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Formatação: Lola
Verificação: Ray
É a mesma velha história... “garota se disfarça de garoto”,
mas com um toque de rock’n roll.
— Não! Não vá. Por favor, não vá. Sinto muito. Não sei o
que fiz de errado, mas sinto muito mesmo. Droga, como se
pede perdão em espanhol?
— Tudo bem?
— Não muito.
2
Sapatos casuais da Converse no Brasil.
Imaginando o sermão que o cara dentro do auditório
deveria levar, começo uma contagem regressiva,
perguntando-me quanto tempo até que a banda o expulse de
lá.
— Como?
3
Licks são pequenos solos com as características do guitarrista executados durante a
música.
garotas jogam suas calcinhas e gritam, onde quer que a
NonCastrato se apresente. Sua voz é a razão do sucesso da
banda.
Ele ri.
Reviro os olhos.
Oh, mano!
REMY
Trinta minutos depois da minha vida ser arruinada,
baixo o volume de “I Love It” de Icona Pop4 no rádio do carro e
estaciono a uma quadra do restaurante mexicano
Castañeda’s.
4
Icona Pop é um grupo sueco formado em 2009 e que tem a electro house, punk e indie pop
como influências musicais.
Já havia tirado a peruca de roqueira punk, então
penteio mais uma vez a juba escura com os dedos, pego a
bolsa e contorno a entrada principal do Castañeda’s até
chegar ao beco lateral, onde cumprimento Mick, o sem teto
que acampa por ali à espera dos restos de comida. Assim que
entro pela porta traseira do restaurante e penduro a jaqueta
no gancho, ouço o rádio tocar uma melodia latina familiar, ao
mesmo tempo que sinto um calor úmido penetrar meu
suéter.
Ele ri.
Ele suspira.
— Questão de opinião.
5
Grupo de música folclórica mexicana.
— Elisa! — O tom forte da voz do meu tio me faz
levantar os ombros até que minha coluna esteja reta como a
de um militar.
— Sim?
— Chegou tarde.
— Idiota.
6
Jogo de videogame.
Enquanto estou procurando um avental de garçonete e
um bloco de pedidos em baixo do balcão, ouço uma voz suave
me chamar do caixa. Levanto os olhos para ver minha
pequena avó de cabelos prateados sentada em um tamborete
me olhando. Tinha esquecido completamente que Big T havia
avisado que ela estaria aqui esta noite. Isso mostra o quanto
meu cérebro ficou disperso depois do teste.
Já que vovó foi morar com tio Alonso assim que chegou
aos Estados Unidos com um visto de trabalho, dois anos
antes de eu nascer, criei-me virtualmente sob seu teto... e
seu governo. E, mesmo que minha avó pudesse ser assertiva
quando necessário, era uma alma doce e em geral
complacente com a autoridade de seu filho mais velho.
7
Céline Dion em Titanic.
PARTE II
— Tanto faz. Não quero ter nada que ver com aqueles
imbecis agora. O que eu realmente gostaria de fazer é obrigá-
los a escutar o meu talento e depois rir e dizer não na cara
deles, quando me pedissem para tocar na sua banda.
— Oh, sim. Eu gosto dessa ideia. — Diz Jodi, apontando
na minha direção antes de tomar fôlego e continuar. — Faça
isso.
— Hã?
8
Uma Babá Quase Perfeita, no Brasil.
necessários para fazer algo assim. E fica ainda mais difícil
quando precisa parecer realista.
— Mande-os embora.
9
Marca de guitarra.
Desta vez, eu suspiro, massageando com as duas mãos
a parte de trás do pescoço para evitar que todas as veias
explodam.
11
O Barracuda é um coupé esportivo de porte médio da Plymouth, antiga divisão da
Chrysler.
— Zoey parece cem por cento melhor e o médico acha
que poderemos levar o J.B. para casa em uma semana.
— Asher?
— O quê?
— Que cerveja?
— Lindo carro.
— Obrigado. — Diz ele, abrindo a porta para mim. —
Não estava sequer ligando quando o encontrei. Troquei o
original 302 por um 351 e instalei um novo sistema de
calefação e ar, antes que ele voltasse a ronronar.
12
Fada Sininho das histórias infantis.
que a levaram a morte, eu era só um produto delas. Sempre
repito isso para mim mesmo. Não que me faça sentir melhor,
mas o que posso fazer agora? O que está feito... está feito.
— Olá.
— Está bem.
Sacudo a cabeça.
Eu bufo.
