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Tradução: Márcia de Oliveira

Revisão Inicial: Regina

Revisão Final: Silvia Helena

Leitura Final: Nish

Formatação: Lola

Verificação: Judy Roze


Em circunstâncias normais, acordar

amarrado e amordaçado ao lado de um homem

sexy não seria a pior coisa que já me aconteceu,

mas estas não são circunstâncias comuns. Há

homens com armas atrás de nós ... MUITAS delas

─ tanto armas quanto os homens.

Com um metro e oitenta e dois de altura,

construído como um Deus, cabelos ruivos, olhos

azuis e um tronco de árvore entre as pernas. Sim.

Este é o homem com quem me sequestraram.

Expressão importante: sequestrada COM, não

sequestrada POR.

Felizmente, Duke Silver é um fodão, durão,

porque usará cada habilidade que tem como um

soldado assassino para nos manter vivos e mesmo

assim, nada é certo.


Fancy
Bem... porra.

Isso era uma merda.

Tonto pelo golpe do pé-de-cabra que levei na parte de trás


da cabeça ─ que claro, veio com uma dor de cabeça dada
diretamente pelo próprio Satanás ─ eu estava desorientado e
lento. Era uma lentidão química, no entanto, o que sugeria que
alguém me drogou ─ e se fui drogado por uma mulher, ela não
deveria ter se incomodado, eu a teria fodido sem as drogas ─ ou
alguém tinha me imobilizado. O que não era a ideia mais
brilhante, porque estava me soltando lentamente. Com a dor
de cabeça e o fato de que estava com fome, não ficaria
exatamente animado para jogos de charadas e shuffleboard1
quando me orientasse novamente e descobrisse quem teria que
surrar.

Tentei piscar, mas que não adiantou muito, estava escuro


e não havia nada para ver ou estava com os olhos vendados.

Concentrei-me muito, o que doeu. Então tentei flexionar


sutilmente meus músculos. Testei os dedos dos pés, dedos das
1
O Shuffleboard é um esporte individual no qual os jogadores usam um taco para empurrar os discos que
se movem sobre uma quadra e devem parar dentro da zona de pontuação triangular (com subdivisões)
situada na extremidade oposta da quadra.
mãos e pulsos, vendo se estava simplesmente drogado ou em
paralisia. Senti meus membros, então sabia que não estava
paralisado. A má notícia era que meus pulsos estavam
amarrados, a boa notícia era que meus tornozelos não estavam
e também não tinham me amordaçado. Movimento estúpido ─
poderia fodê-los apenas com meus pés, deixe-me dizer-lhe.
Aprendi Muay Thai na Tailândia, com alguns filhos da puta
muito assustadores, o tipo de caras que saem e chutam
árvores apenas para endurecer suas canelas.

Mantive minha respiração lenta e constante, algo que


fazia por hábito. Tentei ouvir algo, mas não ouvi nada que
dissesse alguma coisa. O chão estava frio e duro debaixo do
meu ombro, quadril e joelho. Tinha quase certeza que era um
piso de cimento. Estava deitado sob o meu lado, com as mãos
presas na frente — outro erro.

Lutando para superar a neblina em minha mente, percebi


que estava em um algum tipo de quarto de cimento. Continuei
tentando ouvir, mas não havia muito para isso.

Agora que minhas faculdades estavam voltando, pude


sentir a venda ao redor da minha cabeça e parecia ser um
tecido dobrado. Seria fácil o suficiente remover quando
estivesse pronto.

Fiquei parado e quieto enquanto continuava ouvindo,


focando na respiração lenta e constante como se ainda
estivesse inconsciente. Os nós ao redor dos meus pulsos eram
lacres com pontas e foram esticados firmemente na minha pele
que, embora doloroso, era realmente uma boa notícia. Os
lacres eram de plástico, o que significava que sua resistência à
tração não era tão grande. Um puxão duro dos meus braços ou
os golpeando contra o joelho, fariam-no ir embora. Levaria dez
segundos no máximo, um número que falo por experiência.

Estava prestes a começar o processo de determinar se


deveria jogar um pouco mais ou começar minha fuga quando
ouvi um gemido abafado. Definitivamente feminino, perto.

— Pssst. — Murmurei.

— Gnnnhhh? — Definitivamente uma garota e


definitivamente amordaçada.

— Fique parada. Finja que ainda está nocauteada. Não


importa o que ouça, não importa o que aconteça, continue
fingindo. Entendeu, bebê?

— Ugh-oo, dohgaheeay.

Sufoquei uma risada, ela parecia irritada e se eu fosse


qualquer coisa como um tradutor decente de mulheres
amordaçadas e putas, disse algo como porra, não me chame de
bebê. Melhor para ela que tinha uma faísca. Estava xingando
enquanto amarrada e amordaçada, então significava que tinha
garra ou seja, espírito de luta, o que demonstrava que não
seria tão susceptível a se romper se as coisas ficassem
estranha.

Tentei pensar no antes e lembrar, qual era a última coisa


que recordava?

Estive em alguns pubs de merda em... Denver?


Provavelmente Denver. Lembro-me que depois de Nevada,
Thresh foi encontrar aquela doutora na qual estava preso ─
que eu entendia porquê, sério, a mulher tinha curvas para
porra de dias e demonstrou interesse por Thresh, o que era a
maneira mais rápida de deixá-lo com tesão para chegar
rapidamente dentro de sua calcinha. Além disso, toda aquela
pele exótica e o cabelo grosso da porra? Não admirava que
Thresh quisesse levá-la para cama. Eu chegaria nela, se ele
não tivesse direitos. E não, não éramos tão juvenis para dizer
direitos em voz alta, mas quando você passou tempo suficiente
caçando com seu irmão, você sabe quando ele está interessado
e então não irá atrás da mulher, mesmo depois que ele
terminar.

Bem... eu estava num pub em Denver, sozinho.


Lembrei-me disso pelo menos. Estava à espreita, indo devagar
nas bebidas, pronto para qualquer sinal de minhas duas
atividades favoritas: foder e lutar. Senti o cheiro de um tipo de
perfume floral doce e o segui até encontrar uma mulher do lado
de fora com um corpo curvilíneo e um sério problema de
atitude ─ em suma, exatamente o tipo de mulher para mim.

Realmente não fiz um movimento, não totalmente,


apenas uma sondagem, recebendo uma sensação dela. Ainda
não tinha começado com a rotina de charme e flerte, mas ela
não estava para brincadeiras. Olhou-me friamente, mesmo que
estivesse sem amigas por perto, não tinha nenhum anel de
compromisso e nenhum sinal de um cara, apenas era uma
mulher bebendo sozinha.

Agora, não sou um homem de comprar os estereótipos de


gênero, ok? Servi com garotas no Exército e algumas delas
eram tão minhas amigas como em BangBang de Gutierrez2.
Posso ser um homem sem vergonha do pior tipo, mas vejo as
pessoas como elas são. Não fodo mulheres com diamantes em
sua mão esquerda e não significa não... exceto quando farejo
que não significa me persiga e isso é sempre óbvio.

Mas existem alguns clichês e estereótipos que tendem a


ser verdadeiros. Como se ver um homem sentado sozinho num
pub fumegante, é melhor deixá-lo em paz, porque ele não quer
conversar. E outro que quase sempre é verdadeiro é, se você vê
uma dama, uma dama de verdade, com Louboutins, bolsa
Chanel, perfume caro e brincos de diamante de dois quilates,
do tipo que usa essa merda extravagante como se não fosse
nada, em nada menos do que um pub no LoDo... bem,
parceiro, essa merda aí quer dizer problemas.

O quê? Já saí com algumas damas no meu tempo e gosto


de coisas bonitas, então sei um por cento de nomes das marcas
quando as vejo, ok?

Enfim, ela se levantou e saiu para fumar. Acendeu seu


Pall Mall3 com um elegante isqueiro elétrico, sem chamas.

Você sabe quando eles dizem você é o que come? E sabe


quando dizem a curiosidade matou o gato? Bem, eu como muita
boceta...

Fiquei curioso e saí atrás dela. Acendi o meu único


cigarro e dei uma tragada rápida em alguma erva gostosa que
peguei ─ um hábito que apenas tenho quando estou fora de
2
Um filme onde o autor satiriza filmes policiais, descontruindo os tiroteios, perseguições de carro e a
figura do bem versus mal.
3
Marca de cigarros produzida pela R. J Reynolds Tobacco Company em Winston-Salem, na Carolina do
Norte, EUA.
serviço. Abri a boca para falar com ela, então seus olhos se
arregalaram, surpresos, mas não olhou para mim e sim para
quem estava atrás.

Então, bam, tudo ficou preto.

E agora aqui estou eu, preso, com os olhos vendados e


lutando contra uma dor de cabeça e uma névoa química
perversa.

Então, se tivesse que adivinhar, aquela garota


extravagante e solitária era a mesma pessoa que agora estava
amarrada e amordaçada atrás de mim.

Próxima pergunta?

Quem porra me queria como um prisioneiro? E por quê?

Os acontecimentos em Nevada flutuaram pela minha


cabeça e me lembrei do aviso de Harris sobre Cain
reaparecendo e querendo vingança... agora tenho uma ideia do
que está acontecendo.

Ainda trabalhava com a situação na minha cabeça


quando ouvi vozes à distância seguidas por passos se
arrastando pela escada.

— Fique quieta, ok? — Sussurrei, mais baixo quanto


pude. — Confie em mim.

— Nnnnng? — Ela soou menos irritada e mais temerosa.

— Você tem minha palavra, Fancy. Vou tirá-la disso. Mas


precisa me ouvir atentamente. Respire como se estivesse
dormindo. Relaxe seus músculos. Não reaja a qualquer coisa.

— Um-cee?
— Sim, Fancy é você. Agora cale a boca e fique quieta.

Segui minhas próprias ordens quando as vozes se


aproximaram, os passos apenas do outro lado da parede. Ouvi
uma torção da fechadura, depois dobradiças protestaram e pés
─ dois pares, três ─ três, eu apostaria ─ arrastaram-se pelo
chão. Definitivamente um piso de cimento. Vozes europeias,
grossos sotaques da Europa Central e Oriental.
Definitivamente o grupo de Cain.

— Ainda fora. — Uma voz disse, num forte sotaque inglês.

Um par de pés se arrastou em minha direção.

— Deveria estar. Nós lhe acertamos com bastante


tranquilizante que apagaria alguns elefantes. — Isto veio de
uma segunda voz.

— E a mulher? — O primeiro homem novamente.

— Cain disse sem testemunhas, sem provas. — A terceira


voz, soando como se tivesse um pouco de autoridade.

— Acha que poderíamos nos divertir um pouco primeiro?


— A primeira voz novamente.

Eles estavam me provocando, percebi. Falariam em


tcheco, ucraniano ou o que quer que fosse se essa discussão
estivesse destinada apenas para seus ouvidos. Isto era para
nós, para ver se estávamos acordados.

— Depois que ela acordar. — Disse a terceira voz, a que


soava no comando. — Sem pressa. Cain não estará aqui por
alguns dias ainda. Teremos tempo para diversão depois.

Os pés se arrastaram ainda mais perto de mim. Meu


coração acelerou, mas mantive a respiração firme e lenta,
meus músculos relaxados. Houve um momento de silêncio, em
seguida, um choque de agonia e um baque alto quando uma
grande bota golpeou com força total meu abdômen. Sem aviso,
não houve nenhuma maneira de tencionar contra ela. Não
podia respirar, merda.

Forcei a não reagir, lutando através da falta de oxigênio, o


ar saindo para longe de mim, estrelas explodiram em minha
visão e o pânico se agarrou em mim. Fiquei imóvel, como se o
tranquilizante ainda trabalhasse na minha corrente sanguínea
e como não reagi, devem ter assumido, logicamente, que ainda
estava dopado.

Você não sobrevive sozinho nas ruas por tanto tempo,


como eu, se não aprender a tomar um chute ou dez no
abdômen.

Ouvi seus pés recuarem, eles estavam falando em sua


própria língua agora. A porta se fechou, a fechadura girou, as
botas subiram e então ouvi as tábuas do assoalho rangerem,
seguida por um rangido alto como dobradiças de porta de tela
enferrujadas se fechando.

Finalmente me deixei engolir oxigênio, engasgando-me


com ele quando entrou em meu corpo.

— Fodidos... vão... pagar... por isso. — Ofeguei.

— Oooh oh-kay?

— Tudo bem Fancy, estou bem. Preciso recuperar o fôlego


e então farei alguma merda ou algo assim. — Minha cabeça
ainda estava zonza, dolorida, a boca estava seca e agora meu
estômago latejava.

Pensar era difícil.

Contei até trinta e levei as mãos para cima usando os


polegares para arrancar a venda. Sim. Porão, piso de concreto
nu, postes de metal segurando o teto baixo, vigas e canos
evidentes, um circulador de ar num canto, juntamente com
uma bicicleta. Havia um banco antigo de musculação com
uma única barra Barbell 4 sobre ele, mas sem pesos, um
pesado saco de pancada e uma unidade de prateleiras com
enlatados envelhecidos. Em suma, este era o porão de uma
casa suburbana velha e abandonada. Rolei em minhas costas,
então para o meu outro lado.

E havia Fancy, em toda sua glória. Ela estava em seu lado


também, perpendicular a mim, o topo de sua cabeça perto do
meu estômago. Um metro e sessenta e sete a um metro e
setenta, elegante, esbelta, bunda redonda apertada em uma
saia cinza na altura dos joelhos, sapatos pretos de salto e uma
blusa branca cobrindo um par sensacional de seios altos,
redondos, firmes, não muito grandes, mas o suficiente para
preencher até mesmo as minhas patas enormes. Ela parecia
exatamente como me lembrava da noite passada.

Apenas que agora seus lindos cabelos loiros, que eu


lembrava de estarem em um coque casualmente elegante,
estavam emaranhados e confusos, fios soltos caindo sobre
seus olhos e grudando em seu pescoço e bochechas. E santa
mãe das fodas, a pele da mulher... porra. Pálida como pérola,

4
Marca de halteres.
impecável, sedutora. Exceto suas bochechas, que estavam
ruborizadas. Ela estava olhando para mim e seus olhos eram...
foda, seus olhos eram como nada que já tinha visto antes. Azul
celeste com pontinhos verde e sugestões de avelã. Olhos
largos, cheios de personalidade feroz. Olhos bonitos e
hipnotizantes.

— Ei, ahh-hoh. Geh a Mooh on.

Claro o suficiente, eu supus.

Rolei para frente de joelhos, levantei-me, trabalhei as


torções rígidas para fora das minhas juntas, em seguida, atei
meus dedos juntos, flexionando meus pulsos longe um do
outro para colocar tensão no lacre de plástico, balancei meus
braços para cima e depois para baixo, tão forte quanto pude,
enquanto movia o joelho para cima. Meus pulsos bateram no
joelho com força esmagadora e o lacre soltou, liberando
minhas mãos. Dez segundos ou menos, filhos da puta.

Eu me ajoelhei ao lado da garota que se afastou de mim


automaticamente, cautelosa. Fiz uma careta para ela.

— Ei Fancy, não me odeie. Estou do seu lado, está bem?


Não vou machucá-la. Tirarei essa mordaça e então poderá me
perguntar tudo o que quiser, contanto que faça isso bem
baixinho, certo?

Ela ficou quieta, mas manteve os olhos cautelosos fixos


em mim enquanto me ajoelhava mais perto dela,
inclinando-me para frente, alcancei a parte de trás de sua
cabeça para soltar o nó. Sim, eu poderia ter me ajoelhado atrás
dela para fazer isso e onde estaria a diversão? Ela cheirava a
jasmim, sentia seu cheiro gostoso enquanto trabalhava no nó e
esse perfume, naquela mulher? Deixava-me tonto. Juro que
poderia ficar de pau duro apenas cheirando-a.

Agi como se estivesse tendo problemas com o nó,


parando, inclinando-me um pouco mais para olhar por cima
do ombro. Era um ato, já que era um nó bastante simples e
poderia tê-lo liberado com os olhos fechados, mas inalei de
forma sutil ─ sentindo seu cheiro inebriante, o que era uma
recompensa e valeu a pena o brilho dos punhais lançados
pelos olhos de Fancy quando me afastei para trabalhar no nó
um pouco mais.

Uma vez que ficou livre, joguei o lenço de lado...

E Fancy prontamente começou a reclamar.

— Meu Deus, aquela coisa tinha gosto de suor velho.


Acho que vou vomitar.

— Inspire pelo seu nariz, expire pela boca, docinho, e


passará. A náusea é mais pelo que eles usaram para nos
nocautear.

Ela lançou em mim aquele olhar patenteado de morte e


adagas.

— Meu nome é Temple. Não docinho, bebê ou Fancy. —


Ela estava respirando pelo seu nariz e pela sua boca, eu notei.
— Temple Kennedy.

Porra, esse era um nome que eu conhecia. Inferno, todo


mundo conhecia esse nome. Ela era uma daquelas famosas por
ser filha de famosas celebridades. Papai era uma estrela do
rock aposentada e sua mãe uma atriz com várias indicações ao
Oscar, pelo menos um Globo de Ouro pelo que eu sabia. Além
de rica e mimada, viveu toda sua vida sob os holofotes. Tinha
um reality show onde as câmeras a seguiam ao redor do
mundo mostrando-a em iates no Mediterrâneo, gritando em
rede sociais e insultando sua mãe, até mesmo o fez com seu
pai. Ela transformou tudo isso em uma lucrativa carreira
fazendo... não tinha certeza do quê. Tinha um aplicativo que
fazia quem sabe o quê, linhas de roupas, maquiagem, um livro
ou dois e qualquer número de outros merchandisings com seu
nome e semelhança nele.

Então o que a porra de uma amorosa dama da classe alta,


como Temple Kennedy, fazia em um Pub no LoDo?

Essa era a pergunta de um milhão de dólares.

Na verdade, merda ─ uma pergunta de cem milhões de


dólares, dado o quanto seus pais valiam.

Inclinei-me e coloquei meu rosto a centímetros do dela,


estendi um dedo indicador e afastei seu cabelo dourado de seu
rosto.

─ Então, Temple Kennedy. Acha que aqueles idiotas


sabem o que tem no porão?

Uma sobrancelha se abaixou e a outra arqueou-se.

─ Acho que sim.

Ela tinha um pequeno borrão de sujeira do chão, na


testa. Esfreguei meu polegar sobre ele, suavemente
limpando-o. Ela respirava com dificuldade quando terminei,
tensão escrita em cada linha de seu corpo e rosto. Não gostava
da minha proximidade. Engraçado, a maioria das doçuras
tropeçavam sobre si mesmas para se aproximarem de mim,
para ter minhas mãos nelas. Mas então, Temple Kennedy
estava muito acima do meu nível salarial.

— Veja, eu não acho que eles saibam.

Ela lutou para se sentar, mas suas mãos e pés estavam


ambos presos, as mãos atrás das costas deixando-a indefesa.
Mãos e pés amarrados e amordaçada? Ela deve ter lutado.

—Por que não? Presumo que sejam sequestradores em


busca de um resgate.

Eu ri baixinho e então a levantei para uma posição


sentada, segurando-a até que ficasse firme.

— Oh, Swetpea5, nem tudo é sobre você. Infelizmente, a


situação é muito pior do que isso.

—Por que é tão difícil para você usar meu nome? — Ela
hesitou e eu a peguei, mantendo-a erguida. — E como poderia
ser pior do que ser sequestrada? E pode, por favor, fazer
alguma coisa sobre essas restrições? Estão começando a me
irritar.

Rastejei de canto a canto, vasculhando os detritos, mas


não encontrei nada útil para cortar seus arames. Então me
abaixei sob a escada, lembrando-me do porão de uma casa
adotiva na qual fiquei pouco tempo e como o velho bastardo
bêbado guardava uma caixa de ferramentas antiga debaixo da
escada no porão. Com certeza, acertei na loteria. Em um canto
5
Um tipo de orquídea.
havia uma caixa de ferramentas de artesão enferrujada, cheia
de chaves de fenda, alicates, um martelo, unhas soltas e
alguns cortadores de arame. Voltei para Temple com os
cortadores de arame e me ajoelhei atrás dela.

—Espere, Fancy, cortarei os lacres. — Soltei seus pulsos


e ela imediatamente puxou as mãos para frente e
massageando-as.

— Quanto poderia ser pior? Eles não me roubaram


porque eu estava com você, derrubaram-no porque estava
comigo.

— Eu não estava com você. Estava lá fora fumando.

— Saí atrás de você. Viram-na ao meu lado e como você


ouviu, eles tinham ordens de não se arriscar ou deixar
testemunhas. — Movi para seus pés e cortei os lacres deixando
seus tornozelos livres. — Eu não sei o que querem, mas quero
sair inteiro e posso dizer que isso não será uma luta de
cócegas, princesa. Eles não terão nenhum problema em
enterrá-la se causar problemas, confie em mim. E se de
alguma forma descobrirem quem você é, se digamos, alguém
sair com um: você sabe mesmo quem eu sou? Bebê... isso não
seria benéfico para sua situação. Não apenas teriam uma
testemunha, mas teriam um refém e dinheiro fácil. O homem
responsável por toda essa bagunça, não é um cara legal. Seria
do tipo de enviar seus dedos cortados para seu pai até que ele
tenha seu dinheiro. Então sugiro que mantenha sua boca
fechada e siga minha liderança.

Ela empalideceu com isso e considerando sua tez


perolada, significava que ficou realmente pálida.

— Eles não iriam.

Encolhi os ombros.

— Esse é o meu melhor palpite. Este homem Cain, não é


realmente meu inimigo particular, é mais inimigo do meu
chefe. Mas desde que estou conectado a ele, pegaram-me e a
colocaram como meu par. E sim, querida, cortariam seus belos
e bem feitos dedos.

Ela estava massageando os tornozelos, tentando


recuperar a sensação, então segurei seu pé em minha mão,
tirei sua sandália de salto alto e massageei. Um gemido de
prazer baixo e sensual deixou seus lábios antes que pudesse se
conter, mas então puxou seu pé para trás e me lançou aquele
olhar novamente.

Deixei ir e me agachei ao lado dela, observando-a tentar


massagear de volta a sensação em suas extremidades e
admirar seu corpo tonificado.

— Acho que você tem mãos bonitas e seria uma vergonha


vê-las danificadas, mas pode relaxar. Não deixarei nada
acontecer com seus dedos ou qualquer outra parte de seu
corpo gostoso.

—Sério? Havia três deles, no caso de você não ter notado.


— Ela disse isso como se eu pudesse sentir medo.

—Sim, eu notei.

—Você estava com os olhos vendados, como pode dizer?

Encolhi os ombros, sorrindo.


— Eu contei suas vozes e ouvi os passos diferentes.

— E você pode pegar todos os três deles? Pode? — Cética,


sarcástica.

Levantei-me mostrando minha altura, o que chamou sua


atenção. Eu tenho um metro e noventa e oito de altura e
oitenta e dois quilos, sem uma grama de gordura em mim. E
acredite, ela percebeu. Não havia como confundir o modo como
seus olhos percorreram meu corpo várias vezes, então ela
piscou, balançou a cabeça e desviou o olhar, aquelas lindas
bochechas pálidas ruborizando.

— Sim, Fancy. Acho que são apenas três homens e este


foi o segundo erro deles.

— Qual foi o primeiro?

— Não me matarem de imediato. — Eu disse. — Porque


agora estou incomodado. Tenho uma dor de cabeça e isso me
deixa mal-humorado. Estou com fome, o que me deixa puto e
quando estou faminto, perco um pouco a racionalidade e
autodomínio. E eles apenas trouxeram três homens? Vão
desejar que tivessem muito mais.

Ela olhou para mim e seu olhar refletiu atração, fascínio e


repulsa, tudo ao mesmo tempo.

Ouvi a porta de tela ranger, depois passos no chão acima


de nós, logo na escada.

Pisquei para Temple.

— A diversão está prestes a começar, doçura. Você


apenas sente-se aí e seja seu belo e inocente eu. Deixe-os
entrar e não olhe para mim. Então, quando lhe der o sinal,
remova seu corpo sexy daqui.

Ela parecia em pânico.

— Qual... qual será o sinal?

— Quando eu começar a bater neles, obviamente.

Comecei a me virar.

— Espere! — Ela gritou.

Voltei-me, levantando uma sobrancelha.

— Está tudo bem?

— Qual o seu nome?

Dei-lhe o meu sorriso de derreter calcinhas.

— Meu nome é Duke Silver.

Peguei a barra do rack, ergui-a e balancei algumas vezes,


em seguida, posicionei-me perto da porta enquanto passos
barulhentos desciam a escada.

O bloqueio clicou, a maçaneta torceu.

Temple estava congelada no chão, como um veado pego


nos faróis, em seguida, momentos antes da porta se abrir,
balançou os cabelos, esfregou-os e desabotoou a blusa para
mostrar os seios cheios.

Um pouco eficaz demais, uma vez que me custou alguns


segundos de atraso ─ fiquei olhando também, direto, quando
os três filhos da puta passavam através da porta com armas
em punho.

Ótimo, agora tenho que lutar com tesão.


Pegue-me se
puder
Duke Silver? Sério?

O bastardo grande e lindo parecia ter saído de um filme


de Jerry Bruckheimer, o tipo onde havia explosões, grandes
seios e um imbecil musculoso com mais músculos do que
cérebro. Até agora, nós estávamos confirmando dois de três,
porque eu tinha seios grandes e ele se encaixava no musculoso
idiota ao triplo. Acho que as explosões ainda viriam.

Então ele tinha que parecer uma estrela de cinema ─ as


maçãs do rosto angulares, o queixo marcado, aqueles olhos
azuis celestes? O seu cabelo. Fiquei toda nervosa e fraca dos
joelhos pelo cabelo. Cabelo ruivo natural verdadeiro, um
laranja de Ron Weasley6. Exceto que os cabelos de Duke eram
grossos e ondulados, quase encaracolado, e estava
severamente curto, os lados raspados até o couro cabeludo,
com a parte superior grande o suficiente para puxar para trás
em um rabo de cavalo.

E se seu cabelo me deixava boba, seu corpo fazia coisas


6
Personagem ruivo do Harry Potter. É o melhor amigo de Harry Potter e Hermione Granger.
piores ─ seu corpo me deixava estúpida, sim, isso era o que
fazia. Pense em Arnold Schwarzenegger em seu auge e você
terá uma ideia aproximada de como Duke Silver era
construído. Um pouco mais magro, porém, não tão volumoso
como Arnie estava em seus dias de Mr. Olympia7, mas apenas
por um fio. O mais assustador era que Duke não se movia
como um fisiculturista ─ movia-se como um tigre. Suave, fácil,
flexível, gracioso e viciosamente poderoso. E tinha... algo. Esse
magnetismo, o tipo que apenas atrai sua atenção para ele
contra sua vontade. Quer dizer, minha mãe é Jane Kennedy,
então conheci algumas das maiores estrelas de cinema do
mundo e era amiga de muitos deles, o doce e velho Arnie
incluído. Duke? Ele apenas tinha uma presença que poderia
colocar qualquer um deles no chinelo.

Mas havia algo mais sobre ele que não era como os Vips
que eu conhecia. Aqueles homens não... me assustavam. Era
isso, não era? Duke Silver me fazia estremecer e não em um:
porra, eu gostaria de transar com ele até ficar sem sentido, mas
da forma de estremecer de pavor se de repente encontrar-se
cara a cara com um tigre Bengala adulto faminto. Esse tipo de
estremecimento. O tipo de estremecimento que
involuntariamente molha sua calça.

Embora devesse voltar e qualificar esse pensamento. Sim,


realmente queria transar com Duke Silver até que ele
esquecesse seu nome. Mais precisamente, até que eu
esquecesse o seu nome e o meu. E isso me irritava. Era Temple
Kennedy. Torcia o dedo e dezenas de homens ricos, belos e
7
Competição de fisiculturismo.
bem-sucedidos caíam de joelhos e faziam tudo o que lhes dizia,
simplesmente por causa do meu nome, por causa do que eu
me parecia e de quem eram meus pais. E não era afetada por
nada disso. Caminhei pelo tapete vermelho do Oscar, Globos
de Ouro, Emmy, Tony... fui entrevistada pela Rolling Stone, E!
Entertainment, Weekly, Vogue, People e estive na capa do US
Weekly quase tão frequentemente quanto Kim Kardashian.
Nenhum homem nunca, jamais, me deixou com os joelhos
fracos.

No entanto, meus joelhos estúpidos e traidores, ficaram


trêmulos. Ainda bem que eu estava sentada.

Puta que pariu, ele até fez minha mente vagar.

Eu me repreendi mentalmente, instruindo minha libido


cheia de luxúria a se acalmar antes de me destruir, disse aos
meus joelhos para endurecerem e forcei minha mente a se
concentrar.

Eles cortariam seus belos dedos, ele disse. Bem, isso não
funcionaria comigo, desde que eu era alérgica a ter dedos
cortados. E qualquer outra coisa, sobre esse assunto.

Concentre-se, Temple.

Desabotoei minha blusa para mostrar um pouco mais de


seios e afofei meu cabelo. E sim, pode apostar sua bunda que
notei Duke me percebendo. Também notei a forma como sua
bermuda cargo cáqui aumentou contra o zíper quando movi os
seios para cima ─ era bom saber que o afetava também.

Os passos estavam bem do lado de fora da porta, agora.


Duke estava de pé à direita da porta, então quando ela se
abrisse, ele seria capaz de balançar a barra de peso já na
abertura. A parte irritante do cenário era que Duke estava
empunhando a barra de peso como um quarterstaff8. Irritante,
eu digo, na medida em que era uma barra olímpica cheia,
pesando quarenta e cinco quilos e ele podia balançá-lo como
uma vara de madeira.

E quero dizer, não me diga: você é apenas uma pequena e


louca loira mimada, então como saberia quanto um barbell
olímpico pesaria, merda, você não mantém um corpo como o
meu sem passar quase tanto tempo na academia como tenho
certeza que Duke passa e sim, eu sei o quanto uma barra
olímpica pesa. Posso levantar uma de trinta e seis quilos,
também. Não é muito para Duke, mas ele é três vezes o meu
tamanho.

A porta se abriu e um homem entrou, mais dois atrás


dele. O primeiro deu três passos para dentro antes de me ver
sentada no chão, a mordaça desaparecida, os braços soltos, a
blusa mostrando o colo dos seios e uma sugestão de sutiã, os
cabelos de lado como se eu tivesse sido fodida ─ sim, ele parou
abruptamente.

Eu o tinha sendo uma puta.

Os dois homens atrás bateram nele com um coro de


xingamentos.

— Como você está assim? — O homem na frente

8
Arma de polo europeu tradicional, que foi especialmente proeminente na Inglaterra durante o período do
início do século. O termo é geralmente aceito para se referir a um eixo de madeira de 6 a 9 pés (1,8 a 2,7 m)
de comprimento, às vezes com uma ponta de metal
perguntou, confusão enlouquecendo seu inglês. — E onde
está...?

Pancada.

Eu me encolhi e depois cobri a boca. Porque PORRA.


Duke balançou a barra o mais forte que pode e destruiu o
crânio do pobre rapaz como um bastão de beisebol atingindo
uma melancia. E um similar spray molhado vermelho,
também. Vomitei no chão diante de mim ao ver o que era o
crânio de um homem, mas não tive tempo de nem mesmo
registrar porque Duke já estava em movimento, a barra agora
num aperto largo, como uma lança. Uma extremidade
perfurou uma barriga, então estava zumbindo ao redor do
outro acertando um joelho com um triturar doentio, logo
muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo para eu me
controlar.

Um dos homens mesmo com o joelho arruinado alcançou


uma arma da cintura e disparou uma série de tiros
ensurdecedores. Ouvi o concreto se quebrar e vi a parede à
direita de Duke explodir em uma chuva de lascas e pó, com os
tiros perdidos, graças a Deus.

— Ideia idiota, babaca. — Duke disse, sua voz tão calma e


fria como se estivesse se divertindo, de verdade.

Pancada.

Desta vez, a ponta da barra rachou o peito do atirador,


jogando-o para trás, em seguida, girou e começou a formar um
arco para baixo. Eu desviei o olhar, porque ver uma vez já foi
muito para mim.
Eu ouvi o esmagar molhado doente, apesar de tudo.

Também ouvi outro tiro e Duke grunhir em irritação,


então ouvi ainda outro barulho, o de uma cabeça humana se
transformando em hambúrguer.

Oh Deus, eu não deveria ter pensado isso. Não deveria


ter... merda.

Vomitei novamente.

— Pode abrir os olhos agora, Fancy. — Disse Duke. —


Eles estão todos mortos.

— Vou mantê-los fechados, muito obrigada. — Respondi,


tentando soar como se não estivesse tão traumatizada como
me sentia.

— Faça como quiser. Poderá pisar em algo desagradável,


no entanto.

Tinha meus olhos bem fechados e uma mão o cobriu


assim que estendi a outra na minha frente para ele segurar.

—Você pode... levar-me para fora? Eu realmente não


quero ver isso.

— Oh. — Uma pausa. — Certo. Acho que você não está


acostumada a essa merda, não é?

— Usa-se para crânios humanos destruídos?

Ele riu.

— Crânios humanos destruídos. Huh, nunca ouvi


colocado dessa forma antes.

— Não, para sua informação, eu não estou acostumada


com essa merda. E se você está, então sinto muito pela vida
que teve.

Senti sua mão se fechar ao redor da minha e não pude


impedir um arrepio. Sua mão era enorme e senti seus calos
contra a minha pele.

— Vamos, Fancy. — Ele me levantou com uma gentileza


surpreendente, então sua mão estava nas minhas costas,
guiando-me para frente, cutucando-me para um lado, depois
para o outro. — Uh... grande passo aqui, tem uma poça de um,
basta dar um grande passo.

Eu mantive a mão sobre meus olhos e dei um grande


passo. Meu outro pé seguiu e quando coloquei meu calcanhar
para baixo, ele bateu em algo escorregadio, então escorreguei.
Teria caído, mas a mão de Duke na minha me manteve de pé.
Assim que escorreguei, senti sua outra mão pegar minha
cintura e eu estava no ar.

— Vamos fazer assim, tudo bem? — Ele disse, mais para


si mesmo do que para mim.

Eu estava em seus braços. Senti a protuberância de seus


bíceps, a dureza de seu peito, seu perfume masculino.
Agradável. Isso era... muito bom.

Somente, sob seu perfume, senti outros cheiros menos


agradáveis. Meu vômito e algo fortemente picante e enjoativo.
Sangue, sangue. Isso deixou o agradável para fora do
momento, porque trouxe a lembrança demasiadamente vívida
da barra esmagando um crânio.

Eu gemi, meu estômago revirado novamente.


— Merda, você vai vomitar?

— Tentando que não.

— Respirações leves através de sua boca. Para de pensar


nisso.

— Não posso. — Eu virei meu rosto em sua camiseta


preta em decote V, a imagem piscando através de mim
novamente e novamente. — Continuo vendo.

Nós estávamos subindo então, seus pés quietos na


escada. Ele parou depois de talvez dez ou onze degraus.

— Você precisa ficar aqui um segundo, ok? — Sua voz


zumbiu silenciosamente em meu ouvido. —Preciso ter certeza
de que eram apenas eles antes de levá-la até lá.

Ele me colocou em uma escada, então eu tive que abrir


meus olhos. Meu olhar, é claro, foi com curiosidade mórbida
para baixo. Mas sua mão segurou meu queixo e ele virou
minha cabeça para olhá-lo.

— Não. — Ele não sorriu, mas sua expressão era... de


compreensão, acho que poderia chamar assim. — Não olhe lá
para baixo, Fancy. Mantenha seus olhos desta forma. Sente-se
firme, mantenha a respiração e tente não pensar nisso.

Eu olhei bem para o traseiro dele quando se levantava e


saia da escada. Deus, que bunda. Mesmo naquela estúpida
bermuda, era óbvio que seu traseiro era tão duro e redondo
como um par de balas de canhão. Eu não digo a mim mesma
para me concentrar, então pensar sobre o traseiro de Duke
Silver era melhor do que pensar sobre o que estava no fundo da
escada.

Passou um bom minuto de silêncio, então Duke apareceu


no alto da escada, com uma pistola automática em ambas as
mãos, segurando tão naturalmente como se fosse uma
extensão de seus braços, provavelmente recuperada dos
homens agora mortos lá embaixo.

— Vamos, Fancy. Está na hora de irmos.

— Meu nome é Temple, porra. — Eu quase rosnei.

— Eu sei. — Ele me deu aquele sorriso, que eu sabia que


provavelmente usava em uma base regular para derreter
roupas íntimas femininas. — Mas gosto mais de você toda
irritada.

Olhei para ele.

— Limpe esse sorriso estúpido do seu rosto. — Respondi.


—Você não vai derreter minhas roupas íntimas com ele.

Ele se abaixou, pegou minha mão e me ajudou a levantar,


empurrou-me para cima da escada e para o andar principal da
casa. E assim, fiquei contra ele, olhando para seus olhos azuis
lindos e rosto estupidamente perfeito.

Então ele murmurou algo realmente desagradável:

— Não é possível derreter uma calcinha quando você não


está usando, certo, Princesa?

— Você é um porco. — Eu o esbofeteei no rosto o mais


forte que pude e depois dei um passo para trás com raiva.

Claro, minha bofetada e resposta irritada foram


arruinadas pelo fato de que eu dei um passo para trás em
direção à escada e teria caído nela se Duke não tivesse reflexos
ninja e levantasse a mão para me agarrar pela cintura e
puxar-me de volta contra ele.

— Cuidado. — Ele murmurou, sua respiração em meus


lábios. — Não quer cair na escada.

Soltei um grunhido muito pouco familiar e saí de seus


braços, desta vez longe da escada.

— Obrigada. — Mostrei o dedo do meio. — Mas você ainda


é um porco.

— Eu sou um porco por perceber que você não está


usando calcinha? — Ele não soou insultado ou ofendido.
Mas... divertido, novamente.

— Sim. E mais ainda por dizer isso.

Ele sorriu mais uma vez.

— Então estou certo? Você não está usando calcinha?

— Não! Quer dizer, não vou dizer! — Fui dar um tapa nele
novamente e ele apenas deixou, nem mesmo se encolhendo
quando minha mão explodiu em sua bochecha. — E pare de
dizer calcinha! É uma palavra horrível.

— Você já me disse, querida. — Ele ergueu uma


sobrancelha sugestivamente. — Mas então, essa saia é muito
apertada e eu teria visto linhas de calcinha.

— Deus. — Bufei. — Você é um bárbaro.

Ele encolheu os ombros.

— Sim. Já fui chamado de coisa pior. — Ele me olhou. —


E por que calcinha é uma palavra horrível? Como deveria
dizer?

Estremeci quando ele disse a palavra.

— Roupa íntima? — Sugeri.

— Chato. Calcinha é mais divertido.

— Diversão? É horrível! É apenas uma palavra grosseira.


Como também molhada.

Ele se encolheu.

— Agora isso é uma palavra horrível.

Revirei os olhos para ele.

— Sim e calcinha é pior.

— Então, como você a chama, quando a usa?

— Roupa íntima. Tanga, se for isso que eu esteja usando.

Seus olhos brilharam, mas com luxúria, em vez de


diversão.

— Tanga, hmm? Você gosta mais do fio dental, ou das que


têm a cintura larga e uma pequena fita de renda entre as
bochechas do seu traseiro?

Eu sorri para ele.

— O que você é, um aficionado por calcinhas?

Aquele maldito sorriso novamente.

— Bem, sim. Sim, sim eu sou. Duke Silver, aficionado por


lingeries. — Ele esfregou sua aparente barba com a ponta dos
dedos. — Embora, mestre das calcinhas soe mais fodão.
Na verdade, eu bati na minha testa.

— Mestre das calcinhas? Você tem doze anos?

Ele encolheu os ombros e puxou um: Por que não? Cara.

— Sim, às vezes. Especialmente quando se trata de


mulheres gostosas e sexy em roupas íntimas. — Ele moveu a
sobrancelha novamente. — E Fancy, você em um fio dental?
Isso é sexy.

— Sim, bem... se você quiser me ver em um, terá que


comprar a edição de julho passado da revista Maxim. — Eu me
virei e afastei-me dele alguns passos, amaldiçoando-me por
dizer isso.

Às vezes minha boca fugia do meu cérebro.

Ele não estava se movendo, ainda parado atrás de mim


no topo da escada.

— Espere. Você está na Maxim?

Encolhi um ombro e evitei olhar para ele.

— Sim. Artigo de quatro páginas, propaganda de página


dupla.

— E Playboy?

Eu girei para ele.

— Não, eu não estive na Playboy! — Eu gritei. — Você não


possui um filtro?

— Não. — Ele ejetou o pente da pistola, olhou para ela e o


recolocou, exatamente como faziam no cinema. Para meu
benefício, provavelmente. Idiota. — Eu digo o que estou
pensando e o que quero porque, querida, posso ser muitas
coisas e não todas boas, mas algo que não sou é um mentiroso.

Bufei, irritada, porque não podia encontrar exatamente


uma falha nessa lógica, desde que tinha tendências
semelhantes.

— Nós vamos ficar aqui discutindo durante todo o dia ou


podemos sair?

Ele apontou para mim com o dedo indicador e o polegar.

— Isso, coisa sexy, é um excelente ponto.

Deixei cair a minha cabeça para baixo.

— Juro por Deus, você tem as maneiras mais misóginas


de falar coisas baixas para mim, mais do que eu mesma posso
acompanhar.

Ele liderou o caminho pela casa, um moderno armazém


de subúrbio. Armários brancos, o piso laminado deformado,
um teto baixo de gesso, tudo claustrofóbico... ugh. Duplo
tremor. Exceto que este lugar foi claramente usado pelos
bandidos mortos no porão como um antro de sexo, drogas e
tortura. Havia evidências em todos os lugares, embalagens de
cigarros amassados transbordando nos cinzeiros, cachimbos
de drogas, narguilé, preservativos usados e também ainda
lacrados, recipientes de isopor vazios, sacos de McDonald...
um chiqueiro vil, imundo.

— Apresse-se e me tire daqui antes que eu pegue uma


doença. — Eu disse. — Este lugar é nojento.

Duke atravessou a cozinha, onde na parte de trás dela


estava a escada até o porão. Havia também uma porta lateral
que levava para fora em uma entrada de automóveis. Em vez
de sair pela porta lateral, atravessou a cozinha para a sala de
estar, parando na porta da frente, uma laje de madeira sólida
pintada de branco com três pequenas janelas quadradas perto
do topo e uma pesada porta de vidro do outro lado.

— Hum. — Eu bati no seu ombro, que era como bater em


uma pedra. —Vamos?

— Silêncio, Fancy.

— Eu vou me calar quando você usar a porra do meu


nome.

Ele olhou para mim por cima do ombro.

— Está bem então. Temple, por favor, cale a merda da


boca.

— Bem, isso foi desnecessário.

Seu rosnado em resposta foi selvagem o suficiente para


que eu ficasse pálida e me apoiasse num degrau, prontamente
fechando minha boca.

— Está bem então. Calando a boca.

Duke estava apenas olhando para fora, da janela na


porta, como se o silêncio, de classe média baixa do bairro
suburbano fosse entrar em erupção repentinamente em um
tiroteio no meio da manhã. Que agora que pensava nisso, não
era totalmente impossível, considerando os eventos até o
momento.

E então, tão abruptamente como parou, passou por uma


porta e empurrou a porta de vidro para fora do caminho, com a
pistola para cima em seguida, movendo lado a lado enquanto
inspecionava, o movimento feito suavemente. Satisfeito que a
rua estivesse limpa, estendeu a mão, agarrou meu pulso e me
tirou da casa. Tropecei para frente, perdi meu equilíbrio
quando o dedo bateu no degrau da porta e caí direto contra o
peito de Duke. Minhas mãos automaticamente se levantaram e
foram para sua cintura enquanto minha bochecha se apertava
contra seu peito duro. E totalmente por acidente, observei
minhas mãos agarrando sua bunda.

— Não é o momento para brincadeiras, Fancy. — Disse


ele com uma risada.

Eu me afastei dele.

— Eu tropecei.

— Claro que sim. E eu tenho um Prêmio Nobel da Paz. —


Ele não se afastou, apenas deu três pequenos passos na
varanda, gesticulando para seguí-lo. Esperando por mim, seus
olhos se moveram para os beirais da casa e sua expressão
escureceu. — Merda. Isso complica as coisas.

— O quê? — Perguntei, voltando para ver o que ele estava


olhando.

Ele apontou e eu segui seu gesto para ver uma câmera de


segurança apontando para baixo na varanda da frente.

— Isso.

— Você vai atirar?

Ele bufou.
— Já nos viu.

— Talvez, não esteja gravando? — Eu sugeri.

Ele suspirou.

— Improvável. Pelo que sei sobre Cain, ele não é o tipo de


desperdiçar recursos. Colocar uma câmera de segurança em
um depósito de lixo como este, em um bairro como este? Não
apenas está gravando, mas provavelmente está transmitindo
para um servidor remoto em algum lugar que os macacos da
tecnologia de Cain possam monitorar a alimentação. — Ele
agarrou meu braço e me puxou. — O que significa que
precisamos ser rápidos, pronto.

— Quem mais diz pronto? — Perguntei, tentando


acompanhar os passos longos de Duke, o que era difícil uma
vez que era pelo menos alguns centímetros mais baixa e
calçava altos Louboutins. — E quem exatamente é este Cain
que você continua mencionando? Além disso, pode, por favor,
abrandar? Eu não estou exatamente usando os sapatos certos
para uma corrida.

— Então tire-os, princesa, porque correr é o que faremos.

— Eu não correrei descalça em um bairro como este! Não


apenas arruinará a minha nova pedicure, como provavelmente
pisarei em uma agulha ou algo assim.

Duke parou novamente e girou para me olhar.

— Arruinar sua pedicure? Você não ouviu o que eu disse?


Esqueceu o que aconteceu naquele porão? Eu não saio por aí
matando pessoas por merdas e risadas, querida, mato quando
preciso acabar com uma ameaça sobre mim ou a pessoa sob
meus cuidados e neste caso, foi por ambos. Por um lado, você é
tão impotente quanto um gatinho, o que faz com que seja
minha responsabilidade, por outro lado apenas está aqui por
minha causa. Estes homens provavelmente a teriam estuprado
de seis maneiras diferentes até domingo e uma vez que
descobrissem quem era, apenas teria ficado pior. E depois,
depois de me matarem na sua frente, provavelmente a teriam
estuprado mais algumas vezes. E então teriam dado a você a
Cain e apenas o Satanás saberia o que teria acontecido. — Ele
colocou seu rosto perto do meu, sua expressão era escura,
sombria e assustadora. — Ouça-me, Temple Kennedy. Todas
as piadas e besteiras à parte, esta situação na qual estamos é
de vida ou morte. Então se eu não puder mantê-la viva, você
estará muito rapidamente e muito dolorosamente morta.

— Como você me colocou nisto? Eu não entendo.

— Já disse, eu fui para fora depois de você, naquele bar.


Estava pensando em me aproximar, ver onde as coisas
levariam. Eles me queriam, você estava lá, então a pegaram
também, pensando que ter um pedaço de bunda por perto não
era um plano ruim. Certo? Eles conseguiram seu alvo, mas não
podem deixar testemunhas vivas, então sabiam que teriam que
se livrar de você eventualmente, o que significava que
poderiam fazer o que quisessem antes de colocar uma bala em
sua cabeça. — Ele encolheu os ombros. — Posso não ter
impedido que a pegassem, mas você ainda está aqui por minha
causa.

— Você está fora de um filme ruim Duke, sério. Se


aproximaria de mim? Deixe-me adivinhar, faria alguma
gracinha e depois me levar para cama, também?

— Não preciso de gracinhas quando você se parece


comigo, querida. — Ele franziu o cenho. — E você foca nas
partes erradas do que estou dizendo.

— Sim, bem, chame-o de um mecanismo de


enfrentamento. — Fiz um gesto de volta à casa. — De que outra
forma você gostaria que lidasse com o que eu vi lá atrás? Posso
me dissolver em uma confusão soluçando ou fingir que não vi
nada. Provavelmente canalizar todo o meu medo em extrema
insolência.

— Eu acho que é justo. — Disse ele com um encolher de


ombros e um aceno de cabeça. — Contanto que não perca de
vista o fato de que ouvir-me a manterá viva.

Ele agarrou minha mão e me puxou para uma corrida


novamente, então eu tiro os sapatos e os seguro em minha mão
pelas tiras. O que aconteceu depois foram uns bons trinta ou
quarenta minutos correndo descalça em calçadas de cimento
através de um bairro degradado. Quarteirão por quarteirão de
casas desgastadas, pátios menores cheios de matos, carros
velhos e enferrujados.

Meus pés começaram a latejar e sentia uma dor no meu


lado. Puxei o braço de Duke para impedí-lo.

— Eu preciso de uma pausa... cara durão. — Ofegava. —


Correndo... descalça aqui... lembra?

Ele parou imediatamente, deu uma olhada rápida ao


redor do bairro deserto e depois puxou-me para fora da calçada
até um aglomerado de árvores na beira de um parque a poucos
passos da calçada.

— Sente-se.

O babaca não estava nem um pouco cansado.

Sentei-me e ele se agachou diante de mim pegando meus


pés em suas mãos, passando a me dar o mais incrível esfregar
nos pés da história do mundo. Teria sido emocionantemente
erótico, se eu não estivesse sofrendo.

— Ok, então talvez esteja perdendo alguma coisa aqui,


mas por que estamos correndo? Mesmo que a câmera estivesse
ao vivo em transmissão, em quanto tempo esse Cain chegaria
aqui para nos pegar? Eu não vi uma única pessoa na última
meia hora, muito menos sinais de perseguição. O que me
lembra, você nunca me disse quem Cain é e por que está atrás
de você.

Ele ficou esfregando meus pés quando me respondeu.

— Cain não vai aparecer, ele não trabalha assim. Enviará


mais homens como os que estavam na casa. É um senhor do
crime, basicamente. Como Like Kingpin em Daredevil8

8. Rei do Crime, é um personagem fictício que aparece nas


histórias em quadrinhos publicadas pela Marvel Comics. Ele é
um dos chefões do crime mais temidos e poderosos do
Universo Marvel. Daredevil é uma websérie americana criada
para a Netflix por Drew Goddard que se baseia no personagem
de mesmo nome da Marvel.
Ele me olhou com expectativa.

— Não? Nada? Bem de qualquer maneira, ele dirige uma


enorme operação, complicada que pelo que sei são drogas
principalmente, juntamente com alguns equipamentos e outra
merda de mercado negro com prostitutas menores de idade.
Opera sobre uma base celular com outras células de
cooperativas, estilo terrorista. A maioria deles não interage uns
com os outros, de modo que há um elemento de sobreposição e
negação, mas muito poucos deles já interagiram diretamente
com Cain.

Ele colocou meus pés no chão e flexionei os dedos dos


pés, depois cutuquei as bolhas na sola dos meus pés.

— E por que você foi sequestrado por um chefão? —


Perguntei.

Ele encolheu os ombros.

— Porque meu chefe o irritou. Ele provavelmente


esperava me usar como alavanca para se vingar de Harris.

— Como faria isso?

— Como de costume. — Disse Duke. — Vídeos onde estou


sendo torturado ou ter pedaços cortados, até Harris concordar
em entregar-se por mim. — Ele disse isso casualmente, como
se o pensamento não o incomodasse.

— Você quer dizer isso literalmente, não é?

— Oh, muito literalmente.

— O seu chefe teria se trocado por você?


Um encolher de ombros.

— Se não houvesse outra maneira, provavelmente. Mas o


restante dos rapazes não o deixaria. Especialmente Thresh. Ele
provavelmente vai querer ir atrás de Cain diretamente. Eles
certamente, estão muito irritados montando uma operação de
resgate agora, o que será ruim para Cain e seus homens.

— Thresh?

Duke sorriu.

— Meu melhor amigo. O maior e mais duro filho da puta


que já conheci, o único homem que nunca derrotei na queda de
braço.

Apenas olhei para Duke.

— Maior do que você?

— Por vários centímetros e pelo menos vinte quilos de


músculo.

— Jesus.

Duke riu.

— Sim. Thresh é um monstro.

— Ele parece terrível.

— Sim. Ele é enorme, insanamente forte e sabe tantas


maneiras de matar com suas próprias mãos como eu, mas...
uma vez que você o conhece, descobre que é um ursinho de
pelúcia muito bonito, na maioria das vezes. Nunca vi o homem
com raiva, nunca. Mesmo em lutas de bar, ele é apenas... frio.
Então, sim, ele parece assustador e você sentiria medo dele se
não fosse seu amigo, mas... realmente assustador? Não. — Ele
se moveu em seus calcanhares e então se sentou na grama ao
meu lado. — Agora Anselm... esse é assustador.

— E quem é Anselm?

— O curinga na equipe. Da Alemanha, eu acho, mas


poderia estar errado. Em algum lugar mais nessa área, pelo
menos. Você não gostaria de ficar presa em um beco escuro
com qualquer um de nós, mas Anselm? Eu não gostaria de
estar preso no mesmo continente se ele não gostasse de mim. O
problema é que você nunca sabe onde ele está. Irrita-o e
colocará uma bala de rifle na parte de trás de sua cabeça de
um quilometro e meio de distância e você nunca saberá o que
aconteceu. Pode esbarrar nele andando na rua e
simplesmente... cair morto. Você ouve as pessoas dizerem: oh
esse cara é um fantasma, sabia? Como se fosse impossível de
controlar? Bem Anselm não é apenas um fantasma, é um filho
da puta... e é por isso que as pessoas têm medo do homem
moreno. Assusta-me e conheço o homem há vários anos.

Deixo algumas batidas passar.

— Então... o que é exatamente que você faz que o leva a


conhecer pessoas como Thresh e Anselm?

— Eu sou um prestador de serviço de segurança privada.

— Como Blackwater9?

Seus olhos se estreitaram.

— Fama demais. Não, não gosto de Blackwater. Eu sou o

9
Um dos mais poderosos exércitos-sombra do mundo, composto por mercenários, a Blackwater é tão
secreta que nem os membros do Congresso norte-americano sabem das suas atividades.
tipo de segurança que os bilionários contratam para ser seu
serviço secreto pessoal, apenas que não respondemos à porra
do Tio Sam.

— Então, para quais bilionários você trabalha?

— Nós não fazemos contratos de longo prazo. Somos


mais... especializados do que isso.

Eu fiz uma careta.

— E o que porra isso significa?

— Isso significa, Fancy, que eu não sou pago para


passear ao redor de alguns ricos idiotas, com um teaser. —
Disse ele. —Nós somos contratados quando a filha de um
bilionário é raptada por resgate. Vamos dizer que você está
num iate ao redor do Mediterrâneo ou onde quer que esteja
com sua mamãe e papai e alguém como, oh, Cain, por exemplo,
decide que pode ganhar dinheiro sequestrando sua bunda.
Então encontra-se trancada no porão de um barco de pesca
fedorento enquanto Cain envia um vídeo para o papai
mostrando-o cortando o seu dedo e exigindo que algumas
centenas de milhões de dólares sejam transferidas para uma
conta bancária indetectável na Suíça. Seu pai, em vez de
chamar o FBI ou a Interpol, ligaria para meu chefe, Harris e
nos contrataria. E em vez de negociarmos com os idiotas,
entramos pesado, atirando e fugindo com você, sem deixar
ninguém vivo para falar sobre nós depois

— E há o suficiente desse tipo de coisa acontecendo para


que você tenha um trabalho estável?

Ele riu e não foi exatamente um som agradável.


— Querida, você não tem ideia do que se passa neste
mundo.

— Não tenho certeza que eu queira, também.

— Sim, provavelmente, não. — Ele bateu nos joelhos. —


Hora de irmos.

— Nós estamos indo para algum lugar em particular?

— Indiretamente, sim.

— Elaborando?

Duke hesitou, olhando-me enquanto me levantava e


limpava a grama da minha bunda.

— Bem, não realmente, não. Não tenho a certeza se você


gostará.

— Eu não vou desmaiar em você, Duke.

— Ok, bem, aqui vai, então. Meu plano é roubar um carro


de um membro de uma gangue, transportar a bunda para
minha casa no centro de Denver e descobrir uma maneira de
entrar em contato com Harris. Aqueles idiotas lá atrás
pegaram meu telefone e eu não consegui encontrá-lo em
qualquer lugar naquele pedaço de merda de casa. Não havia
um carro na entrada ou dentro da garagem, então acho que
havia pelo menos mais uma pessoa nessa célula, o que por sua
vez significa que em algum momento nossa ausência será
relatada, assumindo que a câmera ainda não tenha feito isso.
O que significa que Cain terá seus homens procurando por
nós. Eu sei que ele tem bolsos profundos e muitos recursos,
então quanto mais rápido eu entrar em contato com meus
rapazes, mais rápido posso levá-la para um lugar seguro.
Quanto mais tempo ficarmos aqui sozinhos e fora de contato,
mais provável é que Cain nos encontre.

Processei o que ele disse.

— Quando você diz que Cain tem muitos recursos, o que


isso significa?

Duke partiu em uma caminhada rápida em vez de uma


corrida, assim eu parei e calcei minhas sandálias para dar a
meus pés um descanso.

— Você faz muitas perguntas, Fancy. — Duke me lançou


um olhar enquanto o alcançava. — Alguém como Cain tem
apenas uma maneira de conseguir seu produto através de
linhas estaduais e internacionais e isso se tiver contatos que
podem facilitar o processo. O espaço aéreo é monitorado, as
fronteiras são monitoradas, navios de carga, aviões, trens,
caminhões de reboque de tratores... toda essa droga é mantida
no controle. Então, se quiser conseguir cinquenta quilos de
cocaína da América do Sul para Europa ou uma carga de
armas da Europa para os Estados Unidos, precisa molhar
mãos, tem que possuir alguém que fechará os olhos para um
carregamento em troca de uma pilha de dinheiro.

— Ele também precisa possuir policiais bem colocados


aqui e ali, porque as pessoas notarão um influxo súbito de
drogas ou armas, o que for, certo? Esses tipos de contatos, eles
podem fazer outros favores, pelo preço certo. Um policial sujo
pode encontrar alguém com muita facilidade. Um policial faz
algumas perguntas, coloca um alerta em todos os pontos ou
usa um amigo bom em tecnologia para fazer uma pesquisa de
reconhecimento facial, em seguida, bam, o alvo de Cain é
achado e ele pode enviar seus homens para buscar. E esses
são apenas os pequenos policiais locais. Conhece alguém mais
acima, há mais possibilidades em termos de favores que possa
ter. Nenhum dos quais é bom para nós no momento, já que
cobrará favores para nos vigiarem.

— E por que você roubará um carro de um membro de


gangue?

— Primeiramente por ser menos provável de ser relatado


e por outro lado não me sentirei tão mal. Não gosto de roubar
carros de pessoas inocentes de classe média. Alguns pequenos
punks atirando sacos de moedas? Apenas não me sinto tão
mal. Talvez isso faça de mim um idiota, mas... quem se
importa, certo?

— Oh. — Eu dei mais alguns passos antes de um


pensamento me ocorrer. — Mas não é mais provável que um
membro de gangue lute?

— Sim, mas então é a metade da diversão. E além disso,


se um bandido solitário do bairro for melhor do que eu, então
estará na hora de me aposentar.

— Aposentar? — Eu pergunto perplexa. —Você não pode


ter mais de trinta anos, no máximo.

— Vinte e oito. — Ele responde. — E na minha linha de


negócio, apenas envelhece se for bom. Desleixado, você
congela.

— Congela. — Eu repeti. — Você realmente saiu de um


filme ruim.

— Não tenho certeza se isso é um insulto ou não.

— Eu também, na verdade. — Disse e não fui capaz de


impedir um sorriso.

— Bem, pelo menos estamos de acordo sobre isso.

Caminhamos um pouco mais, desviando entre uma rua e


outra, aparentemente ao acaso, até que fiquei completamente
perdida.

Andamos por mais meia hora pelo menos, quando


paramos em um cruzamento, Duke olhando ao redor como se
decidisse que caminho seguir.

Um carro rebaixado chegava ao cruzamento, longo como


um navio de guerra e velho como as casas ao nosso redor, com
vidros escuros e rodas de aro vinte e caixas de som no
porta-malas. A janela do motorista se moveu lentamente para
baixo, revelando um jovem negro usando um boné de aba
plana, um longo e grosso cigarro de maconha pendurado no
canto de sua boca.

— Ei. — Ele disse sobre o vidro abaixado. — Você deve


estar perdido, rolando nessa capa.

Duke estava arrogante, confiante e calmo com as mãos


unidas casualmente atrás das costas para esconder a arma em
seu punho direito.

— Está certo. — Disse Duke. — E acho que você pode


ajudar.

O rapaz do carro apenas riu.


— Ok, certo. Saia da merda do meu bairro, cara.

Duke estava a poucos metros de distância agora e suas


mãos foram para as costas. Os próximos segundos ocorreram
em um borrão muito rápido para eu seguir. Tudo o que sei é
que, num momento, Duke estava a dois ou três metros de
distância com as mãos atrás das costas e então estava
pressionado contra o carro, o punho pela janela aberta, a
camisa do rapaz em um punhado e pistola contra a têmpora.

— Isso não é pessoal, garoto. — Disse Duke. — Apenas


preciso de seu carro.

— Tudo certo. — Disse o negro. — Calma cara.

— Coloque-o em ponto morto e mostre-me suas mãos,


assim relaxarei.

Suas mãos subiram, ele empurrou o câmbio da marcha


para ponto morto, então Duke soltou sua camisa, abriu a porta
do motorista e arrastou-o para fora do assento. Levantando-se,
o garoto se afastou, com as mãos levantadas até o rosto.

— O que fará com o meu carro?

— Levá-lo para o centro da cidade. — Respondeu Duke.


— Como eu disse, isso não é pessoal. Nem sequer pretendo
mantê-lo. Vou estacioná-lo em algum lugar tão seguro quanto
puder e colocarei as chaves sob o tapete. No LoDo, em algum
lugar perto da rua Decatur.

