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Copyrigh © 2021 Lady Dark N Evil

Revisão | Guiomar Lopes


Capa | Lady Dark N Evil
Diagramação | Lady Dark N Evil

Entregue | Homens Implacáveis 2

1 ª Edição

Edição Digital | EUA


Notas da autora
Prologo
Capitulo 01
Capitulo 02
Capitulo 03
Capitulo 04
Capitulo 05
Capitulo 06
Capitulo 07
Capitulo 08
Capitulo 09
Capitulo 10
Capitulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 17
Capitulo 18
Capitulo 19
Capitulo 20
Capitulo 21
Capitulo 22
Capitulo 23
Capitulo 24
Capitulo 25
Capitulo 26
Capitulo 27
Capitulo 28
Capitulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capitulo 32
Capitulo 33
Capitulo 34
Capítulo 35
Capitulo 36
Capitulo 37
Capitulo 38
Capitulo 39
Capitulo 40
Capitulo 41
Capitulo 42
Capítulo 43
Epilogo
Esse é um Romance Sombrio (Dark) contém cenas de sexo explícito,
violência doméstica e coletiva, violência sexual e psicológica,
desenvolvimento da síndrome de Estocolmo para além de outras doenças
psíquicas. Todos os fatos narrados são mera criatividade da autora, são
fictícios. Quaisquer lugares ou personagens que apresentem alguma
semelhança com a realidade, é mera coincidência.

Se for sensível a assuntos acima referidos não prossiga com a leitura. A


autora não concorda com alguns comportamentos violentos de algumas
personagens.

Todos os direitos reservados, nenhuma parte desta obra pode ser


reproduzida ou distribuída por qualquer forma ou meio sem a permissão da
respetiva autora.
Anteciosamente, Lady Dark N Evil
Nápoles, Calábria

Nunca na minha vida pensei em sentir o que estou sentido nesse momento,
nem quando meu papa se foi eu me senti assim é impossível descrever o que
meu corpo e mente estão processando neste instante, é como se eu estivesse
perdido no tempo e no espaço, sinto que minha razão está esvaindo de mim,
meu corpo não consegue se localizar e o odor de sangue dos meus inimigos
preenche minhas narinas. Puxo o ar que mal havia percebido estar preso nas
minhas vias respiratórias, era para o dia de hoje ser como outro qualquer. Até
a notícia do sucedido ter chegado aos meus ouvidos.
Estou dirigindo feito um descontrolado, mas é assim que me sinto. Sem
sombras de dúvidas se estivesse torturando algum inimigo seu sopro de vida
não passaria de dois minutos, a adrenalina ainda percorre meu corpo de forma
intensa. Quando ela saiu hoje cedo e falou que iria buscar a tal da prima não a
impedi, não entendo como o acidente aconteceu, mas ela é teimosa, preferiu
arriscar não só a própria vida mas também a do nosso filho, o meu herdeiro.
Tudo por culpa daquela pirralha que não tem mais nada pra fazer além de
ficar atormentando minha esposa.
Ainda lembro de suas últimas palavras ao sair de casa ela disse eu te amo,
não sou um homem emotivo fui criado para ser assim frio, calculista,
torturador entre outros adjetivos que um mafioso possa adquirir ao longo de
sua vida.

Horas antes
Emiliano me mandou por email as novas possíveis rotas alternativas para o
escoamento das drogas no norte da Itália, especificamente a partir do porto de
Tirreno, precisamos aperfeiçoar o nosso esquema e a nossa maior vantagem
é o fato da Itália ser banhada pelo oceano, por isso o transporte marítimo é
mais vantajoso para nós. Sento na minha poltrona virada para a mesa de
mogno onde um grande mapa digital da Itália esboça o território no seu todo,
suas regiões, províncias, cidades até os mais ínfimos povoados, ouço alguém
bater a porta.

— Entre! — Espero ver quem é, vejo minha esposa entrando com sua
barriga de seis meses, carregando meu herdeiro. Ele será igual a mim,
destemido, respeitado e com certeza deixará um grande legado como todos os
capos que me antecederam.

Geovanna e eu estamos casados a mais ou menos um ano e meio, nosso


casamento é arranjado e na época em que a escolhi, de todas a mulheres da
máfia ela é a que mais chamava atenção não só por sua beleza que é
característica forte das mulheres de sua família mas sua serenidade, ela não é
fria como as outras, porém é bem determinada, tão determinada que até
conseguiu um espaço na minha vida conturbada, não posso dizer que sou o
melhor marido do mundo porque estou longe de ser, raramente demonstro
afetuosidade para com minha esposa, o tipo de ser humano que me tornei não
permite. Nunca ninguém conseguiu atravessar essa barreira.

— Bom dia. Só vim avisá-lo que o café da manhã está servido. — Isso é o
que mais gosto na Geovanna apesar de ter levado um tapa ontem por ter
gritado comigo e me chamado de infiel, ela sabia com quem estava se
casando não deixarei de foder outras mulheres prontamente disponíveis para
mim só porque estou casado, mas no fim continua sendo a esposa mais
prestativa tal como foi ensinada a ser.

— Está bem. Me espere na mesa estou indo. — Arrumo todos os papéis e


os guardo no cofre, não posso correr o risco que alguém veja e faça alguma
insanidade. Apesar de a famiglia ter na sua maioria membros ligados pelo
sangue e por mais que perdure aquele discurso de La famiglia em primeiro
lugar sempre existe algum herói que quer nos ferrar, mas desde que assumi o
poder não tem havido muitos casos de traição se acontecem com certeza
ocorrem no escalão mais baixo da hierarquia.
Caminho até a sala de jantar onde minha adorável esposa me espera, me
sento e então o café é servido, nunca gostei de diálogos a mesa, na verdade
nunca gostei de diálogos em lugar algum, falo só quando é necessário. Tomo
o último gole do meu café amargo e então o celular da minha esposa apita me
chamando minha atenção.
Pelo olhar ela pergunta se pode atender eu afirmo permitindo.
— Prima tudo bem? — A pessoa do outro lado responde e fala mais
alguma coisa impossível de escutar. — Claro que sim, mais como você foi
parar aí? — Minha esposa ouve tudo com atenção. — Tudo bem estou vindo
te buscar, quando chegar aí te você me conta com mais detalhes. — Ela
desliga o celular e o coloca sobre a mesa.
— Enrico gostaria de saber se posso sair para ir buscar minha prima. —
Pergunta me encarando.

— Que prima? — Eu não convivo muito com a família dela por isso não
conheço ninguém além dos pais e de Ettore.
— A Emanuelle, ela é irmã gêmea de Antonelli, elas moram lá em casa
desde crianças quando ficaram órfãs.
— Certo, pode ir. Você tem três horas para estar em casa. Falarei com
alguns soldados e o motorista para que a acompanhem. — Limpo meus lábios
e saio da mesa em direção ao quarto, preciso me arrumar para ir até a sede,
encontramos dois infiltrados a dois dias na segurança da sede da máfia, não
entendo o que eles pensaram quando resolveram se infiltrar justo no meu
território, eu domino toda Calábria ninguém sai ou entra sem que eu saiba.

Assim que abro a porta principal da mansão me deparo com minha


Lamborghini preta já pronta e com a porta aberta, entro nele e no mesmo
momento piso no acelerador e o carro entra em movimento numa velocidade
moderada. Carros com meus soldados atrás de mim fazem minha escolta.
Em menos de trinta minutos chegamos a sede da máfia e uma euforia
muito grande toma conta de mim em espectativa do que farei com meus
inimigos, torturar é como terapia para mim, é lá onde posso extravasar é onde
posso testar os limites do corpo humano.
Assim que entro no subsolo da tortura entrego meu casaco a um dos
soldados. Caminho em direção aos dois homens que tentaram dar uma de
espertos no meu território, será que eles não tem amor a vida? Parece que
não.
— Então quem fala primeiro? — pergunto os surpreendendo pois eles não
haviam percebido minha presença ainda. Quando seus olhares caem sobre
mim vejo seus rostos cheios de surpresa, tenho certeza que eles não
esperavam que o próprio capo viesse resolver o assunto. — Não fiquem
surpresos eu queria ver com meus próprios olhos a cara dos homens que
ousaram vir aqui no meu território e achar que podiam se infiltrar e não ser
notados. Vamos digam logo quem mandou vocês.

Eles permanecem em silêncio, um dos meus soldados coloca uma cadeira


de frente para eles e me sento nela, tiro um charuto de uma caixa que se
camufla na mesa por causa dos instrumentos diversificados de tortura, trago
três vezes e solto a fumaça em três camadas que saem feito nuvens. Adoro
isso quando estou prestes a matar. Fumo meu charuto calmamente enquanto
eles continuam me olhando como se estivessem alheios a toda essa merda.
Mas sei que estão se borrando de medo.
— Você não quer me dizer nada? — Pergunto o que não para de me
encarar com desprezo, posso sentir sua raiva pairando no ar.
— Você destruiu tudo o que tínhamos, você pode até me matar mas te juro
que vai chegar um dia que meu capo irá se reerguer e destruirá tudo o que
você mais estima. — Gargalho como nunca tinha feito antes, ele realmente é
corajoso.
— Então ainda bem que não estimo nada não é mesmo? Excetuando a
minha vida claro. — Me levanto vou até a mesa que contém os instrumentos
de tortura, analiso-os todos e opto mesmo pelo modo tradicional. — já vi que
não falarão o que quero ouvir então vamos acabar com isso de uma vez, meus
charutos me deixam inspirado, por isso não usarei nenhum instrumento em
vocês ,porém usarei minhas próprias mãos. Quem precisa de alicates,
martelos e armas enquanto tem mãos fortes e bem treinadas. Soltem o
machão!
Meus homens se aproximam dele e destravam as correntes que o prendiam.
Caminho até o tatami e espero ansiosamente pelo meu adversário.
— Vamos lá, estou lhe dando uma chance de morrer com honra. — Sei
que está com uma vontade enorme de descarregar todas suas forças me
batendo, então estou dando isso a ele.
Ele se aproxima sem montar uma estratégia de luta e tenta acertar um soco
na minha cara, me esquivo volto a posição inicial e como se fosse um saco
de pancada desferi sucessivos socos em seu desprezível rosto até que seu
corpo caiu desfalecido no chão sujando meu tatami com seu sangue. Foi
mais fácil do que eu pensei.

— Senhor seu celular. — Um dos soldados diz segurando nele, me


encaminho até a entrada do subsolo seguro o celular e vejo que no ecrã do
dispositivo o nome do chefe de segurança da minha propriedade.
— Fala Gonzalo. — sinto o suor escorrer pelas laterais do rosto, mas valeu
a pena, agora estou mais relaxado.
— Capo, eu sinto muito tudo aconteceu muito rápido mais durante a nossa
volta de Salerno o carro em que sua esposa se encontrava se descontrolou de
repente e capotou no meio da estrada e caiu do viaduto. — meu corpo se
tenciona e parece que a quantidade de suor que escorria pelas têmporas
aumentou. — Ela e a prima já foram levadas para o hospital.
— Estou indo.

Neste Momento
O percurso dos longos corredores desse hospital nunca pareceu extenso
como agora, longos minutos depois estávamos eu Leonardo meu irmão e
consigliere, Emiliano meu sub, quando recebi a notícia do incidente os dois
estavam na sede da máfia também. De longe vejo Graziela mãe da minha
esposa chorando inconsolável nos braços do filho, elas eram muito próximas.
— Como ela está? — Pergunto sem rodeios.
— Os médicos não deram notícias ainda, Emanuelle já foi transferida para
o quarto, ela não teve ferimentos graves já a Geovanna continua na sala de
cirurgia. — Ettore fala de cabeça baixa, ele é um dos poucos homens que
transparece bondade na máfia.
— É tudo por culpa daquela garota, juro por Dio que se acontecer alguma
coisa com a minha filha eu acabo com aquela bastarda. — E agora as
lembranças invadem minha mente mas exatamente na hora de hoje cedo
quando minha mulher avisou que iria buscar uma tal prima.
Aguardamos na sala de espera por mais de uma hora e finalmente os
médicos saem e nos dão a notícia que abalou a todos principalmente a mãe.

Se passou uma semana desde que enterrei minha esposa e filho, apesar de
tudo a morte dela de certa forma me deixou inquieto, ela era mãe do meu
filho, meu herdeiro. Geovanna trazia paz e harmonia para essa casa e
principalmente ela era a parte humana do nosso casamento.
Mas se aquela garota não a tivesse chamado ela estaria aqui viva, a perícia
não descobriu nenhuma falha mecânica ou sabotagem no carro, segundo um
dos seguranças aquela menina convenceu minha esposa a ir no mesmo carro
pois ela tem medo de ficar perto de homens desconhecidos, e assim tudo
começou.

Faz dias que estou a monitorando, ela está em coma, nunca a vi mas
descobri que ela é filha do ex chefe do clã dos Mancini, ela não sabe o que a
espera, não vou a matar mas vou fazer com que sofra um período de sua vida,
o pai da minha falecida esposa veio interceder por ela porque ele já sabia que
eu não deixaria a morte do meu filho passar em pune, então o tranquilizei e
informei que não iria a matar, mas com certeza o que farei com ela irá mata-
la aos poucos. Alguém bate a porta e autorizo sua entrada.
— Leonardo me diz que tem alguma coisa para mim.
— Tenho sim irmão, aqui está a ficha completa de Emanuelle Mancini. —
Seguro no portfólio e começo a ler, ela não tem nada de interessante, hoje é
só uma adolescente de 17 anos que gosta de pintar e desenhar, é órfã de mãe
e pai, tem uma irmã gêmea.
Não tem amigos nem namorado. Porquê eu ia querer deixar uma coisa
dessas viva? Se a matar provavelmente ninguém sentirá sua falta excetuando
o tio claro que até agora é o único que mostrou interesse por ela. Esfolheio
mais algumas páginas e paro numa que chama minha atenção. Uma foto dela,
isso sim chamou minha atenção, cabelos castanhos quase ruivos, boca
pequena, seios cheios e corpo de tirar o fôlego, sem dúvidas ela não tinha a
genética magérrima da família da minha esposa, ela é bem gostosinha para
idade dela. E então uma ideia surge.

— Mande preparar mais um quarto na nossa casa de repouso, informe aos


médicos que chegará uma nova hóspede na área psiquiatra.
Passo a ponta do pincel na água e depois na cor azul, chacoalho e então
passo na tela a minha frente, hoje eu consegui acertar o tom certo da cor do
céu. Tenho certeza que no final ficará a paisagem mais linda que já pintei, na
verdade falo isso toda vez que pinto um quadro, eu adoro pinturas realistas,
comparadas a fotografias elas são bem melhores. Coloco mais alguns
detalhes vermelhos que representam as flores que desabrocham na única
acácia da casa. Ela é linda, robusta e segundo a Melina bem mais velha que
eu que tenho apenas 22 anos, suspiro e olho para os grandes murros que
circundam este lugar, ele está cheio de guardas, às vezes acho que aqui tem
alguém importante internado também. Se eu não estive acostumada com os
gritos que ecoam pelos corredores durante as madrugadas sentiria muito
medo de ficar aqui, já percebi que esses gritos vem do lado do edifício que
não estou autorizada a frequentar Melina me disse que esse lado do edifício é
onde estão internados os doentes mais perigosos, sinto até arrepios só de
pensar nisso.

Me levanto do banquinho e dou alguns passos para trás, após terminar de


pintar eu gosto de vê-lo a distância para ver se não deixei passar nada, mamãe
que me ensinou essa técnica ela também adorava desenhar, sinto tanta falta
dela e do papai também.
No dia que me avisaram que eles haviam morrido eu achei que nunca mais
sentiria vontade de viver, lembro muito bem desse dia, era o dia que eu e
Antonelli faríamos nossa apresentação de balé na escola, eu aguardava
ansiosamente para a chegada deles no camarim, eu pedi a professora para que
me apresentasse por último eu queria esperar por eles, vi todas minhas
colegas se apresentando enquanto sorriam para seus pais que estavam
sentados no palco, e eu também queria aquilo, papai era um homem muito
ocupada mais sempre fazia de tudo para participar de nossas actividades
escolares. Eu esperei tanto por eles esse dia que acabei indo me apresentar
com a cara triste e super zangada com eles, eles juraram que apareceriam, no
fim minha irmã até riu de mim porque esperei em vão.
No fim de todas as apresentações eu e Antonelli fomos esperar pelo
motorista mas quem foi nos buscar foi nosso tio Dante ele estava com uma
cara triste, e assim que chegamos em casa junto do nosso tio nós soubemos
do ocorrido. Eu me senti tão mal pela morte deles que acabei me
transformando numa criança introvertida, medrosa e deprimida. Me levaram
a psicólogos e eles recomendaram a procurar alguma coisa que me encante e
que ocupe meu tempo, e foi aí com apenas nove anos de idade eu descobri
que desenhar e pintar eram minhas grandes paixões, eu acho que isso é algum
tipo de herança que mamãe deixou para mim. Com a morte deles tio Dante
ficou automaticamente responsável por nós ele é o Parente mais próximo,
com isso tivemos que nos mudar para casa dele onde ele morava com a
esposa tia Graziela, meus primos a Geovanna, o Ettore e a Donatella ela é
dois anos mais nova que eu e Antonelli.

Falando nela desde que me internaram aqui ela nunca veio me ver, será
que ela também ainda me culpa pela morte da Geovanna? É claro que sim,
até eu mesma continuo me sentido culpada, se eu não a tivesse chamado por
causa de um mal entendido meu, até hoje ela estaria aqui feliz com o
bebezinho dela, sinto meus olhos marejados, é assim sempre que me lembro
que ela tinha um ser pequeno em sua barriga. Isso me corrói todos os dias da
minha vida, agora todos me odeiam menos tio Dante e Ettore pois eles são os
únicos que vêm aqui me ver e conversar comigo, se não fosse por eles e pela
Melina que me incentivam a dialogar provavelmente eu já teria perdido a
fala.

No princípio quando eles vinham me visitar eu perguntava todo os dias


quando eu poderia ir para casa, mas ele sempre diziam só quando o médico
autorizar, hoje em dia não pergunto mais, não os quero chatear, mas me sinto
indignada de ficar tanto tempo nesse lugar. Eu praticamente não sei como são
as coisas lá fora hoje em dia, graças a alguns funcionários que tem uma sala
de descanso eu posso ver o que tem acontecido pelo mundo através de uma
televisão.
Resolvo arrumar todas as minhas coisas pois está começando a esfriar e
isso não é bom para quem acaba de se recuperar de uma gripe forte. Dobro o
cavalete e o suspendo no meu braço, no outro braço carrego a paleta de tintas
e os pincéis e a tela recém terminada.
Caminho a passos vagarosos em direção ao interior do edifício, é assim
toda vez que lembro que minha vida ficou parada no tempo. De longe vejo a
doutora Susan, ela é inglesa e é ela quem cuida do meu tratamento, aceno a
mão para ela e faz o mesmo porque está falando no celular, após atravessar o
batente da porta principal decido ir de uma vez para o quarto.
Abro a porta e arrumo meu material de pintura em seu devido lugar no
meu quarto simples, ele é de cor lilas, fiz até uns desenhos de flores nele, eu
mesma o pintei pois antes parecia um quarto de hospital. Ele era todo azul, eu
perguntei se podia mudar a cor a médica disse que sim. Me sento na minha
cama de solteiro e fico comtemplando o jardim pela janela gradeada, nunca
entendi o motivo disso, eu nunca fugiria daqui. Para onde eu iria? Saio dos
meus desvaneios quando ouço alguém bater a porta, deve ser a Melina.
— Querida achei qua ainda estivesse pintando, vamos jantar.— Ela me
segura pelo braço e caminhamos juntas pelos corredores longos da casa.
Ela é como uma segunda mãe para mim, ela cuida de mim desde que me
trouxeram para cá, ela conversa comigo, me acalenta toda vez que me vê
chorando de desespero, me aconselha e acima de tudo me dá amor que a
muito não recebo.
Me sento no refeitório onde também se encontram mais dez pacientes,
alguns mais velhos que eu e outros nem tanto, são proibidas conversas entre
nós, ou qualquer tipo de contato, por isso comemos sendo vistoriados por
muitos funcionários, os quartos também são separados. Desde a minha
chegada já vi muita gente ir embora e muita gente chegando mais nada de eu
sair, as vezes me pergunto se algum dia sairei daqui para realizar meus
sonhos. Eu quero estudar na maior escola de artes da Itália a escola de Belas
Artes, assim como a mamãe.
Todos comemos nossa refeição em silêncio, vejo a senhora de olhos de uva
me olhando, eu a chamo assim pois não sei seu nome e os olhos dela são
escuros como as uvas. Ela acena para mim e eu também faço o mesmo. O
prato onde eu comia é recolhido e então deduzo que está na hora de ir para o
quarto, procuro por Melina mas não a vejo, gosto de conversar com ela antes
de dormir. Resolvo adiantar.
Entro no quarto arrumo a cama e o travesseiro e me troco colocando uma
calça de moletom cinza e uma camiseta também da mesma cor, já me
acostumei. Visto esse tipo de roupa a cinco anos.
— Desculpe pela demora querida, precisava verificar alguns pacientes,
apesar de você ser a minha favorita você não a única. — Ela segura minha
medição e um copo de água. — Aqui seu remédio para que fique boazinha
logo.

— Porquê eu tenho que tomar isso? — Pergunto segurando os


comprimidos. — Eu estou bem, eu fico mal quando tomo eles. — E isso é
verdade, eles me deixam péssima sem vontade de fazer nada e muito cansada.
— São para o seu bem minha menina, agora toma tudo. — Não resisto, não
vai adiantar, engulo os comprimidos e depois bebo a água. — Agora
descanse, amanhã é dia de visita, seu dia favorito. — Assinto. Bocejo assim
que coloco a cabeça no travesseiro, é assim toda vez que tomo esses
comprimidos.
— Você acha que algum dia irei embora daqui? — Pergunto de olhos
fechados cheia de sono, mas estou tentando resistir.
— Não pense nisso agora, quando a hora chegar você irá. Agora durma.
Boa noite minha menina. — A oiço dizer e depois beijar minha testa.
— Boa noite mamãe. — Mergulho num sono profundo.

As quartas feiras sem dúvidas são os meus dias favoritos. Eu sempre


acordo cedo, mas nas quartas acordo ainda mais cedo para receber meu tio e
primo. Melina me ajuda a pentear meus longos fios castanhos, que as vezes
parecem ruivos. Ela faz uma linda trança para trás que fica bem bonita.
— Venha vamos tomar café da manhã, daqui apouco seu tio chega. —
Corro até o refeitório e como tudo as pressas, estou muito ansiosa para
mostrar minha mais nova arte a Ettore.
— Emanuelle come devagar, vai se engasgar e passar mal desse jeito —
olho na direção em que oiço essa voz.

— Desculpe doutora Suzan não vai acontecer de novo. — Ao lado dela


tem um homem muito bonito, ele veste roupas de enfermeiro, mas ele me
olha de um jeito tão estranho, deve ser novo aqui pois nunca o vi. Como bem
devagar para não aborrecer a doutora.

— Assim você vai fazer um buraco no meio da grama. — Diz Melina atrás
de mim. Não dou atenção e continuo andando de um lado par o outro.
— Porquê eles estão demorando? Eles nunca se atrasam. Será que eles não
vêm?

— Se acalma, claro que eles virão. — E assim que me viro para a direção
da porta dos fundos da casa os vejo vindo em minha direção.

— Tio! — Grito correndo em sua direção. Assim que chego perto o abraço
e ele também me recebe com um forte abraço. — Senti tantas saudades.

— E do seu primo favorito não sentiu saudades? — Diz Ettore fingindo


uma voz de indignação.

— Claro que senti. — Saio de perto do tio Dante para abraçá-lo e sou
surpreendida quando meu corpo é suspenso do chão. Ele é mesmo muito
forte, por isso tem tantos músculos. — Porquê demoraram? Já estava achando
que não viriam.

— Claro que não, nunca ia deixar de vir ver minha prima. — E de repente
uma tristeza se apodera de meu coração porque lembrei que tenho uma irmã
que não quer saber de mim.

— E a Antonelli, ela não quis vir?

— Sua irmã não pôde vir, ela não está na Itália minha filha, ela viajou a
trabalho com... — meu primo solta uma tossida fazendo meu tio parar de
falar.

— Está tudo bem, eu entendo que o trabalho é importante. — Sorrio fraco.


Resolvemos ir nos sentar para continuar conversando, durante a conversa
reparei que eles me encaram de um jeito estranho, me fitam com o olhar
preocupado.

— Porquê vocês estão me olhando assim? Aconteceu alguma coisa?

— Claro que não querida, é só impressão sua. Está tudo em ordem minha
filha .

Resolvo mostrar para ele a nova versão que fiz na pintura do jardim,
porque já o pintei várias vezes, então mudo só as cores o tipo de tela e a
visão. Não tem muita coisa para pintar aqui, por isso passo a maior parte do
tempo decorando os rostos de todos aqui para depois pinta-los, só nunca
pintei o meu.

— É lindo! — elogia meu tio. — Sua mãe deve estar muito orgulhosa de
saber que tem um filha tão talentosa qua to ela seja lá onde ela estiver.

— Obrigada tio. Vocês dois têm ajudado muito, eu não sei como
agradecer. — Sinto meus olhos marejados. Ettore diz alguma coisa engraçada
e então o choro que queria vir não passou de uma sensação.

Passamos todo dia conversando até que eles se despediram e foram


embora, tal como aconteceu nos outros dias, mas a uma diferença, meu
coração ficou inquieto porque eu sinto que eles estão escondendo algo.
Continuo olhando a porta por onde eles saíram e o aperto no peito não
aquieta. Ainda de costas para casa é possível sentir alguém se aproximando.

— Hora de tomar banho para comer o lanche da tarde docinho. — Quando


me viro dou te cara com aquele enfermeiro de mais cedo. Ele me olha de um
jeito que dá até medo. — Vem vou te ajudar com o banho — Diz lambendo
os lábios. Sinto suas mão no meu ombro, e um calafrio sacode meu corpo.

— Nã...

— Tire essas mãos imundas de cima dela. — Ele imediatamente tira a mão
do meu ombro depois de ouvir a ordem de Melina. — Nunca mais chegue
perto dela se quiser continuar respirado. Vem querida, vamos comer. — ela
diz e me segura pela mão. — Nunca fique sozinha com aquele homem
entendeu? — Assenti e a segui sem entender a razão. Mas melhor seguir o
conselho dela porque também não gostei daquele homem.
Olho para o estado deplorável do homem que se encontra amarrado pelo
arrame farpado, eu mesmo o amarrei, seus antebraços estão quase se
separando das mãos de tão forte que o amarrei naquele região, seu corpo está
em carne viva e o rosto está irreconhecível. É nisso que dá achar que pode me
roubar.

De onde me encontro é possível sentir sua agonia, para isso acabar de uma
vez ele só precisa me dar um nome só isso e lhe darei o eterno descanso. Eu
sei torturar minhas vítimas até o limite que o corpo humano pode aguentar
sem mata-los, quem me conhece sabe que não ser torturado por mim é um
privilegio. Eu mato devagar, eu gosto de sentir as almas deles esvaindo do
corpo enquanto olho em seus olhos para que mesmo no inferno, para onde a
maioria vai, não esqueçam nunca do meu rosto.
As pessoas me chamo de cruel, sem alma, figlio del diablo, se isso me
incomoda? Nem um pouco, gosto que as pessoas sintam medo da pessoa que
sou, por isso me admira descobrir um ladrãozinho na minha corporação não
construi tudo o que tenho sendo honrando e bondoso. Se A' Ndrangueta é o
que é hoje é graças a mim, assumo que os que me antecederam fizeram
grandes feitos, mas nenhum deles me superou nem mesmo meu papa, que me
treinou e ensinou tudo o que sei.

A famiglia foi criada na região da Calábria na Itália, por isso toda essa
região e arredores é todo nossa, ela apresenta vários clãs representados pelos
chefes de famílias e é baseada em família de sangue, há em torno de
cinquenta a duzentas famílias envolvidas, totalizando assim mais de seis mil
membros, também existem os associados nacionais e internacionais mas eles
não exercem poder nenhum dentro da organização, são só um bando de
executivos com sede de poder, a máfia é da familglia. Nossas receitas anuais
ultrapassam mais de cem bilhões de euros graças ao grande número de
negócios ativos, tanto legais quanto os ilegais. Em suma estamos envolvidos
com tráfico internacional de drogas, descarte de resíduos ilegais, contrabando
de armas, extorsão, usura, prostituição, falsificação e tráfico de seres
humanos.

Ela está dentro das articulações do estado, dentro na maçonaria, está no


âmbito da política diretamente com seus membros não há mediação entre o
poder criminoso puro e poder político, pois são representados pela mesma
pessoa, ou seja a máfia escolhe quem vai ou quem não vai para o governo do
país. A máfia tem tanta liberdade que é por isso que ela é dona de seu próprio
território e também controla as rotas de tráfico de drogas na América do
norte, África e Europa senti-trional e ocidental, por ser a principal fonte de
renda controlamos as maiores rotas. Em suma A' Ndrangueta é a organização
mais poderosa do mundo, e por isso as rivalidades com outras organizações
são palpáveis. Mas nossos maiores inimigos são a Cosa Nostra e a máfia
russa. Estamos quase sempre em conflito, ou por questões ideológicas
principalmente com a Cosa Nostra ou por questões económicas. Mas isso é
pauta de assunto para outra ocasião, meu foco nesse momento é tirar desse
maldito figlio di puttana o nome de seu mandante, eu sempre sinto quando as
pessoas não agem sozinhas, é um dom meu.

Suspiro ruidosamente depois de me levantar da cadeira onde me


encontrava sentado. Paro a sua frente me agacho e levanto seu rosto para que
me olhe enquanto pergunto.

— Já lembrou quem foi que te mandou me roubar? — eu podia até


reconsiderar pois ele não roubou uma quantidade enorme de minha droga,
mas para mostrar aos outros o que acontece com os ladrões resolvi lhe dar
uma lição. — Vamos lá jovem, estamos levando muito tempo com isso. Não
esqueça que sua mamma está bem na sala ao lado. — vejo o desespero em
seus olhos ao citar sua mãe. Demora mais eles sempre falam.

— Eu-eu não conheço o nome ca-capo.

— Resposta Erada!— seguro o alicate que estava na mesa ao lado e sem


esperar abri a boca do infeliz, apertei o alicate em dos dentes caninos e o
arranquei, o figlio di puttana está gritando e se urinando, sorrio com a cena.
— Anda me diz o que eu quero ouvir.

— Por-favor signore tenha piedade.

— Piedade meu caro é só com Dio. — ele mal consegue manter os olhos
abertos de tão inchados que estão.

— Eu não sei quem é a pessoa, eu só recebia cartas anónimas, me


informando onde as cargas estariam, se eu fizesse isso eu ganharia dez mil
euros a cada roubo. — Oiço com atenção o que ele está dizendo, se é verdade
ou não eu ainda irei averiguar, afinal não se pode confiar num homem a beira
da morte. Ele continua explicando como funciona o tal esquema, ele não me
confirmou mas tenho certeza que tem mais pessoas envolvidas nisso.

— Muito bem soldado. Tomara que o que você tenha dito seja verdade,
pois se não for, pode acreditar que seus restos mortais vão se contorcer na
sepultura toda vez que eu lembrar de você. — Retiro o punhal banhado de
prata do cós da calça, passeio a Lâmina pelos braços fazendo círculos,
aprecio o brasão da família que foi lapidado no cabo da mesma, esse punhal
passou por gerações antes de chegar em minhas mãos. Ela foi polida e
desenhada, pelos antigos ferreiros gregos que se instalaram na região do mar
jónico aqui na Itália. — Mande lembranças minhas ao diablo — antes que ele
pudesse pensar no que estava acontecendo cravo o punhal na lateral do seu
pescoço, foi tão certo que no mesmo instante seus olhos adilaram e seu corpo
convulsionou ate sua alma abandonar seu corpo.

— Arrumem a bagunça. — os dois soldados responsáveis por isso


assentem. Caminho até uma pia que se encontra no canto do cómodo preciso
lavar minhas mãos pois elas estão cheias de sangue. De mãos limpas decido
sair do subsolo porque ainda tenho assuntos importantes para tratar aqui na
sede.

Assim que abro a porta do meu escritório me deparo com Leonardo e


Emiliano sentados num dos sofás da minha sala.
— Como foi lá? — pergunta Emiliano.

— Deu para tirar alguma coisa dele, e você — aponto para meu irmão e
conselehiro — irá investigar. Alguma coisa que ele falou deve prestar para
alga coisa.

Me dirijo até minha cadeira para me sentar, aproveito o momento e conto


aos dois o que o soldado morto me contou, que s também concordam que
apesar desse assunto ser meio estranho precisa ser averiguado para não haver
surpresas futuramente.

— Tem mais um coisa que preciso te dizer como seu conselheiro. — dou
de ombros pego um de meus charutos o acendo e começo a saborea-lo. — O
conselho acha que você sendo o capo é necessário que você dê o exemplo. —
ele está dando muitas voltas, sendo meu irmão já deveria saber disso.

— Seja direto Leonardo.

— O conselho disse que está na hora de você casar de novo. — eu já


esperava por isso, tarde ou cedo eles me enxeriam com esse assunto. Desde o
falecimento de Geovanna nunca mais me comprometi seriamente com
nenhuma mulher, mas isso não quer dizer que fiquei casto. Obviamente que
continuei fodendo com outras mulheres como sempre fiz desde que descobri
o quanto isso é bom. A famiglia tem vários prostíbulos espalhados pelo
mundo e é neles que me degusto. Mas também tem a Eugênia Conti é uma
modelo, ela também é só mais uma. — Eu sei que já passou da hora de eu ter
me casado afinal todo o capo precisa de um herdeiro para dar continuidade
com os negócios. — falo tragando mas uma vez o charuto.
— Então posso procurar as candidatas para exercer o papel de sua esposa e
mãe de seu herdeiro? — pergunta Emiliano, ele também é doido para me ver
casado tal como ele, sua esposa e Geovanna eram muito amigas. — Existem
muitas mulheres jovens e intocadas na familglia, vários chefes dos clãs já até
colocaram suas filhas a disposição. — solto um sorriso desgostoso com suas
palavras, eu tenho outros planos para isso.

— Não precisam se preocupar com isso, eu já tenho a mulher certa para


isso. — falo me lembrando da dona daqueles olhos e aquela boquinha que até
hoje me assombram.

— De quem está falando? Não me diga que você realmente irá oficializar
sua união com a Eugênia. — diz Emiliano com uma cara de desdém. O fuzilo
com o olhar e isso faz Leonardo gargalhar.

— Eu posso ser um mafioso sem alma, mas em hipótese alguma me


casaria com uma puta como ela. Informem ao conselho que o capo da
A'Ndragheta ir se casar em breve.

Depois de termos saído da sede da máfia resolvemos ir até o clube. Ele é o


maior e mais frequentado clube da máfia aqui na Calábria. Ele é enorme e se
encontra dividido em diferentes compartimentos, temos uma boate no tério,
ainda no mesmo andar existe um bar restrito onde só os mais ricos podem
frequentar, no andar de cima temos as salas de jogos, onde claro só se fazem
apostar milionárias. O club é gerenciado por Carlota Russo, uma mulher com
pouco mais de trinta anos.

Assim que chegamos a entrada traseira somos recepcionados por ela.


— Sejam bem-vindos. Por favor me sigam — andamos os quatro até o
interior. Nós nos acomodamos em uns sofás que circundam mesas de centro
vidradas. Olho em volta e vejo alguns conhecidos, homens de negócios e
algumas vadias. — o que os cavalheiros irão beber hoje? — Carlota diz com
a voz sexy demais para o meu gosto ela sempre esteve de olho no Leonardo.
Leonardo escolhe whisky para todos.

Assim que nossos copos são trazidos três lindas jovens mulheres se
aproximam de nós. Mas a que rouba minha atenção é a que acaba de entrar
no salão, loira, alta, magra, olhos azuis e lábio bem cheios diferentes dos da
minha bambola. Vejo que ao seu lado está Ettore, filho do chefe do clã dos
Mancini, então aquela ao seu lado só pode ser a prima irmã gêmea da
louquinha. Eles estão se aproximando, Ettore com uma cara nada boa, é
assim desde que coloquei a priminha dele naquele lugar. Já a moça do seu
lado não para de me encarar apreciando todo meu corpo. Eles se ajuntam a
nós, a pauta da conversa é a reunião que haverá na França, partirei em uma
semana para lá.

Depois de alguns copos tomados, resolvo que está na hora de ir embora,


deixo os outros para trás e caminho até a saída traseira que usamos mais
cedo, assim que ia colocar o primeiro pé para fora sou interpelado por uma
voz sexy.

— Senhor Ferrari!

— Sí

— Gostaria de saber se poderia me dar uma carona para casa. — safada,


sei muito bem o que ela quer.
— Qual seu nome mesmo cara?

— Meu nome é Antonelli Mancini. — seguro sua bochechas e faço carinho


nelas. Olho para ela com mais atenção e percebo o quanto elas são diferentes
tanto fisicamente quanto a na personalidade.

— Vem Antonelli, te darei uma carona até onde você quiser.


Minha viagem para França está marcada para o dia de amanhã, mas antes
disso preciso anunciar para o conselho e para todos os membros da máfia
quem será a minha escolhida, todos aguardam por minha decisão. Então
resolvi fazer uma reunião com os membros mais próximos em minha casa,
minha mãe organizou tudo, ela não sabe com quem irei me casar mas aposto
que não vai gostar nada da notícia, porque ela era muito apegada a Geovanna.

Caminho até o banheiro porque preciso de um banho bem relaxado depois


da tarde intensa que tive fazendo a inspeção de carregamento que acabou de
chegar da Colômbia, tive que inspecionar tudo e ainda decidir seus destinos
pela Europa. Ara além disso tive um sexo gostoso com a Antonelli em meu
escritório na sede da Máfia, a safada sabe como deixar um homem delirando
de prazer, ela é só mais uma puta que acha que pode me dobrar com sexo
barato.
De banho feito e devidamente trajado caminho até a sala de estar onde já se
encontram alguns convidados, chamei as famílias mais próximas para
anunciar sobre o meu noivado. Na sala estão presentes minha mãe, meus
irmãos Leonardo que além de meu irmão é meu conseglirie e Alessandra
minha irmã casula, a família Mancini que nesse caso são representados pelo
Dante com ele estão sua esposa seus dois filhos e a sobrinha Antonelli, estão
presentes também a família Ricci que também é mais conhecida como clã dos
Ricci, desde que me conheço como gente esse clã era chefiado pelo Fabrizio
pai de Emiliano que é meu sub capo e amigo mas assim que que nomeei
Emiliano como meu sub seu pai entrou para o grupo do conselho da máfia, e
desse clã estão presentes os próprios Fabrizio e Emiliano sua esposa.

Também estão presentes alguns membros do conselho e suas respetivas


esposas, caminho entre os convidados saudando um e outro, não tenho
paciência para cumprimentar todos eles.

— Você ainda não me contou quem é a sua escolhida — Emiliano fala


tirando minha concentração do copo de whisky que está em minha mão —
aposto que irá escolher a sobrinha do Dante ela é bonita e é a única nessa sala
que está dentro dos seus padrões.

— Quem disse isso? — pergunto sorvendo mais um gole do whisky puro.

— Ora vejamos, sua irmã e a filha mais nova do Dante estão fora de
cogitação, porque a primeira é sua irmã e a segunda é muito nova; a opça que
resta é a Antonelli, ela é perfeita para um homem como você, linda, esbelta,
transparece inteligência, estudada e faz parte de um dos clãs mais influentes
na máfia. — pensando bem a Antonelli representa todas as condições para ser
a esposa perfeita de um mafioso, e de bônus é boa de cama. Mas não é ela
que quero.
— E se eu te disser que a minha futura esposa não se encontra presente
nessa sala? — Indago, e o vejo me olhar com espanto, com certeza ele não
esperava por isso. Na verdade todos ficarão admirados com a notícia que
darei, outros abismados e alguns sentirão ainda mais raiva de mim. A
distância admiro o vestido ousado que Antonelli está vestindo, ela está
deslumbrante não posso negar, vou levar ela para França, tinha marcado de ir
com a Eugênia ela ama Paris por ser modelo mas mudei de ideia. Resolvo me
aproximar de onde ela está.

— Boa noite! — e todas ao redor respondem do mesmo jeito. — senhorita


Antonelli ouvi dizer que é uma ótima designer de interiores, tenho uma
cobertura em Paris que precisa ser decorada, gostaria de requisitar seus
serviços. — a safada muda o olhar assim que ouve essa última parte de boa
mossa e me olha de jeito bem sexy e lambendo os lábios é possível sentir sua
excitação mesmo a um metro de distância dela.

— Claro capo pode contar comigo.

— Ótimo. Partiremos para Paris amanhã de manhã. — decreto, sem


esperar uma resposta dou meia volta indo em direção ao lugar onde estava.
Mas antes de me afastar é possível ouvir a tia e a prima falando para ela que é
a escolhida, tolas.

Todos nós nos dirigimos ao enorme salão de refeições, como hoje o


número de convidados é maior jantarmos nela, depois de ver todos se
acomodarem em seu devidos lugares decido que está na hora de me
pronunciar. Coço a garganta e levanto.

— Todos já sabem o motivo de estarem aqui, a dias atrás meu conselheiro


me trouxe um informe transmitido pelo conselho dizendo que eu devia me
casar. — ouço um burburinho e assim que atiro meu olhar mortal para minha
irmã que está tagarelando ela imediatamente se cala ficando de cabeça baixa
— como eu estava dizendo, a minha decisão já foi tomada e em menos de um
mês me casarei. — todos ficam admirados com a minha decisão.

— E quem será a sortuda meu filho? — minha mãe pergunta. Todos me


olham com atenção na expetativa de ouvir a resposta.

— Em um mês me casarei com Emanuelle Mancini sobrinha de Dante


Mancini. — cada um esboça um olhar diferente sobre mim. Alguns
surpresos, outros com caras que transparecem aceitação, outros ódio e
indignação. Sei que ninguém contestará minha decisão afinal cada um sabe o
que o espera se fizer isso.

A mesa fica em completo silêncio por um momento até que o jantar é


servido. Quando a refeição é servida o silêncio é apaziguado chegando assim
um clima mais harmonioso, algumas conversas são postas na mesa.

— Dante preciso falar com você no meu escritório! — decreto antes de


sair, chamei também meu irmão e Emiliano. Os poucos membros do conselho
me parabeneziram pelo casamento e foram embora, menos o Fabrizio.

Assim que chego em meu escritório abro a gaveta de minha mesa de


mogno e tiro um de meus charutos e o acendo.

Me sento na cadeira e fico sorvendo o tabaco enquanto espero pelos outros,


fecho os olhos e lembro daquela pele branquinha e que aparenta ser bem
macia, aqueles lábios, não vejo a hora de os tocar e fazer outras coisas mais
com eles. Saio do meus pensamentos excitantes assim que escuto alguém
bater a porta, autorizo a entrada e na sala aparecem dante, Leonardo e
Emiliano. Os três se acomodam nas cadeiras e então começo a falta.
— Dante como já pôde perceber a sua sobrinha demente foi a escolhida —
o vejo apertar os punhos tão forte que os dedos chegam a ficar brancos, sei
que ficou assim porque a chamei de louquinha, segundo os laudos médicos
ela tem transtornos de personalidade, claro que eu é que escolhi essa doença,
porque esse assunto me intriga. Aquele lugar não é exatamente um hospital
psiquiátrico digamos que é como um aterro sanitário, onde estão internados
pessoas que de certa forma ameaçam a estabilidade da máfia ou que guardam
uma informação preciosa que possa nos prejudicar, em casos mais extremos
eu mato sem pensar mas há casos mais especiais que precisam de uma estadia
naquele lugar — eu conto com a sua colaboração e da sua família, sei que
durante todos esses anos você a visita e espero que a próxima vez que a vir
que nesse caso é amanhã a informe sobre o casamento.

— Eu entendi capo, mas lhe peço por favor, dê mais um pouco de tempo a
Emanuelle é muito menina ainda, a vida dela parou no tempo, ela mal sabe
como é a vida fora daquele lugar, o senhor sabe que ela não é doente. — esse
velho está ultrapassando os limites.

— Eu sou o capo eu sou a lei, e se digo que me casarei com ela em duas
semanas é porque assim será.
Depois de um longo dia pintando e caminhando pelo pátio da casa — eu
gosto de chamar de casa não gosto de pensar que estou em um hospital
psiquiátrico — Melina me ajuda a me arrumar para dormir, e o que aconteceu
mais cedo não sai da minha cabeça.

— Melina?

— Sim querida. — ela diz recolhendo minhas roupas sujas pelo quarto.

— Porque falou daquele jeito com aquele enfermeiro? — cruzo as pernas


na cama para me sentar de forma confortável.

Ela se senta bem ao meu lado e alisa minhas bochechas.


— Minha menina inocente, você foi tão privada de sua juventude e uma
parte da adolescência que não vê maldade em nada nem em ninguém. Não
quero que fique perto daquele homem porque eu não confio nele e ele não
parece boa pessoa. — assinto.

— Eu também não gostei dele principalmente do jeito que ele me olhava,


eu me senti desconfortável.

— Viu! Mais um motivo para ficar distante dele, por nenhum motivo o
deixe tocar em você, sempre que ele se aproximar você grita por mim,
entendeu?

— Sim — falo me sentido meio triste. Ela segura meu queixo me fazendo
erguer a cabeça para encara-la.

— Minha menina você ainda vai aprender que nessa vida existem pessoas
que irão te machucar, nem todos vão querer seu bem, e quando se deparar
com uma situação dessa apenas faça o que você mais ama, pintar.

Ela me dá um beijo na testa e vai embora me desejando bons sonhos, me


deito sobre a cama ficando de costas e fico pensando no dia que poderei sair
daqui e se algum dia terei uma linda história de amor como a que meus pais
construíram, eu rezo a Deus todos dias por esse dia mas parece que a cada dia
que passa esse sonho vai ficando mais distante.

Penso também na minha irmã e se algum dia a verei outra vez, será que
ficamos parecidas? Quando crianças não parecíamos ser gêmeas de tão
diferentes, ela era alta e magra e tinha olhos azuis, seus cabelos eram pretos,
sua pele reluzia á luz do sol de tão brilhante que era, hoje em dia ela deve ser
uma linda mulher de pele bronzeada, diferente de mim que estou quase
virando um fantasma de tão parda, eu não tenho altura e meu corpo está longe
de ser magro, meus peitos são enormes, meu quadril e coxas também não
ficam atrás. É realmente somos diferentes.

Fecho os olhos e minha mente mergulha num sono profundo.


Ouço vozes a minha volta, vozes de homens, me sinto tão cansada e minha
cabeça está doendo demais, aos poucos tento abrir os olhos, mas um
murmúrio de protesto sai de minha boca pois a luz incomoda meus olhos.

— Ela está acordando — eu reconheço essa voz, é a voz do tio Dante. Mas
como isso é possível?

— Tio — a palavra sai com muito esforço, focalizo meus olhos em sua
direção, assim que escuta meu chamado ele se levanta e vem na minha
direção.

— Fica calma querida, eu estou aqui com você, está tudo bem. Descansa!
— Está tudo muito confuso, preciso organizar meus pensamentos. Olho em
volta e vejo Ettore também se levantando. Esse não é meu quarto, parece um
quarto de hospital, olho para meu cotovelo que se encontra enfaixado e isso
me trás memórias horríveis.

— Por-porquê eu estou aqui? Onde está a Melina? — pergunto sentindo


uma angustia muito grande.

— Você foi drogada querida, te trouxeram aqui porque não sabíamos que
tipo de droga injetaram em você e também você ficou inconsciente quando o
capo te achou. — capo? Toda minha vida eu soube que nossa família era
diferente das outras, meus pais nunca me explicaram exatamente o porquê,
depois disso eu descobri que nossa família fazia parte da máfia e ela tinha um
chefe que chamam de capo, é só isso que eu sei. Se não me engano o marido
da Geovanna também era um capo ou alguém muito importante na máfia,
mas nunca tive a oportunidade de frequentar a casa deles eu sentia medo
daquele homem porque todos diziam que ele era terrível.

— Tio eu não quero voltar lá por favor. — peço começando a chorar — eu


tenho medo que aquele homem volte e me machuque. — falo lembrando
daquele olhar e da frieza naqueles olhos.

— Não se preocupa priminha, o homem que tentou te pegar a força não te


fará mais mal — puxo Ettore para cama e me aninho em seus braços ele faz
carinhos em meus cabelos enquanto eu nego freneticamente com a cabeça,
eles não entendem.

— Vocês não entendem!


— O que não entendemos minha filha? — indaga tio Dante se
aproximando mais.

— Eu não estou com medo do enfermeiro porque sei que ele morreu —
soluço ao lembrar daquela cena horrível, o sangue, os olhos sem vida —
mataram ele bem na minha frente tio, eu tenho medo do assassino que matou
ele, eu vi o rosto dele e se ele vier atrás de mim? — ele pode querer me matar
também pois presenciar seu ato macabro.

— Ninguém vai te fazer mal Emanuelle, nem mesmo o homem que te tirou
de lá. Para de chorar por favor. — sinto seus dedos limpando minhas
lágrimas, tento me acalmar mas é impossível ao lembrar o que aconteceu
naquela noite. — E temos uma ótima notícia que com certeza vai te deixar
feliz.

— Qual — pergunto entusiasmada.

— A partir de hoje você volta para casa — arregalo os olhos — isso


mesmo, você não volta mais para a clínica.

— Sério tio? — ele assente. E sem me importar com nada grito de tanta
felicidade abraço meu tio e meu primo infinitas vezes, mas tem um porém, e
a Melina? — E a Melina eu vou poder vê-la?

— Enquanto estiver lá em casa pode sim, mas depois do... — Ettore para
de falar.
— Depois do quê primo? — o questiono curiosa.

— Nada! Deixa para lá. — acho estranho mas engato numa conversa com
os dois, nem acredito que finalmente saí daquele lugar.

Tive que ficar mais uns dois dias no hospital antes de receber alta, nesses
dias meu tio e meu primo me visitavam todos os dias. Melina também veio,
ela ficou tão feliz em saber que não voltarei para aquele lugar, mas de uns
dias para cá a vejo muito triste e ela sempre me diz para ser forte e que
sempre terei seu apoio para qualquer coisa. Termino de pentear meus cabelos,
hoje me sinto muito bonita, coloquei até um batom rosa. Arrumo todos os
meus pertences que estavam no banheiro afinal de contas já estou indo
embora, todos os meus quadros que estavam lá na clínica também já foram
retirados. Antes de abrir a porta é possível ouvir a conversa do meu tio com a
Melina.

— Como pôde permitir isso? Aquele monstro vai destruir essa menina,
você também sabe disso. Não acha que ela já sofreu demais. — a voz de
Melina parece meio alterada, de quem ela está falando?

— Você acha que ele deixou espaço para contestar ou protestar alguma
coisa? Eu também me sinto ainda pior porque prometi para meu falecido
irmão que cuidaria del... — assim que meu tio me vê parada ele se cala. —
está pronta querida?
— Sim estou. — não me aguento de curiosidade — porquê estavam
discutindo? — os dois se encaram mais nenhum deles fala alguma coisa.

— Nada minha menina, vamos embora de uma vez antes que eu me


emocione e te leve comigo. — gargalhamos juntas enquanto cruzamos os
longos corredores do hospital acompanhadas pelos seguranças, até mesmo
quando eu estava internada tinham dois seguranças na porta do meu quarto, o
que achei estranho mas meu tio me garantiu que era por questões de
segurança. Assim que nós chegamos ao estacionamento tio Dante entra no
carro e eu permaneço do lado de fora para me despedir de Melina.

— Oh minha menina sentirei tantas saudades desses seus olhinhos claros


— sorrio emocionada — eu quero que você seja feliz, você merece. Quero
que leve isso para que se lembre sempre que apesar de tudo estarei aqui por
você. — ela me entrega um lindo colar de prata que contém um pingente
lindo com a inicial do nome dela e a minha.

— Obrigada! Obrigada por tudo que fez por mim. Por cuidar de mim, por
me ensinar e por me fazer sorrir. — aperto sua mão e deixo um beijo nela.

— Faria quantas vezes fossem necessárias, sabe porquê? — nego —


porque você é a filha que nunca tive, minha filha do coração, você me
conquistou Emanuelle. E com certeza esse seu jeitinho irá conquistar
qualquer pessoa. Me promete que vai ser feliz, e sempre que se sentir triste
vai pintar?

— Prometo mamãe! — ela me dá um abraço bem forte. E me manda para


o carro porque senão ficaremos todo dia nos despedindo.
Me acomodo no assento do carro e então o motorista dá partida. Durante o
caminho aprecio a paisagem da cidade, faz anos que não vejo tanta gente,
nem a rua. Arreio o vidro da janela do meu lado para admirar melhor.

— As coisas mudaram tanto.

— Nem tanto querida, mas sim, uma coisa e outra mudou. — diz tio
Dante, e então ele começa a me contar a história de cada edifício ou
monumento histórico. Fiquei todo caminho admirando tudo, até que
finalmente o carro estaciona em frente a uma grande mansão, eu ainda
lembrava muito bem dela. Saio do carro para a comtemplar melhor. Essa casa
pertence aos Mancini a gerações, aqui vivi os melhores momentos da minha
infância, guardo ótimas lembranças dos meus pais.

— Vem querida! — tio Dante me chama segurando na minha mão. De


mãos dadas subimos o único lance de escadas que leva até porta principal.
Assim que a porta se abre o cheiro familiar me recebesse fazendo eu largar a
mão que me segurava e começar a rodopiar pelo hall. — Está feliz não ?

— Muito. — enquanto dava voltas pelo hall vejo Ettore se aproximando de


mim com um buquê de rosas.

— Seja bem-vinda de volta!

— Obrigada! — cheiro a maravilha que são as rosas.


Então ele começa a fazer planos de tudo o que faremos, ele fala que iremos
para o cinema, para os museus, galerias de artes plásticas e uma infinidade de
pontos turísticos da Calábria. Eu aceito tudo eufórica. Um barulho de sapatos
vindo da escada me chama atenção, meus olhos brilham quando vejo que a
mulher linda descendo as escadas é minha irmã. Ela está maravilhosa, loira,
seus lábios estão mais cheios e seu corpo é o que chama mais atenção dentro
daquele vestido vermelho e justo. Ela segura uma bolsa e nos pés calça os
sapatos de salto altíssimo.

Assim que ela termina de descer do último degrau, me aproximo temerosa


de onde ela se encontra. É mais forte que eu, e assim a abraço bem forte.

— Senti tantas saudades Antonelli! — ela não fala nada e nem retribui meu
abraço. Resolvo me afastar provavelmente estou a atrasando, ouvi que ela é
uma grande profissional. — Nossa! Como você está linda.

Ela me olha minuciosamente de cima para baixo com a cara de quem está
brava. Tio Dante e Ettore se aproximam de nós.

— Não vai cumprimentar sua irmã Antonelli?

— Porquê você tinha que voltar justo agora que as coisas iam bem para
mim? — ela me olha com ódio apontando o dedo na minha cara — duvido
muito que ele se satisfaça com uma pessoa tão insignificante como você, ele
gosta de mulheres experientes e maduras e não de mulheres dementes recém
saídas de clínicas psiquiátricas. — Sem falar mais nada ela passa por mim
batendo seus saltos no piso do cómodo. Ela não me quer aqui? Ela nunca me
perdoou. Limpo a lágrima solitária que transcorre por minha bochecha.
— Não ligue para sua irmã querida, ela deve estar em choque com sua
volta ainda. Mais tarde vocês se entendem. — assinto ainda triste, uma das
empregadas me acompanha para o andar de cima onde fica meu quarto. Mas
para minha surpresa ela me leva para ala dos quartos de hóspedes.

O quarto é lindo e bem arejado, a decoração é ainda mais linda.

— Gostou do quarto? — me viro e vejo Ettore encostado no batente da


porta me encarando.

— É lindo!

— Eu mesmo mandei que fizessem tudo do jeitinho que você gosta. —


quando eu ia responder tia Graziela aparece, ela nunca gostou de mim mas
tudo ficou pior depois do acidente.

— Não entendo porquê se preocuparam em decorar o quarto se ela está


aqui apenas de passagem, — seus olhos estudam meu corpo da cabeça aos
pés — logo ela vai embora daqui. O capo vai acabar com você sua assassina.
Não pense que ele vai se casar com você por amor, não se iluda ele vai te
destruir assim como você me destruiu quando matou minha filha. — a olho
confusa porque não sei sobre o quê ela está falando.

— Mãe por favor, para, ela ainda não sabe. — ela me olha com de forma
profunda e começa a gargalhar.

— Então quer dizer que o projeto de boneca ainda não sabe que se casará
com o terrível e temível ca... — Num rompante meu tio entra no quarto.
— Não se atreva Graziela! Pode deixar que se alguém tem que contar
alguma coisa para minha sobrinha esse alguém sou. — tia Graziela fuzila a
todos nós com seu olhar mortal.

— Tanto faz quem vai dar a notícia, no final a vida dela será o próprio
inferno vocês também sabem disso. — ela dá meia volta indo em direção a
porta, mas antes de atravessa-la ela diz: — não te quero por muito tempo na
minha casa.

Mas o que está acontecendo aqui? Primeiro a Antonelli agora a esposa do


tio Dante, todos me acusando me culpando e falando de um casamento que
eu não entendo. Olho para cara do meu tio e do meu primo e nenhum dos
dois consegue me encarar. Faz dias que eles andam estranhos. Eu sentia que
escondiam algo de mim.

— Tio! O que a tia Graziela disse é verdade? — tento aquietar minha


mente e coração enquanto aguardo uma resposta verbal , mas seu olhar de
pena e remorso sobre mim me confirmou tudo.

— Eu sinto muito querida. — lágrimas intensas como uma enxurrada


molham meu rosto por saber que serei entregue a um homem desconhecido.

— Com quem me casarei? — pergunto me sentindo ainda mais péssima,


assim é a vida na máfia, você não contesta, você aceita.
— Enrico Ferrari, o capo da 'Ndrangheta.
De longe ouço uma voz que nunca ouvi antes, está tudo tão confuso que
não sei se estou sonhando ou realmente estou ouvindo alguém pedir socorro,
na verdade gritando. Quando dou por mim já estou abrindo olhos e me
deparo com o breu que o quarto está, pelo fato de provavelmente ainda ser de
madrugada. Será que eu estava sonhando? Mas...

— Socorro! — não, eu não estava sonhando realmente tem alguém


pedindo socorro, fico calada para tentar aguçar minha audição para ouvir mas
alguma coisa. — Por favor me ajudem, eles vão me matar. — ouvir isso me
faz colocar as mão sobre a boca e arregalar os olhos assustada. Será que
entrou um assassino aqui?

E parece que a pessoa que está pedindo socorro está vindo nessa direção
pois cada vez mais sua voz está mais audível, nunca ouvi ninguém gritando
aqui, pelo menos não nesse lado da casa, mas na ala proibida uma vez quando
tentava ver o que acontecia lá ouvi gritos de uma pessoa antes de Melina me
alcançar e me dar uma bronca. Decido levantar da cama e dar uma vista de
olhos no corredor porque de repente tudo ficou em silêncio, seguro na
maçaneta da porta com as mão trémulas, puxo o ar umas três vezes e
finalmente abro a porta, o corredor está iluminado como sempre, não há nada
de anormal. Eu sei que estou doente, mas até onde sei eu não tenho
alucinações de audição. Será que...

— Me ajudem — não, definitivamente não tenho nenhum tipo de


alucinação, eu ouvi isso perfeitamente, bem de vagar fecho a porta do quarto
e caminho em direção a voz. A curiosidade de descobrir quem está gritando
era tão grande que acabei saindo descalça do quarto. Percorro os longos
corredores de cor azul e desvio para o corredor do lado direito, estou quase
lá.

