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1 ª Edição
Nunca na minha vida pensei em sentir o que estou sentido nesse momento,
nem quando meu papa se foi eu me senti assim é impossível descrever o que
meu corpo e mente estão processando neste instante, é como se eu estivesse
perdido no tempo e no espaço, sinto que minha razão está esvaindo de mim,
meu corpo não consegue se localizar e o odor de sangue dos meus inimigos
preenche minhas narinas. Puxo o ar que mal havia percebido estar preso nas
minhas vias respiratórias, era para o dia de hoje ser como outro qualquer. Até
a notícia do sucedido ter chegado aos meus ouvidos.
Estou dirigindo feito um descontrolado, mas é assim que me sinto. Sem
sombras de dúvidas se estivesse torturando algum inimigo seu sopro de vida
não passaria de dois minutos, a adrenalina ainda percorre meu corpo de forma
intensa. Quando ela saiu hoje cedo e falou que iria buscar a tal da prima não a
impedi, não entendo como o acidente aconteceu, mas ela é teimosa, preferiu
arriscar não só a própria vida mas também a do nosso filho, o meu herdeiro.
Tudo por culpa daquela pirralha que não tem mais nada pra fazer além de
ficar atormentando minha esposa.
Ainda lembro de suas últimas palavras ao sair de casa ela disse eu te amo,
não sou um homem emotivo fui criado para ser assim frio, calculista,
torturador entre outros adjetivos que um mafioso possa adquirir ao longo de
sua vida.
Horas antes
Emiliano me mandou por email as novas possíveis rotas alternativas para o
escoamento das drogas no norte da Itália, especificamente a partir do porto de
Tirreno, precisamos aperfeiçoar o nosso esquema e a nossa maior vantagem
é o fato da Itália ser banhada pelo oceano, por isso o transporte marítimo é
mais vantajoso para nós. Sento na minha poltrona virada para a mesa de
mogno onde um grande mapa digital da Itália esboça o território no seu todo,
suas regiões, províncias, cidades até os mais ínfimos povoados, ouço alguém
bater a porta.
— Entre! — Espero ver quem é, vejo minha esposa entrando com sua
barriga de seis meses, carregando meu herdeiro. Ele será igual a mim,
destemido, respeitado e com certeza deixará um grande legado como todos os
capos que me antecederam.
— Bom dia. Só vim avisá-lo que o café da manhã está servido. — Isso é o
que mais gosto na Geovanna apesar de ter levado um tapa ontem por ter
gritado comigo e me chamado de infiel, ela sabia com quem estava se
casando não deixarei de foder outras mulheres prontamente disponíveis para
mim só porque estou casado, mas no fim continua sendo a esposa mais
prestativa tal como foi ensinada a ser.
— Que prima? — Eu não convivo muito com a família dela por isso não
conheço ninguém além dos pais e de Ettore.
— A Emanuelle, ela é irmã gêmea de Antonelli, elas moram lá em casa
desde crianças quando ficaram órfãs.
— Certo, pode ir. Você tem três horas para estar em casa. Falarei com
alguns soldados e o motorista para que a acompanhem. — Limpo meus lábios
e saio da mesa em direção ao quarto, preciso me arrumar para ir até a sede,
encontramos dois infiltrados a dois dias na segurança da sede da máfia, não
entendo o que eles pensaram quando resolveram se infiltrar justo no meu
território, eu domino toda Calábria ninguém sai ou entra sem que eu saiba.
Neste Momento
O percurso dos longos corredores desse hospital nunca pareceu extenso
como agora, longos minutos depois estávamos eu Leonardo meu irmão e
consigliere, Emiliano meu sub, quando recebi a notícia do incidente os dois
estavam na sede da máfia também. De longe vejo Graziela mãe da minha
esposa chorando inconsolável nos braços do filho, elas eram muito próximas.
— Como ela está? — Pergunto sem rodeios.
— Os médicos não deram notícias ainda, Emanuelle já foi transferida para
o quarto, ela não teve ferimentos graves já a Geovanna continua na sala de
cirurgia. — Ettore fala de cabeça baixa, ele é um dos poucos homens que
transparece bondade na máfia.
— É tudo por culpa daquela garota, juro por Dio que se acontecer alguma
coisa com a minha filha eu acabo com aquela bastarda. — E agora as
lembranças invadem minha mente mas exatamente na hora de hoje cedo
quando minha mulher avisou que iria buscar uma tal prima.
Aguardamos na sala de espera por mais de uma hora e finalmente os
médicos saem e nos dão a notícia que abalou a todos principalmente a mãe.
Se passou uma semana desde que enterrei minha esposa e filho, apesar de
tudo a morte dela de certa forma me deixou inquieto, ela era mãe do meu
filho, meu herdeiro. Geovanna trazia paz e harmonia para essa casa e
principalmente ela era a parte humana do nosso casamento.
Mas se aquela garota não a tivesse chamado ela estaria aqui viva, a perícia
não descobriu nenhuma falha mecânica ou sabotagem no carro, segundo um
dos seguranças aquela menina convenceu minha esposa a ir no mesmo carro
pois ela tem medo de ficar perto de homens desconhecidos, e assim tudo
começou.
Faz dias que estou a monitorando, ela está em coma, nunca a vi mas
descobri que ela é filha do ex chefe do clã dos Mancini, ela não sabe o que a
espera, não vou a matar mas vou fazer com que sofra um período de sua vida,
o pai da minha falecida esposa veio interceder por ela porque ele já sabia que
eu não deixaria a morte do meu filho passar em pune, então o tranquilizei e
informei que não iria a matar, mas com certeza o que farei com ela irá mata-
la aos poucos. Alguém bate a porta e autorizo sua entrada.
— Leonardo me diz que tem alguma coisa para mim.
— Tenho sim irmão, aqui está a ficha completa de Emanuelle Mancini. —
Seguro no portfólio e começo a ler, ela não tem nada de interessante, hoje é
só uma adolescente de 17 anos que gosta de pintar e desenhar, é órfã de mãe
e pai, tem uma irmã gêmea.
Não tem amigos nem namorado. Porquê eu ia querer deixar uma coisa
dessas viva? Se a matar provavelmente ninguém sentirá sua falta excetuando
o tio claro que até agora é o único que mostrou interesse por ela. Esfolheio
mais algumas páginas e paro numa que chama minha atenção. Uma foto dela,
isso sim chamou minha atenção, cabelos castanhos quase ruivos, boca
pequena, seios cheios e corpo de tirar o fôlego, sem dúvidas ela não tinha a
genética magérrima da família da minha esposa, ela é bem gostosinha para
idade dela. E então uma ideia surge.
Falando nela desde que me internaram aqui ela nunca veio me ver, será
que ela também ainda me culpa pela morte da Geovanna? É claro que sim,
até eu mesma continuo me sentido culpada, se eu não a tivesse chamado por
causa de um mal entendido meu, até hoje ela estaria aqui feliz com o
bebezinho dela, sinto meus olhos marejados, é assim sempre que me lembro
que ela tinha um ser pequeno em sua barriga. Isso me corrói todos os dias da
minha vida, agora todos me odeiam menos tio Dante e Ettore pois eles são os
únicos que vêm aqui me ver e conversar comigo, se não fosse por eles e pela
Melina que me incentivam a dialogar provavelmente eu já teria perdido a
fala.
— Assim você vai fazer um buraco no meio da grama. — Diz Melina atrás
de mim. Não dou atenção e continuo andando de um lado par o outro.
— Porquê eles estão demorando? Eles nunca se atrasam. Será que eles não
vêm?
— Se acalma, claro que eles virão. — E assim que me viro para a direção
da porta dos fundos da casa os vejo vindo em minha direção.
— Tio! — Grito correndo em sua direção. Assim que chego perto o abraço
e ele também me recebe com um forte abraço. — Senti tantas saudades.
— Claro que senti. — Saio de perto do tio Dante para abraçá-lo e sou
surpreendida quando meu corpo é suspenso do chão. Ele é mesmo muito
forte, por isso tem tantos músculos. — Porquê demoraram? Já estava achando
que não viriam.
— Claro que não, nunca ia deixar de vir ver minha prima. — E de repente
uma tristeza se apodera de meu coração porque lembrei que tenho uma irmã
que não quer saber de mim.
— Sua irmã não pôde vir, ela não está na Itália minha filha, ela viajou a
trabalho com... — meu primo solta uma tossida fazendo meu tio parar de
falar.
— Claro que não querida, é só impressão sua. Está tudo em ordem minha
filha .
Resolvo mostrar para ele a nova versão que fiz na pintura do jardim,
porque já o pintei várias vezes, então mudo só as cores o tipo de tela e a
visão. Não tem muita coisa para pintar aqui, por isso passo a maior parte do
tempo decorando os rostos de todos aqui para depois pinta-los, só nunca
pintei o meu.
— É lindo! — elogia meu tio. — Sua mãe deve estar muito orgulhosa de
saber que tem um filha tão talentosa qua to ela seja lá onde ela estiver.
— Obrigada tio. Vocês dois têm ajudado muito, eu não sei como
agradecer. — Sinto meus olhos marejados. Ettore diz alguma coisa engraçada
e então o choro que queria vir não passou de uma sensação.
— Nã...
— Tire essas mãos imundas de cima dela. — Ele imediatamente tira a mão
do meu ombro depois de ouvir a ordem de Melina. — Nunca mais chegue
perto dela se quiser continuar respirado. Vem querida, vamos comer. — ela
diz e me segura pela mão. — Nunca fique sozinha com aquele homem
entendeu? — Assenti e a segui sem entender a razão. Mas melhor seguir o
conselho dela porque também não gostei daquele homem.
Olho para o estado deplorável do homem que se encontra amarrado pelo
arrame farpado, eu mesmo o amarrei, seus antebraços estão quase se
separando das mãos de tão forte que o amarrei naquele região, seu corpo está
em carne viva e o rosto está irreconhecível. É nisso que dá achar que pode me
roubar.
De onde me encontro é possível sentir sua agonia, para isso acabar de uma
vez ele só precisa me dar um nome só isso e lhe darei o eterno descanso. Eu
sei torturar minhas vítimas até o limite que o corpo humano pode aguentar
sem mata-los, quem me conhece sabe que não ser torturado por mim é um
privilegio. Eu mato devagar, eu gosto de sentir as almas deles esvaindo do
corpo enquanto olho em seus olhos para que mesmo no inferno, para onde a
maioria vai, não esqueçam nunca do meu rosto.
As pessoas me chamo de cruel, sem alma, figlio del diablo, se isso me
incomoda? Nem um pouco, gosto que as pessoas sintam medo da pessoa que
sou, por isso me admira descobrir um ladrãozinho na minha corporação não
construi tudo o que tenho sendo honrando e bondoso. Se A' Ndrangueta é o
que é hoje é graças a mim, assumo que os que me antecederam fizeram
grandes feitos, mas nenhum deles me superou nem mesmo meu papa, que me
treinou e ensinou tudo o que sei.
A famiglia foi criada na região da Calábria na Itália, por isso toda essa
região e arredores é todo nossa, ela apresenta vários clãs representados pelos
chefes de famílias e é baseada em família de sangue, há em torno de
cinquenta a duzentas famílias envolvidas, totalizando assim mais de seis mil
membros, também existem os associados nacionais e internacionais mas eles
não exercem poder nenhum dentro da organização, são só um bando de
executivos com sede de poder, a máfia é da familglia. Nossas receitas anuais
ultrapassam mais de cem bilhões de euros graças ao grande número de
negócios ativos, tanto legais quanto os ilegais. Em suma estamos envolvidos
com tráfico internacional de drogas, descarte de resíduos ilegais, contrabando
de armas, extorsão, usura, prostituição, falsificação e tráfico de seres
humanos.
— Piedade meu caro é só com Dio. — ele mal consegue manter os olhos
abertos de tão inchados que estão.
— Muito bem soldado. Tomara que o que você tenha dito seja verdade,
pois se não for, pode acreditar que seus restos mortais vão se contorcer na
sepultura toda vez que eu lembrar de você. — Retiro o punhal banhado de
prata do cós da calça, passeio a Lâmina pelos braços fazendo círculos,
aprecio o brasão da família que foi lapidado no cabo da mesma, esse punhal
passou por gerações antes de chegar em minhas mãos. Ela foi polida e
desenhada, pelos antigos ferreiros gregos que se instalaram na região do mar
jónico aqui na Itália. — Mande lembranças minhas ao diablo — antes que ele
pudesse pensar no que estava acontecendo cravo o punhal na lateral do seu
pescoço, foi tão certo que no mesmo instante seus olhos adilaram e seu corpo
convulsionou ate sua alma abandonar seu corpo.
— Deu para tirar alguma coisa dele, e você — aponto para meu irmão e
conselehiro — irá investigar. Alguma coisa que ele falou deve prestar para
alga coisa.
— Tem mais um coisa que preciso te dizer como seu conselheiro. — dou
de ombros pego um de meus charutos o acendo e começo a saborea-lo. — O
conselho acha que você sendo o capo é necessário que você dê o exemplo. —
ele está dando muitas voltas, sendo meu irmão já deveria saber disso.
— De quem está falando? Não me diga que você realmente irá oficializar
sua união com a Eugênia. — diz Emiliano com uma cara de desdém. O fuzilo
com o olhar e isso faz Leonardo gargalhar.
Assim que nossos copos são trazidos três lindas jovens mulheres se
aproximam de nós. Mas a que rouba minha atenção é a que acaba de entrar
no salão, loira, alta, magra, olhos azuis e lábio bem cheios diferentes dos da
minha bambola. Vejo que ao seu lado está Ettore, filho do chefe do clã dos
Mancini, então aquela ao seu lado só pode ser a prima irmã gêmea da
louquinha. Eles estão se aproximando, Ettore com uma cara nada boa, é
assim desde que coloquei a priminha dele naquele lugar. Já a moça do seu
lado não para de me encarar apreciando todo meu corpo. Eles se ajuntam a
nós, a pauta da conversa é a reunião que haverá na França, partirei em uma
semana para lá.
— Senhor Ferrari!
— Sí
— Ora vejamos, sua irmã e a filha mais nova do Dante estão fora de
cogitação, porque a primeira é sua irmã e a segunda é muito nova; a opça que
resta é a Antonelli, ela é perfeita para um homem como você, linda, esbelta,
transparece inteligência, estudada e faz parte de um dos clãs mais influentes
na máfia. — pensando bem a Antonelli representa todas as condições para ser
a esposa perfeita de um mafioso, e de bônus é boa de cama. Mas não é ela
que quero.
— E se eu te disser que a minha futura esposa não se encontra presente
nessa sala? — Indago, e o vejo me olhar com espanto, com certeza ele não
esperava por isso. Na verdade todos ficarão admirados com a notícia que
darei, outros abismados e alguns sentirão ainda mais raiva de mim. A
distância admiro o vestido ousado que Antonelli está vestindo, ela está
deslumbrante não posso negar, vou levar ela para França, tinha marcado de ir
com a Eugênia ela ama Paris por ser modelo mas mudei de ideia. Resolvo me
aproximar de onde ela está.
— Eu entendi capo, mas lhe peço por favor, dê mais um pouco de tempo a
Emanuelle é muito menina ainda, a vida dela parou no tempo, ela mal sabe
como é a vida fora daquele lugar, o senhor sabe que ela não é doente. — esse
velho está ultrapassando os limites.
— Eu sou o capo eu sou a lei, e se digo que me casarei com ela em duas
semanas é porque assim será.
Depois de um longo dia pintando e caminhando pelo pátio da casa — eu
gosto de chamar de casa não gosto de pensar que estou em um hospital
psiquiátrico — Melina me ajuda a me arrumar para dormir, e o que aconteceu
mais cedo não sai da minha cabeça.
— Melina?
— Sim querida. — ela diz recolhendo minhas roupas sujas pelo quarto.
— Viu! Mais um motivo para ficar distante dele, por nenhum motivo o
deixe tocar em você, sempre que ele se aproximar você grita por mim,
entendeu?
— Sim — falo me sentido meio triste. Ela segura meu queixo me fazendo
erguer a cabeça para encara-la.
— Minha menina você ainda vai aprender que nessa vida existem pessoas
que irão te machucar, nem todos vão querer seu bem, e quando se deparar
com uma situação dessa apenas faça o que você mais ama, pintar.
Penso também na minha irmã e se algum dia a verei outra vez, será que
ficamos parecidas? Quando crianças não parecíamos ser gêmeas de tão
diferentes, ela era alta e magra e tinha olhos azuis, seus cabelos eram pretos,
sua pele reluzia á luz do sol de tão brilhante que era, hoje em dia ela deve ser
uma linda mulher de pele bronzeada, diferente de mim que estou quase
virando um fantasma de tão parda, eu não tenho altura e meu corpo está longe
de ser magro, meus peitos são enormes, meu quadril e coxas também não
ficam atrás. É realmente somos diferentes.
— Ela está acordando — eu reconheço essa voz, é a voz do tio Dante. Mas
como isso é possível?
— Tio — a palavra sai com muito esforço, focalizo meus olhos em sua
direção, assim que escuta meu chamado ele se levanta e vem na minha
direção.
— Fica calma querida, eu estou aqui com você, está tudo bem. Descansa!
— Está tudo muito confuso, preciso organizar meus pensamentos. Olho em
volta e vejo Ettore também se levantando. Esse não é meu quarto, parece um
quarto de hospital, olho para meu cotovelo que se encontra enfaixado e isso
me trás memórias horríveis.
— Você foi drogada querida, te trouxeram aqui porque não sabíamos que
tipo de droga injetaram em você e também você ficou inconsciente quando o
capo te achou. — capo? Toda minha vida eu soube que nossa família era
diferente das outras, meus pais nunca me explicaram exatamente o porquê,
depois disso eu descobri que nossa família fazia parte da máfia e ela tinha um
chefe que chamam de capo, é só isso que eu sei. Se não me engano o marido
da Geovanna também era um capo ou alguém muito importante na máfia,
mas nunca tive a oportunidade de frequentar a casa deles eu sentia medo
daquele homem porque todos diziam que ele era terrível.
— Eu não estou com medo do enfermeiro porque sei que ele morreu —
soluço ao lembrar daquela cena horrível, o sangue, os olhos sem vida —
mataram ele bem na minha frente tio, eu tenho medo do assassino que matou
ele, eu vi o rosto dele e se ele vier atrás de mim? — ele pode querer me matar
também pois presenciar seu ato macabro.
— Ninguém vai te fazer mal Emanuelle, nem mesmo o homem que te tirou
de lá. Para de chorar por favor. — sinto seus dedos limpando minhas
lágrimas, tento me acalmar mas é impossível ao lembrar o que aconteceu
naquela noite. — E temos uma ótima notícia que com certeza vai te deixar
feliz.
— Sério tio? — ele assente. E sem me importar com nada grito de tanta
felicidade abraço meu tio e meu primo infinitas vezes, mas tem um porém, e
a Melina? — E a Melina eu vou poder vê-la?
— Enquanto estiver lá em casa pode sim, mas depois do... — Ettore para
de falar.
— Depois do quê primo? — o questiono curiosa.
— Nada! Deixa para lá. — acho estranho mas engato numa conversa com
os dois, nem acredito que finalmente saí daquele lugar.
Tive que ficar mais uns dois dias no hospital antes de receber alta, nesses
dias meu tio e meu primo me visitavam todos os dias. Melina também veio,
ela ficou tão feliz em saber que não voltarei para aquele lugar, mas de uns
dias para cá a vejo muito triste e ela sempre me diz para ser forte e que
sempre terei seu apoio para qualquer coisa. Termino de pentear meus cabelos,
hoje me sinto muito bonita, coloquei até um batom rosa. Arrumo todos os
meus pertences que estavam no banheiro afinal de contas já estou indo
embora, todos os meus quadros que estavam lá na clínica também já foram
retirados. Antes de abrir a porta é possível ouvir a conversa do meu tio com a
Melina.
— Como pôde permitir isso? Aquele monstro vai destruir essa menina,
você também sabe disso. Não acha que ela já sofreu demais. — a voz de
Melina parece meio alterada, de quem ela está falando?
— Você acha que ele deixou espaço para contestar ou protestar alguma
coisa? Eu também me sinto ainda pior porque prometi para meu falecido
irmão que cuidaria del... — assim que meu tio me vê parada ele se cala. —
está pronta querida?
— Sim estou. — não me aguento de curiosidade — porquê estavam
discutindo? — os dois se encaram mais nenhum deles fala alguma coisa.
— Obrigada! Obrigada por tudo que fez por mim. Por cuidar de mim, por
me ensinar e por me fazer sorrir. — aperto sua mão e deixo um beijo nela.
— Nem tanto querida, mas sim, uma coisa e outra mudou. — diz tio
Dante, e então ele começa a me contar a história de cada edifício ou
monumento histórico. Fiquei todo caminho admirando tudo, até que
finalmente o carro estaciona em frente a uma grande mansão, eu ainda
lembrava muito bem dela. Saio do carro para a comtemplar melhor. Essa casa
pertence aos Mancini a gerações, aqui vivi os melhores momentos da minha
infância, guardo ótimas lembranças dos meus pais.
— Senti tantas saudades Antonelli! — ela não fala nada e nem retribui meu
abraço. Resolvo me afastar provavelmente estou a atrasando, ouvi que ela é
uma grande profissional. — Nossa! Como você está linda.
Ela me olha minuciosamente de cima para baixo com a cara de quem está
brava. Tio Dante e Ettore se aproximam de nós.
— Porquê você tinha que voltar justo agora que as coisas iam bem para
mim? — ela me olha com ódio apontando o dedo na minha cara — duvido
muito que ele se satisfaça com uma pessoa tão insignificante como você, ele
gosta de mulheres experientes e maduras e não de mulheres dementes recém
saídas de clínicas psiquiátricas. — Sem falar mais nada ela passa por mim
batendo seus saltos no piso do cómodo. Ela não me quer aqui? Ela nunca me
perdoou. Limpo a lágrima solitária que transcorre por minha bochecha.
— Não ligue para sua irmã querida, ela deve estar em choque com sua
volta ainda. Mais tarde vocês se entendem. — assinto ainda triste, uma das
empregadas me acompanha para o andar de cima onde fica meu quarto. Mas
para minha surpresa ela me leva para ala dos quartos de hóspedes.
— É lindo!
— Mãe por favor, para, ela ainda não sabe. — ela me olha com de forma
profunda e começa a gargalhar.
— Então quer dizer que o projeto de boneca ainda não sabe que se casará
com o terrível e temível ca... — Num rompante meu tio entra no quarto.
— Não se atreva Graziela! Pode deixar que se alguém tem que contar
alguma coisa para minha sobrinha esse alguém sou. — tia Graziela fuzila a
todos nós com seu olhar mortal.
— Tanto faz quem vai dar a notícia, no final a vida dela será o próprio
inferno vocês também sabem disso. — ela dá meia volta indo em direção a
porta, mas antes de atravessa-la ela diz: — não te quero por muito tempo na
minha casa.
E parece que a pessoa que está pedindo socorro está vindo nessa direção
pois cada vez mais sua voz está mais audível, nunca ouvi ninguém gritando
aqui, pelo menos não nesse lado da casa, mas na ala proibida uma vez quando
tentava ver o que acontecia lá ouvi gritos de uma pessoa antes de Melina me
alcançar e me dar uma bronca. Decido levantar da cama e dar uma vista de
olhos no corredor porque de repente tudo ficou em silêncio, seguro na
maçaneta da porta com as mão trémulas, puxo o ar umas três vezes e
finalmente abro a porta, o corredor está iluminado como sempre, não há nada
de anormal. Eu sei que estou doente, mas até onde sei eu não tenho
alucinações de audição. Será que...
Assim que cruzo o corredor vejo um vulto correndo na minha direção, meu
instinto me diz para sair correndo, mas minhas pernas não respondem. Olho
com mais atenção, aquilo não é um vulto, é um homem.
— Meu Deus — falo horrorizada com o que vejo, sua face está
completamente desfigurada de tão machucado que está, ele está cheio de
sangue e mal consegue respirar de tão ofegante.
— Eu-eu não sei o que fazer para te ajudar... — três homens enormes se
aproximam de onde estamos e sem avisar seguram no homem a minha frente.
— o que estão fazendo? Deixem ele, estão o machucando.
Eles não me ouvem apenas carregam o homem e se vão, tento ir atrás deles
mas uma mão enorme me segura pela cintura, não.
— Caladinha docinho, quero tanto provar você, deve sem bem apetitosa.
— de longe é possível ouvir voz de Melina me chamando
O enfermeiro estranho me solta antes dela chegar, assim que a vejo coro e
a abraço bem forte e choro.
— Doutora aqueles remédios fazem muito mal para ela, por isso resolvi
não dar.
