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YELLOW | COLDPLAY
Ela se curva à minha frente, com a sua cabeça na mesma altura do
meu pau, e no momento em que ela abre a boca, sinto meu estômago
embrulhar.
O cheiro de vômito é forte, e por sorte, tudo o que ela coloca para
fora é líquido.
— Você está bem? — decido perguntar, ao me curvar e colocar o
seu cabelo para trás, a fim de não sujá-lo.
A garota tenta falar, porém ela embola todas as palavras, e eu não
consigo entender nada. Segurando os cachos castanhos, desvio meu corpo
da sua frente, deixando que ela vomite outra vez. Não é novidade alguma eu
ajudar alguém que passou do ponto na bebida, mas nunca aconteceu desse
alguém parar na minha frente e vomitar aos meus pés.
Eu poderia vomitar junto com ela, entretanto preferi optar por ajudá-
la.
— Por que não arranjamos um banheiro para a senhorita? —
pergunto quando ela finalmente para de expelir tudo o que há dentro do seu
corpo minúsculo.
Olhando para cima — quer dizer, para mim —, ela precisa curvar
sua cabeça para trás, uma vez que parece ter pelo menos quarenta
centímetros de diferença entre nós. Seus olhos castanhos brilham assim que
ela me observa, e um sorriso tímido toma conta da sua boca. Ela abre a boca
para falar, mas logo volta a se curvar, apoiando a sua mão em mim, e eu
noto os pingentes de estrelas pendurados na sua pulseira.
Vomitando outra vez...
— Ok, Estrelinha. Já entendi que você prefere vomitar aos meus pés
— murmuro, pegando o seu cabelo novamente.
Era para essa noite ser divertida, afinal, acabamos de ganhar a final
do torneio de basquete da NCAA, e não querendo me gabar quanto a isso,
só que eu fui considerado o melhor jogador de 95% de todos os jogos que
participei, e isso, claro, começou a gerar interesse em inúmeros times da
NBA. Como Lakers, Bucks e o time dos meus sonhos, pelo qual venho
trabalhando desde criança, para um dia me tornar ao menos reserva deles: o
Brooklyn Nets.
Dizer que eu sou fã deles é um eufemismo, desde os meus cinco
anos de idade, eu almejo fazer parte do Nets, e quando aos quatorze eu
comecei, além dos treinos, também a ganhar altura, fui acreditando que um
dia seria possível. Hoje, com meus dois metros e um centímetro, e tendo a
informação em primeira mão que o olheiro está interessado em me draftar,
eu deveria estar comemorando o feito, contudo, estou ajudando uma total
estranha a colocar até seu cérebro para fora.
— Acho que acabei. — Ouço a sua voz doce falar, no instante em
que ela realmente termina de vomitar.
Ela tenta ficar de pé novamente, sem minha ajuda, porém parece ser
um trabalho árduo para uma pessoa tão pequena e bêbada.
— Eu te ajudo — digo ao pegá-la nos braços. Ela encosta a cabeça
no meu peito e suspira. — Vou te levar para o meu quarto, e você vai me
dizer com quem você está, para eu procurar seus responsáveis — informo, e
ela assente.
— Parece que você está falando com uma criança perdida, assim —
ela murmura enquanto começamos a passar por algumas pessoas.
— Olha só! Ela, além de vomitar, é atrevida — brinco.
A garota solta um suspiro, em provável reprovação, e eu sou
obrigado a virar o rosto, devido ao cheiro de álcool presente em seu hálito.
Entrando na casa, que por sinal está lotada, cruzo por alguns
universitários que abrem espaço para eu passar e subo as escadas. Durante
todo o percurso do jardim até o primeiro andar, onde fica o meu quarto,
ninguém reconhece a garota ou apenas não prestaram atenção em um cara
como eu, levando uma garota nos braços para o andar de cima.
Prefiro pensar que a primeira opção é a mais viável, nesse caso. Não
que eu leve várias garotas para o meu quarto, mas quando isso acontece, eu
nunca as levo nos braços.
Ao entrar no quarto, a coloco na minha cama e à medida que eu
retiro seus sapatos, ela começa a desvairar, lutando para prestar atenção nos
meus movimentos.
— Macio — se refere ao colchão ao passo que passa as mãos nele.
— E grande. — Ela arregala os olhos ao olhar para a dimensão do mesmo.
Após retirar seu segundo sapato, fico de pé e coloco as mãos no
quadril, encarando-a.
— Então, com quem você está?
— Alto, muito alto. — Me observa dos joelhos à cabeça.
— Não sei se isso foi um elogio — digo, franzindo o cenho. — Mas
obrigado, agora... com quem você está? — pergunto novamente.
— Com sono. — Ela boceja, colocando a mão sobre a boca e
fechando os olhos. Desse modo, ela, a garota até então sem nome,
simplesmente se vira de lado, acomoda o travesseiro sob sua cabeça e fecha
os olhos.
Se eu fosse um cara raivoso, com certeza estaria puto agora, só que
muito pelo contrário, estou conseguindo me divertir com situação. Por quê?
Não sei, entretanto, é engraçado, pela primeira vez, trazer alguém para o
meu quarto que não seja para outra coisa, e ela ainda se virar e dormir.
Não que eu seja um cafajeste, no entanto na minha vida não há
espaço para relacionamentos, portanto, todas que já passaram por essa
porta, nunca ficaram mais do que uma noite, e muitas vezes, nem mesmo
dormiram. E a baixinha de cabelos cacheados, apenas se virou e está prestes
a roncar.
Por isso, com um sorriso no rosto, caminho até a lateral da cama, me
sento ao lado do seu corpo bêbado e sonolento, e tiro um cacho da frente do
seu rosto, passando-o para trás.
— Você precisa me dizer com quem está, para que eu possa te
ajudar, Estrelinha — insisto. — Ou ao menos me emprestar seu celular,
para que eu possa entrar em contato com alguma amiga sua.
— Quebrei meu celular na cabeça do meu namorado. — Ela abre os
olhos, e uma lágrima desce pelo seu rosto.
Definitivamente, eu não sou bom com choro. Em razão disso,
engulo em seco ao ver que seus olhos estão prestes a transbordarem em
lágrimas.
— Deve ter doído pra caralho a cabeça dele — tento descontrair,
mas não tem muito efeito quando ela volta a falar.
— Meu chifre doeu mais. — Ela leva a mão ao rosto, a fim de secar
as lágrimas, porém elas continuam a descer.
— Você estava aqui com ele? — pergunto, e ela nega com a cabeça.
— Você quer que eu faça algo por você? Eu faço! — digo de prontidão,
buscando cessar seu choro.
— Me abraça — murmura.
— Ein?!
— Você é grande, eu preciso que alguém grande me abrace.
Coçando a garganta, olho para ela, indeciso sobre o que devo fazer,
afinal, eu a trouxe para o meu quarto para que nenhum bêbado nojento
trombasse com ela lá fora e a fizesse algum mal, porque claro, pelo seu
estado vulnerável, isso poderia muito bem acontecer.
— Afasta pro lado — peço, e ela faz, um pouco mais lentamente do
que qualquer pessoa sóbria, mas faz.
Retirando minha jaqueta e ficando descalço, me deito ao seu lado
um pouco sem jeito. Contudo, logo que encosto minha cabeça no
travesseiro, seu braço transpassa por cima da minha barriga e sua cabeça
cola no meu ombro, com isso, eu tento encaixar o meu corpo para que fique
confortável para nós dois.
Quando finalmente consigo, levo as pontas dos dedos aos seus
cabelos e faço carinho.
A garota, que antes estava bêbada, agora se encontra frágil, seu
corpo treme contra o meu enquanto ficamos calados. O único som que
preenche o quarto, além das batidas das músicas lá fora, é o som do seu
choro, que vai se acalmando aos poucos.
Continuo abraçado a ela por cerca de mais vinte minutos, franzindo
o cenho e me perguntando o que estou fazendo, ao passo que continuo a
acariciar seus fios, até que em certo momento consigo quebrar o silêncio
entre nós dois e voltar a perguntar:
— Nós precisamos avisar a pessoa que veio com você, onde você
está, para não preocupar ninguém. Como é o nome dela? Para que eu possa
descer e procurar.
A resposta que eu recebo é uma lufada de ar, seguida de um ronco.
Ótimo, ela está dormindo!
Minha cama está sendo preenchida por mim e uma garota bêbada
que acabara de levar um chifre do seu namorado, o qual ela quebrou o
celular na cabeça. Eu deveria estar comemorando a minha vitória no jogo
de hoje, mas estou aqui, abraçado a ela, fazendo cafuné na sua cabeça e me
sinto mais completo do que se estivesse lá embaixo, me embebedando e
atrás de uma transa qualquer.
Não sei se isso é ironia do destino ou o alinhamento das estrelas ou
qualquer baboseira que explique como a vida funciona. No entanto, tudo
vira pó quando na manhã seguinte, eu acordo de bruços, encontrando como
companhia na minha cama, apenas uma pulseira de prata com vários
pingentes de estrelas.
Pegando-a, analiso e sorrio de canto.
— E nem seu nome eu sei, Estrelinha — digo, sentindo no fundo da
minha alma, que essa garota ficará marcada na minha vida para sempre.
Existe um ditado onde diz que pessoas com sorte nasceram com a
bunda virada para a lua, então é por isso que eu sempre digo que eu nasci
com a bunda virada para o sol.
Quero dizer, em um dado momento da minha vida, eu fui uma
pessoa com sorte. Até o dia em que meu namorado do ensino médio decidiu
transar com a minha colega de quarto enquanto me visitava, e eu quebrei
meu celular na cabeça dele, decidi ir à uma festa sozinha, tomei um grande
porre e ainda acordei na manhã seguinte, na cama de um total estranho.