Assim que cruzo o corredor vejo um vulto correndo na minha direção, meu
instinto me diz para sair correndo, mas minhas pernas não respondem. Olho
com mais atenção, aquilo não é um vulto, é um homem.

— Meu Deus — falo horrorizada com o que vejo, sua face está
completamente desfigurada de tão machucado que está, ele está cheio de
sangue e mal consegue respirar de tão ofegante.

— Por-por favor me ajuda — implora segurando meus braços com força.

— O que houve com você?


— Preciso fugir daqui, o figlio del Diablo vai matar todos nós, todos que
estão nesse lugar irão morrer — sinto tanta pena dele pois ele está
derramando lágrimas e sei que são lágrimas de dor e desespero.

— Eu-eu não sei o que fazer para te ajudar... — três homens enormes se
aproximam de onde estamos e sem avisar seguram no homem a minha frente.
— o que estão fazendo? Deixem ele, estão o machucando.

Eles não me ouvem apenas carregam o homem e se vão, tento ir atrás deles
mas uma mão enorme me segura pela cintura, não.

— Melina! — grito sem pensar duas vezes.

— Caladinha docinho, quero tanto provar você, deve sem bem apetitosa.
— de longe é possível ouvir voz de Melina me chamando

O enfermeiro estranho me solta antes dela chegar, assim que a vejo coro e
a abraço bem forte e choro.

— Oh minha menina, fica calma. Eu estou aqui. Porque saiu do quarto? —


pergunta alisando meu cabelos enquanto minha cabeça descansa em seu
ombro.

— Provavelmente porque uma enfermeira irresponsável não deu o remédio


dela. —vocifera o enfermeiro.
— Isso é verdade Melina? — questiona a doutora Susan.

— Doutora aqueles remédios fazem muito mal para ela, por isso resolvi
não dar.

— Afinal de contas quem é a médica aqui? Eu ou você? — todos


permanecem em silêncio — foi o que eu pensei. Todos de volta para seus
aposentos, e pode deixar que hoje eu mesma dou os remédios da Emanuelle.
— vejo todos indo embora. — Emanuelle vamos!

— Mas doutora eu ... — nem termino e já Sou interrompida.

— Não conteste minha decisão, anda logo — dou um abraço no meu anjo
da guarda e caminho em direção a médica — e você Melina devia começar a
fazer melhor seu trabalho, o capo não vai gostar saber disso.

Melina apenas assente e nos dá as costas indo em direção ao corredor que


leva ao quarto dos funcionários, eu e a doutora também caminhamos em
direção ao meu quarto. Assim que entramos uma enfermeira nos recebe com
um copo de água e a dose de comprimidos que tenho que tomar. Tomo tudo
sob a vistoria da médica, no fim ela sai mas antes me informa que se eu sair
de novo do quarto depois do toque de recolher ela me afastará da Melina.

Antes de apagar chorei ao lembrar daquele homem e o quanto ele estava


machucado.

Esfolheio infinitamente o livro que Malina me deu clandestinamente, não é


permitido para doentes ter objetos externos sem autorização da médica, e
como a doutora Susan está zangada comigo ainda, o livro teve que ser trazido
às escondidas

Fecho o livro porque já li ele, na verdade estou lendo ele faz três dias.

Caminho até a janela para apreciar a chuva, desde o sucedido hoje é a


primeira vez que não me dói ficar dentro do quarto. Desde aquela noite a
doutora limitou minhas saídas para o jardim.

Essa paisagem da chuva transcorrendo pelo vidro da janela daria uma linda
pintura, o que me faz correr eufórica atrás de um papel e um lápis de carvão.

E sem esperar começo a deslizar o lápis sobre o papel formando assim um


desenho magnífico, esse será o segundo presente de aniversário que darei
para minha mãe postiça. O outro é um retrato dela que também fiz a lápis, no
desenho ela está sentada num lindo jardim rodeada de flores e lendo um livro,
sei que ela vai gostar. Assim que termino o desenho a chuva também cessa, é
possível ver o sol a espreita, o sol está tão tímido que é possível confundir a
imagem com o alvorecer, sendo que já é final de dia.

Melina vem se despedir de mim, aproveito e entrego os desenhos para ela


que irá comemorar o aniversário com algumas amigas. A desejo tudo de bom
e ela se vai me garantindo que irá chegar antes da meia noite.
— Pode ir despreocupada que ficarei bem. — digo sorrindo.

— Eu sei que sim só não gosto de te deixar sozinha.

— Mas não estou sozinha, para além disso também farei aniversário de
vinte e dois anos daqui a algumas semanas, assim podemos comemorar
juntas. — ela aplaude visivelmente feliz.

— Fica bem. — me dá um beijo na bochecha e sai correndo porque está


atrasada.

Depois do jantar uma das enfermeiras traz meus remédios, tomo a


contragosto porque não posso contestar. Ela me ajuda a me arrumar para
dormir e vai embora. Por tomar esse remédio a quase cinco anos o efeito já
não é tão imediato, mas no princípio bastava tomar eles que eu apagava.

De repente sinto um aperto no peito que me impede de dormir, me reviro


na cama. Suspiro e tento me acalmar, fecho os olhos e de repente oiço a porta
ser aberta e imediatamente fechada. Ela voltou tão rápido.

— Que bom que você voltou, não estou conseguindo dormir. — falo me
virando na direção da porta, mas o que vejo quase me faz desmaiar de tanto
susto. — O-o que você está fazendo aqui?

— O que te falei docinho, quero provar você. — ele diz se aproximando da


minha cama, enquanto eu também vou me afastando até encostar na cabeceira
da cama. — delícia, hoje você não me escapa. A sua querida protetora não
está aqui hoje.

— Por favor vai embora — já Sinto as lágrimas quentes descendo por meu
rosto como cascatas.

Ele se senta na minha cama e fica me encarando por um tempo em


silêncio, eu também não falo mais nada, as palavras não saem. Sua mão se
dirige ao seu bolso e dele sai uma seringa com um conteúdo dentro, sorrateira
saio da cama e no momento que ia alcançar a maçaneta sinto meu corpo ser
puxado para o chão gelado do quarto pela perna esquerda. O que me faz
gemer de dor por que na queda eu machuquei o cotovelo.

— Aonde pensa que vai? Eu já disse que hoje você será minha, ninguém
vai te ajudar. — o vejo abrir a tampa da seringa e levá-la em direção ao meu
pescoço, tento me debater mas ele me prende com seu corpo pesado e sua
mão cobre minha boca para que eu não grite. — calma, esse remedinho a
deixará bem mais relaxada para mim.

Depois de sentir a picada no pescoço, meu corpo enfraquece


imediatamente, meus músculos, tanto inferiores como superiores não me
obedecem, minha boca fica seca e me sinto como se estivesse flutuando.

É possível ver tudo o que acontece a minha volta mas difícil é reagir, meu
corpo é levantado de forma urgente até a cama. É possível ver o enfermeiro
se despindo e isso me faz soltar uns grunhidos, engulo em seco e espero até
que o sinto em cima de mim cheirando meus cabelo e beijando meu pescoço.
— Você é tão linda docinho, hoje vamos nos divertir tanto. — sinto sua
mão penetrar o interior da minha camisa de dormir de qua faz conjunto com a
calça moletom e apertar meus seios de forma brusca. — senti tanta vontade
de aperta-los desde que cheguei aqui. Agora vamos sentir o que você tanto
esconde em baixo dessa calça.

Choro silenciosamente o suplicando com o olhar para que não fizesse isso.
Sua mão segura o elástico da calça, mas de repente ele fica imóvel me
encarando de um jeito estranho e no mesmo momento sinto um líquido
quente, viscoso e vermelho respigando em meu rosto, isso é sangue. Acordo
pra realidade quando sinto o corpo do enfermeiro desabar sobre mim. Antes
que eu pudesse reclamar do peso seu corpo é afastado e jogado no chão.

O que rouba minha atenção a partir desde momento é a figura alta, imponte
e de olhos azuis que não para de me encarar, seus olhos de tão azuis que são
eles reluzem na escuridão do quarto. Ele se aproxima de mim carrega meu
corpo em seus braços e antes que cruzasse a porta do quarto ordenou aos
homens que eu nem tinha notado ainda.

— Livrem-se do corpo. — isso me faz chegar a conclusão de que o homem


que me carrega em seus braços fortes é um assassino. Eu escapei de um
estupro e fui parar nos braços de um assassino? É tudo o que eu consigo
pensar antes de apagar.
Depois de pouco mais de duas semanas hoje finalmente é o dia da festa do
meu noivado, fui informado que todos os convidados já estão presentes, a
festa se realizará nos jardins da fortaleza. É aqui onde eu e minha futura
esposa iremos morar por um tempo até a outra casa estar concluída. Desço a
escadas em direção a sala de estar e resolvo esperar pela Emanuelle aqui
mesmo. Sirvo um copo de whisky e me sento em dos sofás, para verificar
algumas coisas no notebook sobre a viagem que fiz para França, de certa
forma os negócios saíram melhor do que eu pensava.

Os franceses acharam mesmo que podiam passar a perna num italiano? Até
onde sei quem tem a mania de trapacear são os russos. Mas provei para
aqueles malleditos que não se engana o capo da 'Ndrangheta. Eles estavam
vendendo a minha droga em lugares onde não foram combinados e para
piorar estavam entregando as minhas rotas de transporte aos japoneses.
No final tudo ficou resolvido e como bônus tive noites magníficas de sexo
intenso com a Antonelli, no princípio ela até relutou vir comigo porque
segundo ela a ofendi quando escolhi a irmã insignificante dela como noiva.
No fim a batalha dela em me querer só para ela foi mas forte e por isso
tivemos noites da mais extrema paixão. Passamos mas uns dias em Paris
porque eu tinha que resolver outros assuntos relacionados a minha rede de
hotéis, não é porque sou mafioso que não posso ter negócios legais que me
deem receitas limpas.

Com tudo o que tinha pra resolver solucionado voltamos para Itália, mal
coloquei os pés na Calábria e fui informado que Gonzales Rules tentou fugir.
Ele era um jornalista que viveu nos investigando a anos, eu esperei ele
recolher todas informações possíveis da nossa organização e quando vi que já
estava indo longe demais mandei o prenderem na ala proibida da casa de
repouso.

Mas a semanas ele se fez de arteiro e quase fugiu, meus homens foram
mais rápidos o acharam e o neutralizaram, vi as gravações e vi o momento
que ele tocou no que me pertence naquele momento eu decide que ele tinha
que morrer, ninguém toca na escolhida do capo e fica por isso mesmo.

E foi isso que eu fiz no dia que me dirige a casa de repouso, decidi eu
mesmo dar o tiro certeiro que ceifou sua vida. Mas como já estava lá
aproveitei e fui para sala de monitoramento das câmaras de segurança,
precisava matar as saudades da minha bonequinha. Mas assim que liguei a
câmara do quarto dela uma cena me deixou possesso. Vi um maldito figlio di
puttana entrar sorrateiro no quarto dela, no mesmo instante saí daquela sala
com o desejo de matança expelindo por meus poros eu só conseguia ver
sangue naquele momento.

Sem esperar arrombei a porta com o pé e antes que ele reagisse depois de
perceber o ocorrido peguei a arama de um de meus soldados mirei nas costas
do desgraçado e atirei duas vezes e último foi direto para o meio de sua
cabeça, eu não ia sujar minhas mãos torturando um lixo desses. Me
aproximei antes que seu corpo esmagasse o corpinho da Emanuelle e o joguei
longe, ela estava cheia do sangue dele no rosto, ela estava tão assustada que
me olhou com medo e desespero.

A peguei no colo e vi seus protestos pelo olhar, ela estava com medo de
mim provavelmente por eu ter atirado naquele lixo, quando ela desmaiou a
levei imediatamente para o hospital da mafia porquê não sabia o que haviam
injetado nela, durante todo o caminho eu não tirei os olhos dela, não sei
porquê mais essa menina desperta em mim os piores demônios que guardo.
Ela instiga o meu subconsciente a trazer para fora o extremo da minha
crueldade, isso é bom mas só não sei até que ponto.

Assim que chegamos no hospital a deixei sob o cuidado do tio e falei para
ele que ela não voltaria mais para a casa de repouso. Já estava na hora dela
sair daquele lugar afinal de contas nos casaríamos em pouco tempo.

Meu celular tira minha atenção quando começa a tocar, olho o visor e vejo
que é Emiliano que está ligando.

— Fala Emiliano!

— Só queria avisar que sua noiva e sua família acabam de chegar. —


informa. Antes de sair eu preciso esclarecer para minha querida noiva como
irão funcionar as coisas a partir do momento em que se tornar minha esposa.

— Peça que alguém a acompanhe até meu escritório, me encontrarei com


ela lá.

Bloqueio e termino meu whisky antes de sair da sala de estar em direção


ao meu escritório. Olho pela janela do comodo e vejo que realmente todos os
convidados já estavam presentes no jardim. É possível sentir a presença dela
bem atrás de mim, ela não pediu licença antes de entrar, parece que o
processo de reeducação dela será bem doloroso, pelo menos para ela.

— Ninguém te ensinou que antes de entrar em algum lugar que esteja


alguém se deve pedir licença primeiro? Não é porque a porta estava aberta
que você foi convidado para entrar. — o silêncio perdura, é possível ouvir
sua respiração pesada de onde estou. Decido me virar para encara-la.

Ela está parada no batente da porta visivelmente nervosa, ela está linda,
parece até uma bambola, na verdade ela não parece porque ela é. Diferente
das mulheres que me seduzem com vestidos justos decotados e ousados, ela
veste um vestido lindo que a deixa ainda mais jovial, seu rosto está
visivelmente corado.

— Des-culpa capo. — fala com a voz bem baixa. Mando-a entrar e fechar
a porta. Ela permanece parada encostada na porta. Olho para seus lindos
claros olhos que sempre me deixaram extasiado, quando ela percebe que está
sendo observada ela baixa a cabeça, isso é o que eu mais gosto nela.

— Seu tio te falou sobre o casamento certo? — ela assente — pois então
sente-se iremos conversar sobre algumas regras que uma boa esposa deve
seguir. — a passos temerosos ela se aproxima de umas das poltronas e senta.
A olho minuciosamente enquanto ela viaja em seus próprios pensamentos,
esses cincos anos que se passaram foram muito generosos com ela. Está mais
bonita, seu corpo também ganhou algumas curvas extremamente visíveis,
diferente da irmã que tem uma estatura magérrima, Emanuelle tem o típico
corpo de uma italiana, ou seja, bem suculenta, sinto meus pau enrijecido só
de imaginar ela nua só para mim.

Tento acalmar meu pau para poder me aproximar dela, assim que ele
aquieta levanto da cadeira e vou em direção dela, sua respiração começa a
ficar ofegante e a vejo cruzar os dedos freneticamente, sinal de nervosismo.

— Você tem medo de mim bombala? — continua quietinha como se não


tivesse me ouvindo parece que ter ficado naquele lugar por tanto tempo
deixou ela bem lerda. — Fiz uma pergunta, quando eu pergunto algo eu
sempre espero um resposta.

— Eu-eu tenho. — confessa toda trémula.

— Bom! Gostei de sua sinceridade. Sabe qual o único jeito de não sentir
medo de mim? — ela nega — me obedecendo assiduamente. Só assim eu
fico bonzinho, mas quando me aborrecem eu viro um monstro, lembra o que
eu fiz com o enfermeiro tarado?

— Si-im — ela solta um soluço de tanto que tenta segurar o choro.

— É aquilo que faço com as pessoas que me aborrecem. — aspiro o doce


cheiro de seu perfume. — Vem! Vamos anunciar a máfia sobre nosso
casamento.

Ela levanta da cadeira e temerosa segura na minha mão que se encontra


estendida para ela. Saímos pelas porta dos fundos que dá acesso direto ao
jardim, e assim que colocamos os pés no mesmo todos notam a nossa
presença e então se dá início a festa.

Duas semanas depois

As cerimônias civil e religiosa do casamento decorreram sem sobressaltos,


obviamente que me casei de novo no religioso afinal de contas eu sou viúvo e
também na máfia é sagrado que o casamento seja realizado lá, é uma questão
de princípios, sem dúvidas minha bonequinha era a mais linda das mulheres
no salão de festas. Quando a vi entrar no altar percebi o quanto ela estava
nervosa e tenho certeza que ela quase sairia fugindo se não fosse o tio que a
segurou e falou alguma coisa para ela que a fez desistir desse absurdo.

O salão está animadamente movimentado pelas pessoas que rodopiam pelo


mesmo ora dançando ora conversando. Minha linda esposa está sentada do
meu lado acompanhando a minha conversa sobre negócios com alguns sócios
da máfia, eu não ia perder meu tempo dançando com ela no meio do salão, há
coisas mais importantes que necessitam da minha atenção.

Minha irmã casula se aproxima e fala alguma coisa no ouvido dela, ela
sorri fraco e me encara, é a primeira vez que a vejo sorrir, assim que ela
percebe que também a estou olhando ela desvia os olhos em direção aos
casais que estão dançando no centro do salão.

Cansado de toda aquela merda me despedi e saí com ela a arrastando pelo
braço até o estacionamento. Ela pedia para se despedir de seu tio, eu não dei
atenção, de longe era possível ver Ettore me encarando com a mais profunda
raiva, mas ele não pode fazer nada, agora ela é minha prioridade. Meus Paços
são tão firmes e largos que não consegue me acompanhar e ela está andando
toda embolado, quando chegamos no carro a coloco sentada no banco de trás
e mando o motorista arrancar o carro em direção a mansão.

Assim que o carro estaciona em frente a casa nem espero pelo motorista
para que abra aporta, abro a porta e sobre seus protestos seguro seu braço
com força e vou a puxando para o interior da casa, com certeza ficará uma
marca bem visível nele, não me importo ela é minha e posso fazer o que
quiser com ela, assim que chegamos na ponta da escada é possível ver seu
rosto vermelho e seus olhos brilhantes, provavelmente tentando conter o
choro.

A deixo parada no centro do quarto, me sirvo uma taça de conhaque


enquanto ela permanece paradinha sem saber o que fazer, tomara que a
tenham contado o que acontece numa noite de núpcias, porque ela é tão
atrasada que nem deve saber como agradar um homem, mas isso é bom assim
posso a lapidar de acordo com as minhas vontades. Me posiciono atrás de seu
corpo trémulo, e a euforia que meu corpo mostra ao sentir seu doce perfume
faz meu pau ficar tão duro que é necessário abrir o zíper da calça.

Sem esperar começo a desabotoar seu vestido, é possível ouvir os soluços


contidos em sua garganta. Quando a batalha de abrir seu vestido finda, o
deslizo sobre seus pés. Me afasto um pouco para apreciar seu lindo corpo
onde com certeza vou me perder por noites e dias, ela usa uma linda langerie
de cor branca que a deixa ainda mais meiga, a calcinha encaixou tão bem
naquele grande traseiro, vou ser muito feliz comendo aquele rabo grande.
Seus seios firmes estão cobertos por um sutiã não tão ousado mas a excitação
que sinto em vê-la assim faz parecer que ele é o mais sexy do mundo. Ela é
perfeita.

Volto a me posicionar atrás dela e a enconcho para que sinta o quão estou
duro por ela. É tanta água na boca que levo minha duas mãos e aperto com
firmeza seus lindos peitos, nunca gostei de virgens mas essa com certeza eu
vou amar.

— Vamos começar a nossa noite de núpcias piccola bambola.


(Bonequinha)
Porquê que quando queremos muito que uma coisa não aconteça o tempo
passa rápido? é nesse dilema que estou me deparando, faltam só alguns dias
para o meu casamento. Quando eu estava na casa de repouso rezava
insensitivamente para que o tempo passasse rápido para que eu pudesse ir
embora, isso literalmente não aconteceu. Á duas semanas estou pedindo a
Deus para que esse tempo até o casamento se transformem em anos, o que
também não aconteceu.

Sempre achei que depois de sair da clínica eu teria minha vida de volta
achei que eu poderia fazer minhas próprias escolhas, achei que poderia
começar a viver de verdade sem privações. Mas nada disso irá acontecer,
primeiro porque irei me casar com um homem muito cruel que minha tia e
minha irmã fizeram questão de me aterrorizar com uma longa lista de tudo o
que ele é capaz de fazer, outra razão que me faz ter a certeza que não terei
minha vida é o fato de todos acharem que eu estou doente. Mas eu não sinto
que seja doente.

Todas as noites eu choro por receber o desprezo da minha irmã, ela me


odeia tanto, que ontem quase me deu um tapa de tão furiosa que estava
comigo, se não fosse por Ettore que segurou seu braço eu estaria agora
mesmo com a evidência marcada em meu rosto. Tenho vivido tão
atormentada e angustiada que para dormir tenho tomado os comprimidos que
eu tanto odiava na clínica, a consequência disso é que tenho dormido por
longas horas e quando acordo não sinto disposição nenhuma, nem mesmo
para pintar ou desenhar, que é o que eu tanto amo fazer.

Olho o vestido que está sobre a cama, em outros tempo eu ia ficar feliz de
colocar um vestido desses, porque já fazia muito tempo que não colocava um,
mas esse vestido só me faz lembrar que hoje serei apresentada como a noiva
do líder da máfia.

O vestido em si é lindo, ele é azul-escuro com uma estampa de flores da


cor dourada com brilho. Sem dúvidas é o vestido mais bonito que já vi.

As vezes me pego pensando como será minha vida depois de casada, ou se


teremos filhos e se tivermos quantos teremos. A constatação de que terei
intimidades com um homem me deixa ruborizada, eu já sei que pessoas
casadas tem relações e através delas são concebidos os filhos, antes de ser
internada eu tive aula de biologia e também de educação moral e sexual.
Então sei mais ou menos o que acontece entre um casal.

Fico comtemplando o pôr do sol pela janela do meu quarto, tenho medo de
sair e me esbarrar com a tia Graziela, meu tio disse para ficar a vontade na
casa mas não tenho tanta coragem assim, por isso não saio daqui por nada.
Resolvo começar a me preparar porque a maquiadora a cabeleireira vão
chegar daqui a alguns instantes.
Passei um pouco mais de duas horas conversando e rindo com as
profissionais de beleza que estavam penteando meu cabelo, pintando minhas
unhas e me maquinado. No final eu gostei de ver a Emanuelle que estava
refletida no espelho, ela estava linda como nunca esteve antes.

Enquanto caminho pelos corredores que dão acesso ás escadas no meio do


caminho me encontro com a Antonelli, ela está muito linda, o vestido dela é
magnífico.

— Boa noite Antonelli! Você está linda irmã — elogio com um sorriso no
rosto.

— Não posso dizer o mesmo de você não é mesmo? Pelo amor de Deus
Emanuelle, você vai ao seu noivado e não a uma festa infantil. Nem sei
porquê ainda estou aqui perdendo meu tempo. — quando ela ia dar meia
volta tomo coragem e a pergunto:

— O que eu te fiz? Ou o que eu fiz de errado para você me tratar assim?


Eu sou sua irmã e você me trata como uma desconhecida, você me olha como
se eu fosse uma leprosa e contagiosa e fica me insultando o tempo todo
porque esse homem me escolheu. Eu não tenho culpa disso. — pela primeira
vez vejo que minhas palavras a deixaram abalada — eu passei cinco anos da
minha vida parada no tempo Antonelli, vivi confinada e passei coisas
horríveis naquele lugar até me acostumar e em nenhuma vez você foi me ver.
Eu achei que depois de sair nós duas ficaríamos unidas do jeito que eu
imagino que nossos pais iam nos querer. Mas me enganei você está amarga e
soberba. Eu só queria que tivéssemos um tempo só para nós duas antes desse
casamento acontecer mas estou vendo que não vai acontecer. — sem esperar
por alguma reação passo por ela e começo a descer as escadas.
— Emanuelle espe... — não dou atenção, eu cansei de tudo isso. Lá em
baixo encontro todos já prontos até a Donna que voltou a alguns dias de
Roma, ela estuda lá.

— Está pronta querida! — meu tio pergunta.

— Sim tio podemos ir. — quando chegamos na gigantesca mansão que


agora entendo porquê que chamam de Fortaleza dos Ferrari nós somos
recepcionados pela mãe do meu futuro marido que também parece não ter
gostado de mim, porque não fez questão nenhuma de perguntar como eu
estava.

Recebi a informação de que o capo queria conversar comigo no interior da


casa antes de nos juntarmos a festa, que por sinal está muito bonita,
evidenciando classe e elegância do organizador. Caminho acompanhada pela
governanta que me levará ao escritório dele, enquanto isso aprecio as
numerosas obras de arte de pintores conhecidos mundialmente, estou falando
de Pablo Picasso e Leonardo da Vinci que são o maior orgulho do sangue
italiano. Não sou nenhuma perita em pinturas clássicas mas tenho certeza que
esses quadros são autênticos e sua pintura data mais de duzentos anos.

Assim que entrei no escritório já fui insultada por entrar sem bater a porta,
quando aquele par de olhos azuis me encarou friamente sem exprimir
nenhum sentimento o medo que havia esquecido sentir voltou com tudo me
deixando trémula e nervosa, eu fazia de tudo para segurar o choro porque ele
estava me ameaçando. Suas palavras me abalaram de tal forma que eu aceitei
e prometi fazer de tudo para não Aborrecê-lo ou decepcionado.
Andar nunca foi uma missão tão difícil como está sendo agora, eu mal
consigo me mexer, sinto que meus pés estão vincados no chão da catedral e
que a gravidade da terra não está mais normal pois sinto meu corpo mais
pesado de tal forma que a respiração está acontecendo com dificuldade. No
final do tapete vermelho vejo o homem que se diz meu futuro marido me
encarando com a cara de quem está dizendo que se eu fizer alguma besteira
sofrerei as consequências, foi assim que ele falou comigo no dia do noivado.

Os bancos da igreja estão preenchidos por pessoas elegantes que aguardam


a minha entrada, a banda nupcial começa a tocar fazendo meu coração bater á
mesma frequência que os teclados do piano estão sendo tocados na nota
maior de Dó.

Sinto a mão áspero de meu tio me tocar, uma maneira dele de dizer que
estará comigo. Mas a confiança que meu tio me transmitiu se esvaiu no
momento em que vi aqueles olhos outra vez e dessa vez ainda mais frios e
cruéis. E involuntariamente meu pé esquerdo recuou.

— Fica calma querida! Prometo que mesmo de longe eu vou cuidar de


você — tio Dante sussurra em meu ouvido. Assinto e então começamos a
caminhar rumo ao meu futuro marido. A partir daí eu tive a certeza que já
estava entregue a um homem tão implacável.

A festa do casamento decorreu em um salão do hotel, para uma noiva feliz


sem dúvidas seria o dia mais feliz de sua vida porque estava tudo perfeito. Eu
mal interagia com as pessoas, de longe vi Antonelli sentada com duas
mulheres visivelmente bonitas, uma morena e outra loira e magra que me
encara de um jeito assustador.

Eu não me sinto a vontade nesse lugar. Eu queria tanto que a Melina


estivesse aqui, a doutora Susan é a única que vi aqui. Porquê não chamaram
ela também, afinal o casamento não é para ser comemorado com as pessoas
que mais amamos?

Quando a festa ainda estava no seu auge eu fui arrastada até o carro sem se
quer me despedir da minha família.

….

Não existem palavras nesse mundo capazes de expressar o que estou


sentido nesse momento. Medo, desespero, angustia, tudo misturado. O frio
cortante que atravessa a janela aberta do quarto vai de encontro com meu
corpo semi nu me fazendo estremecer e sentir um calafrio até nas entranhas.

Ele dá uma volta sobre meu corpo o analisando de forma intensa, ele
começa a tocar partes minhas que nunca ninguém tocou, eu acho que vou
explodir de tanto que estou tentado segurar o choro, nada me preparou para
esse dia.

— Vamos começar a nossa noite de núpcias piccola bambola.


(Bonequinha).

Solto um soluço quando sinto meu corpo ser jogado de qualquer jeito sobre
a cama, meu pé puxado até a borda da mesma, mas eu me debato fazendo o
resquício de calmaria que ele tinha ir embora, mas o que aconteceu a seguir
me deixou literalmente em choque, o tapa chegou tão forte que me deixou
desnorteada.

Trémula dirijo a mão esquerda até a bochecha que recebeu a bofetada e


sinto essa região borbulhando por dentro provavelmente é o inchaço se
formando.

— Por favor não... — recebo mais um tapa do outro lado do rosto me


fazendo chorar ainda mais.

— Já disse que não é uma palavra que não deve sair da sua boca!
Entendeu? — Assinto, vejo ele trancar a porta de camisa já desabotoada —
levanta e tira a lingerie quero ver você toda pelada bonequinha.
— Anda, faça o que eu mandei. Seu rosto pode ficar ainda pior do que já
está se não me obedecer, e eu adoro castigar meninas desobedientes. — ele
não parece estar brincado. Sinto a região em volta do olho começar a inchar,
e está doendo tanto. Ele se encontra sentado em uma poltrona de frente para
cama, é possível ver seus olhos em meu corpo, sua satisfação em me ver
assustada e com medo é bem notável. — FAZ O QUE EU MANDEI
PORRA! — grita me assustando e por causa disso eu quase caio da cama, só
o fato dele me ver assim de langerie é vergonhoso para mim, imagina me ver
nua. Por isso não vou me mexer até ele desistir. — Tudo bem, vamos fazer
isso do meu jeito então.

Ele se levanta e tira a camisa que já se encontrava aberta, meu corpo todo
treme quando o vejo tirando o cinto da calça e o jogar longe fazendo um
barulho titilante ao entrar em contato com o piso brilhante do quarto. Antes
que eu pudesse protestar meu corpo é puxado da cama e colocado parado de
forma bruta ao lado da cama. Eu queria tentar limpar as lágrimas mas a dor
que senti quando minha mão entrou em contato com pele de bochecha me fez
desistir.

É possível ver seus olhos brilhando quando ele de forma silenciosa tira um
punhal bem afiado de uma das gavetas do criado mudo, engulo em seco e
sinto minhas lágrimas escorrendo pelo meu pescoço descendo até o vão entre
meus seios. Ele vai me matar. O metal gelado e brilhante passa por minha
bochecha e vai descendo bem devagar até ao queixo e depois até a garganta,
meu coração dá um pulo e é possível sentir todo meu corpo aumentando a
temperatura.

— Por-por favor — suplico sentido a ponta fina do objeto pressionar


minha pele do pescoço — não me-me mata.

— Claro que não bambola, não vou te matar, não ainda. Afinal de contas
temos uma longa noite de núpcias para aproveitar ainda. — sem demoras
aquele objetos corta as alças do meu sutiã o fazendo cair sobre meu pés, levo
minhas mãos para tapar meus seios que estão a mostra, o que não adiantou
muito porque eles são grandes. — tira a mão! — não consigo. — Já tive
muita paciência contigo, hoje você vai aprender que aqui se faz o que eu
mando ou por bem ou por mal.

Ele me segura pelo cabelo e me atira na cama com brutalidade, sobe


encima de mim e dá consecutivos tapas em meu rosto, eu quase não consigo
respirar, e meus olhos estão vendo tudo turvo. Depois de um tempo o vi
tirando a cueca e sem nenhum esforço rasgou minha calcinha.

Olho para o lado porque não o quero ver nu e muito menos quero
presenciar o momento que ele irá terminar de destruir a minha vida. Sinto seu
corpo pesado se deitar sobre mim e uma de suas mãos abre minhas pernas me
deixando completamente exposta, não vou tentar o impedir senão será pior
para mim.

— Sua pele é tão macia! Do jeito que eu sempre imaginei. — suas mão
esmagam meus seios enquanto sua boa me obriga a corresponder seu beijo
urgente. Nunca imaginei que meu primeiro beijo seria assim. Eu sempre
sonhei que o meu primeiro beijo seria com um homem que eu amasse. Tento
viajar para longe e sair da realidade, isso é bom quando me sinto triste — não
ouse levar sua mente para o inconsciente, quero que me sinta todo dentro de
você — diz puxando meu cabelo.

Sem demora segurou seu membro e sem pedir nem tomar cuidado me
penetrou fazendo todo meu corpo se tencionar e da minha garganta sair um
grito tão alto que foi necessário ele colocar a mão na minha boca para abafa-
lo. Deus isso dói tanto, é como se meu corpo tivesse sido quebrado em dois,
nunca na minha vida havia sentido algo tão doloroso quanto isso. Já é
possível ouvir seus gemidos de prazer ecoarem pelo quarto junto com a
brutalidade com que seu corpo bate no meu nos movimentos de vai e vem
que ele está fazendo.

Não tenho mais lágrimas para chorar, muito menos voz para gritar porque
minha boca e garganta estão secas, mal sinto o meu próprio corpo. Se Melina
me avisasse que é assim que eu viveria depois de sair daquele lugar eu nunca
teria almejado sair de lá.

— Como você é apertada bonequinha! Vou me divertir tanto fodendo essa


boceta. — diz aumentado os movimentos de seu corpo. — Você é minha, e
nunca sairá do meu lado, eu sou seu dono, sou dono dos seus pensamentos,
da sua respiração e até da sua vida.

Não tem nada melhor do que ficar no estado de estupor para se desviar da
vida cruel que se tem. Não sei em que momento eu dormi mas lembro que
quando fechei os olhos por não aguentar mais ele ainda estava encima de
mim me xingando e falando outras coisas de cunho ofensivo.

Mas devo ter dormindo por muito tempo, meu corpo está reclamando por
isso. Respiro fundo e temerosamente abro os olhos com medo de encontrá-lo
no quarto. Mas para o meu alívio o cómodo está vazio a não ser por minha
presença, não levanto de imediato porque sei que não conseguirei.

Ontem quando fui arrastada até esse quarto não pude reparar nos detalhes.
Começando com os lençóis da cama, eles são da cor verde-escuro, assim
como as cortinas enormes que nesse momento pendem fechadas nas janelas,
o quarto é tão sombrio que não restam dúvidas a quem ele pertence. Me
arrasto até a beirada da cama e puxo um lençol junto pra poder tapar minha
nudez.

Faço uma contagem rápida até dez e finalmente consigo me levantar, com
dificuldade consigo ficar parada, olho para cama e vejo uma mancha escura
grande e tenho certeza que aquilo é meu sangue, puxo o lençol e o levo
comigo para a porta que parece ser a porta do banheiro, assim que entro o
cheiro de seu perfume me recebe, ele não está aqui mais isso me faz imaginar
que mesmo fora daqui está me observando.

Entro no gigante box e começo a me banhar, diferente da casa de repouso


aqui tudo é lindo e elegante, eu já estava acostumada a viver de coisas
simples, lavo meu corpo com cuidado porque dói cada canto dele,
principalmente o rosto e minha intimidade. Depois do banho pego uma toalha
e enrolo no corpo, caminho até a pia para escovar os dentes, mas o que vejo
no espelho me choca, meu rosto está tão inchado que daqui a pouco vai se
tornar impossível ver meus próprios olhos. Meus lábios superior tem um
corte profundo. Minha pele passou de pálida para avermelhada com manchas
ainda mais vermelhas e roxas.

Saio do banheiro horrorizada comigo mesma, eu estou parecendo um


monstro, mal consegui me reconhecer. Ninguém pode me ver assim. Bem
depressa entro no closet visto um conjunto de moletom sem calcinha assim
como ele mandou. Não vou dar mas motivos para ele me machucar. Depois
de me vestir caminho até as pesadas cortinas para controlar o dia.

Assim que abro um dos lados me surpreendo ao ver que o dia já está se
pondo, eu dormi tanto assim? O girar da maçaneta tira minha atenção me
fazendo olhar para a porta, vejo uma mulher pequena e morena de olhos
pretos, corro até ela e a abraço bem forte, tão forte que fico com medo de
solta-la e acordar do sonho. Minha mãezinha.
Choro quando ela faz aquele carinho que ela costumava fazer quando me
punha para dormir, e isso me mata por dentro porque sei que esses carinhos
não serão mais frequentes.

— Oh minha menina! O que aquele doente fez com você? — abaixo a


cabeça, não consigo a encarar de tanta vergonha que estou sentido. Ela deve
imaginar o que ele fez comigo durante toda a noite.

— Não quero falar sobre isso Melina. Me deixa triste, esquece isso,
ninguém pode fazer nada. — vejo tristeza em seus olhos. — Porquê não foi
para meu casamento? Te procurei tanto.
— Não podia querida! Primeiro porque não fui convidada e segundo eu
não estou mais morando na Calábria.

— O quê? mas como? Você disse que ficaria sempre ao meu lado, não vai
embora por favor. Não me deixa.

— Queria tanto te levar comigo, mas eu não posso, antes que eu


atravessasse a porta deste quarto seu marido me daria um tiro — ela tem
razão, eu nunca arriscaria a vida de ninguém por minha causa. — ouvi dizer
que você está trancada nesse quarto desde ontem e ainda não comeu nada
querida. Olha eu trouxe tudo que você mais gosta.

Mesmo depois de tudo o que passei ontem eu consegui esquecer, e me


focar na conversa descontraída e na comida que estávamos comendo. Melina
é mesmo demais. Ela me trouxe aquarelas com infinitas cores, trouxe muitas
tintas também. Segundo ela é para que eu pinte até a próxima vez que ela
vier. Ela agora vai trabalhar em Roma, quando criança eu ia muito para lá
visitar meus avós, é uma cidade linda e com muita história.

Eu e Melina conversamos tanto que nem percebi que já tinha anoitecido.


Me despedi dela sem sair do quarto e voltei para me deitar.

Não sei por quanto tempo eu dormi mas de repente escutei alguém me
chamando, quando abro os olhos vejo uma mulher vestida formalmente.

— Senhora, o capo solicita a sua presença na sala de jantar em dez


minutos, o jantar já será servido.

— Quem é você?

— A governanta da mansão senhora, se não quiser se atrasar para o jantar


sugiro que se arrume o capo e a dona Elisa não suportam atrasos durante as
refeições. — fala toda robótica e sai do quarto do mesmo jeito que entrou no
quarto, em silêncio.

Me apreço a tomar um banho e me vestir decentemente com um dos


numerosos vestidos que se encontram no meu closet. Após Isso chega a hora
de dar um jeito na minha cara, não posso descer assim. Mas o que eu vou
fazer? Não sei fazer maquiagem. Decido descer assim mesmo afinal de
contas não tenho culpa de estar casada com um agressor de mulheres.

Ninguém me disse qual caminho devo seguir até chegar a sala de jantar,
por isso fiquei dando voltas até escutar barulho de pessoas conversando,
segui as vozes e quando vi já estava dentro de uma cozinha que está repleta
de funcionários devidamente uniformizados.

— Boa noite! Alguém sabe onde fica a sala de jantar? — todos me olham
com espanto e outros com pena, não consigo fixar meu olhar em ninguém de
tanta vergonha.

— Vem querida eu te ajudo! — diz uma mulher ruiva muito bonita. —


vamos para meu quarto que eu te ajudarei a se arrumar antes de ir jantar. —
Quem é essa mulher? Ela me parece bem familiar.
Eu e aquela mulher desconhecida caminhamos em silêncio pelos
corredores que levam aos quartos do funcionários, eu ainda estou confusa
pelo fato de uma mulher que não conheço querer me ajudar e também me
transparecer tanta confiança. Ela abre uma porta de madeira e pede que eu
entre, assim o faço. O quarto é simples mas bem aconchegante, denunciando
o quanto ela tem bom gosto, pois os adornos dispersos demonstram pujança e
grande valor monetário.

— Venha querida! Sente-se aqui. — me aproximo e me sento em uma


cadeira disposta em frente a uma escrivaninha que está repleta de produtos de
beleza. São tantos produtos que não sei nem para quê alguns servem.

— A senhora é maquiadora? — ela gargalha me deixando sem jeito.

— Já fui um dia. Mas o que eu realmente amo fazer é cozinhar. Eu sou a


cozinheira chef da fortaleza dos Ferrari. — ela começa a fazer uma mistura
em uns produtos enquanto olha para minha pele.

— Porquê está me ajudando?


— Primeiro porque a esposa de um capo não deve aparecer em um jantar
desse jeito e segundo porque você é a filha da minha melhor amiga. — agora
eu entendo a razão dela parecer tão familiar.

— Você-você conheceu minha mãe?

— Eu e Valentina nos conhecemos desde crianças, mas os acasos da vida


nos separaram, mas nos reencontramos e naquela época você e sua irmã já
eram jovenzinhas. — sorrio ao lembrar o quanto a mamãe era querida por
todos.

— Eu sinto tantas saudades dos meus país — meu olhos já estão


marejados. É assim toda vez que lembro deles.

— Oh querida não chore, se não vai estragar a maquiagem e também sua


mãe não ficaria nada feliz em ver você triste e chorando — o que eu acho
impossível vivendo nessa casa — você tem uma irmã que com certeza te ama
e te apoiará incondicionalmente.

— A Antonelli não liga muito para mim. Ela já é uma mulher vivida, tenho
a mesma idade dela mas eu ao lado dela pareço uma adolescente — confesso,
então ela decide mudar de assunto porque não quer me ver mais triste.

Eu e a Violetta conversamos por mais um tempo enquanto ela terminava


de esconder os hematomas no meu rosto. Quando ela terminou eu gostei do
resultado apesar de uma e outra mancha estar visível, mas estou melhor que
no princípio. Por sentir medo do meu marido por causa do atraso pedi que ela
me acompanhasse até a sala de jantar, assim que entramos percebo que já
estão jantando, engulo em seco, na mesa estão presentes meu marido, o irmão
e minha sogra. Assim que o capo nota minha presença me fuzila com os
olhos de tal maneira que sinto minhas pernas ficarem bambas.

— Desculpem o atraso é que a senhora Ferrari não estava se sentindo bem,


então fui ajudá-la — parece que ninguém dá atenção ao que ela diz. — Venha
querida, sente-se aqui — ela me indica a primeira cadeira do lado esquerdo,
bem do lado dele.

Me sento e então uma das copeiras traz meu prato, assim que comecei a
comer todos voltaram a conversa que estavam tendo antes da minha chegada.
Está tudo muito bom, realmente a Violetta cozinha muito bem, lá na casa de
repouso as comidas não eram tão elaboradas assim. Quando terminamos a
sobremesa foi servida, o que eu adorei era bolo de chocolate com cobertura
de sorvete de baunilha.

Assim que terminamos eu não sabia o que fazer, se continuava sentada ou


para o quarto, se pelo menos a Alessandra estivesse aqui nós podíamos
conversar, ela é a única que percebo que tem vontade de conversar comigo.

— Então Emanuelle como se sente? — saio dos meus desvaneios com a


pergunta da minha sogra.

— Bem! — falo baixo.

— Seu rosto está horrível, não podia dar um jeito nele? — meu cunhado a
repreende com o olhar mas ela não liga.

Fiquei acompanhando a conversa deles até que comecei a bocejar sentada


no sofá, tento manter meus olhos abertos mas está impossível. Peço
permissão para me retirar e ela me é concedida.
Assim que chego no quarto limpo toda a maquiagem, para dormir mais a
vontade coloco um conjunto de seda. O sono é tanto que não pensei duas
vezes e me atirei na cama.

É possível ouvir o farfalhar das roupas, mesmo grogue pelo sono é possível
sentir a cama afundar. E isso me faz abrir os olhos imediatamente porque
lembrei que agora eu divido a cama com alguém.

— Por favor não senhor capo — peço tentando me levantar, mas meu
corpo é deitado de forma bruta de volta a cama.

— É Enrico! Você deve me chamar de Enrico sou seu marido — recebo


um grande tapa — O que eu disse sobre dizer não ao seu marido hum? — já é
possível sentir as lágrimas escorrendo insensitivamente.

— Des...culpa Enrico — peço toda chorosa.


Ele deita em cima de mim e começa a beijar toda a extensão do meu
pescoço com volúpia, tento arranha-lo e recebo um tapa bem forte que me faz
sentir o sangue na boca. Tudo o que acontece a minha volta vejo tudo em
câmara lenta, o momento em que ele rasga minha roupa, e despe a própria
roupa também.

— Parece que você não aprende não é mesmo? Já que gosta de ser fodida
com força assim o farei durante toda a noite. — dito isso ele abre minhas
pernas sem delicadeza nenhuma, seu membro é guiado até a minha vagina e
sem esperar me penetra começando a fazer movimentos rápidos de vai e vem
sem parar. — e para o seu bem melhor parar de chorar, sua única obrigação
aqui é abrir as pernas e me dar um herdeiro. Porque para me dar prazer
existem muitas putas, que por sinal fazem muito bem o trabalho delas,
diferente de você.

Era possível ver seus músculos contraídos e seus olhos transpareciam o


tamanho prazer que estava sentido em machucar tanto o meu corpo. Suas
enormes mãos seguravam meus seios ora minhas coxas com urgência, eu só
soluçava sem entender o porquê de estar passando por tudo isso. O que será
de tão errado que eu fiz para merecer isso?

Quando ele finalmente se sentiu satisfeito, senti quando um jato enorme


daquele mesmo líquido de ontem me invadir. Ele ruge como o animal que é,
sua respiração ofegante em meu ouvido me deixa ainda horrorizada, seu
corpo está todo suado é e possível ver um fio de suor descer por sua testa. Ele
se levanta segura meu cabelo que sinto meu couro cabeludo arder.

— Para seu próprio bem, acho bom que em duas semanas seja anunciada a
chegado do meu herdeiro, ou então vai ser pior para você. — ele me solta de
forma abrupta sobre cama, nem ligando para os meus gritos e suplícios de
socorro.

….

Estou nessa casa a três dias e até agora não consegui colocar o pé para fora
desse quarto, toda vez que penso em sair o medo se apodera de meu coração
e desisto covardemente. Faz muito tempo que não pinto nem faço meus
desenhos, não sei onde colocaram meu material de pintura.
Suspiro e resolvo ir comtemplar o pôr do sol na sacada enorme que tem no
quarto, abro a porta e caminho até a sacada suspensa. Encosto na
espreguiçadeira e aprecio a paisagem, olho para vista lá em baixo, e de
repente minha mente começa a ter pensamentos mórbidos que nunca
imaginei que alguma vez passariam por minha cabeça.

Na minha cabeça passam todos os momentos de violência e abuso que meu


corpo já sofreu, eu não sou ninguém todos já deixaram isso claro, ninguém
me quer, eu imagino que talvez isso seja o melhor, por conta própria meu
corpo se coloca na ponta dos pés e quando dei por mim uma de minhas
pernas estava se elevando a altura da espreguiçadeira, até que:

— Se você continuar com essa loucura vai se arrepender se por acaso a


queda não te matar, porque eu mesmo vou te torturar até você morrer — essa
voz me assustou tanto que me desequilibrei e quando achei que ia cair do
terceiro andar até o concreto bruto lá em baixo, braços fortes me seguraram
pela cintura, me puxando até seu peito largo e musculoso, quando minha
cabeça encostou nele seu perfume inebriante e másculo com essência
amadeirada preencheu minhas narinas, e de certa forma me senti segura
naqueles braços. — Se for se matar tem que saber fazer direito.

Meu corpo treme só de pensar na loucura que eu estava prestes a cometer,


me perdoa Deus, o suicídio é um dos piores pecados que alguém pode
cometer e eu estava quase fazendo isso. Para além de ter transtornos
psicóticos agora serei a demente mental com comportamentos suicidas.

— Desculpa — soluço porque é impossível segurar o choro — eu juro que


não queria quando dei por mim eu já estava fazendo aquilo, é como se de
certa forma eu estivesse dormindo e só acordei quando você me chamou
atenção, não me machuca juro nunca mais fazer isso. — nunca achei que
podia falar tão rápido assim.

— Calada! — fala ríspido — vai se arrumar que hoje sairemos para um


jantar, sobre isso nós conversamos mais tarde. — sem esperar para ouvir
mais nada coro ate o quarto, ainda me sentido atordoada com toda essa
situação.

Resolvo me arrumar antes que ele volte e tenha mais um motivo para me
castigar.

O caminho até o tal jantar foi feito em total silêncio de minha parte, Enrico
foi o caminho todo falando no celular, sem querer ouvi ele mandar um
atirador de elite matar alguém, imediatamente mergulhei em meus
pensamentos sem nexo para não ouvir mais, só o fato de pensar que toda
noite até o resto da minha vida dividirei a cama com um assassino, coloco
mão na boca para que meus soluços não fossem ouvidos.
Minha pele queima e sei que ele está me olhando, limpo as lágrimas que
consegui travar ainda nos olhos.

Mal vi quando o carro estacionou na entrada de um edifício elegante, sair


para lugares assim ainda me surpreende bastante depois de tanto tempo
confinada. Na entrada do lugar é possível ver o número de repórteres
cercando cada personalidade que passa pelo tapete vermelho, homens e
mulheres vestidos elegantemente fazem poses no mesmo.
No interior é positivo ver a maioria das pessoas que estiveram presentes no
meu casamento. De longe vejo tio Dante e uma vontade de voltar para casa
me atinge, sem esperar nenhuma autorização corro até ele sem ligar os
olhares das pessoas ele me recebe de braços abertos.

— Tio me leva de volta para casa por favor! — sussurro em seu ouvido
sem largar seu pescoço.

— Isso é tudo o que eu queria querida. Mas você sabe que não posso, o
direito de te proteger já não pertence a mim — lamento internamente —
agora volta para seu marido que ele não para de olhar para nossa direção. —
me viro e vejo Enrico cerrar os punhos como se estivesse se contendo para
não esmurrar alguém.
Mesmo me doendo o coração atravesso o salão repleto de pessoas voltando
para o lado do homem que me tem entregue a sua vontades.
O closet está em completo silêncio e num escuro assustador, tento
acalmar a respiração que se encontra acelerada devido a crueldade que vivi a
instantes passados, assim que ele saiu do quarto eu me enrolei em um lençol e
vim me esconder no meio das minhas roupas no meu closet, não faço ideia do
quanto rezei para que ele não me achasse. Essa casa é muito sombria, ela me
assusta, nunca vi um lugar assim. Eu não gosto daqui, mas o que eu posso
fazer a não ser obedecer?
Nos mudamos faz dois dias, o resto da família dele continua morando na
fortaleza. Essa mansão também não perde para Fortaleza de tão enorme, ela
fica no meio do nada, nos seus arredores é possível ver a vegetação densa
também composta por enormes montanhas e montes rochosos. Daria uma
linda paisagem nas minhas telas, faz tanto tempo que não pinto, eu passo
muito tempo dormindo, ou presa no quarto para o deleite do meu marido.
Não sei o que está acontecendo comigo, tenho me sentido mal disposta e sem
forças para nada apenas chorar e lembrar todas as minhas memórias que
foram boas.

Nem a visita do meu tio eu posso receber. Nunca pensei que um


casamento poderia ser tão ruim assim, e o homem com a quem fui entregue é
pior que o próprio demônio, faz sentido que alguns o chamem de figlio del
Diablo em suas costas, é isso que ele é um demónio que está sugando a pouca
vida que tenho.

Tapo minha boca com mão pois os suspiros estão saindo altos dela, o
barulho de pés descalços andado em passos firmes chegam a meus ouvidos,
me fazendo travar o choro apavoradamente. Deus que ele não me encontre. O
lugar continua num breu, me fazendo imaginar as atrocidades que ele fará
comigo caso me encontre aqui.

Fico atenta a tudo, silêncio, nem os passos firmes de antes não são mas
ouvidos, sinto meu peito esquentar e minha garganta reclamar de tanto que a
estou forçando para segurar o soluço que não deve escapar, senão serei
encontrada. Suor descer por minhas têmporas e minhas mãos tremem.
Pelo menos uma vez na minha vida eu tenho que ser forte, preciso
defender a minha dignidade e parar de me submeter, a quem eu quero
enganar? Esse homem faz o que quiser comigo sem eu mesmo protestar.
As vezes me pergunto porquê desisti daquela ideia maluca de me jogar
pela sacada, hoje aquele ideia já não me parece tão maluca.

Na nova casa às portas vidradas do quarto que dão acesso a sacada


andam sempre trancadas, na verdade todas as portas do andar de cima que
deem acesso a sacada ou varandas andam sempre trancadas se eu quiser
apanhar ar puro sou obrigada a descer e caminhar pelos jardins, os
empregados aqui parecem sombras, raramente os vejo, mas sei que eles
existem afinal de contas sempre vejo nova casa arrumada.

A chef amiga de minha mãe às vezes vem até aqui preparar o jantar
quando se está quase a receber homens de negócios ou outras visitas do meu
marido.

— Eu sei que você está aqui bonequinha, vamos lá não me faça te


arrastar de volta ao quarto — no mesmo instante congelo, e as poucas forças
que me restam estão se esvaindo de mim. — Sabe essa casa é muito especial
para min, tem um novo cómodo feito especialmente para você, é onde eu vou
te castigar caso me desobedeça. — de onde estou é possível sentir sua ira, ele
é um homem meticuloso mas quando se trata de mim ele não perde tempo
demonstrando isso. — SAIA!
Se fosse possível se afogar nas próprias lágrimas com certeza eu estaria
morta em um enorme lago formado por minha próprias lágrimas. Quando eu
estava pensando em levantar, meu cabelo é puxado com força e meu corpo
arremessado no chão do cómodo sem piedade nenhuma.

— Ah — o grito sai espontaneamente assim que minha cabeça vai de


encontro ao chão.

— Anda levanta! — me encolho e fecho meus olhos fazendo précias


silenciosas a Deus pedindo que tudo isso fosse apenas um sonho ruim que
estou tendo e que eu ainda estou deitada na caminha cama de solteiro na casa
de repouso. Ele vendo que não me movo me segura pelo pé e começa a me
arrastar em direção ao quarto, nesse processo o lençol que cobria minha
nudez ficou para trás, agora não sei o que é pior, estar casada com ele ou ser
arrastada nua no chão frio.

— Por favor para! Está me machucando para por favor. — esperneio e


balanço os braços e a cabeça em negação até que sem querer eu acerto minha
testa nos pés da escrivaninha do quarto. De repente tudo começa a girar, e
nem sinto mais meu próprio corpo. — En-rico — falo entrecortado, porque
estou trémula demais para que as palavras saiam concisas e com nexo.

— Isso é culpa sua bonequinha. E se continuar se comportando desse


jeito te garanto que as coisas não vão ficar bem para o seu lado. — ele se
agacha para despejar tudo isso na minha cara.

— Porquê porquê me odeia tanto? Eu não fiz nada para você?

— Sério que não sabe bonequinha? Não se preocupe um dia eu te


explico, mas o motivo de ter me casado é outro. Depois que vi você as coisas
mudaram. — ele diz tirando a única peça de roupa que ele tinha no corpo. Era
só uma calça moletom que separava meus olhos daquele membro monstruoso
que ele carrega no meio das pernas, ele não se sente constrangido de ficar
pelado a minha frente nunca se sentiu. — Amanhã trarei testes de gravidez
quando for a cidade, tomara que dê positivo caso contrário a trancarei até que
conceba meu herdeiro, ouvi dizer que não suporta lugares fechados. Quer ir
para lá? — grita se aproximando de mim como um leão apreciando sia presa
- Responde porra.
— Não eu não quero! — respondo também me afastando dele,
rastejando no chão como uma cobra.

Numa velocidade abismal ele chega perto de mim segura minha cintura
com força machucando os ossos da região e me atira como se fosse uma
boneca na cama, na verdade é isso que sou a bonequinha dele. Seu corpo
musculoso domina meu corpo com a mesma facilidade de sempre. Sua boca
carnuda explora cada canto dos meus seios os chupando com vigorosamente,
sua barba rala passa por cada canto deles me causando arrepios tenebrosos.

Meu corpo é virado de bruços como se de um corpo sem vida se tratasse,


meu quadril erguido com a maior brutalidade que já me acostumei.

— Hoje eu vou comer esse seu cuzinho virgem, deve ser tão bom quanto
a buceta, eu adoro essa sua bunda enorme — não

— Por favor isso não — minha voz sai num fio.

— Para de implorar porque você sabe que não adianta. Agora fica quieta
— ele se esgueira sobre meu corpo, seu membro encosta meu bumbum e isso
me faz suspirar infinitas vezes. Sinto ele segurar seu membro e o dirigir ao
meu ânus. Fechei os olhos esperando ele me matar, porque o que ele está
fazendo comigo é acabar com minha vida, mas os abri imediatamente quando
ouvi um estrondo bem forte que me fez congelar, Enrico também deve ter
congelado pois não senti seu membro dentro de mim.

Mas que porra é essa? Sem mais delongas pulei da cama sem ligar para
a enorme ereção do meu pau, às pressas coloquei de volta o moletom que tirei
a instantes atrás, quando meu plano era comer minha bonequinha. Corro até
meu closet e abro o cofre onde guardo todo meu arsenal bélico.
Busco por uma camisa e o colete e por cima visto o coldre já equipado
com minha arma e munição, para prevenir levo um dos rifles de curto
alcance, é possível ouvir a enxurrada de tiros que estão sendo trocados do
lado de fora da casa, entre meus homens e sabe se lá quem mais ousou
invadir minha propriedade.

Porra a Emanuelle! A passos largos entro no quarto para buscá-la e me


lembro que ela está pelada ainda, tiro um conjunto de moletom no meu closet
para que ela vista, levo também um colete a prova de balas os ela, assim que
entro no quarto a vejo escolhida na cama tapando os ouvidos com força,
provavelmente o barulho ensurdecedor dos tiros a está apavorando.

— Levanta e vista isso — essa garota quer morrer ? — JA FALEI


PARA LEVANTAR! Pela primeira na merda da sua vida Emanuelle levanta
e veste a porra da roupa — pelo susto ela pula da cama e começa a vestir sem
parar de chorar, se ela não me agradasse tanto juro que agora mesmo eu dava
um tiro na cabeça dela. — e para de chorar, porque você está inteira ainda —
abro a gaveta do criado mudo e dela tiro uma arma para minha esposa. —
Sabe atirar? — ela fica muda — claro que não sabe, sua burrice um dia vai
me custar carro, me devolva antes que atire no próprio pé. A visto com o
colete a prova de balas.

Sem esperar por mais a segurei pelo braço e a puxei pelos corredores da
mansão, meu rifle está em posição para qualquer surpresa.

— Senhor! — Gonzalo chefe da minha segurança e monitor dos


soldados me chama.

— Que porra está acontecendo Gonzalo? Eu por acaso não pago vocês
para que coisas do gênero não aconteçam?

— Nós também não sabemos o que realmente está acontecendo senhor?


— incompetente.

— Sabe pelo menos quem se atreveu a invadir minha propriedade? —


sei que não são os russos depois do último ataque digamos que eu acabei com
eles, nesse momento eles se encontram em processo de reconstrução, a
Yakuza também não, eles sempre mandam um aviso quando querem começar
um guerra, é uma espécie de tradição. Isso só pode ser coisa do imbecil do
Frederico quer que quer reerguer a Cosa Nostra.

— É meio confuso mas parece que é a Cosa Nostra, o treinamento e a


tática de combate denúncia isso mas também eles usam táticas militares e
armamento vinculado ao governo.

— Você quer me dizer que tem mercenários invadindo minha


propriedade com a ajuda do maldito governo que está nas minhas mãos? —
ele nem precisa falar nada — eu vou matar o Santoro. — Vejo que o colocar
na presidência foi uma decisão mal pensada. Acho que preciso lembrar ao
nosso querido presidente para quem ele trabalha realmente, ou você vive pela
máfia ou morre pela máfia, não há negociação.

— Como devo proceder senhor?

— Peça reforços para que esse caos acabe de uma vez, quero
sobreviventes amanhã no calabouço da sede da máfia. Chame Emiliano e
Leonardo também.

— Sim senhor! — alguns soldados fazem minha escola até meu


escritório enquanto arrasto minha esposa comigo, nunca vi uma mulher tão
medrosa.

Abro a porta do escritório e sem esperar a levo até a sala secreta que
mantenho no mesmo.

— Você ficará aqui até eu vir buscá-la entendeu? — assente ainda


chorando — faça tudo o que eu mandar, ali está o banheiro e também
mantimentos caso essa confusão se estenda até o amanhecer.

— Enrinco, não me deixa aqui sozinha! — mas o que ela tem na cabeça?
As vezes eu tenho certeza que ter ficado naquele lugar a deixou efetivamente
maluquinha.