— Cara, se isso desaparecer, você faz isso.

— Sim, bem, infelizmente para você, é o melhor que posso


fazer. Estou tentando ser legal aqui, garoto. — Disse Duke. Ele
olhou para mim e depois gesticulou para o carro. — Entre no
carro, Fancy.

Eu rapidamente contornei a extremidade traseira do


carro e me sentei no lado do passageiro. O interior estava
muito nublado com fumaça de maconha, densa e acre,
dando-me um zumbido de contato instantâneo. Abri a janela e
abanei a fumaça, tentando limpá-la antes de que me drogasse.

Duke manteve a arma apontada para o antigo


proprietário do carro enquanto recuava em direção a porta do
motorista aberta. Parou no meio do caminho, voltou para o
motorista e arrancou cigarro de maconha de sua boca. E para
minha incredulidade, deu uma grande tragada nele
segurando-o, em seguida, soltou a fumaça para fora em uma
exalação lenta, logo entregou-o de volta.

— Boa erva. — Duke se virou, caminhando com confiança


de volta para o banco do motorista. E evidentemente, no
segundo que Duke deu as costas, o proprietário do nosso novo
carro colocou a mão atrás das costas, alcançando sua cintura.

— Duke! — Gritei para avisá-lo.

Eu poderia ter poupado minha respiração, porque Duke


nem sequer se preocupou em se virar. Ele já tinha sua pistola
sem olhar, apontada para o garoto quando ele abriu a porta do
motorista.

— Não faça isso, garoto. — Disse Duke, acomodando-se


atrás do volante, a mão direita apontando a arma em seu corpo
e deixando de puxar a porta do carro para fechá-la. — Você não
vai nem mesmo ter uma chance. — Ele disse enquanto
engrenava o carro.

O garoto manteve a mão atrás das costas, provavelmente


na coronha da sua própria arma, mas estava hesitante,
olhando para Duke. Tentando pelo menos.

Duke fez um gesto com o cano da pistola.

— Mãos para cima, garoto. Você tem exatamente três


segundos ou colocarei um buraco em seu crânio.

Suas mãos subiram lentamente, com relutância, tendo


discernimento, que neste caso, era a melhor parte da bravura.

Duke começou a abaixar a arma, mas então a empurrou


novamente para cima.

— Nós realmente estamos perdidos, no entanto. Qual


caminho para LoDo?

— Cara, você é de verdade? Rouba meu carro e depois me


pergunta por direções?

— Qual… caminho? — Duke perguntou.

— Loucos brancos paranoicos. — Ele apontou atrás de si


mesmo. — Nessa direção. Vá em frente, vire à direita quando a
rua terminar, então verá sinais para a rodovia.

Duke apertou o acelerador para que o motor rugisse e o


carro avançasse, empurrando-me contra o assento.

Trinta, talvez quarenta minutos de silêncio


constrangedor mais tarde, Duke dirigiu para um local cercado
para estacionar e pagou a taxa com dinheiro que encontrou
escondido no porta-luvas.
Depois de estacionar, Duke conduziu o caminho do outro
lado da rua até o cruzamento e virou à direita, seguindo a rua
por mais dois quarteirões, passando por grupos ocasionais de
trabalhadores — a maioria deles locais em suas pausas para o
almoço. Entramos em um prédio de apartamentos
indescritível, de quatro andares, bastante novo. Não era um
edifício agradável o suficiente para ter um porteiro, mas havia
uma mesa com um guarda de segurança, idoso, com excesso
de peso, ostensivamente assistindo os monitores de câmera.

Ele olhou para cima, viu Duke e eu, acenou.

— Dan Stephens! Muito prazer em vê-lo novamente,


senhor.

Duke pegou a mão do guarda de segurança e sacudiu-a


vigorosamente, batendo com força no homem mais velho no
ombro.

— Bruce, meu homem. Como vai a senhora?

— Ah, você sabe como é. Ela é uma vadia feia e velha, mas
estou muito velho e gordo para atualizar, então fico com ela.

— Merda, Bruce, você sabe que a ama.

— Pegou-me nessa, Dan, com certeza pegou. Trinta e oito


anos na próxima semana que estou casado com ela, então
acho que gosto dela.

— Tem algum grande plano para o grande trinta e oito? —


Duke se inclinou contra a mesa, como se tivesse todo o tempo
do mundo para conversar sobre merdas.

— Não. Tenho guardado meus salários para levá-la ao


Jax, mas isso é tudo.

Duke conseguiu fazer um olhar surpreendentemente


convincente de constrangimento.

— Então, a minha namorada e eu viemos na cidade por


um capricho, você sabe como é e eu... bem, esqueci minhas
chaves em LA. Pode ajudar um irmão, Bruce?

— Eu realmente não deveria.

— Você me conhece, Bruce. Não é como se eu fosse um


estranho, certo?

— Eu sei, mas...

— Vamos lá, amigo. Nós apenas precisamos descansar


por um tempo, você sabe o que quero dizer? Viajando a maior
parte do dia, apenas queremos relaxar por um minuto.

Bruce olhou para nós e então suspirou forte.

—Tudo bem, acho que posso deixá-lo entrar. Apenas...


não conte a ninguém e não faça um hábito disso.

— Meus lábios estão fechados, camarada. — Disse Duke.

Pegamos um elevador até o terceiro andar, Bruce


caminhando devagar e se arrastando no longo corredor de teto
baixo para um apartamento no canto de trás. Ele tilintou pelo
enorme conjunto de chaves, encontrou a correta e destrancou
a porta para o que presumi ser seu apartamento, embora
tivesse chamado de um local de esconderijo, o que quer que
isso significasse. Esconder, drogas? Ele deu uma longa
tragada na maconha do cara negro, mas apesar disso, não
parecia ser do tipo que ficava com um apartamento apenas
para esconder drogas.

Bruce destrancou a porta e a abriu, em seguida, guardou


as chaves.

— Aqui está, crianças. Divirtam-se.

Duke bateu no ombro de Bruce novamente.

— Você é um verdadeiro salva-vidas, Bruce, e nem sabe.

Bruce acenou com a mão gorducha, venosa, enquanto


voltava para o elevador.

— Eu sei, Dan, eu sei. Vejo-o por aí.

Duke pressionou uma palma à minha parte inferior das


costas, gentilmente me empurrando para dentro do
apartamento. Entrei e Duke fechou a porta atrás de nós.

— Então, Dan Stephens. — Eu entrei no apartamento,


que era tão escasso e espartano como você imaginaria que
seria para um local de esconderijo. Havia um sofá em uma
parede e uma pilha de caixas no canto, nada mais.

Ele encolheu os ombros.

— O ponto de ter um local esconderijo é que não está


conectado a você. Dan Stephens não é muito, mas uma
identidade e conta bancária falsas.

Estava no centro da sala vazia e finalmente perguntei o


que estava na minha mente.

— Então hum... o que exatamente você mantém neste


local esconderijo?

— Nada demais. Minha coleção de calcinhas femininas,


pornô, pedras de cocaína... você sabe, o habitual. — O babaca
disse isso totalmente sério, então não estava inteiramente
certa de que ele estava brincando.

Olhei para ele, tentando lê-lo. O que deveria ter sido fácil,
mas sua expressão não mostrava nada.

— Assumo que está brincando, mas não sei nada sobre


você, Duke. Porra, nem sei se Duke é seu verdadeiro nome.

Ele soltou uma risada, balançando a cabeça.

— Ok, sei que não sabemos nada sobre o outro, mas você
realmente acha que eu iria comprar um apartamento sob um
pseudônimo apenas para armazenar drogas e revistas pornôs?

— Você se chamou de mestre das calcinhas. Como eu


deveria saber, porra?

Ele inclinou a cabeça para um lado, olhando perplexo.

— Isso foi uma piada, Jesus. — Ele deu dois longos


passos, o que o colocou no meu espaço pessoal, olhando-me
com seus olhos azuis brilhantes, penetrantes, vivos... e
inteligentes. — Eu sei que pareço e às vezes ajo como... o que
você me chamou? Saído de um filme ruim? Sim, entendo por
que pense isso. Mas não se sobrevive na minha linha de
trabalho sendo estúpido, então não cometa o erro de me
subestimar, Temple.

Procurei em seus olhos e percebi que estava fazendo


exatamente isso, subestimando, estereotipando-o. Ele parecia
um típico idiota de academia, com mais músculos do que
cérebro e até falava como um às vezes, mas a maneira como
estava me olhando agora, dizia que eu estava completamente
errada em minha opinião sobre Duke Silver.

— Duke Silver é seu nome mesmo?

Ele assentiu.

— Claro, querida.

— E o que você mantém aqui?

Ele ignorou minha pergunta por um longo momento,


permanecendo no meu espaço, elevando-se sobre mim,
olhando-me, preenchendo meu campo de visão com seu corpo
maciço, seus bíceps esticando as mangas da camiseta, o peito
enorme, largo e duro. Maldição, ele era sexy. Porra, muito sexy
para o meu bem. Esse cabelo, merda, que cabelo. Queria
tirá-lo do elástico que prendia seu rabo de cavalo e passar
meus dedos nele. Droga, queria agarrar aqueles cabelos
encaracolados e puxar aquele queixo com cavanhaque entre
minhas coxas e montar aquela boca sarcástica, arrogante e
suja dele. Sentir aquelas mãos grandes como patas de urso na
minha pele nua. Queria ver se tinha abdominais para
combinar com seus bíceps. Queria tirá-lo daquela estúpida
bermuda.

— Você continua olhando para mim desse jeito e me fará


pensar que sua insolência é um espetáculo.

— Como estou olhando para você?

— Como se quisesse rasgar minhas roupas e fazer coisas


maliciosas comigo.

Fiz o meu melhor para limpar meus pensamentos e


manter o rosto em branco.

— É o que deseja, soldadinho.

Ele segurou meu olhar enquanto movia para cima ambas


as mãos e agilmente abria um botão da minha blusa. A camisa
nunca foi muito boa em segurar em meus peitos, mesmo com
um sutiã, mas então esse era o ponto, não era? Fazê-los olhar
sem dar-lhes qualquer coisa para realmente ver. Então,
quando ele abriu o quarto botão, meus seios derramaram-se,
apenas levemente presos e ocultos por um sutiã de renda
marrom muito bonito. Sim, eu sei, meus seios eram grandes
demais para esse tipo de sutiã, mas droga, são confortáveis,
bonitos e gosto deles, não me importo se realmente não fazem o
trabalho que um sutiã deveria fazer. Você terá que tirar meu
sutiã das minhas mãos frias e mortas, junto com minha calça
de ioga e gravatas de laço de leopardo.

Senti meus mamilos endurecerem e foi quando ele


finalmente deixou seu olhar se afastar do meu.

— Não apenas desejo fazer coisas maliciosas com você,


Fancy, planejo. — Ele abriu outro botão e depois outro, então
minha blusa ficou completamente aberta.

Desejei descongelar, bater nele, sair de seu alcance, fazer


alguma coisa, qualquer coisa. Mas meu corpo traiu meu
cérebro, permanecendo imóvel. Tudo que podia fazer era ficar
ali enquanto ele movia suas palmas sobre meus ombros e
braços, descendo a blusa pelos braços. Seus olhos estavam
fixos em meus seios, em seguida, movendo-se até meu rosto. E
suas mãos, Deus, aquelas mãos eram uma provocação.
Pairando na minha cintura, não me tocando.

— Você é linda, porra. — Ele murmurou.

Coloque suas mãos em mim, merda. Fiquei imóvel e o


olhei, esperando, mal respirando. Esperando que desse o
primeiro passo, então poderia alegar que tudo o que fiz, foi ir
junto com ele.

Ele não o fez, apesar de tudo. Não me tocou.


Simplesmente olhou, o seu grande peito subindo e descendo
um pouco rápido demais, para acreditar que não estava
afetado.

— Você tirou a minha camisa por alguma razão em


particular? — Perguntei, trabalhando duro para soar
casualmente sarcástica.

— Sim. — Ele esfregou um dedo polegar sobre a renda,


fazendo meu mamilo endurecer e enviando um arrepio por
meu corpo. — Queria ver seus seios.

— Você normalmente apenas faz o que quer sem pedir?

Ele passou o polegar sobre o outro mamilo, fazendo-me


estremecer.

— Sim, em sua maior parte. Mas você não precisa agir


toda irritada, desde que não me impediu, não é?

— Você não me deu uma chance.

— Merda, querida. Estou tocando-a agora e você não está


evitando. Nada a está impedindo que dê um passo para trás,
verdade? — Ele chegou mais perto de mim, sua mão agora
sobre a parte inferior das minhas costas, logo acima da cintura
da saia. — Mesmo agora, você pode parar com isso, se
realmente quiser.

— Insinuando que eu não quero?

— Não estou insinuando nada, Fancy. Declarando


apenas. Você não quer que eu pare. — Puxou-me contra ele,
mas fez isso de forma lenta e suave, dando-me muitas
oportunidades para desmentir suas palavras. Mas não podia.
Porque sou estúpida e ele estava certo, maldito Duke. — Você
quer que a toque. Não quer que eu pare.

Sempre tive uma fraqueza por homens maus com atitude.


Algumas mulheres têm fraqueza por diamantes, outras por
chocolate, homens de uniforme ou covinhas. Ele é um imbecil
com um complexo de superioridade? Sim, mas posso tê-lo...
por algumas horas. Supondo que possa durar tanto tempo,
quando maioria não pode. Bem, se for uma merda na cama, irá
embora no segundo em que sair depois de gozar. Nenhum
homem ficou para uma segunda rodada em mais de um ano e
não era assunto de ninguém quantas rodadas únicas foram.
Basta deixar assim. Talvez, não tive ainda o suficiente. Talvez,
ainda não tivesse provado uma variedade suficiente de homens
para encontrar um que valesse a pena manter ao redor para
uma segunda transa.

O quê? Os homens são os únicos permitidos a querer


entrar na calça de alguém, com uma mente limitada e curto
período de atenção? Porra. Gosto de sexo e não gosto de
homens pegajosos que querem mais, principalmente porque
apenas fingem querer mais para poderem dar um passeio no
meu jato particular, conseguir ingressos para o show do meu
pai ao lado do palco ou nadar na piscina de borda infinita em
nossa mansão em Malibu antes de ir ao show. Pensam que
podem fingir estarem apaixonados por mim e assim o levarei
para férias exóticas e até mesmo comprarei carros caros, mas
depois de terem provado as vantagens de namorar Temple
Kennedy, vão embora. Sim, já estive lá, já fiz isso e desisti. Não,
obrigada. Pior do que os cavadores de ouro são aqueles que
apenas querem ter uma foto de si mesmos comigo para que
possam vendê-la para TMZ ou qualquer outro lugar. Sim, isso
aconteceu algumas vezes: levar um homem para casa apenas
para descobrir que queria tirar uma foto ou duas para depois
vender. Quando não era uma foto, tinham alguma história
para contar aos amigos, em seguida, de alguma forma
circulavam rumores que fiz anal no primeiro encontro (tanto
verdadeiro quanto falso ─ verdadeiro porque eu gosto de anal,
mas falso porque não o fazia no primeiro encontro e ninguém
nunca teve um segundo ou até mesmo realmente um primeiro,
porque não tenho encontros, assim, mesmo que eu goste,
realmente não faço) ou que fiz um boquete na parte de trás de
um clube (falso, eu não faço boquetes e certamente não vou à
clubes) ou que gostava de andar de topless em meu Aston
Martin (mais uma vez, tanto verdadeiro como falso ─
verdadeiro, porque qual o ponto em ter vidros escuros, se você
não faz um topless e falso, porque o meu carro não é um Aston
Martin, mas um Bentley).

Certo, isso foi muita divagação interna. O ponto em tudo


isso é que Duke era um homem mau. Duh, eu gosto disso,
obviamente. O problema é que ele foi claramente criado em um
laboratório com o único objetivo específico de tentar-me a fazer
algo estúpido, como transar sem um acordo de
confidencialidade. Eu sei, parece estúpido, mas fui ferrada por
muitos idiotas egoístas. Tenho um sistema e ele funciona.
Nada de sexo sem acordo, assim sempre vão embora sem
fotos e sem encontros. Dessa forma, tenho o sexo que preciso e
não preciso me preocupar com as consequências, porque se
quebrar uma clausula posso processá-los até a pobreza. Meu
sistema me protege de mim mesma, porque tenho um
julgamento absolutamente terrível para homens. Tipo o pior.
Alinhe dez homens, todos gostosos e escolherei o maior
babaca. Meu julgamento é infalível a este respeito.

Assim, não confio em mim mesma ou qualquer outra


pessoa, homens especialmente.

Depois que o último idiota me queimou, afastei-me dos


homens. Nada de homens. Nada de sexo. Nada. Precisava me
recompor, tentar reorganizar minha cabeça, meu desejo sexual
e meu senso de moralidade anoréxico. O que significa nada de
sexo. NADA de sexo. NADA DE SEXO.

Sou uma tola por pensar que posso ficar três meses sem
sexo.

Mas estou mantendo minhas armas, seguindo minhas


regras, porque elas estão me mantendo longe de problemas.

E Duke ameaça isso. Eu o QUERO. Muito. Quero transar


com ele de tantas maneiras diferentes que seria ilegal, mas não
me atrevo. No segundo que ceder, ele se transformará em um
babaca, como todos os homens depois de transar e às vezes
são babacas enquanto você está no ato. Realmente gostava de
Duke, até agora. É honesto ao extremo sobre o que pensa e o
que quer, não tenta esconder ou disfarçar quem é e o que é,
também me tirou daquela casa com os homens estranhos e
assustadores.

Deixei escapar uma respiração e dei passo para trás,


Duke imediatamente me soltou, embora seus olhos
continuassem entre meus seios e meus olhos.

—Errado novamente. — Eu disse com os dentes


apertados. — Chega de tocar.

Ele colocou as mãos nos bolsos.

— Bem. Se essa é a maneira que você quer jogar.

— É. — Não. Meu desejo sexual estava realmente


chateado comigo neste momento, dizendo-me que estava
recusando o que era com certeza o passeio da minha vida.

Duke deu uma última olhada em meus seios, em seguida,


virou-se e seguiu para o quarto. Peguei minha camisa do chão,
vesti e abotoei, indo direto para o segundo botão de cima, pois
estava me sentindo um pouco com calor, mas se não
mostrasse um decote, talvez ele não olhasse tanto para meus
seios, o que seria bom e ruim, porque gostei quando olhou e
queria que os tocasse novamente, mas não farei sexo com
Duke, assim não deveria pensar a respeito, isso não
acontecerá pelas razões acima mencionadas.

Havia apenas um quarto no apartamento e a porta estava


fechada. Duke parou ali com a mão na maçaneta. Virou-a e
começou a abrir a porta, então parou e olhou para mim.

— Tente não surtar, ok?

— Por que eu... — Comecei, então ele abriu a porta e me


calei, porque puta merda. — Oh. Esse tipo de esconderijo.

Armas.

TODOS TIPOS DE ARMAS.

Literalmente, ele poderia colocar uma arma nas mãos de


um exército inteiro, porra. Havia tantos tipos diferentes de
armas de fogo neste quarto que sequer sabia o que fazer
comigo mesma, senão olhar em choque. Metralhadoras,
revólveres, espingardas, armas antigas, armas novas, grandes
armas, pequenas armas, caixas de munição, grampos grandes
e pequenos clips, pelo menos três tipos diferentes de granada,
uma droga de um lançador de foguetes real, três facões, seis
facas grandes iguais a que o Rambo usou em First Blood...

E um tigre de pelúcia, antigo e esfarrapado, com os pêlos


desgastados, um olho substituído por um botão de casaco.

As armas estavam todas em caixas de vidro montadas


contra as paredes, organizadas por tipo. Eram claramente
destinadas a segurança, bem como exposição, uma vez que
estava, lacradas com grades de aço grossas e o vidro é
facilmente dois centímetros e meio de espessura, cada uma
bloqueada com um scanner de impressões digitais. Assim,
mesmo se alguém invadisse, teria que arrancar as caixas das
paredes e levá-las para fora do apartamento ou precisariam de
ferramentas próprias para abri-las.
— Hum. — Pisquei algumas vezes. — Uau.

— Você realmente não achou que eu tivesse uma coleção


de calcinhas, certo?

Pisquei algumas vezes mais.

— Realmente não imaginei que fosse o tipo.

Ele riu.

— Na verdade, não sou. — A risada ficou... lasciva. —


Quer dizer, colecionaria suas calcinhas, se estivesse usando
uma.

— Costumo usá-las. — Disse. — Apenas…

Ele se virou para mim com os braços cruzados sobre o


peito, uma sobrancelha levantada.

— Continue. Estou curioso. Por que você não está usando


calcinha, Temple?

Olhei para ele por alguns segundos e depois cruzei os


braços sob os seios, dando-lhe meu melhor, mais frio e
não-me-importo-uma-merda de olhar.

—Porque estava atrás de homens.

Ele tentou sem sucesso sufocar uma gargalhada


surpresa.

— Caçando homens? Que porra é essa?

— A versão feminina de pegar homens.

— Então você estava naquele pub de merda querendo


ficar com alguém?

— Sim.
Seu sorriso conhecedor me deixou irritada.

— Bem, agora sim isso foi honestidade.

— O que você esperava?

Ele encolheu os ombros.

— Não sei. Tentando afogar um desgosto no fundo de


uma garrafa, talvez? Emitia vibrações muito fortes do tipo:
deixe-me em paz. Nem sequer me deu a hora do dia.

— Talvez você não seja meu tipo.

— Qual é o seu tipo?

Hesitei, porque realmente não tinha um tipo, diferente de


um padrão mínimo de gostosura.

— O seu não.

Duke riu e se virou, colocando um polegar sobre uma das


caixas.

—Conselho para você, princesa: nunca jogue pôquer,


porque é péssima mentirosa.

— Eu não estou mentindo! — Bufei.

Quando o bloqueio apitou, ele abriu a caixa e tirou uma


arma. Parecia uma versão em miniatura das metralhadoras
que você vê os caras da SWAT usando na TV. Tinha um cano
longo e barril curto. Havia vários grampos longos e curvos com
a arma, que ele colocou no bolso de sua bermuda cargo. Isso
também me irritou, porque usar esses bolsos idiotas
significava que eu não poderia me divertir mentalmente com
ele usando bermuda cargo mais.
Lançando a metralhadora sobre o ombro pela alça, ele se
virou e caminhou até onde eu ainda estava de pé na soleira da
porta. Parou quando nossos corpos estavam quase, mas não
completamente, se tocando, as pontas dos meus seios tão
perto do peito dele que teria sido difícil escorregar um pedaço
de papel entre nós. Sua proximidade fazia aquela estúpida
sensação voltar, em que o meu corpo exagerava
completamente, acelerando o coração, fazendo meus mamilos
endurecem, minha respiração ofegar, meu cérebro ficar inútil e
minha boceta ficar toda excitada e úmida.

E podia apostar que Duke notou.

Sua respiração estava quente na minha bochecha.

— Temple, bebê, não apenas está mentindo, mas está


mentindo mal. — Ele colocou sua testa contra a minha e meu
rosto inclinou-se automaticamente, os meus lábios se
separaram, minha respiração agora acelerada. — Bem, se não
sou seu tipo, então por que posso sentir o cheiro de sua boceta
pingando para mim?

— Minha boceta não está pingando. — Eu menti.

— Ah não?

— Não. — Tenho que manter a mentira, mesmo quando


nenhum de nós acredita.

Ele passou uma mão na minha nuca, seu polegar


roçando os cabelos esvoaçantes que escaparam do coque. A
outra mão, onde estava a outra mão?

Oh.
Ah, merda.

Ohhhh....

Bem... caramba.

A outra mão foi para baixo da barra da minha saia e


subiu. O que deveria ter feito era ficar irritada com seu
descaramento, fugir dali, bater em sua mão e esbofeteá-lo ou
pelo menos fingir que lutava. Em vez disso, como uma vadia,
abro minhas coxas um pouco quando seus dedos se movem
lentamente até a minha fenda. Novamente, eu deveria ter
tomado medidas para impedir seu avanço, mas como
estabelecido, sou uma idiota que não consegue controlar-se
perto de idiotas que apenas me querem para o sexo,
especialmente quando o referido idiota é uma criatura divina
para caralho, maravilhosamente sexy e me deixa literalmente
balbuciando de forma incoerente.

Minhas pernas se abriram para ele. Era como se tivesse


algum tipo de chave maldita, como se soubesse alguma
palavra mágica ou um gesto. Realmente, realmente, realmente
não costumo me comportar assim, eu juro. Mas Duke
apenas... fazia algo comigo. Bastava se aproximar, olhar-me
com aqueles penetrantes, olhos azuis inteligentes e estava
acabada. Minhas pernas se abriram como tivessem uma mola
ou algo assim.

E, oh sim, eu estava molhada.

Encharcada.

Ele moveu seu dedo médio pelos lábios da minha boceta,


fazendo um som molhado que ambos ouvimos ─ encolhi,
enquanto ele parecia o gato que comeu o canário. Deus, aquele
movimento de seu dedo foi por um longo momento. Uma
viagem lenta e deliberada através da umidade da minha
boceta. Seu dedo se moveu para cima, apenas roçando o
clitóris e mesmo naquele menor contato, quase acidental,
estremeci e meus quadris se inclinaram para frente. Então o
homem maldito, afastou a mão e ergueu o dedo médio para que
ambos pudéssemos ver. Seu dedo estava brilhando, molhado
com meus sucos, da ponta à junta.

— Viu Fancy? Você está molhada para mim. — Ele me


encarou enquanto colocava aquele dedo em sua boca e
lentamente puxava para fora. — Eu sou exatamente seu tipo e
nós dois sabemos disso. Apenas quer negar porque gosta de
jogar. Bem, princesa... eu gosto do jogo pegue-me se puder.

— Você é um idiota, Duke Silver. — Eu disse, mas o


insulto falhou, já que estava sem fôlego e tremendo com um
único toque.

— Talvez. — Ele admitiu. — Mas eu sou um idiota que


pode lhe dar um orgasmo tão rápido e tão forte que desmaiará.

— Besteira.

Ele se inclinou mais perto, sussurrando em meu ouvido.

— Isso é um desafio, Fancy?

Sim, deus sim, isso é um desafio. Faça-me gozar, Duke.


Faça-me gozar tão forte até eu desmaiar. Não disse nada disso.
Mas trabalhei todo o autocontrole que deixei de lado e dei um
passo para trás.
— Pensei que estivéssemos fugindo de um chefão que
quer usá-lo como isca.

— Você tem um ponto. — Ele concordou e deu um passo


para trás de mim, eu respirava um pouco mais fácil uma vez
que alguns metros nos separavam.

Ele se virou e abriu o estojo contendo revólveres e o vi


escolher várias armas, eu me perguntei o que faria se ele
fizesse movimentos novamente.

Provavelmente comprometer minha moral já


questionável.

Na verdade, isso não era um provavelmente ou um talvez,


era uma garantia. Ele era muito potente, muito e eu estava
muito excitada. Minha libido estava alta, então adicione o fato
de que estou dois meses em um hiato sexual auto imposto de
três meses e você tem uma receita para uma Temple
insanamente excitada.

Tipo... muito. Realmente ruim.

O hiato sexual foi uma ideia idiota, verdade?

Poderia quebrá-lo para Duke e depois voltar ao não sexo.


Talvez, teria que começar novamente, uma pausa de três
meses? Deus.

Por que sou tão idiota? E por que sou tão fraca quando se
trata de homens maus e sexys?
Difícil de
conseguir
Esta maldita mulher seria minha verdadeira morte. Bem,
se não morresse salvando seu traseiro gostoso e complicado,
morreria de bolas azuis. Porra, Temple tinha essa capacidade
de deixar meu pau duro como uma rocha, sem me tocar. Eu
não a beijei, não a fiz gozar ainda, nem vi seus seios nus, mas
já estou caído pela mulher. Preciso fodê-la. É instintivo,
primordial, um requisito físico, mental e emocional para que
continue funcionando como homem. Significa que se eu não a
tiver nua e montando meu pau nas próximas setenta e duas
horas, poderia muito bem entrar em combustão. Minhas bolas
vão explodir, meu pau cair, e meu cartão de homem será
revogado permanentemente. Serei inútil.

E caramba, ela joga a porra de um jogo difícil de


conseguir.

Sou bom em muitas coisas: posso aguentar uma


quantidade absolutamente irreal de dor e continuar
funcionando, sou uma máquina viciosa de matar, tenho
sangue frio no campo de batalha, mas mantenho minha alma e
humanidade fora dela, posso usar quase toda arma já criada,
lâmina ou projétil, antiga ou moderna, falo três línguas
fluentemente e tenho um mestrado em justiça criminal. Além
disso, tenho um pau de vinte e cinco centímetros e sou
conhecido por fazer as mulheres gozarem em menos de três
minutos, mais rápido se tiver brinquedos à minha disposição.

Uma coisa na qual não sou bom é jogar com mulheres.


Não jogo jogos. Não as persigo ─ elas me perseguem. Isso tem
sido verdade desde que fiquei sexualmente ativo e perdi minha
virgindade aos doze. As cadelas querem apenas meu pau e
sinto muito se esse termo a ofende, mas é verdade. Sempre foi
verdade. Um pequeno e agradável sorriso, uma promessa no
olhar e posso ter três garotas no bar lutando por mim, isso é
um fato comprovado.

Mas Temple Kennedy? Ela é uma incógnita, cara. Apenas


não a entendo. Ela é uma estrela, então deve ser insípida e
ridícula, é de certa forma, mas não é burra. De modo nenhum.
É mimada, mas faz o que precisa ser feito e não se queixa. Ela
me quer e muito, mas não se permite. E é isso que não
entendo. Nós dois somos adultos e nenhum de nós está
procurando por algo sério. Merda, nem nos conhecemos. Mas
ela ainda resiste. Posso fazê-la gozar uma dúzia de vezes na
mesma quantidade de minutos e isso antes de começar a
fodê-la... é uma realidade e a maioria das garotas tendem a
aceitar de alguma forma, sem que precise dizer. Sou um
maldito campeão quando se trata de foder e nada me dá mais
prazer do que fazer a minha parceira sexual gozar forte, rápido
e frequente. Então... por que ela está incomodada com isso?
Podemos foder, eu a manterei segura, sua bunda redonda sã e
salva e levá-la de volta para Malibu, simples assim. Consigo
provar um pedaço de uma das mulheres mais gostosas do país
─ de verdade, ela esteve na lista das mulheres mais sexy do
ano por três anos seguidos na GQ Magazine. Comigo ela teria
os melhores orgasmos de sua vida, garantidos. Certo, se fosse
um gigolô, meu atributo viria com uma garantia de satisfação
do cliente.

Mas não.

Ela está se fazendo de difícil. Mas também me pergunto


se talvez não esteja jogando, que realmente é tão difícil de
conseguir. Quer dizer, tudo bem. Melhor ainda, porque isso
significa que ela tem padrões e os conheço. Talvez tenha medo
de ficar comigo por algum motivo? Eu não sei. Apenas não sei.
A curiosidade e a dúvida estão me matando.

O que está me matando mais é quão sexy ela é. Aqueles


seios? Maldição. Eu tive um vislumbre da renda escura
quando tirei sua camisa e isso foi o suficiente para me deixar
salivando por mais. E aquela boca? Sua boca é literal e
metaforicamente, algo que no qual me viciaria. Literalmente,
sua boca é apenas bonita, lábios carnudos vermelhos em um
arco de cupido e perfeita, um sorriso rápido, fácil, atrevido...
Deus, tenho visões dessa boca ao redor do meu pau correndo
pela cabeça e metaforicamente, sua boca... sua insolência, sua
atitude, suas respostas ─ excitam-me muito. Aposto que ela
fala sujo, muito sujo.

Eu me pergunto se na cama ela é mandona ou passiva.


Tem essa atitude, essa arrogância de uma garota mimada por
toda sua vida, então quero pensar que é mandona, mas às
vezes essas são as que acabam sendo as mais submissas
quando ficam nuas. Aqui submisso não é como em uma
relação dom/sub, apenas como uma comparação. Não faço
essa merda, não é para mim. Não me importo com a dor, mas
não gosto, seja recebendo ou causando. Quer dizer, se uma
garota me implorar para bater nela, vendar ou algo assim, é
uma coisa, mas chicotes, mordaças e escravidão, drogas
assim? Não. Gosto de uma boa foda à moda antiga, obrigado.

Ela ficou atrás de mim enquanto eu selecionava os


revólveres. Tinha qualquer arma para escolher, mas algumas
antigas eram minhas favoritas: a SigSauer era ótima para
esconder, de modo que uma iria em meu tornozelo, a Glock,
obviamente, mas também havia a Beretta e um grande X para
Desert Eagle que sempre foi boa para intimidar...

A Desert Eagle era estupidamente enorme e alta, difícil de


transportar munição suficiente para usá-la, de modo que
ficaria para trás. A Glock e a Beretta em coldres duplos de
ombro ─ a Glock no coldre esquerdo, Beretta no direito ─ com a
Sig como um backup e a HK como a principal.

Granadas? Provavelmente não, uma vez que a merda


poderia acontecer em áreas povoadas.

Ah, não se esqueça da faca KA-BAR.

Três pentes de reposição para cada pistola significavam


que meus bolsos da bermuda estavam... um pouco cheios,
mais dois backups para a HK no meu bolso traseiro...
Coloquei os coldres no ombro, as pistolas nos estojos, a
HK em cima de um estojo e me virei para encarar Temple.

— Acha que estou exagerando nas armas? — Perguntei.

Ela apenas piscou para mim.

— Hum. — Seu olhar passou de pistola em pistola, depois


para a HK, depois para meus bolsos pesados e então a Sig em
meu tornozelo, logo acima das botas de combate. —Talvez, um
pouco?

Franzi o cenho.

— Certo. Retiro o coldre de tornozelo, hein?

Ela assentiu com a cabeça. — Sim, quer dizer, é um


pouco óbvio, não acha?

Olhei para baixo. —Sim, talvez um pouco.

Desarmei a Sig e a coloquei de volta, em seguida, peguei a


KA-BAR. Teria que ir no meu cinto, pois era muito grande para
um bolso. Desabotoei o cinto e o retirei para que pudesse enfiar
o couro através da bainha da faca.

Claro, sem o cinto para segurar a bermuda com bolsos


pesados, cheios de pentes de reposição, o peso disso me deixou
mostrando... digamos, um pouco de pele. Sim, eu não uso
cueca. Fácil acesso e mais confortável. Roupa interior é
estúpida. Cuecas samba canção têm muito tecido, são muito
soltas e desconfortáveis, cuecas ou boxers são muito
apertadas. Deixam-me restringidos meus atributos e isso é
cruel. Sem roupa interior? Sem problemas. Apenas meu estilo,
sabe? A questão é que eu ainda tinha um semiduro pau por ter
o dedo dentro da boceta de Temple.

Deus, ela tinha um gosto bom.

E bang, apenas um pensamento fez meu pau ficar duro.

Estava saindo pelo topo da bermuda cargo, mostrando


alguns centímetros e a camiseta apertada não fazia muito para
escondê-lo. Nada na verdade.

Os olhos de Temple se escureceram.

— Oh. Hum.

Eu vi seu olhar. Vi o jeito como suas coxas se apertaram,


vi a maneira como ela agarrou uma mão com a outra como se
quisesse evitar me tocar.

— Gosta do que está vendo?

Eu terminei de colocar o cinto através da bainha, então o


segurei em uma das mãos e minha bermuda com a outra.
Soltar a bermuda faria com que fosse para o chão.

— Não. — Ela disse com uma voz calma, não afetada, mas
sua língua saiu e correu ao longo do lábio inferior e seus olhos
fixos no meu pau.

Eu me virei para ela.

— Não? — Deixei a bermuda ceder um pouco mais,


mostrando mais uns centímetros do meu pau. — Não quer ver
mais?

Ela balançou a cabeça de lado a lado, mas seus olhos


ainda não deixaram meu pau. — Não. Não quero vê-lo.

Parei quando eu estava a poucos centímetros de


distância.

— Lembra-se do que eu disse sobre não jogar pôquer,


Fancy?

Seus olhos finalmente foram para os meus.

— Hum. O quê?

— Você é uma mentirosa, princesa.

Aqueles olhos, cara. Aqueles olhos, merda. Azul como um


claro céu de verão, com listras verde e avelã. Estavam fixos nos
meus olhos agora, logo foram até meu pau e depois voltaram
para meus olhos.

— Tudo bem. — Ela bufou, conseguindo ficar irritada,


mas sem fôlego ao mesmo tempo. ─ Estou mentindo até os
dentes.

Sorri para ela, soltei o cinto no chão e deixei a bermuda


escorregar mais um pouco.

— Gosto da verdade, querida. Boa, ruim, louca, a verdade


é sempre melhor do que besteira.

Ela olhou para meu pau.

— Muito bom.

— O quê?

Sua língua se moveu ao longo dos lábios, as sobrancelhas


se abaixaram enquanto seus olhos se arregalavam.

— Você. Tudo sobre você.

— Você é muito sexy, Temple.

Ela lançou um olhar para mim e depois voltou para o meu


pau.

— Mas isso... é perfeito.

— Seus seios são perfeitos.

Minha primeira aposta, de volta ao porão, foi que seus


seios não eram enormes, mas um punhado decente. Agora,
apesar de vê-los um pouco através do sutiã... aquelas belezas
eram muito maiores do que pensava. Não era o tamanho deles
que os tornava perfeitos, era sua forma. Altos e firmes, mas
com bastante inclinação e balanço para me deixar certo de que
eram naturais. Saltavam e balançavam de forma convincente o
suficiente em cada movimento e pode ter certeza que eu notei.

Mas esse momento em particular não era sobre os seios


de Temple, tão perfeitos como eram, mas sobre meu pau muito
ereto e pronto para brincar.

Ela nem sequer ouviu o meu comentário sobre seus seios,


aparentemente. Bem, se ouviu, não respondeu. Apenas olhava
para meu pau, a língua adorável saindo, o peito arfando como
se estivesse tendo problemas para respirar.

— Temple?

Ela olhou para mim.

— Hmmm?

Porra. Vamos ver o que ela faria.

Soltei minha bermuda inteiramente e ela foi direto ao


chão com um baque alto. Meu pau estava agora em exibição
total, todos os vinte e cinco centímetros dele, duro como uma
rocha, apontando para o alto.
— Você quer tocá-lo, não é? — Perguntei, minha voz
baixa.

— Não. — Ela respondeu ofegante demais para eu


acreditar.

Eu ri.

— Bzzzzt. Resposta errada.

— Eu não deveria.

Aproximei-me.

— E porque não?

Ela falou diretamente com meu pau, suas mãos


apertando uma a outra, evitando tocá-lo.

— Eu estou... estou dando um tempo.

— Tempo de que?

— Homens.

Segurei seu pulso, guiando sua mão para mim.

— Bem, então não há nenhum problema.

Ela resistiu, mas apenas um pouco.

—Não há?

— Não.

Seus olhos foram os meus.

— Eu fiz uma promessa a mim mesma. Três meses, sem


rapazes.

— Eu não sou um rapaz. — Afrouxei meu aperto em seu


pulso e sua mão continuou em direção ao meu pau por conta
própria. — Sou todo homem, querida.

Ela piscou lentamente, como se desistindo da batalha


consigo mesma.

—Merda. — Seus dedos se fecharam ao redor do meu eixo


e precisei engolir um silvo de prazer. — Merda, Duke.

— Acho que o que você quis dizer foi oh, meu deus, Duke.
— Eu disse.

Ela ignorou meu comentário, seus dentes afundando no


lábio inferior.

— Tão lindo. — Ela sussurrou, mas para si mesma, não


realmente para eu ouvir.

Eu ouvi e meu ego inflou um pouco. Não que não fosse


muito autoconfiante do tamanho e geralmente agradável
estética do meu pau, mas ainda assim ouvir uma mulher dizer
isso, nesse tom de voz... fazia maravilhas para qualquer
homem.

Mas o que sua mão estava fazendo... oh, porra. Posso


durar o inferno de um longo tempo, mas da forma como ela
tocava ─ caralho. Gozaria em questão de segundos se
mantivesse isso.

Lentas e gentis carícias, movendo-se para baixo, seu


polegar esfregando sobre a ponta quando atingia a cabeça. Um
golpe, dois, três. Essa torção nesse sentido, a leve e quase
amorosa maneira de seu polegar acariciar a ponta? Travaria
meus dentes e minha bunda dentro de trinta segundos.

Normalmente podia durar mais de vinte minutos e estar


pronto novamente em menos de dez, mas esta mulher, ela me
faria gozar como um maldito adolescente recebendo sua
primeira punheta.

— Jesus, Temple. — Rosnei. — Você me fodeu...

— Cale a boca. — Ela disse. — Apenas cale a boca.

Ergui uma sobrancelha e ela encontrou meus olhos com


um rubor embaraçado.

— Ah, sim? — Perguntei. — Apenas cale a boca, hein?

Ela parou com o punho na raiz do meu pau, seus olhos


nos meus.

—Sim, cale a boca. — Deu um forte aperto que me fez


estremecer. — Sua boca apenas arruína o momento.

— Engraçado, já que acho que sua boca apenas


melhoraria o momento.

Ela olhou para mim, incrédula.

— Seu idiota.

Encolhi os ombros.

— O quê? Você acha que não imaginei sua boca ao redor


do meu pau? O que há de errado com isso?

— Eu não sou assim.

— Como o que?

— Eu não faço isso. Boquetes, quero dizer.

— Sua mão no meu pau diz o contrário.

— Eu gosto de tocar paus? Sim. Eu gosto de foder?


Também, sim. — Ela retomou seus movimentos lentos. — Eu
chupo paus? Não.

— Não? Nunca?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Nunca.

— Você nunca chupou um pau antes? Nunca?

— Eu disse que não. Nunca fiz.

— Então isso é uma regra? Você não chupa?

Temple assentiu.

— Essa é uma das minhas regras, sim.

Concentrei-me na conversa, em vez da maneira como sua


mão era boa em meu pau ou como seus pequenos dedos
pálidos pareciam ao meu redor.

—Regras, implica que há mais de uma?

— Eu tenho... regras, sim.

— Regras. — Repeti. Que tipo de regras?

— Existe um acordo de não divulgação listando tudo.


Sem fotos, sem entrar em contato comigo quando
terminarmos, sem falar sobre o que fizemos, sem contar aos
seus amigos, sem vender histórias.

Uau. Ela tinha regras? Para sexo?

— E não oral? Está lá também?

Ela balançou a cabeça.

— Isso não é uma das regras escritas, não. Apenas algo


que... é algo que eu não faço.

— Por que não?

— Os homens são idiotas. Eles são todos uns babacas,


trouxas e vagabundos. Mas fico muito excitada, então preciso
de sexo. Mas o sexo para mim é... simples. — Ela olhava sua
mão se movendo no meu pau, ainda tortuosamente,
provocantemente lentamente. — Nada de brincadeiras, nada
de problemas. Apenas me foda e vá embora.

— Você não respondeu minha pergunta, sobre o que você


quer. — Disse. — Você realmente apenas... e depois acabou?
Isso soa chato.

Ela me olhou.

— Chato?

Balancei a cabeça.

— Aborrecido pra caralho, princesa. — Eu levei um


momento para me impedir de gozar, estava ficando mais difícil
a cada segundo. Sua mão era tão suave, seu toque gentil e não
pude deixar de observar sua mão se mover para cima e para
baixo no meu pau, percorrendo todos estes centímetros em
movimentos incrivelmente lentos. — Então, quando você faz
sexo, apenas o faz? Vai direto para o pau?

— Na maioria das vezes, sim.

Ambos olhávamos ela acariciando meu pau.

— Bebê, você está perdendo a melhor parte do sexo.

— Eu gosto de coisas simples.


— Porque nunca lhe foi mostrado como bom o complicado
pode ser, princesa.

— E isso incluiria eu chupar o seu pau?

— Poderia. — Estava me concentrando em não gozar


agora, o que deixava difícil para falar. — Poderia incluir muitas
coisas. Eu comer sua boceta. Você gostaria de ter sua boceta
lambida, Fancy?

Ela soltou um suspiro.

— Sim.

— Que tal fazer um acordo?

— Um acordo?

Segurei seu pulso.

— Sim. Vejamos, se a fizer gozar três vezes, em menos de


vinte minutos, então você chupará o meu pau.

— E se você não puder?

— Farei tudo e qualquer coisa que você pedir. Incluindo


nada, se for assim que quiser.

— E se eu quiser amarrá-lo e colocar o dedo no seu cu? —


Ela procurou meus olhos quando ela disse isso.

Sorri para ela.

— Doçura, quando eu disser qualquer coisa, quero dizer


qualquer coisa. Os únicos limites rígidos para mim são
vômitos, paus ou vibradores em mim. Qualquer outra coisa em
que puder pensar, eu a deixarei fazer. — Soltei seu pulso e ela
retomou as carícias. Acho que não pode evitar. — Mas isso é
apenas se eu não puder fazê-la gozar três vezes em vinte
minutos ou menos.

Com certeza seria um presente. Vê-la gozar, saborear sua


pequena e doce boceta, ter sua boca no meu pau. Era um
ganha-ganha para mim e não acho que ela se importaria com
os três orgasmos.

O sorriso em seu rosto me fez parar, apesar de tudo.

—O que é esse olhar?

— Oh, nunca tive um orgasmo múltiplo em minha vida.


Nem dado por mim mesma, ou por alguém.

Ela me tinha no limite, agir normalmente era impossível


agora. Estava pulsando, dolorido. Meu pau prestes a explodir,
minhas bolas apertadas, duras e cheias, sua mão era a coisa
mais incrível que já senti na vida. Bastava uma das mãos.
Observei seus dedos me agarrando, observei-os se mover para
baixo no meu pau, seu polegar acariciando a cabeça na
pequena fenda, depois o punho descendo novamente. Não
acho que ela estivesse tentando me fazer gozar, apenas gostava
do meu pau. Por mim tudo bem, mas as coisas estavam
chegando a um ponto sem retorno.

— Porra, Temple.

Seus lábios se curvaram e ela se mostrou satisfeita


consigo mesma.

—O quê?

— Não se faça de tímida. — Eu disse, minha voz baixa e


brusca agora, enquanto lutava para evitar gozar. — Sabe o que
está fazendo comigo.

— Obviamente.

— Então precisa saber o quão perto estou.

Ela diminuiu o movimento.

— Que tal se eu mudar o acordo?

Rosnei, ficando tenso e esperando.

— Para quê?

— Bem, se chupá-lo agora, pode me fazer gozar depois.


Eu gozo mais de uma vez, você decide o que fazer a seguir. Não
pode me dar um múltiplo orgasmo, então eu decido.

— Pensei que não fizesse boquetes.

— Não faço. — Disse ela, ficando de joelhos. — Mas


também não tenho sexo com homens sem ter um acordo, então
essa coisa toda está acontecendo fora das minhas regras.

— Fodam-se as regras.

— As regras me protegem. — Ela sussurrou.

— De quê?

— Homens imbecis.

— Bem, querida. — Eu disse. — Posso ser um idiota, mas


também posso fazer algumas promessas.

Ela manteve a mão no meu pau, acariciando lentamente,


depois parou no topo, seu polegar acariciando a ponta e,
Jesus, quase foi a minha ruína, aquele pequeno círculo com a
ponta de seu polegar na parte de cima do meu pau. Mas agora
estava de joelhos, olhando-me, olhos arregalados, um pouco
nervosa e muito tesão.

— Quais promessas?

— Eu a manterei segura ou morrerei tentando, número


um. E número dois, você não tem nada para se preocupar
comigo, pensando nos motivos pelos quais tem essas regras.
Não precisa de um acordo para eu manter tudo o que fizermos
em privado.

Seus olhos nos meus estavam abertos e mais vulneráveis


do que eu teria esperado.

— Jura? Sem histórias? Nem fotos?

— Juro por minha Glock. — Eu disse, colocando a mão


direita sobre a pistola em questão, no coldre amarrado ao meu
peito.

Ela me deu um olhar perplexo e irritado.

— Você está jurando por sua arma?

Sorri.

— Ei, bebê, sou um soldado. Levo minhas armas muito,


muito a sério.

Ela balançou a cabeça.

— Os homens são tão estranhos.

— Temos um acordo? — Perguntei.

Ela abaixou o queixo e olhou para minha ereção, a cabeça


saindo de seu punho fechado. Abaixou a boca e depois hesitou.

— Eu sou uma idiota. Você vai me ferrar.

Segurei eu rosto e o virei para o meu.


— Temple, querida, foderei você como nunca foi fodida
em sua vida. Eu a foderei por trás, pela frente e de cabeça para
baixo, a farei gozar tão forte que verá Jesus. Mas uma coisa
que não farei é ferrá-la.

Fiquei olhando-a nos olhos, deixando-a ver a honestidade


nos meus.

—Porque, querida, sempre mantenho minhas promessas.


Sempre.
Quebrando as
regras
Que porra estava pensando?

Sou uma idiota. Uma idiota. Uma idiota. Fraca e


estúpida, governada pela luxúria. Você acha que são apenas os
homens que pensam com seus paus? Ah, não. Eu sou a prova
de que as mulheres são suscetíveis a pensar com suas bocetas.
Quer dizer, olhe para mim. De joelhos na frente de um homem
que literalmente acabei de conhecer. Eu o vi matar três
homens com uma barra de peso. Eu o vi roubar um carro. Ele
tem um apartamento dedicado a um estoque de armas
reservas.

Mas puta merda, o homem é lindo.

E seu pau... é sem dúvida, o único e mais bonito órgão


masculino que já vi, acho que já estabeleci neste ponto que sou
uma especialista, dado minha regra de uma noite.

Não é o maior pau que eu já vi também ─ não é sobre o


tamanho. Quer dizer, sim, o homem é grande. Mas é apenas...
bonito. Grosso, reto, bem formado, com os pêlos púbicos
avermelhados, bem aparado para enfatizar sua virilidade,
chame-me de estranha, mas não gosto de homens que raspam
suas bolas. É apenas... estranho. Não sou totalmente depilada
também, porque acho igualmente uma boceta totalmente lisa
apenas... eca. Poucos pêlos fazendo uma pista de pouso
bonita, sexy... sim, isso é tudo que você realmente precisa.

O pau de Duke é apenas bonito.

Quero isso. Gosto de tocá-lo. Gosto da maneira como fica


na minha mão e estou seriamente ansiosa para senti-lo dentro
de mim. Aposto o meu Bentley que Duke Silver será o melhor
sexo da minha vida... e na verdade, realmente aposto nisso.
Aposto mais do que um carro estúpido. Aposto a minha
imagem e meu orgulho ainda se recuperando.

Merda, se tivesse um coração para perder, eu o apostaria.


Mas minha capacidade de me apaixonar foi pisoteada e ferrada
muitas vezes também, agora está morta. Assim, sem
preocupações. Mas ainda assim, gosto de sexo.

Movi o punho para baixo em seu grande e bonito pau


quando ele disse a frase: Temple querida, vou fodê-la como você
nunca foi fodida em sua vida. Vou fodê-la por trás, pela frente e
de cabeça para baixo, a farei você gozar tão forte que verá
Jesus. Mas uma coisa que não farei é ferrá-la. Minha mão
congelou e sua mão tocou meu rosto, fiquei presa olhando-o,
vendo uma honestidade em seus olhos que não esperava e isso
me assustou.

— Porque, querida, sempre mantenho minhas


promessas. Sempre.
Era isso. Estava feito. Acabou. Como poderia resistir a
uma linha como essa?

Então, fiz algo que não fazia desde Trent: coloquei minha
boca no pau de Duke.

Essas fotos que Trent tirou? Sim, a maioria delas foi


tirada enquanto eu chupava o pau dele. Os tabloides
adoraram. Fotos reais de Temple Kennedy chupando um pau?
Manchete de ouro. E isso, queridos amigos, foi a última vez que
chupei um pau. Fiquei queimada, entende o que quero dizer?
Como quando toma muita vodca e nunca mais pode beber
vodca novamente? Meio assim. Essas fotos me mataram. Elas
empurraram a audiência do nosso programa através do
telhado e desde então tenho recebido convites de todos os tipos
de revistas para fazer fotos e pelo menos uma dúzia de
contratos para fazer pornô. E foram essas ofertas pornôs que
realmente me empurraram ao limite. Pornô? Mesmo? É assim
que as pessoas me veem? Isso machuca. Ainda dói. E
estupidamente, irracionalmente, associei-o com a única vez
que fiz um boquete num homem. Quer dizer, realmente
gostava de Trent. Ele era bonito, sexy, agradável, divertido,
inteligente e bem-sucedido. Não precisava do meu dinheiro ou
era o que eu pensava, porque ele estava muito bem por conta
própria, tinha uma herança. Confiei nele. Deixei que brincasse
comigo. E no momento em que tentei fazer algo legal,
fotografou e vendeu as fotos para os tabloides.

Cinco mil. Isso era o quanto eu valia para ele. Merda,


teria dado muito mais em dinheiro apenas com o que carregava
na minha pequena bolsa. Mas não. Ele precisava vender
minhas fotos chupando-o.

Eu não lhe dei um bom boquete também.

Então, por que, oh por que, porque estava fazendo isso


com Duke?

Não tinha respostas para isso. Porque queria? Gostei


tanto de seu pau que senti que merecia ser beijado, lambido e
chupado? Porque salvou minha vida? Porque parecia ter a
intenção de arriscar sua vida para me manter segura? Porque
era lindo e eu queria que gostasse de mim? Esses dois não
deveriam estar conectados, na verdade. Ele era lindo... pare,
eu queria que gostasse de mim... pare, não queria que ele
gostasse de mim porque era lindo... certo?

Certo?

Duke era um fodão e muito mais inteligente do que


originalmente lhe dei crédito. Na verdade, realmente não sabia
se era inteligente, mas estava desafiando o meu estereótipo
original de ser nada mais do que um homem áspero, uma arma
carregada, uma bomba solta. Quer dizer, ele era isso, mas
tinha a impressão de que Duke também era muito mais.

E eu queria que ele gostasse de mim.

A questão era por quê? Não tenho uma resposta para isso.

A pergunta para a qual tinha a resposta era: Eu o farei


explodir? E a resposta era: sim.

Eu o vi com o canto do meu olho enquanto passava meus


lábios ao redor seu pau. Ele estava respirando lenta e
profundamente, com os punhos fechados ao lado do corpo,
sobrancelhas franzidas, olhos em mim. Observando, mas se
segurando, isto não duraria muito tempo. Bom, porque estava
fora de prática e seu pau era tão grande que não tinha certeza
de quanto tomaria ou por quanto tempo.

Ele gemeu alto enquanto meus lábios tocavam seu pau e


suas mãos se fechavam e abriam.

— Ohhhh... merda.

Coloquei todo seu pai em minha boca, levando-o um


pouco mais fundo e então recuei um pouco. Ok, um pouco pode
ter sido um exagero. Talvez, uns três centímetros ficaram na
minha boca, mas em minha defesa, não fiz isso muitas vezes e
estava nervosa. Quer dizer, fiz o total, talvez de quatro
boquetes na minha vida e os três primeiros foram com o meu
primeiro e único namorado sério, que é ainda mais responsável
por minha frigidez emocional do que qualquer outra coisa na
minha vida. Mas não vou por aí. Não mesmo. Não quero pensar
em Lane. Não, não, não.

Concentrei-me em Duke. Ele estava aqui, era real e se


conseguisse esse boquete, teria um orgasmo. No mínimo um.
Quer dizer, a julgar pelo quão gostoso foi com apenas por um
toque, acreditei nele quando disse que gozaria tão forte que
veria a Jesus.

Então, eu me concentrei em Duke.

Focada em seu bonito pau. Lambi ao redor da cabeça e


ele gemeu novamente, depois o gemido se transformou em
uma inalação sibilante, enquanto trabalhava minha boca para
baixo no seu pau em três centímetros, quatro e cinco, isso era
o máximo que podia tomar sem engasgar. Lancei um olhar
para ele e seus olhos estavam fechados, a boca aberta, com
uma expressão de felicidade no rosto.

Ele mordia o lábio inferior enquanto segurava o lado de


seu pau com a mão e lambia-o da raiz à ponta e oh, essa parte
eu não me importava nem um pouco. Era limpo, tinha gosto de
pele e homem, a maneira como estremecia todo, a forma como
seu pau pulsava na minha mão, sob a minha língua? Oh sim.
Gostava daquilo. Não gostava de engasgar, mas lambê-lo?
Mmmmm. Sim. Então fiz novamente, lambi e depois lambi
mais, apenas fiquei lambendo, de um lado ao outro, a pontas e
as suas grandes bolas pesadas, esticadas.

— Porra, Temple. — Ele rosnou. — A maneira como você


usa sua língua...

— Sim?

— Porra, sim. Está bom demais, caralho.

Rodei a língua ao redor da cabeça, em seguida, lambi o


eixo.

— Gosta disso?

— Ohhh... porra. Caralho, sim. Bem desse jeito.

Ele gostou, mas não tinha certeza de que gozaria assim. E


queria chegar à parte onde lamberia a minha boceta.
Chame-me de egoísta, mas este era o meu objetivo desde o
início. Explodí-lo em troca de uma boa e longa sessão com seu
lindo rosto entre as minhas coxas.

Precisava que ele gozasse. Mas o que faria quando


gozasse? Será que engoliria? Eu, com certeza, não o deixaria
cair no meu rosto ou em meus seios, especialmente porque não
estava em casa para uma fácil limpeza. Na minha casa ou nas
dele, depois que tivéssemos fodido algumas vezes, talvez. Mas
aqui? Agora? De jeito nenhum. Teria que engolir, concluí, já
que era de longe a forma mais limpa e mais eficiente de lidar
com o gozo.

Primeiro, porém, precisava tirá-lo de lá.

Inferno – apenas perguntarei, eu decidi.

— O que você gosta, Duke? — Olhei para ele e então


lambi sua cabeça gorda, larga e suave. — Diga-me como fazê-lo
gozar muito, muito forte.

Ele estreitou os olhos e olhou para mim.

— Use as mãos e boca ao mesmo tempo.

Envolvi meu punho ao redor de seu pau na base e


acariciei levemente, depois coloquei minha boca sobre a
cabeça. Chupei suavemente enquanto bombeava meu punho
na base.

— Assim? — Perguntei, olhando para ele.

— Porra. Sim, Fancy. Bem desse jeito.

Então continuei fazendo. Curtos e rápidos movimentos ao


redor da base, o meu punho tocando a boca quando
mergulhava seu pau nela. Ele gemeu e as mãos foram para os
meus ombros. Agarrou-me brevemente, então seus dedos
subiram ao meu pescoço, roçando contra minha nuca. Bem, se
ele agarrasse minha cabeça e começasse a me empurrar para
seu pau, isso acabaria antes mesmo de realmente começar,
porque não jogo esse jogo, mas não disse isso. Apenas
continuei fazendo o que disse que gostava, usando minhas
mãos e boca. Torcia o punho ao redor dele e movia a boca em
seu pau, mais e mais rápido. Isso era bom também. Não
precisava evitar engasgos, mas ainda precisava chupá-lo e
senti-lo na minha mão.

Mais e mais.

Ele estava suspirando e gemendo, seus quadris


flexionando, vibrando.

— Porra. — Ele sussurrou com os dentes apertados. —


Não pare.

— Mmm-mmmm. — Disse em uma negação e ele se


contraiu com as vibrações.

— Merda, merda, merda. — Ele grunhiu, com sua mão


agora cobrindo minha nuca.

Ajoelhei um pouco mais baixo, afastei-me de seu corpo e


olhei para ele.

—Mmm-hm?

— Caralho, Temple. Faça isso novamente e não terei a


chance de avisá-la. Apenas vou explodir em sua garganta.

Era uma ideia intrigante, mais por causa do pensamento


de um homem como Duke perder o controle do que por ficar
excitada ao receber uma carga inesperada de esperma na
garganta. Aumentei o ritmo da torção, mergulhando,
acariciando e comecei a mover a boca sobre ele mais rápido. Eu
mesma o levei um pouco mais fundo.

Ele gemeu e seu aperto no meu pescoço aumentou, mas


ainda não tentou me empurrar.

Homem esperto.

Outro homem mais perto de um orgasmo do que eu tinha


Duke naquele momento... faria qualquer coisa para gozar. Ele
não tinha controle sobre suas faculdades. Ainda assim, Duke
estava se segurando. Realmente não me agarrando tão forte
quanto suspeitava que pudesse, com aquelas mãos enormes e
poderosas. E não estava fodendo. Era um monstro de um
homem e eu suspeitava que ele possuísse uma libido para
combinar. Gostava de foder. Mas estava se segurando.

Gostei disso. No entanto... queria ser capaz de fazê-lo


perder o controle. Completamente. Estava um pouco
assustada com o que ele faria, mas estava curiosa, tanto
quanto.

Então... tempo para arriscar.

Ambas as mãos foram ao redor de seu pau, torcendo,


puxando para baixo e para cima, espalhando minha saliva ao
redor, gemendo e era um zumbido do meu próprio prazer. Um
gemido profundo e ofegante, erótico. Um pouco fingido, claro,
porque não estava obtendo qualquer gozo sexual com isso,
mas apreciava suas reações. A maneira como flexionava seus
quadris para se aprofundar, a forma como apertava os dentes e
soltava, o gemido baixo e longo que escapava dele. A forma
como suas mãos se enterravam no meu cabelo e agarravam
com força, como se lutando contra a vontade para me puxar.
Outro zumbido e seu corpo inteiro se contraiu.

— Porra! — Ele grunhiu. — Temple, eu, oh... porra.

E foi isso. O senti ficar tenso, seu pau latejar.

Então o fodi com a boca. Agarrei seu pau com ambas as


mãos, inclinando-o em direção ao meu rosto e comecei a mover
duro e rápido, não pensando em quão profundo eu o tomaria,
apenas o fodendo com meus lábios tão rapidamente quanto
pudesse. Eu o senti na garganta e meu gemido transformou-se
quase em uma mordaça, então seus dedos no meu cabelo
puxou duas vezes.

