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Lysa Moura
Os Callahans
Filhos de Nadine Callahan e Pietro Callahan
Outros Personagens
Tinna Mitchell – Menina do clube
Phillipa Florenza – Menina do clube
Lucien Adans – Segurança
Matt – Segurança
Jace – Segurança
Jordam – Ténico de segurança
Max – Gerente do clube
Annabel – Responsável pelas meninas do clube
Bellatrix – Guia do clube
IgorMoretti – Pai de Sophia e Ariel – Chefe da máfia italiana
Jonnathan Calvin – Pai de Lauren – Maior agiota de New
York
Daphenni Reed – Mãe de Lauren
Ruby Calvin – Madrasta de Lauren
Manddy – Morta por Caspen porque traiu o clube
Lanna – Traiu o clube, estava com o FBI
Marcus – Pega a irmã de Happy
Bruce Wild – Pai de Happy e Audrey – Ex-soldado da máfia
Julieta Wil – Mãe de Happy e Audrey
Alice – Esposa de Igor Moretti – Ela é morta pelos
Callahan’s
Rodrigues – Novo chefe de Cartel– Filho do governador
Savana – Filha de Igor
Antony – Filho de Igor
Justin – Filho mais novo de Igor
André – Segurança de Happy
Alice – Médica que cuida de Audrey
Melissa – Terapeuta de Audrey
Hernández – Verdadeiro chefe de Cartel
Chris Castle – Homem com quem Lori ia se casar
Maverick – Hacker de Caspen
JJ– Amigo de Lori, dono de um estúdio de tatuagem e fez
um implante nela
Alex – Homem de Lori – Atirador de elite
Maddox – Homem de Lori
Emílio – Homem de Lori
Charlie – Homem de Lori – Especialista em bombas
Miguel – Homem de Lori
Ester Donovan Hernaz – Mãe de Lori – Socialite
rica que
tem uma rede de salão de estética
Renné Hernaz – Padrasto de Lori
América Donovan – Irmãde Lori e Phillipa, tem dois anos –
Caspen e Lori a adotam
Joe Parker – Segurança íntimo de Hernández
Armando Salvatore – Um dos maiores chefes da rede de
tráfico humano do mundo
Osmar – Ex-soldado de Ester – Caspen e Lori adotam-no
Aléssio D’Angelo – Chefe da máfia italiana
Alanna – Segurança de Audrey
Christinne – Segurança de Audrey
Martha – Cozinheira de Lucas
Amber – Mulher do abrigo que foi vendida e resgatada
Bethany – Filha de Amber
Zoe Kennedy – Menina levada aos dez anos. Torna-se Zoe
Callahan após ser encontrada aos dezessete
Angel – Dorme com Raphael
Thomas – Segundo no comando de Raphael
Marcus Esposito – Homem que quer acabar com os
Callahan’s – Italiano– Máfia que detesta os Callahan’s por causa do
que eles fizeram – Começaram uma guerra para sair da Cosa
Nostra e formaram a Callahan’ s
Jordan – Segurança de Phillipa
Christian – Segurança de Phillipa
Dr. Afonso Brow – Ginecologista obstreta
Henry Martin – Despedido do clube – Vendia drogas e se
juntou a Marcus
Mason – Homem de Raphael – Ajuda no clube destrippers
Abgail – Administra Poseidon
Margaret – Comanda as meninas no clube
Brandom – Adminstra a Boate Afrodite
Os Fimmel’s:
Hugo Fimmel
Alessandro Fimmel
A Bratva:
Ivan Volkov – Pakhan da Bratva
Dimitri Volkov – Filho de Ivan
Vladímir Volkov
Bóris – Sovietnik – Conselheiro
Nikolai – Brigadier – Capitão
Andrei – Brigadier – Capitão
Nota da Autora
Phillipa
Um ano depois...
No dia seguinte...
Raphael
Phillipa
Raphael
Raphael
Phillipa
Na manhã seguinte...
Phillipa
Raphael
Phillipa
— Ah, cara...
— Eu sei, eu sei, sou um merda.
Não ouço a resposta de Dominic, pois tombo para o lado e
apago, de tão bêbado que estou.
Capítulo Oito
Nobody’s Perfect – Jessie J
No dia seguinte...
Phillipa
Raphael
Olho uma última vez para Phillipa, que está rodeada por
Iona,Dimitria e Zoe. Por mais que aparente estar bem, sei, só de
olhar para ela, que ainda se sente um pouco atordoada e em
choque com tudo o que aconteceu. Queria poder ir até ela, segurá-
la nos meus braços e dizer que tudo está bem, porém sei que meu
afeto não será bem-vindo.
Caralho! Estraguei tudo ontem. E depois de mais cedo, não
faço ideia do que fazer. Não tivemos nem a oportunidade de
conversar. Balanço a cabeça. Nossa situação só está piorando.
Phillipa vira a cabeça de lado, encontrando o meu olhar. Dou
um aceno, ela desvia o olhar e volta a conversar com as meninas.
— Está pronto? Nosso convidado especial está esperando-
nos. — Dominic aperta meu ombro.
— Vamos começar a diversão. — Viro-me, saindo da sala de
estar e deixando Phillipa.
Sigo Dominic para fora, indo em direção à parte de trás da
casa, onde há uma área isolada com uma cabana. Quem vê por fora
diria que é uma casa de visitas. Por dentro, toda equipada, deixando
a entender que é exatamente isso. Porém há uma porta falsa na
grande despensa da cozinha, dando para o porão, onde pode ter
certeza de que é a casa do terror — nome dado por Dimitria —,
onde todos os seus pesadelos se tornam realidade.
Descendo as escadas para lá, o ar se torna mais frio,
sombrio. O gotejar da água que escorre dos canos e pinga no chão
é o único barulho que ouvimos enquanto caminhamos pelo corredor
escuro. A caminhada demora uns dois minutos até chegarmos no
grande espaço aberto com várias celas de vidro em volta.
Bem no meio de todo o espaço está nosso convidado
especial. Ele se encontra em pé. Seus braços estão para cima; e
suas mãos, amarradas em arame farpado nas vigas do teto. Suas
pernas se encontram abertas, também amarradas nas correntes
elétricas fundadas ao chão.
Um grande sorriso se forma nos meus lábios ao ver o
sangue escorrendo pelos seus pulsos. Seu corpo treme, posso ver a
dor no seu olhar. É uma grande satisfação vê-lo assim. Não é mais
o homem cheio de adrenalina que atirou contra mim e Phillipa, não.
Aqui, ele é apenas um homem fraco, uma presa. Um animal em um
matadouro.
— Está sendo bem tratado? Quer alguma coisa? Uma água,
um suco... algo para o satisfazer? — desdenho, chegando perto.
— Vá se foder. — Cospe em mim.
Passo a mão no rosto, secando-o. Olho para Maddox, que
está no controle das correntes elétricas. Aceno para ele, que liga a
corrente, dando choque em todo o corpo do convidado, que grita.
— Desculpe-me, não o ouvi. Pode repetir? — Coloco a mão
na orelha, em forma de concha.
Sorrio para ele, satisfeito com sua dor.
— Será que podemos começar? — pergunto, olhando em
volta, e todos acenam com a cabeça.
— Ele é todo seu. — Hector diz. — Quando acabar, corte
ele, pedaço por pedaço, e distribua-o por aí. Quero que a pessoa
que estiver no comando desse ataque saiba quem somos.
Com isso, ele dá meia volta e se retira do local.
Hector é o tipo de chefe que senta atrás da mesa e só
comanda. Ele nunca se suja.
— Bem, vamos sujar-nos. — Esfrego as mãos, sorrindo. —
Por onde começo? — Olho para todo o material de tortura na parte
de trás. — O que acha, hum...? Você é nosso convidado. Acho que
tem o direito de escolher.
— Só acabe logo com isso. — O homem diz. — Faça logo
as perguntas e me mate.
Balanço a cabeça, estalando a língua.
— Ah, não — digo. — Assim seria fácil demais. — Pego o
alicate. — Você atirou contra mim e minha mulher em um
restaurante, um restaurante cheio de pessoas inocentes. Você não
honra, e realmente acha que eu apenas farei perguntas e pronto?
Sabe quantas pessoas morreram nesse seu ataque desleixado?
Foram oito pessoas, sendo que três eram crianças. Por isso, você
vai sofrer até morrer.
Agacho, pegando no seu pé e arrancando fora suas unhas,
uma por uma, enquanto ele grita e se balança, tentando soltar-se,
tentando qualquer coisa para me fazer parar. Conforme faz isso, o
sangue jorra cada vez mais dos seus pulsos, respingando até em
mim.
— Agora que estamos interagindo: quem comandou esse
ataque? Como sabiam que estávamos no restaurante? Diga-me! —
grito, puxando mais uma unha, o que o faz dar um berro agonizante.
— E-eu não s-sei... — gagueja o homem.
Começo a rir com esse eu não seidele. É claro que ele sabe
muito bem, só está fazendo exatamente o que todos os prisioneiros
fazem: dando uma de burro, querendo uma morte rápida e fácil. Não
vai acontecer.
— Acho que temos que recomeçar, quem sabe algo aparece
na sua memória. O que acham? — Olho para os outros homens,
que observam tudo o que estou fazendo.
— Ele precisa de um incentivo maior. — Dominic diz, com
um pequeno sorriso.
— Um pouco mais de dor. — Mason, meu homem de
confiança, diz, olhando para o homem amarrado. — Quanto mais
dor, mais eles abrem a boca.
— Não, não... — Balança a cabeça, em desespero. — Eu
falo, eu falo!
— Ah, agora ele quer falar... Tarde demais...
Pego um alicate maior e corto seu dedão do pé. Ele grita.
Sangue jorra, sujando o chão e a mim. Sorrio com satisfação
enquanto seus gritos preenchem o lugar, ecoando pelo corredor
escuro e oco.