No segundo em que vi um homem enorme deitado ao meu lado,
primeiro me certifiquei de que estava com minhas roupas intactas, assim
como as dele, e me levantei apressadamente, pegando meus sapatos e dando
o fora daquele quarto.
Por sorte, nunca mais o vi. Mas também se o visse, jamais o
reconheceria, uma vez que nem mesmo me lembro do seu rosto, apenas
tenho a vaga lembrança de pedir para ele me abraçar. Fora isso, minha
mente está totalmente em branco quanto aos acontecimentos daquela noite.
Entretanto, eu sou obrigada a lembrar daquela noite, porque foi nela,
que também perdi a minha pulseira da sorte. Eu a ganhei de uma cliente
antiga do meu pai quando tinha apenas nove anos, ela me disse que um dia
aquela pulseira me traria sorte, e eu nunca mais a tirei do pulso, a não ser no
dia em que a perdi e me tornei uma azarada.
Pode parecer bobeira uma mulher de vinte e quatro anos,
superestimar a sorte em uma pulseira que perdeu há quatro, mas é verdade.
Pois, dois dias depois, descobri que minha bolsa em Yale havia sido
suspensa e fui obrigada a voltar para Nova Iorque de mãos atadas, tendo
que trabalhar no café do meu pai até conseguir um empréstimo para
retornar à New Haven, o que nunca aconteceu. Então, tive que me contentar
em terminar o curso de Administração na Brooklyn College, o que estava
bom, porém não era nenhuma faculdade da Ivy League[1], na qual lutei tanto
para entrar.
Talvez isso não defina azar, no entanto se vestir e se preparar para a
entrevista de um emprego, verificar o tempo no celular antes de sair de casa,
para ter certeza de que fará sol, e no instante em que sai da estação de
metrô, uma nuvem preta e carregada simplesmente despeja água sobre
você, bom... isso com certeza, é definição de azar.
Porém, como eu já vivo os últimos quatro anos preparada para
situações como essa, o guarda-chuva é um grande parceiro meu, e fazendo
chuva ou sol, ele está do meu lado. Contudo, ele se torna um péssimo aliado
quando uma SUV preta freia bruscamente em cima de uma grande poça de
água, me molhando inteira.
Trincando os dentes ao perceber o estrago que acaba de ser feito na
minha roupa — que passou por duas lavagens e foi engomada cinco vezes
seguidas durante todo o dia de ontem, para que eu estivesse, no mínimo,
apresentável durante a minha primeira entrevista séria de emprego —, eu
vejo um homem alto e forte, usando um moletom de capuz preto, abandonar
o carro e entregar as chaves ao manobrista, entrando no prédio empresarial.
Olho do carro de luxo para a minha roupa enlameada e um
pensamento de vingança se forma na minha cabeça. Impulsiva? talvez.
Entretanto, eu não posso deixar um riquinho babaca me foder inteira e não
dizer boas verdades na cara dele.
Ou no carro dele...
É por isso que eu sigo o carro, que está sendo conduzido pelo
manobrista, até o estacionamento, que fica no subsolo da lateral do prédio.
Meus saltos tilintam sobre o concreto enquanto faço minha pequena corrida.
Preciso me esconder atrás de uma BMW e depois de uma Mercedes,
para que ninguém me veja. Assim que finalmente a Ranger Rover preta é
deixada pelo manobrista, e o vejo saindo do estacionamento, é que eu me
permito me aproximar do mesmo.
Abro minha bolsa, retirando as chaves da minha casa e as ergo,
pensando se realmente devo fazer isso.
— Esse carro deve custar uma fortuna — divago ao olhar para a
lataria preta, tão bem polida que chega a refletir minha aparência
desajeitada perfeitamente.
É exatamente por ver o meu estado através do capô do carro, que eu
dou de ombros e ajo como uma criança imatura.
Ao finalizar a escrita, que me leva alguns minutos, pois eu precisei
usar toda a minha força para arranhar o alumínio, guardo minhas chaves
novamente na bolsa, mas não resisto em deixar mais uma gracinha para o
grandão que me sujou inteira log que vejo o batom vermelho, que diz durar
quarenta e oito horas, dando bobeira.
É com ele que escrevo “CUZÃO”, em maiúsculo, na janela do
motorista.
— Vai se foder! — Mostro o dedo do meio para o meu reflexo
estampado na janela do carro, mostrando a minha cara de arrependimento.
Porque não basta ser azarada, impulsiva e ter grandes tendências
depreciativas quando se trata de vinganças, eu ainda tenho que me
arrepender todas as vezes em que apronto uma dessas.
Me arrependi quando quebrei o celular na cabeça do Bryce, mesmo
ele tendo me dado um chifre e tanto; me arrependi também de todas as
vezes em que coloquei mais água do que café ao servir a cobra da mãe dele
nas inúmeras vezes em que ela foi tentar fazer com que eu reatasse com o
filho traidor dela ao longo dos anos; e claro, me arrependi agora, ao
arranhar o carro de um total desconhecido.
É por isso que preciso sempre me mandar ir se foder. Porque o
mundo e as pessoas já me fodem demais, então se eu não sou fodida por
mim mesma, que se foda.
Saindo do elevador no décimo quarto andar, eu sei que estou
atrasada para a entrevista, pois assim que saí do estacionamento e entrei no
prédio, fui direto para o banheiro que fica na recepção do térreo e me despi,
tentando secar a minha roupa encharcada, no secador de mão do banheiro.
O que me gerou uma roupa seca, porém, amassada.
Também tentei dar um jeito nos meus cachos, que foram
prejudicados pela poça de água e um idiota que não sabe dirigir, mas não
tive um efeito muito eficaz quando todo o cabelo decidiu ficar cheio de
frizz.
A recepcionista do escritório de assessoria de vários artistas e
atletas, Morgan Advisory, estreita os olhos ao olhar o meu estado, e com o
melhor sorriso que eu posso dar, apesar do meu mau humor evidente devido
ao acidente de mais cedo, tento ser o mais meiga que eu consigo.
— Bom dia, me chamo Georgia Walton e vim para entrevista de
emprego com o senhor Chad Morgan — cito um dos sócios da empresa.
A recepcionista sorri para mim, forçada, porém sorri, enquanto me
pede para aguardar um momento.
— As entrevistas estão acontecendo em ordem de chegada, senhora
Walton, como a sua chegada aconteceu por último, a senhora também será a
última — a loira de cabelos lisos e perfeitamente penteados, informa. — A
vaga é para assistente pessoal de um dos nossos assessorados. A senhora
deve preencher esse formulário, com todas as informações, corretamente.
— Ela me entrega um papel. — E também precisa preencher este outro
formulário, onde a senhora concorda em não divulgar nada do que
acontecerá durante a entrevista, inclusive o nome do assessorado para qual
a senhora está concorrendo à vaga.
Comunica ao segurar outro papel e me entregar.
— Nossa! — Bufo uma risada. — Parece até que eu vou trabalhar
com o presidente da América. — Sorrio, só que ele logo se desfaz quando a
recepcionista me lança um olhar questionador. — Tudo bem... Cindy —
digo ao ler o nome no seu crachá. — Muito obrigada, já vou preencher.
Me viro, entretanto logo me volto para ela.
— Você teria uma caneta? — inquiro, e ela estende uma para mim.
— E onde acontece a entrevista?
— Primeiro, a senhora precisa preencher os papéis, logo em seguida
irei lhe orientar sobre o restante.
Levo a mão até a testa, fazendo um gesto de continência, no entanto
não recebo qualquer reação de Cindy. Quando estou longe dela, sussurro
para que apenas eu possa escutar.
— Chata. — Porém, uma tosse próxima a mim, me tira do
raciocínio, e noto que Cindy escutou o que não deveria. — Oi. — Sorrio
sem jeito ao acenar para ela.
Após me sentar em uma das cadeiras da recepção, trago ambos os
formulários para o meu colo e preencho-os.
Talvez eu estivesse apenas brincando quando falei que parecia que
iria trabalhar para o presidente dos Estados Unidos, contudo vejo que tudo é
muito sério, quando eles perguntam até se eu já fiz alguma cirurgia de risco
ou tenho licença de porte de armas, o que obviamente eu respondo que não.
— Se eles estivessem tão preocupados com a segurança do cliente
deles, não deveriam anunciar vagas de emprego na internet — murmuro ao
entregar os papéis à Cindy, que me ignora completamente, e eu reviro os
olhos em resposta.
— Tudo certo, senhora Walton. Agora a senhora entra na segunda
porta à esquerda e aguarda ser chamada, o que provavelmente não
precisará, uma vez que é a última. — Sorri irônica para mim, e eu devolvo
da mesma forma.
Caminhando até a porta que ela indicou, falo em alto e bom som, na
intenção de fazê-la escutar:
— Chata e amarga.
Cindy me olha, afiada, e eu lanço um sorrisinho para ela.
Ao entrar no hall de espera do escritório, onde há uma placa com o
nome de Chad Morgan, há mais três mulheres sentadas, que variam entre
trinta e quarenta anos, esperando. Observo a decoração do lugar, que é toda
em tons de preto. O piso trata-se de um mármore de ônix, enquanto as
paredes são revestidas com madeiras de carvalho preto, a não ser pela
principal, que é inteiramente de vidro, mostrando a vista de toda Manhattan
do lado de dentro do ambiente escuro.
A nuvem preta fora embora, e agora o sol toma conta de toda Nova
Iorque, o que me faz sorrir com ironia.
Sentando-me em uma das poltronas disponíveis no local, noto que
as mulheres leem algo em seus iPads ao passo que eu respiro fundo,
tentando me concentrar no fato de que muito provavelmente, não serei
aceita nesse emprego, uma vez que todas estão muito bem penteadas, e o
meu cabelo está totalmente armado.