— Não conteste minha decisão, anda logo — dou um abraço no meu anjo
da guarda e caminho em direção a médica — e você Melina devia começar a
fazer melhor seu trabalho, o capo não vai gostar saber disso.
Fecho o livro porque já li ele, na verdade estou lendo ele faz três dias.
Essa paisagem da chuva transcorrendo pelo vidro da janela daria uma linda
pintura, o que me faz correr eufórica atrás de um papel e um lápis de carvão.
— Mas não estou sozinha, para além disso também farei aniversário de
vinte e dois anos daqui a algumas semanas, assim podemos comemorar
juntas. — ela aplaude visivelmente feliz.
— Que bom que você voltou, não estou conseguindo dormir. — falo me
virando na direção da porta, mas o que vejo quase me faz desmaiar de tanto
susto. — O-o que você está fazendo aqui?
— Por favor vai embora — já Sinto as lágrimas quentes descendo por meu
rosto como cascatas.
— Aonde pensa que vai? Eu já disse que hoje você será minha, ninguém
vai te ajudar. — o vejo abrir a tampa da seringa e levá-la em direção ao meu
pescoço, tento me debater mas ele me prende com seu corpo pesado e sua
mão cobre minha boca para que eu não grite. — calma, esse remedinho a
deixará bem mais relaxada para mim.
É possível ver tudo o que acontece a minha volta mas difícil é reagir, meu
corpo é levantado de forma urgente até a cama. É possível ver o enfermeiro
se despindo e isso me faz soltar uns grunhidos, engulo em seco e espero até
que o sinto em cima de mim cheirando meus cabelo e beijando meu pescoço.
— Você é tão linda docinho, hoje vamos nos divertir tanto. — sinto sua
mão penetrar o interior da minha camisa de dormir de qua faz conjunto com a
calça moletom e apertar meus seios de forma brusca. — senti tanta vontade
de aperta-los desde que cheguei aqui. Agora vamos sentir o que você tanto
esconde em baixo dessa calça.
Choro silenciosamente o suplicando com o olhar para que não fizesse isso.
Sua mão segura o elástico da calça, mas de repente ele fica imóvel me
encarando de um jeito estranho e no mesmo momento sinto um líquido
quente, viscoso e vermelho respigando em meu rosto, isso é sangue. Acordo
pra realidade quando sinto o corpo do enfermeiro desabar sobre mim. Antes
que eu pudesse reclamar do peso seu corpo é afastado e jogado no chão.
O que rouba minha atenção a partir desde momento é a figura alta, imponte
e de olhos azuis que não para de me encarar, seus olhos de tão azuis que são
eles reluzem na escuridão do quarto. Ele se aproxima de mim carrega meu
corpo em seus braços e antes que cruzasse a porta do quarto ordenou aos
homens que eu nem tinha notado ainda.
Os franceses acharam mesmo que podiam passar a perna num italiano? Até
onde sei quem tem a mania de trapacear são os russos. Mas provei para
aqueles malleditos que não se engana o capo da 'Ndrangheta. Eles estavam
vendendo a minha droga em lugares onde não foram combinados e para
piorar estavam entregando as minhas rotas de transporte aos japoneses.
No final tudo ficou resolvido e como bônus tive noites magníficas de sexo
intenso com a Antonelli, no princípio ela até relutou vir comigo porque
segundo ela a ofendi quando escolhi a irmã insignificante dela como noiva.
No fim a batalha dela em me querer só para ela foi mas forte e por isso
tivemos noites da mais extrema paixão. Passamos mas uns dias em Paris
porque eu tinha que resolver outros assuntos relacionados a minha rede de
hotéis, não é porque sou mafioso que não posso ter negócios legais que me
deem receitas limpas.
Com tudo o que tinha pra resolver solucionado voltamos para Itália, mal
coloquei os pés na Calábria e fui informado que Gonzales Rules tentou fugir.
Ele era um jornalista que viveu nos investigando a anos, eu esperei ele
recolher todas informações possíveis da nossa organização e quando vi que já
estava indo longe demais mandei o prenderem na ala proibida da casa de
repouso.
Mas a semanas ele se fez de arteiro e quase fugiu, meus homens foram
mais rápidos o acharam e o neutralizaram, vi as gravações e vi o momento
que ele tocou no que me pertence naquele momento eu decide que ele tinha
que morrer, ninguém toca na escolhida do capo e fica por isso mesmo.
E foi isso que eu fiz no dia que me dirige a casa de repouso, decidi eu
mesmo dar o tiro certeiro que ceifou sua vida. Mas como já estava lá
aproveitei e fui para sala de monitoramento das câmaras de segurança,
precisava matar as saudades da minha bonequinha. Mas assim que liguei a
câmara do quarto dela uma cena me deixou possesso. Vi um maldito figlio di
puttana entrar sorrateiro no quarto dela, no mesmo instante saí daquela sala
com o desejo de matança expelindo por meus poros eu só conseguia ver
sangue naquele momento.
Sem esperar arrombei a porta com o pé e antes que ele reagisse depois de
perceber o ocorrido peguei a arama de um de meus soldados mirei nas costas
do desgraçado e atirei duas vezes e último foi direto para o meio de sua
cabeça, eu não ia sujar minhas mãos torturando um lixo desses. Me
aproximei antes que seu corpo esmagasse o corpinho da Emanuelle e o joguei
longe, ela estava cheia do sangue dele no rosto, ela estava tão assustada que
me olhou com medo e desespero.
A peguei no colo e vi seus protestos pelo olhar, ela estava com medo de
mim provavelmente por eu ter atirado naquele lixo, quando ela desmaiou a
levei imediatamente para o hospital da mafia porquê não sabia o que haviam
injetado nela, durante todo o caminho eu não tirei os olhos dela, não sei
porquê mais essa menina desperta em mim os piores demônios que guardo.
Ela instiga o meu subconsciente a trazer para fora o extremo da minha
crueldade, isso é bom mas só não sei até que ponto.
Assim que chegamos no hospital a deixei sob o cuidado do tio e falei para
ele que ela não voltaria mais para a casa de repouso. Já estava na hora dela
sair daquele lugar afinal de contas nos casaríamos em pouco tempo.
Meu celular tira minha atenção quando começa a tocar, olho o visor e vejo
que é Emiliano que está ligando.
— Fala Emiliano!
Ela está parada no batente da porta visivelmente nervosa, ela está linda,
parece até uma bambola, na verdade ela não parece porque ela é. Diferente
das mulheres que me seduzem com vestidos justos decotados e ousados, ela
veste um vestido lindo que a deixa ainda mais jovial, seu rosto está
visivelmente corado.
— Des-culpa capo. — fala com a voz bem baixa. Mando-a entrar e fechar
a porta. Ela permanece parada encostada na porta. Olho para seus lindos
claros olhos que sempre me deixaram extasiado, quando ela percebe que está
sendo observada ela baixa a cabeça, isso é o que eu mais gosto nela.
— Seu tio te falou sobre o casamento certo? — ela assente — pois então
sente-se iremos conversar sobre algumas regras que uma boa esposa deve
seguir. — a passos temerosos ela se aproxima de umas das poltronas e senta.
A olho minuciosamente enquanto ela viaja em seus próprios pensamentos,
esses cincos anos que se passaram foram muito generosos com ela. Está mais
bonita, seu corpo também ganhou algumas curvas extremamente visíveis,
diferente da irmã que tem uma estatura magérrima, Emanuelle tem o típico
corpo de uma italiana, ou seja, bem suculenta, sinto meus pau enrijecido só
de imaginar ela nua só para mim.
Tento acalmar meu pau para poder me aproximar dela, assim que ele
aquieta levanto da cadeira e vou em direção dela, sua respiração começa a
ficar ofegante e a vejo cruzar os dedos freneticamente, sinal de nervosismo.
— Bom! Gostei de sua sinceridade. Sabe qual o único jeito de não sentir
medo de mim? — ela nega — me obedecendo assiduamente. Só assim eu
fico bonzinho, mas quando me aborrecem eu viro um monstro, lembra o que
eu fiz com o enfermeiro tarado?
Minha irmã casula se aproxima e fala alguma coisa no ouvido dela, ela
sorri fraco e me encara, é a primeira vez que a vejo sorrir, assim que ela
percebe que também a estou olhando ela desvia os olhos em direção aos
casais que estão dançando no centro do salão.
Cansado de toda aquela merda me despedi e saí com ela a arrastando pelo
braço até o estacionamento. Ela pedia para se despedir de seu tio, eu não dei
atenção, de longe era possível ver Ettore me encarando com a mais profunda
raiva, mas ele não pode fazer nada, agora ela é minha prioridade. Meus Paços
são tão firmes e largos que não consegue me acompanhar e ela está andando
toda embolado, quando chegamos no carro a coloco sentada no banco de trás
e mando o motorista arrancar o carro em direção a mansão.
Assim que o carro estaciona em frente a casa nem espero pelo motorista
para que abra aporta, abro a porta e sobre seus protestos seguro seu braço
com força e vou a puxando para o interior da casa, com certeza ficará uma
marca bem visível nele, não me importo ela é minha e posso fazer o que
quiser com ela, assim que chegamos na ponta da escada é possível ver seu
rosto vermelho e seus olhos brilhantes, provavelmente tentando conter o
choro.
Volto a me posicionar atrás dela e a enconcho para que sinta o quão estou
duro por ela. É tanta água na boca que levo minha duas mãos e aperto com
firmeza seus lindos peitos, nunca gostei de virgens mas essa com certeza eu
vou amar.
Sempre achei que depois de sair da clínica eu teria minha vida de volta
achei que eu poderia fazer minhas próprias escolhas, achei que poderia
começar a viver de verdade sem privações. Mas nada disso irá acontecer,
primeiro porque irei me casar com um homem muito cruel que minha tia e
minha irmã fizeram questão de me aterrorizar com uma longa lista de tudo o
que ele é capaz de fazer, outra razão que me faz ter a certeza que não terei
minha vida é o fato de todos acharem que eu estou doente. Mas eu não sinto
que seja doente.
Olho o vestido que está sobre a cama, em outros tempo eu ia ficar feliz de
colocar um vestido desses, porque já fazia muito tempo que não colocava um,
mas esse vestido só me faz lembrar que hoje serei apresentada como a noiva
do líder da máfia.
Fico comtemplando o pôr do sol pela janela do meu quarto, tenho medo de
sair e me esbarrar com a tia Graziela, meu tio disse para ficar a vontade na
casa mas não tenho tanta coragem assim, por isso não saio daqui por nada.
Resolvo começar a me preparar porque a maquiadora a cabeleireira vão
chegar daqui a alguns instantes.
Passei um pouco mais de duas horas conversando e rindo com as
profissionais de beleza que estavam penteando meu cabelo, pintando minhas
unhas e me maquinado. No final eu gostei de ver a Emanuelle que estava
refletida no espelho, ela estava linda como nunca esteve antes.
— Boa noite Antonelli! Você está linda irmã — elogio com um sorriso no
rosto.
— Não posso dizer o mesmo de você não é mesmo? Pelo amor de Deus
Emanuelle, você vai ao seu noivado e não a uma festa infantil. Nem sei
porquê ainda estou aqui perdendo meu tempo. — quando ela ia dar meia
volta tomo coragem e a pergunto:
Assim que entrei no escritório já fui insultada por entrar sem bater a porta,
quando aquele par de olhos azuis me encarou friamente sem exprimir
nenhum sentimento o medo que havia esquecido sentir voltou com tudo me
deixando trémula e nervosa, eu fazia de tudo para segurar o choro porque ele
estava me ameaçando. Suas palavras me abalaram de tal forma que eu aceitei
e prometi fazer de tudo para não Aborrecê-lo ou decepcionado.
Andar nunca foi uma missão tão difícil como está sendo agora, eu mal
consigo me mexer, sinto que meus pés estão vincados no chão da catedral e
que a gravidade da terra não está mais normal pois sinto meu corpo mais
pesado de tal forma que a respiração está acontecendo com dificuldade. No
final do tapete vermelho vejo o homem que se diz meu futuro marido me
encarando com a cara de quem está dizendo que se eu fizer alguma besteira
sofrerei as consequências, foi assim que ele falou comigo no dia do noivado.
Sinto a mão áspero de meu tio me tocar, uma maneira dele de dizer que
estará comigo. Mas a confiança que meu tio me transmitiu se esvaiu no
momento em que vi aqueles olhos outra vez e dessa vez ainda mais frios e
cruéis. E involuntariamente meu pé esquerdo recuou.
Quando a festa ainda estava no seu auge eu fui arrastada até o carro sem se
quer me despedir da minha família.
….
Ele dá uma volta sobre meu corpo o analisando de forma intensa, ele
começa a tocar partes minhas que nunca ninguém tocou, eu acho que vou
explodir de tanto que estou tentado segurar o choro, nada me preparou para
esse dia.
Solto um soluço quando sinto meu corpo ser jogado de qualquer jeito sobre
a cama, meu pé puxado até a borda da mesma, mas eu me debato fazendo o
resquício de calmaria que ele tinha ir embora, mas o que aconteceu a seguir
me deixou literalmente em choque, o tapa chegou tão forte que me deixou
desnorteada.
— Já disse que não é uma palavra que não deve sair da sua boca!
Entendeu? — Assinto, vejo ele trancar a porta de camisa já desabotoada —
levanta e tira a lingerie quero ver você toda pelada bonequinha.
— Anda, faça o que eu mandei. Seu rosto pode ficar ainda pior do que já
está se não me obedecer, e eu adoro castigar meninas desobedientes. — ele
não parece estar brincado. Sinto a região em volta do olho começar a inchar,
e está doendo tanto. Ele se encontra sentado em uma poltrona de frente para
cama, é possível ver seus olhos em meu corpo, sua satisfação em me ver
assustada e com medo é bem notável. — FAZ O QUE EU MANDEI
PORRA! — grita me assustando e por causa disso eu quase caio da cama, só
o fato dele me ver assim de langerie é vergonhoso para mim, imagina me ver
nua. Por isso não vou me mexer até ele desistir. — Tudo bem, vamos fazer
isso do meu jeito então.
Ele se levanta e tira a camisa que já se encontrava aberta, meu corpo todo
treme quando o vejo tirando o cinto da calça e o jogar longe fazendo um
barulho titilante ao entrar em contato com o piso brilhante do quarto. Antes
que eu pudesse protestar meu corpo é puxado da cama e colocado parado de
forma bruta ao lado da cama. Eu queria tentar limpar as lágrimas mas a dor
que senti quando minha mão entrou em contato com pele de bochecha me fez
desistir.
É possível ver seus olhos brilhando quando ele de forma silenciosa tira um
punhal bem afiado de uma das gavetas do criado mudo, engulo em seco e
sinto minhas lágrimas escorrendo pelo meu pescoço descendo até o vão entre
meus seios. Ele vai me matar. O metal gelado e brilhante passa por minha
bochecha e vai descendo bem devagar até ao queixo e depois até a garganta,
meu coração dá um pulo e é possível sentir todo meu corpo aumentando a
temperatura.
— Claro que não bambola, não vou te matar, não ainda. Afinal de contas
temos uma longa noite de núpcias para aproveitar ainda. — sem demoras
aquele objetos corta as alças do meu sutiã o fazendo cair sobre meu pés, levo
minhas mãos para tapar meus seios que estão a mostra, o que não adiantou
muito porque eles são grandes. — tira a mão! — não consigo. — Já tive
muita paciência contigo, hoje você vai aprender que aqui se faz o que eu
mando ou por bem ou por mal.
Olho para o lado porque não o quero ver nu e muito menos quero
presenciar o momento que ele irá terminar de destruir a minha vida. Sinto seu
corpo pesado se deitar sobre mim e uma de suas mãos abre minhas pernas me
deixando completamente exposta, não vou tentar o impedir senão será pior
para mim.
— Sua pele é tão macia! Do jeito que eu sempre imaginei. — suas mão
esmagam meus seios enquanto sua boa me obriga a corresponder seu beijo
urgente. Nunca imaginei que meu primeiro beijo seria assim. Eu sempre
sonhei que o meu primeiro beijo seria com um homem que eu amasse. Tento
viajar para longe e sair da realidade, isso é bom quando me sinto triste — não
ouse levar sua mente para o inconsciente, quero que me sinta todo dentro de
você — diz puxando meu cabelo.
Sem demora segurou seu membro e sem pedir nem tomar cuidado me
penetrou fazendo todo meu corpo se tencionar e da minha garganta sair um
grito tão alto que foi necessário ele colocar a mão na minha boca para abafa-
lo. Deus isso dói tanto, é como se meu corpo tivesse sido quebrado em dois,
nunca na minha vida havia sentido algo tão doloroso quanto isso. Já é
possível ouvir seus gemidos de prazer ecoarem pelo quarto junto com a
brutalidade com que seu corpo bate no meu nos movimentos de vai e vem
que ele está fazendo.
Não tenho mais lágrimas para chorar, muito menos voz para gritar porque
minha boca e garganta estão secas, mal sinto o meu próprio corpo. Se Melina
me avisasse que é assim que eu viveria depois de sair daquele lugar eu nunca
teria almejado sair de lá.
Não tem nada melhor do que ficar no estado de estupor para se desviar da
vida cruel que se tem. Não sei em que momento eu dormi mas lembro que
quando fechei os olhos por não aguentar mais ele ainda estava encima de
mim me xingando e falando outras coisas de cunho ofensivo.
Mas devo ter dormindo por muito tempo, meu corpo está reclamando por
isso. Respiro fundo e temerosamente abro os olhos com medo de encontrá-lo
no quarto. Mas para o meu alívio o cómodo está vazio a não ser por minha
presença, não levanto de imediato porque sei que não conseguirei.
Ontem quando fui arrastada até esse quarto não pude reparar nos detalhes.
Começando com os lençóis da cama, eles são da cor verde-escuro, assim
como as cortinas enormes que nesse momento pendem fechadas nas janelas,
o quarto é tão sombrio que não restam dúvidas a quem ele pertence. Me
arrasto até a beirada da cama e puxo um lençol junto pra poder tapar minha
nudez.
Faço uma contagem rápida até dez e finalmente consigo me levantar, com
dificuldade consigo ficar parada, olho para cama e vejo uma mancha escura
grande e tenho certeza que aquilo é meu sangue, puxo o lençol e o levo
comigo para a porta que parece ser a porta do banheiro, assim que entro o
cheiro de seu perfume me recebe, ele não está aqui mais isso me faz imaginar
que mesmo fora daqui está me observando.
Assim que abro um dos lados me surpreendo ao ver que o dia já está se
pondo, eu dormi tanto assim? O girar da maçaneta tira minha atenção me
fazendo olhar para a porta, vejo uma mulher pequena e morena de olhos
pretos, corro até ela e a abraço bem forte, tão forte que fico com medo de
solta-la e acordar do sonho. Minha mãezinha.
Choro quando ela faz aquele carinho que ela costumava fazer quando me
punha para dormir, e isso me mata por dentro porque sei que esses carinhos
não serão mais frequentes.
— Não quero falar sobre isso Melina. Me deixa triste, esquece isso,
ninguém pode fazer nada. — vejo tristeza em seus olhos. — Porquê não foi
para meu casamento? Te procurei tanto.
— Não podia querida! Primeiro porque não fui convidada e segundo eu
não estou mais morando na Calábria.
— O quê? mas como? Você disse que ficaria sempre ao meu lado, não vai
embora por favor. Não me deixa.
Não sei por quanto tempo eu dormi mas de repente escutei alguém me
chamando, quando abro os olhos vejo uma mulher vestida formalmente.
— Quem é você?
Ninguém me disse qual caminho devo seguir até chegar a sala de jantar,
por isso fiquei dando voltas até escutar barulho de pessoas conversando,
segui as vozes e quando vi já estava dentro de uma cozinha que está repleta
de funcionários devidamente uniformizados.
— Boa noite! Alguém sabe onde fica a sala de jantar? — todos me olham
com espanto e outros com pena, não consigo fixar meu olhar em ninguém de
tanta vergonha.
— A Antonelli não liga muito para mim. Ela já é uma mulher vivida, tenho
a mesma idade dela mas eu ao lado dela pareço uma adolescente — confesso,
então ela decide mudar de assunto porque não quer me ver mais triste.
Me sento e então uma das copeiras traz meu prato, assim que comecei a
comer todos voltaram a conversa que estavam tendo antes da minha chegada.
Está tudo muito bom, realmente a Violetta cozinha muito bem, lá na casa de
repouso as comidas não eram tão elaboradas assim. Quando terminamos a
sobremesa foi servida, o que eu adorei era bolo de chocolate com cobertura
de sorvete de baunilha.
— Seu rosto está horrível, não podia dar um jeito nele? — meu cunhado a
repreende com o olhar mas ela não liga.
É possível ouvir o farfalhar das roupas, mesmo grogue pelo sono é possível
sentir a cama afundar. E isso me faz abrir os olhos imediatamente porque
lembrei que agora eu divido a cama com alguém.
— Por favor não senhor capo — peço tentando me levantar, mas meu
corpo é deitado de forma bruta de volta a cama.
— Parece que você não aprende não é mesmo? Já que gosta de ser fodida
com força assim o farei durante toda a noite. — dito isso ele abre minhas
pernas sem delicadeza nenhuma, seu membro é guiado até a minha vagina e
sem esperar me penetra começando a fazer movimentos rápidos de vai e vem
sem parar. — e para o seu bem melhor parar de chorar, sua única obrigação
aqui é abrir as pernas e me dar um herdeiro. Porque para me dar prazer
existem muitas putas, que por sinal fazem muito bem o trabalho delas,
diferente de você.
— Para seu próprio bem, acho bom que em duas semanas seja anunciada a
chegado do meu herdeiro, ou então vai ser pior para você. — ele me solta de
forma abrupta sobre cama, nem ligando para os meus gritos e suplícios de
socorro.
….
Estou nessa casa a três dias e até agora não consegui colocar o pé para fora
desse quarto, toda vez que penso em sair o medo se apodera de meu coração
e desisto covardemente. Faz muito tempo que não pinto nem faço meus
desenhos, não sei onde colocaram meu material de pintura.
Suspiro e resolvo ir comtemplar o pôr do sol na sacada enorme que tem no
quarto, abro a porta e caminho até a sacada suspensa. Encosto na
espreguiçadeira e aprecio a paisagem, olho para vista lá em baixo, e de
repente minha mente começa a ter pensamentos mórbidos que nunca
imaginei que alguma vez passariam por minha cabeça.
Resolvo me arrumar antes que ele volte e tenha mais um motivo para me
castigar.
O caminho até o tal jantar foi feito em total silêncio de minha parte, Enrico
foi o caminho todo falando no celular, sem querer ouvi ele mandar um
atirador de elite matar alguém, imediatamente mergulhei em meus
pensamentos sem nexo para não ouvir mais, só o fato de pensar que toda
noite até o resto da minha vida dividirei a cama com um assassino, coloco
mão na boca para que meus soluços não fossem ouvidos.
Minha pele queima e sei que ele está me olhando, limpo as lágrimas que
consegui travar ainda nos olhos.
— Tio me leva de volta para casa por favor! — sussurro em seu ouvido
sem largar seu pescoço.
— Isso é tudo o que eu queria querida. Mas você sabe que não posso, o
direito de te proteger já não pertence a mim — lamento internamente —
agora volta para seu marido que ele não para de olhar para nossa direção. —
me viro e vejo Enrico cerrar os punhos como se estivesse se contendo para
não esmurrar alguém.
Mesmo me doendo o coração atravesso o salão repleto de pessoas voltando
para o lado do homem que me tem entregue a sua vontades.
O closet está em completo silêncio e num escuro assustador, tento
acalmar a respiração que se encontra acelerada devido a crueldade que vivi a
instantes passados, assim que ele saiu do quarto eu me enrolei em um lençol e
vim me esconder no meio das minhas roupas no meu closet, não faço ideia do
quanto rezei para que ele não me achasse. Essa casa é muito sombria, ela me
assusta, nunca vi um lugar assim. Eu não gosto daqui, mas o que eu posso
fazer a não ser obedecer?
Nos mudamos faz dois dias, o resto da família dele continua morando na
fortaleza. Essa mansão também não perde para Fortaleza de tão enorme, ela
fica no meio do nada, nos seus arredores é possível ver a vegetação densa
também composta por enormes montanhas e montes rochosos. Daria uma
linda paisagem nas minhas telas, faz tanto tempo que não pinto, eu passo
muito tempo dormindo, ou presa no quarto para o deleite do meu marido.
Não sei o que está acontecendo comigo, tenho me sentido mal disposta e sem
forças para nada apenas chorar e lembrar todas as minhas memórias que
foram boas.
Tapo minha boca com mão pois os suspiros estão saindo altos dela, o
barulho de pés descalços andado em passos firmes chegam a meus ouvidos,
me fazendo travar o choro apavoradamente. Deus que ele não me encontre. O
lugar continua num breu, me fazendo imaginar as atrocidades que ele fará
comigo caso me encontre aqui.
