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Copyright © 2023 Caroline Nonato

MOVIDOS PELA HONRA


1ª Edição
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser
reproduzida ou transmitida por qualquer forma, meios eletrônicos ou
mecânico sem consentimento e autorização por escrito do
autor/editor. Criado no Brasil.

DESIGN DE CAPA: Ellen Ferreira Design


EDIÇÃO: Re Lemos
LEITURA CRÍTICA: Juliana Almeida
REVISÃO: Bárbara Pinheiro
DIAGRAMAÇÃO: Caroline Nonato
IMAGENS: Canva Premium / Freepik
ILUSTRAÇÕES: BlueBble │Llibiarts │Selle Moon

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas.


Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta
obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Nota de revisão e edição:


O texto aqui apresentado foi corrigido de acordo com o novo acordo
ortográfico da norma culta, porém por se tratar de uma história
fictícia, o texto apresenta em determinados trechos a linguagem
informal.

São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer


parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou
intangível — sem o consentimento por escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°.
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
ÍNDICE
SOBRE A SÉRIE
SINOPSE
AVISO DE GATILHOS
NOTA DA AUTORA
HIERÁRQUIA MÁFIA MANCINI
PLAYLIST
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
ILUSTRAÇÃO
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
EPÍLOGO
BÔNUS
AGRADECIMENTOS
BIOGRAFIA
OUTRAS OBRAS
CONTATO
SÉRIE MÁFIA HONRA E PODER: FAMÍLIA MANCINI
Esse livro faz parte de uma série de máfia ambientada em Chicago que terá 4 livros no
total. O primeiro foi lançado em Outubro/2022, o segundo em Janeiro/2023, o terceiro em
Junho/2023 e o quarto livro será lançado até o início do primeiro semestre de 2023. Cada
livro contará as histórias de um dos irmãos da família Mancini que estão no poder de uma
das maiores organizações criminosas da Cosa Nostra Americana. Se você NÃO leu os
livros: Movidos pela Intensidade e Movidos pelo Desejo, é importante que LEIA antes de ler
Movidos pelo Honra, visto que a trama da máfia se inicia no livro I e vem se desenvolvendo
nos livros II e III.
IMPORTANTE: Os acontecimentos e desafios em relação a Máfia Outfit serão fechados no
último livro da série, mas as histórias dos casais terão seus finais sem pontas soltas a cada
livro.
Dessa forma segue a ordem da série:

Espero que goste da série e desfrute da história de cada um dos irmãos Mancini!
Desde já agradeço sua leitura!
Grande abraço,
Caroline Nonato
“Minha alma pertencia a ele, mesmo que fosse quebrada e sombria,
era dele e ninguém mais.”

Paola Mancini, a mais nova de três irmãos e a mais


problemática deles. Com uma personalidade forte e oscilações de
humor, aos dezoito anos, tudo o que ela deseja é conquistar
Romero, o braço-direito dos seus irmãos, seu grande sonho é tê-lo
como marido, mesmo que para isso tenha que passar por cima de
sua família.
Romero Bellucci, vive e dedica sua vida à Outfit, uma das
organizações criminosas mais poderosas do mundo. Ele, o
consigliere da máfia, é extremamente leal, metódico, sagaz, racional
e misterioso, é um observador nato e sabe de tudo que se passa ao
seu redor.

Romero é fiel às ordens de seu Don, Pietro Mancini, mas


diante a uma atração explosiva por Paola Mancini, se perguntará se
é capaz de atender aos pedidos e respeitar a hierarquia da máfia.
Ele só não esperava que cairia nas garras da garota que nunca
deixou de lutar para conquistá-lo, colocando em jogo a sua honra e
lealdade que será testada.
Em meio aos percalços da máfia em que a Outfit quer a
cabeça de um de seus inimigos, Romero ficará entre a sua lealdade
aos irmãos Mancini, e a tentação e desejo. Será que o consigliere
resistirá à persistência de Paola Mancini? Venha se envolver em
mais um romance na máfia com os donos de Chicago.
Movidos pela Honra contém assuntos polêmicos como linguagem
imprópria, conteúdo sexual, consentimento duvidoso, automutilação,
conteúdo emocional e psicológico sensível, violência gráfica,
sequestro e drogas. Esta é uma obra de ficção destinada a maiores
de 18 anos. A autora não apoia e nem tolera esse tipo de
comportamento. Se você não gosta, ou é sensível aos assuntos
mencionados, não leia!
Olá, Leitores!
Antes de tudo quero te agradecer por dar uma chance a um
livro meu, obrigada de coração. Este é um romance que tem como
pano de fundo a Máfia Italiana, você vai encontrar cenas de torturas
e violência. Em Movidos pela Honra não tem nada politicamente
correto, apenas mafiosos lindos, gostosos e completamente
impiedosos. Então se você não gosta é só não ler, além disso é um
livro cheio de gatilhos como avisado acima. O universo da máfia foi
criado de forma exclusiva para essa história misturado as pesquisas
que foram realizadas no desenvolvimento do enredo.
Não temos mocinhos aqui, os protagonistas são mafiosos e
como tal, eles vão ser sim assassinos cruéis, lavam dinheiro e tem
os negócios ilícitos relacionados aos diamantes. Espero que se
envolvam na história arrebatadora de amor entre Paola e Romero,
dois personagens muito esperado por vocês e que mereciam contar
suas histórias.
ATENÇÃO: Como esse é o terceiro livro da série Máfia Honra
e Poder, os personagens secundários estão todos interligados e
terão suas histórias desenvolvidas nos seus respectivos livros. É
importante frisar que a série terá quatro livros trazendo o romance
único dos seus casais sendo fechado a cada livro, quanto as pontas
soltas dos problemas dentro da Máfia Outfit, todas serão fechadas
no quarto e último livro da série.
Boa Leitura!
Caroline Nonato
Para ouvir a playlist de “Movidos pela Honra” no Spotify, abra o app
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Às vezes tudo que precisamos é recomeçar,
não importa o que tenha passado,
isso só o torna mais forte.

Trecho do Livro Faster for Love – Caroline Nonato


À todas as mulheres que sonham
em viver seu para sempre,
nunca deixem de acreditar
que tudo podemos.
Paola aos 12 anos

— Você vai me obedecer, Paola — Pietro rosnou —, arrume


suas coisas, pedi pra Elena vir te ajudar. — Concordei, as lágrimas
caíam sem parar pelo meu rosto, saímos do escritório e seguimos
para meu quarto, enquanto meu irmão passava as mãos pelo
cabelo, andando de um lado para o outro, aflito. Ele estava exausto,
não aguentava mais.

Antes de chegarmos à escada, encontramos com Romero, o


melhor amigo dos meus irmãos e aquele que passei a admirar, não
só pela sua beleza, mas também, a altivez e a escuridão que havia
em seus olhos. Tudo que ele fazia chamava a minha atenção,
naquela época eu ainda era nova e não sabia lidar com o que
sentia.

Estava confiante que as minhas táticas iriam dar certo, depois


que ouvi as meninas mais velhas da escola, enquanto estávamos no
banheiro, elas falavam que deveríamos nos insinuar para os
homens nos notar, decidi fazer tudo da forma como elas faziam.
Mas, nem tudo foi como esperei e, depois que Enzo me pegou
tentando me insinuar para Romero, as coisas desandaram. Ignorei
meu irmão, abaixei minha cabeça e segui em direção ao meu quarto
com Elena.
Assim que entramos no meu quarto, deixei que Elena
colocasse minhas roupas e sapatos em diversas malas. Pietro
tentou adiar, mas depois do que aconteceu, não teve mais conversa.
Ele havia me dito que qualquer tentativa me mandaria para o colégio
interno, dito e feito. E se ele pensava que eu iria sossegar, estava
enganado, pois não iria mudar por nada nesse mundo. Era tudo ou
nada, queria apenas viver do meu jeito e ser a Paola Mancini que
não se limitava.

— Paola, tem algo a mais que precisa colocar na mala? —


Elena perguntou.

— Pode deixar que eu mesma coloco — falei com rispidez,


sabia que ela não tinha culpa, mas não conseguia evitar.

Elena assentiu e saiu do quarto, me deixando tomada pela


raiva, sentindo cada poro do meu corpo pinicar com aquele
sentimento ruim que crescia cada vez mais dentro de mim.

Encarei o meu reflexo no espelho e odiei a garota que vi,


descabelada, os olhos manchados de preto por conta das lágrimas
que escorriam sem parar, me sentindo atordoada demais, peguei a
primeira coisa que vi pela frente e taquei no espelho, logo ele
estilhaçou, quebrando-se em pedaços, espalhando pelo piso do
quarto enquanto me afastava.

Enzo abriu a porta, parou e ficou me encarando, preocupado,


não consegui mais me segurar, senti o meu corpo amolecer, caí
sentada no chão, deixei que o pranto me tomasse, sentia o meu
peito apertado e os olhos ardendo.
— Paola! — ele gritou e veio imediatamente em meu socorro.
Me tomou em seus braços.

— Ele não me quer mais aqui, não me ama… — Enzo tentou


me confortar, mas nada poderia arrancar do meu peito aquele
sentimento de desprezo que se fazia presente dentro de mim.

Era demais, por isso chorei tudo que podia nos braços do
meu irmão e quando ele notou que estava mais calma, me deixou
sozinha no quarto, levantei-me e abri a gaveta da mesinha ao lado
da minha cama, minhas mãos tremiam, peguei a caixinha em que
guardava minhas lâminas. Senti meu corpo inteiro afetado, a
sensação de vazio era tão grande que somente aquilo me levaria a
contemplar um certo alívio.

Tranquei a porta do meu quarto e me sentei no chão ao lado


da cama, afastei o tapete para que não o sujasse. Com a visão
embaçada pelas lágrimas, observei aquele objeto em minhas mãos,
abri as pernas e com o coração acelerado aproximei o fio metálico
da pele, assim que senti a lâmina gelada rasgar minha derme,
suspirei com a ardência e, ao notar o primeiro filete de sangue que
deslizou rápido pelas coxas, suspirei. Todo aquele sentimento ruim
foi substituído pela dor enquanto mais lágrimas rolavam pelo meu
rosto. Não queria voltar a fazer aquilo, porém sempre que estava à
beira de um colapso, precisava extravasar toda a minha frustração e
era daquele jeito que me sentia aliviada do completo vazio e
angústia que me assolava.

Uma dor era substituída por outra.

Eu me cortava para não cortar os outros.


Aqueles que me rejeitavam.

Era a única forma que encontrava de me sentir melhor, depois


de saber que teria que conviver em um lugar estranho e com
pessoas desconhecidas. Ninguém na minha casa me compreendia
ou sabia lidar comigo, Enzo tentava, entretanto, eu tinha ciência de
que às vezes ele não tolerava as coisas que fazia. Encarei a lâmina
brilhando com o vermelho forte do sangue e mesmo sentindo o
tremor nas mãos, continuei a passar o objeto no lado interno das
coxas, as lágrimas não pararam de cair, rolavam pelo meu rosto e
eu me cortava. A sensação de alívio me dominou, tomei fôlego e
continuei até me sentir vazia de qualquer outro sentimento que
pudesse me tomar.

Depois de me cortar e sentindo aquele cheiro metálico de


sangue, passei a mão no meio das minhas coxas e fiquei
paralisada, encarando o líquido vermelho escorrer, enquanto as
lágrimas ainda rolavam. Mais do que isso, doía ter que me afastar
do único homem que fazia meu coração bater no peito de um jeito
acelerado e meu corpo inteiro entrar num frenesi maluco de desejo
por sentir seu toque. Era algo distante e às vezes achava que
Romero nunca olharia para mim, não como eu queria.
Após ficar um tempo sentada no chão, suja de sangue, me
arrependi de ter feito aquilo mais uma vez, me levantei e fui até o
banheiro, liguei o chuveiro, queria que aquela água lavasse tudo de
ruim que me dominava e destruía por dentro. Era demais ser eu, a
forma como me sentia instável levava-me à exaustão, um sofrimento
que parecia não ter fim.
Três anos depois…

— Professor, o senhor vai à minha festa? — perguntei ao


homem que nos dava aulas de química.
— Paola, não posso me misturar com os alunos nesses
eventos ilegais — ele foi direto em sua resposta, mas não me
importava.

— Mas só quero que se divirta um pouco — pedi, o fitando


com cara de cão abandonado. Enzo falava que aquela era minha
expressão de sorte, que conseguia tudo que desejava.

— Não prometo nada — Mason respondeu e após me dar


uma última encarada e um olhar devasso, saiu da sala enquanto
vibrava.

Depois de uma comemoração sem graça com meus irmãos,


em que Romero não esteve presente, convenci Enzo a me ajudar
com uma festa pequena para meus amigos do colégio. Ele só não
sabia que teria também um adulto, o que passou a ser minha nova
fixação, visto que não via mais o consigliere, Pietro o proibiu de
chegar perto de mim depois daquele episódio. Era ridículo demais
tudo aquilo, quem eles pensavam que eu era?

Além disso, a saúde de sua mãe se agravou depois dos


derrames, Romero passava seu tempo entre o trabalho e a
gerenciar os cuidados com sua mãe que sempre foi uma mulher
ardilosa, que manipulou Romero por anos. Pelos menos, ela fazia
questão de que seu filho se casasse comigo, sabia dos motivos,
mas pouco me importava com eles.

Saí da sala e fui em direção ao dormitório, do outro lado,


aquele lugar era enorme e sempre tinha que andar muito. Aquilo me
deixava exausta, as vidraças antigas dos corredores eram
assustadoras e no inverno, todo o campus ficava sombrio. No fim
das contas, gostava de viver naquele colégio interno, me tornei a
rainha daquele lugar, minhas festas eram as melhores e era
respeitada. Quer dizer, meu sobrenome impunha respeito a todos,
alguns olhares eram mais julgadores, outros de pena, antipatia e
revolta, ainda assim me orgulhava de ser uma Mancini.

Apesar das regras do colégio, Enzo conseguiu que me


deixassem ao menos fazer festas, desde que fossem
supervisionadas por um professor ou disciplinador. Não era tão bom,
mas pelo menos me tirava do tédio e de me sentir tão sozinha e
angustiada por viver naquele lugar. Pietro não gostou tanto dessa
ideia, mas meu irmão querido conseguiu convencê-lo.
Quando cheguei ao meu quarto, coloquei minha pasta com
notebook na escrivaninha e caí de costas na cama. Observei o teto,
pensando na minha vida, eu tentava sair do tédio, o peso de ser
quem e como eu era pesava em meus ombros.

Fechei os olhos e, por um instante, as melhores lembranças,


aquelas que não bloqueei com Enzo vieram para acalentar minha
alma. Ele era o único que ainda me compreendia, insistia que
deveria procurar ajuda profissional para os meus surtos, porém não
era fácil assumir que precisava disso. Lembrei-me de suas últimas
palavras quando me deixou nesse lugar: “Paola, vê se acalma essa
mente agitada e confusa, se ame e se dê o valor. Eu te amo muito e
não suporto mais ver você assim, bambina mia.”

Abri os olhos ao escutar meu celular vibrando dentro da pasta


na mesinha. Levantei-me rápido e fui pegar, vi que era Samantha, a
minha única amiga naquele lugar, ela e a Angel, na verdade.

— O que aconteceu? — indaguei assim que atendi.


— O que aconteceu? — repetiu minha pergunta como se eu
soubesse o que ela queria. — Aquela banda que você contratou vai
atrasar, o DJ vai ter que tocar antes e depois dela, não consegui
falar com aquele vagabundo. — Minha amiga era mais impaciente
que eu, bufei rolando os olhos.

— Pode deixar que resolvo, faça um favor, ligue para o


vocalista dessa bandinha de merda e cancele, vou chegar mais
cedo — falei e desliguei em seguida, sem dar chance de ela falar
mais qualquer coisa.

Disquei o número de alguém que poderia salvar minha festa


de última hora, ele nunca negava um pedido meu.

— Leo! — Ele atendeu rápido.


— Paola, o que manda? — perguntou com a voz afobada.

— Nossa, o que está fazendo, interrompi alguma coisa? —


indaguei.
— Estava em treinamento com meu irmão, estou me
preparando para ser um soldado, esqueceu? — esclareceu.
— É mesmo, tinha me esquecido que você quer começar de
baixo e deseja ser segurança.
— Não quero privilégios, mas me diga, o que precisa, Paola?
— Queria que você tocasse na minha festa de hoje, teria
como?

— Quando e que horas?


— No ginásio, onde você tocou uma vez, lembra? — Não
esperei que respondesse. — Será às nove em ponto.

— Estarei aí, não se preocupe, sabe que faço tudo por você,
minha Diabinha loira! — Sorri, Leo era um amigo que nunca me
deixava na mão, mesmo que às vezes eu não correspondesse como
deveria o seu carinho.

— E eu por você, fale com Enzo, ele te coloca aqui dentro! —


Desliguei mais aliviada por saber que agora estava tudo dando
certo.

Leo sabia que podia contar comigo, nós dois já estivemos em


lugares obscuros e conseguimos sair juntos, ajudando um ao outro.
Fui me arrumar para mais uma festa, era assim que conseguia me
esquecer daquela minha vida chata. Apesar de gostar um pouco do
colégio interno, queria mesmo voltar a conviver com meus irmãos,
sentia tanta falta da minha casa e até mesmo da Elena.

À noite, na festa

Ele havia dito que pensaria, mas não me deu certeza, então
foi uma surpresa quando notei sua presença, aquele olhar intenso
parecia um falcão, me seguia por toda a pista de dança. Leo como
sempre estava arrasando nas mixagens. Meu querido professor
estava diferente, mais despojado e menos sério, com um copo de
bebida na mão que peguei no outro bar, fui em sua direção, convicta
de que nos divertiríamos juntos. Bom, eu queria tentar esquecer
Romero e aquela era a forma que encontrei.

— Paola, você está linda! — Sorriu, parecia um lobo disposto


a me devorar a qualquer momento, muito diferente de antes.

— Você veio, o que te fez mudar de ideia?


— Fui convencido pela dona da festa que vem me deixando
louco. — Ofereci a bebida e ele estendeu os lábios de lado.

— O que acha de irmos para a pista de dança? — convidei.

— Não gosto de dançar, vá você, vou assistir o seu show, é


melhor! — Fiquei nervosa com seu comentário, sorri e o deixei
sozinho enquanto voltava para a pista de dança. Encontrei com
Angel e Samantha que àquela altura já estavam bêbadas, mas não
paravam de rebolar nenhum minuto sequer. Seguimos juntas
dançando, sob o olhar do meu professor gostoso, cada vez mais
tentador, fiquei animada que talvez conseguisse esquecer um pouco
o consigliere.

Quando o DJ começou a tocar, eu estava bem alterada,


curtimos a pista de dança e quando me afastei um pouco do meu
grupo, o professor se aproximou. Ele me puxou e levou para o outro
lado, entramos em um corredor escuro, onde muitos casais estavam
se pegando. Então, ele abriu uma das portas que havia ali e
entramos em um dos vestiários.

Assim que bateu a porta e a trancou, senti meus batimentos


acelerarem, apesar de dar todos os sinais de que queria ficar com
ele, não sabia por qual motivo, mas o silêncio que recaiu entre nós,
me causou medo. Balancei a cabeça, tentando afastar a
insegurança que tomava conta toda vez que outros homens se
aproximavam daquela forma.

O vestiário estava escuro, iluminado apenas por um feixe de


luz que ultrapassava o vidro da janela da iluminação que vinha da
rua. Como um lobo faminto, o professor se aproximou e grudou seu
corpo musculoso no meu.

— Paola, Paola, você me provocou tanto. — Pegou uma


mecha do meu cabelo e rodou entre seus dedos, a afastou e
colocou atrás da orelha.

Quando seus olhos recaíram nos meus, tive a certeza de que


havia feito a maior burrada da minha vida. Aquele homem não era
quem eu pensava que fosse, ele queria tomar algo de mim. Algo
que sempre guardei para o Romero. O pavor foi tomando conta de
cada parte da minha pele, senti um arrepio horrível subindo pelas
minhas costas. Tudo piorou quando ele lambeu minha boca.

— Professor, não estou pronta para isso! — balbuciei


nervosa, ele sorriu, exibindo todos seus dentes, tornando-se ainda
mais assustador.

— Então por que me convidou para vir aqui hoje, sua pirralha
vadia? — Sua voz estremeceu tudo ao meu redor.

— Apenas pra gente se beijar — respondi, logo percebi que


fui inocente, tão boba.
— Mas não era isso que parecia, pensei que queria dar pra
mim, sua cachorra! — Ele espalmou com força na parede, me
fazendo fechar os olhos, pensei em sair correndo dali e voltar para
minha festa.
— Foi um engano então, vamos voltar para a festa que está
rolando, não quero perder… — Ele não me deixou terminar de falar,
em um segundo suas mãos me prenderam na parede e o homem
apertou meu pescoço com força, depois me jogou de bruços em um
dos bancos, levantou meu vestido e rasgou minha calcinha. Tentei
fugir dele e comecei a gritar, desesperada.

— Socorro, me ajudem — gritei entre as lágrimas. Não queria


dar minha virgindade àquele homem, será que ele não entendia?

O homem era muito forte e ágil, me pegou assim que


consegui chegar próximo à porta. Me amordaçou com a calcinha e
me colocou de bruços de novo. Acariciou minha bunda e depois
bateu com força causando um ardor na nádega que com certeza
ficaria vermelha. Minha visão ficou nublada, vendo que não teria
saída, as lágrimas rolaram e quando ouvi o zíper de sua calça
sendo aberto, sabia que estava perdida. Ele faria aquilo mesmo
contra a minha vontade.
Não tinha como eu gritar e minha mente começou a fervilhar.

Tentei lutar com meu corpo, desvencilhando, mas ele pegou o


cinto e amarrou minhas mãos, apertando com força. Me bateu mais,
meu couro cabeludo ardeu por conta do puxão forte que deu, foi
então que senti seus dedos na minha entrada, entrei em desespero
e então ele enfiou tudo de uma vez, me fazendo gritar pela dor. Sem
dó nem piedade, começou a gemer alto palavras desconexas
enquanto extraía do meu corpo tudo que não dei a ele.

Não havia volta, aquilo me marcaria para sempre e, naquele


momento, eu preferia me cortar inteira com uma lâmina do que ter
sido tomada daquela forma. Meu corpo inteiro amoleceu, deixei
minha alma cair no limbo da escuridão, não vi e nem senti mais
nada, fiquei na penumbra da minha mente, era melhor assim.
Tempo atual

ROMERO
— O que aconteceu, Teresa? — perguntei, preocupado e
cansado, porque sim, ainda me preocupava com ela, pelo simples
fato de que foi a mulher que me trouxe ao mundo. Infelizmente, não
podíamos escolher a mãe que teríamos, era impossível.

— Ela quer ver você, está aflita, inquieta, e não deixa


ninguém entrar no quarto, nem mesmo as enfermeiras que precisam
aplicar os remédios — Teresa, a governanta, explicou, ela estava
em nossa casa desde que nasci, foi mais minha mãe que Sonia.
— Vou ver o que ela quer. — Bufei irritado, passei a mão
pelos olhos, estava com muito sono, ainda tinha que ir ao galpão do
outro lado de Chicago.

Agradeci à Teresa e segui para o final do corredor, por causa


das limitações de Sonia Bellucci, ela teve derrames, ficou sem
mobilidade para andar e falar, agora dependia das pessoas para
tudo, além desses tinham outros problemas que agravavam ainda
mais o seu quadro. Sabia que precisava ter forças para seguir em
frente e cuidar dela da melhor forma possível, não era fácil. Mas
quem disse que seria? Meu pai morreu bem cedo, antes do que
esperávamos, no ataque na antiga mansão dos Mancini, onde
morreram Francesco e Gioconda; tinha de zelar pela saúde da
minha mãe, por mais horrível que ela tivesse sido para mim.
Ao chegar em frente à porta do quarto, respirei fundo, girei a
maçaneta e abri, a encontrando sozinha com os olhos fechados,
mas quando notou minha presença, os abriu. Em seus olhos
castanho-claros pude ver toda sua fúria e revolta, era nítido como
me fitava com ansiedade e seriedade, fez um gesto com a mão e
me pediu para que chegasse perto. Aproximei-me, dando a ela toda
minha atenção, Sonia sabia que eu era um homem ocupado
demais.

— Aham. — Indicou a mesa ao lado da sua cama que tinha


um copo de água e canudo, junto de seus medicamentos, além do
jornal do dia, minha mãe gostava de estar sempre bem-informada
sobre os acontecimentos do mundo. No entanto, um papel chamou
a minha atenção, pois parecia antigo, pela sua aparência
amarelada. A fitei de novo e ela acenou como que me autorizando a
pegar, foi o que fiz no mesmo instante. Ansioso, abri e, naquele
instante, senti um arrepio percorrer todo meu corpo quando me
deparei com sua letra e algumas manchas.

Era uma folha que estava escrita por inteiro e, ansioso, notei
a agitação de dona Sonia, ela queria que eu lesse. O meu nome
estava no topo, o que queria dizer que era para mim mesmo, não
sei por qual motivo, mas só poderia ser algo muito ruim, dela não
podia se esperar nada diferente.

Romero,
Espero que quando estiver lendo esta carta, eu já esteja
morta, incinerada e com minhas cinzas jogadas no Rio Sena, em
Paris. Antes de tudo, quero que me prometa, como o meu único filho
que irá cumprir o meu último pedido.
Agora podemos ser objetivos e ir direto ao assunto principal
desta carta. Sei que já se pegou pensando e duvidando que eu
fosse realmente sua mãe biológica, preciso que, por fim, saiba que
EU NÃO SOU sua mãe. Apenas quis você por perto para que
pudesse ter seu pai junto a mim, e para isso, fiz tudo que era
necessário para ser a Sra. Bellucci, esposa do consigliere da Outfit.
Nunca me importei com sentimentos, como uma garota que nasceu
nesse meio, eu sabia que não tinha vez e, por este motivo, ergui
uma rocha à minha volta e nada nesse mundo me engoliria. Quando
finalmente consegui ter a atenção de seu pai, o interesse e desejo
dele. Senti-me realizada quando me pediu em casamento à minha
família, selando mais um acordo de negócios conforme o Don da
época queria. Após me casar com seu pai, nunca fui capaz de negar
algo a ele, me doei, fiz tudo que um homem gosta na cama, era a
perfeita e dedicada esposa. Sabia também que teria de engravidar
logo, entretanto, com a demora, comecei a desconfiar que tinha algo
de errado comigo, pois não engravidava de jeito nenhum, aquilo
estava me matando. Precisava agir antes que fosse descartada,
isso era a última coisa que queria para minha vida. Procurei minha
médica, fizemos vários exames, tomando todos os cuidados para
esconder de seu pai. Quando o resultado saiu, quase tive uma
síncope, pois foram incisivos, eu era infértil e nunca poderia dar
filhos ao meu marido. Entrei em desespero, sem saber o que fazer,
mas sabia que não poderia contar aquilo para Enrico. Passados seis
meses, descobri que uma das empregadas da casa estava grávida
e quando a questionei sobre o pai, ela gaguejou e soube que era
dele.
Não fiquei surpresa, pois todos os homens na máfia tinham
casos com outras mulheres, mas eram passageiros e quem
permanecia era a esposa. Porém não poderia deixar que um
bastardo tivesse a chance de me tirar dele e daquela casa, então
propus a ela que sumisse dali e mantivesse a gravidez que eu
mesma iria cuidar de tudo. Como aquela garota nova não tinha ideia
de nada e precisava de ajuda, ela aceitou sem saber que, na
verdade, era minha barriga de aluguel.

Planejei tudo nos mínimos detalhes, arranjei uma barriga


falsa, subornei minha médica e todos que precisava para manter em
segredo uma gravidez falsa. Ainda tive que ficar quieta durante os
próximos meses, para que Enrico não me tocasse naquele período
que foi o mais difícil da minha vida, pois simulamos uma gravidez de
risco.
O tempo passou e quando soube do seu nascimento, fui
visitar a sua miserável e mãe biológica no hospital que não tinha
como te dar uma vida digna. Subornei uma enfermeira para dizer a
ela que você tinha morrido minutos depois do parto, teve problemas
e não suportou, enquanto o pegava em meus braços e o levava
embora dali. Fui forte em saber que você era filho do homem com
quem me casei, mas não era meu e sim de outra mulher, entretanto,
suportei tudo apenas para manter meu casamento e sobrenome.

Enfim, Romero Bellucci, estou acabando aqui com suas


teorias e afirmando que NÃO SOU SUA MÃE. Apenas te usei para
permanecer na posição que eu queria estar e seu pai me amou mais
ainda quando se deu conta do quanto você se parecia com ele.
Enrico nunca foi um romântico, típico de um mafioso, não é mesmo?
Não importava para mim isso também, o que queria era apenas
status, estar ao lado dos maiores. E não pense que sua mãe pode
estar viva, pois não está, mandei matá-la assim que soube que ela
iria procurar por Enrico e estragar todos os meus planos. Sei que
não pediu para nascer, muito menos tem culpa de qualquer coisa,
mesmo assim te culpei e maltratei, porque sempre te odiei, apenas
queria que soubesse de tudo, graças a mim, hoje você é o
consigliere da Outfit, ficou no lugar de seu pai e é o homem que
Pietro Mancini mais confia. Não me agradeça, não por isso, meu
querido e amado filho. Aproveite a oportunidade e case com Paola
Mancini para que continue no poder. Sentimentalismo não te levará
a lugar nenhum nesta vida, quer dizer, só para o mais miserável,
pense grande e faça sua parte, seja astuto como sempre te ensinei
e continue honrando nosso sobrenome.

Sonia Bellucci

Caí sentado na cadeira que estava ao lado da cama dela,


nada mais me chocava na vida, pois no meu trabalho era
acostumado a ver de tudo, principalmente o imaginável. Mas aquilo?
Com toda frieza do mundo, Sonia roubou um bebê e ainda
acreditava que fez o melhor.
Fiquei minutos, horas, ali sentado com aquele papel na mão,
paralisado, intercalando o olhar entre a carta e seu rosto que o
tempo se encarregou de enrugar e a deixar ainda mais
amedrontadora. De repente, ela começou a se engasgar e sufocar,
as enfermeiras contratadas entraram no quarto, correndo.
Acompanhei em câmera lenta sem saber como assimilar aquelas
informações todas, pois me sentia desnorteado.

Naquele exato momento, presenciei os olhos castanho-claros


de Sonia Bellucci perderem a vida pouco a pouco até ficarem
paralisados e opacos.

— Sr. Bellucci, ela se foi, não pudemos fazer mais nada,


como ela pediu — uma das enfermeiras explicou e apenas assenti
com um nó enorme na garganta.

Um sabor horrível tomou conta da minha boca, mordi o lábio


inferior enquanto apertava aquele papel amarelado em minhas
mãos com mais força. O coloquei dentro do bolso da calça e passei
os dedos pelo cabelo, desalinhando-o em total descontrole. Não
sabia o que pensar, dizer e como agir depois de saber toda a
verdade. Levantei-me e saí do quarto, peguei meu celular na
mesinha da sala e mandei um código para Mário, ele estava me
aguardando. Antes de sair de casa, quando coloquei a mão na
maçaneta da porta da frente, Teresa me chamou.

— Sr. Bellucci, podemos seguir com o que ela desejava? —


perguntou.

— Pode — as palavras saíram estranguladas da minha


garganta. Engoli em seco e saí daquela casa que não voltaria mais,
pelo menos não queria passar nem mais uma noite naquele lugar.

Quando cheguei à garagem, Mário e a equipe de segurança


estavam a postos me esperando, entrei no carro e me sentei no
banco de trás. Aquele papel velho ainda estava queimando no meu
bolso, de olhos fechados, joguei a cabeça contra o encosto do
banco do carro, querendo esquecer tudo que havia lido naquela
carta. Abri os olhos e observei a movimentação da cinzenta Chicago
sem conseguir apreciar qualquer coisa.
— Que amor, menino? Não vivemos disso aqui — a mulher
que se dizia minha mãe gritou —, venha ver como um homem deve
tratar uma mulher na cama, está passando da hora de você
aprender.

Afastei aquela lembrança, sentindo mais uma vez o arrepio


forte tomar meu corpo e também o asco por tudo que ela me fez
passar para me tornar um verdadeiro “homem” que honrava a Outfit
e sua masculinidade.

— Sr. Bellucci, seu celular está tocando. — Peguei o


aparelho e o nome de Pietro piscava na tela, pois estava atrasado.

— Finalmente, caralho! — Notei sua voz nervosa.

— Ela morreu, acabou, Pietro — finalmente falei, confirmando


mais para mim mesmo que para ele.

— Nossa, precisa de alguma coisa? Não precisa vir hoje,


mudamos a reunião.

— Não, estou a caminho, chego em cinco minutos — fui


sucinto e ele sabia que não adiantaria questionar nada, encerramos
a ligação.

Pietro e eu éramos amigos desde a infância, assim como


Enzo. A família Mancini que sempre fui parte integrante e que me
acolhia em qualquer situação, eram as únicas pessoas no mundo
que eu possuía.
— Mário, chegando ao galpão, você vai mandar que um dos
soldados volte àquela casa e pegue algumas das minhas coisas no
escritório, vou anotar tudo para que não esqueçam nada. — Ele
assentiu.

Como previa, chegamos ao galpão onde Pietro me


aguardava para uma reunião com Enzo, para organizarmos a
segurança do lançamento da nova coleção que Perla desenhou e
desenvolveu junto à equipe de joalherias dos Mancini.

Desci do carro, ajeitando meu paletó e colocando a máscara


de homem cruel, intocável e sério que minha posição exigia. Entrei
no galpão enquanto sentia os olhares de piedade dos homens que
passaram por mim. Pietro, aquele filho da puta, devia ter espalhado
que minha querida mãe havia morrido. Mal sabia ele que aquela
mulher asquerosa foi embora tarde demais.

— Meus pêsames, Romero. — Enzo veio ao meu encontro


com o semblante sério, deixou de lado aquele seu jeito bem-
humorado de viver perigosamente.

— Não tem nada o que sentir, podemos conversar? — O


subchefe assentiu e foi chamar seu irmão que, rapidamente, entrou
na minha sala.

— Do que precisa? — Pietro perguntou e apenas os encarei,


joguei a carta na mesa, sendo assim, não precisaria falar nada, eles
leram e ficaram petrificados como eu me senti ao terminar a leitura
mais reveladora e destruidora que tive.

— Caralho, Romero — Enzo soltou, estarrecido.


— Não sei o que fazer, entende? — falei com a voz
estrangulada, segurando as lágrimas, engolindo e sentindo aquele
gosto ruim.

— Mas, eu tenho ideia do que você pode fazer para se


desligar. — Enzo me fitou e Pietro franziu a testa naquele seu jeito
típico.

— Nada disso, Enzo. Romero precisa de uma boa sessão de


tortura e vamos deixar aquele rato da gangue para ele e, depois,
posso ligar para Loren, se quiser.
— Aceito a tortura, mas não precisa ligar para Loren. — Me
levantei e peguei tudo que precisava.

Saí da sala sem dizer mais nada e fui em direção ao local


onde poderia destrinchar o corpo do traidor e fazê-lo sangrar e se
debater em dor. Mas sabia que, no fim, aquilo era apenas uma
forma de colocar para fora toda minha revolta, angústia e profundo
ódio. No entanto, sabia que não arrancaria o que estava sentindo,
não era algo que passava apenas matando alguém de forma cruel,
não passaria e sabia que podia fazer de tudo que continuaria me
sentindo perdido, roubado e destruído por dentro.
PAOLA

— Você pode colocar um vestido vermelho, a máscara preta


bem bonita cobrindo parte de seu rosto e os olhos — joguei a ideia
que veio à minha cabeça naquele momento para Caterina e Perla,
que estava com Romeo nos braços.

— Isso vai ser maravilhoso, tango na apresentação da nova


coleção, excelente ideia, Paola — Perla se empolgou com mais uma
de minhas loucuras e fiquei satisfeita por poder ajudá-la, de alguma
forma.

Ouvimos alguém bater na porta, Elena colocou sua cabeça


para dentro depois que Perla autorizou a entrada.
— Paola, a sua psiquiatra chegou — ela anunciou.

— Tudo bem, peça que ela espere no meu quarto, já estou


subindo. — Romero havia conseguido que a psiquiatra viesse à
mansão para darmos continuidade ao meu tratamento. Os ataques
dos russos haviam cessado por um tempo, sendo assim, as coisas
estavam mais tranquilas.

— Tudo bem, com licença! — Elena concordou e saiu,


Caterina me fitou com ansiedade, seu semblante era de nervosismo,
como se estivesse esperando uma reação mais agressiva minha
quando Elena mencionou a palavra psiquiatra, não médica.

— Não se preocupe, estou tranquila em relação a isso —


tranquilizei-a —, não tive escolhas ou teria que me afastar
novamente desta casa e da vida de vocês, e neste momento é tudo
que não preciso.

— Pietro não faria isso — Perla foi categórica. — Eu não


deixaria. — Ver como ela tinha forças para lutar me deixou um
pouco afetada, principalmente por saber que aquelas palavras eram
por mim, cada vez que minha cunhada me ajudava ou me defendia,
eu sentia mais carinho por ela.

Meu problema sempre foi amar demais ou odiar demais, dois


extremos que moviam a minha vida e quem eu era.

— Bom, preciso ir, não esperem que agradeça por estarem


ao meu lado e peça desculpas, estou tentando o melhor — falei e
saí depois de deixar os papéis que carregava nas mãos em cima da
mesinha de centro.
Desde que as novas integrantes da família Mancini
chegaram, tudo havia mudado naquela casa. Meus irmãos, os
homens que nunca se apegaram à mulher nenhuma, e olha que
eles tiveram muitas beldades, estavam de quatro e na coleira de
suas esposas. Pietro e Enzo não gostavam de assumir, mas faziam
tudo como elas queriam e mandavam, apesar de não gostar no
início, atualmente me divertia vendo como eles eram obedientes a
elas.
Subi os degraus a passos mais rápidos que o normal, queria
que passasse logo aquela uma hora do meu dia que era de terapia.
Insistência dos meus irmãos, desde que fui diagnosticada com
traços de transtorno de personalidade borderline[1]. Apesar de
apresentar resistência, aceitei porque fiquei muito mal depois da
emboscada que quase tirou a vida de Caterina.

Além disso, ainda teve o exame que fiz naquele mesmo dia e
me deixou péssima, pois trouxe lembranças muito ruins do meu
passado sombrio e horrível. Fora isso, o meu estado instável me
deixava em um sofrimento que parecia não ter fim e estava cansada
de ser um peso para mim mesma e para as pessoas ao meu redor.

Assim que cheguei ao meu quarto, a doutora estava a postos,


me aguardando. A psicoterapia aliada ao medicamento foi o melhor
tratamento que a psiquiatra encontrou e que estava dando certo
para que eu não voltasse a me automutilar e compreender melhor
meus comportamentos, emoções e relações. Ela já sabia que nutria
uma obsessão em conquistar Romero e falávamos disso também.
Infelizmente, tive que me afastar dele, para que entendesse melhor
o que sentia e minhas ações sobre isso.

— Estou pronta, doutora. — Coloquei meu celular na gaveta


da mesinha ao lado da cama e me sentei no sofá de canto que
havia no meu quarto.

— Como você se sente hoje, Paola? — questionou.

— Estou bem e me mantendo afastada do homem que amo,


por mais que me doa — fui sincera, aquilo era o mais difícil para
mim naquele tratamento, me manter longe de Romero.
— Não se preocupe, vamos cuidar disso, mas por enquanto
quero que foque em você, vamos voltar àquele assunto de sua
infância. — Assenti.
Eu sabia aonde ela queria chegar, mas não queria ter que
reviver o momento em que tiraram de mim algo que em nenhum
momento dei a ele. Era difícil até me lembrar, minha mente
bloqueava, mas depois do exame, as lembranças voltaram vívidas
demais daquele homem me tomando como se eu fosse apenas um
objeto para o seu prazer.

— Paola, sei que vai ser difícil mexer com o seu passado,
mas precisamos falar sobre ele, para que você possa avançar no
tratamento e saber lidar com o que sente.

— Eu sei disso, mas me dói lembrar de tudo aquilo. —


Comecei a tremer e meus olhos ardiam enquanto me segurava para
não explodir, contive os pensamentos conflitantes e inquietantes que
me tomavam sempre que aquelas imagens voltavam à minha
mente.

— Entendo, mas temos que vencer essa etapa e tenho


certeza que você vai passar por isso e sair mais forte que começou
— a doutora disse com veemência.

Assenti, então voltando ao meu passado, era tudo muito


confuso, cheio de perdas, sentimentos de vazios, solidão,
incompreensão. Aquele misto de emoções me levou ao pior
episódio da minha vida.
Havia dias que as sessões de psicoterapia me faziam bem e
outros não, apesar da medicação, pois não aceitava viver daquele
jeito ou sob efeito de remédios, eu me descontrolava e tudo voltava,
às vezes ainda pior do que estava antes.

Quando a doutora saiu do meu quarto, fiquei um tempo


pensando em Romero, não entendia o que estava sentindo, era um
aperto no peito, como se no fundo eu soubesse que algo não estava
bem com ele. Uma aflição tomou conta da minha alma. Ninguém
acreditava em mim, confesso que eu odiava que às vezes as
pessoas que amava não entendiam como me sentia, não como eu
esperava.

Era complicado e dolorido lidar comigo mesma, o único que


não me recriminava e sempre cuidava de mim era o Enzo, meu
irmão que podia até ter errado comigo um dia, quando concordou
com Pietro de me mandar para aquele maldito colégio interno, no
entanto, manteve sua promessa que nunca deixaria que nada me
acontecesse.

Saí do quarto, pouco tempo depois, fui direto para o escritório


de Perla, onde trabalhávamos na nova coleção. Antes de chegar,
ouvi Caterina contando à minha cunhada que a mãe de Romero
havia falecido essa manhã em sua casa e que, segundo Enzo, ele
estava lidando de forma indiferente ao que tinha acontecido.
Assim que ouvi aquilo, soube que, na verdade, o consigliere
não se sentia mal pela morte da mulher que o colocou no mundo, e
sim por alguma outra coisa e isso, meus irmãos até poderiam saber,
mas nunca contariam às suas esposas, aliás, a ninguém. Eles eram
leais uns com os outros, algo raro naquele mundo sórdido que
vivíamos.
Fingi que não escutei nada quando me aproximei delas, e as
traidoras dissimularam, mudando de assunto. Claro que ficariam
sempre do lado deles, seus maridos. Mas aprendi a lidar com aquilo
muito bem, faria tudo do meu jeito, assim continuamos nossa
reunião. Perla me mostrou o desenho da máscara que fez para
Caterina e Enzo usarem na apresentação. Meu irmãozinho vinha
ensaiando com sua esposa todas as noites, apesar de saber que
eles mais ficavam se pegando do que dançando.
Caterina estava grávida, ela me contou antes mesmo de falar
para o meu irmão, me senti privilegiada e feliz, eu amava tanto
Romeo, aquele serzinho pequeno, indefeso e cheio de
personalidade como seus pais. Saber que teríamos mais um bebê
na família, era um alento e felicidade.
Quando finalizamos a reunião, Perla ficou de passar para
Pietro mais detalhes sobre o evento enquanto as peças ficariam
prontas.
A minha cirurgia estava chegando, infelizmente, os exames
apontaram que havia mais fragmentos na minha tuba uterina. Aquilo
me trazia sintomas terríveis quando estava menstruada, tinha
cólicas muito fortes e sangrava mais que o normal. Mesmo tomando
o anticoncepcional direto, não estava resolvendo, menstruava por
dias no mês e sentia dores insuportáveis de cólica, fora o mal-estar.
Era péssimo e não via a hora de me livrar daquele sofrimento
também.
Voltei ao meu quarto, depois de passar na cozinha e comer
um pedaço do bolo delicioso de chocolate que Ana fez. Entrei,
animada, disquei o número de Alex, meu novo segurança, ele era
amigo de Leo que costumava tocar nas minhas festas antigamente.

— O que precisa, Paola? — Alex perguntou, sempre solícito.

— Quero que organize uma saída secreta esta noite para o


clube novo de Vincenzo. — Ele bufou do outro lado da linha.

— Paola, você quer a minha morte lenta e dolorida? —


perguntou em um tom cômico.

— Não quero outro segurança meu sendo morto, a não ser


que você saia da linha e seja desleal à Outfit. Isso sim, pode te levar
à morte, não uma saída minha, escoltada por você e Leo —
ponderei, tentando amenizar o clima.

— Ainda quer colocar ele no meio disso? — questionou, aflito.

— Apenas ligue para ele e faça acontecer, outra coisa


importante é que vamos ter de sair bem tarde, meus irmãos
precisam estar em seus quartos e a segurança mais tranquila.

— A segurança nunca está amena, mas vou fazer o possível


para te levar e trazer viva desse seu passeio noturno — disse,
contrariado.
Encerrei a ligação e vibrei, sempre conseguia o que queria
quando era incisiva. As pessoas não me levavam a sério porque era
mulher, odiava isso, pois queria mesmo ser como meus irmãos.
Na verdade, ansiava pela volta das minhas aulas de
autodefesa, de tiro e como manusear facas e afins. Gostava desse
lado da nossa vida obscura, mas o que meus irmãos faziam era
apenas manter um exército de soldados cuidando da minha
segurança e de suas esposas como se fôssemos de cristal.

Com isso, fui escolher um vestido e sapatos para aquela


noite, entrei no closet como imaginei, não foi difícil optar pelo que
usar, guardei por tanto tempo aquela peça apenas para vesti-la no
momento certo. Abri o gaveteiro e escolhi também uma máscara,
sim, eu colecionava algumas, comprava quando me sentia
entediada e tentada a fazer algumas loucuras. Meu celular vibrou no
bolso da minha calça e quando o peguei, vi o nome de Leo, deslizei
o dedo na tela para atender.

— O que você vai aprontar em um clube de swing, Paola? —


Ele sequer me deu um “oi” foi direto ao assunto.

— Não posso contar exatamente o que pretendo fazer, mas


quero apenas observar como funciona, estou curiosa. — Abri um
sorriso, sabia que ele deveria estar morrendo de curiosidade.
— Posso te acompanhar, se quiser — Leo jogou, ele foi o
primeiro homem que beijei, há muitos anos, antes de tudo
desmoronar na minha vida. Apesar de brincar, ele sabia que entre
nós dois não rolaria nada mais além de amizade.

— Desta vez não, mas quem sabe da próxima, posso precisar


de você — deixei uma ideia no ar para que o instigasse mais e não
negasse a fazer o que queria de verdade.
— Você que sabe, minha Diabinha loira. Vai ser difícil
conseguir encobrir sua ida naquele lugar, seus irmãos são os donos
também e ficam sabendo de tudo.

— Sei que você tem os meios de impedir isso, Leonardo


Rossi — respondi, falando seu nome completo.

— Paola, não brinque com isso, garota, sabe que seus irmãos
ficam loucos. — Despedi-me dele e encerrei a ligação. Voltei para
os meus afazeres e, depois de deixar tudo separado e escondido,
fui brincar um pouco com Dexter na área externa.
— Dexter, pega a bola. — Joguei-a longe e ele saiu correndo
atrás de um dos seus brinquedos, distraída, brincando com o
buldogue do meu irmão, não percebi quando alguém se aproximou.
Porém, antes de me virar, a brisa que estava naquela tarde trouxe
seu perfume até mim. E sim, sabia que era ele, meu Romero.
Apesar de gostar da ideia de ele ter vindo me procurar, não podia
entender o motivo de o amigo dos meus irmãos estar indo contra o
que eles pediram.

— Paola — sua voz deliciosa e grave me chamou, não me


virei. Podia amar aquele homem, mas nunca me rastejaria, apenas
o queria provocar e, quem sabe, arrancar alguma coisa dele.
Dexter voltou quase me jogando no chão e Romero me
segurou com suas mãos firmes e grandes. Minha respiração se
alterou, ficando entrecortada por senti-las em minha pele, e seus
olhos castanhos se fixaram em mim, mas ele logo me soltou.

— Dexter, olha só o que ia fazer, meu amor! — chamei a


atenção do buldogue, consegui pegar a bola de sua boca e joguei
para o outro lado enquanto engolia em seco. — Está tudo bem? —
perguntei, voltando a encarar o homem, ele estava tão lindo, o
consigliere sempre andava impecável, gostava de vestir cores mais
neutras como preto, cinza, marrom, bege e azul-marinho. Usava
camisas sociais que o deixavam ainda mais irresistível e gostoso,
meu desejo era de poder tocar seu peitoral, abdômen e costas, além
de todo seu corpo.

— Eu que te pergunto, Paola. Tem algo a me dizer? —


perguntou, desconfiado, sem tirar seus olhos dos meus.

— Nada, apenas que sinto muito pela morte de sua mãe. —


Ele fechou os olhos e bufou, tinha algo a mais que Romero estava
escondendo.

— Agradeço suas condolências, mas não é necessário, pois


eu não sinto muito por aquela mulher ter morrido. — Cada palavra
saiu de sua boca em um rosnado enraivecido e revoltado. Os olhos
frios, distantes e cheios de lágrimas que ele não deixou cair. Sem
querer, me aproximei e levei minha mão a um lado de seu rosto,
afaguei de forma suave porque era demais vê-lo daquele jeito,
sofrendo.

— Não respondeu se tem algo a me dizer, é sobre hoje à


noite. — Meus batimentos aceleraram de nervoso. Alex e Leo
adotaram o método de chamar a atenção deles e, dessa forma,
observar as estratégias usadas na segurança e tentar burlá-la, além
disso, eles trocavam os soldados por outros que ajudavam. Às
vezes dava certo, às vezes não, e era uma confusão.

— O que tem hoje à noite? — Fingi que não tinha entendido e


logo tirei minha mão de seu rosto.
— Você não pode ir ao clube, principalmente aquele, cheio de
homens da máfia que conhecem seus irmãos. Porra, Paola, está
louca? — Não respondi e apenas o encarei.

— Tudo bem, não vou, pode ficar despreocupado, só tive


curiosidade para conhecer — fui sincera.

— Esses lugares não são para você, espero que não tenha
nenhuma surpresa esta noite, é tudo que não preciso. — Assenti e
ele manteve seu olhar no meu por alguns minutos, depois acenou e
saiu, me deixando com a respiração na boca, a pele ardendo de
desejo e ansiedade por sentir suas mãos ao meu redor.

Peguei meu celular no bolso enquanto passava a mão pelo


pescoço, sentindo ainda um calor delicioso que apenas Romero
provocava em mim. Leo e Alex agiram conforme o combinado, fazia
parte do plano deixar que ele descobrisse nossa saída e fingir que
recuamos ao sermos pegos.

Sorri, mordendo os lábios, e brinquei mais um pouco com


Dexter que havia sumido pelos fundos do gramado. Depois entrei,
fui me arrumar para jantar com minha família enquanto não dava
meia-noite, a ansiedade tomou conta depois das nove da noite e
comecei a sentir um frio no estômago.

Ignorei a medicação naquela noite, não tomei, pois como iria


a um clube e não beberia nada? Meu corpo entrou em um frenesi,
minhas mãos estavam suando frio só de pensar que ele não me
veria, não como gostaria, mas o deixaria instigado e tentado.
Romero não sabia ainda, mas ele seria o único que imploraria por
mim.
[1] O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por um padrão generalizado

de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na

autoimagem, flutuações extremas de humor, impulsividade e medo da rejeição.


ROMERO

— Ela iria aonde? — Enzo gritou preocupado e irado, quando


entrei no galpão indo em direção à minha sala, ele estava no meu
encalço apenas me esperando chegar.
— No clube de swing, mas não se preocupe, já dei um jeito
nisso — falei, tentando demonstrar que estava despreocupado,
assim ele não ficaria louco.

— Caralho, Romero. Por que não me contou de imediato? —


Dei de ombros.
— Porque já resolvi com Paola, sei que não era para me
aproximar dela, mas foi impossível — Enzo praguejou, se
levantando rápido e bateu o copo de uísque na mesa.

— Nosso combinado era que você não iria vê-la e se


manteria afastado, porra! — rugiu.
— Eu sei, mas agi dessa forma no momento que descobri por
Alex, porra, Enzo. Vocês não confiam em mim? — Aquilo me
irritava, era como se eu fosse o pior dos homens e não pudesse me
aproximar da irmã deles que sempre respeitei, mesmo quando ela
se jogava em cima de mim.
— Confiamos, mas Paola tem os rompantes dela, mesmo
fazendo o tratamento, é difícil de monitorar minha irmã, você sabe, e
queremos que ela fique bem — ele soltou e logo notei a sua
preocupação, Enzo era mais apegado à Paola que Pietro, que por
ser mais velho tentava se manter como a autoridade maior sobre a
irmã.
— Sei de tudo isso, mas não estou escondendo nada e ela
disse que poderia ficar despreocupado que não iria mais, depois de
ter sido descoberta.

— Vou ficar de olho esta noite e espero que garanta o que


está dizendo. — Fitou-me com seu jeito cruel, Enzo sabia bem
quando mostrar seu pior lado.

— Fique tranquilo — falei, peguei um cigarro no bolso e o


acendi. — Vou ficar atento, mas então me diga, como você está
depois da morte da Sonia? — Ele sabia que não queria que
ninguém a mencionasse como minha mãe.

— Foi embora tarde demais, aquela mulher — respirei fundo


e soltei o ar, era difícil pensar nela, imagine falar —, não vale a pena
— falei com um misto de mágoa e raiva, era o que sentia por Sonia
naquele momento e gostaria que ela ardesse no inferno.

— Tá certo, percebi que não quer falar disso, tudo bem. —


Ainda bem que Enzo compreendeu, ele gostava mais de conversar
que Pietro.

— Mudando de assunto, tem alguma novidade sobre o


Giovanni? — perguntei para Enzo, enquanto cruzava as pernas
ficando mais à vontade no sofá da minha sala.
— Ainda não conseguimos nada dele, Lucca está atrás do
falso Giovanni, o sósia dele — lamentou.

— Ele foi muito esperto, nos enganou por anos — comentei e


Enzo concordou em um aceno de cabeça.

— Mas não engana mais — Pietro soltou, assim que a porta


se abriu e ele entrou na sala, pegando o fio da nossa conversa no
ar.

— Ficou sabendo de mais alguma coisa? — Enzo indagou,


girando sua faca entre os dedos.

— Não, mas Lucca continua seguindo as pistas e tenho


certeza de que em breve vai nos dar boas notícias — comentou.

— Sim, acho que será melhor manter os homens atrás de


Giovanni, mas sem causar alarde — sugeri, Pietro havia comentado
da sua vontade de colocar a cabeça de Gio a prêmio.

— Você está certo, se fizesse aquilo, ele saberia dos meus


passos e é melhor agirmos em sigilo para o pegar de surpresa —
respondeu e pegou um pouco de uísque também.

Pelo resto da tarde, ficamos montando estratégias para pegar


Giovanni Ricci, nosso atual inimigo. Sabíamos o motivo de todo o
seu ódio, sua mãe havia sido morta quando ele ainda era menino,
ouviu tudo o que aconteceu. No entanto, por falha de alguém dentro
da organização, naquela época, o menino sumiu e foi parar na
Rússia. Ele tinha se aliado a eles na guerra, os russos por quererem
tomar o poder de Chicago das mãos da Outfit e Giovanni para nos
derrubar.
Antes de anoitecer, saímos do galpão, recusei o convite de
Pietro e Enzo para jantar na mansão com eles, pois havia
combinado com Damon de irmos ao clube de swing de Vincenzo
que tinha Pietro e Enzo como sócios. O The Original Sin ficava em
uma área mais deserta de Chicago, havia ficado pronto há alguns
meses. Era novidade e, por isso, vivia lotado, ainda mais na noite de
máscaras em que tudo podia acontecer.
Nunca fui um homem de sair com muitas mulheres, gostava
de exclusividade, mas não ligava quando entrava em sala de swing
para compartilhar ou apenas assistir a cenas de sexo se
desenrolando. Aquilo me deixava louco de prazer, a maioria das
vezes, não participava, ficava olhando a forma com que as pessoas
curtiam seu tempo no clube, principalmente, as mulheres. Era lindo
ver os seus corpos nus, se deleitando, se movendo e até mesmo
suando durante o sexo. A forma como se curvavam e o exato
momento que elas começavam a ter um orgasmo, os gemidos e
barulhos eram excitantes demais.

Cheguei ao meu apartamento, que ficava no mesmo prédio


que Enzo e Pietro mantinham seus apês. O ambiente estava quase
todo escuro, iluminado apenas pelas luminárias que ressaltavam as
cores em combinação de preto, cinza e marrom em uma decoração
minimalista e moderna. As cortinas fechadas indicavam que Teresa
já havia limpado todos os cômodos. Coloquei a chave do carro e
celular em cima da mesinha de centro da sala e segui para a
cozinha que estava toda iluminada.

A mulher que sempre esteve comigo, me encarou e notou


que não estava bem, mas ela sabia que não queria falar sobre a
morte de Sonia. Aquela que se dizia minha mãe, que pensou
apenas nela e em mais ninguém, muito menos, na garota que tirou o
filho.

— Romero, seu lanche está pronto, vou deixar aqui enquanto


tiro algumas de suas camisas para lavar. Qualquer coisa, é só me
chamar. — Assenti e ela saiu indo para a área da lavanderia.

Fui para o meu quarto pensando em Paola e no quanto ela


era louca, não duvidava de nada vindo da garota. Entrei, tirando os
sapatos e os deixando no canto, abri os botões da camisa e a tirei,
colocando-a no cesto. Me livrei do cinto, da calça e me sentei na
poltrona, soltando o ar que prendia, liberando toda a minha
exaustão.

Desde que me conhecia por gente, era leal aos Mancini e


como consigliere da Outfit, nunca pensei em desviar do que
acreditava ser o certo. Paola era um sério problema, uma
verdadeira tentação, por mais que respeitasse a garota, não podia
negar, nem ficar alheio à beleza selvagem dela. Seu olhar corajoso
e impetuosidade me atraíam, mesmo quando ela ainda era
adolescente, se insinuando para mim.

Por isso, fazia questão de me manter longe dela, pois sabia


que me meteria em encrenca, caso desse confiança à garota.
Apesar de tudo o que ela aprontava, queria que ficasse bem,
infelizmente Paola passou por muitos episódios traumatizantes,
além dela ter outros problemas como a endometriose e o transtorno.
Dava vontade de protegê-la do mundo, esse era meu desejo. No
entanto, seus irmãos faziam o que julgavam certo para mantê-la
longe de confusões e de sofrer, mesmo sendo inevitável.
Tirei minha calça e ficando apenas de cueca, fui direto para o
banheiro. Fiz minhas necessidades e notei que ainda estava com o
relógio, o tirei, deixando-o na bancada de mármore. Liguei a ducha
e me enfiei debaixo da água morna, logo senti alívio que passou
imediatamente, quando me lembrei da carta que estava no bolso da
calça. Balancei a cabeça e abri os olhos, passando as mãos pelo
meu rosto e cabelo, peguei o sabonete e comecei a me esfregar,
tentando esquecer, mas as palavras que Sonia escreveu voltaram
com força.
Romero Bellucci, estou acabando aqui com suas teorias e
afirmando que NÃO SOU SUA MÃE. Apenas te usei para
permanecer onde queria estar e seu pai me amou quando soube
que o filho dele se parecia com ele.

— Porra! — Soquei o azulejo, dominado pela raiva que


crescia dentro de mim, aquelas malditas palavras tomaram a minha
alma de ódio com tanta força que mal podia suportar. Mesmo
querendo esquecer, não dava para seguir em frente sem me lembrar
de tudo aquilo, era demais.
Terminei meu banho e fui lanchar, depois segui de volta para
o quarto e me arrumei, quando estava borrifando o perfume, Teresa
bateu na porta e autorizei sua entrada.

— Romero, vou voltar na sua casa para terminar de organizar


algumas coisas, está tudo pronto para o velório da sua mãe e,
depois, a cremação.
— Tudo bem, amanhã à tarde — sugeri e ela concordou —,
aliás, faça como ela pediu, você sabe de todos os detalhes, vou sair
e não sei se volto para cá hoje.
— Você vai para a mansão dos Mancini? — questionou.

— Hoje não, não estou para ninguém esta noite — avisei.

— Como quiser — respondeu e saiu.


Com isso, peguei a máscara que coloquei no bolso da calça
social, o celular e a chave do carro, enviei um sinal para Mário, e
depois dele confirmar que a segurança estava ok, saí do meu
apartamento. Entrei no carro, atravessamos a cidade e, alguns
minutos depois, chegamos, mesmo cortando o trânsito, passando
por ruas mais tranquilas, estava tenso. Assim que ele estacionou,
deixei o carro com os seguranças e fui explorar o lugar.

Os ambientes do clube eram bem divididos, todos os


frequentadores sabiam seu lugar, dessa forma não havia confusão.
Vincenzo, era adepto dessa prática, assim como eu e Loren, que foi
para Las Vegas comandar as negociações e lavagem de dinheiro da
Camorra. Até oferecemos mais dinheiro para que ficasse, mas ela
havia fechado com eles e para que não tivéssemos confusão,
aceitamos. Sentia falta de sua companhia, não tivemos um
relacionamento, a gente curtia as mesmas coisas e dava certo
daquele jeito, sem compromisso e de forma liberal para que
vivêssemos qualquer coisa.
— Cara, como você demorou! — A voz de Damon soou
próxima a mim, assim que me sentei na banqueta do bar. Ele
gerenciava o clube, além de ser nosso amigo.

