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REJEITADA PELO PROFESSOR

SÉRIE CORAÇÕES REJEITADOS UM

COPYRIGHT © AMBERLY BERTUCCI


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Estão proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de


qualquer parte desta obra através de quaisquer meios —
tangível ou intangível — sem devido consentimento.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº
9. 610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Esta obra literária é uma ficção. Qualquer nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos de imaginação do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência.

Rejeitada Pelo Professor


[Recurso Digital] / Amberly Bertucci
— 1ª Edição; 2023
1.Romance contemporâneo
2.Literatura Brasileira
3.Novo Adulto
4.Ficção
SUMÁRIO

FICHA TÉCNICA
SUMÁRIO
SINOPSE
NOTA DA AUTORA
ALERTA DE GATILHOS
PLAYLIST
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPITULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
EPÍLOGO
AVALIAÇÃO
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
LEIA TAMBÉM
SINOPSE
“As provocações em sala de aula nunca foram tão quentes antes.”
Christian Lancellotti é conhecido pelos corredores da faculdade
por sua beleza arrebatadora e por seu temperamento ranzinza e
hostil com todos que lhe rodeavam.
Lecionando há poucos anos ele tem somente uma regra: Não se
envolver com suas alunas assanhadas.
Tudo ia bem, até ela chegar.
Ellie Carter é uma patricinha rica e mimada acostumada a ter tudo
o que quer em suas mãos e ao ser rejeitada pelo seu novo professor
jura a si mesma que irá conquistá-lo.
Uma aposta irá surgir e seus corações não podem estar em jogo,
mas até onde vai a razão quando o desejo é mais forte que a moral?
NOTA DA AUTORA
Sejam bem-vindos ao AmberVerso!
Eu nunca sei bem como começar as notas, mas como
sempre dizem comece pelo começo, hahaha, muito original, né?
Primeiramente gostaria de lhe agradecer por estar dando
uma chance ao meu novo bebê que de novo não tem nada! Hahaha.
A história de Christian e Ellie nasceu em meados de 2018 lá
no wattpad e foi o primeiro enredo que criei, desde então escrevi
muitas versões dessa mesma história e fiquei frustrada pois nunca
conseguia chegar ao fim, engavetei esse livro por vários anos até
que no início desse semestre eles voltaram a perturbar minha
cabeça e fui OBRIGADA a escrevê-los.
Hoje eu entendo que a Amberly do passado não estava
pronta para contar a história deles que é tão única e complexa, mas
deixo de antemão que a Amberly aqui do presente tá mais do que
preparada viu?
Segundamente quero adverti-los de que eles não são fáceis!
Christian e Ellie são muito intensos, insanos, imperfeitos,
contraditórios e meu Deus, posso passar horas aqui dizendo o quão
complexos eles são, mas aviso a vocês que o que há de mais lindo
neles é a capacidade de amar em meio ao caos.
Preparem os panos para o final, pois vão precisar!
E em terceiro lugar quero alertá-los de que este é o primeiro
livro de uma série de casais independentes, então quaisquer “furos”
entre secundários serão posteriormente aprofundados em seus
respectivos livros!
Desejo-lhe uma boa leitura e para surtos diretamente com a
autora procurem o User @amberlybertucci nas redes sociais.
ALERTA DE GATILHOS
Esse livro é proibido para menores de dezoito anos e
pode conter assuntos sensíveis como: anorexia, bullying, luto,
palavras de baixo calão, possessividade e sexo explícito.
Caso não se sinta confortável com algum dos temas citados,
preserve sua saúde mental acima de tudo.
PLAYLIST
Ouça a playlist do livro “Rejeitada Pelo Professor” no Spotify pelo
QR Code do seu aplicativo de música ou então clique aqui.
EPÍGRAFE
Se amar você for crime, qual será a minha sentença?
Ycaro Loureiro
DEDICATÓRIA
Para as boas garotas que cansaram de seguir as
regras convencionais e decidiram viver seus desejos
mais obscuros.
PRÓLOGO
Estou tão afim de você
Que eu mal posso respirar
E tudo que eu quero fazer
É me jogar com tudo
Into you, Ariana Grande
Ao pisar no salão de festas da universidade de Nova Iorque
sinto os olhares se voltarem para mim conforme ando até o bar, os
homens me observam com lascívia, e as mulheres com a mesma
aversão de sempre.
Eu até as posso entender, meu look de hoje causaria inveja
até mesmo em uma estilista.
— Um coquetel de morango, por favor. — Peço ao barman
enquanto faço uma pequena vistoria no local.
— Um minuto srta.
— Sabe me informar se já houve as apresentações?
— O reitor a fez há poucos minutos, foi a mesma ladainha
de sempre. — Gesticulou com as mãos antes de me entregar o
copo.
— Entendo, obrigada. — Levantei o copo em comprimento
antes de bebericar o líquido adocicado.
Apertei os olhos com certo tédio ao observar Levi, o filho de
um velho amigo de papai andar em minha direção, ele abriu um
pequeno sorriso de lado que arrancou suspiros delirantes de
algumas garotas que estavam próximas a ele, estiquei a coluna e
forcei um sorriso.
— Querida Ellie, que prazer lhe encontrar aqui — estendeu
a mão esperando que eu lhe entregasse a minha, balancei a cabeça
e a estendi para ele. Levi curvou o corpo e depositou um beijo
cativante em meu dorso.
O idiota era mesmo um galanteador de mão cheia.
— Levi, sempre tão encantador. — Alfinetei.
O jovem era um pequeno tormento em minha vida e
aproveitava-se da aproximação entre nossas famílias para me
perseguir nos eventos, ele parecia um verdadeiro chiclete em meus
saltos, só não o tratava pior, pois papai havia me advertido a ser
gentil, e dessa vez não consegui persuadi-lo ao contrário.
Não que, Levi fosse um homem feio ou desinteressante,
pelo contrário, ele era um homem galante, suas palavras doces
eram como melodia nos ouvidos de qualquer mulher, e sua
aparência um verdadeiro colírio para os olhos, se ele não fosse tão
bem aceito por papai eu poderia até me interessar por ele, mas o
fato de tudo ser tão óbvio e esperado o tornava desinteressante
para mim.
Papai aguardava o dia em que fôssemos engatar um
relacionamento, assim como seus pais; em nossos encontros eles
sempre procuravam nos aproximar, e tentavam nos deixar a sós o
máximo possível, aquilo me causava certa repulsa.
Se um dia fosse ter um relacionamento iria querer algo
inesperado e arrebatador.
Cansada de aturar suas investidas resolvi pôr um ponto final
naquela situação, mesmo que papai quisesse me esganar depois,
eu daria um jeito.
Eu sempre dava.
— Levi, não me leve a mal, você é até bonitinho — o olhei
de cima a baixo parando meus olhos em suas coxas por mais tempo
que o necessário — bem bonitinho, tenho certeza de que tem várias
garotas aos seus pés, mas preciso deixar claro que não sou uma
dela, você não enche os meus olhos. Eu não teria um
relacionamento com você nem que fosse por obrigação.
Seus olhos que sempre me olharam com tanta paixão se
tornaram gélidos, como nunca foram antes para mim, e ali eu tive a
certeza de que havia quebrado o seu coração.
Era melhor assim.
— Você... — ergueu o dedo em riste, a expressão dura
carregava seu rosto, Levi balançou a cabeça como se não valesse a
pena concluir a frase — Não irei mais perder meu tempo com você,
não passa de uma garota arrogante e mimada.
Revirei os olhos.
— Fico feliz somente em não ter mais o prazer de sua
companhia. — Beberiquei o coquetel de morango assistindo-o se
afastar.
Eu era dada como egoísta e mimada, deveriam culpar meu
pai por isso já que ele sempre fez todas as minhas vontades, ou
deveriam reclamar com seus próprios pais por não terem lhes
mimado o suficiente.
Invejosos.
Bato uma foto do coquetel e posto nos storys.
A noite estava entediante, embora tudo parecesse como
sempre foi, sentia como se faltasse algo.
Virei o copo.
— Pode preparar mais um?
— Um uísque duplo, por favor — escuto a voz baixa e rouca
soar ao meu lado.
Endireito a coluna, sentindo meus pelos se erriçarem.
Viro meu rosto lentamente em direção a voz, não querendo
parecer ansiosa para vê-lo, contudo é impossível fingir costume
quando meus olhos encontram seu rosto.
Dizem que você sabe o momento exato em que se sente
atraído por alguém. Eu posso confirmar que é verdade
Embora houvesse homens bonitos cirandando pela
confraternização, nenhum deles era como ele.
Não era apenas bonito, ele era... fascinante.
Sua pele era levemente bronzeada, os cabelos de um
castanho escuro tinham fios desalinhados como se alguém os
tivesse bagunçado de propósito, o cavanhaque era cheio e elegante
e imaginei qual seria a sensação de senti-lo se arrastar no meio de
minhas pernas.
Seus lábios não eram carnudos, pelo ao contrário eram
pequenos e delicados, e pareciam deliciosos de se beijar, e os seus
olhos? Eram de um azul claro que brilhavam cheios de malicia e
más intenções.
E eu adorei.
Um terno cinza escuro vestia seu corpo, a camisa branca
tinha os três primeiros botões abertos e a visão de seu peitoral
musculoso e com um monte de pelos me fez delirar.
Molhei os lábios.
O vi esticar um sorriso de lado ao ver que o analisava sem
pudor. Retribui o sorriso.
— Nunca a vi por aqui antes — ponderou, descendo os
olhos na fenda de meu vestido. — Me lembraria de você. — Jogou o
flerte antes de dar um gole em seu copo.
— Nunca o vi por aqui também.
— Está sempre presente nessas confraternizações?
— Mais do que gostaria, são entediantes.
— Sou suspeito de falar, mas entediante — desceu seus
olhos em meu decote mais uma vez, segurei o ar — definitivamente
não define essa festa, como você se chama ?
— Por enquanto, sou só uma garota sozinha no bar, e você?
— cruzei as pernas expondo ainda mais minha pele nua, a fenda do
meu vestido começava no limite da minha calcinha, se existisse
uma, é claro.
Seus olhos devoraram minha pele nua, e então ele sorriu, os
cantos dos lábios inclinados levemente para o lado.
O sorriso de um cafajeste.
— Essa noite? Só um cara em um bar também.
Bebemos e conversamos pelas horas seguintes, o
desconhecido era um homem encantador, a conversa com ele era
agradável e nunca faltava assunto, suas colocações eram tão sutis
e inteligentes que eu ficava sem palavras, dificilmente encontrava
homens que me fascinassem e me seduzissem na mesma medida.
Ou eram bonitos ou tinham conteúdo, ele estava sendo minha
exceção à regra.
Àquela altura da noite a diretoria da faculdade já havia ido
embora e só restavam os alunos e convidados, grande parte
embriagados. A música estava mais alta e meus ouvidos
começavam a doer, porém começou a tocar Into you, da Ariana
Grande.
— Eu adoro essa música. — Me levantei empolgada e em
seguida segurei no balcão pela tontura que me atingiu. Forcei minha
vista até que conseguisse enxergar com nitidez.
— Peço desculpas, mas eu não levo o menor jeito para a
dança. — O desconhecido falou assim que percebeu que eu iria
para a pista.
— Oh, querido, não se preocupe, vou dançar especialmente
para você esta noite — raspei minhas unhas no contorno da sua
mandíbula e desci para o pescoço, parando em seu peito nu, o leve
grunhindo que saiu de seus lábios me deu satisfação — e não terá
graça se não puder me ver.
Lhe mandei um beijo no ar e virei as costas indo para o
salão, várias pessoas dançavam ao meu redor, algumas
acompanhadas e outras não, fiquei em um ponto onde soube que
ele me veria e erguendo os braços deixei me levar pelo ritmo da
música, mexia meu corpo conforme a batida, fechei os olhos e sorri
largamente apreciando a sensação de leveza, desci minhas mãos
por entre meus seios e barriga, imaginando suas mãos me tocando
ali, quando abri os olhos ele me observava ainda sentado, a ponta
dos seus dedos estavam brancos de tanto apertar o copo, sinalizei
um “vem aqui” com o dedo indicador e abri meu sorriso mais
pervertido.
Virei de costas outra vez e comecei a descer meus quadris
no ritmo da música até o chão, provocando-o, joguei os cabelos
loiros para o lado.
Senti o calor de seu corpo por detrás do meu segundos
depois, o suor começava a escorrer por minha nuca e apesar do
local ser climatizado, estava quente.
— Pensei que havia dito que iria dançar especialmente para
mim — apertou minha cintura, seus lábios próximos ao meu ouvido,
a voz mais rouca — não tenho essa sensação quando um bando de
moleques está comendo você com os olhos.
Não respondi.
Joguei minha cabeça em seu peito, ele era bem mais alto
que eu, devia ter uns 2 metros de altura, pois minha cabeça batia
alguns centímetros abaixo de seu queixo, e eu com meus 1,74 de
altura era considerada alta.
Seu corpo começou a se mover junto ao meu, suas mãos se
moviam com possessão, mas respeitando meus limites, pus minhas
mãos por cima das deles e as movi para mais baixo, onde a fenda
começava em meu vestido.
— Ah menina, você está brincando com fogo. — Deslizou os
dedos em minha pele nua, quase delirei sentido a aspereza de seus
dedos
Aquele homem silenciosamente prometia trazer os céus até
mim.
— E quem lhe disse que não desejo me queimar? — passei
minhas mãos em seu pescoço, raspando as unhas em sua pele.
Outra música começou a tocar.
O desconhecido trouxe meu corpo para mais perto do seu,
esfreguei-me nele sem pudor algum, estava extasiada com tantas
sensações, desejo cru corria por minhas veias, a necessidade de tê-
lo para mim, decidida a dar um fim aquela enrolação, me virei para
ele, suas mãos pararam no limite da minha bunda.
O salão estava iluminado apenas por globos de luz
vermelhos, o que tornava tudo mais excitante.
— Então, senhor, sou só um cara no bar, qual é o seu
nome? Preciso saber, você sabe... — fiquei na ponta dos pés para
alcançar seu ouvido — para quando for gemer seu nome. —
Sussurrei.
Seu corpo ficou rígido e um grunhido escapou de sua
garganta, senti suas mãos afundarem em minhas nádegas e ele as
apertou com força, trazendo meu corpo para mais perto de si.
— Quando eu comer você, não lhe sobrará fôlego, muito
menos consciência para lembrar meu nome. — Vociferou e uniu
ainda mais nossos corpos.
A resposta veio direto em meu clitóris.
Arfei.
— Estou ansiando por isso, senhor.
Sem dizer mais nada ele me conduziu para fora do salão de
festas, paramos apenas para pegar minha bolsa.
As batidas do meu coração aceleravam a cada passo que
dávamos, delirando em expectativa.
— Vamos no meu carro.
—Uma BMW, tão típico — disse em tom de desdém ao vê-lo
parar em frente ao modelo mais recente.
Suas mãos me prensaram contra o carro, de costas para
ele. A respiração pesada batia em minha nuca, agitando meus
hormônios. Senti seu pau duro e grosso contra a base da minha
coluna, prova de que ele estava tão excitado quanto eu.
— Você adora provocar, menina.
Empinei minha bunda, rebolando em sua ereção.
Gemi em satisfação.
Ele é grande, aí, aí.
— Só quando sei que serei muito bem recompensada.
Meu corpo queimava de desejo por onde seus dedos
passavam, arquei as costas ao sentir seu toque em minha pele nua.
Sedenta por mais.
— Eu poderia fodê-la agora mesmo contra esse carro. —
disse com a voz carregada de desejo em meu ouvido, gemi baixo.
— E qualquer um veria o quanto está sedenta a noite inteira
querendo dar essa boceta para mim.
— É mesmo...? — minha voz falhou, e gemi novamente ao
sentir seus dedos tocarem a parte interna da minha coxa, se
movendo com lentidão, em clara tortura. — Acho que está
enrolando demais.
Ia prosseguir quando seus dedos tocaram minha boceta
encharcada.
— Sem calcinha? Você é uma caixinha de surpresa. — Seu
dedo circulou meu clitóris, arqueei as costas e me esfreguei mais
contra ele — Está escorrendo de tanto tesão, logo vai ser minha
porra entre suas pernas. — Riu maliciosamente enquanto seus
dedos começaram a massagear minha boceta.
Meu ventre pulsava.
O ar ficava mais sufocante a cada instante, eu me contorcia
de prazer em seus braços, sem me importar que alguém poderia
nos ver facilmente.
Estava louca de tesão.
Os minutos se passaram, o desconhecido me masturbava
enquanto proferia as palavras mais baixas em meus ouvidos, e
aquilo me excitava ainda mais.
— Ah... Por favor...Ah... — gemi enlouquecida com o prazer
contido em meu ventre. — Eu preciso...
— Agora pode gozar, menina. Goze para mim.
E sem que ele pudesse repetir as palavras gozei delirante
em seus dedos, assisti ele levar meu gozo aos lábios e chupar como
se fosse a coisa mais gostosa que já havia posto na boca.
— Deliciosa, vou ficar viciado em sua boceta.
— Se continuar me fazendo gozar assim, ficarei viciada em
você.
O puxei pela gravata, levando-o até o capô da BMW. Ouvi o
riso rouco ressoar em meus ouvidos.
— Quero beijá-lo, enquanto você me fode aqui em cima. —
Apontei para o metal frio, quando virei me deparei com seus olhos
brilhantes, cheios de malícia.
— Você é uma putinha muito gananciosa — Arrumou uma
mecha solta do meu cabelo. — Mas também muito deliciosa. — Fiz
um biquinho, e ele o mordeu em seguida.
Passei minhas pernas ao redor de sua cintura, e ele me pôs
sentada sobre o carro, a fricção gostosa de nossos sexos fez com
que gemêssemos juntos.
O aperto em minha cintura ficou mais suave, seu toque se
tornou delicado e mais gentil, era como se estabelecêssemos uma
conexão.
O leve roçar dos seus lábios aos meus, sua respiração
quente batia em meu rosto, apertei meus braços ao seu redor,
sentia como se meu coração batesse em todas as partes do meu
corpo, pulsando, mais do que sedenta pelo seu toque, eu estava
desesperada por ele.
Arfei deliciada com tantas sensações. Estava sendo tocada
por um homem que sabia exatamente o que fazia.
Ofegante, passei a língua pelos lábios secos. Ele inclinou a
cabeça e encostou sua boca na minha. Fiquei hipnotizada com a
firmeza e a maciez de seus lábios, e com a pressão suave que eles
exerciam.
Suspirei, e sua língua entrou na minha boca, sentindo meu
gosto em longas e deliciosas lambidas. Seu beijo era confiante e
habilidoso, com a quantidade ideal de agressividade para me deixar
morrendo de tesão. Como se isso fosse possível.
Minhas mãos foram logo para os seus cabelos. Puxei as
mechas macias, usando-as para direcionar sua boca para a minha.
Ele gemeu, tornando o beijo ainda mais profundo, atacando minha
língua com movimentos lascivos.
— Preciso...ter... você... —murmurei ofegante.
—Eu vou comer você, e a deixarei arruinada para qualquer
homem.
— Não seja tão egoísta, o que é bom deve ser
compartilhado — ri com escárnio, e seu aperto se tornou bruto
novamente.
Gemi.
Provocá-lo me deixava inebriada.
— Abra as pernas para mim, menina — fiz como ele pediu,
embolando o vestido até a cintura com seu olhar atento — agora,
abra essa boceta gostosa. Isso. Deliciosa.
Fiz como ele pediu sem nenhuma vergonha, o seu olhar
desceu pela minha cintura nua, seus olhos refletiam fascínio e
desejo.
Seu pau chega quase no umbigo, enorme, grosso, cheio de
veias e a cabeça avermelhada estava toda melada. Lambi os lábios
desejando chupá-lo.
Ele encostou a cabeça de seu pau entre meus lábios do
meu sexo, como se estivesse me fodendo, me contorci deliciada.
Flexionando os quadris, ele entrou em mim, expirando o ar
junto comigo em uma sincronia marcante.
Apertei minhas unhas em seus ombros ainda por cima da
blusa.
Suas estocadas começaram lentas e preguiçosas, meu
corpo se acostumando ao seu tamanho.
Ele era grande, delicioso
— Gosta assim...?
Neguei em meio a um gemido abafado.
Eu estava adorando
Apertando-me mais forte, ele começou a me foder com
força, espalmei o capô, sentindo-o ficar liso pelo suor de minhas
mãos. O ar parecia faltar em meus pulmões.
Suor escorria por suas têmporas, os olhos vidrados nos
meus.
— Oh, meu deus... — delirei.
Uma onda de prazer percorreu meu corpo ao sentir as
estocadas violentas e ferozes, intensificando-se a cada investida do
corpo dele contra o meu.
Era bem assim que eu queria você. Bem assim.
Joguei a cabeça para trás extasiada, mas logo sua mão
puxou-me para si.
— Olhe para mim, veja quem está fodendo você.
Ele soltou um palavrão baixo e posicionou uma das mãos
sob o meu quadril, levantando minha bunda na direção das suas
estocadas para fazer com que seu pau entrasse mais fundo e
chegasse ao lugar que ansiava por ele.
— Oh, sim... sim... — puxei seus cabelos, trazendo seus
lábios para os meus. — Continue assim...
— Ainda consegue pensar em meu nome, menina?
Finquei meus saltos em sua bunda, trazendo-o para mais
perto.
Sua boca estava entreaberta, o desconhecido delirava
assim como eu.
— Faça... — uma estocada — o seu... — outra estocada —
melhor...
Me remexi de encontro ao seu quadril, nossos sexos se
chocando em uma fricção deliciosa, seus dedos desceram para o
meu clitóris e ele começou a massageá-lo
O céu com certeza parecia muito mais próximo agora.
Um orgasmo se formou em meu baixo-ventre, todo o meu
corpo se enrijeceu e se contorceu junto ao dele.
— Isso, agora pode gozar, goze minha linda menina.
O jato quente escorreu pelas minhas pernas quando ele saiu
de dentro de mim. Apertei as pernas me deliciando com a sensação.
— Abra as pernas e puxe o vestido novamente. — pediu
alguns minutos depois.
Eu estava sentada no capô do carro, com o vestido já
arrumado no corpo. Observei ele se abaixar, ficando aos meus pés.
— O que você vai... — me calei ao vê-lo embolar o vestido
até meus joelhos e abrir minhas pernas para limpar seu gozo com
um lenço branco.
Ora, ora, um cavalheiro.
— Apesar de me sentir bem em saber que minha porra está
escorrendo em suas pernas, — abriu um sorriso debochado. —
como eu disse que ficaria, — revirei os olhos por sua presunção. —
Não pode ir jantar assim.
Senti meu estômago roncar no mesmo instante, estava
faminta.
— Pode me lembrar quando fez o convite? — coloquei a
mão na cintura. — A sensação de tê-lo aos meus pés é muito
satisfatória, mas estou começando a me sentir exposta demais.
Ele ergueu o rosto
— Se quer saber, a visão daqui é espetacular, o paraíso
para um homem como eu. — Senti minhas bochechas esquentarem.
Vocês transaram em um estacionamento público! Em cima
de um capô, é sério que está com vergonha agora?
— E nós iremos jantar. — Sua voz saiu convicta. — E
depois você será minha sobremesa, irei me banquetear do seu
corpo a noite inteira. — Sorri.
— Sendo assim, eu adorarei ir. Espero deixar sua cama
satisfeita.
— Nenhuma mulher saí da minha cama com reclamações,
menina.
Aceitei sua mão estendida para mim, e ele me conduziu
para dentro do carro.
O jantar havia sido tão bom como as últimas horas ao seu
lado, comemos o especial do restaurante e bebemos vinho, senti
que meu estômago não aguentava mais tantas misturas alcoólicas,
entretanto disfarcei comendo um aperitivo.
Continuamos a noite sem revelar nossos nomes, e eu gostei
do jogo que estávamos fazendo, tornava tudo misterioso e excitante,
somente pedi que me confirmasse que não estivesse em nenhum
relacionamento, pois eu poderia fazer muitas coisas inadequadas,
mas ficar com homens comprometidos não era uma delas.
Ele reservou o melhor quarto de hotel para passarmos a
noite, não sei quantas vezes transamos, mas quando gozamos
juntos pela última vez os tons de azul no céu já estavam clareando,
exausta, só consegui me aninhar mais ao corpo dele e adormecer
em seus braços.
Quando fui embora, horas mais tarde o sorriso em meus
lábios era majestoso, ele realmente cumpriu sua promessa de se
banquetear do meu corpo e me deixar satisfeita, o desconhecido
sem dúvidas foi o melhor homem com quem já transei.
CAPÍTULO 1
Eu fiquei tipo, por que você está
tão obcecado por mim?
Obsessed, Mariah Carey
Viro meu corpo em frente ao espelho e respiro fundo
observando se engordei nos últimos dias. Solto o ar algumas vezes
verificando a altura da minha barriga, que estava um pouco mais
inchada que o normal. Meu rosto também estava mais redondo, faço
uma nota mental de marcar uma sessão de massagem modeladora
com minha esteticista o mais rápido possível.
Rodopio vendo a minissaia plissada balançar em volta das
minhas coxas, uma blusa de manga longa e gola alta em tricô, por
cima o blazer oversized branco desce até meus joelhos, nos pés
uso um Louboutin modelo Kate na cor preta que finaliza meu look
Old Money para o primeiro dia de aula na faculdade.
Balanço a cabeça sentindo minha franja se espalhar em
meu rosto, ela desce até a altura de meu queixo o que disfarça
bastante o tamanho das minhas bochechas, prendo os fios loiros
com um laço branco no topo da cabeça; meus cabelos descem em
camadas até o final da lombar com graciosidade.
Odiava excesso de maquiagem, principalmente tão cedo,
por isso optei por passar nos somente um hidratante facial, um
pouco de blush e um batom rosado nos lábios.
Dei uma piscadela para o espelho ao ver o resultado;
passava a imagem perfeita de boa moça para o primeiro dia de aula,
precisava sondar o território.
Pego minha bolsa e saio do quarto em direção a cozinha
torcendo para que o senhor Arthur Carter, vulgo meu pai, ainda não
tenha saído para trabalhar pois tínhamos o costume de ir ao
primeiro dia de aula juntos todos os anos.
O tintilar dos meus saltos era o único som que podia se
ouvir na mansão naquela manhã, em geral tudo era muito
silencioso, com o tempo aprendi a apreciar a falta de barulho, mas
lembro-me que enquanto criança eu sentia arrepios, na época papai
contratou uma babá para me fazer companhia durante todo o
tempo.
Assim que cheguei ao final da escada senti o cheiro suave
de café, meu aroma favorito no desjejum desde nossas recentes
férias no Brasil, me apaixonei tanto pela culinária de lá que mantive
várias receitas em meu dia a dia.
— Bom dia, papai – o abracei tirando sua atenção da
matéria que lia em seu telefone.
— Olá, querida, animada para o primeiro dia de aula? —
Encheu uma xícara de café para mim.
— Um pouco — sorri puxando a cadeira ao seu lado —
estou feliz que Victoria resolveu fazer o mesmo curso que eu, assim
não ficarei vagando pela universidade sozinha — meus olhos
brilhavam com a menção.
— Tenho certeza de que vocês serão as melhores
advogadas de Nova Iorque, querida. — Mordi os lábios tentando
conter o sorriso sem sucesso.
Papai sempre me apoiou em tudo o que quis fazer, e com a
escolha de curso não foi diferente, embora eu pensasse que ele
fosse surtar, afinal, por sorte ou azar, sou a única herdeira do
Império dos Carter, e como ele também é filho único não existem
primos para disputar o cargo comigo;
A cadeira de CEO sempre foi minha.
Não vou mentir que a sensação de poder é inebriante,
imagino as letras douradas com meu nome no último andar do
arranha-céu com mais frequência do que gostaria de admitir,
entretanto meus caprichos são anulados ao lembrar que milhares de
vidas estarão sob minha responsabilidade.
Infelizmente nem tudo são flores na vida de herdeira e meu
sonho de liberdade profissional tinha prazo de validade, papai
deixou que eu fizesse o curso que desejasse como uma realização
pessoal — apesar de eu saber que a formação em direito me
ajudaria muito — e após disso me preparasse para assumir o
legado da família.
E a escolha do curso até veio a calhar, pois me ajudaria
muitos nas transações.
Observei a cadeira vazia ao lado de papai com um finco na
testa.
Arthur só havia se casado uma única vez, com a minha
mãe, ele costumava dizer que foi amor à primeira vista e que o
tempo que eles haviam tido juntos nunca seria o suficiente, porém
que se ele tivesse que escolher entre os anos que viveram juntos a
nunca os ter, ele seria um viúvo eternamente apaixonado.
Não consigo me lembrar de meus pais brigando seriamente
durante minha infância, provavelmente porque isso nunca
aconteceu, mamãe odiava discussões desnecessárias, ela era o tipo
de pessoa que vivia alegre e feliz o tempo inteiro, poucas coisas
afetavam seu bom humor.
Minha mãe era a luz de nossas vidas.
Desde sua morte há quase cinco anos, nós desmoronamos,
papai perdeu aquele brilho nos olhos, gostava de pensar que ele
poderia encontrar alguém que lhe fizesse feliz algum dia, embora
nunca houvesse o visto se envolver com ninguém, imaginava que
ele tivesse casos, afinal ainda era um homem jovem e muito bonito,
mas creio que nenhum chegou a ser importante ao ponto de se
tornar um relacionamento, sempre que conversávamos a respeito
ele desviava do assunto ressaltando que eu era o suficiente, ele
dedicava sua vida exclusivamente a mim, me mimou de todas as
formas que poderia a fim de suprir a falta que mamãe fazia em
minha vida, embora soubéssemos que nada poderia neutralizar
totalmente a dor.
Eu havia me tornado uma jovem reclusa, com pesadelos
durante a noite, fobia a dias chuvosos e carros em alta velocidade,
eu sentia que papai se culpava sempre que eu tinha crises, lembro-
me que um dia quando estava bêbado ele confessou que preferia
ter morrido no lugar de mamãe, desde então tenho me esforçado
para que ele não sinta culpa pelos traumas que adquiri.
Suspirei.
— Obrigada por me deixar fazer minhas próprias escolhas.
— Quero que você faça aquilo que lhe faz feliz, só esteja
ciente de que um dia não muito distante terá que assumir nosso
legado — frisou os lábios ao ver minha careta.
— Tudo bem, vamos deixar esse problema para minha eu
do futuro. — Ergui as mãos em clara redenção.
— Será melhor. — O som da risada grave preencheu meus
ouvidos, o acompanhei.
Eu amava que, apesar de papai deixar claro minhas
responsabilidades ele me entendia e não forçava a barra, meu pai
era meu herói, meu mundo, e eu sabia que também era o seu.
— Você quer panquecas com mel? — Minha boca salivou
com a menção.
— Com toda certeza. — Ele sorriu e meu coração se
aqueceu de amor.
Aqueles simples momentos que tínhamos era a definição de
felicidade.

...

— Nem acredito que conseguimos, Ellie — minha melhor


amiga murmura olhando a entrada da universidade, o sorriso em
seu rosto chegava até os olhos, o tom da voz transbordava emoção.
— Já era meio obvio que conseguiríamos, Victoria — afirmei
puxando seu braço para que entrássemos logo no prédio — fomos
as melhores alunas de nossa classe, além de que, provavelmente
somos as estudantes mais ricas daqui o reitor nunca iria nos
dispensar.
Virei o rosto a tempo de ver seus olhos se revirarem com a
minha fala.
— Seu senso de verdade me irrita as vezes, — bufou — me
deixe pensar que consegui algo por mérito próprio uma vez na vida,
hum?
Foi a minha vez de revirar os olhos.
— Uhrum.
— Afinal, como foi a confraternização? Você não terminou
de contar ontem à noite, inclusive desculpas por ter que sair tão
depressa, papai odeia esperar.
Abri um sorriso ao lembrar do homem misterioso.
— Está tudo bem — aperto sua mão — Bom, sobre a
confraternização..., tinha tudo para ser uma noite chata,
principalmente depois que Levi apareceu e ficou tentando me
cantar.
— O pobrezinho sempre foi apaixonado por você — revirei
os olhos ouvindo-a gracejar.
— Mas — ergui o dedo em riste com um sorriso malicioso —
no final cada segundo valeu a pena pois tive o melhor sexo da
minha vida.
Ela abriu a boca surpresa.
— Me conte todos os detalhes agora! — gesticulou com
euforia.
Contei tudo a ela enquanto caminhávamos até a sala de
aula, poucos alunos ocupavam as cadeiras, apontei para a fileira
mais acima e seguimos para lá entre cochichos.
Deixamos nossas bolsas lado a lado, o local era de fácil
acesso ao professor, mesmo que algumas fileiras acima,
poderíamos assistir as aulas sem interrupções e tirar dúvidas com
facilidade.
— E então, vocês irão se ver novamente? — dei ombros.
— As chances de nos encontrarmos novamente são quase
nulas, e ele não anotou meu número.
— Você deveria ter anotado o número dele. Homens que
nos dão orgasmos são raros, Ellie!
Deveria mesmo.
No lugar disso deixei um post-it no vidro do banheiro lhe
agradecendo pelos múltiplos orgasmos.
— Vic, eu pareço mulher que corre atrás de homem? —
revirou os olhos em descontentamento e negou — exatamente, eles
que corram atrás de mim. Sou linda, rica e inteligente, jamais irei me
submeter a isso.
— Um dia você ainda vai engolir esse seu orgulho e eu vou
rir muito.
— E esse professor que não chega? — murmurei
verificando o relógio na parede, o bendito já estava pelo menos uns
10 minutos atrasado.
O rosto de Victoria se iluminou e ela mordeu o lábio inferior
eufórica, do jeito que eu sabia que ficava quando tinha uma fofoca
para me contar.
— Você lembra do Dr. Alencar? — anuí — pois bem, pelo
que parece ele precisou ser afastado no final do ano letivo por
motivos de saúde.
Franzi o cenho, pois ele e papai eram velhos amigos e esse
foi inclusive um dos motivos dele ter aceitado tão facilmente eu ficar
na universidade de Nova Iorque já que inicialmente ele queria que
eu fosse pra Havard.
“Tudo o que você fizer, faça com excelência” Era o seu
lema.
— Papai não comentou nada comigo.
Ela deu ombros e continuou falando.
— Quando trouxe os documentos para matrícula ouvi
algumas meninas cochichando sobre o professor substituto, Dr.
Lancellotti, eu não ponho a mão no fogo — fez um bico — mas pelo
que elas falaram ele é O Homem.
— Um colírio, talvez?
— Muito mais do que isso, um verdadeiro Deus grego de
acordo com elas, parece que todas as alunas dessa escola
suspiram quando ele passa.
— Que patético.
— O ruim é que, além da fama de gostosão ele também
parece ser um ogro, extremamente ranzinza e arrogante.
Mordi o lábio segurando o riso.
— Nem tudo são flores no mundo universitário então.
— Pois é, estou curiosa para ver se ele é tudo isso mesmo.
— A única coisa que eu espero dele é competência —
pontuei — farei questão de reclamar caso as aulas não sejam no
mínimo proveitosas.
— É melhor não querer nos meter em confusão logo no
início das aulas, parece que ele é um velho amigo do reitor.
— Vic, pouco me importa de quem ele é amigo, meu pai
está na lista dos homens mais ricos desse país, a única coisa que
exijo é que esse tal de Dr. Lancellotti — gesticulei as aspas com os
dedos ao citar seu nome — tenha competência e capacidade para
exercer o cargo que ocupa, pois até agora tudo que ouvi foi sobre
sua fama de gostosão e temperamento ruim, além de sua
irresponsabilidade já que ele está atrasado há exatos... — conferi o
relógio outra vez — 20 minutos.
— Ellie!
— O quê? Eu estou falando a verdade!
— Ellie! — seu tom saiu urgente.
O rosto de Victoria estava contorcido em uma careta, a
vermelhidão seguia até seu pescoço e seus olhos estavam presos a
algo atrás de mim.
Ou melhor, em alguém.
Será que...? Oh merda!
— Ô-ou, ele está bem atrás de mim, não é? — mordi o lábio
inferior após perguntar.
Ela não precisou responder, o grunhido baixo arrepiou até
meu último fio de cabelo.
— Atrapalho?
Aquela voz, não poderia ser.
CAPÍTULO 2
Porque eu sabia que você era problema quando você
apareceu
...
Me levou para lugares que eu nunca tinha ido
I Knew You Were Trouble, Taylor Swift
Durante o final de semana eu imaginei muitas formas de
encontrar o homem desconhecido que havia me feito ter os
melhores orgasmos da minha vida.
Em um evento, já que ele parecia ser uma figura importante.
Ou em um restaurante, talvez acompanhado por outra
mulher que seria sua amante da vez, e então eu o provocaria até
que perdesse os escrúpulos e a dispensasse para ficar comigo.
Cogitei diversos encontros clichês e inesperados, o único
lugar que não passou em minha mente foi a universidade.
Menos ainda, de que ele fosse ser o homem que eu estava
falando mal a poucos segundos, e pior do que isso, de que fosse, o
meu novo professor.
Que de novo não tem nada.
Virei aturdida em sua direção, completamente diferente da
primeira vez que o vi.
Dessa vez não tinha charme, drinks, flerte e nada do tipo.
Acompanhei o exato momento em que seus olhos se
abriram um pouco mais, surpreso ao me ver ali, entretanto ele logo
se recompôs, ergui o queixo em desafio e arqueei a sobrancelha,
um sorriso maléfico brilhou em meus lábios.
Ora, ora.
Corri meus olhos por seu corpo, igualmente a primeira vez
que o vi ele vestia um terno elegante e bem ajustado ao corpo da
cor cinza-claro, o colarinho da camisa branca era alto e estava
fechado com uma gravata de seda azul-marinho contrastante,
diferente da última vez ele usava um colete de lapada que tinha
cinco botões, contenho o desejo de ofegar ao terminar, o ar
parecendo faltar em meus pulmões.
Lindo.
Lindo demais.
As lembranças do seu corpo nu junto ao meu naquela noite,
o roçar de nossas peles, ainda podia sentir seus lábios em meu
corpo junto aos sussurros em meu ouvido, pisco soltando o ar entre
meus lábios com força.
De repente estava quente.
Quente demais.
Engulo em seco sentindo seu olhar queimar em minha pele
e sei que ele teve o mesmo pensamento que eu nesses míseros
segundos que ficamos calados ao olhar em seus olhos, as pupilas
dilatadas denunciavam seu desejo e tensão.
Viro a cabeça para olhar ao nosso redor e vejo que somos a
atração principal no momento, cerca de 30 alunos estão nos
olhando com uma expressão curiosa.
Ele finalmente parece se dar conta disso, um grunhindo
baixo saí de seus lábios evidenciando sua chateação por
interromperem nosso momento, o desconhecido passa suas mãos
nos cabelos, deixando que alguns fios fiquem desalinhados.
Gostoso.
Gostoso.
Gostoso.
— Srta.?
Ele aperta os olhos ao perguntar meu nome, levanto uma
sobrancelha em desafio.
Balanço a cabeça e sem mais delongas as palavras deixam
meus lábios.
— Carter. Ellie Carter.
Apertei meus lábios ansiosa pelo instante em que ele as
pronunciaria. Desejava isso desde aquela noite.
— Ellie Carter — enunciou, o tom de voz baixo e rouco da
mesma forma em que sussurrou sacanagens em meus ouvidos
naquela noite.
Ele balançou a cabeça em negação e eu poderia jurar que vi
o rastro de um sorriso se formar em seu rosto.
Sinto meu ventre formigar.
Uni as coxas tentando aliviar a sensação devastadora ao
ouvir meu nome ser pronunciado por ele.
Céus.
Eu estava parecendo suas alunas taradas.
O movimento pareceu chamar sua atenção, pois seus olhos
foram para as minhas pernas expostas pela minissaia, apertei as
coxas outra vez, roçando os joelhos lentamente somente para
provocá-lo, um pequeno sorriso brincou em meu rosto ao vê-lo
cerrar os punhos com certa força.
O professor engoliu em seco antes de voltar sua atenção
para meu rosto e minha expressão pareceu irritá-lo, pois suas
seguintes palavras foram essas.
— Srta. Carter, cinco pontos a menos na média em minha
matéria.
Abri a boca pronta para contestá-lo, seus olhos brilhavam de
diversão quando completou.
— A cada reclamação será um ponto a menos.
Ele virou as costas e caminhou em direção a sua mesa
tranquilamente, podia ouvir alguns burburinhos e risadinhas
femininas ao nosso redor.
— Babaca estupido!
Resmunguei.
— Problemas no paraíso, Carter? — ouvi o desdenho
provocativo de Alexia, que estava sentada duas fileiras acima de
mim.
— E felizmente, nenhum deles é ser você, Miller. —
Retruquei sem olhá-la.
Alexia Miller e eu já fomos amigas, quase BBF’s, porém isso
foi antes de eu descobrir que ela era tão falsa quanto a bolsa Prada
que carregava e só estava ao meu lado pelo status e presentes que
eu podia oferecer.
— Amiga, o que rolou aqui?
— Alexia continua sendo um tropeço para meus louboutins.
— Tentei desviar o assunto me fazendo de louca.
— Não se faça de sonsa! Eu senti o clima esquentar entre
você e o Sr. Ranzinza ali. — Cochichou.
Batuquei a mesa com a ponta das unhas observando a
testosterona que ele exalava, as demais alunas, babavam nele,
assim como eu.
A diferença entre mim e elas é que ele já havia sido meu.
E eu faria de tudo para que continuasse sendo.
Odiava perder.
— Ele é um colírio. — Afirmei.
— Com certeza, e parece estar doido para cair em seus
olhos. — falou quando viu nossos olhares se cruzarem.
Ele já caiu, Vic.
As íris azuis pareciam menores ao me encarar, não sabia se
por desejo ou distância.
Sustentamos o olhar por longos segundos até que um aluno
adentrou na sala atrasado, interrompendo nossa conexão.
Meu ventre se contraiu ao ouvi-lo repreender o aluno pelo
atraso e de que não permitiria que assistisse a aula da próxima vez.
Hipócrita.
Havia algo muito errado comigo por gostar do tom de suas
palavras.
— Bom dia, como muitos já devem saber, sou o Dr.
Lancellotti e ministrarei a matéria de .... — Me permitir divagar
admirando sua postura enquanto falava, a autonomia em sua voz e
autoridade que exalava, senti meus pelos se eriçarem ao ouvi-lo,
meu corpo o reconhecia.
Não conseguia acreditar que ele era meu professor, qual a
chance de isso acontecer justamente na noite que decidi
extravasar?
Considerando que o conheci na festa da universidade, até
que bastante, mas aquele era um evento destinado tanto ao corpo
docente, alunos e pais, como também aos investidores dos
inúmeros projetos, e lembrando da forma como ele estava naquela
noite ele facilmente se passaria por um.
Abri o arquivo que ele solicitou a turma no IPad e comecei a
fazer o acompanhamento da aula, tentei a todo custo não voltar
meus pensamentos a ele.
Mas como o esperado falhei miseravelmente.
— Você está pior do que as alunas taradas dele. — Vic
cochichou ao me pegar secando-o descaradamente.
— Hã? Não, eu...— tentei inventar uma desculpa, mas
desisti ao ver os olhos brilhantes ao meu lado.
— Relaxa, ele também está lhe secando nesse momento, —
riu baixo — tenho a sensação de que as aulas serão muito
divertidas.
E quentes. Completei em pensamento.
Olhei de soslaio para o motivo da minha desconcentração, o
Sr. Lancellotti exibia uma expressão carregada de aspereza e que
não combinava em nada com o homem viril e gentil com quem
desfrutei o final de semana.
— As senhoritas podem compartilhar o motivo de tanto
cochicho durante a aula? Desejo me divertir também — cruzou os
braços sob o peitoral que eu sabia ser musculoso e cheio de pelos,
molhei os lábios e ergui a mão para calar Victoria que estava
prestes a se desculpar.
— Claro, professor — meu tom saiu doce e suave, inclinei
meu corpo para frente, descruzando as pernas e as entreabrindo em
clara provocação — Estávamos comentando sobre como o senhor é
um elemento tão interessante de se observar, e de que as aulas
com certeza serão cheias de entretenimento e calor — mordi uma
das bochechas segurando o riso ao ver sua expressão dar lugar ao
choque.
— Sem mais conversas paralelas durante a minha aula,
Srta. Carter — disse, recuperando-se, arrumou os óculos no rosto
— se me lembro bem, a srta. já tem sérios problemas.
E todos eles seriam facilmente resolvidos se seu corpo
estivesse junto ao meu.
— Prometo me comportar — cruzei os dedos e os beijei.
Victoria riu baixinho ao meu lado murmurando um “você não
tem limites”.
Se ela soubesse.
Pude vê-lo balançar a cabeça em reprovação antes de
prosseguir com o conteúdo.
Durante os minutos que a aula durou, a sala parecia ser
pequena demais para a tensão entre nós dois, eu o via me devorar
com os olhos sempre que podia, e eu retribuía a todos os olhares, é
claro.
Quando nosso horário se encerrou vi várias alunas se
dirigirem até a sua mesa, elas praticamente esfregavam os seios na
cara dele exibindo os decotes das roupas vulgares que
assassinavam por inteiro o mundo da moda.
Revirei os olhos para a situação patética.
— Tenho um almoço com papai e o motorista já está me
esperando. — Victoria disse chateada já pegando sua bolsa, avistei
por detrás dela o Dr. Lancellotti afugentar as vadias que o rodeavam
e sorri vitoriosa — ...nos vemos a noite? Ellie? — estalou o dedo em
frente ao meu rosto.
Pisquei.
— Oi? Sim! Nos vemos a noite, é claro.
Ela olhou por cima do ombro pegando o professor nos
encarando em flagrante, mordeu os lábios risonha e murmurou:
— Por que eu sinto que tem coisa entre vocês?
— Porque tem — confessei entre risos — te conto tudo à
noite — ela assentiu já se afastando por estar atrasada — e boa
sorte com seu pai.
— Obrigada, vou precisar — disse baixo, andando
apressada.
Enrolei uma mecha solta com o indicador voltando meu
olhar para o homem gostoso que estava sentado, parecendo me
aguardar.
Tínhamos muito o que conversar.
Ele retirou os óculos do rosto, seus punhos estavam
fechados, como se estivesse se controlando para não fazer algo.
Levantei-me em silêncio e bati as mãos na minissaia como
se retirasse a poeira do tecido, virei de costas para ele inclinando o
tronco para frente, com a desculpa barata de estar arrumando meus
pertences, sabia que de onde ele estava poderia ver com deslumbre
a polpa da minha bunda.
Um, dois, três....
Senti sua presença atrás de mim antes mesmo que ele
colocasse suas mãos em meus quadris.
— Eu sabia que você seria um problema assim que lhe vi,
menina.
CAPÍTULO 3
Prometo que serei gentil
Mas não vou parar até aquele garoto ser meu
...
Vou te perseguir até você me amar
Paparazzi, Lady Gaga
— E mesmo assim está aqui. — Respondi sôfrega pela
aproximação.
Empurrei meus quadris em direção ao seu sentindo o
volume avantajado e delicioso, o latejar no meio de minhas pernas
ficou mais forte.
Sua mão fechou em minha garganta com possessividade,
ele puxou meu corpo para si, de modo que minhas costas bateram
em seu peitoral com brutalidade. Segurei em seu antebraço
fincando minhas unhas nele.
— Você é uma diaba vestida de anjo, menina. — Sussurrou
em meu ouvido, fechei os olhos apreciando a sensação do hálito
quente batendo em minha pele.
— Você adora. — disse as palavras com dificuldade.
— Está brincando com fogo, srta. Carter.
Meus pelos se arrepiaram ao sentir seus dedos correrem em
minha cintura.
— Pensei ter lhe dito que desejava me queimar, Dr.
Lancellotti.
Ele pareceu ter um gatilho com minha fala, pois quase que
imediatamente me soltou do seu aperto e deu dois passos para
longe de mim. Virei para ele sem entender o que havia acontecido.
— O que...
— Isso não deveria ter acontecido, — gesticulou virando as
costas e indo até sua mesa — me desculpe, mas o que tivemos foi
um erro. Um erro que não tornará a se repetir, srta. Carter. —
Alguns segundos se passaram, permanecemos em silêncio ouvindo
os suspiros longos e altos, quando ambos recuperamos o fôlego
ainda de frente um para o outro, o escutei dizer:
— Peço que esqueça aquela noite e tudo o que ela pode ter
significado para você, pois para mim não significou nada.
Franzi o cenho, suas palavras deveriam ter tido o poder de
quebrar meu coração, mas não se pode quebrar o que já está em
pedaços.
Além de que, eu não era apaixonada por ele igual as outras
alunas dele, o que nós tínhamos não era amor ou paixão.
O que ele e eu tínhamos era atração, desejo e conexão,
nada mais que isso.
O que ele buscava em mim, eu buscava nele.
Nossos corações não estavam em jogo.
Somente nossos corpos.
Soltei uma risada amarga, meu ego sim estava ferido, eu
não era renegada por um homem desde minha adolescência. E isso
já foi a um tempinho.
Posso dizer que aquele foi um evento traumático que mudou
a minha vida completamente e me deixou decidida a nunca mais
sofrer por homem.
Estalei a língua no céu da boca inconformada.
— Você esquecerá, professor? — caminhei até ele a passos
curtos, como se ele fosse a minha presa, o que naquele momento
ele era — Se esquecerá dos beijos que deixou em meu corpo? —
Ele deu um passo para trás, as veias saltando em sua têmpora —
Se esquecerá da forma que nossos corpos se encaixaram tão bem?
Se esquecerá do sabor dos meus lábios? É realmente capaz de
fazer isso, Dr. Lancellotti?
Um grunhindo de frustração escapou de sua boca.
— Inferno! — xingou — Você me deixa louco — passou a
mão no cabelo arrumando os fios desalinhados — quantos anos
você tem, menina?
— Faz alguma diferença? — ergui a sobrancelha.
— Claro que faz! Céus, você parecia muito mais madura
naquela noite. — Pontuou.
— Eu parecia muitas coisas naquela noite, Dr. Lancellotti. —
Provoquei sorrindo.
Eu estava adorando aquela briguinha sem sentido.
No final eu acabaria em sua cama como queria.
Tinha certeza disso ao ver a forma como ele reagia a mim,
ao meu corpo, estávamos sedentos um do outro.
— Eu não me envolvo com alunas, srta. Carter — seu tom
saiu firme, como se não quisesse me dar a chance de questioná-lo.
— Não pensava da mesma forma quando passou a noite
enterrado em mim — dei um passo à frente ficando mais próxima a
ele.
— Eu não sabia que seria minha aluna! — exasperou
entredentes.
— Eu também não, sou tão inocente quanto você! — falei
soando um pouco ofendida.
Se eu soubesse nunca teria flertado com ele.
Flertar com um professor?
Era algo absurdo, completamente indecente, imoral e...
delicioso, como ele era gostoso, meu deus.
— Afinal, qual é o seu nome Dr. Lancellotti?
— Por que quer saber? Não passará de uma aluna para
mim, uma muito atrevida, por sinal.
— Porque sou uma aluna que fantasia loucamente em
gemer seu nome enquanto é fodida.
— Não diga isso. — Cerrou os punhos, fechando os olhos
com força, quando os abriu eu estava a poucos centímetros de
distância de seu rosto.
Observei com atenção suas feições mudarem da água para
o vinho, o desejo emanava de seu corpo assim como no meu,
erámos como fogo e pólvora, e se nos aproximássemos mais um
pouco tudo explodiria.
— Não dizer o que? — acabei com o espaço que nos
separava, levantei a cabeça para encará-lo face a face, já que ele
era alguns centímetros mais alto que eu, mesmo de salto. Seus
lábios estavam pressionados um contra o outro evidenciando sua
tensão — Que desejo que me foda novamente? Que quero gemer
seu nome? Que estou escorrendo de tanto desejo igual àquela
noite? Ou que, quero que me foda sob essa mesa agora? O que eu
não devo dizer, professor?
— Não me provoque, srta. Carter — o interrompi.
— Ellie, me chame pelo meu nome, gosto de como saí em
seus lábios.
— Aquela noite não foi metade do que eu poderia fazer com
você.
— Então me dê a experiencia completa do que é ser sua.
Ficamos nos encarando pelo que pareceram minutos, a
guerra travada em nossos olhos de seguir a razão ou o desejo.
Ergui as mãos e toquei em seus ombros, alisando-os lentamente.
— Eu não posso, Ellie — abri um sorriso de ponta a ponta
ao ouvi-lo me chamar pelo nome, sua feição se suavizou. — Não
quero magoá-la, temos uma química incrível — concordei, ele tirou
minhas mãos de seus ombros e as beijou carinhosamente,
afastando seu corpo do meu logo em seguida.
Ofeguei.
— Mas você deve esquecer o que tivemos, por favor —
fechou os olhos como se estivesse em uma batalha interna — não
me provoque, principalmente durante a aula, posso ser demitido se
descobrirem sobre nós, minha reputação estaria arruinada — soltou
o ar com força — a sua reputação estaria arruinada.
Abaixei os ombros em derrota.
— Você é jovem e bonita, arrume um namorado da sua
idade.
— Eu não estou à procura de um namorado.
— Esqueça aquela noite, srta. Carter, eu esquecerei. —
falou olhando dentro dos meus olhos.
— Posso lhe pedir um beijo?
— Não.
Revirei os olhos emburrada, me aproximei dele outra vez,
pude ver o rastro de diversão em seus olhos.
— O que um beijo inocente poderia fazer para quem já
compartilhou o mesmo lençol?
Olhando para seu rosto eu sabia que ele queria aquele beijo
tanto quanto eu, eu só precisava daquilo para convencê-lo.
— Um beijo inocente? — riu baixo.
Estava prestes a trazer sua boca para a minha quando ouvi
um barulho do lado de fora da sala, me afastei dele rapidamente,
que também logo se recompôs.
— Lancellotti? — uma cabeleira loira surgiu na porta.
O homem alto e viril adentrou a sala de aula, pude ver seus
olhos oscilarem entre mim e o professor, parando para me observar
com certa desconfiança, logo o reconheci, aquele era o reitor da
universidade, Henry Davis, que Victoria havia me contado ser amigo
do Dr. Lancellotti.
— Irei encaminhar para o seu e-mail, srta. Carter. —
Balançou a cabeça como se mandasse eu sair.
— Claro, aguardarei seu retorno. — Alfinetei, apertei a bolsa
na frente do corpo — Sr. Davis — cumprimentei o reitor, ele meneou
com a cabeça parecendo desconcertado, seus olhos me estudavam
com atenção.
— Carter?
Virei a cabeça para ele, seu amigo estava de pé com os
braços cruzados ao seu lado nos fitando com o cenho franzido.
— Christian.
Acenei colocando os óculos escuros no rosto, ao sentir o
vento seco bater em meu rosto tive uma convicção.
Christian Lancellotti seria meu outra vez, eu apostava meus
louboutins nisso.
CAPÍTULO 4
Eles dizem: Qual você quer? Eu digo: Não, não, eu
quero todos.
A felicidade tem o mesmo preço de um sapato da
louboutin.
Eu quero, eu compro.
7 Rings, Ariana Grande
— O desconhecido gentleman, todo gostosão é o professor
Lancellotti? — Victoria praticamente berrou, os olhos arregalados
evidenciando as íris esverdeadas — Como uma única pessoa pode
ter personalidades tão divergentes? — franziu o cenho.
Dei ombros aumentando a velocidade na esteira.
Um. Dois. Três. Quatro. Cinco.
— Faz parte do charme dele. — respondi com a respiração
entrecortada pelo ritmo.
Eu mereço ter um corpo saudável e bonito.
Eu mereço ter um corpo saudável e bonito.
Eu mereço ter um corpo saudável e bonito.
Repeti o mantra em pensamento olhando para o horizonte,
as nuvens dissipadas no ar, o céu negro era iluminado pelo luar e os
pontos de luzes dos prédios distantes.
— Ellie, não consigo imaginar aquele homem sendo gentil,
você ouviu os rumores da aluna que estava sendo orientada por
ele? — virei a cabeça para minha amiga e neguei — a pobrezinha
sofreu horrores durante meses, e quando foi fazer a apresentação
para a bancada ele a reprovou e ainda deu um feedback horrível na
frente dos outros professores.
— Inteligência zero — zombei.
— Parece que ela está com um novo orientador agora...
— Christian pode ser um bruto com os outros, — a
interrompi diminuindo o ritmo — mas comigo ele tem sido um doce.
— Tão doce que te tirou 5 pontos de uma matéria que nem
começamos a ter nota — riu com escarnio e eu revirei os olhos. —
Mas sério, o que você pretende fazer agora? Sabe que esse lance
entre vocês não pode continuar né?
— Eu sei — desliguei a esteira e peguei minha garrafinha de
água.
Dei dois goles longos tentando recuperar o fôlego.
Eu deveria deixá-lo em paz.
Me distanciar por completo.
Esquecer tudo o que tivemos.
Mas porque fazer isso se o que tínhamos era tão bom?
— Você está com aquela cara! — falou aparecendo na
minha frente, o rosto completamente vermelho, alguns fios presos
no rosto suado. Fiz uma careta indicando o lenço.
— Que cara?
— Aquela cara cínica que faz toda vez que vai aprontar
alguma coisa, nem tente mentir para mim. — Ergueu o indicador
limpando o suor com a outra mão.
Como eu iria dizer para ela que eu não conseguia resistir à
tentação que ele era?
Que a nossa química era explosiva?
E que nossos corpos pareciam ser somente um quando
estávamos juntos?
Como dizer isso sem parecer obcecada ou apaixonada?
— Você está ficando doida — desconversei indo ao toalete.
— Uhrum...
Vic começou a cantarolar uma musiquinha que sabia me
irritava.
Não vou ceder.
Entrei no banheiro com ela atrás de mim.
Não vou ceder.
Comecei a lavar as mãos, olhei para ela através do espelho,
o sorrisinho irônico no rosto.
Não vou ceder.
Victoria começou a estalar os dedos no ritmo do som
infernal.
— Tá! Tá! É a adrenalina, — confessei puxando o rolo de
papel para enxugar minhas mãos — tudo é muito mais excitante
agora que não podemos ficar juntos.
Ela abriu um sorriso largo, mostrando todos os seus dentes
branquinhos.
— Eu sabia! E como vai ser? Qual é o plano? — seus olhos
brilhavam de empolgação.
Victoria poderia parecer uma santa, mas era somente isso,
parecia, porque de santa ela não tinha nada.
Nós não tínhamos nada.
A verdade era que sustentávamos àquela fachada como um
véu para a sociedade:
Uma prole exemplar, aluna aplicada, jovem polida e
encantadora e, é claro o mais importante para eles, alta e esbelta.
Fiz um bico.
— Ele meio que me rejeitou — disse tentando parecer
tranquila, como se aquilo não tivesse perturbado meus
pensamentos durante o dia inteiro.
Minha amiga tinha uma expressão de choque, a boca
formando um pequeno “o” e os olhos levemente arregalados, ela
contorceu o rosto, erguendo uma sobrancelha, abriu a boca e a
fechou algumas vezes antes de dizer:
— Ele fez quê? — praticamente berrou em meus ouvidos,
fechei um olho fazendo uma careta.
— Exatamente o que você ouviu, e por favor não grite
novamente, meus tímpanos agradecem.
— Que babaca! Quem esse professorzinho mixuruca pensa
que é para rejeitar você?
— Exatamente — bufei — não me sentia humilhada assim
desde quando era uma DUFF!
Pus a mão no peito dramaticamente e Victoria fez o mesmo.
— Foram tempos difíceis amiga — tocou meu ombro com
um sorriso gentil — mas lembre-se para se tornar um lindo cisne
primeiro você precisa ser um pato feio e horroroso.
Gargalhamos.
— E que cisne lindo eu me tornei — dei uma voltinha em
frente ao espelho conferindo o look simples que eu vestia.
Um conjunto de short e top da Nike branco, e o headband
da mesma cor envolta da cabeça.
[1]