— Agora, diga-me, antes que eu corte mais um — comando,
posicionando o alicate no próximo dedo.
— Marcus Esposito! — O homem grita.
Os Espositos — Cosa Nostra. Quando erámos da Cosa
Nostra, os Espositos foram nossos maiores inimigos, e passaram a
nos odiar ainda mais assim que começamos uma guerra para nos
desvincular da Cosa Nostra e termos o próprio legado, o próprio
nome.
Depois que viemos para os Estados Unidos, tudo se
acalmou, mas parece que estão de volta e querem guerra. Temos
que informar Caspen o mais rápido possível.
Olho para Dominic, que acena com a cabeça.
— Já estou avisando — diz ele.
— Agora, o que pode dizer sobre Henry Martin? —
pergunto.
— Não conheço ninguém com esse nome — responde,
rápido demais para ser verdade, pois nem parou para pensar ou
tentar reconhecer quem possa ser.
Posiciono o alicate, vendo a agonia antecipada no seu rosto.
Já eu, vejo sangue antes de esse se fazer presente...
Mais dois dedos dele se vão, o que o faz debater-se. Eles
não aprendem? Não há para onde fugir. Poderiam muito bem
cooperar. Patéticos demais.
— Vai dizer-me sobre ele ou continuará mentindo? —
pergunto.
— Tudo bem, tudo bem, eu falo, okay!? — grita, em
desespero. — Trabalho para Marcus Esposito, e esse Henry Martin
apareceu tem um tempo. Ele disse que foi demitido e que queria se
juntar ao propósito de acabar com os Callahan’s. Os dois estão
trabalhando juntos. Pelo que sei, eles têm pessoas vigiando-os, foi
por isso que sabiam onde estariam. — Olha para mim e sorri, um
sorriso desdenhoso. — Marcus quer a menina, ele quer conhecer a
traidora. O foco era matar você e levá-la a ele.
— Palavras erradas. — Dom diz, balançando a cabeça.
— Sim, muito erradas — concordo com ele. — Há algo mais
que queira compartilhar?
— Vá para o inferno! — Ele ri. — Todos vocês vão cair,
Marcus acabará com os Callahan’s, vocês irão foder-se! Todos! —
Continua a gritar palavras aleatórias. — Vocês, todos burros, todos
um bando de idiotas! Todos desprotegidos! Marcus acabará com
tudo! Ele sabe de tudo.
Suspiro, sabendo que não dirá mais nada. Posso perceber
que tudo já estava planejado. Marcus sabia que pegaríamosum, ele
sabia que faríamos perguntas e sabia que seu homem seria morto.
Porra!
— Você vai contar para Phillipa que ela é o alvo principal?
— Dom pergunta, assim que saímos da câmara de tortura.
— Caralho, é claro que não! — Balanço a cabeça enquanto
caminhamos pelo corredor escuro. — Ela não precisa saber, ela já
tem muito com o que se preocupar.
Phillipa – Horas mais tarde...
Raphael
MIGUEL: “T
udo sob controle.”
Phillipa
Raphael – T
rês horas depois...
Phillipa
Estou trancada em uma suíte, no Hotel Zeus, com Zoe,
olhando para Miguel e Maddox. Ao lado deles estão Christian e
Jordan. Os quatro se encontram concentrados em mim. Estamos
esperando por Angel para podermos aproveitar o dia no hotel, com
tudo o que ele possa oferecer.
— Isso é assustador. — Zoe comenta, em um murmúrio.
Seu olhar está nos rapazes — rapazes não, homens.
Homens grandes e fortes à nossa frente.
— Já estou acostumada — digo a ela, dando um sorriso
reconfortante.
Zoe apenas acena com a cabeça.
— Antes de irmos, temos que passar o cronograma da sua
segurança com a Senhorita. — Miguel diz, olhando-me, e eu aceno
para ele.
— Raphael colocou-nos no comando da sua segurança —
começa Maddox. — Somos responsáveis não só pela sua
segurança, mas também pela da casa em que está vivendo, por isso
queremos passar para você como será a partir de agora. — Esfrego
minha barriga enquanto ele fala.
Tudo o que quero é proteger meu bebê de toda essa
confusão, de toda essa matança ao meu redor, esse ar de
desconfiança, de luta e toda essa situação desconfortável. Não é
um lugar agradável para criar um bebê.
— Nós mudamos o cronograma. A partir de agora, Maddox
e eu ficaremos com você na parte do dia; Jordan e Christian, na
parte da noite. — Miguel explica.
— Se vocês são responsáveis pela minha segurança e
Raphael confia tanto nos dois, por que não se revezam? —
pergunto, olhando-os. — Poderiam trocar. Um fica comigo de dia; e
o outro, à noite. Apenas trocam com Jordam e Christian — digo.
— Não, será mais seguro nós dois ficarmos juntos e na
parte do dia, pois é quando você estará mais exposta...
— Porém, a maioria dos ataques pode ser durante a noite,
certo?
— Sim. — Maddox acena com a cabeça. — Só que,
Raphael estará com você. Junto com Alex, Jordan e Christian, você
estará protegida.
Estreito meus olhos.
— Quem é Alex? — pergunto, desconfiada.
— Ele é um dos nossos. Caspen mandou mais homens para
reforçar a segurança. — Miguel explica, dando um pequeno sorriso
a mim.
— Não acho sábio discutirmos nossos assuntos com ela. —
Jordan comenta, dando um olhar sério a mim.
— Não estou interessado no que acha ou não sábio, Jordan.
É por isso que Miguel e eu somos os responsáveis pela segurança
de Phillipa, não vocês. Tudo o que tem que fazer é nos obedecer.
Entendeu? — Maddox olha para Jordan e Christian, dando a eles
um aviso silencioso.
Mordo meus lábios, contendo o sorriso que insiste em
formar-se. Ao meu lado, Zoe aperta minha mão. Seu corpo está
tenso.
— Alex é um dos homens de Lori, estou lembrada agora —
comento, tentando aliviar um pouco o ar.
Lembro-me dos homens de Lori. Se não me engano, eram
cinco homens que Lori tinha de sua confiança, todos trabalhando
para ela.
— Exatamente. Ele é o segurança pessoal de Raphael. —
Miguel sorri para mim. — E é por isso que não precisamos ficar com
você durante a noite. Você terá Raphael e Alex consigo, além de
Jordan e Christian.
— E quando Raphael estiver ocupado?
Não é que eu não confie em Jordan e nem no Christian, mas
não quero pensar que algo possa acontecer comigo quando eu
estiver apenas com eles. Os dois já cometeram erros antes. Se algo
acontecer com o meu bebê...
Balanço a cabeça. Só o pensamento já me apavora.
— Se Raphael não puder ficar com você durante a noite,
Maddox e eu prolongaremos nosso turno até que ele tome nosso
lugar. — Miguel explica, acalmando-me um pouco. — Está de
acordo? — pergunta, olhando-me, e espera por minha confirmação.
— Sim, eu estou. — Dou um pequeno sorriso a eles.
— Bom. — Ele se vira para encarar Jordan e Christian. —
Estão dispensados — comanda, fazendo com que os dois se retirem
da suíte. — Agora que temos tudo esclarecido, podemos descer
para o seu dia de meninas. — Dá uma piscadinha para mim.
Capítulo Treze
Raphael
Raphael
Dimitria
Dimitria
Raphael
Phillipa
Marcus
Raphael
Raphael
Raphael
Phillipa
Raphael– Agora...
Phillipa
Suor escorre pelo meu corpo. Estou tão, tão cansada, tão,
tão dolorida... Posso sentir o sangue escorrendo pelos meus pulsos
e tornozelos, de tanto que me mexi, de tanto que tentei soltar-me
enquanto Marcus e seus homens abusavam de mim repetidamente.
Não faço ideia de quanto tempo estou aqui. Horas? Dias? Tudo o
que sei é que não irei aguentar por mais tempo. Cada pedacinho do
meu corpo dói. Minha língua está toda cortada, de tanto que a
mordi, recusando-me a gritar como Marcus queria.
Fecho meus olhos. Estou tão fraca, tão malditamente fraca,
que mal consigo respirar. Minha garganta está seca, tão seca pelos
sufocamentos...
Raphael? Onde está Raphael com seus homens para me
tirar daqui, para me levar bem longe deste lugar, para salvar a mim
e ao nosso bebê? Eu só quero sair daqui. Lágrimas escorrem pelo
meu rosto. Por quanto tempo mais irei aguentar? É errado da minha
parte querer morrer? Querer ser livre de tudo isso? Libertar-me
dessa tortura que me quebra a cada segundo?
Ouço passos do lado de fora, então sei que Marcus e seus
homens voltaram, portanto meu tormento irá recomeçar. Só espero
conseguir aguentar.
A porta se abre. Marcus e Henry entram, com mais três
homens atrás deles. Quando o olhar dele se encontra com o meu,
ele sorri enquanto seu olhar passa pelo meu corpo, de forma
apreciativa, como se tivesse apreciando sua tortura em mim. Sua
maldade rasteja pela minha pele, queimando-me por inteira. Eu o
quero morto, mas parece que ele irá matar-me primeiro.
— Pronta para mais? — pergunta, ao mesmo tempo que
sua mão passa pelo meu rosto.
Viro o rosto para o lado, tentando livrar-me do seu toque, e é
quando sinto a queimação do seu tapa.
— Olhe para mim, vadia. — Ele segura meu queixo, virando
minha cabeça para eu encará-lo.
Seu aperto é doloroso. Cerro meus dentes. Olho-o, com
raiva, pura e deliciosa raiva.
— Eu vou fazê-la quebrar, gritar. Não irei parar enquanto
não ouvir seus gritos. — Ele solta meu rosto.