— E que o quer Emanuelle? Quer uma arma e atirar? Não posso ficar
aqui te protegendo e deixar minha máfia, a Máfia em primeiro lugar. Agora
aquieta que tenho mais o que fazer.
Saio com meus homens em busca de sangue, porque é isso que irá me
acalmar nesse momento, o sangue do meu inimigo.
Eu achei que já havia atingido o limite de pavor e medo que um ser
humano podia sentir ou suportar, mal sei como estou viva ainda pois meu
coração até agora não para de dar palpitações aceleradas que me
impossibilitam de respirar com normalidade, meu corpo todo treme e meus
dentes batem por causa do frio que estou sentindo, frio este causado pelos
calafrios que passam por todo meu corpo como uma corrente elétrica, nem as
roupas dele que ficaram enormes em mim conseguem me aquecer, eu sei que
ele me mandou ficar na sala secreta mas eu preferi ficar trancada no banheiro
do cómodo, julgo ser mais seguro caso a sala secreta seja descoberta.

As paredes desse lugar devem ter isolamento acústico pois é impossível


ouvir um resquício de barulhos vindo do lado de fora, nem os tiros e nem
explosões por mim são ouvidas, é como se eu estivesse em outra realidade.
As palavras que ele disse antes de sair não saem da minha cabeça, a máfia em
primeiro lugar, foi isso que ele me disse em alto e bom som, ou seja, tanto faz
se eu saio dessa situação viva ou morta com tanto que ele salve a máfia dele.
Será que eu estaria sendo pecadora demais de imaginar ele sendo alvejado
com um tiro certeiro no peito ou na cabeça? Será que estou pedindo demais
ao dedicar minhas orações para que Deus me livre desse demônio de uma
vez?

Provavelmente eu esteja pedindo demais Deus nunca me concederia um


milagre como esse, ele nunca concede qualquer pedido meu, deve estar
ocupado demais resolvendo problemas mais complexos comparados aos
meus. Desse casamento eu só saírei morta, ele já me disse isso, então eu
aguardarei esse dia chegar. Mas esses pensamentos mórbidos me fazem
lembrar que nesse mundo existem três pessoas que me amam muito e que
sofreriam demais com isso.

Eu quero tanto manter meus olhos abertos mas é impossível com o


tamanho do sono que estou sentindo, o medo de ser encontrada pelo lado
errado da guerra me faz forçar a abrir os olhos.

— Emanuelle! Onde você está? — Enrico? Será que acabou? Continuo


sentada no interior do box, não sairei daqui sem garantia disso. —
Emanuelle! — a porta do banheiro é aberta estrondorosadamente, através do
vidro do box vejo sua camisa cheia sangue e seu rosto contém um pequeno
corte na região da bochecha. Ele percebeu que estou dentro do box e depois
disso juro que sua cara mudou para alívio, por pouco tempo, mas eu vi.

— Estou aqui! — me apoio na parede e caminho até ele.

— O que estava fazendo ali? Não falei para ficar sentada na sala
secreta? — vocifera analisando meu corpo.

— Desculpa! Eu fiquei com medo de ser encontrada. — falo tão baixo


que acho que só eu ouvi. Ele me segura pela mão com o intuito de me tirar do
banheiro mas eu recuei.

— Já está tudo sob controle! Já pode sair. Não dormiremos aqui hoje, a
casa está sendo arrumada. — eu não quero voltar para Fortaleza, a mãe dele
me odeia.

— Onde dormiremos?

— Em meu apartamento no centro de Nápoles. — sem nem saber que


havia prendido o ar volto a respirar mais aliviada. Sem gentileza nenhuma ele
segura em meu braço e me puxa para fora do escritório, sem falar nada tento
acompanhar seus longos passos pelos corredores da casa, aquele barulho
aterrorizante de antes realmente já não existe.

Apenas ouço o eco de vozes masculinas conversando em algum canto da


casa, na verdade estão conversando no hall de entrando que é para onde estou
sendo levada, assim que coloco meus pés no lugar uma voz que as vezes me
atormenta em sonhos ressoa me fazendo travar e começar a chorar de tanto
pânico, Enrico olha para mim e direciona seu olhar para direção que meus
olhos estão vidrado, o homem que está de costas conversando.

Eu não lembro exatamente o que aconteceu mas naquele dia na casa do


titio tinha uma festa muito importante, tio Dante falou que crianças não
podiam participar da festa, então eu a Antonelli e a Donatella tivemos que
jantar cedo, todas nós obedecemos porque estávamos ansiosas demais com o
nosso aniversário de treze anos amanhã. Tio Dante prometeu que nos levaria
para o centro comercial e cada uma escolheria quantos presentes quisesse.
Depois do jantar eu fui para o meu quarto, eu já dormia sozinha porque
a Antonelli já não queria dividir o quarto comigo. Coloquei meu pijaminha e
antes de dormir eu orei assim como a mamãe me ensinou, fechei os olhos
feliz porque eu adoro dias de aniversário.
Não sei quanto tempo passou porque já estava dormindo mas eu ouvi o
momento que a porta do quarto foi aberta, achei que fosse a Antonelli ou a
Donatella mas a pessoa é muito grande para ser uma delas, será que é o
titio?

— Tio é você? — falo ainda sentido muito sono e não conseguindo abrir
os olhos completamente. Ele senta na cama bem do meu lado.

— Olá docinho! — eu nunca ouvi essa voz antes, quem será ele? —
como você cresceu. Ouvi dizer que faz anos hoje, deixa eu te dar um abraço.

— Mas não é hoje é amanhã — é impossível ver seu rosto porque está
escuro.

— Mas já é de madrugada, logo já estamos no dia do seu aniversário,


vem aqui dar um beijo no tio, aí eu te dou o presente.
— Presente?— pergunto empolgadíssima

— Sim docinho presente. — tiro as cobertas, e me ajoelho na cama para


abraça-lo, ele também se aproxima e me dá um forte abraço, mas ele não
estava me soltando. Aí ele começou a passar a mão em mim, e depois me
colocou sentada no seu colo e senti alguma coisa dura me cutucando —
cheirosinha como a mamãezinha.

— Me solta — comecei a gritar e espernear até que ele me soltou.

— Você será sempre o meu docinho ninguém mudará isso. — ele saiu
do meu quarto, me deixado sozinha chorando baixinho.

— Emanuelle — não respondo — o que você tem ? — quando abro os


olhos me deparo com Enrico me encarando enquanto eu estou deitada no
chão.

— Me tira daqui por favor! Ele vai me machucar, me leva por favor —
meu corpo soluçava acompanhando os movimentos da boca.

— Rapazes nos vemos amanhã na sede da máfia — fala olhando em


meus olhos, só quero ir embora. Ele me carrega em braços e caminha comigo
até o exterior da casa onde muitos homens nos esperam. Me acomodo dentro
carro e fecho os olhos para esquecer o terror que vivi hoje.

— Acorda docinho! — acordo sobressaltada com os olhos arregalados e


a respiração ofegante, coloco a mão no peito pois ele está esquentando como
brasa, foi só um pesadelo, reviver partes desse meu passado me faz ter
pesadelos as vezes. Olho ao redor e reparo que o quarto em que estou não é o
de sempre, devo estar no apartamento, ontem eu apaguei e nem percebi em
que momento chegamos aqui.

Mas a decoração sombria e a disposição dos móveis denuncia muito


bem a quem esse quarto pertence. Decido me levantar para fazer minha
higiene matinal.
O banho foi tão rápido pois o medo de ficar nua sozinha me causa medo
e a sensação de que a qualquer momento alguém entrará para me machucar,
resolvo colocar um Jeans, mas resolvo mudar de ideia porque ele não passa
pelos quadris, e nesse momento praguejo por ter nascido com o quadril tão
avantajado. Tinha me esquecido o quanto é difícil uma mulher se vestir, já
estava acostumada com as roupas largas da casa de repouso. Até minha
barriga cresceu, será que em tão pouco tempo eu tenha engordado tanto? Para
não perder mais tempo pois estou com muita fome, pego um vestido com
altura até o joelho e coloco também uma sandália rasteira.

Uma mulher que me parece uma das funcionárias da mansão vem me


avisar que o café está servido, na velocidade da luz saí e fui degustar porque
estava com muita fome e ontem eu mal pensei no jantar depois do ocorrido.

Tomei o café da manhã todo sozinha, saio da sala de jantar e caminho


até a sala de estar que tem uma janela enorme que me encanta. Em frente dela
está posicionado um sofá marrom de couro, me sento no mesmo e daqui é
possível apreciar a linda paisagem da cidade de Nápoles, sem dúvidas é uma
das paisagens mais lindas de cidades que já vi, e aí surge uma ideia, procuro
pelas funcionários e peço a uma delas um papel e lápis, e em instantes elas
atenderam prontamente o meu pedido.

Com o papel e o lápis nas mãos começo a decalcar as linhas retas que
representaram os grandes edifícios da cidade, e com a empolgação que a
muito tempo não sentia comecei a dar os toques que deixariam o desenho
realista da cidade de Nápoles ainda mais lindo, apesar de não ter uma visão
geral da cidade o desenho saiu melhor do que eu pensava.
Passei o dia todo comtemplando a cidade sentada naquele sofá, fui
almoçar e voltei para o mesmo sofá, deitei minha cabeça no encosto do
mesmo e apaguei.

Abro os olhos e reparo o quanto o lugar está escuro, e isso me faz


deduzir que já anoiteceu. Me sento e faço uma pequena a massagem na
região do pescoço porque dormi mal posicionada e esse é o resultado.
Acendo o abajur ao meu lado e de repente meu estômago começa a roncar, o
que está acontecendo que ando comendo tanto?

Para não incomodar ninguém saio caminhando a procura da cozinha,


quando ia cruzar o corredor que levava direto a uma porta que parecia a
cozinha comecei a ouvir gritos de uma mulher vindo na direção contrária, na
verdade eram mais gemidos do que gritos, será que alguém se machucou?

Apreensiva começo a caminhar em Direção ao barulho, a cada vez que


me aproximo o barulho fica mais audível, assim que chego perto da porta
reparo que ela se encontra entreaberta. Coloco a mão na maçaneta e bem
devagar abro a porta e o que vejo a minha frente quase me fez cair por causa
da tontura forte que senti.

Na mesa do que parece ser um escritório, a Antonelli está sentada nua e


de pernas abertas para meu marido, e no meio delas Enrico está parado
provavelmente com seu membro dentro dela, eles estão se beijando que nem
percebem a minha presença.

Dou meia volta antes de ser vista e caminho de volta até a sala de estar,
assim que me aproximava do sofá uma dor forte e insuperável dor atingiu a
região do meu ventre. Isso dói tanto parece que estou recebendo facadas na
região que preciso me segurar na parede pois mal me aguento parada.
No mesmo instante uma avalanche de dor toma conta de mim me
fazendo gritar como nunca fiz antes, sinto um líquido quente descer por
minhas pernas, mas por causa da pouca luz é impossível ver o que é, coloco
mão nas coxas e quando a coloco sobre meus olhos posso jurar que vi sangue
o susto foi tanto que não me segurei e caí com tudo no chão da sala bati a
cabeça e imediatamente eu apaguei.
Eu e meus soldados caminhamos atentamente a passos largos em
direção a parte externa da casa, puxo o ar três vezes e sem esperar mais abro
a porta distribuindo tiros para todos os lados mirando nos invasores, eles
vieram em um número considerável não posso negar, mas eles não sabem o
que os espera no calabouço. Realmente tem uns malditos mercenários
americanos no meu território.

— Vamos encurralar esses malditos — grito o suficiente para que todos


os soldados presentes me oiçam, Emiliano e Leonardo chegam com mais
homens que imediatamente compreendem meu plano.

No momento em que os homens ficavam cada vez mais próximos a


entrada da mata fechada, mais nos aproximamos deles, de repente uma
granada de luz é lançada em nossa direção, imediatamente protegi meus
olhos, essas granadas são tão pesadas que se a pessoa estiver perto demais é
capaz de ficar cego. Quando todos nós nos recuperamos os figlios di puttana
já tinham escapada. Eu ainda vou pegá-los.

Olho ao meu redor analisando o estrago que houve, nada de danos


materiais avultados, mas o número de mortos supera o número de feridos que
se arrastam pelo gramado. O lugar está infestado de sangue. Me aproximo de
Emiliano e Leonardo.

— Mas o que foi isso? Quando Gonzalo ligou e disse que a casa foi
atacada eu não pude acreditar — indaga Leonardo ainda atordoado.

— Você nasceu na máfia não sei como ainda não se acostumou com
isso. Aqui é assim se você se distrai chega alguém e te dá um tiro pelas
costas. Precisa ficar esperto irmão. — os três caminhamos até a entrada da
casa mas antes de entrarmos — Gonzalo Quero todos os feridos no galpão,
esses malditos são tão imundos que não merecem chegar perto do calabouço
na sede.

Entramos no interior da casa e nos sentamos nos sofás. Não vou negar
que gostei da pequena aventura de apouco, mas eu odeio quando coisas do
gênero acontecem no meu território, a regra é eu atacar e não ser atacado. Um
dia eu ainda encontro Frederico e darei um tiro bem no meio daquela cabeça
gananciosa dele, ele sempre foi um fracassado. Tão fracassado que não
conseguiu manter a própria máfia em pé. Resultado disso é que cada vez mais
estão enfraquecendo, um dia eu vou dominar a Sicília também isso eu juro.

— Onde está sua esposa Enrico? — Emiliano pergunta.

— A deixei na sala secreta, ela é muito medrosa se a deixasse solta por


aí nem quero imaginar o que aconteceria. — falo lembrando que ainda tenho
essa responsabilidade — estou pensando em ir dormir no meu apartamento
no centro de Nápoles enquanto a casa passa pela limpeza e desinfeção.

— Sério que você vai levar sua esposa para o mesmo apartamento onde
você transa com a Eugênia, Antonelli e metade do mundo?

— Porquê não? Eu durmo onde eu quiser e não vai ser o fato de ser
casado que irá me impedir. — Vocifero — já chega de falar da minha vida
conjugal e sobre com quem fodo ou deixo de foder. O assunto de maior
importância agora é saber a razão dessa invasão.

— Na minha opinião eles devem ter achado que essa casa tem menos
proteção em relação a fortaleza, o que não é verdade, e também Frederico não
tem mais tanto poder nem para contratar mercenários, o que me faz acreditar
que alguém o ajudou — explica Emiliano. Só Pode ser o idiota do Santoro eu
sinto isso.

— Eu sinto que tem dedo do Santoro nessa sujeira. — confesso.

— Provavelmente, mas Santoro é frouxo demais para isso, deve haver


uma terceira pessoa nisso, o cérebro da falcatrua.

Nós três concordamos que isso faz sentido, mas ainda precisamos
investigar, destruir o Frederico e acabar com Santoro será fácil, a questão é
esse terceiro elemento que não se revela. Analisamos alguns possíveis
traidores até que decido ir buscar minha esposa para que possamos ir embora.

Coloco a senha no painel fixado na parede falsa e a sala secreta é


revelada. Olho por todos os cantos e não a vejo, garota idiota.

— Emanuelle! — ela não responde. Será que ela saiu? — Emanuelle


onde você está?

A encontro sentada dentro do box no banheiro da sala secreta, segundo


ela achou mais seguro. Não dei ouvidos expliquei que dormiremos no
apartamento. Segurei seu braço e caminhamos juntos até o hall de entrada
onde estavam os outros.
Eu estava tão divagueio que nem percebi o momento que ela parou
estática, dirige meu olhar para direção em que ela estava olhando, seu olhar
estava fixo no Fabrizio Ricci pai de Emiliano, ele estava parado de costas
falando alguma coisa.

Emanuelle começou a tremer e a gritar, ela caiu no chão e se encolheu,


droga ela está tendo uma crise. Tentamos chamá-la mas é como se ela
estivesse em outro lugar.

Durante o caminho até o apartamento fui intrigado com o


comportamento da minha esposa mais cedo, eu não sei exatamente o que
provocou a crise dela, mas ela ficou ainda mais branca e gelada. Assim que
chegamos ao prédio onde fica minha cobertura peguei seu corpo e a levei até
o quarto.
Olho pra o canto esquerdo do galpão e vejo os cinco corpos amontoados.
Nenhum deles me deu a resposta que eu tanto queria ouvir. O sangue deles
estava em todo lugar, alguns órgão como o coração e um dedo estão
espalhados pelo chão também. Restam apenas três para eu tirar o que quero.

Não me importo de andar sobre o sangue deles nem de me sujar contato


que alcance meus objetivos, os meios não tem muita importância.

— Carreguem esse — aponto para um que aparentemente foi baleado no


pé. Seu ferimento não está tão feio como os outros, mas uma bala sempre é
uma bala.

Colocam o figlio di puttana sentado e amarrado do jeito que ordenei, me


aproximei dele analisando seu corpo para decidir qual parte será retirada.

— Deseja se juntar aos outros de forma dolorosa ou nem por isso? —


pergunto

— Eu não sei de nada, nós só fazemos o que nosso capo ordenada. —


parece que hoje o capeta irá receber vários hóspedes.

— Resposta errada! — pressiono meu dedo na bala que está alojada na


sua coxa e sem piedade nenhuma a aperto mais fundo, seus gritos são
ouvidos por todos. Com meu indicador e meu polegar seguro na bala ainda
no seu interior e com mais força a retiro de sua perna, sangue jorra de forma
intensa sujando meus sapatos e parte da minha calça. — Uma vez que não
sabe usar a boca como deve ser, que tal tirarmos essa coisa inútil que está no
interior dela?

Seguro um canivete mando meus homens abrirem sua boca, para o que
quero fazer preciso ter o interior da boca totalmente exposto. Com a maior
felicidade do mundo corto o pedaço de sua língua sob o olhar apavorado dos
meus soldados.

Entro no interior do apartamento totalmente possesso pois não consegui


a informação que precisava. A única coisa capaz de me acalmar nesse
momento é um sexo bem selvagem e sei muito bem quem é a pessoa certa
para isso. Ligo para ela que prontamente se dispõe a vir.

Ela está deliciosamente vestindo apenas uma calcinha que mal tapa a
buceta, seu corpo alto e esguio está para bem na minha frente.

— Adorei o convite capo, estou às suas ordens! Cadê minha irmãzinha?

— Apenas faça o que foi designada a fazer, não se meta no meu


casamento.

— Como quiser Senhor! Mas estou feliz em estar aqui ao invés dela —
ela diz abrindo a fivela do meu cinto, meu pau já se encontra prontamente
ereto, e quando ela começa a chupar fecho os olhos e a imagem da minha
bonequinha me vem a cabeça, e isso me deixa com um desejo ainda maior,
imagino que é aquela boquinha pequena em volta do meu pau me
proporcionando prazer. Fervendo de tesão carrego o corpo magro da
Antonelli e o coloco sobre a mesa de vidro do meu escritório, ela como a puta
que é abre as pernas me dando a visão daquele calcinha pequena atolada na
boceta, sentido ainda mais desejo de foder, rasgo a peça muni meu pau com a
camisinha e a penetrei forte e fundo.

— Ah Enrico! — ela geme sem parar — que delícia. — seguro sua


cintura e começo a estocar com toda força nela. Iniciamos um beijo cheio de
paixão e luxúria, a puta é realmente gostosa não posso negar. Acelerei os
movimentos e quando meu corpo atingiu seu limite gozei bem no fundo da
boceta dela.
Ofegantes continuamos abraçados, eu parado entre suas pernas e ela de
pernas abertas para mim. Nos beijamos e quando ia mudar a camisinha, ouço
um barulho, que pela experiência que tenho me diz que é de um corpo
caindo. Porra a Emanuelle.

— Se veste! — ordeno levantando minha calça e a abotoando.

— Mas Porquê? Nós ainda não terminamos.

— Veste a porra da roupa sua vadia — ela se encolhe e começa a vestir,


não fico a espera, saio em disparada em direção a sala de estar. Assim que
chego encontro Emanuelle desmaiada no chão, sua testa contém um corte
profundo que está sangrando, provavelmente se machucou quando caiu, seus
lábios estão roxos e sua pele alva está gelada.

Mas o sangue que me deixa sem reação é o que está em sua mão e
também no chão da sala, esse sangue é muito para alguém que tem apenas um
corte na testa, vejo um fio de sangue escorrendo por sua perna quando
Antonelli entra na sala.

— Meu Deus o que aconteceu com minha irmã?

— Cala a porra da boca. Me entrega o celular. — falo para o motorista


que prepare o carro e avisem ao hospital da máfia que estou a caminho com
minha esposa.

— En-rico o que- o que minha irmã tem ? Porquê está cheia de sangue?
— sem minha resposta ela chega a conclusão sozinha — Oh meu Deus .

Sem querer presenciar seu show de desespero falso carrego minha


esposa e a levo para o elevador.

Assim que chegamos no estacionamento a coloquei deitada no banco de


trás, e nenhum sinal dela acordar. A viagem levou apenas dez minutos, em
frente ao hospital a equipe médica já nos esperava com uma maca. A
coloquei nela e vi minha esposa ser levada aos corredores do hospital.

A espera nessa sala está me deixando impaciente, minha camisa branca


está suja de sangue e nem me importei em muda-la.

— O que aconteceu com minha sobrinha? — ouço Dante perguntar


assim que entra na sala de espera acompanhando de seus filhos e Antonelli
que aparentemente está abalada pelo sucedido.

— Eu não sei Dante, a encontrei desmaiada no chão da sala. Isso é tudo,


agora vê se me deixa em paz caralho. — Tensão paira sobre o ambiente
porque sei que de certa forma parte dessa família me odeia. Não ligo.
A porta é aberta por um dos médicos do hospital que chama nossa
atenção.

— Boa noite a todos! A paciente Emanuelle Mancini nesse momento se


encontra sedada para que não sinta muitas dores. Ela perdeu muito sangue
mas conseguimos reverter isso. Seu estado é estável mas infelizmente ela
perdeu o bebê. — o quê?

— Posso ver minha sobrinha?

— No momento não é possível. Aconselho que venham amanhã de


manhã, até lá a paciente estará acordada. Aconselho que procurem apoio
psicológico ela vai precisar quando souber do ocorrido. — eu tinha um
herdeiro?
Não sei por quanto tempo eu dormi mas com certeza foi muito, pois meu
corpo dói e meus olhos estão pesando, se Melina estivesse aqui com certeza
me repreenderia por isso. Ela sempre diz que dormir apenas oito horas é
suficiente para uma pessoa normal, mas eu não sou uma pessoa normal. Abro
os olhos e me deparo num quarto e numa cama que desconheço, como vim
parar aqui? Eu lembro muito bem desse lugar agora, a decoração e as cores
das paredes continuam as mesmas. Estou no hospital, o mesmo hospital onde
fui internada quando tive o acidente de carro com a Geovanna, como eu
poderia esquecer esse lugar?

O que me faz indagar o porquê de eu estar aqui agora! Eu só lembro de


ter caído no chão da sala e apagar depois de presenciar minha própria irmã
fazendo sexo com meu marido. Limpo a lágrima que transcorre por minha
bochecha, desde a morte dos nossos pais Antonelli de distanciou de mim. Eu
sei que ela me odeia só não entendo os motivos, eu nunca fiz nada que a
magoasse diretamente. Mas manter relações sexuais com meu próprio marido
demostrou o quanto ela me desvaloriza e o quanto ela não respeita a memória
dos nossos pais e a si mesma.

Ela se transformou numa mulher fútil, soberba e amargurada, não me


incomoda nem um pouco o fato dela manter relações com meu esposo, o que
me dói é saber que ela se envolve com homens casados e cruéis quanto
Enrico. Sei que me separar dele é algo distante de acontecer, na verdade é
algo que nunca acontecerá. Não me conformo que passarei o resto de minha
vida com um homem assim. Todos os sonhos que tive de encontrar um bom
rapaz que me amasse e me respeitasse não passam de desejos inalcançáveis,
eu sonhava que quando meu tratamento terminasse eu entraria na escola de
artes lá em Roma para aprimorar o meu trabalho, afinal de contas
academicamente falando sou apenas uma pintora amadora e não uma artista
plástica, como eu gostaria de ser.

Queria poder terminar meus estudos e viver só da arte. Tudo isso são
apenas ilusões, agora sou a esposa do capo aspirante a pintora e sem
certificado do ensino médio.

Escuto alguém bater na porta e antes que pudesse responder a porta é


aberta por tio Dante, alegre e despojado como sempre. Eu sei que faz de tudo
para me passar tranquilidade. Ele se aproxima e senta na beirada da cama
hospitalar que me encontro deitada.

— Bom dia Emanuelle, como se sente? — me pergunta fazendo carinho


em minha bochecha.

— Cansada, e estou sentindo uma dor no ferimento da testa e no... —


travo na hora e sinto minhas bochechas esquentando porque esse assunto não
é exatamente algo para dividir com alguém que vejo como um pai.

— Eu entendo que não se sinta a vontade para falar, o médico deve


chegar para falar com você — a alegria que estava estampada em seu rosto
desaparece para uma cara de preocupação. De repente me lembro daqueles
cinco segundos onde vi meu próprio sangue escorrendo por minhas pernas
sujando o chão da sala.

— Eu tenho alguma coisa grave tio? Por favor seja sincero, antes de eu
desmaiar eu juro ter visto sangue saindo de mim .

— Se acalme querida o médico vai contar para você o que aconteceu


com mais detalhes não devo me precipitar.
— O Ettore também veio?

— Sim! Ele e sua irmã estiveram aqui, mas já foram embora, Ettore me
avisou que viria mais tarde. — conversamos mais um pouco até que Enrinco
e o médico entram na sala.

— Bom dia Emanuelle! Eu sou o médico que te atendeu quando você


deu entrada na emergência ontem de noite. — engulo em seco porque a cara
do doutor também não está muito boa.

— O que eu tenho doutor? — desde a sua entrada no quarto Enrinco


ficou parado apenas me olhando como se eu tivesse cometido algum crime.

— Você não tem nada para além desse corte superficial na sua testa. Eu
lamento dizer isso Emanuelle mas por causa da queda e da subida de pressão
o bebê não resistiu. — meu corpo todo congela tentado digerir a informação
dada pelo médico.

— Como assim? Que bebê? — pergunto atordoada, uma angustia muito


grande se apodera de mim.

— Seu bebê Emanuelle! Seu bebê não resistiu, eu sinto muito... — antes
que o médico pudesse continuar eu soltei um soluço seguido de outro e mais
outros. Tio Dante me abraça falando palavras para me reconfortar. Mas eu
não quero me conformar.

Um bebê inocente foi tirado de mim, sem eu ao menos saber que ele
estava crescendo dentro de mim. Um anjinho que poderia me salvar foi
levado sem eu ter a chance de ao menos comtemplar seu rosto e nem pode-lo
ouvir me chamar de mamãe, porque é isso que eu seria se tivesse sido forte o
suficiente para o manter dentro de mim, eu seria mãe.

Quando eu me acalmei graças aos calmantes que me foram dados


reparei que o médico já tinha saído, restavam apenas Enrico e meu tio, e por
Deus a única coisa que eu queria nesse momento era chorar minha dor na
presença de quem amo e que também me ama.

— Enrico ela precisa de apoio psicológico você sabe. Eu conheço uma


ótima terapeuta, com certeza ela receberia minha sobrinha com muito amor.
— meu tio diz o encarando.

— Ela não precisa de terapeuta nenhuma, a única coisa que ela tem que
fazer é se recuperar e se preparar para me dar um herdeiro de novo. É isso
que ela precisa fazer como a esposa de um capo. E não me vem com sermão
Dante que da minha vida e da minha esposa cuido eu. E é melhor que isso
aconteça logo, estou farto do conselho viver me infernizando por causa disso.

Sem ter mais nada a dizer ele saiu e nos deixou sozinho.

— Tio promete que um dia o senhor vai me tirar desse homem por
favor?

— Quem sabe um dia querida, no momento isso é impossível. Seu


marido hoje em dia é um dos homens mais poderosos do mundo, para o
desafiar a pessoa tem que ter muita coragem. Se eu me atrever a tirá-la dele é
capaz que faça atrocidades com toda família, seu marido é capaz de eliminar
todos os Mancini sem exceção de ninguém.
Não devia compartilhar isso com você mas seu marido protagonizou a
extinção de muitas famílias traidoras na máfia, para ele basta um traidor para
que todos os integrantes do clã também sejam vistos como traidores.

— Esse homem é pior do que eu pensava tio, não ficarei admirada se um


dia ele apontar uma arma para min e me matar.

— Não fale isso! Ele não faria isso com Você. Eu sei que minhas
palavras parecem infundadas, te garanto que alguma coisa em você encantou
o Enrico Ferrari — será?

Assim que o carro atravessa os grandes portões de metal que separam a


fortaleza Ferrari com o resto do mundo todo meu corpo se arrepia, esse lugar
não me traz boas lembranças, foi em um dos grandes quartos que compõem
essa arte arquitetónica que meu casamento foi consumado, foi aqui onde eu
fui reduzida a nada pela mãe do meu marido, nunca entendi o motivo de Elisa
me odiar tanto.

Passaram três dias desde o dia que tive alta no hospital mal pude viver
meu luto e já fui ordenada a comparecer aqui hoje. A máfia sempre foi
caridosa e generosa com as causas beneficentes do mundo inteiro mas eu
acredito que não fazem de coração aberto eu sei que fazem isso em troca de
algo ou para acobertar seus crimes, e para não deixar essa função de
organização de galas beneficentes e angariação de fundos sob supervisão e
responsabilidade dos homens da organização foi criada um tipo de comitê das
mulheres, é uma organização criada apenas para esse fim, fazer caridade,
ensinar umas outras como uma mulher da máfia deve se portar perante seu
marido em particular e na sociedade no geral.

E como a esposa do capo que fui incumbida a ser um estou aqui em


frente a porta imponente da fortaleza soltando e prendendo o ar de tanto
nervoso, eu não sou o melhor exemplo de interação, na infância era muito
introvertida, o tempo que passei na casa de repouso também não ajudou
muito no processo. Eu mal consigo olhar nos olhos dos funcionários da
minha própria casa quem diria conversar com as mulheres elegantes e
interativas que encontrarei lá dentro.

Penso em dar meia volta e ir embora mas a ameaça que Enrico me fez
antes de sair ainda paira em meus pensamentos, ele jurou que se eu fizesse
alguma coisa errada me levaria para o quarto do castigo, eu não sei
exatamente o que ele quis dizer com isso mas prefiro não arriscar. Sem
esperar mais toquei a campainha.

Depois de trinta segundos a mesma governanta cujo nome não me vem a


memória abre a porta com uma cara fechada como sempre.

— Me siga senhora! — antes mesmo que eu pronunciasse alguma


palavra ela me guiou até a sala de estar bem ampla onde já se encontravam
algumas mulheres elegantemente sentadas, estavam todas conversando,
quando olhei para trás a governanta já tinha sumido. A sala é bem arejada
com janelões que partem do teto ao chão, as cortinas brancas de cetim
balançam montando o lindo jardim da propriedade, há muita luz natural que
se reflete nas decoração dourada do ambiente. Ainda com vergonha apertei a
alça da bolsa e caminhei até um sofá que se encontrava vago.
Algumas mulheres me olham de um jeito estranho outras me olham e
depois comentam alguma coisa entre si. Permaneço em silêncio não quero
criar qualquer tipo de inconveniente.

No canto da sala vejo Antonelli sentada e conversando alegremente com


mais duas mulheres que não conheço, mas uma delas posso jurar que é a cara
do Emiliano, o sub capo e amigo do meu marido. Quando elas percebem que
as estou olhando viro imediatamente o rosto, fui flagrada. Tia Graziela
aparece no meio da sala acompanhada da minha sogra.

— Boa tarde a todas! Uma vez que já se encontram todas presentes, até
mesmo as atrasadas — minha sogra fala essa última parte me fuzilando com
os olhos — vamos começar a reunião, e não se preocupem minha nora é
completamente inofensiva, ela não é nada dentro desta organização.
De canto do olho vejo a mulher graciosa que veio se sentar do meu lado,
não tivemos a oportunidade de nos apresentar pois assim que minha sogra
entrou todas ficaram em silêncio. Até agora nada do que foi dito me captou o
interesse, mas pelo meu bem estar tratei de gravar na memória tudo o que foi
dito.
Estão pesquisando os melhores salões de festas da região pois a filha de
uma das integrantes do grupo irá se casar com o chefe de um dos clãs da
máfia. Outro tema que fez parte do debate foi sobre a escolha da líder do
grupo, porque segundo as regras a esposa do capo é que devia ser a líder, mas
eu não tenho nada de líder, portanto não passou da cabeça de ninguém me
colocar na liderança para além disso a Elisa minha sogra me odiaria ainda
mais e minha tia que é a vice-líder rogaria todas as pragas em meu nome.

Eu não queria estar aqui, mas eu pensei melhor e cheguei a conclusão de


que devia participar desse tipo de coisa não só por ser minha função como
esposa mas também como uma forma de distração, falar e ouvir outras
pessoas é saudável, principalmente para alguém como eu que trocava apenas
algumas palavras por dia. A única que conversava comigo era a Melina,
desde sempre. Quando cheguei naquele lugar foi ela quem me guiou, me
acalentou em noites de pesadelos e noites mal dormidas, ela me incentivou a
continuar a pintar e me descreveu centenas de motivos para dar a valor a vida
que tenho.

— Emanuelle? — saio de meus desvaneios quando minha voz é rosnado


por minha tia. — olha a falta de educação menina, parece que aquele lugar ao
invés de te ajudar te deixou ainda mais retrógrada.

— Não precisa falar assim Graziela — a mulher do meu lado intervém.

— Não se meta Pietra, apesar de ser a esposa do sub capo — então ela é
a esposa do Emiliano? — você não é nada aqui também, é outra imprestável
que nem sequer soube dar um herdeiro ao marido depois de tanto tempo de
casados, lembra da minha filha? A sua melhor amiga? Ela sim era muito fértil
e me daria vários netos se não fosse essa mulher sentada ao seu lado — sem
responder nada Pietra levanta num solavanco e se retira do recinto, eu me
sinto ainda mais péssima, será que algum dia alguém esquecerá aquele
fatídico dia? As lembranças daquele acidente e a culpa me perseguem até
hoje. — E você Emanuelle Deus está te fazendo pagar por ter levado minha
filha a morte, do mesmo jeito que você me tirou minha filha Deus também
tirou o seu. — meus olhos estão marejados pois sei que está certa, não de
agora que Deus está me castigando, desde muito cedo ele me sentenciou ao
sofrimento e a dor.

Depois desse episódio surgiram vários murmúrios, o assunto em pauta


retomou, e mais uma vez tive que colocar minha mente a funcionar para
compreender tudo, o comitê está divido em grupos, tem as que são
responsáveis pelas relações públicas, outras por promover projetos de
caridade, e várias outras funções, mas até agora eu não fui destacada para
nenhuma, eu ia adorar fazer trabalhos comunitários, apesar de nunca ter tido
muito contato com crianças seria muito divertido trabalhar com essa faixa
etária.

No final eu não seria tão inútil assim, desenvolver ideias em prol desses
seres indefesos e desamparados seria maravilhoso. Enquanto todas outras
mulheres de dispersam eu continuo sentada esperando uma oportunidade para
conversar com a líder.

Depois de mais de trinta minutos na sala permanecem apenas umas três


mulheres sem contar comigo, minha irmã e minha sogra, então resolvo me
aproximar.

— Dona Elisa posso falar com a senhora? — primeiramente ela me


analisa da cabeça aos pés e depois afirma, então me sento ao seu lado, olho
para seus olhos me fulminando de forma severa, e nesse momento perco toda
coragem que ganhei a pouco.

— Não sei se já reparou mas eu sou uma mulher muito atarefada


diferente de você, se não tem nada para dizer pode ir.

— Eu-eu — abaixo o olhar para meus dedos que alisam o lindo bordado
da saia — eu tive uma ideia e gostaria de saber se a senhora aprova.

— Prossiga!

— Eu pensei em fazer trabalho comunitário para ajudar crianças


desfavorecidas, podia fazer esse trabalho em igrejas, centros comunitários,
orfanatos e escolas. Podíamos ensinar muita coisa para elas e também cuidar
e mostrar para essa crianças, que tem alguém que se importa com elas. — ela
gargalha me olhando com insignificância, fico incrédula porque não entendo
seu comportamento.

— Menina ingénua, acha mesmo que meu figlio te deixará fazer isso?
Nunca. Nós já temos responsáveis fazendo esse "trabalho comunitário" — diz
fazendo sinal de aspas com os dedos.

— Sendo assim eu posso ajudar, tenho tempo de sobra. Posso ensinar a


pintar. — e pela primeira vez sinto até uma empolgação depois da notícia do
meu aborto.

— Você é surda? Porque tanto interesse com crianças? É para fechar a


perda do meu neto? Se for isso está redondamente enganada se acha que o
fará — ela sabe que perdi meu bebê e mesmo assim nunca foi me ver nem
mesmo se importou.

— A senhora não tem esse direito — falo alto demais e as presentes na


sala me olham espantadas.
— Tenho sim! Sabe porquê? — alisa minha bochecha que está vermelha
por causa do choro, ela fala com uma calma assustadora, tal mãe tal filho —
eu sou a matriarca dessa família, quando eu achar que você não serve para
meu filho farei de tudo para que ele se livre de você. Ah e mais uma coisa,
mulheres que não conseguem segurar o próprio filho no útero são muito mal
vistas na máfia, então sugiro que dê o herdeiro que meu filho tanto quer ou
providências serão tomadas. — para não explodir em frente a tanta gente
levantei apressada sem despedir de ninguém, mas antes de sair da sala escutei
nitidamente uma das mulheres sussurrando com a outra.

— Ela não chega aos pés da primeira esposa do capo — saio correndo
sem me importar com nada e assim que chego na porta principal da fortaleza
me seguro nela e começo a chorar e respirar com dificuldade. Segura na
maçaneta para abri-la, até que escuto meu nome ser chamado.

Antonelli, não, hoje eu não estou mais boa para ouvir seus insultos e
reclamações, só quero sentir a dor de perder meu filho sozinha, sem ninguém
me importunando. Não dou ouvidos a ela, assim que saio da casa o motorista
já me espera com a porta do carro aberta

Entro no carro e mando o motorista dar partida imediatamente, se eu


tivesse forças para retrucar nunca mais voltaria para essa casa.
O estado de tempo hoje em Nápoles está ameno, o céu está nublado, e o
vento circula na direção este- oeste, sinal de que haverá uma grande
tempestade, mamãe sempre dizia que quando o ar húmido do mar soprasse
para o continente é sinal da chegada de um ciclone ou o presságio de uma
tempestade. Limpo as lágrimas que deixam minha visão turva para poder
apreciar o caminho, porque não sei quando será a próxima vez que sairei da
minha prisão. Ouço um celular chamando e percebo que é o do motorista,
porque na verdade eu não tenho um, mal sei usar aquilo.

— Sim senhor!

Reparo que o caminho que estamos seguindo é diferente do que leva a


mansão, diferente do percurso cheio de vegetação que leva a mansão, o
caminho que estamos seguindo é mais movimentado e colorido, por causa
das pessoas e dos prédios.
— Para onde estamos indo? — questiono ansiosa.

— Não posso revelar senhora, ordens do capo — saber que ele está
envolvido nisso, faz todo meu corpo arrepiar e meu peito apertar tanto que
custa respirar direito. Minhas mãos se esfregão uma na outra e não para de
lamber os lábios. A apreensão é tanta que fico quieta no meu canto.

O carro atravessa os grandes portões de um edifício muito grande, com


estrutura da época vitoriana na cor marrom escuro, vários carros se
encontram estacionados em fileiras regulares no pátio, esse lugar me lembra
muito a fortaleza, a diferença está na disposição, lá ele é alargado, mas esse é
diferente a estrutura lembra uma casa mais ao mesmo tempo ao olhar com
mais atenção se percebe que é uma instituição, sombrio e peculiar é o resumo
do que posso dizer desse lugar.

O carro estaciona em frente a uma nascente idêntica a da fortaleza, o


motorista abre a porta e por um segundo receio em sair do veículo.
Ele me guia em direção ao interior, subimos um elevador modelo antigo,
daqueles que contém portas metálicas gradeadas, a caixa apita assim que
chegamos ao nosso destino.

Ao dar o primeiro passo para fora me surpreende ao ver a linda e


moderna recepção, as cores em maior destaque no recinto são marrom escuro
e vermelho, o interior desse lugar é totalmente o inverso do lado externo, é
como se fossem duas realidades diferentes.
Num balcão se encontram duas mulheres devidamente vestidas, com
cabelos presos em coques muito bem feitos, elas se encontram sentadas de
forma ereta digitando freneticamente em seus computadores a cor do batom
era ousado demais para alguém que trabalha no mundo executivo, eu e o
segurança passamos direto por elas sem ser anunciados.

— Por aqui senhora! — ele dá uma pequena batida na grande porta de


madeira escura — pode entrar, ele a está esperando.

Assinto e seguro na maçaneta, a empurro e então a porta abre, revelando


um outro ambiente, completamente diferente do anterior, aqui os tons dos
móveis variam entre preto e cinza prateado, grandes janelas dão a linda visão
da cidade de Nápoles e é já é possível ver os primeiros pingos de chuva
escorrendo pelos vidros.

E sentado numa cadeira em frente a grande mesa de vidro se encontra


meu maior tormento, meu marido. Ele me analisa milimetricamente ele me
devora com os olhos e não se preocupa em esconder que a qualquer momento
me jogará para cima dessa mesa e saciará seus desejos sexuais machucando
meu corpo.
Seus olhos azuis brilham de forma intensa quando percebe o pavor
estampado em meu rosto.

De onde estou é possível ver suas mãos se dirigindo até a fivela do cinto,
e abri-lo.

— Vem aqui bonequinha! Vem mostrar para seu marido o motivo de a


ter escolhido.
Nunca pensei que em tão pouco tempo de casado, eu pudesse me viciar
tanto na minha bonequinha, sua inexperiência e ingenuidade são o que mais
me fascinam nela, adoro vê-la marcada em todo o corpo gostoso dela, não
vou mentir e dizer que ela não me satisfaz, porque ela faz sim. Nenhuma
outra mulher consegue me saciar mais, nem mesmo a vadia da irmã dela. Que
por acaso fica me enchendo querendo minha atenção.

A noticia de que eu provavelmente teria sido pai me deixou espantado,


pela primeira vez em muito tempo eu não soube como reagir, no principio eu
achei que aquilo fosse um tipo de sinal do universo querendo me dizer que
provavelmente eu não nasci pra ser pai, porque essa é a segunda vez que um
filho meu morre sem eu sequer vê-lo ou tocá-lo. Mas isso não durou muito
tempo porque eu sei que um Ferrari nasce predestinado, liderar, conquistar e
multiplicar. Esse é o nosso lema na família e não seria isso que mudaria as
coisas agora.

E foi por isso que chamei minha querida esposa para a sede da mafia,
precisamos praticar, pois o conselho precisa ver que eu continuo o mesmo
líder e que herdeiros não faltarão, ter um herdeiro é uma questão de honra e
respeito. Emiliano não se preocupa muito com isso mas várias vezes ele já foi
convocado pelo conselho para ser advertido sobe sua situação como h0mem
dentro da organização. Não sei qual o problema dele e Pietra não terem tido
nenhum filho até agora porque eles são completamente sadios e aptos para
tal, mas também não me importo.

Olho minha esposa que está parada me olhando sem saber como agir,
seus lindos olhos brilham ao comtemplar a chuva lá fora, a linha fina que são
seus lábios estão rosados e com um aspeto natural, e isso sem dúvidas agrada
não só a mim mas ao meu pau também, pois ele está pronto desde o momento
que liguei para o motorista traze-la aqui. Nunca trouxe mulher nenhuma para
sede da mafia nem mesmo Geovanna, mas quando soube que ela estava
saindo da fortaleza que fica a uns quilómetros daqui não pensei duas vezes
em comunicar que a queria aqui, ela esta respeitosamente vestida em uma
saia com altura ate o joelho, por cima um suéter que não revela muito o que
ela veste por dentro dele. Sem duvidas ela é diferente de todas.

— Vem bonequinha, vem qui que seu marido está chamando. — ela
caminha a passos bem lentos e por fim para bem a minha frente, eu já estou
pronto, faço sinal para que ela se ajoelhe bem no meio das minha pernas, ela
sabe muito bem o que deve fazer. — chupa ele.

E assim ela o faz, bem devagar e bem gostoso como a ensinei a dias
atrás. O prazer que sinto com a boca dela envolta a meu pau é tão grande que
com certeza nunca ninguém me chapou como ela faz, não é porque ela
entende alguma coisa sobre isso mas a energia que circula em meu corpo
quando suas mãos me tocam tornam isso fascinante.

— Mas depressa bonequinha, — seguro sua cabeça com força para a


ajudar a ir mais fundo e rápido — isso! Oh porra que boquinha a gostosa. —
e antes que eu pudesse a sufocar gozei forte e fundo na boca dela, ela tosse
algumas vezes e começa a chorar. Respiro de forma ofegante enquanto meu
peito sobe e desce em movimentos rápidos. Largo seus braços e ela cai de
bunda no chão.

— Eu posso ir pra casa? — ela pergunta com a voz embargada e


fungando baixinho.
— Não, não pode porque ainda não terminei com você, levanta e vai me
servir um whisky. Vamos ver se para além de boquete você sabe fazer outra
coisa. Primeiro vá até o banheiro se limpar — quando ela volta dou
instruções exatas de como eu gosto do meu whisky e para minha supressa ela
fez tudo do jeito que eu mandei. — vem aqui — a chamo para se sentar no
meu colo, timidamente ela se acomoda na minha coxa esquerda.

Seu perfume doce invade minhas narinas, coloco o copo na mesa e sem
pedir permissão tiro seu suéter e levanto sua blusa que imediatamente me dá
a visão dos seus fartos seios sem sutiã, seguro nos dois com as duas mãos e
começo a chupar seus mamilos rosados e bicudos, ela suspira e geme
baixinho e fica quietinha enquanto eu me acabo em seu corpo, passamos a
tarde interna dentro do meu escritório, a comi em todos os cantos do comodo
a marquei com minhas mãos e meus lábios, sua pele parda ficou toda
vermelha sua boceta de tão fodida que foi estava inchada e com os lábios
entre abertos. No fim ela dormiu exausta no sofá a paguei no colo e saí do
edifício indo até o carro que nos levaria para casa.

Enquanto seguimos o percurso até a mansão minha mente não para de


arquitetar mortes longas e dolorosas a todos os que estiveram envolvidos no
ataque a minha propriedade, e sei muito bem como devo proceder, é só
procurar o elo mais fraco da escória. O maldito do Santoro, acha que só
porque é presidente da república pode bancar o esperto, eu sei que ter ele
vivo naquela posição em que se encontra é uma vantagem para mim, mas se
ele realmente estiver envolvido em tudo isso, sangue vai ser derramado.

Um dos meus soldados me entrega um tablet que segundo ele Leonardo


mandou uns arquivos que preciso ver, desbloqueio o dispositivo e abro o
email. E nesse momento é como se eu pudesse ver a cara de Santoro se
contorcendo de dor e sua boca imunda estivesse implorando por piedade, esse
maldito me paga. A uma altura destas não posso confiar em mais ninguém
dentro da organização, preciso que alguém investigue tudo isso sem que me
traia e o único jeito é chamar alguém sem nenhum vinculo com a mafia.

Poderia deixar essa missão com Emiliano ou Leonardo mas eles andam
atarefados supervisionando uma carga muito importante. Seguro no celular e
disco o nome da única pessoa capaz de me fornecer a pessoas que preciso.
Depois do segundo toque ele me atende:
— Shane

— Ferrari!

— Preciso que me indique alguém capaz de investigar umas sujeiras e


seus devidos protagonistas dentro da mafia e claro tem que ser uma pessoas
discreta.

— Tudo bem, meu chefe de segurança entrará em contato com ele e o


mandará para Itália, espero que não o meta em problemas, apesar de ser ex
fuzileiro naval e o sniper do governo americano digamos que ele deva
permanecer como um fantasma, — pelos visto estamos lidando com alguém
que carrega muitas mortes nas mãos, se for quem estou pensando sem
duvidas estamos falando do maior matador na história do exército americano,
Dominic Swegger.

Assim que o comboio de carros estaciona em frente da mansão coloco


minha esposa em meus braços com cuidado para não acordá-la e sigo até o
interior da casa. Mas antes que atingisse os primeiros degraus que levam ao
andar de cima uma funcionaria me interceptou.

— Senhor! Melina Sanches ligou e disse que precisa falar com urgência
com o senhor. Ela disse que era muito importante — o que aquela mulher
quer comigo? Tomara que não seja para reclamar sobre a menina dela, caso
contrário ela terá a cabeça decepada.

— Assim que tiver tempo retorno a ligação. — a dias atras Susan me


disse que a reintegrou de novo na casa de repouso por ela ser uma ótima
funcionária, isso não me interessa desde que ela se mantenha longe do meu
casamento. Coloco minha bonequinha sobre a cama, tiro sua roupa e por um
segundo pensei em me despir e passar a noite toda dentro dela, mas existem
assuntos mais importantes a serem tratados, tenho uma reunião com Emiliano
e Leonardo marcamos de nos encontrar no bar da Carlota e eu já estou
atrasado, quando eu voltar eu vou saciar essa minha vontade.

Segui até o centro da cidade conduzindo por conta própria, assim que
cheguei a entrada do bar umas das recepcionistas me guiou até onde os outros
se encontram sentados, trocamos algumas palavras enquanto nos
ambientamos.

— Então me falem como foi a negociação da carga?

— Foi tudo certo, aqueles filhos da puta não poderiam fazer nada, afinal
de contas tínhamos um documento assinado pelo próprio governador — os
três gargalhamos, é muito fácil envolver políticos em nossas falcatruas eles
são tão sedentos por poder que caem e nossas garras.
Depois de ter passado o dia todo trancafiada no que depois descobri ser
o escritório dele, quando acordei estava sozinha deitada no meu lado da cama
e por ter passado quase o dia todo sem jantar acordei com uma fome fora do
comum e para minha supressa minha refeição já estava posta na anti sala, só
precisei tomar um banho e depois comi como nunca em muito tempo.
Aproveitei que estava sozinha e vi um filme e para acompanhar fui até a
cozinha sequestrar um pote enorme de sorvete, foi a primeira vez em muito
tempo que eu não me sentia como uma pessoa anormal. Quando o filme
termina desligo a televisão.

Estou tão cansada que nesse momento minha única vontade é dormir
confortavelmente essas camisolas curtas e finas não me ajudam muito,
caminho até meu closet para procurar uma camiseta confortável, depois de
revir todo o clost durante dez minutos eu desisto, aqui não tem nada que me
lembre as minhas camitas de dormir que usava na casa de repouso. Caminho
até o quarto com a intenção de voltar a dormir mas a porta do closet do meu
marido aberta me chama atenção, tento me controlar para não ir até lá mas
meus pés ganham vida própria e quando dei poe mim já estava no interior do
closet xeretando as coisas alheias, se ele me encontra aqui sou uma mulher
morta.

Lembro que no dia do ataque ele me deu uma roupa dele muito
confortável era um conjunto de moletom e acho que ele não irá se importar se
eu pegar emprestado agora, vou até a secção de roupas esportivas e tiro uma
camiseta preta de algodão dispo a camisola que por caso vesti sem calcinha
porque minha intimidade está ardendo. Como não tenho nada a fazer e o
dono do clost não está continuo minha aventura no lugar, abro cada gaveta e
cada porta nos guarda roupas, a maioria de sua roupas são de tons escuros
refletem exatamente o tipo de homem que ele é sombrio, cruel e sem alma,
percebi que a aqui tem um cofre bem grandão.

Tudo aqui esbanja poder e sinistralidade, é incrível o jeito como tudo a


volta só me faz lembrar ele, abro as ultimas gavetas e me deparo com uma
que parece está repleta de papeis e uma fotografia me chama atenção, puxo o
papel com cuidado pois não sei se é sensível ou não, assim que o viro meus
olhos se arregalam e por um segundo achei que fosse desmaiar no chão deste
lugar, lagrimas quentes e teimosas descem por meu rosto sem minha
permissão, Deus depois de tanto tempo porquê está decidido a me atormentar
de novo. A culpa me coroe até a alma meu coração e consciência pesam de
tal forma que mal consigo respirar.

Depois de passar não sei quanto tempo deitada revivendo aquele fatídico
dia meu corpo para de tremer e minha respiração volta ao normal, antes que
seja encontrada guardo a foto no mesmo lugar e do jeito que estava volto para
o quarto e me sento na beirada da cama ainda pensando, o que será que
aquela foto fazia ali? Não pode ser coincidência, sinto minha cabeça querer
explodir de tantas ideias que passam por ela tantas duvidas sem respostas
também me deixam ainda mais agoniada, me deito e fecho os olha para tentar
dormir , talvez assim eu me esqueça que por minha culpa uma linga mulher e
um anjinho morreram por causa da minha burrice.

Não preciso abrir os olhos para saber que o corpo enorme me


esmagando é do meu marido, minhas coxas devem estar bem vermelhas de
tanto que estão sendo apertadas, seu hálito denuncia que a quantidade de
álcool consumida não foi pouca.

— Acorda pequena bruxinha — ele espalha beijos agressivos em meu


pescoço — você me enfeitiçou com seu corpo gostoso, em todos lugares só
vejo você e só sinto vontade de fode-la até o mundo acabar.

— Me solta você está bêbado.

— Shh não me provoca, aqui só se obedece as minhas vontades e para


seu próprio bem melhor que cumpra direitinho sues deveres de esposa afinal
de contas não quero machucar esse rostinho lindo. Agora abre essas pernas
— aperta minha têmporas enquanto me beija.

Um mês depois

Com apenas algumas lembranças e imaginações consegui esboçar na


tela o rosto das duas pessoas que mais amei na vida, meus pais, imaginei os
dois sentados na praia vestidos de branco e sorrindo, meu coração se alegra
pois é como estivem sorrindo para mim e decerta forma transmitindo uma
mensagem de que no fim tudo dará certo. Depois de tanto tempo recuperei
todo meu material de pintura e o resto dos quadros e para minha completa
surpresa todos estavam sendo conservados num ateliê que foi montado a dias
atrás.

Já passou muito tempo desde que invadi o closet do Enrico e em uma


das gavetas me deparei com a foro da Geovanna grávida, ela estava feliz e
segurava da barriga já acidente, ela estava radiante naquela foto, ela sempre
foi. Nunca consegui perguntar pra ele o porquê daquela foto se encontrar ali,
faz exatamente um mês que não ganho inspiração nenhuma para pintar. Mas
hoje por incrível que pareça eu acordei com mais disposição e vontade de
pintar como nunca.

Continuo dando os últimos detalhes a minha tela, mas de repente sinto


um arrepio que me fez estremecer toda e sentir meu estomago revirar. Sinto
que estou sendo observada mas não sei por onde porque esse jardim é
enorme, mas eu sinto que tem alguém escondido entre os arbustos me
observando.
Não me sentido mais a vontade para continuar dobro o cavalete e
recolho os pinceis e paleta que contem as tintas. Entro na casa pelos fundos e
arrumo tudo no meu ateliê, quando o vi pela primeira vez quase pulei pela
casa inteira de tanta felicidade, na verdade sempre quando olho seu lugar meu
rosto sorri por conta própria.

— Porque esta sorrindo sozinha priminha? — me viro imediatamente ao


ouvir a voz da minha prima.

— Donna! — ela grita e pula me abraçando empolgadíssima. — Senti


tantas saudades de você.

— Eu também Emanuelle, nem acredito que finalmente voltei para casa


— Donatella assim como Alessandra a irmã mais nova de Enrico estudam em
Roma por isso é muito difícil vê-las eu gosto tanto de ficar junto delas porque
elas são bem alegres. — vem aqui que vou te mostrar todos os lindos
presentes que compramos para você, Alessandra também esta vindo. Hoje
será a noite das meninas, farremos até a noite do pijama — no mesmo
instante eu congelei, eu não faço nada sem antes avisar o Enrico.

— Eu não sei se Enrico ... — ela me corta.

— Não se preocupe com isso, eu sei que ele viajou com o irmão e
Emiliano — ela fala o nome de Leonardo com um certo brilho nos olhos.
Quando dei por mim já estava sentada no tapete da sala de estar ouvindo
Donna falar aos cotovelos do quanto cada roupa que ela trouxe ficaria bem
em mim. Enquanto aprecio cada peça ouço a campainha.

Depois de alguns instantes Alessandra cega toda eufórica com a esposa


do Emiliano, ela parece sem jeito mas no fim por causa das duas maquinas
ela acaba entrando na conversa e da sua opinião sobre as roupas , ela é
estilistas.

— Meninas dou por iniciado a noite do pijama, então precisamos nos


vestir a rigor — então a Alessandra começa a distribuir uns pijamas que com
certeza não irá caber no meu bumbum gordo. Ela de um conjunto cada uma
com uma cor diferente.
— Alessandra acho que esse pijama não vai caber em mim, para além
do que seu irmão me mata se me vir vestida desse jeito no meio da sala

— Não se preocupe cunhadinha meu irmão não esta aqui. E isso aqui
como você diz se chama baby doll e vai ficar perfeito nesse seu bumbum
gigante. — minhas bochechas esquentam e elas começam a rir, no final
acabei vestindo o conjunto, ele ficou justo demais em mim os mamilos
estavam marcando e tinha um decote que não escondia nada e meu bumbum
estava quase aparecendo para fora de tão curta que a parte de baixo é —Uau
cunhada como você ficou gostosa nesse, entendo porquê meu irmão se casou
com você, se ele estivesse aqui sem duvidas estaria bambando, olha esses
peitos perfeitos.

— Que vergonha.

— Não precisa ter vergonha, você é realmente linda e tem um corpo


maravilhoso — diz Pietra bebendo mais um gole de seu vinho. Desde que ela
chegou eu pude a conhecer melhor e vi que é uma pessoa maravilhosa, ela
lamentou a perda do meu bebê e me disse que assim como eu nunca mais
apareceu nas reuniões do comire. Donnatela coloca uma musica e tidas
começamos a dançar feito loucos.

— Que tal um conhaque para festejar a moda italiana hum meninas —


as outras duas gritam empolgadas e então começam a beber — você também
vai beber Emanuelle.

— Não posso. Eu nunca bebi e se o fizer Enrico me mata, não vou


arriscar. — trinta minutos la estava eu na minha enésima taça de champanhe,
é a única coisa que tolerei beber porque gostei do efeito, gosto de sentir as
borbulhinhas flutuantes dentro de mim. Todas nós estamos dançando quase
que coladas uma na outra. A sala virou um verdadeiro caos e as meninas não
param de cantar acompanhando música pop americana. Estávamos tão
empolgados que nem ouvimos quando a musica foi desligada.

— MAS QUE PORRA É ESSA?


Se eu não tivesse plena certeza de que sou humana juraria que meu
braço seria arrancado do meu corpo a qualquer momento de tão forte que ele
está sendo segurado nesse momento, com certeza ficará uma grande mancha
e se o sangue não coagular na região será muita sorte, as meninas já foram
todas enxotadas da casa agora só restou eu e o monstro. E eu que estava
achando que em muito tempo estava sendo feliz e alegre, com certeza elas
nunca mas vão querer voltar aqui depois de tudo o que aconteceu.

Pietra foi embora com o marido, que por acaso não ficou tão bravo
quanto meu marido está, já Alessandra e Donatella foram embora com
Leonardo, eles não nos deram nem tempo de nos arrumarmos. Assim que
Enrico entrou destilou toda sua fúria gritando connosco, o pequeno efeito da
bebida que eu estava sentindo passou imediatamente, em minha boca resta
apenas o sabor adocicado do espumante, agora eu estou sendo arrastada pelos
corredores da casa estou pensando se tudo aquilo valeu a pena.