— Que nada, tive que confirmar se Paola estava mesmo em


casa antes de vir, está tudo certo por aqui? — Ele sorriu
abertamente.
— Mais do que bem, a casa está cheia e apenas alguns
convidados não chegaram ainda. — Se sentou ao meu lado e
pedimos nossas bebidas enquanto acendia mais um cigarro.

— Ótimo, peça aos funcionários da entrada que fiquem


atentos, caso uma moça e um rapaz chamados Paola e Leonardo
cheguem, quero ser informado imediatamente.

— Pode deixar — ele assentiu e pegou o celular, o escutei


falando com os funcionários, depois desligou e me fitou. —
Problemas com a Paola?

— Ela não sossega, estamos de olho — bebi um pouco do


líquido âmbar —, mas então, os negócios estão progredindo bem,
dinheiro entrando.

— Disso não podemos reclamar de forma alguma, a sala de


jogos é um sucesso, não tem ideia… — Sorriu e levou seu charuto
até a boca. — Aceita um? — indagou, neguei em um aceno de
cabeça.

— Por enquanto, vou ficar com o cigarro, tive um dia horrível.

— Soube que sua mãe faleceu, mas sei bem que não quer
falar dela. — Concordei, aquele assunto eu queria esquecer.

Ficamos por um tempo sentados, bebendo e conversando,


sentia falta de Enzo e Pietro comigo, eles quase não saíam de casa
à noite mais, desde que se casaram. Levavam uma vida diferente
agora e não queria julgar e nem podia, tinha receio de passar pelo
isso também. Apesar de achar que seria sorte demais conseguir
uma noiva como Perla e Caterina, pois eles deram certo com suas
esposas. Infelizmente, todas as garotas que ainda estavam solteiras
na Outfit não me interessavam, a única que poderia mexer comigo,
era proibida para mim.

Tomei mais um pouco da bebida e acabei com o cigarro e,


após ficar aguentando o papo chato de Damon, segui para o outro
lado do clube onde só se entrava com a máscara, a peguei no bolso
e coloquei no rosto. Todos os ambientes ficavam no térreo, pois o
local ocupava um quarteirão inteiro e era completo.

Havia, além do bar; uma pista de dança que estava bem


frequentada; o darkroom que era um espaço totalmente sem luz; o
quarto aquário era o mais diferente, pois quem estava dentro dele
não podia ver quem estava assistindo e de fora se via tudo e esse
era o que eu mais gostava. Além disso, havia também a área
exclusiva para casais e a mista que era tanto para solteiros e casais
liberais com as cabines de interação.

Os espaços eram separados em íntimos para quem queria


privacidade e os reservados, coletivos e individuais, ainda havia
diversos ambientes para troca de carícias com lareira e
climatização. Mesmo na pista de dança, que possuía um moderno
sistema de iluminação, as esposas e solteiras podiam usufruir de
vários minipalcos com pufes pole dance e, acima, a passarela para
shows de exibicionismo, desafios picantes e brincadeiras ousadas.

Gostava de ficar nas mesas ao lado da pista de dança, nas


mais afastadas, que era onde os casais mais tímidos ou iniciantes
tinham a oportunidade de observar, e caso desejassem, poderiam
se sentir à vontade para chegar mais perto do agito.

Quando ia para um clube daqueles, costumava ficar a noite


toda, eram tantos ambientes e possibilidades que ficava animado só
de pensar. E por que não observar e fantasiar um pouco? Era
gostosa demais aquela expectativa de ver um casal desde o início
das carícias até a pegação, preliminares, o ato sexual até o ápice do
prazer.

Me sentei em uma mesa nos fundos, em um canto mais


escuro dentro da pista de dança, iluminada apenas pelas luzes
coloridas. Tocava uma música sensual, pedi uma bebida enquanto
observava todo o movimento das pessoas. Algumas mulheres
mascaradas dançavam de forma sensual, duas delas começaram a
se agarrar e se beijar. Era lindo e delicioso de se assistir, apertei a
mão no copo ao aproximar da minha boca e ver como a loira
apertava a bunda da ruiva.
No entanto, outra loira que tinha acabado de chegar, chamou
minha atenção, com uma máscara preta brilhante que cobria parte
do seu rosto, deixando apenas seus olhos e boca à vista. A olhando
de lado, ela me parecia familiar, mas quando se virou de costas, que
estavam nuas por causa do vestido, notei uma tatuagem
impressionante de uma serpente enrolada numa rosa, bem
instigante. Como o local era escuro e as luzes, vermelhas e rosa,
iluminavam mais os minipalcos, não consegui identificar bem, deu
para notar a tatuagem em suas costas nuas.
Observei a mulher se deslocar da pista de dança para as
mesas do outro lado e percebi que estava acompanhada. Não
consegui identificar quem era o homem ao seu lado, pois ele
permaneceu de costas e estava usando uma máscara. Quem seria
ela?
PAOLA

Coloquei a máscara e desci do carro de Leo que, com uma


expressão séria, pegou minha mão. Entraríamos no clube, senti um
friozinho no estômago com a expectativa de ver Romero em um
lugar daquele. Ele poderia estar acompanhado ou sozinho, para
mim nada importava, apenas que me visse e não me reconhecesse.
Desejava que o homem ficasse instigado, era como se sentisse, no
fundo, que o deixaria intrigado com a loira mascarada no clube de
swing.

Na portaria, Leo entregou os documentos falsos, como não


queríamos problemas, por ser uma exigência da casa, ele
providenciou as identidades. Meus irmãos eram sócios no clube,
Damon era gerente e Romero estava no lugar, não podíamos
facilitar ou seríamos pegos. Assim que adentramos, me senti mais
ansiosa, as mãos suando e a mente fervilhando com a expectativa
de vê-lo. O procurei por todos os lugares, mas tentando disfarçar a
cada homem parecido que via passar mascarado.

— Aonde você pensa que vai, está louca? — Leo me


perguntou preocupado, quando passamos direto pelo bar onde não
localizei Romero.
— Vamos dar uma volta, quero ver se encontro a pessoa que
preciso que me veja neste lugar. — Leo bufou, mas andou ao meu
lado.
Quando chegamos à pista de dança, meu corpo entrou em
um frenesi louco. Havia mulheres e homens dançando na passarela
escura com apenas luzes coloridas e pole dance de forma sensual
que deixava pouco para a imaginação. A música que tocava tinha
uma batida sensual, gostosa e instigante, era alguma de The
Weeknd, então não podia ser diferente. Leo se mexeu ao meu lado,
podia apostar que ele se animou, rolei os olhos, sorrindo.

— Conseguiu encontrar ele? — meu amigo perguntou


enquanto eu olhava para todos os lados, procurando por Romero,
meu corpo podia senti-lo naquele ambiente. Era louco pensar no
quanto aquele homem mexia comigo a ponto de sentir a sua
presença.
— Ainda não — respondi, me virando para a esquerda,
passei um olhar pelo fundo, encontrando-o sentado com um copo de
bebida.

Fiquei sem fôlego de repente, porra. Como ele estava lindo e


irresistível. Respirei fundo e me virei, tentando manter o controle,
não podia colocar tudo a perder. Além disso, aquele ambiente
deixava o sangue correr solto pelo nosso corpo, nossa imaginação
ia longe.

As luzes, vermelhas e rosa, piscavam na pista, a música


sensual e as mulheres dançando de forma instigante, era o
verdadeiro sonho de fantasias. Apesar de me intrigar, não
participaria de nada, não iria conseguir, engoli em seco e me virei
para o Leo.

— Isso aqui é um parque de diversões, Diabinha —


comentou. — Você aceita alguma bebida?

— Quero vinho rosé, enquanto isso, vou procurar uma mesa


para nós dois que fique na visão do nosso alvo, mas longe. — Sorri.
— Já o achou, não é? Perfeito! — comentou e saiu acenando
enquanto olhava para as mulheres dançando apenas de lingerie.

— Homens! — soltei, sorrindo.

Andei por entre as mesas até encontrar uma que ficasse


afastada, mas perto o suficiente para que Romero me notasse, a
loira tatuada, sorri de canto. Ele não sabia que havia feito um novo
desenho nas costas, na verdade, apenas Leo sabia, pois ele que me
levou ao estúdio do tatuador de Enzo. Meus irmãos conheciam
Leonardo, a família Rossi era parte da Outfit também e seu pai era
um dos capos que comandava Columbs, mas como Leo estava
treinando para ficar no lugar de seu pai e queria começar como
soldado, ele estava em Chicago.

— Adorei a mesa neste lugar discreto, excelente, tenho que


te dizer que o seu alvo não para de olhar pra cá — Leo falou no meu
ouvido, colocou a taça de vinho à minha frente e depois se sentou.

— É sério isso, ou você está querendo zoar com minha cara?


— O danado deu um meio-sorriso.

— Sabe que não estou brincando, que mania você tem de


não me levar a sério, Diabinha! — Fingiu um tom de chateado e
tomou um pouco de seu drinque.
— Por sua culpa mesmo, gosta de me fazer de boba sempre,
então, não tem como saber quando está realmente dizendo a
verdade. — Ele sorriu largamente, Leo tinha bom humor, às vezes
me lembrava o Enzo.

— Então, você quer chamar a atenção do cara, mas não vai


partir para cima? — indagou, era um curioso.

— Apenas isso, não posso me arriscar hoje, ele vai saber que
sou eu assim que me ver de perto, está louco, Leo?
— Pior que nem posso te dizer nada dele, Romero é um dos
homens mais discretos da Outfit, a única coisa que sabemos dele é
que frequenta clubes como este e que antes estava sempre com
Loren.

— Ela curtia também, mas eles não tinham nada sério, pelo
menos foi o que ouvi dele uma vez, falando com meus irmãos. —
Ele soltou um grunhido e quase se engasgou com seu drinque.
— Você fica ouvindo as conversas deles atrás das portas? —
Fitou-me, desconfiado.

— Claro, se não for assim, fico por fora de tudo, eles não me
contam nada. Sou mulher e você sabe como funciona, nem preciso
te explicar.

— E você queria estar na mira dos inimigos, gostaria de estar


em ação correndo riscos? — Ficou sério de repente.

— Óbvio que sim. Leo, faço aulas de autodefesa, de tiros, sei


como manusear uma faca e até passei pelo mesmo treinamento que
a maioria dos soldados faz. Mas, meus irmãos, como dois grandes
chatos e protetores, não acham certo, enfim… — Tomei fôlego,
depois bebi um pouco do vinho rosé.

— Entendo tanto eles quanto você. — Ele se mexeu na


cadeira. — Nossa!

— O que foi? Deu ruim? — perguntei aflita, pensando que


fomos pegos.
— Puta que pariu! Ele foi para o outro lado — respondeu,
parecendo estar mais aliviado.

— O que aconteceu que te deixou assim? Você ficou branco


feito papel. — Afastei a mecha de cabelo da frente dos meus olhos.
— Damon chegou na mesa, falou algo no ouvido de Romero
que não tirava os olhos de nós dois. Depois ele se levantou e
saíram conversando, parecia algo sério.

— Então acho melhor irmos embora, pode ter algo a ver com
meus irmãos, não sei, melhor a gente não arriscar mais hoje — falei
e depois de beber o restante do meu vinho, saímos de forma
discreta. Fiquei com receio de encontrar com Romero no caminho,
mas ainda bem que deu para sair daquele lugar sem grandes
problemas.

Quando estávamos dentro do carro, de volta à mansão, senti


um frio no estômago ao me lembrar da sensação deliciosa que tive
do olhar de Romero me queimar, mesmo distante. Foi como se ele
estivesse tocando minha pele e levando-me à combustão. Apesar
de pensar no quanto seria bom sentir o toque dele, fiquei pensando
em como meu corpo iria reagir. Ele era o único que deixaria avançar,
mas não tinha ideia de como seria, depois de tudo que me
aconteceu, nunca mais fui tocada por nenhum homem. Nem mesmo
um beijo troquei com ninguém, pois não conseguia sequer pensar
em sentir as mãos de algum homem me tocando.

Era estranho pensar que o único que ficava nos meus


pensamentos e me deixava com desejo era o Romero, aquele que
eu pensava que não me deixaria com medo. Porém, não sabia
como reagiria, seria apenas vivendo que descobriria e estava
ansiosa, apesar de todo medo e angústia que ainda sentia. Mesmo
assim, precisava que ele me visse com outros olhos, que me
enxergasse como mulher e não como uma garota proibida, irmã de
seus melhores amigos.

— Paola, Paola! — Leo me chamava insistentemente, não


percebi que estava aérea.

— Ah, estava distraída aqui! — me justifiquei.

— Deu para perceber, estou te chamando há um tempo e


nada de me ouvir.
— Aconteceu algo? — perguntei.

— Estamos chegando, os seguranças que me cobriram já me


disseram que está tranquilo.
— Ótimo, menos um problema, daqui a alguns dias não vou
poder sair, porque vou fazer a cirurgia.

— Vai passar rápido, você vai ver. — Ele era um ótimo amigo
e companheiro para as minhas loucuras. Se Pietro e Enzo fossem
mais tranquilos, podia me deixar sair com Leo sem preocupações,
ele estava preparado para qualquer eventual ataque e sabia que iria
me proteger com sua vida. Mas aqueles cabeças-duras nunca
deixariam, só pensavam em me manter presa naquela mansão no
penhasco, como se aquilo resolvesse tudo.

Quando chegamos, me despedi de Leo, depois que entrei


com alguns dos homens conhecidos dele, o seu carro saiu. Me
mantendo em alerta, tirei minha sandália, andei descalça pela casa
silenciosa, tomando todo cuidado para não ser pega. Depois de
subir a escada com os batimentos acelerados, passar pelo extenso
corredor, entrei no meu quarto e assim que fechei a porta, soltei o ar
que prendia. Minhas mãos suavam, peguei meu celular na clutch, o
deixei na mesinha ao lado da minha cama que estava camuflada.
Fui ao banheiro, entrei debaixo da água e me deliciei com um banho
quentinho, a madrugada em Chicago era gelada.

Aproximei-me da cama, tirei as almofadas, o edredom, e


deitei, sentindo um alívio imediato. Quando estava me virando para
o outro lado, meu celular vibrou na mesinha. O peguei, deslizei o
dedo na tela para conferir a mensagem que era de Leo, dizendo que
chegou e que havia dado tudo certo na volta, respondi com um
emoji de coração. Fiquei mais tranquila, não queria que ninguém se
ferrasse por minha causa, mas não havia outro jeito de fazer as
coisas. Apesar de ter ido tudo bem naquela noite, meus olhos se
encheram de lágrimas, sabia que aquele sentimento de frustração
sempre voltava a me assolar. Apesar de me sentir mal, acabei
adormecendo em meio às lágrimas, vencida pelo cansaço.

De repente, me vi em um lugar escuro, tinha apenas um feixe


de luz, ao que parecia era do poste de fora. Apertei os olhos para
tentar identificar onde estava, nisso me dei conta de que era
naquele vestiário do maldito colégio. Sentindo meu coração
acelerado me levantei da cama que estava no meio daquele lugar.

— O que está acontecendo? — gritei, mas minha voz apenas


ecoou pelo lugar vazio, tenebroso e silencioso.

Olhando ao meu redor, notei que era minha cama e a


mesinha lateral que estava no meio do vestiário, ao invés dos
bancos. Atordoada, olhei para todos os lados, confusa demais para
entender o que era tudo aquilo. Aquele lugar me dava arrepios frios,
então alguém entrou e bateu a porta, pela luz do poste identifiquei
aquele rosto que nunca mais esqueceria. Ele, o professor Mason,
que sorriu de forma perversa, me encarando como se eu fosse um
pedaço de carne. Ele começou a se aproximar da cama, raspando
as mãos uma na outra, parou na beirada, tirou sua roupa, fitou-me
de uma forma nojenta e se aproximou, sentou de joelhos à minha
frente sem tirar aquele sorriso nojento de seu rosto.

Me afastei dele e estiquei para o lado, abri a primeira gaveta


da mesinha, peguei a caixinha com minhas lâminas, e com uma
delas na mão, o ameacei. O desgraçado soltou uma gargalhada
diabólica que ecoou por todo o lugar e arrepiou todo meu corpo
estremecido de medo.

Sentindo uma grande aflição, com o coração acelerado e as


mãos tremendo, me aproximei de seu membro e comecei a passar a
lâmina nele, cortando-o sem dó nem piedade. Enquanto o sangue
se esvaía, Mason gargalhava alto até começar a gritar de desespero
ao ver o que estava fazendo e foi a minha vez de rir alto. Me perdi
naquela loucura e só depois percebi que ele havia sumido da cama,
olhei para todos os lados, o procurando, mas era como se o
professor nunca tivesse estado ali.

Deixei as lâminas ao lado do meu corpo e gritei em


desespero ao olhar para o meio das minhas pernas, eu havia me
cortado e estava cheia de sangue, passei as mãos e levantei para
ver aquele líquido vermelho e com o odor metálico presente. Chorei,
sentindo a angústia rasgar meu peito enquanto passava minhas
mãos por todo meu corpo, tremendo.

— Paola, acorde! — Enzo pediu em um tom preocupado.


Meu irmão me pegou em seus braços, não conseguia parar
de chorar, olhando ao redor, procurando por aquele homem.

— Ele tirou tudo de mim, Enzo. Não consigo mais ter paz…
— lamentei ao fungar.

— Não, bambina mia! Por favor, não fique assim, não se sinta
assim! — implorou, me fazendo encará-lo. — Foi apenas um
pesadelo, ele morreu e eu estou aqui com você, Elena vai trazer um
chá para que fique mais tranquila.

— Me promete que não vai sair daqui, Enzo, estou com


medo. — Ele assentiu e se endireitou na cama, fazendo-me deitar
em seu peito enquanto acariciava meu cabelo, tentando me deixar
mais calma.

Respirei fundo e depois de me sentir um pouco menos aflita,


com o tremor passando, Elena entrou no quarto com uma xícara de
chá quente. O tomei aos poucos, me sentindo melhor a cada gole
até que, antes de terminar, com os olhos ardendo, acabei
adormecendo. Lutei contra, porque estava com medo de ter aquele
pesadelo de novo, mas foi inevitável. Enzo não me deixou pelo resto
da madrugada, ficou comigo mesmo depois de ter apagado.

Na manhã seguinte, percebi quando saiu do quarto, queria


me levantar, mas me sentia tão fraca e envergonhada que fiquei na
cama de olhos abertos com a mente confusa e atormentada. Com
toda certeza, meus irmãos iriam chamar a psiquiatra para uma
sessão extra, respirei fundo, me sentindo péssima. Até quando seria
daquele jeito, será que nunca mais teria paz na minha vida?
ROMERO

Adentrei a mansão com a psiquiatra de Paola, como Pietro


tinha me pedido, e pela expressão dele e de Enzo, ambos pareciam
preocupados com a irmã.
— Como ela está? — indaguei e o subchefe balançou a
cabeça.

— Paola teve um pesadelo, acordou chorando e desesperada


como se tivesse visto aquele professor, agora ela não quer sair do
quarto. — Suspirou.
— Agora ela só pode vê-lo em pesadelos mesmo, mas vai
ficar tudo bem, já vivemos o pior antes e agora ela só precisa se
cuidar, como já vem fazendo — tentei passar otimismo para eles,
Pietro permanecia em silêncio, o que significava que estava muito
preocupado.

— Não sabemos mais o que fazer para ajudar Paola, ela… —


Pietro deixou as palavras morrerem e fumou mais um pouco do
cigarro. — Eu não soube lidar com minha irmã, ela perdeu nossos
pais cedo demais.
— Vocês sempre fizeram o que achavam melhor — falei,
tentando amenizar, mas podia ver que Pietro estava se culpando por
tudo aquilo. Algo que nunca o tinha visto fazer antes, porque foi
treinado para lidar com o pior sem nutrir qualquer sentimento. Era o
Don e precisava se manter inabalável, no entanto, Paola era sua
irmã mais nova, ele se sentia responsável por ela e mesmo sendo
treinado para não se abalar por nada, foi inevitável.

Ele não respondeu e enquanto Enzo andava de um lado para


o outro, inquieto, Caterina e Perla se aproximaram deles e ficaram
dando apoio a seus maridos. Mais alguns minutos se passaram, até
que a psiquiatra desceu.

— E então, doutora? — Enzo foi o primeiro a perguntar.

— Dei a ela a medicação na veia, na noite passada, pelo que


reparei na cartela, Paola não tomou o remédio. Além disso, estamos
em um processo de tratamento que ela precisa falar sobre o que
sofreu e isso pode causar alguns pesadelos.

— O que podemos fazer enquanto isso? — Pietro indagou.


— Se tiver um tempinho, Sr. Mancini, preciso conversar com
você e o seu irmão. — Eles assentiram e a encaminharam para o
escritório enquanto fiquei na sala com Perla e Caterina, ambas
estavam com os semblantes preocupados.

— Não se preocupem, Paola vai ficar bem, já passou por


coisas piores e sempre foi forte e corajosa — afirmei para
tranquilizá-las.

Fiquei observando a vista da casa, o tempo cinzento e ainda


tinha o velório de Sonia para enfrentar. Gostaria mesmo era de fugir
daquilo, ouvir pessoas que nem sequer conviviam com a gente,
lamentando a partida de uma mulher tão fria e arrogante como ela.
— Romero, o velório vai ser hoje ainda? — Perla indagou.

— Sim, quero que passe logo — respondi de forma fria e ela


apenas concordou, a porta do escritório se abriu e elas foram até
seus maridos.

— E então, tudo bem? — perguntei, sem poder conter minha


curiosidade.
— Está sim, Romero, não precisa se preocupar — Pietro foi
objetivo. Sabia que ele não me queria perto de sua irmã e tinha
razões para isso, ainda mais por causa do tratamento. No entanto,
eu me preocupava com a garota, contra isso eles não podiam fazer
nada.

— Ótimo, vou seguir a programação do dia como


combinamos. — Ele concordou e depois de me despedir de todos,
saí com a doutora e encontramos Mário nos esperando.

A deixamos no local combinado e seguimos para a minha


casa, onde seria o velório, eu não sabia como seria receber as
pessoas e suas condolências.

No meio em que vivíamos, ninguém sentia nada, na verdade,


estavam acostumados com a morte repentina, pois não havia
segurança certa, por mais que se investisse muito. O dinheiro podia
comprar quase tudo, menos saúde e mais anos de vida se está no
seu destino morrer.

Cheguei à casa que não gostaria de voltar mais e fui recebido


por Teresa, que foi avisada da nossa chegada.

— Romero, está tudo pronto como ela queria. — Apenas


assenti.
— Ótimo, Teresa. Vou subir, tomar um banho e me trocar para
receber as pessoas.
— A garota Paola está bem? — ela perguntou, pois, tinha
avisado que passaria antes na mansão dos Mancini.

— Sim, Pietro e Enzo estão cuidando para que fique bem —


respondi apenas e a deixei com Mário.
Subi e quando cheguei ao meu quarto, fechei os olhos,
processando tudo que li na carta que ainda estava no meu bolso,
joguei meu celular na cama. Entrei no banheiro, arrancando minhas
roupas, mas antes de entrar no boxe, meu celular começou a tocar
e voltei para atender. O nome de Loren piscava na tela, deslizei o
dedo e atendi.

— Até que enfim consegui falar com você — ela falou


primeiro e bufei.
— Aconteceu alguma coisa? — questionei.

— Não comigo, mas sei que perdeu a Sonia, sua mãe —


soltou com cuidado, percebi pelo tom da sua voz —, Damon me
contou que o velório é hoje, infelizmente não vou poder comparecer.
— Fechei os olhos e caí de costas na cama.

— Não se preocupe, Loren. Está tudo bem, já esperava por


isso, as enfermeiras e os médicos já tinham me avisado que ela não
iria resistir por muito tempo — justifiquei, sem saber o motivo de
estar fazendo aquilo, o que importava, afinal? Nada.

— Tudo bem, mesmo assim, sinto muito. E você, como está?


— ela fez a pergunta que odiava ter que responder.
— Loren, estou bem, quando vier aqui, conversamos,
agradeço por ter ligado, mas agora preciso me arrumar para receber
as pessoas. — Tentei não soar tão grosseiro com ela, Loren não
merecia.

— Ok, qualquer coisa, é só me ligar, sabe que pode contar


comigo.

— Pode deixar, nos falamos depois, um beijo — me despedi e


encerrei a ligação.
Suspirei, querendo fugir para longe, não queria ter que passar
por aquilo mais uma vez. Porém com meu pai foi diferente, eu o
amava demais, nós dois sempre nos demos muito bem. Ele me
ensinou a ser um homem honrado e leal e apesar de ter sido um
homem cruel, foi um excelente pai que nunca me abandonou.

Em contrapartida, Sonia não merecia nenhuma lágrima ou


sentimento meu. Coloquei o celular na mesinha e segui de volta
para o banheiro, tomei meu banho tentando esquecer todas as
lembranças com ela, apesar de ser muito difícil.
Quando terminei, me vesti, arrumei meu cabelo e borrifei um
pouco de perfume. Coloquei o celular no bolso e desci para receber
as pessoas como Sonia queria, ela sempre falou como gostaria que
fosse seu velório. Não queria um ambiente ruim, na verdade, queria
que servissem Chandon Réserve Brut acompanhado de canapés
diversos e queijos brie e camembert.

Aquilo era estranho, visto que, Sonia Bellucci foi uma mulher
fria, distante e arrogante que não se preocupava com ninguém além
dela mesma. Porém, podia entender, ela sempre gostou de ser
soberba, mostrar que estava por cima, mesmo quando nada estava
bem. Era assim que Sonia sobrevivia.

Assim que cheguei à sala onde Teresa havia preparado tudo


com cuidado e capricho, me aproximei do caixão e observei o corpo
da mulher que se dizia minha mãe, imóvel e sem vida. Me senti
indiferente, não tinha sentimento suficiente que me fizesse lamentar.

Damon entrou, seguido de Rocco, Vincenzo e Matteo. Saí


daquele torpor e me aproximei deles que estavam sem graça ao me
cumprimentarem, dizendo sentir muito pela minha perda.

— Fiquem à vontade, tem Chandon e canapés ali no canto,


se quiserem — ofereci.

— Sonia tinha mesmo uma personalidade peculiar — Rocco


comentou e tentei não rolar os olhos. Os deixei à vontade e me
aproximei de Mário assim que mais pessoas do conselho da Outfit
chegaram, os recebi e em seguida Pietro, Perla, Enzo e Caterina
também passaram pela porta principal da casa. Os recebi e depois
de mais algumas pessoas, fiquei sem graça, mas me mantendo
impassível.

Algumas horas depois, todos se despediram e foram embora.


Os responsáveis levaram o corpo de Sonia, enquanto os ajudantes
de Teresa organizavam e limpavam a sala.

— Teresa, vou para o meu apartamento e aguardo você


amanhã. — Ela se aproximou e me fitando de um jeito triste, abriu
os braços para me receber.
Foi a única pessoa que me abraçou, na verdade, que permiti
fazer aquilo, porque ela, como ninguém, me conhecia desde que era
um bebê. Minha vontade era de enchê-la de perguntas, tinha tantas
dúvidas ainda sobre minha mãe e tinha certeza de que Teresa
saberia responder tudo, mas ainda não iria enchê-la de perguntas.
— Fique bem, Romero, boa noite! — falou e nos afastamos,
depois a mulher voltou para suas tarefas.

Sem olhar para trás, saí daquela casa, pois não voltaria mais.
Foi um lugar que não cultivei boas lembranças e que queria apenas
esquecer, passei pelo jardim e cheguei à garagem onde Mário e os
outros soldados me esperavam.
— Tudo tranquilo para sairmos? — indaguei.

— Sim, podemos ir — Mário respondeu e pedi a ele a chave


do carro, ele me entregou sem questionar nada.

Precisava de algo para relaxar um pouco e dirigir sempre me


distraía da realidade. Adentramos o veículo e deixei o rádio ligado
enquanto acelerava depois que passamos pelos anéis de
segurança. Consegui esquecer todas aquelas coisas que haviam
acontecido apenas em dois dias, pena que foi tão rápido porque
logo chegamos ao prédio do meu apartamento.

Mário conferiu a segurança e entrei, assim que o dispensei fui


preparar um copo de bebida. Busquei gelo na cozinha, me sentei no
sofá e fechei os olhos, me lembrei da loira tatuada que me deixou
intrigado no clube, infelizmente tive que sair para resolver problemas
com as gangues. Tinha que descobrir quem era ela e se estava livre
para viver alguma aventura sexual. A mulher estava acompanhada,
apesar de não significar nada, eles poderiam ser um casal, ou
apenas parceiros como eu e Loren fomos. De toda maneira, se a
encontrasse de novo no clube, não custava nada me aproximar para
saber mais.

Desde que Loren saiu de Chicago, vinha tentando achar


alguma mulher confiável para dividir não apenas a cama por
algumas horas, mas para termos momentos deliciosos no clube de
swing. Coloquei uma música, depois de ficar apenas de cueca,
Teresa não iria passar a noite ali, então ficaria à vontade.

Tomei um pouco mais do líquido âmbar, acendi um cigarro e


meus pensamentos se voltaram para Paola, o que me fez pensar
em toda a resistência de Pietro e Enzo em me manter afastado dela.
Era como se eu fosse fazer mal a ela, coisa que nunca passou na
minha cabeça. Pelo contrário, só queria que a irmã deles ficasse
bem e que pudesse ser feliz, nada mais. Era uma garota de vinte
anos com uma bagagem emocional forte, podia entender a
preocupação deles, mas eu nunca passaria dos limites, por mais
que ela fosse linda.

Paola alimentava sentimentos por mim desde muito nova por


conta disso, tivemos algumas situações constrangedoras até
mesmo agora, em que ela demonstrava um incômodo com Loren ao
meu lado. Nisso, dava razão aos seus irmãos em mantermos
distância, mas agora, era diferente. Sentia em seus olhos azuis que
ela precisava de mim, não sabia explicar, mas eles sempre
suplicavam por atenção e gostaria de fazer algo para ajudar.

Meu celular tocou, me tirando dos meus pensamentos e


atendi, vendo que era Pietro.

— Então, está em seu apartamento? — ele perguntou.


— Sim, cheguei tem algum tempo, aconteceu algo? —
indaguei.

— Não, está tudo bem. Paola acordou depois de dormir o dia


todo. — Senti um alívio imediato ao ouvi-lo dizer que ela estava
bem.

— Ótimo, eu sei que vocês não querem que fique próximo


dela, mas acho que poderia ajudá-la, Pietro — tentei, pois não
custava nada.

— Nem pensar, a doutora ainda quer que se mantenha


afastado, para que ela tenha avanços no tratamento.

— Entendi, se precisar de mim, é só ligar — ofereci mais uma


vez ajuda, porque realmente queria fazer algo por Paola.

— Está tudo bem, amanhã nos vemos no galpão, Lucca


entrou em contato com Enzo e temos uma pista do falso Giovanni.
— Pelo menos, uma boa notícia.

— Ok, isso é bom, vamos conseguir pegar os dois, Pietro —


ele concordou e encerrou a ligação.

Meus pensamentos se voltaram para minha mãe biológica,


queria pesquisar sobre ela, porque sentia que tinha muito mais
naquela história, não sabia o que podia ser e não descansaria
enquanto não descobrisse tudo. Sonia sempre foi manipuladora e
mentirosa, enganava todos ao seu redor com sua simpatia
disfarçada. E aquela carta podia ser uma forma de me esconder
algum outro detalhe, minha mãe biológica poderia estar viva, tudo
era possível naquele mundo.
Depois de tanto pensar, desliguei o som e fui para o meu
quarto, deitei e depois de ficar imaginando em como seria a minha
verdadeira mãe, adormeci cansado daquele dia de merda que tive.
PAOLA

Quando abri os olhos, senti uma moleza nos músculos do


meu corpo e a garganta seca. Não podia acreditar que me deram
medicação para dormir o dia todo. Levantei-me, espreguiçando,
tomei um banho e desci para comer alguma coisa, no meu quarto
tinha apenas um copo de suco que tomei assim que saí da cama.
Encontrei Perla na cozinha, ela estava preparando a mamadeira de
Romeo. Minha cunhada, na maioria das vezes, fazia questão dela
mesma cuidar de nosso pequeno.

— Paola, como se sente? — Perla indagou.

— Estou bem, mas perdi o dia, o velório já passou, não é? —


perguntei, sabendo a resposta.

— Sim, chegamos de lá há algumas horas, na verdade, não


demorou muito.

— Como ele estava? — Não pude conter minha curiosidade e


Perla me fitou, preocupada.

— Paola, não é para se manter afastada dele, por causa do


tratamento? — Assenti em um aceno de cabeça enquanto esperava
meu descafeinado sair na cafeteira.
— Não deveria perguntar, só que não consigo evitar de ficar
preocupada, ele perdeu a mãe e sei que os dois nem se davam
bem, mas… — Ela me interrompeu:
— Entendo, Paola, ele estava bem, na verdade, percebi que
Romero está estranho desde o dia que Sonia faleceu. Não sei, ele
sempre foi tão reservado, mas tem algo a mais nisso — comentou,
enquanto virava o leite na mamadeira.

— Pietro deve saber de alguma coisa, sinto que tem mais


nisso tudo — comentei e a cafeteira apitou quando Elena entrou na
cozinha.

— Paola, você aceita ovos mexidos? — ela perguntou.

— Claro, com bacon — pedi, pegando minha xícara.

— Agora mesmo, do jeito que gosta, pelo visto, acordou bem


— comentou, preparando meus ovos.

— Bem, até demais, como quem dormiu o dia todo, e a noite


vou ficar com insônia. — Sorri para a mulher que me criou.

— Vou subir, Romeo está esperando, amanhã vamos nos


reunir para fechar detalhes do lançamento da nova coleção — Perla
me lembrou.

— Tudo bem, depois passo no seu quarto para ver meu


pequeno. — Ela assentiu e saiu me deixando sozinha com Elena,
que colocou o prato na minha frente na bancada com meus ovos.
O cheiro delicioso se espalhou pela cozinha, gostava com
manteiga e bacon, suspirei e meu estômago reclamou. Estava com
fome, depois de dormir todas aquelas horas, me deliciei tomando
meu café descafeinado, pelo menos todas aquelas horas de sono
me fizeram bem, apesar de não gostar de medicações intravenosas.

— Meus irmãos estão em casa? — perguntei à Elena.

— Sim, no escritório, já faz um tempo. — Terminei a última


garfada de ovos e meu descafeinado, abracei Elena por trás, algo
que fazia quando estava de bom humor, era minha forma de
agradecê-la.

Segui para o escritório, a porta estava fechada, eles não


gostavam que ninguém na mansão ficasse sabendo do que
acontecia nos negócios. Enfim, era um absurdo que não me
deixassem participar, pois era tão herdeira quanto eles. Porém, ser
mulher naquele meio, nova e protegida pelos irmãos, não me
deixava escolhas.

Bati na porta e Enzo abriu, me puxando para seus braços, o


amava tanto, esse cuidado que ele tinha comigo era demais.

— Como está, bambina mia? — ele me chamou da mesma


forma que o fazia quando eu era mais nova.

— Me sinto muito bem, acordei com fome e acabei de comer,


não se preocupem. — Pietro saiu de sua poltrona e veio em minha
direção, ele beijou o topo da minha cabeça, algo que não fazia mais
e entendia meu irmão, pois foi treinado pelo meu pai para ser um
homem impenetrável.

— Só queremos seu bem, Paola, e para isso, precisamos


entrar em um acordo — ele falou com todo aquele seu ar de
autoridade.
— Digam, não tenho saída. — Bufei ao me sentar no sofá,
sentindo meu bom humor começar a se esvair apenas por saber
que eles viriam com mais regras para cima de mim.
— Conversamos com a sua psiquiatra e ela nos aconselhou a
te dar um pouco mais de espaço… — ele arranhou a garganta — …
liberdade, digamos assim, mas para isso, precisamos confiar em
você.

— Entendo — respondi, gostando do rumo da conversa.


— Apesar de ainda não nos sentirmos seguros com isso,
precisamos tentar de todos os jeitos te ajudar no tratamento, então
quero que me prometa que não vai deixar de tomar seus remédios e
nem pular as sessões de psicoterapia. — Levantou as
sobrancelhas, frisando o que tinha acabado de me pedir.

— Posso fazer isso, quero que confiem em mim, mas como


vai funcionar? — indaguei, me coçando de curiosidade enquanto
mudei de posição no sofá e Enzo se sentou à minha frente.
— Fácil, seguindo direito seu tratamento, vamos te deixar sair
algumas vezes, os dias são negociáveis — Enzo explicou e Pietro
observava minha expressão.

— E vai poder ser com o Leo? — questionei.

— Vai sim, já conversamos com ele e seu amigo sabe das


regras e foi avisado das consequências, caso aconteça algo grave
ou que saia do controle — Pietro falou duramente e poderia apostar
que ameaçou a vida do coitado do Leo.

— Tudo bem, como vocês quiserem, e quando poderei


desfrutar da minha liberdade? — questionei, ansiosa.
— Assim que você passar pela cirurgia e recuperação, daqui
a alguns dias. — Soltei um suspiro e me levantei do sofá.

— Ok, vou ver meu sobrinho e voltar para o quarto. — Eles


concordaram e antes que pudesse alcançar a maçaneta da porta,
Enzo me impediu.

— Paola, tudo o que eu e Pietro queremos, é que você fique


bem e seja feliz, nós somos seu sangue e desistir não é uma opção.
— Notei em seus olhos azuis sinceridade e o abracei.
Pietro se aproximou, afagou meu cabelo e beijou minha testa
do seu jeito típico, mas notei em seu olhar que se importava de
verdade comigo e aquilo me fez tão bem. Era tudo que queria,
apenas ser amada e querida por eles, meus irmãos e família, e
acima disso, gostaria que pudessem confiar em mim.

— Eu amo vocês dois e… — meus olhos se encheram de


lágrimas, a voz embargou, engoli em seco e suspirei — …acreditem
que desejo mais que tudo ficar bem, ter a confiança de vocês, ser
amada e respeitada como uma Mancini.
— Você é, Paola — Pietro declarou e dei um meio-sorriso
para eles.

— Um passo de cada vez, bambina mia. Tenha paciência que


vamos conseguir — Enzo mencionou e com um último menear de
cabeça, concordei, em seguida saí do escritório.
Quando cheguei ao andar superior, depois de subir correndo
as escadas, sentindo meus batimentos acelerados. Coloquei a mão
no peito e fechei os olhos, fiz o exercício de respiração e quando me
senti mais calma, bati na porta do quarto de Pietro e Perla.
— Pode entrar. — A voz da minha cunhada soou abafada.

— Paola, você parece muito melhor. — Caterina me alcançou


e abraçou assim que fechei a porta atrás de mim, apesar de tudo,
nos aproximamos mais depois do ataque que sofremos, por
insistência da minha cunhada.

Ela vivia no quarto de Perla, as duas ficaram muito próximas,


o que era normal. Ambas eram esposas de homens poderosos e
perigosos e precisavam unir forças, uma dava apoio à outra como
se fossem irmãs.

— Estou ótima, o pior passou — respondi e nos afastamos.


— Vim aqui para ver o Romeo. — Caterina se sentou no pequeno
sofá que havia no canto do quarto e eu me aproximei do meu
sobrinho que estava deitado na cama, achando graça de algo que a
mãe fez enquanto terminava de vestir a roupinha nele.

— Estava trocando esse danadinho, Romeo mama e a


barriguinha dele já entra em ação — ela falou, o pegando nos
braços. — Olha só, Romeo, quem veio ver você, meu amor, a titia
Paola! — Ele mexeu os bracinhos, animado, e Perla ofereceu para
que o pegasse.

Assim que o tomei em meus braços e senti seu cheirinho de


bebê, me senti reconfortada, era o efeito de Romeo em mim.
Ficamos um tempo juntas conversando sobre ele, Caterina disse
que estava sentindo muitos enjoos e Perla reforçou a ideia de que
os três primeiros meses eram daquele jeito mesmo. Depois,
entramos no assunto do lançamento da nova coleção que seria em
alguns dias, descemos para o nosso escritório e resolvemos
algumas coisas.
Após fechar tudo, fui me arrumar para o jantar, enviei uma
mensagem para Leo e ele disse que se encontrou com Samantha,
nossa amiga do colégio interno. Senti um gosto amargo na boca,
pois me lembrei do pesadelo que era meu passado naquele lugar e
respirei fundo ao fechar os olhos e afastar aquelas lembranças
ruins. Terminei de arrumar meu cabelo, deixei o quarto e desci.
Antes mesmo de terminar de descer as escadas, já se ouvia
Enzo na sala, o tio babão brincando com Romeo enquanto Pietro
estava impassível, rolando os olhos. Meu irmão era ciumento com a
esposa e o filho, ninguém podia tocar no menino que ele ficava
incomodado e quando essa pessoa era Enzo, piorou.

Dexter correu em minha direção, abanando sem parar seu


rabo, afaguei sua cabeça e quando me abaixei, ele quase me jogou
para trás.

— Dexter, seu louco da mamãe! — Sim, me considerava sua


mãe, pois o buldogue agora ficava mais comigo do que com seu
próprio dono, que desde que se casou, só tinha olhos e tempo para
sua esposa.

— Ele estava te procurando, por pouco não subiu — Enzo


comentou e continuei afagando a cabeça de Dexter, dando-lhe um
sorriso largo.

Me aproximei deles que estavam todos sentados na sala de


estar, me sentei próxima de Caterina e o buldogue se deitou nos
meus pés, querendo carinho. Não conseguia negar nada a ele, era
demais.
— Ansiosas para o lançamento da nova coleção? — Enzo
perguntou.

— Lógico, é a minha primeira coleção, um evento grande,


estou ansiosa pensando se minhas peças vão agradar as pessoas,
pois sempre desenhei pra mim mesma, é uma nova experiência —
Perla respondeu primeiro.

— Vai dar certo, a coleção está incrível, não se pode negar


que você é muito talentosa, cunhadinha! — comentei, dando um
meio-sorriso.

— Resta apenas saber se os pombinhos estão com a


coreografia na ponta dos pés! — Pietro comentou se referindo a
Enzo e Caterina que sorriram de forma travessa demais.

— Não se preocupem, Cat e eu estamos com os passos mais


que alinhados. — Estendeu os lábios de lado.

— Você é terrível! — comentei e ele sorriu ainda mais


enquanto Pietro tomava Romeo de seus braços e ele fingia tristeza,
Elena chegou com Ana.

— O jantar está na mesa — Ana falou, pegando Romeo para


que Pietro e Perla jantassem sossegados. Desde que o nosso
príncipe nasceu, ela passou a não jantar e nem almoçar mais com a
gente.

Fomos todos para a sala de jantar, a mesa estava cheia como


sempre, Elena pegou o vinho e Pietro serviu a todos que podiam
tomar. Como estava medicada, não podia nem pensar em ingerir
nada com álcool, peguei um pouco da salada e carne ao molho e
comi, enquanto escutava Enzo e Pietro conversarem sobre alguns
detalhes da segurança do lançamento da coleção que seria em uma
de nossas casas de segurança que tinha um salão de festas amplo
e moderno.

Depois do jantar, comemos tiramisù que Pietro amava, uma


de suas sobremesas preferidas. Voltamos para a sala e Ana havia
subido com Romeo, ele devia ter dormido. Ficamos conversando
mais sobre o evento e do salão de festas, perguntei a Pietro se os
tempos difíceis haviam passado. Fazia um ano que vivíamos com a
segurança mais pesada sem poder abusar da pouca liberdade que
tínhamos.

— Então, como foi o velório de Sonia Bellucci? — indaguei


curiosa.

— Normal, nada de novo — Enzo respondeu e jogou a mecha


de cabelo que caía em seus olhos —, mas foi servido vinho rosé e
canapés, era algo que ela fazia questão.

— Uma mulher como ela, não poderia ser diferente! —


comentei, me fazendo de indiferente, percebendo que ninguém
falaria de Romero.
— O que acha que teria a mais? — Pietro perguntou.

— Alguma revelação, um barraco, sei lá — comentei sorrindo.


— Sonia era uma mulher misteriosa, por trás daqueles olhos frios e
arrogantes, parecia ter mais coisas que apenas soberba. — Enzo se
engasgou com a saliva e aquilo foi a minha resposta, pois soube
que havia algo que eles não iriam contar.

Meus irmãos mudaram de assunto e começaram a falar da


barriga de Caterina que, apesar de pequena, estava um pouco mais
notável. Não insisti na conversa sobre a família Bellucci, mas iria
descobrir tudo, não era boba e podia farejar de longe que havia algo
mais nessa história.

Naquela noite, revirei na cama e, cansada de tentar dormir,


peguei meus fones e fiquei ouvindo música enquanto escolhia em
uma loja online a roupa que iria ao lançamento da coleção e qual
peça combinaria mais com o que imaginava para a noite mais
especial da família Mancini. E gostaria muito de chamar a atenção
de Romero, ele descobriria a identidade da loira tatuada e
mascarada. Queria que fosse diferente, mas como o vestido que
escolhi deixava as costas nuas, não havia saída. Estava ansiosa
para ver sua reação e depois de comprar meu look, adormeci
pensando nele, o homem que sempre sonhei para ser meu e eu,
dele.
ROMERO

Cheguei ao evento, onde aconteceria o lançamento da


coleção de diamantes feita por Perla. Entrei pelo jardim e fiquei
fumando um pouco antes de seguir para o salão, a brisa naquela
noite em Chicago estava mais fraca, sentia um calor fora do comum,
desabotoei o paletó do terno e o abri, precisava tomar um pouco de
ar antes de entrar.

Coloquei a minha máscara e entrei, observei a decoração


com luminárias em forma de diamantes iluminando o ambiente à
meia-luz. Avistei os homens do conselho com suas famílias, sócios
nos inúmeros negócios da Outfit. Algumas pessoas importantes e
famosas que frequentavam até mesmo nossos clubes, cassinos e
danceterias.

Percorri o local até finalmente encontrar Damon, Rocco e


Matteo, eles tomavam drinques e observavam o movimento do
salão.

— Chegou quem faltava! — Damon exclamou assim que me


aproximei.

— E aí, mascarados? — perguntei enquanto trocamos


apertos de mãos seguido de algumas tapinhas nas costas.
— Estamos comentando sobre a organização e o bom gosto,
as mulheres Mancini trabalharam bem.

— Sim, elas cuidaram de tudo, mas foi Paola quem


comandou a organização do evento, ela é boa nisso! — comentei e
eles sorriram.

— Impressionante, elas já chegaram? — Rocco, o mais


babaca, respondeu e me incomodei com o tom provocador dele.

— Eles, não é? Se Pietro e Enzo ouvem vocês os excluindo


assim, vão querer arrancar sua língua ou os olhos! — salientei com
um olhar sério. — Estão chegando, recebi a mensagem da
segurança confirmando.

— Romero, não precisa apelar, só quero parabenizar elas,


pois merecem apenas elogios, isso aqui está demais.

— Tudo bem, mas cuidado com a forma que fala, Rocco —


argumentei, pegando uma bebida com o garçom que passava ao
meu lado.

Fiquei ao lado de Damon, Rocco era desagradável e passava


dos limites na maioria das vezes, quando bebia então, era um chato.

— Ele não cansa de correr risco — meu amigo comentou


apenas para eu ouvir.

— É insuportável, caralho! Não tenho paciência, fica


querendo provocar o tempo todo. — Bebi um pouco meu drinque
enquanto percorria os olhos pelo salão, atento a qualquer coisa.

Percebi a movimentação na porta de entrada do salão


aumentar, meu celular vibrou e eu soube que Pietro, Enzo e suas
esposas haviam chegado com Paola.

— Vou receber eles e volto já. — Damon assentiu.

— Tudo bem, mas não demore, não aguento aquele Rocco


por muito tempo. — Concordei e saí para o outro lado.

— Sejam bem-vindos! — cumprimentei, trocando tapas nas


costas de Pietro e depois com Enzo.

— Que noite teremos! — Enzo comentou.

— Os nossos negócios crescem cada vez mais — Pietro


respondeu e os deixei à vontade depois de desejar sucesso à Perla
e Caterina, além de parabenizá-las, então me dei conta de que
Paola não estava com eles.

— Cadê a organizadora do evento? — indaguei.

— Ela estava conferindo algo com os responsáveis da festa,


vai entrar daqui a pouco — Enzo respondeu e acenei concordando.

Eles saíram para cumprimentar os convidados, voltei para


perto de Damon que estava sozinho, Rocco e Matteo circulavam
pelo salão. Então ficamos conversando, tomando nosso drinque até
o momento em que senti a atmosfera no ar mudar, um perfume doce
e delicioso me alcançou. No momento que me virei para procurar de
onde vinha, a vi, a loira tatuada com a serpente enrolada na rosa
cheia de espinhos nas costas. Porra, ela estava com o cabelo solto
em ondas selvagens jogado de lado, o vestido vermelho-escuro
marcava todos os pontos certos de seu corpo, quando se virou de
lado, tive a certeza de que era a mesma mulher que tinha visto no
clube naquela noite.
— O que foi, Romero? — Damon chamou minha atenção.

— É só que… — No momento em que iria falar com ele sobre


a mulher mascarada e tatuada, ela se virou de frente e sorriu
enquanto seu acompanhante fazia o mesmo. — Puta que pariu… —
Logo atrás deles estavam Pietro, Perla, Enzo e Caterina. Engoli em
seco, me dando conta de que a loira era a Paola. — Não pode ser…
— soltei atordoado e com as imagens daquela noite no clube
rondando minha mente. Meu coração acelerou ao me dar conta que
aquela garota havia passado a perna em todos nós.

— Romero, o que aconteceu? — Damon me chamava, mas a


minha atenção estava nela.

— Não consigo acreditar nisso, quer dizer… — Fechei os


olhos e balancei a cabeça. — Damon, era ela no clube.

— Ela quem? — Óbvio que ele não se lembrava.


— Aquela loira do clube, a tatuada, não lembra que comentei
com você? — perguntei, pois a mostrei a ele, mas ela estava de
costas, dava para ver apenas o cabelo e a tatuagem que não saiu
da minha mente.

— A mulher está aqui? — indagou, curioso.

— Não só está, como nós sabemos de qual família a mulher


pertence, aliás de quem é irmã. — Tentei me lembrar daquele fato.

— Porra, não! — ele se deu conta. — Mas que caralho de


sorte é essa, espera aí… — Olhou na mesma direção que eu e seus
olhos castanhos se expandiram em surpresa.
— Estou fodido, Damon! — soltei, virei o resto da bebida que
estava na minha taça, precisaria de muitas para digerir aquela
informação.

— Como ela saiu da mansão e foi parar no nosso clube,


naquele dia? Como entrou sem ser identificada? — questionou, foi a
sua vez de beber a taça que pegou na bandeja que o garçom
ofereceu.

Observei o exato momento em que Paola deu o braço para o


pirralho do Leo e saiu andando pelo salão, distribuindo sorrisos,
sentia um incômodo por aquela cena. Porra, nunca havia ficado
daquele jeito antes, o que estava acontecendo comigo? Passei a
mão pela minha nuca e soltei um suspiro longo, me sentia irritado
por vê-la com o soldado de merda do Leo.

— O que vai fazer, Romero? — Damon perguntou.

— Não sei, estou pela primeira vez sem saber como agir.
Caralho, mas que merda! — praguejei, pois não sabia mesmo o que
faria. — Vou pensar, preciso digerir melhor o que acabei de
descobrir.
Damon deu de ombros e continuei ao seu lado, depois fui ver
como estava a segurança. Mário tinha o controle de tudo, desde que
Lucca começou a perseguir o homem que se fazia passar por
Giovanni, ele havia assumido as funções de um dos nossos
soldados mais confiáveis. Esperávamos que ele voltasse com o
sósia do bastardo, para que seguíssemos nossos planos.

Quando voltei, todos estavam sentados, as luzes se


apagaram ficando apenas as lâmpadas de led no meio onde estava
o palco redondo em que Enzo e Caterina fariam uma apresentação
de tango, a esposa do subchefe apresentaria o conjunto de peças
mais caras e preciosas da coleção desenhada por Perla.

O volume da música foi diminuindo, enquanto as luzes


deslizavam pelo salão, iluminando vários pontos até focarem de
novo no meio do palco onde Paola brilhou, sorridente, acenando ao
se dar conta de que estava sendo ovacionada por todos os
convidados. Porra, ela estava linda naquele vestido com uma fenda
lateral instigante. O olhar sensual e os lábios cheios vermelhos
brilhantes se abriram em um sorriso maravilhoso. Suspirei. Por que
meus olhos não conseguiam desviar da garota?

— Sejam bem-vindos ao lançamento de mais uma de nossas


coleções! Todas as peças foram idealizadas por Perla Mancini, uma
designer de joias excepcional que temos o prazer de ter em nossa
família. Apreciem sem moderação e não saiam sem uma peça, está
incrível! Uma noite maravilhosa a todos, fiquem com a primeira
apresentação — finalizou, sorrindo, com aquela voz de veludo que
deixava todos babando.
Seus olhos encontraram os meus e mesmo à distância senti
um frenesi pelo meu corpo inteiro. Pensei que ela fosse me
procurar, mas não, ficou ao lado de Leo enquanto a apresentação
de tango de Enzo e Caterina começava com as luzes os iluminando
no meio do palco. Eles deram início a uma dança que envolveu
todos ao som de uma música sexy e ao mesmo tempo dramática.

Não consegui prestar atenção na dança que se desenrolava,


meus olhos não desviavam de Paola e Leo. Eles ficaram
cochichando e sorrindo o tempo inteiro, não sabia o motivo daquela
cena me incomodar tanto, pois eles sempre foram assim. Ajeitei
meu colarinho e peguei outra taça de bebida e apenas percebi que a
apresentação havia acabado quando a música chegou ao fim e
todos aplaudiram sem parar. Um desfile começou com modelos
exibindo as joias da coleção, não consegui prestar mais atenção em
nada.
— Romero, o que você vai fazer? — Damon indagou ao meu
lado.

— Não sei, estou possesso, ela sabe muito bem brincar com
todos nós e o que me dá raiva é que temos homens que cobriram o
Leo nisso.
— Vou te falar, não queria estar na sua pele, porque se contar
a Pietro e Enzo, vai acabar sobrando pra você e até para mim, puta
merda. Quanto mais penso, pior fica.

— Ela fez isso de propósito. — Me contive para não quebrar a


taça.
— Espera aí, ela tinha aquela tatuagem nas costas? —
perguntou.

— Deve ter feito sem ninguém saber, Paola é mais esperta do


que pensamos — falei em um tom enraivecido, mas orgulhoso
também, porque a garota era inteligente, sagaz, linda e isso era
atraente demais.

— Vou circular um pouco e ver se encontro ela. — Damon


acenou e saiu do salão com seu cigarro.

Como havia terminado o desfile, todos se espalharam pelo


ambiente, as vitrines foram descobertas e as mulheres estavam
distraídas, vendo tudo. Percorri o local em busca de Paola, ela não
iria me escapar, queria cobrar explicações da garota de todo jeito.

Do outro lado, a avistei conversando com Rocco, aquele


insuportável, e me apressei. Assim que cheguei, o perfume dela me
atingiu, mas me contive e escutei o chato a elogiando.

— Parabéns, Paola, além de linda é muito competente, o


evento está sendo um sucesso. — Ela sorriu e acenou.

— Dei o meu melhor, amo promover festas e, se pudesse,


faria mais, porém não podemos por causa dos ataques recentes que
passamos.

— Não devemos brincar com os inimigos à espreita, seria


bom se seus irmãos descobrissem quem é o autor de tantos
ataques — Rocco falou soando como uma crítica e provocação.

— Como foi falado antes, estamos trabalhando nisso, não é


preciso importunar a garota com esses assuntos — me intrometi,
revelando de vez minha presença, enquanto tentava me conter para
não esmurrar a cara daquele insuportável.

— Sei disso, só que…

— Rocco, Alícia estava te procurando — o interrompi,


soltando a primeira coisa que lembrei que o faria sair rápido e nos
deixar sozinhos e foi o que ele fez, se despediu, apressado. Alícia
era a filha de um dos soldados, era uma garota ruiva linda, que ele
estava tentando conquistar.

— Finalmente, Paola. Pensei que não conseguiria te


parabenizar — falei sem poder conter o tom rouco, a proximidade
me afetou, ela estava ainda mais linda de perto, olhei ao redor e
percebendo que seus irmãos não estavam pela área, cheguei perto
de seu ouvido: — Você está tão linda quanto naquela noite no clube.
— Notei o exato momento que sua pele se arrepiou, a peguei pela
cintura e levei pelo corredor vazio que estava à nossa frente.
Chegando, ela se manteve de costas para mim, com a respiração
entrecortada.

— Romero, eu… — Colei seu corpo no meu, sentindo o quão


gostosa era aquela proximidade com ela. Estava perdido e se Enzo
e Pietro nos flagrasse naquele lugar, seria o meu fim, mas não sabia
por qual motivo. Tudo que havia pensado em falar para ela, chamar
sua atenção, sumiu da minha mente quando senti seu perfume.

A virei de frente para mim e fiquei arrebatado de novo, como


era possível? Seus lábios carnudos, cobertos por um batom
vermelho brilhante capturou minha atenção, fazendo meu sangue
correr rápido pela minha corrente sanguínea se concentrando em
um único lugar. Porra. O desejo de tomar seus lábios e castigá-la
com um beijo me tomou, era tão forte que fiquei com a boca seca.
Ela era como um fruto proibido, instigante e tentador, impossível de
ignorar. O que eu faria, caralho?
PAOLA

Quando Romero me virou, ficamos um de frente para o outro,


a tensão ficou mais forte, podia sentir no seu olhar que ele estava à
beira da loucura. Era tentador, impossível de ignorar o que sentia, o
desejo fluía pelos meus poros, apesar do que passei, estando tão
próximo dele, não me sentia angustiada e com medo do seu toque.
Porque, na verdade, queria que ele me tomasse em seus braços e
mandasse todos se foder, pois o que importava era apenas que nós
dois ficássemos juntos. Seria demais pedir por um beijo?
— Você não pode me enganar mais, Paola. Era você e Leo
naquele clube de swing, ficou louca? — indagou com o tom rouco.

— Sim, não vou negar, fui me divertir como você, Leo é meu
parceiro como Loren era a sua — respondi, mordendo o lábio
inferior, sentindo seus olhos fitarem minha boca enquanto e os
fechando em seguida, parecia estar se contendo, não era o que eu
queria. Desejava que perdesse a cabeça, acho que ele ficou
incomodado com o fato de ter citado Loren.

— Caralho, Paola! O que pensa que está fazendo, mordendo


os lábios desse jeito? — Sorri de canto e ele me puxou para mais
perto, colando seu corpo no meu.

Romero tocou meu queixo, ficou acariciando-o enquanto


mantinha seus olhos fixos na minha boca. Quando pensei que fosse
me beijar, sentindo o coração acelerado, seu perfume e a outra mão
tomar minha cintura, me deixando com as pernas moles, ouvimos
um pigarrear e notamos a figura alta de Damon no início do
corredor. Romero se afastou como se tivesse acabado de levar um
choque. Inferno! Damon tinha que interromper nosso quase beijo?
Ele conseguiu furar nossa bolha de desejo.

— Nossa conversa ainda não terminou, quero saber de tudo,


Paola! — O tom rude e desconcertante não me passou
despercebido.

Ele saiu, me deixando sem ar, mesmo depois do aviso,


corremos um grande risco, mas não me preocupava muito com esse
fato, apenas desejava que Romero fosse meu, de corpo, coração e
alma.
Nada mais me importava.

Queria mais era que o mundo explodisse, desde que nada me


afastasse do homem que amava. E eu iria conseguir tê-lo aos meus
pés, de joelhos, implorando por um beijo, pelo meu corpo e eu daria
tudo que ele desejasse. O mundo seria nosso e poderíamos
queimar juntos.
Como não estava bebendo, saí daquele lugar e me encontrei
com Leo, ele pegou um pouco de água com gás para mim.

— Onde você estava? — indagou.


— Você não faz ideia, Romero me procurou e cobrou
explicações sobre aquela noite no clube. — Leo passou a mão na
testa, preocupado.

— Porra, ele vai querer me matar! — soltou e sorri. —


Caralho, você não faz ideia do risco que corro com essas suas
saídas loucas.

— Não se preocupe, ele não vai fazer nada — ponderei,


tomando mais um pouco da água.

— Será mesmo? É o homem mais leal aos seus irmãos,


Paola. — Sorri e o fitei para que entendesse.
— Não vai, ele está louco por mim. — Meu amigo me fitou
como se eu tivesse duas cabeças.

— Como assim? — Sorri vitoriosa, pois aquela noite descobri


mais do que esperava.
— Romero está se sentindo tentado, vejo o desejo nos olhos
dele e no quase beijo que tivemos, muito em breve esse homem
será meu, Leo. — Ele arregou os olhos, surpreso.

— Nossa, está tão segura — reconheceu.

