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Playlist
Ozzy Osbourne — Straight To Hell
DeathbyRomy — Time
Imagine Dragons — Dream
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Halsey — Gasoline
Asking Alexandria — Vultures
Halsey — Strange Love
The Lumineers — Nightshade
Halsey — Devil
Hayley Kiyoko — Demons
Hollywood Undead — City
Sam Tinnesz — Far From Home
Phantogram — Black Out Days
Lacey Strum — Rot
93PUNX — It’s a Bad Dream
Banks — Contaminated
DeathbyRomy — Shadow
Lil Wayne — Trust Nobody
Anya — How Far Does The Dark Go?
—Sylvia Plath—
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L: Quem é?
Remetente desconhecido.
A mensagem não pode ser enviada.
2 Powerade: é um isotônico.
3 Abuelo: significa avô em espanhol.
— Você está bem? – Mel me trouxe de volta.
— Sim. Desculpe. – eu arrumei o meu rosto com um sorriso e
Página |comecei a andar novamente, colocando meu celular de volta no
12 bolso.
— Vamos para o inferno. – suspirou Mel, abrindo com o ombro
uma das portas que davam para fora.
— Podemos pelo menos estar no avião antes de você começar a
ser totalmente negativa?
— Existe uma diferença entre fazer isso agora ou mais tarde?
Você sabe exatamente como as coisas vão ser quando voltarmos.
— Não sabemos de nada ainda. – desmentiu Gracelyn.
— Sei que estamos bem atrasadas para nossas 'preciosas'
estreias na sociedade. Seremos arrastadas para o escritório
corporativo para que nossos pais possam explicar exatamente como
traçaram nossos futuros. Eles provavelmente já nos casaram com
alguns idiotas arrogantes e perturbados. Os que organizam as
gavetas e gravatas por cor.
Isso soou dramático demais, mas, infelizmente, ela estava certa.
Era assim que as coisas funcionavam em nosso mundo. No entanto,
eu não poderia concordar abertamente. Isso abriria a porta para uma
conversa que eu não estava pronta para ter. Já havíamos tentado
isso, e foi assim que acabamos em nossa condição atual.
Falar sobre isso levou a pensar. Os
pensamentos vinham com sentimentos,
muitos dos quais amargos, raivosos e
conflitantes - por vários motivos. Meu novo
plano era mergulhar na negação até que
voltássemos para casa. — Vamos apenas esperar e ver o que eles
têm a dizer, e então podemos partir daí.
Ela me ignorou.
Página | — Você acha que eles vão nos dar panfletos ou usar um
13 PowerPoint completo para realmente transmitir sua mensagem e
explicar todas as maneiras como arruinaram nossas vidas?
Meus lábios se contraíram enquanto eu lutava contra um
sorriso. — — Existe uma doença mortal que faz com que as pessoas
vejam apenas o lado ruim das coisas. Meu abuelo gosta de se referir
a isso como pessimismo.
— Seu avô é o líder de toda essa provação. E eu não sou
pessimista.
— Ela é uma realista. – Gracelyn brincou, forçando sua voz a
ser grossa e masculina.
Comecei a rir e o som vindo da minha garganta parecia com o
grito de guerra de um sapo furioso. — Cale-se. – eu golpeei de
brincadeira no seu braço.
— Ai. – ela deu um tapa no lábio e fingiu estar magoada,
fazendo os seus olhos castanhos ficarem grandes e redondos.
— Não posso levar vocês, vadias, a lugar nenhum. – Mel
repreendeu, rindo baixinho. — Ali está o nosso ônibus. – ela
apontou para um ônibus branco brilhante parado nas proximidades.
Nós nos aproximamos dele ao mesmo
tempo que duas mulheres mais velhas,
permitindo que elas fossem à nossa frente.
Enquanto esperávamos, o sol continuou a
descer no céu, lentamente consumindo a luz.
Olhei de volta para o resort e segurei um suspiro. Esta seria a
nossa última viagem de lazer. Indefinidamente. Poderia contar em
uma mão o número de vezes que as viagens foram feitas por luxo
versus "negócios".
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Melantha começou a subir no ônibus. Eu a segui e Gracelyn na
14 retaguarda.
— Sente-se onde quiser. – O motorista instruiu em um tom
otimista, com seu bigode grosso levantando enquanto ele sorria.
Agradeci a ele com um pequeno aceno e então dei uma olhada
no interior. Os assentos estavam distribuídos em dois por fila e já
havia algumas pessoas na frente.
Ignorando os olhares dirigidos a seus cabelos coloridos, Mel
passou por todos eles, totalmente despreocupada.
Ele sempre foi pintado em uma cor divertida ou outra. Desta
vez, ela escolheu um violeta profundo, azul pavão e franjas em
degradê brancas. Ela era uma das poucas pessoas que eu conhecia
que conseguia arrasar.
Mel conseguiria concretizar qualquer coisa, realmente. Ela
tinha um tipo clássico de beleza. Ela sempre me lembrou daquelas
garotas pin-up retrô, completando com um pequeno piercing
Monroe de diamante.
Ela acabou reivindicando três assentos que estavam no meio do
caminho na parte de trás. Precisamente à direita deles estava um
grupo de quatro caras que, olhando de
relance, pareciam ter vinte e poucos anos, ou
seja, mais ou menos da nossa idade. Atrás
deles, sentada solitária, estava uma bela ruiva
com fones de ouvido.
Não sendo a maior fã de espaços
confinados, coloquei a minha mala no compartimento de bagagem
e, em seguida, reivindiquei o assento mais próximo ao corredor.
Gracelyn passou por mim e se sentou perto da janela, deixando
Página |Mel sem escolha a não ser sentar-se atrás de nós.
15 — Quanto tempo leva para chegar ao aeroporto? – Grace
perguntou.
— Trinta minutos? – eu deduzi, tirando meus óculos de sol para
ele ficar em cima da minha cabeça.
— Para que conste, eu ia perguntar se precisava de ajuda, mas
parece que você a teve. – Uma voz rouca cruzou o corredor.
— Hã? – eu olhei por cima, quase dando uma segunda olhada
quando tive minha primeira visão de verdade de quem estava ao
nosso lado. Se a vida fosse um desenho animado, meu queixo teria
caído no chão. Em algum lugar no fundo da minha mente, as
Weather Girls4 começaram a cantar sobre chover homens.
— Sua mala. – disse o cara mais próximo de mim, acenando
com a cabeça em direção ao compartimento de bagagem.
Ele estava usando um penteado bastante estiloso - um corte
inferior que era longo na parte superior e curto nas laterais.
Os fios lisos eram castanhos escuros com partes naturalmente
mais claras entrelaçadas. Ficou bem nele - muito bem.
