apenas em você mesmo.”
Nós nos levantamos juntas, apanhando nossas coisas. Do
outro lado da mesa, Brian parecia muito pequeno e muito derrotado.
“Ei, veja, não é de todo ruim”, disse Naomi em consolo. “Você
ainda tem algumas refeições deliciosas chegando – só para você.”
Isso pareceu tirar nosso namorado traidor de seu transe. “Eu...
eu tenho?”
“Claro”, eu respondi, entregando meu sorriso mais brilhante de
um milhão de watts. “Nós pedimos bifes de Wagyu antes de você
chegar aqui. Três deles, na verdade.”
Nós acenamos de volta para ele na saída.
“Esperamos que você esteja com fome.”
Capítulo 2

DAKOTA

O telefone tocou novamente e, pela quarta vez consecutiva, o


bluetooth do meu carro interceptou a possível conexão. Isso, por
sua vez, interrompeu a música, e era uma música muito boa. Talvez
até uma ótima, se eu pudesse me acomodar em meu assento de
couro aquecido para apreciá-la.
Vá se foder, Brian.
Fechei os olhos, tentando relaxar enquanto o calor das
ventanas me inundava. Meu ex estava me ligando sem parar nos
últimos cinco dias, e hoje não foi exceção. Eu não tinha ideia do que
ele queria. Meu correio de voz estava muito cheio para deixar uma
mensagem. Eu apaguei todos e quaisquer textos que ele enviou
sem lê-los, o que foi divertido no começo, mas agora estava ficando
cansativo.
O toque finalmente parou e a música voltou. Eu segui sua
melodia até o refrão, e quando chegou a melhor parte... o telefone
tocou novamente.
Puta que pariu!
Esmurrei o volante em frustração. Já era ruim o suficiente ficar
presa em uma vala na beira da estrada, esperando por ajuda. Mas
pior ainda era o fato de que, quando essa ajuda chegasse, seria
apenas para me encher o saco por não ter mudado para pneus de
neve até agora.
Toc toc toc!
A batida aguda contra a minha janela quase fez meu coração
sair pela boca! O rosto sorridente do meu pai me cumprimentou
através do vidro fosco e da neve soprada, enquanto eu abria a porta
alguns centímetros.
“Ficou presa, né?”
“Sim.”
Ele olhou para baixo e balançou a cabeça, mas era
principalmente para repreender.
“Deveria ter colocado os pneus de neve, Dakota. Você sabe
bem disso.”
Aceitei minha bronca e saí para o vento frio de Minnesota. A
neve estava misturada com granizo agora, atingindo a pele exposta
do meu rosto e mãos como pequenas adagas enquanto eu olhava
para a escuridão.
“Pode ir”, eu disse a ele, virando minha cabeça na direção da
caminhonete do meu pai. “Vou chamar o guincho e...”
“Eu posso fazer isso, querida. Você fica aí dentro e se
mantenha aquecida.”
Eu levantei uma sobrancelha, zoando. “Tá brincando,
velhinho? Volte para o seu caminhão. Você nem está de casaco!”
Desde que me lembro, minha mãe e eu estávamos sempre
brigando com ele por sair sem casaco, mas meu pai nunca parecia
se importar. Ele usava as mesmas camisas de flanela verão ou
inverno, dia ou noite. No entanto, você sempre poderia dizer o quão
frio estava observando quantas camadas ele usava.
Por fim, conseguimos engatar o guincho e foi uma coisa
simples me desatolar. Um alívio fluiu através de mim quando meu
carro voltou para a estrada onde pertencia.
“Obrigada, papai.”
Mais uma vez ele conseguiu. Sempre certo, assim como um
relógio.
“Tem certeza de que não quer trocar os carros?” ele cutucou,
limpando as mãos geladas em seu jeans de trabalho sujo. “Eu
poderia levá-lo para a oficina amanhã cedo. Trocar todos esses
pneus para você.”
“Isso é tentador”, balancei, “mas eu realmente preciso ir. Tenho
trabalho esta noite.”
“Ah sim”, ele deu uma risadinha. “Trabalho.”
Meu pai nunca conseguiu – e provavelmente nunca
conseguiria – entender o que eu fazia para viver. Mas colocava
comida na mesa, quer ele entendesse ou não.
“Além disso, estou com mantimentos no porta-malas”,
continuei. “E também...”
“Venha durante a semana”, disse meu pai com firmeza. “Ou
vou rebocar esta coisa para minha oficina quando você não estiver
olhando e fazer isso sozinho.”
Corei e olhei para ele, notando as pequenas mudanças como
sempre fazia. Suas bochechas estavam um pouco mais encovadas,
seu cabelo outrora loiro salpicado com um pouco mais de cinza. Foi
um tanto doloroso ver que o tempo estava alcançando esse homem