— Não.
Ela é assim.
— Jesus, é incrível.
Ela bufa.
— Só se quiser disfarçá-los mais ou menos. E, depois de
todo o trabalho que tive com sua máscara, você não está
autorizada a ter mais ou menos no resto.
Mas obedeço.
— Gracias. Eu acho.
— O quê?
Jodi suspira.
— Mas eu não...
— Fazer... o quê?
— O que acha?
— Sim. — Murmuro.
Porcos chauvinistas.
Idiotas.
— Sticks.
Se eu conheço?
Sargento instrutor. No original a personagem faz referência a uma frase do filme Forrest
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Gump.
Quando Hart inclina-se para o microfone e começa a
cantar, a adrenalina em meu corpo aumenta
exponencialmente. Tem uma coisa no seu jeito de cantar que
sempre faz minhas calcinhas ficarem molhadas. Sim, sei que
parece errado molhar minhas “calcinhas masculinas” com
entusiasmo juvenil, mas é o que acontece.
— De verdade? Gostaram?
14
Chimbal no Brasil. Basicamente, consiste em dois pratos montados em um pedestal,
equipado com dispositivo de pedal.
15
Prato de ataque, usado para acentuações de início e fim de compassos.
É obvio que gostaram. Eu tinha chutado totalmente a
bunda deles. Mas ouvi-los admitir em voz alta... menino, que
prazer me deu.
— Sem problema.
“Suor” é uma das músicas mais forte deles, com alguns
movimentos de bateria bastante complicados. Mas nada que
eu não pudesse administrar.
16
Coração de pedra, em português.
— Você pode tocar esta sexta-feira?
Hart assente.
Merda.
— Bem na hora.
Levanto um dedo.
— Ceilings17.
— Muito bem.
Tetos.
17
Repassamos a maioria das músicas originais e também
as versões mais populares que estamos acostumados a tocar
e cada uma parece melhor que a anterior.
Ótimo.
— Sim...
— Como?
A bela morena que lidera o trio vai direto para o bar. Ela
está furiosa.
— O idiota mereceu.
— Não é ruim.
— Ok — Grunhe.
— Não se intrometa.
— Não entendo por que você está sendo tão duro com
ele. Desde que foi morar com você, Brandt não teve nenhum
problema. Porra, ele tem sido ótimo.
— Não.
— Ah é? Merda.
— Hum?
— Legal. — Murmuro.
REMY
— Meu Deus! Eu sou uma idiota.
— Ugh.
— Certo — Murmuro.
— É um Go Girl19.
19
— Um dispositivo de urina feminino. Você sabe, para
fazer xixi de pé.
— Louca!
Balanço a cabeça, incapaz de acreditar que ela está
falando sério.
Eu aperto os dentes.
— Certo.
— Hum... Sim.
Dou de ombros.
Tento não ficar olhando para sua boca, mas ela é tão
loucamente sexy, que preciso limpar a garganta antes de
responder.
21
“Se eu soubesse”, em português.
“Contando estrelas”, em português, da banda OneRepublic.
22
sequer um resquício de ansiedade. Acho que meu
subconsciente percebe que se estragar alguma coisa vai estar
tudo bem, porque ninguém sabe quem realmente eu sou. Mas
no momento que Asher levanta o polegar em apoio,
silenciosamente me dizendo que tem certeza que eu vou fazer
tudo certo, uma pequena contração no meu pulso deixa tudo
dentro de mim um caos.
— É?
— Obrigado.
— Obrigado.
Eu sorrio e nos abraçamos de novo. Quando nos
separamos, vejo que ela está usando uma blusa justa
amarela com um decote profundo. Deus, deveria ter
adivinhado que ela era a fã da qual Galloway estava falando.
Jodi ri.
— Hum, obrigada.
Merda.
REMY
Não sei quantas vezes fomos parados por fãs que
queriam abraçar Asher, beijá-lo, ou simplesmente tocar sua
camiseta. Algumas não faziam contato corporal, mas ainda
chegavam bem perto, fazendo nossa caminhada até o bar
parecer a maratona de Boston.
— Asher!
— Exatamente.
— Quem é? — Pergunto.
— O marido de Caroline.
— Você acha que sou mais sexy que Hart, não? Vamos,
pode confessar. — Diz ele me dando uma cotovelada.
Sem querer olhar para ele, faço uma cara feia para Ten,
por me colocar nesta posição.
Ele olha para uma porta ali perto antes que uma voz fale
a nossa esquerda.
