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Copyright © 2022 Julia Cristina

Revisão: Patrícia Nascimento

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Todos os direitos reservados.

É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte


dessa obra, através de quaisquer meios (tangível ou intangível) sem o
consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime.
Este livro não deixará sua mente culta, mas espero que deixe seu
coração cheio de amor.

E sua calcinha molhada...


SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
REDES SOCIAIS
OUTROS LIVROS
Í
CAPÍTULO 01
— Já são dois meses de aluguel atrasado. — O senhorio diz,
impaciente. — A senhora deu sua palavra de que pagaria este mês e...

— Olha, senhor... — Intervenho e aponto minha avó, deitada no sofá,


com os olhos caídos e boca aberta, coberta por uma colcha grossa. — Minha
avó está doente. Minha mãe usou todo o dinheiro para comprar os
medicamentos e pagar alguns exames, sabe que no Brasil, a saúde pública é
deprimente.

Mamãe funga, escondendo o rosto enquanto chora. Vejo a expressão


do velho Reginaldo suavizar. Ele coloca a mão no ombro da minha mãe e
apazigua:

— Tudo bem. Eu entendo que as coisas não estão fáceis. Vou dar
mais cinco dias para vocês conseguirem o dinheiro. Infelizmente o prédio
não é meu e o patrão vem daqui uma semana e terei que dar conta.

— Obrigada, Sr. Reginaldo! — Mamãe pula no velho, seus seios de


silicone o esmagando no processo. Vejo o senhor ruborizar e lutar
bravamente para não babar no decote dela. Ele merece um cartão de último
fiel do mundo por vencer a árdua batalha.

— Por nada, Amélia. Melhoras, dona Gina.

— Obri... — Vovó começa a tossir. — gada, meu... — Outra onda de


tosse. — filho...
Aproximo-me do sofá e acaricio seus cabelos.

— Não se esforce, vovó!

— Isso, não se esforce. Boa noite, eu vou indo! — O homem foge de


nosso apartamento e mamãe suspira quando fecha a porta.

Vovó levanta do sofá, quase me derrubando no processo, sua calça


pantalona branca sofisticada e a blusa de linho rosa dando as caras quando
joga a coberta no chão. Ela passa a mão pelos cabelos e aponta as unhas bem
feitas pintadas de branco para a filha:

— Precisamos encontrar um idiota esta noite! — Então se volta para


mim: — Enquanto você fica se mostrando na internet... Nós estamos lutando
arduamente aqui, menina!

— Foi me mostrando na internet que consegui manter alguma


dignidade nos últimos meses. Mas tudo bem, vou com vocês esta noite e se
gostar de alguém, vou fazer o que sempre vi vocês fazendo.

— Minha garota! — Mamãe se aproxima e beija minha testa.

Reviro os olhos e sopro minha franja em um ato de impaciência.


Mamãe e vovó vivem de dar golpes e, honestamente, com vinte e dois anos
de idade vivendo desta forma, se tornou normal para mim, fingir que Gina é
uma velhinha doente, dar calote e sair dos locais na madrugada sem ser vista
ou me fingir de boa garota para os potenciais padrastos.

Amélia teve bons maridos, mas algo sempre acontecia. Como no


último, cinco meses atrás com ela caindo acidentalmente com a boca no pau
do cunhado e sendo flagrada pelo último milionário a quem seduziu. Então o
velhinho de quase cem anos ficou desnorteado e seus filhos a enxotaram,
prometendo processá-la e usar as imagens das câmeras.
Então, sim, somos três trambiqueiras, mas nunca me envolvi com
ninguém com o intuito de dar um golpe, então levo o título por ser omissa.
No entanto, nossa situação está insustentável e o Sr. Reginaldo é bonzinho
demais para ganhar um calote. Gosto dele realmente, ele é empático, algo
que as pessoas dizem ser a todo o momento, mas não são na prática.

— Finalmente! — Vovó comemora, orgulhosa.

Afinal, seu legado de golpista está sendo passado adiante. É quase


como se eu estivesse indo fazer o meu TCC de trambique.

— Mas com uma condição… — Digo, fazendo ambas olharem com


desconfiança. — Vocês duas não irão fazer nada, vão ficar em casa,
quietinhas.

— Uma ova! — Vovó exclama. — Acha que não sei o que quer
fazer? Sempre nos diz para parar. Vai fingir que não conseguiu nada e voltar
sem um potencial marido rico para casa!

— Não irei fazer isso. — Reviro os olhos.

— Então nós iremos juntas, mas ficaremos apenas como sua


companhia. — Mamãe intervém.

A realidade é que precisamos mudar de vida. Os bicos que faço aqui


e ali não ajudam muito. Talvez aturar um velho babão por um ano seja o
bastante para fazer o meu pé de meia, juntar dinheiro para começar a
faculdade, que sempre foi o meu sonho e aposentar as duas da vida ordinária
que levam.
Pouco mais de uma hora mais tarde, meus cachos castanhos claros
estão presos em um rabo de cavalo alto, a franjinha cacheada que amo dá
mais ênfase aos meus olhos escuros e molda o rosto de um jeito que me faz
parecer doce. Sorrio para mim mesma ao encarar minha roupa. Diferente de
mamãe e vovó, não uso roupas das épocas luxuosas. Fico no meio termo
entre o estilo hippie chic, composto por vestidos e saias longas, leves e
frescos, muitas cores vivas e também uso e abuso de jeans e cropped.

Hoje estou usando saia longa laranja com tecido fluido, blusa azul
claro colada, de uma manga só, e sandálias rasteiras com amarração nos
tornozelos. Abusar de combinação de cores é algo que sempre faço.

As últimas noites têm sido de muito vento no Rio de Janeiro, então


coloco uma jaqueta jeans no braço. Checo meus acessórios, bijuterias que eu
mesma faço, o cordão com miçangas azul, verde e branca apertado no
pescoço, pulseiras com as mesmas cores e anéis, um deles azul, de plástico,
com uma carinha amarela sorrindo.

Tiro o vaso com a suculenta mini jade do aparador na janela e a


coloco sobre o móvel ao lado da cama. Logo fecho a janela antes de sair.

Vovó reclama da minha demora para ficar pronta, mas logo mamãe
desce, confere se o Sr. Reginaldo não está na portaria e retorna garantindo
que a barra está limpa.

Divirto-me no caminho de paralelepípedos antigos, vendo as duas


peruas terem seus saltos finos prendendo nos buracos. Vovó xinga até a
décima geração dos governantes, pragueja a pobreza e me acabo de rir. Ela
já foi rica, então não se conforma com a vida que leva.

No ponto de ônibus, uma van passa e mamãe faz sinal, mas vovó
puxa sua mão e resmunga:
— Não tenho dinheiro de passagem, minha filha. Só o cartão.

— Cartão da terceira idade, vó? — Provoco, sabendo que ela odeia.


Ela me mostra o dedo do meio e eu rio. — Eu pago sua passagem, idosa
rebelde.

Ela pode ter rosnado, mas já estou subindo na van. O caminho do


nosso bairro, em Niterói, até a Central do Brasil leva quase uma hora com o
trânsito de sexta à noite. Antes de descermos, recebo uma mensagem de
Dakota, minha melhor amiga. Nós estudamos juntas por três anos enquanto
mamãe viveu um romance com um Senador. Dakota Donovan é filha de um
empresário americano do ramo da hotelaria. Nunca perdemos o contato. Ela
já quis me ajudar diversas vezes financeiramente, uma vez que mamãe e
vovó não podem vê-la que fazem um show reclamando da vida. Nunca
aceitei nada da minha melhor amiga, pois é a única pessoa, além das duas
trambiqueiras, a quem amo de verdade.

Dakdak: Meu tio Connor faleceu. Deixou um testamento que obriga


toda a família a se reunir para ler sua baboseira juntos. Papai está com a
guarda dos meninos e precisa de uma babá. Não aceito não como resposta.
Sei que precisa da grana e precisamos de uma babá de confiança. Estou a
caminho da sua casa e iremos para a casa do meu pai na Califórnia.

Encaro mamãe e vovó por um tempo e penso no quanto esta


oportunidade é perfeita para melhorar nossa vida. Os Donovan são
generosos e honestos. Como babá, receberei o bastante para nos manter com
dignidade.

Ao invés de responder com outra mensagem, inicio uma chamada:

— Hey, baby. — Atende com seu inglês que amo.


— Eu topo, mas não estou em casa agora. Aguenta uma hora e chego
aí.

— Onde você está? — Ela questiona. Digo onde estou e ela me


corta. — Desce aí, que estou perto. Vou pegá-la e vamos direto para o
aeroporto.

— O que? Estou com mamãe e vovó!

— Perfeito! Amo essas duas e elas vão amar a Califórnia. A mansão


é enorme. Papai disse que ficaremos por um mês para as crianças
conseguirem se adaptar, sabe? Será como férias.

— Nem pensar! Isso é trabalho, não férias.

— Está decidido. — Afirma. — Desce desse ônibus! — Exige e


encerra a chamada.

— Que conversa foi esta? — Minha mãe inquire.

Fecho os olhos com força e massageio a testa com a ponta dos dedos,
sabendo que não posso de jeito nenhum levá-las a uma mansão com um
monte de ricaços. Se não fossem parentes de Dak, tudo bem, mas trapaça
contra a família Donovan é fora de cogitação. Seu pai é recluso a ponto de
eu sequer conhecê-lo. Já viajei com Dakota e sua mãe, mas Dominic
Donovan sempre estava ocupado com o trabalho. Ele nos comeria vivas se
sonhasse com uma tentativa ridícula de golpe sob seu teto.

— Preciso descer. Dakota precisa de mim, mas vocês sigam adiante e


logo ligo explicando tudo, certo? — Levanto-me e dou uma batida no teto da
van, chamando a atenção do motorista. — Me deixe aqui, por favor!
Ele desacelera e pára no acostamento.

— Este não é o ponto de parada, então desça rápido!

— Mas o que é isso? — Vovó começa.

— Você não pode ficar sozinha nessa escuridão!

— Vovó! — Reclamo. — Dakota está perto. Veja! — mostro o


celular, com a tela acesa com uma chamada da minha amiga — ela está
ligando para saber onde estou. Fiquem bem e se cuidem! — Digo e atendo o
celular: — Ei, estou descendo na...

— Estou te vendo! — Dakota exclama e sua ostentosa Mercedes-


Benz vermelha estaciona um pouco a frente.

É neste momento que a van acelera e segue seu rumo, então respiro
aliviada para logo ter um colapso quando escuto as vozes atrás de mim.

— Era verdade, mamãe. Não devíamos ter ficado.

— Não vamos ficar de fora, Amélia!

— Puta que pariu!

Dakota sai do seu carro e vem correndo me abraçar. Seus cabelos


curtos loiros cheiram a morango.

— Você está gelada. O que houve?


— É o frio. Eu... hum... nós não temos roupas. Precisamos muito ir
em casa e depois volto para me encontrar com você. — Sorrio amarelo e
Dakota bufa.

— Você só precisa entregar a chave do apartamento e Liam irá


buscar suas coisas. Ele é excelente para fazer malas. — Aponta seu
motorista barbudo e brutamontes, que também já foi um soldado americano.
Imagino-o abrindo minha gaveta de calcinhas e se deparando com minha
variedade de vibradores e acabo rindo com o devaneio.

— Dakota, mamãe e vovó em meio aos ricões. Você sabe...

— Bobagem. Elas são inofensivas perto da minha família. Acredite.


Você é minha melhor amiga, não precisa ficar preocupada comigo. Conheço
você, sei o seu pior e, ainda assim, te amo.

— Então, por favor, diga a Liam para não deixar minha suculenta
para trás. E nem abrir a primeira gaveta da cômoda.

— Podemos saber o que está acontecendo? — Vovó pergunta, com as


mãos nos quadris.

Dakota ri e pisca para mim. Coloca a mão na cintura e seu short curto
sobe, expondo as coxas grossas. Minha amiga engordou nos últimos meses
após o término de um namoro tóxico e, por ser uma figura pública na
internet devido a sua família e rede de hotéis famosos, recebeu ataques em
suas redes sociais por conta do seu corpo. Estas pessoas que fazem posts
sobre Setembro Amarelo são as mesmas que perdem seu tempo indo a perfis
alheios para derrubar a auto-estima das pessoas. Em minha opinião, Dakdak
nunca esteve mais bonita. Embora haja uma parte doente da sociedade, há
também aqueles seres humanos que têm lutado para quebrar padrões e
mostrar que são felizes como são. Se a saúde de Dakota está ok, não tem
motivo para ela perseguir uma magreza para agradar pessoas que só vêem
beleza em um perfil de corpo que nos empurram goela a baixo.
Minha melhor amiga é linda. Seus olhos verdes voltaram a ser
brilhantes, cheios de alegria, os cabelos loiros na altura dos ombros moldam
o rosto salpicado de sardas. É branca e mais alta do que eu e uma amiga
maravilhosa.

— Surpresa! Estamos indo a um lugar. — Diz a vovó.

— Onde? — Mamãe quica de curiosidade.

Dakota nos guia até o carro e seguimos até o aeroporto aguentando as


duas enlouquecendo de curiosidade. Minha ansiedade é muita para conseguir
me divertir com tudo, na realidade, só fico aflita.

Liam nos deixa no aeroporto, já na área particular onde o jato do pai


de Dakota nos aguarda. Sequer nossos passaportes são necessários, o que
deixa evidente que os Donovan também curtem um trambique. Acomodamo-
nos na aeronave e opto por ficar longe de Amélia e Gina, que não ficam em
silêncio por um segundo.

No momento em que pousamos, horas mais tarde, com o rosto


amassado de dormir, vestimentas amarrotadas e olhos de urso panda por
conta da maquiagem borrada, avisto um espécime masculino de tirar o
fôlego se aproximando. Calça social cinza carvão, camisa branca de botões
com as mangas dobradas nos antebraços e mãos enfiadas nos bolsos dando
destaque ao pulso esquerdo ostentando um relógio que pagaria meus
estudos. Corpo esguio, pernas longas, quadris estreitos, ombros largos,
braços musculosos com veias saltadas nos antebraços formam o pacote de
bomba orgástica, mas nada, nada mesmo, me prepara para a perfeição do
rosto do homem quando chega perto.
Cabelos escuros bem penteados para trás, com as laterais mais
aparadas e dois dedos de comprimento a mais acima, emolduram o rosto
marcante. Olhos verdes sombreados por sobrancelhas retas, grossas e cílios
espessos. Sua estrutura óssea parece ter sido feita a mão, a barba cobrindo a
mandíbula e o queixo cinzelado é bem feito ao redor dos lábios carnudos e
bem desenhados. O meu pulso dispara com o risco de pêlos cinza no queixo,
um dedo de largura, apenas uma amostra da idade do homem. O sujeito ativa
todas as minhas células safadas. Sua altivez e beleza são um nocaute.

Ele se aproxima e seus olhos diminuem de tamanho quando um leve


sorriso toma suas feições, as linhas de expressão ao redor dos olhos fazendo-
me querer lambê-lo. Que porra? Então ele fala “Olá, filha” em inglês e
abraça Dakota.

— Pai! — Minha amiga grita em inglês e se engancha nele como um


macaco.

Vovó me dá um beliscão e viro-me a tempo de vê-la se abanar e


mamãe quase babar. Aparentemente o homem desperta a promiscuidade em
todas nós.

Sempre que pensava no pai da minha melhor amiga, imaginava-o


mais velho. Dakota sempre diz que ele só vive para o trabalho, mas nunca o
conheci. Nunca imaginei que ele fosse um gostoso de marca maior. Este
homem tem, no máximo, quarenta anos e estou supondo porque Dakota tem
vinte, dois anos mais jovem que eu. Ele aparenta ter menos, embora. Exceto
pelo risco de pêlo grisalho em seu queixo que o torna ainda mais atraente.
CAPÍTULO 02

— Pai, esta é Estela, minha amiga de quem já falei tanto com você.
— Dakota apresenta depois de soltá-lo. — Estas são sua mãe e avó...

— Gina, muito prazer! — Vovó interrompe, apresentando-se com


todo seu charme para o jogo.

Elas poderiam não saber falar inglês. Eu seria grata, mas são
golpistas com pedigree. Vovó sempre fala sobre o pai de mamãe, que era um
homem rico, abastado, por quem ela era loucamente apaixonada e lhes dava
uma vida maravilhosa. No entanto, quando morreu, ela descobriu que ele
tinha outra família e que, na realidade, ela e mamãe eram as outras. Aos
vinte e cinco anos, sua vida mudou totalmente e teve que cuidar da mamãe
sozinha, que tinha cinco anos. Gina não tinha emprego, afinal, era um desejo
do homem mantê-la e dar tudo o que merecia. Quando foi tirado, ficou sem
eira nem beira.

— Dominic Donovan. — Ele responde sem sorrisos ou falsa


simpatia, enquanto nos analisa com olhos de falcão. Quando seu olhar pousa
em mim, sinto-me um micróbio sob um microscópio. Seu escrutínio me
agoniza. É como se pudesse descobrir cada falcatrua em que estivemos
envolvidas com o olhar.

Mamãe empurra vovó e agarra a mão do homem.

— Sou Amélia. Sua filha é um doce. Estamos muito felizes por,


finalmente, conhecê-lo.

Com a voz doce e o olhar de cachorrinho, que usa para se fingir de


submissa, percebo que ela está totalmente empenhada em seduzir o pai da
minha melhor amiga.

O homem é lindo, uma obra de arte ambulante, mas ao me dar conta


de quem se trata, qualquer chama ardente crescente em minha vagina é
extinta. Seu olhar de rei do mundo encarando a plebe só reitera a coisa toda.
Mamãe é uma mulher linda e não duvido que seja capaz de seduzi-lo, mas
este sujeito sequer é um peixe grande. Dominic Donovan é a porra de um
tubarão. Ele a comerá viva.

Reviro os olhos e puxo mamãe não tão sutilmente, afinal sou péssima
com sutileza.

— Já estamos apresentadas, podemos ir para sua casa? Dakota está


cansada e estou ansiosa para conhecer os meninos.

Dakota solta uma risadinha ao notar a situação, mas me ajuda.

— Vamos, pai! Temos dois meses de saudades para matar!

— Sim, querida.
Dois funcionários vestidos com terno e gravata passam por nós e
entram no jato, logo retornam com as malas de Dak. Seguimos para a
limusine e luto para disfarçar a boca aberta com tamanho luxo, não posso
dizer o mesmo sobre minha progenitora e avó.

Sabe o silêncio desconfortável que todos odeiam? Eu amaria agora.


Mamãe, vovó e Dakota tagarelam sem parar e sinto-me prestes a furar meus
ouvidos com as unhas pintadas de branco com francesinhas coloridas.
Quando ergo o olhar, deparo-me com o pai de Dakota me encarando. Sua
irritação parece vir em ondas na minha direção e não faço ideia da porra do
seu problema comigo. Arqueio a sobrancelha e não fujo do duelo de
encaradas.

Logo percebo o quanto estou perdendo da vista de Santa Bárbara.


Nunca estive na Califórnia, então desvio o olhar de Dominic e foco na
janela. A paisagem é incrível com praias lindas e a vegetação é de tirar o
fôlego.

Quando estacionamos em frente à mansão, não consigo evitar ficar


boquiaberta.

A casa suntuosa abrigaria três famílias grandes facilmente. É toda


branca, com uma varanda de fora a fora, estilo deck, com piso de madeira e
guarda-corpos de ferro de frente para a vista da Praia Port Fairy, que fica a
cem metros da propriedade, segundo Dak. É simplesmente perfeito. As
janelas e portas panorâmicas de vidro por toda a propriedade me atraem
imediatamente, pois permitirá a visão da beleza externa. O luxo fica em
segundo plano diante de tamanha perfeição natural, o gramado a perder de
vista e as árvores no quintal tiram o fôlego.

— Vamos, quero mostrar o lugar para você! — Dakota se anima.

Seus olhos verdes, que agora sei de quem herdou, brilham de alegria.
A realidade é que Dakota está feliz por me ajudar e esta história de babá é
pura invenção.

— Filha, deixe-me conversar com a babá para ajustar algumas coisas.


— O pai de Dakota diz, chamando minha atenção.

— Pai, acabamos de chegar! — Reclama.

— Não, Dak, está tudo bem! Dormi muito no avião e quero conhecer
as crianças... — Intervenho com um sorriso.

— Tá legal, mas vou participar da conversa! Lembra, pai? Estela é


minha amiga e combinamos que eu seria a ponte entre vocês. — Dakota irá
insistir nisso e o pai sabe.

— Se for trabalhar ganhando facilidades porque sou sua amiga, volto


para o Brasil, nem que seja nadando. Deixe que em relação ao trabalho, lido
com seu pai, ok? — Digo em português só para ela entender.

Dakota revira os olhos, mas concorda. Ela se aproxima do pai e diz


algo só para ele ouvir. Logo está levando mamãe e vovó com ela.

Dominic passa a minha frente sem dizer nada e bufo ao segui-lo. Ele
adentra a mansão por um lado diferente ao qual a filha seguiu, passa por um
corredor longo e abre uma das portas no final, que vem a ser um escritório
sofisticado com uma parede toda de vidro, que dá total visão da vista lá fora.
O diferencial se dá aos móveis claros, mesa com tampo de vidro e cadeiras
com estofado creme e porta-retratos. Em um deles consigo ver a foto dele
com Dakota, duas crianças e um golden retriever com a língua de fora.

O homem senta na cadeira atrás da mesa e é como se tudo ficasse


sombrio imediatamente. Esqueça o branco e o creme. O lugar se torna cinza.
Ele apoia os antebraços sobre o tampo de vidro e une as mãos, escrutinando-
me, sem indicar a outra cadeira para eu sentar.
Educação não é o seu forte.

— Você não irá cuidar dos meus sobrinhos. — É o que ele diz ao
quebrar o silêncio.

— O que?

— Não entende inglês? Foi mais uma armação para fazer minha filha
trazê-la? — Ele solta em um português quase perfeito, exceto pelo sotaque
pronunciado e me sinto uma idiota por ter falado em meu idioma com
Dakota para que ele não entendesse.

— Eu sei falar inglês! — Digo em português, como uma estúpida.


Então pigarreio e volto a falar em seu idioma. — O que não entendi foi todo
o resto. Não armei para Dakota me trazer!

— Você sabe quem eu sou, deveria saber que não deixaria minha
filha trazer golpistas para cá sem me certificar de quem se trata realmente.

Sobre saber quem ele é, sei o que Dakota fala. Ele é um CEO
implacável do ramo da hotelaria. Seus hotéis cinco estrelas vivem sendo
marcados nos storys de artistas, atletas e subcelebridades. Já passei um final
de semana em um que fica em Copacabana com Dakota e Lorena, sua mãe.
É realmente coisa de realeza. Dinheiro é poder, então não me surpreende que
tenha conseguido cavar nossas vidas.

Sobre sua acusação, temos a regra da trambiqueira mor, vovó: se


descobrirem sobre nós, negue e chore até acreditarem que você é uma
coitadinha incapaz de passar a perna em alguém. Meus olhos ficam úmidos e
começo a chorar. Eu não sou golpista, apenas me aproveito dos golpes, mas
jamais vou deixá-lo prejudicar vovó e mamãe.
— Meu Deus! O que está dizendo? — Curvo-me, apoiando a mão
direita na mesa e cubro meu rosto com a esquerda, forjando sons de choro,
enquanto puxo lágrimas da minha alma para ganhar veracidade. O silêncio
do homem me corrói. Contudo, já vi isso acontecer com mamãe. Homens
ficam sem jeito ao ver mulheres chorando. As lágrimas vêm com força e
deixo meu rosto à vista para que ele veja a verdade na situação. — Dominic,
eu jamais faria mal a alguém.

— Sr. Donovan para você. — Ele me corta.

Meu choro falso cessa abruptamente, mas me forço a manter a pose


de Maria do Bairro.

— Sinto muito...

— Guarde seu teatro para alguém que aprecie a dramaturgia, o que


não vem a ser o meu caso, pois sua cena foi deselegante. Eu sei sobre você,
sei o que você e sua mãe fazem sua avó passar. Pobre senhora. Investiguei-as
alguns anos atrás quando esta amizade perdurou após a maioridade, permiti
que Dakota mantivesse contato porque não sou opressor...

— Oh, nem estou me sentindo oprimida agora. — A zombaria escapa


sem que eu possa me segurar.

Ele arqueia a sobrancelha, mas continua seu discurso:

— Então minha filha surge agora pedindo um emprego porque você


precisa muito. Como se não bastasse os golpes que dão constantemente,
agora quer se meter com a minha família?

Seco as falsas lágrimas e cruzo os braços, cansada desse babaca.


— Sim, Sr. Donovan, sou uma feiticeira de paus! Seduzo todos os
homens e roubo sua fortuna. Agora, estou aqui para cuidar de duas crianças
e se me trouxe para sua caverna da opressão sem Dakota por perto, é porque
quer fingir que não me oprimiu. O que acontece é: eu não sou uma mocinha
com pena de ferir sentimentos e destruir laços. Não estou aqui para dar golpe
em sua família, mas se me atrapalhar e não me pagar uma boa quantia para
cuidar dos meninos, vou contar sobre esta conversa para Dak!

Após meu discurso o homem está tendo um colapso. A forma como


seus olhos piscam pode indicar um AVC. Aproximo-me do aparador com
bebidas e sirvo água em uma taça, afinal sou trambiqueira, não assassina.
Ofereço o líquido e ele volta a si, olhando-me com irritação. O Sr. Donovan
se levanta e, em um tique, puxa o colarinho como se estivesse afrouxando a
gravata. Ele sequer está usando uma. Solto uma risadinha e ele dispensa
minha solidariedade, rejeitando a água.

— Eu não ouvi tudo o que penso que ouvi.

— Você ouviu, sim. Eu quis dizer tudo aquilo. — Afirmo, sucinta.

Dominic Donovan pode pensar o que quiser de mim. Não me


importo. Dakota conhece as histórias da minha família e eu jamais a
colocaria contra o pai. No entanto, este homem pode ser o dono do mundo,
mas ele não me leva no pacote. Vim aqui para cuidar de duas crianças e é
isso que irei fazer. Sua soberba e essa pose de sabe-tudo me fazem desprezá-
lo com fervor. Sempre odiei ver mamãe se dobrando aos desejos de homens
ricos, fazendo o que eles queriam por causa da vida boa que
proporcionavam.

Por muitas vezes, recordo-me de anos atrás

— Lhe pagarei uma quantia para ir embora. Uma alta quantia. —


Observa-me com atenção, sua voz é irritadiça.
— Não, senhor! Não gosto de me aproveitar das pessoas.

— Diz a mulher que dá golpe em coitados! — Dominic bufa,


rodeando a mesa e se aproximando.

— Mas até aí, trabalhei duro. Dar golpe não é fácil. Tolerar gente
como você é um inferno. — Sorrio quando ele para tão perto que seu cheiro
invade meus sentidos. O desgraçado é cheiroso! — No entanto, vim aqui
para ser babá e só receberei qualquer dinheiro por este trabalho, Sr.
Donovan.

Ele se inclina e olha dentro dos meus olhos. Ele é uma cabeça mais
alta que meus 1,73 cm. É intimidadora a forma como me encara, como se
pudesse ler todos os meus pecados. O pior é me importar que, de fato, ele os
conheça.

— Você ficará, mas estarei de olho em cada passo que der, pequena
bandida. — A voz grave sussurrada me causa calafrio e me afasto,
preocupada com a reação que este homem continua me causando mesmo
quando está me ameaçando.

— Fique à vontade. Aprecie a vista. — Dou uma voltinha, deixando-


o a ponto de quebrar os molares de tanto que os aperta e sorrio, saindo do
seu escritório, que está prestes a me sufocar.

Fujo em busca de Dakota e levo uma vida para encontrá-la junto com
vovó e mamãe.

— Estou indo descansar. Vou deixá-las à vontade. — Minha amiga


beija minha bochecha e me encara com carinho. — Seu quarto é no final do
corredor, escolhi o com a melhor vista.

— Obrigada, Dak.
Ela segura minhas mãos e diz com cuidado:

— Não quero que vocês continuem nesta vida ou que você entre de
cabeça nisto. Você merece muito mais.

Engulo o nó na minha garganta e reviro os olhos, disfarçando a


emoção.

— Pare de se preocupar. Estou bem.

Dakota suspira tão forte que sopra minha franja, fazendo nós duas
rirmos. Abraçamo-nos brevemente e ela se afasta. Entro no quarto a tempo
de ver vovó se jogando na cama king size.

— Oh, Deus! Vou ter um orgasmo só de esfregar as costas na minha


cama.

— A senhora nem tem idade para estas coisas, vó. — Provoco.

Ela me mostra o dedo do meio e geme ao se esfregar no colchão


macio. Mamãe está silenciosa, olhando ao redor com atenção, então para em
frente ao espelho e diz:

— Eu vou conquistar Dominic Donovan.

Minha boca seca antes do protesto alto sair:

— Claro que não! Está louca?


Amélia se aproxima de mim e segura meus ombros, olhando-me com
convicção.

— Você o viu? Viu este lugar? Mais importante, viu a filha dele?
Este homem é um gentleman, educado, lindo, rico! Não se trata de um velho
à beira da morte desta vez. Agora será para sempre! Serei feliz em todos os
aspectos.

— Mãe, escuta aqui, Dakota é a minha melhor amiga. Ela inventou


este trabalho e aqui estão vocês, para viver às custas da família dela
enquanto fingimos que estou trabalhando. Não seremos filhas da puta com
eles, me entende? — Digo com seriedade. — Abandono vocês duas se
ousarem se meter com os Donovan.

Minha expressão envia um alerta para ela, que parece chateada e se


afasta.

— E se eu gostar dele? O homem é apaixonante. Não tenho o direito


de ser feliz?

— Ele não é apaixonante, acredite em mim. Vá ser feliz em outro


lugar, mãe. Estou falando muito sério!

Apesar de ter falado aquelas coisas para assustar Dominic, jamais


faria qualquer coisa contra sua família. Amo Dakota e nunca a machucaria.
Além do fato de que se for ser honesta, estou protegendo a mamãe, pois o
homem é capaz de destruí-la se ela o importunar com estas ideias. Aqui não
somos caçadoras, somos a caça.
CAPÍTULO 03

Ouço batidas na porta do quarto e mando entrar, sabendo que é


Dakota. Liguei para ela a poucos minutos pedindo que me trouxesse uma
peça de suas roupas.

Ela entra usando uma saída de praia sobre o biquíni roxo, já animada
para aproveitar a Califórnia.

— Eu amo o Brasil, mas isso aqui… — Aponta a vista que estou


observando, escorada no guarda-corpos.

— É surreal de lindo. — Concordo.

— E sua avó e mãe?

Tiro a chave do quarto delas do meu bolso e balanço, mostrando:


— Trancadas no quarto.

— Estela!

— Estela nada! — Bufo. — Mamãe simplesmente quer conquistar o


seu pai. Acredita? Era isso que eu queria evitar, Dak.

— Papai não vai ser mal educado com elas. Fica tranquila. Você sabe
que não deve ser fácil para elas. Deve ter algum motivo muito forte para
viverem como vivem.

— Eu também vivo assim. — Olho feio para ela, que ri. — E o


motivo, é falta de grana. Mas somos tão azaradas que saímos de mãos
abanando de cada golpe.

— Pelo menos aquele Senador pagou o colégio por três anos e


pudemos nos tornar melhores amigas. — Ela aperta minhas bochechas e
nega. — E você não vive assim, você é piranha porque quer, não dá golpes.
Elas fazem porque querem melhorar de vida, mas há tanta gente tentando
melhorar de vida de outras formas, certo? Para chegar a este ponto, criar a
filha e a neta nesta realidade é porque vovó deve ter tido motivos.

— Bem, ela achava que estava casada com o homem de sua vida há
anos e quando ele morreu, ela descobriu que era a outra. Ficou sem nada,
sequer lutou pelos direitos de mamãe, tão desorientada que estava na época.

— É difícil. Acho que justifica um pouco, certo?

— No fim das contas nada justifica, mas somos família e, como babá
dos seus primos, posso juntar algo para dar um basta. Para começar, você
precisa esquecer que sou sua amiga e me deixar trabalhar.
— Chega de conversa fiada então, baby, vá tomar banho para
conhecer os meninos. — Ela pisca.

Sorrio e corro para o banheiro no corredor dos quartos. Tomo um


banho restaurador de almas com os produtos caros dos Donovan. Fico feliz
por minha amiga ter encontrado um vestido longo, estilo praiana em suas
coisas. Ele tem duas tiras de amarrar atrás do pescoço, é apertado até a
cintura e cai em ondas fluidas abaixo do bumbum. Deixo meus cachos
soltos, com a franja cobrindo a testa em ondas fofas.

Encontro Dakota no quarto em que estou ficando hospedada e ela me


obriga a libertar mamãe e vovó antes de me levar para conhecer as crianças.
Depois de dar-lhes um sermão sobre mantê-las trancadas por toda a estadia
aqui, sigo Dakota, que promete retornar para levá-las à praia.

Ao chegarmos ao quarto dos meninos, surpreendo-me ao ver


Dominic sentado em um tapete com desenhos de dinossauros, enquanto
monta um tipo de castelo colorido com blocos de montar. O menino mais
próximo dele tem quatro anos, segundo Dakota, e o que está afastado,
mexendo no iPad, completou nove. Ambos têm pele clara, olhos escuros e
cabelos caindo na testa.

São lindos meninos!

Então, sou jogada no chão por um monstro peludo e babão, maior do


que eu.

— Zeke! — Dakota grita enquanto gargalhadas infantis soam no


cômodo.

Sequer vi de onde este cão surgiu, mas sei que é o mesmo que vi nas
fotos no escritório de Dominic.
— Socorro! — Abrir a boca para pedir ajuda é um erro, pois o
animal lambe a minha boca. Choramingo de agonia e logo sou salva por
outro monstro, o provável dono do cachorro.

— Zeke, chega! — Sua voz imponente e séria envia os comandos


corretos ao cão, que se afasta, mas late alto e senta com o rabo balançando
excitadamente. — Se acalme, amigão. — Dominic acaricia a cabeça dele e
se inclina para continuar: — Não deve fazer algo assim, já conversamos
sobre isso.

Nossa! Quanta educação para falar com o cachorro. Nem parece o


idiota prepotente que sei que ele é.

Pegando-o de surpresa, o cão lambe sua boca e o analisa. O homem


limpa os lábios cheios com a manga da camisa social e Dakota explode em
uma risada.

— Zeke acabou de fazer vocês se beijarem!

Faço som de vômito e o pai de Dakota me encara com exasperação.


Como se eu fosse culpada! Então seus olhos caem para minha cintura e
pernas. Fico com as bochechas quentes e, esta porra nunca acontece, ao me
dar conta que o vestido subiu e minha calcinha está a mostra, assim como
minhas pernas. Levanto-me às pressas, fingindo que nada aconteceu, mas a
quentura do meu rosto desce por todo o corpo quando o homem pigarreia.

— Vou deixar você apresentá-la aos meninos. Tenho alguns e-mails


para responder.

— Papai, dê um tempo do trabalho!

Dominic beija a bochecha dela e se vai.


— Logo, logo ele morre. — O menino de nove anos diz, deixando-
nos boquiabertas e sem fala.

Decido agir e me aproximo, sem tocá-lo.

— Não quero que tio Dominic morra. Ele nos dá muitos abraços,
mesmo que diga umas coisas estranhas. — O pequeno diz, com os olhinhos
confusos.

Fico perdida sobre quem dar atenção, então olho de um para o outro.

— Seu tio não vai morrer. Ele é saudável e muito, muito forte.

— Meu pai também era. — O mais velho não tira os olhos do jogo
que está jogando. — Mas ele só trabalhava e meu tio Dean disse que quem
só vive para o trabalho, não vê a vida passar. Papai só trabalhava e morreu.
— O garoto dá de ombros, como se não fosse nada.

Mas não pode ser nada uma criança dizendo tais coisas e sei disso
porque fui uma criança que dizia absurdos, porque vivia uma vida de
absurdos.

Encaro Dakota, preocupada, e encontro seu olhar espantado.

— O tio Dominic está ocupado, mas vamos convidá-lo para uma


brincadeira em outro momento. Que tal passarmos a tarde na praia hoje?
Mas você precisa deixar este jogo de lado e nos dar atenção. Assim pode me
conhecer e gostar de mim, tenho certeza de que irá gostar.

O garoto levanta a cabeça lentamente até estar me encarando com


evidente surpresa. Ele parece receoso, mas curioso sobre o que estou
dizendo sobre mim. Deixa o iPad sobre a cama e chama o irmão.
— Vamos, Noah!

O mais novo se aproxima e me mostra a mão gordinha.

— Sou Noah. — A voz doce combina com o sorriso sapeca. — Meu


irmão se chama Ethan. Ele é o mais velho e cuida de mim.

— Deve ser tão especial ter um irmão! — Comento.

— Só às vezes! — Ethan faz uma careta. — Noah solta pum fedido e


chora quando quer algo.

— Eu não choro! — Noah chia, fazendo beicinho.

— Não tem problema se chorar.

— Mas eu não choro! — Exclama com a voz embargada.

Começo a rir e Ethan acompanha. Dakota se aproxima e pega Noah


no colo.

— Então, Noah, eu sou Estela. — Volto ao assunto do nome para


distraí-lo.

— Es... — Ele luta bravamente para dizer meu nome, mas por algum
motivo tem dificuldade.

— Como Star, Noah. — Dakota tenta explicar. — Só que em outro


idioma.
— Então você é Star para mim. — O pequeno diz de um jeito fofo.

Minha amiga parece muito chateada com a situação, mas não faz
ideia de como agir. Espanto o clima de velório e finjo que nada está
acontecendo, pelas crianças. Zeke, o cão, segue os irmãos, mesmo quando
saímos da propriedade. Ao chegarmos à praia, percebo que sou tão boa babá,
que os garotos estão usando jeans e camisa da Marvel e calçando tênis. O
que vale é a intenção. O vento é uma brisa leve e o sol bem fraquinho, então
dispo os dois, deixando-os com suas pequenas cuecas boxers. Tiro o vestido
de Dakota, ficando de sutiã e calcinha, que é comportada, tipo cueca, e dou
uma mão a cada um antes de correr em direção ao mar.

Dakota ri alto ao tentar nos alcançar e os pequenos acompanham as


gargalhadas a ponto de Noah ficar fraco de tanto rir e cair na areia.

— Força, cara! Ela vai nos alcançar. — Digo, mas ao invés de


Dakota, é Zeke quem pensa que deve nos alcançar e quase me derruba.

Abaixo e pego Noah nos braços enquanto Ethan passa a minha


frente. Caímos na água com Dakota fingindo que irá nos pegar a qualquer
momento. Passamos longos minutos na água e depois de cansar por ficar
com Noah no colo, jogo-me na areia e eles se sentam ao meu lado, brincando
de fazer castelo e cavar com as mãos. O cachorro se sacode, espirrando água
do seu pêlo para todo lado ocasionalmente.

Um assovio chama a minha atenção e Dakota pula ao ver um homem


tatuado, usando jeans rasgados e o torso nu. Ele tira os coturnos e caminha
descalço pela areia. Os dois meninos pulam igualmente ao notá-lo e correm
gritando. Até Zeke late e dá pulos de animação, o rabo balançando sem
parar.

— Tio Dean!
A alegria é contagiante e o homem se desdobra para pegar os dois no
colo e manter Dakota como um filhote de bebê coala em suas costas,
enquanto se inclina para fazer carinho no cão. Eles conversam, se abraçam e
riem por um tempo, então se aproximam. Ele sequer disfarça ao me analisar
de cima a baixo.

— Não havia sido informado da chegada de sereias na Califórnia.

— Minha amiga merece um esforço maior com cantadas! — Dakota


ri. — Este é o tio Dean, o badboy mulherengo da família. É o irmão do meu
pai e causador de seus cabelos brancos.

— Não se deve acreditar em tudo o que dizem por aí, certo? — Ele
pisca.

— Então ela está mentindo? — Inquiro com um sorriso atrevido.

Dean é um gostoso. Seu abdômen e peitoral bronzeados do sol são


cobertos por tatuagens e seus músculos bem definidos, com aquele V que dá
água na boca, pois a calça caída nos quadris estreitos deixa pouco para a
imaginação. Seu rosto é bem marcado, sem barba, com a mandíbula
quadrada, olhos castanhos e cabelos da mesma cor penteados para trás, o
nariz romano com sardas me fazem sorrir, pois lhe dão um ar fofo.

— O errado da família sou eu. Dakota não mentiria. — Ele beija a


cabeça dela e senta na areia, toda sua atenção voltada para Ethan. — E aí,
cara, está tudo bem?

— Ela nos trouxe a praia. — Ethan responde.

Dean passa um olhar pelos sobrinhos e ri.


— De cueca e tudo. Gostei! — Ele me encara e pergunta: — Como a
sereia se chama?

— Estela.

— Como estrela? — Dean pergunta em um português impecável.

— Tipo isso. — Sorrio.

— Um nome lindo como você.

— Não é a primeira vez que ouço algo assim. — Sorrio e ele


acompanha.

— Tio Dominic nos deu esta babá. — Noah diz despreocupadamente


e eu rio do seu jeito de dizer as coisas.

No entanto, o tio badboy não perde a oportunidade de perguntar:

— Será que Dominic encontra outra para você e dá esta para mim?

— Não, tio Dean. Nós gostamos dela. — Ethan diz e meu peito
aquece. — Quer dizer... — Fica envergonhado e desvia o olhar.

— Tudo bem, eu já entendi, cara. É de quem a viu primeiro, certo?


Não vou brigar.

— Então ela é do tio Dom. — Noah comenta e Dakota solta uma


risada, fazendo-me olhá-la feio. — Eu o vi da janela entrando em casa com
ela.
— Não sou de ninguém, ok? Sou minha. Aprendam desde já, sejam
meus discípulos, garotos.

O cachorro solta um pequeno uivo, como se não concordasse.

— Fica quieto, você enfiou a língua na minha boca sem meu


consentimento.

— Cão esperto. — Dean murmura fazendo-lhe carinho.

— O que está acontecendo aqui? — A voz irritadiça vindo atrás de


nós faz com que todos viremos a cabeça como no filme do Exorcista.

Deparamo-nos com ninguém menos que Dominic Donovan, de


banho tomado, cabelos úmidos penteados para trás, camisa e calça social
preta. Por que este diabo disfarçado de CEO é tão gostoso?
CAPÍTULO 04

— Que bom que chegou, Liam. — Digo ao segurança e motorista de


minha filha, o homem em quem mais confio além dos meus irmãos.

— Vim o mais rápido que pude, Dom. Saí do apartamento das três
mulheres e logo embarquei em outro de seus jatos para cá.

— Perfeito. — Giro a cadeira brevemente e questiono. — Encontrou


algo suspeito?

— Bem, ao que me consta elas não são criminosas. A mãe da amiga


de Dakota já esteve envolvida amorosamente com figurões e aproveitou da
boa vida.

— Acha pouco, Liam? Até uma senhora fazendo parte deste circo.

— Isso é verdade! Soube pelo senhorio do prédio que a pobre mulher


tem lidado com problemas de saúde. — Liam suspira. Lembro
imediatamente de minha mãe, que era uma mulher incrível, cuidava de todos
nós com amor, mas a perdemos há quatro anos para um infarto. — Encontrei
estas coisas. — Meu amigo se abaixa e pega uma mala preta pequena. —
Estavam nas coisas, hum, íntimas da Estela. Não acho que seja nada demais,
mas como o Sr. exigiu para que trouxesse qualquer coisa fora do normal e
Dakota mencionou tantas vezes para não abrir a primeira gaveta da cômoda.
Achei que pudesse ser uma bomba. — A diversão em sua voz me deixa
curioso e cauteloso. — Os documentos estão nas respectivas malas com as
roupas que irei entregar.

— Não, está tudo bem. Entregue os documentos. Dê-me isso. —


Peço a mala. Liam coloca sobre a mesa e me olha com certa curiosidade
enquanto exponho o que há de suspeito. Meus olhos quase pulam de órbita
ao ver do que se trata. — Porra!

— Foi o que eu pensei. — A diversão na voz do infeliz me faz olhá-


lo feio.

— Não deveria ter trazido esta merda.

— Só sigo suas ordens. — Ele ri.

Afasto a mala, mas ainda assim não consigo dispersar as imagens que
meu cérebro começa a criar. Imagino a pequena bandida enfiando o pau
enorme em sua pequena boceta e é o meu próprio pau que contrai contra a
boxer. Inferno!

Os variados vibradores com cores, formatos e tamanhos só pode


significar uma compulsão. Além de bandida, deve ser viciada em sexo. E
esta compulsão me atrai totalmente.

Porra! Ela é dois anos mais velha que a minha filha, dezessete
fodidos anos a menos que eu. Que merda estou pensando? Além de tudo é
uma golpista de marca maior e usa a pobre avó para enganar tolos.

Levanto-me com irritação fervendo em meu sangue e fecho a mala.

— Suma com isso!

— É da garota, não sou ladrão.

— Deixe esta merda aqui e irei dar um jeito eu mesmo. — Bufo e


mudo de assunto: — Meus irmãos chegaram?

— Sim, Dean já foi conhecer a amiga de Dakota.

— Aquele ali não perde tempo. — Digo com exasperação.

Meu irmão não é tolo para cair em qualquer situação que Estela
possa tramar, portanto não entendo a agonia em meu peito ao imaginá-los
juntos.

— E Dylan?

— Não o vi no caminho para cá.

— Obrigado, Liam.

Ele assente com a cabeça e se afasta, deixando a coleção de paus de


Estela me assombrando.

Saio do meu escritório e sigo para o meu quarto. Tomo um longo


banho e visto minhas roupas costumeiras. Olhando brevemente pela janela,
vejo meus sobrinhos na praia com a babá, usando roupas íntimas. Meu
sangue ferve ao ver Dean babando na mulher e quando dou por mim, estou
indo a passos duros até lá.

Tudo está errado nesta cena. Meus sobrinhos não estão usando
roupas de banho, a infeliz está com seu corpo em exibição e torna difícil não
notá-la, assim como no quarto quando caiu de pernas abertas. A irritação que
a mulher me causa, está mexendo com outras emoções. O tesão, sendo a
maior delas, é algo que não estou acostumado a controlar.

Sempre tive uma boa aparência e depois dos trinta anos, tornei-me
religioso com exercícios físicos. Acordo às cinco horas da manhã
diariamente, usando a primeira hora do dia para correr, além de ir à
academia após o trabalho. Treino box e pratico outros esportes
ocasionalmente, então mesmo chegando aos quarenta, mantenho um físico
agradável.

Sendo assim, sempre que desejei uma mulher desde que me lembro,
elas retribuíram e fizemos bom uso do tesão, porque diferente de muitos
colegas que dizem foder para dissipar o estresse diário, eu sempre gostei de
trepar, independentemente se o dia foi bom ou ruim.

E agora, meu pau parece fortemente interessado na bandida que está


cuidando dos meus sobrinhos, enquanto minha mente jamais cederá, porque
além de não prestar, ela é jovem demais.

Todos olham para trás após meu questionamento irritado.

Aproximo-me e ouço Dean zombar:

— Ei, irmão, eu encontrei uma raridade nesta praia. Bem que você
sempre disse que este é o melhor lugar do mundo.
— Meus sobrinhos estão sem roupa de banho, sem protetor, sem a
porra de um boné. — Digo, acusando-a, sem dar a mínima para Dean. —
Você está de calcinha e sutiã na frente deles. Que porra é essa?

— Papai, pelo amor de Deus. É o mesmo que biquíni. Os meninos


sequer perceberam. E eles estão felizes.

Vendo Ethan e Noah me olhando com preocupação, passo a mão


pelos cabelos e alivio a expressão.

— Ei, rapazes. Desculpem ter falado desta maneira. Na última vez


que não tivemos cuidado com o sol, Noah teve alergia, lembram? Só estou
preocupado.

— Ah, eu sinto muito. Não sabia disso... — Estela diz, então encara
os dois. — Que tal irmos para casa agora lanchar? Toda brincadeira me
deixou faminta.

Noah imediatamente concorda, levantando-se quando ela estica a


mão para se erguer com ele. Já Ethan, parece inseguro, mas ele têm sido
assim ao redor de todos nos últimos meses. Embora quando ergue o olhar e
me encara, percebo que a insegurança não é sobre Estela, é voltada para
mim.

Aproximo-me, sentindo o peito comprimir ao ver seu olhar.

— O que houve, Ethan?

— Você não vem com a gente e agora quer impedi-la de nos trazer,
mas ela é a única pessoa que fez isso, que brincou com a gente.
O nó em minha garganta é difícil de engolir e eu sequer consigo sair
desta situação.

— Ei, Ethan, não é verdade. Seu tio virá amanhã para praia conosco,
não é, Sr. Donovan? — Seu sorriso é ansioso e incerto ao esperar minha
resposta. Seus cachos castanhos estão embolados ao redor do rosto por conta
da água do mar, seus olhos grandes e escuros me dizem milhões de coisas.
— Assinto com a cabeça. — Viu, só? Além disso, eu tenho uma vovó e uma
mãe que estão loucas para conhecê-los, elas são doidinhas, mas vocês vão
gostar delas.

Noah solta a mão de Estela e corre até mim, abraçando minhas


pernas e exclamando animado:

— Eu te amo por ter me dado esta babá, tio Dom!

Isso alivia o clima e até eu sorrio de suas palavras. Dean e eu nos


encaramos por um momento, cientes de que deixamos muito a desejar como
tios, mas tudo por que Connor os afastou de nós. Meu irmão mais velho não
era filho da mesma mãe que os gêmeos e eu, de forma que cresceu
ressentido e pouco conviveu conosco após a vida adulta. Os gêmeos, Dean e
Dylan, nasceram quando eu tinha quinze anos, então quando papai morreu
cinco anos mais tarde, criei os gêmeos junto com Dakota, que é apenas dois
anos mais jovem. Connor, em contrapartida, retornou às nossas vidas apenas
para brigar por sua parte da herança, coisa que minha mãe nunca fez
questão, afinal tentava tratá-lo como filho.

Quando Ethan nasceu, tentamos nos aproximar, mas Connor usou o


filho para nos punir e não nos deixava sequer visitá-lo. Dean faz suas
próprias regras e nunca respeitou as restrições de Connor, sempre indo
visitá-los independentemente da situação. Foi através dele que descobri que
Connor tinha câncer. Precisei de muita lábia para convencer o meu irmão
mais velho a deixar os meninos sob meus cuidados e, por amá-los à sua
maneira, permitiu, pois não queria que os pequenos o vissem definhar.
Ele morreu dormindo um dia após assinar os documentos que me
deram a guarda de Ethan e Noah. Acho que no fim, foi o que lhe deu alívio
para partir. Noah ainda é muito inocente, mas Ethan tem olhos e ouvidos
atentos, como todos os Donovan, e não me surpreende que esteja sofrendo
por tudo o que percebe.

— Vão com Zeke, Dakota e o tio Dean, tudo bem? Irei falar com o
Sr. Donovan por um minuto.

Ambos assentem e, mesmo minha filha querendo ficar, a amiga lhe


lança um olhar que a faz bufar e seguir os meninos. Estela abaixa e captura o
vestido de verão para logo vesti-lo sobre a cabeça.

— Ouça, Sr. Donovan, estas crianças precisam ser crianças. Vejo que
faz tudo o que pode, mas não é o bastante. Dinheiro não é tudo.

Seu olhar recriminatório e a pose de que sabe mais dos meus


sobrinhos do que eu, faz-me cruzar os braços e rosnar:

— Foi com este pensamento que você se tornou uma bandida?


Dinheiro não é tudo e blá blá blá.

Ela cerra os olhos escuros, olhando-me com irritação.

— Quantos anos você tem? Dez? Aliás, com nove anos Ethan parece
entender melhor as coisas do que o senhor.

Foda-se! Perco de vez a cabeça e aproximo-me, até seus seios fartos


e macios roçarem em meu corpo. Por um segundo sinto-me paralisado ao
sentir minha coluna arrepiar e deixo-me perder na beleza de Estela. Seus
olhos grandes e escuros são emoldurados por cílios pequenos e curvados, as
sobrancelhas bem feitas e arqueadas ficam escondidas sob a franja. O nariz
de botão e as maçãs redondas lhe dão este ar de menina, junto com os lábios
finos, mas bem desenhados, que com uma porra de covinha proeminente na
bochecha esquerda a fazem parecer travessa. Estela é linda, isso é inegável,
mas é jovem demais e diferente de qualquer mulher com quem já estive
antes. Enerva-me não entender de onde vem esta loucura e ser incapaz de
controlar, piora as coisas. O colar de pedrinhas é quase infantil, o brinco
pequeno é uma bolinha azul como um complemento às pulseiras do mesmo
modelo.

Ela arfa e arregala os olhos e volto a mim, inclinando a cabeça e


rosno em seu rosto.

— Tenho idade suficiente para curvá-la sobre minhas pernas e


estapear o seu rabo se continuar achando que pode ser insolente comigo.

Estela engasga e o som faz minha mente deturpada pensar se ela faria
o mesmo barulho com a cabeça do meu pau socada em sua garganta. Afasto-
me abruptamente, rechaçando a mim mesmo por mais este absurdo. Limites,
caralho! Parece que esta merda foge cada vez mais do meu controle e não
tem vinte quatro horas que convivo com a mulher.

— Meu Deus, como você consegue superar e ser mais idiota a cada
vez que nos esbarramos?! — Estela faz uma careta e se afasta, olhando-me
com muita raiva. — Tosco! Grosseiro!

— Ethan e Noah precisam de atenção. — Mudo de assunto, fingindo


que não agi como um louco e que ela não está surtando. — Não confio em
você, mas eles parecem confiar e vou tolerá-la por este motivo. Precisamos
conversar sobre o seu trabalho de maneira civilizada e ajustar as coisas
profissionalmente.

Ela passa a mão sobre o peito, apertando a região


subconscientemente enquanto fecha a boca e assente repetidas vezes por
estar perdida com a minha insanidade. Acontece que este não é o meu
normal, porra! Estou muito mais perdido aqui.

— Eu... hum... concordo.

— Bom. Você pode ser honesta sobre os meus sobrinhos, eu farei o


que for preciso.

Estela cruza os braços e seus seios empinados ficam ainda mais em


evidência. Que inferno! Ergo o olhar e encaro apenas seu rosto enquanto
decide o que precisa dizer.

— Sei que o senhor tem suas ideias sobre mim e não estou aqui para
mudar isso, mas quando era criança passei por situações que me fizeram
perder, digamos que, a inocência. Eu vejo isso acontecendo com Ethan e não
é bom. — Umedece o lábio inferior, como se escolhesse o jeito de dizer, e
reitera, olhando-me com intensidade. — Não é, Sr. Donovan. Ele disse que o
pai trabalhou demais e não viveu. E agora... ele o vê trabalhando demais,
então isso está na cabeça dele.

Mil questionamentos sobre sua infância vêm à minha mente, mas os


mantenho, pois não é da minha conta. Coloco as mãos nos bolsos da calça e
murmuro:

— Entendo. — A preocupação com os meus sobrinhos fala mais alto.


Ethan e Noah já sofreram o bastante.

— Onde está a mãe deles?

— Eu não faço ideia. Há detetives a procurando, mas meu irmão e eu


não éramos próximos. Ele não revelou muito antes de morrer.
— Bem, tenhamos fé que seus detetives descobrirão algo.

— Sim. Obrigado, Estela. — Agradeço, afinal ela pode ser uma


bandida, mas mostrou ser mais do que apenas isso ao se preocupar com
meus sobrinhos. — Se troque e vá ao meu escritório para tratarmos de
negócios.
CAPÍTULO 05

Após tomar banho, sigo para o quarto dos meninos e Dean me


tranquiliza:

— Dei banho neles.

Assinto e tomo um susto ao ver um clone de Dean sem tatuagens e


com óculos de grau entrando no quarto com Noah no colo.

— Olha lá, tio Dylan, ela é a babá! — Noah mostra.

— Gêmeos nada iguais, certo? — Dean passa um braço por meus


ombros.

— E não se dá na aparência apenas, na personalidade mais ainda. —


O outro comenta, olhando o irmão com repreensão por estar me abraçando.
Percebendo a falta de profissionalismo, afasto-me. Este Dean é tão
cachorro quanto eu, preciso ficar longe dele ou serei mal vista por mais um
irmão Donovan.

— Onde está Ethan? — Pergunto.

— Se vestindo. Ele é grande e tal…, você sabe. — Dean pisca para


mim, que não resisto a morder meu lábio inferior enquanto examino seu
pacote de seis gominhos no abdômen trincado.

Deus! É muito difícil resistir ao flerte deste gostoso. O de óculos se


aproxima, olhando-nos com exasperação e lembro-me de ser séria aqui.
Ethan logo sai do banheiro.

— Que tal irmos lanchar agora? — Pergunto retoricamente, já


puxando-o pela mão.

Os gêmeos me seguem com Noah a tiracolo e mando uma mensagem


para Dakota, pedindo que venha e traga seu pai para o momento da refeição
com os garotos. Ainda não fui ao escritório dele por covardia. Depois que
aquele neandertal falou sobre me bater, minha libido ficou incontrolável.
Até o tecido da calcinha está me deixando incomodada. Eu nunca imaginaria
aquele engomadinho soberbo me dizendo este tipo de coisa. Por mais que ele
apenas tenha deixado claro que me vê como criança, imaginei outras coisas
envolvendo-o surrando minha bunda.

Aqueles olhos presos no meu rosto... Deus! O homem é um poço de


escrotice, mas é uma delícia.

No entanto, não o suporto, não o tolero. Quero comer capim a ter que
continuar tendo estes devaneios. Prefiro admirar Dean, seu sorriso fácil e
cantadas baratas.
Os Donovan sentam-se à mesa e Dakota chega de braços dados com
o pai, ambos sorrindo e, uau, o infeliz fica ainda mais bonito com um sorriso
no rosto, que morre quando me vê de pé ao lado da cadeira de Ethan.

— Sente-se, Estela. — A maneira como meu nome soa em seu inglês


não deveria soar imponente e sensual.

— Vou ver como estão vovó e mamãe. — Digo, piscando um olho


para que ele compreenda a situação.

Ele franze a testa e suas sobrancelhas grossas se unem, formando


uma ruga, que já deixou uma marca de expressão. Pisco os olhos novamente
e ele questiona:

— Está passando mal?

Mordo o lábio inferior para não o xingar. Então aproximo-me e digo


só para ele e Dak ouvirem.

— A conexão entre vocês, em família, é importante.

— Ah, sim, é claro!

— Você é da família, bitch! — Dakota carinhosamente me chama de


vadia, mas passa por nós e anuncia ao sentar-se: — Estou faminta! Quando o
restante da família chegará?

— Com o restante da família, você quer dizer o tio Norman? —


Dylan inquire.

— Ele vale por dez parentes chatos. — Dean zomba de boca cheia.
— Nojento! — Dakota joga um pedaço de pão nele.

— Sou seu tio, menina, me respeita.

Ethan e Noah soltam risadinhas da pequena confusão. A risada rouca


vindo atrás de mim, faz-me soltar um pulo. Viro-me e vejo Dominic
encarando a família com ternura. Como é estranho ver o diabo não sendo
diabólico. Afasto-me sem ser percebida e os deixo.

Sigo para o quarto de mamãe e vovó e não as encontro. Entro em


pânico e saio procurando-as por toda parte. Como sei que são capazes de
cometer insanidades, decido ir até o escritório do Sr. Donovan e avisto coisa
muito pior do que as duas mulheres.

Com a boca aberta, caminho até a mesa do desgraçado e começo a


pegar os meus vibradores, averiguando-os e tendo a certeza de que, de fato,
são meus preciosos. Solto um grunhido de ódio e soco sua mesa. Deus!
Odeio este homem! Mil situações passam em minha cabeça, em como
poderia me vingar jogando todos eles em sua cara na mesa da refeição. Até
me pego dando alguns passos em direção à porta, carregando o máximo que
consigo em meus braços, mas lembro-me de Ethan e Noah. E até de Dak.
Eles não merecem ver tal cena.

Pego meu celular do bolso da minha calça rosa bebê, que estava na
mala que Liam deixou em meu quarto. Logo me dou conta que ele é o
responsável por entregar meus vibradores ao seu chefe. Não é como se eu já
fosse a babá oficial, então envio uma mensagem para Dakota e peço que
diga ao seu pai que estou à sua espera para nossa conversa no escritório.

Em menos de dois minutos, Dominic passa pela porta e quando a


fecha, dou-lhe dois segundos antes de atirar o maior dos meus pênis de
plástico em sua cabeça.
— Seu pervertido! Além de falar sobre bater na minha bunda, roubou
os meus... Você é um idiota mesmo! Como pôde fazer algo assim?

— Não é o que parece. — Ele passa a mão pelos cabelos que


parecem lustrados de tão brilhosos.

— Não? Então não parece que o seu funcionário bisbilhotou minhas


coisas, minhas calcinhas, e trouxe meus brinquedinhos para você?

— Foi um engano. — Aperta a mandíbula, seu rosto anguloso


parecendo ainda mais afiado com a tensão. — Eu não quero surrar sua
bunda. Aquilo foi uma grosseria. Não deveria ter dito à você.

Cruzo os braços sobre o peito e rosno:

— Ora, dizendo uma coisa que preste, finalmente. Falta o pedido de


desculpas, Sr. Donovan!

Sua expressão se torna zangada, os olhos cerrando e escurecendo.

— Eu me desculpar com uma bandida? Isso é uma piada.

Viro-me, lentamente, e capturo o máximo dos meus brinquedos em


meus braços. Aproximo-me de Dominic e estou prestes a despejar tudo em
seu rosto pomposo quando ouço a voz de Noah. Desespero-me para esconder
os pênis e vejo Dominic se abaixar para pegar o que caiu aos seus pés, que
joguei nele quando entrou. Então vejo a cabeleira castanha aparecendo na
porta e me jogo sobre o Sr. Donovan.

O homem tem reflexo, pois seus braços fortes me rodeiam e seu


corpo me cobre, protegendo a visão do sobrinho.
— Titio, você viu a Star? Ah! Aqui está... Por que estão se
abraçando? Estão namorando?

— Não! — Negamos imediatamente em uníssono. Eu com raiva,


ódio pulsando de minhas veias e ele não parece diferente.

— Seu tio acabou de me contar que vamos fazer um passeio especial


amanhã, então fiquei tão feliz, que o abracei! — Minto para o doce garoto, já
aproveitando para iniciar minha vingança contra este soberbo de merda. —
Não é, tio Dom?

O homem olha em meus olhos com as profundezas verdes


queimando em indignação. Sorrio largamente e arqueio minhas
sobrancelhas. Ele se move um pouco e sua mão grande e quente desce para a
área exposta da minha pele, em minha cintura, onde a blusa branca estilo
corset não cobre. A eletricidade que passeia por todo o meu corpo faz-me
piscar algumas vezes, tentando afastar o tormento que seu toque me causa.