que me criou e me amou. Ruga por ruga, mudou-o de todas as
maneiras que eu gostaria de poder parar.
“Tá bom, papai.”
Meu pai sorriu de volta para mim calorosamente. “Ora, essa é
a minha pestinha.”
Ele beijou minha bochecha antes de ir embora, finalmente me
deixando com meus pensamentos. O apelido de pestinha remonta à
quando eu era uma garotinha, rindo, brincando e perturbando meu
pai para chamar sua atenção sempre que ele não estava
trabalhando. Infelizmente, isso não acontecia com muita frequência.
Outra música começou, mas não por muito tempo. Eu ainda
nem tinha colocado o carro em movimento quando o bluetooth foi
interrompido por outra ligação, desta vez de um número que não
reconheci. Provavelmente Brian usando o telefone de um amigo,
tentando me enganar para atender.
Desta vez, pressionei o botão ACEITAR mesmo assim. Já
bastava.
“O que é!?” gritei dentro do carro vazio. “Pelo amor de Deus, o
que você ainda poderia ter a dizer para mim!?”
Houve três ou quatro segundos de silêncio completo e
absoluto. Então: “Ummmmm... oi?”
A voz do outro lado da conexão não era de Brian de jeito
nenhum. Era mais grave e mais grossa. Aveludada e deliciosa.
“Dakota?”
“Sim?”
“É o Jace.”
Jace...
Não caiu a ficha por alguns segundos... Isso é porque havia se
passado muito tempo.
“Jace...” apertei os olhos, enquanto o calor esquentava minha
pele rosada. Então, a revelação: “Ah, JACE!”
Imagens do melhor amigo do meu irmão Tyler vieram
imediatamente à mente. Eu podia imaginar seu corpo alto e esguio.
Sua pele profundamente bronzeada, acentuada por aquele belo
sorriso branco.
“Jace!” repeti novamente. “Ah, me desculpe! Eu estava
apenas...”
“Pensando que seria outra pessoa?”
Ele riu, e o visual se solidificou. Eu não via o Jace há quase
uma década. Eu sabia que ele havia entrado para o exército e que
estava fazendo coisas muito fodas. A última vez que Tyler falou
dele, seu amigo estava em algum lugar do outro lado do mundo,
sendo condecorado por algo incrível sobre o qual ele não conseguia
descrever completamente.
“Sim, pensei que fosse outra pessoa”, eu disse a ele, antes de
acrescentar: “e não era ninguém muito importante, acredite.”
“Bom”, Jace respondeu suavemente. “Porque, embora
tenhamos provocado muito você no ensino médio, não consigo
imaginar que me odiaria tanto.”
Ele estava se referindo a ele e Tyler, claro. Quando eu estava
no segundo ano e ambos estavam no último ano, eles passavam
muito tempo me provocando e me pregando peças impiedosamente.
Mas isso também significava que eu saía muito com meu irmão
mais velho e seus amigos, o que nunca foi uma coisa ruim.
“Não... tudo bem entre nós”, suspirei feliz. “Então, como você
está!? Onde está agora? Acima de tudo, o que diabos você tem
feito? Da última vez que ouvi falar de você...”
“Todas boas perguntas”, Jace interveio, “mas agora eu tenho
um favor para pedir a você”. Ele fez uma pausa meio sem jeito. “Um
favor realmente muito grande.”
“Posso fazer favores”, raciocinei, dizendo as palavras
lentamente. “Desembucha.”
“Bem, na verdade é parte favor, parte proposta.”
Balancei minha cabeça. “Não pode ser pior do que algumas
das propostas que tenho recebido ultimamente.”
“E é claro que você pode dizer não, se quiser”, continuou ele.
“Mas também pode dizer sim. Pelo menos eu espero que você diga
sim. Mesmo que o que eu precise seja meio... pouco ortodoxo.”
Deus, o que diabos poderia ser? Jace sempre foi direto:
totalmente tranquilo e confiante. Ele era um bonito jogador de
lacrosse, com muitos amigos e ainda mais namoradas.
Simplesmente não era típico dele fazer rodeios.
Por outro lado, já fazia um tempo, e as pessoas mudam. Tudo
ao meu redor também mudou, como descobri ao ficar em casa nos
últimos anos. As mudanças geralmente aconteciam quando você
não estava olhando, quer você gostasse ou não. Era um fato infeliz
da vida.
“Certo”, eu disse a Jace. “É agora ou nunca...”
Sentei-me com as duas sobrancelhas arqueadas, olhando para
o telefone alguns centímetros à minha frente, onda após onda de
granizo gelado batia no meu para-brisa.
“Você gostaria de uma viagem grátis para o Havaí?”
Capítulo 3