— Aqui.
Asher e eu viramos e vejo um homem lindo sorrindo
para mim, com um anel de lábio e piercing na sobrancelha.
Estendo a mão.
— Quero. — Respondo.
James William Buffett, cantor e compositor norte-americano cujo maior sucesso chama-se
23
“Margaritaville”.
Marca de cerveja.
24
Marca de cerveja.
25
— Remy? — Diz Ten, chegando assim que Asher se
afasta.
— Vocês... se conhecem?
Enquanto rezo em silêncio para que digam não, Jodi
passa a língua nos lábios e seu olhar move pela camisa preta
e justa de Ten.
Jodi dá de ombros.
Eu suspiro.
REMY
— O quê? — Imediatamente olho em volta, para ver se
alguém ouviu, mas felizmente, ninguém prestou atenção.
Então, viro-me de novo para Ten, que está com os olhos
arregalados analisando meu peito.
Não tem sentido negar, não sei por que falei isso. Tinha
planejado revelar a Asher, Galloway e Holden depois desta
noite o que eu era... ou melhor, o que não era. Realmente não
havia necessidade de prolongar mais, mas... achei que seria
mais respeitoso dizer a banda cara a cara e não deixar que
Asher descobrisse sozinho.
— Ou uma garota.
— Ouça! Não...
Endireitei-me e pisquei.
— É?
— O quê?
Olho para trás e quase faço xixi na calcinha quando vejo
Asher se aproximando com uma caixa nas mãos. Ele deixa a
caixa no balcão e pega duas garrafas, antes de dizer a Ten
para decidir o que fazer com as cervejas que sobraram.
Depois tira as tampas e me passa uma.
Asher riu.
Quando ele olha para mim posso dizer com certeza que
vai mudar de assunto. Isso me intriga. Um cantor, líder de
uma banda que não está interessado em falar sobre si
mesmo. Estranho.
— Entendo...
— O baterista. É obvio.
— The Bangles?
— O quê?
28
The Bangles é uma banda Americana formada só por garotas.
— Nada. — Diz ele, fazendo um gesto com a mão. —
Simplesmente não esperava uma banda punk junto com
todos os grupos de rock que você estava citando.
Concordo respeitosamente.
— Legal.
Não digo que sou bastante parecida. Gosto de tudo,
country, rap, alternativa, hip hop, clássica... simplesmente
amo música.
Será que isto significa que ele tinha uma mão na criação
de algumas de nossas canções originais?
— Terceira — digo.
PARTE II
— Posso imaginar.
Eu com certeza havia experimentado a mesma sensação
que as outras mulheres tiveram esta noite.
Deixo escapar uma risada nervosa, feliz por ela não ter
dito nada revelador, além de me chamar de puta e oferecer
uma falsa chupada. Espero que Asher não tenha captado
nada disso. Mesmo assim, ela está tão bêbada que pode me
delatar a qualquer momento.
— Eu...
ASHER
Essa ligação... foi maravilhosa, incrível e mudou a
minha vida. Desde que atendi o telefone sou uma mistura de
antecipação e nervosismo.
— Toc, toc.
— Idiota de sorte.
Encolho os ombros.
Ele bufa.
30
Música de Van Halen.
— Ouça! — Grito, olhando para Gally. — Pode parar já
com os comentários depreciativos. E sim, ele pode opinar.
Sticks agora é tão membro da NonCastrato como qualquer
um de nós.
— Você não tem que ficar aqui por minha causa, posso
fechar a porta quando sair.
— Não, eu só...
— Espera. Você...?
— Tod... Todas?
— Sim, claro.
— Inclusive “Ceilings”?
Entendo imediatamente.
PARTE II
Sticks sorri.
Não sei por que disse isso. Talvez, porque ele havia
contado sobre sua mãe e eu senti que deveria contar algo
sobre mim, especialmente porque vivemos situações
similares.
— Cada palavra.
REMY
Entro no meu apartamento com a caixa oficial da
NonCastrato nos braços sem conseguir parar de pensar em
tudo o que fiquei sabendo no ensaio de hoje... ou melhor,
tudo o que havia descoberto depois do ensaio.
— O quê?
— Sei.
— Talvez, não.
— Você está louca? Não posso fazer isso. Sou seu colega
de banda, que ele pensa que é um menino. Meu Deus, se
Asher descobre quem eu sou realmente, vai pensar o mesmo
que Ten. Que eu sabia da música o tempo todo e que me
disfarçar de garoto foi só uma artimanha para me aproximar
dele.
