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Cursar Direito foi uma escolha do Logan de dezoito anos, que ainda
no final do Ensino Médio, tinha uma boa relação com o pai e achava que
poderia conciliar o futebol com o futuro que Logan Miller II queria que ele
traçasse. No fundo, sempre soube que nunca esteve nos meus planos me
tornar um advogado e assumir os negócios da minha família, mas eu tinha o
sonho mirabolante de que meu pai entenderia o meu lado e me apoiaria
quando eu contasse que queria entrar para um time profissional depois que
me formasse.
Logicamente, ele não entendeu e tudo foi por água abaixo quando
descobriu que eu havia entrado para o time de futebol da faculdade.
Meu pai entendeu rapidamente o meu plano e a nossa relação
começou a se desgastar. Ele era um homem difícil, apesar de sempre ter
sido um bom pai e um bom marido, e tinha o costume de sempre dar a
última palavra, só que eu já não era mais um garoto que abaixava a cabeça e
satisfazia as suas vontades.
No entanto, aqui estava eu, entrando na sala de aula, ainda
matriculado no curso que era o seu sonho, só que não por causa dele. Eu
estava ali cumprindo a última promessa que fiz para a minha mãe. Ela me
entendia, mas também entendia o meu pai e havia feito dos últimos meses
da sua vida, a missão de tentar reconstruir o nosso relacionamento de pai e
filho. De um lado, ela conseguiu fazer com que ele respeitasse a minha
paixão pelo futebol e, do outro, pediu para que eu não trocasse o curso e
concluísse a faculdade de Direito. Ela já não estava mais aqui para me ver
pegar o diploma, mas eu o faria por ela, porque a amava e queria que
sentisse ao menos um pouco de orgulho de mim.
As salas do prédio de Direito da UA eram bem clássicas, todas no
estilo oval, com as fileiras de carteiras uma acima da outra. Eu me sentei
em uma das últimas e abri o meu laptop, relendo as minhas anotações da
última aula de Mediação de Conflitos e percebendo que não compareci na
semana passada. Eu era um aluno aplicado, apesar de não gostar do meu
curso, e sempre tirava boas notas, não apenas porque era uma exigência
acadêmica para que eu permanecesse no time, mas porque eu me dedicava a
ser sempre o melhor no que eu fazia.
Aquele período, no entanto, vinha sendo difícil para mim. Os
motivos eram muitos, mas percebi que, se eu queria pelo menos permanecer
no time, precisaria me esforçar mais.
A sala foi enchendo gradativamente, mas os alunos logo se calaram
quando a Sra. O’Born entrou. Ela sempre se vestia formalmente com um
terninho e usava o cabelo preso em um coque apertado no topo da cabeça,
mas era uma professora tranquila e solícita. Logo pediu para que
abríssemos o e-mail que nos enviou durante o final de semana e iniciou a
aula.
Os primeiros trinta minutos foram dedicados à explicação sobre a
matéria, que me rendeu algumas páginas de anotações no Word e algumas
dúvidas que gostaria de tirar com ela no final da aula, já que eu havia
faltado semana passada. Então, a Sra. O’Born começou a falar sobre o
projeto daquele semestre para a sua matéria.
— Vocês vão se dividir em duplas... — Aquilo era muito bom. Meu
olhar esbarrou com o de Frederick Johnson, um colega de classe, com quem
eu havia feito um trabalho no último período e ele acenou para mim.
Poderíamos formar uma dupla de novo. — Previamente sorteadas por mim.
Exclua tudo o que pensei. Aquilo não era nada bom. Eu geralmente
não tinha sorte com aquele tipo de coisa e sempre caía com algum aluno
irresponsável, que deixava tudo nas minhas costas.
— E terão que apresentar um seminário ao final do período, partir do
estudo de caso que também será sorteado. O objetivo deste trabalho, é ver
na prática como vocês mediariam conflitos no âmbito...
Tirei os óculos que precisava usar para leitura e cocei os olhos, já
pensando em como aquilo poderia ser um desastre. Torci para que a minha
dupla fosse Frederick. Eu poderia não ter sorte, mas talvez ele tivesse sorte
suficiente por nós dois.
— Eu já tenho aqui as duplas formadas e seus respectivos temas.
Estão preparados? É sempre um prazer ver como vocês amam esse tipo de
trabalho. — A professora, que devia estar na faixa dos cinquenta anos,
ainda teve a capacidade de brincar com aquilo.
Pelo menos os alunos foram sinceros ao soltarem resmungos
desanimados. Ela começou a falar o nome das duplas e fui ficando com
esperança ao ver que nem o meu nome nem o nome de Frederick foi citado.
Seria possível que o destino fosse tão bonzinho comigo e me colocasse para
fazer o trabalho com ele?
— Frederick Johnson e... Melaine Roberts.
Pelo visto, não.
Vi quando uma menina, provavelmente a tal Melaine, acenou para
Frederick, que sorriu meio bobo e acenou de volta. A garota era muito
bonita e pareceu deixar Fred meio embasbacado, porque ele não conseguiu
tirar os olhos de cima dela depois daquele aceno. Que traidor! Ele sequer
me deu um olhar de pesar por não poder fazer o trabalho comigo.
— Logan Miller III e... — Voltei a olhar para a professora, querendo
que acabasse logo com aquele suspense. Que eu fosse sorteado com um
aluno inteligente e responsável. Era só isso que eu queria. — Avalon Banks.
Quem diabos era Avalon Banks?
Estiquei o pescoço à procura da minha dupla, mas ninguém olhou
para mim de volta. Era impossível que a garota não soubesse quem eu era,
portanto, comecei a acreditar que, ou ela tinha ido ao banheiro justamente
na hora da revelação das duplas, ou não tinha comparecido à aula. De
qualquer forma, as duas opções só me provaram que, mais uma vez, eu teria
que me desdobrar para fazer um trabalho em dupla sozinho, pois a tal
Avalon provavelmente era uma aluna indisciplinada.
E você é o que, Logan? Esqueceu que não compareceu à aula na
semana passada?
Expulsei a voz incriminatória da minha cabeça e anotei o nome da
garota em meu laptop para não esquecer. Acabei perdendo o tema do
trabalho, mas perguntaria novamente à professora no final da aula. Mais
duplas foram formadas e logo a Sra. O’Born permitiu que usássemos os
últimos minutos de aula para que as duplas pudessem se reunir e começar a
debater sobre o trabalho.
Eu fiquei sentado em meu lugar, porque a minha dupla não estava em
sala. Pensei em sair, mas decidi que falaria antes com a professora e
perguntaria se poderia me passar o e-mail da garota, para que eu pudesse
explicar que teríamos que fazer um trabalho juntos. Estava terminando de
guardar o laptop em minha mochila, quando senti alguém se acomodar ao
meu lado e olhar fixamente para mim. Curioso, ergui a cabeça e, então, eu a
vi. De novo.
Bem ali, ao meu lado, com um coque displicente, vestindo uma blusa
preta que deixava uma parte da barriga de fora, calça jeans e um casaco
xadrez, estava Valente, ou melhor, a invasora de quartos e bartender do
Maeve’s.
— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara —
resmunguei, deixando a minha mochila na cadeira desocupada ao meu lado.
— Vai me perseguir até mesmo na sala de aula?
— Acredite em mim, a última coisa que eu queria, era ter que
esbarrar com você de novo, mas a vida parece me odiar. — Ela me deu um
sorriso sardônico com os lábios pintados de vinho. Percebi que a invasora
não usava muita maquiagem, mas sempre estava com um batom forte nos
lábios. — Vamos ter que fazer esse trabalho juntos.
— O quê? Não. Eu vou fazer o trabalho com uma tal de Avalon
Banks.
Valente me olhou como se eu fosse um idiota e comecei a acreditar
que eu realmente era quando ela me estendeu a mão e disse com uma voz
ácida:
— Prazer, Avalon Banks.
Diga-me uma coisa, Deus... Eu sou uma piada para o Senhor?
Eu deveria ser, porque aquela era a única explicação plausível para o
que havia acabado de acontecer. Eu literalmente me afundei na carteira
quando a Sra. O’Born disse meu nome em voz alta logo após falar o nome
completo de Logan e fiquei daquele jeito por longos minutos, torcendo para
que algum tipo de milagre acontecesse. Talvez, a professora se desse conta
de que havia cometido um equívoco e se retratasse. Melhor ainda, ela
poderia falar que anotou errado a ordem do sorteio e que eu poderia fazer
aquele trabalho com qualquer pessoa, exceto o quarterback que amava
beber tequila às quatro da manhã.
Obviamente, nada disso aconteceu. Minha mãe costumava falar que
sempre havia um propósito maior para tudo o que acontecia em nossas
vidas. Em sua opinião, nada era por acaso. Comecei a acreditar que o
propósito maior, no meu caso, era só me fazer passar raiva a cada vez que
eu era obrigada a esbarrar com Logan. Agora, eu teria que conviver com
ele, pelo menos por um tempo, desperdiçando algumas horas do meu dia
em sua presença irritante.
Encarei-o ainda com a mão estendida em sua direção e vendo o
choque em sua expressão. Ele olhou em meus olhos, encarou a minha mão,
então, voltou a me olhar nos olhos de novo.
— Essa brincadeira não é engraçada, Valente.
— Acha mesmo que entre as coisas incríveis que eu poderia estar
fazendo neste exato momento, eu estaria aqui, brincando com você?
Logan fechou a cara e eu recolhi a minha mão, cruzando os braços e
esperando que a ficha dele caísse logo de uma vez.
— Não é possível, sinceramente... — O quarterback sacudiu a
cabeça, trincando os dentes. Os ossos da sua mandíbula ficaram aparentes.
— Vamos falar com a Sra. O’Born. Talvez ela possa abrir uma exceção e
mudar a nossa dupla.
— Logan, nós não estamos no jardim de infância! Vamos encarar
essa situação como adultos e tentar não matar um ao outro.
— Isso só prova a minha teoria de que você é, sim, fanática por mim.
Deve estar adorando essa situação, não é? — provocou, me dando um
sorrisinho de lado que o deixou muito bonito. O que não diminuía o fato de
que ele era um idiota, eu precisava me lembrar.
— Muito! Aliás, a primeira coisa que eu fiz hoje ao acordar, foi
dobrar os meus joelhos e pedir a Deus para que Ele me desse uma chance
de ficar perto de você. Afinal, com tanta coisa boa que eu poderia pedir,
com certeza eu perderia o meu tempo pedindo isso.
— Você é muito debochada!
— E você precisa parar de achar que o mundo gira em torno do seu
umbigo rico!
— Espero que vocês estejam com os ânimos alterados dessa forma
porque estão entusiasmados com o trabalho.
A voz da Sra. O’Born atravessou com muita clareza os meus
ouvidos. Muita clareza mesmo. Só então eu percebi que os alunos estavam
saindo da sala e que apenas Logan e eu estávamos sentados, discutindo
como dois adolescentes com os hormônios agitados. Minhas bochechas
ficaram quentes diante do olhar curioso da professora.
— Sim, Sra. O’Born. — Logan limpou a garganta e se levantou. — É
exatamente por causa disso.
— Ótimo! Estou ansiosa para ver o projeto de vocês, afinal, são
alunos com uma das maiores médias do curso. Tenho certeza de que vão
fazer um ótimo trabalho. Até semana que vem.
A professora acenou para nós dois e saiu da sala. Aquela informação
me surpreendeu. Logan realmente tirava boas notas? Achei que eram
apenas boatos que ele fazia questão de que corressem pelo campus. O
jogador começou a se afastar de mim, descendo os degraus e parecendo se
esquecer de que estávamos no meio de uma discussão.
— Logan, espera! Nós ainda não terminamos!
— Ashley...
— Meu nome é Avalon! — Repeti, finalmente parando ao seu lado.
Era meio injusto ter que competir com os dois metros de pernas que ele
tinha. Logan fez um gesto com a mão, como se o meu nome fosse
completamente desinteressante, e olhou rapidamente o Apple Watch em seu
pulso.
— Eu tenho uma aula em exatos três minutos e estou apertado para
mijar, então, vamos fazer o seguinte...
— Você é um porco — resmunguei.
— Obrigado pelo elogio. — O idiota me deu um sorrisinho insolente,
mas muito bonito. Eu realmente tinha que parar de pensar na beleza dele. —
Tenho uma hora livre depois das aulas antes do treino com o time, vamos
nos encontrar na Bounds Law Libary[5] e discutir um pouco mais sobre o
trabalho.
Discutir sobre o trabalho. Certo, parecia um ótimo plano para mim.
— Tudo bem.
— Não se atrase! — Ele começou a se afastar, andando de costas
para poder continuar me olhando. — Eu realmente não vou poder te
esperar, Valente. Sou o quarterback do time, você sabe...
O idiota piscou para mim e saiu da sala, me deixando sozinha. Usei
aqueles segundos para olhar para o teto e pensar em Deus. Pedi para que
Ele aliviasse um pouco a minha situação, porque não sabia como eu iria
passar as próximas semanas ao lado de Logan sem querer trucidar aquele
pescoço grosso que ele tinha.
Nunca iria admitir para ninguém, mas o modo como Logan me olhou
quando me sentei ao seu lado me afetou um pouco. Antes da situação em
sua casa e no bar, eu nem ao menos me lembrava que fazíamos aquela
matéria juntos, mas pensei que ele iria me ver quando entrei na sala naquela
manhã. Eu o vi, infelizmente. Ele tinha um lugar cativo nos fundos da sala,
sempre em uma das carteiras mais altas, por isso, meus olhos acabaram
indo naquela direção automaticamente. Logan estava digitando algo no
laptop naquele momento, mas achei que uma hora olharia para mim e iria
me reconhecer.
Não sabia por que aquilo havia se tornado uma questão para mim. Eu
sequer gostava do quarterback! O fato de ele não saber que estudávamos
juntos deveria ser uma benção, não me deixar incomodada.
Eu: Não aconteceu nada comigo, vim apenas trazer a minha irmã
para fazer exames de rotina.
Babaca de Uniforme: Não sabia que você tinha uma irmã. Quantos
anos ela tem?
Eu: Quatorze, ou seja, nova demais para você.
Babaca de Uniforme: Assim você me ofende, Valente. Eu jamais
ficaria com uma irmã sua, imagino que ela deva ter um temperamento
parecido com o seu.
Eu: Na verdade, ela é infinitamente melhor do que eu, ou seja,
mesmo se tivesse vinte anos, eu jamais deixaria que você chegasse perto
dela.
Babaca de Uniforme: É muito ruim não poder discordar. Eu também
não deixo nenhum filho da puta chegar perto da minha irmã, principalmente
se ele for parecido comigo.
Eu: Agora eu fiquei impressionada de verdade. Não sabia que você
era tão consciente.
Babaca de Uniforme: Viu só? Eu não sou apenas um rostinho bonito
com um corpo perfeito, Valente.
— Aubrey Banks.
O médico apareceu na recepção, chamando pela minha irmã, que
estava tirando um cochilo encostada em meu ombro. Fiz um sinal avisando
a ele que já estávamos indo e acordei a dorminhoca, que se espreguiçou
antes de se levantar. A caminho do consultório, digitei para Logan:
Eu: Minha irmã vai ser atendida agora. Pode deixar o iPad na Maeve
depois?
Babaca de Uniforme: Vou pensar no seu caso.
Revirei os olhos diante da sua mensagem. Era claro que Logan não
desperdiçaria uma oportunidade de me perturbar.
Despertei bem antes do alarme tocar e fiquei pelo menos meia hora
em frente ao meu guarda-roupa, tentando escolher um look para aquele dia.
Normalmente, eu era rápida em fazer combinações, mas o frio na barriga e
o nervosismo pelo que iria acontecer naquela manhã estavam me impedindo
de raciocinar com clareza. Como se chegar à faculdade com Logan não
fosse o bastante, Charles finalmente havia respondido a minha mensagem
no início da madrugada, confirmando que poderia me encontrar hoje no
início da noite.
Sentia que um ciclo estava prestes a se encerrar — graça a Deus —,
mas outro estava prestes a começar e esse me amedrontava da mesma
forma, apesar de ser por um motivo completamente diferente. Vestindo a
minha carapuça de mulher forte, decidi parar de adiar o inevitável e peguei
a primeira saia que vi pela frente, vermelha com estampa xadrez. Para
deixar que apenas ela desse o toque de cor no look, peguei um par de meias
pretas que terminava acima do meu joelho, um cropped e uma jaqueta de
couro — imitação, lógico — da mesma cor. Nos pés, calcei um par de botas
de cano curto.
Meu cabelo não havia acordado no seu melhor momento naquele dia,
por isso, fiz um rabo de cavalo no alto da cabeça e deixei algumas mechas
soltas na frente do rosto. Passei um batom nude, lápis de olho e máscara de
cílios, me olhando no espelho para ver o resultado. Gostei. Ainda era eu e
não parecia que eu tinha perdido quarenta minutos tentando escolher uma
roupa. Era como se eu estivesse arrumada para um dia normal de aulas.
— Uau! — Aubrey se aproximou de mim assim que entrei na sala.
— Meu Deus, você está muito gata!
— Por que está falando isso? Exagerei? Tá muito na cara que eu me
esforcei para ficar apresentável?
Estava na hora de admitir para mim mesma. Eu estava insegura pra
caralho. O palavrão era válido, porque só ele podia demonstrar a
intensidade do sentimento que oprimia o meu peito. Logan mesmo havia
dito, assim que me conheceu, que eu era estranha por conta da forma como
me vestia. Já ele era um filho da mãe muito gostoso, todo padrãozinho e se
vestia de forma que arrancava suspiro de quase todo mundo por onde
passava. O que iriam pensar quando nos vissem juntos? “A estranha e o
quarterback”, com certeza era o que diriam. E olha que estranha era um
adjetivo muito comum perto dos insultos que poderiam proferir.
Já havia passado por aquilo no passado e o medo fez com que eu me
oprimisse até quase explodir. Não iria mudar o meu estilo de forma alguma,
mas isso não queria dizer que eu era a garota mais segura do mundo. No
fundo, talvez eu estivesse bem longe de ser.
— Apresentável? Ava, você está incrível! — Aubrey se aproximou
de mim e tocou na correntinha de prata que coloquei no pescoço. — Juro
que não estou falando isso apenas porque sou sua irmã. Estou sendo
sincera. Você está linda e Logan vai ser um sortudo por chegar na faculdade
com você ao lado dele.
— Tenho certeza de que vão pensar o contrário — murmurei, já
imaginando os olhares que iria receber das meninas.
Odiava rivalidade feminina, mas ela existia e isso era inegável. Com
certeza, a maior parte das estudantes me veria como inimiga apenas por
estar de mãos dadas com Logan. Quando saísse a notícia sobre o namoro,
não queria nem imaginar o que aconteceria.
— As meninas, talvez sim, mas os meninos? Só se eles fossem
cegos! — Aubrey deu um tapinha em minha bunda e eu ri do seu
entusiasmo. — Quero que você me conte todos os detalhes quando chegar,
entendeu? Não ouse me esconder nada, Avalon Banks, ou juro que pego o
seu celular e peço para que Logan me conte.
— Você não teria coragem, nunca falou com ele pessoalmente.
— Você sabe que eu teria coragem.
Revirei os olhos, porque sim, Aubrey teria coragem. Ela era muito
mais extrovertida do que eu e cara de pau, também. Ainda me surpreendia o
fato de não ter pedido para que eu a apresentasse a Logan. Provavelmente,
ela estava apenas esperando a oportunidade perfeita para me pressionar.
Tomamos café juntas e ela logo saiu para a escola. Pedi para que
tomasse cuidado e nem precisei falar o porquê, já que agora estava ciente da
minha dívida com Charles. Até mesmo depois de quitar o que devia a ele,
eu ficaria ainda em alerta, pois não podia confiar cem por cento na sua
promessa de que me deixaria em paz.
Estava terminando de secar as xícaras que usamos, quando meu
celular anunciou uma nova mensagem. Senti o frio voltar à minha barriga
ao ver que era Logan avisando que já estava me esperando lá embaixo.
Avisei que já estava saindo e peguei a minha bolsa sobre o sofá, trancando
tudo antes de descer as escadas. Havia duas portas no fim dos degraus, uma
levava direto ao bar da Maeve e era a que eu mais utilizava a cada fim de
expediente e outra levava diretamente para a rua. Foi essa que usei, sendo
saudada pelo ar geladinho da manhã, que me fez perceber que eu havia
acertado ao escolher a jaqueta.
Ao contrário do que eu esperava, Logan estava do lado de fora do
Audi, parado contra a porta do motorista. Ele usava uma calça jeans de
lavagem escura com o caimento perfeito na cintura e, parecendo querer
combinar comigo, vestia uma blusa de manga comprida na cor preta, que
abraçava seu tórax e os braços musculosos com perfeição. O cabelo estava
meio bagunçado, como sempre, e aqueles óculos no estilo aviador me
roubaram um pouco o fôlego. Por que ele tinha que ser tão bonito? Eu
sempre me perguntava isso e acreditaria que nunca iria encontrar uma
resposta.
Assim que percebeu que eu estava na calçada, ele parou de mexer no
celular e guardou o aparelho no bolso, descendo os óculos escuros até a
ponta do nariz para poder me olhar lentamente de cima a baixo, sem
qualquer discrição. Não sabia dizer como me senti. Nervosa, com certeza,
com ainda mais frio na barriga, mas o coração acelerado e as palmas das
mãos suadas me deixaram confusa. O olhar de Logan estava mexendo
comigo? Aquilo não podia ser possível. Querendo afastar a sensação,
encurtei a nossa distância e fiz de tudo para mostrar que eu não estava nem
um pouco abalada.
— Puta merda, Valente — Logan murmurou, desencostando-se do
carro e parando na minha frente. Seus olhos estavam levemente arregalados
e os lábios entreabertos, como se estivesse sem palavras. — Você está...
Porra, eu nem sei dizer!
— Vou tentar levar isso como um elogio. — Apesar de ter tentado
soar sarcástica, minha voz saiu muito baixa, o que não causou o efeito que
eu esperava. Logan tirou completamente os óculos e soltou um assobio.
— Isso é um elogio. Bem ruim, claro, mas é. Eu só não consigo
encontrar a palavra perfeita para te descrever. Sinto muito. — Ele coçou a
nuca e me deu um sorriso de moleque que me deixou novamente sem
reação. — Só consigo pensar que sou um filho da mãe muito sortudo.
Nunca namorei antes e, a primeira vez que decido fazer isso, é com uma
gata com você.
— Isso não é um namoro de verdade, estrelinha dourada, por isso,
não precisa mentir. — Toquei em seu queixo rapidamente, vendo-o arquear
uma sobrancelha. — Sei que não sou a garota mais bonita do campus e você
também sabe disso.
— Eu não sei de nada. Você não pode colocar palavras na minha
boca, Avalon.
— Não estou colocando palavras na sua boca, você mesmo me
chamou de estranha.
Meu Deus, por que eu estava batendo tanto naquela tecla desde que
abri os meus olhos naquela manhã? Pensei que aquela insegurança toda já
não fazia mais parte de mim.
— Achei que já tivéssemos conversado sobre isso. Eu estava bêbado
e me esforçando para ser mais idiota do que já sou normalmente. Por favor,
Valente, não leve as minhas palavras para o coração.
Pelo visto, seu pedido tinha vindo tarde demais, mas decidi deixar
aquilo de lado e focar no que aconteceria naquela manhã. Quanto antes
começássemos aquela farsa, mais rápido ela iria terminar.
— Podemos ir? Não quero chegar atrasada para a primeira aula.
— A aula que nós fazemos juntos, não se esqueça.
Como eu poderia me esquecer? Foi justamente por causa daquela
aula que tivemos que começar a conviver. Era inacreditável pensar que o
anúncio do trabalho em dupla da Sra. O’Born estava completando uma
semana hoje. Havia acontecido tanta coisa no último final de semana, que
parecia ter se passado um mês.
Logan destravou o carro e eu dei a volta para entrar no lado do
carona. O veículo tinha o mesmo cheiro do dono, como se o quarterback se
perfumasse ali dentro todos os dias antes de ir para a faculdade.
— Fiquei sabendo que Norah veio aqui ontem à noite — disse ele
enquanto colocava o Audi em movimento. — Juro que não fui eu que pedi
para que ela fizesse isso.
— Eu sei que não. Gosto da sua irmã.
— É mesmo? E de mim? — Sua sobrancelha estava arqueada e um
sorrisinho perturbado pintou os seus lábios.
— Você eu apenas suporto — respondi, ouvindo a sua gargalhada.
— Valente, acho que eu tenho um novo objetivo, além, é claro, de
mudar a minha imagem.
Logan ficou em silêncio por longos minutos e eu suspirei, fingindo
que não estava nem um pouco afetada com tudo aquilo que estava
acontecendo.
— E que objetivo é esse? — perguntei, pois sabia que era por isso
que ele estava esperando para poder continuar.
— Fazer você gostar de mim. — Seus olhos se encontraram com os
meus e eu engoli em seco ao perceber que estavam bem mais claros naquele
dia. — Até o final desses sessenta dias, nós seremos melhores amigos!
— Sim, é claro — murmurei, sem acreditar. Logan tocou o meu
joelho e deu um aperto de leve, que fez com que cada pelinho do meu corpo
se arrepiasse. Que porcaria estava acontecendo comigo?
— Estou falando sério. Eu fico obcecado quando quero alguma coisa
e não desisto até conseguir! Sou assim com as minhas notas, com o futebol
e, agora, serei com você.
— Nós não podemos apenas cumprir o acordo e depois cada um
seguir a sua vida?
Era o mais seguro, com certeza. Logan era... demais. Bonito demais,
rico demais, popular demais e obstinado demais, pelo que parecia. Eu
estava fugindo de qualquer pessoa que fosse tão intensa assim. Sua mão
continuou em meu joelho enquanto ele voltava a falar:
— Valente, eu não sei o que aconteceu no seu passado, não sei por
que você precisou pegar dinheiro com aquele filho da puta, sei menos ainda
se alguém já te machucou ou não, mas eu sei de uma coisa. — Seus olhos
encontraram os meus rapidamente e a intensidade que vi neles me pegou
completamente de surpresa. — Eu sou o tipo de pessoa que não esquece o
que fazem para mim, seja algo bom ou ruim. Posso ser um babaca de vez
em quando e meter os pés pelas mãos, falar besteira, ser um escroto, mas
não sou ingrato. Quando nosso tempo acabar, você vai continuar sendo
importante na minha vida e eu estarei ao seu lado sempre que precisar.
Todos os meus amigos haviam me virado as costas quando mais
precisei. Quando vi a necessidade de sair de Los Angeles, ninguém me
estendeu a mão, todos me deixaram completamente sozinha, mesmo
sabendo que eu não tinha mais ninguém com quem contar e que tinha uma
irmã doente à tiracolo. Aquilo me fez aprender que eu não precisava de
ninguém ao meu lado, apenas de Aubrey, e foi por ela que lutei. Por isso,
não esperava que minha garganta fosse ficar apertada ao ouvir o discurso de
Logan, principalmente porque eu tinha a convicção de que ele era um cara
mesquinho, mimado e egocêntrico, que pensava apenas em si mesmo.
E se eu estivesse errada? E se Norah estivesse certa em relação ao
irmão e aquele ao meu lado fosse o verdadeiro Logan e não o babaca que
conheci semanas atrás? Eu estaria disposta a abaixar a guarda e permitir que
ele se aproximasse verdadeiramente de mim?
Eu não sabia, ainda assim, tomei coragem e toquei em sua mão por
cima do meu joelho. Logan parou em um sinal vermelho e me olhou com
surpresa, com certeza sem esperar pelo meu gesto.
— Obrigada — murmurei, engolindo o nó em minha garganta.
Logan sorriu e puxou a minha mão até o seu rosto, dando um beijo na
palma, como fez na cafeteria.