Fico atenta a tudo, silêncio, nem os passos firmes de antes não são mas
ouvidos, sinto meu peito esquentar e minha garganta reclamar de tanto que a
estou forçando para segurar o soluço que não deve escapar, senão serei
encontrada. Suor descer por minhas têmporas e minhas mãos tremem.
Pelo menos uma vez na minha vida eu tenho que ser forte, preciso
defender a minha dignidade e parar de me submeter, a quem eu quero
enganar? Esse homem faz o que quiser comigo sem eu mesmo protestar.
As vezes me pergunto porquê desisti daquela ideia maluca de me jogar
pela sacada, hoje aquele ideia já não me parece tão maluca.
A chef amiga de minha mãe às vezes vem até aqui preparar o jantar
quando se está quase a receber homens de negócios ou outras visitas do meu
marido.
Numa velocidade abismal ele chega perto de mim segura minha cintura
com força machucando os ossos da região e me atira como se fosse uma
boneca na cama, na verdade é isso que sou a bonequinha dele. Seu corpo
musculoso domina meu corpo com a mesma facilidade de sempre. Sua boca
carnuda explora cada canto dos meus seios os chupando com vigorosamente,
sua barba rala passa por cada canto deles me causando arrepios tenebrosos.
— Hoje eu vou comer esse seu cuzinho virgem, deve ser tão bom quanto
a buceta, eu adoro essa sua bunda enorme — não
— Para de implorar porque você sabe que não adianta. Agora fica quieta
— ele se esgueira sobre meu corpo, seu membro encosta meu bumbum e isso
me faz suspirar infinitas vezes. Sinto ele segurar seu membro e o dirigir ao
meu ânus. Fechei os olhos esperando ele me matar, porque o que ele está
fazendo comigo é acabar com minha vida, mas os abri imediatamente quando
ouvi um estrondo bem forte que me fez congelar, Enrico também deve ter
congelado pois não senti seu membro dentro de mim.
Mas que porra é essa? Sem mais delongas pulei da cama sem ligar para
a enorme ereção do meu pau, às pressas coloquei de volta o moletom que tirei
a instantes atrás, quando meu plano era comer minha bonequinha. Corro até
meu closet e abro o cofre onde guardo todo meu arsenal bélico.
Busco por uma camisa e o colete e por cima visto o coldre já equipado
com minha arma e munição, para prevenir levo um dos rifles de curto
alcance, é possível ouvir a enxurrada de tiros que estão sendo trocados do
lado de fora da casa, entre meus homens e sabe se lá quem mais ousou
invadir minha propriedade.
Sem esperar por mais a segurei pelo braço e a puxei pelos corredores da
mansão, meu rifle está em posição para qualquer surpresa.
— Que porra está acontecendo Gonzalo? Eu por acaso não pago vocês
para que coisas do gênero não aconteçam?
— Peça reforços para que esse caos acabe de uma vez, quero
sobreviventes amanhã no calabouço da sede da máfia. Chame Emiliano e
Leonardo também.
Abro a porta do escritório e sem esperar a levo até a sala secreta que
mantenho no mesmo.
— Enrinco, não me deixa aqui sozinha! — mas o que ela tem na cabeça?
As vezes eu tenho certeza que ter ficado naquele lugar a deixou efetivamente
maluquinha.
— E que o quer Emanuelle? Quer uma arma e atirar? Não posso ficar
aqui te protegendo e deixar minha máfia, a Máfia em primeiro lugar. Agora
aquieta que tenho mais o que fazer.
Saio com meus homens em busca de sangue, porque é isso que irá me
acalmar nesse momento, o sangue do meu inimigo.
Eu achei que já havia atingido o limite de pavor e medo que um ser
humano podia sentir ou suportar, mal sei como estou viva ainda pois meu
coração até agora não para de dar palpitações aceleradas que me
impossibilitam de respirar com normalidade, meu corpo todo treme e meus
dentes batem por causa do frio que estou sentindo, frio este causado pelos
calafrios que passam por todo meu corpo como uma corrente elétrica, nem as
roupas dele que ficaram enormes em mim conseguem me aquecer, eu sei que
ele me mandou ficar na sala secreta mas eu preferi ficar trancada no banheiro
do cómodo, julgo ser mais seguro caso a sala secreta seja descoberta.
— O que estava fazendo ali? Não falei para ficar sentada na sala
secreta? — vocifera analisando meu corpo.
— Já está tudo sob controle! Já pode sair. Não dormiremos aqui hoje, a
casa está sendo arrumada. — eu não quero voltar para Fortaleza, a mãe dele
me odeia.
— Onde dormiremos?
— Tio é você? — falo ainda sentido muito sono e não conseguindo abrir
os olhos completamente. Ele senta na cama bem do meu lado.
— Olá docinho! — eu nunca ouvi essa voz antes, quem será ele? —
como você cresceu. Ouvi dizer que faz anos hoje, deixa eu te dar um abraço.
— Mas não é hoje é amanhã — é impossível ver seu rosto porque está
escuro.
— Você será sempre o meu docinho ninguém mudará isso. — ele saiu
do meu quarto, me deixado sozinha chorando baixinho.
— Me tira daqui por favor! Ele vai me machucar, me leva por favor —
meu corpo soluçava acompanhando os movimentos da boca.
Com o papel e o lápis nas mãos começo a decalcar as linhas retas que
representaram os grandes edifícios da cidade, e com a empolgação que a
muito tempo não sentia comecei a dar os toques que deixariam o desenho
realista da cidade de Nápoles ainda mais lindo, apesar de não ter uma visão
geral da cidade o desenho saiu melhor do que eu pensava.
Passei o dia todo comtemplando a cidade sentada naquele sofá, fui
almoçar e voltei para o mesmo sofá, deitei minha cabeça no encosto do
mesmo e apaguei.
Dou meia volta antes de ser vista e caminho de volta até a sala de estar,
assim que me aproximava do sofá uma dor forte e insuperável dor atingiu a
região do meu ventre. Isso dói tanto parece que estou recebendo facadas na
região que preciso me segurar na parede pois mal me aguento parada.
No mesmo instante uma avalanche de dor toma conta de mim me
fazendo gritar como nunca fiz antes, sinto um líquido quente descer por
minhas pernas, mas por causa da pouca luz é impossível ver o que é, coloco
mão nas coxas e quando a coloco sobre meus olhos posso jurar que vi sangue
o susto foi tanto que não me segurei e caí com tudo no chão da sala bati a
cabeça e imediatamente eu apaguei.
Eu e meus soldados caminhamos atentamente a passos largos em
direção a parte externa da casa, puxo o ar três vezes e sem esperar mais abro
a porta distribuindo tiros para todos os lados mirando nos invasores, eles
vieram em um número considerável não posso negar, mas eles não sabem o
que os espera no calabouço. Realmente tem uns malditos mercenários
americanos no meu território.
— Mas o que foi isso? Quando Gonzalo ligou e disse que a casa foi
atacada eu não pude acreditar — indaga Leonardo ainda atordoado.
— Você nasceu na máfia não sei como ainda não se acostumou com
isso. Aqui é assim se você se distrai chega alguém e te dá um tiro pelas
costas. Precisa ficar esperto irmão. — os três caminhamos até a entrada da
casa mas antes de entrarmos — Gonzalo Quero todos os feridos no galpão,
esses malditos são tão imundos que não merecem chegar perto do calabouço
na sede.
Entramos no interior da casa e nos sentamos nos sofás. Não vou negar
que gostei da pequena aventura de apouco, mas eu odeio quando coisas do
gênero acontecem no meu território, a regra é eu atacar e não ser atacado. Um
dia eu ainda encontro Frederico e darei um tiro bem no meio daquela cabeça
gananciosa dele, ele sempre foi um fracassado. Tão fracassado que não
conseguiu manter a própria máfia em pé. Resultado disso é que cada vez mais
estão enfraquecendo, um dia eu vou dominar a Sicília também isso eu juro.
— Sério que você vai levar sua esposa para o mesmo apartamento onde
você transa com a Eugênia, Antonelli e metade do mundo?
— Porquê não? Eu durmo onde eu quiser e não vai ser o fato de ser
casado que irá me impedir. — Vocifero — já chega de falar da minha vida
conjugal e sobre com quem fodo ou deixo de foder. O assunto de maior
importância agora é saber a razão dessa invasão.
— Na minha opinião eles devem ter achado que essa casa tem menos
proteção em relação a fortaleza, o que não é verdade, e também Frederico não
tem mais tanto poder nem para contratar mercenários, o que me faz acreditar
que alguém o ajudou — explica Emiliano. Só Pode ser o idiota do Santoro eu
sinto isso.
Nós três concordamos que isso faz sentido, mas ainda precisamos
investigar, destruir o Frederico e acabar com Santoro será fácil, a questão é
esse terceiro elemento que não se revela. Analisamos alguns possíveis
traidores até que decido ir buscar minha esposa para que possamos ir embora.
Seguro um canivete mando meus homens abrirem sua boca, para o que
quero fazer preciso ter o interior da boca totalmente exposto. Com a maior
felicidade do mundo corto o pedaço de sua língua sob o olhar apavorado dos
meus soldados.
Ela está deliciosamente vestindo apenas uma calcinha que mal tapa a
buceta, seu corpo alto e esguio está para bem na minha frente.
— Como quiser Senhor! Mas estou feliz em estar aqui ao invés dela —
ela diz abrindo a fivela do meu cinto, meu pau já se encontra prontamente
ereto, e quando ela começa a chupar fecho os olhos e a imagem da minha
bonequinha me vem a cabeça, e isso me deixa com um desejo ainda maior,
imagino que é aquela boquinha pequena em volta do meu pau me
proporcionando prazer. Fervendo de tesão carrego o corpo magro da
Antonelli e o coloco sobre a mesa de vidro do meu escritório, ela como a puta
que é abre as pernas me dando a visão daquele calcinha pequena atolada na
boceta, sentido ainda mais desejo de foder, rasgo a peça muni meu pau com a
camisinha e a penetrei forte e fundo.
Mas o sangue que me deixa sem reação é o que está em sua mão e
também no chão da sala, esse sangue é muito para alguém que tem apenas um
corte na testa, vejo um fio de sangue escorrendo por sua perna quando
Antonelli entra na sala.
— En-rico o que- o que minha irmã tem ? Porquê está cheia de sangue?
— sem minha resposta ela chega a conclusão sozinha — Oh meu Deus .
Queria poder terminar meus estudos e viver só da arte. Tudo isso são
apenas ilusões, agora sou a esposa do capo aspirante a pintora e sem
certificado do ensino médio.
— Eu tenho alguma coisa grave tio? Por favor seja sincero, antes de eu
desmaiar eu juro ter visto sangue saindo de mim .
— Sim! Ele e sua irmã estiveram aqui, mas já foram embora, Ettore me
avisou que viria mais tarde. — conversamos mais um pouco até que Enrinco
e o médico entram na sala.
— Você não tem nada para além desse corte superficial na sua testa. Eu
lamento dizer isso Emanuelle mas por causa da queda e da subida de pressão
o bebê não resistiu. — meu corpo todo congela tentado digerir a informação
dada pelo médico.
— Seu bebê Emanuelle! Seu bebê não resistiu, eu sinto muito... — antes
que o médico pudesse continuar eu soltei um soluço seguido de outro e mais
outros. Tio Dante me abraça falando palavras para me reconfortar. Mas eu
não quero me conformar.
Um bebê inocente foi tirado de mim, sem eu ao menos saber que ele
estava crescendo dentro de mim. Um anjinho que poderia me salvar foi
levado sem eu ter a chance de ao menos comtemplar seu rosto e nem pode-lo
ouvir me chamar de mamãe, porque é isso que eu seria se tivesse sido forte o
suficiente para o manter dentro de mim, eu seria mãe.
— Ela não precisa de terapeuta nenhuma, a única coisa que ela tem que
fazer é se recuperar e se preparar para me dar um herdeiro de novo. É isso
que ela precisa fazer como a esposa de um capo. E não me vem com sermão
Dante que da minha vida e da minha esposa cuido eu. E é melhor que isso
aconteça logo, estou farto do conselho viver me infernizando por causa disso.
Sem ter mais nada a dizer ele saiu e nos deixou sozinho.
— Tio promete que um dia o senhor vai me tirar desse homem por
favor?
— Não fale isso! Ele não faria isso com Você. Eu sei que minhas
palavras parecem infundadas, te garanto que alguma coisa em você encantou
o Enrico Ferrari — será?
Passaram três dias desde o dia que tive alta no hospital mal pude viver
meu luto e já fui ordenada a comparecer aqui hoje. A máfia sempre foi
caridosa e generosa com as causas beneficentes do mundo inteiro mas eu
acredito que não fazem de coração aberto eu sei que fazem isso em troca de
algo ou para acobertar seus crimes, e para não deixar essa função de
organização de galas beneficentes e angariação de fundos sob supervisão e
responsabilidade dos homens da organização foi criada um tipo de comitê das
mulheres, é uma organização criada apenas para esse fim, fazer caridade,
ensinar umas outras como uma mulher da máfia deve se portar perante seu
marido em particular e na sociedade no geral.
Penso em dar meia volta e ir embora mas a ameaça que Enrico me fez
antes de sair ainda paira em meus pensamentos, ele jurou que se eu fizesse
alguma coisa errada me levaria para o quarto do castigo, eu não sei
exatamente o que ele quis dizer com isso mas prefiro não arriscar. Sem
esperar mais toquei a campainha.
— Boa tarde a todas! Uma vez que já se encontram todas presentes, até
mesmo as atrasadas — minha sogra fala essa última parte me fuzilando com
os olhos — vamos começar a reunião, e não se preocupem minha nora é
completamente inofensiva, ela não é nada dentro desta organização.
De canto do olho vejo a mulher graciosa que veio se sentar do meu lado,
não tivemos a oportunidade de nos apresentar pois assim que minha sogra
entrou todas ficaram em silêncio. Até agora nada do que foi dito me captou o
interesse, mas pelo meu bem estar tratei de gravar na memória tudo o que foi
dito.
Estão pesquisando os melhores salões de festas da região pois a filha de
uma das integrantes do grupo irá se casar com o chefe de um dos clãs da
máfia. Outro tema que fez parte do debate foi sobre a escolha da líder do
grupo, porque segundo as regras a esposa do capo é que devia ser a líder, mas
eu não tenho nada de líder, portanto não passou da cabeça de ninguém me
colocar na liderança para além disso a Elisa minha sogra me odiaria ainda
mais e minha tia que é a vice-líder rogaria todas as pragas em meu nome.
— Não se meta Pietra, apesar de ser a esposa do sub capo — então ela é
a esposa do Emiliano? — você não é nada aqui também, é outra imprestável
que nem sequer soube dar um herdeiro ao marido depois de tanto tempo de
casados, lembra da minha filha? A sua melhor amiga? Ela sim era muito fértil
e me daria vários netos se não fosse essa mulher sentada ao seu lado — sem
responder nada Pietra levanta num solavanco e se retira do recinto, eu me
sinto ainda mais péssima, será que algum dia alguém esquecerá aquele
fatídico dia? As lembranças daquele acidente e a culpa me perseguem até
hoje. — E você Emanuelle Deus está te fazendo pagar por ter levado minha
filha a morte, do mesmo jeito que você me tirou minha filha Deus também
tirou o seu. — meus olhos estão marejados pois sei que está certa, não de
agora que Deus está me castigando, desde muito cedo ele me sentenciou ao
sofrimento e a dor.
No final eu não seria tão inútil assim, desenvolver ideias em prol desses
seres indefesos e desamparados seria maravilhoso. Enquanto todas outras
mulheres de dispersam eu continuo sentada esperando uma oportunidade para
conversar com a líder.
— Eu-eu — abaixo o olhar para meus dedos que alisam o lindo bordado
da saia — eu tive uma ideia e gostaria de saber se a senhora aprova.
— Prossiga!
— Menina ingénua, acha mesmo que meu figlio te deixará fazer isso?
Nunca. Nós já temos responsáveis fazendo esse "trabalho comunitário" — diz
fazendo sinal de aspas com os dedos.
— Ela não chega aos pés da primeira esposa do capo — saio correndo
sem me importar com nada e assim que chego na porta principal da fortaleza
me seguro nela e começo a chorar e respirar com dificuldade. Segura na
maçaneta para abri-la, até que escuto meu nome ser chamado.
Antonelli, não, hoje eu não estou mais boa para ouvir seus insultos e
reclamações, só quero sentir a dor de perder meu filho sozinha, sem ninguém
me importunando. Não dou ouvidos a ela, assim que saio da casa o motorista
já me espera com a porta do carro aberta
— Sim senhor!
— Não posso revelar senhora, ordens do capo — saber que ele está
envolvido nisso, faz todo meu corpo arrepiar e meu peito apertar tanto que
custa respirar direito. Minhas mãos se esfregão uma na outra e não para de
lamber os lábios. A apreensão é tanta que fico quieta no meu canto.
De onde estou é possível ver suas mãos se dirigindo até a fivela do cinto,
e abri-lo.
E foi por isso que chamei minha querida esposa para a sede da mafia,
precisamos praticar, pois o conselho precisa ver que eu continuo o mesmo
líder e que herdeiros não faltarão, ter um herdeiro é uma questão de honra e
respeito. Emiliano não se preocupa muito com isso mas várias vezes ele já foi
convocado pelo conselho para ser advertido sobe sua situação como h0mem
dentro da organização. Não sei qual o problema dele e Pietra não terem tido
nenhum filho até agora porque eles são completamente sadios e aptos para
tal, mas também não me importo.
Olho minha esposa que está parada me olhando sem saber como agir,
seus lindos olhos brilham ao comtemplar a chuva lá fora, a linha fina que são
seus lábios estão rosados e com um aspeto natural, e isso sem dúvidas agrada
não só a mim mas ao meu pau também, pois ele está pronto desde o momento
que liguei para o motorista traze-la aqui. Nunca trouxe mulher nenhuma para
sede da mafia nem mesmo Geovanna, mas quando soube que ela estava
saindo da fortaleza que fica a uns quilómetros daqui não pensei duas vezes
em comunicar que a queria aqui, ela esta respeitosamente vestida em uma
saia com altura ate o joelho, por cima um suéter que não revela muito o que
ela veste por dentro dele. Sem duvidas ela é diferente de todas.
— Vem bonequinha, vem qui que seu marido está chamando. — ela
caminha a passos bem lentos e por fim para bem a minha frente, eu já estou
pronto, faço sinal para que ela se ajoelhe bem no meio das minha pernas, ela
sabe muito bem o que deve fazer. — chupa ele.
E assim ela o faz, bem devagar e bem gostoso como a ensinei a dias
atrás. O prazer que sinto com a boca dela envolta a meu pau é tão grande que
com certeza nunca ninguém me chapou como ela faz, não é porque ela
entende alguma coisa sobre isso mas a energia que circula em meu corpo
quando suas mãos me tocam tornam isso fascinante.
Seu perfume doce invade minhas narinas, coloco o copo na mesa e sem
pedir permissão tiro seu suéter e levanto sua blusa que imediatamente me dá
a visão dos seus fartos seios sem sutiã, seguro nos dois com as duas mãos e
começo a chupar seus mamilos rosados e bicudos, ela suspira e geme
baixinho e fica quietinha enquanto eu me acabo em seu corpo, passamos a
tarde interna dentro do meu escritório, a comi em todos os cantos do comodo
a marquei com minhas mãos e meus lábios, sua pele parda ficou toda
vermelha sua boceta de tão fodida que foi estava inchada e com os lábios
entre abertos. No fim ela dormiu exausta no sofá a paguei no colo e saí do
edifício indo até o carro que nos levaria para casa.
Poderia deixar essa missão com Emiliano ou Leonardo mas eles andam
atarefados supervisionando uma carga muito importante. Seguro no celular e
disco o nome da única pessoa capaz de me fornecer a pessoas que preciso.
Depois do segundo toque ele me atende:
— Shane
— Ferrari!
— Senhor! Melina Sanches ligou e disse que precisa falar com urgência
com o senhor. Ela disse que era muito importante — o que aquela mulher
quer comigo? Tomara que não seja para reclamar sobre a menina dela, caso
contrário ela terá a cabeça decepada.
Segui até o centro da cidade conduzindo por conta própria, assim que
cheguei a entrada do bar umas das recepcionistas me guiou até onde os outros
se encontram sentados, trocamos algumas palavras enquanto nos
ambientamos.
— Foi tudo certo, aqueles filhos da puta não poderiam fazer nada, afinal
de contas tínhamos um documento assinado pelo próprio governador — os
três gargalhamos, é muito fácil envolver políticos em nossas falcatruas eles
são tão sedentos por poder que caem e nossas garras.
Depois de ter passado o dia todo trancafiada no que depois descobri ser
o escritório dele, quando acordei estava sozinha deitada no meu lado da cama
e por ter passado quase o dia todo sem jantar acordei com uma fome fora do
comum e para minha supressa minha refeição já estava posta na anti sala, só
precisei tomar um banho e depois comi como nunca em muito tempo.
Aproveitei que estava sozinha e vi um filme e para acompanhar fui até a
cozinha sequestrar um pote enorme de sorvete, foi a primeira vez em muito
tempo que eu não me sentia como uma pessoa anormal. Quando o filme
termina desligo a televisão.
Estou tão cansada que nesse momento minha única vontade é dormir
confortavelmente essas camisolas curtas e finas não me ajudam muito,
caminho até meu closet para procurar uma camiseta confortável, depois de
revir todo o clost durante dez minutos eu desisto, aqui não tem nada que me
lembre as minhas camitas de dormir que usava na casa de repouso. Caminho
até o quarto com a intenção de voltar a dormir mas a porta do closet do meu
marido aberta me chama atenção, tento me controlar para não ir até lá mas
meus pés ganham vida própria e quando dei poe mim já estava no interior do
closet xeretando as coisas alheias, se ele me encontra aqui sou uma mulher
morta.
Lembro que no dia do ataque ele me deu uma roupa dele muito
confortável era um conjunto de moletom e acho que ele não irá se importar se
eu pegar emprestado agora, vou até a secção de roupas esportivas e tiro uma
camiseta preta de algodão dispo a camisola que por caso vesti sem calcinha
porque minha intimidade está ardendo. Como não tenho nada a fazer e o
dono do clost não está continuo minha aventura no lugar, abro cada gaveta e
cada porta nos guarda roupas, a maioria de sua roupas são de tons escuros
refletem exatamente o tipo de homem que ele é sombrio, cruel e sem alma,
percebi que a aqui tem um cofre bem grandão.
Depois de passar não sei quanto tempo deitada revivendo aquele fatídico
dia meu corpo para de tremer e minha respiração volta ao normal, antes que
seja encontrada guardo a foto no mesmo lugar e do jeito que estava volto para
o quarto e me sento na beirada da cama ainda pensando, o que será que
aquela foto fazia ali? Não pode ser coincidência, sinto minha cabeça querer
explodir de tantas ideias que passam por ela tantas duvidas sem respostas
também me deixam ainda mais agoniada, me deito e fecho os olha para tentar
dormir , talvez assim eu me esqueça que por minha culpa uma linga mulher e
um anjinho morreram por causa da minha burrice.
Um mês depois
— Não se preocupe com isso, eu sei que ele viajou com o irmão e
Emiliano — ela fala o nome de Leonardo com um certo brilho nos olhos.
Quando dei por mim já estava sentada no tapete da sala de estar ouvindo
Donna falar aos cotovelos do quanto cada roupa que ela trouxe ficaria bem
em mim. Enquanto aprecio cada peça ouço a campainha.
— Não se preocupe cunhadinha meu irmão não esta aqui. E isso aqui
como você diz se chama baby doll e vai ficar perfeito nesse seu bumbum
gigante. — minhas bochechas esquentam e elas começam a rir, no final
acabei vestindo o conjunto, ele ficou justo demais em mim os mamilos
estavam marcando e tinha um decote que não escondia nada e meu bumbum
estava quase aparecendo para fora de tão curta que a parte de baixo é —Uau
cunhada como você ficou gostosa nesse, entendo porquê meu irmão se casou
com você, se ele estivesse aqui sem duvidas estaria bambando, olha esses
peitos perfeitos.
— Que vergonha.
Pietra foi embora com o marido, que por acaso não ficou tão bravo
quanto meu marido está, já Alessandra e Donatella foram embora com
Leonardo, eles não nos deram nem tempo de nos arrumarmos. Assim que
Enrico entrou destilou toda sua fúria gritando connosco, o pequeno efeito da
bebida que eu estava sentindo passou imediatamente, em minha boca resta
apenas o sabor adocicado do espumante, agora eu estou sendo arrastada pelos
corredores da casa estou pensando se tudo aquilo valeu a pena.