Meu coração dá um pulo que me faz engolir sem seco quando ao invés
de entrar no quarto meu corpo é arrastado até o fim do corredor. Um
desespero abismal toma conta de ,mim e eu mal consigo enxergar pois as
lagrimas estão deixando meus olhos turvos.
— Enrico para onde está me levando?— sua ignorância é a única
resposta que obtenho, ele mal olha para minha cara. Sua pele quente das
mãos entra em contato com minha pele gelada bem no meio do rosto, o tapa
foi tão forte quem nem sua mão que me segurava conseguiu me salvar do
tombo que levei, minha bochecha está fervilhando e todo meu corpo fica
ainda mais gelado.

— Levanta! — sua voz soa como um trovão me fazendo pular por causa
do susto, eu balanço a Cabeça em um não silencioso, ele não vai me tocar.
Como se minha vida dependesse disso eu saí me arrastando — acha que vai
aonde? Falei para levantar porra!

— Não por favor! — não sei onde arranjei forças para pronunciar essas
palavras mas quando vi já tinha formado essa frase de suplica.

— Foi isso mesmo que eu ouvi? Você está dizendo não para mim? —
desde o início a regra numero um foi nunca negar nada a ele. Mas perto dele
eu fico tão atrapalhada e com medo que as palavras saem sem minha
permissão e isso já me custou muitas noites mal dormidas e machucados no
corpo — as vezes eu acho que você gosta de apanhar não é ? Gosta de ser
abusada e usada não é sua vadia? — ele está cada vez mais próximo. —
Responde caralho, você quer morrer?

— Não, me desculpa, não vai acontecer de novo. Eu sempre vou te


obedecer. — ele se agacha bem na minha frente e segura meu queixo

— Linda bonequinha, é assim que eu gosto. — suas mãos passeiam por


minhas coxas grossas, fazendo todo meu corpo entrar em alerta. — ficou bem
gostosa nesse pijaminha, vou adorar rasgar ele todinho. — e sem nenhum
aviso ele me reergueu e me puxou até aquela porta que me faz estremecer.
Sem pressa nenhuma ele tira a chave no bolso da calça e começar a abrir a
fechadura da mesma, em dez segundos a porta do quarto sóbrio foi aberta, e
foi quase impossível segurar o soluço prendido na garganta, quando soltei foi
como receber um alívio, ele estava alo tao sufocado que minha garganta até
doeu.

Mal coloquei o pé no interior daquele lugar e já fui jogada na cama


como a boneca que sou, esse lugar é diferente de toda a casa, simples e quase
sem vida, frio e como se estivesse parado no tempo, o único móvel que
decora o ambiente é cama de casal posicionada perto da janela . Como se
fosse um ritual ele começou a despir as próprias roupas e subiu encima de
mim. Rasgou da forma mais brutal o pijama que as meninas me ofereceram e
sem me dar nenhum descanso se aproveitou do meu corpo da forma mais
humilhante possível.

Quando se deu por satisfeito ele tirou o cigarro no bolso do paletó e


começou a fumar, de repete ele tirou outra caixinha que continha um rotulo
com escritas bem legíveis teste de gravidez, não preciso esperar para saber o
que tenho que fazer, é a mesma coisa de uma em uma semana, o banheiro do
quarto está infestado de vários iguais a esse. Sem opção aperto o lençol em
volta do meu corpo com vigor e seguro na caixinha que contem um objeto
que ira decidir se hoje ei dormirei ou não.

— Já sabe o que tem que fazer — solta a fumaça na minha cara e


continua: — tomara que o resultado seja satisfatório, caso contrario os
próximos dias não serão bons para você.

A passos de camaleão caminho até o banheiro simples, tapo o sanitário


com a tampa e me sento, seguro no teste trémula e sinto que a qualquer
momento eu terei um colapso. Para não enfurecer mais a ferra resolvo fazer o
teste de uma vez , assim me castigam de uma vez e tudo acaba, sigo todos
procedimentos, depois de cinco minutos olho o teste em minhas mãos, sinto
uma mistura de sentimentos, decepção e alivio, decepção porque mais uma
vez o teste deu negativo o que implica em algum tipo de castigo , alívio
porque será menos uma criança a mercê das pressões da máfia. Nem quero
imaginar o dia que realmente tiver um filho dele e ter que entrega-lo para essa
vida. O barulho feito do outro lado da porta me faz sair do meu estado de
torpor.

— Sai logo daí que eu não tenho a noite toda. — solto o ar que mal
percebi que o havia prendido nas minhas vias respiratórias. Depois de pensar
infinitamente segurei na maçaneta da porta e a girei deste modo abrindo a
porta. Ele continua sentado na cama fumando, como um homem tão lindo
consegue carregar tanta maldade no coração? aqueles olhos azuis são a
própria invocação do mal, tao azuis quanto aos do anjo traidor.
— Qual foi o resultado? — engoli várias vezes em seco para finalmente
dar a resposta.

— Ne...gativo — a palavra pesa em minha língua. — eu juro que estou


tentando, a culpa não é minha .

— Pois parece que não está tentando o suficiente bonequinha, mas é


claro que culpa é sua. Você não serve nem para me dar um herdeiro — antes
que eu pudesse formular argumentos em minha defesa, ele me segurou pela
cintura e me puxou até a cama deitando meu corpo na mesma. Fiquei tão
concentrada em tentar perceber o que ele queria fazer comigo que não
percebei quando minha braço foi guiado até a cabeceira metálica da cama e
meu pulso consequentemente algemado na mesma.

— Enri...co

— Shh caladinha. Vou deixar você aqui algemada quem sabe assim
raciocina melhor sobre suas funções. Ficará aqui até que aqueles malditos
testes de gravidez deem positivo, e para seu bem tomara que isso aconteça
logo Emanuelle. — antes dele me abandonar aqui sozinha leme me possuiu
mais um vez, e deixou deu avisos ameaçadores.

E nos próximos dias foi a mesma coisa, ele vem todos os dias vestindo
apenas um roupão ou não. Vem a noite antes de dormir e as vezes de manhã.
Já me faltam lágrimas para chorar, nesse meio tempo fiz o teste de gravidez
umas duas vezes e dos dois testaram negativo. Não sei mais o quefazer para
ele me deixar em paz. Engravidar é o único jeito para que fará ele parar de
me atormentar.

Olho meu corpo que se encontra encoberto por apenas uma camisola
fina, faz dias que não saio para apreciar o dia, olho tudo pela janela, não
converso com ninguém. Uma vez eu ouvi a voz do meu tio berrando mas não
pude vê-lo, a entrada de funcionários está interdita nesse quarto, termino de
tomar o suco e comer tosa a comida. Quando ia começar a desenha num
caderno que achei aqui mesmo, a porta foi aberta. Ele está elegantemente
vestido. A aura de homem sóbrio e implacável é visível a sua volta.

— Venha se arrumar bonequinha, hoje temos visita. Mas depois


voltamos a nossa rotina. — sem contestar saí do meu novo quarto e me dirigi
até o meu antigo quarto onde já encontrei minha roupa arrumada e uma moça
que iria me ajudar com o cabelo e a maquiagem, eu devo estar horrível para
que seja arrumada por alguém.

Depois de trinta minutos eu estava pronta e vestida a rigor. Como a


esposa de um capo deve estar, antes de descermos ele colocou um colar de
brilhantes no meu pescoço e sussurrou que irá me possuir usando apenas o
acessório em meu corpo.
Preciso tirar esses pensamentos de minha mente, meus pais nunca me
perdoariam se fizesse algo do gênero seria a vergonha da família na verdade
só pioraria a ideia que as pessoas tem de mim, a louca, jurei para mim mesma
que nunca mais me atreveria a ter ideias tão promíscuas e do pecado, lutei
suportar tudo até o fim, até o dia que Deus decidisse trazer luz, paz e
felicidade a minha vida. Mas as imagens de mim saltando sem paraquedas
por esse avião parece uma ideia fenomenal, acabaria com sempre me
autoflagelei mas agora estou ultrapassando totalmente os limites. todos os
meus martírios, com minha angústia e seria menos um peso na vida das
pessoas. Deus o que estou fazendo comigo mesma?

Uma turbulência de intensidade moderada chacoalha meu corpo me


fazendo despertar de tais pensamentos, saímos da Itália faz trinta minutos
rumo aos Estados Unidos. É a primeira vez que pisarei em solo americano, na
adolescência antes de ser internada na casa de repouso vi muitos filmes e
séries produzidos no país mas nada se compara a estar lá. A mamãe sempre
dizia que americanos são libertinos demais.

A viagem se deve ao convite de casamento que meu marido diz ter


recebido, não abriu muito espaço para questionamentos, depois do jantar de
ontem com toda família dele, eu não voltei para o quarto sombrio, depois de
tanto tempo voltei a dividir a cama com meu marido. E o que eu poderia dizer
sobre o jantar? Que eu estava lá apenas como enfeite e minha sogra esfregou
na minha cara que a qualquer momento meu casamento será anulado pois
minha fertilidade foi posta em dúvida, o que ela não sabia é que eu já estou
bem acostumada a receber ameaças do tipo de pessoa que mas temo. Enrico
já me avisou que seu não der um filho a ele logo nosso casamento será
anulado ele se casará com outra e eu serei a bonequinha do prazer dele, o que
na verdade já está acontecendo.

Desvio meu olhar das nuvens límpidas e brilhantes para meu pulso
esquerdo que se encontra visialmente avermelhado devido ao aperto forte da
sua mão na região, a base que passei não ajudou muito, pois é possível ver as
marcas de dedos em volta. Tudo seria tão fácil se minha vida voltasse ao que
era antes. Antes de conhecer esse homem, antes daquele enfermeiro nojento
tentar me tocar, antes de ser internada e principalmente antes do acidente.
Aquele acidente foi o marco do início da segunda parte da minha vida.

Falando em segunda parte da minha vida , faz tempo que não tenho
noticias da Melina, não sei onde ela está nem o que ela tem feito, e isso está
me destruindo por dentro, eu já perdi muita pessoas que amo nessa vida e só
de imaginar minha vida sem ela não vejo sentido em nada. Olho em volta e
não vejo Enrico em nenhum lugar ele saiu faz dez minutos, será que ele foi
dormir? Não isso não é possível.

Olho para direção que leva até o banheiro e vejo a comissaria de bordo
sair pela porta com a cara toda vermelha. E no mesmo instante Enrico
também passa pela porta com aquele ar arrogante que sempre o acompanha,
sem me dar nenhuma atenção ele se senta na poltrona a frente a minha e me
encara de um jeito assustador, ele só me olha assim quando faço de errado.

— Eu fiz algo de errado Enrico? — ele segura no próprio queixo e o


massageia.

— Não bonequinha você não fez nada de errado, não posso olhar para
minha própria esposa?

— Po...de — respondo gaguejando.


O resto da viajem decorreu no silêncio mais desconfortável possível, eu
mal respirava a vontade. Quando o avião aterrissou no aeroporto meu coração
se encheu de um entusiasmo tão grande, mas quando fui arrastada até o a
carro o entusiasmo não passou de uma faceta criado por minha mente .

O carro estacionou em frente a um prédio enorme, na verdade todos os


edifícios dessa cidade são enormes, e espelhados, é tudo assustadoramente
bonito. As portas da caixa de metal abriram e me deparei com uma sala de
estar no estilo idade media, os móveis são de tons amarelo escuro e seus
acabamentos dourados. Uma janela enorme exibe a imponência da cidade
daqui é ate possível ver a estátua da liberdade.

— Eu estou saindo para resolver alguns assuntos, já devem estar


trazendo seu almoço, nos vemos mais tarde — antes que ele passasse pela
porta do quarto tomei coragem e pedi:

— Eu posso sair pra conhecer a cidade ? — eu só quero dar uma volta,


faz semanas que não sei o que é caminhar num lugar arejado,.

— Não, não pode. E não insista, me irritar com você é a pior coisa que
poderia acontecer a você.

— Por favor Enrico, eu juro que serão apenas alguns instantes. — ele
olha o relógio e depois para mim.

— Muito bem. Você tem trinta minutos para caminhar no Central Park,
se por acaso ultrapassar o tempo que estipulei te castigarei com muito prazer.
— antes de sair ele segurou em meu rosto pelas têmporas e me deu um beijo
agressivo e selvagem. Quando ouvi as portas do elevador se fechando corri
até o banheiro me despi e tomei um banho bem rápido. Quando terminei de
me arrumar a comida já estava posta na mesa, a ansiedade é tanta que como
tudo com rapidez. Como estamos no meio do outono americano todas roupas
que as empregadas colocaram na minha mala são bem confortáveis.

Quando saí para sala de estar dois seguranças já estavam me esperando.


Os dois me guiaram até o a saída do hotel e mais outros nos seguiram rumo
ao Central Park, que para minha surpresa é bem em frente ao edifício, como
não sou muito fã de fotografia levei uma pequena tela e alguns pincéis na
sacola.

Enquanto caminho idealizo como será a pintura e que cores usarei na


mesma, depois de caminhar por uns dez minutos pelo parque me sento em
banco e então começo a pintar observando as pessoas que se encontram no
local. Me distraí tanto olhando tudo a volta que não notei que tinha alguém
atrás de mim.

— Desculpa não querai te assustar você — diz o homem com uma voz
bem suave. Ele é loiro usa óculos de grau e carrega alguns livros. Estou tao
assutada que nem sei como reagir.

— Tu-do bem — ele aparenta ter uns vinte e poucos anos — se me der
licença eu já vou embora — se Enrico souber disso ele vai me matar.

— Espera! — ele segura em meu braço com delicadeza e sorri vejo os


seguranças parados em posição de ataque — eu só queria dizer que adorei sua
pintura, você é talentosa e muito linda. — Deus

— Obri-gada! Eu sinto muito mas preciso ir.

— Não me falou seu nome — ele insiste. — o meu é Thomas e o seu?

— É Emanuelle, — falo sentido o peso na minha boca porque não sei o


que isso vai me custar, depois de conseguir me livrar daquele homem não
tive mais forças nem coragem para continuar meu passeio, pedi que me
levassem de volta ao hotel, sem olhar para nenhum lado entrei no quarto me
joguei na cama, o dia já está se pondo.

Não paro de pensar no que aconteceu a pouco, se Enrico souber, nem


quero imaginar na magnitude do estrago. Antes de me deitar tomei um banho
e jantei sozinha, desde sempre foi assim. Depois de rolar na cama não por
quanto tempo finalmente cai num sono leve tao leve que ouvi quando Enrico
chegou de madrugada, ele não me perturbou?
A igreja está lotada e todas as pessoas presentes estão elegantemente
vestidas, sem duvida aqui está a elite de Nova Iorque e do mundo, até o
presidente norte americano está presente. Quando a cerimonialista anuncia
que a noiva irá entrar todos nos levantamos, no fundo é possível ver uma
mulher loira e baixinha ao lado de um homem mais velho, provavelmente o
pai dela, lembrar que não entrei na igreja segurando o braço do meus pai me
faz desejar estar no lugar dela.

Durante a cerimónia fiquei distraída que nem prestei atenção nem na


cerimonia religiosa e civil. O fato de Enrico não ter feito nada ontem depois
de eu ter conversado com um homem estranho me deixa com medo eu sei
muito bem que os seguranças reportaram a ele tudo o qe eu fiz. No salão
todos conversam e circulam pelo ambiente alegres como se suas vidas fossem
perfeitas. Tomo mais um gole de água e vejo meu marido conversando com
um homem alto e forte de pele negra e uma barba rala, ele está
desacompanhado o que suponho ser solteiro.

De longe vejo o casal recém casado se aproximando e algo na noiva me


chama atenção, ela parece triste, e nem um pouco a vontade com tudo isso e
toda essa gente querendo atenção deles. De repente cinto a mão grande de
Enrico na minha cintura e sua boa de hálito quente misturado com whisky em
meu em meu ouvido.

— Eu sei o que você vez bonequinha! E te garanto que não gostei nem
um pouco do que me foi reportado. Hoje você vai saber porque eu sou
chamado de figlio di diablo. — foi inevitável, senti meus olhos marejados e
minhas mãos trémulas, meu coração dá palpitadas rápidas e frenéticas
enquanto minha consciência procura uma forma de escapar de tudo isso. Ele
conversa alguma coisa com o noivo e depois me segura pelo braço me
puxando até a saída. — vamos bonequinha preciso te ensinar a ser uma boa
menina.
Dubai, Emiratos Árabes Unidos.

Semanas antes

Assim que o jato aterrissou no aeroporto da cidade, eu Emiliano e


Leonardo nos dirigimos a um de meus hotéis no país, teremos uma reunião
com Shamir, xeque do xecado de Omar, mas o real motivo da nossa vinda ao
médio oriente é outro, queremos fazer uma reunião surpresa com Santoro,
assim que soube que o desgraçado faria uma visita de estado a Arabia Saudita
e seu primeiro destino seria Dubai resolvi preparar uma emboscada, na
verdade resolvi desviar o caminho de sua viagem obviamente que o xeque de
Dubai não negou o meu pedido afinal de contas temos negócios juntos.

A comitiva presidencial junto com dito cujo chegarão na manhã de


amanhã, e já tenho o local perfeito para o nosso encontro inusitado. Só ele
decidirá se quer sair deste país em um caixão ou com os próprios pés. Saio de
meus devaneios com a voz de Leonardo chamando minha atenção para
assinar os contratos de compra e venda do resort, na verdade é uma troca, ele
está me denvedo uma fortuna , levou minha droga para abastecer suas boates
e casas de jogos e não conseguiu me pagar e esse é o resultado. Depois da
assinatura dos papéis saímos os quatro para comemorar na melhor casa
noturna de Dubai. Assim que nos acomodamos nos sofás do ambiente calmo
da boate, Leonardo começou a conversa.

— Você acha que nosso querido presidente da república irá abrir o jogo?
— não entendo como ele ainda duvida das minha capacidades de persuasão,
ou ele fala ou ele morre.

— É claro que vai falar. Eles sempre falam. — ele sorri direcionando
seu olhar para a entrada da sala vip. E lá estão três lindas mulheres, altas ,
magras e com maquiagem demais, bem diferente da minha bonequinha.
Nenhuma chama minha atenção, nenhuma se compara a ela. Minha
bonequinha é pura, doce, ingénua e tem um corpo que me faz perder
completamente o juízo. Tentei me distrair com as mulheres mas aqueles olhos
cheios de terror me atormentavam, eu só queria ela, só ela era capaz de sanar
todo o desejo latente que meu corpo sente, só ela consegue despertar o
demónio que vive em mim, só ela consegue satisfazê-lo.

….

Depois da noite nem tão divertida finalmente alguma coisa boa está
acontecendo, o comboio que acompanha a presidência foi desviado para o
galpão que me foi emprestado para os meus assuntos. Santoro não sabe mas
boa parte dos homens que fazem parte da sua segurança trabalham para mim,
são todos da máfia, mas ele deve desconfiar, apesar de ser leigo para certos
assuntos ele tem uma certa inteligência para outros assuntos, como por
exemplo na política. Não posso negar ele é bom nisso, sabe ser convincente
com seu público eleitoral e mostra confiança.

De longe é possível ver os carros estacionando bem na frente dos


portões metálicos gastos e cansados, estamos na região mais pobre da cidade,
tão pobre que não dá margem para imaginar que do outo lado existe uma
cidade cheia de esplendor e que esbanja luxo e riqueza. Assim que a porta do
carro que imagino ser onde Santoro está é aberta é possível ver seu rosto
pálido surpreso e espantado quando seus olhos se encontram com os meus,
ele realmente não esperava me encontrar aqui.

Por poucos segundos o vi vacilar e quase retornar ao carro, todos os


meus soldados estão a postos para qualquer surpresa e até o sniper que
Nicholas me mandou também está em posição em algum edifício a mais de
um quilómetro e meio daqui, ele é mais um na longa lista de maquinas de
matar. Não precisei o chamar e Santoro já se pôs andando em minha direção.

— Enrico o que significa isso? Eu tenho um compromisso muito


importante nesse momento, não posso deixar o xeque esperando. — ele é
mesmo um idiota.

— Em primeiro lugar olha bem como fala comigo, o que foi perdeu o
respeito pelo seu capo? — vocifero na sua cara — não me confunda com seus
empregados, nós dois sabemos muito bem a quem o poder pertence aqui.
Agora se não quiser se atrasar para o seu compromisso sugiro que me
acompanhe para que conversemos.

— Desculpa capo. — suas palavras não saem firmes como no principio ,


ele já deve ter percebido que fez alguma merda. Caminhamos até duas
cadeiras metálicas dispostas no meio do ambiente exatamente para nós dois.
Assim que nos sentamos ele começa a olhar em volta, sem duvida procurando
alguma camara.

— Então senhor presidente vai ou não me contar quem arquitetou o


ataque a minha propriedade? — seu rosto fica branco e o vejo sua respiração
se acelerar, indicando o quanto está nervoso.

— Não sei do que está falando capo — ahh ele sabe sim e vai me falar.

— Não me desafie, sei que tem alguém por trás de tudo isso para além
de você e Frederico. Não sei como você se alia alguém tão frustrado quanto
ele. — ele pigarreia mas depois desiste de falar o que seus lábios quase
estavam deixando escapar — você escolhe de como quer que sua esposa o
receba, dentro do caixão ou chegando na Itália todo poderoso. Nesse
momento tem um sniper apontando um black king bem no meio da sua
cabeça — vejo o espanto em seus olhos — ouvi dizer que é uma arma capaz
de percorrer mais de um quilómetro e meio até atingir seu alvo e te garanto
que o estrago é incalculável.

— O-o que você quer ? — eles sempre falam no fim, lanço um olhar de
satisfação para Leonardo e emiliano que estão prados do outro lado nos
observando. Foi fácil demais nem precisei usar meus métodos apropriados.

— Quero que me fale quem mandou atacar minha propriedade quem foi
que arquitetou. Duvido muito que tenha sido você ou o Frederico. — eles não
chegariam até esse nível de inteligência. — não adianta dizer que foram os
russos ou a yakuza, nós dois sabemos que isso é impossível porque
mandaram uns malditos ex militares me atracar você é a única pessoas capaz
de autorizar a entrada de mais de trinta ex militares americanos sem que
ninguém saiba. Então desembucha. — ele já percebeu que já esta sem saída.

— Eu não sei quem é mas quando eu e o Frederico recebemos as


mesmas mensagens do mesmo remetente dizendo que o que tínhamos que
fazer, nós tentamos localizar o endereço mas as mensagens eram
criptografadas. Mas tenho quase certeza que se trata de alguém de dentro da
máfia — então ele continuou me explicando tudo. Cheguei a conclusão de
que quanto ele como o capo da Cosa Nostra foram coagidos a perpetuar com
toda essa merda e pela cede de poder os burros aceitaram.

— Nesse momento minha maior preocupação é localizar essa pessoa,


por enquanto você está salvo até eu decidir quando não irei precisar mais de
você, fale a mesma coisa para frederico. — me levanto abotoo meu paletó e
antes de dar as costas para ele acertei um soco bem no meio do nariz do
desgraçado.

—Porra Enrico. — não o dei atenção e saí daquele lugar rumo ao


aeroporto, não aguento mais ficar longe da minha bonequinha, a partir de
agora ela irá me acompanhar em todas as minhas viagens.

Mal o carro estacionou em frente a porta principal da mansão já fui


descendo sem esperar pelos outros, Leonardo e Emiliano resolveram vir
comigo. Quando a porta do hall principal é aberta em meus ouvidos surge a
música alta vindo de algum canto da casa. Mas que porra é essa? Sem ter
mais espaço para pensar caminhei em direção ao som, é possível ouvir
mulheres cantando também, aposto que Alessandra tem haver com tudo isso,
essa pirralha está passando dos limites, acho que está na hora de procurar um
marido para ela.

Assim que entrei na sala de estar que se encontrava toda bagunçada e


revelando quatro mulheres dançado feito loucas e vestindo roupas que
mostravam quase tudo, sem demoras expulsei todas elas da minha casa,
Leonardo e emiliano as levaram embora. Restou apenas eu e minha
bonequinha, olho minuciosamente para seu corpo gostoso vestindo apenas
um pijaminha curto. Meu pau pulsou e antes que a comece no meio da sala
puxei seu braço até o andar de cima. Não a levei para nosso quarto e sim para
outro mais simples, onde seria sua mais nova prisão.

A comi de todas as formas possíveis, a saudade era tanta que o pijama


que ela vestia não passava de um mero trapo depois que o rasguei, seus
resmungos e soluços de choros aumentavam ainda mais meu desejo. Eu
nunca fui carinhosos na acama com ela, mas ela também não contesta quando
toco com brutalidade, também ela não tem nada a fazer a não ser aceitar seu
papel. Quando percebi que tinha comido o suficiente a mandei fazer o teste
de gravidez, todas as semanas ela faz e mais uma fez o teste deu negativo.

Sem mais opção a prendi na cabeira da cama e avisei que só sairia no dia
que carregasse meu herdeiro, caso contrario me caso de novo e a mantenho
ali para me dar prazer pelo resto da vida dela. Nas semanas seguintes o
processo se repetiu, eu a fodia todos os dias sem descanso, e mesmo assim os
resultados dos testes não eram satisfatórios. Eu já estava possesso pois o
conselho assim como minha mãe não paravam de me infernizar com essa
história de herdeiro, não que me importasse a opinião deles mas essa situação
já estava ultrapassando os limites.

Presente

Puxo seu bracinho sem delicadeza nenhuma, ela tenta acompanhar meus
passos mas é impossível porque estou andando rápido demais, seus sapatos
ficaram para trás, seu choro é tao intenso que seu rosto se encontra totalmente
vermelho. Ela solta soluços altos assim que vê que estamos prestes a chegar
no porto abandonado.

— Se não calar a porra da boca agora mesmo vai ser pior para você —
ontem quando estava em uma reunião de negócios com um dos
representantes da mafia nos Estados Unidos um de meus soldados me
mandou a foto de minha esposa conversando com um homem, nem se pode
chamar de homem é só um fedelho que tentava cantar minha esposa com esse
papo de gostar de arte em meio a praça publica , mas hoje ele aprenderá que
não se mete com a esposa de um mafioso e fica por isso mesmo, isso vai
servir de aviso para ela também.

Não tem nada melhor que cortar o pescoço de alguém ao ar livre. Assim
que Emanuelle percebe a figura a nossa frente seu corpo começa a tremer e
sua respiração fica ofegante pois está tentando prender o choro, tolinha, o
copo dela fica tenso e seus pés vincam no concreto frio. Sem ela esperar puxo
seu corpo com mais brutalidade até que ela volta a se mover.

— Por.. favor me leva para casa. Juro nunca mais falar com um
estranho. — nós nem chegamos perto e ela já quer ir embora.

— Não amorzinho, primeiro vamos ver o Thomas depois voltamos para


o hotel. — o tal do Thomas não está com bom aspeto, o fedelho está com a
cara inchada, os olhos estão parecendo duas bolas de golfe e suas roupas
estão deploráveis, meus homens fizeram um bom trabalho. — está vendo
bonequinha isso é culpa sua — ela nega freneticamente com a cabeça, mal
consegue abrir os olhos porque a imagens a chocou.

Tiro o punhal com o brasão da família no cos da calça e aponto para ela.
A mando abrir os olhos e ordeno:

— Segure no punhal. — com as mãos tremulas ela o faz — agora


amorzinho quero que crave ele bem no meio do peito do Thomas para que
prove o quanto me ama. — ela faz que não com a cabeça — eu sou ou não
sou o único homem na sua vida? — sei que ela irá responder o que quero
ouvir.

— É.. mas — nem a deixei terminar.


— Então faça o que mandei, ou eu mesmo faço isso e quando
chegarmos em casa vou comer seu lindo cuzinho virgem até amanhecer.
O que estou sentindo nesse momento é indescritível, sinto que a
qualquer momento minha alma abandonará meu corpo e que a qualquer
momento serei engolida pelo concreto que está cem contato direto com meu
pés, meus sapatos ficaram para trás pois tive que larga-los no meio do
percurso, mas sentir meus pés sendo machucados pelas pedrinhas que
encontrei no meio do caminho é melhor do que a cena que vejo aminha
frente. Deixaram o pobre moço irreconhecível, seu rosto está praticamente
em carne viva, eu não sei como ele está conseguindo respirar porque seu
nariz foi quebrado e sua boca não para de transbordar sangue tem, sangue em
para todo lado. Seus olhos praticamente não existem mais.

A temperatura gélida do punhal que se encontra em minhas mãos me


traz de volta a realidade. Quando minha mente traz de volta a ordem do meu
marido minhas mãos tremem ainda mais, e o objeto que minhas mãos
seguram de repente ficou gelado demais, tão gelado que minhas mãos por
conta própria o soltaram. O barulho ensurdecedor do metal em contato com
concreto chamou a atenção de todos e tirou de mim um grito se susto.

Sem saber o que fazer seguro em meu peito, dou alguns passos para trás,
não posso fazer isso, nunca teria essa coragem. Olho para o homem que se
diz meu marido e no mesmo instante todo meu corpo se arrepia e meu peito
sufoca, sinto como se tivesse alguma coisa entalada na minha garganta. Meus
olhos quase saltam de meus olhos quando o vejo se agachar segurara no
punhal e caminhar a passos lentos em direção ao Thomas, olhando nos olhos
dele o demónio levantou o objeto cortante que reluzia a luz do luar e o cravou
sem piedade no peito daquele pobre inocente. Meus ouvidos doem de tão
altos que são seus gritos de agonia ele não para de pedir ajuda até o silencio
vigorar no lugar, assim só se ouve a calmaria do mar.

Daí eu tive a certeza que no dia de hoje eu tirei a vida de um terceiro


inocente, sei que não fui diretamente eu, mas se for analisar os motivos sim
eu sou a culpada. Mas uma vida que foi ceifada por causa das minhas
atitudes. Imagino se ele tinha família, sonhos por concretizar planos para
colocar em prática e de um suspiro para outro ele perdeu tudo isso.

Dói tanto que meu coração pesa, e o bolo que estava entalado na
garganta aumenta, me ajoelho pois estou começando a respirar com mais
dificuldade ainda, sinto todo meu corpo ficando dormente, se isso for a morte
me levando eu agradeceria tanto. Em menos de dez segundos me vejo
rodeada por todos aqueles homens de preto e meu marido me segura pelos
ombros e me deita sob o chão gelado.

— ONDE ESTÁ A PORRA DA BOMBA DE OXIGENIO? — é


possível ouvir seus gritos apesar da minha fraqueza. Aos pucos meus olhos
vão cedendo a escuridão mas de repente o ar que me faltava voltou e tudo
parou de doer quando uma injeção foi aplicada no meu pescoço — preparem
o avião, saímos em vinte minutos.

Meu corpo é erguido e tenho plena certeza que é ele que me seguro pois
sinto o cheiro característico do seu perfume, sinto uma vibração a cada passo
firme que seu corpo dá, e nesse momento a ideia de fechar os olho e nunca
mais acordar parece tentadora. Antes que eu apagasse totalmente foi possível
ouvi-lo dizer que ficarei bem.

….

Sinto uma pontada na cabeça que me faz voltar a fechar os olhos, a


claridade no cómodo também não ajuda em nada, com mais calma abro os
olhos e percebo que estou de volta ao meu inferno. Estou vestindo uma
camisola branca e um robe da mesma cor.
Os últimos acontecimentos ainda estão confusos para mim, só lembro de
ter caído e sentido muita falta de ar e depois vieram os gritos.

Levanto com cuidado porque meus corpo está doendo tanto que parece
que um caminhão passou encima de mim, preciso fazer xixi. Caminho até o
banheiro e antes de mais nada faço minhas necessidades e me preparo para
tomar um banho, não sei que horas são, mas sinto que necessito de um banho.
Enquanto a água do chuveiro escorre em cascatas consecutivas, desamarro o
robe e coloco a peça na roupa suja que se encontra empilhada na pia, só pode
ser coisa do Enrinco. Não passou despercebido que naquele emaranhado de
roupas tinha algumas peças minhas. Segurei todas elas e as coloquei no cesto
de roupa suja, mas no meio delas vi algo que ativou uma memória em minha
mente.

Nova Iorque, Thomas, o punhal cheio de sangue, intuitivamente larguei


aquela peça no chão. Eu matei ele, sem piedade nenhuma minha mente me
leva de volta no tempo, exatamente no momento que o punhal atravessou o
peito do Thomas. Me sento no chão frio do banheiro e me afogo em minhas
próprias lágrimas. Eu nunca vou conseguir me perdoar por isso. Antes que
alguém entre e perceba que estou acordada coro até o quarto, vou até a gaveta
onde tenho certeza que ele deixa todas aqueles objetos cujos são usados para
cometer atrocidades. Sinto a temperatura gélida do objeto em minhas mãos,
nunca usei isso, mas deve ser fácil. É só apontar e atirar, é simples.

— Senhora! O capo mandou vir ajudá-la com o banho. Daqui a nada o


jantar será servido — a mulher fala, mas não dou atenção, visto que não está
sendo respondida sinto ela se aproximando, eu estou de costas para a porta
do quarto. Antes que ela chegasse muito perto me virei com brusquidão e
apontei a arma para ela. Ninguém vai me machucar, nem a meu filho.

— Não chega perto de nim, senão eu juro que atiro. — ninguém vai me
tocar. Ela sai aterrorizada pelo quarto chamando por ajuda. Antes que eu seja
encontrada também saio correndo do quarto indo em direção às escadas. O
lugar está vazio, eu vou embora e nunca vai me encontrar, eu juro bebê. Eu
sei que tenho um bebê crescendo dentro de mim, eu sei. Assim que deixo as
escadas para trás corro até a porta principal e saio por ela.
— Emanuelle — escuto a voz do demónio me chamando, mas não olho
para trás para ver, continuo correndo pelos jardins da casa. — você vai se
machucar bonequinha solta essa arma e para de correr.

— Não! Me deixa em paz seu monstro. Se você chegar perto eu vou te


matar, assim como você fez com Thomas e com meu outro bebê. Você não
vai mas machucar esse bebê. Fica longe de mim. — apoio a arma bem perto
do meu peito para que ninguém a tire de mim. Estou quase alcançando os
portões dessa prisão, eu vou embora e vou morar com minha mamãe, a
Melina. Tio Dante também se aproxima cautelosamente de mim.

— Emanuelle! Querida, sou eu o tio Dante. — eu amo muito tio Dante


mas ele não me protegeu quando o monstro me levou. — vamos conversar
filha, você não pode sair vestida assim e descalça — olho meus pés que já
estão visivelmente sujos de lama.

— Me leva pra sua casa tio. Promete que vai proteger a mim e ao meu
bebê?

— Claro querida. Faço tudo que você quiser. Agora solta a arma. —
nego com a cabeça freneticamente.

— Não! — aperto o cano da arma na minha cabeça e todos começam a


gritar. O que todos eles estão fazendo aqui? Penso nas infinitas possibilidades
de acontecimentos que desencadeariam se eu apertasse o gatilho: se eu atirar
vou machucar o bebê, mas se eu não morrer esse monstro vai tira-lo de mim
outra vez.

— Emanuelle pense nos seus pais, acha que eles ficariam felizes em ver
você fazendo uma coisa dessas? — porquê ninguém me entende?

— Não tio, eles não iam ligar, afinal ninguém se importa comigo. Todos
vocês me abandonaram. Eu não quero viver mas assim, vão embora e me
deixem em paz. — viro com a intenção de continuar meu percurso em
direção aos portões.

— Menina tola! O que pensa que está fazendo? — mamãezinha. Me


viro para ver a dona dessa voz. Parece um sonho, mas não é. Ela está aqui
para na minha frente me olhando com cara de brava como ela sempre faz
quando eu aprontava — solta essa arma e vem aqui me dar um abraço. —
suas palavras me fazem lembrar que não estamos sozinhas, tem um monte de
pessoas.

— Eu senti saudades, porque me abandonou? Você jurou que nunca me


abandonaria.

— Mas agora estou aqui. Largue a arma. — procuro o rosto do monstro


e não o vejo no meio daquelas caras conhecidas. Ainda com medo largo a
arma no chão e corro até ela, que me recebe com um abraço bem apertado. —
minha menina, nunca mais faça isso, entendeu?

Assinto enquanto ela limpa minhas lágrimas, foi tao rápido que quando
vi já estáva nos braços de alguém. Eu lembro dessa sensação, é a mesma que
eu sentia quando os enfermeiros queriam me acalmavam caso eu estivesse
agitada e nervosa.

— Durma bonequinha, você já deu show demais por hoje. — ele sorri
de forma desleixada enquanto meus olhos travam uma batalha entre deixá-los
abertos ou fechados.

— Eu te odeio — consigo pronunciar apesar da voz fraca.

— Eu sei amorzinho, mas não me importo, agora durma — antes de


fechar os olhos percebi que estava dentro de um carro.
Nesse momento o relógio marca seis e meia da tarde, apesar da hora
toda cidade já se encontra afundada na névoa escura que acompanha o
inverno severo nessa época do ano no sudoeste europeu. Daqui a alguns dias
as noites serão mais longas que os dias e o inverno chegará acompanhado da
neve pesada. Pela janela aprecio a calmaria de Nápoles, a maior cidade da
Calábria, mesmo distraído com a paisagem lá fora é possível ouvir a
respiração tranquila e lenta da minha esposa, desde que apliquei o sonífero
em Nova Iorque ela não deu nenhum indício de que irá despertar tão já. A
colocar para dormir foi necessário pois ela ficou histérica e teve uma crise
depois que acabei com a vida daquele desgraçado, se me arrependo? Nem um
pouco, ele mereceu. Pelo menos uma coisa nessa viagem para os Estados
Unidos valeu a pena, fiquei a par dos negócios naquele ponto do mundo.

Sem me dar conta os carros atravessaram os portões pesados da


propriedade, quando escolhi essa casa estava exatamente pensando no lugar
perfeito para aproveitar com minha bonequinha. Ela não se compara a
fortaleza isso é fato, essa é duas vezes maior, com mais segurança e em todo
canto existe uma câmara de segurança que eu mesmo monitoro, tenho olhos
em todos os cantos da casa. O que mais me chama atenção nessa propriedade
é a aura sombria que ela transparece, não só a estrutura mas também os
arredores. Em volta se vê a floresta densa, e mais a oeste grandes cadeias
montanhosas, realmente o investimento valeu a pena.

Carrego minha bonequinha e vou em direção a casa, apesar do corpo


muito bem formado ela é bem leve, seu peso não se compara ao meu, sou
duas vezes maior que ela, seus um metro e sessenta não são páreos para mim,
eu tenho uma rotina de treino muito intensa, por isso o corpo musculoso. A
deito na cama com cuidado, ela resmunga mas não acorda, tiro sua roupa toda
e a deixo nua, seus mamilos rosados de bicos duros me deixam com desejo e
a bucetinha lisinha dela me deixa de pau ainda mas duro, para não fazer
nenhuma loucura a visto com uma camisola branca, bem cheirosa assim
como ela.
Foi antes de perceber mas existem alguns respingos de sangue na minha
camisa, o sangue daquele maldito, meu olfato pela morte é tão aguçado que
era de se admirar sair de lá sem manchar minhas mãos de sangue. Tiro a
roupa ao mesmo tempo que caminho em direção ao banheiro, já nú entro no
box e automaticamente a água gelada bate em meus ombros de forma intensa,
enquanto massageio meu pau e a imagem de uma boquinha tentadora invade
minha mente, uma boquinha vermelha e deliciosa, feito um adolescente que
acabou de entrar na puberdade imagino meu pau na boca dela e ela me dando
o melhor boquete que só ela sabe fazer. Cinco minutos depois gozei feito um
pervertido no chão gelado do box.
Já passam das dez da manhã e Emanuelle não acordou ainda, preciso ir
acorda-la. Saio do escritório e caminho em direção ao corredor que dá acesso
ao hall, assim que entro no ambiente o toque da campainha chama minha
atenção, antes de colocar o pé no primeiro degrau das escadas a governanta
abre a porta revelando três pessoas do lado de fora Dante, Ettore e a vadia da
Antonelli. Mas o que esses três querem agora? E pela cara que Dante está
fazendo coisa boa eles não vieram tratar.

— Capo nós precisamos conversar! — ele diz sem rodeios. O que eu


gosto no Ettore é que apesar de tudo ele nunca perde o respeito.

— Claro Ettore, vamos conversar no meu escritório. — os dois saímos


em direção ao escritório e deixamos os outros para trás. Coloco a digital no
painel e a porta do escritório se abre. Nos acomodamos e assim espero que
ele comece.

— Onde está minha sobrinha Enrico? — ele pergunta de forma calma


mas em seus olhos é possível ver a apreensão e o medo.

— Se o que você quer saber é se a matei, a resposta é não. Apesar de


tudo, ela continua viva. — se minha bonequinha não tivesse me enfeitiçado
do jeito que fez eu já a teria matado ou se fosse uma outra não hesitaria em
cortar sua garganta.

— Só acredito vendo. Quando ela perdeu o bebê você me prometeu que


não a machucaria tanto — ele suspira e me encara — ela é só uma menina
vítima dos acasos da vida. Ela não tem culpa pelo acidente que matou minha
filha e meu neto ter acontecido e você sabe muito bem disso.

— Não que seja da sua conta, mas eu não me casei com ela só pela
vingança. Tenho outros motivos particulares. Sua sobrinha já é uma mulher
Dante, não tem porquê ficar investigando a nossa vida de casados.

— Já contou para ela que você foi marido da Geovanna?

— Não acho necessário.

— Por favor nunca conte a ela. Minha sobrinha já se culpa pela morte da
prima, se souber que você foi marido dela isso a devastaria. — eu entendo
seu ponto, Emanuelle se culpa por tudo, até mesmo quando eu a castigo —
posso vê-la?

— Claro! A governanta já deve ter ido a acordar. — resolvemos esperar


por ela no lado de fora da casa, assim que saio do escritório a governanta
tomba em mim.

— Desculpa Senhor. Mas é que a senhora, ela tem uma arma nas mãos e
parece muito descontrolada, ela quase atirou em mim quando fui ajudá-la —
mas que porra.

Sem esperar mas saí correndo mas antes de chegar nas escadas vejo ela
passando por mim correndo em direção a saída com uma arma na mão,
descalça e vestindo apenas a camisola fina.

— Emanuelle — a chamo, mas é tarde pois já alcançou a porta e saiu


correndo. Antes que ela fizesse alguma loucura saí correndo atrás dela —
você vai se machucar bonequinha solta essa arma e para de correr. — sua
intenção é sair pelos portões da casa, ela corre em direção a eles feito uma
louca, seus pés descalços já estão sujos de lama por causa da grama recém
regada.

— Não! Me deixa em paz seu monstro. Se você chegar perto eu vou e


matar, assim como você fez com Thomas e com meu outro bebê. Você não
vai mais machucar esse bebê. Fica longe de mim. — que bebê? Droga,
quando mandei a internar paguei aos médicos para que alegassem que ela
tinha algum tipo de distúrbio de personalidade. Ela nunca foi doente, mas
devido as circunstâncias estou começando a duvidar. Sem me aproximar
muito vejo Dante falando com ela para que soltasse a arma mas ela não o faz.
Sem que ninguém esperasse ela aponta arma na lateral da cabeça e o
desespero toma conta de todos, até minha mãe que não sei de onde saiu está
chocada.
Essa loucura tem que acabar, mandei um dos soldados trazer uma
seringa que contenha sonífero, o mesmo que apliquei nela ontem. Em menos
de três minutos eu já tinha o conjunto químico em minhas mãos, de forma
sorrateira fui me aproximando dela que nesse momento se encontra abraçada
com aquela enfermeira, sem que ela percebesse me posicionem atrás de seu
corpo e inseri a agulha no pescoço, sua mente resiste mas seu corpo não,
antes que ela caia a seguro em meus braços e caminho com ela em direção ao
carro. Iremos ao hospital preciso me certificar se ela realmente está grávida.

Assim que saímos da propriedade fomos direto para o hospital da máfia,


a colocaram na maca e foram em direção a um dos quartos. Enquanto o
médico a atendidas saí para atender uma ligação, é o Christopher Parker.

— Parker!

— Bom dia Ferrari! — eu e ele nos conhecemos a uns anos numa casa
de swing e desde então mantemos contato ou fazemos negócios juntos. A
mais ou menos três meses ele e Nicholas finalmente aceitaram a minha
proposta de me associar a indústria bélica deles, assim não preciso me
preocupar em importar armas ou exportar armas contrabandeadas.
Continuamos conversando e ele explica como será o contrato seus termos e
condições, eu e ele temos intimidade demais por isso ele acaba me contando
que em pouco tempo irá se casar e mandará o convite para mim em alguns
dias. Fiquei surpreso com notícia porque ele não é do estilo que se casa, o
estilo de vida dele não condiz com essa realidade. Assim que médico sai do
quarto da minha esposa, encerro a ligação.

— Então o que ela tem? — pergunto de uma vez, nesse momento Dante
e filho se aproximam.

— Sua esposa não tem nada. Foi só uma crise, provavelmente ela passou
por algo traumático, sua mente criou uma confusão entre o imaginário e a
realidade, por isso ela ficou alterada. Receitei calmantes e comprimidos pra
dormir, irão ajudá-la.

— E sobre a gravidez? Durante a crise ela ficava gritando que tinha um


bebê.

— Ela pôde ter confundindo com o outro bebê que perdeu recentemente.
Por enquanto ela não está grávida. Ela ficará aqui em observação por
quarenta e oito horas. Caso ela tenha outra crise, deixarei um psicólogo para
acompanhar o caso dela. — com apenas um acena de mão dispensei o
médico. Por um minuto cheguei a acreditar que ela realmente estava grávida,
maldição

Como sei que ela terá companhia durante o dia de hoje, decido me
dirigir até a sede da máfia. Quando o elevador chega até o tério do edifício
me surpreendo ao ver Antonelli caminhando em minha direção.

— Enrico! Como está minha irmã?

— Ela está bem. O que ela teve foi só uma crise. Está preocupada
Antonelli? Você nunca gostou da sua irmã, o que você está aprontando?

— Eu não estou aprontando nada. Apesar de tudo ela continua sendo


minha irmã, com licença eu vou vê-la — antes que ela desse o primeiro
passo, segurei seu braço com a maior força possível.
— Se chegar a falar ou fazer alguma coisa que não deve com ela, eu te
mato. Não me provoque você mais do que ninguém sabe que eu cumpro com
minhas ameaças. — largo seu braço esquelético e continuo meu percurso em
direção a saída do hospital.

— Capo! — escuto uma voz feminina que desconheço me chamando,


me viro e dou de cara com a tal enfermeira.

— O que você quer?

— Não sei se o senhor recebeu meu recado, mas faz algumas semanas
que liguei para sua casa, e disse que precisava falar urgentemente com o
senhor — agora que ela está falando, realmente me disseram que ela queria
falar comigo.

— E de qual assunto de trata?

— É sobre a Emanuelle, o senhor precisa protegê-la. Tem alguém dentro


da máfia que anda atrás dela desde que ela era praticamente uma menina, e
pelo que ela me contou essa pessoa chegou até a molesta-la uma vez. — ela
já chamou minha atenção com esse assunto - minha menina foi envolvida
nisso tudo, ela não tem culpa da sua esposa ter sido atraída para aquela
emboscada.

— Quem é essa pessoa? — nesse momento imagino um rosto oco


tocando minha bonequinha e sinto todos meus músculos tencionarem. Ela
olha para todos os lados como se estivesse conferindo que não foi seguida e
antes que pudesse falar um disparo é ouvido e a seguir outro até que a entrada
do hospital se transforma num caos. A mulher deitada no chão a minha frente
agoniza em seu próprio sangue. Me agacho para pegar o papel que tenta me
entregar.

005
É única coisa que vem escrito nele. Mas que porra significa esse
número?
A vontade de abrir os olhos é muito grande, mas sua presença no
ambiente me apavora, espero que o médico não tenha dito nada a ele ainda,
não posso deixar ele saber. Estou ciente de que tive uma crise, aquilo já
aconteceu umas duas vezes na casa de repouso. Nas duas vezes eu tive
pesadelos com o homem daquela voz assustadora, Melina é a única que sabe
sobre o homem que intitulei como sendo bicho papão, é assim designado
porque ele apareceu no escuro e nunca vi seu rosto. Mas os pesadelos que
tenho não chegam nem perto do que eu vivo hoje em dia, nem de longe.
Continuo quieta no leito enquanto as pessoas a minha volta conversam,
quando ouvi Enrico dizendo que estava saindo para atender uma ligação vi
uma brecha para procurar pelo bom senso do médico.

Ainda temerosa abro olhos e me deparo com ambiente que já conhecia


muito bem, se me lembro estou no hospital da máfia. O médico está parado
no canto esquerdo do quarto escrevendo alguma coisa no bloco, assim que se
apercebe que acordei vem em minha direção com um sorriso estampado no
rosto.

— Seja bem-vinda de volta! Como se sente?


― Me sinto bem! — por incrível que pareça é a primeira vez que acordo
no hospital me sentindo bem e disposta.

— Isso é bom. Está com alguma dor? — nego com a cabeça. Minha
preocupação nesse momento é uma e única.

— Como está meu bebê? ― pergunto de uma vez.

― Ele está ótimo apesar de tudo. Vou pedir que você se cuide, lembre
que já teve um aborto e sendo assim torna seu caso mais delicado. ― em
hipótese alguma Enrico ou qualquer outra pessoa deve saber disso. Eu
descobri sobre a gravidez faz alguns dias, dois dias antes da nossa viagem
para Nova Iorque pra ser exata. Sempre que eu faço os testes Enrico nunca
me acompanha no processo, por isso foi fácil driblá-lo com mais um teste
negativo, será assim até eu dar um jeito de me livrar dele. Por esse bebê sou
capaz de tudo, até mesmo me arriscar numa loucura.

― De quanto tempo estou grávida? ― não faço ideia nenhuma.

― Sensivelmente duas semanas, por isso friso os cuidados intensivos,


essa primeira fase da gravidez é complicada.

― Meu esposo já sabe? ― aliso minha barriga ― sobre a gravidez?

― Não tive a oportunidade de informá-lo mas o farei daqui a pouco. ―


roo minha unha de tanto nervosismo, tomara que esse médico aceite
compactuar com isso.

― Por favor não conte nada. O senhor sabe que ele me machuca. Só
preciso de um tempo para digerir tudo isso antes de contá-lo. ― olho para ele
com meu maior olhar de súplica e meus olhos marejados.

― Eu sei que devia existir o termo de confidencialidade entre paciente e


médico. Mas o seu caso é diferente. Se seu marido descobrir isso nem quero
imaginar o que ele será capaz de fazer

― Não conta por favor. Eu só quero ter uma gravidez tranquila sem que
ele me atormente ― é bem possível que eu perca esse bebê se ele souber.
Será muita pressão e eu não irei suportar isso.

― Tudo bem. Mas você precisa contar logo, porque tem que começar o
pré natal. ― assinto e aceito de bom grado todas as recomendações do
médico. Por pedido meu ele irá dizer para Enrico que não posso sofrer fortes
emoções e nem ter relações sexuais.
Saio de meus devaneios quando oiço alguém bater a porta e
consecutivamente abri-la.

― Posso entrar querida? ― tio Dante.

― Claro que pode tio! ― entendo porquê ele me pediu permissão, afinal
de contas eu sou a louca que apontou uma arma para todos e para mim
mesma.

― Que bom que está melhor, quase me deu um susto o tranquilizo


dizendo que nunca mais acontecerá, o que realmente é verdade. Ettore
também chega e continuamos tendo uma conversa descontraída, eles
realmente conseguem me pôr para cima. Eles se despedem e antes deles
chegarem a porta do quarto, Antonelli surge por ela, linda e bem arrumada
como sempre. Ela realmente é uma mulher de muita classe. Meu tio e primo
se despedem e então nós duas ficamos sozinhas. Essa é a primeira vez que ela
me visita estando em hospital. Nem mesmo quando pedi meu bebê ela foi me
ver. Ela tudo a volta com o cenho franzido e então me encara.

― Como você está? ― ela pergunta com a voz fria.

― Estou bem Antonelli e muito feliz que tenha vindo me visitar. ― faço
uma pergunta que sempre esteve instalada na minha garganta - porquê você
nunca foi me visitar na casa de repouso? Você Também me culpa pela morte
de Geovanna? ― ela se senta numa poltrona com a maior classe responde:

― Primeiro aquele lugar não é para mim Emanuelle. Segundo todo


mundo diz que a culpa é sua. Porquê eu também não acharia o mesmo?

― Eu sei que de certa forma eu sou culpada, senão tivesse ligado para
ela estaria viva hoje e te garanto Antonelli que isso me atormenta até hoje.
Mas eu fui para aquele lugar porque eu recebi uma mensagem sua dizendo
que precisava de ajuda eu lembro muito bem disso.

― Isso não é verdade, você está inventando tudo isso nessa sua cabeça.
Para de me difamar. ― ela praticamente grita e se levanta me fulminando
com o olhar. Ela está visivelmente incomodada com algo.

― É sim! Eu lembro muito bem, nunca me esqueceria daquele dia. Você


falou para eu ir sozinha e dep...

― Emanuelle para! Porquê você gosta de se fazer de vítima? Sendo que


não é. Você fica aí com essa sua cara de sonsa pra todo mundo achar que
você é um anjo. Mas isso não é verdade . Você é uma assassina.

― Para! ― já é possível sentir as lágrimas no meu rosto e meus olhos


ardem por isso.

― Não paro. Eu achei que podia voltar a me aproximar de novo de


você. Mas isso nunca dará certo sabe porquê? Porque você é uma egoísta,
desde sempre foi assim. Só você recebia o carinho e atenção dos nossos pais.
Você era o anjinho deles, a frágil e sensível Emanuelle. Enquanto eu tentava
impressionar eles você não precisava se esforçar para nada. Sempre foi uma
fraca e usou isso a favor próprio ― nunca achei que ela pensava essas coisas
de mim. Se eu soubesse disso antes teria feito de tudo para que ela recebesse
a atenção igual a mim.

― Antonelli eu sinto muito.

― Para de ser fingida. A minha maior felicidade é que não pode dar
nenhum filho ao Enrico até agora, a qualquer momento ele vai te largar e
quando você menos esperar ele vai te colocar num dos puteiros da máfia. Eu
me afastei dele. Mas pode acreditar eu voltarei a ser dele como sempre foi
antes de você voltar e atrapalhar minha vida por completo ― ela esbraveja e
de repente ouvimos disparos. Congelo no mesmo momento pois sei que os
tiros foram disparados lá em baixo.

Meu corpo congela e minha mente projeta várias possibilidades do que


pode estar acontecendo, Antonelli também se mostra apreensiva. Cinco
minutos depois a porta é aberta num solavanco revelando tio Dante alterado e
nervoso.

― Tio o que houve? De onde vem esse tiros? ― pergunto ao sentir um


frio na barriga e um mau pressentimento que arrepia todo meus corpo.

― Eu sinto muito minha filha! ― por poucos segundos ele vacila em


continuar a explicar o que aconteceu ― é a Melina ela foi alvejada por dois
tiros em áreas vitais do corpo e não se sabe se irá resistir - mamãezinha

Duas semanas depois

Várias vezes perdi pessoas que amo para a morte, e cada pessoa que vai
embora meu coração vai junto, a dor da perda é tão grande que as vezes você
não sabe se vai sair da situação em pé. O vazio que sinto é tão grande, que se
não tivesse um serzinho crescendo dentro de mim teria me entregado a
depressão e ao inconsciente. Achei que esse acontecimento teria tirado
totalmente a minha vontade de pintar mas fiquei surpresa a dias quando
acordei e comecei a lançar nas telas os traços fortes da minha Melina, pintei
tantos quadros que daqui a pouco nem vão caber mais aqui.

Melina se foi e aos poucos vou aceitando, sei que se ela ainda estivesse
aqui me daria uma bronca por estar tão melancólica e pra baixo.
Em muitos anos pintando e desenhando nunca me dei tempo para fazer
um quadro meu, a vontade de fazer um retrato grávida é muita mas não
posso. E isso me faz lembrar que a qualquer momento minha barriga ficará
saliente, por enquanto as únicas mudanças são os seios inchados e um ligeiro
aumento de peso.

Até agora minha vida tem estado o mais pacífica possível, Enrico não
me tocou, na verdade ele mal tem me dirigido a palavra. Nesse tempo recebi
a visita da minha cunhada, da Donatella e até a Pietra, desta vez a visita foi
mais comportada, nada de música alta nem bebidas alcoólicas. A única coisa
divertida que fizemos foi pintar e desenhar aqui no meu estúdio, que por sinal
elas amaram.

Levanto e ando em direção às grandes janelas do estúdio, por se


localizar na parte térrea da casa é muito fácil ter acesso direto a natureza, o
sol está se pondo atrás das montanhas que se encontram cobertas pelos lençol
de neve que já começou a cair de forma tímida em algumas regiões da Itália e
daqui é possível ouvir o canto dos pássaros que estão se recolhendo para seus
ninhos. Realmente é um lugar encantador, me apaixonei por essa paisagem.
Ainda comtemplando a natureza é possível ouvir o girar da maçaneta da
porta, por não ter ouvido uma batida antes significa que é Enrico.
Isso se confirma quando meu olfato que se encontra sensível por causa
da gravidez detecta o cheiro forte do seu perfume másculo, é possível
também sentir a energia maligna que o acompanha. O diabo.

― Prepare as malas, saímos essa noite de viagem ― é a única coisa que


ele diz antes de fechar a porta e me deixar sozinha com meus pensamentos.
Washington, 07:00 PM

Aliso minha barriga que por enquanto se encontra plana, já devo estar
com um mês de gravidez e ainda não consegui dizer nada ao Enrico, meu
único medo em tudo isso é prejudicar o bebê porque eu já deveria ter
começado o pré natal. Enquanto aprecio a linda iluminação da cidade fico
imaginando o rostinho dele ou dela, não importa de qual sexo ele seja o
amarei do mesmo jeito, apesar de Enrico não ter os mesmos pensamentos que
eu porque ele quer um menino primeiro, essa é a regra da máfia. Eles só se
importam com os números e não com conteúdo, é uma organização machista
ao extremo e que se dependesse de mim meu filho não faria parte. E mesmo
que eu desejasse fugir para onde eu iria? A única que me apoiaria nessa
loucura não está mais presente em minha vida, mas uma mulher alegre e
bondosa foi vítima daquelas armas que só trazem desgraças ao mundo.
Preciso parar de pensar nisso, esses dias ando mais emotiva que o normal,
não quero que ninguém desconfie de nada, a minha sorte é que por não ser
magra as diferenças não são tão evidentes.

Resolvo colocar os sapatos de salto de uma vez, antes que meu marido
chegue e me insulte por não estar pronta ainda. Não sei para onde vamos,
apenas me foi ordenado que devia estar pronta que a qualquer momento o
dono dos meus tormentos viria me buscar, estou calçando uma sandália preta
muito linda, o salto não é muito alto, e o que mais se evidencia nela são as
tiras que se cruzam em vários pontos. Gostei! O vestido também é lindo,
desde que me casei tenho me sentido mais uma mulher e não apenas uma
jovenzinha, tudo isso por causa das roupas modernas e sofisticadas que visto,
apesar de não ter um estilo extravagante como o das outras, analisando
melhor mesmo que quisesse vestir algo extravagante ou acima do joelho
Enrico me mandaria trocar de roupa e ainda mais me daria a maior surra, só
de pensar nisso fico até arrepiada.

Saio de meus devaneios quando escuto ele entrar pela porta do quarto e
sem falar uma palavra me estende a mão para que eu a segure, sem esperar
ele cola meu corpo no seu e fica cheirando meu pescoço ao mesmo tempo
que solta beijos estalados nele.

― Mas tarde vamos matar as saudades, você já está fazendo muita falta
― o médico falou um mês sem sexo, foi o tempo que pedi a ele mas só se
passaram duas semanas.

― Eu acho melhor n... ― essa não é a forma certa de contrária -lo ―


momento, acho melhor esperar.