— Nós somos uma dupla agora, Valente. Os dois mosqueteiros, um
por todos...
— E todos por um — completei, rindo baixinho e sentindo o aperto
em meu peito diminuir.
Quem diria que Logan Miller III ia me fazer rir em uma manhã
turbulenta como aquela.
Quem diria...
Avalon Banks, a garota mais dura na queda que eu conhecia, estava,
definitivamente, nervosa.
Não podia mentir, eu também havia acordado nervoso naquela
manhã. Na verdade, mal dormi. Depois de uma noite turbulenta, acabei me
levantando da cama às cinco da manhã e decidi dar uma corrida pelas ruas
vazias, parando apenas para comtemplar o amanhecer frio, com os raios de
sol bem tímidos. Aquilo me acalmou um pouco, junto com as lembranças
da manhã passada.
Para a minha surpresa, meu pai decidiu não levantar qualquer
discussão à mesa de café da manhã, provavelmente, em respeito ao estado
da minha avó. Não que a Sra. Meredith Miller estivesse frágil, pelo
contrário. Se eu não a tivesse acompanhado durante todos aqueles dias no
hospital, jamais diria que esteve internada até o início daquela manhã.
Minha avó era uma mulher forte e que odiava ser paparicada, também nos
arrancava boas risadas ao contar as mesmas histórias de sempre com o meu
avô. Ela parecia ser a única capaz de tirar a tensão entre mim e meu pai,
pelo menos enquanto estávamos em sua presença.
Foi bom passar aquela manhã e o início da tarde com ela. Senti que
parecia atenta demais a mim e chegou a perguntar se eu estava escondendo
alguma coisa, mas desconversei, pois não queria falar sobre o namoro
naquele momento. Queria que meu pai descobrisse ao mesmo tempo em
que todo mundo, para que a surpresa fosse maior. Sabia que ele ia me exigir
explicações sobre o relacionamento, mas deixaria para me preocupar com
isso depois.
Precisava, primeiramente, fazer o plano dar certo agora, então, daria
atenção para uma coisa de cada vez.
Norah me ajudou a pensar em alguns detalhes e deixar a história
sobre o namoro mais crível e eu conversaria sobre isso com Valente depois.
No momento, só precisávamos chegar juntos ao campus e mostrar a todos
que alguma coisa estava acontecendo entre nós dois.
Eu já havia ficado com muitas meninas da faculdade. Em festas
universitárias, era praticamente impossível isso não acontecer, mas nunca
andei de mãos dadas com qualquer uma delas, muito menos cheguei
acompanhado para um dia normal de aula. Sabia que os olhos de todo
mundo estariam sobre nós dois, principalmente quando Avalon e eu
chegássemos juntos nos próximos dias. Logo começariam a especular sobre
um relacionamento e não apenas um caso passageiro. E era exatamente isso
que eu queria.
Estacionei o carro e olhei para a garota ao meu lado, percebendo que
parecia estar mais calma do que quando a peguei em casa. Avalon ainda
estava levemente pálida, mas forçou um sorriso quando olhou em meus
olhos.
— Ok. Vamos fazer isso — sussurrou mais para si mesma do que
para mim.
— Vai ser moleza, Valente. Confio no seu talento de atriz, afinal,
todo dia você se esforça um pouco mais para fingir que me odeia.
Surpreendendo-me, Avalon soltou uma risada que fez com que o meu
coração batesse mais rápido no peito. Porra, eu gostava do sorriso dela,
principalmente quando era espontâneo.
— Eu não finjo, estrelinha dourada.
— Então quer dizer que você ainda me odeia de verdade? Avalon,
nunca pensei que você fosse tão rancorosa.
— Vai dizer que você passou a gostar de mim? — perguntou,
desconfiada.
Eu precisei parar por um momento para pensar naquilo. Sim, no
início, eu realmente não fui com a cara dela, a achei intrometida — afinal, a
garota estava dentro do meu quarto —, debochada e mal-humorada demais,
no entanto, aquela minha percepção foi mudando aos poucos,
principalmente depois do tempo que passamos juntos em meu quarto.
Avalon ainda era debochada e levemente mal-humorada, mas não parecia
ser tão insuportável quanto eu achei que era.
— Acho que sim — respondi com sinceridade. — Se eu não gostasse
de você, Avalon, não teria feito a proposta sobre o namoro falso.
— Achei que você tinha feito a proposta para mim, porque era
conveniente.
— Sim, também foi por causa disso. — Eu não poderia mentir, foi
conveniente, mas não foi apenas por isso. — Mas foi também pelo fato de
você ser diferente de qualquer outra garota que já conheci e, antes que
pense que estou falando sobre o seu jeito de se vestir e se comportar, saiba
que não foi por isso. Foi porque você é intrigante e inteligente. E porque eu
acho que não vai se apaixonar por mim no final dos dois meses.
Foi bom colocar aquilo para fora, cheguei até a me sentir mais leve.
Avalon me encarou com as sobrancelhas arqueadas e voltou a rir.
— Você é tão convencido, Logan! Acha mesmo que qualquer garota
se apaixonaria por você só por estarem em um namoro falso?
— Sim, eu acho, mas juro que não estou falando isso porque sou
convencido. — Ela me olhou como se dissesse que nem eu mesmo
acreditava nisso e eu bufei. — Ok, posso ser um pouco convencido, mas
estou falando a verdade. Muitas meninas vivem correndo atrás de mim.
Diferente de você, elas me adoram, então, sim, eu acredito que poderiam
confundir as coisas ou pior, fingir que confundiram para tentar mudar o
status da nossa relação.
— Meu Deus, por que essas meninas se humilham por tão pouco?
— Puta merda, Avalon! Eu preciso andar com um colete à prova de
balas ao seu lado — falei, massageando o meu peito como se sentisse dor.
A filha da mãe apenas riu.
— Desculpa, não quis desmerecer você, apesar de você não ser
grande coisa. — Percebi que estava brincando apenas pelo brilho dos seus
olhos, o que me fez sorrir. Avalon estava abaixando a guarda perto de mim?
Aquilo era bom demais para ser verdade. — O que eu quis dizer, é que tem
algumas meninas que aceitam passar por qualquer tipo de humilhação
apenas para namorarem um cara popular. Acho isso uma idiotice tremenda.
— Concordo. Por isso que eu fujo delas.
— Não, você foge delas porque é um safado que quer pegar todas ao
mesmo tempo.
— Não ao mesmo tempo, eu tenho apenas um pau, não uma máquina
de fazer sexo. — As bochechas de Avalon ficaram vermelhas e eu ri alto. —
Você fica tão bonitinha quando está com vergonha, Valente.
— Não estou com vergonha! — Ela fechou a cara e desviou os olhos
dos meus, ocupando-se de destravar o cinto de segurança.
— Sim, você está, e isso é bem fofo.
— Eu não tenho nada de fofa. Cala a boca, Logan terceiro.
— Você é fofa sim, mesmo sendo gótica.
— Também não sou gótica! Logan, por favor, pode parar de me
irritar? Ou vou sair desse carro e deixar você andar sozinho pelo campus!
Ergui as mãos em rendição e pressionei os lábios um contra o outro
para impedir que o sorriso voltasse a crescer em meu rosto. Avalon bufou
baixinho e abriu a porta, o que me fez sair correndo também, pois senti
medo de que a doida cumprisse com a sua promessa e saísse correndo sem
me esperar. Ela deu a volta e parou ao meu lado, observando que o
estacionamento do campus de Direito estava movimentado. Vi alguns
olhares sobre nós dois e tomei a sua mão, puxando-a levemente para perto
de mim. Parei na sua frente e toquei nos fios de cabelo que estavam soltos
na lateral do seu rosto, sentindo o seu corpo tenso.
— Relaxa, Valente — sussurrei, olhando em seus olhos.
— Estou relaxada — respondeu, soltando um suspiro e liberando a
tensão dos ombros. — Esquecemos de planejar o nosso modo de agir. Estou
perdida.
— Você poderia me dar um beijo, o que acha? Só para começarmos
com o pé direito.
— Há-há! Vai sonhando, estrelinha dourada — debochou, me
fazendo rir. Para a minha surpresa, Avalon subiu com as mãos pelo meu
peitoral até chegar em meus ombros. Seu toque quase me fez estremecer,
provavelmente porque foi inesperado. Quantas garotas já haviam me tocado
daquele mesmo jeito e eu nunca senti nada parecido? — Assim está bom?
— Ficaria melhor se eu estivesse sem camisa...
— Queria te dar um tapa agora — ela disse entredentes, mas forçou
um sorriso. Logo percebi que era porque duas garotas estavam passando ao
nosso lado e nos olhando com muito interesse, enquanto sussurravam uma
para a outra. — Pare de ficar soltando essas piadinhas com cunho sexual.
— Era só para te fazer rir, Valente.
Pousei minhas mãos em sua cintura e fechei completamente a nossa
distância, ouvindo o seu suspiro. O cheiro do seu perfume me deixou
levemente desnorteado, enquanto meu cérebro registrava cada detalhe do
seu corpo colado ao meu. Avalon era pelo menos trinta centímetros mais
baixa do que eu, mas as botas que usava a deixavam um pouquinho mais
alta, fazendo a sua cabeça bater em meu peitoral. Ela precisou erguer a
cabeça para me olhar e eu senti algo me puxar em sua direção.
Percebi, bem naquele momento, que eu queria beijar aquela garota. E
não tinha nada a ver com a encenação sobre o nosso namoro.
A reação me deixou estático pelo que poderia ser um ano inteiro,
preso nos olhos castanhos de Valente, que me olhava com a boca levemente
entreaberta e a respiração superficial. Ela estaria sentindo o mesmo que eu?
Se sim, surtaria se eu colocasse aquele lábio inferior grosso entre os meus
dentes? Puta merda, eu estava enlouquecendo.
— Logan... Acho melhor a gente ir, já chamamos atenção o suficiente
e nem andamos pelo campus ainda.
Eu, que sempre me vangloriei por agir de forma racional perto de
uma garota, percebi naquele momento que Avalon era a voz da razão entre
nós dois. O que estava acontecendo comigo, porra? Bastou tocar na garota e
eu quase perdi a cabeça. Limpando a garganta, me obriguei a voltar a
pensar com clareza e dei um passo para trás, tomando a sua mão na minha.
Percebi que Avalon tinha razão, muitas pessoas olhavam para nós dois
agora, como se fôssemos a atração de um circo.
Será que elas haviam percebido que eu perdi o controle por alguns
segundos? Se sim, esperava que pelo menos isso ajudasse no nosso plano e
eu parecesse um cara perdidamente apaixonado por Avalon. Não que eu
estivesse apaixonado, pois logicamente não estava, mas se achassem que
sim, eu estaria no lucro.
De dedos entrelaçados, Valente e eu começamos a andar pelo
campus. Ela parecia focada, olhando apenas para frente, enquanto eu
observava discretamente a nossa volta enquanto nos dirigíamos ao prédio
de Direito. Acenei de volta para alguns conhecidos que me
cumprimentaram de longe e puxei Avalon para mais perto, soltando a sua
mão para poder passar meu braço pelo seu ombro. Sussurrei em seu ouvido:
— Acho que está dando certo, ninguém tira os olhos da gente. Somos
a sensação do momento, Valente.
Ela se virou em minha direção e me deu um sorriso de garota
apaixonada que fez o meu estômago ficar esquisito.
— E você nem precisou me beijar. Acho que vamos conseguir levar a
farsa do namoro só andando de mãos dadas. — A filha da mãe acariciou o
meu rosto sem deixar de sorrir. — Amorzinho.
Eu quis gargalhar, mas me segurei, voltando a me inclinar para
sussurrar em seu ouvido:
— Amorzinho? Esse apelido é muito brochante. Eu te chamo pelo
título de um filme da Disney e é só isso que recebo?
— Posso te chamar de Shrek, o que acha? Você foi um ogro quando
nos conhecemos.
Tirei meu braço do seu ombro e enlacei a sua cintura, apertando a
lateral do seu corpo entre os meus dedos. Avalon soltou um gritinho de
susto e eu aproveitei o momento para dar um beijo estalado no seu rosto,
dando um espetáculo para quem parava para nos observar.
— Ok, eu aceito se puder te chamar de Fiona. Vocês duas são ruivas
mesmo, e a Fiona é a esposa do Shrek...
Ela apertou levemente o meu pescoço e se esticou na ponta dos pés.
Poderia jurar que iria me dar um beijo na boca, mas a danada desviou o
rosto e sussurrou em meu ouvido:
— Mas eu não vou me tornar a sua esposa, então, prefiro que
continue me chamando de Valente, QB.
Avalon deu um passo para trás e voltou a pegar a minha mão,
começando a entrar no prédio. Eu fui logo atrás dela, rindo para mim
mesmo enquanto a observava e entrelaçava os nossos dedos. Valente era
como uma incógnita para mim e eu estava louco para desvendar cada um
dos seus segredos.
Pedi para que Cindy trocasse a sua folga comigo no bar, para que eu
tivesse a noite livre para poder resolver de uma vez por todas aquela
situação com Charles. Ela aceitou prontamente e eu esperei com ansiedade
pela chegada de Logan, quase roendo o esmalte vermelho que havia usado
para pintar as unhas naquela tarde. O quarterback chegou em cima do
horário marcado e saiu do carro assim que estacionou em frente ao bar, me
dando um olhar culpado.
— Desculpa! O treinador Coben comeu o nosso rabo no treino de
hoje e acabei saindo tarde do centro de treinamento. Só tive tempo de tomar
um banho em casa e colocar uma outra roupa.
Não queria admitir — pelo visto, eu não queria admitir um milhão de
coisas naquele dia —, mas achei fofa a forma como Logan parecia
desesperado para se desculpar pelo quase atraso. Para tranquilizá-lo, toquei
em sua mão rapidamente, vendo certa surpresa no seu olhar.
— Tudo bem, não se preocupe. Vamos?
— Sim, vamos.
Dei a volta e entrei em seu Audi novamente, vendo Logan ocupar o
lugar do motorista e apontar para o banco de trás. Meu estômago embrulhou
ao ver uma maleta preta parcialmente iluminada pelas luzes que vinham da
rua.
— Peguei o dinheiro hoje à tarde, antes do treino. Tem cinquenta e
cinco mil ao todo.
— O quê? Logan, eu disse que a dívida era de cinquenta mil.
— Eu sei, mas achei melhor colocar uma quantia a mais, assim, o
filho da puta não vai poder voltar querendo te cobrar mais alguma coisa.
Sacudi a cabeça, pensando seriamente em pular para o banco de trás
e tirar os cinco mil a mais de dentro da maleta.
— Você não vai fazer isso, sério. Quando estacionar o carro, vou
pegar a maleta e...
— Não. — Logan me deu um olhar sério e eu não recuei, olhando-o
de volta. — Avalon, não quero que aquele filho da puta volte a te perturbar,
ameaçando você e a sua irmã.
— Se der dinheiro a mais, Charles vai pensar o contrário, Logan. Ele
vai querer voltar a me ameaçar, porque pode achar que você é uma mina de
dinheiro, que vai engordar os bolsos dele para evitar que alguma coisa
aconteça comigo ou com a minha irmã.
— Ele não vai fazer isso. — Logan me deu um olhar muito confiante,
como se soubesse de algo que eu não sabia. — Confie em mim, Valente.
Não consegui retrucar e decidi concordar com a cabeça, mesmo
estando contrariada. Logan dirigiu até uma área afastada do centro da
cidade, chegando a um bairro que era conhecido por ter prédios industriais e
pouca área residencial, por isso, sempre ficava mais deserto à noite. Charles
havia marcado conosco em uma rua sem-saída, entre dois prédios antigos.
Senti as palmas das minhas mãos ficarem suadas quando chegamos ao
nosso destino e vi o carro do babaca estacionado ao final da pequena rua.
— Quer que eu vá sozinho? — Logan perguntou, ainda com o motor
do carro ligado.
— Não. Quero olhar nos dele e deixar bem claro que não devo mais
nada e que nunca mais quero que atravesse o meu caminho.
— É isso aí, Valente. — O quarterback apertou a minha mão por
alguns segundos e logo se virou para pegar a maleta, colocando-a em meu
colo. — É você quem deve dar isso a ele. Deixe bem claro que quem está
pagando essa dívida, é você.
— Obrigada por me deixar fingir — pedi com sinceridade.
— Fingir? Você não está fingindo nada, Avalon, realmente está
pagando a dívida.
— Nós dois sabemos que não estou, esse dinheiro é seu.
— Não estou te dando esse dinheiro, nós temos um acordo,
esqueceu? Não é como se você não estivesse fazendo nada para estar com
essa maleta em mãos.
Eu queria contra-argumentar, mas o brilho dos faróis do carro de
Charles acendendo e apagando me fez lembrar que paciência não era muito
o forte daquele babaca. Logan desligou o motor do Audi e saiu do veículo,
batendo a porta com pouca suavidade. Eu respirei fundo e logo repeti o seu
gesto, sentindo o ar mais gelado da noite atingir a pele do meu rosto como
se fosse agulhas afiadas. O jogador logo parou ao meu lado e tocou em
minhas costas, me guiando até onde Charles estava parado, em frente ao
carro que, agora, estava com os faróis apagados.
— Achei que ficariam escondidos para sempre — disse ele com a
voz pingando sarcasmo e me dando vontade de vomitar.
Seus olhos foram diretos para a maleta que eu segurava e um sorriso
nojento se abriu em seus lábios, revelando dentes muito brancos. Charles
deu um passo para frente, mas parou quando Logan avançou também,
segurando a minha cintura e me posicionando atrás do seu corpo.
— Sem chegar perto dela. Creio que a gente consiga resolver
rapidamente toda essa situação sem que você se aproxime.
— Pose de macho alfa... — Charles não tirou o sorriso do rosto e
olhou para mim por cima do ombro de Logan. — Interessante como você
tem um perfil definido para homens, não é, Avalon? Deve ser por isso que
nunca deu muita bola para mim. Você gosta dos populares.
Meu estômago se embrulhou ainda mais ao ouvir aquilo e eu retesei,
apertando com tanta força a alça da maleta, que os nós dos meus dedos
ficaram dormentes. Senti os músculos das costas de Logan ficarem mais
rígidos e sua mão em minha cintura me apertou de forma pouco casual,
quase protetora.
— Chega dessa merda!
— Não, garoto, eu digo quando essa merda acaba — Charles
retrucou e eu fiquei com medo de que resolvesse partir para a violência de
repente.
— Logan, por favor... Vamos só entregar a maleta para ele e ir
embora — pedi, tentando sair de trás do seu corpo, mas ele não deixou, me
segurando de forma firme.
— Acho que você não deve saber quem eu sou, não é? — Logan
questionou para Charles, que riu com desdém.
— Na verdade, eu sei, sim. Você é o quarterback do Crimson Tide.
Posso não ter nascido no Alabama, mas o seu time é famoso por todo o
país.
— Eu sou mais do que isso, Charles Gardner, ou deveria te chamar
de Alfred Dickson? — Fiquei surpresa quando vi o sorriso de Charles
desaparecer. — O que foi? Não esperava que eu soubesse a sua verdadeira
identidade?
— Como que você...
— Como eu descobri? Você deve saber que um homem nunca revela
os seus segredos, afinal, você é dono de tantos, não é mesmo? — Logan
parecia sorrir e eu senti o meu coração bater mais rápido. O que estava
acontecendo ali? — Você pode se esconder da gangue da qual fugiu do
Bronx, em Nova York, mas jamais conseguiria se esconder de alguém que
tem contatos tão poderosos quanto eu. Sabe o que isso significa, Alfred?
Que, se eu quiser, posso dar a sua falsa identidade para Bob Bray com um
telefonema. Acho que não é isso que você quer, certo?
Quem era Bob Bray? Charles havia nascido em Nova York? Como
Logan sabia de tudo aquilo? O agiota deu um passo para trás, assustado e
muito pálido, olhando atentamente para o início da rua, como se estivesse
com medo de que alguém fosse aparecer de repente.
— Só me dá logo a minha grana e vamos esquecer tudo isso.
— Como é? Desculpa, eu não ouvi direito — Logan debochou e eu
dei um beliscão em sua cintura para que parasse. Ele sequer se moveu.
— Eu quero a minha grana e prometo nunca mais aparecer no
caminho da sua garota, contanto que você permaneça de boca fechada,
jogador! — Charles levantou a bainha da camisa preta que usava e o meu
coração parou na boca ao ver a pistola escondida no cós da sua calça jeans.
— Meu Deus, Logan...
— Pessoas de confiança sabem que Avalon e eu estamos aqui com
você. Se não voltarmos em meia hora, elas têm a minha permissão para
entregar a sua localização e o seu novo nome para Bob Bray. Vai querer
mesmo arriscar? — Logan apertou mais firme a minha cintura, quase
fundindo a frente do meu corpo com as suas costas musculosas.
— Fique tranquilo, não vou fazer nada, só queria mostrar que não
estou aqui para batermos papo. Quero a porra do meu dinheiro. Agora!
Eu sequer pensei, apenas tive o ímpeto de jogar a maleta no chão e
chutar na direção de Charles, que se abaixou rapidamente e a pegou,
colocando-a sobre o capô do carro para poder destravá-la.
— Tem cinquenta e cinco mil dólares aí, Charles! Não ouse chegar
perto de mim ou da minha irmã outra vez, entendeu? Ou Logan vai cumprir
com o que acabou de falar aqui.
Eu não fazia ideia do que tudo aquilo significava, mas, se havia
afetado Charles daquele jeito, era porque era alguma coisa muito séria. Ele
deu uma olhada no dinheiro e pegou um bolo de notas, cheirando
profundamente, antes de voltar a guardar e fechar a maleta com clique.
— Tudo certo, dou a minha palavra de que nunca mais vamos nos ver
de novo, Avalon.
Como se a sua palavra valesse de alguma coisa, mas como era a
única garantia que eu tinha, não podia fazer nada além de torcer para que
não voltasse atrás. Seu olhar cheio de raiva fitou a mim e a Logan por mais
alguns segundos, antes de ele entrar no carro e o ronco do motor romper o
silêncio da rua vazia. Ele logo sumiu das nossas vistas e eu finalmente pude
respirar aliviada, sentindo um tremor intenso nas pernas, que ameaçava me
derrubar. Como se sentisse que eu mal conseguia ficar de pé, Logan se
virou e me abraçou com força, passando a mão aberta pelas minhas costas.
— Acabou, Valente — sussurrou contra o meu cabelo. Não esperava
que o seu carinho repentino fosse me deixar com os olhos cheios de
lágrimas, mas aconteceu. — Esse filho da puta não vai chegar perto de você
nunca mais.
Apertei os olhos com força e cerquei a cintura de Logan com os
braços, sentindo o meu coração esmurrar a minha caixa torácica. O jogador
não parou com a carícia em minhas costas em momento algum, parecendo
pronto e alerta para me segurar, caso eu caísse.
— Obrigada — pedi abafado contra o seu peito, mas Logan pareceu
ouvir. — Muito obrigada, Logan. Do fundo do meu coração. Eu juro que
nunca vou esquecer o que fez por mim.
Ia muito além do dinheiro. De alguma forma, Logan havia descoberto
algo importante sobre Charles, que o havia amedrontado e o feito recuar de
verdade. Pagar a dívida era a única opção que eu tinha para me ver livre
daquele bandido, mas certamente não me deixaria completamente segura.
Nada poderia o impedir de voltar atrás de mim, exigindo mais dinheiro ou
tentando colocar a vida da minha irmã em risco, já que sabia que Aubrey
era o meu calcanhar de Aquiles.
Logan havia colocado realmente um ponto-final naquela chantagem.
Eu não sabia como nem por que havia perdido o seu tempo tentando achar
algo contra Charles, mas agradecia profundamente e me sentia um pouco
envergonhada, também.
Logan não era só mais um jogador riquinho e metido, também não
era totalmente arrogante e egocêntrico. Ele era uma boa pessoa, com um
coração bom. Era o Logan que Norah havia descrito para mim. Pela
primeira vez desde que invadi o seu quarto naquela festa, eu me senti
verdadeiramente grata por ter a sua presença em minha vida.
Eu estava dirigindo há pouco mais de dez minutos, mas jurava que
ainda podia sentir o corpo trêmulo de Avalon colado ao meu enquanto a
abraçava. Por um momento, achei que a garota valente que eu conhecia iria
se desfazer bem ali, na minha frente, e senti uma necessidade ainda maior
de tomá-la para mim e assegurar que estava segura. Ficamos daquele jeito
por longos minutos, até Avalon respirar fundo e dar um passo para trás,
parecendo mais calma, apesar do nariz vermelho em um sinal claro de que
havia lutado contra as lágrimas. Não a julguei por não querer chorar na
minha frente, pois eu também odiava expor qualquer tipo de fraqueza diante
de outras pessoas.
— Quem é Bob Bray? — ela perguntou depois de longos minutos em
silêncio.
— Bob Bray é um traficante muito perigoso da região do Bronx, em
Nova York.
— E como você descobriu que ele tinha algum tipo de ligação com
Charles?
Sua voz soou mais calma ao meu lado e eu me preparei para contar o
que vinha aprontando desde sábado de manhã.
— Eu fiquei com receio de que apenas o dinheiro não fosse suficiente
para fazer com que esse cara sumisse da sua vida, por isso, conversei com
um amigo meu que é investigador. Você sabe que a minha família é
poderosa e que meu pai, como advogado, tem ótimos contatos. Philipe
Ward é um deles. Ele é filho de um amigo do meu pai, então, crescemos
juntos. Pedi a ele que descobrisse todos os podres de Charles e ele não
levou muito tempo para me enviar tudo o que reuniu em pouco mais de
quarenta e oito horas.
Avalon se virou para mim no banco do carona, já sem a apatia de
minutos atrás.
— Então, me conte tudo o que ele descobriu!
— Como você ouviu, Charles, na verdade, se chama Alfred. Ele
nasceu na região do Bronx e sempre foi ligado ao crime, já que seu pai
também traficava. Depois que seu pai foi assassinado, ele se tornou braço-
direito de Bob Bray, mas logo iniciou uma guerra contra o cara por debaixo
dos panos. Seu plano era matar Bob e tomar o lugar dele, mas claro que não
deu certo. Bob descobriu e Charles fugiu. Há mais ou menos cinco anos ele
vem vivendo como um fugitivo, usando identidades falsas e mudando de
cidade a cada poucos meses. Parece que ficou fixo na Califórnia desde o
ano passado, mas agora que foi ameaçado por nós dois, acredito que deva
mudar de novo de identidade e sumir do mapa.
Avalon estava boquiaberta e de olhos arregalados. Eu também fiquei
quando descobri tudo naquela tarde, não porque não acreditava que Charles
não era um bandido perigoso, mas por saber que Avalon corria perigo real
por ter pegado dinheiro com ele. Havia mais que eu não contei a ela, pois
queria poupá-la, mas Philipe também descobriu que o filho da puta já tinha
cumprido pena por tentativa de estupro quando completou dezenove anos.
Atualmente, ele tinha trinta e quatro, e senti nojo quando deixou claro que
tinha interesse em Avalon. Nada me tirava da cabeça que o desgraçado era
um aproveitador e que não a deixaria em paz, mesmo depois do pagamento
da dívida.
— Faz sentido ele se mudar a cada poucos meses. Lembro que
quando decidi pegar o dinheiro com ele no final do ano passado, soube que
ele tinha chegado na Califórnia há pouco tempo. Não sabia que ele era tão
perigoso assim, a ponto de ter traficado drogas. Pensei que fosse apenas um
agiota.
— Você não tinha como saber, Valente, e imagino que deveria estar
muito desesperada quando pegou o dinheiro com ele, não ia perder tempo
se questionando sobre a verdadeira índole do filho da puta.
— Sim, eu estava mesmo. — Ela pareceu divagar por alguns
segundos e eu torci para que me contasse o motivo, mas isso não aconteceu.