Meu coração dá um pulo que me faz engolir sem seco quando ao invés
de entrar no quarto meu corpo é arrastado até o fim do corredor. Um
desespero abismal toma conta de ,mim e eu mal consigo enxergar pois as
lagrimas estão deixando meus olhos turvos.
— Enrico para onde está me levando?— sua ignorância é a única
resposta que obtenho, ele mal olha para minha cara. Sua pele quente das
mãos entra em contato com minha pele gelada bem no meio do rosto, o tapa
foi tão forte quem nem sua mão que me segurava conseguiu me salvar do
tombo que levei, minha bochecha está fervilhando e todo meu corpo fica
ainda mais gelado.
— Levanta! — sua voz soa como um trovão me fazendo pular por causa
do susto, eu balanço a Cabeça em um não silencioso, ele não vai me tocar.
Como se minha vida dependesse disso eu saí me arrastando — acha que vai
aonde? Falei para levantar porra!
— Não por favor! — não sei onde arranjei forças para pronunciar essas
palavras mas quando vi já tinha formado essa frase de suplica.
— Foi isso mesmo que eu ouvi? Você está dizendo não para mim? —
desde o início a regra numero um foi nunca negar nada a ele. Mas perto dele
eu fico tão atrapalhada e com medo que as palavras saem sem minha
permissão e isso já me custou muitas noites mal dormidas e machucados no
corpo — as vezes eu acho que você gosta de apanhar não é ? Gosta de ser
abusada e usada não é sua vadia? — ele está cada vez mais próximo. —
Responde caralho, você quer morrer?
— Sai logo daí que eu não tenho a noite toda. — solto o ar que mal
percebi que o havia prendido nas minhas vias respiratórias. Depois de pensar
infinitamente segurei na maçaneta da porta e a girei deste modo abrindo a
porta. Ele continua sentado na cama fumando, como um homem tão lindo
consegue carregar tanta maldade no coração? aqueles olhos azuis são a
própria invocação do mal, tao azuis quanto aos do anjo traidor.
— Qual foi o resultado? — engoli várias vezes em seco para finalmente
dar a resposta.
— Enri...co
— Shh caladinha. Vou deixar você aqui algemada quem sabe assim
raciocina melhor sobre suas funções. Ficará aqui até que aqueles malditos
testes de gravidez deem positivo, e para seu bem tomara que isso aconteça
logo Emanuelle. — antes dele me abandonar aqui sozinha leme me possuiu
mais um vez, e deixou deu avisos ameaçadores.
E nos próximos dias foi a mesma coisa, ele vem todos os dias vestindo
apenas um roupão ou não. Vem a noite antes de dormir e as vezes de manhã.
Já me faltam lágrimas para chorar, nesse meio tempo fiz o teste de gravidez
umas duas vezes e dos dois testaram negativo. Não sei mais o quefazer para
ele me deixar em paz. Engravidar é o único jeito para que fará ele parar de
me atormentar.
Olho meu corpo que se encontra encoberto por apenas uma camisola
fina, faz dias que não saio para apreciar o dia, olho tudo pela janela, não
converso com ninguém. Uma vez eu ouvi a voz do meu tio berrando mas não
pude vê-lo, a entrada de funcionários está interdita nesse quarto, termino de
tomar o suco e comer tosa a comida. Quando ia começar a desenha num
caderno que achei aqui mesmo, a porta foi aberta. Ele está elegantemente
vestido. A aura de homem sóbrio e implacável é visível a sua volta.
Desvio meu olhar das nuvens límpidas e brilhantes para meu pulso
esquerdo que se encontra visialmente avermelhado devido ao aperto forte da
sua mão na região, a base que passei não ajudou muito, pois é possível ver as
marcas de dedos em volta. Tudo seria tão fácil se minha vida voltasse ao que
era antes. Antes de conhecer esse homem, antes daquele enfermeiro nojento
tentar me tocar, antes de ser internada e principalmente antes do acidente.
Aquele acidente foi o marco do início da segunda parte da minha vida.
Falando em segunda parte da minha vida , faz tempo que não tenho
noticias da Melina, não sei onde ela está nem o que ela tem feito, e isso está
me destruindo por dentro, eu já perdi muita pessoas que amo nessa vida e só
de imaginar minha vida sem ela não vejo sentido em nada. Olho em volta e
não vejo Enrico em nenhum lugar ele saiu faz dez minutos, será que ele foi
dormir? Não isso não é possível.
Olho para direção que leva até o banheiro e vejo a comissaria de bordo
sair pela porta com a cara toda vermelha. E no mesmo instante Enrico
também passa pela porta com aquele ar arrogante que sempre o acompanha,
sem me dar nenhuma atenção ele se senta na poltrona a frente a minha e me
encara de um jeito assustador, ele só me olha assim quando faço de errado.
— Não bonequinha você não fez nada de errado, não posso olhar para
minha própria esposa?
— Não, não pode. E não insista, me irritar com você é a pior coisa que
poderia acontecer a você.
— Por favor Enrico, eu juro que serão apenas alguns instantes. — ele
olha o relógio e depois para mim.
— Muito bem. Você tem trinta minutos para caminhar no Central Park,
se por acaso ultrapassar o tempo que estipulei te castigarei com muito prazer.
— antes de sair ele segurou em meu rosto pelas têmporas e me deu um beijo
agressivo e selvagem. Quando ouvi as portas do elevador se fechando corri
até o banheiro me despi e tomei um banho bem rápido. Quando terminei de
me arrumar a comida já estava posta na mesa, a ansiedade é tanta que como
tudo com rapidez. Como estamos no meio do outono americano todas roupas
que as empregadas colocaram na minha mala são bem confortáveis.
— Desculpa não querai te assustar você — diz o homem com uma voz
bem suave. Ele é loiro usa óculos de grau e carrega alguns livros. Estou tao
assutada que nem sei como reagir.
— Tu-do bem — ele aparenta ter uns vinte e poucos anos — se me der
licença eu já vou embora — se Enrico souber disso ele vai me matar.
— Eu sei o que você vez bonequinha! E te garanto que não gostei nem
um pouco do que me foi reportado. Hoje você vai saber porque eu sou
chamado de figlio di diablo. — foi inevitável, senti meus olhos marejados e
minhas mãos trémulas, meu coração dá palpitadas rápidas e frenéticas
enquanto minha consciência procura uma forma de escapar de tudo isso. Ele
conversa alguma coisa com o noivo e depois me segura pelo braço me
puxando até a saída. — vamos bonequinha preciso te ensinar a ser uma boa
menina.
Dubai, Emiratos Árabes Unidos.
Semanas antes
— Você acha que nosso querido presidente da república irá abrir o jogo?
— não entendo como ele ainda duvida das minha capacidades de persuasão,
ou ele fala ou ele morre.
— É claro que vai falar. Eles sempre falam. — ele sorri direcionando
seu olhar para a entrada da sala vip. E lá estão três lindas mulheres, altas ,
magras e com maquiagem demais, bem diferente da minha bonequinha.
Nenhuma chama minha atenção, nenhuma se compara a ela. Minha
bonequinha é pura, doce, ingénua e tem um corpo que me faz perder
completamente o juízo. Tentei me distrair com as mulheres mas aqueles olhos
cheios de terror me atormentavam, eu só queria ela, só ela era capaz de sanar
todo o desejo latente que meu corpo sente, só ela consegue despertar o
demónio que vive em mim, só ela consegue satisfazê-lo.
….
Depois da noite nem tão divertida finalmente alguma coisa boa está
acontecendo, o comboio que acompanha a presidência foi desviado para o
galpão que me foi emprestado para os meus assuntos. Santoro não sabe mas
boa parte dos homens que fazem parte da sua segurança trabalham para mim,
são todos da máfia, mas ele deve desconfiar, apesar de ser leigo para certos
assuntos ele tem uma certa inteligência para outros assuntos, como por
exemplo na política. Não posso negar ele é bom nisso, sabe ser convincente
com seu público eleitoral e mostra confiança.
— Em primeiro lugar olha bem como fala comigo, o que foi perdeu o
respeito pelo seu capo? — vocifero na sua cara — não me confunda com seus
empregados, nós dois sabemos muito bem a quem o poder pertence aqui.
Agora se não quiser se atrasar para o seu compromisso sugiro que me
acompanhe para que conversemos.
— Não sei do que está falando capo — ahh ele sabe sim e vai me falar.
— Não me desafie, sei que tem alguém por trás de tudo isso para além
de você e Frederico. Não sei como você se alia alguém tão frustrado quanto
ele. — ele pigarreia mas depois desiste de falar o que seus lábios quase
estavam deixando escapar — você escolhe de como quer que sua esposa o
receba, dentro do caixão ou chegando na Itália todo poderoso. Nesse
momento tem um sniper apontando um black king bem no meio da sua
cabeça — vejo o espanto em seus olhos — ouvi dizer que é uma arma capaz
de percorrer mais de um quilómetro e meio até atingir seu alvo e te garanto
que o estrago é incalculável.
— O-o que você quer ? — eles sempre falam no fim, lanço um olhar de
satisfação para Leonardo e emiliano que estão prados do outro lado nos
observando. Foi fácil demais nem precisei usar meus métodos apropriados.
— Quero que me fale quem mandou atacar minha propriedade quem foi
que arquitetou. Duvido muito que tenha sido você ou o Frederico. — eles não
chegariam até esse nível de inteligência. — não adianta dizer que foram os
russos ou a yakuza, nós dois sabemos que isso é impossível porque
mandaram uns malditos ex militares me atracar você é a única pessoas capaz
de autorizar a entrada de mais de trinta ex militares americanos sem que
ninguém saiba. Então desembucha. — ele já percebeu que já esta sem saída.
Sem mais opção a prendi na cabeira da cama e avisei que só sairia no dia
que carregasse meu herdeiro, caso contrario me caso de novo e a mantenho
ali para me dar prazer pelo resto da vida dela. Nas semanas seguintes o
processo se repetiu, eu a fodia todos os dias sem descanso, e mesmo assim os
resultados dos testes não eram satisfatórios. Eu já estava possesso pois o
conselho assim como minha mãe não paravam de me infernizar com essa
história de herdeiro, não que me importasse a opinião deles mas essa situação
já estava ultrapassando os limites.
Presente
Puxo seu bracinho sem delicadeza nenhuma, ela tenta acompanhar meus
passos mas é impossível porque estou andando rápido demais, seus sapatos
ficaram para trás, seu choro é tao intenso que seu rosto se encontra totalmente
vermelho. Ela solta soluços altos assim que vê que estamos prestes a chegar
no porto abandonado.
— Se não calar a porra da boca agora mesmo vai ser pior para você —
ontem quando estava em uma reunião de negócios com um dos
representantes da mafia nos Estados Unidos um de meus soldados me
mandou a foto de minha esposa conversando com um homem, nem se pode
chamar de homem é só um fedelho que tentava cantar minha esposa com esse
papo de gostar de arte em meio a praça publica , mas hoje ele aprenderá que
não se mete com a esposa de um mafioso e fica por isso mesmo, isso vai
servir de aviso para ela também.
Não tem nada melhor que cortar o pescoço de alguém ao ar livre. Assim
que Emanuelle percebe a figura a nossa frente seu corpo começa a tremer e
sua respiração fica ofegante pois está tentando prender o choro, tolinha, o
copo dela fica tenso e seus pés vincam no concreto frio. Sem ela esperar puxo
seu corpo com mais brutalidade até que ela volta a se mover.
— Por.. favor me leva para casa. Juro nunca mais falar com um
estranho. — nós nem chegamos perto e ela já quer ir embora.
Tiro o punhal com o brasão da família no cos da calça e aponto para ela.
A mando abrir os olhos e ordeno:
Sem saber o que fazer seguro em meu peito, dou alguns passos para trás,
não posso fazer isso, nunca teria essa coragem. Olho para o homem que se
diz meu marido e no mesmo instante todo meu corpo se arrepia e meu peito
sufoca, sinto como se tivesse alguma coisa entalada na minha garganta. Meus
olhos quase saltam de meus olhos quando o vejo se agachar segurara no
punhal e caminhar a passos lentos em direção ao Thomas, olhando nos olhos
dele o demónio levantou o objeto cortante que reluzia a luz do luar e o cravou
sem piedade no peito daquele pobre inocente. Meus ouvidos doem de tão
altos que são seus gritos de agonia ele não para de pedir ajuda até o silencio
vigorar no lugar, assim só se ouve a calmaria do mar.
Dói tanto que meu coração pesa, e o bolo que estava entalado na
garganta aumenta, me ajoelho pois estou começando a respirar com mais
dificuldade ainda, sinto todo meu corpo ficando dormente, se isso for a morte
me levando eu agradeceria tanto. Em menos de dez segundos me vejo
rodeada por todos aqueles homens de preto e meu marido me segura pelos
ombros e me deita sob o chão gelado.
Meu corpo é erguido e tenho plena certeza que é ele que me seguro pois
sinto o cheiro característico do seu perfume, sinto uma vibração a cada passo
firme que seu corpo dá, e nesse momento a ideia de fechar os olho e nunca
mais acordar parece tentadora. Antes que eu apagasse totalmente foi possível
ouvi-lo dizer que ficarei bem.
….
Levanto com cuidado porque meus corpo está doendo tanto que parece
que um caminhão passou encima de mim, preciso fazer xixi. Caminho até o
banheiro e antes de mais nada faço minhas necessidades e me preparo para
tomar um banho, não sei que horas são, mas sinto que necessito de um banho.
Enquanto a água do chuveiro escorre em cascatas consecutivas, desamarro o
robe e coloco a peça na roupa suja que se encontra empilhada na pia, só pode
ser coisa do Enrinco. Não passou despercebido que naquele emaranhado de
roupas tinha algumas peças minhas. Segurei todas elas e as coloquei no cesto
de roupa suja, mas no meio delas vi algo que ativou uma memória em minha
mente.
— Não chega perto de nim, senão eu juro que atiro. — ninguém vai me
tocar. Ela sai aterrorizada pelo quarto chamando por ajuda. Antes que eu seja
encontrada também saio correndo do quarto indo em direção às escadas. O
lugar está vazio, eu vou embora e nunca vai me encontrar, eu juro bebê. Eu
sei que tenho um bebê crescendo dentro de mim, eu sei. Assim que deixo as
escadas para trás corro até a porta principal e saio por ela.
— Emanuelle — escuto a voz do demónio me chamando, mas não olho
para trás para ver, continuo correndo pelos jardins da casa. — você vai se
machucar bonequinha solta essa arma e para de correr.
— Me leva pra sua casa tio. Promete que vai proteger a mim e ao meu
bebê?
— Claro querida. Faço tudo que você quiser. Agora solta a arma. —
nego com a cabeça freneticamente.
— Emanuelle pense nos seus pais, acha que eles ficariam felizes em ver
você fazendo uma coisa dessas? — porquê ninguém me entende?
— Não tio, eles não iam ligar, afinal ninguém se importa comigo. Todos
vocês me abandonaram. Eu não quero viver mas assim, vão embora e me
deixem em paz. — viro com a intenção de continuar meu percurso em
direção aos portões.
Assinto enquanto ela limpa minhas lágrimas, foi tao rápido que quando
vi já estáva nos braços de alguém. Eu lembro dessa sensação, é a mesma que
eu sentia quando os enfermeiros queriam me acalmavam caso eu estivesse
agitada e nervosa.
— Durma bonequinha, você já deu show demais por hoje. — ele sorri
de forma desleixada enquanto meus olhos travam uma batalha entre deixá-los
abertos ou fechados.
— Não que seja da sua conta, mas eu não me casei com ela só pela
vingança. Tenho outros motivos particulares. Sua sobrinha já é uma mulher
Dante, não tem porquê ficar investigando a nossa vida de casados.
— Por favor nunca conte a ela. Minha sobrinha já se culpa pela morte da
prima, se souber que você foi marido dela isso a devastaria. — eu entendo
seu ponto, Emanuelle se culpa por tudo, até mesmo quando eu a castigo —
posso vê-la?
— Desculpa Senhor. Mas é que a senhora, ela tem uma arma nas mãos e
parece muito descontrolada, ela quase atirou em mim quando fui ajudá-la —
mas que porra.
Sem esperar mas saí correndo mas antes de chegar nas escadas vejo ela
passando por mim correndo em direção a saída com uma arma na mão,
descalça e vestindo apenas a camisola fina.
— Parker!
— Bom dia Ferrari! — eu e ele nos conhecemos a uns anos numa casa
de swing e desde então mantemos contato ou fazemos negócios juntos. A
mais ou menos três meses ele e Nicholas finalmente aceitaram a minha
proposta de me associar a indústria bélica deles, assim não preciso me
preocupar em importar armas ou exportar armas contrabandeadas.
Continuamos conversando e ele explica como será o contrato seus termos e
condições, eu e ele temos intimidade demais por isso ele acaba me contando
que em pouco tempo irá se casar e mandará o convite para mim em alguns
dias. Fiquei surpreso com notícia porque ele não é do estilo que se casa, o
estilo de vida dele não condiz com essa realidade. Assim que médico sai do
quarto da minha esposa, encerro a ligação.
— Então o que ela tem? — pergunto de uma vez, nesse momento Dante
e filho se aproximam.
— Sua esposa não tem nada. Foi só uma crise, provavelmente ela passou
por algo traumático, sua mente criou uma confusão entre o imaginário e a
realidade, por isso ela ficou alterada. Receitei calmantes e comprimidos pra
dormir, irão ajudá-la.
— Ela pôde ter confundindo com o outro bebê que perdeu recentemente.
Por enquanto ela não está grávida. Ela ficará aqui em observação por
quarenta e oito horas. Caso ela tenha outra crise, deixarei um psicólogo para
acompanhar o caso dela. — com apenas um acena de mão dispensei o
médico. Por um minuto cheguei a acreditar que ela realmente estava grávida,
maldição
Como sei que ela terá companhia durante o dia de hoje, decido me
dirigir até a sede da máfia. Quando o elevador chega até o tério do edifício
me surpreendo ao ver Antonelli caminhando em minha direção.
— Ela está bem. O que ela teve foi só uma crise. Está preocupada
Antonelli? Você nunca gostou da sua irmã, o que você está aprontando?
— Não sei se o senhor recebeu meu recado, mas faz algumas semanas
que liguei para sua casa, e disse que precisava falar urgentemente com o
senhor — agora que ela está falando, realmente me disseram que ela queria
falar comigo.
005
É única coisa que vem escrito nele. Mas que porra significa esse
número?
A vontade de abrir os olhos é muito grande, mas sua presença no
ambiente me apavora, espero que o médico não tenha dito nada a ele ainda,
não posso deixar ele saber. Estou ciente de que tive uma crise, aquilo já
aconteceu umas duas vezes na casa de repouso. Nas duas vezes eu tive
pesadelos com o homem daquela voz assustadora, Melina é a única que sabe
sobre o homem que intitulei como sendo bicho papão, é assim designado
porque ele apareceu no escuro e nunca vi seu rosto. Mas os pesadelos que
tenho não chegam nem perto do que eu vivo hoje em dia, nem de longe.
Continuo quieta no leito enquanto as pessoas a minha volta conversam,
quando ouvi Enrico dizendo que estava saindo para atender uma ligação vi
uma brecha para procurar pelo bom senso do médico.
— Isso é bom. Está com alguma dor? — nego com a cabeça. Minha
preocupação nesse momento é uma e única.
― Ele está ótimo apesar de tudo. Vou pedir que você se cuide, lembre
que já teve um aborto e sendo assim torna seu caso mais delicado. ― em
hipótese alguma Enrico ou qualquer outra pessoa deve saber disso. Eu
descobri sobre a gravidez faz alguns dias, dois dias antes da nossa viagem
para Nova Iorque pra ser exata. Sempre que eu faço os testes Enrico nunca
me acompanha no processo, por isso foi fácil driblá-lo com mais um teste
negativo, será assim até eu dar um jeito de me livrar dele. Por esse bebê sou
capaz de tudo, até mesmo me arriscar numa loucura.
― Por favor não conte nada. O senhor sabe que ele me machuca. Só
preciso de um tempo para digerir tudo isso antes de contá-lo. ― olho para ele
com meu maior olhar de súplica e meus olhos marejados.
― Não conta por favor. Eu só quero ter uma gravidez tranquila sem que
ele me atormente ― é bem possível que eu perca esse bebê se ele souber.
Será muita pressão e eu não irei suportar isso.
― Tudo bem. Mas você precisa contar logo, porque tem que começar o
pré natal. ― assinto e aceito de bom grado todas as recomendações do
médico. Por pedido meu ele irá dizer para Enrico que não posso sofrer fortes
emoções e nem ter relações sexuais.
Saio de meus devaneios quando oiço alguém bater a porta e
consecutivamente abri-la.
― Claro que pode tio! ― entendo porquê ele me pediu permissão, afinal
de contas eu sou a louca que apontou uma arma para todos e para mim
mesma.
― Estou bem Antonelli e muito feliz que tenha vindo me visitar. ― faço
uma pergunta que sempre esteve instalada na minha garganta - porquê você
nunca foi me visitar na casa de repouso? Você Também me culpa pela morte
de Geovanna? ― ela se senta numa poltrona com a maior classe responde:
― Eu sei que de certa forma eu sou culpada, senão tivesse ligado para
ela estaria viva hoje e te garanto Antonelli que isso me atormenta até hoje.
Mas eu fui para aquele lugar porque eu recebi uma mensagem sua dizendo
que precisava de ajuda eu lembro muito bem disso.
― Isso não é verdade, você está inventando tudo isso nessa sua cabeça.
Para de me difamar. ― ela praticamente grita e se levanta me fulminando
com o olhar. Ela está visivelmente incomodada com algo.
― Para de ser fingida. A minha maior felicidade é que não pode dar
nenhum filho ao Enrico até agora, a qualquer momento ele vai te largar e
quando você menos esperar ele vai te colocar num dos puteiros da máfia. Eu
me afastei dele. Mas pode acreditar eu voltarei a ser dele como sempre foi
antes de você voltar e atrapalhar minha vida por completo ― ela esbraveja e
de repente ouvimos disparos. Congelo no mesmo momento pois sei que os
tiros foram disparados lá em baixo.
Várias vezes perdi pessoas que amo para a morte, e cada pessoa que vai
embora meu coração vai junto, a dor da perda é tão grande que as vezes você
não sabe se vai sair da situação em pé. O vazio que sinto é tão grande, que se
não tivesse um serzinho crescendo dentro de mim teria me entregado a
depressão e ao inconsciente. Achei que esse acontecimento teria tirado
totalmente a minha vontade de pintar mas fiquei surpresa a dias quando
acordei e comecei a lançar nas telas os traços fortes da minha Melina, pintei
tantos quadros que daqui a pouco nem vão caber mais aqui.
Melina se foi e aos poucos vou aceitando, sei que se ela ainda estivesse
aqui me daria uma bronca por estar tão melancólica e pra baixo.
Em muitos anos pintando e desenhando nunca me dei tempo para fazer
um quadro meu, a vontade de fazer um retrato grávida é muita mas não
posso. E isso me faz lembrar que a qualquer momento minha barriga ficará
saliente, por enquanto as únicas mudanças são os seios inchados e um ligeiro
aumento de peso.
Até agora minha vida tem estado o mais pacífica possível, Enrico não
me tocou, na verdade ele mal tem me dirigido a palavra. Nesse tempo recebi
a visita da minha cunhada, da Donatella e até a Pietra, desta vez a visita foi
mais comportada, nada de música alta nem bebidas alcoólicas. A única coisa
divertida que fizemos foi pintar e desenhar aqui no meu estúdio, que por sinal
elas amaram.
Aliso minha barriga que por enquanto se encontra plana, já devo estar
com um mês de gravidez e ainda não consegui dizer nada ao Enrico, meu
único medo em tudo isso é prejudicar o bebê porque eu já deveria ter
começado o pré natal. Enquanto aprecio a linda iluminação da cidade fico
imaginando o rostinho dele ou dela, não importa de qual sexo ele seja o
amarei do mesmo jeito, apesar de Enrico não ter os mesmos pensamentos que
eu porque ele quer um menino primeiro, essa é a regra da máfia. Eles só se
importam com os números e não com conteúdo, é uma organização machista
ao extremo e que se dependesse de mim meu filho não faria parte. E mesmo
que eu desejasse fugir para onde eu iria? A única que me apoiaria nessa
loucura não está mais presente em minha vida, mas uma mulher alegre e
bondosa foi vítima daquelas armas que só trazem desgraças ao mundo.
Preciso parar de pensar nisso, esses dias ando mais emotiva que o normal,
não quero que ninguém desconfie de nada, a minha sorte é que por não ser
magra as diferenças não são tão evidentes.