Meus olhos se fecham quando sinto suas mãos em mim,
tocando-me. Seu toque queima minha pele. Ouço seu riso quando
meu corpo se encolhe ao sentir suas mãos na minha boceta.
— Vamos ver quanto mais aguenta, principalmente porque
tenho uma surpresinha para você. — Meus olhos se abrem por
curiosidade, e é quando percebo o celular nas suas mãos. — Vamos
ver se, com Raphael na linha, você não abra a boca e implore. —
Pisca para mim.
Não, não, não... Mexo-me, tentando desesperadamente me
soltar. Os arames cravam na minha pele, fazendo-me sangrar. A dor
é insuportável a ponto de deixar-me tonta. Viro minha cabeça para o
lado, vomitando o que ainda resta no meu estômago, o que não é
muito. Tusso algumas vezes, engasgando. Marcus e seus homens
riem de mim, do meu desespero. Oh, céus! Raphaelnão pode ver-
me assim. Os arames cravam ainda mais fundo, enquanto me mexo
desesperadamente, já que meu corpo balança de um lado para o
outro. Estou frenética. Meu corpo todo dói, mas tudo o que importa é
sair daqui, pegar o celular das mãos de Marcus e quebrá-lo em
pedacinhos, depois... depois, quero matá-lo, acabar com ele usando
minhas próprias mãos.
Um riso louco deixa meus lábios. Do jeito que estou, não
conseguirei ir a lugar algum, muito menos matar Marcus e seus
homens. Meu riso se mistura com soluços, as lágrimas enchem
meus olhos, escorrendo pelo meu rosto. Estou cansada, com dor,
sinto como se já estivesse morta.
Algo é enfiado no meu pescoço, então meu ataque para.
Olho para o lado, encontrando o olhar frio de Henry. Em instantes,
estou tonta e grogue, até que deixo a escuridão envolver-me. Um
pequeno sorriso deixa meus lábios antes de eu apagar.
Raphael
Phillipa
Phillipa
Caspen
Raphael
— Não dói mais... — Seu corpo fica mole nos meus braços,
e ela apaga, dando um último suspiro.
— Phillipa? — chamo-a, dando uma leve sacudida no seu
corpo, mas não obtenho nenhuma resposta. — Phillipa, por favor,
fique comigo — peço a ela, mesmo sabendo que é em vão.
Porra, porra!
— Ela desmaiou, e não está respirando direito. Precisamos
levá-la ao helicóptero o mais rápido possível!— grito para Maddox e
Miguel. — Amélia, mande o helicóptero descer, Phillipa não tem
muito tempo!
— Estão a um minuto — comunica ela.
— Caralho! Ela não tem a porra de um minuto! — digo,
irritado. — Não posso perdê-la, eu não posso perdê-la... — divago,
olhando para o céu, esperando pelo helicóptero.
— Você não vai perdê-la, Raphael. Aguente firme. Eles
estão chegando — avisa Amélia.
É quando ouço o som das hélices do helicóptero cortando o
ar. Suspiro, aliviado. Tudo vai ficarbem. Phillipa
ficarábem, nós
ficaremosbem, repito mais e mais em minha mente enquanto o
helicóptero desce para nos pegar. Assim que pousa à nossa frente,
corro, com Phillipa nos meus braços. Miguel e Maddox me seguem.
— Como ela está? — Miguel pergunta assim que nos
acomodamos no helicóptero.
— Nada bem. Precisamos chegar logo no hospital! — grito.
Olho para Phillipa, que está desmaiada e sem cor nos meus
braços. Respiro fundo. Ela está tão machucada, que quebra meu
coração. Abaixo minha cabeça, tocando meus lábios na sua testa,
sentindo quão gelada ela está.
O helicóptero começa a levantar voo. Quando pega altitude,
olho para baixo, vendo a explosão que acontece. Tudo desaparece
em meio ao fogo, a casa onde Phillipa foi mantida não existe mais,
está tudo em pedaços. Sorrio, aliviado, sabendo que acabou. Pelo
menos, não teremos mais Marcus Esposito tentando derrubar-nos.
O helicóptero pega distância do caos. Phillipa não se mexe
nos meus braços, o que me preocupa a cada instante. Tão quieta;
sua respiração, tão fraca. Céus! Ela tem que ficar bem, ela precisa
ficar bem. Não posso perdê-la, preciso dela.
Tudo culpa minha. Ela está assim por minha culpa, do meu
egoísmo, está assim porque não fui homem o suficiente para ficar.
Eu a deixei. Fecho meus olhos, sentindo-os se encherem de
lágrimas. Caralho!
Ouço Levi anunciando nossa chegada no hospital. A noite
nos cerca. Não há estrelas, não há lua, apenas nuvens. Uma noite
que irá assombrar-me pelo resto da vida.
O helicóptero pousa na cobertura do hospital, a porta se
abre e os paramédicos aparecem, assim como Lori e Dimitria.
— Senhor, precisamos levá-la. — Um médico diz, olhando
para mim. — Precisamos colocá-la na maca — pede ele, mas tudo o
que faço é manter Phillipa nos meus braços.
Não posso deixá-la, não posso dá-la a eles. E se ela não
sobreviver? E se algo acontecer enquanto a coloco na maca? Se
eles não puderem ajudá-la? Trago-a ainda mais para o meu peito,
mantendo-a.
— Senhor? — O médico diz, olhando em volta, não sabendo
o que fazer.
— Raphael, você precisa deixá-la ir com os médicos. Ela
mal respira, está machucada, por isso precisa ser examinada,
cuidada por eles. Coloque-a na maca e deixe-os trabalharem. —
Lori para à minha frente, olhando para mim.
Balanço a cabeça.
— E-eu... — Engulo seco.
Não posso, só não posso. Não quero deixá-la de novo. Ela
precisa saber que estou aqui.
— Ela está morrendo, Raphael. MORRENDO. É isso que
você quer? — Dimitria diz, olhando-me bem sério. — Se você não a
deixar ir, ela morrerá nos seus braços.
— Dimitria! — Lori a repreende.
— O quê? Estou dizendo a verdade aqui. Ele precisa deixá-
la com os médicos. Agora. — Dimitria olha para quem está atrás de
mim e acena com a cabeça.
— Não — digo, quando Miguel e Maddox tentam tirar
Phillipa dos meus braços.
— Deixe ela ir, homem! Ela precisa que você a deixe ir! —
Miguel diz.
Respiro fundo, olhando à minha volta pela primeira vez
desde que chegamos no hospital. Uma equipe médica está em pé,
todos esperando, esperando por mim, para eu entregá-la a eles.
Dou um beijo na sua testa, erguendo meus braços para frente e
colocando-a na maca. Os médicos começam a examiná-la.
— Cuidem dela, entenderam? — ordeno, em tom de aviso.
Eles apenas acenam com a cabeça, então a levam para
dentro. Sigo-os, observando-os cuidarem dela. Quero poder estar
ao seu lado, segurando sua mão, mas me contenho, deixando os
médicos trabalharem.
Andamos por entre corredores, entramos e saímos do
elevador, e tudo o que eu faço é observá-la, torcendo para que os
médicos a deixem viva, para que ela fique bem.
— Sinto muito, Senhor, porém não poderá entrar nessa ala.
Terá que esperar na sala de espera.
Minha vontade é de socar o homem e dizer a ele que não
sairei de perto dela de jeito nenhum. No entanto, apenas aceno com
a cabeça, virando-me e caminhando para a sala de espera, a qual
Lori e Dimitria fecharam apenas para a nossa família. Desolado,
sento-me na cadeira, passando as mãos pelos cabelos, puxando
alguns fios, sentindo-me perdido. É irritante toda essa situação. Eu
quero estar com Phillipa, quero sussurrar ao seu ouvido, dizendo-lhe
que estou ali, que minha gatinha me tem e que tudo ficará bem, que
ela ficará bem. Queria poder dizer-lhe que nosso bebê está seguro
— mesmo eu sabendo que ela o perdeu. Eu só queria segurar sua
mão enquanto ela é cuidada pelos médicos, entretanto tudo o que
tenho é uma sala de espera. O que irei fazer agora?
Raphael
Dois meses. Porra... Há dois meses que estou dando tempo
a Phillipa, dando o tempo que ela precisa para pensar, para se
curar, colocar seus sentimentos no lugar, e um mês em que fiquei
longe dela, respeitando o seu momento. Foi uma decisão dela, e eu
entendo. Juro que entendo que precisa desse tempo. Cada pessoa
sofre à sua maneira, cada pessoa se cura de uma maneira. Phillipa
pediu a mim um tempo, e eu dei dois meses, todavia esse caralho
acabou agora. Chega de ficar distante, chega de dar o que ela quer.
Temos que conversar, temos que pôr tudo para fora. Eu preciso
dela, preciso segurá-la nos meus braços, vê-la com os próprios
olhos, eu mesmo quero ter a certeza de que ela está bem. Não está
sendo fácil, caralho, não está sendo fácil para nós dois! A merda
que Marcus trouxe para a cidade acabou, tudo voltou ao que era,
entretanto ainda tenho aquele sentimento, o desejo de estar perto
de Phillipa, de protegê-la, de garantir que ela realmente está segura
e bem. Se vamos passar por isso, então iremos juntos. Esse tempo
acabou de vez, pois hoje irei até essa mulher para conversarmos,
para eu abraçá-la e dizer que sinto muito. Mesmo não querendo
ouvir-me, Phillipa irá, porque não estou dando chance de ela se
esconder.
— Porra, cara, você está lutando como um homem sem
alma, um homem faminto. — Dom diz, quando acerto seu estômago
mais uma vez. — Pelo visto, Phillipa ainda recusa a vê-lo.