— É porque sinto isso, agora sim ele me vê com outros olhos,


meus irmãos pensam que sabem o que é melhor para mim.
— Na verdade, não entendo Pietro e Enzo, eles não poderiam
encontrar outro partido melhor para você, a outra opção seria
apenas eu — considerou, todo orgulhoso e prepotente, me fazendo
sorrir.

— Se, por um acaso, eu sentisse mais que amizade por você,


pode apostar que não te deixaria em paz até subirmos ao altar.
— Eu sei, mas somos como irmãos, mas se fôssemos
obrigados, não seria tão ruim. — Dei socos fracos em seus braços
musculosos, mesmo por cima do terno.

— Sabe, eu te amo, mas agora precisamos voltar a ficar com


meus irmãos e cunhadas, antes que eles comecem a me procurar.

— Na verdade, eles estavam à sua caça, eu que me


prontifiquei a te encontrar — explicou.

— Foi ótimo, vamos então.


Saímos daquele canto e fomos ficar junto com minha família
que estava conversando com os pais de Leo. A conversa deles era
sobre um possível casamento do meu amigo com Alícia que, na
verdade, estava sendo paquerada pelo Rocco. Isso ainda iria render
muito e eu gostava de saber de tudo.
Pelo resto da noite, ficamos conversando, recebendo elogios
pelo evento e pelas joias lindíssimas que Perla desenvolveu. O
lançamento foi um sucesso, todas as peças mais exclusivas foram
compradas e algumas reservadas. Perla estava muito feliz e Pietro
orgulhoso por nosso trabalho juntas, uma noite inesquecível para
ninguém colocar defeito. Romero não tinha ido embora e senti seu
olhar como um falcão me seguir pelo salão. Quando meus irmãos se
aproximaram dele para conversar, notei como estava nervoso, pois
era um homem muito leal a eles. Não fiquei o encarando de volta,
pois queria deixá-lo intrigado.
Assim que o evento foi encerrado seguimos para mansão e
quando entrei em meu quarto, tirei a sandália de salto e fui recebida
por um Dexter ansioso, balançando seu rabo, incansavelmente,
enquanto pulava em mim. Sorri de sua alegria ao me receber
daquela forma, o considerava tanto, como se fosse sua dona.

— Ah, meu amor! — exclamei, pois estava muito feliz com a


noite que tive. — A mamãe Paola está muito contente com tudo que
aconteceu, sabia? — Passei a mão em sua cabeça, ele deitou se
virando para que acariciasse sua barriga e foi o que fiz, sorrindo.
Depois de ficar dando atenção a Dexter, ele quis sair, abri a porta, o
deixando na sua cama no final do corredor. Segui para o banheiro
onde tomei banho, tirei a maquiagem e fiz meu skincare.
Assim que coloquei a cabeça no travesseiro, fechei os olhos,
me lembrando da sensação mais gostosa e surpreendente da minha
vida. Pois não imaginava que iria me sentir daquele jeito nos braços
de um homem, o que me deixava ainda mais certa de que Romero
havia nascido para ser meu e eu, dele e de mais ninguém.
Lembrei-me da forma com que ele me encarou, com
intensidade, o consigliere estava prestes a cair em tentação, senti
seu olhar de incômodo e desejo pelo resto da noite. A tensão que se
formou quando ele me guiou por aquele corredor, só de pensar me
sentia inquieta e louca para sentir de novo a sua pegada. Meu corpo
o reconhecia, o sentia e o aceitava, apenas ele. Era impressionante,
mas não uma surpresa para mim, pois sempre o amei e não seria
diferente do que havia idealizado.
Em total êxtase, fiz algo que não fazia há muito tempo, pois
estava tratando para que vencesse aquele trauma. Deixei minhas
mãos serem guiadas pelo calor que senti por apenas me lembrar do
olhar de Romero e a forma com que pegou meu queixo e encarou
meus lábios. O olhar cheio de desejo e luxúria.

Ele estava tentado.

Ele me queria.

Desci as mãos pelo meu corpo, acariciando de leve minha


pele, sentindo arrepios e um calor se concentrar na minha boceta
que estava molhada.
Ele me desejava, não havia mais dúvidas, mantive os olhos
fechados, subindo uma de minhas mãos para meus seios, os
acariciei e me mexi querendo mais enquanto aos poucos fui abrindo
as pernas e movimentando meus dedos com rapidez, sentindo uma
sensação deliciosa tomar conta de tudo, me fazendo esquecer dos
problemas e lembrando apenas do olhar e da boca de Romero.

Seu perfume másculo e delicioso, tudo se elevou enquanto


enfiava um de meus dedos na minha entrada, sentindo uma
necessidade maior, adicionei mais dois dedos e não parei até me
desmanchar inteira, gozando e gemendo o nome dele.

— Ah, Romero, você será todinho meu! — falei e adormeci


com a melhor sensação do mundo, me sentindo poderosa e capaz
de fazer qualquer coisa por aquele homem.

Na manhã seguinte, levantei-me muito disposta, tomei um


banho e desci para tomar café com a família. Algo incomum, pois
acordava mais tarde todos os dias, apesar de que chegamos de
madrugada, acordei antes do horário que tinha costume e resolvi me
levantar.
Quando cheguei à sala, Perla estava com Romeo nos braços,
dando mamadeira, enquanto Pietro permanecia ao seu lado
admirando o filho e a esposa. Eles estavam esperando Enzo e
Caterina que ainda não haviam descido.

— Bom dia! — falei animada e eles se entreolharam.

— Paola, acordou mais cedo hoje, posso saber qual o motivo


de tanta animação? — meu irmão questionou, desconfiado.
— Apenas acordei antes da hora, estou satisfeita com o
evento de ontem, não tem nada de mais! — Eles concordaram.

— Tenho que admitir que você tem um talento nato para fazer
festas, é uma excelente organizadora — meu irmão elogiou, me
deixando surpresa.
— Vocês precisam me dar mais oportunidades, garanto que
só vão se surpreender, acho um desperdício que eu fique o dia todo
sem nada para fazer nesta casa.

— Não se preocupe que em breve vamos te manter ocupada


com algo muito importante — Pietro falou e Enzo que estava
chegando entrou na conversa.

— Estamos preparando o melhor para você, bambina mia! —


Enzo exclamou, como se eu não soubesse do que eles estavam
falando. Fiz uma careta para eles, pois era sobre casamento.
— Não vou responder a vocês sobre este assunto, pois não
quero cortar o clima bom da manhã e nem atrapalhar meu bom
humor, seria ótimo irmos tomar nosso café. — Ele deu de ombros e
passou na minha frente, Caterina mexeu com as mãos, pedindo que
não ligasse para aquilo.

Nos sentamos à mesa depois de Perla deixar Romeo com


Ana, ele chorou por sair do colo da mãe, mas se calou rápido
enquanto a tia tentava distraí-lo.

— Tão apegado à mãe, como o pai — comentei, sem poder


me conter.

— Ele sabe das coisas boas, é esperto desde pequeno, Paola


— Pietro me respondeu e mudamos de assunto enquanto colocava
meus ovos mexidos com bacon em um prato.

Elena trouxe meu café descafeinado e comemos em silêncio,


até Enzo começar a se gabar do quanto ele e Caterina arrasaram na
apresentação de tango que fizeram. Meu irmão era mesmo muito
prepotente, mas o amava demais, era impossível resistir ao seu
bom humor diário. Ninguém podia mexer com nossa família, ele se
transformava, quando o assunto era defender os seus, Enzo era
implacável assim como Pietro.

Conversamos mais um pouco depois que Pietro e Enzo


saíram e foram para o escritório. Após alguns minutos, Romero
chegou no momento em que estávamos indo para a sala, nos
esbarramos e ele me encarou de forma profunda e depois de
cumprimentar, saiu indo na direção onde meus irmãos estavam.

— Paola, o que você aprontou ontem à noite? — Perla foi a


primeira a perguntar.
— Queremos saber se houve algo mais com Romero, e
então? — Caterina questionou também, elas pareciam animadas,
pelos olhares ansiosos percebi que estavam do meu lado.

— Não foi nada de mais, ele ficou incomodado porque Leo


estava comigo — contei e elas vibraram.
— Notei que, na verdade, o homem passou a noite inteira te
olhando — Perla comentou com um sorrisinho cúmplice.

— Estava tão nítido? — indaguei, preocupada. — Quer dizer,


será que meus irmãos perceberam?

— Não, apenas mulheres como nós perceberiam, eu também


fiquei de olho, desde sua mensagem no grupo sobre o vestido, eu
tinha certeza de que ele não resistiria. — Balancei a cabeça e elas
ficaram eufóricas.

— Perla, você é demais! — respondi e ela deu de ombros.


— Não entendo seus irmãos, eles querem o melhor para
você, acho difícil encontrar outro que seja um bom partido senão o
Romero — Caterina expressou sua opinião.

— Também não entendo, mas não se preocupe que estamos


do seu lado, apoiamos que se case com o homem que gosta.

— Não, eu o amo, Perla, e ninguém vai mudar esse fato. —


Elas concordaram. Passados alguns minutos, Ana e Elena entraram
na sala com Romeo aos risos.

Após ficar brincando com Romeo, fui para área externa dar
um pouco de atenção para o Dexter. Ao invés de ficar esperando
Romero sair do escritório, segui para a academia. Precisava seguir
em frente com meus planos de não o procurar e deixar que sempre
ele fosse atrás de mim. Não me rastejaria aos seus pés, ao
contrário, o Romero que iria implorar.

Sorri e fiz os exercícios que a psiquiatra me recomendou


fazer, se possível, todos os dias. A atividade física ajudava a não
ficar tão ansiosa e com a mente tão agitada e cheia de ideias. Na
verdade, desde a última sessão de psicoterapia, fiquei pensando no
que a doutora havia me falado. Ela disse que se queria lutar pelo
homem que amava, tinha de ficar bem em todos os sentidos, sendo
assim, não iria desistir e faria de tudo para que ele se aproximasse
cada vez mais.
ROMERO

Ela não saiu da minha mente, Paola conseguiu me


enlouquecer e questionar minha honra e lealdade aos seus irmãos.
Toda a minha vida, nunca havia escondido nada deles, mas com
certeza, se eu resolvesse contar sobre a ida dela ao clube de swing
e da minha atração iria foder com tudo. Pietro e Enzo não queriam
nem que eu chegasse perto dela e, apesar de compreender o lado
deles, pois estavam protegendo a irmã mais nova, não entendia o
fato de eu não ser uma opção. Eles me conheciam de toda a vida,
nunca havia dado motivos para nenhuma desconfiança, eles sabiam
que comigo ela estaria sempre protegida.

Naquela noite, não consegui dormir, passei a madrugada me


revirando na cama, inquieto e lembrando o tempo todo dos olhos de
Paola por trás daquela máscara e sua boca. Todas as suas atitudes
me intrigavam, a forma que se portava, andava e falava. Tudo nela
passou a me atrair, mesmo assim, me mantive afastado por anos da
garota, porque também achava que era apenas uma adolescente
querendo atenção. No entanto, tudo mudou quando descobri que
ela era a mulher misteriosa do clube. O risco que corri levando-a
sozinha para aquele corredor foi uma loucura, se não fosse Damon
que tivesse nos flagrado, poderia ter sido um dos seus irmãos ou
qualquer outro convidado.

Era melhor não dizer nada ainda a eles sobre Paola ter ido ao
clube de swing, iria conversar e alertá-la primeiro, eu poderia lidar
com a garota petulante e ousada sozinho. Levantei antes do horário
que acordava, mas como me sentia ansioso e inquieto, cheguei à
cozinha em busca do café que Teresa estava preparando.

— Bom dia, Teresa! — a cumprimentei e ela se virou de frente


para mim.
— Romero, bom dia, acordou mais cedo! — comentou.

— Perdi o sono, então resolvi levantar. — Ela concordou em


um aceno de cabeça.

— Vou só finalizar sua torrada e o café também está quase


pronto, se quiser, pode ir tomar banho enquanto finalizo.

— Está bem, vou sim — respondi e saí da cozinha.

Fui para o meu quarto, adentrei o banheiro e após tirar a


calça de dormir, entrei no boxe e liguei o chuveiro, enfiei minha
cabeça debaixo da água morna. A sensação de alívio era grande,
tentei não pensar em nada enquanto me ensaboava, mas foi
impossível não me lembrar de Paola e aquele pensamento acendeu
todo meu corpo como brasa. Só de lembrar que ficamos com as
bocas quase coladas, meus dedos em seu queixo, sentindo ainda
mais de perto seu perfume tentador e sua pele quente.

Queria beijá-la, tomar seu corpo no meu e, talvez assim, ela


sairia da minha mente e me deixaria em paz. Podia ser apenas uma
atração boba que não duraria muito tempo, apesar de querer muito,
sentia que uma vez apenas não bastaria. A quem eu queria
enganar? A mim mesmo apenas, porra!

Todo sangue do meu corpo se concentrou no meu pau


naquele momento e tomado de um desejo incontrolável, passei a
mão pelo meu membro e comecei a movimentar, enquanto me
lembrava da sua boca e o olhar penetrante da garota. Caralho!
Acelerei os movimentos, imaginando suas mãos e depois sua boca
no meu pau fazendo aquilo, com aquelas imagens gozei jorrando
minha porra no boxe, gemendo seu nome.

— Ah, Paola — falei sozinho —, você vai me enlouquecer!

Saí do banheiro depois de me secar, escolhi minha roupa e a


vesti, calcei o sapato, penteei o cabelo e borrifei um pouco de
perfume. Passei a mão pela barba que estava ficando cheia demais,
precisava dar uma aparada.

Fui para a cozinha, depois de pegar o celular e a chave do


carro. Teresa havia colocado o prato na bancada e minha xícara,
sentei-me na banqueta e tomei meu café tranquilo, pois ainda
estava com tempo. No entanto, meu celular vibrou e quando fui
conferir, era Pietro, o que me deixou em alerta.

— Romero — falou daquele seu jeito autoritário.

— Oi, Pietro, pode falar — respondi.

— Venha imediatamente para o galpão. — Quando ele falava


assim, era porque tinha novidades e poderia ser sobre o sósia de
Giovanni.

— Certo, estou chegando em alguns minutos. — Ele encerrou


a ligação, tomei o restante do meu café descafeinado e levantei, fui
ao banheiro e escovei meus dentes.

Quando saí, Teresa estava me observando.

— Não vai terminar de comer? — indagou.

— Não posso, o dever me chama! — Peguei meu paletó. —


Não precisa deixar nada para eu comer à noite.

Ela assentiu, saí depressa enquanto acionava a segurança e


confirmava se podia pegar a estrada. Assim que eles liberaram, saí
com Mário em outro carro me seguindo em alta velocidade pelas
ruas de Chicago. Ao chegarmos ao galpão, encontramos com Lucca
na entrada, fumando, ele nos encarou.

— Lucca, tudo em ordem? — chamei e trocamos apertos de


mãos.

— Sim, consegui encontrar o dublê do bastardo. — Concordei


e saí, deixando-o com Mário.
Entrei no galpão e fui direto para a sala de Pietro, ao adentrá-
la o encontrei com Enzo, eles estavam fumando e conversando.

— Então, encontramos o cara que se passava por Giovanni?


— Lucca o encontrou em Londres com a noiva — Pietro
respondeu primeiro. — O que você acha que podemos fazer? —
Não consegui me sentar e continuei andando de um lado ao outro,
na verdade, pensei bem antes, pois sabia que quando chegasse o
momento, teríamos que agir de forma astuta.

— Sugiro que não divulguem nada sobre terem encontrado


esse homem, precisamos agir com cautela e sermos mais espertos
que Giovanni.
— Está certo, o bastardo é muito perspicaz — Enzo
considerou e concordei.

— Isso mesmo, ele não sobreviveu em nosso encalço esses


anos todos por sorte, e sim pela sua sagacidade.

— Mas, então o que podemos fazer, além de torturar o filho


da puta? — Pietro perguntou.
— Se não falarmos nada nem mesmo entre os soldados,
evitamos o risco dessa informação chegar até Giovanni.

— Tivemos muitos traidores entre nós e não duvido que ainda


tenham mais — Enzo reconheceu.
— Mesmo depois das últimas inspeções, acredito que
possam ter mais homens informantes dele por aqui e não podemos
arriscar. Lucca o trouxe para cá? — indaguei.

— Não, ele está na antiga fábrica da estrada da morte,


escoltado por Bryan e John — Pietro respondeu.

— Isso é bom, vamos até lá sem causar alardes. — Eles


concordaram.

— Ninguém precisa saber aonde vamos — Enzo completou e


chamei Mário.
— Mário, vamos sair e você vai cuidar da distribuição das
mercadorias para as gangues. Não dê mais nenhum detalhe aos
outros soldados, se caso perguntarem — Pietro ordenou e ele
assentiu.

— Entendeu tudo, não é? — Enzo o questionou com o olhar


duro e ele respondeu:
— Sim, senhor. — Enzo se deu por satisfeito e saímos depois
deles pegarem seus celulares.

Entramos no Cadillac Escalade de Enzo, depois de combinar


que apenas Lucca iria com a gente em outro carro. No caminho,
através de uma chamada, avisamos ao Bryan que estávamos indo
até a antiga fábrica.

Alguns minutos depois, chegamos ao local e passamos pelas


portas de segurança. Como estava tudo cheio dos carregamentos
de diamantes que chegaram nos últimos dias e seriam distribuídos
para nossos parceiros, a segurança estava mais pesada.

Assim que adentramos a gaiola da tortura no subsolo,


encaramos a figura que desfilava por aí como Giovanni Ricci. Ele
era idêntico ao bastardo, principalmente a cabeleira loira e cor dos
olhos. Nos enganou por anos, o filho da puta.

O encarei com a raiva fluindo pela minha corrente sanguínea,


assim como a Enzo e Pietro. Era como se revivêssemos tudo que
começamos a enfrentar por causa deles, além disso, na minha
memória repassei a lembrança do ataque que sofremos na antiga
mansão em que morreram meu pai, Francesco e Gioconda. Mas
aquilo era assunto para um outro momento, mas não deixaria de
levantá-lo quando encontrássemos o verdadeiro bastardo.

Pietro entrou primeiro e interrogou o homem enquanto o


torturava para que soltasse informações, Enzo e eu vimos tudo
através do vidro do outro lado da gaiola.

O farsante teve a coragem de debochar da cara dele e só não


foi morto porque Enzo e eu entramos para intervir. Ele odiava que
fizéssemos isso, mas precisávamos dele vivo para colocar o outro
plano em ação.

— Porra! Eles mataram nossos pais! — Pietro esmurrou a


parede, confirmando o que imaginei, e aquela informação não me
surpreendeu.

— Ele te disse isso? — Enzo questionou.


— De forma debochada, por isso perdi a cabeça.

— Eu imaginava mesmo, mas não podemos deixar que essa


informação nos afete agora.

— Está certo — Pietro concordou.

— O que acham de deixarmos ele livre para entrar em


contato com Giovanni? — Os dois me encararam perplexos, era um
plano arriscado.

— Ele poderia agir com esperteza pra cima da gente — Enzo


considerou.

— Não se o rastrearmos e colocarmos Lucca no seu encalço


— sugeri o que havia pensado e tive maior atenção dos dois. —
Podemos usar um chip rastreador, caso tente fugir, ele deve saber
mais do que está contando. — Pietro franziu a sobrancelha.

— Deve ter jogado essa informação para nos enrolar. —


Assenti enquanto pegava um cigarro.
— Vamos fazer isso, ele vai nos levar até o filho da puta do
bastardo — Pietro decidiu e sabia que dali em diante não teria volta.
— Enzo, você sabe o que fazer.
— Vou falar com Lucca agora mesmo para que ele
providencie tudo o mais rápido possível — Enzo afirmou e saiu para
falar com nosso soldado.

Após combinarmos tudo com Lucca, e Pietro ter feito a


proposta para o falsário, ameaçando sua vida e de sua noiva, que
não fazia ideia do que ele estava fazendo. Resolvemos a
distribuição dos diamantes pelas nossas cidades ao redor de
Chicago, depois seguimos de volta para o galpão onde resolvemos
algumas pendências das gangues. Marcamos outra inspeção com
os soldados, o dia passou sem que eu percebesse.

— Vai dormir neste lugar hoje? — Enzo entrou na minha sala


perguntando e sorrindo daquele jeito dele.
— Nem pensar, estou saindo, vou para o cassino hoje com
Damon. — Enzo deu um risinho de canto.

— Acredita que não sinto falta das minhas noites agitadas?


— afirmou.

— Agora você é um homem casado e entendo bem por que


prefere ficar em casa. — Foi a minha vez de dar um sorriso ladino.

— Um dia, vai conseguir me entender de verdade, sei que


você está zoando com minha cara. — Ele riu mais.

— Assim espero! — Enzo piscou e saiu, peguei a chave do


carro e o celular e fui embora do galpão.

A noite ainda seria longa, passei no meu apartamento e tomei


um banho, me arrumei e saí de novo, indo direto para o cassino.
Aquela noite o trânsito estava mais agitado, então mudei o caminho
para que não demorasse.
Encontrei com Damon na porta lateral, onde entrávamos,
fomos conversar com Matteo que gerenciava o cassino clandestino
que era disfarçado por um clube de dança. A sala de jogos ficava no
subsolo, era ampla, com mesas e máquinas de jogos como caça-
níqueis, roletas, blackjack, pôquer, além de outros jogos de fortuna e
azar. O ambiente era luxuoso, frequentado pela elite de Chicago,
homens e mulheres poderosos. Todos viciados em jogos, a
sociedade pintava uma vida inexistente, mas para não serem
descartados de sua posição, possuíam uma vida dupla. Nossos
clubes de dança, de swing e cassinos eram como um parque de
diversões para os magnatas.
— Nossa, hoje está bem cheio isso aqui — Damon comentou
e dei de ombros.

— Eles precisam de algo para esquecer daquele trabalho


chato que fazem. — Levantei a sobrancelha.

— A vida deles é entediante, eu prefiro a nossa, cheia de


ação e adrenalina, sem a necessidade de fingir que amamos a vida
normal. — Concordei e fomos para o cassino depois de observar a
pista de dança que estava composta por mulheres lindas dançando
uma coreografia sensual.

Descemos pelo elevador e quando chegamos, as mesas de


jogos estavam todas cheias, pessoas ansiosas para ganhar, a
expectativa era o grande ápice, altas apostas que às vezes os
levavam a total falência. A música ambiente preenchia o local e,
apesar da tensão em algumas mesas, alguns sorriam, bebiam e
fumavam seus cigarros e charutos.
Nos sentamos mais na ponta final do balcão e pedimos
nossas bebidas, enquanto tirava um cigarro do bolso, observando
as mulheres presentes. Apesar de terem algumas beldades,
nenhuma me chamava a atenção a ponto de querer me aproximar.

— Você contou para eles da ida da Paola ao clube? —


Damon perguntou enquanto o barman nos entregava nossas
bebidas. Ingeri um pouco do líquido âmbar e o observei pela borda
do copo.

— Ainda não, preciso falar com ela primeiro, não deu tempo
na noite passada. — Meu amigo sorriu e elevou o seu copo.
— Um brinde à sua primeira indecisão. — Daquela vez, não
sorri, apenas o fuzilei com o olhar.

— Porra, Damon! Não fode com tudo, vim para relaxar um


pouco e ainda preciso ver algumas coisas com Matteo.

— Tudo bem, não vou te perturbar com isso! Você sabe o que
está fazendo, agora me conta aqui, Loren ficou mesmo para trás? —
indagou, franzindo a testa.

— Já sabe, Damon, nunca tivemos um compromisso, ela era


apenas a mulher que fazia sexo, a gente curtia o clube de swing e
nada mais.

— Agora são só amigos, mesmo? — Ele estava interessado


nela.

— Somos, se você quer ficar com ela, fique à vontade, é uma


mulher livre e maravilhosa — afirmei e ele sorriu de canto.
— Por isso tenho interesse, desde aquela vez que ela… —
Passou a mão pelo cabelo. — Você sabe, que jogamos no clube.

— Foi uma noite e tanto. — Levei o cigarro à boca, traguei e


depois joguei a cabeça para cima, soltando a fumaça.

Damon e eu ficamos conversando até que fomos


surpreendidos pela chegada dela, Paola Mancini adentrou a sala de
jogos com o Leo a tiracolo, eles não se desgrudavam mais. Travei a
mandíbula, incomodado ao ver uma de suas mãos na cintura dela.

— Caralho, o que ela está fazendo aqui? — Damon


perguntou e dei de ombros.

Apenas o deixei sozinho e fui tirar satisfações com a garota


petulante, seu corpo marcado nos lugares certos pela saia colada e
blusa com decote em V chamavam a atenção, assim como a
gargantilha de diamantes. Mas nada se destacava mais que sua
boca, em um vermelho-vivo brilhante, porra, estava mesmo fodido.

— O que está fazendo aqui? Não basta o clube? — perguntei


e ela me fitou, inclinando o rosto, sorrindo.

— Primeiro de tudo, boa noite, Romero! — O tom de


provocação não me passou despercebido. — Segundo, estou aqui
com autorização dos meus irmãos, eles agora vão me deixar sair
pelo menos três vezes na semana.
— Tem certeza disso? — Peguei o celular no bolso da calça e
quase disquei para Enzo, porém fui impedido por Paola que se
aproximou e o tomou da minha mão, enquanto pude apenas sentir o
seu perfume doce invadir minhas narinas de forma intensa.
— Absoluta, não vai estragar a minha saída, depois você
pergunta aos dois, a autorização inclui que eu saia sempre
acompanhada pelo Leo.

— Por ele? — indaguei com ironia, o rapaz me fitou com uma


expressão impaciente, mas se conteve ao notar meu olhar duro em
sua direção.

— Ele é um soldado em treinamento e vai saber me proteger,


não se preocupe, uma excelente noite para você — falou, colocou o
celular no meu bolso, sorrindo de forma sedutora, e saiu me
deixando sem ter a chance de responder. Os homens de Matteo a
reconheceram e se movimentaram para atender bem a irmã dos
donos do lugar.

Peguei o celular, fui para o outro lado da sala de jogos, ao


discar para Enzo, uma mensagem sua chegou, avisando que Paola
devia ter chegado ao cassino clandestino, para eu ficar de olho.
Assim, sem nenhuma explicação, eles confiavam no Leo e não em
mim para sair com a irmã deles? Aquilo me deixou mais aborrecido
do que gostaria de me sentir.

Caralho!

Voltei para o balcão e tomei toda a bebida que estava no


copo, sentindo meu corpo inflamar. Abri mais a camisa e passei a
mão pela nuca, afetado pela presença de Paola. Tentei me manter
indiferente, estava fazendo de tudo para não a encarar, iria parecer
um maluco se continuasse, no entanto, foi impossível.

— Você está louco por ela e isso está mexendo demais com
você, descobriu se os irmãos dela sabem dessa saída? — Damon
questionou, ele me conhecia bem e nunca havia me visto daquele
jeito.

— Eles sabem, ela não mentiu, Enzo me avisou em uma


mensagem — respondi, ocultando parte da resposta.

— Romero, não queria estar no seu lugar, ela sabe que você
se sentiu atraído e está usando isso para te deixar ainda mais
instigado. — Assenti, mas mudei de assunto.
Damon tinha razão, eu estava perdido e não sabia o que
fazer, a única coisa que tinha certeza era da atração que passei a
sentir por Paola, uma garota proibida para mim.

Ela estava me deixando louco, Paola conseguiu me seduzir


com aquele seu perfume e sua presença ousada. Meus olhos não
conseguiam desviar dela, não importava quão longe a garota ficava,
a observei jogando, sorrindo e se divertindo. Ficava ainda mais linda
naquele estilo mulher poderosa.

Eu a desejava, mas não podia. Puta merda! O que estava


acontecendo comigo?
PAOLA

Meus irmãos liberaram uma saída minha antes da cirurgia,


Enzo conseguiu convencer Pietro de que poderia me fazer bem.
Vibrei feliz e procurei saber com Leo onde Romero estaria naquela
noite, chegamos ao clube de dança que possuía no subsolo um
cassino clandestino. Me sentei com Leo em uma das mesas de
jogos, ele gostava dessas coisas, eu fiquei o assistindo, talvez mais
tarde jogasse um pouco também.
Trocamos sorrisos enquanto meu amigo seguia no jogo de
cartas, o baccarat, ele apostou na sua mão e conseguiu ganhar na
primeira jogada, nos abraçamos, comemorando sua vitória. Porém
meu amigo não parou e continuou apostando.

Enquanto me divertia, percebi que Romero não tirou os olhos


da minha direção e aquilo acariciou meu ego, além de me deixar
satisfeita. Meu plano de atraí-lo sem ficar atrás dele estava dando
certo, ainda assim, queria muito mais. Meu desejo era que o
consigliere perdesse a compostura, deixasse sua honra e lealdade
aos meus irmãos de lado. Só de pensar naquilo meu corpo inteiro
entrou em êxtase, a cada sorriso que dava com Leo, Romero
apertava mais o copo na sua mão. Era instigante aquele jogo de
provocação, a expectativa por uma aproximação, um toque,
qualquer coisa.

Assim que saímos da mesa e fomos para a roleta, Romero se


aproximou, pegou em meu braço, seus olhos se fixaram nos meus.

— Venha comigo agora! — ordenou com a voz rouca, dei de


ombros e concordei.

Ele saiu na frente, me levando para um corredor que dava


para uma sala. Abriu a porta e expulsou alguns dos homens que
estavam conversando, pois era uma sala de reuniões, os poderosos
de Chicago fechavam negócios escusos naquele lugar também.

Quando Romero fechou a porta, o silêncio se instaurou,


ficamos nos encarando, seus olhos castanho-escuros se tornaram
devassos enquanto perpassava por meu corpo de baixo para cima
até chegar à minha boca.

Coloquei a mão na cintura e mantive meu olhar preso no dele,


parecia mais um desafio de quem iria agir primeiro, me mantive
encostada na parede do lado da porta, observando Romero andar
de um lado para o outro.

— O que pensa que está fazendo? — questionou, dando


passos lentos em minha direção, meu coração disparou enquanto
minha pele se arrepiou com a expectativa de sentir suas mãos
firmes de novo.

— Romero — falei, após um longo suspiro —, estou apenas


me divertindo e não te devo satisfação, somente aos meus irmãos
que nem deveriam me privar tanto de viver.
— Eles querem apenas te proteger — as palavras que saíram
de sua boca pareciam mais para ele mesmo que para mim.

— Eu sei disso, é o jeito deles de me amar, mas por que está


incomodado com minha presença neste lugar? — Estava curiosa
para saber sua resposta.

— Não estou incomodado. — Engoli em seco quando ele


ficou mais próximo, a respiração entrecortada com a tensão que se
criou e ao sentir suas mãos ao redor da minha cintura, puxando-me
para colar em seu peito. — Você não sabe com quem está
brincando, garota! — rosnou e passou seu nariz em meu pescoço,
sentindo, aspirando o meu cheiro e passando sua barba que estava
mais cheia que o normal, fazendo-me arrepiar dos pés à cabeça.

Minhas mãos começaram a suar, sentia meu coração


acelerado ao ter de novo sua boca tão próxima da minha. Fechei os
olhos, pronta para sentir seus lábios nos meus, sua língua me
devorar inteira, mas fomos interrompidos por barulhos de tiros. Ele
se afastou rapidamente com o olhar alarmado e preocupado.

— Paola. — Puxou-me para seus braços, colocou as mãos


em cada lado do meu rosto e ordenou: — Não saia daqui! — Fitou-
me, assenti concordando, Romero pegou sua arma no coldre e saiu
me deixando sozinha, além de aflita, pois Leo havia ficado na sala
de jogos.

— Minha nossa! — Minha mente se agitou com as


possibilidades, agindo no impulso, peguei a arma que sempre
colocava na liga coldre, meus irmãos permitiram que saísse, porém
nunca deixei de sair precavida.
Me aproximei da porta e coloquei a mão na maçaneta,
devagar a abri e observei o corredor que estava vazio. Saí da sala e
andei metade do corredor, escutando os gritos de Romero
ordenando para que alguém jogasse a arma no chão.

Assim que consegui ter a visão da cena, eles estavam com a


mira no homem armado que mantinha um refém engravatado à sua
frente. Se ele apertasse o gatilho, estouraria os miolos do seu
refém, agindo rápido calculei a distância, mirando a minha arma na
direção do homem.

Endireitei-me, respirei fundo e observei novamente, sem


pensar duas vezes, com o coração acelerado, apertei o gatilho à
curta distância, atingindo-o na cabeça. O barulho satisfatório do tiro
atingiu meus ouvidos, observei que o refém revelou em seus olhos
um espanto aparente, ele correu para o lado assim que fitou o
homem que lentamente começou a cair para trás no chão,
derrubando as cadeiras almofadadas, o som da sua cabeça batendo
no piso me causou arrepio, um nojo cresceu em meu estômago
assim que uma poça de sangue se formou no piso.
Enquanto isso, as pessoas gritavam em desespero ao redor,
os seguranças agiram rápido, acalmando-as, e eu tentava assimilar
o quão rápido tudo aconteceu.

Todos os seguranças e os homens de Matteo olharam ao


redor, até me ver na ponta, do outro lado. Quando Romero se deu
conta de onde havia vindo o tiro, me encarou com os olhos
tempestuosos. Deu ordens aos homens de como proceder e
marchou em minha direção, dei as costas e voltei para a sala de
reuniões. Coloquei a mão no meu peito, como se aquilo fosse
acalmar meus batimentos, fechei os olhos e joguei a cabeça para
trás, passando a mão pelo cabelo.

Antes mesmo de abri-los, senti a presença dele na sala, não


precisava vê-lo para saber que estava em algum lugar. Parecia
loucura a conexão que tinha com aquele homem, não sabia como
explicar, apenas sentia. Caralho! O que eu tinha feito? Abri os olhos
e ele estava à minha frente, em suas pupilas dilatadas consegui ver
a aflição, revolta e, por fim, o desejo.

— Puta merda, Paola! O que eu te mandei fazer? — Tomou-


me em seus braços. — Está louca? Já pensou se alguém atira e
acerta você? Porra! — explodiu e senti o desespero em cada uma
de suas palavras.

— Qual o problema, Romero? Por ser mulher, tenho que ficar


parada esperando que me salvem sempre? Não sou comum, nasci
para isso, sou uma Mancini! — vociferei com uma força que ainda
não tinha sentido antes.

— Paola… — Ele parecia prestes a perder o controle e socou


a parede, me fazendo saltar em seus braços. — Você vai ser minha
ruína, garota! — rosnou e assaltou minha boca em um beijo ardente
e delicioso. Sua língua invadiu como um furacão, me deixando com
as pernas bambas e totalmente entregue por aquele homem,
provando que qualquer sonho que havia tido com aquele beijo
ficasse para trás.

A realidade estava sendo muito melhor do que idealizei na


minha vida. Gemi no meio do beijo, sem poder me conter, enquanto
sua língua circulava minha boca com avidez e fomos movidos pelo
desejo sem fim. Suas mãos apertaram minha cintura, desceram
para a bunda, enquanto eu usava as minhas procurando uma forma
de adentrar sua camisa e sentir sua pele.

Era tudo que almejava naquele momento e assim que


consegui, arranhei suas costas largas e definidas. Fazendo com que
Romero apertasse ainda mais minha bunda, levantando a saia, ele
mordeu meu lábio inferior e me fitou com a respiração entrecortada
assim como eu estava.

Seu olhar cheio de luxúria me transpassou, no mesmo


instante ele me levantou, fazendo minhas pernas se enroscarem em
seu corpo. Senti seu membro duro, suas mãos seguraram firme meu
quadril e Romero assaltou meu pescoço entre beijos e mordidas
leves, começou pelo lóbulo da minha orelha e foi descendo,
arrepiando cada poro do meu corpo. Era tão gostoso que esqueci
onde estávamos, só conseguia sentir suas mãos e lábios me
devorando. Ele voltou para minha boca e o meu desejo era de
arrancar sua camisa social e lamber seu peitoral.
Fomos interrompidos assim que ouvimos a maçaneta girar,
ele me largou no chão de repente e tive que me equilibrar para me
manter em pé e ajeitamos nossas roupas. Sem fôlego, respirei
fundo, tentei manter a sanidade enquanto Matteo pedia licença e
entrou, nos deixando sem graça.

— Paola, nunca tinha visto você usando uma arma antes — o


homem comentou, percebendo que estava um pouco fora de mim.
Romero se afastou mais e notei o desespero em seu olhar.
— Apenas agi como uma Mancini, rápido e sem piedade
alguma. — Ele assentiu e arqueou a sobrancelha.
— Não nega o sangue que corre em suas veias, mas não
precisava, estávamos no controle, essas coisas às vezes
acontecem por aqui. É uma sala de jogos, muitos não aceitam
perder e, infelizmente, a segurança falhou na revista. — Assenti.
— Preciso do nome do homem que falhou — Romero abriu a
boca finalmente, mas falou merda e me deixou com raiva.

— Ele já está com meus homens, Pietro e Enzo já sabem do


que aconteceu e estão esperando vocês — finalizou o gerente do
cassino, me despedi dele e saí primeiro, procurando por Leo no
salão.

Assim que o encontrei, corri em sua direção e nos


abraçamos, ele sorriu, parecendo aliviado.

— Paola, você foi demais! — me elogiou, ele sabia que era


muito boa de mira. — Já sabe que seus irmãos vão querer nos
matar, quer dizer, apenas a mim.

— Não se preocupe, com eles, eu mesma vou me entender


— o tranquilizei e antes que pudesse falar outra coisa, Romero
chegou, nos mandando segui-lo.

Os olhares de todos naquela sala me encaravam com


curiosidade. Sorri, me sentindo poderosa e principalmente útil, foi a
primeira vez que agi com o sangue frio que corria nas minhas veias,
era mais forte que eu.

Saímos pela lateral, onde entramos mais cedo, os homens


estavam todos armados. O carro de Romero já estava com Mário à
nossa espera, o que não me dava opção.
— Romero, vim com Leo e os seguranças. — Ele me encarou
de um jeito impaciente e que me não daria escolhas.

— Entre agora no meu carro, Paola. Não está na hora de


discutir, Leo vai nos seguir, pois deve satisfações aos seus irmãos
— falou entredentes e só me restava entrar em seu carro, ao seu
lado.

Assim que fechei a porta do carro, Mário acelerou, cantando


pneus, enquanto eu observava pelo retrovisor Leo em nosso
encalço. Apesar do risco que corri, não podia negar que amei toda a
situação, não me abalei por ter atirado naquele homem viciado em
jogos.

— Eu o matei? — perguntei a Romero que fixou seus olhos


em mim.

— Não sabemos ainda — respondeu de má vontade, a raiva


estava fluindo por seus poros.
Agindo por impulso, coloquei minha mão esquerda em cima
da sua perna e acariciei, notando a respiração dele se alterar.
Apertei sua coxa dura e Romero entreabriu os lábios, pegou minha
mão e a tirou dali.

A partir daquele momento, a tensão aumentou dentro do


carro, não consegui me atentar ao caminho de ida à mansão,
apenas nele. Eu precisava que aquele homem queimasse de
desejo, por isso, comecei a provocá-lo, fingindo estar sentindo calor.

Fiz um coque no cabelo e comecei a me abanar depois de


ajeitar meu decote e a saia que vestia, subindo-a um pouco, notei
seus olhos me observarem e então senti suas mãos na minha coxa,
acariciando enquanto olhava para frente.

De forma instintiva, abri minhas pernas e seus dedos tocaram


no meio das minhas coxas. Senti um pulsar forte em minha boceta
enquanto o sangue corria em alta velocidade pelo meu corpo.

Porra, queria mais…

Muito mais…

Mas não durou muito tempo, quando pensei que o homem iria
me tocar e fazer gozar dentro daquele carro, ele tirou sua mão e
sorriu ao ver minha decepção. Em poucos minutos, chegamos à
mansão, onde meus irmãos estavam me esperando na sala de
estar.

— Paola! — Pietro veio rápido em meu encontro, beijando


minha testa.

— Estou bem! — Enzo se aproximou também.

— O que deu em você? — perguntaram em uníssono.

— Vocês esquecem que sou uma Mancini também e devo


agir como uma — fui sincera, eles tinham que confiar em mim, em
todo o treinamento que me colocaram para fazer.
— Não falei disso, mas tem de ser mais prudente e não se
colocar em risco — Pietro trovejou.
— Com todo respeito, eu fiz como me ensinaram, analisei a
cena toda com rapidez e apenas agi, o risco seria maior se o
homem conseguisse atirar em alguém.
— Sei, e onde estava o Leo? Não era para ele estar o tempo
inteiro com você? — Romero pigarreou ao meu lado assim como
meu amigo.

— Ela… — ele iria começar a explicar e o interrompi:

— Eu tinha ido ao banheiro, ouvi os tiros e quando saí,


encontrei Romero e ele me pediu para ficar ali, mas não o obedeci.
— Pensei rápido, omitindo a parte que o consigliere me levou para a
sala, porque não iria fazer a loucura de nos entregar.
— Você não o obedeceu, então… — Enzo rosnou. — Porra,
Paola — rugiu mais alto e rolei os olhos, impaciente.

— Estou cansada disso, não aconteceu nada, estou bem e


apenas agi pelo meu instinto, tenham uma boa noite — foi a minha
vez de explodir, estressada, eles sabiam que podia ter paciência em
um minuto e no outro, me estressar.

Meu humor oscilava e naquele momento fiquei com raiva,


porque eles queriam demonstrar confiança em mim, mas quando as
coisas aconteciam, parecia que eu era uma bonequinha de
porcelana. E eu não era. Era apenas uma garota incompreendida,
cheia de vontades e capaz de tudo.

Uma verdadeira Mancini que poderia ter melhor serventia


dentro da máfia, caí na cama me sentindo frustrada, porém não
queria que nada daquilo manchasse a felicidade do beijo que
Romero me deu. Suspirei e fechei os olhos para reviver aquele
momento delicioso em que ele ligou o foda-se e se entregou em
meus lábios. Era apenas o começo, não iríamos parar nisso, ele
seria meu.
ROMERO

Ainda estava chocado, surpreso com a boa mira, frieza e


agilidade de Paola. A havia visto umas duas ou três vezes em
treinamento na sala de tiros e sabia que estava indo bem, mas em
ação como no cassino, foi a primeira vez. Não podia me enganar,
aquilo me deixou muito mais que irritado, fiquei boquiaberto,
orgulhoso e atraído quando a vi com a arma na mão. Foi como se
tivesse visto não a Paola garota, mas sim uma mulher poderosa e
perigosa. Apesar do risco que ela correu, teve mais algidez que
alguns soldados iniciantes, algo inimaginável.
Apesar de ter sido corajosa, aquilo me deixou puto de raiva,
pois ela se expôs demais e não tinha necessidade. Sem controle
nenhum de minhas ações, movido pela insanidade de um desejo
desmedido, a beijei daquele jeito desesperado e tórrido. Agi no
impulso, no calor do momento e quase fomos flagrados por Matteo,
apesar de tudo, não gostaria que ninguém pudesse usar daquilo
para me chantagear.

O nosso meio era feito de gladiadores, eles gostavam de ter


munição para usar quando necessário. Ainda bem que nos
afastamos assim que o ouvimos mexendo na maçaneta, na
verdade, não sabia como consegui, pois estava completamente
envolvido pela garota.

No carro, foi inevitável não a tocar depois que ela colocou


suas mãos atrevidas na minha perna e me deixou enraivecido por
sua ousadia e falta de noção do perigo. Pois eu estava fora de mim,
louco de desejo por mais dela, a vontade que senti foi de devorá-la
inteira e nunca mais deixá-la sair debaixo do meu corpo. Não podia
acreditar que estava louco por Paola Mancini.

Depois que ela subiu depressa para o seu quarto, na


mansão, sem ao menos me direcionar um olhar, fiquei sem saber
como me explicar para Pietro e Enzo. Algo assim, nunca havia me
acontecido antes, ainda bem que eles se direcionaram ao Leo
primeiro e começaram a interrogá-lo, deram uma dura no garoto por
ter deixado Paola sozinha.

Fechei os olhos, tentando me conter, a porra da minha mente


estava uma bagunça. Com a consciência pesada, porque Paola
esteve comigo antes e depois da bagunça, Leo sabia disso. Mas
antes de sair da mansão, ele piscou para mim, indicando que não
falaria nada. Apesar de saber que Leo fazia aquilo não por mim e
sim por ela, o motivo da desordem na minha vida naquele momento.

Quando ele sumiu porta afora, os irmãos se viraram para


mim, o único que havia sobrado.

— Por que não a trancou no banheiro, Romero? — Enzo foi o


primeiro a me questionar.

— Não esperava que ela fosse fazer algo assim, foi tudo tão
rápido. — Pietro deu de ombros.
— Enzo, não adianta, Paola age como quer, não temos
controle sobre as ações dela como pensamos. — Pietro me
surpreendeu.
— E tem uma coisa, vocês não me avisaram antes da
decisão de deixar Paola sair, só fiquei sabendo quando ela já estava
dentro daquele cassino e, às vezes, acontecem essas coisas.

— Pensamos que era melhor não te envolver nisso, você


está por dentro de tudo. — Passei a mão pelo cabelo, impaciente
com aquilo.

— Entendo, e vocês estão cansados de saber que não sou


capaz de fazer nada contra ela, quero apenas que Paola fique bem,
mas do que tem medo, afinal? — indaguei.

— Romero, ela é obcecada por você, sabemos do que nossa


irmã é capaz, apesar de ter notado que nas últimas vezes que
estiveram juntos, mal trocaram algumas palavras! — Enzo
comentou e fiquei incomodado, pois eles não faziam ideia do que
estava acontecendo e não queria ser desleal às únicas pessoas que
tinha na vida.

— Sei disso, mas não se preocupem. — Enzo se sentou e


percebi que iriam mudar o assunto, ainda assim não parei de pensar
no clube de swing.

— Quero saber como esse homem entrou armado no


cassino, as revistas não estão sendo feitas, caralho? — Pietro
perguntou em um rosnado.

— Estavam funcionando, mas esse homem passou, vamos


interrogar quem permitiu a entrada dele portando uma arma —
expliquei.

— Falei com Matteo, sejam mais incisivos com esse


segurança e a próxima vez que ele falhar, vai direto para o inferno
— Pietro ordenou.

— Pode deixar, eu mesmo vou cuidar disso — respondi e me


despedi, pois ainda precisava resolver tudo no cassino —, tenho
que ir agora.
— Perfeito, seja nossos olhos e ouvidos lá, não esqueça de
meter bala também se precisar! — Pietro mencionou e assenti.

Acenei e dei as costas a eles, mas repensando, voltei e


joguei a bomba no colo dos irmãos.
— Estava esquecendo de algo importante, Paola esteve uma
noite dessas no clube de swing, no dia das máscaras. Vocês sabiam
disso?

— O quê? — Enzo indagou surpreso.

— Como não nos contou antes? — Pietro perguntou, me


direcionando um olhar alarmado.

— Conversei com ela, mas como a irmã de vocês não me


deu ouvidos e agora resolveram dar mais liberdade, seria
conveniente repensar essa escolha — dei minha opinião.
— Com quem ela estava? — Enzo questionou.

— Claro que era com aquele rapaz que não saí mais do lado
dela, o Leonardo — tentei disfarçar o quanto aquilo me incomodava.

— Acha que ele não é de confiança? — Pietro perguntou.


— Ele é sim, mas sempre faz as vontades da Paola, eles
estavam juntos e mascarados naquele clube e não a reconheci no
dia, só no dia do lançamento da coleção de diamantes, por causa da
máscara e tatuagem.

— Paola não é boba, conseguiu nos enganar naquela noite


— Enzo citou ao passar a mão pelo seu cabelo —, e só mostrou a
tatuagem depois no dia do evento, ela pensou em tudo — concluiu,
suspirando, parecendo cansado.

— Vocês não estão lidando com uma adolescente e sim uma


mulher, astuta, fria e impulsiva, mas ela pode conseguir tudo que
deseja debaixo do nariz dos irmãos que só querem protegê-la —
afirmei e eles concordaram.

— Romero, você está certo, devemos agir de outra forma


com Paola, vamos pensar nisso melhor e foi bom ter nos contado
sobre o clube.

— Ok, vou indo, ainda tenho muito o que resolver. —


Assentiram, nos despedimos com um aceno de cabeça e saí da
mansão, atordoado com toda a situação.
Assim que entrei no carro, soltei o ar que estava prendendo,
Mário deu partida depois que o autorizei e seguimos de volta para o
cassino. Fiquei o caminho todo pensando em Paola, me lembrando
do nosso beijo e do quanto aquilo foi imprudente, no entanto, uma
delícia.

Ao chegarmos ao Cassino, eles haviam colocado todos para


fora, me encontrei com Matteo assim que saí do elevador.
— Bom que chegou, já dei um jeito no segurança filho da
puta que deixou aquele homem entrar em troca de drogas e
dinheiro.

— Então, mandou ele para o inferno? — questionei.

— Claro, sei que queria resolver isso, mas não consegui me


conter. — Dei de ombros e o fitei com seriedade.
— Entendo, agora o homem que Paola atirou, sobreviveu?

— Sim, ele já foi levado para a emergência, inventaram uma


história de assalto — explicou Matteo.
— Era alguém muito importante? — quis saber.

— Não muito, e depois de tudo isso, ele foi banido do


cassino, colocou tudo em risco, vamos para minha sala — ofereceu
e saímos do meio das mesas.

Fiquei nervoso e quando entramos na sua sala, ele me fitou


seriamente.

— O que estava fazendo com a Paola, na sala de reuniões?


— Fui cobrar explicações dela, porque na hora que ouvi os
tiros, a encontrei saindo do banheiro e pedi que ficasse ali e não
saísse enquanto eu não voltasse — contei a mesma coisa que ela
falou aos irmãos, sentindo mais peso ainda na consciência.

— Entendi, e ela acabou te desobedecendo, o que Pietro e


Enzo têm na cabeça de deixar essa garota andar assim, tão
livremente, agora?
— Matteo, não temos nada a ver com isso, eles que decidem
o melhor para a irmã.

— Verdade, mas fique longe, ela pode te meter em


encrencas, sei que é louca por você — comentou e bufei,
impaciente.

— Cale a porra dessa sua boca, se não quiser sair daqui sem
sua língua! — Bati na mesa à nossa frente, o deixando em alerta. —
Tome o seu lugar e cuide do que é da sua função, não vou aceitar
esse tipo de comentário vindo de você — direcionei um olhar severo
a ele —, entendeu bem?

— Entendido, vocês que mandam — o homem confirmou e


saí sem ter mais paciência para lidar com Matteo, será que a
convivência com o escroto do Rocco estava deixando-o do mesmo
jeito? Ninguém merecia ter dois desagradáveis entre nós e os
negócios.

Reforcei o nosso aviso com ameaças aos seguranças e


depois de falar com funcionários do bar, saí daquele lugar já era de
madrugada, a noite tinha sido longa.
Quando cheguei ao meu apartamento, tomei um banho e me
deitei, cansado, mas a minha mente não parava até relembrar o
beijo que dei em Paola, caí na tentação e aquilo estava me
deixando aflito. Pensei que passaria a atração descabida pela
garota, mas não, eu queria muito mais. Fechei os olhos e a imaginei
sem roupa nenhuma em minha cama, nunca mais a deixaria sair de
meus braços.
— O que estou pensando? — perguntei para mim mesmo,
pois era loucura que pudesse ficar com ela, começaria uma guerra
com seus irmãos. Eles eram meus patrões, amigos da vida toda,
confiavam em mim suas vidas diversas vezes. Tinha que esquecer
Paola e toda aquela atração.

Me virei para outro lado da cama e deixei que o sono viesse,


ele demorou, mas chegou, a mente inquieta foi vencida pelo
cansaço. Apesar disso, sonhei com a diaba loira em meus braços
novamente, porra, não teria paz, não mais.

Acordei na manhã seguinte de péssimo humor, não estava


com vontade sequer de sair e enfrentar tudo. A culpa por ter sido
desleal aos Mancini, manter aquele beijo e tudo que estava
realmente acontecendo entre mim e Paola em segredo, me afetou.
Me sentia um traidor e não era assim, nunca fui, dava sempre o
melhor no trabalho que fazia e como amigo deles, na verdade, me
sentia parte da família. Mesmo sabendo que eles não aceitariam um
relacionamento entre mim e a Paola.

Passei por Teresa sem dar bom dia, ela me conhecia e sabia
que era melhor não insistir quando estava de mau humor. A mulher
não tinha culpa, mas era impossível, preferia não falar com ninguém
quando me sentia daquele jeito.

Ainda bem que era domingo e poderia descansar, liguei a TV


e fiquei trocando os canais com a xícara na mão. Peguei meu
celular na mesinha de centro e enviei uma mensagem para Enzo e
Pietro, avisando que não iria almoçar com eles, pois tinha
compromisso. Quando falava assim, eles sabiam que tinha mulher
no meio, então não questionariam nada.
Como estava na época de Fórmula 1, fiquei tentando assistir
à corrida que se passava na Arábia Saudita. Lembrei-me dos anos
que não perdia as corridas que aconteciam na Itália, Mônaco e Las
Vegas. Eram minhas preferidas, mas o trabalho andava me
consumindo e parei de ir, pois sempre tinha algo para resolver na
data. Além disso, passava meu tempo livre olhando pela Sonia, o
que me fazia lembrar que precisava pesquisar sobre minha
verdadeira mãe. Fiz uma nota mental para não me esquecer de
assuntar com Teresa e outras pessoas que trabalharam na minha
casa e ainda estivessem vivas para me contar alguma coisa,
qualquer detalhe poderia ajudar.
Apesar de achar que Sonia não deveria ter mentido naquela
carta, não confiava cem por cento nisso. Teria que eu mesmo tirar
todas as minhas dúvidas e confirmar as informações. Passei o dia
no meu apartamento, preparei uma bebida e voltei a pensar em
Paola, toda sua impetuosidade era excitante, além da forma que ela
escolheu de chamar minha atenção. Astuta e determinada, a garota
conseguiu o que sempre quis: um beijo meu. E foi eu que não resisti
e caí na tentação, perdendo o controle das minhas próprias ações.
Logo eu, que sempre fui um homem no poder da minha vida,
honrado, seguro de tudo que decidia fazer.

Meu pai me ensinou a pensar rápido e de forma inteligente e


ele deveria estar se revirando no túmulo; onde estivesse, estaria
decepcionado comigo. Pois perdi o controle com a única mulher que
não poderia sequer falar, muito menos tocar. No entanto, não
deixaria que ela pensasse que conseguiria me conquistar de vez.
Me afastaria de Paola e manteria a distância máxima daquela
garota.
Deitei-me no sofá, depois de almoçar, e recebi uma ligação
de Damon, me chamando para uma ida ao clube de swing. Poderia
ser uma boa apenas observar as pessoas dando e recebendo
prazer uma à outra. Com aquilo em mente, me arrumei e saí para
encontrar com meu amigo no meu lugar favorito para passar tempo
e me divertir. Talvez assim, conseguiria tirar a Paola da minha
cabeça um pouco, ficar em casa estava fazendo com que os
pensamentos me consumissem.
O problema foi que ao chegar àquele lugar, lembrei-me dela e
comecei a vê-la em todos os lugares. Cada mulher loira que
passava, me virava para olhar e pensei que estava mesmo maluco.

— Caralho, Romero. Você está estranho, o que aconteceu?


— Damon me conhecia bem demais.

— Ela aconteceu. — Arranhei a garganta enquanto ele me


fitava com os olhos alarmados.

— Vocês ficaram juntos? — questionou.

— Eu a beijei, depois daquele episódio ontem, no cassino,


não resisti, porra! — Ele ficou atônito, pegou seu copo e tomou sua
bebida de uma vez.

— E agora, o que vai fazer? — perguntou e, apesar de ter


planejado me manter longe, não tinha certeza se conseguiria.

— Vou ficar distante dela. — Ele não me julgou, aquele era o


Damon que eu conhecia.

— Romero, se bem te conheço, você está sendo consumido


pela culpa, sempre foi leal aos irmãos dela.
— É isso está me matando, fico pensando como seria se
contasse e os enfrentasse, mas foi apenas um beijo, pode ser uma
atração passageira — ponderei e ele concordou, acenando a
cabeça, mas arqueou as sobrancelhas, me fitando.

— Tem certeza disso? — Eu não tinha, porra.

— Não tenho, mas preciso saber! — Passei a mão pela testa,


inconformado com minha situação, nunca tinha me imaginado
passando por aquilo.

— Relaxa e deixa pra pensar nisso depois, dê um tempo para


que as coisas se acalmem até mesmo entre vocês dois.

— Vou tentar, mas não tenho conseguido esquecer! Caralho!


— O barman encheu de novo nossos copos e fumei mais um cigarro
enquanto observava duas mulheres se beijando no minipalco.

Era para me excitar, mas não estava e sim o contrário, me


deixou irritado. Me despedi de Damon, saí para dirigir, pois o que
me restou foi apenas pensar na grande e deliciosa burrada que fui
me meter, Paola Mancini, minha perdição e ruína.
PAOLA

— Paola, você atirou mesmo na cabeça do homem? —


Caterina perguntou na mesa do café da manhã, no dia seguinte.

— Sim, eu estava armada, meus irmãos concordaram em me


deixar ir, mas com todas as precauções. Ainda assim, queriam que
eu ficasse quieta depois de ouvir tiros.

— Seus irmãos nos veem como indefesas e olha que temos


treinamento — Perla comentou.
— Acho que pode ser por causa do seu quase sequestro e o
ataque que sofremos, eu e você, Paola — Caterina cogitou e
concordei, pegando mais um pouco da salada de frutas que Elena
preparou para a grávida da casa.

— Se bem que, eles exageram demais, sei que precisam


zelar pela nossa segurança, mas cansa — argumentei enquanto
finalizava meu iogurte.

— Mas como Romero reagiu? — Perla foi certeira ao fazer


sua pergunta, ela e Caterina me apoiavam, diziam que formaríamos
um casal maravilhoso e que não tinha outra opção melhor para mim.
Apenas meus irmãos não enxergavam isso e insistiam em me
manter afastada dele.
— Ele ficou louco, me arrastou até a sala de reuniões, o
homem perdeu a cabeça. — Perla me fitou curiosa.

— O que rolou? — Elas mereciam saber, pois estavam do


meu lado mesmo, iriam me apoiar.

— Depois de me dar uma bronca, ele me beijou —


confidenciei, abrindo um largo sorriso, elas vibraram e me senti tão
bem podendo confiar em alguém.

— Meu Deus, vocês colocaram fogo naquele cassino! —


Caterina exclamou.

— Caralho, Paola! Ele te beijou, garota! — Perla reconheceu.


— Você fez tudo certo, nunca ouse rastejar, você é uma Mancini,
uma mulher poderosa que merece que caiam aos seus pés, e por
mais que seja Romero, ele precisa primeiro te reconhecer como
mulher. — Fiquei emocionada com o conselho de Perla, ela era a
mais velha de nós três, poucos anos de diferença apenas, no
entanto, era a mais madura e conseguia compreender o motivo de
Pietro a idolatrar tanto.
— O apoio de vocês é muito importante, não sabem o
quanto, nunca fui de ter amizades com mulheres, sei lidar melhor
com os homens porque fui criada por eles, apesar de ter Elena aqui
em casa.

— Vamos estar sempre aqui para te apoiar, não importa o


que seus irmãos digam, estamos do seu lado, e não se preocupe,
vamos acabar convencendo aqueles dois cabeças-duras! —
Caterina anunciou e acenei sorrindo, era minha forma de agradecer.

— Então vocês se beijaram, e…? — Perla indagou.


— Ouvimos alguém mexer na maçaneta e nos afastamos
quando Matteo entrou na sala. — Elas ficaram revoltadas.

— Como ele é empata beijo! — Caterina afirmou.

— Muito, nem me lembre que morro de raiva dele por causa


disso, ainda ficou comentando que não precisava de ter feito aquilo,
que estavam no controle, acho que Matteo está andando muito com
Rocco — contei.

— Ah, não suporto aquele homem! — Perla mencionou com


desgosto.

Terminamos de tomar o café da manhã e fomos para a área


externa. Amanheceu um lindo dia em Chicago, pois estávamos no
verão. Os dias cinzas ficaram para trás, e não queria fazer essa
analogia, mas me sentia assim, deixei no passado todos meus
problemas. Depois que comecei a fazer psicoterapia, tudo mudou,
havia dias e dias também, visto que a minha personalidade era
instável. No entanto, conseguia compreender melhor o que
acontecia comigo, mas a forma intensa de sentir, continuava ali,
pelo menos eu estava no controle.

Perla, Caterina e eu ficamos tomando sol com Romeo, que


chegou com Ana assim que nos sentamos em uma das cadeiras.
Conversamos até minha médica ginecologista chegar, ela queria
saber como estava e me explicar como seria a cirurgia, pré e pós-
operatório.

— Paola, sua médica já está te esperando, mandei ela para o


escritório — Elena me avisou.
— Ótimo, vou indo então, meninas, depois conversamos mais
— falei e saí para o escritório.
Entrei e ela estava sentada em uma das poltronas, me
aguardando, olhando os exames, fechei a porta e me sentei à sua
frente depois de cumprimentá-la.