Resolvo colocar os sapatos de salto de uma vez, antes que meu marido
chegue e me insulte por não estar pronta ainda. Não sei para onde vamos,
apenas me foi ordenado que devia estar pronta que a qualquer momento o
dono dos meus tormentos viria me buscar, estou calçando uma sandália preta
muito linda, o salto não é muito alto, e o que mais se evidencia nela são as
tiras que se cruzam em vários pontos. Gostei! O vestido também é lindo,
desde que me casei tenho me sentido mais uma mulher e não apenas uma
jovenzinha, tudo isso por causa das roupas modernas e sofisticadas que visto,
apesar de não ter um estilo extravagante como o das outras, analisando
melhor mesmo que quisesse vestir algo extravagante ou acima do joelho
Enrico me mandaria trocar de roupa e ainda mais me daria a maior surra, só
de pensar nisso fico até arrepiada.
Saio de meus devaneios quando escuto ele entrar pela porta do quarto e
sem falar uma palavra me estende a mão para que eu a segure, sem esperar
ele cola meu corpo no seu e fica cheirando meu pescoço ao mesmo tempo
que solta beijos estalados nele.
― Mas tarde vamos matar as saudades, você já está fazendo muita falta
― o médico falou um mês sem sexo, foi o tempo que pedi a ele mas só se
passaram duas semanas.
― Hoje você cumpre seus deveres de esposa por bem ou por mal, agora
vamos antes que passemos da hora ― sua mão repousa na minha cintura
enquanto caminhamos até o elevador que nos separava da suíte master.
Quando a caixa de metal entra em movimento é possível sentir Enrico atrás
de min, seus lábios encostam meus ombros enquanto suas mãos acariciam as
laterais do meu corpo
― Emanuelle!
Assim que entro no quarto do hotel a primeira coisa que faço é tirar as
sandálias, ainda não me acostumei com salto. Tiro o vestido e a roupa íntima
no banheiro e antes que Enrico entre no quarto tomo um banho bem rápido,
passo hidrante em todo corpo visto uma calcinha preta e uma camisola que
não esconde muita coisa. Quando saio do closet o encontro sentado na
poltrona fumando e vestindo apenas um roupão. No mesmo instante meus pés
parecem pesar uma tonelada cada e a distância até a cama parece ter se
tornado maior, mesmo com todas essas constatações consigo chegar a beirada
da cama e começar a arruma-la para dormir. Tiro a colcha e ajeito os
travesseiros, no momento em que ia colocar o joelho na cama, sinto a áurea
sombria a minha volta e automaticamente sei que ele está atrás de mim, suas
mãos apertam minha cintura.
― Já falei quando que quando for dormir não quero que vista nada por
dentro, não quero que nada impeça de ter acesso direto a essa bocetinha,
entendeu? ― assenti, e dei um grito quando senti uma pequeno tapa na minha
intimidade, e logo a seguir a calcinha foi rasgada, ― agora eu vou me perder
nesse corpo delicioso, minha bonequinha ― seus lábios procuram os meus
com urgência e assim sai um beijo voraz e cheio de sede, e em meio ao beijo
seu membro massageia meu clitóris fazendo com que aquele região ficasse
lubrificada o suficiente para ele me penetrar.
― Como você me enfeitiçou hein? Essa sua buceta me deixa louco, será
minha por toda eternidade ― suas estocadas tornam-se mais fortes e
profundas ― EMANUELLE! ― grita meu nome enquanto despeja dentro de
mim sua semente. Quando me deixou descansar já era de madrugada por isso
imediatamente eu mergulhei no sono.
— Você vai viver o resto da sua vida manchada com meu sangue — e
então me dou conta de que todo esse tempo eu estava deitada por cima de
uma cama cheia de sangue, eu também estava toda cheia de sangue
— NÃO! — sim eu sou uma assassina eu matei eles, não paro de pedir
desculpas — Me perdoem.
Me dou conta que estou deitada na cama com meu marido e não estou
com sangue de ninguém nas mãos e Thomas não está aqui. Sem opção me
atiro nos braços do meu algoz e choro de medo em seu peito.
Largo o corpo suculento da minha bonequinha depois do sexo matinal
fenomenal que tivemos, nunca me canso de a comer. Aos poucos ela está se
acostumando a minha fome por sexo, tanto é que já não reclama nem se
debate quando está em baixo de mim, seu corpo está ainda mais gostoso que
nunca, suas curvas estão mais salientes e os seios redondos e fartos. Parado
nu enquanto fumo um de meus charutos contemplo o nascer do sol da prima
vera americana. Um sorriso debochado sai de mim ao lembrar que me
encontro na cidade cujo se encontra a sede do FBI nos Estados Unidos, o que
eles fariam se soubessem que o líder na 'Ndrangheta está bem debaixo do
nariz deles? Faz anos que estão tentando me pegar, na verdade eles tentam
pegar o líder da máfia desde a época do meu avô e até agora nem eles nem a
Interpol tiveram sucesso. Nesse mundo a esperteza e perspicácia é que
funcionam caso contrário você se fode feio.
Meu ódio por eles não é descabido e não é algo recente, nós sempre
estivemos em rivalidades ou por causa da busca de territórios para exercer os
negócios das organizações, ou por questões familiares e culturais, eu sempre
tive certeza que eles estiveram envolvidos no acidente da Geovanna mais de
um tempo pra cá a certeza tem aumentado mais ainda, e o que mais me irrita
é saber que provavelmente alguém de dentro da organização os tenha
ajudado, aquela velha talvez tenha razão, provavelmente minha bonequinha
foi atraída até aquele ponto. Mas para quê? Naquela época Emanuelle não era
valiosa para ninguém. Algo não se encaixa aqui, algo me diz que aquele
acidente não era exatamente para provocar a morte da Emanuelle, ela
provavelmente estava no lugar errado na hora errada, mas com o tempo eu
saberei o que realmente aconteceu.
Após sairmos do hotel a viagem segue até uma das mansões dos Parker.
Assim que o carro estaciona nos jardins da casa onde tudo foi organizado
para a realização do casamento, Emanuelle me acompanha de cabeça baixa,
sem encarar ninguém, ela ainda lembra o que aconteceu quando encarou o
rosto de um homem que não era eu. Antes de prosseguirmos seguro seu rosto
para que seus olhos encontrem os meus
— Parker! Então realmente vai se casar com a russa? — não falo isso só
por causa do ódio que tenho dessa família mas também por causa da vida
libertina que ele leva. Christopher Parker é um homem sombrio, tal como eu,
mas existe além do que os olhos podem ver.
― Claro que vou. Sasha não tem nada a ver com vossas rivalidades de
máfia, para além do quê ela é meu prêmio e não vou abrir mão dela por sua
causa.
― Não vou mais discutir esse assunto com você ― ele concorda e então
começamos a falar de negócios, nesse meio tempo Nicholas também chega e
começamos a falar sobre o contacto de sociedade que provavelmente
assinarei em poucas semanas.
A cerimônia é dada por iniciada e no tapete vermelho entra uma mulher
de olhos azuis fortes, um homem a acompanha, é Aleksei solotov primo e
braço direito de Dimitri solotov, chefe ma máfia russa.
A cerimônia transcorre sem sobressaltos, e por fim eles são proclamados
marido e mulher.
Nápoles, Itália
— Santoro você tem duas semanas para dizer o que exatamente queriam
na minha casa e quem bolou o plano, caso contrário eu juro te matar em
pleno comício público e torturar sua esposa e seus filho — me viro e encaro
as janelas do meu escritório sem o dar mas atenção — saia — vendo que eu
estava irredutível ele saiu.
Essa situação não pode perdurar mais, tem alguém aqui querendo me
sabotar e o pior é que não sei se essa pessoa quer meu lugar ou almeja outra
coisa dentro da organização.
O toque estridente do telefone me tira de meus devaneios.
— O que foi? — antes de entrar aqui disse as secretárias que não queria
receber ninguém aqui.
― Senhor Ferrari, não direi meu nome por segurança mas o senhor já
deve imaginar quem sou. Nicholas Shane me enviou ― claro o sniper.
― Você sabe para onde estamos indo? ― pergunto a Sasha que se
encontra sentada na poltrona a frente da minha no interior do jato. Passam
mais de trinta minutos desde que decolamos no aeroporto de Nápoles e não
faço ideia nenhuma pra onde estamos indo. Só sei que me foi ordenado
arrumar as malas, Unicamente isso, sem justificação sem explicações como
sempre foi. E em meio a tudo isso eu só temo pelo bem estar do meu bebê,
que por sinal a cada dia que passa vem trazendo mudanças astronómicas ao
meu corpo. No final parece que terei que confessar sobre a gravidez porque
não conseguirei escapar desse casamento, quanto mais cedo eu aceitar mais
cedo curtirei a minha gestação. Assim que voltarmos dessa viagem eu
contatei tudo para ele.
Nesses dias quem me fez muita companhia foi a Sasha, ela e o marido
estavam em lua de mel pela Europa e decidiram passar os últimos dias do pós
casamento na Itália. Fiquei feliz por ter ganhando sua amizade e de certa
forma nossas origens e vidas recentes se assemelham.
Assim como eu Sasha também nasceu e cresceu nos muros da máfia, o
termo liberdade também nunca fez parte do seu vocabulário. Nesses dias ela
me contou sua história, e fiquei muito surpreendida com os fatos que ela me
passou, pois assim como eu ela vivia no meio de uma família que não a dava
amor tudo isso porque ela é deficiente visual, ela era considerada a vergonha
da família.
Ela disse que perdeu a visão aos quinze anos num acidente e desde então
sua família criou represálias por esse simples fato.
Eu lamento que ela tenha passado por tudo disso, ela é uma mulher
linda, e tem os olhos azuis muito intensos. Desvio minha atenção das nuvens
nubladas que nos acompanham durante a viagem e olho na direção onde se
sentam nossos maridos, e reparo que a mesma energia sombria que emana de
Enrico também acompanha o marido de Sasha. Desde que o vi apenas se traja
de roupas pretas como se estivesse num luto eterno. Ele é um homem grande
sua barba grande e bem cuidada e seu cabelo o deixam ainda mais assustador,
daqui é possível ver as tatuagens que ganham terreno até seu peço bronzeado,
sempre achei que nunca conheceria alguém pior que Enrico mas nesse
momento estou começando a mudar meus conceitos. Só agradeço por Sasha
ter uma condição que não a permite ver aquele olhar frio do esposo.
― Rosa Angélica! Está tudo bem com Você? ― coloco minha mão em
seu ombro e ela acorda do transe meio assustada.
― Sim eu estou.
Mas sinto que ela não diz a verdade tanto é que nós minutos seguintes
eu Sasha estamos conversando sozinhas enquanto ela olha para as saída do
ambiente.
― Olha meninas, eu vou ser sincera com vocês, meu casamento não é a
última maravilha do mundo, eu não casei porque queria e sim porque
Nicholas criou situações que me obrigassem a ficar presa a ele ― suas
palavras me chocam ― ele é um homem horrível e frio, estou cansada de
viver nesse casamento temendo pela minha vida, ele me agredi e me usa
como um bicho ― isso nunca passaria da minha cabeça, que o marido dela a
bate ― hoje eu tive a estúpida ideia de fugir mas meu plano falhou então
decidi que fugiria no meio do evento. Eu não faço isso apenas por mim e
minha dignidade também pelo bebê que sinto que está crescendo dentro de
mim, não quero que meu bebê cresça nesse meio de violência doméstica ―
eu queria apenas por alguns momentos ter a força que ela tem, ser uma
mulher determinada igual ela está sendo agora.
― Eu sinto muito, na verdade não sei o que dizer eu eu... ― travo como
se minha língua tivesse sido decepada pela tristeza que me invade.
― Senhor Ferrari! Que honra vê-lo por aqui. Não sabia que viria ―
ouço a voz enjoativa da Susan, a médica responsável pelo lugar, não posso
negar Susan é uma mulher atraente e sabe como deixar um homem louco na
cama, mas aquela pequena feiticeira me lançou um feitiço que não me deixa
nem cobiçar outras bucetas, e como castigo a como todos os dias quando
sinto vontade. Nem Eugênia que era minha puta fixa eu procuro mais por
causa dela.
― Não vim aqui para isso. Acha que eu gastaria meu tempo percorrendo
mais de cinco quilómetros só para vir foder? Faça-me o favor Susan – o tapa
a deixou meio desnorteada e seu olhar sedutor e os lábios fatais murcham
como sinal se surpresa. ― e tire suas mãos de mim, nunca te dei essa
intimidade, se não quiser perder a cabeça melhor me respeitar porque não sou
seu amigo e sim seu chefe ― Vocifero bem na cara dela e imediata ela tira as
mãos de puta do meu terno.
Faltam apenas vinte minutos para minha reunião com o Swegger. Nós
encontraremos nas montanhas do oeste. Quase na fronteira com Sicília umas
das regiões da Itália.
Depois de dez minutos já é possível ver um jeep estacionado na beira da
estrada e seu respetivo dono parado e recostado no mesmo.
Um sorriso largo aprece em meu rosto após ler a manchete escrita num
dos jornais mais importantes dos Estados Unidos, o Times. Ele não morreu
por minhas mãos mas a sensação de ter eliminado mas um inseto da minha
organização é a mesma. A satisfação é tanta que para comemorar irei assinar
um contrato que me associa a maior indústria de de todo tipo de arma.
― uma vez que está tudo resolvido, realmente podemos voltar. Daqui a
alguns minutos meu jato partirá para Seattle e não quero me atrasar ―
Christopher anuncia se levantando para sair. Num rompante através da porta
entra um Bruce nervoso e apressado, ele é o chefe da segurança de Nicholas,
e pela sua cara nesse momento realmente aconteceu algo grave.
― Senhor eu sinto muito, não sei como mas a sua esposa está
desaparecida ― Nicholas levanta num rompante após ouvir essa notícia ― e
suas esposas também sumiram senhores, eu sinto muito ― ele fala essa
última parte apontando para mim e Christopher. Mas que porra! Eu e
Christopher nos entre olhamos e ficamos em posição de alerta.
Primeiro a esposa do Shane vai até o toalete, vimos todos os seus passos
até momento que sorrateiramente ela abre a porta do banheiro segura num
vaso grande mais que ela e o joga sob a cabeça do segurança que
imediatamente cai desmaiado. Sem que ninguém a veja ela chega até a
garagem e começa a procurar por algo.
― MALEDITA!
Olho mais uma vez para as imagens nas telas para poder acreditar que
minha bonequinha não foi sequestrada, ela fugiu de mim.
San Tiago del Cuba, Cuba
No último momento eu resolvi fugir, não só pelo meu bebê mas também
para minha libertação, para pelo menos uma vez na vida começar a tomar
minhas próprias decisões sem medo de falhar, sem precisar ser o que não sou.
Só rezo a Deus para que ele não me procure, em todo caso duvido que venha
atrás de mim, eu já percebi o quanto sou insignificante para ele, sem dúvidas
serei menos um peso que ele teria que aguentar até o dia que decidisse me
matar. Os únicos que me fazem lamentar por ter fugido são meu tio e Ettore
meu primo amado, eles nunca concordariam com essa fuga, por isso agi nas
suas costas, se tudo der certo e não formos encontradas provavelmente nunca
mais os verei, e isso esmaga meu coração, pois eles são as pessoas que mais
amo no mundo depois do meu bebê. Tomara que um dias eles me perdoem
por ter ido embora, mas sei que entenderão eles eram testemunhas do meu
sofrimento naquele casamento.
Sempre que viajava com Enrico nunca precisava passar por esse
procedimento, nós íamos diretamente para o avião e quando descíamos era a
mesma coisa como se ele não precisasse cumprir com as normas
alfandegárias.
Quando finalmente nossa mala é liberada, na verdade não é uma mala e
sim uma pasta onde contém nossos pequenos pertences, os documentos
algum dinheiro e algumas mudas de roupa que compramos no aeroporto da
Pensilvânia.
― Oh claro! Pelos vistos vocês vêm para ficar. ― ele diz eufórico, e
nesse momento nós três nos entre olhamos, sem entender como ele soube que
viemos para morar. ― não se assustem, eu sei disso porque a maioria das
pessoas que recebo no aeroporto quando pedem uma sugestão de lugar para
ficar eles perguntam por cabanas, hotéis, resorts ou motéis, é uma questão de
prática. ― sem saber o ar que está preso nas vias respiratórias volta a
circular, as meninas também suspiram de alívio. ― Já agora meu nome é
Elias!
― Prazer Elias, meu nome é... July essas são minhas primas Lisa e Jane.
― só agora me dou conta que ganhei um nome novo, nos meus novos
documentos esse é o nome que consta, Emanuelle Mancini morreu dando
lugar a Jane Stuart.
― Sabia que eram americanas, muito bom saber que jovens moças
decidiram se juntar a nossa pátria, garanto que irão gostar ― o resto do
caminho foi percorrido em uma conversa descontraída, falamos sobre várias
coisas e nem por um único minuto o Elias permaneceu calado, isso é bom
assim nenhuma de nós se perderia em seus próprios pensamentos.
Depois de quarenta minutos de viagem o carro estaciona em frente a um
prédio num bairro pobre, apesar de antigo o edifício parece em boas
condições. Elias nos apresenta a dona do apartamento que iremos alugar, ele
fica no terceiro andar que significa o último. Eufóricas começamos o tour no
interior do pequeno apartamento.
Ele é composto por uma sala que conjuga com a cozinha, apenas um
balcão separa um ambiente do outro, tem um banheiro e dois quartos, ficou
decidido que eu e Sasha dividiremos o quarto maior e Rosa Angélica ficará
com o outro. Após acertamos sobre o aluguel a proprietária vai embora nos
deixando sozinhas e emocionadas.
Nos dias que se seguiram começamos a mobiliar o nosso lar com o
pouco dinheiro que Rosa Angélica conseguiu roubar do cofre do marido dela.
Ela teve muita coragem, nem em mil vidas eu conseguiria fazer tal afronta,
Enrico me poderia me espezinhar se fizesse algo do gênero.
Depois de mais uma noite de sono decido acordar antes das meninas,
hoje quero preparar nossa café, apesar de nunca ter tido muito contato com as
panelas a dias minhas amigas estão me ensinando coisas básicas, e hoje
colocarei tudo em prática, e também é uma forma de comemorar a
confirmação da gravidez de Rosa Angélica, ontem ela foi ao médico e por
conseguinte confirmou a gravidez dela, também decidi que está na hora de
marcar uma consulta, desde a descoberta da gravidez nunca visitei um
médico.
Arrumo a mesa enquanto cantarolo baixinho, preparo umas torradas,
faço ovos mexido e pico algumas frutas para fazer uma salada. Quando
termino arrumo tudo certinho na mesa.
De repente sinto algo quente descendo por minhas pernas, como Isso é
possível? Estou tomando banho frio e não sinto vontade de fazer xixi, aos
poucos abro os olhos e o que vejo saindo pelo ralo do box me deixa chocada,
meu bebê. Sem conseguir me segurar da minha boca sai um grito que faz
minha garganta queimar e lágrimas saem ao perceber que possivelmente
estou perdendo meu bebê, de novo.
Abro a porta de casa, mas a única coisa que ouço é o motor da geladeira
trabalhando, provavelmente as meninas ainda não chegaram, visto que eu saí
mas sedo do trabalho por causa da consulta. Caminho até a sala e me sento no
sofá pra descansar, não caminhei quase nada mas estou me sentido fatigada.
Ligo a TV para procurar algum filme bom. As vezes parece um sonho e sinto
que a qualquer momento eu vou acordar na cama em que divido com aquele
opressor, quer dizer dividia. Suspiro frustrada porque não consigo achar um
canal que chame minha atenção, desisto e largo o controle no sofá. Pelos
vistos terei que fazer o jantar. Por ser noite da lasanha nós três costumamos
preparar juntas, mas como não tenho nada para fazer eu vou adiantar as
coisas.
― Emanuelle o que está fazendo ? Você sabe que não pode fazer esse
tipo de esforço amiga ― antes que eu possa fazer ou falar alguma coisa Rosa
Angélica tira o material de limpeza das minhas mãos e por conta própria
limpa os cacos de vidro espalhados pela cozinha, me sinto uma inútil porque
ela está grávida de gêmeos sua barriga é maior que a minha e mesmo assim
eu é que sou debilitada. ― por favor não faça mais isso quando estiver
sozinha, me promete.
― Isso não, eu não sei qual seria a reação dela ao saber. Por favor não
conta nada. Esse é um passado que quero esquecer ― suspiro ― dorme
comigo na minha cama? ― ela assente e se deita do meu lado, é assim toda
vez que sinto que terei um daqueles pesadelos.
….
Enrico Ferrari
Já passam três meses desde que Emanuelle fugiu de mim, fugiu do seu
destino. As formas de tortura são tantas na minha cabeça que não sei se
aquela coisinha irá sobreviver.
Voltei para Itália dois meses atrás, porque as buscas em Nova Iorque
não estavam avançando. Resolvi procurar por conta própria, quem as achar
primeiro contato os outros. Com o tempo percebi o quanto subestimei minha
bonequinha, ela é mais espertinha do que pensei, e para piorar estou sem
fazer sexo desde o desaparecimento dela, e esse é mais um motivo para me
deixar irritado o tempo todo. Até tentei comer umas vadias dos prostíbulos
mas não adiantou muito.
Quando contei para Emiliano e Leonardo que ela fugiu eles também não
puderam acreditar, sentiram mas pena do que admiração, pois imaginam
muito bem que as coisas não ficarão nada bem para o lado dela quando a
encontrar.
Informei ao Dante o houve e posso jurar que vi um pequeno sorriso em
suas expressões, isso já está ultrapassando os limites, no final todos já sabem
que ela está desaparecida e não que fugiu.
― Você deveria deixar essa bambina em paz meu figlio, se case com
outra e deixe ela recuperar a vida que você roubou dela ― minha mãe diz
mas uma vez. Não sei o que houve com ela mas de uns tempos para cá ela
resolveu ser a defensora das causas perdidas.
― Nunca mamma, ela é minha e não irei descansar enquanto não a tiver
de volta ao meu lado. Eu vou revirar esse mundo até onde não existe vida ―
Vocifero atirando o copo de whisky na parede do meu escritório.
― Ela está grávida do meu herdeiro, eu não abrirei mão dele. Ela votará
para gaiola de onde nunca deveria ter saído. ― a raiva é tanta que sinto
minhas veias pulsarem ― EU-VOU-MATAR-A-EMANUELLE. ― minha
mãe se despede e vai embora ainda revoltada por eu não desistir, eu nunca
abriria mão do que me pertence e ela sabe muito bem disso.
― O que quer? ― ela não fala nada apenas desfaz o nó do casaco assim
que a peça alcança o chão meus olhos se concentram na lingerie sexy que a
vadia está vestindo, de uma cor vermelha chocante assim como eu gosto. Ela
se aproxima de mim e por incrível que pareça ela não desperta nada em mim,
mas mesmo assim meu pau fica ereto, isso não é desejo é apenas uma
necessidade biológico. Ela se ajoelha a minha frente puxa o elástico do
moletom, como já estou sem a cueca minha ereção salta para fora e
imediatamente ela como a gulosa que é, o abocanha e me dá um boquete
delicioso, fecho os olhos e aparecem imagens daquela boquinha vermelha,
gozei na cara dela e chamando o nome da minha bonequinha.
― Saia daqui agora se não quiser levar um tiro. Você é só mais uma
buceta não se sinta especial. E nunca mais se dirija a minha esposa dessa
forma. ― largo os ombros dela que estava segurando. Ela se desequilibra e
cai de bunda no chão.
― Eu te amo Enrico. O que você viu nela? Eu daria tudo para estar com
você. Eu vou embora mas não vou desistir de você. ― ela volta a abotoar o
casaco ― eu sei que ela não vai voltar e estarei esperando por você.
― Meu hacker falou algo que até agora não tinha cogitado ― ele diz
com uma voz bem estranha, ele está apaixonado pela esposa, é nisso que dá.
― E então?
― Certo, vou filtrar as buscas daqui. Vou procurar todos voos que
saíram durante a madrugada, e nos aeroportos de Nova Iorque e das cidades
próximas a Nova Iorque ― aproveitamos e falamos um pouco sobre os
negócios, que por sinal estão muito bem encaminhados.
― Dante! ― não sei o que está acontecendo mas ele anda meio abatido,
provavelmente devido ao desaparecimento de sua sobrinha ou mesmo culpa.
― Como vai capo? ― pela primeira vez o vejo como uma cara nada
hostil, o que significa que teremos uma longa discussão. ― Podemos
conversar? ― assinto e juntos caminhamos até o meu escritório.