— Um passeio especial? Para onde? Eu quero muito! Vou contar


para Ethan! — As exclamações infantis animadas me puxam de meu
devaneio e me afasto do homem com desespero. Seus braços e mãos,
embora, me mantém cativa, mesmo quando os passos de Noah são ouvidos
correndo pelo corredor.

— Me solta! — Rosno.

Ele aperta a curva do meu quadril, seus dedos cravados em minha


pele, fazendo-me arfar. Dominic grunhe:

— Que porra de passeio especial é este? Onde iremos levá-los?


Empurro seu peito e deixo os vibradores caídos aos seus pés quando
ele, finalmente, me solta. Então saio do escritório dizendo:

— Se vira, titio.

Maldito!

Passo novamente pelo quarto de Gina e Amélia e novamente, elas


não estão. Ouço risadas vindas do hall de entrada e sigo até lá. Vejo um
homem de idade segurando a mão de mamãe e levando aos lábios. Pela
expressão de Dakota, Dylan e Dean, é o tio Norman. O que me surpreende,
embora, é encontrar vovó escondida atrás de uma planta, que enfeita o
cômodo. Passando pelo canto, chego até ela, que pula a me ver. Levando a
mão ao peito, sobre o coração, vovó chia:

— Que inferno, Estela.

— O que está fazendo escondida aqui?

— Este homem... foi... amigo do seu avô.

— O que? Como sabe? — Analiso o senhor. — Ele é até um senhor


bonito, mas as marcas de idade tomaram seu rosto, vovó. Como pode
reconhecê-lo?

— O nome, sua idiota! Norman Donovan.

Que merda! Suspiro, pensando por um minuto. Toco seu ombro,


tranquilizando-a.

— A senhora não parece jovenzinha, vovó. Ele não vai reconhecê-la.


— Você não pode manter esta língua na boca para salvar sua própria
vida, não é?

— Só estou tentando distraí-la. — Brinco e ela solta um bufo.

— Estão brincando de esconder? — O grito animado de Noah faz


vovó dar um pulo de verdade.

Toda atenção na sala se volta para nós. Como era de se esperar,


Norman não reconhece vovó. Até se aproxima sorrindo e cumprimenta, todo
galanteador:

— Digo que é um prazer enorme estar nesta casa com algo além
desses homens rudes.

Ele beija minha mão e faz o mesmo com vovó, mas se afasta e volta
a jogar seu galanteio para mamãe. Ela não perde tempo e cruza o braço no
dele, sorrindo encantadoramente e dando-lhe toda atenção.

Era só o que me faltava!

Dakota se aproxima, de braços dados com Dylan e Dean.

— Acabei de perguntar ao papai se o testamento será lido hoje, mas


ele disse que o advogado de tio Connor teve um imprevisto e não chegará.
Está anoitecendo e soube que terá um luau na praia. Temos que ir!

Penso por um segundo e concordo, afinal adoro sair para beber e


dançar. As crianças estarão dormindo, portanto não terei com o que me
preocupar.
— Se o Sr. Donovan não se incomodar. — Digo, afinal, novamente
não discutimos os termos deste trabalho.

No início da noite, faço pipoca doce e salgada e convoco toda a


família para assistir Hotel Transilvânia com as crianças. Norman e mamãe
estão jantando juntos na área externa, vovó escondida no quarto e os demais
espalhados na sala. Os homens Donovan, mesmo rudes às suas maneiras,
não reclamam sobre absolutamente nada que envolva os sobrinhos. A alegria
dos dois garotos ao ver todos reunidos focados neles, aquece meu peito.
Todos os amam, isso é óbvio, mas não estiveram envolvidos como Ethan e
Noah realmente mereciam. O importante é que estão dispostos a consertar as
coisas. Dominic os observa com carinho, mas também vejo preocupação.
Muita. Balanço a cabeça, afinal este homem não é da minha conta.

— Vou apertar o play e deixá-los assistindo. Este filme é incrível e


tem mais três da franquia para vocês assistirem no decorrer da semana. —
Sorrio, mas Ethan levanta do sofá.

— Você não vai assistir com a gente?

— Tenho umas coisas importantes para fazer, garoto bonito. —


Minto, pois meu intuito é que eles se aproximem, pois não estarei ao redor
por muito tempo.

— Há um lugar vago para você bem aqui, baby. — A voz sem-


vergonha de Dean me faz rir ao vê-lo dando uma batida discreta em seu colo.

— Respeito, Dean. — Dominic rosna, atraindo minha atenção.

— Tio Dean, não seja bobo. — Noah diz, sua voz doce e fofa
atraindo todos os olhares. — Tio Dom e Star estavam se abraçando muuuito
no escritório. Ela deve sentar com ele.
Engasgo de verdade. Todas as cabeças vão e voltam, olhando
Dominic e eu.

— Não faça comentários sobre o que vê por aí, Noah. É deselegante.

Juro que meus olhos quase caem no chão com a força que faço para
não revirá-los.

— Isso... eu te expliquei que estava feliz e me empolguei pelo


passeio de amanhã. Certo? — Justifico.

— Passeio? — Dakota pergunta.

— Sim e todos nós iremos! — Dominic informa, resoluto.

— Bem, é isso, galerinha! Vou nessa.

Aperto o play e os deixo na sala de cinema.

Após colocar os meninos na cama, sigo para o quarto em que estou


hospedada e me assusto com Dakota aparecendo, fazendo sinal para que eu
fique quieta.

— Vá se arrumar! Tio Dean vai nos encontrar lá fora. Papai não quer
que a gente vá ao luau, pois amanhã sairemos cedo.

— Quebrar as regras no primeiro dia, então? — Sorrio e ela dá de


ombros.
— Só uma horinha, logo voltamos!

— Você não precisa me convencer a entrar em problemas, fedelha!


Só me deixe guardar minha jade. — Digo, indo até o vaso de planta e o
tirando da janela.

Este tipo de planta adora a luz do sol, então sempre a deixo próxima
a janela. Depois que tomei posse das minhas malas, exceto aquela com os
vibradores, fiquei feliz da vida que Liam realmente trouxe a suculenta com
cuidado. Uma coisa que faço questão de carregar comigo a cada mudança
furtiva de mamãe e vovó são minhas plantas. Há muitas delas pelo
apartamento e em minha opinião não existe decoração mais bonita.

Dakota sorri e comemora:

— Esta é minha garota!


CAPÍTULO 06

Como todos os dias, estou na praia às 5h. Corro por meia hora e,
mesmo o clima fresco beira-mar da Califórnia não me impede de suar. Tiro a
camiseta, como em todos os dias, bebo a metade restante da água em minha
garrafa e volto a correr.

Tudo está seguindo o curso normal da minha rotina metódica quando


me aproximo de casa ao completar uma hora de corrida. Até que vejo minha
filha, meus irmãos e a porra da babá bandida usando nada menos que peças
de banho, enquanto entram furtivamente em casa. Até Dylan está rindo e
com os braços ao redor do ombro da diaba. Que merda está havendo?

Meu primeiro impulso e me aproximar e esbravejar, exigir e


empurrá-la contra a primeira parede como um homem das cavernas, para ter
a desculpa de tocar a curva de sua coluna e a inclinação da cintura, que leva
para a bunda redonda e empinada coberta por uma tira minúscula de seu
biquíni brasileiro amarelo. Sinto-me como um lunático maldito.
Respiro fundo, aperto a ponte do meu nariz e conto até dez, buscando
a calma com que sempre lidei com as coisas. Não deixarei o pior de mim vir
a tona por uma mulher insignificante. Seja o que for este desejo, irei
despistá-lo após retornarmos do passeio com meus garotos. Depois que me
enterrar em uma mulher disposta, voltarei a mim. As últimas semanas foram
tensas e não tive nenhum momento de lazer deslizando por uma boceta
quente. Então Estela chegou, com a beleza, a bandidagem, um corpo de dar
água na boca e quase metade da minha idade. O pacote do proibido.
Totalmente errado e o meu pau não consegue receber a mensagem, logo quer
a mulher atraente a qualquer custo.

Penso em sua mãe. Ela é bonita, se veste como as mulheres que


costumo me envolver e tem a idade próxima da minha. Por que não me
tornei obcecado por ela então? Calo minha própria mente, não querendo
ficar mais perturbado do que já estou. Observo-os sumir dentro da
propriedade e espero cinco minutos antes de entrar.

Para a minha surpresa e total exasperação, vejo Dean e Estela em um


canto da sala aos cochichos.

Cerro os olhos, tentando entender o que está acontecendo, mas logo


os dois seguem em direção as escadas e sobem, ainda conversando seja lá o
que for.

Aperto as mãos em punho, meu sangue fervendo por imaginar


milhões de coisas. Eles são jovens, foda-se. Golpista ou não, meus irmãos
não são crianças, tampouco idiotas.

Sigo para o meu quarto e tomo um longo banho, ignorando o meu


pau dolorido e duro pra caralho com a imagem das duas covinhas na curva
daquele quadril presa em minha cabeça doentia.

Após o banho, visto-me com uma camisa social de botões branca,


calça social preta e sapatos italianos. Coloco meu relógio, penteio os cabelos
para trás e passo o perfume que uso desde que era adolescente.

Uso a próxima hora para verificar meus e-mails e resolver alguns


problemas de trabalho. A rede de hotéis Donovan é uma herança de família,
passada de pai para filho, de filho para neto e assim por diante até estar sob
meu comando. Ser o CEO tem seus privilégios, mas sempre estive presente,
viajando, trabalhando, estando nos escritórios, realmente zelando. Lutei
muito para que meus hotéis se tornassem o que são hoje. Dez anos atrás,
éramos uma rede quatro estrelas, mas estudei loucamente, mesmo sendo pai
tão jovem e ajudando minha mãe com meus irmãos. Adaptei-me à
atualidade, aproveitando cada nuance da internet para alavancar e consegui.

Tenho grandes contatos e amigos jogadores de futebol, celebridades e


artistas e isto impulsionou muito as pessoas a quererem estar em meus
hotéis, afinal pouco se cria. As pessoas têm esta necessidade de idolatrar
outras pessoas e copiar seus passos. Para os negócios, isto tem sido ótimo.

Abracei o lado da internet que fez o crescimento do


empreendedorismo subir exponencialmente, todavia, mantenho-me
rechaçando o lado mesquinho e distorcido em que as pessoas se sentem no
direito de falar barbaridades a outras. A segurança de estar atrás de uma tela
ou a falta do que fazer lhes deu esta doença absurda de ir a páginas de
figuras públicas e dizer qualquer merda.

Por ser CEO de uma rede internacional de hotéis, minha imagem é


conhecida no meio empresarial e um pouco no meio midiático. Pago uma
pequena fortuna mensalmente para contatos que evitam que minha vida
pessoal saía em sites e revistas de fofoca, mas ainda assim, tenho acesso a
redes sociais da empresa, assim como tenho as minhas pessoais para estar
atento a tudo. Dakota se tornou um tipo de influenciadora no Brasil, ela
posta seu dia-a-dia e as pessoas começaram a segui-la e ela amava cada parte
disto até que começaram os comentários sobre seus seios pequenos, então
quando ganhou peso e teve seu corpo criticado.
Tive minha filha em meus braços chorando e sofrendo por pessoas
infelizes, perturbadas e filhas da puta. Mantive a calma e forcei-me a ser o
porto-seguro que ela sempre buscou em mim, mas fervilhava de ódio por
dentro. Prometi que colocaria advogados atrás destes criminosos e o fiz.
Jamais deixaria uma coisa como esta ficar impune.

Tomei aversão à internet por um longo tempo ao ponto de me sentir


doente e amargo sempre que via um comentário maldoso sobre quem quer
que fosse. Desde então me policiei de permanecer atento ao que não me
acrescentava e exigi que Dakota procurasse uma terapia e só assim teria
permissão de continuar lidando com esta selva de merda.

Ouço batidas na porta e franzo a testa ao olhar a hora em meu


relógio. Envio um último e-mail e pego meu celular para ligar para a mãe de
Dakota, Lorena, que é meu braço direito no Brasil, e me enviou uma
mensagem pedindo para retornar com urgência.

Caminho até a porta e vejo Dean.

— Ei, bom dia.

— Bom dia. — Por algum motivo as palavras saem entre dentes e ele
me encara com o cenho franzido. — O que você quer?

— O piloto do jato está passando mal pra caralho e não vai nos levar
para o tal passeio. Ele ficou com medo de falar diretamente com você.

— Puta merda.

— Até tentei contatar outro, mas este era o único na Califórnia. E aí,
vai cancelar?
— Sim, infelizmente não temos opções.

— Nós podemos compensar. Os moleques ainda são novos, eles vão


perceber que podem contar com a gente. Connor foi um imbecil por afastá-
los, não foi nossa culpa. Veja só você, está aguentando sua compulsão
whorkaholic por eles. — Meu irmão dá um tapinha no meu ombro e se
afasta.

Sigo pelo corredor e abro a porta do quarto dos meninos.


Surpreendo-me ao ver Estela deitada na cama com Ethan. Ele está sobre o
braço esquerdo dela, que rodeou sua cabeça e está acariciando seus cabelos.
Seus olhos logo encontram os meus ao ver o movimento da porta. Ethan
sorri para mim, mas não alcança os olhos. Estela diz algo só para ele ouvir e
o acomoda no travesseiro antes de vir até a mim.

Hoje ela usa um penteado em que a parte superior está presa e a


inferior, solta. No entanto, a franja e mechas maiores nas laterais formam
uma bagunça de cachos moldando o rosto de coração. O vestido longo,
amarelo chamativo, poderia queimar minha vista a esta hora da manhã, mas
na bandida parece perfeito.

Seguindo um gesto do seu queixo, saio do quarto e a espero no


corredor. Ela logo se aproxima e fecha a porta. Todo o desprezo e raiva que
sempre me encara estão sumidos. Há pesar em suas feições.

— Ele sonhou com a mãe. Disse que ela o amava muito. Sabe o pior?
Eu cheguei para checá-los e ele só... — Estela engole em seco e me encara
com os olhos escuros brilhando com lágrimas. — Ethan só estava quieto,
lidando com isso, chorando baixinho para não acordar o irmão.

Quando se trata da minha família, não há uma pílula que eu possa


engolir para agir com indiferença. Minha garganta fecha e preciso pigarrear
para me livrar do nó me sufocando.
— Quanto tempo o meu sobrinho vem lidando com isto? — Pergunto
para mim mesmo, mas escapa em voz alta e Estela morde o lábio inferior
com força a ponto de torná-los vermelhos e um filete de sangue aparecer
quando ela o liberta.

— É o mesmo que me questionei. — Sua voz treme.

A vivacidade de seu rosto, aquela impetuosidade que brilha nos olhos


escuros desde que a vi a primeira vez não está presente. A tristeza sombreia
todas as emoções que a tornam tão ela. E, porra, como sei disto em apenas
um dia é preocupante. No entanto, não controlo o impulso de me aproximar
e quando Estela não recua, continuo.

Seguro sua mandíbula com a mão e estico o polegar para tocar o


lábio ferido, espalhando o pequeno sinal de sangue, o fazendo sumir. O
arrepio que sobe por minha espinha é um alerta de algo errado. Porra, estar
tocando assim é um alarme completo. Ela estremece sob meu toque, os olhos
cerrando enquanto me encara através dos cílios pesados.

— Obrigado por se preocupar com eles. Apesar de tudo. — Digo,


pois não me importa se ela é qualquer merda desde que está dando mais
atenção aos dois do que eu jamais fui capaz de fazê-lo.

Suas mãos agarram a minha camisa e afasto o olhar de seu rosto para
vê-la me tocando, mesmo que apenas a peça de roupa que estou vestindo. As
unhas coloridas apertam o tecido, seu nervosismo evidente.

— Eu... me preocupo com eles. Crianças são meu ponto fraco. —


Seu sorriso me prende ao seu rosto novamente, os dentes pequenos e retos,
com o canino esquerdo mais afiado que os demais é uma coisa só dela, mais
uma coisa só de Estela.
Tomo uma decisão enquanto me afasto, ansioso com estas sensações
que me causa, toda esta observação que me vejo fazendo sobre mínimos
detalhes de sua aparência e personalidade. Isto é fodido.

— Viajaremos por duas horas. Íamos de jato, mas houve um


imprevisto, será incômodo e cansativo, mas não posso deixar de levar Ethan
para se distrair.

— Duas horas de carro passa rapidinho! — Estela se anima. — Além


disto, nem que precisássemos ir andando você voltaria com sua palavra
sobre levar seus sobrinhos, não é, Sr. Donovan?

A alfinetada não passa despercebida, então franzo minhas


sobrancelhas e lhe deixo sem uma resposta real, afinal, sim, eu ia cancelar e
percebo o quão mal isto faria aos garotos em relação a sua confiança em
mim, que está começando a existir graças à babá bandida.

— Iremos sair mais cedo então. Precisamos conversar sobre os


termos do seu trabalho e acertar tudo.

— Só um minuto. — Ela caminha até o quarto, abre a porta e entra.


Aproximo-me para ver o que está acontecendo e a vejo cobrir Ethan e beijar
sua cabeça. Estela retorna e suspira. — Ele adormeceu. Podemos conversar
agora.

Começo a caminhar em direção as escadas, mas recordo-me dos seus


brinquedos sexuais ainda no cômodo. Não tenho empregadas em minha casa
diariamente. Nanda, uma brasileira de minha confiança, vem três vezes por
semana e limpa tudo. Ela trás sua tia, que cozinha para uma semana e deixa
no meu congelador. Gosto de privacidade e é por isto que esta casa é meu
lugar preferido no mundo. Mesmo tendo que viajar constantemente, não abro
mão de chamar a Califórnia de lar. Passo dias em minha cobertura em Nova
York, mas sempre retorno para cá.
Sendo assim, meu escritório continua uma zona vermelha de paus de
plástico.

— Meu notebook está no meu quarto. — Invento a primeira


desculpa, como se não houvesse mais de um. — Vamos até lá.

Estela me encara de um jeito estranho, engole lentamente, mas


assume sua postura determinada, insolente, ao concordar.
CAPÍTULO 07

Mudamos nossa rota e seguimos ao longo do corredor até que a


mulher caída na porta do quarto faz com que ambos paremos. A mãe de
Estela está caída no chão em frente a minha porta.

— Que merda é essa, mãe? — É a voz de Estela que quebra o


silêncio.

Olho para ela, vendo sua covinha aparecer quando cruza os braços,
franze as sobrancelhas e seus lábios formam um bico adorável.

— Eu caí. — A mãe responde com a voz manhosa. — Tropecei e...


meu Deus, sou tão tonta. Pode me ajudar, Dominic?

Aproximo-me para estender-lhe a mão apenas por educação, mas


Estela se coloca na minha frente, suas costas se chocando com o meu peito e,
maldição, o meu pau cresce imediatamente, visto que esteve semi-ereto
desde que toquei seus lábios.
— É Sr. Donovan, mamãe! — Estela ladra com impaciência, então
me olha sobre o ombro, faíscas de raiva fluindo em minha direção.

Parecendo prestes a explodir, morde o lábio e não é do jeito


despretensioso e sensual, é como um personagem de desenho animado
tramando algo. Seu nariz até franze e nem assim a bandida fica menos
atraente. Ela solta um bufo que faz a franja voar para todos os lados para
voltar a cair cobrindo sua testa novamente.

Dando a mão à mãe, ela a puxa e a ajuda a ficar de pé. Então vejo a
mulher de pé, a camisola de cetim com um decote generoso e penso na
forma como esteve “caída”. A mãe de Estela estava, no mínimo, tentando
uma pose sensual em meu caminho e não percebi, obviamente, pois
aparentemente só há uma pessoa nesta casa capaz de me tornar atento a
detalhes supérfluos. Mesmo sabendo que Amélia é uma golpista e,
provavelmente, colocou a filha neste caminho, não sinto raiva da mulher, a
ignorei desde o primeiro contato. Talvez porque meu foco fosse a amiga da
minha filha, quem poderia, de fato, machucar Dakota, justifico para mim
mesmo.

— Preciso conversar com sua filha sobre trabalho. Com licença. —


Apoio a mão na lombar de Estela e a guio para frente, abrindo a porta e a
empurrando para o interior antes que sua mãe possa protestar. Ela ainda me
encara como um chihuahua zangado, mas não vejo o que fiz desde que
havíamos dado uma trégua sem palavras, pelas crianças. — Você está bem?

— Sim, Sr. Donovan. — Frisa meu nome com exasperação. —


Estou!

— Não parece. — Comento, examinando-a.

— Vamos ao que interessa, certo? Aparentemente todas as vezes que


vamos conversar sobre trabalho algo foge e falamos coisas que não
devemos. — Ela esfrega a têmpora e resmunga: — Minha cabeça está
doendo.

— Provavelmente porque passou a noite na farra.

Levando a mão ao peito, sobre o coração, tenta aquela pose de


coitadinha, que não combina nem um pouco com ela.

— Eeeeu?! Passei a noite dormindo, Sr. Donovan.

— Ah, claro que sim! Como não? Devo ter visto outra bandida
parecida com você quando retornava da minha corrida matinal.

— O senhor sabia que há um clone de cada pessoa no mundo, certo?


Todos têm alguém, tipo assim, idêntico a si por aí. Não é incrível que o meu
esteja justo aqui, na Califórnia? Uau! Juro que preciso encontrá-lo.

Se eu não confiasse totalmente em meus olhos e mente, questionaria


minha visão e sanidade, pois sua atuação é impecável e não há sequer um
tique para mostrar que a infeliz está mentindo. Profissional em fazer isso,
não é mesmo?

Travo o maxilar, apertando meus dentes para não lhe dar uma
resposta mal educada.

Estela senta na beirada da minha cama, cruza os pés e os balança sem


parar enquanto me aguarda. Ela parece uma criança com esta atitude.

— Tenho um contrato redigido por meu advogado, mas isso foi antes
de virem para cá. É o contrato original para outra babá.
— Como assim? Está dizendo que vai me pagar menos? Nem pensar!
Amo os meninos, mas ainda assim...

— Não vou pagar menos, pelo amor de Deus. — Resmungo,


impaciente. A mera presença despreocupada da bandida em meu quarto faz
meu sangue ferver. Caminho até a escrivaninha e pego os papéis. — Falta
adicionar algumas cláusulas. E quanto ao salário, você pode dizer se não
estiver de acordo. — Entrego-lhe as folhas.

— Certo. — Estela limpa a garganta e se concentra no contrato. Ela


corre algumas páginas e arregala os olhos para o que suponho que seja seu
pagamento. — Uau! — Pigarreia e força uma expressão solene. — Que
isso?! Estou super acostumada a receber bem assim. Pode até aumentar, se
quiser... — Volta às páginas e desta vez, realmente se concentra nos demais
detalhes.

A forma como seus pés continuam balançando e as duas pulseiras em


seu pulso magro fazem barulho quando ela se mexe fazendo as bolinhas
baterem é algo que meu cérebro capta e relaciona somente a babá. Estela é
uma incógnita. Bandida trambiqueira, com estas roupas e unhas coloridas,
bijuterias bem feitas, mas do mesmo padrão colorido e alguns diriam,
infantil. Este rosto que vai do céu ao inferno, de tão expressivo que é, além
de bonito pra caralho. É impossível manter meus olhos longe da maldita e
meu pau está de acordo com o pensamento.

— Estou de acordo com tudo. — Informa, então bate o indicador no


queixo e franze a testa por cinco segundos antes de soltar: — Mas
adicionaria duas cláusulas.

— Prossiga.

Ficando de pé, adere uma postura, que pode muito bem ser uma
tentativa falha, de intimidação. Coloco as mãos no bolso da calça e aguardo
que termine sua cena, andando ao meu redor como uma leoa cercaria sua
presa.

— Mamãe e vovó ficam de fora de qualquer intolerância que o


senhor tenha contra mim. Se algo der errado entre nós, só cobrará de mim.

Isso me pega desprevenido e embora mantenha a expressão estóica,


meu cérebro dá um giro de trezentos e sessenta graus. Seu protecionismo
ferrenho diz muito sobre ela.

Não tenho a intenção de criar problema para nenhuma delas. Dakota


ama Estela e eu amo a minha filha, portanto é uma equação simples.
Prejudicar a amiga da minha filha está fora de cogitação. Minha intenção
inicial era oferecer dinheiro e afastá-la sem conflitos, mas a bandida fez
deste plano um fracasso. Em contrapartida, sua imposição me dá a chance de
ter as minhas próprias. Por este motivo, sou eu quem anda ao seu redor
agora.

Ao parar atrás dela, vejo seu ombro subir e descer depressa, então
digo:

— Cláusula aceita se eu puder adicionar minhas próprias.

— No plural? — Sua voz soa como uma exclamação sussurrada, o


que tem final rápido quando ela gira segurando o contrato como se sua vida
dependesse disso. Encarando-me com os olhos amendoados estreitos,
resmunga: — Como adicionei uma, o senhor tem direito a outra. Se quiser
uma segunda ou terceira, terei a mesma quantidade para reclamar.

— Como o meu cérebro me faz recordar, você pediu a chance de


adicionar duas cláusulas, Estela. — Arqueio a sobrancelha com cinismo. —
Portanto, tenho direito a duas, por isso o uso do plural. Compreende o básico
de plural, correto? É quando falamos sobre uma quantidade maior do que
um. Acredito que tem o mesmo sentido no Brasil.

Entre dentes, olhando-me com faíscas nos olhos, Estela solta:

— Idiota. — Em português, baixinho.

— Seu antiprofissionalismo é deselegante, Estela. Enquanto você


leva seu tempo para assimilar, vou prosseguir. — Zombo, arrancando-lhe um
olhar que faria um buraco em meu rosto, se possível fosse. — Sua avó e mãe
ficam de fora da minha lista de merda e meus irmãos ficam de fora da sua
lista de golpe.

Um sorriso sinistro cresce lentamente em seus lábios, uma


sobrancelha bem feita levanta e os olhos grandes batem sob os cílios com a
franja quase os alcançando.

— Perfeito, Sr. Donovan.

— Não parece perfeito, parece que está tramando algo.

Estela arregala os olhos numa expressão falsa de choque e inquire:

— Eeeeu? — O tom cínico me faz trincar os dentes.

— Diga sua próxima adição a clausula, Estela. Já lhe disse que não
sou apreciador de dramaturgia barata.

— Pois o senhor fique sabendo que no teatro escolar sempre fui a


melhor, não há nada de barato na minha atuação. — Ela cruza os braços
sobre o peito, insistindo em fazer seu ponto.
Reprimo um bufo e passo a mão pelo rosto, frustrado por estar
trancado com esta mulher e, mais, por ter que suportá-la.

— Isso provavelmente ocorreu quando não estudava com Dakota,


uma vez que minha filha foi a melhor de sua classe todos os anos. — Por
que, caralho, lhe dou este tipo de resposta infantil, não faço ideia.

— Sua filha é uma estrela, não posso negar. Nem quero porque
DakDak é incrível! Mas eu era a árvore. Você conhece a importância das
árvores no mundo, certo? Acredito que tem a mesma importância aqui na
Califórnia como no Brasil. — Replica meu tom quando lhe importunei sobre
o uso do plural.

Sem que possa controlar, estou sorrindo e os olhos de Estela crescem


de tamanho enquanto observa. Seu rosto ilumina por um segundo antes de
brilhar completamente quando ela sorri. Os olhos brilham e as duas covinhas
aparecem. Genuíno. Linda pra caralho. Nunca estive com meus olhos em
nada igual. Absolutamente deslumbrante.

Levo a mão ao colarinho, uma mania de afrouxar a gravata quando as


coisas ficam demais no trabalho. Limpo a garganta, fechando a expressão ao
mesmo tempo em que ela recua e franze a testa, fazendo aquele bico, que faz
apenas a covinha da bochecha esquerda dar as caras.

— Sua próxima cláusula?

— Bem... — Estela pigarreia. — Você não pode ter proximidade com


a minha mãe, romântica, sexual, raivosa. Nada.

Ela deveria exigir que eu não me aproxime dela, afinal, ao mesmo


tempo que quero apertar seu pescoço, quero fazer isso enquanto empurro
meu pau dentro dela.
Merda de pensamentos infelizes!

— Certo. E quanto a minha última, você não pode usar roupas


íntimas por aí, como fez na praia. Isso é inapropriado ao redor das crianças.

— O senhor é tão apropriado, não é? — Batendo os cílios, ela sorri


com ironia. — Por mim, tudo correto.

— Basta assinar. — Digo, rangendo os dentes.

Ela se aproxima da escrivaninha e assina. Um grito irrompe no


corredor fazendo Estela abandonar o contrato assinado e ambos corremos em
direção a porta para ver sua mãe estirada no chão com Zeke lambendo-a.
Pouco a pouco, meus sobrinhos, filha e irmãos também aparecem enquanto
tento conter meu cachorro.

Neste ínterim, Ethan e Noah exigem a atenção de sua babá. Sigo para
o meu escritório e faço algumas ligações para deixar tudo certo para o
passeio.

Observo a confusão de mãos e vozes na mesa do café da manhã. Há


anos faço meu desjejum sozinho, exceto quando Dakota e os gêmeos estão
comigo e, nos últimos dias, com Ethan e Noah, embora completamente em
silêncio, o oposto de hoje.

— Estou tão animado para o passeio. Onde iremos? Onde iremos? —


Noah insiste.

— É surpresa, bochechudo! — Estela aperta a bochecha e ele parece


um gato ao se esfregar na mão dela.
— Onde iremos? Onde iremos? — Ethan bate com os talhares na
mesa e o irmão o acompanha no canto.

Dakota imita e os marmanjos que chamo de irmãos também. Então


tio Norman entra no cômodo, com a avó de Estela em um braço e a mãe em
outro. Ele puxa uma cadeira para cada uma e Estela arregala os olhos,
claramente transtornada, uma vez que ela sequer está sentada, pois insiste
em deixar-nos ter estes momentos em família.

— Sente-se, Estela. — A ordem fica evidente em minha voz, apenas


para ela escutar sob o coro de “onde iremos?” e ela hesita por um segundo,
mas acata.

— Haverá um passeio? — Tio Norman pergunta. — As damas e eu


iremos. — Informa.

— O passeio é sobre Ethan e Noah. — Digo como um alerta.

Ele entende, pois não insiste. A confusão na mesa só aumenta após a


chegada do meu tio e das duas mulheres. O trio conversa como se fossem
amigos há décadas. Eu poderia me preocupar em protegê-lo de um golpe se
eu me importasse com ele, o que não é o caso.

Após meia hora, a minivan que aluguei estaciona em frente a casa e a


bagunça de pernas correndo me faz sorrir. Estou totalmente inseguro quanto
a viajar desta maneira, mas não poderia quebrar a promessa após saber o
sonho de Ethan. Não poderia quebrar de forma alguma, pois estas coisas
moldam a confiança das crianças, embora não tenha me atentado quando
deveria.
CAPÍTULO 08

— Eu vou sentar na janela! — Dakota exclama e Zeke late, pulando


no colo dela após ela sentar.

Noah está sentado na cadeirinha para viagem ao meu lado e seu


irmão no outro. Nos bancos atrás, Dean, Dylan e Dakota se espremem e seu
pai senta atrás do volante.

— Dom sabe dirigir? — Dylan pergunta fazendo seu irmão e


sobrinha começarem a rir.

— Puta merda, vamos sobreviver? — Dean provoca.

— Fodam-se vocês dois! — Dominic resmunga e coloca a minivan


em movimento, fazendo os três gritarem e as crianças acompanharem.

Isso arranca um sorriso de Dominic, um como o que me deixou ver


em seu quarto e me fez vê-lo como uma árvore, pois só isso justifica o
desejo de trepar no homem.

— Ele não dirige? — Ficando de joelhos, observo o trio.

— Só o motorista, você sabe, o CEO foda e blá blá. — Dean implica.

— Vou jogá-lo na estrada, Dean. — Dominic retruca.

— Para a experiência completa de viagem, faltam duas coisas. —


Digo, animada. — Música e janelas abertas! Fala sério, é a Califórnia. Um
paraíso! O vento no rosto, a brisa do mar, isso tudo é parte da experiência da
viagem.

— Você é guia de turismo? — O infeliz do meu chefe inquire,


fazendo soar um coro de “Uuuuuu!”.

Olho feio ao redor e sorrio falsamente ao parar para encará-lo através


do espelho retrovisor.

— Não, Sr. Donovan, mas certamente já viajei por aí sem ser


questionada por minhas habilidades automobilísticas. Então, entendo de uma
coisa e outra.

— Você está dizendo a verdade, Estela? É difícil saber. — Ele


arqueia a sobrancelha grossa e seu olhar encontra o meu pelo espelho, mas
logo se concentra na estrada.

— Eeeeu? — Coloco a mão sobre o peito e digo solenemente: —


Mentir é pecado! Eu fui coroinha, Sr. Donovan.

Dominic estreita os olhos e me ignora. Zeke late. Ele acredita em


mim, certeza.
— Qual é, Dom? Deixa a menina colocar música brasileira!— Dean
insiste, já abrindo as janelas.

— Música! Música! Música! — Ethan e Noah iniciam um coro, o


que suspeito ter se tornado sua nova diversão.

Apesar de exigir elegância, o grosseirão sorri e estaciona a minivan


no acostamento. Ele desliga o ar-condicionado e todos abrem suas janelas.

— Se irá colocar música, faça você mesma. Não irei tirar a atenção
da estrada. — Resmunga com aquele tom de exigência que só de respirar faz
parte dele.

Outro coro de “Uuuuuu!” me faz olhar as três crianças nos bancos de


trás. Zeke late e pula do colo de Dakota, indo sentar aos pés de Ethan.

— Vai, Dak. Toma! — Entrego o meu celular para minha amiga, que
nega prontamente.

— Não, não! Papai concentrado é um saco. Eu cuido dos meninos.


— Ela diz, passando pelos tios e sentando-se ao lado de Ethan e Noah.

Bufo a ponto de minha franja voar e o Sr. Donovan resmunga:

— Isso é deselegante.

— Pelo amor de Deus! — Murmuro ao ver Dylan e Dean explodirem


em uma risada.
— Eu posso ficar com o trabalho duro se você sair comigo. — Dean
pisca.

— Estela, para cá. Agora, porra!

— Papai! — Dakota exclama.

— Sinto muito, crianças.

— Que deselegante! — Uso sua soberba contra ele mesmo, descendo


do veículo.

Abro a porta da frente e entro, acomodando-me no banco próximo a


porta, deixando um espaço entre nós, sem deixar de sentir seu olhar
fulminante. Reviro os olhos quando volta a dirigir e puxo o cabo USB preso
ao rádio, plugando-o ao meu celular.

Coloco a minha playlist preferida, as melhores de todos os tempos


em minha opinião. Músicas que me trazem boas recordações, de finais de
semanas e férias felizes com papai.

Pulo as mais emocionais, românticas, a maioria MPB, então deixo


Vira-vira dos Mamonas Assassinas tocar.

Raios!
Fui convidado pra uma tal de suruba
Não pude ir, Maria foi no meu lugar
Depois de uma semana, ela voltou pra casa
Toda arregaçada, não podia nem sentar
Quando vi aquilo, fiquei assustado
Maria, chorando, começou a me explicar
Daí então, eu fiquei aliviado
E dei graças a Deus porque ela foi no meu lugar
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Neste raio de suruba
Já me passaram a mão na bunda
E ainda não comi ninguém
Oh, Manoel, olha acá como eu estou
Tu não imaginas como eu estou sofrendo
Uma teta minha um negão arrancou
E a outra que sobrou está doendo
Oh, Maria, vê se larga de frescura
Que eu te levo no hospital pela manhã
Tu ficaste tão bonita monoteta
Mais vale um na mão, do que dois no sutiã
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Neste raio de suruba
Já me passaram a mão na bunda
E ainda não comi ninguém
Bate o pé
Bate o pé
Oh, Maria essa suruba me excita
(Arrebita, arrebita, arrebita)
Então vá fazer amor com uma cabrita
(Arrebita, arrebita, arrebita)
Mas, Maria, isso é bom que te exercita
(Bate o pé, arrebita, arrebita)
Manoel, tu na cabeça tem titica, larga de putaria e vai cuidar da padaria
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém
Roda, roda e vira, solta a roda e vem
Neste raio de suruba
Já me passaram a mão na bunda
E ainda não comi ninguém!
Vamos lá, todo mundo dançando, raios!
Todo mundo comigo! Uou, uou, uou
Oh, Maria se deu mal, vamo lá!
Ai, como dói

— Que porra é essa, Estela?


— É, Estela, que adorável letra. — Dylan provoca.

— As crianças nem entenderam. — Dakota defende. — Esta música


faz qualquer um ficar feliz, mesmo sem entender a letra. — Minha amiga ri.
— Gostaram?

— Sim! — Noah bate palmas.

— O que estão dizendo? — Ethan inquire, curioso.

Olho rapidamente para ver Dominic com o cérebro quase explodindo


e seguro uma risada. Fico de joelhos no banco e olho para trás enquanto
Primavera do Tim Maia toca.

— Aquela música fala sobre uma família em uma viagem divertida.


— Minto.

— E para onde estão indo? O tio deles também é quem dirige? —


Noah pergunta.

— Sim! Há o tio.

— Como é o tio? — Ethan quer saber.

Algo rouba a atenção de Dakota em seu celular, enquanto os gêmeos


estão entretidos em uma conversa. Então meus olhos encontram os de
Dominic por um segundo antes que ele volte sua atenção para a estrada e eu,
para os meninos.
— É um tio muito, muito legal. Ele não é soberbo, arrogante, nem
mesmo opressor.

— Hum... — Noah pensa por um momento em que quase posso


ouvir os dentes de Dominic rangendo. — E a babá deles, também está
viajando?

Antes que possa dizer, Dominic toma a palavra ao parar em um sinal:

— Claro que sim, campeão! É uma babá incrível. Nada mentirosa,


bandida e insolente.

Fulminamos um ao outro com os olhos até o automóvel ser colocado


em movimento novamente.

Após mais MBP e conversa com os meninos, avisto uma loja de


plantas e aponto para os garotos, que viram minha suculenta e ficaram
ansiosos para colocar água para ela. Mas expliquei que aquela é uma planta
que só precisa de água quando sua terra está completamente seca.

— Olhem, uma loja de plantas! Vocês iriam amar ter plantinhas. —


Digo para as crianças e para os adultos também.

Todos ignoram, exceto meus pequenos.

— Tio, queremos uma planta igual a da Star!


— Por favor, tio!

Zeke late, ajudando na causa.

Dominic me encara e juro que está apertando o volante imaginando


que é o meu pescoço.

— Isso é sério?

— Os meninos querem.

E assim, ele estaciona, soltando fogo pelas ventas para irmos até a
loja. Seus irmãos e minha amiga esperam na van com Zeke e sou
presenteada com sua presença de merda acompanhando os meninos.

Nosso tempo na loja demora bastante, pois me vejo louca pelas


plantas e flores maravilhosas. Ethan e Noah se encantam também e fico
orgulhosa por eles estarem nutrindo esta curiosidade, que sendo regada, logo
se tornará amor.

— Olha, compra estas para sua casa. São lindas! — Digo,


inconscientemente puxando a barra da camisa do meu chefe, feito uma
criança.

Dominic me encara com aquela altivez insuportável, mas suspira


derrotado e resmunga:
— Escolha quais você quer, para o seu quarto e o das crianças. Deixe
minha casa como está.

Dou pulinhos animados e meia hora depois estou empurrando um


carrinho cheio de vasos e lindas plantas. O Sr. Donovan abre a mala da van e
pragueja até a minha décima geração.

— Eu nunca vi funcionário mais folgado.

Fico quieta para não espantar sua benevolência e acomodo as


crianças nos seus antigos lugares após acabarmos de guardar as plantinhas.

Retorno para o lado de Dominic depois dele rosnar para que eu


continue na frente. Ele dirige enquanto converso com os meninos sobre as
plantas. Logo os dois pegam no sono, visto que acordaram cedo. Lembrar de
como encontrei Ethan acordado pensando no sonho que teve faz meu peito
doer. Observo-os, as cabeças pendendo para o lado do outro, sempre juntos.
Ethan é o protetor do irmão e saber que sofre em silêncio por tanto tempo é
opressivo. Onde está sua mãe? Se realmente o amasse, teria partido e os
deixado?

Todos adormecem, afinal passamos a noite no luau. Reprimo um


bocejo atrás do outro, mas mal consigo controlar meus olhos abertos. Ouço o
rosnado, mas ignoro. Ele continua rosnando, como um animal, enquanto o
cão da família encontra-se dormindo. Homem louco!

— O que o senhor quer? Vai dizer de uma vez ou continuar imitando


um cachorro? — Solto, olhando-o com atenção, o que é um erro.
Ele está usando uma camisa social branca, como sempre, em plena
Califórnia. Seus dedos longos estão presos ao volante e um relógio caro
rodeia o pulso esquerdo. Pelos ralos cobrem o antebraço, veias chamativas
atraem minha atenção. Ombros largos empurram o tecido da peça de roupa e
o pescoço grosso é bruto como suas veias, assim como o pomo de adão. A
beleza de Dominic é bruta. Sua mandíbula angulosa, quadrada, coberta pela
barba com aquele risco charmoso grisalho pede para ser tocada.

Dominic Donovan é lindo pra cacete e, embora, tenha me proibido de


pensar nisso, de vê-lo por este ângulo, tenho tido dificuldade em não reparar
no filho da mãe gostoso.

— Sei que passou a madrugada na bagunça com meus irmãos e filha.

— Eu não... — Começo, mas ele interrompe.

— Embora seu teatro de gêmea pudesse ter sido convincente.

— Eu disse a você que fui a árvore nas peças escolares. Sou uma boa
atriz. — Sorrio amarelo e o homem sorri sem mostrar os dentes, mas só de
ver seu perfil, o olho fechando e as ruguinhas aparecendo faz meus ovários
explodirem.

— Deite-se e durma um pouco, teremos duas horas na estrada. —


Seu tom exigente faz meus ovários murcharem.

Não lhe dou uma resposta, mas encosto a cabeça no banco e fecho os
olhos.
Desperto sentindo um leve aconchego em meus cabelos e, ao abrir os
olhos, deparo-me com um pacote absurdo para ser real. A leve carícia em
meus cabelos me puxa para a inconsciência novamente, mas é impossível...
O pau do meu chefe atrai meu olhar de forma que não consigo desviar para
me situar. Forço-me a fechá-los e colocar meu raciocínio a funcionar.
Estamos na minivan, viajando e eu adormeci após a ordem de Dominic.

Como parei em seu colo? Quer dizer, estou deitada sobre os dois
bancos e minha cabeça está apoiada em sua perna dura, muito musculosa,
forte e... Foco! Chega de elogiar este bastardo.

— Você estava toda torta, caindo em meu ombro. A ajeitei e coloquei


sobre minha perna. Não precisa lamber meu p...

— Seu tosco! Grosseiro! — Levanto-me abruptamente.

— … Pé, por isso. — Completa, olhando-me com uma sobrancelha


arqueada.

— O que houve, gente? — A voz sonolenta de Dak soa atrás de nós e


me xingo mentalmente pelo surto.

O Sr. Elegância não me convence de sua inocência, entretanto. Bufo


e viro para olhar minha amiga.

— Tive um pesadelo. Nossa, acordei assustada com meu próprio


grito.
Dakota suspira e volta a encostar a cabeça na janela. Sinto olhos
queimando meu rosto e viro para encarar Dominic.

— Você tem compulsão por mentir? — Inquire irritadiço, voltando a


olhar para frente.

— Não, só não quero perturbar Dakota com o fato de que estamos na


garganta um do outro. — Dou de ombros.

Dominic aperta a mandíbula e diz com uma voz gutural:

— Não estou em sua garganta, Estela. Se estivesse, você saberia.

Inconscientemente levo a mão à garganta e aperto levemente, como


se fosse aliviar a respiração ofegante e os batimentos erráticos. Ele... ele está
falando isso num sentido sexual? Ele me enforcaria enquanto afundaria seu
pau... Não! Pare. Só pare! Dominic certamente está falando sobre me matar.

— Dom... — Respiro. — Sr. Donovan! — Sussurro um grito.

Um sorriso do gato Chesire abre lentamente em seu rosto. Sinto


calafrios subir por minha coluna. Ele não diz nada e meu cérebro entra em
curto circuito. Todavia, ignoro. Ignoro o cheiro dele, que parece vir em
ondas, invadindo meus sentidos e praguejo minha boca grande por dar a
ideia de viajarmos de janelas abertas, pois é o vento que traz este cheiro.
Ignoro o perfil do seu rosto, que parece ter sido esculpido pelos deuses,
ombros largos e esses braços com as veias...
— Eu acordei você porque estamos chegando. — Dominic diz alguns
minutos depois.

— Fazendo cafuné? — Pergunto acusatoriamente, lembrando-me do


carinho que senti em minha cabeça.

— Queria que a acordasse como? — Retruca e me encara ao


estacionar. — Empurrando sua cabeça? Sem um pingo de empatia?

— Tudo bem... Tudo bem... — Ergo as mãos em sinal de rendição,


pois não preciso estar na defensiva o tempo todo.

Abro a porta e desço da van, logo abrindo a outra e entrando para


acordar os meninos.

Coço suas cabeças como seu tio coçou a minha e os vejo despertar
pacificamente, pouco a pouco.

Olho sobre o ombro e o vejo arquear a sobrancelha, sempre se


achando o sabichão. Depois que Ethan, Noah e Zeke acordam, bato no teto
da van e grito:

— Chegamos, cambada! Ninguém mandou pernoitar na bagunça!

— Ah, cara! — Dylan resmunga, cobrindo o rosto com o braço.

— Acorda, canalha! — Dean bate na cabeça do irmão e pula para


fora como se não tivesse dormindo.
— Isso é um exemplo do que os irmãos não devem fazer. —
Murmuro para os dois príncipes me encarando com olhinhos sonolentos.
Zeke lambe minha perna e late. — Bom cão! Sempre soube que você é o
mais esperto. — Faço carinho atrás de sua orelha e ele esfrega o focinho em
meu joelho.

— Onde estamos? — Dakota se espreguiça e enfia a cabeça pela


janela, olhando lá fora.

Tiro Ethan e Noah das cadeirinhas e corro para olhar com minha
amiga.

— Vamos, pessoal! — Dominic apressa e Dak revira os olhos ao


mesmo tempo em que eu bufo.
CAPÍTULO 09

O Championship Soccer Stadium é um estádio de futebol com


capacidade para mais de cinco mil pessoas localizado no Orange County
Great Park, em Irvine, Califórnia.

O bairro tem tradição em receber eventos esportivos do Condado de


Orange. No local, há diversas estruturas esportivas e escolhi trazer meus
sobrinhos ao estádio de futebol pelo anseio de ver este brilho nos olhos de
Ethan. O mesmo brilho que vejo ofuscar qualquer tristeza quando seu rosto
ilumina em um sorriso enorme e ele aperta meu pescoço em um abraço
afoito.

O garoto vive jogando futebol em seu iPad. Foi um bom palpite de


última hora, visto que sei pouco sobre meus sobrinhos.

— Passaremos o dia aqui e a tarde, assistiremos o jogo do Orange


County SC. — Digo.
Não há grandes estádios na Califórnia, mas vendo a alegria de Ethan,
meu peito aquece como se tivesse o levado ao maior estádio do mundo.

— Não acredito, tio!

— Acredite, amigo. — Beijo sua testa e ganho mais um abraço


apertado.

Coloco-o sobre seus próprios pés e sorrio ao vê-lo correr


enlouquecido pela grama verde bem cuidada.

— Estaremos a disposição, Sr. A qualquer momento, é só chamar. —


Um dos funcionários designados a nos recepcionar diz.

Olhando entre minha família, vejo Estela contendo a emoção, com


um sorriso imenso rasgando seu rosto e aquelas covinhas em suas
bochechas. Penso em como diz que devemos ter momentos em família.

— Ficaremos bem, Sully. — Digo ao ver seu crachá. O senhor sorri e


assente com a cabeça. — Se precisar de algo chamo. Pode ter seu descanso.

Estela me encara e este olhar mexe comigo de uma maneira que não
quero analisar. Ainda estou possesso com sua personalidade bandida,
expansiva e mentirosa, mas igualmente atraído pelas facetas da infeliz.
Fazer-me gastar uma fortuna com plantas foi o cúmulo da ousadia, mas
aquele olhar de cachorrinho quando me fez o pedido não me deu a chance de
recusar. E então meus sobrinhos estavam reluzindo de alegria pela
quantidade absurda de mato adquirido e fiquei agradecido pela loucura da
babá.
— Vamos, Noah! Vamos ver o que Ethan está achando daqui.

— Ele está muito feliz! Eu também! — Ele salta do colo da babá e


persegue o irmão.

Estela cruza as mãos, como se não soubesse bem o que fazer, então
se aproxima e diz:

— Isso é incrível, Sr. Donovan. Apenas incrível.

Sem saber o que dizer, assinto com a cabeça e coloco as mãos nos
bolsos, vendo-a ir até os meninos.

Dean e Dylan correm até eles e começam a chutar bolas.

— Ei, papai! Alguém já disse que você é o melhor? — Dakota passa


os braços por minha cintura e cola a bochecha em meu peito. Beijo sua
cabeça e sorrio superficialmente. — Não faça esta expressão. O tio Connor
não o deixava se aproximar. As crianças sofreram, mas não é sua culpa.

— Eu acho que depois que você e meus irmãos cresceram, fiquei


sem ter muito com o que me ocupar e fechei meus olhos para tudo que não
fosse o trabalho. Até para você estive ausente, querida.

— Tenho vinte anos e estou vivendo a minha vida, pai. Além disso,
posso ir e vir quando quiser. Nos falamos diariamente e ambos não fomos
até o outro. Eu amo você e não quero que se culpe, ok? Porque não foi nada
além de perfeito para mim.
Beijo sua testa e afasto os cabelos loiros que herdou de sua mãe.
Dakota sorri daquela maneira que sempre faz meu coração saltar. Minha
filha é minha maior alegria. Sem ela, teria andando sem rumo. Fui um jovem
rebelde, desordeiro, que não podia ver um par de pernas femininas e estava
mandando uma cantada barata. Minha sorte foi ter tido uma noite bêbada e
descuidada com Lorena quando visitei o Brasil pela primeira vez. A mãe de
Dakota se tornou uma grande amiga ao longo dos anos. Nunca nos
relacionamos além da noite em que concebemos a nossa filha, mas fomos
grandes parceiros na criação dela.

— Você que é perfeita, filha.

— Só irei acreditar se você fizer o mesmo sobre o que digo. — Sorri,


perspicaz.

— Promessa. — Digo.

— De pontinha de nariz? — Pergunta.

Não consigo evitar o sorriso.

— Não fazemos isso desde que você se tornou adolescente e passou a


ter vergonha do papai.

Dakota olha ao redor e sussurra:

— Rápido. Eles estão distraídos.


Inclino para ficar a sua altura e toco a ponta do meu nariz com o seu.
Quase posso ver seu rosto rechonchudo e bochechas vermelhas, de quando
era uma garotinha, com aquele sorriso de quem idolatrava o papai. Agora é
uma jovem mulher, independente, livre, cheia de sonhos. Ainda assim,
sempre será a garotinha do papai.

— De pontinha de nariz. — Sorrio.

— Agora, pare de brigar com Estela, certo? Estou de olho em vocês.

— Eu brigando com sua amiga? Veja a minha idade, Dakota.

— Papai, não sou idiota. — Dakota bufa, parecendo a dita amiga.

— Ei, Dakdak! — Estela grita o apelido ridículo e atrai a atenção da


minha filha. — Vamos acabar com esta dupla de bananas aqui!

Levando meu olhar em sua direção, franzo a testa ao ver sua saia,
antes longa, agora com um nó largo na lateral da coxa direita, prendendo a
peça de forma que mal cobre sua bunda. Então Dean joga a bola nela, no que
ela a segura e joga no peito do seu pé, para dar um show de altinha.

— Vocês estão mortos! — Dakota grita, correndo até eles.

— Eu sou do time da Star! — Noah berra em êxtase ao ver a bola


quicando de um pé para o outro, logo para a coxa, então para a cabeça e o
ciclo continuando enquanto ela se exibe.
— Eu sou bom, tio. Ajudo vocês! — Ethan diz solenemente
encarando meus irmãos.

— Você vai ser do time deles? — Estela inquire, parando a bola sob
seu pé esquerdo e colocando as mãos na cintura. — Seu pequeno traidor.

Ela começa a correr atrás dele, que gargalha alto e acaba sendo pego
para receber cócegas. Aproximo-me e Dylan exige:

— Você fica no nosso time, eu sei que é bom.

Arqueio a sobrancelha e vejo Estela retornar com Ethan jogado em


seu ombro.

— Você é bom, Sr. Donovan? Difícil de visualizar. — Provoca,


colocando meu sobrinho sobre os próprios pés.

— Por qual motivo? — Pergunto, afrontado.

— Não sei... O senhor é todo tenso.

— O que?

— É verdade, irmão. — Dean concorda.


— Acham que esta conversinha cheia de provocação infantil me
levará a provar algo? — Retruco com desdém.

— Não acho nada, Sr. Donovan. — Estela responde cheia de


petulância, com uma sobrancelha arqueada e aquele bico que faz a covinha
aparecer. — Só duvido que vença do meu time.

A provocadorazinha não desvia o olhar do meu e isso me enerva. No


entanto, sinto uma mão pequena deslizar na minha e tenho minha atenção
roubada. Ethan segura minha mão e me olha como se eu fosse a porra de um
ídolo quando diz:

— Vem ser do meu time, tio Dom! Não vou deixar você perder.

Isso me convence, é claro. Nossas vestimentas não nos permitem um


jogo relaxado, embora quando vejo Estela fazendo jogadas exageradas,
Cedendo à infantilidade, tento superá-la, fazendo dribles e passes
desnecessários. Ela parece surpresa com minhas habilidades futebolísticas. O
placar é acirrado, visto que a cada gol dela, faço outro. Então quando as
crianças e meu irmão começam a reclamar de tomarmos posse da bola,
ambos saltamos juntos para cabecear um chute de Dylan e batemos a cabeça
no outro. Caio com Estela sobre mim, mas protejo seu corpo do chão.

Suas mãos ficam apoiadas em meu peito e minhas mãos em sua


cintura. Nossa respiração é ofegante e o calor de suas coxas nuas fazem meu
corpo endurecer. Seus cachos caem em meu rosto e me perco num vislumbre
doentio, imaginando-a saltando no meu pau enquanto estes cabelos fazem
cócegas no meu peito. Involuntariamente aperto sua cintura e Estela remexe
sobre mim, esbarrando na ereção crescente.
— Oh, meu Deus... — Ela sussurra, seu rosto ganhando vários tons
de carmesim.

— Dominic.

— O que? — Estela pisca e meu sangue ferve com esta sua nova
faceta, o nervosismo, a falta de palavras na ponta da língua.

— Não é Deus. É Dominic.

— Dominic. — O sussurro é inconsciente, como se testasse o meu


nome sem conseguir evitar.

E eu gosto de como soa, porra. Meu pau pulsa contra sua coxa,
fazendo-a piscar longamente.

— Vocês estão vivos, desmancha prazeres? — Dean interrompe


nossa bolha, fazendo Estela saltar para longe de mim.

— Dakota levou as crianças para beber água. — Dylan diz. — Achei


melhor afastá-los antes que vocês comecem a...

— Fazer sexo selvagem na nossa frente. — Dean completa o que seu


gêmeo teve o tato de não dizer.

— Cale a maldita boca. — Rosno e levanto-me. Vejo Estela


esfregando a testa e seguro seu pulso, roubando a atenção que ela luta para
manter longe de mim. — Machuquei você?
Ela puxa o braço, olhando-me com irritação e resmunga:

— Fazendo toda aquela gracinha jogando? Sim, Sr. Donovan.


Machucou!

— Qual é o motivo de toda animosidade após estar se esfregando em


mim?

— Oh... meu... — Estela nega com a cabeça, se interrompendo. —


Seu grosseiro!

— Realista, Estela.

Ela pisca incontáveis vezes e respira fundo.

— Não lhe darei uma resposta porque é meu chefe. — Estela bufa,
fazendo a franja voar e meus dedos coçarem para tocar os fios cacheados.
Batendo os pés feito uma criança, ela se afasta.

— Porra. — Murmuro, passando a mão em meus cabelos, odiando-


me por estar tão atraído por uma garota dezessete anos mais nova.

Sinto uma mão em meu ombro e depois outra, no outro lado. Encaro
Dylan e Dean.

— Não precisa se culpar. Ela é gostosa. — Dean diz e me seguro


para não lhe dar um soco.
— Ela não é comida, Dean. — Dylan retruca. — Estela é muito
legal, atenciosa e está preocupada com os garotos. Você não tem ninguém há
anos, é normal.

— Além disso, sempre esteve focado em cuidar de nós. Será que


molhou seu pau o suficiente?

— Você é um filho da puta. — Resmungo, fuzilando-os com os


olhos. — Sem mais conversas sobre isso, ouviram? Ela é dezessete anos
mais jovem, pelo amor de Deus!

— Ela é maior de idade, mano. — Dean lembra.

— Mas não se preocupe. Ela te odeia. — Dylan faz uma careta.

Bufo e me afasto dos dois, xingando a mim mesmo por bufar feito
um animal. Que diabos? A influência daquela bandida parece se tornar maior
a cada hora que passa em torno dos meus e de mim mesmo.

Este foi um bom dia, a alegria dos meus sobrinhos aqueceu meu
peito a todo o momento. Saí do caminho de Estela, foquei no que importa e
consegui aproveitar o momento incrível. Almoçamos, jogamos bola, tiramos
fotos, fizemos um piquenique para o lanche da tarde e assistimos ao jogo. Os
garotos ficaram em êxtase e ambos adormeceram antes do fim do dia. Ethan
em meu colo e Noah, com a babá.
Voltamos para casa em uma viagem pacífica, visto que todos
adormeceram.

Após colocar Ethan e Noah na cama, fico sentado por um longo


tempo na poltrona em seu quarto. Observando seu sono, pensando em seus
sonhos.

Minha filha, irmãos e a babá foram para os seus aposentos, pois


insisti em trazê-los. Dei banho nos meninos e ambos estavam adormecidos
em meus ombros após vesti-los.

Gostaria de me sentir menos culpado diante dos acontecimentos em


suas vidas. São apenas crianças, que já perderam demais. Embora Connor
tenha nos privado de vê-los, sei que se tivesse insistido teria sido presente,
teria percebido as faltas do meu irmão e amenizaria a dor desses dois.

Pego o meu celular e envio alguns e-mails informando minhas férias


de última hora. Embora ame o meu trabalho, minha família sempre virá em
primeiro lugar. Sou pego de surpresa com o toque do celular, saio do quarto
ao ver que é uma ligação da mãe da minha filha.

— O que faz acordada a esta hora? — Inquiro por conta da diferença


no fuso horário. É madrugada no Brasil.

— Olá, Dom, estou bem e você? — Pergunta em meu idioma, em


tom de provocação.

— Estou bem, Lorena. Ainda assim, preocupado com seus horários.


— Caminho até o meu quarto e entro no closet, pegando uma calça de
moletom.
— Estou trabalhando. Perdi o sono e preferi não ficar rolando na
cama, perdendo tempo.

— Falarei para Dakota sobre isso. — Brinco e ouço sua risada.

— Como você está, querido?

— Estou bem. E você?

— A verdade, Dom. Vi seu e-mail. Férias? Dakota me falou sobre


seus sobrinhos. Imagino que está sendo difícil e você não falaria com
ninguém. Então... pode conversar comigo.

— Não há nada difícil acontecendo comigo, Lorena. Agradeço a


preocupação, no entanto. — É a verdade. Está sendo difícil para meus
sobrinhos. Eles, sim, precisam de conforto.

— Não irei insistir. — Ouço seu suspiro resignado. Agradeço


mentalmente. Lorena é assim. Ela não insiste. Apenas Dakota e o trabalho
são importantes o bastante para sua insistência. — Tenha uma boa noite e se
precisar, é só chamar.

Encerro a chamada e sigo até o banheiro. Tomo um longo banho e


retorno para o quarto dos meninos. Novamente, sou acometido pela surpresa
quando vejo Estela dormindo com os meninos. Ela uniu as camas para ficar
na beirada, enquanto os dois se aconchegam. Aproximo-me e arrumo as
cobertas, meu peito apertado por causa da mulher, que chegou há dois dias e
mostra tanto apreço por duas crianças que nunca viu.
Saio do quarto sem fazer barulho e fecho a porta.
CAPÍTULO 10

Passaram-se duas semanas desde a ida ao estádio. Todos os dias os


Donovan fizeram algo em família. Participei de alguns passeios e me
esquivei de outros, afinal o propósito é uni-los.

Em contrapartida, qualquer troca de farpas com o Sr. Donovan ficou


no passado. O homem se tornou quieto e distante no dia seguinte ao primeiro
passeio, após a leitura do testamento de seu irmão para ser mais especifica.
Dakota disse que nada demais foi dito, além do fato de Connor ter tornado
Dominic tutor dos bens de Ethan e Noah. Minha amiga também comentou
que o advogado chamou seu pai para conversar a sós. Então o que quer que
tenha acontecido, mudou o humor do meu chefe para sombrio.
— Com tempo para ralé, vovó? — Inquiro com deboche.

Ela balança a mão em um sinal de pouco caso e puxa os óculos


escuro para pousar em sua cabeça.

— Norman tem me levado à muitos passeios.

— Sim, tenho notado. E qual é o seu nome, vovó? — Arqueio a


sobrancelha, sabendo que ela não iria revelar sua identidade real ao senhor.
— E que arranjo é este? Mamãe continua atacando o Sr. Donovan, mas está
sempre de braço dado com o Sr. Norman.

— Norman gosta dela. — Vovó bufa. — Aquele olhar de cachorrinho


e coisas inúteis que ela diz o entretém.

— Vocês não cansam, não é? — Suspiro, olhando suas roupas, que


são claramente presentes recentes.

O homem caiu na lábia das duas e o fato de não ter ido embora após
a leitura do testamento é outro fator que está irritando o meu chefe.

— Não mesmo e se me cansar, descanso naquela cama de rainha!


Minhas dores na coluna nunca mais me incomodaram. — Sorri e sobe a
pequena escada em direção a varanda em estilo deck.

Mamãe me dá um tchauzinho e continua sua conversa com Norman,


que está sentado em uma cadeira estilo espreguiçadeira na varanda.
Hoje Dakota e os gêmeos levaram Ethan e Noah para jogar tênis. O
Sr. Donovan está trancado no escritório e estou sentada no belo gramado na
área externa com Zeke me fazendo companhia.

O cão babão acabou caindo nas minhas boas graças e quando as


crianças ou seu dono não estão por perto, é a mim que ele persegue.

Continuo acariciando a cabeça de Zeke até que o carro de Dean surge


em minha visão periférica. Acompanho, ansiosa, sua chegada e vejo com um
sorriso enorme as crianças descerem correndo em minha direção. Eles
carregam balões de personagens animados e Noah se joga em meus braços.