— Temple, caralho, Temple eu estou... oh, caralho, porra,


ah merda!

Não sou de engolir. Eu nunca engoli o sêmen de Lane, as


poucas vezes que o chupei, eu ia até ele chegar perto de gozar,
então nós fodíamos. Eu nunca o chupei até o orgasmo.
Quando chupava Trent, ele gozava em minhas mãos, o que
era... uma lambança, mas melhor do que levá-lo pela garganta,
assim imaginava na época. Então, mesmo que tenha dado
boquetes antes, nunca engoli. Realmente não sei que gosto tem
um esperma.

Estava prestes a descobrir.

Duke gozou com um grito PORRA! Tão alto, que tinha


certeza que ouviriam pela cidade. Seu pau latejava entre meus
lábios e então senti algo úmido, quente e salgado bater na
minha garganta. Um zumbido de surpresa escapou, eu engolia
ou sufocava, então engoli. Era espesso e viscoso, saindo
quente. Salgado, almiscarado, um pouco amargo e uma pitada
de doce. Outro jato de esperma encheu minha boca e desta vez
estava pronta. Juntei em minha boca, revestindo a língua e o
gosto de seu gozo era forte, potente, mas não necessariamente
desagradável. Engoli novamente enquanto olhava para ele e
descobri seus olhos abertos, observando-me. Desci sobre ele
mais uma vez, levando seu pau até a minha garganta e depois
recuei, abri a boca para que a cabeça de seu pau ficasse em
minha língua e ele se contraiu nela, seu abdômen flexionou e
apertou os dentes, então se curvou para frente sobre si mesmo,
enquanto lançava um último fluxo de esperma na minha
língua. Sorri para ele, sentindo-me satisfeita com meu
desempenho, desfrutando de como ficou, como parecia
abalado. Coloquei a língua para fora, mostrando-lhe o seu
próprio esperma. Então, engoli.

Duke estava sobre mim, ofegante.

—Porra, santo inferno, Fancy. — Ele disse, inclinando-se


para me colocar de pé. — Isso foi…

Dei-lhe um olhar tímido.

— Foi o quê?

Ele passou o dedo em meus lábios.

— O boquete mais gostoso que eu já tive.

Revirei os olhos para ele.

— Besteira.

Ele abriu um botão da minha camisa com uma das mãos


e começou a juntar o tecido da minha saia com a outra.

— Sério.
Fiquei parada, lembrando-me de continuar respirando.

— Um prostituto como você? Tenho certeza que já


recebeu centenas de boquetes. De jeito nenhum que esse foi o
melhor.

Ele franziu a testa.

— Como você sabe que eu sou um prostituto?

Seus dedos subiram entre as minhas coxas, fazendo


cócegas, provocando e tocando. Acariciou minha fenda e
apertei as coxas, então eu relaxei para o seu toque.

— Não é?

Ele balançou a cabeça de um lado para o outro.

— Acho que sim. Mas por que você assumiu isso?

— Você é lindo, tem dinheiro, é um militar fodão... —


Encolhi os ombros. —Apenas por estas razões. Talvez, foi uma
hipótese injusta da minha parte.

Ele não pode evitar um olhar satisfeito cruzar suas


feições.

— Lindo, hein?

Reviro meus olhos novamente.

— Você sabe que é. Não adianta pescar elogios.

— Sim, mas todo mundo gosta de ouvir isso de vez em


quando.

— Verdade. — Digo em um suspiro, enquanto ele move


um dedo em minhas dobras. — Apenas porque sou uma
estrela de reality shows e estou em capas de revistas, o que
quer que seja, a maioria dos homens apenas assumem que eu
sei como pareço, porra, e que não preciso ouvir deles que
acham que sou bonita. Então, ninguém nunca, oh... meu Deus!
Ninguém nunca diz isso.

Ele moveu o dedo na minha fenda de novo e de novo, não


muito para cima, não exatamente tocando meu clitóris. Mas
ainda assim, sentia-me bem. As provocações me deixavam
mais necessitada do que já estava, deixava-me insegura sobre
o que ele faria a seguir.

— Você não é bonita. — Diz Duke.

Olho para ele.

— Desculpe-me?

Ele dá um passo para trás, usando as duas mãos para


abrir mais minha blusa e soltar a saia. O tecido cinza cai em
redemoinhos ao redor dos meus joelhos e fico ofegante.

Ele fica atrás de mim, puxa o zíper da saia e ela cai no


chão, deixando-me nua da cintura para baixo. Puxa a blusa
branca para baixo dos meus ombros, deixando-a cair nos
meus pulsos. E então, em uma série de movimentos muito
rápidos e complicados para seguir, prende as pontas da
camisa nos pulsos, deixando minhas mãos nas costas.

— Espere, o quê? — Eu puxo, mas não consigo me soltar.


— Deixe-me ir, Duke. O que você está fazendo?

Ele não respondeu. Apenas volta à minha frente e coloca


o dedo indicador na faixa elástica do meu sutiã, puxando-o
sobre meus seios pouco a pouco até que fico nua, o laço de
renda marrom para cima. Meus seios ficam livres e meus
mamilos endureceram sob seu olhar.

— O que você quis dizer com que não sou bonita? —


Estúpido, eu sei, mas ainda sentia um pânico irracional com a
ideia de que ele pensasse que eu era feia.

Claro que ele não pensava isso. O olhar dele, a forma


como me encarava, olhando-me da cabeça aos pés, a maneira
como seu pau, que eu deixei mole, se contraiu e endureceu um
pouco − ele me achava gostosa. Já disse isso. Estava me
jogando um elogio prolongado, eu sei. Mas quando você ouve
um homem dizer essas palavras: Você não é bonita...
automaticamente atinge alguns nervos dentro de você, bate
sua confiança e a faz duvidar do que sabe que é verdade.

— Você é do caralho... — Ele para, procurando a palavra


certa, ficando alguns centímetros longe, não tocando, apenas
olhando para meus seios. — Você é... perfeita.

— Perfeita? — Estúpida, eu sou tão estúpida. Por que


minha voz soava tão sem fôlego, ansiosa e esperançosa...
insegura? — Você é louco.

— Ah, isso é discutível. — Disse ele. — Irrelevante para o


fato de que você é uma mulher perfeita. Assim,
completamente, perfeita.

Ele estava atrás de mim novamente, sussurrando no meu


ouvido, sua voz sexy e baixa contra o lóbulo da orelha, suas
mãos voltam, movendo-se para os seios e para baixo.

— Isso? Perfeito.
Em seguida, move as mãos para baixo, uma mão
segurando meu quadril e a outra entre minhas coxas tocando
minha boceta.

— Esta boceta? Perfeita. Eu não posso esperar para ficar


de joelhos e sentir o gosto de seu orgasmo perfeito.

Oh, porra. Oh, caralho. As coisas que ele estava dizendo,


as palavras sujas e imundas se entranhavam em mim,
causando um desejo gotejante quando Duke disse: boceta
perfeita. Perfeita? Eu fui chamada de muitas coisas na minha
vida: sexy, adorável, bonita, gostosa, comível, loura burra,
cabeça oca, estrela de reality sem talento, vadia, vagabunda,
prostituta, dez dos melhores dez corpos, mas não, em toda
minha vida, ninguém nunca me chamou de... perfeita.

Ele ainda não estava satisfeito, embora. Suas mãos se


moveram atrás de mim, segurando minha bunda.

— Isso? Mais do que perfeito. Essa bunda aqui, Fancy?


Esta coisa é... mmm. Porra. É incrível para cacete.

Minha garganta se fechou, apertou, ficou quente e


grossa. Respirei fundo, então pisquei. Deus, eu sou uma
idiota, deixando suas palavras chegarem a mim. Ele não
queria dizer essas coisas. Queria me foder e achou que seria
mais provável conseguir se me derretesse com palavras.

— Eu já sou uma coisa certa para pelo menos uma foda,


Duke. — Tentei soar casual, e na maior parte consegui. — Você
não precisa soprar fumaça em minha bunda.

Ele foi para frente novamente. Sua palma saiu


completamente dos meus seios e por alguma razão foi para
meu queixo, estranho, pensei que teria melhor pontaria, sendo
um soldado.

Duke segurou o lado do meu rosto com sua grande e


áspera mão.

— Mas esse…

Seu polegar roçou meu rosto, logo abaixo do meu olho.


Então tive que encontrar seu olhar e aqueles olhos dele, bom
Deus, aqueles olhos... ardiam. Pareciam capazes de ver meus
segredos e inseguranças, que trabalho tanto para esconder.

— Isto, Temple Kennedy. Esse seu rosto? — Seu polegar


grande acariciou novamente meus lábios, então meu rosto. —
Seu rosto é a parte mais bonita de você.

— Besteira. — Agora... por que sussurrei isso?

E por que eu parecia tão... como se estivesse obviamente


mentindo? Talvez, soasse desesperada para acreditar nele,
mas com medo de acreditar.

Ele me ignorou mais uma vez. Permaneceu na minha


frente, segurando meu rosto, mas sua outra mão se moveu
para encontrar minha bunda novamente.

— E deixe-me dizer uma coisa, Fancy. Bem, se quiser


soprar qualquer coisa em sua bunda, com a certeza do caralho
que não será fumaça. — Seu dedo médio longo foi para cima e
para baixo entre a minha bunda.

Oh.

Oh.

Meu Deus.
Ele apenas...?

—Isso é uma dica para me foder na bunda? — Eu


perguntei.

Seus dentes afundaram no lóbulo da minha orelha e


então seu sussurro soprou quente em minha orelha.

— Não é uma dica, querida. Uma promessa. — Ele


segurou minha bunda, levantou, puxou-a para o lado e então
soltou. — Esse rabo? Foi feito para ser fodido. Lentamente, por
horas, até que esteja me implorando para apenas fodê-la e me
enterrar em você. E quando o fizer? Você gozará tão forte por
tanto tempo que sentirá dor. Vai esguichar em todos os
lugares.

Sua outra mão tocou minha boceta, a ponta do dedo


provocando meu clitóris.

— Você já gozou tão forte a ponto de esguichar?

Balancei a cabeça.

— N-não.

— Oh sim, isso será divertido, Fancy.

Estava encharcada de tão excitada. Senti que escorria


pelas minhas coxas. Precisava que ele me tocasse. Que me
fizesse gozar, Duke me fazia trabalhar, contorcer, ofegar e
sentir desespero.

— Pare de me provocar, porra. — Eu disse.

Ele moveu um dedo contra meu clitóris.

— Quer gozar, não é?


— Sim. — Sussurrei.

— Quanto? — Ele pressionou a ponta do dedo contra


meu clitóris num toque leve e provocador.

Empurrei contra seu dedo.

— Muito.

O dedo de Duke circulava devagar, tocando suavemente.


O contato me fez contorcer, empurrando meus quadris para
frente em uma tentativa de conseguir mais, mas facilmente
contrariava meus esforços, continuando a me provocar.

—Eu não sei se acredito em você, Fancy.

Seu peito estava duro contra as minhas costas, seu pau


um tronco grosso e semiereto entre nós. Inclinei minha cabeça
contra seu ombro, lutando contra a camisa amarrada em meus
pulsos. Tentei novamente me empurrar contra a ponta do dedo
dele.

— Por favor, Duke. — Sussurrei.

— Eu gosto disso. — Ele rosnou em resposta. — Ouví-la


implorar.

Bufei irritada.

— Oh sim? Excita me ouvir implorar, hein? Isso lhe dá


poder? Tudo bem, eu imploro.

Eu girei para longe dele, fiquei de frente, as mãos presas


às costas, nua, exceto o laço do sutiã. Senti que meus olhos
brilhavam enquanto eu falava, colocando a mentira em minha
súplica.
— Por favor, Duke. Por favor. — Disse, minha voz
monótona, desimpedida. — Estou implorando, faça-me gozar.
Estou desesperada. Oh, por favor.

Sua boca curvou-se em um sorriso divertido.

— Você é uma pequena atrevida, não é?

— Que porra isso quer dizer?

Ele piscou lentamente com uma promessa erótica em


seus olhos, aquele sorriso selvagem e divertido nos lábios.

— Significa que não está implorando. — Ele me segurou


pela cintura, ergueu-me sem esforço, minhas pernas se
curvaram instintivamente em seu corpo, agora eu sentia seu
pau cutucando minha entrada, ainda não muito duro, mas
chegando lá. O suficiente para provocar.

— Não? — Estava totalmente vulnerável, as mãos


amarradas nas minhas costas. Apenas tinha as pernas para
me agarrar a ele e com toda a honestidade, gostava da forma
como me segurava, do jeito que suas mãos apertavam minha
bunda, mantendo-me para cima sem um tremor pelo esforço.
— Então, o que foi?

Ele não me respondeu. Novamente. Em vez disso, girou e


saiu da sala, levando-me para cozinha. Colocou-me no balcão
ao lado da geladeira, em seguida, puxou-me para a beirada.
Então... apenas ficou ali, olhando para mim.

Duke deveria ficar mudo, meio nu como estava, usando


uma camiseta apertada, suas armas ainda no lugar naquele
duplo coldre de ombro e botas de combate, mas sem calça.
Assim, como de verdade, ele deveria parecer estúpido e bobo,
mas não. Era um tesão. Seu pau estava quase ereto agora e
suas coxas eram grossas, musculosas e salpicadas de pelos
avermelhados, sua camiseta era apertada contra seu peito
mostrando o abdômen e apenas... maldição. Tão sexy. Nunca
realmente admirei as pernas de um homem antes. Quando
olho para um homem, realmente não vejo suas pernas. Olho
para o peito, os braços, o abdômen..., seu pau. Mas suas
pernas? Não. Duke, porém, quase nu como estava, não pude
deixar de admirar suas pernas, quão fortes elas eram, quão
lindamente masculinas e musculosas eram.

Ele não parecia estúpido. Aparentava como se eu


quisesse que ele colocasse aquele pau grande e grosso dentro
de mim, é como parecia.

O que me irritou. Não queria desejá-lo, conforme disse


antes. Querê-lo tanto assim me frustrava, estava irritada e
enojada comigo mesma por ser tão estúpida, por ser tão
impotente para lutar contra os desejos da minha boceta. Você
tem alguma ideia de como é chato irritar-se consigo mesma?
Não, provavelmente não. Mas lá estava eu, sentada
completamente nua em um balcão, pernas abertas, boceta
latejando, um pulsar ininterrupto de necessidade, meu corpo
dizendo foda-me, lamba e toque. Querendo-o. Olhando para
seu enorme pau, agora totalmente ereto, após poucos minutos
de gozar na minha boca. Eu nem o toquei, isso era a parte
chocante. Ele era realmente tão viril? Realmente estava atraído
por mim? Ambos? Esperava por ambos. Seria minha sorte que
fosse apenas viril e não tivesse nada a ver comigo, o que seria
um golpe para o meu ego... que não era tão revestido de ferro
como a maioria das pessoas assumiam. Muito menos, sendo
honesta.

E ele apenas olhava para mim.

— Pensei que me daria um orgasmo. — Disse.

Ele acariciou seu pau com o punho.

— Oh, eu vou.

— Quando? Porque parece que você está enrolando,


talvez esperando que eu apenas o deixe me foder, em vez de
cobrar sua parte do nosso acordo.

— Estou esperando você implorar, Fancy. — Ele falou


isso com um olhar malicioso, sua mão movendo-se lentamente
para cima e para baixo no seu pau impressionante.

— Você concordou, Duke. Eu o chupo e você me chupa.


Esse era o acordo. Por que imploraria por algo que está
acordado? Especialmente quando você mesmo disse que
sempre cumpre suas promessas?

Ele se aproximou, o punho movendo sobre seu pau.

— Porque é mais divertido quando você implora.

— Mais divertido para quem? — Sussurrei, odiando-me


por perder a voz com a sua proximidade.

— Nós dois.

— Você já se divertiu. — Eu disse. — Engoli sua diversão


há cerca de dois minutos.

Ele ficou entre minhas coxas, segurando seu pau na raiz


e provocou os lábios da minha boceta com a cabeça do pau. E
maldição... senti-me muito bem quando ele fez isso.

— Bebê. — Ele disse. — Não acho que você entende como


isso vai funcionar.

Ele empurrou em minha boceta, abrindo os lábios


milímetros a milímetro, penetrando-me em movimentos
doloridos e deliciosos.

— Oh, porra. — Sussurrei, o palavrão saindo de mim com


a gloriosa sensação dele dentro. — O que eu não entendo?

— Eu. — Ele empurrou até o final, levando trinta


segundos para me penetrar completamente. — Como eu
trabalho. O que e como faço isso.

— Oh, Deus. — Outra maldição ofegante saiu da minha


boca, além de meu controle quando se afastou. — Obviamente
não. Você deveria... oh, Jesus. Talvez, devesse me explicar.

— Eu sou bom em muitas coisas. — Disse ele, começando


lento, profundo, rítmico, empurrando. — Mas há duas coisas
que eu sou um mestre.

— E isso seria o quê? — Eu até consegui parecer


sarcástica.

— Lutando. — Ele murmurou, empurrando em mim


lentamente. — E fodendo. — disse isso enquanto saía.

— Entendo.

Suas mãos, até o momento, estavam apoiadas no balcão


de cada lado. Agora, movia-as pelo meu corpo e em concha nos
meus seios. Com seu pau dentro de mim, sua voz profunda e
poderosa ressoando no meu ouvido, cada parte minha estava
hipersensível, então a carícia de suas palmas ásperas sobre
meus seios me deixou trêmula e ofegante.

Os suspiros se transformaram em um grito súbito e


surpreso quando se afastou no mesmo ritmo lento e então, sem
aviso, bateu em mim duro e rápido. Estava saltando para trás
no balcão, meus seios balançando enquanto ele penetrava
minha boceta o suficiente para me levantar do balcão.

— Eu não acho que você entende. — Disse ele. — Aposto


que acha que estou fodendo-a agora.

Seu pau entrou, saiu, entrou e com cada impulso eu caía


cada vez mais perto do orgasmo, cada impulso de seu pau me
empurrando cada vez mais alto.

Não havia dúvida de quão perto estava do orgasmo. Quer


dizer, não seria difícil, eu não sou uma mulher difícil de ler a
esse respeito. Fico toda corada, minhas bochechas vermelhas,
minha pele explode em suor, minha boceta aperta e perco toda
a capacidade de não fazer estúpidos sons de estrela pornô:
ohhhh, oh sim, foda, sim, oh meu deus, oh Deus me foda mais
forte, porcaria erótica ofegante assim. Além disso, sou um
lamento. Não costumo gritar, mas solto muitos gemidos
ofegantes e choramingos. O engraçado é que, fora as dezenas
de homens que fodi, apenas três me fizeram gozar durante a
penetração e acho que todos os três casos foram casos de
sorte.

Este?

Este era intencional. Duke sabia exatamente que estava


fazendo. Cada impulso foi projetado para levar-me mais perto
do orgasmo. Ele mudava de ângulo, força, velocidade,
profundidade, então nunca sabia o que receberia, como
entraria em mim e não saber estava me deixando louca, da
melhor maneira possível. E então havia suas mãos apertando
os meus seios e seus dedos beliscando meus mamilos, sua
respiração soprando quente no meu pescoço, sua cintura
empurrando contra minhas coxas.

Eu tinha meus olhos fechados enquanto me fodia até ao


orgasmo, mas agora, agora precisava abrir os olhos. Precisava
ver seu pau entrando em mim. Minha boceta estava tão
esticada e seu pau era tão grande, desaparecendo em mim e
saindo. Parecia impossível tomar tudo, mas tomei. E era
insuportavelmente excitante ver seu pau penetrar em minha
boceta, observando suas expressões no rosto enquanto me
fodia.

— Você está... oh, deus... você não está me fodendo? —


Eu perguntei.

Seu sorriso era selvagem.

— Nem mesmo perto. Apenas estou preparando-a.

— Parece que está me fodendo e sinto que está me


fodendo.

— Isso não é foder, Fancy.

— Então, o que é?

— Eu já disse. Estou preparando você.

— Preparando? — Ofeguei quando ele empurrou três


vezes numa rápida sucessão, golpes curtos, estocadas
acentuadas para levar-me ao tremor do clímax. — Preparando
para quê?

Ele se inclinou mais perto, seu rosto a centímetros do


meu, seus olhos ardentes, ferozes e selvagens, arrogância e
luxúria guerreavam em seu olhar.

—Para isso.

A boca de Duke bateu contra a minha com uma força


súbita e contundente, sua língua entrando em minha boca em
um feroz domínio. Não tive chance de resistir ao beijo. Tudo o
que pude fazer foi sucumbir, ceder e ser beijada sem sentido.
Seus dedos encontraram o elástico que segurava meu cabelo
no lugar e o puxou, deixando-o livre, então caía solto ao redor
dos ombros em uma cascata loira. No momento em que meu
cabelo ficou livre, envolveu-o ao redor de seu punho para
controlar minha cabeça e com as mãos amarradas atrás das
costas e seu pau estocando em mim, fiquei... totalmente
impotente. Deveria odiar. Deveria ficar furiosa ou apavorada.
Em vez disso, o desamparo, a fúria e o domínio de seu beijo...
levou-me ao limite.

Terminei o beijo para inclinar a cabeça para trás e gritar


em uma ingestão ofegante de respiração, o clímax começando
lento e profundo.

Ele saiu de mim quando comecei a gozar, deixando-me


dolorida, enlouquecida e desesperada.

— NÃO! Duke, não! Por favor, por favor, Deus, por favor,
continue, foda-me, porra!
Não havia sarcasmo naquele momento, nenhuma
atitude, apenas desespero cru, verdadeira mendicância.

O clímax perdeu sua vantagem quando perdi a plenitude


da extensão e a estimulação de seu pau dentro de mim.

Duke ficou de joelhos entre minhas coxas, sorrindo para


mim.

— Implore mais, Fancy. — Ele tocou sua língua no meu


clitóris e uma energia acalorada explodiu através de mim.

— Porra, caralho, Duke, por favor. — Encontrei seu olhar,


deixando-o ver como verdadeiramente eu implorava. — Dê-me
isso, Duke. Eu... preciso gozar. Por favor, por favor.

Enquanto eu sussurrava o último apelo, ele enterrou o


rosto entre minhas coxas e levou a língua para dentro da
minha boceta e arrastou-a até meu clitóris, arqueei as costas e
ofeguei.

— Assim? — Ele respirou.

— Sim, exceto calar a boca e continuar.

Ele riu, mas voltou e desta vez colocou três dedos na


minha fenda quando se agarrou ao meu clitóris. Dois
movimentos rápidos de seus dedos, um forte chupão em meu
clitóris e eu gozei. Meus pés plantados em seus ombros, minha
cabeça e pescoço apoiados contra o armário atrás de mim,
minhas coxas desmoronando, minha cabeça inclinando mais,
uma série de gritos explodiram de mim enquanto ele
trabalhava o meu orgasmo em um frenesi. Seus dedos
entravam e saíam do meu canal, sua língua chicoteava meu
clitóris em um ataque furioso de movimentos lado a lado,
transformando meus gritos em suspiros ofegantes. Então,
mudou de tática, retardando os movimentos, levantando-os
dentro de mim, procurando algum ponto atrás do meu clitóris
dentro de minha boceta e sua boca chupando o clitóris, a
língua movendo-se em círculos lentos.

A mudança abrupta de ritmo e tática deveria ter


arruinado o orgasmo, mas de alguma forma não, em vez disso
me fez gozar mais forte. Estava lutando contra a camisa
prendendo meus pulsos, batendo contra ele, os quadris
bombeando, guinchando e ofegando enquanto Duke comia
minha boceta com tal habilidade que não conseguia parar de
gozar, apenas continuava sentindo orgasmo após orgasmo
arrancado de mim.

— Solte-me. — Sussurrei assim que fui capaz de falar. —


Por favor. Deixe-me tocá-lo.

— Bem, se você pode falar, não está gozando forte o


suficiente.

Ele se levantou, levantou-me do balcão com um braço sob


meus joelhos e o outro ao redor dos meus ombros. Meia dúzia
de passos e nós estávamos no sofá. Estava inclinada para trás,
seu rosto sobre o meu, seus lábios brilhando com minha
essência. Colocou-me para baixo e então ficou na minha
frente, seu pau ereto e ainda molhado de estar dentro de mim.

— Lamba-me. — Ele ordenou. — Prove o gosto de sua


boceta no meu pau.

E a puta desesperada que eu era, obedeceu. Eu me


inclinei para frente, as mãos ainda presas atrás de mim e lambi
o lado de seu pau, provando o sabor da minha boceta,
misturado com o sal de sua pele.

— Você quer que a solte? — Ele perguntou.

— Sim.

Meu orgasmo estava diminuindo agora, embora os


tremores continuassem.

— Deite-se no sofá.

Eu me movi para deitar como instruído, a cabeça num


braço, pés no outro. Ele colocou uma de suas pernas entre
mim e as costas do sofá, mas manteve a outra no chão, então
se inclinou, puxou minha perna de lado e lambeu minha
boceta uma vez, lentamente. Seu pau estava sobre meu rosto,
duro, pegajoso da minha boceta, implorando por mim.

— Chupe meu pau, Temple. — Outro comando.

E mais uma vez, fiz o que ele me disse. Queria, no


entanto. Essa era a única razão. Eu não sou do tipo que se
deixa ser mandada por qualquer pessoa. Saí com muitos
produtores executivos que pensavam que poderiam me dar
ordens. Um homem acha que pode me dizer o que fazer? De
jeito nenhum. Mas Duke... não tinha controle sobre as minhas
reações. Ele me mandou chupar seu pau, e assim ....

Levantei-me e peguei seu pau com a minha boca, levei-o


até a minha garganta, então me afastei, inclinando-me para
longe de seu corpo para que pudesse levar a minha boca até
seu pau da ponta à raiz. Sua boca estava na minha boceta, sua
língua se movendo, seus lábios beijando-a, como se ele
estivesse apreciando. Lento, completo. Empurrando-me para
outro orgasmo, fazendo-me contorcer e desta vez os zumbidos,
e gemidos, suspiros foram abafados pelo espesso gosto
almiscarado e salgado do seu pau na minha boca, cutucando a
parte de trás da minha garganta quando levantei meu rosto em
direção a seu corpo, levando-o cada vez mais profundo.

Qualquer magia que ele tivesse sobre meu corpo


funcionou novamente, levando-me ao orgasmo após alguns
minutos, fazendo-me estremecer e contorcer, lutando para
liberar minhas mãos, gozando e chupando seu pau ao mesmo
tempo. Estava perdida na experiência, totalmente
comprometida. Sem me segurar. Senti seu pau passar por
minha garganta enquanto me erguia, gemendo ao redor dele
enquanto estremecia, contorcia-me e gozava, então, precisei
abrir a garganta enquanto ele ia mais fundo, respirando pelo
nariz. Muito, muito e então ele foi saindo da minha boca como
se sentisse o que eu precisava antes que tivesse a chance de
fazer um som.

Senti sua mão sob mim, movendo-se, puxando a camisa e


então meus pulsos estavam livres e ele estava jogando a
camisa pela sala. Instantaneamente, minhas mãos foram para
seu pau, acariciando, sentindo minha própria saliva lisa em
seu eixo, ainda gemendo enquanto onda após onda do meu
segundo clímax me percorria, deixando-me impotente para
fazer qualquer coisa, exceto segurar sua ereção, gritar, ofegar e
gozar.

Ele devorou-me, lambendo e chupando cada pedacinho


do orgasmo, até que estava perdida e ofegante.

E então ele se levantou.

— São dois orgasmos em dez minutos, princesa.

Ainda estava ofegante, estremecendo, as coxas tremendo.

— O quê?

— Nosso acordo?

Meu cérebro não estava funcionando ainda.

— Acordo?

Ele se inclinou sobre mim e senti o cheiro da minha


boceta em seu hálito. Não me importei – minha boceta cheirava
muito bem e posso dizer que mais cedo quando ele me beijou,
senti meu gosto em sua boca, o que também não foi
desagradável.

— Você me chupa, eu te chupo. Você goza mais de uma


vez, eu decido o que faremos em seguida.

— Oh. — Olhei para ele. — Então... o que faremos a


seguir?

Eu não tinha certeza do que esperar. Anal? Outro


boquete? Eu nem sabia o que queria.

— Levante-se. — Sua voz era baixa e calma, mas ainda


um comando muito claro.

Um que, mais uma vez, não recusei. Então, eu me


levantei e Duke tomou meu lugar no sofá.

— Foda-me. — Ordenou. — Monte-me até que ambos


tenhamos um orgasmo.
— Preservativo?

Ele arqueou uma sobrancelha e estendeu a mão para


mim, puxou-me para mais perto. — Eu estive nu dentro de
você.

— Isso foi um erro. — Eu disse, resistindo a sua atração,


tanto literal quanto metafórica.

Ele balançou sua cabeça.

— Fancy, você acha que eu teria feito isso se não estivesse


limpo?

— Como você sabe que estou limpa e protegida?

— Não sei.

Balancei a cabeça.

— Então, você é um idiota.

— Um idiota muito, muito cuidadoso. — Disse ele. —


Você é a única mulher com quem fiz algo assim. Estou sempre
protegido e limpo. Mas você... você me deixa louco. Isso tudo é
louco.

— Também estou sempre limpa, mas...

— Meu chefe nos faz fazer todos os testes, DST e outros,


regularmente, já que estamos muito no exterior. Tenho anos de
relatórios limpos que posso lhe mostrar.

— Eu acredito em você. — Eu disse. — Mas ainda...


preservativo?

— Diga-me o porquê. A verdade.

Pisquei por um momento e então senti a verdade


borbulhando para fora de mim.

— Eu não quero lidar com a bagunça.

— E?

Suspirei.

—E... ter você nu dentro de mim, é muito bom.

— E daí? — Hesitei e ele estendeu a mão, agarrou-me pela


cintura e me puxou para mais perto. — Diga-me porque isso
importa.

— Eu não quero gostar de você. E que isso seja tão bom.


Essa coisa toda, é ... é loucura. — Resisti aos esforços para me
aproximar mais. — Sim, faço sexo casual, mas geralmente
estou embriagada o suficiente para não me importar. Eu não
faço... isso, sóbria. Eu não... tudo o que fizemos, é uma
loucura e não sou eu. Você está quebrando todas minhas
regras e deixá-lo me foder nu... isso é ir muito longe.

Ele me olhou por um longo momento. Estava de pé entre


suas coxas, seu pau sobre seu abdômen, minhas mãos sobre
seus joelhos. Estava a segundos de trair-me, de dizer ―azar‖ e
subir sobre ele, mover-me naquele pau fantástico e talentoso
dentro de mim e foder até que os dois gozarem.

Eu mesmo tive imagens dessa dança na minha cabeça, as


mãos sobre meus quadris me levantando, abaixando-me sobre
ele, seu pau nu em meu núcleo, meus seios saltando, o cabelo
voando.

Ele balançou a cabeça, rompendo minha fantasia mental.

— Eu respeito isso. — Ele se levantou e passou por mim.


— Então nós esperaremos.

Pisquei surpresa.

— Espere... o que? — Eu me virei e o vi desaparecer na


sala de armas e voltar com sua bermuda na mão. — Isso é uma
quebra de confiança para você? Você é de verdade?

Ele vestiu a bermuda, sua ereção massiva dificultando


que fechasse e abotoasse.

— Não, não é uma quebra, apenas não tenho


preservativos aqui.

Eu fiz uma careta.

— Você..., você não?

Ele balançou sua cabeça.

— Não. Este é um esconderijo, casa segura. Nunca trouxe


ninguém aqui. Nem mesmo o meu chefe sabe que este lugar
existe. — Seu olhar encontrou o meu. — Então, nada de
preservativos, nada de sexo. Eu entendo e respeito isso.

— Mas eu...

Duke virou-se para ficar na minha frente.

— A menos que você mude de ideia.

Hesitei e depois mentalmente me amaldiçoei por ser


estúpida.

— Não. — Esforcei-me para responder. — Não, não


mudarei de ideia.

— Então, vamos esperar. — Ele segurou minha nuca e me


puxou para perto, ainda estava duro como uma rocha dentro
da bermuda. — Quando finalmente fodermos... será intenso,
extravagante. É melhor você acreditar nisso.

— Isso não é desconfortável? — Olhei para sua ereção,


apertada em sua bermuda.

— Sim. Mas desaparecerá em algum momento. — Ele


apertou-se contra mim. — A menos que você esteja se
oferecendo para me ajudar?

Não deveria. Eu me empolgaria. Mas sabia o que era


sentir-se frustrada, sentir-se excitado e não se aliviar.

Sua ereção parecia dolorosa.

E ele tinha me dado não um, mas dois orgasmos


seguidos, o que era mais do que qualquer homem me deu em...
bem ... nunca.

— Você não está dizendo não. — Ele parecia confuso.


—Significa que está pensando.

— Poderia me impedir?

Ele bufou.

— De jeito nenhum. Princesa, se você quiser me ajudar


com este tesão monstruoso, porra, com certeza não a
impedirei. Não pedirei, mas também não direi que não.

— Isso seria justo. Você me fez gozar duas vezes.

Ele riu.

— Bebê, não há nada de justo nesta vida. Eu não dou a


mínima para a justiça. — Ele perdeu todos os vestígios de
humor então. — Eu não controlo e não faço coisas para ser
justo ou igual. Nós conseguimos alguns preservativos, Fancy, e
planejo transar com você até ficar em estupor. Estou pensando
em fazê-la gozar tantas vezes que perderá a conta e não espero
que faça merda nenhuma em troca. Isso não é sobre o que é o
sexo em causa. Não se trata de coisas sendo justas ou quem
goza primeiro, mais ou mais forte. É sobre fazer o outro se
sentir bem. É assim que funciona para mim. Portanto, não faça
com que isso seja justo ou algo assim.

— Eu apenas...

— Seja honesta com você mesma sobre o porquê de


querer me ajudar.

Por que eu faria isso?

Porque ele me deixa excitada, apenas por isso. Porque


seu pau é uma beleza e não posso ter o suficiente. Eu o tive na
minha boca, em minhas mãos, até mesmo na minha boceta
por um tempo muito curto. E queria mais. Não me importava
se era justo. Não queria ajudá-lo com sua ereção, porque
realmente me importava com ele desconfortável, embora
parecesse doloroso estar tão duro. Também sabia que passaria
depois de um tempo... ele mesmo disse isso. Não. A razão pela
qual queria ajudá-lo era por mim. Seria para mim. Porque
queria isso. Porque o queria − porra, sua idiota estúpida.

Eu gemi e então enganchei meu dedo no cós de sua


bermuda e o levei para o banheiro. Eu o empurrei na minha
frente.

— Sente-se. — Disse.

Ele arqueou uma sobrancelha para mim.


— Oooh, ficando mandona. Eu gosto. — Ele se sentou na
tampa fechada do vaso sanitário. — Agora, o quê, Srta.
Temple?

Eu olhei para ele.

— Agora você cala a boca. — Estendi a mão para ele, abri


sua bermuda, seu pau saltou livre. — Sem falar, sem
movimentos, sem tocar. Basta sentar aí e olhar.

— Sim, senhora. — Seu sorriso estava ansioso, arrogante


e disposto.
Sangue em suas
mãos
Bem, porra, esta mulher era insaciável.

Como... porra, era tão complicada, linda, insaciável,


difícil, uma bunda selvagem.

Mas não, não era apenas um pedaço de bunda − não seja


um idiota, Duke: ela é muito mais. Tem classe, mas também é
aberta sobre o fato de gostar de sexo e fazer muito dele. Gosto
disso. Sou muito julgado por me autoproclamar um prostituto,
até mesmo por alguns dos rapazes da equipe − exceto Thresh −
que às vezes me lança um olhar de lado quando me vê pegar
uma garota diferente todas as noites da semana e às vezes
mais do que uma em uma noite. Temple faria isso. Ela não me
julgaria, assim como não a julgo.

Mas ela é muito difícil. Da mesma forma que quero


supor que é apenas mais uma garota celebridade, rica,
mimada, com mais aparência e dinheiro do que bom senso ou
personalidade, também quero assumir que ela está para
qualquer coisa, que podemos apenas foder e acabou, como
estamos acostumados. Mas é óbvio que ambas as suposições
estariam erradas. O boquete que me deu mais cedo foi, como
disse a ela, o mais gostoso que já recebi, mas apenas porque
não tinha prática e foi um pouco desajeitado. Temple não tinha
certeza do que fazia, obviamente não o fez muito, como
admitiu. Mas cuidou do meu pau com uma ânsia e até mesmo
uma afeição que não esperava e não sabia como
lidar. Ela apreciou. Não porque estivesse tão delirante para
pensar que tinha algum tipo de ímpeto sexual estranho, mas
porque gostava de fazê-lo, por razões que não podia entender.
Foi... excitante. Tudo que fez foi sexy para cacete e me deixou
louco. Simplesmente não entendo. Por que ela faz o que faz,
por que diz as coisas que diz. Não consigo resistir a isso. Tudo
o que estamos fazendo é merda. Nenhum de nós esperava nada
mais do que sexo casual, o bom e velho sexo sem amarras.

Mas então ela fez coisas que não esperava, olhou para
mim de maneira que não conseguia entender e me jogou num
laço, assim fiquei tentado a descobrir o que estava
acontecendo naquela sua linda cabeça.

Ela manteve sua regra de não ter sexo se eu não usasse


um preservativo, o que totalmente respeito. O fato de que
estava prestes a fodê-la sem um, honestamente me assustou,
porque essa é uma regra dura e rápida que nunca quebrei,
nunca, não importa o que, não importa quem. E nem parei
para pensar nisso. Não conheço essa mulher. Nada. Acabamos
de nos conhecer. No entanto, coloquei meu pau nu em sua
boceta e nem sequer parei para pensar. Mais estranho ainda
foi que nem ela também e tenho a impressão de que é tão
anormal para ela como é para mim. Honestamente precisei sair
e mudar de tática, porque estava prestes a gozar dentro dela
com apenas alguns impulsos mais, o que seria incrivelmente
rápido para mim. Temple apenas... faz algo comigo. Nu, pele a
pele... Deus, foi incrível. Muito bom, bom, bom demais. Tão
bom que precisava de mais, mas fiquei um pouco cauteloso em
fazer isso novamente, por medo de me envergonhar de uma
forma que não o fazia desde a primeira vez que uma garota
colocou as mãos dentro da minha calça. Mas Temple, a forma
como a senti, a forma como ela me tocou... deixou-me louco. E
não conseguia entender.

Como agora, depois de nos negar o sexo que estávamos


construindo, em vez de pegar o que eu estava oferecendo, sem
pressão, imaginando que foderíamos mais duro depois, ela me
empurrou para o banheiro. Ordenou-me sentar e agora parecia
estar arrumando coragem para fazer alguma coisa. Talvez,
descobrir o que ela quer. Eu não sei. Não consigo ler a mulher.
Não sei o que está planejando.

Gostava disso. Deixava-me nervoso, mas gostava.

Ela estendeu a mão, envolveu aqueles dedos finos,


pequenos e pálidos ao redor do meu pau e acariciou-me, de
cima para baixo. No começo, isso foi tudo o que fez e estava
bem com isso. Mais do que bem. Mas se pudesse aguentar
indefinidamente, ficaria contente em sentar ali e apenas
deixá-la me tocar assim, apenas observar a mão se mover para
cima e para baixo, ver seu polegar acariciar a cabeça. Era
incrível o quão boa era apenas a mão. Recostei-me contra a
parede do banheiro, colocando minhas mãos atrás da cabeça e
observando.
E ela apenas me acariciava. Com uma das mãos, depois a
outra. Passado algum tempo, ambas as mãos, da forma que
gostei mais.

— Maldição, Temple. — Eu rosnei.

Ela me disse para calar a boca e ficar quieto, mas às vezes


isso era simplesmente impossível. Como naquele momento,
não havia maneira de ficar quieto, de jeito nenhum eu calaria a
boca.

Estava no limite, chegando ao clímax e me segurando tão


forte quanto poderia. Meus olhos se abriram para poder ver o
que ela faria quando eu gozasse.

— Não me avise. — Disse ela.

Eu fiz meu melhor para ficar quieto e apenas observei


enquanto usava apenas uma das mãos, movendo-a de cima
abaixo em meu pau, indo rápido agora e obviamente
reconhecendo como eu estava perto de gozar. Manteve os
movimentos, olhando fixamente para o meu pau com fascínio.

Então ela olhou para mim, como se avaliasse a minha


reação.

Em segundos antes que eu estivesse prestes a gozar, ela


se inclinou sobre mim. Seu cabelo ondulado sobre meu
abdômen escondendo seu rosto, então estendi a mão e puxei o
cabelo para o lado, retirando-o para que pudesse ver meu pau
penetrar em seus lábios, observar a forma como seus olhos se
fechavam.

— Jesus. — Gemi.
Ela manteve a mão ao meu redor e continuou
acariciando, indo mais rápido do que nunca e estava
flexionando meus quadris, grunhindo, xingando sob meu
fôlego com o esforço para segurar, não foder sua boca como
queria tanto. Deus, sua boca estava molhada e quente,
sentia-se como um êxtase do caralho enquanto a movia para
baixo e para cima, sua mão me puxando forte e rápido.

Não me avise, ela disse, então apertei os dentes e flexionei


forte, uma mão em seu cabelo, a outra atrás da minha cabeça.

Ela chupou forte, o punho se movendo em um borrão.


Sua língua girou ao redor do meu pau, lambendo o pré-gozo
quando saiu e continuou chupando e empurrando, até que
estava completamente arqueado fora do assento, gemendo,
ambos os punhos enterrados em seu longo cabelo loiro,
segurando trêmulo com toda a minha força e tentando
desesperadamente não a esmagar contra mim.

E no exato momento que gozei tão forte que fiquei tonto e


sem fôlego, a boca de Temple ainda no meu pau latejante, os
globos macios de seus seios contra minhas coxas... uma forma
masculina alta apareceu no corredor, segurando uma 9mm
suprimida. Ele parou quando chegou à porta aberta do
banheiro, a pistola se movendo.

Temple, de cabeça baixa e olhos fechados, estava


totalmente concentrada em me dar o momento mais erótico de
toda a minha puta vida, não o viu. Reagi instantaneamente,
instintos e treinamento chutaram mais rápido do que pensava.
A arma saiu do meu coldre mais rápido do que antes.
É engraçado como o tempo desacelera nesses momentos
− eu tive tempo, de alguma forma, entre pegar minha Beretta e
apertar o gatilho e um pensamento piscar através da minha
cabeça: por favor, não me morda, Jesus porra, Temple, por
favor, não me morda...

Apertei o gatilho duas vezes, apontando para peito, as


balas chegando uma após a outra tão rápido que soou como
um relatório à máquina de escrever.

Temple gritou e caiu para trás, as mãos sobre as orelhas e


graças a merda, ela não me mordeu no susto.

Meus tiros acertaram o peito do homem, dois círculos


vermelhos se espalhando, bem sobre seu coração. O silêncio foi
súbito e ensurdecedor. Talvez fosse o zumbido nos meus
ouvidos de dois tiros em um banheiro minúsculo, com
azulejos, que me deixou momentaneamente surdo.

E então a voz de Temple, suave, temerosa.

— Um, Duke? O que... que porra?

Pisquei e olhei para ela. Estava sentada nua no chão do


banheiro, encolhida no canto onde a banheira se encontrava a
parede. Ela tinha um fio de esperma escorrendo ao lado de seu
queixo, prestes a pingar. Guardei a arma e estendi a mão
lentamente, cuidadosamente consciente de que poderia ficar
maluca depois da súbita violência. Ela se encolheu, as
sobrancelhas se erguendo e apertando os dentes, mas não se
afastou. Passei o polegar no canto de sua boca, limpando meu
gozo. Mas uma última gota caiu na parte superior do seu peito.
Nós dois olhamos para baixo e então usei meu dedo indicador
para limpar também, demorando um pouco.

O olhar dela foi para o corpo caído no chão do corredor,


em uma poça de sangue.

— Quem é aquele?

Encolhi os ombros, seguindo seu olhar.

— Não tenho nenhuma ideia. Um dos idiotas de Cain,


assumo. A verdadeira questão é como eles encontraram este
lugar e quantos mais existem.

Pelo menos eu tinha papel higiênico neste banheiro,


desenrolei uma enorme tira e limpei a bagunça do meu
estômago.

— O que faremos? — Perguntou ela, esfregando os


ouvidos em uma tentativa de se livrar do zumbido.

— Saímos daqui, é isso que faremos. — Eu disse,


levantando-me. Melhor, tentei me levantar, minhas pernas
ainda estavam tão fracas e trêmulas que não consegui fazê-lo e
precisei me sentar por um momento. — Bom Deus, Temple,
isso... juro por Deus que não tenho palavras para o quão
incrível foi.

Ela corou.

— Eu não sei o que aconteceu comigo...

— É melhor você não se desculpar. — Eu interrompi.

Ela deu um pequeno sorriso.

— Não estou. Foi gostoso, vê-lo se perder assim. — E


então seu olhar voltou para aquele estúpido homem morto,
que arruinou o momento. — Vou vomitar. — Disse ela, virando
a cabeça para um lado e fazendo um som de vômito.

Fiquei de pé, então me abaixei e a levantei.

— Não olhe para baixo e não pense nisso.

— É fácil para você dizer. — Murmurou ela.

Girei, então ela ficou de costas para o corredor.

— Basta olhar para mim, sim? Pense em coisas felizes.

— Você acabou de atirar em alguém enquanto eu o estava


chupando. Que pensamentos felizes deveria ter? — Ela estava
tremendo e não de uma boa maneira, precisava mantê-la
distraída.

— Pense em como nós fizemos o sessenta e nove. Isso foi


bem gostoso, não foi? — Eu a puxei contra meu corpo,
pressionando seu rosto em meu ombro. — Pense nisso.

Eu a levantei e suas pernas foram ao redor da minha


cintura. Nós dois estávamos nus e eu sabia que não haveria
nenhuma outra coisa acontecendo agora, mas puta merda,
parecia perfeita com as pernas ali. Pisei sobre o morto, olhando
para baixo para ter certeza de que realmente estava morto —
seus olhos estavam fixos no teto, então sim, ele estava.

Fui para a sala de armas onde nossas roupas estavam,


chutei a porta fechada com o pé, em seguida, coloquei Temple
de pé. Ela ainda estava tremendo e estremecendo, respirando
com dificuldade, tentando desesperadamente se acalmar e
fazendo um bom trabalho. Sua saia estava em uma pilha no
chão, então a peguei, girei para que o zíper ficasse atrás dela e
me ajoelhei na frente. Levantei seu calcanhar e a ajudei a
entrar.

— Você não... eu posso...

— Basta vesti-la, Fancy. — Eu a ajudei a colocar seu


outro pé na abertura da saia e então a puxei até a cintura,
fechando-a. Era triste cobrir uma bunda tão linda, mas era
hora de ir. — Apenas respire e pense sobre qualquer coisa que
a distraia.

— Você me distrai. — Disse ela.

— Eu? Como assim? — Levantei-me e puxei o laço de seu


sutiã para baixo sobre seus seios, então alcancei dentro e
puxei os seios inteiramente para o bojo, como a vi fazer antes.

— Você é muito bonito para o seu próprio bem. Mais


precisamente, é muito bonito para o meu bem. — Ela ficou ali e
me deixou vesti-la, o que era um pouco preocupante, mas
ainda estava falando, então isso era bom. — Eu o olho e meu
cérebro fica em branco. Você me toca, chega perto e apenas...
fico louca.

Eu a ajudei a colocar os braços nas mangas de sua blusa,


então fiz um trabalho rápido de abotoá-la. Encontrei seus
sapatos onde ela os chutou em algum ponto, embora não me
lembrasse de quando fez isso.

— Então, pense em mim. — Eu disse, encontrando minha


bermuda e colocando-a, em seguida, movi o cinto através dos
laços. — Pense como me senti quando estive dentro de você.

Seus olhos se fixaram nos meus.


— Isso é uma má ideia.

O ar entre nós ficou pesado e tenso. Segurei seu olhar e


nesses olhos azuis vi muito das mesmas coisas dentro de mim
mesmo − principalmente a incerteza sobre o que porra fazer
com essas emoções estranhamente intensas que parecíamos
compartilhar.

— Você já gostou tanto de algo que se assustou? — Ela


perguntou.

— Eu gosto agora.

— É por isso que eu não deveria pensar sobre nós assim.


— Ela respondeu.

— É por isso que você deve pensar nisso. — Segurei seus


quadris em minhas mãos, puxando-a para perto. — Porque,
querida, isso acontecerá. Você e eu, nada, nada entre nós.

— Eu não posso.

— Por que não?

— Porquê... porque é uma péssima ideia.

— É uma ideia fantástica.

— E é por isso que é estúpido. — Ela disse. — É tão bom


que é ruim, não sei como fazer isso.

— Temple...

— Além disso. — Ela disse, balbuciando. — Quebra a


cada uma das minhas regras.

— Temple...

— E as minhas regras me mantém segura. Colocam


vocês, homens imbecis em seu lugar. Minhas regras fazem
sentido para mim. — Seus olhos foram para baixo, para onde
minha bermuda ainda estava aberta e desceu o zíper, logo
segurou meu pau em uma das mãos. — Não importa o quão
bonito seja seu pau ou quão perfeito, isso não pode acontecer.
Vai romper todas as minhas regras.

— Terá que explicar estas regras para mim, Princesa. —


Eu disse. — Porque não entendo. Mas agora, precisamos ir,
ok? Esses disparos chamaram a atenção, e não precisamos
disso. Então ficará por aqui um segundo sozinha, enquanto eu
me livro do nosso amigo, em seguida, sairemos daqui. Ok?
Apenas... fique aqui.

Ela assentiu com a cabeça e a puxei para perto pela nuca,


em seguida, peguei um punhado de seu cabelo e inclinei sua
cabeça para trás. Nossos lábios estavam milímetros de
distância. Sua respiração era quente, doce e cheirava a minha
porra, que por algum motivo era mais excitante do que deveria
ser. Temple parou de respirar quando coloquei meus lábios
nos dela e honestamente, acho que não estava respirando
também. Normalmente, um beijo não significava nada para
mim, era apenas parte da sedução. As mulheres gostavam de
um beijo gostoso, excitam-nas, deixavam-nas prontas,
colocando-as no clima, sabe o que quero dizer? Mas para mim,
normalmente, um beijo não era nada para ficar todo animado.

Temple Kennedy, literalmente, como todo restante até


agora, provou ser uma mentira. Seus lábios nos meus... porra.
Flutuava, homem. Meu coração batia como se tivesse acabado
de correr cinco quilômetros íngremes em plena marcha. Minha
mão tremia na nuca dela. O calor molhado de sua boca, a
forma como ela se inclinou para o beijo, fundindo-se em mim,
derretendo-se...

Maldição.

Deus, caralho, porra.

Afastar-me desse beijo foi como arrancar a fita adesiva da


minha pele. Eu cambaleei para trás, com os dentes apertados,
um olhar severo no rosto, o peito arfando.

— Você é perigosa, Temple.

Saí da sala tão rápido quanto pude, porque senão a


beijaria novamente e nós não tínhamos tempo para essa
merda, também porque não sabia como lidar com isso.

Levei um segundo para puxar o fecho, fechar o botão e a


fivela, colocar a frente da camiseta por trás da fivela do cinto,
depois me encostei à porta fechada, limpando o rosto com as
duas mãos. Não tinha certeza do que acontecia comigo quando
estava perto de Temple, mas realmente acabava com meu
encanto. Precisava me recompor. Tinha muita coisa para me
preocupar além de ser pego na teia de uma cadela rica
complicada. Ter o meu pau molhado não valia a pena, não
importava a quão perfeita ela fosse.

Sim, eu também não acreditava, mas precisava tentar,


certo?

Soltei meu cabelo do elástico, balancei e o penteei com os


dedos algumas vezes, em seguida, amarrei-o novamente, desta
vez colocando-o em um coque samurai. Harris o chamava de
coque masculino, mas essas porras eram estúpidas. Apenas
um pequeno grupo milenar usava rabo de cavalo com coque, se
você me perguntasse. Um coque samurai era diferente, se
samurai usava um coque, então eu também poderia. Aqueles
homens eram durões. Nem sempre a mitologia dos guerreiros
sagrados e honestos tendiam a fazê-los durões, mas
certamente eram fodões.

Com o cabelo arrumado, bermuda abotoada, pau sob


controle, sentimento drenado e deixe-me dizer − respirando
normal, mãos firmes, coração já não acelerado... sim. Estava
pronto.

Agarrei o homem morto pelos tornozelos, arrastei-o para


o banheiro e o soltei na banheira, pegando a arma. Não havia
nada para cobrir a mancha de sangue no tapete, então ignorei.

Fui para a cozinha, em seguida, até a geladeira. Estava


desligada, desconectada, acorrentada com um cadeado.
Estranho, mas servia a um propósito. O cadeado era
biométrico, como todos os outros bloqueios importantes neste
lugar, eu não poderia colocar um bloqueio elegante na porta da
frente e não havia um porquê de qualquer maneira, porque
mesmo que entrassem, não sairiam com nada valioso.
Coloquei meu polegar no leitor, que brilhou verde e o ferrolho
se abriu. No interior da geladeira, em vez de garrafas e comida,
havia seis sacos de pano preto empilhados em cima uns dos
outros, cada um contendo pilhas de dinheiro.

Sim, eu tinha uma conta bancária, mas apenas mantinha


o suficiente lá para pagar contas e parecer legítimo, para quem
quisesse me investigar. Meu verdadeiro banco era mantido
aqui, nesta geladeira, o que não era normal. A velha escola,
pesada para caralho, isolada com chumbo, aço e indestrutível.
Mesmo se todo este edifício incendiasse, meu esconderijo de
dinheiro sobreviveria.

Retirei um dos sacos, descompactei apenas para apreciar


as pilhas verde e então lacrei novamente. Fechei e tranquei a
geladeira, na esperança de que se este lugar fosse invadido
pelos rapazes de azul, não pensariam em verificar a geladeira
estranha, fora de lugar e muito trancada. Mas essa era uma
fraca esperança, especialmente se dessem uma olhada na
minha coleção de armas.

Naquele momento, houve uma batida na porta.

— Dan? Ouvi... ouvi ... soava como disparos e...

O velho Bruce fazendo o seu trabalho, porra.

Eu abri a porta.

— Minha TV estava muito alta, amigo. Nada com o que se


preocupar.

Ele tentou olhar por mim.

— Tem certeza? Parecia que ...

— Novo sistema de som surround. — Expliquei. — Não


percebi quão alto estava.

Bruce me olhou desconfiado.

— Bem, tudo bem. Mantenha-o baixo, sim? Eu tive


algumas queixas. — Sua expressão conhecedora. — As queixas
mencionaram alguns gritos, também.
Eu pisquei para ele.

— Sim, bem, você sabe como é.

Ele bufou.

— Não muito mais, infelizmente. — Ele sorriu para mim,


então afastou-se. —Mantenha-o mais baixo, Dan.

— Certo. — Eu disse e fechei a porta.

Levei a mochila para o quarto, onde Temple andava de


um lado para o outro, examinando minhas armas.

Pegou o tigre de pelúcia e examinou-o.

—Isso parece estranhamente sentimental para um


homem como você, Duke.

Eu tirei-o dela um pouco bruscamente e empurrei-o


dentro da mochila.

—Era de um irmão adotivo. Bom garoto. — Toquei o botão


do olho. — Leucemia. Não conseguiu.

Temple não comentou, mas notei que ela percebeu que eu


poderia ser mais do que apenas um homem durão no
comando. Ei, eu poderia ter sentimentos reais em mim, em
algum lugar. Esquisito, certo?

Peguei a HK e coloquei na mochila, transferi todos as


munições que tinha nos bolsos, o que clareava
consideravelmente as coisas. Adicionei um par extra de Beretta
e munição extra para elas, merda, poderia muito bem lançar
uma granada ou duas, nunca se sabe quando viria a calhar.

Levantei a mochila, testando o peso e decidi que estava


bom.

Temple estava olhando para mim.

— Um.

Olhei para trás.

— O que?

— Você tem uma mochila com um saco cheio de dinheiro?

Encolhi os ombros.

— Tenho várias. Por quê? Isso é estranho?

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Sim. A maioria das pessoas ... oh, eu não sei ... usam
bancos?

Bufei.

— Fodam-se os bancos. Os bancos são besteiras. Não


confio em nenhuma instituição, muito menos aquelas que
lidam com o dinheiro de outras pessoas para lucrar. Meu
dinheiro é meu e não quero ter que lidar com banqueiros
idiotas para chegar a ele. Além disso, há algo satisfatório sobre
um saco cheio de fundos, sabe o que quero dizer? Além disso,
quem vai me roubar?

Ela balançou a cabeça de lado a lado.

— Entendi. — Um olhar sarcástico surgiu. — Você tem


passaportes falsos também?

— Puta merda! Eu não posso acreditar que quase me


esqueci deles! — Eu deixei cair a mochila e apontei para ela. —
Bem lembrado, Fancy.
Deixei a porta aberta e voltei pelo corredor até banheiro,
levantei a tampa do vaso sanitário e peguei o pacote de
passaportes, selado e impermeável, voltei para o quarto,
sacudindo o excesso de água do pacote antes limpá-lo na
frente da minha bermuda.

Temple tinha três pontas de dedos pressionadas contra


sua testa, olhando para mim com incredulidade.

— Isso era sarcasmo, na verdade.

Eu ri.

— Sim, bem, um passaporte falso de alta qualidade é caro


para caralho, então eu não vou deixá-los aqui para a polícia
encontrar. As armas, meu dinheiro, posso lidar com a perda.
Doerá, mas posso lidar. As minhas falsificações? Claro que
não. Custaram-me várias centenas de dólares e um monte de
favores para consegui-los, são sempre úteis.

Temple apenas suspirou.

— Você é difícil de lidar, Duke.

Apenas pisquei.

— Você acha que este lugar é alguma coisa? Deveria ver


minha plataforma no composto de Harris.

Com isso a levei para fora do quarto, com cuidado para


ter certeza que ela não olhasse para o banheiro no caminho.
Parei na porta do apartamento, olhando pelo olho mágico.
Quando estava razoavelmente certo que estava limpo, abri a
porta e girei escaneando o corredor, a arma roubada na mão.

Vazio, por enquanto.


Fiz um gesto para Temple me seguir para a escada,
colocando um dedo sobre os lábios para ter certeza que ficasse
quieta. Abri a porta para a escada, avançando o suficiente para
espreitar a descida, ouvindo e observando.

Ouvi vozes abaixo, conversando baixo e em uma língua


que não falo, provavelmente ucraniano ou russo. Porra. Olhei
para trás e pedi silêncio novamente, em seguida, coloquei a
boca em seu ouvido para que pudesse sussurrar.

— Fique aqui e abaixada. — Sussurrei o mais


silenciosamente que pude, colocando a mochila em seus pés.
— Não se mova deste ponto até que esteja certa de que estou
me aproximando.

—Bem e se não for você? — Ela perguntou, parecendo


mais do que um pouco em pânico.

Sorri e pisquei.

—Serei eu, querida. Não se preocupe.

Desci a escada, em seguida, em uma tímida inclinação


tática, encostado na parede, olhei a escada abaixo de mim.
Desci para o primeiro andar, então me agachei sobre um
patamar e esperei. As vozes ficaram mais altas à medida que
subiam os degraus, claramente sem pressa e despreocupados.
O que era estúpido, da parte deles.

Olha, se estivesse caçando Duke Silver era melhor ficar


preocupado, filho da puta.

Esperei até o primeiro chegar completamente ao patamar,


o segundo logo atrás dele. Mirei na testa do segundo e disparei
uma rodada. O estalo do silenciador ecoou na escada,
enquanto um spray vermelho jorrava e uma pancada soava
quando caiu para trás. O homem na liderança pôs-se em
movimento, jogando-se de lado quando bateu o abdômen na
escada e a Tec-910 chicoteou para cima.

Subi à direita apenas no tempo da vibração da


semiautomática dele. Meia dúzia de rodadas chocou contra a
parede de alvenaria onde eu estava e mais quatro tentaram me
seguir. Atingi o patamar com força no meu lado direito, rolei e
dei dois tiros rápidos. Apenas um foi o suficiente. A rodada
salpicou o topo de sua cabeça e saiu perto de seu ombro,
fazendo uma confusão na escada.

Mantive a posição por um momento, à espera de um


terceiro idiota. Quando metade de um minuto se passou sem
que ninguém atirasse em mim, agachei-me e avancei em
direção à escada, não tomando nada como garantido. Contei
um homem morto e um segundo cadáver no patamar abaixo
dele e um terceiro no canto.

Porra.

CRACKCRACKCRACK!

Três rodadas passaram por minha cabeça, a última


cortando o lóbulo da orelha, evitando meu pescoço por um triz.
Bati contra a parede de lado, uma arma chicoteando para
cima, estalando duas rodadas com uma das mãos. Novamente,
parecia legal nos filmes quando o herói fazia aquela coisa toda
de tiro com uma das mãos, com o braço estendido, mas na vida

10
É uma pistola semiautomática operada por um sistema de operação para auto carregamento de munição.
real era susceptível a matá-lo, pois provavelmente poderia
errar mesmo sendo tão treinado como eu era. Simplesmente
não tem a estabilidade para mirar com precisão com uma das
mãos. Quer dizer, se é um pistoleiro no Velho Oeste, está
mirando e disparando em movimento, apontando para o
objetivo central, com certeza, tem uma chance decente de
acertar alguém, mas se estiver a dez ou quinze passos de
distância, no máximo. Além disso? Esqueça.

Então, sim, minha bunda estúpida falhou. Mas meus


tiros chegaram perto o suficiente para fazer o homem recuar, o
que me comprou mais alguns segundos. E em um tiroteio,
segundos são tudo que você recebe. Usei esses segundos para
dar um tapa na minha mão esquerda contra a minha da direita
em um aperto de duas mãos agradável, limpo.