Os terninhos que elas vestem estão passados, e o meu está
amassado. Uma, usa um scarpin, que provavelmente fora engraxado ainda
hoje pela manhã, enquanto eu uso uma bota e meias, que na minha opinião,
é bem mais confortável.
Sem contar os anos de experiência que elas aparentam ter.
Eu sabia que deveria ter desistido no segundo em que recebi um jato
de água suja na minha cara, mas não poderia voltar ao café do meu pai, sem
dizer que eu tentei. Porque como ele sempre me diz:
— É melhor fracassar sabendo que você fez, do que viver
perguntando “e se eu tivesse feito?”.
Por isso não desisti.
E também porque eu estou formada há dois anos, e o máximo que
usei o meu diploma em Administração, foi para fazer o caixa do café
enquanto servia torta de espinafre e banoffee.
As mulheres entram e saem do escritório, e eu conto de cabeça
quanto tempo cada uma passou lá dentro. A primeira, foi cerca de uma
hora; já a segunda, ficou por quarenta minutos; e a última, eu parei de
verificar o ponteiro do meu relógio de pulso no instante em que passou de
uma hora e quinze minutos, e decidi me levantar, porque minha barriga
começou a roncar.
Indo até um aparador disposto no hall, pego um biscoito e começo a
comê-lo à medida que me sirvo de café.
— Georgia Walton. — A voz grossa e alta me assusta, fazendo com
que eu cuspa os farelos de bolacha e acabe derramando café quente na
minha mão.
— Merda, merda, merda... — murmuro repetidas vezes, sentindo a
ardência tomar conta da minha pele, justo na mesma mão que trabalhou
arduamente para riscar um carro.
— Você está bem? — a voz grossa pergunta, hesitante.
Então eu me viro, pondo um sorriso no rosto, na esperança de que
ao menos ele, seja o suficiente para disfarçar todo o desastre que eu sou.
— Sim, eu estou... — As palavras morrem na minha boca quando
encontro um homem de cerca de três metros, ou mais.
Preciso erguer minha cabeça para cima, para encontrar seu rosto, e
um arrepio sobe na minha pele assim que encontro sua barba por fazer, a
pele alva levemente bronzeada e os cabelos loiros escuros, penteados para
cima.
Ao passo que eu fico impressionada com o seu tamanho, ele fica
pálido ao me olhar.
Talvez o meu sorriso não seja o bastante.
— Você... — Ele hesita, coçando a garganta. — Você se chama
Georgia?
— Sim — digo, segurando minha mão recém-queimada com força.
— Desculpa, é que... — Ele parece apreensivo, até mesmo com
vergonha, pois seu pomo-de-adão sobe e desce três vezes.
Então ele me olha de baixo para cima e nega com a cabeça. Eu não
entendo a sua reação, ainda mais quando ele expõe um sorriso, mostrando
seus dentes brancos. Ele é lindo.
A forma como ele me encara, faz um arrepio súbito subir por minha
coluna e voltar pelo mesmo caminho, deixando minhas pernas fracas. Além
do desconforto que ele me causa, fazendo com que todo o meu rosto
esquente, em pura vergonha, e minhas bochechas ardam à medida que seus
olhos grudam em mim, o que parece uma total surpresa para ele, eu tenho a
sensação de estar vivendo algo como um déjà vu.
Ou sei lá o quê.
— A gente se conhece de algum lugar? — indago, sentindo o clima
entre nós dois ficar cada vez mais desconfortável.
— Não — é o que ele responde, ainda com os olhos grudados em
meu rosto.
O que mais eu poderia responder, quando a garota que vomitou aos
meus pés há quatro anos e obviamente não se lembra de mim, me pergunta
se a gente se conhece, além de um grande não?
Outro não, com certeza!
É claro que ela não lembraria de mim, ela estava bêbada demais e
ainda me usou como um corpo quente para abraçar enquanto chorava por
um chifre que havia levado. Eu ainda passei quase dois meses a procurando
por todo o campus, para devolver sua pulseira, porém nunca a encontrei.
Deve ser por conta disso que eu nunca consegui esquecer o seu rosto
meigo, que ao longo de quatro longos anos, eu posso dizer com firmeza que
não mudou absolutamente nada. E mesmo nunca tendo entregado a
pulseira, eu ainda hoje a mantenho comigo e sempre que abro a gaveta da
minha escrivaninha no quarto, ela está lá.
Isso, torna um trabalho difícil esquecer aquela noite e também a
Georgia, antes nomeada por mim de Estrelinha.
— Não, nós não nos conhecemos — reafirmo a resposta à sua
pergunta, após coçar a garganta. — É que...
— Olha, senhor Morgan, eu posso estar um pouco amarrotada no
momento, mas a culpa não é minha — ela se apressa a dizer, me
interrompendo e apontando para a roupa, que só agora noto que está toda
amassada. — Um idiota estacionou o carro depressa em cima de uma poça
de água enorme quando eu estava chegando para a entrevista. Então, ou
comparecia aqui suja ou amassada, mas desde já, peço desculpas.
Ela fala tudo apressadamente e só para ao notar que eu estou
sorrindo com o seu jeito inusitado de se expressar. Porque, da mesma forma
que ela fala muito, também manipula muito as mãos enquanto fala, além de
apontar demais.
Nem mesmo parece a garota que mal conseguia ficar de pé, anos
atrás.
— Sua roupa não tem problema algum, Georgia, acredite — digo ao
conduzi-la para dentro do escritório de Chad, meu empresário e agente. —
E eu não sou o senhor Morgan, ele é. — Aponto para o homem negro
vestido em um terno Armani de três peças e sapatos italianos, sentado em
uma cadeira de couro branca com o celular no ouvido, que lança um sorriso
de canto para nós dois e levanta o dedo, pedindo um momento.
Georgia leva seus olhos até Chad e solta um assobio.
— Ele sim, se veste como um empresário — ela tenta sussurrar, só
que sai alto demais.
O que me faz rir, pela sua maneira discretamente indiscreta de agir.
— Dessa forma, você me faz acreditar que eu me visto mal,
Estrelinha. — Ela arregala os olhos ao notar que eu escutei.
Não que meus Jordan sejam sinônimo de que eu me vista mal ou a
calça de moletom acompanhada da blusa de algodão que eu uso. Havia
chegado aqui mais cedo, usando um moletom preto com o símbolo do Nets,
meu time, contudo o retirei quando a segunda entrevista passou de meia
hora.
— Em minha defesa, eu vim do primeiro treino do dia, direto para
cá, mas eu também consigo me vestir como um tubarão de Wall Street[2]. —
Pisco para ela, e ela abaixa a cabeça, desajeitada. — Sente-se, por favor. —
Aponto para uma das cadeiras, em frente à mesa de Chad.
Quando ela o faz, ao invés de me sentar no sofá no canto do
escritório, como fiz durante todas as outras entrevistas, escutando Morgan
conversar sobre contas, privacidade e vários assuntos chatos com mulheres
de meia idade, e vez ou outra soltando um longo bocejo, decido sentar na
outra cadeira, logo ao lado de Georgia, que passa as mãos por sua saia, a
fim de alinhá-la, acredito eu.
O que também me faz levar meus olhos à parte despida das suas
pernas magras, entretanto, torneadas.
Ela mantém seu olhar focado na parede atrás de Chad, onde ele
mantém bolas de basquete, futebol, beisebol, vôlei e até mesmo discos de
hóquei, todos autografados por seus agenciados. E não é porque eu faço
parte deles, porém eu sei que apenas uma bola assinada por mim, hoje, vale
no mínimo, oito mil dólares no ebay.
É o que eu sempre digo, se um dia ninguém mais fechar contrato
com ele, Chad Morgan ficará rico apenas leiloando seus bens autografados.
— Vejo que você já conheceu o Hunter. — Chad olha para Georgia
ao desligar a ligação e colocar o celular em cima da sua mesa.
Georgia olha para mim e se volta, sorrindo para o meu empresário.
— Sim. — Concorda com a cabeça.
— Me chamo Chad Morgan, sou o empresário do Hunter, uma das
grandes estrelas da NBA atualmente, e de mais algumas pessoas famosas. É
um prazer te conhecer, senhorita Walton — ele se apresenta com seu sorriso
ensaiado, assim como fez ao longo da manhã, sendo carismático e logo
depois se tornando um tubarão, quando começar a fazer perguntas com seu
olhar desafiador para a pobre mulher sentada ao meu lado.
— O prazer é todo meu, senhor Morgan. — Georgia devolve o
mesmo tipo de sorriso.
— Seu currículo, por favor — Chad pede, agora com a cara dura e
intimidante.
Georgia se apressa para abrir a sua bolsa, porém ao invés de apenas
tirar a pasta que contém o currículo, ela acaba espalhando alguns dos seus
pertences no chão do escritório no momento em que ela é aberta. Noto
Chad fazer uma careta pelo jeito desastrado com que a garota age, mas
pouco me importo com a carranca dele e a ajudo a juntar suas coisas,
entregando-lhe um batom e um molho de chaves.
Ela me lança um sorrisinho, seguido de um agradecimento
sussurrado, e entrega seu currículo a Chad, que o analisa com o cenho
franzido e uma sobrancelha levantada. Enquanto Georgia o encara
apreensiva, eu noto uma veia pulsar em seu supercílio, provavelmente
indicando que esteja nervosa.
Algo que eu aprendi, além de estatísticas no basquete, foi como ler
as pessoas, seus movimentos e também a forma como suas faces muitas
vezes não condizem com o que querem passar. Por exemplo: Georgia, nesse
momento, tenta se mostrar confiante, no entanto sua perna não para de
balançar em nervosismo, e sua veia saltada acima do olho, evidencia seu
estresse.