— Tio Dylan vai nos levar para patinar no gelo amanhã!

— Uau! Eu acho que você será o melhor patinador do local. Não é,


Ethan?

— Sim, mas eu fui o melhor no tênis!

— Estes são meus garotos. — Puxo o mais velho para os meus


braços e nos embolamos na grama.

Logo os levo para o interior da casa e, após o banho, os guio para a


cozinha para lanchar. Eles comem enquanto me enchem de informações
sobre o que fizeram. Não demora para que os gêmeos e Dakota se juntem a
nós depois de seus próprios banhos. Os meninos dizem que irão brincar com
Zeke após estarem alimentados e levanto-me para lavar a louça que sujaram.
— Por que papai está tão quieto? — Dakota pergunta aos tios. — As
crianças sempre estão por perto e não deu para eu perguntar antes.

— Algo que o advogado disse sobre a mãe dos garotos. — Dylan diz
em uma voz sombria.

— Exato. Aquela pilantra está por aí. — Dean resmunga com raiva.
— E os filhos cheios de trauma. Fodidos Connor e ela.

— Você não sabe o que causou a distância da mulher, Dean. Connor


era um infeliz. — Dylan intervém.

— Foda-se, Dy! Nada Justifica deixar os filhos. Agora nós vemos


Dom, que deixou sua vida para nos criar e a própria filha, se sentir culpado
por não ter feito algo pelos meninos. O que ele poderia ter feito?

Secando minhas mãos disfarçadamente, sento-me à mesa, atenta a


discussão.

— Sei do peso que Dom carrega. — Dylan retruca chateado. — Nós


podemos amenizar isso, ajudando com as crianças.

— É claro, porra! Poderia ser amenizado se a porra da mãe deles


estivesse aqui. — Dean rebate.

— Pelo amor de Deus! — Não consigo conter minha língua enorme,


atraindo três pares de olhos curiosos. — Ajudar a criar vocês nunca foi um
peso para o Sr. Donovan. Assim como Ethan e Noah não são pesos. Ou
Dakdak nunca foi. Ele os ama. Isso é evidente. O que o machuca é que Ethan
está ferido. Estamos o distraindo, mas a ferida está lá e, mesmo com todo
amor que recebe agora, os vislumbres da falta de amor de antes às vezes
aparecem.

— Não sabia que você era #teamDom. — Dylan provoca com um


sorriso encantador. Ele estica seu braço sobre a mesa e toca a minha mão. —
É bom ouvir a perspectiva de alguém de fora e você é sempre inteligente,
Star.

Sorrio com sua doçura. Dean segura a outra mão e arqueia a


sobrancelha, com aquela expressão divertida.

— Tenho fetiche por mulher esperta. Além disso, poderíamos ajudar


Dylan a perder a virgindade. — Ele pisca, fazendo meu rosto pegar fogo.

— Ele é um idiota. — Dylan fuzila o irmão com os olhos.

No entanto, é a voz atrás de nós que faz os pêlos da minha nuca


arrepiarem, um redemoinho de borboletas voarem em meu estômago e um
frio descer por minha coluna.

— A putaria de vocês já acabou ou eu devo tirar minha filha daqui e


deixar que continuem?

— Só brincando, irmãozão. — Dean sorri. — Ou não. — Acaricia


minha mão uma última vez e se levanta. — Vou descansar. Esta noite tem
festa na praia.
— Vai ser incrível! As crianças estão dormindo com papai, Estela.
Então você vai! — Dakota diz, saltando da cadeira, os olhos presos no
celular.

— Esta é a minha deixa. — Dylan brinca e retira a mão da minha,


saindo atrás dos demais.

Dominic puxa a cadeira ao meu lado com violência e encara o meu


rosto de um jeito intimidador. Ou deveria. Todo meu corpo acende com sua
atenção. Ele havia me negado até um olhar nos últimos dias e, embora o
odeie, senti que algo estava errado a todo o momento. Agora é como se uma
peça que faltava voltasse ao seu lugar. Até o maldito opressor abrir a boca.

— Você tem problemas de entendimento, Estela?

— O que?

— Não pense que sou estúpido. Disse que pouparia sua mãe e avó,
mas se seguisse os meus termos. O que falei sobre os meus irmãos?

Estreitando os olhos, mordo a língua para não mandá-lo ao inferno.


Em seguida rosno:

— Dean e Dylan ficam fora da minha lista de golpe.

— Então, porra, porque você continua os seduzindo?


Isso faz uma gargalhada louca escapar pelos meus lábios. Meus olhos
certamente estão esbugalhados, minha expressão é psicótica e posso parecer
com o Coringa. Dominic me encara como se eu fosse a mosca nas fezes do
seu cão e só me irrita mais.

— Eu me surpreendo que sendo pai de Dakota, uma jovem tão livre e


desinibida, que sempre contava que o pai a ensinou a ser assim, seja um filho
da puta machista. Já parou para pensar que não preciso seduzir os seus
queridos irmãos? — Numa continuação da minha loucura, levanto-me e fico
entre suas pernas grossas quando seguro sua gravata e o puxo ao mesmo
tempo em que inclino minha cabeça para aproximar os nossos rostos. —
Ainda assim, Sr. Donovan, quem disse ao senhor, que Dean e Dylan só são
interessantes para meus golpes? — Vendo suas narinas dilatadas e o olhar
inflamado totalmente escuro, continuo: — Sua cláusula dizia que estão fora
da minha lista de golpes. Não da lista sexual. — Roço meu nariz no seu e
solto sua gravata, o coração subindo à garganta com a proximidade, com o
cheiro e beleza do infeliz.

Viro-me, prestes a fugir, quando sua mão grande me puxa pela


cintura e me faz girar. Ele se levanta e me cerca contra a mesa. A mão que
antes me girava, pousando no tampo de madeira, os braços cercando meu
corpo. Fico curvada contra o móvel, a respiração ofegante, os batimentos
erráticos e enlouquecidos ao mesmo tempo.

— Eu sou a porra do seu chefe e exijo o mínimo de respeito, bandida


descarada. — Dominic rosna, seu hálito em uma mistura de café e álcool
chegando aos meus sentidos. Engulo em seco, usando minhas mãos para
afastá-lo. Maldito erro quando toco seu peitoral duro. — Meus irmãos estão
fora de qualquer coisa que tenha a ver com você, me entendeu?

— Então... — Suspiro quando ele se aproxima, seu corpo a uma linha


de tocar o meu. Seu rosto carrancudo faz uma ruga surgir entre as
sobrancelhas grossas e a mandíbula cinzelada parece mais quadrada. É
necessário um esforço para voltar a mim e continuar falando. — Esta será
considerada uma... uma nova cláusula.

— Como? — Franze a testa. — Acha que estou com paciência para


discussão sobre cláusula? Isso é uma ordem, Estela. — Grunhe e arrepios
tomam todo o meu corpo com suas maneiras rudes.

— Me solta! — Exijo, olhando-o com raiva. Lutando contra minha


sandice de me perder em sua aparência. — Agora.

— Não a estou segurando. — Um sorriso maldoso ameaça tomar seu


rosto.

Mordo meu lábio inferior e vejo a ponta de sua língua aparecer e


lamber o seu lábio sutilmente. As ondas de calor que me envolvem tem
ligação direta entre minhas pernas. Arregalo os olhos ao sentir minha boceta
pulsar e molhar a calcinha. O que este homem está fazendo comigo? Que
atração insana é esta que meu corpo sequer ouve a voz do meu cérebro?

Passo sob seu braço esquerdo, esbarrando em seu corpo, mas sem
hesitar, disposta a fugir o mais rápido possível.

— Está avisada. Longe dos meus irmãos. Aliás, devo ser específico,
visto que não tem escrúpulos e pode estender sua bandidagem ao meu tio.
Longe de qualquer Donovan.

— Vá para o inferno você e suas ordens! — Praguejo, louca de raiva


e saio da cozinha soltando ondas de ódio.
Sequer tenho estrutura para ir até as crianças. Sigo até o meu quarto e
me jogo na cama, lutando para controlar esta sensação de impotência. Odeio
me sentir assim. Sei das histórias de vovó com homens. Porra, da minha mãe
com o meu próprio pai! Nunca deixei nenhum homem me afetar e agora o
próprio capiroto disfarçado de pai da melhor amiga, é o que faz meu sangue
correr loucamente e meus sentidos irem à merda.

Com as mãos trêmulas, pego meu celular e entro no Instagram,


cedendo ao vício de olhar o perfil de Lucas. Suas fotos o mostram em
lugares felizes, viajando, a namorada o acompanhando na maioria delas.
Passo o polegar sobre seu rosto sorridente na última postagem e sinto o meu
peito apertar. Sinto tanta saudade. Tanta. Uma lágrima solitária rola por meu
rosto, então ouço o choro de cachorro na minha porta. Corro para abri-la e
Zeke invade o cômodo.

— Cadê as crianças, rapaz? — Inquiro, achando estranho que esteja


longe dos meninos. Ele late e pula em mim. — Ei, acalme-se! — Sento-me
na beirada da cama e caio no choro quando Zeke lambe minhas lágrimas.

Rio ao mesmo tempo em que tento afastá-lo, pois isso é esquisito,


mas ele só para quando meu choro cessa. Ele senta à minha frente e me
encara solenemente, o rabo balançando de um lado para o outro.

— Obrigada, amigo. Os animais são especiais, certo? Obrigada por


saber que eu precisava de você.

O abraço, um tanto desajeitada, sem estar, de fato, habituada com


animais, mas totalmente rendida por este em especial.

Após uns minutos, vou até o banheiro e lavo meu rosto. O rosto do
Sr. Donovan volta a assombrar meus pensamentos. Preciso ter o controle da
situação e isso, só ocorre quando ele está espumando de raiva, o que
significa que Dominic não tem controle.
CAPÍTULO 11

Hoje é aniversário de Noah. Fui informada há dois dias e todos nos


viramos para preparar uma festa surpresa para o pequeno. Ele está com um
bico fofo e braços cruzados, evitando olhar o irmão e a mim. Ethan está
guardando o segredo, mas é difícil visto que Noah está zangado por não
terem o levado em um passeio no seu dia. Todos lhe desejaram “feliz
aniversário” e acabou nisto. Nada que o fizesse sentir especial.

— Você não vai jogar, bebezão?

— Não sou bebezão. Tenho cinco anos! É meu aniversário, você não
tem permissão para ser chato. — Noah cruza os braços e seu bico fica ainda
maior, fazendo o irmão bagunçar os cabelos dele e rir.
— Tá legal! Tenho algo a dizer sobre isso. — Digo solenemente e
capturo sua atenção. — Os dois são meus bebês! — Avanço, fazendo
cócegas na costela de cada um e caímos embolados na cama, rindo e
bufando.

Até que os dois se unem contra mim e finjo não conseguir me livrar
só para ver sua alegria com a vitória.

Ouço a porta abrir e reviro os olhos ao ver o Sr. Donovan. Noah salta
da cama para cobrá-lo sobre seu aniversário, mas os olhos do homem ficam
presos em mim por um momento antes de se ajoelhar e dar toda sua atenção
ao sobrinho. Bufo, ajeitando-me sobre a cama, sentindo a irritação voltar
com tudo.

Há dois dias o estou evitando e neste ínterim, o infeliz decidiu ficar


me observando como um falcão. Parece um filme de terror. Quando os
personagens prestes a morrer sentem que estão sendo observados e não vêem
nada, então voltam a olhar e se deparam com a assombração.

— O tio preferido chegou! — Dean passa pelo irmão, todo espaçoso


como de costume e bagunça os cabelos dos meninos. — Preciso de uma
ajuda com Zeke. Ele está fugindo do banho. Quem vai me ajudar?

Os garotos correm atrás dele e fico sozinha com a pior das


companhias. Que merda!

Se eu estivesse em um filme, a trilha sonora da cena atual certamente


seria Diário de um detento, do Racionais MC, naquela parte em que cantam
“Aqui estou, mais um dia. Sob o olhar sanguinário do vigia”.
Leva uma eternidade até ele parar de me encarar de maneira
acusatória e explicar a situação, quer dizer, ele continua me olhando
acusatoriamente enquanto justifica.

— Que diabos são estas camisetas de aniversário que você fez


Dakota encomendar?

— Pelo amor de Deus, é uma festa infantil! Não é seu desfile da


Armani. — Digo e ele arqueia a sobrancelha daquele jeito de sabe-tudo, que
me enerva. — Noah está fixado nos filmes do Hotel Transilvânia, então a
ideia da camisa é apenas para diverti-lo. O senhor não irá morrer se usar algo
além do preto e branco. — Solto, inquieta com seu escrutínio.

O homem passa seu olhar pelo meu corpo preguiçosamente,


reparando no cropped verde frente única e na saia branca com estampa
colorida.

— Você colocou aquele Drácula chato para me representar, Estela.


Assisti aos filmes com as crianças e não irei tolerar seus abusos.

Quer saber? Este homem encheu o meu saco! Aproximo-me e encaro


seu rosto, mostrando minha irritação.

— O Drac é incrível! O senhor é um chato. Não tinha um


personagem que o representasse, então usei o paizão porque, pelo menos,
com sua família, você é tolerável. E pare com este tom comigo, Sr. Donovan,
ou vou começar a acreditar que está pensando que é meu papai. —
Esbarrando em seu ombro, passo por ele, a sensação de vitória por deixá-lo
sem uma resposta me fazendo sorrir.
Ouço a porta batendo e saio correndo sem conter a gargalhada. Toma
essa!

Todos estão na área externa esperando que eu leve as crianças.


Ambos estão de banho tomado e usando roupas comuns ou Noah poderia
perceber algo. Quando descemos a pequena escada da varanda, nos
deparamos com a escuridão e o aniversariante aperta a minha mão,
preocupado. Então sua família grita “Surpresa!” e cantam parabéns. Noah
fica em êxtase, todo feliz, dando pulos de alegria e batendo palmas. Coloco a
camisa do neto do Drácula nele e isso o faz brilhar de alegria, uma vez que é
seu personagem favorito.

— Agora pode fazer o seu pedido! — Dakota se aproxima,


segurando o bolo.

Noah fecha os olhos com força e junta as mãozinhas em um sinal de


prece, então exclama:

— Quero mamãe de volta!

As expressões de todos caem. Em contrapartida, o pequeno abre os


olhos e enfia o dedo no bolo, então corre pelo gramado, mexendo nas bolas e
nos brinquedos. Como se nada tivesse acontecido, isso deixa evidente que,
mesmo não demonstrando maturidade como Ethan, está atento à tudo e sente
falta de sua mãe, assim como o irmão.

Depois deste episódio todos tentam se distrair e não é difícil com a


alegria de Noah. No entanto, meu foco sempre volta para o único que não
tira os olhos do sobrinho e mantém a expressão sombria. Sem conseguir me
conter, me aproximo, praguejando internamente pela camisa laranja com o
desenho do Drácula realçar seu bronzeado, ao invés de deixá-lo ridículo
como eu pretendia que fizesse. Só prova que o homem é gostoso de qualquer
jeito. Além disso, uma cor viva cai muito bem no meu chefe.

— Quer bolo, Sr. Donovan? — Pergunto, fazendo sua cabeça virar


em um segundo em minha direção.

Ele franze a testa, estranhando a cordialidade. Solta um suspiro e


passa a mão pelos cabelos escuros. Uma mecha volta para sua testa e minha
mão coça para afastá-la, para arrumá-lo, embora me deparar com uma
coisinha fora de lugar neste homem metódico me agrade.

— A leitura do testamento ocorreu há uma semana, após tantos


infortúnios para o advogado vir. — Comenta, deixando-me surpresa. Fico
quieta, parada, olhando-o quase sem respirar. — A mãe dos garotos está viva
e tenho o endereço. Meu irmão deixou.

— O que? E por que não foi buscá-la? — Inquiro, afoita.

— Acha que fará bem a eles? Estar perto deste tipo de mãe? E se ela
sumir outra vez? — Rosna cada questionamento.

Consigo entender seu raciocínio, então sento-me ao seu lado, na


cadeira disponível e o encaro com atenção.

— Sei que sua intenção é protegê-los e está certo. Por que não vai até
ela e descobre o que a fez estar longe dos filhos? Talvez seu irmão não deu
escolha à ela. — Reproduzo o que ficou em minha cabeça após o intenso
debate de Dylan e Dean dois dias atrás.

O pai de Dakota me encara com faíscas queimando em seus olhos. A


intensidade me pega desprevenida e arrepios percorrem meu corpo.

— Se eu estiver perto desta mulher, posso matá-la. — Dominic rosna


e meus olhos quase caem em suas pernas, tão arregalados que estão.

— Dominic... — Sussurro, entre horrorizada e algo mais, que não


consigo identificar, mas faz minha pele queimar e coração acelerar.

O homem parece um bicho enjaulado e cometo a loucura de tocar seu


rosto, tentando trazê-lo a si. Dominic não tira os olhos dos meus enquanto
esfrega sua barba em minha palma. A eletricidade que agita cada osso meu
envia faíscas para o meio das minhas pernas e engulo em seco.

— Venha comigo. — Dominic murmura.

— O que? E as crianças?

— Meus irmãos e Dakota ficarão bem com eles por um dia. A infeliz
não está longe. Se eu não for preso, voltamos logo.

— Não diga algo assim, Sr. Donovan. Não pode sequer imaginar
isso. — Sussurro.
Dominic sorri de um jeito que envia um sinal de alerta ao meu
cérebro. Afasto-me e ele retruca:

— Bandidas tem este efeito sobre mim. Imagino minhas mãos


apertando suas gargantas. — Ele aproxima o rosto do meu e segura meu
pescoço com as duas mãos, então aperta levemente. — Embora haja uma
bandida em especial que me imagino apertando de outra maneira.

Isso me faz saltar para trás e, como não me segurava com força, me
liberto de sua teia psicótica. Porque só isso justifica, o infeliz está louco com
toda a pressão por conta dos sobrinhos.

Ainda assim, não contenho a ira que sobe a superfície devido ao fato
de sempre me descontrolar e sair de mim perto dele. Por que, diabos, toquei
este bastardo? Mostro-lhe o dedo do meio e saio pisando duro. Por sorte
enquanto esquecíamos o resto do mundo, todos estavam atentos às crianças e
Zeke, e não notaram nossa bolha de loucura.

— Ei, baby, para onde vai com tanta pressa? — Dean segura meu
braço e me faz girar até quase bater contra seu peito.

— Pelo amor de Deus, pode não me tocar? — Resmungo e ele faz


uma careta de confusão antes de acatar meu pedido.

— Dominic está a enlouquecendo, hein?

— Ele é um chefe insuportável!


— Só chefe? Por que de onde vejo, ele está agindo infantilmente pela
primeira vez na vida, desde que me lembro, é claro. E tudo isso porque não
sabe lidar com o desejo que sente por você, uma garota mais de quinze anos
mais jovem. Ele não mete o foda-se como eu, então fica se corroendo com
problemas e tesão acumulado.

— Não sabia que você era terapeuta sexual. — Zombo.

Dean solta uma gargalhada e rodeia minha cintura com seu braço.

— Quando se trata de sexo, eu sou tudo, baby. — Então sussurra em


meu ouvido: — Ele virá em três, dois...

— Você não acha deselegante tocar a babá dessa forma? — Dominic


rosna atrás de mim, fazendo-me sobressaltar.

— Este vocabulário da vovó é que é deselegante, Dom. — Dean


provoca e não contenho a risadinha.

— Se continuar usando estas maneiras com uma funcionária, eu


mesmo o denunciarei por assédio. — Dominic retruca, enfurecido. Então
segura meu cotovelo e me afasta do irmão.

— Que saco, Dom! Ela gosta de mim. — Dean parece uma criança
birrenta, mas agora sei que faz para provocar Dominic.

Desvencilho-me do toque de Dominic e afasto-me dos dois imbecis.


Meus pensamentos correm a mil quando paro para pensar no que Dean disse
a respeito do desejo do seu irmão por mim. Não sou tola, tampouco virgem,
sei o que é atração, uma vez que está estampada em cada romance erótico
que leio. Embora nunca tenha sentido de fato. Todos os meus envolvimentos
sexuais foram robóticos e serviram apenas para o propósito de acreditar que
sou frígida. Nenhum homem me despertou, me fez queimar, palpitar, muito
menos gozar.

Entretanto, meu chefe infame causa todos os tipos de reações ao meu


corpo. Mesmo que seja envolto a nuvens de ódio por sua postura prepotente,
não consigo evitar me ver presa a sua áurea de luxúria sempre que estamos
próximos, sempre que me vejo enclausurada em sua presença. O que
acontece constantemente, pois só de ter Dominic Donovan me encarando,
sinto-me cativa.

Fugindo de toda essa merda, me pego indo em direção à praia. Não


me surpreendo quando sinto que alguém está me seguindo, me viro pronta
para dar um golpe de karatê, que aprendi assistindo os filmes do Jackie
Chan, no meu chefe perseguidor.

— O que é isso? — Inquire com uma sobrancelha arqueada, com


aquele ar de dono do mundo, o humano prestes a pisar na barata se fingindo
de morta.

— Sei que é meu chefe, mas cansei de você, Dominic! Se afaste ou


vou chutar seu traseiro.

— E como seria isso? — Há diversão em seu tom e faço uma careta


para demonstrar a seriedade da situação.

— Sou uma fã de filmes de ação, apaixonada pelo Jackie Chan. É


melhor você não diminuir o filete de paciência que me resta.
— Ok, certo. — Dominic ergue as mãos em sinal de rendição e solta
um suspiro. — Não há justificativa para como tenho passado dos limites
com você. Então irei me desculpar e dar a minha palavra de que serei
profissional a partir de agora. Você é excelente com os meus sobrinhos, faz
por eles mais do que eu jamais poderia fazer. Não quero perdê-la.

As últimas palavras fazem meu coração errar uma batida. Pisco os


olhos incontáveis vezes e reparo em seu olhar desanimado, sua aparência
abatida e não reflito em como isso me faz querer ampará-lo.

— Tudo bem. Serei profissional também. — Garanto sem convicção.

— Tenho um pedido, embora saiba que não mereça. Não irei matar a
mãe deles, mas posso ser um imbecil e desconheço este lado meu. Gostaria
que fosse comigo. Apenas algumas horas de avião.

Penso por um minuto e não preciso de muito para me convencer,


afinal Ethan e Noah querem a mãe e por eles, sou capaz de tolerar seu tio por
horas sem a companhia de outras pessoas para nos impedir de nos matar.

Dissemos que seremos profissionais, certo? Nada de mal irá


acontecer.
CAPÍTULO 12

A certeza de que estou enlouquecendo tem me preocupado. Desde a


morte do meu irmão as coisas tem sido intensas em minha vida. Sinto o
preço sendo cobrado por mudar toda a minha rotina para a adaptação de
meus sobrinhos, conviver com a babá bandida, que tem sido a obsessão do
meu pau, meus irmãos que faltam pouco babar na infeliz e meu tio Norman
infernizando por qualquer motivo que seja.

Após a conversa com o advogado, estive no limite. Meu irmão


deixou uma carta dizendo que sua esposa está vivendo em uma fazenda no
Texas, que precisava vigiá-la e mantê-la longe dos filhos. Minha cabeça
esteve uma zona fodida.
Entretanto, nada justifica a minha infantilidade e falta de respeito por
Estela. Trocando-me por uma garota dezessete anos mais nova faz com que
me desconheça, encurralando-a e intimidando-a. Esta personalidade não é
minha. Se bem que a maldita não se intimida, pois é descarada e tem a
língua mais afiada que um canivete. Ser uma bandida é motivo suficiente
para mantê-la em rédea curta, mas não desta maneira. No máximo ficaria de
olhos atentos e imporia limites de maneira profissional, no contrato.

Contudo, desde a primeira vez que bati os olhos na insolente, foi


difícil pra caralho desviá-los em qualquer momento seguinte.

Toda a minha atenção tem sido dela e, mesmo quando inconsciente e


focado em minha família, estou em alerta àquela mulher. É como se meu
corpo soubesse quando Estela se aproxima e me tornasse propenso a dizer
merdas, a querer sua atenção a qualquer custo. Principalmente quando reage
arregalando os olhos e não tem resposta para me dar, quando os lábios bem
desenhados ficam abertos sem nada para retrucar e me enlouquecem, embora
me deixem ainda mais louco por ela desta maneira.

— Onde ela mora, afinal? — Estela pergunta, fingindo prestar


atenção numa revista.

Estamos a alguns minutos voando em meu jato particular e já


imaginei trezentas maneiras de fodê-la no ar. Seus cabelos estão presos em
um coque alto e apenas dois fios caem em cada lateral do rosto, moldando-o
junto à franja cacheada. Desta forma, o pescoço está exposto e me sinto
como um vampiro, querendo sugar a veia latejante. Sua pele parece
deliciosa, como toda ela. Justamente hoje sua peça de roupa é um vestido
azul curto, que mostra as coxas torneadas, apesar de esguias. Não há nada
indecente em Estela, apenas o meu pau, pois mesmo se estivesse coberta por
uma caixa de papelão e eu ainda babaria por ela. As bijuterias de miçangas e
os tênis All Stars de cano curto só completam a perfeição do caralho que
Estela é e a loucura que eu sou, afinal nunca me atraí por jovens, tampouco
mulheres que se vestissem desta forma. Não por não gostar, sequer pensava
nas vestimentas femininas. Apenas o ciclo em que vivia estava repleto de
terninhos, saias lápis e vestidos elegantes.

— Austin, Texas. Levaremos pouco mais de sete horas para pousar.


— Respondo por fim, lembrando-me que preciso falar e não parecer um
lunático observando-a.

— Conseguiremos voltar ainda hoje? — Questiona, olhando a hora


em seu aparelho celular. — Além disso, muda o fuso horário?

— Não importa. Colocaremos as mãos na maldita mulher,


conversaremos e voltaremos. A única questão é se ela irá retornar conosco
ou não.

— Esta história me cheira mal, sabe?

— Sei. Sinto o odor tenebroso daqui da Califórnia.

Estela sorri de um jeito que os olhos quase se fecham e as covinhas


aparecem. Porra, eu enfiaria a minha língua nos pequenos buracos em sua
bochecha.

Estive a observando ao longo das semanas que passaram, vendo sua


preocupação com meus sobrinhos com olhos atentos, percebendo como os
trata como crianças que ela ama, não como responsabilidades. Na maioria
das vezes, esquece a sunga de praia, o protetor solar, chuta a bola na cabeça
de um deles, os deixa dormir sem banho. É como uma amiga, não a babá.
Quando pensa que não estou vendo, leva uma das plantas compradas e junta
à decoração da casa. Ethan e Noah a adoram e tem se mostrado fascinados
pelas plantas, colocando até nomes. Tem sido difícil não adorar este lado
seu, pelo menos, mesmo com os sentimentos loucos de raiva e tesão que me
causa. Acredito que a confusão toda anda entrelaçada e só estou com medo
de assumir para mim mesmo.

— É engraçado vê-lo ser irônico. É sempre tão elegante quando não


está sendo opressor... — Ela pensa por um segundo e continua: — ou
soberbo... ou insuportável.

Cerro meus olhos e aperto os dentes para não retrucar com uma
resposta infantil. Por que tudo que esta bandida fala me afeta tanto?

— Obrigado, Estela. Seu profissionalismo é mesmo apaziguador. —


Zombo, vendo suas bochechas corarem.

— Tá legal, tá legal. Estou sendo estúpida, mas é o costume. Vai


dizer que não pensou em me jogar pela janela desde que estamos aqui? Meio
que virou uma rotina estarmos brigando ou nos encarando com raiva. O
senhor fez muito isso nos últimos dias, me encarando! Até cantei em sua
homenagem. — Ela tagarela, depois faz uns sons com a boca e estela os
dedos, então começa a cantar em português brasileiro e, mesmo conhecendo
o idioma, não consigo assimilar o contexto. — Aqui estou, mais um dia. Sob
o olhar sanguinário do vigia. Você não sabe como é caminhar com a cabeça
na mira de uma HK. Metralhadora Alemã ou de Israel. Estraçalha ladrão
que nem papel...

— Eu entendo suas palavras, mas não compreendo porra nenhuma,


Estela.

Seu sorriso retorna e ela tecla alguns segundos em seu celular e


aperta o play para eu ouvir o rap. Escuto, franzindo a testa a todo momento
por nunca ter sido familiarizado com este tipo de música. Mas dando total
atenção à letra, mesmo perdendo o foco em alguns momentos para observar
Estela fazendo uma dança de mover o tronco para frente e para trás, com a
mão erguida em um sinal de arma também se movendo no ritmo do rap.

Após os minutos de reprodução, a amiga da minha filha começa a


explicar:

— Sou muito eclética sobre músicas, sabe? Esta tem um contexto


social que acompanha o grupo do Racionais MC’s. Que é quem canta. —
Explica, vendo meu olhar desorientado sobre os artistas. — Eles têm o
objetivo de narrar o preconceito contra os negros, além de mostrar o sistema
opressor. São da década de oitenta, mas ainda dizem muito sobre os dias de
hoje, infelizmente. — Suspira consternada. — Esta música em si é retratada
por um ex detento. A letra fala sobre a rebelião ocorrida no Carandiru. Já
ouviu falar, certo? Cento e onze presidiários mortos pela polícia dentro do
presídio, no que ficou conhecido como Massacre do Carandiru.

— Confesso que nunca ouvi a respeito, mas é muito interessante. —


Recosto-me à poltrona, sentindo uma calma que não sentia há um bom
tempo se apossar de mim. A história realmente me interessa, afinal o
preconceito não é uma situação que ocorre apenas no Brasil. As atrocidades
contra negros acontecem em cada lugar que vou. Tenho parceiros de
negócios que chegam comigo a eventos e são confundidos com funcionários
por pessoas desprezíveis, afinal se vestem como eu e jamais fui confundido
como eles. Então sua cor de pele é o fator que causa este tipo de transtorno.
Chamei os seguranças nas duas vezes que presenciei e jamais me calaria
diante de situações de racismo. — Conte-me mais, Estela.

É como se uma lâmpada brilhasse em sua cabeça e seu rosto se


ilumina.
— Dá para assistir filmes aqui? Só conectar o site pirata que tenho no
meu celular.

— Pirataria é crime, Estela.

— Então é mais um motivo para continuar me chamando de bandida.


— Sorri, toda provocadora, e a porra do sorriso tem efeito direto com o meu
pau e, até aí tudo bem, o que me deixa preocupado, é como afeta o meu
coração.

E assim, passo quase duas horas e meia assistindo um filme brasileiro


pela primeira vez. Carandiru: O Filme mostra a realidade de detentos e nos
leva a ter convicção de que ali não há heróis ou vilãos. É difícil escolher um
lado, afinal sou completamente a favor de criminosos serem punidos por
seus crimes, mas há barbaridades que não aprovo.

Estela nunca esteve tão tagarela, orgulhosa de me fazer assistir a um


filme de seu país, explicando-me pacientemente as gírias que não consegui
compreender, comentando a todo momento e dando spoilers, como faz até
mesmo quando assiste animações com os meus sobrinhos. Confesso que
perdi algumas partes do filme, observando-a, me deixando levar pela beleza
da bandida, por sua empolgação, pela forma como a covinha quase não
desapareceu de sua bochecha ou como mordia o lábio em cenas tensas.

Estela é perigosa. Uma golpista acostumada a envolver homens


idiotas em sua teia. O problema é que me sinto o mais idiota de todos neste
momento.

Após o fim do filme, ela está sonolenta, mas ainda assim, comenta:
— Vou mandar as melhores músicas do Racionais para você.

— É mesmo? — Arqueio a sobrancelha e deixo-me sorrir.

Ela solta um suspiro encarando minha boca e preciso usar todo o meu
autocontrole para não me aproximar e sugar seus lábios.

Ainda faltam mais de quatro horas de voo! Eu nunca estive tão no


inferno quanto agora que estou na porra do céu. Caralho!

— Sim. O senhor será um fã deles, eu juro. — Ela beija os dedos.

— Tudo bem, Estela. Então salve meu contato no seu celular. —


Digo, observando-a com atenção. Ela hesita. — Assim me envia os links
pelo WhatsApp.

— É claro. — Sorri, relaxando. Entrega-me seu aparelho para que eu


tecle meu número e dá um tapinha no meu ombro quando lhe devolvo. —
Sabe, Sr. Donovan? O senhor não é tão ruim. As primeiras impressões
realmente ficam, mas é fácil conversar quando você não está me atacando e
me vigiando... Lembra, né? — E volta a fazer aqueles sons com a boca para
então cantar: — Aqui estou, mais um dia. Sob o olhar sanguinário do vigia.

Solto uma gargalhada e digo:

— Pois é! Se quer estou querendo apertar seu pescoço.

Isso a faz arfar e se remexer na poltrona, inquieta.


— Bom. Vou dormir um pouco.

Estela vira para o lado oposto, observando as nuvens através da


janela e se aconchega na poltrona. Estou ao seu lado desde que entramos, o
que já denuncia minha loucura. Em um jato com tantos lugares sentei-me
justo ao lado da babá trambiqueira.

Estaciono o carro em frente à Fazenda McPherson e observo o lugar


detonado. É difícil entender o que a viúva de um homem rico como o meu
irmão faz num lugar como este. Ele não deu informações sobre como a
esposa estava vivendo, deixou apenas ordens a serem cumpridas. Típico de
Connor.

— O senhor destruirá o volante e não teremos como voltar ao


aeroporto. — Estela murmura e quando olho em sua direção vejo que olha
para minha mão.

Sigo seu olhar e vejo os nós dos dedos brancos de apertar o volante.
Criar meus sobrinhos seria fácil. Eu deixaria meu trabalho para cuidá-los se
necessário, delegaria mais, viajaria menos, me instalaria perto de Dean e
Dylan para que eles pudessem estar próximos. No entanto, o coração não é
fácil de ser manuseado e as crianças amam a mãe. É do ser humano, não é?
Amar seus genitores, mesmo que sejam grandes filhos da puta. Embora não
veja Ethan e Noah sentindo falta do pai. Apenas da infeliz que lhes deu a
vida e os deixou.

Afrouxo o aperto e respiro fundo, contando até três por perder a


paciência de chegar até dez. Detesto a desordem. Enlouquece-me. Sempre
fui metódico. Com a rotina certa a ser seguida diariamente, tudo planejado
com um mês de antecedência e agora meu castelo de organização cai sobre a
minha cabeça. No entanto, há algo que sempre soube: minha família vem em
primeiro lugar. Por Noah e Ethan abro mão de tudo que planejei. Eles
crescerão e seguirão seu caminho como Dean, Dylan e Dakota. Fiz tudo o
que pude por meus irmãos e filha. Seguirei fazendo até o fim dos meus dias.

Tornei-me solitário e sequer percebi quando foram viver suas vidas e


começaram a ficar semanas longe e então meses... Porque os jovens sempre
têm algo mais interessante para fazer. Nunca os azucrinei, apenas os deixei
ir. Senti falta, olhei fotos e sorri em alguns momentos. Mas a realidade, é que
em meio ao caos que está a minha vida, há a porra da felicidade indescritível
quando Ethan e Noah sorriem ou me abraçam. Ou apenas a paz de vê-los
dormindo.

— Vamos lá, Sr. Donovan?

— Dominic. — Digo e ela franze a testa, sem entender.

— O que?

— Me chame de Dominic, Estela. Você topou uma porra de viajem


de sete horas sem perguntar muito e cantou rap para mim. Tudo pelos meus
sobrinhos. Passamos desta coisa de senhor, não acha?

— Na minha cabeça sempre o chamo de Dominic, mas quis evitar


mais opressão. — Estela sorri e pisca para mim. — Pode me chamar de
Estela. Ah, não! O senhor... quer dizer, você sempre chamou. O
profissionalismo só era exigido por uma via. — Provoca e salta fora do
veículo, deixando-me sem a chance de retrucar.
A infeliz colocou um sorriso no meu rosto com a maldita língua
afiada que me fez querer matá-la. Desta vez, só me deu uma semi-ereção.
Bandida!

No momento em que saio do carro, Estela solta um grito e,


preocupado, não vejo o momento que os tiros começam. Coloco-me à frente
da mulher e analiso o local, vendo um homem negro, usando um chapéu
sobre a cabeça, alto, musculoso e sem camisa, portando uma espingarda e
atirando para cima.

— Fora da minha propriedade, maldito!

Que diabos?
CAPÍTULO 13

Meu coração quase sai pela boca com os sons de tiros. Dominic me
empurra para dentro do carro e avança em direção a propriedade. Saio,
apressada e passo à sua frente apenas para ser erguida em seus braços e ouvir
seu rosnado:

— Fique atrás de mim, porra! Mato este bastardo se machucá-la.

Algo quente rola por minhas veias, mas afasto o pensamento,


preocupada com o momento.
— Ele chamou você de maldito, não brigou comigo. Deixe-me tentar
apartar a situação. — Tento fazer o homem ouvir a voz da razão.

— Não. Nem fodendo. — Grunhe, prendendo-me atrás de si. — Para


o carro, Estela.

É então que ouvimos cacarejos e gritos de uma criança.

— Isso, papai! Coloca o bandido para correr. — A garotinha negra de


cachos crespos soltos usando uma jardineira festeja. A galinha preta com
pintas brancas grita em seus braços. — Dona Rihanna concorda! Quer que
eu a solte para pegá-los, pai?

O homem solta o revólver no chão, atrás dele, e abaixa-se na altura


da criança, que parece ter uns cinco anos. Ele diz algo para ela ouvir e
aponta a porta da casa. A garotinha bate os pés e bufa antes de voltar a olhar
para nós.

— Continuam aí? Vou soltar Riri para pegá-los! — E corre para casa.

O homem se inclina para pegar a arma e me apresso, fugindo de


Dominic.

— Por favor, só escute! Quem quer que pense que somos, não somos.
Quer dizer... Eu sou Estela. — Apresso-me, então sinto os braços de
Dominic envolverem minha cintura e tirarem meus pés do chão. O ogro me
joga contra o ombro e grito com o susto.
— Abaixe a porra da arma e venha até aqui conversar como um
homem! — Dominic exige, então me leva para o carro, coloca-me no banco
e rosna: — Não se coloque em perigo nunca mais. Ouviu, Estela? — Seu
nariz toca o meu e sua respiração é pesada. Assinto com a cabeça, sem ter
outra opção e meu pulso dispara quando ele esfrega o nariz no meu,
cheirando-me no processo. — Bom.

Dominic se afasta e me tranca no automóvel, fazendo-me voltar a


mim e socar a janela como gostaria de socar seu rosto pomposo por me
deixar sem reação outra vez!

O maníaco da espingarda se aproxima, sem a arma e penso que os


dois partirão para a briga, visto a postura de ambos. Entretanto, uma
conversa acalorada acontece e imagens de assassinato passam em minha
cabeça, cada uma imaginando-me matando o pai da minha melhor amiga por
me deixar de fora neste momento. Não consigo ouvir uma palavra.

Observo-os e babo na beleza de ambos. Totalmente distintos e


gostosos. Dominic usando camisa social branca, gravata cinza, terno preto
feito sob medida, deixando em evidência os músculos que ele esconde sob
estas roupas e sapatos caríssimos, tão lustrados que brilham mais que o sol
do Texas. Então há o fazendeiro. Seu peitoral e abdômen com gominhos
deliciosos estão suados, como se tivesse fazendo trabalho braçal, a calça
jeans baixa nos quadris, que é a única peça de roupa visível, deixa a mostra o
V, que leva ao caminho da felicidade. A calça com rasgos parece prestes a
arrebentar de vez com as coxas grossas do tesudo. Ele usa uma bota marrom
e chapéu, que só completa o pacote molha calcinha. Eu ficaria bem em
apartar uma briga destes dois.

O dono da fazenda dá a última palavra e retorna para casa a passos


duros. Ele sequer abriu os grandes portões para Dominic. Apenas ficou atrás
da cerca.
Quando o meu chefe retorna e ocupa o banco do motorista, mal
espero que se acomode antes de enchê-lo de questionamentos.

— Ele é irmão adotivo de Paige, mãe dos meus sobrinhos. Segundo


ele, meu irmão é um, abre aspas, “grande demônio pau no cu”, fecha aspas.
— Dominic faz o gesto de aspas com os dedos e não evito rir, mas me olha
com ódio mortal e finjo uma tosse. — Diz que Connor destruiu a irmã dele e
não a deixará se aproximar da corja dele. Pensa que sou como o meu irmão e
já imaginava que vim atrás de Paige. Disse que conhece a laia.

— Uau! Então, o vilão da história é seu irmão. Faz sentido. — Penso


alto. — O que não compreendo é porque a mulher não apareceu. Até a
criança e a galinha Rihanna foram lá. — Rio. — Nome incrível e a garotinha
também.

— Deselegante como o pai. — Dominic bufa.

Reviro os olhos sem acreditar neste ser que xingou como um


caminhoneiro, me jogou sobre os ombros e chamou o fazendeiro para o
primeiro round. Agora ele quer falar sobre elegância? Como sempre, um
grande bastardo.

— É uma criança, sabe, né? Fique falando mal dela e logo o pai te
dará um tiro. — Solto uma risadinha e se olhares pudessem queimar, minha
cinza estaria sobre este banco agora. — Ouça. Ele não confia em nós. Não
sabemos o que seu irmão aprontou, mas faz sentido, certo? Visto que as
crianças lembram da mãe e sequer tocam no nome do pai.

— Você tem razão. Pensei nisso. — Dominic suspira, olhando em


direção à fazenda, e passa a mão pelos cabelos.
— Devemos ficar, em algum hotel. Acalmar os ânimos e voltar
amanhã. Ele estará mais calmo, não pego de surpresa.

— Há um dos meus hotéis em Houston. Chegaremos em pouco mais


de duas horas de carro.

— Sério isso? — Inquiro, impaciente. — Só fica nos seus hotéis?


Pelo amor de Deus, Dominic! — Bufo. — Estamos em uma missão. Temos
que estar próximos da fazenda. Não podemos ir para Houston só por causa
do seu hotel. — Quase cuspo as últimas palavras.

— Você é insolente pra caralho. — Dominic rosna.

Meia hora depois, passamos apenas na frente de quatro hotéis que o


rico metido sequer cogitou entrar. Pelo desaforo, o fiz parar em uma loja de
plantas e o fiz comprar duas das mais caras. Uma para cada um dos meninos.

Quando passamos em frente ao quinto hotel e ele faz menção de


seguir em sua busca incessante, intervenho.

— Dominic, sério isso? Já chega. Estou exausta, só quero descansar.


— Suspiro.

— Não estou acostumado a ficar neste tipo de lugar, Estela. — Sua


voz é séria.

— Jura? — Reviro os olhos e destravo a porta, abrindo-a e colocando


um pé para fora. — Não seja soberbo e metidinho. — Jogo os cabelos e faço
uma saída digna de filme.
Ele se apressa para estacionar o veículo e quando chego a recepção,
Dominic leva poucos minutos para grudar ao meu lado.

— E então? — Inquire com uma expressão azeda.

— O lugar está cheio. Parece que está rolando um evento country.


Eles só têm um quarto, mas há duas camas. Para mim está de bom tamanho.
Durmo até no chão. Só preciso descansar.

— Pelo amor de Deus! — Dominic quase arranca os cabelos ao


puxá-los de nervoso.

Preciso me controlar para não sorrir. É prazeroso vê-lo se corroendo.

— Aqui está a chave. Fiz o check-in em meu nome. O senhor... você


paga no check-out.

— Impressionante como você foi rápida.

— Eficiência é meu sobrenome.

— Antes ou depois de bandida? — Inquire com um sorriso ácido.

Sorrio falsamente e passo à sua frente. Não trouxemos roupas,


portanto não há bagagens, mas Dominic reclama o tempo todo de como não
há ninguém para nos guiar ao nosso quarto, como o local sequer tem um
elevador, como a porta do cômodo parece frágil e qualquer lunático poderia
invadir e nos matar em nosso sono. Ele provavelmente está traumatizado
com o maníaco da espingarda. Eu gostaria que ele invadisse o quarto,
embora.

Sorrio comigo mesma, o vendo excomungar a madeira e o colchão da


cama. Não satisfeito faz sons de vômito no banheiro. Sento na beira da cama
que escolhi para mim e balanço os pés, esperando-o terminar seu show.

— Já acabou, Jéssica? — Pergunto e ele me olha como se chifres


tivessem surgido em minha cabeça. — É um meme brasileiro. Nunca vi, mas
sempre via o pessoal usando na internet e achei propício para este momento.

— Você está louca, Estela. Só isso justifica estar sorrindo em um


quarto como este. Há poeira nos móveis. Irá nos causar alergia ou pior.

— Pobre só tem sinusite e toma antialérgico que não cura, mas


nocauteia a pessoa, então a gente dorme e não passa mal com a alergia.

— Pelo amor de Deus! — O homem está surtado demais para o seu


próprio bem.

— Olha, não imaginava que você era tão insuportável. — Faço uma
careta, começando a achar sua atitude além do limite do aceitável.

— Eu estou pouco me fodendo para o pó nos móveis, a cama dura do


caralho ou o que for. Nós dois sozinhos neste quarto é que me enlouquece.
— Dominic cospe, olhando com intensidade em minha direção.
Remexo-me na cama, desorientada com o rumo das coisas. Este
homem irá me causar um infarto precoce. As batidas do meu coração se
tornam frenéticas e a respiração sai pesada quando pergunto:

— O que... — Limpo a garganta. — Quer dizer o que?

Dominic sorri, mas não alcança os olhos. Ele se aproxima da porta e


toca a maçaneta.

— Lembra como disse que gostaria de me jogar do avião? É o


costume. Acabaremos brigando, apenas quero evitar. — Ele mente
descaradamente. Então abre a porta e sai. — Vou ver se há um bar nesta
espelunca. Preciso de uma bebida.

Fechando a porta sem me dar tempo de retrucar, ele foge.

Talvez eu só esteja pensando assim por acreditar que a atração é


mútua, mas Dominic pode estar sendo honesto e só quer levar adiante nosso
acordo de sermos profissionais. Não posso mentir, a princípio estava muito
entretida achando engraçada a sua obsessão por encontrar defeitos no quarto,
no entanto, agora começo a olhar a situação por uma nova ótica. O pai
gostoso da minha melhor amiga e eu dormiremos no mesmo quarto. Sem sua
família ao redor.

Porra!

Duas horas após a saída de Dominic, liguei para Dakota e conversei


com os meninos. Também liguei para vovó e mamãe. Ambas estão
despreocupadas e felizes passeando com Norman. Honestamente, esta
situação me preocupa, embora esteja focada nos Donovan e empurrando
qualquer confronto com as duas para outro momento.

Paro de rolar o explorar do Instagram quando batidas soam na porta.


Apresso-me para atender e fico surpresa ao ver um rapaz com uniforme do
hotel segurando uma bandeja com comida. Há muita coisa, então abro
espaço para que ele entre e coloque sobre a mesa de centro.

— O Sr. Donovan pediu esta comida no melhor restaurante de Austin


e mandou para a senhorita. Ele enviou um bilhete.

Minhas sobrancelhas quase atingem o couro cabeludo em confusão


quando pego o papel de sua mão. É uma folha comum de algum caderno e
começo a gargalhar quando leio o que está escrito em português brasileiro.

“Meu lanchinho, meu lanchinho vou comer. Pra ficar fortinho e


crescer.”

D.D.

O funcionário fica me encarando e se apressa a sair do quarto depois


que vê que não estou tendo um ataque ou algo assim.

Envio uma mensagem para o contato do meu chefe, recém salvo, em


meu aparelho.

Eu: O que significa este bilhete? Quanto você bebeu para estar
louco assim?
D. Donovan: Como assim? Apenas pesquisei no Google “música
brasileira para hora do almoço” e apareceu esta. Escrevi no bilhete, mas
não entendi totalmente.

Não consigo controlar a risada e rolo na cama, feito uma idiota. Não
por sua atitude ser engraçada de fato, mas estas borboletas malditas em meu
estômago certamente fazem cócegas. Ainda sorrindo feito uma idiota, teclo
mais uma mensagem.

Eu: Então, acho que pulamos aquela etapa de querer jogar o outro
da janela. Isso foi legal, Dominic.

D. Donovan: Obrigado, Estela. Não deixe de se alimentar.

Meu maxilar pode estar dolorido de tanto sorrir, mas tudo bem,
certo? O meu chefe insuportável pode ser tolerável. Só às vezes. Raramente.
Quase nunca.

Alimento-me, não porque ele exigiu, mas porque estou com fome e a
comida realmente está deliciosa. Após isso, tomo um longo banho e visto-
me com o mesmo vestido azul claro de comprimento até o meio das coxas,
ele é colado no corpo, sem ser apertado. Suas mangas são fofas, estilo balão,
na altura dos braços e os ombros ficam expostos, meu cordão de miçangas
amarelas combina com as pulseiras e o brinco de bolinha da mesma cor. Fico
sem calcinha, pois estava com esta por horas ao lado do meu chefe, então a
peça foi reduzida a uma poça de umidade várias vezes. Coloco-a sob meu
travesseiro, pois não tenho outro lugar para guardá-la.

Contorço-me por alguns minutos antes de decidir descer um pouco.


Não estou indo atrás do meu chefe, nada disso, apenas quero ver este tal bar.
CAPÍTULO 14

Nem todas as garrafas de whisky aguado deste hotel seriam capazes


de apagar meus pensamentos depois de tantas horas sozinho com Estela, o
que só piorou quando acabamos hospedados no mesmo quarto.

Não sou um homem mesquinho, mas não posso ser hipócrita. Estou
acostumado ao luxo e isto é um privilégio do qual não posso reclamar.
Embora nunca tenha me importado em estar em lugares como este se assim
fosse necessário.

O único problema de estar aqui é a diaba que contratei como babá.


Ela sequer faz ideia, mas tem sido a estrela das minhas punhetas. A filha da
puta conseguiu se infiltrar tanto em meu sistema, que sequer estou prestando
atenção na mulher à minha frente, fazendo de tudo para manter uma
conversa agradável.

Justice é uma bela jovem loira, com olhos azuis e sotaque texano.
Contou-me que completou vinte anos poucos meses atrás. Sua idade me
incomodou, pois nunca me envolvi com alguém tão nova. No entanto, quis
fazer uma experiência e dei-lhe liberdade para sentar-se ao meu lado.
Questionei a mim mesmo se meu interesse por Estela é por estar
envelhecendo e querendo provar a mim mesmo com uma mulher mais nova.
Se for o caso, só funciona com uma novinha específica, porra.

No entanto, Justice solta algo que chama minha atenção e faz minha
cabeça sair do meu pau.

— Trabalho na fazenda McPherson. Brenton, filho do dono, está


lutando para levantar o lugar, mas o velho quer vender. Então estou naquela
situação de extrema preocupação. Não sei quando vou acabar sem emprego.

Empurrando meu quarto copo de whisky de lado, olho-a tentando


manter o tom neutro.

— Passei por esta fazenda no caminho para cá. É uma propriedade


enorme. Acredito que foi uma grande fazenda algum dia.

— Sim! O McPherson pai sempre deixou o filho lidar com os


negócios da fazenda, mas ele separou da mulher quarenta anos mais jovem
com quem se casou e perdeu quase tudo em processos. Ele a maltratava e a
coitada conseguiu dar o troco, pelo menos na parte financeira. Uma pena
apenas para Brenton, que ama a propriedade.
— Que situação complicada. — Mostro interesse pela história
contada e entro sutilmente onde estou interessado. — Então este Sr.
McPherson vive lá? Eu poderia fazer um investimento e levantar o capital
necessário para colocar o lugar de pé.

— Isto faria o lugar ser seu. Brenton jamais aceitaria perder suas
terras. O velho está em um asilo em Houston, usando o que sobrou de sua
fortuna. Brenton vive com a filha e a irmã adotiva, que chegou há um ano
mais ou menos. Mas é reclusa e sequer aparece na área externa.

— Entendo. — Penso por um minuto e decido ser honesto: — Ouça,


sinto muito conduzi-la a dizer isso, mas Paige, irmã deste Brenton, é mãe
dos meus sobrinhos. Meu irmão fez alguma merda séria contra ela. —
Suspiro, vendo seus olhos arregalarem. — Mas ele está morto e as crianças
estão sob minha tutela. Por mim, jamais a procuraria, pois até poucas horas
atrás acreditava que ela os abandonou. O dono do lugar me recebeu com
tiros de sua espingarda e não deu muita informação. Só preciso saber se
Paige ama os filhos como eles fazem parecer que ela ama. Porque se assim
for, ela terá todo o meu suporte para conviver com Ethan e Noah.

Justice leva as mãos à boca e me encara, chocada, por um tempo.

— Deus, parece um filme! — Ela fica de pé e, desconfiada, diz: —


Ouça, moço, eu sei que me aproximei e comecei esta conversa, mas o que
me garante que não é um psicopata e tramou tudo isso para saber da pobre
mulher e acabar de destruir a vida dela? Se passou na fazenda, pode ter me
visto lá e...

— Tudo bem. Sua atitude é justa e louvável, para ser honesto. —


Ergo as mãos em sinal de rendição. — Mas se você puder pensar sobre isso e
apenas dar meu contato para Paige, explicar a ela o que lhe disse... São duas
crianças, Justice. Sei que há monstros por aí, mas eu jamais mentiria sobre
meus sobrinhos. Ethan e Noah são seus nomes. Diga a ela e deixe que decida
se quer ou não falar comigo.

Puxo do bolso do meu terno um cartão que costumo levar comigo


com meus números para contatos comerciais. Pego a caneta que usei para
escrever o bilhete de Estela, anoto meu número pessoal junto ao meu nome
atrás do cartão. Ergo para que Justice pegue e ela leva um bom tempo para
fazê-lo. Então um furacão de cabelos cacheados se intromete entre nós,
quase sentando em minhas pernas, roubando a porra do meu ar e fazendo
Justice franzir a testa.

— Tudo bem, eu sou a babá. Pode ir.

— Babá? — Justice cruza os braços sobre o peito.

— Babá dele. Sabe, ele está numa idade que precisa de babá. Então
agora que cheguei, você pode ir.

— Estela. — Rosno, segurando e levantando-me para olhar Justice


sobre a cabeça da bandida. — Esta é a babá de Ethan e Noah. Ela veio para
ser a voz na minha consciência porque acreditava que Paige não era má.

— Ela sabe... Espera. Você é Paige? — Estela olha entre nós e salta
na mulher, abraçando-a. — Por favor, não seja uma puta. Ame aquelas
crianças e me dê uma boa história triste que justifique seu desaparecimento.
Ou vou pisar no seu pescoço com meu All Star.

— Jesus! — Clamo por socorro e puxo a mulher, livrando uma


Justice desesperada. Passo um braço pela cintura de Estela e o outro pelo
pescoço, como num mata-leão, mas sem forçar, apenas colando suas costas
em meu peito. O erro do século. — Estela, esta é Justice. Ela trabalha para
Brenton, o fazendeiro...

— O louco da espingarda? — Pergunta, olhando sobre o ombro para


encontrar o meu rosto, e não consigo evitar um sorriso.

— Este mesmo. — Respondo, então pigarreio, voltando ao foco e


continuo: — Por acaso Justice tocou no assunto de trabalhar na fazenda e
agora estou tentando fazê-la pegar meu número e entregar para Paige. Ela
acredita que sou um lunático...

— Então ela está certa. — Estela interrompe. Estou prestes a sufocá-


la quando ela encara Justice e garante: — Mas não com os sobrinhos, filha e
irmãos. Nem mesmo com o cachorro. Ou com as pessoas mais velhas.
Exceto seu tio Norman, que é um chato, mas mesmo minha avó sendo
trambiqueira, ele pensa que ela é uma doce senhora e eu que não presto.
Então, sim, Dominic Donovan é um lunático no sentido chato pra caralho, pé
no saco, sabe? Não aquele malvado e tudo mais.

O silêncio a seguir talvez signifique que Justice ficou tão atônita


quanto eu, que não sei se a aperto, se a esgano ou a beijo. No entanto, há
algo que não controlo e a forma como Estela endurece, faz-me soltá-la
imediatamente. Ela não se afasta, embora. Sua bunda redonda continua
apertando a minha ereção. Calafrios sobem por minha coluna, me fazendo
questionar que tipo de luxúria desenfreada é esta que me vejo envolto.

— Tudo bem, você é louca. — Justice quebra o silêncio e atrai a


minha atenção para o que realmente é importante agora. Não a bunda da
melhor amiga da minha filha, é claro, grito internamente. — E isto deveria
me preocupar, confirmar que são uma dupla de psicopatas. Mas alguém
insana assim não poderia mentir, certo?
Estou prestes a refutá-la sobre como ela é uma mentirosa, mas Estela
dá uma cotovelada em meu estômago.

— Eu jamais mentiria. — Estela mente.

— Certo. Dê-me o contato, farei com que chegue a Paige, não sei
como, pois não a vejo... Enfim, depois será com ela. Se Paige não ligar,
sigam seu caminho. Se eu os vir por aqui, vou avisar a Brent.

— Acha que tenho medo do infeliz? — Rosno, irritado com todo este
transtorno.

— Desculpe por isso. Ele está sob pressão desde que o irmão morreu.
— Estela puxa minha mão atrás dela e pega para entregar a Justice. —
Dominic é um homem poderoso, se quisesse colocaria a fazenda a baixo. —
Diz com cuidado. — Todavia, sequer cogitou isso. Ele só quer chegar a
Paige sem transtornos. Sem levar um tiro. Sem Brenton ser preso. Sem a
criança e a galinha Rihanna ficarem sem pai. Como Ethan e Noah estão.
Sem pai e sem mãe.

Isso causa um efeito em Justice e ela sequer pode evitar estremecer.


Seus olhos ficam enormes e a preocupação é evidente.

— Certo. Sem confusão. — Justice concorda e aceita o cartão, logo


nos dá as costas e se vai sem se despedir.

— Obrigado, Estela. — Minha voz soa rouca, distinta até para os


meus próprios ouvidos.
A postura relaxada que tinha no meio da conversa se vai e ela volta a
endurecer. Então se vira lentamente e não olha meu rosto. O olhar da
bandida desce diretamente em direção ao meu pau, que pulsa sob seu
escrutínio. Estela respira fundo e recua alguns passos até bater no banco em
que Justice esteve sentada enquanto conversávamos.

— Eu... hum... Faço pelos meninos. — Ela murmura, desviando o


olhar e nunca voltando a me olhar.

— Tudo bem.

— Sim.

— Certo.

Estela volta a me encarar e solta uma risadinha sem graça.

— Aqui é legal.

— Hum. — Puxo o copo de whisky e viro a bebida de uma só vez.

— A comida que mandou estava incrível. Você se alimentou?

— Sim. Comi o mesmo que você.

— Claro!
Estela volta a evitar o meu olhar e faz um cacho na ponta de seu
cabelo já cacheado. Bebo de sua imagem e percebo que nunca me canso. É
assustador. Talvez eu só precise fodê-la fora do meu sistema. Não, isto não
daria certo. E nem é como se eu pudesse apenas decidir, afinal de contas,
conheço quando uma mulher me deseja e, embora, Estela o faça, ela foge
disto como o diabo foge da cruz. Eu jamais me imporia sobre ela. Além
disto, há minha filha, sua melhor amiga, e nossa diferença enorme de idade.
Como Dakota me veria se pensasse nesta situação?

— Eu vou subir...

— Vou subir...

Dissemos ao mesmo tempo e sorrimos, deixando o constrangimento


de lado por um momento.

— Talvez eu deva ficar mais um pouco. — Ela diz um segundo


depois e, por mais que odeie a ideia de deixá-la sozinha neste bar de hotel,
penso que esta é uma forma de me manter afastado. Pegar no sono antes que
Estela retorne e não me perder nos pensamentos imundos de estar no mesmo
quarto que ela.

— Tenha cuidado. Boa noite, Estela! — Deixo alguns dólares sobre o


balcão e sigo meu caminho até as escadas.

O sentimento de posse que me consome é absurdo, pois sinto-me


doente só de imaginar alguém se aproximando dela como Justice se
aproximou de mim. Paro no último degrau e esfrego meus olhos, sentindo a
têmpora latejar devido a toda pressão deste dia infernal.
Penso em Justice, em como foi uma coincidência surreal encontrá-la.
Nunca acreditei em destino, mas este acontecimento me faz repensar sobre
minhas crenças.

Entro no quarto e sigo direto para o banheiro após trancar a porta.


Tomo banho sem pressa, sentindo a tensão gritar em meus músculos rígidos.
Coloco apenas a calça social e deixo o terno e a camisa pendurados. Apago
as luzes, deixando apenas os abajures acesos. Escolho a primeira cama que
vejo e deito-me, puxando as cobertas para cobrir meu tronco desnudo. O
travesseiro muito macio me incomoda e o apalpo algumas vezes antes de
puxá-lo para o dobrar. Neste momento sinto um tecido fino em minha mão e
acendo a lanterna do meu celular para me certificar do que se trata.

Uma calcinha. Pode ser um erro do hotel, algo de outro cliente, uma
falta de atenção absurda de quem arrumou o cômodo. Contudo, meu pau já
fantasiou que a calcinha é de Estela, que ela a tirou por algum motivo. Não
resisto ao anseio de cheirar a calcinha. É uma peça estilo cueca boxer,
laranja, cheia de pequenos sóis. É toda Estela.

Jogando-me de costas na cama, levo a calcinha ao meu nariz e


inspiro, deixando-a sobre meu rosto enquanto liberto minha ereção dolorosa.
Masturbo-me, sentindo seu cheiro de mulher, meu pau pulsando enquanto o
aperto e sinto-o babar em minha mão. Estou duro como nunca estive antes,
porra. As veias da extensão parecem a ponto de rasgarem e a cabeça jorra
minha porra com força sem precisar de mais estímulo. O cheiro agridoce de
Estela e o toque no meu pau rígido é o suficiente. Minha respiração se iguala
a de alguém que correu a porra da maratona, minha mão, barriga, a calça e a
coberta estão cobertos do gozo desenfreado. Tiro a mão do meu membro e
seguro a calcinha, esfregando meu sêmen no pontinho úmido na parte
interna.

Volto a ficar duro e começo a foder minha mão outra vez, sem
vergonha, sem controle. Imagino a boceta de Estela na minha boca, enquanto
meus dedos marcam sua bunda e meu pau quase explode.

Até que a porta é aberta.


CAPÍTULO 15

Entro no quarto fazendo o mínimo de barulho, mas solto um grito


quando ouço um estrondo. Acendo a luz principal e arregalo os olhos ao ver
a cama que eu havia escolhido desmoronada no chão com Dominic gemendo
sobre o colchão.

— Meu Deus!

— Não se aproxime! — Ele ordena ao ver que estou caminhando em


sua direção.

— Como não?
— É perigoso. Há lascas de madeira por aí. Fique onde está.

— Dominic! — Exaspero-me, sem recuar.

Olho ao redor e vejo minha calcinha no chão. Corro até lá,


desesperada, pegando-a e amassando-a em minha mão para que meu chefe
não a veja, principalmente quando sinto algo pegajoso no tecido. Deus! Sou
uma vergonha perto deste homem. Corro para o banheiro e descarto a peça
na lixeira. Retorno depressa e ajoelho-me ao lado de Dominic, que está
esticando as costas, claramente com dor.