— Você é uma gostosa, e nós vamos fazer esse


professorzinho enxergar isso por bem ou por mal.
Me olhei outra vez no espelho, eu era uma mulher bonita e
desejável, minhas curvas eram minimamente calculadas graças aos
procedimentos estéticos, o leve inchaço que estava em minha
barriga pela manhã já havia sumido por completo.
Esse era o poder de beber o poderoso suco detox o dia
inteiro e fazer uma massagem modeladora.
— Nós precisamos...
Victoria foi interrompida.
— Ora, ora, ora — revirei os olhos reconhecendo a voz
enjoativa de Alexia, cruzei os braços em cima do peito.
— Lá vem a cobra. — Victoria murmurou sem paciência.
— Minhas fontes estão erradas ou Ellie Carter levou um
fora? — sorriu com cinismo parando em frente ao espelho, ela abriu
a bolsa tiracolo preta e retirou um brilho labial.
— Só se for nos seus sonhos, Miller. — Olhei para Victoria
em cumplicidade.
— Nem adianta negar, xuxu — passou o brilho nos lábios
volumosos, fechou a boca os espalhando bem e lançou um beijo no
ar fazendo um estalo — Eu vi tudinho — podia ver suas pupilas
brilharem de empolgação.
Ergui o queixo.
— Não faço a mínima ideia do que está falando. — Me fiz de
desentendida enrolando uma mecha loira.
— Sabe, isso me lembra o tempo em que éramos amigas —
virou de frente para mim.
— Você quis dizer o tempo em que me usava para renovar o
guarda-roupa?
— Se prefere chamar assim — deu ombros não parecendo
nem um pouco envergonhada.
Apertei os olhos.
— Eu prefiro a verdade.
— E a verdade é que você, querida Ellie — apontou para
mim com desdém — não é tão irresistível assim — comprimiu um
sorriso.
Estalei a língua no céu da boca.
— Oh, Miller — fiz uma expressão de pena e forcei minha
voz a sair com um pesar fingido — você ainda guarda ressentimento
pelo Thomas? — seu rosto endureceu no mesmo instante e Victoria
soltou um riso baixo ao meu lado.
— Tadinha, ela ainda é apaixonada por ele mesmo após ter
sido rejeitada perante toda escola — Victoria desdenhou.
— Não tive culpa por ele ser apaixonado por mim e não por
você, queridinha. — Passei a língua nos lábios.
— Assim como o Dr. Lancellotti? Ele está apaixonado por
você, Ellie? Não foi isso que eu vi — pôs o indicador no canto da
boca pensativa — como foi que ele disse? Ah, “esqueça aquela
noite e tudo o que ela pode ter significado para você, pois para mim
não significou nada” — ela sorriu caçoando de mim.
Engoli em seco sentindo a dor real daquelas palavras.
Olhei para Victoria.
— A doce e inocente Ellie Carter sendo tratada pior do que
uma vadia? É realmente algo que não se vê todo dia — gargalhou
alto.
Senti a raiva correr em minhas veias, flashbacks de anos
atrás invadindo minha mente.
— Você deve estar bastante acostumada com a sensação.
— Vic alfinetou.
— Não estou falando com você projeto de Ariel.
— Idiota.
— O que você quer, Alexia? — trinquei os dentes já
estressada.
— Que você sinta tudo o que eu senti naquele dia, que seja
humilhada e desprezada como eu fui — riu desgostosa — não sabe
a satisfação que foi ver você sendo rejeitada hoje.
— Não por muito tempo, — conferi minhas unhas tediosa,
elas estavam no tamanho mediano e no formato amendoado, a
esmaltação em estilo francesinha — você sabe que diferente de
você, eu consigo tudo o que quero. — Retruquei arrogante.
— Já que é assim, façamos uma aposta então — ergueu o
queixo em desafio.
— Independente do que for eu ganharei — afirmei convicta
e ela sorriu esnobe.
— Seja qual for o resultado, você irá perder — franzi o
cenho confusa — eu a desafio a conquistar o Dr. Lancellotti, deve
fazê-lo se apaixonar por você.
— E se ela não conseguir? — Victoria questionou.
— Sua amiguinha não tem tanta confiança em você. —
Zombou.
— E se eu não conseguir? — perguntei avaliando os riscos.
— Quero aquele vestido vermelho — pendi a cabeça para o
lado.
— Meu vestido exclusivo da Valentino?
— Não tem certeza de que irá ganhar, Carter?
— E o que eu irei ganhar quando conseguir?
— Terá me derrotado. — Deu ombros.
— Eu já faço isso todos os dias, Miller. — Debochei.
— Funcionará da seguinte forma, primeiro você terá que me
provar de que ele está verdadeiramente apaixonado por você, pode
ser com uma declaração privada; segundo, como a média para uma
pessoa se apaixonar é 90 dias — dividiu o olhar entre mim e Victoria
— eu lhe darei um terço, 30 dias, se ao final desse tempo ele não
estiver aos seus pés você terá perdido. — Anuí — temos uma
aposta? — estendeu a mão para selarmos o acordo.
Olhei de soslaio para Victoria, ela tinha uma expressão
eufórica no rosto, a aposta com Alexia só tornaria tudo mais
interessante, porque eu já havia decidido que ele seria meu no
instante em que o reencontrei na sala de aula.
Apertei sua mão.
— Temos uma aposta.
— Será um prazer assistir sua queda. — disse virando as
costas para ir embora.
— Faço minhas as suas palavras.
Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo quando ela
saiu.
— Você apostou seu Valentino exclusivo por aquele
professorzinho mixuruca? — foi a primeira coisa que Victoria falou.
— Eu não poderia me rebaixar para aquela plebeia, minha
coroa poderia cair! — exclamei, fechei os olhos arquitetando meu
próximo passo
— Sabe o que isso significa? Que você precisa ficar ainda
mais irresistível para ele! — nos entreolhamos sorrindo.
— Isso é um código rosa! — dissemos em uníssono batendo
palminhas no ar.
Ir ao closet era a minha maior terapia.
CAPÍTULO 5
Boas garotas, melhor ficarem más.
That’s My Girl, Fifth Harmony.
— Nem tão curto para não parecer uma vadia, mas também
não tão comportado para não parecer uma freira, precisa ser algo...
— Sexy, sem ser vulgar — Victoria completou minha frase.
— Exatamente.
Homens são visuais e não há nada que possa ser dito que
contradiga isso, sempre tive em mente de que, para fazer um
homem gostar de você à primeira vista o look perfeito era mais do
que importante, as demais qualidades poderiam ser vistas depois
que ele houvesse sido fisgado pela sua beleza.
Por isso meu closet é tão grande.
Esse era um dos diversos lemas que eu usava para
convencer a mim mesma de que não era uma pessoa tão
consumista assim.
— Nunca vou superar de que você realmente levou a sério a
ideia de ter o closet da Barbie em casa — Victoria comentou
enquanto rolava os dedos na sessão de roupas da Chanel.
Sorri com a lembrança.
Logo após papai e eu nos mudarmos para Nova Iorque eu
adquiri uma certa obsessão pelo mundo da moda, e como não há
quase nada que o dinheiro não possa comprar o mundo ficou aos
meus pés.
Conheci as modelos mais famosas e influentes da época,
me tornando até mesmo amiga de algumas, fui aos desfiles mais
icônicos e aprendi com os maiores nomes da indústria
Lembro que quando papai começou a implicar com tantas
compras “desnecessárias” a psicóloga lhe disse que essa foi a
forma que encontrei de escapar da depressão. Após essa conversa
tive passe livre para comprar até mesmo uma empresa se quisesse.
A verdade era que não havia nada de que papai não fizesse
para me ajudar a lidar com os traumas.
Em um dos eventos da Victoria Secrets conheci uma modelo
muito parecida com a Barbie, e isso despertou minha paixão de
infância pela boneca, decidi voltar a assistir Life in the dreanhouse[2]
e em um dos episódios vi o fantástico armário da Barbie, era o mais
completo do mundo. Minha eu adolescente entrou em surto com a
possibilidade de ter um só para mim.
Gastei literalmente milhões nesse closet, mas foi a melhor
aquisição da minha vida. Um sonho de infância que se tornou
realidade, e posso dizer que ele me tornou bastante popular entre
as minhas amigas.
— Sabe no que eu estava pensando? — Victoria perguntou
olhando para a sessão de roupas brancas que ocupava 40% do
closet.
— Estilo preppy — bati palmas.
— Sim! Sim! Sim!
— O que poderia ser mais sexy...
— E elegante — completei erguendo o dedo.
— Do que uma universitária tradicional?
— Nada!
— Ele vai enlouquecer — deu um gritinho.
— Todos eles irão, e essa sem dúvida vai ser a melhor parte
— mordi o lábio empolgada.
Passamos a tarde inteira separando os looks que eu iria
usar naquela semana: blazers, minissaias, suéteres de tricô, lenços,
meia-calça, sapatos de couro e saltos, muitos saltos.
Christian Lancellotti não resistiria a mim nem se quisesse.

DIA 2

Retoquei o gloss labial — pelo que contei ser a quarta vez


— quando o “Dr. Lancellotti” — leiam com o tom arrogante —
chamou minha atenção no meio da aula.
— Srta. Carter. — Uh, ele estava irritadinho.
— Hm — emiti o som ainda olhando meus lábios no
espelho. Fiz questão de fazer o típico estalo quando terminei de
passar.
Estavam perfeitos.
Rosados, brilhantes e hidratados
— Pode fazer o favor de me olhar.
— Claro, Professor.
Fechei o espelho e ergui a cabeça para encará-lo, no
processo fiz questão de tirar a bolsa de meu colo para que ele
pudesse ter um deslumbre da minissaia branca com a borda em
contraste preto que eu vestia, minha pele estava exposta pois para
provocá-lo mais decidi vir sem meia calça — embora soubesse que
ele amasse.
— Se me lembro bem, a srta. está com 5 pontos a menos na
média, não seria prudente perder mais ainda por indisciplina. —
Cruzou os braços sob o peito.
De alguma forma hoje ele havia ficado mais bonito sem o
terno, vestia somente a camisa social branca com a lapada por
cima.
Lindo e meu.
— Peço perdão — pisquei devagar, fazendo um charme que
eu soube que funcionou quando ele engoliu em seco — acontece
que amanheci com os lábios ressecados e minha dermatologista
recomendou que eu usasse esse gloss com mais frequência. —
Ergui o produto para ele exibindo um sorriso que muitos
considerariam gentil, mas era parte do meu plano de sedução.
— Tudo bem, só fique mais atenta as aulas — fez um sinal
de desdém com a mão e começou a virar as costas.
— Professor? — chamei com a voz melodiosa.
— Sim? — se virou para mim outra vez.
— O senhor acha que eles estão mais hidratados? — ergui
o rosto para frente e entreabri os lábios deixando a mente dele livre
para a imaginação.
Observei seu rosto endurecer de acordo que seus olhos
desciam para minha boca, esfreguei um contra o outro somente
para lhe atiçar ainda mais, o professor abriu e fechou a boca duas
vezes antes de tossir levemente e dizer com o tom de voz rouco.
— Perfeitamente, srta. Carter.

DIA 4

— Professor? — enrolei uma mecha loira em frente ao rosto


ao chama-lo.
Os olhos do Dr. Lancellotti se semicerram ao olhar em
minha direção, o observei retirar os óculos e esfregar o rosto antes
de responder.
Eu estava mesmo torrando a paciência dele.
— Sim, srta. Carter.
— Não consegui entender essa atividade, poderia me
explicar melhor?
— Deveria prestar mais atenção na aula para deixar de ser
burra — ouvi Alexia alfinetar e gargalhar sendo seguida pelos outros
alunos, revirei os olhos.
Um tapa ecoou pela sala e todos se calaram imediatamente.
Quase sorri.
Quase.
— Silêncio, não admito esse tipo de piadinha durante a
minha aula — o olhar do professor estava duro para todos eles, mas
quando voltou a me encarar seu semblante suavizou — venha até a
minha mesa, Srta. Carter.
Com o IPad em minhas mão levantei da cadeira, andei até a
mesa dele com passos confiantes, a sala estava tão silenciosa que
o único som que podia se ouvir era o do tintilar dos meus saltos.
Senti minhas pernas queimarem com o olhar atento do
professor em minha roupa, hoje eu vestia uma minissaia preta reta
com uma fenda na coxa direita, cropped de gola alta branco e
dispensei o uso da meia calça como estava fazendo nos últimos
dias.
Contornei sua mesa para ficar ao seu lado e expor minha
“dúvida”, curvei o tronco de modo que eu sabia que se ele olhasse
para trás poderia ver a polpa da minha bunda, eu sei, atrevimento
demais.
Mas se você quer ganhar, deve apostar alto.
E eu não jogava para perder.
— Qual sua dúvida, Carter? — questionou, olhei para seu
rosto de perto admirando como aquele homem era bonito
naturalmente.
Imagine um filho dele? Melhor, um filho dele comigo? A
criança seria perfeita.
— Srta. Carter, pare de me secar na frente dos meus
alunos.
Foi impossível conter o sorriso ao ouvir o ralho sussurrado.
— Desculpe, Dr. Lancellotti — fiz minha melhor cara de
inocente, — fica difícil quando se tem um professor tão bonito e
gosto...— tossi de leve quando ele pisou em meu pé por debaixo da
mesa, seus olhos se estreitaram e ele balançou a cabeça em
negação.
No caminho eu havia bloqueado a tela do IPad para que
quando chegasse em sua mesa ele fosse obrigado a ver a foto da
minha tela de bloqueio que consistia em uma montagem de fotos de
um ensaio fotográfico que eu havia feito de biquíni na Grécia.
— O que significa isso? — a veia de seu pescoço pulsava.
— Não aja como se não tivesse visto muito mais que isso —
sussurrei lambendo os lábios.
Desbloqueei o IPad e fiz a pergunta menos idiota que
poderia ter sobre aquele assunto que ele ensinava.

DIA 6
Penteei meus cabelos com os dedos para frente antes de
bater na porta levemente e esperar ainda do lado de fora.
Eu estava atrasada em exatos 20 minutos, assim como na
primeira vez em que o vi dentro da faculdade.
Alguns segundos se passaram até que a porta fosse aberta
e a visão do corpo alto e musculoso do meu professor entrasse em
meu campo de visão, o sequei de baixo acima, sem me importar em
ser pega no flagra.
Tudo fazia parte do plano.
E era mais do que delicioso vê-lo furioso com as minhas
provocações.
— Está atrasada, srta. Carter.
Mudei o peso da perna e bati os pés no chão
freneticamente, com o intuito de fazê-lo olhar para baixo e tivesse
um vislumbre da meia calça preta em contraste com a minissaia
vermelha em meu corpo.
— Desculpe professor, — pisquei devagar, abrindo um
sorriso discreto para ele, que a essa altura me secava como eu
havia planejado — perdi a noção da hora tentando escolher uma
roupa para lhe impressionar.
— O que? — voltou o olhar para meu rosto franzindo o
cenho, então balançou a cabeça e abriu mais a porta para que eu
entrasse — Entre, e que o atraso não se repita mais.
— É claro — passei por ele devagar, no processo mexi os
cabelos para que meu perfume chegasse nele — me diga, eu
consegui professor? — perguntei virando para ele, estávamos a
centímetros de distância um do outro e uma pequena plateia de 30
pessoas nos observava.
— Conseguiu o que?
— Lhe impressionar — falei baixo dando ombros — sabe, a
peça que mais me deu trabalho de escolher foi a cinta liga — ele
pareceu se engasgar e eu quis sorrir vitoriosa — não sabia qual cor
lhe agradaria, mas apostei na preta. — Lhe dei uma piscadela.
— Vá se sentar. — O tom de voz saiu firme, seu rosto
estava endurecido, e se eu pudesse apostar não duvidaria que outra
coisa estivesse também.
Olhei de soslaio para a sua pélvis, ou melhor, para o seu
pau, dava para observar uma leve protuberância na calça escura,
mas era pouco pois era ela folgada e disfarçava bem, porque eu
sabia que debaixo daquelas roupas ali havia um grande tesouro.
— Mas ainda não terminei... — fiz minha melhor cara de
desentendida.
— Agora, srta. Carter, ou lhe mandarei para a sala do
diretor.
— Aposto que ele amaria encontrar o meio das minhas
pernas.
— Sentada.
— Se fosse no senhor, eu sentaria sorrindo. — Retruquei
em um sussurro deixando-o para trás.

DIA 8

Bati a caneta contra a mesa pelo que deveria ter sido a


milésima vez, de longe vi o professor levantar a cabeça para me
olhar e a balançar em repreensão em seguida.
Eu sabia que ele estava perto de enlouquecer e mal
esperava por esse momento.
O poderoso e temido Dr. Lancellotti logo estaria correndo
atrás de mim como um cachorrinho.
— Isso já tá saindo do controle, Ellie, logo ele vai surtar com
você — Victoria cochichou.
— É exatamente o que eu preciso que aconteça.
— Todos estão começando a notar essa sua obsessão por
ele, tem que tomar cuidado para não ser descoberta, sabe a merda
que essa história poderia dar.
— Meus métodos são arriscados, mas não pode dizer que
eles não dão resultado, não vou perder para Alexia — falei firme —
e ele é meu.
— Se você está dizendo, quem sou eu para questionar...
O sinal tocou e todos começaram a se levantar.
Sem pressa comecei a guardar meus pertences, Victoria já
sabia o que eu planejava então nem se deu ao trabalho de me
aguardar.
Poucos minutos se passaram até que eu e o professor
finalmente ficássemos a sós, e mais longos e tortuosos minutos se
passaram enquanto nos encarávamos de longe.
Ele fechou o notebook com força.
Fiquei até com pena do pobre aparelho.
— A aula já encerrou, srta. Carter. — Quebrou o silêncio
entre nós.
— Eu observei.
— Então o que continua fazendo aqui? — arqueou uma de
suas sobrancelhas grossas para mim.
— Preciso falar com o senhor. — Me levantei da cadeira
trazendo minha bolsa no ombro e o casaco no antebraço.
Seus olhos percorreram meu corpo no vestido preto colado
em meu corpo, o modelo tinha alças grossas, decote quadrado e o
cumprimento ia até o meio dos meus tornozelos, nos pés um
louboutin preto para finalizar o look com chave de ouro.
Muitos poderiam dizer que essa não era a roupa mais
adequada para a faculdade, mas isso é porque nenhum deles era
eu.
— Você não tem limites, menina — se levantou
abruptamente — quer me ver perder a cabeça de vez?
— Seria imprudente dizer que sim? — joguei minhas coisas
em sua mesa e em seguida encostei meu corpo nela.
Minha vontade era de ficar de frente com ele, mas a porta
estava escancarada e eu poderia ser imprudente, mas não a esse
ponto, não enquanto nosso joguinho estava tão bom.
— Seria, inferno, claro que seria — esbravejou vindo em
minha direção — eu disse para você parar, mandei que parasse de
me provocar — passou a mão nos cabelos — não vê que não posso
ter qualquer tipo de relacionamento que não seja o de professor e
aluna com você?
Dei um passo à frente e ele outro para trás.
— Eu vejo somente duas pessoas que se desejam, as
normas são meras formalidades, professor.
Ele riu, riu de um jeito que fez meu amago se revirar de
ansiedade e excitação.
— Se você continuar com esse jogo eu vou perder a
cabeça, — afirmou olhando dentro dos meus olhos, sustentei o olhar
com um sorriso — e então srta. Carter, nada e nem ninguém poderá
arrancá-la de minhas mãos, nem mesmo você.
— É o que eu mais almejo.
— Está avisada.
— Como prova de que quero isso irei lhe deixar um presente
— virei as costas para ele e andei até sua cadeira, olhando para ele
sentei-me nela e puxei meu vestido até que minhas mãos tivessem
livre acesso ao meu quadril.
— O que está fazendo? — perguntou parecendo estar
abismado e hipnotizado pela visão que eu lhe proporcionava.
Puxei o elástico da calcinha preta e a deslizei em meu corpo
até que passasse pelos meus calcanhares.
Sorrindo lhe respondi
— Estou lhe deixando um presente.
E me levantei arrumando o vestido em meu corpo e jogando
a calcinha em cima de sua mesa lhe deixando literalmente de boca
aberta.
— Ah, só uma curiosidade — falei sem olhar para trás já
passando a porta — usei ela ontem enquanto me tocava pensando
em você.
E saí.
CAPÍTULO 6
É um jogo perigoso
Começa
Sentindo-se alto
Brincar com fogo
É um jogo perigoso
Dangerous game, Klergy
DIA 11

10 dias.
Foi o tempo necessário para que o professor começasse a
perder a cabeça com todas as minhas provocações em sala de aula,
e hoje, ao décimo primeiro dia desde o início da aposta com Alexia
eu daria meu golpe final.
Havia passado a noite em claro perdida em pensamentos,
sabia que tinha um pouco de loucura no que eu estava me propondo
a fazer, mas aquilo era mais forte do que o meu senso, do que
minha própria razão.
Me sentia em êxtase com a adrenalina que corria em
minhas veias, a sensação de estar prestes a fazer algo tão
deliciosamente errado e proibido era quase a mesma coisa que eu
sentia quando entrava em uma loja, só que melhor, muito melhor.
Suspirei.
Precisava ser bastante cautelosa com minhas ações para
conquistar o professor. Não poderia correr o risco de papai descobrir
meus planos ou tudo iria por água abaixo.
Mesmo que eu não planejasse ter mais do que caso com
ele, papai não aceitaria de bom grado que sua princesinha estivesse
dormindo com um homem mais velho, e menos ainda ele sendo
meu professor.
Eu tinha certeza de que ele acabaria com a carreira e a
reputação do professor em um piscar de olhos.
— Chegamos, srta. Carter. — Pisquei aturdida saindo do
transe ao ouvir a voz de Liam, meu novo motorista e segurança
particular, ele estava parado na porta do carro.
— Obrigada — peguei minha bolsa no outro assento
aceitando sua mão para sair do carro logo em seguida — Li? — o
chamei pelo seu apelido.
— Sim, srta. — desviou os olhos das minhas pernas, a
cinta-liga aparecendo pelo meu movimento brusco.
Suas bochechas coraram levemente ao ver que eu havia o
pegado no flagra.
— Me chame pelo meu apelido, somos amigos, hum?
— Mas agora eu trabalho para a srta.
— E será muito, muito ruim — ergui o dedo sorrindo em uma
ameaça inocente — se por acaso você me perder de vista né? — fiz
um bico — Papai ficaria furioso, e seu pai chateadíssimo...
— Você não...
— Está vendo? É fácil perder a formalidade comigo — ri
alto, chamando a atenção de alguns alunos que estavam parados
na entrada do prédio.
Apertei os olhos vendo o corpo alto e musculoso aparecer
em meu campo de visão.
Era a oportunidade perfeita.
— Somos amigos de infância — toquei o peito de Liam
suavemente, atenta aos olhos azuis que acompanhavam meus
movimentos com atenção atrás dele — aja como tal certo? —
inclinei o tronco para frente depositando um beijo em sua bochecha
sem muita dificuldade pelos saltos de 15 centímetros.
Liam era alto. Tão alto como ele.
E bonito, muito bonito. Talvez tanto quanto, meu professor.
— Certo, Lili. — Murmurou o apelido a contragosto e dei um
tapinha em seu ombro.
Atrás dele, o professor virava as costas bufando, eu quase
podia ver a fumaça saindo por suas narinas. Sem saber, Liam havia
se tornado o elemento perfeito para o meu plano.
É aquele velho ditado: Onde há fumaça, há fogo.
E se há ciúmes, há sentimento.
— Me busque às 16h, Li.
— Estarei aqui.
A minissaia que eu vestia estava um pouco mais apertada
que o normal o que fez meus passos serem mais curtos que o
habitual, fiz questão de usar uma meia 7/8 junto com a cinta-liga
branca, meu jogo de sedução teria seu golpe final aplicado hoje.
Estalei a língua na boca ansiosa, sabia que pela minha
grade de horários não teria aula com ele hoje, mas isso não me
impediria de esbarrar sem querer com ele nos corredores.
Estrategicamente caminhei em direção a turma do quarto
ano, onde ele daria aula nesse primeiro horário, curiosamente hoje
pela manhã papai havia me pedido para entregar um convite para
Levi White, e confesso que de todos os anos em que fui obrigada a
suportá-lo essa seria a primeira vez em que eu estava
genuinamente feliz em ter que vê-lo.
Não foi difícil encontrá-lo, junto ao time de basquete, Levi e
Thomas eram o centro das atenções por onde passavam, rodeados
de garotas bonitas que suspiravam apaixonadas por eles e seus
amigos.
Eles eram uma delicinha, devo admitir.
O sonho de consumo adolescente, mas eu já estava
sentando em homens mais velhos há tempo suficiente para ter a
certeza de que um homem experiente barrava qualquer playboy da
universidade, mesmo que eles fossem um pecado em forma de
homem.
Me aproximei do grupo devagar enquanto enrolava uma
mecha loira com o indicador, faltavam poucos minutos para o
horário bater e Christian chegar na sala, eu precisava enrolar a
conversa pelo máximo de tempo possível.
— Estava pensando quando seria agraciado com essa visão
novamente, Ellie Carter em pessoa na minha frente — Thomas, o
quarterback do time foi o primeiro a me ver chegando, seu tom de
voz baixo e rouco me trouxe um leve arrepio na nuca. — E devo
dizer que está mais linda do que nunca, baby. — E lá estava ele, o
sorriso sexy destruidor de calcinhas, os dentes perfeitamente
alinhados, os lábios vermelhinhos.
Thomas havia esquentado a minha cama durante o ensino
médio, confesso que na época fiz isso só para provocar Alexia, mas
no final acabamos nos tornamos bons amigos.
— Suas fãs querem me assassinar nesse momento —
gracejei desviando os olhos para as garotas que me encaravam
com ódio ao vê-lo se aproximar de mim.
— Nenhuma delas é você.
— Parece que continua arrasando os corações com esse
papo furado — alfinetei, e ele pôs a mão no peito dramaticamente.
— Assim você me ofende, baby. — Gargalhei pela sua
atuação, as pequenas covinhas aparecendo em seu rosto.
Senti meus pés saírem do chão quando seus braços
grandes e cheios de músculos passaram ao redor da minha cintura,
Thomas me rodopiou no ar como sempre fazíamos no colegial. Ri
alto, aproveitando-me do momento espalmei minhas mãos em suas
costas largas.
— Tirando uma casquinha? — sussurrou em meu ouvido.
— Sempre. — Admiti sentindo suas mãos descerem pela
lateral do meu corpo para arrumar minha saia conforme me
colocava no chão novamente.
— Posso saber o que está acontecendo aqui? — estaquei
ao ouvir a voz do professor Lancellotti em minhas costas, as batidas
do meu coração acelerando mais a cada segundo — E porque suas
mãos estão na saia da srta. Carter, sr. Lee?
Mordi as bochechas tentando controlar o desejo de sorrir.
Eu estava rindo na cara do perigo.
E tinha certeza de que a recompensa viria em breve,
esperava que o professor gostasse de sexo bruto, pois não havia
reconciliação mais gostosa do que na cama.
Ouvi a risada baixa de Thomas antes de me virar
lentamente para o professor, foquei nos rostos tensos dos garotos
atrás dele, já as garotas riam baixo, provavelmente imaginando a
bronca que iriamos levar. Levi balançava a cabeça em negação
quando apertei os olhos em sua direção em um pedido silencioso de
socorro que não veio.
— Estou aguardando suas explicações, ou se preferirem
poderemos chamar o reitor — engoli em seco quando meus olhos
encontraram os seus, meu coração batendo em ritmo acelerado, tão
forte que podia sentir as batidas latentes em todo o meu corpo.
— Só um reencontro entre amigos, prof. — falei com o tom
de voz suave, embora minhas palavras insinuassem segundas
intenções.
— Reencontro de amigos? — repetiu as palavras com
incredulidade, assenti com um pequeno sorriso enquanto o finco em
sua testa crescia de acordo que me media de cima a baixo, e então
de baixo acima — o modo que seus amigos lhe tocam é bem
pessoal, srta. Carter.
— Era algo que fazíamos no colegial, Dr. Lancellotti, Ellie
não teve culpa pelo meu comportamento — Thomas se pronunciou
enquanto se posicionava atrás de mim, pude ver as faíscas de ódio
nos olhos do professor ao acompanhar o toque do quarterback em
meus ombros.
Aquela situação estava sendo uma tortura deliciosa.
— Não tenho tanta certeza sobre isso, sr. Lee, as atitudes
da srta. Carter não tem sido condizente com a imagem que nossa
instituição passa. — Falou olhando diretamente para mim, os lábios
frisados em linha reta, o tom de voz seco e hostil, ergui o queixo
enquanto dava um passo para frente.
— Sabe, — falei baixo, tendo a certeza de que somente eu,
Thomas e ele ouviam as minhas palavras — eu poderia dizer
exatamente o mesmo sobre o senhor.
Sua mandíbula se tencionou.
— Após a aula quero vê-la em minha sala, Carter.
Virou as costas para entrar na sala, respirei fundo sentindo a
fragrância forte inundar minhas narinas antes de respondê-lo.
— Será um prazer.
Alguns segundos se passaram quando eu finalmente pude
soltar o ar que prendia, abri um sorriso malicioso.
Minha vontade era dar pulinhos no meio daquele corredor.
Christian havia saído dali possesso de raiva e nosso
encontro mais tarde renderia bastante.
— Isso foi... — Thomas começou a dizer, mas se calou ao
ver minha expressão — puta merda, baby — arregalou os olhos — o
Dr. Lancellotti está comendo você! Sabia que sua beleza levantava
até o pau de um padre, mas esse daí é osso duro de roer.
— Shih, cala a boca! — pedi rangendo os dentes, olhei para
os lados e nossa pequena plateia já havia ido embora, restando
apenas Levi, que era o motivo de eu estar ali. — Depois
conversamos, Thomas — ele assentiu entendendo que eu precisava
de um momento a sós com seu amigo, depositou um beijo em
minha testa antes de entrar na sala.
A expressão de Levi estava indecifrável, o semblante calmo
e sereno como se nada do que houvesse acontecido ali tivesse o
abalado. Seus braços estavam cruzados sob o peito, ele vestia um
suéter da cor azul bebê, as mangas longas estavam dobradas até o
antebraço, um relógio grande e dourado — com certeza de ouro —
brilhava em seu pulso.
Um exemplo perfeito de cidadão de carteirinha.
— Você deu um show e tanto. — Quebrou o silêncio e
começou a andar até mim, estendeu seu braço para que eu o
pegasse.
Quem não nos conhecesse falaria que erámos namorados
ou algo do tipo, mas a verdade é que Levi era um cavalheiro, a
essência londrina corria por suas veias desde que eu o conhecia.
— Sempre dou o meu melhor. — Soltei uma risada baixa —
Posso contar com sua discrição sobre o que viu e ouviu? — pedi
com cautela, apesar de nos conhecermos a vida inteira ele ainda
era uma incógnita para mim.
— Nunca faria nada para prejudicá-la, Ellie.
Suspirei.
Não sabia se isso era verdade pois eu havia quebrado seu
coração na última vez que nos vimos.
Abri e fechei a boca algumas vezes antes de parar e virar
para ele.
— Levi, sobre aquela noite, eu...
— Não irei falar nada para seu pai — ergui as sobrancelhas
— nem para ninguém, lhe dou minha palavra, — assenti aliviada —
só espero que saiba no que está se metendo.
Continuamos andando.
— Não é nada sério, é só... — comecei a me justificar.
— Outro capricho seu? — questionou divertido.
Franzi o rosto genuinamente confusa.
— Ele é meu professor e jamais irá passar disso — firmei as
palavras — não tenho a intenção de ter um relacionamento a longo
prazo, muito menos filhos e casamento, você sabe bem.
— Eu sei sim.
— É só diversão. — concluí sentindo a frase amargar em
minha boca. — Antes que eu me esqueça, fui até sua sala para lhe
entregar isso — tirei o convite de dentro da bolsa — papai não pode
lhe entregar pessoalmente, pois teve uma viagem de emergência.
— Obrigado, estarei lá. — Balançou o convite dar cor creme
sorrindo.
Quando ele foi embora após me deixar na porta da sala
meus pensamentos estavam desalinhados e confusos.

...