DAKOTA

A descida era um pouco acidentada, mas as imagens eram


absolutamente espetaculares. Eu vi nuvens brancas fofas e praias
de areia amarela. As águas azul-turquesa eram quebradas por
recifes coloridos e cheios de redemoinhos, pontilhados com
pequenos veleiros brancos aqui e ali.
É claro que nossa abordagem de pouso também incluiu a
própria cidade grande: Honolulu. Suas ruas e avenidas pareciam
quase lançadas contra o verde luxuriante das montanhas como uma
enorme rede de arremesso, pontuadas por hotéis retangulares e
arranha-céus que, curiosamente, não pareciam deslocados em tal
paraíso.
Para qualquer garota de Minnesota que se esforçava para
atravessar os meados de dezembro, uma viagem ao Havaí era uma
decisão óbvia. Mas uma viagem grátis para o Havaí, para fazer um
favor especial para um dos amigos mais próximos do meu irmão?
Bem, isso foi um SIM instantâneo e entusiasmado.
Ajudou, é claro, o fato de eu estar superando um rompimento.
Ou de minha vida pessoal andar um tanto complicada ultimamente,
mesmo com todo o sucesso que vinha tendo no trabalho. Ficar
longe por algumas semanas definitivamente clarearia minha cabeça.
Poderia até ajudar a absorver um pouco da tão necessária vitamina
D em minha pele faminta de sol, desde que eu localizasse um pouco
de protetor solar e ramos de aloe vera imediatamente.
Eu disse a meus pais que estava tirando férias de última hora,
cujos detalhes eu daria depois. Imaginei que trocar uma viagem
gratuita para o Havaí por um “favor” poderia não agradar a eles,
especialmente quando eu ainda não conseguia explicar o que era
esse favor. Tudo o que eu sabia era que Jace tinha me pedido para
ser seu par para um jantar militar extremamente chique e muito
importante. Além disso, o único outro detalhe que ele prometeu foi
que seria estritamente platônico.
Além disso, de todos os amigos malucos de Tyler, meu pai
sempre teve uma queda por Jace. Os dois se uniram em níveis que
rivalizavam com seu relacionamento com meu irmão, e eu não
queria estragar isso.
Qualquer explicação que eu pudesse dar até ao próprio Tyler
foi adiada pelo fato de ele estar a milhares de quilômetros de
distância. Meu irmão era um jogador de hóquei incrível que arrasou
no circuito universitário e quase se tornou profissional, mas ser
treinador acabou sendo sua verdadeira vocação. Nos últimos anos,
ele cruzou o país com várias equipes de hóquei triplo A, ou seja,
para os melhores jogadores com até 20 anos.
Não, todo mundo poderia saber tudo sobre minha viagem
depois que eu a fizesse. Entre ajudar na oficina do meu pai e
congelar minha bunda em temperaturas abaixo de zero, pela
primeira vez eu estava finalmente fazendo algo por mim.
“Dakota!”
Eu tinha acabado de passar pelo portão de desembarque e a
voz me alcançou antes mesmo que eu reconhecesse o rosto.
Examinei a multidão duas vezes e de repente lá estava ele, vários
centímetros mais alto do que qualquer outra pessoa na multidão.
SANTO.
DEUS.
“Jace?”
Eu mal podia acreditar nos meus olhos. Foi-se a versão ágil e
quase esquelética do melhor amigo do meu irmão. De pé em seu
lugar estava um gigante musculoso e corpulento em uma camisa
verde justa e calça cargo camuflada.
“Aqui!”
Corremos um para o outro e ele me envolveu em um abraço de
urso giratório. Larguei minha bagagem de mão e me maravilhei com
o quão impossivelmente forte seu corpo estava. Não estava grande,
mas enorme! Eu mal conseguia abraçá-lo!
“Como foi seu voo?”
Ele me colocou no chão atordoada, e eu ainda estava piscando
para ele em descrença.
“M... meu voo?”
“Sim.”
“Jace... esqueça sobre meu voo! Olhe só para você!”
“Olhar para mim?”
“Sim!” exclamei, dando um passo para trás. “O que diabos
aconteceu com você!?”
Ele riu do meu espanto, e sua risada foi grave e ressonante.
Seu rosto de infância havia amadurecido, mostrando maçãs do rosto