— Então você começou seus estudos em Yale e foi transferida para
a Brooklyn College, é isso?! — Chad indaga uma pergunta retórica, ao
largar os papéis na mesa.
— Sim — Georgia assente. — Meus planos sempre foram começar
e terminar em Yale, porém acabei perdendo minha bolsa ainda no segundo
ano, e conseguir um empréstimo para continuar em uma Ivy League estava
fora de cogitação. Mas a Brooklyn também tem renome — ela fala um
pouco mais baixo.
Talvez isso explique o porquê eu nunca consegui encontrá-la no
campus.
— Seu currículo em questão escolar, realmente é muito bom —
analisa Chad. —Contudo, você não tem experiência no mercado. O que me
garante que você não irá vazar quaisquer informações sobre meu
assessorado?
Georgia solta um sorrisinho em contrapartida e responde, afiada:
— Um acordo de confidencialidade juntamente de uma multa de
milhões de dólares seriam o suficiente, senhor.
Chad solta uma leve lufada de ar, o que me faz cobrir a boca para
ele não ver o sorrisinho que eu dou. Entretanto, é em vão, porque ele
estreita o olhar para mim.
— Sua experiência profissional, até hoje, foi apenas servir café,
senhorita Walton.
A veia acima da sobrancelha dela salta, como se tivesse acabado de
ouvir um insulto.
— E muito bem, diga-se de passagem. — Sorri falsamente para ele.
— Mas não é o meu café que me torna uma boa candidata para a vaga, e
sim, a minha responsabilidade, porque depois de tudo o aconteceu hoje pela
manhã antes de eu chegar aqui, eu poderia apenas ter desistido dessa
entrevista ou então quando vi as senhoras de idade sentadas no hall de
espera, mostrando claramente que todas tinham mais experiência de
mercado do que eu. Mas eu garanto a você, senhor Morgan, que em algum
momento da vida, todas elas não tiveram experiência, assim como eu, e
assim como o senhor também. Hoje o senhor atende a quantos atletas?
Dez?! Vinte?! Mas houve um dia, que assim como eu, o senhor foi atrás do
seu primeiro, isso é uma certeza.
Chad encosta-se na sua cadeira, analisando a resposta de Georgia e
cruzando as mãos sobre sua barriga.
— Ela tem razão, me lembro até hoje quando eu ainda estava na
faculdade, e você implorava para me agenciar. — Olho para Georgia,
soltando-lhe uma piscadela, e de volta para Chad, que limpa a garganta ao
coçá-la.
Ele faz mais algumas perguntas desafiadoras e sem sentido à
Georgia, como o que ela faria se encontrasse uma camisinha minha exposta
ou então escutasse uma discussão minha dentro de casa. Ela, por sua vez,
responde dizendo que não chegaria perto do preservativo, uma vez que é
nojento, e que no caso de ouvir qualquer conversa minha, ela não tem nada
a ver. Georgia faz o uso do atrevimento e sagacidade na medida certa, o que
me faz, além de ficar curioso pela mulher, ficar encantado pela forma com a
qual, mesmo com o nervosismo evidente, ela não abaixa a cabeça.
— Muito obrigado por comparecer, senhorita Walton. Entraremos
em contato em breve — Chad se despede dela, e quando ela se levanta, eu a
acompanho.
— Eu te levo até a porta — ofereço.
— Obrigada — ela sussurra, dessa vez realmente baixo, para que
apenas eu possa ouvir, assim que abro a porta, dando passagem para a
mesma. — Não querendo me aproveitar de você, mas quais as minhas
chances de preencher essa vaga, além de zero? — ela pergunta no mesmo
tom de voz, com o cenho franzido.
Pendendo minha cabeça para o lado, estreito os olhos, observando-a,
e em seguida dou um sorriso de canto, antes de lhe responder.
— Com certeza, mais do que as chatonas que vieram antes de você,
Georgia. — Ela sorri para mim, agora genuinamente.
E caramba! Ela é bem mais linda sorrindo pessoalmente, do que foi
por tanto tempo em minhas lembranças.
Georgia me agradece novamente e dá as costas, se despedindo.
Ao fechar a porta do escritório, eu nem o espero jogar o currículo
dela no lixo, como fez com o restante das candidatas, corro até ele e tomo
os papéis das suas mãos, erguendo-os para o alto.
— Ela está contratada — anuncio.
— Nem fodendo, Hunter.
— Pensei que você me chamou até aqui para que eu pudesse
escolher minha assistente pessoal — reflito.
Chad decidiu que era hora de eu ter uma assistente pessoal, pois ele
estava cansado de ter que ir até meu apartamento quase todos os dias em
que eu dormia demais e acabava chegando atrasado a um treino ou então a
um evento, entrevista e afins. A gota d’água para ele, foi saber que eu não
havia pagado minha conta de energia.
No entanto, em minha total defesa, a culpa não é inteiramente
minha, mas sim dos meus horários malucos, treino pela manhã, treino à
tarde, treino à noite, jogos fora de casa, anúncios de patrocinadores, tirar
fotos para alguma caixa de cereal, propagandas de xampu anticaspa. Isso
tudo toma o meu tempo, e eu acabo esquecendo coisas essenciais.
— Sim, eu quis você aqui para isso, já que a pessoa irá trabalhar
diretamente com você. Mas essa garota, que sequer posso ver como uma
mulher, de tão jovem que aparenta ser, é um total desastre, Hunter.
— Ela é legal — digo, analisando o seu currículo, que realmente
não é o mais brilhante de todos quando falamos de alguém que passou por
Yale.
— A roupa dela estava toda amarrotada. — Ele tenta me convencer
do contrário.
— Ela precisa apenas de uma oportunidade.
— Espero que você não esteja querendo contratá-la apenas para
entrar nela — observa meu agente. — Ou você acha que eu não vi a forma
que você olhava para ela ou como secou as pernas dela? Eu posso ser gay,
Hunter, mas eu sei quando alguém deseja uma mulher.
Engulo em seco ao ouvir suas palavras e rapidamente nego com a
cabeça.
— Não quero entrar em ninguém, Chad, apenas me identifiquei com
ela. Como você mesmo disse, ela irá trabalhar diretamente comigo, então eu
prefiro alguém que eu me identifico, do que uma pessoa ranzinza como a
Cindy.
Chad faz uma careta, pois assim como todas as pessoas que
conhecem a loira recepcionista, ele também não a suporta.
— Certo! — Levanta as mãos para o alto, em forma de rendição. —
Ela será contratada, mas se acontecer qualquer merda pela falta de
experiência dela, é problema seu, você que se vire com a mídia.
— Uhum — murmuro, rindo. — Como se nós dois não
soubéssemos que se eu for notícia ruim no TMZ, você não será o primeiro a
querer processa-los. — Chad franze o nariz para mim em uma careta, e eu
levanto os papéis que havia roubado de sua mão. — Não precisa ligar para
ela, vou visitar minha Nona após o treino e faço questão de contar à
Georgia.
Por coincidência do destino ou não, vendo o currículo de Georgia,
notei que ela mora a cinco quadras de distância da minha avó e também que
sua casa fica em cima de um dos melhores cafés do Brooklyn, que eu
costumava frequentar quando era mais novo e menos famoso.
Chad concorda, negando com a cabeça, e eu me despeço dele.
Saindo do seu escritório, pego as chaves do meu carro com a Cindy, já que
antes havia pedido a ela para solicitar as chaves a algum manobrista. Eu
havia chegado atrasado, então estacionei o carro de qualquer jeito e pedi
para que estacionassem na garagem.
Pego o elevador enquanto envio uma mensagem para a Nona,
avisando que irei levar torta à tarde para comermos, e desço até o subsolo.
— Só pode estar de sacanagem com a minha cara — divago no
momento em que encontro o meu carro, passando a mão por cima do capô.
Eu comprei o carro tem apenas três meses, e alguém o arranhou com
alguma chave, ou algo do tipo, escrevendo: “arrogante, idiota, babaca”.
Isso já me deixa com raiva o suficiente, mas encontrar na janela do
motorista um grande “CUZÃO” escrito, faz a minha pele esquentar em
raiva.
É claro que a minha entrevista foi horrível, não tinha como ela ter
sido boa.
Chad deixou claro a todo momento que ele não iria me contratar,
desde o jeito como ele me olhou até as perguntas idiotas sobre o que eu iria
fazer com uma camisinha usada do cliente dele, isso é nojento, no mínimo.
O lado bom da entrevista, na realidade, foi a maneira como Hunter levou
tudo na leveza.
E eu não posso dizer que o camisa 11 do Brooklyn Nets é apenas um
gato. Ele é o gato. Alto, ombros largos e fortes, cabelo loiro escuro, e olhos
com uma cor enigmática, ora verdes, ora azuis, mas lindos de toda forma.
Além do belo sorriso que ele estampa no rosto de um deus grego.
Foi impossível não dar um google nele no instante em que entrei no
metrô. Ele é a estrela do Nets, estudou em Yale no mesmo ano que eu, o que
é uma coincidência enorme. Se eu fosse um pouco mais ligada a esportes,
talvez eu teria o reconhecido assim que o vi, pena que não entendo sequer o
que significa um rebote ou cesta de três pontos, que tanto falam nos artigos
que encontrei sobre Hunter Blakely.
Ele foi draftado pela NBA no mesmo ano em que se formou,
fechando contrato com seu time dos sonhos e do coração. O cara ganha, por
ano, apenas por ser uma grande estrela do basquete, algo em torno de
cinquenta milhões de dólares, isso sem contar os patrocínios de marcas,
anúncios e tudo mais.