O relógio marcava 16:10 quando bati pela primeira vez na


sala do professor, bati por mais duas vezes antes de abrir a sala e
não encontrar ninguém. Entrei e fechei a porta atrás de mim. Das
quatro paredes, duas delas eram cheias de prateleiras com livros,
meus olhos brilhavam ao correr os olhos nos diversos exemplares.
Ler era uma paixão que eu havia herdado de minha mãe,
ainda me lembrava das histórias que ela me contava antes de
dormir enquanto criança, quando atingi a adolescência ela começou
a me presentear com livros da minha faixa etária, eu era encantada
pelo mundo de romance e fantasia, mas por ser eclética lia de tudo
um pouco.
Parei o dedo em um exemplar do morro dos ventos uivantes
e o retirei da estante, deixei minha bolsa cair em uma das cadeiras
em frente à mesa dele. Olhei a poltrona preta toda acolchoada e
sorri.
Iria esperá-lo com elegância.
Sentei na poltrona relaxadamente colocando meus pés em
cima da mesa cheia de papéis, os louboutins brilhavam na luz baixa
que entrava pela frecha da cortina. A saia curta subiu com meu
movimento, mostrando a cinta-liga que havia colocado
especialmente para provocá-lo.
Abri o livro e iniciei a leitura enquanto o esperava.

“Nunca falei do meu amor em palavras. Mas, se os


olhos falam, o idiota mais completo poderia ter
adivinhado que eu estava apaixonado.[3]

Puxei um post-it transparente e o colei no trecho destacado


e escrevi meu nome com a caneta preta. Aquela era uma de minhas
passagens favoritas do livro, e se um dia ele o abrisse para ler se
lembraria de mim. Faria questão disso.
Eu gostava de deixar meus rastro por onde passava, ser
lembrada era uma necessidade, pois por mais de uma vez eu fui
esquecida e excluída pelos que estavam ao meu redor, não
desejava sentir isso novamente tão cedo.
Deixei o livro aberto em cima da mesa e me permiti divagar
em pensamentos.
A ansiedade me corroía, a excitação de não saber ao certo
o que estava por vir, a incerteza do que seríamos, tudo isso me
consumia ardentemente.
Fechei os olhos relembrando a noite em que nos
conhecemos, nenhum homem havia feito com que eu me sentisse
tão completa e desejava como ele fez naquele dia. Tivemos um
conexão desde a primeira troca de olhares, desde o primeiro toque,
aquele desejo que ardia em meu âmago não poderia ser uma ilusão.
Ouvi a maçaneta se mover lentamente.
Permaneci em silêncio.
A figura alta e robusta adentrou a sala fazendo com que eu
sentisse que o ambiente ficasse minúsculo, o ar parecia ser pouco
para nós dois ali. O professor retirou o terno cinza, alheio a minha
presença em sua cadeira, e o jogou em cima do pequeno sofá a
direita.
Minha respiração se tornou irregular observando-o as costas
largas se moverem por debaixo da camisa branca.
— Garota insolente... — murmurou baixo passando a mão
no cabelo que até o momento estava alinhado, os fios castanhos
caíram para o lado desleixadamente. — Irei fodê-la até que aprenda
a não me provocar outra vez — fechou os punhos com força,
ofeguei — principalmente com aqueles moleques.
Reprimi o gemido que veio em minha garganta ao sentir a
excitação se formar em meu ventre, minha carne pulsava, eu estava
completamente sedenta pelo seu toque.
Fechei os olhos entreabrindo os lábios para soltar o ar
preso.
Ele iria acabar comigo.
E eu estava mais do que ansiosa para pagar por minhas
provocações gemendo loucamente em seu pau.
— Estou contando com isso, professor — respondi com o
tom de voz sedutor.
Seus ombros tencionaram enquanto ele virava em minha
direção, a gravata estava afrouxada fora do colete, os primeiros
botões da lapada abertos, quase ofeguei novamente com a visão.
Christian Lancellotti exalava indecência.
Luxuria.
Pecado.
Ele era tudo aquilo que eu queria e não poderia ter.
Descobri tarde demais que o professor Lancellotti era o meu
karma em pessoa.
Por ele eu estava fazendo tudo aquilo que sempre julguei, e
o que mais amaldiçoava as pessoas fazerem:
Correr atrás de alguém.
E algo me dizia que aquilo era só o começo.
CAPÍTULO 7
Eu sei que você acha que me conhece
Mas você nem viu ainda o meu lado sombrio
Isso aqui é só pra você
Então, amor, cuide bem de mim, cuide bem de mim
Collide, Justine Skye
Os olhos de Christian refletiam a fúria que ele sentiu ao me
ver com outro, ou melhor, com outros. Apesar de ter sido uma
brincadeirinha, ele não sabia disso e eu não planejava contar tão
cedo, sendo sincera, nunca.
Christian Lancellotti pagaria caro por ter me rejeitado. Eu me
certificaria disso do mesmo modo que averiguava meus artigos de
luxo.
O grunhindo baixo que saiu de seus lábios ao descer os
olhos para as minhas pernas e encontrar a cinta-liga branca foram o
suficiente para que eu tivesse certeza de que terminaria aquele dia
com ele me preenchendo por inteira.
A resposta de tanta imaginação veio direto em meu clitóris,
meu ponto de prazer pulsava de tamanho desejo que eu sentia por
esse homem.
— Gostou? Coloquei para você, professor. — O sorriso que
estava em meu rosto se alargou ainda mais ao vê-lo se aproximar
com tanta velocidade que mal pude me preparar para o impacto de
sua mão esquerda se fechando em meu pescoço.
Minhas costas doeram quando ele forçou minha cabeça a ir
para trás, de modo que minhas costelas ficaram encostadas no
antebraço da poltrona. Arquejei alto.
— Estava vestida assim quando aquele moleque lhe tocou?
— vociferou e eu assenti, o hálito quente e com cheiro de menta
ardeu em meus olhos, assim como a falta de ar que me atingiu pela
maldita posição.
Apertei minhas pernas sentindo o latejar em meu centro
pulsar ainda mais forte.
Nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância
um do outro, eu poderia ver a luxuria em seus olhos, como tinha
certeza de que ele as viu nos meus.
Era um jogo perigoso.
E delicioso.
— O que vai fazer a respeito? — soltei a provocação com
dificuldade, sentindo seus dedos se apertarem mais forte em meu
pescoço.
Aquela brincadeira iria deixar marcas em minha pele, e eu
sabia que o professor estava fazendo isso de propósito.
Ele queria que vissem que eu pertencia a alguém.
O ciúme realmente tinha o poder de fazer até o mais santo
dos homens perder a cabeça.
Senti sua mão esquerda descer com o dedo indicador entre
os meus seios por cima da blusa lentamente, como se me
torturasse, me remexi embaixo dele e um grunhindo saiu de seus
lábios junto com um olhar de aviso que logo se desviou para
acompanhar a visão de meu corpo sob seu toque.
Minha pele parecia estar em chamas de tão quente, sentia
as gotas de suor escorrer em minhas costas, molhando o tecido
grosso que eu usava.
Arquejei soltando um gemido incompreensível quando seu
dedo desceu em minha coxa, tocando minha pele nua exatamente
em cima da cinta-liga.
O branco não tinha tanto contraste com a minha pele, já que
eu era quase da cor de um papel — precisava de um bronzeado
com urgência, — mas eu soube que Christian havia aprovado o
modelo quando sua palma grande e quente tocou por completo a
minha pele e um gemido baixo deixou sua boca no mesmo instante
em que deixou os meus.
Se eu imaginava que não tinha como estar mais molhada,
eu estava enganada. Naquele momento eu sentia como se um rio
fluísse do meio de minhas pernas de tanto desejo.
Ele apertou minha carne. Não com suavidade ou delicadeza.
Mas com brusquidão, aspereza e até mesmo certa
selvageria.
E não houve um segundo que eu não almejasse por mais.
— Christian... — ofeguei sedenta quando sua mão suavizou
o aperto em meu pescoço e foi para minhas bochechas em uma
caricia estranhamente gentil.
— Sabe o que acontece com meninas más, srta. Carter? —
perguntou, voltando seus olhos para mim, as íris azuis estavam
menores, podia ver somente um resquício da cor ao redor da pupila
negra.
— Não, professor.
— Me pergunte o que acontece com elas. — Tocou meu
lábio inferior com o polegar, esfregando-o contra minha pele
sensível com brutalidade, fechei os olhos delirante.
— O q-que... acontece...? — ele apertou os olhos me
incentivando a continuar — com as meninas más?
— Elas são punidas por suas malcriações — o sorriso que
cresceu em seu rosto me atingiu em cheio.
Pisquei, soltando o ar pela boca lentamente, quase podia
sentir o sorriso se formar em meu próprio rosto, mas me contive.
Christian e eu não poderíamos ser mais compatíveis.
Em um movimento rápido o vi afastar os papéis que
estavam em cima de sua mesa, uma parte minha torcia para que
não fossem importantes, já eles agora se encontravam amassados
contra a parede, outra parte parecia satisfeita por conseguir
enlouquecê-lo a ponto de não se importar com mais nada que não a
mim.
Eu desejava ser a sua obsessão.
Assim como ele estava sendo a minha.
Sem delicadeza, ele ergueu uma de minhas pernas para
poder se enfiar no meio de minhas coxas.
— Cruze as pernas em mim.
Como uma boa menina, eu fiz o que ele pediu sem
questionamentos, sentindo meu corpo ser erguido forcei mais ainda
seu corpo ao meu, cruzando os braços em seu pescoço, finquei
minhas unhas em sua pele até ouvi-lo chiar em meus ouvidos.
Como resposta, sua mão alcançou minha bunda, abrindo as bandas
sem gentileza alguma enquanto as apertava.
Arfei alto, dando um pulo em seu colo ao sentir o tapa
rápido, quente e ardente em minha pele. Pequenas lágrimas se
formaram em meus olhos por causa da dor que crescia mais a cada
segundo.
— Não serei gentil. — Sua voz rouca quebrou o silêncio,
colocando-me sentada em cima da mesa, antes cheias de livros e
papeis.
— Não quero que seja, gosto assim, lembra? — cruzei
minhas pernas ao redor de sua cintura trazendo-o para perto de
mim, a fricção do volume avantajado, ainda sob as roupas, me fez
gemer como uma gata no cio.
Mesmo por cima das roupas, sabia que Christian podia
sentir minha excitação.
Maldição.
Eu mesma conseguia sentir o cheiro em minhas narinas.
Espalmei minhas mãos em seus ombros, tirando a lapada e
a jogando no chão de qualquer maneira. Nada mais importava
naquele momento, senão nossos corpos um contra o outro.
Saciando o desejo latente que crescia cada vez mais forte.
Puxei a gravata preta com força, forçando-o seu rosto a
estar a centímetros de distância do meu.
— Espero que cumpra com as palavras que disse ao entrar
por aquela porta, professor — sorri em desafio.
O rosnado baixo seguiu das seguintes palavras.
— Diga por si mesma.
E como um animal faminto, Christian tomou meus lábios
para si, me reivindicando como sua, nossas línguas travavam um
duelo dentro de nossas bocas, o ar parecia faltar em meus pulmões,
mas não desgrudei dele por nenhum só segundo, pelo contrário
aprofundei ainda mais o beijo guiando seu rosto para mais perto,
quase fundindo nossos corpos um ao outro.
As mãos que antes apertavam minha cintura desceram para
minhas coxas, ouvi o esticar da cinta para longe do meu corpo,
somente para depois arquejar com o choque do tecido macio em
minha pele.
— Quero as mãos de todos eles longe de você, ouviu? —
disse deixando meus lábios, respirei profundamente com os olhos
fechados, coberta de luxuria.
Esfreguei minha boceta contra seu pau coberto pela calça
buscando alívio sem pudor algum.
Gememos juntos.
— Abra os olhos e me responda.
Eu os abri sorrindo ao ouvir o apelido outra vez.
— Por que eu faria isso?
— Porque você quer algo de mim — sussurrou em meu
ouvido, senti meus pelos se eriçarem pelo tom de sua voz e pelos
dedos que brincavam por debaixo da minha minissaia — algo que
nenhum daqueles moleques consegue lhe dar.
Mordi o lábio com força quando ele roçou os dedos ásperos
no limite da minha boceta, brincando com o elástico da peça como
se não pudesse me sentir escorrer em suas mãos.
— E o que seria? — perguntei ofegante, as pupilas grandes
acompanhavam minhas reações a cada movimento que ele dava
em meu centro, um sorriso arrogante crescendo em seu rosto ao me
ver tão enlouquecida a ponto de me esfregar contra ele em busca
de prazer.
Apertei os braços musculosos com força.
— O prazer e a luxuria de estar fazendo algo proibido a vista
de todos, — afastou o tecido da calcinha, meu ventre se contraiu
com o simples toque, minha carne estava sensível para
brincadeiras, assim como eu, ele sabia que eu gozaria no instante
que seus dedos me tocassem — mas sem que ninguém perceba.
Você quer diversão...
Mesmo não sendo uma pergunta, eu assenti, jogando a
cabeça para trás com força, o suor escorria por minhas têmporas
fazendo com que alguns fios loiros ficassem grudados em minhas
bochechas.
Senti seu corpo se curvar ao meu no mesmo instante em
que dois de seus dedos me preencheram e que outro começasse a
se mover em círculos fortes e rápidos em meu clitóris.
— E se você permitir que algum deles a toque outra vez, —
seu tom de voz se tornou mais firme, a ameaça velada em suas
palavras — não haverá provocação no céu e no inferno que me fará
pôr as mãos em você sem que eu tenha que quebrar a cara deles
antes disso.
Engoli em seco, engasgando em meus gemidos ao sentir o
orgasmos se formar rapidamente.
Não esperava por isso.
Não esperava por isso mesmo.
Mas a sensação era boa, gostosa e completamente
perigosa.
— Goze.
CAPÍTULO 8
Minhas mãos eram fortes
Mas meus joelhos eram muito fracos
Para permanecer em seus braços
Sem cair aos seus pés
Set Fire To The Rain, Adele
O peito de Christian se movia lentamente, a respiração
longa e calma ressoava em meus ouvidos há alguns minutos, mas
especificamente, logo depois de que paramos de transar como dois
coelhos em cima da mesa.
Podia sentir minhas bochechas ficarem quentes com a
recordação.
Esfreguei a bochecha na abertura da camisa branca
sentindo o monte de pelos pinicar em minha pele, brinquei com
meus dedos naquela região por algum tempo inquieta.
Milhares de perguntas dominavam minha mente desde que
a lucidez havia voltado para o meu corpo.
Christian iria fingir que aquilo não havia acontecido outra
vez?
Como ele me trataria a partir de agora?
Será que ele iria entrar nessa loucura insana de cabeça
comigo, como pareceu enquanto transávamos?
Embora suas palavras durante o sexo tivessem sido firmes
sobre o que tínhamos eu sabia que não poderia me apegar aquilo,
pois para levar uma mulher a cama muitos homens juravam até
amor eterno.
Não que eu esperasse isso do homem a minha frente, longe
disso, mas eu precisava que Christian ficasse comigo, precisava
vencer a aposta e derrotar Alexia de uma vez, e o mais importante,
precisava entender a necessidade e o domínio que esse homem
tinha sob mim para me deixar tão à beira da loucura.
Segurei a risada baixa quando os dedos do professor
alcançaram minha pele milímetros abaixo das axilas. Eu tinha
muitas cócegas ali.
— Pare — grunhi baixinho, contorcendo meu corpo em cima
dele para me esquivar de seus dedos. — Por favor, Christian...
A risada rouca preencheu a sala por segundos suficientes
para que meu coração acelerasse enquanto deslizava meu corpo
para o chão. Fiz uma careta pelo impacto de minhas costelas em
seus joelhos.
— Se você continuar eu vou gritar — balancei as mãos,
tentando arrumar minha roupa.
— Terei prazer em lhe silenciar.
Meu corpo tremeu com as infinitas possibilidades que
surgiram em minha mente.
Lambi o lábio.
Foco, Ellie. Foco.
Eu estava um desastre.
Não precisava me olhar no espelho para ter certeza disso.
De onde estava e ciente das íris azuis que me observavam
comecei a abotoar minha camisa, ao chegar no topo senti falta de
dois botões, fiz uma carranca para Christian que soltou uma
gargalhada.
— Seus seios são perfeitos demais, amore mio. — Deu
ombros como se aquilo justificasse seu comportamento animalesco
e começou a arrumar a própria roupa.
Amore mio? Desde quando eu tinha um apelido fofo?
Melhor, Christian Lancellotti dava apelido fofos?
— Você destruiu minha blusa da Chanel — resmunguei
chateada.
Havia conseguido aquela peça em um leilão, e me custou
apenas alguns milhares de dólares.
— Seus seios valem mais do que essa marca inteira. —
Retrucou sem me olhar.
Minha mente se dividiu entre a palpitação de meu coração e
razão que me afirmava que aquilo era só uma cilada.
Balancei a cabeça, meu coração não estava naquele jogo.
Meu corpo poderia ser dele pelo tempo que fosse, desde
que meu coração nunca estivesse ao seu alcance.
Uma mecha loira caiu em meu rosto, ergui a mão para
arrumá-la no mesmo instante que senti a mão quente de Christian a
alcançar e com cuidado a colocar atrás de minha orelha.
Dessa vez, não pude impedir o sorriso que se abriu em
meus lábios.
— Obrigada. — Tinha certeza de que meu rosto estava
vermelho.
Parte minha nunca iria entender como eu conseguia dar
meu corpo a ele tão facilmente quando esses simples gestos me
afetavam tanto.
— Você é l....
Sua fala foi interrompida por leves batidas na porta.
Ele ia dizer que eu era linda?
O desespero começou a correr em minhas veias ao me dar
conta do que estava acontecendo, e se eu já não estivesse debaixo
da mesa, naquele momento com certeza iria ter corrido para lá.
— O que vamos fazer? — sussurrei batendo em sua perna.
— Fique onde está, e em silêncio — frisou levantando um
dedo, o vi arrumar o cabelo com a mão e segundos depois
murmurar um “entre” para quem quer fosse.
E se eu já estava nervosa antes, senti meu sangue gelar ao
reconhecer a voz do reitor falando com Christian. A sala fedia a
sexo, ele só não saberia o que o amigo fazia se fosse burro, o que
provavelmente não era.
— Se estiver precisando de uma faxineira, me avise, isso
aqui tá horrível — o ouvi despejar com desdém, a cadeira atrás de
mim foi puxada.
Quis soltar uma risada ao ver os sapatos lustrados brilharem
perto de minha mão. Se eu contasse isso para qualquer pessoa que
me conhecesse todos diriam que eu estava louca e que isso foi um
delírio.
E eu teria que concordar. Pois naquele momento nem eu
mesma conseguia reconhecer a poderosa Ellie Carter. As
manchetes entrariam em colapso, eu já conseguia ler as matérias:
“Ellie Carter, a herdeira do império Carter foi pega em
flagrante completamente descabelada e sentada aos pés de um
professor embaixo de uma mesa escondida do reitor da faculdade
após uma tarde quente com seu novo alfaiar.”
Seria um escândalo, até porque a matéria seguinte seria a
da morte da carreira profissional de Christian pelas mãos de meu
pai.
E na seguinte, provavelmente seria a do meu casamento.
Que loucura eu estava fazendo?
Pisquei algumas vezes voltando a me ligar na conversa que
acontecia acima de mim.
— Ela está furiosa com você, foram quase 13h de viagem
para chegar aqui e ter que ficar plantada no aeroporto porque você
esqueceu de buscá-la.
Ela quem? E por que estava com raiva de Christian?
— Eu sei, me esqueci completamente.
Não podia sentir ciúmes, de quem quer que fosse.
Ele era um jogo. Precisava me lembrar disso.
O chão rangeu pelo arrastar brusco da cadeira, arfei
temerosa.
— Quando começar a pensar com a cabeça certa, sabe
onde encontrá-la. — O escutei dizer antes dos passos se afastarem
até a porta.
Respirei aliviada por não termos sido pegos.
— Merda. — Christian praguejou.
Com o resto da dignidade que me restava eu me ergui do
chão, tentando não parecer abalada com a pequena cena do reitor
na sala, onde ele claramente sabia o que havia sido feito nesse
escritório eu puxei minha bolsa, que estava na cadeira ao lado da
que ele sentou e puxei meu kit de emergência.
De costas para o professor, eu retoquei minha maquiagem
com leveza, passando um perfume doce para disfarçar o cheiro do
sexo impregnado em minha pele.
O senti em minhas costas antes que seus lábios se
abrissem para falar algo.
— Pergunte, amore mio.
Sua mão afagou meu ombro com delicadeza, joguei minha
cabeça para trás, descansando em seu peito.
O toque de Christian fazia com que eu me sentisse acolhida,
amada, importante, mesmo da primeira vez que ficamos juntos, ele
nunca fez com que eu me sentisse usada por estar com ele, mas
me tratava como se eu fosse sua pedra mais preciosa, e aquilo me
instigava.
— Irá fugir novamente? — soltei a dúvida que corroía minha
mente.
Ofeguei sentindo o toque firme em minha cintura, ainda de
costas levantei o queixo, e por ser mais baixa que ele — e estar
sem os saltos enormes — a primeira visão que tive foi do
cavanhaque baixo perfeitamente alinhado, em seguida os lábios
inchados e avermelhados por meus beijos, e finalmente, as duas
esferas azuis que me hipnotizavam tanto.
— Não. — Minha expressão deveria estar confusa, pois ele
completou logo em seguida — da primeira vez que ficamos juntos,
amore mio, eu não sabia quem você era, — dedilhou meu queixo
com carinho — nem os riscos que representava, mas agora...—
abriu um sorriso de lado, e eu tive vontade de fazer o mesmo — fiz
de você minha consciente.
Ofeguei.
Minha.
A palavra tão temida na boca dos homens que estiveram
comigo antes pareceu extremamente certa ao sair dos seus lábios.
— Eu não sou sua. — Afirmei, o que não pareceu agradá-lo,
pois o toque, antes suave em meu queixo se tornou duro.
— Você é minha, Ellie Carter. — Grunhiu.
— Somente pelo tempo em que permanecermos juntos...—
mordi o lábio em meio a um sorriso ao ver sua carranca se formar.
Homens odiavam ter a certeza de que uma mulher não
estivesse rendida a eles e seus encantos.
— Enquanto meu pau estiver dentro da sua boceta, você
pertence somente a mim, Ellie Carter.
Todo o maldito feminismo sumiu do meu corpo naquele
instante, meu ventre se contraiu ao ouvir suas palavras sussurradas
em meu ouvido.
Como eu poderia estar tão molhada após nossa sessão de
sexo?
— E você será só meu? — questionei com a sobrancelha
arqueada.
Sua resposta foi rápida, curta e grossa.
— Sim.
— Irá me dar o que procuro? — falei baixo, lembrando-me
de suas palavras antes de me fazer gozar pela primeira vez naquele
dia.
Eu buscava prazer.
Um pouco de loucura.
Insanidade.
Diversão.
Eu desejava viver.
Viver sem limites.
— Isso e um pouco mais, amore mio.
— Tenho somente mais uma condição.
Ele começou a fazer um caminho de beijos molhados da
minha testa até o nariz.
— Qual? — seu rosto estava a centímetros do meu, em uma
posição relativamente estranha.
As mãos seguravam minha cintura com possessividade,
raspei meu nariz no seu antes de dizer.
— Não se apaixone por mim, professor.
Um resquício de diversão brilhou em seu rosto.
— Jamais me apaixonaria por uma aluna.
— Espero que esteja certo, porque eu posso quebrar seu
coração.
— Não se pode quebrar o que não está inteiro.
Sorri triste.
Talvez fôssemos mesmo compatíveis um para o outro.
— Então temos um acordo?
— Temos um acordo, amore mio.
20 dias.
Era o tempo que eu tinha para fazê-lo declarar sua paixão
por mim e vencer a maldita aposta de Alexia. Depois disso estaria
livre para me aventurar como quisesse.
Era o plano perfeito.
CAPÍTULO 9
Há uma esperança te esperando na escuridão
Você deveria saber que é linda do jeito que é
E que você não tem que mudar nada, o mundo
poderia mudar de ideia
Não há cicatrizes na sua beleza
Nós somos estrelas e somos lindas
Scars To Your Beatiful, Alessia Cara
DIA 12

— Então vocês fizeram um acordo de sexo?


— Sim.
— E não podem ficar com outras pessoas, mas também não
podem se apaixonar?
— Exatamente.
— Em que mundo você vive pra imaginar que isso dá certo?
Fechei o livro de capa dura com certa violência e a encarei
feio, ciente de que alguns pares de cabeça deveriam ter voltado a
atenção para nós duas, já que a lanchonete estava estranhamente
silenciosa.
— No mundo real, horas — dei ombros — não estou presa
dentro de um livro para viver um conto de fadas, Victoria.
— Sua vida é um conto de fadas — lhe lancei um olhar
indignado — sem a parte de precisar ser salva pelo príncipe
encantado, mas ainda assim precisa do príncipe para outras coisas.
— Gesticulou com as mãos, um sorriso malicioso nascendo em seu
rosto.
Não disse nada.
Victoria estava errada.
Talvez eu precisasse ser salva, salva de mim mesma.
— Vamos pedir algo? — perguntou olhando o relógio na
parede — estou morrendo de fome. — Dobrou o lábio inferior como
uma criancinha, balancei a cabeça rindo para disfarçar.
Eu estava morrendo de fome.
Talvez se eu pedisse só um sanduiche com suco...
Não.
Não podia.
O desfile iria acontecer amanhã e eu precisava estar com
um quilo a menos ou não entraria no vestido belíssimo que a
Valentino me mandou.
— Não estou com fome — menti sentindo meu estômago
doer.
O nariz cheio de sardas se franziu, os grandes olhos verdes
me fitaram com desconfiança.
— Você não comeu nada, e passamos o dia inteiro juntas —
cruzou os braços em cima do peito — vou pedir uma salada para
você.
— Victoria...
— Se você não comer irei ligar para seu pai. — Ergueu uma
sobrancelha.
Meus ombros caíram em desistência.
Papai me mataria se soubesse disso, e Victoria sabia por
que eu já havia estado no hospital vezes o suficiente para que ele
me mandasse a psicóloga.
— Uma porção pequena.
— Uma porção grande e com uma vitamina, você está
pálida — se aproximou e ergueu a mão para tocar meu rosto, mas
me esquivei.
Por que eu não havia passado um pouco de blush justo
hoje?
— Estou ótima, vá fazer nossos pedidos logo. — Murmurei
irritada abrindo o livro novamente sem olhá-la, alguns segundos
foram necessários para que eu ouvisse seus passos se afastarem
até o balcão.
Soltei o ar que estava preso e deixei minha cabeça cair para
trás
Burra.
Burra.
Burra.
Eu sabia que não devia passar um dia inteiro com Victoria
ou ela perceberia que eu estava pulando as refeições e logo ficaria
no meu pé para que eu comesse direito, e se eu me recusasse ela
faria o mesmo que fez agora, colocaria papai no meio da discussão.
Só havia uma coisa que eu temia mais do que engordar:
Desapontar papai.
Idiota.
Agora aguenta.
Quando Victoria voltou com os “nossos” pedidos seu olhar
não deixava o meu prato nem mesmo por um segundo até que eu
terminasse minha refeição.
Meu estômago agradeceu profundamente por não estar
mais vazio, o leve tremor que estava em meu corpo cessou, como
se todo meu sistema gritasse por comida com urgência.
Porém conforme eu sentia a comida pesar, a culpa também
começava a corroer em minha mente, todas as calorias daquele
prato enorme — que me pareceu tão convidativo no momento, e
que agora começava a me dar calafrios — olhei para minha barriga
que começava a inchar cada vez mais e o pânico cresceu dentro de
mim.
Por que fui comer logo agora?
Todos irão rir e caçoar de mim.
Vou ficar ridícula naquele vestido.
O alimento começou amargar na minha boca, junto com o
suco, fiz um esforço enorme para não fazer uma careta na frente de
Victoria que parecia atenta a cada movimento meu.
Aquilo chamaria atenção desnecessária.
Eu precisava ser paciente se quisesse me livrar daquilo logo
sem levantar suspeitas.
— Já chamei a equipe para o nosso dia de princesa,
amanhã — comentei enquanto caminhávamos para fora da
universidade, fiz uma vistoria rápida no local e não encontrei o
veículo do professor.
Christian e eu não nos falávamos desde ontem, quando
fizemos aquele acordo digno de livros, trocamos nossos números de
telefones, mas apesar de eu ter conferido minha caixa de
mensagens diversas vezes desde ontem, não havia mensagem de
nenhum remetente novo.
Frustração corria por minhas veias.
— Ellie, sobre isso... — a voz ficou mais melodramática,
parei de andar e me virei para ela.
A expressão triste e penosa me deu a resposta que eu
buscava, o pai de Victoria não havia deixado ela ir.
Mais uma vez, para variar.
— De novo? Amiga, você precisa de ajuda? Se seu pai
estiver lhe fazend...
Ela me interrompeu antes mesmo que eu concluísse a fala.
— Me deixe resolver meus problemas sozinha, assim como
resolve os seus. — Tensionei um musculo ao ouvir a resposta ácida.
— Certo. — Respirei fundo e olhei o relógio em meu pulso
— Já estou atrasada, e... — Olhei para frente buscando uma
desculpa e vi Liam de pé na porta traseira da BMW preta — meu
motorista já está esperando — apontei para ele que acenou com a
cabeça para ela.
Abracei seu corpo com rapidez.
— Ellie... — murmurou baixinho como se estivesse
arrependida.
Lhe dei um sorriso murcho já me afastando.
— Eu entendo, está tudo bem — gesticulei com as duas
mãos tentando convencer a mim mesma com aquele discurso — eu
lhe conto tudo depois!
Liam abriu a porta do carro em silêncio, ele já estava
familiarizado com minhas brigas com Victoria e sabia o quanto
aquilo me afetava.
Eu sabia que minha amiga não tinha uma relação boa com
seus pais, desde quando éramos crianças acompanhei os absurdos
que ela tinha que se submeter, fazer essa faculdade foi um grande
desafio, ela teve que o enfrentar pela primeira vez em sua vida.
Suspirei olhando a paisagem pelo vidro escuro.
Éramos duas hipócritas que queriam se ajudar quando não
conseguiam nem mesmo resolver seus próprios problemas.
Divaguei por longos minutos admirando a beleza oculta das
coisas ao nosso redor até que Liam adentrou os portões da mansão,
pulei para fora do carro antes que ele parasse de se mover por
completo, corri apressada pelas escadas até meu quarto, quase
escorregando duas vezes, por conta dos saltos altos.
Desacelerei meus passos ao chegar em frente ao banheiro,
abri a porta e joguei a bolsa no chão, sem me importar com o que
poderia quebrar ali dentro, não me preocupei em fechar a porta pois
papai ainda estava viajando e só chegaria amanhã no horário do
evento.
Encarei o porcelanato do vaso com um nó na garganta,
soltei o ar lentamente pela boca.
Você precisa estar bonita para o evento.
Sabe que está mais cheinha e todos irão reparar.
Me ajoelhei, erguendo a tampa branca e forcei o vômito a
vir, fiz o movimento de rotação como havia aprendido em alguns
tutoriais e logo consegui colocar para fora tudo o que eu havia
comido e mais um pouco.
Apertei os dedos no vaso sentindo minhas forças se
esvaírem conforme afundava os dois dedos em minha garganta,
sentindo nojo e repulsa do vômito que amargava na minha boca de
acordo que a ânsia me atingia senti a água misturada aos restos de
alimentos saírem.
Pude ver o resquício de sangue no meio da água suja.
Suja.
Era assim que eu me sentia todas as vezes que fazia aquilo,
ao ter que mentir para Victoria e principalmente, mentir para o papai.
Parte minha sabia que eles se preocupavam porque me
amavam e não queriam me ver fazendo mal ao meu próprio corpo,
mas havia aquela parte enraizada que eu não conseguia não sentir,
aquela dor antiga e que me fazia mal mesmo depois de tantos anos.
O trauma era mesmo uma merda.
Finquei as unhas com força na palma da mão ao perceber o
arder latente em minha garganta ferida.
Levantei com as pernas cambaleando pela fraqueza, despi
meu corpo jogando as peças de qualquer jeito no chão. Afundei na
banheira, o cheiro doce de morango inundando minhas narinas
retirando todo o fedor do vômito, e o mais importante, lavava todos
os vestígios do que eu havia feito.
Queria ter a facilidade de lavar minha alma do mesmo jeito
que limpava meu corpo.
CAPÍTULO 10
Oh meu Deus, amor, amor, você não vê
Eu tenho tudo que você precisa
Só um gênio poderia amar uma mulher como ela
Genius, Sai
DIA 13

— Você está deslumbrante, querida! Parece que foi ontem


que eu lhe segurava no colo tão pequenininha — seus olhos
brilhavam — e agora já é uma mulher feita...
Foi a primeira coisa que ouvi ao descer as escadas da
mansão, segurei com força no corrimão para não cair, minha visão
estava turva pela fraqueza, precisava pôr algo leve no estomago ou
desmaiaria no meio do evento e isso seria...bem, seria uma
catástrofe sem dimensão.
Mas se eu comer agora estarei inchada para as fotos de
entrada.
Comeria no salão.
Sim, seria a escolha certa.
Eu podia aguentar mais umas horas sem comer.
Só mais umas horinhas.
— Obrigada, papai.
A senhora Claire carregava um copo em cima da bandeja,
um pouco mais distante de papai. Ela a ergueu e algo em sua
expressão me fez desconfiar que ela sabia sobre eu ter jogado a
comida que ela havia levado em meu quarto mais cedo no lixo.
— Preparei essa vitamina para tomar no carro — me deu o
copo que peguei a contragosto — Sr. Arthur, ela está um pouco
pálida, não acha? — apelou para papai que passou a observar meu
rosto com mais atenção.
— É verdad...
— Vou tomar, Claire — bufei o interrompendo e indo para o
pátio.
— Á propósito está linda, minha pequena! — a ouvi gritar e
sorri entrando na limusine.
Dei pequenos goles da vitamina que descobri ser de banana
e beterraba, sorri com as lembranças que aquele sabor me trazia.
Mamãe me obrigava a tomar essas vitaminas pela manhã,
eu achava o gosto um pior do que o outro, mas com o tempo passei
a gostar pela rotina, principalmente depois de que ela faleceu.
Aos poucos senti a força voltar ao meu corpo, minhas mãos
já estavam menos trêmulas e minha vista menos embaçada.
Tudo vai dar certo.
Só preciso suportar essa gente por algumas horas.
— Você entregou o convite a Levi?
Papai perguntou quebrando o silêncio após entrar dentro do
carro e pedir para Liam dar partida.
— Sim, ele disse que estaria presente no evento.
— E como têm sido a relação de vocês na faculdade? — os
olhos dele estavam fixos em mim, prendi minha respiração por um
segundo.
Sabia exatamente como aquela conversa acabaria.
Papai sempre me dava indícios de sua vontade, mas nunca
a expôs tão abertamente.
— Eu quase não o vejo, já que somos de turmas diferentes,
além do mais não somos amigos. — Dei ênfase na última parte.
Estava cansada de ter que contornar aquela situação só
para agradá-lo, eu amava meu pai e faria muitas coisas para vê-lo
feliz, mas entrar em um relacionamento só porque era da vontade
dele não seria algo que eu acrescentaria em minha lista.
— Ele é um bom rapaz, eu aprovaria bastante uma amizade
entre vocês, principalmente se viesse a se tornar algo a mais.
Pisquei.
Contei até dez devagar para manter meu autocontrole e não
surtar com sua sugestão.
— O quê?
Mirei seus olhos, as pequenas rugas no canto estavam mais
evidentes a cada dia.
— Filha, eu não vou durar para sempre — suspirou quase
dramático — você precisa ter alguém para ajudá-la quando eu não
estiver mais aqui. Comandar uma empresa não é fácil,
principalmente quando se é uma mulher.
— O senhor duvida da minha capacidade?
— Não! Claro que não, sei que você será uma CEO incrível,
mas o conselho é predominantemente masculino, e ser uma mulher
solteira no meio deles será difícil.
— Papai, eu não vou me casar por causa de um bando de
machistas, posso me virar sozinha, e não é como o senhor já
estivesse morto.
O ouvi suspirar ao meu lado ao mesmo tempo que a
limusine parava em frente ao tapete vermelho.
— Depois falamos sobre isso, agora sorria querida.
Estiquei os lábios com delicadeza, me lembrando das aulas
de etiqueta que tive ao longo dos anos e segurei a mão que papai
estendia para mim quando já estava fora do carro.
Sorri acenando levemente para as pessoas que nos
cumprimentavam boquiabertas enquanto caminhávamos até aos
fotógrafos.
Papai estava certo em uma coisa: Eu estava mesmo
deslumbrante.
Amanhã estaríamos estampados em todos os tabloides.
Precisava estar perfeita.
Posei para as fotos primeiro com papai ao meu lado, as
pessoas amavam saber sobre nosso relacionamento de pai e filha,
principalmente após a morte de mamãe.
Um pai dedicado a família era o maior trunfo para os
corações esperançosos da sociedade e nos aproveitávamos muito
bem disso para fazer o marketing de nossa empresa, e o melhor de
tudo é que diferente de muitos casos que víamos por aí, papai e eu
éramos reais.
Entre algumas brigas e reconciliações, eu sabia que era
amada incondicionalmente e que tanto eu como ele iríamos até o
inferno um pelo outro.
Nossos slogan não era apenas de fachada, ele valia na vida
real.
Bati várias fotos sozinha depois, meus pés já começavam a
doer pelo sapato louboutin ser um número menor do que eu
calçava.
A beleza doía.
Papai estava sendo entrevistado quando me pus ao seu
lado, o repórter o questionava por ainda estar solteiro após tantos
anos.
Faziam quase 5 anos!
Precisei manter todo meu autocontrole para não bater na
cara dele por ser tão inconveniente, felizmente papai já estava
acostumado com isso e conseguiu se sair da situação com maestria.
Eu amava estar nos holofotes, mas de alguma forma aquilo
não estava conseguindo me fascinar hoje. Só conseguia enxergar a
podridão daquele meio.
Observei uma modelo que posava esbanjando sua magreza.
Quantos dias ela tinha passado sem comer para a barriga
estar tão sequinha assim?
Éramos uma farsa.
Uma grande farsa.

...

Tédio.
Um leilão nunca foi tão entediante antes.
Olhei para os lados antes de virar a taça de champanhe de
uma vez, ouvi a risada baixa de Victoria em minha frente.
— Essa música tá chata.
Murmurou com desdém, ao lado dela Levi revirou os olhos e
logo começou o velho discurso de como as músicas clássicas
tinham uma essência única e blá blá blá.
Eu não suportava música clássica desde que me entendia
por gente.
Meus ouvidos sangravam toda vez que era obrigada a ir aos
concertos com papai, sempre por convite da família de Levi, é claro.
— Você não tem que paquerar alguma jovem por aí? Chame
alguma garota para dançar e declare seu amor pela música
clássica.
Vic explodiu na risada chamando atenção de algumas
pessoas para nossa mesa, de longe observei nossos pais
conversando com mais alguns empresários.
Esses eventos eram somente uma fachada para fechar
negócios milionários, principalmente os ilícitos.
Felizmente nossas famílias não se envolviam com nada
disso.
Voltei meu olhar para a mesa, Levi me encarava com um
sorriso debochado no rosto, as maçãs do rosto levemente
avermelhadas. Ergui uma sobrancelha.
— E perder a cara que você vai fazer ao ver nosso
convidado? Jamais, querida Ellie.
A acidez de sua voz me deixou em alerta, principalmente
pela reação que Victoria teve ao olhar para trás.
— Ah, meu deus... — murmurou deixando a boca
semiaberta, os olhos arregalados e a expressão de choque
dominavam seu rosto.
Virei a cabeça para trás para ver o que tanto eles falavam, e
se meu queixo pudesse cair ele teria ido ao chão com o que vi.
O professor Lancellotti estava parado de lado perto de uma
mesa há poucos metros de nós, o terno giz cinza tinha o caimento
perfeito em seu corpo, os músculos que minhas mãos já haviam
tocado por algumas vezes estavam mais evidentes com a rigidez da
roupa que ele vestia.
Lindo.
Magnifico.
Era impossível olhar para ele e não ficar hipnotizada com a
sua beleza.
Olhei para seu rosto, seus olhos estavam fixos em mim
como se eu fosse a sua presa.
Senti as batidas em meu peito ficaram mais rápidas e
irregulares, assim como todas as vezes em que eu o via.
O que ele estava fazendo ali?
Christian virou o corpo para andar em nossa direção, e se
meu coração estivesse naquele jogo ele estaria quebrado nesse
momento.
Uma morena estonteante apareceu em seu lado, ela pôs a
mão em seu peito e alisou o tecido com um sorriso nos lábios
vermelhos, ele por sua vez segurava sua cintura com firmeza.
Minha boca ficou seca.
Estiquei minha coluna e fiz o que sabia fazer de melhor
quando os dois chegaram em nossa mesa:
Eu fingi um sorriso.
Meus olhos só enxergavam o vermelho enquanto a raiva me
consumia, minha vontade era de esfolá-lo vivo quando seus olhos
se pousaram sob os meus com certo receio, mas mantive o
controle, não poderia dar um show ali.
Sorri ácida.
A vingança era um prato que se comia frio, e eu comeria no
momento certo.
CAPÍTULO 11
Eu chamei sua atenção?
Parece que você perdeu a respiração, huh
Quando eu circulo pela sala, você é uma coruja, você
vai revirar sua cabeça.
Looking At Me, Sabrina Carpenter
— Professor, que surpresa encontrá-lo aqui! — Levi foi o
primeiro a se levantar para cumprimentá-los, e embora os olhos de
Christian e sua acompanhante permanecessem em mim ele o
respondeu e apertou sua mão brevemente.
— Foi uma surpresa vir...
Desviei meu olhar do seu e fitei sua acompanhante.
Ela era linda.
Seu corpo era alto e curvilíneo, a pele era bastante pálida,
os cabelos escuros longos e ondulados disfarçavam o decote
exorbitante, seus olhos eram de um castanho claro e me fitavam
com um espanto inesperado.
Percebendo que eu era a única que ainda não havia
cumprimentado nossos “convidados” afastei a cadeira para trás sem
delicadeza alguma e me levantei lentamente.
Queria os olhos de todos em mim.
Christian teria que ver cada homem daquele salão me
comer com os olhos sem poder fazer nada.
O vestido feito de tule translucido tinha as mangas plissadas
e uma fenda que abria em toda minha perna esquerda, em todo o
tecido podia-se ver os mais de 13 tipos de cristais usados para que
o vestido tivesse o efeito que eu vestia diamantes.
Minha pele estava toda exposta a quem tivesse vontade de
ver, amanhã os tabloides explodiriam com comentários sobre a
minha roupa ser reveladora e principalmente, por estar quase nua,
pois meus seios eram cobertos somente pelas minúsculos cristais, e
uma calcinha cavada cobria minhas partes intimas.
A sandália de salto finos espiral reluzia em minhas pernas
por causa dos diamantes cravejados.
— Uau — ouvi a acompanhante do professor falar.
— São lindos, né? — como se quisesse mostrar meus
sapatos a ela estiquei minha perna esquerda expondo ainda mais
minha pele nua.
Ainda não havia olhado para o professor, mas o grunhido
baixo me deu a devida satisfação.
— Lindos, belissimo! — exclamou parecendo fascinada, o
sotaque italiano em sua voz era forte.
Um sorriso gentil brilhava em seus lábios vermelhos, foi
impossível não sorrir de volta.
E dessa vez não foi nenhum fingimento.
Eu havia gostado dela.
— Srta. Carter
Movi minha cabeça em direção ao homem que havia me
deixado possessa de raiva segundos atrás com um sorriso quase
diabólico ao ver sua expressão.
Fúria.
Ciúme.
Fome.
Desejo.
Estiquei os lábios sentindo-me vingada, principalmente ao
notar as cabeças viradas em minha direção.
Ele parecia observar também já que seu pescoço ficava
cada vez mais vermelho, os punhos fechados como se quisesse
bater em todos os homens daquele salão por me olharem com tanta
cobiça.
Eu estava enganada, a vingança não era um prato que se
comia frio, pelo contrário, ela era quente, muito quente mesmo.
— Christian, que surpresa maravilhosa — dei um passo
para frente e o abracei sem colar nossos corpos para não chamar
muita atenção, depositei um beijo em cada lado de sua bochecha,
como se ele fosse uma criança que precisava de atenção.
— Que porra de roupa é essa? — esbravejou baixo em meu
ouvido, dei uma risadinha e me afastei dele, avistei papai vindo logo
atrás dele.
— Se comporte, meu pai está vindo.
— Estou curioso a respeito da sua roupa, Srta. Carter, ela é
um tanto... reveladora. — Me olhou dos pés à cabeça como se
avaliasse.
— Pare com isso, mio caro! — sua acompanhante deu um
tapa em seu peito.
Risadas ecoaram atrás de nós.
Levi e Victoria se divertiam as nossas custas.
— Já gostei de você — pisquei para ela fazendo graça.
Mantenha seus amigos pertos e seus inimigos mais perto
ainda.
— Também gostei de tu caro.
— Ellie Carter — ela olhou para Christian quando pronunciei
meu nome, o sorriso em seu rosto se tornou tímido, a vi engolir em
seco e tentar disfarçar suas feições.
Ela sabia de algo.
— Carter das empresas de energia elétrica? — anuí.
— Se cortarem sua luz pode me ligar — lhe dei uma
piscadela.
— Pode deixar — riu baixo — Sou Abbie Lancellotti.
— Lancellotti?
Ela era parente de Christian?
Ou... não, meu deus...
Será que ele havia mentido para mim naquela noite sobre
ser solteiro?
Busquei os olhos dele com aflição, confusão estampada em
meu rosto.
Se ele tiver mentido para mim desta forma...
O professor parecia se divertir com a situação, o rastro de
um sorriso se formava no rosto que era sempre tão carrancudo.
Ergui uma sobrancelha.
— Christian è mio fratello.
Ouvi sua risada baixa ao meu lado.
— Vocês são irmãos?
Comecei a olhar para os dois sem parar buscando
semelhanças, de fato havia o suficientes para imaginar tal coisa.
Talvez se eu não estivesse planejando a morte dele
segundo atrás tivesse prestado mais atenção aos detalhes.
— Christian! Que bom revê-lo, meu amigo. — Papai falou
trazendo meu amante para um abraço apertado.
Amigo?
Aquela noite piorava mais a cada segundo, e temia que
aquilo fosse só o começo.

...