Jodi sorri.
Isso é verdade.
— Sim.
Encolho os ombros.
— Isso... surgiu.
— Obrigado.
REMY
Enquanto Knox pula por cima do balcão para sair com
Pick em direção a Miller Hart, eu olho para a área do palco
em busca de Asher. Neste momento começa a tocar uma
canção do One Direction, então o que quer que ele estivesse
ajudando o cliente a fazer, deve ter terminado. Isso significa
que provavelmente vai voltar para o bar.
— Sticks! O que...?
— Ah.
Mas certamente não quero que ele pense que não pode
confiar em mim.
— Ah.
Dou de ombros.
— Ah tem?
Asher vem para o meu lado e fica de boca aberta quando
vê a foto que eu estou apontando. No porta retrato, Asher se
encontra parado no palco, cantando no microfone, enquanto
toca guitarra. Os outros membros da NonCastrato estão
desfocados, ele é o foco principal da foto, obviamente.
— O quê?
Solto um suspiro.
— Sim.
— Por quem?
— O quê?
— O quê?
— Perdão?
— Ele já sabe.
— De verdade?
— Por que meu pai está aqui? Ele ainda está? Ele...
— Não, ele se foi. Knox e eu, especialmente Knox, o
acompanhamos à porta e explicamos que ele nunca vai ser
bem-vindo sob este teto.
O alívio me inunda.
— Sim.
— Bom... porra.
E finalmente...
— Bom...
Afasto o olhar.
— Vamos lá.
— Tente.
Não estou tão surpreso pelo que ele disse, mas sim por
saber que acredita nisso. Eu nunca teria pensado.
— Eu?
— Muita informação?
— Não.
31
Música do grupo The Supremes.
realidade porque, merda... Alguém pode estar morando na
casa dos seus sonhos e talvez ela só esteja disponível para a
venda daqui a alguns anos. Por que se torturar e a Eva,
colocando tudo de cabeça para baixo e incomodando-a no
processo, quando poderiam estar desfrutando as melhores
partes juntos?
— Então... aí está.
Ele dá de ombros.
— Diferente como?
Asher alugou uma van para nos trazer junto com todo
nosso equipamento. Como a bateria ocupa muito espaço,
viemos apertados e o cheiro era de morte porque Heath tem
um sério problema de gases.
— Como?
32
Estádio de futebol americano.
Asher lança a Gally um dos cartões.
— Boa!
— Bom...
Que irreal.
— Oh...
Asher bufa.
— Como você consegue lembrar de tudo?
— É...
Ele só dá de ombros.
— Que contrabando?
Levanto as mãos.
Observei-o impassível.
Eu começo a rir.
Não devo olhar. Não devo olhar. Não devo olhar, mesmo.
Realmente estou sendo uma boa garota e não estou olhando.
Mas aí ele vai para o banheiro e passa pela minha cama,
justamente quando estou com os olhos abertos no quarto às
escuras... Bom, às escuras até que Asher acende a luz do
banheiro e me dá de presente a visão da sua bunda nua
perfeita. Deus. Aquelas nádegas bronzeadas são... São... Sim.
Deus.
— Uh...
— Obrigado.
Enrugo o nariz.
Não foi meu momento mais atraente, mas ele pensa que
eu sou um menino, então... quem se importa? Eu o derrotei
na guerra dos salgadinhos. Yuuuhuuu!
— De verdade?
33
Scooter é um personagem muppet da série The Muppet Show.
— Ok. Mas quero decidir se elas são ruins ou não. Além
disso, noventa por cento das minhas cheiram mal também.
Agora... me dê isso.
Solto um grunhido.
Dou de ombros.
Dou de ombros.
— Oh, desculpe cara, mas não foi isso o que Monique fez
quando vocês transaram?
Eu reviro os olhos.
— Porque...
— Porque...?
Levanto as mãos.
— Patético, não é?
— Grande?
— Não. Você?
— Como são?
— Sim.
— De verdade?
Assinto.
Ele ri.
— Tudo bem.
Levanto as sobrancelhas.
— Então, cante.
Reviro os olhos.
Dou de ombros e fico feliz que ele não possa ver o rubor
por baixo da máscara.
— Merda.
— Olá de novo.
— Não. — Sussurra.
— Deus.
Decido fingir que não sei de nada. Sim, isso soa bem.
— Que garota?
— É?
— Esquisito. — Murmuro.
Ele assente.