Paro com a luta, indo para o canto do ringue, pego uma
garrafa de água, abrindo-a, bebo um pouco, e o resto, jogo pelo
meu corpo. Minha respiração está pesada, tenho pequenos cortes
pelo meu corpo e pelas minhas mãos. Tudo o que tenho feito
durante este mês é lutar, já que é a única coisa que me mantém
longe de Phillipa. Porra, estou por um fio... É assustador o
sentimento de amar alguém, porque tudo o que acontece com ela,
nós sentimos. É como se tivesse acontecendo conosco também.
Toda a dor que Phillipa sente, a perda, o sentimento de estar
quebrada, ferida, caída no fundo do poço... eu sinto tudo. E isso é
uma merda, porque nos deixa vulneráveis. Phillipa precisa de mim,
só que eu falhei com ela. Portanto, mereço a dor, mereço esse
sentimento de estar impotente, de são saber o que fazer a seguir,
esse sentimento de culpa. Eu mereço; mas Phillipa, não.
— Raphael? — Dom me chama.
Balanço a cabeça, saindo dos meus fodidos pensamentos.
— Não, caralho, ela ainda não quer me ver — digo a ele.
— O que você irá fazer, cara? — pergunta, dando um
sorrisinho.
— Não darei a ela escolha. Estou cansado de esperar, estou
fodidamente cansado de ficar aqui, afundando-me mais e mais nas
lutas, cansado de sentir-me fraco e derrotado. Marcus se foi, e eu
me enganei ao pensar que toda a destruição que ele causou iria
embora com ele. Merda, mesmo ele tendo ido, tudo o que fez, cada
merda que causou, está impregnado aqui. — Respiro fundo. — O
que ele fez com Phillipa, o nosso bebê... Diga-me, Dominic: como
nós iremos superar isso?
Estou tentando, todavia toda vez que me encontro sozinho
com os próprios pensamentos, sinto-me perdido. Estou indo até
Phillipa, porém não faço ideia do que fazer quando estiver com a
mesma. Tenho esse desejo de estar com ela, de segurá-la, pedir
perdão por tudo o que causei, pela dor que está sentindo, pelo
nosso bebê, pelas palavras que eu disse, pedir perdão por ter
falhado com ela... mas, porra, será que é o suficiente?
— Você não supera. — Dom responde. — Apenas vive um
dia de cada vez. E um dia... um dia, perceberá que a dor não é tão
grande. Você só perceberá que consegue viver com tudo o que
passou. — Dá de ombros.
— Caralho, quando foi que ficou tão sábio assim? —
desdenho.
— Muita convivência com mulheres. — Treme, fazendo uma
careta. — Mas é sério, cara, apenas vá até ela, e quando chegar lá,
os dois saberão o que fazer. — Dá um tapinha no meu ombro e sai
do ringue.
Pego minha garrafa de água vazia e a toalha que está no
banquinho, após, saio do ringue, indo direto para o banheiro. Tenho
que me preparar para me encontrar com Phillipa. Ela é minha.
Juntos, passaremos por isso.
Um ano depois...
Dor. Tudo o que sinto é dor. Meu corpo dói, meu peito dói,
como se tivessealguém pisando em mim, prendendo-me ao chão.
Minha cabeça dói toda vez que fechomeus olhos e as lembranças
me preenchem como um tsunami,levando-mepara a maisprofunda
escuridão.Uma semana, fazapenas uma semana que me encontro
em Honolulu,no entanto estou tão perdidadentro da minha própria
dor... Sei que faz pouco tempo, que eu tenho que ter paciênciae
sair para conhecer a cidade, para aproveitar este meu novo
recomeço, mas tudo o que penso, tudo o que vem à minha mente
são os momentos de tortura que passei nas mãos de Marcus e de
seus homens. Tudo o que consigo pensar é que ainda estou lá,
naquelamesa, presa, sendo abusada repetidamente.“Um passo de
cada vez, um diapor vez, e a cada momento que passa, as coisas
vão melhorar, a dor não será tão grande e tudo será apenas
lembrançasde um diaruim.”É o que minhapsicoterapeuta diz.E eu
digo: foda-se essa merda. Eles dizem, sempre dizem que vai
melhorar, que tudo vaipassar e que um dia estaremos bem, feliz...
Que tudo, no fimdas contas, será apenas uma experiênciaruim.
Issoé uma piada? É sériomesmo que depoisde tudo o que passei,
que depois de toda a dor, todo o desespero, tudo passará como
uma experiênciaruim? São palavras de mau gosto ditas por
pessoas que nunca passaram pelo que eu e muitas mulheres
passaram. É fácil
sentar em uma poltrona,no meiode um escritório
chique, e dizer que tudo ficarábem. Muito fácil.Porém, para
pessoas como eu, nada será fácil.
Eu só quero que tudo vá embora. Quero que essa dor, que
as lembrançase esse peso que sintose vão. Eu só quero ser livre,
libertade tudo o que passei. Eu só não quero estar viva,porque
estar viva significa
que tudo foireal: meu corpo foivioladode
maneira que achei não ser possível,além de que meu bebê foi
tiradode mimsem a minhapermissão.Eu não tiveescolha.Tudo o
que vivinaquelelugarfoisem o meu consentimento.Eu fuie ainda
sou uma prisioneira.
E eu não quero ser mais.Lágrimasse formam
nos meus olhos, escorrendo pelo meu rosto logo após. Eu não
quero ser mais esta mulher, a mulher que foiquebrada de mil
formas possíveis,a mulherque não consegue seguirem frente. Eu
só não quero mais ser esta pessoa. Sentada no chão do banheiro,
olhopara a navalhaque está na minhamão. Eu só tenho que tomar
uma decisão, uma única decisão, então por que está sendo tão
difícil?
Era para ser fácil,
não é? Eu não quero maisviver , portanto
seria o óbvio.Só tenho que cortar meu pulso, um corte precisono
lugarcerto, e assim,estareitendo o que quero. Por quê? Por que eu
não estou conseguindo? Encosto minha cabeça na parede,
mordendo meus lábios,e controloo soluçoque insisteem deixá-los.
Com a mão tremendo, eu a fecho em voltada navalha,sentindo a
lâminacortar a palma.A dor do corte substituia dor da minhaalma.
Esse é o ponto em que cheguei.O fundo do poço. Estou no fundo
do poço e não seicomo sair. Minto:eu não quero sair. Céus! Sinto-
me tão confusa neste momento...O que eu vou fazer? Abaixo minha
cabeça, em derrota. Abrindominhamão, sintoa lâminaescorrer até
bater no chão. Eu não consigo,por mais que queira. Eu só... não
consigo. Meu corpo treme. Choramingo, sentindo-me derrotada,
cansada demaisde tudo. Eu quero que issoacabe, mas não tenho
força o suficiente para fazer tudo acabar
.
Raphael
Ela está de volta. Phillipa está de volta, e ela está bem aqui,
vendo-me lutar, observando-me. Balanço minha cabeça, voltando
para a luta. Desvio o olhar para o meu oponente. Toda a excitação
da luta, toda essa fúria dentro de mim acaba, a adrenalina que
escorria pelo meu corpo se vai. Tudo o que eu quero é dar o fora
daqui. Meu oponente aproveita a chance para acertar um soco em
mim, então volto para a luta, querendo terminá-la logo, com toda
força e o desprezo que estou sentindo. Prendo-o contra a rede do
ringue, socando-o até sentir sua mandíbula quebrar e seu corpo
cair, desmaiado. Largo-o, deixando-o cair no chão, e saio do ringue,
sem olhar para trás.
— Raphael! — Ouço Dominic gritar meu nome, mas não dou
uma porra de importância para essa merda, pois eu só quero sair
daqui. — Raphael!
De repente, paro e me viro para olhá-lo.
— Você sabia? — pergunto a ele, furioso, e pego-o pela
camisa, puxando-o para mim. — Você... porra, sabia!? — grito,
sentindo meu corpo tremer.
— Sim.
— Caralho! — Solto-o, dando um soco no seu rosto. —
Preciso sair daqui. — Viro-me, caminhando até o vestuário.
Porra, porra, porra! Phillipa
está de volta.Depoisde um ano,
ela voltou. Porra.
Capítulo Vinte e Oito
Phillipa
Dia Um
Dia Cinco
Dia Dez
Dez dias. Ela foi-se há dez dias, e eu continuo na sua casa,
com a patética ideia de que possa voltar. Eu sou um idiota, porém
não consigo deixar esta casa para trás. Aperto o celular nas minhas
mãos. Olho para a tela, esperando... Nada. Nenhuma mensagem,
nenhuma ligação, nada. Phillipa cortou-me totalmente da sua vida,
mesmo assim, não consigo deixá-la ir. O que há de errado comigo?
Por que eu continuo aqui, esperando e esperando, apesar de saber
muito bem que ela não irá voltar?
Esfrego meu rosto. Minha barba está por fazer, meu cabelo
está grande, mas nada disso importa. Eu só quero saber dela. Tudo
o que quero é Phillipa, entretanto a cada dia que passa, se torna
mais difícil alcançá-la.
Dia Vinte
Dia Quarenta
Phillipa
Raphael
Caralho! Esta noite está sendo mais longa do que eu estava
planejando. Phillipa está na cidade, depois de um ano longe, e
agora, volta, achando que tem o direito conversar. Para variar, essa
merda de Marcus está vivo, o que é impossível, já que Caspen
atirou nele e o deixou naquela casa, pegando fogo. Merda! Eu
queria estar no meu apartamento, na minha cama, bebendo uma
cerveja gelada e comendo um hambúrguer. Mas não, estou sentado
de frente para várias telas de computador, observando as câmeras
de segurança. Mesmo não acreditando em Phillipa, tive que dar algo
para acalmá-la, algo para dar a ela um pouco de segurança.
— É impossível ele estar vivo. — Caspen diz, todavia posso
perceber a tensão na sua voz.
— Não é, não ficamos lá para conferir os corpos, Caspen. —
Hector comenta. — E também há Henry, que é a nossa ponta solta.