— Olá, Paola! Como vai? — perguntou.


— Estou bem, apesar das cólicas menstruais estarem piores
a cada mês e o fluxo mais intenso — contei o que estava me
incomodando mais.

— Não se preocupe, hoje vou te explicar como será sua


cirurgia, alinhei tudo com seus irmãos e o Romero.
— Até que enfim, vou poder fazer — respondi, me sentindo
aliviada.

— Sim, por isso quero te explicar, pelos seus exames, temos


fragmentos de endométrio nos seus ovários e tuba uterina e como
não queremos que ele alcance seu intestino, é importante não adiar
mais.

— Depois da cirurgia, vou poder engravidar, não é? —


perguntei aflita, pois queria me casar e dar filhos ao meu marido.

— É importante que entenda, Paola, você pode engravidar,


será mais difícil, mas vou acompanhar e te orientar da melhor forma,
não se preocupe com isso agora.
— Nossa, fiquei com receio de não conseguir mais.

— Vai conseguir, pois ainda é nova. Quando ficar mais velha,


se tornará mais difícil.
— Ótimo, mas pode falar como será a cirurgia. — Cruzei as
pernas e me inclinei para frente.

— Então vamos lá, o procedimento é feito através de uma


videolaparoscopia, é minimamente invasiva. Uma câmera será
inserida por seu umbigo por meio de um corte bem pequeno, de um
centímetro, para que eu tenha a visão de toda sua região pélvica e
assim poder cauterizar os fragmentos. A anestesia será geral e a
cirurgia pode levar até duas horas.

— E tenho que me preparar antes também? — perguntei.

— Sim, tem o pré-operatório, vamos precisar que fique em


jejum de pelo menos oito horas.

— Tudo bem — concordei — e, a cirurgia cura?


— Não, vamos controlar a doença, essa cirurgia vai ajudar
nisso, além de melhorar sua qualidade de vida, é bom mantermos
um acompanhamento de seis em seis meses, Paola.

— Então isso não acaba com a cirurgia? — Fiquei


desanimada em pensar que ficaria a minha vida inteira cuidando
dessa doença.

— Não, temos que estar sempre atentas para manter o


controle, mas não se preocupe, você ainda é nova e já estamos
cuidando, isso é o mais importante.

— Ok, vamos seguir em frente. — Ela assentiu, se levantou


depois de me fazer mais algumas perguntas e tirar minhas outras
dúvidas.
Pietro e Enzo chegaram no momento em que estávamos
saindo do escritório, eles cumprimentaram a doutora e conversaram
rapidamente sobre os detalhes da cirurgia.

Meus irmãos conseguiram uma equipe com menos pessoas


para minha cirurgia, no subsolo tínhamos estrutura para isso. Além
disso, evitava correr riscos em hospitais, por isso tínhamos os
médicos que eram pagos pelo silêncio e excelente atendimento.
Depois que a doutora saiu, Enzo me chamou para entrar de novo no
escritório com ele e Pietro. Estava processando ainda as
informações da cirurgia que a médica me falou, preocupada de não
poder dar filhos a Romero.

— Paola, pode me explicar que raios foi fazer no clube de


swing? — Mal me sentei e Pietro esbravejou, me surpreendendo,
não esperava que Romero fosse contar a eles, não depois do nosso
beijo.
— Mas que porra! — soltei com raiva e sem paciência, fechei
os olhos e bufei, tentando manter a calma, mas ela estava por um
fio.

— Porra digo eu, Paola! — Enzo rosnou.

— Quer saber? — explodi, me levantando rápido sentindo a


ira me dominar, mas Pietro não me deixou continuar.

— A única coisa que desejo saber, é o motivo de você se


colocar em risco indo a um lugar daquele. — A voz de Pietro saiu
feito trovão, o fitei e percebi o quanto estava se segurando para não
explodir assim como eu.
— Fui me divertir, conhecer o lugar, por que, não posso?
Vocês sempre frequentavam lugares assim e eu não fiquei lá mais
de vinte minutos.
— Paola, é diferente, não venha comparar! — Enzo
respondeu, enquanto me fitava com seu olhar mais sério. — Como
podemos confiar em você desse jeito?

— Mas isso foi antes de vocês liberarem minhas saídas, se


tivessem feito antes, não precisava sair às escondidas.

— Não quero saber, se continuar fazendo escondido, vou te


trancar em seu quarto e não vai sair nem para comer — Pietro
ameaçou.

— Não vou mais fazer isso, é só confiar mais em mim e me


deixar ser quem sou, tudo que quero é ser leal ao nosso sangue.

— Você é, não precisa se colocar em riscos — Pietro reforçou


e pelo olhar enfurecido que me direcionou, não me deixava outra
escolha.

— Tudo bem, vocês que mandam, posso ir agora? —


indaguei, cheia de ter que ficar me explicando.
— Está louca para se ver livre de seus irmãos, não é mesmo?
— Acenei concordando, mas Pietro se aproximou e fixou seus olhos
azuis nos meus, sérios e preocupados.

— Só queremos te proteger e contamos com sua prudência.


— Dei um longo suspiro, eu os amava muito, por isso concordei, dei
um abraço neles e saí do escritório.
Fui para o meu quarto, me sentindo confusa com tantas
coisas acontecendo, precisava ficar sozinha. Tudo que desejava era
esquecer o mundo ao meu redor e poder morar nos lábios do
homem que amava. Ser inteiramente dele, sem precisar esconder
de ninguém, mas havia tantos problemas que tinha medo dele não
querer se arriscar para ficar comigo. Mais uma vez, fechei a porta e
tranquei, minhas mãos começaram a pinicar, andei de um lado para
o outro até ficar em frente ao espelho e encarei a minha imagem
refletida nele.

Meus olhos arderam e as lágrimas caíram, sem conseguir


controlar, encarando a garota complicada. Estava chateada por
saber que havia a possibilidade de não poder ter filhos, aquilo me
deixou aflita. Será que meus irmãos sabiam disso? Claro que sim,
Pietro e Enzo tiveram várias conversas com a médica, assim como
a minha psiquiatra. Bufei e resolvi controlar minha respiração para
não ter uma crise, minha mente estava uma bagunça com tudo
aquilo.

Caí de costas na cama e fechei os olhos, me lembrando do


momento que Romero me tomou em seus braços e, sem poder
resistir, beijou minha boca. Me transportei para aquele momento
para esquecer a vontade insana que senti de me cortar, fazia meses
desde a última vez e estava no controle, não podia fazer aquilo
comigo mesma de novo. Respirei fundo, me lembrando das mãos
de Romero tateando pelo meu corpo em completo desespero. Ele
desejou aquele beijo tanto quanto eu, foi inesquecível, e se Matteo
não tivesse interrompido, poderíamos ter passado dos limites o que
não me importava. Parando para pensar, foi até bom, pois ele devia
estar querendo mais, não tinha certeza, mas não podia perder a
esperança.

Naquela noite, depois do jantar, fiquei tentada a enviar uma


mensagem para Romero, mas me contive e apenas me contentei
em deitar a cabeça no travesseiro e dormir. Se nem depois de saber
sobre a cirurgia e que teria que cuidar daquela doença pelo resto da
minha vida, conseguiu ofuscar a minha alegria pelo beijo que ganhei
do homem que sempre desejei, nada mais poderia me abalar. E foi
com aquele pensamento que adormeci, deixando meu corpo
descansar um pouco.

Os dias passaram rápido demais, o da cirurgia se aproximou,


faltava apenas um dia. Estava me preparando com auxílio de Perla,
Caterina, Ana e Elena, elas estavam sempre ao meu lado. Nunca
pensei que poderia ficar tão amiga das minhas cunhadas que
sempre me surpreendiam positivamente. Fiquei em jejum como a
médica instruiu e, naquele dia, esperei que Romero aparecesse e
ele não me decepcionou.

Antes de colocar a camisola, ouvi alguém batendo na minha


porta suavemente. Estranhei e a abri, me surpreendo com a figura
imponente, alta e forte de Romero, ele entrou sem pedir licença,
deixando no ar seu perfume cítrico e amadeirado delicioso
misturado ao de tabaco.

— Romero… — falei ao fechar a porta, mas ele me impediu


de continuar falando, virando-me de frente para ele, colou meu
corpo nela, pousou as suas mãos uma de cada lado para impedir
que saísse de seu alcance, como se eu fosse capaz de querer fugir
dele.
— Não fala nada, eu tentei me manter afastado depois
daquele beijo, mas não consegui ficar indiferente, espero que corra
tudo bem com sua cirurgia. — Fixei meus olhos nos seus quando o
silêncio recaiu entre nós dois, a tensão aumentou quando senti seu
olhar encarando meus lábios, mordi o inferior e ele acompanhou o
movimento e, sem poder resistir, se aproximou, senti sua respiração
saboreando seus lábios carnudos naquele quase beijo, acelerando
meu coração, parecia que borboletas batiam as asas em meu
estômago, era demais. Minha pele se arrepiou e ele tomou minha
boca com desejo, saboreamos o beijo que começou intenso e
incendiou meu corpo inteiro, fazendo-me esquecer até mesmo onde
estávamos enquanto suas mãos tatearam meu corpo em desespero.
— Porra, você me deixa louco! — falou, gemi quando senti
suas mãos descendo pela lateral do meu corpo, apertando minha
bunda com força sem poder resistir.

— Ah, Romero… — soltei e ele passou o queixo no meu


pescoço, a barba por fazer causou um arrepio gostoso em minha
pele, ele subiu beijando até alcançar o lóbulo da minha orelha,
mordeu e lambeu em seguida, fazendo-me suspirar e sentir minha
calcinha molhar, querendo mais.

— Caralho! — rosnou, quando bateram na porta, nos fazendo


pular, ele foi para longe, passando a mão pelo seu cabelo bem
penteado. — É o Leo, preciso ir, vou estar aqui quando sair da
cirurgia, fique bem! — Selou nossos lábios e saiu do quarto, estava
tentando me recuperar do calor e torpor que me tomou, depois
daquele beijo e sua atitude inesperada.
Outra pessoa entrou no quarto, e quando me virei para ver
quem era, meu coração acelerou pensando que seria um dos meus
irmãos. Mas era Perla que estava com um sorriso enorme no rosto.

— E aí? — questionou.

— Sou eu que te pergunto, você sabia disso e não me


contou? — Ela sorriu de forma travessa.

— Ele ligou pedindo ajuda pra te ver antes da cirurgia e só


deu agora, ainda bem que Leo estava aqui e ficou vigiando a porta.

— Onde eles estão?

— No escritório, mas Pietro saiu de repente, nos assustando,


por isso tivemos que interromper vocês.

— Ele me beijou e falou que a cirurgia vai dar certo e que


estará aqui, me esperando.

— Ah, eu vi nos olhos dele que não vai aguentar ficar


afastado de você — ela me abraçou —, esse homem já é seu, não
se preocupe que vamos ajudar vocês. Agora, se prepare, pois Enzo
vem te buscar, quer te levar no colo para o subsolo. Sorri, pois
apenas ele seria capaz de fazer algo daquele jeito.

Entrei na sala de cirurgia carregada por Enzo, meu irmão quis


me levar com aquela camisola horrível que tive de vestir. Me deixou
lá e beijou minha testa, Pietro fez o mesmo.
— Fique tranquila, bambina mia! Está tudo sob controle e
você vai ficar bem! — Enzo me tranquilizou ao acariciar meu rosto.

— Estaremos aqui, te esperando — Pietro completou do outro


lado da maca, enquanto Perla e Caterina se aproximavam também.
Apenas assenti e logo eles saíram.

— Podemos aplicar a anestesia? — a doutora me perguntou.

— Sim, vamos logo com isso! — afirmei e ela deu sinal para a
anestesista e, aos poucos, tudo foi se apagando até que caí no sono
profundo.
ROMERO

Cometi uma das maiores loucuras, não consegui resistir ao


desejo de ver Paola e procurei a ajuda de Leo, que me falou para
entrar em contato com Perla. Precisava vê-la antes de fazer a
cirurgia, não consegui tirar a garota da minha cabeça e cada vez
que lembrava da sua boca, pele e perfume, ficava fora de mim. Me
mantive afastado por dias da mansão, tentei ficar ocupado, mas não
adiantou. Conversei até com a médica de Paola, perguntei sobre a
cirurgia e doença, me inteirei completamente do assunto.

Entrei no escritório, onde estava apenas Enzo fumando seu


cigarro e tomando um pouco de uísque, nos entreolhamos assim
que notou minha presença.

— Não poderia deixar de vir, ela está em cirurgia e pode


precisar de mim.
— Tudo bem, Romero. Foi bom ter vindo, aquele amigo da
Paola está aí também, o Leo.

— Claro — falei e arranhei a garganta, a presença constante


daquele garoto ao redor de Paola me incomodava, apesar de ver
que não tinha outras intenções com ela.
— Quer um pouco de uísque? — ofereceu e assenti, encheu
o copo, me entregou e nos sentamos um de frente para o outro. —
Você conseguiu descobrir alguma coisa a mais sobre a sua mãe
biológica?

— Ainda não, mas vou procurar pela verdade, sei que Sonia
poderia sim ter mentido naquela carta — afirmei.

— Faz bem, não tem como confiar cem por cento no que sua
madrasta falava — Enzo considerou e Pietro entrou no escritório.

— Romero, você veio! — comentou e fiquei de pé, deixando


meu copo na mesinha, trocamos aperto de mãos.

— Mário teve que resolver algumas pendências do outro lado


da cidade com Lucca e vim, para o caso de precisarem de mim.

— Está tudo sob controle com aquelas gangues? —


perguntou, pegando também um copo de bebida.

— Sim, depois da morte daqueles encrenqueiros, melhorou


muito.

— Ainda bem, pensei que teríamos de matar todos eles e


começar do zero — Enzo comentou com um sorriso debochado e
olhar frio.

Conversamos um pouco sobre a próxima remessa de


diamantes que chegaria a Chicago, Kaleo havia passado tudo
através de uma ligação que fizemos. Falamos do alto rendimento da
nova coleção nas lojas e, por fim, dos laboratórios que precisavam
de uma nova visita. Os negócios estavam indo bem, apesar dos
acontecimentos e ameaças constantes, conseguimos sobreviver.
Depois, nosso foco era encontrar Giovanni e esperar para ver o que
a família de Lorenzo, na verdade, sua filha iria fazer.

Enquanto montamos o esquema para a busca de Giovanni,


duas horas se passaram e tivemos a notícia de que a operação foi
um sucesso. Paola havia saído da sala de cirurgia e estava bem,
ainda sob o efeito da anestesia. Queria muito vê-la, mas sabia que
não poderia, então me despedi e deixei Pietro e Enzo sabendo que
qualquer coisa era só me ligar.

Cheguei ao meu apartamento, como havia anoitecido, resolvi


sair para tentar tirar Paola da minha cabeça um pouco. Liguei para
Damon e o encontrei no clube de swing, como não era dia de
máscaras, fui para a área mista. Resolvi explorar um pouco outros
ambientes e adentrei o darkroom, um espaço totalmente sem luz.
Senti mãos diferentes tateando meu corpo, até que uma ficou um
tempo maior. Adentrando pela minha camisa, senti a ponta das
unhas afiadas nas minhas costas e arrepiei, sentindo um frisson
pelo meu corpo. Relaxei e fiquei excitado, mas ao reconhecer o
perfume, dei um pulo para trás e saí do quarto escuro.

Assim que encontrei a claridade, abri os olhos, encarando ao


meu redor como um maluco. Era o perfume dela, minha nossa, que
perseguição era essa que estava me deixando lunático?

Não poderia ser daquele jeito.

Não! Me apoiei com o braço na parede, fechei os olhos e os


apertei sem poder acreditar no que estava acontecendo comigo.
Sempre fui um homem no controle das minhas ações e sentimentos
que eram poucos. Inerte em meu drama pessoal, não percebi
alguém se aproximar, pois estava de costas para o corredor, por
isso me assustei quando senti uma mão em meu ombro.
— Romero! — A voz suave de Loren me surpreendeu.

— Loren… — Me virei e ela se aproximou, me abraçando,


estranhei aquilo, pois antes não éramos disso, mas podia entender,
fazia meses que não nos víamos.
— Damon me disse que você estava explorando o lugar,
então vim à sua procura. — Ela estava linda, mas sua presença não
me arrebatou.

— Sim, mas me senti mal, acho que vou embora, preciso


dormir um pouco, foi um dia e tanto.
— Nossa, e não vai aproveitar a minha rápida visita para
matar a saudade? — Seu olhar interessado perpassou por meu
corpo e nem aquilo me animou.

— Loren, é bom te ver, mas hoje não estou no clima, você


fica até que dia em Chicago?

— Vim a negócios, ficarei apenas cinco dias.

— Vai negociar por eles também, além de lavar todo o


dinheiro sujo? — indaguei, levantando a sobrancelha.
— Apenas desta vez, já que conheço muito bem a Outfit.
Aliás, a notícia do sucesso dos diamantes se espalhou por todo o
submundo e há muitos interessados.

— Claro, amanhã vamos falar de negócios, você sabe onde


nos procurar, será muito bem-vinda.
— Ótimo, não posso voltar com uma resposta negativa, eles
são incisivos quando desejam algo, você entende. — Concordei.

— Loren, preciso ir, amanhã falamos mais de negócios —


frisei a palavra e ela deu de ombros —, aproveite sua noite —
desejei e saí apressado sem dar chance dela me interceptar. Não
era um bom dia para tentar esquecer a mulher que estava na minha
mente com outra do passado.

O olhar de Loren foi de decepção, mas pouco me importava,


não iria ceder e ficar, pois não queria. E não fazia nada sem sentir
desejo, principalmente fantasias, era preciso se entregar e não
estava pronto para aquilo. Percebi que foi um erro ter ido, pelo
menos aquele clube que sempre gostei de frequentar e aproveitar
de tudo que tinha direito.

— Damon, estou indo — me aproximei do balcão e falei com


ele que me fitou sem entender nada.

— Mas, Romero, você viu a… — Acenei e saí apressado,


não estava a fim de render assunto com ele, pois sabia de tudo que
vinha acontecendo entre mim e Paola.
Deixei o clube a passos largos, no estacionamento entrei no
carro e saí em alta velocidade, passei uma mão no cabelo enquanto
mantinha a outra no volante. Estava vivendo um dilema, minha
mente estava confusa apenas com os beijos que dei em Paola.

O que mais me incomodava não era isso, e sim o fato de


estar escondendo isso de seus irmãos. Eles confiavam em mim para
tudo e estava traindo-os ao não contar sobre o que estava
acontecendo entre a irmã deles e eu. Sonia devia estar rindo da
minha dubiedade, sempre neguei a sua ideia de me relacionar com
Paola e, agora, estava completamente mexido pela garota.

Ao chegar ao meu apartamento, comi o sanduíche que


Teresa deixou preparado e fui tomar banho, para organizar melhor
meus pensamentos. Bebi um pouco depois e antes de deitar, enviei
uma mensagem do meu outro celular para Paola; liguei para Enzo
que me contou que Paola acordou e estava tudo bem, no final do
próximo dia já estaria em seu quarto. Fiquei aliviado em saber que
ela não corria mais riscos dali em diante, a garota era forte e passou
por muito para sua idade e superou. Ela vinha se tratando e
cuidando de seu emocional e psicológico e tinha certeza de que só
melhoraria a cada dia.

Deitei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos, a imagem


que vinha eram de seus olhos me encarando, queimando de desejo,
sua boca tentadora e pele macia, o perfume deliciosamente doce
que me marcou. A forma que gemia em minha boca no meio do
beijo, querendo mais, me deixava louco, assim como eu também
desejava. Adormeci pensando em Paola, sonhei que a tinha em
meus braços, entregue e feliz, o sorriso mais lindo adornando seu
rosto e iluminando tudo ao nosso redor.
Acordei com o despertador, tomei banho e me vesti, quando
cheguei à cozinha, Teresa estava preparando meu café. Me sentei
na banqueta e a fitei, havia chegado o momento de fazer algumas
perguntas para ela.

— Teresa, você conhecia a minha mãe biológica? — fui direto


ao assunto, não gostava de rodeios, ela parou o que estava fazendo
e desligou o fogão na bancada.
— Sim, a conheci, pois ajudei Sonia a manter tudo em
segredo — respondeu de forma amarga.

— Ela te ameaçou, não é? — Teresa inclinou a cabeça para


baixo, como se fosse difícil falar daquilo.

— Sonia chantageava a todos, por isso fazíamos tudo o que


ela queria, não havia outro jeito — lastimou.
— Não se preocupe, você sabe que nunca espero que falem
bem dela, foi uma mulher fria, arrogante e que fez um favor a todos
nós ao morrer. — Podia ser extremista demais aquilo, mas para mim
foi muito melhor.

— Romero, ela livrou você de uma vida miserável — Teresa


comentou, ela era melhor que eu, afinal.

— Sei disso, mas me privou de conhecer a minha verdadeira


mãe, se ao menos ela tivesse me amado, mas não, fui apenas o
meio para um fim.

— Compreendo, mas não sei mais nada, apenas que ela


resolveu mandar matar a moça e limpar todos os vestígios, pois se
Enrico soubesse de algo, ele cobraria explicações.
— Ele nunca desconfiou de nada? — perguntei, pois meu pai
era tão esperto, ele percebia mentiras de longe, pelo visto, a que
estava debaixo do seu teto, não.

— Apenas uma vez que ela quase falou demais e colocou


tudo a perder, e eu temi pela minha vida, pois seu pai acabou me
ameaçando também.
— Entendo, ela se livrou então — Teresa concordou —, não
tem mesmo chances da minha mãe biológica estar viva?

— Não, ela mandou matar sua mãe e foi conferir o serviço,


tive que acobertá-la quando saiu de casa. — Mantive meu olhar
preso em Teresa, se estivesse mentindo, eu saberia, mas notei em
como ela manteve seus olhos fixos nos meus, sem desviar.

— Tudo bem, Teresa, vamos deixar isso no passado,


precisava confirmar toda aquela história. — Resolvi dar um tempo,
ela terminou de arrumar meu café descafeinado e os ovos mexidos.
Comi uma fruta depois e após escovar os dentes e passar perfume,
saí do apartamento.

Ao chegar ao galpão, Loren estava me esperando na minha


sala, ela acordou cedo demais para quem ficou no clube de swing.

— Bom dia, Loren, madrugou para fechar negócios! —


comentei e ela estendeu seus lábios cobertos de um batom
vermelho-vivo para o lado em um meio-sorriso.

— Olá, tenho muito o que fazer e não posso perder tempo —


afirmou e me sentei na cadeira, ficando de frente para ela.

— Entendo, mas Pietro e Enzo não vão vir hoje aqui, pode
me passar a proposta que tiver.

— Aconteceu algo? — perguntou, curiosa.

— Nada de grave, são questões familiares — expliquei, sem


dar mais detalhes.

— Bom, então se posso conversar com você diretamente,


ótimo. — Concordei e ela seguiu: — Meus novos patrões querem
negociar uma remessa de diamantes com os Mancini, querem saber
de valores e a forma de entrega em Las Vegas.

— A Camorra quer entrar no mercado dos diamantes, então


— considerei, mais para mim mesmo do que para ela. — O que eles
pretendem de verdade com isso? — indaguei, pois era uma
organização que tinha seus negócios alinhados há várias gerações
apenas em importação irregular de carnes, contrabando de cigarro,
tráfico de drogas, agiotagem, extorsão e produção de cimentos,
além dos jogos clandestinos.

— Eles querem inovar e expandir os negócios e viram como


os diamantes da Outfit conquistaram seu lugar, aumentando a
fortuna da organização e desta forma posso lavar o dinheiro com as
lojas que eles vão abrir onde atuam.

— Precisamos alinhar primeiro onde vão abrir essas lojas,


pois não queremos disputa de território entre as organizações.

— Trouxe aqui uma planilha onde pretendem abrir as lojas.


— Eles vão contrabandear diamantes também? —
questionei, pois Pietro gostava de saber daqueles detalhes antes de
fechar o fornecimento para outras organizações.

— Não, apenas investir em joias para que fique mais fácil de


lavar o dinheiro. — Concordei e não fechei o negócio, pois precisava
passar tudo para Pietro e Enzo.

— Vou levar a proposta de vocês para os Mancini e assim


que tivermos uma resposta, te aviso — esclareci.

— Excelente, vou ficar aqui por cinco dias.


— É o tempo necessário para fecharmos, tudo bem?

— Para mim, está sim, vou ver algumas pessoas, não quer
almoçar comigo? — ela me convidou e resolvi aceitar, não podia
fugir dela, além disso, tudo estava acertado entre nós e não havia
brechas para algo mais. Não dava esperanças para mulher
nenhuma, nem mesmo para Loren, ela tinha consciência disso.

Loren se despediu e saiu para resolver algumas coisas


pessoais, enquanto isso, fiquei resolvendo os problemas que havia
com a distribuição das drogas. Depois de reorganizar tudo, segui
para os laboratórios e antes de terminar as visitas, recebi uma
ligação de Christian Davis, ele me contou que Lorenzo faleceu e
Alessa estava sozinha e perguntando como faria para entrar em
contato com a família Mancini.

Liguei para Enzo, Pietro e nada deles me atenderem, o que


me fez encerrar os trabalhos no galpão e seguir direto para a
mansão, cancelei o almoço com Loren e disse que poderíamos nos
encontrar à noite. Quando cheguei à mansão, todos estavam
reunidos na área externa, menos Paola, até mesmo Dexter, o
buldogue de Enzo.

— Romero, pensei que estava com Loren! — o subchefe


falou de bom humor.

— Não, vocês não atenderam ao celular, precisei vir, pois


temos que conversar. — Nos entreolhamos e ele soube que era
sério.

— Vamos para o escritório, então! — Pietro se levantou


rápido e acenei um cumprimento para Perla que tinha Romeo nos
seus braços e Caterina com a mão em sua pequena barriga.

Entramos no escritório e Pietro direto como sempre,


perguntando o que havia acontecido.

— Qual o problema, Romero? — indagou com os lábios


comprimidos.
— Christian Davis me ligou contando que Lorenzo faleceu e
Alessa, filha dele, prima de vocês, está questionando sobre a
família.

— O quê? Ela quer nos conhecer? — Enzo indagou, confuso.


— Eles não queriam distância dos negócios e de todos nós?

— Sim, fizeram um acordo, temos a cópia assinada, eles


abdicaram tudo, exigência de Lorenzo, segundo meu pai me contou
— Pietro afirmou e eles ficaram em silêncio andando em círculos
pelo escritório, sabia que estavam processando aquela notícia que
podia mudar tudo, ou não.
PAOLA

Acordei me sentindo dolorida abaixo do umbigo e com os


músculos mais moles. Dei-me conta de que estava no quarto ainda
no subsolo e uma enfermeira estava sentada ao meu lado, me
monitorando. Já a conhecia, ela fazia parte da equipe que sempre
atendia minha família, apertei os olhos me sentindo um pouco
sonolenta e não consegui me mover.

— Paola, tente não se mexer, você saiu da cirurgia há


algumas horas, pensei até que dormiria mais — a mulher do qual
não me lembrava o nome comentou.

— Cadê os meus irmãos? E o Romero? — perguntei curiosa


enquanto sentia minha garganta muito seca.

— Paola, minha querida. — Perla entrou no quarto e se


aproximou. — Fique tranquila, seus irmãos estão no escritório e
estavam aqui agora há pouco.

— Eles não foram trabalhar? — indaguei.

— Não, vão ficar em casa, queriam estar aqui quando


acordasse.
— Nossa, só aqueles dois mesmo. — Sorri de leve e Perla
percebeu em meu olhar a outra pessoa que queria saber também.

— Romero está trabalhando, sabe que quando Pietro e Enzo


não estão, ele que comanda, os negócios não param.

— Entendo, mas ele ficou aqui depois que entrei na cirurgia?


— Sim, ficou as duas horas e só foi embora depois de saber
que estava tudo bem — me fitou com um sorriso ladino —, mas
agora precisa se recuperar, ter um bom pós-operatório para tudo o
que está por vir. — Me senti ansiosa, um frio no estômago só de
pensar em Romero e no quanto ele mudou comigo e como as
coisas estavam acontecendo.

A médica entrou no quarto, deu instruções do repouso que


teria que fazer nos próximos dias e me examinou, falei como estava
me sentindo dolorida e ela explicou que era normal, mas que
conseguiu queimar os fragmentos e que a cirurgia havia sido um
sucesso. Logo após, entraram Enzo e Pietro, meus irmãos ficaram
me mimando, esperei ver o rosto do homem que amava também,
mas sabia que ele estava trabalhando.

Adormeci e sonhei que meus irmãos me flagraram beijando


Romero e acordei assustada, olhando para os lados. Percebi que
não estava mais no quarto do subsolo e sim no que havia próximo
ao escritório, quando eles me levaram? Tentei me levantar, mas não
consegui, peguei meu celular na mesinha ao lado e ao deslizar o
dedo na tela, notei que já passava de uma da tarde. Havia muitas
mensagens não lidas, mas ignorei, não queria responder ainda.
Como a porta estava entreaberta, escutei passos e a voz de
Romero, ele tinha vindo, afinal.
No entanto, o sorriso em meu rosto se desfez assim que ouvi
Enzo falar de forma animada sobre Romero estar com Loren. A
simples menção acabou com minha felicidade, não podia acreditar
que aquela mulher voltou para Chicago, ela não tinha ido para
sempre? Como podia ser? Suspirei, me sentindo frustrada, por ter
que ficar naquela cama quando não podia me levantar e espiar para
saber tudo que estava acontecendo fora daquele quarto.

Tentei me levantar e o incômodo não estava como antes,


então me sentei de lado e quando coloquei os pés na pantufa que
deixaram ali, a porta se abriu por completo e Elena entrou.

— Você acordou, vim trazer seu almoço, uma salada bem


gostosa e suco natural que a sua médica recomendou. — Ela me
fitou e notou que não estava de bom humor.

— Agora, Elena? — indaguei sem paciência. — Preciso sair


um pouco deste quarto.

— Não pode sair sozinha, espera aí que posso te ajudar. —


Deixou a bandeja na cômoda de frente para a cama.

— Paola, o que está fazendo? — Caterina entrou no quarto


também, era só o que me faltava.

— Quero sair um pouco desta cama — respondi, aflita.

— Calma que vai sair, mas não sozinha, a médica disse para
ir devagar, por que não almoça primeiro e depois damos uma volta
aqui na sala? — a minha cunhada sugeriu sem me dar a chance de
fazer outra coisa.

— Tudo bem — aceitei e voltei a sentar na cama, me


apoiando na cabeceira macia. Elena pegou de volta a bandeja e
colocou à minha frente, depois de me desejar bom apetite, deixou-
me com Caterina que me fitava curiosa.
— Por que se desesperou para sair da cama? — Ela estava
tão esperta quanto Perla, sabia quando queria algo apenas ao me
olhar.

Era estranho, não aceitei as duas de primeira, agora elas me


apoiavam e estavam sempre por perto. Tinha que assumir que,
apesar do ciúme que sentia por causa dos meus irmãos, aquilo ficou
no passado, pois não tinha mais aquele sentimento de solidão me
assolando, muito menos rejeição, elas me aceitavam como eu era.

— Escutei a voz de Romero e queria ver ele — fui sincera. —


Só que ouvi Enzo dizer o nome de Loren, ela está aqui também?

— Chegou em Chicago ontem à noite e ainda não sei o


motivo da sua vinda, só que, Paola, fique tranquila, ela não tem
nada com Romero — tentou me acalmar.
— Não sei, viu. — Tentei comer a salada com frango
grelhado que Elena preparou, estava gostosa, mas não tinha apetite
nenhum.

Comi um pouco, tomei o suco e fiquei na cama, pois comecei


a sentir uma cólica que a doutora havia avisado que era normal.
Caterina tirou a bandeja e saiu para levar até a cozinha e fiquei
sozinha, Perla entrou com Romeo e vê-lo me deixou um pouco
melhor.
Estava mexida com a notícia de que a ex-parceira de Romero
estava na área, eles deviam se falar ainda e aquilo me incomodava
muito. A vontade que tinha era de quebrar tudo ao meu redor para
que ele viesse me ver, desejava e precisava sentir sua presença e
perfume. Não queria ficar daquele jeito, pois sabia que poderia
colocar tudo a perder e meus irmãos ficariam sabendo de um jeito
errado.

Não sei quanto tempo se passou, até que ouvi alguém mexer
na maçaneta da porta e então o vi, seus olhos me encontraram e se
fixaram nos meus. Romero entrou no quarto e fechou a porta,
quando se virou para mim, tentei buscar em seu olhar algo que nem
eu mesma entendia o que era.

— O que está fazendo aqui? — indaguei de mau humor.

— Vim ver você, não resisti, queria me manter afastado e não


arriscar, mas é impossível, estou aliviado que a cirurgia foi um
sucesso e você está bem — ele explicou e amoleceu meu coração,
porém me mantive firme.

— O que Loren está fazendo em Chicago? — perguntei de


uma vez. — Você ficou com ela? Estão juntos e veio aqui me dizer
que nós dois não temos chance, é isso, Romero? — O homem
semicerrou os olhos.
— Paola, como sabe que ela está na cidade? — perguntou.

— Escutei Enzo falando e, pelo tom dele, vocês estavam


juntos na última noite. — Ele negou balançando a cabeça.
— Paola, não tenho nenhum compromisso com você, muito
menos com Loren, nunca tivemos. Portanto, não devo satisfações a
nenhuma das duas, mas vou te dizer para que não fique pensando
bobagens nessa sua cabecinha.
— Bobagens? — Tentei me conter, mas foi impossível, pelo
menos ele confirmou que não tinha nada com aquela magrela
topetuda.

— Sim, Loren veio para fechar negócio com seus irmãos,


nada mais que isso — explicou e se aproximou, assim que senti o
calor do seu corpo, me senti tão bem, por mais que estivesse brava
com ele. Não prometemos nada um ao outro, apenas nos beijamos
duas vezes, portanto, eu o amava e não podia evitar o ciúme que
sentia por saber que outra mulher poderia tê-lo tão facilmente.

— Paola, eu não consigo mais parar… — Fomos


interrompidos por Leo que entrou mandando Romero sair e com um
pesar no olhar, ele saiu depressa e fiquei frustrada.

O que ele iria me dizer mesmo? Não consegui parar de


pensar, nem cinco minutos se passaram e Enzo entrou no quarto,
me chamando de bambina mia. Ainda tive que disfarçar, para que
ele não percebesse e depois viria me encher de perguntas. Não
aguentava mais aquilo, esconder tudo que estava acontecendo
entre nós dois.

Após o jantar, naquele mesmo dia, peguei o celular e ao ler


as mensagens, notei que havia um número desconhecido e ao abrir,
sorri, sentindo meu coração acelerado, pois era dele.

“Espero que fique bem. Não consigo parar de pensar em


você, beijos. R.”

Então era aquilo que ele iria me dizer, pois não comentei e
nem havia respondido a mensagem, minha nossa! Como fui burra,
fiquei cobrando explicações dele sobre Loren! Não podia acreditar,
Romero não conseguia parar de pensar em mim. Vibrei sozinha no
quarto, tentando não gritar, fechei a mão em punho e a mordi. Era
surreal, reli a mensagem inúmeras vezes e não respondi, porque
estava emocionada demais e poderia passar dos limites e assustar
o homem.

Dias depois…

— Você está ótima, se recuperando muito bem, Paola. Daqui


a uma semana poderá voltar a vida ao normal — minha
ginecologista obstetra elogiou, animada.

— Me sinto ótima, a cólica dos primeiros dias passou e venho


cuidando da alimentação e ingestão de água, como me instruiu.

— Maravilha, vamos continuar acompanhando, é importante


que mantenha o uso contínuo do anticoncepcional.

— Tudo bem — concordei e depois que ela saiu, Leo entrou


no quarto e nos sentamos no sofá que ficava de frente para a
grande vidraça.
— Leo, me conte todas as novidades, Loren já foi embora?

— Foi, esteve com Romero, mas eles estavam negociando


algo com seus irmãos. Só que tenho uma bomba para te contar.

— Será que eles estavam fazendo algo a mais que apenas


negociar? — Estava curiosa e não dei importância ao que ele havia
falado depois.
— Não sei, mas, Paola, tenho algo mais importante neste
momento para te contar, você me ouviu? — Estalou os dedos na
minha frente para chamar minha atenção.

— O que foi? Vai se casar com a Alícia? Chutou para longe


aquele insuportável do Rocco? — perguntei, curiosa, especulando o
que poderia ser.

— Nada disso, ouvi Romero comentando com seus irmãos de


uma prima de vocês, uma tal de Alessa, ela é filha do seu tio
Lorenzo que faleceu recentemente.

— Meu Deus, eu sabia da existência dela, porque Enzo


comentou comigo dessa história, mas sabe como meu irmão é, ele
não fala tudo.

— Pois é, não sei mais nada, percebi apenas que o clima


ficou tenso, parece que tem algo oculto nessa história — Leo
ponderou e concordei.

— Vou descobrir e não vou deixar que ninguém venha cobrar


direitos, sendo que abdicaram disso há anos.

— É, mas por que eles fizeram isso? — questionou.

— Não sei, Enzo me disse que tio Lorenzo se desentendeu


feio com meu pai na época, mas não especificou nada, com certeza
tem muito mais nessa história do que me contaram e vou descobrir.
— Está certa, mas por enquanto não fala nada, pode sobrar
para mim — ele pediu.
— Fica tranquilo, Leo. Agora me conte como andam seus
planos para conquistar Alícia. — Sorrimos e ele começou a me
colocar por dentro das novidades, fiquei feliz por saber que estava
dando certo para ele, pelo menos alguém ali iria conseguir se
realizar. Pois aqueles dias todos fiquei sem ver Romero, pelo visto,
ele não parava de pensar em mim, mas ficava com a nojenta da
Loren.

Nos dias que se seguiram, voltei para o meu quarto, no andar


de cima, visto que havia se passado duas semanas após a cirurgia
e tive um pós-operatório muito tranquilo. Me cuidei bem, pois não
queria ter mais problemas e ficar mais tempo que o devido na cama.
Não, quando tinha que voltar a agir como antes, e meu tempo era
curto, pois em breve Leo ficaria noivo e não teria como sairmos
juntos mais.

Meus irmãos mantiveram o acordo que fizemos e disseram


que poderia sair depois que fizesse, pelo menos, um mês após a
cirurgia, era o tempo que a médica me passou. Pois, não poderia
passar dos limites, não me opus a nada, segui tudo conforme me foi
instruído. Romero havia ido à mansão, mas não me procurou, dessa
forma o vi apenas um dia desses quando deu as costas ao notar
que estava o encarando sem meus irmãos me verem na área
externa, enquanto eles estavam na sala.
Resolvi sair naquela noite, Leo iria comigo e acertei tudo com
meus irmãos. Enzo estava chegando mais cedo em casa para ficar
vigiando Caterina, sua barriga estava maior e ele se tornou ainda
mais protetor com minha cunhada, nem a deixava dançar na
academia.
Me arrumei, escolhi um vestido preto com detalhe rendado no
busto e lantejoulas no restante do comprimento. Antes de colocar o
vestido, notei que a cicatriz da cirurgia abaixo do umbigo e ao lado
era pequena e não me incomodei. Era uma marca no meu corpo, de
que havia passado por tudo aquilo e estava tudo bem, apesar de
ainda ter que me cuidar para o resto da vida.

Quando terminei de me arrumar, saí após encontrar Pietro e


Perla me esperando na sala. Eles me instruíram e disseram que
Romero estaria no lugar também e ficaria de olho. Minha cunhada
piscou para mim e contive o sorriso, apenas acenei me despedindo.
Entrei no carro, Alex estava à minha espera e como combinado, iria
me encontrar com Leo na porta da boate, aquela possuía apenas
dançarinas e um bar para os que não tinham gosto por jogos de
azar.

Ao chegarmos ao local, na rua de trás da boate, o carro


passou de frente para a porta dos fundos. Leo estava me esperando
do lado de fora, vestia uma camisa de manga comprida branca que
ele dobrou deixando suas tatuagens à mostra. Meu amigo sorriu
para mim e me deu o braço.
— Pronta? — Estendi os lábios de lado.

— Nasci pronta, meu amor! — Ele concordou, entramos e fui


arrebatada pelos olhos castanho-escuros de Romero, que nos fitou
parecendo incomodado de me ver de braços dados com Leo.

Ele não esperou nem que me aproximasse, veio ao meu


encontro a passos rápidos, fazendo meu coração disparar no peito,
ansiosa pelo que faria. Nos entreolhamos e ele encarou Leo sem
dizer nada, meu amigo entendeu o recado e saiu do meu lado,
deixando-me sozinha com o homem que sempre desejei.

Com a respiração entrecortada e sentindo seus olhos


perpassarem desde minhas pernas até meu decote, queimando-me
por dentro e por fora. Querendo que fossem suas mãos pelo meu
corpo, invadindo-me do jeito que apenas ele fazia, a tensão fluía
entre nós dois. Queria arrancar respostas de sua boca, saber o que
andou fazendo com Loren, mesmo consciente de que não tinha
direito nenhum. Que se fodesse tudo, não queria que ele ficasse
com outra, muito menos aquela nojenta.

— Paola, venha comigo! — Puxou-me e saímos do meio das


pessoas, ele me levou para o outro lado, entramos em um elevador
e chegamos a um escritório. Devia ser da gerência, mas ele e meus
irmãos tinham acesso livre àqueles ambientes, pois eram os donos.

Me aproximei do vidro que dava para ver a boate inteira, as


pessoas dançando e se divertindo.

— Por que veio com ele? Seus irmãos me pediram para ficar
com você — rugiu, cobrando explicações.
— O combinado era ter você e Leo em meu encalço, por isso
ele veio, está apenas cumprindo ordens — respondi de má vontade
—, e você, se divertiu muito com Loren? Deu para tirar o atraso?
Matou a saudade? — A raiva que sentia há dias saiu com aquelas
perguntas e observei sua mandíbula travar.

— Paola, Paola, não te devo satisfações… — ele começou a


dizer em um rosnado e quis sair daquela sala, andei até a porta do
elevador e apertei todos os botões que havia, pois queria sumir da
sua frente.

— Mas que porra, por que não abre? — O escutei arranhando


a garganta e me virei com ainda mais raiva dele — Sou uma
Mancini e não consigo abrir nenhuma dessas portas, que inferno!

Romero se aproximou e me puxou para seus braços tão


rápido que fiquei sentindo que corri uma maratona. Com seu rosto e
perfume tão próximos, não pude conter o desejo, mas me debati
querendo ir embora dali, se não podia saber o que ele havia feito
com aquela vadia todas aquelas noites, ele também não tinha
nenhum direito de exigir com quem eu andava.

— Quer saber se sai à noite com Loren? — concordei e ele


continuou: — Não a vi em nenhuma das noites, apenas negociamos
e almocei com ela um dia. Paola, não consegui te tirar da minha
cabeça, porque é só você que eu desejo, desde a hora que acordo
até o fim do meu dia, porra! — Tomou meus lábios em um beijo
ardente e selvagem, me fazendo pular em seu colo e levando-nos
para o sofá enorme que havia no escritório. Suas mãos me
agarraram com desespero e sua boca me devorou em um beijo tão
gostoso e eloquente, que até me esqueci do meu nome e o lugar
onde estava. Nada importava quando estava em seus braços sendo
consumida pelo desejo que apenas ele me despertava.
ROMERO

O que eu estava fazendo?


Não tinha mais controle sobre o que sentia, muito menos das
minhas ações, quando Paola estava à minha frente, tudo ao redor
sumia, perdia a graça. Ela dominou meus pensamentos, queimou
minha lealdade aos seus irmãos e estava me fazendo refém de um
desejo desmedido. Beijei sua boca como se o mundo fosse acabar e
não pudesse mais ter aquela chance. Agarrei-a contornando meus
braços em torno do seu corpo sentindo sua pele quente e sedosa. A
vontade que sentia era de devorar Paola com a boca, passar minha
língua pelo seu corpo inteiro, marcá-la como minha com os dentes.
Possuí-la de todas as formas, queria ouvir sua voz rouca gritando
meu nome, se despedaçando em orgasmos.

Controlado pelo desejo de foder com ela, esqueci o que


estava em jogo, seus irmãos, a Outfit, nada importava naquele
momento. Devorei seus lábios e desci a boca pelo pescoço
enquanto andava com ela até a mesa. A segurando com um braço,
a mantive com segurança e joguei tudo que havia na mesa no chão.
A diaba soltou um sorriso travesso, seus olhos azuis me encarando
estavam em um tom mais escuro, o que aguçou ainda mais o desejo
que fluía pela minha corrente sanguínea.
Coloquei Paola sentada na mesa, tateei as suas costas,
sentindo a pele quente nas pontas dos dedos até encontrar o zíper,
deslizei sob seu olhar lascivo. A peça escorregou pelos seus
ombros e colo, revelando seus seios, sem sutiã, admirei os bicos
intumescidos e as aréolas rosadas. A curva sinuosa e delicada,
pronta para receber minha boca, minhas mãos pinicavam de
vontade de tocá-los, caberiam perfeitamente. Dei um longo suspiro,
apreciando aquela visão do paraíso, sua pele alva como um leite à
minha mercê, senti todo o meu sangue se concentrar no meu pau.

— Cacete, Paola! — rosnei excitado, observando quando a


desgraçada começou a acariciar os bicos dos peitos, sexy pra
caralho, apertando entre os dedos, os lábios entreabertos e os olhos
fixos nos meus.

— Sou toda sua, Romero — falou com convicção, me


deixando sem palavras, tirando o resto de seu vestido, passando
por suas coxas e pernas, ficando apenas de calcinha preta rendada
que me fez salivar.

— Minha! — Avancei, enfeitiçado pela visão dela seminua e


beijei sua boca, sentindo nossos corpos entrarem em combustão
juntos, desci pelo seu pescoço até chegar a seus peitos deliciosos
que dediquei toda minha atenção. Passei a língua pela aréola e bico
e depois mordi de leve, fazendo-a gemer.

Minhas mãos automaticamente foram para o meio de suas


pernas e no momento que passei os dedos pela renda e a senti toda
molhada, fiquei louco, querendo foder com aquela sua boceta que
estava pronta para mim. Não conseguia raciocinar, todo
autocontrole foi para o espaço e deixei o desejo que fluía pelos
meus poros dominar, a queria como nunca quis antes, era visceral e
não teria volta se ultrapassássemos aquele limite.

Afastei sua calcinha, passei os dedos massageando os lábios


inchados da sua boceta e Paola rebolou como uma ninfa neles,
desesperadamente.

Aquela necessidade me deixou ainda mais excitado e sem


pensar em mais nada, desafivelei o cinto, abri a calça e desci
deixando no meio das pernas, ficando de cueca. Aproximei da sua
entrada com o pau duro, louco para entrar na sua boceta e foder até
nos levar à exaustão do prazer. Movimentei, subindo as pernas dela
para meus ombros, trazendo-a para mais perto de mim, deixando-a
ainda mais na beirada da mesa.

— Caralho, queria tanto poder te foder agora! — Dei um tapa


em sua bunda, no mesmo instante tive o vislumbre de sua pele
ficando vermelha, o que me deixou ainda mais fora de mim.

— Romero… — ela gemeu, rebolando e querendo mais, me


afastei e agachei à sua frente, rasguei sua calcinha, a fazendo gritar.

— Vou te fazer gozar, minha Diaba! — rosnei, aproximando


minha barba de sua boceta e passei a língua por toda a extensão,
girei a ponta na sua entrada e clitóris e chupei com desejo,
provando do sabor delicioso de sua boceta, enquanto Paola
rebolava e se esfregava no meu rosto, querendo mais, não parei até
ter seu corpo estremecendo e gozando meu nome repetidamente,
tomei tudo que ela me deu, porra, queria mais.

Quando nos entreolhamos, ela nua e eu com a calça no meio


das pernas e a camisa meio aberta, tive a certeza de que não
poderia fugir do que sentia por Paola. Não conseguiria mais ficar
sem tê-la para mim, podia ser loucura demais, no entanto, naquele
momento decidi que iria enfrentar tudo para me casar com aquela
garota impetuosa, teimosa, corajosa, linda e gostosa. Ela seria
todinha minha ou não me chamaria Romero Bellucci. Lutaria até o
fim, não descansaria até colocar uma aliança em seu dedo, a
marcando como minha de todas as formas possíveis.
Entreguei o vestido a ela e, tentando manter minha mente no
lugar, mesmo sentindo um tesão da porra. Levantei a calça e me
arrumei.

— Se vista e vamos embora agora! — A confusão em seu


olhar era quase que palpável, furiosa, pronta para uma guerra, se
preciso fosse.

— Romero, não pense que vai me fazer… — Não a deixei


terminar de falar e beijei sua boca.

— Vamos agora mesmo contar aos seus irmãos o que está


acontecendo e vou pedir sua mão em noivado, não posso viver mais
assim, Paola — fui direto.
— Vai fazer isso porque me chupou apenas, ou porque não
consegue mais ficar longe de mim? — perguntou de forma
apreensiva, notei em seu olhar a aflição.

— Paola, Paola — balancei a cabeça —, tão inteligente e


astuta para algumas coisas e para outras… — Estendi os lábios em
um sorriso e ela bateu em meu peito.
— Pare de brincar com minha cara, diga o motivo de querer
pedir a minha mão, agora. Por que me quer como sua esposa?
— Porque não consigo mais ficar longe de você, porra,
esconder o que estamos sentindo, o desejo desmedido e a forma
como não consigo fazer mais nada sem pensar em você. Porque
você fodeu comigo de uma forma que não tem mais volta, entendeu
ou quer… — Ela não me deixou terminar de falar, me puxou pela
camisa e sua boca grudou na minha com desespero, paixão e alívio.
E quando puxei seu lábio em meus dentes, notei as lágrimas caindo
pelo seu rosto e tratei de limpá-las com minha boca.
— Sabe o quanto idealizei este momento? Você não faz ideia,
Romero, e vai me querer mesmo sendo tão complexa e quebrada?
— Fixou os olhos cheios de lágrimas nos meus, inclinando a cabeça
enquanto eu acariciava seu rosto com carinho.

— Estou louco por você, mas não quero nada escondido. Sou
leal aos seus irmãos e eles pagam meu salário, nunca havia
escondido nada deles e não vai ser agora que vou fazer isso. Além
do mais, você merece o melhor. — Ela estava emocionada e feliz
com minha decisão.
Assim que Paola terminou de se ajeitar, fechei o zíper do seu
vestido, deixando um beijo em seu ombro, olhando de perto a
tatuagem em suas costas, combinava tanto com seu estilo de
mulher poderosa e corajosa, que não podia acreditar que Paola,
seria minha noiva.

Saímos da sala e encontramos com Leo no corredor do


elevador, ele estava nos esperando com Alícia ao seu lado. Parecia
que Rocco não havia conseguido conquistá-la, afinal, comemorei
internamente, aquele insuportável estava tendo o que merecia. Ele
nos observou e segurei a mão de Paola, enquanto nos
entreolhávamos, senti que era o certo.

— O que estão fazendo? — perguntou, apreensivo.

— Não precisa se preocupar, pois a partir de hoje todos vão


saber o que está acontecendo e que Paola não é mais uma mulher
solteira, agora quem cuida dela, sou eu — fui direto, fitando Leo
seriamente e ele apenas concordou, assentindo.
— Você que manda, Sr. Bellucci, eu e Alícia vamos ficar mais
um pouco aqui, depois vou levá-la para casa.

— Ótimo, estamos indo embora e, por favor, não comente


nada, caso alguém pergunte. — Paola soltou da minha mão e se
aproximou do amigo, a contragosto tive que deixá-la abraçar aquele
garoto.
Quando ela se afastou, tomei sua mão na minha de novo,
entrelaçando nossos dedos, nada poderia ser tão certo como aquilo.
Acenei, me despedindo, e saímos, fui na frente abrindo espaço
entre as pessoas que não paravam de beber e dançar. Assim que
chegamos ao outro lado, pisquei para Damon que parecia ter
acabado de chegar. Sem dar explicações, passamos direto para a
porta dos fundos, quando saímos o vento mais fresco da noite nos
tomou.

Alex se aproximou com o carro, porém, o dispensei e deixei


que Mário trouxesse meu carro. Abri a porta para que Paola
entrasse no banco carona, dei a volta e fui falar com os meus
homens e segurança dela.
— Vocês nos sigam. — Eles assentiram e fizeram como
mandei, sem questionar, notei em suas expressões uma
preocupação.
Sem me importar com o que pensavam, entrei no carro e
acelerei com uma mão no volante e a outra na coxa de Paola,
demos nossas mãos e pelo trânsito tranquilo da noite de Chicago,
seguimos assim até chegarmos à mansão dos Mancini. Chequei o
relógio e ainda não era tão tarde, passava da meia-noite apenas.

— Tem certeza disso, Romero? — Paola me questionou


assim que colocamos os pés na entrada da sua casa.

— Claro, minha Diaba! — respondi certo do que estava


fazendo, beijei o dorso de sua mão entrelaçada à minha e ela abriu
a porta.

Senti o suor na mão de Paola, ela estava nervosa com o que


poderia acontecer e eu também, pois nunca estive em uma situação
parecida antes. Era inédito para mim, não pensei que teria de
passar por aquilo, entretanto, me sentia pronto para contar a Pietro
e Enzo. Assim que entramos, nos deparamos com Perla sentada no
colo de Pietro no sofá, meu amigo nos fitou com curiosidade e notei
sua expressão se fechar ao fixar seus olhos nas nossas mãos. Se
levantou rápido, deixando sua esposa no sofá.

— Que porra é essa, Romero? — vociferou e senti meu


estômago gelar naquele momento. Não seria fácil, eu sabia disso
quando tomei a decisão de assumir tudo e não iria dar para trás.

— Pietro, precisamos conversar, pode chamar o Enzo


também? — Seu olhar tempestuoso e mortal deslizou para mim e
Paola ao mesmo tempo.
— Perla, vai chamar o Enzo, agora! — rugiu, fazendo sua
esposa sobressaltar do sofá.

— Por que estão de mãos dadas assim? Qual o motivo de


terem chegado tão cedo? — começou a indagar, furioso, e me
contive, pois precisava ficar calmo para contar tudo a eles, senão
pioraria minha situação.

— Ah, Pietro, não entendeu ainda? — Paola perguntou e


apertei sua mão na minha, chamando a atenção, ela também não
poderia se exaltar ou estaríamos os dois fodidos.

Ouvi passos apressados e quando olhei para o topo da


escada, Enzo vinha afoito e ao me ver de mãos dadas com sua
irmã, desceu apressadamente.

— O que está fazendo com essas mãos na minha Bambina?


— questionou com olhar duro e frio como os de Pietro.

— Precisamos conversar, quero que entendam que em


nenhum momento faltei com respeito com a irmã de vocês e nunca
iria esconder o que está acontecendo, pois sempre fui sincero, leal e
busquei honrar a confiança que depositam em mim.

— Seja direto, não estamos aqui para ouvir bobagens —


Pietro rosnou.

— Acontece que Paola e eu acabamos nos envolvendo, nada


que passou dos limites, não foi algo que planejei. Fui levado e
consumido pelo forte sentimento que passei a ter pela irmã de vocês
e não quero fazer nada escondido. — Enzo engoliu em seco e
passou a mão no queixo. — Por isso, estou aqui ao lado dela e com
vocês todos presentes para pedir a mão dela em noivado, quero que
Paola seja minha esposa e não vejo outro homem melhor para
cuidar e amá-la. — Pietro mantinha os músculos de sua face
contraídos em uma carranca.

Enzo fechou as mãos em punho e veio em minha direção,


porém Paola se colocou à minha frente, impedindo que ele socasse
minha cara.

— Seu safado, o que fez com ela, que já a está pedindo em


casamento? — Seu olhar era acusador e revoltado.
— Nada, apenas nos beijamos — respondi, ocultando apenas
o que havia acontecido nas últimas horas, se contasse aquilo, sairia
dali morto. Passei na frente de Paola e fiquei próximo do seu irmão,
olho no olho em um duelo.

— O que pensa que está fazendo, Romero? Ficou louco,


porra! — Travei a mandíbula e tentei manter o controle.

— Estou apaixonado e não vejo motivos para não ser uma


opção para a irmã de vocês, sempre fui honrado e fiel à Outfit e por
mais que esteja abaixo dos dois, não vão encontrar outro homem
melhor para se casar com Paola. — Ele não discordou, mas mordeu
os lábios com o olhar impiedoso dele dominando.

— Vamos agora, nós três para o escritório! — Pietro ordenou


em um tom que não deixava brechas para discussão.

Entramos no escritório e meu sangue estava quente,


pulsando em minhas veias, era muito para me conter. Apesar disso,
não poderia passar dos limites ou perderia de vez a minha chance
de convencê-los de que não teria outro homem melhor que eu para
ser marido da irmã daqueles cabeças-duras.

Sempre fui um homem reservado, não me envolvia com as


mulheres, apenas para sexo e, me conhecendo bem, tive a certeza
de que não conseguiria me manter longe de Paola, e não foi porque
quase transamos naquele lugar, e sim porque antes dela chegar, me
sentia inquieto, com o coração acelerado e o corpo ansioso para
sentir sua pele e cheiro doce. Para ver em seus olhos o desejo que
ela também sentia por mim e ânsia de poder desfrutar de tudo que
passamos a sentir um pelo outro. Não era brincadeira, e não podia
mais esconder, lutaria até conseguir a aprovação deles.
PAOLA

Não conseguia acreditar no que havia acontecido, me


belisquei várias vezes pensando que, na verdade, estava sonhando.
Tive vontade de gritar para o mundo inteiro saber que eu e Romero
seríamos um casal de verdade. Eu sabia que conseguiria ter aquele
homem para mim e ele estava aos meus pés.
— Paola, o que aconteceu? — Perla perguntou enquanto nos
sentávamos no sofá.

— Hoje foi minha primeira saída, depois de um mês, como a


doutora instruiu, quando coloquei os pés na boate, diante à
intensidade do olhar de Romero, soube que algo iria mudar. Senti no
ar, foi tão forte. — Minha cunhada assentiu sorrindo e com os olhos
cheios de lágrimas.

— E vocês só se beijaram mesmo? Porque você está com


carinha de quem fez muito mais. — Sorri, colocando a mão na boca.

— Não transamos, se é isso o que você quer saber, mas


fizemos outras coisas e… — Suspirei só de lembrar, sentindo um
calor e passei a mão pelo pescoço. — Ele conseguiu me levar para
o céu, você não tem ideia de como tinha medo de não conseguir ter
isso com o homem que amo.
— Eu sabia, está com o rosto corado e uma expressão de
felicidade e leveza, caralho, Paola! É tão bom ver você assim,
transbordando.
— Mas, será que meus irmãos vão dificultar as coisas? —
questionei, preocupada.

— Eles vão ser duros e protetores como sempre, porém não


fique aflita, vou conversar com Pietro e Caterina com Enzo. — Ela
sorriu, seu ar carinhoso aqueceu meu coração. — Romero está
agindo muito bem, fez certo em não esconder, se eles descobrissem
por outra pessoa, aí seria mais difícil e poderia ser uma guerra —
concluiu, mas abriu um sorriso para me tranquilizar.

— Não sei o que dizer. Tratei mal você e Caterina e agora


vocês estão me ajudando tanto… — Perla me interrompeu:

— Nem pensar, não precisa disso, Paola. Somos mulheres


Mancini e não podemos nos manter afastadas, fazemos parte da
mesma família e temos de estar sempre juntas, por mais que
tenhamos diferenças, é normal.
— Nossa, Perla, não tenho como agradecer vocês por isso,
sei que não sou uma pessoa fácil, mas estou tentando — admiti.

— Se cuidar é o que faz de melhor, tente não deixar de se


amar nunca mais, você é importante para nós e queremos sua
felicidade, independentemente de qualquer coisa. — Perla afagou
meu rosto e nos abraçamos, após um ano e alguns meses,
estávamos nos dando bem e consegui enxergar a mulher
maravilhosa que meu irmão se casou. Lembrei-me de Kiara, ela
nunca conseguiria chegar aos pés da meia-irmã, ainda bem que o
destino sabia o que fazer.

A porta do escritório se abriu, depois de mais de trinta


minutos, estava aflita para saber o que decidiram além de estar
preocupada com Romero. Pois, Pietro e Enzo quando eram
contrariados viravam o poço da ignorância e cegueira. Corri para os
braços de Romero, ele me encarou e bufou, meio decepcionado.

— O que decidiram? — perguntei, ansiosa.

— Vamos pensar, precisamos de um tempo para digerir tudo


e depois falaremos o que decidimos — Pietro respondeu e a raiva
me dominou, eles não podiam adiar minha felicidade, não tinham
aquele direito.

— Vão pensar? É isso mesmo? — vociferei, sem poder


conter meu lado impetuoso de vir à tona, estava revoltada e eles
não me responderam.

— Calma, Paola! — Romero pediu, me virando de frente para


ele, colocando as mãos de cada lado do meu rosto.