— Muito obrigada mesmo, Logan. De verdade
— Não precisa agradecer.
— Claro que preciso. Você já comeu?
— Na verdade, não. Eu disse que saí correndo do centro de
treinamento. — Olhei rapidamente para ela. — Por quê? Quer me levar
para jantar?
— Acha mesmo que eu tenho dinheiro para te levar nesses
restaurantes de riquinho que você deve frequentar? — Ela cruzou os braços,
me olhando com uma sobrancelha arqueada e me fazendo rir.
— Um fato sobre mim: eu odeio esses restaurantes cheios de
frescuras, onde um prato custa duzentos dólares e vem um pingo de comida.
Olhe para mim, Valente — apontei para o meu peitoral e engoli em seco ao
perceber o olhar interessado de Avalon —, eu sou um cara grande, preciso
me alimentar bem.
Avalon limpou a garganta e eu sorri ainda mais ao perceber a
vermelhidão que tomou conta do seu pescoço até as bochechas. Foi
inevitável pensar em como a sua pele ficaria com o atrito da minha barba
naquela região. O aperto que senti em minha virilha logo me fez expulsar a
imagem que minha mente criou.
— Bom, eu não sou a melhor cozinheira de todas, mas faço um
macarrão à carbonara que é o prato favorito da minha irmã.
— É impressão minha ou você está me convidando para jantar na sua
casa?
Avalon deu de ombros e sorriu de lado, me olhando de esguelha.
— Talvez eu esteja.
— Ah, não. Se isso é um convite, tem que ser feito direito, Valente.
Ela estreitou os olhos em minha direção e eu prendi a gargalhada,
sabendo que ficaria puta por eu insistir para que fizesse o pedido
formalmente.
— É sério que você vai me fazer falar com todas as letras, sendo que
já entendeu que é um convite?
— Sou um cara educado, isso significa que eu não invado o espaço
pessoal de ninguém... — Avalon se esticou e me deu um tapa no braço, me
fazendo rir.
— Esqueça o convite! Por um segundo, eu tinha me esquecido de
como você pode ser irritante, Logan Miller III!
— Meu nome nunca soou de forma tão sensual aos meus ouvidos.
Avalon revirou os olhos, mas vi um sorrisinho em seus lábios sem
batom. Ela parecia não ter dedicado tempo algum em frente ao espelho para
poder se encontrar com aquele filho da puta e eu gostei disso. Vestia uma
calça jeans comum de lavagem escura, uma blusa preta justa ao corpo e de
mangas longas e o All Star da mesma cor. Estava simples, mas
incrivelmente linda, principalmente por conta do coque despojado no alto
da cabeça, que deixava seu pescoço esguio à mostra.
— Aceita ou não jantar na minha casa? Última chance!
— Já que você está praticamente implorando... — Desviei de outro
tapinha. Talvez o meu lado masoquista se aflorasse na presença de Avalon.
— Eu aceito.
— Ótimo. — Ela tirou o celular do bolso e começou a digitar
rapidamente. — Vou pedir para que minha irmã coloque a água no fogo.
Não sabia explicar o porquê, mas fiquei feliz por finalmente poder
conhecer a irmã de Avalon. A garota teimosa estava se abrindo cada vez
mais para mim, eu sentia.
Avalon destrancou a porta que dava acesso ao seu apartamento, do
lado do bar da Maeve. Subimos um lance de escada e logo estávamos
realmente em frente à porta do seu lar. Eu conseguia ouvir o barulho de uma
música vinda lá de dentro e ela se virou para mim enquanto abria a porta.
— Minha irmã escuta música o tempo todo — explicou.
— Ela tem bom gosto. Quem está cantando?
— Você nem sabe o nome do artista e diz que ela tem bom gosto?
— Não preciso saber quem está cantando para ter a certeza de que é
uma música boa — expliquei e Avalon sorriu para mim, parecendo
satisfeita com a minha resposta.
— É alguma banda de K-pop que ela ama. Não me pergunte o nome,
porque ela escuta várias — Avalon explicou. Pensei que iria finalmente
abrir a porta, mas ela voltou a se virar para mim enquanto ainda segurava a
maçaneta. — Não se espante com o tamanho enorme do meu apartamento,
ok? Nem com o pé direito insuportavelmente alto e os quadros caríssimos
na parede.
— Pode deixar — concordei, vendo certa insegurança em seu olhar.
— Agora vai me deixar entrar ou pretende preparar a minha comida aqui
fora?
— Sua comida? Deixe de ser egocêntrico, estrelinha dourada.
Avalon finalmente abriu a porta e entrou primeiro, logo dando
passagem para que eu a seguisse. Não perdi meu tempo observando nada da
decoração nem mesmo a cor das paredes, pois uma garota, que não devia ter
mais do que quinze anos, estava no meio da sala, em frente à TV, tentando
imitar os passos de um grupo de coreanos que dançavam e cantavam ao
mesmo tempo. Ela sequer percebeu a nossa presença, até Avalon se
aproximar e jogar uma almofada em sua direção.
— Aubrey, temos visita — Valente apontou para mim e sua irmã
ficou estática no meio da sala, completamente ofegante e com os olhos
arregalados. — Aubrey?
— AI MEU DEUS! — Ela gritou e se atrapalhou toda ao tentar
pausar o vídeo na televisão. — Avalon, como você não me avisa que vai
trazer o jogador para casa?! Eu nem me arrumei!
— Você está ótima — falei, vendo suas bochechas vermelhas. Ela e
Avalon eram muito parecidas, apesar de seu cabelo ser em um tom mais
claro de ruivo. Aproximei-me e apontei para a TV. — Adorei a música.
— É mesmo? Avalon odeia.
— Não é verdade! — Avalon se defendeu, cruzando os braços. — Só
acho muito confuso e não consigo gravar o nome de nenhuma banda, só do
BTS, mas eles, por exemplo, têm seis integrantes! Nunca vou saber o nome
de cada um.
— Sete! São sete integrantes. Meu Deus, Avalon! E não é banda que
se fala, é grupo!
— Você precisa prestar mais atenção nas explicações da sua irmã.
— Eu também acho. — Aubrey olhou para Avalon com uma
sobrancelha erguida, antes de se virar para mim e me estender a mão: —
Prazer, sou Aubrey, a irmã mais legal.
— Você é uma pestinha, isso sim!
— Não atrapalhe a minha conversa com o meu cunhado, por favor?
— Aubrey pediu, me arrancando uma gargalhada.
Apertei a sua mão com entusiasmo, encantado por aquela garota. Era
uma miniatura de Avalon, só que sem a expressão carrancuda.
— O prazer é meu, Aubrey. Fico feliz que a sua irmã já tenha
deixado claro o status do nosso relacionamento.
— Nesse caso, fui eu que deixei claro esse status, porque, se não
fosse por mim, essa cabeça-dura não teria aceitado a sua proposta.
— Aubrey! — Avalon praticamente gritou, claramente querendo que
a irmã parasse de falar.
— O que foi? Não contou ao Logan que fui que te convenci a aceitar
esse lance de namoro falso?
— Namoro falso? — Coloquei a mão sobre o meu peito, fazendo a
minha melhor expressão de surpresa. — Avalon, você não contou para a sua
irmã que o nosso amor é verdadeiro?
Avalon abriu a boca para contestar, mas Aubrey falou primeiro:
— Isso é sério? Vocês estão juntos de verdade?
— Sim!
— Não! — Avalon respondeu junto comigo e empurrou de leve o
meu ombro, indo em direção à cozinha. — Que péssima ideia eu tive de te
convidar para jantar aqui, Logan! Já estou arrependida!
— Então foi por isso que você decidiu fazer macarrão à carbonara!
— Aubrey foi atrás dela e eu logo as segui, parando em frente ao balcão
que separava a sala da cozinha. — Está querendo impressionar o Logan!
Valente, que estava agachada pegando algo no armário debaixo da
pia, ergueu a cabeça em tempo recorde, olhando boquiaberta para a irmã.
— Lógico que eu não quero impressionar o Logan! Está doida,
Aubrey?
— Você só faz esse macarrão em datas especiais.
— Minha presença aqui é algo especial — falei, vendo Aubrey sorrir,
cúmplice.
— Não tem nada de especial na sua presença aqui. Só estou fazendo
o jantar como forma de agradecimento pelo que fez hoje.
— Não tem problema admitir que você gosta de mim, Valente —
falei, querendo atravessar o balcão para poder chegar mais perto dela.
— Valente?
— É o meu apelido para ela — respondi para a Aubrey. — Por causa
daquela personagem da Disney.
— Merida, sei! Que fofo! — Aubrey encostou a cabeça rapidamente
em meu ombro, sorrindo de orelha a orelha. — Sério, Ava, Logan não é
nada do que você disse para mim! Ele é um príncipe!
— O que a sua irmã disse sobre mim?
— Nada que eu já não tenha falado na sua frente — Avalon disse
enquanto abria um pacote de macarrão.
— Então você já disse na frente dele que o acha um gato?
Virei-me para Avalon e a encontrei com o rosto vermelho de novo e
os olhos estreitos em direção à Aubrey.
— Estou pensando seriamente em te colocar de castigo, Aubrey
Banks!
— Não pode colocar Aubrey de castigo só por ela estar falando a
verdade — defendi a minha cunhada, vendo-a erguer o polegar para mim.
— Verdade? Eu não te chamei de gato em momento algum!
— Chamou, sim. E disse que você era lindo e musculoso.
— Isso é mentira!
— Na verdade, não é mentira. Eu sou mesmo lindo e musculoso. —
Ergui o braço e forcei o bíceps, ouvindo a risada de Aubrey ao meu lado.
— Por que não diz que eu o chamei de egocêntrico, Aubrey?
— Porque eu tenho certeza de que isso você já disse para ele.
— Inúmeras vezes, aliás, apesar de eu não entender o porquê. — Dei
de ombros, ouvindo o suspiro de Avalon. Ela estava toda nervosinha, do
jeito que eu gostava.
— Não pensei que esse jantar se transformaria em um caos. — Ela
apertou a ponte do nariz. — Vamos fazer o seguinte, já que vocês parecem
ter se tornado grandes amigos, por que não vão se sentar no sofá e me
deixam em paz para cozinhar?
— Acho que é melhor mesmo, vai que ela erra a mão no sal? — falei
e Aubrey fez uma careta.
— Ou pior, confunde com açúcar!
— Não precisamos passar por isso. Vamos logo para o sofá, Aub.
Pisquei para Avalon e fui com Aubrey para a sala, finalmente
prestando atenção no apartamento pequeno. Percebi que não havia quadros
na parede, no entanto, no aparador abaixo do painel de madeira da TV,
havia alguns porta-retratos com fotos de Avalon, Aubrey e uma outra
mulher ruiva, que supus ser a mãe das duas. Quis me aproximar para ver de
perto, mas Aubrey logo puxou assunto, perguntando se eu queria assistir
alguma coisa na Netflix. Logo respondi que sim e descobrimos que
tínhamos um gosto em comum: ambos gostavam de filmes de romance.
— Não acredito! Avalon, ouviu isso? — Aubrey falou bem alto, mas
nem precisava, porque a cozinha não ficava longe da área de TV da sala.
— Sim, eu ouvi. Quem diria que o jogador com fama de pegador
gosta mesmo de filmes de romance?
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra. — Fiz a minha
autodefesa, ocultando o fato de que eu nunca tinha parado para pensar sobre
aquilo.
— Logan tem razão!
— Aubrey, se Logan disser que eu sou insuportável, é capaz de você
continuar dando razão para ele.
— Mas às vezes você é insuportável — falei e Aubrey concordou ao
meu lado.
— Isso é verdade.
— Vocês não iam assistir um filme? — Avalon perguntou mais alto e
eu me virei para frente da TV com Aubrey.
— Você também sente prazer em perturbar a minha irmã? — A
menina perguntou baixinho, me fazendo rir.
— Sinto, sim. Muito, na verdade.
— Eu também! Sinto que seremos uma dupla imbatível, QB!
Ela ergueu o punho em minha direção e eu bati o meu contra o dela,
sorrindo. Aubrey me lembrava Norah quando era mais nova e, só naquele
momento, me dei conta de como sentia falta da minha irmã naquela fase em
que tudo era resolvido com um pouco de provocação e muita risada.
Eu não estava chorando com a porcaria de um filme. Recusava-me a
deixar que as lágrimas caíssem enquanto Continência ao Amor rolava na
tela da TV e Aubrey e Avalon fungavam baixinho ao meu lado. O macarrão
ficou pronto rapidamente, então, logo Avalon se juntou a nós dois na sala,
cada um com um prato, degustando da comida deliciosa e do filme que
deveria ser uma comédia romântica, mas era só uma pegadinha para pegar
trouxas como eu.
— Será que eles não vão ficar juntos? — Aubrey perguntou baixinho
e eu limpei a garganta.
— Claro que vão. É um romance, eles precisam ficar juntos no final.
— Talvez seja uma adaptação de um livro do Nicholas Sparks e a
gente não sabe — Avalon resmungou ao meu lado, de braços cruzados.
Em algum momento eu havia passado o meu braço por cima do
encosto do sofá e, agora, Valente estava praticamente encostada no meu
peito. Meu braço estava começando a ficar dormente? Sim, mas eu não iria
me mover nem fodendo.
— Eu me recuso a aceitar um final em que eles não fiquem juntos —
falei, sentindo os olhos de Avalon sobre mim. — O que foi? Eu fui sincero
quando disse que esse é um dos meus gêneros favoritos e eu já sofri demais
vendo Um Amor para Recordar quando era mais novo, para passar por
aquela mesma tortura mais uma vez.
— Esse é um dos meus filmes favoritos — Avalon confidenciou, me
pegando de surpresa.
— Meu também.
— O amor é como o vento...
— Não podemos ver, mas podemos sentir — completei a frase
famosa, olhando nos olhos de Valente. Ela sorriu abertamente para mim, me
pegando novamente de surpresa ao encostar a cabeça em meu peito.
— Agora eu realmente acredito em você, Logan terceiro — falou
baixinho, pois sua irmã estava vidrada no filme.
Eu deveria ficar quieto na minha, mas tendo Avalon tão perto de
mim, com a cabeça bem em cima do meu coração, não consegui ser forte o
suficiente para ficar indiferente e acabei descendo o braço do encosto do
sofá para poder segurá-la contra o meu peito. Esperei alguns segundos para
ver se Valente iria recuar, mas ela não se moveu, apenas soltou a respiração
devagar, olhando para a TV. Ela podia disfarçar o quanto quisesse, mas eu
sabia que estava tão concentrada naquele momento quanto eu.
— É bom que acredite mesmo, Valente. Juro que eu posso ser tudo,
menos um mentiroso — sussurrei perto do seu cabelo, querendo muito que
a sua blusa não fosse de manga comprida para que eu pudesse tocar na pele
do seu ombro.
Tive um vislumbre do seu sorriso e foi a minha vez de soltar a
respiração devagar. Se Aubrey não estivesse ali, talvez, eu fosse capaz de
esquecer tudo e mataria o desejo que estava sentindo desde aquela manhã.
A vontade insana de provar o beijo daquela garota de personalidade forte e
que me tirava do eixo.
Que bom que Aubrey estava ali, bem do nosso lado, fungando com o
filme e me fazendo segurar no último fio de consciência que havia
sobrevivido dentro do meu cérebro.
Realmente... Que bom.
Em uma montanha-russa de emoções.
Era assim que eu me sentia nos últimos dias ao lado de Logan,
andando com ele de mãos dadas pelo campus e chamando a atenção da
maior parte dos alunos. Não fazíamos nada mais do que trocar algumas
carícias em público, mas isso foi o bastante para que o boato de que o
quarterback do Crimson Tide estava tendo um caso, começasse a se
espalhar com mais força, não apenas na faculdade, mas em alguns perfis no
Twitter.
Logan resolveu que ainda não iria confirmar nada, para que o nosso
namoro não parecesse algo forçado ou repentino, e eu gostei da ideia, pois
me dava a falsa sensação de que eu ainda era apenas uma anônima, apesar
de já terem citado o meu nome em alguns tweets. Fiquei um pouco
apavorada quando Aubrey me mostrou a postagem, tinha que confessar,
mas logo me obriguei a ficar calma, porque eu sabia que algo do tipo iria
acontecer mais cedo ou mais tarde.
Apesar do desconforto com os olhares que eu recebia, principalmente
por parte das mulheres na faculdade, conviver com Logan estava sendo
completamente diferente de tudo o que eu havia imaginado que seria. Ele
ainda me irritava — de propósito, pois se divertia muito ao me ver mal-
humorada —, ainda era o atleta meio egocêntrico que conheci na festa em
sua casa, mas também era engraçado, se preocupava comigo e parecia
adorar a minha irmã. Ele e Aubrey trocaram número de celular e viviam
conversando pelo WhatsApp, confabulando contra mim e estreitando os
laços de amizade.
Era impossível não gostar de alguém que tratava tão bem a minha
irmã, mas não era só por isso que eu vinha sentindo o muro que construí em
volta de mim mesma, ser derrubado tijolo por tijolo pelo quarterback.
Logan era mesmo tudo o que sua irmã havia dito para mim: inteligente, fiel
aos amigos e diferente daquela versão que conheci quase um mês atrás.
Ainda era um perturbado de marca maior, mas não era mais um babaca que
me tirava do sério de verdade.
Eu me preocupava sobre aquela percepção que estava começando a
ter dele, pois sentia o meu coração ficar balançado de um jeito que eu não
queria. Me tornar amiga de Logan era aceitável, afinal, estávamos
praticamente vivendo juntos desde o início do namoro falso e pegando
intimidade um com o outro, mas eu não queria que passasse disso e vinha
lutando comigo mesma para não me apegar demais ao jogador. Quando eu
sentia que estava dando abertura demais, recuava, e lembrava a mim mesma
que cada toque, cada olhar e sorriso, eram propositais por conta do nosso
acordo. Eu não podia confundir as coisas.
Larguei o pincel de maquiagem quando ouvi o meu celular apitar
com uma nova notificação. Era uma mensagem de Norah e eu senti o frio
tomar conta da minha barriga pela vigésima vez naquele dia.
Minha risada soou mais alta do que a série que coloquei para passar
na TV. Aquela, sim, era a Valente que eu conhecia, mas precisava confessar
que estava muito animado para conhecer a sua versão desinibida, que ficou
nua para mim do outro lado da tela, mesmo sem me deixar ter um único
vislumbre do seu corpo bonito.
— QB, se eu não soubesse que tudo isso não passa de uma
encenação, eu acreditaria que você está de quatro pela ruiva gostosa.
O comentário de Benjamin ao meu lado me fez voltar para o
presente. Estávamos na sala de vídeo do centro de treinamento, esperando o
treinador Coben chegar para estudarmos o último jogo do Texas Longhorns.
Nós o enfrentaríamos no sábado, em um jogo fora de casa, o que fazia com
que a tensão aumentasse um pouco, principalmente porque o time
adversário também não havia perdido o primeiro jogo no último sábado.
Benjamin soltou um gemido quando dei um tapa na sua nuca. Talvez
tenha sido mais forte do que nós dois esperávamos, mas o babaca mereceu.
— Já falei para você parar com essa merda, porra! Respeite a minh...
Respeite a Avalon!
— Você ia falar minha garota. — O idiota sorriu e eu sacudi a
cabeça. Por sorte, a sala ainda estava vazia e dois jogadores reservas
conversavam perto da porta, longe de nós dois.
— Não ia nada.
Eu ia, sim, da mesma forma que falei com James durante o treino na
semana passada. A diferença daquele dia para o agora, era que ali eu tinha
plena consciência de que estava apenas testando as palavras na minha boca
para que elas começassem a soar de forma natural na frente das outras
pessoas. Aqui, com Benjamin, o pronome possessivo simplesmente surgiu
sem que eu precisasse pensar uma segunda vez.
Porra, eu estava ferrado. Eu sentia que estava. Avalon estava
alugando um tríplex na minha cabeça e tomando conta de tudo aos poucos,
sem que eu tivesse o menor controle para impedi-la. Sentia que estava
piorando desde ontem, com aquela videochamada em que tirou a toalha e a
deixou sobre a cama.
A manhã de hoje foi uma tortura. Buscá-la em casa, sentir o seu
cheiro dominando o meu carro, andar ao seu lado de mãos dadas pelo
campus, sentar-me ao seu lado na aula da Sra. O’Born, ouvir sua voz
sensual enquanto mostrávamos para a professora toda a pesquisa que
fizemos para o seminário... Eu mal consegui prestar atenção nas pessoas
que nos olhavam de forma ainda mais curiosa e cochichavam sobre nós dois
pelos corredores do prédio de Direito, porque só tinha olhos para ela.
Sentia-me um bobo, sem qualquer controle sobre as minhas emoções.
A verdade, era que eu estava impressionado com Avalon. O almoço
na casa do meu pai foi difícil, cheguei a pensar que ele estragaria tudo com
aquela ladainha de sempre, mas Valente me surpreendeu ao falar tudo
aquilo na cara dele, sem medo de enfrentar o homem que fazia com que
qualquer pessoa de fora tremesse na base. Até eu me sentia sufocado em
sua presença, mas Avalon, com aquela sua personalidade forte, fez algo que
nem mesmo eu estava fazendo por mim de maneira adequada.
Valente me defendeu, praticamente da mesma forma que eu a defendi
daquele filho da puta que estava ameaçando a sua vida e a vida da sua irmã.
Eu ainda estava sem palavras, sentia que não havia agradecido o suficiente.
Acreditava que nada do que eu falasse, poderia demonstrar como fiquei
surpreso e grato pelo que havia feito por mim.
— Tá me ouvindo? — Benjamin estalou os dedos na frente do meu
rosto e eu pisquei, saindo do transe. Ao seu lado, vi James rindo, e percebi
que a sala estava praticamente lotada. — Eu não acredito que estou
perdendo a batalha de novo.
— Que batalha? — Do que o babaca estava falando?
— Mais um soldado será abatido... — Ben lamentou se jogou contra
o encosto da cadeira, passando a mão pelo rosto. — Vou perder mais um
amigo.
— Não estou entendendo nada, Benjamin.
— Ele acha que você está gostando mesmo da Valente — James
disse baixinho, sem querer chamar a atenção dos outros meninos do time.
— Tipo, gostando de verdade.
— Eu não estou achando, eu tenho certeza! Olha a cara dele! —
Benjamin apontou para mim de forma indignada. — Está igualzinho a você
quando começou a se apaixonar por aquela que não deve ser nomeada.
— É bom mesmo que não fale o nome dela — James resmungou.
— Ele está igual a você, não está?
— Quer parar de falar como se eu não estivesse aqui? — pedi, dando
uma olhada geral na sala. — Não sei o que estou sentindo, ok? Só acho que
Valente é uma garota muito foda, linda, gostosa e que vem mexendo
comigo... Mas isso não quer dizer que estou me apaixonando.
Eu nunca tinha me apaixonado na vida e não queria que o sentimento
surgisse tão cedo. Eu precisava focar exclusivamente na minha carreira.
Depois do que havia acontecido nos últimos meses, tinha medo de me
distrair com qualquer outra coisa e falhar de novo.
O futebol sempre foi o meu sonho e, agora, ele estava trazendo um
novo sentido para a minha vida. Era algo real ao qual eu poderia me agarrar,
a única coisa que eu tinha certeza de que dependia exclusivamente de mim
para dar certo. Não queria que nada tirasse o meu foco.
— Não cabe a nós dois dizermos se você está se apaixonando ou não,
irmão, mas, quer um conselho? — James perguntou e eu apenas concordei
com a cabeça. De nós três, ele sempre foi o mais calmo e centrado, o que
tinha a melhor opinião sobre assuntos sentimentais. — Não dê as costas
para o que vem sentindo por Avalon. Eu não te vejo tão bem assim há
longos meses e sei que ela está te fazendo muito bem. Isso é importante e
muito especial, cara.
— É, James tem razão. — Benjamin disse meio contrariado, quase
me fazendo rir. — Se for para você ficar bem de verdade, eu aceito perder
mais um amigo para as algemas douradas.
— Algemas douradas? — Eu ri de verdade, sem acreditar no que
estava ouvindo.
— Sim. As alianças.
— Cala a boca, idiota! — James sacudiu o cabelo de Ben enquanto
ria. — Não acho que Logan vai se casar tão rápido.
— Esse babaca parece ser mais emocionado do que você, James!
Desde que a ruiva gost... Desde que Avalon surgiu — ele consertou o
termo, olhando rapidamente para mim. Deve ter visto o desgosto em meu
olhar pela forma como se referia a ela —, Logan vem se tornando um
cachorrinho adestrado!
— É assim que começa! — David, um dos nossos reservas, apontou
para o dedo anelar direito. — E então, em um piscar de olhos, você vai estar
com isso aqui no dedo e uma lista de padrinhos de casamento. Acredite,
escolher os padrinhos é difícil pra caralho!
Ótimo, Benjamin havia falado alto demais e, agora, o time todo
estava olhando para a minha cara. Pela forma como me encaravam, percebi
que não tinham ouvido nada sobre o namoro falso, o que me deixou
aliviado.
— Para Logan não será difícil, os dois padrinhos dele estão bem aqui
— Benjamin apontou para si mesmo e depois para James, que concordou
com a cabeça.
— É oficial, então? Já está pensando em casamento, Logan? —
Alguém perguntou.
— Porra, nunca pensei que o QB se amarraria tão rápido! Até ontem
ele estava passando o rodo em todas as festas que ia — outro babaca
comentou.
— O amor é assim, chega de forma inesperada...
— Deus me livre passar por isso, tenho só vinte anos!
— Olha só o que vocês fizeram! — resmunguei entredentes,
praticamente me deitando no banco para fugir dos olhares curiosos.
Benjamin e James riram alto do meu lado.
— Pensa bem, é melhor que fofoquem sobre um suposto casamento
do que sobre sua fama de pegador sem limites — Benjamin sussurrou.
Revirei os olhos, endireitando a postura quando o treinador entrou na
sala. Ele logo mandou que todos se sentassem e ligou o refletor para passar
as principais jogadas do Texas no telão. Desliguei a mente e foquei nas
táticas para o próximo jogo, pensando que era melhor me agarrar ao que eu
poderia controlar — como as jogadas e as principais formas de desarmar o
time adversário — do que ao que eu não podia controlar.
Nesse caso, estava me referindo muito mais ao que sentia sobre
Avalon do que sobre os comentários dos meus companheiros de time.
Eu deveria ter ido direto para casa depois que saí do centro de
treinamento, mas acabei desviando o caminho e, agora, estava entrando no
bar da Maeve. O movimento estava fraco, mas apenas porque era segunda-
feira e ainda não havia passado das sete horas da noite. Encontrei Avalon
com o olhar, do outro lado do balcão, servindo duas canecas de cerveja e
rindo de alguma coisa que Maeve havia comentado baixinho em seu
ouvido. Ela estava linda usando uma calça cargo de cintura alta e um
cropeed preto nada vulgar. Os cabelos estavam presos naqueles dois coques
divididos ao meio no topo da cabeça.
O que antes poderia parecer estranho aos meus olhos, agora, só
parecia ressaltar ainda mais a beleza e a personalidade de Avalon. Eu não
conseguia imaginá-la usando qualquer coisa cor-de-rosa ou calçando algo
diferente dos sapatos e botas pesadas que tanto adorava. Era uma droga ter
que admitir que eu adorava até mesmo aqueles coques que ela amava fazer.
— Como é bom ver você, Logan! — Maeve me viu antes de Avalon,
por isso, pude acompanhar a reação da ruiva ao descobrir que eu estava ali.
Valente se virou em minha direção com os olhos arregalados e os lábios
pintados de vinho entreabertos. Quis morder cada um deles antes de enfiar a
língua em sua boca. Puta merda, eu só havia beijado a garota duas vezes e
já parecia um viciado! — Estávamos falando de você, acredita?