― Não te darei ouvidos Dante, ela é minha esposa. E te garanto que por
mais que leve uma eternidade ela voltará para mim. ― me levanto e abotoo o
terno pra sair ― se é tudo, agora eu vou sair, quando você chegou eu ja tinha
um compromisso, preciso cumprir meu papel como capo.
Sem esperar por ele saí da mansão indo em direção a uma das SUVs
suburban que estava me esperando já com porta traseira aberta me esperando.
Passam três dias desde que Nicholas mel ligou e me informou que as
fugitivas entraram em contato com a tal amiga pelas redes sociais e como
desconfiamos estão usando nomes falsos, dessa forma mandei instruções para
meus aliados do cartel em Cuba, mandei que vasculhassem em todos os
lugares aonde elas estão se escondendo, o que não vai demorar a acontecer.
Depois de um tempo no escritório Emiliano chega com o pai Fabrizio e então
damos iniciada a reunião sobre a escolha dos novos membros, aqui é assim
fazemos uma espécie de seleção.
― Ele vai morrer. Sabe porquê? Porque você é uma assassina e não
merece ser feliz. Eu te amaldiçoo Emanuelle. ― de repente gargalhadas
horripilantes chegam aos meus ouvidos. Em todos os espelhos parecem
pessoas quando de mim e me apontando, Geovanna, Thomas, Enrico,
Antonelli.
― Não deixem eles levarem meu bebê ― minha mão repousa na minha
barriga e finalmente posso sentir o calor que emana dele. As lágrimas param
de sair eu apenas fungo fortemente. Elas me dão um copo de água e aos
poucos vou me acalmando.
― Isso não vai acontecer. Seu bebê vai nascer forte e saudável assim
como o Thomas e a Francesca e os três vão brincar e aprontar tod0s juntos. E
não três vamos criar eles com muito amor. Eu te prometo, tá bom?
― Não foi nada. Agora vamos todas voltar para cama, está muito tarde
ainda. Para te deixar mais tranquila eu vou dormir aqui com vocês duas. ―
nós concordamos e então de novo arrumamos as camas. Por serem de solteiro
as juntamos para que possamos caber as três. Nos deitamos e por insistência
delas eu acabo ficando com o espaço do meio.
Estou mais calma sobre o pesadelo, mas meu coração não aquieta eu
sinto que algo ruim está por vir.
― Você tem razão. Nós sempre combinamos que nos primeiros indícios
de desconfiança de que fomos descobertas iríamos embora ― espreito pela
janela e o movimento de fim de dia continua sem só ressaltos.
Depois de arrumarmos tudo não tínhamos mais clima nem para comer
muito menos para sorri. Apesar da falta de apetite tive que comer pois não
quero prejudicar meu bebê. Sem ânimo nenhum e com o coração na mão me
arrumei para dormir. Para não perder tempo amanhã, nós tomamos banho e já
vestimos as roupas com as quais iremos viajar amanhã, assim como as
meninas ao invés de dormir eu me perdi em meus pensamentos, imaginando
o que nos aguado o dia amanhã.
― Meninas o mais perto que eu consegui foi um ônibus que parte dentro
de quarenta minutos ― o nervosismo é palpável entre nós. Por isso Rosa
Angélica sentiu até vontade de i ao banheiro. E essa demora da saída também
está me deixando quase a beira do colapso.
Tento me acalmar porque toda essa agitação afeta meu anjinho também
e cada vez que ele mexe uma dor ligeira de espalha em toda região da minha
barriga.
― Não dei permissão para que falasse. Vá até a cama e se deite nela. ―
sem protestar faço o que me foi ordenado, devagar me deito de costas na
espaçosa cama. Vejo ele circular pelo quarto e depois se aproximar de mim
enquanto abre o cinto da calça meus olhos se arregalam com isso ― não se
preocupe bonequinha, não vou te machucar, ainda. Porque primeiro preciso
matar a saudade que tenho desse seu copo suculento antes que eu morra de
tanta tesão.
― En-rico ― são as únicas palavras que saem da minha boca enato meu
corpo todo treme e meu ventre se contrai, depois dessa sensação avassaladora
eu apaguei.
Aos poucos abro a os olhos, sinto sede e meus lábios estão ressecados.
Quanto tempo eu dormi? Minha nova realidade me recebe como um soco na
cara, eu sempre soube que um dia eu voltaria para cá mas nunca pensei que
seria tão rápido. Ver a decoração sombria e suntuosa do quarto é como um
balde de água fria para todos os planos que eu tinha para mim e para o meu
anjinho, tudo foi por água abaixo, por causa do capricho de um mafioso
orgulhoso e sem alma.
― Para o seu próprio bem acho bom que seja um menino, caso
contrário, vou tirar a menina de você e a colocar num convento e depois vou
te comer até um menino ser concebido no seu útero. ― minha respiração se
altera e meu bebê também se agita no processo, estou tão ofegante que é
impossível respirar pelo nariz. ― Não pode passar mal, sei que sua gravidez
é de risco, por isso a deixarei em paz até meu filho nascer, até lá faça tudo o
que médica mandou.
― Ohh minha filha não fique assim! Todos sentimentos e emoções que
você emana são transmitidas para o bebê. A partir de hoje eu vou cuidar de
você até o herdeiro da máfia nascer ― apenas assinto ela me ajuda a tirar a
roupa e prepara um banho relaxante na banheira. Mergulho na água morna e
o cheiro dos sais de banho se espalham pelo banheiro me deixando realmente
mais calma e relaxada. Violetta trás um roupão felpudo e me ajuda a colocar
uma camisola confortável, segundo ela algumas roupas para gestantes foram
acrescentadas ao meu closet.
Caminhando até o quarto ela alisa minha barriga falando palavras de
consolo, fiquei tanto tempo dormindo que só agora se manifesta ao sentir o
cheiro delicioso da comida que já se encontra posta na ante sala do quarto.
Me sento e uma tampa é aberta revelando uma sopa de cenoura, suco de uva
e pão integral.
Como tudo sem esperar para respirar, monstrinho dentro de mim não
permite que eu descanse.
Após me alimentar muito bem resolvo me recolher ainda é cedo mas por
causa da gravidez tenho dormindo demais. Violetta me ajuda a ir para cama.
― Quero que descanse querida. Sabe que não pode se alterar, precisa
cuidar desse bebezinho para que ele venha para o mundo forte e saudável
assim como os pais. Me promete que vai se cuidar? ― Com ela eu me sinto
mais segura, é uma mulher muito amorosa.
― Sua sogra me mandou querida. Ela disse que ficaria mais tranquila se
alguém que ela confia estivesse aqui cuidando da nora e do neto. Também
vim porque você é a filha da minha melhor amiga, eu sinto que devo isso a
ela. ― Ela me deseja bons sonhos e por fim vai embora me deixando sozinha
em meus pensamentos. Nunca pensei que dona Elisa fizesse algo do tipo por
mim, sempre achei que ela me odiasse, estou surpreendida com seu
comportamento recentemente, já bem antes de eu fugir ela já se mostrava
diferente comigo.
Os dias estão passando e com eles minha vida como prisoneira foi dada
como iniciada, minha barriga não para de crescer e com isso mais limitações
e dificuldades para mim, não posse descer as escadas e como essa casa não
tem elevadores eu passo a maior parte do tempo dentro desse quarto bem ao
lado está meu estúdio onde também passo uma boa parte do tempo pintando e
desenhando. Outra coisa que tem me distraído é observar o quarto do bebê
que já se encontra pronto, ele fica bem na frente do nosso quarto, ele é todo
Branquinho e tem alguns detalhes dourados, digno de um anjinho, quanto ao
Enrico eu mal tenho o visto mas quando aparece é apenas para me atormentar
e me ameaçar caso o bebê não seja um menino e eu já. Estou ficando
aterrizada com isso pois aos poucos os dias se aproximam da data do parto,
que está previsto para daqui a duas semanas, . Eu não sei onde Enrico tem
passado os dias eu apenas sinto sua presença na cama durante as madrugadas
e quando acordo ele não está.
Desde que voltei meu tio e algumas pessoas já vieram me visitar, o
Ettore, a Donna, Alessandra e Pietra também são visitas frequentes. Suspiro
mais uma vez quando a brisa lá fora beija meu rosto, trazendo um frescor e
um pouco de contato com a natureza, uma vez que não posso descer para
sentir a grama, se eu pudesse adiantar o tempo até o dia do parto para poder
parar com o nervosismo que sinto, e senão for menino? Será que ele teria
coragem de me afastar dela? É claro que ele teria. Mas os dias passam
devagar se pudesse... É isso se os dias não podem chegar rápido então eu vou
adiantar o parto.
Seguro no celular que mal sei manusear, mas ele me foi dado a dias para
usar em caso de alguma emergência, no final ele vai me servir para alguma
coisa. Meio trémula entro no site de pesquisa e escrevo o que eu preciso
saber. Após algum tempo de leitura já sei exatamente o que preciso para
acabar com meu tormento de uma vez, bloqueio o celular e resolvo ir para
cozinha é um risco mas é necessário se eu quiser ter tranquilidade na minha
vida.
Sorrateiramente saio pela porta do quarto indo em direção às escadas, a
essa hora os empregados devem estar descansando e Violetta também e bom
Enrico só chega de madrugada. Assim que me livro do último degrau a
respiração volta ao normal, alcanço a cozinha, procuro nos armários, quando
finalmente acho o que procurava faço o caminho de volta ao quarto com um
pouco mais de pressa.
― Eu sei que não devia fazer isso anjinho, mas é por um bem maior, sei
que você entende sua mamãe. ― Acaricio a barrigona que carrego e sinto o
quanto ele está animado ― você já quer sair não?
― Vai dormir? Você sabe que não pode ficar muito tempo parada ― ele
nem precisou repetir por conta própria me encaminhei até a cama. Entrei nas
cobertas e fechei os olhos torcendo para que ele não viesse me tocar ― Pode
dormir a vontade amore mio, mas daqui a algum tempo você vai voltar a
cumprir com seu papel de esposa.
Mas uma fisgada me atinge assim que tento pegar o vestido no closet, as
pequenas dores começaram a tarde mas agora de noite elas têm piorado e
vindo de forma consecutiva, será que é isso que chamam de contrações? Se
for isso dói demais as vezes mal posso respirar, principalmente quando tenho
que me segurar perto da Violetta, era suposto ele ou ela nascer só daqui a
uma semana mas eu adiantei um pouco as coisas. Pesquisei na internet uma
erva que é visada para adiantar o parto e para minha sorte achei na cozinha.
Tive que tomar aquele chá durante uma semana para que o efeito desejado
fosse alcançado, a ansiedade também contribuído.
Coloco o vestido sem calcinha e me preparo para sair, serei castigada
mas só depois de ver o rostinho do meu bebê, limpo as lágrimas que insistem
em cair. Saio do closet com os sapatos nas mãos só os irei colocar lá fora para
que ninguém ouça meus passos aqui dentro da casa.
― Aguenta mais um pouco meu amor deixa mamãe descer por favor ―
e como num passo de mágica as dores cessam e aproveito a oportunidade
para descer as escadas o mais rápido que consigo, assim que finalmente
chego a parte téria da casa, uma dor astronómica me atinge e de repente sinto
um líquido morno descendo por minhas pernas, parece xixi mas sei que não
é, e agora estou parada em meio a uma possa ― AHG ― um grito que já não
posso conter sai da minha boca, mesmo morrendo de tanta dor caminho para
o exterior da casa antes que alguém perceba que estou aqui em baixo. Algum
pode ter ouvido meu grito ― ahhh, meu Deus
Praticamente corro pela extensa grama indo em direção aos arbustos que
rodeiam a propriedade, só preciso ter meu bebê em paz, se for menina eu fujo
de novo, não vou deixar que ele faça mal para ela. Daqui já é possível ouvir
os cães de guarda latindo provavelmente começaram as buscas pois ouvi os
alarmes soarem de forma estridente.
Me agacho e me misturo no meio das trepadeiras e me deito no chão, e
então faço uma força que não imaginava que tinha. Eu vi isso tudo na internet
e agora é o momento certo para implementar, já posicionada na posição certa
para o procedimento de parto domiciliar, empurro com toda força apertando
uns arbustos com minhas mãos.
― Meu Deus me ajuda por favor ― grito de forma estridente até minha
garganta queimar e mais suor escorrer por meu rosto. Vejo uma luz forte no
céu e o barulho de um helicóptero, eles me acharam.
Ganho mais impulso até que um serzinho branquinho e banhado de
sangue desce por minhas pernas, imediatamente o segurei antes que caiasse
no chão, seu choro reverba por toda a mata e um sorriso enorme se estende
no meu rosto me fazendo esquecer as dores de a pouco, aliso os cabelos
moreninhos e aos poucos ele vai se acalmando, o elo que nos une ainda não
foi cortado e por causa disso eu permaneço deitada no mesmo lugar, ele faz
uns barulhinhos e finalmente abre os olhos e nesse momento me deparo com
as mesmas iris azuis que reluzem a luz do luar, ele é lindo.
…..
Violetta petronne
Me dói tanto ver essa menina assim, ela esta sucumbindo na própria
tristeza e no meio de tudo isso seu bebê é quem está sofrendo porque apesar
de receber a atenção do pai a presença da mãe é insubstituível, com muito
esforço eu cuido do dois, eu prometi a minha amiga Valentina no seu leito de
morte que cuidaria das meninas dela.
Naquela época eu estava solteira até que conheci Gonzalo, ele sempre
foi o braço direito do antigo capo e atualmente ele é responsável por
assegurar a segurança dos membros da máfia e também fazer a seleção dos
homens, nos apaixonados casamos e tivemos duas filhas.
Eu não podia cuidar das gêmeas diretamente porque com a morte dos
pais seu tutor legal e biológico segundo a linha de sucessão é Dante Mancini
irmão de Guido, por isso não tive oportunidade de cuidar delas, com o passar
do tempo fui me afastando até que soube que a pobre Emanuelle foi
trancafiada num hospício a mando do capo, eu tentei localizar esse lugar e
não consegui e Gonzalo não podia me falar porque era uma informação
sigilosa e isso acabou comigo, larguei meu trabalho no meu restaurante e me
infiltrei na fortaleza Ferrari com a esperança de descobrir onde mantinham
ela trancada, mas não resultou muito.
― Nunca vou abandonar vocês ouviu? Sempre estarei aqui para você ―
ela não move nem um cílio, seu corpo continua na mesma posição que a
deixei e seus olhos concentradas em um ponto, ou seja vazios, como se ela
estivesse morta em vida ― Emanuelle por favor você precisa resistir, pelo
seu filho eu lhe imploro. ― de novo nenhuma resposta, o bebê está com dois
meses de vida e ela não teve nenhuma reação ainda, seguro sua mão e trago
de volta para o quarto, hora de alimentar o bebê que logo irá acordar.
Saí do quarto as pressas e fui fazer a mamadeira dele, apesar dele ser um
bebê forte e sadio sei que precisa do leite materno e não deste industrializado,
caminho de volta para o quarto perdida em meus pensamentos, o capo está
parado perto da janela com seu filho no colo e Emanuelle continua no mesmo
lugar.
― Senhor! Venho dar a comida ao bebê ― ele apenas vira cabeça sem
me encarar diretamente, depois volta seu olhar a esposa.
― Não, hoje a mãe irá alimenta-lo não me importa se ela está doente ou
não, meu filho precisa do leite do seio da mãe para crescer como deve ser ―
ele se aproxima dela como uma sombra ― Emanuelle juro que se meu
herdeiro crescer com algum problema eu mato você.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele coloca o bebê nos meus
braços e vai embora. Toda vez que ela sente a presença dele treme e depois
tira algumas lágrimas silenciosas. Nem imagino o que seria dela se a signora
Elisa não tivesse me chamado para trabalhar na casa do filho, ela descobriu
que eu e Valentina éramos amigas e disse que eu era a única pessoas capaz de
cuidar da nora com amor que ela precisa, por isso não pensei duas vezes saí
da fortaleza e vim para cá.
Após ficar no quarto com mãe e filho até anoitecer, alimenta-los e
arruma-los para dormir. Também me recolhi, eu e Gonzalo não ficamos na
área dos funcionários porque a qualquer momento podem nos solicitar então
nosso quarto fica na ala este da mansão.
Assim que entro no quarto encontro meu marido já na cama.
Saio do meu devaneio quando ouço alguém bater na porta, arrumo todos
os papéis sobre a mesa e os arrumo na gaveta caminho até aporta e coloco a
senha para poder abri-la.
― Vim falar sobre Emanuelle! ― esses dias minha esposa tem virado
pauta de conversa de todos.
― Minha esposa está descansando, ela não pode receber visitas porque a
gravidez dela é delicada. ― tiro um charuto na gaveta o acendo e então
começo a saborear do melhor tabaco da Itália.
― Era! Ela tem um carinho muito grande por Emanuelle por isso não
pensei duas vezes em chamar ela para fazer esse trabalho.
― Você precisa sair logo daí. Agora sou eu que precisa da sua mãe. ―
Emanuelle resmunga alguma coisa mas não acorda, adoro vê-la dormindo.
Para a apreciar melhor me sento na poltrona que fica bem na frente da cama.
Daqui eu tenho uma visão melhor dela, sua respiração calma e controlada os
olhinhos fechados e fico me indagando com o que será que ela está sonhando
para não ter acordado até agora. Após intermináveis minutos ela finalmente
abre aqueles olhos claros brilhantes, primeiro se sente meio perdida mais
depois se dá conta de onde está ao me encarar.
Presente
Já passa uma semana desde que Emanuelle voltou e falta apenas uma
semana para meu herdeiro vir ao mundo, os cuidados a tomar com ela são
cada vez maiores, ela não pode se estressar, não pode se alterar muito menos
fazer movimentos bruscos.
Apesar de não comparecer no quarto durante o dia eu a monitoro pelas
câmaras de segurança. O único momento que posso ter perto dela é durante a
madrugada quando ela já está dormindo, e sinceramente não sei como
consigo me controlar mesmo assim também tem o fato dela não me querer
por perto e para não prejudicar meu filho eu sedo. Mas isso vai acabar daqui
a alguns dias ela não vai usar meu filho para se abster de suas funções como
minha mulher, isso nunca, a foderei para sempre afinal de contas é para isso
que ela serve.
Já passam das dez da noite e sei que minha bonequinha já jantou e hoje
é o dia perfeito para conversar os novos termos do casamento juntos. Antes
de sair resolvo ver o que ela está fazendo no quarto, através do tablet acesso a
câmara de segurança do quarto, mas me surpreendo quando a câmara não
capta a presença dela no quarto, acesso a câmara do banheiro e também não a
vejo. Maldição! Para onde ela foi agora? Ela sabe que não pode fazer esforço,
recuo a imagem da câmara do quarto e me choco. Ao ver que faz cinco
minutos que ela saiu do quarto e foi em direção ao exterior da casa. Atiro o
tablet para longe e saio correndo atrás daquela louca, ela já está passando de
todos os limites.
...
Com meu filho em meus braços caminho até a janela, já reparei que ele
é todo branquinho assim como a mãe apesar disso ele é a minha cara e tem os
meus olhos, tão intensos e azuis como os do pai. Ele é tão pequeno que chega
a ficar invisível em meus braços fortes. Lá em baixo é possível ver Rosa
Angélica Shane mais uma vez tentando trazer minha esposa de volta, mesmo
não tenho o resultado desejado ela sempre volta ela e Nicholas estão na Itália
a uma semana. Ainda distraído olhando as duas lá fora oiço meu celular
tocando.
Me afasto da janela coloco meu filho no berço e atendo.
― Senhor!
Sem me dar conta seguro no lápis e no caderno que estavam no meu colo
e desenho o jeito que imagino a pessoa que está falando sentada ao meu lado,
segundo minha imaginação ela é loira, tem lábios rosa, um nariz fino o nome
dela é Rosa Angélica. De repente lágrimas quentes banham meu rosto e sinto
o choque da realidade quando de forma intensa meus cabelos esvoaçam com
a brisa forte que o mar acabou se soprar.
― Não ele não vai. Você é uma mulher forte e guerreira e sei que fará de
tudo para proteger seu bebê. Você não está sozinha amiga, você nunca esteve
― me viro e a vejo sentada ao meu lado me encarando com seus olhos
brilhosos de lágrimas, nos abraçamos bem forte e choramos pelo tempo
perdido pela falta que uma sentiu da outra.
― Venha menina vamos logo antes que esse esfomeado come a chorar.
Pelos vistos ele está muito ansioso para ser alimentado pela própria mãe ―
agora que ela falou isso estou sentido meus seios mais pesados. Me acomodo
na cadeira de amamentação e Violetta me mostra como se faz mas antes ela
faz uma massagem nos meus seios pois nunca havia amamentado ates, ao
poucos a sucção fica mais intensa e assim percebo o tamanho da fome que ele
estava sentindo. Enquanto alimento meu filho fico pensando que rumo da
minha vida irá tomar a partir de agora, mas com certeza será bem longe das
barreiras da máfia ou de Enrico.
― Tio agora estou sem tempo para conversar mas preciso que venha
agora mesmo a casa do meu marido para me buscar. E espero que pelo menos
desta vez o senhor me defenda como a filha que o senhor diz que sou.
― Por você e pelo meu neto eu faria qualquer coisa querida ― desligo o
celular, depois do meu bebê arrotar o coloco ele de volta no berço.
― Violetta preciso por favor que arrume as coisas mais essências do meu
filho, eu também vou me arrumar. ― ela me olha com espanto até que
finalmente pergunta.
― Você vai fazer o que estou pensando ― emocionada assinto e ela sorri
me dando um abraço ― todos nós vamos te apoiar nisso. Vai lá se arrumar
que cuido das coisas do pequeno Valentino.
― É claro que sabe querida. Provavelmente ele já esteja vindo para casa
então se aprece ― corri até o quarto despi o vestido que estava vestindo, fui
para o closet e vesti uma calça jeans azul e por cima uma blusa de manga
cumprida, em baixo vesti uma das imensas botas de cano curto sem salto.
Corro de volta ao quarto do meu filho e o peguei no colo. Eu e violeta
andávamos o mais rápido que podíamos até chegar no hall da casa, ela
segurava duas pastas de bebê com as coisas do meu anjinho. Saímos de
dentro de casa e de longe um carro de aproximava.
Até que vi Ettore e tio Dante saindo de dentro do carro quando ele
estacionou a nossa frente.
― Assim que tudo estiver mais calmo também vou ter com você minha
filha, quero que seja feliz ― Violetta diz visivelmente emocionada tal como
eu estou nesse momento. ― aonde vão ficar?
― Na antiga casa dos meus pais, falei com meu tio para que preparasse
tudo lá. Com tempo eu vou organizar o resto ― as malas do bebê são
arrumadas, eu não levei nenhuma peça dessa casa para além das roupas que
visto. Entrego meu bebê para que Ettore o segure e eu poder entrar no carro.
― Para onde pensam que vão levar minha esposa e meu filho? ― todos
congelamos ao ouvir sua voz. ― Bonequinha pegue nosso filho e volte para
dentro ― nego com a cabeça ― se não fizer por bem fará por mal.
― Você não vai mais tocar na minha prima! Fica longe dela ― é a vez de
Ettore intervir, ninguém recua e sinto que isso vai se transformar num banho
de sangue, afinal são mafiosos e é assim que resolvem as coisas.
― Gonzalo pegue minha esposa e eu vou levar meu filho. ― com sua voz
mandona ordena ao Gonzalo.
Sem ninguém esperar tiro a arma do cós da calça de Ettore e aponto para
o homem que foi o motivo dos meus tormentos. Todos me olham espantados
e sem ação até o próprio Enrico, ele está desacreditando das minhas ações.
― Bonequinha! Eu...
― Está muito longe de casa Dimitri Solotov. Porquê não me conta o que
veio fazer aqui? ― puxo uma cadeira e me sento bem na sua frente.
― Deve ser bem sério para o próprio capo dos capos vir aqui me
lisonjear com a sua estimada presença ― bem antes que ele comece com
aquela gargalhada acerto um soco bem forte no meio do nariz que
imediatamente começa a sangrar ― seu filho da puta você quebrou meu nariz
seu desgraçado.
― Para sua própria desgraça eu não vou falar nada, eu vou morrer, mas
vou morrer feliz por saber que você viverá infeliz sem saber quem são os
traidores dentro da sua própria organização ― certo, parece que terei que
usar meus meios de persuasão nada diplomáticos, desfiro uma sucessão de
muros em seus estômago até que sangue transbordar por sua boca e para
finalizar acerto um soco na cara de convencido dele e imediatamente um
dente sai voando.
― Você que sabe Dimitri, só para constar eu posso ficar aqui o dia todo
te ferindo afinal de contas não serei eu quem irá te matar. Você vai chegar na
Rússia tão irreconhecível que vão achar que você já está morto. ― ele mal
consegue falar ou abrir os olhos de tão inchados ― coopere comigo, quem
sabe assim você tenha a chance de se despedir da sua irmãzinha.