— Não! — gritei. — Estou cansada disso, tenho mais de


dezoito anos e ainda devo sempre acatar o que vocês dois querem.
Nunca pude opinar em nenhuma decisão dentro desta casa, toda
vez é assim, vocês não são os donos da razão porque são os
chefes da família. Somos irmãos e não fui contra a decisão de cada
um de vocês quando escolheram suas esposas. Aceitei e respeitei
como me mandaram, agora não quero saber de tempo para pensar,
eu e Romero nos amamos e queremos nos casar e isso vai
acontecer, vocês autorizando ou não! — explodi e saí dos braços de
Romero, correndo para o meu quarto.
Bati a porta depois de passar por ela, consumida pela raiva
que sentia, o coração batendo forte em meu peito, quebrei a
primeira coisa que estava em minha frente. Me sentia em uma corda
bamba, quando pensava estar bem, meu equilíbrio se esvaía e
perdia o controle. E não ter a aprovação dos meus irmãos foi um
gatilho para que meus conflitos internos voltassem a tomar conta de
mim.

Será que eu não merecia ser feliz ao lado do homem que


amava? Ou seria porque eles não gostavam de mim de verdade?
Toda a insegurança que sentia antes, voltou com força total, as
lágrimas caíram pelo meu rosto, nublando minha visão. Voltei e
tranquei a porta, querendo ficar sozinha com meus demônios, ouvi
batidas e ignorei, abrindo a gaveta da mesinha ao lado da minha
cama. Peguei a caixa preta onde estavam minhas lâminas e, no
momento que tirei uma delas e fixei os olhos no objeto, ouvi a voz
de Perla.
— Paola, abra a porta pra mim, por favor — minha cunhada
estava me chamando e foi como se tivesse voltado à realidade.

Guardei a lâmina, correndo até a caixa e a coloquei de volta


na gaveta, fechando-a rápido. Limpei as lágrimas e destranquei a
porta, abrindo-a, Perla e Caterina me fitaram com o semblante
preocupado. Acabei acordando a minha cunhada, ela andava
dormindo bastante, deixei que entrassem.

— Minha linda, não fique assim, eles vão pensar com calma e
decidir, vamos conversar com eles também, por favor, fique
tranquila. — Assenti, tentando acreditar nas palavras de Caterina.

— É sempre assim, isso que me revolta, sei que eles se


preocupam, mas é demais. Onde vão encontrar um homem melhor
para se casar comigo? — questionei, porque era tão lógico, Romero
era o homem ideal e eles sabiam disso, mas parecia que queriam
me ver infeliz.

— Eles te amam, Paola, e querem apenas um tempo, vamos


ter paciência e, por favor, não contrarie seus irmãos ou pode piorar
a situação — Perla pediu e suspirei, cansada de ter sempre que
esperar os homens decidirem o que era melhor para mim. — Me
prometa que não vai fazer nada, que vai aguardar até eles
decidirem.

— Tudo bem, vou esperar o tempo que for, não tem outro
jeito. — Perla sorriu e me abraçou, depois Caterina fez o mesmo.

Passei a mão em sua barriga que estava ficando cada dia


maior e linda, minha cunhada sorriu e elas saíram, me deixando
sozinha no quarto de novo. Fingi que estava tudo bem, e depois
meus irmãos vieram me procurar, porém não queria vê-los. Pedi um
tempo também, eu precisava assimilar tudo que aconteceu e o fato
de não estar noiva do homem que amava.

Nos dias que seguiram, não vi Romero, ele não estava indo à
mansão e minha psiquiatra marcou mais sessões que o normal em
uma semana. Era coisa dos meus irmãos, estavam preocupados
comigo, pois me mantive afastada dos dois. Por mais que doesse
fazer aquilo, foi mais forte que eu, era melhor ficar sem vê-los
também, para que a raiva e sentimento de frustração não
terminasse de tomar conta e me fizesse ter uma recaída.
Sabia que era uma pessoa difícil de lidar e o que temia
sempre acontecia, ao invés de aproximar as pessoas, sempre as
afastava. Romero me enviou inúmeras mensagens do número
desconhecido e respondi apenas uma. Fiquei no limbo, tentando
conter minha mente de tantos pensamentos, os únicos que
conseguiam me fazer bem eram Romeo e Dexter. Quando estava
com eles, esquecia todos os problemas que assolavam minha
cabeça e coração. Mas senti a falta de Romero, e no meu âmago
sabia que ele também estava sofrendo com a distância que nos foi
imposta.

Dias depois…

Ouvi Perla discutindo com Pietro pela manhã, no escritório,


ela parecia revoltada enquanto falava sobre a minha situação com
Romero, ainda saiu, o deixando sozinho. Não queria que eles
brigassem por minha causa, mas o que poderia fazer? Passei o dia
na academia, treinei como a psiquiatra me instruiu, ouvindo o ruído
marrom, para conseguir me concentrar no que estava fazendo.

Naquela noite, recebi a visita de Leo, ele chegou pouco antes


do jantar, conversamos e fiquei sabendo de algumas coisas que
estavam rolando.

— Quer dizer que a minha prima, essa tal de Alessa, está


vindo para Chicago? — indaguei quando ele me contou.
— Sim, deve chegar no final do próximo mês, seus irmãos
estão em alerta, porque tem uma outra coisa rolando, mas ninguém
no galpão sabe.
— Tenho que descobrir o que está acontecendo, fique de
olhos e ouvidos abertos, eles não me dão explicações de nada. —
Fiquei revoltada, pois merecia saber que iríamos receber uma prima
e as surpresas que estavam por vir.

— Pode deixar e eles não decidiram nada sobre você e


Romero ainda? — meu amigo questionou.
— Nada, mas isso vai acabar, escuta bem o que estou te
dizendo. — Ele me fitou preocupado, sabia que quando falava
assim, era porque iria aprontar algo.

Depois que Leo saiu, fui jantar na cozinha e quando cheguei


lá, não foi Ana e Elena que encontrei e sim Pietro e Enzo me
esperando. A expressão dos dois não revelava nada, ambos
estavam com os músculos da face contraídos.
— Precisamos conversar, Paola — Pietro falou primeiro como
sempre —, sente-se aí. — Indicou a banqueta e, a contragosto, fiz o
que mandou.

— Antes de começarem a falar o que querem, é importante


que saibam que independente do que decidiram, vou me casar com
o homem que amo, porque ele me deseja, não é nada da minha
cabeça. Então, mesmo que não aprovem, mesmo que eu tenha que
ir ao inferno por ele, saibam que eu vou, mas serei a esposa de
Romero Bellucci. — Enzo rolou os olhos, mordendo os lábios, e
Pietro parecia estar se contendo.
— Tudo bem, mas não vai ser preciso ir ao inferno para se
casar com ele, vamos aceitar o relacionamento de vocês, desde que
Romero te ame e cuide de você — Pietro afirmou.

— Isso, concordamos com o casamento com uma condição


— Enzo avisou e fiz uma carranca.

— Você deve apenas ser a esposa, nada de se intrometer


nos assuntos da máfia, dos nossos negócios cuidamos eu, Enzo e
Romero — Pietro colocou sua condição, era óbvio que eles iriam me
manter longe dos negócios.

— Tudo bem, mas concordo apenas se for avisada de tudo,


vou repetir — parei olhando para os dois —, TUDO o que anda
acontecendo, também sou uma Mancini e por mais que seja mulher,
não sou boba e tenho meus meios de descobrir as coisas.

Enzo e Pietro se entreolharam, levantando as sobrancelhas,


eles sabiam bem o que estavam me escondendo e enquanto Pietro
passava a mão pelo cabelo, Enzo coçava seu nariz.

— Paola, o que sabe? — Pietro indagou.

— Por enquanto nada, mas estou colocando vocês sob aviso,


sou mulher, não sou indefesa e já provei isso antes. Por mais que
tenha passado por situações traumáticas e tenha meus problemas,
não quero que me tratem como uma bonequinha de porcelana.

— Olha, Paola… — Enzo começou a falar todo bravo e Pietro


o interrompeu:

— Tudo bem, estamos de acordo e, em breve, pode começar


a organizar seu noivado com Romero — Pietro afirmou convicto e
os dois vieram me abraçar. Fizemos as pazes, em seguida Perla e
Caterina entraram na cozinha, me abraçando e desejando
felicidades.

A surpresa não parou por aí, quando cheguei à sala de jantar,


Romero me esperava em uma roupa social marrom e bege, estava
tão lindo que senti meu corpo todo em combustão. Ele se aproximou
e me abraçou, não nos beijamos, pois estávamos na frente de
todos.

— Tudo certo, minha Diaba? — perguntou com seus olhos


fixos em meus lábios entreabertos loucos para sentir sua boca na
minha.

— Agora sim! — Dei um meio-sorriso sensual e ele tomou


fôlego suspirando.

— Já que os pombinhos se acertaram — Enzo arranhou a


garganta —, quer dizer, os futuros noivos, vamos nos sentar para
jantar, minha esposa está faminta e nosso bebê não pode esperar.
— Sorrimos e nos sentamos, Romero ficou ao meu lado e me senti
em êxtase durante todo o jantar por tê-lo comigo, ainda mais
sabendo que seríamos, muito breve, marido e mulher. Sua mão se
entrelaçou à minha por baixo da mesa e ao sentir o calor da sua
pele, estava realizada e em êxtase por finalmente ter aquele homem
comigo.
ROMERO

— Ele pode estar em qualquer lugar de Londres, encontrem


esse filho da puta! — Pietro ordenou em um rosnado no celular,
enquanto Enzo e eu tomávamos mais um copo de uísque.
Desde que chegamos ao galpão, estávamos resolvendo
diversos problemas ao mesmo tempo. Ficamos na sala de Pietro,
enquanto ele estava sem paciência, andando de um lado para o
outro e querendo matar o primeiro que falhasse em sua missão.
Enzo estava ansioso, pois no dia seguinte seria o ultrassom de
Caterina, eles descobririam o sexo do bebê que o subchefe torcia
para ser menina.

Pietro encerrou a ligação com os punhos cerrados, socou a


mesa, os problemas estavam aos montes e alguns deles dependiam
de terceiros para que fossem resolvidos.
— O que aconteceu desta vez? — perguntei.

— Eles não encontraram nenhum rastro de Giovanni por


Londres, muito menos onde o desgraçado costumava se esconder.

— Lucca vai conseguir e, se for preciso, eu vou ajudar — falei


e Pietro assentiu, acendendo seu cigarro.
— E os diamantes, quando chegam? — Enzo perguntou.

— Daqui a cinco dias, falei com Kaleo e ele confirmou,


precisamos combinar com Loren a entrega em Las Vegas — afirmei.

— Ótimo, vamos ligar para Loren e ver os detalhes para


entrega, agora, James continua de olhos em Alessa? — Pietro
tragou a fumaça esperando a resposta.

— Claro, não saiu da mira da garota — respondi.

— Vamos saber tudo o que ela anda fazendo e com quem se


encontra também, quero relatório completo, James precisa de
alguém que seja nossos olhos dentro da casa — Enzo determinou e
concordei.
— Ele já tem homens por lá e, em breve, vai entrar em
contato para passar tudo o que for preciso, está montando um
relatório completo. — Pietro meneou a cabeça concordando e
continuou fumando.

— Vou falar com Mário, certificar de que está tudo certo para
amanhã. — Enzo levantou e saiu.

Trabalhamos montando esquemas de entrega dos diamantes


e das drogas que chegariam nos próximos dias. Depois disso,
assistimos ao treinamento de mais soldados e poucos foram os que
conseguiram passar. Havia anoitecido quando chegamos à mansão,
encontramos Perla, Paola e Caterina com Romeo e Dexter na área
externa, conversando.

Assim que meus olhos capturaram a diaba loira, babei com a


visão de seu corpo em uma saia jeans curta e uma blusinha colada
em seu busto, deixando a barriga lisa de fora. O cabelo preso em
um rabo de cavalo malfeito que deixava alguns fios caídos, simples
e sexy pra caralho. Soltei mais um botão da minha camisa social e
engoli em seco enquanto caminhava ao seu encontro.
O meu desejo era de tomá-la em meus braços e subir para o
seu quarto, mas ainda não podíamos fazer nada. Por mais que
Paola fosse uma tentação, queria que ela tivesse o melhor e, para
isso, íamos esperar até que colocasse a aliança em seu dedo e,
dessa forma, ela seria minha por completo de corpo e alma.

— Romero… — Paola se aproximou, me deixando arrepiado


com o cheiro do seu perfume delicioso, falou em meu ouvido com
sua voz sedosa: —Estava ansiosa para que chegasse logo. —
Aquele passou a ser o meu som preferido, depois de sua risada.

— Você não faz ideia do quanto eu estava louco para te ver.


— Peguei em sua mão, entrelacei nossos dedos, sentindo sua pele
quente e gostosa.

Cumprimentei Perla e Caterina, brinquei com Romeo um


pouco, Enzo e Pietro subiram para tomar banho e enquanto
esperava os dois voltarem, Paola e eu fomos para um canto onde
pude beijar a minha futura noiva. Sentir seus lábios nos meus era
tudo que precisava, nunca pensei que me sentiria daquele jeito por
nenhuma mulher. Paola gemeu quando sentiu minhas mãos
apertarem sua cintura e me lembrei de que não estávamos
sozinhos.

— Paola, suas cunhadas estão logo ali — comentei,


afastando-me um pouco de seus lábios e corpo.
— Elas não vão se importar com isso, relaxa — pediu,
ronronando como uma gata, o que não me ajudou muito, pois ela
conseguiu me deixar excitado apenas com um beijo.
— Vamos nos sentar com elas e esperar seus irmãos, vai ser
melhor — ponderei e seguimos para perto de suas cunhadas, elas
estavam conversando sobre o enxoval e o ultrassom de Caterina.

— Elas falaram disso o dia todo, chega a ser cansativo —


Paola confidenciou baixinho, ela era terrível.
— Posso imaginar a sua carinha de tédio. — Rolou os olhos
sorrindo e beijei seus lábios, ela ficava irresistível de qualquer jeito.

— Vamos jantar, estou faminto — Pietro chegou convidando a


todos e pegando Romeo dos braços de Perla, que sorriu enquanto
via o pai levantar o garoto e ele cair em uma gargalhada gostosa.
Uma cena que há um ano, ninguém sequer imaginaria, ver Pietro
como um pai babão.
Após Ana buscar Romeo, seguimos para a mesa de jantar,
mais uma noite jantei com os Mancini e me sentei ao lado da minha
futura noiva. Era ainda inacreditável como as coisas haviam
mudado; eu, Romero, estava apaixonado por Paola e não era capaz
de negar para mim mesmo. Foi a primeira vez e, com certeza, seria
a única que me sentia tão afetado pela presença de uma mulher,
desejando vê-la todos os dias, na minha cama e comigo o tempo
inteiro. Era essa minha necessidade, não parava de imaginar como
seria quando nos entregássemos um ao outro.

O mais impressionante era nossa forte conexão, eu sentia


sempre que Paola não estava bem e, alguns dias atrás, quando
contei aos seus irmãos tudo e a pedi em noivado, eles impuseram
um tempo para pensar. Aquilo me chateou, pois se instalou um
clima chato entre nós três, algo que nunca havia acontecido antes.
Nossa relação de amigos e trabalho era sincronizada e de
confiança. Apesar de me sentir mal e temer que me tirassem da
minha posição de consigliere, arrisquei, pois, por Paola, eu faria
tudo.
Na manhã seguinte, nos encontramos na antiga mansão para
o ultrassom de Caterina. Daquela vez, Pietro e Perla estavam
tranquilos sentados no sofá, enquanto Enzo estava aflito esperando
a médica chamá-lo, o homem não parava quieto no lugar, andava
em círculos e falava sem parar.

— Enzo, você vai cair duro no chão, fique calmo ou não vai
conseguir ficar com Caterina desse jeito — Perla pediu e contive
uma risada, sentindo Paola apertando minha mão na sua. Encarei
seus olhos, virando-me de lado para vê-la melhor.
— Será que vamos conseguir sentir essa ansiedade também
para saber o sexo do nosso bebê? — perguntou e notei o medo e
incerteza na sua voz.

— Com certeza, minha linda! Não sei como vou ficar, mas
espero que não seja como seu irmão. — Sorrimos e a médica
chegou, chamando Enzo que a seguiu. A ansiedade se instaurou no
silêncio que recaiu na sala de estar.

Ficamos esperando que ele voltasse para contar, mas os


minutos foram passando e comecei a mexer a perna, inquieto,
assim como Paola. Perla se levantou e quase estava indo ver se
havia acontecido alguma coisa, quando Enzo chegou sorrindo e
com lágrimas nos olhos.

— É uma menina! — anunciou com a voz embargada, a


comoção foi geral, todos se abraçaram, depois Enzo explicou: —
Minha principessa demorou a mudar de posição, a danadinha não
queria que descobrisse, mas não desistimos!

— Parabéns, papai! — o parabenizei. — Que venha com


muita saúde, sua menina! — Trocamos apertos de mãos e tapas
nas costas. Paola abraçou o irmão, chorando, ficaram um tempo
assim, eles sempre foram mais próximos um do outro e por mais
diferenças que tivessem, ninguém soltava a mão de ninguém.

Apesar de sempre ter me sentido parte daquela família, não


sabia se foi por causa da forte emoção de todos que me contagiou,
observei uma diferença depois da aceitação de Enzo e Pietro, me
senti mais ligado a eles. Naquele instante, tive ainda mais certeza
de que faria de tudo para fazer Paola feliz e honrar minha palavra.
PAOLA

A emoção de saber que teria uma sobrinha foi o auge do dia,


ficamos em êxtase, pois teríamos mais um pequeno ser na família
Mancini. Meu coração parecia que sairia pela boca, além disso, foi
lindo ver a felicidade de Enzo com aquela notícia. Ele queria muito
uma menina e iria ter, meus irmãos eram tudo para mim, sempre
fomos nós três contra o mundo. Não foi fácil chegar aonde
chegamos, me orgulhava muito deles por sempre terem força e
honrarem nosso sangue e a palavra que deram aos nossos pais.

Fomos almoçar juntos naquele dia, Enzo e Caterina quiseram


comemorar que teriam a nossa principessa como idealizaram.
Romero e eu estávamos na expectativa pelo nosso noivado, os dias
passaram e entre minhas sessões de psicoterapia e consultas com
a ginecologista, organizei junto de minhas cunhadas mais um
evento. Daquela vez, seria o meu noivado, lembrava bem do quanto
sonhei com aquele momento. Não quis que ninguém fizesse nada,
eu mesma cuidei de tudo, pois queria sentir a ansiedade e que
tivesse um pouco de mim em cada detalhe.

— Você recebeu seu vestido? — Elena me perguntou ao


pegar o sapato que havia escolhido e o colocar próximo da cama.
— Sim, Ana me entregou quando chegou da lavanderia —
respondi, sorrindo, tirando-o do cabideiro e colocando em cima da
cama.
Deixei separado também as joias que usaria, Perla me ajudou
a escolher, algumas peças escolhidas minuciosamente e exclusivas,
assim como o pingente que ela desenhou especialmente para mim,
com uma cobra enrolada na rosa cravejado de diamantes, idêntico
ao desenho da minha tatuagem nas costas. Ficou tão lindo, quando
ela me entregou e abri o estojo, me emocionei e chorei, pois era um
presente da minha cunhada que vinha a cada dia provando que
estava do meu lado e queria me ver feliz.

Perla e Caterina se tornaram as irmãs que nunca tive, estava


aprendendo a lidar com as duas. Demorei, mas entendi que elas
não entraram na nossa casa para tirar meus irmãos de mim. Mesmo
sendo petulante com ambas, elas não desistiram de se aproximar,
só por isso, mereciam um troféu enorme. Sabia o quanto era difícil
quando queria. Mas estava aprendendo a controlar as emoções
fortes que sempre moveram minha vida e me deixavam em uma
corda bamba, no limite.

— Estou chegando — Perla bateu na porta e já foi entrando


—, nossa, que lindo esse vestido, você vai ficar incrível! — Sorri e
mordi meu lábio inferior, estava tão ansiosa.

— Ele é perfeito, mas confesso que estou com receio de


Pietro falar alguma coisa — revelei meu medo, apesar de pensar
que quem tinha que gostar do que iria vestir teria de ser eu mesma.
— Não vai, pode deixar comigo, sei muito bem como manter
seu irmão na linha. — Deu um sorriso maldoso e apenas meneei a
cabeça, não queria imaginar o que ela faria para que ele ficasse
quieto.

— Nem sei o que dizer, Perla! — Peguei todos meus pincéis


de maquiagem no nécessaire e coloquei na penteadeira, pois eu
queria me arrumar sozinha.

— Paola, nem precisa, quero apenas que seja feliz de


verdade e que possa sempre contar comigo, tenho apenas vocês e
vou viver por nossa família — falou em um tom melancólico.

— Consigo te entender, me senti assim quando ficamos


apenas Pietro, Enzo e eu. Mas, agora nossa família aumentou e eu
pensei que perderia o amor dos meus irmãos, tive medo de ser
rejeitada, deixada de lado. Por isso agi daquele jeito insuportável
com Caterina e você, queria, de alguma forma, atingir vocês duas.
— Ela balançou a cabeça.

— Não faria isso, aliás, Pietro antes de ser meu marido,


sempre foi seu irmão e isso não mudaria. — Concordei.
— Hoje consigo enxergar melhor e compreender que eles vão
estar sempre comigo, mas antes, não sabia o que acontecia comigo
mesma. Minha mente não parava e vivia no limite, agora estou no
controle — afirmei, pois conseguia entender como funcionava minha
forma de sentir, pensar e agir.

— Você está no caminho certo e agora terá o homem que


ama ao seu lado e sei que serão muito felizes juntos.

— Eu espero que sim, mas só de estar com ele, faz tudo valer
a pena — Trocamos sorrisos e puxei a cadeira para me sentar de
frente para a penteadeira.
— Vou indo, preciso me arrumar e, qualquer coisa, pode me
chamar — Perla falou e depois de piscar para mim, saiu do quarto.
Estávamos na antiga mansão, onde seria meu noivado, na
verdade, tinha vindo com Caterina e Perla, dois dias antes, para
organizar tudo. Fixei os olhos no espelho, vendo o meu reflexo, sorri
sentindo um friozinho no estômago, estava ansiosa demais. A minha
psiquiatra até pediu que passasse mais tempo na academia,
tomasse banhos mais demorados e tirasse um dia para relaxar e
quase não consegui devido a toda minha agitação exacerbada.

Romero estava com muitos trabalhos, resolvendo algumas


coisas para meus irmãos, eu desconfiava que poderia ser algo
sobre a Alessa. No entanto, eles não me contavam nada. Além
disso, ouvi alguns soldados comentando sobre a carga de
diamantes que seria entregue para a Camorra, uma negociação de
Loren com meus irmãos e Romero. Apesar de saber que eram
apenas negócios, não gostava nem um pouco de ter aquela mulher
em contato com meu noivo.
Fiz minha maquiagem e quando finalizei, soltei o cabelo dos
bobes que coloquei, Elena pegou o vestido e me ajudou. Assim que
o ajeitamos no corpo, sorri com o quanto ficou perfeito. Deixou
minha silhueta sexy, ele era cortado de malha elástica preta e rede
arrastão embelezada. Adornado com strass brilhantes por toda
parte, era um vestido semitransparente, justo ao corpo, que
acentuava bem as curvas. Com um decote em V profundo que
deixava as costas expostas como queria, a visão completa dele
ficou fantástica e ainda tinha uma fenda sexy na altura da coxa que
expunha a perna esquerda.
Sabia que poderia ter problemas vestindo algo tão ousado,
mas não seria eu se escolhesse outro vestido. Como estávamos no
verão em Chicago, pude optar por um vestido mais aberto e
sensual, além disso, queria deixar meu noivo louco.

— Nossa, Paola! Você está estonteante! — Elena elogiou,


enquanto eu mexia o cabelo de um lado para o outro, deixando as
ondas mais soltas e selvagens como eu gostava de usar.

Caterina entrou no quarto também, sorriu assim que fiquei no


seu campo de visão.

— Que deusa você está, Romero vai ficar um pouco mais


apaixonado depois que te ver descendo as escadas — minha
cunhada elogiou sorrindo e passando a mão na sua barriga que
estava ficando cada dia mais redondinha.

— Ah, gostou? Assim que vi na loja online, achei perfeito e


comprei, decidi usar hoje, como não achei dourado, vai de preto
mesmo que é minha cor preferida. — Ela sorriu.
— Mas está maravilhoso, só espero que seus irmãos, chatos
como são, não achem ruim — ela lembrou e se sentou na beirada
da cama.

— Olha, problema deles, não vou trocar meu vestido só


porque podem se sentir incomodados, eu que tenho de me sentir à
vontade e feliz com minha roupa, ainda mais hoje — falei, notando
que Caterina estava passando a mão na sua barriga.
— Está certíssima, Paola. Olha como essa nossa bebezinha
mexe — chamou a minha atenção.
— Meu Deus, quero sentir, deixa eu colocar minha mão aí! —
Me aproximei rápido tocando sua barriga e ela sorriu quando a bebê
danadinha se mexeu e pude sentir e ver a barriga se movimentando.
— Nossa, Caterina, e dói?
— Que nada, é muito bom sentir ela aqui, me deixa mais
ansiosa para conhecer minha filha logo — comentou, emocionada.

— Não consigo sequer imaginar como deve ser esperar um


bebê por nove meses, deve ser emocionante demais e também
difícil.

— Não é fácil, mas confesso que apesar de tudo, estou


amando, passei muito mal com enjoo e agora estou ficando inchada
demais, mas tudo por nossa principessa! — falou como Enzo e sorri
para minha cunhada, borrifei o perfume e meu irmão entrou no
quarto depois de bater na porta.

— Porra, Paola! Olha, apesar de estar muito linda, esse


vestido está bem ousado, não acha, bambina mia? — Ele também,
não podia acreditar, me virei de frente e ele estava com a mão na
boca.

— Puta merda, não vem, porque não vou trocar meu vestido,
é o dia do meu noivado, finalmente vou ter o homem que sonhei e
vocês vão implicar com meu vestido — lamentei e Enzo se
aproximou e me tomou em um abraço.

— Tudo bem, faça como quiser, o dia é seu e quero apenas


que fique feliz, Paola! — Enzo era um pouco mais fácil de
convencer. — Aliás, você está um espetáculo e não tenho nem um
pouco de pena do Romero, ele vai ficar louco assim que te ver! —
exclamou e se afastou, me fitando com orgulho.

— Que ele fique louco! — Rimos juntos e Caterina colocou o


pingente no meu pescoço que ficou perfeito cobrindo meu colo até
onde começava o decote do vestido.

— Te amo, bambina mia, e não sabe como é bom te ver


assim, tão feliz, mas sempre estarei aqui, por você. — Contive as
lágrimas, emocionada por saber que meus irmãos me amavam e
que tudo que pensei um dia sobre ficar sozinha e abandonada não
passava de loucura da minha mente que vivia me pregando peças.

— Posso entrar, a noiva está pronta? — Pietro bateu e abriu


parte da porta, colocando seu rosto para dentro.

— Fique à vontade! — exclamei e ele entrou e quando me


encarou, sua expressão logo mudou, a testa enrugou em um
franzido e seus olhos se arregalaram.

— Vai usar esse vestido? — perguntou, Enzo e Caterina


saíram, me deixando sozinha, ainda bem que Perla entrou em
seguida, engoli em seco, mas não deixei que aquilo me abalasse.

— Sim, é o meu noivado e escolhi um lindo e confortável


vestido para este dia, algo contra? — Ele arranhou a garganta, fitou
sua esposa e bastou um olhar para que meu irmão não falasse mais
nada.

— Você está lindíssima — engoliu em seco e me abraçou,


algo que ele vinha fazendo muito ultimamente —, como seu irmão
mais velho, sempre me senti responsável por você, sei que não fui e
nem sou perfeito, mas sempre quis sua felicidade e bem-estar,
espero que seja feliz, acima de qualquer coisa.

— Pietro! — Mais uma vez, segurei as lágrimas para não


manchar minha maquiagem, eles vieram me felicitar, pois sabiam
que não poderíamos demonstrar emoções na frente dos nossos
convidados.

Seriam apenas cumprimentos frios e sérios, nada que


pudesse mostrar que estávamos emocionados demais. Nossa
família era o poder de Chicago e não podíamos dar nenhum sinal de
fraqueza. Isso foi algo que meus irmãos aprenderam e passaram
para mim, um Mancini nunca se curvava para ninguém, não se
desculpava, muito menos se abalava. Mas ninguém precisava saber
o que acontecia quando todos iam embora.

— Podemos descer? — Pietro perguntou.

— Vou só colocar os brincos e estarei pronta. — Me virei e


peguei o par de brinco que foi desenhado também por Perla,
combinando com o pingente do colar.
Coloquei, e Pietro me deu o braço, ele queria me levar até a
escada, beijou minha testa e senti meu coração acelerar, minhas
mãos começaram a suar ao notar que a grande sala estava cheia de
pessoas e saber que Romero estava ali, me deixou ainda mais
ansiosa. Enfim, havia conseguido o que tanto queria e minha vida
mudaria daquela noite em diante.

Me aproximei da escada, coloquei a mão esquerda no apoio e


após cessar o burburinho, todos os olhares se voltaram para mim,
alguns chocados e outros admirados. Ergui a cabeça, joguei o
cabelo para trás e quando meus olhos encontraram os dele, senti
minha pele queimar e se arrepiar com o olhar de Romero
percorrendo todo meu corpo de forma devassa. Suspirei e desci
cada degrau com calma, pois estava com uma sandália de salto
fino. Antes de terminar, ele se aproximou e ofereceu sua mão para
me ajudar a terminar de descer os últimos degraus.

Quando cheguei à sala com sua mão na minha, Romero


beijou a maçã do meu rosto, me fazendo fechar os olhos ao sentir
seus lábios e barba arranhar deliciosamente minha pele. Apenas um
toque daquele foi capaz de me deixar ainda mais quente, em
combustão.

Quando abri os olhos, ele estava mais afastado, mas não


soltou minha mão, reparei no quanto estava lindo, a barba um pouco
aparada, o cabelo penteado daquele jeito alinhado que usava e o
deixava ainda mais irresistível assim como o terno que vestia.
Suspirei, Romero estava também de preto e branco, um corte
perfeito que deixava evidente de forma bem discreta seus músculos.

Tomei fôlego e todos vieram nos cumprimentar, meus


batimentos ainda estavam acelerados e quando as pessoas se
dispersaram de novo em suas conversas, Romero se virou e colou
sua boca no meu ouvido.

— Caralho, você está… — ele suspirou e soltou o ar no


lóbulo da minha orelha, fazendo-me arrepiar da cabeça aos pés —
…perfeita, e não posso negar que gostaria de estar sozinho com
você agora. — Sorri diante de seu elogio safado, pois entendi o que
ele quis dizer.
— Se contenha, meu amor! — aconselhei, tentando manter a
compostura, pois, na verdade, também fiquei molhada apenas com
a forma que ele tinha me encarado.

Romero se afastou e começamos a socializar com as


pessoas, deslizando pela sala. Convidamos apenas os membros do
conselho, suas famílias e alguns amigos selecionados a dedo por
meus irmãos e Romero. Romero colocou sua mão em minha cintura
e vez ou outra a deslizava para minha bunda. Nós dois estávamos
pegando fogo em nosso jantar de noivado e a noite mal havia
começado, será que iria conseguir nos comportar?
ROMERO

Cacete!
O vestido de Paola evidenciava todas as suas curvas de um
jeito que fiquei fora de mim. Pois estava muito gostosa, perdi
totalmente o juízo quando a vi no topo da escada. As imagens que
surgiram na minha mente eram tão sujas, porra! Meu desejo era
levá-la para longe de todos os olhares daquelas pessoas
mesquinhas, atraiu a atenção de todos desde que chegou. A garota
não se incomodava com os olhares reprovadores, muito menos com
o que iriam falar, apenas fazia o que queria. Paola era um furacão
que chegava abalando todas as estruturas e a minha ela destruiu,
pois conseguiu me conquistar de um jeito que não tinha mais volta.

Foi difícil conter toda a excitação que senti desde que


coloquei os olhos nela, quando nos sentamos na mesa foi pior, pois
a diaba da minha noiva ficou sentada à minha frente e começou a
me provocar, passando seus pés com aquela sandália de saltos
finos pela minha coxa e meio das pernas, tive que me acomodar
melhor na cadeira diversas vezes.

— Romero, está tudo bem com você? — Pietro indagou, ele


me encarou desconfiado, levantando a sobrancelha.
— Está sim — respondi, tentando não gaguejar.

Caralho, um homem como eu que sempre esteve no controle


de seus sentimentos. Estava sentado na mesa com o futuro
cunhado que também era meu chefe, tentando disfarçar toda a
excitação que sentia pela minha noiva, a forte necessidade de foder
com ela.

— Como não estaria? Hoje é o dia que tanto esperamos, não


é, meu amor? — Paola soltou com sua voz sedosa, sorrindo e
passando a língua pelos lábios para me provocar mais. Engoli em
seco e concordei, aquilo era patético e inacreditável.

— Com certeza — respondi, pegando minha taça de vinho,


antes de colocar na boca, Pietro chamou a atenção de todos.

— Peguem suas taças e vamos brindar aos noivos! — O Don


se levantou com a taça nas mãos e a ergueu, todos fizeram o
mesmo. Depois do brinde e da sobremesa, seguimos de volta para
a sala de estar, peguei a caixinha com o anel de noivado. Escolhi o
que combinaria mais com Paola, pela minha percepção.
Ficamos um de frente para o outro, abri a caixinha e seus
olhos se expandiram, ela colocou a mão na boca e notei que as
lágrimas ameaçaram cair, mas minha noiva não permitiu. Ela sorriu
quando coloquei o anel em seu dedo anelar, beijei sua mão,
sentindo meu coração acelerado. Nunca pensei que me sentiria tão
rendido por uma mulher assim, como estava por Paola.
Entrelaçamos nossas mãos e Enzo gritou:

— Viva os noivos! — Ergueu sua taça em mais um brinde


naquela noite, enquanto eu sentia o perfume delicioso de Paola.
Algumas pessoas vieram nos parabenizar, mas quando
Damon se aproximou, trocamos olhares que não precisavam de
palavras. Ainda assim, meu amigo confidenciou:
— Você está lindamente encrencado com essa garota, espero
que sejam felizes! — Sorri e trocamos aperto de mãos, depois
ficamos conversando um pouco enquanto Paola foi falar algo com
Caterina.

— Rocco não veio, ainda bem, ele está em Detroit, não é? —


perguntei e ele assentiu.

— Sim, foi receber parte da mercadoria. — Damon tomou um


pouco da sua bebida e me fitou. — Loren me ligou, perguntando se
você estava noivo mesmo ou se era um boato.

— E você o que respondeu? — indaguei.

— Confirmei e ela quase não acreditou, mas disse que te


achou distante e estranho quando veio a Chicago. — Dei de
ombros.

— Os dias que Loren veio, estava mesmo em um dilema, um


pouco perdido, sem saber o que faria, por isso achei melhor me
manter longe. Além disso, não conseguia pensar em outra senão
em Paola.

— Ainda estou surpreso como decidiu rápido se casar com


ela, mas entendo, porque o envolvimento de vocês foi intenso.

— Com certeza, às vezes nem eu consigo explicar direito. —


Ele sorriu e falamos um pouco mais sobre alguns negócios do clube
e cassino clandestino, em seguida fui procurar por Paola.
Ela estava conversando com Leo e Alícia que não se
desgrudaram a noite toda. A observei de longe, notei como estava
sorrindo e iluminando tudo ao seu redor. Era nítida a felicidade da
minha noiva, ver aquilo me deixava com um sentimento de
satisfação enorme, pois era assim que queria vê-la sempre. Faria de
tudo para que Paola continuasse com aquele sorriso no rosto,
apesar de todos os problemas, minha vontade era poder apagar as
lembranças ruins que a assolavam. Mas faria aquilo, honrando a
minha palavra ao seu lado todos os dias, criando lembranças boas.
Quando percebeu que eu a estava observando, me fitou com
lascívia. Senti uma mão pesada em meu ombro, me virei, dando de
cara com Enzo. Ele fixou os olhos em mim de um jeito sério, sabia
que faria seu papel de irmão.

— Precisamos conversar — Pietro chegou anunciando


apenas para nós dois ouvirmos, os segui até o escritório.

Assim que a porta se fechou, o ar ficou palpável, mas estava


preparado para o que fosse, nada mudaria o desejo que sentia de
me casar com Paola.

— Romero, apesar de nunca imaginarmos que nossa irmã


acabaria noiva de você, estamos satisfeitos com isso. Porém,
precisamos ter certeza de que sabe onde está pisando — Pietro
começou, assim que nos sentamos, eles no sofá e eu, na poltrona
da frente.

— Paola tem uma personalidade que exige muita


compreensão, paciência e, o principal, amor. Você sabe, pois
convive com a gente e tem noção de tudo que passamos — Enzo
continuou e soltou a pergunta que esperava: — Está mesmo
disposto a cuidar e amá-la acima de tudo? — Ele arranhou a
garganta. — Tem certeza de que não vamos ter problemas? — Fixei
o olhar nos dois, com os batimentos acelerados, sem pestanejar e
pensar respondi:

— Tenho toda a certeza, não vou fugir quando as coisas


ficarem difíceis, sempre fui um homem de palavra e isso não vai
mudar. Estou apaixonado e apenas não quis esperar e negar o que
sinto por Paola, estarei sempre aqui por ela — afirmei, sem desviar
os olhos deles.

— Ótimo, era isso que queria ouvir, Romero. Saiba que não
temos mais nada contra, mas como irmãos, precisamos olhar por
Paola — Pietro completou e concordei.

— Bom, agora que já tivemos uma conversa séria, vamos


beber e fumar um charuto — Enzo ofereceu e se levantou para
pegar.

Conversamos sobre os negócios e o casamento enquanto


fumávamos charuto e bebíamos mais uísque. Saímos do escritório e
voltamos para a festa de noivado, meus olhos de forma automática
procuraram por minha noiva e a encontrei no exato momento em
que se virou. Mantive o olhar no seu e me aproximei, peguei em sua
mão e ela sorriu.

— Está tudo bem? — perguntou, passando a outra mão pelo


pescoço.

— Claro, por que não estaria? — Levantei a sobrancelha.


— Você e meus irmãos sumiram da festa, pensei que… —
Interrompi:
— Não se preocupe, fomos apenas conversar, eles não têm
mais nada contra nós dois! — exclamei.

— Perfeito — respondeu, notei o alívio tomar conta do seu


rosto e voz.

Não nos afastamos mais, ficamos o resto da festa dando


atenção aos convidados, foi difícil esperar todas aquelas horas para
ficar sozinho com Paola. Era óbvio que seus irmãos não sabiam que
iríamos nos encontrar às escondidas depois que todos fossem
dormir. Não gostava de fazer as coisas daquele jeito, mas era
impossível que eu conseguisse dormir sem poder beijar e tocá-la
como desejei a noite toda.

Depois que me despedi dela, fiz que iria embora, mas fiquei
na mansão, claro que acobertado por Alex, o segurança de Paola.
Combinei tudo com ele e segui de volta para dentro da mansão,
olhando para todos os lados para ver se não havia mais ninguém
andando pela casa. Conhecia aquele lugar como a palma da minha
mão, praticamente cresci naquela mansão, a antiga moradia dos
Mancini.

Fui para o quarto no térreo, como combinei com Paola antes,


e aproveitei para trocar de roupa, esperando até que ela chegasse
com os batimentos acelerados e sentindo um misto de ansiedade e
adrenalina.

Quando ouvi um barulho na maçaneta, sabia que era minha


noiva, a porta se abriu devagar e então vi a cabeleira loira de Paola
e, antes que terminasse de fechar a porta, me aproximei, a tomando
em meus braços com desespero como desejei fazer durante toda a
noite.
— Como esperei por este momento, minha Diaba! —
exclamei sem conter minhas mãos de tatearem pelo seu corpo.
Mas, Paola me afastou e me empurrou para a poltrona que havia ao
lado da porta, caí sentado com os olhos vidrados nos seus. Ela era
ousada, não aceitaria apenas ser dominada na cama. Sorri de canto
para minha noiva.
— Senti nos seus olhos o desejo, desde que me viu no topo
da escada — ela arrancou meu paletó e jogou longe —, é um
safado, queria me foder, não é? — Assenti e tomei sua boca na
minha com o desejo acumulado, o sangue correndo por minhas
veias e se acumulando rapidamente no meu pau. Paola sentou no
meu colo, passando as pernas de cada lado, ficando em cima do
meu membro. Soltei um rosnado, sem poder conter, a diaba
dominou cada cantinho da minha boca com maestria enquanto
começava a rebolar em cima do meu pau.
— Cacete, Paola! Desse jeito vai me fazer gozar na calça,
Garota! — falei quando me afastei de sua boca, após morder seu
lábio inferior e minhas mãos alcançaram a alça de seu vestido.
Deslizei pelos seus ombros, arranhei sua pele branca e quente
como fogo. — Que delícia. Porra!
— Ah, Romero — gemeu meu nome enquanto deslizava o
vestido até a sua cintura, deixando seus seios à minha mercê.
Tomei um em minha mão e belisquei o bico, arrancando mais
gemidos dela, o som era o mais erótico e viciante. Eles estavam
pesados, aproximei minha boca e chupei com força, arrancando
mais gritos e gemidos da diaba.
— Caralho! — Perdi a razão e puxei seu cabelo com força,
tomando seus lábios nos meus. Paola se afastou e arrancou minha
gravata e camisa, passando as mãos e unhas pelo meu peitoral e
abdômen como se aquilo fosse a visão do paraíso.

— Me faça sua, Romero, não aguento mais — ronronou,


pedindo.

— Você vai gozar de todas as formas possíveis, minha diaba


loira! — rosnei, tomado de luxúria enquanto Paola arranhava minhas
costas.
— Romero, precisa cumprir todas essas promessas! — Fitei
seus olhos azuis e pressionei minhas mãos em sua bunda com
força.

— Não brinque comigo, não vai ter descanso, garota, e


começa agora mesmo. — Ela entendeu o recado e se levantou
enquanto descia minha calça com a cueca junto.
— Não sou virgem, isso é um problema para você? — de
repente, Paola perguntou preocupada.

— Nunca foi e nem será, mas quero que você pense que
essa sim é a sua primeira vez, sei que é difícil, mas quero apagar
qualquer vestígio ruim do passado, aqui somos apenas eu e você.
— Me levantei e coloquei as mãos em cada lado de seu rosto,
fazendo-a me encarar. — Eu sou seu primeiro homem e farei de
tudo para tornar esse momento o único na sua memória, minha
linda. — Afastei seu cabelo e beijei sua boca com paixão. Gostaria
de apagar tudo de sua mente, as lembranças ruins, como não era
possível, queria que fosse inesquecível.

Meu pau estava babando por ela e tão duro que seria difícil
me controlar, mas o faria. Arranquei seu vestido e joguei de lado,
assim como sua calcinha fio dental. Paola sorriu e sem tirar os olhos
dos meus, a deitei na cama, beijei sua boca com desespero e desci
meus lábios pelo seu corpo, acariciando cada pedaço de sua pele,
venerando e arrancando gemidos da minha diaba. Ela era tão
cheirosa e macia, passei as mãos pela sua cintura e voltei para sua
barriga lisa. Ao me aproximar de seu ventre, acariciei e desci um
pouco mais, passei os dedos na sua entrada.

— Puta que pariu, você está tão molhada! — exclamei. —


Tudo isso é para mim, minha linda? — Ela assentiu e se mexeu,
querendo mais. Encontrei seu clitóris e o estimulei enquanto Paola
começou a rebolar em meus dedos, penetrei dois deles dentro de
sua boceta melada.

— Ah! — gemeu e não parei, até tê-la quase gozando, mas


tirei minha mão da sua boceta quente e melada. Chupei meus
dedos me deliciando com seu sabor, depois acariciei toda a
extensão do meu pau e me aproximei dela.

— Está pronta para me receber? — perguntei e ela me fitou


com desespero.

— Sempre estive, Romero — respondeu, tomando fôlego, o


suor já escorria pelas minhas têmporas, com meu pau na mão, o
direcionei à sua entrada e ele facilmente escorregou para dentro de
sua boceta, ela estava muito molhada. Porra, e como era apertada,
gememos juntos, foi difícil me manter quieto, quando entrei todo, saí
devagar e entrei, atento em seus olhos.

— Tudo bem? — questionei, ainda preocupado com seu bem-


estar, sabia que poderia trazer lembranças, consegui me aproximar
mais de seu rosto e então comecei a movimentar, meus lábios
dominavam sua boca em um beijo lascivo, estimulei seu clitóris
enquanto entrava e saía de sua boceta. — Você é tão gostosa,
Paola! — falei após afastar de sua boca e então ela gemeu alto.

— Ah, me fode, Romero! — pediu e foi como se tivesse me


libertado, comecei a estocar mais rápido, e o único som que
ouvimos foi dos nossos corpos se chocando enquanto chupava seus
seios e então senti seu corpo inteiro estremecer e convulsionar em
um orgasmo, ela gemia repetidamente meu nome sem tirar seus
olhos azuis dos meus. Não demorou muito, senti um formigamento
forte da cabeça aos pés me dominar, minhas bolas se enrijeceram,
o sangue percorreu as veias, meu coração acelerou e explodi,
sentindo meu corpo todo em êxtase, enquanto ejaculava dentro da
sua boceta.
— Porra, que delícia! — gemi em um rosnado. Tomei sua
boca de novo na minha e a beijei ainda dentro dela, de forma
apaixonada, então quando abri os olhos e fitei seu rosto, ela estava
chorando e sorriu assim que notou a preocupação em meus olhos.

— Estou chorando de felicidade, Romero. Você me fez sua,


de corpo, alma e coração.

— E eu sou todo seu! — completei, sentindo meu peito


apertado e meu corpo arrepiado. — Você nunca mais ficará sozinha,
assim como eu, não sabe o quanto está sendo incrível ser parte da
sua vida. Agora seremos eu e você contra seus demônios, os meus
também e tudo que vier. Vamos enfrentar juntos, minha Diaba! —
Ela sorriu em meio às lágrimas e nos beijamos de novo, dominados
pela intensidade daquele sentimento que ultrapassou todos os
limites.

— Caralho, nem usamos preservativo — comentei ao sair


devagar de dentro dela.

— Não se preocupe, tomo pílula por causa do tratamento da


endometriose.

— É mesmo, sua médica me falou disso, mas esqueci


completamente, também, você me deixa louco. Te fodi antes do
casamento, que loucura. — Passei a mão pelo cabelo ao ficar de pé
e Paola estendeu os lábios em um grande sorriso.

— Fugimos à regra, somos uma exceção e eu gosto disso. —


Ela se levantou, nua, me fazendo querer começar tudo de novo.
— Verdade, mas não me arrependo de nada e você? —
perguntei, pegando Paola em meus braços e a levando para o
banheiro, precisávamos de um banho.

— Nunca, faria tudo de novo, se preciso fosse, do mesmo


jeitinho — respondeu e entrei com ela em meus braços, liguei o
chuveiro e a água caiu sobre nós, ela gritou e a calei com minha
boca, era assim que gostaria que fossem nossas noites, mesmo que
tivéssemos que enfrentar o inferno de dia, quando voltasse para os
braços um do outro, tudo estaria no lugar certo.
PAOLA

Era inacreditável o que estava vivendo com Romero, ele


conseguiu me fazer esquecer todas as lembranças ruins. Meu
passado amargo e dolorido ficou para trás naquela noite de noivado,
meu noivo me envolveu de um jeito intenso e arrebatador que foi
impossível conseguir pensar em outra coisa senão nós dois entre
aquelas quatro paredes.

— Paola, você decidiu sobre onde vão passar a lua de mel?


— Perla indagou, levantando seus óculos escuros.

— Estou vendo um lugar frio e um mais quente, Romero


disse que podemos ficar duas semanas, uma em cada. — Ajeitei
meu biquíni, aproveitando o sol do meio da manhã daquele sábado.

— Isso é perfeito, dá para aproveitar bem juntinhos em um


lugar frio e quente — Caterina revelou, sorrindo.

— Me poupe dos detalhes sórdidos com meus irmãos,


encontrei uma casa em Sintra, Portugal, nela dá para ficarmos mais
à vontade. Romero prefere alugar uma casa a ficar em hotel.

— É muito melhor, os seguranças chamam muito a atenção


— Perla lembrou e concordei, depois disso, Elena nos serviu um
refresco e um prato de frios. Romeo chorou querendo o colo da mãe
que o pegou e ele se calou no mesmo instante.

O dia passou sem percebermos, pois ficamos falando da


minha lua de mel e da possibilidade de eu sair daquela casa. Meus
irmãos iriam oferecer para Romero morar conosco e ficar em meu
quarto, mas o certo seria eu ir para onde ele morava. No momento,
ele ficaria no seu apartamento, no mesmo prédio que meus irmãos
tinham os seus. Inicialmente, poderia ser uma boa opção, e eu
passaria a ser visita naquela mansão onde morei boa parte da
minha vida.

À noite, esperei por Romero, mas Enzo chegou dizendo que


ele não iria passar na mansão e que ele me ligaria mais tarde. Às
vezes, acontecia alguma coisa mais grave no galpão ou fora dele
que exigia deles mais tempo. Aquela era uma, visto que meus
irmãos demoraram a chegar e eles estavam com os semblantes
bem sérios e preocupados.

Jantamos na mesa mais silenciosa, Pietro estava com uma


carranca enorme, apenas Perla e Romeo conseguiriam algo dele.
Fui para o meu quarto mais cedo e ao pegar o celular, havia
mensagens e ele começou a vibrar na minha mão com o nome de
Romero piscando na tela. Deslizei o dedo e atendi, fechando a
porta.

— Minha Diaba, como você está? — perguntou, afoito.

— Estou ótima, aconteceu algo? — indaguei, pois notei a


preocupação na sua voz.
— Alguns problemas, mas nada que não consiga resolver,
fique tranquila, amanhã vou passar aí bem cedo, me aguarde. —
Sorri, fechando os olhos o imaginando comigo, ansiosa para vê-lo e
sentir o calor de sua pele na minha.
— Tudo bem, fico te aguardando ansiosa, é uma pena que
não vai dar tempo de fazer mais nada, não é? — provoquei e ele
grunhiu.

— Paola, Paola! Sossegue, agora só após nosso casamento,


você deve estar querendo me matar! — Sorri sem me conter.

— Ah, Romero, sinto sua falta, só isso — revelei.

— Também sinto a sua falta, minha Diaba! Mas agora, vai


dormir para me encontrar amanhã. — Concordei, pois não haveria
outro jeito mesmo.

— Boa noite, então, um grande beijo na sua boca e por todo


seu corpo — provoquei mais um pouco.

— Cacete, Paola. Boa noite, garota! — se despediu. —


Sonhe comigo, você sabe… — finalizou com a voz ainda mais
grossa e fiquei imaginando aquele seu olhar tentador e fulminante
que apenas ele tinha. Me abanei com as mãos após jogar o celular
de lado na cama, me levantei e vesti minha camisola, fiz minha
skincare e deitei, imaginando-o comigo. Iríamos fazer de tudo,
menos dormir, com toda certeza.

Antes de apagar, conversei com Leo, ele estava animado


porque seu pai havia conseguido fechar o acordo de seu casamento
com o pai da Alícia. Eles iriam se casar alguns meses depois de
mim e Romero, fiquei feliz por meu amigo, ele conseguiu o que
queria. Na verdade, ele e Alícia, pois ela não queria se casar com
Rocco, que não ficou muito contente com a novidade. Mas, enfim,
ele que fosse procurar outra filha de capo para se casar, ainda tinha
algumas solteiras e novas, só não sabia se o suportariam.

Acabei dormindo, vencida pelo sono que chegou e tomou


conta, sonhei com Romero e nossa lua de mel. Acordei cedo
demais, ansiosa para encontrar com meu noivo, fui tomar um banho,
lavei o cabelo, bati um pouco do secador só para dar um volume,
passei um corretivo abaixo dos olhos, um blush cremoso na maçã
do rosto, uma máscara nos cílios e um gloss nos lábios. Borrifei
perfume depois de passar um creme no corpo, escolhi um vestido
leve e quando deu oito da manhã, desci as escadas e me encontrei
com ele entrando naquele momento.

— Você caiu da cama cedo, apenas para me ver? —


perguntou, se aproximando, senti minha pele se arrepiar com sua
aproximação e calor da sua pele e perfume amadeirado delicioso.
Suspirei, era o paraíso ver aquele homem lindo e saber que ele era
meu.
— É óbvio, mas não fique se achando demais, não vai ser
todos os dias assim, você sabe que sou dorminhoca. — Sorri e ele
percorreu com o olhar todo o meu corpo e rosto, em seguida
capturou meus lábios em um beijo desesperado, porém gostoso
demais. Sua língua invadiu-me como suas mãos, tateando por toda
minha pele e apertando minha bunda com força, enquanto puxava
meu cabelo. Afastou sua boca da minha e trilhou para o lóbulo da
minha orelha.
— Porra, como senti falta desse seu cheiro gostoso e do
calor da sua pele, minha linda! — grunhiu no meu ouvido e então
ouvimos um pigarrear e nos afastamos, fiquei na sua frente, Romero
passou seus braços circulando minha cintura até chegar à frente do
meu corpo.
— Bom dia, Romero! Chegou cedo — Pietro afirmou,
levantando a sobrancelha.

— Prometi à minha noiva que passaria antes do expediente,


tudo bem? — perguntou Romero.

— Tudo ótimo, vem tomar café com a gente, Paola acordou


cedo, o que é de se espantar — Pietro convidou e Perla chegou
seguida de Enzo e Caterina que também desceram.

— A Paola já está de pé, que grande feito, Romero — Enzo


comentou rindo, ele andava cheio da graça desde que descobriu
que teria uma principessa.
— Ah, Enzo, deixa de ser chato, vamos logo comer, acordei
mais cedo e com fome — falei e todos sorriram, menos Pietro que
seguiu em frente como um general.

Fomos todos para a mesa, onde Elena estava terminando de


colocar o café da manhã. Nos sentamos e ela trouxe o café
descafeinado para mim e Romero, pois sabia que meu noivo
gostava também. Comemos juntos ouvindo Enzo se gabar de que
em breve teria mais uma menina na família. Caterina apenas sorria
das coisas que ele falava, logo após terminarmos, Romero se
despediu de mim com um beijo mais contido e saiu com meus
irmãos. Ficando apenas, minhas cunhadas e eu.
Brinquei com Dexter na área externa, enquanto Caterina ficou
observando com Amy deitada em um dos grandes estofados perto
da lareira. Perla ficou sentada na mesa fazendo alguns de seus
desenhos, ela me disse que já estava esboçando algumas opções
para o meu casamento, que logo me mostraria para escolher. Minha
cunhada era bem talentosa, enquanto Romeo dormia, ela se
alternava entre malhar e desenhar, além de ajudar na produção de
novas peças para as joalherias.
Minha psiquiatra chegou minutos depois de brincar mais um
pouco com Dexter, e fomos para a sessão de mais uma semana.
Tínhamos começado com quatro vezes na semana e agora ela
vinha duas, o que era bom, estava me dedicando para continuar
bem comigo mesma.

Quando contei sobre meu envolvimento com Romero, ela


ficou um pouco resistente, porque disse que o certo seria estar
totalmente bem para me envolver com alguém. Mas, ela entendia
meu lado, disse que me ajudaria nisso também, desde que não
negligenciasse a medicação e a psicoterapia. E estava seguindo
tudo conforme ela instruiu, ainda bem que vinha dando certo.
Falamos da minha primeira vez depois que a psiquiatra me
disse para ficar tranquila, pois não falaria nada com ninguém, que
podia confiar nela. Após todos os anos depois do abuso, contei
como ele foi cuidadoso comigo e me deixou à vontade. Apesar que
com Romero nunca senti repulsa como com outros homens que se
aproximavam de mim. Apenas ele me fazia sentir segura para me
entregar, não faria isso com nenhum outro homem, não conseguia
sequer imaginar.
Após a sessão, fui treinar com Perla enquanto Caterina ficou
sentada nos assistindo e conversando. Conseguimos marcar uma
aula de tiro ao alvo para o fim de semana, era bom estarmos bem
de mira. Eu gostava de me manter ativa, pois, uma guerra nunca
avisa quando vai chegar, ela apenas vem como uma avalanche.
— Você sabia que Enzo não me deixa fazer mais nada? —
Cat indagou.

— Tenho reparado no quanto ele está protetor com você —


comentei.
— Está exagerado demais, isso sim, não posso me mover
que ele já vem me impedindo de seguir em frente, daqui a alguns
dias não vai me deixar andar. — Ela rolou os olhos e sorri.

— É a cara dele, quer dizer, nunca pensei que Enzo ficaria


assim, mas é o jeito dele te proteger.

— Até demais, o homem não sossega.

— É disso para pior — Perla afirmou e suspirei deixando o


peso de lado, tomei um ar e fui para a esteira.

— Agora, seu vestido de noiva, como você quer? — Cat


perguntou colocando o seu cabelo de lado.

— Simples, mas bonito, e não me imagino de véu e grinalda.


— Rimos juntas, elas me conheciam bem o suficiente para saber
que aquele não era meu estilo.

— Te imagino com um vestido de noiva sensual que vai


provocar as pessoas e, principalmente, seu noivo — Perla deu sua
opinião.
— Vai ser, você consegue desenhar conforme descrevo como
quero? — perguntei.

— Óbvio que sim, depois que a gente terminar aqui, podemos


começar a desenhar seu vestido.

— Vai ficar deslumbrante, já imagino como você vai arrasar!


— Cat exclamou me animando ainda mais.
Assim que terminamos de treinar, fomos para o escritório de
Perla, as três com Romeo e Ana nos seguindo. Mostrei à minha
cunhada algumas referências que peguei na internet e ela entendeu
bem a ideia, começou a rabiscar no papel e fiquei encantada com o
quanto ela captou o que falei e mostrei direitinho.

— Paola, amei esse modelo de vestido, precisamos mandar


para o ateliê para confeccioná-lo — Cat me lembrou e sabia para
quem mandar o desenho quando ficasse pronto.

— Olha aqui, nessa parte de trás, você quer exatamente


assim? — perguntou Perla enquanto colocava os detalhes na parte
de trás do vestido.

— Está perfeito, tanto a parte da frente como de trás, é bom


ter uma cauda, não precisa ser tão grande.

— Isso que pensei, você vai poder usar qualquer penteado


no cabelo também, ficará perfeito.

— Arrasou, Perla! — Cat elogiou quando Perla levantou o


papel e mostrou para ela, Romeo chorou, querendo o colo da mãe
que o pegou dos braços de Ana e ele se calou assim que ela
começou a balançá-lo nos braços.
— Romeozinho, você gosta mesmo é do colo da mamãe, né,
meu amor? — perguntei sorrindo para ele ao me aproximar, mas
meu sobrinho estava com a cara fechada, parecido com o pai. —
Ele tá ficando como Pietro, querendo sua atenção, é um danadinho,
tão pequenino e esperto — comentei e Caterina sorriu,
concordando. — Cat, vocês já decidiram o nome da minha
sobrinha? — questionei.

— Estamos na dúvida entre Giulia e Sofia. — Eu gostei, mas


imaginava que Enzo queria Sofia.

— Dois nomes lindos, boa sorte na escolha — Perla desejou


e me passou o papel com o desenho do vestido, de frente e de
costas.

— Ficou perfeito, é assim que quero, algo simples, mas que


vai chamar a atenção e combina comigo. — Elas concordaram.

— Ainda não está pronto, vou fazer um desenho completo


para você e enviamos para o ateliê, eles vão saber qual o tecido
certo — Perla completou e só pude sorrir.

Depois de horas conversando com minhas cunhadas, segui


para o meu quarto, tomei um banho e relaxei um pouco sozinha.
Peguei o celular e havia mensagens de Romero, ele me enviava
durante o dia. Mas assim que li, meus olhos quase saltaram, pois
meu noivo dizia que eu podia me preparar que nosso casamento
aconteceria antes do esperado.

Senti meu estômago se agitar de ansiedade e meu corpo


inteiro se arrepiar, apenas em lembrar que iria me casar com o
homem que sempre amei e que sonhei em ter para mim. Ele seria
todinho meu e ninguém poderia mudar aquilo. Me arrumei e desci
para ficar esperando meus irmãos chegarem, contei a minhas
cunhadas e elas ficaram agitadas com o adiantamento do
casamento. Começamos a conversar sobre o que faríamos nos
próximos dias para organização da cerimônia e festa.
ROMERO

— Onde ele estava todo esse tempo, porra? — Pietro


explodiu socando em sua mesa. Estávamos no galpão desde cedo e
com muitos problemas.
— Ele esteve pelo mundo, se escondendo, esperou os anos
passarem ficando na encolha, só pode! — afirmei.

— Então matamos o homem errado? Mas que porra! — Enzo


rosnou enquanto eu tentava, com todas as forças, não quebrar tudo.
— Tenho quase certeza que sim, pois quando chegamos ao
local, não havia mais ninguém, apenas o filho da puta com a Paola
— concluí com ódio.