fortes e maxilar angular de um homem surpreendentemente bonito.
Ele ostentava uma barba bem aparada recentemente. O sorriso por
baixo dela, no entanto, era exatamente o mesmo.
“O Exército aconteceu comigo”, ele respondeu. Ele baixou o
olhar para seus enormes braços e peito, como se descobrisse essas
coisas pela primeira vez. “Acho que já faz um tempo, né? Você não
me vê desde... bem...”
“Desde que você era um punk magricela, andando por aí com
Tyler”, eu interrompi. “Me pregando peças. Esticando filme plástico
sobre o vaso sanitário...”
“Caramba”, ele exclamou, “sua mãe ficava ‘p da vida’ com
isso!”
“E não vamos esquecer de quando colocaram purpurina nas
pás do ventilador do meu quarto durante meu aniversário de quinze
anos”, terminei. Fiquei limpando aquilo por meses. Anos, talvez.”
Jace riu novamente e ergueu a mão. “Culpado.”
“Caramba”, balancei a cabeça alegremente. “Quanto tempo
realmente se passou?”
Ele pendurou minha bagagem de mão em um ombro gigante e
apontou para a esteira de bagagem. “Muito tempo.”
Alguns minutos depois, estávamos entrando em um Ford
Bronco com pneus superdimensionados; uma bela relíquia verde e
branca de meados dos anos 90. Saímos com as janelas abaixadas
e eu fiquei boquiaberta com a paisagem. O ar havaiano era doce,
perfumado e repleto de mil possibilidades em aberto.
No começo, conversamos um pouco, principalmente porque
havia muito a dizer. Perguntamos sobre o trabalho, a vida um do
outro e o que estávamos fazendo desde a última vez que nos vimos.
Mesmo com Tyler como terreno comum, o intervalo de tempo era
tão grande que parecia quase intransponível.
“Então me diga”, finalmente perguntei, enquanto as belas
palmeiras passavam correndo. “Que tipo de favor requer que
euzinha percorra todo esse caminho desde Minnesota até o Havaí?”
Jace mordeu o lábio. “Um... daqueles bem complicados.”
“Mesmo?” agora eu estava pouco mais do que intrigada. “Diga
logo o que é.”
“Bem, eu meio que me meti em uma mentirinha...” disse Jace.
“E acabou se transformando em algo maior.”
O grande braço que guiava o volante de 30 anos flexionava
casualmente a cada volta. Aquele braço era musculoso e
bronzeado. Requintadamente maravilhoso. Enquanto
caminhávamos pelas ruas, eu não conseguia parar de olhar para
ele.
“Vamos chegar a minha casa primeiro”, Jace disse, “e aí eu te
conto. Mas sim, eu errei e as coisas rapidamente saíram do
controle. Estou perdido agora”, ele se virou para mim e sorriu, “e
agradeço por ter vindo me ajudar”.
Socorro. Eu ainda não conseguia imaginar que tipo de ajuda
esse homem precisava. Parecia que ele poderia levantar o sofá com
uma mão e passar o aspirador com a outra.
“A propósito...”
Sua frase foi interrompida quando entramos na garagem de
uma casa padronizada em um bairro no mesmo estilo. Jace desligou
o motor, assim que uma das vizinhas levantou um braço
alegremente da varanda ao lado.
“Ah, droga.”
O belo rosto de Jace de repente ficou vermelho de
preocupação. Com seu sorriso mais artificial, ele retribuiu o gesto,
mas não antes de dar a volta para me ajudar a sair do Bronco.
“Jace, o que nós...”
Suas mãos pareciam elétricas em meus quadris. Por uma
fração de segundo era como se eu não pesasse nada em seus dois
braços grandes, e então eu estava de pé na calçada... segurando
sua mão.
“Eu sinto muito, sinto muito”, Jace sussurrou de volta para mim.
Seus dedos apertaram suavemente enquanto se entrelaçavam com
os meus. “Por agora, por favor apenas...”
“JACE!”
A jovem da porta ao lado saltitava feliz, agora com o marido ao
seu lado. Seus sorrisos eram tão grandes, tão brilhantes, que
pareciam quase pintados.
“Até que enfim!”, ela exclamou. “Após todo esse tempo!”
A mulher estendeu entusiasmada a palma da mão em minha
direção. Ainda segurando Jace em minha mão direita, estendi a
esquerda desajeitadamente e a apertei.
“Finalmente estamos conhecendo a esposa de Jace.”
Capítulo 4