Christian e Abbie acabaram se sentando em nossa mesa, e


como se o destino quisesse foder ainda mais comigo, meu professor
havia se sentado ao meu lado, eu sentia sua mão grande e quente
fazer pequenas caricias em minha coxa, o calor de todo o meu
corpo parecia ter se concentrado apenas naquela região.
Os dedos dele desceram para o meio das minhas pernas.
Estaquei.
Minhas respiração tornando-se mais acelerada.
— Pare com isso.
Sussurrei para ele fingindo procurar algo em minha bolsa
para disfarçar, embora ninguém olhasse para nós dois naquele
momento.
— Odeio que esses vermes estejam vendo o que é meu. A
propósito, você está magnífica, fiquei de pau duro no instante que a
vi.
— Você não sabe ser romântico?
— Meu coração errou as batidas no instante em que meus
olhos encontraram os seus.
Prendi o lábio para não sorrir como uma tola.
— Melhorou um pouco.
Nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos,
e eu quis que aquilo fosse verdade.
Queria que ele me achasse dele.
Queria que seu pau ficasse duro somente por mim.
E queria que ele fosse meu por inteiro e não somente um
acordo, uma aposta.
O riso escapou de meus lábios ao ver que a organizadora
do evento se aproximava de nossa mesa.
— É melhor chamar a ambulância se quiser que seu velho
coração aguente o que vai acontecer agora.
— Velho? — resmungou incrédulo.
Ele apertou os olhos e retirou sua mão da minha coxa.
Senti falta do seu toque imediatamente, mas mantive minha
postura.
— Querida, chegou sua hora de brilhar! — ela disse olhando
para mim com um sorriso de ponta a ponta. — Bonitões, acho bom
deixarem o cartão de crédito em mãos porque haverá muitos
concorrentes — gesticulou com a mão animada.
Adrenalina corria em minhas veias.
Christian encarava tudo com certa confusão, papai tinha um
vinco de preocupação e ciúme no rosto, já Levi mantinha um sorriso
sedutor no rosto, ele piscou para mim no mesmo instante que
levantei da cadeira.
Senti Christian ficou tenso ao meu lado.
— Sabe papai, eu adoraria que essa roupa fizesse parte da
minha coleção. — Fiz um bico para ele que sorriu. — E por favor,
não me deixe ser vendida por menos de 1 milhão!
— Vendida?
— Claro, querida.
Christian perguntou no mesmo instante em que papai me
respondeu.
— O vestido que a srta. Carter está usando é uma peça
exclusiva da Valentino que será leiloada, como cortesia quem levar
a peça também poderá desfrutar de um jantar com a filha de nosso
anfitrião essa noite. — Os olhos dela brilharam ao falar. — Posso
dizer que todos estão animados para ter um momento com a srta.,
então sejam espertos.
Silvia e eu já havíamos dado alguns passos para longe da
mesa quando ouvi o estalo de vidro ressoar pelo salão.
Olhei para trás assustada vendo os cacos no chão, cacos de
vidro do copo de Christian que havia se espatifado no chão. Abri um
sorriso tímido para todos que estavam na mesa e segui para o palco
onde o vestido que eu usava seria leiloado junto a mim.
Silvia começou o discurso sobre todos os detalhes do
vestido e quantidade de pedras preciosas que haviam sido usadas,
fora o fato de que ele havia sido costurado a mão e levado muitas
horas de trabalho.
Os olhos de toda a plateia estavam em mim e no vestido
glamuroso que brilhava em meu corpo quase nu.
Eu sorria com uma confiança que não existia, mas era como
o velho ditado:
Se não se sente confiante, finja.
Finja até que se torne realidade.
Mas nunca, em hipótese alguma abaixe a cabeça.
E foi o que eu fiz:
Esbanjei uma autoconfiança que sabia que não existia em
mim.
E sorri, sorri para os homens toscos que me comiam com os
olhos, para os velhos e novos, feios e bonitos, e somente quando
meus olhos encontraram os olhos dele foi que um sorriso verdadeiro
repousou em meu rosto.
Christian.
Fúria predominava em seu rosto, e eu sorri ainda mais tendo
a certeza de que ele estava caindo em meus feitiços.
— E há um bônus, quem levar o vestido ganhará um jantar
ainda está noite com a filha do nosso anfitrião — um coro de vozes
masculinas esbravejaram — ela é linda, não é? — outro coro de
vozes encheu o salão — Então que comecem os lances a partir de
500 mil dólares!
Dei uma voltinha, todas as luzes estavam em mim.
— 600 mil dólares — um amigo de papai gritou no meio do
salão.
— 650 mil dólares!
— 800 mil dólares — outro homem gritou na mesa ao lado
da que eu estava sentada.
— Parece que a disputa pela nossa herdeira está acirrada
hoje — Silvia comemorou batendo palmas enquanto os lances eram
dados cada vez mais altos entre a elite de Nova Iorque.
— 2 milhões de dólares — ouvi a voz de Levi ressoar no
salão.
Olhei para ele confusa, mas disfarcei com uma piscadinha.
— Parece que nossa herdeira realmente tem um príncipe
encantado! — risadas ecoaram no salão, ele havia duplicado o
último lance — Mais alguém para levar essa moça para jantar e
ainda ganhar um vestido milionário?
— 5 milhões de dólares!
Meu coração faltou sair pela boca ao ouvir Christian dar um
lance.
— 8 milhões de dólares! — Levi rebateu sorrindo e ergueu
uma sobrancelha.
— 10 milhões de dólares! — Christian aumentou o lance e
se levantou da cadeira.
Os dois estavam de pé aumentando cada vez mais os
lances para quem ia sair comigo, meu coração parecia querer pular
do peito de tanta emoção.
— 15 milhões de dólares. — Levi levantou o lance outra vez.
Eu não sabia se ele queria morrer ou se realmente queria
jantar comigo aquela noite, pois a forma como estava enfrentando o
professor na frente de todos era surreal.
— 25 milhões de dólares
Christian cruzou os braços como se o desafiasse a levantar
o lance outra vez, Levi ergueu as mãos e os convidados bateram
palmas soltando gritos animados.
— Eu janto com você de graça, White! — Uma jovem soltou
no meio da multidão e todos caíram na gargalhada, até mesmo eu.
— Dou lhe uma. Dou lhe duas. Dou três! O vestido foi
vendido para Christian Lancellotti, venha buscar seu prêmio aqui no
placo!
E foi naquele momento que a plateia parecia ter sumido,
éramos somente nós dois ali.
Um sorriso crescia nos lábios avermelhados de Christian à
medida que ele ia se aproximando para me buscar. Sorri de volta
para ele.
E tenho certeza de que qualquer um que nos visse naquele
momento diria que estávamos perdidamente apaixonados um pelo
outro.
Sendo sincera nem eu mesma poderia responder.
Eu já não sabia de mais nada, a não ser que o toque dele
era o meu favorito no mundo inteiro.
CAPÍTULO 12
Talvez eu só queira ser seu
Eu quero ser seu, eu quero ser seu
I Wanna Be Yours, Artic Monkeys
Uma corrente elétrica passou por meu corpo no instante em
que meus dedos tocaram a mão que Christian estendia para mim.
— Você está louco? Não pode pagar 25 milhões somente
para jantar comigo! — Ralhei exibindo um sorriso no rosto, o foco de
todo o salão permanecia em nós dois.
— Não só posso como já paguei. — respondeu arrogante —
jamais permitiria que outro homem a tivesse, nem por um mísero
segundo, você é minha, Ellie, precisa entender isso.
Ofeguei sem fala.
Sem perceber ele havia afirmado que aquela disputa ridícula
havia sido por mim e pelo fato de que ele não suportaria a ideia de
que outro homem poderia ter minha presença.
Christian começava a parecer cada dia mais com os
mocinhos que eu lia nos livros de romances.
Senti um friozinho em meu ventre borbulhando por todo meu
corpo, será que aquilo eram as famosas borboletas no estômago
que todos falavam?
Apertei seu braço ficando minhas unhas no tecido caro.
— Mas o que meu pai irá pensar? Christian ele vai acabar
com você se soub...
— Calma, — fez um carinho em meu dorso — ele vai ver
que minha irmã adorou o presente, afinal ela ficou apaixonada pelo
vestido assim que o viu em você. — respondeu com a maior
tranquilidade do mundo.
Eu estava torcendo para que papai acreditasse naquela
baboseira, senão estaríamos perdidos.

...

Os pontos de luzes dos arranha-céus ao nosso redor


iluminavam a noite fria e escura, dei alguns passos em direção a
ponta do terraço e abracei meu corpo esfregando as palmas das
mãos nos ombros, tentando inutilmente me aquecer.
Fechei os olhos quando o vento frio bateu com força em
meu corpo, abri os lábios soltando o ar quente em meus pulmões.
Eu estava exausta.
Exausta e faminta.
— Tome aqui — senti o tecido quente cobrir meus ombros
após a voz de Christian soar ao pé de meu ouvido arrepiando até
meu último fio de cabelo.
Involuntariamente sorri.
Victoria estava certa sobre o nosso professor ter
personalidades tão divergentes, eu o observava ser estúpido e
arrogante em sala de aula com outros alunos, até mesmo hoje
durante o leilão ele foi indiferente com várias pessoas do nosso
meio.
Mas toda essa personalidade evaporava quando ele estava
comigo, e isso aconteceu desde o nosso primeiro encontro,
Christian era um cavalheiro comigo, ele conseguia fazer com que eu
me sentisse boba e excitada na mesma proporção, ainda via a
arrogância em suas falas, mas todas eram acompanhadas de
gestos que demonstravam o quanto ele se importava comigo.
Como hoje, quando comprou o vestido que eu usava
somente para que nenhum outro homem pudesse ter a chance de
jantar comigo. O professor não era romântico somente em palavras,
até porque a maioria das que ele endereçava a mim vinham
acompanhadas de duplo sentido, mas ele me fazia ver o romance
em suas ações, a paixão que ardia em nossas veias.
Christian tinha a porção exata para que eu me sentisse
completa em todos os sentidos.
E isso me assustava, como poderíamos nos completar tão
perfeitamente quando éramos tão diferentes?
— Obrigada. — Apertei o terno ao redor do corpo tentando
me aquecer o máximo possível. — Quem diria que jantar no terraço
quase nua me deixaria com frio, né? — gracejei e ouvi um som de
desdém sair dos lábios do professor.
— Nossa mesa já está pronta, venha amore mio.
Seus braços rodearam meu corpo e o professor me
conduziu até a pequena mesa posta para nós dois.
— Aposto que esse foi o jantar mais caro da sua vida —
falei entre risos levando a taça de vinho aos lábios ainda em pé e
tomando um gole.
— Com certeza — riu erguendo as sobrancelhas e puxou
uma cadeira para que eu me sentasse.
Balancei a cabeça em negação e em seguida, empurrei seu
peito com o dedo indicador até que ele sentasse na cadeira que
havia puxado para mim.
Era uma cena até mesmo engraçada de se ver, aquele
homem alto e cheio de músculos sendo empurrado por uma
miniatura magra como eu.
— E se arrependeu, professor?
Molhei os lábios com seus olhos acompanhando meus
movimentos, um pequeno sorriso brincava no rosto de Christian.
— Sua presença fez valer cada centavo, amore mio.
Meu coração disparou.
Olhei para o lado e mordi a bochecha com força para não
parecer uma boba. Poucos segundo se passaram até que eu ouvi o
riso rouco, olhei para ele novamente.
— Se continuar me dizendo essas coisas acabarei
apaixonada por você, professor — dei um passo à frente e me
encostei na mesa que estava posta para comermos.
— Essa é minha intenção.
— Você gosta mesmo de problemas, né? — falei me
lembrando de nosso primeiro encontro na sala de aula ao mesmo
tempo em que retirava o terno que ele havia colocado em mim pois
estava começando a ficar quente.
— Só quando você é a causadora deles.
Seus olhos desceram por todo meu corpo e foi como se um
incêndio começasse dentro de mim, os diamantes iluminados pelas
luzes brilhavam em minha pele.
— Apreciando a vista? — provoquei e dei um passo até ele.
— É a mais bela que meus olhos já puderam comtemplar,
amore mio. Dê uma voltinha para que eu possa apreciá-la.
Explodi em uma risada alta.
— E o que eu ganharia com isso? — mordi o lábio
encarando-o.
Seu semblante estava estranhamente divertido e feliz, algo
bem raro de se ver quando estávamos fora de nossa bolha.
— O que quiser.
— Tentador.
Lentamente comecei a fazer o que ele havia me pedido,
passei as mãos no corpo sentindo a aspereza dos cristais em minha
pele, devo ter me distraído com isso pois senti meus pés
esbarrarem em algo. Abri as mãos esperando o impacto da queda,
mas tudo que senti foram os braços musculosos do professor me
ampararem.
— Peguei você, amore mio. — falou com a voz suave em
meu ouvido.
Apertei minhas mãos em seus ombros enquanto ele me
sentava em seu colo, minha visão estava turva pelo movimento
rápido.
— Estou bem — falei antes que ele me perguntasse, seus
olhos inspecionavam meu corpo como se buscasse algo de errado.
Pequenos espasmos se espalharam por meu corpo.
— Você está fria — afirmou ao tocar minha testa.
Fechei os olhos me sentindo culpada.
Fazia três dias que eu não comia.
Todas as vezes em que eu havia colocado algo além de
suco e vitamina em meu estômago eu vomitei.
Abri os olhos deparando-me com as esferas azuis que
estudavam meu rosto, um finco se formava na testa de Christian.
— Preciso comer algo... — falei desviando meus olhos dos
seus.
Sua mão apertou meu queixo forçando-me a encará-lo, as
feições não demonstravam mais somente preocupação, havia algo
além disso... fúria brilhava em seus olhos.
— Quando foi sua última refeição?
Ele parecia desvendar todos os meus segredos somente
com o olhar, me senti incapaz de mentir enquanto o encarava.
— Tomei uma vitamina há algumas horas...
— Não foi isso que eu perguntei, Ellie. — Rebateu duro.
Engoli em seco e afastei sua mão de meu queixo, forcei
meu tronco e sentei ereta, ainda em seu colo, abaixei o rosto e
brinquei com o anel em meu dedo quando respondi.
— Três dias... — minha voz não foi mais do que um
sussurro, mas eu sabia que ele tinha ouvido perfeitamente.
Um nó se formou em minha garganta, abri a boca e soltei o
ar devagar esperando o sermão que ele me daria.
Não chora.
Não chora.
Não chora.
O escutei respirar fundo três vezes antes de abrir a boca
para falar comigo.
— Vamos jantar, amore mio, e depois conversaremos. —
Sua voz saiu mais suave.
— Christian, eu... — respirei fundo ao sentir minha voz
embargando, suas mãos afagaram meus ombros com carinho, e um
beijo foi depositado em meus cabelos.
Levantei o rosto para olhá-lo.
— Metade de mim está furioso com você por ser tão
irresponsável com sua saúde, — massageou os olhos e suspirou —
a outra parte está sendo compreensiva, então facilite as coisas e
coma antes que eu a foda até que desmaie nessa mesa.
— A segunda opção não parece tão ruim...
— Não é uma opção, amore mio — sussurrou em meu
ouvido, meus pelos se erriçaram pelo hálito quente em uma parte
tão sensível — eu irei fodê-la da forma que merece por ser uma
menina tão malcriada — afirmou e eu ofeguei sentindo minha
boceta contrair — mas somente depois que estiver bem alimentada,
agora sente essa bunda gostosa na cadeira e coma.
Suspirei.
— Terá que me ouvir enquanto comemos então.
Pela primeira vez em muito tempo eu me sentia segura para
falar sobre meu problema com alguém sem ser obrigada.
Christian olhou para o relógio em seu pulso e respondeu:
— Temos a noite toda.
— Ótimo, vamos precisar. — Dei a primeira garfada na
comida, fechei os olhos degustando o alimento. — Tudo começou
quando...
CAPÍTULO 13
As lembranças ficam
Não tem como voltar
Pro mesmo momento
Naquele lugar
Aquele sorriso, jamais verá de novo
Lei da vida, Sabrina Lopes
Flashback, 5 anos atrás

— Vocês viram o vestido que ela está usando? Ficou mais


redonda ainda — ouvi as risadas.
— Parece uma baleia com roupa.
— Ela é horrível, só vim nessa festa por causa dos
influencers.
— Não suporto mais fingir ser amiga daquela feiosa!
Corri para dentro do salão de festas ao ouvir tudo o que
“meu grupo de amigas” achava de verdade sobre mim, ouvi minha
mãe me chamar para bater mais algumas fotos, mas ignorei e segui
para o banheiro.
— Burra, burra — bati em minha testa — como pôde pensar
que elas seriam suas amigas por algum outro motivo? O que há de
especial em você a não ser o dinheiro que seus pais têm? Idiota! Se
fosse ao menos bonita tudo seria diferente.
Olhei para o espelho.
Meu rosto era redondo, minha testa era enorme, minhas
bochechas grandes, minha barriga alta, meus braços e pernas
grossos.
Completamente fora de ordem.
Me sentei apertando os braços ao redor do corpo, as
lágrimas escorriam sem minha permissão, sentia como se algo
houvesse se partido dentro de mim.
Funguei.
— Filha? Por que está escondida nesse cantinho? — ouvi a
voz de mamãe logo atrás de mim. — Suas amigas estavam lhe
procurando...
— Não são minhas amigas! Não mais — respondi sem me
virar para ela, minha voz saiu chorosa.
— Ô meu bem, o que aconteceu? — senti suas mãos
afagarem meus cabelos com carinho.
— Eu as ouvi mamãe — solucei entre as palavras — elas...,
elas... me chamaram de baleia, que eu sou gorda e feia — senti
seus braços rodearem meu corpo suavemente. — E que só estavam
aqui por causa dos artistas que a senhora e o papai contrataram.
— Elas são invejosas querida, você é linda! E o mais
importante, tem uma alma pura — me virou de frente e limpou o
rastro de lágrimas.
— A senhora é minha mãe, claro que vai falar isso! — cruzei
os braços cansada de tantas mentiras. — Por que eu não nasci
como as outras meninas? Sou gorda e feia. — Abaixei o rosto.
— Olhe para mim — ergui o rosto a contragosto — Você é
linda! É o bem mais precioso que eu e seu pai temos, nenhum
dinheiro no mundo compraria a felicidade que temos por tê-la em
nossas vidas, você é a realização de um sonho.
Meus olhos se encheram de lágrimas outra vez
— A beleza está muito além daquilo que os olhos
comtemplam, nossa sociedade é cheia de padrões, sempre foi
assim querida, você tem uma essência única, não a troque para ser
comum como todas as outras, seja diferente, seja linda, você é
linda. O que elas disseram sobre você revela o verdadeiro caráter
delas, você falaria isso de alguém? — neguei rapidamente — Está
vendo? Você é rara, e linda, por dentro e por fora!
— Mas eu sou gorda, todas as outras meninas têm o corpo
bonito, e se ninguém gostar de mim por eu ser assim, mamãe?
— Seu corpo é lindo e quem diz ou acha ao contrário é um
idiota.
Sorri tímida.
— Agora vamos voltar para sua festa, tudo bem?
Precisamos bater muitas fotos ainda — assenti. — E lembre-se,
você não nasceu para ser uma cópia de nada e nem ninguém. Seja
autêntica. — Beijou meu rosto erguendo-me do chão.
Pelo restante da noite tentei não me importar com o que
elas haviam dito sobre mim, tentei guardar as palavras da minha
mãe dentro da minha cabeça e do meu coração, mas todas as
vezes em que as via me olhando dos pés à cabeça com tanto
desdém algo se partia dentro de mim, e eu soube que por mais que
quisesse não me importar com suas opiniões, eu me importava e
nada do que minha mãe me dissesse poderia mudar isso, pois todas
as vezes em que eu me visse no espelho suas palavras e risos
ecoavam em minha mente.

...

— Sua mãe me disse o que aconteceu. — Papai falou se


sentando ao meu lado — se você quiser podemos nos vingar dela,
não precisamos falar para a sua mãe, sabe como ela é toda certinha
— fez uma careta e nós rimos.
— Não precisa papai, eu... vou ficar bem — abri um sorriso
triste.
— Para mim, você é a menina mais linda do mundo —
revirei os olhos — é sério, já viu como sua mãe é linda? E o seu
pai? Um gato! — pôs a mão no peito dramático.
— Papai!
— Como você poderia ser feia se nasceu dos melhores
genes do mundo?
— Agora entendo por que mamãe vive dizendo que o
senhor é egocêntrico. — disse entre risos.
— Não sou egocêntrico mocinha, sou realista. — Ergui uma
sobrancelha em dúvida. — E você é a minha maior prova disso, fiz
uma verdadeira obra de arte com sua mãe.
— O senhor sabe que a arte é subjetiva né? — ele crispou
os lábios — Mas compreendi o que quis dizer, só... — olhei ao redor
desanimada — não consigo me sentir assim nesse momento.
— Você é mais linda do que todas elas, e — levantou um
dedo — tem os melhores pais do mundo.
Balancei a cabeça rindo.
— Nisso eu concordo.
— Nós amamos você filha, nunca esqueça disso — beijou
minha testa, como mamãe havia feito horas atrás. — E aquelas
meninas são umas idiotas, nunca serão um terço de quem você é.
— o abracei.
— Não acredito que começaram o abraço coletivo sem mim!
— mamãe anunciou ainda longe. — Quero participar também.
Nos soltamos rindo.
— Venha cá, minha ciumenta.
Papai e eu abrimos os braços para recebê-la.
— Amo vocês — disse me aconchegando mais no meio
deles.
— E nós amamos você, querida.
Beijos foram depositados em minha cabeça, outra vez.
O caminho para casa foi feito em meio a histórias e
gargalhadas, tudo aconteceu tão rápido que mal pude raciocinar, em
um instante estávamos ali rindo e brincando, e no outro nossos
corpos giravam junto com o carro, gritos altos de desespero
ecoavam em meus ouvidos quando meu corpo foi arremessado para
fora do carro, tentei erguer a cabeça, mas tudo se apagou.

...

— Ela não deve saber agora, ainda é uma criança — ouvi


um suspiro alto. — Não sei como ela vai reagir, eu... nem consigo
acreditar, parece um pesadelo, um maldito pesadelo! O que vai ser
de nós sem ela? Me diga, Adam, o que vai ser de mim sem a Mary?
Um choro baixo, meio estrangulado ressoou em meus
ouvidos.
— Eu sinto muito, meu amigo, nem imagino pelo que você e
Ellie estão passando. Você tem que ser forte, por você e,
principalmente por ela, não é fácil perder a mãe ainda tão jovem,
digo por experiência própria, ela vai precisar de todo o apoio
possível.
— Eu sei, vou cuidar dela... Ela é tudo o que me restou.
O silêncio perpetuou pelo que pareceu horas, pude sentir
uma mão acariciar minha testa, meus músculos se retraíram com a
dor.
— Somos só eu e você agora, querida.
Tentei abri os olhos, mas só consegui me afundar em um
sonho profundo.

...

— Ela deve acordar assim que passar o efeito da anestesia.


Vocês tem um longo processo de recuperação, mas ela irá ficar
bem.
— Ela está viva, é tudo que me importa, minha mulher não
teve a mesma sorte.
— Sinto muito, Sr. Carter.

...

Abri os olhos ainda sentindo o pesar em meu corpo, tentei


levantar o tronco, mas senti uma dor forte.
Resmunguei.
Aos poucos minha visão foi se ajustando a luminosidade do
quarto. Papai dormia em uma poltrona a minha frente, parecia
cansado.
As lembranças bombardearam minha mente.
Estávamos no carro.
O carro capotou.
A explosão.
Meus pais.
Minha mãe.
“Não é fácil perder a mãe ainda tão jovem”
Ela morreu? Minha mãe...ela...?
O ar faltou em meus pulmões, o desespero correndo em
minhas veias, dentro de mim. Meu choro saiu engasgado. Tudo
ficou turvo ao meu redor.
— Ela está tendo uma crise de pânico! Rápido, apliquem um
calmante.
Meu corpo parecia fora de órbita.
— O senhor não pode se aproximar, não agora — ouvi
alguém exclamar.
— É a minha filha, saia da minha frente!
Os bips do monitor ficaram mais altos e frenéticos.
— Papai! Papai! — O chamei angustiada.
— Deixe-o ir, pode acalmá-la.
— Filha — seus olhos estavam marejados — se aclame
querida, você passou por muitas cirurgias, precisa se recuperar.
— Sr. Carter, já aplicamos um medicamento para acalmá-la
— o vi assentir.
As batidas do meu coração foram se normalizando conforme
os minutos se arrastaram. Quando percebi que estávamos a sós,
perguntei:
— Papai? A mamãe morreu? — minha voz saiu fraca.
O engasgo em sua garganta, o jeito como seus olhos
voltaram a ficar cheios de lágrimas dilacerou meu peito, algo dentro
de mim se quebrou e dessa vez as palavras da minha mãe não
estavam ali para tentar consertar o estrago.
— Ela — respirou fundo — não resistiu a explosão, nós
fomos arremessados do carro, ela... — sua voz saiu chorosa — ela
ficou presa, querida.
Não existia uma palavra que pudesse descrever como eu
me sentia naquele momento, o vazio que se instalou em meu
coração e a forma como minha mente de repente ficou tão...
silenciosa.
Não fui ao enterro, os médicos disseram que meu
psicológico estava muito abalado e que pioraria se eu fosse, não
contestei, eu simplesmente não conseguia lidar com nada, minha
mente estava em negação.
Papai aparentava estar tão destruído como eu, mas tentava
disfarçar.
— Querida, você vai receber alta amanhã.
A cama afundou quando ele se sentou ao meu lado.
— Não quero ir pra casa, mamãe não vai estar lá.
A ideia de pisar em um lugar com tantas memorias dela me
faziam esmorecer.
— Filha...
— Papai, poderíamos passar um tempo em Nova Iorque —
fiz um esforço para me sentar, ainda sentindo fisgadas da operação
recente — eu não quero voltar pra lá, não agora.
Toquei seu braço.
— O senhor poderia cuidar da empresa pela sede de lá, por
favor.
O ouvi respirar fundo e soube que tinha ganhado aquela
discussão.
— Tudo bem, vou mandar que arrumem nossas coisas,
querida — beijou minha testa.
Me lembrei da noite do acidente, meu corpo ficando tenso.
Ele pareceu se lembrar também, pois afagou meus cabelos
com um sorriso triste.
— Acho que um tempo longe daqui irá nos fazer bem.
Assenti.
Logo o convenceria a permanecer lá, seria só uma questão
de tempo, não suportaria continuar respirando o ar da Califórnia
depois de tudo que aconteceu.
CAPÍTULO 14
Baby, eu serei seu predador essa noite.
Vou caçá-la e comê-la como se fôssemos animais,
animais.
Animals, Maroon 5
— Eu não estava preparada para tudo aquilo... foi demais,
sabe? Os problemas adolescentes, a morte da minha mãe, o padrão
estético da sociedade... — as lágrimas desciam sem cessar de
meus olhos.
Fazia muitos anos que eu não me abria assim com alguém.
Christian apertou o abraço em meu corpo ao me sentir
trêmula pelo choro, joguei minha cabeça para trás e descansei em
seu peito olhando para o céu escuro.
— Sinto muito por sua mãe, amore mio, e por tudo que
suportou, eu sei bem como adolescentes podem ser cruéis.
Concordei.
— Quando pus meus pés nessa cidade naquele dia, eu jurei
que faria tudo diferente, eu não seria mais aquela adolescente feia e
gorda que todos riam quando passava — dei uma risada sofrida,
aquilo ainda me doía tanto — consultei os melhores médicos do
ramo, fiz várias cirurgias plásticas e procedimentos estéticos para
atingir a “beleza padrão” — fiz aspas com os dedos.
— Olhe para mim, Ellie.
Virei meu corpo e ergui minha cabeça para encará-lo, os fios
desalinhados caiam em seu rosto, levantei a mão e arrumei os fios
macios e sedosos para trás, desci meus dedos por seu rosto
observando com atenção cada detalhe, esfreguei minha palma na
barba áspera antes de olhar em seus olhos como havia me pedido.
Christian tinha um olhar gentil, compreensivo e amoroso
direcionado a mim, busquei pena ou repulsa nas esferas azuis, mas
só encontrei acolhimento em seu rosto, rodeei seu pescoço com
minhas mãos ao mesmo tempo em que ele abraçava minha cintura.
— Sei bella, amore mio, e non c’è nulla che cambierei in te,
sei perfetta. — Seus olhos não desgrudaram do meu enquanto
pronunciava as palavras e aquilo fez algo se remexer dentro de
mim.
Quando ele terminou abri um sorriso mesmo que não
tivesse entendido nada do que ele tinha dito, exceto o apelido
inexplicavelmente fofo que ele havia me dado nos últimos dias.
— O que significa?
Ele sorriu, um sorriso largo em que pude ver os dentes
branquinhos e alinhados junto aos lábios rosados que eu amava
tanto beijar em qualquer oportunidade.
— Você é linda, meu amor, e não existe nada que eu
mudaria em você, és perfeita. — A voz dele detinha a mesma
intensidade e emoção ao traduzir a frase que havia pronunciado
segundos antes, meus olhos se encheram de lágrimas, mas dessa
vez de felicidade.
Eu não sabia o que responder, então o beijei, não somente
com os lábios, mas com minha alma, me doei a ele por inteira
naquele instante, meu peito explodia em um mix de sentimentos que
eu não sabia explicar.
Os lábios macios se chocavam contra os meus com ternura
e delicadeza, levei minha mão a sua cabeça e a empurrei em
direção a minha boca, suas mãos deslizavam por meu corpo
deixando um rastro quente em toda minha pele.
Gemi ao senti-lo chupar minha língua com afinco, apertei as
pernas tentando controlar o desejo insano que se formava no meio
de minhas pernas.
— Preciso de você... — Pedi sôfrega ao afastar seu rosto,
meu corpo estava em chamas.
— Você me tem, minha menina.
— Prometeu que me foderia até que eu desmaiasse por ter
negligenciado minha saúde, — minha voz não passou de um
sussurro ao pé de seu ouvido — além do mais, não esqueça de
como todos aqueles homens me devoraram naquele salão a noite
inteira — provoquei, o aperto em minha bunda se tornou doloroso e
eu gemi enlouquecida no instante em que sua mão foi para o meu
pescoço — é sua chance de me marcar como sua, eu estou
esperando sua punição, professor.
Christian empurrou meu corpo para trás, senti minhas
costas baterem no parapeito da sacada, ele forçou meu peito para
trás até que eu ficasse na ponta do pé, segura somente pelos meus
braços envolta de seu pescoço.
O vento bateu em meus cabelos jogando-os para o lado, a
adrenalina correu mais forte do que nunca em minhas veias, o
perigo de poder cair a qualquer instante que ele quisesse daquele
arranha-céu, eu estava confiando minha vida a ele.
— Você gosta de me ver perdendo a cabeça. — Vociferou
com o rosto a centímetros do meu.
— Você gosta de perder o controle comigo, admita. — falei
com dificuldade pelo aperto em minha garganta, lágrimas se
formavam no canto dos meus olhos pela dor em minha coluna.
— Gosto — concordou — gosto muito mais do que deveria.
— Então me foda contra esse parapeito, professor — finquei
minhas unhas em seus ombros e ele gemeu de dor — vamos
enlouquecer juntos.
— Sono già pazzo di te[4]
— Adoro quando fala em italiano, me deixa excitada. —
Confessei sem vergonha, meu útero se contraía todas as vezes em
que ouvia o sotaque sexy em sua voz.
— É mesmo? — assenti.
Sem desperdiçar mais tempo ele tomou meus lábios para si
outra vez, não havia nada de romântico na forma como sua boca
devorava a minha, mas eu me sentia completa.
— Embole o vestido.
Ele soltou meu pescoço do seu aperto e deu um passo para
trás, com cuidado puxei o tecido frágil até que ficasse embolado em
meus quadris. Segurei o corrimão do parapeito com força quando o
Christian se ajoelhou em minha frente espalmando minhas pernas.
— Bellissimo.
Joguei a cabeça para trás em êxtase.
Beijos molhados foram depositados desde a minha
panturrilha até a parte interna das minhas coxas, me contorci por
inteira.
— Coloque o pé em meu ombro.
Sem questionar fiz o que ele pediu, mais beijos foram
espalhados por toda a minha pele. Gemi sem vergonha quando
senti seus lábios em minha boceta, Christian a chupou sob o tecido
sem nenhuma delicadeza.
— Christian... — choraminguei quando ele afastou seus
lábios de mim — por favor...
A boca dele estava vermelha e ele ofegava assim como eu,
pequenas gotículas de suor escorriam em suas têmporas. Sua mão
subiu em minha perna e antes que eu pudesse reagir minha
calcinha foi rasgada contra minha pele.
Meu peito subia e descia freneticamente, fechei os olhos
quando o vento frio tocou minha pele sensível, eu nem sequer sabia
como algum pensamento coerente poderia estar passando pela
minha cabeça agora quando estava completamente arreganhada
contra um parapeito com meu professor prestes a me chupar.
— Você vai ser minha sobremesa predileta a partir de hoje.
Sem que eu esperasse a boca de Christian cobriu minha
boceta, sua barba crescida arranha minha carne sensível e eu
mordo os lábios com força para não gemer. Sua língua sacode meu
ponto de prazer e então o chupa com força com a pressão exata
para me fazer enlouquecer de uma vez por todas.
Arqueio as costas.
O professor me sugou até que não restassem palavras
coerentes em meus lábios.
— Ah, meu deus! Por favor... Por favor...
— Deus está no céu, quem está lhe dando prazer sou eu,
amore mio, Christian Lancellotti. Chame meu nome, como tanto
queria. — Alfinetou e eu nem pude retrucar pois no mesmo instante
ele enfiou dois dedos dentro de mim de uma vez só.
— Oh, Christian...
Arfei sentindo minhas paredes se apertarem ao redor de
seus dedos se movendo com rapidez dentro de mim, o som alto e
melado fez minhas forças começavam a se esvair, rebolei em sua
mão, subindo e descendo como se seus dedos fossem seu pau.
Soltei uma de minhas mãos e guiei a cabeça de Christian
em direção a minha boceta, pude sentir seu sorriso em minha carne
antes que ele começasse a me chupar novamente, seus dedos me
fodiam com força enquanto sua língua me devorava, gemi seu nome
incontáveis vezes até que o gozo me atingisse.
Minhas pernas cambalearam e tive que segurar nos ombros
de Christian para não cair.
— Deliciosa. — Falou enquanto lambia os dedos molhados
com meu gozo olhando no fundo de meus olhos.
Corei.
— Agora irei fodê-la como prometi. — Um sorriso sacana
brincou em seu rosto e eu sinceramente não sabia se sorria de
felicidade ou desespero pois já me sentia destruída.
Seus olhos descem por meu corpo, encarando meus seios
rígidos cobertos pelos diamantes e então o triangulo entre as
minhas pernas. É como se ele estivesse me adorando com o olhar.
— Me fode, professor. — Peço enquanto minhas mãos
descem para sua calça, desabotoando-a e descendo o zíper.
Um grunhindo baixo saí de seus lábios quando toco seu pau
duro por cima da cueca, em um movimento rápido suas mãos
prendem as minhas em cima da cabeça.
— Eu até gostaria de mais preliminares, mas estou duro
demais. — Uma de suas mãos vem para o meu queixo e o aperta
com força. — Você vai me pagar por cada provocação naquele
maldito salão gemendo no meu pau como a bela putinha que é.
Eu gemo.
Com uma perna erguida em sua cintura nossos sexos se
tocam, Christian afasta seu corpo do meu alguns centímetros e
começa a masturbar seu pau enquanto olha para a minha boceta
melada de gozo.
Tudo parece irreal demais.
Perfeito demais
— Abra sua boceta para mim, Ellie.
Sem vergonha faço o que ele me pediu, lembrando da
primeira vez que transamos, quando ainda éramos estranhos um
para o outro.
O aperto em meu queixo se torna mais bruto e eu temo
acordar roxa amanhã.
Sem mais delongas, Christian encaixa a cabeça grossa do
pau em meus lábios de uma vez, suspiro. Aperto seus braços com
força quando o sinto entrar por inteiro dentro de mim.
Cheia. Me sinto absurdamente cheia.
Pequenas lágrimas se formam em meus olhos.
— Ah, Christian... — choramingo fechando os olhos pela
dor.
Sua mão solta meu queixo e vem para o meu quadril.
— Nunca mais apareça quase nua na frente de um bando
de tarados, ouviu? — estocou com força dentro de mim e eu quase
gritei — você.é.minha.
Assenti em meios aos gemidos misturados entre dor e
prazer.
— Diga para mim. — Vociferou a ordem em meus ouvidos.
— Eu... — uma estocada bruta — sou... — outra estocada,
minhas pernas pareciam virar gelatina — sua...
— Ninguém mais a toca, ouviu bem? — trouxe seus lábios
para os meus enquanto me fodia fundo, a cada palavra que ele me
falava sentia minha boceta molhar mais.
Minhas costas doíam por estarem curvadas contra o vidro
do parapeito, mais ainda pelos diamantes pressionados em minha
pele. Porém de alguma forma aquela dor estava fazendo tudo ser
mais excitante.
— Christian... — gemi mordendo os lábios para não gritar.
— Abra os olhos.
Obedeci.
— Nunca mais vai participar de um leilão assim, entendeu?
Eu nego, e então seu ritmo diminui e as estocadas ficam
dolorosamente lentas e torturantes.
Uma. Duas. Três estocadas lentas.
— Tem certeza? — pergunta trazendo os lábios para o meu
ouvido.
Minha boceta se contraí.
Inferno, por que ele tinha que ser tão gostoso?
— Não é justo... — choramingo movendo meu corpo em
direção ao seu pau.
Sua língua quente começa a deslizar no lóbulo da minha
orelha e meu ventre se aperta.
— Obedeça.
No instante que ele diz sua mão solta meu quadril e toca
meu clitóris começando a massageá-lo enquanto me fode devagar.
Sinto que vou morrer.
— Eu... Eu...
— Você? — morde minha orelha e faz uma pressão mais
forte em minha boceta.
Enlouqueço.
— Não vou... Não vou mais participar — assinto gemendo
igual uma vagabunda e suas estocadas voltam a acelerar.
— Boa menina — sopra o hálito quente em meu ouvido.
As estocadas se tornam brutas, rápidas e violentas, cravo as
unhas em seu pescoço revirando os olhos de prazer.
— Tão gostoso... — trago sua boca para a minha em beijo
selvagem que dura alguns minutos.
Sem ar ele se afasta de mim.
Olho para baixo tentando recuperar o fôlego, seu pau entra
em mim com velocidade, ele está todo molhado pela minha
excitação, o som ecoa como música em meus ouvidos me deixando
mais enlouquecida.
— Olhe para mim, Ellie — segura meu queixo, os fios caem
em seu rosto, a boca vermelha de meus beijos, o suor desce em
suas têmporas, uma puta visão do paraíso. — Veja o homem que
está lhe fodendo como a boa putinha que é, por quem sua boceta
fica molhada.
Ele sorri arrogante.
Eu gemo, as palavras sujas sendo gravadas como uma
tatuagem em meu cérebro.
— Christian... — choramingo revirando os olhos de prazer.
— Seu macho, Ellie. — Prendo a respiração ao sentir o tapa
estalar com força em minha bunda.
— Meu... Só meu.
Sua mão agarra meus cabelos forçando minha coluna a
dobrar no vidro sem nenhuma delicadeza, abro os olhos vendo o
céu escuro, o vento frio bate em minhas costas suadas.
Mordo o lábio com força sentindo o gosto do sangue em
minha boca quando as estocadas são mais violentas.
Gemo seu nome sem pudor como uma verdadeira vadia
enquanto rebolo em seu pau com dificuldade pela posição dolorosa.
— Porra de boceta gostosa, caralho. — Outro tapa estala
em minha bunda e eu choramingo. — Você quer gozar, minha
putinha? — aperto seu pau dentro de mim — Gosta quando eu lhe
chamo assim né?
— Gosto — admito me contorcendo de prazer voltando
meus olhos aos seus.
— Vai me deixar gozar dentro de você? — esfrega meu
lábio com força, choramingo entreabrindo a boca para chupar seu
polegar.
Calor atinge meu ventre mais forte do que nunca, uma
explosão dentro de mim.
— Christian, por favor...
— Vou gozar dentro de você, hum?
— Goza, por favor goza. — Peço desesperada e no mesmo
instante sinto os jatos quentes atingirem meu útero, gemo alto.
— Pode gozar minha menina.
Reviro os olhos, minha boceta pulsa apertando seu pau,
finco minhas unhas em seus braços enquanto ouço o gemido rouco
em meu ouvido.
Meu peito sobe e desce freneticamente, respiro fundo
tentando recuperar o folego.
— Bellissimo. — Abro os olhos deparando-me com as duas
esferas azuis a centímetros de mim.
Abro um pequeno sorriso.
— Não me diga coisas fofas depois de termos fodido igual a
dois coelhos — solto uma risada baixa — isso é coisa de pessoas
apaixonadas. — Esfrego minha mão em sua barba.
— Seria um problema? — murmura fechando os olhos,
parecendo aproveitar meu momento carinhoso.
Seria um problema no instante em que você descobrisse
que estou fazendo uma aposta.
— Você pode se machucar. — Beijo a ponta de seu nariz.
Os braços grandes envolvem meu corpo erguendo-me do
chão, gemo ao sentir seu pau se mover dentro de mim junto ao
liquido viscoso.
— E você não?
Apertei meus braços em seu corpo, escondendo meu rosto
na curvatura de seu pescoço. Mordisquei a pele macia e ouvi um
ronronar baixo.
— É, eu também. — Sussurrei.