— Não quero atrapalhar o seu sono. Vou ficar deitado aqui mesmo.
Vá dormir, Estela.

— Você está com dor. Vou ajudá-lo a levantar e pode deitar na outra
cama para não ficar com a coluna travada amanhã.

— Nem pensar! Você dorme naquela cama.

— Dominic, seja razoável pelo menos uma vez na vida! — Bufo,


fazendo minha franja voar e ele resmungar.

— Não vou roubar sua cama.

— Então vou deitar no chão e passaremos a noite assim. — Ameaço


me sentar e ele grunhe, puxando os cabelos. Move-se sob a coberta por uns
segundos e a enrola sobre o corpo antes de levantar. O encaro com
estranheza. — O que é isso?
— Estou sem camisa. É antiprofissional que você veja.

— Sério? — Arqueio a sobrancelha. — Você já me viu de calcinha e


sutiã. — O homem falta pouco cair no chão outra vez. — Na praia, Dominic.
Naquela vez que surtou.

— Deselegante. — O rosnado é tenebroso.

Mordo o lábio inferior, imaginando sob a coberta. Tomara que


escorregue em seu sono e eu possa ver seu corpo livre de tanta roupa. Quer
dizer, ele vive na Califórnia. O coitado passa calor com tantos tecidos.

— Verdade. Uma deselegância só! — Suspiro. — Vá para a cama.

— Ouça, vamos procurar outro hotel. O primeiro que encontrarmos


com dois quartos.

Quase aceito a oferta, mas penso em Justice.

— Se Justice retornar com alguma notícia inesperada não estaremos


aqui.

— Ela tem o meu contato telefônico.

— Ela não, se entregar para Paige, não terá mais. — Olho ao redor e
penso como uma adulta disposta a resolver problemas, não uma safada louca
para escalar no pai da melhor amiga. — As camas são maiores do que a
maioria das camas de casal. Podemos dormir naquela. Somos profissionais.
Cada um no seu canto, dormimos e amanhã seguimos nossa vida.

— Eu... — Pela primeira vez vejo o homem balbuciar.

— É só dormir. Não vou ceder sobre isso. Se não for assim, durmo
no colchão sobre a cama quebrada.

— Tudo bem, você está certa! Vou ao banheiro por um minuto. Pode
se deitar.

Assinto com a cabeça e o vejo se afastar. Quando a porta do banheiro


é fechada com mais força do que o necessário, fico de pé e jogo-me contra a
cama, perguntando a mim mesma que merda estou inventando. Este homem
estava excitado contra o meu traseiro no bar e senti em cada fibra do meu ser
a devastação que Dominic Donovan pode fazer em minha vida. Seu pau é
grande e grosso e foi impossível não me imaginar sendo tomada por trás,
sentindo-o me alargar e, pior do que molhar a calcinha, a excitação escorreu
por minhas coxas sem nada que aparasse.

Arrepios sobem por minha coluna só de fechar os olhos e imaginá-lo


abrindo a porta e me montando, segurando minha garganta como deixou a
entender que gostaria de fazer outras vezes. Aquele olhar sério preso ao meu,
a boca sensual beijando a minha... Deus!

Estou tão ferrada. E sem calcinha! Salto do colchão ao lembrar.

Puta merda! Vou dormir com o meu chefe e estou sem a porra da
calcinha.
Deito-me novamente e respiro calmamente, recobrando o controle da
situação. Fecho os olhos e luto para calar meus pensamentos. Mesmo a
exaustão do dia não é suficiente para me fazer adormecer. Longos minutos
se passam e chego a supor que o meu chefe desceu pela descarga, mas ele sai
do banheiro e se aproxima lentamente, como se esperasse que eu tivesse
adormecido.

Fecho os olhos, todavia, todo o meu corpo está em alerta neste quarto
escuro com a presença do dono da minha libido.

Sim, merda! O infeliz deu boas-vindas ao meu tesão e é como se ele


chegasse valendo por todas as vezes que não senti nada, crendo que era
frígida. Agora sequer consigo me controlar em momentos que sequer são
sexuais.

O toque firme em meu tornozelo me faz suspirar. O polegar de


Dominic gira levemente na pele aquecida e abro os olhos para vê-lo
concentrado em tirar o par de tênis dos meus pés. A maneira como tem seus
olhos presos na própria mão, onde me toca, faz minha boceta babar.
Impulsiono os quadris para cima, sem controle e isto atrai a atenção do meu
chefe. Imprenso as coxas uma na outra, evitando que possa ver que estou
sem calcinha, mesmo que um desejo obscuro de arreganhar minhas pernas se
aposse de mim. Vejo os ombros largos expostos contraindo a cada
movimento de suas mãos, sem a camisa ou a coberta, escondendo sua pele
de meus olhos. Quase me ergo para vê-lo além dos ombros e braços, uma
vez que está ajoelhado e a cama esconde seu tronco.

— Eu... — Pigarreio. — Acho que já estava sonhando. — Minto.

Seus olhos astutos encontram os meus. E ele não os afasta enquanto


gira o polegar em minha pele. Seu toque é bruto onde segura meu tornozelo,
quase possessivo. Ele me liberta depois do que parece uma eternidade e meu
corpo protesta, sentindo a falta da queimadura que seus dedos causaram.
Dominic deita ao meu lado e a percepção de que estamos sobre a mesma
cama só faz o vulcão de emoções retornarem com força.

O silêncio é sepulcral. Puxo a coberta e enrolo em minha cintura para


evitar qualquer cena de perereca pulando por aí. Mais precisamente em cima
do indivíduo ao lado. Fecho os olhos com força e luto comigo mesma para
não perder a batalha e babar no corpo do infeliz. Só preciso esperar que ele
adormeça para fazer isto sem culpa. Sua voz grossa me faz pular:

— Nos fez ficar neste hotel porque estava cansada e precisava


descansar. No entanto, parece fazer tudo, menos dormir.

Arrepios correm pela minha pele quando vejo em suas palavras a


chance de virar para olhá-lo. Sutilmente, viro de lado, colocando as mãos
sob minha bochecha e mordo o lábio para não babar quando vejo o pacote de
seis gominhos na barriga de Dominic Donovan. Seu peitoral e abdômen são
definidos, assim como os braços musculosos, mas sem exagero. Apenas
gostoso de dar água na boca, bem cuidado e um papai que qualquer uma
gostaria de foder.

Lembrando de Dakota, recrimino a mim mesma e encaro seu rosto,


que parece sereno.

— Acho que não consigo dormir sem ter intimidade com a pessoa.

— Como?

— Nesta vida só dormi com Dakota, mamãe e... — Interrompo-me e


vejo sua expressão mudar completamente. — Enfim. O que quero dizer é
que acho que não vou conseguir pegar no sono. Dormir é algo muito íntimo,
certo?

— Certo. Dormir nos deixa vulneráveis. — Concorda.

— Então, contando que falamos abertamente sobre pensar em dar


fim à vida do outro...

— Sabe muito bem que são palavras da boca para fora. Infantis ao
extremo, eu assumo. Sequer me reconheci com estas atitudes. — A
honestidade é brutal em sua expressão e voz.

— Então aquela coisa de apertar minha garganta era mentira? —


Solto e me arrependo imediatamente.

A postura de Dominic enrijece e ele se move lentamente, ficando de


lado como eu, de frente para mim. Quando move um braço sob sua cabeça,
não perco nada das contrações do bíceps.

— Estela. — Sua voz é um aviso, grossa, impaciente.

— Tudo bem. Sinto muito.

— Podemos nos tornar íntimos. — Sugere, fazendo-me engasgar


com a própria saliva. Isso lhe coloca em alerta e senta-se, puxando-me
consigo e ajoelhando-se, me colocando na mesma posição enquanto dá
tapinhas em minhas costas. — Você está bem?
Respirando ofegante, é desnecessária qualquer tentativa de acalmar
os batimentos erráticos quando o engasgo termina e nossa proximidade
ganha minha percepção.

— Estou... Sim. — Minha voz é um murmúrio enquanto sinto seu


braço forte rodeando minha cintura, meus seios tocando seu peito e nossos
narizes quase colados. Seu rosto esculpido está endurecido, a mandíbula
cinzelada apertada, os lábios em uma linha reta e as sobrancelhas franzidas,
trazendo aquela ruguinha à tona entre elas. Não consigo me impedir de tocá-
la com o dedo indicador, acariciando a região até que a ruga suma e seu
rosto relaxe. Sua respiração também é dura e se encontra com a minha
quando expiramos. — Estou bem. — Volto a dizer por que o silêncio é
desorientador.

— Eu estava dizendo que podemos nos tornar íntimos. — O tom


rouco é tão sensual aos meus ouvidos. A mão que dava leves tapas em
minhas costas começa a subir e descer por minha coluna, até adentrar em
meus cabelos e segurar minha nuca. Vergonhosamente, amoleço em seus
braços e sinto minha excitação escorrer por minhas coxas. Mordo o lábio
para reprimir um gemido. — Você pode me fazer perguntas, descobrir o que
quer que a faça se sentir segura para dormir comigo. — A voz continua a
mesma, como se falasse que vai me foder do avesso para que tenhamos
intimidade.

Encaro-o com os olhos arregalados por conta do balde de água fria,


embora permaneça envolta na tensão sexual cortante.

— Fazer perguntas? — Balbucio.

— Tive acesso aos seus documentos, Estela. Sei sua idade, nome e
sobrenome, nome dos seus pais. Sei que é uma bandida... — A última frase
vem junto de um aperto bruto em minha nuca e me remexo em seus braços,
precisando de algo, de tudo deste homem.

— Achei que era suficiente saber que o senhor é um bastardo


opressor, que se acha dono do mundo.

Minha voz soa aguda, provocadora sem o mesmo tom de quando o


provoco intencionalmente para irritá-lo. Aproximo-me ao ver suas pupilas
dilatarem, deixando os olhos escuros. Sinto sua ereção em meu baixo ventre
e encaro-o sob o cílio, vendo suas feições mudarem mais uma vez esta noite.
Agora Dominic Donovan parece uma porra de besta. O sorriso sinistro que
se abre em seus lábios, a forma como a ponta da sua língua aparece para
umedecê-los e sua mão se abre, alcançando as laterais do meu pescoço, onde
ele aperta de uma forma que me imobiliza e afeta meu fluxo de ar, me deixa
bêbada na onda de luxúria opressora.

— Não me acho o dono do mundo, Estela. Você está enganada pra


caralho.

— Estou? — Arfo, esfregando-me descaradamente em sua ereção.


Meu orgasmo está tão perto que perdi qualquer linha de racionalidade,
esqueci-me do porque tenho fugido de sua proximidade quando o odiava e
que deveria fugir ainda mais agora que estou o tolerando. Dominic é
perigoso.

— Redundantemente enganada. — Dominic inclina a cabeça e enfia


o rosto em meu pescoço, inalando em minha pele para em seguida morder e
sugar a veia latejante em meu pescoço e lamber, aplacando a dor. Gemo sem
pudor ou controle e me esfrego no seu pau, abrindo minhas pernas para
sentir mais da fricção. Minha boceta inchada está tão molhada e meu clitóris
pulsa. Os músculos vaginais contraem e minhas coxas tremem quando ele
rosna em meu ouvido: — Eu só me acho o seu dono.
— Dominic! — Grito, gozando tão forte, que tenho absoluta certeza
de que é um orgasmo, mesmo nunca tendo experimentado um. Apenas pela
sensação que toma conta de mim.

O redemoinho em meu ventre, a leveza em minha cabeça, a vista


embaçada, a pulsação deliciosa em minha boceta e a sensação indescritível
no clitóris. Todo o meu corpo é tomado pela energia prazerosa.

Ouço Dominic xingar e empurrar seu pau contra mim, moendo de um


jeito bruto, grosseiro, então ele geme e me sinto afundando em outra onda de
prazer sabendo que ele está gozando para mim. Mal sinto o meu corpo,
sequer posso controlá-lo. Entretanto, sorrio quando Dominic me deita e
ajusta o travesseiro e a coberta, esfrega o nariz no meu e sorri sonolento
quando me puxa para si, dizendo:

— Espero que seja intimidade o suficiente para que você descanse,


pequena bandida.

— Boa noite, grande opressor! Eu me sinto agradavelmente


oprimida agora. — Sussurro com um sorriso besta antes de enfiar meu nariz
em seu peito e inalar seu cheiro delicioso.

Logo caio no sono.


CAPÍTULO 16

Desperto, sentindo o meu corpo suar por conta do emaranhado de


braços e pernas ao meu redor. Abro os olhos ao me lembrar do que
aconteceu ontem à noite e reprimo o desejo de socar a mim mesma. Ainda
que quisesse, estou imobilizada por Dominic.

Preciso pensar em tudo com lucidez, mas perto de Dominic sou


incapaz, visto que mesmo após a bomba orgástica de ontem, sinto meu corpo
ansioso por ele, meus seios inchados e doloridos, os pêlos arrepiados e o
coração acelerado.

O toque do celular de Dominic o faz despertar, mas ao invés de se


apressar para atender, ele sorri ao encontrar o meu olhar. Puxa minha cintura
contra seu corpo e gemo ao sentir sua ereção em minha coxa.

— O celular... — Murmuro entre dentes, louca para fugir e sentar no


rosto dele, tudo ao mesmo tempo.

Só então o sujeito parece se lembrar do aparelho e o pega do seu


bolso. Deitando-se de costas na cama, com o abdômen exposto, Dominic
passa uma mão despreocupadamente para cima e para baixo em minhas
costas enquanto atende a chamada:

— Donovan.

Desconcentro-me totalmente a partir daí, pois minhas mãos parecem


pinicar para tocá-lo. Quando ouço o nome da mãe de Ethan e Noah saindo
de seus lábios, pulo no colchão e sento-me, atenta. Dominic apenas concorda
com algo e encerra a chamada.

— O que houve? Era Paige?

— Exato. Precisamos encontrá-la na fazenda. — Ele sacode o braço,


uma mania para olhar o relógio e pragueja ao ver a hora. — Dormimos
muito.

Faço menção de sair da cama, pois ter que encontrar a mãe dos
meninos é a chance perfeita para fingir que nada aconteceu ontem à noite.
Entretanto, mal coloco meus pés no chão e Dominic grunhe, vindo para
minha frente.

— O que foi? — Pergunto, evitando olhar em seus olhos.


— Pisar neste chão frio pode fazer mal. Causa cólicas.

— Sério? — Ergo o olhar e me arrependo imediatamente. Seus olhos


sonolentos estão presos no meu rosto. — Como sabe de algo assim e eu não?
— Cruzo os braços, desafiando.

— Sou pai de uma menina que sofria com cólicas menstruais. Este
assunto não é tabu para mim. — Dominic segura as laterais da minha
cintura, suas mãos enormes quase se encontrando. — Agora venha! — Puxa-
me, erguendo-me um pouco, então coloca meus pés sobre os seus e anda
comigo até o banheiro.

Estou completamente sem fala quando apoio minhas mãos em seu


peito. Não deixo de admirar seu rosto e sou incapaz de reprimir o desejo de
tê-lo, todo ele.

— Dom... — Sussurro, então mordo o lábio inferior quando me


ergue e coloca-me sobre a pia do banheiro. Dominic abre minhas pernas e se
posiciona entre elas, olhando-me com atenção.

— O que tivemos noite passada... — Começa.

— Foi um erro. — Digo de uma vez e sua expressão cai por um


segundo antes que se afaste.

Dominic cruza os braços sobre o peito musculoso, os braços fortes


ganhando mais evidência, mas fico presa no olhar raivoso.
— Um erro, Estela?

— Vai dizer que não? A gente se odeia! — Solto a primeira desculpa,


logo recordo-me de algo que irá trazê-lo a si. — Sou a melhor amiga de sua
filha. Uma trapaceira, lembra?

Sua mandíbula enrijece e seus olhos faíscam quando volta a encarar a


hora.

— Temos meia hora para buscar Paige. Faça o que precisa fazer e
não ande descalça. — Ordena e sai do banheiro, batendo a porta com força
atrás de si apenas para retornar dois segundos depois e jogar meus tênis no
chão.

Pulo da bancada da pia e me encaro no espelho. Arfo ao ver a marca


de chupão em meu pescoço e dos dedos de Dominic. Que porra de homem!
Toco a pele vermelha e a ação reflete em meu corpo, que estremece com as
lembranças.

— Que merda! — Suspiro, querendo socar a mim mesma.


**
O silêncio no carro é incômodo e tenho absoluta certeza de que a
forma como Dominic aperta o volante é como gostaria de apertar meu
pescoço. Nada sexual desta vez.

Consciente demais de mim mesma, puxo os cabelos para frente,


evitando expor as marcas bestiais que ele deixou em mim. Não sei como,
mas Dominic conseguiu roupas novas para nós. Quando saí do banheiro,
haviam roupas íntimas e um vestido branco de seda, de comprimento até os
joelhos, tecido fluido, alcinhas finas e decote com um leve caimento em V,
nada indiscreto. Gostei de como ficou no corpo após retornar ao banheiro
para me vestir com as peças novas. Tudo estava em bolsas de uma marca
caríssima. Então me deixei sentir um pouco mimada, mesmo que quem me
presenteou estivesse louco para me matar.

Ele está usando uma camisa gola pólo preta e calça social cinza
carvão, o mais casual que já o vi. Lindo de um jeito que deveria ser proibido.

Detestando o som dos meus pensamentos, não pergunto nada antes


de encaixar o cabo USB preso no compartimento do rádio ao meu celular,
afinal meu chefe e eu já passamos desta fase.

A primeira da minha playlist especial no modo aleatório quando


aperto o play é Oceano, do Djavan.

Esta é uma das canções que me acompanham desde que sou criança e
sempre senti amor ao escutá-la, mas de alguma forma desta vez quando ouço
Djavan cantar o refrão, sinto meus olhos umedecerem.

Amar é um deserto e seus temores


Vida que vai na sela dessas dores
Não sabe voltar, me dá teu calor

Vem me fazer feliz porque eu te amo


Você desagua em mim, e eu, oceano
E esqueço que amar é quase uma dor
Só sei viver se for por você

Nesta altura perco a capacidade de continuar me martirizando. Puxo


o cabo USB e fecho o aplicativo do celular, dando fim à música. Uma freada
brusca faz-me erguer o olhar para Dominic e ele parece transtornado,
parando o carro no meio da estrada de chão.

Sua atenção se volta para mim e seco meu rosto, incomodada,


sentindo-me despida, pronta para inventar qualquer coisa.

— O que está acontecendo, Estela? — Dominic inquire, preocupado.

Ele se volta para mim e me desarma quando esfrega uma lágrima


teimosa com o polegar. Puxa-me para o seu colo e resisto, afastando-o o
quanto consigo.

— Me deixa em paz!

— Só quando você se acalmar, caralho! — Seu tom é definitivo e


seus braços me cercam, colocando-me de lado em seu colo, uma mão
apoiando minha cabeça, que deito em seu ombro. — Diga-me, babe, diga e
eu darei um jeito de resolver.

Outras pessoas já me chamaram de “baby”. Dakota, até mesmo


Dean. Contudo a forma como a palavra sai da boca de Dominic é diferente.
Faz um rio de lava quente correr por minhas veias. Fungo em sua camisa,
completamente desolada.

— Eu nunca tinha gozado antes.

Sua falta de palavras nos próximos segundos me faz erguer a cabeça


para olhá-lo. Eu devia ter começado de outra forma, certo? O homem parece
o próprio meme da Nazaré Tedesco agora, sem entender nada.
— Tive alguns caras com quem fiquei, mas nunca cheguei nem a
ficar excitada. Só deixava ir por achar que uma hora melhoraria. Então
comecei a ficar meio obcecada com isso, me sentindo defeituosa, frígida, e
comprei vibradores, tentando encontrar esta famosa sensação fenomenal.

— E então? — Dominic incentiva, sua mão acariciando meu joelho.

— Não adiantou. Usei todos, nunca gozei. Tornei-me a maníaca dos


vibradores! E nada! — Bufo, frustrada.

— Mas você gozou para mim ontem, Estela. — Sua voz engrossa e a
mão sobe numa carícia bruta, apertando minha coxa, adentrando a saia do
vestido. Observo, hipnotizada, a mão sumir e logo sinto-o parar a mão
próxima da minha boceta, sem tocar, movendo o polegar no interior da coxa.
— Hum, babe? Você gozou, não gozou?

— Sim... eu... Sim! E este é o problema. — Empurro seu peito e ele


permite que eu saia do seu colo. Acomodo-me no banco do carona, apoiando
os cotovelos nas coxas e minha cabeça em minhas mãos. — Dom, eu sinto
fogo desde que vi você pela primeira vez. Piorou quando começamos a viver
de picuinhas.

— Estela. — Dominic chama e quando não mudo a posição, o bruto


enfia a mão em meus cabelos na nuca e puxa-me, até ter meu rosto a um
dedo de tocar o seu. — Tesão, desejo, luxúria, fogo. Foda-se como queira
nomear! Quero você na mesma intensidade. Somos adultos. O que a
impede?

— Medo. — Confesso, olhando em seus olhos. — Eu não sei por que


desde o princípio meu cérebro enviou comandos para o meu corpo confiar
em você. Já fui a terapia e descobri, aos poucos, que “meu problema” tinha a
ver com os homens que passaram pela minha vida. Não confio... E por isso,
não cedo meu corpo a ninguém, para não lhes dar controle. Já você, sequer
algo que acontecia subconscientemente teve poder contra você. Isso é apenas
sexual, mas para mim pode se tornar algo mais e não estou disposta a sofrer.
Ou perder Dakota.

Dominic segura meu rosto com as duas mãos e rosna:

— Eu não estava lhe pedindo em casamento.

— Você é um idiota! — Soco seu peito e me afasto.

— Deixe-me terminar de falar. — Dom resmunga, puxando-me para


si outra vez. — O que eu quis dizer é que você não precisa ficar com esta
pressão psicológica. Podemos apenas ser o que quisermos enquanto
quisermos.

Engulo as emoções crescentes em meu peito. A letra da música


voltando com tudo. “Esqueço que amar é quase uma dor”... Eu já sofri tanto
por amor. Se Dominic possuiu meu corpo mal o tocando, o que é capaz de
fazer com o meu coração se eu der abertura?

Estou prestes a afastá-lo quando seu celular volta a tocar. Dominic


mantém uma mão em mim ao usar a outra para atender a chamada. Ele se
desculpa e avisa que chegará em dez minutos. Encerra a chamada e esfrega o
nariz no meu antes de se afastar para voltar a dirigir.

Afundo no banco, respirando fundo e lutando bravamente a batalha


que meu cérebro, corpo e coração travam.
Paige e o irmão estão em frente à fazenda, esperando. Há uma
pequena mala preta ao lado da mulher e o fazendeiro parece ter chupado
limão azedo. A mãe dos meninos tem cabelos escuros curtos, é alta e esguia
e está usando jeans, regata, camisa de botões quadriculada e botas nos pés.
Ao nos aproximar vejo seu rosto vermelho e olhos inchados evidenciando o
choro recente.

Quando Dom desce do carro, a postura de Brenton muda, tornando-


se intimidadora. Ele cruza os braços musculosos, uma fresta do seu
tanquinho aparecendo por conta do colete jeans aberto que usa e a bermuda
jeans cheia de rasgos mostra um pouco das pernas fortes.

— Você está com meus filhos! — Paige grita, cedendo às lágrimas e


pega Dominic de surpresa ao correr até ele e abraçá-lo. — Por favor, me leve
até Ethan e Noah. Eu imploro! — Faz menção de ajoelhar, mas o meu chefe
reage e a puxa, evitando que o faça.

— Precisamos conversar primeiro, Paige. — A voz imponente


lembra do primeiro dia que falou comigo, o CEO poderoso que tinha
investigado minha vida e vinha com seu arsenal de acusações.

Desço do carro e aproximo-me, tocando seu braço sutilmente,


atraindo sua atenção de imediato.

— Ela ama os meninos, está evidente. — Intervenho. — Não era este


o parâmetro? Vamos levá-la, Dom.
— Se minha irmã perder um fio de cabelo, eu vou atrás de você, me
ouviu? — Brenton ameaça, sua voz gutural combina totalmente com ele,
baixa e ameaçadora, rude. — Deixe seu endereço, pois irei aparecer para ver
com meus próprios olhos se você não é como o canalha do seu irmão.

— Brent, por favor! — Paige suplica, afastando-se de Dominic. —


Não convivi com Dominic, mas Connor vivia afastado por não gostar dos
irmãos, que eram diferentes dele. Não vou ficar sem meus filhos agora que
posso tê-los! — Afirma cheia de convicção.

Dominic troca um olhar comigo e assinto com a cabeça, reiterando


que devemos levá-la. Ele acena e não demora a estarmos no carro, rumo ao
aeroporto.
CAPÍTULO 17

Ter Estela ao meu lado em qualquer momento desde que a conheci


tinha sido um pequeno buraco perto do vórtice que me suga agora, desde que
a tive gozando em meus braços e depois dormindo colada a mim, constato.
Saber que fui o único a lhe dar um orgasmo, a ver aqueles olhos bêbados,
seu corpo enlouquecido, se esfregando no meu pau para buscar seu prazer...
Isso só piora o meu estado de semi-ereção constante.

A tensão crescente em meus músculos enrijecidos só piora por estar


de frente para a mãe dos meus sobrinhos aguardando, impacientemente, que
pare de chorar para dizer que porra aconteceu.
Estela balança as pernas de cima para baixo e isso só me agonia
ainda mais. Levo a mão ao seu joelho e a impeço de continuar. Seu olhar
feio logo encontra o meu, que sorrio. Irei lhe dar o tempo que precisa ou
colocarei em sua cabeça dura a força que não sou como os moleques que
passaram em sua vida.

Entendo que não confie em mim. Não há amor para ser posto em
prova, mas decidi ser honesto comigo mesmo e com ela, visto que tem seus
receios. A coisa passou do ponto nesta viagem e não há volta. É simples,
pois é como sempre vivi. Tomando decisões, planejando e colocando-as em
funcionamento. Tudo seguirá o curso através das escolhas que fizer.

Estela será minha, amansada na minha cama, domada sob meu corpo,
rendida por minhas mãos, pau e boca.

Mantenho a mão em seu joelho, rodeando meu polegar na pele


macia. Estela logo me afasta, com raiva, e pigarreia, atraindo a atenção de
Paige.

— Comece a nos dizer o que aconteceu, Paige. — Peço de uma vez.

Paige esfrega as palmas das mãos na calça jeans e olha em meus


olhos.

— Connor arrumou uma amante e por mim estava tudo bem, pois
assim ele me deixaria em paz. Seu irmão era agressivo, me batia
constantemente e me impedia de estar perto das crianças, dizendo que se
tornariam molengas como eu. Eu aguentaria o que fosse para estar perto de
Ethan e Noah! — Seu choro intensifica e precisa de alguns segundos para
conseguir voltar a falar: — Mas a mulher começou a frequentar nossa casa.
Eles... eles começaram a fazer festas.
— Leve o tempo que precisar para se acalmar, Paige. — Estela
sugere, paciente, tocando levemente o joelho da mulher, que esboça uma
sombra de sorriso em agradecimento.

— Quando conheci Connor, tinha quinze anos. — Sussurra e meu


sangue ferve por confirmar que meu irmão era um maldito pedófilo. —
Queria sair da fazenda, pois meu pai era abusivo e autoritário. — Ri, sem
humor. — Connor apareceu na cidade para comprar algumas terras e tentou
convencer meu irmão a vender a fazenda por um longo tempo. Neste
ínterim, me conquistou e caí como tola. Em dois anos Ethan havia nascido e
Connor já havia mostrado quem de fato era. Um ano atrás, quando fui
embora, já tinha passado por muitas coisas para evitar que as crianças se
dessem conta da realidade que tínhamos.

Estela está chorando e, inconscientemente, se aproxima de mim,


como se buscasse conforto. Seguro sua mão em um aperto gentil sobre
minha coxa e toco o ombro de Paige.

— Nada do que eu disser pode desfazer as merdas que passou. Ethan


continua dizendo que você o ama. Noah pediu que você voltasse em seu
aniversário. Você era apenas uma criança e meu irmão, um criminoso.
Abomino todos os crimes que cometeu contra você e garanto que tem meu
apoio. Não me importo se fugiu da vida de merda que ele lhe dava, se não
aguentava mais e saiu. Se quiser ser parte da vida dos meninos, você será.
Além disso, você tem muito dinheiro do porco do meu irmão. Não traz
felicidade, não paga o que ele fez, mas saiba que ele sofreu e definhou antes
de morrer.

Tenho uma filha e sinto a dor de Paige quando desaba em um choro


forte. Meu peito aperta. Dakota e Estela logo me vêem a mente e eu tenho
absoluta certeza de que mataria qualquer um que tocasse em um fio de seus
cabelos.
— Eu não abandonei os meus filhos. Juro que não. — Paige justifica,
seu tom desesperado. — Connor me drogou em uma destas orgias... as festas
que fazia. Não lembro o que aconteceu naquela noite, mas quando acordei
sabia que tinha sido violada. E... não era a primeira vez. Meu próprio marido
me estuprava.

— Meu Deus! — Estela geme em pavor e passa para o lado de Paige,


abraçando-a com força.

O nó na minha garganta torna difícil respirar enquanto as duas


mulheres choram.

— Você vai ficar bem. Você será feliz de novo. Eu juro, Paige. Seus
filhos... eles são... perfeitos. Dom tem os levado a lugares, passeado, sendo
bom para eles... Eles serão completos com você de volta.

— Obrigada. — Paige chora.

Leva alguns minutos para que ela se recomponha e volte a falar.

— Dois meses depois daquela noite, eu estava grávida. Connor não


havia me tocado mais, então me chamou de puta barata, me chutou e... logo
depois me mandou inconsciente, sem estar grávida, em um jato particular
para a fazenda do meu irmão. Connor se arrependeu logo depois e apareceu
para me buscar, mas Brent nunca permitiu. Por este motivo, reagiu mal a
vocês.

— Eu gostaria que Connor estivesse vivo para que eu pudesse matá-


lo com minhas próprias mãos. — Rosno, com as mãos fechadas em punhos.
Estela me surpreende ao tocar minha mão e acariciar até a tensão
diminuir.

— Você não fazia ideia. — Ela comenta baixinho.

— Devia fazer. — Digo, sentindo a culpa que sentia por não ser
presente para os meus sobrinhos intensificar.

Nenhuma palavra é trocada após isso. Nenhum de nós pega no sono


durante as longas sete horas de voo.

Pego a mala de Paige após descermos do carro e Estela caminha de


mãos dadas com ela.

Observo o momento em que Dakota ergue o olhar e diz algo aos


primos. No segundo em que Ethan vê a mãe, seus olhos brilham com
lágrimas e ele parece paralisado. Já Noah, grita “mamãe!” e corre de maneira
desenfreada até estar com os braços ao redor das pernas de Paige, que se
ajoelha imediatamente e o abraça com tudo de si.

— Mamãe, você está aqui!

— Noah... — Ela sussurra, apertando-o, acariciando seus cabelos,


olhando seu rosto.
É evidente que não sabe por onde começar, que parece pensar que vai
acordar de um sonho a qualquer momento. Paige o apalpa, o encara, chora, o
abraça novamente, enche seu rosto de beijos. Então o segura no colo e corre
até Ethan, que agora está de pé, perto dos degraus que levam à varanda.

— Ethan...

— Mamãe! — Ethan a encontra no meio do caminho, seu choro


baixo, dolorido, consciente de que muita merda aconteceu, diferente do
irmão, que ainda mantém alguma inocência sobre o monstro que era seu pai.
— Você está bem. — O sussurro incrédulo faz uma lágrima rolar pelo meu
rosto, porque não há como me manter forte diante desta situação. O pobre
garoto certamente pensava que havia perdido a mãe para a violência, o que
só prova que realmente sabe mais do que demonstra. — Mãe... — Repete,
sem acreditar, olhando-a tanto quanto ela o olha, conferindo cada detalhe,
abraçando-a para recuar e conferir novamente.

Ouço o choro de Estela e a puxo para os meus braços sem pensar nas
consequencias. Ela parece não se importar, pois enrola os braços em minha
cintura e afunda o rosto em meu peito, enquanto acaricio suas costas.

Quando se acalma, olha para cima com a ponta do nariz vermelha, os


olhos úmidos, os cabelos uma bagunça.

— Você não tinha controle sobre o monstro que o infeliz do seu


irmão era. Não tinha controle sobre o que fazia com a esposa e filhos se não
sabia o que ocorria. Mas você tem controle sobre perceber que duas crianças
precisam da mãe e dar a mãe de volta à eles. Eu sei de pessoas que usariam
detetives para resolver tudo, seguranças, força, violência. Com todo o
dinheiro que você tem... mas você escolheu as opções certas e trouxe a
felicidade de volta para estes meninos, que não eram obrigação sua. — Cada
palavra é cheia de emoção e faz aquele nó na garganta me sufocar. Ela volta
a me apertar em seus braços, mas se afasta quando vê minha filha se
aproximando, nos olhando com estranheza.

— Estela! — Chamo, vendo-a ir em direção a casa.

— Vou ver mamãe e vovó, Sr. Dominic. — Justifica, distante.

Praguejo mentalmente, contudo, a deixo ir e encaro Dakota.

— Eles estão tão felizes, papai. — Minha filha diz, sorrindo entre
lágrimas.

Beijo sua testa e lhe dou um breve abraço antes de me aproximar dos
meus sobrinhos e Paige.

— Ei, vou levar sua mãe de volta. Estão chorando é porque estão
tristes, então não adianta. — Brinco, colocando as mãos nos bolsos.

Ethan é o primeiro a correr até a mim e me abraçar, com lágrimas nos


olhos, diz solenemente.

— Estou feliz, tio Dom. Não estou chorando.

Então Noah se aproxima e exclama daquele seu jeito espontâneo e


fofo:
— Tio Dom me deu Star e agora me deu mamãe! Tio Dean não pode
ser o melhor tio.

Isso me faz rir. Abaixo-me para ficar na altura dos pequenos e abraço
aos dois.

— Agora vocês dois tem a missão de encontrar o melhor quarto


disponível para a mãe de vocês. O que acham?

Noah nem precisa que eu termine para estar correndo. Ethan se afasta
e segura a mão de Paige. Ela acaricia a cabeça dele e promete:

— Não irei para longe de você nunca mais, meu amor.

— Pode confiar, Ethan. — Dou minha palavra e ele acena lentamente


antes de se afastar, sempre olhando sobre o ombro, cauteloso.

Sentado na cadeira atrás da minha mesa em meu escritório, observo


Paige e como sua aparência mudou após reencontrar os filhos. Algumas
pessoas falam sobre como algumas mulheres brilham quando estão
apaixonadas, grávidas. Eu afirmo que Estela brilha quando sorri
genuinamente ou quando tem uma ideia que acha boa. E Paige brilha após
ver Ethan e Noah. Toda sua tristeza se esvaiu, mesmo que nada do que
sofreu tenha sido apagado.

— Eu não sabia que Connor havia morrido. Quando fui embora, não
levei celular, nada da minha vida com ele. Nos primeiros meses tentei
descobrir algo sobre as crianças na internet, mas Connor sempre os manteve
longe da mídia. Então só encontrava coisas sobre ele. Parei de procurar.
— Entendo.

— Teria voltado se soubesse de sua morte.

— Você está aqui agora. Não se prenda ao que passou. No entanto,


penso que só o amor que você sente por eles, embora seja imensurável, não
seja o suficiente para ajudá-la a lidar com os traumas. Vejo que Ethan e
Noah precisam de terapia para crescerem sem desencadear problemas devido
a coisas que o subconsciente captou desta situação de merda. — Suspiro,
preocupado, passando a mão pelo rosto. — Você precisa ver um terapeuta
para o seu bem e deles também.

— Concordo com qualquer coisa para que me deixe estar com os


meus filhos...

— Não. — Interrompo. — Os filhos são seus. Eu não dito ordens


sobre você e eles. Estou aconselhando. Sou tutor dos dois porque Connor fez
parecer que você os abandonou, mas agora lidaremos com o que for preciso
para que a guarda das crianças seja sua. Só quero ter certeza que você está
bem psicologicamente para criá-los sozinha. Darei todo suporte, serei
presente, assim como os meus irmãos, mas veremos uma casa para vocês
três, faremos as coisas do jeito certo, deixando que vocês tenham sua vida,
sua liberdade, sua paz finalmente.

— Obrigada, Dominic. — Paige funga, olhando-me com gratidão. —


Nada pode pagar o que está fazendo por mim. Vou fazer terapia por mim e
meus meninos, mas, sendo honesta, estou radiante agora, só que não estou
bem de fato. Vivia trancada na fazenda, sequer interagia com minha
sobrinha, por lembrar os meus filhos. — Nega com a cabeça e olha em
direção a praia, visível através da parede de vidro atrás de mim. — Estive
perdida por um longo tempo. Encontrei o caminho de volta agora e sei que
preciso de ajuda para continuar seguindo nele sem me perder novamente.

— O fato de você compreender isso já é um longo caminho


percorrido, Paige.

Ela assente com a cabeça e puxo uma pasta que está sobre a mesa.
Entrego-a e levanto-me.
— O que é isso?

— Todos os documentos sobre os bens de Connor, o testamento dele,


seus documentos, há fotos recolhidas da casa. É seu. Pode não estar pronta
para lidar com isso agora, mas tem direito, junto aos meus sobrinhos, à tudo
que aquele infeliz deixou.

— Não sou tola de pensar que dinheiro não é bem-vindo. Mesmo que
fosse de alguém podre como Connor. Peço que você lide com tudo que for
necessário legalmente. Você pode?

— Posso, claro! — Aceito a pasta de volta. — Fique à vontade aqui.


Esta casa tem sido o lar de Ethan e Noah, considere-se parte da família,
Paige. Se tiver dúvida sobre como se ajustar a rotina deles, converse com
Estela. Ela tem sido a melhor coisa na vida deles desde que você se foi.

— Claro! — Seu rosto ilumina. — Agradecerei a ela.


CAPÍTULO 18

Saio do banheiro após um longo e necessário banho, visto moletom e


deixo os cabelos recém-lavados soltos para que sequem naturalmente. Sento-
me na cama e procuro miçangas em minhas malas, torcendo para Liam ter
trazido algumas, uma vez que há tantas em casa.

Não encontro nada, mas como preciso me distrair, pego dois cordões
da minha nécessaire de bijus, um feito com bolinhas pretas e estrelas
transparentes e outro com miçangas de variadas cores e formatos de carinhas
felizes e quadrados com as letras do meu nome, que estavam organizados no
cordão. Desfaço-os com cuidado, deixando a linha de nylon elástico sobre
minha coxa esquerda depois de me sentar com as pernas cruzadas.
Espalho as bolinhas à minha frente e sorrio ao vê-las bagunçadas,
prontas para eu inventar algo novo com a minha personalidade.

A porta do quarto é aberta sem aviso prévio e reviro os olhos ao ver


Dominic a fechando atrás de si após invadir o cômodo. Mesmo convivendo
com o sujeito, sua beleza me pega desprevenida. Os cabelos úmidos estão
penteados para trás e fico presa naqueles olhos verdes presos em mim.
Reparo em sua camisa preta de botões, com mangas enroladas nos
antebraços, expondo a pele morena e aquelas veias brutas. No pulso
esquerdo há o relógio caro, calça social preta, cinto e sapatos de couro. Tão
gostoso!
— Deselegante e antiprofissional, Sr. Dominic. — Suspiro.

— O que?

— Entrar no quarto da sua funcionária sem bater.

Mostrando-me uma careta, se aproxima, logo ficando curioso ao


observar o que estou fazendo. Dom senta na beira da cama e pergunta:

— Como você está?

Rio de sua loucura.

— Agradeço a preocupação, estou bem. Sou apenas emotiva e


apaixonada por seus sobrinhos. Tudo o que aconteceu não tem nada a ver
comigo realmente. Tem a ver com você, embora. Então me diga, Dom, como
você está?
Sua carranca me faz rir, mas logo sua atenção se volta para os
movimentos das minhas mãos enquanto organizo as peças distraidamente.
Foco, deixando-o à vontade para falar como se sente e pego o nylon,
esticando-o para colocar as bolinhas de cor preta primeiro.

— Isto tem a ver com você. Sei que não teve uma infância fácil e que
talvez se veja em Ethan e Noah.

Não ergo o olhar quando provoco:

— Andou investigando mais do que a bandidagem, chefinho?

— Não mesmo. Isto é sobre observar. E eu te observei, Estela. Pra


caralho! — A intensidade em sua voz me faz erguer o olhar para encontrar o
seu.

— Eu percebi. O olhar sanguinário do vigia. Lembra? — Brinco para


dissipar a tensão crescente que zumbe em meu estômago. Isso faz uma
risada gostosa retumbar de seu peito. Volto ao meu trabalho. — Um trato,
topa? Você me diz honestamente como está se sentindo e serei sincera ao
afirmar ou negar se sua observação está correta.

— Só afirmar ou negar não é um bom negócio para mim. —


Contrapõe. — Você me dará uma verdade sobre você em relação a esta
observação.

— Ou posso só expulsá-lo daqui e continuo fazendo minhas coisas.


— Resmungo.
— Tudo bem. — Concorda, ficando de pé. Coloco uma miçanga de
estrela e outra com a minha inicial, fingindo estar distraída. — É melhor
desta maneira, uma vez que estou habituado a guardar os meus sentimentos.

— Não! Volta aqui! — Exclamo, encarando finalmente seu rosto e


me deparando com o sorriso mais sacana que já vi. — Manipulador! —
Acuso e ele volta a se sentar, agora mais perto, seu joelho tocando o meu.

— É acolhedor saber que se preocupa com os meus sentimentos,


babe. — Ele usa este tom molha calcinha. Concentro-me em finalizar a
pulseira que comecei. Deslizo outra miçanga de estrela ao lado da minha
inicial, de forma que fica com estrelas nas duas laterais e continuo colocando
as bolinhas pretas enquanto Dom começa a falar: — Me sentia
constantemente mal, preocupado em como errei, onde fiquei em falta com os
meninos. — Confessa. — E então há você.

— Eu? — Arfo, dando dois nós e fechando a pulseira para olhar os


olhos verdes mais bonitos deste mundo.

Dominic se aproxima, segurando a minha mão sobre a sua e pegando


a bijuteria, tocando-a, rolando as bolinhas entre seu polegar e indicador,
como se testasse algo, estudasse.

— Você fez isso. Você os faz. — Comenta, baixinho, a voz gutural


arrepiando os pêlos em minha nuca.

— Fiz... Faço... — Balbucio.

Dominic pega a pulseira recém-feita a desliza por sua mão, até tê-la
em seu pulso oposto ao que usa o relógio. Fica apertada, visto que faço mais
larga para o meu uso, mas meu pulso é bem menor que o dele. Meu coração
erra uma batida e a respiração se torna descompensada. Ele se aproxima, seu
corpo ficando inclinado sobre o meu e segura minha nuca, apertando os
dedos em minha pele, esfregando o polegar no lugar onde deixou um
chupão.

— Há você, a quem quero com tanta loucura, que não posso deixar
de fora dos meus pensamentos mesmo quando passei um dia fodido,
descobrindo que meu irmão era um monstro. Há você, aliviando qualquer
peso na minha consciência pesada. Há você, invadindo um espaço que só era
ocupado por pessoas que carregam o mesmo DNA que eu.

Fecho os olhos com força, sobrecarregada.

— Obrigada pela honestidade. Eu acho. — Sussurro, voltando a


olhá-lo.

— Agora, me diga quem foi o infeliz que partiu seu coração, minha
pequena bandida.

— O que? — Pisco, desorientada. — Ninguém partiu o meu coração.

— Você falou sobre não confiar em ninguém por conta dos homens
que passaram por sua vida. — Lembra, astuto, a mandíbula apertada como
se lhe causasse raiva pensar nisso.

Meu instinto é fugir desta conversa, mas olhando Dominic, seu rosto
bonito contorcido em preocupação, olhos ferozes, esta expressão de deus do
mundo pronto para iniciar uma guerra. Meu pulso dispara e as borboletas
estúpidas alçam voo sem controle em minha barriga. Abaixo o olhar e vejo o
pescoço grosso, quase rude, como todo ele, assim como o pomo de adão,
ombros largos e braços musculosos. Todo másculo, bruto, usando minha
pulseira feita à mão, com minha inicial, em seu pulso.

Dominic poderia me comer se quisesse. Um toque seu e eu cederia.


Um beijo e eu imploraria. Mas ele está interessado em mim.

— Você tinha direito a uma afirmação ou negação sobre o que


observou, mas tudo está ligado. — Pego-me contando algo que nunca
externei fora da terapia. — Mamãe se casou com um homem por amor, o
meu pai, e fomos uma família feliz até os meus nove anos. Éramos pobres,
mas nos amávamos, sabe? Vovó dava pitaco, mas também era diferente,
quase como se acreditasse que com mamãe o amor daria certo, visto que
abominava o sentimento depois de ter vivido em prol do meu avô para
descobrir após a morte dele, que ele tinha outra família. Ela e mamãe eram
as outras. Vovó nunca buscou os direitos da filha e viveu na miséria por
muitos anos, até começar a dar golpes. Não foi difícil se envolver em
círculos da alta sociedade, pois era culta, inteligente e tinha a experiência de
lidar com figurões devido a ter tido uma filha com um e convivido neste
meio.

— E o seu pai? — Pergunta.

— Bem, até aí só pensava mal de homens quando vovó me contava


sua história com vovô. Meu pai era perfeito, então não podia ser um padrão.
Até que mamãe descobriu que ele a traía por anos com sua melhor amiga.
Até aí tudo bem, pois era algo para o casal resolver, eu não tinha que pensar
nada naquela época. Porém, não satisfeito porque ela quis a separação, ele...
ele tentou fazer a minha cabeça e... do meu irmão... — A primeira lágrima
escapa e Dominic a captura com um beijo, fazendo a represa se abrir. —
Lucas e eu somos gêmeos. Éramos grudados. Unha e carne. E quando meu
irmão decidiu ir embora com o pai, me tornei a traidora aos olhos de ambos
por escolher ficar com vovó e mamãe. Eu já percebia que minha avó era
manipuladora, pois papai não poupou a minha mente infantil quando quis me
convencer a ir com ele. Mas não podia deixá-las quando mamãe estava
sofrendo por ser traída e perdendo o filho daquela maneira.

— É claro! — Dominic sussurra, beijando minha cabeça e puxando-


me para o seu corpo. — Nunca mais os viu?

— Mamãe tentou ver Lucas incansavelmente. Só que papai ameaçou


ir para a justiça, amedrontando-a, dizendo que o juiz lhe daria a guarda dos
dois filhos. Ela acabou optando por vê-lo de longe, sem ser vista, para não
me perder. Pouco tempo depois, pensou que se ficasse com homens
poderosos, conseguiria bons advogados para recuperar o filho.

— E você no meio desta confusão.

— Aos poucos mamãe mudou, sabe? Ela se tornou avoada,


completamente desligada dos problemas, como se fosse para não ficar presa
na tristeza que mantinha. Ficar com homens ricos se tornou um hábito, dar
calotes de aluguel... obedecer vovó cegamente. Ambas perdidas em si
mesmas... Por causa do amor, Dominic.

— O amor não é ruim, Estela. As pessoas que o banalizam. Dizem


amar, fazem por onde serem amadas, mas não amam realmente. Na minha
vida, amei poucos e sigo os amando. O amor é um sentimento que esfria e
esquenta, mas lealdade, companheirismo, fidelidade e caráter... Estes
precisam estar sempre na mesma temperatura, com força total.

Olho-o sob os cílios e pergunto baixinho:

— Já se apaixonou para saber tanto assim?


— Nunca me apaixonei. Todavia, minha mãe sempre me dizia isso.
Ela foi a pessoa mais sábia com quem pude conviver.

— Você é um cara e tanto, Dominic Donovan.

— Apesar de insuportável e opressor? — Sorri com os olhos de


maneira adorável.

— Apesar disso, sim.

Dominic segura o meu queixo e observa o meu rosto antes de tomar


meus lábios no seu. O beijo é intenso e lento, enquanto sua mão se emaranha
em meus cabelos. Cada célula minha sente este contato. Cada órgão parece
revirar e meu sangue pode ser confundido com lava derretida. As ondas de
choque que percorrem meu corpo tem ligação direta com minha boceta
pulsante. Ele me toca o mínimo e sua língua devasta minha boca, investindo
contra a minha sem pudor, lambendo meu lábio inferior e o puxando entre
seus dentes antes de me dar um selinho e se afastar.

— Eu entrei em consenso comigo mesmo que esperaria o seu tempo,


mas precisava provar esta boca. Minha boca. — Seu hálito quente encontra
meus lábios quando ele esfrega o polegar em meu lábio inferior, o tom
possessivo me fazendo estremecer.

— Não posso, Dominic. — Nego com a cabeça, minhas mãos


apertando seu colarinho, sem que eu nem tivesse percebido.

— Não sou eles, Estela. Quero você, toda você. Não posso afirmar
sobre o futuro, não faço ideia de para onde isso vai, mas porra, eu sinto
aqui... — Ele soca o próprio peito, enfatizando. — que você é minha. Eu sou
velho demais para brincar. Para não reconhecer os sinais, mesmo nunca
tendo lidado com isso antes. Lutei muito comigo mesmo e estou pronto para
lutar com você. Até que você entenda e me dê tudo o que me pertence.

— Não te pertenço, seu bastardo. — Retruco.

— Você sabe que sim, babe. — Ele se inclina com um sorriso safado
e afasta meus cabelos para morder a ponta da minha orelha antes de rosnar:
— Se eu colocar a mão na sua boceta, terei minha prova. Mas só irei tocá-la
quando admitir que é minha.

— O que? — Quase o esbofeteio pelo choque e ele se afasta para


olhar para mim com aquele sorriso e sobrancelha arqueada. — Eu começo a
achar que você é obsessivo psicótico.

— Por você, pode ser. Estou em campo desconhecido e não minto,


então não negarei. Não vivo em negação, você sabe.

— Idiota! — Lhe dou um tapa pela indireta. — Esqueceu da cláusula


no contrato que me impede de ficar com qualquer Donovan?

— Qualquer um que não seja eu, mudo com prazer.

— Você diz não mentir, mas manipula muito bem, não é?

— Jogo com as armas que tenho e considero aceitáveis.


— Não vai conseguir nada, Dominic.

— Tudo bem. — Afasta-se, fica de pé e volta a ficar sério. Sinto


imediatamente a falta da sua proximidade e me xingo por ser tão estúpida.
— Agora, me ouça. Sinto muito por fazer acusações no primeiro dia que a
vi. Estive por um longo tempo a enxergando como uma incógnita.
Geralmente consigo descrever as pessoas em uma palavra e este meu faro de
primeira impressão sempre foi bom para os negócios, mas com você não
conseguia. São muitas facetas de Estela Garcia para colocar em uma simples
palavra. Mentirosa, bandida, linda, engraçada, inteligente, perspicaz,
parceira, desavergonhada. Uma zona para conseguir usar somente uma
palavra que descreva, visto que as características diferem. Uma
personalidade única, posso afirmar. Hoje, ouvindo sua história, tendo a
certeza de coisas que começava a desconfiar, posso defini-la por: leal. Você
ficou com uma mãe e avó irresponsáveis, que a criaram num ambiente de
merda e você sabia disso. Mas nunca se foi. Ficou. Não discutiu comigo
quando a acusei de golpista, assumiu a culpa e tirou o traseiro das duas da
reta.

— Posso não ter discutido realmente, mas tentei te ganhar pelo


choro. — Rio entre lágrimas, emocionada com seu discurso acalorado, o
olhar de alguém que parece me desvendar de dentro para fora sem
dificuldade.

— Eu prefiro esquecer a cena ridícula. — Dominic bufa de um jeito


engraçado. — Você é leal à Dakota e aos meus sobrinhos de tantas formas,
porra. À sua família. Até mesmo às plantas. Admiro a bagunça que você é,
Estela. Gosto da bagunça que trouxe ao meu mundo completamente
ordenado, porque eu estava tão sozinho, que meus pensamentos silenciaram
para além do trabalho em algum momento. E agora, tudo grita. Grita Estela.
CAPÍTULO 19

Se há algo que odeio é quando as coisas saem do planejado.

Após Estela e eu abrirmos o coração uma semana atrás, estive


ocupado lidando com a papelada de Paige e os filhos. Poderia tê-la
procurado, mas optei por lhe dar um tempo. Principalmente porque esteve
fugindo de mim constantemente. Dakota até me chamou para conversar
perguntando se eu tinha sido rude com sua amiga. Depende do ponto de
vista.

Comecei a perceber que se nem eu estou sabendo lidar com este meu
lado possessivo, de querer jogar a mulher no ombro enquanto bato no peito,
gritando: “minha, minha, minha!”, Estela pode estar assustada. Então recuei.
O que pode ter sido decente, mas estúpido, visto que ela continua
fugindo.

Depois de me reunir com Paige para falar sobre sua primeira consulta
com o terapeuta, já marcada, saímos juntos do escritório e caminhamos em
direção ao quarto dos meninos. Meu pulso dispara com a consciência de que
encontrarei Estela junto à eles. A mera ideia de estar perto causa este anseio
louco.

No entanto, quando nos aproximamos escuto a batida de música


barulhenta vindo do cômodo e me apresso até lá. O ritmo popular brasileiro,
funk, que conheço porque minha filha gosta muito, sai do alto falante de um
notebook enquanto Estela canta e dança de um jeito costumeiro hoje em dia
nas redes sociais. Mais do que enlouquecer, ela envolve Ethan e Noah na
loucura, que estão tentando copiar seus gestos para dançar com a babá em
frente à câmera do celular.

— Que porra é essa? — Grunho, mas é baixo diante da mistura de


batidas e é necessário fechar o notebook sobre a escrivaninha dos meninos
para ganhar a atenção dos três infratores. — Funk com as crianças, Estela?

— Qual o problema, Sr. Donovan?

— Não compreendo gírias brasileiras, mas tenho uma filha que ama
funk e sei o suficiente para saber que estas letras são inapropriadas para
crianças.

Estela cruza os braços sobre o peito, me dando atenção finalmente,


mas aquele olhar de exasperação que não via há dias, é que me
cumprimenta. Está puta de raiva. Bom. Somos dois.
— Acha que sou tão irresponsável assim? — Pergunta, entre dentes.
Então se lembra da presença dos pequenos e sorri para eles. — Que tal
brincarmos um pouco lá fora?

Ignorando-me completamente, segue para fora do quarto de mãos


dadas com os dois. Reprimo a onda de irritação crescente, mas é impossível.
Pensava que depois de aceitar o meu desejo por Estela e a confusão além
dele, não sentiria este anseio para surrar sua bunda.

— Deixe que os levo, Estela. — Paige aparece na porta, sorrindo


docemente. Noah corre para a mãe, que o enche de beijos.

— Demorou, mamãe! — Ethan diz e ela o puxa.

— Um pouquinho só! O bastante para sentir saudade e poder beijá-lo


muito. — Paige o abraça e beija.

Tanto Estela quanto eu assistimos com um sorriso no rosto. Após as


crianças saírem com a mãe, nossas carrancas retornam.

— Só para constar, Sr. Donovan, não sou irresponsável com os


meninos. Posso ficar com pena de dar banhos tarde da noite, mas e daí?
Lavar rosto, pés e mãos é bom o suficiente. Cuecas e sungas dão no mesmo!
— Defende-se quando abro a boca para mencionar as faltas além do banho.
— Faltas acontecem no futebol profissional, imagine brincando? Mas
música com xingamento, tenho a decência de não ouvir perto deles. E
admira-me que o senhor, sendo tão inteligente, pense que funk só tenha
termos chulos!
— Só para constar, este seu hábito de mentir tão bem que nem pisca,
não me convence. Ouvi o sujeito falar “sarrando em mim gostoso”. —
Esforço-me para dizer as palavras em um português decente, olhando-a com
perspicácia. — Você é amiga de Dakota e deve saber que ela ama estas
músicas, então há algumas gírias obscenas que eu compreendo, bandida.

— Isto não é impróprio! — Estela se defende, afinal a rainha da


mentira, faz jus ao título. — Sarrar gostoso é só encostar, dançando
coladinho.

— É mesmo? — Cruzo os braços sobre o peito e sinto meu pau


endurecer quando ela checa o meu corpo. O jeito como me come com os
olhos é tentador. A batalha da raiva e tesão brilhando em seus olhos.
Aproximo-me, fraco demais para resistir. — Mostre-me como é então.

— Como... como é o que? — Gagueja, lambendo os lábios e


voltando a me encarar.

Suas bochechas estão vermelhas de dançar e o coque no topo da


cabeça permite a visão do pescoço livre, suado.

— Como é sarrar gostoso, minha doce mentirosa. — Rosno,


inclinando-me e arrastando a língua na pele exposta em seu ombro até o
pescoço, onde mordo, e continuo lambendo até sugar sua orelha. — Mostre-
me. — Exijo, vendo seu corpo arrepiar e estremecer.

— Você é muito abusado, Dominic. Um... Um safado! — Estela


empurra o meu peito, afastando-se cambaleante, fazendo-me sorrir
presunçosamente ao mesmo tempo em que a desobediência faz meu sangue
esquentar e o desafio me excitar. — Eu deveria processá-lo.
— Por que está tão arredia? Primeiro tínhamos dado uma trégua,
então você gozou para mim, aliás, congratulações por ter sido o primeiro... E
único... — Congratulo-me só para provocá-la e a forma como cerra os olhos
mostra que obtive sucesso. A forma como enfatizei a última palavra não foi
provocação, visto que a possessividade faz algo rugir em meu peito. —
Então tivemos uma leve conversa de coração para coração e você ficou
fugindo de mim. E eu permiti.

Estela estapeia meu ombro.

— Você não tem que permitir nada sobre mim, opressor


insuportável!

Arqueio a sobrancelha, mostrando minha descrença.

— Continue dizendo isto a si mesma, babe.

— Cale a boca! — Exige, puxando os cabelos. — Estou arisca


porque age como se eu fosse irresponsável com os meninos.

— Tudo bem, não quis chamá-la de irresponsável. Talvez apenas


avoada e sem noção.

— E você é um idiota! — Estela mostra o dedo do meio e sai pisando


duro.

— Apenas não tenho o costume de mentir deliberadamente. — Digo


alto o suficiente para ela ouvir enquanto se afasta. — E não ouça estas
músicas com as crianças. É uma nova cláusula do contrato.
— Eles não entendem nada do que estão cantando, seu bastardo! —
Grita de volta, fazendo-me puxar meus próprios cabelos pela confirmação de
que ela sabia que falavam palavras chulas e, ainda assim, ouviu funk porque
eles não entendem.

Talvez eu tenha exagerado, mas perto dela, sempre cometo exageros.

Faz mais de uma hora que estou pesquisando letra de músicas


brasileiras e significados. Confesso que me peguei preso à algumas
composições e estas foram os MPB clássicos. Sei por que perguntei à
Dakota, usando a desculpa de que gostei das canções que Estela colocou no
carro em nossos passeios. Minha filha explicou que, apesar de eclética, a
amiga ama este gênero musical. Então foi fácil encontrar um nicho
específico para procurar.

É claro que nada se adequou a minha pesquisa “MPB brasileiro que


faça minha garota vir ao meu quarto”, mas depois de muito insistir,
encontrei algo interessante. A música Menina Veneno, do cantor e
compositor inglês radicado no Brasil, Rithcie. Só por Estela ser como um
veneno em meu sistema, intoxicando-me dela de forma que preciso de mais
e mais, a escolha já faz sentido.

Escrevo um bilhete à mão e assino com minhas iniciais. Após isso,


sigo para o banheiro e uso o meu tempo no banho para relaxar e esvaziar a
mente.

A situação com Paige e as crianças está indo bem e, embora, siga me


preocupando com todos, principalmente por Ethan ter se mostrado sempre
desconfiado em qualquer momento que a mãe precise se afastar, sinto-me
leve por vê-los bem. Esta semana dormiram com a mãe e confesso que senti
falta de tê-los me chutando, como nas duas semanas que dormiram comigo.
Estela continuou organizando noites de filmes, mantendo nossa rotina e
incluindo Paige. Incomodou-me que ela não tenha ficado nenhuma vez, mas
tinha percebido que fugia de mim, então mantive a boca fechada.

Após me vestir com uma camiseta branca de malha e calça de


moletom cinza. Calço meus chinelos para usar dentro de casa e saio do
quarto.

Ao chegar à sala de jantar, estranho não ver Estela. Pego meu celular
e envio uma mensagem, que a maldita visualiza e não responde.

— Não ficarei para assistir o filme hoje, pois estou com dor de
cabeça. — Invento, sentindo o remorso me consumir por estar me tornando
um pupilo daquela bandida mentirosa.

— Nossa, será que é algo viral? — Dakota inquire, levando a mão à


cabeça. — Também estou com dor de cabeça. — Pela forma que não me
encara, sei que está mentindo, mas quem sou eu para julgar neste momento?
— Vou me recolher mais cedo.

— Nós também. — Dean informa, colocando a mão no ombro de


Dylan, o incluindo. — Dor de cabeça e se recolher.

Dean é um péssimo mentiroso. Mas por que diabos estamos todos


mentindo hoje? Influencia da bandida. Isso é certo.

— Hoje seremos nós três. — Paige diz, parecendo feliz.


Os meninos não ficam chateados e meus irmãos trocam olhares
comigo. Talvez eles precisem de momentos só deles.

Subo para o segundo andar e empurro o bilhete que escrevi sob a


porta de Estela. Não posso entrar porque com todos dizendo que irão deitar
cedo, logo estarão subindo, então preciso que ela vá até o meu quarto, que é
o último do corredor. Observo as paredes ao longo do corredor e suspiro ao
ver os vasos de plantas presos à parede. A maioria tem as folhas caindo pelo
vaso e fazem sujeira quando alguma despenca. Abaixo-me e junto algumas
folhas caídas e xingo a babá por inventar mais esta desordem na minha vida.

Passa das duas horas da madrugada quando desperto ouvindo uma


comoção de vozes fora do cômodo. Levanto-me, preocupado, e visto apenas
a calça de moletom antes de sair.

Vejo minha filha, irmãos e Estela soltando risadinhas, todos


claramente bêbados, com bochechas coradas, posturas desleixadas e olhos
dispersos parados em frente ao quarto da bandida. Todos vestidos
casualmente para a praia. Meu sangue ferve ao me dar conta que a dor de
cabeça de cabeça coletiva era para saírem por aí como um bando de
adolescentes idiotas, como se eu os proibisse de se divertir.