DAKOTA

Esposa...
A palavra caiu como uma bomba. Eu não poderia ter parecido
mais chocada se algo tivesse me atingido no topo da cabeça, mas
acho que foi mais ou menos isso.
ESPOSA?
Foi outro aperto de mão de Jace que me trouxe de volta à
realidade.
“Ummm, oi!” eu disse finalmente, tentando soar o mais casual
e alegre possível. “Muito prazer em conhecê-la. Meu nome é...
“Dakota”, a mulher interrompeu com um sorriso. Ela balançou
minha mão vigorosamente. “Ora, você não acha que já sabemos
tudo sobre você?”
Dakota. Bem, essa parte foi fácil, eu acho. Quaisquer que
fossem as ‘mentirinhas inocentes’ que Jace estava contando, pelo
menos o nome estava certo.
“Sou Zach e ela é Annie”, disse o marido, apertando minha
mão em seguida. Ele era jovem e forte, com cabelos curtos e
sobrancelhas escuras e espessas. Outro soldado, sem dúvida.
“Vocês dois precisam vir para tomarmos uns drinques. Sabe, depois
que você se acomodar.”
“Dakota está cansada, tenho certeza”, Jace interveio. “E
provavelmente com um pouco de jet lag.”
“Um pouco”, sorri.
“Vou deixá-la descansar um pouco, mas quem sabe amanhã
ou depois...”
“Com certeza amanhã ou depois”, Anne respondeu. “Mas sim,
tudo bem. Tão bom finalmente conhecê-la, Dakota!”
Zach sorriu, balançando a cabeça em concordância.
“Estávamos começando a pensar que você era apenas uma lenda.
Como o Pé Grande!”
Os vizinhos se afastaram, deixando-nos sob olhares estranhos
e com a bagagem pesada. Jace assumiu a maior parte dela, então
me entregou sua chave. Destranquei a casa e arrastamos tudo para
dentro, fechando a porta atrás de nós.
“O que está acont...”
“Dakota eu sinto muito!” Jace interveio, sua expressão cheia de
desculpas. “Eu não tinha ideia de que eles estariam em casa, muito
menos que viriam correndo assim que estacionássemos.”
“Sim”, eu ironizei, “bem, um aviso de marido teria sido bom.”
“Eu sei, eu sei.”
“Esposa, Jace?” eu disse sem acreditar. “Eu sou sua esposa?”
Por mais estranho que parecesse, a palavra também parecia
uma bolinha quente na boca do meu estômago. Jace ficou lá
olhando para mim, seu corpo firme e em forma não se movendo
nem um pouco pelo esforço de carregar todas as minhas quatro
malas. Eu ainda não conseguia acreditar em quão incrível ele
parecia.
Esposa...
Puta merda, a palavra parecia cada vez mais emocionante a
cada segundo que passava.
“Você quer café?”, ele perguntou. “Ou algo mais forte?”
Sorri para mim mesma pelo duplo sentido. “Os dois, eu acho”,
respondi. “Mas, por agora, café.”
Ele me conduziu por um portal em arco até a cozinha, que era
brilhantemente decorada e imaculadamente mantida. Para um
solteiro, sua casa certamente era grande. Mas Jace não era mais
um solteiro. Aparentemente, nós dois éramos casados.
“Sente-se e eu vou te contar tudo.”
Puxei uma cadeira enquanto sua gigantesca máquina de café
inox passava por um ciclo barulhento, mas com um cheiro delicioso.
Alguns minutos depois, eu estava segurando um café com leite