SNAPSNAP

A arma roubada balançava nas minhas mãos, o tempo


mais uma vez desacelerando, como acontecia nessas
situações. Vi o atirador na parte inferior da escada, escondido
em um canto, agachado, ambas as mãos sobre a arma em um
aperto profissional, a mira com o objetivo em mim. Eu vi seu
dedo apertar o gatilho uma vez, duas vezes, via as balas se
aproximarem. As minhas estavam apenas um fio à frente dele e
então me movi, ficando contra a parede oposta. Algo quente e
afiado cortou meu bíceps esquerdo, em seguida, uma abelha
zumbia furiosamente passando no meu ouvido, logo meu pé
estava escorregando no sangue na escada e voei,
momentaneamente sem peso.
Bati na escada o suficiente para me tirar o ar, estrelas
dançavam atrás de meus olhos, então estava rolando. Cheguei
ao patamar tonto, desorientado e ofegante, batendo com força
contra um cadáver sangrando, com o terceiro atirador ainda de
pé, agarrando seu intestino, olhando-me de forma trêmula.

Estava de costas e ele estava atrás de mim, não podia


respirar, minha cabeça estava girando e latejando da queda,
mas me levantei e uma rodada foi disparada antes de rolar
duas vezes para um lado, longe do homem morto. Uma bala
atingiu o concreto do patamar a centímetros do meu rosto,
atingindo-me com estilhaços da poeira pulverizada do
concreto, em seguida, um segundo tiro bateu a centímetros da
minha perna e precisei rolar novamente, mas não havia mais
para onde ir a não ser para baixo da escada novamente e o
imbecil ainda não estava morto, apesar de uma bala no
intestino e outra no peito.

— Morra, filho da puta! — Eu rosnei e atirei nele mais


duas vezes antes de me jogar no próximo lance de escada.

Porém eu estava pronto naquele momento, descendo os


pés primeiro apoiado em minhas costas, minha bunda e
ombros pegando o peso do impacto inicial, então virei sobre o
estômago, movendo-me para baixo mais dois passos, minha
pistola apontando para cima.

O assassino que logo estava a ponto de morrer hesitou, o


peito agora manchado de sangue. Filho da puta resistente,
precisava admitir.

— Você primeiro. — Ele disse em um grosso sotaque do


Leste, o braço levantado e apontando para mim.

— Acho que não. — Eu disse e terminei a discussão


através do método experiente de uma bala bem orientada para
o crânio.

O sangue pintou a parede atrás dele, sua cabeça se


inclinou para trás enquanto a bala saía pela nuca. Um som
abaixo de mim me fez rodar para as costas e apontando,
apertando o dedo no gatilho. Até que vi que era Bruce, spray de
pimenta na mão com os olhos arregalados.

Gemi de alívio e abaixei minha arma.

— Nunca lhe foi dito para não se aproximar de um tiroteio


com spray de pimenta, Bruce?

Ele parou, quase soltando a lata.

— O que ... o que está acontecendo no Sam Hill, Dan?

Deixei minha cabeça bater na escada.

— Entrei em problemas, meu homem.

O olhar de Bruce foi para a confusão vermelha na parede


do patamar acima de mim.

— Ouvi um tiroteio, pensei que seria melhor investigar.

Encontrei seu olhar medroso.

— Você não quer nada disso, Bruce. Vá para casa. Diga


que ficou doente e precisou ir embora antes de cagar na cueca.
Porra, diga que ficou bêbado na hora do almoço. Apenas... vá
para casa. Agora. Nunca me viu ou a minha namorada, ok?
Nós nunca estivemos aqui. Você nunca me conheceu, de fato.
— Levantei uma sobrancelha. — É para seu próprio bem,
amigo. Agora vá em frente, vá.

Bruce hesitou, então o olhar dele voltou ao vermelho


escorrendo pela parede.

— Sim. Minha esposa ficou doente. Melhor ir para casa e


cuidar dela.

— Faça isso, Bruce.

Ele se virou e desceu a escada se desviando. Ouvi a porta


no fim da escada ser fechada, então eu finalmente relaxei, mas
apenas por um momento.

Precisava sair dali.

A única coisa que realmente me incomodou, porém, foi


que eles me encontraram aqui. Harris nem sequer sabia sobre
esse lugar e quatro dos mercenários de Cain me encontraram?
Como? Não sou negligente. Eu sei que não fui seguido, porque
estava observando. Então... como porra eles conseguiram me
encontrar? Não foi por sorte, isso é certo.

Não conseguia entender e isso era um problema sério.

Eu me levantei e subi a escada correndo até Temple.

Assim que cheguei à vista, ela se levantou.

— Duke! Ouvi tantos tiros, tinha certeza que você...


merda, está sangrando!

A consciência estava voltando, agora que a adrenalina do


tiroteio estava recuando. Toquei no lóbulo da orelha e percebi
que faltava um pedaço, o sangue pingando no ombro.
— Acho que não poderei usar o brinco que tanto queria,
hein?

Temple olhou para mim.

— Você está fazendo piadas?

Encolhi os ombros.

— É apenas o lóbulo de uma orelha, princesa, quase nem


o sinto. — Isso era uma mentira. Doía como um filho da puta,
mas comparado a um ferimento de bala, era um pequeno
inconveniente.

Verifiquei o pente da pistola e o encontrei vazio. Ele não


usou o mesmo tipo de balas de qualquer das armas de fogo que
eu tinha e o supressor não caberia em qualquer um deles, uma
vez que estava carregando todas as pistolas 9 milímetros e essa
era uma 5,56. O que irritava, mas seja o que for. Guardei a
arma vazia na mochila − já que eu não era do tipo que deixaria
para trás uma arma tão boa, especialmente se tivesse minhas
impressões digitais e foi usada para matar mais de uma
pessoa. Então passei os braços pelas alças da mochila.

Puxei Temple cara a cara comigo.

— Está uma confusão lá embaixo, princesa, então você


vai querer fechar os olhos e me deixar levá-la, ok?

— É assim que será?

— O que você quer dizer?

Ela gesticulou para a escada.

— Pessoas disparando, você sangrando, homens mortos


em todos os lugares ...
Encolhi os ombros e acenei com a cabeça ao mesmo
tempo.

— Sim, provavelmente.

Ela caiu contra mim, sua cabeça no meu peito.

— Sim.

Inclinei seu queixo para cima.

— Vamos, Fancy, onde está sua insolência?

Ela empurrou o queixo para longe e enterrou seu rosto


em meu ombro.

—Ela se foi. — Ela disse. — Eu a perdi. Tchau, tchau.

— Ouça, gatinha, eu a mantive a salvo até agora, certo?


— Empurrei seu queixo quando ela não respondeu. — Sim?

Ela assentiu com a cabeça.

— Sim, mas...

— Bem, continuarei mantendo-a segura. — Eu dei a ela


meu sorriso mais arrogante. — Você está com o Duke Silver,
querida. Nenhum bandido meia-bunda chegará em qualquer
lugar perto de você e isso é uma promessa.

O que eu não estava dizendo era que esses homens não


eram meia-bunda, nem tampouco bandidos comuns. Tiveram
treinamento, treinamento decente para isso, apenas me
subestimaram e consegui acertá-los. Esse último idiota enviou
algumas rodadas do meu jeito, que quase tinha o meu nome
nelas.

Temple franziu a testa para mim, mas era uma careta


divertida, que não fazia qualquer sentido, mas lá estava ela.

— Você realmente acha muito de si mesmo, não é?

— Quando você passa a merda que eu passei, não muito


me perturba. Alguns bandidos tentando me matar? Duh.

— O que o perturba? — Perguntou ela.

Pensei por um momento.

— Eu e minha unidade, na época em que estava com


Delta Force, fomos encurralados, cercados, superados em
número e estávamos sem munição. Então os malucos
tentaram chocar um maldito helicóptero no local onde
estávamos presos. Bem, não tentaram, fizeram. Apenas nosso
Tenente viu isso acontecer, então tivemos que fazer uma
pausa. — Hesitei, percebendo que ela provavelmente não iria
querer ouvir o resto da história. — Não foi divertido. Quando o
helicóptero em que me encontrava foi derrubado sobre o
território inimigo e eu e outros quatro homens tivemos que
lutar para sair. Isso também me perturbou.

Temple olhou para mim.

— Isso realmente aconteceu com você?

Encolhi os ombros.

— Bem, sim. Por quê?

— E sobreviveu a tudo?

Eu ri.

— Claramente, desde que estou aqui de pé parecendo


todo sexy e cheio de merda. — Bati em seu nariz. — Bebê,
cresci nas ruas correndo em bandos. A primeira vez que vi um
homem levar um tiro não nem tinha idade suficiente para me
masturbar. Ir para o Exército significava apenas eu ter três
refeições por dia e ser pago para fazer a merda surpreendente,
em vez de arriscar a ir para a prisão por apenas tentar
sobreviver.

Sua expressão estava calma.

— Você era sem-teto?

Senti minhas paredes querendo rachar, minha expressão


tensa, minha tendência natural querendo dizer para se foder
com suas perguntas e simpatia.

— Algo assim. — Essa era a única resposta que ela


conseguiria.

Coloquei a mão sobre os olhos.

— Precisamos ir. Eu ouço confusão.

Já passou muito tempo para que os policiais chegassem,


na verdade. O primeiro foi cinco minutos atrás, embora se
sentisse mais como vinte − o tiroteio na escada apenas levou
dois ou três minutos no máximo, apesar de como pareceu.

— Confusão?

— Policiais. — Expliquei. — E não ficarei aqui para as


perguntas.

Eu a levei pelo primeiro lance de escada, guiei-a ao redor


do primeiro morto, levantei-a sobre o segundo e rodeei a
parede para evitar o terceiro.

— Algo cheira mal. — Ela comentou, as mãos estendidas,


como se eu a tivesse deixado contra uma parede ou algo assim.

— Esse é o cheiro da morte, princesa. Mais precisamente,


o cheiro de um tiro no intestino.

— Por que um bom tiro cheira tão ruim?

Debati sobre a melhor maneira de colocá-lo.

— Hum... você abre a barriga, o que está dentro? Tripas,


certo? Perfure-as com balas, bem... você terá em um pouco de
um mau cheiro.

Ela concordou.

— Oh. Sinto muito por perguntar. — Fizemos isso


descendo mais um lance, longe dos cadáveres, antes de
descobrir seus olhos. — Quantos eram?

— Três. — Eu disse. — Bem, quatro, incluindo o homem


lá em cima.

— Você acha que são apenas estes?

— Desse grupo, provavelmente.

— Quantos são, quer dizer, no total?

Encolhi os ombros.

— Nenhuma pista. Inúmeros, seria meu palpite. Ele não


paga todos diretamente. Vivem suas vidas, dirigem seus
negócios e mantêm seus lucros. Situações como esta, recebem
uma ligação de um dos tenentes de Cain dando-lhes
instruções com uma promessa de uma recompensa se me
pegarem. Portanto, não é como se ele tivesse um exército de
mercenários sentados à sua espera, não desse jeito. Este é um
círculo de drogas, armas e prostituição, esses homens são em
sua maioria apenas criminosos comuns que trabalham em seu
nome. — Gesticulei para trás na escada. — Quanto mais
desses homens eu matar, porém, mais irritado Cain ficará.
Eventualmente, enviará alguns de seus mercenários treinados
de verdade, ex-forças especiais e KSK 11 ou qualquer outra
coisa. É quando a merda ficará divertida.

— Devemos ter drasticamente diferentes noções de


diversão, Duke. — Disse Temple. — Minha ideia de diversão é
passar uma tarde de compras na Rodeo Drive ou tomar um
longo café com minhas amigas. Correr pela minha vida e levar
um tiro não é divertido.

Parei na entrada do prédio, olhando para fora. Parecia


seguro, então peguei a maçaneta da porta, mas Temple me
impediu.

— Hum, você vai lá fora assim? — Ela perguntou.

Olhei para ela.

— Assim como?

Ela apontou para os meus coldres de ombro. — As


armas? Não é... um pouco óbvio? Quer dizer, a polícia dará
uma olhada em você e pensará: huh, nós recebemos uma
ligação sobre um tiroteio e esse homem está carregando armas,
então...

— Ok, ok, entendi seu ponto. — Cortei. — Espere um

11
O Kommando Spezialkräfte (KSK) é uma unidade de operações especiais das Bundeswehr da
Alemanha. O KSK é uma unidade militar especial e um grande curativo no nível brigada com o uso
principal do reconhecimento, antiterrorismo, resgate, evacuação e salvamento, comando guerra e
assessorado militar.
segundo.

Voltei correndo para a escada até onde estavam os três


cadáveres, o primeiro homem que acertei tinha um único tiro
na testa e estava usando um casaco esportivo, o que esperava
não estar muito ensanguentado. Encontrei o homem em
questão, cabeça pendurada para trás, pingando desagradável
no patamar abaixo. E bingo! Seu casaco não tinha matéria
cerebral, graças a Deus. Tirei o casaco dele, afastei a mochila
dos meus ombros e o vesti − o morto era um pouco menor do
que eu, então ficou apertado, mas disfarçava os coldres. Peguei
a mochila e voltei para baixo.

Temple olhou para mim enquanto eu a conduzia para


fora.

—Isso é... de um dos homens que você matou? — Ela


perguntou enquanto eu a levava para fora e longe do prédio o
mais rápido possível sem parecer óbvio.

Balancei a cabeça.

— Sim. A maneira mais conveniente de resolver o


problema, porque tampouco guardo roupa neste lugar e nós
não temos tempo para voltar lá e mesmo se eu tivesse não o
faria.

Gesticulei para as pessoas ao nosso redor, conversando,


verificando telefones celulares para ver se havia notícias sobre
o que estava acontecendo. Os primeiros policiais estavam
apenas começando a chegar e estavam montando um cordão,
mas não começaram a bloquear o acesso ainda. Os policiais
saíram dos carros, as armas levantadas, os queixos
mergulhados para informar em microfones de rádio

— O que você faz quando toma café com suas amigas? —


Perguntei, tentando soar casual enquanto nos misturávamos
através da multidão de espectadores.

— Hum? Bem, nós tomamos muitas mimosas e comemos


comida com os dedos, conversamos sobre homens e fofocamos,
basicamente. Coisa de mulher — Ela estava mantendo a
charada como uma campeã, abençoe a menina.

Eu ri.

— Oh. E isso dura o quê? Uma hora?

Foi sua vez de rir.

— Uma hora? Dificilmente. Bem, se não durar três ou


quatro, você é um amador. Vamos do café até o jantar
normalmente.

Arregalei os olhos para ela.

— E você, literalmente, apenas senta, fica bebendo e


fofocando? Tipo, durante todo o dia?

Estávamos longe da maior parte da multidão por agora e


chegamos a um cruzamento, virei-me ao acaso, a minha
principal prioridade agora era apenas nos levar para longe da
cena, o mais rápido possível.

Ela encolheu os ombros, ficando mais perto do meu lado


quando viramos a esquina.

— Esse é o ponto do café. É uma atividade social. — Ela


olhou para mim. — Você e seus amigos não saem para beber?
Balancei a cabeça.

— Bem, sim.

— É a mesma coisa. Nós apenas nos encontramos no


final da manhã e ficamos o dia todo.

— Porra, isso é realmente pesado. — Eu disse. — E você


bebe o tempo todo?

Ela balançou a cabeça de lado a lado.

— Mais ou menos isso. Nós começamos com mimosas ou


screwdrivers 12 e então, quando chegamos ao almoço
mudamos para vinho branco. Quer dizer, não é como se
bebêssemos para ficarmos bêbadas. Come o dia todo, então
mantém o ritmo. Não pode cair embriagado ou não o
convidamos novamente. Precisa ser capaz de se manter e a sua
bebida.

— Parece competitivo. — Estava mantendo-a ocupada


para que não percebesse que eu esquadrinhava os arredores.

— Oh, é. Ser convidado para um dos meus cafés é um


grande negócio. Pode fazer ou quebrar sua posição social. E se
ficar bêbado e tivermos que pedir-lhe para sair porque está nos
envergonhando? Esqueça. Você já era. Pode beijar e dar adeus
à sua reputação.

— Isso já aconteceu?

Ela assentiu com a cabeça.

— Oh sim, o tempo todo. É como os primeiros episódios

12
É uma bebida alcoólica popular feita com suco de laranja e vodca.
de The Bachelor13. Sempre há alguém que fica obliterado e se
faz um idiota.

— The Bachelor?

Ela revirou os olhos.

— Você nunca viu?

Eu fiz uma careta para ela.

— Pareço um homem que assiste The Bachelor?

— Acho que não. O que você assiste?

— Não assisto TV. — Eu disse. — Nunca adotei o hábito.

— O que você quer dizer com que nunca adotou o hábito?


É televisão.

Nós tínhamos andado em uma linha reta por muito


tempo, então viramos a esquina. Não estava indo a qualquer
lugar especificamente ainda, apenas tentando ver se alguém
estava nos seguindo. Uma vez que determinasse que não
estávamos sendo seguidos, pegaria um táxi para o aeroporto e
tentaria descobrir alguma forma de ligar para os rapazes. Em
tempos como esse, gostaria que os telefones públicos não
estivessem extintos — isso tornaria tudo mais fácil.

— Como eu disse, cresci nas ruas. Não há muito


oportunidade de se sentar ao redor olhando para uma tela de
TV. Precisava fugir da agitação, sabe?

— Não, realmente não.

Deixei escapar uma respiração suave, irritada. Não tinha

13
É um reality show de encontros amorosos roteirizado, produzido pela rede de televisão norte-americana
ABC
a intenção de deixar a conversa voltar a este tópico.

— Dormi em muitos sofás quando podia e em becos


quando não conseguia. Durante o dia, eu trapaceava.

— O que isso significa?

— Negociando, Princesa. Vendendo saquinhos de erva,


drogas. Destruindo gangues rivais. Esse tipo de merda.

— Oh. — Sua voz era... baixa e ofegante. Desaprovadora.


O que apenas me irritou mais e já estava impaciente por falar
sobre isso.

— Ouça-me, Fancy. Nem todo mundo nasceu com uma


colher de prata, ok? — Eu parei e a encarei. — Não tenho pais
famosos para colocar tudo em minhas mãos. Nunca conheci
meu pai e minha mãe era literalmente uma prostituta drogada.
Significado: nasci de uma viciada em crack e não deveria ter
sobrevivido, mas sobrevivi. Sabe quem não sobreviveu? Minha
mãe. Eu a encontrei quando tinha seis anos, morreu de
overdose. Cheguei em casa da escola um dia e lá estava ela,
desmaiada no sofá, como de costume. Só que não estava
apenas desmaiada, estava morta. Foi assim que minha vida
começou. Então, sim, fui um traficante de drogas por volta dos
meus dez anos, lenocínio aos quatorze e lutando aos dezessete
anos. Um criminoso. Era sujo, violento e mau. Era um pedaço
de merda, com certeza. Isso era o que queria ouvir, Fancy?

Estava em seu rosto, fumegando, os dentes apertados. E


ela se encolheu, assustada.

— Não. — Ela sussurrou. — Não. Quer dizer... não quis


dizer...
Balancei, esfregando o lado do meu rosto.

— Eu sei que você não quis.

Agarrei o braço dela e a puxei de volta para uma rápida


caminhada. E ela me acompanhou por uns cem passos,
quando então puxou o braço livre e depois ficou na minha
frente.

—Sabe o que? Porra. — Ela espetou seu dedo no meu


peito. — Eu não pedi para nascer de pais ricos. E nem a vida
que tenho. É tudo o que sei, tudo que sempre conheci. E o que,
eu tenho que me desculpar pela minha vida fácil, porque a sua
foi uma merda? Vá se foder.

— Não, você não escolhe a vida com a qual nasce e não,


não tem que se desculpar por isso. Mas não pode me dar esse
olhar que é todo compassivo e de desaprovação porque passei
a primeira metade da minha vida sobrevivendo da única
maneira que sabia.

— Não foi pena! — Temple respondeu. — Nem


desaprovação.

— A porra que não foi. Eu sei como essa merda se parece


e soa, ok? Alguém descobre como cresci e sempre me dão o
mesmo olhar.

— Compaixão e piedade não são as mesmas coisas, Duke.


— Disse Temple.

— Sim, bem... não preciso de qualquer uma delas. —


Passei por ela, de volta para uma caminhada com raiva. — Não
de você, nem de ninguém.
A merda estúpida era que nem sequer sabia realmente
por que estava tão irritado. Odiava falar sobre minha vida
antes do Exército, odiava contar a qualquer um sobre isso,
porque sempre tinha a mesma besteira sentimental, pena. Mas
isso, a raiva cega e irracional que estava sentindo, era mais,
apenas não tinha certeza do que era. Também não gostava
disso. Não gostava de emoções que não compreendia, razão
pela qual evitava situações que pudessem envolver emoções,
porque não entendia a maioria delas.

As emoções eram difíceis. Foder, lutar, beber, derrubar


portas de compartimentos e resgatar pessoas, essas eu
entendia. Era fácil.

Isso... não era. Temple não era fácil e não queria dizer
fácil como solta ou fácil de levar para a cama, mas apenas...
apenas... não era. Era difícil de entender e pior, me fazia sentir
como uma merda e não tinha certeza de como ou por que fazia
isso, mas conseguia e me irritava.

Mas mesmo assim, não era por isso que eu estava tão
puto.

Continuei andando e parando para olhar Temple de vez


em quando, certificando-me de que ainda estivesse atrás de
mim. Estava ficando alguns passos, podia ver que tentava
igualar seus passos aos meus e parecia igualmente irritada,
confusa e ferida.

O que não ajudou.

Tentava empurrar tudo para longe para que pudesse


concentrar-me no problema real: ficar longe dos idiotas de
Cain, entrar em contato com Harris, Thresh e os rapazes.
Fiquei fora de comunicação por um tempo, o que era incomum
para mim, especialmente quando se tratava de Thresh. Ele e
eu estávamos sempre em contato, então sabia que se ele não
soubesse de mim logo, começaria a se preocupar.

Então, enquanto me preocupava, quase nos matei.

Um grande Tahoe preto passou por nós, o que não era


grande coisa, eram um tipo de SUV. Quando acionava os freios
e girava o pneu num cavalo-de-pau, isso era um grande
negócio. O problema veio quando estava muito preso em
minha própria besteira mental, para registrar que talvez
estivessem fazendo um retorno por minha causa. Perdi aquele
pequeno sinal.

O Tahoe queimou borracha, afastou-se do caminho pelo


qual vinha e depois cortou em direção à calçada. Em direção à
Temple. Foi então que minha cabeça se limpou o suficiente
para pular em ação.

— Temple! Abaixe! — Eu gritei.

Eu levantei a Beretta, a palma batendo sobre a minha


mão de gatilho para me preparar. Soltei dois tiros, um certeiro
que fragmentou a janela traseira do lado do motorista e o outro
que obstruiu a porta abaixo dela. O Tahoe continuava freando
e derrapando a uma distância de doze metros de Temple, que
tinha, como a instruí, se abaixado na calçada e estava com as
mãos sobre a cabeça. Provavelmente deveria ter dito a ela para
correr, mas estava mais preocupado em atirar acidentalmente
se ela se movesse na direção errada.
E agora a porta do motorista estava se abrindo, assim
como as portas do lado do passageiro. A porta traseira do lado
do motorista permaneceu fechada, o que significava que
provavelmente derrubei pelo menos um. Ainda assim, tinha a
sensação de que estava prestes a ser superado em número e
Temple estava no meio, uns bons quinze metros de distância.

Escapei de um tiro, vindo da porta do motorista, eu o


acertei, embora não soubesse onde, mas sabia que o atingi
porque o sangue salpicou, seus pés escorregaram e ele caiu no
chão. Não estava morto, mas fora de combate. Comecei a
correr e dez metros nunca pareceu tão longe. Parecia que
estava correndo no lugar, não conseguindo diminuir a
distância entre mim e Temple, nem capaz de me colocar entre
ela e os homens maus.

Porra, porra.

Deixei minha arma falar, soltando outros dois tiros na


janela traseira parcialmente quebrada, quebrando
completamente a janela do outro lado, abrindo caminho para a
segunda rodada, que por pura sorte, encontrou um alvo. O
idiota estava apenas de pé ali, como se a janela fosse impedir a
bala. Minha rodada o pegou no ombro, fazendo-o girar e
apertar a ferida, enviei outra bala para ele, que o atingiu no
rosto e o derrubou. Dois para baixo.

Cheguei a Temple, agachado na frente dela, esperando.

— Fique abaixada. — Disse e ela acenou com a cabeça


sob suas mãos.

— Como eles continuam nos encontrando? — Ela


perguntou, sua voz abafada e estridente com histeria.

— Caralho se eu sei. Esses homens provavelmente


sabiam que estávamos em algum lugar perto do apartamento e
apenas fomos em círculos cada vez maiores até que nos
encontraram. — Esperava que fosse o caso, porque isso estava
se tornando intensamente angustiante a maneira que
continuavam aparecendo. Já foram duas vezes. Duas vezes
poderia ser sorte ou coincidência... mas meu instinto estava
sugerindo o contrário.

Eu vi um par de pés debaixo da extremidade traseira


pendurada do SUV, de tênis preto, rastejando em nossa
direção, agachado para aproveitar o corpo do carro. Ouvi vozes
murmurando baixinho, ouvi o clique da trava sendo puxada e
liberada. Pelo menos mais dois, talvez três ou quatro. Olhei ao
redor rapidamente, esperando encontrar algum lugar para que
Temple pudesse ter melhor cobertura, mas não havia muito,
exceto portas. O que, imaginei que estivessem abertas.

Bati no ombro de Temple.

— Você vai correr atrás de mim. — Eu disse, apontando


para a entrada de um prédio de escritórios a seis metros atrás
de nós, na primeira rajada de tiros, as poucas pessoas que
estavam na rua desapareceram, mas não demoraria muito
para que os policiais aparecessem por ali também − o tempo
tinha agora um valor maior. — Quando eu disser três, corra o
mais rápido que puder para a porta e fique lá até eu terminar
essa merda. Pronta?

O olhar de Temple foi para o corpo morto, metade para


dentro e metade para fora da porta do motorista, a janela
traseira quebrada, o sangue salpicado no interior de couro
preto, e então ela olhou para mim e acenou com a cabeça.

— Pronta. — Respondeu.

Olhei para seus pés.

— Sapatos? — Eu disse, ejetando o pente de balas


parcialmente usado.

Ela moveu os dedos dos pés nos saltos e então tirou-os,


segurou um em cada mão.

— Ok, estou pronta para o real desta vez.

Coloquei um pente novo na Beretta e puxei a trava.

— UM... DOIS ... — Eu disparei duas rajadas na parte


traseira do veículo e então gritei. —TRÊS!

Temple decolou correndo e fiquei impressionado. Ela era


mais rápida do que pensei que fosse − a porta estava a seis
metros de distância e estava a meio caminho antes de terminar
o grito. Levei a Beretta para metralhar a frente do SUV
enquanto me movia para colocar meu ombro contra a parede,
mirei um pouco de cabelo preto e o topo de uma orelha. Enviei
duas rajadas na cabeça, visando um pouco alto para o
primeiro e menor para o segundo. O vermelho pulverizou e
encaminhei para frente para me inclinar contra o capô do
Tahoe parado, depois rolei para o outro lado. Dois corpos. Isso
dizia que quatro estavam mortos e pelo menos faltava mais um
para ir.

Coloquei-me em uma posição de atirador.


— Ei, idiota. Por aqui.

O estúpido do caralho caiu. Apareceu por trás do Tahoe,


mas pelo menos saiu disparando. Perdeu, mas apontou para o
esforço. Quatro rajadas, mas nenhum de seus tiros se
aproximou o suficiente para que fosse notado e então minha
arma foi usada e ele caiu para trás. Sem truques ou espera,
desta vez. Balancei de lado ao redor da traseira do SUV, então
espiei na janela de trás.

Estavam todos mortos. Abri a porta traseira do motorista


e deixei os corpos caírem no chão, graças a Deus que explodi
este idiota primeiro, desde que ele estava segurando um
AR-15. O interior do Tahoe estava cheio de poder de fogo −
mais duas AR-15, duas pequenas caixas retangulares, que
supunha conterem mais revólveres, várias caixas de munição
sortidas, uma espingarda modelo Mossberg 500... esses
rapazes estavam carregando um poder de fogo certo para me
derrubar. Cometeram o erro estúpido de não as usar no
segundo que me viram.

Arranquei o cadáver da porta do motorista e chutei-o de


lado, notei com alívio que a maior parte da bagunça foi contida
ao lado do assento do motorista e o metal do pilar entre o
assento dianteiro e traseiro. Significado: o banco não estava
todo destruído. Joguei a mochila atrás do assento do
motorista, chutei a porta traseira fechada, depois pulei atrás
do volante, apertei a ignição e puxei a porta do motorista.

Dirigi até onde Temple estava e sorri para ela atrás do


volante.
— A boa notícia é que conseguimos uma carona.

— Mas havia... havia...

— Sim, bem mendigos não podem escolher. Nenhuma


confusão em seu assento, assim apenas não olhe para trás se
isso a incomoda. — Eu me estendi transversalmente e abri a
porta do passageiro. — Agora vamos, querida! — Eu ouvi as
sirenes perto.

Ela pulou e olhou para trás.

— Meu Deus. Há sangue por toda parte! E as janelas se


foram!

— Eu disse para você não olhar. Pelo menos os homens


mortos não estão aqui conosco, certo?

Ela estremeceu.

— Sim, acho que é um bônus.

Pisei no pedal do acelerador e partimos.

— Você precisa me fazer um favor.

Ela me olhou com cautela.

— Eu não lhe darei um boquete na estrada.

Eu ri.

— Bem, porra, como você sabe o que eu pediria?

Ela revirou os olhos.

— Você é um típico homem, então tudo em que pensa é


ter seu pau chupado.

Encolhi os ombros e soltei um: bem, sim cara.


— Quer dizer, é praticamente o melhor de tudo. —
Apontei meu polegar para a traseira do SUV. — Mas na
verdade pediria para você ir lá e pegar a espingarda para mim.

Ela olhou para trás.

— Espingarda?

— No porta-malas. Grande coisa preta, como um rifle de


assalto só que maior. Tem conchas vermelhas nas pequenas
alças laterais.

Temple suspirou e subiu pelo console para o banco de


trás. Que... infelizmente, estava um pouco sujo.

— OH MEU DEUS que grosseiro! — Ela caiu de lado. —


Tenho sangue nas mãos e na saia.

—Um. Oops? Esqueci isso, sinto muito.

Ela apareceu entre os assentos.

— Você esqueceu de uma enorme piscina de sangue?

Olhei para trás.

— Isso não é uma piscina gigante. É um pouco de


respingo. Bem, se o tivesse acertado na cabeça, haveria mais
sangue. Não há nada com o que se preocupar. Sai ao lavar as
mãos.

— E minha saia?

Rosnei.

— Uma vez que eu resolva essa merda e levá-la a salvo de


volta para Malibu, pessoalmente a levarei às compras para
comprar uma saia nova, porra. — Olhei para ela. — Agora, por
favor, pegue para mim a espingarda.

Temple gemeu de nojo, mas subiu cautelosamente sobre


o assento e se inclinou sobre o dorso, reaparecendo com um
AR-15 em suas mãos.

— Esta?

— Não, querida, isso é um rifle de assalto.

— Então, não é isso?

— Não. Tente novamente. Grande. Preto. Conchas


vermelhas de um lado.

— Este é um grande e preto.

No meu suspiro de irritação, ela soltou.

— Ei, o que eu sei sobre armas?

Ela inclinou-se sobre o encosto do banco mais uma vez, o


vento chicoteando através das janelas traseiras quebradas,
despenteando seu cabelo e saia. Eu estava olhando pelo
espelho retrovisor, porque, vamos lá, a vista era de morrer.
Aquela bunda redonda e durinha dela estava toda emoldurada
e espalhada contra o tecido da saia, que foi levantando pouco a
pouco enquanto o vento soprava ao redor. Ela inclinou-se
ainda mais sobre o assento, ficando nas pontas dos pés
pressionando contra o chão e então ... oh bem, sim o vento
levantou a saia completamente quando se esticou para
alcançar a espingarda, mostrando-me aquela bunda perfeita e
nua, por um breve, mas lindo momento.

Ela gritou quando o vento soprou sua saia para cima,


puxando-a de volta para baixo e se contorcendo para sentar-se
no banco. Empurrou a arma através da abertura.

— Aqui está a arma estúpida. — Ela mostrou a língua


para mim. — Aproveitou para apreciar o show gratuito?

Peguei a espingarda dela e coloquei o barril perto do meu


pé esquerdo, apoiando contra o lado do meu assento.

— Bem, sim, aproveitei. — Sorri para ela quando voltou


sobre o console para o assento do passageiro. — Já disse,
Fancy, você tem a bunda mais linda que já vi. Poderia olhá-la o
maldito dia todo e nunca me cansar.

Ela revirou os olhos para mim, mas não conseguiu


esconder seu sorriso lisonjeiro e satisfeito. Então olhou para
suas mãos e perdeu o sorriso.

— Tão grosseiro, de verdade. — Limpou as mãos na frente


de sua saia, o que ajudou pouco.

— Suas mãos vão ficar pegajosas um pouco. —


Expliquei-lhe. — Sangue pode ser difícil de tirar de suas mãos.

Ela não respondeu imediatamente, olhando para a


vermelhidão pegajosa em suas palmas.

— Você quer dizer isso literalmente ou metaforicamente?


— Ela perguntou, depois de um tempo.

Suspirei.

— Uau, indo direto para a merda, hein? — Por um


capricho, eu cavei no compartimento de armazenamento do
console entre nossos assentos, e encontrei uma garrafa de
desinfetante para as mãos. — Aqui, esguiche isso, esfregue as
mãos juntas e depois limpe-as em sua saia, deve tirar um
pouco de sangue.

Eu a observei esguichar uma quantidade ridícula de


desinfetante em suas mãos e então voltei minha atenção para a
estrada.

— Bem. — Comentei. — Acho que significa ambos os


sentidos. Talvez, eu disse literalmente, porque sei que é
verdade metaforicamente, também. — Eu pensei por um
momento. — Literalmente falando, o sangue é uma substância
incrivelmente difícil de tratar. Mancha, endurece, fica todo
grudento. Pegando em seu cabelo? Esqueça. Terá que lavar
essa merda durante vinte minutos. Metaforicamente falando,
as primeiras mortes tendem a ficar em você. Nunca as esquece.
Então, depois de algum tempo, apenas... aprende a lidar com
ela. Não pensa sobre isso, porque se o fizer não será capaz de
fazer seu trabalho. Mas às vezes, quando minha insônia fica
ruim, sim, o sangue metafórico em minhas mãos pode ser
muito difícil de lavar.

Ela estava obsessivamente esguichando desinfetante


para as mãos e esfregando-as, mesmo que suas mãos
estivessem praticamente limpas a essa altura. Logo jogou a
garrafa agora meio vazia no pequeno cubículo debaixo do
painel.

Seus olhos foram para os meus, azul manchado de verde


e marrom, sua expressão ilegível.

— Você... você gosta disso? Matar pessoas?

Estreitei os olhos para ela.

— Essa é uma droga de pergunta para ser feita, Temple.


— É uma pergunta honesta. Quero saber o tipo de pessoa
com quem estou. — Ela olhou sem piscar para mim, até que a
olhei novamente.

Passei um bom tempo pensando enquanto nos levava


para fora de Denver, mantendo um olho na estrada atrás de
nós.

— Eu gosto disso? Não. Não sou um serial killer ou um


sociopata. Não faço esse trabalho porque tenho algum prazer
doentio em assistir os filhos da puta sangrarem, ok? Faço
porque sou muito bom nisso. Nunca atiraria em uma pessoa
inocente de propósito e faço o meu impossível para manter
danos colaterais tão mínimo quanto puder. — Mexi nas
configurações do ar condicionado, apenas para ter algo a fazer
com a minha mão. — Sou bom no que faço. Eu fui um bom
soldado, o melhor agente das forças especiais, sou um dos
melhores empreiteiros de segurança no jogo. Eu tenho zero
problema em matar algum idiota que esteja atirando em mim e
ainda menos em atirar em alguém que tenha violentado algum
inocente. Mas não faço isso porque gosto de matar. Isso
responde à sua pergunta?

— Acho que sim. — Ela pegou em seus dedos, raspando


debaixo de uma unha com seu polegar. — Você já matou uma
pessoa inocente?

Olhei para ela.

—Bem, boa mulher. Quaisquer outros segredos escuros


profundos que você está pensando em arrancar de mim? —
Agarrei o volante com a mão direita e usei meu polegar
esquerdo para virar o botão de segurança na parte superior da
espingarda e de volta ao lugar. — Sim. Essa é a resposta curta.

Ela esperou um momento antes de seguir com a próxima


pergunta, que eu estava esperando, mas ao mesmo tempo não
acreditava que a fizesse.

— E a versão longa?

— Por que você quer ouvir essa merda?

— Eu disse, estou tentando conhecê-lo.

— Você percebe que este é o tipo de coisa que realmente


não deveria simplesmente perguntar a um homem?

Temple apenas encolheu os ombros.

— Eu nunca joguei pelas regras de ninguém, mas sim


pelas minhas.

— Justo. Mas se eu responder suas perguntas, terá que


responder às minhas. — Ela assentiu e levei um minuto para
reunir meus pensamentos. —Precisa entender o cenário.
Estávamos na África, no Congo. Parte desse negócio
desagradável que vem acontecendo lá por muito tempo.
Realmente não posso dizer muito, exceto que minha unidade
era parte de uma ofensiva maior. Era uma guerra urbana,
numa cidade ocupada. Pessoas inocentes em todos os lugares
e quase impossível dizer quem era o inimigo até que atirassem
em você. O maldito inferno absoluto é o que era. Nossas ordens
eram para empurrar inteiramente os bandidos daquela cidade,
que era como jogar com a sorte na melhor hipótese, suicídio na
pior das hipóteses. Bem, estava na esquina de um prédio com
os outros rapazes da minha unidade. Estávamos perseguindo
esse grupo por vários quarteirões nesta batalha de um lado
para o outro. Tiveram-nos encurralados para baixo e o tenente
me empurrou para rolar fora e tentar atrair o fogo enquanto
estabelecia alguma repressão. — Eu me concentrei em apenas
recontar a história sem pensar muito nisso. — Então, rolei
para fora. Suprimi o fogo deles. Foi tudo bem e bom até que vi
um corpo espreitar por trás da lateral de um edifício. Atirei
uma meia dúzia de rajadas e acabou que... era uma mulher.
Escondendo-se, apenas tentando descobrir como chegar à
segurança. O sangue dela é um em minhas mãos que nunca se
lavará.

Ela estendeu a mão e colocou sob a minha, palma com


palma e deu um aperto de mão.

— Eu sinto muito.

— Sim, bem, agora você sabe. — Olhei para ela. — Minha


vez.

Ela suspirou. — Deixe-me adivinhar... você quer saber


sobre as minhas regras.

— Você mencionou algumas vezes. Então, sim, estou


curioso.
Rapunzel
Eu, honestamente, não tinha certeza por onde começar.
Minhas regras eram complicadas e surgiram a partir de mais
de uma situação. Nunca expliquei a ninguém. O que era
estranho, considerando quantos amigas tinha e quantas vezes
nós falamos sobre homens. Mas então... nenhuma delas eram
realmente... amigas. Não eram amigas íntimas, não do tipo
para quem contaria este tipo de coisa. Isso era profundo, difícil
de falar e real. O que me levava à pergunta: por que então
estava contando à Duke? Não confiava em meu círculo interno
de amigas, por que estava confiando em Duke?

Porque até mesmo aquelas garotas que formavam meu


círculo íntimo... ainda não confiava totalmente nelas. Eram
ricas, além de ricas, como eu, mas ... não estavam no meu
nível social. Não tinham pais famosos. Minha mãe foi e ainda
era, uma das atrizes mais famosas do mundo e meu pai um
deus do Rock, na escala de Stephen Tyler e Mick Jagger.
Algumas das garotas realmente tinham mais dinheiro do que
eu, então não era sobre dinheiro. Era sobre status. Era sobre o
tapete vermelho que sempre surgia quando o nome de
Kennedy era mencionado, a imprensa constante ao redor de
cada movimento de meus pais e então adicione a isso a fama
que ganhei sozinha com Temple, meu reality show... todos
queriam estar perto de mim. Não confiava em ninguém para se
preocupar comigo. Ninguém. Descobri da maneira difícil. Eu
tinha tantas pessoas chamadas de "amigos" para vender
histórias sobre mim, contar meu paradeiro aos paparazzi para
que fossem fotografados comigo ou se convidar para férias,
tentar entrar em minha casa quando soubessem que as
câmeras estariam funcionando.

Duke? Ele não dava a mínima para nada disso. Era até
mesmo irônico sobre isso.

Confiava nele com a minha vida neste momento,


literalmente e apenas não o via sendo capaz de tentar ganhar
dinheiro com a minha história ou me ferrar.

— Fancy? — Perguntou Duke. — Você está aí?

— Sim, sinto muito. Apenas... pensando.

Estávamos na estrada neste momento, viajando a uma


velocidade constante de setenta e cinco quilometro por hora.

— Sobre?

— O estranho que é falar com você sobre isto.

— Por que é estranho? — Ele perguntou, seu polegar


ainda movendo o botão de um lado para outro na espingarda
grande.

— Porque eu não falo sobre mim com minhas amigas. —


Torci uma mecha de cabelo entre meus dedos. — Falo sobre
homens ou fofocas sobre quem está fodendo quem, moda ou
qualquer outra coisa. Mas... nunca falo sobre essa droga com
minhas amigas.

— Por que não?

— Bem, isso é o que estava tentando descobrir.

— E? — Perguntou ele.

— Você não parece impressionado com quem são meus


pais ou o quanto eu valho, não parece muito interessado em
ter seus quinze minutos de fama comigo. Bem, se quiser me
usar para qualquer coisa, será meu corpo e estou mais que
bem com isso do que estaria com você tentando me usar para
conseguir fama, favores ou dinheiro. — Fiz uma pausa, mas
depois continuei para impedi-lo de dizer qualquer coisa. —
Acho que é apenas estranho, porque conheço muitas mulheres
em meu círculo de amigos por oito ou dez anos. Conheço a
maioria delas desde que éramos pequenas. Nossos pais são
amigos e muitas de nós trocamos de namorados de um lado
para o outro. Mas... não somos o tipo de amigas que confiam
umas nas outras, porque nenhuma de nós confia umas nas
outras. Especialmente eu. Realmente não confio em nenhuma
delas.

Ele franziu a testa e esfregou da nuca até seu queixo.

— Não parece muito uma amizade, se esse for o caso.

— É como são as coisas, a maneira como cresci. Pais


famosos e mais dinheiro do que Deus? Todo mundo quer um
pedaço. Eu já fui vendida e traída mais vezes do que posso
contar, então meu cinismo é bem merecido, preciso dizer. —
Suspirei. — Mas você é diferente. E mais uma vez, é estranho,
porque mal conheço. Foram o quê, algumas horas? Mas estou
literalmente confiando a você minha vida, por isso não parece
muito difícil contar alguma história suja.

Duke não respondeu de imediato. Eu percebi isso nele −


se a resposta fosse especialmente importante, pensava em sua
resposta antes de falar; era uma qualidade rara e inesperada.

—Eu não tenho nenhum uso para o seu dinheiro, e muito


menos para a sua fama. Merda, eu nem gosto de ser
fotografado para o passaporte, muito menos para ter alguma
imagem minha em revistas com um monte de especulação
idiota sobre a minha vida ou qualquer merda. — Ele olhou
para mim. —Além disso, eu levo a confiança muito seriamente,
Temple. Se disser que pode confiar em mim, você está
recebendo a força total de tudo o que sou como homem por trás
da minha palavra. Eu não digo isso para muitas pessoas.
Quero dizer, profissionalmente, a minha palavra é o me vínculo
— se eu disser que vou pegar o seu filho de volta, ou encerrar
uma tentativa de chantagem, então é tão bom quanto feito.
Mas pessoalmente, eu confio tão facilmente quanto você. O que
quer dizer que também não.

Percebi que estávamos de mãos dadas por vários minutos


agora e por algum motivo fez meu coração bater mais forte.
Engoli saliva e olhei para nossas mãos juntas, a minha sob a
sua grande mão, seus dedos cobrindo os meus menores.
Parecia... natural... nada estranho.

E isso era estranho.

— Então. — Duke perguntou. — Suas regras.


— Quando eu tinha dezenove anos, conheci um rapaz
chamado Lane.

— Parece um pretensioso pateta.

Eu ri.

— Sim, ele era. — Admiti. — Mas era... bonito, de um


modo pretensioso, o tipo de Beverly Hills. Tinha muito
dinheiro, como Bill Gates, Koch Brothers, Warren Buffet, esse
tipo de dinheiro.

— Eu conheço uma pessoa assim. — Disse Duke. — Ele é


realmente um cara muito bom.

— Não há muitas pessoas com tanto dinheiro. — Eu


perguntei. — Quem é? Talvez eu o conheça.

— Valentine Roth.

Fiquei boquiaberta.

— Você conhece Valentine Roth? Ele é uma das pessoas


mais misteriosas do mundo. Vive esse modo de vida selvagem,
misterioso, tipo fantasma da ópera. Todo mundo que conheço
sempre vai a Manhattan esperando ser visto com ele. É uma
grande coisa. — Agarrei o braço de Duke. — Como ele é?

Duke encolheu os ombros.

— Ele é um bom homem. Rico como todos, mas legal. Não


é tenso. Apenas... ele é legal. Não o conheço muito bem
pessoalmente, mas meu chefe, Harris, trabalhou para Roth
durante anos e a namorada de Harris é a melhor amiga da
esposa de Valentine. Nós somos convidados para irmos à ilha
privada de Roth, no Caribe, para a festa de Natal todo ano.
Essas festas, cara... são loucas.

Temple fez um ruído de desgosto.

—Eu não posso acreditar que você conhece Valentine


louco Roth. Até que ele saiu de Manhattan com essa garota
com quem, obviamente, acabou se casando, era o maior
solteirão do planeta. Conheço algumas mulheres que
conseguiram ter algo com ele há muito tempo, mas disseram
que era... difícil. Não muito agradável, mas gostoso e áspero,
incrível na cama.

Duke balançou a cabeça para mim.

— Bem, eu não sei nada sobre essa merda, mas posso ver
que é verdade. A Sra. Roth... Kyrie, o transformou. Deu-lhe
algo na vida pelo qual vale a pena ser agradável. — Ele riu. —
Além de bilhões de dólares, acho.

Inclinei minha cabeça para um lado.

— Bem, eu posso dizer por experiência que o dinheiro


realmente não deixa as pessoas agradáveis ou felizes. Quer
dizer, ter dinheiro é incrível e não me importo de admitir o meu
pior medo − até que tudo isso aconteceu, pelo menos – é ser
pobre. Mas o dinheiro não o faz feliz. Certo, se fosse verdade,
eu deveria ser mais feliz do que sou.

O olhar de Duke foi para o meu e lamentei essa última


admissão.

— Você não é feliz?

— Isso não foi necessariamente o que eu quis dizer.

— Soou como a verdade, especialmente agora que está


tentando voltar atrás.

Escorreguei no assento, coloquei meus pés no console e


estiquei a saia sobre meus joelhos.

— Eu não estou tentando voltar atrás, apenas estou... —


Gemi de irritação e comecei novamente. — Olha, sou
estupidamente sortuda e sei disso. Sou podre de mimada.
Nunca tive que trabalhar um dia na minha vida e poderia ter
seguido esse caminho para sempre. Porém, não quis, queria
algo próprio. Não sou uma atriz como minha mãe ou músico
como meu pai, então precisei usar o que tenho, que foi o
reconhecimento instantâneo. Todo mundo conhece os
Kennedy. Mamãe e papai estão casados há vinte anos e juntos
há vinte e cinco, o que é absolutamente desconhecido para as
pessoas ao seu redor. Nós somos apenas... bem, nós somos os
Kennedy. E como sua filha mais velha e sua única filha,
sempre fui... bem... apenas famosa por ser eu, acho. Então
aproveitei isso. Lancei a ideia de um show para meu agente e
ele topou, porque significava muito dinheiro, claro. Então, fiz a
minha própria fortuna no programa. Comecei linhas de
produtos, roupas, maquiagem, perfume, acessórios de marca,
joias, coisas femininas como essas. Eu não sou famosa por
nada, no entanto, me incomoda quando as pessoas dizem isso.
Trabalho muito. Desenho todos os produtos eu mesma,
encontro distribuidores e faço os comerciais. Sou uma
empresa de vários milhões de dólares sozinha e é um trabalho
a tempo integral gerindo tudo, o que faço sozinha. Isso não
significa a necessidade de uma presença constante de mídia
social, os postos patrocinados e o que vier. Significa e muito. É
preciso muito trabalho para manter um nível constante de
presença em nossa sociedade, o que, apenas posso dizer, é um
tanto louco, porque, como sociedade, somos muito instáveis.
Estamos sempre procurando a próxima coisa nova, a nova
moda, o novo Instagram ou a nova celebridade no Youtube, por
isso a relevância é extremamente difícil.

Duke olhou para mim, parecendo divertido.

— Você está evitando minha pergunta, Fancy. Não pense


que não percebi.

Bufei.

— Não estou. Estou colocando o cenário. — Olhei para


ele. — Além disso, você me distrai.

— Mencionou um idiota chamado Lane.

Inclino minha cabeça para trás contra o assento e


suspiro.

— Sim. Quando tinha dezenove anos, conheci um idiota


chamado Lane. Era muito jovem e ingênua, pensava com a
minha boceta, então não sabia que ele era um idiota. Era
bonito e rico. Pensava ser uma coisa boa, porque esperava que
isso significava que não estaria interessado em mim pelo
dinheiro dos meus pais, visto que ele valia bilhões para os
meus cento e vinte mil.

Pensei, cautelosamente deixando minha mente


mergulhar nas lembranças e ainda mais cautelosamente
deixando que meu coração congelado, murado, sentisse
algumas das antigas dores.
— Ele era gostoso, milionário e apenas... legal. Tinha um
diploma de negócios de Stanford e estava para herdar não
apenas a fortuna de seu pai, mas também as rédeas da
empresa. Não era apenas um playboy preguiçoso, estava
trilhando seu caminho como um homem de negócios em sua
própria família e tinha apenas vinte... vinte e um anos, eu
acho. Talvez vinte e dois. Parecia amor. Ele não foi meu
primeiro, mas foi o meu primeiro namorado de verdade. Tinha
amigas suficientes que perderam suas virgindades antes de
mim, para saber que a primeira vez não seria incrível, então
entreguei a minha no ano anterior, para um idiota sexy em
uma festa, quando estava meio bêbada. Tudo bem. Foi um
pouco dolorido no início, mas o idiota, James, eu acho que seu
nome era esse, sabia o que estava fazendo. Olhando para trás,
não acho que fui sua primeira virgem, o que o torna ainda mais
idiota, mas seja o que for. Funcionou para mim. Perdi minha
virgindade com algum idiota que nunca veria novamente e
realmente não me importava. Chorei um pouco no dia
seguinte, senti um remorso, ou o que quiser chamar, mas não
me arrependo agora.

— Poderia afirmar honestamente que não era virgem,


mas era inexperiente o suficiente para que Lane pudesse me
ensinar. Ele gostava disso, eu acho. Que eu não fosse virgem e
não precisasse se preocupar, mas não era tão inexperiente que
pudesse me mostrar como gostava das coisas.

— Ele soa como um verdadeiro vencedor. — Duke falou.

Balancei a cabeça.
— Oh, apenas espere. Fica melhor. — Deixei escapar uma
outra respiração e continuei. — Então, as coisas foram
bastante normais no primeiro ano. Nós namoramos, fizemos
muito sexo, enfim. Ele me levava para as propriedades de sua
família na Itália e na Grécia, íamos aos grandes e famosos
clubes de Manhattan ou LA, dois clássicos lugares para os
babacas ricos do Instagram mostrarem. Festas em gigantescos
iates, percorrer a costa do pacifico em seu grande Rolls Royce,
que, aliás, tinha diamante moídos na tinta branca, vários
milhões de dólares em diamantes reais triturados e misturados
no trabalho de pintura. Nós voamos para Antígua em seu
jatinho G6 por um capricho.

— Parece que vocês eram um casal.

Balancei a cabeça.

— Todo mundo achava que nós éramos. Porra, eu pensei


fossemos. Os tabloides nos seguiam por toda parte,
chamavam-nos de o casal da década. Foi quando realmente
comecei a receber a atenção da mídia e da mídia social por mim
mesma e não apenas por ser filha de meus pais. Parecia que
tudo era lindo e perfeito. Estava apaixonada e ele me amava.
Nós conversávamos sobre isso, dizíamos isso um ao outro, ele
mesmo tocou no assunto sobre casamento.

— Hmmm, eu me pergunto o que poderia ter dado


errado? — Duke brincou.

— Bem, se está assumindo que ele me traiu, isso seria


uma suposição inteligente, mas errada. — Agora vinha a parte
difícil. — O primeiro sinal de que deveria romper com ele foi
quando uma gravação nossa fazendo sexo foi vazada.

Duke olhou para mim.

— O filho da puta vazou uma fita de sexo? — Ele soava...


irritado. — E você ficou com ele?

Encolhi os ombros.

— Não ficou imediatamente óbvio que foi ele. Fizemos o


vídeo com o meu telefone, então a suposição inicial seria de
que eu tivesse vazado. Fiquei arrasada, é claro. Quer dizer, isso
era privado, certo? Fiquei lívida e mortificada. A equipe de
imprensa dos meus pais entrou e controlou os danos e quero
dizer, não é como se eu fosse a primeira celebridade a ter uma
fita vazada, mas ainda me abalou. E Lane ainda interpretou o
namorado de apoio a um jornalista, em privado e para a
imprensa. E isso foi uma espécie de segunda coisa que deveria
ser um sinal de alerta. Precisa entender que o pai de Lane não
era de alto perfil. A maioria das pessoas nem sequer ouviram
falar dele, sinceramente, mesmo que fosse uma das pessoas
mais ricas do país. E Lane, menos ainda. Ele era um jovem
empresário, trabalhando como um louco para assumir a
empresa do pai da maneira mais difícil, batalhando em vez de
apenas herdá-la. Mas não era famoso. A menos que fizesse
parte do mundo dos negócios da elite, não teria ouvido de Lane
Behr.

— Então, quando a fita foi divulgada, eu fui para um


esconderijo. Natural, certo? Eu não tinha o programa ainda,
então não tinha a marca para me preocupar, logo entrei em
reclusão. Parei de sair, recusava convites para festas,
recusava-me a sair de férias, nem sequer sair do meu quarto
pela maior parte do tempo. Fiquei fora da mídia social. Lane
assumiu para meus pais, que lidaria com a imprensa em meu
nome. Ele cuidaria das coisas com histórias positivas, falaria
sobre como eu estava me reconstruindo e reavaliando o meu
futuro à luz do vazamento, besteiras assim. Era bom nisso.
Apreciei a iniciativa, meus pais também...

— E Lane apreciou, porque era a faísca que definiria a


sua estrela para subir? — Duke arriscou.

Balancei a cabeça.

— Exatamente. A mídia percebeu que Lane era


magnético, fotogênico e encantador, era um jovem empresário
de uma família de elite − tudo o que a imprensa gosta de enfiar
em nossas gargantas. Ele jogou bem, no entanto. Não começou
imediatamente chamando toda a atenção que poderia. Não,
Lane foi muito mais desonesto do que isso, pensou em algo a
longo prazo. Estabeleceu-se como meu porta-voz, de certa
forma, me persuadiu a publicar selfies de vez em quando com
legendas suaves que faria parecer que tudo estava ótimo.

Fiz uma pausa por um momento, desejando poder pular


esta parte.

—Ele foi a razão pela qual eu decidi lançar o programa.


Foi ideia dele. Precisava usar a atenção causada pela fita em
meu benefício. Transformá-lo em algo bom para mim. As
pessoas adoraram as pequenas informações que estavam
recebendo da minha vida − eu e Lane em casa, Lane com meus
pais no convés ao pôr do sol, abrindo uma garrafa de vinho,
todas essas coisas. Ele era bom para caralho. Eram
informações fofas e intrigantes da nossa bela e perfeita vida.
Era um grande contraste com o que vínhamos registrando
antes disso, a extravagância, o drama e emoção. Essas foram
apenas pequenas dicas e as pessoas queriam mais. Então, ele
me convenceu a colocar o constrangimento da fita para trás e
abraçar a atenção. Kim teve uma fita vazada e olha o quão
bem-sucedido ela é, certo? Então lancei o programa.

— Assim que aprovamos, as equipes apareceram e


começaram as filmagens, em seguida, o primeiro episódio foi
ao ar e ... Lane era uma estrela. Era engraçado, estava em
todas as cenas, era bonito e rico, simplesmente ... perfeito e
todos o amavam. Toda a primeira temporada foi sobre Lane.
Ele solidificou seu status como uma celebridade. Foi a estrela
de Temple apesar de ser o meu nome no título, mesmo que
devesse ser sobre mim.

Fiz uma pausa novamente.

— Ele me acusou de traí-lo no final da terceira


temporada. — Tive que interromper novamente, porque este
era o lugar onde as coisas ficavam realmente horríveis. Ele foi
pelas minhas costas e convenceu os editores a cortarem as
filmagens para parecer que eu o traí. O namorado da minha
melhor amiga Holly apareceu em alguns episódios, eles
estavam brigando e eu argumentando em sussurro com Paris,
o namorado de Holly, assim Lane os mandou editar para que
parecesse que eu estava me relacionando com Paris pelas
costas de Lane e de Holly. A parte de cima do meu biquíni ficou
tão reduzida que parecia estar de topless e com alguma edição
criativa, parecia que Paris e eu tínhamos alguma coisa. Na
verdade, estava dizendo a Paris que ele era um idiota por
machucar Holly − estava defendendo minha amiga e Lane
transformou-o em um escândalo de traições. Tudo o que foi
preciso foi algumas filmagens e poucos rumores.

Cocei a mancha de sangue seca na minha saia.

—Ele conseguiu certificar-se de que Holly visse a


filmagem editada primeiro, então ela acreditou, tivemos uma
briga enorme e Lane agiu todo magoado dando a estes
episódios, um coração partido, dizendo como me amava e não
entendia como pude fazer isso... blábláblá. Mais uma vez, não
percebi o que ele fez no início, em seguida, um dos produtores
teve uma conversa com um dos editores e descobriu a história
toda, como chegou à filmagem editada, em seguida vazou para
Holly e os tabloides em toda parte, assim o produtor me disse.
— Pisquei novamente, mas não estava chorando. Não. — Holly
era minha melhor amiga. Nós éramos amigas desde que
tínhamos dez anos. E ela acreditou nele. Acreditou na
filmagem. Paris disse a ela que nada daquilo aconteceu, eu lhe
disse a mesma coisa, todos nós tentamos dizer que não havia
nenhuma evidência de qualquer coisa acontecendo entre Paris
e eu, exceto um pedaço de filmagem que até mesmo a rede
admitiu que foi adulterada. Ela não se importou. Perdi minha
melhor amiga e toda a coisa aconteceu diante das câmeras. As
redes comeram, os tabloides adoraram, os blogueiros idem. E
Lane amou, porque o colocou no centro das atenções mais do
que nunca. Quando ele começou a posar para as revistas, dar
entrevistas para os blogs e seguir o programa de entrevistas
Watch What Happens Live falando sobre nós e o escândalo... foi
quando percebi o que ele estava fazendo, foi quando realmente
percebi isso.

Outra respiração profunda.

— Então contratei meus próprios investigadores e eles


voltaram com evidência definitiva de que Lane enviou a fita de
sexo do meu telefone para o dele, depois teve alguém
anonimamente vazando para site 4Chan, onde ele se tornou
viral... — Minha voz tremia. — A evidência que minha equipe
me trouxe era incontestável. Então o confrontei em privado.
Ele ficou puto e tentou voltar para a coisa da traição... aí tudo
ficou feio. Nós dois gritamos muito, logo meu pai fez Lane se
afastar. As câmeras chegaram para gravar no dia seguinte,
então pegaram a queda realmente suculenta, quando o
confrontei novamente e disse-lhe sobre ter filmado para fingir o
escândalo da traição... o que quase se transformou em uma
briga. Acontece que Lane nos manipulava e nós percebemos
tudo de uma só vez, diante das câmeras.

— Jesus, que bagunça. — A mão de Duke estava ainda


segurando a minha.

Uma presença sólida, reconfortante, sua mão quente, seu


corpo enorme ao lado do meu.

— Sim, foi um completo desastre. — Pisquei novamente,


mais forte desta vez. — Não há palavras para o quão feio foi.
Ele... ele me disse, diante das câmeras, que nunca me amou.
Que sempre fui uma vaca com dinheiro para ele, a chance de
ficar famoso e ainda mais rico do que já era. — Minha voz
estava tão rouca e não era por causa do Lane exatamente, mas
era o ponto onde estava citando-o. Você é bonita, mas é uma
típica loira burra. E a parte realmente triste é que é uma foda
péssima. — Eu senti a lágrima cair no rosto e ignorei. — Ele foi
para um discurso inflamado. Disse que eu era estúpida, que a
única razão pela qual considerou me foder foi porque era um
pouco famosa e viu uma chance de conseguir algo comigo.
Disse que eu tinha uma boceta apertada, mas que era um
peixe morto e dava boquetes de merda. Diante das câmeras,
disse tudo isso. Disse que a fita de sexo foi o único sexo
decente que tivemos.

— Jesus. — Disse Duke. — Que filho da puta.

— Sim. — Eu concordei. — Ele era um filho da puta, com


certeza.

Nós dirigimos em silêncio por um minuto ou dois, depois


Duke puxou para sair da autoestrada e entrar num desses
postos de gasolina à direita, perto das rampas de entrada e
saída, disse-me para ficar parada, enquanto corria para loja de
conveniência. Apenas se foi um minuto ou dois, depois voltou
com um saco de lanche, algumas garrafas de água e um
telefone celular daqueles pré-pagos. Depois de encher o tanque
de gasolina, nós voltamos para a estrada.