— Ah bem. Obrigada por considerar. – eu brinquei,
encolhendo-me internamente assim que a
última palavra saiu da minha boca. Obrigada
por considerar? Que jeito de ser
superestranha, Lana.
Página | Não queria cobiçar ele. Então, novamente, sim, eu fiz. Quer
dizer, droga. Onde diabos ele esteve se escondendo nas últimas duas
16 semanas? Esta viagem teria sido dez vezes melhor se eu tivesse esta
obra de arte para olhar todos os dias. De preferência por baixo ou
em cima dele.
Uma de suas características mais notáveis eram os olhos. Eles
eram lindos.
Eu os chamaria de azuis, mas isso era como dizer que o sol era
amarelo, um adjetivo mediano e pouco preciso. Era mais uma
multiplicidade. Eles me lembravam do mar, vibrante e sereno, com
algo se agitando dentro deles que não era facilmente identificável.
Nosso concurso de encarar durou pouco, pois mais duas garotas
embarcaram no ônibus e passaram entre nós, ambas parecendo estar
com a ressaca que eu estava, apenas um pouco mais preparadas.
Desviei minha atenção do colírio para os olhos do outro lado do
corredor e fiz o meu melhor para ficar confortável, brincando com o
colar que meu abuelo tinha me dado um pouco antes de eu partir
para a minha viagem. Ele também deu um para Mel e Grace, como
era costume dele ao comprar qualquer coisa para mim.
Eles eram todos diferentes, cada um com um pingente de prata
de algum tipo. Eu não tinha ideia do que qualquer um dos símbolos
Página | Olhei entre os dois caras, tentando determinar quem era quem.
Lembrei-me de seus nomes, visto que Ciaran tinha acabado de
24 apresentá-los, mas não sabia que eram gêmeos. Havia diferenças
sutis entre eles. Um tinha olhos âmbar, enquanto o outro era quase
do mesmo tom de uísque. Seus cabelos também tinham um estilo
um pouco diferente.
Infelizmente, nada disso me ajudou a determinar quem era
Charon e qual era Kyrous. O gêmeo mais próximo da janela parecia
prestes a dizer algo igualmente sarcástico em resposta, mas o ônibus
de repente desviou sem aviso.
Uma buzina soou de outra pista enquanto uma mistura de
suspiros, um pequeno grito e palavrões encheram o ar.
Agarrei o encosto de cabeça de couro na minha frente para ficar
firme em meu assento. Uma vez que estávamos avançando de forma
constante novamente, eu rapidamente verifiquei Gracelyn e
Melantha.
— O que foi aquilo? – Maverick perguntou em voz alta.
Como se para respondê-lo pessoalmente, a música parou e a
voz do motorista veio pelos alto-falantes. — Desculpe, realmente
sinto muito por isso, pessoal. O trajeto normal está bloqueado. Acho
que faremos um pequeno desvio.
Alguém na frente, um homem com
cabelos grisalhos, começou a reclamar.
O motorista o interrompeu, ainda
transmitindo sua voz pelo alto-falante.
— Tenha certeza de que isso só adicionará cerca de dez
minutos na viagem. Eu sei que todos vocês têm voos para pegar -
podem contar comigo para levá-los exatamente onde precisam estar.
7Pebbles: é uma referência a personagem Pedrita por ela ser ruiva como
ela. O nome dela é Pebbles em Inglês.
As duas assentiram, com sua linguagem corporal se tornando
incômoda.
Esforcei-me para ouvir se isso aconteceria de novo, mas a voz
Página |da morena abafou qualquer coisa que eu pudesse ter detectado.
40 — Pronto, todos nós fizemos isso. Sua vez agora.
Eu a ignorei e foquei nos outros. — Depois do que acabou de
acontecer e da gravação que ouvimos no ônibus, o que a faz pensar
que esta é uma boa ideia?
— Isso é o que eu quero saber. – Mel murmurou. — E meu
celular está lá trás no ônibus. Eu o perdi durante o acidente.
— Eu também não tenho o meu. – disse Gracelyn. — Está na
minha mala.
— Quem quer que tenha um celular, pode por favor colocá-lo
no barril como diz a placa. – Sr. Autoridade suplicou.
— Ainda não sei por que essa é uma boa ideia.
— Você tem um plano melhor? – Kyrous perguntou.
— Sim. Não seguir instruções de um gravador. – eu respondi.
Algo de metal ecoou em algum lugar da floresta. A garota de
óculos se aproximou de Maverick.
— Eu não acho que estamos sozinhos aqui. – ela murmurou.
Bem na hora, mais alguns galhos quebraram na direção oposta -
desta vez claramente mais perto do que antes.
Alguém esteve nos observando esse tempo
todo?
Olhei por cima do ombro novamente,
mas ainda não via ninguém.
Melantha olhou para mim, com a pergunta do que fazer em seus
olhos. Nós três não nos separaríamos - isso não era uma opção - e
estava claro onde ela se posicionava em sua opinião. Houve mais
galhos quebrando, com outro barulho baixo esquisito os
Página |acompanhando. Que raio foi isso?
41 As pessoas começaram a falar imediatamente, incitando-nos -
mais especificamente eu - a desistir de nossos celulares e
começando a entrar em pânico.
Eu estava dividida. Uma opção gritava lógica, mas também era
associada a uma boa quantidade de estupidez. Realmente queria
passar pela cerca que parecia ter sido feita para proteger uma prisão
de segurança máxima? Absolutamente não. Mas a alternativa era
ficar aqui para enfrentar o que quer que estivesse vindo em minha
direção. Não havia nenhum lugar onde eu pudesse correr ou me
esconder, a menos que fugisse para a floresta. Isso era como as 101
Coisas Estúpidas.
Ciaran, que não tinha dito uma palavra durante nada disso, de
repente se mexeu para que fosse a única coisa que eu pudesse ver,
ficando bem na minha frente. Meu queixo foi levantado com uma
inclinação suave e olhos fixos nos dele.
— Você vai dar a Maverick seu celular para colocar no barril, e
se o portão se abrir, nós vamos entrar. Você entendeu? – Sua
inflexão vocal não mudou, fazendo seu comando irrefutável soar
muito mais alto.
Algo refletido em seu olhar enviou um
arrepio pela minha espinha, me desafiando a
me opor.
Eu não conseguia me afastar ou me
obrigar a remover seu toque, invocando uma
onda de emoções diferentes que me atingiram
todas de uma vez. A indicação de comando não caiu bem para mim,
no entanto. Eu abri minha boca para dizer que ele poderia se foder.
Antes que eu pudesse emitir uma palavra de protesto, ele me privou
de meu livre arbítrio.
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Ele baixou sua mão e me girou, prendendo-me em seu corpo
42 sólido com um braço passando pelo meu peito.