Eu precisava vê-lo.
34
Sitcom americana. Cheers era o nome de um bar em Boston, onde um grupo de pessoas
conhecidas vinham para sentar, beber, contar fatos malucos, reclamar e contar piadas.
Dez. É isso. Ten.
— Quisera eu.
Ten ri.
Sabendo que não vou ganhar contra esse cara, finjo que
não ouvi e vou procurar o depósito.
REMY
Não percebi o que falei até que Asher me dá um sorriso
confuso.
— Droga. — Murmuro.
— Claro.
Franzo a testa.
— Cale-se.
— Ten. — Advirto-o.
— Ela era mais alta, com o cabelo preto e liso? Mais alta
que Jodi? Usava uma camiseta do Incubus preta e apertada?
Eu confirmo.
— Uma carona?
PARTE II
— Vire aqui.
— Sim, eu sei.
— Bem aqui.
— Melhor? — Grita.
— Sim, obrigado.
— Isso é um esquilo.
— Certo, idiota. Bem, como você pode ver, meu pai não
está escondido na minha casa com um facão, uma pistola ou
um motosserra. Estou perfeitamente a salvo aqui com meu
esquilo selvagem. Então...
Dou um olhar que diz que ele está louco até mesmo por
perguntar.
Assim que digo essas palavras lembro que ele sabe sim o
que é ser surrado... por seus pais.
35
Call of Duty: Black Ops III é um jogo eletrônico de tiro produzido pela empresa Treyarch.
momento ele trouxe aperitivos e bebidas. Foi tudo tão
divertido que simplesmente perdi a noção do tempo.
— Santa merda.
Ele bufa.
Que idiotas!
Um olhar inquieto cruza o rosto dele, mas logo em
seguida inclina a cabeça e coça a nuca.
Eu começo a rir.
— Tem razão.
— Obrigado.
Ele fez uma última careta e isso foi tudo. Fomos para o
palco, tocamos com o coração e deixamos a multidão gritando
e pedindo mais.
37
Marca de vodka.
— Idiota ambicioso. — Reclama Gally, roubando a
garrafa pela metade da boca de Remy, que acaba derramando
Vodka pelo queixo.
38
Remy está muito ocupado franzindo a testa para o
pedaço de doce que eu roubei. Ele levanta a mão para roubar
de volta e grunhe quando sou mais rápido, tirando-o da boca
e balançando o Twizzler ironicamente. Então, eu lambo todo
o comprimento do doce, espalhando meus germes para que
ele não o quisesse de volta porque estava nojento.
— Completamente, baby.
— Bem...
— O quê? — Pergunto, olhando-o.
— Uh... claro.
— Obrigada.
— Eu...
— Ou arruinar um casamento.
ASHER
Bom, isto fede. A noite começou muito bem e
rapidamente caiu para o inferno. Tudo porque estive
pensando com meu pau estúpido.
Pronto, falei.
— Eu desconfiava. — Suspiro.
— É?
— Não acredito.
— Huh?
— Comida?
— Taco Bell39. Só há um lugar para ir depois de uma
noite bebendo. Yo quiero un Taco Bell — Cantarolo o jingle
do restaurante.
39
Taco Bell é uma rede de restaurantes de fast-food, inspirada pela culinária mexicana.
40
Tinga é um prato mexicano típico feito com carne moída, tomate, cebola, alho e uma
variedade de molho de pimenta.
— Sim.
— Uh...
— Na realidade, não.
Eu bufo.
Ele bufa.
— Pode ir sonhando filho da puta. Acho mais fácil se
você simplesmente enfrentar os fatos. Nunca vai me ganhar
porque sou uma lenda.
PARTE II
— Ok.
— Glendale.
Mas tudo ficaria pior se tivesse ido para casa dele ontem
à noite. Preciso me distanciar, estou sentindo muitas coisas e
fica difícil lidar com ele por perto.
— Mas, e os pães?
Asher!
Ele quer saber o que vou cantar. Sei que tio Alonso
espera que eu cante somente em espanhol, mas decido fazer
um pequeno mix dos dois idiomas.
— Fazer o quê?
— Então...?
— Você não quer sair com ela. — Solto, sem saber mais
o que dizer.
Asher ri.
— Por quê?
— Porque...
— Não.
— Então o que é?
Mas eu sei que não está ok, ele realmente quer conhecer
minha versão feminina.