Uma vez que estavam de volta à estrada, o olhar de Duke


foi ao meu.

— Então, o que não entendo é como tudo entre você e


Lane, como louco, fodido e doloroso foi, explica suas regras
sobre sexo?
Eu ri.

— Claro que você voltaria para o sexo. — Eu ri, mas não


com diversão. Era realmente tudo o que importava?

Duke segurou minha mão, apertou-a e fez com que


olhasse para ele antes de falar.

— Não é sobre sexo, é sobre as regras. Quero saber como


você resolveu que algumas regras era a melhor maneira de
corrigir sua vida.

— Estava sozinha. Apenas... tinha meu coração partido,


estava com raiva e confusa. Bem... odiava todos. Discutia com
meus pais, com meu irmão e literalmente com todos, porque
estava muito infeliz. Não fui apenas um objeto de fama para
alguém ou traída, fui feita de boba na frente de milhões de
pessoas. E não soube como lidar com isso. — Fechei os olhos.
— Não soube ... não soube mesmo. Não tinha Lane e me sentia
como... em quem podia confiar? Não podia confiar em
ninguém.

— Ainda não...

— Oh cale a boca e deixe-me falar. — Eu disse. — Nunca


disse isso a ninguém antes, então contarei do meu jeito.

Duke ergueu as mãos.

— Ok, calado e ouvindo.

— Bom plano. — Bati seus nós dos dedos com a ponta de


um dedo, traçando as cicatrizes de uma vida de luta. — Como
eu disse, estava sozinha. Mas... precisava de sexo. Resumiu-se
a isso. Estava excitada e me deixava miserável, porque não
tinha nenhuma satisfação. Além disso, não via como poderia
confiar em alguém o suficiente para namorar. Então decidi não
o fazer. Imaginei se tudo o que realmente queria fosse sexo,
então por que não apenas... pegar ao que queria? Começou
com um dos amigos do meu irmão mais novo. Estávamos
gravando umas férias em família na Grécia e Quinn trouxe um
casal de amigos, assim me juntei a um deles. — Eu ri. — Sim,
isso não deu certo.

Duke estava em silêncio, erguendo uma sobrancelha.

Balancei a cabeça, rindo novamente.

— Quinn foi idiota e o rapaz com quem estava contou a


todos os detalhes sujos... mais uma boa notícia para a TV e que
foi ruim para o meu coração e orgulho. O próximo homem foi
aleatório, alguém fora das câmeras, não fazia parte do
programa, apenas alguém que conheci num clube uma noite.
Isso foi... melhor. Consegui o que precisava e parecia que ele
respeitaria minha privacidade.

— Não muito?

Balancei a cabeça.

— Não muito, não. Ele não vendeu a história, mas contou


para seus amigos e o boato se espalhou, o que colocou os
paparazzi nos meus calcanhares. Então, na vez seguinte que
tentei me conectar com um homem que conheci em um bar, ele
foi fotografado. As histórias se tornaram virais e os próximos
ganhadores foram para essa grande coisa − Temple Kennedy
está se recuperando, relacionando-se com tantos homens
quanto ela pode, esse tipo de coisa, meias-verdades, ficção.
Não foi um rebote, era apenas eu ... finalmente indo atrás do
que queria. Não podia evitar a imprensa, não podia evitar os
fotógrafos e o que quer que fosse, então comecei a tentar ser
mais discreta sobre isso, indo menos para o tipo de bares de
alto perfil em Hollywood. Mas mesmo assim, não poderia
ganhar.

— Como assim?

Encolhi os ombros.

— Bem, se imprensa não me encontrasse, os homens


inevitavelmente diziam a alguém, a história sairia. E eu
apenas... tudo o que queria era ser capaz de fazer sexo, sem
que fosse uma história no grande ciclo de notícias. Não parecia
pedir muito.

— Não penso assim, não.

— As pessoas dizem oh, é o preço da fama, mas isso é


besteira. Eu me inscrevi para ter partes da minha vida na
televisão, partes que escolhia para gravar... não todos os
detalhes. As pessoas acham que tem o direito de saber tudo
sobre mim, cada detalhe, cada pequena coisa que faço, todo
lugar que vou, todos os homens com quem transo ou como
pareço. E os homens, eles são tão ruins. Todos parecem pensar
que apenas porque nós transamos uma ou duas vezes,
precisam entrar no programa que eu vou comprar-lhes uma
Ferrari e levá-los para esquiar na Suíça ou o que quer que seja.
Não pensam nisso, se sentem como se não fossem grande coisa
para tirar uma foto de nós juntos e vendê-la. Antes de criar
minhas regras, havia histórias e fotos, tudo e sempre vinha de
um dos homens. Como... como porra é difícil perceber que
apenas quero as coisas em sigilo? Eu não ia a um bar, em Palo
Verde, porque não queria que todos soubessem com quem eu
estava saindo. Apenas porque tirei minhas roupas para ele não
significa automaticamente que pode tirar foto minha nua ou
seminua e vendê-la para TMZ. No entanto, continuaram
fazendo isso.

Olhei para Duke.

— Então criei as minhas regras. Agora cada homem


assina um acordo de não divulgação. Você não ganha mais do
que um olhar para meu decote sem assinar o acordo. E
abrange praticamente todas as outras regras. Não há fotos.
Não há histórias para vender. Sem dizer aos seus amigos ou à
sua família. Nem uma única palavra sobre qualquer coisa que
fizermos para ninguém, nunca. Essa é a primeira regra e é
juridicamente vinculativa. Ela protege minha privacidade e
garante que o homem saiba que estou falando sério. Qualquer
um pode quebrar uma promessa de não falar, mas são muito
mais propensos a manter essa promessa se assinarem um
documento juridicamente vinculativo, o que também significa
que não podem contar a ninguém sobre o acordo sequer, que é
uma superinteligente parte jurídica, se me permite dizê-lo.

— A segunda regra é nenhum contato uma vez que for


embora. Não pode pegar o número do meu telefone, não
enviarei mensagens de texto e você não enviará para mim. Não
me perseguir no Facebook e me enviar pedidos de amizade ou
me tuitar, nada.
Duke fez a coisa sobrancelha.

— Isso é um fora bem claro, eu diria. — Ele hesitou um


momento. — E você diz para eles em tantas palavras?

Concordo.

— Sim. Eu tenho um discurso.

Duke bateu palmas uma vez.

— Vamos ouvi-lo.

Suspirei.

— Certo, tudo bem. Aqui está. — Eu cruzei os braços sob


meu peito para segurar o decote, que é parte do discurso. —
Ouça, Duke − e aqui, obviamente, eu digo seu nome − acho
você sexy e estou ansiosa para irmos para as coisas boas. Mas
há uma pequena coisa que precisamos discutir primeiro. E
aqui mostro o acordo e uma caneta. Então, obviamente, você
sabe quem eu sou e espero que entenda que estou fazendo isso
apenas para proteger minha privacidade, mas... preciso que
você assine este acordo de não divulgação. Isso não é
negociável, lamento. Pode lê-lo, mas basicamente diz que não
contará a ninguém, nunca, qualquer coisa sobre o que fizermos
juntos. Isso inclui seus amigos, paparazzi, bloggers, tabloides,
seu melhor amigo, ninguém. Nunca. Você também não pode
contar a ninguém sobre o próprio acordo.

— Há outra coisa com a qual concorda, se assinar isso e


deixe-me assegurar que se você não o assinar, pode sair. Não
entrará em contato comigo depois que terminarmos. Sem
telefonemas ou SMS, sem mensagens por redes sociais, Twiter,
nada, nunca. Isso não é o que estamos fazendo aqui. Então
Duke, se você concordar com tudo isso, assine e coloque a data
no documento e nós podemos passar para a parte divertida. —
Encolho os ombros. — Isso é mais ou menos como acontece.

Duke ficou em silêncio por um tempo.

— E eles concordam?

Concordo.

— Noventa e nove por centro das vezes. Houve alguns


homens que não concordaram, mas sim, na maioria das vezes
concordam com isso e assinam. — Eu olho para ele. — Por que
você soa tão ... cético?

Ele balança a cabeça para um lado.

— Bem, porque eu não concordaria com essa merda.


Minha palavra é minha garantia, correndo o risco de soar
arcaico ou qualquer outra coisa. Essa merda é... louca. Nunca
assinaria um documento juridicamente vinculativo apenas por
uma chance foder uma mulher, não importa o quão gostosa ou
famosa seja. — Ele olhou para mim, fazendo uma cara Oops. —
Isso saiu um pouco duro, talvez. Apenas quero dizer...

Encolhi contra a porta, longe dele, olhando pela janela.

— Você deixou isso muito claro, eu diria.

Ele estendeu a mão para mim.

— Eu não quis dizer isso assim ... — Ele parou e abaixou


a mão. — Bem, talvez eu tenha. Mas não é sobre você,
necessariamente. Não é sobre você não valer a pena ou alguma
merda. Apenas... que todo o processo é apenas... frio, eu acho.
Tira toda a diversão. Parte da corrida do sexo casual é o risco, o
mistério. Você nunca sabe com quem está lidando e é por isso
que precisa estar seguro sobre as coisas, obviamente, mas
apenas quero dizer... droga, eu não sei como dizer isso.

Ele respirou fundo e soltou, então continuou.

— A excitação, a diversão, a paixão é sobre o mistério,


sobre não conhecer a outra pessoa, compartilhar algo íntimo
com um estranho total.

Duke fez uma pausa, em seguida, olhou para mim com


uma expressão muito séria no rosto.

— Colocar um elemento legal no meio disso, a proibição


de qualquer contato futuro, colocando essa grande
responsabilidade legal na frente das coisas, tipo: ei, nós
foderemos, mas você não pode nunca dizer a ninguém sobre
isso, não pode falar sobre isso, apenas precisa manter esta
coisa que aconteceu em segredo. Quer dizer, eu sei porque você
faz isso, mas parece que leva tudo mais longe.

— Você não entende como é... — Eu comecei.

— Não, não entendo. — Duke interrompeu. — Mas esse


não é o ponto. Sim, você se queimou, forte. E então continuou.
Mas mesmo para mim, um solteirão convicto, um especialista
na ligação aleatória, parece que você fez uma ciência logística
de uma noite fora. Você transformou isso em... isso... frio, sem
paixão... numa coisa.

Ele olhou para mim e odiei o olhar em seus olhos quase


tanto quanto odiava a precisão, brutal precisão de sua
avaliação.
— É apenas sobre o sexo, nesse momento. E querida,
simples sexo, se isso for tudo o que está acontecendo, bem,
porra, essa merda é chata. É aí que as coisas acabam. Esse é o
ponto culminante de todas as partes divertidas. Está apenas
levando esses homens para casa, escalando e montando seus
paus e depois chutando-os para fora... onde está a diversão?
Onde está a loucura suculenta e bagunçada? Onde está a
parte em que vocês rasgam a roupa um do outro e fodem como
animais porque precisa dessa merda e eu quero dizer, as
línguas, as mãos, devorando um ao outro, a provocação, o
limite, o incondicional bruto e raivoso, fodendo como animais?

— Você faz um homem assinar um papel estúpido, sim, o


vincula legalmente, mas ele fica pensando sobre essa merda,
não sobre o quão forte a fará gozar, não sobre como pode
fazê-la perder a porra de sua mente. Especialmente se ele sabe
que tudo o que receberá com este acordo é um fora? Ele
começa a conectar-se com Temple Kennedy, mas não pode
dizer a ninguém e apenas tem uma foda morna? Não há
nenhuma razão para o seu jogo. É besteira, é o que é. Sim,
protege sua privacidade, mas também a coloca na torre
impenetrável como uma espécie de porra de Rapunzel. O sexo
não é sobre como colocar o pau na boceta, princesa. Trata-se
de todo um inferno de muito mais do que apenas... foder.

— E eu estou dizendo isso como alguém que raramente


toca o mesmo mel duas vezes, certo? Mas quando o faço,
conecto-me com uma mulher, certifico-me de que haja...
paixão. Não sei sobre sexo com amor − não quero dizer esse
tipo de paixão. Eu nem mesmo sei se existe essa merda. Eu lhe
disse de onde eu vim, alguns idiotas pagavam a minha mãe por
uma transa rápida com um saco de pedras de crack. Nunca
houve amor na minha vida, a menos que queira falar sobre os
rapazes com quem servi e lutei ao lado − eu posso dizer que os
amo, mas a maioria deles está morto. Então não quero dizer
que isso é sobre paixão, amor, como colocam nesses estúpidos
filmes de Hollywood. Essa merda é para contos de fadas e eu
não compro. Então não me confunda, está bem?

Ele apontou um dedo para mim, os olhos azuis vívidos e


penetrantes em chamas, antes de olhar de volta à estrada.

— Mas sexo, bom sexo, mesmo com alguém aleatório,


precisa colocar um pouco de si mesma nele. Estive com
mulheres que pensavam que poderiam me fazer acreditar no
amor, tentaram me dizer: oh, Duke, você dá parte de si mesmo
toda vez que faz sexo causal com alguém que nunca verá
novamente. Mas do jeito que eu vejo, sim, estou dando parte de
mim mesmo, mas merda, estou recebendo a mesma coisa em
troca da mulher. É assim que funciona. Bem, se ela age como
se eu fosse apenas um pau para montar e isso não significa
merda, apenas será uma de troca de fluido rápido... sairei
dessa merda.

— Seja real, isso é tudo o que eu peço − esteja nele. Sou


real, sou hétero. Eu direi como é, não é uma besteira. Não será
amor, porque essa droga não existe, mas também prometo que
será a melhor maldita noite da sua vida e darei tudo o que
tenho para fazer dessa promessa uma realidade. — Ele
encontrou meu olhar novamente. — E o que você está fazendo,
Fancy? Essa merda não é real. Nem sequer é foda. É apenas...
sexo. Querida, isso é triste, se me perguntar.

Minha cabeça estava girando, meu coração doendo, meus


olhos ardendo.

— Você é um bastardo, Duke Silver. — Eu disse, minha


voz grossa, se rompendo.

— Porra, tudo o que eu quis dizer foi...

Minha voz era um sussurro sibilante.

— Não fale comigo, porra. Não me chame de Fancy,


princesa ou qualquer dessas merdas. Quer destruir minha
vida? Tudo bem, que seja. Mas você não continua falando
comigo ou agindo como se me conhecesse. Não me conhece.
Então... foda-se.

— Temple, acalme-se um segundo.

— Vá se foder! — Eu gritei. — Conto coisas que nunca


disse para qualquer um, finalmente me abro para um homem,
porque acho que talvez encontrei aquele que poderia me
entender apenas um pouco ou pelo menos me aceitar e o que
você faz? Você me despedaça e me faz sentir uma merda. Como
se eu fosse apenas a rainha de gelo safada. — Não posso evitar,
então fungo, uma lágrima cai, mas então aperto nele e
concentro-me em empurrar as emoções de volta para baixo
onde elas pertencem − sob a superfície, no fundo, para nunca
ser vista novamente. — Deus, exatamente quando eu penso
que não posso me machucar mais, vem Duke fodido Silver e
sua imbecil pompa, arrogante, provando-me que estou errada,
provando para mim que, sim, realmente há outra maneira de
um homem me machucar.
Duke abriu a boca para falar, mas então o mundo
terminou em um estrondo ensurdecedor, logo o universo
estava girando, torcendo, lançando e algo branco explodiu em
meu rosto, algo esmagou meu peito e outra coisa cortou meu
rosto e houve outro acidente, barulho e dor.
VOCÊ NÃO SABE
MERDA NENHUMA
Bem... azar.

Novamente.

Senti algo chegar, mas desta vez aconteceu tudo de uma


vez e em um brilho ofuscante de dor. Então fui atingido com a
percepção repentina que estava de cabeça para baixo e que
algo estava errado.

Tudo estava errado, mas algo grande, importante e


específico estava muito, muito errado.

Forcei meus olhos abertos, esforçando-me para


concentrar depois da dor esmagadora em meu crânio e o
sangue escorrendo em minha cabeça, descendo pelo queixo,
olhos e nariz. Olhando para a direita, podia ver Temple,
pendendo hesitante, suspensa pelo cinto de segurança,
desmaiada. Estava uma bagunça. Tinha sangue emaranhado
em seu cabelo, de um corte ao longo da linha limite do cabelo e
outro gotejando em seu peito.

O que aconteceu?
Estava com dor, mas nada parecia muito danificado.
Uma dor de cabeça, cortes, dores e contusões.

Olhei para a esquerda, pela janela. Fomos nocauteados


na estrada e rolamos para um aterro íngreme, através de uma
cerca e estávamos de cabeça para baixo em um campo. Isso era
no meio do nada, um desolado trecho de rodovia onde se via
um pequeno tráfego, então isso não foi um acidente.

Confirmando minhas suspeitas eu vi, à distância, os


capôs de dois grandes Jeep Wranglers pretos estacionado lado
a lado, inclinados um para o outro. Eles estavam equipados
com grandes pneus knobby, trações fortes, barras de luz LED,
guinchos. Cada Jeep estava no processo de descartar quatro
homens, cada um armado com HK, MP5s e o que parecia ser
uma armadura corporal. Eles estavam andando em um único
passo, em nossa direção em uma linha limpa e precisa, todos
os oito deles. Todas as armas com a mira laser em mim.

Apoiei minha mão contra o teto embaixo e abri a fivela do


cinto de segurança. Caí desajeitadamente no chão... ou teto,
seja o que for. A espingarda, graças a Deus, ficou no veículo
comigo, então a peguei e joguei para fora da janela do outro
lado do carro. Posicionando-me por baixo de Temple, soltei-a e
a peguei da melhor forma que pude, o que significou deixar sua
metade inferior atingir o chão/teto e pegar sua cabeça e
ombros com um braço. Eu verifiquei se havia fragmentos de
vidro na janela do passageiro quebrada, chutei alguns pontos
remanescentes, puxei o peso de Temple para fora o máximo
que pude, então subi pela janela traseira, já quebrada do
tiroteio anterior. Puxei Temple o restante do caminho e a deixei
desmaiada atrás dos destroços amassados do SUV.
Espreitando sobre o Tahoe, pude ver que os mercenários
estavam a apenas alguns metros de distância.

Peguei a alça da espingarda, encostei-me no


compartimento do porta-malas e peguei uma caixa de
munições e uma das AR-15. Despejei os cartuchos de
espingarda em um bolso, joguei a caixa de lado e bombeei o
cabo de carga da AR-15. Verificando o compartimento cheio.

Olhei ao meu redor, procurando uma proteção alternativa


e não vi nada além dos destroços do Tahoe e uma mata de
álamos a uns duzentos metros atrás de mim. Além de uma
Temple desmaiada e sangrando.

E oito fodões profissionais que vinham na minha direção,


com poder de fogo apropriado. Ainda bem que sou mais fodão
do que a maioria dos fodões profissionais, certo?

Minha mochila estava dentro do SUV. Encaixei um pé na


correia e a puxei abrindo o fecho. Onde elas estão? Merda,
merda... lá estavam elas: duas granadas, enterradas sob o
dinheiro.

Espreitei acima do topo do SUV de cabeça para baixo e vi


que estava sem tempo, merda. Puxei o pino e joguei a granada,
ficando abaixado atrás da maior parte do veículo, contando até
três...

BANG!

De perto, a detonação era ensurdecedora, como imaginei.


No segundo em que ouvi o estrondo, pulei, coloquei o barril na
arma e subi no Tahoe apertando o gatilho e dando um tiro cego
na fumaça deixada pela granada, senti o coice da arma contra
meu ombro como uma mula, então girei para a direita e
disparei novamente, girei de volta para o outro lado e disparei
novamente, depois me abaixei, coloquei cartuchos novos
substituindo as rodadas gastas e coloquei a espingarda de
lado, levantando o rifle.

Esperei uma contagem de dez, então rolei ao redor da


extremidade traseira do Tahoe. A fumaça estava limpando-se e
dois dos mercenários estavam abaixados, um se contorcendo
de dor e outro imóvel. Os outros seis....

Merda. Um deles estava quase em cima de mim,


disparando enquanto trotava suavemente em minha direção.
Seus tiros acertaram o carro e devolvi o fogo antes de me
esconder. Mais balas estavam atingindo o Tahoe agora, dos
seis homens restantes. O som dos tiros era ensurdecedor e eu
sabia que era apenas uma questão de tempo antes que
começassem a atirar e ter sorte.

Quando o homem principal estava contornando a


extremidade da traseira do Tahoe, não tive escolha senão atirar
de uma posição agachada, minhas rodadas atingindo a
garganta dele e enviando um jato de sangue. Agarrei-o pelo
colete e girei para trás, sentindo seu sangue caindo quente no
meu lado enquanto apertava meu ombro em suas costas,
senti-o gemer, ouvindo-o engolir molhado e então ele sacudiu
enquanto as rodadas de seus companheiros batiam contra seu
peito blindado. Eu me movi lateralmente com ele, usando-o
como um escudo para absorver a fusão de balas e então o
joguei para frente quando alcancei a extremidade traseira do
Tahoe. Eles flanquearam pela direita, passando ao redor do
capô.

O que significava que Temple estava entre nós.

A raiva explodiu através de mim, não poderia me dar ao


luxo de ceder. Precisava manter a calma, manter a cabeça e
lutar inteligente.

Mas, porra, poderiam acertá-la ou eu, poderiam apenas


agarrá-la e correr...

Rolei de volta para fora, o rifle em um arco horizontal


enquanto eu desviava do cerco. Eles tinham Temple.

Um na frente, segurando seu corpo magra através de seu


corpo como um escudo, o restante se aglomerava atrás dele.
Estava assumindo que eu não iria disparar, que não estava
disposto a arriscar Temple.

Nunca chame meu blefe, filho da puta.

Coloquei três rodadas através do escudo do rosto do


homem que segurava Temple, já que ele não tinha uma arma
na cabeça dela. Deixou-a cair na grama e caiu para trás, então
abri fogo, arremessando-me, depois de rodar enquanto caía de
lado. Bati no solo, deixei o rifle no chão e me arrastei até a
espingarda enquanto me ajoelhava a poucos metros de
distância.

Temple ainda estava fora, mas estava se movendo e


gemendo agora. Os mercenários retrocederam, finalmente
percebendo exatamente com quem estavam lidando.

Uma bala atingiu meu ombro, outra cortou meu lado e


uma terceira puxou o tecido solto da bermuda, queimando
minha coxa. Uma boa coisa que não acertou outro lugar perto.
Apontei alto, com aquela sexy calibre doze, explosão após
explosão, lançando-os para trás e espalhando-os. Um caiu,
depois um segundo. Outra bala raspou minha camiseta, uma
segunda o lado do meu peito e uma terceira passou por minha
orelha. Estava ficando muito perto para meu conforto. Uma
coisa sobre sorte é que sempre se esgota. O truque é, saber
quando dobrar a mão antes da sorte acabar com você.

Explodi em uma corrida, direta para eles, manuseando os


pinos na câmara antes de descarregar mais granadas no
caminho deles. Estava apontando mais em direção a eles do
que para eles, tentando espalhá-los, reprimir o fogo e fazê-los
correr. Foi o que fizeram, os dois que ficaram em pé.

Eles estavam transportando um imbecil para outro lado


do campo e fazendo em muito bom tempo também. Com um
rifle eu os acertaria, mas com uma espingarda, a esta
distância? Eu nem sequer tentei. Bastava deixá-los correr.

Chegaram ao jipe e eu saí para o campo aberto atrás eles.


— DIGA AO CAIN PARA TRAZÊ-LOS! — Gritei. —
DERRUBAREI CADA UM DE VOCÊS, SEUS FILHOS DA PUTA!

Um deles respondeu com sua HK, enviando meia dúzia de


rodadas em duas explosões para mim. Ele errou por pouco e
percebeu. Eu me abaixei atrás do Tahoe, deixando-os ir
embora, especialmente porque Temple estava começando a se
sentar.

Havia gemidos vindo da maioria dos homens no chão,


mas estava muito aliviado ao ver Temple sentar-se para me
preocupar com eles.

Uma vez que tive certeza de que os dois sobreviventes


fugiram, corri para o lado dela.

— Olá, Fancy. Como você está se sentindo?

Ela gemeu, segurando sua cabeça.

— Ferida. — Limpou seu rosto, olhou para baixo em seu


peito. — O que aconteceu?

Desabotoei a blusa dela, tirei-a e usei-a para limpar


suavemente o corte em seu peito, que era longo e bagunçado,
mas não profundo.

— Nós fomos derrubados da estrada.

Ela sibilou.

— Como eles continuam nos encontrando?

Limpei o corte no rosto dela, que era ainda menor, um


pequeno corte na testa.

— Isso é o que quero saber. Você ficará bem. Alguns


cortes e doerá por algum tempo, mas nada danificado que eu
possa ver.

Ela olhou para mim.

— Você está sangrando também.

Coloquei mais cartuchos na câmara da espingarda.

— Sim, bem, nada com que se preocupar. Cortes e


contusões como você. — Levantei. — Fique aqui por um
minuto.
Corri para o homem mais próximo gemendo no chão e
coloquei o meu pé em seu ombro. Eu o chutei nas costas e
então coloquei o cano da arma em seu rosto. — Você fala
inglês, idiota?

Ele foi alvejado no peito. Seu colete absorveu um pouco


do impacto, mas ainda estava em mau estado – aqueles coletes
paravam muitas balas, mas não uma calibre doze de perto.

Ele olhou para mim e cuspiu.

— Caralho. — Ele disse em um sotaque do Bronx.

— Acho que é um sim. — Eu me ajoelhei ao lado dele, tirei


minha KA-Bar da bainha e enfiei a ponta sob o queixo dele. —
Ouça, eu realmente não quero fazer isso na frente da moça,
mas o farei se for preciso, sim? Tudo o que você tem que fazer é
me dizer como vocês, desgraçados, continuam nos
encontrando.

Ele riu, sibilando, tossindo sangue.

— Você deve ser muito estúpido. — Ele riu novamente. —


Acha que está ganhando? Não sabe merda nenhuma. Não pode
fugir. Pode matar alguns de nós, mas confie em mim quando
digo que Cain está apenas brincando com você. Ele o
encontrará. E o fará pagar.

Empurrei um pouco mais forte.

— Poupe a conversa difícil, imbecil. Como ele está me


encontrando? Fale ou o estriparei como um peixe.

Senti Temple observando. Isso me aqueceu, apenas um


pouco.
O homem riu novamente.

— Faça o que quiser. Eu não dou a mínima. Ele o


encontrará.

— Ele é um gângster de merda. O que fará? Alimentar-me


com os peixes?

Outra risada, molhada, sugando.

— Você não sabe de nada. — Ele repetiu. — Acha que isso


é sobre aquela cadela rica ali? Deve ser mais burro do que
parece. Cain é mais do que você jamais saberá.

— Ooh... sinistro. — Eu apertei a KA-Bar, desejando que


Temple não estivesse ali, então poderia simplesmente estourar
o filho da puta na cabeça e acabar com isso. — Deixe-me
adivinhar, ele tem um laboratório secreto em uma ilha secreta
e tem um plano nefasto para dominar o mundo.

Esse merda riu novamente.

—Bem, se a ignorância é felicidade, deveria ser a merda


mais feliz do planeta.

Eu dei uma bufada de nojo, então o deixei sangrar, não


demoraria muito. Voltei para Temple e a ajudei ficar de pé,
depois a coloquei de volta em sua camisa. Peguei a mochila do
chão, junto com a AR-15 e alguns cartuchos da parte de trás
do Tahoe e levei Temple até o jipe que restou.

— Ele vai encontrá-lo! — Veio um grito, com outra


daquelas gargalhadas molhadas e gorgolejantes.

Temple tentou olhar para trás, mas a puxei, quase


correndo para o jipe.
— O que ele quis dizer com isso? — Ela perguntou,
claramente tentando não parecer histérica.

— Nada.

Temple me bateu no braço, o que doeu, porque esse era o


braço que foi aberto antes.

— Não me venha com isso, Duke.

Eu a empurrei no banco do passageiro e contornei o capô


para pular atrás do volante. Felizmente as chaves ainda
estavam na ignição. O motor começou com um estrondo
borbulhante e eu descolei em um amplo arco, subindo a
ladeira e voltando para a estrada vazia.

— Ele está cheio de merda. Falando sobre algum absurdo


sobre como Cain nos encontrará, está brincando conosco, blá
blá blá para caralho.

O cenho de Temple era de quem estava preocupada.

— Normalmente eu chamaria isso de besteira também,


mas parece que eles simplesmente sabem onde estamos ou
para onde vamos. Continuam aparecendo do nada. Não faz
nenhum sentido.

Cocei o queixo e então girei o tronco, testando a picada


dos vários cortes e dores.

— Sim, você tem um ponto. E eu tive muita sorte nas


últimas vezes em que eles apareceram. Subestimaram e
consegui vencê-los. Mas a minha sorte acabará cedo ou tarde.
Você apenas entra em tantos tiroteios em desvantagem, antes
que alguém consiga um tiro de sorte e o acerta com apenas um.
— Isso é o que tenho medo. — Ela inclinou a cabeça para
olhar para trás, para a cena que deixávamos, o Tahoe virado,
os corpos espalhados ao redor dele. — Quantos estavam lá
dessa vez?

— Oito. — Esfreguei a nuca. — E eles estão melhorando a


cada vez.

— Mas você é o melhor, certo?

Eu não tinha certeza se ela estava brincando ou não,


encolhi os ombros.

— Na maioria das situações, sim. Mas há sempre alguém


melhor, alguém com mais sorte. E não importa o quão sortudo
ou quão bom você seja, eles mandam homens suficientes,
pegam-me sem cobertura e sem apoio, não importa o que eu
faça. Essa droga está se tornando muito mais séria do que
imaginei no começo.

— Então, o que faremos?

Suspirei.

— O mesmo plano de antes. Tenho que me conectar com


os meus amigos. Isso é demais para eu lidar sozinho. Há uma
merda acontecendo. Não sou esperto o suficiente para
descobrir − apenas não tenho todas as informações. Preciso de
Lear, Anselm e Puck. Preciso Thresh, porra. Com aquele filho
da puta do meu lado, eu posso foder e destruir o mundo. Esses
malditos não terão chance. Mas sozinho ... tentando mantê-la
a salvo? Minhas opções são limitadas.

— Então, para onde vamos? — Ela perguntou. —Como


você os alcança?

— Harris tem o seu composto principal não muito longe


daqui. Algumas horas de carro, no máximo. Eu vou direto para
lá. Bem, se ele não estiver lá, Layla deve saber onde está e ela
pode alcançá-lo.

Disquei o número de telefone celular pessoal de Harris,


mas foi direto para a caixa postal − o que não era de
surpreender, já que ele apenas usava o telefone via satélite
criptografado quando estava em serviço. O problema era que
eu não tinha memorizado esse número.

Liguei para Thresh, foi para o correio de voz. Tentei


Anselm, consegui seu correio de voz também.

— Puta merda, ninguém está atendendo! — Gritei em


frustração.

Finalmente, tentei Lear. Ele nunca atendia ao seu


maldito telefone, embora normalmente ligasse de volta se
deixasse uma mensagem.

Tocou meia dúzia de vezes, em seguida, graças a Deus,


ele atendeu.

— Olá? Quem é?

— Lear, é Duke. Que porra está acontecendo, homem?


Ninguém atende seus telefones do caralho.

— Duke? Merda, cara, é bom ouvi-lo. Você estava


desaparecido, todos nós estamos tentando encontrá-lo.

— Sim, bem, as coisas estão completamente fodidas,


Lear...
— O que estava dizendo. — Ele interrompeu. — Eu tenho
lutado, por dias, tentando encontrá-lo, descobrir informações
sobre Cain e rastrear Thresh − é louco, cara. Olha, preciso ir.
Harris está esperando minha ligação.

— Lear, espere um segundo. Estou na merda, ainda


preciso ...

— Você pode chegar ao complexo?

— Já estou a caminho, mas...

— Anselm está no complexo. Ele pode ajudar. Eu


realmente preciso ir, cara. Harris está no meu pescoço,
esperando por esse telefonema. Vá para o complexo e fale com
Anselm.

E então o filho da puta desligou. Perguntei-me quais


seriam as chances de que ele dissesse a Harris que falou
comigo. Quando Lear estava em modo hiperativo, era
completamente focado e esquecia praticamente tudo, exceto o
que estava trabalhando. Eu joguei o telefone de lado com
frustração.

— Tecnologia estúpida. — Eu rosnei.

Dirigimos em silêncio tenso e estranho, finalmente,


depois de quase uma hora, Temple girou a cabeça para olhar
para mim.

— Duke, mais cedo... — Começou ela.

Eu segurei sua mão.

— Podemos conversar mais tarde. Tente descansar, sim?


Foram muito poucas as horas de descanso.
Ela me olhou de forma nivelada e depois assentiu.

— Bem. Mas tenho coisas para lhe dizer.

Eu sorri.

— Ficaria desapontado se não tivesse.

Temple revirou os olhos para mim e então reclinou o


assento e logo estava roncando suavemente.

Estava feliz por ela poder dormir, parecia lidar com essa
bagunça melhor do que qualquer um. Eu não tinha certeza se
dormiria em breve, mas isso era um pouco diferente.

Ela estava tomando um monte de espaço na minha


cabeça e ainda mais preocupante, no coração... algo que não
pensava possuir. No entanto, estava ali e reorganizando todas
as minhas ideias, montando uma história em algum lugar
dentro do meu peito.

Apenas precisava nos manter vivos o suficiente para


descobrir isso.

**********

Chegamos ao complexo de Harris duas horas e meia


depois. O portão principal estava fechado, como sempre, mas
havia um teclado e cada funcionário A1S tinha um código
pessoal. O portão era de uns três metros de altura, feito de
ferro preto sólido, ligado a uma parede de pedra de dez metros
de altura, estendendo-se para ambos os lados, para a grossa
camada de pinheiros que cercavam o complexo. Você não
podia ver os prédios do portão e a parede de pedra continuava
a centenas de metros na floresta, em ambas as direções, de
onde passava para uma cerca de prisão de cinco metros de
altura coberta com arame farpado. Todo o complexo estava
cercado por cercas, sendo o portão a única entrada e a única
saída, era fortificado, eletrificado, monitorado e alarmado.

Além do portão, a estreita estrada de terra desaparecia


por entre as árvores. Eventualmente a floresta dava lugar ao
espaço aberto ao redor da casa e de vários outros edifícios do
composto, mas até mesmo isso estava sob vigilância constante.
O complexo abrangia uma boa parte das colinas, nas quais
este lugar estava aninhado e de vários pontos nelas um
atirador podia se instalar e manter um olho em todo o
complexo − coisa que eu sabia ser um fato que Anselm
costumava fazer com bastante frequência, com seu grande e
velho rifle Barrett de calibre cinquenta na mão.

Mas eu estava nervoso. Este não era o meu carro, o que


significava que Anselm provavelmente atiraria primeiro e se
preocuparia em saber como passei por esse portão mais tarde,
ele não recebia bem visitantes sem aviso prévio.

Respirei fundo e esperei pelo melhor, então entrei com


meu código. O portão se abriu com dobradiças silenciosas,
admitindo o jipe e fechou novamente segundos depois de
termos passado. As câmeras não me seguiram, percebi, o que
significava que estavam gravando, mas não necessariamente
sendo ativamente monitoradas – o que não era uma boa
notícia, porque alguém assistindo à câmera me veria e alertaria
Anselm para não enviar uma bala de cinquenta calibres pelo
meu crânio.

Dirigi cuidadosamente pela floresta, emergindo na


abertura segurando minha respiração. Eu fiz isso de seis
metros, quinze... trinta...

Então uma fonte de sujeira explodiu a três metros na


frente do capô e a um metro e meio de distância − uma
mensagem clara para parar. Aquelas explosões eram
ENORMES e definitivamente da Barrett de Anselm. Uma bala
de cinquenta calibres de uma Barrett atravessaria o bloco do
motor como se fosse uma faca quente, através de manteiga
derretida a mil metros, já vi o fazer com um ser humano e essa
é uma imagem desagradável e nauseante que nunca
esquecerei. Eu bati os freios para parar o jipe, saí lentamente,
mãos para cima, de pé na porta aberta onde estaria visível.

— Sou eu, imbecil! — Gritei.

Ouvi um assobio distante e estridente de duas notas,


uma confirmação de Anselm. Obrigado caralho. Voltei para
trás do volante e puxei para frente novamente, Temple ainda
roncando. Cinco minutos depois, estava freando do lado de
fora da casa de Harris e Layla. Era um rancho amplo,
construído sob medida, uma história e parecia enganosamente
comum. Não era comum, no entanto, em tudo − Harris não
fazia nada pela metade. O nível principal, visível, consistia em
talvez duzentos e setenta e nove metros quadrados, o
suficiente para ser espaçoso, mas pequeno o suficiente para
ser aconchegante, considerando que eram apenas os dois.
Realmente, a casa parecia com qualquer antiga fazenda do
Colorado e o nível principal suportava essa ilusão. Era o que
estava escondido debaixo daquilo que era incomum: um
enorme abrigo subterrâneo, literalmente fortificado contra
uma guerra nuclear, codificado apenas para as impressões das
palmas e das vozes de Harris e Layla. O abrigo continha armas
e munição suficientes para enfrentar um exército de um país
do terceiro mundo de tamanho médio, além de aposentos
extras e rações suficientes para suprir sete ou oito pessoas por
um ano. Do lado de fora da casa, havia um enorme celeiro feito
sob encomenda.

Bem... celeiro é um termo enganador. Nós o chamamos de


celeiro, mas era, na verdade, um hangar de avião capaz de
abrigar várias aeronaves de tamanho normal e normalmente
abrigava pelo menos um avião em um determinado momento.
Aeronaves eram o hobby de Harris e como todo o resto, ele não
fazia nada pela metade. Tinha biplanos da Primeira Guerra
Mundial, caças da Segunda Guerra Mundial, MiG, F-4
Phantom e Huey, todos da época do Vietnã, além de vários
aviões de propulsão particular genéricos e menos empolgantes,
além de seu Gulfstream de seis pessoas.

Alguns rapazes restauravam carros antigos ou


compravam propriedades para férias, Nick Harris restaurava
caças e comprava armas pesadas.

Ele pessoalmente restaurou cada uma das aeronaves


antigas e era licenciado para voar em qualquer coisa no ar,
desde jatos de passageiros a jatos de combate, de helicópteros
a aviões de propulsão. Não apenas licenciado, mas um dos
pilotos mais talentosos que já conheci. Um fato pouco
conhecido sobre os aviões que ele possuía: de alguma forma,
conseguiu munição de metralhadora e foguetes para todos
eles. Bem, se quisesse, poderia realizar seu maldito ataque
aéreo. Eu não tinha certeza se Layla sabia que tinha outro
abrigo debaixo do hangar maior e perto da pista, que continha
seu estoque de armas pesadas − foguetes, granadas, munições
de metralhadora de calibre cinquenta e de trinta e oito, alguns
engradados de explosivo.

O homem estava legitimamente pronto para a guerra.

Chutei a porta do jipe, verifiquei que Temple ainda


dormia e decidi deixá-la dormindo por enquanto. Ela precisava
disso. Tinha um pressentimento que a merda estava prestes a
ficar seriamente ruim.

Esperava que Layla saísse pela porta da frente e gritasse


alguma merda engraçada para mim do alpendre e até tinha
alguns bons retornos na manga, mas ela não apareceu.

— Que porra? — Murmurei para mim mesmo. — Layla!


Onde você está, vadia? — Gritei.

O zumbido de uma poderosa motocicleta ecoou nas


colinas, o barulho ficando mais alto à medida que se
aproximava. Presumi que fosse Anselm, mas não queria me
arriscar. Peguei um dos rifles do banco de trás, acompanhando
a moto do outro lado do capô do jipe. Ele apareceu depois de
um minuto ou dois, e mesmo que a figura na moto estivesse
usando um uniforme preto e um capacete de cobertura total,
sabia que era Anselm pela visão do fuzil enorme do caralho,
preso em suas costas.
Ele freou para uma derrapagem dramática, com arcos no
pneu traseiro, plantou uma bota na terra e se levantou para
deixar a moto encostar na coxa. Tirando o capacete, passou a
mão pelo cabelo loiro castanho bagunçado, alisando-o no
couro cabeludo.

— Todo mundo tem procurado por você, Duke. — Disse


Anselm, por meio de saudação. Ele falava em inglês com mais
fluência do que eu, embora falasse com um forte sotaque
alemão e às vezes reorganizava a gramática de formas
peculiares.

— Ja14, bem, eu me deparei com alguns problemas.

Ele olhou para a janela do passageiro.

— E ainda conseguiu uma amiga.

— Ela não é minha marca habitual de amiga. — Eu disse,


jogando o cano do rifle no meu ombro. — E é parte do
problema.

A sobrancelha de Anselm se ergueu no que era para ele,


uma pergunta. —Quer dizer...?

— Quer dizer que alguém me bateu na nuca, apagou-me


com drogas e me levou para um subterrâneo em Denver.
Estava prestes a conversar com essa garota do lado de fora do
bar, então acho que eles decidiram não correr riscos e apenas a
agarraram.

Anselm assentiu com a cabeça.

— Tenho muito para explicar e também precisamos

14
Sim em alemão.
chamar nosso empregador mútuo. Thresh está bastante
preocupado com você, devo mencionar.

— Você sabe o que está acontecendo? — Perguntei.

— Até certo ponto. — Ele respondeu. — Cain está fazendo


uma peça para sua vingança.

—Acho que Harris disse que Cain era um chefão de baixo


nível com mais ambição do que sentido ou alguma merda como
essa. — Eu levantei o rifle. —Os caras que eu tenho limpado
não eram amadores. O último bando era pro-mercenários, oito
deles, bem armados e decentemente treinados.

— Eles perseguiram Thresh e um… um amigo dele em


direção aos Everglades e ele mal conseguiu sair vivo. Puck teve
um encontro próprio e Lear está se escondendo em algum
lugar procurando informações. Estamos dispersos, meu
amigo. Parece que Harris subestimou muito esse indivíduo,
Cain.

— Sim, eu falei com Lear e ele desligou na minha cara. —


Só então registrei o que disse sobre Thresh e perguntei.
—Thresh está bem?

— Foi ferido em um braço, mas nada ameaçando sua


vida.

— Mas isso é sério.

Anselm assentiu com a cabeça.

— Ja. Muito sério, na minha opinião.

Rodeei o Jipe para ficar mais perto de Anselm,


encostando-me contra o capô.
— Eu tentei questionar um dos mercenários, mas ele não
me contou merda nenhuma, exceto que Cain não é o que nós
pensamos, que não sabemos de nada e não podemos fugir.
Disse que Cain nos encontrará. Normalmente eu o teria feito
falar, mas com Temple olhando ...? — Encolhi os ombros. —
Garotas não gostam de assistir a tortura, certo?

Anselm riu.

— Não, na verdade não.

— O que me preocupa é como eles continuam nos


encontrando. Esses caras simplesmente... aparecem, como se
soubessem onde estamos.

As feições de Anselm se apertaram.

— Isso é preocupante. Você não é ignorante na arte de ser


uma sombra.

— É muito estranho, é o que é. Nós saímos do porão e não


deixei nenhum sobrevivente. Então nos encontraram na minha
casa escondida, que ninguém sabe − a merda está sob um
pseudônimo e você sabe que sou cuidadoso sobre como manter
limpo e separado. Quatro caras apareceram e de novo, não
deixei nenhum sobrevivente. Eles nos encontraram na estrada
aberta Anselm, na estrada vindo para cá. No meio do nada,
apenas merda... e poof apareceram e nos jogaram para fora da
estrada.

— E você lutou contra todos os oito sozinho? Sem sofrer


nenhum ferimento grave?

Encolhi os ombros.
— Tive sorte. Alguns tiros quase me acertaram e essa
merda está começando a ferrar com a minha cabeça.

Anselm estava olhando para mim.

— Isso é bastante preocupante, Duke. Eles não deveriam


apenas ser capazes de encontrá-lo, não importando onde você
fosse. — Ele abaixou o suporte de apoio da moto e se
aproximou mim. —Parece muito sofisticado e de alta tecnologia
para eu acreditar nisso, mas ... quase parece como tivessem
colocado em você um rastreador.

— Como ... um marcador? Dentro mim?

— Isso explicaria porque são capazes de encontrá-lo. —


Ele inclinou a cabeça para um lado. — Mas isso é uma
conjectura cara. E a tecnologia não é tão fácil de se obter,
mesmo tendo os fundos necessários. E parece ser um esforço
muito grande para se gastar apenas por vingança. Certo, se
pudesse sequestrá-lo, facilmente colocaria uma bala em sua
cabeça e acabaria com isso. O mistério de suas táticas me
preocupa. Há algo que não se encaixa, eu acho.

Assobiei.

— E agora eu os trouxe aqui, para o complexo de Harris.

— É somente conjectura da minha parte. — Disse


Anselm. — Eu não sei com certeza se você tem um rastreador.
Devemos estar seguros aqui por um tempo.

—Ainda assim, nós deveríamos entrar em contato com


Harris.

Anselm assentiu com a cabeça.


— Talvez levar sua amiga para casa, primeiro. — Sua
ação se adequou a suas palavras e ele foi para dentro, onde eu
notei que a porta da frente tinha um novo bloqueio biométrico.

Na verdade, as janelas pareciam reforçadas e a porta


parecia pesada...

— Ei, Anselm... parece que você esteve ocupado aqui


dentro. — Abri a porta do passageiro do Jeep enquanto gritava
para Anselm.

Ele assentiu.

— Harris quer melhorar a qualidade da segurança física,


então eu fiz isso enquanto cobria o composto.

Olhei para Temple e a sacudi delicadamente.

— Ei, querida. Chegamos.

Ela piscou acordando, espreguiçando-se no banco


reclinado, olhando para mim enquanto se esticava. E
maldição, esse estiramento... arqueando as costas dela,
empurrando os seios para frente, parecendo sonolenta, sexy e
provocadora para caralho.

— Onde estamos?

— Composto do meu chefe. — Eu não pude deixar de


afastar uma mecha larga de seu cabelo para fora de seus olhos.
— Seguros, por enquanto.

— Isso foi o que você disse sobre a sua casa esconderijo.

Eu fiz uma careta.

— Sim, bem... este lugar é fortificado. Além disso. — Fiz


um gesto para Anselm, visível através da porta aberta da casa
de Harris. — Agora nós temos ajuda.

—Quem é esse? — Perguntou Temple, puxando o encosto


para frente e prendendo o cabelo.

— Esse é Anselm.

— O cara alemão assustador?

— Esse é ele. Mas está do nosso lado e fique feliz com


isso. Devemos ficar bem aqui, por um tempo.

Agarrei a mochila do banco de trás, junto com o outro


rifle e a espingarda. Não fazia sentido ser pego desarmado,
certo? Temple e eu fomos para casa e fechei a porta atrás de
nós. O bloqueio golpeou, um som sólido e reconfortante.

O interior da casa de Harris e Layla era tão agradável e


despretensioso como o exterior. Acolhedor, country e
confortável, é como eu o descreveria. Muita madeira, vigas
expostas, pisos de madeira com tapetes tecidos à mão por cima
e móveis artisticamente e intencionalmente incompatíveis.
Tinha uma planta central aberta, com o quarto principal de um
lado da casa e um conjunto de quartos de hóspedes do outro,
um espaçoso escritório para Harris, fora da sala de estar.
Apenas entrei ali algumas vezes, já que o QG da equipe estava
em um prédio separado, perto da pista e do celeiro, onde nós
da A1S, passávamos a maior parte do nosso tempo. Esta era a
residência pessoal em tempo integral de Harris e Layla e assim
parecia um pouco... fora dos limites, eu acho.

— A porta pode resistir a um incêndio automático de


armas. — Disse Anselm na área do foyer. — E as janelas são
todas à prova de balas. Além disso, existem agora sensores de
movimento ao longo do perímetro e câmeras extras em
locais-chave. Também instalei ninhos de atiradores de elite em
vários lugares nas colinas, cada um com seu próprio rifle,
munição e medidores em tempo real, além de outros locais de
apoio para esconderijos com armas e comida.

— Você esteve muito ocupado, amigo. — Eu disse, rindo.

Anselm assentiu com a cabeça.

— Eu não gosto de tempo ocioso. E nunca subestimo meu


inimigo. Estou preparado para defender o complexo contra
qualquer um que queira tentar sua sorte. — Ele soltou o rifle
gigantesco e colocou-o de lado no chão, apoiando-o contra o
batente da porta. —Bem, se eles quiserem tomar este lugar, no
entanto, devem se preparar para dançar com o diabo.

Temple estava de olho no rifle.

— Puta merda, é a maior arma que eu já vi.

Anselm bateu no barril.

— Sim, a Barrett, ela é minha melhor amiga. — Ele


estendeu a mão para apertar a de Temple. — Eu sou Anselm
See. — Ele pronunciou seu último nome, com rimas.

Temple parecia cautelosa.

— Sou Temple Kennedy. Prazer em conhecê-lo.

Anselm deu um pequeno, mas encantador sorriso.

—Eu acho que Duke tem contado histórias novamente.


Ele e Thresh gostam de fazer com que qualquer um que me
encontre pense que sou algum tipo de Bicho Papão. — Era
óbvio, pela sua falta de reação, que Anselm não ouviu falar de
Temple, o que não era surpreendente, ele não era realmente o
tipo de cara da cultura pop.

—Filho da puta, você é o Bicho Papão. — Eu disse,


batendo-lhe no ombro. — Você é apenas o nosso Bicho Papão.

Anselm encolheu um ombro.

— Aceitarei isso. — Ele me lançou um olhar. — E sabe


Duke, você xinga mais do que qualquer um que já conheci.
Uma boca suja é sinal de uma mente fraca, meu pai costumava
dizer.

— Sim, bem, meu pai costumava dizer que as pessoas


que xingam muito são mais inteligentes.

Anselm inclinou a cabeça em confusão.

— Você não conheceu seu pai. Estou certo disso.

— E você não tem pai. — Respondi.

— Todo mundo tem um pai.

— Exceto você. Sempre imaginei que foi criado


inteiramente em algum laboratório de espionagem
supersecreto.

— Os espiões não trabalham em laboratórios. —


Esclareceu Anselm sério. — São os cientistas.

Eu ri.

— Você tem que ter senso de humor, meu homem. —


Hesitei e então pensei em perguntar e ver o que ele
responderia. — Onde você cresceu?
Até onde eu sabia, nenhum de nós jamais ousou
perguntar-lhe alguma coisa sobre seu passado, sob a
suposição de que não responderia ou ficaria irritado com a
invasão de sua privacidade e ninguém se arriscaria a um
Anselm puto.

Anselm ficou quieto um longo momento.

— Nasci em Berlim, Alemanha, trinta de abril de 1979. —


Ele hesitou um momento. — Meu pai era um funcionário do
governo e minha mãe dona de casa. Minha infância não foi
digna de nota em todos os sentidos. É minha vida adulta é ...
mais difícil de explicar.

— Bem, odeio interromper uma conversa tão fascinante.


— Disse Temple — mas estou com fome. Existe alguma coisa
que eu possa comer?

Anselm assentiu.

— Vou preparar alguma coisa. Você tem alguma alergia a


comida?

— Não.

— Bem, então, verei o que há. Por favor, sinta-se em casa.


— Anselm foi para a cozinha e ouvi os sons dos armários se
abrindo e fechando.

Nós fomos para a sala de estar e nos sentamos no sofá,


que era uma monstruosidade de couro grosso, bem gasto,
bruto e confortável, o tipo de sofá onde gostaria de comê-la e
nunca deixa-la se levantar. Temple colocou os pés sob as
pernas, sentando-se mais perto de mim do que imaginei que
faria, depois da última conversa que tivemos.

Enquanto Anselm estava ocupado e fora do alcance da


voz, Temple me olhou com ceticismo.

— Ele parece legal. Você me fez pensar que fosse algum


tipo de assassino cruel.

Eu ri.

— Oh, ele é. E também é super legal. Isso é o que o torna


assustador. Nunca é nada além de gentil, educado e calmo.
Não fica animado, não grita, não xinga. Não tenho certeza se
ele bebe alguma bebida. Ele é apenas... totalmente calmo,
todo... o... tempo. É irritante. Estaremos no meio de um
tiroteio, balas voando de todas as maneiras, pessoas
morrendo, gritando, foguetes explodindo, e Anselm com seu
fone de ouvido agindo de forma normal e calma, como se fosse
apenas um dia na porra da praia. O que for que a aberração faz
por diversão. Bem, ele sequer sabe o que é diversão. — Eu me
inclinei para trás sobre o sofá. — Ei, Anselm!

Ele estava na bancada da cozinha, fazendo sanduíches.

— Ja?

— O que você faz para se divertir?

Ele terminou um sanduíche e iniciou outro, respondendo


sem olhar para cima.

— Prática no campo de tiro. Ler livros. Rastrear meus


inimigos e comer seus corações. — Ele olhou para cima e
piscou para Temple. — O habitual.

Fiquei confuso por um longo tempo.


— Puta merda, era uma piada?

— Eu não sei, não era? — Seu sorriso era sutil, mas


estava lá. — Esse é o Bicho Papão, ja? Ele come os corações de
suas vítimas?

Eu ri disso.

— Porra, Anselm, que tipo de histórias do Bicho Papão


você cresceu ouvindo?

Seu sorriso desapareceu abruptamente.

— Fui enviado para uma escola militar privada quando eu


tinha quatorze anos, por isso, para mim, o Bicho Papão era o
Comandante. Ele era o homem mais assustador e desagradável
que já conheci e sou familiarizado com torturadores
profissionais. As crianças que infringiam as regras iam para o
seu escritório e nunca mais voltavam. Algumas das crianças
na escola sussurravam rumores de que ele comia os infratores
e outros disseram que fazia coisas muito menos salgada do que
o mero canibalismo com eles.

— Bem, isso é... divertido. — Disse Temple. — Você não é


apenas um raio de sol?

— Eu nunca fui acusado de ser jovial. — Disse Anselm e


voltou a fazer sanduíches.

— Sim, acho que não. — Disse Temple.

— Acho que você está ficando um pouco demais para


mim, Anselm. — Eu disse. — Deve estar louco. Isso é o máximo
que o ouvi falar sobre si mesmo em todo o tempo que nos
conhecemos.
Anselm trouxe dois pratos de papel com sanduíches frios
e salgadinhos de milho, levando-os em uma das mãos e duas
latas de cerveja na outra.

— Harris não gosta de refrigerante, parece. — Disse


Anselm. — Então temos apenas cerveja.

Abri a cerveja e coloquei metade do sanduíche em minha


boca.

— Soda é besteira. — Eu disse, com a boca cheia de


comida. — Suco dá câncer. Eu nunca tomo refrigerante.

— Por que não? — Perguntou Temple, mordendo seu


sanduíche com um pouco mais de delicadeza do que eu estava
exibindo.

Balancei a cabeça.

— Tive um amigo no exército, ele era mecânico. Limpava


peças com Coca-Cola. Como esfregava a sujeira e ferrugem do
metal com o refrigerante, ficava mais brilhante do que quando
novos. Bem, imagina como fica em nosso corpo se fazia aquilo
com aço, porra. Não vou beber essa merda.

Todos nós comemos em silêncio. Anselm terminou


primeiro de alguma forma e foi fazer mais sanduíches,
trazendo-me outro e um para si mesmo. Quando terminamos,
ele levou nossos pratos.

— Devo voltar para o ninho. Sua informação é


preocupante. — Ele indicou um telefone celular grande na
bancada da cozinha. — Um telefone via satélite, com o número
de Harris programado. Ligue e diga que estão vivos e sobre
Cain.

Temple levantou-se.

— Existe uma chance de poder tomar um banho? As


coisas estão um pouco... nojentas.

Anselm assentiu, seus olhos indo para a mancha de


sangue em sua saia.

—Claro. Acho que Layla tem algumas roupas que podem


servir.

— Isso seria fantástico.

Anselm entrou no quarto de Harris e Layla, saindo um


minuto depois com uma calça de yoga preta, uma camiseta,
um moletom e um par de sandálias.

— Eu não sei se as sandálias servirão, mas podem ser


mais apropriadas às circunstâncias do que o seu calçado
atual. — Disse ele.

— Melhor do que nada. — Respondeu Temple. —


Obrigada.

Ele balançou a cabeça, em seguida, da bancada da


cozinha pegou um rádio militar de longo alcance com um fone
de ouvido e microfone de garganta, entregando-o para mim.

— Mantenha contato e fique alerta. Estarei observando,


mas neste momento do jogo, acho que talvez tudo seja possível.

— Poderia tentar ir até o QG. Tenho alguns equipamentos


de reposição por lá.

Anselm balançou a cabeça.


— Nein. Você fica aqui. Este é o lugar mais seguro do
composto e você tem Frau Kennedy para se preocupar. Precisa
de um novo uniforme, presumo, ja?

Balanço a cabeça.

— Sim e algum hardware extra. Tudo que tenho são as


peças roubadas, meu HK e algumas armas.

— Verei em seus quartos e trarei o que encontrar.

— Ótimo.

Anselm apontou para o telefone via satélite.

— Ligue para Harris. Precisamos ficar coordenados.

— Sim, senhor. — Disse, zombando uma saudação.

Ele balançou a cabeça no caminho para a porta, jogando


sua Barrett sobre o ombro.

— Você é muito irreverente para seu próprio bem.

— É como se você me conhecesse. — Brinquei.

Quando ele se foi, mostrei a Temple o banheiro.

— Tome seu banho enquanto faço uma ligação.

Depois que a água estava correndo, sentei-me em um


banquinho na bancada, a espingarda encostada ao lado do
balcão e o rifle sobre ela, logo liguei para o único número
programado no telefone via satélite.

— Anselm, o que está acontecendo? — Ouviu a voz de


Harris.

— Sou eu, chefe. Ouvi que vocês sentiram minha falta.


— Estou com Duke. — Ouvi Harris dizer, com a voz
abafada, falando com alguém na outra extremidade. — Onde,
porra, você estava, imbecil?

— Bem, veja você, fui aprender ballet. Estava


trabalhando na minha pirueta e perdi a noção do tempo.

Sua voz era nítida.

— Este não é o momento para piadas, Duke. Onde, porra,


você esteve?

Deixo um pouco da minha irritação mostrar através da


minha voz.

— Fui pego, cara. Acertaram-me na cabeça, fui drogado e


preso num porão em algum lugar de Denver.

— Você saiu, obviamente.

— Bem, não merda. Essa não é a questão.

— Qual é o ponto, então?

— Eles pegaram alguém comigo.

— Quem? — Perguntou Harris e ouvi vozes ao fundo −


soava como Puck, Thresh e uma voz feminina que não
conhecia.

— Temple Kennedy. — Respondi.

— Temple Kennedy? Por que esse nome soa algo?

A voz feminina no fundo falou.

— A mãe dela é Jane Kennedy e seu pai é Craig Kennedy,


de Suicide Cult. Ela tem seu próprio reality show.

— Oh sim, acho que Layla assiste isso. — Disse Harris. —


Então... eles sequestraram você e essa garota Temple
Kennedy?

— Sim.

— E o que você estava fazendo com Temple Kennedy, em


primeiro lugar?

— Nada... ainda, pelo menos. Estava me preparando para


conversar com ela e logo, a próxima coisa que soube é que
estava de mãos e pés amarrados, em um porão de merda e essa
garota estava amarrada e amordaçada ao meu lado. Eram os
homens do Leste de Cain, desceram falando merda,
chutaram-me e saíram novamente. Os idiotas me amarraram
com lacres de plástico...

Harris bufou.

— Amadores.

— Sim, isso foi o que pensei. Acabei com eles e saí de lá


com Temple.

Contei o restante dos acontecimentos do dia, o que me


levou ao seu complexo, incluindo o que Anselm disse sobre a
possibilidade de ter um rastreador implantado.

Houve um longo e tenso silêncio na outra extremidade.

— Maldição, caralho, Porra. — Outra pausa. — Isso muda


as coisas.

— Acho que você pode ter subestimado Cain.

— Sim. — Harris concordou. — Quer dizer, eu nunca


disse que ele era estúpido, apenas que não era um grande
tático. Definitivamente não é estúpido. Isso não parece com a
maneira dele agir, no entanto. Esse é o problema. Ele não
sequestra e não elabora planos de vingança. Cain entra e o
mata, a sua família, seus amigos e qualquer pessoa com quem
você já falou e o faz brutalmente, sangrento e publicamente.

— Então, talvez ele tenha um conselheiro tático ou algo


assim? — Perguntei.

— Provavelmente, mas não sei. Algo sobre isso não parece


certo.

— Bem, tudo o que sei é que mal consegui nos tirar da


última vez e se Anselm estiver certo e o padrão continuar,
aparecerão por aqui eventualmente. Então... acho que devo me
desculpar antecipadamente pelo que pode acontecer com seu
complexo.

— Sim, bem, são apenas coisas. Mantenha a si mesmo e


Temple vivos até que possamos chegar aí. Coisas podem ser
substituídas, você não.

— Awww, você está me deixando todo mole por dentro,


chefe. — Eu disse. — Ei, Thresh está com você? Ouvi dizer que
ele se divertiu. E quem é a garota que ouvi falando? Não soou
como Layla.

— Sim, Thresh está comigo e não, não era Layla. Essa é a


namorada de Thresh. O nome dela é Lola.

Fiquei atordoado em silêncio.

—Thresh com uma namorada?

Harris riu.

— Sim, essa foi a minha reação, também. Mas ela é legal.


— Hã. Estranho. — Decidi que não poderia lidar com a
ideia de Thresh com uma namorada, então simplesmente não
pensaria sobre isso. — Onde está Layla, então?

— Enviei-a e Sasha para ficar com Roth e Kyrie, enquanto


tudo isso está acontecendo. Depois do que Thresh passou, não
me arriscaria. Ela provavelmente não falará comigo por um
mês, mas melhor do que Cain colocar as mãos nela. A casa de
Roth no Caribe é uma fortaleza e contratei alguns rapazes
extras para manter o olho no lugar.