Não o achamos até hoje.
— Caralho! — esbravejo, socando a mesa. — Se Marcus
estiver vivo, não é seguro Phillipa estar aqui.
— Não é seguro para nenhuma das nossas mulheres. —
Dominic diz, balançando a cabeça.
— A pergunta é: por que ele esperou tanto tempo para
aparecer? — pergunta Hector.
— Nem sabemos se era realmente ele. Talvez Phillipa esteja
apenas tendo um ataque de pânico. Voltar pode ter desencadeado
as memórias daquele dia. — Dou de ombros. — Pode estar sendo
apenas difícil para ela.
Cacete, eu não quero pensar em Phillipa, nem no que
significa sua volta depois de tanto tempo. Não quero pensar no que
irá acontecer daqui para frente. Porra, eu estava bem sem ela, tudo
estava indo bem, e agora, ela voltou, colocando tudo aos avessos.
— Ali. — Dominic diz, apontando para a tela, do meu lado
esquerdo. — Esse é o exato momento em que Phillipa congela no
meio da multidão.
— Não há nada. — Hector diz, estreitando os olhos. — Não
há ninguém.
— Volta um pouco — peço, observando bem.
Phillipa caminha tranquilamente, empurrando as pessoas
para que elas abram caminho. Ela para ao ver Dimitria. Phillipa sorri
e acena. É quando eu vejo alguém passar por ela, empurrando-a
para o lado e tocando seu braço. É o exato momento em que ela
fica congelada no lugar; e seu olhar, em branco.
— Volte mais um pouco e congele. Bem ali. — Aponto para
a tela, no exato momento em que alguém esbarra em Phillipa. —
Essa é a pessoa que a tocou. — Aponto para a pessoa que passa.
— Não dá para ver quem é, a pessoa está de capuz e
cabeça abaixada. — Dominic diz, soltando um suspiro.
— Chamem nossos técnicos. Vamos olhar para todas as
filmagens de todas as câmeras. Temos várias nesse ângulo. Talvez
possamos conseguir algo. — Caspen comanda para Hector, que
acena com a cabeça.
— Já estou fazendo isso — responde, com o celular na
mão.
— Maddox e Miguel ficarão com Phillipa — digo, passando
as mãos pelos meus cabelos compridos. — O que faremos se esse
for realmente Marcus?
— Nós iremos caçá-lo e matá-lo sem falha. — Hector diz,
com uma promessa fria e mortal na voz.
— Porra, era para ele estar morto! — esbraveja Caspen,
irritado. — Eu atirei nas duas pernas dele e o deixei lá para morrer.
Como ele sobreviveu? — pergunta, com seu olhar vazio.
Essa é a pergunta para a qual todos nós queremos
respostas. Se esse for realmente Marcus, como ele saiu daquela
casa? Quem o ajudou e por que ele esperou tanto tempo? O que
tem planejado? Já não basta Phillipa ter voltado, agora tem Marcus
Esposito, a possibilidade de ele estar vivo. Minha cabeça começa a
latejar. Tudo está indo para o inferno, e não faço ideia de que diabos
fazer. Como protegerei Phillipa e ficarei distante dela ao mesmo
tempo?
Marcus
Raphael
Observo enquanto Miguel leva Phillipa para fora. Ele estava
tocando-a, sua mão estava nas suas costas, e levou tudo de mim
para manter o controle e não o socar. Miguel estava com sua mão
em Phillipa. Ela é minha. Eu queria gritar, batendo no meu peito,
mas apenas desviei o olhar e a deixei ir, porque Phillipa não é mais
minha. Ela foi embora, ela deixou-me, não olhou para trás, não se
despediu, nunca ligou ou respondeu às minhas ligações. Ela apenas
se foi. Mesmo estando de volta, agora nada é como o antes. Não
sou mais o homem que ela deixou. Não a culpo por ter ido embora,
porém ela deixou-me. Ela foi embora, e doeu. Doeu demais perdê-
la. Tudo o que tenho agora é nada. Apenas a concha do homem
que fui um dia.
— Precisamos protegê-la a qualquer custo. — Sou bem
claro. — Phillipa precisa estar bem protegida. Ela precisa de nós.
— Quebramos nossa promessa uma vez, portanto não
podemos quebrar de novo. — Lori diz, levantando-se e indo até
Caspen.
Ele envolve seu braço no seu corpo. Lori apoia a cabeça no
peito dele e olha para o marido.
— Marcus não pode tê-la, Caspen. Ela não irá aguentar. Ela
não irá aguentar, Caspen. Você viu como ela ficou só em pensar na
possibilidade de Marcus pegá-la. Ele não pode... — Balança a
cabeça.
Porra! Não, Marcus não irá chegar perto de Phillipa. Ele já
chegou. Não outra vez. Se for preciso, irei morrer tentando protegê-
la. Protegê-la-ei com a minha vida se for preciso. Essa é a minha
promessa. Eu falhei uma vez, mas não vou falhar de novo. Phillipa
pode não ser minha, porém ela é a mulher pela qual me apaixonei.
Errei em ter saído aquela noite, em ter a deixado sozinha, errei, e
pelo meu erro, ela foi pega.
— Marcus é meu para matar — digo, olhando a Caspen,
que olha para Carter.
— Eu vou caçá-lo. — Carter diz, olhando-me.
Dou de ombros.
— Fique à vontade, não me importo com isso. Enquanto
você o caça, eu protejo Phillipa. Só que quando o achar, tra-lo-á
para mim. Marcus é meu, eu irei matá-lo. — Carter ergue uma
sobrancelha.
— Tem certeza? — pergunta.
— Sim — respondo.
Serei eu quem colocará um fim à vida de Marcus, ninguém
mais, por Phillipa e por nosso bebê. É a minha promessa.
— Ele será todo seu, então. — Carter diz, sorrindo.
— Bom — digo, dando um aceno.
Raphael
Phillipa
Marcus
Raphael
Phillipa
Raphael
Phillipa
Raphael
Raphael
Phillipa
Raphael
Marcus
Phillipa
Phillipa
Raphael
Phillipa
Marcus
Raphael
Por que mulheres falam tanto? Meu Deus, não sei se irei
aguentar essas duas! Desde o momento em que as peguei no
aeroporto, elas não fecham a boca. Eu queria é desaparecer agora
e só voltar quando elas estiverem no avião, voltando de onde
vieram. E pensar que terão todo o tempo de Phillipa já me irrita,
principalmente agora, que estamos juntos e a quero todo o
momento comigo. Eu vou enlouquecer. O pior é que tenho que ficar
com elas, vigiá-las, protegê-las enquanto elas estiverem aqui.
— O que vocês querem fazer enquanto estiverem aqui? —
Phillipa pergunta a elas.
Olho de relance para as mulheres através do espelho
retrovisor interno do carro. As três estão no banco traseiro,
conversando animadamente. Há um carro atrás de nós, onde estão
Miguel, Maddox e Christian, caso algo aconteça. Segurança nunca é
demais.
— Trouxemos uma lista de tudo o que queremos fazer. —
Ohana diz, abrindo uma bolsa e puxando um papel de dentro.
Balanço a cabeça, já sabendo que essa estadia delas será
bem longa. Acelero um pouco mais o carro, querendo chegar logo
para despejá-las e ficar mais tranquilo, assim poderei vigiá-las de
longe e ter um pouco mais de tranquilidade... eu espero, é claro.
— Então... onde ficaremos? — Ouço a voz de Moana.
Ohana, Moana... tudo parecido, só para confundir minha
mente. Para quê? Para que elas vieram? Logo nesse momento
delicado em que não sabemos o que Marcus anda aprontando. Já
estou sentindo uma dor de cabeça antecipadamente.
— Na minha casa... tenho tudo preparado para recebê-las.
Minha irmã e minhas amigas estão lá, esperando por nós. — Merda!
Eu tinha esquecido desse detalhe
.
Haverá mais mulheres, mais falatório, e tenho certeza de
que terá também confusão, porque quando há muitas mulheres
juntas, sempre acontece algo.
— Bem, Senhoras, nós chegamos — anuncio, assim que
para o caro de frente à entrada da casa.
Abrindo a porta do meu lado, saio para ajudar as damas
com suas coisas. O carro onde os seguranças estão para logo atrás
do meu. Eles me ajudam com as malas.
— Wow, de onde essas belezuras saíram? — Sim,jáestou
até prevendo o que irá acontecer daqui para frente.
Miguel me encara, em puro horror. Apenas sorrio, dando de
ombros. Se eu tive que aguentar os elogios de Moana e Ohana, ele
e todos os outros também aguentarão.
— Quem são vocês? — Moana pergunta, olhando de cima a
baixo para Christian, que dá um passo para bem longe dela.
Mordo os lábios para conter o riso. A cara que ele está
fazendo...
— Solteiro? — pergunta ela, mais uma vez, chegando mais
perto dele.
— Hum... — Christian olha de um lado para o outro, acho
que tentando achar uma forma de fugir.
Dou uma olhadinha para Phillipa, que está com a mão na
boca, rindo. Pisco para ela. Christian limpa a garganta e estufa o
peito. Ele encara Moana, dando a ela um pequeno sorriso.
— Sinto muito... mas você não faz o meu tipo — diz ele a
ela.
— O que isso significa? — Ohana se põe na frente da
amiga, com uma cara de brava. — Quanto preconceito. Isso é
ridículo.
Suspiro. Issovai sobrar para mim, já estou até vendo. Não
que seja um segredo, mas Christian é bem reservado com sua vida
íntima.Ele gosta de manter as coisas para si, no particular. Por mais
que seja um excelente segurança, o cara é tímidoquando o assunto
é relacionamentos e sua sexualidade.
— Senhoras, não é isso o que ele quis dizer — digo,
tentando acalmar as duas.