― Hoje você cumpre seus deveres de esposa por bem ou por mal, agora
vamos antes que passemos da hora ― sua mão repousa na minha cintura
enquanto caminhamos até o elevador que nos separava da suíte master.
Quando a caixa de metal entra em movimento é possível sentir Enrico atrás
de min, seus lábios encostam meus ombros enquanto suas mãos acariciam as
laterais do meu corpo

― Espero que se comporte a altura bonequinha, caso contrário teremos


problemas, não quero esse rostinho lindo olhando para ninguém senão
amanhã ele acordará todo manchado. Se tem amor a vida própria é melhor me
obedecer. ― esse homem é doente, nunca pensei que viveria em um
casamento tão infeliz ― o que está esperando para me responder Emanuelle?

― Eu entendi Enrico, não vou lhe desobedecer, prometo. ― Quando


chegamos ao estacionamento os seguranças já nos esperavam e assim
seguimos pelas estradas da cidade. Por não termos nada o que conversar cada
um mergulha em seus pensamentos e aprecia a cidade do seu lado já janela. O
percurso do automóvel durou cerca de vinte minutos. Pela fachada dá para
perceber que é um restaurante.

Enquanto caminhamos para seu interior aprecio a decoração do lugar


encantada, a decoração é rústica mas ao mesmo tempo futurista, pois existe
uma mistura de madeira e vidro em todo lado, nos móveis, nos lustres, e
ainda no salão principal existe um vidro enorme com vista linda para cidade,
se não fosse porque estou sendo arrastada ficaria aqui comtemplando essa
vista. Volto minha atenção para o caminho que estamos seguindo, o maître
nos indica uma sala privada, ou seja, comeremos separados do resto da
multidão. Ele me ajuda a sentar e então se acomoda em sua cadeira, pelo
número de cadeiras disponíveis na mesa significa que estamos esperando
mais algumas pessoas.

Nem esperamos cinco minutos e pela porta do ambiente passa um casal,


eu lembro deles, eu estive no casamento em Nova Iorque. Como não quero
ter meu rosto desconfigurado baixo o olhar antes deles se aproximarem,
Enrico e o homem se saúdam e todos se sentam, eles conversam sobre
negócios e nem se deram o trabalho de nos apresentar. Talvez ela não queira
falar comigo, e tem toda razão não temos intimidade nenhuma para tal. Mas
no dia do casamento via-se que é uma mulher simpática e bondosa deve ser
muito feliz no casamento dela, afinal ela não vive a realidade da máfia então
o casamento dela deve ser normal, já me foi dito que as mulheres são
totalmente proibidas de tocar nos assuntos da máfia com pessoas que não
estão alineadas com a organização.

― Qual seu nome? ― No mesmo momento travo quando ouço a voz


doce me chamando atenção, antes de responder olho pra Enrico que assente
indicando que posso responder. Coloco um sorriso leve no rosto e respondo:

― Emanuelle!

― Eu me chamo Rosa Angélica, prazer, ela é realmente simpática. Mas


seu nome me chamou atenção, ela é americana e tem um nome tão peculiar
para realidade norte americana. ― deve achar estranho o meu nome, mas é
que minha mãe era italiana e então me deu o nome da minha avó ― ela fala
bem antes que eu a perguntasse desse fato. Fazemos nossos pedidos, depois
disso continuamos conversando, falo sobre minha paixão pelas artes,
especificamente da pintura e desenho e ela me conta que é formada em
literatura e que sonha em um dia poder trabalhar nessa profissão. O que o
para mim é um sonho inalcançável porque nunca que Enrico irá me deixar
trabalhar nem que mundo dependesse disso.

Saboreamos nossa refeição enquanto a conversa flui naturalmente entre


nós duas, nunca me senti tão a vontade para conversar com alguém como me
sinto com ela, se minha situação fosse outra sem dúvidas seríamos ótimas
amigas. Justifico isso dizendo que Enrico nunca me deixaria sair da Itália só
para visitá-la. Nós duas nos despedimos e então ela me diz que irá para um
casamento com o marido por isso estão aqui. Todos vamos embora ela e o
marido seguem para fila de carros que os espera mais para frente e nós
também entramos no carro que nos trouxe.

Assim que entro no quarto do hotel a primeira coisa que faço é tirar as
sandálias, ainda não me acostumei com salto. Tiro o vestido e a roupa íntima
no banheiro e antes que Enrico entre no quarto tomo um banho bem rápido,
passo hidrante em todo corpo visto uma calcinha preta e uma camisola que
não esconde muita coisa. Quando saio do closet o encontro sentado na
poltrona fumando e vestindo apenas um roupão. No mesmo instante meus pés
parecem pesar uma tonelada cada e a distância até a cama parece ter se
tornado maior, mesmo com todas essas constatações consigo chegar a beirada
da cama e começar a arruma-la para dormir. Tiro a colcha e ajeito os
travesseiros, no momento em que ia colocar o joelho na cama, sinto a áurea
sombria a minha volta e automaticamente sei que ele está atrás de mim, suas
mãos apertam minha cintura.

― Não vou esperar essa merda de recomendação médica acabar, hoje


vou foder você ―não posso contestar caso o faça, um ser inocente sairá
prejudicado. Quanto mais eu cooperar menos nós dois saímos machucados.
Minha camisola desliza por meu corpo até o chão, e o vento ligeiro que entra
pela janela aberta do quarto abraça meu carpo o deixando arrepiado, e isso
faz com que meus mamilos fiquem enrijecidos ― porra bonequinha, senti
tantas saudades desse seu corpo que me pertence ― de forma bruta meu
corpo é jogado na cama e como um animal ele retira o roupão que cobria sua
nudez, seu membro ereto apontando para mim, as veias salientes o deixa
ainda mais monstruoso e até hoje eu me pergunto como aquilo cabe dentro de
mim. Saio de meu pensamento quando meus pés são puxados até a borda da
cama e abertos sem delicadeza nenhuma.

― Já falei quando que quando for dormir não quero que vista nada por
dentro, não quero que nada impeça de ter acesso direto a essa bocetinha,
entendeu? ― assenti, e dei um grito quando senti uma pequeno tapa na minha
intimidade, e logo a seguir a calcinha foi rasgada, ― agora eu vou me perder
nesse corpo delicioso, minha bonequinha ― seus lábios procuram os meus
com urgência e assim sai um beijo voraz e cheio de sede, e em meio ao beijo
seu membro massageia meu clitóris fazendo com que aquele região ficasse
lubrificada o suficiente para ele me penetrar.

E assim começou tudo, eu não podia o rejeitar porque tinha mais a


perder do que ganhar, então deixei que ele fizesse o que queria sem
empecilho algum, o sexo não era prazeroso para mim, mas tinha que ser
conciso.

― Como você me enfeitiçou hein? Essa sua buceta me deixa louco, será
minha por toda eternidade ― suas estocadas tornam-se mais fortes e
profundas ― EMANUELLE! ― grita meu nome enquanto despeja dentro de
mim sua semente. Quando me deixou descansar já era de madrugada por isso
imediatamente eu mergulhei no sono.

Sinto que estou deitada em alguma coisa molhada, gosmenta e também


grudante, pois não consigo me levantar, e não sei por qual motivo mas meus
olhos não obedecem a minha vontade de os abrir. Cada vez mais o cheiro de
metal chega às minhas vias respiratórias, o cheiro é tão fortes que meu
estômago embrulha e minhas narinas chegam a arder.

― EMANUELLE! Me ajuda por favor ― quem será? Eu conheço essa


voz só não consigo identificar de quem é. Sem eu esperar meus olhos se
abrem por conta própria, me deparo com um ambiente escuro e parece
abandonado, consigo ouvir uma respiração ofegante que não é a minha.

― Quem está aí? ― Estou com medo.


― Por favor me ajude! Você não lembra de mim? — digo que não e
então de repente o lugar fica iluminado por grandes holofotes que chegam a
fazer meus olhos arderem. — você é uma assassina — olho para direção de
onde essa voz vem e a visão que tenho me deixa trémula, é o Thomas sentado
naquela mesma cadeira, ele está amarrado e todo sujo de sangue. O punhal
de Enrico continua cravado sem seu peito.

— Desculpa Thomas, eu não queria que terminasse assim — imploro


chorando

— Você vai viver o resto da sua vida manchada com meu sangue — e
então me dou conta de que todo esse tempo eu estava deitada por cima de
uma cama cheia de sangue, eu também estava toda cheia de sangue

— NÃO! — sim eu sou uma assassina eu matei eles, não paro de pedir
desculpas — Me perdoem.

— Emanuelle acorde! — sinto meu corpo ser agitado, e num sobressalto


acordo gritando que não queria matar ninguém — bonequinha foi só um
pesadelo.

Me dou conta que estou deitada na cama com meu marido e não estou
com sangue de ninguém nas mãos e Thomas não está aqui. Sem opção me
atiro nos braços do meu algoz e choro de medo em seu peito.
Largo o corpo suculento da minha bonequinha depois do sexo matinal
fenomenal que tivemos, nunca me canso de a comer. Aos poucos ela está se
acostumando a minha fome por sexo, tanto é que já não reclama nem se
debate quando está em baixo de mim, seu corpo está ainda mais gostoso que
nunca, suas curvas estão mais salientes e os seios redondos e fartos. Parado
nu enquanto fumo um de meus charutos contemplo o nascer do sol da prima
vera americana. Um sorriso debochado sai de mim ao lembrar que me
encontro na cidade cujo se encontra a sede do FBI nos Estados Unidos, o que
eles fariam se soubessem que o líder na 'Ndrangheta está bem debaixo do
nariz deles? Faz anos que estão tentando me pegar, na verdade eles tentam
pegar o líder da máfia desde a época do meu avô e até agora nem eles nem a
Interpol tiveram sucesso. Nesse mundo a esperteza e perspicácia é que
funcionam caso contrário você se fode feio.

A voz doce da minha esposa resmungando alguma coisa me tira dos


meus devaneios, seu rosto está ligeiramente ruborizado, a maior parte do
tempo ele fica assim quando estou por perto, daqui é possível ver as manchas
vermelhas em seus seios, fruto dos intermináveis chupões que fiz nela, foi
antes dela reparar que o lençol está descoberto na região do busto, tarde
demais já estou duro e preciso dela de novo. Ela está nervosa sei disso porque
ela não para de humedecer os lábios. Caminho até a poltrona de cor dourada
que se encontra virada para a cama, seus olhos quase saltão dos olhos de tão
alarmados depois de ver minha ereção.

— Vem bonequinha, você precisa deixar seu marido relaxado — sem


reclamar ela vem em minha direção, a cada dia que passa ela me surpreende
— vem ajoelha e me dê prazer — seus lindos lábios avermelhados
abocanham meu pau e o chupa do jeito que eu a ensinei, porra — Ohh sim
bonequinha assim mesmo. Agora mais rápido, quero toda minha porra na sua
boquinha — nunca vou me livrar dessa bruxinha, penso depois de gozar
como não tivesse gozado hoje a uma hora.

Quando o relógio marca meio-dia mando ela se arrumar, hoje nós


iremos a um casamento, na verdade não estava com vontade nenhuma de
comparecer, porque tenho certeza que nessa cerimônia estarão presentes
pessoas que não gostaria de ver, para ser mais específico os russos estarão lá.
Tinha que ser o filho da puta do Christopher para fazer uma coisa dessas, ele
irá se casar com uma maldita russa, e como se não bastasse é uma russa cuja
sua ascendência faz parte da bratva. E Christopher melhor do que ninguém
sabe que nesse momento o ódio pela família Solotov é de tamanho
imensurável. Ele tinha que se casar justo com ela? A sorte é que estamos em
território americano caso contrário ela e família dela sairiam daqui em
caixões.

Meu ódio por eles não é descabido e não é algo recente, nós sempre
estivemos em rivalidades ou por causa da busca de territórios para exercer os
negócios das organizações, ou por questões familiares e culturais, eu sempre
tive certeza que eles estiveram envolvidos no acidente da Geovanna mais de
um tempo pra cá a certeza tem aumentado mais ainda, e o que mais me irrita
é saber que provavelmente alguém de dentro da organização os tenha
ajudado, aquela velha talvez tenha razão, provavelmente minha bonequinha
foi atraída até aquele ponto. Mas para quê? Naquela época Emanuelle não era
valiosa para ninguém. Algo não se encaixa aqui, algo me diz que aquele
acidente não era exatamente para provocar a morte da Emanuelle, ela
provavelmente estava no lugar errado na hora errada, mas com o tempo eu
saberei o que realmente aconteceu.

Nesse momento tenho outras preocupações, como por exemplo


descobrir o que aquele número que velha deixou significa. Esse quebra
cabeça é mais complicado do que eu imaginava. Para não me atrasar tomo um
banho rápido e visto o smoking.
Minha esposa está sentada linda e serena na cama, eu adoro a ver vestida
com roupas de tons claros, isso a deixa ainda mais inocente e delicada. Me
aproximo dela e ajudo a levantar e para finalizar a ajudo a colocar uma joia
linda e delicada como ela, uma bela esmeralda, que combina com o vestido
verde claro que ela veste no momento.

Após sairmos do hotel a viagem segue até uma das mansões dos Parker.
Assim que o carro estaciona nos jardins da casa onde tudo foi organizado
para a realização do casamento, Emanuelle me acompanha de cabeça baixa,
sem encarar ninguém, ela ainda lembra o que aconteceu quando encarou o
rosto de um homem que não era eu. Antes de prosseguirmos seguro seu rosto
para que seus olhos encontrem os meus

— Vá se sentar, e não pense em levantar até eu vir me sentar do seu


lado, entendeu? — ela assente dá meia volta e caminha em direção aos
assentos organizados em frente ao altar.
Eu e Christopher nos encontramos no meio do jardim para conversar,
mesmo se casando com aquela barba enorme. Apesar do ternos suas
tatuagens são visíveis até o pescoço.

— Enrico! — damos um aperto de mãos em forma de saudação.

— Parker! Então realmente vai se casar com a russa? — não falo isso só
por causa do ódio que tenho dessa família mas também por causa da vida
libertina que ele leva. Christopher Parker é um homem sombrio, tal como eu,
mas existe além do que os olhos podem ver.

― Claro que vou. Sasha não tem nada a ver com vossas rivalidades de
máfia, para além do quê ela é meu prêmio e não vou abrir mão dela por sua
causa.

― Não vou mais discutir esse assunto com você ― ele concorda e então
começamos a falar de negócios, nesse meio tempo Nicholas também chega e
começamos a falar sobre o contacto de sociedade que provavelmente
assinarei em poucas semanas.
A cerimônia é dada por iniciada e no tapete vermelho entra uma mulher
de olhos azuis fortes, um homem a acompanha, é Aleksei solotov primo e
braço direito de Dimitri solotov, chefe ma máfia russa.
A cerimônia transcorre sem sobressaltos, e por fim eles são proclamados
marido e mulher.

Nápoles, Itália

Deixo Emanuelle em casa e sigo meu caminho até a sede da máfia,


parece que nosso querido presidente irá cooperar hoje. Tenho muitos
negócios pendentes aqui não podia gastar o pouco tempo que tenho nos
estados unidos.

Caminho até o interior do edifício, na sala de reuniões encontro meu


irmão e o maldito do Santoro se encarando, antes que comece a jorrar sangue
intervenho.

― Santoro! ― Chamo a atenção dos dois que me enviaram ― a que


devo a honra? — questiono sem rodeios.

— Precisamos conversar capo. — concordo com a cabeça e resolvo


sentar e ouvir o que ele tem a dizer.

— Eu conversei com Frederico e ele se negou a tentar descobrir quem é


o mandante dos bilhetes anónimos — mesmo se quisesse duvido muito que
tenham descoberto algo essa pessoa age de forma ardilosa.

— Santoro você tem duas semanas para dizer o que exatamente queriam
na minha casa e quem bolou o plano, caso contrário eu juro te matar em
pleno comício público e torturar sua esposa e seus filho — me viro e encaro
as janelas do meu escritório sem o dar mas atenção — saia — vendo que eu
estava irredutível ele saiu.

Essa situação não pode perdurar mais, tem alguém aqui querendo me
sabotar e o pior é que não sei se essa pessoa quer meu lugar ou almeja outra
coisa dentro da organização.
O toque estridente do telefone me tira de meus devaneios.

— O que foi? — antes de entrar aqui disse as secretárias que não queria
receber ninguém aqui.

— Senhor desculpe, sua esposa o aguarda na linha dois — Emanuelle?


Ela nunca liga pra o escritório. Após a transferência da chamada falo com ela.

— O que quer Emanuelle?

— Desculpa eu não queria incomodar, mas tem um homem aqui, ele


disse que precisa falar com você — não faço ideia de quem seja.

― Passa o celular para ele - era o que faltava.

― Senhor Ferrari, não direi meu nome por segurança mas o senhor já
deve imaginar quem sou. Nicholas Shane me enviou ― claro o sniper.
― Você sabe para onde estamos indo? ― pergunto a Sasha que se
encontra sentada na poltrona a frente da minha no interior do jato. Passam
mais de trinta minutos desde que decolamos no aeroporto de Nápoles e não
faço ideia nenhuma pra onde estamos indo. Só sei que me foi ordenado
arrumar as malas, Unicamente isso, sem justificação sem explicações como
sempre foi. E em meio a tudo isso eu só temo pelo bem estar do meu bebê,
que por sinal a cada dia que passa vem trazendo mudanças astronómicas ao
meu corpo. No final parece que terei que confessar sobre a gravidez porque
não conseguirei escapar desse casamento, quanto mais cedo eu aceitar mais
cedo curtirei a minha gestação. Assim que voltarmos dessa viagem eu
contatei tudo para ele.

Nesses dias quem me fez muita companhia foi a Sasha, ela e o marido
estavam em lua de mel pela Europa e decidiram passar os últimos dias do pós
casamento na Itália. Fiquei feliz por ter ganhando sua amizade e de certa
forma nossas origens e vidas recentes se assemelham.
Assim como eu Sasha também nasceu e cresceu nos muros da máfia, o
termo liberdade também nunca fez parte do seu vocabulário. Nesses dias ela
me contou sua história, e fiquei muito surpreendida com os fatos que ela me
passou, pois assim como eu ela vivia no meio de uma família que não a dava
amor tudo isso porque ela é deficiente visual, ela era considerada a vergonha
da família.
Ela disse que perdeu a visão aos quinze anos num acidente e desde então
sua família criou represálias por esse simples fato.

Eu lamento que ela tenha passado por tudo disso, ela é uma mulher
linda, e tem os olhos azuis muito intensos. Desvio minha atenção das nuvens
nubladas que nos acompanham durante a viagem e olho na direção onde se
sentam nossos maridos, e reparo que a mesma energia sombria que emana de
Enrico também acompanha o marido de Sasha. Desde que o vi apenas se traja
de roupas pretas como se estivesse num luto eterno. Ele é um homem grande
sua barba grande e bem cuidada e seu cabelo o deixam ainda mais assustador,
daqui é possível ver as tatuagens que ganham terreno até seu peço bronzeado,
sempre achei que nunca conheceria alguém pior que Enrico mas nesse
momento estou começando a mudar meus conceitos. Só agradeço por Sasha
ter uma condição que não a permite ver aquele olhar frio do esposo.

― Emanuelle está me ouvindo? Você ainda está aí? ― saio do meu


devaneio ao ouvir a voz de Sasha me chamando quase que num sussurro
medroso. Dirijo minha mão até seu joelho e o acaricio como sinal de
presença.

― Estou aqui minha amiga. O que estava dizendo?

― Eu estava respondendo a sua pergunta. ― faz uma pausa, como se


estivesse pensando nas palavras certas ― Ontem quando eu fingia que estava
dormindo ouvi Christopher falar com alguém pelo celular e dizendo que hoje
estaríamos voltando para os Estados Unidos ― ela me confidencia. O que
acho estranho por que não passam três semanas que estivemos lá. Quando eu
ia perguntar o que eu e ele estaríamos indo fazer os dois homens me lançaram
um olhar que me fez encolher na minha poltrona, e desde então a conversa
morreu entre nós duas.

Enquanto Sasha mergulhava em meio a escuridão e relembrava dos


últimos acontecimentos. Algo inusitado aconteceu, a mãe do meu marido foi
me visitar e por incrível que parece não gritou comigo, não me chamou
nomes e nem me humilhou como ela sempre faz. Segundo ela só queria saber
como eu estava, por poucos segundos vi sinceridade em suas palavras, ela
parecia estar se sentido culpada, mas a visita não durou muito tempo porque
ela foi embora. Quanto ao comitê, nunca mais apareci as reuniões, primeiro
pela falta de disposição segundo porque estava sendo reclusa naquele quarto,
que para minha surpresa nunca mais foi solicitado naquele lugar e até agora
não fui obrigada fazer testes exagerados de gravidez, desde o incidente que
me deixou em crise.

As torturas físicas e psicológicas do meu marido já não me afetam tanto


como antes, o corpo e a mente já se acostumaram, o que não me deixa em paz
são os pesadelos, e agora eles voltaram mais fortes e frequentes do que
nunca. Toda fez que os tenho sinto que a qualquer momento meu corpo irá
colapsar e ceder a morte, é sempre a mesma coisa, Thomas, Geovanna o
bebezinho, o sangue de dos dois. Os gritos de Thomas até hoje ecoam na
minha cabeça, esses sonhos as vezes são fantasias que minha mente traiçoeira
cria mas muitas vezes são lembranças, lembranças tão vivas que as sinto
como se estivesse voltando a viver aqueles momentos.

Depois de mais algumas horas estávamos aterrissando na pista de pouso,


a Paços largos e sem tempo para me despedir da minha amiga sigo Enrico até
o carro que já nos espera de portas abertas e mais alguém segurança ao redor.

Nos instalamos em um hotel, e quando vi percebi que é o mesmo hotel


que ficamos da última vez, a paisagem linda do Central Park diz tudo,
estamos em Nova Iorque. Me aterroriza saber que foi nessa cidade que a vida
de um inocente foi tirada por minha culpa. Nem me atrevi a pedir pra sair e
dar uma volta pela cidade, primeiro ele não deixaria e segundo não aguentaria
se aquilo se repetisse.
Por isso nos dias que sucederam fiquei trancafiada naquele quarto de
hotel sem contato com ninguém, apenas o satisfazendo. Pensei na minha
amiga que provavelmente já esteja acomodada em seu novo lar. Apesar de
estar aqui trancada consegui convencer a ele a mandar trazer material de
pintura e foi assim que me distraí esse tempo todo. Minha arte mais recente é
uma pintura muito peculiar, ela não é realista mas nela transmito o
sentimento de opressão e reclusão, essa é uma das raras vezes que faço um
quadro com minha própria imagem, mas para exprimir tudo isso que me
corrói por dentro foi necessário, quando o finalizo assino lá em baixo com o
nome Entregue. Porque o quadro exprime da maneira mais clara possível o
que tem sido a minha vida.

Depois de mais de uma hora me arrumando finalmente estamos a


caminho do motivo da nossa viagem repentina. Mas um evento que estou
indo sem saber nem do que se trata, quando o carro para em frente ao tapete
vermelho uma enxurrada de flashes se encontra direcionada para nós, mal
saímos do carro e minha visão queima com tamanha quantidade de luzes.

― Senhor Ferrari, verdade que planeja fazer negócios de bilhões com


Nicholas Shane e Christopher Parker? Assinarão o contrato hoje? ― Alguém
pergunta e meu marido nem se dá o trabalho de responder ― como se sente
sobre a morte do presidente italiano? Verdade que o senhor irá concorrer para
as próximas eleições? ― o quê? Olho para pasma, porque sinto que tem dedo
dele nisso, várias vezes o ouvi insultar o presidente para quem quiser ouvir.
Agora eu entendo daquela movimentação toda na Itália.

Adentramos no salão de festas, e já encontramos as pessoas no clima


festeiro. Enquanto caminho cinto umas pontas no pé da barriga, o que me faz
travar no meio do percurso, não. Isso não. Respiro fundo e aos poucos a dor
vai se abrandando.

― Porquê parou? ― ele nem me esperou responder já apertou minha


mão para que eu continuasse andando. Quando nos sentamos ele pede um
copo de água para mim, quando o precioso líquido desce por minha garganta
a dor no ventre passa e o nervosismo diminui, estava tão aérea que nem
percebi que Sasha já estava aqui e sentada ao meu lado.

Sasha! ― a comprimento animadamente, nos damos um abraço e


colocamos a conversa em dia, ela me contou que chego a Nova Ioque hoje.
Apesar do tipo de vida que levamos, nos falamos de várias coisas, por
exemplo das artes, nesse tema nunca falta assunto para nós duas. O
burburinho na entrada do salão chama minha atenção, até que vejo Rosa
Angélica e seu marido entrarem no salão, ela está muito bonita, na verdade
ela é linda. Mas hoje com aquele vestido, está deixando muitas mlhares com
os queixos caídos.
Quando ela se aproxima de nós apresento uma a outra e então Rosa
Angélica também entra no nosso assunto, apesar dela estar interagindo com
nós duas, parecia distante e ao mesmo tempo olhava em volta o tempo todo
como se estivesse procurando algo ou alguém. Depois do jantar nossos
maridos saíram para uma reunião nos deixando sozinhas, mas sei que não
estamos sozinha tem um exército nos vigiando pelas sombras do salão de
festas.

― Rosa Angélica! Está tudo bem com Você? ― coloco minha mão em
seu ombro e ela acorda do transe meio assustada.

― Sim eu estou.

Mas sinto que ela não diz a verdade tanto é que nós minutos seguintes
eu Sasha estamos conversando sozinhas enquanto ela olha para as saída do
ambiente.

― Amiga tem certeza que está bem? ― insisto.

― Olha meninas, eu vou ser sincera com vocês, meu casamento não é a
última maravilha do mundo, eu não casei porque queria e sim porque
Nicholas criou situações que me obrigassem a ficar presa a ele ― suas
palavras me chocam ― ele é um homem horrível e frio, estou cansada de
viver nesse casamento temendo pela minha vida, ele me agredi e me usa
como um bicho ― isso nunca passaria da minha cabeça, que o marido dela a
bate ― hoje eu tive a estúpida ideia de fugir mas meu plano falhou então
decidi que fugiria no meio do evento. Eu não faço isso apenas por mim e
minha dignidade também pelo bebê que sinto que está crescendo dentro de
mim, não quero que meu bebê cresça nesse meio de violência doméstica ―
eu queria apenas por alguns momentos ter a força que ela tem, ser uma
mulher determinada igual ela está sendo agora.

― Eu sinto muito, na verdade não sei o que dizer eu eu... ― travo como
se minha língua tivesse sido decepada pela tristeza que me invade.

― Eu ia gostar muito se vocês viessem comigo.

― Eu não posso! ― enxugo a lágrima ― também estou grávida faz


algum tempo ainda não disse nada a ele, mas estou pensando em confessar,
sinto muito Rosa Angélica, eu não posso desafia-lo desse jeito, ele é o
próprio diabo. ― ela diz que me entende e que se conseguir fugir estará
disposta a nós receber caso queiramos nos afastar de nossos carrascos.
Eu e Sasha ficamos num silêncio aterrorizante enquanto observo minha
outra amiga desaparecer no meio da multidão, ela foi embora.

― Você acha que ela conseguirá? ― Sasha pergunta com a voz


embargada pelo choro.

― Eu não sei, talvez ― o que aconteceria se eu fugisse? Se não tivesse


tantos receios talvez arriscasse ― eu me sinto tão impotente Sasha,
definitivamente não sei o que fazer, será que vale a pena?

― Nunca saberemos se não arriscamos Emanuelle, nunca saberemos o


que é ser livre e tomar as próprias decisões senão for agora ― suas palavras
me tocam. Eu preciso parar de viver com medo. A minha vida toda eu vivo
na sombra das pessoas, tenho que fazer alguma coisa que orgulhe meus pais e
a Melina esteja onde estiverem.

― Nós vamos embora Sasha.


Dias antes.

Nunca fui de dar segundas chances para ninguém, principalmente para


traidores, desta vez abri uma exceção mas estou vendo que não valeu a pena,
pelos vistos eu mesmo terei que encontrar o traidor, aqui ninguém faz nada
certo, agora eu é que terei que tomar as rédeas da situação, chega de delegar
os outros essa função. E para o azar desse filglio de puttana eu mesmo o irei
torturar durante dias até ele morrer afogado no próprio sangue, aquela velha
enfermeira também não me disse nada, e agora estou a caminho da casa de
repouso eu irei revirar cada canto de seu quarto até encontrar o que preciso
para piorar até agora não se conseguiu apurar quem foram os desgraçados
que atiraram, mas de onde eu estava pude ver três homens. Pelas análises da
balística as armas não estavam registradas e tenho certeza que aqueles
elementos não fazem parte de nenhuma máfia, são apenas assassinos de
aluguel. As balas indicavam que as armas não eram fabricadas na Rússia e
nem nos Estados Unidos.

Minha atenção é dirigida a estrada, daqui é possível ver a construção no


meio da mata fechada, antes de eu ter a brilhante ideia de transformar aquele
lugar no depósito de ameaças eu sabia que a mais ou menos dois séculos era
uma fortaleza usada para aprisionar escravos que atracavam a arredores dos
navios negreiros que vinham de diferentes partes do mundo, com o tempo o
lugar ficou abandonado e eu resolvi reaproveita-lo. Verifico meu relógio para
garantir que não esteja atrasado para a reunião com Dominic Swegger o
atirador de elite que contratei para bater mas um lixo da humanidade. Quero
algo marcante e que o mundo inteiro irá presenciar.

Quando o carro estaciona na fonte de água que se encontra em frente às


portas velhas e cansadas de madeira saio do carro sozinho e caminho até o
interior da instituição, faz um bom tempo que não ponho meus pés aqui,
desde que vim buscar minha bonequinha para ser mas exato, não entendo
como deixei uma coisinha daquelas por tanto tempo aqui, se soubesse que era
tão gostosa antes, eu a teria tirado daqui assim que completou dezoito anos,
mas isso não importa mas, ela já está comigo.

― Senhor Ferrari! Que honra vê-lo por aqui. Não sabia que viria ―
ouço a voz enjoativa da Susan, a médica responsável pelo lugar, não posso
negar Susan é uma mulher atraente e sabe como deixar um homem louco na
cama, mas aquela pequena feiticeira me lançou um feitiço que não me deixa
nem cobiçar outras bucetas, e como castigo a como todos os dias quando
sinto vontade. Nem Eugênia que era minha puta fixa eu procuro mais por
causa dela.

― Não tenho porquê avisar alguma coisa Susan, esse lugar me


pertence. Por isso venho quando eu achar necessário ― ela estala a língua e
lambe os lábios cobertos por um batom chamativo. Se aproxima de mim
como a cobra que é e guia suas mãos até minha gravata.

― Que tal relaxar um pouco! Parece meio estressado capo ― vadia! Em


outras ocasiões não estaríamos aqui falando e sim no meio da ação, minha
mão pesada decana em e rosto formando um tapa pesado.

― Não vim aqui para isso. Acha que eu gastaria meu tempo percorrendo
mais de cinco quilómetros só para vir foder? Faça-me o favor Susan – o tapa
a deixou meio desnorteada e seu olhar sedutor e os lábios fatais murcham
como sinal se surpresa. ― e tire suas mãos de mim, nunca te dei essa
intimidade, se não quiser perder a cabeça melhor me respeitar porque não sou
seu amigo e sim seu chefe ― Vocifero bem na cara dela e imediata ela tira as
mãos de puta do meu terno.

― Eu sinto muito capo. Então em que posso ajudar? ― de volta com


sua voz profissional, o que é ótimo, odeio quando putas como ela esquecem
seu lugar.

― Quero que me leve até o quarto daquela enfermeira que cuidava da


minha esposa ― ela me analisa como se quisesse saber a razão para tal. Em
silêncio ela me guia até a ala que fica os quartos dos funcionários, quando
chegarmos até a entrada dispenso a Susan e coloco as luvas.

Entro no quarto e analiso tudo minuciosamente, as coisas continuam no


mesmo lugar, pelo menos é o que eu acho pois tudo está organizado. Na mesa
de cabeceira existem algumas fotos dela com minha bonequinha, resolvo tirá-
las dos porta-retratos e as guardo no bolso do sobretudo. Reviro o lugar por
minutos e nada me faz desvendar o que aquele número quer dizer. Sem mais
nenhum canto para procurar saio do quarto e me encaminho até a saída onde
se encontra o carro e meus seguranças me esperando.

Faltam apenas vinte minutos para minha reunião com o Swegger. Nós
encontraremos nas montanhas do oeste. Quase na fronteira com Sicília umas
das regiões da Itália.
Depois de dez minutos já é possível ver um jeep estacionado na beira da
estrada e seu respetivo dono parado e recostado no mesmo.

― Swegger! ― falo quando chego a uma proximidade dele.

― Podemos começar? ― Assinto e assim o apresento todo o esquema


de segurança de Santoro, a troca de turnos nos comícios, a localização exata
de onde ele fará o discurso, até em que posição ele estará parado. Foi fácil
obter todas essas informações basta ter as conexões certas dentro do governo,
pois não sou o único que quer ver ele sendo devorado pelas larvas no subsolo.

― Essas informações devem chegar. Com elas vou poder fazer os


estudos certos para poder localizar um local onde vou poder atirar sem ser
visto e claro o lugar terá que ser propício para atirar sem falhar ― ele explica
mas depois me olha meio intrigado ― porquê está solicitando os meus
serviços? Eu sei que você tem meios de o fazer sem chamar pessoas externas.

― Boa pergunta atirador! Eu sei que você é o melhor, é que eu queria


algo... digamos que grandioso ― também não quero sujar minhas mãos com
o sangue de um traidor.

― Então assim será. Eliminarei o ativo na data pré estabelecida com


apenas um aceno da parte dos dois cada um caminha até seu carro.
….
Presente

" O presidente italiano Tomasso Santoro foi alvejado em meio ao


comício na praça dos libertadores na última sexta feira por um atirador até
agora desconhecido"

Um sorriso largo aprece em meu rosto após ler a manchete escrita num
dos jornais mais importantes dos Estados Unidos, o Times. Ele não morreu
por minhas mãos mas a sensação de ter eliminado mas um inseto da minha
organização é a mesma. A satisfação é tanta que para comemorar irei assinar
um contrato que me associa a maior indústria de de todo tipo de arma.

Após ler as intermináveis linhas que explanam exatamente sobre o


contrato, seguro na caneta e assino todos os espaços que me correspondem.
Nicholas e Christopher, depois de tanto tempo pensando nisso, acabaram
aceitando. Enquanto tomo o whiskey fico imaginando as maravilhas
deliciosas que farei com minha linda e gostosa esposa hoje. Falando nisso já
passou da hora dela começar a fazer aqueles testes semanais.

A ideia de ter minha bonequinha em baixo de mim essa noite me deixa


entorpecido. Passaremos toda madrugada nos consumindo ao desejo. Preciso
sentir seu cheiro feminino, a bucetinha rosada que a dias comecei a chupar
fazendo ela gemer e gozar gostoso na minha boca. Essas sensações me
deixam tão duro que preciso me remexer na poltrona para decepa-las. Já a
deixei muito tempo sozinha naquele salão, aposto que tem desocupados aos
montes apreciando o que é meu.

― Acho que já é suficiente, preciso levar minha esposa para o hotel ―


os dois me olham atentamente como o que eu disse fosse algo de outro
mundo. ― não acho seguro deixá-las sozinhas por tanto tempo.

― uma vez que está tudo resolvido, realmente podemos voltar. Daqui a
alguns minutos meu jato partirá para Seattle e não quero me atrasar ―
Christopher anuncia se levantando para sair. Num rompante através da porta
entra um Bruce nervoso e apressado, ele é o chefe da segurança de Nicholas,
e pela sua cara nesse momento realmente aconteceu algo grave.

― Senhor eu sinto muito, não sei como mas a sua esposa está
desaparecida ― Nicholas levanta num rompante após ouvir essa notícia ― e
suas esposas também sumiram senhores, eu sinto muito ― ele fala essa
última parte apontando para mim e Christopher. Mas que porra! Eu e
Christopher nos entre olhamos e ficamos em posição de alerta.

― Como assim fugiram? ― Nicholas praticamente grita na cara do


homem, se ele não fosse tão bom meteria uma bala bem no meio da cabeça
dele.

― As três estavam sentadas no meio do salão conversando, até que a


senhora Shane saiu para o toalete, um dos seguranças a acompanhou, mas
vimos que eles estavam demorando e quando chamava o segurança pelo
rádio ele não respondia. Decidimos ir ver o que estava acontecendo, quando
chegamos lá o segurança estava desmaiado no chão e senhora a Shane não se
encontrava em nenhum lugar. ― sem ninguém esperar Nicholas lança o copo
de whisky que estava em suas mãos na parede.

― E que porra aconteceu com minha esposa? ― Vocifero me livrando


da gravata e do terno.

― Quando voltamos elas não estavam mais onde as deixamos, elas


também sumiram. Todas as equipes de segurança dos senhores estão
empenhados em encontrá-las nesse momento.

― Acho melhor chamar reforço, elas com certeza foram sequestradas, e


todos nós sabemos o quanto elas valem. Cada um aqui tem seus inimigos, e
não são poucos ― diz Christopher com a voz mas calma do mundo. Ele é o
único que não parece alterado diferente de mim e Nicholas. Sugiro que
vejamos as câmaras de segurança, com certeza se elas foram tiradas daqui
veremos através delas quem foi que as levou.

Saímos todos da sala de conferências do hotel e caminhamos até a sala


de controlo. No interior encontramos dois seguranças mas apenas solícito o
que era responsável no momento que elas sumiram. Quado o imbecil chegou
ele coloca as cenas para rolar nos monitores.

Primeiro a esposa do Shane vai até o toalete, vimos todos os seus passos
até momento que sorrateiramente ela abre a porta do banheiro segura num
vaso grande mais que ela e o joga sob a cabeça do segurança que
imediatamente cai desmaiado. Sem que ninguém a veja ela chega até a
garagem e começa a procurar por algo.

― Coloquem o que as outras duas tontas estavam fazendo no momento.


― ordeno

Tudo o que elas conversaram me deixou tão possesso que se a encontrar


agora sou capaz de torcer aquele pescocinho com minhas próprias mãos. A
desgraçada confessa que está grávida e que também quer fugir de mim.
Depois de percorrerem os corredores do hotel elas chegam até a garagem
onde encontram a outra, e em menos de um minuto as três saem pela porta
dos fundos na garagem sem chamar nenhuma atenção.

― MALEDITA!

Sem pensar duas vezes tiro a arma do coldre e atiro na cabeça do


responsável pelas câmaras de segurança, imediatamente sangue respinga por
todo lado e nem isso acalenta a fúria que estou sentido.

―Como é possível que mais de trinta seguranças não tenham


conseguido ver três tontas saindo do prédio? EU VOU MATAR AQUELA
MALEDITA.

Olho mais uma vez para as imagens nas telas para poder acreditar que
minha bonequinha não foi sequestrada, ela fugiu de mim.
San Tiago del Cuba, Cuba

― Carros passageiros por favor coloquem os cintos pois em dez


minutos estaremos aterrissando em solo cubanos, obrigada por escolherem
os nossos serviços. ― a voz feminina e muito bonita anuncia depois de mais
de doze horas de viagem. Sem pensar duas vezes coloco o sinto e rosa
Angélica ajuda Sasha a colocar o seu, mesmo sabendo que estamos quase
pisando em solo cubano ainda não consigo acreditar que nós fugimos, que no
final era possível, ainda há tempo para eu recuperar minha vida, ainda tenho
oportunidade de reviver o tempo que me foi arrancado brutalmente, eu ainda
posso ser feliz. Sem minha permissão lágrimas de felicidade e alívio
transbordam por meus olhos assim que o avião finalmente desliza pela pista
de San Tiago de Cuba, uma pequena cidade de Cuba, resolvemos escolher ela
exatamente por ser recôndita e onde o desenvolvimento tecnológico não é
muito avançado. Estamos cientes de que com poder que eles têm podem nos
achar através das câmaras de segurança cartões do banco entre outros meios
cibernéticos, foi por isso que preferimos escolher uma cidade mais pequena,
também esse foi um dos conselhos do homem que nos ajudou, ele é um
conhecido da Mary Amiga de Rosa Angélica. Estarei infinitamente
agradecida a ele e a Mary.

No último momento eu resolvi fugir, não só pelo meu bebê mas também
para minha libertação, para pelo menos uma vez na vida começar a tomar
minhas próprias decisões sem medo de falhar, sem precisar ser o que não sou.
Só rezo a Deus para que ele não me procure, em todo caso duvido que venha
atrás de mim, eu já percebi o quanto sou insignificante para ele, sem dúvidas
serei menos um peso que ele teria que aguentar até o dia que decidisse me
matar. Os únicos que me fazem lamentar por ter fugido são meu tio e Ettore
meu primo amado, eles nunca concordariam com essa fuga, por isso agi nas
suas costas, se tudo der certo e não formos encontradas provavelmente nunca
mais os verei, e isso esmaga meu coração, pois eles são as pessoas que mais
amo no mundo depois do meu bebê. Tomara que um dias eles me perdoem
por ter ido embora, mas sei que entenderão eles eram testemunhas do meu
sofrimento naquele casamento.

― Emanuelle vem! ― Rosa Angélica me puxa até uma sala onde se


encontram os outros passageiros que viajaram connosco. ― aqui esperaremos
por nossa mala ― ela esclarece.

Sempre que viajava com Enrico nunca precisava passar por esse
procedimento, nós íamos diretamente para o avião e quando descíamos era a
mesma coisa como se ele não precisasse cumprir com as normas
alfandegárias.
Quando finalmente nossa mala é liberada, na verdade não é uma mala e
sim uma pasta onde contém nossos pequenos pertences, os documentos
algum dinheiro e algumas mudas de roupa que compramos no aeroporto da
Pensilvânia.

Quando as portas automáticas se abrem nós finalmente saímos do


aeroporto e um vento quente misturado ao clima marítimo nos recebe,
trazendo consigo outras sensações nunca sentidas, o clima tropical da
América Latina, bem diferente do clima gélido que já se fazia sentir na Itália
nessa época do ano, nunca estive nessa região do continente americano. Olho
em volta e aprecio a animação e agitação das pessoas, a maioria conversando
um espanhol bem rápido e feliz, trajados em roupas coloridas a maioria com
estampas coloridas e floridas, e frescas condizendo com o clima que reina no
país.
― Sennoritas! Taxi ― um Senhor simpático nos chama falando um
inglês desajeitado. Nós três sorrimos e resolvemos aceitar a carona do senhor
simpatia. Nos acomodados em nossos assentos e então o carro dá partida
deixando o aeroporto para trás.

― O senhor sabe onde podemos arranjar um apartamento para alugar?


― Rosa Angélica o questiona assim que o táxi se mistura na avenida
movimentada.

― Oh claro! Pelos vistos vocês vêm para ficar. ― ele diz eufórico, e
nesse momento nós três nos entre olhamos, sem entender como ele soube que
viemos para morar. ― não se assustem, eu sei disso porque a maioria das
pessoas que recebo no aeroporto quando pedem uma sugestão de lugar para
ficar eles perguntam por cabanas, hotéis, resorts ou motéis, é uma questão de
prática. ― sem saber o ar que está preso nas vias respiratórias volta a
circular, as meninas também suspiram de alívio. ― Já agora meu nome é
Elias!

― Prazer Elias, meu nome é... July essas são minhas primas Lisa e Jane.
― só agora me dou conta que ganhei um nome novo, nos meus novos
documentos esse é o nome que consta, Emanuelle Mancini morreu dando
lugar a Jane Stuart.

― Sabia que eram americanas, muito bom saber que jovens moças
decidiram se juntar a nossa pátria, garanto que irão gostar ― o resto do
caminho foi percorrido em uma conversa descontraída, falamos sobre várias
coisas e nem por um único minuto o Elias permaneceu calado, isso é bom
assim nenhuma de nós se perderia em seus próprios pensamentos.
Depois de quarenta minutos de viagem o carro estaciona em frente a um
prédio num bairro pobre, apesar de antigo o edifício parece em boas
condições. Elias nos apresenta a dona do apartamento que iremos alugar, ele
fica no terceiro andar que significa o último. Eufóricas começamos o tour no
interior do pequeno apartamento.

Ele é composto por uma sala que conjuga com a cozinha, apenas um
balcão separa um ambiente do outro, tem um banheiro e dois quartos, ficou
decidido que eu e Sasha dividiremos o quarto maior e Rosa Angélica ficará
com o outro. Após acertamos sobre o aluguel a proprietária vai embora nos
deixando sozinhas e emocionadas.
Nos dias que se seguiram começamos a mobiliar o nosso lar com o
pouco dinheiro que Rosa Angélica conseguiu roubar do cofre do marido dela.
Ela teve muita coragem, nem em mil vidas eu conseguiria fazer tal afronta,
Enrico me poderia me espezinhar se fizesse algo do gênero.

Depois de mais uma noite de sono decido acordar antes das meninas,
hoje quero preparar nossa café, apesar de nunca ter tido muito contato com as
panelas a dias minhas amigas estão me ensinando coisas básicas, e hoje
colocarei tudo em prática, e também é uma forma de comemorar a
confirmação da gravidez de Rosa Angélica, ontem ela foi ao médico e por
conseguinte confirmou a gravidez dela, também decidi que está na hora de
marcar uma consulta, desde a descoberta da gravidez nunca visitei um
médico.
Arrumo a mesa enquanto cantarolo baixinho, preparo umas torradas,
faço ovos mexido e pico algumas frutas para fazer uma salada. Quando
termino arrumo tudo certinho na mesa.

Então resolvo ir tomar um banho antes das meninas acordarem,


combinamos que hoje também procuraremos um emprego, o dinheiro que
trouxemos não irá durar para sempre, precisamos de algo que nos sustente, e
também tem os bebés que irão precisar muita coisa desde o berço até a
alimentação.
Tiro meu pijama que consiste em uma calça moletom mais grande que
eu e uma camiseta enorme, senti tanta falta dessas roupas. Na previsão do
tempo vi que hoje também San Tiago del Cuba estará ensolarado, o que
significa altas temperaturas. Resolvo fazer meu banho com água fria para me
refrescar, enquanto os jatos despencam sobre minha cabeça aqueles olhos
azuis me assombram fazendo todo meu corpo estremecer.

De repente sinto algo quente descendo por minhas pernas, como Isso é
possível? Estou tomando banho frio e não sinto vontade de fazer xixi, aos
poucos abro os olhos e o que vejo saindo pelo ralo do box me deixa chocada,
meu bebê. Sem conseguir me segurar da minha boca sai um grito que faz
minha garganta queimar e lágrimas saem ao perceber que possivelmente
estou perdendo meu bebê, de novo.

― Emanuelle? O que está acontecendo? ― de longe oiço a voz de Rosa


Angélica.

― Estou perdendo meu bebê amiga! De novo ― me seguro na parede


quando as dores que conheço muito bem começam. ― AIH, meninas eu não
quero perder meu bebezinho, me ajudem por favor.

Em menos de cinco minutos eu já estava vestida e dentro de um carro


que não conhecia, minha visão está tão embaçada que é impossível ver quem
está conduzindo.

― Chegamos amiga vem! ― me colocam numa cadeiras de rodas e uma


médica me fala que vai ficar tudo bem.
Em meio a medição análises e exames eu finalmente fui colocada num
leito para apanhar soro e nesse mesmo quarto a médica me fará o ultrassom.

― Bem mamãe, pelo que posso constatar seu pequeno príncipe ou


princesa está bem no momento. Preciso que se cuide, esse sangramento foi
um sinal indicando que sua gravidez será delicada, ou seja, de risco. Houve
uma locomoção de umas das trompas, e seu útero também se encontra numa
posição que ao correr do tempo ficará desconfortável para o bebê, isso é
reversível, mas apenas faremos isso quando o bebê nascer. ― a médica
continua me instruindo sobre os cuidados que devo tomar o que devo ou não
fazer, ela marca outra consulta para daqui a três semanas, quando fizer três
meses de gravidez ― Posso chamar o papai?

― Não ― quase grito ― desculpe , na verdade eu sou mãe solteira.


Pode chamar minhas amigas por favor? ― ela concorda e abandona o quarto.
Após alguns instantes minhas amigas entram no ambiente mais aliviadas e
felizes por saber que tanto eu como o bebê estamos bem.

― Emanuelle eu ouvi quando estávamos em casa você mencionar que


não queria perder esse bebê como perdeu o outro. ― ela suspira e segura na
minha mão ― você já perdeu um bebê antes?

― Sim! Foi bem no início do casamento, eu não sabia que estava


grávida, na verdade ninguém sabia, até eu ser internada por causa de um
sangramento intenso que tive. Fiquei tão arrasada, me sinto culpada porque se
naquele dia e tivesse ficado calado no meu canto não teria me alterado e
perdido meu bebe ― choro compulsivamente minhas amigas se aproximam e
me dão um abraço bem forte.

― Minha amiga! Não se culpe. Nós não somos culpadas pelas


atrocidades que esses monstros nos fazem, você é só uma vítima e meio a
tudo isso. Um dia ele irá pagar eu queria dizer a ela o quanto Enrico é
horrível que nem mesmo a justiça pode parra-lo, ainda não tive coragem para
contar a ela que eu sou casada com um mafioso, nem mesmo contei a ela que
segundo os laudos médicos eu estou doente psicologicamente.

― Ah minha amiga se você soubesse minha verdadeira história ―


sussurro para mim mesma. Sasha é a única que sabe sobre mim. Após me
acalmar elas caçam conversas que me mantenham distraída, decerto elas
estavam conseguindo, mas até quando? Se a todo momento sinto que a
qualquer momento ele entrará por aquela porta num rompante e me castigará.
Três meses depois

Caminho pelas ruas movimentadas de San Tiago acariciando minha


barriga de cinco meses que já está mais do que evidente, hoje era o dia de
mais uma consulta de rotina. Ao horizonte é possível ver o sol se pondo sobre
o mar e daqui é até possível ouvir o mar se acalmando com a chegada da
noite, o que não acontece durante o dia pois ele é bem agitado. Suspiro ao
sentir mais uma brisa marítima indo de encontro ao meu rosto, meus cabelos
esvoaçam na mesma harmonia que o vento, hoje é um daqueles dias que
acordei bem disposta e feliz, é assim toda vez que sei que verei meu anjinho,
que por sinal está crescendo muito bem e por causa disso daqui a algumas
semanas deixarei de fazer certas coisas, por minha gravidez ser de risco,
quanto mais minha barriga fica pesada mais limitações eu ganho. Foi difícil
no princípio porque eu sempre andava com dores, eu tinha que estar sempre
deitada, mais aguentei tudo isso porque vale o esforço, toda vez que ouço o
coração pequenino batendo minhas forças de revigoram. Ainda não foi
possível ver o sexo porque ele ou ela está sempre com as perninhas fechadas,
para não importa se será menina ou menino, amarei do mesmo jeito.
Graças a Dio conseguimos arranjar emprego nós três, Rosa Angélica
como bibliotecária eu e Sasha como professoras numa pequena escola da
cidade, eu dou aula de desenho e Sasha aula de música. Apesar de sermos
estrangeiras fomos muito bem recebidas naquela instituição de ensino,
mesmo sem as habilitações académicas necessárias para ser contratadas,
apenas passamos por um período de experiência, depois disso fomos
efetivadas definitivamente, e graças a esse trabalho todas nós conseguimos
manter as despesas da casa e até fazer uma poupança para comprar o enxoval
dos bebés. Porque agora serão três bebezinhos, Rosa Angélica está esperando
um casal de gêmeos.
Até agora não entramos em contato com ninguém, não sabemos se ainda
estão nos procurando, Rosa Angélica e Sasha tentam me acalmar mas eu
sinto que estão atrás de mim, em momentos de medo e fraqueza me
arrependo de ter fugido, mas quando meu bebê mexe aqui dentro todos esses
pensamentos não passam de lembranças.
Finalmente alcanço a rua de casa depois da curta caminhada, nas mãos
carrego uma sacola que contém umas tintas que são compostas por diferentes
tipos de brilho, as crianças vão amar. Nunca pensei que dar aulas poderia ser
algo tão divertido e revigorante. Por ser uma escola de ensino fundamental o
intuito da aula é fazer com que pintar e desenhar seja algo divertido.

Abro a porta de casa, mas a única coisa que ouço é o motor da geladeira
trabalhando, provavelmente as meninas ainda não chegaram, visto que eu saí
mas sedo do trabalho por causa da consulta. Caminho até a sala e me sento no
sofá pra descansar, não caminhei quase nada mas estou me sentido fatigada.
Ligo a TV para procurar algum filme bom. As vezes parece um sonho e sinto
que a qualquer momento eu vou acordar na cama em que divido com aquele
opressor, quer dizer dividia. Suspiro frustrada porque não consigo achar um
canal que chame minha atenção, desisto e largo o controle no sofá. Pelos
vistos terei que fazer o jantar. Por ser noite da lasanha nós três costumamos
preparar juntas, mas como não tenho nada para fazer eu vou adiantar as
coisas.

" ― Última hora, a população italiana de Roma viveu um verdadeiro


terror durante a madrugada passada, quando todos foram surpreendidos por
fortes explosões na embaixada russa, segundo a polícia trata- se de um
atentado terrorista, mas segundo uma fonte segura esse foi só mais um
combate entre duas grandes máfias, a Bratva e a 'Ndrangheta ″― após ouvir
essas última parte, o prato de porcelana que se encontrava em minhas mãos
se espatifou me fazendo acordar do meu transe ― ainda não é possível
apurar o número de mortos mas...

Coro até o sofá seguro no controle e na velocidade da luz desligo a


televisão, com medo se passar mal estando sozinha, decido me sentar, ouvir a
palavra máfia ainda me abala muito, repito ruidosamente para me acalmar,
Deus eu imploro não deixe ele me achar. Suplico em uma prece silenciosa.
Ainda com os lábios trémulos me levanto para limpar a bagunça que deixei
na cozinha, com muito esforço seguro na vassoura e na pá.

― Emanuelle o que está fazendo ? Você sabe que não pode fazer esse
tipo de esforço amiga ― antes que eu possa fazer ou falar alguma coisa Rosa
Angélica tira o material de limpeza das minhas mãos e por conta própria
limpa os cacos de vidro espalhados pela cozinha, me sinto uma inútil porque
ela está grávida de gêmeos sua barriga é maior que a minha e mesmo assim
eu é que sou debilitada. ― por favor não faça mais isso quando estiver
sozinha, me promete.

― Eu prometo, desculpa eu não queria preocupar vocês ― elas


assentem e então juntas começamos a preparar o jantar, guardo minhas
angústias para mim mesma, não quero incomodar elas com coisas que só
existem na minha cabeça. Mesmo depois de preparar o jantar o que vi no
noticiário ainda está mexendo comigo. No automático ajudo as meninas a
arrumar a cozinha depois do jantar e desejando boa noite a elas e me dirige
até o quarto, tinha tudo para esse dia terminar bem, mas...

― Emanuelle tudo bem? ― Sasha se senta na minha cama e segura na


minha mão.

― Não! Não está Sasha, hoje eu vi no noticiário que a embaixada russa


está em chamas porque bombas explodiram e você sabe muito bem que isso
não tem nada haver com atentado terrorista.

― Você acha que...

― Eu tenho certeza Sasha. Eu queria tanto poder viver sem pensar


nessas coisas.

― Eu acho que já está na hora de contar tudo para Rosa Angélica.

― Isso não, eu não sei qual seria a reação dela ao saber. Por favor não
conta nada. Esse é um passado que quero esquecer ― suspiro ― dorme
comigo na minha cama? ― ela assente e se deita do meu lado, é assim toda
vez que sinto que terei um daqueles pesadelos.

….
Enrico Ferrari

Já passam três meses desde que Emanuelle fugiu de mim, fugiu do seu
destino. As formas de tortura são tantas na minha cabeça que não sei se
aquela coisinha irá sobreviver.
Voltei para Itália dois meses atrás, porque as buscas em Nova Iorque
não estavam avançando. Resolvi procurar por conta própria, quem as achar
primeiro contato os outros. Com o tempo percebi o quanto subestimei minha
bonequinha, ela é mais espertinha do que pensei, e para piorar estou sem
fazer sexo desde o desaparecimento dela, e esse é mais um motivo para me
deixar irritado o tempo todo. Até tentei comer umas vadias dos prostíbulos
mas não adiantou muito.
Quando contei para Emiliano e Leonardo que ela fugiu eles também não
puderam acreditar, sentiram mas pena do que admiração, pois imaginam
muito bem que as coisas não ficarão nada bem para o lado dela quando a
encontrar.
Informei ao Dante o houve e posso jurar que vi um pequeno sorriso em
suas expressões, isso já está ultrapassando os limites, no final todos já sabem
que ela está desaparecida e não que fugiu.

― Você deveria deixar essa bambina em paz meu figlio, se case com
outra e deixe ela recuperar a vida que você roubou dela ― minha mãe diz
mas uma vez. Não sei o que houve com ela mas de uns tempos para cá ela
resolveu ser a defensora das causas perdidas.

― Nunca mamma, ela é minha e não irei descansar enquanto não a tiver
de volta ao meu lado. Eu vou revirar esse mundo até onde não existe vida ―
Vocifero atirando o copo de whisky na parede do meu escritório.

― Emanuelle merece ser feliz, não acha que a pobrezinha já sofreu


demais?

― Ela está grávida do meu herdeiro, eu não abrirei mão dele. Ela votará
para gaiola de onde nunca deveria ter saído. ― a raiva é tanta que sinto
minhas veias pulsarem ― EU-VOU-MATAR-A-EMANUELLE. ― minha
mãe se despede e vai embora ainda revoltada por eu não desistir, eu nunca
abriria mão do que me pertence e ela sabe muito bem disso.

Eu quase matei todos o seguranças responsáveis por ela naquela noite,


achei que seria fácil achar a esposa fujona, mas no final eu quebrei a cara, eu
vou cortar ela em pedacinhos mas antes disso vou acorrentar ela e vou come-
la até perder a sanidade.
Saio do meu devaneio quando oiço alguém bater porta.

― Entra! ― preciso ir a sede da máfia tenho semanas sem pisar aquele


lugar.

― Boa noite capo! ― Antonelli. Era só o que me faltava. Me viro e a


vejo parada no batente da porta vestindo apenas um casaco e sapatos de salto
altíssimo da cor preta, eles até reluzem em contato com a luz emitida. pela lua
cheia lá fora.

― O que quer? ― ela não fala nada apenas desfaz o nó do casaco assim
que a peça alcança o chão meus olhos se concentram na lingerie sexy que a
vadia está vestindo, de uma cor vermelha chocante assim como eu gosto. Ela
se aproxima de mim e por incrível que pareça ela não desperta nada em mim,
mas mesmo assim meu pau fica ereto, isso não é desejo é apenas uma
necessidade biológico. Ela se ajoelha a minha frente puxa o elástico do
moletom, como já estou sem a cueca minha ereção salta para fora e
imediatamente ela como a gulosa que é, o abocanha e me dá um boquete
delicioso, fecho os olhos e aparecem imagens daquela boquinha vermelha,
gozei na cara dela e chamando o nome da minha bonequinha.

― você me chamou pelo nome dela? Enquanto eu te chupava você


estava pensando naquela louca ― nem deixei ela continuar e todo peso da
minha mão foi parar na cara dela.

― Saia daqui agora se não quiser levar um tiro. Você é só mais uma
buceta não se sinta especial. E nunca mais se dirija a minha esposa dessa
forma. ― largo os ombros dela que estava segurando. Ela se desequilibra e
cai de bunda no chão.

― Eu te amo Enrico. O que você viu nela? Eu daria tudo para estar com
você. Eu vou embora mas não vou desistir de você. ― ela volta a abotoar o
casaco ― eu sei que ela não vai voltar e estarei esperando por você.

Sem dar atenção nela volto ao meu trabalho, os estragos da embaixada


russa foram de uma proporção tão grande que até agora o mundo está
comentando. Aquilo foi pelo meu filho que morreu no acidente. Estou cada
vez mas próximo da verdade, Dimitri Solotov foi um dos cabeças naquele
plano e agora ele está se escondendo.
Apesar de tudo eu sempre encontro a verdade mais cedo ou mais tarde.
― Precisa ficar calmo irmão desse jeito vai acabar tendo um enfarte no
meio da sala ― repete Leonardo pela enésima vez.