— Ela permitiu que você a enviasse? — Perguntei,


incrédulo.

Layla não era exatamente conhecida por sua praticidade


quando se tratava de ficar segura, preferia estar no meio da
ação, onde quer que Harris estivesse, não importava o risco e...
se irritava, digamos ... quando Harris tentava colocá-la fora do
caminho.

— Foi uma briga, mas deu certo. — Harris disse e o tom


de sua voz me disse quão séria a briga foi. — Ela não viu Kyrie
em um tempo de qualquer maneira, então acho que foi isso que
a convenceu mais do que qualquer coisa que eu disse.

— Então, qual é o plano, chefe?

— Estamos no ar agora mesmo, indo em sua direção. Eu


tenho Thresh e Puck comigo, Lear ninguém sabe onde e
Anselm está lá no complexo. Acho que você precisa ficar firme.

— Você já pensou em trazer Lear? — Perguntei. — Ele


pode fazer tudo certo, mas os rapazes com quem topei não são
amadores, Harris. Eu mal consegui fugir e isso é foi uma
merda de sorte e experiência. — Eu ri. — Liguei para ele há
algum tempo, de uma linha não segura e ele desligou na minha
cara. É um idiota quando está trabalhando. Não tenho certeza
se ouviria os bandidos chegarem, Chefe.

— Não subestime Lear. — Disse Harris. — Ele é mais forte


do que você pensa. Mas sim, eu o contatei e ele está melhor lá
fora, onde é foda. O que lhe falta na experiência de combate,
compensa na capacidade de fugir e esconder-se, o que é ainda
mais útil. Está procurando informações agora, então espero
que volte com algo que nos dê um plano de ataque.

— Parece bom. — Eu disse. — Posso falar com Thresh?

— Claro. — Ouvi sons abafados na linha e então a voz de


Harris, distante. — Sim, Thresh. Seu namorado está no
telefone para você.

Thresh veio então.

— Você me preocupou, filho da puta.

— Você chorou?

— Por pouco.

Brinquei com o cabo de carregamento do rifle na


bancada.

— Ouvi dizer que você tem uma namorada.

— E eu ouvi que você gosta na bunda, sem pisar.

— Você deseja. — Hesitei um pouco. — Mas de verdade.


Pensei que não acreditássemos nessa merda.

— A garota certa vem... — Thresh parou por um


momento. — Eu não sei, cara. Sei que soa como aquela
besteira que nós sempre zombamos, mas é real e não é
nenhuma piada. Essa merda apenas ...muda você.

— Acho que entendo, irmão.

— Não é uma merda?

— É confuso, cara. Como as coisas nas quais penso, a


merda na qual me encontro fazendo e dizendo quando estou
perto dela... tem sido literalmente uma questão de horas e ela
está...

— Sob a sua pele, mas não de uma maneira irritante?


Como se de repente tudo parecesse apenas girar ao redor dela?
— Era estranho ouvir Thresh falar assim. Era como... se a voz
de Ellen DeGeneres saísse da boca de Jerry Seinfeld. Apenas...
estranho. Mas, porra, se não estava certo.

Eu gemi.

— Exatamente.

— Posso oferecer alguns conselhos? Estou passando pela


mesma coisa, um pouco mais adiante do que você, parece.

— Diga, irmão.

— Apenas vá. — Ele disse. — Não lute contra. Não há


sentido. Uma vez que parar de resistir e apenas deixar a droga
romântica e a besteira doce te sugar… eu não sei. Não é tão
ruim.

— Quem, porra, é você e o que fez com o meu melhor


amigo?

— Cale-se, idiota. — Thresh disse, com uma risada. — Eu


sei que é estranho. Você acha que seria afeminado ou alguma
merda, mas... não é. Eu juro. A garota certa, ela o fará se sentir
mais homem, não menos. Eu fui forçado a perceber algo,
irmão: nós não sabemos nada.

— Essa é a segunda vez que me dizem isso hoje. — Eu


disse. — E você acabou de usar ―afeminado‖ em uma frase −
agora eu sei que sofreu lavagem cerebral.

— Cale a boca, cara de bunda. Ainda posso bater no seu


crânio.

— Sim, novamente... você deseja.

— Preciso ir. Harris está me dando o sinal de


encerramento.

— Essa merda não é uma piada, Thresh e não estou


falando sobre mulheres, não mais.

— Estou bem ciente. Estive muito ocupado. — Outra


pausa. — Ok, então, eu acho que realmente preciso ir. Harris
quer a linha livre. Fique alerta, irmão.

— Você também.

Desliguei, deixei o telefone na bancada e peguei uma das


armas, enquanto ia verificar Temple. Ela estava no chuveiro já
por um bom tempo.

A porta do banheiro estava encostada, o vapor


embaçando. Ouvi a voz de Temple, mas ela estava... gemendo.
Baixo, tranquilo. Erótico.

— Duke... — Ela sussurrou.

Merda... ela estava pensando em mim? Gemendo como se


...

Aposto dez contra um que ela estava se masturbando.


Abri a porta devagar e entrei o mais silenciosamente que pude.

E sim, lá estava ela em toda sua glória nua. Na banheira,


a água até o pescoço, a mão entre as coxas movendo-se
rapidamente e espirrando água por toda parte, arqueada para
trás, a cabeça inclinada. Tronco e seios na superfície, mamilos
duros, sua voz sussurrante dizendo meu nome ...

Perguntei-me se Harris e Layla tinham preservativos por


ali. Eu saí do banheiro tão silenciosamente quanto entrei,
caminhando para o quarto de Harris e Layla, murmurando um
pedido de desculpas por ser intrometido enquanto vasculhava
as gavetas da mesa de cabeceira. Bingo. Encontrei um estoque:
vários vibradores de tamanhos diferentes e estilos, muitos
preservativos, algemas forradas de pele, um anel peniano,
plugues anais... empurrei todas as imagens mentais possíveis
para longe e peguei seis preservativos, guardando-os nos
bolsos e voltei para o banheiro, esperando não ter demorado
demais.

Graças a Deus, ela ainda estava gozando. Seus quadris


estavam flexionando agora, sua mão esquerda mantendo a
boceta aberta, a direita se movendo em círculos sob a água. Os
olhos estavam fechados, os seios saltando, o cabelo molhado,
grudando no rosto e pescoço. Ainda ofegando meu nome ... —
Duke! Oh deus, Duke!

Tirei minhas roupas em tempo recorde, certificando-me


de que a espingarda estivesse prontamente disponível, apenas
por precaução.

Na ponta dos pés, mais perto da banheira, rasguei a


embalagem de um preservativo e deixei na pia para quando
estivesse pronta.

Então segurei o corpo de Temple...


MUITO MAIS
Um banho parecia a melhor ideia do planeta, até que vi os
pés da grande banheira e decidi que um banho ali seria um
plano ainda melhor. Então, enchi-a e me afundei nela,
deleitando-me com a água quente, meus músculos exaustos e
estressados absorvendo o calor, embora picasse o corte no
meu peito e o corte na minha testa. Não havia nada para me
preocupar, mas ainda doíam.

A coisa sobre um banho é que deixava muito tempo para


pensar − o que, geralmente era o ponto, certo? Ter meia hora
ou uma hora para apenas mergulhar e deixar minha mente
vagar, classificar através dos acontecimentos do dia e como me
sentia sobre eles? Mas nessas circunstâncias, eu não tinha
certeza de que deixar minha mente vagar fosse a melhor ideia.
Havia muitos pensamentos que deveria reprimir: cabeças
abertas, feridas no peito sangrando, cadáveres. Tantos
cadáveres. Tantos disparos. Isso tudo era novo para mim,
nunca vi uma arma real de perto ou ouvi um tiro, muito menos
vi um corpo. Quer dizer, eu fui ao funeral da minha bisavó,
mas isso é diferente − ela estava em um caixão, em paz, já
morta, por causas naturais. Ver alguém levar um tiro? Ver
Duke esmagar uma cabeça como uma melancia? Como deveria
sentir isso? Como você lida com isso? Eu não sabia como,
então estava tentando fingir que não era real, que estava
assistindo a um filme de Bruce Willis. Não foi real. Eu
realmente não vi... quantos foram? Uma dúzia de homens
morrerem? Não. Falso. Sangue falso. Balas falsas. Mortes
falsas. Isso não estava acontecendo comigo.

A negação estava funcionando bem, na maior parte.


Deixava-me continuar a operar num nível normal, em vez de
desmoronar numa pilha de inércia trêmula e soluçante. Alguns
instintos lá no fundo continuavam me dizendo que não podia
me dar ao luxo de entrar em pânico ainda. Não podia me dar ao
luxo de ceder ao colapso nervoso que sentia acumulando
dentro de mim. Precisava me concentrar, manter minhas
emoções sob controle... o que significava fingir que estava bem,
que tudo estava bem, legal, ótimo, normal. Nenhum problema
aqui. Sou apenas eu, Temple Kennedy, presa em um romance
de Robert Ludlum. Não é grande coisa, acontece o tempo todo.

Apenas que, quanto mais ficava deitada na banheira,


mais a realidade da minha situação começava a penetrar no
meu jogo cuidadosamente construído de fingir.

Precisava me distrair. Precisava relaxar e não pensar nas


coisas nojentas. Duke era a distração perfeita.

Comecei a imaginá-lo nu, o que era uma imagem mental


sexy o suficiente para fazer minhas coxas se apertarem. Mas se
pensasse no pau dele? Os dedos? As coisas que a sua língua
fez comigo?
Deus.

Imaginei-o de pé na minha frente na cozinha daquele


apartamento dele, com o pau na mão, o punho movendo pelo
seu eixo... provocando-me, implorando para me foder. Nunca
implorei por nada na minha vida, mas implorei a ele. E faria
novamente, por uma chance de sentir aquele pau enorme
penetrando a minha boceta apenas mais uma vez.
Provavelmente poderia atingir o orgasmo enquanto ele estava
dentro de mim − merda, ele provavelmente me faria gozar duas
ou até três vezes antes de terminarmos.

Mas outros pensamentos borbulhavam dentro da minha


cabeça, pensamentos indesejáveis − seu julgamento pelo modo
como vivi minha vida, sua avaliação precisa e brutal da minha
triste vida sexual. Foi triste, não foi? Não havia alegria nem
paixão. Não lembrava da maioria dos homens que fodi. Todos
eles corriam juntos, confusos em uma montagem bruxuleante
meio bêbada, o homem terminando antes de mim, saindo da
cama, vestindo-se e indo embora enquanto o observava
frustrada da cama. Assim que saía, eu pegava meu Lelo e
acabava com ele.

Era isso.

Nunca tive ninguém olhando para mim da maneira como


Duke me olhava. Nem me tocando do jeito que fazia ou
beijando-me. Os orgasmos que me deu...? Eles foram os mais
intensos que já senti.

Porra, queria-o.

Queria estar na cama com ele, uma série de preservativos


na mesinha lateral e um final de semana inteiro sem nada para
fazer, nenhum lugar para ir, apenas Duke e eu, nus, juntos,
fodendo até que nenhum de nós pudesse se mexer.

Meus dedos se moveram entre minhas coxas, quase por


vontade própria. Imaginei seu abdômen de oito gomos,
peitorais, braços e ombros musculosos, os pêlos ruivos ao
redor de suas pesadas bolas, seu enorme pau apoiado contra a
barriga, grosso como meu pulso e implorando para meus
dedos o envolverem, pedindo pelos meus lábios, para minha
língua prová-lo, por minha boceta para engoli-lo
profundamente.

Quase podia senti-lo, sentir seu cheiro e saboreá-lo.


Meus dedos estavam rápidos, o orgasmo atingindo o pico.

— Deus, Duke. — Sussurrei. — Estou gozando...

E então, quando comecei a gozar, senti seus lábios nos


meus, senti sua mão se juntar à minha e seus dedos
assumirem o controle. Meus olhos se abriram e lá estava ele,
inclinando-se sobre a banheira, nu e real, tocando-me,
tocando-me até acabar de gozar e me beijando. Não podia lutar
contra isso, apenas podia gozar loucamente enquanto sua
língua se movia dentro da minha boca e tocava a minha,
apenas podia ofegar impotente enquanto o clímax corria
através de mim, meus quadris se levantando, água caindo por
toda parte. O prazer era um incêndio dentro de mim e o calor
em seus olhos deixava tudo ainda melhor, a sensação de seus
dedos girando ao redor do meu clitóris intensificando a onda
de felicidade.
Eu gozei, gozei e gozei.

Meus olhos não saíram de Duke enquanto gemia.

— Diga meu nome novamente. — Ele rosnou.

— Duke. — Sussurrei.

Sua expressão era escura, ardente e faminta.

— Você aguenta?

Balancei a cabeça, ainda tremendo da cabeça aos pés.

— Não, ainda não.

Ele pegou a toalha que eu coloquei na tampa do vaso


sanitário. Estendeu a mão, pegou-me e envolveu-me na toalha
em uma manobra única e hábil. Levou-me para o quarto, ao
qual o banheiro estava ligado e me jogou na cama. Pulei e a
toalha se abriu. Ele permaneceu por um momento me olhando.

— Tão linda. — Ele murmurou. Então, mais alto. —Fique


aí.

— Onde eu iria? — Perguntei, um pouco sarcástica. —


Além disso, minhas pernas ainda estão tremendo demais para
andar.

Seu sorriso era de quem gostou e então ele girou,


desapareceu no banheiro e voltou com preservativos em uma
das mãos e a espingarda na outra. A arma, ele inclinou perto
da cama e os preservativos jogou em uma mesa de cabeceira,
mantendo um pacote quadrado em sua mão, que eu vi que já
havia rasgado. Este, Duke jogou no meu abdômen quando foi
para a cama.
— Abra suas pernas para mim, querida. — Ele ordenou,
sua voz um grunhido irresistível.

— Eu já gozei. — Protestei. — Apenas quero você.

— Você terá tudo de mim que poder aguentar. — Ele


respondeu. — E mais um pouco. Mas preciso de outro gosto da
sua boceta primeiro. Então, abra.

Não tinha ideia do que aconteceu comigo, mas mantive as


coxas juntas e sorri para ele.

— Não. — Sussurrei.

Ele parou de quatro e depois ficou de joelhos.

— Não? — Parecia genuinamente perplexo.

Eu estava sem fôlego.

— Obrigue-me.

Ele riu, um som predatório.

— Você tem certeza de que é assim que quer jogar,


princesa?

— Eu tenho certeza. — Respondi, apenas mentindo um


pouquinho.

— Não sou um homem gentil, Temple. — Ele disse. — Eu


tenho mantido a fera em cheque por sua causa.

— A fera? É assim que você chama seu pau?

Sua risada foi de diversão, desta vez.

— Meu pau não tem um nome, mas se é assim que quer


chamá-lo, vá adiante. — Ele veio em minha direção novamente.
— Foi apenas uma referência à forma como eu gosto de foder:
áspero, selvagem e feroz.

Estremeci com o brilho em seu olhar azul pálido.

— Isso é o que quero. Mostre-me como foder assim, Duke.

— Tem certeza? — Ele colocou uma mão em um dos


joelhos.

— Eu não quero feri-la ou assustá-la.

— Duke? — Eu chamei, ao invés de responder.

— O quê?

— Cale a boca e foda-me. — Peguei o invólucro do


preservativo e me preparei para abri-lo.

— Ainda não. — Disse ele, retirando-o e jogando-o de


volta para o meu estômago. — Primeiro, você goza novamente.

Ele puxou minhas coxas para o lado e desta vez não fez
gentilmente, mas de forma áspera. Bruscamente. Agarrou-me
pelos quadris, deitando em sua barriga pela metade e meio fora
da cama, então me puxou para a beirada do colchão. Levantou
minha bunda no ar, colocando a boca na minha boceta. Sua
língua tocou meu clitóris com ferocidade, sem
constrangimento ou provocação, apenas estimulação oral
imediata, enviando-me do tremor ao ofegar em três segundos.
Não desacelerou, não variou, sem dedos, sem chupar ou
lamber, apenas aquela língua fazendo círculos selvagens ao
redor do meu clitóris até que estava arfando, gemendo,
flexionando os quadris involuntariamente.

Ele continuou até que gemi seu nome sem parar.

— Duke, Duke, Duke... Oh, meu Deus, Duke ...


Ele parecia saber exatamente quando estava prestes a
gozar, porque foi quando parou, penetrou dois dedos em meu
canal e começou a movê-los para dentro e para fora. Começou
devagar, dando-me tempo para aquecer a sensação, apenas
enrolando seus dedos, explorando o interior da minha boceta,
separando-os, acariciando, movendo-os mais e mais rápido até
que gemi com a pressão de seu toque dentro de mim, rosnando
de frustração porque não podia gozar assim, não sem
estimulação no clitóris...

O bastardo conhecia meu corpo como se ele mesmo


tivesse projetado. Fodeu-me com o dedo até que fiquei uma
bagunça de excitação e frustração, então me empurrou para
além desse ponto, em algo como loucura.

— Eu preciso da sua língua, Duke. — Engoli saliva.

— Sim?

— Deus, por favor, Duke. Por favor. Eu preciso gozar e


não posso. Não sem... — Um gemido saiu forte quando ele
roçou meu ponto G, cortando minhas palavras.

— Não sem o que, Temple?

— Lamber meu clitóris. — Eu implorei. — Tocá-lo.


Alguma coisa, qualquer coisa. Apenas... eu preciso... preciso
gozar e não posso a menos que você lamba meu clitóris.

Ele diminuiu o impulso de seus dedos até que eu estava


levantando meus quadris da cama, lentamente esfregando,
rolando, contraindo, implorando-lhe com os movimentos do
meu corpo para terminar comigo, para me dar o que precisava.
Eu o observei lentamente, provocando, estendo seu polegar em
direção ao meu clitóris e levantei os quadris, tentando diminuir
a distância, para conseguir o toque final.

— Deus, Duke! Parar de me provocar, porra! — Gritei.

— Não.

Ele afastou o polegar e retomou o movimento de seus


dedos, desta vez deixando sua palma roçar meu clitóris
suavemente, então aumentou o ritmo e cada vez que seus
dedos se enterravam no meu canal, sua mão batia contra o
meu clitóris, proporcionando a mais ínfima quantidade de
estímulo, então comecei a ranger os dentes, gemer, flexionar os
quadris violentamente, buscando desesperadamente a pressão
e a estimulação que precisava.

— Porra, Duke. Por favor.

— Pegue o que quiser. — Disse ele. Então, movi minha


mão pelo meu corpo e toquei meu clitóris com dois dedos,
imediatamente ofegando de alívio, até que sua mão agarrou a
minha como um torno e me impediu de me tocar o suficiente.
— Não gosto disso.

Passei minha mão por sua cabeça e a puxei para minha


boceta, levantando meus quadris para me empurrar contra ele.

— Coma-me, Duke. — Eu exigi. —Faça-me gozar. Agora.

Sua risada era feroz, cheia de desejo e repleta de diversão.

— Isso garota. — Ele murmurou, as palavras vibrando


contra minha carne.

E então gozei, gritando alto, enquanto o orgasmo


reprimido, negado há muito tempo, ondulava através de mim
como uma onda de choque, apenas de uma mera lambida
contra meu clitóris, mas ele não ficou satisfeito com isso, oh
não. Acrescentou um terceiro dedo dentro de mim e fodeu meu
canal com aqueles dedos grossos e sua boca chupando meu
clitóris, a língua se debatendo em mim. O orgasmo foi nuclear,
rasgando-me em um milhão de pedaços.

Ele me empurrou através do orgasmo, estremecendo,


ofegando, gritando.

E então se inclinou sobre mim, beijou-me e pressionou o


preservativo em minhas mãos trêmulas.

— Coloque-o em mim. — Ordenou.

Meus olhos se abriram. Sentei-me, tirei o preservativo do


invólucro, agarrei seu pau com uma das mãos e o rolei sobre o
seu pau com a outra. Ele ficou ao pé da cama, olhando para
mim, seu pau se esticando, agora embainhado em látex fino.
Seus dentes cerraram, o peito arfando como se fosse o único a
gozar em vez de mim.

E então se moveu com uma impressionante velocidade de


serpente, virando-me sobre a barriga, tão rápido, que não
tinha certeza do que aconteceu até que senti o edredom sob a
minha bochecha e as mãos nos meus quadris. Eu não estava
exatamente com medo, mas ele disse que não era gentil e que
gostava de algo bruto, nunca fiz exatamente assim antes.
Então sim, estava um pouco nervosa.

Ok, tudo bem, estava com medo.

Não gostava de dor e tinha medo do que pedi, que ele


quisesse me sufocar ou me espancar até eu chorar, algo assim.
Talvez me fodesse tanto que doeria...

Em vez disso, apenas acariciou minha bunda.

Devagar, gentil e reverentemente com as duas mãos,


massageando e amassando enquanto eu descia do orgasmo.

E então moveu sua mão entre minhas coxas e encontrou


minha boceta, brincou com a ponta do dedo... Deus,
finalmente o senti tocar a ponta do seu pau na minha entrada,
mas não o colocando, apenas brincando, esfregando,
pressionando.

— Duke, o que você está fazendo?

— Tomando meu tempo. — Ele respondeu. — E


desfrutando do seu corpo.

— Pensei que gostasse bruto. — Tentei esconder o tremor


dos nervos e a antecipação em minha voz.

— Você está ansiosa? — Ele perguntou, inclinando-se


sobre mim para colocar sua boca em meu ouvido. — Está
nervosa?

— Ambos. — Respondi.

— Bom. — Ele cutucou seu pau entre os lábios da minha


boceta. — Você deveria estar um pouco nervosa.

— Por quê? O que você fará?

Ele não respondeu. Suas mãos alisaram minha bunda


novamente, então foram para meus quadris, ondulando a
carne, agarrando com força...

Nenhum aviso, nenhum movimento suave, apenas um


súbito tapa de carne contra carne, seu pau me penetrando até
seus quadris baterem contra as bochechas da minha bunda e
eu não pude deixar de gritar com a inesperada plenitude. Oh
deus... oh meu deus... ele era tão grande, seu pau me
esticando, enchendo-me até que ofeguei, sem fôlego e
arranhando o edredom, as pernas escancaradas na tentativa
de ocupar a cama, para encontrar uma posição que permitisse
me ajustar.

Ele não me deixou.

Estava de bruços na cama, a beirada do colchão no meu


umbigo. A estrutura da cama era alta e eu era pequena o
suficiente para que esta posição mantivesse meus pés fora do
chão, mantendo-me fora de equilíbrio e à mercê de Duke. Do
jeito que ele gostava, imaginei. Ele me segurava pelos quadris,
impedindo que meus pés tocassem o chão. Saindo lentamente,
fez uma pausa quando apenas a ponta do seu pau ficava
dentro de mim, agitou-se lá por um momento ou dois,
provocando-nos. Ajustou seu aperto em meus quadris,
levantando-me, então meus quadris estavam fora da cama
inteiramente.

Penetrou-me novamente, outro golpe duro e inesperado,


o barulho alto no quarto, dos nossos corpos batendo.

Desta vez, ele não diminuiu a velocidade quando atingiu


a penetração total. Eu gritei quando entrou profundamente,
então estava me fodendo com tanta força que não conseguia
recuperar o fôlego, seu pau entrando com força, bruto e rápido.
Não conseguia acompanhar, não conseguia respirar, não
conseguia gritar, apenas podia agarrar o cobertor com as mãos
trêmulas e pegar sua porra. Nunca em minha vida senti algo
parecido como o jeito que Duke me fodia. Percebi que todos os
homens com quem estive antes estavam nervosos ou bêbados,
geralmente ambos e sempre hesitantes. Porque era comigo que
eles estavam e queriam impressionar, não queriam assumir
muito ou levar as coisas longe demais, arriscar me irritar, não
estavam me fodendo, a mulher, estavam fodendo Temple
Kennedy, a celebridade.

Duke não se importava. Ele me tomava do jeito que


queria, duro, rápido e bruto, não hesitava, não se preocupava
sobre como me sentiria sobre isso. Ele sabia que já me fez
gozar e sabia que poderia me levar ao orgasmo novamente tão
rápido que era meio idiota...

Ele pegava o que queria, como queria.

Neste caso, era eu.

E oh, Deus, foi incrível.

Doeu, mas não de uma maneira que me fez querer parar.


Pelo contrário, fez-me querer mais. A forma em que seu pau
enorme me abriu e bateu duro em toda direção, penetrando
minha boceta implacavelmente... fez algo dentro de mim se
abrir, tomar o desejo nascente que sempre senti, a necessidade
constante de sexo que nunca conseguia satisfazer e atear fogo.

E, então, assim que estava começando a sentir a bolha do


orgasmo, apesar da falta de estimulação no clitóris, ele parou,
enterrado profundamente.

— Duke...
Seu nome foi tudo o que eu consegui falar, então uma de
suas mãos fez um círculo carinhoso sobre minha bunda...

Crack!

Sua palma bateu contra a minha bunda com força súbita,


espancando-me com tanta força que meu corpo inteiro
balançou para o lado, meu traseiro tremendo e pegando fogo.

— Que porra é essa! — Ofeguei, chocada, indignada e


secretamente excitada.

Ele não respondeu, apenas agarrou meu quadril


novamente e me tocou com a outra mão, acariciando o lado
oposto.

— Duke, espere! — Eu gritei, mas ele me ignorou.

Crack!

Minha outra bochecha estava latejando agora. Ele


mergulhou seu pau em mim de uma vez, forte e gemi com o
prazer de seu pau enorme e perfeito penetrando-me, então
bateu na bochecha direita novamente, fodia-me, batia na
esquerda, fodia... e estabeleceu um ritmo , um único golpe
forte, uma surra, um impulso, uma surra, até que minha
bunda estava latejando e pegando fogo e estava ofegante pela
dor intensa disso, perto das lágrimas da dor feroz e penetrante,
mas não podia muito me obrigar a pedir-lhe para parar porque
era impertinente, sujo. O que ele estava fazendo comigo era
algo que nunca ousaria fazer, nunca pensei que gostaria, algo
que sempre tive muito medo de tentar. Porra, nunca confiei em
ninguém o suficiente para deixá-los fazer isso comigo. Mas
simplesmente sabia, tão certo quanto sabia o meu próprio
nome, que no segundo que Duke percebesse que realmente
precisava que ele parasse, pararia. Sem perguntas, sem
hesitação, sem julgamento. Eu nem precisava testá-lo nisso,
apenas sabia.

Perdi a conta de tudo, exceto a dor ardente e latejante da


minha bunda e o golpe do pau de Duke, o Crack da mão em
minhas bochechas.

Ele parou abruptamente.

— Duke, você...

Ele me cortou, mais uma vez sem palavras. Levantou-me


sem esforço, jogou-me para frente na cama, literalmente me
jogando tão facilmente como se não pesasse nada. Bati no
colchão, saltei e rolei para minhas costas, vi-o rondando na
cama atrás de mim, enorme, poderoso e feroz, seu grosso pau
escorregadio e molhado da minha boceta.

— Duke... deus, você ainda não gozou?

Ele sorriu, confiante, satisfeito, o sorriso de um predador


com uma presa fácil e suave à vista.

— Apenas começando, Fancy.

— Jesus.

— Como está essa bunda?

— Ardida.

— Bom. — Ele ficou de joelhos. — De quatro, querida.


Deixe-me ver como sua bunda está vermelha.

Eu me arrastei para longe dele − agora que estava fora do


calor do momento, minha bunda estava picando e eu não tinha
certeza se queria ser espancada mais.

Ele levantou uma sobrancelha para mim.

— Você precisa confiar em mim para saber o que pode


aguentar, querida. Agora... vai fazer o que estou lhe dizendo ou
eu tenho que bater novamente?

— Não me bata mais. — Eu disse.

— Farei o que quiser e você vai gostar. Bem, se não


soubesse que gostaria, não faria.

Ele agarrou meu tornozelo e me puxou para ele.

— Duke, eu...

— Fique de quatro, Temple. — Ele soltou meu tornozelo,


sua expressão agora ilegível. — Mostre-me sua bunda.

Normalmente eu me recusava a fazer qualquer coisa se


soasse como uma ordem. Não recebia instruções, eu as dava.
Ninguém me dizia o que fazer. Garota mimada? Essa sou eu.
Os produtores aprenderam cedo que a melhor maneira de fazer
com que eu trabalhasse com o que queriam era pedir
gentilmente para me animar. Nem meus pais podiam me dar
ordens. Meus brinquedos de criança? Sim, isso é uma piada.
Eu lhes dizia o que fazer, conseguia o que queria e os
expulsava. O menor indício de... bem, uma atitude
dominadora, macho, eu-Tarzan-você-Jane que Duke estava me
mostrando naquele momento... e o homem era história.

Ninguém me dava ordens, nunca.

No entanto, aqui estava eu, ficando nos joelhos e mãos,


obedecendo a Duke. Mostrando minha bunda para ele,
exibindo-me, vulnerável e ansiosa para agradá-lo.

Olhei sobre meu ombro enquanto ele movia a palma da


mão contra a minha bunda – hesitei um pouco com
antecipação e ele me deu um sorriso malicioso.

— Relaxe e confie em mim, Fancy.

Eu me forcei a ficar parada enquanto ele tocava minha


bunda novamente. Seu toque era gentil, o contrário da surra
impiedosa que me deu alguns momentos atrás.

— Jesus, Temple. Você é... perfeita. Eu já disse isso? —


Ele usava as duas mãos agora, acariciando minha bunda como
no começo. — Sua bunda está toda vermelha agora... ainda
mais perfeita.

— Você realmente tem uma coisa pela minha bunda, não


é?

Seus lábios se curvaram em um rosnado.

— Você não tem ideia.

Duke arrastou os joelhos para mais perto de mim. Passou


a mão na minha bunda mais uma vez, acariciando de um lado
para o outro com uma das mãos, em seguida, movendo a
palma da mão pelas minhas costas. Reuniu meu cabelo solto e
molhado em seu punho. No começo, apenas o segurou, em
seguida, soltou-o para mover a mão pela minha espinha.
Encaixou a cabeça de seu pau na minha fenda, usando as
duas mãos para separar minha bunda, então entrou em um
movimento suave e lento.
Gritei quando o senti.

— Deus, Duke. Seu pau é tão bom.

— Estar dentro de você... Temple, querida. — Ele parou,


como se perdesse algo, segurando meu cabelo em um rabo de
cavalo, envolvendo-o ao redor de seu punho. — Foder você é...
Deus, nunca fico sem palavras. Apenas não sei o que dizer
para expressar como sua boceta é boa ao redor do meu pau.

Eu o senti puxar meu cabelo, movi para trás em direção a


ele, levando-o mais fundo, então o senti sair quase todo,
deixando apenas a ponta e com um grunhido me penetrou,
puxando meu cabelo para me levar para trás. Seu aperto
mudou, torcendo para que seu punho ficasse contra o meu
couro cabeludo, inclinando minha cabeça para trás.
Empurrou-me para baixo, então meu rosto e seios ficaram
pressionados contra a cama, minha bunda no ar, minha
boceta empalada em seu pau.

Ele me fodia sem parar.

Cada puxão do meu cabelo, cada batida de seus quadris


contra a minha bunda, cada movimento de seu pau em mim,
eu perdia mais da minha capacidade de respirar, funcionar,
pensar, fazer qualquer coisa, exceto gritar em êxtase. Ele me
fodeu, me fodeu e me fodeu, puxando meu cabelo para me
arrastar de volta em cada impulso.

Senti algo quente e louco crescendo dentro de mim, algo


poderoso, algo enorme. E quanto mais me fodia, mais quente e
mais forte ficava, espalhando-se através de mim até que fiquei
selvagem, desesperada para alcançar o que quer que Duke
estivesse construindo dentro de mim com esse puxão de cabelo
e os tapas em minha bunda.

— Duke... — Respirei. Eu não tinha certeza do que estava


perguntando.

Ele apenas grunhiu para mim, um grunhido selvagem e


brutal.

— Por favor.

— Por favor, o quê, princesa?

— Eu preciso... — Não sabia do que precisava.

— O que você precisa, querida? Conte-me.

— Eu não sei. — Admiti, começando a me contorcer,


ceder à necessidade de loucura, meus dedos arranhando o
edredom, batendo de volta contra suas estocadas, gritando
entre suspiros desesperados. — Mais de... você ... deus, eu não
sei!

Eu senti sua respiração no meu ouvido.

— Você é perfeita, Temple Kennedy. — Ele sussurrou. —


E eu sei exatamente o que precisa.

— Você sabe?

— Sim, querida. — Ele retardou seus movimentos, então


moveu as duas mãos para baixo da minha espinha para
descansar em minha bunda, eu estava com medo que fosse me
bater novamente, mas tudo o que fez foi me acariciar
possessivamente, afetuosamente.

— Toque sua boceta para mim, linda. Eu quero sentir


você gozar ao redor do meu pau.

— Eu quero que você goze. — Respirei.

— Oh, eu vou. — Disse ele. — Quando você gozar.

— Ao mesmo tempo?

— Esse é o plano. — Disse ele. — Você já teve um orgasmo


mútuo com alguém?

— Não. — Sussurrei. — Você já?

— Apenas uma vez. — Admitiu ele. — E encontrar isso


novamente é uma fantasia minha há muito tempo.

— E você acha que podemos fazer isso?

— Fancy, eu tenho absolutamente zero de dúvida.

— Por quê?

— Porque ... — Ele começou, se arrastando. Inclinou


sobre as minhas costas, pressionando os lábios no meu ouvido
novamente. — Porque nossa química está fora dos gráficos,
Temple. Por razões que não consigo explicar e de maneiras que
nem mesmo entendo… apenas… conheço você. Conheço seu
corpo. E sei o que quer quando nem você sabe.

Eu não podia negar o que ele estava dizendo.

— Estamos... há uma conexão aqui, verdade? Isso é o que


você está dizendo.

Senti a hesitação de Duke. Ele moveu os quadris para


trás, parou no ápice de sua retirada e então entrou novamente,
lentamente. Suavemente. Reverentemente, quase. Gemendo.

— Sim, Temple. — Ele murmurou enquanto me enchia.


Recuou novamente, devagar desta vez e quando empurrou de
volta, fez isso inclinado sobre mim, sussurrando em meu
ouvido, intimamente, sua voz áspera, irregular e crua. —Há
uma conexão entre nós. Uma conexão intensa.

— Isso me assusta. — Murmurei.

— A mim também. — A voz de Duke era quase inaudível


quando ele sussurrou essa admissão. — Eu já passei por uma
dúzia de diferentes tipos de inferno, então não há muito que
me assusta mais. Mas querida, essa merda entre nós me
assusta.

— Deus, Duke, o que isso significa?

— Isso significa começar a tocar sua boceta.

Pressionei minha bochecha no colchão, deixando minha


cabeça, ombros e peito tomarem meu peso, movi os dedos
entre as minhas coxas. Encontrei meu clitóris e dei um toque
hesitante, nunca me toquei durante o sexo antes, apenas
depois. Aquele único toque me fez hesitar quando um prazer
abrasador passou por mim.

— Oh... porra. — Grunhi.

— Você nunca tocou sua boceta durante o sexo?

Balancei minha cabeça e Duke riu.

— Bebê, você está seriamente fazendo sexo errado.

— Acho que concordo com você.

— Eu não sou um tipo de curiosidade e fatos. — Disse


Duke. — Mas eu sei que pelo menos oitenta por cento das
mulheres acha difícil, se não impossível, atingir o orgasmo sem
estimulação direta no clitóris.

Eu não pude deixar de rir ao ouvir Duke − grande,


musculoso, machão, todo testosterona, armas e shakes de
proteína − soltando um fato sobre o orgasmo feminino como
uma espécie de nerd sexual.

— É verdade. — Ele insistiu.

— Eu não estou rindo porque acho que você está errado,


apenas é engraçado ouvi-lo dizer isso.

— Por quê?

— Porque, como você disse, não é um tipo curioso. — Eu


ri novamente, mas estava sem fôlego, porque Duke empurrava
ritmicamente, devagar e suavemente, meus dedos
encontraram o ritmo que eu precisava para chegar ao clímax.

— Talvez não, mas gosto de sexo e isso é um fato prático


de saber. — Ele murmurou. — Talvez, seja estranho sobre,
mas fico mais duro quando minha parceira perde a cabeça.
Quanto mais puder fazê-la gozar, mais vou gozar. Então, se
você não estiver recebendo todo o prazer possível quando
estivermos transando, significa que estou fazendo errado. A
pornografia está errada, foi o que aprendi. Essa merda é idiota.
As mulheres não podem gozar apenas com os homens metendo
como se fosse uma maldita britadeira.

Percebi outra coisa que era estranho em fazer sexo com


Duke: toda a conversa. Sou a primeira a admitir que na
maioria das vezes sou uma loira estereotipada, mas me deixe
nua e coloque um pau em mim e eu me calo. Apenas não sei o
que dizer e não vejo o ponto de toda a conversa, foda-me e vá
embora.

Mas como Duke disse, eu estava fazendo sexo errado,


com certeza.

O problema é que neste momento, tinha certeza absoluta


de que nunca encontrarei ninguém igual a Duke em termos de
fazer isso direito.

Porque PUTA MERDA, era intenso.

Eu não tenho palavras para expressar o que Duke estava


me fazendo sentir, o que estava fazendo comigo.

Estava me fodendo, seu pau penetrando lentamente na


minha boceta e saindo, cada centímetro molhado levando-me
ao êxtase cru e me enchendo, alongando-me, empurrando-me
para algo tão forte, violentamente potente que não havia uma
palavra para isso. Acrescente o toque dos meus próprios dedos
no clitóris, circulando com precisão e o ritmo que apenas você
pode dar a si mesmo, o orgasmo me atingiu com força e
rapidez, um tsunami abrupto e incontrolável de felicidade
convulsiva.

— Oh porra, Duke, Jesus, Jesus, vou gozar tão forte. —


Perdi minha voz, então, roubada pela violência do clímax.

Dissolvi-me em gritos, debatendo-me contra a loucura,


indo de encontro a Duke, então, como gritei com o orgasmo
iminente e ele começou a me foder forte e rápido, meus dedos
um borrão no clitóris o tempo todo.

— Duke, eu... porra, oh-meu-fodido-deus eu quero que


você goze comigo.
Em outro de seus rápidos golpes sinuosos, ele saiu e me
virou de costas. Fiquei ali surpresa, ofegante, uma bagunça
trêmula, pernas tremendo, boca aberta enquanto lutava para
respirar, a boceta pulsando com a perda repentina de Duke.

— Duke, por favor, deus... por favor... — Gemi,


estendendo a mão para ele, não me importando com o quão
patética, desesperada, ofegante e chorona estrela pornô eu
soava − era exatamente como me sentia.

Duke colocou uma das mãos no colchão ao meu lado, seu


corpo maciço se elevou sobre mim. O peito bloqueava tudo, seu
abdômen ondulava como seus músculos duros como ferro, seu
pau era um monstro longo, grosso e saliente, os braços fortes e
os quadris estreitos. Seus olhos brilhavam intensos, viris e
ardentes.

E foi quando eu percebi algo que me deixou tremendo:


tudo até aquele ponto, até ele me virar de costas, foram
preliminares.

O que estava prestes a acontecer agora... era o evento


principal.

Ele estava respirando com dificuldade, mas não apenas


por esforço. Suas sobrancelhas estavam arqueadas, seus
dentes apertados, a expressão feroz, primitiva e possessiva,
prometendo coisas obscuras, sujas e bonitas que não
conseguia começar a entender.

Ele estava em cima de mim, sobre mim, olhando-me,


apenas respirando, apenas olhando nos meus olhos por um
momento fora do tempo e senti a conexão que ambos
reconhecemos estalando e provocando entre nós, sentia como
real e físico, como um choque elétrico naquele momento,
nenhuma parte de nossos corpos se tocando, apenas nossos
olhos...

Parecia segurar um cabo de energia vivo, parecia ter


milhões de watts me percorrendo.

— Duke. — Sussurrei.

E então ele atacou.

Acariciou minha fenda, guiando-se em mim e depois se


apoiando com as duas mãos. Eu gritei de alívio quando ele me
encheu e desta vez tinha os olhos nele, sua expressão aberta e
desprotegida para acompanhar a sensação física, e então
soube que nunca mais sentiria algo parecido como esse
momento singular, seus olhos em mim, seu pau me
penetrando profundamente, movimentando-se, o real e
inegável emocional ou psicológico, o que quer que fosse essa
conexão crepitante entre nós.

Mas eu estava errada.

Ficou ainda mais intenso. Ele me beijou.

Bom Deus, ele me beijou como se nunca tivesse me


beijado antes.

E agora estava dentro de mim e me beijando. Estava se


movendo, empurrando, enchendo-me, saindo e empurrando,
arrastando-se para fora e sua língua se movia com a minha, ele
gemia em minha boca enquanto se movia, enquanto nos
movíamos juntos.
Porque isso foi ...

Algo totalmente diferente do sexo.

Mais.

Muito mais.

Envolvi as pernas ao redor de sua cintura, descobrindo


que tinha mãos e que queria tocá-lo. Minhas mãos foram para
sua pele, arranhando seus ombros e seus lados. Segurei seu
cabelo topete e passei os dedos por aqueles fios de seda,
segurei sua nuca e agarrei sua bunda, enterrei meus dedos no
músculo rígido de sua coluna e ao mesmo tempo descobria que
meus quadris tinham uma mente própria.

Fiquei totalmente selvagem.

Nós não sustentamos o beijo por mais tempo, então fui a


primeira a se afastar, ofegando em um soluço. Prontamente
mordi seu ombro e gritei, os dentes agarraram os grossos
músculos.

— Temple. — Ele rosnou, soando tão atordoado e sem


fôlego como eu estava.

— Não, nunca pare, Duke. — Eu disse e então o beijei


onde meus dentes deixaram marcas vermelhas em sua pele
pálida. — Deus, por favor, não pare.

Forcei meu olhar para o dele e encontrei o que estava


procurando, o que sempre estive procurando, sem jamais
perceber: um homem poderoso, confiante − até mesmo
arrogante − completamente focado em mim sem se sentir
intimidado. Que poderia me foder sem sentido, empurrar-me
para fora dos meus limites e ainda assim, naquele momento,
mostrar-se completamente vulnerável.

Eu vi seu medo da intensidade disso tudo e soube que


tudo que era para mim foi para ele. Vi sua necessidade... por
mim. Vi seu desejo, que era algo separado da necessidade.

Estendi a mão, agarrei sua nuca e puxei seu rosto para o


meu. Coloquei meus lábios em seu ouvido. Segurei sua bunda
com minha outra mão, os calcanhares enganchando na parte
de trás de suas coxas logo abaixo.

Sussurrei em seu ouvido:

— Goze, Duke.

Eu senti outro orgasmo fervendo dentro de mim. Soltei


sua bunda e coloquei minha mão entre nossos corpos, toquei
meu clitóris, senti o relâmpago incandescente através de mim
ao meu toque, espasmos em meu ventre, minhas pernas e
núcleo. As coxas tremeram e minha mão apertou o pescoço de
Duke, o mais forte que pude.

— Duke, solte, bebê. — Mordi seu lábio inferior, movendo


os quadris contra os dele, levando seu pau tão profundo
quanto podia com cada impulso lento. —Deixe-me gozar com
você. Eu vou gozar. Goza comigo.

— Temple. — Ele rosnou e uma de suas mãos roçou meus


seios, em seguida, encontrou minha mão livre e nossos dedos
se entrelaçaram sobre nossas cabeças. — Porra. Temple...
Jesus.

Apertei sua mão, enquanto movíamos nossos corpos


juntos, o quarto ecoando com o som dos nossos grunhidos,
suspiros e o bater molhado.

Senti Duke começar a perder o controle. Suas estocadas


perderam seu ritmo de máquina e sua respiração ficou
irregular, estava gemendo e gemendo. Cada impulso era
mágico, enchendo-me, esticando-me e meus dedos estavam
loucos no meu clitóris e ele batendo duro e rápido agora.

—Sim, Duke, Duke, Deus, continue me fodendo. Goza


comigo, Duke.

Senti o orgasmo rasgar dentro de mim, senti minha


boceta apertar ao redor de seu pau e me envolvi ao redor dele,
puxei minha mão da dele e envolvi as pernas em sua cintura,
arranhei suas costas com minhas unhas quando gozei com
tanta intensidade que lágrimas começaram a escorrer pelos
meus olhos e as ondas do clímax me arrebentaram
fisicamente, minha voz estava rouca de gritos estridentes e
sem fôlego.

— Puta merda, Temple... Temple. — Duke ofegou,


admirado, reverente, atordoado.

— Oh deus, oh deus, oh deus, oh deus! — Eu gritei. —


Goza comigo, Duke, agora, comigo, agora!

— Agora, Temple. Você me sente? — Ele colocou uma


mão debaixo da minha cabeça e me puxou para cima, seus
lábios contra os meus, sua boca tremendo, a respiração
ofegante.

Duke colocou a outra mão debaixo da minha bunda e me


levantou para que ficasse de joelhos e eu fosse empalada em
seu pau e ele me segurando contra o seu corpo, seu rosto
enterrado no lado do meu pescoço, os quadris girando, seu pau
me perfurando. Agarrei-me a ele e enganchei meus pés atrás
das costas, levantando-me e deixando-me cair sobre seu corpo,
meus lábios em sua orelha, meus dentes raspando, a
respiração em gemidos ofegantes.

— Eu sinto você. — Sussurrei. — Eu me sinto.

— Nós. — Ele repetiu.

— Nós.

Ele inclinou a cabeça para trás o suficiente para que


pudesse encontrar meus olhos. E foi quando gozou. Duke
gritou, um rosnado animal e mesmo através do preservativo,
senti o poder de seu orgasmo. Bateu em mim duro, com tanta
força que seus quadris batiam contra a minha bunda, suas
mãos agarrando-a e abrindo-a para seus impulsos mais
profundos do que nunca, fodendo tão fundo quanto poderia ir
e agora com Duke gozando, seus impulsos vinham com
estocadas curtas, mais poderosos e com menos intensidade.

— Temple... Temple... Temple... Temple. — Ele cantou


meu nome enquanto me fodia, mas eu sabia que isso era muito
mais do que uma foda, infinitamente mais, porque nenhum de
nós ousou desviar o olhar.

Ele se derramou em mim com os olhos abertos e fixos nos


meus, gozei ao redor dele, tremendo, estremecendo, ofegante,
gemendo e soluçando, sentindo meus seios saltarem com cada
impulso poderoso.

Ele finalmente terminou seu orgasmo e nos permitiu cair


na cama, eu de costas e ele em cima de mim.

Enterrei as mãos em seu cabelo, apertando os dedos


contra seu couro cabeludo, puxando-o para mim e o beijei,
mordendo seu lábio e exigindo sua língua, minha boceta ainda
ao redor de seu pau. Ele estremeceu, os quadris ainda
flexionando num reflexo involuntário e seu gemido quando o
beijei veio das profundezas de sua alma, assim como meu
soluço.

Um longo momento se passou beijando, estremecendo e


tremendo, então ele caiu para um lado, saindo de mim,
embalando-me em seus braços. Eu me enrolei contra ele
automaticamente, como se fosse a coisa mais natural do
mundo aconchegar-me contra o peito dele, minha coxa contra
a dele, minha mão em sua barriga, logo acima de seu pau. A
ponta do preservativo estava pesada com seu gozo e sua
respiração em fôlegos irregulares.

— Jesus. — Ele disse depois de um momento. — Isso foi…

— Eu não tinha ideia. — Eu disse.

Ele girou a cabeça para olhar para mim.

— Eu também não.

— Então o único orgasmo mútuo que você teve...

— Foi fogos de artifício em comparação com o que


acabamos de fazer juntos. — Ele terminou por mim. — Isso foi
... nuclear. Não conheço nenhuma outra palavra para
expressar.

— Não, apenas nunca senti nada parecido antes. — Eu


disse. — O que é verdade, mas tudo o que fiz até agora foi
apenas... novo, diferente e melhor. Isso foi... porra. Nem sei
como descrever. Apenas... nem sabia que era possível o sexo
ser… apenas...

— Muito mais, em todos os sentidos?

Balancei a cabeça e então, por algum motivo, beijei seu


peito. Uma vez que meus lábios encontraram sua pele, não
consegui impedi-los de explorar. Primeiro beijei seu peito, a
protuberância plana e dura do seu peitoral, depois entre eles,
inclinando-me, pressionando contra ele.

— Temple? — Ele parecia tão confuso quanto estava com


o que eu fazia.

Eu olhei para ele.

— Eu não sei o que fazendo. Com nada disso.

— Eu também não. — Respondeu ele. — Mas... continue.


TOMADA
Puta merda. Apenas... merda do caralho. Estamos
abraçados. Eu nunca fiz isso. Nunca. Uma vez que a garota e
eu terminávamos, não necessariamente apenas saía de lá ou a
expulsava, mas com certeza não me aconchegava. Mas com
Temple, parecia a coisa mais fácil e natural do mundo,
segurá-la em meus braços contra meu peito e me manter ali. E
a parte mais estranha era que não parecia estranho.

E então ela começou a beijar meu peito. Tipo, que porra é


essa? Mas parecia... incrível. Não era sexual, era... carinhoso.
Ainda erótico, mas de um jeito terno. E gostei. Queria que ela
continuasse fazendo. Então a toquei onde quer que pudesse
alcançar enquanto ela se movia sobre mim, beijando minha
pele. Acariciei seu ombro, seu cabelo, sua cintura, enquanto
ela gradualmente se aproximava cada vez mais de mim,
movendo-se mais e mais em cima de mim, sua boca
explorando meu corpo. Começou no meu peito, em seguida, foi
para as minhas costelas, depois para meu ombro oposto e por
esse ponto estava basicamente deitada sobre mim. Suas mãos
estavam ocupadas também, movendo-se, tocando e apertando.
Seus lábios encontraram meu pescoço, minha garganta,
debaixo do meu queixo − e Deus, isso, seus lábios beijando a
parte inferior do meu queixo foi tão loucamente intenso e
pessoal e tão... muito − por falta de uma palavra melhor − que
eu não conseguia respirar. Então, Jesus, seus lábios saíram do
queixo e até a minha bochecha, beijando, então rostos colados
e depois para apenas este lado da minha orelha, sua
respiração alta e quente no meu ouvido. Eu segurava sua
bunda, apertando e amassando, seus beijos subiram para o
meu rosto e minhas mãos se moveram até suas costas e em
seus cabelos.

Temple continuou, seus lábios tocando delicadamente


meus olhos, descendo pelo lado do meu nariz até a minha
boca. Seus seios achatados contra o meu peito, seu estômago
na minha cintura, seu corpo diagonal ao meu. E as mãos dela?
Um estava no meu peito, apenas descansando e a outra
acariciando minhas coxas e explorando meu abdômen,
deliberadamente ignorando meu pau de uma forma que me
dizia que era exatamente o que ela estava pensando.

Fancy finalmente pressionou sua boca na minha, sua


respiração quente em meus lábios, então seus dentes bateram
contra os meus e sua língua se moveu entre meus dentes e o
beijo foi lento, hesitante e tenso com tanta intensidade que nós
dois balançamos com a potência.

E, então, Temple rompeu o beijo e olhou para meu corpo.


Ela se sentou, olhou para mim e depois de volta para o meu
pau. Com dois dedos, inclinou meu pau ainda longe do meu
corpo, circulou esses dois dedos ao meu redor, na raiz e com a
outra mão cuidadosamente e lentamente retirou o
preservativo. Saindo da cama, ela foi para o banheiro contíguo
com o preservativo, sua linda, pálida e suculenta bunda
redonda balançando e rebolando a cada passo. A visão
enquanto voltava era incrível: os seios pulando e balançando,
sua boceta brincando de esconde-esconde em cada passo, seu
corpo forte e flexível, mas com curvas suficientes para fazer
minha boca encher de água e meu pau endurecer e apreciar...
e seu rosto, porra, seu rosto. Aqueles olhos, de um azul
brilhante rajado de marrom e verde, ferozes e selvagens,
intensos e divertidos, suas feições tão perfeitas, tão lindas, tão
maravilhosas. Havia uma razão pela qual ela era tão famosa −
Temple Kennedy era a mulher mais linda que eu já vi, mesmo
apenas dos ombros para cima... o que incluía a perfeição
erótica de seu corpo de deusa e ela se tornava a fantasia de
todo homem.

E estava comigo, nua para mim. Deitando na cama


comigo.

Ela ficou sobre meu corpo, agarrou-se a mim, cantou


meu nome enquanto nós fodíamos.

Não foder. Não foi apenas isso. Foi − Deus, gostaria de ter
uma palavra para isso.

Exceto pela palavra óbvia, é claro, a palavra que nunca


disse, nunca saiu de mim e um conceito no qual nunca
acreditei. Foi isso? Eu me recusei a sequer pensar na palavra,
mas poderia contorná-la mentalmente enquanto observava
Temple balançar e saltar do banheiro de volta para a cama.

Foi isso aquela palavra?


Porra... foi. Quer dizer, pelo que pude perceber, foi isso
que aconteceu. A merda mais clichê do mundo: uma foda
incrível com a mulher certa e estava me apaixonando por ela. E
sim, também estava ciente de que Fancy estava se
apaixonando por mim.

Apenas vá, Thresh me disse. Não lute contra. Não há


sentido

A garota certa, ela o fará se sentir mais homem, não


menos.

Apenas vá.

Mas como? Eu não conseguia nem pensar na palavra com


A, muito menos dizer. Além disso, era loucura. Acabei de
conhecer a mulher. Não era possível. Amor à primeira vista não
era real. Você não conhece alguém e se apaixona no mesmo
dia, mesmo depois de um dia como o que tivemos.

Você não sabe porra nenhuma.

Temple estava na cama, rastejando para mim de quatro.


Seios balançando sob ela, os cabelos caindo em ondas loiras
em ambos os lados de seu lindo rosto. Quando chegou às
minhas coxas, parou.

— Agora... onde eu estava? — Ela perguntou.

Respirei fundo.

— Beijando-me.

— Onde?

Toquei meus lábios.


— Aqui.

Ela sorriu.

— Oh, sim. Isso mesmo. Passou as palmas das mãos


pelas minhas coxas. — Talvez, comece novamente... aqui
embaixo.

E ela beijou minha coxa, logo acima do joelho. E depois


mais acima. Empurrou minha outra perna para o lado e beijou
no interior da coxa, suas mãos em ambos os lados da boca, as
unhas raspando suavemente enquanto subia mais um pouco,
beijando. Era difícil respirar enquanto ela fazia isso, enquanto
me beijava assim. Tornava difícil pensar.

— Temple, o que você está fazendo comigo? — Perguntei.

— Beijando-o. — Ela respondeu, as palavras saindo


contra a parte interna da minha coxa, a centímetros de minhas
bolas. — Beijando você em todos os lugares.

— Você está me deixando louco.

— Bom. Eu gosto quando você fica louco.

— Mas eu não − eu não sei como lidar com isso. É foda.


Uma loucura. — Respirei fundo impotente enquanto ela
soprava um hálito quente em minhas bolas e então beijava
minha coxa oposta a poucos milímetros de distância. — É
demais.

Uma mão em cada coxa, lábios passeando, provocando e


beijando em direção ao meu quadril, ela parou quando chegou
ao meu osso ilíaco, olhando para mim.

— Demais, hein?
— Sim. Eu não sei, é uma loucura.

Ela riu.

— Então, você disse.

— É a forma que você está me beijando. Não é apenas


provocação, é...

Seus olhos encontraram os meus, com conhecimento,


intensos e ferozes.

— Somos nós, Duke. É com isso que você não consegue


lidar. O jeito que estou beijando-o? É porque estou o beijando
como se... — Ela parou, respirando fundo.

— Não diga, Temple.

— Mas isso é o que é, verdade?

— Sim, mas… quem se importa. Isso é o que é, eu sei,


você sabe, nós dois sabemos. Mas não significa que tenhamos
que dizer. Podemos reconhecer, mas não precisamos dizer.

Estava preocupado que ela levasse a mal, achando que


sentia medo dela, da palavra ou de compromisso. E realmente,
isso é o que era, exatamente o que era, tudo isso e assim que as
palavras deixaram minha boca, senti pânico, medo dela não
perceber a verdade mais profunda do que estava dizendo.

— Eu sei que você está com medo disso...

— Uma coisa que você deve saber sobre mim é que eu


nunca recuo diante de um desafio. — Disse, interrompendo-a.
— Bem, se descobrir algo de que tenho medo, encaro. Aceito e
derroto.
— Eu não estava duvidando...

Rocei o polegar em sua bochecha.

— Meu ponto é que o medo não me impede. Não me


domina, não é meu dono. — Fiz com que ela visse meus olhos.
A verdade no meu olhar. — Sim, essa merda entre nós me
assusta. Mas isso não vai me impedir, Temple. Apenas, ainda
não estou pronto, mesmo que veja as coisas pelo que elas são.

Os olhos de Temple se encheram de lágrimas e ela piscou


com força.

—Duke, eu...

— Você não precisa dizer nada, Temple. Apenas queria


esclarecer.

Ela riu.

— Você precisa aprender a me deixar falar de vez em


quando.

Suas mãos retomaram suas carícias exploratórias nas


minhas coxas, indo até as laterais dos meus quadris, alisando
o lado de fora da bunda, em seguida, descendo em direção aos
meus joelhos, então subindo novamente, suas mãos passando
a centímetros do meu pau, que começava a recuperar o
sentimento, o sangue bombeando através de mim e no meu
pau, já ansioso por mais.

Eu me segurei, deixando Temple fazer o que queria,


curioso para ver onde ela levaria isso.

Quando não disse mais nada, ela deu um beijo lento e


úmido no interior da minha coxa esquerda, perto da virilha
agora que sua bochecha roçou minhas bolas enquanto beijava
minha perna.

— O que eu ia dizer, antes de você me interromper, é que


sei que tem medo dessa coisa que temos e eu também. E
concordo. Nós não precisamos fazer isso... assim. É mais do
que qualquer merda, mas não precisa ser rotulado. Ainda não.
Não estou pronta para isso também.

Eu soltei um suspiro de alívio.

— Graças a Deus.

— É uma loucura. — Ela disse. — Mas é real também e


não fingirei de outra forma.

Ofeguei novamente quando ela arrastou sua boca sobre a


carne da parte interna da coxa, ao longo das bolas, na raiz do
meu pau na minha barriga, sua bochecha me roçando, sua
boca deixando uma trilha molhada ao longo da pele. Meu pau
estava endurecendo agora, mas ela o ignorou, embora
estivesse engrossando e endireitando-se contra o lado de seu
rosto. Ela beijou minha barriga logo acima do meu pau,
empurrando meu eixo com sua bochecha e suas mãos
acariciando meu abdômen, então foram para baixo para
acompanhar o progresso de sua boca, uma mão em cada lado
do rosto. Meu pau estava descansando em cima das costas da
mão dela e agora a boca dela se ergueu e cruzou meu pau, indo
para minha barriga do outro lado, beijando do quadril até a
coxa, depois de volta para pressionar de leve, molhado,
provocante, beijos de língua no macio e sensível vinco onde
minhas bolas encontravam meu corpo.
— Temple... — Eu não tinha certeza de qual era o seu
jogo, mas era incrível.

Estava totalmente duro agora e ela apenas tocou meu


pau incidentalmente.

— Silêncio. — Ela se arrastou para cima do meu corpo


para se inclinar sobre mim, as pontas de seus seios roçando
meu peito e pressionou dois dedos nos meus lábios. —
Apenas... fique quieto e cale a boca.

Coloquei as mãos atrás da cabeça.

— Você entendeu, Fancy.

Ela beijou de volta para baixo e então olhou para mim,


depois de volta para o meu pau, um sorriso se espalhando em
seus lábios. Aproximando-se, ela se moveu para cima e abriu a
boca, olhando-me, tão perto de me tomar em sua boca, agora
que estava tenso, a respiração presa em antecipação.

— É isso que você quer? — Ela perguntou.

— Porra, sim. — Eu rosnei.

Ela moveu-se para baixo novamente, ainda tão perto que


podia sentir sua respiração na pele. Suas mãos rasparam
sobre a minha carne em cada lado do meu pau e sua boca
estava se abrindo, a língua serpenteando para bater contra a
carne tensa e sensível das minhas bolas.

— Que tal isso?

— Deus. Sim, princesa. Isso também. Qualquer coisa.


Jesus, qualquer coisa.

— Você quer isso? — Ela achatou a palma da mão para


baixo e esfregou meu pau. — Quer que o toque?

Eu não pude deixar de flexionar meus quadris.

— Caralho... porra sim.

Sua língua balançou novamente e então seus lábios


pressionaram um quase beijo no lado das minhas bolas.

— Você quer que tome suas bolas na minha boca?

Eu já estava além das palavras, incapaz de muito mais


que um grunhido ininteligível.

— Unh... sim ... apenas assim...

Ela raspou o comprimento do meu pau de ponta a ponta


com a unha e beijou as bolas novamente, um beijo lento,
molhado e cheio.

— Acho que eu poderia gostar que implorasse. Você me


fez implorar, bem... como será? Reviravolta é um jogo justo?

Eu ri e a risada se transformou em um gemido quando ela


provocou meu pau sem tocar e passou a língua contra minhas
bolas novamente.

— Porra, Temple.

Eu não imploro. Nunca implorei a ninguém por nada na


minha vida.

Mas quando hesitei, ela afastou a mão do meu pau e a


boca, voltou a brincar, movendo a mão sobre o meu abdômen,
perto do meu pau, mas sem tocá-lo, beijando tão perto das
bolas, mas não lá.

E assim, percebi que realmente faria qualquer coisa por


essa garota. Cruzaria todas as linhas que nunca estive
disposto a cruzar por mais ninguém.

Seus olhos estavam em mim, observando-me processar


através deles, ela tinha um pequeno sorriso secreto curvando o
arco perfeito de seus lábios.