— Acredito, porque Avalon é louca por mim e não consegue ficar
sem o meu nome na boca — provoquei, vendo os olhos de Valente se
estreitarem para cima de mim.
Maeve riu e colocou as duas canecas de cerveja sobre o balcão,
entregando-as para um casal que estava ali de pé. Eles se afastaram e eu me
sentei na banqueta mais próxima de Avalon.
— Vocês estão namorando, então, isso é normal — disse Maeve,
dando um olhar sorridente para nós dois. — Inclusive, formam um casal
lindo.
Logo percebi que Avalon não havia contado para Maeve sobre o
nosso acordo e sorri mais amplamente, apoiando meus braços no balcão
para poder me inclinar em sua direção.
— Eu concordo — falei, sem tirar os olhos de cima da minh... De
cima de Avalon. — Senti saudades, Valente. — E nem estava mentindo.
Avalon mordeu a pontinha do lábio inferior, me deixando hipnotizado
e dando um olhar rápido para Maeve. Percebi que parecia meio insegura, o
que não era típico dela, pois sabia que sempre tinha uma resposta na ponta
da língua para me dar.
— Também senti saudades — respondeu, dando um passo para
frente.
— Beija logo ele, garota! — Maeve disse de repente, batendo com o
pano de prato na bunda de Avalon. — Não precisa ficar com vergonha, você
sabe que, antes de ser sua chefe, sou sua amiga!
As bochechas de Avalon coraram e eu sorri, resolvendo parar de
provocá-la. Para que voltasse a ficar confortável, tomei apenas as suas mãos
nas minhas e beijei os nós dos seus dedos, observando a forma como
respirou fundo.
— Avalon é um pouco tímida — falei e Maeve concordou com a
cabeça.
— É, eu sei, por isso que vou deixar os pombinhos em paz. Volto
daqui a pouco.
A dona do bar piscou para mim, como se dissesse que era para eu
aproveitar o momento sozinho com Avalon, e eu sorri em agradecimento.
Não que fosse puxar a garota e dar um beijo de desentupir pia na sua boca
— algo que eu queria muito, tinha que confessar —, mas queria mesmo
ficar a sós com ela por um tempinho. Queria fazer um pedido para Avalon e
não podia esperar mais.
— Ela não sabe que o nosso namoro é de mentirinha — Avalon
sussurrou, mesmo que estivéssemos sozinhos ali na área do balcão.
— Eu percebi.
— Achei que... — Ela limpou a garganta e apertou os dedos nos
meus. — Pensei que iria me beijar.
Aquilo me surpreendeu e eu sorri um pouco mais.
— Queria que eu te beijasse, Valente?
Como se tivesse acordado de um transe, Avalon sacudiu a cabeça e
tentou tirar as mãos das minhas, mas não deixei.
— Claro que não.
— Queria, sim. Admita.
— Óbvio que eu não queria. Não seja tão convencido, estrelinha
dourada.
Ela podia mentir o quanto quisesse, mas eu tinha certeza de que
queria, sim, que eu a beijasse. Quase joguei tudo para o alto e segui os meus
instintos, mas resolvi me acalmar. Nem mesmo eu sabia ao certo o que
estava sentindo, não podia confundir Avalon também.
— Quer beber alguma coisa? — perguntou, mas eu sacudi a cabeça,
negando. — Quer comer algo?
Sim, você.
Ah, merda!
Engoli em seco ante o pensamento e sacudi a cabeça com mais força.
Puta que pariu, precisava me controlar!
— Vim até aqui, porque quero te fazer um convite.
— Um convite? — Ela me olhou meio desconfiada.
— Sim. — Parei por um momento, me sentindo um pouco inseguro.
Avalon aceitaria ou acharia que era uma péssima ideia? Eu só descobriria se
perguntasse. — Nós vamos jogar contra o Texas no sábado e eu queria que
você fosse comigo.
— Ah, sim, é claro que vou. — Ela aceitou prontamente, me
deixando surpreso. — Eu posso tentar trocar a minha folga de novo com a
Cindy ou com o Donovan, caso ela não possa me substituir aqui no bar. O
jogo vai começar no mesmo horário de semana passada? Sua irmã também
vai? Eu fico um pouco perdida e Norah acaba me explicando a maior parte
das jogadas.
Claro que Avalon tinha aceitado. Ela não entendeu onde o jogo
aconteceria.
— Minha irmã não vai, porque, dessa vez, não jogaremos em casa.
— Valente me olhou sem entender e eu esclareci: — Vamos jogar no Texas.
Avalon arregalou os olhos e abriu e fechou a boca duas vezes antes
de responder:
— Você quer que eu vá com você para o Texas?
— Isso mesmo.
— Mas... É permitido levar namoradas? Eu nem tenho dinheiro para
fazer uma viagem dessas.
— Você não precisaria arcar com nada, eu vou pagar por tudo. Sobre
levar namoradas, você não vai oficialmente com o time, viajará sozinha, só
que vou conseguir uma suíte para você no mesmo hotel em que vamos ficar.
Talvez o treinador Coben fosse me matar, caso descobrisse, mas
valeria a pena.
— Por que você quer que eu vá?
— Porque... Eu não quero ficar sozinho quando o jogo terminar.
Tenho medo de... sabe, acontecer aquilo comigo de novo.
Era ruim admitir aquilo em voz alta, mas eu estava com receio de
surtar mais uma vez. De alguma forma, Avalon havia se tornado um porto
seguro para mim desde que bati em sua porta completamente bêbado e eu
não queria abrir mão disso. Se ela estivesse ao meu lado, eu me sentiria
mais confiante para não deixar que as memórias surgissem.
Uma parte minha ficou esperando que Avalon dissesse que ela não
era psicóloga ou qualquer coisa assim para lidar com as minhas merdas —
até porque, foi a primeira coisa que eu disse para mim mesmo quando a
ideia surgiu enquanto eu tomava banho no vestiário do centro de
treinamento —, mas ainda mantive a esperança de que ela fosse aceitar.
— Eu só preciso confirmar se a mãe da amiga de Aubrey não se
importa de ficar com ela no final de semana. Se ela confirmar que minha
irmã pode dormir lá, eu vou com você.
Não havia nenhum tipo de julgamento nos olhos límpidos de Valente
e o nó em meu peito começou gradativamente a diminuir. Grato, voltei a
beijar as suas mãos e me segurei muito para não tomar a sua boca na minha.
— Obrigado, Valente.
— Não precisa agradecer, estrelinha dourada.
Os torcedores do Texas estavam enfurecidos por estarem perdendo
para o Crimson Tide. Eu sentia as arquibancadas tremerem enquanto eles
pulavam e quase rugiam feito animais. Podia imaginar como devia ser
horrível perder dentro de casa, mas não conseguia tirar o sorriso do rosto
enquanto via o ataque do Crimson desarmar a defesa deles e marcar um
novo touchdown.
O Crimson estava vencendo com trinta pontos contra os dezenove do
Texas e o relógio deixava bem claro que o time adversário não teria mais
qualquer chance de virar aquele placar tão desigual. O fim da partida
coroou mais uma vitória de Logan ao lado do seu time e eu avancei em sua
direção quando ele apareceu correndo em meu campo de visão, vindo para
mais perto de mim.
Daquela vez, eu já estava preparada para o beijo. Pelo menos, foi o
que pensei, mas logo percebi que estava sendo muito inocente. Eu nunca
estaria preparada o suficiente para o ímpeto com o qual Logan me beijava
após uma partida. Ele parecia transferir toda a sua euforia para mim
enquanto me abraçava e enfiava a língua em minha boca, me deixando mole
em seus braços e sem qualquer capacidade de formar um pensamento
coerente.
— Vocês arrasaram, estrelinha dourada — me esforcei para falar
quando ele deixou o meu lábio inferior escapar do cativeiro formado pelos
seus dentes.
Cada pelo do meu corpo ficou arrepiado e eu senti a minha calcinha
ficar molhada. Decidi não lutar contra aquilo. Meu corpo jamais seria
indiferente a um beijo como aquele, eu não poderia cobrar muito de mim
mesma naquele momento.
Senti que Logan falaria alguma coisa, mas alguém da comissão
técnica do time começou a gritar o seu nome e o jogador precisou me soltar.
Antes de se afastar completamente, ele acabou sussurrando em meu ouvido:
— Amo ver minha camisa em você. Fica gostosa demais, Valente.
Eu fiquei estática que nem uma idiota enquanto Logan corria de volta
para o centro do campo para encontrar com o time. Sabia que deveria
acompanhar a multidão até a saída do estádio e pedir um Uber diretamente
para o hotel, mas senti medo de que minhas pernas não conseguissem
suportar o peso do meu corpo, caso eu me movesse — e ainda havia o peso
da umidade em minha calcinha.
Boceta traidora!
Respirei fundo e coloquei a minha cabeça no lugar, começando a
acompanhar as pessoas para fora do estádio. Por sorte, os torcedores
enfurecidos do Texas se acalmaram um pouco mais e eu consegui passar
longe de um ou dois grupinhos que pareciam loucos para arrumar confusão.
Seguindo a recomendação de Logan, pedi um Uber e fui direto para o hotel,
pois, segundo o jogador, eles demorariam um pouco mais para deixar o
estádio e não seria seguro ficar ali sozinha.
Assim que entrei na minha suíte, liguei para Aubrey e me certifiquei
de que estava tudo bem. Eu confiava em deixar que ela passasse o final de
semana na casa de Hannah, porque a mãe da menina era solteira, portanto,
não havia homem algum para colocar a segurança da minha irmã em risco.
Aub comentou que tinha visto o jogo e ficou chateada quando eu disse que
não estava com Logan, pois queria parabenizá-lo. Por fim, agradeci mais
uma vez a mãe da sua amiguinha por ficar com ela naquela noite e fui direto
tomar um banho.
O voo para o Texas me deixou ansiosa durante toda a manhã. Eu
nunca havia entrado em um avião antes e fazer isso sozinha me deixou
apreensiva, mas até que curti a viagem. Agora, o que estava me deixando
com um frio na barriga era a expectativa idiota de ver Logan mais uma vez.
Será que conseguiria falar com ele pessoalmente ainda hoje? E por que eu
estava tão ansiosa para isso?
— Avalon Banks! — Chamei a minha atenção em frente ao espelho
do banheiro bonito enquanto me secava, mas acabei rindo da minha própria
cara. — Você está muito ferrada, garota!
Eu vinha fazendo — e sentindo — coisas por Logan que acreditei
que nunca mais sentiria por ninguém, mas o que me assustava de verdade,
não era nem o fato de estar mexida pelo quarterback. Logan era um homem
lindo, charmoso, com um sorriso safado que me desestabilizava e um olhar
intenso que me desarmava. Ter uma quedinha por ele seria considerado
normal, certo? Estávamos convivendo diariamente, compartilhando toques,
sorrisos e, o principal e mais preocupante de todos, beijos. Beijos que não
deveriam ser nada mais do que parte do nosso acordo.
Então, ficar sensibilizada, de certa forma, não me surpreendia. Nem o
fato de o meu corpo corresponder, pois atração física era algo que não dava
para controlar. O que me assustava no meio de tudo isso, era a intensidade e
a rapidez com a qual eu estava me envolvendo com Logan Miller III.
Eu esperava ter algum tipo de tolerância para os seus toques e beijos,
não me sentir tão brutalmente atraída por cada um deles. Achei que nossa
convivência se tornaria mais fácil, porque nos acostumaríamos um com o
outro, não que eu fosse me sentir à vontade ao seu lado e que riria das
besteiras que saíam da sua boca.
Cheguei a acreditar que precisaria acompanhar Logan em um dos
jogos fora de casa, apenas porque, para o mundo, eu era a sua namorada.
Nunca pensei que o quarterback me chamaria, porque confiava em mim e
acreditava que, tendo a minha presença por perto, ele não teria uma outra
crise de ansiedade e acabaria recorrendo à bebida de novo.
Eram aquelas pequenas coisas que vinham me afetando muito mais
do que deveriam. Junto com elas, vinha o medo de acabar me envolvendo
de uma maneira irreversível e o receio do que isso resultaria no final do
nosso acordo. Eu sairia apaixonada que nem uma idiota no final daqueles
dois meses? Ou pior, ficaria com o coração partido?
Logan deixou bem claro que não queria um relacionamento e eu
estava cem por cento de acordo com ele. Meu coração não podia se
envolver naquele trâmite todo, porque nós dois sabíamos que não tínhamos
sorte no quesito romântico e sempre quebrávamos a cara. Achei que a
última experiência pela qual passamos tinha sido o estopim para que o
órgão idiota parasse de vez de se iludir, mas, talvez, eu estivesse enganada.
Passei a próxima hora jogada na cama e ignorando a curiosidade de
entrar no Twitter e ver se alguém havia gravado o novo beijo que Logan me
deu. Para me distrair, fiz login na minha conta da Netflix e fiquei zapeando
pelas inúmeras opções, até ouvir o meu celular apitar com uma notificação
de mensagem. Meu coração deu uma acelerada idiota quando identifiquei
que era Logan.
Ele não podia estar falando sério. Era lógico que Logan estava apenas
brincando com a minha cara. Um pouco nervosa, fui até o banheiro e
molhei a nuca para ver se o calor que se alastrava sobre a minha pele
diminuía um pouco, bem como a vermelhidão em minhas bochechas. Não
queria dar o braço a torcer e dar razão ao que Logan disse para Maeve, mas,
sim, eu era um pouco tímida, pelo menos no que dizia respeito a toques,
beijos e até mesmo sexo. Estava longe de ser virgem, mas minhas
experiências sexuais não foram boas e eu sentia que era um pouco atrasada
naquele aspecto.
Se Logan soltasse aquelas piadinhas sexuais na minha frente, como
eu iria reagir? Na verdade, como eu deveria reagir? Não sabia como
incentivar aquele tipo de coisa e tinha medo de ser grossa demais ao
responder. Também não tinha certeza se eu deveria incentivar, sendo que,
uma hora atrás, eu estava justamente pensando que não poderia me
envolver com Logan.
Mas sexo e sentimentos eram coisas diferentes, certo? Talvez, eu
pudesse me agarrar a coisa física e deixar o meu coração de fora do jogo.
— Não foi você que colocou o sexo como um item proibido, Avalon?
— sussurrei para mim mesma, dando um tapa em minha testa. — O que
está acontecendo com você?
Aceitar vir para o Texas foi um erro. No Alabama, pelo menos, eu
tinha o bar para me refugiar, tinha a minha irmã para cuidar e um monte de
matéria para estudar. Ali, naquela suíte de hotel, a muitos quilômetros de
distância da minha casa, eu estava com a cabeça vazia e o corpo com
hormônios demais em ebulição para pensar com clareza.
Estava decidida a mandar uma mensagem para Logan, avisando que
eu estava cansada da viagem e que iria dormir, quando ouvi o barulho da
campainha soar pela suíte. Um arrepio desceu pela minha coluna, me
fazendo morder o lábio com força. Percebi que, se eu recuasse e me
escondesse, acabaria agindo da forma que mais odiava no mundo: com
covardia. Já tinha passado por muita coisa para não ter coragem de passar
apenas algumas horas ao lado de Logan. Eu daria conta.
Saí do banheiro e sequei as palmas das mãos levemente suadas no
meu short do pijama. Não esperava, de fato, pela visita do jogador, mas
pelo menos o conjunto não era indecente. O cetim preto moldava a minha
bunda e a curva dos meus seios, mas não deixava nada de mais à mostra.
Respirei fundo e abri a porta, dando de cara com Logan segurando dois
sacos de papel e ostentando um sorriso no rosto.
— Por um momento, achei que realmente me deixaria aqui fora.
— Eu deveria — respondi, encontrando um pouco da Avalon durona
dentro de mim, só para disfarçar que eu estava nervosa. Logan abriu ainda
mais o sorriso e entrou na suíte. — Mas, como estou com fome, pensei
melhor e decidi te receber.
— Se não consigo te conquistar com a minha personalidade
encantadora, farei isso pelo estômago.
— E por que você quer me conquistar, estrelinha dourada?
Logan pousou os sacos com o lanche sobre a mesa no canto da suíte
e se virou para mim, me olhando de cima a baixo com uma lentidão que me
deixou com os nervos agitados. Realmente, meu corpo estava decidido a ser
um traidor naquela noite. Sem conseguir me conter, acabei olhando-o
também, notando como estava bonito usando uma regata branca e uma
calça de moletom azul-escura.
— Quero conquistar a sua amizade — disse com a voz levemente
rouca e com um olhar que parecia falar mais do que as palavras que
escaparam da sua boca. — Porque gosto de você, Valente.
— Já sou sua amiga, Logan — confidenciei, me aproximando dele.
Sem conseguir manter mais daquele contato visual intenso, mexi dentro do
saco de papel e peguei um pouco de batata frita. — Achei que isso estivesse
claro.
— Você nunca disse com todas as letras.
— Você gosta de me ouvir falar o óbvio, não é? — Eu ri, vendo-o
concordar com a cabeça e me dar um novo sorriso. — De alguma forma,
você fez com que os meus sentimentos mudassem. Ainda é um babaca
irritante? Sim, mas é um babaca que eu gosto.
— Porra, Valente! — Logan me puxou em direção ao seu peito pela
cintura, me fazendo arfar de susto. Precisei apoiar minhas mãos em seus
ombros largos para poder manter o equilíbrio. — Você não pode falar esse
tipo de coisa e achar que eu vou ficar indiferente. Esse babaca aqui — ele
apontou para si mesmo com o polegar, antes de voltar a pousar a mão
grande em minha cintura. — está muito feliz por saber que se infiltrou
nesse seu coraçãozinho de pedra.
— Não foi isso o que eu disse...
— Mas foi o que eu entendi, é o que importa. — Seu sorriso
irritantemente bonito desapareceu das minhas vistas quando o jogador se
inclinou e deixou um beijo longo em minha bochecha, perto demais dos
meus lábios. — Obrigado por estar aqui, Valente.
— Você já me agradeceu — murmurei, sentindo o meu coração
disparar.
Logan tocou a testa na minha e percebi que já não sorria mais. Ele
não parecia triste, pelo contrário. Parecia quase emocionado, apesar de eu
não conseguir olhar em seus olhos por estar com o rosto praticamente
colado ao meu.
— Nunca será o suficiente — sussurrou, tocando o nariz levemente
no meu. Senti meus olhos ficarem pesados, tão pesados, que precisei fechá-
los. Tudo aquilo era... intenso demais. Ao ponto de eu quase não conseguir
respirar. — O time não entendeu o motivo de você ter vindo para cá, o
treinador meio que me comeu no esporro por causa disso, achando que eu
não iria me concentrar antes do jogo por ter a sua presença aqui, mas eu
ignorei todos eles, porque sabia que ter você ao meu lado hoje era o que me
daria forças para fazer um bom jogo e não cair em tentação depois. Ainda
não é fácil, Valente. Eu sinto que não mereço comemorar mais essa vitória,
porque não é justo eu estar feliz depois de ter perdido a minha mãe, mas eu
estou tentando. Tenho certeza de que era isso que ela iria querer.
— Não, Logan, é isso que ela quer — afirmei, tocando em sua nuca e
em seus cabelos. Não tive coragem de abrir os olhos e algo me dizia que os
dele estavam fechados também. — Sua mãe continua dentro de você. Sente
isso? Sente o amor dela dentro do seu coração? — Senti quando concordou
com a cabeça, seu nariz tocando o meu para cima e depois para baixo. —
Isso é tudo o que importa. Eu sei que a distância física machuca, sei que é
difícil aceitar que nunca mais vamos ver aquela pessoa que nós tanto
amamos, mas quando começamos a compreender que os sentimentos nunca
morrem, a dor se torna mais suportável e o medo e a raiva começam a
desaparecer lentamente.
Logan não disse nada, apenas respirou fundo, como se estivesse
contendo as lágrimas, e me abraçou bem forte pela cintura. Eu sentia todo o
seu corpo forte colado ao meu, sua respiração ainda agitada em meu rosto e
sua boca muito perto da minha. Eu o queria ainda mais próximo de mim.
Naquele momento, o meu próprio medo desapareceu, qualquer dúvida que
eu tinha antes, sumiu completamente, e um ímpeto que surgiu do fundo do
meu peito, me fez acabar completamente com aqueles ínfimos centímetros
que nos separavam.
Pela primeira vez, eu beijei a boca de Logan.
Na verdade, pela primeira vez, eu tomei a decisão de beijar a boca de
um homem.
A constatação foi como um murro diretamente no meu peito. Por um
segundo, eu quase vacilei, mas o gemido rouco e a necessidade com a qual
Logan me agarrou, me fizeram seguir em frente. Seus braços fortes
impulsionaram o meu corpo e, assim como aquela primeira vez no campo
de futebol, eu cerquei a sua cintura estreita com as minhas pernas, enquanto
nossas línguas se encontravam com um desespero que eu nunca senti antes.
Era para ter sido um beijo calmo e emocionante, mas, quando me dei
conta, estava sendo um beijo intenso e dilacerante. Era como eu me sentia.
Dilacerada por Logan, mas de uma forma boa. Não havia medo ou qualquer
ameaça, não havia voz alguma no fundo da minha mente, me alertando para
fugir, deixando claro que aquele era um sentimento perigoso, porque eu
confiava em Logan. Contra todas as possibilidades, eu aprendi a confiar
naquele garoto irritante, que me provocava, me tirava do sério, mas que
havia sido o único a me dar a segurança que eu sequer sabia que precisava.
Senti Logan caminhar pelo quarto comigo ainda sobre o seu colo e se
ajoelhar na cama, até colocar o meu corpo sobre o colchão. Os travesseiros
tocaram a parte de trás da minha cabeça e o seu corpo pesou sobre o meu
quando o jogador se deitou sobre mim. A emoção ainda me deixava com
um nó na garganta, mas o gemido baixo que soltei quando Logan mordeu o
meu lábio inferior começou a dissipá-lo. Eu pulsava. Sentia os meus
músculos estremecerem enquanto as mãos pesadas e masculinas
desenhavam a curva da minha cintura e subiam em direção às minhas
costelas.
— Valente... — Logan sussurrou, parando por um momento e
tocando a testa na minha. Não quis abrir os olhos. Senti medo de que aquela
magia fosse acabar, caso o fizesse. — Olhe para mim.
— Não.
— Por favor.
Havia uma súplica dolorosa no tom de Logan e eu não pude mais
recusar. Abri os olhos devagar, encarando os dele quando distanciou um
pouco o rosto do meu.
— O que estamos fazendo? — perguntou e eu sacudi a cabeça,
querendo rir. Estávamos perdidos.
Puta merda, estávamos completamente perdidos.
— Eu não sei. — Fui sincera e Logan soltou um suspiro de alívio
quando me viu sorrir. Toquei em seus braços fortes e subi até o seu pescoço,
sentindo a veia grossa pulsar desesperadamente ao ritmo do seu coração. —
Eu só quero... Só quero viver isso, Logan. Quero viver o agora.
— Quer transar comigo?
— Por que você tem que ser tão explícito?
Ele deu de ombros e riu, tocando a testa na minha.
— Não sei, eu só... Caramba, eu já fiz isso inúmeras vezes, mas
parece que essa é a primeira.
— Obrigada por esfregar na minha cara a sua vida sexual ativa,
Logan terceiro.
— Não! — Ele levantou a cabeça e arregalou os olhos, parecendo
apavorado. — Não foi o que eu quis dizer, eu... Droga, Valente, estou
nervoso! Viu como eu só falo merda? Eu sou um tapado mesmo!
Logan saiu de cima de mim e se deitou ao meu lado, colocando o
braço sobre os olhos. Isso me deu tempo para olhar para todo o seu corpo e,
bem, para o seu pau muito duro sob a calça de moletom. Minha boceta
piscou de forma meio desesperada, quase me matando de vergonha. Se ela
pudesse gritar, estaria implorando para que o quarterback a fodesse.
— Logan... — Toquei em seu braço, mas ele sacudiu a cabeça.
— A gente vai estragar tudo se fizer isso, não é?
— Nós não precisamos fazer nada.
— Mas eu quero. — Ele tirou o braço da frente dos olhos e desceu a
mão até a ereção, fazendo uma careta ao ajeitar o membro enrijecido. —
Merda, eu quero pra caralho.
— Talvez a gente devesse comer.
— Acho que eu deveria comer, sim. Deveria comer você —
murmurou e eu ri. Meu Deus, que caos era aquele que estava acontecendo
naquele quarto de hotel? Logan sacudiu a cabeça e riu também. —
Desculpa. Eu sou um idiota.
— Sim, você é — concordei, tocando em seu rosto. — Mas é um
idiota que me deixou excitada. — Droga, eu podia sentir o meu rosto
prestes a pegar fogo.
— Você não pode falar esse tipo de coisa, Valente. Não agora, por
favor.
— Só não queria que você pensasse que está sozinho nessa — falei,
olhando rapidamente para o seu pau ainda duro debaixo da sua mão. Logan
estava segurando o pobre coitado como se ele fosse saltar de dentro da calça
a qualquer momento. — Vou pegar o lanche.
Levantei-me da cama com as pernas bambas, ainda tentando entender
o que havia acabado de acontecer entre nós dois. Esperava que o gelado do
milk-shake e a sensação de barriga cheia, fizessem com que o clima entre
nós dois voltasse ao normal.
Eu era um idiota!
Puta que pariu, eu era o maior idiota de todos os tempos!
Estava de pau duro, sentindo as pernas trêmulas como se tivesse
acabado de sair do campo, e com uma vontade imensa de bater com a
minha cabeça na parede.
Por que eu fui abrir a minha boca e falar que eu já tinha trepado
inúmeras vezes? Porra, Logan! Ok, Valente sabia que eu não era virgem,
mas que garota gostaria de ouvir isso da boca de um homem? Se fosse
Avalon me falando aquela merda, eu teria brochado com toda certeza.
Com que cara eu tocaria nela de novo agora?
Eu queria me matar.
Queria que o colchão formasse um vácuo e me engolisse para
sempre.
— Milk-shake de chocolate? Não achei que você fosse tão previsível.
Arrisquei abrir os olhos e encontrei Avalon caminhando em minha
direção, segurando o saco de papel com o meu lanche em uma mão e o
milk-shake na outra. Decidi parar de ficar lamentando a minha gafe e me
sentei na cama, pegando os itens da sua mão. Ela logo retornou à mesa para
pegar a sua parte e voltou para a cama, se sentando ao meu lado.
— Desculpa por eu ter falado aquilo, Valente, juro que...
— Logan, está tudo bem. Eu não fiquei chateada. — Pude ver em
seus olhos que estava sendo sincera e fiquei um pouco mais aliviado. —
Você não me deve nada e é um homem solteiro, apesar da nossa mentirinha.
Dei uma mordida no hambúrguer, pensando em ser sincero com ela
enquanto mastigava e engolia.
— Eu sei disso, mas, se fosse você me falando aquilo, eu ficaria meio
puto.
— Por quê?
— Não sei, eu apenas ficaria.
Avalon sorriu com o canudo do milk-shake entre os lábios, me
fazendo imaginar como aquela boca bonita ficaria maravilhosa no meu pau.
O filho da mãe, que parecia se recusar a amolecer, deu uma fisgada
dolorosa dentro da minha calça.
— Está me dizendo que sente ciúmes de mim, Logan?
— Não é ciúmes, é só... Não sei ao certo. — Senti-me um idiota de
marca maior. Eu sequer sabia explicar como me sentia. — Não gosto de
pensar que algum babaca já beijou a sua boca.
— Você não acha que eu sou virgem, acha?
— Apesar de não estar escrito na sua testa, eu acredito que não seja.
— Não sou mesmo — respondeu e eu fiquei sem saber o que dizer.
Que bom para ela. E para o idiota que tirou a sua virgindade. Por que aquilo
estava me incomodando? — Mas também não sou muito experiente no
quesito sexual. Acho que é por isso que eu nunca senti vontade de transar
com ninguém desde que terminei com o meu ex.