Meus olhos caem em Estela à medida que meu coração acelera e meu
pulso dispara quando vejo os braços de Dylan em seu ombro, apoiando-a
enquanto ri. Hoje ela está usando uma saia branca curta de cintura alta e
comprimento até o meio das coxas na frente, com o tecido fluido chegando à
altura das panturrilhas atrás. O cropped de crochê laranja chamativo com
alças finas só cobre os seios, de forma que a pele na cintura está à mostra.
Como a desgraçada com os olhos e, mesmo furioso, fico louco por quão
gostosa está, com os cabelos presos em um rabo de cavalo alto, tendo apenas
a franja e dois fios nas laterais moldando o rosto. Infeliz linda.
— Não precisávamos ter voltado tão cedo! — Protesta.

— Você é a pior de nós, o que colocaram em sua bebida? — Dean


inquire com um sorrisinho sacana. — Sou muito bom ou me aproveitaria
desta sua malemolência.

— Deu um show de dança. — Dakota gargalha. — E pior foi aquela


senhora batendo no velhinho que estava babando.

— Eu precisava extravasar. Não foi o suficiente graças a vocês! —


Estela faz bico.

Aproximo-me no momento em que Dakota abre a porta do quarto de


Estela e paralisa ao ver o bilhete no chão. Fica claro para mim que Estela
sequer o viu.

Minha filha abaixa e lê em voz alta:

“Meia noite no meu quarto, ela vai subir. Eu ouço passos na


escada. Vejo a porta abrir.”
D.D.
— O abajur cor de carmim, o lençol azul. Cortinas de seda, o seu
corpo nu... Menina veneno... — Estela se empolga cantando e batendo
palmas.

— Eu sabia! — Dakota interrompe, olhando-a em choque. — Você e


meu pai estão se pegando!
— O que? — Estela paralisa e toda sobriedade retorna num segundo
quando puxa o bilhete da mão da minha filha e olhando o que escrevi.

Nervosa, Estela amassa o papel e coloca-o dentro do cropped. Faço


minha presença vista quando puxo Dylan para trás, pronto para assumir
diante de todos.

No entanto, Estela grita:

— Todos vocês começam com D e tem Donovan no sobrenome. Não


tenho nada com o seu pai, Dakota! Este D.D. é de Dylan Donovan. Tá
rolando um lance entre Dy e eu. — Ela pensa que está puxando o meu irmão
e quase cai para trás quando sente a pulseira que confeccionou em meu pulso
e gira o pescoço para se dar conta de que sou eu. — Oh meu Deus! —
Sussurra, sem palavras por um inédito segundo. Estela abaixa o olhar para o
meu pescoço, então desce pelos ombros e abre a boca quando se depara com
meu tronco exposto. Engole em seco e passa a mão pelo rosto. — Desculpe,
Sr. Donovan, era Dylan que eu pensei que estava segurando...

— Foda-se! — Cuspo, consumido pela raiva por todo este circo. —


Você não tem nada com Dylan.

— Papai! Qual o problema, hein? — Dakota protesta.

— É que o Sr. Donovan não podia saber, pois há uma cláusula do


contrato de trabalho que me proibia de me envolver com qualquer Donovan.
— Continua mentindo.

— Estela.
— Sinto muito por desonrar o contrato, mas foi mais forte do que eu.
— Estica a mão para puxar Dylan, mas o afasto pelo ombro, impedindo-a de
continuar se aproximando.

Ouço as risadas dos meus irmãos e quero enforcar a cada um deles


por passarem a noite próximos da mulher que deveria estar comigo.

— Chega de mentiras. — Rosno só para ela escutar. Então viro-me


para todos e começo a contar a verdade: — Acontece que Estela é minha...

— Funcionária! — Ela grita, interrompendo. — E precisava honrar o


contrato, mas... — Ela coloca a mão na cabeça e suspira.

Então cai no chão, num baque alto e forte. Irado e desesperado,


enxoto todos que tentam se aproximar. Pego-a nos braços com cuidado e a
levo até a cama sob os três pares de olhos arregalados. Afastando a franja de
sua testa, toco a pele, ansioso e desnorteado até que vejo a tremulação nas
pálpebras e praguejo por ser estúpido o bastante para acreditar no teatro.

— Continue fingindo e vou surrar seu rabo na frente deles.

Os olhos da infeliz arregalam imediatamente.

Desgraçada!
CAPÍTULO 20

O olhar de Dominic arrepia até a minha alma. O susto de Dakota


quase descobrindo que está rolando algo somado ao homem querendo causar
uma cena na frente de todos, envia minha bebedeira para o espaço.

— Quer saber? — Dominic resmunga, passando a mão pelos cabelos


em frustração evidente. Afastando-se com os olhos brilhando de irritação,
diz: — Estou passando dos limites aqui e eu não faço este tipo de coisa, vou
deixá-la em paz. — Meu coração fica pequenininho enquanto o vejo sair e
rosnar para Dylan: — Cuide dela. A cláusula do contrato está retirada.

— Nem acredito que somos tipo família agora! — Dakota dá


pulinhos, alheia, então corre para perto de mim, mas minha atenção se volta
para Dom, sua presença que se foi. Meus olhos enchem de lágrimas. Que
merda! — Você está melhor? Está chorando! Tá doendo, amiga?

— Sim. — Fungo, virando o rosto para o lado e me aconchegando no


travesseiro. Retiro o bilhete entre os meus seios e o desamasso, para lê-lo
com calma. Ele escreveu Menina Veneno para mim. — Um pouco.

Dean e Dylan entram, nenhum sinal de diversão em suas expressões


agora. Os gêmeos parecem irritados. Comigo.

— Fiquem com ela. Vou buscar água e algum comprimido para dor.
— Dakota avisa, saindo.

— Você está vacilando com o melhor cara deste mundo. — Dylan


diz, para a minha surpresa, uma vez que quem tem a boca grande é seu
irmão.

— Melhor do que vacilar com a única melhor amiga deste mundo. —


Sussurro e fecho os olhos, odiando o dilema em minha cabeça.

Mesmo com a ressaca moral após despertar, faço minha higiene


matinal, tomo banho e me visto com as primeiras peças que encontro para
então encontrar a todos no café da manhã. Não tenho me juntado à mesa nas
refeições, mas é um costume estar ao redor dos meninos. De qualquer forma,
desde que Paige chegou tenho sido inútil aqui. Há poucos momentos em que
ela não está com os filhos, sequer me trata como babá, é um doce de pessoa.
Não faço nada, apenas companhia.
Estive cogitando voltar para o Brasil, mas só de pensar nisso minha
garganta aperta e empurrei a ideia para o lado.

É difícil querer Dominic e sentir que não posso. Dakota é minha


melhor e única amiga da vida toda, como posso me agarrar ao seu pai por aí
sem pensar nela? Não há como. Sinto a culpa afundar suas garras em mim
apenas pelos pensamentos promíscuos que tenho noite e dia. Não pensava
tanto em Dakota sobre esta questão, mas após a noite passada, não deixei de
pensar nela.

Em contrapartida, há Dominic. Eu achava que o que tínhamos era


puramente sexual e deveria ter fugido antes de ouvi-lo agir como um homem
das cavernas chamando-me de sua. Ou pior, quando demonstra sentir mais
do que desejo.

Porque me sinto igual, assumo para mim mesma.

— Bom dia, Star! — Noah é o primeiro a me saudar quando passo


pela porta. Aproximo-me e beijo sua testa, notando a falta de Dominic na
cabeceira. — Você viu o tio Dom?

— Bom dia, querido! Não vi. — Olho ao redor, esperando alguém


explicar a falta dele.

— Papai precisou sair à trabalho. — Dakota informa, ainda


sonolenta. — Enviou uma mensagem poucos minutos atrás.

Encontro o olhar de recriminação de Dean e abaixo a cabeça, sem


motivação alguma para um embate, pois com quem mais amo brigar não está
aqui.
Dois dias passam sem que Dominic retorne. Enviei duas mensagens,
que sequer foram recebidas. Não posso fazer questionamentos à minha
amiga ou irá perceber que a enganei. Dean e Dylan fazem questão de me
ignorar. Restam apenas migalhas quando Ethan e Noah perguntam pelo tio
em minha presença.

Estou na praia sozinha, pois estava com as crianças e eles entraram


com a mãe para atender a uma chamada de vídeo de Dom. Até ciúmes de
Paige começo a sentir por estar sempre em contato com ele. É bem óbvio
que o infeliz bloqueou o meu contato. Quero tanto vê-lo, mas é para estapear
aquele rosto pomposo infame!

Puxo meu vestido pela cabeça e corro para o mar usando sutiã e
calcinha. Foda-se a cláusula daquele bastardo! Este é um ato de rebeldia por
ele ser um infeliz. Por sair da minha vida, mas não sair da minha cabeça.

Deus! Pareço um disco arranhado, uma chata.

Saio do mar após um longo tempo contemplando a beleza da


Califórnia. Deito-me na areia e penso em minhas decisões. Nunca fui
covarde e me odeio por estar sendo agora. Sequer me reconheço. Dominic
pode ser um imbecil, mas se mostrou um homem incrível quando deixamos
nossa picuinha de lado e agimos como adultos. Fora que mesmo as brigas
sem sentido me fazem sentir viva. Gosto de irritá-lo. Não realmente como
quando disse que me deixaria em paz.

Era isso que eu queria, mas só da boca para fora. Sinto saudade de
vê-lo, ouvi-lo. Até do seu toque que estava começando a se tornar
costumeiro.
Dominic e eu nunca daríamos certo em longo prazo, somos de
mundos totalmente diferentes, mentes distintas, culturas. Então porque me
importo tanto com o que Dakota vai pensar? Minha melhor amiga não
precisa saber! Curto seu pai enquanto puder, controlando meus sentimentos,
pois já estarei indo para uma situação sabendo sobre como tudo terminará.

O homem me fez gozar loucamente. Viver uma aventura sexual com


Dominic Donovan será incrível. Tive medo pelo perigo que ele representa
para o meu emocional, mas não preciso ver desta maneira.

Contudo, vendo por outra ótica. Estou perdendo ao fugir quando só


precisava agir sem sentimentos. A maneira como o desejo é arrebatador,
porém Dominic me irrita na mesma medida. Nenhuma das alternativas são
presságios para o amor.

Levanto-me decidida a convencer Dylan a me emprestar o seu celular


e corro para casa. Vejo vovó e mamãe entrando em um sedã preto com
Norman e suspiro. Esta história ainda me dará dor de cabeça. As duas mal
param em casa.

Continuo em minha missão, mas sou pega de surpresa ao ver Dean e


Dylan usando smooking, descendo as escadas. Dakota aparece logo atrás em
um vestido exuberante de gala azul claro e, quando vê minha expressão,
pergunta:

— Dylan não convidou você? Que péssimo namorado, hein!

— Eu não... — Dylan tenta negar ser meu namorado.


— Para onde vão? — Inquiro, cautelosa.

— Festa de casamento de um casal de amigos do papai no hotel da


família aqui no bairro. — Dakota explica. — Não acredito que Dylan não te
chamou. Falei que chamaria e ele não deixou dizendo que o faria.

Subo alguns degraus até alcançar Dylan. Nem me preocupo por estar
molhada quando o abraço, uma vez que tentou me deixar de fora
propositalmente.

— Seu danadinho. Ia deixar sua fofuxinha fora da diversão? —


Aperto suas bochechas, vendo-o bufar. — Não tenha vergonha do apelido
que me deu, fofuxinho.

— A limusine está nos esperando, mas o hotel fica a poucos minutos


daqui. Não faz mal esperar você se arrumar! Aviso a papai que só
chegaremos para a festa. — Dakota sorri, desfilando pela sala.

Ela está linda com os cabelos presos em um coque frouxo e algumas


mechas caindo nas laterais do rosto bem maquiado. O vestido longo com
decote e recorte na cintura é justo no busto e a saia rodada tem um detalhe de
amarração no quadril que se abre em uma fenda generosa, mostrando sua
coxa esquerda. Os saltos altíssimos preto combinam com a clutch da mesma
cor.

Penso por um segundo, mas não tenho opção realmente.

— Não tenho nem roupa para este evento e não é meme. — Começo
a subir as escadas.
— Eu tenho, amiga. Há um vestido laranja que nunca usei e não
serve em mim há algum tempo. Comprei para usar no casamento da filha de
um parceiro de negócios do papai, na praia, mas ela pegou o noivo na cama
com um casal de amigos um dia antes. — Dakota ri. — Foi a fofoca do
século!

Uma hora mais tarde, estou parecendo uma princesa de contos de


fadas para maiores de dezoito anos. Não poderia imaginar que o vestido de
Dakota seria tão perfeito, mas me conquistou quando vi a cor. Laranja
apaixonante, com saia de tule fluida com uma leve transparência, que dá um
vislumbre das minhas pernas. O corpete tomara que caia estruturado com
bordado perfeito sobre o tecido de cor da pele dá a impressão de que só o
bordado cobre minha pele.

Minha maquiagem é leve, delineado e máscara para cílios nos olhos,


blush e gloss. Os cabelos estão totalmente presos, até mesmo a franja, pois
precisei lavá-los após o mergulho e escovei-os rapidamente para usar um
rabo de cavalo alto.

Não abri mão de usar meus acessórios, bijuterias feitas por mim.
Abusei das combinações laranja que já tinha e estou me sentindo perfeita.

Dylan e Dean estão claramente insatisfeitos com a minha presença na


limusine, mas Dakota está tão animada falando, que sequer nota. Liam está
dirigindo e nos observa ocasionalmente, mas atento do que minha amiga.

Quando Liam estaciona o veículo em uma vaga exclusiva, começo a


sentir as palmas das mãos suarem pelo nervosismo. Não deixo os
pensamentos covardes ganharem voz, no entanto. Vesti minha calcinha de
garota grande e agora irei atrás do meu papai gostoso.
Enquanto Liam nos conduz por uma passagem diferente da que as
demais pessoas estão entrando sob a atenção de pessoas da mídia, observo o
luxo do hotel dos Donovan. O que mais chama atenção na decoração são os
tons de cinza e branco, os mármores, numa estrutura clássica contemporânea
de impressionar. Vejo algumas fotografias de praias, ruas e as lindas
palmeiras da Califórnia em quadros nas paredes pelo corredor onde
passamos. Mal entendo de arquitetura, mas cada elemento rouba a minha
atenção. Ao chegarmos ao salão de festa, o requinte é evidente. Nem quando
mamãe e vovó conseguiam dar golpes, estive em um ambiente tão luxuoso.
Há mais de quinhentos convidados, suponho fazendo uma rápida varredura
no local. O ambiente é climatizado, lustres com adornos extravagantes
enfeitam o teto, assim como janela panorâmica com vista para os jardins
externos iluminados e uma enorme piscina na janela da extremidade oposta.

Embora nada disso tire meu fôlego como quando meus olhos caem
em Dominic Donovan. Estamos em uma fileira, de forma que ele sorri
quando vê a filha e os irmãos e feche a expressão quando minha presença é
revelada. Sinto-me tão consciente dele, que preciso puxar uma inspiração
para em seguida expirar com calma, como se precisasse me lembrar como se
respira. Seu smooking preto com gravata borboleta da mesma cor é igual ao
da maioria dos homens presentes, mas no dito homem é como uma peça
rara. Feito sob medida, molda seus ombros largos, braços musculosos e
quadris estreitos, a calça não tem um efeito diferente nas pernas longas e
poderosas. Deveria ser crime ser tão bonito.

— Sinto muito não chegar para a cerimônia, Cedrick! — Dakota


exclama, fazendo-me virar para onde ela está, abraçando um homem negro
muito bonito pelo pescoço.

— Não sinta. Foi um porre. — O ruivo, que está de mãos dadas com
o que Dakota abraçou, bufa.
— Por Deus, Greg! — Cedrick revira os olhos.

— Estou brincando, amor. Amei cada minuto. — Greg o abraça e


beija sua bochecha com os olhos brilhando em ternura.

— Vocês dois são as únicas pessoas que me fazem manter a fé no


amor. — Dakota suspira, os abraçando com exagero. Então se afasta e
aponta para mim. — Esta é Estela. Minha melhor amiga.

— Aquela de quem você vive falando. — Cedrick sorri ao se


aproximar para apertar minha mão e beijar minha bochecha. — Jesus, esta
cor de vestido! Uau!

— Obrigada. É de Dakota.

Todos riem pela resposta sem noção e em minha defesa o olhar de


Dominic está quase perfurando minhas costas, porém não posso dizer isso.
Então rio junto para continuar sendo idiota sem culpa.

Dylan e Dean parabenizam os noivos, que os cumprimentam com


familiaridade e entram em uma conversa animada. Dominic continua quieto,
fechado e isso me enerva.

Aproveitando o momento de distração de todos, tiro o bilhete que


escrevi e guardei entre os seios e coloco em sua mão.

— Agora, se me permitem, estas amigas modelos de Cedrick


precisam da minha atenção. — Diz Dean, fazendo uma mesura tosca antes
de se afastar.
— Posso dizer o mesmo sobre os amigos. — Dakota pisca e me
encara, como se fosse me convidar, mas bufa. — Ia te chamar para irmos
pegar uns gostosos, mas você vai querer ficar agarradinha com Dy. —
Comenta animada e quase posso ouvir sob a música clássica, os dentes de
Dominic rangendo.

— Espera, você e Dy? — Cedrick arregala os olhos. — Me conta seu


segredo, pois ninguém conseguiu passar a mão neste tesouro.

— Sério, Ce? — Greg resmunga, fazendo o marido rir.

— Modo de dizer. Você sabe!

— Não sei, não! — Retruca. — Agora, por favor, vamos a nossa


rapidinha no banheiro? Este é o momento mais esperado do casamento para
mim.

— Greg! — Cedrick protesta, mas ri. — Com licença, pessoal. — Sai


puxando a mão do marido, fazendo-nos sorrir.

Olhando para falar com Dominic, rosno ao ver que se afastou.

— Ele é osso duro de roer. Esta história de inventar que está comigo
vai fazê-lo me esganar a qualquer momento. — Dylan faz uma careta.

— Foi minha saída de emergência. Dak iria surtar.


— Meu irmão a criou. Dakota é mimada, mas é uma boa filha e
amiga. Ela pode levar um susto, porém entenderá eventualmente. — Dylan
diz. — Ouça, vá atrás do que quer. Não seja estúpida de perder por medo do
que vão pensar.

Observando sua expressão sombria, cruzo os braços e pergunto:

— Este conselho é para mim ou para si mesmo?

— Não importa.
CAPÍTULO 21

Após me afastar de Dylan me sinto na minha própria missão


impossível de conseguir chegar até Dominic, pois a cada dois minutos ele é
cercado por um ou mais convidados. Com as mãos nos bolsos da calça, sua
atenção a estas pessoas é tão diferente da que dá aos seus familiares, que me
sinto uma voyeur, obcecada em observá-lo nesta faceta de CEO, dono de
uma rede de hotéis cinco estrelas, conhecida mundialmente. Sua simpatia é
reduzida a meros acenos de cabeça, apertos superficiais de mão e expressão
de gelo. O tique na mandíbula, quando a enrijece, mostra que está
impaciente.

Nossos mundos se mostram mais distintos a cada minuto que passo


atenta a sua interação. Cedo ao desejo de retornar para casa, observei o
caminho na limusine e levaria menos de quinze minutos o retorno andando.
Dominic é interceptado por mais dois grupos de pessoas até parar
com uma mulher. Aceito o champanhe que um dos garçons passa servindo e
penso que minha língua poderia cair por provar algo tão caro. Apoiada em
uma pilastra imensa, viro a bebida de uma só vez ao reconhecer sua
companhia. Lorena. Mãe de Dakota.

Ela diz algo e toca o ombro de Dominic e seja o que for, ele está
sorrindo como sorri para a filha e os sobrinhos. Como sorriu para mim.

Outro garçom passa servindo mais bebidas e não hesito em devolver


minha taça vazia e pegar duas da bandeja, agradecendo-o enquanto me olha
atônito.

— É para minha amiga que foi ao banheiro.

— Eu não quis parecer rude. — Sorri sem jeito. — Desculpe.

— Que nada! — Viro outra taça e coloco sobre a bandeja. — Você


está certo! Estou aqui solitária, enchendo a cara. Espero que bebida chique
seja mais sutil para deixar bêbada.

Ele sorri de verdade agora e reparo na sua beleza. É um asiático, de


estatura média, olhos escuros puxados e cabelos caindo na testa.

— Não vou mentir, bebida de rico embebeda mais rápido.

Coloco a mão no peito, os olhos arregalados. Então bebo mais


champanhe para aliviar a secura na garganta.
— Eu não sabia. Teria sido melhor se você não me contasse. —
Brinco.

Volto a olhar na direção onde Dominic estava e sinto meu sangue


gelar ao não encontrá-lo. Nem Lorena.

— Retiro o que disse. Agora você pode beber em paz. — O rapaz


diz, pegando a taça vazia e me dando outra cheia. — Foi um prazer. Beba
com moderação.

Sorrindo, ele continua a servir, enquanto tenho um surto psicótico ao


imaginar porque a mãe e o pai de Dakota sumiram juntos.

Sou impedida de continuar lambendo minhas feridas quando Dakota


segura meu braço e me puxa com ela, falando sem parar:

— Cedrick pensa em tudo, acredita que tem um salão ao ar livre com


música boa para dançarmos? — Minha amiga comenta, animada. — Te
procurei em toda parte. Dylan também está procurando, ele disse que foi ao
banheiro e não te achou mais.

— Estela! — Ouço a voz animada chamando meu nome e fecho os


olhos com força ao reconhecer. Viro, abrindo os olhos, para encontrar
Lorena, a mãe mais legal que já conheci. A mulher loira e alta me esmaga
em um abraço. Seus cabelos estão mais curtos do que antes, em um corte
pixel, seu vestido preto é elegante e discreto. — Mal pude acreditar quando
Dakota me disse que você está trabalhando com Dom. — Comenta em
português, afastando-se, mas segurando meu ombro, analisando-me como
sempre faz, como costuma fazer com a filha. — Está bem, meu amor?
Ensaio o sorriso mais falso do mundo, sentindo-me uma cobra
jararaca e assinto com a cabeça.

— Estou bem e você?

— Muito sobrecarregada com o trabalho, mas bem. — Sorri. —


Agora vá para onde quer que Dakota quer levá-la ou ela vai me furar com os
olhos.

Sorrio genuinamente ao olhar minha amiga e constatar sua expressão.


Dakota e Lorena são melhores amigas. Seguimos nosso caminho até
começarmos a ouvir Rihanna cantando Umbrella e soltarmos uma da outra
para dançarmos enquanto caminhamos.

Jovens se reúnem ao redor da piscina, conversando e dançando. A


decoração externa é simples, mas sofisticada, com poucas mesas, flores
lilases e luzes. Há um espaço gramado que algumas pessoas estão usando
para dançar. Dakota e eu seguimos até lá e dançamos juntas, pois amamos
Rihanna. Após três músicas internacionais, Cedrick se aproxima e passa um
braço por meus ombros e outro pelos de Dakota.

— Eu gosto da Anitta, cantora brasileira. — Comenta, animado.


Dakota dá pulinhos, pois é fã da poderosa, e eu acompanho, afinal é incrível
ter algo da nossa cultura com tanta relevância, a ponto de ser reconhecida
fora do Brasil. — Mas não conheço muitas músicas e Dean disse que você é
boa em escolher músicas do seu país.

Mesmo me sentindo para baixo, animo-me um pouco por envolver


música. Sigo com Cedrick até seu celular, que está plugado na caixa de som
e faço uma playlist dos funks da Anitta. Quando Show das Poderosas
começa a tocar, Dakota grita.

Como ela me fez aprender esta coreografia, acabamos no centro de


uma rodinha feita pelo pessoal, dançando sem vergonha. Erro alguns passos,
mas disfarço bem, já minha melhor amiga dá um show.

Ao final da música, vislumbro Dominic saindo para um canto isolado


com Lorena. Sinto minha garganta fechar e o coração pesar de um jeito tão
incômodo, que massageio o peito involuntariamente.

— Vou beber água. — Digo para Dakota, mas sigo por outro
caminho.

Passo pelo salão, fazendo o trajeto que fizemos quando chegamos.


Não encontro dificuldades, uma vez que a passagem pela qual entramos
parece exclusiva e só vejo alguns seguranças, mas não me incomodam.

Tiro os saltos que Dakota me obrigou a usar e caminho


tranquilamente pelas ruas bonitas, levando as sandálias em uma mão e
segurando o vestido com a outra para que a barra não arraste no chão. Por
Dak ser mais alta, precisei usá-los, mas meus pés não aguentam mais.

Após cinco minutos de caminhada, sinto a impressão de estar sendo


observada e me empertigo. Preocupada, pego meu celular na clutch, coloco-
o na orelha e finjo que estou atendendo alguém.
— Sim, estou aqui. Você está perto, amor? Ah, estou te vendo! —
Digo alto o bastante ao ver, pela visão periférica, o carro seguindo
lentamente ao meu lado.
Apresso os passos para perto de um rapaz que vejo vindo em minha
direção. No entanto solto um grito de susto quando o carro sobe à calçada e
para à minha frente. Os olhos verdes me acalmam ao mesmo tempo em que
fazem meu coração acelerar por outro motivo.

Dominic parece furioso ao rosnar:

— Entra na porra do carro, Estela.

Dou a volta, sem conseguir conter a tremedeira em meu corpo. Ele


abre a porta e sento-me, esbravejando:

— Eu achei que era um maluco me seguindo! — Jogo o celular na


clutch e a solto com os saltos sobre minhas pernas. — Estou tremendo,
merda.

Passo as mãos pelo rosto para me acalmar e, finalmente, o encaro.


Começo pelos dedos enrolados, apertando o volante com força, então subo
por seus braços e percebo que a jaqueta do smooking se foi e a gravata
borboleta preta está desorganizada. Vejo o pomo de adão subir e descer, o
pescoço grosso, a mandíbula cinzelada coberta pela barba com aquela falha
grisalha, que me faz suspirar. As narinas dilatadas não me preparam para
quando foco em seus olhos sombrios.

— Poderia estar sendo perseguida por vários malucos, porra. Por que
saiu da festa sozinha? Por que se esforça tanto para ser irresponsável?

Meu sangue ferve com o seu tom e a raiva evidente em seu


semblante. Entendo completamente sua irritação após todo o circo que armei
dias atrás. Então apenas por isso, respiro fundo e não berro uma ofensa como
resposta.

— Eu lembro o caminho de volta e só queria ir para casa sem


atrapalhar a festa de ninguém. — Olho através da janela e vejo as pessoas
dando a volta na calçada para passar, um rapaz jovem inclusive mostra o
dedo do meio e esbraveja ao passar. — Dominic, tire o carro da calçada.

Ele rosna em resposta, mas faz o que pedi. Controlando minha


respiração, evito olhá-lo, mesmo que seu cheiro invada meus sentidos e me
embriague na mesma intensidade que o olhar faria.

Mecho na bolsa, tentando me distrair, mas a voz cortante faz minha


cabeça girar em sua direção.

— Talvez seja seu joguinho de sempre estar chamando atenção, não


é, Estela? Dando em cima dos meus irmãos e depois se esfregando em mim,
dançando na porra do casamento e fazendo todo tipo de filho da puta desejá-
la. — Dominic ri com escárnio e aperta o volante, mas nesta altura soco seu
braço com força.

— Você é um idiota, meu Deus! Sou tão idiota por cogitar ter uma
conversa decente com você, por persegui-lo! Pare o carro, seu nojento
machista!

— Sou nojento machista por dizer a verdade?

— É um machista nojento porque não sabe perder. Não aceita que


posso querer foder com qualquer um, menos com você! — Jogo a mentira
em sua cara para azucriná-lo da mesma maneira que suas palavras me
irritaram.

Encosto-me no banco e o fuzilo com os olhos, desejando cortar seus


olhos com minhas unhas, meu corpo tremendo de raiva.

Ele continua rindo desta maneira sombria, dirigindo em alta


velocidade até que passa por uma estrada de chão, ladeada por árvores e
estaciona no fim dela, em frente a uma praia deserta.

Dominic sai do carro e se encosta ao capô, enrolando a manga da


camisa no antebraço. O efeito que a simples cena me causa grita o quão
mentirosa sou por dizer o que disse, mas não me arrependo. Posso ter agido
como uma tola quando fiz aquela cena com Dakota, Dylan e Dean, mas
nunca o fiz se sentir mal depois da nossa trégua. Então penso no quão
hipócrita sou quando esta atitude de dizer que estava com Dylan pareceu
feri-lo.

Respirando fundo, deixo meus objetos sobre o banco e imito seus


atos, parando ao seu lado.

— É melhor você ficar longe de mim, Estela.

— Por quê? — Murmuro.

Dominic se vira lentamente, até estar de frente para mim, dobrando a


outra manga da camisa de maneira intimidante.
— Sabe aquele desejo de apertar a sua garganta? — Pergunta
sombriamente. Engulo em seco. — Está tão forte agora, incontrolável. —
Aproximando-se, segura o meu pescoço, apertando os dedos longos ao redor.
— Junto ao anseio de enfiar a mão na sua boceta e forçá-la a chupar meus
dedos melados da vontade de foder comigo, que você diz não sentir.

— Dominic... — Arfo, segurando seu pulso, sentindo a excitação


correr pelo meu corpo, intensificando-se no meio das minhas pernas. —
Você... você é um opressor insuportável...

— Eu não caio em suas mentiras. — Dominic se aproxima e sussurra


em meu ouvido: — Te desafio a mentir, bandida mentirosa. Minta para mim
outra vez e irei ceder aos meus anseios.

Nada, nada além dele, toma conta da minha compreensão neste


momento. As narinas dilatadas, assim como os olhos escuros, lábios
torcidos, cabelos caindo na testa. Não há alternativa para mim.

— Eu não te quero, Dominic. — Minto.

Duas batidas.

O homem segura minha cintura com o braço livre e me coloca sobre


o capô do carro. Grito com a surpresa e, mais ainda, quando Dom afasta
minhas pernas, ergue meu vestido e fica entre meus joelhos. A mão em
minha garganta volta a apertar.

Não há qualquer preliminar ao ato de empurrar minha calcinha para o


lado e enfiar três dedos na minha boceta. Gemo, inebriada, jogando a cabeça
para trás. Meu sangue bombeia tão forte, que penso que poderia explodir. A
luxúria é tanta, que me entrego sem reservas, abrindo-me mais, olhando-o
por sob os cílios enquanto sinto seus dedos se moverem uma única vez.

Dominic os retira de dentro de mim, sobe a mão da minha garganta e


aperta minhas bochechas com o polegar e o indicador, fazendo minha boca
abrir.

— Toda molhada, como suspeitei. Agora vamos à segunda parte. —


Grunhe e enfia os dedos melados em minha boca, empurrando as pontas em
minha língua, esfregando minha própria excitação. Lambo seus dedos, toda
entregue, querendo uma reação do homem que me faz uma pilha de reações.
— Bandida gostosa. — Dominic retira os dedos e bate os lábios nos meus.

A forma como me beija é totalmente diferente do nosso primeiro


beijo, calmo e degustativo. Desta vez, o pai da minha melhor amiga me fode
com sua língua, enfiando-a em minha boca. Seguro seus cabelos, esfregando
minhas unhas em seu couro cabeludo, descendo por sua nuca e ombros,
tocando-o com desespero. Acompanho o assalto de sua boca, tomando da
dele com o mesmo desejo que sinto emanar do seu beijo.

Dominic afasta-se com os ombros subindo e descendo, a respiração


afetada, mas nem perto de como estou.

Olho-o, mesmo bêbada com sua presença, a camisa social, a gravata


fora de lugar, a faixa preta na cintura estreita. Subo o olhar para o seu rosto
e, Deus, perco o fôlego. Dominic aperta a minha garganta e me puxa até
nossos narizes se colarem novamente.

— Agora, minha pequena bandida, use suas mãos no carro como


apoio. Você vai precisar.
CAPÍTULO 22

Mal há tempo para afastar minhas mãos dele e colocá-las atrás de


mim, como aconselhou. Pois Dominic puxa minha calcinha para baixo, até
cair aos meus pés, então arreganha minhas pernas e as puxa, de forma que
meus pés ficam sobre o capô também. Com os joelhos dobrados e a saia do
vestido suspensa nos quadris, minha boceta está exposta. Ele segura meus
tornozelos, mantendo meu corpo no lugar, pois a superfície do automóvel faz
com que meu corpo escorregue.

A forma como Dominic se abaixa para ter sua cabeça entre minhas
pernas e lambe os próprios lábios ao olhar minha boceta faz com que meu
clitóris pulse e excitação escorra sob seu escrutínio. Erguendo o olhar, libera
uma mão para passar o dedo pelo filete de baba e levá-lo à boca.
— Como uma diaba pode ter gosto do paraíso?

— Você não saberia. — Resmungo. — Já que é um demônio e


realmente faz um inferno na minha vida.

Por incrível que pareça, a resposta birrenta o faz sorrir genuinamente.


Alcança seus olhos e faz as ruguinhas ao redor aparecerem. Dominic se
aproxima da minha boceta e inala profundamente, fechando os olhos por
alguns segundos antes de lamber de cima a baixo para abocanhar e mover
sua língua no que parece o beijo que deu na minha boca.

Quando não consigo controlar um gemido alto e me empurro contra


seu rosto, ele aperta meu tornozelo e me olha, sem tirar a boca de mim,
promete:

— Agora irei fazê-la acreditar que está no céu, babe.

— Oh, Deus!

— Começamos bem, reconhecendo que sou seu deus. — Provoca,


seu hálito batendo em meu canal, que aperta, pulsando com o insano desejo
por ele.

— Como você se acha! — Afasto uma mão do capô e puxo seus


cabelos, enfiando sua boca onde realmente ela se faz útil.

Dominic solta uma risada gostosa, que faz meu ventre apertar, e volta
a me lamber com anseio. Ele me penetra com dois dedos e os impulsiona em
um vai e vem delicioso enquanto sua boca castiga meus lábios e clitóris. A
maestria com que o homem me chupa é enlouquecedora. Sinto-me em uma
borda infinita, quase gozando, mas ele diminui o ritmo propositalmente e
volta a aprofundar. Mordo os lábios para controlar os gemidos, embora não
possa conter meus quadris que se movem de encontro a sua boca.

Dom curva os dedos dentro de mim e os puxa lentamente,


encontrando um ponto que me faz perder a compostura. Contudo, quando
encontro seu olhar e o vejo esfregar sua barba na minha boceta, espalhando
meus sucos por seu rosto, sinto-me perder a razão. Sequer controlo o apoio
do braço atrás de mim e caio para trás, sendo segurada imediatamente por
Dominic.

Com agilidade, está de pé, entre minhas pernas, com um braço


enganchado atrás do meu pescoço, bem apertado, de maneira que ficamos
colados. Mal consigo abrir meus olhos, mas meu corpo continua atento a
cada ato dele, mesmo que zumbe em explosões do gozo intenso.

Dominic passa um braço entre nós e retira algo do bolso, beijando


meu rosto, mordendo minha mandíbula. Meu cheiro vindo dele faz um
arrepio sinistro correr por minha coluna a medida que pensamentos
possessivos me inundam sem controle.

— Abra-se mais para mim, pequena bandida. Você é apertada, mas


está tão molhada e gozada, que irá me aguentar bem.

Pisco, zonza. Porém, curiosa, olho entre nossos corpos e o vejo


bombear o pau grande. A cabeça vermelha está úmida com seu pré-sêmen,
as veias grossas sobem pela extensão longa até a cabeça polpuda. Sinto
minha boceta piscar, o clitóris inchado dolorido de tanto tesão.
Levo minha mão entre nós e o seguro. Um gemido escapa da minha
boca, encontrando o grunhido que ele libera. Dominic afasta a mão e deixa-
me no controle, sem abrandar o aperto do braço que rodeia o meu pescoço.
Minhas pernas estão escarranchadas em suas laterais e pulso, doendo por ele.

— Minha boceta sente ciúmes. — Dominic rosna na minha boca.

Ele morde meu lábio inferior, puxando entre seus dentes e esfrega
meu clitóris inchado.

— Não há nada seu aqui. — Resmungo, masturbando-o, ensandecida


com a dureza bruta, em como meus dedos ficam a um dedo de se fechar em
sua circunferência. Seguro as bolas pesadas e gemo, agindo por puro
instinto, toda fêmea, mais mulher do que nunca fui antes. — A não ser que
este seja o meu pau. — Lambo sua boca, movendo o membro até passá-lo
em minha fenda, revirando os olhos com o prazer de só sentir a cabeça
acariciando as dobras inchadas.

Dominic intensifica seu trabalho de estimular meu clitóris, os olhos


nublados de desejo, cerrados, a boca entreaberta, aquela ruga entre as
sobrancelhas. Tão gostoso. Uma porra de deus realmente. Minha boceta
contrai e escorre, descendo pela minha bunda, tamanho tesão por senti-lo.

— Você está tão inchada querendo o meu pau, que vai estrangulá-lo.
— Dominic sorri, soltando-me rapidamente para prender suas mãos em
meus cabelos. — Você é deslumbrante com o rosto livre para o meu olhar,
mas sinto falta dos cachos e da franja. — Comenta, empurrando contra a
minha mão e puxando o elástico que prendia o rabo de cavalo, fazendo os
fios caírem por minhas costas, apenas para ele segurá-los e puxá-los para
conduzir o meu rosto. — E, babe, — Continua, beijando minha boca — o
meu pau é todo seu.
— Me fode logo, Dominic. — Sussurro um gemido.

— Estou sem camisinha. — Informa, olhando em meus olhos.

— Tenho na minha bolsa. — Digo. — Pegue.

— Por que há preservativo na porra da sua bolsa, Estela? — Rosna,


puxando o meu cabelo e afundando a cabeça na minha boceta, visto que
estou o esfregando e o contato entre nossos sexos já foi feito. — Saiu de casa
planejando foder?

— Sim. — Confesso, só não direi que era com ele.

Que ele se corroa por me fazer o mesmo.

Dominic grunhe e faz menção de se afastar, enrolo meus tornozelos


em sua cintura e o puxo, fazendo-o enterrar mais uma polegada dentro de
mim. Ambos gememos. Afasto minha mão e impulsiono contra ele,
tombando a cabeça para trás, ciente de que ele mantém meu corpo apoiado.

— Caralho, Estela...

— Já nos tocamos sem camisinha. — Digo imprudentemente


rebolando contra sua estocada lenta, mais uma polegada se vai.

Ele morde meu pescoço, chupando a pele e lambendo a picada em


seguida. Praguejo e ele ri.
— Eu tiro antes de gozar. — Garante, mas espera meu aceno para
empurrar tudo.

Arqueio minhas costas e grito com a ardência da invasão. Dominic é


bem dotado e, mesmo toda molhada, levo alguns segundos para me ajustar
ao seu tamanho. A sensação de tê-lo dentro de mim é colossal. Pulsando, sua
carne dura me alarga de uma maneira deliciosa.

— Dom!

— Porra, babe, que boceta gostosa. — Geme, o som gutural.

Ondulo lentamente e isto lhe dá o sinal de que posso suportar suas


arremetidas, pois começa a meter forte e rápido. Seguro seus braços,
cravando minhas unhas sobre o tecido da camisa, abrindo a boca e
recebendo a sua em um beijo gostoso enquanto mete, num vai e vem intenso
e selvagem. Dom usa a mão livre para acariciar minhas costas, apertar minha
cintura, então castigar minha bunda com seus dedos cravados na carne. Sua
frente está colada à minha. Meus seios pesados e doloridos roçam em seu
peito a cada batida.

— Dominic... — As sensações são tão intensas, fecho os olhos,


zumbindo de prazer, meu corpo alerta a cada empurrão que ele dá, a como
sua extensão me preenche.

— Você sente como sua boceta me suga? Como se não quisesse me


deixar sair? — Dominic pergunta, o tom rouco, sensual. Ele bate na minha
nádega esquerda e eu pulo, gemendo e escorrendo em seu pau. — Eu quis
tanto surrar esse rabo. Veja, pequena bandida, como gosta de sentir o peso da
minha mão. — Então bate na mesma região.
— Seu maníaco! — Gemo, mas os espasmos da minha vagina só
provam o quanto a ardência me deixa ainda mais excitada. Cravo minhas
unhas em seus ombros e aproveito o apoio para encontrar suas estocadas,
erguendo os quadris. — Por que tem que ser tão gostoso, hein? —
Choramingo.

Dominic sorri e me dá outro tapa, agora diminuindo o ritmo e


metendo mais profundamente, fazendo com que sinta seu pau em meu útero.
A intensidade de como consigo senti-lo me faz gemer.

— Por que você tinha que ser tão bandida? — Sussurra, lambendo
minha orelha e mordendo. Ele lambe meu pescoço, desce a boca,
distribuindo beijos até morder meu ombro e estocar duro. — Talvez seja a
bandidagem que a faz tão gostosa, tão irresistível, que faz com que meu pau
esteja nesta fome desde que a viu pela primeira vez.

As estocadas duras me fazem quicar sobre o capô do veículo, minha


bunda batendo contra a lataria, seus tapas vindo ocasionalmente, os apertos
me marcando, o pau me comendo tão fundo e rápido que deliro, gemendo
seu nome, arranhando-o. Puxo seu pescoço e mordo sua boca, beijando-o
ensandecida de um prazer que borbulha no meu baixo ventre e se estende
por cada osso. Sinto formigamentos começando na ponta dos meus dedos e
subindo por cada membro, fazendo minha respiração se perder e meu clitóris
piscar até que estou gozando com o homem me fodendo loucamente.

Dominic se retira no meio do meu orgasmo e move meu corpo,


colocando-me com o peito e barriga colados no capô, bunda para cima e
pernas para baixo, os pés não chegam a tocar o chão e fico enganchada por
seu pau que me penetra com tudo. Ele segura minha nuca, apertando as
laterais do pescoço e metendo forte, suas bolas batendo na minha bunda, a
outra mão surrando a nádega que não bateu antes. Esta posição faz com que
ele pareça ainda maior, não sei se é imaginação, mas tenho a sensação de
sentir suas veias brutas dentro de mim.
— Eu amo estas saias longas e como elas são fáceis de serem
enroladas para que meu pau esteja dentro de você, babe. — Dom se inclina e
sinto seu peito cobrir minhas costas. — Dê-me mais um dos seus orgasmos,
os primeiros de sua vida. — Pede, lambendo a costura da minha boca.

Meu clitóris roça no carro a cada estocada rude, meus seios doloridos
estão tão sensíveis que o corpete do vestido serve de estímulo. Sou uma
confusão de gemidos e sensações, mas meu sangue ferve com a ideia de
provocá-lo. É sempre assim.

— Menti quando disse que você foi o primeiro. Sou uma bandida
mentirosa, lembra? — Murmuro, quase sem voz.

Dominic ri e mete mais duro, empurrando até suas bolas e me


fazendo gritar quando morde meu pescoço e bate em minha bunda.

— Você não mentiu sobre isso. A maneira como é receptiva a mim...


seu corpo me reconhece como o seu dono. Ele não mente, pois sabe quem
lhe proporciona este prazer.

— Você é um porco machista. — Protesto. — Cale a boca e faça a


única coisa que faz bem!

— Tão deselegante. — Zomba o infame.

Dominic enfia a língua em minha bochecha e empurra na covinha,


fazendo-me um nível de excitação absurdo ser alcançado com o ato
esquisito.
— O que você...

— Tenho tara nesta covinha, quando você ri, ou quando está puta e
ela só aparece na bochecha esquerda. Mas agora, vendo-a mole de desejo,
percebi que a da bochecha direita aparece por conta dos lábios entreabertos.

— Deus... — Suspiro. — Dom... Não aguento mais...

— Um último. Sua boceta está implorando, me apertando e


encharcando... Tão gulosa, querendo todos os orgasmos que não teve antes.
— Ele lambe a covinha outra vez, fazendo meu corpo estremecer e minha
cabeça girar quando gemo. — E, caralho, babe, eu vou dar a ela. Não vou
negar nada a minha boceta. Nunca.

Dito isso, ele empurra lentamente em sincronia com o orgasmo


prometido. Sinto toda sua largura e extensão e grito de prazer, meu corpo
convulsionando enquanto caio no vórtice de luxúria e prazer.

Ainda que não seja só o meu corpo caindo.

Dominic bombeia mais forte e depois se retira. Meu corpo sente sua
falta de imediato, mas calor sobe por minha pele quando sinto seu gozo
quente em minha bunda.

Dom me puxa contra o seu corpo, sem se importar em se sujar do


próprio orgasmo. Pelo contrário, ainda esfrega o pau na minha bunda,
enfiando o rosto em meus cabelos e beijando.
— Não sou jovenzinho e preciso de uns minutos para me recuperar,
mas não acabamos ainda. Vou levá-la a um lugar confortável.

Merda! Até o homem falando que precisa de um tempo para voltar a


endurecer, é sexy. Como pode?

— Eu preciso de uns dias para me recuperar, Dominic! — Dou-lhe


uma cotovelada de brincadeira e ele ri.

— Mentirosa.
CAPÍTULO 23

A tensão dos últimos dias se esvaiu completamente enquanto tinha


meu pau enfiado até o talo na boceta gostosa de Estela.

Apesar de ter a consciência de que a calmaria pós-coito durará


pouco, afinal se persiste até agora é porque Estela está adormecida no banco
do carona enquanto dirijo. Quando despertar, certamente me fará querer
esganá-la outra vez.

Faço o trajeto o mais lentamente possível para prolongar o momento,


mas estamos tão perto de casa, que não demoro a estacionar em frente à
propriedade. Embora, roube alguns minutos para admirar a bandida.
O tom rubro de suas bochechas continua, assim como o inchaço nos
lábios entreabertos e os cabelos desgrenhados. Observo o vestido que parece
ter sido feito para ela. Fiquei louco quando a vi no casamento de Cedrick,
um modelo que faz publicidade para meus hotéis e acabou se tornando um
grande amigo. Estela é bonita sem fazer esforço, mas depois de dois dias
sem vê-la, ansiando-a na mesma intensidade que a odiei, o baque que me
causou foi colossal. Precisei ficar afastado.

Toco o meu bolso e sinto o papel amassado, que não li quando me


entregou. Puxo para ler e não posso evitar o sorriso.

“Não sei por que você se foi. Quantas saudades eu senti.”

PS: Para facilitar sua pesquisa, esta é a música Gostava Tanto de


Você, do Tim Maia.
E.G.

Volto a guardar o bilhete e saio do carro, dando a volta para pegá-la


em meus braços. Estela se remexe apenas para se aconchegar em meu peito
e, sem pensar nas consequências, levo-a para o meu quarto.

Deito-a na minha cama com cuidado e a chamo baixinho, afastando


os cabelos do rosto.

— Você precisa tirar este vestido apertado.

Estela resmunga e rola de bruços, exibindo o zíper lateral. Puxo-o


para livrá-la de uma vez e ergo sua cintura para empurrar a peça por suas
pernas. Suas costas bonitas ganham minha atenção, sem nada a protegendo.
Passo a mão pela nuca, ombros, a curva da coluna e a inclinação da cintura,
que leva para a bunda arrebitada. Massageio a nádega no local onde há uma
marca da minha palma e ouço seu gemido. Inclino-me, beijando atrás de sua
orelha, sorrindo ao senti-la empurrar a bunda contra a minha mão.

Afasto-me e a deixo voltar ao seu sono. Sigo para o banheiro e tomo


banho. Em seguida, puxo Estela para os meus braços e nos cubro com a
coberta. Adormeço em questão de segundos.

Desperto, sentindo a tensão em meu pau fazê-lo doer. A consciência


do meu corpo faz o cérebro reagir, puxando-me do sono. Sinto a pequena
mão passando em minha barba, pescoço, ombros. Tudo lentamente, como se
finalmente tivesse a chance de me tocar. Mantenho os olhos fechados, mas
conforme a carícia ganha um novo rumo, em meu abdômen e coxas, não
consigo conter o desejo de vê-la.

Estela está ajoelhada ao meu lado, cabelos molhados caindo pelo


rosto, pois a cabeça está abaixada para me olhar. Ela tomou banho, na porra
do meu banheiro enquanto eu dormia feito uma pedra e perdi o momento.
Com a claridade vinda do nascer do sol lá fora, bebo de sua imagem. Sua
concentração faz meu membro pulsar e ela morde o lábio ao ver a cena,
segurando a base em seguida. Ela segura com firmeza e masturba
lentamente. Um gemido rouco escapa da minha garganta e isto traz os olhos
de Estela para o meu rosto.

Lambendo os lábios, ela monta minhas coxas, a boceta molhada


esfregando em minha pele. Então se inclina e toma a cabeça do meu pau em
sua boca.

Levo minhas mãos à sua bunda e a puxo, fazendo-a protestar.


— Minha boceta na minha cara. Agora! — Comando e ela
estremece, a pele toda arrepiada, enquanto aperto a carne do rabo gostoso e a
movo até ter o cu e a bocetinha rosada em minha visão. Arreganho as
nádegas, olhando-a com atenção, a luz vinda das janelas proporcionando-me
a imagem linda do filete de baba escorrendo, esticando até cair no meu
queixo. Ela está vermelha e inchada de como me tomou ontem. Olho entre
nossos corpos e vejo Estela olhando-me com a boca aberta e olhos nublados.

— Com tanto tesão por querer engasgar no meu pau, babe?

Arrepios. Bochechas coradas. Boceta piscando e babando. Estico a


cabeça e chupo a parte interna de sua coxa, fazendo-a gemer, então inquiro:

— Quero que se concentre em me chupar bem gostoso enquanto te


como. Consegue?

Desafio brilha nos olhos escuros e ela gira língua ao redor da cabeça
vermelha, fazendo arrepios subirem por minha coluna, e inquire:

— E você, consegue?

Minha resposta é agarrar seu rabo e puxá-la com tudo contra a minha
boca aberta, ao mesmo tempo em que empurro meu pau entre seus lábios.
Estela geme e segura minhas bolas enquanto beijo sua boceta como se
beijasse sua boca e ela conduz seu ritmo, levando meu pau até onde
consegue. A sensação de sua boca em volta de mim é o paraíso, a quentura, a
língua provocadora e os lábios que me sugam com firmeza enquanto usa a
mão para estimular os testículos. Pulso em sua língua, alucinado com seu
cheiro de mulher, lambendo-a e chupando seu clitóris, intercalando lambidas
com mordidinhas nos lábios inchados, chupadas no grelinho pulsante e enfio
o polegar no cuzinho apertado. Estela endurece sob o toque, mas não demora
a se render, rebolando contra mim e choramingando, sua saliva escorrendo
ao redor do meu pau.

Bato a língua no seu clitóris em sincronia com o vai e vem do meu


dedo atrás e quando começa a pulsar, se arrepiar toda, ondulando sobre mim,
gemendo no meu pau, permito que meu próprio orgasmo acompanhe o seu.

— Vou gozar, minha pequena bandida. Será que, pelo menos, desta
vez, será uma boa garota? Vai tomar tudo que eu te der?

— Oh... — Estela geme e abre a boca, segurando-me contra seus


lábios, esfregando a boceta gostosa em mim enquanto seu orgasmo a deixa
alucinada.

Gozo forte, impulsionando os quadris em sua boca, metendo como eu


gosto, forte e duro, lambendo cada gota que sua boceta libera enquanto ela
mama cada gota da minha porra.

Quando Estela cai com o rosto contra a minha coxa, a deslizo pelo
meu corpo e nos ajusto até que esteja sobre mim, com o rosto perto do meu.
Seguro os cabelos longos, com os cachos voltando após terem sido lavados,
e beijo sua boca, ensandecido por sentir meu gosto em sua língua.

— Você me acordou bem na hora. — Sorrio quando ela enfia o rosto


em meu pescoço e beija a pele.

Suas mãos sobem por meus braços, sem vergonha ou receio de me


tocar, sem estranheza.
— Hora de que? De você sugar minhas forças outra vez?

— Nem tentando parecer zangada você perde este olhar de bem


comida e o sorriso sonhador.

— Idiota! — Dá uma mordida em meu pescoço e lambe em seguida,


fazendo-me apertar sua bunda. Passeio a mão por suas costas, inalando o
cheiro do meu shampoo em seus cabelos espalhados por meu peito e rosto. A
possessividade aperta em meu âmago. — Mas sério, hora de que? Acordei e
vi que era cedo, então pensei em uma rapidinha antes de ir para o meu
quarto. Logo, logo todos acordam.

— Hora da minha corrida matinal. — Rolo seu corpo para o lado e


levanto-me da cama.

Sigo para o banheiro, sem olhá-la, pois fazer isso certamente


acarretará em outra foda e todos sendo acordados com seus gritos.

Ao ligar a ducha, vejo seu vislumbre através do vidro do box. Ela


entra comigo e salivo ao ver os seios que não dei atenção.

— Porra, estes seios são perfeitos. — Murmuro, segurando-os em


minhas palmas e esfregando os mamilos marrons com bicos intumescidos.

— Dom... meu Deus! — Estela fica na ponta dos pés para me beijar e
sorrio.

— Seu deus, hein, babe?


— Você não pode calar a boca, não é? Vou ajudá-lo a se manter
calado. — E puxa os cabelos em minha nuca, fazendo meu rosto estar ao
alcance do seu para assaltar minha boca em um beijo atrevido, como toda
ela. Seguro sua bunda e suspendo em meu colo, as coxas enrolando em
minha cintura. Bato suas costas contra o vidro e dou fim ao beijo para deixar
seus seios na altura da minha boca. Sugo um mamilo em minha boca,
sentindo meu pau bater em sua boceta e ela se esfregar nele sem hesitar. —
Dominic...

A bandida é insaciável e estou disposto a passar meus dias sendo


persistente em tentar saciá-la.

Olho para trás, vendo Estela me mostrar o dedo do meio e sorrio


abertamente, parando e colocando as mãos na cintura para esperá-la.

Ela está respirando como se tivesse fugindo do fogo do inferno, seu


rosto está suado, a franja colada na testa e sua roupa esportiva fez o dia
clarear à força devido a tanto néon neste horário da manhã. Seu
condicionamento é uma merda e ela já me xingou de todos os nomes em
apenas quinze minutos de corrida.

— Por que eu vim nesta merda de corrida com você?

— Porque está ludibriada pelo meu pau e vai me seguir onde quer
que eu for.

— Você está brincando comigo, Dominic?


— Vê um sorriso aqui? — Aponto o meu rosto, mantendo a
expressão estóica. — É a verdade. Alguns de nós não mentem, você sabe.

— Estamos muito perto da sua casa? — Pergunta, cerrando os


dentes. — Poderia afogá-lo aqui e ninguém saberia! Alguns de nós mentem,
você sabe! — Replica com desdém. — Ninguém pensaria que saí da minha
caminha... eu até choraria por falta do seu pau, é claro. E tornaria tudo
convincente.

A infeliz me faz sorrir. Aproximo-me e seguro seu queixo, arqueando


a sobrancelha para sussurrar:

— Quando faz este olhar perturbador e fica com os dentes assim, me


lembra a algo. Eu não sabia o que, mas agora a memória veio clara.

— Do que está falando?

— A Lady, a chihuahua raivosa da minha mãe. Ela viveu até os


dezessete anos. Cresci com ela desde os meus cinco anos, mas nunca gostou
de mim. Sempre me olhava com esta expressão que você faz.

— Você... Seu... Quer saber? Lady era esperta e intuitiva, sabia que
você era uma mala. Gosto dela! — Belisca minha cintura. — Agora some da
minha frente! Vou voltar para casa.

Solto uma gargalhada e dou um tapa na sua bunda.

— Passe à minha frente, bandida preguiçosa. Para quem joga futebol


tão bem, deveria ser apta a exercícios físicos.
— Ah! Então admite que jogo bem? — Louca, ela segura meus
braços e tenta me sacudir. — Que sou melhor do que você?

— Não coloque palavras na minha boca.

— Vou colocar outra coisa na sua boca, Sr. Donovan. — Estela pisca
e corre, passando por mim.

Esta mulher ainda causará a minha morte.

Sigo-a em um ritmo mais brando do que costumo correr para facilitar


sua vida.

— E Lorena? — Estela pergunta cinco minutos depois.

— O que tem?

— Vi vocês bem juntinhos ontem. — Comenta, sem me encarar, mas


a covinha esquerda aparecendo me deixa saber que a situação a desagrada.

Apenas para fazê-la se corroer como me faz constantemente,


resmungo:

— Se ficarmos de conversa durante a corrida, você perderá seu


fôlego mais depressa, Estela.
Por pouco seus olhos não caem na areia da praia de tanto que ela os
revira.

Com as reclamações e paradas de Estela corremos por meia hora,


sendo quinze minutos passados parados para que ela recuperasse o fôlego.
Retiro a camiseta branca e a jogo sobre o ombro, sorrindo ao ver a bandida
nem disfarçar ao me comer com os olhos.

— Acho que devemos colocar mais uma cláusula no meu contrato.


— Diz seriamente enquanto caminhamos de volta.

Seguro sua mão, entrelaçando nossos dedos sob seu olhar de


estranheza.

— Diga. Certamente usarei disso para ter mais uma cláusula a meu
favor.

— Como é hipócrita! E a cláusula de não ouvir funk que adicionou


sem eu retrucar? Ou aquela sobre não ter envolvimento com nenhum
Donovan? Até mesmo Norman! — Bufa, olhando-me com exasperação. —
Sendo assim, tenho direito a duas! A primeira: você está proibido de ser um
opressor insuportável. Ops, olha eu sendo tola. Melhor ignorar, pois se isto
acontecer, o senhor estará morto. — Desdenha.

— Como é deselegante, Estela.

— A próxima cláusula é para o seu bem-estar. Apesar de achar que


não, me preocupo com você, Dom.
— É mesmo? — Pergunto no mesmo tom falso que ela usou.

— Sim. Portanto, você deve parar de usar roupas no período de


trabalho. A Califórnia é quente. Não precisa de ternos, camisas sociais, nada
disso. Este short é perfeito. — Para no meio do caminho para se inclinar e
apertar minhas pernas. — Deixa os joelhos à mostra, além dessas coxas com
esses músculos viris... — Toca os músculos sobressalentes.

Solto uma risada e digo:

— Você é uma safada, não é mesmo? — Puxo-a para cima e enrolo


meu braço em sua cintura, esfrego a ponta do meu nariz no dela, vendo seu
olhar divertido quando solta um suspiro.

Beijo sua boca e aperto a bunda que teve toda a minha atenção na
calça legging apertada rosa neon.
CAPÍTULO 24

— Tem tanto tempo que não ficamos juntas! — Dakota se joga na


minha cama.

Olho a notificação de mensagem que acaba de chegar em meu celular


e sinto minha respiração acelerar apenas por ver a foto de Dominic
segurando o celular em frente ao espelho, recém-saído do banho, com
gotinhas de água em seu peitoral e abdômen gostosos. A toalha está enrolada
tão baixa nos quadris, que me deixa salivar no V delicioso e no vislumbre
dos pelos bem aparados. No entanto o que faz minhas mãos ficarem trêmulas
a ponto de quase deixar o celular cair na minha testa, é a marca do seu pau
duro. A coluna grossa e longa empurra o tecido de forma desavergonhada,
até rude. Deus!
— Amiga? O que prendeu tanto a sua atenção aí, hein? — Dakota
pergunta, esticando a mão para pegar o aparelho da minha mão.

Pulo fora da cama, caindo de bunda no chão e gemendo no processo.


Mas bloqueio a tela e seguro o celular contra o meu peito de forma protetora.

— Era um nudes do seu tio, pelo amor de Deus! — Minto, olhando-a


com horror. — Não pode mais sair pegando meu celular assim, Dakdak!

Dakota cai na gargalhada.

— Sinto muito, força do hábito. Tio Dy mandando nudes? Se bem


que essa, eu queria ver! Você está transformando o sujeito...

— Sou assim, muito seduzente. — Digo em português, sacudindo as


sobrancelhas, arrancando uma risada da folgada. — Ai, minha bunda! —
Gemo, levantando-me e massageando a região.

Sento-me na poltrona, numa distância segura de Dakota e volto a


olhar a conversa com Dom.

Dom: Estou deitado. Sem a toalha. Esperando você, babe.

Eu: Não posso.

Dom: Um minuto e estarei em seu quarto.


Passo a mão pelo rosto, cogitando inventar uma desculpa para
enxotar Dakota. Amo a minha melhor amiga, mas minha vagina ama mais o
pai dela, portanto, estamos em um impasse aqui.

Dom: Dez segundos.

Eu: Dominic!

Dom: Cinco...
Dom: Quatro...
Dom: Três...

— Você está ouvindo o que estou dizendo? — Dakota pergunta em


voz alta e me atrapalho com as teclas para impedir seu pai.

Eu: SUA FILHA ESTÁ AQUI!

Envio ao mesmo tempo em que a maçaneta mexe. A porta não abre e


suspiro de alívio porque ele visualizou a mensagem. Dakota franze a testa.

— Estou te ouvindo, amiga. Só me dispersei com um meme aqui no


Instagram.

— Meme, sei! — Bufa. — Viu a maçaneta girando? — Pergunta,


ficando de pé e indo até a porta.
Corro para impedi-la, mas seu pai já desapareceu quando ela mete
seu nariz onde não é chamada.

— Você está devendo algo? — Inquiro, cruzando os braços. — Está


alucinando com perseguição?

— Nem te conto! — Solta uma risadinha safada e fecha a porta, logo


se jogando na cama novamente.

Sinto o celular vibrar na minha mão, mas ignoro, decidindo dar


atenção a minha amiga, afinal se não fosse o grito incessante da minha
vagina, eu também estaria sentindo falta dos nossos momentos.

— Nem vem com essa. Conta logo!

Mordendo o lábio inferior, Dak me olha com expectativa antes de


soltar a bomba.

— Liam e eu nos beijamos ontem à noite...

— O que? — Salto, sentando-me, a olhando com curiosidade. —


Você não havia superado essa paixonite?

— Sim, não... Mais ou menos. Parei de viver em prol disso, mas


nunca deixei de gostar dele. Afinal, convivemos juntos e gosto do cara desde
que era banguela! — Ela ri com vergonha. — Mas ontem não foi sobre nada
assim. Eu estava indo para o quarto com um cara que conheci na festa. Liam
deu um daqueles surtos que sempre dá, só que desta vez o desafiei até o fim.
Nem meu pai implica com meus lances e ele sempre usa isso como desculpa.
— E você cai...

— Ele fica gostoso sendo todo possessivo. — Suspira e eu rio.

— Ele fica gostoso de qualquer jeito. — Digo.

— Não me fale! — Dakota geme e vira de bruços, enfiando o rosto


no travesseiro para abafar um grito. — Ele fica ainda mais gostoso me
beijando, me segurando... Juro! Estou em estado crônico de vagina molhada
latejante!

Caio na gargalhada, descobrindo o diagnóstico do meu problema.


Este é o nome. Quando nossas risadas cessam, encaro Dakota com
curiosidade.

— Por que não investe no cara? Seu pai é incrível. Aceitaria qualquer
coisa que a fizesse feliz.

— Papai teria dificuldade, pois Liam me conhece desde criança.


Além do que ele não gosta de mim. O beijo foi um erro, como ele destacou.
Um impulso de raiva. — Resmunga, olhando-me com lágrimas nos olhos. —
Fiquei com tanto ódio dele. Vou ser honesta com papai e pedir que me deixe
voltar para o Brasil com outro segurança.