— Fiquem perto do portão! – ele ordenou ao grupo. —
Estaremos bem atrás de vocês.
Eles hesitaram por apenas um segundo, então começaram a
correr em direção à entrada.
— Me solta! – eu exigi, puxando seu pulso.
— Estou fazendo isso por você. – disse ele suavemente,
pegando meu celular no bolso.
Mel e Gracelyn tentaram vir em meu auxílio, mas Charon e
Kyrous estavam quase as levando embora. Assim que Ciaran
recuperou meu celular, algo passou zunindo por nós e atingiu o
vidro, quebrando-o em pedaços. Meus olhos se arregalaram assim
que meu cérebro registrou o que era.
— Ah infernos não!
Eu imediatamente desisti de resistir, peguei o celular e joguei
para o amigo dele do meu jeito.
Antes que eu pudesse vê-lo cair com segurança nas mãos de
Maverick, fui forçada a correr em direção aos
outros. Presumi que tivesse conseguido entrar
no barril, porque o portão começou a se abrir.
Nós nos esprememos com Maverick
felizmente bem atrás de nós. Quando paramos
perto dos outros, arranquei minha mão da de
Ciaran e me virei.
O portão já estava se fechando, com um mecanismo de
bloqueio travando com força no lugar.
Página | Eu dei alguns passos em direção a ele e então parei, com minha
43 mente lutando para entender o que diabos tinha acontecido. Meu
pulso estava acelerado, com o coração batendo forte para
acompanhar. Cada músculo do meu corpo ainda estava tenso e
pronto para funcionar.
O grupo começou a conversar entre si, com todos concordando
que deveríamos continuar. Gracelyn e Mel vieram ficar ao meu
lado, sem dizer uma palavra.
Havia um milhão de coisas que poderiam ser ditas, mas por
onde começamos?
Eu respirei fundo, inalando uma mistura de observações
magnéticas - uma mistura de canela quente, menta e couro
masculino. Sabia quem tinha acabado de se colocar do meu outro
lado sem precisar olhar, mas também não sabia o que dizer a ele
agora.
Eu estava furiosa por ele ter me forçado a vir aqui, mas também
grata, porque mais do que provavelmente isso salvou minha vida. A
flecha gigante saindo da figura de cera era uma prova sólida disso.
— Você viu que o portão se abriu?
— Obviamente. – eu respondi, ainda sem olhar para ele.
— Você o viu aberto somente depois que
colocamos seu celular no barril?
Hesitei em responder, com minha raiva
diminuindo quando resolvi isso na minha
cabeça.
Ele não precisava que eu respondesse. A pergunta era retórica.
Isso também lançou alguma luz sobre um aspecto potencial de nossa
Página |situação atual.
44 — Para que meu celular fosse necessário para entrar aqui,
alguém teria que saber que eu ainda o tinha.
— Exatamente. – afirmou. — Acho que o que aconteceu é uma
prova disso.
— Espere, espere. – eu cruzei meus braços e inclinei
parcialmente meu corpo em direção ao dele.
— Então, alguém não apenas projetou uma barreira de pregos
para sabotar nosso ônibus e sequestrou o motorista, mas também
colocou armadilhas? E agora eles estão de alguma forma cientes de
pequenos detalhes, como eu ter meu celular, mas a Mel ou Grace
não? Essa é a sua teoria?
Agora ele se virou, colocando-se diretamente na minha frente,
trazendo nossos peitos a centímetros de distância, sem consideração
pelo meu espaço pessoal.
— Alguém sabotou o nosso ônibus. O motorista está
desaparecido e nenhum de nós poderia passar por aquele portão até
depois de colocarmos seu celular no barril.
Seu tom prático me irritou. — Não se esqueça da parte em que
alguém está nos observando.
— Pessoal? – Gracelyn tentou nos
interromper.
Ciaran se balançou para trás com uma
risadinha e um sorriso frio levantando um
canto de sua boca enquanto ele olhava para
mim.
— Dois mais dois não é quatro para você, fantoche? Uma
flecha quase não empalou seu traseiro por se recusar a seguir
Página |instruções simples? Se você tem uma teoria que explica essa merda
melhor do que a minha, garotinha, sinta-se à vontade para
45 compartilhar. Tenho certeza de que todos adoraríamos ouvir isso.
Todo mundo olhou para nós duas, com seu silêncio se
prolongando enquanto esperavam minha resposta. Ciaran levantou
ligeiramente uma sobrancelha, como se dissesse: "Bem?"
Eu rangi minha mandíbula e me afastei dele, considerando tanto
a sua versão das coisas quanto a minha. Uma fazia muito mais
sentido do que a outra, principalmente porque tinha lógica - e prova,
desde o acidente até eles serem incapazes de prosseguir sem eu
desistir do meu celular.
Meu rosto esquentou com uma mistura de frustração e
vergonha. Eu me senti como uma criança que teve um acesso de
raiva.
— E a flecha? – perguntei, ainda teimosamente querendo estar
certa.
— Vou aceitar e dizer que teve o efeito desejado. – acrescentou
o Sr. Autoridade gentilmente.
Ele estava certo. Quem quer que seja que atirou fez com que eu
cooperasse. Ou seja, eles erraram de propósito. Meus lábios se
fecharam e eu olhei para o portão como se
fosse a razão de todos os nossos problemas.
Com a ideia de ficar trancados dentro do
que quer que fosse.
Baixei os meus olhos para o chão. Ciaran
colocou a mão no meu ombro como se quisesse dar... conforto? Um
pedido de desculpas? Honestamente, eu não precisava do último ou
queria o primeiro.
rápido.
Descemos o caminho rapidamente,
contornando uma curva que nos levou cada
vez mais fundo entre as árvores até que a vista
da cidade desapareceu completamente. Ouvindo um galho estalar à
nossa direita, trocamos um olhar e aumentamos o ritmo. Essa foi a
primeira coisa que ouvi desde que voltei para o portão.
redor.
— Devemos tentar lá? – sugeriu uma das
mulheres mais velhas, apontando para o
primeiro prédio à nossa direita.
— O Centro de Visitantes? – Melantha perguntou.
— Tem a seta habitual. – Abby respondeu secamente.
Isso aconteceu. A placa na porta dizia ABRA com uma seta
Página |apontando para dentro, com uma série de luzes emoldurando-a
55 inteiramente.
Algo dentro estava emitindo um brilho suave, mas era
impossível dizer o que era de onde estávamos. Havia uma grande
janela frontal, mas um par de cortinas escuras nos impedia de ver
através dela.
Do outro lado da estrada estava o que parecia ser um pequeno
café Starbucks, mas não tinha nenhuma luz acesa. Isso tornou a
decisão dez vezes mais fácil. Se alguém estava brincando com a
gente, então certamente era para onde eles estavam nos
direcionando?