Eu sei muito bem que apesar de tudo ele estima bastante a irmã, mas as
suas dívidas e ganância foram o suficiente para entregá-la como pagamento
da dívida que tinha com Christopher.
― Não é você quem decide isso. Para além do quê você a vendeu para o
pior sádico de todos. Me fala o que quero saber. Você sabe que quando numa
família existe um traidor todos os outros membros saem prejudicados, você
me diz o que quero saber e essas regra não se estenderá para sua irmãzinha
querida - Aleksei não faria mal para a própria prima, e principalmente
Christopher não irá deixar ninguém se aproximar dela. O que estou fazendo é
só um jogo para brincar com a cabeça dele.
Por volta de cinco minutos todos permanecemos em silêncio, até o
próprio Dimitri, apenas seus sons agonizantes é que reverbam na sala.
― Enrico já chega! Você vai matar ele irmão. Não esqueça que ele
precisa ir para Rússia e você concordou como sinal de trégua na guerra entre
as máfias ― Leonardo e Emiliano estão me segurando mas sou mais forte
que os dois. Nesse momento as regras, acordos e diplomacias não me
interessam em nada, apenas vingar a morte do meu filho e machucar quem
machucou minha bonequinha é que faz sentido.
― Enrico Você...
― Como assim?
― Para onde pensam que vão levar minha esposa e meu filho? ―
pergunto com a voz mais estridente possível, todos congelam e olham na
minha direção ― Bonequinha pegue nosso filho e volte para dentro ― sem
baixar a cabeça ela me olha e nega com a cabeça ― se não fizer por bem fará
por mal.
― Você não vai mais tocar na minha prima! Fica longe dela ― o idiota
do Ettore intervém, ele nunca gostou de mim e isso é recíproco. Mas agora
ele está ultrapassando completamente os limites a vontade que tenho agora é
de meter uma bala bem no meio da cabeça desse desgraçado.
O que acontece a seguir me deixa para além de surpreso, toda raiva que
estava sentindo se esvaiu de mim sem ao menos perceber ao ver uma arma
apontada para mim, e quem a segurava é minha bonequinha, apesar da arma
não estar firme em suas mãos o seu olhar me diz que ela está disposta a puxar
no gatilho. Nunca pensei que fosse me doer tanto ver justo ela me apontando
uma arma.
Quando nossos pais morreram nós duas ficamos tristes, mas por motivos
diferentes claro, ela se sentia culpada que nossos pais tivessem partido
achando que ela estava decepcionada por não terem aparecido na nossa
apresentação de dança, mas eu estava furiosa porque eles morreram sem antes
ver o quanto eu sou boa no que faço não pude mostrar a eles que posso ser
melhor que a Emanuelle.
Depois de tudo tio Dante passou a ser nosso tutor legal e dessa forma
nós nos mudamos para casa dele, na época tínhamos cerca de nove anos de
idade, não tínhamos outro parente próximo para além dele.
E como sempre Emanuelle continuou com seu jogo de mosca morta para
conquistar a todos a nossa volta, de longe era possível notar que se tornou a
preferida do tio Dante. Na escola continuei fazendo a mesma coisa, chegamos
até a pré adolescência e ela não tinha nenhuma amiga ainda, já eu era rodeada
por muitas meninas. E mesmo assim nada me deixava satisfeita, nada para
além de atormentar Emanuelle, eu gostava de a perturbar, ela sempre dizia "
Antonelli porquê está fazendo isso comigo? " Com aquela voz infantil dela.
Será que ela não percebia o que fazia? Se fazendo de tonta só para arruinar
minha vida.
Não vou negar aquilo realmente me chocou porque eu sabia que era
errado o que aquele homem estava fazendo, nunca contei para ninguém e
Emanuelle também nunca o fez. Depois disso a vida seguiu como sempre.
Mas todo meu plano foi por água baixo quando num jantar em sua
fortaleza anunciou que iria se casar com Emanuelle! Fiquei tão furiosa que
quase quebrei a taça de champanhe que se encontrava em minhas mãos, não
acreditei que ele realmente ia se casar com aquela mosca morta, o que ele viu
nela? Emanuelle é gorda, tem a pele pálida demais e não sabia nada sobre o
mundo da máfia muito menos como satisfazer um homem. Em menos de uma
semana ela já estava de volta, sempre emanando ingenuidade, e obtendo pena
e atenção das pessoas.
A única coisa que me deixava feliz nesse casamento é que eu sabia que
ela sofreria todos os dias porque Enrico é um homem muito cruel, dito e feito
ela apanhava todos os dias enquanto eu tirava do marido vários gemidos de
prazer.
Até que Fabrizio arquitetou um ataque a nova casa deles, o objetivo era
tirar Emanuelle de lá para que ele pudesse fugir com ela pra bem longe, mas
nada deu certo, nunca soube porquê Fabrizio era fissurado na minha irmã,
chega a ser doente a obsessão dele por ela.
Após o dia do ataque fui até o apartamento do Enrico no centro de
Nápoles, é lá onde eu fazia amor com ele, transando bem gostoso no
escritório dele mas eu não sabia que a tonta da minha irmã estava lá, só
percebi quando a vi jogada no chão da sala pálida e tendo um sangramento,
naquele momento por um segundo eu cheguei a temer por sua vida. No final
se descobriu que ela teve um aborto devido ao stress aliado também a pressão
baixa que ela vinha apresentando.
Desde então evitei ter algum contato com ela, mas não parei de procurar
por Enrico que aos poucos foi se afastando e me desprezando mesmo depois
da desgraçada da Emanuelle fugir dele. Foi aí que tive a certeza de que os
homens são todos iguais. Eu o amei desde o dia que o vi mas ele fica
rastejando para ela, justo ela. A Emanuelle me paga! Sempre disposta a
destruir minha felicidade, não importa o que eu faça, para piorar tinha que dar
um filho homem para ele, sem dúvidas a segurança agora triplicou e não
tenho mais ninguém para me dar as informações que preciso já que Fabrizio
foi afastado do conselho.
É nisso que dá se envolver com homens apaixonados, Dimitri é outro
burro que não soube se esconder e agora estou aqui aguardando notícias do
Fabrizio.
Saio de meus pensamentos quando vejo o dito cujo entrar pela porta do
eu apartamento, depois de muito tempo saí da casa dos meus tios, afinal de
contas não há mais nada para mim lá.
― Esquece! Enrico já tomou até a Casa Nostra, ele comanda toda Sicília
agora ― o vejo servir uma dose de whisky e contínua: ― sabia que meu
docinho deixou o grande Enrico Ferrari?
― O que quer que eu diga? Sua irmã saiu de casa com o bebê ― é a
oportunidade perfeita para me vingar dela.
― Não acha que essa é a oportunidade perfeita de ter ela como sempre
quis?
― Sabe que tarde ou cedo você terá que voltar para seu marido não
sabe? ― e mais uma vez Violetta me trás de volta a minha triste realidade. Os
últimos dias sem dúvidas foram os melhoras da minha vida desde que me
conheço como gente. Morando na minha antiga casa, nesse caso a casa que
meus pais nos deixaram e onde vivi momentos bons com eles, a casa
continua do jeitinho que eu me lembro. Tudo muito bem conservado e limpo,
segundo tio Dante para casa não ser atacado por insetos e outros bichos para
além do pó contratou uma empresa de limpeza que faz a limpeza da casa
semanalmente, não só a casa está bem cuidada mas também o jardim, a
piscina , a pintura também se encontra muito bem conservada.
― Desde que você veio para cá ele está te vigiando. Já viu o número de
seguranças que estão lá fora?
― Já vi sim e não há nada que eu possa fazer sobre isso. Esse é o preço
que tenho que pagar por estar casada com o mafioso mais poderoso do
mundo. Para além disso eu rogo pela segurança do nosso filho. Em meio a
tudo isso ele é o que mais importa na minha vida.
― E para ele você e esse bebê lindo são o mais importante. ― Se ela
não estivesse tão séria agora eu estaria rindo.
― Então porquê ele fez tudo o que fez comigo? Eu nunca fiz mal para
ele e mesmo assim ele me fez passar os piores momentos da minha vida ao
lado dele. Eu nunca vou entender a real definição do conceito amor.
― Emanuelle o amor não precisa ser definido, apenas sentido por duas
almas pré destinadas para tal. ― não sei se alguma vez chegarei a amar
Enrico. Nunca tive a oportunidade de amar algum rapaz, muito menos algum
rapaz se declarou para mim dizendo que me ama para eu saber como é, mas
tenho certeza que amor não é o que Enrico sente por mim. Ele apenas sente
desejo carnal por mim só isso.
― Eu não quero falar sobre isso agora. Não estou pronta ainda, primeiro
eu quero aproveitar minha liberdade ― falo rodopiando pela cozinha com
meu anjinho no colo que solta algumas risadas. Violetta está fazendo o
jantar, desde que me mudei a uma semana ela tem ajudado bastante com
tudo. Ela é realmente uma grande chef, só não entendo o porquê de ter
deixado seus restaurantes para trabalhar como chef na fortaleza. Mas aqui ela
não é uma funcionária e sim uma amiga.
― Então você Vai receber sua visita vestida assim? ― ela fala
indicando minha roupa e me olhando da cabeça aos pés, estou vestindo um
short soltinho jeans e uma blusa de alça. E a responsável pelo meu guarda
roupa atual ser tão ousado e indecente é a Donna, tio Dante incumbiu a ela
essa função, também ela gosta de fazer compras não tinha como ser diferente.
― Mas espera? Que visita é essa que vou receber hoje? Não me lembro
de ter combinado alguma coisa com as meninas hoje ― Donna, Alessandra e
Pietra estão quase sempre aqui me fazendo companhia.
― E acha que ele precisa ser convidado ou combinar alguma com você?
― ah não Enrico! Eu falei para ele que quando estivesse pronta eu ligaria
para que pudesse vir, tudo bem que faria isso amanhã, mas não custava nada
ele esperar.
― Como você sabe que está vindo para cá? ― pergunto. Pois ainda não
engoli essa história.
Porque eu sei que não vou me livrar dele, se fôssemos um casal normal
talvez, mas agora, as coisas dentro da máfia são muito diferentes, eu posso
usufruir da minha ligeira liberdade mas tarde ou cedo terei que voltar pra casa
tal como me alertaram tio Dante e Violetta. Mas quando eu voltar serão as
minhas regras, ele não vai mais me tratar como uma boneca, tal como sempre
fez. Eu sou livre e independente para fazer minhas próprias escolhas dentro
desse casamento, tenho a herança dos meus pais que irá me ajudar muito e
que já tem me ajudado imensamente até agora.
Depois do banho feito e hidratar meu corpo na cama vejo que está
estendido um lindo vestido, isso só pode ser coisa da Violetta, seguro no
vestido pra lá de ousado e me pergunto como as pessoas conseguem respirar
dentro de roupas como está. Ela realmente preparou tudo, até a sandália e o
perfume. Depois de vestir vou em direção ao espelho e não acredito no que
vejo, eu pareço outra mulher, na verdade parece que eu me transformei numa
mulher no verdadeiro sentido da palavra, o vestido ficou muito bem, perfeito
para as minhas medidas atuais, seios bem fartos, bumbum que parece ter
aumentado não só o tamanho mas o peso também. Gostei desse vestido
valoriza minhas curvas, ele é um vestido frente única, bem justo na região da
cintura e um palmo acima do joelho. Depois de colocar a sandália devido sair
do quarto, Enrico já deve ter chegado, enquanto desço às escadas é possível
ouvir outras vezes.
― Cunhada! Tudo bem? ― sinto que não é isso que ele queria dizer
mas o olhar ameaçador do irmão o fez mudar as falas.
― Muito bem, só vinha ver meu sobrinho e ver como você estava. ―
Emiliano também me cumprimenta e como se fossem fumaça os dois
desapareceram da sala sem eu perceber. Apenas testamos eu e Enrico, eu
continuo parada e ele sentado no sofá com nosso filho em seu colo.
― Volte para cima e troque essa roupa ― sua voz quase ameaçadora
soa no interior da sala.
― Não me provoca Emanuelle. Você sabe muito bem de tudo o que sou
capaz quando quero algo. E você é minha. A qualquer momento virei aqui e
te levarei de volta a nossa casa de onde não deveria ter saído.
Ele solta meu braço e volta a sentar como se o ocorrido de apouco não
tivesse sido nada demais.
― Senta! Não vamos brigar amore mio. Hoje eu vim aqui passar um
tempo com a minha família. Sobre a vossa volta é algo que você não pode
evitar, a menos que queira me dar a guarda do nosso filho. ― de novo a
pontada de medo voltou.
―Você não pode fazer isso, eu sou a mãe tenho direitos perante a lei e...
― Isso não é sobre quem tem direito e sim quem tem o poder
bonequinha. E se formos para os direitos veremos que eu também saio
ganhando. Afinal de contas quem ficou trancada cinco anos num manicómio
foi você, pense bem amorzinho em quem o juiz escolheria. Saiba que se você
está aqui se sentindo livre é porque eu quero.
Ele é um maldito, eu sabia que isso estava sendo fácil demais. Ele estava
aguardando o momento certo para trazer esse argumentos, e de certa forma
ele está certo.
Violetta informa que o jantar está servido, entrego meu anjinho que está
dormindo e nós caminhando até sala a de jantar, enquanto caminho sinto
minhas bochechas esquentando porque sei que Enrico está olhando para o
meu bumbum.
Como o cavalheiro que nunca foi ele me ajuda a sentar e depois ocupa o
lugar da cabeceira na mesa, não comento sobre isso apenas me sirvo e sirvo a
ele também então começamos a comer mesmo já tendo perdido o apetite. O
silêncio vigora na mesa desde o início até o final da refeição, não achei
estranho sempre foi assim.
― Não Enrico , não pode e eu não quero. Você falou que ia respeitar o
tempo que eu pedi. Já agora está na hora de você ir embora. ― e pela
primeira vez sua postura de dono do mundo desaparece. Estamos os dois
parados a uma distância considerável. Ele se aproxima e me segura pela
cintura.
― Não! Vai embora. Você só me machuca, não importa como mas você
sempre me machuca. O que fiz de errado para merecer tudo aquilo? ―
despejo tudo chorando ― eu estou cansada Enrico, boa parte da minha vida
eu fui espisoteada. Já chega de mentiras e de jogos eu quero saber de toda
verdade Enrico.
― O que está fazendo aqui Antonelli? Já falei várias vezes para você me
deixar em paz ― claro, não acredito que eles vieram ter um encontro
amoroso justo aqui? Eles não podiam ter escolhido outro lugar?
― Não se preocupe querido! Não vim atrás de você ― ela aponta para
mim com seu dedo indicador e então caminha na minha direção ― eu vim
visitar minha querida irmã e meu sobrinho nunca tive a oportunidade de
conhecê-lo ― ela está esquisita demais, e eu não gosto disso, Antonelli
sempre foi assim, intensa e as vezes estranha comigo, dificilmente ela
demonstrou algum tipo de afeto por mim. ― antes de entrar ouvi Emanuelle
dizendo que queria saber de toda verdade. É o que estou pensando Enrico?
― Vai embora daqui sua puta. Não a quero perto da minha mulher e do
meu filho senão eu te mato aqui mesmo. ― Emanuelle gargalha um jeito
assustador.
― Está vendo seu marido irmãzinha! Está vendo o quanto ele esconde
coisas de você? Você nunca parou pra se perguntar como de uma hora para
outra passou a ser a noiva e em seguida a esposa do capo da Ndrangueta? ―
isso é verdade nunca parei pra pensar nisso, eu e Enrico apenas nos vimos
uma vez antes do casamento e isso foi na noite que ele matou o homem que
queria me tocar a força.
― Você não pode me proibir de nada aqui. Essa é a casa dos meus pais
e minha irmã tem o direito de saber de toda a verdade. ― agora eu fiquei
confusa.
― Nem mais uma palavra ou juro que você sairá por aquela porta num
saco preto para cadáveres ― deve ser algo bem sério para que Enrico a
ameace dessa forma.
― Você não vai matar ninguém na minha casa. E sabe de uma coisa não
quero nenhum dos dois na minha casa, meu filho está dormindo e não quero
que ele acorde por causa das vossas discussões. ― suspiro tentando buscar
uma calma que já não existe ― vocês dois se merecem, saiam da minha casa
agora e vão viver o vosso ninho de amor.
― Não eu não vou embora antes de contar tudo que eu sei. Sabe com
quem Enrico era casado antes de você? ― pergunta olhando pra mim e
depois para o pai do meu filho ― Com a Geovanna, nossa prima, é ela a
esposa defunta dele e sabe o que mais? Você não entrou naquele hospício por
acaso, foi seu marido que mandou colocarem você lá ― um soluço sai da
minha boca após ouvir todas essa coisas em silêncio, meu coração bate de
forma descompassada e minha mente parece não estar raciocinando
corretamente.
― Isso bate mais! Mais eu não vou desistir. Foi o Enrico que mandou te
internar porque ele te culpa pela morte de Geovanna e do filho deles. Acorda
Emanuelle, todos esse tempo você não desconfiou de nada? É por isso que
não te ama e nunca vai amar. No final você é só mais uma na vida dele. ― é
impossível segurar o choro nesse momento, mas desta vez não choro por
causa do medo e sim de raiva, raiva de sempre ser usada e vista como um ser
sem vida, ser vista como alguém incapaz de tomar as próprias decisões. Todo
esse tempo eu estava sendo alvo de uma vingança? Desde aquele acidente eu
me culpo pela morte da Geovanna e não houve um dia sequer que eu não
lamentei sua morte, eu a amava demais ela era a minha melhor amiga minha
confidente, ela era a irmã que Antonelli não foi para mim.
Agora eu entendo o porquê de uma vez eu ter achado uma foto dela
grávida numa das gavetas do Enrico, estava tudo na minha cara e mesmo
assim eu não percebi, o casamento repentino, as insinuações de Antonelli e
da tia Graziela tudo isso estava lá mas eu e minha ingenuidade não
conseguimos chegar a essa conclusão.
― Bonequinha se acalma, não vou sair daqui sem antes conversar com
você.
― Não sou sua bonequinha, e eu não quero nunca mais nem ver sua
cara. Você destruiu minha vida Enrico, fez eu me sentir o ser mais
insignificante do mundo, você me humilhou me subjugou por puro prazer, e
saber de tudo isso foi a gota d'agua. Eu estou cansada, não foi o suficiente o
que já fizeram comigo? Eu perdi um bebê enquanto vocês se deleitavam de
prazer sexual no mesmo lugar onde eu agonizava de dor até perder os
sentidos. Por duas vezes tentei me matar, por causa de toda essa situação que
eu estava vivendo. Eu espero que Deus perdoe vocês , porque eu nunca vou
poder fazer isso.
Sem dizer mais nada abro a porta para que os dois saiam. Nem olho pra
cara da minha irmã, ela é outra que já me decepcionou demais, não posso
mais lidar dar com ela hoje.
― Você também Enrico. Te quero fora da minha casa agora. Por favor
pelo menos uma vez na sua vida sinta piedade de mim, eu me sinto sufocada,
só preciso respirar. ― minha vida desde que fui internada naquele lugar foi
uma completa mentira, me fizeram pensar que eu estava doente. No final ele
é que é doente.
― Tudo bem. Eu vou embora, mas já sabe vocês voltam para casa por
bem ou por mal. Isso eu não estou disposto a negociar, um mês é tudo que
posso te dar. ― ele está parado a minha frente e tenho certeza que está se
controlando para não me tocar ― mas uma coisa, você sempre será a minha
bonequinha, não importa o que aconteça.
Mas uma dúvida que até agora martela na minha cabeça me faz o
perguntar:
― Só me diz, porquê fez tudo isso comigo? Eu lhe fiz algo de errado?
― Não amore mio, em meio a tudo isso você é mais inocente, e se fiz o
que fiz é porque quando vi sua foto meu corpo tremeu e uma vontade fora do
normal de te ter se apoderou de mim, não sei o que é isso que sinto por você,
você mexe comigo em patamares que ninguém nunca conseguiu, e eu sinto
raiva por ter me deixado levar. ― quando eu ia fechar a porta ele a segurou
― espera! Antes daquele enfermeira morrer depois de ter sido alvejada ela
me entregou esse papel com esse número, sabe o que é?
Ele desdobra o papel o me mostra. E ver o que está escrito nele me faz
reviver os anos que passei naquele lugar confinada. Será que ele não cansa de
me infligir tanta dor?
― Shh isso chore minha menina, pode doer agora mas depois não vai
passar só de uma lembrança ruim da sua vida. ― Violetta como sempre tenta
me acalentar com suas palavras de mãe.
― Claro que não querida. Você foi apenas vítima do destino, mas eu
tenho fé que você será recompensada por tudo isso. Olha o exemplo do seu
anjinho apesar de ser filho de quem é ele é uma bênção na sua vida ―
permanecemos em silêncio por algum tempo até que decidimos ir nos deitar,
eu já estava mais calma, eu realmente estava mentalmente cansada precisava
dormir pra tentar esquecer o dia de hoje.
Pela babá eletrónica vejo meu anjinho dormindo na sala de estar num
berço que foi instalado pelos seguranças, assim fico mais tranquila porque a
sala de estar é bem perto da cozinha.
Quando chego a sala de estar eu quase desmaio por causa da cena que
vejo a minha frente.
― Fala Leonardo!
― Tudo bem. Mas duvido que alguém vai querer aquele corpo, ele está
um lixo ― não dou mais atenção ao que ele diz, encerro a chamada e procuro
pelo contato do Aleksei. Após alguns minutos ele atende e então o explico
sobre o ocorrido, apesar de tudo ele aceitou o corpo desfigurado do primo
alegando que talvez a irmã do imbecil irá querer se despedir dele, apenas
concordei, estava farto de estar no meio da máfia russa, agora é menos um
problema pra mim. Nesse momento meu maior interesse é saber quem teve a
ousadia de invadir o calabouço.
― Alguém me explica que porra foi essa? Eu apenas saí por algumas
horas e quando volto encontro todos esse alvoroço. ― os dois soldados a
minha frente me encaram com medo. ― Você me explica o que houve aqui.
― Essa é uma lição para que Aprenda a fazer seu trabalho, e essa ―
digo atirando no outro pé ― é pra que o deixe ciente que eu não admito erros.
O silêncio da casa nunca foi tão incómodo como agora, porque sei que
esse silêncio não se deve ao medo e receio de Emanuelle de fazer algum
barulho, este silêncio se deve a sua ausência na casa.
Os dias foram passando numa lentidão fora do normal, ou talvez eu
esteja controlando o tempo a cada um hora. Todos os dias recebo três a
quatro relatórios sobre tudo o que minha esposa tem feito, que na verdade se
resume em ficar dentro da casa dos pais ou caminhar pelos jardins da casa.
Os relatórios sempre chegam com fotos dos dois, Emanuelle parece sempre
radiante e mais alegre, nas fotos é uma das poucas vezes que a vejo sorrindo.
E aparece vestida em roupas indecentes mostrando todo aquele corpo que me
pertence, bem que ela podia vestir roupas mais apropriadas.
Presente
"Cara Melina você é a única em quem posso confiar essa carta, você
sabe o quanto sofri por causa da obsessão de Fabrizio, por favor não o
deixe chegar perto das minhas meninas, da última vez que o vi ele jurou
que se eu não ficasse com ele minhas filhas pagariam. Se acontecer
alguma coisa comigo e com meu marido elas ficarão com meu cunhado
Dante, mas eu preciso de alguém que vigie cada passo delas, não sei em
que momento Fabrizio irá agir. Ele é um homem muito perigoso ele faz
coisas nas costas da máfia, eu descobri que ele e a Graziela esposa do
Dante são amantes. Se algum dia você conseguir informe a alguém que
possivelmente ele está traindo a máfia para dar um golpe e ficar no lugar
do capo.
― O que quer é isso Enrico? Porquê está invadindo minha casa deste
jeito? ― para além dele o resto de sua família se reúne na sala por
curiosidade.
― Você não pode vir para nossa casa e ameaçar nossa mãe ― Ettore
para em frente a mãe para a defender.
― Eu não sei onde ele está. Eu juro capo. ― fala aos prantos.
― Sim!
― PORRA!
Tudo começou a mais de vinte anos atrás, quando eu era apenas uma
adolescente. Desde sempre minha família já fazia parte da máfia, mesmo
antes de casar com Dante eu já conhecia as normas e leis da máfia.
Dentro da organização se pode encontrar de tudo, homens milionários,
políticos em ascensão mas também existem os muito poderosos, é o lugar de
luxo e concentração de mulheres em busca de melhores condições e também
um lugar infestado de charlatães.