—Bem? — Ela moveu sua boca sobre mim, respirando em


minhas bolas, até meu eixo, em seguida, pressionou sua
bochecha na minha barriga para que sua boca estivesse em
posição de me levar, provocando, a língua batendo na ponta.
Ela imitou minha voz. — Por favor, Temple, estou implorando.
Tome minhas bolas na sua boca. Por favor, por favor, coloque
suas mãos no meu monstruoso pau.

Eu ri, lutando para ficar parado, lutando contra o desejo


de atacá-la e fazê-la implorar. Queria prendê-la contra a
parede e fodê-la sem sentido, prender suas mãos sobre sua
cabeça e fodê-la tão devagar que ela me imploraria para
deixá-la gozar. Em vez disso, ouvi o conselho de Thresh: fui
com ele.

—Temple, por favor. Toque-me. Lamba, chupe, foda-me.


Faça o que quiser, apenas… por favor, toque-me. — Eu não
estava fingindo, não era fingimento, não dizia apenas o que ela
queria ouvir, realmente queria saber o que queria fazer comigo,
queria sentir o que queria me dar. — Estou implorando
Temple. Por favor, por favor, me toque.

Seu sorriso era de orelha a orelha, satisfeito, emocionado


e ainda erótico. Ela pegou meu pau em sua boca e
imediatamente recuou, fazendo uma careta.
—Mmm-yuck... você tem gosto de preservativo.

— Merda, eu acho que sim, huh?

Temple envolveu as duas mãos ao redor do meu pau e


acariciou a ponta, torcendo lentamente.

—Tudo bem, porque ainda posso fazer isso... — E ela


torceu as mãos lentamente em direções opostas, enquanto me
acariciava, mais e mais. — E isso... — Então ela tomou minhas
bolas em sua boca, pouco a pouco no começo, apenas um lado,
beijando a carne, lambendo-me.

Quando suas mãos seguraram o meu pau e mergulharam


para baixo, tomou mais de minhas bolas em sua boca e depois
as soltou. Uma de suas mãos as segurou, levantando-as,
acariciando-as e continuou beijando e a inclinar-se tomando
as bolas sensíveis na boca, o tempo todo, a outra mão estava
apertando meu pau, alisando ao redor da cabeça, passando o
polegar sobre a ponta e depois descendo.

Não demorou muito para que eu estivesse lutando contra


a vontade de flexionar meus quadris, foder sua mão, empurrar
ao orgasmo.

Apenas… Temple sabia. Ela sentiu isso, sentiu-me tenso,


sentiu algo menos tangível.

No momento em que senti aquele desejo, ela subiu na


direção da cabeceira da cama, pegando um preservativo da
cômoda e rasgando-o. Ajoelhando-se ao meu lado, rolou-o pelo
meu eixo.

— Eu preciso de você dentro de mim novamente, Duke. —


Ela murmurou. — Mas quero fazer do meu jeito, desta vez.

— Isso é tudo para você. — Eu disse. — O que você


quiser, qualquer coisa.

— Não se mexa. Não me toque. Apenas... deite aí.

Não pude evitar um sorriso.

— Não funcionará, querida.

Ela franziu a testa em confusão.

—O que não funcionará?

— Sexo nunca mais será o mesmo agora. — Eu disse. —


Você não poderá me foder e acabar. Será demais, como antes.

O sorriso que se espalhou pelo rosto dela era firme e


secreto.

— Oh, isso não é o que farei.

— Não?

Ela balançou a cabeça, ondas loiras balançando.

— Não. Apenas quero deixá-lo. louco. Você gosta de estar


no controle, de se certificar de que eu saiba quem é o chefe.
Bem, quero que você saiba a mesma coisa. Pode ser o homem
no comando, mas eu sou o Temple Kennedy. E você me deixará
tê-lo do meu jeito.

Não havia dolo ou falsidade nas minhas próximas


palavras.

— Eu sou seu para tomar, Temple. Mostre-me o caminho.

Ela me montou como se eu fosse um cavalo, com as mãos


apoiadas no me peito. Levantando-se, esfregava sua boceta
contra meu pau, esfregando contra mim levemente, os quadris
girando para frente e para trás. Então, inclinando-se,
apertando os seios contra meu peito, sua boceta roçando meu
abdômen. Os punhos no travesseiro e sua boceta no meu
diafragma, arrastando seus seios grandes, redondos, macios
como seda contra meu rosto, roçando-me com eles, esfregando
um mamilo contra minha boca, sobre os meus lábios, depois o
outro.

Porra, queria aqueles seios em minhas mãos, queria


aqueles mamilos grandes na minha boca. Até deixei minhas
mãos saírem de debaixo da minha cabeça, alcançando-a.

— Ah-ah. — Ela repreendeu, saindo do meu alcance. —


Não toque. Não até eu autorizar.

Coloquei os dedos debaixo da minha cabeça e me forcei a


ficar imóvel. Ela pressionou sua fenda ao longo do meu eixo,
esfregou-se contra mim, roçando minha ereção pela sua
abertura úmida. E mais uma vez, o instinto e a necessidade se
chocaram, levando-me a levantar os quadris, tentando colocar
meu pau dentro dela, agarrar seus quadris e empurrar − mas
me forcei a ficar imóvel com grande dificuldade.

— Porra, Temple. Você está me matando.

Ela se inclinou sobre mim, o rosto a centímetros do meu,


os olhos em mim, ardente, sensual e ferozmente erótico − sua
boca se aproximou da minha e sua língua passou sobre meus
lábios, então deixou um beijo nos meus lábios. Mas antes que
pudesse apreciar a suavidade de sua boca, o calor de sua
respiração, ela se afastou, mal beijando o canto da minha boca
e todo o tempo seus quadris se moviam me provocando,
esfregando meu pau entre os lábios cheios e úmidos de sua
boceta.

Soltou um gemido, então percebi que isso era tanto uma


provocação e tortura para mim quanto para ela, de alguma
forma, isso era mais fácil suportar e mais erótico do que
nunca, sabendo o quanto me queria e ainda assim estava
negando a nós dois. A emoção aumentou, a intensidade
aumentou até a insanidade.

Ela apertou com força contra mim, pressionando sua


boceta contra meu pau, balançando, buscando o ângulo
perfeito. Suas mãos estavam no meu peito, a cabeça inclinada,
os olhos fechados, a boca parcialmente aberta, os lábios
trêmulos. Suas coxas e seios tremeram. Ela continuou se
balançando contra mim, mudando os ângulos de vez em
quando, inclinando-se para frente e para trás, inclinando os
quadris. Estava procurando o ângulo que a deixaria se esfregar
meu pau contra seu clitóris para que pudesse gozar, eu
percebi.

— Por que você não apenas... — Eu comecei, mas ela


tinha outras ideias que não me incluíam falando.

Quando comecei a falar, ela se levantou e inclinou para


frente para cobrir meu rosto com o peito, arrastando o mamilo
ereto da minha testa até meus lábios, pressionando-o na
minha boca para me calar. Eu gemi de pura felicidade com o
sabor de sua carne, com a sensação de toda aquela pele macia
e generosa contra meu rosto... então, eu gemi novamente
porque ela pegou meu pau na base e puxou-o para longe do
meu corpo e me usou como um vibrador. Moveu meu pau em
círculos, esfregando a cabeça contra seu clitóris e
imediatamente seus gemidos se transformaram em
choramingos e seus quadris começaram a girar quando
desabou em direção ao clímax. Aperrei os dentes e segurei tudo
o mais forte que pude, concentrando-me em seus seios. Ela me
deixou chupar, beliscar e lamber seu seio esquerdo por alguns
instantes e então moveu o seio direito em minha boca,
arqueando as costas para se pressionar contra mim, ambas as
mãos apoiadas em meus ombros, as unhas cavando na carne e
músculo agudamente o suficiente para que eu soubesse que
teria marcas depois – que mostraria com orgulho.

— Duke. — Ela ofegou, os quadris se movendo para trás e


para frente descontroladamente, sua mão ao redor do meu pau
esfregando a cabeça contra seu clitóris cada vez mais rápido.

Levou tudo o que eu tinha para ficar quieto, para conter


meu orgasmo iminente, para me impedir de esmagá-la e
tomá-la do jeito que queria.

Isso foi melhor. Ela estava gemendo sem fôlego, a cabeça


inclinada, o cabelo uma cortina loira e úmida, obscurecendo
seus traços, enquanto se contorcia sobre mim, usando-me
para gozar. Ela estava a segundos disso, eu poderia dizer pela
maneira como se movia, as oscilações bruscas e
descontroladas de seus quadris, a maneira como seus gemidos
estavam se transformando em gritos agudos e sem fôlego.

— Oh deus, Duke, eu vou gozar. Porra, estou gozando,


estou gozando − oh deus, oh deus, oh meu deus... Duke!

No momento de seu orgasmo, quando gritou meu nome,


ela se empalou no meu pau, batendo sua bunda para baixo
sobre mim e desabando em meu peito, seus lábios contra a
minha bochecha, as mãos movendo-se sob a minha cabeça
para colocar seus braços ao meu redor em um desesperado e
trêmulo abraço. Não pude evitar, segurei sua bunda e mordi o
lóbulo de sua orelha, gemendo quando senti sua boceta
apertada pulsando ao meu redor, quente e úmida quando
gozou. Ela se agarrou a mim por um momento, dessa forma,
meu pau enterrado profundamente, seu rosto contra o meu,
sua respiração irregular, seu corpo inteiro tremendo em cima
do meu.

— Não goze ainda, Duke. — Murmurou ela. — Não


terminei com você ainda.

— Você está tornando isso quase impossível. — Eu disse.

Ela se afastou de mim, segurou minhas mãos e as


pressionou a cabeça mais uma vez.

— Esse é o ponto. — Disse ela, levantando-se assim que


eu saí de sua fenda e bateu contra a minha barriga. Girou
sobre mim, então estava de frente para meus pés agora,
levantou-se sobre seus joelhos e apoiou as mãos em minhas
coxas, puxou meu pau longe da barriga e o colocou em sua
boceta. Começando lentamente, Temple me montou,
erguendo-se, parando e então batendo seu traseiro em mim,
estava completamente hipnotizado pela forma como sua bunda
se movia, vendo meu pau desaparecer dentro dela enquanto se
abaixava e então a maneira como a carne generosa ondulava e
balançava enquanto sua linda bunda batia contra meus
quadris.

— Tão linda. — Eu disse, incapaz de evitar.

Temple não respondeu com palavras, mas a forma como


gemeu e começou a montar mais forte, disse que me ouviu e o
que essas palavras significavam para ela.

— Preciso me mover, querida. — Eu disse, impotente para


impedir que meus quadris fossem bombeados com seu ritmo
sensual.

— Não. — Ela ofegou. — Não se mexa.

— Caralho. — Agarrei o travesseiro debaixo da minha


cabeça, apertei os dentes e me segurei.

Seu ritmo era frenético e precisava de todo meu controle e


contenção para conter meu orgasmo enquanto Temple me
montava. Ela se inclinou para trás para que ficasse sentada
com os tornozelos por baixo, movendo os quadris em círculos
largos e exagerados. Suas mãos foram para até sua boceta,
com abriu os lábios gordos rosados, a outra tocando seu
clitóris algumas vezes antes de esfregar em círculos. Foi
quando descobri algo que não percebi até então: havia um
espelho em frente à cama, dando-me uma visão perfeita da
frente de Temple, enquanto cavalgava e se masturbava para
outro clímax.

Porra, eu podia ver tudo, seus seios balançarem quando


ela começou a saltar sobre mim, sua boceta esticada para
acomodar o meu pau, a forma como ele sumia e reaparecia,
seus dedos se movendo contra o clitóris...

O calor ferveu dentro de mim, uma pressão violenta que


fazia minhas bolas doerem, um desespero feroz batendo em
meu pau.

— Preciso gozar, Temple. Não posso segurar mais. — Eu


disse. — Simplesmente, não posso.

— Ainda não, Duke. — Ela ofegou. — Espere por mim.

— Porra, querida, estou tentando.

— Estou quase lá. — Ela murmurou, montando-me forte


e rápido, seus dedos circulando loucamente.

Doía, porra, doía para continuar me segurando assim.


Minhas bolas estavam prestes a explodir, a pressão era muita
para suportar, a necessidade de gozar muito poderosa.

Senti meus quadris começarem a se mover por conta


própria.

— Não posso, bebê, não consigo esperar mais. Preciso...


Jesus, Temple, porra, preciso gozar.

— Espere por mim, Duke, estou quase lá!

Estava apertando para baixo com tudo que tinha, cada


músculo tenso, cabeça inclinada para trás, espinha arqueada,
até mesmo meus dedos do pé estavam curvados e meus dentes
apertados tão forte que achei que quebraria um.

— Oh, Porra! — Temple gritou, caindo para trás, de


costas para minha frente. — Agora, Duke! Meu Deus, estou
gozando! Estou gozando! — As últimas palavras foram um
soluço quando ela encontrou minhas mãos com uma dela, a
outra ainda massageando para trás e para frente em seu
clitóris tão rápido quanto podia.

— Olhe-nos no espelho, Temple. — Eu disse com os


dentes apertados. —Veja-nos juntos.

Eu vi seus olhos se abrirem, encontrando os meus no


espelho e agora nós dois nos olhávamos.

Meus dedos se entrelaçaram com os dela e gritei de puro


alívio e euforia quando gozei. Eu a fodi com tudo que possuía,
então, meus quadris se moveram para cima para encontrar o
dela enquanto ela descia. Seu rosto estava ao lado do meu,
então, a boca se movendo em minha bochecha e me virei para
encontrá-la, nossos lábios e dentes chocando em um beijo
frenético e ofegante.

Cheguei ao êxtase em três impulsos. Nosso beijo se


tornou um gemido mútuo, compartilhado, dentes batendo, a
respiração misturada e gemidos ecoando através de meu
orgasmo, sentindo sua boceta me apertar com uma força
impossível, inacreditável.

Derramei-me dentro dela, dentro do preservativo, uma


das mãos entrelaçadas, a outra vagando pelo seu corpo,
segurando seus seios e o quadril, então afastei a mão dela para
eu assumir a massagem em seu clitóris, meu orgasmo ainda
ondulando através de mim, onda após onda.

Depois de um longo minuto ou dois de êxtase


espasmódico, ofegante, Temple finalmente ficou mole sobre
mim, meu pau ainda latejando dentro dela, nossas respirações
sincronizadas em suspiros ofegantes.
Havia um mundo de pensamentos e emoções que, apesar
de tudo, me envolvia.

— Temple, eu... — Comecei, com a intenção de falar as


palavras.

Ela deslocou meu corpo para que eu escorregasse para


fora dela, então rolou para deitar sobre mim mais uma vez,
seus seios achatados contra meu peito, seu cabelo em cascata
sobre um ombro.

Observando meus olhos, ela colocou meu rosto em ambas


as mãos, suas sobrancelhas arqueadas em uma profunda
intensidade emotiva. Sua boca se abriu e foi por isso que parei,
pensando que ela tinha algo a dizer. Em vez disso, reivindicou
minha boca e este foi o primeiro beijo que compartilhamos fora
da fúria do sexo.

Pela primeira vez na minha vida, finalmente entendi o que


era a paixão real, verdadeira e profunda, encontrei-a nesse
beijo.

Como a terra tremendo, rompendo a alma como foi no


sexo, aquele beijo foi mais. Queria que o beijo durasse para
sempre. Enterrei minha mão em seus cabelos na nuca e a
mantive presa no beijo, puxei-a para mais perto,
aprofundando-o até que tudo fosse consumindo, até sentir
como se algo dentro de mim derretesse e se infiltrasse nela,
fundindo-se com ela. Então se tornou algo mais que um beijo.

Toda a coisa de se tornar uma só carne da Bíblia? Sim,


finalmente consegui. Ei, quando você faz coisas que fiz, viu as
coisas que vi, procura absolvição em qualquer lugar que possa
encontrá-la. Passei minha parte justa do tempo de inatividade
entre as operações na capela, conversando com o capelão e
folheando uma Bíblia antiga, perguntando se realmente tinha
respostas úteis nela. Não posso dizer que realmente encontrei
o que estava procurando, mas então, não tenho certeza se
existe.

Merda, estou saindo do tópico. Meu ponto é, quando


Temple me beijou, lá no quarto de hospedes de Harris e Layla,
finalmente entendi o que significava se tornar uma só carne.
Sempre assumi que era uma referência para foder, certo? Pau
na boceta e bam, você está unido e os dois tecnicamente se
fundem, mais ou menos. Dramático, mas o que quer que fosse,
era uma maneira menos explícita de falar sobre o sexo.

Mas não, isso não é nada. Nem mesmo perto.

Sexo, foder, bater − é apenas partes do corpo e alguns


minutos de se sentir bem com alguém sexy. De todas as
mulheres que já fodi - e esse número é maior do que gostaria
de pensar − nunca me senti como Temple e eu estávamos ...
único − como se nos tornássemos algo mais do que apenas a
soma de nossos dois corpos e almas. Merda, raramente
pensava em almas. O sexo era apenas sexo. Amava as
mulheres, adorava seus corpos, suas curvas, a suavidade de
sua carne e a maneira como ficavam por baixo ou por cima,
amava vê-las se contorcer e ouví-las gritar quando as fazia
gozar, adoro sentí-las desmoronar nas minhas mãos.

Mas almas? Tornar-se um? Paixão? Não, cara, estou bem.

E então Temple Kennedy me beijou, apenas correspondi.


Os escritores de merda provavelmente diriam que eu tive uma
epifania e não estariam errados. Isso era o que era. Tornar-se
uma só carne? É quando algo dentro de você se abre e se
estende e se torna parte da outra pessoa. É quando apenas
sexo, beijar, tocar e segurar um ao outro não são suficientes,
como se quisesse de alguma forma apenas... porra, não sei
como colocá-lo. É... é quando não importa quão profundo você
esteja dentro dela, não importa o quanto a beija, não é
suficiente. É quando sente seu coração, seu coração
metafísico, a própria essência de quem ela é, tornando-se
inexplicavelmente entrelaçados em quem você é, apenas a
partir do beijo, fodendo-a, tocando-a, explorando-a,
movendo-se juntos e respirando o fôlego um do outro.

Isso é o que é, foi isso que descobri quando Temple me


beijou.

O momento foi destruído pelo som de uma explosão.

Boom!

A explosão distante e ruidosa era de explosivos.

E então ouvi Anselm disparando − boom! Um estampido


profundo, trêmulo, estremecedor, ecoando como um trovão de
cinquenta calibres. Conhecia o som daquela Barrett tão bem
quanto conhecia meu próprio reflexo no espelho, uma vez que
ouvia aquele rifle, nunca esquecia.

— Caralho. — Rompi o beijo, sussurrando. — Parece que


temos companhia.

BOOM! BOOM... BOOM!


Rolei para deixar Temple de lado, saindo da cama o mais
rápido que pude. Descartei o preservativo e estava vestido em
trinta segundos, calçando as botas e amarrando-as em um
borrão de movimento.

O comunicador explodiu em meu bolso, onde o coloquei


na pressa de ficar nu. — Sie sindhier. — Anselm disse, voltando
ao alemão − eles estão aqui.

— Quantos? — Perguntei, encolhendo os ombros no cinto


de coldre de ombro e colocando-o no lugar.

— Zu viele. — Sua Barrett ecoou duas vezes mais −


muitos, isso que significava. Foram seis tiros, o que significava
seis mortes − Anselm nunca errava, nunca.

— Quantos, porra?

— Eu não sei! — Anselm realmente gritou de volta para


mim, o que me surpreendeu e deixou imóvel. — Um monte de
merda deles, mein Freund. Vinte? Trinta?

Estava fora da porta do quarto com a espingarda e depois


parei abruptamente. Temple já estava vestida – com roupas
emprestadas de Layla − e estava atrás de mim. Eu empurrei a
espingarda em suas mãos.

— Esconda-se no banheiro e tranque a porta. — Eu a


guiei para o banheiro, dei-lhe o walkie-talkie e esvaziei meus
bolsos de balas de espingarda. — Atire primeiro e faça
perguntas depois. Bem, se for eu ou Anselm, vamos nos
identificar. Qualquer outra pessoa, exploda-os.

— Eu não sei como usar uma arma!


Eu já estava saindo do banheiro.

— Mantenha um bom aperto sobre ela, essa filha da puta


chuta como um morteiro. Incline a bunda e a coloque contra o
ombro e aperte o gatilho. Não feche os olhos, não tente mirar.
Basta ir para a barriga e você chegará perto o suficiente.

— Mas... mas, Duke! Eu... não posso... não me deixe!

Eu me inclinei para trás e beijei-a rapidamente.

— Você pode. Precisa fazê-lo. Há muitos deles lá fora para


me dar o luxo de pensar em você. Está a salvo aqui. Terei um
rádio também, mas não entre em contato comigo a menos que
precise. OK? Ficará bem, eu ficarei bem, tudo ficará bem. Mas
preciso ir.

A Barrett de Anselm estava explodindo sem parar e eu


ouvi fogo de retorno, armas pequenas, principalmente. Havia a
rachadura afiada de um .308, que me preocupou.

Anselm era bom demais para ser pego na mira de um


atirador, mas significava que viu o focinho piscando e tinham
uma ideia de sua posição. O que significava que eu realmente
precisava me mover − já desperdicei muito tempo.

Xinguei por ficar tão preso em Temple que perdi a


chegada deles, mas realmente, no fundo, não podia me
arrepender, não depois do que compartilhamos.

Peguei a AR-15, então abri a mochila e coloquei a HK MP7


sobre meu ombro. Eu tinha munição em meus bolsos para
ambos e granadas. Gostaria de ter meu colete, que estava no
QG − pensei que Anselm foi buscá-lo, mas acho que se desviou.
Peguei um rádio do rack e coloquei o fone de ouvido e
microfone de garganta, em seguida, olhei para fora por uma
das janelas da frente, usando o quadro como cobertura. Um
SUV estava manobrando sua traseira para a casa, ainda a
alguns quilômetros de distância, apenas saindo de entre as
árvores que alinhavam a cerca, seguido por um dos grandes
modificados Wranglers como o que roubei, mas que parecia
um Hummer. Havia mais veículos atrás deles, mas não
conseguia distinguir o que eram e isso realmente não
importava.

Ouvi a Barrett e o capô do Suburban de chumbo


amassado, a extremidade dianteira batendo para baixo na
estrada de terra. O Wranglers atrás dele atirou em seu motor e
virou habilmente. O SUV virou, torceu e rolou para um lado,
com o vidro estilhaçando.

— Preciso de seu apoio agora, Duke. — Disse Anselm pelo


rádio. — A diversão está prestes a começar.

— Como porra eles chegaram aqui tão rápido? —


Perguntei. — E como passaram pelo portão?

— Faz uma hora. — Disse Anselm, com um tom de


diversão em sua voz. —Deixei o seu equipamento perto da
porta da cozinha.

— Uma hora? Exclamei. — Eu não fazia ideia. Não o ouvi


entrar. — Eu disse, correndo para a cozinha.

— Não é tão surpreendente que não podia me ouvir. Você


e a bonita senhorita Kennedy estavam bastante... ocupados. —
Uma pausa e então outra explosão de seu rifle, logo sua voz no
meu fone de ouvido. — Eles trouxeram explosivos, explodiram
o portão para entrar.

Isso explicava a primeira explosão que ouvi.

Ele trouxe o meu colete, uma bandoleira de granadas e


minha arma pessoal favorita, uma carabina M4 com o
lançador de granadas M203 anexado ao trilho. Porra, sim.
Joguei a AR-15 para o lado e verifiquei meu rifle carregado,
granadas na câmara, além de uma pilha de pentes
pré-carregados. Preparei-me em tempo recorde. Meu colete
tinha coldre duplos já anexado, por isso era uma questão de
enchê-los de coldre para coldre, então estava fora da porta da
cozinha.

Anselm ainda estava atirando. Fui até a esquina da


frente, fiquei em um joelho e observei a cena com o alcance
ótico. Anselm estava pegando os sobreviventes rastejando fora
do SUV e também derrubou um Wrangler, mas ainda havia
dois... não, três ... merda, mais quatro veículos por trás. O
Suburban tinha oito, a maioria dos outros quatro ou cinco... a
estimativa de Anselm de vinte ou trinta estava certa.

Os quatro veículos restantes, não danificados,


derraparam a uma parada a trezentos metros da casa
formando um U com a abertura de frente para a estrada. As
portas se abriram e os agentes em plena engrenagem saltaram,
cada um armado com carabinas ou HK. Ainda ouvia a pistola,
mas não conseguia ver de onde vinha.

— Você tem um bloqueio no rifle? — Perguntei, a entrada


de microfone da garganta para pegar as vibrações enquanto eu
falava.

— Nein. — Respondeu Anselm. — Mas ele está apenas


adivinhando a minha localização e estou em movimento. Não é
problema - eu o encontrarei. Você se preocupa com as
probabilidades da noite.

Inclinei o rifle e apertei o gatilho da 203 – a carabina deu


um chute forte e houve uma batida metálica oca quando o
círculo saiu da câmara, depois uma pausa de alguns
segundos, então o veículo mais central, um Hummer, explodiu
com um baque ensurdecedor. Chamas alaranjadas se
agitaram e o veículo balançou em direção ao céu e depois caiu
novamente. Homens gritavam e gritavam, dispersando-se −
facilitando meu trabalho. Mirei em um mercenário que corria,
dei alguns disparos e depois mudei de direção, disparando
novamente.

Anselm estabeleceu um padrão: disparar três vezes,


mover posições e atirar três vezes. Eu conhecia seus padrões e
sabia que ele não se movia em nenhum padrão previsível, às
vezes corria cem metros para um novo local e às vezes apenas
moendo-se alguns metros. Nós trabalhamos em sincronia,
Anselm conectando operação após operação, um tiro um
morto, então ficava em silêncio enquanto se movia para uma
nova posição. Enquanto ele estava se movendo, eu abria fogo,
pegando um alvo e atirando em rajadas de três disparos.

Demorou quase um minuto para os mercenários de Cain


descobrirem a minha localização − e então abriram fogo contra
a casa quase como um só homem, rifles metralhavam,
munição batendo no revestimento de madeira. Bastardos
desleixados, demorando tanto para me localizar. Desviei-me da
vista, mudei o pente, carreguei outra rodada no lançador e
procurei por uma posição de tiro secundária. Harris limpou a
área ao redor da casa, então não havia muito, isso era
intencional, para colocar em mira qualquer um que se
aproximasse da casa, de qualquer direção, mas também
significava que não havia muita cobertura para mim também.

Nada. Eu teria que me contentar com o que tinha.

Virei novamente para o canto, olhei, em seguida, rolei


para soltar algumas rajadas, rolando para trás da esquina.
Rodadas rápidas passaram zumbindo, caíram na grama e
quebraram uma janela. A Barrett disparou, o .308 estalou
duas vezes, então ouvi o ruído do revestimento de madeira, o
que significava que seus tiros começariam a penetrar
rapidamente. Hora de me mover.

Corri muito rápido, circulando por trás da casa para o


canto oposto. Eu não fiz nem metade do caminho quando ouvi
Anselm no rádio.

— Eles estão indo para a casa. — Disse ele. — Olha, se


sua namorada está lá, está em apuros.

— Ela tem um rádio. — Eu disse. —Temple, você está


ouvindo isso?

— S-sim.— Sua voz estava trêmula e baixa. — Eu os


ouço.

— Não hesite, não pense, apenas atire. Estarei aí em


cinco segundos.
— Ela pode não ter tanto tempo, Duke. Mach schnell. Vá
depressa.

Derrapei até parar, subi para o convés de trás e abri a


porta de vidro. O plano aberto da casa significava que eu tinha
uma visão clara da porta da frente, pegando o final de um
quarteto de mercenários entrando. Atirei com minha carabina
e o homem mais recuado caiu, contorcendo-se, uma bala na
garganta entre o colete e o capacete. Corri atrás do restante,
batendo meu ombro na parede para parar meu progresso, em
seguida, rolei para o corredor.

Fui jogado para trás com um soco forte no peito, uma


bala certeira no colete. Eu bati no chão com as costas,
arrastando-me, ofegando, o peito doendo, a garganta fechada e
queimando enquanto lutava para respirar. Mesmo com dor e
incapaz de respirar, meu treinamento funcionou. Ainda nas
minhas costas, disparei do quadril, quatro rodadas, depois
três, depois mais quatro. O mercenário que derrubei estava
atrás de mim, os outros quatro espalhados no corredor, dois
na frente, um atrás, o outro girando para procurar nos outros
cômodos.

A coisa boa sobre os microfones de garganta é que eles


podem pegar um sussurro no meio de um tiroteio, eu sussurrei
enquanto disparava, esperando que eles não soubessem com
quem eu estava falando.

— Alguém chega perto do banheiro, você atira e não para.

— O-okay.

Eu rolei para um lado e atirei novamente, mas minhas


balas atingiram o teto. Minhas primeiras explosões
encontraram os alvos, porém, derrubando um dos mercenários
e enviando os outros que lutavam por cobertura.

— Você os tem na entrada. — Disse Anselm. — Zu viele,


zuviele. Muitos, muitos. Eu não posso fazer nada ali.

Fiquei de pé agora e o corredor estava vazio. Troquei o


pente novamente, colocando o parcialmente vazio em um bolso
com o outro. Arrastei-me para a porta mais próxima, girei para
o lado oposto da estrutura, a carabina varrendo o interior da
sala, do escritório de Harris. O mercenário estava no canto
mais à esquerda, esperando me derrubar quando eu rolei −
idiota, pensando que poderia me pegar com esse truque.
Quando você limpa uma sala, sempre começa nos cantos,
exatamente onde o filho da puta estava escondido. Eu atirei
antes mesmo de registrar sua presença, entrando na sala para
usar a porta como cobertura.

Ouvi o barulho agudo da espingarda depois um segundo


tiro, logo Temple gritando.

Pensamento, treinamento e cautela saíram de dentro de


mim instantaneamente, corri da sala a toda velocidade. Ouvi
uma rajada de HK atrás de mim quando passei pelo lavabo ao
lado do escritório, senti um sussurro passando pelo meu
pescoço. Bati na parede do corredor, virei-me no lugar e
disparei um punhado de rodadas para empurrar o atirador de
volta para o esconderijo, então entrei no quarto de hóspedes.

Dois corpos vestidos de preto tático estavam no chão em


frente à porta aberta do banheiro, com o sangue
acumulando-se embaixo deles.

— Sou eu. — Gritei. — Duke.

Eu ouvi o barulho no azulejo, então Temple correu para


fora e bateu em mim com força total. Estava coberta de
sangue, mas parecia ilesa.

— Você os pegou, bebê. — Disse. — Pegou-os. Boa


pontaria.

—Ele... ele abriu a porta tão rápido que não sabia o que
aconteceu. Apenas olhou para mim por um segundo e eu...
congelei, eu congelei. Mas então a espingarda simplesmente
partiu. Não estava segurando direito, não a tinha contra o meu
ombro como você disse, e quase pulou das minhas mãos
quando apertei o gatilho. O cara − o tiro... — Ela estremeceu,
convulsionando em meus braços. — A cabeça dele ...

Olhei para baixo e percebi que ela atirou em um ângulo


para cima, a bala passando sob o capacete e subindo pelo
crânio, espalhando uma sopa de sangue sobre ele e ela deveria
estar a menos de um metro de distância.

— Sim, uma bala de calibre doze faz isso.

Temple olhou por cima do meu ombro, seus olhos se


arregalaram e eu reagi instantaneamente. Joguei os dois para
um lado, empurrando Temple de volta para o banheiro quando
bati no chão do lado de fora. Disparei deitado, atirei no joelho
dele, ajustei meu objetivo e coloquei duas balas na sua
máscara facial. O vermelho pulverizou e ele caiu.

Não acabou, no entanto. Não por um longo tempo. Ouvi


passos nos corredores, botas na madeira dura.

A carabina era muito grande para perto, então mudei


para a HK MP7, uma arma de fogo muito menor. Os passos
estavam próximos agora.

Rastejei em direção à porta, sussurrando no microfone de


garganta.

— Fique aí, Temple.

Respirei fundo, em seguida, rolei para a porta, abrindo


fogo. O corredor estava negro de mercenários. Quantos? Uma
dúzia? Jesus. Porra, caralho. Meu estouro inicial derrubou a
liderança, meu segundo deixou o cara para trás, então eles
estavam atirando para trás e tive que me agachar e continuar
atirando, sentindo as balas zumbindo em cima para bater na
parede atrás de mim, salpicando a janela, o chão e a cama.

Uma bala atingiu o chão entre meus pés, em seguida,


lascou o batente da porta pelo meu rosto − hora de recuar. Boa
coisa sobre esses números em um espaço pequeno é que eles
não podem disparar de uma só vez ou eu estaria morto. Tinha
a última granada pendurada no bolso − puxei o pino e a joguei
no corredor, esperei até ouvir o barulho e vi o flash, depois
rodei para porta, atirando na nuvem de fumaça.

Ouvi um baque quando um corpo atingiu o chão, ouvi


gritos, saí para o corredor e me pressionei contra a parede da
direita − bem na hora, quando as balas de vários rifles
atingiram a porta. Eu me lancei para frente, explodindo o
corredor com uma longa explosão, depois deixei a HK
pendurada pela alça e puxei minha Glock.
A fumaça ainda estava girando no corredor, escondendo
todo mundo, mas eu vi um corpo em preto tático e o agarrei
pela frente, enfiei a pistola sob o capacete e atirei, vi outro
corpo, disparei contra a máscara, então tudo ficou um caos,
armas disparando, xingando e gritando. Eu era um demônio,
então, imparável, um tornado da morte.

Já viu John Wick15? Eu poderia dar lições estúpidas.

Puxei um corpo na minha frente, senti estremecer e se


sacudir quando as balas o acertaram, então disparei ao redor
dele. Joguei-o no caos de corpos em movimento e depois fui
atrás dele. Eu me movi como um relâmpago, então acertando
os braços, quebrando os joelhos, furando crânios macios.

Dentro de trinta segundos, o corredor estava vazio de


corpos vivos.

Em um exame rápido, contei treze, mais os dois que


Temple eliminou e voltei ao quarto.

Meu rosto doía e havia uma pulsação quente na minha


perna esquerda, mas não tinha tempo para dor. Ouvi Anselm
ainda disparando, mas o estalo agudo do .308 estava ausente,
então assumi que ele acertou o atirador.

Corri de volta para o quarto para pegar minha carabina.

— Temple, fique aqui, querida. As mesmas regras de


antes: trancar a porta e ficar parada, se não disser que sou eu,
você atira. Entendeu?

— Entendi. — Uma breve pausa. — Duke? Eu ...

15
John Wick é um personagem de um filme americano, sobre homem solitário que perdeu tudo na vida.
Um assassino de aluguel aposentado, e é forçado a voltar ao jogo e enfrentar a máfia.
— Não diga isso. — Cortei, inclinando-me para a porta do
banheiro para olhar para Temple. — Quando você disser isso
para mim, nós estaremos nus e eu terei minhas bolas
profundamente nessa boceta apertada. Até então, não diga
isso.

— Ok, Duke. — Seus olhos estavam arregalados de medo,


seus lábios tremendo, suor em sua testa, peito arfando.

— Você está bem.

— Eu os matei.

— Você fez o que era preciso.

Anselm interrompeu o rádio.

— Sinto muito, mas isso ainda não acabou.

Eu ouvi um helicóptero acima, baixo, perto e alto.

— Eles têm um fodido helicóptero? — Eu gritei. — Filho


da puta!

— Eles estão notavelmente bem equipados, mas


despreparados para um encontro com agentes do nosso
calibre.

Eu me apressei para a porta da frente. Corpos espalhados


pela entrada de cascalho e pelo gramado da frente, o Suburban
estava saindo fumaça e o Hummer ainda queimava no teto,
havia mercenários atrás do Wrangler e de outro Suburban,
agora um helicóptero estava descendo, duas linhas pendendo
de cada lado.

Anulei a porta da frente, que foi aberta. Figuras de preto


com rifles nas costas se moveram pelas linhas de descida −
ouvi a Barrett e um dos corpos voou. Atirei em outro e o vi cair.
Carabinas e HK dispararam na fila de veículos, rodando em
direção ao alpendre, à parede e à porta, obrigando-me a me
esconder.

Ouvi um som verdadeiramente aterrorizante, então: o


barulho do motosserra SAW na porta.

— Você está brincando comigo. — Eu gemi, jogando-me


para longe da porta.

As serras da SAW desintegraram a parede da frente da


casa, rasgando a porta, o alpendre e o telhado, abrindo
buracos para revelar as lanças da luz do dia.

Ouvi a Barrett novamente enquanto corria para a porta


da cozinha. A SAW ficou em silêncio momentaneamente, então
começou novamente, as rodadas volumosas rondando a casa.
Eu me joguei para fora da porta da cozinha e fiquei cara a cara
com um mercenário atordoado que estava tentando fazer uma
corrida pela porta que eu estava saindo − meu dedo no gatilho
foi mais rápido e ele caiu para trás, sufocando com o buraco
em sua garganta. Mais uma vez me vi no canto esquerdo da
frente da casa, olhando para uma força numericamente
superior − que agora incluía um maldito helicóptero e uma
maldito SAW.

O helicóptero estava a uns bons duzentos metros de


distância, a menos de quinze metros do chão − bem dentro do
alcance dos meus 203, certo? Fiquei em um joelho, calculei a
trajetória que pude e apertei o gatilho.

Pontapé−estalo−silêncio−estalo−BOOM!
Aparentemente calculei a trajetória com muita precisão,
já que a granada bateu na lateral do motor do helicóptero logo
abaixo do rotor, levantando uma chama amarelo-laranja, o
rotor retalhado e emaranhado. Ele bateu no chão atrás da
linha de veículos em uma explosão cega e ensurdecedora,
enviando estilhaços voando em todas as direções. Um pedaço
irregular de metal passou pela minha cabeça, quase acertando
meu rosto, para se enterrar no tronco de uma árvore a várias
centenas de metros de distância.

Corri em terreno aberto, com a carabina disparando


rajadas de três rounds, alvo após alvo caindo. Eu me aproximei
e explodi de um lado para o outro evitando a mira e mesmo
assim balas passaram por mim, uma estalando tão perto do
meu ouvido que senti a ferroada que passou. Bati no lado do
Suburban, ficando atrás dele.

— Aquilo foi um tiro incrível, mein Freund. — Disse


Anselm pelo rádio. —Mas você tem um problema.

Eu me inclinei na frente do Suburban capotado e joguei


fogo nos agentes.

— Qual?

— Olhe atrás de você.

Eu movi com as costas para o SUV e meu coração parou.


Uma fila de mercenários saía da floresta, circulando-me. Eles
tinham a mira em mim, dez deles, todos com rifles apontando e
estavam segurando o fogo enquanto corriam em minha
direção, o que significava que me queriam vivo, mesmo depois
do número de cadáveres que deixei.
— Você pode atirar? — Perguntei.

— Nein. Meu ângulo não é bom. Posso acertar você.


Enquanto eu me movo para um ângulo melhor, eles o terão.

— Porra.

— Ja. — Houve uma pausa. —Mas tenho uma linha no


interior da casa, então posso ver a porta onde Frau Kennedy
está escondida. Posso protegê-la daqui.

Levantei minhas mãos sobre a minha cabeça, a carabina


em uma mão.

—Cuide dela, amigo.

— O que você fará?

— Vou com eles.

— Eles vão matá-lo.

— Talvez, talvez não. — Eu os vi aproximarem-se com o


meu coração na garganta. — Eu fugi uma vez, então posso
jogar novamente.

— Duke? — A voz de Temple no meu fone de ouvido. — O


que está acontecendo?

— Acertando um obstáculo, querida. — Eu disse.

— O que está acontecendo? — Ela estava estridente, em


pânico.

— Fique onde você está. — Eles estavam a três metros de


distância naquele ponto e se aproximando rapidamente, rifles
apontados para mim, dedos prontos para puxar os gatilhos,
prontos para me matar, se necessário − eles me queriam vivo,
mas se contentariam comigo morto se necessário, claramente.
— Anselm cuidará de você. Não se preocupe, bebê. Eu ficarei
bem.

— Duke? Não! Não, não deixe que eles o levem!

— Nenhuma escolha, querida. Única maneira de


continuar respirando neste momento. Eu vou fugir, ok?
Prometo. Apenas fique onde você está. Promete-me.

— Prometo. Mas...

— Sem desculpas. Fique aí. Espere por Anselm. —


Desliguei o rádio, tirei o fone de ouvido e o microfone da
garganta e joguei o rádio de lado.

Os dez agentes estavam na minha frente, então. Um cabo


de rifle bateu no meu intestino, arrancando o ar de mim e
outro rachou contra o meu crânio, deixando-me cair no chão,
agonia disparando através de mim, meu fôlego, cabeça
batendo, estrelas piscando atrás dos olhos. Poderia ter lutado,
mas não o fiz. Talvez, se eles me levassem, deixariam Temple.

Era uma aposta, mas realmente não tinha escolha.


Renda-se e viva para lutar outro dia. Isso me irritava, no
entanto.

Senti o frio de um cano de rifle contra a minha têmpora.

— Você é um homem difícil de derrubar, Duke Silver. —


Disse uma voz rouca e gutural.

— Você não tem ideia. — Eu rosnei.

Ele riu.

— Levante-o.
Fui colocado de pé e despido de armas e colete, uma arma
na cabeça o tempo todo.

O homem que falou, aquele com a arma na minha cabeça,


era o filho da puta mais feio que eu já vi. Ele era baixo,
atarracado e poderosamente construído, com um queixo tão
quadrado que parecia um personagem de desenho animado.
Seu rosto estava marcado por uma cicatriz de faca por baixo do
olho esquerdo, com olhos castanhos profundos e nariz enorme.
Ele tirou o capacete, revelando cabelos pretos e orelhas
enormes de Dumbo.

Feio olhou para mim, ficando alguns centímetros mais


baixo que eu.

— Eu sou Rayburn, o segundo em comando de Cain.

— E eu sou Duke Silver, o homem que vai matar todos


seus filhos da puta. — Projetei meu queixo para ele. — Você
primeiro, seu maldito troll de merda.

Ele apenas riu novamente, aquela voz rouca como lixa


sobre pedra.

—Grandes palavras, meu amigo. Grandes palavras. —


Ele se aproximou de mim, sua expressão morta, fria e dura. —
Grande, mas vazia. Gosto de você.

Ele balançou a espingarda para mim tão duro e rápido


que não tive a chance de me esquivar ou bloquear. Não que
isso teria feito qualquer bem, mas ainda assim, o meu orgulho
estava em jogo, por isso saliento que não pude me esquivar,
mesmo que quisesse. O cabo esmagado contra meu rim,
causou tanta dor súbita e feroz que caí de mãos e joelhos,
arfando seco pela agonia. Rayburn me chutou, o pé atingindo
meu intestino, derrubando-me de costas. Tentei me enrolar,
instintos me forçando a tentar proteger meu núcleo, mas antes
que pudesse, ele atacou novamente com o rifle, batendo o cabo
contra o meu antebraço esquerdo. Eu ouvi a rachadura
primeiro, então senti as navalhas de uma dor excruciante
queimando através de mim, concentrada no meu antebraço
quebrado.

— Você é um merda. — Rosnei. — Mas eu ainda o


matarei.

— Você é ainda mais imbecil do que parece. — Disse ele.


— Cain o quer vivo, por isso, se fosse você calaria a maldita
boca. Porque acredite em mim, eu ficaria mais do que feliz se o
matasse.

Agachou-se, puxando uma faca de uma bainha em seu


colete blindado. Rayburn estendeu a mão, agarrou o rabo de
cavalo desleixado que fiz do meu cabelo na minha pressa de me
vestir e cortou-o, em seguida, me mostrou.

Eu ri na cara dele.

— Ooooh, assustador. Você cortar meu cabelo. O que


quer que eu faça. — Ainda estava tendo dificuldade para
respirar após a dor do meu antebraço quebrado. Podia ver os
pontos brancos de osso perfurando a minha pele, então sabia
que não era uma ruptura pequena, mas precisava continuar
jogando duro. Bem, eu não estava jogando, era duro, mas você
sabe o que quero dizer.

— Por que me afronta? — Perguntou Rayburn.


— Por que cortar a porra do meu rabo de cavalo? É
apenas cabelo. O que é que prova, além da sua falta de
imaginação?

— Eu poderia cortar sua orelha. É criativo o suficiente


para você? — Ele arrastou a ponta da faca ao longo da minha
pele onde minha orelha se juntava ao lado da minha cabeça,
fazendo o sangue escorrer pelo meu pescoço. —Talvez cortar
sua língua. — Ele colocou a lâmina plana entre os dentes,
agarrou meu queixo e forçou-a aberta.

Apenas olhava para ele até que ele deixou-me ir limpando


a lâmina no meu braço. Quando se levantou e se afastou, eu
rolei para minhas costas e me sentei.

— Pare os jogos, Rayburn. Cain quer me usar como isca?


Tudo bem, mas continue. Matar-me, não me matar,
torturar-me, não me torturar. Eu não dou a mínima. Basta
deixar o seu maldito cão latindo. — Levantei-me, segurando
meu braço fraturado contra o abdômen. — Vamos,
Quasimodo.

Isso me rendeu uma risada de Rayburn.

— Você tem bolas, preciso admitir. — Ele embainhou a


lâmina e ficou atrás de mim, o cano de seu rifle na minha nuca.
— Para o veículo. E se o seu amigo com a Barrett lá fora, puxar
o gatilho, você morre.

Eu joguei fora o rádio, então não podia dizer Anselm para


manter o fogo, mas esperava e estava jogando com a minha
vida, que ele tivesse lido corretamente a situação.

Marchei através do pátio até um veículo não danificado,


empurrado com força suficiente para que caísse sobre o
assento, aterrissando com força no meu braço quebrado, a
repentina lança de agonia sugou a luz do mundo, deixando-me
tonto, empurrando-me sob a superfície da consciência.

A última coisa que ouvi foi a voz de Rayburn, falando com


outra pessoa.

—Sim, sou eu. Peguei ele. Estou com talvez uma dúzia de
caras, mas o tenho... sim, muitos de nós. Disse que seria caro,
Cain... a mulher? Não, apenas Silver, nenhum sinal da
mulher. Sim, bem, você não estava aqui, chefe. Foi um banho
de sangue porra. Espero que isso valha a pena, isso é tudo que
direi ...

Desmaiei, a dor muito forte para ignorar, a escuridão


poderosa demais para resistir.
NOVOS AMIGOS
Sentei-me encolhida no canto entre o vaso sanitário e a
banheira, segurando a enorme, pesada e fria espingarda com
as mãos trêmulas, minha respiração na garganta. O tiroteio
parou e Duke despareceu do rádio. Medo e preocupação
ferveram na minha garganta, lutando pela supremacia. Eu
ouvi motores rugindo, o som desaparecendo.

Depois de um momento, liguei o rádio.

— Anselm? O que está acontecendo?

— Eles levaram Duke e agora estão saindo do complexo.

— Eles o machucaram?

A hesitação respondeu-me.

— Ele é uma pessoa extraordinariamente resistente e


engenhosa, Srta. Kennedy. Bem, se alguém pode sobreviver a
esta situação, é Duke.

— Para onde estão levando-o?

— Eu não sei.

— Você vai resgatá-lo?

Outra hesitação.
— Vou entrar em contato com meu empregador primeiro.
Acredito que esse resgate exigirá mais do que apenas eu.

Silêncio, então por um minuto, quase dois, no qual tentei


exercer algum controle sobre minha respiração. A voz de
Anselm me assustou.

— Estou entrando na casa agora. Por favor, não dispare


sua arma.

Levantei-me devagar, cautelosa e trêmula,


cuidadosamente abri a porta do banheiro. Erro, grande erro −
os dois homens em quem atirei estavam deitados no chão em
uma enorme poça de sangue. A náusea me dominou, soltei a
espingarda a meus pés, mal conseguindo chegar ao banheiro a
tempo vomitar, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Eu ouvi passos.

— Sou eu, Srta. Kennedy. — Ouvi Anselm dizer atrás de


mim.

Sua mão juntou meu cabelo e segurou-o de lado.

— Está tudo bem.

Balancei a cabeça, tossindo bile e cuspindo.

— Não está. Ele se foi, eles o levaram. E eu apenas... nós


apenas... Duke e eu...

— Compreendo. Eu sei que as coisas não estão bem. Eu


quis dizer que não é vergonha ficar enjoada na primeira vez
que você mata alguém.

— Eu não pude... não tive escolha.


— Você fez exatamente a coisa certa, Srta. Kennedy.
Matar ou ser morto é o estado de direito no mundo em que
Duke e eu vivemos. Eles teriam matado você ou pior. Foi
desagradável, mas necessário.

— Sua cabeça... Deus, nunca serei capaz de esquecer a


maneira como sua cabeça inteira apenas... — Eu vomitei
novamente quando a imagem queimou no meu cérebro.

— Você se importaria de ouvir meu conselho?

— Fale, por favor. — Eu disse, finalmente sentindo como


se o vômito tivesse acabado. Afundei a minha bunda no chão,
limpando a boca.

Anselm saiu e voltou com uma escova de dentes nova e


selada, com um tubo de pasta de dente, entregando-a para
mim. Levantei-me e comecei a escovar os dentes enquanto
Anselm se sentava na beirada da banheira e observava, seu
enorme rifle embalado facilmente em seus braços.

Ele soltou um suspiro e começou a falar.

— Matar, não é uma coisa fácil. Nunca deve ser fácil. Mas
quando você se depara com uma situação na qual não tem
escolha, bem... deve constantemente lembrar-se de que fez o
que era preciso para permanecer vivo. Quando sua mente
tentar lembrá-la dos eventos, mostrando o que você fez − então
deve forçar as imagens para longe. Recuse-se a pensar nelas.
Não dê o poder do evento sobre você. Não escolheu, não fez isso
por maldade. Não deve permitir que a culpa a corroa.

— Como você lida com isso? Quando faz isso para viver?
— Para nós que fazemos guerra profissionalmente, é
diferente. Ainda não é fácil, mas acho que aprendemos a...
separar, de certo modo. — Anselm passou a mão pelo cabelo,
despenteando-o. — Quando trabalhamos, quando lutamos,
somos uma pessoa diferente do que quando estamos ociosos
ou em jogo. Mas às vezes, pelo menos para mim, as coisas têm
um jeito de voltar nas horas quietas da noite. Isso acontecerá
com você, devo avisá-la. Espere, lide com isso o melhor que
puder e saiba que ficará bem a tempo.

Escovei os dentes, lavei as mãos e os passei pelo cabelo.

— O que faremos agora?

— Agora? Eu ligo para Harris e nós formulamos um plano


para recuperar nosso camarada.

Ele saiu do banheiro e eu o segui, fazendo o meu melhor


para não pisar em nada bagunçado, mantendo os olhos longe
das coisas nojentas.

O corredor estava... não havia palavras. Corpos foram


empilhados no chão, bloqueando o caminho para frente,
buracos de balas perfurando as paredes, sangue por toda
parte.

Tropecei para parar, minha mão sobre a minha boca.

— Jesus. O que…? Que porra aconteceu aqui?

Anselm me agarrou pela cintura e me fez passar pelo pior,


depois me colocou de costas para a ruína da batalha.

— Duke Silver aconteceu.

— Ele fez isso? — Eu olhei para trás, tentando entender


como era possível, tinha que haver pelo menos dez ou doze
homens mortos naquele corredor. —Sozinho?

Anselm assentiu.

— Em menos de um minuto, com as próprias mãos e uma


única pistola. — Ele gesticulou para a frente da casa, que
agora percebi que estava... essencialmente despedaçada pela
metralhadora. — Receio que não haja nenhuma maneira de
protegê-la do desagradável. Há mais lá fora.

Balancei a cabeça e segui Anselm através dos destroços


que era a frente da casa de Harris e saí para a varanda. O que
vi me fez sentir tonta. A varanda de madeira em que
estávamos, estava tão cheia de buracos que era uma maravilha
que ainda estava de pé. Um SUV estava de cabeça para baixo,
cheio de buracos de bala. Outro veículo estava queimando a
vários metros de distância, as chamas piscando em laranja,
enviando fumaça negra para o céu. Atrás havia outro monte de
destroços em chamas, junto com os restos do helicóptero.
Havia uma parte do rotor pendurada, a traseira quebrada e
caída, as chamas crepitando e saltando, o esqueleto da
aeronave escurecendo.

Havia corpos por toda parte.

Eu vi mais fumaça voando para o céu a partir da direção


do portão.

Eu me inclinei contra Anselm.

— Você e Duke... fizeram... tudo isso?

— Principalmente Duke. — Disse Anselm. — Eu contribuí


com uma parte da contagem de corpos e aquele veículo em
chamas perto do portão, mas o resto do que você vê foi causado
por Duke.

— Por que tudo isso está acontecendo? O que eles


querem?

— Eu não tenho mais certeza.

Um som eletrônico veio de dentro da casa, um telefone


tocando. Anselm entrou e pegou o dispositivo de toque e
atendeu.

— Ja, Harris, was geht ab. Como vai? — Ele fez uma
pausa para ouvir, em seguida, respondeu somente em inglês.
— As coisas não são tão boas assim. Eles entraram reforçados.
Nós os seguramos, mas conseguiram levar Duke... não, eles o
capturaram vivo. — Ele olhou para o céu e foi quando eu ouvi o
som de um jato acima. — Você tem uma reforma à frente,
podemos apenas dizer isso, ja? Verá o que eu quero dizer. Não,
ela está comigo. Ja, vejo você em breve.

Sentei-me no degrau da varanda enquanto Anselm


conversava com Harris e finalmente tive um momento para dar
uma boa olhada no homem.

À primeira vista, Anselm parecia mediano e sem graça.


Ele não era excessivamente alto ou musculoso, não era como
Duke e nem era tão bonito, classicamente bonito como Duke,
mas uma vez que você olhava mais de perto, ficava óbvio que
Anselm era tudo menos mediano e distante. Longe de ser
pouco atraente. Sua atratividade era subestimada, é como eu
colocaria. Ele tinha um queixo forte e anguloso sombreada por
olhos castanho-escuros, vívidos e escuros, traços simétricos e
limpos, um cabelo loiro acastanhado artisticamente confuso.
Estava claramente em incrível forma também, a julgar pela
maneira como preenchia a roupa preta paramilitar.

Fez-me pensar como o resto dos amigos de Duke... eram.

Eu logo descobriria, percebi, quando o som do jato se


aproximou, a aeronave aparecendo no horizonte, voando baixo
e rápido. Era um jato de passageiros particular, mas estava
sendo pilotado mais como um jato de combate, movendo-se
pelas copas das árvores a uma velocidade vertiginosa e quando
se aproximou da clareira, diminuiu e começou um balanço
preguiçoso, inclinando-se e girando − para que o piloto
conseguisse olhar a bagunça, provavelmente. Fez um arco
parcial ao redor da clareira onde a casa ficava, então o jato
decolou em ângulo, contornando largamente antes de voltar
para longe. Havia uma pista de pouso lá em algum lugar,
presumi, já que o jato estava se aproximando da direção
oposta, trem de pouso para baixo, nariz para cima, velocidade
diminuindo à medida que descia. Desapareceu sob as árvores
e o som dos motores desapareceu. Poucos minutos depois,
ouvi um motor diferente se aproximando, este menor e mais
fino, soava como um veículo off-road.

Quando apareceu, era exatamente o que eu pensava, um


veículo utilitário off-road. Não tinha portas, apenas um teto
sustentado por barras pretas e um corpo verde com detalhes
amarelos − algo feito pela John Deere, embora eu não soubesse
nada sobre esse tipo de veículo, obviamente. Estava ocupado
por quatro pessoas, uma delas de cabeça e ombros mais altas
que as outras e quase duas vezes mais larga, tão grande que
precisava se sentar na traseira da caminhonete e era grande o
suficiente para que seu peso fizesse toda a parte de trás
significativamente se inclinar. Deveria ser Thresh, o melhor
amigo de Duke. Os outros três eram dois homens e uma
mulher.

O veículo freou alguns metros e os quatro ocupantes


desceram. Thresh, o grande, era literalmente de fato um
homem gigante, de dois metros de altura e tão cheio de
músculos que eu acreditava que fosse capaz de levantar toda a
casa de suas bases com as próprias mãos, se quisesse. Seu
cabelo era loiro-branco e cravado em um moicano de seis
centímetros de largura, os lados de sua cabeça eram raspados
até o couro cabeludo, embora obviamente não teve a
oportunidade de raspá-lo recentemente, a julgar pelo curto
cabelo crescendo lá. Ele tinha um braço em uma tipoia e gesso,
mantido perto de seu corpo, seus olhos eram tão claros que
eram quase brancos. Aqueles olhos eram penetrantes,
assustadoramente intensos, frios e duros enquanto
examinavam os destroços do campo de batalha.

A mulher saltou e foi para o lado de Thresh, seu braço a


envolveu, colocando-a contra ele. Ela era incrivelmente linda,
com pele de cor caramelo impecável e grosso cabelo preto preso
em uma trança frouxa. Ela era alta, também, quase um metro
e oitenta, parecia seriamente devotada, como também
estupidamente bem-dotada nos peitos e bunda enquanto
ainda mantinha seu físico em bom estado, fiquei com um
pouco de inveja, se fosse bem honesta.
Os outros dois homens circularam pela frente do veículo
para ficar ao lado de Thresh, balançando a cabeça e olhando
para a ruína. Um era alto, magro e forte, com cabelos
castanhos bagunçados e uma barba curta, ambos levemente
grisalhos, usando um uniforme militar todo preto, o outro era
mais baixo, mas quase tão largo e musculoso quanto Duke e
Thresh, embora parecesse talvez no máximo com quarenta
anos e tivesse uma barba épica, a cabeça raspada, a barba
grossa, preta e trançada até a metade do peito. Usava uma
calça militar preta com bolsos grandes abertos e uma camiseta
preta com as mangas cortadas, algum tipo de símbolo
sangrento e assustador na frente, provavelmente anunciando
uma banda de heavy metal e tatuagens cobrindo em braço.
Cada homem parecia duro, mortal e perigoso à sua maneira
única − embora, se você me perguntasse, nenhum deles
poderia igualar-se a Duke.

Duke era perigoso, obviamente, mas era simplesmente


lindo − puro apelo sexual, adulterado pelo fato de que você não
podia deixar de perceber o quão rude, robusto e perigoso ele
era, o que apenas o tornava mais sexy.

Mas Deus, pensar em Duke trouxe lágrimas aos meus


olhos. Antes que o rifle explodisse, rompendo o momento,
Duke e eu compartilhamos alguma coisa. Nós... fomos além do
sexo, embora agora não tivesse certeza de que foi apenas sexo
entre nós, desde a primeira vez que o toquei.

Minha cabeça estava girando quando tudo começou a


fazer sentindo, mentalmente, emocionalmente e fisicamente.
Quer dizer, início da noite nesta altura − seis? Talvez sete? E
passei por mais traumas e montanhas-russas emocionais nas
últimas dez ou doze horas do que em toda a minha vida até
agora.

Sequestrada, acordando em um lugar estranho,


algemada e amordaçada com um homem que não conhecia − a
fuga, a violência súbita e sangrenta de Duke matando aqueles
homens... então percebendo que estava mais atraída por ele do
que jamais fui atraída por qualquer um e ele o devolveu no
sexo... seguido por uma série de orgasmos que alteram a mente
e não dei a Duke um, mas dois boquetes dentro de alguns
minutos... Deus, o que havia de errado comigo? Isso era, como
meu irmão mais novo poderia dizer, maluco. Duke matou
tantos homens − eu não podia nem começar a pensar no
número e isso foi apenas hoje. Mas fez tudo em defesa própria
e para me defender. Ele me protegeu. Cuidou de mim.
Mostrou-me que tinha um lado carinhoso, que tinha um
grande coração, mas estava enterrado profundamente sob sua
arrogância e machismo.

Mas… mais do que apenas sexo? Como poderia pensar


isso, sentir? Que porra estava errado comigo? Você não
acabava de conhecer um homem e se apaixonava no mesmo
dia.

Exceto que foi o que aconteceu e era fodido, estúpido,


louco e assustador.

Eu poderia ir para casa agora mesmo. Eu sei que esses


homens ao meu redor me levariam para casa e teriam alguém
me cuidando, caso este sujeito Cain tentasse vir atrás de mim.
Nunca teria que ver Duke ou esses homens novamente.
Esqueceria tudo isso. Aceitaria que tive o melhor, e mais
mudança em toda a minha vida e simplesmente voltaria para
casa.

Voltaria para a minha vida, para as minhas regras.

Poderia voltar a pegar perdedores em bares de merda,


voltar ao sexo rápido e sem paixão, desprovido de emoção ou
significado.

Retornaria ao meu programa, minha piscina infinita, meu


Bentley, minha mansão de quinze mil metros quadrados na
praia de Malibu, minhas ricas, falsas e superficiais amigas
vadias e suas listas rotativas de ricos, falsos, rasos, babacas
namorados de Beverly Hills.

Não queria voltar. Não para nada disso.

Eu queria ter Duke de volta. E descobri, enquanto


procurava por mim mesma, que estava disposta a pegar aquela
espingarda novamente se fosse necessário, se isso significasse
trazer Duke de volta e inteiro.

Eu senti alguém se sentar ao meu lado.

— Você parece em estado de choque, irmã. — Era a


mulher de aparência exótica, a namorada de Thresh.

— Sim, isso é certo. — Eu peguei uma cápsula de bronze


do chão e olhei para ela. — Menos de vinte e quatro horas
atrás, minha vida era pura, normal, previsível e segura. Agora?
— Acenei para a bagunça ao nosso redor. — Isso.

A mulher suspirou dramaticamente.