Andei ao redor de todos no meu caminho e comecei a caminhar
em direção à entrada. Quando passei por Ciaran, ele estendeu a mão
e agarrou meu braço.
— O que você está fazendo?
— Com o que se parece? – eu tentei me afastar, mas ele apertou
seu aperto.
— Você acha que é uma boa ideia avançar cegamente para o
que poderia ser uma armadilha?
lábio inferior.
— Eu não sei, pessoal. Alguém aqui se
conhece de algum outro lugar?
Olhares compartilhados percorreram o
grupo, com nenhuma pessoa afirmando que sim.
— Como alguém saberia exatamente quem estava no ônibus? –
Gracelyn ponderou em voz alta.
Página | — Não acho que essa informação seja muito difícil de
60 encontrar.
— Essa é a maldição da internet. – afirmou Susan com
naturalidade. Ela era mais velha, então a deixei ficar com isso.
— Você ainda não está fazendo o que foi pedido a você. –
Kyrous disse. Ele se dirigiu a nós como um todo, mas seus olhos
estavam fixos em Grace.
Ela percebeu, encontrando seu olhar de frente. — Qual é?
— Disseram-nos para esquecer a realidade. Portanto, pare de
tentar descobrir isso logicamente e esqueça a realidade.
Eles tiveram um olhar fixo por cinco segundos, com a Grace
sendo a primeira a desviar o olhar.
— Vê os pontos pretos? – Ciaran me perguntou baixinho -
especificamente, como se fôssemos as únicas duas pessoas na sala.
Procurei saber a que ele se referia, percorrendo o caminho com
os olhos assim que o aviste. Isso me lembrou dos antigos mapas do
tesouro que os restaurantes davam às crianças para mantê-las
entretidas. Você tinha que seguir o X para reivindicar o tesouro.
Apenas, que no lugar de riquezas, isso levava a algo chamado Blight
House. O nome piscando consistentemente
consolidou o fato de que era para onde
precisávamos ir.
Visualmente, não parecia estar tão longe.
Realisticamente, tenho certeza de que era
muito mais longe. Olhando a imagem na
íntegra, Goetia era enorme. No entanto, havia uma parede enorme
ou algo que a dividia de maneira desigual, deixando uma parte
bastante grande do mapa apagado.
Gracelyn.
Fiz um som de concordância em minha
garganta, observando os arredores enquanto
caminhávamos. Quem quer que tenha feito
isso, construído um lugar totalmente fora da mapa, eles não
pouparam despesas. A cidade era uma coleção de prédios opulentos
com ruas limpas o suficiente para uma rainha andar descalça.
Página |
72
Apesar de ser o primeiro som natural que ouvi desde que andei
pela cidade, a música do piano não me encorajou a querer entrar no
que quer que fosse esse lugar.
Claro, que não havia outra opção. A rua além era cercada por
cercas de concreto com barras de ferro estendendo-se do topo delas.
Isso só solidificou como eu me sentia a partir do segundo em que
cruzamos o portão que nos prendeu aqui.
Éramos ovelhas estúpidas sendo conduzidas para nosso
eventual abate. Observei o lugar em que entraríamos, sabendo que
seria uma perda de tempo voltarmos para trás.
O prédio era todo de tijolos, com as palavras BLIGHT HOUSE
escritas acima das portas de entrada em letras em forma de bolhas
amplamente iluminadas.
— Vamos apenas entrar? – perguntou Margo, olhando para
Ciaran em busca de instruções.
— Vamos ver. – respondeu Maverick,
caminhando até as portas. Ele agarrou suas
maçanetas duplas e puxou, abrindo facilmente
as duas. Uma sonata clássica ao luar
espalhou-se pela noite. O aroma de vários
alimentos pairou por trás dele.
Maverick olhou por cima do ombro para nós com um sorriso
infantil. — Isso responde a isso.
Ele entrou como se morasse aqui, acenando para que o
Página |seguíssemos. Nós o fizemos - lentamente. As meninas e eu, Selena
agora incluída, seguimos cautelosamente atrás de todo mundo.
73
Um grande lustre pendurado logo acima de nós, exibindo um
saguão em forma de quadrado. O piso em estilo do velho mundo era
lustrado e polido, e forro escuro como papel de parede cobrindo as
paredes.
Havia uma grande escadaria e um amplo corredor à frente.
Ambos foram efetivamente bloqueados com vários entulhos e pilhas
de cadeiras. Mais uma vez, tivemos que ir para a esquerda, de onde
a música do piano vinha de um sistema de alto-falantes.
Entrando lentamente um por um, dividindo-nos em duas filas,
entramos em uma sala de jantar. A mesa estava coberta com linho
branco. Havia um prato chique e talheres na frente de cada cadeira
de encosto alto.
Uma variedade de entradas percorria de uma ponta a outra da
mesa e um presunto no centro.
Heather tirou dois morangos de uma tigela de prata, dando um
leve aperto em cada um antes de dar uma mordida em um deles. —
Estão frescos.
Ela não precisava comer nada para vermos isso, especialmente
por não saber de onde vinha. Tudo parecia
preparado recentemente, visualmente atraente
e de boa qualidade. Taças de ouro redondas
até continham o que eu presumi ser vinho.
— O que é isso? – Susan perguntou,
trazendo as suas mãos com unhas pintadas e
envelhecidas para suas bochechas.
— Parece que alguém estava esperando nossa chegada final. –
afirmou Kyrous.
Página | Comecei a procurar qualquer tipo de pista que nos ajudasse a
74 determinar por que deveríamos vir a este lugar. Todas as janelas
eram cobertas por cortinas grossas, dando uma sensação mais
profunda de privacidade ao quarto.
Localizando uma figura de cera como a da guarita no canto
direito dos fundos, fui até ela, notando que este estava vestido como
um mordomo. Parecia tão real, como se pudesse ser uma pessoa de
verdade.
Acho que era esse o ponto, no entanto. Ele estava segurando
uma bandeja de metal. Bem no centro estava um segundo gravador.
— Gente. – eu disse para chamar a atenção deles.
— Aperte o play. – Mel insistiu, vindo para ficar atrás de mim.
Olhei para além de todos os outros aglomerados ao meu redor
para Ciaran, que estava olhando fixamente. Não para o gravador ou
para a figura de cera, mas para mim. Lambendo meus lábios e
prontamente ignorando a maneira como seus olhos rastreavam o
movimento, eu apertei o play.
A sala inteira parecia prender a respiração na expectativa do
que poderíamos ouvir a seguir. A voz que começou a falar era
idêntica à que havíamos ouvido no ônibus.
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77
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um dos gêmeos.