Ou seja... rico para a porra. Esse, com certeza nasceu com a bunda
virada para a lua e cheio de talento.
E claro, com tanto carisma, beleza e dinheiro, o que não falta para
Hunter são mulheres, sempre visto com uma diferente nos Instagrams de
fofoca. Basta jogar no google o nome dele mais namorada, e imediatamente
aparecem várias fotos dele com diversas mulheres. Porém, a manchete que
me chamou real atenção foi a que ele disse que a sua única prioridade no
momento é conseguir o anel dos campeões na NBA.
— Sabe, eu queria ter um objetivo na vida, assim como ele —
comento com April enquanto ela tira uma torta salgada de queijo do forno.
— O objetivo do cara nada mais é do que transar com quantas
conseguir — a esposa do meu pai responde.
April tem os cabelos acobreados e olhos verdes, com um corpo
curvilíneo. Ela é considerada uma midsize, devido ao seu quadril avantajado
e pernas e braços grossos, assim como seus seios grandes. April e meu pai
se conheceram quando ela começou a cozinhar para o café, há mais de dez
anos. No entanto, o casamento só veio a acontecer há poucos anos, pois,
meu pai tinha receio de casar com uma mulher dez anos mais nova.
— Quem quer transar com quem? — minha mãe, Ayla, questiona ao
colocar a cabeça para dentro da cozinha.
— O Hunter — respondo.
— O gostosão para quem você fez a entrevista hoje? — minha mãe
indaga ao tirar um pedaço da massa podre da torta que acaba de sair do
forno, se queimando logo em seguida, o que faz com que April dê um tapa
na sua mão.
— Mãe — repreendo-a. — Não é porque eu cheguei aqui contando
para quem eu fiz a entrevista, que você pode sair falando por aí. Eu assinei
um acordo de confidencialidade, esqueceu?
— Então por que você chegou aqui exclamando o nome dele? — Eu
mostro o dedo do meio para a mulher de quem eu herdei todos os traços
possíveis, desde o formato da boca até os cachos embaraçados.
Digamos que eu fui criada por pais totalmente disfuncionais.
Minha mãe conheceu Jared, meu pai, durante a Residência Médica,
e tiveram apenas um caso, nada sério, o que resultou em uma gravidez, na
qual meu irmão veio ao mundo. Quando meu irmão tinha apenas dois
meses, eles pensaram: “por que não transar novamente?”, e foi assim que eu
vim ao mundo. Agora, vinte e quatro anos depois, eles são pais separados
que moram praticamente debaixo do mesmo teto. Juntos, eles compraram
um armazém enorme no Brooklyn, quando ambos desistiram da Medicina,
e dividiram os três andares. No térreo, fica o Happie, o café administrado
pelo meu pai; no segundo, o apartamento da minha mãe, que agora é uma
hipster que vive da sua arte — literalmente, a mulher confecciona brincos,
pulseiras e afins, e sai vendendo nas ruas de Nova Iorque. Ela vive sozinha
e muitas noites acaba na companhia de um homem ou mulher qualquer —;
e no terceiro andar, o apartamento do meu pai, que agora vive com a April.
Luca, meu irmão, e eu, fomos criados em duas casas e em um lar, ao
mesmo tempo. E eu não trocaria minha família funcionalmente disfuncional
por nada no mundo.
— Não falei o nome dele em momento algum, vocês que me viram
mexendo no celular e automaticamente juntaram dois mais dois —
respondo.
O que não deixa de ser mentira, pois no segundo em que entrei no
café, e me perguntaram como foi a entrevista, eu disse que foi uma merda.
Então meu pai me viu tacando vários likes no Instagram do Hunter, e claro,
ele como fã, logo descobriu que minha entrevista havia sido feita com o
atleta.
— Ainda bem que a entrevista foi ruim, já imaginou você
trabalhando ao lado daquela perdição de homem todos os dias? Eu com
certeza, abriria minhas pernas no primeiro “oi” dele — April diz em meio
ao riso, e eu respondo com uma careta.
— Mas eu queria tanto aquele emprego, eu prometeria nunca abrir
minhas pernas para ele, se fosse o caso — reflito.
Porque sim, Hunter Blakely é claramente um homem para quem
qualquer mulher faria questão de abrir as pernas.
— Então, se eu fosse você, começaria a mantê-las bem fechadas,
porque ele está aqui — meu pai anuncia, se juntando a nós na cozinha, e me
fazendo pular da bancada de inox na qual eu estava sentada.
— Você está falando sério? — pergunto, incrédula, ao homem de
pele bronzeada e olhos verdes que me colocou no mundo.
Entretanto, a resposta não vem dele, e sim do meu irmão, que
também entra na cozinha e fala:
— Sim, e ele é alto pra cacete, imagina o tamanho do pau dele —
Luca dá um assovio audível, e a primeira a correr para o lado de fora da
cozinha, indo em direção ao salão onde ficam os clientes, é minha mãe.
Ela dá uma olhada e depois retorna para a cozinha quando eu
começo a andar rumo ao salão, para ter a certeza de que meu pai e irmão
não estão brincando comigo. Tenho a convicção de que eles estão falando
sério, assim que minha mãe fala em alto e bom som:
— Com certeza o pau dele é enorme!
Arregalo os olhos logo que passo pela porta e dou de cara com
Hunter em frente ao caixa da Happie. Ele me encara com seus olhos, agora
verdes, brilhantes e sorrindo para mim, dou um meio sorriso em troca e me
aproximo.
— Acho que tinha alguém falando do meu pau por aí.
— É apenas a minha mãe, ela acha que está sussurrando quando na
realidade está gritando — informo, ao apontar com o polegar, indicando a
porta da cozinha logo atrás de mim. — Uma hora dessas você se acostuma.
— Vejo que você tem a quem puxar então — Hunter fala em tom de
brincadeira, e meu rosto esquenta em vergonha.
— Realmente, eu faço muito isso também — sussurro, mas não o
suficiente, e ele ri. — Então, em que posso ajudá-lo?
Hunter se curva sobre o balcão de tortas, analisando-as. Em seguida,
se levanta e aponta para a torta de noz pecan.
— Primeiramente, eu gostaria de duas fatias da de noz pecan, por
favor — ele pede ao colocar as mãos dentro dos bolsos do seu moletom
com a logo do Nets.
Sirvo as fatias de torta na embalagem para a viagem, fazendo o
registro no caixa e entregando-as a Hunter.
— São dezoito dólares, mais alguma coisa? — Mordo o lábio
inferior.
Suas sobrancelhas se erguem, e meus olhos os sondam no instante
em que ele tira uma nota de cinquenta dólares de dentro do bolso do
moletom, juntamente com um maço de papel, e diz:
— Apenas uma caneta, para você assinar o contrato para ser minha
assistente pessoal. — Sua boca se curva em um sorriso enquanto eu,
permaneço estática.
Como assim?! Isso é impossível de estar acontecendo, eu fui
péssima na entrevista, eu parecia um trapo, eu respondi com atrevimento
todas as perguntas feitas por Chad e ainda deixei cair as coisas da bolsa
logo no início. Se eu fosse empresária de um jogador de sucesso, eu jamais
contrataria uma pessoa como eu para ser a assistente pessoal dele.
— Você está brincando comigo, não é? — indago, incrédula. — Eu
sou um completo desastre. — Solto um riso frouxo, que logo morre em
meus lábios, no instante em que ele me mostra o contrato, onde realmente
há o meu nome.
— É claro que você não precisa assiná-lo agora — ele diz quando eu
o pego de suas mãos, o toque das nossas peles faz com que os pelos do meu
braço se ericem em um arrepio. — Tem algumas cláusulas que eu
aconselharia você a analisa-las antes, mas sim, Georgia, você foi a
escolhida para ser a minha assistente pessoal.
— Nem fodendo. — Nego com a cabeça assim que leio o que vem
em seguida: “A contratada deverá ter disponibilidade para acompanhar o
contratante em viagens de trabalho dentro e fora do país, estando com o seu
passaporte em dia.”
— Algo de errado? — Hunter questiona, preocupado.
— É sério que você tem um avião particular para viagens para
exterior?! Puta merda.
— Pois é. — Hunter dá de ombros, como se isso não fosse nada
demais, só que isso é a porra de um jatinho particular, ao passo que eu mal
tenho dinheiro para ir de táxi do Brooklyn à Manhattan.
Faço uma careta para ele, franzindo o nariz.
— Por que não me ligaram para que assinasse o contrato no
escritório?
— Minha avó mora a algumas quadras daqui, e pensei “por que
não?!”
— E por que vocês quiseram contratar logo eu? — pergunto, ainda
centrada no contrato.
Já li tanto ao longo da vida, que aprendi a fazer leitura dinâmica. Por
isso, mesmo mantendo a conversa com Hunter, ainda estou ligada nas
cláusulas contratuais.
— Digamos que eu gostei de você — sua confissão me faz despertar
da leitura. Eu semicerro os olhos, o encarando, já Hunter mantém uma cara
de paisagem para mim.
— E digamos que eu gostei desse salário — digo, apontando para o
valor de oitenta mil anual descrito.
Pegando uma caneta do caixa, eu assino e rubrico o contrato em
todos os pontos solicitados. Ao final, um grande sorriso está estampado em
meu rosto.
— Talvez você tenha gostado de mim, mas eu sei que o Chad me
odiou — digo, entregando-o os papéis, que ele segura com a mesma mão
que carrega a sacola com as tortas, já que com a outra, ele aponta para a
porta atrás de mim, e vejo que toda a minha família está observando a
interação entre nós dois. — Meu pai é um grande fã seu, já o restante, são
apenas curiosos.