como os feitos por especialistas, com espuma e tudo.
“Uau”, eu disse. “Isso está muito bom.”
“Sim”, ele sorriu. “Nós levamos nosso café muito a sério por
aqui.”
“Nós?”
Ele soltou um assobio baixo. “Caramba, Dakota, há tanto que
você precisa saber. Tanta coisa aconteceu.”
Depois de preparar uma xícara para si mesmo, Jace cruzou os
braços e recostou-se no balcão. O que foi bom, porque me deu uma
desculpa para olhar para aqueles braços.
“Por que você não começa do início?” eu disse a ele. “A última
vez que te vi foi na minha casa, se você se lembra.”
Ele assentiu lentamente. “Minha festa de despedida.” O sorriso
sob sua barba se alargou. “Aquela noite inteira foi lendária pra
caralho.”
“Com certeza foi.”
“Eu desmaiei e vocês rasparam minha cabeça para que o Tio
Sam não precisasse fazer isso.”
Eu ri enquanto minha mente viajava no tempo com ele. “Ainda
me lembro de tocar a campainha”, murmurei. “Também me lembro
de estar muito chateada.”
“O quê? Por quê?”
“Porque você era muito divertido”, eu disse a ele, “durante todo
o ensino médio. E era uma pena que você não estaria mais por
perto.”
Jace respirou longa e profundamente e soltou algo como um
suspiro. “As coisas sempre mudam, não é?”
“Com certeza mudam.”
Ele sorriu novamente, e eu senti aquela pontada familiar de
saudade. Eu poderia dizer que ele sentiu também.
“Eu me lembro de você como a irmãzinha de Tyler, sempre por
perto. Sempre no caminho.”
“E eu me lembro de você como o garoto alto e pateta que
sempre colocava meu irmão em apuros”, respondi. “Fiquei chocada
quando você disse que havia assinado com um recrutador. Mas
também imaginei que o Exército iria endireitar você.”
“Ah, endireitou algumas coisas”, Jace assentiu. Enquanto ele
tomava um gole de sua xícara, pude ver que seus olhos ainda
estavam desligados, ainda distantes. “Meu Deus, o campo de
treinamento parece ter acontecido há mil anos.”
“Foi há mil anos”, concordei. “Ou por aí.”
O som da porta da frente se abrindo ecoou pelo hall de
entrada, seguido por vozes alegres que precederam seu caminho
para a cozinha. O primeiro homem que passou através do arco era
alto — ainda mais alto que Jace — e era marrento como um astro
do rock. Seu companheiro era igualmente alto e forte, com ombros
largos e um corpo em forma de V que só poderia ter sido
conseguido com longas e duras horas na academia.
Na verdade, os dois homens estavam cobertos de suor. Suas
camisas grudavam em seus corpos fortes em lugares que eu
adoraria passar mais tempo olhando, se já não estivesse sendo
apresentada por Jace.
“Dakota, conheça meus companheiros de casa: Aurelius e
Merrick.”
Merrick sorriu e acenou com a cabeça educadamente, então
começou a vasculhar a geladeira em busca de algo. Mas foi
Aurelius, o excepcionalmente alto e de cavanhaque, quem pegou
minha palma e deu um beijo nas costas da minha mão.
“Parabéns pelo casamento”, ele piscou.
Capítulo 5