Era a primeira vez que Avalon me contava algo realmente pessoal
sobre a sua vida e aquilo me deixou animado. Valente estava começando a
confiar em mim. Era bom saber que nossa relação de amizade estava
tomando novas proporções.
— Foi um relacionamento curto?
— Durou quase três anos.
Conhecia casais que se separaram com um mês de namoro, então,
quase três anos, a meu ver, era tempo pra caramba. Quis saber mais sobre
aquela história, perguntar o motivo do término, mas me segurei. Conhecia
Valente o suficiente para saber que ela não gostava de ser pressionada e eu
queria esperar o seu tempo para que me contasse os detalhes da sua vida
antes de se mudar para o Alabama.
— E o sexo com ele era... estranho — ela continuou.
— Estranho como?
— Ele foi o meu único parceiro, então, não sei ao certo como
explicar isso, mas eu sentia que era meio mecânico. Ele só fazia a parte dele
e pronto, não se preocupava muito comigo.
— Desculpa falar isso, mas ele era um filho da puta então, Valente.
Para a minha surpresa, Avalon riu.
— Ah, isso ele era com certeza.
— Sexo tem que ser bom para todos os envolvidos. Não faz o menor
sentido um lado sentir prazer e o outro não. Ele te deu um orgasmo alguma
vez na vida?
Suas bochechas ficaram coradas, mas Avalon respondeu mesmo
assim:
— Não. Hoje, eu me sinto uma idiota ao pensar sobre isso, porque
agora alcanço o orgasmo sozinha e sei como é, mas, quando namorei com
ele, eu era inexperiente e acreditei que sexo era apenas aquilo.
— Você não é idiota, ele que é um babaca — afirmei, vendo-a
terminar de comer o seu hambúrguer. Eu já tinha devorado o meu segundos
atrás. — Estou falando sério, Valente. Você mesmo disse que era
inexperiente, então, não tem que se culpar por ter confiado na forma como
ele conduzia o sexo entre vocês.
— Eu me culpo sobre muitas coisas em relação a ele — disse
baixinho, desviando os olhos dos meus. — Hoje, o meu maior medo, é que
minha irmã se envolva com algum homem como ele no futuro.
— Ele te machucou? — Avalon apenas concordou com a cabeça e eu
senti vontade de esmurrar alguma coisa. A cara do filho da puta do seu ex,
para ser mais exato. Como não podia, me controlei e coloquei as
embalagens vazias dos nossos lanches no chão, para poder me aproximar
dela e pegar a sua mão. — Aubrey não vai se envolver com nenhum idiota
assim, porque estaremos ao lado dela para protegê-la, ok? Se algum filho da
puta ousar tocar em um fio de cabelo dela, eu vou acabar com a raça dele.
— Você vai, é? — Avalon sorriu, mas pude perceber que estava um
pouco emocionada.
— Claro que sim. Na verdade, acredito que nem precisarei partir para
a violência. Eu protejo muito bem a Norah, nenhum idiota ousa chegar
perto dela na faculdade.
— Foi muito bom você ter tocado nesse assunto! — Seus olhos se
estreitaram para cima de mim e eu senti no fundo do meu ser que tomaria
algum esporro. — Não é certo a forma como você age com a sua irmã,
Logan! Precisa parar de tentar afastar todos os homens do caminho dela.
Norah é adulta, se não percebeu, merece encontrar algum cara bacana e
iniciar um relacionamento.
— Blá-blá-blá, não vou dar ouvidos a isso — falei, deixando as suas
mãos para poder voltar a me deitar na cama. Avalon deu um soquinho em
minha costela e eu fiz uma careta. — Eu conheço os homens, Valente.
Nenhum deles presta!
— Isso inclui você, então?
— Talvez, apesar de eu nunca ter enganado qualquer garota com
quem já me envolvi. O problema, é que são poucos os homens que agem
como eu. A maioria parece sentir algum tipo de prazer mórbido em iludir
uma garota... Não quero que minha irmã passe por isso.
— Eu entendo que você quer protegê-la, assim como eu quero
proteger a minha irmã, mas precisa entender que o máximo que pode fazer
por Norah, é aconselhá-la para que não se envolva com algum idiota. Não
pode proibir a sua irmã de viver, Logan!
Esfreguei os olhos com as duas mãos, quase sentindo dor de cabeça.
Eu sabia que Avalon tinha razão, mas era difícil simplesmente parar de agir
daquela maneira. Norah era minha irmãzinha, porra! Como eu iria respirar
em paz, sabendo que poderia estar conhecendo algum babaca por aí,
correndo o risco de ter o coração partido? Senti o colchão afundar um
pouco ao meu lado e retesei de leve quando Avalon tocou em meu peito.
— Você é um bom irmão, Logan, e Norah te ama muito. Ela vai
saber te ouvir, caso você perceba que ela pode estar se envolvendo em
alguma furada. Se eu tivesse um irmão mais velho como você, com certeza
o escutaria.
— Deus me livre ser seu irmão, Valente!
— Nossa, acha que sou uma irmã ruim? — Ela riu, sem entender
aonde eu queria chegar.
— Claro que não, sei que você é uma irmã maravilhosa. O que estou
querendo dizer, é que eu jamais ia querer ser seu irmão, porque seria muito
doentio ficar de pau duro por sua causa.
Ela fez uma careta enquanto ria, fazendo o meu coração acelerar de
forma esquisita no peito.
— É, tem razão.
— Geralmente, eu tenho mesmo.
— Não seja um idiota, estrelinha dourada. — Seu dedo indicador
tocou a ponta do meu nariz, antes de ela se afastar e tocar no interruptor ao
lado da cama. Apenas a luz do abajur ficou acesa e a tela da TV. — Vamos
assistir um filme?
— Está cansada de ouvir a minha voz?
— Um pouco — brincou, me entregando o controle. — Vou confiar
no seu gosto, Sr. Amo Filmes de Romance.
Animei-me e acabei escolhendo uma comédia romântica chamada
Casa Comigo, estrelada por Amy Adams e Matthew Goode. Havia assistido
apenas uma vez, anos atrás, e acreditava que Avalon iria gostar. Ela se
acomodou ao meu lado e resolvi aproveitar o momento para poder tocá-la
com um pouco mais de intimidade.
— Vem aqui, Valente — pedi, estendendo o meu braço por baixo da
sua cabeça para que ela se deitasse sobre ele e ficasse de conchinha comigo.
Pensei que Avalon iria retrucar, mas acho que realmente avançamos
muitos passos naquela noite, pois ela se acomodou sem reclamar. Nunca
pensei que admitiria isso, mas aquela posição era perfeita — não sabia se
continuaria a pensar assim depois que meu braço ficasse dormente. Eu
podia sentir a parte de trás do corpo de Avalon sem qualquer impedimento,
enquanto passava meu braço livre pela sua cintura e respirava o cheiro
suave da sua pele na região do pescoço. A parte ruim, era a luta para não
ficar de pau duro, mas eu confiava que venceríamos aquela batalha.
Ri baixinho quando algo cruzou a minha mente. Logan Miller III de
conchinha com uma garota, sem nem ao menos ter transado com ela.
Aquilo era inacreditável. James e Benjamin iam gargalhar da minha cara
quando eu contasse.
— O filme nem começou direito e você já está rindo? Francamente,
Logan — Avalon comentou baixinho, mas senti um tom de risada em sua
voz.
Decidi deixar que ela pensasse que eu estava achando graça do filme,
porque não queria dar outra bola fora com a ruiva depois da besteira que
falei momentos atrás.
— Eu gosto de comédia romântica. Acostume-se com isso, Valente.
— Não sei se vou conseguir me acostumar.
— Eu sei que tenho um estereótipo...
— Acho bonitinho o fato de você ter consciência. — Ela riu mais
alto quando subi minha mão pela sua barriga e fiz cócegas em suas costelas.
— Para com isso! Desculpa, eu vou deixar você falar, juro!
— Continuando... — Voltei a tocar em sua barriga, sentindo seus
músculos ainda trêmulos. — Eu sei que tenho um estereótipo, mas vou
muito além do que as pessoas acham que sabem sobre mim.
— Eu percebi. — Avalon virou um pouco o rosto em minha direção e
pude observar o seu sorriso bonito sob a luz fraca do abajur. — Você é
legalzinho.
— Legalzinho? Ah, não. Eu sei que você pode me fazer um elogio
melhor, Valente.
— Hm, deixa eu pensar...
— Não demore muito, ou vou sair daqui com o coração partido.
Valente tocou de leve a minha mão sobre a sua barriga, subindo com
as pontas dos dedos pelo meu pulso até o meu braço. A carícia leve me
deixou todo arrepiado.
— Você é muito intenso, Logan. Gosto de observar o seu jeito e
venho fazendo isso desde que a gente se conheceu. Você é muito leal aos
seus amigos, carinhoso com a sua irmã, preocupado com as pessoas a sua
volta, inclusive comigo e com a minha irmã. É muito talentoso e dedicado,
protetor e corajoso... E agora eu vou parar de falar, porque acho que já
amaciei demais o seu ego.
Precisei respirar fundo, porque tive a sensação de que o meu coração
ia parar na garganta. O filho da mãe estava batendo tão rápido, que cheguei
a acreditar que ele pensava que estávamos em campo, no meio da
adrenalina do jogo. Avalon me deu um sorriso um pouco sem graça, talvez
se dando conta de que havia falado demais, e voltou a olhar para a TV, mas
eu puxei o seu rosto na direção do meu para que voltasse a encarar os meus
olhos.
— Valente?
— Sim?
— Eu preciso te beijar. Preciso te beijar agora mesmo.
Ela arfou e o ar quente que escapou da sua boca tocou a minha
bochecha.
— Então me beija.
Sabia que depois do que havia acontecido momentos antes entre nós
dois, eu deveria me controlar e apenas assistir ao filme ao lado dela, mas
não pude mais segurar o desejo que Valente fez transbordar em meu sangue
depois de ouvir tudo aquilo que me disse, por isso, sequer cogitei hesitar.
Simplesmente colei os meus lábios nos dela, procurando a sua língua com a
minha e sentindo o meu pau endurecer de novo ao ouvir o seu gemido
baixinho de encontro a minha boca.
Minha mente me alertou para a nossa conversa e o seu desabafo
sobre a forma como o filho da puta do seu ex-namorado a negligenciava
durante o sexo, por isso, não me movi sobre o seu corpo ou insinuei que iria
despi-la. Tendo o controle do beijo e sentindo a sua respiração arfante, desci
minha mão do seu rosto e contornei de leve os seios por cima do tecido liso
do seu pijama, sentindo na ponta do meu polegar o mamilo teso. Avalon
gemeu mais alto e tentou se virar de frente para mim, mas enrosquei minhas
pernas nas dela e a deixei na mesma posição, apenas com o rosto virado
minha direção, e mordi de leve o seu lábio inferior para poder seguir para o
seu pescoço.
— Quero ir devagar com você, Valente — sussurrei, prendendo o
lóbulo da sua orelha entre os meus dentes. Ela estremeceu, roçando a bunda
gostosa no meu pau e me arrancando um gemido. — Confia em mim?
Era importante que sua resposta fosse positiva, porque, se Avalon
hesitasse, eu pararia naquele momento. Algo me dizia que aquele babaca
nunca se importou com o que ela queria e eu jamais agiria como ele.
— Confio. — A certeza em sua voz entrecortada fez com que o meu
pau babasse de encontro ao tecido da minha calça. Senti tanto tesão, que
pensei que iria explodir.
Graças a Deus eu era bem mais alto do que Avalon, assim, fiquei na
altura perfeita para voltar a beijar a sua boca sem que ela precisasse ficar
com o rosto muito virado em minha direção. Dei uma utilidade perfeita para
o braço que estava debaixo da sua nuca, usando a mão para tocar de leve
em seus seios por cima da blusa, enquanto a outra, passeava pela curva
sensual da sua cintura até o quadril. Avalon gemeu quando voltei a tocar em
sua barriga, erguendo apenas um pouco a barra da sua blusa para poder
tocar a sua pele arrepiada.
Eu queria deixá-la nua, queria ver em detalhes cada cantinho do seu
corpo, decorar cada marquinha, cada pinta, tocar em seus seios e puxar os
mamilos, explorar a sua pele com a minha boca e chupar a sua boceta, mas
não menti quando disse que iria devagar. Queria engolir Avalon, mas, ao
mesmo tempo, queria conquistá-la aos poucos.
Já havia feito sexo desenfreado durante toda a minha vida e era
sempre a mesma coisa. Cair na cama — quando havia uma por perto —,
ficar pelado, chupar, ser chupado e, então, meter de verdade. Era gostoso,
mas não era aquilo ali. Não era sentir o gosto de Avalon profundamente,
perder o fôlego em meio ao beijo e parar por uns segundos para poder
começar tudo de novo, sentir o tremor do seu corpo com o meu toque em
seus seios, apertar a sua cintura nua entre os meus dedos, sentir sua pele
arrepiada, quase enlouquecer de desejo com a sua bunda roçando em meu
pau devagar, me fazendo melar pra caralho o tecido da calça.
Não me lembrava de já ter curtido algo assim, nem mesmo quando
era adolescente. Provavelmente, Avalon também nunca vivenciou algo
igual, então, aquela seria uma primeira vez para nós dois, de certa forma.
— Diga-me até onde eu posso ir — sussurrei de encontro a sua boca.
Avalon lambeu meu lábio inferior devagar, abrindo os olhos pesados
de desejo para me olhar. Sua mão tocou a minha por cima da sua cintura e
um arquejo deixou a sua boca antes de ela falar.
— Quero que me toque no lugar em que quiser.
Boceta.
Foi a palavra que brilhou em minha mente como se fosse a porra de
um letreiro em néon. Senti-me meio idiota, mas pelo menos fiquei aliviado
por não ter deixado o pensamento escapar em voz alta.
— E o que você... quer que eu faça? — ela perguntou em meio a um
gemido quando chupei a pele do seu pescoço.
— Quero que curta o momento.
— Mas... e você?
— Eu estou curtindo pra caralho a sua bunda. — Fui sincero,
sorrindo ao ouvir a sua risada baixinha. Subi com a boca até a sua orelha e
mordi novamente o lóbulo antes de sussurrar: — Esta noite, eu vou gozar
roçando nela.
Meu pau e eu concordamos que ele não precisava dar as caras
naquela noite. A sarrada na bunda de Avalon estava deliciosa e eu queria
me concentrar exclusivamente em explorar o seu corpo com as minhas
mãos e fazê-la gozar.
Eu seria o primeiro homem a dar um orgasmo para aquela garota.
Meu peito inflou de orgulho e me senti como um homem das
cavernas, pois quis muito dizer que eu seria não apenas o primeiro, mas o
único, porque Valente era só minha. Reprimi o sentimento ao beijá-la,
porque ainda não entendia o que tudo aquilo significava e não queria perder
tempo analisando naquele momento. Meu foco era Avalon.
— Mostra esses peitos lindos para mim, Valente — pedi, levando a
sua mão até a alça fina da blusa que vestia.
Avalon respirou fundo e se sentou na cama, arrancando a blusa do
pijama em um safanão. Eu engoli em seco, obrigando-me a ficar deitado no
mesmo lugar e não partir para cima dela como um ogro faminto, louco para
chupar aqueles mamilos rosas. Agradeci mentalmente a Deus pela luz do
abajur estar acesa e me dar o privilégio de ver aquele par de seios perfeitos
quando Avalon voltou a se deitar ao meu lado.
Eles eram mais cheios do que pensei e infinitamente mais bonitos,
também. Os mamilos durinhos pareciam implorar pela minha língua, mas
engoli o desejo naquela noite e os toquei com a minha mão, preenchendo a
palma com seio direito, roçando o polegar no bico intumescido e ouvindo
Avalon gemer mais alto o meu nome. Mordi seu ombro de leve e fiz o que
estava doido para fazer desde que toquei em seu peito por cima da blusa:
belisquei o mamilo e puxei com delicadeza, apreciando o seu gemido
entrecortado enquanto movia de leve meu quadril de encontro a sua bunda.
— Logan... Faz de novo. — Repeti o gesto, só que no seio esquerdo.
Avalon choramingou, enfiando o rosto em meu braço abaixo da sua cabeça
e estremecendo. — Ah, meu Deus. Isso é gostoso...
— Você que é gostosa. — Minha voz saiu rouca pelo desejo.
Encaixei minha mão em seu pescoço e deixei a outra brincando com os seus
mamilos, enquanto procurava a sua boca com a minha. Avalon me deu o
que eu queria, mas só toquei meus lábios nos dela, enquanto roçava meu
pau com mais pressão. — Acho que no fundo eu sempre te quis aqui,
Valente. Na cama comigo, gemendo pra mim.
— Então o seu ódio era tesão reprimido? — Não seria Avalon se não
tivesse uma resposta afiada na ponta da língua.
— Talvez. Mas se o meu era, então o seu também era.
A safada sorriu entre os meus lábios, me fazendo gemer ao morder o
inferior com um pouco mais de força do que eu esperava.
— Você nunca vai saber, estrelinha dourada.
Ela jamais iria admitir, mas não tinha importância, pois, no fundo, eu
já sabia a verdade. Tomei a sua boca na minha e larguei o seu pescoço para
poder tocar os seus seios com as duas mãos. Brinquei com eles até sentir
que pressionava demais as coxas, provavelmente cheia de tesão naquela
bocetinha, e não consegui mais me conter. Deixei a mão esquerda cuidando
dos mamilos duros e desci a direita por sua barriga, até chegar na barra do
seu short curto de dormir.
Não precisei falar nada. Sem qualquer discrição, Avalon afastou as
coxas, jogando a perna por cima da minha e deixando o caminho livre para
que eu explorasse. Meus dedos invadiram o seu short e a calcinha,
encontrando a bocetinha livre de pelos e com os lábios babados de
lubrificação. Meu próprio pau ficou melado, quase me fazendo esquecer do
nosso acordo de que ele deveria ficar dentro da calça naquela noite.
— Caralho, Valente... — Desci o dedo médio entre os lábios
delicados, roçando no clitóris inchado e arrancando um gemido longo da
sua boca. — Que delícia de boceta... Tá toda meladinha.
— Nunca fiquei... desse jeito antes — ela sussurrou em meio a um
gemido quando pressionei mais forte o clitóris. Meu dedo deslizava de tão
excitada que ela estava. Eu estava salivando, puta que pariu.
— E não vai ficar para mais ninguém — afirmei entre os seus lábios,
apertando um peito e roçando sua entrada encharcada com a ponta do dedo.
Avalon arquejou quando penetrei a pontinha. — Só para mim. — Mordi seu
lábio e meti o dedo lentamente, sendo sugado para dentro pelo seu canal
vaginal. — Essa bocetinha apertada vai ser só minha a partir de hoje.
Foda-se, eu era um homem das cavernas em relação a Valente!
Ela se contorceu quando meti mais um dedo e deixei a minha palma
calejada roçar em seu clitóris. Sua bocetinha era pequena e minha mão era
grande demais. Nunca pensei que algo tão desproporcional pudesse ter um
encaixe perfeito, mas era como eu sentia, pois podia tocar toda aquela
região, dando atenção ao grelinho enquanto metia os dois dedos na boceta
gostosa e toda babada. Avalon gritou e eu pressionei meu pau com mais
força em sua bunda, sentindo que nenhum de nós dois demoraria muito para
gozar.
— Ah, minha nossa, Logan! — Valente gemeu, franzindo o cenho e
praticamente respirando o ar que eu soprava em sua boca.
Meu coração estava disparado e meu pau doía dentro da calça. Deixei
que meus dedos formassem um leve gancho dentro de Avalon e ela gritou,
estremecendo com força.
— Me deixa ser o seu primeiro, Valente... — pedi entre os seus
lábios, metendo em sua bunda e em sua boceta ao mesmo tempo. — Goza
gostoso pra mim...
Belisquei seu biquinho duro e aumentei a pressão em seu clitóris,
finalmente sentindo Avalon se desfazer entre os meus braços. Ela gemeu o
meu nome tão alto, que chegou a perder a voz, enquanto pulsava ao redor
dos meus dedos e gozava sem controle. Foi lindo. Nunca na vida eu me
senti tão realizado ao fazer uma mulher gozar, nem fiquei tão vidrado em
suas reações. O rosto de Valente era como uma pintura, contorcido em
prazer, com as bochechas vermelhas e os lábios inchados pelos meus beijos.
Seu ventre tremia, sua pele estava arrepiada e a boceta completamente
melada. Tudo aquilo por minha causa.
Caralho.
A constatação me bateu com tanta força, que eu comecei a gozar sem
nem mesmo me dar conta. Foi a minha vez de gemer mais alto, enquanto
movia meu quadril em direção a sua bunda gostosa e esporrava em grande
quantidade em minha calça, sentindo o pau pulsar e doer levemente por
estar tão excitado e sensível. O fato de ainda estar com os dedos na
bocetinha de Valente, sentindo-a piscar daquela forma gostosa, só tornou
tudo mais intenso.
Mal podia esperar para sentir tudo aquilo estando dentro dela. Queria
sentir Avalon gozando na minha língua, sentada em minha cara, depois em
meu pau, quicando sobre mim. Queria chupar seus peitos, lamber o seu
cuzinho, comer ela de quatro... Puta merda. Valente iria me enlouquecer.
Queria retomar meu fôlego, mas não pude deixar de beijar a sua boca
enquanto ainda sentia o torpor delicioso do orgasmo. Foi um beijo lento,
gostoso, enquanto eu tirava os dedos de dentro dela e tocava de leve o seu
clitóris, sentindo-a estremecer e resmungar.
— Está sensível? — perguntei baixinho perto da sua boca e Valente
concordou com a cabeça. Pude sentir que ela sorria e respirei aliviado. Por
um segundo, senti medo de que ela tivesse se arrependido. Com o coração
partido por ter que parar de tocar a boceta gostosa, tirei minha mão de
dentro do seu short e não me contive. Chupei meus dedos com desejo,
vendo Avalon me encarar boquiaberta. — Hm, você é uma delícia, Valente.
— Meu Deus! — Ela escondeu o rosto com as mãos e riu baixinho,
fazendo os seios gostosos sacudirem de leve. Aquilo era demais para o meu
coração. Meu pau ainda estava semiereto e não parecia dar sinais de que iria
amolecer tão cedo. — Você é safado demais, Logan!
Puxei suas mãos para longe e finalmente saí de trás do seu corpo,
apenas para partir para cima dela. Valente abriu as coxas para me receber e
mordeu de leve o lábio quando rocei no meio das suas pernas.
— Eu disse que tinha um arsenal enorme de putaria. É melhor que
você se acostume. — Toquei seu nariz com o meu e Avalon enfiou os dedos
em meus cabelos, arranhando de leve a minha nuca. — Da próxima vez,
vou provar o seu gosto diretamente aqui — pressionei por cima do seu short
com o meu pau. —, lambendo a sua bocetinha até você gozar.
— Quem disse que vai ter próxima vez? — provocou.
— Nós dois sabemos que vai.
Aquilo poderia complicar muito as coisas, eu sabia. Sexo não fazia
parte do nosso acordo e Avalon mexia comigo de uma maneira que eu não
conseguia entender, mas decidi que não ia recuar. Queria experimentar tudo
aquilo, porque confiava em Valente, da mesma forma que ela confiava em
mim.
Beijei a sua boca devagar, sentindo a textura macia da sua língua e o
seu sabor delicado em meus lábios, praticamente perdendo a noção do
tempo e querendo começar tudo de novo. Foi o toque estridente do seu
celular que nos tirou daquele transe. Sem querer me distanciar dela, beijei o
seu pescoço e deixei que tateasse sobre a cama até achar o aparelho. Ela
atendeu com a voz ofegante e, por eu estar perto demais, acabei ouvindo
uma voz masculina do outro lado da linha:
— Oi, Avalon, é o James, tudo bem? Logan ainda está aí?
Levantei a cabeça e Avalon respondeu com os olhos levemente
arregalados:
— Hã, sim, ele está sim.
— Não queria atrapalhar vocês, mas Logan precisa voltar. Pode
avisar a ele para mim?
Merda. Avalon franziu o cenho, mas respondeu que me avisaria e
eles se despediram.
— Como James tem o meu número?
— Eu passei para ele e para Benjamin hoje de manhã. Achei melhor
que nós três tivéssemos o seu contato, caso acontecesse alguma coisa. —
Fiz uma careta e encostei minha testa na dela. — Não queria ir, mas meio
que temos um toque de recolher quando estamos em outra cidade. Cada
jogador precisa estar em seu quarto às onze horas.
— Ah... — Vi em seus olhos que estava decepcionada, mas ela logo
franziu o cenho. — Mas você... Você, hm...
— O quê?
— Você... — Ela olhou para a junção dos nossos corpos e ficou
vermelha. Finalmente entendi o que queria saber, mas deixei que falasse em
voz alta, quase provocando-a e perguntando onde estava a Avalon confiante
que eu conhecia. — Você gozou?
Achei melhor mostrar ao invés de responder. Tomando a sua mão na
minha, fiz com que Valente se sentasse enquanto eu me ajoelhava na frente
do seu corpo. Nem precisava fazer com que ela me tocasse, só a mancha na
frente da calça já era suficiente, mas não perderia jamais aquela
oportunidade. Avalon reprimiu um sorriso ao morder os lábios quando
coloquei a sua mão por cima do meu pau.
— Isso responde a sua pergunta?
— Sim, mas... Você ainda está duro.
— Porque estou morrendo de tesão por você, Valente. Acho que só
vou voltar a amolecer depois que te comer umas cem mil vezes.
— Como você é idiota! — Ela riu e deu uma apertadinha no meu
pau, me fazendo gemer. — Vai embora, não quero ser acusada de sequestrar
a estrelinha dourada do time.
— Esse seria um crime bem grave — falei, me apoiando melhor na
cama para poder aproximar minha boca da dela. — Mas eu faria uma visita
íntima todos os dias enquanto você estivesse presa.
— Eu iria recusar.
— Depois de ter gozado desse jeito na minha mão? Duvido.
Engoli a sua resposta com um beijo longo, querendo prolongar os
minutos em sua presença. Como não podia mais demorar, me afastei depois
de deixar um selinho em sua boca e me despedi. Avalon vestiu rapidamente
a blusa do pijama, escondendo os seios perfeitos de mim, e me acompanhou
até a porta do seu quarto.
— Vai mesmo sair andando por aí assim? — perguntou ao abrir a
porta, apontando para a frente da minha calça.
Estava bem óbvio o que havia acontecido, mas eu pouco me
importei.
— Pode ter certeza de que eu estou melhor do que os outros babacas
do time, que com certeza estão gozando agora batendo punheta no banheiro.
— Logan, você é um porco! Vai logo.
Ri e dei um outro beijo nela antes de finalmente partir. Não encontrei
com ninguém dentro do elevador nem nos corredores, mas James me
esperava acordado e mexendo no celular. Nosso quarto era compartilhado e
a luz estava acesa. Senti que ele ia falar alguma coisa, talvez me dar um
esporro por eu ter demorado tanto, mas, ao notar a mancha em minha calça,
o babaca simplesmente interrompeu o que iria dizer e começou a rir.
— Você gozou nas calças? Puta merda, Logan, eu não acredito!
— Cala a boca — pedi, mas estava rindo.
— Quantos anos você tem, cara? Treze?
— Vai se foder, babaca. — Fui direto para o banheiro, enquanto
erguia o dedo do meio para ele. — Você ainda vai encontrar alguma garota
que vai te deixar com tanto tesão, que também vai gozar na calça.
— Duvido!
Fechei a porta do banheiro, mas continuei a sorrir, não por causa de
James, mas por ainda estar com a mente e o corpo — talvez o coração
também, já que ele se recusava a desacelerar — ligados em Valente.