— Deve ser difícil para ele, como você bem disse, ele a viu crescer.
Eu não desistiria se o quisesse como você sempre quis.

— Até arriscar papai?


Reflito por um segundo e me vejo numa situação parecida. É óbvio
que seu laço com o Dom é maior do que qualquer coisa para Dak. Mas sinto-
me da mesma maneira sobre ela, arriscando tudo o que tenho com minha
melhor amiga.

— Eu não sei se seria arriscar. Você... — Pigarreio. — Você ficaria


puta com ele se fosse ao contrário?

— Ao contrário como? — Ela ri. — Papai com uma mulher mais


velha? Não me importo.

— Não, amiga. Liam é amigo do seu pai, certo? Mais velho do que
você.

— Neste caso... Como eu me sentiria se papai ficasse com você? —


Pensa por um segundo e dá de ombros. — Não consigo ser tão hipotética. É
uma situação impossível. Papai é um sargentão e você, vive por seus termos.
As diferenças nem importariam tanto, mas vocês se detestam. — Ri. — Não
preciso me preocupar com isso. Não consigo fazer ideia, amiga.

Sinto o desejo de contar a verdade a ela. Quase solto tudo, cada


detalhe do que vem acontecendo, pulando as partes sórdidas por razões
óbvias. Mas o celular de Dakota toca e ela pula da cama ao ler a mensagem.

— Tio Dean acabou de enviar uma foto do luau de hoje. Vamos, vista
algo decente! Aquele cantor em ascensão, que deu em cima de mim da
última vez, está de volta. — Comenta, animada. — Vou afogar minhas
mágoas nele. Este luau é o único lugar em que Liam não me persegue. Por
isso, continuo saindo escondida. — Bufa.
Lembro da foto de Dominic e forço um bocejo.

— Amiga, estou acabada.

— Nem vem! Você já foi comigo em dias em que colocava as


crianças para dormir e acordava cedo para cuidar deles. Estou precisando, tá
legal?

— O que não faço por você, sua safada? — Dou um tapa em seu
traseiro grande e ela sai, rindo.

— Volto em cinco minutos. Vou me arrumar aqui para não ter risco
de você furar! — Aperta-me em um abraço e beija a minha bochecha. —
Amo você!

— Te amo, Dakdak! — Retribuo o afeto e Dakota saltita para o


corredor.

Suspiro, desbloqueando o celular e esfregando uma coxa na outra


com a chuva de textos sujos do meu chefe.

Dom: Amo a minha filha, mas não vou dividir você. Nem com ela.
Dom: Quanto tempo ela ficará aí?
Dom: Não bastava empatar minhas fodas quando era criança?
Dom: Babe, estou louco por você.
A foto que vem depois desta mensagem, é do seu pau grosso e
veiudo, sendo segurado pela mão grande, na base. A pulseira que eu fiz
aparece em seu pulso e sinto palpitações de posse por todo o meu corpo. A
cabeça polpuda está liberando uma gota de pré-sêmen.

Dom: Estou batendo uma punheta em sua homenagem, minha


bandida.
Dom: Porra, nada se compara a sua boceta. Agora que tive, é tudo o
que meu pau quer.
Dom: Ele está exigindo você.
Dom: Talvez seja a maneira que sua boceta palpita ao redor dele,
como o ordenha e aperta tão gostoso.

Fecho os olhos com força e paro de ler. Apenas algumas horas


passaram desde que este homem fez o que parece ter nascido para fazer: me
possuiu.

Parecem anos, embora. Hoje passei o dia com Ethan e Noah, pois
Paige foi a sua primeira consulta com o terapeuta e passou o dia fora depois
disso. Ela se sentiu mal com coisas que foram trazidas à tona e preferiu ficar
fora de casa para que os garotos não percebessem. Diverti-me com os dois,
pois sentia saudade de nossos momentos. Fomos à praia, burlamos o sistema
e usamos roupas íntimas. Rimos dos berros do seu tio e barganhamos para
dançar brega funk. Dominic prometeu estapear o meu bumbum, mas após
termos uma reunião acalorada onde mostrei algumas músicas, ele permitiu.
Os garotos bateram palmas no fim de tudo, fazendo-nos lembrar que não
podíamos nos agarrar ali mesmo.

Vivo ansiando pelas sensações que Dominic causa em meu corpo e


começo a acreditar naquela idiotice que sempre diz: que ele é meu dono.

Que merda é esta que estou pensando? Xingo a mim mesma


mentalmente. Estou ludibriada por seu pau, como ele bem colocou nesta
manhã. Em minha defesa, nunca gozei antes e meu corpo traidor quer o que
o homem é capaz de conceder. Aquela promessa de dar todos os orgasmos
que não tive... Infeliz! Então, este anseio se deve à novidade, ao fato de que
quero cada gota que ele prometeu extrair de mim. Contudo, logo isso deixará
de ser novo e voltarei ao Brasil. E Dom, à sua vida elegante.
**
Usando o vestido branco que Dominic comprou para mim quando
estávamos no Texas, fico sentada ao lado de Dean, que está com uma
expressão azeda. Ambos estamos silenciosos, em um banco de madeira,
perto da fogueira, enquanto as pessoas dançam e conversam ao redor. Seu
copo de bebida está sendo esvaziado em segundos, diferente do meu, que
está com a mesma cerveja desde que cheguei.

— Olha cara, eu até ia deixar você quieto, mas quieto não combina
contigo. O que houve, hein? Sem uma cantada barata em nenhuma das
gostosas? — Aponto as mulheres.

— Se referindo às damas desta maneira machista? Que vergonha


para raça você é. — Seu timbre bêbado me faz rir.

— Só estava imitando você. — Reviro os olhos e puxo o copo de sua


mão. — Chega, beleza? Está na hora de irmos para casa. Vou chamar
Dakota.

— Só estou afogando as mágoas. Me deixa, ok?

— Que mágoas? — Pergunto, sorrindo. — Alguém disse “não” à


você pela primeira vez, menino rico?
— Não foi a primeira vez. Ela faz isso desde que eu era um moleque.
— Ri, sem humor. Então encara Dakota, saindo do mar, rindo feito uma
idiota. — Apenas Dy sabe disso... Dakota me odiaria.

— O que?

Dean me encara com uma sobrancelha arqueada que o faz parecer


tanto com o irmão mais velho. É embaraçoso como perco o foco.

— Dominic está aqui mesmo? — Dean esfrega os olhos, olhando


sobre meu ombro.

Viro a cabeça como a garota do filme O Exorcista e arregalo os olhos


ao ver Dominic parado no último quiosque da fileira dos quatro nesta área.

— Ele enlouqueceu!

— Reconfortante saber que o meu irmão sensato ficou louco por


você.

Olho Dean com atenção e abro a boca ao me dar conta da situação.

— Você é apaixonado por Lorena.

— Apaixonado? Isso é pouco, boneca. Agora, vá até o meu irmão


antes que ele venha até aqui e chame a atenção da minha sobrinha.
Bufo e viro o líquido do meu copo todo de uma vez, engasgando e
tossindo feito uma idiota ao sentir o líquido quente. Controlo o tremor em
minhas pernas e caminho, tentando parecer calma, até Dominic.

Casualmente, usando uma camisa social com os botões abertos,


exibindo aquele abdômen delicioso, mangas dobradas nos antebraços, uma
bermuda cáqui e sandálias marrons simples, ele me observa.

— O que está fazendo aqui? Enlouqueceu de vez? — Grunho,


puxando sua mão e o levando para trás do quiosque.

Ele me segue tranquilamente. Paro, olhando-o com exasperação e


cruzo os braços, esperando a resposta.

Dominic sorri e puxa-me pela cintura para colar nossos rostos e


esfregar o nariz no meu antes de responder:

— Senti sua falta. E nem foi o meu pau desta vez, babe.

Todo o meu corpo estremece e o empurro sutilmente.

— Não diga estas coisas.

— A verdade? Quer que eu minta? — Sorri com ironia. — Como


você? Tudo bem, Estela. Vim aqui para foder. É só sobre isso, foder.

Abro um sorriso por sua idiotice.


— Você está insano. Enchendo meu celular de mensagens enquanto
sua filha estava ao meu lado. Sabia que precisei cair da cama para impedir
que ela visse sua foto indecente? Aliás, não é seu aniversário, mas está de
parabéns. — Congratulo e gargalho ao ver sua careta cômica. — Mas sério,
Dom, Dakota é tão irritante quanto você quando quer e ia pegar meu celular.
Tive que me jogar no chão. Meu bumbum está doendo!

— Agora você chegou a uma coisa séria. — Desce a mão por minha
cintura e massageia minhas nádegas. — Só eu posso ferir esta carne gostosa.
— Beija minha boca. — Apenas para o seu prazer.
CAPÍTULO 25

— Para, Dom! — Empurro-o. — Não começa… Sua filha já, já me


procura e te encontra aqui.

— Qual o problema? Dakota não é criança. Esta coisa de nos


escondermos é ilógica. Estou velho para isso, não acha? — Arqueia a
sobrancelha e suspiro.

Sem resistir, acaricio sua barba e movo o polegar para cima e para
baixo na parte grisalha, em seu queixo.
— Tenho um fraco por esta falha grisalha na sua barba. — Confesso
sem querer.

Ele sorri e segura meu rosto, acariciando apenas a covinha na


bochecha esquerda.

— E eu, por esta covinha. O que a está chateando?

— Não quero que ninguém saiba, Dom. Para que causar uma
confusão? Logo estarei voltando para o Brasil...

— O que? — Ele recua como se tivesse sido esbofeteado.

— Paige e os meninos estão bem. Sei que há muita coisa para ser
resolvida e por isso ainda continuo aqui, mesmo que esteja sobrando, pois
ela nem quer ter uma babá. — Explico e levo as mãos até as suas quando o
vejo fazer o costumeiro ato de afrouxar a gravata quando fica tenso, mesmo
que não esteja usando uma. — Dom, minha avó e mãe estão sugando até a
alma do Sr. Norman. Sei que temos um acordo para você não mexer com
mamãe e vovó nunca esteve na sua mira, mas não quero que a vida delas
continue desta forma. O senhor me pagando uma pequena fortuna quando eu
sair vai ser o bastante para nos levantar. — Brinco sobre o dinheiro, mas
nem tanto assim.

— Foda-se o Norman! — Dominic rosna, muito sério, puxando as


mãos das minhas e as colocando nos bolsos da bermuda. — Acha que se me
importasse não teria tomado alguma medida? Além disso, não se preocupe,
elas são inofensivas para aquele velho.

Cruzo os braços sobre o peito e o olho com acusação.


— Engraçado, a mim você deu ordem para ficar longe dele.

— Dele e de qualquer outro, porra. — Solta entre dentes.

— Porque acha que é meu dono.

— Por que tanta resignação?

Porque estou começando a acreditar. Não digo em voz alta.

— Dominic, vá para casa!

Voltando a se aproximar, enlaça minha cintura. A outra mão segura


meu queixo, fazendo-me olhá-lo nos olhos.

— Desfaça este bico, babe. — Esfrega o polegar em meu lábio


inferior. — Eu sei sobre o histórico dos homens que passaram em sua vida,
mas não brinco sobre o que digo. Como não brinquei quando disse que me
sentia seu dono.

— Você me irrita extremamente quando diz esta merda. — À mim,


não à minha boceta traidora.

— Seu dono para foder e dar estes orgasmos, que ninguém deu, ver
aquele olhar e rosto brilhando quando goza, que ninguém viu. Só eu, porra!
— Seu sorriso é sensual, tentador, sua voz rouca. — Seu dono para marcá-la
com minhas mãos e boca. Para lamber esta covinha. — Enfia a língua na
minha bochecha, pressionando a ponta endurecida e voltando a olhar o meu
rosto. Dominic puxa meus cabelos e continua: — Seu dono para ser honesto
com você, mesmo que você seja uma bandida mentirosa. Sendo assim, não
posso deixar de dizer que não estou interessado apenas em seu corpo,
mesmo que já tenha deixado isso muito claro. Fique sabendo que, a partir
desta declaração, não fugirá de mim. Tem medo de se magoar? Tenho quase
quarenta anos e nunca fiquei louco por uma mulher como estou por você,
ninfeta insolente. — Aperta minha nuca, afundando os dedos na pele
sensível. — Acha que não estou assustado? Estou assumindo para mim ao
mesmo tempo em que assumo para você. Não é um pedido de casamento,
Estela, mas seremos tolos se não vivermos o que temos. Um dia de cada vez.

Estou derretida em seus braços no final da declaração. Gemo quando


beija minha boca e fecho os olhos com força quando puxa minha coxa,
enganchando o braço sob o joelho e mantendo minha perna erguida na
lateral do seu corpo. Abro os olhos e olho para sua mão se esgueirando sob a
barra da saia, o aperto bruto em minha coxa, os arrepios em minha pele, que
ao erguer o olhar, o vejo fixado olhando.

— Dominic... — Meu tom é trêmulo. Enfio as mãos por sua camisa,


tocando a pele morena e quente, os gominhos e os pêlos ralos.

Quando ele me pega assim e diz estas coisas, seja quando está no
modo fodedor falando putaria ou quando está todo decidido, como se fosse
apaixonado, fica difícil não me dar toda.

— Diga, minha pequena bandida. Diga que entendeu que é minha.


Porque não é questão de você aceitar, é questão de compreender.

— Seja como for, não sabemos o que temos. Estamos transando,


apenas isso. Não quero envolver Dakota, chateá-la... Para depois seguirmos
nossos caminhos e o transtorno ter sido em vão.
Dominic aperta os dentes, sua carranca surgindo com força total. No
entanto, uma batida de rock e a voz do cantor de quem Estela falou, atrai sua
atenção. Ele libera minha coxa e enrola os braços em minha cintura,
movendo-me com ele ao ritmo que começa a cantar.

Esse tipo de amor


Me faz querer baixar as cortinas
Esse tipo de amor
Agora eu nunca mais
Nunca mais
Nunca mais serei o mesmo
Eu fico louco
Louco
Babe, eu fico louco
Você me provoca
E então vai embora
Sim, você me deixa
Louco
Louco
Louco por você, babe

Interrompo a dança quando assimilo a letra cantada por ele. A


intensidade do homem me segurando e a letra por si só me fazem pegá-lo de
surpresa quando o empurro.
— Está indo longe demais, Dominic. Eu... você conhece a minha
história. E não é uma história de amor. Prometa-me que é só sexo, que só
estamos fodendo. — Respiro fundo. — Ou vou embora.

Olhando-me como se eu tivesse queimado sua plantinha, Dominic


aperta os dentes e as mãos em punhos por uns segundos antes de grunhir.

— Como você me apresentou músicas do seu país, senti-me à


vontade para cantar Crazy, do Aerosmith, de quem fui fã na adolescência. É
uma música, apenas isso, Estela. Assim como o que temos. É só sexo.
Apenas foder.

Assinto com a cabeça, mordendo o lábio e respirando fundo para


acalmar as batidas do meu coração. Só posso estar enlouquecendo, pois suas
palavras causam uma pequena torção no meu peito.

— Tudo bem! Agora, vá para casa, Dom. Antes que Dak surja.

Duvido muito que ela o faça enquanto seu crush, quer dizer, um dos
dez, está cantando. Minha amiga não perde tempo com obsessões, mesmo
uma tão antiga quanto sua paixão pelo segurança. Isso faz uma de nós
esperta, pelo menos.

— Tudo bem. — Concorda, pegando-me totalmente de surpresa.

— Tudo bem? — Cerro os olhos.

— Sim. — Começa a se afastar e sequer me dirige um segundo olhar.


Após vê-lo sumir pelo estreito caminho entre a vegetação, começo a
roer minhas unhas enquanto a confusão mental faz minha cabeça parecer
prestes a explodir. Retorno para onde estava com Dean e não o encontro.
Vejo Dakota batendo palmas ao redor do cantor, colada a alguns estranhos e
sorrio, pois ela é assim, faz amizade onde quer que chegue.

Após algumas horas observando Dakota e bebendo cerveja, ela cansa


e me chama para irmos para casa.

— E o Dean?

— Sumiu. Provavelmente com alguma mulher. — Solta uma


risadinha. — Eu deveria ter feito o mesmo. Sumir com o cantor gostoso, mas
me sinto esquisita depois de beijar Liam. — Suspira.

De braços dados, fazemos o curto trajeto de volta para a propriedade


do seu pai. Dak e eu nos sentamos na areia da praia, em frente a casa, ao
invés de entrarmos.

— Você parecia você. — Comento.

— Só fingindo, ou fugindo. — Suspira, olhando o mar. — Não gosto


disso. De esconder as coisas de mim mesma, sabe? Prefiro enfrentar. Então é
isso! Quis ir até lá para tentar escapar do acampamento que as sensações
daquele beijo fez em mim. Tentativa falha.

— Amar pessoas é sempre assim. Uma droga! — Digo amargamente.


— Pensei que tinha mudado este pensamento agora que está com Dy.
Sabe que ele é super sério com o amor, né? Dean dizia que era virgem e
tudo. É verdade? Quer dizer, você já o corrompeu? — Solta mais de suas
risadinhas.

Mesmo tendo bebido demais, Dakota é resistente ao álcool e está


mais sóbria do que eu com meus poucos copos de cerveja quente. Penso em
Dylan, que provavelmente é apaixonado por alguém e por este motivo, deve
ser virgem. Então me lembro de Dean, que tem uma queda pela mãe de
Dakota. Minha amiga está louca pelo segurança. E seu pai está pegando a
melhor amiga dela. Os Donovan dariam um programa e tanto no Casos de
Família.

— Você não me respondeu e tem feito bastante esta merda. Começa a


viajar e esquece a vida. Diz baboseiras sobre o amor e entendo que tem
medo por conta do histórico de sua avó e tudo mais, mas está caidinha pelo
meu tio. Sei que fica sonhando acordada com ele quando me deixa no vácuo.
Só por isso, vou relevar.

Engasgo com minha própria saliva e ouço a risada de Dakota


enquanto fica de pé.

— Sua vaca!

— Muuuu. — Muge infantilmente e me engasgo mais ainda por rir.


— Vou deitar. Estou saturada de pensar tanto. Vamos?

Levanto-me, mas hesito quando um pensamento vem a minha


cabeça.
— Vou ficar mais um pouco. Logo, logo entro.

— Ok. Boa noite, baby!

— Para você também, amiga! Se não conseguir dormir, manda


mensagem.

— Fechado.

Após cinco minutos de sua partida, me encaminho para casa. Ando


furtivamente pelos cômodos até chegar ao escritório de Dominic. Nunca
peguei meus vibradores de volta e preciso testar se meu corpo só cede ao
feitiço do Donovan ou se ele abriu as comportas. Se for a segunda opção,
posso paquerar, viver minha vida e colocá-lo no baú do esquecimento em
breve.

Afinal, homens como Dominic, poderosos, acostumados a serem


donos das coisas e de pessoas, como deixa bem claro ao se intitular meu
dono, cansam de usar o mesmo brinquedo por muito tempo. É melhor que o
descarte antes que faça comigo em um momento que esteja envolvida
demais. O amor moldou minha avó e mãe em quem são hoje. Não posso me
permitir ser diferente do que sou, porque eu mesma sou tudo o que tenho, a
única certeza na minha vida solitária. Além de mamãe e vovó e da minha
amizade com Dakota.

Ao abrir a porta lentamente, me deparo com o ambiente escuro e


suspiro ao fecha-la atrás de mim sem fazer barulho. Acendo a lanterna do
meu celular e procuro pela minha mala, perguntando-me em qual lugar um
CEO guardaria os pênis de plástico da babá em seu escritório e não
chegando a resposta alguma.
— Está procurando por isso?

A voz despreocupada me faz dar um pulo. Levando a mão ao


coração, olho na direção que veio o som e vejo Dominic com um ombro
encostado no batente de uma porta acoplada, sem camisa e ainda vestindo a
mesma bermuda de mais cedo, um tornozelo está cruzado sobre a
panturrilha. Sem nenhuma claridade, não consigo ver sua expressão, mas sua
postura é completamente relaxada. Já eu, me sinto uma idiota.

— O que está fazendo aqui? — Pergunto estupidamente.

— No meu escritório? — Inquire com cinismo. — Ah, não sei,


fazendo o que eu quiser, já que é meu. E você? Tão sedenta para ser fodida,
que veio atrás de um pau reserva?

Irritada com seu tom grosseiro, aproximo-me.

— Reserva é o seu. Estes são meus oficiais. — Puxo o vibrador de


sua mão. Ele não o solta. De perto, vejo sua mandíbula apertar com a
irritação. — Costumo sempre mentir, mas aqui vai uma verdade, Sr.
Donovan. Vim aqui para usar quantos deles precisar, para saber se posso
gozar sem você. E aí, poderei fazer com outros ho...

— Te desafio a continuar, bandida. Continue e irei comer o seu rabo


enquanto estapeio sua boceta até você chorar e se desculpar por ser
insolente. — Ele estica o braço e segura a minha garganta de maneira rude,
puxando o meu corpo até nossos narizes estarem colados. Não há a ternura
de quando acaricia o nariz no meu. Há um calor flamejante vindo de seus
olhos verdes, um fogo que me consome da ponta dos dedos dos pés até os
fios dos cabelos. A protuberância sob o tecido de sua roupa roça em minha
coxa e mordo o lábio, tesão me consumindo como labaredas por toda parte e
explodindo entre minhas pernas. — Te desafio a dizer que dará o que é meu
a outros. E eu a farei gritar que é minha. E isso, babe, é sobre foder. Não é o
que quer?
CAPÍTULO 26

Que Estela tem o dom de tirar o meu juízo, é fato consumado. No


entanto, o poder de elevar o nível da irritação a cada vez, ainda me
surpreende. Irritado é um eufemismo, estou puto pra caralho. Irado.

Vim dormir em meu escritório para não correr o risco de ouvir


quando ela chegasse e ceder ao desejo de ficar atrás da infeliz, feito o
cachorrinho que havia me tornado.

Embora Estela tenha aparecido no meu refúgio, procurando seus


vibradores e falando merda sobre dar o que é meu a outros homens. Estou
pouco me fodendo para a razão nesta altura, sobre o quão rude e fora do
personagem tenho sido. Mas é assim que me reconheço agora. Louco por
ela. Alucinado. A ponto de me imaginar cortando as mãos de homens sem
rostos que ousarem tocá-la.

Engolindo em seco, ela segura meu pulso, respirando com


dificuldade por conta do meu aperto em sua garganta. Suas unhas raspam as
bolinhas da pulseira que nunca tirei desde que peguei dela.

— Eu... eu não serei de ninguém... — Empina o queixo, exalando


insolência que faz a bermuda se tornar apertada para minha ereção. — Mas
darei o que é meu a quem eu quiser!

A sua resposta me dá liberdade para fazer o que quiser com ela.


Ainda assim, é uma pílula amarga de engolir quando ouço estas palavras.

— Veremos! — Dou um tapa na lateral de sua coxa e a vejo arregalar


os olhos, mordendo o lábio para reprimir um gemido. Ou insulto. Com ela
nunca posso saber. — Tire a roupa, Estela.

Caminho até o interruptor e acendo as luzes do cômodo. Giro a chave


na porta e sigo até a parede de vidro e puxo as persianas. Estela é apenas
para os meus olhos.

— O que está esperando? — Inquiro, tirando a bermuda, sem olhá-la.


— Aliás, você não quer só sexo? É assim quando eu só fodo.

— Opressivo até nestas horas? Tenho coisa melhor para fazer. —


Aproximando-se de mim, passa o dedo indicador por meu abdômen, fazendo
os pêlos arrepiarem e meu pau contrair. — Como fazê-lo me obedecer. Bem
caladinho, porque assim, eu gosto de você. — Sorri, falsamente.
Replico um sorriso tão venenoso quando o seu e puxo seu pulso,
virando-a de costas, com o braço torcido levemente entre nossos corpos.
Enfiando meu rosto em seu pescoço, inalo em seus cachos volumosos que
estão no caminho. Afasto-os com a mão livre e mordo a veia pulsante,
depois lambo, então chupo, marcando-a propositalmente. Minha. Minha
bandida.

— Dom...

— Isso, babe, este é o único nome que você tem permissão de gemer
assim. — Puxo a saia do vestido, que a infeliz não se deu ao luxo de tirar, e
subo a mão sob o tecido, sentindo seus leves arrepios enquanto cravo os
dedos na pele macia.

— Eu juro que se você continuar falando...

— Você não quer que eu fale, bandida? — Pergunto em um


murmúrio, afastando as alças do vestido dos ombros magros e vendo a peça
cair em seus pés. Seguro um seio pesado e aperto o mamilo com o biquinho
eriçado. — Não quer que eu diga como vou lamber estes seios? Sabe,
Estela? Vou mostrar uma coisa... — Puxo seu corpo, fazendo-a virar de
frente para mim, então a pego em meus braços e a coloco sobre minha mesa.
— Se não estivéssemos só fodendo, eu beijaria você assim.

Seguro sua nuca, fazendo pressão com meus dedos, e beijo sua boca
com lentidão e paixão. A intensidade com que enfio minha língua,
lambendo-a, sugando seus lábios, causa reações em meu corpo que quase me
colocam de joelhos. Meus batimentos acelerados contam uma história
diferente da calma com que a devoro. Sugo sua língua e esfrego meu corpo
no dela, meu peito contra os bicos intumescidos dos mamilos, pele contra
pele.
Enfio a mão em sua calcinha boxer e acaricio o clitóris.

— Dominic! — Estela arfa, os olhos semicerrados quando


precisamos de ar.

— Se eu não fosse só foder você, babe, eu esfregaria este grelinho


inchado assim, enquanto lamberia seus peitos, sugaria os mamilos carentes,
até você implorar pelo meu pau. — Juro, inclinando a cabeça e tomando um
seio na boca, esfregando seu clitóris lenta e tortuosamente, enquanto rodeio
a língua na carne macia de seu peito.

Deixo um chupão na carne e mamo gostoso, mal movendo a mão,


pois ela começa a ondular, rebolando contra meus dedos. Dou a mesma
atenção ao outro seio, olhando-a rolar seus olhos, abrindo a boca e gemendo
baixinho meu nome. Suas unhas cravam em minha nuca, os dedos puxam
meus cabelos, apertam minhas costas.

— Não sei que jogo idiota é este... mas estou implorando, Dominic.
Preciso de você...

Dou um beijo em seu mamilo e inclino-me, beijando sua barriga, o


umbigo, onde faço questão de lamber, então afasto a mão e chupo seu
clitóris.

— Eu chuparia sua boceta, mamando todo esse líquido que você


jorra para mim, minha bandida. Se não fosse só foder, eu abriria suas dobras
e lamberia você todinha, beijando estes lábios melados como beijaria sua
boca.
E faço, lambendo, chupando, empurrando a língua em seu canal
apertado, sugando cada gota do prazer que escorre dela. Seu anseio é tão
intenso que posso senti-la pulsar contra a minha língua. Sugo seu grelo com
mais pressão, enquanto empurro três dedos no seu calor.

— Eu me ajoelharia, babe, porque se não fosse só foder, eu a


endeusaria, me ajoelhando para você enquanto a idolatro com minha língua.
— Ajoelho-me entre suas coxas, arreganhando sua bocetinha para lambê-la
de baixo a cima.

— Meu Deus, Dominic... ai!

A forma como geme e palpita ao meu redor é minha deixa para


abaixar a boxer e me erguer.

Seguro a base do meu pau e sua nuca, colocando-me entre suas


coxas. Olhando em seus olhos nublados de tesão, digo:

— Se não fosse só foder, eu esfregaria meu pau aqui bem devagar


para nos torturar, porque eu amaria este olhar ansioso, os gemidos com meu
nome, os quadris empurrando contra mim, me engolindo aos poucos. —
Esfrego lentamente, observando seus olhos arregalarem e sua respiração
engatar quando olha em meus olhos. Ela empurra os quadris e afunda as
unhas em meus bíceps.

— Dominic. — Sua voz é trêmula, seus olhos alertas.

— Eu meteria bem lento, babe. — Continuo, a voz rouca, a garganta


seca, levando a mão até sua cintura e cravando os dedos em sua carne. Estela
geme, os olhos brilhando. Meto devagar, sentindo suas paredes se abrirem
para mim, seu calor molhado me sugando, apertando, pulsando ao meu
redor. Respiro entre dentes. Estoco lentamente e puxo até estar somente com
a cabeça entre seus lábios vaginais, então arremeto outra vez. — Eu beijaria
você, no mesmo ritmo que meu pau faria na sua boceta.

É ela quem puxa meu pescoço, beijando-me violentamente. Seguro


sua nuca, impedindo sua investida e enfio minha língua em sua boca,
tomando o controle do beijo. Sugo seu lábio inferior e lambo, então enfio
minha língua na sua boca e replico o vai e vem que invisto com meu pau
entre suas pernas. Arremeto lentamente, sem deixar de beijar a boca afiada,
que me enerva, me irrita pra caralho, olhando o rosto que me leva do céu ao
inferno, acariciando o corpo que me colocou no paraíso, fazendo amor com a
bandida mentirosa que tomou o meu coração em algum momento sem
permissão.

Ela está tão habituada a mentir, que mente para si mesma. Não para
mim, embora. Estela nunca conseguiu me enganar.

— Diga, babe, você ainda quer que eu fique calado? Ou quer que eu
continue dizendo o que faria com você se fizesse amor com você, minha
pequena bandida?

Estela fecha os olhos com força e a primeira lágrima escapa. Lambo


sua bochecha, capturando a umidade salgada.

— Eu beijaria seus olhos, minha menina. — Beijo as pálpebras


fechadas. — Beijaria sua testa. — Beijo a região sobre a bagunça de sua
franjinha. — Seu nariz... suas bochechas... queixo, lábios... — Beijo cada
cantinho do seu rosto.
Estela está toda arrepiada sob as estocadas lentas e meu pau pulsa,
quase explodindo na sua boceta quente. Sua excitação escorre pela base,
fazendo o som de cada arremetida ser ouvida junto ao choque dos nossos
corpos. Sinto como me ordenha, evidenciando seu orgasmo.

Inclino a cabeça e mordo o seio esquerdo, fazendo-a gritar e pulsar


ao meu redor. Lambo onde mordi e Estela cai em meus braços. Afasto-me,
retirando-me por completo e volto a meter forte e profundo. Ela enfia o rosto
no meu ombro e goza, gritando, sendo abafada por meu corpo. Seguro os
seus cabelos e a faço me olhar. Puxo o meu pau para fora e rosno:

— Se não fosse só foder, eu faria tudo isso e ainda gozaria em você,


para marcá-la como minha.

Aguardo um segundo encarando-a, esperando que me afaste. Ela não


o faz. Aperto a cabeça do meu pau e masturbo a extensão sob seu escrutínio.
Quando ela afasta minha mão e toca punheta para mim, gozo em sua barriga,
na abertura da boceta e nas coxas. Esfrego meu esperma espesso em sua pele
clara, enfio o dedo melado em sua abertura, ouvindo o gemido que deixa
escapar. Lambuzo mais os dedos e esfrego em seus mamilos, então enfio em
sua boca, sentindo frio subir por minha espinha quando ela me encara sob os
cílios e circula a língua em meus dedos antes de chupar.

Retiro os dedos e afasto os fios de cabelo que grudam em seu rosto


suado, esfrego o nariz no seu e a vejo fechar os olhos antes de enrolar os
braços ao redor da minha cintura e encostar a cabeça em meu peito.

— Se não fosse só foder... — Ela sussurra contra a minha pele. — Eu


juraria que você é meu.

Puxo seu queixo e a faço me olhar nos olhos.


— Então tenha a certeza.

— O que?

— Eu sou seu, pequena bandida. Quando quero esganá-la, quando


quero possuí-la... Eu exijo que seja minha porque desde que sou seu, não há
chance no inferno de que possa ficar sem você.

Estela morde o lábio inferior para reprimir o sorriso, mas seus olhos
não podem ser impedidos de sorrir para mim. Ela perde a luta e todo seu
rosto ilumina enquanto sorri. Com os olhos, as duas covinhas aparecendo e
os dentes a mostra.

— Merda, você é muito safado opressor! Eu não consigo não ser sua.
— Revira os olhos.

— Diga, babe. — Meu tom rouco, murmurado, a faz ficar alerta.

— Eu sou sua.

A possessividade faz meu sangue bombear mais rápido. Meu peito


comprime e beijo sua testa, cheio de carinho com a bandida safada. Estela
beija o meu peito e sorri, acariciando minha barba.

— Diga coisas bonitas, babe. — Arqueio a sobrancelha, provocando.

Estela finge pensar e suspira de forma teatral.


— Seu pau mágico roubou o meu coração.

— Bandida mentirosa. Você caiu por mim antes de ver o meu pau.

— Mas o imaginei muito, foi o suficiente.

Solto uma gargalhada sincera e ela me puxa ainda mais, enfiando o


rosto em meu pescoço e me enchendo de beijos. Aperto sua bunda e sussurro
em seu ouvido:

— Agora que confessou, vamos ao seu castigo.

— Que castigo? — Todo seu corpo estremece quando se sobressalta


e me encara.

— Sobre o desafio. Por aquelas blasfêmias que disse.

— Ah, era blasfêmia? — Estela ri com deboche. — Você eleva o


nível da soberba achando que é um deus.

— Sua atitude deselegante me leva a extremos. — Retruco, puxando-


a para fora da mesa. De pé na minha frente, toda pelada, recuo um passo
para admirar o quão bonita a filha da puta é. — Eu te pintaria se tivesse o
dom.

— Você pinta como eu pinto? — Pergunta em seu idioma, fazendo-


me franzir a testa em confusão. — Você pinta com o meu pinto? — Repete.
— Eu gostaria de ser pintada. Com o seu pinto. — Ela solta um bufo e volta
a falar inglês: — Ah, esquece!

— Você está tentando me distrair? Isso não irá poupá-la. — Abro sua
bunda e circulo um dedo no buraquinho bem no meio. — Eu prometi surrar
sua bunda enquanto enfiava o meu pau aqui, lembra?

Os arrepios sobem por sua pele e ela suspira, toda mole contra mim.

— Pai! — A voz da minha filha e o movimento da maçaneta fazem


Estela endurecer imediatamente.

— Acalme-se. — Digo, esfregando seus braços e beijando sua testa.


— Ela irá entender.

— Dom, agora não. — Suplica. — Deixe as coisas entrarem em


minha cabeça primeiro.

Trincando a mandíbula, assinto com a cabeça e recolho suas peças de


roupa do chão sob os chamados da minha filha. Visto-me e guio Estela até o
banheiro acoplado. Ela me puxa para um beijinho e puxo minha camisa
sobre a bancada da pia para vesti-la e atender Dakota.
CAPÍTULO 27

Escoro-me à porta, respirando fundo, enquanto tento controlar os


tremores nas mãos para me vestir. Estou toda melada de Dominic, com o
corpo saciado e, ainda assim, sedento. O coração não diminui o ritmo das
batidas e nem tem a ver com o choque pela chegada de sua filha.

O homem jurou que me faria assumir que sou dele. Estava preparada
para seu avanço bruto, ansiando, pingando para tê-lo cumprindo a promessa
que fez ao me desafiar. Contudo, Dom fugiu da rota e me deu amor. Com
aquelas palavras, aquele olhar. E eu não fui capaz de fugir do sentimento
colossal que me tomou, das emoções que Dominic me envolveu. Estou
apaixonada pelo pai da minha melhor amiga e a assumir isso não me choca
como achei que faria.
Cansei de viver em negação, pois perderia ter Dominic do jeito que
tive. Do jeito que se deu para mim. Tão desmedido, descomunal. Eu nunca
tive muito nesta vida.

Preciso esfregar o meu peito para tentar acalmar as batidas frenéticas


do coração pela consciência de que o tenho. Dominic Donovan é todo meu.
E eu o quero. Cada briga, cada raiva que me causa, cada desejo assassino,
cada imensidão deste sentimento que não posso mensurar onde começa,
tampouco onde termina. Cada anseio, cada batimento acelerado, cada arrepio
na pele, cada respiração ofegante... Cada sensação de pertencer toda vez que
ele me segura em seus braços.

Por que eu nunca pertenci.

Não a um lar, visto que nos mudamos constantemente e quando


ficamos em uma casa por muito tempo, era de algum figurão que mamãe
seduziu.

E agora sinto que pertenço, não a Dominic, mas ao coração dele.

A voz chateada de Dakota vindo do escritório me puxa para o


presente. Visto-me rapidamente e fico próxima da brecha da porta,
conseguindo ouvi-los.

— Fui ao seu quarto, pai. Está trabalhando a esta hora? O senhor não
estava fazendo uma pausa pelos meninos?

— Estou, filha. Apenas precisei resolver uma coisa rápida. Já estava


subindo. — Sua voz se torna preocupada e imagino o vinco entre suas
sobrancelhas causando aquela ruguinha quando inquire: — Por que parece
chateada, querida? Sente-se, venha cá!

Toda sua atenção é da filha agora e meu peito aquece. Este tom é
apenas dirigido a ela e aos meninos.

— Pai, quero que o senhor prometa que não vai surtar. Não estava
conseguindo dormir e precisava te contar.

— Por que eu surtaria?

— Melhor o senhor sentar também...

O silêncio persiste por uns segundos.

— Diga, filha. Estou preocupado. Alguém te disse besteira na


internet? Irei abandonar a ideia de seguir com a lei, e eu mesmo irei atrás
destes infelizes.

— Não, papai. — Dakota ri. — Estou apaixonada.

Outros segundos de silêncio. Dominic é sempre muito cuidadoso


com o que externa para ela.

— Isto é bom, não é? Ou o desgraçado a magoou?

— Ele não sabe, pai. É por isto que vim pedir que me ajude.
— Dakota, veja a si mesma. Você não precisa de ajuda para
conquistar ninguém. É linda, inteligente, doce, divertida, amorosa... Se este
palhaço não viu isso, não a merece. Ele é que tem que lutar para conquistá-
la. — A indignação em sua voz me faz rir baixinho. Este homem!

— Pai, calma. Não é assim, vou direto ao ponto. Estou enrolando e o


confundindo.

— Estou esperando, mas juro que já me sinto inclinado a bater neste


sujeito. — O rosnado de Dom faz meus ovários explodirem.

— Sou apaixonada por ele há muitos anos e ele não faz ideia, mas
estou sofrendo por estar perto. Agora quero voltar para o Brasil, sem Liam
como segurança.

— O que? — Tenho absoluta certeza de que Dominic está


afrouxando a gravata inexistente. — Vou matá-lo!

— Pai!

Olho pela brecha e vejo Dom de pé com Dakota o segurando.

— Aquele filho da puta!

— Ele não sabe, pai! Pelo amor de Deus! — Dak grita e começa a rir.
— Liam não sabe, ouviu? Não surta. Sou eu que estou sofrendo por gostar
dele e quero outro segurança.
— Você não devia rir. Venha cá! — Ele abre os braços para abraçá-la,
mas recua. — Espere, eu estou suado porque... malhei...

— Malhou? Aqui? — Dakota franze a testa.

— Sim, estava precisando e aí...

— Você está bem, papai?

Ele solta uma risada e preciso cobrir os lábios para não rir alto.
Dominic não quer abraçar a filha porque está suado de sexo.

— Estou, meu amor. E você? — Segurando a mão dela, a puxa para


o sofá creme. — Por que se apaixonou por aquele imbecil? Veja você, filha.
É linda... perfeita.

— Pai... — Dakota deixa cair uma lágrima em meio a um sorriso


encantado. — É por este motivo que sou tão mimada. Sempre me disse estas
coisas.

— Direi até o fim dos meus dias. — Ele se inclina e beija a testa da
filha.

Afasto-me, suspirando, sentindo a garganta embargar. É um


sentimento agridoce. Lembro do meu pai e como me descartou. Sinto-me
orgulhosa de Dominic. Dak sempre disse coisas boas sobre ele, mas ver um
pai sem vergonha de ser carinhoso com a filha adulta é algo raro de se ver.
— Posso voltar para o Brasil sem ele?

— Tem certeza que ele não sabe desta história? Eu... — Dom limpa a
garganta e sua voz evidencia como é difícil para ele dizer as palavras
seguintes: — Seria impossível lidar com uma merda assim, mas você tem
certeza que quer se afastar?

— O que quer dizer? Que é para eu conquistá-lo? — Dak brinca,


segura, confiante, porque foi assim que ela foi moldada pelos pais em sua
criação.

— Porra! Não. — Ele grunhe. — Quer dizer, se é isso... se realmente


gosta daquele fodido. O que viu nele, meu bebê? — Seu tom é quase um
choramingo. — Ele é velho e aquela barba... Aquilo tem uma aparência suja.
Deve grudar os alimentos. Seria horrível para você beijá-lo e... Que nojo.
Foda-se!

— Ele tem a sua idade, pai. — Dakota ri. — Isso não é velho, é
maduro. E se tornou tendência ter um velho da lancha.

— O que?

— É uma coisa dita no Brasil, tipo sugar daddy. Um cara rico para
bancar a novinha.

— Você já tem a mim, querida. Há dinheiro para seus bisnetos.

Os dois riem e Dakota diz:


— Obrigada por apoiar, mesmo odiando a ideia. Se um dia quiser
tentar, o senhor será o primeiro a saber, porque é o meu melhor amigo. No
momento, só quero me afastar e clarear a mente.

— Como você quiser, colocarei um segurança mais jovem desta vez.

Dakota gargalha.

— Eu te amo! Obrigada, papai.

— Não me agradeça. Eu sou o seu pai, amo você.

— O melhor pai!

— Não abrace, Dakota. É sério, não...

Enquanto ela gargalha, Dom faz sons de nojo. Sorrio ao ouvir Dak se
despedir e exigir que ele vá descansar. Ele promete que ficará somente cinco
minutos e fecha a porta após a filha ir.

Saio do banheiro e confiro se ele lembrou de trancar a porta.


Dominic está segurando a cabeça com as mãos e apóia os cotovelos nos
joelhos. Puxo seus braços e sento-me de lado em seu colo.

— Ei.
— Babe. — Sussurra, subindo as mãos por meus braços e ombros,
pescoço e então rosto. Ele afasta os meus cabelos e esfrega o nariz no meu.
— Você ouviu este desastre?

— Dak é adulta, Dom. Sou apenas dois anos mais velha do que ela,
então não seja hipócrita.

Ele faz uma careta e se afasta, encostando-se no sofá.

— Isto é que é pior. Ser um hipócrita com minha própria filha.

— Você não foi. — Massageio seus ombros, mudando a posição e


ficando de frente para ele, com as pernas dobradas nas laterais das suas
coxas. Sua mão sobe e desce lentamente sob a barra do vestido, numa carícia
tão sutil quanto ele pode ser. — Você deu a liberdade para ela ficar com ele
caso existisse algo. Dak sempre me falou sobre os pais incríveis, mas ouvir
esta conversa me fez entender o motivo dela ser tão maravilhosa.

— Dakota nasceu quando eu era muito jovem, sequer namorava


Lorena. Tinha sido uma vez e depois o baque da notícia. Esforcei-me para
ser o melhor pai e, mesmo não tendo um relacionamento e vivendo em
países diferentes, Lorena e eu conseguimos conciliar tudo da melhor
maneira. Tenho dúvidas, arrependimentos, noção de ter errado, até faltado,
em vários momentos, mas vê-la sempre confiante de me dizer o que sente,
me diz que no que mais importava fui bem. Nunca quis ser um ditador para
minha filha, foi difícil não replicar a maneira como fui criado.

— Seu pai era um ditador? — Inquiro, curiosa.


— Muito. — Sorri. — Ele morreu no momento certo ou teria mil
infartos se convivesse com Dean na adolescência.

— Pelas coisas que dizem, sei que criou seus irmãos...

— Não criei, só fui a figura masculina presente em suas vidas.


Mamãe era incrível, babe!. Vocês se amariam.

— Mesmo? — Sorrio.

Ele volta a me olhar e passa o polegar em meu lábio, seus olhos


intensos.

— Ela sonhava com o dia que encontraria o amor da minha vida.


Dizia que boca de mãe era maldita e que nenhum de nós passaria por este
mundo sem amar loucamente. Minha mãe não amava o meu pai e sempre me
contou sobre como sonhava em se apaixonar, mas não tinha acontecido.
Dizia que sua missão era ser mãe. E ela foi a melhor.

— E você encontrou o amor da sua vida? — Minha voz soa rouca,


baixinha.

— Eu encontrei, babe.

As mãos sobem por minhas coxas, agora apertando a carne daquele


jeito dele. Minha respiração ofegante faz o peito subir e descer de forma
intensa.
— Como se sabe uma coisa dessas?

— Com quase quarenta anos, depois de ter vivenciado tanto e não ter
sido impactado por quase nada, eu apenas sei. Sinto que é aquele tipo de
sentimento que aos noventa anos, se estiver vivo, vou carregar comigo. Vou
fechar os olhos e ver olhos escuros, covinhas, franja cacheada...

Limpo a garganta, sentindo meu peito comprimir.

— Você passará dos noventa, pois vaso ruim não quebra. — Inclino-
me e esfrego os lábios nos seus. — Eu acho que estou gostando de você,
Dominic.

Ele solta uma gargalhada. Cubro sua boca com minha mão, pois
Dakota pode retornar para verificar se ele continua “trabalhando”. Dom
lambe minha palma e solto um gritinho.

— Eu também gosto de você, Estela! — Diz com os olhos


sorridentes, as ruguinhas aparecendo ao redor.

— Pensei que passava do gostar, já que sou o amor da sua vida. —


Cruzo os braços.

— Não disse que é você, babe.

— O que? Não sou eu? — Pergunto, indignação escorrendo da minha


voz. — Que história é essa, Dominic?
— Como assim?

— Quem é o amor da sua vida? Você não espera que eu vá deixá-lo


se safar só porque vai estar velho à beira da morte, certo?

— O que? Não estou acompanhando seu raciocínio.

— Quando fechar os olhos e pensar em outra mulher! Vou socar sua


cabeça e interná-lo num asilo! Se eu não incorporar a Nazaré Tedesco e te
empurrar da escada para ficar com sua herança. Ser senil não vai te safar e...

O homem segura minha nuca com brutalidade e bate sua boca contra
a minha. O beijo é faminto e rude, sem controle. Gemo em seus lábios,
desnorteada, uma onda de sensações e emoções. Ele puxa meus cabelos,
movendo minha cabeça como bem quer e enfia a outra mão em minha
calcinha, empurrando-a para o lado, enquanto desce beijos por meu pescoço.

— Tire meu pau da bermuda, coloque-o dentro de você.

Arfando, com os olhos semicerrados e os dedos trêmulos, o liberto da


roupa e esfrego a cabeça gorda lentamente, sentindo jorrar pré-sêmen e
molhar meus dedos. Dom arfa e empurra contra mim, afastando a alça do
vestido e sugando um seio na boca. Gemo e o guio para dentro de mim,
sentindo-o me abrir toda, mesmo tendo o levado há pouco tempo.

Apoio-me em seus ombros e ele puxa a cabeça para beijar minha


boca enquanto subo e desço em sua extensão longa. Sinto-me escorrer ao seu
redor, meu canal abrindo para recebê-lo. Movo os quadris, rebolando e o
gemido gutural que lhe escapa me dá uma sensação de poder.
Inclino-me e lambo sua garganta, mordendo e chupando, marcando
como faz comigo. Mordo seus ombros, círculo a língua ao redor do mamilo.
Arranho sua pele, subindo, descendo e esfregando meu clitóris em sua
extensão, rebolando daquele jeito, repetidas vezes, seus gemidos me
deixando ainda mais excitada.

— Será que o amor da sua vida tira sua compostura assim, Sr.
Donovan? Será que já viu este rosto desnudo da máscara de dono do mundo?

— Me diz você, babe. — Ele me puxa, tirando-me de cima dele e


afastando nossos corpos para me colocar deitada de bruços sobre o sofá.
Sinto seu peito em minhas costas quando afasta meus cabelos e murmura em
meu ouvido: — Será que já tirou minha compostura e qualquer fodida
máscara?
CAPÍTULO 28

A sensação de que meu coração pode abrir um buraco em meu peito


a qualquer momento é surreal. O homem me transforma numa pilha, numa
máquina de sensações loucas.

Eu achava que sabia para onde sua conversa estava indo em um


momento, então ele brincou comigo e me deixou irada só para fazer tudo
mais gostoso ao me pegar deste jeito que só ele é capaz.

— Dom...
— É você, Estela! E você está tão enganada de pensar que só viu
minha compostura ir pelos ares agora. — Ele desce beijos por minha nuca,
morde minhas costas, fazendo-me gemer. — Você sempre será a minha
bandida, babe, porque você roubou a porra do meu juízo desde a primeira
troca de olhares.

— Oh, meu Deus! — Grito ao senti-lo abrir minhas nádegas e lamber


meu ânus sem pudor algum. Contorço-me, luxúria me varrendo dos pés a
cabeça. — Eu nem sei que merda você faz comigo... você...

— Te fiz minha. Toda minha. — Rosna enfiando a língua no buraco


intocado.

Meu corpo estremece, arrepiando-se por inteiro. Apreensão e


curiosidade me pegam de jeito, mas o tesão finca as garras em mim por
qualquer coisa que o homem faça.

— Este rabo esteve esperando por mim, não esteve? Eu disse que me
enterraria aqui... — Dominic afunda um dedo e o deixa parado. — E não
consegui me afastar da sua boceta, que é minha perdição do caralho. —
Subindo sobre o meu corpo, empurra o pau na minha bunda, o esfregando de
cima a baixo entre as nádegas e murmura em meu ouvido: — Porque eu não
minto, minha bandida mentirosa. E eu não posso deixar de fazer minha
palavra valer.

Então me faz gritar quando dá um tapa forte na minha bunda.

— Ai! Dom... Ai...


— Caladinha. Vai ficar quieta, ouviu? Você tem pose para me dizer
merdas, não têm? Agora vai aguentar meu pau te arrombando nesse cuzinho
apertado. — Ele adiciona outro dedo, a invasão já sendo ardida e, ainda
assim, meus gemidos não cessam e meu corpo ondula contra o bastardo.
Meu clitóris roça no tecido do sofá e a sensação de queimação que causa é
estimulante ao ponto de sentir latejar e escorrer. — É virgem aqui? —
Pergunta baixinho, lambendo minha orelha.

— Sim... — Suspiro.

— Bom.

Dominic se afasta e o gemido de protesto que solto reproduz a falta


que meu corpo sente. Vejo-o se despir e caminhar, exibindo a bunda branca e
dura, em direção ao banheiro. Ele retorna com um frasco de óleo.
Rapidamente sinto minha pele gelar e me sento, ajeitando a roupa.

— Você guarda um lubrificante aqui para que?

Ele arqueia a sobrancelha, aproximando-se com o pau em riste quase


batendo no meu rosto. Luto para não ceder aos anseios da minha vagina
desesperada.

— Para usar.

— É mesmo? — Levanto-me irritada. — Então use com quem você


costuma usar!
Viro para ir até a porta, o calor do ciúme me corroendo de um jeito
diferente do fogo anterior. A porra do frasco está na metade. Ele é um
homem adulto, vivido, nenhum de nós é virgem, mas não consigo conter o
temperamento.

— Que deselegante, Estela. — Dominic zomba e me puxa pelo


pulso, fazendo nossos corpos se chocarem. — Isto aqui foi usado durante as
semanas infernais em que você esteve sob este teto e eu não entendia e
aceitava o que sentia. Mas meu pau sabia e me obrigou a bater punhetas em
sua homenagem, como um adolescente idiota.

Mordo o lábio para não sorri e Dominic esfrega minhas bochechas


quentes pela imaginação dele neste escritório se tocando por mim.

— Tantas vezes assim? — Olho por sob os cílios, desconfiada.

— O propenso a contar mentiras nesta relação não sou eu. Houve um


dia que menti, embora. Fugi do jantar dizendo que estava com dor de cabeça
para colocar o bilhete sob sua porta.

— Aquele bilhete foi fofo. — Sorrio, então belisco seu braço. — Que
deselegante o Sr. Não Minto contando mentiras!

— Para ter aborrecimentos. — Rosna e me puxa contra o seu corpo.

Sentir seu pau gostoso entre nós traz cada sensação de volta.

— Nunca fiz isso. E, ainda assim, quero tudo com você. —


Confesso. — Ainda não sei lidar com tudo isso.
— Vou ter paciência com você nos momentos que não quiser
enforcá-la. — Sorri e mordo o lábio.

Dominic se inclina para me beijar e enrolo os braços em seu pescoço


quando puxa minhas pernas, suspendendo-me. Toda escancarada contra sua
barriga, esfrego-me nele sem vergonha. Move-nos, batendo minhas costas
contra a parede e penetra minha boceta de uma vez só, minha cabeça
batendo com sua investida rude.

— Meu Deus!

— Caralho, eu sou louco nessa boceta. — Grunhe, apertando minha


coxa contra sua cintura e metendo rápido. Ele afasta uma mão e entrega-me
o lubrificante. — Abra, Estela. Vou fazer seu cuzinho esticar para me
aguentar.

Oriento-me para abrir o frasco e derramo com exagero em sua mão.


Dominic ensopa meu ânus e penetra três dedos, deixando-os parados
enquanto seu pau vai fundo e rápido. Deixo o lubrificante cair, minha cabeça
batendo na parede, minhas costas, enfio o rosto em seu pescoço para abafar
os gritos. Suas estocadas diminuem de ritmo quando começa a mover os
dedos lá atrás. Enfia fundo e sussurra:

— É bom, babe, estar toda cheia de mim? Porque é só isso que resta
para você, bandida. Irei atear fogo naqueles vibradores inúteis. Cada buraco
seu me pertence, cada um é para o meu uso, é para eu dar prazer à você
como eu bem entender.

— Porra, Dominic!
Convulsiono sobre ele, o mordendo forte, seu grunhido e as
arremetidas profundas fazendo o som de suas bolas ecoarem com o som de
nossos quadris batendo. Rebolo, adorando a sensação de estar toda cheia,
meu corpo acatando as barbaridades que este neandertal diz. Cada célula
entregue ao prazer abrasador que só ele apresentou.

— Essa bocetinha se abre toda para mim, me suga, pisca ao meu


redor e me esmaga tão gostoso, porra.

Cravo as unhas em seus ombros e desço ao encontro de suas


investidas, meus seios saltando, meu clitóris roçando em sua base a cada
subida e descida. Os dedos no meu ânus já não me causam incômodo e
quando estou prestes a gozar, Dominic se retira e me leva para o sofá,
colocando-me de bruços. Xingo até sua décima geração mentalmente, mas
deslizo para o paraíso orgástico quando sua boca chupa toda a minha boceta.

Ele se afasta e me monta, então sinto a cabeça polpuda invadindo


pouco a pouco, fazendo a dor rascante me arrepiar de um jeito incômodo.
Agarro o sofá e Dominic rodeia minha cintura, incitando meu clitóris e
beijando minha boca, fazendo qualquer incômodo ser esquecido com o peso
do seu corpo sobre o meu. O atrito dos seus dedos à medida que mete
lentamente começa a trazer o prazer de volta. Meu sangue bombeia mais
rápido, meus dedos formigam e minhas coxas tremem.

— Eu me sinto a ponto de explodir e mal comecei. Ter você é assim,


tem este efeito. Incômodo quando desconhecido ou não aceito. Colossal
quando abraçado e bem-vindo.

— Este seu jeito poeta fodedor é minha perdição, Dom. — Gemo


cada palavra feito uma idiota, mas arrepios me percorrem quando ele ri em
meu rosto.
Dominic se afasta e senta, as pernas dobradas em minhas laterais,
uma mão segurando meus cabelos em punho e a outra livre para estapear
minha bunda, enquanto me castiga com estocadas brutas e tapas ardidos. Seu
estoque de putaria doce não acaba enquanto me come tão gostoso como
sempre faz. Sinto-me nas nuvens antes de ser empurrada em um voo incrível
quando gozo, tão bêbada de prazer, que estou rebolando contra seu pau.

Dominic mete duas profundas e lentas vezes apertando minha carne e


puxando meus cabelos quando goza forte.

Ele cai sobre mim, inspirando, beijando meu rosto.

Sinto-me prestes a cair no sono, mas ele se afasta, tira minha sandália
de tiras nos tornozelos, beijas meus pés e me puxa para ficar de pé. Protesto,
abraçando sua cintura e ele beija minha testa. Então puxa-me para os seus
pés, andando comigo até o banheiro, sem permitir que eu coloque meus pés
no chão.

Tomamos um banho delicioso, com o papai gostoso cuidando de


mim. Depois subimos para o seu quarto e adormecemos emaranhados.

Até eu voltar a odiá-lo no dia seguinte por me acordar às cinco da


manhã. Não me chupando como deveria, mas batendo na minha bunda e me
obrigando a ir ao meu quarto me vestir para correr com ele.

O sentimento só piora quando aproveito que estou longe dele para


dormir em minha cama, mas ele aparece cinco minutos depois e me leva sob
protestos para esta tortura.
Sentada no gramado da área externa ao lado de Dakota, Dean e
Dylan, observo Ethan e Noah brincarem de jogar a bola um para o outro,
enquanto Zeke tenta pegá-la, correndo no meio deles. Dominic levou Paige
para resolver algo sobre a tutela dos pequenos.

— Parece uma eternidade desde que viemos para cá. — Dylan


comenta.

— Sinto muito abandonar vocês, galera, mas vou voltar para o Brasil
esta semana. — Dakota anuncia.

— Já? — Pergunto.

— Sim, mas papai conversou comigo e você continua aqui com os


meninos.

— Preciso ir à Nova York por uns dias. — Dean informa.

— Fazer o que? — Dak inquire.

— Trabalhar. Fazer qualquer coisa. Só estou surtando por estar preso


aqui. — Ele deita de costas contra o gramado e todos parecem se perder em
seus pensamentos.

Passaram-se quatro dias desde que assumimos tantas coisas em seu


escritório. Confesso que meu instinto após cair em mim, foi de fugir. Mas
não fiz. Invadi seu quarto para dormir com ele e transar feito a coelha que
me tornei. Apenas para me arrepender de manhã por ser obrigada a ir a sua
corrida idiota. Juro que planejei nocauteá-lo e jogá-lo no mar, só não fiz
porque ele tira a camisa sempre que o suor fica demais e aqueles shorts
curtos que usa o deixam uma delícia.

É difícil conter o impulso de tocá-lo e os olhares diante de todos, mas


os outros Donovan parecem estar em seu mundo e ficaram mais reclusos
ultimamente, principalmente Dean.

A bola voa em nossa direção e logo há um cão babão pulando sobre


Dean para alcançar a bola. Isso arranca uma risada de todos e quando Noah
vem correndo, rindo, dizendo que era sua ideia para nos animar, todos são
genuínos ao lhe dar atenção.

Após nos juntarmos à brincadeira, ficamos um longo tempo


brincando, até que chamo os pequenos para tomar banho e lanchar. Na hora
do banho rola uma resistência.

— Por favor, Star! Nem estamos sujos! — Noah implora.

— É verdade. Hoje nem tá calor! — Ethan ajuda.

— Vou fazer um teste, se vocês passarem, ficam sem banho.

— Que teste é esse? — Ethan pergunta, curioso.

— Me dá aqui sua mão. — Peço e ele estende o braço sem hesitar.


Puxo seu braço para cima e cheiro seu sovaco, brincando e fazendo “oinc
oinc” e rindo junto às suas gargalhadas. — Agora você! — Sem o fator
surpresa, Noah aproveita para escapar, mas o pego e cheiro seu pescoço,
fazendo o mesmo som e o enchendo de cócegas. — Eu juro que esse
cheirinho azedo são seus corpos implorando por um banho e nem eu posso
livrá-los disto. Vão!

Ambos bufam e resmungam, mas coloco Só Pra Quem Manja nas


Dancinhas do DJ Méury e MC Black no celular e animo a dupla enquanto
Ethan se lava e deixo Noah limpinho. Depois que saem do banho e os visto,
pedem para aprender a dança que eu estava fazendo.

O brega funk é empolgante, somada a batida de Vira-vira dos


Mamonas Assassinas, fica melhor ainda.

Aperto o replay e começo a me mover sob os olhos curiosos e


corpinhos imitando. No momento que pede a dancinha dos Mamonas, dou
aqueles pulinhos curtos girando o corpo de um lado a outro e bato palmas
para os pupilos.

A parte mais engraçada é na dancinha do Michael Jackson. Ethan e


Noah me fazem rir horrores ao vê-los tentando o moonwalk, tentando se
mover para trás enquanto parecem andar para frente. Não que eu saiba fazer
algo decente.

Quando ensino o passo do brega funk, nos acabamos de rir juntos.


Em seguida esquecemos o resto da música, pois Noah arregala os olhos e faz
Ethan e eu virarmos na direção da porta para encontrarmos os olhos estreitos
do seu tio, que está com um ombro encostado no batente e a mão para trás e
a outra enfiada no bolso da calça.
Preciso controlar a respiração ao examiná-lo. Seu terno é azul
marinho, alguns botões da camisa branca estão desfeitos e sua gravata está
jogada sobre um ombro, como se nem tivesse parado antes de vir até aqui.

— Dançando funk. — Acusa com a sobrancelha arqueada.

— Brega funk. — Conserto, cruzando os braços.

Ele sorri e caminha até mim, então exibe um vaso com pequenas
flores cor de laranja e vermelhas.

— Eu vi e trouxe para você.

— É mesmo? — Sorrio, pegando o vaso e admirando as plantinhas.

— Chama-se papoula da Califórnia.

— Obrigada, Dom. Vou pesquisar sobre como cuidar bem delas.

Ele pisca para mim, pisca!, e eu abro um sorriso de tê-lo enquanto


ele beija as cabeças dos meninos e comenta:

— Agora podem voltar a fazer estas danças esquisitas de vocês.


CAPÍTULO 29

“É um milagre. Tudo o que Deus criou pensando em você. Fez a


Via Láctea, fez os dinossauros. Sem pensar em nada fez a minha vida. E
te deu...”
PS: Realmente posso imaginar os dinossauros sendo criados
pensando em você.
PS2: Eu posso estar obcecado por músicas brasileiras.
DOMINIC DONOVAN.

Não tenho condições com este homem! Suspiro, relendo o bilhete


que deslizou pela minha porta há pouco. Além de citar um trecho de Eu Te
Devoro, do Djavan, um dos meus cantores preferidos, ele fez questão de
assinar com seu nome para não haver o risco de perder os créditos. Ainda
bem que Dakota não apareceu antes que eu visse, pois seu pai parece louco
para que todos saibam sobre nós.

Tenho sido o mais discreta possível desde que começamos a querer


escalar um ao outro em qualquer lugar. Estamos há uma semana nos
esgueirando, embora o mais difícil seja impedir as trocas de olhares. Só não
fomos descobertos porque todos estão dispersos em seus problemas, então os
únicos a fazer questionamentos são Ethan e Noah.

Fecho os olhos e rolo na cama, quase comendo o papel porque quem


o escreveu é um gostoso irresistível.