— Porra, desculpe. – eu xinguei,
agarrando seu braço para não cair de bunda e
levar Gracelyn comigo.
— Você é boa. – assegurou Charon, dando um sorrisinho. —
Ei, por que você - o que diabos é isso?
Percebendo que não era apenas ele que havia parado
Página |abruptamente, coloquei minha cabeça em volta das formas imóveis
dele e de seu irmão.
85
Foi fácil identificar o que fez Ciaran paralisar no lugar.
— O que está acontecendo? – Leonard perguntou atrás de nós.
— Há uma palhaça ou algo parecido no final da passarela. –
Gracelyn respondeu, falando alto o suficiente para que qualquer
pessoa que não pudesse ver na curva pudesse ouvir.
Suas palavras fizeram uma garota dar um passo à frente. No
início, seu rosto ficou parcialmente obscurecido pelas sombras
movendo no jardim, mas então ela se arrastou um pouco mais para
frente e o poste perto do meio-fio foi o suficiente para iluminar suas
feições.
Esse tom escuro a fez parecer ainda mais pálida, mas estava
claro que ela estava usando maquiagem branca espessa. Cada olho
estava com uma cruz preta no centro, e sua boca tinha um sorriso
parecido com o do Coringa pintado de cada lado.
Acho que ela estava com algum tipo de vestido, mas não dava
para ter certeza. O tecido vermelho e branco era colado à pele e com
pregas. Seu cabelo estava puxado para trás em dois coques
apertados.
Santuário...
Era outro prédio.
Quando o caminhão começou a se mover em nossa direção, nós
retomamos a nossa corrida cansativa para fugir. Margo
surpreendentemente nós acompanhou.
Ciaran ainda não diminuiu a velocidade novamente. Ele
agarrou a minha mão com tanta força que doeu. Em outro
cruzamento, Maverick foi na direção normal e nós o seguimos.
De minha periferia, vi Abby e Leonard voltando para nós.
É onde o encontramos.
Muito parecido com Blight House, a
placa estava iluminada, indicando que era o
lugar certo para estar.
Kyrous foi o primeiro a entrar dessa vez. Com pouca ou
nenhuma cautela, ele foi até a porta e a abriu, fazendo a madeira
gemer com a força que ele exerceu.
Pistol Annie: ele a compara com uma das integrantes desse grupo
11
musical de country.
Escolhendo sabiamente não piorar a situação, ele pegou duas
barras multicereais da tigela e mudou de assunto.
— Acho que a comida está boa. Eles vendem a mesma marca
Página |nas lojas e ainda estão embalados.
99 — Por que eles estão nos alimentando quando vamos morrer? –
Abby soluçou, com uma nova onda de lágrimas escorrendo pelo seu
rosto.
— Fale por você mesma. Não tenho planos de morrer aqui. –
Mel interrompeu, afastando-se de nós para se sentar à mesa da
cozinha.
— Garota, você precisa parar de trazer má sorte para o resto de
nós. Tenha um pouco de fé. – Selena aconselhou gentilmente,
seguindo o caminho de Mel.
— Isso significa que a reunião está encerrada? Podemos
também aproveitar ao máximo essas poucas horas. – Maverick
falou. — Avistei um banheiro no corredor e tenho que urinar desde
que chegamos aqui.
Ele caminhou em direção ao corredor de trás com um humor
bastante animado, considerando que nós tínhamos acabado de ser
perseguidos até aqui e ter visto uma mulher sendo brutalmente
arrastada.
Todos seguiram seu conselho, indo em direções diferentes, com
a maioria em busca de comida ou água.
Dez minutos bastaram para provar que sua teoria estava correta.
Mais ou menos.
Demorou mais para que Margo e Abby se juntassem a nós na
mesa sem movê-las fisicamente para lá.
Tomei um gole de água, quase gemendo enquanto molhava
minha garganta seca.
Gracelyn encontrou alguns biscoitos na embalagem e os
colocou entre nós para compartilhar. Isso não era batatinhas, mas
era melhor do que nada.
Ciaran estava sentado à minha frente, ao lado de Mel, com o
canudo de um suco de maçã entre seus lábios rosados e carnudos.
— Então, o que todos estavam fazendo
no resort? – perguntei, tentando não olhar
para ele.
— Susan tem... Susan foi. – Margo
corrigiu, respirando fundo. — Susan foi
recentemente diagnosticada com demência.
Este seria nossa última farra. Queríamos algumas memórias finais.
Houve uma breve calmaria. Tenho certeza de que não era isso
que nenhuma das duas tinha em mente. Eu poderia dizer que ela
Página |tinha esperança de que sua tia estivesse viva. Eu não iria acabar com
isso, mas acho que todos sabiam bem.
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Seria melhor se ela estivesse morta.
Se ela não estivesse, a quantidade de agonia em que ela estaria
agora tinha que ser insuportável. Teríamos que colocá-la no chão
uma vez - se - a encontrássemos. Como os fazendeiros faziam com
seus rebanhos feridos ou doentes.
— Heather e eu estávamos participando de um seminário de
trabalho. – Abby revelou, fungando.
— Fiz uma viagem para comemorar a minha aposentadoria. Eu
era um agente de liberdade condicional. – disse Leonard.
O seu fazia sentido. Abby também, eu acho.
— Você sabe por que eu estava aqui. Fui expulsa de um
encontro de despedida de solteira. Isso foi há dois dias, se o tempo
for relevante. Fiquei para curtir a viagem já paga. Era o mínimo que
mamãe podia fazer por estar amarrada a algum idiota assustador. –
Selena afirmou.
Charon e Kyrous trocaram um olhar, então ambos olharam para
ela.
bolhas.
— Particularmente, acho que devemos
ficar aqui, caso alguém esteja esperando do
outro lado.
— Então eles poderiam vir aqui e nos pegar. – ela argumentou.
— Alguns de nós estão em uma situação pior do que outros. –
afirmou Ciaran.
Página | Leonard balançou a cabeça, tirando os fiapos invisíveis do
126 blazer.
O rosto de Abby se contraiu. — Você é o maior idiota que já
conheci.
— Já fui chamado de coisa pior. – ele olhou para mim com um
brilho nos olhos.
Desviei o olhar, optando por permanecer focada na contagem
regressiva. Quando chegou aos três minutos, comecei a me preparar
mentalmente para o que poderia estar esperando por nós.
À um, me virei para a porta.
Quando a fechadura metálica caiu e pudemos sair, Ciaran foi o
primeiro a caminhar naquela direção. Um a um o seguimos,
mantendo uma distância segura quando ele abriu a porta.
Ele saiu, sinalizando para que o seguíssemos um segundo
depois.