Demorei tanto a pegar no sono, que acabei acordando um pouco
atrasada, mas qualquer pessoa no meu lugar também não conseguiria
dormir depois de tudo o que havia acontecido enquanto Logan ainda estava
em meu quarto.
Parecia que o jogador havia marcado o meu corpo com ferro em
brasa. Se eu fechasse os olhos, conseguia sentir a pressão das suas mãos em
minha pele, a forma como acariciou os meus seios, os seus dedos dentro do
meu short, me deixando louca enquanto me tocava e me fazendo gozar tão
intensamente pela primeira vez na vida. Eu me masturbava de vez em
quando, principalmente quando não conseguia relaxar o suficiente para
dormir e precisava dos hormônios liberados pelo orgasmo para poder
apagar, mas nunca havia sido nada tão forte daquele jeito.
Era como se eu fosse uma faísca e Logan fosse o álcool. Juntos, nós
dois explodimos.
Não fazia ideia de como ficaríamos a partir de agora, estava até com
um pouco de vergonha em olhar para ele depois de tudo o que fizemos na
noite passada, mas conversei comigo mesma enquanto estava no banho e
coloquei em minha cabeça que nós dois éramos adultos e que não havíamos
feito nada de errado. Conseguiríamos lidar com as consequências daquela
noite, caso houvesse alguma.
Arrumei todos os meus pertences na mala pequena que havia levado
comigo, pois precisava ir para o aeroporto logo depois do café da manhã, e
desci para a área do restaurante, onde sabia que Logan estava me
esperando. Estava saindo do elevador quando ouvi o alarme do meu celular
tocar no bolso, me lembrando de que Aubrey precisava tomar a sua
medicação diária.
Como sabia que minha irmã às vezes se esquecia de tomar o remédio
— principalmente quando estava na companhia das amigas — liguei para
ela. A pestinha com certeza estava dormindo, pois só foi me atender quando
insisti pela terceira vez, já entrando no restaurante e vendo uma mesa
grande ocupada por todo o time do Crimson.
— Oi. — Sua voz de sono me fez revirar os olhos.
— Você não colocou o celular para despertar, Aub?
Logan se levantou da mesa e veio em minha direção. Os meninos do
time os zoaram em meio a risadas, me fazendo ficar um pouco
envergonhada, mas ele deu o dedo do meio para todo mundo e logo me
alcançou, me dando um beijo rápido nos lábios. Ignorei minhas pernas
trêmulas e sorri para ele enquanto ouvia Aubrey do outro lado da linha:
— Hannah e eu fomos dormir tarde e eu acabei esquecendo, Ava.
Desculpa.
Eu sabia que isso iria acontecer, mas decidi não chamar a sua atenção
naquele momento. Deixaria para conversarmos em casa. Aubrey precisava
ser mais responsável, já não era mais uma criança.
— Tudo bem, mas vai tomar o remédio agora, ok? Já se levantou? Já
pegou o comprimido na mochila? Só vou desligar depois que você tomar.
Ouvi o seu bufar do outro lado da minha e segurei uma risada, vendo
Logan me olhar com o semblante confuso.
— Estou indo agora.
— Sua irmã está doente?
Apenas Maeve e algumas poucas amigas de Aubrey sabiam sobre a
sua condição de saúde. Desde que chegamos no Alabama, decidi que não
contaria detalhes sobre a minha vida para qualquer pessoa, apenas para
aqueles em quem eu realmente confiava. Depois da noite de ontem, em que
Logan e eu nos aproximamos de forma mais íntima, percebi que eu já
confiava no quarterback e sequer havia me dado conta.
Não pensei antes de falar alguns detalhes sobre o meu antigo
relacionamento, as palavras simplesmente escaparam sem que eu
percebesse. Logan me deixava confortável e não ter visto julgamento em
seu olhar acabou me dando um empurrãozinho para me abrir um pouco
mais. Sentia que eu podia fazer isso mais vezes, principalmente em relação
a minha irmã, já que ela e o jogador se davam tão bem.
— Ava? Já tomei o remédio. Posso voltar a dormir agora?
— Pode, mal-humorada. Amo você.
— Também te amo. Manda um beijo para o Logan.
— Sua fã número um te mandou um beijo — falei para ele, que
sorriu e se inclinou para falar perto do celular:
— Um beijo, Aub.
Ela riu do outro lado da linha — para Logan, não para mim, afinal,
era uma puxa-saco dele — e nos despedimos.
— Os meninos querem te conhecer. Vem cá.
Logan pegou a minha mão e me levou em direção à mesa ocupada
por todos os integrantes do time — o que significava que tinha gente pra
caramba reunida e falando alto. Nem se eu quisesse, conseguiria gravar o
nome de todos, mas foi divertido passar alguns minutos ao lado de todos
eles, principalmente porque todo mundo ali zoava com a cara de Logan.
Percebi que eles se tratavam como família e até o treinador, que o jogador
disse que tinha dado um esporro nele por ter me convidado para assistir ao
jogo na noite anterior, me tratou muito bem.
James e Benjamin deixaram claro que queriam me conhecer melhor e
Logan prometeu que me levaria na casa deles na próxima semana. Os dois
pareciam ser bem divertidos, como Logan, e fiquei ansiosa para me
aproximar um pouco mais deles e, claro, rever Norah quando eu fosse à
casa do quarterback.
— Vamos pegar uma mesa só para nós dois? Se nos sentarmos com
eles, não vamos conseguir ouvir nem os nossos próprios pensamentos —
Logan disse ao meu lado e eu concordei com a cabeça.
Os meninos do time estavam animados demais depois de terem
vencido na noite passada e comentavam sobre o jogo. Eu me sentiria um
peixe fora d’água se me sentasse com eles, pois não teria qualquer
comentário para fazer sobre o assunto. Depois de me servir no buffet junto
com Logan, nos sentamos em uma mesa mais afastada e o jogador voltou a
falar:
— Você não me respondeu sobre a sua irmã. Está tudo bem com ela?
— Sim. Quer dizer, agora realmente está tudo bem com ela, mas os
últimos anos foram difíceis.
— Como assim? — Ele deixou de lado a xícara de café e me olhou
com mais atenção.
— Aubrey nasceu com uma malformação no trato urinário —
expliquei, vendo a surpresa e a preocupação tomarem a expressão do seu
rosto. — Por isso, desde muito pequena, sempre viveu em hospitais,
fazendo inúmeros tratamentos para que os seus rins não perdessem
completamente a capacidade de funcionar.
— Nossa, eu não podia imaginar. Ela ainda faz esse tratamento? Por
isso que você estava com ela no hospital naquele dia?
Surpreendi-me com o fato de Logan se lembrar disso. Na época, nós
ainda não éramos amigos e ele sequer conhecia Aubrey, não achei que tinha
dado importância ao que falei por mensagem.
— Não mais. Aubrey acabou tendo uma complicação muito severa e
seus rins passaram a funcionar com apenas quinze por cento da sua
capacidade. Por causa disso, minha irmã entrou na fila do transplante aos
doze anos. Foi a época mais difícil da minha vida. Eu estava completamente
sozinha, pois minha mãe já tinha falecido na época, e precisei vender a
nossa casa para poder custear o tratamento dela. Aubrey estava
sobrevivendo por causa da hemodiálise e eu estava desesperada.
Lembrar daquela época acabou me fazendo perder a fome, por isso,
empurrei para o lado o prato com pão de forma e ovos mexidos.
— O valor que recebi pela venda da casa simplesmente evaporou em
menos de um ano com todos os custos do hospital. Foi por isso que eu
peguei o dinheiro com Charles, pois não sabia mais o que fazer e minha
irmã dependia das sessões de diálise para ficar viva.
— Puta merda, Valente! — Logan pegou a minha mão entre as suas e
deu um beijo nos nós dos meus dedos, me encarando com os olhos
arregalados. — Agora eu entendi o porquê de você ter pegado o dinheiro
com um homem como ele. Vinha tentando imaginar o motivo, mas nenhum
deles parecia ser plausível o suficiente. Não passou pela minha cabeça que
poderia ser por causa de alguma doença, pois você e Aubrey são saudáveis,
aparentemente.
— Ela é saudável agora, porque conseguiu fazer o transplante de rim.
— Era impossível falar sobre aquilo e não me emocionar. Logan abriu
aquele sorriso bonito, que tirou um pouco do meu fôlego. — Nós
morávamos na Califórnia até o início desse ano, mas como eu não tinha um
emprego fixo lá e passei a morar de aluguel após a venda da casa, minha
situação financeira ficou muito apertada. Maeve era uma grande amiga da
minha mãe e disse que eu poderia trabalhar em seu bar e morar no
apartamento do andar de cima se viesse para o Alabama, por isso, pedi
transferência da UCLA para cá.
Aquele não havia sido o único motivo, mas decidi deixar para contar
o resto da história depois.
— Então, para continuar dando conta do tratamento da minha irmã
no Alabama, peguei o dinheiro com Charles antes de partir. Nunca imaginei
que ao chegar em Tuscaloosa, receberia uma ligação do hospital onde
Aubrey continuaria o tratamento, avisando que havia chegado a hora de ela
realizar o transplante, pois havia um rim de um doador compatível com ela.
Com o dinheiro que peguei com Charles, consegui custear a internação e a
cirurgia da minha irmã. Agora, ela leva uma vida normal, só precisa ir às
consultas mensais e tomar os imunossupressores todos os dias para que não
ocorra qualquer rejeição do órgão transplantado.
— Valente, isso é incrível! — O sorriso de Logan era, de longe, o
maior e mais bonito que me deu. E o mais emocionado, também. —
Alguém já disse como você é foda? Espero que já tenham dito, porque é
verdade. Tudo o que você fez pela sua irmã... Eu nem sei o que dizer além
disso. Você é foda, forte e muito corajosa.
— Ou louca, né? Já que peguei aquele dinheiro todo com Charles
sem nem saber como iria pagar. — Ri, sentindo meu coração bater
acelerado. — Mas eu faria tudo de novo por ela. Aubrey é muito mais do
que minha irmã. Quando minha mãe morreu, ela era muito novinha e eu
tive que criá-la, mesmo sem saber como educar um outro ser humano... Eu
a amo como se fosse minha filha.
— Tenho certeza de que ela te ama da mesma forma, consigo ver isso
nos olhos dela.
— É bom que ela me ame mesmo, pois sou a única irmã que ela tem
— brinquei, apertando o canto dos olhos com a mão que Logan não
segurava. — Desculpa, eu fico um pouco emocionada quando falo sobre
isso.
— Não precisa se desculpar, eu imagino como deve ter sido difícil,
mas você conseguiu, Valente. — Seus olhos brilhavam de admiração, me
deixando um pouco envergonhada. — Sua mãe com certeza está muito
orgulhosa de você.
— Isso foi golpe baixo — murmurei, sentindo meus olhos
marejarem. — Espero que ela saiba que dei o meu melhor para cuidar de
tudo.
Logan arrastou a sua cadeira para mais perto e tocou o meu rosto
com as mãos, secando a lágrima boba que escapou pelo cantinho do meu
olho.
— É claro que ela sabe. Inclusive, tenho certeza de que foi ela que
me colocou no seu caminho, para que você não precisasse se preocupar com
mais nada. — Como o bobo que era, Logan olhou para o alto e disse: —
Valeu, sogrinha. Prometo não decepcionar a senhora.
— Seu idiota! — Foi impossível não rir e Logan me acompanhou.
Ele estava leve naquela manhã, bem diferente de como ficou uma semana
atrás após o primeiro jogo. — Mas talvez isso possa ser verdade. Se não
fosse por você, acho que nunca teria me livrado daquela dívida com
Charles, ou melhor, Alfred — citei seu nome verdadeiro.
— Eu já te conheço muito bem, você daria um jeito, Valente. — Ele
piscou para mim e precisou olhar para trás quando alguém do time o
chamou. — Droga, preciso ir. O seu voo é daqui a pouco, certo?
— Sim. Já deixei tudo arrumado, vou só pegar a minha mala e fazer o
check-out.
— Tudo bem. — Nós ficamos alguns segundos em silêncio, acho que
sem saber o que falar depois da noite de ontem, mas Logan sacudiu a
cabeça e sorriu de leve, espantando a tensão. — Nos vemos mais tarde? Ou
apenas amanhã, se você achar melhor.
— Podemos nos ver mais tarde, mas estarei trabalhando no bar.
— Não tem problema, eu fico sentado em frente ao balcão, te
fazendo companhia. — Pegando-me de surpresa, Logan tocou em minha
nuca e me puxou para mais perto do seu rosto, passando o nariz levemente
pelo meu. — Estou com saudade da sua boca, Avalon. Posso te beijar?
— Acho que você já não precisa mais pedir para me beijar, estrelinha
dourada.
Eu não sabia de onde tinha surgido a coragem para falar aquilo, mas
me parabenizei mentalmente ao sentir o sorriso de Logan perto dos meus
lábios antes de ele me beijar. Por um momento, esqueci completamente que
estávamos dentro do restaurante do hotel, tendo, muito provavelmente, os
olhos do seu time em cima de nós dois. Apenas me entreguei ao beijo
delicioso de Logan, lamentando baixinho quando ele precisou se afastar.
Senti que ele também queria mais, no entanto, não tínhamos mais tempo.
Despedimo-nos com mais um beijo e eu respirei fundo depois que ele
partiu, me dando conta de que aqueles dois dias no Texas pareciam ter
mudado completamente a minha vida.
Cheguei em casa no início da tarde e fui direto de carro até a casa de
Hannah buscar a minha irmã. Ela veio tagarelando durante todo o caminho,
contando como foi divertido passar aquela noite ao lado da melhor amiga.
Quando finalmente se acalmou, expliquei a ela que eu havia contado para
Logan sobre o seu histórico de saúde, mas Aubrey não se preocupou.
Diferente de mim, ela não tinha problemas em falar sobre a sua vida para
outras pessoas, principalmente para aquelas de quem gostava.
— Só não quero que ele mude a forma como me vê. Não sou mais
uma garotinha doente.
— Acho que Logan jamais faria isso, Aub.
Ela sorriu, satisfeita, e foi logo colocando alguma música das suas
bandas — ou melhor, grupos — favorito=as para tocar quando chegamos
em casa. Fiz um wrap para comer, já que Aubrey havia almoçado na casa
da amiga, e avisei que passaria o resto da tarde fazendo trabalhos da
faculdade. A maior parte estava adiantada, pois eu usava qualquer hora
vaga para estudar e fazer pesquisas, mas gostava de estar dentro do prazo e
ter os trabalhos finalizados bem antes da data de entrega estipulada pelos
professores.
Mal vi a hora passar, só percebi que estava prestes a anoitecer,
quando meu celular tocou o alarme que eu havia programado para me
lembrar de tomar banho e me arrumar para o trabalho. Após deixar meus
livros e cadernos organizados, fui direto para o chuveiro e me deparei com
uma mensagem de Logan assim que peguei meu celular sobre a bancada,
depois de tomar banho e me enrolar na toalha. Era uma foto sua na cama,
apenas de cueca boxer branca e cara amassada de sono.
Talvez eu tenha dado um zoom na sua região pélvica, pois o volume
muito considerável me deixou curiosa e com o clitóris pulsando.
Babaca de Uniforme: Acabei de acordar. Sonhei que estava
chupando a sua bocetinha e agora estou de pau duro, Avalon.
Havia ficado nítido na foto que eu ainda estava com a pele molhada
por causa do banho, então, eu jamais perderia a chance de fazer aquele
trocadilho. A resposta de Logan chegou em poucos segundos.
Eu: Sim.
Aquilo parecia muito pouco, por isso, enviei:
Minha nossa. Senti minha pele ficar ainda mais úmida e não era mais
por causa da água do chuveiro. De repente, a temperatura no banheiro ficou
alta demais.
Estrelinha Dourada: É mesmo? Toca ela para mim. Quero que você
tenha certeza.
Eu: Vou me tocar pensando que é a cabeça do seu pau no lugar dos
meus dedos.
Estrelinha Dourada: É isso que você quer, Valente? Quer gozar
roçando no meu pau?
Eu: Sim.
Estrelinha Dourada: Vamos fazer isso em breve. Agora, eu vou
gozar pensando em você.
Queria pedir para que ele gravasse, mas eu estava excitada demais e
quase atrasada para o trabalho, por isso, deixei o celular de lado e me
acariciei com vontade, chegando ao orgasmo tão rápido, que precisei
morder a minha mão esquerda para não gemer alto demais e chamar a
atenção de Aubrey na sala.
Levei alguns minutos para me recuperar, jogada de costas na cama,
olhando para o teto e sorrindo como uma idiota, dopada de endorfina e
ocitocina. Só voltei a me sentar quando o celular vibrou com uma nova
mensagem.
Ben: Megan estava aqui na festa, cara. Resultado? James bebeu todas
para não ter que encarar a ex e agora eu preciso levá-lo para casa. Pode vir
me ajudar? Não quero que aquela vaca o veja assim.
Logan
“Estamos hospedados no hotel Hilton.”
A voz de Teddy ficava se repetindo em minha mente em um looping
que não cessava, enquanto eu acelerava pelas ruas. Não sabia se ainda
estavam na cidade, mas resolvi arriscar mesmo assim, pois algo me dizia
que Philipe não me passaria a localização daquele filho da puta caso eu
pedisse. Desliguei o meu celular na segunda vez que meu pai insistiu em
me ligar e ignorei o seu Bentley vindo logo atrás do meu Audi, metendo o
pé no acelerador.
“Estamos hospedados no hotel Hilton.”
O sorriso simpático demais de Aaron surgiu em minha memória,
sendo ofuscado pelo momento em que ele esbarrou em mim na porta do
banheiro do bar. Há quanto tempo aquele desgraçado vinha observando
Avalon? Toda aquela história de agenciamento fazia parte de algum plano
dele? O que havia falado para ela ontem, que a deixou tão assustada a ponto
de tentar terminar comigo? Como teve coragem de tocar nela de novo?
Vislumbrei o hotel a alguns metros à frente e parei de supetão logo
atrás de um carro luxuoso, que havia estacionado segundos antes de mim.
Saí sem me preocupar em fechar a porta, quase empurrando uma senhora
que estava na minha frente para poder passar por aquelas portas giratórias
ridículas. Um segurança me olhou e tentou se aproximar, mas logo alcancei
o balcão, chamando um dos atendentes. Uma mulher uniformizada se
aproximou.
— Como posso ajudá-lo, senhor?
— Tucker Aaron Young. Preciso saber se tem alguém com esse nome
hospedado aqui. Se sim, me informe o número da suíte.
— Desculpa, senhor, mas receio não poder ajudá-lo. Nós não
passamos esse tipo de informação.
— Eu estou exigindo que verifique. Agora!
— Logan! — Senti o toque do meu pai em meu ombro, mas me
desvencilhei.
— Se o senhor insistir, terei que chamar o segurança.
— Não será necessário — meu pai disse, tentando me puxar de novo.
— Me solta! — Saí de perto dele, olhando para o lobby imenso do
hotel. Onde estava aquele filho da puta?
— Seja racional, Logan, por favor! — Meu pai pediu, parando na
minha frente. — Acha que eu também não quero socar a cara desse garoto?
— Seus olhos pareciam estar prestes a soltar faíscas de tão puto que estava,
mas sua voz soava baixa e controlada para não chamar ainda mais atenção.
— Acha que não estou louco para me vingar? Ele matou a mulher que eu
mais amava na vida, porra! Mas não podemos perder a razão. Temos tudo
na mão para colocar esse desgraçado atrás das grades para sempre!
— Por causa de um acidente de trânsito? Tá bom.
Eu ri, mesmo sabendo que não havia sido apenas um acidente de
trânsito, ainda assim... Era muito pouco e o padrasto daquele desgraçado
tinha muito dinheiro.
— Não apenas por isso. Philipe descobriu outras coisas — meu pai
sussurrou, prendendo a minha atenção. — Mas não posso falar sobre isso
aqui. Venha comigo, filho, por favor. Pense em Avalon, a garota ficou
assustada com a forma como você saiu. Ela precisa de você.
Lembrei do seu pescoço roxo e do medo em seus olhos, o choque em
sua expressão ao descobrir como Tucker havia invadido não apenas a sua
vida, mas a minha também. Eu queria muito meter a porrada naquele
desgraçado até ele perder a consciência, mas meu pai tinha razão. Avalon
precisava de mim e, para ser sincero, eu também precisava dela. Deixei que
ele me guiasse em direção à porta giratória do hotel, ainda sentindo a raiva
aquecer o meu sangue, mas uma voz às minhas costas nos fez parar no meio
do caminho.
— Logan, como é bom ver você de novo! — Virei-me junto com
meu pai e vi Teddy Smith caminhar em nossa direção. Ele sorria animado,
como na primeira vez em que nos vimos, e fechou completamente a nossa
distância. — Parece que estava lendo o meu pensamento. Ia pedir para que
meu assistente entrasse em contato com você amanhã de manhã para
marcarmos uma reunião formal. Graham precisou viajar, mas eu ficarei no
Alabama até segunda-feira e...
— Onde está o seu enteado?
Teddy franziu o cenho e meu pai apertou o meu ombro em um aviso
mudo. Ignorei. Não sabia se teria outra chance de chegar perto daquele filho
da puta de novo. Jamais desperdiçaria aquela chance.
— Aaron? Ele está no bar tomando um drinque com uma garota...
Não esperei ele terminar. Já tinha ido àquele hotel algumas vezes e
sabia muito bem onde ficava o bar. Meu pai gritou o meu nome, mas não
dei ouvidos, passando por alguns hóspedes, atravessando totalmente o lobby
até chegar ao bar luxuoso que ficava perto dos elevadores que levavam às
suítes. Não demorei muito a encontrar o desgraçado, pois reconheceria em
qualquer lugar do mundo aquele cabelo platinado e o pescoço tatuado que
seria esmagado por mim em menos de um segundo.
— Seu filho da puta!
Ao contrário dele, que era um covarde, eu o peguei de frente,
empregando no soco que dei em seu rosto, a mesma força que utilizei ao
jogar o iPad contra a parede na casa do meu pai. Tucker só conseguiu
segurar o nariz que sangrava antes de tombar com tudo do banco em frente
ao balcão do bar e cair no chão. A loira que o acompanhava gritou,
alarmada, mas não perdi meu tempo olhando para ela. Parti para cima
daquele desgraçado com toda a fúria que eu sentia.
Soquei-o por ter empurrado a minha mãe para a morte. Soquei-o por
todas as vezes que machucou a minha garota. Soquei-o por deixá-la com
medo, por ter a assustado, por ter partido o seu coração e a sua alma no
momento em que esteve mais frágil. Soquei-o por ter ousado se aproximar
dela mais uma vez, por ter a deixado com marcas roxas, por ter a feito
chorar.
Seu sangue espirrava no chão escuro do bar, as falanges dos meus
dedos estavam arrebentadas, pessoas gritavam à minha volta, mãos
tentaram me tocar, mas me desvencilhei de todas elas, desfigurando a cara
daquele filho da puta que havia tocado em dois dos meus bens mais
preciosos.
Ele estava quase apagando quando o peguei pelo pescoço e apertei.
Seus olhos inchados tentaram me encarar, mas fiz questão de chegar bem
perto, para que ele nunca mais se esquecesse do meu rosto ou das palavras
que eu estava prestes a dizer na sua cara:
— Ontem foi a última vez que você chegou perto da minha mulher.
— Ele tentou abrir a boca, mas apertei o seu pescoço com mais força,
rompendo a passagem de ar. — Foi a última vez que você ousou machucar
alguém que é importante para mim. Só estou te deixando vivo hoje, porque
não quero perder nenhum dia da minha vida longe de Avalon, mas se você
apenas pensar em chegar perto da sombra dela, uma vez que seja, eu juro
que não vou ser tão condescendente. Você vai morrer, e vai ser de uma
forma tão dolorosa, que vai implorar para nunca ter nascido.
Alguém finalmente conseguiu me tirar de cima de Tucker e ele caiu
praticamente desmaiado. Senti que meu pai me abraçou por trás pela
cintura, como se estivesse com medo de que eu fosse terminar o que
comecei, e o deixei me afastar dali. Muitos hóspedes se aproximaram,
alguns filmavam, mas eu não me importei.
— Meu Deus! Olha o que você fez com o meu menino! — Teddy se
ajoelhou ao lado de Tucker. — Seu jogadorzinho de merda! Sua carreira
está arruinada! Entendeu? Eu vou te afundar, seu filho da puta! Ninguém
vai se lembrar que um dia existiu um Logan Miller III dentro de campo!
Alguém chama a porra de uma ambulância!
Meu pai me tirou de perto de todo mundo junto com Philipe, mas não
registrei quase nada a minha volta. Me colocaram dentro do banco traseiro
de um carro depois de pedirem para que os curiosos se afastassem e o
veículo saiu da frente do hotel em tempo recorde. Os próximos minutos se
tornaram um borrão. Senti como se eu tivesse apagado, apesar de estar de
olhos abertos, encarando meus dedos arrebentados e sujos de sangue.
Sem que eu esperasse, meu pai pegou a minha mão e começou a
passar o lenço, que sempre carregava em seu paletó, em cima dos meus
dedos sujos. A maior parte do sangue estava seca, mas ele não parou,
limpando tão cuidadosamente quanto fazia quando eu era criança e ralava o
joelho.
— Eu tenho tanto orgulho de você. — Sua voz grave e levemente
embargada soou pelo carro. — Sei que nunca falei isso, sei que acabei me
tornando um pai duro demais, exigente demais e que acabei perdendo
momentos importantes da sua vida desde que entrou para a faculdade. Acho
que acabei fazendo com você o mesmo que meu pai fez comigo. Ele queria
que eu fosse o seu reflexo e eu queria que você fosse o meu. Me arrependo
por ter ignorado todas as vezes que sua mãe tentou me alertar sobre o modo
como eu estava agindo, por eu não ter parado para enxergar que vinha te
afastando cada vez mais. Depois que ela se foi, eu apenas... Me perdi. Eu
me perdi como você, Logan, só que de forma diferente. Você se perdeu em
meio às bebidas e às festas e eu me perdi dentro de mim mesmo, no
trabalho, no meu modo irritantemente exigente, como sua mãe dizia.
Ele parou por alguns segundos e percebi que seus olhos estavam
cheios de lágrimas, assim como os meus.
— Estou falando tudo isso agora, porque não quero que se torne tarde
demais entre nós dois também. Não quero perder o meu filho como perdi a
minha esposa. — Meu pai chorou baixinho pela primeira vez desde o
enterro. Quantas vezes ele havia chorado sozinho? Por mim, pela minha
mãe, por tudo? — E eu senti muito medo de perder você até aquela menina
chegar.
— Avalon?
— Quem mais seria? — Ele sorriu de leve por entre as lágrimas. —
Ela te salvou uma vez e então, te salvou de novo. Eu não queria enxergar,
mas essa é a verdade.
— Do que está falando? — Meu pai voltou a limpar os meus dedos,
mas vi que ainda chorava. — Pai?
— Eu o ouvi perguntar para a sua irmã sobre uma garota no dia do
enterro da sua mãe. Você falou algo sobre a chuva e sobre ter estado em
uma ponte.
— Não. Eu não falei sobre a ponte. Eu falei sobre a garota e a chuva,
mas não sobre a ponte. — Aquela era uma das poucas certezas que eu tinha
sobre aquele dia.
Guardei a história sobre a ponte para mim, pois Norah vivia me
enchendo o saco para procurar um psicólogo. Mesmo acreditando que tudo
aquilo não havia passado de um sonho, preferi não contar, pois não queria
que minha irmã se preocupasse com a possibilidade de eu cometer alguma
loucura contra a minha vida, apesar de ter sentido essa vontade naquela
noite em que soube da morte da nossa mãe.
— É, acho que você não falou mesmo.
— Então como você sabe? — Tirei minha mão debaixo da dele,
obrigando-o a me encarar. — Como você sabe sobre a ponte, pai?