Guardo seu bilhete em uma caixinha em que tenho mantido os outros


e sigo para o banho. Vamos jantar todos juntos, pois amanhã Dakota voltará
para o Brasil. Estou evitando uma conversa séria com Dominic, mas
independentemente da nossa situação sinto que é minha hora de voltar. Mal
tenho encontrado mamãe e vovó, que só vivem aos passeios com Norman.
Isso não significa que quero me afastar de Dom. Levei algum tempo para
aceitar este sentimento, mas já compreendi que não vou me livrar dele só
porque tenho receios.

Nunca me impedi de viver como desejei e agora não posso impedir


este desejo de crescer.

Após o banho, visto-me com uma blusinha branca de alças finas,


decote reto, saia amarela, longa até os tornozelos, com babados lindos,
dando um movimento incrível ao tecido. Coloco meus acessórios e prendo
os cabelos na parte de cima, deixando os fios soltos embaixo e algumas
mechas nas laterais ao lado da franja.
Depois de calçar as sandálias, sigo até o quarto dos meninos para
verificar se Paige precisa de ajuda.

— Precisa que eu fique com eles enquanto você se arruma?

Ela sorri, grata.

— Eles ficam bem enquanto me arrumo, mas tenho certeza que


querem que você fique com eles. Certo, meninos?

— Sim! — Noah joga os braços para cima enquanto Ethan confirma


com os polegares.

Jogo-me na cama ao lado dos dois e recebo os melhores abraços do


mundo. Zeke late e pula ao nosso lado, sentado, nos olhando com a língua
escapando da boca e o rabo chicoteando para os lados.

— Meus meninos favoritos! — Beijo os pequenos e bato no colchão.


— Você também, babão. — Sorrio quando ele esfrega a cabeça em minha
mão e deita, todo espaçoso entre nós.

Paige vai para o próprio quarto e Ethan começa a me contar sobre o


jogo novo que Dylan baixou para ele.

— Será que tem espaço para mais um aí? — Dakota pergunta,


olhando da porta.

— Entra, sua boba. — Brinco.


— Tô triste porque a Dakdak vai embora. — Noah faz beicinho, mas
Dak e eu gargalhamos por ele repetir o apelido que uso para chamá-la.

— Não fica triste, Noah. Eu moro no Brasil, mas sempre visito papai.
Fiquei ausente nos últimos meses, só que desta vez, ficarei morrendo de
saudade de dois certos príncipes e voltarei logo!

— Que príncipes? — Noah quer saber, todo fofo.

— Deve ser o tio Dy... e o Ethan! — Provoco e o vejo fazer aquele


bico adorável. — É brincadeira! É você e seu irmão. — Agarro-o, enchendo
de beijos enquanto ri.

— Star é tããão bobinha!

Dakota e eu rimos mais ainda. Mas a risada cessa quando vemos a


expressão de Ethan. Ele está calado e, claramente, chateado. Esta coisa de
despedida ainda é um gatilho para ele.

— Ei, E! — Dak tenta conversar com o primo, que permanece


quieto. Dou espaço para que ela sente-se ao lado do pequeno. — Quando eu
era pequena, sentia falta do papai quando ele não podia estar no Brasil.
Também ficava com medo que ele não fosse voltar. Mas ele fazia uma coisa
que me deixava confiante.

— O que? — Ethan pergunta, curiosidade vencendo o receio.

Dakota segura o rostinho dele e esfrega a ponta do nariz no dele.


— Esta é uma promessa de nariz. Prometo que volto logo! Promessa
de nariz de Dom Donovan não pode ser quebrada.

Ethan leva o dedo ao nariz e toca, seu semblante mudando e


iluminando rapidamente. Ele enrola os braços ao redor do pescoço da minha
melhor amiga e preciso respirar fundo para não chorar.

Toco meu próprio nariz, pensando nas vezes que Dom esfregou o
seu. Sinto-me iluminar como Ethan, a sensação de ser especial, inundando o
meu peito e embargando a minha garganta.

— Vamos abraçar também? — Incito Noah e pulamos nos dois, que


começam a rir.

— Por que você tá chorando, Star? — Noah pergunta, franzindo as


sobrancelhas.

Fungo e seco as lágrimas que caíram sem eu perceber.

— É porque amo vocês. Muito!

— Mil milhões? Como o Homem de Ferro?

Sorrio, porque Dylan fez estes dois ficarem viciados na Marvel.

— Eu amo vocês daqui à... Ao planeta mais distante do sistema solar.


Eu era péssima em ciências e não sei qual era.
— É Geografia! — Dakota corrige, rindo com vontade. — Era Plutão
até ele passar a ser considerado um planeta anão, então agora o planeta mais
distante do sol é Netuno.

— Bem nerd, graças a Deus! — Implico e ela joga os cabelos loiros


em meu rosto.

— Loira sim, gostosa e inteligente também!

— Então Star é burra e Dakdak é esperta. É igual Ethan e eu. Ele é


burro e eu sou esperto. Vamos, Dakota, temos que ficar juntos! — Noah salta
da cama, puxando a prima, que está se acabando de rir.

— Burro é você, bebezão! — Ethan retruca, indo com eles.

— Vocês já esqueceram meu choro por te amar daqui à Netuno? —


Bufo. — Homens!

Zeke late e lambe minha bochecha. O último romântico!

Aproveito que saíram antes e envio uma mensagem para Paige,


avisando-a. Logo passo no quarto de mamãe. Norman está deitado de bruços
na cama, enquanto minha mãe massageia as costas dele e vovó, com uma
careta terrível, cutuca os pés do velho.

— É assim que pagam os passeios e presentes? Agindo como se ele


fosse um bebezinho? — Pergunto em português, fazendo ambas
sobressaltarem.
Norman nem se mexe, provavelmente chegando ao estágio dez do
sono senil.

— Por Deus, Estela! Quase me mata de susto. — Mamãe reclama,


olhando sobre o ombro.

— Só veio para nos criticar? Lembro-me de uma época que estava


planejando ser como nós. Não atire pedras em nosso teto. — Vovó acusa.

Só consigo reparar no colar de pérolas tão apertado em seu pescoço,


que me questiono como não está sufocando no chão.

— Não estou criticando as madames, só estou dizendo que dei uma


boa quantia do que recebi de pagamento para ambas. Ainda assim,
continuam tolerando este... senhor. — Faço uma careta ao ver os pés do
folgado. — A senhora nem deveria estar aqui, deveria estar aposentada! Ser
trambiqueira também cansa. Precisa aproveitar o fim da sua vida, vovó.

— Fim da sua vida uma ova, sua infame! — Exclama, irritada.

Rio baixinho, pois senti saudade de provocá-la.

— Amanhã vamos fazer algo juntas, ok? Nós três.

— Mas Norman não fica sem a gente! — Mamãe protesta.


— Mãe, ser trambiqueira nem é seu maior pecado. Ser omissa, sim.
Está na hora de crescer. Aliás, já passou. Vovó é o que quer ser, você vai na
onda. Pelo amor de Deus! Um mulherão desses aturando este homem... Você
não é mãe destes velhos que engana. — Não controlo a amargura. — Você é
minha mãe! E de Lucas.

Seus olhos quase pulam de órbita enquanto sua boca abre e fecha em
busca de palavras que não surgem. Vovó levanta-se, o dedo indicador em
riste, as unhas elegantes, pintadas de branco, apontadas para mim. Algo a faz
estacar no lugar, embora.

Sinto duas mãos em meus ombros e respiro, sentindo que prendia o


fôlego. Seu cheiro vem de encontro aos meus sentidos e a sensação se
assemelha a como nos sentimos quando inalamos o ar puro após emergir de
um mergulho. Seus longos dedos massageiam a tensão sutilmente.

— Está tudo bem? — Dom pergunta só para eu ouvir.

Assinto com a cabeça, sem virar para encará-lo.

— Só estava combinando de passar umas horas com as duas amanhã.


— Finalmente o olho sobre o ombro e todo fôlego recuperado se esvai ao vê-
lo, como todas as malditas vezes. — Posso tirar um momento para isto?

— Claro. — Dom estuda meu rosto e olha a cena à frente, como se


só agora se prestasse a tal. — Senhoras. — Cumprimenta as mulheres.

Mamãe pula da cama, ajeitando a blusa de tecido leve por dentro da


calça pantalona, olhando-o com aquele olhar de cachorrinho, que já lhe
rendeu muitos homens comendo em suas mãos. Sinto a carranca se formar
em minha expressão e viro-me, empurrando Dominic para fora.

— Dominic. Como vai? Moramos na mesma casa e mal nos


encontramos. — Cantarola.

— Não moramos, mamãe. — Retruco, olhando-a de soslaio. — Eu


trabalho aqui e trouxe as duas por bondade de Dakota. — Volto a empurrar
Dominic e resmungo: — Vamos logo! Dakota deve estar nos esperando para
jantar e então poder voltar ao Brasil.

— Ah, não! — Mamãe exclama, já aparecendo ao nosso lado. —


Dakota vai voltar? Preciso me despedir. Eu a adoro tanto! — Diz, olhando
Dominic. — Ela é como uma filha para mim.

Vovó surge do outro lado, cercando-nos.

— E uma neta para mim! Até me chama de vovó às vezes. — Seca


uma lágrima inexistente.

Dominic está sério, me observando, nem de perto parecendo irritado


com o fato de duas bandidas estarem tentando o ludibriar. Ao que parece,
sua ira só dá as caras para mim. Bastardo!

Passo por ele, irritada com este sentimento de posse que sinto ao seu
respeito. Quase levo a mão à garganta para afrouxar minha gravata
imaginária, como o infeliz faz diversas vezes, por estar me sentindo
sufocando, seja de desejo ou de raiva, como agora.
Dominic segura meu pulso e abre uma porta dos quartos, puxando-
me para dentro e fechando-a atrás de nós. Estou me posicionando para atacá-
lo com um golpe do Jackie Chan, mas sou impedida por seu beijo opressor.
Dominic não me beija, ele me possui. Um braço prende minha cintura, a
outra mão se embrenha por meus cabelos, o corpo todo colado ao meu, seu
joelho abrindo minhas pernas para sua coxa esfregar o meio delas. Viro uma
poça gelatinosa sob o assalto de sua boca, pela forma que me beija,
lambendo minha boca, sugando e mordendo meus lábios, pela forma como
me segura, como suas mãos não param em um só lugar, como passeiam, me
tocando, os dedos apertando, cravando na carne, sentindo. O atrito da coxa
roçando em minha calcinha causa uma sensação deliciosa. A fricção me
deixa toda molhada.

Dom desce a boca por minha mandíbula, mordendo, beijando e


lambendo daquele jeito dele. Faz o mesmo quando afasta os meus cabelos do
pescoço, livrando a garganta para o seu ataque.

— Você tem uma beleza que sempre me causa um baque, babe, mas
hoje se superou.

Suspiro, puxando seus cabelos e trazendo sua boca de volta para a


minha enquanto rebolo, sem vergonha, contra sua perna.

— Você quer gozar, não é? Tão gulosa, minha menina... tão carente
dos orgasmos que não teve antes de mim. — Murmura e recua um passo.

— Você quer morrer, não é? Volta aqui!

Ele solta uma risada e o observo, o terno preto, camisa de botões


branca e gravata cinza. Seus olhos escurecidos têm um brilho diferente.
— Dakota pediu que eu fosse procurá-la. Está nos esperando. Dean
colocou uma caixa de som barulhenta, microfone… Fez uma algazarra na
varanda. Muito deselegante.

— Dominic Donovan. — Rosno.

— O que, babe?

— Se só veio me chamar porque me deixou neste estado? —


Choramingo.

— Que estado? Te dei um beijo. — Seu cinismo me enerva e estou


novamente cogitando lhe dar um golpe que aprendi assistindo Karatê Kid.

Uma sessão de bota casaco, tira casaco, poderia acabar com sua
expressão suave.

— Vamos logo! — Resmungo, virando-me para abrir a porta.

Dom me puxa, colando minhas costas em seu peito. Ele cheira meus
cabelos perto da orelha e murmura:

— Você está deslumbrante. Depois que todos forem dormir, tenho


algo para mostrar a você.

— Espero que seja o que está sob sua calça. — Informo, dando-lhe
uma cotovelada e saindo do quarto enquanto sua risada me persegue.
Infame!

Então, me lembro do bilhetinho que ele deixou em meu quarto mais


cedo e retorno, encontrando-o já no corredor, pegando-o de surpresa ao
empurrá-lo contra a parede e o beijando forte.

— Gostoso! — Aperto seu queixo e afasto-me, correndo após ser


chamada de louca e ganhar um tapa na bunda.

Í
CAPÍTULO 30

O dia de hoje foi estressante por si só. A volta de Dakota para o


Brasil sempre é difícil, afinal, sempre será a minha garotinha e tê-la por
perto é o que sempre quero. Se não estivesse envolvido com Estela, teria
reagido totalmente diferente à sua paixão por Liam, mas mesmo odiando,
entendi. Estas coisas não são passíveis de desativar com um botão e só pude
compreender por ter a bandida sob minha pele a esta altura.

Conversar com Liam sobre designá-lo para ser segurança de Ethan e


Noah enquanto Dakota volta para o Brasil com outro sujeito, também foi
estressante. Não poder expor o interesse amoroso da minha filha, me tirou a
alternativa de socá-lo no rosto quando me irritou com tanta oposição sobre
minha decisão.
No meio disso, há Dean, silencioso e explosivo. Dylan, mais quieto
do que nunca e Norman, que voltou a infernizar o meu juízo por dinheiro. Só
não o expulsei da minha casa, como já fiz outras vezes, porque Estela voltará
a ficar focada na mãe e avó, então voltará a cogitar voltar para o Brasil.

Ouvi sua resposta à mãe hoje e confirmei minha convicção. É


previsível que a lealdade de Estela às duas mulheres não a permita enxergar
que são sanguessugas. Não apenas dos homens em quem dão golpes, mas de
Estela. Sua criação desproporcional é uma evidência do egoísmo. Como
Estela se sobressaiu a estes defeitos é um mistério.

Apesar de mentirosa crônica, minha pequena bandida é leal a todos


com quem se importa.

Observo-a, erguendo a barra da saia com uma mão, enquanto faz


embaixadinhas no gramado em frente à varanda estilo deck. Esta é uma das
vezes em que ela passa minutos ensinando-os e quando Ethan consegue
fazer uma sequência de três quiques da bola, Estela pula, gritando e
aplaudindo, o fazendo comemorar, completamente orgulhoso do feito. Noah
puxa a barra da camisa do irmão, o cercando, animado, querendo fazer igual.

— Ela é incrível, não é? — Paige comenta, atentando-me para sua


presença ao meu lado.

Concordo com a cabeça e volto minha atenção para Estela, que agora
está de braços dados com Dakota, próxima à Dean, que a entrega o
microfone plugado à sua caixa de som barulhenta.

— Ela é.
— Será uma mãe maravilhosa. Tem uma energia muito acolhedora.

Viro a cabeça para encará-la, a testa franzindo, enquanto a imagem


de Estela grávida enche meus pensamentos. Engulo, voltando a encará-la ao
lado da minha filha, sentindo nossa diferença de idade pesar em meu peito.
Porque enquanto nunca cogitei ter outros filhos, Estela realmente seria uma
mãe incrível e, pela maneira como gosta de crianças, deve desejar ter filhos.
Além de ter toda uma vida pela frente para mudar de opinião quantas vezes
quiser.

Limpo a garganta e respondo:

— Sim, ela será.

— Ei, mãe! — Ethan sobe os três degraus correndo, animado. —


Temos competição de karaokê! Todos vão competir. Até o tio Dom e o tio
Dy.

Olho-o com uma sobrancelha erguida.

— Vou?

— Por favor!

Como negar algo a este menino?

— Tudo bem.
— Oba! — Pula em meus braços, enrolando os bracinhos em meu
pescoço. — Tio Dy?

Dylan bufa.

— Vamos estourar os tímpanos uns dos outros, mas tudo bem.

— E você, mãe?

Paige mexe nas mãos, completamente retraída. Da para entender.


Levanto-me com Ethan em meu braço e digo:

— Vamos mostrar como se faz, depois ela se junta a nós.

Paige suspira, aliviada, e acena em agradecimento. Ethan concorda e


se anima quando desço com ele. Dylan nos segue, resmungando.

A bagunça fica completa quando Noah nos vê chegando. Consigo me


safar, sentando em uma cadeira de madeira. Passo alguns perturbadores
minutos vendo as crianças se divertirem com as disputas, em que eles só
votam na babá bandida como vencedora.

— É um complô! — Dakota coloca as mãos nas cintura.

— Também estou achando. — Dean reclama.

— Deram os votos para a pior. — Dylan completa.


— Acho que são um bando de invejosos. Não é sobre voz, é sobre o
brilho! — Estela faz uma mesura exagerada, segurando a barra da saia e dá
uma voltinha. — Não é, meninos? — Sorri brilhantemente, lançando seu
feitiço aos pequenos Donovan.

Pobres garotos! Sei bem o que esta bandida faz. Eles sequer têm
chance.

— Star cantou músicas que me deu vontade de dançar. — Noah


explica do seu jeito, fazendo todos rirem quando faz uma dança engraçada
com as pernas e braços.

— É disputa de cantoria, não de dança! — Dakota protesta.

— Se for disputa de dança, avise-me, pois irei vencer. — Dean se


gaba, remexendo os quadris de um jeito deselegante.

— A disputa era sobre apresentação e sou uma estrela! Nasci para


brilhar. — Estela joga os cabelos no rosto de Dakota, que tenta fazer careta,
mas ri.

— Brilhou muito nas peças da escola como árvore! — Dakota


implica.

— Com muito orgulho! — Estela empina o queixo, enquanto meus


irmãos a enchem de perguntas zombeteiras. Então inicia um discurso sobre a
importância das árvores e plantas.
Fico feito um babão, observando cada ato, palavra, trejeito. Cada
movimento, risada, conversa, faz um aperto zumbir em meu peito, minha
pele arrepiar, meu corpo acender. Como se tivesse totalmente ligado a ela. E
não duvido nem por uma porra de minuto que esteja.

— Será que cheguei cedo? — Ouço a voz conhecida se aproximando


e vejo Lorena.

Ela estava na Califórnia tratando de negócios e me avisou que viria


para retornar ao Brasil com a nossa filha. Ela se inclina e beija meu rosto.
Levanto-me para cumprimentá-la e puxo uma cadeira ao meu lado.

— Chegou bem a tempo de ver as crianças sendo crianças. —


Brinco, apontando nossa filha e os meus irmãos, afinal ela também os viu
crescer. Volto a olhá-los quando um rock brasileiro começa a tocar e minha
filha passa o braço pelos ombros de Estela, enquanto elas pulam e cantam,
não; berram. — Agora eles agem assim. Culpa de Estela.

— Legião Urbana. Deus, lembro minha adolescência! — Lorena


suspira, nostálgica.

— É mesmo? — Volto minha atenção para a mãe da minha filha.

Embora tenhamos sido cúmplices ao longo dos anos, nunca estive


próximo da Lorena pessoa. Ela foi mãe muito jovem, estudou feito louca, foi
uma mãe leoa e uma trabalhadora árdua. Sua profissão é seu cônjuge, é o
que sempre diz. No entanto, até mesmo eu vislumbrei um arco-íris em minha
visão preta e branca do mundo. E o toquei. E não quero soltá-lo.
— Sim, Dakota ouvia comigo quando criança, mas depois que
conheceu Estela passou a gostar realmente, pois a amiga sempre ouviu estas
músicas. Esta se chama Tempo Perdido. Preste atenção na letra.

Volto a olhar Estela, mas vejo o meu irmão se aproximando. Dean


estende a mão e convida Lorena:

— Dança comigo. Sei que ama esta.

As bochechas de Lorena enrubescem e olha-me com certo receio.


Meu irmão não desvia o olhar dela, embora. E posso me ver em sua pele,
quando estou diante de Estela. Mantenho a expressão estóica e levanto-me,
indo até Noah e Dylan que estão brincando com Zeke.

Depois que minha filha e sua mãe se foram, um vazio se instalou no


meu peito. É sempre assim quando Dakota retorna ao Brasil. Meus irmãos
foram para os seus quartos e Estela foi com Paige colocar os meninos na
cama, pois ambos ficaram chateados com a ida da prima.

Sentado em frente à praia, respondo a mensagem de Estela em que


questiona onde estou. Em poucos minutos, sinto suas mãos em meus ombros
e sua boca em meu pescoço. Ela senta atrás de mim e me abraça.

— Tão cheiroso! — Suspira, encostando a cabeça em minhas costas.

Sorrio e a puxo para frente, fazendo-a sentar em meu colo. Beijo sua
bochecha e massageio seus ombros.
— O que aconteceu com sua avó e mãe hoje? — Pergunto,
preocupado.

Ouvi quando falou sobre o irmão e sei o quanto esta história a abala.
Meu instinto ruge para protegê-la de qualquer merda.

— Nada demais.

— Estela. — Tento ser suave, mas seu nome soa como um alerta. —
Posso te ajudar, posso resolver o que for. Também posso só te ouvir. Eu sou
seu, babe, para tudo o que precisar. Qualquer coisa.

Estela morde o lábio e me abraça, enfiando o rosto em meu pescoço.

— Além de Dakota, nunca tive ninguém que se importasse, sabe. Até


mesmo ela não sabe esta parte, sobre meu pai e irmão. — Confessa.

— Percebo a omissão de sua mãe e não gosto nem um pouco, Estela.


Não é algo que deveria estar dizendo, mas gosto de ser honesto com você. —
Uso um tom brando, porque seu olhar perdido ao afastar a cabeça para me
encarar causa um nó fodido em minha garganta. — Você se preocupa, não
pula do barco, é leal pra caralho. Elas não são recíprocas.

— Elas são, Dom. Só são desligadas. — Estela ameniza.

— Esta é uma atitude de um pai passando a mão na cabeça do seu


filho. Uma atitude que sua mãe deveria estar tendo, defendendo-a. — Afasto
sua franja e beijo sua testa. — Não vou insistir nisso, mas quero que
compreenda, de verdade, que você me tem.
Ela morde o lábio, como costuma fazer sempre que está nervosa. Vai
feri-los de tanto que faz neste momento. Esfrego o polegar no lábio macio e
beijo a carne avermelhada.

— Obrigada.

— Não tenha gratidão. Não estou sendo bonzinho. Esta necessidade


de protegê-la, de tê-la, é incontrolável.

— Que príncipe! — Estela zomba, fazendo-me sorrir.

— Você está feliz que eu não seja um príncipe, bandida. O sapatinho


de cristal nunca caberia em seu pé que calça trinta e oito.

Estela me olha, boquiaberta, fazendo-me rir.

— Não sabia que estava por dentro do tamanho dos calçados


brasileiros.

— Minha filha é brasileira. E seu pé é grande, ponto final. Aqui, no


Brasil e na China.

— Você é tão deselegante! Já te disseram? — Revira os olhos


dramaticamente.

Estela se aconchega em meu peito, meio deitada em meu colo, meus


braços a rodeando enquanto ambos olhamos o mar. Depois de um longo
tempo em um silêncio de vozes, mas mentes barulhentas, ela pega o seu
celular, clica algumas vezes até uma música soar pelo alto-falante.

— Esta música chama-se Vento no Litoral. Eles cantavam rock


nacional. Papai ouvia o tempo todo, mas sempre se emocionava com esta.
Dizia que o fazia se lembrar da irmã, que morreu num acidente quando eram
crianças. Então Lucas e eu sempre chorávamos, sem entender muito de
sentimentos, mas já sentindo. Desde que fiquei sem o meu irmão, ouço e me
lembro de nós. Às vezes sinto no coração, que ele faz o mesmo. Mas ele
teria me procurado, certo?

— Você o procurou?

— Só vejo suas redes sociais constantemente. Nunca tive coragem de


falar. Medo da rejeição, eu acho.

— Talvez ele pense o mesmo. — Reflito.

— Se papai o criou dizendo que não prestamos, ele pode não ter me
procurado por concordar.

— Posso encontrá-lo, babe. Trazê-lo até você para uma conversa, um


esclarecimento. Vocês eram crianças e ambos perderam uma parte de si ao se
afastar.

— Mas ele escolheu ir com o papai. — Mágoa escorre da sua voz.

— E você decidiu ficar. Não há errado e certo entre você e seu irmão.
Porém, seus pais são filhos da puta completamente errados. — Não disfarço
a rispidez em minha voz ao citar os irresponsáveis.

— Como você vai pedir minha mão em casamento se odeia tanto os


meus pais? — Estela solta, fazendo-me engasgar. Ela se vira para me olhar e
fica de pé, colocando as mãos na cintura. — Fui coroinha, Dominic! Sou
uma moça de respeito. Achou que ia usar e abusar sem se comprometer? —
Rindo, puxa minha gravata e inclina o corpo para lamber minha boca sem
nenhum pudor.

Levanto-me, recuperando minha compostura, coisa que só esta


bandida é capaz de jogar pelos ares. Puxo seu corpo contra o meu peito e
sussurro em sua orelha:

— Já tomei sua mão, seu corpo, minha boceta. O que falta para eu
colocar o meu anel em seu dedo é tomar seu coração, pequena bandida. — A
afirmação possessiva sai com tanta naturalidade que sequer tenho tempo de
me espantar com o quão dominado estou pela mulher.

Estela puxa minha gravata sobre seu ombro e me olha com um


sorriso canalha.

— Se bem me lembro, tínhamos um acordo de você me mostrar o seu


pau após a ida de Dakota, sua filha e minha melhor amiga. — O balde de
água fria é proposital.

Por este motivo, viro-a para mim e seguro seu rosto, sorrindo
cinicamente.

— Fugiu do assunto do irmão e agora já quer fugir deste? Usando o


meu pau? Fique à vontade, bandida. Quando acabar, dormiremos
abraçadinhos e voltaremos a conversar.

Estela solta uma risada gostosa e me abraça forte. Retribuo o carinho,


apoiando meu queixo sobre sua cabeça, ainda olhando o mar enquanto
acaricio suas costas.
CAPÍTULO 31

Afasto-me de Dom e puxo minha blusa, tirando-a pela cabeça. Seu


olhar aterrorizado, olhando ao redor e em direção à sua casa, é cômico. A
brisa fria do mar faz meus mamilos eriçarem, mas não tanto quanto o seu
olhar ao voltar a me encarar.

— Estela, qualquer um pode sair e vê-la.

— Estão todos cansados. Ninguém sairá.

— Vou colocá-la no ombro e arrastá-la para casa, porra! — Alerta, os


olhos queimando.
— Você vai. Depois de me dar esta aventura. De fazer o que só você
sabe aqui nesta praia.

Sua carranca aprofunda, a mandíbula apertada, as sobrancelhas


franzidas trazendo o vinco entre elas à tona. Dominic é lindo, mas quando
está com raiva me causa uma miríade louca de emoções só por olhá-lo.
Esfrego minhas coxas, precisando de alívio.

Empurro a saia, até que caia aos meus pés, tiro as sandálias e as
deixo sobre as peças na areia. Apenas minha calcinha me cobre quando
corro em direção ao mar.

Sinto-me em êxtase. Cheia de sentimentos loucos, instintos intensos,


anseios desesperados. E eu não estou fugindo da conversa, como Dom
acredita. Só estou flutuando e caindo ao mesmo tempo, submergindo e
emergindo. Porque quando sinto que estou caindo, tenho a sensação de ser
pega por seus braços, ganhando segurança. Quando mergulho, é o mesmo
sentimento. Como se seus braços me puxassem e me permitissem voltar a
respirar.

E eu nunca tive isso.

Quero gritar. Tão alto. Quero dizer que o amo! Embora não tenha
certeza do que é amar desta maneira. Então deixo o corpo berrar, o anseio
me queimar.

A água não está gelada, mas não chega a estar morna quando
caminho até estar com meus seios cobertos. Mergulho por alguns segundos
e, ao submergir e passar as mãos no rosto para tirar o excesso da água
salgada, deparo-me com Dominic abrindo os botões da camisa social, a
gravata enrolada em sua mão, a jaqueta do terno caída na areia.

Minha respiração engata quando seu peito bronzeado aparece para


mim. Lambo os lábios ao ver os gominhos do abdômen, o V dos quadris,
aparecendo enquanto abre o cinto e deixa a calça cair em seus pés.

Mergulho outra vez, indo para mais perto. Encontrando-o à minha


frente ao emergir. Meu pulso dispara, meu corpo arrepiando com o vento
soprando a pele da cintura para cima.

— Eu estava suave, Estela. Disposto a ser bom. Com algo para


mostrá-la, que não era o meu pau. Não agora, embora. — Rosna cada
palavra, esticando a gravata para erguer os braços ao meu redor e passá-la
por minha nuca, prendendo-me ao fazer um nó na frente e manter o controle,
segurando em sua mão direita.

— Dominic. — Receio e luxúria sombreiam minha voz.

Não sei qual o meu problema, mas amo quando está irritado e me
pega sem pudores, sem amarras. Todo ele. Viril. Dono de mim.

Dominic puxa a gravata e levo a mão ao seu pulso por me


sobressaltar com o aperto.

— Mãos para baixo ou vou amarrá-las também. — Esfrega o nariz


em meu rosto, puxando minha cintura para colar nossos corpos.

— Como? — Pergunto, desafiando, mesmo mole em seus braços.


Dominic se afasta para olhar o meu rosto, a sobrancelha arqueada
enquanto solta um bufo incrédulo.

— Você gosta de me irritar, não é?

— Eu não.

— Tão mentirosa... mas nunca me enganou. Nunca se escondeu de


mim. — Ele sobe a mão por minhas costas, os dedos afundando na pele onde
toca.

Puxa a gravata e assalta a minha boca, beijando-me forte. Abaixo a


mão para tocá-lo, seus braços, costas, ombros, pescoço. Dominic se esfrega
em mim, erguendo-me pela cintura. Enrolo as pernas ao seu redor e ele
começa a se mover, levando-nos para onde a água cobre nossos corpos.
Esfrego a boceta em sua barriga, nem toda a água do mar e minha calcinha
sendo o bastante para me impedir de sentir a quentura de sua pele e como
estou molhada.

— Deus, Dom... Eu sou louca por você! — Confesso em um


choramingo quando ele desce o braço e aperta a minha bunda.

— Isto é bom! Porque já perdi minha sanidade faz um tempo do


caralho. — Murmura em minha boca, lambendo meus lábios. — A água irá
diminuir sua lubrificação, será incômodo quando eu começar a te comer.
Esta porra nem deve ser saudável, foder no mar.

Começo a rir por ele ser tão certinho em certas coisas.


— Você não fez muitas coisas erradas na vida, não é? Comece agora,
amor. — Seus olhos arregalam ao ouvir a palavra carinhosa em meu idioma.
Passo as mãos pelas laterais do seu rosto, acaricio sua barba, a mandíbula
cinzelada, o rosto tão bonito, afasto os cabelos da testa para trás. — Faça
comigo, Dom. Todas as coisas erradas que não fez antes.

— Estela... — Seu aperto intensifica a ponto de causar dor em minha


bunda, ele empurra contra mim e sinto a extensão do pau grosso esfregando
em minhas coxas.

Minha boceta palpita, meus seios pesam, doloridos contra seu peito.
Puxo os cabelos mais curtos em sua nuca e beijo sua boca. Dominic solta a
gravata e leva a mão entre nossos corpos, afastando minha calcinha e
estocando de uma só vez dentro de mim. Sua grossura realmente causa um
ardor diferente por conta do mar. Sinto-o me esticando toda, polegada por
polegada, queimando enquanto se afunda dentro de mim.

Gemo em seus lábios, ondulando em sintonia com as ondas mansas


do mar. Ele agarra minha nuca e encosta a testa na mim, privando-me da sua
boca enquanto, pela primeira vez, fica quieto ao me comer, mas não tira os
olhos dos meus. Quando fecho os meus, sobrecarregada, Dom mete mais
forte e aperta a minha bunda, rosnando:

— Olhos em mim.

Obedeço tomada, rendida, entregue.

— Dom... — Engasgo ao senti-lo entrando lentamente e se


enterrando até o fundo enquanto puxa a gravata, tornando meu ar escasso.
Dominic afrouxa o aperto e puxa seu pau todo para fora, então me
enforca com a gravata e se enterra todo de uma só vez. Meu grito mudo é
capaz de despertar até a minha alma. Cravo as unhas em seus ombros, minha
boceta apertando ao seu redor a ponto de conseguir sentir sua extensão
palpitar. A excitação é tão grande que esfregar os mamilos em seu peito
envia uma onda de calor para o meio das minhas pernas. Dom solta a
gravata, me permitindo voltar a respirar. Inalo profundamente e esqueço-me
de como continuar respirando ao senti-lo aprofundar o ritmo, metendo forte
e duro.

Gozo tão rápido e intensamente, que perco a noção do tempo e me


sinto em uma realidade alternativa enquanto Dominic continua metendo até
que sinto seu gozo explodindo dentro de mim. Apoio a testa em seu ombro,
que sobe e desce com sua respiração alterada. No entanto, Dom segura meu
queixo e obriga-me a olhá-lo sob as pálpebras pesadas.

— Isto sou eu entendendo tudo o que você disse sem abrir sua boca.
Isto sou eu retribuindo. Porque eu te sinto e te vivo pra caralho, Estela.

— Dom... — Sussurro, embriagada pelas emoções.

— Não se importe com as palavras. Saiba que eu a entendo em


qualquer linguagem, babe.

Seguro seu rosto e o beijo forte, dizendo tanto, mesmo que nem eu
mesma seja capaz de compreender. Dom sorri ao se afastar, como se
entendesse. Como se nem eu mesma posso? Dominic desfaz o nó da gravata
e a joga sobre o próprio ombro.
Enfio rosto em seu pescoço e ele me carrega para a praia novamente.
Abaixa-se sem me soltar e pega seu terno para jogá-lo em minhas costas.
Sorrio com o aconchego. Dom pega nossas peças de roupa e as leva conosco
enquanto me leva em direção à piscina, na parte de trás de sua casa. Tomei
banho com as crianças algumas vezes, mas como eu, eles sempre preferem o
mar. Então desconheço a área com uma escada para a qual Dominic está
indo. Ele sobe os muitos degraus e me coloca sobre meus próprios pés ao
chegarmos ao terraço.

Olho ao redor, arregalando os olhos e levando a mão à boca enquanto


assimilo tudo.

O terraço tem uma parte com cobertura e outra, que fica ao ar livre.
A proteção ao redor é feita por paredes brancas de fora a fora, que chegam à
altura do meu peito. Mas o surpreendente é como o local está repleto de
plantas. O jardim suspenso na área coberta me tira o fôlego, mas os
pequenos vasinhos sobre duplas e triplas prateleiras encostadas nas paredes
são o charme.

— Dom! — Meu sorriso é enorme ao voltar a encará-lo.

Ele vestiu sua calça, que está com o botão e o cinto abertos,
deixando-me cheia de pensamentos sobre como agradecê-lo por isso.

Dominic sorri e segura meu rosto, afundando os polegares em minha


bochecha.

— Duas covinhas.

— O que?
— Quando ganha flores as duas covinhas aparecem.

Juro que derreto em uma poça sob os pés dele. Ele me puxa, no
entanto, colocando meus pés sobre os seus daquele jeito que ele faz. Não
resisto e esfrego nossos narizes, sabendo do carinho que ele demonstra com
o gesto, querendo lhe passar o mesmo.

— Você me faz feliz, Dom. Feliz de verdade.

— Esta é minha missão agora, babe.

— Eu também quero fazê-lo feliz. — Digo honestamente, o


abraçando pelo pescoço.

— Você já faz, Estela.

Reviro os olhos.

— Não fiz nenhum gesto.

— Eu só te faço feliz por este gesto? — Pergunta, seriamente.

Nem preciso pensar sobre isso.

— Não. Você me faz feliz quando me dá orgasmos. — Começo


brincando, ou nem tanto porque é a mais pura verdade. Sua carranca me faz
rir. Acariciando sua mandíbula, continuo: — Você me faz feliz quando é
carinhoso com Dakota. Quando sorri para Noah e pega Ethan no colo,
mesmo ele sendo “grande”. Me faz sorrir quando o irrito. Até por respirar
nos últimos dias, Dom. Eu acho que estou apaixonada por você. — Sussurro
o final, sentindo o medo me oprimir quando penso em nossa situação. —
Não quero perdê-lo.

Dom caminha até sentar em uma cadeira e coloca-me montada em


seu colo, olhando em meus olhos.

— Me corrói esta merda de estarmos nos escondendo, Estela. Não


temos motivo. Sei a criação que dei a minha filha. Sabe o que irá magoá-la?

— Saber que escondemos. — Suspiro, ciente.

— Que bom que a conhece. Só não faz sentido cair em si apenas


agora. — Seu tom exasperado, faz-me cruzar os braços, seu terno grande
ainda me cobrindo.

— Não sei como vê as coisas aí do Olimpo, Sr. deus grego, mas aqui
de onde estou, não sei do futuro. Não sabia que ia gostar de você, porque
você era muito chato, quer dizer é. E eu também te odiava e não te
suportava. Tá legal, não suporto ainda algumas vezes.

Dominic aperta minha coxa, fazendo-me rir alto.

— Você é deselegante, Estela.

— Não cobra honestidade? — Arqueio a sobrancelha.


— Nunca cobrei. Só digo fatos. É uma mentirosa. — Cinismo enche
suas feições quando se inclina para dizer em meu rosto: — E, aqui do meu
trono de deus, não caio em nenhuma de suas mentiras. Até tenho meu prazer
sombrio em ser o único que sabe quando diz a verdade. Então, pode
continuar mentindo.

— Sempre consigo ficar surpresa com o quão idiota arrogante você é.


Incrível! — Bufo.

— Acostume-se. Você não se livrará de mim e da minha


personalidade brilhante.

Finjo um bocejo, provocando-o. Ele sorri. E, merda, ele me faz feliz


quando sorri, mesmo que sinta como se alguém segurasse meu coração e o
apertasse. Provavelmente Dominic já o dominou como todo o resto e tem
feito isso.

— Como trouxe estas plantas sem ninguém perceber? Ou elas já


estavam aqui? Você sempre foi um amante da flora e me fez pensar que não?

— Sou seu amante. De mais nada. Comprei uma floricultura a alguns


dias e movi a maioria das plantas para cá.

— Comprou uma floricultura? — Balbucio.

— Sim. Você pode visitar e ver se gosta. Será sua se quiser. É um


negócio para você ter sua independência. Se quiser vender, terá o dinheiro.
Mas saiba que tem a mim e não hesitarei em ajudá-la, até mesmo a realizar
seus sonhos.
— Dom...

— Eu vou cuidar de você, Estela. Não vou permitir que siga o


caminho da sua mãe e avó. Há opções pra caralho, sempre houve. Elas
escolheram viver assim e é problema delas. Mas você nunca quis e estou te
dando uma saída. Sempre darei.

Í
CAPÍTULO 32
Estela se move na cama, acertando meu estômago com uma
cotovelada e preciso apertar meus braços e pernas ao seu redor para mantê-la
presa. Tem sido assim todas as noites. Eu a prendendo para não ser surrado e
ela reclamando sobre estar sendo esmagada.

— Estou sufocando, Dominic. Você é opressor até dormindo... —


Resmunga, sonolenta, esfregando o rosto em meu peito.

Sorrio e a aperto mais, antes de descer a mão por suas costas e


apertar a carne gostosa da sua bunda. Ela geme.

— Você me bate a noite toda e eu sou opressor?

— É subconsciente. Descontando as irritações que me faz passar no


dia-a-dia. — Afasta a cabeça para me encarar, os olhos sonolentos, cabelos
bagunçados, apenas uma de minhas camisas cobrindo sua nudez, porque ela
tira a coberta de minuto em minuto.

— A única irritante aqui é você. — Bato em sua bunda e me


desvencilho para levantar. — Agora, de pé! Está na hora da nossa corrida.

— Da sua corrida, Dominic! Eu não vou. — Ela joga o travesseiro,


que bate em minhas costas e cai no chão. Viro-me para olhá-la com uma
sobrancelha arqueada e ela bufa, levantando-se, fazendo questão de mostrar
seu descontentamento batendo os braços e pés, como uma criança pirracenta.
— Poderíamos nos exercitar na cama, Dom.

Aproxima-se e passa o braço por minha cintura, beijando e mordendo


minhas costas. Sorrio e viro, puxando-a para o meu colo e movendo-nos até
o banheiro. Sua boceta nua roça na cabeça do meu pau, que está a ponto de
explodir só por sentir seu calor molhado. Coloco-a sobre a bancada da pia e
puxo a abertura da camisa, forçando os botões a saltarem. O corpo da minha
mulher fica em exibição para mim e, sem desviar os olhos dos seus, lambo
um biquinho duro do mamilo marrom. Estela ondula, empurrando os quadris
para frente, querendo mais.

— Você estava sonhando com o meu pau? Para já estar assim, toda
molhada? — Murmuro, empurrando três dedos em sua boceta.

— Não estava, mas acordar com você pelado, me apalpando e com


seu pau roçando na minha bunda, causa isso toda manhã.

Sorrio e puxo meus dedos para fora, mamando em seu peito e


puxando o mamilo entre meus dentes ao enfiar os dedos outra vez. Estela
ondula, vindo de encontro às estocadas preguiçosas, o som da umidade
enchendo meus ouvidos. Dou atenção ao outro seio e então desço a boca por
seu corpo, beijando, mordendo a barriga, até chupar o grelinho na minha
boca e bater minha língua nele no ritmo do vai e vem dos dedos. Mordo o
lábio vaginal e retiro os dedos para enfiar a língua, chupando sua carne
babada de desejo.

Levanto-me, segurando os seios, massageando a carne enquanto


empurro meu pau dentro dela, que me recebe esmagando, pulsando ao meu
redor. A forma como me aperta, como precisa se alargar para me aguentar,
me faz grunhir toda vez. A sensação de estar dentro dela é colossal. Minha
espinha queima, meu pulso dispara e o corpo vibra num instinto animalesco
de possuir esta mulher. Beijo sua boca aberta naquele gemido mudo, mordo
o pescoço exposto e volto a tomar o seio esquerdo na minha boca.

— Tão gostosa, babe. — Rosno, apertando suas coxas, puxando-a de


encontro as batidas do meu quadril.
Puxo Estela para fora da bancada e a guio em direção ao Box. Viro-a
de costas para mim, enquanto abro o chuveiro e empurro-a contra os
ladrilhos, seu corpo quente colado à frieza da parede. Minha camisa em suas
costas fica transparente, toda molhada. Então retiro-a por completo e ergo
sua perna direita, abrindo sua bunda para mim.

— Empine-se, bandida. Se abra para mim. Sinta como escorrego


gostoso nessa boceta apertada. — Dou um tapa em sua bunda e estoco com
força.

Sinto sua boceta me esmagar gostoso e arremeto lentamente,


apreciando a sensação de sua carne escorregadia me sugando, palpitando ao
meu redor. Minhas bolas batem na sua bunda quando estou todo dentro. Seus
gemidos ecoam enquanto nossos corpos molhados se chocam.

Cravo uma mão em sua cintura e a puxo contra mim, fundo e lento.
Puxando meu pau todo para fora, para entrar só de uma vez em seguida.
Estela geme, olha-me por sobre o ombro, com os cabelos molhados
agarrando em seu rosto. Seguro os fios em punho, obrigando-a a se curvar
para me receber. Neste ângulo, ela está toda arreganhada para mim. Subo a
mão de sua cintura e estimulo os seios pesados.

— Ai, Dom... Hum...

— Mexe neste grelinho, babe. Esfrega ele e goza para mim. Depois
disso, a quero de joelhos, bebendo minha porra, sem derramar uma gota.

A conversa suja sempre a faz pulsar e encharcar. Brinco com os


mamilos, apertando-os, esticando, enquanto ela se masturba, rebolando e
gemendo. Desço a mão dos dois montes e afasto sua mão da minha boceta.
Abro as mãos, unindo os dedos e dou um tapa no clitóris inchado. Estela
grita e palpita. Meu pau dolorido pulsa e baba sem controle. Desfiro outro
leve tapa e ela treme, gemendo alto e gozando. Prolongo seu orgasmo,
estocando forte e rápido, colando meu peito em suas costas e puxando seu
queixo para beijar sua boca com anseio.

Esta mulher me deixa louco pra caralho.

Tiro meu pau, quase gozando, e empurro seus ombros, colocando-a


de joelhos. Afasto seu lábio com o indicador e o dedo médio e empurro meu
pau dentro, segurando sua cabeça enquanto meto duas vezes antes de me
esvaziar na sua boca quente.

Retiro de sua boca, observando-a de joelhos, ombros e seios subindo


e descendo rapidamente por conta da respiração ofegante. Seus cabelos estão
uma bagunça, lábios vermelhos e sujos do meu gozo, olhos nublados e a pele
clara cheia de marcas deixadas por mim. Estela parece uma divindade. Uma
que eu facilmente me tornaria adorador.

Suspendo seu corpo, beijando seus lábios inchados, segurando os


cabelos e nos colocando sob o jato de água para tomar banho. Estela me
abraça e resmunga.

— Estou em um estado de exaustão, Dom. Não consigo me mover. É


sério.

Bufo e esfrego meu nariz no seu, vendo-a sorrir.

— Descanse, preguiçosa.
— Irei passar um momento com mamãe e vovó. Estamos muito
afastadas.

Abstenho-me de dar uma resposta e começo a cuidá-la, lavando seu


corpo, cabelos e depois de me lavar, deixo-a na cama, enrolada no roupão
atoalhado.

Saio para correr meia hora mais tarde que o horário normal e quando
estou retornando, vejo um ponto cor de laranja, correndo em minha direção.
Ela para no meio do caminho, curvada, com as mãos nas coxas, respirando
com dificuldade.

— O que é isso? — Zombo ao me aproximar. Estela bufa como um


cão e mostra o dedo do meio. — Deselegante.

— Vou mostrar algo elegante, Dominic. — Resmunga.

Sorrio, puxando seu corpo para o meu, enlaçando sua cintura e


beijando a boca insolente.

— Isso é elegante. — Pisco, afastando os fios grudados no rosto


suado.

— Eu só vim aqui porque perdi o sono. — Bufa. — E queria ver seu


bumbum no shortinho... — A bandida aperta minha bunda.

— Tem sorte que estamos sob a luz do dia ou me pagaria por isso. —
Resmungo, fazendo-a rir e ficar na ponta dos pés para beijar meu queixo.
— Me faça pagar mais tarde. — Pisca.

Aperto sua bunda, colando nossos corpos e deixando-a sentir como


me deixa com estas provocações. Em questão de segundos.

— Você é tão safada. Eu gosto que seja tão insaciável. Que só eu a


sacio... — Fisgo seu lábio inferior, puxando-o entre meus dentes.

Estela crava as unhas em meus braços e derrete, abrindo a boca para


receber meu assalto. Afasta-se, piscando, mas a língua afiada nunca deixa de
funcionar.

— Por enquanto.

— O que? O que é por enquanto? — Franzo a testa, apertando sua


bunda, forçando-a ainda mais contra mim.

Estela ri e bate os cílios cinicamente.

— Que você me sacia. Em sua idade, logo não será mais capaz. Juro
aceitar me casar com você, mas sou muito jovem e você terá que me permitir
ter acompanhantes para...

— Estela. — Interrompo, rosnando entre dentes, seu nome quase não


soando entendível. — Não diga uma porra assim nem brincando.

— Não estou brincando. — Arqueia a sobrancelha.


— E eu tampouco quando afirmo que se alguém, além de mim, tocá-
la, serei preso. Mato o infeliz. — Alerto com seriedade.

— Gosto quando fica zangado, mas não precisa falar em morte. —


Faz uma careta. — De qualquer maneira, só estava brincando.

— Levei muito a sério e vou fodê-la até o sono todas as noites


enquanto ainda sou capaz de saciá-la. — Digo com acidez.

— Tão machão. Eu amo! Agora vai, continua sua corrida. É bom


cuidar da saúde agora que precisa dar conta de mim. — Dá um tapa na
minha bunda e tenta se afastar.

Impaciente com tantas gracinhas logo cedo, jogo-a sobre meu ombro
e sigo para casa.

— Cuidar da minha saúde física é inútil quando estou prestes a ter


um colapso mental por tolerá-la. — Bato em sua bunda, fazendo-a a gritar.

Meus irmãos levaram Paige e as crianças às compras. Estela saiu


com a mãe e avó.

A casa é só minha e de Zeke, visto que não vi Norman. Parece como


nos velhos tempos antes da morte de Connor, a chegada de todos para uma
temporada na Califórnia. Antes de Estela.

A casa parece completamente vazia.


Zeke está deitado próximo aos meus pés, em meu escritório,
olhando-me como se tivesse tirado seu brinquedo favorito. Seu olhar de
cãozinho provavelmente deve se assemelhar ao meu, que estou odiando este
silêncio. Pelo menos ele tem a desculpa de ser um cão para olhar desta
maneira.

Passo a mão pelos cabelos, frustrado. Foco minha atenção nos e-


mails que vim responder e isto me distrai.

Quando a comoção de vozes se aproxima, Zeke pula, o rabo indo de


um lado a outro rapidamente, sua boca aberta parecendo um sorriso. Ele
lambe meu braço e corre para encontrar as crianças. Sorrio, encostando-me
contra a cadeira e conseguindo trabalhar plenamente com o som do caos
vindo de fora.

Horas mais tarde, saio do escritório e sigo em direção às escadas para


ir ao meu quarto. No entanto, paro na sala ao ver Norman segurando o pulso
de Estela.

— Se o senhor não me soltar, vou usar meus golpes de karatê e


chutá-lo no mar.

— Mas minha querida, nosso passeio foi tão divertido. — O velho


abusado sorri, sem soltá-la.

Aproximo-me, aparecendo em sua linha de visão. Embora Estela


esteja de costas, sua postura corporal muda e vira a cabeça para me olhar.
— Porque você estava no passeio em que Estela faria com a família
dela, Norman?

Ele a solta e arqueia a sobrancelha, prepotência enchendo sua


expressão quando cruza os braços e responde:

— Fui convidado. Estou conhecendo a jovem. Sei dos seus tantos


preconceitos, sobrinho, mas não vai se meter comigo.

— Mas seu... — Estela começa.

Passo por ela e empurro Norman até suas costas baterem contra o
corrimão da escada. Agarro o colarinho de sua camisa ridícula colorida com
estampa de palmeiras e inquiro:

— Qual é o seu jogo, Norman?

— Não há jogo. O que é isso? — Desespera-se, puxando meus pulsos


para aliviar o aperto, sem sucesso.

— Entendo seu desespero. Nunca o toquei, embora tenha pensado na


hipótese muitas vezes. Lidar com um sanguessuga como você sempre foi um
martírio, embora minha consciência sempre me fizesse agir civilizadamente.

— Dominic, sou seu tio!

— Você é um verme, a escória. Agora entendo porque Connor


deixou dinheiro para você, porque ele era da mesma laia. — Rosno, vendo
seu rosto ficar vermelho.

— Dominic, eu queria chutá-lo também, mas você está indo longe


demais.

Ignorando-a, aperto-o a ponto de seus pés ficarem fora do chão.

— Quero a verdade, Norman. Uma única pergunta e a resposta


honesta. Mas antes, um aviso: Estela é minha! — Grunho, empurrando-o
contra o corrimão, soltando-o e observando tossir por conta do engasgo. —
O que você quer com a minha mulher?

Norman esfrega a garganta, o pescoço vermelho como seu rosto.


Encara-me com pavor e revela:

— Estou falido.

— Sei disso há muito tempo. — Digo o óbvio, afinal ele tenta me


extorquir desde que vendeu sua parte da rede de hotéis para mim e gastou
cada tostão com jogatina e mulheres.

Nunca lhe dei um tostão, apenas permiti que vivesse em minha casa
em Los Angeles, embora ele tenha-a vendido ilegalmente, pois a papelada
estava em meu nome e depois foi um inferno para resolver a situação. Desde
então, passei a entender porque papai o detestava. Embora fosse duro, meu
velho era do tipo que não aceitava conviver com pessoas de caráter
duvidoso. Norman era uma pedra em seu sapato, pois era dono de uma parte
dos hotéis, mas nunca havia trabalhado, só usurpava os lucros.
Com a morte de Connor, ele recebeu uma quantia como herança, que
o tenho visto torrar com a mãe e a avó de Estela.

— As duas damas, me disseram que são herdeiras, ricas. Aproximei-


me para... para aproveitar o fim dos meus dias com dignidade.

Isso me faz soltar uma gargalhada. Que piada. Um golpe em duas


golpistas? Ele é uma piada.

— O que? — Estela soa confusa.

— Só que gastei meu dinheiro com passeios para ganhar a confiança


de ambas e nada aconteceu. Elas disseram que é a menina que tem controle
do dinheiro da família.
CAPÍTULO 33

Um estalo em minha mente faz a compreensão bater após as


respostas de Norman. Solto uma risada incrédula.

— Você é uma merda como golpista porque não tenho um tostão.

— O que? — Seu olhar confuso me faz rir ainda mais.

— É como eu disse. Mamãe e vovó são pobres. Devíamos até o


aluguel quando viemos para cá. Dakota vai entregar o dinheiro ao pobre Sr.
Reginaldo. — Suspiro, aliviada por isso.
— Mas você...

— Sem mas, Norman. — Dominic toma a palavra, ríspido. — Você


tem vinte minutos para arrumar suas coisas e desaparecer da minha
propriedade.

— Estou passando por dificuldades!

— Não gastasse todo o seu dinheiro com Viagra e prostitutas, porra!


Não é da minha conta como está vivendo. Já lhe ofereci emprego, já lhe cedi
uma casa... Tudo para que? Agora até tentando dar golpes em duas mulheres,
você estava. Só que foi longe demais importunando Estela.

A expressão de Norman se enche de fúria. Aproxima-se do sobrinho


e grita:

— Acha que essa jovenzinha quer algo com você? Ela se envolveria
comigo se já não tivesse fisgado o peixão! Se as duas tentavam me dar um
golpe, ela conseguiu dar em você.

Dominic dá um soco no rosto do tio e grito, desesperada, puxando-o.

— Dominic, ele é idoso!

— Lave sua boca para falar de Estela, Norman. Ouviu?

— Dom!
— Caralho!

Dylan e Dean descem as escadas com pressa e seguram o irmão,


ambos lutando para mantê-lo longe do tio.

— Entendo seu nervosismo. — Norman cospe sangue nos pés do


sobrinho, limpando o canto da boca, com um sorriso desdenhoso. — Quando
comecei a perceber que só meu dinheiro servia para as mulheres, doeu. Mas
virei ao meu favor e aceitei que era usado, aproveitando do que me dessem
em troca do meu poder e dinheiro! Agora você, tão esperto! — Ele gargalha.
— Caiu no canto da sereia...

Os gêmeos bobeiam por um segundo, que é suficiente para Dom se


desvencilhar e empurrar a cabeça do tio contra o corrimão da escada. Entro
na frente, desesperada, espalmando as mãos em seu peito. Ele arfa, como um
animal feroz. Nunca vi seu olhar tão odioso, nem quando sua raiva era
voltada à mim.

— Dominic, me escuta! Ele não sabe nada sobre mim, sobre nós. Já
ouvi coisa pior. Esqueça-o! Ignora!

— Mas que caralho, Dom?! — Dean pragueja, indo até Norman e o


ajudando a sair do alcance do irmão.

— O que, diabos, te deu? As crianças estão ouvindo a confusão.


Dean e eu pedimos Paige para não sair do quarto, mas eles estão assustados!
— Dylan diz, trazendo o irmão a si.
— Tirem este verme da minha frente. — Dominic grunhe, apertando
as mãos em punho.

Dean não espera outra deixa. Ele sobe com o tio.

— Isso foi por sua causa? — Dylan pergunta, olhando-me.

Dominic entra na frente e o alerta:

— E se for, Dylan? Presta bem atenção.

— Você está louco! — Grito, puxando-o para me olhar. — Que


merda é essa?

— Não escondi que enlouqueci em nenhum momento. — Dom me


puxa, colando minhas costas em sua frente. Dean desce as escadas a tempo
de ouvi-lo comunicar: — Estela é minha. E quem não estiver satisfeito, é só
se retirar. Bati em Norman porque ele é um babaca e tolerei por anos, mas
sendo babaca com ela, não tolerarei ninguém.

Ao mesmo tempo em que meu coração acelera e meu pulso dispara,


meu cérebro envia comandos para eu correr. O silêncio que se segue faria
um alfinete ser ouvido caso caísse no chão.

— Porra, o cara está apaixonado! — Dean ri, aliviando o clima.

— Estou. — É a resposta curta do meu chefe.


— É isso, rapazes, logo terão que me chamar de mamãe. — Brinco,
insegura com a expressão de Dylan.

Ele revira os olhos e diz:

— Irmã.

— O que?

— É nossa irmã, não mãe. — Dean explica.

— Agora, boa sorte para contarem a Dakota. — Dy sorri


cinicamente.

Endureço contra o corpo de Dom, mas ele massageia meus ombros.

— Iremos ao Brasil comunicá-la. — Dom solta.

— Como? — Balbucio, esticando a cabeça para olhá-lo boquiaberta.

— É exatamente assim, babe.

— Porra, babe! — Dean replica, gargalhando.

— Em vez de ficar zombando, talvez devesse ir ao Brasil conosco e


cuidar do que é seu, irmãozinho.
Dean murcha imediatamente.

— Espera, você percebeu que ele é apaixonado por Lorena? —


Pergunto a Dom.

— Que porra é essa, Estela? — Dean me olha com horror, enquanto


Dylan gargalha.

— Percebi. E que ela sente o mesmo. — Dom sorri e olha para o


irmão.

— O que? — Dean resmunga, parecendo incerto. — E você não se


importa?

— Porque me importaria?

— Ela é sua ex.

— Não. Ela é a mãe da minha filha e uma grande amiga. Torço que
seja feliz. Lorena é uma mulher incrível.

Ao invés de sentir ciúme, sinto meu peito aquecer com o carinho que
fala da mãe de sua filha. Lorena realmente é maravilhosa e merece ser vista
como tal. Dean passa a mão pelos cabelos e solta uma risadinha.

— Bem, então agora você é o único que quer a ex-cunhada. — Diz


para o irmão, que para de rir imediatamente.
— Você está apaixonado por Paige? — Pergunto, chocada.

— Seu filho da mãe! — Dylan bate na cabeça de Dean.

— Parem, vocês dois! — Dominic comanda e se afasta de mim, até


segurar os irmãos pelos ombros. — Sejam como o irmão mais velho e mais
inteligente, não fiquem parados. Vão atrás do que querem.

Solto uma risada com um bufo e passo por baixo do seu braço,
colando-me ao seu peito de novo e olhando os gêmeos de perto.

— Isso, rapazes! Infernizem Lorena e Paige até elas querem arrancar


seus olhos e suas roupas.

Dylan me olha como se eu tivesse enlouquecido de vez enquanto


Dean ri.

Os irmãos de Dom sobem as escadas, implicando um com o outro e


volto a encarar o meu... meu o que?

— Como você está? — Pergunta, preocupado, segurando o meu


rosto.

— Bem... Não esperava nada de Norman. Estou surpresa com sua


loucura para me defender. Não quero que brigue por minha causa.
— Você não tem opinião nisto, Estela. Não vou tolerar que ninguém
a desrespeite.

— Você confia cegamente que não estou te dando um golpe? —


Sussurro, insegura.

Já passamos por tanto aborrecimento com Dominic acusando-me de


ser uma golpista, então o fato de Norman trazer esta hipótese a tona deixou-
me receosa por um momento antes de vê-lo me defender tão ferozmente.

— O único a dar um golpe nesta história, fui eu, babe. Um puta


golpe de sorte. Veja você, porra. — Ele segura meu dedo e me faz girar. —
Linda, gostosa... E então há dentro de você. — Inclinando-se, beija meus
lábios com carinho. — Leal, dedicada, amorosa, irreverente, decidida,
humilde, honesta. Falamos ontem sobre um fazer o outro feliz.

— Dominic... — Emoção escorre da minha voz.

— Me faz feliz quando trata meus sobrinhos como se fossem mais


importantes que tudo. Faz-me feliz por ter aberto os meus olhos para vê-los
desta maneira que você vê. Por se preocupar com minha filha, por amá-la
realmente. Faz-me feliz quando me faz raiva. — Ele enxuga uma lágrima em
minha bochecha. — Me faz feliz por ser minha bandida, quando sorri,
quando respira... Por ameaçar usar um golpe de Jackie Chan contra quem a
importuna. — O pequeno sorriso e as ruguinhas ao redor de seus olhos me
fazem abraçá-lo, enterrando o rosto em seu peito. Dom acaricia minhas
costas e beija minha cabeça, então puxa minha nuca, fazendo-me olhá-lo nos
olhos. — Faz-me explodir de felicidade quando me apresenta a uma de suas
músicas brasileiras. Ou até mesmo quando estou sozinho procurando alguma
que combine com você. Faz-me feliz quando me abraça sem receios, como
se sentisse este encaixe foda, este molde perfeito que nos tornamos quando
está em meus braços. Como se, se sentisse segura.
— Porque eu me sinto. Sinto-me pertencendo, me sinto em casa. —
Declaro, segurando seu rosto e o beijando.

Dom recua ao ouvirmos passos. Ao olhar o topo da escada, vejo


mamãe e vovó carregando malas enquanto Norman vem logo atrás.
Reconheço minhas malas com mamãe e pergunto:

— O que é isso?

— Dominic mandou o pobre Norman embora, querida. Precisamos ir.


— Mamãe explica.

Solto uma risada incrédula.

— Precisamos? O que está dizendo?

— Iremos com Norman. — Vovó diz como se fosse óbvio. — E você


também vai! Trouxe suas malas, vamos!

Vejo Norman encarar Dominic com prepotência, que faz menção de


dar um passo, mas seguro seu pulso.

— Este homem bateu no pobre senhor! — Mamãe exclama,


dramaticamente, ao descer os degraus. — Não pensava que tinha este tipo de
atitude, Dominic. Pensava tão bem de você! — Dramatiza.
— Ouça, senhora, não me importo com o que pensa de mim, mas vou
fazer um sacrifício por Estela. Norman está falido e queria usá-las,
acreditando que tinham dinheiro. Agora, ele sabe que Estela é importante
para mim e quer usá-las para atingi-la e me atingir. Portanto, deixem este
infeliz ir e fingimos que ele não existe. — Sua voz ríspida é contraditória ao
tom falsamente paciente.

Vovó e mamãe se viram para Norman, como duas pupilas em busca


de orientação. A cena em si me causa uma sensação horripilante de
ansiedade. Norman apenas nega com a cabeça e elas continuam caminhando.

Ao passar por mim, vovó segura meu pulso e me puxa.

— Vamos, Estela! Não compactuamos com violência aos idosos e


com mentiras. Norman cuidará de nós, querida. — O apelo em seu olhar
para que a siga deixa claro que acredita que encontrou sua galinha dos ovos
de ouro.

— Norman está mentindo. Dominic está certo, vó. Não iremos sair.