— O que ele quis dizer, então? — Moana pergunta,
cruzando os braços e batendo o pé.
Ponho suas malas no chão e vou até onde Christan está.
Olho para ele, que dá um pequeno aceno de cabeça.
— O fato de não ser o tipo dele significa que...
— Eu sou gay. — Christian diz, por fim. — Sinto muito em
acabar com sua expectativa, mas eu gosto do que você gosta,
entende? — pergunta a ela, dando um sorrisinho sem graça.
— Ohhh...! — Moana exclama, e logo abre um grande
sorriso. — Isso é perfeito! Nós seremos amigos.
— Isso! Vamos a uma boate gay, e encontraremos um cara
pra você. O que acha? — Ohana pergunta, toda animada.
Passo as mãos pelo meu rosto. Doce Senhor... O que essas
meninas irão aprontar?
— Ahah! Eu sabia que estava ouvindo vozes! O que estão
fazendo, parados aí? — Lori pergunta, aparecendo na porta.
Atrás dela estão Angel, Dimitria e Zoe.
— Só esclarecendo algumas coisas aqui — digo a ela. —
Moana e Ohana, esses são Christian, Miguel e Maddox. Eles são
seguranças, estarão com vocês durante a maior parte do tempo,
assim como outros, que irei apresentar depois. Eles estão aqui para
protegê-las e não para se divertirem com vocês, então, nada de
boate gay, nada de namoradas ou namorados para nenhum deles
— explico a elas, que reviram os olhos e fazem beicinho para mim.
— Isso é tão... — Bufa Moana.
— Meninas, vamos entrar, e não esquenta para ele, não.
Temos todo o tempo do mundo. — Phillipa diz, olhando para mim.
Ergo uma sobrancelha para ela, em questionamento. Já
estou até vendo a merda que isso vai dar. Elas não irão desistir
dessa porcaria de boate gay, nem de arranjar alguém para Christian,
porra... Que essa visita acabe logo, por favor.
Dia seguinte...
Raphael
Raphael
Phillipa
Marcus
Phillipa
Raphael
Phillipa
— Raphael! — grito, quando ele pula da cama, chegando
até mim, puxando-me para si e começando a dançar comigo.
Seu corpo está bem junto ao meu; suas mãos, passando
pelo mesmo, chegando nos meus seios e segurando-os. Posso
sentir seu peito duro contra minhas costas e seu pau na minha
bunda.
— Você não faz ideia de como me leva à loucura, gatinha.
— Sua boca está no meu ombro, dando beijos contra minha pele,
enviando-me ao delírio.
Meu corpo todo se arrepia com o contato. Suas mãos ainda
estão nos meus seios, excitando-os, deixando-os duros. Viro-me de
frente para ele. Nossos olhares se encontram. Ergo minhas mãos,
tirando sua camisa do seu corpo, e aproveito para passá-las por
seus braços. Observo sua pele arrepiar-se; e seu abdome, contrair-
se. Sorrio interiormente, sabendo que trago a ele o mesmo efeito
que traz em mim.
— Sua pele, seu corpo... esses seus seios são perfeitos.
Porra, Phillipa... — grunhe, enquanto me livro da sua camisa,
deixando-a cair aos seus pés.
Aproveito esse momento tão íntimo para tocá-lo, assim
como ele toca meu corpo. Aproximo-me ainda mais, curvando-me
para frente e beijando seu peito. Raphael solta meus seios, então
sua mão se enfia entre meus cabelos, apertando minha nuca.
Nossos corpos continuam a mover-se enquanto a música Earned It,
de The Weeknd, começa a tocar. Tudo vai tornando-se tão especial,
tão sensual... Minha boca no seu corpo, sua mão na minha nuca...
Ergo meu olhar para ele, observando-o. Raphael puxa uma
respiração quando meu corpo desce e eu fico de joelhos, de frente
ao seu pênis. Puxo sua calça para baixo, porém deixo sua cueca.
Desço meu corpo até o chão, fazendo-o soltar minha nuca, e
começo a dançar para ele, de baixo, movendo meu corpo conforme
a música.
— Mulher... — rosna, com os dentes trincados.
Mordo meus lábios. Ergo minha mão para ele. Raphael se
ajoelha entre minhas pernas. Suas mãos deslizam pelas minhas
pernas enquanto ele se põe sobre mim. Nossos corpos se movem
ao ritmo da música, em uma dança apenas nossa, improvisada no
momento. Somos toques e beijos movendo-nos sedutoramente.
Suas mãos deslizam pelos meus braços; as minhas, nas suas
costas; sua boca, sobre meu corpo.
— “So I'macare for you” — canta ao meu ouvido, enquanto
seu pau se esfrega na minha boceta por cima da minha fantasia.
Meus olhos se fecham enquanto o prazer domina-me.
Raphael tira a parte de baixo da minha fantasia, deixando-me nua.
Minha pele se arrepia em pequenos tremores quando sinto sua boca
na minha pélvis. Ele apenas dá um leve beijo antes de subir em mim
mais uma vez. Abro meus olhos, encontrando seu olhar. Há tanto
amor, tanta paixão e necessidade lá, que chega a fazer com que
meu peito doa. Sorrio para ele, alisando seu rosto, sentindo a
aspereza da sua barba. Ergo minha cabeça, tomando sua boca na
minha, dando tudo o que não posso dizer em palavras, tudo o que
estou sentindo, enquanto nossos corpos entram em um frenesi de
movimentos, paixão, conforme a música ecoa por todo o quarto. É
difícil de explicar, mas parece que, neste momento, deixamos
nossos corpos falarem, dizerem o que sentem. Complicado e louco,
porém é o que acontece. Tão louco, a sensação, o desejo, esse
embrulho gostoso na barriga, o latejar da minha vagina, seu pau
contra mim, esfregando-se, suas mãos no meu corpo, e sua boca...
Céus! Sua boca na minha, tomando-me, dominando-me... é tão
gostoso!
Invertonossas posições, ficando por cima. Jogo meu cabelo
para trás e rebolo no seu pau, por cima da cueca. Raphael segura-
me pela cintura. Sorrio para ele.
— Tenho algo para você. Fique aqui — digo, levantando-me.
Vou até a cama, pegando um pequeno pacote, e volto para
Raphael.
— O que é isso? — pergunta ele, com a voz rouca.
Mordo meus lábios, abrindo o pacote. Tiro dali um
lubrificante e uma capa peniana masturbadora. Mostro a ele,
sorrindo. Raphael dá um sorrisinho.
— Porra, mulher! — rosna, erguendo-se.
Dá um beijo duro em mim.
— Você quer matar-me — acrescenta.
— Só se for de prazer. — Dou uma piscadinha.
Puxo sua cueca, liberando seu pau, pego o lubrificando,
colocando um pouco dentro do masturbador, e o posiciono sobre
seu pênis. Raphael geme quando começo a masturbá-lo. Vê-lo
perder-se em desejo: os sons dos seus gemidos, a forma com que
seu abdome se contrai e até mesmo o rolar de olhos deixa-me ainda
mais excitada. Aproveito para me esfregar nele enquanto o
masturbo.
Raphael se senta com as pernas abertas. Sua boca toma a
minha enquanto o masturbo. Esfrego minha boceta na sua perna, e
ele aproveita. Pega o lubrificante, colocando um pouco nos seus
dedos, e esfrega meu clitóris. Solto um pequeno gemido de prazer.
Perco-me no momento. Meus gemidos se misturam aos seus e à
música que toca. Não que eu saiba qual está tocando. A sensação...
O prazer é maravilhoso. Sua boca na minha, minha mão
masturbando-o; a sua, no meu clitóris, enquanto esfrego minha
boceta na sua coxa... Meu corpo todo começa a tremer de prazer,
meus dedos dos pés se contorcem, minha respiração acelera e meu
coração bate forte no peito. O prazer é tão grande, que entro em
uma loucura. Esfrego-me ainda mais em Raphael. Loucura, eu sei,
mas eu quero mais, muito mais. Ele percebe, porque logo tira minha
mão e o masturbador dele, em seguida me coloca sobre seu pau,
fazendo-me deslizar nele. Nós dois gememos. Minhas unhas se
fecham em suas costas. Ele geme, mordendo meu ombro enquanto
monto nele. Seu pau entra em mim, meu clitóris se esfrega na sua
pélvis. A sensação de estar preenchida, tomada...
— Caralho, gatinha... — grunhe. — Sua bocetinha está tão
molhada...
— Raphael!
— Issomesmo, gatinha, grite meu nome enquanto monta
em mim. Essa sua boceta tão veludada, tão apertadinha, fodendo-
me...
— Demais, demais... — resmungo, sem fôlego.
— Tome-me, gatinha, sou todo seu.
Suor escorre entre meus seios e no seu peito. Nossos
corpos estão tão unidos, que não há como saber por onde começa e
onde termina. Somos um, neste momento. Estamos tomando o
prazer um do outro, embebedando-nos com isso.
— Raphael! — grito, jogando minha cabeça para trás.
Sinto-me tonta. Meu corpo todo treme, levando-me ao
prazer mais gostoso que já pude sentir. Raphael, percebendo minha
descida ao orgasmo, me põe deitada de costas e monta em mim,
fodendo-me ainda mais fundo, fazendo seu pau esfregar meu ponto
G. Meu corpo tem ainda mais espasmos e eu grito seu nome mais
uma vez, arranhando seu peito.
— Porra, porra, caralho! — grunhe.
Sinto sua porra derramando-se dentro de mim. Um pequeno
sorriso puxa o canto da minha boca quando seu corpo se deita ao
meu lado no tapete.
— Parece que, nesse Halloween
, nós preferimos
travessuras — comento, entre respirações.
Raphael solta uma pequena gargalhada entre suas
respirações. Fecho meus olhos, sentindo-me satisfeita.