— Leo — Pietro gritou e ele chegou rápido —, pesquise tudo


sobre esse tal de Charles, agora! — Pietro se aproximou de Leo e o
pegou pela gola da sua camisa, levantando-o, fazendo com que
seus olhos ficassem próximos um do outro. — Não quero que essas
informações saiam daqui, principalmente para Paola, se caso isso
vazar, você será um homem morto — Pietro foi incisivo e direto. Leo
nem piscou, apenas assentiu.
— Como o senhor quiser! — respondeu.
— Agora vai, quero um dossiê completo dele, todas as
informações atuais — mandou e ele saiu depressa.

— Paola está indo tão bem, quer dizer, a psicoterapia e a


medicação têm feito bem a ela, nunca tinha visto minha irmã tão
feliz como agora — Enzo ressaltou.

— Esse passado tinha que reaparecer, como descobriram


esse homem? — Pietro questionou.

— Recebi um alerta de um dos nossos homens que ficavam


de olho na família do Mason, eles descobriram que, na verdade,
esse homem se chama Charles e era irmão gêmeo do Mason, ele
chegou recentemente a Chicago — bufei e peguei mais um cigarro
—, o que quer dizer que, naquela madrugada, matamos o homem
errado.

— Eu o matei com minhas próprias mãos — Pietro rugiu e


imediatamente me lembrei da cena, depois de conseguirmos salvar
Paola, não a tempo suficiente de evitar o pior, o que foi uma pena.

O levamos para um terreno baldio e Pietro o matou devagar,


junto com Enzo, o torturaram muito, não para arrancar informações.
Apenas para que ele sofresse, que jorrasse sangue do seu corpo
rasgado e depois de finalmente perfurarem o coração dele, fiquei
responsável por cuidar da incineração do corpo. Acompanhei todo o
processo, por isso nosso espanto.

— Agora entendo o motivo daquele homem gritar com


desespero, dizendo não ser o professor de Paola, nunca entendi
aquela fala do desgraçado — Pietro lembrou.
— Nem eu, mas o matei com gosto, acho que nunca senti
tanto prazer em matar alguém como aquele estuprador de merda —
Enzo comentou.
— Vamos descobrir tudo, mas Paola não pode saber, pelo
menos, não ainda — Pietro afirmou.

— Melhor não, vamos esperar o casamento passar e depois


de um tempo, contamos a ela, e claro, vamos ver o que Leo
descobre e pegar esse homem — propus e eles concordaram.

Aquele foi um dia estranho, fora isso, Pietro ficou nervoso por
não termos o rastro certo de Giovanni. Infelizmente, ficávamos
atentos, pois tudo poderia acontecer com aquele bastardo à solta. À
tarde, saí para resolver uma guerra, mais uma, na verdade, entre as
gangues. A mercadoria tinha chegado e a confusão foi armada,
Enzo e eu fomos resolver, visto que Mário e Lucca estavam em
outra missão.

Entrei no galpão, atirando no braço de um daqueles


moleques, chamando a atenção dos demais que pararam na hora.

— A bagunça acabou, seus filhos da puta — Enzo gritou,


pegando um deles pelo braço e jogando à nossa frente, o restante
ficou atrás, nos encarando com os olhos alarmados.

— A mercadoria não chegou do outro lado, apenas aqui! —


um deles gritou e Enzo se enfureceu com a ousadia.

— Exijo saber agora, quem ordenou que desviasse a carga


toda para cá? — indaguei e o silêncio recaiu no galpão.

— Foi o Liam que mandou, apenas obedeci. — Puxei o cara e


o joguei na frente.
— O Liam é o patrão agora e não estamos sabendo? Mas
que porra é essa?
— Quando vão entender que quem manda nessa porra
somos nós? Vocês só ganham se continuarem vendendo o caralho
da droga, caso contrário, vamos parar de fornecer e ninguém mais
vai poder vender — Enzo vociferou.

— Cadê o Liam? — perguntei sem paciência para toda


aquela confusão entre gangues, os soldados não conseguiam
resolver, e precisávamos treiná-los melhor para que eles mesmos
dessem um jeito.

— Quem não falar onde está esse desgraçado, vai pagar com
a vida. Comecem a falar. — Enzo apontou a sua arma, ameaçando
com o olhar frio e duro, no momento que nos encaramos, vimos um
deles correndo para fora do enorme portão. Mas, Leo o segurou
antes que conseguisse escapar, amarrou as mãos dele e os pés em
uma cadeira que estava no meio do lugar enquanto pegava a faca
no meu coldre.

— Acha que é alguma autoridade para passar nossa


mercadoria para onde quer? — indaguei sem tirar os olhos dele.
Dobrei mais a manga da minha camisa e comecei rasgando
sua pele, vendo o sangue escorrer do abdômen e pingar no chão
imundo daquele lugar, o cheiro metálico invadiu minhas narinas.
Suspirei com a visão, o maior prazer do mundo era ter a vida de
alguém em suas mãos.

Os outros ficaram assistindo, enquanto arrancava mais


sangue de Liam e ele agonizava em dor, era prazeroso demais ver
seu desespero e sofrimento. Apesar de odiar ter que resolver essas
bagunças, gostava de estar em ação, me lembrava do quanto
apreciava ver e provocar dor em alguém que merecia, castigar era
sublime.

— Entende agora quem manda nessa porra? — perguntei,


fitando os olhos quase sem vida do homem.

— Eu… e… — gaguejou cansado — …entendo sim —


respondeu, guardei a faca vendo o alívio em seu semblante, mas
peguei a arma e atirei três vezes, vendo seu corpo cair da cadeira
lentamente enquanto todos olhavam espantados para o sangue se
esvaindo daquele ser deplorável.

— Mais algum engraçadinho a chefe vai nos enfrentar? —


perguntei, por fim, e ninguém respondeu nada, era uma pena, minha
faca estava tão afiada e pronta para cortar mais. Sorri com
perversidade enquanto me observavam.

Enzo e eu fomos levados pelos outros dois para onde estava


a droga, dividimos junto dos soldados e tratamos de encaminhar
para o outro lado. Antes de deixarmos aquele lugar medíocre, os
ameaçamos mais uma vez e deixamos soldados responsáveis para
fiscalizar a entrega e distribuição da droga naquela região de
Chicago.

Ao chegarmos ao galpão, fui ao banheiro da minha sala,


troquei de camisa e me lavei. Estava cheio de sangue e ainda iria
passar na mansão para ver minha noiva, ela queria sair comigo
antes do casamento. Paola ainda fez aula de reforço de tiro ao alvo,
fiquei sabendo por um dos responsáveis que ela era uma das
melhores que já havia passado por aquela sala. O que me deixava
orgulhoso, ela não negava o seu sangue e se tivesse oportunidade,
daria uma mafiosa para ninguém colocar defeito.

Com o casamento adiantado, minha noiva estava ocupada


ajudando na organização, ela gostava de participar de tudo, assim
como nos de suas cunhadas. Infelizmente, tive que ver com meus
próprios olhos, o filho da puta que estuprou Paola. Quando Leo me
entregou o relatório, Pietro e Enzo tinham ido para a mansão. Por
isso, eu mesmo fui ao endereço localizado nas pesquisas e ele me
mostrou na ficha que aquele homem, era o irmão gêmeo de Mason,
que se chamava Charles.

— Então, quer dizer que esse não é o Mason e sim o


Charles? — questionei Leo.

— Sim, mas foi expulso do colégio que trabalhava por abuso


e conseguiu fugir da polícia, estava assediando as alunas e isso me
levou a pensar que… — Nem o esperei completar, pois tirei a
conclusão.

— Ele pode ser como o irmão, mas será que tem a


possibilidade de ele não ser o Charles e sim o Mason? — Parei um
minuto, tentando assimilar tudo que se formou na minha mente. —
Caralho! Matamos o cara errado naquela noite. — Suspirei e fui
dominado por uma raiva sem fim.

— Pegou a ficha do Charles também? — Ele assentiu e me


entregou.

Charles não era professor, então por que estava atuando


como um? Minha nossa, o que era tudo aquilo, o homem se
apossou da vida do irmão, mas continuou vivendo normal, como se
fosse ele mesmo.

— Romero, cheguei à conclusão de que o Charles pode ter


chegado e flagrado o irmão abusando da Paola, mas depois vocês
chegaram e o Mason fugiu, deixando o irmão para morrer.

— Exatamente, então matamos mesmo o filho da puta errado!


Agora ele não vai escapar. — Apertei os papéis na minha mão,
movido pelo ódio de saber que aquele desgraçado ainda respirava o
mesmo ar que todos nós. Inferno!
— Desculpe me intrometer, mas se permite dizer minha
opinião — assenti e ele continuou —, Paola merece saber disso,
pois já me falou mais de uma vez como gostaria de ter matado o
Mason.

— Leo, ela ainda não pode saber, está tão bem e feliz, como
nunca esteve antes, isso vai trazer todas as lembranças ruins e
temos que esperar pelo menos o casamento.
— Sei disso, mas Paola merece a verdade, isso faz parte do
passado dela e tenho certeza de que vai querer matar esse homem
com suas próprias mãos.

— E ela teria coragem de fazer isso mesmo — cheguei à


conclusão, entendendo o ponto que Leo queria —, mas preciso falar
com Pietro e Enzo antes de qualquer coisa.

Liguei para Pietro e ele mandou que capturasse o homem o


mais rápido possível. Assim que encerramos a ligação, me virei para
Leo e ordenei:
— Peguem ele e coloque no cativeiro da antiga fábrica, na
estrada da morte, para que esse filho da puta não fuja mais, vamos
manter ele preso enquanto vou preparando Paola, ela agora está
distraída com os preparativos do casamento, vamos esperar mais
um pouco, será melhor. — Ele concordou e se juntou aos outros
homens para pegarem o Mason do outro lado da rua, saindo de um
bar. Entrei no carro e fiquei observando pelo retrovisor quando
colocaram um capuz preto cobrindo sua cabeça enquanto o homem
se debatia, saímos em alta velocidade pelas ruas de Chicago.

Dias depois…

— Você sabe que ela vai surtar! — Enzo mencionou.

— Ou não, Paola vai querer apenas se vingar e temos de


deixar que ela escolha o que fazer — falei e Pietro se virou para
mim com a testa franzida.

— Romero, sei que você está apaixonado e quer fazer tudo


pela sua noiva, mas só consigo pensar no quanto isso vai acabar
com minha irmã — Pietro trovejou, ficando vermelho de tão nervoso.
— Cacete! Queria matar aquele filho da puta logo! — Enzo
praguejou.

— Como vocês acham que me sinto, porra! — explodi de uma


vez. — Não suporto a ideia de saber que esse infeliz ainda respira.

— Certo, vamos esperar passar o casamento, a lua de mel e,


depois contamos com todo cuidado, deixando que ela decida o que
deseja fazer ao filho da puta — Pietro chegou à conclusão.

— Ótimo, agora preciso ir provar o terno do casamento e


depois vou me arrumar para sair com Paola à noite.
— Romero, não vai fazer despedida de solteiro? — Enzo
perguntou, sorrindo.

— Damon está programando algo no clube, parece que vai


fechar o lugar apenas para nós, vocês estão convidados! — fiz o
convite e eles se entreolharam.

— Se as patroas deixarem — Enzo respondeu e abri um


sorriso, eu vivi apenas para ouvir e ver os dois de quatro por suas
mulheres.

— Não pense em dizer nada, Romero. Você nem se casou e


está todo desmanchado pela minha irmã, ela vai mandar na sua
vida, cara, você não sabe o que te espera! — Pietro exclamou e
saímos da sala dele no galpão, após tomar o último gole de uísque.

Passei na mansão no horário que tinha combinado com


Paola, quando ela desceu as escadas, fiquei atônito. Será que
nunca me cansaria de admirar a beleza da minha noiva? Ela estava
com um vestido preto com pequenas partículas de brilho, decote V
na frente e com um transpassado deixando uma pequena parte dos
seus seios à mostra. As pernas lindas de fora, estava tão gostosa
que poderia devorá-la inteira. O cabelo em ondas selvagens como
ela usava e ficava linda, os olhos azuis se destacavam, ferinos,
prontos para uma guerra. Essa era a Paola, uma garota no corpo de
mulher, ora se revelava frágil, ora forte e capaz de tudo.
— Gostando do que está vendo, meu amor? — perguntou
quando peguei sua mão.

— Porra, muito! — respondi a puxando e colando nossos


corpos, sentindo o calor delicioso de sua pele e o perfume doce
inconfundível. Beijei de leve sua boca desejando mais, no entanto,
Enzo chegou vindo do escritório.

— Até que vocês dois juntos ficam bonitos, aproveitem a noite


— primeiro ele debochou.
— Ah, Enzo, vai cuidar da sua esposa! — Paola exclamou e
ele riu.

— Eu te amo também, bambina mia! Juízo, vocês dois. —


Levantou uma sobrancelha nos fitando, acenou e subiu as escadas.

Entrelacei nossas mãos e saímos da mansão, indo em


direção à garagem, onde Alex estava com Leo e Danio, que cuidava
da segurança de Perla, e Adam de Caterina. Eles estavam
responsáveis pela ronda da mansão naquela noite. Entramos no
meu carro, eu iria dirigir com Alex e Leo na minha cola em outro
automóvel.

Acelerei ao som de Guns N’ Roses, Sweet Child O’ Mine


pelas ruas de Chicago com minha noiva cheirosa ao meu lado
apreciando a brisa gostosa da noite. Paola colocou a mão em minha
coxa e ficou acariciando, me provocando como a boa diaba que ela
era. Quando parei no sinal vermelho, a puxei e beijei sua boca
pouco me importando com Alex e Leo atrás de nós, eles não veriam
nada, pois os vidros eram escuros demais.
O sinal abriu e tive que me afastar da boca deliciosa dela que
sorriu, em alguns minutos chegamos à boate que Enzo levou
Caterina uma vez. A noite era de rock, como gostava mais do que
música eletrônica, descemos e entreguei a chave do carro para um
dos seguranças. Peguei a mão de Paola mais uma vez e me
aproximei de seu ouvido.

— Não desgrude de mim, nem um minuto sequer! — ordenei


e ela apenas meneou a cabeça concordando, mas sabia que
poderia não me obedecer. — Paola, falo sério, não quero
problemas.

— Eu sei disso, meu amor! Vamos aproveitar. — Me deu um


selinho e entramos na boate, sendo escoltados pelos seguranças.
Fomos direto para a área privada, onde poderíamos andar mais
tranquilamente. Fui pegar nossas bebidas, ela não poderia ingerir
nada alcoólico por causa da medicação, então peguei um
refrigerante como me pediu. Damon chegou ao meu lado, batendo
no meu ombro, me virei.

— Os noivos vieram se divertir, é permitido isso agora? —


Apenas fiz uma careta para ele.

— Não enche, porra! — Ele sorriu.

— Estou só zombando de você, não precisa ficar nervosinho.


— Levantou as mãos.

— Tudo bem. — Observei Paola dançando, se divertindo com


Alícia, a futura noiva de Leo, quando os olhos dela se voltaram para
mim, se aproximou.
— Estou com sede, a música está muito boa hoje — Paola
elogiou e se virou para Damon após beber um pouco da sua Coca-
Cola.

— Olá, Damon, como vai?

— Muito bem, aproveite sua noite! Vou dar uma volta pelo
lugar e ver como está lá em cima. — Ele apontou e saiu, me
deixando sozinho com Paola que não parava de balançar a perna e
cabeça no ritmo de You Give Love A Bad Name.
Como não era de dançar, me sentei na banqueta, peguei meu
cigarro e acendi para relaxar um pouco. Paola me deixava louco,
tomei um gole da minha bebida e fiquei apenas sentado,
observando-a dançar. As músicas, o ambiente daquela noite
combinavam muito com minha noiva, por fim, cansado de apenas
olhar e querendo mais, me aproximei dela colando seu corpo no
meu e segui seu balançar, beijando seu pescoço e absorvendo de
seu perfume. Acho que nunca me cansaria de tê-la ao meu lado, ao
mesmo tempo em que bagunçou minha vida, Paola também me fez
ver tudo de outra forma.
PAOLA

Na última noite que saí com Romero, foi perfeito, mas notei
que ele estava inquieto, às vezes não me olhava direto nos olhos,
parecia estar escondendo alguma coisa. Não tinha ideia do que
poderia ser, até liguei para o Leo naquela madrugada, pois não
conseguia dormir pensando naquilo. Porém, até mesmo meu melhor
amigo disse que não sabia de nada, o que soou ainda mais
estranho. Com uma tensão pairando no ar na mansão, me senti
aflita, porque minha intuição dizia que tinha a ver comigo. Odiava
que as pessoas me deixassem no escuro, principalmente quando
era sobre mim.

Durante a semana que se seguiu, comecei a ter pesadelos


com o professor de novo, parecia um aviso, algo estranho que não
acontecia há muito tempo, aquela situação foi a causadora do meu
humor ficar oscilando. Odiava sentir aquilo. Acordei suada, sentindo
um aperto no peito, me sentia ansiosa e atormentada, talvez fosse a
proximidade para o casamento.

O pesadelo não era o mesmo em que eu esfaqueava aquele


ser desprezível, e sim comigo torturando e o matando em seguida
no mesmo lugar que ele tirou minha virgindade à força. Passei a
mão pela testa e me levantei, sentindo um tremor e arrepio pelo
meu corpo. Andei até o banheiro, tirei a camisola, deixando-a no
chão, liguei o chuveiro e deixei a água quente cair na minha cabeça,
fechei os olhos e suspirei, o cabelo caiu no meu rosto com o peso
da água e pouco me importei.

Após ficar mais tempo do que poderia contar debaixo do


chuveiro, apenas existindo e tentando relaxar, lavei meu cabelo e
saí me enxugando com uma toalha, ainda sentindo algo retorcendo
em meu âmago. Faltavam poucos dias para o meu casamento,
assim que terminei de secar o cabelo, voltei para o meu quarto que
se encontrava cheio de malas e caixas. Elena e Ana estavam me
ajudando a organizar tudo que teria que levar na viagem de lua de
mel e para o apartamento de Romero.

Meus últimos dias se resumiam em organizar os detalhes do


casamento com ajuda de Perla e Caterina e a selecionar tudo que
levaria para minha nova casa. Pietro ofereceu a mansão para
Romero vir morar, mas depois de me consultar, meu noivo
agradeceu ao meu irmão e disse que iríamos ficar bem no seu
apartamento, pois a sua casa passaria por uma reforma em que eu
iria decidir tudo.

— Paola. — Ouvi a voz de Perla soar na porta e ela bater.

— Pode entrar! — respondi, pegando no closet a roupa que


deixei separada para aquele dia que seria a última prova do meu
vestido de noiva.

— Ainda não está pronta? — minha cunhada perguntou.

— Não, demorei muito no banho, mas estamos com tempo,


Perla. — Ela me fitou incrédula, percebendo meu péssimo humor.
— O que foi? Hoje não era para ser um dia especial, Paola?
— Mantive minha cabeça baixa e ela se aproximou e tocou meu
queixo inclinando meu rosto para cima.
— Sei que era para ser, mas tive um pesadelo essa noite e
estou há dias cismada de que Romero e meus irmãos estão me
escondendo algo. — Ela suspirou.

— Mas o que eles poderiam estar escondendo? Olha,


esqueça isso e foque no seu casamento, com o homem que você
sempre amou e conquistou. Este momento é seu, não deixe que
nada ofusque tudo que tem para viver nesses dias, aproveite cada
minuto, ok? — Me puxou para um abraço, fazendo-me sentir
acolhida, ela tinha toda razão, não podia me deixar influenciar por
algo que nem era certo.

— Perla, nem sei o que dizer. — Ela sorriu.

— Não precisa falar nada, apenas se arrume, fique mais linda


e vamos, os nossos seguranças estão esperando — me lembrou e
saiu do quarto, deixando-me sozinha. Peguei meu remédio na mesa
ao lado da cama, o meu copo de água e bebi, terminei de me
arrumar e saí.

Chegando à sala, Perla e Caterina estavam me esperando,


Ana estava com Romeo no colo, minha cunhada deu um beijo no
filho e fomos para a garagem onde Danio e Adam estavam a postos
com o carro pronto. Alex nos seguiria até a antiga mansão onde
experimentaria meu vestido de noiva.

Caterina e Perla não me deixaram em paz o caminho todo,


conversando sobre a festa, elas também estavam me ajudando na
organização. Quando nos aproximamos do quarteirão, senti um
friozinho no meu estômago, ansiosa demais para fazer a última
prova do meu vestido. Era a realização de um sonho estar vivendo
esse momento que, para mim, era muito mais que uma conquista.

— Pronta para fazermos a última prova, Paola? — Ao


entrarmos na mansão, a estilista e suas assistentes estavam com
tudo preparado.

— Claro, e muito ansiosa! — exclamei com a voz embargada


de emoção, seria difícil segurar no dia do casamento.
— Então venha comigo, o vestido está no quarto. — A mulher
de meia-idade e muito elegante me chamou e fui seguindo-a. O
vestido estava em um cabide pendurado no canto, coloquei a mão
na boca, chocada com a beleza dele e de como ficou ainda mais
lindo do que pensei.

— Caralho! — Vibrei e a estilista sorriu com minha reação, ela


me entregou e o admirei antes de vestir, sentindo minhas mãos
tremendo, tamanha emoção.
— Vamos colocar nesse corpo lindo? — sugeriu e meneei a
cabeça, concordando.

Ela me ajudou a vestir e quando me olhei no amplo espelho


que havia naquele quarto, fiquei surpresa com o quanto estava
perfeito, exatamente como idealizei. Ela me deu o sapato também
que usaria, um scarpin lindo da mesma cor do vestido, calcei e me
senti incrível.
— Pegue esse buquê aqui, que trouxemos só para você ter
uma visão de como vai ficar no seu dia especial. — Me entregou o
monte de flores brancas e amarelas.

Saí do quarto e cheguei à sala, minhas cunhadas se viraram


e quando me viram no vestido, ficaram eufóricas.

— Puta merda, Paola! — Perla soltou, me fitando com


admiração.
— Você está perfeita, linda demais! — Cat elogiou, me
deixando ainda mais emocionada.

— O melhor que não vai precisar de nenhum ajuste, ficou


impecável — a estilista ressaltou e concordei.

— Não vai usar o véu mesmo? — Perla questionou.

— Nem pensar, prefiro não usar, achei perfeito assim.


— Está mesmo, tenho que concordar e essa cauda é
removível? — Perla se virou para a estilista.

— Sim, tem um zíper invisível nela e pode tirar quando quiser


na festa. — Ela se aproximou e nos mostrou como remover.
— Perfeito! — elogiei e fiquei admirando a imagem no
espelho. Depois de brindar com minhas cunhadas, apenas Cat com
água na taça, tirei o vestido e voltamos para a mansão no
penhasco, aquele dia e os próximos consegui esquecer o receio de
que estavam ocultando algo de mim. Até mesmo porque, me
mantive tão ocupada, envolvida nos últimos detalhes da cerimônia e
festa.
Dias depois…

— Você está lindíssima, Romero vai ficar fascinado! —


Caterina elogiou, enquanto Perla colocava o colar em meu pescoço
e eu encarava a minha imagem no espelho.
O modelo do vestido que escolhi era uma combinação sexy e
sofisticada, moderno e clássico. Sem costura, macio, em crepe
francês duplo, o design foi criado para exaltar completamente cada
curva e volta do meu corpo, tinha ainda um drapeado abaixo do
decote que dava um charme a mais.

Escolhi aquele modelo por combinar mais comigo, gostava de


chamar a atenção, mas sem me perder em um vestido e ele fazia
exatamente isso, evidenciava a beleza do meu corpo e rosto.
Os meus fios loiros foram prendidos em um coque baixo e
mais despojado, sem deixar de ser elegante. Duas mechas de
cabelo onduladas ficaram soltas na frente, ressaltando o decote e o
colar que Perla desenhou exclusivamente para mim. Tudo
minimalista, mas elegante e muito bonito.

— É a noiva mais linda de Chicago, meu amor! — Perla


exclamou.
— Tudo pronto, podemos ir? Pietro e Enzo estão esperando,
os convidados já chegaram e Romero vai entrar — Cat me alertou e
minhas mãos começaram a suar de nervoso, era o meu grande dia,
aquele que sonhei inúmeras vezes, que me casaria com o homem
que sempre amei. Era inacreditável, mas estava acontecendo, era
real e cada poro do meu corpo estava arrepiado.
— Estou mais que pronta! — respondi, recebendo o buquê
que Elena me entregou com os olhos cheios de lágrimas. Ela estava
emocionada e tive que me conter para não chorar e estragar minha
maquiagem mais uma vez.
— Seja feliz e aproveite este dia! — Perla desejou, beijando
minha mão, depois saiu e descemos.

Ao chegarmos à sala, Enzo estava andando de um lado para


o outro, assim que seus olhos caíram em mim, percebi que ele ficou
emocionado em me ver vestida de noiva.
— Você está tão linda vestida de noiva, puta merda, bambina
mia! — Ele me abraçou e ficou me encarando, segurando as
lágrimas assim como Pietro quando chegou à sala com Romeo no
colo.

— Paola — me fitou atônito, passou Romeo para Ana —,


você está belíssima, é inacreditável, mas é uma mulher feita, que
vai se casar. Espero que seja muito feliz e, qualquer coisa, é só nos
chamar que damos um jeito em Romero.

— Que isso, Pietro. — Sorri, ele estava brincando, deu um


meio-sorriso e me fitou com seriedade.

— Apesar de tudo, ainda é uma Mancini, nunca aceite menos


do que merece, você é gigante, nunca se esqueça que te amo. Fiz o
meu melhor, às vezes errando, mas tentando acertar sempre para te
ver bem. — Novamente estava eu ali de frente para minha família,
tentando segurar as lágrimas e manter a maquiagem intacta. Mas foi
impossível, algumas gotas do líquido salgado caíram pelo meu rosto
e Perla se aproximou com um lencinho para secar sem me deixar
limpar com as mãos e evitar de borrar.

— Não esqueça, bambina mia. Tudo que fazemos é para o


seu bem e porque te amamos muito, por isso aproveite seu
casamento e seja feliz! — Enzo afirmou e beijou minha mão. —
Venha, vamos te levar até aquele safado! — Ofereceu o braço
assim como Pietro, ficando um de cada lado.

— Os dois vão me levar? — questionei, aqueles eram meus


irmãos, eles me carregariam no colo se pudessem, mesmo sabendo
que não era mais uma garotinha.
— Claro, eu queria e ele também, então vamos os dois! —
Pietro respondeu e sorri vendo que Caterina e Perla foram para o
jardim, onde seria a cerimônia.

— Vocês são inacreditáveis! — Ambos deram de ombros,


pouco se importando. Saímos da sala e fomos para o jardim que
estava todo decorado com rosas brancas e amarelas, seguindo tudo
que pedi, a cortina branca que foi colocada na estrutura montada foi
fechada. Me senti ansiosa, o estômago agitado, as mãos suando,
segurando o buquê de braço dado com meus dois irmãos e não
poderia ser diferente.

O som no piano de I Don’t Wanna Miss a Thing de Aerosmith


soou alto me deixando arrepiada e com um nó na garganta de
nervoso. As cortinas se abriram e senti todos os olhares em minha
direção, mas o único que me prendeu, foi o do meu noivo no altar,
me esperando. Os olhos castanho-escuros de Romero perpassaram
por todo meu corpo, ele parecia estar fascinado. Dei um meio-
sorriso e entramos devagar enquanto sentia meu coração
acelerado. Meus batimentos estavam tão intensos que daria para
todos ouvirem se não fosse a música naquele momento.

Romero desceu os degraus para me receber, um dos


cerimonialistas pegou o buquê, Enzo e Pietro me abraçaram e
trocaram aperto de mãos com Romero. Pegaram a minha mão e
entregaram a ele, falando para que cuidasse bem de mim, não de
forma amigável, foi em um tom ameaçador. Mas, meu noivo pouco
se importou, porque sua atenção estava toda em mim, o olhar
apaixonado e admirado. Ele beijou minha testa e confidenciou no
meu ouvido, me deixando afetada pela sua proximidade:

— Você é a noiva mais linda e gostosa do mundo! — elogiou


me deixando em êxtase, ele ofereceu o seu braço e subimos o altar,
a música terminou e o celebrante deu início à cerimônia do
casamento.

Tentei escutar com atenção tudo que ele falava, pois era
importante, mas o perfume amadeirado de Romero me deixou
desconcertada. Ele também estava lindo em seu terno preto e
gravata borboleta, a barba aparada e o cabelo perfeito em um
topete que o deixava ainda mais irresistível.

Chegou o momento em que ficamos um de frente para o


outro, senti o olhar intenso de Romero me fulminar. O celebrante se
virou e perguntou para Romero:

— Romero, você aceita Paola como sua legítima esposa,


promete ser fiel, amá-la, respeitá-la na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias das
suas vidas, até que a morte os separe? — Ele aproximou o
microfone.
— Sim — afirmou, mantendo seus olhos nos meus que se
encheram de lágrimas com o significado que senti naquela pequena
palavra.

— Paola, você aceita Romero como seu legítimo marido,


promete ser fiel, amá-lo, respeitá-lo na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias das
suas vidas, até que a morte os separe? — Aproximou o microfone.

— Sim — afirmei, sentindo arrepios por todo meu corpo


enquanto mantinha meu olhar no de Romero, o homem que sempre
desejei e amei. O único capaz de me fazer feliz de verdade, eu
sabia daquilo desde quando meu coração passou a bater forte na
presença dele. Nunca me enganei, era uma obsessão minha, porém
a única certeza que tinha na vida.

Romero pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos e, ao


sentir o calor dele, foi como se tivesse encontrado meu lar.
Trocamos as alianças, fazendo mais uma promessa sob o olhar
apaixonado um do outro, e após ouvir o celebrante encerrando,
fazendo aquela afirmação que tanto idealizei na minha mente.

— A partir deste momento, vos declaro: marido e mulher. Sr.


Bellucci, pode beijar a noiva. — Sorri de canto enquanto Romero
acariciou primeiro meu queixo como fez diversas vezes, meu
coração bateu cada vez mais rápido no peito, sentindo seu olhar
intenso fixo nos meus lábios e olhos. Sua boca tomou a minha com
paixão, em um beijo gostoso, devastador que me deixou de pernas
bambas, suas mãos apertaram minha cintura e sua língua dominou
cada cantinho da minha boca com avidez, então ouvimos o
pigarrear do celebrante e finalizamos, sorrindo.
Ouvimos aplausos dos convidados e o toque de Paradise de
Coldplay dominando o jardim. Saímos juntos enquanto jogavam
arroz em nós dois, sorrimos um para o outro seguindo em direção
ao salão de festas que estava pronto para receber os convidados.
Romero parou na porta de vidro do local iluminado com uma luz
mais quente e baixa e me fitou intensamente.

— A partir de hoje, nós nunca mais vamos estar sozinhos,


somos parte um do outro formando um só, você é minha e sou todo
seu, minha Diaba. — Me senti em êxtase e emocionada, segurei as
lágrimas e apenas beijei sua boca de forma desesperada,
respondendo àquela sua declaração linda.

Os convidados chegaram logo atrás e tivemos que receber os


cumprimentos de todos e aproveitar a grande festa. Foi um dia que
ficaria para sempre na minha memória, reviveria aqueles momentos
com amor. Nunca perdi a esperança de viver esse sonho com
Romero, mas houve momentos em que pensei que não conseguiria
tê-lo e que não o merecia. Mas os dias de frustração tinham
passado, como tudo na vida, nada era eterno, mas o meu amor por
ele, seria sempre intenso e grande.
ROMERO

A festa de casamento foi exatamente como minha esposa


quis, ela organizou tudo com suas cunhadas. Não entendia nada
sobre festas, mas estava impecável, aproveitamos cada minuto,
apesar de não ter conseguido parar de pensar em ficar sozinho com
Paola. Quando a vi entrando tão linda e gostosa no vestido de noiva
que ficou perfeito em seu corpo, quase enlouqueci. Paola optou pelo
simples, porém, elegante e que chamava a atenção, não apenas o
vestido, mas evidenciou quem era ela, uma mulher destemida.

Dançamos juntos e depois ela dançou com suas cunhadas,


percebi o quanto estavam mais próximas nos últimos meses e fazia
bem para Paola. Ela sempre esteve rodeada de homens, foi criada
por dois cabeças-duras que, apesar de tudo, a protegiam do mundo
obscuro que vivíamos. Na verdade, não estávamos livres e seguros,
o perigo rondava e movia nossa vida, sempre à espreita. Agora,
Paola era minha para amar e proteger e faria até o impossível para
que nada a atingisse.

— Romero, espero que cuide bem da nossa irmã, você sabe


como funciona, nem preciso dizer. — Enzo se aproximou para se
despedir, abraçou a irmã e parecia estar mais incomodado do que
Pietro com o fato de Paola estar indo embora da mansão.
— Você sabe, Enzo, que não vou deixar de proteger e cuidar
dela, não se preocupe. — Trocamos aperto de mãos como
despedida e Pietro chegou ao lado de Enzo com Perla que foi
abraçar minha esposa. Era estranho ainda pensar que me tornei um
homem casado, porém me sentia realizado, algo que nunca
imaginei.
— Romero, cuide dela e nos avise quando chegar à França.
— Concordei.

— Pode deixar. — Ele me fitou daquele seu jeito sério e


apertou minha mão com mais força.

Paola abraçou seus irmãos e as cunhadas, beijou a barriga


de Caterina, pedindo para que a sobrinha esperasse chegarmos
para nascer, ainda estava em tempo, mas tudo poderia acontecer.
Peguei a mão da minha esposa e acenamos antes de entrar no
carro que nos levaria ao aeroporto clandestino. Nosso avião estava
pronto e à nossa espera, primeiro viajaríamos para o noroeste da
França, aluguei uma Maison à la falaise, ou seja, uma casa no
penhasco que Paola encontrou, o local era mais afastado, longe de
qualquer movimentação e com uma vista incrível. Perfeita para
nossa segurança e nossos dias juntos, estava me sentindo ansioso
para tê-la somente para mim.

— No que está pensando? — ela quebrou o silêncio.

— Ah, no quanto vamos aproveitar essas duas semanas


juntos e sozinhos. — Me virei e peguei em seu queixo, passando o
polegar, admirando seu sorriso que surgia do canto de seus lábios
irresistíveis.
— Enfim, sós! — falou de forma sedutora e não resisti,
capturei sua boca, beijando com todo o desejo que senti desde o
momento que ela entrou vestida de noiva. O beijo foi desesperado,
minhas mãos tomaram conta de seu corpo, mas me contive ao
lembrar que ainda não estávamos sozinhos.

Paola sorriu e passou o dedo no canto dos meus lábios,


tirando resquícios do seu gloss. Ficamos apenas colados um no
outro até chegarmos ao aeroporto, descemos e entramos no avião,
a deixei subir na frente enquanto observava seu rebolado delicioso e
alucinante. Queria foder com ela naquele vestido, estava ficando
com tara nas roupas que minha esposa usava. Sempre me deixava
com um tesão da porra, além de admirado com o quanto seu estilo
dizia sobre a mulher que era, intensa e audaciosa.

Entramos na aeronave e a comissária de bordo nos recebeu,


nos ofereceu champanhe e aceitamos, Paola observou cada gesto
da comissária comigo, percebi o quanto minha esposa seria
ciumenta. Seu olhar mortal em direção à garota não me passou
despercebido.

— A nós dois! — Ergui a taça e ela fez o mesmo, sem deixar


meu olhar, o que me deixou louco para tocá-la. Mas, como o avião
estava para decolar, não poderia me levantar da poltrona ainda.

— Elas são funcionárias novas, não é? — perguntou.

— Sim, Enzo despediu as outras. — Aproximei a borda da


taça da boca e bebi um pouco do líquido claro.

— Fiquei sabendo por Caterina, meu irmão tinha pegado


todas, mas e você? — Não titubeei.
— Não peguei nenhuma das comissárias, pode ficar tranquila.
— O avião acelerou na pista e Paola pegou minha mão, apertando,
ela estava nervosa.
— Odeio decolagem, depois é tranquilo. — Sorri, tão corajosa
para umas coisas e para outras nem tanto. Beijei sua mão e a
acariciei enquanto ele pegava voo, então Paola soltou o ar que
estava prendendo.

Assim que autorizaram se movimentar pela aeronave, peguei


Paola e a levei para o quarto privado, ao fechar a porta, tomei sua
boca com avidez enquanto minhas mãos foram para sua bunda
gostosa, dei um tapa e cravei meus dedos nela, ouvindo seu
gemido.

— Temos oito horas até chegarmos ao nosso destino e não


vou esperar para começar a te foder, minha Diaba — rosnei,
excitado.

— Sou toda sua! — Paola exclamou enquanto começava a


tirar seu vestido, mas a impedi, porque eu queria fazer aquilo, na
verdade, fiquei a festa toda pensando naquele momento e ele tinha
chegado.
Os botões que havia abaixo do decote das costas eram
apenas de enfeite, ela se virou e me mostrou onde estava o zíper.
Deslizei rápido com uma mão enquanto a outra abaixava a alça do
vestido, a deixando nua.

— Cacete, Paola! — Me dei conta de que ela estava apenas


com o vestido sem nenhuma peça íntima por baixo do tecido.
— Gostou da surpresa? — Fiquei sem palavras, quer dizer,
ela conseguia sempre me deixar impressionado com sua ousadia
exacerbada.

— É claro, puta merda! Você vai ser minha ruína, minha


Diaba! — A puxei para um beijo, mas Paola virou o jogo, me jogou
na cama, me deixando surpreso e, ao mesmo tempo, excitado,
gostava de conhecer suas facetas. Caí sentado, ela veio para cima
de mim, se sentou no meu colo, deixando-me ainda mais duro,
ansioso para ser domado por ela.

Começou a tirar meu paletó com os olhos fixos nos meus, a


íris azul estava escura e intensa, a pupila dilatada e a respiração
ofegante. Em seguida, tirou a gravata borboleta e a camisa que ela
arrancou sem se importar com os botões caindo pelo chão. Fiquei
ainda mais ávido para sentir o calor de sua pele e sua boca na
minha com intensidade, Paola havia nascido para ser minha.
Mordeu o lábio inferior com uma expressão safada que quase
me fez perder o controle com a visão dela nua tirando minha roupa.
Se agachou e tirou meus sapatos, me fazendo imaginar sua boca
chupando meu pau naquela posição. Era excitante tudo aquilo.
Paola abriu o cinto e a calça, facilitei para ela, me levantando para
que conseguisse tirar tudo.

— Agora sim, estamos prontos para aproveitar as próximas


oito horas. — Tão safada quanto eu, estava passando a amar
aquela versão da minha esposa, a tomei em meus braços,
aproveitando sua distração com meu pau. — Romero, eu quero te
chupar. — Caralho ela ainda iria me matar.
— Agora não, porque eu que vou me ajoelhar aos seus pés
primeiro e te fazer gozar, minha Diaba. — Ela sorriu e inverti nossas
posições, a fazendo se deitar com as costas na cama, beijei sua
boca e desci por seu pescoço até chegar aos seus seios que me
aguardavam com os bicos intumescidos. Mordi de leve e depois
chupei, sentindo todo o sangue do meu corpo se acumular no meu
pau, louco para entrar em minha esposa.
— Romero! — ela gemeu meu nome e desci pelo seu
abdômen liso, chegando até sua boceta. Sob seu olhar, abri mais
suas pernas e admirei a vista deliciosa e suculenta. Paola estava
molhadinha e pronta para me receber.

— Cacete, você é tão gostosa. — Tentei controlar meu


ímpeto, pois minha vontade era devorá-la, mas foi impossível. Me
aproximei da sua boceta e passei os dedos dos pequenos aos
grandes lábios e depois chupei, sentindo seu sabor delicioso que se
tornou meu grande vício, puxei-a para mim, Paola sorriu e pareceu
entender o que eu queria, ela apoiou o corpo em seus cotovelos
enquanto eu erguia sua pelve para ficar com a sua boceta perto do
meu rosto, levei as suas pernas aos meus ombros e ataquei a sua
boceta.
Passei a língua e comecei a chupar, dando atenção especial
ao seu clitóris enquanto Paola gemia e rebolava na minha cara,
querendo mais. Eu sabia o que ela queria e iria dar. Puxei seus
grandes lábios com os dentes, arrancando gemidos mais altos dela,
passei a barba por eles, fazendo-a arquear o corpo. Puxei-a para
mais perto, dando o espaço para que suas mãos alcançassem e
trabalhassem em meu pau, subindo e descendo com uma pressão
deliciosa.

— Ah, Romero… — gemeu quando enfiei dois dedos em sua


entrada melada e comecei a me movimentar dentro dela, seu
desespero e ânsia pelo prazer que só eu poderia dar a ela me
deixaram à beira da loucura. O meu corpo inteiro começou a se
arrepiar e quase coloquei tudo a perder com suas mãos trabalhando
tão gostoso no meu pau. Tirei os dedos e suas pernas de cima dos
meus ombros e invadi sua boceta com meu pau, nos fazendo arfar
juntos.

O suor escorria pela minha testa ao sentir as paredes internas


delas apertadas em volta do meu pau.

— Puta que pariu, Paola! — grunhi, a encarando, e tomei


seus lábios, chupando com avidez sua língua sendo dominado por
uma sensação diferente.

Ela era minha de corpo e alma, sentindo meus batimentos


acelerados e meu sangue correndo em alta velocidade pelo corpo,
comecei a estocar em sua boceta enquanto gemíamos em meio a
um beijo esfomeado e intenso. A fodi com tudo, sem me preocupar
com nada, apenas em dar todo o prazer do mundo para a minha
mulher. Mordi seu lábio e desci para abocanhar um de seus mamilos
eriçados, carentes da minha boca, e Paola gemeu mais alto
enquanto estocava cada vez mais forte e rápido.

Quando senti os espasmos dominarem seu corpo, ela se


desmanchar toda na minha frente e seus olhos tomarem um tom de
azul mais escuro e gozar lindamente, meu corpo também chegou ao
ápice do prazer, jorrando toda minha porra dentro dela.
— Caralho — rosnei, gemendo de forma descontrolada,
dominado pelo prazer que apenas Paola era capaz de me dar. Estar
dentro dela era a porra da perfeição, nunca mais queria me privar
daquilo, de tê-la inteiramente para mim.

A observei ainda com as pupilas dilatadas e os lábios


entreabertos, os fios loiros grudados e o único som que se ouvia era
de nossas respirações entrecortadas.

— Está tudo bem, minha linda? — indaguei, preocupado.


— Não poderia estar melhor — falou e me lembrei que ainda
estava dentro dela, na verdade, não queria sair mais de sua boceta
quente, apertada e molhada.

— Porra, perdi o controle e nem consegui te fazer gozar na


minha boca, mas, Paola… — Ela me calou, colocando um dedo na
minha boca que mordi e a sua se estendeu em um sorriso lindo.

— Vamos ter muitas oportunidades ainda para isso, não se


preocupe. — Minha mulher tinha razão, sorri e saí de sua boceta
devagar, a peguei no colo e fomos para o banheiro, cuidei dela com
carinho, minha esposa merecia o melhor.

Não resistimos e transamos debaixo do chuveiro também,


depois que saímos, apenas caímos na cama e dormimos por
algumas horas. O cansaço do casamento e festa nos dominou e foi
impossível não fechar os olhos, apenas depois de vê-la dormir
primeiro. Ficava tão linda daquele jeito também, que poderia passar
o resto da minha vida velando seu sono, admirando sua beleza.
Após dormirmos bastante, desembarcamos em Paris e, duas
horas depois, chegamos ao litoral da Normandia, a casa que Paola
havia me enviado era infundida nas Falésias de Étretat. Assim que
chegamos, fiquei impressionado com a vista exuberante daquele
lugar, era de tirar o fôlego e chegamos ao final da tarde. As enormes
janelas do chão ao teto de vidro combinavam perfeitamente com a
vista maravilhosa que tinha de qualquer canto da casa. A paisagem
rochosa do local permitia um cenário glorioso e diferente de
qualquer coisa que conheci na vida.

— Porra! — exclamei, estarrecido, assim que conseguimos


entrar, o design interior era minimalista e cru, mas excepcional, pois
o piso e as paredes foram deixados em seu estado original de
concreto que complementavam as rochas e pedras da costa.

— É ainda mais linda que nas imagens e vídeo, foi um


perfeito achado — elogiou minha esposa, os seguranças deixaram
nossas malas na sala.

Quando ficamos sozinhos, a puxei para meus braços e de


frente para aquela vista impressionante, beijei seu pescoço,
sentindo o perfume delicioso dela.

— Pronta para os melhores dias da sua vida neste paraíso?


— indaguei, mordendo o lóbulo de sua orelha.

— Nasci pronta, meu amor — respondeu e se virou de frente


para mim, fitando meus olhos de forma intensa.

Queria que ela descansasse da viagem cansativa e longa que


fizemos, mas daquele jeito, não conseguiria, pois Paola era uma
tentação e, o melhor, toda minha.
PAOLA

— Vou preparar um café descafeinado para nós dois. —


Romero se levantou depois de beijar minha boca e me deixar nua
naquela cama que não saímos desde o momento em que
chegamos. Mordi os lábios e me espreguicei, deixando à mostra
meus seios que ele encarou com safadeza.
— Paola, Paola — grunhiu daquele jeito que me deixava
pronta para mais do que ele pudesse me dar —, precisamos sair um
pouco deste quarto, explorar melhor a casa e a costa.

— Mas eu queria mesmo era ter você dentro de mim por um


dia inteiro. — Ele pigarreou e me puxou da cama de uma vez.
— Puta que pariu, você é ainda mais impossível do que
pensei, quer dizer — coçou a barba, pensando —, insaciável, Sra.
Bellucci.

— Você não estava indo preparar nosso café? — questionei,


sorrindo ao sentir seus lábios passando pelo meu pescoço.

— Ainda vou, mas temos tempo demais para fazer tudo, não
precisamos correr, não é mesmo? — perguntou e mantive meu olhar
no seu enquanto suas mãos apertavam minha bunda, me deixando
louca por mais do que ele quisesse me dar. Parecia que eu estava
vivendo um sonho, era ainda surreal que fosse realidade. Não
respondi à sua pergunta, o beijei com todo o desejo avassalador
que sentia por aquele homem que era meu marido.
Romero era todo meu, ninguém mais poderia tirá-lo de mim e
imersa na miríade de emoções, nos beijamos como se fosse a
última vez. Sua boca devorou a minha com avidez, enquanto
minhas mãos passeavam pelos seus músculos bem-marcados e
firmes. Ele caminhou comigo sem tirar sua boca da minha, até me
pressionar no vidro, e senti seus dedos invadiram minha boceta que
estava molhada e pronta para recebê-lo. Sabia que quando tivesse
o meu homem, meu corpo o aceitaria, pois era para ser ele,
Romero. Sempre foi.

Finalizou o beijo puxando meu lábio inferior, me fazendo


encarar suas pupilas dilatadas, virou-me de costas, encostando
meus seios no vidro. Levantou uma de minhas pernas e enfiou seu
pau, nos fazendo gemer juntos, diante de uma vista incrível da
costa, a água batendo nas rochas, Romero me fodeu incansável e
com força, enquanto beijava meu pescoço e mordia o lóbulo da
minha orelha. Espalmei as mãos no vidro para conseguir me
segurar melhor, sentindo todo o meu corpo em um estado frenético.

— Cacete, que delícia te foder assim — rosnou no meu


ouvido e beliscou o bico de um dos meus mamilos eriçados,
fazendo-me arquear ainda mais o corpo e contrair a boceta ao redor
do seu pau.

— Ah… Romero — gemi descontrolada —, mais forte — pedi


e ele me atendeu, estocando com força e me fazendo literalmente
perder os sentidos enquanto me fodia deliciosamente. O único som
que se ouvia era de nossos corpos se fundindo, em busca do prazer
que apenas nós dois poderíamos dar um ao outro.

Virei a cabeça e encontrei sua boca que me tomou de forma


desesperada, sua língua querendo invadir a minha em um
descontrole gostoso. Então, o homem espalmou a mão na minha
bunda, dando um estalo que me deixou ainda mais ensandecida e
seus dedos invadiram meu clitóris e massageou, me fazendo sentir
espasmos por todo meu corpo.

— Oh… — gemi alto, Romero grunhia, metendo fundo e


pressionando seus dedos na frente da minha boceta de forma
magistral enquanto sentia meu corpo partindo ao meio com a
pressão intensa que senti, me levando ao ápice do prazer.

Ele estocou sem parar, grunhindo em descontrole, metendo


até o fundo da minha boceta e, por fim, gozou derramando dentro
de mim sua porra quente, a respiração entrecortada no meu
pescoço.

— Porra, não consigo me conter com você! — exclamou e


nos levou para o banheiro onde ele foi tão atencioso, perguntou se
estava tudo bem, se não senti nenhum desconforto e ficou se
reprimindo por ter perdido o controle, tive que o calar com um beijo.

Quando saímos do banho, nos vestimos e fomos para a


cozinha, coloquei uma música para tocar, enquanto ele preparava
nosso descafeinado e ovos mexidos com bacon. Fiquei sentada na
banqueta apenas observando meu marido se mexer um pouco
perdido, pois não tinha costume com a cozinha ainda. Era tão
gostoso, apenas de short de tecido, sem camisa, babei com a visão
e não disfarcei o grande sorriso no meu rosto e expressão boba de
admiração.

Mais tarde, saímos da casa e fomos procurar um restaurante


para almoçar, Romero mandou os seguranças irem ao local antes
ver o movimento. Ainda bem que estava tudo tranquilo e
conseguimos comer e aproveitar a companhia um do outro.
Antes de voltarmos para a casa, andamos pela costa, a frente
onde tinha uma praia e, ao colocar o pé na areia, me senti diferente,
como nunca havia me sentido antes. Vivia tão imersa na intensidade
das minhas próprias emoções que me controlavam que não sabia o
que era estar em paz. Pela primeira vez, podia desfrutar daquele
sentimento de serenidade que raramente me tomava, eu estava nas
nuvens.

— O que foi, minha linda? — Romero fixou seus olhos em


mim, preocupado.
— É só que nunca me senti assim, sabe — tentei explicar —,
com esse sentimento bom, de calmaria, sempre foi muito confuso e
me sentia em uma corda bamba.

— Não consigo imaginar, mas o importante é que está bem e


no controle de suas emoções — me lembrou, concordei e ele me
abraçou. Ao sentir seus braços fortes me tomarem para si e o calor
de seu corpo, foi perfeito, era como se estivesse, enfim, encontrado
meu lugar. Ficamos por incontáveis minutos abraçados, sentindo a
brisa e o coração acelerado, então Romero me beijou de forma
apaixonada, ainda assim, intensa como apenas ele sabia fazer, me
deixando louca com apenas um beijo.

Andamos pela praia vazia juntos, conversando e aproveitando


a companhia um do outro. Sabia que quando voltássemos para
Chicago, essa bolha explodiria e a realidade iria nos atingir. Ele
tinha uma rotina de trabalho agitada, apesar de que estava pronta
para ser a melhor companheira que ele poderia ter.

Voltamos para a casa e ficamos à tarde toda explorando cada


cantinho daquele lugar maravilhoso. A vista era incrível, de tirar do
fôlego e soubemos aproveitar bem todo o tempo que tínhamos
apenas para nós dois.

Os dias que se seguiram foram regados a almoços fora,


alguns jantares também, mas passamos a maior parte do tempo na
banheira, na sala, no quarto, na cozinha, e até mesmo na praia,
devorando o corpo um do outro, cada segundo foi de muito prazer.
Nos aproximamos ainda mais e a nossa conexão aumentou,
Romero era atencioso e observador, não deixava passar nada, cada
expressão que fazia e ele sabia o que poderia estar passando
comigo.

Na última noite, antes de pegarmos a estrada para


chegarmos até Paris e embarcarmos, Romero atendeu ao celular
que chamou a tarde toda, era um dos meus irmãos, fiquei atenta,
ouvindo a conversa.
— Faça o que quiser, mas matar, ainda não, ela vai querer se
vingar dele com as próprias mãos — meu marido falou impaciente e
ouviu quem estava falando do outro lado da linha, enquanto fumava
seu cigarro. — Devemos chegar a Chicago amanhã à noite, espere
mais um pouco e vamos contar tudo. — Aquilo me intrigou, fiquei
atônita, pois algo me dizia que tinha a ver comigo, eles estavam
escondendo algo.
Meu corpo inteiro se arrepiou como um presságio do que
viria, não tive vontade de voltar para casa. Pois sentia em meu
âmago que teria de enfrentar o inferno, apesar da aflição que me
tomava, estava pronta para qualquer obstáculo que me fosse
imposto.

Quando Romero começou a se despedir, me virei e saí


pegando minha bolsa, disfarçando, sorri e ele me fitou.

— Está pronta? — indagou e assenti, dando um sorriso de


canto.

— Sim, esperando apenas você, meu amor. — Ele pegou


minha mão e saímos daquela casa que nunca me esqueceria, pois
passamos os melhores dias da nossa vida.
A viagem de volta acabou sendo mais cansativa, e tinha
certeza de que foi por ter ouvido aquela conversa enigmática de
Romero com um dos meus irmãos. Foram oito horas e quarenta
minutos de total angústia. Meu corpo inteiro sentia que algo iria me
atingir, apesar de estar mais forte e no controle da minha vida, não
podia negar que foi um grande gatilho pensar na possibilidade de
que poderia ter algum problema, assim que pisasse em Chicago.

— Paola, você está tão calada, está tudo bem? — meu


marido perguntou com um vinco na testa.
— Por que não estaria? — Dei de ombros e fechei os olhos,
percebendo que fui grossa.

— Não sei, só fiquei preocupado, desde que saímos da


França que está assim. — Ele sabia me ler.

— Estou bem, apenas com anseio pelo que podemos


encontrar assim que chegarmos em casa.
— Não fique assim. — Pegou em minha mão e a beijou,
Romero sabia como lidar comigo, ele tentava ser paciente e
entender meus rompantes.

— Tenho medo também de que fora da bolha que vivemos


nos últimos dias, você se arrependa de ter se casado comigo —
assumi algo que também estava sentindo além da minha cisma.

— Pare com isso, Paola. Quando decidi me casar com você,


sabia bem o que poderia enfrentar e não vou correr diante das
dificuldades. Além de tudo, nada me faria me arrepender, pois não
posso mais viver sem você. — Se aproximou e beijou minha boca,
o que me deixou mais aliviada e um pouco tranquila, apesar de
ainda me sentir aflita.

Fomos para o quarto do avião e dormimos juntos, ele sentiu


que precisava ficar apenas abraçada ao seu corpo e foi isso que fez.
Era muito melhor que sonhei, Romero estava provando que não
desistiria fácil e isso era um alento para o meu coração e mente
conflituosa.

Horas depois, chegamos a Chicago e fomos recebidos por


Danio e Adam que nos levaram para o apartamento de Romero. Foi
estranho não ter ido para a mansão no penhasco, e me encontrar
com meus irmãos. No entanto, me senti livre pela primeira vez,
apesar de estarmos cercados de segurança. Adentramos o
apartamento e fomos recebidos por Teresa, a senhora que
trabalhava há anos com a família Bellucci.

— Sejam bem-vindos! — Sorriu em minha direção enquanto


os seguranças colocaram nossas malas no quarto.

— Ah, Teresa, quanto tempo! — falei.

— Verdade, fizeram boa viagem? — perguntou.

— Foi tudo bem, estamos apenas cansados — Romero


respondeu primeiro.

— Deixei algo preparado para vocês comerem, se quiserem,


é claro. — Meu marido se virou para mim.

— Você prefere comer ou tomar banho primeiro? —


questionou.

— Vou tomar banho e volto. — A senhora assentiu e saiu


depois de pedir licença. Segui Romero até o nosso quarto, a
decoração do apartamento era bem a cara dele, nos tons escuros,
moderna e ao mesmo tempo minimalista. Tinha uma vista bonita de
Chicago também, além de ser aconchegante, ele colocou o celular
na mesa ao lado da cama e me fitou.

— Sei que não é como a mansão que morava, mas enquanto


a casa não fica pronta, quero que se sinta bem aqui, você agora é
dona deste lugar também. — Se aproximou, me puxando para os
seus braços, afastou meu cabelo de lado, colocando-o atrás da
orelha e passou o polegar pela minha bochecha até pegar em meu
queixo, fazendo-me encarar seus olhos castanhos brilhando.
— Romero, estou bem, apenas cansada, um banho e um
pouco de comida vai me fazer bem. — Sua sobrancelha se ergueu.

— Tem certeza de que não se esqueceu de algo aí? —


perguntou.

— Ham… — fingi que estava pensando — …acho que não.


— Você só acha, não vou te deixar em paz, Paola. Eu mesmo
vou cuidar da minha esposa.

— Romero… — Sorri e ele grudou seu corpo ainda mais no


meu e tomou minha boca em um beijo que me fez esquecer
qualquer coisa que estivesse me assolando.

Fomos para o banheiro juntos e aquilo estava se tornando um


vício, sendo tão bem-cuidada por ele, todos os dias. Nos
entregamos um ao outro debaixo da água quente, daquele jeito eu
viveria mais que feliz com o homem da minha vida me tratando
como uma rainha. Com Romero ao meu lado, sentia que era capaz
de tudo, não deixaria que nada se impusesse na nossa vida.
ROMERO

Paola estava estranha, na volta para Chicago observei seu


semblante, a forma como apertava as mãos com frequência
indicava que estava preocupada com algo, aflita. Conhecia Paola
desde pequena, apesar de ter me mantido alheio a ela, acompanhei
tudo que Pietro e Enzo passaram com a garota. Sabia identificar
quando não estava bem, ela dizia o contrário, pois se acostumou a
lidar com seus demônios sozinha. O mundo dela estava prestes a
desmoronar, isso era o que mais me deixava aflito, tinha noção de
que o que iríamos falar a ela poderia fazê-la retroceder em seu
tratamento.

Paola era uma mulher intensa em todos os sentidos, mesmo


algo simples poderia tomar uma proporção gigantesca e era aí que
morava o perigo. Estávamos escondendo dela a descoberta que
fizemos dias antes do casamento, além disso, seus irmãos estavam
quase matando o filho da puta que a estuprou. Minha esposa iria
querer se vingar com as próprias mãos, foi difícil até mesmo para
mim, quando estive cara a cara com o desgraçado. Podia entender
Enzo e Pietro, eles queriam a cabeça do homem em uma bandeja.

Dormimos a tarde inteira, depois do banho e de comer o


lanche que Teresa deixou preparado. Quando acordamos, nos
arrumamos e fomos para a mansão no penhasco, Paola queria ver o
sobrinho, os irmãos e cunhadas. Minha esposa ainda estava perdida
no apartamento, mas nos próximos dias ela teria tempo de organizar
tudo como queria e se adaptar com o novo ambiente. Avisei que
poderia fazer como bem entendesse, não me importava que
mudasse as coisas. Apenas minhas roupas e sapatos eram
intocáveis, assim como o uísque e o café descafeinado. Ela era a
dona da casa e estaria no controle, ficaríamos no apartamento até
que a reforma na mansão que herdei dos meus pais ficasse pronta.

Fomos recebidos por Perla e Caterina, elas abraçaram Paola


com carinho. A relação das três mudou ao longo do tempo, notei
como minha esposa acariciou a barriga da cunhada e depois pegou
Romeo dos braços de Perla, que sorriu para a tia de um jeito tão
bonito.

— Sejam bem-vindos de volta a Chicago! — Perla exclamou


pegando Romeo de volta, enquanto Pietro e Enzo chegavam.

— Finalmente, os pombinhos chegaram! — Enzo vibrou e


abraçou a irmã, Dexter chegou pulando em Paola que sorriu com a
alegria do buldogue em vê-la, ela se ajoelhou e ficou acariciando
seu pelo bem-aparado. O cachorro sequer me olhou, dando atenção
apenas à sua companheira, até lambeu o rosto da minha esposa.

— Minha nossa, o Dexter te procurou por cada canto desta


casa, ele ficou triste esses dias, Paola — Caterina comentou
sorrindo e sua gata Amy, apareceu miando, passando pelas pernas
de sua dona.
— Vamos para o sofá, temos muito o que conversar — Perla
convidou e fomos todos para a sala de estar, mas Pietro e Enzo me
chamaram para o escritório quando o papo das meninas foi se
animando.

Assim que entramos, me senti diferente, estava ali como o


marido de Paola, não apenas um consigliere, como das outras
vezes. Pois, agora fazia parte da família e pensei até que nossa
relação mudaria, porém eles continuaram me tratando da mesma
forma.

— E então, Romero, espero que tenha aproveitado bem os


primeiros dias de casado. — Enzo me entregou um copo de uísque
e se sentou na poltrona à minha frente.

— Sim, na verdade, não queria voltar para nossa atual


realidade, Paola estava muito bem. — Eles sabiam ao que estava
me referindo.

— Percebi nos olhos dela, mas também notei que está um


pouco aflita — Pietro revelou.

— Ela está cismada, parece sentir que algo vai mudar em


sua vida, está estranha desde que saímos de Paris — comentei.

— Será que não escutou uma de suas conversas ao


telefone? Sabe que Paola costuma ouvir pelos cantos, é esperta —
Enzo ponderou e concordei.

— Pode ser, mas tomei cuidado todas as vezes que nos


falamos. — Passei a mão pela testa ao me dar conta de que minha
esposa poderia ter escutado nossa última conversa pelo telefone.