— Então fique. Não venha arrependida depois. — Norman desdenha.

Encaro mamãe e vovó, esperando o que farão a seguir. Meu coração


cai no chão e é pisoteado pelos passos das duas que seguem o velho cretino.

— Vocês... irão com ele? — Pergunto, desorientada.

Mamãe se aproxima de mim e olha as mãos de Dom em meus


ombros antes de insistir.
— Estela, esta é a nossa chance, filha. Venha conosco sem dificultar
desta vez. Finalmente teremos o que merecemos desta vida.

— E se eu não for? — Pergunto, engolindo o nó na garganta.

— Então iremos sem você. — Vovó dá última palavra.

Espero que mamãe refute, mas sua resposta é colocar minhas malas
no chão.

Dominic me puxa contra si no momento em que desabo sem me dar


conta. Seu apoio é a única coisa que me mantém de pé.

— Babe?

— Como pode, Dom? Como posso ter ficado longe do meu pai... do
meu irmão... Por isso? — Meu sussurro é quase inaudível até para os meus
ouvidos.

Deus! Lidei com tanta coisa, tendo raiva e deixando de lado. Fiz
piada, fui irreverente, aceitei a criação ridícula, o narcisismo de vovó, a
omissão de mamãe e a saudade do meu irmão. Para quê? Para ser dispensada
desta maneira?

Ouço o latido de Zeke e a ordem de Dominic.

— Leve-a para cima, Dylan.


— Ei, Star. — Dy me segura. — Tá tudo bem...

— Ouçam aqui, trio de sanguessugas, eu espero que vocês suguem


até as almas uns dos outros. Sequem, apodreçam! — O rosnado de Dominic
me puxa do entorpecimento e impeço Dylan de me guiar para a escada. —
Esta mulher, não pôde ser uma menina, ficou longe do irmão gêmeo,
escolheu vocês duas para não deixá-las sozinhas. E você, porra? O que fez?
Como sempre deixando os filhos para trás, e está a deixando agora. Mas
saiba, Estela não está sozinha. E quando vocês voltarem chorando, contando
uma história triste, eu não permitirei que cheguem até ela. Ela sequer saberá
e viverá feliz. Porque eu a farei feliz. Sumam da porra da minha casa!

— Vocês ouviram. — Paro ao lado de Dom e entrelaço nossos dedos,


ganhando a atenção das duas mulheres que me criaram.

— Estelinha, eu...

— Fora, vovó!

— Filha...

— Não me chame de filha! Você esqueceu o que é ser mãe. Meu


irmão teve a esperteza que eu não tive em deixá-la antes de ser deixado! —
Grito.

Quando elas se vão, Dominic me pega em seus braços e leva-me para


o andar superior, para o seu quarto. Sinto-me em frangalhos, descartável.
Meu pai me deixou. Meu irmão. Agora mamãe e vovó fazem o mesmo. Um
coração despedaçado doeria menos. O meu parece esmagado, pisado.
CAPÍTULO 34

— Onde está indo? — A voz imponente me faz parar antes de passar


pela porta.

Viro-me e o coração, mesmo esmagado, encontra forças para se


agitar por ele. Dom estava dormindo, o que eu não consegui fazer. Então me
desvencilhei do seu agarre e saí, crendo que não me fazia percebida.

— Para o meu quarto, Dom. — Digo, a voz fraca como eu mesma


me sinto.

— Seu quarto é aqui, Estela.


— Não fui informada disso.

— Está sendo agora. — Ele se aproxima, mas recuo.

Passando a mão pelo rosto, suspiro e sinto minha garganta embargar.

— Eu preciso ficar sozinha. Apenas um pouco, para pensar.

— Não vou deixá-la sozinha para pensar, porra. Não para remoer esta
tristeza em que se encontra desde que aquelas sanguessugas saíram. Há
horas não a vejo sorrir, não a vejo tagarelar, provocar. — Sua voz é dura,
assim como sua carranca, mas os olhos estão turbulentos. Ele me puxa pelo
pulso até segurar minha cabeça e me apertar contra seu peito nu. — Elas não
merecem.

— Talvez seja eu...

— O que quer dizer?

Afasto-me, deixando as lágrimas escaparem e olho-o, despida de


máscaras. É sempre assim com ele.

— Talvez eu seja defeituosa, talvez algo esteja errado comigo.


Talvez... — Fungo diante de sua expressão contorcida com a minha dor. —
Primeiro foi o meu pai e irmão, agora mamãe e vovó. Logo será Dakota
quando... Souber de nós. Então vai ser sua vez...
— Não diga algo tão blasfemo, caralho!

— Não é uma blasfêmia, Dominic. Você não é um deus! —


Exaspero-me, cansada de tudo, puxando meus próprios cabelos.

Dominic segura meu rosto, as duas mãos grandes firmes nas


bochechas, os polegares escapando para limpar as lágrimas.

— Eu não, não sou um deus. Mas você, babe, você é minha dádiva,
minha divindade. Vou adorá-la por quanto tempo respirar. Pensar que não, é
uma porra de blasfêmia. Fui incrédulo toda a minha vida, precisei tê-la para
saber que o paraíso existe. Você não é o meu pedaço de céu, você é todo ele,
minha pequena bandida. — Dom esfrega o nariz contra o meu, os olhos
fixos nos meus.

Ele afasta as mãos para o meu pescoço apenas para lamber minhas
lágrimas. Todo o meu corpo reage, a dor no coração ficando esquecida,
porque a única coisa que ele pode fazer sob o toque deste homem, é bater
freneticamente. Enrolo meus braços ao redor do seu pescoço, aceitando seu
beijo quando me toma cheio de paixão.

Dominic segura minha cintura e estica o outro braço para trancar a


porta. Com meus pés sobre os seus, guia-nos para cama até cair sobre mim
suavemente. Ele se afasta e encara meu rosto, as mãos afastando meus
cabelos numa carícia terna e possessiva.

— Dom...

— Não posso te dar um tempo para pensar em fugir de mim, para


cogitar qualquer merda que a leve para longe. Será preciso amarrá-la para
ficar comigo? Eu farei, babe. Juro que farei.

— Você só não me assusta porque esta carência em meu peito cessa


completamente quando diz estas coisas.

— Porque você é minha. Feita para mim. Como sou seu. Feito para
você.

— Então me beija, amor. — Imploro. — Quando me toca, meu


coração bate tão forte que não posso sentir os danos que elas causaram.

— Eu te amo, minha pequena bandida. — Declara, beijando meu


rosto. Minha respiração fica presa e meus olhos arregalam. Sinto meu
coração quase passar pelos pulmões e costelas só para saltar nas mãos deste
homem. — Como seu coração se sente agora? — Seu sorriso terno é
devastador. — Focado só em mim ou ainda há algo além?

Fecho os olhos com força, lembrando-me como fazer para respirar.


Inspirar. Expirar. Puxa. Solta.

— Eu te amo. — Confesso, aceitando a realidade para mim mesma.


Como podemos sentir algo assim em tão pouco tempo? Como podemos
saber o que é o amor se nunca amamos? Encaro-o, sua beleza, os olhos que
dizem tantas coisas, mesmo quando ele se silencia. — Eu te amo, Dominic.
Meu Deus! Como você pode me amar? — Pergunto, acariciando seu rosto,
olhando-o cheia de amor e confusão, tanto medo.

— Como poderia não amá-la? Se você pudesse se enxergar por um


momento como a enxergo, babe.
Olhando a sinceridade crua em seus olhos, este sentimento fluindo de
suas palavras, as emoções que se conectam com o meu corpo, fazendo-o
arrepiar e tremer por ele.

— Há momentos em que posso. — Sussurro.

Dominic se inclina, colando nossos corpos e beija meus lábios.


Carinho é o que mais posso sentir no contato. Carinho não, amor.

Deus! Amo este homem. A perspectiva me faz querer beijá-lo até o


fim dos meus dias, em contrapartida, também desejo poder correr para o
mais longe possível.

Puxo seus ombros, cravando as unhas em seus músculos duros,


sentindo seu pênis contra minha coxa. Dominic puxa minha saia para cima e
se esfrega em minha boceta, apenas nossas peças íntimas entre o contato.
Aprofundo o beijo, ondulando sob seu corpo. Gemo quando se afasta e beija
meu pescoço e ombros. Ele puxa as alças da blusa e expõe meus seios,
beijando-os, lambendo, fazendo a corrente intensa de eletricidade correr por
meu corpo e intensificar entre minhas pernas. Agarro seus cabelos,
ondulando sob ele.

Dom desce da cama e puxa-me de pernas abertas até que estou com a
bunda arreganhada na beirada da cama, toda exposta para ele. Dominic se
ajoelha e chupa minha boceta sobre a calcinha. Grito de prazer com a fricção
intensa de sua boca e do tecido.

— Isto, minha bandida, sou eu de joelhos, venerando você.

— Oh, Deus!
— Sou eu, babe, tomando seus sentidos. Todos os pensamentos.
Cada anseio do coração. Porque sou egoísta e não quero nada além de mim
possuindo qualquer gama da sua atenção. — Dominic bate em meu clitóris e
choramingo, desesperada, perdida no vórtice de suas palavras, sendo puxada
pela dor da palmada e flutuando com sua boca lambendo e chupando minha
boceta.

Dom afasta a calcinha para o lado e sinto sua língua subindo do meu
ânus até o clitóris, a ponta endurecida, provocando. Ele estala a língua e
sorri.

— Toda molhada, porra. Sempre pronta para mim.

— Dom... — Gemo quando empurra o polegar em meu ânus ao


mesmo em tempo que o indicador invade minha vagina. Dominic chupa meu
clitóris e estoca lentamente nos dois buracos. — Por favor, eu... não aguento!

— Sempre uma mentirosa, não é mesmo? — Seu sussurro contra


minhas dobras me arrepia toda. Palpito diante dos seus olhos e jorro
lubrificação. — Você sempre aguenta e pede mais. E hoje eu serei um
demônio, babe. Possuindo sem receio e moral. Sua boceta, seu cu, seus
pensamentos. Seu coração. Somente eu. Quando pensar em me deixar, vai
doer fisicamente como dói em mim quando cogita esta merda.

Ele move a ponta dura da língua contra o meu clitóris e faz um vai e
vem delicioso com os dedos, tirando-me qualquer raciocínio com a forma
que minha coluna arrepia com suas palavras. Sinto o formigamento iniciar
nos dedos dos meus pés e o tremor em minhas coxas, ambos tomando todo o
corpo conforme o orgasmo arrebatador detona meus sentidos.
Sinto Dom tirando minha roupa, deixando-me completamente nua.
Ele puxa sua boxer e babo com o vislumbre do seu pau duro, longo e bruto.
Dominic aperta a cabeça babada de pré-sêmen e me monta, as pernas nas
laterais das minhas coxas, seu tronco forte e poderoso ereto. Segurando a
base do seu membro, empurra-o contra minhas dobras e provoca,
pincelando, esfregando o meu clitóris.

— Dominic... — Minha voz é um apelo. — Me fode logo!

— Não, Estela. — Dom empurra lentamente enquanto dobra o corpo


sobre o meu, nossos peitos colados, narizes se tocando, sua boca na minha.
— Este sou eu fazendo amor com você. Porque este sentimento me consome
tanto, que há momentos que preciso extravasar como um louco. Mas eu te
amo, babe. E o meu corpo ama o seu.

— Eu te amo, meu amor. — Sussurro um gemido sentindo-o em meu


útero, tão lento e fundo que está dentro de mim.

Dom se retira, puxando para fora na mesma lentidão e arremete de


novo. Lento. Fundo. Intenso.

Beijamo-nos em sincronia, seu suor pingando em minha pele,


unindo-se ao meu, nossas bocas movendo-se no ritmo das estocadas
profundas e lentas. Arqueio o meu corpo, movendo-me de encontro ao seu.
Pedindo por mais. Dom puxa minha coxa e ergue minha perna, apoiando o
tornozelo em seu ombro. Fico toda aberta e ele se afasta, beliscando um
mamilo, mordendo minha perna ao se afundar dentro de mim. Desta maneira
o sinto me rasgando, me abrindo, alargando meu canal, sua extensão e
grossura sendo totalmente sentidas, suas veias latejantes pulsam em meu
canal. Escorro ao seu redor, totalmente possuída, como pretendia.
Dominic revira os olhos, suado, os cabelos bagunçados, ombros e
braços arranhados, sua boca entreaberta, focado em mim enquanto estoca
intensamente. Convulsiono ao seu redor, levada ao extremo de mim com a
visão proporcionada. Desço o olhar por seu peito e abdômen, aquele V
delicioso e os pêlos pubianos bem aparados. Então arfo ao ver seu pau
entrando e saindo de dentro de mim nesta velocidade enlouquecedora, a base
roçando em meu clitóris a cada ida e vinda. Cravo as unhas em seus braços,
gemendo incoerentemente quando aumenta o ritmo para nos dar o orgasmo
que ansiamos.

Gozo gritando o seu nome, puxando seu corpo para o meu e ele vem,
me enchendo, grunhindo e apertando meu corpo com seus braços.

Após um longo banho onde chupei o pau de Dom até meu maxilar
ficar doendo e ele gozar nos meus peitos feito o selvagem que, às vezes, é,
estou deitada em seus braços.

— Ainda pensando em fugir? — Pergunta.

Olho para cima, meu queixo apoiado em seu peito.

— Sim, Dom. Quanto mais entendo que te amo, mais quero fugir.

— Você não é uma covarde. — Repreende com desgosto.

— Sobre isso sou. Sempre deixei claro. Você é que foi um enxerido,
metido! Não aceitou, me chamando de “minha”, feito um homem das
cavernas.
Dominic solta uma risada debochada e arqueia a sobrancelha daquele
jeito soberbo insuportável.

— Lembro-me bem de deixá-la com suas mentiras e omissões.


Fiquei em meu hotel e você apareceu lá. Com camisinha na bolsa e tudo, já
com o plano de me emboscar.

— Não ia não. — Minto. — Tanto que não fiz. A camisinha era para
outra pessoa.

Sua mão em minhas costas desce até segurar minha bunda com força.
Retalio com uma mordida no peito duro.

— Porra nenhuma. Não havia outro em seus pensamentos naquela


época, como não há agora.

— Como você é prepotente!

— Sou realista, Estela. Já você, é deselegante querendo negar. —


Bufa.

Reviro os olhos e volto a deitar em seu peito.

— Eu não fazia ideia de que Norman estava falido. Como levava as


duas para passear o tempo todo?
— Usando o dinheiro que Connor deixou para ele. Estava investindo.
— Comenta. — Gastando com elas para iludi-las e então ter sua confiança
para ficar em suas costas.

— Vovó conhece Norman. Ele era amigo do meu avô. O pai da


minha mãe, que tinha outra família. Ela nunca mais o viu desde esta época,
mas reconheceu o nome. É claro que ele não sabe quem ela é. — Digo
amargamente. — Não entendo, Dom, como mamãe pôde me deixar. Outro
filho. Aquela que escolheu ficar ao lado dela. — Deixo a verdade sair junto
com as lágrimas.

Dominic me puxa, fazendo-me olhá-lo.

— Eu também não entendo, Estela. Mas há algo de que estou certo.


Não é sobre você. É sobre ela. Somos responsáveis por nossos atos, não dos
outros. Confie em mim.

— Eu confio, mas é difícil não ter medo de tudo dar errado, de esta
confiança ser quebrada. No fundo, posso ter esperado algo assim delas.
Subconscientemente. Mas se parar de esperar de você e algo acontecer...

— Estela, vivemos um dia de cada vez. Sabe que sou honesto pra
caralho. Não podemos controlar o que sentimos, nem ter certeza que isso
perdurará. Mas o respeito e empatia, o nosso caráter, tem que se manter. Se
um dia não quisermos mais um ao outro, como lidaremos com isso, definirá
tudo. Prometo à você sempre dizer como me sinto e se fizer o mesmo,
estaremos bem.

Penso em como Dominic trata Lorena. Talvez devesse me


incomodar, mas me orgulho. E é uma garantia de sempre ser respeitada.
Porque se ele não fosse capaz de respeitar a mãe da sua filha, uma hora
colocaria suas asas de fora. Se bem que o homem já mostrou seu lado
infernal para mim, quer dizer, ainda mostra.

— Prometo dizer se algo mudar.

— Agora o meu trabalho é nunca permitir que cheguemos a este


ponto. — Ele gira nossos corpos, fazendo-me rir e gritar ao mesmo tempo
quando monta sobre mim e me beija.

Í
CAPÍTULO 35
Uma semana passou desde que minha mãe e avó foram com Norman.

Dominic tem sido minha âncora e sou completamente grata a ele por
ser um chato. Sério, estou gostando da sua mania de oprimir minha mente
todos os dias com o seu corpo. Para que só pense nele. E nele.

— Cadê o meu irmão? — Dean se escora no parapeito do terraço,


sem camisa, como sempre, mostrando as tatuagens e músculos.

— Foi encontrar com Liam. — Digo, pois Dom enviou Liam para o
Brasil para fazer algo importante e agora foi buscá-lo no aeroporto.

— Desde quando Dom vai buscar Liam? — Dean inquire, curioso.


— Isto deve ser uma surpresa. O pedido de casamento vem aí!

— O que? — Salto do sofá de canto na parede com plantas


suspensas, chamando a atenção de Ethan e Noah.

Zeke late e vem em minha direção, balançando o rabo ansioso como


se soubesse de algo.

— Pense, maninha, para que meu irmão iria buscar Liam? Foi uma
desculpa. Ou aliança, surpresinha romântica e nhê nhê nhê... Ou foi enfeitar
sua cabeça.

Coloco a mão sobre a cabeça e o fuzilo com os olhos.


— Eu o mato! — Exclamo e quando ri, completo: — Mato você
também. Limpo o mundo do sangue traidor Donovan. — Encaro os
pequenos e sorrio, recuperando a compostura. — Menos vocês, príncipes.

Dean gargalha e se aproxima, passando o braço pelos meus ombros,


enquanto me guia pelo terraço. Ethan e Noah estão regando minhas plantas,
como tem feito todos os dias esta semana. Suas expressões quando viram o
lugar nunca sairá da minha mente. Eles pareciam estar em um parque de
diversões e meu coração esmagado voltou a inchar.

— O que falou da gente? — Ethan pergunta, curioso.

— Qual é o nome desta? — Noah quer saber.

— Artemísia. Ela vai crescer muito. — Respondo, o vendo-o passar a


mão na parte superior peluda da folha com ponta bem afunilada.

— Não entendo porque Dom deixa você influenciar os meninos com


plantas. — Faz uma careta.

— O tempo que você perde enchendo o meu saco, já teria feito seu
próprio jardim, maninho. — Desdenho.

— Olha quem chegou! — A voz feminina animada me faz arregalar


os olhos.

Viro-me a tempo de ver Zeke correr em direção à Dakota. Por sorte


ela saiu da direção da escada ou teria rolado com o cão. Os meninos seguem
o amigo de quatro patas e pulam ao redor da prima.
— Dakdak! — Corro para envolvê-la em um abraço grupal e ela ri,
extasiada.

— Senti saudade, baranga!

— Eu também, mocreia!

Minha amiga me abraça forte e tenho certeza que veio por conta da
situação com mamãe e vovó. Quando contei o que aconteceu um dia depois
pelo WhatsApp, Dakota disse que viria imediatamente, mas a fiz ver a razão,
pelo menos naquele momento. Sendo filha de quem é, é óbvio que faz o que
quer.

Dakota sempre foi minha melhor amiga e, apesar de detestar a ideia


de perdê-la, decido ser honesta antes de continuar prolongando a covardia.

— Dean, você pode ficar com os meninos para eu falar com Dak um
momento?

— Claro, maninha. — Pisca, entregando-me descaradamente.

— Então você e tio Dy estão firmes? — Dakota sorri. — Estou tão


feliz!

— É sobre isso que precisamos conversar. Vem!


Ethan e Noah protestam sobre eu estar roubando sua prima, mas
barganho prometendo que assistiremos Karatê Kid, com Jackie Chan e
Jaden Smith, pela milésima vez. Congratulações a mim por tê-los viciado. Já
suspiro profundamente por ter que ouvir Dominic me dar uma palestra sobre
o filme ter classificação indicativa para crianças a partir de dez anos. Não
assisto coisas inapropriadas com os pequenos e este filme não tem nada
problemático, é respeitoso e muito tranquilo para crianças assistirem. É o
que sempre digo a ele, mas não entra em sua cabeça dura.

— Tenho taaanta coisa para te contar! — Dakota diz, jogando-se em


sua cama. Quase me acovardo, dando trela para suas notícias, mas ela se
senta, segurando minha mão e questiona: — E sua mãe e avó, hein? Estou
tão possessa! Como você está diante disso tudo?

— Agora bem, mas fiquei arrasada. — Confesso. — Ainda acordo


pensando que nada disso aconteceu. É inacreditável, sabe?

Vestir a armadura da coragem para dizer a verdade a Dakota está


sendo a coisa mais difícil, afinal, em meu peito sinto que será mais uma a me
descartar. E, honestamente, não faço ideia de como lidarei com isso. Talvez
esteja preparada, pois por mais que tenha dito a mim mesma que o erro é de
quem o comete, replicando Dom, ainda sinto que há algo errado comigo que
faz as pessoas irem embora.

— Não consigo imaginar, amiga. Meu desejo é de ir até elas e


sacudi-las até que acordem, mas elas terão o que merecem quando
perceberem que tio Norman é um sanguessuga. — Dakota diz seriamente,
lembrando totalmente ao pai.

Lambo os lábios ressecados e afasto-me para que possamos nos


encarar.
— Dak, o que tenho a dizer é... Você sabe que não faço rodeios,
então só quero deixar claro que nunca quis enganá-la, magoá-la ou... Eu não
sei como irá se sentir.

Dakota joga os cabelos para trás e aguarda.

— Vamos, garota. Conta logo!

— Eu... Eu me apaixonei pelo seu pai. — O silêncio a seguir é


sufocante, tento preenchê-lo com explicações. — Nunca fiquei com Dylan,
não brinquei com os dois ou algo assim. Seu pai e eu nos detestamos à
primeira vista, depois fomos presos na tensão sexual e acabamos envolvidos.
Ele sempre quis dizer, ia fazer isso no dia que inventei estar com Dy, mas se
chateou com minha mentira. Eu só... Não esperava que as coisas fossem dar
certo com o meu histórico de abandono e... — Suspiro. — Não quero me
vitimizar, só... Só não queria perdê-la por algo que não fosse ter futuro.

— E você realmente achava que eu sou tapada o bastante para não


me dar conta?

— O que? — Arregalo os olhos. — Naquele dia em que perguntei o


que acharia do seu pai com sua melhor amiga, você... Você disse que nem
passava pela sua cabeça...

— Quando peguei o bilhete, disse que sabia que você e papai


estavam se pegando. Você mentiu e eu deixei que pensasse que estava
caindo na sua. Depois, só dei corda para pensar que eu estava realmente
alheia. Aquela pulseira com sua inicial cavou a cova.
— Dakota... Uau! — Esfrego as palmas das mãos na saia do vestido
lilás que estou usando. A expressão de Dakota é ilegível e não sei mais de
merda nenhuma. — Sinto muito...

— Pelo que você sente, Estela?

— Por mentir. Omitir.

— Ah, que bom, porque se sentisse por ficar com papai é porque não
o merece. Você sabe que ele é o melhor, não sabe? E que se o magoá-lo vou
fazer picadinho de você? Depois eu colo, mas vou atacá-la com um daqueles
seus golpes da coruja seca.

— Golpe da garça. — Corrijo, rindo e chorando ao mesmo tempo.

— Este mesmo! — Dakota me puxa para os seus braços e aperta-me


forte. — Confesso que fiquei meio “eca” quando desconfiei, mas aquela
tensão sexual era tocável, mas achei que papai nunca pularia a linha. — Ri
com humor. — O safado pulou e ainda mijou em cima! Nunca o vi tão feliz,
Estela. Nem você. Então, se fazem bem um ao outro, espero que continuem
fazendo pelo tempo que isso durar.

— Obrigada. — O agradecimento vem de uma Estela pequena


deixada pelo pai e irmão, então para uma Estela já adulta, crédula de que
estava segura, de que nada a feriria como no passado. O coração esmagado
infla ainda mais. Realmente existem amigos mais chegados que irmãos. —
Amo você, Dakdak.

— Olhe para mim. — Dak puxa o meu queixo e me olha com


lágrimas nos olhos. — Você é incrível. Não é porque elas foram, que todos
irão. Ou pode até ser que todos possam ir, mas eu não, ok? Você é minha
melhor amiga. Muito piranha, pegou o meu pai? Sim, mas fazer o que?!

Caio na gargalhada, as lágrimas pingando e um sorriso enorme


enchendo o meu rosto. Dakota é filha de seu pai. E eu sou uma garota de
sorte por tê-los.

— Agora me conta, quais as novidades?

— Sabe que não sou boazinha, certo? Agora você me paga por não
ter contado sobre você e papai. Não contarei as novidades sobre Liam e eu!
— A safada se desvencilha de mim e corre para fora do quarto.

Sigo-a, exigindo saber, mas ela é infernal. Filha de seu pai!

Vejo Dominic passando pela porta da sala e seu olhar voltando entre
a filha, os sobrinhos, eu e a TV.

— Este filme não é para crianças.

— Fique quieto ou ganhará um golpe quádruplo da garça! —


Ameaço.

Ele arqueia uma sobrancelha e me puxa para um beijo na frente de


todos, pela primeira vez. É um cumprimento casto por conta das crianças,
mas é suficiente para enrolar os dedos dos meus pés.
— Você ganhará um golpe quíntuplo no quarto por ser tão insolente.
— Retruca baixinho contra minha boca.

Suspiro, derretida, caindo contra o sofá outra vez.

— Eca! Além de não me dar um abraço primeiro após uma semana


sem me ver, ainda suga a alma da minha melhor amiga na minha frente!

— Eeeeeca! — O coro infantil me faz rir.

— Eu senti sua falta, meu amor. — Dom comenta, todo amoroso,


puxando-a para ficar de pé para abraçá-la.

Dakota não disse nada, mas pelo beijo e a troca de olhares cúmplice,
o pai conversou com ela antes que eu confessasse. É claro que a espertinha
já havia se dado conta por si mesma, mas saber que Dominic teve esta
atitude em prol de proteger o meu emocional, diz ainda mais sobre o
homem.

Meu protetor devastador.

Protetor do coração. Devastador das calcinhas.

— Vocês são namorados? — Noah pergunta, curioso.

— Sim e agora Star é da nossa família! — Ethan comemora,


fazendo-me puxá-lo para um abraço.
— Sério? — Noah arregala os olhos e pula sobre nós. — Tia Star?
Uau! O tio Dom é o melhor! Deu Star para ser nossa de verdade agora.

— Calma, carinha. Estela é minha. — Dom pisca, devastando minha


calcinha.

Dakota faz som de vômito e acabo rindo.

Encaro Dominic com atenção e aperto sua mão sobre à mesa.

— Você está nervoso. O que houve? Vai me pedir em casamento


hoje? — Brinco.

Estamos no terraço, ambos com uma taça de vinho após o jantar


delicioso à dois. Djavan toca numa altura agradável na caixa de som de
Dean, que agora vive em meu uso.

Dom esteve calado, me encarando com intensidade.

— Fiz uma coisa. — Diz.

— O que? — Coloco a mão na cabeça, lembrando da conversa de


Dean três dias atrás neste mesmo telhado. Casamento ou chifre. — Me traiu?

— Você ouve o que diz? — Dominic resmunga, afinal devo ter


acabado de proferir uma blasfêmia em seu manual de deus. Ergue minha
mão entre as suas e beija os nós dos meus dedos. — Quando enviei Liam ao
Brasil desta vez, foi por um motivo específico e pessoal.

— Diz de uma vez, Dominic. Se fica puto com o que falo, é porque
não pode ouvir o que penso! — Reclamo, olhando-o com repreensão.

— Encontrei o seu irmão.

Nada do que tinha imaginado passava perto disso. Fico em silêncio,


pensativa e incerta.

— Eu... — Limpo a garganta e levanto-me, caminhando até o vaso


com girassóis. — E aí?

— Liam descobriu que é um cara honesto e trabalhador. É decente.


Irá se casar em poucos meses. Nunca esqueceu a irmã gêmea e vem tentando
encontrá-la há muito tempo.

— Oh! Meu Deus!

— Ele está na Califórnia, babe. A meu convite, com a noiva.

— Aqui? — Salto, virando para encontrá-lo já atrás de mim.

Dom segura meu rosto e beija meus lábios.


— A noiva está grávida, então optei por deixá-los em meu hotel em
São Francisco. Não sabia como reagiria e não os queria tão perto caso isto
fosse incomodá-la.

Passo a mão na testa, jogando os cabelos para trás, completamente


abobalhada.

Pulo no colo de Dominic, que me pega por reflexo e o beijo, afoita.

— Eu juro que se você precisar usar fraldas quando estiver senil,


caducando... Não contratarei enfermeiras, eu mesmo limparei sua bun...

— Pelo amor de Deus, cale esta boca! — Dominic bate a boca na


minha, calando-me com raiva.

Agarro sua camisa em meus dedos e o beijo com paixão, sem me


esconder atrás de frases tolas, deixando-o sentir o quanto o amo, porque é
assim ou explodir. É esta sensação que tenho. O amor que sinto me sufoca e
oprime até que esteja me dando a Dominic.
CAPÍTULO 36

— Quanto tempo falta? — Estela pergunta pela centésima vez.

Observo-a, usando uma saia jeans curta, as pernas para cima, os pés
apoiados sobre o painel do carro. A camisa branca de botões aberta está toda
amarrotada e a regata verde quase expõe os seios, de tanto que se mexeu nas
duas horas que estive dirigindo para São Francisco.

— Mais de três horas. — Informo.

— Ainda? Caramba, Dom!


— Tínhamos um jato à disposição, bandida. Você escolheu vir
dirigindo. Aliás, me enchendo enquanto eu dirijo. — Digo, atento a estrada.

— O que? Você me convenceu disso. Aquele papo de que a


Califórnia é linda e este seria um passeio único, que você nunca fez e blá blá
blá! — Olho-a de soslaio e a vejo fazer um gesto com a mão, imitando uma
boca falando.

— Você estava sonhando. — Implico, apertando sua coxa, onde


minha mão esteve durante todo o trajeto.

Estou nervoso. O caminho para São Francisco é longo pra caralho,


mas este tempo está sendo bom para colocar minha cabeça em ordem. É
como se fosse um adolescente novamente, apavorado ao receber a notícia de
que seria pai.

Estela precisou de uma semana para decidir encontrar o irmão. Ele


esteve ansioso, ligando para Liam constantemente e isto me fez dar um
empurrãozinho e encorajá-la. Se o infeliz não a merecesse, nunca o teria
trazido. A história com as sanguessugas de sua família já a machucou
bastante. Sei o quanto pensava em Lucas, por isso fiz Liam investigá-lo e
conversar com o gêmeo da minha mulher antes de decidir o que fazer.

— Veja quem é o mentiroso agora. — Estela ironiza, tirando os


óculos escuros com armação vermelha da cabeça, deslizando-os até os olhos.
— Vou dormir.

— Esperei por isso toda a viagem. — Zombo e ela faz questão de se


esticar para que eu veja que está mostrando o dedo do meio.
Cinco minutos depois, ela volta a perguntar quanto tempo falta.

Mesmo cansados, Estela não quis parar para descansar. Apenas


almoçamos duas horas atrás. Passando próximos à Ponte Golden Gate, vejo
seus olhos brilharem de excitação.

— Dom, precisamos tirar uma foto aqui! É uma das maravilhas do


mundo! Me conta tudo sobre ela, vou fazer um post!

— A ponte famosa, liga São Francisco a Sausalito, na região


metropolitana da cidade, sobre o estreito da Golden Gate. A ponte é o
principal cartão postal de São Francisco. É uma das mais conhecidas
construções dos Estados Unidos.

— O que é um estreito? — Pergunta, franzindo o nariz.

Estaciono o carro perto do mar, perto de outros veículos e


construções.

— É um canal de água que une dois corpos aquosos, como oceanos e


mares, por exemplo, e separa duas massas de terra. Fazem por vezes parte de
rotas importantes e por este motivo, sua relevância é estratégica do ponto de
vista econômico e militar.

— Uau!
— É um sinônimo de canal.

— Legal que você poderia ter dito apenas isso, mas quis mostrar sua
inteligência e me deixou toda curiosa como sabe tanto?

— Sou um empresário, economia me interessa. — Pisco. — Além


disso, não é um canal realmente, pois um canal pode ter outros significados,
mas também é um sinônimo.

— Entendi. Agora toma. — Entrega-me seu aparelho celular com a


câmera frontal aberta. — Sorria e tire uma foto nossa daí, que vai pegar a
vista da minha janela.

Sorrindo, ela passa o braço pelo meu pescoço e aguarda as fotos.


Depois de tirar de ambos, tiro só dela e entrego-lhe o celular antes de descer
do carro. Dou a volta e abro sua porta. Ela tira mais fotos, incomoda civis
para que tirem de nós, mesmo eu reclamando.

— Poderia ser um ladrão. — Rosno em seu ouvido depois que o


sujeito entrega o celular.

— Você é rico, Dominic. Era só me dar outro. Larga de ser mão de


vaca!

Acabo rindo. É melhor do que ceder ao desejo de esganá-la. Estela


me abraça e beija meu peito, sobre o coração, passando um braço por minha
cintura e apoiando a cabeça no mesmo local onde beijou, enquanto encara o
estreito.
— Eu te amo, Dom. Ainda fico chocada com como você entende a
minha cabeça. — Sorri.

— É mesmo? — Sorrio, puxando seu queixo para que me olhe.

— Sim, trazendo-me de carro para me distrair com suas merdas e a


Califórnia, passando aqui, me dando uma aula sobre este tal estreito. —
Revira os olhos. — Não estou mais nervosa.

— Bem, então isso faz um de nós.

— Como? — Olha-me com preocupação.

— Estou nervoso pra caralho.

— Com o que, Dominic? Meu irmão é um bandido e você não me


contou? Você já ama uma bandida, vai saber lidar com ele.

— Dirá para o seu irmão que sou o que seu? — A pergunta abrupta a
faz franzir a testa.

— Meu velho da lancha? Meu suggar daddy? Incontáveis opções. —


Faz graça, mas morde o lábio, olhando-me com ansiedade.

Puxo a caixinha vermelha de veludo do bolso interno do terno sob


seu olhar. Estela arfa, os ombros subindo e descendo depressa com a
respiração afoita.
— Penso que me apresentará como o seu noivo, minha pequena
bandida. — Abro a caixinha diante da sua atenção e falta de respostas.

Estela sem palavras é sempre um marco na sua trajetória de


cadelinha bandida insolente.

— Dom... eu...

— Você precisa dizer “sim”, babe. Esta é a palavra que está


buscando nesta cabecinha.

— Como dizer sim se não ouvi uma pergunta? Olha, Dom, você pode
melhorar este pedido. — Cruza os braços, recuperando a compostura e
bandidagem. Uma mulher passa por nós e Estela a chama. — Ele pagará
cem dólares para a senhora gravar um vídeo rapidinho, aceita? — A mulher
acena com a cabeça e presta atenção nas instruções que Estela dá. Ela se
volta para mim e avisa: — Vamos lá, Dominic Donovan. Honre esta deusa a
quem servirá pelo resto dos seus dias senis, ajoelhe-se e faça um pedido
decente!

A mulher olha entre nós, segurando a câmera em nossa direção. Solto


um bufo incrédulo. Deus, esta é a mulher por quem estou loucamente
apaixonado? Isso só pode ser um castigo do destino.

— Estela, eu sou loucamente apaixonado por você, perdido por você.


Levou meu coração há muito tempo, minha pequena bandida. Agora quero
que leve meu sobrenome. Case-se comigo. — Digo, segurando sua mão e
empurrando a aliança pelo dedo anelar.

Estela funga, mordendo o lábio inferior, mas protesta.


— Só depois que ajoelhar.

Abaixo-me, mas em vez de ajoelhar pego suas pernas e a jogo sobre


meus ombros. A mulher solta um grito junto com Estela. Aproximo-me, tiro
três notas de cinquenta do bolso e entrego à ela.

— Obrigado, senhora. — Pego o celular, viro a câmera frontal,


gravando-nos enquanto Estela esperneia. — E assim, foram felizes para
sempre.

— Mentira! Assim eu caí na lábia de um opressor insuportável!

— Quieta, bandida mentirosa!

Estela está flutuando quando entramos no restaurante do meu hotel.


Sua felicidade é ofuscante e estou orgulhoso pra caralho por conseguir fazer
as coisas darem certo do nosso jeito improvável.

Avisto seu irmão, que reconheço pela foto que Liam me enviou, pois
sua aparência e de Estela são distintas. Ela estaca no lugar ao vê-lo e, tendo
conhecimento de que o acompanha nas redes sociais, sei que o reconheceu.

— Estou aqui, babe. Está tudo bem! Vou esperá-la em uma das
mesas.
— Eu gostaria de ter você ao meu lado, mas acho que preciso estar
sozinha, né? — Solta uma risadinha e provoca: — Nasci colada a ele, não à
você.

— Não nasceu colada a ele, mas está colada a mim agora, bandida.
— Dou um tapa na sua bunda, sorrindo ao vê-la fazer uma careta de
chihuahua e sair rebolando aquela bunda gostosa na saia curta.

Sento-me na mesa mais próxima e tento relaxar. O pedido de


casamento antes de chegarmos foi uma estratégia para distraí-la. O anel de
noivado está comprado há dias, desde a chegada de Dakota, mas optei por
hoje para fazê-la feliz, confiante. Este anseio de protegê-la até dos
pensamentos sombrios me corrói.

Mesmo de longe, analiso a postura corporal de Lucas a todo o


momento. Ele está mais sensível que a irmã, pelo menos no exterior. Afinal,
Estela é uma mestra em fugir do que a entristece com piadinhas e mentiras.

Meia hora depois, eles ficam de pé e se abraçam, mas não há


intimidade, apenas dois estranhos se conhecendo, eu diria. Ela vira para mim
e faz um gesto com a mão, chamando-me. Lucas se afasta e faz uma
chamada telefônica, provavelmente para a noiva.

— Como foi? — Pergunto, analisando sua expressão.

— Perdi anos da vida dele e ele da minha. Por mais questionamentos


que eu tivesse, decidi deixá-los de lado e lidar com o agora. Queremos nos
encontrar sempre que pudermos. Fomos crianças e não tivemos culpa de
nada. Hoje podemos decidir, certo?
— Certo, minha menina. — Acaricio sua franja para trás e beijo sua
testa.

— Papai está morto. Deixou uma carta para mim. — Ela suspira,
mostrando o papel amassado em suas mãos. — Sofreu com câncer nos
últimos meses, foi rápido e sem chance de lutar. Procurou-me, mas eu já
estava na Califórnia e não teve chances de me encontrar. Lucas diz que se
arrependeu e na carta me pede perdão, fala que sentiu saudades todos os dias
e escreveu um trecho de Vento no Litoral. — Para mim, suas emoções
aparecem, as lágrimas que logo capturo com beijos. — A vida é tão frágil,
Dom. Perdemos tanto nós três.

— Você e Lucas têm muito para viver, para se conhecer. Recuperar


nunca será possível, mas você está certa em escolher não focar na mágoa e
abandono. Seu sobrinho nascerá e amará a tia mais louca de todos os
tempos.

— Um bebezinho. — Ela sorri. — Vou amar. Vem, a noiva dele está


vindo. — Estela entrelaça a mão na minha e cumprimenta a loira que está
abraçada ao irmão falando em português. — Este é o meu noivo, Dominic
Donovan.

— Sou Manuela. — Ela se apresenta, abraçando Estela.

Lucas se aproxima e me surpreende ao me abraçar.

— Obrigado por nos convidar e dar esta estadia incrível. Acima de


tudo, por proporcionar este encontro.

— Seja bom para sua irmã. Este é o agradecimento que quero.


— Dom! — Estela resmunga entre dentes, olhando-me com
expressão de chihuahua.

Arqueio a sobrancelha, mostrando que não volto atrás em minha


palavra e ela volta a olhar para o irmão, sorrindo amarelo.

— Estou tão feliz por te conhecer, Estela. Lucas fala tanto de você!
— Manuela sorri honestamente, puxando minha mulher pelo braço e
levando-a, já envolvidas em uma conversa animada.

Lucas e eu seguimos logo atrás.

Estela morde o lábio inferior e olha ao redor.

— Você mandou fechar esta área para nós?

— E enfeitar. Estas luzes não costumam estar por aqui. — Sorrio,


passando o braço por seus ombros enquanto caminhamos pelo jardim do
hotel.

Seus olhos brilham. Palmeiras enormes rodeiam o perímetro com


luzes cercando-as, iluminando o lugar, dando um ar romântico. Palavras da
minha filha, que me instruiu.

Dakota ameaçou fazer picadinhos de mim se magoasse sua melhor


amiga quando liguei para conversarmos, mas está feliz e disposta a ser
minha cúmplice.

Chegamos ao caminho ladeado por grandes velas brancas e Estela


suspira, os olhos arregalados. O fogo aceso nas pontas de cada vela a faz
parecer ainda mais deslumbrante quando se afasta para andar à minha frente.
Seu vestido de cetim verde esmeralda é longo, com um decote em V nos
seios e os cabelos estão cacheados, soltos. Linda pra caralho! Seus olhos
estão nos arredores. Meus olhos estão nela.

Quando vê meus sobrinhos vestindo smooking e meu cão usando


gravata borboleta, solta uma risada e leva as mãos à boca. Estela se vira para
mim e segura minha camisa social, olhos arregalados.

— O que é isso, Dom?

Minha filha, meus irmãos, Lorena, Liam, Paige, seu irmão e cunhada
estão sentados ao redor das pequenas mesas redondas.

Ethan e Noah ajoelham à sua frente e Zeke late.

— Star, você aceita casar com o tio Dom e ser nossa para sempre?

Todos caem na risada e eu me forço a ficar sério, ajoelhando-me


atrás dela. Zeke late em minha direção, fazendo uma Estela emocionada
virar para me encarar.

— Estarei de joelhos toda a vida para você, babe. Você aceita se


casar comigo e ser apenas minha para sempre?
Estela seca as lágrimas e se joga em meus braços, caindo de joelhos,
segurando o meu rosto e beijando cada parte.

— É claro que sim, amor!

— Só minha, ouviram? — Friso para os meus sobrinhos, fazendo-os


revirar os olhos e bufar. Até o meu cachorro late e pula em cima de Estela.
— Cão traidor.

— Isso aí, Zeke, mostra quem manda! — Noah incentiva, ficando de


pé junto com o irmão.

Ethan pega a mão de Estela e empurra outro anel em seu dedo, um


especial.

— Este era da minha mãe. — Explico. — Você pode escolher qual


usar, mas ambos não chegam perto de mostrar o quanto te amo.

— Então usarei os dois. Obrigada, Dom, eu te amo daqui até... qual


é o planeta mais distante do sistema solar mesmo? — Sua expressão
pensativa me faz rir.

— É Netuno, Estela. Fugiu da escola ou estava muito focada em suas


atuações como árvore que esqueceu as matérias?

Estela revira os olhos e bufa.

— Você e Dakota são demais para mim.


— Eu te amo, babe.

Ajudo-a a ficar de pé e saímos de mãos dadas, sendo


cumprimentados por cada um. Estela vê a caixinha de som com microfone
plugado e o ambiente tranquilo logo se torna uma bagunça sem fim. Do jeito
que ela gosta.

E eu também.
EPÍLOGO

Cinco anos e meio depois.

— Quero ser a primeira! — Minha filha, Zoe, de quatro anos diz.

— Não mesmo, ladra de pai. Por anos sempre fui a primeira. —


Dakota provoca.

— Fala sério! — Ethan, o suposto adolescente, revira os olhos.


— Que bobas! — Noah, que é o imitador da suposta adolescência,
imita.

— Já que estão brigando e não decidem, a primeira serei eu! —


Exclamo.

As duas filhas de Dominic se viram, cruzando os braços e arqueando


a sobrancelha. Juro, elas são filhas de seu pai.

— Não, mamãe. Eu sou a preferida do papai! — Zoe faz aquele


beicinho que me faria roubar uma nave espacial se ela quisesse uma. —
Poxa vida, Dakdak! Eu uso nosso cordão de melhores amigas! —
Chantageia, puxando o cordão de pequenas miçangas coloridas com o
pingente de metade de um coração.

Fiz este cordão para Dakota e eu, mas minha filha é irmã e melhor
amiga, segundo ela. Sorrio, vendo Dakota derreter de suas provocações e
pegá-la no colo. Elas são completamente distintas na aparência, apenas os
olhos verdes são idênticos aos do meu marido. E a atitude, pobre de mim!

— Entramos juntas, você no meu colo estará à frente, ok,


bandidinha? — Dakota cede.

— Obrigada, minha irmã preferida do muuuundo!

— Sou a única, pirralha descarada. — Dakota a enche de beijos, que


ri, toda animada.
— Tanta saudade de quando vocês eram meus bebês também. —
Resmungo puxando Ethan e Noah.

Abraço-os e eles retribuem. Apesar da onda “adolescente”, nunca


ficaram vergonhosos sobre carinho.

— O Noah ainda é. — Ethan implica com o irmão.

— Você, bebezão! — Noah retruca.

— Dois bebês e as provocações provam. — Aperto as bochechas de


ambos, que bufam. — Vamos lá, abrirei a porta e as princesas entram.

Puxo a maçaneta e, antes que comecemos a cantar parabéns, Zeke


corre na frente, latindo. O cachorro pula na cama e acorda meu marido com
lambidas babadas.

— Ele fez silêncio enquanto as duas brigavam, mas estava tramando


e agiu quando teve oportunidade. — Ethan conclui, rindo.

— Ah, não! Poxa! — Zoe lamenta, mas pula do colo da irmã e sobe
na cama.

Meu marido já estava acordado, esperando a surpresa, afinal dorme


pelado e o acordei para se vestir. Ele está completando quarenta e cinco anos
de pura gostosura. Dom nunca esteve mais bonito. Seus cabelos continuam
pretos, mas a barba toda grisalha é minha perdição. Nossos olhares se
cruzam e as lembranças de como passamos a noite faz o meu corpo
estremecer.
— Bom dia, minha princesa! — Dom beija Zoe e volta sua atenção
toda para ela.

— Papai, você pode dormir de novo para eu ser a primeira a te


acordar e desejar feliz aniversário?

Ele sorri o sorriso mais terno e feliz do mundo e acena com a cabeça.

— Esta criatura é uma mini Estela. — Dakota ri. — Juro que não
posso com ela.

— Você pode, querida. Em breve vem a mini Dakota para se unir a


ela. — Passo a mão em sua barriga redonda de seis meses de gestação.

Dakota está esperando sua primeira filha. Ela se casou com Liam ano
passado, após morarem juntos por anos. Quando Liam foi ao Brasil para
investigar o meu irmão, foi atrás da minha amiga. Os dias em que ele atuou
como segurança de Ethan e Noah enquanto Dak estava no Brasil, fez o
homem tirar a cabeça da bunda e lutar por minha amiga.

Dakota escondeu a história por um mês como uma vingança contra


mim e seu pai. Só soubemos por que Liam conversou com Dom quando ela
cedeu às tentativas do segurança de conquistá-la. A safada teria escondido
por mais tempo.

— Imagine o que farão? E quando os gêmeos começarem a fazer


bebês? Será uma turma da pesada. — Dakota ri.
— Ambos estão em lua de mel, já devem estar encomendado a trupe,
querida. — Sorrio.

Ethan faz uma careta ao ouvir o comentário, pois a esposa de Dylan é


sua mãe.

Dean e Lorena se acertaram poucos meses após meu noivado e de


Dominic. Ver que sua filha não tinha preconceito pelo fato do pai estar com
a melhor amiga dezessete anos mais nova, fez Lore abrir o coração e aceitar
o que sentia por Dean. Dakota, sendo incrível como é, estranhou, pois por
esta não esperava, mas apoiou a mãe como fez com o pai.

Já Dy, teve um longo caminho para conquistar, primeiro, a confiança


de Paige, afinal a mãe dos meus meninos tinha muitos traumas. Eles se
tornaram melhores amigos. Paige passou a amá-lo pouco a pouco, vendo que
Dylan era confiável, doce, honesto e amável.

Os quatro se casaram em uma cerimônia dupla duas semanas atrás.


Foi lindo, na praia, com poucos convidados. Lembrou-me do meu casamento
e chorei horrores.

Casei-me grávida de três meses e me tornei uma bola de emoções.


Pensava em mamãe, vovó e meu pai constantemente. Pedi Dominic que
procurasse saber se estavam bem e meu marido descobriu que retornaram
para o Brasil, então começou a enviar-lhes uma mesada. No fundo, era o que
eu precisava para viver tranquila. Saber que não estavam passando
necessidade. Embora nunca mais tenham me procurado, nunca deixei de
pensar nelas, mas na gestação tudo foi mais intenso. Então, três anos após
meu casamento, Dominic foi convidado para uma festa beneficente, em que
figurões se uniram para ajudar algumas ONGs, e quase tive um ataque
cardíaco ao encontrar Norman, vovó e mamãe, que estava de braços dados
com o prefeito de uma cidade do Rio de Janeiro. Norman se passava por pai
da minha mãe e ambos estavam nas graças do político.

Precisei me recompor quinhentas vezes. Dominic me levou para casa


quando percebeu o meu estado. No fim das contas, fiquei em paz por saber
que viviam bem e como queriam. Em contrapartida, doía não ser importante.
Estar próxima do meu irmão ajudou a lidar com esta etapa. Ter o amor dos
Donovan foi o que me deu certeza de que sou, sim, importante. Mesmo não
esquecendo-as, compreendi que cada um vive como bem entende e que me
remoer não faria efeito nenhum em suas vidas, mas faria na minha. Era
como uma filosofia que ouvi uma vez sobre a mágoa ser como lixo. Se você
junta lixo, é você que passa a ter mal cheiro e apodrece.

Volto à mim ao ouvir as risadas de Dakota, Ethan e Noah quando


Dom finge estar adormecido. Minha filha começa a bater palmas e cantar
parabéns, olhando-nos para que nos juntemos à cantoria.

Dominic faz uma atuação e tanto ao fingir acordar. Zoe dá um


gritinho quando ele a puxa, abraçando-a e enchendo seu rosto de beijo.

— Obrigado, minha princesa. — Dom sorri, afastando os cachos do


rosto de Zoe. Dakota pula na cama em seguida, abraçando-o. Ele beija a
cabeça da filha mais velha e repreende: — Filha, cuidado com a bebê.

— Só sentei, pai. — Ela revira os olhos.

Ethan e Noah abraçam o tio, que os puxa para a cama, sentando-se e


beijando as cabeças de cada um. Quando Paige se sentiu segura
emocionalmente para ter sua própria casa, a ausência destes dois deixou
Dom melancólico. Eles moram perto e os vemos diariamente, mas não tê-los
morando sob o mesmo teto foi difícil. Meu coração fica pequeno só de
lembrar. Paige sempre nos incluiu, deixando-os dormir em nossa casa nos
fins de semana, pedindo ajuda quando precisava, chamando-nos para
passeios. Vê-la feliz aquece o meu coração, pois ela merece tanto!

Depois que todos se afastam da cama, sento-me ao lado de Dom e


beijo sua testa.

— Feliz aniversário, meu amor. — Sorrio quando beija minha boca.

— Obrigado por ser o meu presente. — Diz contra meus lábios,


como fez todas as vezes que o felicitei nos últimos anos.

— Vamos comer o bolo, papai! — Zoe chama.

Puxo-a para o nosso meio e beijo suas bochechas coradas. Minha


filha é uma cópia minha com os olhos do pai. É doce, espevitada e adorável.
Nunca me imaginei sendo mãe, apesar de amar crianças, mas ser mãe de Zoe
desde que desconfiei foi natural. Ela se tornou todo o meu mundo apenas
enquanto a esperava. Com Dominic não foi diferente, apesar de ter
confessado que temia estar velho para ser pai, temia morrer e não ver a vida
do bebê. Zoe se tornou seu mundo e fiquei obcecada pela versão do papai
gostoso sendo papai do meu bebê.

Aos poucos, um por um sai do quarto, implicando entre si, falando


alto. Uma bagunça costumeira nos fins de semana em nossa casa.

Dom me puxa para um beijo, um apaixonado e ansioso agora.


Acaricio seus braços, o peitoral musculoso. Nunca deixou de correr e se
exercitar diariamente e só ficou mais gostoso com o passar dos anos.
**
Com os pés descalços e o microfone na mão, canto Equalize, da
Pitty, a plenos pulmões para o meu marido. Dom se aproxima, a camisa com
os botões abertos, mostrando o abdômen bronzeado. Ele me segura e embala
meu corpo numa dança suave. Sorrio em seus braços, sentindo o meu corpo
reagir e meu coração acelerar.

Encaro seus olhos e deixo o microfone de lado enquanto nos


movemos num ritmo totalmente desproporcional à canção, mas que envolve
cada anseio meu com os dele.

— Obrigado pela festa. — Dom agradece a festa surpresa que


preparei.

Nossa filha estava em êxtase, seus irmãos e as esposas retornaram de


surpresa, alguns de seus amigos íntimos estiveram presentes, mas agora
somos apenas nós dois. Próximos ao mar, um pouco embriagados de vinho,
totalmente bêbados de desejo. Não importa quanto tempo passe, quando
Dom me olha como agora, sinto em meu corpo, em meu âmago.

— Passei a noite toda desejando estar sozinho com você. — Dominic


murmura, inclinando-se para beijar o meu pescoço. Gemo quando sobe a
mão por minha perna, invadindo a saia do vestido laranja, apertando minha
coxa até os dedos empurrarem minha calcinha para o lado. — Só de tocá-la,
já está abrindo as pernas, babe.

— Também estive ansiosa para ficarmos a sós. — Sussurro, puxando


seu pescoço e o beijando.

Dominic engancha as mãos sob minhas coxas e me puxa para o seu


colo. Enrolo os pés sobre sua bunda durinha e aprofundo o beijo. Nossas
línguas se esfregam assim como nossos corpos. Dom caminha comigo até
estarmos atrás das grandes árvores do quintal. Ele prende minhas costas
contra o tronco de uma e puxa meu vestido para cima. Enfiando a mão entre
nós, libera o short da bermuda cáqui e pincela o pau duro em minha entrada
antes de deslizar todo de uma só vez pelo canal encharcado.

Meus gritos são abafados pela sua boca. Dominic crava os dedos em
minha carne enquanto afundo as unhas em sua pele. Ele morde meu pescoço
e ombros, sugando a pele para marcar. Chupo sua garganta, rebolo em seu
colo e sussurro o quanto ele é gostoso. Dom puxa meus cabelos, controlando
minha cabeça para que olhe em seus olhos. Ondulo, subindo e descendo no
pau grosso e longo. Ele dá um tapa em minha coxa e morde minha garganta,
estocando forte, viril e bruto. Gozo, chamando o seu nome e ele mete até
estar enterrado até o fundo, gozando dentro de mim.

— Isto não muda. — Sussurro, enfiando o rosto em seu pescoço.

— Só melhora. — Dom beija minha cabeça e se afasta para ajeitar


nossas roupas. — Porque isso sou eu mostrando o quanto sou seu, o quanto
te amo. E cada dia este amor só aumenta.

— Eu te amo tanto, Dom. — Seguro seu rosto e o beijo. — Quase


não posso acreditar que o pai da minha amiga é todo meu. — Sorrio, meu
coração tão acelerado por ele. — Às vezes penso que vou acordar deste
sonho...

— Meu prazer é mostrá-la todos os dias que está acordada, minha


pequena bandida. Continuarei mostrando agora mesmo em nosso quarto.

Dominic me leva para o nosso quarto e mostra. Ele cumpre sua


promessa de mostrar todos os dias.
— Pai! Mãe! Não estou conseguindo dormir no meu quarto...

Quer dizer, em alguns dias não pôde mostrar daquela forma. Mas
nosso coração sempre estava em nosso meio, adormecida sobre o braço do
pai com uma mão jogada em meu peito, então, eu senti este amor todos os
dias.

— Eu amo vocês daqui a Netuno, minhas meninas. — Dom diz,


esfregando a ponta do nariz no dela e então se esticando para me beijar.

— Amo vocês até Plutão, papai e mamãe, mesmo que ele não conte
mais.

Ela é filha de seu pai, eu não disse? E irmã da minha melhor amiga.
Beijando sua testa, sussurro:

— Amo vocês.

FIM.
AVALIE!

Se você chegou até aqui, não deixe de dar sua avaliação escrita. É
muito importante para o meu trabalho.
AGRADECIMENTOS

Primeiro agradeço a Deus por me permitir ter saúde e a mente sã


(nem tanto assim) para concluir mais uma história. Às minhas leitoras fiéis
e a quem está me conhecendo a partir deste trabalho. Parceiras bookstans,
vocês são incríveis e sempre irei ser grata!

O agradecimento especial, embora, desta vez seja para Dominic,


Estela, Dakota, Ethan e Noah. Vocês me salvaram. As crianças, que
puxaram o meu coração totalmente para si, porque sou mãe de dois meninos
e imaginá-los longe de mim, partia o meu coração toda vez e me dava mais
ânsia de um final feliz. Estela por ser para eles, alguém que eu gostaria que
meus filhos tivessem, caso eu faltasse. Estela por estar completamente
despreocupada sobre como poderia ser chata, boba, imatura ao contar sua
história. Eu vi cada defeito, mas fui completamente enfeitiçada pelo todo,
qualidades e defeitos juntos. Dominic por ser esse “paizão”, disposto a
abdicar de tudo por seus irmãos e sobrinhos, além da filha. O que é tão
natural, mas em um mundo onde os homens vivem abandonando os próprios
filhos ou sendo completamente alheios, esta é a maior qualidade que um
homem pode ter aos meus olhos. Por fim e não menos importante, Dakota.
Que amiga! Não preciso dizer muito, mas amigos de verdade são raros e,
mesmo com todo o direito de se chatear, Dakota era mais que amiga de
Estela, era amiga do próprio pai. Isto diz ainda mais sobre Dominic
Donovan e sua criação.

Amei cada segundo dos 30 dias que passei escrevendo este livro.
Fluiu tão facilmente e não esperava por isso após o trauma com meu último
lançamento. O pai da minha amiga veio para me salvar, voltar a minha
essência: comédia romântica. E serei eternamente grata a essa turma.
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OUTROS LIVROS

LOUCA PAIXÃO

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"Me mostre o seu inferno. E eu queimarei com você."


Ezra Cattaneo a encontrou em um momento que não
esperava. Depois daquele dia, nada foi o mesmo. Ele sentiu que
devia protegê-la e o fez, até que Ana fugiu e ficou longe por sete
anos. Quando Ana e Ezra se encontram, longos anos se passaram e
ela deixou de ser uma criança. A atração que surge entre os dois é
avassaladora, mas o protecionismo do italiano exige que ele proteja
o seu anjo até de si mesmo.
Ana não é uma mulher disposta a se encolher no canto e
chorar quando se depara com algo ruim. Se Ana é boa em fazer
algo, é lutar. E quando ela decide que quer Ezra, ela luta por ele e
contra ele até conseguir derrubar seu oponente e colocá-lo aos seus
pés.

ARDENTE PAIXÃO

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Stefano Esposito é o futuro Capo da máfia italiana,


entretanto, há anos faz o trabalho de um, duelando com o atual líder
da Família, seu avô e maior pesadelo. Não há muitas escolhas em
sua vida que ele fez. Nascido no sangue, criado no sangue, nasceu
como um herdeiro, viveu para honrar o legado e só pode sair morto.
Não há uma escolha sobre quem ele se tornou, pois tudo foi uma
grande consequência do mundo em que nasceu. O poder é sua maior
ambição enquanto ainda não descobre que há mais para almejar na
vida. Há uma escolha para Stefano, apenas uma. E ela está
chegando para arrebatar sua vida.

"A máfia não é lugar para mulher." "Seja submissa." "Ela


foi criada para ser uma esposa exemplar." Crescer na máfia não é a
vida dos sonhos de nenhuma mulher. Alessa Bianchi viu sua mãe
sofrer nas mãos do pai, sua irmã ser trocada por meros soldados e
sua própria sorte ser entregue ao maior monstro da Cosa Nostra.
Nunca pôde ser dona do seu destino, porém, é muito mais do que
todos são capazes de enxergar. Sem alardes, despretensiosamente,
Alessa ganha atenção de Stefano Esposito. Esse pode ser seu fim ou
o começo. Um duelo de gigantes. O amor pode vencer a maldade?
Há uma linha tênue entre a bondade e a maldade onde os bons
podem cometer atos duvidosos e os maus podem encontrar seu lado
bom por algo ou alguém.

O amor pode vencer a maldade? Há uma linha tênue entre


a bondade e a maldade onde os bons podem cometer atos duvidosos
e os maus podem encontrar seu lado bom por algo ou alguém. O
amor pode vencer a maldade? Há uma linha tênue entre a bondade e
a maldade onde os bons podem cometer atos duvidosos e os maus
podem encontrar seu lado bom por algo ou alguém.

UM AMOR DE MAFIOSO

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Leonello Di Accorsi é um mafioso simples. Para ele
qualquer dificuldade termina na lâmina de sua faca ou na ponta de
sua arma. Até que Serena Fontana invade uma reunião dos
Subchefes de Chicago, atraindo a atenção do homem com sua
rebeldia e temperamento intempestivo.

Serena é irmã do maior inimigo de Leonello, mas agora ela


está sendo prometida em casamento a um mafioso de péssima fama.
Ela não quer se casar, sonha viver sua vida livre, mas nasceu na
máfia e o direito de escolha nunca foi uma opção.

Sua alternativa é o desejo imprudente que sente por Leon


desde o primeiro olhar. Não há como fugir de uma atração que a
coloca de joelhos.

Leonello decide que seu destino é Serena.

Em meio a reviravoltas que transforma a paixão em ódio e


desejo de vingança, um casamento forçado e corpo a corpo que fala
mais que mil palavras, Leonello e Serena farão seu caminho para a
alma um do outro, seja por ódio ou amor.

UM PACTO COM O CEO

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Uriah Vilela é o CEO frio com passado sombrio. Ele
chegou onde está por mérito próprio. Vindo de uma vida de
dificuldades e pobreza, conseguiu agarrar as chances que teve e
vencer. Embora, seu passado esconda dores que não podem ser
reparadas pelo dinheiro.
Beatrice Camargo é a órfã milionária, que precisa de um
marido para impedir que a empresa deixada pelo seu avô caia em
mãos erradas.

Eles se conhecem e se detestam. Se conhecem, mas nunca


enxergaram o que há por trás das camadas em que cada um se
esconde.

Esta é uma história de amor verdadeiro com uma mocinha


louca e boca suja, que fará todas as peripécias possíveis para deixar
seu “homem gelo” derretido.
Table of Contents
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
REDES SOCIAIS
OUTROS LIVROS

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