— Avalon me contou. — Ele soltou a bomba desarmada sobre o meu
colo e a senti explodir bem na minha cara. — Foi ela que te fez desistir de
pular e que te levou para casa naquela noite. — Seu soluço ecoou pelo carro
e, sem que eu esperasse, suas mãos me puxaram em sua direção em um
abraço apertado. — Eu não conseguia me lembrar direito da menina que
bateu no meu portão de madrugada, alegando que estava com você dentro
do carro, porque... Meu Deus, Logan, eu senti tanto medo! Você estava
completamente apagado, molhado pela chuva, sujo de vômito... Eu só
conseguia me lembrar que ela tinha os cabelos ruivos e do seu pedido para
que eu cuidasse de você. Ela me contou o que você queria fazer e eu... Eu
acho que nunca soube como lidar com aquilo. Eu preferi acreditar que era
mentira... Eu fui um pai terrível. Eu sou um pai terrível, Logan!
Eu estava atordoado. O peito do meu pai tremia pelo choro incontido
e minha cabeça rodava, tentando processar toda aquela informação e puxar
as memórias daquela noite. Eu me lembrava da chuva e da ponte.
Lembrava-me da garota ao meu lado e da forma como foi insistente e
cuidadosa. Lembrava-me perfeitamente das suas palavras:
“Foi uma noite difícil para mim também.”
“Sabe do que eu tenho medo? De viver o resto da minha vida
sentindo medo. Creio que seria um desperdício e tanto.”
“— Só... Fica quieta — pedi.
— Para deixar que as vozes na sua cabeça falem mais alto do que
eu? Não mesmo. Eu sei como elas podem ser poderosas, mas, sabe de uma
coisa, atleta cheio de equilíbrio? Somos mais fortes do que ela. Somos mais
fortes do que tudo. E mesmo que hoje você se sinta fraco e que amanhã ou
depois você continue achando que não tem força, você vai perceber que
tem, sim. E então, quando você se der conta disso, ninguém vai poder te
parar.
— Isso é quase um parágrafo de livro de autoajuda.
— Bem brega, por sinal.
— Muito.
— Mas funciona, acredite em mim.
— Por que eu faria isso? Eu nem te conheço.
— Por isso mesmo. Se nós dois conhecêssemos um ao outro, você
poderia pensar que estou aqui porque tenho medo de te perder, mas não é
esse o caso.
— E por que você está aqui?
— Porque não quero que você se perca, pelo menos não
definitivamente. Vamos lá, estrelinha dourada, mostre para mim que você
tem equilíbrio de sobra e desça do guarda-corpo comigo.”
Estrelinha dourada. Meu Deus, Avalon!
“— Você vai se encontrar com ela um dia. E então, você vai ter
várias histórias para contar a ela. Coisas incríveis, que eu tenho certeza de
que ela vai querer saber com detalhes. Vocês vão sorrir juntos e se abraçar
de novo. Vai ser muito especial, eu juro. Confie em mim.”
Eu confiei.
Eu confiei naquela noite e vinha confiando todos os dias desde então.
Desde que a vi dentro do meu quarto e fui um cara escroto do caralho com
ela.
Antes mesmo de eu saber, meu coração confiou em Avalon, porque,
de alguma forma muito louca, ele sempre soube que ela era nossa. Nossa
garota para amar, cuidar e confiar.
— Por que não me contou isso antes, pai? — perguntei, me afastando
do seu peito. Ele tocou a minha nuca e apertou de leve.
— Porque, como eu disse, eu não tinha certeza se era ela ou não. Só
descobri naquele almoço lá em casa. A forma como me encarou... Foi bem
peculiar, da mesma forma como falou comigo naquela noite.
— Você devia ter me contado. Esse almoço aconteceu semanas atrás!
— Eu sei, mas percebi que Avalon não tinha contado para você
também, então decidi deixar nas mãos dela a decisão de te falar ou não.
Ela não tinha falado nada. Puta merda, fui um babaca com ela no
começo de tudo e Valente nunca deu a entender que tinha cuidado de mim
em um momento tão particular. Eu deveria saber que Avalon jamais faria
isso. Não era do seu feitio usar a dor de alguém em benefício próprio.
— Por que mudou de ideia?
— Porque, depois de hoje, eu entendi que a vida de vocês está mais
interligada do que nunca. Eu não acreditava em destino, mas acho que
agora acredito. Sua mãe estaria rindo da minha cara agora e falando “eu te
avisei”. — Contra todas as possibilidades, meu pai riu.
Ele riu de verdade. E foi bom pra caramba assistir. Puxei-o para um
outro abraço, sentindo toda a nossa animosidade ficar para trás.
— Na verdade, ela deve estar rindo de você — falei ao me afastar.
— Com certeza, mas acho que ela está feliz, principalmente. Afinal
de contas, ela também salvou uma vida muito importante depois que partiu.
— Do que está falando?
Percebi que estávamos entrando em casa e só então me dei conta de
que alguém estava guiando o carro. O Bentley do meu pai tinha aquela
frescura de separar a parte de trás do veículo, dando privacidade ao
passageiro, por isso, não fazia ideia se ele tinha ido até o hotel com algum
segurança ou se era Philipe quem estava ao volante.
— Sei que vai ficar puto comigo, mas investiguei a vida de Avalon
depois daquele almoço.
— Pai! Puta que pariu, não acredito!
— Fica calmo, eu só queria ter certeza de que ela era mesmo uma
boa garota. Não ia usar nada do que descobri contra ela. — Revirei os olhos
ao ouvir aquilo e o Sr. Miller II prosseguiu. — Enfim, acabei descobrindo
que a Aubrey passou por um processo de transplante de rim.
— Sim, eu sei disso. O que é que tem?
— A data da cirurgia da menina foi muito próxima da morte da sua
mãe, Logan. Realmente muito próxima, algo em torno de dois dias depois.
Então, entrei em contato com Richard, diretor do hospital onde sua mãe
ficou internada aqui no Alabama e onde ocorreu a cirurgia da irmã de
Avalon. Sei que o tipo de informação que pedi a ele é confidencial, mas,
como somos amigos de longa data, Richard abriu uma exceção e me
confirmou ontem de manhã que o rim que Aubrey recebeu, era da sua mãe.
— O... O quê?
A pergunta havia escapado de forma automática, pois eu estava
completamente em choque. O carro parou em frente à nossa casa e vi
Avalon pela janela. Ela estava sentada nos degraus que levavam à porta da
mansão e se levantou toda desajeitada, ainda chorando e parecendo estar
desesperada.
— Sua mãe salvou a vida da irmã de Avalon, Logan — meu pai
tocou em meu ombro, mas não consegui tirar os olhos de Valente. Ela
desceu a escada correndo, parecendo louca para me ver. — Se você tinha
alguma dúvida de que essa garota é a mulher da sua vida, é melhor que não
tenha mais.
Eu não tinha. Desde que beijei Avalon pela primeira vez, eu sabia.
Porra, no fundo do meu ser, minha alma já sabia no momento em que ela
me encontrou na porcaria daquela ponte!
Não consegui responder ao meu pai, apenas saí do carro e encurtei
completamente a distância que me separava de Avalon, tomando-a em meus
braços. Nosso beijo teve gosto de lágrimas, desespero, amor, saudade e
esperança.
Ah, Valente...
Minha Valente.
Agarrei a minha garota entre os meus braços e prometi a mim mesmo
que não a soltaria nunca mais.
— Nunca mais me dê um susto como esse, ouviu? — Tomei o rosto
de Logan em minhas mãos e beijei cada centímetro de pele que minha boca
conseguiu alcançar. Ele estava suado, mas não me importei. — Você ouviu,
Logan?
Afastei seu rosto do meu e ele concordou lentamente com a cabeça.
Percebi que chorava, assim como eu, e que me olhava de forma diferente.
Era como se quisesse me falar um monte de coisas, mas estivesse exausto.
Eu imaginava que realmente estava.
— Por que vocês não vão lá pra cima? — O pai de Logan parou ao
nosso lado de repente. Eu estava tão desesperada, que havia me esquecido
completamente de que ele também estava dentro do carro. — Seu quarto
está arrumado, Logan. Tome um banho, enquanto providencio remédio e
gazes para cuidar das suas mãos.
Dei um passo para trás, ficando assustada ao tomar as mãos de Logan
nas minhas. Sua pele estava suja de sangue e as falanges estavam
praticamente em carne viva.
— Meu Deus, Logan... O que você fez?
— O que você acha que eu fiz? — murmurou. Senti o meu coração
disparar e olhei para o Sr. Miller em busca de uma resposta mais clara.
— Ele... Ele matou...
— Não. — Soltei o ar que estava prendendo, sentindo minhas pernas
ficarem bambas de alívio. — Mas deu uma lição naquele filho da puta que
ele nunca mais vai esquecer. Agora, eu vou cuidar pessoalmente para que
ele pague na justiça por todo crime que já cometeu, inclusive, o que fez
com você ontem à noite. — O pai de Logan me pegou de surpresa ao
acariciar gentilmente as minhas costas. — Você foi muito corajosa ao
denunciá-lo da primeira vez, Avalon. Quero que saiba que você não está
mais sozinha.
— Obrigada. — Agradeci sinceramente, tentando parar de chorar.
Como vítima de um relacionamento abusivo e de violência
doméstica, eu sabia como era difícil dar o primeiro passo e pedir por ajuda.
Na primeira vez, o fiz muito mais por Aubrey do que por mim, mas, agora,
eu denunciaria Tucker novamente tendo a certeza de que estava fazendo
aquilo para me proteger. E para proteger outras mulheres que tivessem o
azar de cruzar o seu caminho e despertar a sua obsessão.
Sr. Miller apertou o ombro do filho e voltou a reforçar que
deveríamos ir para o seu quarto. Logan estava meio aéreo, por isso, eu
tomei as rédeas da situação, pegando em seu pulso, pois seus dedos estavam
machucados, e levando-o para dentro de casa. Norah veio correndo abraçar
o irmão e sua avó veio logo atrás. As duas o encheram de perguntas, mas o
Sr. Miller disse que explicaria tudo a elas e pediu para que deixassem
Logan tomar um banho.
Subimos a escada e, no segundo pavimento, Logan me guiou até o
seu antigo quarto. Ainda tinha a aparência de um quarto de adolescente —
um adolescente bem rico —, com as paredes pintadas de azul e cinza, vários
troféus em prateleiras e pôsteres de jogadores de futebol americano. Não
consegui prestar mais atenção no ambiente, pois Logan logo me levou para
o banheiro da suíte. Havia uma banheira no canto, perto do box.
— Como faço para ligar aquilo ali? — perguntei, apontando para ela.
Logan foi me passando as instruções e eu liguei a banheira, usando
uma essência de banho para perfumar a água, já que sais estavam fora de
cogitação por conta dos seus dedos machucados. Assim que começou a
encher, voltei a me aproximar dele e o ajudei a tirar a camisa suada,
percebendo, apenas naquele momento, que estava respingada de sangue, e
parti para a calça enquanto ele chutava os sapatos para longe.
Tentei imaginar como ele havia conseguido encontrar Tucker e como
tinha deixado a cara daquele idiota. Pelo estado da sua mão, com certeza o
rosto dele havia ficado pior, e eu fiquei feliz, apesar de estar muito
preocupada com Logan e morrendo de medo de que aquilo o prejudicasse
de alguma forma.
Ouvi duas batidas na porta e me afastei do jogador, encontrando com
a sua irmã no quarto. Norah me estendeu uma maleta pequena de primeiros
socorros e me abraçou rapidamente, sussurrando em meu ouvido:
— Obrigada por cuidar dele.
Ela se afastou antes que eu pudesse responder e saiu do quarto,
fechando a porta atrás de si. Voltei para o banheiro, encontrando Logan
fazendo uma careta ao lavar as mãos na pia.
— Não quero que você fique suja com o sangue daquele filho da puta
quando entrar na banheira comigo — explicou quando me aproximei.
— Não vou entrar na banheira com você. Quero que você relaxe
enquanto eu limpo os seus machucados.
— Você pode fazer isso depois — disse Logan, virando-se para mim.
Suas mãos ainda molhadas tocaram a minha cintura e me puxaram de
encontro ao seu corpo alto e forte. — Preciso ficar perto de você agora,
Valente. O máximo que eu puder.
Eu jamais conseguiria negar um pedido como aquele, mesmo me
sentindo um pouco envergonhada por estarmos na casa do seu pai. Deixei
que Logan me ajudasse a me despir e fomos juntos para a banheira, que
estava cheia pela metade. O jogador se sentou e me puxou para o seu colo,
de frente para o seu corpo, me dando um abraço apertado e escondendo o
rosto entre os meus seios. Não havia nada sexual ali, era como se Logan
estivesse buscando o conforto que precisava em mim, assim como eu fazia
com ele.
Não queria mais chorar, mas algumas lágrimas teimosas encheram os
meus olhos e molharam a minha bochecha, conforme eu acariciava o cabelo
macio de Logan. Ainda naquela manhã, eu acreditei que nunca mais estaria
desse jeito com ele. Pensei que Tucker ia estragar mais uma parte da minha
vida e arrancar o quarterback de mim. Sua ameaça ficou soando de forma
clara em meus ouvidos durante toda a madrugada, espalhando o seu poder
sobre a minha mente como fazia quando estávamos juntos. Senti-me
dominada por ele de novo, só que daquela vez, foi de uma forma bem mais
cruel.
— Sinto muito — sussurrei entre os cabelos de Logan, sentindo sua
respiração entre os meus seios. — Sinto muito por tudo, Logan.
Sentia-me culpada, mesmo sabendo que eu não tinha nada a ver com
a morte da sua mãe. O fato de Tucker ser o responsável pesava muito forte
sobre mim. Com certeza tudo aquilo não havia passado de uma
coincidência, afinal, eu sequer conhecia Logan naquela época, mas Tucker
era meu ex-namorado e agora eu estava envolvida com o quarterback. Tudo
aquilo era muito confuso. Tinha certeza de que o destino deveria estar rindo
da nossa cara naquele momento, achando muito engraçado entrelaçar as
nossas vidas daquela maneira.
— Não se desculpe, você não tem culpa de nada, Valente, pelo
contrário.
Os lábios de Logan subiram pelo meu tórax até alcançarem o meu
pescoço. Ele beijou cada hematoma provocado pelos dedos de Tucker, com
uma delicadeza que quase me fez chorar novamente.
— Você é uma vítima daquele desgraçado — sussurrou, passando as
mãos pelas minhas costas. — Pode ter certeza de que cada soco que dei
nele, foi pensando em você. Queria ter feito muito mais, Valente. Queria ter
te conhecido bem antes. Eu nunca deixaria que ele se aproximasse. Eu teria
cuidado de você e da sua irmã quando mais precisaram, faria de tudo para
que você nunca se sentisse sozinha ou acuada, assustada por aquele verme.
Ele jamais teria tocado em você.
Tomei seu rosto em minhas mãos e beijei sua boca bem devagar,
sentindo meu coração bater forte no peito. Deus sabia como eu também
queria ter conhecido Logan antes. Tudo teria sido tão diferente.
— Você já fez muito por mim hoje — falei, passando meu nariz
sobre o dele. — Me desculpe por ter agido daquela forma no carro, por ter
falado todas aquelas coisas. Era tudo mentira, Logan. Eu fiquei desesperada
quando Tucker me contou que o padrasto dele era dono da SK Sports. Ele
disse que se eu não me afastasse, faria com que o padrasto dele arruinasse a
sua carreira. Senti medo de acabar prejudicando você de alguma forma. Eu
nunca iria me perdoar se isso acontecesse, porque sei que o seu maior sonho
é ser um jogador profissional.
— Eu imaginei que ele tivesse te chantageado de alguma forma
quando você confirmou que ele tinha aparecido no bar ontem.
— Ele fez mais do que isso. Tucker conseguiu roubar o meu chaveiro
e ficou esperando por mim na escada. Maeve já tinha ido embora àquela
altura e eu fiquei sozinha com ele.
— Poderia ter me ligado, Valente.
— Pensei em fazer isso, mas ele me cercou, eu fiquei sem reação. —
Revirei os olhos para mim mesma, como fazia na época em que estávamos
juntos, me sentindo uma estúpida. — Geralmente, eu sempre fico sem
reação perto dele e Tucker sabe disso.
— Ele é um covarde! — A voz de Logan saiu entredentes. — Sequer
reagiu quando parti para cima dele, porque, com certeza, só sabe agir de
forma violenta com as mulheres. Com os homens, coloca a porra daquele
rabinho mimado entre as pernas.
— Ele é exatamente assim. — Tinha lembranças dos seus ataques de
ciúmes e de como partia apenas para cima de mim, mas agia de forma
alegre perto dos seus amigos.
— Enquanto ele estiver solto, você e sua irmã vão ficar na minha
casa, ok?
— Tudo bem. — Não ia discutir sobre aquilo, pois realmente não me
sentia segura depois do que havia acontecido ontem. — Você acha que o
padrasto de Tucker se aproximou de você por minha causa?
— Eu não sei, Valente. Talvez sim. Você não sabia que a família dele
era envolvida com esporte?
— Na época em que estávamos juntos, seu padrasto tinha uma
agência pequena e o nome era outro. Não me lembro exatamente qual era
agora.
— Smith Sports. — Concordei com a cabeça. Era exatamente aquele
o nome. — Teddy e Graham Kennedy se tornaram sócios no ano passado,
por isso, a agência agora se chama SK Sports.
— Provavelmente, eu já não estava mais com Tucker quando isso
aconteceu. Eu tive poucas semanas para arrumar a minha mudança depois
que o denunciei. Só queria sair de uma vez por todas de Los Angeles, pois
sabia que ele seria solto em breve e não queria mais estar na cidade quando
isso acontecesse. Não adiantou muito, porque eu ainda estava morando lá
quando ele ganhou a liberdade, mas pelo menos não se aproximou de mim
até eu sair da cidade.
— Ficar comigo te colocou na mira dele de novo — Logan concluiu.
— Eu sabia que isso poderia acontecer, mas pensei que depois de
todos esses meses, Tucker já teria se esquecido de mim. Ele é popular na
UCLA, vivia cercado por garotas. Sua família conseguiu abafar a minha
denúncia e, quando ele ficou afastado da faculdade, espalharam pelo
campus que ele estava viajando. Ou seja, mesmo preso, nada respingou
nele.
— Eles não vão poder fazer isso agora, pode ter certeza. Meu pai vai
cuidar de tudo, Valente. Aquele filho da puta vai pagar por tudo o que fez.
— Descobriram mais alguma coisa sobre ele, além de ter causado o
acidente da sua mãe?
— Meu pai disse que sim, mas não conseguiu me dar os detalhes
ainda. Espero que sejam crimes suficientes para deixá-lo mofando na cadeia
para sempre.
— O padrasto dele tem muito dinheiro, Logan. Você sabe que rico
não fica preso por muito tempo.
— Eu concordaria com você se meu pai não fosse Logan Miller II. —
Logan me deu aquele sorriso de moleque convencido, aquecendo o meu
peito. — O velho não vai descansar enquanto não fizer Tucker pagar por
todos os seus crimes.
— Seu pai nem é tão velho assim.
— Ah, não? — O quarterback arqueou uma sobrancelha. — Está de
olho no meu pai, Avalon?
— O quê? Claro que não! Seu nojento! — Logan riu quando joguei
água em sua cara, afastando-se um pouco de mim. — Só estou falando que
seu pai não é nenhum idoso.
— Estou brincando, Valente. Sei que você gosta de um novinho. —
Apontou para si mesmo. — Principalmente de um novinho que dá trabalho,
afinal de contas, você já vem me aturando há bastante tempo.
— Isso é verdade — concordei, sorrindo.
— Desde aquela noite na ponte. — Logan soltou de repente, quase
me fazendo engasgar com a minha própria saliva. Ele passou a ponta dos
dedos pelo meu rosto, contornando desde a minha sobrancelha até o meu
queixo. — Por que não me disse que era você comigo naquela noite,
Valente?
— Você... Você se lembrou?
— Eu achava que era um sonho. Aquela noite ainda é muito confusa
na minha cabeça, lembro muito mais das suas palavras do que da sua
fisionomia.
— Então, como sabe que era eu?
— Meu pai me contou hoje.
Fitei-o, boquiaberta, lembrando-me do momento em que parei em
frente aos portões da sua casa pela primeira vez. Eu tinha certeza de que
Logan tinha me dado o endereço errado, porque estávamos claramente
diante de uma mansão. Chovia muito e os seguranças não me deram
qualquer atenção quando eu disse que estava com um morador daquela casa
no meu carro. Na época, eu não sabia o nome de Logan e ele estava
completamente apagado no banco do carona, portanto, nenhum dos homens
que falou comigo pelo interfone me levou a sério, até um carro chique parar
do nosso lado.
— Era o seu pai naquela noite?
— Sim.
— Eu não o reconheci. — Já tinha visto algumas poucas fotos de
Logan Miller II na internet naquela época, mas não tinha gravado a sua
fisionomia ainda. — Aquela noite foi uma loucura. Eu tinha acabado de
chegar na cidade e precisava passar por aquela ponte para poder ir para o
bar da Maeve. Foi a minha irmã que te viu sentado no guarda-corpo. Eu
parei no acostamento e tentei ligar para a polícia, mas meu celular estava
descarregado, então, fui até lá.
— Você nem sabia quem eu era?
— Não. Eu não fazia a menor ideia, só queria te impedir de cometer
aquela loucura. Eu estava me borrando de medo, Logan. Toda vez que
penso que me sentei ao seu lado e que você poderia se jogar... Sinta isso. —
Peguei a sua mão com cuidado e encostei a palma em meu peito. — Meu
coração dispara.
— Tem ideia de que você me salvou naquela noite, Avalon? — Ele
continuou a sentir as batidas do meu coração, que ficaram ainda mais
aceleradas. — Eu estava tão perdido, tão desolado... A única coisa que eu
queria, era me livrar daquele sentimento horrível e me encontrar com a
minha mãe, mas, de alguma forma, você conseguiu transpassar a dor que eu
sentia e me convenceu a desistir. Eu confiei em você naquela noite, Valente.
Confiei cegamente e venho confiando desde então, mesmo sem saber que
era você comigo naquela ponte.
Eu não sabia o que dizer, pelo menos não naquele momento, por isso,
tomei a boca de Logan na minha, querendo que ele sentisse o quanto eu
estava emocionada através daquele beijo. Ele retribuiu intensamente,
acariciando de leve o meu pescoço e descendo em direção aos meus seios e
costelas, até chegar em minhas costas e puxar o meu corpo para ainda mais
perto do seu. Pude sentir o início da sua ereção, mas não fizemos nenhum
avanço sexual, apenas nos beijamos por longos minutos, até ele deixar o
meu lábio inferior escapar por entre os seus dentes.
— Eu nunca mencionei aquela noite, porque não queria que você
revivesse aquela dor. Confesso que cheguei a pensar que você iria me
reconhecer quando descobri quem você era e que estudava na UA,
principalmente depois que nos aproximamos, mas como nunca deixou
transparecer nada, achei melhor ficar quieta.
— Se eu tivesse te reconhecido, nunca teria sido o cuzão que fui com
você... Ou talvez eu fosse, porque estava em um momento péssimo da
minha vida. — Logan sacudiu a cabeça, fazendo uma careta. — Sinto muito
por ter sido tão idiota, Valente.
— Eu também não facilitei.
— Sei que me tratava daquele jeito porque eu fui um escroto
primeiro.
— Verdade. — Sorri, vendo-o revirar os olhos. — Não é muito louco
que nós estejamos juntos agora, depois de tudo isso? Parece que os nossos
caminhos foram feitos para se cruzarem, Logan.
— Eu acho que é exatamente isso, pelo menos, foi no que passei a
acreditar depois do que o meu pai me contou quando estávamos no carro.
— Sobre a ponte?
Logan balançou a cabeça e simplesmente soltou a informação na
minha cara, sem ao menos me preparar antes.
— Sobre a sua irmã ter recebido o rim da minha mãe.
Minha boca caiu aberta, conforme eu sentia a minha mente travar.
Meus olhos se arregalaram tanto, que cheguei a pensar que eles saltariam do
meu rosto.
— O que você disse?
Não era possível. Aquilo simplesmente não era possível... Ou era?
— Foi o que você ouviu. Meu pai é um pouco paranoico sobre a
nossa segurança e investigou a sua vida. Sim, eu o xinguei por causa disso,
pode ficar tranquila — comentou rapidamente, mas não me importei com
nada daquilo. — Ele descobriu sobre o transplante da sua irmã e desconfiou
de que ela poderia ter recebido o órgão da minha mãe por conta da
proximidade do falecimento dela e da cirurgia de transplante. Minha mãe
sempre deixou muito claro que queria que todos os seus órgãos fossem
doados, caso houvesse essa possiblidade, então, o meu pai atendeu ao seu
pedido.
— Que ato bonito — falei, me sentindo tocada. A mãe de Logan era,
com certeza, uma mulher muito especial. — Mas como o seu pai pode ter
certeza de que Aubrey recebeu o rim dela? Ninguém tem acesso a esse tipo
de informação.
— Meu pai é amigo do diretor do hospital e ele confirmou tudo.
Aubrey realmente recebeu o rim da minha mãe, Valente.
— Meu Deus...
Eu estava chocada. Queria falar mais alguma coisa, mas, o que eu
poderia dizer diante de tudo aquilo? Não havia palavras. Não havia nada
que pudesse expressar o que eu estava sentindo naquele momento, por isso,
abracei Logan bem forte. Meu coração estava tão acelerado, que senti medo
de que ele pudesse escapar da minha caixa torácica. Em minha mente, só
consegui visualizar os momentos em que Aubrey e Logan estiveram juntos,
a rapidez com que se conectaram, o carinho que o quarterback sentia pela
minha irmã e que ela retribuía de forma tão genuína. Lágrimas tomaram os
meus olhos, tamanha a emoção que senti.
— Acho que isso explica a ligação tão bonita que você tem com a
minha irmã — falei bem baixinho em seu ouvido, antes de me afastar para
poder olhar em seus olhos. — Não sei se percebeu isso, mas vocês se
tornaram amigos tão rapidamente! E ela sempre gostou de você, Logan.
Lembra daquela noite em que fui atrás de você depois que saiu do bar da
Maeve?
— Aquela noite em que você me impediu de ir embora dirigindo e
ligou para James ir me buscar?
— Sim — respondi e Logan concordou com a cabeça, deixando claro
que se lembrava. — Foi Aubrey que insistiu para que eu não te deixasse ir
embora sozinho. Mesmo sem nunca ter trocado uma única palavra com
você, minha irmã já se importava. Ela é muito especial, eu sei disso, mas
depois de toda essa história... Não sei, só consigo pensar que vocês têm uma
ligação que nada neste mundo pode explicar. É algo maior do que a nossa
compreensão.
Os olhos de Logan ficaram marejados, mesmo assim, ele sorriu.
— Eu amo a Aubrey da mesma forma que amo a Norah e acho que
agora consigo entender o porquê. — Logan tomou o meu rosto em suas
mãos. — Essa é a primeira vez que eu vejo que houve algum propósito na
morte da minha mãe, Valente. É a primeira vez que eu sinto que ela não
partiu em vão.
— Logan...
— Também é a primeira vez que eu sinto que ela está feliz, onde quer
que esteja. Tenho certeza de que ela está sorrindo de alegria por ter salvado
a vida de Aubrey e por vocês duas estarem comigo agora. Sua irmã ter
recebido o rim dela é uma forma de mostrar que minha mãe sempre vai
estar ao meu lado.
— É claro que ela vai estar sempre ao seu lado, meu amor. — Beijei
as suas bochechas banhadas por lágrimas. — Obrigada por vocês terem
realizado esse pedido dela. Vocês salvaram a vida da minha irmã, Logan. Se
eu a perdesse... Eu nem sei o que seria de mim. Nunca conheci o meu pai, e
o de Aubrey morreu antes mesmo de ela nascer. Ele e minha mãe tinham
apenas um caso, então, mesmo se estivesse vivo e a reconhecido como
filha, não acredito que eu teria muito vínculo com ele. Aubrey é tudo o que
eu tenho, é a minha única família.