— Ela é sorrateira e sagaz, temos que ficar sempre espertos


com Paola, fique atento, Romero. Você sabe bem disso — Pietro
mencionou e apenas assenti.
— Mas temos que contar sobre o professor, não aguento
mais esconder e se descobrir ouvindo conversas por trás das
portas, vai ser pior — mencionei, preocupado.
— Conversei com a psiquiatra, ela nos instruiu a contar com
cuidado e que poderia estar junto no momento, pois precisaremos
de ajuda — Pietro comentou e meneei a cabeça concordando.

— Ótimo, vamos esperar apenas mais alguns dias, enquanto


isso o desgraçado permanece no cativeiro, faremos algumas visitas
especiais. — Ergui a sobrancelha e eles estenderam os lábios de
lado de forma perversa.

— Só não podemos arrancar muito sangue do filho da puta,


temos que deixar um pedaço para Paola — Enzo lembrou com
satisfação.

— Com certeza — Pietro assentiu e se levantou —, vamos


jantar, estou faminto e imagino que vocês também, amanhã falamos
sobre o bastardo.
— Dormimos a tarde toda para descansar da viagem.

— Imaginei, tiveram algum problema com segurança na


França? — Pietro indagou.

— Não, foi tranquilo, nada de inesperado. — Sua pergunta foi


por causa dos ataques que sofremos, naquele nosso mundo tudo
podia acontecer em qualquer lugar.

Coloquei o copo na mesinha de canto e saímos do escritório,


encontramos Perla, Paola e Caterina aos risos.
— Porra, quando imaginou assistir a uma cena dessas? —
perguntou Enzo.

— Elas se tornaram amigas, é o que importa. — Pietro bateu


nas costas do irmão e saiu na frente.

— Vamos encerrar o papo e partir para o jantar — ordenou e


fomos todos para a mesa, onde Elena estava terminando de colocar
os pratos.
Nos acomodamos, Paola ficou sentada ao meu lado de frente
para as cunhadas, todos começaram a se servir enquanto
conversavam. Pietro gostava de reunir a família na mesa para
comer, ele nunca deixava de jantar com os seus. Quando tinha
muito trabalho e atrasava, ficava furioso, era metódico com quase
tudo.

Após o jantar, comemos a sagrada sobremesa, isso também


não faltava nenhum dia na mansão. Pietro fazia questão, era
obrigatório ter após o jantar e a sua preferida, tiramisù. Elena era
uma cozinheira excepcional, além de cuidar da mansão junto com
Ana, ainda fazia pratos deliciosos.
— Paola, se precisar de ajuda com a reforma da casa,
estamos à sua disposição — Perla ofereceu apontando para
Caterina que sorriu.

— Ah, vou aceitar sim, mas, Caterina, o parto vai ser mesmo
no próximo mês? — minha esposa perguntou.
— É para ser, mas depende de nossa principessa, se ela
quiser chegar antes, pode acontecer ainda este mês. — A esposa
de Enzo estava com a barriga bem grande, não entendia muito de
gestação, porém achava que poderia ser antes.

— Estou ansiosa para conhecer minha sobrinha — Paola


vibrou.

Após a sobremesa, voltamos para a sala, conversamos um


pouco mais sobre o nome da filha de Enzo. Eles ainda não haviam
se decidido, disseram que deixaria para quando conhecesse o
rostinho dela. Após alguns minutos, nos despedimos de todos e
saímos, Paola demorou um pouco com Dexter, pois não queria
deixá-la ir embora. Ainda teria que se acostumar com a ausência
dela na casa todos os dias, Perla deixou claro que minha esposa
poderia passar o dia na mansão quando quisesse.

Assim que entramos no carro, Paola me surpreendeu com um


beijo desesperado e o que me restou foi deixar que sua língua
tomasse a minha boca enquanto suas unhas afiadas arranhavam
meu pescoço. Meu corpo inteiro se acendeu e não paramos de nos
beijar, quando me dei conta de que ainda estávamos na garagem da
mansão.

— Paola, vamos embora. — Tomei fôlego ao me afastar de


sua boca deliciosa.

— Eu só precisava beijar você, não sei o que me deu. — Sorri


diante do seu rompante.

— Não tem necessidade de explicar o motivo de ter me


beijado, você é minha esposa, nos beijamos onde e quando
quisermos. — Ela sorriu também. Passei o cinto prendendo seu
corpo e mordi seu queixo, fazendo-a gemer.
— Porra, vamos logo para nossa casa! — grunhi e liguei o
carro, pelo retrovisor notei que Alex fez o mesmo, ele e outro
soldado estavam cuidando da nossa segurança.
O som da guitarra explodiu no carro, gostava de dirigir
ouvindo rock, era meu estilo favorito de música. Saímos da garagem
da mansão ganhando as ruas de Chicago. Senti a mão de Paola em
minha coxa, acariciando a perna por cima da calça, parei no sinal
vermelho e minha esposa passou a mão entre minhas pernas. Todo
o sangue do meu corpo se concentrou na cabeça do meu pau e foi
inevitável não gemer quando apertou seus dedos em volta do
volume.

— Cacete, Paola! Desse jeito vai me fazer gozar nas calças.


— O sinal abriu e ela não desistiu, acelerei enquanto a diaba
tentava desafivelar o cinto para abrir minha calça e meu pau estava
latejando de desejo apenas pensando no que iria fazer.

— Eu quero que goze sim, mas na minha boca. — Era tão


safada que me deixava ainda mais louco de tesão falando daquele
jeito.

— Porra, garota! — rosnei quando ela conseguiu tirar o cinto


e abrir minha calça. — Pegue seu celular e envie uma mensagem
para Alex, peça que ele fique no final desta rua. — Tive que parar o
carro em uma rua menos movimentada para que ela abaixasse a
minha cueca.

Diante de seus olhos azuis brilhantes, a tensão aumentou


quando senti suas mãos ansiosas no meu pau que àquela altura
estava duro. A expressão de Paola era pura devassidão e não
precisava de palavras para o que ela tinha em mente.
Era arriscado ficarmos parados em uma rua deserta, por isso,
quando Paola se acomodou de lado em seu banco, abaixou a
cabeça e tomou meu membro em sua boca gostosa, estava
disposto a sair dali e voltar a colocar o carro em movimento, mas a
garota começou a explorar toda a extensão, passando primeiro a
língua, lambendo as veias e o líquido viscoso. Quase me fez perder
a cabeça com o forte desejo de foder aquela sua boca gostosa.

— Puta merda! — gemi enquanto Paola voltou a usar as


mãos, bombeando meu pau e massageando as bolas, em seguida
tomou-o na boca de novo e começou a me chupar, eu iria
enlouquecer. Minha esposa foi engolindo meu pau aos poucos,
achei que não fosse conseguir, mas a safada o dominou por
completo, deixando-me perdido e sem controle. Com uma maestria
que não imaginava que teria, movimentou sua boca de cima para
baixo usando apenas a língua.

Enterrei meus dedos em seu cabelo sem poder me conter


mais, ao perceber que Paola estava à vontade. Movimentei sua
cabeça, seguindo meus instintos devassos, fodendo sua boca
macia. Senti minhas pernas fraquejarem e meu corpo inteiro
estremeceu, os espasmos começaram a tomar conta, fazendo-me
jogar a cabeça para trás.
— Oh, caralho! — rosnei em um gemido gutural e voltei a
encarar Paola me chupando daquela forma tão deliciosa. Elevei os
quadris, levando meu pau até o fundo de sua garganta, a garota
engasgou e se afastou um pouco, me encarou com os olhos
tomados de lágrimas, mas sorriu de forma provocativa e tomou meu
pau em sua boca. — Cacete! — gemi de forma primitiva e Paola me
sugou com vontade, parecia estar faminta.

E com isso, fui dominado pelo tesão, pressionei sua cabeça


com força, fazendo com que meu pau atingisse o fundo de sua
garganta. Perdido nos grunhidos que saíam de sua boca, senti meu
pau engrossar e o sangue correndo nas veias em alta velocidade,
minhas bolas se enrijeceram.

— Vou gozar! — avisei, mas ela não tirou sua boca do meu
pau, continuou fazendo os movimentos até que enchi sua boca com
minha porra e a garota engoliu tudo com maestria. Aquilo me deixou
atônito e ainda em suspenso com o orgasmo que tive e a forma
como se levantou sob meu olhar, limpou o cantinho da boca,
lambendo os dedos como se fosse um doce. — Porra, minha linda
— depois de controlar minha respiração, consegui falar e a safada
estendeu os lábios em um sorriso.

— Gostou de me ver engolindo seu pau? — Era tão atrevida


e ousada, aquilo me deixava ainda mais louco por ela.

Paola sorriu e estando a centímetros de sua boca, não resisti


e a beijei em descontrole, nunca mais esqueceria do primeiro
boquete que ela me deu. Por mais que fosse inexperiente, minha
esposa marcou meu pau como seu, ela o tomou para si e aquilo me
deixou surpreso da melhor forma possível. Cada dia descobria mais
sobre ela, o que a tornava inesquecível. Chupei sua língua e em
seguida o lábio inferior, puxando com os dentes arrancando
gemidos de sua boca.

— Vamos logo para casa, quero te fazer gozar pelo resto da


noite. — Paola sorriu de canto, coloquei o cinto e acelerei, pouco me
importando com o que os seguranças podiam pensar sobre nós dois
parados dentro daquele carro em uma rua deserta. No dia seguinte,
iria ameaçar a vida dos dois se ousassem contar a alguém, eles
faziam um juramento quando se tornavam soldados da Outfit, mas
não custaria nada lembrar.
PAOLA

Dias depois…
Após meu primeiro fim de semana casada, estava ainda me
adaptando no apartamento. Romero deixou que cuidasse de tudo,
pediu à Teresa que fizesse o que eu escolhesse para as refeições,
alguns dias meu marido vinha almoçar comigo. Havia aqueles em
que não conseguiria vir, pois estaria resolvendo algum problema, na
máfia era assim. Na verdade, estava acostumada, pois com meus
irmãos funcionava da mesma forma.

Saíamos na noite para espairecer e nos divertir, sempre


revezávamos, e íamos para o cassino e boate, no clube de swing
ele não foi e disse que iria apenas se eu quisesse acompanhá-lo.
Não me importaria de frequentar, mas nada de participar, não me
sentiria à vontade com outras pessoas me tocando.
O único homem que deixava se aproximar e ter intimidade era
Romero, e eu sabia que seria apenas ele. Meu corpo o reconhecia
como nenhum outro, lidava com as consequências do abuso que
sofri, foram anos sem conseguir deixar um homem se aproximar a
não ser meus irmãos, Leo e Romero.
— Paola, onde você está? — Romero entrou no quarto me
procurando.

— Aqui no closet. — Tinha passado o dia tentando organizar


minhas roupas no espaço que ele havia separado para mim. Como
o closet não era tão grande, não levei todas as minhas roupas,
deixei a maioria na mansão.

— Passou o dia arrumando suas roupas, pediu ajuda para


Teresa? — perguntou se aproximando do meu corpo, seu perfume
era tão forte que mesmo depois de um dia trabalhando, ele ainda
ficava no ar. Mas, o amadeirado estava diferente, pois senti também
o cheiro metálico de sangue.

— Ela me ajudou sim, e muito. Só estou deixando algumas


coisas, como os produtos que uso todos os dias em um lugar certo.
Aliás, obrigada pela penteadeira — respondi e me virei para vê-lo,
seu olhar me arrebatou, não apenas porque eles brilhavam em
minha direção, mas por emanarem uma frieza e crueldade.

— Não me faça perguntas, não agora — pediu em um


grunhido rouco antes que conseguisse questionar qualquer coisa,
ele estava zangado com alguma coisa e não iria me dizer.

Com seu corpo a poucos centímetros do meu, Romero


segurou minha nuca com uma mão e com a outra apertou minha
cintura, descendo para o meu quadril. Soltei um gemido sem poder
evitar, amava quando ele me pegava daquele jeito deixando meu
corpo em chamas.

Então sua boca devorou a minha em um beijo desesperado,


faminto e violento. Suas mãos me apertavam com força, era como
se ele quisesse ter certeza de que eu estava mesmo ali em seus
braços, ele parecia aflito. Apesar de todo o calor que despertou,
aquele seu beijo me deixou com um forte pressentimento de que
havia algo errado. Sabia que às vezes o trabalho o consumia, tinha
um cargo importante dentro da máfia. Além disso, ele precisava se
desligar de tudo e apenas agir friamente, sem se importar com nada
além dos objetivos da Outfit. Mas, foi treinado para isso. Por essa
razão, achava que tinha algo a ver comigo sim, ele estava me
escondendo alguma coisa e iria confrontá-lo.

Quando se afastou, ficou alguns segundos com seu nariz


encostado ao meu, a respiração entrecortada e olhos fechados. Me
abraçou apertado e aquilo me deixou ainda mais ansiosa, Romero
não havia agido assim nos dias que passaram. Ele havia me pedido
para que não fizesse perguntas, o que era difícil de controlar,
respirei fundo e procurei seu olhar, mas o homem se afastou de uma
vez.

— Se arrume, precisamos ir à mansão — disse de uma vez,


não me dando tempo de perguntar nada e saiu do quarto.

Todo aquele seu jeito estranho me deixou ainda mais


desconfiada, mas tentei me controlar. Minha mente fervilhava de
pensamentos e possibilidades, mas nada fazia sentido e não sabia o
que poderia ter acontecido para que ele agisse daquela forma. Ele
fugiu de mim, depois de me dar um beijo, pensei que me deixaria
nua em segundos e estaríamos nos entregando um ao outro de
forma intensa como estava sendo quase todas as noites.

Saí do banho e escolhi uma minissaia preta e um body de tule


vermelho-escuro, escolhi o sutiã rendado do mesmo tom. Me vesti e
quando fui pegar a bota de cano alto para calçar, Romero se
aproximou e beijou meus ombros.
— Tive que fazer uma ligação, por isso não tomei banho com
você, minha linda — se justificou e apenas maneei a cabeça
concordando, ele saiu e entrou no banheiro, me sentei na beirada
da cama e calcei minha bota.

Coloquei meus acessórios, o colar e brincos de serpente que


Perla tinha me dado, passei apenas um corretivo abaixo dos olhos,
um pó para selar, blush, iluminador e rímel nos cílios. Borrifei o
perfume, peguei minha clutch e um sobretudo preto, não sabia o
horário que iríamos voltar e em Chicago sempre esfriava mais de
madrugada.

Peguei minha arma e fiquei pensando se a colocaria na bolsa,


apesar de estar sempre cercada de segurança, sabia que me
sentiria mais segura com ela. Após aquele episódio no cassino,
gostava ainda mais de andar armada.

Toda a preparação que vinha fazendo, as aulas de defesa


pessoal e luta, além dos exercícios físicos me faziam sentir mais
segura. Gostaria de agir como meus irmãos, estar em ação nas
negociações, estratégias e, por que não, também no fogo cruzado.
Tinha potencial para aquilo, desde criança vendo de tudo naquele
submundo, onde o poder estava sempre em nossas mãos. Mas o
que fosse acontecer, queria estar preparada para revidar e lutar, se
tivesse sido treinada como meus irmãos, não teria sofrido aquele
maldito estupro. Pois não deixaria o desgraçado vivo, o faria sangrar
até a morte sem piedade alguma.
Observei a minha pequena arma e então Romero saiu do
banheiro e quando me encarou, notei que estava curioso.

— Tudo pode acontecer e temos que estar sempre


preparados — afirmei e ele apenas inclinou a cabeça, levantando a
sobrancelha, concordando.

Romero se arrumou rápido e saímos do apartamento, não


sabia o motivo ainda de tanta urgência em ir para a mansão àquela
hora da noite. Não perguntei por que ele estava estranho, seus
olhos se desviavam dos meus como se estivesse fugindo de algo.
Estavam me escondendo alguma coisa, por um momento pensei até
que havia acontecido alguma tragédia. Mas logo descartei, pois ele
teria me ligado e mandado Alex me levar direto para a mansão.
Senti um frio no estômago durante todo o caminho, um
pressentimento forte, parecia que uma tempestade estava prestes a
me atingir.
Chegamos à mansão e fomos recebidos por Perla, ela estava
com um terninho preto lindo, me abraçou e nos levou até o
escritório, onde estavam Pietro, Enzo e minha psiquiatra. Pelo
semblante preocupado e fechado de todos, o caso era sério e me
envolvia, se tinha dúvidas, todas se foram para o ralo com aquelas
pessoas me esperando. Respirei fundo e me preparei para o que
tinha de acontecer, nada nunca foi fácil para mim e também seria
tedioso demais sem as dificuldades.

— Boa noite, estão todos reunidos, até minha psiquiatra —


comentei ao me sentar na poltrona de frente para eles, Romero se
sentou ao meu lado e pediu que ficasse calma, o que foi pior.
— Paola, temos que conversar — Pietro começou, com o
olhar sério.

— O que foi desta vez? — perguntei.

— Paola, é importante que fique calma — a minha psiquiatra


falou, achei engraçado que estivemos juntas naquela manhã e tudo
parecia normal.
— Tudo bem, pode dizer, Pietro — pedi e Romero pegou em
minha mão e entrelaçou nossos dedos.

— Infelizmente, descobrimos há um tempo que seu ex-


professor — Pietro fez uma pausa —, está vivo, e até alguns dias
atrás, andando por Chicago. — Foi como se tivesse levado um soco
no estômago, meu corpo inteiro estremeceu e fiquei paralisada,
tentando assimilar o impacto do que meu irmão tinha acabado de
dizer. Balancei a cabeça, me negando a acreditar, como ele poderia
estar vivo, eles não o mataram?
Romero apertou minha mão e começou a acariciar meu
cabelo ao se aproximar. Me levantei de repente, soltando sua mão,
inquieta e com a mente confusa, meu coração batia tão rápido que
poderia pular para fora, tamanho era meu nervosismo. Andei de um
lado ao outro, cocei a cabeça e mordi os cantinhos das minhas
unhas, nervosa e aflita.

— Como assim? — gritei em desespero. — Vocês não o


mataram naquela madrugada?
— Matamos, mas foi o irmão gêmeo dele, o Charles. Após a
morte de Charles, Mason assumiu a identidade do irmão.
Descobrimos tudo agora, porque mantemos nossos homens
vigiando a casa da família dele, e fomos avisados assim que ele
voltou para Chicago — Enzo explicou a contragosto.

— Há quanto tempo sabem disso? — questionei.

— Isso importa agora, minha querida? — Perla respondeu


com outra pergunta se aproximando de mim e me deu um abraço
que, apesar de não me acalmar, foi reconfortante, ajudou a deixar
tudo que sentia naquele momento sair, as lágrimas rolaram pelo
meu rosto e chorei de soluçar alto. Pois imagens daquela noite
voltaram com toda força, assim como o rosto dele, que sempre me
assombrou em pesadelos.

Aquele fato me fez lembrar do pior episódio da minha vida e


do que o homem que se dizia meu professor tirou de mim. Era
frustrante saber que toda a segurança que vinha construindo aos
poucos, com meu tratamento, ruiu, mas não iria me destruir. Um
novo sentimento tomou conta, alastrando-se como um fogo dentro
de mim, a forte necessidade de me vingar do desgraçado.

Afastei-me de Perla, limpei as lágrimas que caíram sob o


olhar de todos, puxei o ar com dificuldade e aproximei-me da mesa
onde Pietro estava sentado, apoiei minhas mãos sobre a mesa e
encarei seus olhos azuis preocupados, a determinação ganhou o
lugar do sofrimento que as lembranças que o desgraçado ainda me
despertava.
No entanto, não era mais aquela garota de anos atrás,
inconsequente e inocente. Passei por tanto, ainda seguia lutando
contra meus demônios, não podia colocar tudo que vinha
conquistando a perder. Isso o tornaria vencedor e era o que o meu
abusador queria e eu não daria esse gosto a ele, nunca. Ainda sob
o olhar do meu irmão, tomei coragem e disse o que gostaria de
fazer:

— A única coisa que desejo neste momento é matá-lo com


minhas próprias mãos, aquele desgraçado doente merece uma
morte lenta e dolorosa, muito dolorosa — exigi, com fogo nos olhos,
querendo a única coisa que tinha direito: me vingar.

— Paola, tem certeza disso? Posso matar o filho da puta… —


Romero ofereceu, mas me virei, levantando a mão, interrompendo-
o.

— Tenho, eu vou matar o filho da puta, me digam que não


mataram ele ainda? — indaguei, decidida, pois sentia que eu
mesma tinha de tirar a vida do Mason, ele não merecia respirar o
mesmo ar que eu e suas outras vítimas.

— Bambina mia, precisa se acalmar! — Enzo pediu se


aproximando e me tomando em seus braços, mas me desvencilhei.
— Não consigo pensar em mais nada, só em acabar com ele.
Pietro, diga alguma coisa — exigi e meu irmão pegou sua arma no
coldre e entregou-me.

— Faça o que você quiser, Paola. Você, mais do que


ninguém, tem esse direito, tire a vida do infeliz, mas cuidado, não
deixe que isso te afete de forma alguma. — Encarei a arma dele na
minha mão, Pietro tinha um apego naquele seu objeto, mas abriu
mão para que eu colocasse em ação minha vingança. Meu irmão
estava depositando confiança em mim e aquilo me fortaleceu ainda
mais.
Com isso, Romero se aproximou focando seus olhos
castanho-escuros nos meus, ele queria ter a confirmação de que
estava realmente tudo bem.

— Sabe onde ele está? — perguntei.

— Sim e vou te levar, estarei ao seu lado. Lembra do que te


disse no dia do nosso casamento? — Assenti. — Nunca mais vai
estar sozinha, estamos juntos e colocaria fogo em tudo, se você
quisesse, minha Diaba. — Sem me importar com a plateia, o beijei
com desespero, me sentindo ainda mais forte por saber que tinha ao
meu lado pessoas que me amavam e sempre cuidariam de mim,
não importava o que acontecesse, elas estariam comigo.
Aquela noite estava apenas começando, pois não dormiria
em paz enquanto soubesse que o desgraçado ainda respirava. O
faria sofrer e ajudaria a descê-lo para o inferno ou não me chamaria
Paola Bellucci Mancini.
PAOLA

Chegamos à estrada da morte que era o terror de todo traidor


da Outfit, os soldados a temiam, mas apenas aqueles que tinham
amor à própria vida. Ou seja, nem todos, pois havia os que queriam
se encontrar mais rápido com o diabo.

Romero virou à esquerda e seguiu até o final do asfalto,


chegando até a antiga fábrica de ferros, onde havia um subsolo que
servia de cativeiro, um dos mais protegidos da organização.

Os portões se abriram assim que Romero colocou a palma de


sua mão no leitor digital, ele estacionou o carro, seguido de Pietro e
Enzo, junto dos soldados. Repetiu o processo de segurança para
que a porta principal abrisse e assim que adentramos, meu coração
acelerou, a cada passo estava mais perto de acabar com a vida do
desgraçado.
Romero me levou até o meio de um pátio, ao redor dele havia
diversos carros pretos. Ficamos entre eles, me sentia a cada minuto
mais ansiosa para fazer o infeliz pagar por tudo que me obrigou a
passar naquela maldita noite em que se apropriou do meu corpo e
me violentou, tirando o que de mais íntimo me pertencia.
Meu marido se virou, ficando de frente para mim, em seu
olhar apreensivo notei que ele queria confirmar se estava tudo bem.

— Está mesmo preparada para ficar cara a cara com ele? —


questionou, fechei os olhos buscando forças para lidar com tudo e
não me deixar abalar. Se cheguei até ali, seguiria em frente.

— Mais do que pronta, estou com sangue nos olhos, vamos


acabar com isso logo — falei, fazendo-o sorrir perversamente.

— Sabia que fica ainda mais gostosa com essa pose


perigosa? — elogiou em um tom carregado de luxúria.

— Pose não, meu amor, eu sou um grande perigo. — Ele


grunhiu com minha resposta.
— Vocês dois deixem de papo mole — Enzo praguejou,
cortando nosso clima.

— Tragam o filho da puta! — Pietro ordenou após ouvir que


estava pronta para o meu marido.

Preparei-me para assustar o homem, falei do que tinha em


mente para Enzo que, com agilidade, ordenou que os soldados
fizessem o que queria. Romero pegou um cigarro em seu bolso e o
isqueiro que andava com ele. Meu marido ficou atrás de mim
quando ouvimos passos, todos levantaram suas armas e se
prepararam no mesmo instante.

Ergui a cabeça, tirei o sobretudo e joguei para trás, peguei a


arma e a engatilhei, me preparei para fitar aquele homem que tirou
minha virgindade sem minha permissão. Desconfiava que o irmão
do desgraçado também se aproveitou de mim, eu havia desmaiado
e não me lembrava de nada mais. Apenas do rosto daquele homem
que me assombrou todos aqueles anos.
Meu sangue ferveu em minhas veias quando ele chegou
amarrado, sendo empurrado pelo soldado. Assim que seus olhos
recaíram em mim, sabia que havia se lembrado de quem se tratava.
Apertei minha mandíbula com um ódio intenso se apoderando de
todo o meu corpo, a carga de adrenalina subindo conforme meus
batimentos aumentaram. Mais do que me vingar, estava fazendo
aquilo por mim mesma, enfrentando todas as emoções conflitantes
que lidava internamente.
— O que significa isso? — Sua voz saiu entrecortada, queria
atirar em seu braço para assustá-lo e torturá-lo lentamente.
— Não se lembra de mim? — questionei, arqueando apenas
uma sobrancelha.

— Você não me é estranha. — Ele apertou os olhos e depois


os arregalou, se lembrando de tudo. — Espera aí, você é aquela
garota do colégio interno… — O interrompi:
— Eu mesma, não sabe o imenso prazer que tenho em te
reencontrar, professor. — Não lhe dei tempo para responder, atirei
em seu braço direito, o fazendo cair sentado no chão enquanto o
sangue escorria pela sua camisa clara suja.

— O que está fazendo, sua vadia? — retrucou, revelando sua


verdadeira face.

— Cale a porra da boca ou vai ficar sem sua língua —


Romero trovejou e eles trocaram olhares tempestuosos.

— O que pensam que estão fazendo? — o nojento começou


a gritar perguntando, me deleitei com seu desespero.
— Não tem direito de questionar nada, vai apenas responder
o que eu perguntar — alertei com a voz firme. — O que seu irmão
foi fazer no vestiário, naquela noite? — inquiri, sentindo a raiva
aumentar dentro de mim, mas segurei o turbilhão de emoções e
sentimentos que se passava em minha cabeça.
Ele soltou uma gargalhada sombria e perversa, o que me
irritou, entreguei a arma para Romero, fechei as mãos em punho e
avancei sobre o homem com toda a força que tinha e soquei a sua
cara nojenta. Pietro se aproximou e o ameaçou, pegando a gola de
sua camisa, levantando-o, fitando seus olhos com a expressão mais
cruel que ele tinha.

— Responda o que ela perguntou, seu desgraçado. — Meu


irmão estava enfurecido.

— Ah, vocês querem mesmo saber o que aconteceu naquela


noite. — Ele sorriu de um jeito sarcástico. — Eu tinha tudo
planejado, fui para a festa, disposto a encontrar você. — Me
encarou, Pietro tentou avançar sobre ele, mas Enzo o segurou, a
intenção era ouvi-lo, mesmo que aquilo fosse uma coisa dolorosa,
precisava saber o que de fato aconteceu comigo, ficar no escuro era
algo que me deixava agoniada, então o desgraçado continuou: —
Antes de sair, avisei ao meu irmão que estaria no colégio em um
evento. Mas, como ele sempre foi intrometido, me seguiu até o
ginásio. Enquanto você dançava, peguei um copo de bebida para
você e coloquei um tranquilizante na sua bebida, esperei um tempo
para que fizesse efeito. — Ele sorriu novamente de forma perversa,
fazendo-me ter ainda mais repulsa e ódio daquele infeliz. — Quando
notei suas pupilas dilatadas e as pálpebras baixas, sonolentas, a
levei para aquele vestiário, pois não aguentava mais esperar para
entrar na sua boceta. — Romero fechou as mãos em punho e rugiu
um palavrão. — Ah, Paola, te imaginei de tantas formas enquanto
me masturbava, mas o meu prazer é causar dor, então tomei o que
desejava, sua virgindade. — Quando menos esperei, Enzo socou
sua cara, fazendo seu nariz sangrar, mesmo assim, ele sorria. —
Tenho tesão por virgens, adoro vê-las gritando de dor quando enfio
meu pau de uma só vez na boceta apertada delas, é satisfatório ver
o sangue escorrer e manchar meu cacete. — Balançou a cabeça
sem tirar os olhos de mim, desta vez era Pietro que segurava o
Enzo. — Ah, o cheiro metálico e toda aquela atmosfera me deixa
louco, totalmente fora de mim — descreveu com orgulho e prazer,
era visível em seu olhar. — Mas, meu irmão chegou e não deu
tempo de oferecer a sua boceta a ele, iria me deleitar com a visão
dele te fodendo ou nós dois, mas seus irmãos chegaram,
estragando todos os planos que ainda tinha — revelou, enfim,
fazendo-me soltar o ar que estava preso, não suportaria saber que
os dois me violentaram.

Nunca imaginei que o professor poderia ter um irmão gêmeo


e que ele esteve naquele vestiário depois que apaguei. Me lembrava
que, apesar do meu desespero, meu corpo havia amolecido, o que
indicava que ele colocou alguma substância em minha bebida para
fazer o que bem entendesse comigo.

O filho da puta começou a resmungar, com apenas um olhar


autorizei Romero a amordaçá-lo, eles me deixaram no comando,
fariam o que eu quisesse. O nó que se formava em meu estômago
apenas por saber que fui estuprada por aquele homem e que ele
havia conseguido fugir e viver livremente todos aqueles anos.
— Encontrou o que mandei? — Enzo perguntou a um dos
soldados e ele assentiu.

— Aqui tem álcool e pólvora — respondeu.

— Perfeito — respondi, pegando primeiro o vidro de álcool,


me aproximei com ódio do desgraçado e o empurrei com força, ele
caiu no chão. Notei que estava bem ferido, meus irmãos e Romero
deviam ter se controlado muito para não o matar. Mas não deixaram
de fazê-lo sofrer enquanto esteve preso, se os conhecia bem,
vieram todos os dias.

Mason se debatia, mandei que um dos soldados tirasse as


cordas, como estava cercado pelos soldados, não havia para onde
correr, ele não tinha saída. Sua expressão era de terror ao se dar
conta do que iria acontecer, os olhos alarmados me fizeram sentir
poderosa, grande, diante dele. Ele estava no chão e passaria por
um doloroso corredor até o inferno, onde ele iria queimar.

O sangue escorria pelo seu braço onde atirei, sorri me


deleitando com aquela cena, apesar de ter tido pesadelos cortando
seu pau com minhas lâminas, queria vê-lo em chamas, por isso
comecei jogando álcool pelas pernas dele, barriga, o virei com os
pés violentamente enquanto o miserável grunhia. Joguei nas costas
e quando me dei por satisfeita, peguei o isqueiro de Romero que o
virou.

Acendi a tocha que o soldado me entregou, me aproximei e


fixei meus olhos nos dele. Sorri. Ateei o fogo primeiro na perna
direita que se alastrou para a esquerda, passei para sua barriga
enquanto os gritos de sofrimento e desespero do infeliz ecoavam
pelo pátio.
— É assim que ficava quando estuprava suas alunas,
professor? Pegando fogo, não é? — o questionei, me sentindo
satisfeita com a visão dele virando churrasquinho. Estendi os lábios
de lado enquanto observava o sofrimento do homem sapecando no
fogo e gritando desesperadamente.

Todos assistiam à cena, porém, eu tive certeza de que


ninguém sentia mais prazer do que eu por estar fazendo-o pagar. Se
ele pensou que havia escapado, deixando o irmão morrer em seu
lugar, estava muito enganado. O meliante não sabia com quem tinha
mexido, os Mancini não perdoavam e sequer esqueciam dos que
atentavam contra. Pois tínhamos nascido pelo sangue e por ele
iríamos até o fim.

Observei a pele do homem sendo queimada, enquanto ele


chorava em desespero, foi o grande ápice. Deixei que o queimasse
por um tempo e depois mandei que apagassem o fogo, um dos
soldados pegaram uma manta e fizeram o que ordenei. Sua pele
estava em carne viva, peguei a faca de Romero e me agachei ao
lado do corpo dele, comecei a cutucar a pele derretida, fazendo-o
urrar de dor.

Como o grito desesperado começou a me irritar, peguei a


pólvora e coloquei em sua boca, depois de cortar a mordaça que
estava toda mordida. Incendiei sob seu olhar desesperado, em
seguida, peguei a arma que Pietro me entregou e fitei seus olhos
vermelhos cheios de lágrimas, seu corpo queimado, engatilhei a
arma mais uma vez, mas naquele momento seria para levá-lo até o
inferno, atirei três vezes, assistindo aos seus olhos ficarem
paralisados.
Fechei os olhos, sentindo o fedor de queimado, o alívio tomou
conta de todo meu corpo. Pois acabava ali todo o meu sofrimento,
nunca mais iria permitir que um homem se aproveitasse de mim. E
não deixaria que nada mais me afetasse daquela forma, que me
consumisse. Fiquei atônita, parada, observando o sangue formando
uma grande poça no chão.

Senti Romero se aproximando, ele pegou a arma da minha


mão e entregou a um dos meus irmãos. Seus braços fortes me
envolveram em um abraço reconfortante enquanto sentia meu corpo
inteiro gelar e estremecer. Eu sabia que não seria fácil fazer aquilo,
mas eu não ficaria em paz enquanto não tirasse a vida do homem
que me atormentou por anos. Meus olhos queimaram e as lágrimas
caíram com força enquanto meu corpo balançava ao redor do de
Romero. Tinha, enfim, acabado.

Dias depois…

O dia mais esperado por toda a família havia chegado,


Caterina entrou em trabalho de parto no final da tarde. Pedi a Alex
que voasse para a antiga mansão, encontraria com Romero lá,
mesmo depois de tudo que passei, alguns dias atrás, meu marido
ainda estava sendo cuidadoso comigo. Ele se preocupava e
mandava mensagem o tempo todo que estava fora de casa, precisei
aumentar os dias de terapia com a minha psiquiatra e falamos sobre
descobrir que o homem que me violentou ainda estava vivo e a
minha decisão de o matar. Apesar de ter sido criada na máfia e de
tudo que via e sabia que acontecia, comigo e, acreditava que com
qualquer outra mulher, não era fácil lidar com as consequências de
um estupro.

No entanto, não me deixei abater, chorei tudo que tinha


naquela madrugada e na manhã seguinte, decidi que nada mais
controlaria minhas emoções daquela forma. Seria um dia de cada
vez, porém, estava decidida a ter domínio de meus sentimentos e
ações, com a nova vida que tinha com meu marido, o homem que
sempre amei. Queria evoluir cada dia mais em todos os sentidos,
me manteria em ação e exigiria um lugar na máfia.

Assim que cheguei à antiga mansão, encontrei com Perla,


Pietro e Elena. Enzo estava com Caterina, ele não iria sair do lado
de sua esposa.

— E Romero? — perguntei.

— Vai demorar um pouco, tinha que resolver um problema


com um dos laboratórios. — Assenti.

— Ok, vim o mais rápido que consegui, desmarquei a reunião


com a arquiteta, mas Caterina está bem?

— Sim, tranquilo, mas vai demorar algumas horas, pois será


parto normal — Perla respondeu e se virou para Elena. — Prepare
lanche para todos, pois vai demorar e pode ser até que jantemos
aqui hoje. — Elena saiu e foi para a cozinha, minha cunhada e eu
começamos a conversar para passar o tempo. Lembrei-me do parto
de Romeo, que demorou também, era melhor nos distrair para
conter a ansiedade.
Estava emocionada com aquele momento, pois iria conhecer
o rostinho da minha sobrinha, teríamos uma princesinha na família
para se juntar ao Romeo. O que me fazia pensar que também
queria ter meus filhos, esperava que, seguindo o tratamento,
conseguiria engravidar. Passaria por novos exames nos próximos
meses, após a cirurgia havia feito alguns e estava tudo bem, como a
médica me disse, era bom fazer o acompanhamento. Gostaria de ter
pelo menos um filho, sabia que pela minha idade, se nada desse
errado, poderia ter mais de um.

Passaram-se alguns minutos e Romero chegou, me levantei e


demos um beijo. Ele se sentou ao meu lado e seguimos esperando,
lanchamos e mais algumas horas se passaram, meu marido e Pietro
foram conversar em um canto, enquanto Perla e eu ficamos
papeando, à espera. Eu me sentia a cada hora mais nervosa. Podia
até mesmo visualizar Enzo, inquieto dentro do quarto ou segurando
a mão de Caterina.

As horas passaram e, enfim, Enzo chegou emocionado na


sala, vibrando com a chegada de sua filha.

— A nossa principessa é a bebê mais linda do mundo! — O


abracei primeiro.

— Parabéns, papai! — o felicitei. — Que ela traga toda a


felicidade para você e Cat, vocês merecem! — exclamei,
emocionada também, deixando as lágrimas caírem por ver meu
irmão tão feliz com a chegada da sua pequena. A comoção foi geral,
todos trocaram abraços e apertos de mãos.

— Como Caterina está? — perguntei.


— Ela está cansada, mas bem, daqui a algumas horas
poderão conhecer a nova integrante da família Mancini! — Enzo
irradiou, o sorriso dele chegava aos olhos, era lindo de se ver,
emocionada, me sentei assim que ele voltou para o quarto, depois
seguimos para a cozinha ver com Elena o jantar. Pois aquela noite
ainda seria longa, não sairia da mansão até conhecer minha
sobrinha.
Depois que jantamos, a médica chegou dizendo que
poderíamos ver mãe e filha. Senti um friozinho no estômago de
ansiedade para conhecer minha sobrinha, Pietro e Perla entraram
primeiro, pois Cat ainda estava cansada.

Romero e eu ficamos esperando e, depois de alguns minutos,


entramos e não aguentei, chorei de emoção ao ver Enzo com a filha
nos braços ao lado de Caterina que estava na cama. A principessa
era tão pequena, ao me aproximar, deixei as lágrimas caírem, em
uma miríade de sentimentos. O rostinho tão pequeno, ela estava
enrolada em uma manta branca e mexia as mãozinhas como se
chamasse a nossa atenção. Ainda não dava para saber com quem
se parecia, mas não podia negar que era a bebê mais fofa e linda do
mundo.
— Seja bem-vinda, minha linda, a titia já te ama muito e vai te
dar todo o carinho do mundo e te ensinar um monte de coisas —
falei com uma voz infantil, enquanto Enzo me encarava todo bravo
com a testa franzida.

— Se o papai deixar, vai ensinar a ter juízo! — respondeu


baixinho e rolei os olhos, mas sorrimos. Não a toquei, porque a
achava muito novinha ainda, mas em breve iria pegá-la no meu colo
para o terror do Enzo, ele seria um pai protetor e chato, mas não
importava. Minha sobrinha teria sua titia de qualquer forma sempre
ao seu lado.
ROMERO

Nos dias que se seguiram, conversei muito com Paola, fiquei


tão preocupado com ela, depois de tudo que aconteceu em relação
ao professor. No entanto, Paola estava bem, fazendo suas consultas
com a psiquiatra, tomando sua medicação e seguindo em frente. Me
sentia orgulhoso por ver que minha esposa era uma mulher tão
forte, que vinha vencendo seus traumas, desbravando todos os
obstáculos que eram colocados em seu caminho.
A nossa sobrinha, Giulia, havia nascido finalmente, para o
alívio do Enzo, ele andava inquieto e louco para conhecer sua filha.
Caterina entrou em trabalho de parto no fim da tarde, depois de
resolver alguns problemas, fui para a antiga mansão. Foi
emocionante quando recebemos a notícia de que a bebê tinha
nascido, ver Enzo todo derretido por sua principessa. Quando
conseguimos entrar no quarto para conhecê-la, me senti tão afetado
por presenciar Paola falando com a pequena. Fiquei pensando se
nós dois conseguiríamos ter filhos também, minha esposa estava
falando com sua médica sobre isso e, em breve, veríamos a
possibilidade de trazer mais um bebê ao mundo.

Cheguei ao galpão no dia seguinte e encontrei apenas Pietro,


falava ao telefone, confirmando mais uma reunião do conselho para
a próxima semana. Esperei na minha sala até que ele terminasse de
falar e, depois de alguns minutos, voltei.

— Precisamos localizar esse Giovanni, não aguento mais


ficar sem saber onde o bastardo está e o que ele está planejando
contra nós. — Pietro odiava não ter controle da situação, ele era o
chefe e nasceu para exercer aquela função.

— Falei hoje com Lucca, continuamos sem nenhuma


novidade, penso que o Jimmy, que se passava por Giovanni, está
apenas nos fazendo perder tempo — ponderei e Pietro acendeu seu
cigarro.

— Ele precisa de um estímulo para colaborar, para onde eles


estão indo agora, já saíram daquela cidadezinha que estavam? —
perguntou.

— Estão voltando para a Europa. — Me levantei e peguei um


pouco de uísque.
— Espero que encontrem aquele bastardo logo, agora,
mudando de assunto. E a minha prima Alessa, já temos um
relatório?

— Recebi ontem e te encaminhei no e-mail, mas deixei para


te avisar hoje, depois de tudo. — Pietro assentiu, abriu seu
notebook e imprimiu o relatório com imagens e todos os detalhes da
rotina da filha de Lorenzo.

— Excelente, ela está para se formar em Ciências Biológicas,


está no último ano, tem vinte e três anos e não namora, a rotina dela
no momento é da universidade para a casa e às vezes sai com
amigas. Fala sempre com Christian Davis e o recebe em sua casa,
tenta se inteirar dos negócios do pai. — Pietro leu parte do relatório
e viu algumas fotos.

— Uma vida normal, sem nada para nos preocupar, mas o


que ela quer saber sobre a família, depois do que aconteceu? —
ponderei, pensando que não fazia sentido.

— Ela pode querer se vingar, mas deve saber que meu pai
morreu há anos e que eu estou no poder. — Pietro coçou a barba,
refletindo.

— Essa, poderíamos confrontar, saber por ela mesmo o que


pretende, já que o pai cortou relações com a família há tanto tempo
— citei o que tinha em mente e tomei um pouco mais da bebida.

— Vamos pensar nisso melhor, desenvolver essa ideia, não


gosto de ficar no escuro e você sabe bem disso. — Apagou seu
cigarro e deixou no cinzeiro. Pietro se levantou e saiu da sala,
chamou um dos soldados e mandou que ele fosse buscar o
pagamento com as gangues.
Em seguida, conversamos sobre o carregamento de armas
que chegariam na próxima semana, acertamos a última rota e
mostrei alguns relatórios que teríamos de apresentar na reunião do
conselho. Todos queriam saber o motivo dos russos terem parado
de nos atacar, na verdade, eles não sabiam do bastardo. Pietro não
queria revelar ainda, apenas quando conseguíssemos pegar
Giovanni, precisávamos saber se ele agia sozinho ou se havia
algum cabeça por trás. Ele tinha motivos para se vingar, mas não
estávamos livres de nada, podia acontecer qualquer coisa naquele
mundo.
Trabalhamos o dia todo, resolvemos alguns problemas com
uma parte do armamento que sumiu do nosso estoque. Reunimos
os soldados e apertamos o pescoço de alguns para que falassem e
descobrimos que uma turma deles estava pegando para vender e
ganhar um dinheiro extra. Os miseráveis faziam de tudo para
conseguir dinheiro fácil, mas na Outfit não se criavam. Pietro e eu
torturamos e matamos todos quando descobrimos a identidade dos
ladrões.
Cheguei em casa, Paola estava terminando de se arrumar,
parecia animada, o que me fez lembrar que prometi uma saída com
ela naquela noite. Mesmo cansado, beijei seu pescoço e fui para o
banho sozinho, mas meu desejo era que minha esposa tivesse me
esperado. Sentia falta dela o dia todo, de seu perfume, o calor da
sua pele, a presença e até mesmo de sua voz e suspiros. Ela havia
passado a tarde toda na mansão dos irmãos, pois queria pegar a
nossa sobrinha nos braços.

Quando saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura,


Paola me fitou com o olhar carregado de lascívia, o desejo ardia em
suas íris azuis. Observei bem a roupa que vestia seu corpo gostoso,
o estilo dela instigava o meu lado mais selvagem, pois tinha vontade
de rasgar aqueles seus vestidos que exibiam suas costas, parte dos
seios e as pernas longas e lindas. Puta merda, eu já estava duro só
de vê-la vestida para matar.
— Apesar de te achar sexy pra caralho com essas roupas,
me incomoda ver aqueles homens virando o pescoço quando passa
por eles, tenho vontade de cortar cada um — revelei o ciúme que
sentia, tentava esconder dela, mas era impossível.
— Deixem que olhem, lembre-se sempre que, nunca serei de
nenhum deles, porque sou toda sua, meu amor. — Se virou e
caminhou até mim, desfilando como uma rainha, jogando o cabelo,
me fazendo babar com a visão de parte de seus seios naquele
decote aberto e transpassado, no desenho de sua cintura curvilínea
até o quadril um pouco mais largo e gostoso.
— Porra, toda minha! — Alcancei-a antes dela chegar até
mim, pegando-a, enlaçando meus braços em seu corpo, ficando
com nossos rostos colados um no outro, encarei seus lábios
molhados por algo brilhante que logo chupei e mordisquei. Em
seguida, tomei sua boca, chupando sua língua com desejo de fazer
aquilo com todo seu corpo quente, gostoso e perfumado.

Paola tinha o sabor de pecado, deliciosa, ela foi proibida para


mim por anos, não sabia como sobrevivia antes sem tê-la. O beijo
se tornou intenso e as carícias pelo corpo um do outro também,
apertei com força sua bunda, não para machucar, mas apenas para
ouvi-la gemer. Sabia que minha esposa adorava ter minhas mãos na
sua bunda.
— Oh, caralho! — gemeu ao afastar seus lábios dos meus,
me deixando de pau duro, se afastou ao respirar fundo, ajeitar seu
vestido e limpar a boca de um jeito provocativo e olhar sensual. —
Vai se arrumar logo, mais tarde continuamos de onde paramos.

— Podemos ficar em casa, e você me deixa ver o que está


vestindo por baixo desse vestido — propus com a cara mais
deslavada do mundo.
— Mais tarde, Romero! — Piscou e me deu as costas,
rebolando seu quadril gostoso. Grunhi um palavrão em resposta e
fui para o closet me arrumar. Ela ficou no quarto parada de frente
para o espelho extenso, retocando seu batom brilhoso que deixava
os lábios dela ainda mais sensuais.

Terminei de me vestir, ajeitando meu pau impaciente dentro


da calça, até o fim daquela noite eu morreria de bolas roxas e a
culpa seria da diaba desgraçada da minha esposa. Afivelei o cinto e
o coldre com minha arma e faca, arrumei o cabelo, coloquei o
relógio e borrifei perfume, enquanto Paola esperava na sala, ela até
mesmo saiu do quarto.

Quando estava pronto, fui até a provocadora que estava


digitando no celular e sorrindo, fiquei de imediato curioso para saber
quem era a pessoa que estava conversando.

— Qual o motivo desse sorriso travesso? — perguntei.

— Ah, vocês homens são tão previsíveis às vezes. — Ela


estava falando com um homem? Quem seria?
— Está conversando com quem aí? — inquiri, sem poder
controlar todo aquele ímpeto.

— Romero, estou falando com Leo e ele é teimoso, não quer


seguir meus conselhos. — A fitei sem entender.
— Você e Leo ainda se falam com frequência? — Arranhei a
garganta e passei a mão pela testa.

— Claro, ele é meu melhor amigo, não é porque me casei que


tenho que me afastar de quem sempre segurou minha mão —
respondeu, se levantando sem deixar meus olhos.

— Sei disso, mas… — Ela me interrompeu:


— Está pronto, então vamos logo, tenho muito o que fazer
ainda. — Ignorou totalmente o que iria falar, saímos do prédio e
entramos no carro enquanto eu tentava entender minha esposa.
Não queria que aquele ciúme me fizesse perder a cabeça, era
um homem centrado e no controle de suas emoções. Contudo, não
conseguia evitar a irritação que sentia ao saber que outro homem
tinha a atenção da minha esposa. Paola e Leo eram amigos desde
pequenos e ele foi o primeiro a beijar a boca dela, isso também me
incomodava, mas o que podia fazer? Não tinha o direito de
questionar sobre algo que passou, seria hipocrisia demais, eu sabia.
Acelerei o carro, apertando as mãos no volante enquanto minha
mente agitada não parava de pensar bobagens.

— Romero, o sinal vermelho! — Paola gritou, me trazendo


para realidade.

— Que merda! — praguejei, aquilo nunca havia me


acontecido antes. Com o coração acelerado pelo susto, parei o
carro em um lugar qualquer, o celular começou a tocar, atendi e era
Alex, o tranquilizei, enquanto me acalmava.

— O que aconteceu com você que não me ouvia? Parecia


que estava longe daqui com o olhar distante.
— Estava apenas pensando, mas não importa, é bobagem,
vamos continuar. — Depois de conseguir ficar mais tranquilo, liguei
o carro e segui direto para a boate que não estava muito longe de
onde paramos.

Entreguei o carro para um dos seguranças e entramos pela


lateral como sempre, passamos pelo corredor e o lugar estava
lotado. Até mesmo o terceiro andar, que era a nossa área, será que
todos resolveram sair naquela noite?

Coloquei Paola à minha frente e segui atrás, ficando colado


em seu corpo, segurando sua cintura passamos no meio daquele
tanto de pessoas, algumas dançando e outras conversando e
bebendo. Fomos para o elevador e enquanto subimos, minha
esposa me fitou.

— Está tudo bem? — indagou, arrumando a gola da minha


camisa.

— Ótimo, mas estaria melhor se estivéssemos em casa com


você nua em cima de mim — revelei, sem vergonha.

— Vamos chegar lá, meu amor. Tenha calma — ela pediu,


vindo me beijar, mas a afastei logo, antes que ficasse intenso
demais e eu terminaria com ainda mais tesão.

Quando chegamos ao terceiro andar, Leo estava nos


esperando e ela me pediu para ficar no bar, esperando-a voltar.
Observei os dois saírem de mãos dadas, o filho da puta apenas
acenou para mim com um movimento de cabeça e levou minha
esposa para longe.

Dei a volta e me sentei em um canto, onde ficava sempre que


ia naquele lugar, logo vieram me oferecer bebida. Pedi uísque
enquanto esperava Paola voltar, coloquei a perna dobrada em cima
da outra, tentando ficar mais à vontade e observei o local,
procurando por minha loira. Meu copo de bebida foi servido,
comecei a tomar, mantendo meus olhos atentos, assim que localizei
a minha esposa, fiquei com o olhar fixo na sua figura. Ela
conversava sem parar com Leo, na verdade, parecia brava com ele,
o que será que o soldado aprontou?

Estava tão focado em Paola que sequer prestei atenção em


outra coisa, fui surpreendido quando uma mulher ruiva se
aproximou, sorrindo de forma sedutora e com os olhos cheios de
luxúria.

— Boa noite, está sozinho? — perguntou como quem não


queria nada, mas ao mesmo tempo, pelo seu olhar, ela queria tudo.

— Olá, não estou… — iria dispensá-la quando ouvi a voz da


minha esposa, furiosa.

— Não, minha querida, ele está muito bem acompanhado por


sua esposa, que sou eu, pode ir procurar em outro lugar —
vociferou com o cenho franzido.

A mulher deu de ombros e saiu, nos deixando sozinhos, senti


a tensão fluir de Paola para mim, ela estava brava comigo? Não fui
eu que estava atrás de outra, puta merda.

— O que pensa que está fazendo? — Ela me puxou, me


levantando e passando rápido entre as pessoas, sem se importar
com nada. Nos levou para um corredor escondido, meio escuro e
vazio.

— Te tirando daquele lugar, por que deixou a mulher se


aproximar? — questionou, parecendo ainda irritada.

— Você que me deixou sozinho assim que chegamos para


ficar de papo com o Leo. — Não disfarcei o quanto estava
enciumado e zangado.
— Você deu algum sinal para aquela filha da puta? —
indagou em um tom enraivecido, ficava ainda mais linda toda brava.

— É óbvio que não, na verdade, nem tinha notado a mulher


se aproximar, porque estava de olho em você de papo com o Leo,
dá para me dizer o que tanto discutiam? — perguntei, pois assim
como ela, também merecia saber o que estava fazendo.

— Leo me pediu ajuda, e você sabe, não podia deixar de dar


meu apoio a ele — explicou, ajeitando seu vestido —, o farabutto fez
uma besteira e precisa se desculpar com Alícia, mas quer saber?
Não tenho que ficar te dando explicações — rosnou em descontrole
e me deu as costas, mas a peguei pelo braço e a prendi na parede.

— Tudo sobre você me diz respeito, somos casados agora e


assim como você me cobra explicações, tem que me dar também —
explodi e ela me beijou de forma violenta, como estava com o tesão
acumulado desde que saímos de casa, não consegui controlar meus
impulsos.

Pressionei ainda mais meu corpo no seu, segurei firmemente


seu cabelo com uma mão, enquanto a outra descia até sua cintura
que apertei e Paola mordeu meu lábio com força, arrancando
sangue que ela chupou com maestria e sensualidade. Seus olhos
me fitavam intensamente, a respiração entrecortada e os lábios
entreabertos, toquei a barra do seu vestido e subi o tecido, deslizei
minhas mãos procurando por sua calcinha, sentindo mais duro a
cada minuto que passava.

Com a mão entre suas pernas, afastei o tecido rendado de


lado e toquei sua boceta que estava molhada, pronta para mim. Dei
um sorriso mordaz e sem tirar os olhos dos seus, passei o dedo
circulando seu clitóris, a provocando.

— Ah, porra! — gemeu, ensandecida, enquanto a estimulava


com os dedos, até enfiá-los em sua boceta, fazendo-a arfar. Chupei
seu queixo, sua orelha e pescoço. Estoquei com os dedos até levá-
la ao limite, então os retirei, ouvindo-a praguejar. Então colei seu
corpo no meu de novo, para que ela entendesse meu estado.

— Sinta como estou duro, desde o momento que cheguei em


casa, nem me masturbando no chuveiro resolveu — rosnei em seu
ouvido.

— Ah, Romero, me fode — implorou, se rendendo.

— Gosta da ideia do que vamos fazer aqui? — Ela não disse


nada, só concordou com a cabeça. Então arranquei sua calcinha fio
dental, rasgando a renda, e a joguei no chão.
Levantei sua perna, deixando-a exposta ao frio do ar-
condicionado que soprava acima de nós, prendi seu joelho ao redor
da minha cintura. Coloquei seu braço entre nós e desabotoei minha
calça, puxei a cueca para baixo apenas o bastante para deixar meu
pau livre. Envolvi minha ereção com as mãos e esfreguei por toda a
pele molhada.

Com a calça aberta, caída um pouco abaixo da cintura, se


alguém nos visse por trás, poderia até pensar que estávamos
dançando, talvez apenas nos beijando, pois o corredor era meio
escuro. Meu pau pulsava na minha mão, passei a ponta dele na sua
entrada, a senti estremecer, pois eu estava duro como uma rocha.
Comecei a entrar, devagar, quando estava profundamente
dentro dela, ali no meio daquela boate caótica, com luzes e músicas
pulsantes ao nosso redor, as pessoas a poucos metros de nós sem
saber de nada. A penetrei, esfregando com firmeza em seu clitóris
em cada estocada. Não houve mais conversa, apenas estocadas
em que fui aumentando a velocidade e intensidade.
O espaço entre nós se preencheu com sons abafados de
desejo e súplica. Mordi seu pescoço e Paola agarrou meus ombros
e então, na escuridão, comecei a me mexer de verdade, rápido e
urgente, ela gemeu deliciosamente, a possibilidade de alguém
passar por ali e nos pegar era mais evidente agora. Jogou a cabeça
para trás, senti que Paola estava perto, estoquei com mais força, a
fazendo gozar sem parar.

— Oh, droga! — Meus quadris perderam o ritmo e então


soltei um gemido enquanto meu corpo inteiro se balançava em um
orgasmo, jorrando toda minha porra no interior de sua boceta, com
meus dedos enterrados na sua cintura. Parei, me apoiando nela,
encostando meus lábios gentilmente em seu pescoço, ergui a
cabeça, olhando no fundo de seus olhos.
— Eu te amo e morro de ciúme de você com Leo e qualquer
outro que ouse se aproximar — revelei com a respiração
entrecortada e o coração ainda acelerado. Não podia esconder dela
o que sentia de verdade, assim como Paola, ela era minha e eu era
inteiramente dela.
PAOLA

Dias depois…
Não conseguia esquecer da noite na boate em que Romero
revelou que me amava e que morria de ciúme de Leo e qualquer
outro homem que chegasse perto de mim. Foi tão especial e senti
todo meu corpo se arrepiar com a forma com que olhou no fundo
dos meus olhos e afirmou com todas as letras as três palavras que
tanto sonhei em ouvir sair de sua boca. Passei dias revivendo
aquele momento, me levantei e antes que conseguisse sair da
cama, Romero me puxou para seus braços beijando meu pescoço,
me fazendo dar risadas.

— Vamos nos atrasar para o almoço, sabe que Pietro é


pontual — lembrei e ele não me soltou.

— Não estou me importando nem um pouco com a


pontualidade de seu irmão, vamos tomar banho juntos! — exclamou
e, em seguida, se levantou, me pegando em seus braços fortes e
me levou para o banheiro, onde passamos alguns minutos.

Acabamos nos atrasando um pouco, me arrumei depressa,


nossos domingos sempre eram na mansão com meus irmãos, Perla
resolveu fazer um almoço pela chegada de Giulia, a principessa de
Enzo e Caterina. Meu querido irmão estava sendo pior que Pietro,
não deixava ninguém ficar com a filha por muito tempo no colo, ele
estava um pouco paranoico. Enzo se tornou um pai babão e protetor
demais, tinha pena da menina, porque ele a colocaria numa redoma.

Assim que chegamos, fomos recebidos por Dexter, que veio


em minha direção, carente de atenção.

— O papai não está te dando mais atenção? Oh, meu Deus!


Vem com a titia — o chamei e depois de cumprimentar Perla e
Caterina, fui para a área externa brincar com o buldogue. Ele pegou
sua bola e veio me entregar para jogar, Romero chegou ao meu
lado e Dexter latiu para o meu marido, foi inevitável não soltar uma
risada.

— Dexter, como assim? — perguntou ao cão.

— Ele deve estar com ciúme de você comigo — respondi e


Dexter continuou latindo para Romero, até se esqueceu da bola,
meu marido teve que sair e voltar para dentro da casa. Fiquei
brincando com o cão de Enzo, jogando a bola, até ele se distrair
com Amy e me deixar.

Voltei para a sala onde Perla estava com Romeo no carrinho


e Caterina com Giulia no colo.

— Oi, bom dia! Pensei que vocês já estariam na mesa! —


comentei com minhas cunhadas.

— Pietro hoje parece não estar preocupado com o horário. —


Fiquei surpresa.

— As coisas aqui estão mudando. — Elas concordaram e me


sentei no sofá. — Que lindo, as duas mamães da família e seus
bebês mais fofos do mundo — elogiei e Cat sorriu assim como
minha outra cunhada.

— Você será a próxima mamãe Mancini, já falou com sua


médica? — Perla perguntou.

— Tive uma consulta sim, vamos fazer exames para ver


como estão meus órgãos, mas ela disse que se quiser engravidar,
tenho que aproveitar o fato de ser nova ainda.

— É, pelo que li, quanto mais velha, mais difícil e você está
bem, não sentiu mais aquelas dores como antes? — Cat perguntou.

— Ainda bem que não senti, aliás, a médica me falou que se


sentisse, tinha que ligar imediatamente para ela.

— Nossa, que bom, espero que não tenha mais


complicações — Perla respondeu e Pietro entrou na sala, nos
cumprimentamos, e me chamou no escritório. Fiquei ansiosa, pois
toda vez que me chamavam para conversar, era algo sério e me
envolvia. Saí da sala e segui meu irmão, eles não fecharam a porta,
mas Enzo e Romero estavam sentados no sofá.

— Enzo, você já me viu hoje? — perguntei ao meu irmão


querido que parecia estar em um mundo distante do nosso.
— Caralho, Paola. Estou morto de sono, a nossa principessa
chorou a noite toda e quase não dormi. — Quem imaginaria tanta
mudança no subchefe.

— Posso imaginar. — Sorri com respeito e Romero também,


me sentei ao seu lado e Pietro se sentou na sua cadeira de frente
para a grande mesa.
— Paola, depois de tanto pensar e discutirmos entre nós,
decidimos te inserir em nossos negócios da máfia. Após todos os
acontecimentos, você demonstrou que está pronta para enfrentar
qualquer coisa. — Fiquei sem palavras por um momento, com os
batimentos acelerados e emocionada. Pois não conseguia me ver
como uma tradicional esposa de membro da máfia.
— Saiba que, se aceitar, será um grande prazer ter você com
a gente, pensamos que ,vai gostar de participar das reuniões de
estratégias e pode aprender sobre a lavagem de dinheiro — Enzo
mencionou.