— Para que lado vamos? – perguntei uma vez que estava na
calçada. A temperatura estava um pouco mais baixa e ainda estava
escuro. Pelo lado positivo, não havia nenhum sinal dos homens
mascarados. A cidade ficou quieta novamente.
minhas costas.
— Nós podemos ir agora? – Gracelyn
perguntou quando os seus companheiros
começaram a aplaudir ele.
Eu olhei no momento em que ela tentava andar em direção ao
portão fechado.
Kyrous foi rápido para detê-la, envolvendo um braço em volta
Página |de sua cintura.
139 — Não podemos sair assim.
— É logo ali. – ela apontou um dedo na direção do portão.
Virei a minha cabeça para trás em direção à plataforma,
observando dois dos homens mascarados se abaixarem e levantarem
Abby.
Com um lance descuidado, ela foi jogada de volta para o nosso
isolamento. Seu corpo atingiu o chão com um baque, mas não
parecia que mais nada quebrou. Ela estava muito viva, a mandíbula
empurrada muito para a direita, com a língua perdida. Quantidades
copiosas de sangue continuaram a escorrer de seu rosto, manchando
a grama e seu queixo. O som vindo dela me lembrou de um porco
sendo massacrado.
— O que nós fazemos? – Margo perguntou, hesitando em ir
para o lado dela.
— Mate-a. – eu disse simplesmente.
— O que? – Leonard estremeceu. — Nós não podemos...
— Olhe para ela. – eu exigi, virando-me para ele. — Você sabe
de algum hospital onde podemos levá-la? Um pronto-socorro local?
Ambos?
Nenhum dos dois?
A conversa fluiu com bastante facilidade
com todos os outros. Ninguém mencionou
Abby. Não acho que precisávamos de um resumo do que acabamos
de testemunhar.
Não acho que a morte dela tenha sido tão ruim quanto a de
Página |Susan simplesmente porque uma sofreu mais do que a outra, mas foi
brutal. Fiquei me perguntando quem eram as pessoas sob as
142 máscaras.
Especificamente, aquele com o rosto meio branco e o cara que
corajosamente comeu uma língua crua e sangrenta. Até a palhaça...
Eu nunca deveria ter deixado esses pensamentos apodrecerem
tão intensamente. Isso ia contra tudo que eu estava tão determinada
a não me tornar. Eu nem tentei salvar Abby, pedi que ela fosse
sacrificada como o animal que Leonard argumentou que ela não era,
como o porco que ela me lembrou quando seu rosto foi desmontado.
Sinceramente, pensei que matá-la teria sido mais humano do
que carregá-la pela cidade sem língua e com o queixo quebrado.
Isso estava errado?
Tentei ver da perspectiva dele, mas não consegui. Eu não sei,
talvez este fosse a velha eu falando. Até agora, eu tinha me saído
muito bem em fazer de mim mesma uma mentirosa, fingindo que
poderia ser outra coisa senão repugnante e tragicamente defeituosa
pela vida que vivia fora daqui.
Oficialmente, eram as férias do inferno. Ciaran não estava
ajudando. Ele era o que eu poderia ser, servindo como um lembrete
do que exatamente eu tentava negar. Ele fazia
ser mau parecer uma coisa tão fácil de fazer.
Lindo e doentio até o âmago, ele assumia sem
remorso quem ele era.
Eu o invejei por isso. Ansiava por esse
tipo de autoaceitação e liberdade de alma.
A vida seria muito mais simples se eu pudesse parar de tentar
ser alguém que não sou. No entanto, era mais fácil falar do que
Página |fazer.
143 — Você sabe para onde estamos indo? – perguntei, observando
Leonard da minha periférica.
Eu não confiava em ninguém, mas eu realmente não estava
dando certo com ele - de forma alguma. A maneira como ele ficava
olhando para mim não inspirava bons sentimentos.
Se seu olhar de nojo fosse o suficiente para me dizimar, partes
do meu corpo estariam espalhadas por toda a rua.
— Não se preocupe com ele.
— Hã?
— Eu disse que é ali. – Ciaran acenou com a cabeça.
Não achei que fosse isso que ouvi, mas tudo bem. Eu passei
pelos dois lados da rua vazia, olhando alguns carros solitários e
edifícios imaculados até que encontrei outro Santuário.
— Outro? – eu murmurei.
— Você prefere continuar? – Maverick perguntou.
— Não posso, preciso parar. – murmurou Margo, exalando um
suspiro cansado. — Não sou jovem como vocês, crianças, e preciso
de um maldito minuto. – Sua voz falhou,
fazendo com que o grupo ficasse em silêncio.
Todos os nossos que eram solidários já
estavam mortos. Ela foi a última que sobrou.
Gracelyn deve ter sentido os efeitos da
caminhada, porque nem mesmo ela conseguiu se recuperar.
Acho que parar de novo foi. Não que tivéssemos muita escolha.
Este lugar parecia funcionar como uma máquina bem lubrificada.
Página |Fazer o que nos disseram foi a única coisa que nos manteve vivos
por tanto tempo. Ah, e morte. A única pessoa que não saiu como um
144 cordeiro para o sacrifício foi Susan e quem quer que fossem as
pessoas que morreram quando o ônibus bateu.
Caminhamos mais dois minutos para chegar à entrada do
Santuário, este parecendo quase idêntico ao anterior.
Ciaran e eu entramos juntos, deixando os outros atrás.
Assim como o exterior, o interior era praticamente o mesmo,
até a placa pendurada na parede. Este parecia ter um quarto
adicional e uma cozinha maior, no entanto.
A porta se fechou atrás de nós e Mel suspirou. — Olhe para a
contagem regressiva.
— Pelo lado positivo, estamos à uns passos mais perto de onde
precisamos estar. – Maverick afirmou.
— Não há lado positivo. – disse Leonard. Ele avançou para que
pudesse enfrentar todo o grupo. — Diga-me, qual de vocês vai
morrer a seguir? Quem vamos deixá-los matar agora que você está
sem peões? Eu voto na sua namoradinha. – ele olhou para mim.
Antes que eu pudesse piscar, Ciaran soltou a mão da minha e
Leonard caiu no chão.
Ele se agachou sobre o seu corpo,
segurando-o pelo pescoço. — Quem disse que
você não é um peão? Na verdade, da próxima
vez que precisarmos livrar-nos de algum
monte de merda fraco, será o seu nome passar
a frente.
— Você...
— Eu fiz uma pergunta que justificasse uma resposta?
Página |
Ciaran apertou o punho a tal ponto que os nós dos dedos
145 ficaram brancos, interrompendo o que Leonard estava prestes a
dizer. — Deste ponto em diante até a sua morte, você não será nada
além de cavalheiro. Você entendeu?
Ainda incapaz de falar, sua voz embargou com o que parecia
um sim.