― Afinal o que você ainda está fazendo na minha casa? ― já repeti


inúmeras vezes que quero ficar sozinho.

― Porque alguém precisa te trazer de volta a razão. E eu como seu


consiglirie estou fazendo isso. Cancele as buscas por Emanuelle, deixe essa
menina ser feliz cara. Do seu lado ela só vivia triste e com medo. Alguma vez
você viu ela sorrindo?

― Não vou desistir porra nenhuma. Ela é minha e quando a encontrar a


farei entender isso muito bem, e ninguém irá me impedir de acha-la ― ele
levanta as mãos em sinal de rendição e com apenas um aceno se dirige a
porta e vai embora.

Ainda fulminando de ódio me dirijo até a poltrona em frente a lareira,


apesar do inverno já ter passado dando lugar ao verão, as noites costumam
apresentar temperaturas baixas, devido a proximidade do mar.
O tempo! Ele passou tão rápido para certas coisas e tão devagar para
outras, foram seis malditos meses sem minha bonequinha, seis malditos
meses sem sentir aquele cheiro que só ela tem, aquela pele macia e quente em
contato com meu corpo entorpecido de desejo. A cada dia que passa a
necessidade que sinto dela aumenta, a maldita não sai da minha cabeça por
nada. E a amaldiçoo por isso

Quando a encontrar saciarei todos os meus anseios, e para o bem dela é


melhor que o bebê seja um menino caso contrário ela terá outros problemas
comigo.
As investigações para encontrar as três desafiadoras estão indo a todo
vapor, ninguém para de trabalhar enquanto não se achar nem uma pista.
Soube por Nicholas que elas receberam ajuda de alguém, a tal mulher amiga
da esposa dele procurou alguém para as ajudar e como ela sabia que podia
morrer não procurou saber para onde elas iriam. O pouco de paciência que eu
tenho já está se esvaindo, nesses meses o que mais tenho feito é caçar meus
inimigos, torturar e matar, é o único jeito de tirar toda raiva que sinto, toda
vez quando penso que uma coisinha insignificante foi capaz de fugir de mim
eu fico possesso. Saio do meu devaneio quando ouço o celular chamando,
olho para tela, Nicholas.

― Me diz que tem alguma novidade ― largo os papéis que estão em


minhas mãos na mesa pois não consigo me concentrar nem pra trabalhar.

― Meu hacker falou algo que até agora não tinha cogitado ― ele diz
com uma voz bem estranha, ele está apaixonado pela esposa, é nisso que dá.

― E então?

― Que provavelmente alguém as ajudou a sair do país, nós as


subestimamos demais. Elas podem estar em outro país com outras
identidades também ― nunca parei para pensar nessa possibilidade também,
minha bonequinha só me surpreende, quanto mais longe ela for mais
castigada ela será.

― Então vamos começar as buscas, falarei com meus contatos em


alguns países da América latina, Ásia e África para que procurem por elas na
base de dados das alfândegas ou por câmaras de segurança nos aeroportos
através do reconhecimento facial, aqui na Europa eu tomo conta, se elas
realmente saíram dos Estados Unidos provavelmente estavam disfarçadas. ―
Realmente agora tudo faz sentindo.

― Certo, vou filtrar as buscas daqui. Vou procurar todos voos que
saíram durante a madrugada, e nos aeroportos de Nova Iorque e das cidades
próximas a Nova Iorque ― aproveitamos e falamos um pouco sobre os
negócios, que por sinal estão muito bem encaminhados.

Os dias estão passando na velocidade da luz e cada dia que passa eu


sinto que estou perto de ter minha bonequinha de volta tanto é que tenho
acordado mais disposto e mais Implacável que nunca, pronto para pegar uma
bonequinha que resolveu me desafiar.
Assim que alcanço o último o lance de escadas vejo a governanta indo
em direção a porta, curioso espero para ver quem é.

― Dante! ― não sei o que está acontecendo mas ele anda meio abatido,
provavelmente devido ao desaparecimento de sua sobrinha ou mesmo culpa.

― Como vai capo? ― pela primeira vez o vejo como uma cara nada
hostil, o que significa que teremos uma longa discussão. ― Podemos
conversar? ― assinto e juntos caminhamos até o meu escritório.

― Pode fale Dante, eu sou todo ouvidos ― minha voz soa


sarcasticamente debochada.

― Eu vim aqui suplicar que cancele as buscas por minha sobrinha, dê


uma chance dela poder recuperar a vida. Eu nunca me perdoei por tê-la
deixado se casar contra a própria vontade. Me sinto envergonhado perante a
lembrança do meu irmão, que apesar de fazer parte da máfia, era um homem
bom e justo e que sem dúvidas ia querer o melhor para as filhas. ― Dante é
uma das poucas pessoas que respeito dentro da máfia mas saber que ele me
quer longe da sobrinha me faz pensar que talvez seja melhor que ele esteja
morto.

― Não te darei ouvidos Dante, ela é minha esposa. E te garanto que por
mais que leve uma eternidade ela voltará para mim. ― me levanto e abotoo o
terno pra sair ― se é tudo, agora eu vou sair, quando você chegou eu ja tinha
um compromisso, preciso cumprir meu papel como capo.
Sem esperar por ele saí da mansão indo em direção a uma das SUVs
suburban que estava me esperando já com porta traseira aberta me esperando.

― Para onde senhor?

― Para sede da Máfia. ― depois de vinte minutos já estávamos no meio


do tráfego napolês. Após os intermináveis minutos do percurso, o carro
estava sendo estacionado em frente ao edifício principal da máfia.
Por causa das buscas deixei muitas coisas que tinha que resolver
pendente e agora é o tempo certo para organizar tudo. Em meio a assinaturas
de contratos e permissões e mais algumas reuniões o dia estava passando.

Passam três dias desde que Nicholas mel ligou e me informou que as
fugitivas entraram em contato com a tal amiga pelas redes sociais e como
desconfiamos estão usando nomes falsos, dessa forma mandei instruções para
meus aliados do cartel em Cuba, mandei que vasculhassem em todos os
lugares aonde elas estão se escondendo, o que não vai demorar a acontecer.
Depois de um tempo no escritório Emiliano chega com o pai Fabrizio e então
damos iniciada a reunião sobre a escolha dos novos membros, aqui é assim
fazemos uma espécie de seleção.

― E então já pensou é quem iremos colocar no lugar do Santoro? ―


desde a sua morte ainda não parei para pensar nisso, no momento quem
ocupou seu lugar foi o vice presidente, mas daqui a alguns meses começam
as eleições.

― Ainda não sei. Veremos no interior do máfia membros com o


potencial necessário, e desta vez eu vou o monitorar bem de perto, afinal de
contas não queremos outro traidor nos apunhalando pelas costas. ― por um
momento vi Fabrízio arregalar os olhos mas imediatamente se recompôs.

― E sobre sua esposa tem alguma notícia? ― quem pergunta isso é


Fabrizio, o que me faz amentar minhas suspeitas e questionar no interior qual
seria o interesse dele em querer saber sobre minha esposa.

― Qual o seu interesse em querer saber sobre a minha esposa Fabrizio?


― e nesse momento algo que aconteceu a meses me surge á cabeça ― já
agora no dia do ataque a minha propriedade minha esposa teve uma crise, e
pelo que vi tudo começou quando ela ti viu, na verdade quando ela escutou
sua voz. ― tento soar o menos acusatório possível, não quero que suspeite
das minhas desconfianças.
― Nada demais Enrico. Apenas curiosidade, afinal de contas ela é a
rainha da máfia e todos nos preocupamos com seu desaparecimento. ― faço
uma nota mental de falar com Gonzalo para trazer um relatório completo
sobre a vida de Fabrizio desde o seu nascimento.

Após resolver todos os assuntos pendentes resolvo voltar para casa e


descansar um pouco. Entro no quarto e sou recebido pela penumbra
costumeira, caminho até a cama e me atiro na mesma, se minha bonequinha
estivesse aqui eu estaria me deleitando em seu corpo, a falta de sexo é tanta
que uma vez tive que me punhetar pensando naquele buceta apertada e
quentinha. Quando meu pau dá os primeiros indícios de uma ereção meu
celular apita, chegou um e-mail. Seguro no parelho o destravo e vejo que
junto do e-mail veio um arquivo junto. Assim que abro, um largo sorriso
aprece em meu rosto e meus olhos se iluminam ao ver aquela coisinha linda.
Então leio o e-mail:

Achamos algo que te pertence, San Tiago de Cuba

Assim que recebi a foto da minha bonequinha caminhando no meio da


areia da praia vestindo um vestido florido que deixa em evidência a grande
barriga. Liguei para os outros e informei que elas já foram encontradas, antes
de chegar mandei meus aliados para as manterem em vigilância enquanto
nãos chegávamos.
Não vou ficar nem um minuto nesse lugar, assim que colocar minhas
mãos nela iremos diretamente para o avião. O comboio de carros sai da pista
de pouso indo em direção ao bairro horrendo onde elas se instalaram.

― Senhor recebemos a informação de que elas saíram da casa, e estão


indo em direção a rodoviária. Elas devem ter percebido que estavam sendo
vigiadas. ― Gonzalo me informa. Ela vai me pagar por colocar a vida do
meu herdeiro. Desta forma desvíamos o caminho indo em direção a
rodoviária, Nicholas está a caminho e Christopher Está logo atrás.

Assim que chegamos a rodoviária meus homens começaram a se


espalhar, por não ser um lugar grande e movimento consegui imediatamente
ver minha esposa parada falando com uma das atendentes do balcão, sem
esperar Christopher se dirige até sua esposa cega e sai arrastando até o
exterior do local. Já eu vou me aproximando sorrateiramente até onde a cega
estava só para surpreender minha bonequinha que nesse momento está
caminhando de volta. Me escondo numa pilastra e assim que sinto sua
presença a surpreendo.

― Olá bonequinha ― imediatamente tudo o que ela estava segurando


cai no chão e seus lindos olhos brilham com de tantas lágrimas que estão
prestes a escorrer por seu rostinho, seguro sua bochecha macia ― não é hora
de chorar amorzinho, ainda não.
O cheiro de sangue se encontra impregnado em todo meu corpo, que
não para de tremer em cada passa que dou no chão gelado, meus lábios
estão rachados e é possível sentir os fios finos de sangue entrando na minha
boca, nunca me esquecerei desse gosto. Estou caminhando em direção a
única luz disponível nesse lugar escuro e com cheiro fedorento. Minha
respiração entrecortada acompanha o silêncio do lugar e meus olhos quase
nada podem enxergar nesse abismo que é a escuridão, falta só mas um pouco
para eu alcançar a luz, só um pouquinho e terei a libertação que tanto
ansiei. Em breve estarei num lugar onde não exista nem dor, nem sofrimento
e sem tristeza, principal sentimento que me acompanha desde que me
reconheço como gente.

A passos temerosos finalmente alcanço o lugar iluminado, mas me


arrependo no mesmo momento porque agora é possível vislumbrar o meu
verdadeiro estado, minha roupas estão em farrapos, o sangue das pessoas
que matei está em todo me corpo e não sei como mas me vi segurando meu
bebê nos mês braços.

― Ele está morto! ― Ouvi alguma dizer e no mesmo instantes paredes


espelhadas aparecem em grande número mostrando o meu reflexo em
diferentes formas. ― seu bebê está morto assim como você matou o meu ― é
a Geovanna

― Geovanna me perdoa ― sem eu esperar o reflexo de Geovanna


aparece em um dos espelhos, ela está carregando um bebezinho que está com
a cor arroxeada sem vida e o rosto dela está desfigurado. E nesse momento
percebo que o bebê que estou carregando também está morto, seu rostinho
está gelado como se da neve do inverno intenso se tratasse, uma lágrima
escorre por meu, ― eu não posso perder você também.

― Ele vai morrer. Sabe porquê? Porque você é uma assassina e não
merece ser feliz. Eu te amaldiçoo Emanuelle. ― de repente gargalhadas
horripilantes chegam aos meus ouvidos. Em todos os espelhos parecem
pessoas quando de mim e me apontando, Geovanna, Thomas, Enrico,
Antonelli.

― NÃO! POR FAVOR. MEU BEBÊ NÃO.

― Emanuelle! Amiga acorda. Emanuelle acorda ― escuto a voz de


Rosa Angélica gritando e num solavanco levanto e abro os olhos tremendo de
medo e muito agoniada. ― Ei nós estamos aqui foi só um pesadelo. ― Me
atiro nos braços dela e abraço bem forte, como se minha vida dependesse
disso.

― Não deixem eles levarem meu bebê ― minha mão repousa na minha
barriga e finalmente posso sentir o calor que emana dele. As lágrimas param
de sair eu apenas fungo fortemente. Elas me dão um copo de água e aos
poucos vou me acalmando.

― Está mais calma? ― Rosa Angélica me pergunta, apenas assinto e


meus pensamentos me torturam com o pesadelo do qual acabo de acordar. ―
Emanuelle o que você sonhou?

― Sonhei que meu bebê estava morto, e eu o segurava em meus braços


― meus ombros temem ao pensar nessa possibilidade.

― Isso não vai acontecer. Seu bebê vai nascer forte e saudável assim
como o Thomas e a Francesca e os três vão brincar e aprontar tod0s juntos. E
não três vamos criar eles com muito amor. Eu te prometo, tá bom?

― Sim! Obrigada por suas palavras, elas sempre me acalmam. E


desculpe por atrapalhar o sono de vocês.

― Não foi nada. Agora vamos todas voltar para cama, está muito tarde
ainda. Para te deixar mais tranquila eu vou dormir aqui com vocês duas. ―
nós concordamos e então de novo arrumamos as camas. Por serem de solteiro
as juntamos para que possamos caber as três. Nos deitamos e por insistência
delas eu acabo ficando com o espaço do meio.
Estou mais calma sobre o pesadelo, mas meu coração não aquieta eu
sinto que algo ruim está por vir.

― Meninas! Eu não sei se é coisa da minha cabeça, mas eu sinto que


eles estão perto de nos encontrar! Não perguntem como mas é o que eu sinto.

― Emanuelle descanse. Precisa ficar calma. Caso eles nos achem


estamos prontas para sair e fugir de novo. Sei que dói mas nem que seja para
viver rodando o mundo assim será desde que consigamos ficar o mais longe
possível deles. ― ela dá um beijo na minha teste e acaricia minha barriga. -
Bons sonhos meninas.

― Boa noite Rosa Angélica ― eu e Sasha respondemos em uníssono.


Leva algum tempo para me perder no sono, o pesadelo me deixou
surpreendida. Por meu bebê ter me transformado numa dorminhoca trinta
minutos depois mergulhei no sono.

San Tiago de Cuba acordou com a agitação costumeira, da nossa casa é


possível ouvir as buzinas dos carros, os sinos das bicicletas soarem, as
pessoas cantando, rindo e conversando. E para mim é mais um dia sem poder
sair casa, sem poder desfrutar do ar puro, estou tão limitada por causa da
gravidez que nem a escada eu posso descer. Como o prédio não tem elevador
eu simplesmente saio apenas para ir até a consulta.
Minha gestação já está bem avançada e ontem completei oito meses e
Rosa Angélica já está com sete por esse motivo nos dias estamos de licença
gestacional. Falta muito pouco para meu anjinho vir ao mundo, e até agora
não sei se é menina ou menino. As vezes me pego pensando se ele ou ela será
parecido comigo ou com o pai, se terá meus olhos ou será azul.
Sem dúvida o nascimento dele irá marcar o início de outra fase da minha
vida, e mal posso esperar por isso. Eu e as meninas já começamos a comparar
as coisas básicas, estamos pensando em alugar um apartamento maior esse
aqui não será suficiente para um agregado de seis elementos. Mas por
enquanto ficaremos aqui. Acaricio as pequenas roupas que estão dispostas
sobre a cama, a maior são brancas e outras amarelas, pois eu ainda não sei o
sexo.

Na companhia das meninas passo o resto do dia fazendo programa de


meninas, pintar as unhas arrumar o cabelo, vimos muitos filmes e séries.
Rosa Angélica resolveu sair para dar uma volta na praia Sasha preferiu ficar
para me fazer companhia. Ficamos o resto do dia de preguiça apenas
comendo e vendo e outro filme aleatórios.

― Amiga melhor começarmos a preparar o jantar. Ou então passaremos


a noite sentadas aqui também ― ela sorri e me dá um tapinha no ombro.

― É verdade. Principalmente você que está mais preguiçosa que nunca.


Só falta virar mais um móvel da casa ― gargalhamos e começamos a jogar as
almofadas do sofá uma na outra. Paramos quando ouvimos o tintilar das
chaves na porta do entrada.
E uma Rosa Angélica nervosa e apressada passa por ela indo
diretamente para janelas fechar as cortinas, meu corpo entra em alerta porque
isso é um sinal de que algo realmente grave aconteceu.

― Meninas precisamos nos preparar para ir embora. Não sei se é


paranoia minha mas acho que fomos achadas e estamos sendo vigiadas. ―
seguro minha barriga em forma de proteção.

― Como você sabe?

― Enquanto eu voltava da praia vi um carro um tanto quanto estranho.


Ele era totalmente preto vidros escuros e de modelo executivo. E nós
sabemos muito bem que aqui em San Tiago ninguém precisa de um carro
deste tipo porque aqui não existem executivos. ― ela fala apressadamente me
deixando com mais medo, eu sabia que isso ia acontecer eu senti.

― Você tem razão. Nós sempre combinamos que nos primeiros indícios
de desconfiança de que fomos descobertas iríamos embora ― espreito pela
janela e o movimento de fim de dia continua sem só ressaltos.

― O melhor seria partirmos amanhã logo cedo, antes do sol nascer. A


essa hora não temos hipótese ― todas concordamos e então começamos a
arrumar nossas coisas em mochilas. Não podemos levar tudo o que
desejamos. Apenas coisas básicas, documentos, roupas, algumas comidas.
Aproveito e pego uma mochila onde guardarei as coisas do meu bebê,
algumas roupinhas e mamadeiras. E nesse momento meu coração se aperta
porque todas nós nos empenhamos incansavelmente para conseguir construir
tudo isso. Me dói abandonar todas as coisas que comprei com meu esforço e
com meu próprio dinheiro. Aqui pela primeira vez eu soube o que era ser
livre o tomar as próprias decisões, eu soube o que é conviver com pessoas
normais e genuínas.

Depois de arrumarmos tudo não tínhamos mais clima nem para comer
muito menos para sorri. Apesar da falta de apetite tive que comer pois não
quero prejudicar meu bebê. Sem ânimo nenhum e com o coração na mão me
arrumei para dormir. Para não perder tempo amanhã, nós tomamos banho e já
vestimos as roupas com as quais iremos viajar amanhã, assim como as
meninas ao invés de dormir eu me perdi em meus pensamentos, imaginando
o que nos aguado o dia amanhã.

O relógio marcava quatro da manhã quando chamamos um carro pelo


aplicativo, assim que arrumamos todas as nossas coisas no carro e em
instantes já estávamos passando pela orla marítima que no momento se
encontra iluminada pela luz da lua a caminho da rodoviária. Só voltei a
respirar a vontade quando o carro finalmente chegou na rodoviária. Pagamos
o motorista nos despedimos dele e por fim caminhamos até o interior.
Nos acomodamos nos bancos de espera e Rosa Angélica foi em busca de
nossos bilhetes.

― Você realmente acha que eles nos acharam? ― escuto Sasha me


perguntar.

― Não tenho certeza. Mas vale mais prevenir. ― Depois de alguns


instantes Rosa Angélica volta com nossos bilhetes.

― Meninas o mais perto que eu consegui foi um ônibus que parte dentro
de quarenta minutos ― o nervosismo é palpável entre nós. Por isso Rosa
Angélica sentiu até vontade de i ao banheiro. E essa demora da saída também
está me deixando quase a beira do colapso.

― Amiga eu volto já, vou a procurar de informações. Parece que a saída


já Está demorando ― caminho no meio das pessoas e finalmente chego até o
balcão, pergunto quanto tempo falta e a moça me diz que ainda estão dentro
do horário, será que estou tão nervosa assim? Estou até perdendo a noção do
tempo. Agradeço pela explicação e resolvo voltar para meu banco. De repente
um calafrio percorre todo meu corpo me fazendo congelar no meio do
percurso e sentir uma pequena pontada na barriga. Saio do meu transe e
decido ir me sentar, não devia fazer esses esforços, enquanto caminho
percebo que Sasha não está onde a deixei e isso me faz aumentar o passo,
quando ia gritar pelo nome dela um vulto surgiu de uma pilastra me fazendo
gritar de susto. Não, meu Deus isso não por favor.

― Olá bonequinha! ― meus olhos marejam imediatamente e é


impossível segurar as lágrimas nos olhos, elas deslizam desde a base dos
olhos até minha boca, sinto seus dedos frios e grandes tocando minha
bochecha ― não é hora de chorar amorzinho, ainda não.

― En-rico por por favor....


Respirar nunca foi tão difícil como está sendo agora. A cada lufada de ar
que puxo sinto uma dor abismal em meus pulmões e meu corpo não consegue
acompanhar as palpitações aceleradas do meu coração, estou tão ofegante que
parece que acabo de correr uma maratona, a cada turbulência minhas mãos
vincam no estofado da poltrona e meu bebê mexe dentro do seu casulo. O
desespero é tanto que não tenho mais o que implorar nem lágrimas para
chorar. Apesar do jato ser arejado meu corpo está suado e pequenos fios de
suor descem pelas laterais da minha testa e meu cabelo se encontra grudado
por causa das gotículas que meu poros libertam. Estou voltando para minha
prisão, para o meu inferno na terra pra o meu pesadelo em vida.

― Se continuar assim vai passar mal e acabar prejudicando meu


herdeiro ― sua voz soa calma e ao mesmo tempo avassaladora como um
trovão, sentado bem na minha frente seus olhos azuis que no momento se
encontram sombrios me analisam minuciosamente, sua postura altiva e
implacável continua o acompanhando. Claro, como eu poderia pensar que ele
mudou, pessoas como ele não mudam, porque nasceram com o mal enraizado
neles.

Tento me acalmar porque toda essa agitação afeta meu anjinho também
e cada vez que ele mexe uma dor ligeira de espalha em toda região da minha
barriga.

― Já falei para se acalmar, não quero que prejudique meu herdeiro.


Levanta!

Com muita dificuldade eu me levanto ele segura minha mão e me guia


até uma porta que eu conheço muito bem, é o quarto onde costumava possuir
meu corpo quando estivéssemos viajando. Assim que ele abre a porta vou
logo pedindo.

― Enrico por favor! Eu estou grávida ― em forma de proteção coloco a


mão na barriga.

― Não dei permissão para que falasse. Vá até a cama e se deite nela. ―
sem protestar faço o que me foi ordenado, devagar me deito de costas na
espaçosa cama. Vejo ele circular pelo quarto e depois se aproximar de mim
enquanto abre o cinto da calça meus olhos se arregalam com isso ― não se
preocupe bonequinha, não vou te machucar, ainda. Porque primeiro preciso
matar a saudade que tenho desse seu copo suculento antes que eu morra de
tanta tesão.

Ele me coloca de quatro na cama e sem que e pudesse protestar levantou


meu vestido até a cintura e depois rasgou minha calcinha, no meio de
lagrimas u pedia para el ir de vagar por causa o bebê, enrico nunca foi nem
um pouco calmo das vezes em que mantivemos relações. Seus dedos
massageiam minhas dobras enquanto gemido desconhecidos saem por minha
boca.

― Isso bonequinha, quero você bem molhadinha para mim ― após


intermináveis minutos torturantes seu membro grande e grosso finalmente
penetrou minha vagina me fazendo gemer ainda mais alto ― porra que
buceta deliciosa, vou te comer tanto bonequinha.

― En-rico ― são as únicas palavras que saem da minha boca enato meu
corpo todo treme e meu ventre se contrai, depois dessa sensação avassaladora
eu apaguei.
Aos poucos abro a os olhos, sinto sede e meus lábios estão ressecados.
Quanto tempo eu dormi? Minha nova realidade me recebe como um soco na
cara, eu sempre soube que um dia eu voltaria para cá mas nunca pensei que
seria tão rápido. Ver a decoração sombria e suntuosa do quarto é como um
balde de água fria para todos os planos que eu tinha para mim e para o meu
anjinho, tudo foi por água abaixo, por causa do capricho de um mafioso
orgulhoso e sem alma.

― Finalmente a bela adormecida despertou. Já estava ficando


impaciente amore mio ― a voz que mais odeio no mundo soa em algum
canto do quarto no meio do breu que está o quarto, de repente seus passos
soam no assoalho escuro do quarto e sei que está vindo na minha direção,
humedeço os lábios freneticamente enquanto minhas mãos descansam na
minha enorme barriga. ― Como se sente?

― Bem – respondo sentido minhas bochechas esquentarem por causa da


minha ultima lembranca. Na verdade deveria ter respondido que estava bem e
com medo.

― Sua médica me mandou todos os relatórios das tuas consultas, apesar


dela não ter cooperado no íncio ― Deus será que ele fez alguma coisa com
ela? ― e pelo que pude constatar o sexo do bebê ainda é indeterminado.
Disso você sabe Certo. ― apenas Assinto e ele estala a língua. ― use essa
boca que me deixa louco para responder minhas perguntas amorzinho.

― Sim eu sei! ― enquanto isso lágrimas quentes e intensas banham


meu rosto.

― Para o seu próprio bem acho bom que seja um menino, caso
contrário, vou tirar a menina de você e a colocar num convento e depois vou
te comer até um menino ser concebido no seu útero. ― minha respiração se
altera e meu bebê também se agita no processo, estou tão ofegante que é
impossível respirar pelo nariz. ― Não pode passar mal, sei que sua gravidez
é de risco, por isso a deixarei em paz até meu filho nascer, até lá faça tudo o
que médica mandou.

Após praticamente gritar na minha cara ele sai do quarto me deixando


sozinha no quarto.
E nesse momento lembro que deixei minhas amigas para trás, não sei
que que aconteceu com elas. Antes de irmos embora houve um tiroteio e eu
quando dei por mim Enrico estava me carregando em direção ao carro e não
pude ver o que aconteceu com elas. Aquelas pessoas no interior da rodoviária
que gritavam por ajuda, Enrico não se compadeceu com a agonia daquelas
pobres pessoas e ainda escutando os tiros e gritos daqueles cubanos deixamos
a cidade e fomes em direção ao hangar.

Saio do meu devaneio quando escuto alguém entrar no quarto, olho em


direção a mesma e vejo aquela mulher que me ajudou nos primeiros dias de
casamento, o nome dela é Violetta, ela foi amiga da mamãe.

― Boa noite minha querida! Como se sente? ― sua expressão é de


ternura e alegria.

― Bem! ― sussurro de cabeça baixa.

― Ohh minha filha não fique assim! Todos sentimentos e emoções que
você emana são transmitidas para o bebê. A partir de hoje eu vou cuidar de
você até o herdeiro da máfia nascer ― apenas assinto ela me ajuda a tirar a
roupa e prepara um banho relaxante na banheira. Mergulho na água morna e
o cheiro dos sais de banho se espalham pelo banheiro me deixando realmente
mais calma e relaxada. Violetta trás um roupão felpudo e me ajuda a colocar
uma camisola confortável, segundo ela algumas roupas para gestantes foram
acrescentadas ao meu closet.
Caminhando até o quarto ela alisa minha barriga falando palavras de
consolo, fiquei tanto tempo dormindo que só agora se manifesta ao sentir o
cheiro delicioso da comida que já se encontra posta na ante sala do quarto.
Me sento e uma tampa é aberta revelando uma sopa de cenoura, suco de uva
e pão integral.
Como tudo sem esperar para respirar, monstrinho dentro de mim não
permite que eu descanse.

Após me alimentar muito bem resolvo me recolher ainda é cedo mas por
causa da gravidez tenho dormindo demais. Violetta me ajuda a ir para cama.

― Quero que descanse querida. Sabe que não pode se alterar, precisa
cuidar desse bebezinho para que ele venha para o mundo forte e saudável
assim como os pais. Me promete que vai se cuidar? ― Com ela eu me sinto
mais segura, é uma mulher muito amorosa.

― Sim prometo. ― Antes que ela saísse a chamei ― Violetta. Porquê


não está trabalhando mais na fortaleza? ― Até onde me lembro ela era a
cozinheira chef da fortaleza dos Ferrari.

― Sua sogra me mandou querida. Ela disse que ficaria mais tranquila se
alguém que ela confia estivesse aqui cuidando da nora e do neto. Também
vim porque você é a filha da minha melhor amiga, eu sinto que devo isso a
ela. ― Ela me deseja bons sonhos e por fim vai embora me deixando sozinha
em meus pensamentos. Nunca pensei que dona Elisa fizesse algo do tipo por
mim, sempre achei que ela me odiasse, estou surpreendida com seu
comportamento recentemente, já bem antes de eu fugir ela já se mostrava
diferente comigo.

Os dias estão passando e com eles minha vida como prisoneira foi dada
como iniciada, minha barriga não para de crescer e com isso mais limitações
e dificuldades para mim, não posse descer as escadas e como essa casa não
tem elevadores eu passo a maior parte do tempo dentro desse quarto bem ao
lado está meu estúdio onde também passo uma boa parte do tempo pintando e
desenhando. Outra coisa que tem me distraído é observar o quarto do bebê
que já se encontra pronto, ele fica bem na frente do nosso quarto, ele é todo
Branquinho e tem alguns detalhes dourados, digno de um anjinho, quanto ao
Enrico eu mal tenho o visto mas quando aparece é apenas para me atormentar
e me ameaçar caso o bebê não seja um menino e eu já. Estou ficando
aterrizada com isso pois aos poucos os dias se aproximam da data do parto,
que está previsto para daqui a duas semanas, . Eu não sei onde Enrico tem
passado os dias eu apenas sinto sua presença na cama durante as madrugadas
e quando acordo ele não está.
Desde que voltei meu tio e algumas pessoas já vieram me visitar, o
Ettore, a Donna, Alessandra e Pietra também são visitas frequentes. Suspiro
mais uma vez quando a brisa lá fora beija meu rosto, trazendo um frescor e
um pouco de contato com a natureza, uma vez que não posso descer para
sentir a grama, se eu pudesse adiantar o tempo até o dia do parto para poder
parar com o nervosismo que sinto, e senão for menino? Será que ele teria
coragem de me afastar dela? É claro que ele teria. Mas os dias passam
devagar se pudesse... É isso se os dias não podem chegar rápido então eu vou
adiantar o parto.

Seguro no celular que mal sei manusear, mas ele me foi dado a dias para
usar em caso de alguma emergência, no final ele vai me servir para alguma
coisa. Meio trémula entro no site de pesquisa e escrevo o que eu preciso
saber. Após algum tempo de leitura já sei exatamente o que preciso para
acabar com meu tormento de uma vez, bloqueio o celular e resolvo ir para
cozinha é um risco mas é necessário se eu quiser ter tranquilidade na minha
vida.
Sorrateiramente saio pela porta do quarto indo em direção às escadas, a
essa hora os empregados devem estar descansando e Violetta também e bom
Enrico só chega de madrugada. Assim que me livro do último degrau a
respiração volta ao normal, alcanço a cozinha, procuro nos armários, quando
finalmente acho o que procurava faço o caminho de volta ao quarto com um
pouco mais de pressa.

Olho o potinho com as folhas e sorrio, é só colocar no chá e já está feito.

― Eu sei que não devia fazer isso anjinho, mas é por um bem maior, sei
que você entende sua mamãe. ― Acaricio a barrigona que carrego e sinto o
quanto ele está animado ― você já quer sair não?

― Falando sozinha bonequinha? ― pulo de susto e ele me seguro pelos


braços ― não devia estar acordada, porque está de pé ainda? ― Minha mente
procura uma resposta convincente.

― Eu-eu estava no banheiro e resolvi apanhar um pouco de ar pela


janela.

― Vai dormir? Você sabe que não pode ficar muito tempo parada ― ele
nem precisou repetir por conta própria me encaminhei até a cama. Entrei nas
cobertas e fechei os olhos torcendo para que ele não viesse me tocar ― Pode
dormir a vontade amore mio, mas daqui a algum tempo você vai voltar a
cumprir com seu papel de esposa.
Mas uma fisgada me atinge assim que tento pegar o vestido no closet, as
pequenas dores começaram a tarde mas agora de noite elas têm piorado e
vindo de forma consecutiva, será que é isso que chamam de contrações? Se
for isso dói demais as vezes mal posso respirar, principalmente quando tenho
que me segurar perto da Violetta, era suposto ele ou ela nascer só daqui a
uma semana mas eu adiantei um pouco as coisas. Pesquisei na internet uma
erva que é visada para adiantar o parto e para minha sorte achei na cozinha.
Tive que tomar aquele chá durante uma semana para que o efeito desejado
fosse alcançado, a ansiedade também contribuído.
Coloco o vestido sem calcinha e me preparo para sair, serei castigada
mas só depois de ver o rostinho do meu bebê, limpo as lágrimas que insistem
em cair. Saio do closet com os sapatos nas mãos só os irei colocar lá fora para
que ninguém ouça meus passos aqui dentro da casa.

Devagar abro a porta do quarto e caminho pelo enorme corredor, para


não gritar de tão forte que estão as dores seguro na parede e largo os sapatos
porque já não estou aguentando, meu Deus isso dói demais. O suor banha
todo meu corpo nesse momento, a respiração sai tão ofegante que preciso
assobiar com a boca para regularizar a respiração e acalmar a dor, o caminho
está sendo mais longo do que eu me lembro e a cada passo que dou a dor sou
aumenta.

― Aguenta mais um pouco meu amor deixa mamãe descer por favor ―
e como num passo de mágica as dores cessam e aproveito a oportunidade
para descer as escadas o mais rápido que consigo, assim que finalmente
chego a parte téria da casa, uma dor astronómica me atinge e de repente sinto
um líquido morno descendo por minhas pernas, parece xixi mas sei que não
é, e agora estou parada em meio a uma possa ― AHG ― um grito que já não
posso conter sai da minha boca, mesmo morrendo de tanta dor caminho para
o exterior da casa antes que alguém perceba que estou aqui em baixo. Algum
pode ter ouvido meu grito ― ahhh, meu Deus

Praticamente corro pela extensa grama indo em direção aos arbustos que
rodeiam a propriedade, só preciso ter meu bebê em paz, se for menina eu fujo
de novo, não vou deixar que ele faça mal para ela. Daqui já é possível ouvir
os cães de guarda latindo provavelmente começaram as buscas pois ouvi os
alarmes soarem de forma estridente.
Me agacho e me misturo no meio das trepadeiras e me deito no chão, e
então faço uma força que não imaginava que tinha. Eu vi isso tudo na internet
e agora é o momento certo para implementar, já posicionada na posição certa
para o procedimento de parto domiciliar, empurro com toda força apertando
uns arbustos com minhas mãos.

― Meu Deus me ajuda por favor ― grito de forma estridente até minha
garganta queimar e mais suor escorrer por meu rosto. Vejo uma luz forte no
céu e o barulho de um helicóptero, eles me acharam.
Ganho mais impulso até que um serzinho branquinho e banhado de
sangue desce por minhas pernas, imediatamente o segurei antes que caiasse
no chão, seu choro reverba por toda a mata e um sorriso enorme se estende
no meu rosto me fazendo esquecer as dores de a pouco, aliso os cabelos
moreninhos e aos poucos ele vai se acalmando, o elo que nos une ainda não
foi cortado e por causa disso eu permaneço deitada no mesmo lugar, ele faz
uns barulhinhos e finalmente abre os olhos e nesse momento me deparo com
as mesmas iris azuis que reluzem a luz do luar, ele é lindo.

― Emanuelle! Bonequinha me dá o bebê! ― O monstro que roubou


minha vida surge, aperto meu bebê. Não vou deixar ele o levar, não de novo.
― Não! Não se aproxime de mim seu monstro, você não vai levar meu
bebê ― o que se sucede a seguir é uma confusão de acontecimentos, num
momento eu estava com meu bebê e no outro ele não estava mais, me vi
sendo levada mesmo contra minha vontade para algum lugar incerto, será que
é agora que ele mata?

…..

Como sempre escuto Aquela voz carinhosa chamando por mim e


dizendo que ia me dar banho e me deixar bonita. Sempre que ela tenta me
tirar de meus pensamentos ela canta sorri e diz que sou bonita, ela é tão
carinhosa comigo mas eu não consigo sair daqui dentro, aqui é onde eu me
sinto segura e sou feliz com as lembranças de mamãe e papai, da nossa vida
na antiga casa aqui nada pode me machucar, mas mesmo estando longe de
vez enquanto escuto o choro de um bebê que desconheço, mas não lembro de
bebê nenhum decerto cada vez que escuto seu choro estridente alguma coisa
reacende dentro de mim, mas o medo de sair e voltar a minha antiga realidade
não me deixa.

Violetta petronne

Me dói tanto ver essa menina assim, ela esta sucumbindo na própria
tristeza e no meio de tudo isso seu bebê é quem está sofrendo porque apesar
de receber a atenção do pai a presença da mãe é insubstituível, com muito
esforço eu cuido do dois, eu prometi a minha amiga Valentina no seu leito de
morte que cuidaria das meninas dela.

Eu e valentina nascemos em meio a famílias ditas normais, nossos pais


eram amigos e consequentemente nós também construímos uma grande
amizade éramos praticamente irmãs, ela sonhava em expor seus quadros nas
maiores galerias de arte da Europa e eu ansiava trabalhar com os melhores
cozinheiros chesfs do mundo. Mas não foi a profissão que nos separou e sim
o amor. Ela conheceu Guido Mancini se apaixonaram e com ele ela foi morar
na Calábria, no princípio ela não me contou que ele fazia parte da máfia mas
passado um tempo ela me contou tudo e não a julguei, se casaram e tiveram
duas lindas filhas gêmeas, Antonelli e Emanuelle, elas eram o sol e o brilho
na vida dos pais, mas num trágico acidente Guido perdeu a vida mas
valentina resistiu até o hospital onde me implorou que cuidasse das suas
meninas, e eu jurei em meio aos prantos que cumpriria com aquela promeça.

Naquela época eu estava solteira até que conheci Gonzalo, ele sempre
foi o braço direito do antigo capo e atualmente ele é responsável por
assegurar a segurança dos membros da máfia e também fazer a seleção dos
homens, nos apaixonados casamos e tivemos duas filhas.
Eu não podia cuidar das gêmeas diretamente porque com a morte dos
pais seu tutor legal e biológico segundo a linha de sucessão é Dante Mancini
irmão de Guido, por isso não tive oportunidade de cuidar delas, com o passar
do tempo fui me afastando até que soube que a pobre Emanuelle foi
trancafiada num hospício a mando do capo, eu tentei localizar esse lugar e
não consegui e Gonzalo não podia me falar porque era uma informação
sigilosa e isso acabou comigo, larguei meu trabalho no meu restaurante e me
infiltrei na fortaleza Ferrari com a esperança de descobrir onde mantinham
ela trancada, mas não resultou muito.

Até que cinco anos depois um casamento foi anunciado. A pobrezinha


se casou a contragosto com aquele ser cruel, e pude ser testemunha das
primeiras marcas que ele deixou no corpo dela. E me senti uma fracassada
por ter falhado com minha amiga porque não consegui cuidar de nenhuma
das duas filhas, nem mesmo de Antonelli que tem se mostrado insensível e
soberba até mesmo com a situação da própria irmã ela se compadece.
Acaricio seus longos cabelos brilhantes sobre o sol na varanda do
quarto, já tinha percebido que ela gosta de ficar aqui, é como se esse lugar a
acalmasse. Eu sei que apesar de tudo ela sente a minha presente ouve as
minhas palavras a coitadinha que não sabe como sair desse lugar onde ela
esta presa, o choque da realidade a deixou desse jeito a vida difícil vá deixou
assim. Mas cuidarei dela e do pequeno Valentino para sempre assim como
prometi para minha amiga desta vez não quebrarei a promessa.

― Nunca vou abandonar vocês ouviu? Sempre estarei aqui para você ―
ela não move nem um cílio, seu corpo continua na mesma posição que a
deixei e seus olhos concentradas em um ponto, ou seja vazios, como se ela
estivesse morta em vida ― Emanuelle por favor você precisa resistir, pelo
seu filho eu lhe imploro. ― de novo nenhuma resposta, o bebê está com dois
meses de vida e ela não teve nenhuma reação ainda, seguro sua mão e trago
de volta para o quarto, hora de alimentar o bebê que logo irá acordar.

Saí do quarto as pressas e fui fazer a mamadeira dele, apesar dele ser um
bebê forte e sadio sei que precisa do leite materno e não deste industrializado,
caminho de volta para o quarto perdida em meus pensamentos, o capo está
parado perto da janela com seu filho no colo e Emanuelle continua no mesmo
lugar.

― Senhor! Venho dar a comida ao bebê ― ele apenas vira cabeça sem
me encarar diretamente, depois volta seu olhar a esposa.

― Não, hoje a mãe irá alimenta-lo não me importa se ela está doente ou
não, meu filho precisa do leite do seio da mãe para crescer como deve ser ―
ele se aproxima dela como uma sombra ― Emanuelle juro que se meu
herdeiro crescer com algum problema eu mato você.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele coloca o bebê nos meus
braços e vai embora. Toda vez que ela sente a presença dele treme e depois
tira algumas lágrimas silenciosas. Nem imagino o que seria dela se a signora
Elisa não tivesse me chamado para trabalhar na casa do filho, ela descobriu
que eu e Valentina éramos amigas e disse que eu era a única pessoas capaz de
cuidar da nora com amor que ela precisa, por isso não pensei duas vezes saí
da fortaleza e vim para cá.
Após ficar no quarto com mãe e filho até anoitecer, alimenta-los e
arruma-los para dormir. Também me recolhi, eu e Gonzalo não ficamos na
área dos funcionários porque a qualquer momento podem nos solicitar então
nosso quarto fica na ala este da mansão.
Assim que entro no quarto encontro meu marido já na cama.

― Então amore mio! Como está a menina Emanuelle?

― Continua do mesmo jeito amore, me parte o coração vê-la sucumbir


daquele jeito e não poder fazer nada.

― Tenta levá-la ao jardim amanhã, na casa de repouso ela adorava


pintar ao ar livre talvez isso a faça bem.

― Você tem razão, farei isso amanhã. E o capo? Foi se embebedar de


novo? ― questiono já sabendo o óbvio, de dia ele trabalha feito um
condenado quando chega a lua ele se embebeda que as vezes é necessário que
os seguranças o carreguem.

― Talvez! Desde o pôr-do-sol ele está trancado no escritório, eu acho


que ele realmente ama a menina. ― reviro os olhos pois eu sabia deste fato.

― Claro que ama. Mas ele já a perdeu. Quando Emanuelle se recuperar


será outra pessoa e te garanto que a cara de Enrico Ferrari será a última que
ela irá querer ver quando isso acontecer.
Semanas antes

Depois de mais de cinco meses longe da minha bonequinha finalmente a


tenho de volta a minha mercê e desta vez vou garantir para que ela não fuja.
Assim que meu herdeiro nascer ela terá o que merece por me afrontar do jeito
que fez.
Não sei o que houve naquele lugar antes de sairmos mas não me
interessa, houve um ataque, pessoas que desconheço surgiram atirando para
todo lado, só deu tempo de tirar Emanuelle de lá.
E ela esta mais gostosa que nunca, se ela não tivesse desmaiado depois
do orgasmo que teve agora mesmo estrai enterrado nela. Após nossa chegada
na mansão a coloquei na cama e fui tratar dos negócios no escritório, preciso
começar a organizar a distribuição do novo lote de armas que foi produzido.
A nossa indústria armamentista irá fornecer armas para a maioria das máfia e
cartéis de drogas do mundo, até mesmo alguns governos já começaram a
fazer pedidos.
Faço algumas ligações e peço a minha mamma para que traga alguém
que irá ficar responsável de cuidar da minha esposa até meu filho nascer, e
pelo relatório das consultas dentro de um mês meu herdeiro chegará ao
mundo, apesar de não saber o sexo ainda sinto que será um bambino
exatamente como manda a tradição, a décadas que os primogénitos dos
Ferrari são homens e não é agora que isso irá mudar, pelo menos para o bem
da minha bonequinha espero que seja assim.

Saio do meu devaneio quando ouço alguém bater na porta, arrumo todos
os papéis sobre a mesa e os arrumo na gaveta caminho até aporta e coloco a
senha para poder abri-la.

― Bonna serra meu figlio ― era só o que me faltava, eu escolho morar


sozinho com minha esposa exatamente para não ser encomendado mas tem
gente que não compreende isso.

― Mamma! Em que posso ajudar? ― sem a minha permissão ela entra


no meu escritório e se acomoda numa das poltronas de frente para minha
mesa.

― Vim falar sobre Emanuelle! ― esses dias minha esposa tem virado
pauta de conversa de todos.

― Minha esposa está descansando, ela não pode receber visitas porque a
gravidez dela é delicada. ― tiro um charuto na gaveta o acendo e então
começo a saborear do melhor tabaco da Itália.

― Eu não vim a ver, eu ainda preciso arranjar coragem para encarar


aquela menina depois de tudo o que eu fiz. Só vim avisar que já trouxe a
funcionária perfeita para cuidar da sua esposa e do meu neto. Ela é a esposa
do Gonzalo chefe de segurança da máfia. ― estranho.

― Aquela mulher não é chef de cozinha ou alguma coisa assim? ―


pergunto desconfiado.

― Era! Ela tem um carinho muito grande por Emanuelle por isso não
pensei duas vezes em chamar ela para fazer esse trabalho.

― Certo! Apenas a comunique que se acontecer alguma coisa com


minha esposa ou com meu filho irei degolar a cabeça dela sem pensar duas
vezes. A partir de agora não abro mas margens para erros e não existem mais
segundas oportunidades. Acho melhor a senhora também pensar bem com
quem fala, temos um traidor aqui dentro, e se tudo der certo dentro em breve
ele irá cair ― minha mãe apenas assente se levanta e diz que vai embora.

Termino de fumar meu charuto e uma vontade insana de ver minha


bonequinha se apodera de mim. Subo as escadas e finalmente alcanço a porta
do nosso quarto, passo pela ante sala, o quarto está numa penumbra mas
daqui é possível ver o corpo alvo da minha bonequinha sobre a cama, sua
pele branca se realça no meio daquelas cobertas em tons escuros, seus lábios
vermelhos nunca pareceram tão tentadores como agora, e saber que aquela
saliência em sua barriga é onde está meu herdeiro me deixa duro. Minha
esposa está mais desejável que nunca, sem dúvida depois do parto terá as
curvas mais irresistível do mundo, farei tudo para que ela nunca saia daqui
não quero ninguém de olho no que é meu.
Fico lembrando o quanto foi bom a comer assim grávida, ela está
apertada que nunca. Maldição! Como essa coisinha me deixa tão sem reação,
ela é uma pequena feiticeira é isso que ela é, que durante seis meses tirou
toda a minha sanidade, mal posso esperar para o nascimento do meu filho
pois preciso estar dentro dela urgentemente. Me aproximo da cama e me
sento na virada para poder tocar a barriga.

― Você precisa sair logo daí. Agora sou eu que precisa da sua mãe. ―
Emanuelle resmunga alguma coisa mas não acorda, adoro vê-la dormindo.
Para a apreciar melhor me sento na poltrona que fica bem na frente da cama.
Daqui eu tenho uma visão melhor dela, sua respiração calma e controlada os
olhinhos fechados e fico me indagando com o que será que ela está sonhando
para não ter acordado até agora. Após intermináveis minutos ela finalmente
abre aqueles olhos claros brilhantes, primeiro se sente meio perdida mais
depois se dá conta de onde está ao me encarar.

― Finalmente a bela adormecida despertou! Já estava ficando


impaciente amore mio.

Presente

Já passa uma semana desde que Emanuelle voltou e falta apenas uma
semana para meu herdeiro vir ao mundo, os cuidados a tomar com ela são
cada vez maiores, ela não pode se estressar, não pode se alterar muito menos
fazer movimentos bruscos.
Apesar de não comparecer no quarto durante o dia eu a monitoro pelas
câmaras de segurança. O único momento que posso ter perto dela é durante a
madrugada quando ela já está dormindo, e sinceramente não sei como
consigo me controlar mesmo assim também tem o fato dela não me querer
por perto e para não prejudicar meu filho eu sedo. Mas isso vai acabar daqui
a alguns dias ela não vai usar meu filho para se abster de suas funções como
minha mulher, isso nunca, a foderei para sempre afinal de contas é para isso
que ela serve.

Já passam das dez da noite e sei que minha bonequinha já jantou e hoje
é o dia perfeito para conversar os novos termos do casamento juntos. Antes
de sair resolvo ver o que ela está fazendo no quarto, através do tablet acesso a
câmara de segurança do quarto, mas me surpreendo quando a câmara não
capta a presença dela no quarto, acesso a câmara do banheiro e também não a
vejo. Maldição! Para onde ela foi agora? Ela sabe que não pode fazer esforço,
recuo a imagem da câmara do quarto e me choco. Ao ver que faz cinco
minutos que ela saiu do quarto e foi em direção ao exterior da casa. Atiro o
tablet para longe e saio correndo atrás daquela louca, ela já está passando de
todos os limites.

Alcanço a porta principal e logo a seguir já me encontro nos jardins da


propriedade, de longe vejo seu minúsculo corpo correndo em direção a
floresta que rodeia a propriedade, em segundos ela desapresse em meios aos
arbustos, seguro no celular e logo para Gonzalo.

― Senhor! ― ele aparece saindo do interior da casa.

― Acione o helicóptero, quero todos os homens espalhados pela


propriedade procurando pela minha esposa, agora ― sem esperar por mais
ninguém corro em direção a mata fechada, será que ela sabe que pode se
machucar? Quanto mais me aproximo mais é possível ouvir seus gritos e
gemidos ofegantes, já é possível ouvir as hélices do helicóptero sobrevoando
o lugar e uma grande luz é emitida pelo mesmo.

― EMANUELLE ! ― não recebo nenhuma resposta dela a não ser o


grito estritamente emitido por ela em algum lugar no meio dos arbustos, sigo
os gritos dela até que finalmente escuto um choro algo de, um bebê? Como
num passe de mágica vejo minha esposa segurar aquele ser minúsculo nos
braços, agora não se ouvem apenas os choros deles mas os dela também.

― Emanuelle, bonequinha me dá o bebê! ― Ela grita para eu ficar


longe mas não dou atenção ao que ela diz, aos poucos vou me aproximando,
Emanuelle parece cansada e fraca, tudo isso só para ter o bebê aqui sozinha,
antes que ela fique inconsciente a coloco em meus braços enquanto nosso
filho descansa em seu peito, tiro os dois do meio da mata e sou recebido por
uma equipe de médicos que me garante que minha esposa e meu filho ficarão
bem, o príncipe da máfia finalmente chegou.

...

Mas uma vez tentei me aproximar de Emanuelle e ela me rejeitou gritou


e esperneou, já não se sabe o que fazer para trazer sua consciência de volta, o
melhor psiquianalista da Europa veio vê-la mas nada adiantou, a única coisa
que ele soube dizer é só tempo irá determinar se minha esposa voltará a
sanidade ou não, mas acho que está levando tempo demais porque já
passaram três meses.
Três meses desde que ela teve o nosso filho por conta própria no meio
da mata, três meses que ela não mostra nenhuma reação nem mesmo com o
próprio filho. Todos já conversaram com ela e com ninguém ela reagiu, ela
continua com aquela expressão vazia e os olhos vagos olhando para um ponto
específico que ser formos reparar não tem nada de mais, segundo os médicos
isso é apenas uma reação pós parto e também dizem que ela teve algum tipo
trauma durante a gravidez. Mas ela precisa reagir porra!

Temos dormido em quartos separados, e eu tenho trabalhado demais e


bebido demais quase não me reconheço. Nunca imaginei que essa menina me
afetava tanto, todas as noites sonho com aqueles olhinhos assustados me
pedindo para parar mas eu não ouvia. A falta que sinto dessa bruxinha é tanta
que até dói respirar, as vezes mal consigo sair da cama quando lembro que
mais um dia aqueles olhos não irão me encarar do jeito que gosto. Estou me
desdobrando entre acompanhar seu tratamento, verificar se meu filho está
sendo bem cuidado e também tratar os assuntos da máfia, atualmente a máfia
não tem me dado muitos problemas, como se o período de hostilidade tivesse
acabado por parte do traidor. Fabrizio está temporariamente afastado da
máfia e das atividades que está exerce enquanto está sendo investigado,
interceptamos uma ligação dele com Dimitri Solotov, ele não sabia mas eu já
estava de olho nele, quanto ao Dimitri ele continua desaparecido, parece que
para além de aprontar na minha máfia ele traiu a máfia russa também, Aleksei
está procurando por ele também.

Com meu filho em meus braços caminho até a janela, já reparei que ele
é todo branquinho assim como a mãe apesar disso ele é a minha cara e tem os
meus olhos, tão intensos e azuis como os do pai. Ele é tão pequeno que chega
a ficar invisível em meus braços fortes. Lá em baixo é possível ver Rosa
Angélica Shane mais uma vez tentando trazer minha esposa de volta, mesmo
não tenho o resultado desejado ela sempre volta ela e Nicholas estão na Itália
a uma semana. Ainda distraído olhando as duas lá fora oiço meu celular
tocando.
Me afasto da janela coloco meu filho no berço e atendo.

― Senhor!

― Fala Gonzalo. ― suspiro enquanto aguardo sua resposta.

― Achamos Dimitri Solotov ― finalmente vou encerrar esse assunto de


um vez por todas.
Eu gosto muito quando a mulher carinhosa me leva para sentar no jardim,
lá é tão bom e tão calmo, mesmo minha mente estando na escuridão meu
corpo consegue me transmitir um pouco das sensações. Tem vezes que não
sei se estou dormindo ou se estou acordada de tão perdida que fico aqui
dentro.
A mulher carinhosa as vezes canta e conversa comigo mas não sou capaz
de processar o que ela diz, minha mente não permite.
Tem vezes que outra pessoa conversa comigo, ela tem uma voz doce e
calma que de certa forma me dá tranquilidade. É como se eu e ela de certa
forma estivéssemos conectadas, ela parece sempre a mesma hora exatamente
nesse mesmo jardim, a qualquer momento aquela voz vai soar e fale coisas
bonitas para mim.
Não demora muito e ela está conversando com alguém, porquê essa
pessoa nunca responde? Será que ela gosta de falar sozinha? A cada dia que
passa ficar nesse escuro me agrada, mesmo sendo um lugar onde fico
sozinha, mas pelo menos eu tenho paz e tranquilidade. Mas tem umas vozes
que insistem em me chamar de volta mesmo depois de percorrer um longo
caminho, sempre ouço meu nome, e parece que é Emanuelle. Mamãe disse
que esse nome tem um significado muito bonito, significa aquele que crê, que
acredita, puro... Mas como eu sei disso?

Sem me dar conta seguro no lápis e no caderno que estavam no meu colo
e desenho o jeito que imagino a pessoa que está falando sentada ao meu lado,
segundo minha imaginação ela é loira, tem lábios rosa, um nariz fino o nome
dela é Rosa Angélica. De repente lágrimas quentes banham meu rosto e sinto
o choque da realidade quando de forma intensa meus cabelos esvoaçam com
a brisa forte que o mar acabou se soprar.

― Emanuelle você precisa voltar! Seu bebê precisa de você? ― Rosa


Angélica? Minha amiga? Todo esse tempo era ela quem estava do meu lado e
eu não percebi.

― Eu tenho medo ― respondo trémula ― ele vai me machucar.

― Não ele não vai. Você é uma mulher forte e guerreira e sei que fará de
tudo para proteger seu bebê. Você não está sozinha amiga, você nunca esteve
― me viro e a vejo sentada ao meu lado me encarando com seus olhos
brilhosos de lágrimas, nos abraçamos bem forte e choramos pelo tempo
perdido pela falta que uma sentiu da outra.

― Obrigada por me trazer de volta! ― ela me aperta mais forte e me


garante que sempre estará do meu lado.

― Venha! Vamos ver o Valentino.

― Quem é ele? ― pergunto enquanto caminhamos em direção a entrada


da casa.

― Seu filho amiga, Valentino Emanuel Ferrari ― soluço imediatamente


ao perceber o nome em homenagem a minha mãe, ela ficaria tão feliz se
estivesse aqui. Numa velocidade incapaz de calcular coremos escadas acima,
já no corredor vi aquela porta de cor branca, é a única cor clara em meio a
tantos tons escuros na decoração de casa.
Como se flutuasse meus pés me levaram até o lindo quartinho que minha
mente trata de trazer na minha memória, abro a porta do cómodo e percebo o
quanto o ambiente é calmo e silencioso, devagar vou me aproximando do
berço metálico de cor dourada, parece até ouro de tanto que brilha e contrasta
com a cor branca. Choro ainda mais quando vejo um pequeno embrulho
deitado no interior do berço, ele está acordado e seus lindos olhos azuis me
encaram, como se ele me reconhecesse, como eu pude me desligar do mundo
e esquecer desse pedacinho que saiu de mim? Penso comigo mesma. Apesar
do nervosismo seguro ele em meus braços e ele faz alguns barulhinhos de
bebê.

― Meu anjinho. Desculpa a mamãe. Aqui e agora prometo nunca mais te


esquecer e nem te deixar. Juro que farei de tudo para nos proteger mais
ninguém irá nos machucar isso eu te juro ― me viro para porta e dou de cara
com rosa Angélica me encarando com um grande sorriso no rosto. Saímos do
quarto e descemos as escadas juntas, nos despedimos e ela foi embora com o
marido. Todos os empregados nos encaram como se não acreditassem que
que eu realmente estivesse aqui.
Violetta aparece carregando uma mamadeira e assim que me vê com meu
anjinho nos braços, ela vem correndo em minha direção e me dá um forte
abraço. Caminhamos de volta até o quarto sorrindo e olhando meu anjinho
que não para de procurar por meu seio, ele deve estar sentindo o cheiro de
leite, segundo o que Violetta me explica.

― Venha menina vamos logo antes que esse esfomeado come a chorar.
Pelos vistos ele está muito ansioso para ser alimentado pela própria mãe ―
agora que ela falou isso estou sentido meus seios mais pesados. Me acomodo
na cadeira de amamentação e Violetta me mostra como se faz mas antes ela
faz uma massagem nos meus seios pois nunca havia amamentado ates, ao
poucos a sucção fica mais intensa e assim percebo o tamanho da fome que ele
estava sentindo. Enquanto alimento meu filho fico pensando que rumo da
minha vida irá tomar a partir de agora, mas com certeza será bem longe das
barreiras da máfia ou de Enrico.

― Pode me entregar meu celular por favor? ― ela assente e


imediatamente sai do quarto. Quando ela regressa seguro no aparelho e
procuro o nome da segunda pessoa mais importante na minha vida, meu tio.
O número chama umas cinco vezes até que ele finalmente atende.

― Tio! ― permanece um silêncio até que ele acorda e me responde.

― Emanuelle minha querida? ― respondo que sim ― estou tão feliz em


ouvir sua voz minha filha.

― Tio agora estou sem tempo para conversar mas preciso que venha
agora mesmo a casa do meu marido para me buscar. E espero que pelo menos
desta vez o senhor me defenda como a filha que o senhor diz que sou.

― Por você e pelo meu neto eu faria qualquer coisa querida ― desligo o
celular, depois do meu bebê arrotar o coloco ele de volta no berço.

― Violetta preciso por favor que arrume as coisas mais essências do meu
filho, eu também vou me arrumar. ― ela me olha com espanto até que
finalmente pergunta.

― Você vai fazer o que estou pensando ― emocionada assinto e ela sorri
me dando um abraço ― todos nós vamos te apoiar nisso. Vai lá se arrumar
que cuido das coisas do pequeno Valentino.

― Você acha que ele já sabe que estou melhor?