Ele insistiu que não era nada disso, mas alguma coisa
tinha que ser. Ele agiu como uma mulher que diz que está
bem, quando você sabe que não está. A conversa inteira
pareceu estranha, como se eu estivesse falando com uma
garota. Nunca me preocupei em ferir os sentimentos de
outros caras, muito menos com o que eles estavam sentindo.
Não havia drama, ou dava um chute no traseiro por me
incomodar ou mandava a merda. Cinco minutos depois
éramos amigos de novo.
— Hum?
— Eu entendo, ok?
Quando ele estaciona na frente de um trailer, endireito-
me no banco e esqueço meus próprios problemas. Chegamos
a casa do meu tio, que é o único membro da família com
quem eu mantenho algum contato, embora faça três ou
quatro anos desde a última vez que o visitei... ou liguei.
— Não, este é Pick. Pick Ryan. Ele, uh... Bom, ele é seu
sobrinho também.
— Obrigado, homem.
— Hum?
Pick vira-se para mim, acho que está muito atônito para
falar. Sorrio para Murphy e decido explicar o que está
acontecendo.
— Sim, perfeitamente.
ASHER
Depois que meu irmão me deixa em casa resolvo parar
de ser covarde e inseguro. Se é maturidade o que Pick chama
isto, então eu serei maduro e vou ligar para Remy. Além
disso, quero matar uns zumbis com meu amigo de novo.
— Estava?
— Que diabos?
— É claro.
— É verdade.
Marca de cidra.
41
Largo a taça quando vejo-o entrar em um prédio com a
arma ainda no coldre.
— Sou?
Ou me importasse.
— E você?
— Hum?
— Sim, mas teve lidar com seu tio depois de não o ver
por.... Quanto tempo? E passou a manhã toda com Pick,
quando há um mês atrás cagava-se de medo.
— Mas e se ele...
Ele ri de volta.
— Merda. — Murmuro.
— O que aconteceu?
— Meu amigo Mason...
— O do bar?
— Sim.
— Isso deve ter sido uma merda. Alguma vez falou com
alguém sobre isto?
Eu bufo.
— Hum?
Solto um suspiro.
PARTE II
REMY
Então fiquei tomando conta dos pequenos.
Não significa,
entretanto, que não tenho remorso. Embora, provavelmente,
teria feito tudo de novo. Adorei tocar com a banda e a
oportunidade de conhecer Asher.
— Vida de garota?
— Bom, eu...
— Orem? — Pergunto.
PARTE II
— Dois membros?
— Quem?
— Pare. — Grunho.
Caroline dá de ombros.
— Não sei. —
Murmura Caroline, sorrindo maliciosamente. — Um garoto
pode perdoar muita coisa depois de...
Pobre garota...
— Água?
— Gracias.
— Espera.
Eu congelo.
— Sim?
Solto um suspiro.
— Uh...
Olho para Elisa sem saber como dizer que ela foi
deixada para trás.
— Tu casa. — Sussurra.
— Não, espere!
— Ainda não.
— O quê?
Eu engasgo.
— Grande.
— Sí! Sí!
43
Empire State Building é um prédio de 102 andares na Fifth Avenue em New York.
O prazer é tão intenso que meus músculos internos
contraem e eu gozo antes mesmo que ele comece a
bombear. Asher fica dentro de mim observando meu rosto
durante o orgasmo e só quando tento recuperar o fôlego, ele
começa a sorrir.
— Te amo. — Digo.
Eu sorrio.
— Vamos. — Murmuro.
A cadela me dá um sorriso.
REMY
Às duas da tarde eu tinha me acalmado, ou pelo menos
não estava mais chorando, mas foi preciso muito tempo e
persuasão da Jodi para eu conseguir ir ao ensaio da banda.
— Hum?
— De verdade?
Jodi não está por perto quando voo para dentro do meu
apartamento, mas gostaria que estivesse para me convencer
de que vou fazer o certo.
Tiro a roupa de Sticks, visto-me como Remy, a garota, e
me dirijo ao apartamento de Asher... como uma mulher.
Abro a boca para dizer que não, que tinha o dia livre,
mas ele segura meu rosto e me beija. Amo os lábios de Asher.
Quero dizer, sério, sua boca mata as células do cérebro.
Minha mente entra em curto-circuito quando seguro os
braços fortes e o beijo também. Asher geme, levanta-me e eu
passo as pernas ao redor da sua cintura. Ele me prende na
parede ao lado da porta e continua me beijando enquanto
tenta abri-la.