JACE

Eu não planejava sobrecarregar Dakota com tudo de uma vez,


mas mantê-la no escuro também não estava ajudando em nada.
Também não ajudou o fato de Aurelius e Merrick já saberem. No
entanto, como meus irmãos de armas, eles sabiam de tudo, e
sempre saberiam.
“Desculpem, eu não comprei um presente para vocês ou algo
assim”, Aurelius brincou. “Mas se vocês me derem alguns dias,
tenho certeza de que vou providenciar alguma coisa.”
Merrick pegou um de seus shakes de proteína prontos na
geladeira e o engoliu. Limpando a boca com as costas do braço, ele
apontou o polegar para mim.
“Faça o que fizer, certifique-se de que ele não economize na
lua de mel”, Merrick disse a ela. “Jace tem a tendência de fazer tudo
pela metade, se você deixar.”
“É isso mesmo?” desafiei. “Será que fui eu que salvei sua pele,
lá em Al Fallujah?”
Merrick grunhiu e ficou em silêncio, como eu sabia que ele
faria. Era sua única opção.
“Foi isso que eu pensei.”
Voltei minha atenção para Dakota, que estava sentada
tomando seu café. No espaço de apenas oito ou nove anos, tanta
coisa mudou! Lá se foram os aparelhos, as sardas, os últimos restos
daquelas gordurinhas infantis. A loira de pernas compridas sentada
diante de mim era uma mulher adulta agora, e ainda por cima linda.
Ela poderia facilmente ser uma completa estranha, se não fosse por
aqueles penetrantes olhos azuis árticos com os quais cresci por
tantos anos.
Deus, como ela é bonita.
Ela era de verdade. Essa parte foi uma mão na roda, é claro.
Mas quando se tratava do favor de que eu precisava, tinha que
colocar tudo – incluindo as aparências – de lado.
“Então, duas semanas antes de cada Natal, há um baile
oficial”, comecei finalmente. “É o evento fora do serviço mais
importante do ano. Especialmente este ano, e especialmente para
mim, porque preciso de algo muito específico do meu OC.”
Ela torceu o nariz. “OC?”
“Oficial Comandante”, disse Merrick. “O Poderoso Chefão.”
“Ah. Entendi.”
“Veja, eu nem deveria estar lá”, eu disse a ela. “No baile, quero
dizer. Eu nem faria parte de toda essa coisa ridícula, mas tenho que
ir pelo meu comandante, que insistiu para que eu fosse.”
“Por que você não deveria estar lá?” Dakota perguntou
inocentemente.
“Porque eu não sou um oficial. E nunca serei um.”
Eu a vi desviar os olhos por um momento, quase
desconfortavelmente. Não deve ter entendido nada.
“Dakota, eu sou um Boina Verde. Altamente condecorado.
Concluí dezenas de missões bem-sucedidas em onze países
diferentes e dezessete conflitos.”
Os olhos dela se voltaram para os outros, talvez esperando
que eles interviessem com algum tipo de resposta sarcástica. Não
houve nenhuma, claro. Tanto Merrick quanto Aurelius conheciam a
validade de cada um desses conflitos. Em mais do que alguns
deles, os dois estavam ao meu lado.
“Após o treinamento das Forças Especiais, subi rapidamente
na hierarquia”, expliquei. “Na verdade, fui promovido mais rápido do
que qualquer um na história recente do Exército.”
“Por que você não é um oficial, então?”
“Por escolha”, respondi simplesmente. “Sou Sargento-Mor há
muitos anos. Devo ter recusado o avanço meia dúzia de vezes, a
maioria delas por convite do meu OC, que ficou cada vez mais
irritado.
“OC muito irritado”, Aurelius concordou.
“Mas, por mais zangado que esteja por eu não aceitar uma
comissão, ele também é um homem que respeito profundamente. O
general Burke saiu do Vietnã como um herói genuíno. Ele ganhou
duas Estrelas de Prata e a Cruz de Serviço Distinto, além de
inúmeras outras indicações também. E caramba, nem sei quantos
Corações Púrpura.
“Quatro”, Merrick entrou na conversa. “Eu acho.”
“Ele esteve lá na Tempestade no Deserto”, acrescentei,
observando a reação de Dakota. “Assim como seu pai esteve. E
embora ele esteja passando dos setenta, o velho ainda está bem.”
O pai de Dakota era outro homem que eu já respeitava durante
o ensino médio, mas ainda mais agora depois de meu serviço
militar. Ele havia sido mecânico de equipamentos pesados durante o
conflito, trabalhando em tudo, desde Abrams até Apaches. Ele
serviu durante toda a Guerra do Golfo e esteve lá para a libertação
do Kuwait. Eu sabia dessas coisas porque as pesquisei. Eu vi o
arquivo dele.
“Ainda não entendo o que isso tem a ver comigo”, disse
Dakota. “Ou por que supostamente somos casados.”
Os caras se juntaram a ela olhando com expectativa para mim
do outro lado da cozinha. Eventualmente, eu dei de ombros.
“No ano passado, mais ou menos, durante todas as muitas
conversas que tivemos sobre a vida, família e futuro… eu devo ter
dito ao velho que era casado.”
Aurelius bufou. “Deve ter?”