― É claro que sabe querida. Provavelmente ele já esteja vindo para casa
então se aprece ― corri até o quarto despi o vestido que estava vestindo, fui
para o closet e vesti uma calça jeans azul e por cima uma blusa de manga
cumprida, em baixo vesti uma das imensas botas de cano curto sem salto.
Corro de volta ao quarto do meu filho e o peguei no colo. Eu e violeta
andávamos o mais rápido que podíamos até chegar no hall da casa, ela
segurava duas pastas de bebê com as coisas do meu anjinho. Saímos de
dentro de casa e de longe um carro de aproximava.

Até que vi Ettore e tio Dante saindo de dentro do carro quando ele
estacionou a nossa frente.

― Assim que tudo estiver mais calmo também vou ter com você minha
filha, quero que seja feliz ― Violetta diz visivelmente emocionada tal como
eu estou nesse momento. ― aonde vão ficar?

― Na antiga casa dos meus pais, falei com meu tio para que preparasse
tudo lá. Com tempo eu vou organizar o resto ― as malas do bebê são
arrumadas, eu não levei nenhuma peça dessa casa para além das roupas que
visto. Entrego meu bebê para que Ettore o segure e eu poder entrar no carro.

― Para onde pensam que vão levar minha esposa e meu filho? ― todos
congelamos ao ouvir sua voz. ― Bonequinha pegue nosso filho e volte para
dentro ― nego com a cabeça ― se não fizer por bem fará por mal.

― Você não vai mais tocar na minha prima! Fica longe dela ― é a vez de
Ettore intervir, ninguém recua e sinto que isso vai se transformar num banho
de sangue, afinal são mafiosos e é assim que resolvem as coisas.

― Gonzalo pegue minha esposa e eu vou levar meu filho. ― com sua voz
mandona ordena ao Gonzalo.

― Não se atreva Gonzalo ― essa é Violetta falando ― se tocar nela juro


por todo amor que sinto por você que não vou te perdoar. ― todos
permanecem em silêncio ninguém se mexe e ninguém fala nada. Tiro meu
bebê do colo de Ettore e o aninho em meus braços. De soslaio vejo Enrico
querer se mover em minha direção.

Sem ninguém esperar tiro a arma do cós da calça de Ettore e aponto para
o homem que foi o motivo dos meus tormentos. Todos me olham espantados
e sem ação até o próprio Enrico, ele está desacreditando das minhas ações.

― Mais um passo e eu atiro Enrico! Estou falando sério, mova apenas um


dedo e eu atiro. ― mesmo tremula continuo apontando a arma para ele.
Nunca atirei antes, se esse for único jeito de ter minha primeira vez então
assim será.

― Bonequinha! Eu...

― Você vai me deixar ir embora. E quando eu achar certo você poderá


ver nosso filho, por agora me dê paz por favor ― baixo a arma e meu primo
me ajuda a entrar no carro imediatamente.

― EMANUELLE ― escuto seu grito enquanto choro e o carro sai da


propriedade deixando para trás o lugar o de só fui destruída. Não vou deixar
mais ninguém passar por cima de mim.
Horas antes

Assim que recebi a ligação de Gonzalo me informando que Dimitri


finalmente foi caçado não perdi mais tempo e saí de casa com uma grande
sede de sangue. Tenho carta branca para o torturar mas não matar essa função
fica para máfia russa, ele será morto tido como traidor da máfia russa. Parece
que ele não aprontou só na Itália na Rússia também, e apesar de sermos
mafiosos ainda respeitamos os códigos e normas, um traidor sempre deve ser
eliminado pelos seus mesmo que tenha sido capturado por outra máfia e em
outro país.
Por mim eu mandava ele direto para Rússia, mas como necessito de
algumas informações do figlio di puttana primeiro iremos resolver nossas
pendências e depois ele será enviado para seu país, mal sei se o desgraçado
irá sobreviver a viagem. A imagem dele se afogando no próprio sangue
desperta o demónio que estava adormecido a dias, ele gosta do caos, terror e
medo.

Saio do meu devaneio quando percebo que o carro acaba de estacionar


em frente ao edifício onde se assenta a sede da máfia, Leonardo e Emiliano
vieram logo atrás de mim, assim que obtive a informação liguei para eles que
prontamente avisaram que me acompanhariam, não para torturar claro, mas
para assistir. Emiliano continua preocupado pois não sabe até que ponto o
envolvimento do pai está nisso tudo, por enquanto Fabrizio está afastado do
conselho da máfia e de qualquer assunto que envolva a máfia, apesar de ser
uma das maiores referências no meio da máfia não pensei em o afastar
mesmo com o conselho protestando alegando ser um erro meu. Eu disse que
eu não daria mais segundas chances para ninguém e qualquer desconfiança a
pessoa seria afastada ou morta, Fabrizio não teria regalias só porque é
membro do conselho e pai do meu amigo, nem que fosse meu irmão eu faria
exatamente a mesma coisa ou até pior por se atrever a tamanha ousadia.

Após nos cumprimentarmos caminhamos até a entrada do calabouço,


que fica no subsolo do edifício, assim que que caixa metálica apita indicando
que chegamos, as portas se abrem e então sem precisar de muito esforço
daqui já é possível ver a imagem de Dimitri sentado numa cadeira metálica
preso a correntes nos pulsos e também nos pés.
Ele ainda não percebeu nossa presença pois continua com a cabeça
baixa, nos aproximamos cada vez mais e com isso ele também vai se
apercebendo da nossa chegada, ele finalmente levanta a cabeça e me encara
parado a sua frente. Seu rosto contém alguns hematomas, com certeza coisa
do Gonzalo, para isso ele deve ter resistido, resistir não é uma boa ideia.
Sua aparência não esconde nem uma pouco que é um russo, cabelo bem
curto, o tradicional corte estilo militar dos russos.

Enquanto me encara expressa um sorriso desafiante no rosto, tiro meu


paletó e a gravata e os deixo em uma das cadeiras presente no ambiente.

― Ora ora se não é o grande líder da Ndrangueta, Enrico Ferrari. ― Ele


solta uma gargalhada estridente ― meus olhos não podiam comtemplar
visão melhor. ― Não dou atenção ao que ele diz e desabotoo as mangas da
camisa e as dobro até os cotovelos.

― Está muito longe de casa Dimitri Solotov. Porquê não me conta o que
veio fazer aqui? ― puxo uma cadeira e me sento bem na sua frente.

― Deve ser bem sério para o próprio capo dos capos vir aqui me
lisonjear com a sua estimada presença ― bem antes que ele comece com
aquela gargalhada acerto um soco bem forte no meio do nariz que
imediatamente começa a sangrar ― seu filho da puta você quebrou meu nariz
seu desgraçado.

― A cada idiotice eu quebro um órgão diferente em seu corpo, que tal?


― sua respiração está ofegante e seus olhos me fulminam com puro ódio ―
vamos lá Dimitri, me fala o que eu quero saber, preciso te enviar para Rússia
ainda hoje, Aleksei aguarda por você.

― Para sua própria desgraça eu não vou falar nada, eu vou morrer, mas
vou morrer feliz por saber que você viverá infeliz sem saber quem são os
traidores dentro da sua própria organização ― certo, parece que terei que
usar meus meios de persuasão nada diplomáticos, desfiro uma sucessão de
muros em seus estômago até que sangue transbordar por sua boca e para
finalizar acerto um soco na cara de convencido dele e imediatamente um
dente sai voando.

― Você que sabe Dimitri, só para constar eu posso ficar aqui o dia todo
te ferindo afinal de contas não serei eu quem irá te matar. Você vai chegar na
Rússia tão irreconhecível que vão achar que você já está morto. ― ele mal
consegue falar ou abrir os olhos de tão inchados ― coopere comigo, quem
sabe assim você tenha a chance de se despedir da sua irmãzinha.

Eu sei muito bem que apesar de tudo ele estima bastante a irmã, mas as
suas dívidas e ganância foram o suficiente para entregá-la como pagamento
da dívida que tinha com Christopher.

― A sa...sha não. Ela é inocente e ninguém vai tocar nela. ― vocifera


mesmo com boca fodida.

― Não é você quem decide isso. Para além do quê você a vendeu para o
pior sádico de todos. Me fala o que quero saber. Você sabe que quando numa
família existe um traidor todos os outros membros saem prejudicados, você
me diz o que quero saber e essas regra não se estenderá para sua irmãzinha
querida - Aleksei não faria mal para a própria prima, e principalmente
Christopher não irá deixar ninguém se aproximar dela. O que estou fazendo é
só um jogo para brincar com a cabeça dele.
Por volta de cinco minutos todos permanecemos em silêncio, até o
próprio Dimitri, apenas seus sons agonizantes é que reverbam na sala.

― Estou esperando Dimitri ― ele parece pensar em alguma coisa,


suspira. Finalmente!

― Eu fui o responsável por sabotar o carro em que sua esposa estava,


calculei o tempo que ela levaria até chegar no ponto onde encontraria sua
atual esposa e na volta ele explodiria. E foi isso mesmo que aconteceu, o
plano correu exatamente como o planejado apesar da gostosinha da sua
esposa ter se metido. Ela era só uma isca, o alvo era sua falecida esposa e seu
herdeiro, nós só precisávamos levar a pessoa certa para aquele ponto e depois
era só atrair a falecida até lá, e como as duas se gostavam muito nós usamos a
louquinha. ― ele ri e então continua ― achamos que seus seguranças
levariam a prima da falecida num carro e a falecida no mesmo, mas a
louquinha resolveu querer voltar com a prima, graças a isso ela quase morreu
no acidente com a outra ― sempre soube que minha bonequinha era
completamente inocente em tudo isso, saber agora que por culpa desse
desgraçado ela quase morreu me faz avançar para cima dele e deferir uma
sucessão de socos. Mesmo desacordado continuo, sinto seu sangue
respigando em mim e mesmo assim não paro.

― Enrico já chega! Você vai matar ele irmão. Não esqueça que ele
precisa ir para Rússia e você concordou como sinal de trégua na guerra entre
as máfias ― Leonardo e Emiliano estão me segurando mas sou mais forte
que os dois. Nesse momento as regras, acordos e diplomacias não me
interessam em nada, apenas vingar a morte do meu filho e machucar quem
machucou minha bonequinha é que faz sentido.

Ofegante saio de cima do desgraçado que continua desacordado e sujo


de sua própria merda e de sangue, isso ainda não acabou.

― Acordem esse lixo.

― Enrico Você...

― Já falei para acordarem ele PORRA! ― dois soldados se dirigem até


ele e o levantam o colocando de volta na cadeira.
― Senhor! A equipe da mansão acaba de me reportar que a senhora
Ferrari já saiu do estado em que se encontrava ― por um segundo meu
coração deu um pulo que quase me deixou sem ar depois de ouvir o que
Gonzalo disse. Largo o alicate que ia usar agora no Dimitri sobre a mesa e me
viro para encarar Gonzalo.

― Como assim?

― Ela está recuperada senhor, ela voltou a vida. ― Minha bonequinha


voltou para mim, um sorriso se estende no meu rosto. Aviso a todos que mais
tarde volto para terminar de perguntar o que quero saber. Sem mais esperar
entrei no elevador que me levou diretamente ao andar onde fica meu
escritório, me limpei e mudei a roupa que se encontrava infestada de sangue
por outra.

Quando saí do prédio Gonzalo já me esperava com o carro em frente a


faixada. Finalmente, hoje mesmo vou matar as saudades que sinto dela,
daquela maldita feiticeira que mora em meus pensamentos e no meu fodido
coração.

Numa velocidade acima de cento e vinte quilómetros por hora Gonzalo


dirige pelas estradas de Nápoles a caminho da minha propriedade, nunca
senti essa sensação de ansiedade antes, porque achei que isso deixa as
pessoas vulneráveis e sem controle, e é exatamente assim como me sinto
agora, fora de controle e feito um adolescente.
O carro mal estaciona eu já saio voando porque o que vejo mais adiante
ainda parece uma miragem, não não, ela não está fazendo o que estou
pensando. Quase explodindo de raiva aumento o passo indo em direção deles,
Emanuelle a minha bonequinha está quase entrando num carro enquanto
Ettore segura meu filho e a empregada esposa do Gonzalo está segurando
duas pastas de bebê. Ela está indo embora? Não isso não vai acontecer, nem
que o diabo venha me buscar isso vai acontecer, daqui ela não sai.

― Para onde pensam que vão levar minha esposa e meu filho? ―
pergunto com a voz mais estridente possível, todos congelam e olham na
minha direção ― Bonequinha pegue nosso filho e volte para dentro ― sem
baixar a cabeça ela me olha e nega com a cabeça ― se não fizer por bem fará
por mal.
― Você não vai mais tocar na minha prima! Fica longe dela ― o idiota
do Ettore intervém, ele nunca gostou de mim e isso é recíproco. Mas agora
ele está ultrapassando completamente os limites a vontade que tenho agora é
de meter uma bala bem no meio da cabeça desse desgraçado.

― Gonzalo pegue minha esposa e eu vou levar meu filho. ― Gonzalo


me olha espantado e é como se não soubesse o que fazer, ele troca o olhar
entre mim e a esposa.

― Não se atreva Gonzalo ― mas o que está acontecendo aqui? Porque a


estúpida esposa do Gonzalo Está se metendo nos assuntos que não são de sua
ossada ― se tocar nela juro por todo amor que sinto por você que não vou te
perdoar. ― todos permanecem em silêncio ninguém se mexe e ninguém fala
nada. Emanuelle tira o bebê dos braços de Ettore, enquanto isso dou o
primeiro passo bem discreto para me aproximar dela.

O que acontece a seguir me deixa para além de surpreso, toda raiva que
estava sentindo se esvaiu de mim sem ao menos perceber ao ver uma arma
apontada para mim, e quem a segurava é minha bonequinha, apesar da arma
não estar firme em suas mãos o seu olhar me diz que ela está disposta a puxar
no gatilho. Nunca pensei que fosse me doer tanto ver justo ela me apontando
uma arma.

― Mais um passo e eu atiro Enrico! Estou falando sério, mova apenas


um dedo e eu atiro. ― ela não está brincando, seu olhar determinado diz tudo
e eu continuo parado como um estúpido ainda desacreditado com a situação.
Sem dúvidas ter uma arma apontada por ela dói mais do que levar um tiro de
verdade. Na vida já levei vários tiros e levar mas um agora não seria nada
para mim.

― Bonequinha! Eu... ― eu mal consigo formular palavras coerentes de


tão atónito.

― Você vai me deixar ir embora. E quando eu achar certo você poderá


ver nosso filho, por agora me dê paz por favor ― ela realmente está me
deixando? Sem fazer nada vejo a mulher da minha vida entrar no carro com
meu herdeiro, o desgraçado do tio e do primo a ajudam e dez segundos
depois o carro entra em movimento indo em direção aos portões da mansão.
― EMANUELLE ― a chamo de forma estridente quando o carro
finalmente deixa a propriedade, ela foi embora.
Mas isso não significa que vou deixar por isso mesmo, e ela sabe disso,
ela vai voltar e não tarda para que isso aconteça.

― Gonzalo quero que mande duas viaturas seguirem aquele carro.


Quero relatórios a cada cinco horas sobre tudo o que minha esposa vai estar
fazendo nas próximas horas. E aos responsáveis pela segurança deles diga
que se acontecer alguma coisa com minha família que se considerem homens
mortos ― sem mais nada a dizer dou as costas a ele e a esposa e entro na
mansão.
Desde pequena sempre soube que eu tinha nascido para a grandeza e
para o poder, sempre gostei de estar no centro das atenções, mas para minha
desgraça eu tinha que ter uma irmã, e o principal gêmea idêntica. E não mais
importante que isso essa minha irmã tinha que sair frágil e indefesa para
assim roubar toda atenção só para ela.
Ela começou a se aproveitar da situação dela para atrair a atenção só
para ela, e foi assim que comecei a alimentar um ódio mortal pela Emanuelle.
Sempre com aquela cara de coitada e mosca morta ela conseguiu roubar
a atenção de nossos pais só para ela, principalmente quando começou a pintar
e a desenhar, exatamente como nossa mãe fazia , aí sim foi a gota D'Água
para que todo mundo desse ainda mais atenção para ela. Com o passar do
tempo eu fui a humilhando na escola ou em casa quando ninguém via. Eu
contava mentiras sobre ela para outras meninas da escola para que ninguém
falasse com ela e muito menos fizesse amizade e como eu sei ser persuasiva e
convincente as pessoas acreditavam.

Quando nossos pais morreram nós duas ficamos tristes, mas por motivos
diferentes claro, ela se sentia culpada que nossos pais tivessem partido
achando que ela estava decepcionada por não terem aparecido na nossa
apresentação de dança, mas eu estava furiosa porque eles morreram sem antes
ver o quanto eu sou boa no que faço não pude mostrar a eles que posso ser
melhor que a Emanuelle.

Depois de tudo tio Dante passou a ser nosso tutor legal e dessa forma
nós nos mudamos para casa dele, na época tínhamos cerca de nove anos de
idade, não tínhamos outro parente próximo para além dele.
E como sempre Emanuelle continuou com seu jogo de mosca morta para
conquistar a todos a nossa volta, de longe era possível notar que se tornou a
preferida do tio Dante. Na escola continuei fazendo a mesma coisa, chegamos
até a pré adolescência e ela não tinha nenhuma amiga ainda, já eu era rodeada
por muitas meninas. E mesmo assim nada me deixava satisfeita, nada para
além de atormentar Emanuelle, eu gostava de a perturbar, ela sempre dizia "
Antonelli porquê está fazendo isso comigo? " Com aquela voz infantil dela.
Será que ela não percebia o que fazia? Se fazendo de tonta só para arruinar
minha vida.

Um Certo dia na casa do tio Dante havia um evento destinado a alguns


membros da máfia, e também para comemorar os feitos do meu tio na máfia
desde que ocupou o cargo do meu pai. Nesse dia eu Emanuelle e Donatella
tivemos que vir dormir cedo porque era uma festa para adultos e dia seguinte
era nosso aniversário. Como nunca gostei de compartilhar nada eu e
Emanuelle dormíamos em quartos diferentes, quando estava indo para
cozinha levar alguma coisa para comer encontrei um homem mais velho que
perguntou por minha irmã, no princípio achei muito estranho mas no final
acabei dizendo a ele que ela estava dormindo no quarto.
Ele perguntou onde era e eu mostrei, sem falar mais nada ele foi na
direção que o indiquei e eu saí correndo para cozinha. Quando estava
voltando eu fiquei curiosa e então fui em direção ao quarto de Emanuelle, a
porta estava entreaberta e lá dentro estava escuro, mas pelas luz do corredor
vi quando aquele homem fez ela sentar em seu colo e então falou alguma
coisa no ouvido dela e depois tocou no seio dela, Emanuelle queria gritar
então aquele homem a ameaçou dizendo que ia me machucar e fazer mal para
o tio Dante, depois disso ele saiu do quarto e foi embora.

Não vou negar aquilo realmente me chocou porque eu sabia que era
errado o que aquele homem estava fazendo, nunca contei para ninguém e
Emanuelle também nunca o fez. Depois disso a vida seguiu como sempre.

Se passaram alguns anos e um casamento foi anunciada, Geovanna


nossa prima ia se casar com o grande líder da máfia, eu nunca tinha o visto
antes, mas no dia do casamento fiquei completamente encantada, Emanuelle
não pôde ir porque pegou uma virose, então ficou em casa. Ele era um
homem alto, muito forte e com muitos músculos, para além de super bonito
era rico e muito poderoso, ouvi dizer que mais poderoso que qualquer pessoa
do mundo. Jurei para mim mesma dentro daquela igreja enquanto minha
prima jurava fidelidade a ele, que Enrico Ferrari seria meu, custe o que
custasse. Na época eu tinha só dezasseis anos por isso não podia fazer nada,
ele mal me notava quando ia para alguns eventos da máfia.

Depois de um ano conheci Dimitri Solotov, um mafioso russo, o idiota


era apaixonado por mim e fazia praticamente todas as minhas vontades. Com
ele tive sexo e curtição, com apenas dezassete anos graças a ele viajei para
diferentes lugares. Até que um dia fui visitar minha querida prima e o que
descobri? Que ela estava grávida do homem que eu amava, a raiva que senti
dela era tanta que foi muita sorte ela não ter percebido, com o passar do
tempo resolvi que eu já estava na idade de eliminar quem atrapalhasse minha
felicidade, por isso conversei com Dimitri e com ele voltamos um plano
infalível.

No dia do acidente liguei para a burra da Emanuelle dizendo que estava


em apuros e que precisava de ajuda, a dei o um endereço que ela nunca tinha
visto e falei para ela que fosse me ajudar sozinha, e então assim ela fez,
quando ela chegou lá como planejado Dimitri a assaltou a deixando sem um
centavo para voltar para casa e também injetou uma droga na idiota,
automaticamente ela ligou para nossa querida prima, elas sempre foram
próximas.
Quando Geovana chegou achei que iriam para casa em carros diferentes
porque elas moram em casas diferentes mas me enganei a tonta da Emanuelle
tinha que entrar justamente no carro que foi sabotado.

Após o acidente a morte da Geovanna e a de seu filho que tinha cerca de


seis meses em sua barriga fora anunciadas. Já Emanuelle ficou internada teve
alguma contusões. No final das contas foi até melhor ela ter estado naquele
carro pois a culpavam pela morte da Geovanna, pelo menos era assim que o
capo e tia Graziela a viam, como uma assassina. E eu como a boa irmã que
sou apenas lamentava para todos os lados pela irmã irresponsável que tinha.

A sentença do capo é que ela ficasse trancada num manicómio por


tempo indeterminado, estava tudo perfeito, até o nojento do Fabrizio
descobrir tudo e começar a me chantagear, para o calar tive que dormir com
aquele velho nojento várias vezes.
Quando Emanuelle foi levada embora me vi livre de mais um peso,
então eu me dedicava a estudar e me formar e ser uma grande mulher, alguém
que com as estratégias certas Enrico iria notar.
Fui me tornando uma mulher sensual e cobiçada por muitos homens não
só na máfia mas como fora também, após me formar em design de interiores
comecei a fazer trabalhos que foram reconhecidos a nível internacional,
decorei casas de presidentes, artistas de cinema, músicos e muitos outros. Em
todos aquele tempo nunca fui ver minha irmã naquele fim do mundo, meu tio
e meu primo é que iam de vez em quando, para conseguir essas visitas eles
tiveram que convencer o capo, não entendo a razão de se darem tal trabalho,
por causa de uma insignificante que era fadada como louca.

Comecei a seguir os passos do Enrico e descobri que ele frequentava


muito o night club da amiga da Eugênia, outra puta que Enrico comia. Uma
noite fui lá com meu primo e finalmente ele me notou, aquelas iris azuis me
olhavam com desejo e paixão, e nessa noite eu tive o melhor sexo da minha
vida.
Desde essa noite se desenrolam vários encontros envolvendo o nosso
desejo carnal, sem dúvidas aquele era o homem da minha vida. Ele estava
viúvo e solteiro e com isso aproveitei que Fabrizio estava no conselho e o
convenci com bom sexo a conversar com outros membros do conselho da
máfia a pressionar Enrico em relação ao casamento, de certa forma ele teria
que se casar de novo, era uma das regras da máfia, com nosso casamento eu
ia me tornar uma das mulheres mais poderosas do mundo.

Mas todo meu plano foi por água baixo quando num jantar em sua
fortaleza anunciou que iria se casar com Emanuelle! Fiquei tão furiosa que
quase quebrei a taça de champanhe que se encontrava em minhas mãos, não
acreditei que ele realmente ia se casar com aquela mosca morta, o que ele viu
nela? Emanuelle é gorda, tem a pele pálida demais e não sabia nada sobre o
mundo da máfia muito menos como satisfazer um homem. Em menos de uma
semana ela já estava de volta, sempre emanando ingenuidade, e obtendo pena
e atenção das pessoas.
A única coisa que me deixava feliz nesse casamento é que eu sabia que
ela sofreria todos os dias porque Enrico é um homem muito cruel, dito e feito
ela apanhava todos os dias enquanto eu tirava do marido vários gemidos de
prazer.

Até que Fabrizio arquitetou um ataque a nova casa deles, o objetivo era
tirar Emanuelle de lá para que ele pudesse fugir com ela pra bem longe, mas
nada deu certo, nunca soube porquê Fabrizio era fissurado na minha irmã,
chega a ser doente a obsessão dele por ela.
Após o dia do ataque fui até o apartamento do Enrico no centro de
Nápoles, é lá onde eu fazia amor com ele, transando bem gostoso no
escritório dele mas eu não sabia que a tonta da minha irmã estava lá, só
percebi quando a vi jogada no chão da sala pálida e tendo um sangramento,
naquele momento por um segundo eu cheguei a temer por sua vida. No final
se descobriu que ela teve um aborto devido ao stress aliado também a pressão
baixa que ela vinha apresentando.

Desde então evitei ter algum contato com ela, mas não parei de procurar
por Enrico que aos poucos foi se afastando e me desprezando mesmo depois
da desgraçada da Emanuelle fugir dele. Foi aí que tive a certeza de que os
homens são todos iguais. Eu o amei desde o dia que o vi mas ele fica
rastejando para ela, justo ela. A Emanuelle me paga! Sempre disposta a
destruir minha felicidade, não importa o que eu faça, para piorar tinha que dar
um filho homem para ele, sem dúvidas a segurança agora triplicou e não
tenho mais ninguém para me dar as informações que preciso já que Fabrizio
foi afastado do conselho.
É nisso que dá se envolver com homens apaixonados, Dimitri é outro
burro que não soube se esconder e agora estou aqui aguardando notícias do
Fabrizio.

Saio de meus pensamentos quando vejo o dito cujo entrar pela porta do
eu apartamento, depois de muito tempo saí da casa dos meus tios, afinal de
contas não há mais nada para mim lá.

― Então como foi? ― pergunto sentido minha ansiedade a flor da pele.


― Dimitri Solotov não é mais um problema nesse momento, com muita
sorte consegui entrar na sede com alguns homens e o matamos, ele contou
sobre o acidente mas não falou nomes, antes que pudesse dar mais alguma
informação o capo saiu mas antes disso deixou o filho da puta irreconhecível
― ele dá aquela gargalhada que me irrita.

― E Frederico? ― outro covarde que não dá as caras desde que Enrico


foi para Sicília o dar uma lição.

― Esquece! Enrico já tomou até a Casa Nostra, ele comanda toda Sicília
agora ― o vejo servir uma dose de whisky e contínua: ― sabia que meu
docinho deixou o grande Enrico Ferrari?

― Como assim? ― que mulher deixaria Enrico Ferrari? Só a tonta da


Emanuelle ― fala logo.

― O que quer que eu diga? Sua irmã saiu de casa com o bebê ― é a
oportunidade perfeita para me vingar dela.

― Não acha que essa é a oportunidade perfeita de ter ela como sempre
quis?
― Sabe que tarde ou cedo você terá que voltar para seu marido não
sabe? ― e mais uma vez Violetta me trás de volta a minha triste realidade. Os
últimos dias sem dúvidas foram os melhoras da minha vida desde que me
conheço como gente. Morando na minha antiga casa, nesse caso a casa que
meus pais nos deixaram e onde vivi momentos bons com eles, a casa
continua do jeitinho que eu me lembro. Tudo muito bem conservado e limpo,
segundo tio Dante para casa não ser atacado por insetos e outros bichos para
além do pó contratou uma empresa de limpeza que faz a limpeza da casa
semanalmente, não só a casa está bem cuidada mas também o jardim, a
piscina , a pintura também se encontra muito bem conservada.

Não é uma casa enorme comparada ao castelo onde eu morava, mas é


um lugar bem aconchegante e ao mesmo tempo bem sofisticado e exala luxo
também, não tinha como ser diferente nesse meio, principalmente porque
antes de morrer meu pai é que era o líder do clã dos Mancini. Apesar do
pouco tempo que ele tinha para nós por causa do trabalho para mim éramos
uma família perfeita, e fico muito triste que minha irmã não esteja do meu
lado nesse momento difícil para mim. Saio do meu devaneio para responder a
pergunta de Violetta.
― Ah Violetta, por mais triste que seja eu sei muito bem que terei que
voltar para ele. Mas pelo menos ele está respeitando o tempo que pedi ― falo
enquanto ajusto Valentino em meu colo, ele está ficando enorme.

― Desde que você veio para cá ele está te vigiando. Já viu o número de
seguranças que estão lá fora?

― Já vi sim e não há nada que eu possa fazer sobre isso. Esse é o preço
que tenho que pagar por estar casada com o mafioso mais poderoso do
mundo. Para além disso eu rogo pela segurança do nosso filho. Em meio a
tudo isso ele é o que mais importa na minha vida.

― E para ele você e esse bebê lindo são o mais importante. ― Se ela
não estivesse tão séria agora eu estaria rindo.

― Ele não se preocupa comigo, não se engane. Tudo isso é pelo


herdeiro ― Violetta me olha com reprovação.

― Ele te ama querida. Homens como o seu marido não sabem se


expressar, porque estão acostumados a lhe dar com a violência, ódio e
matança, e quando sentem algo que não estão acostumados a sentir eles se
escondem porque tem medo desse sentimento. ― Ela suspira e então segura
minha bochecha ― homens como ele estão treinados para não amar porque
caso se apaixonem suas mulheres serão seus pontos fracos, e isso coloca
qualquer organização sob ameaça.

― Então porquê ele fez tudo o que fez comigo? Eu nunca fiz mal para
ele e mesmo assim ele me fez passar os piores momentos da minha vida ao
lado dele. Eu nunca vou entender a real definição do conceito amor.

― Emanuelle o amor não precisa ser definido, apenas sentido por duas
almas pré destinadas para tal. ― não sei se alguma vez chegarei a amar
Enrico. Nunca tive a oportunidade de amar algum rapaz, muito menos algum
rapaz se declarou para mim dizendo que me ama para eu saber como é, mas
tenho certeza que amor não é o que Enrico sente por mim. Ele apenas sente
desejo carnal por mim só isso.

― Eu não quero falar sobre isso agora. Não estou pronta ainda, primeiro
eu quero aproveitar minha liberdade ― falo rodopiando pela cozinha com
meu anjinho no colo que solta algumas risadas. Violetta está fazendo o
jantar, desde que me mudei a uma semana ela tem ajudado bastante com
tudo. Ela é realmente uma grande chef, só não entendo o porquê de ter
deixado seus restaurantes para trabalhar como chef na fortaleza. Mas aqui ela
não é uma funcionária e sim uma amiga.

― Que tal ir se preparar para jantar querida? Tomar um banho colocar


um vestido bonito ― ela fala amigavelmente sorrindo e com uma cara de
quem aprontou.

― Mas porquê? Depois eu faço quando estiver prestes a ir dormir não se


preocupe.

― Então você Vai receber sua visita vestida assim? ― ela fala
indicando minha roupa e me olhando da cabeça aos pés, estou vestindo um
short soltinho jeans e uma blusa de alça. E a responsável pelo meu guarda
roupa atual ser tão ousado e indecente é a Donna, tio Dante incumbiu a ela
essa função, também ela gosta de fazer compras não tinha como ser diferente.

― Mas espera? Que visita é essa que vou receber hoje? Não me lembro
de ter combinado alguma coisa com as meninas hoje ― Donna, Alessandra e
Pietra estão quase sempre aqui me fazendo companhia.

― E acha que ele precisa ser convidado ou combinar alguma com você?
― ah não Enrico! Eu falei para ele que quando estivesse pronta eu ligaria
para que pudesse vir, tudo bem que faria isso amanhã, mas não custava nada
ele esperar.

― Como você sabe que está vindo para cá? ― pergunto. Pois ainda não
engoli essa história.

― Querida! ― ela segura meus ombros ― eu sou a esposa do homem


que anda com ele para todos os lados ― ela está certa, só pode ser Gonzalo
que a avisou sobre a vinda deles. No final ela consegue me convencer e por
isso decido ir para cima me arrumar.
Meu anjinho ficou lá em baixo fazendo companhia para Violetta que
parece animada demais. Após alguns minutos estou dentro do box tomando
meu banho quente, e mesmo tentando relaxar eu não consigo, estou muito
tensa, afinal de contas estou a uma semana sem vê-lo depois de tê-lo
ameaçado com uma arma em frente a tanta gente, só fico me perguntando no
que tudo isso vai dar.

Porque eu sei que não vou me livrar dele, se fôssemos um casal normal
talvez, mas agora, as coisas dentro da máfia são muito diferentes, eu posso
usufruir da minha ligeira liberdade mas tarde ou cedo terei que voltar pra casa
tal como me alertaram tio Dante e Violetta. Mas quando eu voltar serão as
minhas regras, ele não vai mais me tratar como uma boneca, tal como sempre
fez. Eu sou livre e independente para fazer minhas próprias escolhas dentro
desse casamento, tenho a herança dos meus pais que irá me ajudar muito e
que já tem me ajudado imensamente até agora.

Depois do banho feito e hidratar meu corpo na cama vejo que está
estendido um lindo vestido, isso só pode ser coisa da Violetta, seguro no
vestido pra lá de ousado e me pergunto como as pessoas conseguem respirar
dentro de roupas como está. Ela realmente preparou tudo, até a sandália e o
perfume. Depois de vestir vou em direção ao espelho e não acredito no que
vejo, eu pareço outra mulher, na verdade parece que eu me transformei numa
mulher no verdadeiro sentido da palavra, o vestido ficou muito bem, perfeito
para as minhas medidas atuais, seios bem fartos, bumbum que parece ter
aumentado não só o tamanho mas o peso também. Gostei desse vestido
valoriza minhas curvas, ele é um vestido frente única, bem justo na região da
cintura e um palmo acima do joelho. Depois de colocar a sandália devido sair
do quarto, Enrico já deve ter chegado, enquanto desço às escadas é possível
ouvir outras vezes.

Me surpreendo quando chego a sala de estar e vejo para além de Enrico


Leonardo e Emiliano.

― Cunhada! Tudo bem? ― sinto que não é isso que ele queria dizer
mas o olhar ameaçador do irmão o fez mudar as falas.

― Estou sim obrigada e você? ― tento ficar o mais calma possível,


Enrico está quase tirando fumaça pelas orelhas.

― Muito bem, só vinha ver meu sobrinho e ver como você estava. ―
Emiliano também me cumprimenta e como se fossem fumaça os dois
desapareceram da sala sem eu perceber. Apenas testamos eu e Enrico, eu
continuo parada e ele sentado no sofá com nosso filho em seu colo.

― Volte para cima e troque essa roupa ― sua voz quase ameaçadora
soa no interior da sala.

― Eu não vou me trocar, se não gosta da minha roupa vai embora. O


que você está fazendo aqui já agora? Eu disse que no momento certo eu ia
ligar. ― num súbito ele se levanta e segura meu braço com força, por um
segundo chego a ter medo dele resolver me dar um soco, é visível que está
fazendo o impossível para se controlar.

― Não me provoca Emanuelle. Você sabe muito bem de tudo o que sou
capaz quando quero algo. E você é minha. A qualquer momento virei aqui e
te levarei de volta a nossa casa de onde não deveria ter saído.

― Você não pode me obrigar a voltar. Eu não quero mas o tipo de


casamento que tínhamos Enrico, não serei mais sua prisoneira e muito menos
seu saco de pancada. ― sinto o aperto doer cada vez mais e meus olhos nesse
momento começavam a ficar marejados ― me solta, você está me
machucando.

Ele solta meu braço e volta a sentar como se o ocorrido de apouco não
tivesse sido nada demais.

― Senta! Não vamos brigar amore mio. Hoje eu vim aqui passar um
tempo com a minha família. Sobre a vossa volta é algo que você não pode
evitar, a menos que queira me dar a guarda do nosso filho. ― de novo a
pontada de medo voltou.

―Você não pode fazer isso, eu sou a mãe tenho direitos perante a lei e...

― Isso não é sobre quem tem direito e sim quem tem o poder
bonequinha. E se formos para os direitos veremos que eu também saio
ganhando. Afinal de contas quem ficou trancada cinco anos num manicómio
foi você, pense bem amorzinho em quem o juiz escolheria. Saiba que se você
está aqui se sentindo livre é porque eu quero.
Ele é um maldito, eu sabia que isso estava sendo fácil demais. Ele estava
aguardando o momento certo para trazer esse argumentos, e de certa forma
ele está certo.

― Tudo bem. Eu concordo sobre a volta do casamento, mas saiba que


agora será do meu jeito. Porque eu não quero mais dividir o quarto com você
e muito menos quero que me toque. ― nunca ouvi Enrico gargalhar, mas
agora ouvindo essa gargalhada gostosa me pergunto o motivo dele sorrir
pouco.

Violetta informa que o jantar está servido, entrego meu anjinho que está
dormindo e nós caminhando até sala a de jantar, enquanto caminho sinto
minhas bochechas esquentando porque sei que Enrico está olhando para o
meu bumbum.
Como o cavalheiro que nunca foi ele me ajuda a sentar e depois ocupa o
lugar da cabeceira na mesa, não comento sobre isso apenas me sirvo e sirvo a
ele também então começamos a comer mesmo já tendo perdido o apetite. O
silêncio vigora na mesa desde o início até o final da refeição, não achei
estranho sempre foi assim.

― Bonequinha! ― fala fazendo carinho na minha mão que está sobre a


mesa, eu imediatamente a tiro ― posso dormir aqui com você hoje?

― Não Enrico , não pode e eu não quero. Você falou que ia respeitar o
tempo que eu pedi. Já agora está na hora de você ir embora. ― e pela
primeira vez sua postura de dono do mundo desaparece. Estamos os dois
parados a uma distância considerável. Ele se aproxima e me segura pela
cintura.

― Por favor bonequinha, eu estou a meses precisando de você, e te ver


nesse vestido me deixa tão duro que se não estiver dentro de você agora eu
vou enlouquecer ― ele me vira de costas e roça seu membro no meu
bumbum ― porra você está tão gostosa e apetitosa, vamos para o quarto.
Quero comer essa sua boceta como nunca fiz antes.

― Não! Vai embora. Você só me machuca, não importa como mas você
sempre me machuca. O que fiz de errado para merecer tudo aquilo? ―
despejo tudo chorando ― eu estou cansada Enrico, boa parte da minha vida
eu fui espisoteada. Já chega de mentiras e de jogos eu quero saber de toda
verdade Enrico.

De repente escutamos une aplausos vindo da porta de entrada da casa, e


é Antonelli quem está parada aplaudindo e nos olhando com uma cara que
conheço muito bem.
― Ora ora, não esperava te encontrar aqui Enrico. ― sua voz soa
vulgarmente melosa. Faz muito tempo que não a vejo, desde bem antes de eu
fugir de Enrico.

― O que está fazendo aqui Antonelli? Já falei várias vezes para você me
deixar em paz ― claro, não acredito que eles vieram ter um encontro
amoroso justo aqui? Eles não podiam ter escolhido outro lugar?

― Não se preocupe querido! Não vim atrás de você ― ela aponta para
mim com seu dedo indicador e então caminha na minha direção ― eu vim
visitar minha querida irmã e meu sobrinho nunca tive a oportunidade de
conhecê-lo ― ela está esquisita demais, e eu não gosto disso, Antonelli
sempre foi assim, intensa e as vezes estranha comigo, dificilmente ela
demonstrou algum tipo de afeto por mim. ― antes de entrar ouvi Emanuelle
dizendo que queria saber de toda verdade. É o que estou pensando Enrico?

― Vai embora daqui sua puta. Não a quero perto da minha mulher e do
meu filho senão eu te mato aqui mesmo. ― Emanuelle gargalha um jeito
assustador.
― Está vendo seu marido irmãzinha! Está vendo o quanto ele esconde
coisas de você? Você nunca parou pra se perguntar como de uma hora para
outra passou a ser a noiva e em seguida a esposa do capo da Ndrangueta? ―
isso é verdade nunca parei pra pensar nisso, eu e Enrico apenas nos vimos
uma vez antes do casamento e isso foi na noite que ele matou o homem que
queria me tocar a força.

― Se você abrir a porra do sua boca se considere uma mulher morta


Antonelli! ― sua raiva já é palpável e é como se ele pudesse segurar no
pescoço da Antonelli agora e a pudesse estrangular.

― Você não pode me proibir de nada aqui. Essa é a casa dos meus pais
e minha irmã tem o direito de saber de toda a verdade. ― agora eu fiquei
confusa.

― Do que você está falando Antonelli? ― seu sorriso presunçoso se


estende ainda mais me causando arrepios

― Nem mais uma palavra ou juro que você sairá por aquela porta num
saco preto para cadáveres ― deve ser algo bem sério para que Enrico a
ameace dessa forma.

― Você não vai matar ninguém na minha casa. E sabe de uma coisa não
quero nenhum dos dois na minha casa, meu filho está dormindo e não quero
que ele acorde por causa das vossas discussões. ― suspiro tentando buscar
uma calma que já não existe ― vocês dois se merecem, saiam da minha casa
agora e vão viver o vosso ninho de amor.

― Não eu não vou embora antes de contar tudo que eu sei. Sabe com
quem Enrico era casado antes de você? ― pergunta olhando pra mim e
depois para o pai do meu filho ― Com a Geovanna, nossa prima, é ela a
esposa defunta dele e sabe o que mais? Você não entrou naquele hospício por
acaso, foi seu marido que mandou colocarem você lá ― um soluço sai da
minha boca após ouvir todas essa coisas em silêncio, meu coração bate de
forma descompassada e minha mente parece não estar raciocinando
corretamente.

― Co-mo assim ? ― sem perceber as palavras saem trémulas. Antonelli


gargalha e logo a seguir Enrico desfere um tapa bem forte no rosto dela.

― Isso bate mais! Mais eu não vou desistir. Foi o Enrico que mandou te
internar porque ele te culpa pela morte de Geovanna e do filho deles. Acorda
Emanuelle, todos esse tempo você não desconfiou de nada? É por isso que
não te ama e nunca vai amar. No final você é só mais uma na vida dele. ― é
impossível segurar o choro nesse momento, mas desta vez não choro por
causa do medo e sim de raiva, raiva de sempre ser usada e vista como um ser
sem vida, ser vista como alguém incapaz de tomar as próprias decisões. Todo
esse tempo eu estava sendo alvo de uma vingança? Desde aquele acidente eu
me culpo pela morte da Geovanna e não houve um dia sequer que eu não
lamentei sua morte, eu a amava demais ela era a minha melhor amiga minha
confidente, ela era a irmã que Antonelli não foi para mim.

Agora eu entendo o porquê de uma vez eu ter achado uma foto dela
grávida numa das gavetas do Enrico, estava tudo na minha cara e mesmo
assim eu não percebi, o casamento repentino, as insinuações de Antonelli e
da tia Graziela tudo isso estava lá mas eu e minha ingenuidade não
conseguimos chegar a essa conclusão.

― Isso é verdade Enrinco?

― Emanuelle vamos conversar, esquece o que essa puta te disse.

― Perguntei se é verdade? ― O silêncio perdurou por longos minutos


enquanto eu não conseguia parar de chorar. Meu Deus como eu vou conviver
com um homem que destruiu minha vida sem piedade nenhuma? Eu achava
que já estava destruída o suficiente mas agora estou vendo que não ― pelo
silêncio isso é mesmo verdade. Quero que vocês dois saiam da minha casa
agora! AGORA.

― Bonequinha se acalma, não vou sair daqui sem antes conversar com
você.

― Não sou sua bonequinha, e eu não quero nunca mais nem ver sua
cara. Você destruiu minha vida Enrico, fez eu me sentir o ser mais
insignificante do mundo, você me humilhou me subjugou por puro prazer, e
saber de tudo isso foi a gota d'agua. Eu estou cansada, não foi o suficiente o
que já fizeram comigo? Eu perdi um bebê enquanto vocês se deleitavam de
prazer sexual no mesmo lugar onde eu agonizava de dor até perder os
sentidos. Por duas vezes tentei me matar, por causa de toda essa situação que
eu estava vivendo. Eu espero que Deus perdoe vocês , porque eu nunca vou
poder fazer isso.

Sem dizer mais nada abro a porta para que os dois saiam. Nem olho pra
cara da minha irmã, ela é outra que já me decepcionou demais, não posso
mais lidar dar com ela hoje.

― Fora! ― falo apontando o lado de fora. Antonelli nem pensou duas


vezes e caminhou em direção a porta.

― Tenha muito cuidado maninha, nunca se sabe onde mora o perigo ―


estou cansada demais para falar alguma coisa.

― Você também Enrico. Te quero fora da minha casa agora. Por favor
pelo menos uma vez na sua vida sinta piedade de mim, eu me sinto sufocada,
só preciso respirar. ― minha vida desde que fui internada naquele lugar foi
uma completa mentira, me fizeram pensar que eu estava doente. No final ele
é que é doente.

― Tudo bem. Eu vou embora, mas já sabe vocês voltam para casa por
bem ou por mal. Isso eu não estou disposto a negociar, um mês é tudo que
posso te dar. ― ele está parado a minha frente e tenho certeza que está se
controlando para não me tocar ― mas uma coisa, você sempre será a minha
bonequinha, não importa o que aconteça.

Mas uma dúvida que até agora martela na minha cabeça me faz o
perguntar:

― Só me diz, porquê fez tudo isso comigo? Eu lhe fiz algo de errado?

― Não amore mio, em meio a tudo isso você é mais inocente, e se fiz o
que fiz é porque quando vi sua foto meu corpo tremeu e uma vontade fora do
normal de te ter se apoderou de mim, não sei o que é isso que sinto por você,
você mexe comigo em patamares que ninguém nunca conseguiu, e eu sinto
raiva por ter me deixado levar. ― quando eu ia fechar a porta ele a segurou
― espera! Antes daquele enfermeira morrer depois de ter sido alvejada ela
me entregou esse papel com esse número, sabe o que é?

Ele desdobra o papel o me mostra. E ver o que está escrito nele me faz
reviver os anos que passei naquele lugar confinada. Será que ele não cansa de
me infligir tanta dor?

― Esse é o número do meu quarto lá no hosp… na casa de repouso. ―


falar essas palavras ainda me causa um grande desconforto.

― Vá descansar, e cuide do nosso filho. Logo eu venho buscar vocês ―


fecho a porta sem pensar duas vezes e desabo em prantos sentada no chão
gelado, meu coração está em pedaços, de novo. Minha cabeça está
começando a doer por causa do choro intenso e mesmo assim não consigo
parar de chorar. De repente sinto braços me envolverem num abraço, era tudo
o que eu mais precisava nesse momento.

― Shh isso chore minha menina, pode doer agora mas depois não vai
passar só de uma lembrança ruim da sua vida. ― Violetta como sempre tenta
me acalentar com suas palavras de mãe.

― Quando eu serei feliz afinal? Será que eu realmente nasci condenada


ao sofrimento?

― Claro que não querida. Você foi apenas vítima do destino, mas eu
tenho fé que você será recompensada por tudo isso. Olha o exemplo do seu
anjinho apesar de ser filho de quem é ele é uma bênção na sua vida ―
permanecemos em silêncio por algum tempo até que decidimos ir nos deitar,
eu já estava mais calma, eu realmente estava mentalmente cansada precisava
dormir pra tentar esquecer o dia de hoje.

Algumas semanas depois


O relógio marca meio-dia nesse momento e hoje eu decidi fazer a
refeição por conta própria, Violetta saiu e foi ver as filhas e talvez ela venha
com elas pra ficar a primeira temporada das férias aqui com a gente, ela disse
que soube da chegada delas hoje bem cedo, por isso eu praticamente a
obriguei a ir até elas.

Combinei com Alessandra e Donna que passaríamos o dia juntas esse é


o motivo de estar fazendo a comida em uma quantidade maior, depois do
episodio de semanas atras o que mais preciso hoje é me distrair e conversar
com pessoas que realmente se importam comigo. Quanto a Antonelli e Enrico
nunca mais os vi, e sinceramente tomara que seja assim pelo resto da minha
vida.

Pela babá eletrónica vejo meu anjinho dormindo na sala de estar num
berço que foi instalado pelos seguranças, assim fico mais tranquila porque a
sala de estar é bem perto da cozinha.

Estou preparando um deliciosa lasanha, do jeito que Rosa Angélica me


ensinou, sem dúvidas ela ficaria muito orgulhosa se provasse. Após montar a
lasanha ligo o forno e coloco a receita de hoje no seu interior. De repente
escuto os risos desajeitados de Valentino, ele acordou tão rápido hoje. Para
não deixá-lo acordado e sozinho por muito tempo me dirijo a sala de estar.

Quando chego a sala de estar eu quase desmaio por causa da cena que
vejo a minha frente.

― Olá docinho! Depois de tanto tempo eu vim te buscar. Sentiu


saudades?
Semanas antes
Quando vi minha mulher ir embora sem poder fazer nada me dirigi ao
meu escritório para trabalhar. É a única coisa que posso fazer para não perder
a cabeça e ir atrás dela, além disso eu ainda tenho que interrogar Dimitri pois
ele ainda não me disse tudo o que eu quero saber.
Foi até bom Emanuelle ter ido embora, vai ser melhor eles ficarem uns
dias afastados porque o que está por vir não é nada bom, e quando tudo isso
terminar eu vou buscá-los, ela também sabe. Saio do meu devaneio quando
escuto meu celular rocando, pela tela vejo o nome do Leonardo escrito.

― Fala Leonardo!

― Aconteceu uma merda Enrico. Um grupo desconhecido invadiu o


subsolo na sede da máfia e mataram o Dimitri com uma enxurrada de tiros.
― quando ouço isso e eu quase explodo de raiva, vou matar todos os
responsáveis pela segurança da sede na hora do ocorrido, porra, as coisas só
saem como deve quando eu mesmo as faço.

― Maldição Leonardo. Ninguém sai ninguém entra aí até eu chegar. E


não deixe ninguém chegar perto da sala de controle. Agora vou ligar para
Aleksei para explicar toda a situação.

― Tudo bem. Mas duvido que alguém vai querer aquele corpo, ele está
um lixo ― não dou mais atenção ao que ele diz, encerro a chamada e procuro
pelo contato do Aleksei. Após alguns minutos ele atende e então o explico
sobre o ocorrido, apesar de tudo ele aceitou o corpo desfigurado do primo
alegando que talvez a irmã do imbecil irá querer se despedir dele, apenas
concordei, estava farto de estar no meio da máfia russa, agora é menos um
problema pra mim. Nesse momento meu maior interesse é saber quem teve a
ousadia de invadir o calabouço.

Após chamar pelo motorista que me esperou em prontidão no carro


saímos rumo a sede da máfia. Assim que cheguei ficou perceptível que houve
um confronto no local, existem cartuchos de balas para todos os lados, alguns
carros foram alvejados e dois carros da abundância estão atendendo os
feridos.
De longe vejo Leonardo e Emiliano conversando com alguns soldados.

― Alguém me explica que porra foi essa? Eu apenas saí por algumas
horas e quando volto encontro todos esse alvoroço. ― os dois soldados a
minha frente me encaram com medo. ― Você me explica o que houve aqui.

― Senhor nós estávamos fazendo a guarda da fachada do edifício


quando de repente ouvimos bombas explodindo lá fora e imediatamente
saímos em direção ao lugar para ver o que estava acontecendo. Mas na
verdade aquilo era só uma distração, bombas de fumaça foram lançadas e
com isso alguns dos homens que estavam nos atacando conseguiram entrar
no subsolo e matar o homem que estava lá preso, só percebemos que tinham
entrando quando os vimos saindo disparando em nossa direção, e nessa altura
já não podíamos fazer nada pois fomos pegos de surpresa. ― sem ninguém
esperar tirei minha arma do coldre e atirei no pé do soldado. ― Ahh capo
sinto muito não foi culpa nossa.

― Essa é uma lição para que Aprenda a fazer seu trabalho, e essa ―
digo atirando no outro pé ― é pra que o deixe ciente que eu não admito erros.

Devolvi a arma ao coldre. Vamos até sala de monitoramento das


câmaras de segurança pra poder ver com precisão o que realmente aconteceu
aqui. Fico possesso ao perceber que as imagens não ajudam em nada,
primeiro porque os desgraçados vieram encapuzados e segundo jogaram
bombas de gás pra todo o lado. Por isso desisti e resolvi ir embora.

O silêncio da casa nunca foi tão incómodo como agora, porque sei que
esse silêncio não se deve ao medo e receio de Emanuelle de fazer algum
barulho, este silêncio se deve a sua ausência na casa.
Os dias foram passando numa lentidão fora do normal, ou talvez eu
esteja controlando o tempo a cada um hora. Todos os dias recebo três a
quatro relatórios sobre tudo o que minha esposa tem feito, que na verdade se
resume em ficar dentro da casa dos pais ou caminhar pelos jardins da casa.
Os relatórios sempre chegam com fotos dos dois, Emanuelle parece sempre
radiante e mais alegre, nas fotos é uma das poucas vezes que a vejo sorrindo.
E aparece vestida em roupas indecentes mostrando todo aquele corpo que me
pertence, bem que ela podia vestir roupas mais apropriadas.

Tento me concentrar no meu trabalho que não é pouco, mas minha


mente teima em pensar apenas naquela carinha de olhos claros, eu ainda vou
tirar gemidos e suspiros de prazer daquela bonequinha e vou me deleitar da
sua buceta pequena e suculenta, ela não perde por esperar, depois de tudo isso
vou cobrar com juros.

Após não aguentar tanto tempo de espera mandei Gonzalo preparar o


carro porque iríamos para casa dos pais da minha mulher, aquela não é a casa
dela, a casa dela é essa. Não vou mas esperar ela me ligar para ir vê-los, já
passou uma semana e já dei tempo suficiente para ela.

Presente

Após Emanuelle fechar a porta na minha cara, caminho em direção ao


carro. Sentimentos confusos se apoderam de mim nesse momento, um misto
se raiva, impotência e remorso. Coisas que nunca pensei em sentir na minha
vida, mas depois de ouvir as palavras proferidas por ela. Nunca entendi o que
move meu ódio e muito menos porquê me sentia satisfeito em ver o
sofrimento dela, algo dentro de mim gostava de ver o caos em seus olhos e
ouvir seus gritos de súplicas de socorro. Mas não posso mudar mais isso, mas
pelo menos posso remediar isso de algum jeito.
Não estou em busca de redenção, um mafioso como eu jamais muda de
um dia para outro, faz parte da nossa essência. Sei muito bem como a
conquistar, mulheres como Emanuelle só precisam de flores alguns palavras
bonitas e chocolate, por ela ser diferente das outras será ainda mais fácil a
conquistar. Sei que hoje ela me dispensou como se eu fosse algum tipo de
besta, mas foi difícil me segurar vê-la dentro daquele vestido vermelho justo
e sexy, ela está tão gostosa, e nesse momento é como se fosse possível sentir
sua pele nas minhas mãos e me afundar na buceta dela.
Esses pensamentos fazem meu pau se contorcer dentro da calça, caralho,
eu realmente preciso de sexo, ou coisas boas não vão acontecer.

Depois de mais de duas horas de viagem finalmente os portões da casa


de repouso são abertos anunciado a nossa chegada, sem tempo para ouvir o
discurso de boas vindas de Susan, caminho até o interior do edifício e vou
direto para o corredor que leva ao quarto que era de Emanuelle.
Apesar de ter estado aqui a muito tempo ainda lembro com perfeição o
caminho, afinal de contas foram anos vindo para cá a observar dormindo ou
olhando pelas câmaras de segurança. Só não entendo como não percebi que
todo esse tempo que eu tinha a resposta para aquele número nas mãos,
certamente porque não dei muita atenção ao que a velha me disse.

Giro a maçaneta e assim que aporta se abre um ambiente escuro e sem


vida me recebe. O quarto está completamente diferente sem minha
bonequinha, quando ela estava aqui esse quarto ficava infestado de pinturas e
quadros ainda por ser concluídos, apesar do quarto estar desocupado se
encontra muito bem arrumado e limpo, e pelo que vejo não mexeram em
nada, e caso tenham feito eu mesmo vou atrás do infeliz para mata-lo.

Depois de observar o lugar começo a minha busca, vasculhei de baixo


da cama, nas gavetas do criado mudo e banheiro mas nada. Só me resta
procurar no guarda roupa, assim que abro o compartimento vazio olho
minuciosamente no seu interior e até agora nada, tento procurar um fundo
falso tateando em todos os cantos. Até que bem no canto no interior do móvel
é possível ouvir um som oco, deduzo que achei. Retiro meu punhal e com ele
tiro o pedaço de madeira usado para esconder o fundo falo, de la tiro uma
caixa de papelão de cor preta.

Sem demora despejo o conteúdo da caixa encima da cama, são


documentos e algumas fotos. Seguro na que chama mais minha atenção nela
estão Guido pai de Emanuelle e sua esposa, me surpreendo ao constatar o
quanto Emanuelle e a mãe são parecidas, parecidas não, idênticas. Elas têm
os mesmos traços a mesma aura serena a mesma estatura física. Não
compreendo.

Aqui existem outras fotos de valentina Mancini sozinha, passeando com


as filhas. Após ver todas fotos seguro num envelope que já s encontra aberto.
Retiro o conteúdo e vejo que é uma carta, e o remetente é a própria Valentina.

"Cara Melina você é a única em quem posso confiar essa carta, você
sabe o quanto sofri por causa da obsessão de Fabrizio, por favor não o
deixe chegar perto das minhas meninas, da última vez que o vi ele jurou
que se eu não ficasse com ele minhas filhas pagariam. Se acontecer
alguma coisa comigo e com meu marido elas ficarão com meu cunhado
Dante, mas eu preciso de alguém que vigie cada passo delas, não sei em
que momento Fabrizio irá agir. Ele é um homem muito perigoso ele faz
coisas nas costas da máfia, eu descobri que ele e a Graziela esposa do
Dante são amantes. Se algum dia você conseguir informe a alguém que
possivelmente ele está traindo a máfia para dar um golpe e ficar no lugar
do capo.

Mas uma vez por favor cuide das minhas meninas.

Atenciosamente Valentina Mancini. "

― FILHO DA PUTA DESGRAÇADO ― Vocifero socando a parede,


vou mata-lo com minhas próprias mãos. De hoje ele não passa. Antes sair
dou mas uma olhada nos documentos que mostram os roubos que o malledito
fez nos cofres da máfia. Há também algumas fotos de Emanuelle quando
adolescente, na maioria ela está sentada pintando no seu próprio mundinho,
enquanto um maldito filho da pulta a fotografava.

Tem também um documento da enfermeira explicando que todas essas


fotos da minha esposa ela achou na casa do Fabrizio, ela o estava
investigando para o entregar a máfia. O que leio a seguir faz minhas veias
pulsarem de ódio e minhas mãos se fechando em punhos prontos pra socar a
cara de um maldito filho da puta pedófilo. Fabrizio terá uma morte lenta e
cruel, ele acabou de despertar algo incontrolável.

Como um trovão saio do interior do edifício enquanto bloco para


Leonardo.

― Leonardo. Já sei quem é o traidor, minhas suspeitas não fugiam


muito da realidade. Fabrizio Ricci pai de Emiliano é o traidor. ― enquanto
percorro o caminho de volta para cidade eu e Leonardo formamos planos de
busca sem levantar grandes alardes. Ele não pode saber que está sendo
procurado e por esse motivo só os homens de minha inteira confiança estarão
envolvidos na sua captura.

Está quase amanhecendo e nada daquele maldito aparecer. Ele já foi


procurado em todas as propriedades da família Ricci e nada, ninguém sabe
dele e muito menos o viram nos últimos dias.

Passaram algumas semanas e ate agora nada daquele figlio di puttana. O


único jeito é ir falar com a esposa de Dante, se ela e Fabrizio são amantes ela
deve saber onde ele se esconde. Assim que chego a propriedade dos Mancini
não espero ser anunciado. Já saio do carro chamando pelo Dante.

― O que quer é isso Enrico? Porquê está invadindo minha casa deste
jeito? ― para além dele o resto de sua família se reúne na sala por
curiosidade.

― Preciso falar com sua esposa ― todos me olham espantados e


direcionam seus olhos para senhora da família. ― onde está Fabrizio? ― ela
arregala os olhos e começa a tremer ― não vou repetir, responde a droga da
pergunta.