44
Observador. Indivíduo que experimenta prazer sexual ao ver estímulos sexuais, objetos
associados à sexualidade ou o próprio ato sexual praticado por outros
Tenho que ir embora. Duas noites seguidas é ... é duas
vezes pior. Mas assim que tento sentar, os braços dele me
apertam com força.
— Não?
PARTE II
— Não! Não vá. Por favor, não vá. Sinto muito. Não sei o
que fiz de errado, mas sinto muito mesmo. —
Murmura, como se fosse ele que tivesse arruinado tudo e não
soubesse como consertar. — Droga, como se pede perdão em
espanhol?
— Elisa?
— Tudo bem?
— Não muito.
A voz dele soa rígida, até mesmo para meus ouvidos.
Não tenho certeza de como provoquei isto, porque continuo
agindo como duas pessoas diferentes.
— Uh...
— Asher? — Grito.
— Aqui em baixo.
— Obrigado.
— Estou bem.
Fico de boca aberta. Não achei que iria falar sobre isso e
por um momento, não sei o que dizer. Quando ele levanta o
rosto, está tão culpado e arrependido que minha própria
culpa e necessidade de dizer a verdade está na ponta da
língua.
Encolho um ombro.
ASHER
Quando chego ao Forbidden à noite ainda me sinto sem
energia, pronto para deitar de novo na cama e hibernar o
resto do inverno.
— O quê?
— Ten. — Advirto.
— Uh?
— O quê?
PARTE II
— O quê?
Perfeito.
Caralho, Ten.
— Incrível.
Passo as mãos pelo rosto e me viro, porque é muito
difícil olhar para Elisa e não lembrar cada detalhe de tudo o
que tínhamos feito na cama.
— E Elisa? — Sussurro.
— Certo.
— Espere! E amanhã?
— O quê?
Caralho.
Tenho certeza que não o deixei sair. Com tudo o que tem
acontecido com Elisa estes últimos dias, não tive tempo de
deixá-lo correr livremente, desde segunda-feira.
— Mozart?
Quero morrer.
— Mmm... dia.
Jodi dá de ombros.
— É.
Dou de ombros.
Odeio.
45
“Olhos Verdes”, em português.
A amargura por ser enganado luta contra uma parte
minha que quer perdoá-la.
46
“O Motivo”, em português.
No refrão da música finalmente torna-se claro. Ela
pensa que só por estar cantando... vai me ter de volta.
Abro a boca para dizer que é a porra do seu bar, que ele
pode expulsá-la a hora que quiser. Mas Pick sorri.
47
“Por Favor me Perdoe”, em português.
— Além disso, dei permissão para ela cantar a noite toda
se quiser.
— Não, não quero ver você sofrer. Quero ver meu irmão
se reconciliar com alguém que foi um bom amigo para ele no
mês passado e o fez muito feliz no processo.
48
“Sangue Ruim”, em português.
49
“Desculpa Parece Ser a Palavra Mais Difícil”, em português.
50
“Coisas Melhores para Fazer”, em português.
até que a porta se abre e Pick entra. Aperto os dentes e
balanço a cabeça, indicando que de maneira nenhuma estou
disposto a falar sobre isto.
Dou de ombros.
Abro a boca para dizer que não, mas acho que aprendi
algumas coisas sobre ela e sabia que não desistiria fácil.
Tenho certeza de que a sua versão feminina é tão competitiva
quanto o Sticks era.
— Mas você não acredita que ela teve uma boa razão?
— Não sei.
51
“Você é minha querida, minha garota. Amo você.”
estar dizendo que ela fez um bom trabalho. Antes que eu
perceba o que estou fazendo, vou até eles.
— O quê?
— Este é meu primo Tomás, Big T., que aceitou ser meu
assistente hoje. Talvez, você se lembre dele do Castañeda’s,
tocou violão quando eu cantei...
— Qual o problema?
— Bem, porque não fiz. — Então ela tem uma ideia, por
que franze a testa enquanto olha para o cabo cortado. — Você
sabe, isso está parecendo com o que aconteceu com o cabo
da bomba de combustível da sua moto, também foi
cuidadosamente cortado. — O jeito com que ela me olha
demonstra que tem outra teoria de conspiração se formando
na sua cabeça. — Claramente alguém está querendo
incomodá-lo. Ainda acho que é seu pai.
— Ah.
— Merda.
52
Dança mexicana.
Husband” para eu dançar com o Mason? Acho que isso vai
animá-lo.
— Mais uma.