— Acredito que eu tive sorte em chegar aqui e não estar muito
cheio, caso contrário, eu não conseguiria essas tortas e nem que você
assinasse isso aqui. — Ele ergue a sacola e o contrato.
— Chame de sorte, eu chamo de Starbucks na outra esquina — digo
ao oferecer o seu troco, que Hunter logo dispensa. — Te acompanho até o
carro — me ofereço, saindo de trás do balcão.
Como não tem ninguém no café, além de nós dois e minha família
na cozinha, as coisas realmente se tornam mais fáceis. Ao sair do café, noto
que a outra esquina está lotada. O Starbucks é bom, não posso negar. Antes,
a Happie vivia tão lotado quanto a franquia do outro lado da rua, contudo,
quando eles se instalaram ali, as coisas ficaram um pouco feias para a
minha família. Meus pais já tiveram que hipotecar o prédio, nos últimos
anos, três vezes para conseguirem manter os negócios e nossas casas, por
isso também que minhas várias tentativas de empréstimos estudantis não
deram muito certo.
— Nos vemos amanhã, Georgia — Hunter anuncia, se posicionando
ao lado da Ranger Rover preta, a mesma que eu arranhei. Meus olhos
saltam para fora tão logo vejo o insulto escrito com batom na janela fumê
do carro.
— Provavelmente algum fã que não gostou do jogo do último final
de semana. —Ele aponta.
Provavelmente sua mais nova assistente pessoal, que não gostou
quando você parou o carro de qualquer jeito e a sujou inteira, penso em
responder, porém me contenho.
— É — digo em um sorriso fingido. — Provavelmente...
— Agora tenho que ir — Hunter anuncia ao ajustar o capuz sobre a
cabeça, para que ninguém na rua o reconheça, acredito eu.
Me despeço dele, acenando com a mão e com um sorriso, o ar ainda
retesado em meus pulmões, só me permitindo voltar a respirar quando ele
acelera com o carro pelas ruas do Brooklyn, fazendo voar algumas folhas
secas do outono que está prestes a acabar. Se Hunter descobrir que eu fui a
responsável por vandalizar o seu carro, eu estou fodida, muito fodida
mesmo.
Entrando novamente no café, solto um grande suspiro e digo, para a
minha família que agora está atrás do balcão:
— E foi assim que Georgia Walton queimou a bunda no sol mais
uma vez.
Chad: Ainda acho que isso foi uma má ideia.
É a primeira mensagem que há no meu celular no momento em que
acordo. Ele havia me enviado no início da noite passada, um vídeo da
segurança do prédio onde se encontra o seu escritório.
As imagens da garagem mostravam uma Georgia bastante esperta,
se escondendo atrás de alguns pilares e carros, confesso que aquilo me fez
rir, entretanto meu sorriso logo murchou quando a vi se aproximar do meu
carro, riscando-o logo em seguida. Chad me aconselhou a demiti-la de
imediato, segundo ele, ela é uma fã psicopata, enquanto eu, discordo disso.
Disse a ele que iria confrontá-la quando ela chegasse hoje, para o primeiro
dia de trabalho.
Para falar a verdade, eu acredito que tudo não passou de um mal-
entendido, porque o vídeo rodando na minha mente, durante toda a noite, e
a ideia estupida do meu assessor de dizer que ela é uma fã, não condizem
com o rosto surpreso dela quando viu os riscos no meu carro ontem.
A não ser que ela seja uma atriz e tanto, o que eu também não
acredito que seja verdade.
Abrindo a gaveta da escrivaninha, pego a pulseira com os pingentes
de estrelas, tocando-a. Me lembro da noite em que a ajudei e dormi
abraçado com ela, penso que talvez ela se lembre daquela noite e penso
também em entregar o que lhe pertence, mas decido que não é a hora assim
que escuto a campainha tocar.
Vestindo apenas uma bermuda moletom, saio do quarto e desço as
escadas do apartamento rapidamente. Ontem, também pedi para Cindy
enviar as informações necessárias, como endereço e código do elevador,
para que Georgia viesse trabalhar hoje, então meu coração acelera em pura
ânsia para encontrá-la.
Que porra é essa que tá acontecendo comigo?, penso ao franzir a
testa e andar calmamente pela sala, indo em direção à porta.
Um sorriso que eu mal tenho tempo para processar surge em meus
lábios no segundo em que me encontro com Georgia, que esconde os
cabelos em um gorro e usa um casaco vermelho, estendendo uma bandeja
com dois cafés.
— Bom dia, Chefinho — cumprimenta, animada. — Não sei como
você prefere seu café, por isso trouxe um com açúcar e outro sem.
— Sem açúcar — digo, e ela me dá o copo. Logo tomo um gole, e
meus sentidos são despertados pela cafeína.
— Ótimo, porque eu prefiro com — diz, ao pegar o outro café e
tomar um gole.
Dou espaço para que ela entre no apartamento e fecho a porta em
seguida. Os olhos de Georgia sobressaltam quando ela entra, dando de cara
com a vista de alguns prédios do Upper East Side e também com a visão
privilegiada do Central Park. Apesar do inverno estar chegando na Costa
Leste, a vista das “paredes” de vidro do apartamento torna qualquer clima
de Nova Iorque bonito, até mesmo hoje, que está nublado, ameaçando
chover a qualquer momento.
— Uau! — exclama, encantada. — A vista daqui é linda — diz,
retirando o copo da frente do seu rosto.
— Quer conhecer o restante do apartamento? — ofereço, e de
prontidão, Georgia assente.
O sorriso que eu dei desde o instante em que ela chegou, ainda não
abandonou o meu rosto, e eu me pergunto como uma pessoa que eu mal
conheço, me faz bem e me traz extrema paz desde a primeira vez em que
tive contato com ela?
Portanto não, eu não acredito que ela seja uma fã psicopata, muito
menos uma boa atriz, como imaginei. Ela é a apenas a Georgia, uma garota
que um dia caiu nos meus pés, igual uma estrela cadente, em quem passei
anos pensando sem saber o seu nome, de quem guardo uma pulseira desde
então e de quem tenho uma curiosidade enorme para saber um pouco mais
sobre.
— Como já deu para perceber, aqui é a sala de estar — aponto para
fora — e ali é o deck, onde ficam uma hidromassagem, área gourmet e
afins. — Ela olha de relance e me segue pelo corredor. — Aqui ficam a
cozinha e a área de serviço.
— Eu vou precisar fazer sua comida? — pergunta, ao olhar para o
cooktop no meio da ilha de mármore.
— Não, no máximo as compras, eu tenho uma personal chef que faz
as minhas comidas de acordo com a minha dieta — informo e tomo mais
um gole do café.
— Isso explica o corpo em forma — ela divaga, novamente como se
aquilo fosse um sussurro, arregalando os olhos quando percebe que não foi,
pois eu dou um sorrisinho de canto para ela. — Desculpa, não foi isso que
eu quis dizer — se apressa em explicar. — Quer dizer, até foi, porque você
tem um corpo e tanto, mas não poderia ser diferente quando se é um atleta
de alto nível, então é óbvio que sua barriga vai ter vários go...
— Eu entendi, Estrelinha — interrompo-a.
Georgia franze o nariz, e sinto meu rosto queimar, agora quem está
com vergonha pelo apelido que a dei quando ela vomitou em mim, sou eu,
porém não vou tentar me explicar, como ela fizera há pouco.
— Enfim — tento mudar de assunto ao limpar a garganta e coçar a
nuca. — Acredito que após me acompanhar no treino hoje, as compras
serão a sua primeira tarefa.
Dou outro gole no café e coloco o copo sobre a bancada, pegando
uma camiseta, que havia deixado em uma das cadeiras em algum outro dia,
passando-a pela cabeça e a vestindo. Eu não havia percebido que Georgia
havia notado que eu estava sem camisa, até seu comentário.
Voltando para o corredor, acompanhado de Georgia, passo por uma
porta dupla.
— Aqui fica a sala de jantar e recepção, caso precise receber
algumas pessoas, e acredite, é difícil precisar usar. Ali — aponto para uma
porta discreta, que está aberta —, fica a segunda cozinha.
— Segunda cozinha? — inquere ao juntar as sobrancelhas.
— Industrial — explico. — Utilizada apenas quando tem algum
evento e algum buffet precisa usá-la.
— Chique — assobia.
— Nem me fala.
Voltando para o corredor, entramos no elevador que fica dentro do
apartamento.
— Chique pra cacete — ela exclama, com os olhos iluminados.
— Esse elevador serve apenas para três andares — explico. — São
eles: garagem, segundo e primeiro andar.
— No caso, estamos indo para a garagem?
— Não.
— Mas estamos descendo — analisa.
— Primeiro andar — digo, tão logo as portas se abrem. — Aqui fica
uma academia personalizada e...
— Uma quadra de basquete — completa.
— Isso. Malhar mesmo, eu faço aqui. E quando preciso de paz fora
da arena e dos companheiros de time, aqui é o meu canto secreto — conto.
— Você é uma das poucas pessoas que sabe isso, Georgia, sinta-se
privilegiada.
— Ah, Chefinho, eu me sinto privilegiada desde que assinei um
contrato com salário de oitenta mil por ano — diz, terminando de tomar seu
café, e eu sorrio para ela.
Mal sabe ela, que Chad queria que o salário dela fosse bem mais
baixo, devido à inexperiência. Segundo ele, seria mais fácil no momento em
que a demitíssemos, porém eu fui contra e disse que ela merecia bem mais,
ele não concordou, óbvio. Contudo, digitou no contrato mesmo assim.
Pegamos o elevador novamente, voltando para o andar principal e
seguimos para a escada.
— Por que o elevador não vem para esse andar?