— Porra, não sei o que dizer. — Sorri, me sentindo tão


importante para eles, era emocionante saber que tinham me
considerado naquele momento. — Mentira, eu aceito trabalhar com
vocês e espero não os decepcionar — respondi, tremendo de
felicidade por saber que eles confiavam em meu potencial.

— Você nunca foi e nunca será uma decepção — Pietro


afirmou ao fixar seus olhos nos meus —, faz parte da nossa
famiglia, nosso sangue.

Estava sem ação com a forma segura que ele tinha acabado
de falar, me arrepiei e contive as lágrimas de emoção que
ameaçaram rolar pelo meu rosto. A confiança que eles estavam
depositando em mim, era demais, eu nunca pensei que fossem
considerar me colocar na máfia. Na verdade, tinha em mente me
inserir aos poucos, reivindicando meu lugar de direito.

— Seja bem-vinda à Outfit! — Pietro se levantou e se


aproximou, oferecendo sua mão e fiz o mesmo, trocamos um aperto
de mãos sob seu olhar compenetrado e sério. Depois, ele me puxou
para um abraço e beijou o topo da minha cabeça com carinho.

— Paola, quanto orgulho, bambina mia! — Enzo me


abraçou.

Quando fiquei de frente para Romero, ele me fitou com


admiração, não precisava dizer nada, em seus olhos dava para
saber que estava também orgulhoso por mim.
— Eu sei que você surtaria se ficasse em casa resolvendo
detalhes da reforma, pois é uma mulher que gosta de desafios e
merece o melhor, meu amor! — exclamou e nos abraçamos.

— Agradeça bem ao seu marido, pois ele que nos convenceu


— Enzo contou e não pude resistir, fitei Romero e ele apenas deu
de ombros.
Sem poder resistir àquele homem, o beijei, esquecendo-me
por completo que estávamos na presença dos meus irmãos. Suas
mãos logo estavam em minha cintura e quando chegaram ao quadril
que ele apertou como sempre gostava de fazer para me deixar
ainda mais louca, Enzo arranhou a garganta e nos afastamos,
estava se tornando um empata beijos.

— Você nunca me decepciona, eu te amo! — declarei com o


coração acelerado.
— Eu te amo mais, meu amor — afirmou, me deixando em
êxtase por ouvir de seus lábios aquelas três palavras que sempre
sonhei.

— Vamos parar com a baboseira e ir almoçar, já está na


mesa — Enzo implicou e tivemos que sair do nosso momento casal.
Nós nos sentamos todos para almoçar, Giulia dormiu e
Romeo ficou com Ana; Enzo nos convidou para um brinde pela
chegada da sua pequena.

— Vamos brindar pela nova vida que temos em nossa família,


à nossa principessa! — Brindamos e depois nos servimos, enquanto
conversávamos. Elena tinha caprichado e feito um dos pratos que
mais amava, macarrão ao molho carbonara e estava delicioso, comi
tanto que não consegui comer a sobremesa.

Mais tarde, ficamos conversando na área externa, até que


chamei Romero para irmos embora. Nos despedimos de todos,
Dexter quase não me deixou sair, falei com Enzo que o levaria
embora se não desse mais atenção ao seu buldogue, meu irmão
apenas rolou os olhos e me ignorou. Era mesmo um atrevido.
Abracei Perla e Caterina e quando me despedi de Pietro, ele disse
que me esperaria no dia seguinte no galpão. Assenti, sentindo um
misto de nervosismo e entusiasmo, minha vida mudaria e para
melhor.
Chegamos ao apartamento, tomamos um banho delicioso
juntos, Romero e eu nos deitamos no sofá, de conchinha. Tentamos
assistir ao filme de ação que ele colocou, mas foi impossível, pois
meu marido era um safado e logo começou a beijar meu pescoço e
acariciar minha barriga, descendo até minha boceta.

— Romero, tem certeza de que estamos sozinhos? —


indaguei.
— Claro — assim que respondeu, me virei e o empurrei,
fazendo com que ficasse deitado de barriga para cima.
Tirei a camisola que vestia, ficando nua sob seu olhar
devasso que me deixava ainda mais excitada. O calor que sentia
era abrasador, minha pele queimava, ansiosa para sentir a sua. Meu
marido encarou meus seios com desejo, aproximou uma de suas
mãos até o mamilo eriçado, o beliscou depois acariciou, fazendo-me
contorcer e minha boceta pulsar, ficando ainda mais molhada.
Abaixei o cós de sua calça de moletom, vendo que ele estava
sem cueca, salivei com a visão de seu pau grosso e grande com o
líquido viscoso na cabeça. Me abaixei e passei a língua, segurando
seu eixo e chupei sem deixar o olhar do meu marido que estava fixo
em mim.

Em seguida, me levantei e o montei, ficando por cima, peguei


seu pau e o direcionei na minha entrada pulsante e molhada. Me
senti em êxtase e tão poderosa por estar no controle, gemi e respirei
fundo, descendo sobre seu pau cada vez mais duro. Enquanto isso,
Romero brincava com meus seios, alternando entre eles, ora
beliscando e ora acariciando.

— Ah, caralho! — gemeu, quando enfim estava todo dentro


de mim, me senti preenchida e tão molhada. Comecei a mexer
lentamente para frente, como se fosse deitar em cima dele. Rebolei,
mudando o movimento, levei uma de minhas mãos ao clitóris e
enquanto mesclava os movimentos, estimulava o ponto pulsante da
minha boceta.

— Ah, Romero — gemi enquanto cavalgava no seu pau,


sentindo o suor tomar meu rosto, o cabelo grudando no pescoço
com o esforço físico que aquela posição exigia. Inspirei
profundamente e mudei o movimento de novo, indo para frente e
para trás.

— Isso, meu amor, agora goza para mim — rosnou, me


deixando ainda mais excitada enquanto mantive o ritmo delicioso, o
sentindo todo dentro de mim.

Estimulei meu clitóris e comecei a sentir os espasmos no


interior da minha boceta, uma onda de prazer foi tomando conta de
todo meu corpo, sacudindo-o. Joguei a cabeça para trás, enquanto
era dominada por um orgasmo intenso, sentindo-me fora de mim.

— Ah! — gemi com a respiração entrecortada enquanto ainda


me movimentava no pau de Romero, querendo prolongar aquela
sensação de puro prazer que apenas ele podia me proporcionar. O
calor de seu corpo, o perfume, tudo naquele homem me deixava
louca e ele era meu, me sentia finalmente completa. Não demorou e
meu marido gozou, gemendo, não parei de me movimentar para
frente e para trás, então quando o senti no ápice, me inclinei e tomei
sua boca na minha de forma intensa.

Passado nosso estado de loucura, se ouvia apenas as


nossas respirações alteradas. Ficar por cima trazia uma sensação
de poder, mas também cansava. Ele saiu de dentro da minha boceta
devagar e imediatamente me senti vazia, Romero se levantou, foi ao
banheiro e voltou com uma toalha e me limpou, vesti minha
camisola e me deitei em seu peitoral, ele beijou o topo de minha
cabeça.

— Nunca vou me cansar disso! — comentou.

— Disso o quê? — perguntei, curiosa.


— Nós dois, meu amor. — Sorri e voltamos a assistir o que
passava na televisão, apesar de ter perdido parte do filme. Aquela
calmaria depois do sexo era tão gostosa que poderia ficar a vida
toda em seus braços, sentindo seu coração bater e sua pele quente
na minha.

No dia seguinte, levantei mais cedo que o normal, pois seria


meu primeiro dia de trabalho. Nem podia ainda acreditar que era
mesmo real, tomei banho e me sentindo ansiosa, entrei na cozinha
para preparar meu café.

— Bom dia, Teresa — cumprimentei a mulher que cuidava de


tudo naquele apartamento.
— Bom dia, acordou mais cedo — comentou e sorri.

— Sim, isso agora vai acontecer todos os dias, pois vou


trabalhar — revelei, animada.
— Parabéns! — desejou e apenas assenti, me sentando na
mesa.

— O café descafeinado está pronto. — Colocou na mesa


junto com o pão integral, queijo e ovos mexidos com bacon, como
eu gostava. Romero chegou e se sentou, ficando de frente para
mim, seu olhar era intrigante.

— Bom dia, senti sua falta na cama, minha linda — revelou.

— Estou ansiosa, não conseguia mais dormir, então me


levantei e fui tomar banho. — Ele sorriu enquanto pegava uma fatia
de pão e queijo.
— Não tem com o que se preocupar, apenas seja você e
deixe fluir, tenho certeza de que já deu tudo certo. — Ele era tão
maravilhoso comigo, me incentivava, nunca pensei que homens
como meu marido pudessem concordar com uma mulher dentro da
organização. Cada dia que passava eu me surpreendia mais com
Romero, ele se mostrava mais do que idealizei para mim, para nós
dois.

Conversamos enquanto desfrutamos do nosso café da


manhã, trocando olhares cúmplices. Em seguida, fui me vestir, havia
deixado a roupa separada na noite anterior, optei por uma calça
jeans colada ao corpo, blusa preta e, nos pés, peguei a bota mais
confortável que tinha. Me vesti e arrumei o cabelo, sequei e o deixei
solto, coloquei meus acessórios e passei um batom vermelho.
Borrifei o perfume e saí do closet chegando à sala, Romero estava
me esperando, lendo alguma coisa no celular. Então me entregou
um coldre velado de cintura e fiquei emocionada.

— Nunca deve se esquecer disso aqui e, em breve, os seus


coletes vão chegar — afirmou e me ajudou a colocar o coldre e a
arma. Ficou por baixo da blusa e ainda bem que não ficou
marcando, apenas conforme andava um pouco.

— Romero, você está sendo incrível, não sei o que dizer. —


O encarei e, da minha forma, o agradeci.

— Nem precisa falar nada, apenas me beije, já que pulou


cedo da cama. — Colei meu corpo no seu e tomei seus lábios nos
meus, borraria meu batom e pouco me importava com aquilo,
apenas precisava daquele beijo como nenhuma outra coisa no
mundo.
Me sentindo pronta, saímos de casa e seguimos para o
galpão, cada vez que ficávamos mais próximos, mais frio no
estômago sentia e o coração batendo intensamente. Uma nova
Paola estava surgindo e, não deixaria que nada e ninguém me
atingisse.
ROMERO

Chegamos ao galpão, Paola e eu; Pietro e Enzo estavam


esperando na sala que montamos para ela, ainda faltavam alguns
equipamentos para chegar, mas logo estaria completa. Enzo
aproveitou e comprou uma grande mesa digitalizadora para que
conseguíssemos investigar com mais rapidez, visualizar melhor as
rotas, tudo que pudesse fazer para agilizar nosso trabalho.

Paola procurou por seus irmãos em suas salas.

— Nossa, eles ainda não chegaram? — perguntou,


estranhando, e tentei dar uma desculpa.
— Tem dias que Enzo se atrasa — inventei qualquer coisa.

— Mas Pietro sempre vem antes, não gosta de ficar


esperando. — Ela conhecia a rotina deles.
— Não se preocupe, vem comigo que te mostro onde
trabalhará, e depois faremos um tour pelo galpão, sei que já
conhece, mas faz tempo que não aparecia.

— Tudo bem. — Andamos até o fim do corredor que dava


acesso às salas, a dela ficaria ao lado da minha.
— Seja bem-vinda ao seu novo local de trabalho! — Abri a
porta de sua sala e demos de cara com Pietro e Enzo, eles queriam
que ela se sentisse acolhida.
Trabalhamos com mulheres como Loren e Felina na lavagem
de dinheiro, mas uma Mancini era a primeira vez que tínhamos
dentro da Outfit. Então Paola merecia tudo que pudéssemos dar, e
esperava que o trabalho pudesse contribuir para sua evolução. Ela
me revelou que desde que começou a fazer suas sessões de
psicoterapia, passou a entender mais seus pensamentos e ações e,
até mesmo, os do passado. Quando me disse que sua cabeça vivia
acelerada, que sentia um vazio grande, mesmo tendo pessoas ao
seu redor. Não conseguia sequer me imaginar passando por tudo
aquilo, ela era tão forte e foi corajosa em assumir que precisava de
ajuda.

— Porra, vocês são demais! — Paola exclamou com a voz


embargada, estava emocionada por estar sendo bem-recebida.
Abraçou os irmãos e depois a mim, a garota até me bateu, pois
escondi a surpresa.

— Não podia falar, eles queriam te surpreender, Enzo


ameaçou cortar minha língua se revelasse alguma coisa. — Ela
sorriu e depois tapou a boca com as mãos, observando a sala.

— Pensei que ficaria com Enzo ou Pietro, estou sem saber o


que dizer. — Passou por trás da mesa e observou todo o ambiente
de sua sala.

— Não, bambina mia, você merecia um lugar para trabalhar.


Em alguns dias, Felina vai vir para te ensinar os macetes da
lavagem de dinheiro — Enzo esclareceu, apontando para a mesa no
lado esquerdo da sala para que as duas se sentassem para
trabalhar.

— Nossa, é real! — Fitou o irmão e, em seguida, Pietro se


aproximou dela.

— Espero que você se sinta bem-vinda e saiba que além de


ser uma Bellucci agora, sempre será uma Mancini e tem liberdade
para trazer suas opiniões e propor tudo que tiver certeza que vai
contribuir a Outfit. — eles apertaram as mãos e, em seguida,
estreamos a sala dela, brindando a chegada de mais uma integrante
à organização.

— Agora, vamos te deixar sozinha na sua sala, o que você


precisar, estou aqui do lado também — falei como quem não queria
nada, Enzo me fitou, levantando a sobrancelha em desconfiança.
Pietro estava saindo, já na porta, quando se virou.

— Nada de pegação aqui dentro, em meia hora temos


reunião para passar todas as informações que precisa saber, Paola.
— O irmão saiu de cena e entrou em ação, o Don. Dei um beijo
rápido na boca da minha esposa e saí indo em direção à minha
sala.

Assim que entrei, meu celular tocou, o peguei e era Mário,


atendi rápido, pois podia ser alguma novidade sobre o bastardo.

— Pode falar! — falei, ansioso.

— Jimmy está nos fazendo de palhaços, Giovanni sequer


passou por todos esses lugares que já fomos — falou de forma
impaciente.
— Tem a noiva dele nas mãos? — indaguei, enquanto
andava até a sala de Pietro.
— Um dos soldados a está mantendo em cárcere —
respondeu.

— Um minuto — pedi, entrei na sala de Pietro e contei tudo a


ele que ordenou colocar Jimmy e a noiva juntos para que ele
refrescasse mais a memória e começasse a abrir a porra da boca.
— Mário, faça como combinamos antes, se não resolver, mate os
dois — ordenei friamente e encerrei a ligação, enquanto Enzo
entrava na sala e Pietro o contava sobre a ligação e o que Mário e
Lucca fariam com o tal de Jimmy e sua noiva.

No momento em que iria chamar Paola, um de nossos


homens que ficava de olho na família de Lorenzo, em Zurique, na
Suíça, me ligou.

— Fala, James! — atendi.


— Romero, tenho uma foto aqui que vai interessar muito a
vocês, acabei de enviar nos seus aparelhos permitidos. — Meu
outro celular vibrou no bolso e o peguei, assim que o destravei, abri
sua mensagem. Nela estava um homem alto, de cabelo loiro pouco
acima do ombro, os músculos da face dele eram sombrios. Ele
estava checando se não havia ninguém por perto para entrar na
casa de Lorenzo. Então me dei conta de quem era de verdade na
foto e apenas consegui dizer para James, uma coisa.

— Não se mova, fique onde está, te ligo já — ordenei e


encerrei a ligação. Enzo e Pietro estavam com seus celulares na
mão também e nos entreolhamos.
— É o filho da puta do Giovanni aqui! — Enzo praguejou e foi
chamar Paola para que pudéssemos contar tudo a ela.

— Ele está na Suíça e no encalço de Alessa — Pietro


concluiu ao ponderar.

— Giovanni é esperto, ele deve saber alguma coisa sobre


Lorenzo e a filha, será que estão juntos nessa vingança? —
considerei, pois tudo podia ser possível e teríamos que levantar
todas as questões.
— Podem estar, pois ambos sofreram nas mãos do meu pai e
podem sim querer nos atingir, me tirar do poder ou querer a
destruição da família. — Pietro tragou e soltou a fumaça pela boca.

— Não podemos descartar nenhuma possibilidade, acho


melhor um de nós ir para a Suíça e enviar Lucca para lá também,
um dos nossos homens traz Jimmy de volta para Chicago — Enzo
propôs, voltando com Paola, e assenti.
— Caiu uma bomba aqui? — minha esposa perguntou.

— A maior de todas — Pietro começou enquanto ela se


sentava na cadeira de frente para o irmão —, descobrimos hoje a
localização do bastardo, Giovanni Ricci, nosso meio-irmão que vem
atentando contra nós desde quando me casei com Perla. Ele é o
homem que estamos procurando e que deseja se vingar pela morte
da mãe — Pietro explicou e Paola não ficou chocada, ela parecia
estar pronta para ouvir qualquer coisa, a frieza que aquela garota
tinha me surpreendia.
— Conseguiram encontrar o homem, onde ele está? —
apenas perguntou.
— Na Suíça, ele está no encalço de… — comecei a
responder depois de Pietro permitir com um aceno de cabeça, mas
ela me interrompeu:

— Alessa, nossa prima, filha de Lorenzo, o meio-irmão de


Francesco — falou o nome do pai como se fosse um homem
qualquer e não seu pai. Podia entender Paola, pois ela sequer
conviveu com ele e nem sua mãe.

— Tinha me esquecido que te contamos sobre a existência


dela e Leo deve ter comentado mais alguma coisa também, não é?
— Enzo disse.

— Ele comentou, e não façam nada contra o Leo, pois fez


apenas o que pedi, mas quando citou a Suíça, imaginei que seria
ela — respondeu convicta e não sabia por qual motivo, mas sua
autoconfiança me deixou ainda mais louco por ela.

— Tudo bem, Paola. Mas tenho que punir Leo de alguma


forma, visto que ele passou informações, como posso confiar em um
soldado assim? — Pietro inquiriu bravo.
— Leo não conta nada do que já sabe para ninguém, ele tem
noção do que está em jogo, por isso era apenas para mim que
passava as informações. — Enzo balançou a cabeça se negando a
acreditar.

— Nunca confie com tanta certeza assim em ninguém ou


alguém pode dar o xeque-mate — dei a primeira lição —, mesmo
que essa pessoa seja seu melhor amigo — completei.
— Entrou no jogo agora, Paola, e deve entender que aqui
dentro não existem sentimentos, agimos com a cabeça, de forma
racional ao que será em benefício da Outfit — Pietro explicou,
fitando-a.

— Ok, entendi — respondeu Paola.

— Ainda vamos fazer a cerimônia de juramento — Pietro


mencionou e ela assentiu. Com tantas informações, tinha me
esquecido daquele detalhe que era tão importante.
— Então, Paola, o que faria no nosso lugar? — Pietro queria
testá-la.

— Mandaria quem está na Suíça capturar Giovanni, porque


se ele está lá, tem interesse em Alessa, pode sequestrá-la ou se
aliar a ela para terminar sua vingança. Além disso, ele é esperto e
se perceber que está sendo seguido, vai conseguir fugir — colocou
de forma astuta sua posição e gostei muito, contive o sorriso
orgulhoso que senti dela.

— Não tem como esperar, posso embarcar amanhã mesmo


para Suíça e ligamos de novo para James para que ele pegue
Giovanni e o mantenha em cárcere — propus e Pietro assentiu.

— Eu posso ir com Romero, vão precisar de uma mulher para


falar com Alessa. — Ela pensou em tudo em segundos.

— Pode ser muito arriscado, não sabemos se Giovanni está


sozinho ou tem homens com ele — Enzo considerou.

— Sou muito boa de mira e ágil. — Nisso eu tinha de


concordar com Paola, ela foi mais rápida que todos no cassino
clandestino. — E duvido que Giovanni esteja com homens,
chamaria a atenção demais. Além disso, preciso ver essa Alessa,
olhar fundo nos olhos dela para saber o que pretende com nossa
família, se ela mentir, eu vou saber.

— Você não tem conhecimento de tudo que aconteceu com


Alessa, ela foi atacada por nosso pai e alguns membros do
conselho, depois aconteceu um incêndio na casa e eles a deixaram
para morrer. Tio Lorenzo chegou e foi salvá-la, quase que a menina
morreu e, por esse motivo, ele fez um acordo com Francesco e
exigiu que eles o deixassem ir embora — Enzo contou o que ela não
sabia ainda.

— Por isso o Lorenzo ficou vivo? — perguntou, pois ninguém


saía vivo da máfia e conseguia sobreviver longe sem ser
perseguido.
— Não, por esse motivo que Francesco ficou vivo, ele era o
Don, mas passou dos limites e nossa mãe se intrometeu,
implorando a Lorenzo que deixasse tudo para trás e o fez assinar
um acordo, abdicando de tudo e a Outfit o deixaria em paz — Pietro
explicou.

— O conselho teve conhecimento disso? — Paola perguntou.

— Sim, eles também tiveram culpa da tragédia que quase


matou Alessa, sei que ela ficou com cicatrizes de queimadura pelo
corpo.

— Caralho, que loucura! Por isso que eles nunca vieram


reivindicar lugar no conselho — Paola ponderou mais para ela
mesmo, apesar de ainda ter muito o que aprender, sua inteligência
me deixava ainda mais fascinado pela minha esposa.
— Acho que devemos pensar melhor sobre a ida da Paola,
tem vantagens termos uma mulher para conversar com Alessa.
Estamos no escuro com ela, não sabemos o que a garota pretende
— Enzo explanou.

— Vamos analisar por um todo, mas por enquanto, mande


Lucca para Suíça, ligue para James e ordene que ele pegue
Giovanni, não podemos perder tempo — Pietro ordenou e no
mesmo minuto, disquei para James, enquanto Enzo ligava para
Lucca.

Acabou que Paola teve seu primeiro dia agitado, ela chegou e
tudo que buscávamos caiu em nossas mãos. Giovanni seria, enfim,
capturado, o homem responsável por alguns dos nossos prejuízos e
caos da Outfit. Mas ficava a dúvida: seria possível que ele estivesse
agindo sozinho ou teria a ajuda de Alessa? A filha de Lorenzo tinha
motivos mais que suficientes para querer se vingar. Ou teria alguém
oculto por trás do bastardo? Eis o enigma que iríamos desvendar.
PAOLA

Antes de viajar para Zurique, na Suíça, consegui uma


consulta com minha médica e os resultados dos exames ficaram
prontos. Tinha feito pouco antes de começar a trabalhar; no
ultrassom foi visto que a minha região pélvica estava sem focos da
doença. O que me deixou aliviada, pois fiquei nervosa com a
possibilidade de não poder ao menos tentar engravidar. Então a
doutora me orientou a parar com o anticoncepcional, ela iria me
acompanhar, disse que se sentisse dores, tinha de entrar em
contato urgente. Mas, como ainda era nova, devia aproveitar aquele
momento para tentar engravidar, pois com a idade avançando,
ficava mais difícil. Não era impossível, porém arriscado também
esperar ficar mais velha.

— Sei que não temos tempo, mas, minha linda, fico


preocupado com você — Romero falou quando contei sobre o
anticoncepcional.

— Meu amor, estou bem e vamos conseguir, preciso apenas


do seu apoio e de saber se deseja ser pai tanto quanto eu quero ser
mãe. — Ele me puxou para seus braços.
— É claro que sim, quero tudo com você, só falei porque o
seu bem-estar é o mais importante para mim, não preciso de mais
nada. — Olhou no fundo dos meus olhos enquanto acariciava meu
queixo e em seguida seus dedos passaram para meus lábios.

— Que tal se começarmos agora mesmo a tentar? — Ele


sorriu de um jeito pervertido, me encarando como se fosse me
devorar.

— Puta merda, você me deixa louco, minha Diaba! — Mordi


seu lábio quando aproximou sua boca da minha, puxando com os
dentes, fazendo-o grunhir em resposta. Brincamos um pouco
mordendo e chupando os lábios um do outro, até que quando tentei
fugir, sua boca invadiu a minha em um beijo que roubou meu ar e
deixou-me à sua mercê. Senti minha boceta pulsar, suas mãos
levantaram a barra da saia que vestia e, em questão de segundos,
seus dedos invadiram os lábios vaginais e começaram a massagear
de um jeito delicioso que me fez abrir mais as pernas e rebolei em
seus dedos, querendo mais.

Romero, vendo meu desespero, se afastou da minha boca e


corpo, me deixando tonta de tesão. Estava tão excitada que podia
sentir o quanto estava molhada, ele colocou os dedos na boca e os
chupou, me fitando intensamente, como se fosse algo delicioso.
Meu corpo entrou em erupção vendo-o tirar sua calça, ficando
apenas de cueca. Estávamos na sala, era tarde da noite e a vista da
cidade iluminada pela vidraça era incrível.

Meu marido tirou a roupa e jogou no tapete, se aproximou e


fez o mesmo comigo. Ficamos nus, pegou-me no colo e me colocou
na ponta da bancada que separava a sala da cozinha. Sob seu olhar
selvagem, ele me penetrou de uma vez, passando pelas paredes
internas da minha boceta com facilidade. Foi até o fundo, fazendo-
nos gemer com a profundidade, seus olhos castanho-escuros se
fixaram nos meus e ele começou a estocar devagar e nunca havia
sido tão intenso.

Aumentou a velocidade, e em um ritmo alucinante, ele me


fodeu enquanto me beijava, tirando-me do eixo. Sua boca desceu
pelo meu pescoço fazendo-me bagunçar seu cabelo em
descontrole, pois o tesão que sentia crescia dentro de mim e sentia
que iria explodir em um orgasmo e não demorou quando sua boca
chupou com precisão o bico do meu seio.

— Você é minha… — gemeu Romero ao se afastar dos meus


seios e fixar seus olhos nos meus e estocar fundo, enquanto
começava a sentir todo meu corpo estremecer em um orgasmo
poderoso e intenso que me arrepiou da cabeça aos pés, sentindo
meu marido gozar também.

— Ah, Romero! — gemi e ele bateu em minha bunda.

— Oh, Paola… — rosnou e então ficamos parados um


minuto, apenas nossas respirações ofegantes reinaram no
apartamento silencioso. — Vamos tomar um banho! — convidou,
mas neguei, pois tinha que deixar minha mala preparada.

Aproveitei seu momento de distração quando tirou seu pau da


minha boceta. Pulei da bancada e saí correndo na sua frente, indo
para o banheiro do nosso quarto. Como já estava nua, apenas entrei
abrindo o chuveiro, me enfiando debaixo dele e lavei meu cabelo.
Foi delicioso tomar um banho depois do sexo quente que fizemos,
idealizei muitos momentos assim com Romero antes de tê-lo. Mas
nenhum deles se comparava à realidade, era muito mais que
sempre quis, ele superou minhas expectativas. Sentia que tínhamos
nascido um para o outro e eu nunca estive errada em lutar para
conquistá-lo.

Depois de oito horas e quarenta minutos de viagem,


chegamos a Zurique. Enzo, Romero e eu, meu irmão não queria
deixar de pegar o bastardo de vez, levamos também mais alguns
soldados. Assim que tivemos sinal, os celulares vibraram quase que
simultaneamente com notificações de chamadas, mensagens e
áudios de Pietro e James.

— Temos que correr — Enzo gritou e entramos no carro com


soldados da Outfit até o endereço enviado por James.

No caminho para a casa de Alessa, recebemos a ligação de


Pietro, Enzo atendeu a chamada e colocou no viva-voz.
— Fiquem atentos, James acabou de me dizer que a casa
está tomada de homens encapuzados, ele disse que são russos,
pelo que ouviu deles conversando — meu irmão falou em um tom
impaciente, ele não podia se colocar em risco, pois era o Don, só
iria em último caso. Encerrou a ligação assim que escutou a
resposta de Enzo e pediu que eu tivesse cuidado.

Lembro-me de quando nos despedimos dele na mansão,


Pietro me pediu que ficasse atenta e mandou que Romero não me
colocasse no fogo cruzado. O consigliere me fitou com o semblante
preocupado e ansioso.

— Você está prestes a entrar no olho do furacão, está pronta


para isso? — indagou meu marido e apesar de sentir uma pontada
de nervosismo no estômago, o que era normal, estava ansiosa para
enfim colocar tudo que aprendi em ação. A coragem que sentia era
maior que o medo, era uma Mancini e se precisasse faria tudo para
que conseguíssemos pegar Giovanni.

— Mais que preparada, ansiosa para interrogar a nossa


prima. — Ele me encarou e apenas assentiu.

Conferi se meu colete à prova de balas estava bem preso,


observei a cidade que tinha bairros com estruturas ainda antigas,
era charmoso e bem autêntico. Mais alguns minutos e atravessamos
a cidade, saindo dos bairros centrais indo para os mais afastados,
onde as casas não ficavam ao lado uma da outra. A maioria possuía
grandes jardins, a de Lorenzo ficava mais isolada, o que nos
permitia agir melhor.

Paramos mais distante um pouco da casa, onde percebemos


uma movimentação maior, havia homens encapuzados de preto por
toda a extensão do grande jardim. Eles não eram da Outfit, Romero
me passou o ponto de comunicação que coloquei no ouvido.
Testamos rapidamente e descemos do carro.

— Não saia daqui, se, por acaso se sentir ameaçada, não


hesite e atire para matar — Enzo ditou.

— Fique atrás do carro, qualquer coisa, nos comunique e


vamos fazer o mesmo — Romero pediu que ficasse esperando, se
tivesse algum problema, eles iriam me comunicar e eu tinha que
fazer o mesmo. Alex e Mário estavam comigo, mas fiquei atenta e a
postos com a arma engatilhada, pronta para atirar, se preciso fosse.
Eles saíram correndo para o outro lado, adentrando pelo jardim,
atirando nos homens encapuzados que viam pela frente. Senti meu
coração acelerado e o sangue correndo em alta velocidade pelas
minhas veias.
Ouvi gritos e quando me virei, um dos homens encapuzados
estavam vindo correndo para o nosso carro. Atirei em um deles
enquanto Alex também atirava em outros, não passou cinco
minutos, Enzo e Romero chegaram, desesperados.

— Temos que sair daqui agora, tem um explosivo na casa —


Enzo vociferou, entramos correndo no carro e saímos em alta
velocidade, o mais rápido possível daquela área. Escutamos a casa
explodindo, olhei para trás e vi as chamas adquirirem cada vez mais
força e a fumaça subindo enquanto o carro ganhava distância.
— Porra, ele fugiu de novo — Enzo rosnou.

— Não posso acreditar — comentei —, mas e a Alessa, não


estava em casa?

— Ele a levou, não sabemos se a sequestrou ou se ela é


aliada dele. Todos que trabalhavam na casa estavam mortos, ele
não deixou ninguém vivo, com certeza para não correr o risco de
alguém abrir a boca — Romero explicou.

— E perdemos James, ele foi baleado e não dava tempo de


pegá-lo, desde que falou com a gente da última vez, eram todos
russos — Enzo contou frustrado e enfurecido, Romero também, e
percebi que estava ferido no braço esquerdo.

— Meu amor, você levou um tiro, precisamos chegar logo na


pista clandestina — soltei, preocupada, pois havia dois médicos que
foram para atender quem saísse ferido.

— Apenas pegue, por favor, a faixa que Enzo vai te entregar


e pressione no meu braço — Romero pediu, fazendo uma careta,
peguei a faixa e a pressionei contra a lesão com a palma da mão,
como aprendi nas aulas de primeiros-socorros que fiz no
treinamento.

Assim que chegamos à pista, corremos com Romero para o


avião que nos aguardava. Meu marido foi atendido logo que o avião
levantou voo. Soltei o ar que estava prendendo quando
conseguiram tirar a bala, com uma mordaça na boca ele suportou a
dor sem titubear. Estava acostumado em levar tiros, mesmo que
tivesse cuidado e fosse atento, era um risco que se corria naquele
trabalho.

Aliviada por ver que ele estava bem, segurei sua mão, pois
nossas poltronas ficavam lado a lado. Mais oito horas dentro do
avião e sem termos conseguido pegar o bastardo vingativo, era uma
grande merda. Mas não descansaríamos enquanto não colocasse
as mãos em Giovanni, ele podia ter escapado com Alessa, mas
ainda não tinha acabado. Mário e Lucca ficaram na Suíça e iriam
caçá-los por alguns dias ainda, não conseguimos informações de
outros voos clandestinos, tentamos rastrear todos, procurando por
nomes, mas nada foi encontrado.
Dias depois…

— Paola, você é tão corajosa — Caterina mencionou quando


soube da minha participação na última missão que tivemos em
Zurique.

— Está no sangue dela, é impressionante, fico orgulhosa por


você — Perla elogiou —, mas tenha cuidado, por favor! — pediu e
sorri.

— Pode deixar, eu vou dar o meu máximo — prometi.

— Agora, só estou esperando Enzo voltar com Romero para


te fazer um convite. — Caterina me encarou com jeito de quem
estava aprontando algo e me deixou de imediato curiosa. A
cumplicidade que conquistamos era incrível, tê-las ao meu lado
ajudou muito nos dois tratamentos que fazia, o apoio da família era
fundamental e fazia a diferença.

— Estou morrendo de curiosidade agora — falei inquieta,


balançando as pernas.
Dexter chegou e se deitou próximo dos meus pés e passei a
mão em sua cabeça com carinho. Sentia tanto a falta dele, até
mesmo do cheirinho do meu buldogue, quando ameaçava Enzo
sobre o levar embora, não era brincadeira. Quando a nossa mansão
ficasse pronta, eu queria um cachorro, se meu irmão continuasse o
deixando de lado, levaria Dexter para ficar comigo.
Meu irmão e marido chegaram, Enzo me cumprimentou e foi
agarrar sua esposa, sentou-se no sofá e a colocou em seu colo.
Típico dele mesmo, não tinha vergonha na cara, enquanto isso
Romero se sentou na poltrona ao meu lado e me deu um beijo.

— Nada de ficar beijando na minha frente, vocês dois! —


Enzo chamou a nossa atenção e o fuzilei com o olhar.

— Olha quem fala — respondi de uma vez —, agora pode


falar, Cat, já que o chato do seu marido chegou. — Virei-me para
Caterina.
— Enzo, vamos fazer o convite agora, estava apenas te
esperando. — Ele mudou a postura, mas não tirou sua esposa do
colo.

— Na verdade, o convite é para vocês dois! — Enzo apontou


para mim e Romero.
— Gostaríamos de que vocês dois fossem os padrinhos de
batismo de Giulia, nossa principessa. Sabemos que se precisar, na
nossa ausência, podemos contar com vocês para cuidar dela, pois
os padrinhos são os segundos pais da criança. Confiamos nos dois
a vida da nossa filha — Caterina falou com a voz carregada de
emoção, meus olhos se encheram de lágrimas.

Fiquei alguns segundos tentando assimilar, pois nunca pensei


que confiariam em mim para uma responsabilidade como aquela,
eles conseguiram me surpreender. Com o coração acelerado, nos
levantamos e trocamos abraços, minha cunhada me deixou sem
chão com aquele convite.
— Vou sempre amar e proteger a nossa Giulia! — prometi ao
fitar seus olhos cheios de lágrimas.

— Nós dois vamos! — Romero reforçou, chegando por trás e


depois trocou aperto de mãos com meu irmão.

Fomos almoçar juntos, apesar da tensão que ainda estava


instaurada, por causa da fuga do Giovanni e do perigo que
corríamos, o importante era que estávamos unidos. Juntos, iríamos
encontrar uma solução para solucionar tudo, eu tinha certeza,
éramos os Mancini e nunca desistíamos de uma guerra. Pelo
contrário, estávamos prontos para lutar até o fim.
ROMERO

Um mês depois…
Saímos da antiga mansão dos Mancini para a igreja St. John
Cantius Church, onde seria realizado o batizado de Giulia, a nossa
afilhada. Paola estava nervosa, mas percebi o quanto se sentia
especial por ter sido escolhida. Com o tempo de convivência com
minha esposa, passei a observar como Paola tinha um lado
emocional intenso. Fazia parte de quem ela era, apesar de estar em
tratamento, era um dia de cada vez e estava ao seu lado para tudo,
nada me importava, apenas que ela estivesse bem.

Me sentia ansioso, não sabia quantas vezes havia passado a


mão pela minha testa e arrumado meu terno. Pela segunda vez,
Paola vestiu branco, um vestido lindo colado ao seu corpo, mas não
tão curto, ainda assim, minha esposa estava maravilhosa e sexy pra
caralho. Chegamos à igreja e alguns dos membros do conselho
haviam chegado, fomos cumprimentar a todos e, em seguida, nos
sentamos no banco da frente.

Os pais de Caterina, Edoardo e Carmine Moretti, chegaram


com a avó Ginevra e sua irmã, Marina, com o marido, Franco
Ranzatti. Eles se sentaram no banco de trás, apenas fizemos um
cumprimento breve, pois o padre iria começar. A mão da minha
esposa suava junto da minha, ela estava nervosa, beijei seu ombro
e tentei tranquilizá-la.
Giulia estava tão linda no vestido branco e tiara na cabeça,
ela estava dormindo e quando o padre iniciou a cerimônia, a nossa
afilhada acordou, ficando em alerta. Prestamos a atenção no que o
padre falava, Paola parecia mais tranquila, mas não menos
emocionada. Chegou o momento de levar a nossa pequena até a
pia batismal, Caterina entregou a bebê para Paola e fomos juntos. O
padre derramou a água na cabeça dela que, de início, chorou, mas
depois se calou e ficou tranquila com os olhos abertos, atenta a
tudo, o tom de azul deles eram iguais aos de Enzo.

Giulia voltou para o colo da mãe, ela não chorou mais depois,
após a cerimônia fomos todos para a antiga mansão, no Gold Coast,
para o almoço especial que Elena e Ana prepararam. Paola havia
escolhido uma pulseira para presentear a nossa afilhada.

— Nossa, é muito linda, Paola. — Caterina colocou no braço


da pequena enquanto Paola ajudava distraindo a menina.

— A madrinha vai te encher de amor! — Paola exclamou,


emocionada, e Cat a entregou para minha esposa que nos deixou
sozinhos. Ficamos nós dois, enchendo aquele ser pequenino de
carinho. Naquele momento, comecei a imaginar quando tivesse
nossos filhos também, meu peito se apertou de emoção.

Nos sentamos e fiquei de lado no pequeno sofá de canto que


havia no quarto para olhar para as duas, quando fixei meus olhos
nos de Paola, estavam cheios de lágrimas.
— O que foi, minha linda? — questionei, preocupado.

— Será que vou conseguir te dar um filho? — Suspirou, ela


estava com medo de não conseguir engravidar, me aproximei e
passei a mão pelo seu rosto como gostava de fazer para sentir sua
pele quente e macia.

— Vai sim, e não se preocupe tanto, estamos tentando e se


for para ser, será, meu amor! — Me levantei e beijei sua testa com
todo o amor e carinho que sentia por ela. Limpei suas lágrimas que
teimavam em cair pelo seu rosto e percebemos que Giulia dormiu.

Caterina voltou com Enzo que a levou para o berço que


colocaram naquele quarto, abracei Paola e tentei acalmá-la. Quando
consegui, voltamos para a sala junto com Enzo e Caterina, que não
perguntaram nada sobre as lágrimas da minha esposa.

O almoço estava delicioso e ouvimos o discurso de Enzo e


depois de Pietro. Após a sobremesa, Paola e eu nos despedimos e
seguimos para nosso apartamento. Passamos o resto da tarde
deitados juntos, a abracei por trás e beijei seu pescoço e fiquei
acariciando sua barriga com carinho. Era o que ela precisava
naquele momento e foi o que dei, se pudesse arrancava toda a
aflição que ela vinha sentindo, queria muito que conseguisse
engravidar, mas nunca a deixaria por causa disso. Pois não tinha
como viver sem tê-la na minha vida, a amava mais que tudo.

Nunca fui um homem de grandes sentimentos, na verdade,


sempre desejei ter pelo menos carinho vindo de alguém. Mas, no
meio em que fui criado, isso não existia, pelo menos não na minha
família, a mulher que se dizia minha mãe, apenas me usou como se
fosse um objeto. Por esse motivo, me tornei um homem sério e mais
fechado. Apesar da verdade ter me dilacerado, foi a melhor coisa,
apenas confirmou minhas suspeitas de que não tinha nascido da
barriga daquela mulher. Sonia era uma mulher fria e prática, não
serviria para ser mãe.

Paola dormiu abraçada comigo, quando senti sua respiração


mais leve, fiquei aliviado, se ela estava bem, eu ficava tranquilo.
Fiquei pensando no quanto minha vida tinha mudado desde que me
conquistou e me deixou aos seus pés. Não me arrependia de ter
arriscado tudo por ela, por mais que minha honra aos seus irmãos
estivesse por um fio, eu tentei. Após ter visto que não conseguiria
mais tirá-la da minha cabeça e que era impossível não a ter nos
meus braços, eu sabia que era um caminho sem volta. E que bom,
porque me tornei um homem amado e que amava mais que tudo, e
se preciso fosse, iria até o inferno para que a minha diaba fosse
feliz.

PAOLA

Dias depois…
— Mas que porra! Não encontraram nenhum paradeiro do
bastardo? — Pietro perguntou a Lucca ao telefone, ele estava
impaciente e furioso, pois o conselho soube do que aconteceu e
estavam cobrando explicações.
Após ouvir a resposta do soldado, desligou e jogou o celular
de qualquer jeito em cima da mesa. Me encarou sentada de frente
para ele em sua sala e respirou fundo, pegou o cigarro e acendeu,
tragou e soltou a fumaça. Dei um tempo para Pietro, ele andava no
limite com toda aquela situação. Sabíamos que Giovanni era o
responsável por tudo que aconteceu à Perla, à Caterina e a mim e
todas as cargas roubadas e prejuízo da Outfit. Mas não tínhamos
conseguido pegá-lo ainda, para ele que era o chefe, não havia nada
pior.
— Fale, Paola. — Encarou-me com os olhos fundos, ele
sequer dormia.

— Aqui estão alguns dos novos contratos que Felina me


passou e deixou para que eu mesma tomasse conta.

— Deixe aí, assim que puder, vou verificar tudo. — Passou a


mão pelo cabelo que estava bagunçado.

— Ok, se precisar de mais alguma coisa… — Assentiu e


apenas meneou a cabeça, indicando que queria ficar sozinho.
Cheguei à minha sala e Romero estava me esperando,
sentado na cadeira de frente para minha mesa. Fechei a porta, dei a
volta e me sentei, também o fitando com curiosidade.

— No que posso te ajudar? — perguntei, sendo profissional,


ele gostava daquele meu jeito no trabalho. Disse que ficava ainda
mais sexy, aquele homem era tudo na minha vida.
— Por enquanto, preciso apenas que almoce comigo e depois
vamos discutir possibilidades para sugerir a Pietro sobre o bastardo
— convidou.
— Tudo bem, então almoçamos juntos — concordei e ele se
levantou, deu a volta na mesa, se aproximou e beijou minha boca.

— Eu te amo e não resisto a você, bom trabalho — falou com


o olhar apaixonado. Era demais, amava quando ele se declarava
daquele jeito. Saiu da sala deixando no ar aquele seu perfume
amadeirado misturado com o cheiro de tabaco que eu fiquei viciada.

Trabalhei por um tempo e só percebi que chegou o horário de


almoço, quando Romero bateu na minha porta.

— Vamos? — perguntou e me levantei, peguei o celular e saí


da sala, ele me deu a mão e fomos almoçar.

Entramos no carro e quando vi que seguiu por um caminho


diferente, estranhei e me virei para ele.
— Para onde vamos? Não vamos almoçar em casa? — O
enchi de perguntas.

— Calma, minha linda. Antes vamos passar em um lugar,


para que veja algo especial — respondeu, todo cheio de mistérios.
O que Romero estava aprontando?

Me senti de imediato ansiosa, mais alguns minutos e


chegamos à mansão que era de sua família. Tivemos algumas
reuniões com os arquitetos que estavam à frente da reforma, mas
não tínhamos ainda vindo ver o andamento dela. Paramos no jardim
e observei o lugar, imaginando em um futuro próximo, nossos filhos
correndo por aquele gramado com nosso cachorro. Eu sentia tanta
falta de Dexter, mas ele era de Enzo, então teria que arrumar um
para mim.
— Romero, você gosta de me surpreender — comentei e ele
apenas piscou para mim.

— Pensei em te trazer, os arquitetos me enviaram


mensagens pedindo que viéssemos para ajudar a escolher alguns
detalhes de decoração e isso é com você, minha linda! —
mencionou, o safado queria deixar a parte mais trabalhosa para
mim, mas como ele falou que poderia ser do meu jeito, não teria
como fugir.

A mansão estava vazia, ele mandou que arrancasse até o


piso antigo, teria que escolher pisos novos, janelas e portas. A casa
era enorme como a antiga mansão Mancini, mas como queríamos
algo mais moderno e minimalista, comecei a passar tudo para o
arquiteto. Havia enviado algumas referências para ajudar e fiz as
escolhas dos pisos, portas e janelas através do notebook mesmo,
nos sentamos em uma mesa que ele colocou em um canto e
consegui escolher bastante coisa da obra.

Antes de sairmos, demos uma volta no jardim que estava


lindo, no fundo havia uma árvore enorme e antiga. Nos
aproximamos dela e Romero ficou nostálgico.

— Eu sempre vinha para cá, quando Sonia brigava comigo ou


me batia, este lugar foi meu refúgio, me sentava atrás desse tronco
e me permitia chorar apenas alguns minutos. — O abracei, sentindo
o coração apertado por ouvi-lo me contar uma parte de seu passado
que não foi fácil também.

— Ah, meu amor, espero que agora consiga criar lembranças


boas neste lugar, mas sabe que não precisávamos nos mudar,
viveria com você em qualquer lugar do mundo. — Meu marido me
fitou ao me ter tão próxima.

— Eu sei disso, mas com você ao meu lado, nada mais é


como antes e nunca será. — Beijou meu pescoço e encarou-me de
novo. — Você é minha como sou todo seu e nada pode mudar isso
ou nos separar — declarou e tomou minha boca em um beijo que
tirou o meu fôlego, suas mãos penetrando por minha pele,
esquentando-me mesmo em um dia cinza como aquele em Chicago.

Romero emaranhou os dedos no meu cabelo e aprofundou o


beijo, fazendo meu ventre pulsar com o desejo de senti-lo fundo
dentro de mim. Estava com tesão e apenas ele era capaz de aplacar
todo o fogo que sentia me queimando e ele não me decepcionou
quando chegamos ao nosso apartamento, me tomou sem se
preocupar com nada, apenas em se entregar a mim de corpo e
alma.

Depois, voltamos para o galpão e sentamos para vermos


possíveis paradeiros de Giovanni. Jimmy revelou que ele poderia ter
voltado para a Rússia e partimos daí, montando estratégias para
encontrar o bastardo e Alessa, a nossa prima que ainda não
sabíamos se também queria se vingar.

As respostas viriam com o tempo, apesar de seguir firme no


meu tratamento, ainda não tinha conseguido engravidar, a médica
disse que poderia acontecer. Mas que a idade estava a meu favor e
que não era para eu desistir, continuei seguindo suas orientações.
Com isso, tive algumas recaídas, meu emocional ficou instável, pois
me senti insegura e incapaz. A minha mente voltou a ficar agitada,
mas consegui me reerguer e lutar contra a vontade de me machucar
para sentir alívio pelas minhas dores.

Dificuldades sempre teríamos, a vida não era bela todos os


dias, e eu tinha um enorme caminho a percorrer. A psicoterapia
mudou minha vida, sabia que não teria cura para tudo que sentia,
mas a cada obstáculo e crise, eu me fortalecia reaprendendo a ser
eu mesma. O mais importante era que tinha minha família sempre
ao meu lado e Romero, meu marido e amor maior, que se manteve
ao meu lado, mesmo nos momentos mais difíceis. Éramos nós dois
contra os meus demônios internos e tudo que tínhamos de
enfrentar.

Parei de frente ao vidro do apartamento, observei o céu


encoberto por nuvens, o dia estava meio nublado. Romero chegou
por trás, beijando meu pescoço, fazendo-me inspirar
profundamente, ele era meu lar.

— Daria qualquer coisa pra saber o que está pensando —


revelou.

— Só estava refletindo aqui sobre como vivemos em um


carrossel de emoções, bom, pelo menos, eu me sinto às vezes e
você nunca me deixou.
— E nunca vou, porque eu te amo do jeitinho que você é,
nada importa, apenas que acorde todos os dias ao seu lado, sinta
sua pele quente e macia, seu perfume e seu corpo delicioso. Mas,
além disso, que eu esteja sempre no seu coração… — Suas
palavras me emocionaram, encheram meus olhos de lágrimas, mas
de felicidade por saber que, apesar de qualquer coisa, ele me
amava de verdade.
GIOVANNI RICCI

Há dezoito anos…
Assim que eles se fecharam dentro do quarto, fiquei no
corredor com o ouvido colado à porta daquela casa velha, dava para
ouvir tudo que falavam.

— Então, o meu Giovanni não é meu filho? — Ruslan


vociferou batendo em algo oco, fazendo-me pular para trás.
— Não é, mas, Ruslan, você tem que saber, foi um acidente,
aquele nojento do Francesco fodeu comigo e não quis usar a
camisinha — minha mãe tentou se explicar, lamentando, e então
ouvi um estalo forte, ele devia ter batido nela. Ruslan era um
homem instável e violento, mas era quem nos sustentava.

— Vai voltar agora e terminar o serviço, sua vadia


desgraçada! — papai gritava com minha mãe de novo, aquele dia
terrível que não acabava.

— Mas, Ruslan, eles vão… — Não consegui ouvir o restante,


eles se calaram e em seguida percebi que iriam sair do quarto, tive
que me afastar da porta.
Voltei para o meu quarto, me agachei atrás da cama com
dificuldade, escondendo-me, pois ainda estava com algumas partes
do corpo doloridas pela surra que tinha levado na noite passada do
homem que, pelo visto, não era meu pai. Sentei-me no piso gelado,
sentindo meu estômago se revirar e arrepios tomarem meu corpo
inteiro com tudo que ouvi, eu era um acidente, meu queixo tremia,
fazendo meus dentes baterem uns nos outros com o calafrio que
perpassou pela minha pele.

— Gio? — A porta que tinha fechado estava sendo aberta e


gelei com medo de ser de novo o Ruslan, ele havia me batido tanto
na última noite porque fiquei jogando bola com os meninos até mais
tarde. Ele não gostava que me envolvesse com ninguém da minha
idade, tinha que ficar no meio dele e dos outros homens que
trabalhavam. Eles apenas fumavam e vendiam uns saquinhos
cheios de pó para as pessoas. — Giovanni, meu filho. — A voz
embargada da minha mãe se fez presente me chamando e então
ouvi seus passos se aproximando, enquanto mantinha a cabeça
baixa entre meus joelhos.

Tive que fingir que não sabia de nada, por isso me levantei e
tentei disfarçar a minha expressão de decepção por saber que não
era para eu ter vindo ao mundo.

— Vamos voltar para a boate, pegue suas coisas, agora —


mandou e como minha mochila rasgada ficava sempre pronta,
apenas coloquei mais algumas roupas, pois não sabia quanto tempo
ficaria fora daquela casa. Pelo menos, estaria livre do Ruslan, que
não era meu pai. Mas então, de quem eu era filho?
Chegamos à boate no começo da tarde, assim que entramos,
um dos homens de preto que entravam naquele lugar, nos pegaram.
Minha mãe começou a gritar, inconformada, enquanto eles se
mantinham frios e imbatíveis em sua missão de nos tirar daquele
lugar.

Fomos colocados dentro do porta-malas de um carro preto,


amarraram nossas mãos e colocaram um capuz cobrindo nossa
cabeça. Nos trancaram e,, em seguida o veículo entrou em
movimento, e por um tempo que não sabia contar, apenas ouvi um
deles conversando. Eles riam de forma diabólica em alto e bom
som, contando vantagens de quanto tinham ganhado em um jogo e
com quantas mulheres dormiram. Enquanto isso, me sentia
apavorado e perdido. Meu corpo inteiro tremia e minha mãe
chorava, o que aumentava ainda mais a minha aflição. Estávamos
perdidos nas mãos daqueles homens cruéis, me sentia a cada
segundo mais angustiado, meus olhos arderam e deixei que as
lágrimas rolassem, pois sabia que poderia ser o nosso fim.

Quando o carro parou, meu coração acelerou e meu


estômago gelou, comecei a suar de nervoso e medo do que viria a
seguir, parecia que estava pressentindo que uma grande tragédia
aconteceria. Abriram o porta-malas e nos empurraram para fora,
tropecei e quase caí de cara no chão, pois estava com aquele tecido
preto cobrindo minha visão. Um dos homens me pegou e saiu
arrastando-me por um gramado macio.
— Ande logo, moleque — o homem guinchou ao meu lado,
impaciente.
Descemos por uma escada e então arrancaram o capuz, me
fazendo apertar os olhos de medo pelo que poderia acontecer. O
lugar que nos levaram era meio escuro e tinha apenas uma lâmpada
amarela acesa. Eles tiraram o capuz da minha mãe enquanto ela se
debatia e era amarrada numa cadeira.

Me arrastaram para o outro lado, me deixando em um canto


jogado, me encolhi e fiquei ouvindo os homens conversarem. Os
homens falavam entre si, cochichando, e assim ficamos por algum
tempo, naquele lugar meio escuro e frio. Então ouvi passos pesados
chegando, descendo a escada e, em seguida, o cheiro de tabaco e
álcool logo tomou conta do ambiente. Levantei meu rosto para ver
quem era e quando meus olhos o fitaram, cada poro da minha pele
se arrepiou com o olhar gélido dele na minha direção.

— Então é ele? — Fiquei sem entender e o pavor tomou


conta, fazendo-me tremer e o estômago se retorcer. O homem com
a expressão mais horrível que tinha visto na minha vida se
aproximou e me puxou, fazendo me levantar rápido. Seus olhos
azul-escuros analisaram-me com a testa franzida e cruel.

— Não toque nele, Francesco! — Ouvi a voz da minha mãe


gritar em desespero e por mais que eu fosse apenas um acidente
para ela, a amava.

— Cale a porra da sua boca, vadia! — praguejou o homem,


assustando-me com sua voz potente e uma expressão diabólica. —
Só eu falo aqui, você vai apenas me escutar, pensou que teria um
filho meu e ainda colheria informações para passar aos russos e
sairia ilesa? — inquiriu, enquanto meus olhos se encheram de
lágrimas, eu era filho daquele monstro? Como podia ser? Não tinha
como ser verdade aquilo.

— Ele é seu filho sim, e não do Ruslan — minha mãe


respondeu —, mas não foi nada planejado, o meu trabalho sempre
foi colher informações e isso eu fiz muito bem. — O homem ficou
louco, me soltou de qualquer jeito, se aproximou da minha mãe e
começou a bater nela sem piedade, alternando com os outros que
ali estavam com ele, enquanto se divertiam fazendo-a sofrer.

Fechei os olhos para não ver, pois era demais ter que ver o
que estavam fazendo à mulher que me colocou no mundo. Meu
corpo começou a estremecer, meus dentes batiam, um frio tão
grande me tomou, naquele lugar escuro e gelado. Mas não era esse
detalhe que me deixou daquele jeito, e sim tudo que os ouvi fazerem
com minha mãe. Seus gritos, as palavras e pedidos para eles
pararem, nunca iriam sair da minha mente, teria que conviver com
aquela dor, no entanto, gravei bem na minha cabeça quando ela
disse: Vocês vão cair, vai chegar o momento que ele voltará e fará
seu império ruir e tudo à sua volta ter o mesmo destino. Vai sobrar
apenas seu sangue derramado, pela honra e poder que tanto preza.
E você, Francesco Mancini, não poderá fazer nada, pois estará
morto. Nos vemos no inferno, seu diabo.
Ao abrir meus olhos, aquele monstro atirou na cabeça da
minha mãe, seu corpo pendeu-se para o lado, caindo junto com a
cadeira, enquanto uma poça de seu sangue se fazia rapidamente no
chão. Não podia acreditar no que via, fiquei alguns minutos
paralisado, sentindo o mundo ao meu redor ruir. Não conseguia
deixar de olhar, a minha mãe morta naquele chão frio como se não
valesse nada, foi impossível não deixar que as lágrimas caíssem
pelo meu rosto. Eu estava sozinho naquele mundo, pois Ruslan não
era meu pai e havia nos mandado para morrer.
Fui deixado sozinho, amarrado no escuro enquanto levavam
o corpo da minha mãe dali. Chorei e gritei, colocando para fora toda
a tristeza e sentimento de vazio que me tomou. No entanto, a última
mensagem de minha mãe ficou se repetindo na minha mente e a
entendi como um pedido de vingança, viveria para realizá-la.

Naquele momento, senti que nasci com uma grande missão,


a de derrubar os Mancini e os levar à total ruína. Enquanto eu
respirasse, iria garantir que aquela vingança acontecesse. E se
alguém se atrevesse a entrar no meu caminho, cairia junto com
eles.
Adormeci, vencido pelo cansaço, encolhido naquele canto
escuro e frio, sem saber o que havia ao meu redor, prometendo a
mim mesmo que nunca mais me sentiria tão impotente e fraco.

Os gritos da minha mãe tomaram conta durante meu sono


agitado, não tive paz, tudo que ouvi fazerem com ela era cruel
demais. Sabia que aqueles momentos nunca mais seriam
esquecidos, ficaria marcado para sempre, seria como uma cicatriz a
me lembrar de tudo.

Quando acordei, me dei conta de que estava em um lugar


diferente. Apertei os olhos e levantei os braços, me espreguiçando e
senti uma dor irradiando todo meu corpo, parecia que os ossos
estavam se quebrando.
Observei todos aqueles móveis luxuosos e estranhei, não
conhecia o lugar, me aproximei da grande janela de vidro, me
deparei com um jardim imenso. Várias perguntas rondavam à minha
mente: onde estou? Quem será que me trouxe e por quê?
Ouvi passos pesados baterem no chão e fiquei com medo de
me virar e dar de cara com aquele monstro de novo.

— Giovanni Ricci, finalmente acordou. — Uma voz diferente e


grave atrás de mim invadiu meus ouvidos, me virei e o observei, o
homem era alto, forte e estava com uma camisa social meio aberta,
mostrando parte de suas tatuagens, assim como dos braços. Seus
olhos verdes eram gélidos, coçou a barba cheia, me observando
dos pés à cabeça. O medo do que aquele homem desconhecido
poderia fazer, me assombrou, pois ele poderia apenas me matar.
Não sabia por que, mas sentia que não faria isso. Então, quem seria
ele e o que queria comigo?
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por mais um
livro escrito, pela inspiração e força que ele tem me fornecido todos
os dias para continuar na caminhada de escritora.
Agradeço ainda a minha família que me compreende e apoia
muito, passo muito tempo imersa com meus personagens e sem tê-
los comigo não sei o que faria.
Não posso deixar de agradecer as minhas betas especiais
Mary Dias e Aline Pereira. Obrigada especial a minha amiga Lily
Freitas pelo apoio durante a escrita. A Vanessa Pavan e Ana
Deliane pelas informações sobre endometriose. A minha querida
Tatiana que cuida do meu site, pelo seu apoio incondicional. As
minhas parceiras queridas e as meninas dos Instagram de
publicidade que fizeram de tudo para que esses livros alcançassem
ainda mais leitores.
Agradeço também a capista, Ellen Ferreira que fez um
trabalho incrível com a capa. A minha revisora Bárbara Pinheiro e
minha editora Re Lemos que fez uma edição maravilhosa no livro e
me apoiou muito junto da Juliana Almeida que fez leitura crítica. As
ilustradoras Nicah (Bluebble), SelleMoon e LlibiaArts, muito
obrigada.
Enfim, agradeço a vocês leitores, nada tem sentido se não
tiver vocês, obrigada por cada palavra de carinho e apoio. Não
posso deixar de dizer obrigada a Deus por me permitir sair da minha
zona de conforto e embarcar na história desses mafiosos intensos,
impiedosos, vingativos e lindos. Segurem a ansiedade que em breve
teremos o último livro da série com a Família Mancini em mais uma
história eletrizante.
Até a próxima,
Grande abraço!
Caroline Nonato
Caroline Nonato, 32 anos, geminiana, mineira e

graduada em Nutrição, sempre foi apaixonada por livros. Vive com

seus pais, sua irmã e o cãozinho Nick em Sete Lagoas – MG.

Completamente viciada pela leitura, acabou se encantando pelas

novas sensações que a levaram a começar a escrever.


Em suas folgas da faculdade e do trabalho, tomou gosto e
amor pela escrita e se aventurou na história de seus personagens.
Começou a publicar suas histórias no Wattpad e amou o
feedback dos leitores.
Tomada por emoções intensas e uma inspiração incrível, saiu
de sua zona de conforto escrevendo um drama romântico.
Atualmente, possui oito obras publicadas na Amazon: Foster,
The Player, Ramaro, Marcados por um toque, Faster for Love,
Racing for Love, O Mistério do CEO, Movidos pela Intensidade,
Movidos pelo Desejo e Movidos pela Honra.
Conheça o site da Autora e fique por dentro de todas as
novidades:

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