— Ótimo. Não vamos voltar a falar sobre isso. – ele o
empurrou e se levantou, pegando minha mão novamente antes de
seguir em direção ao corredor dos fundos. Eu não tive outra opção a
não ser seguir.
Entramos em um dos quartos e ele me soltou, usando o pé para
chutar a porta.
— Sente-se. – ele ordenou, apontando para a grande cama de
dossel.
Eu franzi minhas sobrancelhas. — Eu pareço um cachorro?
Com uma risada maldosa, ele destruiu toda a aparência do meu
espaço pessoal e começou a usar seu corpo para forçar o meu para
trás.
A parte de trás das minhas pernas bateu no colchão e ele
continuou.
— Ciaran. – eu ri, levantando as palmas
das mãos para pressioná-las contra o peito.
Ele pegou meu pulso, prendendo-os com
uma mão acima da minha cabeça. — Não me provoque, fantoche.
— Talvez você deva aprender a se controlar. – eu respondi de
brincadeira, flexionando meus dedos.
Página | — Essa é a última coisa que você quer. – ele respondeu.
146 Usando o joelho para abrir minhas pernas, ele colocou seu corpo
entre elas.
Lambi meus lábios, abrindo as minhas coxas ainda mais para
sentir mais dele, mesmo quando disse: — Estou imunda.
— Exatamente como eu quero você. – ele passou sua língua
pela minha bochecha, aquela com sangue seco.
— Ciaran. – eu respirei, rindo baixinho.
Ele respondeu pressionando seus lábios nos meus. Mantendo
meus pulsos presos, sua mão livre foi entre nós, se enfiando sob o
cós do meu moletom. Ele segurou minha boceta e puxou minha
calcinha para o lado, deslizando sua língua na minha boca quando
eu gemi.
Dois dedos penetraram rudemente dentro de mim, indo até os
nós dos dedos. Ele os moveu, pressionando a ponta de seu polegar
calejado no meu clitóris, brincando comigo.
— Você está encharcada, fantoche. – ele sussurrou, afastando-
se abruptamente.
Sentei-me, observando-o se afastar de mim, incapaz de
esconder minha confusão. Eu sabia como era
a sensação de um pau duro, e sabia que não
era unilateral, então por que diabos ele estava
parando?
— Não me olhe assim. – ele riu, passando
a mão pelo cabelo. — Você não tem ideia do
que está pedindo.
— Ah, isso soa familiar e realmente hipócrita. – eu disse em
uma falsa voz doce.
Página | — Não há necessidade de pressa, nós temos todo o tempo do
147 mundo para eu dar a você o que você está tão desesperada.
— Desesperada? Ciaran, eu posso conseguir o pau de qualquer
um. Nunca estive desesperada. – eu comecei a me levantar. Ele
diminuiu o espaço entre nós e colocou a mão em volta do meu
pescoço.
— A única pessoa que vai estar em qualquer lugar perto de sua
boceta está bem na sua frente.
Comecei a rir com o som ligeiramente errado e as suas mãos
adicionando pressão. — Que fofo.
— Não. O que é fofo, fantoche, é o quanto ingênua você é. Vou
te foder como a prostituta que você tanto desesperadamente quer ser
fodida e abrir um precedente que nenhum outro homem será capaz
de igualar. – ele acariciou a coluna da minha garganta e afrouxou
seu aperto. — Mas você tem que merecer isso.
Olhei para ele quando ele se afastou novamente. — Você está
falando um pouco demais sobre como o seu pau é mágico. Estou
começando a achar que você é mentiroso.
— Isso é irônico, vindo de você. Você vem fingindo há algum
tempo.
Ao meu olhar confuso, ele riu e cruzou os
braços sobre o peito. — Fui capaz de ver
através dessa pessoa idiota que você está
sendo de forma mais vívida do que posso ver
a camiseta que você está usando sem sutiã.
Abaixei o meu queixo no meu peito, já sabendo o que iria
encontrar: mamilos endurecidos, pressionando contra o tecido da
minha camiseta.
você.
— Esse não é realmente o tipo de
conversa na cama que uma garota espera.
— Eu estava brincando.
Não, ele não estava. Pelo menos, eu não acreditei que ele
estava. Qualquer garota normal já estaria fora da cama e correndo.
Página |Eu? Suspirei e me mexi embaixo do lençol, pensando no meu
próximo movimento.
158
— Apenas se concentre no aqui e agora, fantoche. Precisamos
terminar esta parte antes que você se preocupe com a próxima. –
disse ele após alguns segundos de silêncio.
Eu contemplei suas palavras, repetindo-as de volta para mim
dentro da minha cabeça.
A maneira como ele disse isso... foi a segunda vez que ele fez
referência a uma parte de algo.
— Vocês dois terminaram agora? – A voz de Selena de repente
veio do outro lado da porta.
— Se você puder andar, temos cerca de quarenta e cinco
minutos restantes aqui. – Mel disse atrás dela.
— Estaremos fora em um minuto. – respondeu Ciaran.
— Ah, meu Deus. Eles provavelmente sabem o que estávamos
fazendo aqui. – eu sussurrei.
— Eles sabiam o que estávamos fazendo muito antes de você
continuar gritando o meu nome. – ele sorriu, parecendo muito
orgulhoso de si mesmo.
entrada.
Todos o seguimos. Assim que o último de
nós cruzou a soleira, o portão se fechou e a
luz verde da placa ficou vermelha.
— O que você acha que isso significa? – Gracelyn perguntou.
— Que alguém está prestes a morrer. – Ciaran respondeu
casualmente.
Página | — Eu acho que devemos ter a mente aberta sobre isso. – Selena
163 disse. — Até agora, perdemos alguém com cada enigma.
Ela estava certa. Ambos estavam. Eu duvidava que todos nós
passaríamos por essa parte com vida... o que quer que essa parte
fosse.
Olhei para a guarita do guarda, mas a janela estava muito
escura para que eu pudesse ver. Meu instinto disse que alguém
estava lá.
— Acha que tem alguém observando? – perguntei a Ciaran.
Ele pegou minha mão e seguiu minha linha de visão. —
Alguém está sempre observando, fantoche.
Nós nos reunimos em torno da placa indicando para ir direto
para o Cerberus Hall.
— Se sabemos que temos que seguir esse caminho, por que
precisamos disso? – perguntou Mel.
— Eles fizeram algo simples desde que chegamos aqui? –
Kyrous respondeu.
— Eu farei as honras desta vez. – disse Margo, tocando o play
no toca-fitas. Houve um zumbido familiar e então a voz rítmica
começou a falar.
Uma cabeça no passado.
Uma no futuro.
Uma liderando o bando ao virar da esquina.
Página |
Quatro pernas, dentes afiados, guardiões do feudo.