— Me fiz essa mesma pergunta ao compra-lo, há dois anos —
respondo. — Aqui ficam os quartos e escritório.
Apresento todos os quartos de hóspedes, que são três no total e
todos do mesmo jeito, e depois seguimos para o principal.
— E aqui fica o meu quarto. — Assim que entramos, aciono a
abertura das persianas através do tablet.
— Cala a boca! — Seus olhos brilham ao verem a vista do quarto,
que é a mesma da sala. — Como você consegue dormir todas as noites aqui
sem dar um tapão na sua cara pra ter certeza que não é um sonho?
Eu rio com sua pergunta.
— Nas primeiras semanas, eu me beliscava todos os dias — digo em
meio à risada.
— É verdade que você vem do Brooklyn? — pergunta ela.
— Sim, fui criado lá desde os meus oito anos, foi mais ou menos
nessa idade que me apaixonei pelo basquete — conto. — Somos apenas eu
e a Nona, foi a partir dali que comecei a ir para acampamentos de basquete
e tudo o mais, ganhei uma bolsa em Yale para jogar pelo Bruins. Você
estudou lá, não foi?
Tento sonda-la, a fim de ver se ela solta algo, como: saber da minha
existência desde a faculdade ou qualquer coisa do tipo.
— Os dois primeiros anos apenas — responde. — Mas eu era
bolsista, então trabalhava na biblioteca após as aulas, e à noite era babá da
filha de uma das minhas professoras na época, por isso eu nunca me envolvi
com esportes ou festas.
Ela parece pensar por um segundo e aponta para cima.
— Aliás, até fui para uma festa uma vez, sozinha, após levar um
grande chifre, mas não lembro nada daquela noite — diz ao fazer uma
careta.
— Uma grande ressaca no outro dia?!
— Moral e física, mas logo passou, quando descobri que perdi
minha bolsa. — Dá de ombros, apontando para a porta do closet. — Vi no
contrato que não fico responsável pela limpeza em si, apenas por suas
roupas ou estou maluca?
Ela muda de assunto rapidamente, logo, não consigo perguntar
outras coisas.
— Isso, com meus horários malucos, eu esqueço de colocar as
roupas para lavar e sou péssimo em organização. Passei os últimos dois
anos no escuro sobre isso — confesso. — Espero que você possa me ajudar.
— Vou dar meu máximo — Georgia afirma em um sorriso, e eu
acredito.
Saímos do quarto e seguimos para o escritório, lá eu mostro a ela
tudo o que ela vai precisar para trabalhar, que é basicamente um tablet,
celular e computador, onde vai verificar e-mails, pagar contas, organizar
agenda, funcionários e tudo o que for necessário. Dou a ela também todas
as senhas, incluindo das contas que ela vai precisar usar e do cartão de
crédito, e a chave de um dos carros, para que possa se locomover quando
necessário.
— Não vai me alertar sobre o uso indevido das senhas ou do
dinheiro? — pergunta, irônica.
— Não se preocupa, o Chad já está responsável por isso — brinco.
— Tenho certeza disso, ele me odeia. — Seus olhos disparam para
mim, em uma afirmativa.
— Ele odeia todo mundo — respondo. — Agora vou tomar banho,
para sairmos para o treino com a equipe, pode esperar lá na sala ou preparar
as coisas para irmos — digo, e ela concorda.
De volta ao meu quarto, sabendo que ela terá fácil acesso a ele, opto
por trancar a gaveta da escrivaninha e guardar a chave. Assim como decidi
que não vou confrontá-la agora sobre o que ela fez com o carro, também
não acho que é a hora de devolver sua pulseira, dizer quem sou eu e que nos
conhecemos na noite em que ela diz não lembrar de nada.
Mesmo acreditando nela, prefiro aguardar um pouco mais.
Após tomar um banho rápido, visto minha roupa de treino,
colocando um moletom do time por cima, e pego minha bolsa. Desço as
escadas e me encontro com Georgia, já com seu material de trabalho para
hoje em mãos, no entanto o que mais me surpreende, é que agora ela está
sem o gorro e sem o casaco.
Vestindo um suéter branco de mangas longas, uma legging preta e
tênis, o que me admira mais, não é a sua roupa confortável e sim, os cabelos
lisos, talvez deva ser por isso que sinto uma linha se formar no meu cenho,
em pura confusão.
— Algum problema? — Georgia indaga, ao notar minha presença.
— Eu juro que não fiz nada de errado — diz, levantando as mãos em
rendição.
Nego com a cabeça, em resposta e lhe dou um sorriso.
— Nada de errado, apenas fiquei surpreso com o que fez no cabelo.
— Aponto.
— Está feio? — pergunta e passa os dedos pelos fios.
Dou de ombros.
— Apenas acho que prefiro ele cacheado — respondo. — Vamos lá,
Estrelinha? — chamo, indo em direção ao elevador.
— Sim, Chefinho. — Ela me segue.
— Precisa mesmo me chamar de Chefinho? — pergunto, quando as
portas se fecham.
— Precisa mesmo me chamar de Estrelinha? — devolve ela.
— Touché.
Ao chegarmos na garagem, Georgia solta uma risada incrédula.
— Você não cansa de ser rico?! — pergunta retoricamente,
apontando para os cinco carros ali.
— Ainda estou me acostumando com isso — respondo ao entrar na
Porsche, e ela nega com a cabeça, rindo e entrando no carro também.
Bufo uma risada, dando partida no carro, e seguimos para o
Barclays Center, arena do Nets, atravessando a ponte que liga os distritos de
Manhattan e Brooklyn.
— Eu acho isso uma besteira — confessa Hunter, quando chegamos
à arena —, mas o Chad insistiu em fazer as fotos do treino, porque ele não
quer ser um dependente do fotógrafo do time. Tem certeza de que você
consegue fazer isso? — pergunta ao juntar as sobrancelhas.
— Com certeza — minto, assentindo várias vezes.
É claro que eu não sei mexer em uma Canon com várias letras e
números, wi-fi, bluetooth e uma lente maior do que minha cabeça, o
máximo que eu sei na hora de tirar uma foto, é ajustar a luz na câmera do
iPhone.
— Tá bem, vou apenas me trocar e já venho para a quadra, você
pode ficar à vontade na arquibancada — ele diz, e eu continuo balançando a
cabeça em afirmação.
Já há alguns jogadores em quadra, então aproveito o instante em que
Hunter se vai e pesquiso no Youtube como funciona a câmera. Mexo em
alguns botões, a fim de configurar o foco e a iluminação, e aponto para
alguns jogadores, testando a imagem.
Me apavoro no momento em que a imagem trava na tela da câmera,
tento acessar a pasta do drive, encontrando fotos do telão, dos jogadores,
técnico e até mesmo do homem que encera o piso da quadra, e acredite,
todas estão totalmente desfocadas.
Reinicio a câmera e volto no vídeo do Youtube, trago a câmera para
o meu rosto, finalmente conseguindo tirar o desfoque da imagem, contudo,
tudo parece estar focado demais, até mesmo a cintura masculina à minha
frente.
Espera?!
Tem um pau praticamente cobrindo a lente da câmera. Afastando-a
do meu rosto, vejo que na realidade o pau em questão está a cerca de dez
passos de distância. Ele veste um uniforme branco do Nets, e o número oito
estampa seu peito, sua pele é negra, seu rosto quadrado está coberto por
uma barba por fazer, e o cabelo em corte militar.
Ele parece ter a mesma altura de Hunter, entretanto é mais magro.
Lindo na mesma proporção também.
— Dificuldade para ajustar a imagem? — pergunta, apontando para
a câmera com o queixo.
— Mais ou menos — admito a contragosto. — Não sei onde estava
com a cabeça quando disse que sabia mexer em um treco desses.
— É fácil. — Ele ri. — Vem cá, eu te ajudo.
Levantando-me da cadeira, ando em sua direção, levando a câmera
comigo.
— Qual a sua dificuldade?
— O foco — digo ao franzir o nariz.
Ele me mostra como ajustar o foco, que na realidade é bem mais
fácil do que mostrava no tutorial que eu assisti antes. Também me dá dicas
de como ajustar a iluminação, porém eu mesma faço dessa vez.
— Agora tira uma foto minha — ele pede.
Se afastando de mim, o número oito do Nets faz uma pequena
corrida, e eu consigo tirar uma foto sua em movimento. Em seguida, ele põe
as mãos no quadril, manda um beijo e dá um pulo alto.
Consigo capturar todas as suas poses enquanto rio delas, ele retorna
e pergunta:
— Sou um bom modelo?
— Excelente, para falar a verdade — digo, mostrando as fotos que
tirei dele.
— Viu só? Eu disse que era fácil. — Ouço o orgulho na sua voz à
medida que vê as imagens. — Ela já está conectada ao drive?
— Eu acho que sim — respondo, pois até pouco tempo, estava.
— Ótimo, por que não me passa elas depois?
Antes que eu possa respondê-lo, somos interrompidos por Hunter,
que se aproxima de nós lançando uma bola contra o peito do homem ainda
sem nome.
— Vejo que já conheceu o Ezra — comenta Hunter.
— Ele estava me ajudando com a câmera — sinto a necessidade de
explicar.
— Ela é uma ótima fotógrafa — Ezra diz, com um sorriso no rosto,
e eu acompanho.
— Assistente pessoal também — Hunter rebate. — E você não está
autorizado a dar em cima dela.
— Ele não estava dando em cima de mim — me apresso em dizer.
Primeiro, porque tenho medo de Hunter pensar que estou com
segundas intenções, ainda mais no meu primeiro dia de trabalho, e também
porque eu gostei de Ezra o suficiente, para defendê-lo.
— Ah, ele estava sim.
— Eu estava sim — os dois dizem em uníssono.