...
O dia havia sido muito cansativo para que eu saísse
transando que nem uma louca, mas era aquele ditado:
Pediu agora aguenta.
E eu aguentei.
Mais três rounds seguidos em várias posições contra o vidro
do parapeito, da mesa de jantar e até mesmo no porcelanato,
Christian me macetou até que eu quisesse desmaiar por não
aguentar mais as estocadas duras em meu ventre.
Meu corpo inteiro doía, e minha boceta estava destruída.
Satisfeita, mas ainda assim completamente destroçada.
O professor havia acabado comigo.
— Sua irmã vai me odiar quando descobrir que fodemos
com o vestido dela. — Falei rindo ao observar o sêmen que escorria
no tule.
Estávamos nos arrumando para ir para casa. No caso eu
para a minha e Christian para a dele.
— Ele é seu.
— O que? Mas você não o comprou para ela? — ele negou
rapidamente.
— Você disse que o queria para a sua coleção. — Deu
ombros.
— Christian, eu falei isso ao meu pai, em momento algum
imaginei que...
Não queria que ele gastasse dinheiro comigo, eu estava
acostumada ao luxo e tudo o que o dinheiro podia comprar, mas o
fato dele querer me dar aquilo fez com que eu me sentisse...
comprada.
E eu estava odiando essa sensação.
— É um presente, não aceito devolução. — Me interrompeu
arrogante.
— Obrigada? — ironizei.
— Seja mais grata, amore mio, só quis mimá-la da forma
que merece. — Desfez o nó da gravata e a guardou no bolso.
— Com 25 milhões de dólares?
— O valor não importa, — suspirou como se estivesse farto,
para ele poderia ser uma conversa fútil, mas para mim não era —
você o queria e eu lhe dei, simples assim.
— Posso comprar meus próprios artigos de luxo, Dr.
Lancellotti.
Cruzei os braços.
— Eu sei, mas isso nunca vai me impedir de dá-los a você
— deu um passo a minha frente — Não quero que se sinta usada,
Ellie — passou o polegar em meus lábios — Lhe foder coberta de
diamantes foi para o meu bel prazer e luxúria.
Mordi o lábio.
— Sendo assim, será um prazer ser seu troféu, professor.
— Pare de me chamar assim.
— Por quê? — perguntei com uma falsa inocência — Você é
meu professor.
— Porque isso me lembra o quão errado é tê-la para mim.
— Passou a mão nos cabelos e respirou fundo.
Arqueei uma sobrancelha.
— Engraçado, é exatamente por isso que estou em seus
braços, professor.
Engatei meus braços em seu pescoço e beijei sua boca com
carinho. Meu corpo estava lá, mas minha mente estava recheada de
perguntas:
CAPÍTULO 15
Porque mesmo que eu não devesse querer
Eu preciso tê-lo
Eu deveria ser mais sábia e perceber
Eu tenho um problema a menos sem você
Problem, Ariana Grande
DIA 14

Desci as escadas tentando fazer o mínimo de barulho,


conseguia sentir o cheiro do café fresco em minhas narinas e sabia
que apesar de termos chegado tarde do evento ontem, papai como
o bom metódico que era já estava acordado.
Alcancei o último degrau olhando para os lados e me
sentindo uma criminosa dentro da minha própria casa, dei um passo
para a frente espalmando o corrimão, dei uma última olhada ao
redor e nisso não vi a mesinha no canto da parede e pelo susto
deixei minha bolsa escorregar.
— Merda — xinguei baixinho quando o barulho cortou o
silêncio da casa.
Até aí tudo bem, o problema aconteceu quando eu tropecei
em meus próprios pés tentando me equilibrar e nisso acabei
batendo no vaso com flores que se espatifou no chão.
Ouvi o arrastar de cadeira seguido de passos.
— Merda, merda, merda.
— Ellie, querida — papai me chamou aparecendo em meu
campo de visão — está tudo bem?
— Bom dia, papai — fingi um sorriso e andei até ele,
ouvindo o estalar da porcelana cara em meus saltos. — Amanheci
virada do avesso.
— Percebi, — olhou para o chão sujo — vamos tomar café
— pôs a mão em meus ombros — precisamos conversar.
— É claro... — a cada passo que eu dava me sentia
murchar ainda mais.
O interrogatório começaria cedo hoje, e sendo honesta não
tinha nenhuma célula do meu corpo ansiosa para isso.
— Minha filha — encheu minha xícara — seu pai está velho,
— olhou para mim — mas não está cego.
Engoli em seco.
— O senhor ainda é um homem jovem, papai.
Tomei o líquido quente sentindo minha garganta queimar.
Realmente tinha amanhecido virada do avesso.
Mas também, quem não amanheceria no meu lugar depois
de ter tido o corpo submetido a tantas posições que eu achava
humanamente impossíveis até ontem.
Minhas bochechas queimaram de vergonha ao perceber que
minha mente estava pensando em sexo enquanto eu tomava café
da manhã com meu pai e ainda por cima estava prestes a tomar um
esporro.
— Não tente mudar de assunto, mocinha.
— O que foi, papai? — pus a xicara na mesa de vidro com
força — Sabe que não gosto que fique enrolando no assunto, então
diga logo o que o incomoda.
— Christian Lancellotti.
Pisquei uma, duas, três vezes.
— Ele é meu professor na universidade. — falei tentando
manter a voz firme.
Papai me olhava da mesma forma que o via em suas
reuniões, sério e parecendo me estudar.
Mantive minhas feições neutras.
— E ele disputou com bastante afinco o leilão ontem com
Levi — não contive o revirar de olhos, estava farta disso.
— Como muitos fizeram naquele salão, e se meus olhos não
me traíram vi inclusive muitos de seus amigos o fazerem ontem —
bebi o café.
— É verdade — pôs as mãos em cima da mesa, observei
quando ele tocou na aliança de casamento por alguns segundos
antes de voltar a falar.
Abaixei os olhos triste.
Sabia bem o que ele estava sentindo, principalmente nesses
momentos, mamãe sempre foi a embaixadora da paz e a que
resolvia todos os nossos conflitos, inclusive os de dentro de casa.
Sem me controlar falei a primeira mentira que me veio em
mente.
— Papai, pelo que entendi a irmã dele, Abbie, que estava a
mesa ontem — ele apertou os olhos desconfiado — gostou muito do
vestido, e ela parece fazer coleções de itens luxuosos assim como
eu, os dois brigaram e o professor Lancellotti resolveu presenteá-la
para se desculpar pelo ocorrido — dei ombros fingindo não me
importar muito com o assunto.
— Hm, entendi, faz muito sentido que ele tenha feito isso
agora — levou a xícara a boca — eu faria a mesma coisa com você.
— Truque de mestre. — Abri um sorriso querendo fugir dali.
— E o jantar no terraço?
— Foi tranquilo, a vista de lá é muito bonita —
principalmente a das estrelas no céu — conversamos sobre um
assunto que ele está passando e consegui pegar até algumas dicas
para a prova.
— Eu preciso lhe perguntar, só para ter certeza, Deus sabe
como eu sinto falta de sua mãe nesses momentos — tocou a
aliança outra vez, engoli em seco — você e o professor Lancellotti
tem algum tipo de relacionamento amoroso, ou quem sabe... —
fechou os olhos e suspirou — casual, como as pessoas fazem hoje
em dia.
Minha mente entrou em pânico e o riso veio fácil, papai só
não saberia que era de desespero.
— Eu e o professor Lancellotti? — coloquei a mão na boca
contendo a gargalhada — Em um relacionamento amoroso ou
casual? — continuei rindo, mas meu Deus, eu só queria chorar —
Nunca, papai, nunca mesmo.
— Pareciam se dar muito bem ontem durante o jantar, —
franziu o cenho — e eu notei a forma como e a olha.
Pensa rápido. Pensa rápido. Pensa rápido.
— Acho que o senhor viu coisas que não existem — falei
tentando parecer o mais casual possível — eu estava feliz ontem, e
isso acabou se estendendo a ele.
— Pode ser, espero que seja somente isso mesmo —
começou a cortar a panqueca que estava no prato.
— Por quê? — perguntei cortando uma fruta.
— Eu e ele somos amigos de longa data, nos conhecemos
na faculdade e seria uma pena me desfazer de uma amizade tão
antiga por ele não saber respeitar os limites.
Comi a fruta mastigando-a com dificuldade.
— Jamais aceitaria um relacionamento desses — deu
ombros — você é muito jovem e ele é muito velho.
— Não acho que a idade seja um impedimento, o senhor era
mais velho que a mamãe. — Acusei.
Ele assentiu.
— Cinco anos, no seu caso seriam o que... — pareceu
pensar — mais de vinte anos — fez um sinal de desdém — você
nem tinha nascido enquanto ele já fodia qualquer uma por aí.
Me assustei com o linguajar, papai jamais falava palavrões
na minha frente, nem mesmo durante brigas.
Não sabia se era pela minha idade ou por respeito. O que
quer fosse, não parecia importar nesse momento.
— Mesmo assim, existem muitos casais qu...
— Fico feliz que não estejam tendo nada — se levantou da
mesa me interrompendo, o prato estava intocável — seria uma dor
de cabeça enorme eu ter que me meter nessa situação.
Algo se remexeu dentro de mim.
— O que o senhor faria? — ele parou de andar.
— O que?
— O que faria se fosse verdade? Fiquei curiosa já que
decidiu trazer a conversa à tona. — Voltei a fatiar o melão e a comê-
lo, tentando não parecer incomodada com a nossa conversa.
— Lhe mandaria para bem longe e acabaria com ele.
Engoli o pedaço com dificuldade.
— Tudo por conta da idade?
Ele suspirou.
— Ele é seu professor, — ergueu a sobrancelha — além do
mais não sei se Christian consegue ter um relacionamento sério
depois de tudo que aconteceu, e eu jamais aceitaria que ele
brincasse com seus sentimentos — franzi o cenho, o que havia
acontecido? — Você ainda é uma menina que precisa de proteção.
Ele rodeou a mesa e me deu um beijo na testa.
— Eu sei me proteger, papai.
— Você acha que sabe, querida.
E dito isso virou as costas e foi embora.
Esfreguei meus olhos tentando assimilar tudo o que ele
havia me dito, minha mente estava cheia e confusa.
Sempre soube que papai jamais aceitaria que eu tivesse
algo com Christian por inúmeros motivos, mas havia aquele
resquício de esperança que perpetuava em meu peito e me iludia
com a possibilidade de convencê-lo do contrário como sempre fiz.
E que motivos Christian teria para não conseguir se
relacionar com mais ninguém? O que havia acontecido com ele no
passado?
Fechei os olhos jogando a cabeça para trás me sentindo
confusa.
Christian e eu éramos confusos, porém eu sentia que
quando ficávamos juntos havia mais do que só sexo.
Não poderia dizer que ele estava perdidamente apaixonado
por mim, isso seria uma tremenda mentira, mas como papai mesmo
havia dito, eu via a forma que ele me olhava, com devoção, fascínio,
loucura e paixão.
Havia muito mais do que só uma cama nos unindo.
Tanto da minha parte quanto da dele.
Suspirei, eu esperava estar realmente certa nisso, por que
aos poucos meus coração estava se entrelaçando ao dele.
Pego meu celular e ligo para a única pessoa que pode
conversar comigo sobre essa merda toda: Victória.
— Pode ir para a academia agora?
— Me dê vinte minutos.
CAPITULO 16
Você fala da dor como se estivesse tudo bem Mas eu
sei que por dentro você sente que um pedaço de você
está morto por dentro.
Matilda, Harry Styles
DIA 16

Encarei a fachada da universidade por alguns segundos


com desânimo, suspirei forte colocando os óculos escuros antes de
sair do carro e assistir Liam dar partida com a promessa de que
voltaria a tarde para me tirar desse mar de confusão.
As palavras que papai me disse no domingo de manhã
ficaram indo e voltando em minha mente, como círculos infinitos, e
mesmo depois de ter desabafado com Victoria e ficado várias horas
na academia tentando de alguma forma relaxar eu simplesmente
não consegui manter o foco, eu nunca conseguia manter o foco
naquela semana.
Christian havia lotado meu celular de mensagens durante o
final de semana, principalmente depois que não compareci a sua
aula na segunda-feira.
OK, lotado era uma palavra muito forte, mas ele mandou
cinco mensagens no decorrer dos dois dias, e sendo sincera eu não
havia respondido nenhuma delas, somente visualizado, ele com
certeza estava furioso.
— Olha só quem resolveu dar o ar da graça. — Alexia falou
para seu grupinho enquanto me analisava dos pés à cabeça.
— O que você quer, Miller? — torci a boca — Não tô com
paciência para lidar com você hoje.
— Ui, tá toda estressadinha, parece até o professor
Lancellotti falando desse jeito — apertei os olhos por debaixo dos
óculos.
— O.que.você.quer? — repeti pausadamente — não estou
com paciência.
— Já olhou o calendário? Hoje é 16, só vim fazer um
lembrete. — Estalou a língua no céu da boca.
Insuportável.
Como eu odiava essa garota.
— Não preciso que fique fiscalizando o que eu faço.
— Gosto de lhe ver lutando por algo que não alcançará.
Sorri debochada dando um passo à frente.
— Me diga, Miller, qual é a sensação de querer tanto algo e
nunca conseguir?
— Isso só você pode me responder. — Deu ombros e suas
amigas riram.
— Será mesmo? Pois não sou eu que fica correndo atrás de
quem não quer nada comigo. — Seus olhos se endureceram.
— Você vai engolir seu próprio veneno, Ellie, e eu vou
assistir sua queda de camarote. — Vociferou fria.
— Espere sentada.
Passei por ela sem esperar uma resposta.
Estava cansada de Alexia e de suas piadinhas sem graça,
cansada da sua necessidade de me ver sofrer cada dia mais como
se todo o mal que ela tivesse feito para mim nunca não fosse o
suficiente.
Não entendia por que ela não gostava de mim.
Se isso tivesse acontecido após eu ter ficado com Thomas,
que era o seu crush na época, eu iria compreender, mas as coisas
eram assim entre nós duas desde o fundamental, ela fazia bullying
com meu peso, com o formato do meu rosto, do meu estilo de roupa
e de qualquer coisa que pudesse soar ridículo aos olhos das garotas
da nossa idade.
Passei vários anos da escola sozinha pois ninguém queria
ficar ao meu lado por conta das mentiras que ela espalhava ao meu
respeito.
Não entendia por que tanto ódio quando eu não tinha nada
enquanto ela tinha tudo que eu queria: beleza.

...

— Srta. Carter?
Pisquei atômica voltado minha atenção para a voz que me
chamava. Christian.
— Sim?
— O trabalho da aula passada, a srta. não me entregou. —
Assenti e ele continuou — traga-o para mim em minha sala no
intervalo.
— OK. — Minha voz não passou de um sussurro.
Seus olhos continuaram focados em mim por um tempo até
que ele continuou a explicação e eu voltei a me perder dentro da
minha cabeça.
A aula passou por um borrão e eu me senti uma péssima
aluna quando notei que eu não havia nem mesmo feito anotações
sobre o assunto.
Tudo estava confuso naquela semana e eu sabia que não
era somente por Christian, tinha uma dor muito mais profunda
envolta daquilo.
Uma ferida que eu não gostava de remexer porque sempre
me fazia cair.
O aniversário de mamãe.
Bati na porta de madeira duas vezes até que ouvi um “entre”
baixo que me fez avançar.
Passei meus olhos pelo escritório fazendo uma vistoria geral
e lembranças da última vez que estive ali bombardearam a minha
mente.
— Ellie? Sente-se.
O professor estava sentado, o notebook estava aberto em
cima da mesa, ao seu lado uma pilha de papéis brancos e no outro
lado um livro aberto, apertei os olhos reconhecendo a marcação que
fiz no post-it e sorri discretamente.
Em silêncio me sentei, abri a bolsa e retirei a pasta com o
trabalho impresso de dentro, o erguendo para ele em seguida.
— O trabalho de ontem, obrigada por recebê-lo com atraso.
Ele pegou a pasta, mas nem sequer a abriu, só empilhou
acima dos outros em sua mesa.
— Amore mio, você está bem? — entendi que ali, ele não
estava como meu professor e sim como... um amigo? Um amante?
Nem eu sabia dizer, mas me sentia tão frágil e impotente naquele
momento que não procurei respostas.
Eu só queria ficar sozinha me afundando na dor do luto.
— Sim — abaixei os olhos pela mentira, puxei a bolsa para
meu ombro novamente e me levantei da cadeira sem conseguir
encará-lo — eu preciso ir...
— Aconteceu alguma coisa? — ele se levantou e andou até
mim — Você não respondeu minhas mensagens, não veio a aula
ontem... fiquei preocupado. — Segurou meu queixo e o ergueu com
delicadeza.
Meus olhos arderam.
— Não aconteceu nada, eu só preciso de uns dias para
voltar a ser eu mesma — ou a farsa que eu finjo ser.
— Já passamos dessa fase naquele terraço, Ellie.
— Eu sei.
Eu não sabia.
Não sabia de nada.
— Você não me fez uma única provocação em sala hoje,
não teve respostas afiadas, olhares indiscretos e nem está usando
uma daquelas minissaias que me deixam louco a cada vez que a
olho.
Sorri com sua confissão.
— Não gostou da minha calça? — olhei para minhas pernas
cobertas com a pantalona preta.
Ao erguer o rosto para ele alguns fios de cabelo cobriram
meus olhos, os dedos de Christian se moveram com rapidez
colocando-os suavemente atrás de minha orelha.
— Se vestisse um saco de batatas ainda assim continuaria
linda — as íris azuis brilharam me encarando — mas as minissaias
são minha perdição.
— Posso fazer um desfile exclusivo para você — brinquei
espalmando minha mão em seu ombro.
— Eu adoraria ser sua única plateia.
Amassei o tecido da lapada entre meus dedos por alguns
instantes antes de dizer.
— Amanhã seria o aniversário da minha mãe.
Abri um sorriso amarelo sentindo minha garganta fechar e
meus olhos voltarem a arder pelas lágrimas que eu lutava para não
derramar.
Seu olhar se tornou triste e compreensivo para mim, meu
corpo foi envolvido em abraço quente e apertado e eu me permitir
quebrar na frente dele pela segunda vez e chorei como a pobre
garotinha órfã que eu era e ele somente me segurou mais forte.
— Vai fazer 5 anos e eu ainda não me acostumei com a
sensação. — Confessei sem olhá-lo, a voz engasgada de tanto
choro — as pessoas dizem que o tempo cura, mas ainda dói — meu
lábio inferior tremeu.
— Sempre vai doer, amore mio — suspirou afagando meus
cabelos — não importa quanto tempo passe, você vai continuar
chorando como se fosse o primeiro dia — sua voz continha certa
melancolia e eu ergui o rosto para olhá-lo — mas você não precisar
passar por isso sozinha, hm?
Assenti.
— Você já perdeu alguém?
— Já.
— Seus pais...? — questionei com certa hesitação.
— Não — respondeu curto, um tempo se passou até que ele
completasse — perdi minha mulher.
Franzi o cenho.
— Você já foi casado?
Ele assentiu.
— Há muitos anos, eu fui casado sim. — Dava pra sentir a
dor em sua afirmação.
— Você a amava muito né?
— Eu a amei com tudo que há em mim — admitiu — e
quando ela morreu parte minha foi junto.
— Eu... — engoli em seco, ao mesmo tempo que me sentia
incomodada sentia compaixão, não imaginava como era amar tanto
alguém e perdê-lo para a morte — eu sinto muito, Christian.
— Você faz eu sentir a parte em mim que morreu viva outra
vez, Ellie — disse segurando meu rosto com as duas mãos, os
polegares limpavam as lágrimas que ainda desciam em minhas
bochechas.
Pisquei, assimilando o peso das suas palavras.
Não sabia o que lhe responder, mas eu entendia
completamente a sensação, pois desde que Christian havia entrado
em minha vida o mundo havia se tornado mais bonito, mais
emocionante, e mais colorido.
— Eu...— umedeci os lábios com certa vergonha de admitir
— sinto que o mundo pode ser cor de rosa ao seu lado.
Sua boca se curvou em um sorriso, e em meio a tantas
dores eu me senti em casa, me senti verdadeiramente em paz e
segura.
— “Sabe do que eu gosto em você, Ellie Carter? Você é
todas as cores em uma só, e com muito brilho.” [5]— Sorri
largamente ouvindo a citação direta de um dos meus livros favoritos.
CAPÍTULO 17
Quando você disse seu último adeus
Eu morri um pouco por dentro
Eu deito e choro durante a noite inteira
Sozinho, sem você ao meu lado
All I Want, Kodaline
DIA 17

O aniversário de mamãe fez com que eu e papai voássemos


para Califórnia para visitar seu túmulo, perdi a conta de quantas
vezes bati o pé para ele dizendo que não iria, o que não adiantou
muita coisa pois ele respondeu que me levaria nem que fosse
forçada.
Resumindo, a semana estava sendo uma merda.
Eu não colocava os meus pés nessa cidade desde que tinha
convencido papai a viajarmos para Nova York, há exatos cinco
anos.
Por sorte, até agora não havia visto nenhum conhecido por
aqui, sendo sincera ainda não havia feito questão de sair do quarto
de hotel, e só faria isso quando tivesse que ir ao cemitério.
Minha mente estava uma confusão.
Ouvi batidas na porta e bufei contra o travesseiro, pelo
horário com certeza não era a camareira trazendo comida e sim
papai me intimando a me arrumar para ir ver mamãe, ou o que
restou dela.
Sem piadinhas mórbidas, Ellie.
Não gostava da ideia de gravar a imagem de seu túmulo na
minha mente, gostava de me lembrar dela cheia de vida, do lindo
sorriso que dava para mim toda manhã quando eu acordava, das
músicas que cantava mesmo com a voz desafinada na cozinha e
das brigas pelos abraços de família.
Papai parecia não entender isso mesmo que eu tivesse
explicado milhares de vezes.
Duas batidas na porta.
Grunhi.
— Estou entrando, querida. — Ouvi sua voz seguido dos
passos calmos.
— Papai, não — choraminguei melodiosa me escondendo
embaixo das cobertas.
— Querida, você precisar ir ao túmulo da sua mãe e isso
não é negociável.
Bufei colocando o rosto para fora afim de vê-lo, como um
bom viúvo, Arthur Carter vestia roupas pretas, a expressão triste e
cansada não me passou despercebido.
— Eu não tenho escolha mesmo? — perguntei já chutando
os lençóis e me levantando da cama.
— Ellie, você precisa ver a realidade, você não foi ao velório
da sua mãe porque era pequena — fechei os olhos com força, meu
peito doendo, — mas agora já é grande, e tem que encarar algumas
coisas, querida, mesmo que elas doam.
Neguei balançando a cabeça, abri os olhos sentindo-os
arder pela vontade de chorar e disse:
— Eu encaro a realidade, papai, não é como se a vida
tivesse me dado outra escolha.
Bati a porta do banheiro com força, deixando-o sozinho.
Minhas costas deslizaram no porcelanato frio quando permiti
que as lágrimas caíssem.
A dor parecia rasgar meu peito ao meio, esfreguei as
palmas com força no rosto.
Todos me jugavam como tola e mimada, mas ninguém sabia
das minhas dores, do vazio que eu carregava no peito todos os dias.
Ninguém sabia de como eu chorava a noite toda vez que
encarava o porta retrato que ficava ao lado da minha cama, uma
foto que batemos no seu último dia de vida, no meu 12° aniversário,
e que eu recebi um mês após sua morte.
Ninguém sabia sobre eu não conseguir ficar em carros em
alta velocidade sem ter uma crise de pânico porque revivia o
acidente.
Ninguém sabia sobre a falta imensa que ela me fazia e de
como eu usava seus hobbies favoritos para me sentir próxima dela.
Ninguém sabia a verdade, nem mesmo papai.
...

O caminho até o cemitério foi feito em silêncio, papai e eu


não trocamos mais do que quatro palavras depois que saí do quarto
pronta para irmos ver mamãe.
Sabendo que nossa visita a cidade estava sendo noticiada
nos tabloides de fofoca fiz o papel de boa filha enlutada e usei um
vestido mídi preto e óculos escuros.
Minhas mãos estavam suadas quando deixei o carro, já
dentro do cemitério, o vento frio bateu forte em minha pele, me
fazendo tremer, engoli em seco ao sentir o clima estranho e
macabro ao olhar o local.
Papai tocou minhas costas, me fazendo ressaltar.
— Você pode ir na frente, querida, eu vou ficar e conversar
com o coveiro.
Franzi o cenho.
— Com o coveiro?
Ele riu, embora a situação fosse totalmente controversa.
— Ele é um velho amigo — afagou meus ombros — e tem
cuidado do túmulo de sua mãe com muito carinho.
Assenti e ele me ensinou o caminho para chegar até ela.
Eu apertava meus braços envolta do corpo com mais
firmeza a cada passo que eu dava, incerta do que iria fazer ali.
Eu deveria me despedir? Conversar com ela como se
estivesse viva? Será que o espírito dela poderia me ouvir como
muitos diziam?
Poucos minutos se passaram até que eu avistasse a lápide,
flores brancas cobriam o túmulo, estaquei, minha garganta doendo
pelo choro que eu segurava.
Respirei fundo, colocando as mãos no bolso do vestido,
joguei a cabeça para trás, o céu estava nublado, e nuvens cinzas
cobriam a cidade.
A passos curtos me aproximei do túmulo de granito preto, foi
impossível continuar contendo as lágrimas quando li o nome de
mamãe gravado na lápide.
— Oi mãe, não sei muito bem como fazer isso... — digo
olhando para o túmulo vazio com a voz embargada, me ajoelho no
chão de concreto sem me importar com os arranhões em minha
pele — papai me obrigou a vir aqui, é..., eu não queria vir, desculpa
— passo a mão no rosto par enxugar o choro — acho que a senhora
estaria decepcionada comigo — rio sem humor — sua única filha
que nunca teve coragem de ver seu túmulo e que deixou tudo para
trás no instante que soube de sua morte.
Toco as letras na lápide fria.
Meus olhos gravando uma imagem que eu não gostaria de
ter em minha mente.

Mary-Anne Carter
Viva para sempre em nossos corações
Mãe e esposa

— Mamãe, eu sinto tanto a sua falta... aconteceu tanta coisa


desde que a senhora morreu, eu.. — Meu lábio inferior treme — eu
queria tanto que estivesse aqui, precisava ouvir seus conselhos,
suas palavras doces que me deixavam tão tranquila, embora pouco
as seguisse — rio enxugando as lágrimas — me perdoe por ser tão
fraca..., tão diferente da senhora, me perdoe por não ter conseguido
manter o sorriso no rosto, — o bolo em minha garganta dói — o meu
sorriso só tinha sentido com a senhora.
E então eu choro.
Choro tanto quanto no meu primeiro aniversário sem ela.
Minha pele arde de tanto que esfrego minhas mãos contra
as lágrimas salgadas.
No final Christian estava certo: algumas feridas nunca
saravam.
Abro um sorriso em meio as lágrimas ao me lembrar dele e
continuei desabafando, me iludindo que de algum lugar minha mãe
poderia me ouvir.
— Eu tenho feito tantas coisas mamãe, algumas que a
senhora desaprovaria com certeza, eu conheci um homem, e acho
que cometi alguns erros, a senhora sabe, sempre fui um pouco
impulsiva — podia imaginar ela erguendo uma sobrancelha — OK,
bem impulsiva, as coisas não começaram certas entre nós dois, e
acho que ele vai me odiar se descobrir o que eu fiz, mas eu gosto
dele, eu consigo sorrir ao lado dele, mamãe, o mesmo sorriso que a
senhora dava ao papai eu dou a ele, e tenho medo do que isso pode
fazer comigo.
Abaixei os olhos triste.
— Tenho medo de amar e terminar como papai, ele não é
mais o mesmo desde que a senhora partiu — mordo a boca — as
vezes acho que ele morreu junto com a senhora e tem só uma
casca ali, um resquício do que ele era — me levanto, tirando as
pedrinhas dos meus joelhos com as mãos e sento em cima do
granito — não que ele tenha se tornado um má pai, ele é perfeito —
suspiro — mas não é feliz, fico pensando que ele deveria
recomeçar, encontrar outra pessoa, sei que a senhora diria o
mesmo para ele.
Fico em silêncio por algum tempo.
— Papai não aprova que eu tenha um relacionamento com
Christian por ele ser mais velho, — brinco com a borda do meu
vestido — acho isso uma besteira tão grande, se a senhora
estivesse aqui tudo seria tão diferente, o que eu faço, mamãe? Sinto
que estou começando a gostar dele mais do que deveria —
confesso — e sei que isso vai me trazer tantos problemas que...
meu deus, não quero nem pensar — fecho os olhos com pesar —
tudo começou com um jogo idiota, por puro capricho meu, mas
agora eu já não consigo mais me afastar, não quero isso.
Levanto e chuto uma pedrinha.
— A senhora me dizia que todo amor é digno de ser vivido,
isso seria válido para mim também? Eu não sei — chuto outra
pedrinha — tudo que sei é que isso aqui — aponto para o meu peito
— está saindo do meu controle e eu não sei o que fazer.
CAPÍTULO 18
Eu Coloquei um feitiço em você
Porque você é meu
I Put A Spall On You, Annie Lennox
DIA 20

A biblioteca sempre estava estranhamente vazia durante a


tarde após as aulas, geralmente o local só enchia de gente na
época de provas, e como ainda faltavam algumas semanas para o
início das avaliações o local se tornou o meu cantinho favorito.
Eu passava minhas tardes viajando em mundo paralelos
enquanto tinha um cappuccino de chocolate em cima da mesa e o
kindle na mão.
Havia algo de acolhedor em estar sozinha rodeada de livros,
alguns poderiam até me considerar estranha por isso — e acredite,
estranhavam mesmo — mas aquele era o meu local predileto no
mundo.
— Olá, minha mesa tá desocupada? — perguntei com o tom
gentil a bibliotecária que já estava habituada em me ver ali nos
últimos dias.
— Está sim, querida, fecharemos meia hora mais cedo hoje
— olhou para o relógio prateado em seu pulso.
— Tudo bem. — falei pegando meus livros de cima do
balcão de madeira e juntando-os no peito e retirei o kindle da bolsa
para iniciar uma nova leitura.
Victoria havia me recomendado um livro chamado “Quando
você partir” que havia lido no último final de semana, as palavras
dela foram “chorei em cada maldita página daquele livro, agora tô
indicando para todo mundo essa perfeição.”
Li a sinopse rapidinho e me interessei, se tratava de um
conto — o que me deixou triste porque eu amava histórias longas,
mas entendi que a autora quis abreviar nosso sofrimento — de uma
família, os pais trabalhavam na área da saúde e nunca tinham
tempo para a filha de oito anos, até que ela adoece e eles
descobrem que ela tem leucemia, a partir daí tudo vai virar um
alvoroço e pelo que entendi o casal vai se separar por conta do luto.
Me animei porque amava histórias de segundas chances e
principalmente, de superação.
Desbloqueei o kindle para começar a ler enquanto fazia o
caminho até minha mesa que já estava gravado em minha mente,
sobe as escadas, dobra a esquerda, segue reto até a última
prateleira de livros e dobra para a esquerda novamente e pronto,
minha mesa favorita estava lá, sem tirar os olhos do aparelho sigo
andando.
Quando estou dobrando na última prateleira, já avistando a
mesa vazia arfo surpresa sentindo uma mão puxar meu corpo para
trás com força.
— SHHH! — tapa minha boca para que eu não grite — fique
caladinha ou todos irão nos ouvir.
— Christian! — coloco a mão livre no peito quando ele me
solta no vão escuro entre as prateleiras — Você quer me matar do
coração? — sussurro olhando para os dois lados com medo de
alguém nos pegar.
Como explicaríamos o fato de estarmos sozinhos num
corredor escuro a centímetros um do outro?
Impossível.
— Observei nos últimos dias que você gosta de vir para cá
sozinha nesse horário e senta nessa mesma mesa sempre, então
resolvi aparecer para dar um oi. — Colocou a mão no bolso e se
encostou levemente na estante.
— Você vir dar um simples “oi”? — falei em tom zombeteiro
e em seguida apertei os três livros e o kindle contra meu peito.
— Sim, — deu ombros — tem algum problema em querer
falar com a garota mais linda do mundo? — andou em minha
direção me fazendo dar dois passos para trás até bater os saltos na
estante.
— Para com isso, tá me deixando com vergonha — estiquei
o pescoço verificando se alguém poderia nos ver daquela posição.
Campo livre.
Suspirei aliviada.
— Só estou dizendo a verdade, amore mio, não precisa ficar
vermelha a cada vez que a elogio.
— Se eu pudesse evitar já teria feito — revirei os olhos — o
que você quer, hm? Sozinho comigo aqui no escuro... — abri um
sorriso malicioso que logo se estendeu a ele.
— Depende do que estaria disposta a fazer. — Pontuou, as
íris brilhando no breu escuro.
— Com você, muitas coisas professor — enrolei meu dedo
em sua gravata e o puxei para mais perto de mim me empolgando
com a situação inusitada.
— Então se ajoelhe e me chupe como a boa putinha que é
— arfei, sentindo minha boceta encharcar com seu linguajar sujo.
Com um sorriso no rosto deixei meus livros na prateleira ao
lado, apertei os dedos no tecido de seu terno preto usando seu
corpo de apoio enquanto me ajoelhava em sua frente, olhei para
cima tendo a visão deliciosa do seu corpo alto.
Subi minhas mãos em sua calça, antes de desabotoá-la,
rocei meus dedos em seu pau, nada além de um toque tímido, mas
que me deixou ansiosa pelo que aconteceria naquele momento.
O farfalhar baixo do zíper descendo me fez lamber os lábios
em expectativa, minha boceta pulsava, os líquidos encharcando
minha calcinha fina.
Minha mão passou por sua cueca, e o gemido baixo do
professor me fez sorrir, acaricio seu pau por cima do tecido e o
liberto dali logo em seguida puxando a cueca para baixo.
Mordo o lábio inferior ao ver seu pau grosso e rosado, a
cabeça estava molhada com o líquido de pré gozo e meu clitóris
lateja, me sinto uma criança vendo um pirulito pela primeira vez.
— Apreciando a vista? — pergunta enroscando meu cabelo
em sua mão e forçando-me a encara-lo, assinto com um sorriso
safado no rosto e ele força meu rosto contra o seu pau — Chupe.
Seguro seu pau com firmeza, tomando cuidado para que
minhas unhas grandes e pontudas não o machuquem, começo o
movimento de vai e vem devagar, fazendo pressão no processo.
Umedeço meus lábios com a língua ao me aproximar mais
dele, primeiro passo minha língua pela cabeça rosada, depois
começo a chupar fazendo pressão com minha boca, tudo isso
enquanto masturbo-o com uma das mãos, um murmúrio baixo saí
de seus lábios quando tiro minha boca dali para lamber sua
extensão.
— Você vai querer que eu o engula todinho, professor? —
giro minha língua entorno dele.
— O treinador tá pegando muito pesado nessa temporada
até parece que... — estaco, ainda com a boca em seu pau, ao ouvir
a voz de Thomas seguida do barulho de um banco sendo arrastado
no chão.
— Ele só quer vencer. — Ouço a voz de Levi responder.
— SHH, — o professor faz sinal de silêncio para mim,
afastando meu rosto de sua pélvis — não vai querer que eles a
vejam de joelhos fazendo um boquete em seu professor — abre um
sorriso — ou vai?
Ofego, minha boceta molhando ainda mais pelo perigo que
estamos correndo.
A conversa entre os meus dois amigos continua, e de onde
estou posso vê-los por uma lacuna vazia na prateleira.
Thomas está sentado na mesa que eu costumo frequentar,
alguns livros espalhados em sua frente, já Levi está do outro lado,
de frente para ele com o computador aberto.
— Christian, eles podem nos pegar...
— Continue me chupando — manda em um sussurro,
engulo em seco, — e é melhor ficar caladinha quando eu a foder, ou
eles irão lhe ouvir.
Com a adrenalina correndo em minhas veias eu fiz o que ele
mandou, olhando para ele, entreabro os meus lábios e coloco seu
pau na boca, aos poucos.
Grande, grosso, duro e delicioso.
Começo a sugá-lo novamente, mas dessa vez, pondo-o por
inteiro em minha boca, gemo baixo quando sinto-o mexer os quadris
e seu pau afunda em minha garganta, lágrimas saem dos meus
olhos ao mesmo tempo que sinto meu corpo inteiro quente e
delirante.
Christian fecha os olhos com força ao gemer baixo.
Respiro, e abocanho-o outra vez, minhas bochechas doendo
pelo movimento, aperto meus dedos em suas bolas quentes e
macias e ouço-o gemer um pouco mais alto, arregalo os olhos
temendo que alguém tenha nos ouvido.
— Continue, minha putinha.
Obedeço e torno a colocá-lo em minha boca, dessa vez
querendo ir até o final de sua base, as veias de seus pau pulsam
dentro da minha boca, circulo-as com a língua sentindo o professor
estremecer com o meu movimento, quis sorrir.
O aperto em meus cabelos se torna mais forte, e eu encaro-
o, vendo suas feições serem moldadas pelo prazer.
Meu ventre se contorce, parecendo estar em chamas, solto
uma de minhas mãos e a desço por debaixo da minissaia, posso
sentir o calor de minha boceta sem nem mesmo encostar nela,
afasto a pequena calcinha para o lado e começo a massagear meus
lábios inchados, reviro os olhos de prazer.
Sabendo que o professor está prestes a gozar, continuo
engolindo-o, minha boceta molhando mais em meus dedos, meus
olhos se enchem de lágrimas, mas não paro de chupá-lo até que
sinto o líquido salgado escorrer em minha boca.
Gemo junto a ele, o barulho de meus dedos entrando e
saindo de dentro de minha boceta me fazendo delirar.
— Engoliu tudo? — pergunta limpando o suor de minha
testa, assinto — ótimo, agora levante-se e vire de costas.
— O que você vai fazer? — questiono fazendo o que ele
mandou, minhas pernas tremem em cima do salto alto.
Espalmo as mãos na prateleira escura, apertando meus
dedos nela enquanto sinto-o se posicionar atrás de mim, arfo
quando suas mãos quentes tocam minhas coxas nuas, subindo para
o interior de minhas pernas.
— É melhor não se apoiar aí — sussurra em meu ouvido —
ou pode acabar derrubando-as, e consequentemente nos revelar.
— Você é louco... — resmungo erguendo minhas mãos até
seu pescoço para me apoiar nele.
— Me diga uma coisa, se eu tocar em sua boceta agora ela
vai estar pingando ou não? — nego, seus dedos se movendo
próximos a minha carne sensível — mentirosa — sussurra
mordendo minha orelha — você é tão louca quanto eu.
— Loucos um pelo outro então. — Digo, dando-me por
vencida.
— Sim, amore mio, somos loucos um pelo outro — suas
mãos apertam minha bunda com força, jogo a cabeça para trás
querendo gemer — olhe para aqueles dois idiotas ali — manda.
Pela brecha entre os livros consigo vê-los sem muita
dificuldade conversando.
— Eu posso fodê-la em frente a eles dois? — encaixa seu
pau em minha entrada, gemo baixo quando sinto o contato.
— Não, Christian — meus lábios negam, mas meu corpo
inteiro se acende com a possibilidade.
Esfrego minha boceta nele, tentando fazê-lo entrar dentro de
mim de uma vez.
— Sua boca diz que não e sua boceta diz que sim, qual
delas eu devo escutar, minha putinha?
Arfo, apertando meus braços em seu pescoço e forçando o
a se abaixar para que eu o beijasse.
Ele se move lentamente fazendo com que somente a
cabeça de seu pau entre dentro de mim, aperto-o, utilizando os
movimentos que aprendi com um livro e gememos juntos.
— Minha boceta.
E então ele me invadiu por inteira em uma única estocada,
fechei os olhos, apreciando a sensação de me sentir cheia em todos
os lugares, a respiração quente do professor bate em meu rosto.
Abro a boca em um gemido mudo quando ele começa a
estocar em um ritmo rápido e forte, suas mãos que antes apertavam
minha bunda vão para os meus quadris, chio baixo quando o aperto
se torna doloroso.
— SHH, não faça barulho ou eles vão nos descobrir.
Arfo, meu ventre se contraindo pela excitação.
— Por que eu sinto que você quer exatamente isso? —
questiono com dificuldade, fechando os olhos com o delírio que me
consumia.
— Talvez eu queira — sussurra em meu ouvido, ofego ao
sentir as estocadas dolorosamente lentas em minha carne.
— Porque...? — me esfrego contra ele, fincando minhas
unhas em seu pescoço.
Eu não vou ser a única com a pele marcada aqui, professor.
— Porque você é minha.
Uma de suas mãos soltou meu quadril e veio para minha
garganta, ofeguei, minha boceta molhando ainda mais, seguro a
respiração quando meus seios roçam na prateleira.
— E desejo que todos esses moleques saibam disso — abro
a boca em um gemido mudo.
— É tão inseguro assim? — alfineto, seus dedos se apertam
com mais força em minha garganta e um riso baixo ressoa em meus
ouvidos.
— Não sou inseguro, amore mio, principalmente agora que
estou fodendo-a na frente dos dois idiotas que usou para me
provocar.
Intensifica as estocadas, arquejo soltando um gemido
incompreensível., suor escorre em minhas têmporas.
— Arrogante. — Retruco, apertando-o no instante em que
ele entra por inteiro dentro de mim.
Ouço seu grunhindo baixo e meus lábios se esticam em um
sorriso satisfeito.
— Mimada. — Sussurra, soprando em meu ouvido.
— Presunçoso. — Rebato, começando a rebolar devagar
com seu pau ainda dentro de mim, minha carne lateja, meu corpo
parece estar pegando fogo com o calor que irradia em mim.
— Gostosa. — Ofega.
Franzo o cenho.
— Era pra continuar rebatendo.
Ele ri, aproximando o rosto do meu, seus lábios estão contra
os meus quando ele diz:
— Com você se mexendo assim no meu pau fica impossível
pensar que você tem defeitos.
Puxo seu lábio inferior com o dente e aperto meus braços ao
redor de seu pescoço, ao mesmo tempo em que o professor une
nossos corpos com uma das mãos — como se isso fosse possível
— enquanto a outra se mantém firme em minha garganta.
O silêncio reina em nossas bocas, e o único som que
podemos ouvir é a conversa baixa de Thomas e Levi que estão na
mesa a poucos metros de distância e a nossa respiração entre
cortada pelos suspiros longos.
— Christian... — Puxo sua boca para a minha em um beijo
intenso, o ar falta em meus pulmões e meus lábios doem de tanto
serem castigados pelas mordidas que ele me dá quando o largo.
— Ellie... — geme contra minha boca e o som é como um
gatilho para o meu cérebro, meu ventre se aperta e minha boceta
contraí em torno dele, reviro os olhos quando o ápice de prazer me
atinge.
Gemo, esquecendo-me que estamos na biblioteca da escola
e que meus amigos estão pertos o suficiente para ouvir o que digo,
a mão de Christian tapa a minha boca, ao mesmo tempo em que ele
goza dentro de mim.
Rebolo contra ele sentindo os espasmos de nossos corpo se
tornarem um só e o líquido viscoso escorrer em meu canal, o
professor geme com meus movimentos e isso faz eu me sentir
poderosa.
— Não fomos pegos. — Concluo, olhando para os dois
idiotas sentados a nossa frente.
— Não fomos, amore mio.
— Já posso planejar nossa próxima presepada? —
pergunto, olhando para ele.
— Você é incansável, criei um monstrinho — seu tom é
zombeteiro e há um brilho intenso em suas íris azuis.
— Você me adora justamente por isso. — Sussurro dando-
lhe um selinho.
— Isso e um pouco mais, amore mio.
CAPÍTULO 19
Nós estamos caindo como as estrelas
Nós estamos nos apaixonando
E eu não tenho medo de dizer essas palavras
Falling Like The Stars, James Arthur
​DIA 22

— O que vamos fazer pelos próximos 20 minutos? —


perguntei a Christian enquanto me aninhava em seu peito tentando
achar uma posição confortável, embora isso fosse praticamente
impossível já que ele estava sentado em sua poltrona.
— Ler. — Me olhou por debaixo dos óculos.
Pisquei.
— Sério? — eu sentia meus olhos brilharem e meu coração
bater mais forte por aquele misero gesto fofo.
Por dentro minha mente dava gritinhos animados.
Ele se remexeu embaixo de mim.
— Eu quero muito ler esse livro com você, mas se não
quiser... — sua voz foi murchando conforme falava.
Ergui meu tronco, negando rapidamente.
— Não, não, eu... — molhei os lábios — amei a ideia, só
fiquei surpresa — abri um sorriso, observando suas feições
relaxarem.
Toquei seu peito, brincando com o colarinho branco.
— Ótimo, então posso ler para você, Ellie Carter? —
questionou forçando meu corpo a deitar novamente, senti a caricia
suave em meu braço e me aninhei nele, cheirando seu pescoço.
Christian era muito cheiroso.
Muito cheiroso mesmo.
— Antes de começar, só lhe digo uma coisa — dei
pequenas pausas entre as falas, — você, Christian Lancellotti, está
estabelecendo um padrão masculino muito alto para mim. — Minha
voz saiu risonha no final e senti seu peito se mover com o riso baixo.
Segundos depois, ele abaixou o rosto, mantendo-o a
centímetros do meu, e olhando dentro dos meus olhos disse.
— Ora, srta. Carter, eu sou um padrão inalcançável, por isso
fui feito unicamente para você.
Mordi o lábio como uma boa tola apaixonada.
— O que você vai ler para mim?
— Vinicius de Moraes
— Você me surpreende mais a cada dia.
— Gosto de surpreendê-la — beijou a ponta do meu nariz —
agora, me deixe ler antes que você tenha que ir para a aula. —
Olhou o relógio em seu pulso.
10 minutos.
— Certo, certo.
— “De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure”[6]

Pisco, podia sentir meu coração bater em todas as partes do


meu corpo.
— Podemos fazer uma adaptação no final?
— Podemos fazer o que você quiser.
Respiro fundo, antes de fazer o que talvez seja a declaração
mais linda de toda a minha vida, olho no fundo dos olhos dele
quando recito as palavras calmamente.
— “Mas que seja infinito, enquanto estivermos vivos.”
— Que seja infinito, Ellie Carter. — Repete sorrindo, as íris
azuis brilham.
Retiro seus óculos, jogando-o desleixadamente em cima da
mesa.
— Temos dois minutos — digo olhando o relógio.
— Nenhum tempo no mundo será o suficiente.
— Mas irão servir. — Ele assente, puxando minha nuca para
seu rosto.
Aqueles foram os melhores dois minutos de beijo da minha
vida.

DIA 24

— Onde você está me levando, professor? — perguntei pelo


que deveria ser a milésima vez desde que entrei no carro.
Batuquei a ponta da unha na porta do carro, os prédios são
como borrão, nervosa pela velocidade que Christian estava dirigindo
desvio meu olhar da rua e observo-o dirigir plenamente.
Qual deve ser a sensação de estar no controle do seu maior
medo?
— Vou lhe levar para comer. — Ele responde interrompendo
meus pensamentos, pisco.
— Pensei que eu fosse sua única refeição. — Gracejo,
fazendo um biquinho.
— Falando assim, você dificulta minha tarefa de ser fofo —
ri balançando a cabeça, as mãos firmes no volante — mas, de todo
modo, preciso de você muito bem alimentada. — Vira o rosto para
mim por uma fração de segundos e pisca galante, naquele mísero
instante sinto que posso morrer pela palpitação forte em meu peito.
Ofego.
— Você está bem?
Ouço-o me questionar alguns segundos depois, quando não
respondo sua última fala.
— Sim, sim... — solto o ar pela boca — estou bem.
— Apesar da ideia de desfrutar do seu corpo seja realmente
tentadora — uma de suas mãos solta o volante e vai para o meio da
minha coxa desnuda — hoje só quero comer um hot-dog de rua com
você.
Fico boquiaberta.
— De rua? — meu tom saí incrédulo.
— Não me diga que nunca comeu um — vira o rosto para
mim rindo, ao encontrar meu semblante sério paralisa — Você
nunca comeu comida de rua? — o tom dele saí incrédulo agora.
Dou ombros.
— Nunca.
— Isso vai mudar hoje.
— Não vou comer comida de rua com você, não faço a
mínima ideia de como foi feito e quais ingredientes foram usados —
digo firme — além do mais, não posso sair da dieta.

...

— Meu Deus, isso aqui tá muito bom — digo pela terceira


vez, enquanto fecho os olhos degustando o sabor tão maravilhoso
em minha boca.
— Eu sei, disse que você não ia se arrepender.
Reviro os olhos.
— Você já me provou seu ponto, professor Lancellotti —
digo em tom debochado.
— Gosto de mostrar a você que estou certo. — Dá ombros
voltando a comer.
— O meu acabou... — pisco para ele devagar, fazendo uma
cara fofa enquanto olho para o hot-dog quase inteiro em sua mão.
— Você já comeu dois — ele ri, afastando a comida de mim.
— Quero só mais um pedacinho — faço um bico.
Em um movimento rápido, tiro o cinto de segurança e vou
para o seu colo, pegando-o de surpresa.
— Você não vai me negar um pedacinho, vai? — uso um
tom melodramático dessa vez, aproximando meu rosto do seu.
Ele sorri, um sorriso lindo e verdadeiro, daqueles que
chegam até os olhos e sinto algo dentro de mim explodir de alegria.
— Não me olhe com esses olhinhos brilhantes, Ellie — sua
mão livre adentra em meus cabelos, em uma caricia suave — como
vou lhe negar algo quando me olha desse jeito?
— Não negue — continuo encarando-o, um sorriso cresce
em meus lábios.
— Só um pedacinho? — ele pergunta apertando os olhos.
— Talvez dois — sussurro.
— É impossível resistir a você, Ellie — me entrega o pão.
— Poderia dizer o mesmo, mas no momento o hot-dog tá
lhe ganhando — brinco e em seguida, ainda em seu colo, dou uma
mordida em minha nova besteira favorita.
Solto um gemido baixo quando Christian me pega
desprevenida e lambe o molho ao redor dos meus lábios, suas
mãos tocam o fim da minha coluna, me trazendo para mais perto
dele.
Mordisco seu lábio inferior, e ele chupa meu lábio com força,
choramingo remexendo meus quadris em cima dele. Ficamos nesse
ciclo por alguns minutos, até que afastei sua boca da minha.
— Ele ainda está me ganhando?
— OK, hot-dog com você é um combo impossível de resistir.
— Lhe dou um selinho.
— Hora de ir para casa, amore mio — aperta minha cintura,
e eu o abraço, deixando meu rosto na curvatura do seu pescoço.
— Não podemos ficar mais um pouco? — pergunto me
aninhando em seu peito.
— Preciso conversar com minha irmã — ele afaga minhas
costas — aproposito, ela vai começar a estudar na universidade
semana que vem.
— Sério? — ergo meu tronco, espalmando minhas mãos em
seu peito.
— Sim, espero que sejam boas amigas, ela está muito
sozinha aqui na cidade ainda. — Seu semblante se torna mais triste.
— Por que não me disse antes? — bato em seu peito com
força e ele geme — me mande o número dela e tudo está resolvido.
Minha mente viaja imaginando que agora seremos um trio,
eu, Victoria e Abbie.
— Vou dizer a ela então — abraça meu corpo — obrigado,
significa muito para mim, amore mio. — Ele sussurra em meu
ouvido e eu abro um sorriso enorme contra seu pescoço.