Assim como eu Fabrizio não pôde ficar com a Valentina porque ela e
Guido se apaixonaram, casaram tiveram suas filhas. E então eu e ele
começamos a ter um caso bem depois de eu estar casada, no princípio eu
achei que realmente estivesse apaixonada por ele. Mas no final eu vi que
nunca deveria ter feito aquilo com Dante, Primeiro porque Fabrizio me
tratava como um objeto e segundo porque ele era obcecado pela Valentina.
Anos depois valentina e Guido morreram num acidente, que mais pra
frente descobri que quem o provocou foi o próprio Fabrizio, desde então eu
me afastei dele, nunca tive coragem de contar para Dante quem realmente foi
o responsável pelo acidente que matou o irmão.
A presença de Emanuelle nessa casa me deixava com mais raiva, porque
quando eu a olhava ela me fazia lembrar do passado por ser tão idêntica a
mãe. Tudo isso aliado a ingenuidade dela por ter levado minha filha aquele
lugar que ceifou sua vida, nunca vou perdoar aquela menina.
Saio do meu devaneio quando oiço o capo rugir insultos para todo o
lado. E a seguir o vejo ir embora sem se despedir.
― É tudo isso ou tem mais alguma coisa mais? Se tive fale por bem
Graziela. ― engulo em seco e me preparo para falar, esconder as coisas agora
não vai mudar mas nada.
― Olá irmãzinha! Olha quem veio ver o sobrinho mais fofo do mundo
― ela diz fazendo uma voz de empolgada mas assustadora demais.
― Antonelli por favor me dá meu filho. Imploro não faça nada com ele.
Eu faço o que vocês quiserem só não o machuquem.
― Claro que você vai fazer o que quisermos. Ou então esse lindo
bebezinho não vai chegar nem a completar um ano de idade ― um soluço
alto sai o minha boca após ouvir essas palavras. Me pergunto se ela realmente
teria coragem de machucar o próprio sobrinho de apenas quatro meses. Um
ser inocente e indefeso.
― Antonelli para onde estão me levando? Por favor deixem meu filho e
levem apenas a mim eu imploro. Ele não tem culpa de nada é só um
bebezinho.
― Você verá para onde estamos te levando. Não precisa ficar ansiosa.
― ela fala amarga ― Fabrizio vamos logo ― depois de alguns instantes o tal
Fabrizio aparece e quando ele entra no carro ocupando o banco de passageiro
na frente o motorista dá partida me levado para o desconhecido.
― Por favor não me deixem aqui. Meu bebê pode ficar doente por causa
da sujeira. Antonelli por favor eu sou sua irmã porquê está fazendo isso
comigo?
― Esse mesmo sobrinho que fez com que ele se afastasse de mim? Não
irmãzinha, você e esse bastardo vão se arrepender por ter tirado Enrico de
mim. ― ela aponta uma cadeira velha de madeira e sinaliza que devo me
sentar, ela puxa outra cadeira e se senta na minha frente ― agora indo ao
segredo. O Fabrizio não sabe mas ele não vai fugir com você. Sabe porquê?
― nego ― porque eu vou te matar, é o único jeito para eu poder ser feliz
nesse mundo Emanuelle. Não existe espaço na terra para nós duas.
O que ela disse só me faz constatar que eu realmente não conheço minha
irmã, tudo bem que nós nunca fomos muito próximas, mas nunca pensei que
ela chegaria a tanto pelo ódio que sente de mim.
― Porquê está fazendo isso comigo? O que eu lhe fiz de tão errado?
― Sério que você não sabe? ― ela grita jogando a cadeira longe
assustando eu e meu filho ― você nasceu Emanuelle esse foi seu problema
ter nascido. Você que roubou o meu lugar na vida dos nossos pais e do
Enrico. Com essa sua cara de coitada, sempre fez de tudo para chamar a
atenção de todo mundo. Mas agora as coisas vão mudar. Eu te matarei e
depois vou consolar seu marido do jeito que ele gosta. É uma pena que mais
uma vez ele vai ter que ficar viúvo graças a minha intervenção.
Meu coração dá um tropeço após ela confessar isso, meu cérebro revive
o dia do acidente e tento me convencer internamente que minha irmã não teve
nada haver com aquele acidente. Mas a situação atual me faz buscar lá
racionalidade e ver as coisas como elas são, eu tenho uma irmã assassina.
― Antonelli o que você fez? Por favor me diz que você não foi a
responsável pelo acidente da Geovanna. ― não sou a única chorando, dos
seus olhos dela também saem lágrimas silenciosas.
Soluços saem da minha boca após perceber que ela teve coragem de
matar seu próprio sangue. Apenas pela cede de poder.
― Espero que você tenha contado a mim também nesse seu plano. ―
alguém surge de repente apontando a arma para Antonelli.
E Como ela chegou aqui? De todos Elisa é a que menos pensei que me
acharia, na verdade não sei em que lado da história ela se encaixa.
― Deixe minha nora e meu neto irem embora ou eu juro que atiro ― a
cara que minha irmã faz agora é tão assustadora que começo a temer pelo que
está por vir. ― Antonelli melhor você fazer isso por bem, porque se meu
figlio colocar as mãos em você, todos nós sabemos o que vai acontecer. ―
antes que eu pudesse Alertar a Elisa Fabrizio surge atrás da minha sogra e dá
uma coronhada com a arma na cabeça dela que a deixa inconsciente e
jogada no chão de madeira.
Eles mataram a Elisa! Tento ver apesar de estar longe algum sinal que
indique que eu esteja enganada, eu e Elisa nunca nos demos bem mas ver
presenciar a morte de alguém é algo que minha mente não consegue mais
aceitar.
― Não! Mas o golpe que acertei na cabeça dela será suficiente para a
deixar desacordada por horas. Quando eu estiver indo embora mandarei um
dos homens acabar com ela. Por hora ela vai ficar amarada. ― cordas de lã
são enroladas nas mãos e nos pés da minha sogra, seu corpo é arrastado até a
outra extremidade do porão, o que nos deixa a uma distância considerável, e
por causa da fraca iluminação é impossível ver seu rosto.
― Temos que amarar ela também ― ao ouvir isso meu corpo entra em
alerta e com isso nego com cabeça, porque eu sei que se for amarrada meu
filho será levado.
― Por favor não. Se me amarrarem não vou poder segurar meu bebê.
Antonelli te imploro. ― como se o que acabei de dizer fosse nada ela
caminha na minha direção com as cordas nas mãos.
― Fica calmo meu amor. Apesar de tudo sei que seu pai virá nos buscar
em breve ― canto uma canção de ninar que mamãe cantava para me pôr a
dormir, e aos poucos seus olhinhos azuis vão pestanejando até finalmente se
fecharem por completo e ele mergulhar no sono calmo. Eu também resisto
por alguns minutos mas o cansaço me consome e não consigo resistir ao
sono.
Não sei quanto tempo passou, mas quando sinto um vazio nos braços,
quando meu organismo sente a falta daquele corpinho quente imediatamente
abro os olhos e lágrimas de desespero banham meus olhos ao perceber que
meu filho não se encontra dormindo no meu colo, olho em volta para ver se
talvez ele caiu, mas nada.
― Não vai fugir pra sempre docinho, em duas horas estaremos saindo
da Itália para bem longe, pra um lugar onde o grande capo não irá nos achar.
― Não! e não se preocupe com ele, sua irmã vai chegar já e irá levá-lo para o
pai, já nós dois temos uma vida pela frente, podemos fazer outros filhos se
quiser.
― Você que é tão inocente! É por isso que eu gosto de você. ― ele se
senta na minha frente e continua fumando ― sabe isso começou a muito
tempo. Bem antes de você e sua irmã nascerem. Quando vi sua mãe pela
primeira vez eu fiquei encantado, ela era perfeita para mim linda e meiga.
Mas a estúpida não me deu atenção, e você já sabe com quem ela ficou no
final. Eu não podia deixar eles viverem felizes para sempre sendo que eu
estava sofrendo por ela, eu me esforçava bastante dentro da máfia para
ganhar destaque e poder ter alguma atenção dela, mas a ediota só tinha olhos
para o Guido. Daí que decidi que estava na hora deles saírem da minha vida
para sempre. ― Lágrimas e mais lágrimas de dor saem dos meus olhos, ele
matou meus pais ― não fique assim piccola, não quero que passe mal.
Voltando ao meu relato dos fatos, depois da morte da sua mãe fiquei sem
rumo por anos, a única coisa que fazia direito era crescer dentro da máfia
para poder tirar seu marido do poder, mas um dia te vi na casa do seu tio,
você estava sentada no jardim pintando uma paisagem, fiquei quase uma hora
ali parado te comtemplando, e percebi que você era minha segunda chance de
ser feliz, os traços da sua mãe em você foram ficando cada vez mais
evidentes e eu não podia fazer nada para te ter. Te procurei tanto quando
sumiu durante aqueles cinco anos! Achei que nunca mais te veria. Mas agora
estamos aqui e dentro em breve estaremos indo embora e nunca mais
voltaremos.
― Seu assassino! Eu te ódio tanto por ter matei meus pais. Eu nunca irei
embora com você, prefiro ir morrer a aceitar tal parvoíce. ― num súbito ele
se levanta e desfere um tapa bem forte no meu rosto. Mordo os lábios com
força para reprimir o choro. Esse maldito assassino não vai mas me fazer
chorar. ― meu marido vai acabar com você.
― E onde ele está hum? Porque aqui eu não vejo ele ― fala dando
voltas ― aceite você é minha, e se eu morrer levo você junto comigo, mas ao
lado daquele filho da puta você não fica. ― sinto a raiva e o ódio
percorrerem meu corpo, me contorço para tentar soltar minhas mãos que
estão presas nas cordas ― não adianta, os nós estão muito bem atados ―
cuspo na cara dele.
Ele segura no celular e procura por algo com urgência, quando vejo o
celular sendo colocado na orelha deduzo que ele estava procurando um
número. Ao longe sons de tiros e explosões chegam aos meus ouvidos, será
que é ele?
Viro meus rosto assim que ele termina a chamada, não quero que ele
saiba que estava tentando ouvir a conversa.
― Por favor meu filho. Eu tenho que levar meu filho, ele não pode ficar
aqui sozinho. ― Suplico enquanto ele está desamarrando meus pés das
cordas.
― Meu filho não. Me solta por favor, leve meu filho ― grito até sentir
minha garganta queimando e meus pulsos doerem por estar tentando me
soltar. Quando vejo já estamos do lado de fora da casa, e ao redor vejo o caos
em que o lugar se transformou, são gritos de ordens e também de agonia de
alguns homens que estão feridos, balas passeiam de um lado para o outros e
homens e mais homens estão caídos no chão inconscientes.
― Não senhor! Por favor. A culpa foi minha se eu não tivesse saído e a
deixado aqui sozinha provavelmente nada disso teria acontecido. Nunca vou
me perdoar se acontecer alguma coisa com eles.
― Mãe não se culpe. Ninguém sabia que uma coisa assim aconteceria.
A senhora não tem culpa de nada ― a jovem que consola a mãe diz.
― Não vou ficar calmo Leonardo. Não é você que tem sua família
desaparecida. Já agora, não passou da hora de você se casar? ― ele revira os
olhos e volta sua atenção para o celular. A cada dez minutos eu logo para
Gonzalo para saber se tem alguma informação, e nada. Sempre tive tudo sob
controle e agora é m meio a essa situação me sinto um completo inútil por
não saber como proceder.
― Sinto muito mas você não conhece sua sobrinha. Ela é uma
traiçoeira, uma cobra pra ser mais específico. Não duvido nada que ela
chegou a machucar a Emanuelle de alguma forma bem de baixo do seu nariz
quando era mais jovens. ― Dante ficou tão atónito que caiu sentado no sofá.
Meu celular começa a vibrar, tiro ele do bolso e na tela aparece o nome do
Gonzalo, atendo imediatamente ― Fala Gonzalo!
― Logo depois que minha sobrinha se mudou para cá com meu neto, eu
coloquei uma pulseira no menino, é uma pulseira que contém um pingente
com o formato do brasão da família Mancini. Ele existe a gerações, e só é
colocada nos filhos homens. Mas a que coloquei no meu neto é diferente,
pois ele contém um chip, que mostra em tempo real a sua localização e seus
batimentos cardíacos. Ele tem um localizador.
― E só agora você me diz isso porra. ― Dante retira seu celular, coloca
a senha, aguardamos cerca de cinco minutos e imediatamente o celular
mostra em tempo real a localização do meu filho, e no momento seus
batimentos cardíacos estão normais. E pela localização ele está no estremo
sul da Calábria, numa zona florestal e montanhosa. O localizador diz que
estão numa propriedade que pertencia a família Sanches, ou seja, os avós
maternos da minha esposa.
― Sua maldita! Sua sorte é que agora estou com pressa, mas quando eu
voltar vou cortar cada pedaço seu e dar para os cachorros ― Vocifero na sua
cara cheia de modificações estéticas ― e farei a mesma coisa com o lixo do
seu comparsa. Desta vez vocês não escapam.
― O...que eu fiz Enrico? Do que você está falando ― estou vendo tudo
vermelho que nem penso duas vezes até acertar outro soco na cara dela,
sangue sai pela boca e ela tosse sem parar.
― Não tio. Isso é tudo mentira. Eu nunca faria mal a minha própria
irmã. Apesar de não nos darmos bem eu não chegaria tão longe.
― Não tenho tempo para ouvir seu discurso. Vou buscar minha esposa e
meu filho, se prepara porque se eu apanhar um arranhão que seja num dos
dois, pode acreditar que eu vou te esmagar como uma barata. ― ela me olha
espantada ao constatar que já sei do paradeiro deles. ― ficou surpresa ? Eu
sei muito bem onde estão a mantendo escondida. ― ela finalmente se entrega
ao esboçar um sorriso maquiavélico no rosto.
― A essa altura Fabrizio deve estar bem longe com ela. Seu querido
filho e sua mãe já devem ter explodido junto com a casa ― Dante solta seu
corpo com uma cara cheia de repúdio, decepção e outros sentimento que não
posso decifrar ― você pode não ficar comigo Enrico, mas com ela você
também não fica. Sofrermos todos até a morte nos abraçar.
― Sua maldita ― chuto seu estômago e ela vai longe se esbarrando nos
móveis até cair no chão e se contorcer de dor. ― Vamos embora, quando eu
voltar quero essa mulher no calabouço. E se por um segundo ela der indícios
de fuga atirem nas duas pernas dela. ― os soldados responsáveis por levá-la
assentem e saem com ela.
― Enrico! Você não pode fazer isso comigo. Eu te amo meu amor,
vamos nos entender esquece a tonta da minha irmã. ― ela grita para todos
presentes ouvirem ― Enrico.
Saio do meu devaneio quando nossos veículos são recebidos por uma
grande quantidade de disparos vindo da propriedade que já é possível avistar
a uns cem metros daqui. Saio do carro com meu rifle posicionado e pronto
para o contra ― ataque. Nós espalhamos pelo terreno assim como
combinamos na nossa estratégia de combate. Pelo que vejo Fabrizio já
esperava por nós, minha preocupação no momento é chave até o interior da
casa de madeira, é de onde o localizador está emitindo sinal.
Gonzalo e alguns homens fazem minha cobertura enquanto eu me
concentro só em chegar na casa. Se aquele filho da puta tiver a tocado, vou
colocar vermes para o comer.
― Senhor vai atrás do seu filho. Deixe que o sniper cuidar da sua
esposa, ela não vai sair daqui, nesse momento tem um rifle apontado para o
Fabrizio. ― um misto de espanto e alívio percorre meu corpo ao saber disso,
não valeu onde Gonzalo achou Dominic mas foi um decisão sabiá o trazer pra
cá, é sempre bom ter alguém vistoriando o lugar pelo alto.
Meus pulmões queimam e minha garganta reclama pelo esforço que está
sendo feito pelas pernas, corro o mais rápido que posso, e de repente só
jogado para longe, seguro meu filho com força de forma a não sair
machucado na queda, caio de costas na grama e pelo impacto da queda sinto
o sangue na minha boca. Apesar da dor nas costas consigo levantar e me
sentar para olhar meu filho que nesse momento se encontro quieto me
observando, como se nada tivesse acontecido.
― Sem dúvidas você será o melhor líder da máfia que o mundo alguma
vez verá.
Os nós que estavam me apertando já se desfizeram e eu continuo minha
dolorosa caminhada em direção a casa que está em chamas.
Eu falhei! De novo, eu não sei porquê a morte persegue a todos que
amo. Meus dedos trémulos limpam as lágrimas. Minha vida não faz mais
sentido sem ele.
― Claro que não Emanuelle. Seu filho está bem ali, com o pai dele ―
meu coração dá um pulo, meus olhos piscam várias vezes cada vez que
minha cabeça vai virando em direção ao Leonardo que aponta para o outro
lado, onde de longe vejo Enrico com um embrulho numa manta azul para
bebê, ele fica tão pequeno envolto naqueles braços grandes, Enrico está
parado me olhando. Me desmancho em um choro de felicidade, corro com
tudo até eles e cada passo é como se meu corpo fosse se libertando de cada
tonelada de desespero.
― Meu filho! Meu bebê. ― seguro sua mãozinha e acarício seus poucos
cabelos escuros, Enrico coloca ele no meu colo e planta um beijo na minha
testa. ― obrigada, nunca vou parar de te agradecer Enrico.
Estou tão fora da realidade comtemplando meu filho quando vi, estava
sendo carregada pelos braços fortes do meu marido junto com meu filho no
meu peito. Estou tão cansada que nem reclamo, apenas descanso minha
cabeça em seu peito.
Essa maldita cobra, estava de baixo do meu nariz esse tempo todo, não
só ela mas o lixo pendurado ao lado dela também. É sempre bom cortar o mal
pela raiz. Eu sempre soube que Antonelli era ardilosa, manipuladora,
gananciosa e interesseira, nunca me preocupei com isso, afinal de contas faço
parte de um meio cujos principais comportamentos das pessoas são
exatamente esses. Nunca imaginei que a maldita teria coragem de me
enfrentar e arquitetar aquele acidente que matou Geovana e meu filho. Eu
nunca senti nada profundo pela Geovanna, mas perder meu filho mexeu
comigo na época.
Quando Enrico me contou que minha irmã estava morta eu achei que
aquela notícia não me abalaria, mas eu estava completamente enganada,
naquela mesma noite na companhia do meu travesseiro eu chorei feito uma
criança, não por ter perdido uma irmã e sim por ela ter morrido por motivos
que me custam acreditar, por ter morrido por causa da sua ganância e
soberba. Chorei porque sabia que se nosso pais estivessem vivos ficariam
tristes com ela. Mesmo sobre os protestos de Enrico pedi para que meu tio
fizesse uma lápide com o nome dela bem do lado dos nossos pais para que as
pessoas soubessem que alguma vez já existiu uma Antonelli Mancini, minha
irmã.
― Enrico por favor me solta e sai do meu quarto, já falei que não vamos
mais dividir o mesmo quarto ― ele resmunga, se mexe até que gruda seu
corpo semi nú e forte nas minas costas. Fazendo com que fiquemos de
conchinha e pior encostando seu membro no meu bumbum. Sem mais opção
também tento dormir.
Sem falar nada me sento no meu lugar habitual, a babá contratada sem a
minha permissão pega no meu filho com a intenção de sair. Não permito,
Enrico a fuzila com os olhos deixando a moça tão trémula que tenho medo
que ela deixe cair meu filho.
― Enrico por favor. Você me prometeu que ia mudar, porquê não posso
tomar café da manhã na presença do nosso filho? ― ele dispensa a babá e
segura nosso filho no colo. Tomo meu café da manhã enquanto seus olhos
estão atentos a cada movimento meu, meu filho continua quietinho depois de
tomar a mamadeira. ― porquê está me olhando assim Enrico?
― Porque sou seu marido, e tenho todo o direito de fazer isso. Já agora
você está ainda mais linda hoje ― ele nunca me elogiou tanto como faz nos
últimos dias. Minha auto estima anda muito alta, e tenho me cuidado mais ―
quando você vai me deixar ver o que está debaixo desse vestidinho ― ele
fala essa última palavras praticamente rosnando. Se tem uma coisa que
aprendi durante esse tempo de casada é que ignorar ele é a melhor coisa a se
fazer.
― ENRICO ― grito pó ele esse homem que levou o tiro, sua camisa
branca está completamente vermelha com seu próprio sangue. ― façam
alguma coisa por favor, chamem um médico. ― Os seguranças me seguram,
e tiram meu filho dos meus braços, nunca pensei que choraria por ele, o ver
ferido desse jeito numa maca e com vários médicos e enfermeiros a sua volta
está partindo meu coração.
Passam duas semanas desde o atentado que ainda não me foi muito bem
explicado as razões e muito menos os autores. Enrico ficou apenas três dias
internado no hospital, e depois voltou pra casa. O médico recomendou
descanso, boa alimentação e ele ficará bom logo. O braço continua
imobilizado por isso eu faço de tudo para impedi -lo de carregar peso ou
fazer grandes esforços. Toda vez que ele pede minha ajuda com o banho eu
praticamente fico igual um tomate por vê-lo nú, até agora eu acho um
exagero mas médico garantiu ser necessário.
Após recolher todo o café da manhã dele seguro na bandeja e abro a
porta do quarto. Ele continua deitado olhando para alguma coisa lá fora.
Assim que nota minha presença ele se vira e sorri para mim, e mais uma vez
meu rosto cora violentamente.
Nunca imaginei que fosse gemer tanto assim, sua língua me chupa tão
bem que de forma automática meu corpo se mexe no ritmo das suas
chupadas. Gemo como uma sem vergonha, mas não ligo a sensação que está
se aproximando é tão boa que pouco me importo com o mundo nesse
momento, ele penetra o dedo na minha intimidade ao mesmo tempo que
chupa meu clitóris solto um grito, e como uma carga elétrica meu corpo se
desmancha em espasmos consecutivos de prazer, estou tão trémula que é
necessário que ele me segure para não cair.
― Você é tão bobinha amorzinho. Você sempre foi minha, e nada nem
ninguém vai mudar isso. Te amo.
Fim.
Enrico Ferrari
A visão que tenho da minha esposa sentada em cima de mim cavalgando
do jeitinho que a ensinei me faz me auto questionar porquê nunca notei que
ela é uma depravada na cama. E porra ela é estupidamente tão fogosa, uma
verdadeira safada, se esconde por trás desse carrinha de menina.
A máfia cresce a cada dia que passa e dessa forma meu poder só
aumenta, agora domino toda a Itália.
Olho para seu rosto, ela está dormindo tão profundamente enquanto da
sua boca saem suspiros baixinhos, lembrar da sua boquinha chupando meu
pau mais cedo invade minha mente fazendo meu pau despertar
imediatamente.
Meu tio e meus primos também estarão presentes, tio Dante se divorciou
recentemente da tia Graziela, eu entendo depois de tudo o que ela fez no
passado e também por ter se calado sabendo quem era o culpado que
provocou o acidente que tirou a vida dos meus pais. Ela me pediu desculpas
por isso e também por ter me acusado durante anos pela morte de Geovanna,
a garanti que não guardava rancor, eu apenas queria seguir minha vida com
pessoas que realmente me amam. Não sei como mas Donatella e Leonardo
ficaram noivos, fiquei tão feliz por eles, Donna sempre me disse que era
apaixonada por um homem proibido e agora eu entendo o motivo disso.
Minha sogra e eu estamos mais próximas que nunca, nos tornamos
amigas e ela é uma grande avó, juntas nós comandamos o comitê das
mulheres da Ndrangueta, para mim foi uma surpresa quando ela me convidou
pra fazer parte sendo a líder a do grupo, ela é uma grande apenas estava
magoada com tudo o que houve.
― Sua barriga está tão grande amiga! Eu acho que são gêmeos.
― Eu já disse para ela mas não acredita ― Emiliano diz nos fazendo rir.
Depois de muitas tentativas e tratamentos ela finalmente conseguiu
engravidar. E está tão radiante.
― Rosa Angélica! ― ando até ela e sem esperar nos envolvemos num
abraço forte.
― Você merece isso e muito mais amor. Vou te presentear para sempre.
Te amo. ― Eu tento responder mas as palavras ficam presas na minha
garganta, eu sei que sinto alguma coisa por ele, será que é amor? ― Está tudo
bem? ― Saio dos meus pensamentos com sua pergunta.
― Sim estou. Enrico eu não sei o que é isso o que sinto por você, mas é
algo forte que mal cabe no meu coração. Nunca tive uma experiência para
debate dizer se isso é amor ou outra coisa. Eu eu.. estou apaixonada por você,
disso eu tenho certeza. ― Ele alisa a pele corada da minha bochecha.