— Sim, eu posso me identificar. Nem mesmo setenta e
duas horas atrás, eu estava fazendo rondas na UTI e como você
disse, minha vida era tão normal e previsível quanto poderia
pedir. E então aquele grande e bonito bastardo apareceu
perguntando por mim. A próxima coisa que soube era que as
pessoas estavam nos perseguindo e atirando em nós, Thresh
estava matando-os como se fosse a coisa mais normal do
mundo, quando é apenas.... porra, não é certo? Não é, mas ele
faz parecer fácil. E não é apenas isso, mas Thresh é... bem,
olhe para ele. Nossos olhares se encontraram e um sorriso
envergonhado, mas lascivo, cruzou seu rosto. — E sim, o resto
dele é tão grande quanto, se você sabe o que quero dizer.

Eu olhei para Thresh, fiz algumas medições mentais


rápidas e lancei-lhe um olhar que significava algo como puta
merda, mulher, como você é capaz de andar agora? E ela me
lançou um olhar que significava irmã, você não faz ideia, então
nós duas estávamos rindo como mulheres que se conheciam
há dez anos.

— Temple Kennedy. — Estendi a mão e ela balançou, seu


aperto segurando forte.

— Lola Reed. — Ela pegou a mão de volta, mas o olhar em


seu rosto me disse o que estava por vir. — Então, juro que não
direi outra palavra, mas preciso te dizer que amo o seu
programa. Assisto depois do trabalho, todos os dias. E espero
que não seja muito inesperado da minha parte dizer, mas eu
realmente gosto muito mais do programa agora que Lane não
está nele. E sim. Então eu sou uma espécie de fã.
Eu comecei a rir e não conseguia parar de rir até ficar sem
fôlego. Lola e todo mundo estava olhando para mim no
momento em que me recompus.

—Sinto muito. — Respirei. — Sinto muito. Eu apenas...


depois de tudo que passei hoje, eu nem me sinto a mesma
pessoa que era ontem. O programa, Lane, tudo, nada disso
parece real, depois de Duke, todos os tiros e tudo mais. —
Senti que estremeci, os tremores das risadas ameaçando
tornarem-se soluços. — Eu acho que posso estar rachando um
pouco.

Lola se inclinou para mim.

— Agora com isso posso me identificar. Não tenho certeza


de que minha vida voltará ao normal e sinceramente, não
tenho certeza se isso é ruim. — Ela me olhou com curiosidade
em seus olhos. — Como é Duke? Thresh fala sobre ele como
se… não sei, fosse algum tipo de semideus ou algo assim.

Eu ri.

— Ele é, honestamente. Ele é enorme − não tão grande


quanto Thresh, mas enorme. — Inclinei-me para mais perto e
sussurrei confidencialmente para ela. — E enorme, sim, quero
dizer enorme.

Lola tentou abafar a risada, mas não conseguiu.

— Então você e Duke...

— Oh sim. — Imagens de Duke e eu passaram pela minha


cabeça. — Sim. O que é... parte do que me deixa em estado de
choque, eu acho.
Lola assentiu.

— O mesmo aqui. Tudo aconteceu tão rápido, mas


pareceu... — Ela parou, procurando a palavra certa.

— Inevitável? — Ajudei.

— Sim, exatamente. — Disse Lola. — Então... além de ter


um pau monstruoso, como ele é?

— Complicado. — Eu respondi. — Arrogante, sarcástico,


engraçado... sexy, até mesmo doce quando quer ser... e muito,
muito assustador.

— Soa como Thresh.

Ficamos sentadas lado a lado em silêncio, observando


Thresh, Harris, o careca barbado e Anselm conversando.
Nenhum deles parecia especialmente incomodado com o fato
de que havia dezenas de cadáveres por toda parte e Harris mal
deu uma segunda olhada em sua casa.

— O que você acha que eles farão? — Perguntei.

Lola encolheu os ombros.

— Porra se eu sei. Algum tipo de comando de fantasia,


provavelmente.

Harris se aproximou de Lola e eu.

— Senhoras, precisamos nos mexer. — Ele estendeu a


mão para mim. — Meu nome é Harris. Desculpe por nos
encontrarmos nessas circunstâncias, mas mesmo assim, é um
prazer conhecê-la, Srta. Kennedy.

Apertei sua mão.


— Pode me chamar de Temple. E sim, apesar das
circunstâncias estranhas e assustadoras, é bom conhecê-lo. —
Eu me levantei, tirando a sujeira da minha calça. — Sinto
muito pela sua casa.

Harris acenou como se não fosse nada.

— É apenas uma casa. Posso reconstruí-la. Estou feliz


que você não foi ferida.

— Eles levaram Duke, no entanto.

O encolher de ombros de Harris não foi desprezível, mas


um pouco mais indiferente do que eu teria gostado.

— É Duke. Não vou dizer que não estou preocupado,


mas... é Duke. Ele é imparável. — Ele acenou com uma mão ao
redor de nós. — Olhe em volta. Ele ficará bem.

— Mas você planeja salvá-lo, não é?

— Claro. É para lá que vamos agora.

— Que seria onde?

— Anselm deu uma olhada em algumas placas dos


automóveis enquanto os homens de Cain saíam e as entregou
para Lear, nosso especialista em computadores, que está
rastreando-as via satélite. Parece que planejam levá-lo a um
aeródromo. Estão planejando levá-lo para um aeródromo que
fica a uma hora e meia daqui. Vamos de helicóptero e atrás
deles. Bem, se não pudermos recuperá-lo a tempo, Lear
acompanhará o seu voo e vamos nos reagrupar.

Thresh se aproximou.

— E nós faremos tudo isso com duas mulheres civis? —


Ele olhou para Lola se desculpando. — Sem ofensa, bebê,
mas...

Ela levantou as mãos.

— Ei, eu não quero qualquer parte da ação. Isso é coisa


sua, não minha. Precisa ir buscar o seu amigo, fico feliz em ser
deixada de fora. Estarei no chão à espera se você precisar de
pontos.

— Fico com ela. Eu já atirei em duas pessoas hoje, não


estou exatamente coçando para fazê-lo novamente. Então, se
há algum lugar seguro que possamos nos esconder, isso é
totalmente bom para mim.

— O problema é que vocês estão no radar de Cain agora.


— Disse o barbudo, levantando-se para se juntar à conversa,
com Anselm logo atrás. Ele apertou minha mão. — Meu nome é
Puck e se mulheres gostosas como você e Lola aqui
continuarem aparecendo nesta pequena aventura que estamos
tendo, eu me ofereço para ser o próximo.

Eu fiquei de boca aberta para ele.

— Você chama isso de uma aventura?

— É muito mais divertido do que ficar sentado com o meu


dedão na minha bunda. — Ele examinou o polegar com
desconfiança. — Tentei isso uma vez. Não recomendo.

Olhei para Lola em busca de ajuda e ela apenas encolheu


os ombros.

— Não olhe para mim, irmã, acabei de conhecê-lo.

Harris riu.
— Puck, você pode controlar o estranho apenas um
pouquinho? Está assustando as garotas.

Puck tirou o toco de um charuto do bolso, examinou-o,


tirou a ponta carbonizada e acendeu-o com um isqueiro
elétrico que ele produziu do nada.

— Chefe, o estranho não pode ser contido. O estranho


permanece, cara. — Ele soprou uma nuvem nociva de fumaça
para o céu, olhando para todos nós com expectativa, como se
tivesse feito um ponto que estávamos todos perdendo. —Não?
O cara? Nada? Tudo bem. Tanto faz. O ponto que estava
fazendo, precisamos de todas as mãos no convés para ir atrás
do nosso menino Duke. Não tenho certeza de quem podemos
poupar para escoltá-las em algum lugar seguro e onde é
mesmo seguro neste momento? Bem, se são capazes dessa
besteira? Seu composto era o local seguro, chefe.

Harris roubou o charuto de Puck e tragou antes de


devolvê-lo, ele segurou a fumaça por um momento e depois
soprou uma série concêntrica de anéis de fumaça.

— Você tem um ponto aí. Mas não é como se elas


pudessem se sentar e esperar no helicóptero enquanto nos
infiltramos no esconderijo de Cain ou em qualquer lugar.
Ideias, alguém?

Puck mastigou o final do charuto por um momento.

— Eu tenho uma.

Harris olhou para o homem mais baixo com ceticismo.

— Ei, se envolver prostitutas, não quero ouvir.


Puck soltou um longo suspiro.

— Nem todas as minhas ideias envolvem prostitutas,


você sabe. — Pausa dramática. — Strippers também tem um
papel proeminente.

— Puck... — Harris advertiu.

— Mas neste caso, minha ideia contém zero por cento de


mulheres nuas... — Ele olhou para Lola e para mim como se
estivesse tirando nossas roupas mentalmente. — A menos que
vocês duas queiram nadar nuas comigo, é claro.

— PUCK! — Harris gritou, tirando uma pistola de um


coldre de cinto e apontando para o pé dele. — Caralho, eu juro
que se você não fizer o seu maldito ponto vou atirar na porra do
seu pé, seu idiota babaca ninfomaníaco, arrepiante e lascivo!

Puck não parecia perturbado.

— Eu não sou um viciado, posso sair quando quiser. —


Brincou ele. — O que eu ia dizer antes de você tão rudemente
me interromper com suas ameaças vazias, Chefe, é que
consegui um lugar no Ozarks. Está na minha família há
duzentos anos e a única ação que existe é um pedaço de papel
velho e esfarelado em um arquivo empoeirado em algum lugar.
Significando, a menos que você saiba sobre isso, não há como
encontrá-lo e não pode saber disso a menos que eu lhe diga.

Deu outra baforada no charuto, rolando e batendo a


cinza ao mesmo tempo.

— Este lugar é remoto, um maldito lá fora no meio do


nada. É uma velha cabana de caça nas colinas, não parece
muito e porra, não é muito, mas é particular e tão indecifrável
quanto qualquer coisa em que puder pensar. — Ele apontou
para Harris com seu charuto. — Você nos leva perto de
helicóptero e nos deixa cair o mais perto que puder. Vou
acomodar essas duas coisas bonitas, depois vamos resgatar
Duke de Cain e encontraremos algumas Strippers para
comemorar.

Harris balançou a cabeça.

— Existe uma palavra mais forte que incorrigível? O que


quer que seja, você é Puck. — Ele assentiu, pensando. — Mas a
ideia tem mérito.

Thresh falou.

— Esse é o lugar para o qual me levou? Aquele que


mencionou no telefone no outro dia?

Puck assentiu.

— Sim. Onde fomos depois daquele desastre de


Moyers-Andersen.

Thresh franziu a testa.

— Esse lugar é um lixo, Puck. Eu não gostaria de ficar lá


por mais de cinco minutos e você vai colocar mulheres de
classe alta lá por quem sabe quanto tempo?

Lola chutou a canela de Thresh.

— Quem você está chamando de classe alta, idiota?

— Eu quero dizer, é um pouco rústico, eu admito, mas...


— Puck começou.
— Rústico? — Thresh ecoou. — Rústico é um
acampamento com um banheiro comum, a sua chamada
cabana de caça é uma cabana de madeira de duzentos anos
com um banheiro externo e por banheiro externo, quero dizer
um buraco no chão com uma cabana em cima dele.

Lola interrompeu.

— Olha, normalmente o que você está descrevendo


parece a minha ideia de inferno, mas se tivermos que nos
esconder por um tempo, então eu vou com ele. — Ela olhou
para mim. — Mas eu não posso falar por Temple, obviamente.

Eu hesitei.

— Minha ideia de rústico é um hotel de quatro estrelas,


então isso soa... positivamente como primitivo. — Engoli
saliva, percebendo que não tinha muita escolha. — Mas se for
uma escolha entre uma cabana de caça e mais tiroteios, ficarei
com o barraco de caça.

Harris assentiu.

— Então, estamos de acordo. — Ele bateu palmas uma


vez, acentuadamente. — Thresh, leve as mulheres ao
helicóptero e comece lá. Puck e Anselm, vamos até o bunker e
nos preparamos.

Foi assim que me vi afivelada em um assento na parte de


trás de um helicóptero ex-militar da era do Vietnã, completo
com metralhadora e um sistema complicado de guinchos e
cabos destinados a permitir que as pessoas fizessem rapel da
aeronave pairando no chão. Thresh dirigiu um
caminhão-tanque até o helicóptero, abasteceu-o, estacionou o
caminhão novamente e depois passou por uma extensa lista de
verificação para dar partida no helicóptero, atrapalhando-se a
cada passo, especialmente porque ele só tinha um braço de
trabalho.

Mais alguns minutos e os outros homens chegaram em


uma picape velha e enferrujada. A traseira da caminhonete
estava cheia de mochilas pretas, cada uma delas parecendo
pesada, o que significava que estavam cheias de armas,
munições e outras coisas desagradáveis, que esses homens
gostavam de brincar. Eles também tinham um enorme cooler
branco e uma mochila de lona menor, menos pesada que a que
lançaram a nós.

Abri o zíper e descobri que estava cheio do que parecia ser


a roupa de Layla.

Harris encolheu os ombros quando olhei para ele com


curiosidade.

— Vocês são todos de tamanhos e medidas semelhantes


aos de Layla. Pode não ficar exatamente certo, mas achei que
era melhor ter roupas extras que não se encaixam bem e Layla
tem tanta roupa que nunca sentirá falta dessa merda. —Ele
gesticulou para o cooler. — Ali tem comida, uma vez que Puck
não tem certeza do que há na cabana. Sentem-se e coloquem o
cinto, sairemos em breve.

Descobri que estava a caminho, percorrendo a linha das


árvores a velocidades que deixavam meu estômago enjoado, as
portas laterais abertas para que o chão passasse rapidamente
abaixo de nós a poucos metros de distância, apenas o cinto de
segurança me mantendo dentro da aeronave. Anselm, por sua
vez, tinha seu rifle no chão ao lado dele e estava sentado meio
fora do helicóptero, um pé no suporte de pouso, nem mesmo
segurando nada, parecendo absolutamente à vontade.

Uma vez que me acostumei com a velocidade e as portas


abertas, o voo mostrou-se aborrecido e comecei a cochilar.

Logo cedi e acabei dormindo.


A FERA
Os filhos da puta não estavam brincando desta vez.

Passei uma boa hora e meia na parte de trás daquele


Wrangler, braço quebrado latejando. Não estava preso de
nenhum jeito, mas o Wrangler estava fazendo oitenta e cinco
na autoestrada e havia outros dois SUV cheios de homens de
Cain atrás de nós, então não havia muito que pudesse fazer,
ainda.

Nós entramos na seção privada de aeronaves de um


aeroporto rural e estacionamos perto da Gulfstream. A fila de
veículos manobrou até parar ao redor da escada rolante que
levava ao jato, posicionada de tal maneira que eu não tinha
mais para onde ir senão para o jato. Rayburn abriu a porta dos
fundos, agarrou-me pela gola e me puxou para fora da traseira
do Wrangler, rápido o suficiente para que eu tivesse que me
esforçar para não bater na pista. Um rápido olhar ao redor me
disse que minha fuga não aconteceria agora também, porque
eu estava cercado por HK e M-16, cada uma mirando em mim,
e contei doze.

Acho que eles estavam finalmente começando a sentir um


pouco de respeito pelas minhas habilidades, hein?
Rayburn fez um gesto para o jato.

— Entre ou morra no asfalto. Sua escolha.

Saber quando cortar a besteira é uma habilidade


importante de se ter e uma que eu não aprendi exatamente,
mas nessa situação fui prudente o suficiente para saber que
empurrei Rayburn o mais longe que pude. Bem, se quisesse
manter meu corpo sem buracos, ficaria de boca fechada e
esperaria a oportunidade de menor risco de escapar.

Assim, subi a escada do jato. Não era tão bom quanto o de


Harris e certamente não tão elegante quanto o de Roth, mas
era um jato bacana. Também estava cheio de mais
mercenários com rifles de assalto e submetralhadoras.

Olhei para Rayburn, que vinha atrás de mim.

— Sério, quantos de vocês filhos da puta existem?

Rayburn sorriu.

— Mais do que você imagina.

Revirei os olhos quando me sentei em um assento vazio.

— Sabe, toda essa besteira de Cain ser tão misterioso,


Cain-é-mais-que-você-sabe, é seriamente exagerado. De
verdade, sim. Este não é um romance de Clive Cussler e Cain
com certeza não é um super vilão.

Rayburn riu.

— Sabe, em circunstâncias diferentes, acho que você e eu


poderíamos nos dar bem, Duke. — Não havia humor em seu
tom e ele colocou o cano de uma pistola na minha testa. — Mas
as circunstâncias são o que são e você precisa calar a boca.
Estou sob ordens de levá-lo vivo, mas você continua
conversando e colocarei uma bala na sua maldita cabeça.

— Aww, Rayburn, você acha que eu sou bonito? —


Pisquei para ele. — Você não é o meu tipo, mas estou
lisonjeado.

Rayburn destravou a pistola com um estalo sinistro.

— Mais uma piada, Silver − observe o que acontece.

Recostei-me no confortável assento de couro e coloquei o


cinto.

— Tudo bem, tudo bem. Estou me calando. Não precisa


se incomodar, Stiltskin16.

A porta estava fechada do lado de fora e depois de alguns


segundos, senti os motores girarem, um minuto depois, fui
empurrado de volta ao meu lugar enquanto nos lançávamos
para o céu.

Sempre fui um homem inquieto e ativo, se tivesse ido


regularmente à escola, acho que teria sido diagnosticado como
hiperativo, porque simplesmente não consigo ficar parado, não
posso ficar inativo, não posso apenas sentar e não fazer nada,
concentrar-me em coisas chatas como a leitura é um ato de
boa vontade − o que faz do meu diploma universitário uma das
maiores conquistas da minha vida, porque essa merda foi
difícil. Não me sinto bem, o que significa que os voos são uma
tortura para mim. Meu joelho pula sozinho como um pistão
movido a motor, minhas mãos encontram algo para mexer,
seja uma caneta ou a trava do cinto de segurança, um papel
16
Stiltskin é uma banda de rock escocesa, que alcançou grande popularidade em meados dos anos 90.
que eu posso rasgar, se não houver nada para fazer, fico...
chato, podemos dizer. Os homens da minha unidade, quando
pegamos longos voos para a implantação ou uma inserção,
algo assim, descobriram que a melhor maneira de manter a
paz comigo no voo era me manter entretido. Nós armamos luta,
jogamos cartas, brincamos uns com os outros, como homens
imaturos. Ajudava o fato de normalmente estarmos nos fundos
de um avião de carga militar ou algo assim, talvez um Osprey,
se fosse uma inserção no país, o que significava que havia mais
espaço para eu me movimentar.

Essa merda? Um jato extravagante com assentos de


couro e sem espaço para as pernas e nada para mexer?

Sofri em silêncio e quietude por cerca de quinze minutos,


antes da minha inquietação chutar. Além disso, meu braço
estava me matando − bem, não literalmente, talvez essa fosse
uma má escolha de frase... mas eu precisava de uma distração
ou ficaria irritado.

― Ei, Rayburn. Estou entediado demais, cara. — Ele


estava sentado na minha frente, então enfatizei meu ponto
com um chute na parte de trás de seu assento.

Ele se moveu no lugar.

— Eu posso quebrar seu outro braço. Isso vai lhe dar algo
para se concentrar.

— Nah, isso apenas vai me irritar. — Balanço o encosto


da poltrona da frente apontando para caixa de madeira na
porta da cabine. — Essa coisa tem uma TV?

Isso me rendeu uma risada de um dos agentes na parte


de trás do jato, que foi rapidamente sufocada por trás de uma
tosse quando Rayburn lançou um olhar para trás.

— Talvez, você não entenda completamente a gravidade


de sua situação, Silver. Só está vivo agora porque Cain tem
planos para você que serão melhores realizados com você
ainda respirando. — Ele colocou o cano de sua pistola no topo
do encosto, apontando-a para mim. — Esta não é uma viagem
social. Você é um prisioneiro. Então, não, não há porra de TV,
seu babaca.

— Ok, bem, estou apenas dizendo, quando fico entediado,


fico irritado. Quanto tempo é esse voo, afinal?

Um suspiro longo e irritado.

— Você é como uma maldita criança, sabe disso? — Ele


esfregou a testa com os nós dos dedos. — Algumas horas.

— E você espera que eu apenas fique aqui fazendo


caralho nenhum o tempo todo? — Eu gemi. — Levarei um tiro
antes de chegarmos lá.

Rayburn vasculhou um compartimento escondido ao


lado de seu assento e me jogou uma pilha de revistas: Wine
Enthusiast, Cigar Afficionado, Ultimate Homes, Luxury Real
Estate... o tipo de merda chata que apenas ricos pretensiosos e
maricas liam.

Mas então uma ideia me atingiu.

Ainda estava com meu cinto, com o coldre vazio enfiado


nele. E tinha uma revista de tamanho decente...

Tirei meu cinto, o coldre e escolhi o que parecia ser a


melhor revista da seleção e então coloquei o coldre entre meus
dentes. Depois de observar meu antebraço quebrado, invoquei
cada grama de valentão macho-durão que eu possuía e puxei
meu pulso até que o caco de osso escorregou de volta para
minha pele − essa era a primeira parte. Consegui não gritar,
mas havia muita respiração pesada na boca, que atraiu a
atenção de praticamente todo mundo. Rayburn, por sua vez,
girou em seu assento para olhar, mas não fez nada para me
ajudar ou atrapalhar.

Parte dois − cutuquei meu antebraço, que parecia super


foda, tentando verificar como a ruptura estava alinhada sem o
benefício de um raio X. Uma respiração profunda, reposicionei
o coldre em meus dentes, apoiei meu ombro contra o encosto
do banco, estiquei o braço para fora − eu já estava rosnando de
dor e não tinha realmente feito nada ainda... isso seria
divertido. Outra respiração estimulante, com uma boa pegada
no meu pulso com minha boa mão... puxo meu pulso para
longe do meu corpo. A dor que passou por mim era diferente de
tudo que eu já senti, incluindo aquela vez em que fui
empurrado do terceiro andar e caí sobre uma garagem
quebrando praticamente tudo. Não fui eu que coloquei meus
ossos no lugar e quando foi feito estava sob anestesia, então
não senti. Isso era apenas… uma agonia tão ofuscante que
quase desmaiei.

Quando o pior passou, enxuguei o suor da testa, levei


mais alguns instantes para respirar através das ondas de dor,
depois coloquei a revista Wine Enthusiast debaixo do meu
antebraço e o envolvi ao redor da fratura óssea. Em seguida,
envolvi o cinto ao redor da revista várias vezes − o cinto era
apenas uma peça paramilitar da Web, então consegui
prendê-lo com tanta força que tive certeza de que funcionaria
como uma cinta, em seguida, enrolei o excesso entre a revista e
o cinto para que eu pudesse passar a ponta através do
enrolado para fazer um nó.

Quando terminei, estava respirando com dificuldade,


sentindo-me fraco e tanta dor que senti meu temperamento
explodir.

A coisa sobre mim que poderia se tornar relevante neste


momento é que tenho um cruel temperamento, mas é um que
mantenho firmemente enjaulado em todos os momentos,
porque uma vez que for solto, é praticamente impossível conter
o meu apetite por destruição até que esteja tranquilo ou minha
raiva se apague. O engraçado é que me irrito rápido, mas não
tão rápido para deixá-lo ir. Posso entrar em uma briga de bar
sem pensar duas vezes, mas posso dar meia-volta e comprar
aos pobres malditos bastardos uma rodada. Este não é meu
temperamento, é apenas minha personalidade básica e
essencial. Sou esquentado, mas esfrio rapidamente e meu bom
humor geral retorna. Sem ressentimentos de que porra é essa.
Alguém me crava no queixo, sim, eu vou chutar, gritar e
amaldiçoar, depois derrubar o filho da puta idiota, mas não
perco a paciência, apenas não gosto de ser socado.

Eu perdendo a paciência é uma fera completamente


diferente.

Thresh é a única pessoa que já me viu ficar realmente


irritado. Sem entrar em detalhes, digamos que não lido bem
com dois tipos de pessoas: estupradores e crianças
machucadas. Bem, Thresh e eu meio que nos envolvemos em
um cenário onde havia um rapaz que fez ambos com uma
garotinha. Desagradável, vil, merda do mal e ele achou que nós
riríamos quando descrevesse o que fez. Minha lembrança do
que se seguiu é nebulosa, na melhor das hipóteses, porque vi
preto. Thresh tentou me puxar, mas nem ele conseguiu me
controlar – ficou com um olho roxo e sem três dentes. O filho
da puta não ficou reconhecível como um humano no momento
em que terminei. Thresh não falou disso desde então, nem eu,
nunca. Mas o conhecimento está lá, que a fera dentro de mim é
algo que nunca deveria ser liberado.

Mas a sentia fervendo agora.

O problema pelo qual passei, sendo afastado de Temple


depois do que compartilhamos juntos, o fato de que os filhos
da puta destruíram a casa do meu chefe, a humilhação e o
desamparo de ser capturado, agora a dor? Sim, a raiva estava
mostrando sua cabeça feia.

Concentrei-me em respirar, então, me concentrei em


construir tijolos mentais ao redor da gaiola da Fera, bem no
fundo de mim, onde ela morava.

Algo para focar, pelo menos, certo?

Construí aquelas paredes altas e grossas, focadas na dor,


respirando através dela.

Quando isso parou de ajudar, revivi tudo que Temple e eu


fizemos juntos, mas isso começou a me deixar excitado, então
isso não funcionaria, não em um avião cheio de homens, todos
eles me matariam assim que olhassem para mim.

Então me acomodei para um leve cochilo. Não


conseguiria realmente dormir, porque a raiva fervilhante ainda
estava ali, logo abaixo da superfície, mas fingir cochilar
funcionava tão bem quanto qualquer coisa em termos de me
impedir de puxar uma dessas metralhadoras para longe e me
arrastar nesse jato. O que seria um plano ruim, já que
estávamos em altitude de cruzeiro e eu não tinha um
paraquedas.

Então, assim, eu dormi.

Mas não se engane: a Fera estava acordada.


TRANKED
Puck caiu primeiro. Ele pisou em um arnês e saiu do lado
do helicóptero como se estivesse descendo na lateral de um
barco para nadar. Anselm estava trabalhando nos controles e
abaixando Puck para o chão. Quando ele desceu, Anselm
puxou o cabo de volta, trabalhou em uma complicada série de
nós e voltas no cooler e baixou para Puck e então era a minha
vez. Não tenho medo de altura, mas entrar em um arnês
estúpido e me pendurar do lado de um helicóptero parecia
estúpido e ridículo. Mencionei que isso era estúpido? Mas
ainda assim entrei no arnês, deixei Anselm prender o
mosquetão nele e depois subi com cuidado para o suporte, com
o coração na garganta, o estômago dando voltas e piruetas, as
palmas das mãos suando.

— Você precisa se mover para fora do suporte, Temple. —


Anselm disse. — Estará em segurança, juro para você. Eu fiz
isso inúmeras vezes.

Devo salientar que um helicóptero pairando não flutua


como um balão. Ele se move de um jeito e de outro quando o
piloto − neste caso, Harris – apenas segura os controles. Então
não é muito estável. Harris era um piloto talentoso,
disseram-me, mas isso era aterrorizante. Em um helicóptero a
trinta metros do chão, árvores parecendo pequenas debaixo
dos meus pés, nada para me impedir de cair, exceto algum
material em volta dos meus quadris e cintura, com um cabo
fino? Sim, não era exatamente uma mimosa no café da manhã,
até que acordei no porão ao lado de Duke, a coisa mais
exigente que já fiz na minha curta e estúpida vida.

— Bem, se você não se mexer. — Anselm gritou para mim.


—Harris vai derrubá-la. Acredite em mim, bitte. Por favor,
vamos.

Então... engoli saliva, fechei os olhos e fiz uma prece para


quem ou o que quer que estivesse lá fora, inclinei-me para
frente, de modo que o metal frio e grosso do suporte
escorregasse debaixo da minha bunda. E então estava
pendurada no espaço aberto, torcendo-me de um lado para o
outro, o rebaixamento dos rotores me golpeando e batendo, o
barulho ensurdecedor, o chão se aproximando de mim. Sim,
eu sei, estava realmente descendo em um ritmo lento e medido,
mas quando é a sua bunda pairando sobre nada, você me diz
que é lento.

Fechei meus olhos por um momento, então eu senti o


chão embaixo dos meus pés e Puck estava me ajudando a
levantar, habilmente me libertando − sem sentir nada, o que
me surpreendeu. Honestamente, ele parecia o tipo que
acidentalmente passaria a mão pela minha bunda.

O cabo foi recolhido e alguns minutos depois, Lola


desceu. Gritou o tempo todo e riu, tentando fazer com que
Anselm a descesse mais rápido. Porque é claro que ela iria, a
cadela. Brincadeira, Lola era incrível e nós seríamos melhores
amigas, eu tinha certeza. Mas era irritante que ela adorasse
enquanto eu estava tão aliviada por estar no chão.

Puck se aproximou para ajudar Lola a tirar o arnês e ela


deu um tapa no braço dele.

— O que foi isso? — Puck perguntou, olhando para ela.

— Isso foi por agarrar minha bunda quando tirou o arnês.


— Lola respondeu, arqueando uma sobrancelha.

Puck franziu o cenho para ela.

— Mas eu ainda não fiz nada.

— Sim, bem, você ia.

Puck balançou a cabeça, resmungando baixinho


enquanto desabotoava o arnês sem tocá-la e então puxou o
cabo para dizer a Anselm que ele poderia recolher.

O cabo girou para cima, onde pertencia, Harris inclinou o


helicóptero para um lado e afastou-se.

Eu cutuquei Lola.

— Eu esperava que ele passasse a mão, na verdade. Mas


não o fez.

Puck colocou a mão sobre o coração.

— Vocês me feriram, senhoras. Eu tenho honra, quero


que saibam. Vocês duas são namoradas dos meus amigos. Há
um código sobre essa merda, tudo bem? — Ele pareceu
genuinamente ofendido. — Eu nunca faria um movimento.
Mas se fossem solteiras e estivesse ajustando o arnês, sim,
minhas mãos estariam sobre vocês. Mas estão com Duke e
Thresh, então isso significa que minhas mãos ficam longe,
estão seguras comigo, como estariam com os outros homens.

— Puck, eu estava apenas... — Lola começa.

— Posso ser... do que era que Harris me chamou? Idiota,


repugnante, ninfomaníaco, mas eu tenho alguns padrões.

— Puck, sinto muito. — Disse Lola. — Eu estava


brincando.

Ele apontou para ela.

— Nunca engane um mentiroso, querida. Você não estava


brincando.

Ela encolheu os ombros.

— Não, mas o julguei mal, então sinto muito.

Puck sorriu.

— Ei, sem ressentimentos. Nenhum de nós é exatamente


o tipo que você quer levar para casa para conhecer sua mãe,
sou o pior de todos nós. — Ele pegou um charuto de um bolso,
este novo, sem fecho e de tamanho normal, um aparador de
charuto apareceu em suas mãos, cortou a ponta e enfiou-a
entre os dentes. — Agora, temos que fazer a parte crítica do
programa e eu gostaria de começar a andar. — Ele se agachou,
moveu o cooler para cima de seu ombro e partiu marchando
colina acima.

Lola e eu corremos atrás dele. Harris nos deixou no que


parecia ser uma clareira aleatória no meio de uma floresta
aparentemente interminável no Arkansas Ozarks. Seguimos
Puck pela colina por uns bons dez ou quinze minutos, até que
ele parou novamente sem rumo, olhando ao redor para as
árvores, que pareciam idênticas.

— Estamos perdidos, Puck? — Perguntei.

Ele mastigou o charuto por um momento e depois olhou


para mim.

—Não, apenas não venho aqui por um tempo. Sempre me


leva um minuto para me orientar. — Olhou mais um pouco,
então começou a caminhada, estendendo a mão para tocar um
símbolo intemporal esculpido no tronco de uma árvore alta,
grossa e antiga quando passou por ela. — Vê? A marca do meu
tataravô, bem ali. A cabana está do outro lado.

— Puck? — Lola o chamou, trotando para alcançá-lo. —


Eu não quis julgar, apenas...

— Eu desisti de certa… postura. — Interrompeu Puck. —


Eu sei disso. Sou áspero nas bordas e isso é colocá-lo de ânimo
leve. As boas maneiras nunca foram meu ponto forte e nunca
serão, eu acho. Gosto de mulheres nuas, gosto de bebida e
pôquer, gosto de atirar — quanto mais, melhor. Talvez seja o
caipira em mim, não sei. Então... é fácil fazer um julgamento
rápido e entendo isso. Não vou te acusar de nada, porque
entendo. Mas tenho honra. Vivo por um código. Sou bom em
fazer as cadelas ficarem nuas e de joelhos, mas nunca
colocaria essa merda em uma mulher reclamada por alguém
com quem derramei sangue. Especialmente esses dois − Duke
e Thresh são a única família que tenho. Todos são da família,
mas esses dois são meus meninos. Eles me entendem de uma
forma que Harris, Anselm e Lear simplesmente não entendem.

— Bem, eu acho que você é doce. — Disse Lola.

Puck bufou.

— Querida, sou tão doce quanto sal. Mas obrigado


mesmo assim, também acho que você está muito bem. — Ele
rolou o charuto de um lado da boca para o outro. — Agora,
quanto mais cedo pararmos de tagarelar, mais cedo chegamos
à cabana. Este cooler não é exatamente leve. — Ele o subiu
mais alto em seu ombro e foi para a ladeira novamente, indo
em um ângulo em vez de diretamente para cima.

Lola e eu o seguimos a uma distância de alguns metros.

Cutuquei Lola novamente.

— Você já notou que seu sotaque sulista vem e vai?

Lola assentiu.

— Sim, notei. Tenho a sensação de que ele é


superinteligente, mas gosta que as pessoas ouçam o sotaque e
o subestimem. Talvez, apenas goste de mexer com as pessoas?
Eu não sei.

— Talvez, eu seja apenas autoconsciente e não consiga


me livrar dele. — Disse Puck à frente. — A propósito, tenho
excelente audição.

Chegamos à beira, onde a colina se nivelava um pouco. A


montanha inclinava-se para a direita e para a esquerda,
descendo. Puck arrancou o charuto da boca e apontou à nossa
esquerda e ao longo da encosta, cerca de um quarto de milha,
outra colina se erguia para formar um canto onde uma
montanha se encontrava com outra e dentro daquela fenda
havia uma cabana pequena, que parecia com cada minuto dos
cento e cinquenta anos que Puck alegou que tinha. Era
cercada por árvores, de modo que era quase invisível e mesmo
depois de Puck ter apontado, tive dificuldade em saber
exatamente onde a pequena cabana estava localizada. A idade
da madeira, a folhagem obscurecida e as montanhas que se
erguiam de ambos os lados trabalhavam para criar uma
camuflagem quase perfeita.

Descemos em direção à cabana, com Puck dando longos


passos saltando para baixo, o cooler oscilando precariamente
em seu ombro, Lola e eu não muito atrás. Chegamos à
varanda, que era grande o suficiente para ficar nela e acessível
do chão por um conjunto de degraus feitos de blocos de
concreto em ruínas. A cabana em si parecia bastante
confortável, as toras grossas e desgastadas, foram colocadas
juntas e seladas de algum modo. O telhado foi reformado
recentemente, mas o restante, como na minha estimativa
inicial, parecia exatamente tão velha quanto era. Não tinha
nem mesmo uma maçaneta de verdade, apenas o tipo de
alavanca que você veria em Little House on the Prairie ou talvez
nos antigos westerns. E como Thresh disse, havia um único
cômodo. Era... bem, acho que você chamaria de cabana,
apenas grande o suficiente para permitir que adultos ficassem
de pé em uma sala. Era uma descida e estava aninhada contra
o lado da montanha.

Puck levantou a alavanca e abriu a porta com o pé,


olhando dentro brevemente antes de entrar e colocar o cooler
para baixo com um grunhido. O interior, quando entrei, era
talvez um total de trinta metros quadrados, no máximo. Havia
uma lareira em uma das paredes, uma cama com armação de
madeira à esquerda, uma mesa baixa em frente à cama, em
cima de um tapete redondo, envelhecido e tecido à mão. Isso
era, literalmente, tudo. Bem, exceto por uma pilha de caixas de
leite perto da mesa, que continha alguns produtos enlatados e
garrafas de licor.

Eu olhei para Puck.

— Um pouco rústico?

Ele encolheu os ombros.

— Eu venho aqui para dormir em viagens de caça, não


preciso de muito mais.

— Existe eletricidade?

— Não. — Ele acenou com o charuto na direção do


banheiro. — Há uma bomba bem abaixo, no entanto.

Lola apenas piscou, olhando ao redor.

— Bem, para mim, não é muito diferente da casa de meu


papai em Glades. Sem água e árvores diferentes, mas… o
mesmo estilo de vida básico.

Eu olhei para ela.

— O tipo primitivo?

Lola encolheu os ombros.

— Sim, basicamente. Meu pai viveu da terra nas


profundezas de Everglades desde que eu era pequena, então
estou acostumada a dormir duramente. Este lugar tem
paredes e uma porta, o fale do meu pai não.

—Fah-lay? — Perguntei. — O que é isso?

— Uma palavra samoana para a nossa casa tradicional,


que é um telhado e alguns postes verticais, e é isso.

O rádio no cinto de Puck estalou.

— Puck, você está pronto para extrair?

Puck levou o rádio à boca.

— Afirmativo. Dê-me dez minutos.

— Faça em oito. Lear atualizou a informação.

Puck ligou o rádio no cinto e saiu da cabana, batendo na


porta ao sair.

—Bem, amáveis senhoras, supondo que tudo corra bem,


eu as verei em vinte e quatro horas ou menos.

Lola e eu nos sentamos à mesa – despedimos-nos,


esperando que ele fosse embora. Apenas não o fez.

Ele apenas ficou lá, parecendo de repente tenso.

— Agora como ...? — Ele murmurou.

—O quê? — Perguntei, não para a tensão repentina nos


ombros de Puck.

Lola estava mais perto da porta, ela levantou-se da


cadeira e se inclinou para o lado, olhando ao redor do ombro de
Puck, então afundou de volta na cadeira, enxugando o rosto
com as duas mãos.
— Bem, azar.

— O quê? O que foi? — Não havia janelas, então sem


olhar para fora da porta, não tinha como saber o que eles
viram.

A mão de Puck, descansando no batente da porta,


moveu-se para cima em direção à viga. Descansando em um
jogo de ganchos em cima da porta estava uma espingarda, mas
não uma como a que Duke usava, mas sim uma daquelas com
um cabo de madeira antiga e um barril de metal para as
munições e com uma lâmina de bomba sob o barril.
Provavelmente usada para caçar. Velha, desgastada, mas bem
cuidada, se eu fosse algum juiz de tais coisas, o que eu não era.

—Oh. — Eu disse, entendendo o que significava quando


Puck pegou a arma.

Puck olhou para mim. E perguntou.

— Está vendo aquela caixa de balas na mesa, à sua


esquerda? Entregue-a para mim.

Entreguei a ele a caixa, despejou todo o conteúdo no


bolso de sua calça cargo.

— Abaixem-se e fiquem quietas. — Ele ordenou, sua voz


tranquila, todo o traço de uma fala arrastada se foi.

Lola e eu entramos embaixo da mesa e nos amontoamos


enquanto Puck abria a espingarda, checava-a e fechava
novamente, mas a mantinha fora da vista daqueles que
estavam além da porta.

— Isso foi longe o suficiente, rapazes. — Ele gritou, sua


voz mais uma vez rouca e impressionante. — Está invadindo
propriedade privada. Melhor seguir em frente.

— A garota. — Veio uma voz masculina abafada. —


Entregue-a e nós vamos embora.

— Bem, se eu tivesse uma mulher aqui, tenho certeza


como a merda que não compartilharia. — Disse Puck. — Agora
pela última vez direi: saia da minha terra.

— Nós sabemos que ela está aí. — A voz retornou. — Você


tem trinta segundos. São dez contra um... seja esperto.

— Eu tenho uma ideia melhor. Matarei um peru selvagem


e faremos uma festa. — Puck se colocou na porta, levantando a
espingarda e bombeando o escorregador. — Talvez, eu possa
começar a colocar chumbo no seu traseiro e nós podemos ter
uma festa diferente.

Houve um momento de silêncio e várias coisas


aconteceram ao mesmo tempo.

Puck pulou em movimento, jogando-se para o lado e


explodindo com a espingarda, disparando e bombeando,
disparando três vezes em rápida sucessão antes de atingir o
chão ao lado da varanda. A próxima coisa que aconteceu foi
uma pequena bomba prata caindo com um ruído oco no chão
da cabana. Ficou girando por um momento, então começou a
cuspir uma densa nuvem de névoa branca espessa, que
rapidamente encheu toda a cabana, forçando Lola e eu a
tropeçar e tossir saindo para fora. A próxima coisa que
aconteceu foi um estalo de tiros, a explosão da espingarda de
Puck, seus gritos de raiva e depois um grito de dor.
— Ele foi abatido, senhor. — Ouvi alguém dizer, enquanto
tentava respirar e enxergar, mas também não consegui me
controlar por causa da cegueira química que queimava meus
olhos, boca e garganta.

— Morto? — Perguntou outra voz.

— Negativo, senhor. Acho que ele está usando um colete.

— Pegue-as. — Disse a primeira voz. — E traga-as. A loira


começou uma briga da última vez.

A loira, significava eu. Então, comecei a lutar e senti


corpos ao meu redor. Ouvi Lola gritar, grunhidos e grunhidos
de esforço, em seguida, um par de braços fortes me envolveu,
prendendo meus braços ao meu lado. Algo afiado cutucou o
lado do meu pescoço e a escuridão me alcançou.

— Tenho as duas, senhor. — Ouvi a segunda voz dizer. —


Acho que esta é a cadela do pântano.

— Bom trabalho. Vamos nos mover antes que o


helicóptero circule ao redor.

E então a escuridão me engoliu, apagando-me


totalmente.
Boas notícias,
más notícias
Acordei com a cabeça latejando como um filho da puta e
meu braço duplamente. Tudo estava nebuloso, obscuro, difícil
de entender.

Fui para uma posição sentada, piscando contra a dor


forte e tentei forçar um pouco de clareza pela minha cabeça
enevoada de drogas. A percepção de que fui drogado
novamente foi o primeiro pensamento a passar por mim.

O segundo foi que não estava sozinho.

Estava no centro de um pequeno quarto escuro,


iluminado por uma lâmpada nua pendurada no teto. As
paredes eram de concreto aparente, o teto de ferro ondulado e
vigas. Havia uma única porta pesada, nenhuma janela,
nenhuma maçaneta no interior − uma cela de prisão ou perto o
suficiente. Em volta de mim havia mulheres, cerca de trinta,
todas agrupadas tão próximas umas das outras e tão longe de
mim quanto conseguiam. Eu tive que piscar algumas vezes
para ter certeza de que estava vendo o que achava que estava
vendo, mas depois, quando a névoa química desapareceu, a
compreensão começou a passar por mim.

As mulheres eram todas jovens, com menos de trinta


anos, a maioria delas, se eu tivesse que assumir, diria que a
maioria falava inglês como segunda língua, se é que falavam.
Mexicanas, Oriente Médio, Sul ou da América Central,
Indianas − não sabia quem era qual, mas era o que estava
vendo. A maioria estava vestida de farrapos, trapos
literalmente, pedaços de roupa e tinham contusões em seus
corpos, mas não em seus rostos. Uma mulher sentada mais
perto de mim estava segurando a cintura de um jeito que me
fez suspeitar que tinha uma costela quebrada ou machucada.

Fui sequestrado por Cain, o que significava que essas


mulheres estavam em posse de Cain.

A Fera estava totalmente acordada agora e sacudindo


suas correntes − o suficiente de metáforas, no entanto. Estava
sentindo a raiva negra vir sobre mim.

Essas mulheres eram escravas sexuais.

— Inglês? — Perguntei, permanecendo sentado no chão.

A maioria se afastou de mim, mas uma levantou a mão,


perto do fundo da sala. — Eu... falo um pouco de inglês. — Ela
falou pouco acima de um sussurro e era óbvio que estava perto
da histeria.

— Meu nome é Duke. — Eu disse, mantendo minha voz


baixa. — Não vou machucar nenhuma de vocês, ok? Pode dizer
isso a elas?

— Eu... elas... nós − não somos todos iguais − a mesma


linguagem...

— Vocês, todas, por que estão aqui? — Perguntei.

— Escravas. Ser vendida por... por sexo. — Respondeu a


garota. Ela não poderia ter mais de dezoito anos, no máximo e
vi algumas que eram mais jovens do que isso, treze ou
quatorze.

— Sim, bem, não mais. — Eu rosnei e a raiva crua na


minha voz fez as mulheres ao meu redor se afastarem de mim
com medo.

— Mas eles são muitos. — Ela piscou como se eu tivesse


falado tolices incompreensíveis. — Eles vão matá-lo.

Concentrei-me em conter minha raiva e quando estava


calmo o suficiente para falar, olhei para a garota.

— Eles tentarão. — Rosnei. — E vão falhar.

Ouvi passos além da porta, vozes fracas. — ... está


acordado agora. Da última vez, nós demos a ele o suficiente
para três homens e ele acordou em poucas horas.

Levantei-me e afastei as mulheres da porta, levando-as


para o canto mais distante. Segurei meu dedo sobre meus
lábios e rastejei para ficar ao lado da porta. Uma chave
destrancou a fechadura, a maçaneta girou e a porta se abriu
para longe de mim. Um homem entrou, carregando uma
espingarda nas duas mãos, um segundo atrás dele, também
carregando uma espingarda.

Eu me afastei da parede, agarrei o homem na frente pela


camisa e esmaguei minha testa contra o nariz dele, chutando
para fora com o meu pé ao mesmo tempo para lançar o
segundo mercenário voando. Minha testa esmagou a
cartilagem, o sangue esguichando. Agarrei a espingarda
enquanto o homem estava atordoado, pegando-a, recuando e
indo para o lado, então atirei com uma das mãos. O que não é
tão fácil quanto Arnold faz com que pareça no Exterminador do
Futuro. Fora do ponto de alcance, eu teria perdido, mas como
era fora, estava perto o suficiente para mandar o mercenário
da liderança para trás com um buraco irregular no peito. A
espingarda era um modelo tático, felizmente, então não
precisava bombeá-la. Eu me lancei através da porta no
segundo que disparei, esmaguei o barril no peito do segundo
mercenário, que caiu contra a parede oposta à porta. Puxei o
gatilho, virando a cabeça para longe do sangue respingado.
Porra de bagunça, Jesus. Havia um terceiro homem, do lado de
fora da porta, segurando uma metralhadora e parecendo
atordoado. Ele não teve a chance de superar a surpresa,
coloquei o cano sobre o cotovelo do meu braço machucado e
atirei novamente. O chute enviou uma lança de agonia através
de mim, mas não parei para deixar isso acontecer. Peguei a
submetralhadora, uma HK MP5 e vasculhei o corpo em busca
de munição. As mulheres estavam de pé na porta, parecendo
com medo e hesitantes, um dos corpos no chão, o primeiro
homem que acertei, tinha um chaveiro em suas mãos.

— Pegue as chaves. — Eu disse, apontando para o anel.


— Comece a deixar as pessoas saírem.

Chutei uma espingarda no chão para elas.

— Use isso, se precisar.


Houve um momento de silêncio, então uma garota de
cerca de vinte anos aproximou-se, ela tinha cabelos escuros e
pele escura e uma pedra no meio da testa, indicando que era
da Índia. Pegou a espingarda, examinou-a, depois inclinou-se e
pegou o chaveiro. Acenou para mim, em seguida, percorreu o
corredor até a outra porta, tentou meia dúzia de chaves e
encontrou a que se encaixava na fechadura. Abriu, acenou e
foi até a próxima porta.

Eu não fiquei para as reuniões, no entanto. Coloquei as


munições de reposição nos bolsos e corri para a porta aberta
no final do corredor. Ouvi gritos e soube que minha técnica de
fuga não tão sutil alertou o restante do complexo ou o que quer
que aquele lugar fosse.

Ao chegar à porta, inclinei meu ombro contra ela e olhei


ao redor da moldura e subi a escada, a luz de cima lançava
sombras longas e distorcidas que desciam a escada em minha
direção. Hesitei, considerando deixá-los descer para mim, mas
depois decidi que não tinha paciência para táticas. Corri
escada acima, virando para apontar a submetralhadora para
cima. Assim que vi um flash de uniformes negros, atirei e
depois subi três degraus de cada vez, aterrissando, apontando
para cima e disparando novamente. Havia mais descendo a
escada, muitos deles. Nesse cenário, porém, tinha a vantagem.
Ninguém atrás de mim, ninguém no meu caminho. Um rifle
estalou e um tiro atingiu o parapeito à minha esquerda, depois
ricocheteou na parede. Eu me afastei, encostei na parede para
encontrar o melhor ponto de vista para cima, disparando outra
explosão nos pedaços preto que vi na escada.
Subi assim, abaixando-me ocasionalmente, mas esses
agentes claramente não estavam bem treinados na arte da
guerra das escadarias. É tudo sobre ângulos e ter um tiro
preciso. Você vê um pedaço de pano ou uma sugestão de um
corpo, precisa fazer o tiro instantaneamente e com precisão ou
sua rodada baterá na escada ou nas grades, o que a maioria
deles fez e um bom número dos meus também, visto que
estava atirando com uma deficiência. Felizmente, a MP5 é
pequena o suficiente e tem um pontapé que é capaz de
disparar pelo meu cotovelo, apesar de cada explosão ter
causado um choque de dor em mim. Tudo o que podia fazer era
apertar os dentes e continuar.

Cheguei ao topo da escada, passando por cima de corpos


e chutei a porta, hesitei para um lado e olhei.

Porra.

A porta levava ao lado de fora para um canto entre as alas


do prédio e ao redor da porta a uma distância de seis metros
mais ou menos, havia um semicírculo de mercenários
esperando por mim, seus rifles apontados.

No centro do grupo havia uma figura única e desarmada.


Alto, de ombros largos, vestido com o mesmo preto paramilitar
que os outros. Ele tinha muita coragem, com cabelos loiros de
lado e olhos castanhos. Manteve-se ereto com o porte de um
militar de carreira, com as mãos nas costas.

— Sr. Duke Silver. Obrigado por se juntar a nós. — Ele


falou com um sotaque do leste europeu.

— Cain.
Assentiu.

— Esse é um dos meus apelidos, sim. — Ele gesticulou


para mim. — Venha, abaixe o rifle. Nós precisamos conversar.

— Então, fale. — Rosnei, não deixando a porta.

— Eu preferiria fazer isso em algum lugar mais...


acessível.

— Sim, bem, eu não estou me sentindo particularmente


receptivo.

Cain encolheu os ombros.

— Você provavelmente está se perguntando por que o


trouxe aqui.

Eu gemi.

— É aí que você encarna um vilão de James Bond?

— Você não está curioso?

Encolhi os ombros.

— Para me matar devagar, presumo e enviar o vídeo para


Harris.

— Oh, quão pouco original. Não, de jeito nenhum. — Ele


levou as mãos à frente, revelando um tablet, um iPad ou algo
assim, que ele colocou no chão e direcionou para mim. —
Pressione o botão home, em seguida, reproduza o vídeo.

Peguei o tablet com a mão machucada, então me abaixei


para dentro da porta. Apertei o botão como ele instruiu, o que
trouxe a tela para a vida, mostrando uma imagem embaçada,
borrada de cabelos loiros e pele pálida.
— Porra. — Eu rosnei. — Caralho.

Toquei o ícone da peça no centro da tela e a imagem


borrada começou a se mover, mostrando Temple, algemada e
amordaçada, olhos arregalados e medrosos.

Ela tentou falar além da mordaça e uma mão enluvada se


esticou e puxou a mordaça para baixo.

— Duke, eles pegaram Puck naquela cabana. Eu não


acho que ele esteja morto, mas... bebê, eu...

Ela foi cortada pela mordaça sendo empurrada de volta


para o lugar. Ao fundo, ao lado de Temple, havia outra mulher,
de pele mais escura e com longos cabelos negros, amordaçada
e amarrada também.

Uma mão alcançou a tela e as imagens ficaram imóveis e


embaçadas novamente.

— Viu, Sr. Silver? É de seu interesse cooperar.

Lá fora, ouvi um helicóptero ao longe. Raiva estava


fervendo dentro de mim, negra, grossa e toda consumidora.

— Nunca foi você, veja bem. Eu sabia quem era Temple o


tempo todo. Ela era o alvo, na verdade, você era apenas um
bônus. — Uma pausa. — Conheceu alguns dos meus... bens
móveis, acredito que seja a palavra certa, lá embaixo, sim?
Bem, sua nova amiga, a Srta. Temple Kennedy e a outra
mulher, Lola Reed, que está associada ao seu grande
companheiro Thresh, se juntarão à minha operação. Conheço
vários homens ricos que pagariam uma quantia considerável
para ter uma mulher bonita e famosa como a senhorita
Kennedy.

— As pessoas não estão à venda, seu bastardo. — Gritei.

— Claro que sim. — Respondeu Cain, sua voz suave e


imperturbável. — É um negócio antigo e honrado, a venda de
carne de mulher. E bastante lucrativo, devo acrescentar.

Dei uma olhada para fora da porta e vi que o helicóptero


se aproximava no horizonte. Eu podia distinguir as marcas da
cauda, agora: N10043Z.

Harris.

Como Harris estava aqui?

Puck e as mulheres?

Que porra estava acontecendo?

Tomei um fôlego quando balancei para trás, atrás da


porta, mudando o pente.

Preparei-me para sair e encarar o pelotão de fuzilamento

E então ouvi a Barrett de Anselm e aquela metralhada de


cinquenta calibres começou a disparar, o caos irrompeu.

Ouvi as armas de fogo dos mercenários e a Barrett, a


metralhadora e muitos gritos, seguido por silêncio.

— Sim, idiota, saia aqui. — Thresh chamou.

Eu saí, os mercenários estavam todos mortos, mas não vi


Cain em qualquer lugar enquanto eu corria pela confusão em
direção ao helicóptero, que estava pairando a alguns metros do
chão.

Alcancei o suporte e Thresh estendeu a mão direita,


segurou a minha e me puxou para cima e para dentro.
Encontrei meu pé e enfrentei meu melhor amigo, percebendo
que ele tinha um braço esquerdo semelhantemente quebrado −
embora isso não fosse novidade para mim, eu tinha esquecido.
A cena em Nevada parecia há séculos agora, embora foi apenas
uma questão de uma semana, se isso.

— Thresh, seu grande bastardo. Como você está?

Ele bateu em mim em um abraço de um braço e depois


recuou, enquanto Harris nos levava para o céu.

— Eles têm nossas mulheres, amigo.

Balancei a cabeça.

— Sim, Cain me mostrou um vídeo. — Olhei ao redor, vi


Anselm com seu rifle em um assento e Harris no assento do
piloto, mas não Puck. — No vídeo, Temple disse que Puck foi
baleado ou algo assim. Onde ele está? Que porra aconteceu?

Thresh estremeceu.

— Sim, hum, bem... nós ouvimos tiros, então levamos


nosso traseiro para a cabana de Puck...

— Espere, volte. — Eu interrompi. — Como você chegou


lá? E porquê?

— Estávamos escondendo as garotas. Puck disse que


ninguém sabia onde estava, que seria seguro. Achamos que
elas iriam esfriar lá enquanto nós viéssemos e pegássemos
você. — Um encolher de seus ombros enormes, embora sua
expressão escura, irritada desmentia a casualidade do gesto.
— Eles estavam no chão menos de quinze minutos e foram
emboscados. Puck atirou neles, mas eles jogaram gás
lacrimogêneo nas garotas, pegaram-as, colocaram Puck para
fora e decolaram.

— Então, onde está Puck?

Outro encolher de ombros.

— Nós não sabemos. Ele não estava lá. Vi um pouco de


sangue onde esteve, mas não estava em nenhum lugar para
ser visto, nem as garotas. Havia trilhas de pneus perto da base
da montanha, não longe da cabana, mas... — Thresh levantou
sua mão boa em um gesto desamparado. — Elas
desapareceram.

— Puck mantém uma moto de motocross perto da


cabana. Acho que ele foi atrás deles?

— É a única ideia que faz sentido. Ele não iria


simplesmente desaparecer, não quando sabia que estávamos
lá esperando. Mas se tem moto e achou que poderia chegar até
os filhos da puta? Sim, ele não hesitaria. — Thresh levantou
um rádio. — Ele tinha um rádio, mas estava no chão, onde
encontramos o sangue.

— Então... você disse fodam-se as mulheres e vamos


pegar Duke? — Eu exigi, sentindo a bolha de raiva explodir. —
Esqueça-me, eu posso cuidar de mim!

Anselm deu um passo para frente, segurando uma mão


para cima.

—Partimos do pressuposto de que era você quem tinha


um rastreador. — Disse ele. — Mas não era. Era...
— Temple. — Respondi. — Sim, eu descobri isso também.
Cain disse antes de você aparecer, que não era sobre mim, era
sobre ela. — Esfreguei minha têmpora. — Todo esse tempo eu
estava assumindo que os homens de Cain estavam atrás de
mim, seguindo-me, perseguindo-me.

— Significando o que? — Anselm perguntou.

— Significando que toda essa porra de coisa foi sobre


Temple! Vai vendê-la a alguém como escrava sexual. — Olhei
para Thresh. — Então, como podemos encontrá-la?

Thresh respondeu.

— Com a ajuda do nosso bom amigo Lear. — Gesticulou


para fora, para o complexo sobre o qual voávamos. — Ele
invadiu o sistema deles. Lear diz que pode encontrar o sinal
que estão recebendo e nos enviar para lá.

— E Puck?

Anselm respondeu. — Você gostaria de estar no extremo


receptor de um Puck muito irritado?

Fiz uma careta.

— De jeito nenhum.

— Nós vamos atrás das mulheres e assumimos que Puck


irá aparecer em algum momento.

Harris se moveu no assento do piloto, sua expressão


sombria.

— Mais uma má notícia, rapazes. — Ele bateu com o fone


de ouvido. — Apenas recebi um telefonema de Roth.
Aparentemente os homens de Cain chegaram a ilha também.
Eles têm Layla e Kyrie, também.

— Merda. — Thresh, Anselm e eu dissemos ao mesmo


tempo.

— Ele está planejando um leilão. — Disse Thresh.

Eu encontro o olhar de Harris.

— Acho que vamos precisar de mais amigos.

Harris concordou.

— Já feito. Eu tenho Sasha e o restante da tripulação do


Caribe por aqui, junto com um Valentine Roth muito, muito
irritado.

Todos ficaram em silêncio com a notícia, Roth era


intimidante quando estava em um bom humor.

Harris voltou-se para os controles e nós voamos em


silêncio por alguns minutos. Após um tempo, Harris
endireitou-se, ouvindo algo em seu fone de ouvido.

Ele se virou para nos encarar.

— A boa notícia é, Lear tem o sinal.

— E a má notícia? — Perguntei.

— Eles estão sobre o Atlântico, indo para a Europa. —


Harris estendeu a mão e bateu no meu ombro.

— E sobre Puck? — Perguntei novamente.

Harris riu sombriamente.

— Algo me diz que ele está naquele avião.


Puck: Alpha One
Security:
Livro 4 em breve
Jasinda Wilder

99 PROBLEMAS
Agora, já estive em algumas situações cabeludas, mas
essa aqui? Essa era um inferno do caralho.

Eu segui o Hummer com as garotas dentro dele por algo


como cem quilômetros, mantendo-me fora da estrada e
seguindo de dentro da linha das árvores, ficando tão longe
quanto me atrevia, quando a linha das árvores se esgotou. O
que era um trabalho difícil em uma motocicleta de cross, mas
considerando que fui atingido no peito por algumas balas e a
ponta do meu dedo favorito − o do meio na minha mão
esquerda –foi arrancada, eu não estava feliz.

Usava um colete, então as balas no peito deixaram


apenas hematomas e doeu como uma cadela, mas não era
nada para se preocupar. O dedo foi um pouco problemático, no
entanto. Como, porra, eu o mostraria para as pessoas agora?
Com um coto? Foda-se isso. E sim, não fazia cócegas, ter um
dedo quase arrancado. Não tive exatamente muito tempo para
fazer um curativo, então acendi meu charuto, soprei até que
ficou bem quente e então usei a agradável cinza alaranjada
para cauterizar o final.

Parece divertido, certo?

Sim, não foi.

O problema era que um charuto não era nem perto de


quente o suficiente para realmente cauterizar alguma coisa,
então o coto estava sangrando novamente.

Este era o número... tipo, cinquenta, na minha lista de


problemas.

Ninety-nine problems, but a bitch ain’t one − a música de


Jay-Z passou pela minha cabeça, o que foi engraçado, porque
não era uma vadia que era o problema, eram duas. Não tirar
suas calcinhas era uma coisa fácil. Apenas não quis dizer
vadia como um termo genérico para mulher e neste caso, quis
dizer isso como um termo carinhoso − eu gosto dessas garotas,
Lola e Temple e é por isso que estou aqui em primeiro lugar.

Significativamente mais alto na lista estava o fato de que


estava no compartimento de carga de um 727 de propriedade
privada e estávamos bem lá em cima, o que significava que
estava frio para caralho ali, eles não tinham se incomodado em
aquecê-lo, já que estava vazio... exceto pelo meu velho eu.

Também um problema era que eu não tinha armas, já


que deixei a espingarda atrás para andar de moto.

Além disso, não tinha planos para o que fazer quando


chegássemos aonde porra estávamos indo − a falta de
conhecimento era outro problema na lista.

Além disso, Harris e sua turma, até onde eu sabia, não


tinham ideia do que estava acontecendo, embora confiasse
neles para descobrir eventualmente. O que significava, no
momento, que eu estava sozinho.

No porão de um avião a uma altitude de cruzeiro.

Sem uma arma.

Responsável pela vida de duas lindas mulheres, que por


acaso eram as namoradas dos meus dois irmãos de armas
mais próximos.

E eu mencionei os vinte e poucos homens armados a


poucos metros acima de mim na cabine de passageiros?

A meu favor, no entanto, havia dois fatos: eu sou um filho


da puta duro e frio e estou muito irritado.

Ainda bem que gosto de festejar.

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