Cantei sua música, mas não cantei para ela. Olhei para
Asher e todas as palavras que saíram dos meus lábios eram
para ele, que me observava, enquanto bebia uma garrafa do
Angry Orchard.
— Que...?
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“Acabei de Fazer Sexo”, em português. Música de The Lonely Island.
Asher inclina-se, rindo tanto que mal pode cantar sua
parte da música, só no final ele consegue se controlar.
Sabia que não deveria ter sido eu, mas não fui capaz de
resistir. Todo mundo precisa ouvir “eu te amo” pelo menos
uma vez na vida.
— Você falou?
Ele dá de ombros.
— E?
— Asher, espera.
Seguro seu pulso e aperto as pernas, prendendo sua
mão onde está, mas evitando que me desse mais prazer...
então o maldito homem curva o dedo dentro de mim.
Asher ri.
Eu sorrio.
— Bem... — Murmuro.
Ele ri, sai da cama, tira o paletó e começa a desabotoar
a camisa.
— Uh-huh.
Então me beija.
— Por favor.
— Te amo. — Sussurro.
54
Eu te amo mais do que já amei alguém.
Acho que ele desmaiou, porque permanece imóvel em
cima de mim, com a testa descansando no meu ombro...
então, ele acaricia minhas costas.
— Obrigada.
— Sim.
— Certo. — Asher deita-se atrás de mim sob as cobertas
e coloca o braço em volta da minha cintura. — Eu gosto de
dormir com você.
— Ele se foi.
Ofegando, dou um passo para trás, levando as mãos ao
peito e piscando para ele, tentando dar sentido as suas
palavras.
— E você não acha que teria visto ele correr entre suas
pernas quando abriu a porta?
Eu me viro lentamente.
ASHER
A vontade de correr atrás de Remy e arrastá-la de volta
para o meu apartamento é enorme. Porra, ela provavelmente
está chorando agora e não quero isso, só quero que a minha
cabeça pare de doer por alguns minutos para que eu possa
pensar com clareza novamente.
— O que... Mozart?
Tudo terminou bem entre Pick e eu. Vai dar certo com
ela também. E estranhamente, parece que mais uma vez
estou arriscando tudo que importa na minha vida apenas
para construir um relacionamento com alguém. Mas esta
menina vale a pena.
— Afaste-se.
— Já chega. — Ordena.
PARTE II
Remy estremece.
— Costumava ser?
— Sim, eu vou.
— E quanto a Elisa?
— Mas...
— Não. Shhh.
Abro os olhos.
— Te amo tanto.
— Isso, querida.
— Claro.
— Oh Deus... Remy!
Corro até lá e me ajoelho junto à figura imóvel. Seu
rosto está irreconhecível, inchado e com manchas, mas pela
cor do cabelo dá para ver que é ela.
56
Autoinjetor de epinefrina.
Estou a ponto de atirar a bolsa longe quando sinto algo
duro em um bolsinho com zíper. Quase choro de alívio
quando leio em letras pretas Epipen.
— Vai ficar tudo bem. Oh Deus. Está tudo bem. Vai ficar
tudo bem.
Mando uma mensagem para Pick. Não sei por que fiz
isso, ele é um recém-casado que provavelmente está na lua
de mel agora. Não deveria tê-lo incomodado, mas Pick é
minha família e eu preciso de alguém comigo. Entretanto não
pedi que viesse, só contei o que aconteceu.
Mas quando olho para eles, Gally está falando com voz
aborrecida para Jodi: — Será que vamos fazer sexo esta
noite? Afinal, fomos caridosos vindo aqui ver como ela está...
— Filho da puta.
Bato de novo, provavelmente quebrando o seu nariz,
mas ele também bate com algo ao lado da minha cabeça,
jogando-me no chão.
Encolho os ombros.
REMY
Acordo com o dedilhar suave de um violão. No fundo,
um monitor emite um bip e um outro som, acho que de
oxigênio.
Sim, ele é
Atravesso quilômetros
De pé ao meu lado.
Só você e eu
Ao seu lado.
— Estava?
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Amo você. Você é meu bebê, minha garota.
força, sentindo os dedos dele acariciarem a veia pulsando no
meu pescoço.
REMY
Bom, a NonCastrato acabou sobrevivendo. Perdemos
mais um membro da banda, mas surpreendentemente, ou,
talvez, eu devesse dizer tristemente, não foi Gally.
Ele geme e sinto seu pau cada vez mais duro apertar o
meu traseiro.
— Sério?
— Tem certeza?