DIA 26

Eu tinha uma queda enorme pelas roupas que Christian


usava na faculdade — assim como ele tinha pelas minhas
minissaias — e não havia um único dia em que eu entrasse em aula
e não suspirasse quando o via vestindo suas roupas formais e
tradicionais.
Mas hoje, de algum modo, ele havia conseguido se superar.
Talvez tenha sido o sorriso lindo que ele me deu quando entrei na
sala, o modo como seu cabelo estava maior e cheio de cachinhos,
ou quem sabe por que ele não conseguiu manter seus olhos longe
de mim durante toda a aula por nenhum segundo.
Uma parte minha temia que as pessoas descobrissem
nosso caso, mas havia aquela parte que queria gritar para o mundo
inteiro que estávamos juntos, de alguma forma.
Mordi o lábio quando ele sorriu discretamente para mim
enquanto eu o secava.
Ele estava ainda mais lindo hoje vestindo um casaco de tricô
azul.
— Você tem certeza de que isso que tem entre você e o
professorzinho é só um acordo mesmo? — escuto Victoria dizer
após me cutucar.
Dou um pequeno pulo em minha cadeira pelo susto.
— Por quê? — cochicho de volta para ela.
— Ellie, só um cego não veria o climão entre vocês dois
nessa sala de aula.
Forço minha boca a não sorrir.
— Você acha? — coloco uma mecha loira para trás e olho
para ele de soslaio.
— Fala sério, vocês não param de se olhar, já ouvi até uns
comentários no banheiro.
— Sério?
— Por que eu tenho a sensação de que você tá doidinha pra
isso vazar?
— Não quero que vaze nada, tá doida? Ia ser uma dor de
cabeça sem fim — bufo.
— Hm.
— OK, eu gostaria sim que todos soubessem que ele é meu,
— ergo um dedo — mas não quero bater cabeça com esse tipo de
problema agora, então não, Victoria, eu não quero que isso vaze.
— Só toma cuidado tá? Essa situação tá saindo do seu
controle e não quero que se machuque.
— Por que todo mundo me fala isso? — bato o IPad com
força na mesa, chamando a atenção de algumas pessoas para nós
duas, me encolho na cadeira quando Christian olha para mim
chateado.
— Silêncio, srta. Carter.
— Desculpe, professor. — Digo baixo.
Alguns minutos se passam até que Victoria sussurra:
— Tá vendo? São por essas situações que eu digo que
vocês estão óbvios, se fosse qualquer outro aluno ele ainda estaria
esbravejando, e se duvidar já teria tirado até de sala.
— Eu devo ficar chateada por ele me tratar bem?
— Não, mas você deve abrir seus olhos e tomar cuidado
para que não destruam seu castelo de areia, sabe bem que muitas
garotas tão esperando um vacilo seu para soltar na mídia.
— Eu sei, Victoria. — Murmuro chateada comigo.
CAPÍTULO 20
Porque eu estou em um campo de dentes-de-leão
Desejando em todos que você seja meu, meu
E eu vejo o para sempre em seus olhos
Eu me sinto bem quando vejo você sorrir, sorrir.
Dandelions, Ruth B.
DIA 27

— Eu acho que você é o único para mim... — cantarolo o


trecho da música enquanto desço as escadas animada para o café
da manhã.
Hoje o dia seria perfeito, eu sentia isso em minha pele.
O sol parecia mais reluzente, as flores do jardim mais lindas
e a alegria irradiava meu ser.
Uma pequena parte de mim me acusava que essa felicidade
era por causa do encontro que eu teria com Christian em alguns
minutos, mas continuei ignorando todos esses alertas em minha
mente.
Só poderia ficar assim se estivesse apaixonada por ele.
E eu não estava.
Não podia estar.
Minha felicidade era por outros motivos, como o fato de: ter
desabafado com minha mãe morta depois de muito tempo, ter
encarado meus sentimentos — embora ainda não os entenda — e
ter tido vários encontros secretos com Christian durante a semana.
Quando estávamos juntos na sala de aula eu o pegava me
olhando infinitas vezes, sorrisos bobos e indecentes estavam sendo
frequentes no meu dia a dia, durante os intervalos nós
conversávamos sobre coisas aleatórias, como livros e filmes, após a
aula ele me levava para comer — desconfiava que ele temia que eu
não estivesse me alimentando bem desde minha última crise —
pedíamos pelo IFood e íamos comer em alguma praça nos pontos
mais subúrbios da cidade, para não correr o risco de sermos
flagrados por conhecidos.
Em muito tempo eu me sentia genuinamente feliz.
— Bom dia, Claire. — Estalei um beijo na bochecha da
senhora que havia me criado como uma filha.
— Bom dia, querida — me olhou dos pés à cabeça com um
sorriso acolhedor — acordou animada hoje, quer que eu coloque
seu café?
Neguei colocando um pouco de suco no copo e pegando
uma bolacha light.
— Vou sair e já estou atrasada.
Meu celular vibrou em cima do balcão pela mensagem nova,
tomei um gole de suco e abri a tela para responder.

Docinho: Traga roupas para passar o final de semana,


vestidos e biquínis.

Ellie: Quem disse que vou passar o final de semana inteiro?


Tenho outros compromissos além de você, sabia?

Enviei a mensagem sorrindo.


Christian ficaria furioso com minha resposta.

Docinho: Sou mais importante do que todos eles, então os


cancele. Lhe encontro em 30 minutos atrás da universidade, e não
se atrase, amore mio.

Ellie: Só vou cancelar porque foi fofo. Em que mundo você


vive pra imaginar que vou conseguir me arrumar em meia hora? Me
espere sentado, docinho.

— Isso tá me cheirando a amor.


Quase cuspi o suco da boca ao ouvir a acusação da
senhora Claire. Tossi batendo em meu peito quando o líquido foi
para as minhas vias respiratórias.
— Não vá morrer sem ver o seu namorado. — Gracejou me
dando um copo de água.
— O que? Não, é só uma amiga e...
— Também tive muitos amigos na sua idade, mocinha. —
Bateu em minhas costas rindo baixo. — Estou louca para conhecer
quem foi o homem que você pôs a coleira.
— Coleira? — questionei confusa.
— Ora querida, as mulheres da família Carter tem os
homens nas mãos, e com essa sua personalidade não imagino que
seja diferente.
— Tá me chamando de mimada, Claire? — brinquei.
— Se você está dizendo — deu ombros.
Terminei de tomar o suco em um gole só e levantei da
cadeira.
Precisava arrumar minha mala logo.
Vestidos e biquínis...
Iríamos para a praia?
Christian só poderia ser louco se pensava que eu faria isso
em 30 minutos, fora que ainda precisava avisar a papai que iria
passar o final de semana fora.
Não tinha nem uma desculpa descente para dar a ele, mas
pensaria em algo no caminho.
— Papai está no escritório? — perguntei já começando a
subir as escadas.
— Seu pai não passou a noite em casa.
— O quê? — me virei para ela — ele deixou alguma
mensagem para você ou...
— Tudo o que sei é que Liam o deixou no hangar ontem à
noite após sair da empresa.
Talvez ele tenha tido uma viagem de emergência e não deu
tempo de avisar, isso vivia acontecendo mesmo.
— OK, não espere por mim, irei passar o final de semana
fora. — Voltei a subir as escadas sem esperar sua resposta, mas
sua risada alta me acompanhou até que eu entrasse no quarto.
Precisava começar a bolar um plano rápido, Claire não era
conhecida por segurar a língua por muito tempo e logo papai estaria
sabendo de sua desconfiança comigo.
Soltei um grunhindo frustrada.
Eu não podia segurar a merda do sorriso por um minuto?
Sorriso sinceros não são controlados.
Meu consciente acusou.

Docinho: Docinho? Não consegue pensar em nada mais


original? Esse apelido não combina comigo.

Ellie: Combina. Você é doce igual limão. Para de me


mandar mensagem, preciso arrumar minha mala.

Docinho Você me acha azedo?

Ellie: Azedo é até um elogio pra você.

Joguei o celular na cama rindo.


Eu não havia falado nenhuma mentira, Christian era um dos
professores mais temidos da universidade justamente por conta de
seu humor azedo e carrancudo.
A aula dele era divina, não somente por ele ser como um
deus grego, mas porque realmente conseguíamos aprender com a
didática de ensino que ele aplicava, por outro lado ele pegava
pesado nas provas justamente por ensinar bem.
Se você não desse tudo de si a reprovação era certeira e o
choro garantido porque ele não aliviava a barra.
Confesso que se eu não conhecesse esse outro lado dele —
o mais gentil e romântico — nunca acreditaria que ele pudesse de
fato ser um doce que não fosse de limão ou maracujá.
Quando pensei no apelido foi instintivo porque comigo ele
era um docinho.
No final acho que Claire estava certa, o homem ideal para
mim tinha que ter a masculinidade forte o suficiente para aceitar
fazer minhas vontades.
Christian parecia ser esse homem.
Ele realmente parecia ser certo para mim em todos os
sentidos.
Ele me ouvia, se importava com o que eu sentia, com a
minha saúde e a minha reputação.
E eu me sentia viva ao lado dele.
Meu mundo tão sem graça voltava a ser cheio de cores
quando estávamos juntos, ele despertava o melhor de mim sem
nem saber disso.
E mesmo assim nunca poderíamos ficar juntos, porque
nosso relacionamento não seria certo, muito menos bem visto pela
sociedade.
Mesmo que não existissem regras e apostas, sempre
seríamos proibidos um para o outro, e se antes isso me motivava a
continuar, agora começava a parecer uma pedra em meu caminho.
O errado nunca pareceu tão certo.
Respirei fundo olhando para a porta do closet.
Vestidos e biquínis, eu preciso de vestidos e biquínis.

...

Encostado na BMW preta, meu professor tinha os braços


musculosos cruzados sob o peito, os óculos escuros me impediam
de ver suas íris azuis e aquilo fez uma pequena pontada de
decepção atingir meu peito.
Eu amava os olhos de Christian, especialmente quando ele
olhava para mim.
Ele vestia uma bermuda larga até acima dos joelhos na cor
branca, prendi a respiração ao correr meus olhos na camisa
também branca que tinha os primeiros botões abertos.
Por que ele tinha que ser tão lindo?
Isso não facilitava em nada a minha vida.
— Como 30 minutos viraram quase 2 horas? — foi o seu
primeiro questionamento ao vir em minha direção e pegar as duas
malas que eu carregava.
— Eu lhe avisei. — Dei ombros pegando minha bolsa no
banco traseiro e ligando o alarme do carro.
Não pude pedir para Liam vir me deixar pois seria muito
arriscado, ele poderia reconhecer Christian de algum lugar, ou então
fuxicar ainda mais nos ouvidos de Claire, e logo papai também
estaria me fazendo perguntas que eu não estava nem um pouco
disposta a responder.
— Você sabe que vamos passar só dois dias fora, né? —
perguntou após guardar minhas malas no carro.
— Sei.
— E trouxe duas malas mesmo assim? — coçou o queixo.
— Se tivesse me dito para onde iríamos talvez tivesse
trazido só uma. — Fiz minha cara mais fofa quando ele se
aproximou de mim.
— Eu disse para trazer vestidos e biquinis, amore mio. —
Apertou minha bochecha com um sorriso contido no rosto.
— E isso me fez supor várias ocasiões, Christian — revirei
os olhos já ficando emburrada, por que ele tinha que complicar
tudo?
Dei um passo para trás tentando me afastar dele, e logo
senti minhas costas bateram no carro.
Ótimo, agora estou encurralada.
Cruzei os braços sob o peito, mas me arrependi na mesma
hora pois meus seios saltaram no decote do vestido apertado que
eu usava, os olhos de Christian apreciaram a pele exposta por
alguns segundos antes de se voltarem para mim.
Senti me coração acelerar quando ele colocou um braço de
cada lado da minha cabeça e trouxe o seu corpo a centímetros do
meu.
— Você não precisará de muita roupa enquanto estivermos
fora. — disse olhando dentro dos meus olhos, um sorriso de canto
brilhava em seu rosto.
Molhei meus lábios.
— Aproposito, li um livro enquanto te esperava. — comentou
penteando meus cabelos para trás com os dedos.
— Qual?
— Como conquistar uma patricinha.
Foi minha vez de sorrir.
— E quais são as dicas que aprendeu?
— Bom, o manual diz o seguinte — ergueu o dedo como se
pedisse um minuto, o observei tirar o celular do bolso e mexer na
tela por alguns instantes antes de continuar.

MANUAL DE COMO CONQUISTAR UMA PATRICINHA

1.
Leve ela para jantar no dia em que se
conheceram.
2.
Tire cinco pontos da média dela quando
se reencontrarem na sala de aula.
3.
Faça um acordo de sexo sem
compromisso com ela e depois a foda no escritório.
4.
Compre um vestido de literalmente
milhões para ela.
5.
Faça ela lhe pagar um boquete na
biblioteca com seus amigos a poucos metros de
distância.
6.
Recite seu poema favorito para ela.
7.
Beije ela durante os intervalos da aula.
8.
Leve ela para comer hot-dog de rua.
9.
Leve ela para um passeio inesquecível.

Mordi a bochecha com força para não sorrir igual uma idiota.
Como esse homem enorme podia estar sendo tão fofo
assim? Melhor, como esse homem TÃO rabugento conseguia ser
esse amorzinho comigo?
Meu eu adolescente estava em surto, mas fingi uma
plenitude inexistente ao encará-lo.
Tentei, pelo menos.
Funcionou por uns dois segundos, antes de eu ver o sorriso
lindo que ele exibia especialmente para mim.
Lindo.
Lindo.
Lindo demais.
— Por que só tem nove itens? — perguntei desviando os
olhos dele e observando o bloco de notas no celular.
— Porque ainda estou descobrindo do que você gosta. —
Se tivesse como o chão se abrir para eu enfiar minha cara nele
naquele momento de tanta vergonha, eu sem dúvidas teria feito.
— Ah.
Ah? É sério que você mandou essa Ellie?
Minhas bochechas deveriam estar vermelhas de tanta
vergonha.
Eu sentia um calorzinho esquentar minha pele.
— Não precisa ficar com vergonha, eu sei que amou. —
falou como um cochicho em meu ouvido.
Meus pelos se arrepiaram.
— Faz parte do manual me deixar assim? — ele assentiu se
afastando de mim — Fica um pouco difícil seguir aquela regra
quando age assim. — Ergui uma sobrancelha.
— É a intenção.
No que eu havia me metido hein?
CAPÍTULO 21
Eu sinto algo tão certo
Fazendo a coisa errada
E eu sinto algo tão errado
Fazendo a coisa certa
...
Tudo o que me mata
Faz eu me sentir vivo
Counting Stars, One Republic
2 horas.
Era o tempo exato desde que eu havia posto meus pés
dentro do carro de Christian.
Eu honestamente não conseguia me lembrar da última vez
que passei tanto tempo dentro de um carro em movimento depois
do acidente sem ter uma crise de pânico.
Batuco meus dedos na porta do carro sentindo a angústia
crescer em meu âmago ao passo que sinto o vento bater mais forte
em minha pele conforme Christian acelera o carro na estrada vazia.
Finco as unhas na palma das mãos e repito em voz baixa o
mantra que a psicóloga havia me recomendado em uma de nossas
sessões.
Não há nada que possa me derrubar. Eu sou forte.
Não há nada que possa me derrubar. Eu sou forte.
Não há nada que possa me derrubar. Eu sou forte.
— Está tudo bem, amore mio? — a voz de Christian inunda
meus ouvidos, interrompendo a medição.
Sinto a sua mão tocar minha coxa desnuda e acariciar a
pele por algum tempo, desvio meu olhar da estrada para olhá-lo,
quando o faço automaticamente o pânico cresce em meu peito.
Christian dirigi com somente uma das mãos no volante,
arregalo os olhos sentindo meu coração palpitar forte ao projetar a
cena do acidente em minha mente pela velocidade que estamos.
— Ponha as duas mãos no volante, por favor, por favor... —
peço com a voz trêmula, em completo choque.
Lágrimas se formando em meus olhos enquanto revivo a
maldita cena de cinco anos atrás.
Finco as unhas com força sentindo a pele se rasgar em
minha mão.
Não percebo quando Christian para no acostamento até que
ouço a porta do carro se abrir e sinto duas mãos grandes fazendo
carinho em meus joelhos.
— Shih, está tudo bem. Eu parei o carro, Ellie, pode abrir os
olhos. — Sinto os dedos deslizarem em meu cabelo com carinho.
Respiro fundo sentindo o tremor em todo meu corpo.
— Eu... Eu...
— Não vou permitir que nada de ruim aconteça com você,
está segura comigo, amore mio, está segura.
Desdobro as pernas e rodeio meus braços em seu pescoço,
fungo, engolindo o choro entalado em minha garganta.
Odiava estar tão vulnerável em sua frente.
Odiava demostrar minha fraqueza a ele.
Odiava ser fraca pelos traumas.
— Vai ficar tudo bem...
E embora eu soubesse que não ficaria, eu acreditei nele
com tudo que havia dentro de mim.
Porque quando eu estava com ele de alguma forma os
monstros iam embora.
E porque eu sabia que enquanto ele estivesse ali, ao meu
lado, eu sentia que poderia superar tudo e que o topo do mundo era
meu, e de mais ninguém.
Pelo menos enquanto ele não souber a verdade.
Uma verdade que não tinha mais tanto sentido.
Christian alisa minhas costas enquanto repouso em seu
peito, agarro seu braço com força deixando o choro passar em seus
braços. Um beijo suave é depositado em meus cabelos.
— Me desculpe por fazê-lo parar, estava tão rápido... —
sussurro baixo, deixando que ele me proteja em seus braços.
Seu abraço se torna mais forte.
— Não sabia que tinha medo, perdão amore mio, perdão...
— afasto meu rosto de seu peito para olhá-lo.
Seu polegar enxuga o rastro de lágrimas em minha pele.
— Não é sua culpa... — digo olhando em seus olhos.
— Mesmo assim me perdoe.
Abro um sorriso ao encará-lo.
Levo minha mão ao seu rosto e dedilho o limite da barba em
seu rosto, contorno os lábios finos ao mesmo tempo em que o vejo
sorrir em minhas mãos.
— Se eu contasse para alguém que o temido Dr. Lancellotti
— engrosso a voz ao falar seu título e ele ri baixo — me trata assim
ninguém acreditaria. — Aperto seu nariz mordendo o lábio enquanto
sorrio.
— Você não se atreveria... — pende a cabeça para o lado.
— Não me tente. — Gracejo.
— Se lhe deixa feliz, saiba que é a única garota que eu trato
assim, tirando minha irmã, é claro. — Beija minha testa e se afasta.
— Está me dizendo que desperto seu melhor lado,
professor? — alfineto enquanto ele rodeia o carro, voltando para o
seu lugar ao volante.
— Você consegue despertar meu lado mais selvagem e
primitivo ao mesmo tempo em que me sinto o último romântico da
face da terra.
Reprimo o sorriso e destravo o cinto de segurança.
Em um movimento rápido passo minhas pernas envolta do
corpo de Christian, o pegando de surpresa.
O vestido que já é curto, sobe mais alguns centímetros por
minhas pernas estarem abertas. Olhando para baixo vejo o tecido
fino da calcinha branca aparecer.
Eu estava confusa, então meus lábios pronunciaram as
palavras que estavam em minha mente, mas que meu coração
renegavam por inteiro.
— Não pode esquecer que não pode se apaixonar por mim
— sussurro em seu ouvido, indo de encontro aos meus próprios
sentimentos, seu corpo tenciona embaixo de mim e eu beijo sua
boca sem lhe dar a chance de me dar uma resposta.
Enquanto tenho seus lábios nos meus a sensação que
tenho é de que estou no paraíso, e por mais errado que seja o que
estamos fazendo, Christian e eu somos certos um para o outro.
Uma loucura.
Éramos uma loucura completa.
— É impossível esquecer com você repetindo isso a cada
segundo. — Murmura contra meus lábios, as mãos descendo para
minhas coxas.
— Talvez porque você já pareça um homem apaixonado —
retruco, minhas mãos bagunçando seus cabelos.
— E se eu estiver, o que você faria? — desceu sua boca em
meu pescoço.
Fechei os olhos deliciada com as sensações.
— Talvez eu decidisse perder o juízo com você. —
Confessei beijando-o com ardência.
Se era pra cair, cairíamos juntos.
CAPÍTULO 22
Ela tem aquele ar de garota rica de Los Angeles
Ela dirige bem o carro antigo do seu pai
Sexo violento no chão do quarto
Entrando no chuveiro, ela implora por mais
Champagne e Sunshine, Plvtinum
Christian me trouxe para velejar.
Não sei explicar a sensação que senti em meu peito desde
que avistei o barco enorme ancorado nas docas.
Mas eu me estava feliz, me sentia viva e muito empolgada
com a ideia de passar o final de semana velejando, sentindo a brisa
fria em meu rosto e olhando para as estrelas no meio do nada
durante a noite.
Eu amava fazer isso desde sempre.
Victoria e eu sempre fugíamos para o meio do mar quando
queríamos esfriar a cabeça de tantos problemas mesquinhos da alta
sociedade. Chegava a ser patético tudo o que acontecia em nosso
meio.
Olhei para a cama cheia de biquínis coloridos.
Não sabia qual escolher.
Observando agora, eu me sentia um pouco exagerada,
havia trazido exatos 12 peças de cores e modelos diferentes, para o
caso de a dúvida existir, eu era muito indecisa mesmo.
Azul. Amarelo. Branco. Rosa. Vermelho. Verde.
Batuquei a ponta da unha no dente.
— Algum problema?
Quase dei um pulo para trás ao ouvir a voz do professor
atrás de mim.
— Você me assustou. — Acusei vendo o entrar na suíte.
— Você estava distraída — Retrucou desabotoando a
camisa branca enquanto me encarava.
Desci os olhos pelo corpo dele.
Esse homem havia sido desenhado por Deus.
Não era normal um cara ser tão gato assim.
OK, eu conhecia homens bonitos, mas... Christian tinha algo
que nenhum deles tinha e isso me fascinava.
Talvez minha obsessão tivesse nascido disso.
O tecido branco deslizou pelos braços cheios de músculos,
e eu prendi a respiração, me permitindo apreciar aquele momento
tão íntimo e gostoso.
— Porque você está... — minha voz falhou e eu tossi
levemente, ouvindo o chiado baixo a minha frente.
O desgraçado sabia que eu havia ficado desconcertada por
causa dele.
Christian jogou a camisa desleixadamente em cima da
cama, olhei para as peças amontoadas e minha vontade foi de jogar
tudo no chão para começarmos a transar igual dois coelhos.
Havia sido por pouco que não tínhamos feito isso durante o
caminho para cá e sinceramente eu já me sentia subindo as
paredes.
Conti o gemido em meus lábios ao correr meus olhos pelo
abdômen definido do professor, a calça baixa exibia a entrada em
forma de V dos músculos, o monte de pelos enroladinhos iam do
peitoral até a entrada de seu p...
— Se quiser terminar de falar, mantenha os olhos aqui em
cima, amore mio. — falou com um sorriso provocador.
Revirei os olhos.
Pega no flagra, mais uma vez.
— Por que está tirando a roupa? — perguntei pegando o
biquíni vermelho da cama.
Se ele queria brincar, nesse jogo dois poderiam jogar.
E eu não perdia.
Nunca. Nunca
— Só estou trocan....
Ele se calou ao me ver descendo a vestido tubinho pelas
pernas, ficando vestida somente com uma calcinha vermelha
minúscula no corpo.
Senti os bicos dos meus seios ficarem rígidos somente com
o olhar devorador que ele me deu.
— Pode amarrar para mim? — pedi com a voz suave
erguendo a peça superior do biquíni em frente ao seu rosto.
Abri um sorriso vendo-o engolir em seco.
Ele estava sem palavras e com uma perfeita cara de idiota.
Minha diabinha interior se sentia satisfeita.
— Claro, vire-se.
Virei lentamente, fazendo questão de jogar a parte de baixo
na poltrona somente para que ele tivesse um deslumbre do que viria
por aí.
Me mantive o mais ereta possível, enquanto ele encaixava a
peça em meios seios, quase gemi com o toque do tecido em meu
corpo, pois estava com os seios sensíveis.
Os dedos frios deslizarem em minhas costelas fazendo
meus pelos se eriçarem com o toque gostoso, arfei baixo quando
ele juntou os dois fios para amarrar a peça com força, o atrito
grosseiro em minha pele me fez arquear levemente.
— Gosta de me provocar? — mordi o lábio, sentindo seu
corpo se aproximar do meu junto ao calor crescente no meio das
minhas pernas.
— Gosta de ser provocado, professor? — retruquei
encostando de vez meu corpo no seu, foi impossível conter o
gemido ao sentir o volume duro em minhas costas.
Ele abaixou a cabeça, mantendo-a próxima de meu ouvido.
— Por você? Sim — fechei os olhos com a voz sedutora
enchendo minha mente. —E tenho certeza de que sua boceta deve
estar pingando agora, hm? Gosta de ser provocada tanto quanto eu.
Me contorço contra ele quando suas mãos descem em
meus quadris e o apertam com força, eu gemo em um misto de dor
e prazer.
Sinto a língua quente em meu pescoço, deslizando em
minha pele e me deixando em chamas.
— Toque e veja você mesmo. — Alfineto sentindo minha
carne pulsar.
Apertei as pernas no instante em que seus braços viraram
meu corpo de frente e meus pés foram erguidos do chão, senti
minhas costas baterem contra a parede.
— Christian... — gemo baixo.
— Me diga uma coisa, você vai ser um boa menina e me
deixar comer essa boceta? — sussurra em meu ouvido enquanto
suas mãos desamaram o biquini e jogasse a peça no chão.
— Você vai me comer direito? — a resposta veio no aperto
que ele deu em meio seio direito seguido de um beliscão no bico.
Gemi alto como uma vadia com a dor que logo foi sendo
substituída pelo prazer quando ele começou a massagear a carne
sensível.
— Sua boceta não ficou dolorida o suficiente da última vez?
— Ficou.
— Ótimo, então sem reclamações.
Dito isso ele juntou meus seios com as duas mãos e
começou a chupá-los com afinco, entreabri os lábios enquanto
sentia meu interior se revirar, o calor explodindo em meu corpo por
inteiro.
— Christian...
Ele grunhe, se afastando de mim alguns centímetros e
adentra minha calcinha com uma das mãos. Sinto minha carne
latejar contra sua palma. Arreganho mais as pernas, lhe dando
passagem para fazer o que quiser comigo, estou sedenta por ele.
Christian tem os olhos fixos em minha boceta, a luxúria
parece dominar nossos corpos.
Gemo quando seus dedos tocam minha entrada, o professor
os esfrega contra minha carne sensível, me fazendo delirar ao
mesmo tempo em que ele introduz dois dedos dentro de mim sem
aviso.
Trago seu peito para perto de mim e mordo seu ombro para
conter o gemido que sai de minha garganta.
— Sua boceta pulsando em meus dedos é a sensação do
paraíso — ofego ouvindo-o sussurra para mim.
Minha boceta lateja mais com suas palavras e ele sabe pois
sinto o sorriso se alargar contra meu rosto.
— É melhor quando estou no seu pau — afasto meu rosto
de seu ombro e encaro-o.
As íris azuis brilham na luz baixa da suíte, levo minhas mãos
ao seu pescoço, aranhando sua pele no processo, gemidos baixos
saem dos lábios de Christian.
— Sem dúvidas — responde com a mandíbula cerrada
enquanto meu peito sobe e desce freneticamente.
Meus mamilos doem com o balanço e minha boceta pulsa
forte em seus dedos, fecho os olhos entreabrindo os lábios sentindo
meu ventre dar espasmos.
— Será que você aguenta mais um dedo como a boa
putinha que é? — gemo em resposta e logo sinto o adicionar outro
dedo em minha entrada.
Suspiro, prendendo a respiração.
Me sinto preenchida, minha pele parece rasgar em sua mão.
Finco minhas unhas em seus ombros gemendo alto quando
ele movimenta os dedos longos dentro de mim.
O ritmo não é tão rápido nem tão lento, mas me enlouquece
a cada investida, os sons de nossos gemidos misturados com o
barulho de seus dedos entrando e saindo de minha boceta me faz
delirar e encharcar mais a cada segundo.
— Ahh, céus...
— O céu está aqui embaixo agora, minha putinha.
Mordo o lábio, sentindo meu corpo tremer ao som de suas
palavras.
Céus, como eu amava quando ele me chamava assim.
Nossos olhos estão fixos um no outro, e eu adoro a conexão
que sentimos nesses momentos, gotículas de suor escorrem da
testa de meu professor, aproximo meu rosto dele e as lambo,
sentindo o gosto salgado em minha língua.
E então uma batida na porta.
Meu corpo endurece, mas Christian continua fazendo os
movimentos de vai e vem, e tenho que me controlar muito para não
gemer alto e o morder quando ele parece introduzir outro dedo
dentro de mim, me tirando o ar.
— Senhor? — uma voz pergunta do lado de fora.
Arregalo os olhos assustada.
— Depois — Christian diz, intensificando o atrito em meu
clitóris, me contorço em seus braços sentindo mais prazer pela
situação extremamente constrangedora.
— O senhor vai precisar de mais alguém no barco?
— Ah... — um tapa é estalado em minha carne no instante
em que gemo.
— Somente do capitão — ele grunhe ao dizer, sua veia
saltitando no pescoço ao passo em que volto a lamber sua pele
suada, rebolo em seus dedos.
— Sim, senhor. — O homem responde e parece se afastar.
— Queria que ele a ouvisse gemer enquanto a fodo? —
pergunta puxando meu cabelo para trás, minhas costas doem pela
posição, mas eu sorrio para ele.
Amava quando éramos selvagens.
— Queria. — Admito e um rosnado sai de seus lábios, outro
tapa é estalado em minha boceta, minha pele arde, pequenas
lágrimas se formam no canto de meus olhos — Quero que todos
saibam a quem pertenço, professor. — Concluo.
Meu ventre se revira, fecho os olhos ao sentir o orgasmos
latente
— Então grite alto — ele diz, um sorriso possessivo
nascendo em seu rosto e o movimento de seus dedos acelera em
minha carne, gemo desesperadamente — mostre a todos que você
é minha mulher.
— Sim... sim... — rebolo em sua mão.
Meu corpo treme por inteiro quando o orgasmo me atinge
com tudo, sinto minhas forças se esvaírem quando Christian me
solta e abre mais minhas pernas, cruzando-as em cima da mesa.
Gemo entorpecida quando a língua quente toca minha carne
sensível e dolorida, o professor suga todo o gozo da minha entrada,
sinto sua língua dura se mover entre meus lábios, ele chupa meus
clitóris e eu quase choro pela dor que me atinge.
— Deliciosa, amore mio, sempre deliciosa. — diz engolindo
minha boceta com sua boca.
— Não sinto minhas pernas — choramingo em meio aos
gemidos sentindo meus joelhos falharem quando ele chupa minha
carne com força, minha boceta se contrai, outro orgasmos se
formando dentro de mim.
Jogo a cabeça para trás, mordendo o lábio com força, meu
peito sobe e desce com velocidade, minha boceta pisca contra sua
boca, e as palavras já são desconexas quando as estrelas parecem
brilhar em minha mente e o segundo orgasmos me atinge.
Meu corpo parece gelatina quando Christian me toma em
seus braços e me deita na cama.
— Descanse, quando acordar estaremos em alto mar. E o
biquini verde destaca seus olhos.
Sinto o lençol cobrir meu corpo quase nu e um beijo ser
depositado em minha testa, sorrio enquanto o cansaço vence meu
corpo me sentindo no lugar perfeito para mim.
CAPÍTULO 23
Diga que você se lembrará de mim
Usando um belo vestido
Olhando para o pôr do Sol, querido
Lábios vermelhos e bochechas rosadas
Diga que você me verá de novo
Mesmo que seja apenas em seus
Sonhos mais selvagens, ah, ah, aah
Wildest Dreams, Taylor Swift
Quando acordei Christian não estava mais no quarto, mas
encontrei uma bandeja com um copo de água e várias frutinhas em
cima do balcão, — é, aquele balcão — minhas bochechas coraram
ao lembrar dos minutos antes de eu capotar e meu coração ficou
parecendo uma manteiga derretida pelo gesto fofo.
Bebi o copo de água, pois minha garganta estava seca e fui
tomar um banho, o cheiro de sexo parecia estar impregnado em
minha pele, e algo me alertava que ele não sairia dali durante esse
final de semana.
Christian parecia viciado em mim assim como eu era nele, e
eu amava essa peculiaridade que tínhamos.
Era meio louco pensar que dias atrás eu jamais imaginaria
que estaria vivendo tudo isso, se alguém me falasse eu
provavelmente diria que a pessoa estava pirada da cabaça, mas
não, aqui estava eu em alto mar para passar o final de semana
inteiro velejando com o meu professor de direito.
Os tabloides entrariam em colapso se ao menos sonhassem
com uma história dessa.
Eu sentia que aos poucos Christian e eu deixávamos de ser
uma incógnita um para o outro, e o acordo que havíamos
estabelecidos tinham suas regras sendo burladas a cada instante.
No dia que pisei em nova Iorque eu havia abandonado
muitas coisas, e uma delas foi deixar de ser a garota bobinha, cheia
de sonhos e iludida com o mundo que eu pintava de rosa, criei uma
personalidade fria e manipuladora para poder viver no covil de
cobras que era a alta sociedade, pois as vezes é necessário ser
assim para poder sobreviver.
Algumas pessoas me julgavam pelo meu jeito de ser e tudo
bem, eu realmente tinha um caráter duvidoso, o que me irritava era
que nenhuma delas fazia ideia do que havia me tornado assim, dos
traumas que sofri, do bullying e dessa merda toda.
Eu havia cansado de me explicar, por que a verdade é que a
maioria não se importa com o que você sofre ou não, eles só
querem saber da sua vida para fofocar, se você está por cima todos
estão com você, mas se você tem problemas você é deixado para
trás.
É como uma frase que ouvi: “evite decepção, seja você o
filho da puta”
Eu havia aprendido isso duramente e estava indo bem na
tarefa de fingir algo que eu não era, somente um traço da minha
personalidade tóxica, até Christian entrar em minha vida.
Desde o primeiro dia tudo foi muito intenso entre nós dois,
quando nos reencontramos tudo se tornou mais excitante ainda pelo
perigoso que corríamos, estar com ele era sentir a adrenalina pura
em minhas veias, melhor do que isso, era ir de encontro a tudo o
que a sociedade tradicional acreditava, os costumes antigos e essas
merdas todas que eu estava cansada de ouvir.
Christian me fazia querer voltar a ser aquela garotinha que
sonhava com um príncipe encantado acordada, que a amava
incondicionalmente sem se importar com a sua aparência, que a
achava linda sem um pingo de maquiagem e que moveria os céus e
a terra somente para estar ao seu lado.
Meu professor me fazia querer viver o amor que tanto
admirei nos livros de romance que li.
E tudo poderia ser bonito assim se eu não tivesse aceitado
aquela maldita aposta com Alexia, me sentia tola, não duvidava da
minha capacidade de fazê-lo se apaixonar por mim, sabia que
estávamos engatinhando para isso, mas eu não contava em me
apaixonar por ele, e essa aposta podia colocar tudo a perder,
porque se Christian soubesse... se ele ao menos imaginasse tudo
estaria perdido.
Fechei os olhos com força.
Eu era uma idiota mesmo.
Havia apostado que ele se apaixonaria por mim e agora eu
estava apaixonada e correndo o risco de ter o coração partido se ele
descobrisse meu segredo.
Mas eu tinha um plano, iria deixar passar os 30 dias que
combinei com Alexia, ter certeza dos sentimentos do professor e
prova-los a Alexia, vencendo assim nossa aposta, depois disso
contaria tudo para ele.
Até lá ele teria que estar apaixonado o suficiente para me
perdoar, pois eu não aceitava perder Christian e nem a aposta.
Pego o biquini verde — lembrando-me do que ele me disse
antes de eu apagar — e o visto, de fato a cor destacava tanto meus
olhos como minha pele pálida.
Viro de lado observando os arroxeados que Christian deixou
em minha pele no decorrer dos últimos dias, sabia que o ego dele
ficaria satisfeito ao me ver desfilar com as marcas que ele havia
feito em mim, por isso não vesti nada por cima da peça.
Saí da suíte com um pote cheio de uvas que estava na
bandeja, procurei por Christian somente com os olhos, mas não o
avistei, e como o barco era bem grande nem quis me dar ao
trabalho de ficar andando, sabia ele logo me encontraria.
Conectei meu celular na caixa de som e coloquei uma
música da minha cantora favorita para tocar.
O dia estava lindo, o céu dissipado de nuvens num mix de
tons azuis, vermelho e alaranjado, o vento batia forte em meu corpo,
e o mar estava calmo embora tivesse lindas ondas por onde
passávamos.
Perdi a noção do tempo que fiquei somente observando a
paisagem natural até que minha música favorita começou a tocar.
— Eu fico fora até tarde, não tenho nada na minha cabeça,
— gesticulo com o indicador apontando para minha cabeça
enquanto cantarolo com o som estourando no barco — é isso que
as pessoas dizem, hum, hum, é isso que as pessoas dizem, hum,
hum.. — Paro de cantar e começo a dançar ao ritmo da batida.
— Quem é essa cantora? Música boa... — dou um pulo
assustada ao ser pega em flagrante em meio a uma dança que com
certeza era constrangedora.
— Christian, como você pode não conhecer a melhor e
maior cantora do mundo? — pergunto abismada dando pausa na
música no mesmo instante.
Ele franze o cenho parecendo ligeiramente confuso.
— Não faço ideia de quem seja. — Deu ombros pegando
outra uva — Bota no play de novo.
— Deixa minhas frutinhas! — ralhei — OK, aprouve a mim
lhe converter a loirinha.
— Me converter do que? E a única loirinha que me interessa
é você.
— Que fofo, mas você precisar ser um swiftie, Christian, e
deve ter orgulho de poder fazer parte dessa era. — falei pegando-o
pela mão e o levando até uma das espreguiçadeiras para
sentarmos.
— O que é ser um swiftie? — abri um sorriso que com
certeza não coube em meu rosto com sua pergunta.
Quando chegamos nas espreguiçadeiras o empurrei até que
caísse sentado em uma e fui para o seu colo, dei uma leve
reboladinha em cima de seu pau só voltei a comer minhas uvas
quando ele bateu em minha coxa em repreensão.
— Um swiftie é muito mais do que apenas um fã da loirinha,
ele respira e venera sua musa, não somente suas músicas, mas sua
história e personalidade.
— Ela é seu ídolo né? — me interrompeu.
— Foi difícil de perceber? — rimos juntos — mas sim, eu
venero essa mulher desde que era uma criancinha, infernizei a vida
de papai para poder conhecê-la.
— Não faz muito tempo né — tossiu tentando disfarçar a
frase, bati em seu peito com força — Aí, agressiva.
— E você é tão velho que nem consegue acompanhar as
atualidades. — Retruquei ácida. — Aliás, você deveria ser o mais
agradecido por eu gostar de um pau velho.
— A única coisa que quero acompanhar é você, amore mio,
e que história é essa de pau velho, Ellie? — apertou o braço ao
redor do meu corpo — Se me lembro bem, meu pau velho a satisfez
muito nos últimos dias.
— E minha boceta cheirando a leite também satisfez seu
pau velho, estamos quites, docinho — pisquei graciosa — Agora
para de ser fofo, tô tentando brigar com você, Christian. — falei
cruzando os braços em cima do peito e fazendo um bico birrento
que não durou nem três segundos.
— Pode voltar seu discurso sobre ser um swiftie vai, você
tem a missão de me convencer a gostar dela.
Bati pequenas palminhas e levantei empolgada.
— OK. OK. Vamos começar do começo, o nome da cantora
é Taylor Alison Swift e ela nasceu na Pensilvânia... — comecei meu
discurso tradicional, contei sobre sua infância, família, suas
composições, como ela estourou nas plataformas, os haters, os ex-
namorados, é claro, e expliquei a eras de cada álbum.
— Uau. — Foi o que ele disse quando eu terminei de falar.
— Ela é incrível né? Você é obrigado a ouvir as músicas
dela a partir de hoje ou então está tudo acabado entre nós. — falei
voltando a comer minhas uvas.
— O que?
— Está nas suas mãos.
— Taylor Swift vai ser minha nova religião — levantou a mão
como se fizesse um juramento enquanto falava.
— Então estou oficialmente entrando na era reputation. —
Abri os braços sentindo o vento forte bater em meu corpo.
— O que ela significa mesmo? — coçou a barba.
— A era reputation é para as pessoas vingativas, que amam
intensamente, fazem loucuras insanas, e são tipo “eu odeio todos,
menos você”, o drama as perseguem e o paixão as enlouquecem.
— Gesticulei com as mãos
— Acho que estou nessa era desde o dia em que pus meus
olhos em você. — Confessou olhando dentro dos meus olhos.
E eu sorri, como a boa idiota que era porque amava quando
ele falava como um homem romântico e apaixonado.
— Essa uma das coisas mais românticas que você já me
disse. — Entrelacei meus dedos em frente ao corpo quando ele se
levantou e andou até mim.
— Eu sei, e é verdade — separou minhas mãos e levou a
direita em direção a sua boca — Acho que o “odeio todos, menos
você” se aplica perfeitamente a mim.
Sorri.
— Ele deve ter sido feita inspirada em nós — dedilhei seu
peito nu e seus braços passaram envolta da minha cintura me
erguendo do chão.
— Talvez essa “era reputation” toda seja, afinal.
— Se isso for verdade, — falei baixo contra seu rosto —
estaria admitindo estar apaixonado por mim.
Meu coração batia acelerado dentro do peito, sentia até meu
dedinho do pé gelado esperando sua confirmação.
— Pensei que isso já estivesse claro, amore mio.
As íris azuis brilhavam, mas dessa vez não parecia ser
somente pela claridade, os olhos dele pareciam brilhar de paixão
para mim.
— Sabe o que isso significa? — sussurrei em seu ouvido.
— O que?
— Que quebramos o acordo.
Ele sorriu.
Sim, ele sorriu, com direito a dentes a mostra.
Foi impossível não esticar meus lábios em um sorriso maior
ainda.
— Eu nunca tive a intenção de segui-lo.
— Nem eu.
E com o sol se pondo no horizonte fizemos nossas juras de
paixão enquanto nos beijávamos loucamente.
CAPÍTULO 24
Então abra os olhos e veja
O modo como nossos horizontes se encontram
E todas as luzes vão te guiar
Pela noite comigo
E eu sei que essas cicatrizes irão sangrar
Mas os nossos corações acreditam
Todas as estrelas vão nos guiar para casa
All Of The Stars, Ed Sheeran
O céu está negro acima de nós e posso ver muitas estrelas
no céu por estarmos no meio do mar e longe das luzes da cidade.
É um lindo espetáculo.
— Elas parecem muito mais brilhantes daqui. — Digo para
Christian, que está deitado na espreguiçadeira ao meu lado.
— E são, o alto uso da energia elétrica ofusca o brilho delas
na cidade, mas como estamos a muitos quilômetros de lá e no meio
do mar, podemos vê-las como elas são.
— Acho que funciona assim para muitas coisas, né? —
questiono virando meu corpo de lado, para olhá-lo.
Me surpreendo ao notar que ele já está assim, e seu olhar
demonstra tanto carinho e paixão que fico desconcertada.
— Você consegue ficar ainda mais linda aqui, iluminada pela
lua e pelas estrelas.
Sorrio sem graça, apertando o manto em meu corpo, ao
sentir o vento gélido tocar minha pele.
— Acho lindo como suas bochechas coram a cada vez que
a elogio. — Ele diz, seus lábios esticados num sorriso tímido.
— Não estou acostumada a receber elogios.
Não sinceros, pelo menos. Completo em pensamento.
— Do que depender de mim, você estará sempre com as
bochechas vermelhas, — ele se senta, desço meus olhos pelos
gominhos em sua barriga e mordo o lábio, aquele homem era tão
lindo — porque nunca vou cansar de dizer o quanto é linda.
Meu coração palpita.
— Somos um casal invejável então, pois você, apesar da
idade — brinco, recebendo um olhar zangado dele — ainda é um
homem muito bonito.
— Casal é? — arqueia uma sobrancelha, se levantando e
vindo até mim — gostei disso, amore mio.
— Deita aqui do meu lado — peço, me afastando para que
ele tome meu lugar.
— Você não consegue desgrudar de mim. — Ele brinca,
enquanto faz o que eu pedi, jogo meu corpo em cima do seu, pela
espreguiçadeira ser pequena para nós dois.
— Foi você quem se levantou, eu só aproveitei, docinho. —
Digo, dando entonação no apelido, aperto meus braços em seu
corpo quente e macio.
Eu amava a sensação que era estar nos braços de
Christian, me sentia tão acolhida ali.
— Odeio esse apelido. — Murmura parecendo chateado, rio
baixinho.
— Ele combina perfeitamente com você. — Ergo a cabeça
para olhá-lo, seu semblante está tão tranquilo que queria poder
fotografá-lo para eternizar esse momento raro, e que geralmente só
acontece quando estamos juntos.
— Você combina perfeitamente comigo.
— Para de me galantear. — Bato em seu peito sem usar
força.
— Eu gosto de lhe galantear, Ellie Carter. — Afirma,
passando o braço envolta das minhas costas.
Estávamos em uma posição relativamente estranha,
Christian deitado de peito para cima, eu com metade do corpo em
cima dele, minha perna direta estava no meio das suas pernas,
minha cabeça um pouco abaixo do seu queixo, meu braço direito
está descansando em seu peito e o braço esquerdo dele aperta
minha cintura.
Permanecemos em silêncio, e do jeito que eu estava podia
ouvir as batidas do coração de Christian, calmas e constantes,
batuco meu dedo em seu peito no mesmo ritmo que seu coração
está batendo.
— Christian? — chamo-o sem olhá-lo.
— Oi, amore mio.
— Você sabia que quando duas pessoas apaixonadas se
olham fixamente nos olhos por três minutos, elas passam a ter a
mesma frequência cardíaca?
— Podemos testar se é verdade, o que acha?
— Seria legal. — Respondo enrolando os cabelos em seu
peito.
Fecho os olhos apreciando o silencio confortável do
momento, algo que é um pouco estranho para mim. Minha mente
viaja para as infinitas possibilidades que tenho em minhas mãos.
— Christian?
— Oi.
— Eu gosto muito de você, sabia?
— Pensei que estivesse apaixonada por mim, Ellie. — Ele
graceja, sua mão acariciando meu ombro.
— Você está doido para me ouvir dizer outra vez né? —
ergo minha cabeça para olhá-lo, apoio minha mão ao lado de seu
corpo.
— É a frase mais linda que já ouvi — confessa olhando me
fixamente.
— Christian Lancellotti, eu estou apaixonada por você —
digo sem desviar os olhos dos seus, vejo quando o sorriso alcança
seus olhos e ele me puxa para si.
— Eu jamais vou me cansar de ouvi-la dizer isso.
Ele diz, beijando meus lábios repetidas vezes.
Me sinto tão bem.
— Jamais vou me cansar de dizer — admito — Meu Deus,
estamos sendo tão bregas — gargalho afastando meu rosto do seu.
O sentimento de felicidade parece irradiar todo o meu ser,
principalmente ao ver seus olhos tão brilhantes para mim e seu
sorriso tão sincero em seu rosto.
— O amor é brega, e é lindo.
— Se você estiver comigo, eu aceito ser brega para sempre.
— Então estamos combinados.
Dito isso, Christian toma meus lábios para si e me beija
apaixonadamente durante o resto da noite.