Raphael
Phillipa
Ainda posso ouvir o riso que ele dava enquanto violava meu
corpo, ainda posso sentir suas mãos e aquele olhar tão frio sobre
mim. Porém agora, olhando-o assim, tão frágil e acabado, dá
vontade de rir, ao mesmo tempo que sinto uma puta satisfação. É
engraçado, não é? Eu não era assim, nunca quis machucar alguém,
nunca quis chegar a esse ponto, todavia olhe para mim agora. Uma
mulher completamente diferente. Tudo o que mais quero é fazer
com que Marcus sinta dor, a mesma dor que eu senti. Quero ferir
seu ego, destruí-lo. Até diria que quero destruir sua alma, mas ele
não tem uma, então quero destruir o que sobrou dele, do homem
que ele é.
— Como foi? — sussurro ao seu ouvido. — Como foi ver
Henry agonizando? Como foi assistir a morte do seu amigo? —
pergunto, e Marcus se debate. — Você não sabe? Quanto mais
você luta comigo, mais vou gostar de fodê-lo — digo as mesmas
palavras que ele dizia enquanto eu lutava para me soltar, para fugir
dele.
Puxo seu cabelo tão forte, que alguns fios saem nas minhas
mãos. Olho para Carter, que está observando-me.
— Quero que ele veja a cabeça de Henry sendo arrancada,
depois, coloque-o pendurado, em pé, de pernas abertas. Quero que
enrole os arames. Das suas pernas até sua virilha, pulsos e
tornozelos é ultrapassado. Quero um pouco mais do que isso —
peço a ele, que dá um sorrisinho.
Ponho-me ao lado de Raphael, observando Carter ir até o
corpo de Henry. Pegando sua foice, ele a passa pelo pescoço de
Henry, arrancando sua cabeça de uma só vez. Olho para Marcus,
que solta um grito. Seu corpo começa a tremer, então os arames
cravam ainda mais na sua pele, fazendo-o sangrar. É engraçado,
né? Olhe como os poderosos caem.
Raphael dá um pequeno aperto no meu ombro antes de
juntar-se a Carter. Os dois tiram os arames dos pulsos e tornozelos
de Marcus, soltando-o. Ele tenta lutar, até mesmo correr, só que não
há escapatória, não há para onde ir. Coitadinho... Bem, ainda não.
Marcus é pego e colocado em pé. Dominic dá um passo à
frente e ajuda Raphael a segurá-lo enquanto Carter arruma tudo
para deixá-lo pendurado. Quando tudo está pronto, volto a ficar ao
lado dele. Carter retira a cabeça e o resto do corpo de Henry da
sala, deixando tudo limpo.
— Sabe, Marcus — começo, dando voltas pelo seu corpo
—, fiquei um bom tempo pensando sobre o que eu faria com você.
O que seria bom o suficiente? Tive tantas ideias, mas nenhuma
delas parecia boa. Olhe para você. — Aponto para o seu corpo. —
Onde está aquele homem todo cheio de si, forte e poderoso, o
homem que tomou meu corpo e meu filho de mim? — Balanço a
cabeça, olhando-o, com puro desprezo. — Você está com a maior
parte do corpo deformada, suas pernas mal funcionam direito. Um
homem escondido e acabado. Como deve ter sido para você passar
pelo que passou? Toda a recuperação deve ter sido dolorosa.
— Acabe logo com isso, me mate logo! Não é isso que você
quer?! — grita, sacudindo-se, o que faz com que ele grite ainda
mais ao sentir os arames entrarem no seu corpo, especialmente na
sua virilha.
Ai...
— E que graça isso teria? — pergunto. — Onde estaria o
sofrimento? A dor, a humilhação e o desespero? Matá-lo assim,
rápido? Não teria graça, não concorda?
— Sua puta! Vadia! Eu comi-a, fodi mesmo, e se eu
soubesse que estava grávida, teria feito pior!
Pego uma palmatória da mesa onde ficam os instrumentos
de tortura e bato nas suas bolas. Ele grita, contorcendo-se. Quanto
mais movimentos faz, mais os arames furam sua pele.
— Está tentando afetar-me? — Estalo a língua. — Jogando
um jogo sujo, não acha? Ah, Marcus, você não terá uma morte
rápida... Aprendi com você. Não está orgulhoso? — Dou a ele um
grande sorriso. — Cansei de falar, vamos ao que interessa.
Dou outra palmada nas suas bolas antes de voltar para a
mesa e observar atentamente aos instrumentos sobre ela. Eu
realmente fiquei a maior parte da noite pensando no que faria, por
onde começaria. Não tenho ideia do que fazer, tudo o que quero é
que doa. Por onde eu começo? Porra, sinto-me frustrada neste
momento.
— Phillipa? — Raphael chama-me.
— A putinha não sabe o que fazer! — Marcus grita, rindo.
Não faço nada, apenas continuo parada, encarando a mesa
e seus instrumentos.
— Phillipa? — repete Raphael.
Mas tudo o que ouço é os risos de Marcus, sua voz
debochando enquanto ele e seus homens abusam de mim, assim
como sinto seu toque nojento no meu corpo, a boca dele nos meus
seios... Tudo o que ouço é os meus lamentos, a minha dor.
— Elanão consegue, é fracademais.— Marcus desdenha.
— Olhem só para ela, paralisada. Uma putinha que só serve para
foder.
Minhas mãos se fecham em punho. Sorrio quando a ideia se
forma na minha mente. Estalo meu pescoço e abro as mãos. Pego
uma grande e pontuda agulha, junto com uma linha preta e grossa,
parece nylon.
— Acho que você precisa é calar a boca — murmuro, indo
até ele e parando bem à sua frente, de modo a mostrar o que tenho
em mãos. — Nada a dizer? — Dou uma piscadinha, e ele se
mantém quieto. — Foi o que pensei.
Marcus começa a debater-se, porém ele percebe que
quanto mais movimentos faz, mais ferido fica, e ainda os arames
ficam mais perto do seu pênis encolhido.
— Vamos manter sua boca fechada? — pergunto a Marcus,
posicionando-me à sua frente. — É melhor ficar parado. Será menos
doloroso.
— Vá se foder! — Ele cospe em mim, no meu rosto, para
ser específica.
Com raiva, passo a mão, limpando seu cuspe. Ele ri.
— Foi assim que eu fiz na sua boceta antes de fodê-la.
Estava tão seca — provoca, rindo.
Ouço o rosnado de ameaça de Raphael. Os outros apenas
resmungam, com raiva. É isso o que Marcus quer. Ele quer provocar
a ponto de fazer com que alguém o mate rapidamente. Ele não quer
sofrer, não quer ser torturado, então provoca, assim, quem sabe,
acabem perdendo o controle e o matem logo.
Mas não é isso que acontecerá. Não irei permitir.
— Carter, pode segurar a cabeça dele? — pergunto.
Ia pedir para Raphael, mas do jeito que ele está, pode
acabar quebrando o pescoço de Marcus e dando a ele uma morte
rápida. Olho para o mesmo, dando-lhe um grande sorriso,
mostrando que estou bem. Amo você, gesticulo, dando uma
piscadinha para ele. Raphael sorri para mim.
— É melhor colaborar, porque eu posso fazer muito pior. —
Ouço a voz rouca, cheia de ódio.
É Carter dando seu aviso a Marcus. Colocando-se atrás
dele, o Ceifador segura sua cabeça, bem firme, porém Marcus não
ajuda, tornando tudo pior ao debater-se loucamente. Issofaz com
que seja impossível costurar sua boca. Os arames rasgam ainda
mais a sua pele, fazendo-o sangrar muito. Por um instante, observo
o sangue escorrendo por suas pernas e seus pulsos. Admiro a obra
que estou fazendo: o corpo nu com arames, feridas e sangue.
Realmente uma obra bem realista. Poderíamos pintá-lo bem assim.
Acho que faria um grande sucesso.
— Fazendo-se de difícil, Marcus, Marcus...
Olho para a mesa de tortura e esfrego meu queixo,
pensando em algo para fazê-lo ficar parado. Sorrio quando um
apetrecho chama a minha atenção. Vou até a mesa, pegando-o.
Mostro para Carter, que acena com a cabeça, depois, mostro para o
restante que está na sala, observando tudo. Raphael prontamente
coloca para baixo uma corrente que fica acima da cabeça de
Marcus. Caminho até meu homem sexy, dando a ele o apetrecho.
Raphael conecta-o à corrente para mim.
— Obrigada. — Dou um rápido beijo nos seus lábios. —
Pedi sua colaboração, mas parece que não quer ajudar, então vou
por meus próprios meios. — Sorrio, mostrando a Marcus o que
tenho nas mãos.
Nem eu sei o nome disso, porém posso descrevê-lo. Parece
um tipo de coroa, ou uma meia-gaiola. Tem um arco de ferro que se
encaixa na cabeça; e em cima, três ferros que se juntam no meio,
com uma argola que se prende à corrente do teto. Em volta do arco
que fica na cabeça há alguns buracos com pregos bem pontudos.
Parece bem doloroso. Vamos ver se serve de incentivo para deixar
Marcus parado.
— O que acha? — pergunto a ele, rindo.
— Boa sorte — desdenha.
— O único aqui que não está com sorte é você.
Coloco o apetrecho na sua cabeça. Carter continua
segurando-o. Marcus grita quando enfio o primeiro parafuso na sua
cabeça. Seus gritos preenchem todo o lugar, ecoando pelos
corredores. Ele pode gritar à vontade, ninguém irá ouvi-lo, e os que
estão aqui não irão ajudá-lo.
Sangue escorre dos buracos da sua cabeça. Merda. Minha
obra-prima está ficando ainda mais bonita. Um trabalho tão bom.
— Eu vou matá-la, matar, sua vadia! — Marcus grita,
conforme seus olhos se reviram de dor à medida que vou afundando
os pregos na sua cabeça.