164
Servatis A Periculum, salve-se do perigo.
Página |
167
Página |
168
Sessenta minutos.
Isso é todo o tempo que tínhamos antes de seguirmos em frente.
Pela aparência do mapa, estávamos praticamente parados na frente
do próximo lugar que tínhamos que ir.
Maze of Mayhem.
Era a última parte do mapa antes de chegarmos onde uma
bandeira quadriculada apareceu: Diablos Manor.
Eu esfreguei meu rosto coberto de sujeira, tentando não deixar
as emoções tomarem conta de mim. Pela primeira vez desde que
chegamos aqui, fiquei com medo. Não por mim, mas pelos os
outros. Restavam apenas oito de nós. Como decidimos quem viveria
e quem morreria?
Eu não podia perder Mel ou Grace, mas
também me recusei a oferecer Ciaran ou seus
amigos como cordeiros de sacrifício. Ele por
razões óbvias, eles porque comecei a gostar
deles.
Como se eu o tivesse conjurado pelo pensamento, Ciaran se
aproximou de mim, passando o braço pela minha cintura. Ele foi
com Kyrous e Maverick imediatamente depois que percebemos que
Charon havia desaparecido. Eu não tinha palavras de conforto para
Página |dar a ele, e não porque eu não desse a mínima; Eu simplesmente
169 sabia que não havia nada a dizer que tornaria isso melhor ou certo.
Ele não estava mostrando nenhuma dor emocional ou raiva,
mas eu nunca esperava que ele mostrasse. Isso não era ele mesmo.
Ainda assim, eu sabia que ele devia estar sofrendo. Se as coisas
mudassem, eu estaria confusa, honestamente.
— Estamos quase lá. – disse ele calmamente.
Eu inclinei minha cabeça em seu peito, ouvindo seu coração.
— Estamos?
— Não faça isso. Você está tão perto de fazer isso...
Esperei que ele terminasse, mas simplesmente deixou a frase no
ar.
— Eu não preciso de falsas esperanças, Cici. Eu preciso saber
por que isso está acontecendo. Preciso de alguma explicação sobre o
que levou alguém a fazer algo tão elaborado... Eu...
— Belair. – disse ele de repente, interrompendo-me.
Eu me endireitei e me virei para ele, confusa. — O que? Isso
significa alguma coisa? – eu olhei para o mapa no caso de ter
Página | Quando ele disse que não deveríamos ter acabado na cama
juntos, foi o eufemismo da porra do século. Ele e eu não deveríamos
170 estar respirando o mesmo ar. No entanto, ele me fodeu de qualquer
maneira.
Eu queria saber por que, mas não conseguia lidar com isso
agora.
Eu não queria.
Eu não me incomodaria em tentar.
— Eu preciso me limpar. – eu disse calmamente, me afastando
dele.
Contornando a pequena área de estar, fui para o banheiro,
decidindo verificar as meninas no meu caminho.
Este lugar não era como o Santuário - o interior luxuoso ficava
cerca de três degraus acima. Pena que não consegui me concentrar o
suficiente para me importar com nada disso.
Procurei Mel e Selena primeiro, não tendo visto nenhuma desde
que elas saíram para fazer o que eu vim fazer agora. Este lugar não
era muito grande, então a tarefa não foi muito difícil.
Elas estavam sentadas no chão perto de um frigobar, com as
costas contra a parede e as cabeças apoiadas
nos ombros de Maverick.
Eu queria correr e contar o que tinha
acabado de descobrir, mas a lógica me fez
hesitar. Se Ciaran era um Belair, quem eram
seus amigos? Mordi meu lábio inferior, sem
saber como lidar com isso. Eu não queria ser o motivo de uma
divisão ou tensão adicional. Eu não era a única pessoa aqui com
problemas ou batalhas mentais para enfrentar.
Página | Tentei abrir minhas pernas, arqueando minhas costas para que
ele pudesse me foder com mais força e ir mais fundo.
176
Ele me deu o que eu procurava sem precisar de minhas
palavras. Um gemido, praticamente um soluço de prazer escapou
dos meus pulmões enquanto seu pau me penetrava, atingindo todos
os pontos certos.
— Goze para mim, garotinha. – ele ordenou, apertando minha
garganta, cravando seus dedos na pele do meu quadril. Eu gritei seu
nome, com meus músculos ficando tensos quando um orgasmo me
percorreu, espalhando um inferno tão quente que lágrimas caíram
dos meus olhos e eu gozei em todo o seu pau, com os dedos dos pés
encolhendo com força.
— Porra, fantoche. – ele sussurrou, movendo meu corpo com
mais força e gemidos de prazer começando a ressoar em seu peito.
Logo, os únicos sons no lugar eram pele lisa batendo em pele lisa, e
os gemidos que arrancou dos meus pulmões enquanto continuava a
garantir que eu nunca o esquecesse.
Página |
177
Página | — Olhe para o chão. – Mel apontou para um grande mural que
alguém pintou.
179
— É como a imagem do Centro de Visitantes. – disse Selena.
Eu tinha me esquecido disso, mas ela estava certa. Só agora,
percebi que os demônios estavam usando máscaras, todas
diferentes, ainda cercando a garota nua. Ciaran fixou os olhos no
enigma seguinte e vagou até ele, segurando minha mão.
costumava ser.
Sorri para ela, pegando sua mão. — Está
escuro lá. Vamos formar uma corrente até
sabermos para o que estamos caminhando.
Nos movemos para uma espécie de formação.
Fiquei com Ciaran, segurando Mel agora também. Gracelyn e
Selena seguiram, deixando Maverick no final de nossa corrente.
Página | Entrando na escuridão, acho que nenhum de nós sabia o que
180 esperar. Meus olhos se esforçaram para se ajustar enquanto a luz se
dissipava, mas não havia nada para ver além do escuro. As paredes
ainda eram de pedra, cobertas pelo que parecia ser musgo quando
toquei uma delas.
Houve um pequeno respingo, seguido por uma advertência
suave de Ciaran.
— Cuidado onde pisa. – ele parou, me ajudando a descer.
— Ah. – eu murmurei quando cheguei ao fundo.
Água fria invadiu meus J’s12, ensopando minhas meias e a barra
da minha calça de moletom. O fedor era potente, mofo e bolor. Eu
firmei meu aperto na mão de Ciaran e na de Mel, certificando-me de
que ela não caísse.
Começamos a avançar no escuro, usando nossa corrente
humana para garantir que nenhum de nós se separasse ou se
perdesse. As passagens pareciam intermináveis. A única maneira
que conhecíamos de virar era quando não tínhamos outra escolha,
quando as paredes se curvavam e nos faziam ir para a direita ou
para a esquerda. De vez em quando, havia ruído de trituração
definitivo.