DIA 27

— Estou triste que o final de semana tá acabando — falo


para Christian quando começo a avistar a costa de Nova Iorque,
sinto ele encaixar seu rosto em meu pescoço.
Estávamos em pé na borda do barco enquanto o capitão
nos levava de volta para a cidade.
— Podemos vir outras vezes, adoro vir para o mar, e agora
ainda mais porque tenho sua companhia. — Ele diz baixo, mas sua
voz soa tão triste quanto a minha.
— Não, Christian, eu estou triste por me separar de você. —
Bufo.
— Não queria me separar de você também.
— No início era excitante termos um relacionamento
escondido, nos encontrarmos com aquele receio de alguém nos
pegar, e sendo sincera eu até gosto, mas também queria poder ter a
liberdade de ficar com você a qualquer momento, sem medo de um
escândalo.
— Sempre soube que você gostava do perigo — brinca —
mas não se preocupe, eu vou resolver isso, amore mio.
— Há algo que eu preciso lhe perguntar — engulo em seco,
virando de frente para ele e dando um passo para trás, me apoio na
barra de ferro.
— Pode perguntar. — Observo o finco em sua testa, as
feições preocupadas.
Respiro fundo, antes de começar a falar.
— Depois do leilão, papai veio me questionar a respeito de
nós dois, do porquê você disputou com Levi etc., tivemos uma
conversa bem chata pela manhã — suspiro, me lembrando de tudo
o que conversamos — e ele me disse algo que me deixou curiosa a
seu respeito.
O sangue parece sumir do rosto de Christian, dou um passo
em direção a ele e toco seu rosto sentindo a pele fria.
— Você está bem?
— Me deu uma fraqueza, vou comer algo quando
chegarmos. — Desvia os olhos dos meus.
— Não quer se sentar? Vamos... — seguro seu braço, e
andamos juntos até uma mesa.
— Estou bem, estou bem, Ellie, pode continuar...
Toco sua testa, sentindo a pele ainda fria, mas assinto e
prossigo, me sentando antes ao seu lado.
— Papai nunca vai aceitar um relacionamento entre nós
dois, ele deixou isso muito claro, disse que moveria céus e terras
para nos afastar se fosse preciso — brinco com a borda da saia
branca — eu prometi a ele que não tínhamos nada e só após isso
paramos de discutir.
— Não quero que tenha problemas com seu pai por minha
causa, precisamos resolver essa situação. — Ele ergue meu rosto,
abro um sorriso pequeno.
— Sim, ele é a única família que eu tenho, Christian.
— Eu sei, amore mio.
— Ele me disse que conhece você desde a faculdade.
— É verdade, eu nunca toquei no assunto porque não
achava necessário, observando agora vejo que foi um erro —
assinto.
— Sim, foi. — Ressalto, balançando a cabeça — Ele
comentou que você é muito velho para mim. — Gargalho, colocando
a mão no rosto para abafar o sorriso enquanto uma carranca se
forma em seu rosto.
Amava ver Christian irritado.
— Isso não é justo — ele cruza os braços fazendo birra.
— Sempre lhe disse que era velho — ergo o dedo para ele,
mordendo minha bochecha para não continuar rindo — sua sorte é
que me atraí por você justamente por isso, docinho.
— Ah, lá vem você com esse apelido ridículo. — Revira os
olhos, mas vejo o resquício de um sorriso em sua boca.
— Você gostou, admita — aproximo meu corpo do seu.
— Não gostei, é ridículo, imagine se alguém ouve você
falando assim comigo? Iam me zoar até a morte.
— Ah é? Vou guardar essa informação.
Ele fecha os olhos e faz uma carranca.
— Você estava falando do seu pai, amore mio, continue
falando dele.
— Certo, enfim, eu argumentei com ele sobre a sua idade —
arqueio uma sobrancelha vendo-o revirar os olhos outra vez — e
OK, o que me preocupou foi que ele disse que achava que você não
conseguiria ter um relacionamento sério outra vez, e que só iria
brincar comigo.
O rosto de Christian endurece, e ele ajeita sua postura, pega
uma de minhas mãos e a beija antes de começar a dizer.
— Não estou brincando com você, Ellie, estou disposto a
assumi-la para todos, — arregalo os olhos, ligeiramente surpresa
com a informação — desde o instante em que pus minhas mãos em
você dentro do meu escritório eu soube que teria que renunciar a
algumas coisas para ficar ao seu lado, e aceitei isso.
Pisco, me relembrando das coisas que ele me disse naquele
dia.
— Preciso conversar novamente com Henry, o reitor, como
você já deve saber, eu e ele somos amigos há muitos anos.
— Victória comentou comigo.
— Ele já está procurando outro professor para assumir o
meu lugar.
— Você vai desistir de dar aula por minha causa? —
pergunto hesitante.
Ele assente.
— Enquanto eu for seu professor não posso assumir um
relacionamento com você, — suspira parecendo desgastado com a
situação — isso nos traria um escândalo imenso, não quero que
sofra por isso.
Abro e fecho a boca algumas vezes antes de dizer:
— Christian, eu pensei que amasse dar aula, você sempre
fala com tanta paixão e...
Ele me interrompe.
— Foi uma realização pessoal, não vou negar, mas você é
muito mais importante para mim, renunciaria a isso mil vezes se
preciso, se for para ficar com você.
Meus olhos ardem.
Ele abriria mão de tudo por mim? Por quê?
— Eu... Não sei o que dizer... — abaixo a cabeça, tentando
assimilar a situação por inteiro.
— Não diga nada — toca meu queixo e o ergue
carinhosamente, um sorriso calmo ilumina seu rosto — só me dê um
tempo para terminar de resolver isso, OK?
Assinto, me enchendo de esperança de que tudo vai ficar
bem.
— E papai? Christian, ele não vai aceitar...
Ele ergue um dedo e balança a cabeça.
— Vou conversar com ele, não se preocupe, vamos ficar
junto, Ellie Carter, nem que eu tenha que fugir daqui com você.
Rio baixo, e ele abraça meu corpo.
Olho para frente enxergando os arranha-céus a poucos
metros de nós, suspiro com pesar, não querendo sair da bolha que
criamos nesse final de semana, mas com um fio de esperança de
que as coisas se resolveriam.
CAPÍTULO 25
Você me ensinou a coragem das estrelas
Antes de partir
Eu daria qualquer coisa para ouvir
Você dizer isso mais uma vez
Que o universo foi feito
Apenas para ser visto pelos meus olhos
Saturn, Sleeping Al Last
DIA 27

Respiro fundo antes de abrir a porta da mansão, pelo


horário sabia que os empregados já haviam ido dormir e que se
papai estivesse em casa, provavelmente estaria no escritório.
Precisava fazer o mínimo de barulho possível.
Olho para as duas malas e gemo em lamento, maldita hora
que resolvi levar as duas, agora não iria conseguir segurá-las, e se
as arrastasse papai escutaria o barulho.
— Inferno.
Fico parada na porta principal por pelo menos uns três
minutos, antes de decidir deixar as malas escondidas perto da
escada, com muita dificuldade, levo uma por uma até o local, o fato
de as luzes estarem apagadas dificultou bastante, pois me bati nos
cantos das mesas o suficiente para acordar com a pele roxa pela
manhã.
Subi as escadas na ponta do pé, levando em meus braços
somente meu celular e as sandálias que calçava mais cedo, olho
para os lados a cada passo com medo de ser pega.
Rio baixo ao notar que eu estou agindo outra vez como uma
criminosa dentro da minha própria casa.
Suspiro aliviada ao chegar na porta do meu quarto, viro a
maçaneta devagar e entro ainda na pontinha do pé.
— Ufa.
Jogo meu celular em cima da cama e deixo a sandália na
porta, ligo a luz e grito assustada.
— Papai!
Ele estava sentado na poltrona desleixadamente, vestia um
pijama de cetim azul, e tinha uma xícara em uma das mãos e o
celular na outra.
Dou um passo para trás, franzindo o cenho.
— Por que está no meu quarto? — questiono cautelosa,
andando até o closet.
Precisava agir o mais normal possível para ele não
desconfiar de nada.
— Estava lhe esperando, fiquei preocupado com você. —
Ouço-o dizer em voz baixa.
Pego o roupão da gaveta e volto para o quarto.
— Onde você estava?
— Passei o final de semana fora.
Papai solta uma risada fraca, e assim sei que estou em
maus lençóis, no geral papai é calmo comigo, não temos muitas
discussões, seja porque eu cedo ou porque ele cede, não testamos
muito os limites um do outro.
— Eu sei que passou, — se levanta, deixando o celular na
mesinha — quero saber onde você estava e por que não me avisou,
— gesticula com as mãos — ou melhor, porque saiu sem pedir
minha autorização, Ellie.
— Nunca precisei disso antes, papai. — Dou ombros.
— Você também nunca havia entrado em casa de fininho no
meio da noite. — Retruca ácido.
Minha vontade é de revirar os olhos, mas sei que isso vai ao
deixar mais irritado, então mantenho a expressão neutra ao explicar.
— Papai, — falo as palavras pausadamente, sem erguer a
voz — eu tentei lhe ligar, mas o senhor não me atendeu, deixei uma
mensagem na sua secretária eletrônica e pedi que Claire o avisasse
de minha saída.
— Não vi sua mensagem, Claire me disse somente que
você estava toda apaixonada quando saiu daqui.
— Claire é uma fofoqueira. — Bufo, cruzando os braços.
— Ellie, eu não vou proibi-la de ter um namorado, mas não
acho certo você ficar se esgueirando por aí sem eu nem ao menos
conhecer o rapaz — rapaz é, quase rio.
— Papai...
— Essa é uma casa decente, Ellie, não vou aceitar esse tipo
de comportamento de você.
Engulo em seco, abaixando a cabeça.
Papai iria me matar quando descobrisse a verdade.
— Papai, não estou fazendo nada de errado. — Falo,
sentindo a mentira amargar em minha boca.
— Eu espero que não esteja mesmo, pois as regras de casa
continuam as mesmas, e eu não quero ser um “pai malvado” e tirar
suas regalias.
— Desculpe, papai, acho que foi uma falha na nossa
comunicação, o senhor tem estado tão distante nos últimos meses
— me sento na cama triste — tenho sentido a sua falta.
Sua feição se torna suave.
— Oh, querida, eu sinto muito — ele se senta ao meu lado,
encosto minha cabeça em seu ombro — não tenho sido o melhor
pai para você.
— Papai, o senhor é um bom pai, pare com isso.
— Filha, eu sei reconhecer meus erros — suspira — e eu
tenho errado com você nos últimos meses, você está crescida.
— Ainda sou a sua garotinha. — Olho para ele sorrindo.
— Você sempre vai ser a minha garotinha, mas para o
restante do mundo você já é uma mulher, e... — Sua voz é cheia de
preocupação.
— Eu vou ficar bem, papai. — Aperto sua mão com carinho.
— Eu não sei orientá-la nessa fase — ele balança a cabeça
— sua mãe teria sido perfeita.
— Ela teria sido — concordo — mas o senhor está fazendo
o seu melhor, e eu também — talvez nem tanto — vamos ficar bem
papai.
Ficamos em silêncio por vários minutos, papai me abraçou
com um dos seus braços e eu respiro aliviada por não estarmos
mais discutindo.
— Papai?
— Sim, querida.
— Eu amo muito o senhor. — Ele me abraça com mais força
e sinto-o beijar meus cabelos. — Desculpe por não ter pedido
autorização.
— Eu também amo muito você, — responde com a voz
suave — se eu estou vivo, é porque tenho você, querida. — Ele
afirma, e eu me aninho mais em seus braços.
Fecho os olhos, sentindo meu coração apertado por estar
mentindo para ele sobre Christian.
Papai não merecia isso.

DIA 28

— Eu me apaixonei pelo professor, Vic — mordo minha


unha após dizer isso para ela.
Espero que ela arregale os olhos, peça para eu repetir, ou
sei lá, tenha alguma reação comum, mas não, ela somente fica me
encarando com um sorriso tímido.
— Fala alguma coisa — choramingo, puxando os lençóis
para cima da minha cabeça e a ouço rir.
— Ellie, eu acho que a única que não sabia era você.
— Como assim? — saio debaixo das cobertas.
— Você já se viu olhando para aquele homem? —nego com
a cabeça — Seus olhos brilham, Ellie, seu rosto fica todo bobinho,
igual aquelas garotas de filme mesmo. — Ela diz, apoiando o queixo
na palma da mão.
— E você não me contou! — lhe acuso — que tipo de amiga
você é?
— Ora, a que lhe deixa ter suas próprias experiencias —
ergue um dedo — mas eu lhe avisei lá na sala, várias vezes. —
Olha para mim com deboche.
Enfio a cara no travesseiro emburrada.
— O que eu tô fazendo da minha vida?
— Você tem que contar para ele.
Sento na cama.
— Vic, o problema não é exatamente esse — suspiro e
então lhe conto tudo que aconteceu nos últimos dias, principalmente
nossa conversa durante o final de semana.
— Nossa, eu... estou sem palavras — joga seu corpo ao
lado do meu na cama.
Suspiro, encarando o teto branco cheio de estrelas
brilhantes.
— Tenho dois dias para entregar uma prova para Alexia.
— Ellie, não acha melhor deixar essa história para lá? Pode
arrumar problemas sérios se ele descobrir.
— Eu sei, — ponho as mãos no rosto — mas não quero dar
a ela o gostinho da vitória, Alexia iria me infernizar pelo resto da
vida.
— Sabe que eu estou com você para o que der e vier. — A
ruiva afirma virando o rosto para mim.
— Também estou com você — aperto sua mão.
— Acho que ele merece saber a verdade, — posso ver as
engrenagens de sua cabeça se movendo — se você estivesse no
lugar dele se sentiria muito ofendida.
Solto uma lufada de ar.
— Ofendida é pouco, eu ficaria... furiosa — rio sem humor
— vou contar a verdade para ele, só preciso de um tempo.
— E seu pai? Não quero nem estar presente quando ele
descobrir, o professor lhe falou o que vai fazer para resolver a
situação.
Nego.
— Ele só me disse que iria resolver tudo, não faço ideia do
que ele vai dizer a papai, ou como...
— Aí, amiga, que situação você foi se meter. — Ela me
interrompe, voltando a se sentar na cama, observo-a cruzar as
pernas e escondê-las debaixo do vestido longo.
Franzo o cenho, Victoria odiava usar vestidos longos.
— Você está usando vestido longo — minha fala não parece
pegá-la de surpresa, ainda assim consigo notar a oscilação em suas
feições.
— Achei esse em meu closet e gostei — deu ombros
tentando parecer descontraída.
Analisei a peça, as mangas eram longas, cobrindo até seu
antebraço, a gola alta e o comprimento vinha até seus tornozelos.
— Vic, — minha voz é calma, ela olha para mim — você
está bem? De verdade?
— Estou bem sim — engole em seco, desviando os olhos
dos meus — por quê?
— Da última vez que apareceu assim as coisas tinham
desandado com seu pai, então preciso saber — falo pausadamente,
segurando suas duas mãos — você está bem? Precisa de ajuda?
Juntas para o que der e vier, lembra?
Ela suspira olhando para baixo, posso ver as lágrimas
escorrerem em seu rosto e meu coração se aperta.
— Ele... — seu lábio inferior treme, trinco os dentes, a raiva
consumindo minhas veias.
— O que o desgraçado do seu pai fez? — questiono entre
dentes após ela ficar em silêncio.
— Ele me bateu... — vira o rosto, seu olhar vaga pela janela
— me espancou, na verdade.
— Como isso aconteceu?
— Ele faliu — admite com pesar — nossos imóveis estão
todos hipotecados, tudo que temos são as ações da empresa, Ellie
— aperto sua mão com força.
— Podemos resolver, Vic, vou falar com papai e...
Ela nega com um sorriso triste.
— Ele não quer, Ellie, papai jamais vai admitir que estamos
falidos, muito menos pedir ajuda, é orgulhoso demais para isso.
— Então o que ele vai fazer?
Ela suspira.
— Ele quer que eu me case, já arranjou tudo.
— Um casamento por conveniência? — sussurro.
— Sim, — seus olhos estão vermelhos pelo choro — ele
veio me dizer e eu não aceitei — as lágrimas rolam em suas
bochechas — então levei uma surra.
— Isso está errado, Victória — me levanto da cama,
começando a andar de um lado para o outro pensando em como
resolver essa situação — saía da casa do seu pai, podemos
contratar um advogado e...
— Não posso fazer isso — ela murmura baixo.
— Por que não? — paro em frente a ela, colocando a mão
na cintura.
— Vou arruinar o nome da minha família, — suspira,
balançando a cabeça em negação — não posso fazer isso, não vou
conseguir.
Reviro os olhos.
— Você deveria pensar em si própria uma vez na sua vida
— aponto o dedo para ela, que se encolhe com o meu tom.
— Eu sei, você provavelmente está certa, mas é a minha
realidade e o meu fardo. — Afirma arrebitando o nariz todo
vermelho, e nisso sei que perdi a discussão.
— Você já sabe com quem ele quer casá-la? — pergunto
me sentando ao seu lado novamente.
— Não faço a mínima ideia, espero que não seja com
nenhum velho asqueroso — revira os olhos e joga o corpo na cama
— só de imaginar uma situação dessas sinto vontade de morrer.
— Sabe que meu dinheiro sempre vai estar a sua disposição
né?
— Eu sei, mas há fardos que precisamos suportar sozinhos.
Eu não concordava totalmente com isso, mas entendia o
lado dela pois sentia o mesmo sentimento em algumas situações.
CAPÍTULO 26
Perfeito, perfeito
Você é bom demais para ser verdade (você é bom
demais para ser verdade)
Mas eu cansei de correr, que se foda
Agora, estou correndo com você (com você)
Positions, Ariana Grande
DIA 29

Estou lendo um livro obrigatório na biblioteca quando sinto


duas mãos taparem meus olhos, sorrio, pois já sei quem é sem nem
mesmo precisar olhá-lo, meu corpo inteiro o reconhece somente
pelo toque.
É uma sensação incrível.
— O que está fazendo aqui? — digo me virando e tocando
em suas mãos, ouço-o rir baixinho.
— Vim ver você, amore mio.
Christian retira suas mãos de mim e aparece em meu
campo de visão, pisco duas vezes e analiso-o de baixo acima.
Calça preta nem tão larga, nem tão justa, camisa branca
com as mangas dobradas até o cotovelo, dois botões do colarinho
abertos, cabelos alinhados, mas não tanto assim.
Lindo.
Lindo demais até.
— Você chegou atrasado? — questiono com uma
sobrancelha arqueada.
— Não, por quê? — dá um passo para o lado, e coloca uma
das mãos no bolso.
Gostoso.
Muito gostoso.
— Tirando o final de semana, jamais havia lhe visto usando
roupas tão... casuais, — digo devagar, com a expressão centrada —
principalmente na faculdade.
— Está feio? — ele olha para seu próprio look e um finco
aparece em sua testa, quase sorrio.
Uma gracinha.
— Está bonito. — Afirmo sorrindo falsamente.
— Qual o problema então? — sua cabeça pende para o
lado.
— Está bonito demais. — Ergo um dedo ao falar, seu rosto
se torna zombeteiro e eu reviro os olhos já sabendo o que virá a
seguir.
— Você está com ciúmes, srta. Carter? — espalma suas
mãos na mesa de madeira, seu rosto a centímetros de distância do
meu.
— E se eu estiver, hm? — mantenho meus olhos fixos nos
seus, sua pupila está dilatada, as íris azuis desaparecendo.
— Nesse caso, — sussurra, a voz um pouco mais rouca,
lambo meus lábios e vejo-o desviar seu olhar para eles — vou beijá-
la até que se lembre que é a única mulher que me interessa na
porra do mundo inteiro.
Um frio se instala em minha barriga, toco seu braço direito
suavemente.
— Do mundo inteiro? — questiono, um sorriso bobo
brilhando em meu rosto.
— Da galáxia, se possível for.
— Acho bom, Dr. Lancellotti — falo contra seus lábios, o ar
quente de sua respiração batendo em minha boca — caso contrário,
serei obrigada a chutar suas bolas.
— Não sabia que você era tão agressiva. — brinca, sua mão
deslizando por meu cabelo.
— Não sou, só gosto de ter controle do que é meu.
— Seu é?
— Sim, só meu.
Ele se afasta, solto o ar que estava segurando, Christian
passa a mão no cabelo sorrindo.
— Seria estranho eu dizer que fiquei excitado com sua
ameaça?
Jogo a cabeça para trás e rio.
— Acho que não é muito comum, professor.
E eu amo isso.
— Não temos um relacionamento muito comum, então tudo
bem. — Vejo o resquício de um sorriso em seus lábios.
Eu amo ver que sou o motivo do seu sorriso.
Olho para os lados, confirmando que estamos a sós no
andar superior da biblioteca, antes de me levantar da cadeira.
Bato em minha roupa, tentando desamassá-la, os olhos de
Christian estão vidrados em cada movimento que dou e observo-o
se escorar na prateleira de livros contra a parede, caminho até ele
com passos curtos.
— Já disse que você é linda hoje, srta. Carter? — diz no
instante em que paro perto dele, sua mão esquerda segura minha
cintura e eu espalmo seu peitoral.
— Está dizendo agora, professor. — Mordo o lábio em um
sorriso.
Minhas bochechas doíam sempre que eu estava ao lado de
Christian, e o motivo era que eu simplesmente não conseguia olhar
para ele, ou então ouvi-lo, sem sorrir.
Eu era uma boba apaixonada mesmo.
— E disse que amo vê-la desfilar com suas minissaias,
sabendo que seu único objetivo é me enlouquecer?
Assinto, movendo minha mão até seu ombro.
— Acabou de confessar.
— E de que eu estou perdidamente apaixonado por você?
Arfo, meu coração acelerando, o brilho em seus olhos é
intenso e tudo o que eu consigo é pensar que quero ficar ao lado
dele para sempre.
— Você só repetiu isso umas 10 vezes por mensagem pela
manhã. —Brinco.
— E não vou cansar de repetir pelo resto de nossas vidas,
amore mio.
— Sabe, papai viajou essa manhã e irá voltar em dois dias
— beijo o canto de sua boca.
— Dois dias?
— Pensei em fazermos alguma coisa juntos.
— Eu adoraria que conhecesse a minha casa.
— Isso não é um pretexto para me levar para a sua cama,
ou é Dr. Lancellotti?
— Srta. Carter, — sua voz está mais rouca, e eu esfrego as
pernas para conter o desejo — todo lugar é lugar — sopra em meus
lábios, a respiração parece faltar em meus pulmões — para que
uma cama quando posso tê-la em meus braços em lugares muito
mais inapropriados, hm?
— E se fosse ocaso, — fico na ponta dos pés para alcançar
seus lábios — eu adoraria conhecer seus lençóis.
Sua mão aperta minha cintura com mais força, ofego,
sentindo o calor do seu corpo se misturar ao meu.
— Vou lhe esperar na cafeteria atrás da universidade após a
aula. — Ele sopra em meu ouvido baixinho, quase gemo.
— Combinado, professor — arrasto minhas unhas em seu
pescoço e colo meus lábios nos seus suavemente.
Sem delicadeza, ele chupa minha boca e eu choramingo,
apertando sua camisa com uma de minhas mãos e arranhando seu
pescoço com a outra, ficamos nessa provocação por alguns
minutos, até que escutamos passos altos em nossa direção.
Nos afastamos um do outro imediatamente, arrumo minhas
roupas que provavelmente estavam marcadas com suas mãos, e
limpo minha boca para disfarçar o beijo, embora soubesse que ela
deveria estar inchada e vermelha.
Me sento na cadeira que estava antes e folheio o livro,
parando em uma página qualquer.
Segundos depois avisto o reitor andando em nossa direção,
engulo em seco, temendo que ele descubra o que estávamos
fazendo instantes antes, ele para há alguns metros de nós.
— Dr. Lancellotti — cumprimenta o amigo, que faz um gesto
receptivo com a cabeça, o olhar do reitor oscila entre nós dois e a
sensação que tenho é de que ele sabe exatamente o que fazíamos
aqui, mas permaneço com a expressão neutra — Srta. Carter,
espero não estar atrapalhando nada — ergue a sobrancelha grossa.
— Não está, Sr. Davis — minha voz saí firme — o professor
Lancellotti estava somente tirando uma dúvida que tive.
Henry abaixa a cabeça e solta um riso baixo, quase
inaudível, se eu não estivesse tão focada nele, uma de suas mãos
está no bolso.
— Srta. Carter, se me der licença preciso conversar com o
Dr. Lancellotti — assinto, ele complementa quando vê que não me
movo — em particular.
— Claro, minha aula já vai começar — pego minha bolsa e
coloco-a no ombro — até mais.
Com a respiração falha e irregular deixo a biblioteca da
universidade, e a impressão que tenho é que Christian e eu
estaríamos em maus lençóis em breve.

...

— Sua casa não é nada do que eu esperava — digo a


Christian no instante em que ponho meus pés no piso de carvalho.
— O que esperava?
— Algo mais... formal — paro, buscando a palavra
adequada — você não passa muito o estilo amante da natureza e
pai de família..., então esperava qualquer coisa menos isso. — Dou
ênfase na última palavra.
Christian aparentava ser um homem robusto, tecnólogo,
mas ainda assim tradicional, um apartamento em tons neutros com
moveis minimalistas pareciam fazer o estilo dele, mas não, o que eu
via aqui ia de encontro a todas as minhas especulações.
A casa, ou casarão, como eu havia apelidado nos últimos
segundos, parecia de fato um... lar.
Um lar de verdade, não a casa de um homem solteiro e sem
visão para o futuro, o casarão de Christian parecia o lar de uma
família feliz.
O imóvel tinha a estrutura no estilo vitoriano, com
combinações de varandas, janelas grandes, moveis escuros e
pesados.
O quintal era enorme, cheio de arvores altas e com frutos,
nos fundos avistei até mesmo uma casinha de cachorro.
— Sou um homem maduro, porém moderno, e que gosta de
se sentir conectado com a natureza.
— Você mora sozinho aqui? — questiono me esgueirando
entre os cômodos com o professor me seguindo, estava
impressionada.
— Não mais, Abbie está morando aqui desde que chegou
da Itália.
— Ela... — ele percebe minha hesitação.
— Não se preocupe, Abbie não é um problema, e ela sabe
sobre nós dois — se encosta no batente da porta.
— Fico feliz em saber disso, detestaria ter que me esconder
dela — solto uma risadinha, e então viro para analisar o ambiente.
— E então, o que achou do meu quarto? — pergunta alguns
segundos depois.
É incrível.
— Sua cama parece bastante confortável. — Deixo minha
bolsa deslizar de meu ombro e cair no chão, tiro os louboutins dos
pés e me jogo de costas na cama com os braços abertos.
Realmente, muito confortável.
— Estou vendo que gostou — ele diz antes de se deitar em
cima de mim.
— Christian, você é pesado — tento afastá-lo com minhas
duas mãos, mas é inútil pois ele é muito mais forte do que eu.
Rendida, tento continuar respirando enquanto ele se remexe
em cima de mim.
— Tá me chamando de gordo, hm? — prende minhas mãos
ao lado do corpo, nego sorrindo.
— Não disse isso — bato em seu braço com toda minha
força, mas ele nem mesmo se move — Estou ficando sem ar, saia
logo. — Apelo.
— Você vai passar a noite comigo? — sinto seu nariz na
curvatura do meu pescoço, me contorço embaixo dele.
— Depende. — Respondo com a voz melodiosa.
— O que quer para ficar?
— Nada de sexo.
Ele ergue o tronco, seus olhos fixos nos meus quando me
questiona.
— Vou poder lhe beijar e lhe abraçar?
— Sim.
Seus lábios se esticam em um sorriso.
— Então, amore mio, essa noite você é toda minha outra
vez.
Christian saí de cima de mim e se deita ao meu lado, sua
mão continua me segurando contra ele, me remexo até que ficamos
em conchinha.
Eu amava essa posição.
— Estava com saudades de dormir ao seu lado — confesso,
encarando nossos corpos na parede espelhada, nossos olhares se
encontram e eu abro um sorriso.
— É como estar no paraíso. — Sussurra em meu ouvido
antes de virar meu corpo de frente para o dele e começar a me
beijar.
CAPÍTULO 27
Eu tenho uma lista de nomes, o seu está vermelho e
sublinhado
Look What You Made Me Do, Taylor Swift
DIA 30

O corredor está vazio quando passo por ele, olho para os


dois lados verificando se alguém me observa, mas tudo o que
encontro é a mais completa solidão.
Aperto a bolsa, mantendo meus passos firmes em cima do
louboutin, meu coração bate descompassadamente e a vontade de
desistir dessa baboseira toda nunca havia sido tão grande antes.
Fiquei a madrugada toda rolando na cama tentando chegar
a um impasse, acordei até mesmo Christian em um dos meus
desvaneios. Me senti culpada por estar fazendo tudo isso pelas
costas dele quando ele parecia estar tão entregue a mim.
Não queria quebrar sua confiança nem perder o que
tínhamos por algo tão bobo, porém quando o sol raiou foi o meu
orgulho que venceu, talvez não fosse a melhor decisão, mas eu não
era conhecida pelas boas ações.
Entro no banheiro feminino e tranco a porta atrás de mim,
não chego a dar nem mesmo um passo quando ouço Alexia Miller
falar.
— Pensei que não viesse mais, xuxu. — O desdenho em
sua voz não me passa despercebido.
Sorrio falsamente enquanto me aproximo dela olhando-a de
cima a baixo com menosprezo.
— Em seus sonhos, talvez — retruco, me encostando na pia
de mármore.
Alexia cruza os braços na minha frente.
— Você trouxe meu vestido, Carter? — ergue a sobrancelha
grossa —Não precisa se preocupar, eu mando minha costureira
diminuir ele — um sorriso cínico se forma em seu rosto.
Balanço a cabeça em negação, meu sangue fervendo por
ver a forma mesquinha que ela insiste em me tratar, retiro o celular
da bolsa e encaminho os prints de uma conversa que tive com o
professor para o número dela.
Observo seu rosto endurecer conforme vê o arquivo que lhe
enviei.
Dou um passo confiante em sua direção, ergo a cabeça com
o ar de superioridade querendo que ela se sinta pequena perto de
mim, pois foi assim que ela fez eu me sentir até o fim da minha
adolescência.
— Espero que isso tenha sido o suficiente para que você
entenda de uma vez por todas de que não há nada que eu não
consiga, Alexia.
— O jogo ainda não acabou para nós duas — ameaça me
encarando, a fúria em seus olhos é visível.
— Para mim está mais claro do que a água — abro um
sorriso vitorioso — eu venci, e você perdeu, como sempre foi e
sempre será.
Ela meneia em negação.
— Conte seus minutos de vitória, pois eles estão chegando
ao fim.
Vira as costas e então vai embora me deixando pensativa
sobre qual seria o próximo plano da loira para me arruinar.

DIA 31

— O mundo gira, outro dia, outro drama, drama. Mas não


para mim, não para mim, tudo o que eu penso é no carma. E então
o mundo gira, mas uma coisa é certa. Talvez eu tenha ganhado o
que merecia, mas o que é de vocês está guardado.[7] — cantarolo
uma de minhas músicas preferidas da loirinha enquanto dirijo até a
mansão.
Bato o dedo no volante irritada quando meu telefone
começa a tocar, atendo com os olhos fixos na estrada.
— Ellie Carter falando — cantarolo brincalhona ao ler o
nome de Levi na tela.
— Ellie, onde você está? — a voz dele soa preocupada e
meu corpo fica tenso imediatamente.
Alguma coisa muito séria deveria estar acontecendo para
que ele me ligasse no meio do dia, ainda mais tão aflito.
— A duas ruas do condomínio — respondo colocando o pé
no freio, giro o volante para a direita e paro no acostamento
puxando o freio de mão — por quê?
— Você precisa sair daí, saía daí agora. — Ordena.
— O que aconteceu? — ele fica em silêncio, e eu entro em
pânico pensando no pior — Meu pai está bem? Levi, me responda.
— Seu pai está bem — ouço-o soltar o ar com força — não
olhe agora, mas seu nome está em todas as páginas de fofoca do
país — meu coração parece parar por alguns instantes.
— O quê? Como assim?
Contenho a vontade de pegar o telefone, pois sei que no
instante em que ler o quer que seja o que eles estão falando de
mim, de duas uma: Vou ficar furiosa ou vou desmoronar.
E não posso fazer nenhum dos dois enquanto estiver
dirigindo.
— Sua casa está cheia de repórteres e paparazzis, precisa
sair daí antes que a vejam ou será um escândalo pior ainda.
— O que estão falando de mim? — minha voz não passa de
um sussurro.
— Descobriram seu caso com o professor Lancellotti, Ellie,
eu sinto muito. — Ele fala devagar, sua voz tem certo pesar e eu sei
que estou fodida.
— Eu... — minha mente está lenta, fecho os olhos tentando
processar as informações.
Aperto o volante com força, infinitas possibilidades surgindo
em minha mente.
Pouquíssimas pessoas sabiam do nosso envolvimento, não
tinha como essa merda voar no ventilador do dia para a noite a
menos que alguém falasse.
Victória não falaria nada nem se tivesse uma faca no
pescoço, Thomas estava ocupado demais com os jogos e não tinha
motivos para me prejudicar, Levi havia me prometido que não falaria
e apesar de tudo eu confiava nele, até porque se ela não tivesse me
ligado agora eu daria de cara com os paparazzis e nem saberia o
motivo deles estarem ali.
Quem próximo de mim sabia sobre meu envolvimento com
Christian e teria coragem de fazer isso?
Pisquei.
Uma, duas, três vezes, as engrenagens se encaixando em
minha cabeça.
“Seja qual for o resultado, você irá perder.”
“O jogo ainda não acabou para nós duas.”
“Conte seus minutos de vitória pois eles já estão chegando
ao fim.”
— Maldita Alexia! — grito furiosa — Aquela vadia siliconada
dos infernos.
— Ellie!? O que tem Alexia?
— Foi ela, Levi — bato no volante com raiva — ela que
resolveu foder a minha vida, mas aquela vadia vai me pagar —
balanço a cabeça — vou machucá-la onde mais dói, da mesma
forma que está fazendo comigo. — Prometo a mim.
— Ellie, depois você se resolve com ela, acredite, você tem
problemas bem maiores agora.
Bato a cabeça na poltrona grunhindo de ódio.
— Papai já sabe?
— Ele estava dando uma entrevista na televisão quando
descobriu — ponho a mão na cabeça — Arthur vai chegar em NY
em algumas horas, mas ele vai direto para a empresa, as ações
estão despencando e os acionistas estão em cima dele.
Porra, eu estava tão lascada.
Aquela miserável.
— O que eu faço, Levi? — bufo, minhas emoções
fervilhando — Papai deve estar querendo me matar, e eu só quero
matar a vadia da Alexia Miller.
— Dirija até um lugar seguro e não se meta em mais
problemas — sua voz soa firme, engulo em seco — eu vou tentar
conversar com ele, mas não prometo nada.
— Levi?
— Oi, querida — percebo que o tom de sua voz está mais
carinhoso.
— Eu olhei nos olhos dele e disse que não estava envolvida
com Christian — soltei o ar com força —Eu... — sinto o bolo em
minha garganta — eu não vou suportar ver a decepção estampada
nos olhos dele.
— Você fez merda. — Me acusa.
— Eu sei.
— E ele tem toda razão de estar furioso. — Pontua. — Eu
estaria furioso no lugar dele.
— Eu sei.
— Mas ele é seu pai, querida, e nós dois sabemos que você
é a coisa mais preciosa que ele tem — enxugo as lágrimas que
rolam em minha bochecha — você errou, principalmente por ter
mentido e quebrado a confiança dele — me encolho com suas
palavras — e ele não vai deixar isso passar impune, mas tenha a
certeza de que ele irá perdoá-la pois ama você acima de qualquer
coisa.
Assinto, mesmo que ele não possa ver.
— Quando foi que você se tornou tão sábio, Levi?
— Sempre tive essa mentalidade — afirma — você que
nunca me deu a chance de mostrar minhas qualidades. — Mesmo
com o tom brincalhão evidente em sua fala, sei que cada palavra é
verdadeira.
— Me perdoe por tê-lo machucado. — Peço em um
sussurro.
— Está tudo bem. — O tom de voz dele soa mais fraco, e eu
me sinto tão culpada.
— Não está não — afirmo, falando pausadamente — eu
sinto muito, de verdade.
— Tenho certeza de que aprendeu a lição.
— É, — molho os lábios — eu aprendi sim.
— Só quero vê-la feliz, Ellie — ele murmura, parecendo
estar cansado — mesmo que não seja eu a lhe causar essa
felicidade.
Arfo, tendo a confirmação do que sempre soube.
Levi era apaixonado por mim.
— Eu não sei o que lhe dizer.
— Não precisa dizer nada — ficamos em silêncio por alguns
segundos — seus olhos nunca brilharam para mim como brilham
para ele, eu vou ficar bem.
— Você vai encontrar uma garota que lhe ame da forma que
merece — mas não vai ser eu. Completo em pensamento.
— Eu sei, agora por favor, vá para um lugar seguro, e se
precisar me ligue.
— Obrigada, Levi.
Ouço-o desligar a chamada no mesmo tempo que puxo o
freio de mão e coloco o pé na embreagem e no acelerador, e então
dirijo para o único lugar que eu sei que vou estar em segurança: A
casa de Christian.
CAPÍTULO 28
Você desenhou estrelas ao redor das minhas
cicatrizes
Mas agora estou sangrando
Cardigan, Taylor Swift
Freio o carro bruscamente, parando em frente à entrada da
casa de Christian, saio com pressa, batendo a porta com força.
— Christian! Christian! — grito entrando na sala de estar.
— Ele está em uma reunião na universidade, mio caro.
Ouço Abbie dizer calmamente enquanto desce as escadas
do casarão, o robe preto desliza em seus ombros e por um instante
tudo o que eu consigo fazer é apreciar a beleza dela.
— Faz muito tempo que ele saiu? Eu tentei ligar, mas...
— Henry ligou para ele quando saiu o primeiro tabloide —
me interrompe — ele está reunido com a diretoria da universidade
então deve ser por isso que não lhe atendeu — explica se sentando
e aponta a outra poltrona para mim.
Suspiro, jogando meu corpo no móvel macio.
— Entendi — passo a mão em meu cabelo e fecho os olhos
com pesar — ele... — hesito em perguntar a ela — ele estava
chateado?
Suas sobrancelhas se juntam, e vejo sua expressão
ligeiramente confusa.
— Mio caro, Christian saiu daqui furioso — gesticula com as
mãos delicadas — mas não com você, e sim com o que estavam
dizendo a seu respeito.
Respiro aliviada, enquanto dirigia até aqui tudo o que se
passava em minha mente era de que ele poderia estar com raiva de
mim, que quisesse me culpar pelo ocorrido e tantas outras
suposições.
— O que estão dizendo de mim? — vejo seu rosto se
contorcer em um misto de raiva e pena.
— Tudo que você puder imaginar de ruim — engulo em seco
— vou lhe dar um conselho, mesmo que não tenha pedido —
completa em uma risadinha fofa — o que os olhos não veem o
coração não sente, então não veja as páginas de fofoca, se possível
desinstale suas redes sociais, não pesquise seu nome no google,
tire um tempo para você.
Concordo balançando a cabeça.
— Eu vou fazer isso — pego meu celular e desinstalo as
redes sociais no mesmo minuto
Eu estava muito curiosa para saber tudo o que estavam
falando a meu respeito, queria ler os comentários das páginas de
fofocas, sendo eles negativos ou positivos, mas tinha plena
consciência de que nesse momento de crise eu só iria me
machucar.
As redes sociais davam o poder das pessoas lhe falarem o
que quisessem sem punição, qualquer um poderia se esconder
atrás de um perfil falso e destilar mensagens sem o mínimo de
senso, sem se importar com os sentimentos de quem as fosse ler.
O cancelamento fodia a cabeça das pessoas, e a essa
altura do campeonato eu não queria me tornar vítima de algo que
sempre me desviei.
— Mio caro, meu irmão sabia o que estava fazendo quando
se envolveu com você, — Abbie quebra o silêncio entre nós duas,
ergo o rosto para olhá-la, as pernas finas estão cruzadas e o robe
preto cai graciosamente ao lado de seu corpo — embora eu tenha
temido o relacionamento de vocês no início, por questões que não
vem ao caso — faz sinal de desdém com a mão, mas a informação
me deixa inquieta pois me lembro da conversa que tive com papai
outro dia — eu vi que vocês fazem bem um ao outro, as questões
éticas podem ser um mero detalhe para contar aos amigos
futuramente né? — dá uma outra risadinha — não se preocupe,
Christian vai resolver tudo e logo estará aqui com você.
— Por que você era contra o nosso relacionamento?
— Por quê?... — Ela balança a cabeça desconcertada,
provavelmente não esperava que eu a questionasse — porque eu
sabia que teriam muitos problemas para serem aceitos pela
sociedade, como estão tendo agora! — pontua dando ombros. —
Não é fácil um casal passar por tantos problemas e ainda assim
permanecerem juntos, é preciso muito amor e muita determinação
para suportar isso. Veja, você e ele estão sendo massacrados pela
mídia — ela fala devagar — seu pai deve estar furioso com você e
Christian está tendo que enfrentar o conselho estudantil nesse exato
momento, — ela se levanta, sua expressão preocupada — a
carreira dele está manchada, Ellie, assim como a sua.
Pisco, o peso caindo em meus ombros.
— Só por isso mesmo? — analiso seu rosto com cuidado.
— Bem, não há como ficar pior — sua boca se curva para
baixo.
Mas isso era mentira, as coisas sempre podiam piorar,
sempre.
— Eu posso subir? Preciso tomar um banho, esfriar minha
cabeça — me levanto, ficando de frente com ela.
Precisava pensar ou iria surtar.
— Claro, fique à vontade — sorri docemente para mim —
não pense que não gosto de você, mio caro, eu gosto muito — toca
meu ombro gentilmente — só tenho medo do quanto pode se
machucar em meio a tantos problemas, você é uma pessoa boa. —
Abaixa a cabeça.
— Também gosto de você, Abbie, e não se preocupe, eu
vou ficar bem.
Me sentia culpada por estar enganado a todos eles, quando
a raiz de todo esse problema veio por causa da maldita aposta.

...