Ele tenta mover-se, contudo parece que a dor o impede,
deixando-o bem parado. Bom, muito bom. Essa era a minha
intenção.
— Dói, não é mesmo? — Sorrio para ele. — Como se sente,
hein? Como se sente sabendo que estou violando seu corpo,
sabendo que não há ninguém aqui para ajudá-lo? — provoco-o,
repetindo as frases que ele dizia para mim.
Volto a pegar a agulha e o nylon. Marcus abre a boca, e o
movimento o faz gemer de dor. Porra, isso é fantástico!
— Vou fazer doer — digo a ele, então começo a costurar
sua boca.
O sentimento que tenho é satisfatório. Ele bem que tenta
mover-se, desviar-se das minhas mãos, porém não há escapatória.
Enfio a agulha pelo seu lábio inferior, passando a linha, depois, pelo
seu lábio superior, e vou costurando-o, deixando-o literalmente
calado. Ele faz alguns sons, até se mexe um pouco.
— O quê? — pergunto, rindo. — O que disse? Está tudo
bem? Quer que eu pare? — desdenho, rindo da sua situação. —
Não estou ouvindo. — Oh, isso é muito engraçado
. — Prontinho.
Dou um passo para trás, contemplando o que acabei de
fazer. Merda, ele desmaiou! Covarde. Dá para acreditar? O filho da
puta desmaiou! Eu mal comecei!
Natal
— Surpresa!
— Meu Deus! — exclamo, colocando as mãos no peito
devido ao susto que acabo de levar.
Olho em volta, com um sorriso puxando o canto da minha
boca, que se abre para um riso feliz. Olho para Raphael, que está
encarando-me. Seus olhos brilham. Ele organizou tudo isso por
mim. Lágrimas pinicam meus olhos. Pisco repetidamente algumas
vezes, tentando controlá-las, mas a emoção é demais. Estão todos
aqui. Toda a família Callahan.
— Oh, nós quebramos a menina. — Vovó Tereza diz,
abrindo caminho em meio às pessoas.
— Não seja uma velha gagá. Ela está apenas emocionada.
— Vovó Nadine rebate, dando um empurrão em Tereza e
abraçando-me antes dela. — Estou tão feliz em vê-la. Você está
maravilhosa, minha neta — diz, sorrindo para mim.
— Saia do meu caminho, sua velha. — Vovó Tereza puxa
Nadine para longe de mim.
Deus! Essas duas mais uma vez! Acho que este Natal será
bem interessante. Aliviará a tensão um pouco, já que Tinna e
Lauren também estão aqui. Elas eram minhas melhores amigas, no
entanto, as duas escolheram os Callahan’s. Eu sei muito bem que
não posso culpá-las. Esta é a vida na máfia: sempre estar ao lado
dela, dos mais fortes. Porém eu confiava nelas. Eu amava as duas,
só que agora, olhando-as, não sinto nada além de uma profunda
tristeza. Não sei se um dia seremos como erámos, principalmente
com Tinna. Observo-a ao lado de Lucien. Seus ombros estão
erguidos. Ela está parada, olhando para mim. Parece um pouco
tensa, não sei dizer ao certo. A mesma abre um pequeno sorriso.
Sinto a mão de Raphael apertando meu ombro, dando apoio a mim.
Consigo sair dos braços das duas velhas mais chatas e mais
engraçadas da família, em seguida, sou cumprimentada pelos
outros.
— Finalmente posso conhecer a gatinha do meu irmão. —
Theodoro diz, chegando até mim.
Ele pega minha mão, dando um beijo no dorso. Às minhas
costas, Raphael dá um pequeno grunhido de aviso. Theodoro lança
uma piscada para mim. Ele fez isso de propósito, sabendo que
implicaria com Raphael, e conseguiu.
— Um prazer conhecê-lo — digo a ele.
Eu já tinha o visto, é claro. Toda vez que ele visitava New
York, ia para o clube.
— É a minha vez. — Victor, que eu já conheço e com quem
já até falei em várias ocasiões, chega, dando um abraço em mim. —
É bom revê-la, Phillipa.
— Obrigada. — Sinto o rubor nas minhas bochechas.
Toda essa atenção que estou tendo é um pouco
desconcertante para mim. Não gosto de ser o centro das atenções.
— Esses meus filhos não têm um pingo de educação. Vocês
estão deixando a menina desconfortável. — Allison, mãe dos três
homens que estão perto de mim, fala.
Ela se aproxima, dando um pequeno sorriso.
— É muito bom conhecê-la e saber que está bem e de volta
para casa, para a família. — Dá um abraço apertado em mim.
Um abraço de mãe. Não que eu já tenha tido um, mas é o
que sinto quando ela me abraça. Mais uma vez, meus olhos se
enchem de lágrimas por esse momento.
Allison me solta, então sou apresentada ao seu esposo,
Derek Callahan, tão bonito quanto os filhos e o resto da família. O
que Deus deu para esse povo quando estavam no ventre da mãe?
Ô família bonita! — Não, família de homens e mulheres gostosos,
isso sim — Merda, estou pensando demais...
— Eu acho que vocês poderiam dar um pouco de espaço
para Phillipa. — Raphael fala, ficando ao meu lado, à medida que
envolve seu braço esquerdo em mim.
— Oh, sinto muito. — Allison dá um pequeno sorriso de
desculpa. — Venha, vamos juntar-nos aos outros.
É um pouco estranho estar na presença de toda a família
depois de tanto tempo. São tantos sentimentos que me envolvem,
que eu não sei o que fazer, então fico apenas parada. Não tenho
dúvida de quem me tornei. Não me sinto culpada pelo meu passado,
nem pelas minhas escolhas. O problema é que não faço ideia do
que essas pessoas estão pensando enquanto olham para mim. Eles
ainda me veem como uma traidora? Eles têm pena de mim? Veem-
me como um monstro? Como a pobre mulher frágil que foi abusada
e perdeu o bebê? Merda! Não gosto de sentir-me assim, fora do
lugar.
— Raphael? — chamo por ele, que se vira, ficando de frente
para mim, cortando minha visão dos outros.
— Gatinha? — Segura meu queixo, fazendo-me olhar nos
seus olhos. — O que está sentindo? — pergunta, com carinho.
Mordo meus lábios, balançando a cabeça. O que eu estou
sentindo? Não parei realmente para pensar sobre essas emoções.
São tantas, além de que é tão estranho, desconcertante, porém há
um sentimento predominante que domina todo o meu corpo. Medo.
Não das pessoas que estão aqui, mas do que elas pensam sobre
mim.
— Medo — sussurro, fazendo com que apenas ele ouça.
Raphael olha para mim, surpreso com minha resposta. Ele
acena com a cabeça, e seus braços me envolvem. Abraça-me,
então minha cabeça pousa no seu peito. Coloco meus braços em
volta do seu corpo, apertando-o contra mim. Se eu pudesse, não
sairia mais daqui, deste casulo que criamos.
— Eu a vejo, Phillipa. — Uma voz diz atrás de Raphael, e
meu corpo fica tenso quando percebo que é a voz de Carter. — Vejo
uma mulher forte que enfrentou um monstro de frente e levou-o ao
inferno.
— Eu a vejo, Phillipa. — Mordo meus lábios ao ouvir a voz
da minha irmã. — Vejo uma irmã, uma protetora que fez de tudo
para proteger América. Uma mulher incrível.
Raphael me solta, colocando-me mais uma vez ao seu lado,
de frente para o resto da família.
— Eu também a vejo, Phillipa. — Dimitria diz, sorrindo para
mim. — Você reergueu-se em meio à dor, tornou-se mais forte e
destemida.
O que eles estão fazendo? Não há como segurar as
lágrimas neste momento, então eu apenas as deixo escorrerem pelo
meu rosto.
— Eu a vejo, Phillipa. — Dominic dá uma piscadinha,
fazendo-me rir em meio às lágrimas. — Você tornou-se bela, cheia
de vida e derreteu o coração gelado desse homem ao seu lado.
Um soluço deixa meus lábios. Eles querem acabar comigo,
só pode. Raphael aperta-me, deixando-me saber que ele está aqui
comigo, que tudo vai ficar bem. E neste momento, eu acredito.
— Eu a vejo, Phillipa. — Céus!
Caspen dá um passo à frente, com seus olhos intensos em
mim.
— Você sobreviveu. — Dá um pequeno aceno, em
reconhecido.
Homem de poucas palavras.
— Eu a vejo. Você foi minha melhor amiga, você apoiou-me
em tudo, mas quando mais precisou de mim, eu não estava lá. Eu a
vejo. Você passou por tanto, entretanto ainda está em pé.
Não consigo me controlar: meu corpo todo treme e soluços
deixam minha boca. É demais para mim. Tudo isso, todas essas
palavras e saber que sou bem-vinda, que não devo ter medo do que
eles pensam ao olhar para mim... As emoções são tantas, porém o
medo se vai, e neste momento, o que sinto é pertencer. Eu pertenço
a essa família.
— Eu a vejo, gatinha. — OH, MEU DEUS!
Viro-me de lado para olhar Raphael em meio às lágrimas.
Ele se coloca de joelhos à minha frente. Ponho a mão na boca,
surpresa com o que está fazendo.
— Eu vejo uma incrível mulher que lutou pela vida, lutou
pelo que queria, sempre de cabeça erguida e com uma atitude
tentadora, embora um pouco irritante, mas que entrou na minha vida
e quebrou minhas barreiras. Duas vezes. Você é a mulher da minha
vida. Eu sei que é clichê e nada romântico, mas você é para mim, e
eu estou orgulhoso de você. Porra, muito orgulhoso! Eu a amo e vou
amá-la pelo resto das nossas vidas. Casa comigo?
— Sim, sim, sim, eu me caso com você! — respondo, sem
pensar.
Sinopse
Dimitria
Aléssio