“Certo, tudo bem”, admiti. “Eu fiz isso. Disse a meu OC que
tinha uma esposa, e essa esposa era você. Tinha que ser você.”
“Eu?” Dakota perguntou, levantando uma sobrancelha. “Por
que eu?”
“Porque... bem...” estremeci. “Eu devo ter mostrado a ele uma
foto ou duas.”
“Minhas?” ela perguntou surpresa. “Ah meu Deus, qual?”
“Só uma bonita que tirei da sua conta do Instagram.”
“Você segue meu perfil do Instagram?”
“Ehhh... sim.”
Meu rosto estava ficando inegavelmente vermelho agora,
especialmente porque os caras estavam gostando muito disso. Por
mais estranho que fosse, eu tinha que passar por isso.
“Qual delas você pegou?” perguntou Dakota.
“Sabe aquela despedida de solteira que você foi no ano
passado? Em algum momento do verão?”
“Da Amber?” agora ela estava ficando vermelha. “Ah meu
Deus... eu estava muito bêbada aquela noite! Qual delas você
escolheu?”
“Uma das primeiras”, eu sorri. “Você estava do lado de fora,
com as luzes da cidade atrás de você. Seus olhos estavam
brilhando. Você estava com o sorriso mais lindo.”
Percebi que estava divagando, mas não me importei. A foto
realmente estava incrível – a única coisa silenciosa que preenchia a
lacuna entre a garota que eu conhecia e a mulher que Dakota se
tornou. Eu me senti um merda usando isso. Eu me senti ainda mais
merda mentindo. Mas a foto...
Cara, eu admirei aquela pequena foto tantas vezes.
“Tudo bem, essa não é ruim”, disse Dakota, finalmente se
lembrando. “Eu posso deixar isso passar.”
“Bom.”
“Qual mais?”
Fiz uma pausa para tirar meu telefone do bolso. Depois de
deslizar para a esquerda várias vezes, segurei para mostrar a ela.
“Esta.”
Era uma foto de uma foto, ou talvez uma digitalização. Nela,
Tyler e eu estávamos com a irmã dele entre nós. Éramos todos tão
jovens, talvez no meio da adolescência. Nós três tínhamos nossos
braços enlaçados alegremente um ao outro.
Dakota olhou para o meu telefone e balançou a cabeça
lentamente. “Você disse a ele que éramos namorados de infância,
não é?” ela perguntou categoricamente.
“Sim.”
A cozinha ficou em silêncio enquanto Dakota e eu apenas nos
entreolhamos. Meus companheiros de casa ficaram ali
inocentemente, assistindo ao show.
“Olha, isso acabou acontecendo um dia”, expliquei. “Não sei
em que diabos eu estava pensando. O velho queria ouvir sobre
minha vida pessoal, e eu estava lutando contra isso, então acabei
inventando uma. Eu disse a ele que tinha alguém em casa, alguém
com quem cresci. Continuei construindo o relacionamento cada vez
mais toda vez que falava com ele, desenvolvendo-o, dando-lhe
detalhes. Então um dia ele quis ver uma foto. E percebi que essa
mulher que eu construí esse tempo todo; aquela que era forte,
ardente, independente e bonita... essa mulher era você.”
Dakota olhou para mim fixamente, e a completa falta de
expressão a deixou de alguma forma mais bonita. Era difícil dizer se
ela estava chateada, lisonjeada ou...
“Então seu chefe acha que sou sua esposa?”
“Sim”, nós três dissemos ao mesmo tempo.
Ela mordeu o lábio. “Isso não deve ser tão difícil de conseguir,
eu acho. Especialmente para apenas uma pessoa, durante uma
única noite.”
Os outros me olharam de lado. Olhares que eram desajeitados
o suficiente para serem notados.
“O que foi?”
“Bem, como eu disse, a coisa toda virou uma bola de neve”,
confessei. “O general gosta de conversar e, por algum motivo, gosta
de falar de mim.”
“E daí?”
“Então, pessoas acima de mim, pessoas abaixo de mim, todo o
meu setor…”
“Quase todo mundo na base acha que esse cara se casou
recentemente”, Aurelius terminou para mim. “Ele inventou um
casamento e uma lua de mel. Está até usando uma aliança.”
Envergonhado, levantei minha mão esquerda. A simples
aliança de ouro que ainda parecia tão estranha em meu dedo
brilhava alegremente na luz moribunda.
“Bem, então eu acho que os parabéns fazem sentido”, declarou
Dakota, tomando um gole longo e casual de seu café. Ela olhou
para mim novamente com aqueles grandes olhos azuis, e sua boca
se curvou em um sorriso sarcástico.
“Espero que nossa lua de mel tenha sido boa.”

Uma Esposa Secreta


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Sobre a Autora
Krista Wolf é uma amante de ação, fantasia e todos
os bons filmes de terror... bem como uma romântica
incorrigível com um lado sensual insaciável.

Ela escreve histórias cheias de suspense, repletas


de mistério e recheadas de voltas e reviravoltas
excitantes. Contos em que heroínas obstinadas e
impetuosas são a força irresistível jogada contra
inabaláveis heróis poderosos e sarados.

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