— Não estava não. — Olho confusa para Ezra.
— Eu estava prestes a te dar meu número...
— Georgia — completo.
— Belo nome. — Ele sorri de canto.
— Não. — Hunter aponta para o peito dele, com a cara fechada.
Alguém chama por Ezra, ele olha para trás e depois corre, mas não
deixa de gritar quando se afasta:
— Foi um prazer te conhecer, Georgia.
Eu aceno para ele em despedida e depois levo meus olhos de volta a
Hunter, que está rindo de cabeça baixa.
— Realmente eu não sabia que ele estava dando em cima de mim,
desculpa.
— Não tem problema — responde, ao dar de ombros. — Ele, além
de ser uma estrela da NBA, também é meu melhor amigo, então eu o
conheço bem para saber que ele é do tipo pega e não se apega.
— Igual a você? — apenas sai.
Rapidamente levo a mão à boca, tampando-a, na intenção de me
calar, só que já era, eu já falei, não tem desculpa para isso, a não ser a
minha impulsividade de merda.
— Ouch — Hunter assobia.
— Desculpa — tento me retratar —, não quis dizer isso. Apenas dei
uma pesquisada em você de ontem para hoje, e meio que vi fotos suas com
algumas mulheres.
— Você quis dizer várias, não? — inquere, levantando a
sobrancelha, e eu respondo com um sorriso triste. — Realmente, eu nunca
fui visto com a mesma companhia mais de uma vez, então eu entendo o seu
comentário.
— Sério?! — indago, surpresa.
— Sim, mas o que mais me chamou atenção, na realidade, no seu
comentário, foi o fato de você ter pesquisado sobre mim — diz ao soltar
uma piscadela, e assim como seu amigo, se afasta.
Não consigo entender a fundo seu comentário, no entanto ele fica
rondando na minha cabeça durante todo o treino, que dura cerca de duas
horas, entre passes e roubos de bola, tentativas de arremessos, e todas as
vezes em que Hunter fez uma cesta de três pontos.
Ele se move na quadra, dominando-a, todo o time age de acordo
com seus passes e seus movimentos, desde o mais agressivo ao mais sutil.
Hunter Blakely simplesmente rouba a cena quando pega a bola laranja e
corre com ela pela quadra.
Mesmo não entendendo nada do esporte, é mágico assisti-lo em
ação. Embora seja apenas um treino, Hunter leva tudo tão a sério, que é
impossível alguém roubar o brilho dele.
Fotografo ele a todo momento e um sorriso estampa meu rosto todas
as vezes em que confiro as fotos, um sorriso ainda maior se curva em meus
lábios no segundo em que o flagro sorrindo para mim com as mãos nos
quadris, um pingo de suor desce por sua têmpora, e seu peito arfa
pesadamente o ar, o que o torna ainda mais atraente. Capturo o exato
instante e faço o post da foto no story do seu perfil, que agora tenho acesso,
e em cerca de minutos já tem mais de vinte mil visualizações.
Como eu disse, ele é uma estrela, e é incrível vê-lo brilhar com tanta
luz ao seu redor.
FIM.
Se eu chegar nesses agradecimentos dizendo que sei o que estou
fazendo, eu vou estar mentindo.
Mas vamos lá, como sempre, por partes...
Primeiro gostaria de agradecer a Georgia e Hunter, que foram tão
vívidos na minha mente que eles simplesmente tomaram de conta dela por
uma noite inteira, eu acredito na realidade que eles quiseram me dizer
estava tudo bem em fugir um pouco do drama, eles foram meu refúgio
quando eu não sabia o que fazer.
Para quem leu Além Do Que Vemos e Além Da Mentira, sabe de
toda a carga emocional que esses livros trouxeram, e eu havia me
encontrado esgotada quando uma garota de cabelos cacheados e impulsiva
apareceu vomitando nos pés de um atleta. E eu juro, eles tinham tudo para
dar errado, tudo mesmo. Faltando apenas doze dias para o lançamento eu
entrei em total desespero, sem saber o que fazer, e o Hunter com o jeitinho
dele de se achar o gostosão me mostrou que a gente iria conseguir, e olha, a
gente conseguiu, viu?!
Queria agradecer também as minhas amigas que quando eu disse
“gente, eu vou ter que pausar a série para escrever esse livro”, me apoiaram.
Em especial, à Maria Isabel, que quando eu disse a ela o plot, ela disse
apenas “escreve”, se não fosse por ela, talvez eles tivessem entrado
naqueles projetos que a gente guarda na gaveta e apenas esquece de um dia
escrever, mas amiga, você foi essencial para eles, muito obrigada por tudo o
que você é, e fez por nós três.
Também quero agradecer ao restante das que sobraram, Brooke,
Emy, Bea, Geo e Clary (Bel também tá aqui), por serem um refúgio nesses
últimos dias, que mesmo diante de tanta coisa que veio acontecendo com a
gente nós conseguimos apoiar umas as outras, e acabamos rindo quando no
momento seria mais propício um choro. Vocês têm ressignificado a amizade
para mim, mostrando que não precisa estar perto para haver conexão, amo
vocês e amo nosso grupinho cheio de TDAH.
Óbvio que não posso esquecer das minhas betas (Bel também esteve
aqui), Priscila, que está comigo desde o início de tudo, inclusive por ter me
apoiado quando tudo o que ela queria era um livrinho do casal fav dela, mas
descansa amiga, porque agora é sério, eles estão vindo! Maria Eduarda
também, que foi uma das melhores pessoas que eu conheci nesse meio
literário durante uma parceria, e que eu já levo para a vida, mesmo com
tantos quilômetros separando a gente, nos mantemos conectadas todos os
dias, além de que, você também foi uma das primeiras a me apoiar nesse
projeto. Rafaela por a cada quatro capítulos enviados, surtar ao ponto de
mandar quarenta áudios cada um com mais de um minuto, você foi
essencial nessa caminhada. E a Carol, que em um dado momento jurou que
eu estava ignorando-a, quando na realidade era tudo culpa do celular, foram
quase cem áudios em uma noite só, e eu amei cada surtinho seu, só precisa
parar de me pedir tanto livro de secundário. Amo todas vocês meninas.
Claro que não pode faltar a minha família, meus pais e minha filha
por toda a paciência que tiveram comigo durante esses meses de escrita, e
dessa vez um agradecimento especial ao meu irmão, que vive tantas
aventuras nesse mundo afora, que me trouxe a ideia da cena em que a
Georgia bate com a bolsinha no assaltante.
Mas de todos, principalmente a minha mãe, por todo o suporte que
me deu, mais ainda nos últimos dias de escrita, quando eu ia dormir 6h da
manhã e acordava às 10h, para conseguir conciliar a escrita com minha vida
pessoal, você esteve do meu lado, segurou minha mão e disse que não tinha
problema eu ir com calma.
Café e Monster, vocês foram meus aliados nessas últimas semanas,
e vocês têm um lugarzinho guardado no meu coração para sempre, ainda
mais por ter feito ele acelerar como nunca antes. Que susto, viu?!
À Ana Paula, que além de leitura crítica também é amiga, que
mesmo dizendo “vai escrever Vitória”, faltando menos de quinze dias para
o lançamento, mandava eu ir com calma que tudo ia dar certo, e deu. Ainda
bem.
As minhas revisoras, Camille, a tóxica, bomba radioativa, se tudo o
que me tornei da radioatividade é graças a você ruivinha. E Ste, que
conseguiu me entregar tudo em tempo recorde e ainda me ajudar em alguns
pontos soltos que nem mesmo havia notado.
E por último, e mais importante, a você, leitor, que esteve aqui,
podendo ler tantos livros por aí, me deu a chance de mostrar o potencial de
Hunter e Georgia, e deixá-los conquistar seu coração, e falando em leitor,
um agradecimento especial também ao meu grupo, que quando eu cogitei
desistir do lançamento, e estava prestes a abaixar minha cabeça, vocês me
levantaram e me animaram. Vocês são tudo na minha vida, apesar de eu
atacar a ansiedade de vocês pelo menos uma vez no dia, saiba que eu amo
vocês demais!!!! E agora posso dizer com propriedade que: Allie e Grey
vem aí! Podem comemorar meninas, esse momento é de vocês.
Obs: Por favor, não me peçam livros de secundários, já basta o tanto
que eu estou me auto gatilhando para escrever um livrinho de Ezra e Zoe,
Deus tenha piedade de mim.
Enfim, foi um prazer trazer Estrelas Alinhadas para vocês, e te
aguardo no meu próximo livro, até mais.
Com muito, muito, muito amor mesmo, e um pouquinho de dislexia
com TDAH, Vit <3
Vai sair assim sem nem pagar a coca? Não esquece de deixar sua avaliação,
ela é muito importante para mim, e também para que outras pessoas possam
conhecer meu trabalho.
[1]
Grupo de Faculdades mais prestigiadas dos Estados Unidos, formado por: Brown, Columbia,
Cornell, Dartmouth, Harvard, Universidade da Pensilvânia, Princeton e Yale.
[2]
A Wall Street é uma rua que corre na região inferior de Manhattan, e é considerada o coração
histórico do atual Distrito Financeiro da cidade de Nova Iorque, onde se localiza a bolsa de valores
de Nova Iorque.
[3]
A NBA elege, desde a temporada de 1955-56, o jogador mais valioso da temporada. MVP - Most
Valuable Player - Jogador Mais Valioso.
[4]
O All-Star Game da National Basketball Association é um jogo de exibição de basquete, realizado
todo mês de fevereiro pela National Basketball Association e exibe 24 dos melhores jogadores da
liga. É o evento principal do NBA All-Star Weekend, um evento de três dias, que vai de sexta a
domingo.