― Você não pode vir para nossa casa e ameaçar nossa mãe ― Ettore
para em frente a mãe para a defender.

― Eu faço o que quiser. Vamos senhora Mancini. A menos que queira


que seu marido e filhos saibam que tipo de mulher é. Valentina sua
concunhada deixou uma carta e nela ela deixou muito bem claro o seu
segredo. ― todos permanecem em silêncio após minhas palavras, ela está
mais branca que um papel e parece que a qualquer momento irá deixar de
respirar.

― Eu não sei onde ele está. Eu juro capo. ― fala aos prantos.

― Será que posso acreditar na mulher que foi ou ainda é amante de um


traidor? ― imediatamente ela recebe o olhar mortal do marido e decepção
dos seus filhos. ― tem certeza que não sabe onde ele está? ― ela assente.
Quando ia a ameaçar meu celular começa a tocar, e é um número
desconhecido que aparece na tela.

― Senhor Ferrari? ― essa voz é da cozinheira. Só não a insulto nesse


momento por ser a esposa de um dos homens de minha confiança e por
cuidar da minha esposa e filho.

― Sim!

― Gostaria de saber se o senhor sabe para onde a Emanuelle foi? Eu


acabo de chegar e não a encontrei, os seguranças falaram que ela saiu com
a irmã dela e com o senhor Ricci. Eles estão com o senhor?

― PORRA!
Tudo começou a mais de vinte anos atrás, quando eu era apenas uma
adolescente. Desde sempre minha família já fazia parte da máfia, mesmo
antes de casar com Dante eu já conhecia as normas e leis da máfia.
Dentro da organização se pode encontrar de tudo, homens milionários,
políticos em ascensão mas também existem os muito poderosos, é o lugar de
luxo e concentração de mulheres em busca de melhores condições e também
um lugar infestado de charlatães.

Antes de meu pai anunciar meu noivado com Dante, eu era


completamente apaixonada pelo Fabrizio, na verdade toda adolescente
naquela época era apaixonada por ele, que era um verdadeiro galanteador.
Mas ele nunca reparou para mim, ele só tinha olhos para Valentina, uma relés
pintora que vagava pelas ruas de Roma fazendo retratos de pessoas e casais.

Assim como eu Fabrizio não pôde ficar com a Valentina porque ela e
Guido se apaixonaram, casaram tiveram suas filhas. E então eu e ele
começamos a ter um caso bem depois de eu estar casada, no princípio eu
achei que realmente estivesse apaixonada por ele. Mas no final eu vi que
nunca deveria ter feito aquilo com Dante, Primeiro porque Fabrizio me
tratava como um objeto e segundo porque ele era obcecado pela Valentina.

Anos depois valentina e Guido morreram num acidente, que mais pra
frente descobri que quem o provocou foi o próprio Fabrizio, desde então eu
me afastei dele, nunca tive coragem de contar para Dante quem realmente foi
o responsável pelo acidente que matou o irmão.
A presença de Emanuelle nessa casa me deixava com mais raiva, porque
quando eu a olhava ela me fazia lembrar do passado por ser tão idêntica a
mãe. Tudo isso aliado a ingenuidade dela por ter levado minha filha aquele
lugar que ceifou sua vida, nunca vou perdoar aquela menina.

Saio do meu devaneio quando oiço o capo rugir insultos para todo o
lado. E a seguir o vejo ir embora sem se despedir.

― Mãe é verdade o que o capo disse? A senhora traiu meu pai? ―


minha filha pergunta também com o rosto banhado de lágrimas. Todos me
olham aguardando por uma resposta que não quer sair, minha garganta
queima ao me imaginar contando toda a verdade para minha família, logo eu
que sempre preservei o valor da família. Dante me olha de forma mortal ele
nunca me bateu e nesse momento sei que é o que ele mais quer fazer.

― Responda o que sua filha perguntou Graziela! ― essa voz em nada se


parece com a voz do homem calmo e amoroso que Dante sempre foi.

― Eu sinto muito Dante. Te juro que isso aconteceu a muito tempo. No


início do nosso casamento. Eu estava muito confusa por isso fiz o que fiz ―
falo chorando desesperadamente.

― É tudo isso ou tem mais alguma coisa mais? Se tive fale por bem
Graziela. ― engulo em seco e me preparo para falar, esconder as coisas agora
não vai mudar mas nada.

― Eu...eu. O Fabrizio foi o responsável pelo acidente que matou o


Guido e a Valentina ― meus filhos me olham com decepção estampada em
seus rostos e Dante me olha com repúdio e indiferença. Nesse momento eu
vejo minha família me virar as costas sem falta uma sequer palavra, no final
eu fiquei sem minha filha Geovanna sem o Dante e sem meus outros dois
filhos.
― Olá docinho! Depois de tanto tempo eu vim te buscar. Sentiu
saudades? ― sinto todo meu corpo tencionar e meus lábios batem de tão
trémula que fiquei de repente. Minha mente leva a reviver uma experiência
que me traumatizou a mais de oito anos atrás, quando esse homem me tocou
e me deixou com medo por anos. Eu nunca esqueceria essa voz por nada. A
gora o vendo aqui na minha frente sinto um nojo tão grande.
Não sei porquê os dois estão aqui mas com certeza não é alho que eu vá
gostar no final.
―Você ficou tão linda! Igualzinha a ela. ― o vejo se aproximar de mim
e no mesmo momento eu recuo demonstrando meu nojo por ele.

― Não chega perto de mim ou eu juro que vou gritar ― lágrimas


incessantes estão transbordando por meus olhos. E meu corpo fica ainda
quando vejo Antonelli pegar meu bebê no berço e o colocar sentado no seu
colo.

― Olá irmãzinha! Olha quem veio ver o sobrinho mais fofo do mundo
― ela diz fazendo uma voz de empolgada mas assustadora demais.

― Antonelli por favor me dá meu filho. Imploro não faça nada com ele.
Eu faço o que vocês quiserem só não o machuquem.
― Claro que você vai fazer o que quisermos. Ou então esse lindo
bebezinho não vai chegar nem a completar um ano de idade ― um soluço
alto sai o minha boca após ouvir essas palavras. Me pergunto se ela realmente
teria coragem de machucar o próprio sobrinho de apenas quatro meses. Um
ser inocente e indefeso.

― Vamos docinho! Quero que saia connosco da casa. Sem levantar


suspeitas e muito menos fazer escândalos, caso contrário não verá mais o
rostinho do príncipe da máfia. Entendeu? ― apenas assinto com medo, esse
não é o momento para me fazer de valente. Eles me mandam preparar uma
pasta com todas as coisas que meu filho irá precisar e assim faço, no modo
automático coloco fraldas, algumas roupinhas, agasalhos e uma mantinha
dele.

O homem cujo nome desconheço segura na pasta de mão do meu filho, e


Antonelli coloca mes anjinho nos meus braços. E sinto como se tivesse tirado
um peso de cima de mim o alívio é tanto que choro copiosamente. Sem poder
aproveitar o momento sou puxada para o exterior da casa, um carro já nos
aguardava, enquanto eu e Antonelli entravámos no veículo o tal homem
conversava com alguns seguranças.
Olho para todos lado e nenhum indício de Violetta estar voltando, Deus
o que está me aguardando. Sinto Valentino procurar por meu seio e antes que
ele comece a chorar e deixar nossos raptores furiosos tiro meu seio e
imediatamente ele começa a suga- lo.

― Antonelli para onde estão me levando? Por favor deixem meu filho e
levem apenas a mim eu imploro. Ele não tem culpa de nada é só um
bebezinho.

― Você verá para onde estamos te levando. Não precisa ficar ansiosa.
― ela fala amarga ― Fabrizio vamos logo ― depois de alguns instantes o tal
Fabrizio aparece e quando ele entra no carro ocupando o banco de passageiro
na frente o motorista dá partida me levado para o desconhecido.

Enquanto o carro deixa para trás as diferentes paisagens da região da


Calábria eu contemplo tudo com atenção para ver se de certa eu me livro
deles. O céu hoje está ligeiramente nublado, deixando o dia apesar de estar no
seu auge meio cinza e com um ar melancólico e sem vida. Após
abandonarmos todo o concreto e a movimentação da cidade me vejo em meio
a um caminho rodeado por uma floresta densa e sem nenhuma alma viva. O
medo se apodera de mim de forma imensurável, Valentino dorme em meus
braços inerte a tudo o que acontece a nossa volta.

Quando finalmente percebi para onde estávamos indo olhei petrificada


para Antonelli, até que ponto sua maldade pode chegar, manter a própria irmã
trancada na casa de campo onde nossos pais foram imensamente felizes. Eles
não ligam o fato de estar carregando um bebê nos meus braços.

Nesse momento a ajuda de um mafioso cruel é tudo que consigo


imaginar, ele é nossa única possibilidade.

O silêncio durante o percurso do carro até o interior da casa nos


acompanha, o lugar está cercado de homens e pelo que estou vendo eles estão
se preparando para qualquer coisa. De repente sinto aquele homem nojento
me segurar pelo braço me arrastando escada baixo, e sei muito bem pra onde
ele está me levando, é um porão onde eu e Antonelli costumávamos brincar
quando crianças. De forma bruta sou jogado no seu interior. O lugar cheira a
mofo, tem poeira para todos os lados e o pior vejo alguns insetos passeando
pelo chão e também pela parede.

― Por favor não me deixem aqui. Meu bebê pode ficar doente por causa
da sujeira. Antonelli por favor eu sou sua irmã porquê está fazendo isso
comigo?

― Não se faça de sonsa Emanuelle, você sabe muito bem o motivo de


estar aqui. Eu vou acabar com você, e posso te contar um segredo? ― ela
sussurra no meu ouvido enquanto eu mesmo trémula tento fazer meu filho se
acalmar.

― Eu não quero saber de segredo nenhum, só quero ir embora por favor.


Pense no seu sobrinho ― tento ver se ainda existe alguma humanidade nela.

― Esse mesmo sobrinho que fez com que ele se afastasse de mim? Não
irmãzinha, você e esse bastardo vão se arrepender por ter tirado Enrico de
mim. ― ela aponta uma cadeira velha de madeira e sinaliza que devo me
sentar, ela puxa outra cadeira e se senta na minha frente ― agora indo ao
segredo. O Fabrizio não sabe mas ele não vai fugir com você. Sabe porquê?
― nego ― porque eu vou te matar, é o único jeito para eu poder ser feliz
nesse mundo Emanuelle. Não existe espaço na terra para nós duas.

O que ela disse só me faz constatar que eu realmente não conheço minha
irmã, tudo bem que nós nunca fomos muito próximas, mas nunca pensei que
ela chegaria a tanto pelo ódio que sente de mim.

― Porquê está fazendo isso comigo? O que eu lhe fiz de tão errado?

― Sério que você não sabe? ― ela grita jogando a cadeira longe
assustando eu e meu filho ― você nasceu Emanuelle esse foi seu problema
ter nascido. Você que roubou o meu lugar na vida dos nossos pais e do
Enrico. Com essa sua cara de coitada, sempre fez de tudo para chamar a
atenção de todo mundo. Mas agora as coisas vão mudar. Eu te matarei e
depois vou consolar seu marido do jeito que ele gosta. É uma pena que mais
uma vez ele vai ter que ficar viúvo graças a minha intervenção.

Meu coração dá um tropeço após ela confessar isso, meu cérebro revive
o dia do acidente e tento me convencer internamente que minha irmã não teve
nada haver com aquele acidente. Mas a situação atual me faz buscar lá
racionalidade e ver as coisas como elas são, eu tenho uma irmã assassina.

― Antonelli o que você fez? Por favor me diz que você não foi a
responsável pelo acidente da Geovanna. ― não sou a única chorando, dos
seus olhos dela também saem lágrimas silenciosas.

― Eu tive que fazê-lo. Ela estava roubando o homem da minha vida.


Não podia deixar isso acontecer Emanuelle, eu nasci para ser a dama da
máfia e ninguém iria mudar isso, nem a Geovanna e muito menos você. Já
que você vai morrer e não vai poder contar meu segredo para ninguém, eu
confesso que eu é que provoquei o acidente que vitimou mortalmente nossa
querida prima ― ela solta uma gargalhada nojenta, daquelas que só se ouvem
em filmes de terror ― e você foi a boba que eu usei como isca. Você sempre
esteve certa Emanuelle eu te liguei e contei umas mentirinhas para que você
fosse naquele lugar aquele dia.

Soluços saem da minha boca após perceber que ela teve coragem de
matar seu próprio sangue. Apenas pela cede de poder.

― Você é um monstro. Quem deveria ter ficado presa naquele lugar é


você e não eu. Eu perdi anos da minha vida naquele lugar me culpando e
sendo tratada como uma débil mental por sua culpa. Quando Enrico te achar
ele vai te matar sem piedade nenhuma. ― o tapa veio tão forte que o lado
onde fui atingida está borbulhando.

― Nunca! Ele não sabe de nada. Na cabeça dele a esse momento


Fabrizio é o responsável por tudo, ninguém desconfia de mim. Eu não sou
burra como você irmãzinha, quando eu planeei tudo isso estava ciente de
como os fatos se desenrolariam. Você morre, Fabrizio também morre, eu
salvo seu bebê, Enrico finalmente me dá uma chance, casamos e juntos
criamos esse lindo príncipe. Essa é a sequência das coisas, bem do jeito que
eu imaginei.

― Espero que você tenha contado a mim também nesse seu plano. ―
alguém surge de repente apontando a arma para Antonelli.
E Como ela chegou aqui? De todos Elisa é a que menos pensei que me
acharia, na verdade não sei em que lado da história ela se encaixa.

― Parece que minha futura sogra chegou irmãzinha. ― Antonelli


pronuncia as palavras de forma debochada ― seja bem-vinda Elisa.

De repente Elisa tira uma arma da bolsa e a aponta na direção da


Antonelli e o ar que eu mal sabia que estava preso volta a circular, ao mesmo
tempo que um alívio enorme percorre meu corpo.

― Deixe minha nora e meu neto irem embora ou eu juro que atiro ― a
cara que minha irmã faz agora é tão assustadora que começo a temer pelo que
está por vir. ― Antonelli melhor você fazer isso por bem, porque se meu
figlio colocar as mãos em você, todos nós sabemos o que vai acontecer. ―
antes que eu pudesse Alertar a Elisa Fabrizio surge atrás da minha sogra e dá
uma coronhada com a arma na cabeça dela que a deixa inconsciente e
jogada no chão de madeira.

Eles mataram a Elisa! Tento ver apesar de estar longe algum sinal que
indique que eu esteja enganada, eu e Elisa nunca nos demos bem mas ver
presenciar a morte de alguém é algo que minha mente não consegue mais
aceitar.

― Ela está morta? ― Antonelli pergunta ao comparsa.

― Não! Mas o golpe que acertei na cabeça dela será suficiente para a
deixar desacordada por horas. Quando eu estiver indo embora mandarei um
dos homens acabar com ela. Por hora ela vai ficar amarada. ― cordas de lã
são enroladas nas mãos e nos pés da minha sogra, seu corpo é arrastado até a
outra extremidade do porão, o que nos deixa a uma distância considerável, e
por causa da fraca iluminação é impossível ver seu rosto.

― Temos que amarar ela também ― ao ouvir isso meu corpo entra em
alerta e com isso nego com cabeça, porque eu sei que se for amarrada meu
filho será levado.

― Por favor não. Se me amarrarem não vou poder segurar meu bebê.
Antonelli te imploro. ― como se o que acabei de dizer fosse nada ela
caminha na minha direção com as cordas nas mãos.

― Não se preocupe. Não vou amarar suas mãos, apenas os pés e a


cintura. Porque eu não quero cuidar dessa coisinha, não nasci pra ser mãe.
Esse desprazer deixo para mulheres insignificantes como você. ― com isso
ela passa a corda em meus pés e também enrola na cadeira até o aperto ficar
bem firme. Tão firme que cria um desconforto nos tornozelos. ― você vai
ficar aqui quietinha, enquanto eu volto pra cidade e ver como andam as
coisas.

Após proferir essas palavras ela e o Fabrizio abandonam o ambiente, me


deixando no meio do escuro com meu bebê resmungando e denunciando que
a fralda está cheia. E quando é assim ele não dorme. Mesmo sem poder
enxergar quase nada, consigo tirar a fralda cheia e colocar outra, ter deixado
as pastas dele do meu lado quando cheguei aqui foi bom.
Nesse lugar não existem janelas e assim é impossível saber a que estágio
do dia nos encontramos agora, mas sei que já se passaram horas desde o meu
rapto. A temperatura aqui é alta e os indícios do calor intenso já se fazem
sentir através do suor que meus poros não param de expelir.
Fico com medo do meu bebê pegar alguma doença se o deixar com
roupas que exponha sua pele, por isso opto por colocar nele uma camiseta de
mangas cumpridas e uma calça jeans de tecido leve. Ele está começando a
ficar agitado, deduzo que esteja com fome e sentido sono.
Tiro meu seio e ele começa a sugar seu alimento, o que me faz pensar
que se eu não o amamentasse provavelmente meu filho morreria de fome
nesse lugar.

― Fica calmo meu amor. Apesar de tudo sei que seu pai virá nos buscar
em breve ― canto uma canção de ninar que mamãe cantava para me pôr a
dormir, e aos poucos seus olhinhos azuis vão pestanejando até finalmente se
fecharem por completo e ele mergulhar no sono calmo. Eu também resisto
por alguns minutos mas o cansaço me consome e não consigo resistir ao
sono.

Não sei quanto tempo passou, mas quando sinto um vazio nos braços,
quando meu organismo sente a falta daquele corpinho quente imediatamente
abro os olhos e lágrimas de desespero banham meus olhos ao perceber que
meu filho não se encontra dormindo no meu colo, olho em volta para ver se
talvez ele caiu, mas nada.

― Fica calma docinho ― aquela voz que me atormentou durante anos


em meus pesadelos mais terríveis reverba em algum canto do porão ― seu
filho está ali dormindo. ― dirijo meu olhar até onde ele aponta, sinto um
alívio muito grande ao ver meu bebê dormindo num berço portátil com
chupeta dele na boca. ― Tantos anos se passaram e você ficou ainda mais
linda, igual a sua mãe.

Ele se aproxima e fica parado atrás de mim, ao se agachar sinto sua


respiração na curva do meu pescoço seu hálito de tabaco faz meu estômago
revirar e isso faz meu corpo se arrepiar ao mesmo tempo que minha
respiração se descontrola por sentir esse nojento tão perto. Sinto seu nariz
roçar a pele da minha bochecha e só Deus sabe o tamanho esforço que estou
fazendo para me afastar dele, mas é impossível porque agora para além dos
pés tenho as mãos presas também.

― Não vai fugir pra sempre docinho, em duas horas estaremos saindo
da Itália para bem longe, pra um lugar onde o grande capo não irá nos achar.
― Não! e não se preocupe com ele, sua irmã vai chegar já e irá levá-lo para o
pai, já nós dois temos uma vida pela frente, podemos fazer outros filhos se
quiser.

― Porquê está fazendo isso comigo? Eu não entendo porquê você me


persegue tanto.

― Você que é tão inocente! É por isso que eu gosto de você. ― ele se
senta na minha frente e continua fumando ― sabe isso começou a muito
tempo. Bem antes de você e sua irmã nascerem. Quando vi sua mãe pela
primeira vez eu fiquei encantado, ela era perfeita para mim linda e meiga.
Mas a estúpida não me deu atenção, e você já sabe com quem ela ficou no
final. Eu não podia deixar eles viverem felizes para sempre sendo que eu
estava sofrendo por ela, eu me esforçava bastante dentro da máfia para
ganhar destaque e poder ter alguma atenção dela, mas a ediota só tinha olhos
para o Guido. Daí que decidi que estava na hora deles saírem da minha vida
para sempre. ― Lágrimas e mais lágrimas de dor saem dos meus olhos, ele
matou meus pais ― não fique assim piccola, não quero que passe mal.
Voltando ao meu relato dos fatos, depois da morte da sua mãe fiquei sem
rumo por anos, a única coisa que fazia direito era crescer dentro da máfia
para poder tirar seu marido do poder, mas um dia te vi na casa do seu tio,
você estava sentada no jardim pintando uma paisagem, fiquei quase uma hora
ali parado te comtemplando, e percebi que você era minha segunda chance de
ser feliz, os traços da sua mãe em você foram ficando cada vez mais
evidentes e eu não podia fazer nada para te ter. Te procurei tanto quando
sumiu durante aqueles cinco anos! Achei que nunca mais te veria. Mas agora
estamos aqui e dentro em breve estaremos indo embora e nunca mais
voltaremos.

― Seu assassino! Eu te ódio tanto por ter matei meus pais. Eu nunca irei
embora com você, prefiro ir morrer a aceitar tal parvoíce. ― num súbito ele
se levanta e desfere um tapa bem forte no meu rosto. Mordo os lábios com
força para reprimir o choro. Esse maldito assassino não vai mas me fazer
chorar. ― meu marido vai acabar com você.

― E onde ele está hum? Porque aqui eu não vejo ele ― fala dando
voltas ― aceite você é minha, e se eu morrer levo você junto comigo, mas ao
lado daquele filho da puta você não fica. ― sinto a raiva e o ódio
percorrerem meu corpo, me contorço para tentar soltar minhas mãos que
estão presas nas cordas ― não adianta, os nós estão muito bem atados ―
cuspo na cara dele.

― Pelos vistos terei que te reeducar docinho. ― ele se limpa com um


lenço branco. E me olha com um olhar mortal. O vejo abrindo o sinto e tirá-lo
no mesmo instante.

― O...o que vai fazer? ― pergunto mesmo não querendo saber da


resposta.

― Te dar uma lição piccola. Para que aprenda a me respeitar ― o vejo


levantar o cinto mas antes de sentir o primeiro impacto do couro que compõe
o cinto em meu corpo um estrondo forte se ouve, tão forte que a estrutura da
casa chegou a balançar e o chão vibrou por alguns segundos. ― mas o que é
isso?

Ele segura no celular e procura por algo com urgência, quando vejo o
celular sendo colocado na orelha deduzo que ele estava procurando um
número. Ao longe sons de tiros e explosões chegam aos meus ouvidos, será
que é ele?

― Mas que merda está acontecendo aí em cima ― daqui é impossível


ouvir o que a pessoa do outro lado diz, mas deve ser algo mau porque
Fabrizio está fazendo caras e bocas neste momento ― mande preparar o
helicóptero já estou saindo.

Viro meus rosto assim que ele termina a chamada, não quero que ele
saiba que estava tentando ouvir a conversa.

― Parece que nossa viagem será antecipada Emanuelle. Teremos de ir


embora agora.

― Por favor meu filho. Eu tenho que levar meu filho, ele não pode ficar
aqui sozinho. ― Suplico enquanto ele está desamarrando meus pés das
cordas.

― Já disse. O bastardo não vai. Não se preocupe Antonelli vira buscar


ele ou seu marido irá buscar ele, se chegar sedo. ― nunca na minha vida o
termo seu marido soou tão reconfortante como agora. Choro ao me aperceber
que serei separada do meu menino ― não chore, se ele chegar a tempo não
irá explodir aqui dentro com o menino. ― meus olhos marejados arregalam
após sua confissão ― isso mesmo eu plantei bombas em todos os cantos da
casa, o impacto será tão grande que irá atingir tudo que esteja dentro de um
raio de quinhentos metros.

― Não faça isso. Eu vou com você. Desative as bombas eu imploro.

― É impossível a contagem de detonação está correndo nesse exato


momento. Venha ― ele me tira da cadeira com as mãos amarradas. Choro
esperneio e grito mas não adianta nada. Enquanto ele me arrasta vejo Elisa
ainda desacordado.

― Meu filho não. Me solta por favor, leve meu filho ― grito até sentir
minha garganta queimando e meus pulsos doerem por estar tentando me
soltar. Quando vejo já estamos do lado de fora da casa, e ao redor vejo o caos
em que o lugar se transformou, são gritos de ordens e também de agonia de
alguns homens que estão feridos, balas passeiam de um lado para o outros e
homens e mais homens estão caídos no chão inconscientes.

Percorremos a grama que foi invadida por ervas daninhas em direção ao


helicóptero que já se encontra pronto para a decolagem, a cada passo me vejo
próxima ao meu fim. De repente ouço Fabrizio gritando e rangendo os
dentes de dor e imediatamente suas mãos me soltam e vão de encontro com
perna que foi atingida.

― Ahh sniper filho da puta. ― Ele se contorce deitado no chão. Mesmo


com as mãos amarradas corro de volta em direção a casa.
Como em câmara lenta um clarão invade meus olhos e a seguir um
estrondo forte se ouve e um vento forte acompanhado pelo fogo joga meu
corpo para longe, após alguns segundos minha consciência tenta se recompor
e me faz constatar o que acabou de acontecer, meus ouvidos estão zumbindo
mas é possível ouvir gritos e mais alguns disparos, ver o fogo intenso que
consome a casa de campo me faz levantar mas imediatamente meus pés
sedem e meu corpo treme ao lembrar que no meio daquele fogo existe um
serzinho, meu anjinho.
― MEU FILHO NÃO! ― arranjo uma força não sei de onde e saio
correndo em direção às chamas ― meu bebê.
Assim que saí da casa do Dante ordenei que Gonzalo desse o alerta a
todos s membros da máfia sobre o sumiço do Fabrizio, esse filho da puta não
vai escapar. Acelerei o carro nas estradas de Nápoles indo em direção a casa
dos pais dela.
Assim que chego vejo Leonardo mobilizando alguns homens que irão
nos acompanhar nas bascas. Eu sei que ele é obcecado pela minha esposa, e
se ele tocar um sequer dedo nela, hoje ele vai entender porquê que sou
chamado de figlio di Diablo. Olho em volta e não vejo Emiliano, ele deve
estar atordoado com isso tudo, afinal de contas é o pai dele.

Caminho em direção a entrada da casa, exatamente até a porta cuja foi


fechada na minha cara. Assim que entro na casa encontro a esposa do
Gonzalo chorando no ombro de uma jovem.
No centro da sala Gonzalo conversa com dois soldados, e atrás de mim
Leonardo surge com mais alguns homens.

― Agora quero saber quem deixou aqueles dois entrarem aqui? ―


silêncio vigora no ambiente ― vamos lá estou esperando. ― Um dos
soldados dá um passo a frente, e me conta como tudo aconteceu. Então
mentiram dizendo que iam levar minha esposa para um passeio por Nápoles.
E eles caíram. Tiro minha arma do coldre, mas antes de apontar e atirar a
esposa de Gonzalo intervém.

― Não senhor! Por favor. A culpa foi minha se eu não tivesse saído e a
deixado aqui sozinha provavelmente nada disso teria acontecido. Nunca vou
me perdoar se acontecer alguma coisa com eles.

― Mãe não se culpe. Ninguém sabia que uma coisa assim aconteceria.
A senhora não tem culpa de nada ― a jovem que consola a mãe diz.

― Enrico você precisa ver isso! ― ele me entregou um tablet que


apresenta um vídeo pausado ― são imagens das câmaras de segurança que
mandamos montar na casa. Dá pra ver por essas imagens que Antonelli é
cúmplice do Fabrizio, ela em nenhum momento contestou quando Fabrizio
ameaçou a irmã e o bebê ― maldita! Assim que a vir vou torcer aquele
pescoço com minhas próprias mãos. Antonelli não sabe o que a aguarda. ―
Quero que comecem a procurar por ela em cada canto da cidade, até em
baixo da terra de possível.

No mesmo instante todos saem da minha vista saindo da casa para


procurar a puta da irmã de minha esposa. Porra eu sabia que não devia ter
deixado ela sair da nossa casa daquele jeito. Ando de um lado para o outro
aguardando por notícias e nada. Já se passaram mais de três horas e nada, não
sei quantos objetos eu já joguei na parede, mas com certeza o suficiente pra
deixar minha bonequinha com raiva de mim por estar destruindo a casa dos
pais.

― Você precisa ficar calmo irmão.

― Não vou ficar calmo Leonardo. Não é você que tem sua família
desaparecida. Já agora, não passou da hora de você se casar? ― ele revira os
olhos e volta sua atenção para o celular. A cada dez minutos eu logo para
Gonzalo para saber se tem alguma informação, e nada. Sempre tive tudo sob
controle e agora é m meio a essa situação me sinto um completo inútil por
não saber como proceder.

Quando ia pegar o celular para telefonar ao Gonzalo a porta da casa se


abre abruptamente, vejo Dante entrar com uma cara péssima, ele mal digeriu
o fato de ser corno e já está aqui por causa da sobrinha.

― Onde estão minha sobrinha e meu neto Enrico ? ― pergunta olhando


em volta.

― Nós não sabemos Dante, Fabrizio e a Antonelli os sequestraram essa


tarde, estamos aguardando as buscas. Mandei fechar todas as fronteiras
terrestres e mandei homens para os aeroportos da região, as principais saídas
da cidade também foram bloqueadas.

― O quê Antonelli? ― ele me olha espantado - ela não teria coragem de


machucar a própria irmã desse jeito.

― Sinto muito mas você não conhece sua sobrinha. Ela é uma
traiçoeira, uma cobra pra ser mais específico. Não duvido nada que ela
chegou a machucar a Emanuelle de alguma forma bem de baixo do seu nariz
quando era mais jovens. ― Dante ficou tão atónito que caiu sentado no sofá.
Meu celular começa a vibrar, tiro ele do bolso e na tela aparece o nome do
Gonzalo, atendo imediatamente ― Fala Gonzalo!

― Senhor achamos a irmã da senhora Ferrari, chegamos aí em cinco


minutos. ― desliguei depois de dizer a ele que ia aguardar pela chegada
deles. Dante continua com a cabeça baixa e com as mãos na mesma.

― Tudo isso é culpa minha. Se tivesse dado um pouco de atenção pra


minha sobrinha ela não seria assim. Sequestrar a própria irmã e sobrinho? ―
ele parece pensar em algo e logo depois arregala os olhos ― é isso! Como
não pensei nisso antes.

― Isso o quê Dante?

― Logo depois que minha sobrinha se mudou para cá com meu neto, eu
coloquei uma pulseira no menino, é uma pulseira que contém um pingente
com o formato do brasão da família Mancini. Ele existe a gerações, e só é
colocada nos filhos homens. Mas a que coloquei no meu neto é diferente,
pois ele contém um chip, que mostra em tempo real a sua localização e seus
batimentos cardíacos. Ele tem um localizador.
― E só agora você me diz isso porra. ― Dante retira seu celular, coloca
a senha, aguardamos cerca de cinco minutos e imediatamente o celular
mostra em tempo real a localização do meu filho, e no momento seus
batimentos cardíacos estão normais. E pela localização ele está no estremo
sul da Calábria, numa zona florestal e montanhosa. O localizador diz que
estão numa propriedade que pertencia a família Sanches, ou seja, os avós
maternos da minha esposa.

Sem esperar mais arrumo minhas armas, e coloco um colete a prova de


balas, pelo rádio chamo mais alguns homens para me acompanharem, os
outros nos encontraram pelo caminho. Quando ia dar a volta para sair da
casa, Gonzalo entra segurando com sua mão o pulso da desgraçada da
Antonelli, antes que alguém pudesse dizer alguma coisa dou um soco na cara
da puta que imediatamente gritou e se encolheu.

― Sua maldita! Sua sorte é que agora estou com pressa, mas quando eu
voltar vou cortar cada pedaço seu e dar para os cachorros ― Vocifero na sua
cara cheia de modificações estéticas ― e farei a mesma coisa com o lixo do
seu comparsa. Desta vez vocês não escapam.

― O...que eu fiz Enrico? Do que você está falando ― estou vendo tudo
vermelho que nem penso duas vezes até acertar outro soco na cara dela,
sangue sai pela boca e ela tosse sem parar.

― Enrico para. Você nem tem certeza se Antonelli realmente está


envolvida nisso ― Dante se agacha para abraçar a sobrinha ― querida o que
o capo está dizendo é verdade? Por favor fale a verdade.

― Não tio. Isso é tudo mentira. Eu nunca faria mal a minha própria
irmã. Apesar de não nos darmos bem eu não chegaria tão longe.

― Não tenho tempo para ouvir seu discurso. Vou buscar minha esposa e
meu filho, se prepara porque se eu apanhar um arranhão que seja num dos
dois, pode acreditar que eu vou te esmagar como uma barata. ― ela me olha
espantada ao constatar que já sei do paradeiro deles. ― ficou surpresa ? Eu
sei muito bem onde estão a mantendo escondida. ― ela finalmente se entrega
ao esboçar um sorriso maquiavélico no rosto.
― A essa altura Fabrizio deve estar bem longe com ela. Seu querido
filho e sua mãe já devem ter explodido junto com a casa ― Dante solta seu
corpo com uma cara cheia de repúdio, decepção e outros sentimento que não
posso decifrar ― você pode não ficar comigo Enrico, mas com ela você
também não fica. Sofrermos todos até a morte nos abraçar.

― Sua maldita ― chuto seu estômago e ela vai longe se esbarrando nos
móveis até cair no chão e se contorcer de dor. ― Vamos embora, quando eu
voltar quero essa mulher no calabouço. E se por um segundo ela der indícios
de fuga atirem nas duas pernas dela. ― os soldados responsáveis por levá-la
assentem e saem com ela.

― Enrico! Você não pode fazer isso comigo. Eu te amo meu amor,
vamos nos entender esquece a tonta da minha irmã. ― ela grita para todos
presentes ouvirem ― Enrico.

Nesse momento estamos percorrendo o caminho em direção a casa de


campo onde está minha família, o céu nublado reflete exatamente meu estado
de espírito nesse momento, ou seja, nada bom. Foi mobilizado um bom
número de soldados, porque não sabemos o que nos espera. Leonardo
resolveu me acompanhar, mas Emiliano decidiu se afastar, ele se sente um
traidor graças ao pai. Depois de resolver isso eu vou buscar meu sub de volta.

Saio do meu devaneio quando nossos veículos são recebidos por uma
grande quantidade de disparos vindo da propriedade que já é possível avistar
a uns cem metros daqui. Saio do carro com meu rifle posicionado e pronto
para o contra ― ataque. Nós espalhamos pelo terreno assim como
combinamos na nossa estratégia de combate. Pelo que vejo Fabrizio já
esperava por nós, minha preocupação no momento é chave até o interior da
casa de madeira, é de onde o localizador está emitindo sinal.
Gonzalo e alguns homens fazem minha cobertura enquanto eu me
concentro só em chegar na casa. Se aquele filho da puta tiver a tocado, vou
colocar vermes para o comer.

O lugar virou um verdadeiro campo de batalha, sangue para todos os


lados, explosões e disparos que não cessam. De longe vejo um corpo que
conheço muito bem sendo arrastado em direção ao helicóptero que já se
encontra com as hélices girando pronto para decolar, e meu filho não está
com ela. Sinto um aperto no coração ao imaginar o que teria acontecido,
quando ia sair atrás dela Gonzalo me travou.

― Senhor vai atrás do seu filho. Deixe que o sniper cuidar da sua
esposa, ela não vai sair daqui, nesse momento tem um rifle apontado para o
Fabrizio. ― um misto de espanto e alívio percorre meu corpo ao saber disso,
não valeu onde Gonzalo achou Dominic mas foi um decisão sabiá o trazer pra
cá, é sempre bom ter alguém vistoriando o lugar pelo alto.

― Avise ao atirador que quero ele vivo ― meu chefe de segurança


assente e continuamos a percorrer o caminho até a entrada da casa. Tiro a
lanterna para iluminar o lugar que está envolvido no escuro, sigo as
coordenadas do localizador, o desgraçado deixou meu filho num porão, num
maldito porão. Respiro fundo para não perder a cabeça, o piscar de uma luz
vermelha chama minha atenção vou até ela e meus olhos contemplam um
explosivo que já se encontra programa para explodir daqui a cinco minutos e
pelas ligação feitas tenho certeza que esse não é o único. Não sou especialista
em bombas por isso prefiro não arriscar.

― Gonzalo Vamos logo, esse lugar vai explodir em poucos minutos.


Anda logo ― arrombamos a porta do porão, logo na entrada vejo minha mãe
deitada no chão amarada nos pés e nas mãos, Gonzalo diz que vai levá-la e eu
procuro por meu filho, não demora muito e ouço seu choro estridente em
algum canto, sigo o choro e finalmente o acho deitado num berço, as pressas
seguro ele e saio correndo.

Meus pulmões queimam e minha garganta reclama pelo esforço que está
sendo feito pelas pernas, corro o mais rápido que posso, e de repente só
jogado para longe, seguro meu filho com força de forma a não sair
machucado na queda, caio de costas na grama e pelo impacto da queda sinto
o sangue na minha boca. Apesar da dor nas costas consigo levantar e me
sentar para olhar meu filho que nesse momento se encontro quieto me
observando, como se nada tivesse acontecido.

― Sem dúvidas você será o melhor líder da máfia que o mundo alguma
vez verá.
Os nós que estavam me apertando já se desfizeram e eu continuo minha
dolorosa caminhada em direção a casa que está em chamas.
Eu falhei! De novo, eu não sei porquê a morte persegue a todos que
amo. Meus dedos trémulos limpam as lágrimas. Minha vida não faz mais
sentido sem ele.

― EMANUELLE ― escuto uma voz familiar gritando meu nome, não


dou atenção continuo minha jornada de ir até às chamas ― por favor não faça
isso. Não faça nada que vá te machucar.

― Mas machucada do que já estou? Meu filho se foi Leonardo.

― Claro que não Emanuelle. Seu filho está bem ali, com o pai dele ―
meu coração dá um pulo, meus olhos piscam várias vezes cada vez que
minha cabeça vai virando em direção ao Leonardo que aponta para o outro
lado, onde de longe vejo Enrico com um embrulho numa manta azul para
bebê, ele fica tão pequeno envolto naqueles braços grandes, Enrico está
parado me olhando. Me desmancho em um choro de felicidade, corro com
tudo até eles e cada passo é como se meu corpo fosse se libertando de cada
tonelada de desespero.
― Meu filho! Meu bebê. ― seguro sua mãozinha e acarício seus poucos
cabelos escuros, Enrico coloca ele no meu colo e planta um beijo na minha
testa. ― obrigada, nunca vou parar de te agradecer Enrico.

Estou tão fora da realidade comtemplando meu filho quando vi, estava
sendo carregada pelos braços fortes do meu marido junto com meu filho no
meu peito. Estou tão cansada que nem reclamo, apenas descanso minha
cabeça em seu peito.

― Vamos para casa bonequinha. Para nossa casa.


Nunca pensei que torturar alguém podia chegar a ser tediante em algum
momento, mas ver os corpos deploráveis a minha frente, me faz pensar
melhor nisso. Eles estão com os pés mais pra lá do que para cá. Não vou os
matar, digamos que a vida irá se esvair deles de forma natural. Se você quiser
torturar alguém sem exatamente matar é só aplicar as leis da distanásia, ou
seja, procure os meios certos para os manter vivos mesmo que seus corpos
queiram perecer pelo tempo que você quiser.
Dou mais uma olhada para a cara desfigurada de Antonelli, ela mal
consegue respirar, sua garganta acumula os gritos que não pode soltar, porque
sua língua foi decepada, e seus dentes caninos também foram arrancados com
o alicate sem precisar de nenhuma anestesia. Ela está tão branca por causa do
sangue perdido que acho que seu corpo está morto mas sua mente não
consegue aceitar.

Essa maldita cobra, estava de baixo do meu nariz esse tempo todo, não
só ela mas o lixo pendurado ao lado dela também. É sempre bom cortar o mal
pela raiz. Eu sempre soube que Antonelli era ardilosa, manipuladora,
gananciosa e interesseira, nunca me preocupei com isso, afinal de contas faço
parte de um meio cujos principais comportamentos das pessoas são
exatamente esses. Nunca imaginei que a maldita teria coragem de me
enfrentar e arquitetar aquele acidente que matou Geovana e meu filho. Eu
nunca senti nada profundo pela Geovanna, mas perder meu filho mexeu
comigo na época.

Me volto para mesa que exibe todas as ferramentas de tortura, já usei


quase todos nesse calabouço. Resolvo levar o martelo, que faz estragos
caóticos, para além de ser primitivo, combina muito bem com meu humor do
momento depois de mais uma vez ter sido rejeitado pela minha própria
esposa. Porra! Essa mulher está me enlouquecendo. Para não ter mais uma
noite frustrada pela falta de sexo volto minha atenção para Fabrizio que se
encontra pendurado pelas mãos pelas correntes grossas revestidas de arame
farpado. Não entendo isso ainda não arrancou suas mãos. Assim que ele se
apercebe que estou me aproximando seu corpo nu se agita e do que restou do
seu pênis sai uma urina misturada com sangue.

― Ahh Fabrizio, você provocou a pessoa errada meu caro ― seguro no


martelo que deve pesar cerca de três quilos e desfiro um golpe forte em seu
joelho. Ele grita e me insulta com todos os nomes possíveis. Antes que seu
corpo pudesse se acostumar com a dor do primeiro golpe, acertei outra
martelada no outro joelho. Seus pés tremem pois já não conseguem se manter
firmes, mas quando ele sede e apoia o peso do seu corpo nas mãos
acorrentadas ele se arrepende porque o arrame não para de cortar seus pulsos.
Após me divertir até cansar, decido que está na hora de irmã embora.
Não quero chegar tarde em casa pra minha bonequinha achar que eu estava
com alguma mulher, foi a mamma que me alertou sobre isso a dias atrás.
Desde o sequestro minha esposa e ela andam bem próximas.

― Deixem esse dois aí definhando e apodrecendo. Quando estiverem


mortos me avisem. Eu mesmo virei me certificar para que não hajam mais
erros.
Dois meses depois
Emanuelle Mancini

Olho a brisa noturna enquanto meu corpo descansa em uma cadeira


reclinável na sacada do meu quarto. Enquanto aprecio a lua minha mente
insiste em me levar de volta para os acontecimentos de um passado recente,
tão recente que chego a piscar os olhos várias vezes para acreditar que aquele
pesadelo acabou. Não suportaria passar mais por aquilo, minha mente não ia
suportar mais. Apesar de tudo uma tristeza me assola ao lembrar que minha
irmã não se encontra mais entre nós, ela não teve nenhum enterro, nem ela
nem Fabrizio. Tudo sobre eles foi apagado, como se nunca tivessem existido.

Quando Enrico me contou que minha irmã estava morta eu achei que
aquela notícia não me abalaria, mas eu estava completamente enganada,
naquela mesma noite na companhia do meu travesseiro eu chorei feito uma
criança, não por ter perdido uma irmã e sim por ela ter morrido por motivos
que me custam acreditar, por ter morrido por causa da sua ganância e
soberba. Chorei porque sabia que se nosso pais estivessem vivos ficariam
tristes com ela. Mesmo sobre os protestos de Enrico pedi para que meu tio
fizesse uma lápide com o nome dela bem do lado dos nossos pais para que as
pessoas soubessem que alguma vez já existiu uma Antonelli Mancini, minha
irmã.

Suspiro e ao mesmo tempo avisto o comboio de carros entrando na


propriedade. O que significa que está na minha hora. Porque sei que ele vai
insistir mais uma vez dizendo que me ama e que tem saudades minhas. Eu
não sinto mais raiva de Enrico, mas nem por isso eu confio nele. Sua natureza
não o deixa ser delicado nem com as palavras e muito menos com suas ações,
ele ainda é um homem a ser moldado.
Todos não param de me encher dizendo que eu devia dar um voto de
confiança nele, mas aquele lado que sente medo dele voltar ao que era antes
não deixa.

Caminho de volta ao quarto mais antes disso fecho as portas, arrumo a


enorme cama e finalmente me jogo nela, olho a babá eletrônica e vejo meu
filho dormindo como o anjinho que é, ele brincou demais hoje e está cansado.
Enquanto o observo meus olhos vão se fechando.
Acordo ao sentir o perfume característico no quarto e uma mão enorme
na minha cinturaa. Seu ronco é o único som que se ouve no quarto. Nós não
dividimos mais o mesmo quarto e muito menos a cama. Não entendo o que
ele está fazendo aqui.
Tento me soltar mais ele é mais forte mesmos dormindo e bêbado, o
hálito forte de álcool chega às minha narinas.

― Enrico por favor me solta e sai do meu quarto, já falei que não vamos
mais dividir o mesmo quarto ― ele resmunga, se mexe até que gruda seu
corpo semi nú e forte nas minas costas. Fazendo com que fiquemos de
conchinha e pior encostando seu membro no meu bumbum. Sem mais opção
também tento dormir.

Sinto a luz do sol invadindo o quarto, e mas uma vez praguejo


internamente por ter esquecido de enviar fechar as janelas ontem de noite.
Um toque no meu seio me faz abrir os olhos imediatamente a tempo de ver
Enrico querendo me beijar, como de costume eu desvio a cabeça sem falar
nada. Em seus olhos vejo frustração camuflada com desejo e seu espírito
egocêntrico.

― Emanuelle eu já te dei tempo demais. Estou praticamente a um ano


sem sexo porra. ― ele vocifera como se a culpa disso fosse minha. Mas ao
ouvir isso um canto do meu coração se alegra em saber que ele não ficou com
ninguém nesse tempo todo. Antes que ele pudesse continuar com a tentativa
de beijo saí da cama peguei meu robe, hoje meu filho tem uma consulta de
rotina e não vou me atrasar. Mesmo estando no outro quarto é possível ouvir
ele gritar e socar a parede. Homens como ele não mudam, já aceitei isso.

Após arrumar meu anjinho e me arrumar também saímos do quarto indo


em direção ao andar de baixo pra tomar o café da manhã. E para minha
surpresa Enrico está sentado tomando uma xícara de café. Raramente Enrico
toma o café da manhã na nossa companhia, sempre soube que ele era um
homem ocupado não estou entendo sua atitude.

Sem falar nada me sento no meu lugar habitual, a babá contratada sem a
minha permissão pega no meu filho com a intenção de sair. Não permito,
Enrico a fuzila com os olhos deixando a moça tão trémula que tenho medo
que ela deixe cair meu filho.
― Enrico por favor. Você me prometeu que ia mudar, porquê não posso
tomar café da manhã na presença do nosso filho? ― ele dispensa a babá e
segura nosso filho no colo. Tomo meu café da manhã enquanto seus olhos
estão atentos a cada movimento meu, meu filho continua quietinho depois de
tomar a mamadeira. ― porquê está me olhando assim Enrico?

― Porque sou seu marido, e tenho todo o direito de fazer isso. Já agora
você está ainda mais linda hoje ― ele nunca me elogiou tanto como faz nos
últimos dias. Minha auto estima anda muito alta, e tenho me cuidado mais ―
quando você vai me deixar ver o que está debaixo desse vestidinho ― ele
fala essa última palavras praticamente rosnando. Se tem uma coisa que
aprendi durante esse tempo de casada é que ignorar ele é a melhor coisa a se
fazer.

― Eu irei a consulta com Vocês ― não protestei. Tanto o caminho até o


hospital tanto a consulta correram muito bem, segundo o médico meu filho
está forte e saudável como sempre.
Saímos da sala do pediatra, mal consigo esconder o sorriso depois de lá
dentro Enrico ter feito uma cena de ciúmes, só porque o médico era jovem
demais.
Estranho quando ao invés de irmos ao estacionamento subterrâneo onde
deixamos o carro o elevador parra no tério do edifício, Enrico não diz nada
apenas mantém sua mão na minha cintura enquanto caminhamos até a saída
do hospital. O segurança abre a porta mas no momento que eu estava
pensando em entrar um barulho estridente de pneus de carro no asfalto da
estrada me fez entrar em alerta, de repente dois tiros foram disparados, estou
tão concentrada olhando o carro indo embora que não percebo que tem um
homem ferido deitado no chão e cheio de sangue.

― ENRICO ― grito pó ele esse homem que levou o tiro, sua camisa
branca está completamente vermelha com seu próprio sangue. ― façam
alguma coisa por favor, chamem um médico. ― Os seguranças me seguram,
e tiram meu filho dos meus braços, nunca pensei que choraria por ele, o ver
ferido desse jeito numa maca e com vários médicos e enfermeiros a sua volta
está partindo meu coração.

A espera está me matando, já passaram cinco horas e até agora nenhuma


notícia dos médicos. Emiliano e toda família do meu marido está aqui
também. Nunca me senti tão agoniada e desesperada como agora, eu não sei
o que está havendo comigo, o ver assim é como se algo em mim tivesse
despertado, algo que para mim ainda é o desconhecido. Será que eu? Não,
não é impossível, não depois de tudo o que ele fez comigo.

― Familiares de Enrico Ferrari. ― todos nós levantamos ― o paciente


se encontra estável, a cirurgia para remover as balas foi um sucesso. Ele vai
ficar um tempo com o braço esquerdo imobilizado. Agora ele se encontra na
terapia intensiva. Aguardaremos vinte e quatro horas para ver se o estado dele
evoluí.

Após permanecemos alguns horas no hospital todos insistiram que eu


devia ir embora para descansar, mesmo com meu coração apertado eu fui
embora. E durante o caminho pra casa eu não parava de pensar em como
seria minha vida no final, porque querendo ou não eu sou esposa de um
mafioso. Um homem que me magoou da pior forma possível, mãe ao mesmo
tempo ele é o homem que me deu um lindo presente, nosso filho. O que eu
faço?

Duas semanas depois

Passam duas semanas desde o atentado que ainda não me foi muito bem
explicado as razões e muito menos os autores. Enrico ficou apenas três dias
internado no hospital, e depois voltou pra casa. O médico recomendou
descanso, boa alimentação e ele ficará bom logo. O braço continua
imobilizado por isso eu faço de tudo para impedi -lo de carregar peso ou
fazer grandes esforços. Toda vez que ele pede minha ajuda com o banho eu
praticamente fico igual um tomate por vê-lo nú, até agora eu acho um
exagero mas médico garantiu ser necessário.
Após recolher todo o café da manhã dele seguro na bandeja e abro a
porta do quarto. Ele continua deitado olhando para alguma coisa lá fora.
Assim que nota minha presença ele se vira e sorri para mim, e mais uma vez
meu rosto cora violentamente.

― Bom dia amore mio.

― Bom dia Enrico trouxe seu café. ― desdobrei os pés da bandeja e a


coloquei por cima da cama ― bom apetite, eu vou tomar banho. ― seu olhar
é enigmático sobre meu corpo. Antes de desmaiar de vergonha saio correndo
para o banheiro mesmo depois de fechar a porta é possível ouvir sua
gargalhada. Tiro o robe e a camisola, entro no box e imediatamente os jatos
de água morna escorrem por meu corpo. Me agacho para lavar meu pé, e
tomo um susto ao sentir alguém atrás de mim .

― Porra bonequinha, que saudades ― tento me desvencilhar mais ele é


mais forte, me segura por trás e roça seu membro ereto no meu bumbum
enquanto suas mãos massagem meus seios cheios. Uma sensação
maravilhosa percorre meu corpo que não consigo mas o impedir, ele torna a
deixar meu corpo agachado e quando ia protestar sinto sua língua passando
pelas minhas dobras ― fica quieta. Hoje eu como essa buceta.

Nunca imaginei que fosse gemer tanto assim, sua língua me chupa tão
bem que de forma automática meu corpo se mexe no ritmo das suas
chupadas. Gemo como uma sem vergonha, mas não ligo a sensação que está
se aproximando é tão boa que pouco me importo com o mundo nesse
momento, ele penetra o dedo na minha intimidade ao mesmo tempo que
chupa meu clitóris solto um grito, e como uma carga elétrica meu corpo se
desmancha em espasmos consecutivos de prazer, estou tão trémula que é
necessário que ele me segure para não cair.

Tento acalmar minha respiração, enquanto Enrico sorri na curva do mês


pescoço.

― Enrico o que foi isso?

― Isso bonequinha foi orgasmo. Então gostou? ― mesmo com


vergonha assinto e ele solta uma risada gostosa. ― vem vamos gozar mais na
cama.

― Seu braço! ― o advirto enquanto ele me suspende em seus braços.

― Você é tão bobinha amorzinho. Você sempre foi minha, e nada nem
ninguém vai mudar isso. Te amo.

Fim.
Enrico Ferrari
A visão que tenho da minha esposa sentada em cima de mim cavalgando
do jeitinho que a ensinei me faz me auto questionar porquê nunca notei que
ela é uma depravada na cama. E porra ela é estupidamente tão fogosa, uma
verdadeira safada, se esconde por trás desse carrinha de menina.

― Isso bonequinha mais rápido ― minhas duas mãos apertam e


estapeiam sua bunda grande e deliciosa ― você é tão gostosa amor, isso,
rebola no seu homem amor, Ohh porra ― dou mais tapa estalado na bunda
dela, enquanto ela rebola, seus lábios soltam gemidos, baixinhos e seus seios
acompanham os movimentos de vai e vem, vou levar essa visão quando for
para o inferno.
A coloco de quatro e sem demora penetro em seu canal.

― Ah Enrico! ― seus gemindo tímidos me deixam ainda mais extasiado


por isso estoco com mais força. Nossos corpos se encontram banhados se
suor, e saber que ela sente prazer me deixa ainda mais duro. ― mais rápido
por favor.
― Safada ― bato em sua linda bunda que imediatamente fica
vermelhinha que minha mão marcada nela. Após mais algumas estocadas
ela gozou tão forte que caiu desmaiada na cama.

Arrumo a cama, e ajeito minha bonequinha em meus braços. Desde a


primeira gozada ela se transformou numa ninfomaníaca, uma verdadeira
insaciável por sexo.
Agora estamos bem, ela finalmente percebeu que não havia saída a não
ser levar nosso casamento para frente. Fiquei meses atrás dessa coisinha, tive
até que falsificar o atentado só para ela me dar atenção, e essa última
estratégia funcionou. Nunca contei para ela e nunca vou contar que na
verdade eu não recebi tiro nenhum, aquilo foi só uma encenação para ela se
preocupar comigo, os tiros que foram disparados não me acertaram, tive que
fazer um e outro corte para que ela não estranhasse o fato de não haver
nenhuma cicatriz.

Emiliano e Leonardo ficaram contra esse meu plano maluco, mas


Gonzalo me ajudou, ele e sua esposa queriam que eu e minha bonequinha
ficássemos juntos. Ela me rejeitou o muito tempo mas quando me viu deitado
no meio da estrada supostamente sangrando eu percebi que todo aquele
ressentimento já tinha ido embora dando lugar a preocupação.
Aproveitei ao máximo minha suposta debilitação, ela fazia todas as
minha vontades. Bobinha!

A máfia cresce a cada dia que passa e dessa forma meu poder só
aumenta, agora domino toda a Itália.

Olho para seu rosto, ela está dormindo tão profundamente enquanto da
sua boca saem suspiros baixinhos, lembrar da sua boquinha chupando meu
pau mais cedo invade minha mente fazendo meu pau despertar
imediatamente.

― Acorda bonequinha, vamos continuar de onde paramos.


A ansiedade é tanta que ando de um lado para o outro enquanto Enrico
me olha bufando só porque não aceitei transar com ele durante o banho, mas
como podia com tanta ansiedade. Já passa muito tempo desde que vi minha
amiga, graças a ela eu estou aqui em agora.

― Vai acabar abrindo um buraco no chão da sala bonequinha ― reviro


os olhos pra ele e continuo meus movimentos. Hoje vou rever as pessoas
mais importantes da minha vida. Rosa Angélica, que deve estar chegando
com o esquisito do marido dela.

Meu tio e meus primos também estarão presentes, tio Dante se divorciou
recentemente da tia Graziela, eu entendo depois de tudo o que ela fez no
passado e também por ter se calado sabendo quem era o culpado que
provocou o acidente que tirou a vida dos meus pais. Ela me pediu desculpas
por isso e também por ter me acusado durante anos pela morte de Geovanna,
a garanti que não guardava rancor, eu apenas queria seguir minha vida com
pessoas que realmente me amam. Não sei como mas Donatella e Leonardo
ficaram noivos, fiquei tão feliz por eles, Donna sempre me disse que era
apaixonada por um homem proibido e agora eu entendo o motivo disso.
Minha sogra e eu estamos mais próximas que nunca, nos tornamos
amigas e ela é uma grande avó, juntas nós comandamos o comitê das
mulheres da Ndrangueta, para mim foi uma surpresa quando ela me convidou
pra fazer parte sendo a líder a do grupo, ela é uma grande apenas estava
magoada com tudo o que houve.

Ouço a campainha tocando coro em espectativa mais quem está do outro


lado são Violetta e Gonzalo, que a cada dia se tornam o casal mais lindo que
já vi, logo atrás dele surgem Emiliano e Petra.

― Sua barriga está tão grande amiga! Eu acho que são gêmeos.

― Eu já disse para ela mas não acredita ― Emiliano diz nos fazendo rir.
Depois de muitas tentativas e tratamentos ela finalmente conseguiu
engravidar. E está tão radiante.

Apesar de tudo o que aconteceu todos seguiram um rumo em suas vidas.


Até eu, depois de vários meses de negação finalmente aceitei tentar ter um
casamento normal com Enrico. Ele tem se mostrado um ótimo pai, é
atencioso comigo, tão atencioso que ate agora não acredito que ele lembrou
do meu aniversário hoje e ainda propôs esse jantar, e como presente ele
mandou abrir uma galeria onde vou poder expor todos os meus quadros,
chorei tanto essa manhã, foram muitas emoções para mim, ele é um ótimo
amante na cama. Na verdade nunca tive outros homens para comparar mas
com certeza estar com ele é excepcional, ele me ama e me possui com tanto
fervor e paixão que fica impossível não acabar gostando de ficar o tempo
inteiro transando, nunca pensei que poderia sentir tanto prazer.

Depois de alguns minutos, uma linda loira vestida elegantemente


aparece a minha frente sorrindo.

― Rosa Angélica! ― ando até ela e sem esperar nos envolvemos num
abraço forte.

― Oi amiga! Senti tantas saudades ― nós duas choramos de emoção ao


ver nossos três filhos se abraçando, Enrico já é um rapazinho de um ano.
Acaricio a barriga da minha amiga enquanto conversamos amenidades,
lamento bastante por Sasha não poder aparecer aqui. Mas quem sabe um dia
eu possa ir a visitar.

Antes do jantar ser servido todos se reúnem no salão de refeições e


cantam um feliz aniversário bem forte para mim, me emociono tanto porque
nunca tive uma comemoração de aniversário como essa, cheia de amigos e
conhecidos. Fico triste ao lembrar que não só eu faço anos mas também
minha irmã, na adolescência Antonelli fazia festas em todos os aniversários,
mas eu não me sentia a vontade para festejar porque me sentia deslocada no
meio que ela frequentava.

Após horas de conversas, risadas e danças, finalmente todos foram


embora. Coloco meu anjinho no berço, enquanto ele sorri, deve estar tendo
um sonho muito bom. Caminho até o quarto tomo um banho e coloco uma
camisola.

― Feliz aniversário amorzinho ― de repente uma caixa contendo um


colocar banhando de ouro branco e cravejado de diamante é colocado diante
de meus olhos, é tão lindo e brilhante que parece que as pedras ganharam
vida próprio no escuro do quarto.

― Mais um presente? ― Pergunto enquanto ele coloca o colar no meu


pescoço.

― Você merece isso e muito mais amor. Vou te presentear para sempre.
Te amo. ― Eu tento responder mas as palavras ficam presas na minha
garganta, eu sei que sinto alguma coisa por ele, será que é amor? ― Está tudo
bem? ― Saio dos meus pensamentos com sua pergunta.

― Sim estou. Enrico eu não sei o que é isso o que sinto por você, mas é
algo forte que mal cabe no meu coração. Nunca tive uma experiência para
debate dizer se isso é amor ou outra coisa. Eu eu.. estou apaixonada por você,
disso eu tenho certeza. ― Ele alisa a pele corada da minha bochecha.

― Não precisa dizer nada amor, o mais importante é eu te amar. O amor


que sinto por você é suficiente para nós dois, não preciso que me ame, só que
sinta que eu a amo. Você é minha.

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