Abraço meus joelhos com força, minha respiração está


entrecortada, a água que caí do chuveiro em minha cabeça se
misturam com as minhas lágrimas.
Bato minha testa repetidas vezes na parede atrás de mim
tentando encontrar uma solução para toda a merda que eu havia
feito.
Não sabia o que pensar.
Não sabia o que fazer.
Tudo o que eu queria era sentir os braços de Christian
rodearem meu corpo e me dizer que tudo vai ficar bem, mesmo que
eu saiba que não vá ficar, não tão cedo pelo menos.
Me sentia burra por ter entregado as provas de bandeja para
Alexia me foder de vez, eu sabia que ela me odiava, sempre soube,
não foi a primeira vez que ela tentou me prejudicar, mas antes não
passavam de brincadeirinhas bobas, jamais imaginei que ela
pudesse ir tão longe e ser tão baixa assim.
E me sentia culpada por papai saber que eu menti para ele
durante todo esse tempo, não estava arrependida somente porque
ele havia descoberto, a culpa vinha corroendo meu peito desde o
instante em que conversamos na sala de jantar, mas ter que olhar
em seus olhos e admitir que menti e que quebrei sua confiança para
ver a decepção estampada em seu rosto é algo que... vai me marcar
para sempre.
Meu maior medo sempre foi decepcioná-lo, e por ironia ou
não, foi exatamente o que fiz.
Respiro fundo, forçando meus joelhos a se erguerem,
desligo o chuveiro e saio, sem ligar para água que respinga no chão
conforme ando até o quarto de meu professor, talvez ex-professor
agora.
Solto um suspiro longo.
Abbie estava certa, era preciso mesmo muito amor e muita
determinação para que duas pessoas ficassem juntas após um
escândalo como esse, nossas vidas ficariam marcadas para sempre
onde quer que a fofoca tivesse chegado.
Eu estava com medo do que Christian diria a mim quando
me visse, eu havia arruinado a carreira dele como professor, e
mesmo que ele tivesse deixado claro que estava disposto a me
assumir, tenho certeza de que não se preparou para esse
escândalo.
Será que ele ainda iria me querer após tudo isso? Será que
ele estava arrependido de ter se envolvido comigo? Será que ele me
culpava? Será que ele negaria que estávamos juntos e me deixaria?
Será que ele iria me amar o bastante para suportar tudo isso?
As dúvidas estavam me consumindo.
Arrasto meus pés até o closet de Christian, a luz se acende
no instante em que piso na entrada e posso observá-lo melhor , o
cômodo não era nem de perto grande como o meu, mas tinha sua
elegância nos detalhes clássicos.
Pego uma blusa cinza de mangas curtas e a visto, rio
baixinho ao olhar para frente e ver como fiquei estupidamente
ridícula, eu parecia uma criança vestindo roupas de adulta.
Começo a abrir as gavetas em busca de uma cueca box
para substituir minha calcinha que havia ficado molhada no banho,
encontro de tudo, menos as benditas cuecas.
Ando até a outra parede cheia de gavetas já cansada e a
beira de desistir e ficar nua por baixo até que minhas roupas
secassem, quando meus olhos encontram algo.
Estaco, me aproximando com certo receio para poder
observar melhor o que há dentro da gaveta, meus dedos tocam os
álbuns empilhados, três ou quatro, uma caixinha preta está no
fundo, mas não é isso que chama a minha atenção e sim um porta-
retrato.
Um porta retrato com a foto de uma mulher igualzinha a
mim.
Pisco.
Uma, duas, três, quatro vezes.
Retiro o portefólio com cuidado, meus dedos tocam a foto
por cima do vidro, meus olhos absorvendo cada detalhe que
encontro, os longos cabelos loiros, a pele branca igual papel, os
lábios pequenos, os olhos verdes, a testa grande... dou um passo
para trás assustada.
— Ela... ela é idêntica a mim — minha voz não passa de um
sussurro, minhas mãos tremem e o porta retrato caí, vejo o vidro se
espatifar no piso enquanto ponho a mão em meu peito.
Sinto meu coração acelerar, a adrenalina correndo em
minhas veias ao mesmo tempo que as lágrimas enchem meus
olhos.
Pego um dos álbuns e começo a folheá-los, querendo que
meus olhos tenham me pregado uma peça e que tudo seja uma
confusão, mas não é, e a confirmação faz uma ferida ser aberta em
meu peito.
As lágrimas escorrem em minhas bochechas ao encontrar
mais fotos: ela sorrindo na praia, ela deitada em uma
espreguiçadeira em alto mar, ela dormindo na cama, ela de pé em
frente a uma casa, ela abraçada com Christian...
Fecho o álbum com força e minhas pernas fraquejam, caio
de joelhos no chão, minha pele doendo pelo vidro que corta minhas
pernas, mas não me importo, nenhuma dor é tão grande quanto a
em meu peito.
— Era tudo mentira? — me questiono, as lembranças de
nós dois juntos bombardeiam minha mente, cada olhar, cada
sorriso, cada toque, cada brilho os olhos — Era tudo mentira...
Pego o álbum caído no chão e abro na parte que estava, é
como se eu estivesse vendo um filme passar em minha mente.
Ela em uma mesa de jantar segurando a mão de um
Christian muito mais jovem, eles dançando em uma festa, eles na
praia ao pôr do sol, eles se casando...
E então como um maldito quebra-cabeça as peças se
encaixam e eu entendo tudo: a mulher idêntica a mim é a esposa
morta de Christian.
“Eu a amei com tudo que há em mim, e quando ela morreu
parte minha foi junto.”
“Você faz eu sentir a parte em mim que morreu viva outra
vez, Ellie”
Flashbacks invadem minha mente com força.
O modo como o diretor me olhou quando me viu com
Christian pela primeira vez na sala de aula.
O modo que a própria irmã dele me analisou quando me
conheceu no leilão.
Papai de pé na sala de jantar dizendo:
“Além do mais não sei se Christian consegue ter um
relacionamento sério depois de tudo que aconteceu, e eu jamais
aceitaria que ele brincasse com seus sentimentos”
A fala de Abbie hoje mais cedo:
“Mio caro, meu irmão sabia o que estava fazendo quando se
envolveu com você, embora eu tenha temido o relacionamento de
vocês no início, por questões que não vem ao caso.”
— Todos sabiam — meu lábio treme — todos sabiam menos
eu... como fui tola...
O bolo em minha garganta sobe, cravo minhas unhas na
palma da mão com força, até que a pele arda pelo corte.
O que vivemos foi tudo uma mentira? Esse tempo todo ele
estava comigo porque eu parecia com ela? Eu estava mesmo
competindo com uma mulher morta?
Choro de joelhos até soluçar.
CAPÍTULO 29
É engraçado, você é quem está destruído
Mas eu sou a única que precisava ser salva
Stay, Rihanna
Meus olhos estão vermelhos e inchados quando forço meu
corpo a se levantar do chão, meus joelhos doem pelos cacos de
vidro que entraram em minha pele e o sangue já está meio seco
pelo tempo que fiquei ali chorando.
Limpo meu rosto com o dorso da mão, ao olhar para baixo
vejo os álbuns abertos e as lágrimas teimam a cair novamente, mas
me obrigo a ser forte e as seguro.
Ando até a gaveta e pego a caixinha preta do fundo, abro já
sabendo o que vou encontrar: Duas alianças de casamento.
A dor em meu peito parece ainda maior ao ver a gravação
dos nomes deles dentro das alianças “Christian e Rebecca”. Guardo
tudo dentro da gaveta com uma raiva que parecer não caber em
meu peito, olho para o closet intocável e minha única vontade é de
quebrar tudo que tem ali dentro.
— Ele merece uma lição — afirmo me olhando no espelho
— esse filho da puta merece uma lição e eu vou dar uma a ele.
Pego uma tesoura que vi dentro do banheiro com um sorriso
vingativo nos lábios, dedilho os ternos caros que sempre o via usar,
sabia que assim como eu, Christian tinha certo apego a itens
luxuosos e seu closet era a maior prova disso.
Ele lembraria de mim pôr ter destruído seu closet, e não por
ser idêntica à sua ex-mulher morta.
Começo a picar os tecidos um a um, os mais grossos corto
com a tesoura e os mais finos rasgo com as minhas próprias mãos.
O estilhaçar dos fios é como música para os meus ouvidos.
Me sentia vingada.
Olho para a coleção de relógios Rolex e sorrio largamente,
abro a tesoura e começo a furar a parte arredondada de vidro de
todos eles, um a um.
Estou na parte dos sapatos quando ouço uma porta ser
batida com força e passos duros virem até mim, mantenho-me de
costas para a entrada do closet e continuo a cortar os sapatos
luxuosos.
— O que você pensa que está fazendo? — ouço a voz do
homem que havia colado os cacos do meu coração somente para
quebra-lo outra vez.
— Não se aproxime de mim! — grito ao ouvir seus passos,
viro-me para ele.
Os olhos de Christian estão vermelhos, como se ele tivesse
chorado nos últimos minutos, analiso todo seu corpo antes de
erguer o sapato contra ele quando vejo o querer dar um passo à
frente.
— Não se aproxime de mim! — repito entre dentes, ele
ergue uma sobrancelha e posso ver o cintilar de diversão brilhar em
seus olhos — ou vou jogá-lo em você e destruir tudo o que tem aqui
dentro, colocarei cada maldito pedaço dessa casa perfeita no chão.
Uma risada baixa escapa dos seus lábios.
— Que porra você está fazendo, Ellie?
É minha vez de sorrir.
— Jura que não sabe, docinho? — me aproximo da gaveta
onde estavam guardadas as fotos e atiro os álbuns em seus pés,
vejo seu corpo inteiro tensionar e seus olhos se arregalarem —
Agora me diga, que porra você estava fazendo comigo, Christian?
— Você tem que me ouvir. — Diz erguendo os braços.
Ele nem sequer se abaixa para pegar as fotos, a raiva
parece consumir minhas veias.
Quero matá-lo.
Quero fazer pedacinhos dele assim como fiz com suas
roupas.
— Eu não devo porra nenhuma a você, seu maldito! — grito
jogando o sapato em direção a sua cabeça, mas ele é mais rápido e
se desvia, ouço o chocar do objeto com o chão.
— Me atirar sapatos não vai resolver essa situação, Ellie,
precisamos conversar, amore mio — continua com as mãos
erguidas para cima, sua voz soa baixa e centrada e aquilo só me
deixa com mais raiva.
— Eu quero matar você, Christian Lancellotti — pego mais
dois sapatos e arremesso nele, de um ele consegue se esquivar,
mas o outro é certeiro e dá bem em seu rosto bonitinho.
— Ai, isso dói.
— Sabe o que me doeu? Ver que você só estava me usando
durante todo esse tempo. O que você acha que eu sou, seu
maldito? Você pensa que eu não tenho sentimentos? — grito as
palavras com toda força que tenho em meus pulmões deixando que
a mágoa transpareça em meu rosto.
— Ellie, não é como você está pensando... — ele volta a
dizer, se recuperando do ultimo baque, mas não lhe dou tempo de
se explicar e volto a esbravejar.
— Era nela que pensava quando estava comigo? Era por
ela que... — minha voz embarga e eu pego o que vejo primeiro e
atiro nele, o vidro se espatifa na parede ao lado de sua cabeça e
vejo seus olhos se arregalarem, mas prossigo — que seus olhos
brilhavam?
— Você entendeu tudo errado...
— Entendi? — coloco uma mão na cintura, empino o nariz
com o resto de orgulho que me resta e digo — Olhe para mim e me
diga que não ficou comigo por eu ser idêntica a sua ex-esposa, olhe
no fundo dos meus olhos e me diga isso, Christian, quem sabe eu
acredito em você.
Diga que é mentira.
Diga que ficou comigo porque gostou de mim.
Não diga que ficou por causa dela.
Não quebre meu coração mais ainda.
Torço para que ele faça o que estou pedindo, a parte tola e
idiota do meu coração quer que tudo seja um mal-entendido, mas
então ele desvia os olhos dos meus, vejo quando a primeira lágrima
caí no piso.
— Não estou tão errada assim né? — minha voz saí
estrangulada, viro de costas para ele e permito que mais lágrimas
caiam.
Por que tinha que doer tanto?
— Quando a vi pela primeira vez pensei que fosse uma
miragem — sua voz não passa de um sussurro a poucos metros de
mim, e a cada palavra que ele diz eu sinto uma adaga ser perfurada
em meu peito — me deixei levar pelo calor do momento, agi como
babaca estúpido e me arrependo por isso, quando acordei no dia
seguinte você tinha ido embora, eu pensei que nunca mais a veria
e...
— E então me viu na universidade — concluí, virando meu
corpo para frente outra vez, Christian estava sentado no chão, a
cabeça entre os joelhos e as mãos segurando seu pescoço.
— Sim, eu fiquei apavorado — suspira, erguendo os olhos,
meu peito se aperta — naquele dia eu decidi que não faria isso com
você, sabia que quando descobrisse reagiria assim — aponta para o
estrago que fiz em seu closet — ou pior, eu não queria quebrar seu
coração, Ellie.
Minha garganta dói, meus olhos ardem e meu peito parece
ter levado mil facadas no mesmo lugar, me sinto destruída.
— Christian, você não tinha o direito de quebrar meu
coração — as lágrimas rolam em minha bochecha sem que eu
tenha tempo de reprimi-las — eu me entreguei para você, — aponto
para o meu peito com o indicador, a intensidade da minha voz
diminui — me entreguei de verdade, deixei todos os meus
problemas para trás porque eu queria que o mundo ao seu lado
fosse cor de rosa, — olho para o lado, incapaz de manter o contato
visual com ele nesse momento — eu queria viver o amor dos livros
que eu leio, Christian —meu lábio treme pelo choro — eu queria ser
a sua princesa, queria que tivéssemos um conto de fadas.
Não tenho tempo de me esquivar quando ele envolve seus
braços ao redor do meu corpo em um abraço forte. Me debato
contra ele por alguns segundos, até que me permito aproveitar o
que provavelmente seria o nosso último abraço.
Molho seu peito com minhas lágrimas, assim como sinto ele
molhar meus cabelos com suas próprias lágrimas.
— Você é minha princesa, amore mio.
— Não sou sua — tento me afastar, mas ele não deixa — o
acordo era você ser meu para eu poder ser sua — relembro-o — e
você não pode ser meu pois ama uma mulher morta.
— A mulher que eu amo está viva, e segura em meus
braços.
— Pare com isso! Pare de me dizer coisas fofas e bonitas!
— bato em seu peito com raiva — Pare de me fazer de idiota, porra,
no final papai estava certo, você só queria brincar com meus
sentimentos! — Grito e então uso toda minha força para chutar sua
pélvis com meu joelho, Christian geme com o corpo curvado para
frente enquanto se contorce de dor e eu me afasto dele.
— A única mulher que está em meu coração é você, Ellie
Carter — diz as palavras com dificuldade — Não há mais ninguém
além de você.
— Não minta para mim! — digo entre soluços.
— Não estou mentindo, porra — ele grita, e eu dou um
passo para trás pois nunca havia o levantar a voz para mim antes,
minhas costas batem na parede — eu errei com você, eu fui um
babaca que não se importou com os seus sentimentos no dia lhe
conheci, mas no instante em que a vi naquela sala eu quis fazer
diferente — ele esbraveja, não gritando, mas sua voz soa alta e
firme e eu me encolho — eu pedi que se afastasse de mim, eu lutei
para não ficar com você — aponta o dedo para mim.
— Então a culpa é minha? — grito de volta.
— Quem sabe se não tivesse feito aquela maldita aposta
com a sua amiguinha não teria insistido tanto e isso tudo poderia ter
sido evitado — arregalo os olhos no momento que a palavra aposta
saí de seus lábios.
— Você sabe...? Desde quando?
— Descobri enquanto dirigia até aqui — ri baixo balançando
a cabeça em negação — a questão, Ellie, é que nessa história não
há somente uma pessoa errada.
— Não pode comparar as duas coisas — dou um passo
para frente — o que eu fiz pode até ter sido mesquinho, mas você
me magoou, fez eu me sentir usada...
— Usada? Como acha que eu me sinto sabendo que ficou
comigo só para vencer uma rival? — engulo em seco, dando um
passo para trás ao vê-lo se aproximar de mim — Como acha que eu
me sinto sabendo que eu não passava de um joguinho para você e
seus amigos riquinhos? Eu lhe pergunto, Ellie, você acha que eu
não tenho sentimentos? — devolve a pergunta que lhe fiz minutos
antes.
Suspiro, virando a cabeça para o lado para que ele não veja
as lágrimas descerem de meus olhos.
— Não diga que estou mentindo quando falo dos meus
sentimentos por você — diz baixo, aperto meus braços envolta do
meu próprio corpo —nada do que eu senti foi mentira, cada
momento, cada palavra, cada toque, cada sorriso, tudo foi real, Ellie,
pelo menos para mim.
— Como vou ter certeza quando sou idêntica a ela? Você
não conseguiu negar quando lhe perguntei — digo ainda de costas
para ele, enxugo minhas bochechas com o dorso da mão.
— Na primeira vez foi por causa dela, não vou mentir a você
— mordo minha bochecha com força para não chorar mais ainda, as
batidas em meu peito mais aceleradas do que nunca — Mas eu me
apaixonei por você, Ellie Carter, não por sua aparência, mas por sua
personalidade, eu me apaixonei quando enxerguei você além da
capa estereotipada.
— O que quer dizer? — me viro para ele, Christian está do
outro lado do closet, encostado na parede com as mãos nos bolsos,
seu rosto está vermelho e há um galo em sua testa do sapato que
lhe acertei, contenho a vontade de rir.
— O que eu quero dizer, amore mio, é que me apaixonei por
você enquanto ainda tentava me conquistar — ele se desencosta da
parede e começa a andar até mim devagar — me apaixonei pelo
seu jeito provocativo, me apaixonei pelas suas minissaias e meias-
calças que me levam a loucura — um sorriso brilha em seu rosto —
me apaixonei por suas tentativas bobas de me fazer ciúmes, me
apaixonei pela criança que há em você desesperada por atenção,
me apaixonei pelas suas fragilidades, — chega em frente a mim e
pega minhas mãos com carinho — eu me apaixonei por ver o
quanto você é forte e não somente uma garota mimada que torra o
dinheiro da família — reviro os olhos, mas as lágrimas continuam
rolando em minhas bochechas — eu me apaixonei em ver como
seus olhos brilhavam para mim a cada vez que estávamos juntos,
eu me apaixonei por você, Ellie Carter, me apaixonei por quem você
é — afirma olhando em meus olhos — e nada além disso. E
enquanto me apaixonava por você percebi também que estava
começando a amá-la.
— Você...me ama? — o questiono, um fagulho de
esperança renascendo em meu peito.
Eu o amo?
Deixei minha mente vagar em tudo o que vivemos, cada
momento, cada troca de olhares, cada beijo, cada entrelaçar de
corpos, tudo foi real, nunca foi uma farsa.
Eu o amo.
Meu Deus, eu o amo.
— Eu a amo — abro a boca sem saber o que dizer, pisco
infinitas vezes olhando para seu rosto machucado — e sei que
começamos errado, mas eu a amo o suficiente para superar tudo
isso e permanecer ao seu lado, nada foi mentira, Ellie, eu sou
unicamente seu — ele diz cada palavra me olhando fixamente,
seguro o ar incapaz de respirar.
— Eu... não sei o que dizer — abaixo os olhos incerta —
preciso de um tempo, Christian — suspiro com pesar soltando suas
mãos — tem muitas coisas acontecendo nesse momento — me
afasto dele — sua carreira está arruinada, a minha reputação está
arruinada.
— Nada disso me importa, eu disse que preferia você a tudo
isso. — diz firme, passo as mãos no rosto.
— Eu me importo, Christian, não era para ter sido assim,
papai deve estar furioso comigo, as ações da empresa estão
despencando e... — Respiro fundo fechando os olhos — eu não sei
o que fazer, preciso pensar Christian, me dê um tempo para pensar
sobre nós dois.
— Não.
Abro os olhos com sua resposta curta e grossa.
— O quê?
— Você pode me considerar até a porra de um egoísta
nesse momento — se aproxima de mim, ando para trás até sentir
minhas costas baterem na parede — e eu sou mesmo, se tratando
de você eu sou muito egoísta, — engulo em seco, seu rosto está a
centímetros de distância do meu — já perdi uma mulher que amava
uma vez, e não vou perder você.
— Christian...
— Eu lhe avisei Ellie, lhe avisei que a partir do momento que
fosse minha seria para sempre, não há fugas, não há essa de “dar
um tempo” você é minha e eu sou seu, não importa o que aconteça,
“que seja infinito enquanto estivermos vivos” lembra?
CAPÍTULO 30
E amor, por você, eu cairia em desgraça
Apenas para tocar seu rosto
Se você fosse embora
Eu te imploraria de joelhos para ficar
Não me culpe, o meu amor me deixou louca
Don’t Blame Me, Taylor Swift
— Christian... eu...
Minha voz não passa de um sussurro quando toco seu
rosto, minha mente estava dividida entre agir pela razão ou pela
emoção.
Ele falava a verdade?
Ele realmente me amava?
Ele estava comigo por quem eu era?
Analiso seu rosto com cuidado, seus olhos estão ansiosos
por minha resposta.
Parte de meu coração e de minha mente estavam unidos
em um só propósito: Ficar com ele para sempre e viver o meu conto
de fadas idiota, mesmo assim havia aquela outra parte que puxava
meus pés para o chão.
E se ele estivesse inventando tudo somente para não perder
o que enxerga de sua ex-esposa em mim?
E se tudo não passasse de uma farsa?
Suas palavras pareciam sinceras e eu queria muito acreditar
nele, queria com todo o meu ser, mas me sentia totalmente perdida.
— O que eu preciso fazer para que acredite em mim? —
sussurra com os olhos fechados quando não digo mais nada —
você não vê que me tem em suas mãos?
— Não quero derramar mais lágrimas por sua causa —
confesso e ele abre os olhos — não quero sentir o que senti hoje,
não quero viver com essa insegurança de estar competindo com
alguém que já morreu — com mais inseguranças do que eu já
tenho, completo em pensamento — pior, não quero duvidar que
cada sorriso que você me dá é porque pareço com ela — uma
lágrima solitária rola em meu rosto.
— Não estou com você por causa dela — ele murmura
cansado contra meus lábios — quantas vezes vou precisar repetir
isso?
— E como posso ter certeza, Christian? Que garantia você
me dá?
— Acredite em mim, por favor — ele suplica — eu lhe dou
minha palavra, eu sou a garantia.
— Eu quero, Christian — toco seu rosto com carinho.
— Então diga que é minha assim como eu sou seu, Ellie
Carter —aproxima ainda mais seus lábios dos meus — Diga para
mim que não estou amando sozinho e me faça a porra do homem
mais feliz dessa terra.
— Eu amo você, Christian Lancellotti — seus olhos brilham
enquanto pronuncio as palavras e não consigo reprimir o sorriso em
meu próprio rosto ao dize-las — mas... — desvio meus olhos dos
seus — você me machucou profundamente e não sei como lidar
com isso.
— Me dê uma chance, somente uma chance e lhe mostrarei
que lhe amo por quem você é — ele segura minhas mãos.
— Dar uma segunda chance a alguém que lhe feriu pode
ser estupidez — sussurro.
Eu o quero tanto.
— Dar uma segunda chance a alguém também pode ser um
ato de coragem — consigo sentir um resquício de tristeza em sua
voz — e principalmente, Ellie, pode ser um ato de amor. Todos
erramos e nem sempre temos a oportunidade de consertar nossos
erros, mas eu estou aqui disposto a isso porque amo você.
Meus olhos se enchem de lágrimas.
Eu o amava também.
Por que não lhe dar uma segunda chance quando ele
realmente parecia arrependido?
— Você ainda não me pediu perdão — falo com a voz
suave.
Christian dá um passo para trás e como um cavalheiro que
ele não é, se ajoelha em minha frente, contenho a vontade de sorrir.
— Eu sinto muito, amore mio, — ele abaixa a cabeça e vejo
seu pomo-de-adão se mover — eu sinto muito por ter sido um
babaca estúpido e arrogante com você, — eu sorrio ao vê-lo admitir
seus defeitos — eu sinto muito por ter ferido os seus sentimentos,
eu prometo a você que me esforçarei para merecer o seu perdão se
me der uma segunda oportunidade.
Rio em meio as lágrimas e me abaixo para ficar do seu
tamanho, carinhosamente levo minha mão ao seu rosto.
— Quem pode dizer que ama alguém se nunca tiver tido que
perdoá-lo? — recito o que ouvi minha mãe dizer ao meu pai um dia.
— Ninguém.
— Por isso eu perdoo você, Christian, e vou lhe dar uma
segunda chance.
Seu rosto se ilumina e um lindo sorriso aparece em sua
boca.
Quero beijá-lo.
Quero tanto beijá-lo.
— Ah meu deus, — diz ligeiramente surpreso — eu prometo
não a decepcionar — beija minhas mãos.
— Acho bom — uso meu tom ameaçador — pois caso
contrário, dá próxima vez colocarei sua casa abaixo e nunca, nunca
mais olharei em sua cara — cada palavra é dita com firmeza — não
importa o quanto me implore, ouviu bem?
— Entendi perfeitamente, srta. Carter. — Segura minha
nuca e me traz para perto dele.
Me jogo em cima de seu corpo e caímos no chão em meio a
risadas, o toque de Christian é suave em minha cintura, apoio meus
braços no chão e ergo meu peito para olhá-lo melhor.
— Então você me ama, srta. Carter? — é tudo o que ele diz
com um sorriso de ponta a ponta no rosto como um bom idiota.
— Amo, Dr. Lancellotti, e você me ama?
— Com cada parte do meu ser — ele vira a cabeça e olha
para o lado, faço o mesmo observando o estrago que fiz em seu
closet antes intocável.
Roupas rasgadas, pedaços de vidros e sapatos destruídos
espalhados por todo o chão.
— Apesar de você ter descontado sua raiva em milhares de
dólares. — Completa virando o rosto para mim gracioso.
— Bom, seu closet estava mesmo precisando de uma
reforma — beijo a ponta do seu nariz — e suas roupas já estavam
ultrapassadas.
— Não achava isso dá última vez que me viu — em um
movimento rápido inverteu nossas posições, arfei surpresa — se me
lembro bem, você ficou cheia de ciúmes, srta. Carter.
— Preciso cuidar do que é meu, Dr. Lancellotti
— Posso me acostumar com isso.
Acabo com a pouca distância que há entre nós e tomo sua
boca em um beijo apaixonado, Christian puxa meus cabelos
levemente e aprofunda mais sua boca na minha, sinto como se
estivesse mergulhando até que somos interrompidos por uma batida
na porta.
— Estou entrando, espero que não estejam transando —
ouvimos Abbie gritar e separamos nossas bocas imediatamente.
Quase gemo em frustração.
Ofegante, tento me recompor afastando meu corpo do de
Christian, mas seus braços rodeiam minha cintura com força não
deixando que eu me mova nenhum centímetro.
— Mio Dio, o que aconteceu aqui? — pergunta boquiaberta
olhando a bagunça que do closet — É como se um furacão tivesse
passado por aqui — exclama pegando um dos sapatos que
arremessei contra seu irmão mais cedo.
— E passou mia sorella, um furacão chamado Ellie Carter.
Sinto meu rosto esquentar quando ele termina de falar e no
instante o som de um tapa corta o ar.
—Você mereceu!
— Mio Dio, bom espero que tenham se resolvido — ela
suspira, as duas mãos em frente estão inquietas — Ellie, seu pai
mandou uma equipe de segurança atrás de você e um helicóptero
estacionou no heliporto — contive a vontade de revirar os olhos, só
papai para fazer uma coisa dessa nesse momento.
— Diga ao segurança que vou de carro, por favor — peço a
ela enquanto me levanto do chão — você pode me emprestar
alguma roupa
— Mio caro, creio que o helicóptero seja a sua melhor opção
nesse momento — ela solta uma risadinha nervosa — se espiar
pela janela, com bastante cuidado, verá que a casa está rodeada
por paparazzis, não sei como eles conseguiram acesso ao
condomínio, mas estão aqui.
— O quê?
Christian e eu andamos até o quarto e espiamos por detrás
das cortinas com cuidado para não sermos vistos.
Abbie estava certa, a casa estava rodeada de fotógrafos que
deveriam estar atentos a qualquer movimento.
— Como eles descobriram que eu estava aqui?
— Provavelmente vieram por causa de Christian e nem
sabem que está aqui —concluí.
Ponho as mãos na cintura e fechos olhos com pesar, por
alguns instantes eu havia me esquecido da bomba que estava me
esperando fora de casa.
Papai deveria estar furioso, não queria nem imaginar a
conversa que teríamos. Corri até meu celular, ao todo tinham 56
chamadas perdidas nas últimas horas.
Vinte e seis chamadas perdidas de papai, dezenove de
Liam, dez de Victória e uma de Levi.
Sim, só uma chamada de Levi, quase revirei os olhos por
ele ser tão metódico.
— Christian, o que nós vamos fazer? Preciso conversar com
meu pai, a mídia deve tá em cima dele com tudo, meu Deus — ando
de um lado para o outro preocupada.
— Vamos resolver essa situação — ele anda até mim e
segura a minha mão — resolveremos juntos.
— Juntos — repito me aninhando em seu peito — sabe que
papai deve estar planejando sua morte nesse exato momento né
— Eu sei — ri baixo afastando nossos corpos — espero que
seu rosto seja a última coisa que eu tenha o prazer de ver.
Sou incapaz de conter o sorriso idiota e tenho a certeza de
que as borboletas estão vivíssimas dentro de mim.
— Vocês são melosos demais — Abbie murmura fazendo
uma careta enquanto anda até a saída — vou pegar uma roupa para
você Ellie, e por favor não transem até eu voltar — ela grita as
últimas palavras.
Christian e eu nos olhamos com um sorriso cheio de
cumplicidade.
— Uma rapidinha?
— Uma rapidinha.
CAPÍTULO 31
Nós temos esse amor, do tipo maluco
Eu sou dele e ele é meu
No final, somos ele e eu
Ele e eu
Him & I, G-Eazy (feat. Halsey)
— É verdade que você está envolvida com seu professor?
— Ele a forçou a algo?
— Você fez isso para ganhar nota?
Tampo meus ouvidos enquanto corro até o helicóptero que
papai enviou para me buscar, a equipe de segurança fica ao redor
de Christian e eu para tentar evitar que mais imagens nossas caiam
na internet.
O que é basicamente impossível.
Respiro aliviada quando meus ouvidos são preenchidos com
o barulho do vento forte e não mais com a voz dos paparazzis,
minha cabeça estava latejando com a gritaria deles no portão da
casa.
Subo na plataforma com a ajuda de Liam e de Christian.
— Você se meteu numa encrenca e tanto, Lili. — Liam fala
risonho com o olhar oscilando entre eu e o professor.
— Ele está muito chateado? — faço uma careta e me sento,
meu amigo se aproxima de mim para ajustar o cinto de segurança,
mas Christian é mais rápido e fica em minha frente bloqueando
nosso contato visual.
Dobro meu tronco para encarar meu amigo e segurança
particular segurando o riso pelo ceninha de ciúme.
— Já fui demitido e readmitido três vezes hoje — coça o
queixo divertido — o que você acha?
— Estou ferrada então — ele assente.
— Fiquem firmes, comandante pode nos levar até o Sr.
Carter. — Ele dá a ordem ao piloto.
Ao voar em cima da casa de Christian arrisco olhar para
baixo, os flashs das câmeras doem em meus olhos pela pequena
multidão de fotógrafos e me esquivo para o lado rapidamente.
— Eu odeio a internet — é tudo que digo enquanto
começamos a sobrevoar a cidade ne Novo Iorque.
Cansada, repouso minha cabeça no ombro de Christian que
está sentado ao meu lado em uma posição relaxada, uma de suas
mãos está em meus ombros e sinto a caricia suave de seus dedos
em meu braço, Liam nos observa com cautela, ora olha para
Christian, ora olha para mim e ora olha para o nada.
Conhecendo meu amigo, sei que ele está pensando em
como isso foi acontecer comigo que até hoje era muito reclusa à
relacionamentos.
Deve ser estranho para ele me ver tão bobinha e
apaixonada por alguém, e principalmente, indo de encontro as
vontades de papai para mim.
Fecho os olhos me sentindo culpada ao pensar em papai, a
ideia de ter que olhá-lo nos olhos e enxergar sua mágoa fazia meu
estomago revirar. Christian e eu não havíamos planejado nada do
que iriamos falar para ele, prometemos dizer somente a verdade de
como tudo aconteceu, e nada mais.
— Vai ficar tudo bem, amore mio. — Ouço a sua voz suave
me consolar antes de adormecer em seus braços.

...

— Faz anos que não venho aqui — digo a ninguém em


específico enquanto o helicóptero pousa próximo a chácara que
ficava afastado da cidade.
— Seu pai queria um pouco de privacidade para conversar
com você, Lili — meu segurança diz abrindo a porta para nós
saímos.
— Lili? Que apelido é esse? — Christian cochicha em meu
ouvido com um tom ranzinza vendo Liam pular do helicóptero.
— Relaxa, docinho, nós dois crescemos juntos e somos
amigos — digo graciosa para ele antes de descer os degraus que
foram postos a mim.
— Lili, tenha paciência com seu pai — meu amigo diz
parando em minha frente, seu rosto está sereno e sua voz calma —
eu estava com ele quando a primeira noticia saiu, ele só está
preocupado com o seu bem-estar, seu pai tem medo de que se
machuque — arqueou uma sobrancelha e completou em tom
brincalhão — sabe que para ele você ainda é uma garotinha que
precisa de proteção.
Assinto, apertando seu braço.
— Eu sempre vou ser a garotinha dele.
Meu coração está acelerado quando passo pelas portas da
chácara, a sra. Claire nos espera na entrada e pega nossos
casacos.
— Minha pequena estava tão preocupada com você — ela
abraça meu corpo com carinho rapidamente — seu pai está uma
fera.
— Eu imagino — solto uma risada e nos afastamos.
— Seu namorado é bonitão — ela o olha dos pés à cabeça,
vejo as bochechas de Christian ficarem vermelhas.
— Ainda não somos namorados — rebato na mesma hora.
— O quê? — pergunta boquiaberta e coloca as mãos na
cintura.
— Em minha defesa, sra.? — Christian me olha em
reprovação e se vira para a senhora com um sorriso gentil.
Espertinho.
— Claire, bonitão — Ela diz abrindo um sorriso para ele, e é
minha vez de ficar boquiaberta.
— Pois bem, em minha defesa ainda precisarei conversar
com Arthur. — Ele coloca as mãos no bolso da calça escura.
O olhar de minha antiga babá oscila entre nós dois, e ela dá
alguns passos em direção a Christian, é engraçado de observar pois
Claire é um toquinho de gente por natureza, mas comparada ao
meu professor chega a ser uma piada.
— Se você só quiser brincar com os sentimentos da minha
pequena vou fazer picadinho de você, ouviu bem? — ela diz em tom
ameaçador e eu assisto Christian arregalar os olhos ligeiramente
assustado.
— Sim, sra.
Reviro os meus olhos achando graça da cena.
— Meu pai está no escritório? — pergunto já arrastando
Christian em direção ao local.
— Ele está aguardando você. — Diz com as mãos em frente
ao corpo.
Caminho de braços dados com Christian, as batidas do meu
coração parecem querer sair pela boca conforme vou chegando em
frente a porta de madeira.
— Estou nervosa — admito para ele quando paramos em
frente ao escritório.
— Vai ficar tudo bem — afirma olhando dentro dos meus
olhos, respiro fundo assentindo e dou uma batida na porta.
Toc toc
— Entre. — Sinto um arrepio ao ouvir a voz séria de papai.
— Papai? — digo assim que abro a porta e coloco um de
meus pés para dentro da sala.
Assisto-o soltar os documentos na mesa e erguer a cabeça
em direção a porta, seu olhar percorre todo meu corpo, e então em
Christian que está atrás de mim e em seguida em nossas mãos
unidas, seu pomo-de-adão se move com força e pela primeira vez
em minha vida eu fico com medo da reação de meu pai.
— Entrem. — Ele enche o copo que está em cima da mesa.
Aperto minhas unhas contra a palma de minha mão sem
saber o que fazer, olho para Christian ao meu lado, seu semblante
está sério, o maxilar rígido.
— Papai eu... — as palavras parecem fugir de meus lábios,
solto a mão de meu professor e ando até em frente a mesa o
deixando lá — papai eu sinto muito... — sinto minha garganta doer.
— Eu estou decepcionado com você.
Cinco palavras.
Cinco palavras que temi ouvir durante toda a minha vida.
Coloco minha mão no peito, como se aquilo pudesse
acalmar a dor que suas palavras estavam me causando, é
impossível conter as lágrimas.
— Papai me perdoe, eu... — tento me defender, mas é inútil.
Não defesas para a minha mentira.
— Eu confiava em você — meu pai começa a dizer, posso
enxergar a dor que ele sente ao dizer cada palavra — você é minha
única filha, é tudo o que eu tenho de mais precioso desde a morte
de Mary — uma lágrima rola em minha bochecha quando ele cita
mamãe, balanço a cabeça em negação.
— Não faça isso, não é justo — meu lábio treme ao
pronunciar as palavras.
— Você olhou dentro dos meus olhos naquela mesa e disse
que não estava envolvida com esse homem — ele suspira, se
levantando da poltrona — Eu esperava qualquer coisa dele —
aponta para Christian com desdém — mas não de você, Ellie, você
traiu a minha confiança.
— Papai... — não consigo manter o contato visual, a
vergonha e a culpa queimam o meu rosto — me perdoe eu não
queria... não queria magoá-lo...
— Me magoar? Você acha mesmo que é com isso que eu
estou preocupado? — ele solta uma risada baixa, olho para trás,
Christian tem os braços cruzados em cima do peito e nos observa
com atenção — meu medo é que ele a magoe, você não sabe... —
vejo-o fechar as mãos em punho e fechar os olhos antes de concluir.
Sabia o que ele diria.
— Eu já sei de toda a verdade — minha voz não passa de
um sussurro.
— Você sabe...? — seu olhar oscila entre Christian e eu —
De tudo? Você contou tudo a ela, Christian?
— Ela descobriu e eu terminei de contar tudo a ela, Arthur.
— Então você só contou porque ela descobriu? — ele joga a
cabeça para trás parecendo estar incrédulo, um tempo se passa até
que ele vira para mim — como você tem coragem de aparecer com
ele dentro da minha casa após saber de tudo?
— Eu já ia contar a ela quando tudo aconteceu, inclusive já
havia marcado um horário com sua secretária para essa semana —
Christian responde antes que eu possa formular algo em minha
cabeça.
— Você estava enganando a minha filha e quer que eu
aceite isso!? — ele esbraveja aumentando o tom de voz.
— Eu a amo.
Papai ri, e aquela risada se impregna em minha mente
fazendo cada pedaço do meu coração doer.
— Você ama um fantasma! — ele grita outa vez — Pode até
achar que ama a minha filha, mas a verdade é que está obcecado
por alguém que não existe mais!
— Eu não sou você, Arthur! — Christian esbraveja, arrasto
meus pés até a parede com o coração querendo sair pela boca —
Eu amei muito a Rebecca, ela foi o amor da minha vida durante
muitos anos, e eu disse isso a Ellie — Christian fica de frente para o
meu pai que ergue o queixo, seus olhos estão apertados, como se
quisesse enxergar a verdade na alma de Christian.
— Isso não é suficiente.
— Papai, eu o amo! — digo alto, dando um passo para
frente, papai arregala os olhos para mim e parece ligeiramente
surpreso — eu o amo, por favor, escute ele, nos dê uma chance —
peço, minha voz está chorosa.
— Você tem certeza disso? — assinto, ele então vira o rosto
para Christian e diz — vou ouvi-lo, me convença de que ama minha
filha verdadeiramente.
Aperto meus dedos nervosa.
Os dois homens que eu mais amava na face da terra
estavam na minha frente discutindo sobre a minha felicidade.
— Você sabe que eu fiquei destruído quando ela morreu, e
continuei assim durante muitos anos, triste, deprimido, obcecado,
mas então conheci sua filha — um pequeno sorriso aparece em seu
rosto — e eu voltei a sorrir, Arthur, eu voltei a viver outra vez por
causa dela, me apaixonei pelo seu jeito impulsivo, obstinado e
incrivelmente doce, eu me apaixonei quando a enxerguei
verdadeiramente — os olhos dele se enchem de lágrimas e meu
coração se aquece — não diga para mim que eu não a amo —
aponta para o seu peito — eu não viria até você se não a amasse
verdadeiramente.
O silêncio se instala na sala, papai anda de um lado para o
outro enquanto Christian aguarda a resposta de meu pai com a
cabeça erguida.
— Ela é tudo que eu tenho — ele diz a ninguém em
específico — não vou permitir que você machuque o meu maior
tesouro, Christian, nada mais importa na minha vida senão ela.
— Eu não prometo que nunca vou machucá-la, pois sei que
posso errar e magoá-la, mas eu lhe prometo que irei amá-la e
respeitá-la com tudo que há em mim. — Christian diz cada palavra
olhando para mim, papai nos observa de lado.
— Se você a magoar irei destruí-lo — os olhos de papai
estão vermelhos — ela é a minha garotinha.
Não contenho meus pés e vou até ele, seu abraço é
apertado e sinto lágrimas molharem meus ombros.
— Me perdoe papai, eu não queria lhe magoar nem trazer
problemas para a empresa — digo me afastando dele — não
consegui controlar meus sentimentos, eu tentei...
— Shhh, querida, papai ama você, só quero lhe ver feliz —
enxuga minhas lágrimas com o polegar — nada mais importa para
mim, se aqueles acionistas imbecis não conseguirem entender isso
mandamos cortar a energia deles.
Soltamos uma gargalhada.
— Eu amo o senhor, papai.
EPÍLOGO
Quem manda no mundo?
As garotas!
Run The World, Glee
5 ANOS DEPOIS

Hoje era um dos dias mais felizes da minha vida, depois de


dois anos trabalhando diretamente papai, nessa noite ele havia
oficialmente me promovido a CEO de nossa empresa e estava se
aposentando e ir desfrutar seus últimos anos de vigor viajando —
palavras dele — cinco anos haviam se passado desde que Christian
e eu nos conhecemos e desde que toda a bomba estourou em
nossas vidas, olhando para trás eu só consigo sentir orgulho do
caminho que percorremos e muita felicidade por não termos
desistido quando tivemos a oportunidade.
Os dias ao lado do meu ex-professor não eram perfeitos,
mas o amor estava presente em cada momento, Christian me fazia
sorrir, ele me fazia feliz. E as dúvidas que eu tinha sobre o seu amor
por mim ficaram de lado conforme os anos se passavam e eu
observava suas falas e ações.
Deslizei meus braços ao redor do pescoço de Christian
enquanto ele começava a conduzir meu corpo em uma dança
delicada, sua respiração batia levemente em meu rosto quando
suas mãos envolverem minha cintura em um aperto suave e gentil,
eu conseguia sentir meu coração batendo em todas as regiões do
meu corpo, seu toque me fazia pulsar.
Levantei os olhos e encontrei seu rosto iluminado pelas
luzes baixas do salão de festas, as íris azuis com o leve contorno
acinzentado reluziam, eu era apaixonada pelo seu olhar, amava a
forma em que havíamos aprendido a nos comunicar por ele, de um
simples oi para um eu te amo, seus olhos eram tudo que eu
precisava para ter a certeza de que tudo acabaria bem.
Logo meus ouvidos foram preenchidos pela voz de Bryan
Adams, cantando Heaven, meus lábios se alargaram em um sorriso
bobo, o seríssimo e temido Dr. Lancellotti é um dos homens mais
românticos que eu já vi, gosto de pensar que ele saiu de dentro dos
livros para me encontrar, talvez eu tivesse até mesmo uma fada
madrinha.
A cada dia que passamos juntos eu tenho descoberto o
quão bela a vida pode ser quando temos ao nosso lado a pessoa
disposta a fazer dar certo.
— Já disse que você é linda hoje, srta. Carter? — senti
minhas bochechas esquentarem como toda vez que ele fazia esse
elogio.
— E você adora me deixar envergonhada, Dr. Lancellotti. –
O provoquei.
— Essa poderia ser nossa música, o que acha?
— Se você a cantar para mim posso até considerar a ideia
— semicerrei os olhos desafiando-o.
Baby, you're all that I want

Amor, você é tudo que eu quero

When you're lying here in my arms

Quando você está deitada aqui nos meus braços

I'm finding it hard to believe

Estou achando difícil acreditar

We're in heaven
Que estamos no paraíso

A voz de Christian soava rouca em meus ouvidos, o mundo


parecia ter deixado de existir naquele momento, erámos somente
nós dois ali, nossas almas unidas, saciando-se de nosso amor, de
nossa paixão.
I've been waiting for so long

Estou esperando há muito tempo

For something to arrive

Para que algo chegue

For love to come along

Para que o amor apareça


Apertei meus braços ao redor de seu pescoço, unindo ainda
mais nossos corpos que se moviam lentamente ignorando o ritmo
da música, descansei meu rosto no peito de Christian e
cantarolamos junto em uma promessa íntima.
Now our dreams are coming true

Agora os nossos sonhos estão se tornando realidade

Through the good times and the bad

Nos bons e maus momentos

Yeah, I'll be standing there by you, oh

Sim, eu estarei ao seu lado, oh

— Docinho, Bryam realmente está certo — enrolo um cacho


solto dele em meu dedo — é realmente o paraíso.
— Você é o meu paraíso, amor – me virei para ele
novamente em outro rodopio desengonçado.
— Somos os piores dançarinos do mundo — gargalhei
tocando seus ombros — as pessoas devem estar rindo de nós
agora. — Digo olhando para o salão cheio.
— Podemos até ser, mas com certeza somos os mais
apaixonados.
— Com certeza, docinho – sussurrei, sentindo meus pés
fraquejarem ao aperto suave, mas cheio de más intenções em
minha cintura.
— Essa fenda no seu vestido está me enlouquecendo, srta.
Carter. — Christian diz em meu ouvido, um arrepio desce por todo o
meu corpo — O que acha de irmos ali no canto, hein?
Solto uma risada baixa.
— Porque você sempre gosta das situações mais
inadequadas, hein? Sabe que não posso, essa é minha
confraternização de posse, todos iriam perceber que sumi.
— Por isso sua boceta merece uma comemoração especial.
É tudo o que ele precisa dizer para que eu me esgueire até
um cômodo escuro e permita que ele me faça sua mulher mais uma
vez.
AVALIAÇÃO
Espero que sua leitura tenha sido incrivelmente agradável e
maravilhosa. Entretanto se por algum motivo isso não aconteceu eu
sinto muito, e espero poder conseguir conquistar seu coração em
algum outro livro muito em breve.
Agora, é a hora que você me contar qual a sua opinião
sobre este livro, ficarei muito grata (e honrada) se você puder avaliar
e dar suas estrelinhas, é muito, muito importante.
AGRADECIMENTOS
Querido Deus, meu primeiro agradecimento vai ao senhor
por me permitir concluir esse livro, obrigada por não permitir que eu
desistisse, nós dois sabemos que a vontade foi grande.
Caro leitor, se você está lendo isso, meu segundo
agradecimento é a você, obrigada por dar uma chance a história de
Christian e Ellie, espero que você tenha gostado deles e se
emocionado — e se divertido — tanto quanto eu a escrevê-los.
Saiba que guardo você num potinho e que esse livro não
seria importante se não tivesse alguém para lê-lo então, muito
obrigada a cada um que baixou ou comprou esse e-book, obrigada
por tornar esse sonho possível.
E as minhas duas queridas amigas @anabookss_ e
@esposadotrevorwhite, obrigada por terem aguentado meus surtos
todos os dias desde o inicio desse projeto, eu amo muito vocês!
SOBRE A AUTORA

Amberly Bertucci nasceu em 2003, e tem 19 anos, sonha


com a faculdade de letras e psicologia, descobriu o mundo dos
livros com 12 anos de idade, começou a escrever aos 14 anos no
wattpad, seu primeiro livro foi “Querido papai” a primeira edição foi
lançada em 2019 e seu segundo livro “Quando você partir” lançado
em maio de 2023.
Leitora voraz, meio maluquinha e amante de Taylor Swift e
Lana Del Rey, cadelinha master do Adam Carlsen, Maxon
Schereave e Rhysand.
Bem-vindos ao mundo maluco de Amberly!

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história de Liz e Dominic nos faz refletir sobre os altos e baixos da
vida, e nos ajuda a enxergar a importância da família, enfatizando o
amor entre o casal, que consegue se unir novamente em meio as
dificuldades e recomeçar juntos.

[1]
Uma faixa usada na cabeça
[2]
Série da Barbie
[3]
Trecho do livro: O morro dos ventos uivantes.
[4]
Já estou louco por você em italiano.
[5]
Frase adaptada do livro “Por lugares incríveis”
[6]
Soneto de fidelidade, Vinicius de Moraes
[7]
Trecho da música: Look What Made Me Do, Taylor Swift

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