— Agora vocês têm a mim e a minha família também, aos meus
amigos... Nunca mais estarão sozinhas, Valente. Eu prometo.
Eu sabia que era verdade. Nossas vidas estavam entrelaçadas e algo
me dizia que eu nunca mais me sentiria sozinha de novo.
De um segundo para o outro, todo o esforço que fiz para limpar a
minha imagem nos últimos meses foi jogado no lixo. Tudo isso porque
alguém filmou a surra que dei em Tucker e postou na internet. O vídeo
viralizou em poucas horas e a hashtag “quarterback agressor” entrou nos
trending topics do Twitter.
Logicamente, todos aqueles que estavam compartilhando a porcaria
do vídeo e dando a sua opinião sobre o caso, não faziam a menor ideia do
motivo por trás daquela agressão, mas isso não significava nada no mundo
da internet. Uma mentira, quando contada muitas vezes, acabava se
tornando verdade, e a fofoca se tornava muito mais interessante para os
internautas quando eles podiam inventar uma história por trás daquilo que
estavam compartilhando.
Muita gente estava falando besteira. Alguns inventaram que eu e
Tucker já tínhamos uma rixa na época da adolescência, por ele ter jogado na
posição de quarterback em Los Angeles — sendo que eu sequer o conhecia
—, outros, descobriram que ele e Avalon tinham namorado no passado e
postaram que eu havia dado uma surra nele por causa de uma crise de
ciúmes. A SK Sports se posicionou a favor de Tucker — claro — e postou
um tweet onde deixou claro que tomariam medidas judiciais contra o que eu
havia feito.
Pedi para que um dos nossos funcionários buscasse Aubrey na
escola, pois com certeza não seria seguro que ela fosse para casa sozinha
naquele momento, e passei o resto da tarde reunido com o meu pai, Philipe,
Avalon, meus amigos, minha avó e Norah em casa, junto com alguns de
nossos melhores advogados e o meu social media[13].
Philipe contou que havia descoberto que Tucker havia cometido uma
série de agressões e assédio contra mulheres desde que saíra da cadeia e que
uma modelo chamada Elle Davis estava tentando processá-lo por tê-la
dopado e estuprado em uma festa. Sua amiga a havia encontrado desmaiada
e nua em um quarto, após ter sido levada até o cômodo por Tucker.
Teddy vinha tentando abafar todos aqueles casos, comprando o
silêncio de algumas vítimas e tentando fazer o mesmo com Elle, mas não
estava obtendo o resultado esperado. Meu pai logo montou uma estratégia
para entrar em contato com Elle e com as outras vítimas, junto com Avalon,
para que entrassem com uma ação conjunta contra Tucker, sendo
representadas por ele.
Para tentar diminuir, pelo menos um pouco, os comentários sobre
mim na internet, ficou decidido que eu faria um vídeo explicando o motivo
pelo qual agi daquela maneira. Foi Avalon quem deu a ideia, reforçando que
poderia estar ao meu lado para explicar que Tucker era um agressor, agindo
daquela forma corajosa que eu tanto amava. Como não queria que ela
tivesse que se expor tanto, preferi gravar o vídeo sozinho, citando Avalon e
o fato de ela já ter denunciado Tucker antes por agressão e, mesmo assim,
ele ter tido a coragem de se aproximar dela mais uma vez.
Não foi fácil ter que falar tudo aquilo na frente de uma câmera, mas o
fiz sem hesitar. Por recomendação do meu pai, deixei claro que a forma
como agi não foi correta, mas não consegui falar que tinha me arrependido,
pois não queria mentir. Qualquer pessoa que tivesse ao menos um pingo de
caráter e empatia, se colocaria em meu lugar e teria feito o mesmo que eu
— talvez, teria feito até pior e matado Tucker de uma vez.
Will, meu social media, editou rapidamente o vídeo e o publicou em
todas as minhas redes sociais ainda naquela noite. Decidi que eu só veria o
resultado de tudo aquilo no dia seguinte, pois estava exausto e precisava
ficar quieto um pouco, longe de toda aquela confusão. Deixei que meu pai
decidisse a melhor maneira de conduzir todo o resto do plano e fui embora
com Avalon, Aubrey, Norah e meus amigos. A irmã de Avalon estava
visivelmente nervosa com tudo aquilo, por isso, assim que chegamos em
casa, fiz questão de abraçá-la rapidamente e dar algum conforto para a
garota.
— Não precisa ficar com medo, ok? Você e sua irmã não estão mais
sozinhas, nós vamos cuidar de vocês.
— Eu sei, só não acreditava na possibilidade de Tucker se aproximar
e tentar machucar Ava de novo. — Aubrey olhou para Valente, que estava
conversando com Norah alguns metros à nossa frente. — Agora eu entendi
por que ela estava tão nervosa hoje de manhã. Eu deveria ter ficado
acordada até mais tarde ontem à noite, se estivesse na sala, eu teria ouvido
os dois juntos lá embaixo e poderia ter ligado para você. Ele não teria
machucado a minha irmã mais uma vez.
— Não, Aubrey, não pense assim. — Voltei a abraçá-la quando vi
seus olhos ficarem marejados. — Você não teve culpa de nada, assim como
Avalon também não teve. Aquele filho da pu... Aquele infeliz — achei
melhor não xingar muito na frente da menina. — é o único culpado,
entendeu? E agora, ele vai pagar.
— Promete, Logan? Promete não deixar Tucker chegar perto da
minha irmã de novo?
— Eu prometo. — Garanti, dando um beijo rápido em seus cabelos
antes de afastá-la para que Aubrey pudesse limpar as lágrimas que
molhavam as suas bochechas. — Pode confiar em mim, Aub.
— Eu confio — ela sussurrou, me dando um sorrisinho triste.
— Ei. — Avalon se aproximou e arregalou um pouco os olhos ao
notar a irmã. — Aub, por que está chorando?
— Porque ela está emocionada por estar aqui conosco. — Foi James
quem respondeu. Ele estava por perto, devia ter ouvido a minha conversa
com Aubrey.
— Fiquei sabendo que você gosta de cozinhar, Aubrey — Benjamin
disse ao entrar na sala.
— Sim, eu gosto. Não sei fazer muita coisa, mas gosto de me arriscar
seguindo receitas da internet.
— Eu também! — disse ele, me fazendo franzir o cenho. Benjamin
na cozinha era um desastre. O babaca mal sabia bater um shake de proteína,
sempre errava as medidas.
— Adoro cozinhar também — James comentou. Outro mentiroso do
caralho.
— Que tal se a gente tentasse fazer uma pizza? — Propôs Benjamin.
— Ah, meu Deus! Eu posso filmar? — Norah perguntou ao se
aproximar. — Preciso guardar esse momento para a posteridade!
— Só se a Aubrey aceitar nos ajudar — disse Ben.
Aubrey tentou conter um sorriso animado e encarou Avalon com os
olhos parecidos com os do gato do Shrek.
— Eu posso, Ava?
— Contanto que não coloque fogo na casa, é claro que pode.
— É mais fácil aqueles dois atearem fogo na casa, acredite em mim
— falei, abraçando Valente pela cintura.
— Idiota! Só por causa disso, não vai comer nem um pedaço! —
Benjamin me deu a língua ao invés de me dar o dedo do meio,
provavelmente, em respeito a Aubrey. — Vamos lá, Aub! Vamos mostrar
para esse babaca que nós somos Masterchefs!
Foi bom ver a tristeza de Aubrey sendo substituída por um sorriso
enorme enquanto seguia para a cozinha com os meus dois amigos idiotas e
a minha irmã. Fiz uma nota mental de agradecer aos três por terem tido
aquela ideia, pois sabia que só estavam tentando se aventurar na cozinha,
para distraírem a menina de toda aquela situação.
— Seus amigos e sua irmã são incríveis. — Avalon me abraçou pela
cintura, com certeza, pensando a mesma coisa que eu.
— Claro que são. Eu sou incrível, não poderia estar cercado por
pessoas diferentes de mim.
— Cala a boca, estrelinha dourada. — Ela riu e me olhou nos olhos.
Era bom ver que, assim como Aubrey, Avalon já não carregava o mesmo
peso de horas atrás. — Logan?
— Sim?
— Eu amo você.
Eu nunca tinha levado um tiro — graças a Deus —, mas o impacto
que aquelas palavras causaram em meu peito, com certeza, era bem
parecido com o impacto de uma bala penetrando o corpo e atingindo o
coração. Fui pego completamente de surpresa, no meio da minha sala, por
uma Avalon que me fitava com os olhos levemente rasos d’água. Porra!
— Valente...
— E não estou falando isso só porque você me disse hoje de manhã.
Estou falando porque, depois de tudo o que eu já passei, tinha certeza de
que nunca mais permitiria que outra pessoa mexesse com os meus
sentimentos ou entrasse no meu coração, mas você, estrelinha dourada,
acabou fazendo isso sem que eu percebesse.
— E quando você percebeu que me amava?
— Ontem de madrugada, quando senti a dor de perder você.
Olhei em direção à cozinha, ouvindo a risada dos quatro reunidos no
cômodo, e decidi deixá-los se virando com a pizza para aproveitar aquele
momento com a minha garota. Já que Norah estava gravando tudo, eu
poderia rir da cara deles depois ao assistir o vídeo. Tomei Avalon pela mão
e fui com ela para o meu quarto, pressionando-a de encontro à porta
fechada depois que girei a chave na fechadura. Meus dedos estavam
cercados por band-aids, mas isso não me impediu de infiltrá-los nos cabelos
de Valente e puxar o seu rosto para perto do meu.
— Você nunca vai me perder — garanti baixinho. Passei meu nariz
levemente pelo de Avalon, sentindo a sua respiração tocar os meus lábios.
— Posso não ter o dom de prever o futuro, Valente, mas de uma coisa eu
sei. — Dei uma mordidinha em seu lábio inferior, ouvindo-a ofegar. — O
destino fez de tudo para nos colocar de frente um para o outro. Ele te
reservou para mim e eu me sinto um sortudo do caralho por conta disso.
Nunca vou desperdiçar o presente que me deu. Jamais abrirei mão de você.
— Mas eu tenho medo, Logan. O pai de Tucker é muito poderoso e
ele te ameaçou. Eu vi no vídeo que está rolando pela internet.
— Não importa. Eu largaria tudo, Avalon, inclusive a minha carreira
no futebol, apenas para ter você para sempre na minha vida.
Aquilo, realmente, era algo que nunca pensei que sentiria um dia. O
futebol era a minha vida, sempre foi o meu maior sonho, mas Avalon havia
se tornado maior do que qualquer coisa dentro de mim. Logicamente, eu
queria ter os dois, mas entre a minha carreira e aquela garota... A minha
escolha era óbvia.
— Você não vai precisar desistir da sua carreira — Avalon garantiu,
me olhando toda emocionada. — Vamos lutar juntos para que isso não
aconteça. Foi por causa disso que nos aproximamos pela primeira vez,
lembra? Você vai ser um jogador de muito sucesso, Logan, eu estarei na
primeira fila para te aplaudir.
— Sim, eu tenho certeza disso, e estará carregando um filho meu. É
isso que eu quero para o nosso futuro, Valente. Uma carreira de sucesso
para nós dois e um monte de filhos para nos deixar de cabelo em pé.
Avalon riu e eu beijei o seu pescoço delicadamente, querendo muito
que aqueles hematomas horríveis deixassem a sua pele o mais rápido
possível.
— Contanto que os filhos venham daqui a muitos anos, está tudo
bem.
— Quando você quiser, meu bem. Enquanto isso, a gente vai
praticando, afinal, essa com certeza é a melhor parte de fazer um filho.
— Fica quieto, Logan.
Silenciei a sua risada com um beijo e senti a necessidade de liberar
toda a frustração daquele dia da melhor forma possível: comendo a minha
garota. Acho que Avalon sentia o mesmo que eu, pois foi rápida em me
ajudar a tirar todas as roupas e soltou um gemido arfante quando a levei
para a cama, completamente nua.
Tive cuidado ao deitar a sua cabeça no travesseiro, pois ela me
confidenciou que a parte de trás doía um pouco depois do que o filho da
puta havia feito com ela na noite anterior, e abri as suas pernas para mim,
observando a boceta linda ficando toda melada pela sua lubrificação.
Nós dois gememos quando coloquei um mamilo na boca e toquei
entre os seus lábios delicados até acariciar o clitóris. Infelizmente, eu não
poderia penetrá-la com os meus dedos, mas Avalon não pareceu se importar
nem um pouco com isso enquanto rebolava de leve o quadril e arranhava
minha nuca, pedindo para que eu aumentasse a pressão no biquinho duro e
delicioso do seu seio. Mamei com vontade em cada um deles, até sentir a
minha ereção doer de tão dura que estava.
— Vem, Logan — Valente pediu, erguendo o quadril em direção ao
meu. — Eu quero você.
— Quanto? — perguntei, segurando meu pau duro com uma mão e
passando a glande babada pela sua bocetinha gostosa. Avalon estremeceu
quando massageei a cabeça em seu clitóris inchado.
— Muito. Não me torture demais.
Não conseguiria nem se quisesse. Tomando seus lábios nos meus
para que seu gemido saísse abafado, meti o meu pau em sua boceta,
penetrando até restar apenas as minhas bolas para fora. Avalon pareceu me
sugar em seu canal estreito, estremecendo e arranhando minhas costas
enquanto eu começava a comê-la devagar. Minha língua acariciava a sua
com paixão e meus quadris comandavam o espetáculo lá embaixo,
ondulando para frente e para trás, metendo o meu pau na boceta apertadinha
de Valente.
Mordi seu lábio inferior com mais força do que pretendia ao
aumentar a velocidade das investidas. O prazer me deixou cego por alguns
segundos e apenas o instinto me guiou, enquanto Avalon tentava controlar o
volume dos gemidos e acompanhava os movimentos com os seus quadris.
Senti seus espasmos em volta do meu pau, ficando ainda mais estreita e me
enlouquecendo, massageando a glande sensível e todo o meu comprimento
enquanto eu entrava e saía.
Quando senti que estava prestes a gozar, saí do seu interior e me
ajoelhei aos pés da cama, puxando-a com força pelo quadril. Avalon gritou
de susto, mas acabou mordendo a própria mão para controlar o gemido
quando caí de boca em sua boceta, enfiando minha língua em sua entrada
gostosa e esfregando meu nariz em seu clitóris. Seu orgasmo chegou com
força, fazendo-a fechar as coxas em volta da minha cabeça e se contorcer
pelo colchão. Meu pau pulsava incontrolavelmente enquanto eu a comia
com a boca, a língua, os lábios e o nariz, bebendo o seu prazer e quase
gozando sem nem estar metendo em seu interior.
Senti meu queixo e as minhas bochechas ficarem melados enquanto
roçava minha barba em seus lábios sensíveis e sentia o tremor dos seus
músculos. Dei uma lambida longa em seu clitóris ainda durinho, chupando-
o delicadamente por alguns segundos, até sentir que eu não poderia
aguentar mais. Eu iria explodir se não voltasse a estar dentro de Avalon.
Ergui-me e a virei de bruços, deixando-a com as pernas para fora da
cama e apenas a parte de cima do seu corpo sobre o colchão. Mantive suas
coxas fechadas entre as minhas pernas e me masturbei rapidamente ao
observar os seus cabelos espalhados sobre o meu edredom, as costas nuas e
a bunda gostosa ficando empinadinha para mim. Avalon virou o rosto em
minha direção e se empinou um pouco mais, apertando o edredom entre os
dedos.
— Vem — pediu manhosa. Seu rosto estava vermelho e a sua
expressão de estar sendo bem-fodida me deixou ainda mais louco para
gozar. Apesar do tesão, decidi não meter de uma vez. Voltei a me abaixar e
separei as suas nádegas com as mãos, dando um tapinha em cada uma antes
de apertá-las entre os meus dedos e lamber o seu cuzinho gostoso, que
piscava todo excitado. — Ah... Meu Deus, Logan!
Avalon tentou separar as coxas, mas não deixei, descendo com a
língua até a entradinha perfeita da sua boceta. Penetrei ali de novo, metendo
e tirando a ponta dura da minha língua, até sentir a sua lubrificação descer
com mais força, preparando a sua bocetinha para um novo orgasmo.
Quando ela chamou desesperadamente pelo meu nome de novo, me ergui e
mirei a cabeça bruta do meu pau entre os seus lábios vaginais por trás,
entrando apertado em sua boceta gostosa enquanto mordia de leve a sua
nuca.
— Como eu amo comer você — gemi baixinho em seu ouvido,
rebolando todo enterrado em seu interior, quase gozando tamanha a pressão
que sentia com as suas coxas delicadas apertadas entre as minhas, bem
maiores e mais fortes. — Como eu amo você, meu amor. Minha Valente
gostosa.
— Só sua — ela gemeu baixinho, levantando um pouco a cabeça e
gemendo de olhos fechados. — Sou só sua, Logan. Para sempre.
Eu sabia. Porra, como eu sabia!
Tomei a sua boca na minha e apertei seu quadril com uma mão,
apoiando a outra na cama para poder foder a sua boceta com mais força.
Engolimos os gemidos um do outro enquanto o baque do meu quadril em
sua bunda ecoava pelo quarto, junto com o barulho gostoso de coisa melada
a cada vez que eu entrava e saía do seu canal apertado. Avalon
choramingou, desesperada, e eu gemi mais alto, sentindo que não poderia
segurar mais.
O primeiro jato de porra a atingiu bem fundo na boceta, no momento
em que me enterrei ao máximo, com toda a minha força. Não consegui ser
delicado, mas acho que Valente não queria que eu fosse, pois começou a
gozar junto comigo, puxando o edredom e mordendo o meu lábio inferior.
Meti sem parar, prolongando o meu orgasmo e o dela, sentindo meu pau
pulsar em desespero e sua bocetinha me sugar até o fundo.
Gostoso pra caralho. Porra, comer aquela garota sempre seria gostoso
pra caralho.
Parei todo enterrado na xoxota gostosa, respirando fundo ao lamber a
pele suada do seu pescoço. Valente sorriu, relaxando completamente,
enquanto eu voltava a meter devagar, ainda duro e, com certeza, pronto para
mais uma rodada.
— Vou te comer de novo no chuveiro — avisei, dando um tapinha
em sua bunda. Valente riu de olhos fechados.
— Você sabe que a gente precisa descer, não sabe?
— Você está ansiosa para comer aquela pizza? Se é que vai sair
alguma pizza daquela cozinha.
— É melhor que saia, porque você me deixou com fome, Logan
terceiro.
— Deixei? — Passei meu nariz pela sua bochecha, sentindo o seu
rosto subir e descer em um “sim” mudo. — Meu pau também está com
fome, então, vamos fazer o seguinte: ele te come mais uma vez e, depois, eu
te alimento. O que acha?
— Acho que é uma ótima ideia.
Graças a Deus.
Saí de dentro de Valente e a peguei em meu colo, ouvindo a sua
risadinha enquanto a levava para o banheiro da minha suíte, com o pau duro
pra caralho, doido para voltar para o casulo da sua boceta de novo.
Após o desastre feito na cozinha por Aubrey, Benjamin e James,
tivemos que pedir uma pizza por aplicativo. Devoramos na sala, rindo ao
assistir o vídeo gravado por Norah. Era como se estivessem no meio de uma
guerra, com farinha de trigo para todo lado, James e Benjamin brigando e
Aubrey tentando colocar um pouco de ordem naquela bagunça, ficando
irritada por eles estarem medindo tudo errado. Acho que, depois daquela
experiência, minha irmã com certeza descobriu que trabalhava muito
melhor sozinha.
Apesar de tudo, foi bom ver que ela se divertiu e que estava mais
leve. Sua tensão durante o dia foi nítida, mas passar aquele momento na
cozinha com os amigos de Logan a distraiu completamente. Se aquele era o
objetivo dos dois, alcançaram com sucesso. Assim que Aubrey subiu com
Norah para dormir — ela ficaria no quarto da irmã de Logan, pois a casa
possuía quatro suítes —, eu me aproximei de Benjamin e James e dei um
abraço apertado em cada um, agradecendo pelo que haviam feito naquela
noite pela minha irmã. Poderia não ter muita intimidade com os dois ainda,
mas já eram muito especiais para mim.
Logan também os abraçou, agradecendo não só pelo cuidado com
Aubrey, mas por terem largado tudo para passar aquela tarde ao seu lado. O
treino em campo foi cancelado por conta de toda aquela situação
envolvendo Logan, mas soube que os outros jogadores ficaram no centro de
treinamento para trabalharem na academia com o preparador físico. Ben e
James simplesmente faltaram para poderem dar apoio ao melhor amigo, me
deixando com o peito aquecido ao ver a união tão bonita que existia entre
os três.
Conversei com Maeve por telefone, explicando melhor tudo o que
havia acontecido para ela e agradecendo por seu apoio. Ela disse que eu
poderia ficar afastada o tempo que fosse necessário até tudo se ajeitar e que
poderia contar com ela para o que precisasse.
Antes de dormir, já aconchegada a Logan, fiz uma prece silenciosa,
agradecendo a Deus por ter protegido a nós dois e pedindo que não deixasse
nada de ruim acontecer com a carreira do quarterback. Pedi também para
que a justiça fosse feita e que Tucker pagasse por tudo o que havia feito
contra mim e todas as outras mulheres que seu padrasto vinha tentando
silenciar nos últimos meses.
Ele era claramente um predador. Se continuasse livre, com certeza
chegaria longe demais e poderia acabar com a vida de alguma mulher
inocente — inclusive a minha, já que ainda parecia ser obcecado por mim.
Entendi que Deus havia ouvido a minha oração quando acordei com
a voz agitada de Logan falando pelo celular. Tomei um susto, mas o seu
sorriso animado fez com que o meu coração começasse a desacelerar.
— Tudo bem! Claro, vou passar o recado para Valente. Obrigado por
tudo, pai. Também te amo. — Logan desligou e se aproximou da cama a
passos largos, sentando-se ao meu lado e segurando as minhas mãos. —
Valente, o meu vídeo viralizou e um dos jornais mais importantes do país
publicou uma reportagem sobre o Tucker, finalmente trazendo a público a
sua prisão por ter agredido você!
Eu fiquei em choque, mas Logan me mostrou a tela do celular. Minha
boca caiu aberta ao ver que seu vídeo já tinha mais de dez milhões de
visualizações em menos de quinze horas de publicação apenas no
Instagram. Ele mudou a página e me mostrou a reportagem do jornal. O
jornalista conseguiu acesso à denúncia que fiz contra Tucker no ano
passado e à sua detenção que, infelizmente, durou muito menos tempo do
que deveria, graças à influência do seu padrasto.
— Meu Deus! — Tomei um susto ao ouvir o toque do meu celular.
Logan me entregou o aparelho e vi que era um número desconhecido.
— Provavelmente, são jornalistas querendo que você dê alguma
entrevista. Meu pai aconselhou para que não os responda por enquanto,
disse que é melhor entrarmos primeiro com a ação conjunta com as outras
vítimas de Tucker. Todas com quem ele entrou em contato, aceitaram
denunciá-lo. Algumas já estão vindo para o Alabama hoje mesmo.
— Claro. Eu não estava pensando em dar entrevista alguma, acho
que não vou querer me expor tanto assim. Quero apenas que a justiça seja
feita e que todos conheçam quem é o Tucker de verdade.
— Isso vai acontecer, meu bem. — Logan me deu um beijo longo e
carinhoso, tocando o meu rosto ao se afastar. — O fato de ele ter sido
denunciado antes por você, com certeza deu coragem para que essas
mulheres aceitassem o denunciar agora. É por sua causa, Valente, que tudo
isso está acontecendo. Você já está começando a ajudar muitas mulheres
que são vítimas de filhos da puta como Tucker, sei que vai inspirar muitas
pessoas com a sua coragem e a sua força.
Não podia acreditar que Logan ia fazer eu começar o dia chorando
como uma doida, mas não pude conter as lágrimas ao abraçá-lo.
— Eu sempre soube que era isso que eu queria fazer, ajudar mulheres
que passam por qualquer situação de vulnerabilidade. Eu cresci vendo
minha mãe lutar sozinha para cuidar de duas filhas, Logan. Ela batalhou
muito e sempre me disse que eu não deveria ter medo de nada, que eu
deveria ser forte e corajosa para enfrentar qualquer adversidade. Foi o que
fiz quando ela se foi, quando me vi sozinha com a minha irmã doente e
quando Tucker chegou ao ápice da sua violência e me bateu pela primeira
vez. Não quero que mais mulheres passem por isso sozinhas. Quero ajudar
quantas eu puder.
— E você vai, porque você é a mulher mais forte que eu conheço. É a
minha Valente — ele sussurrou, emocionado, dando um beijo carinhoso em
meus lábios. — A garota mais foda do mundo.
Não sabia se eu era, mas, com certeza, continuaria lutando para um
dia ser.
Eu: Ouvi sem querer a sua conversa com James. Eu AMEI! Estou
preparada para te ver passando o rodo na faculdade inteira, cunhada. Conte
comigo!
Leia aqui
New Adult - Enemies to friends to lovers - Fake Dating (namoro
falso) - HOT - E o maior clichê de todos: só tem uma cama!
À Sua Espera
Dono de uma das maiores fazendas de criação de cavalos do Brasil, Ramon Baldez estava
acostumado a comandar o seu império com punhos de ferro. Reconhecido como um profissional
sério e respeitado, pensava que tinha todos os âmbitos da sua vida sob controle, até descobrir que o
seu sócio, Abraão Rodrigues, havia sofrido um grave acidente de carro.
Com o sócio em coma, Ramon se vê diante de um enorme dilema: tomar para si a
responsabilidade de lidar com Gabriela, a filha de Abraão, que se vê sem o pai, seu único parente
vivo. Sabendo que não poderia dar às costas para a jovem de dezenove anos, ele a acolhe em sua
fazenda, enquanto Abraão está em estado grave no hospital.
Ramon acreditava que cumpriria o papel de amigo da família ao estar ao lado de Gabriela
naquele momento tão difícil para a menina. O que ele não poderia imaginar era que, ao assumir a
responsabilidade de cuidar dela, iria descobrir que esteve durante toda a sua vida à espera de
conhecê-la, para encontrar o seu verdadeiro amor.
Mas como ele poderia aceitar que estava perdidamente apaixonado por uma menina? Seria ele
capaz de se entregar a esse sentimento, sendo quase dezenove anos mais velho do que ela.
E o mais importante: conseguiria lidar com o fato de Gabriela reascender um passado que, para
ele, já estava enterrado?
Ramon irá descobrir que, às vezes, a vida toma caminhos inexplicáveis para juntar dois
corações que se amam.
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A Morte de um Solteirão
Gosto de pensar que sou um homem livre, um verdadeiro solteirão e nada nunca abalou essa
minha convicção. Veja bem, aos trinta anos, bem-sucedido, com tempo livre para sair, curtir e transar,
a palavra “relacionamento” pode ser tão fria quanto um iceberg ou tão ruim quanto a própria morte.
Sem contar que, sabemos, romance, amor e paixão, são verdadeiras baboseiras. Um casamento
é muito lindo na hora do sim, mas, depois do sim? A palavra “divórcio” brilha tão forte quanto o sol
no verão do Rio de Janeiro. Sem contar as traições, que, convenhamos, não existiriam se as pessoas
não se escondessem atrás de um amor falso.
É por isso que sou totalmente contra a qualquer tipo de relacionamento sério. Sexo é muito
bom, mas fica melhor ainda quando se pode ir embora na manhã seguinte sem ressentimentos ou
cobranças. Foi para isso que nasci — sim, nasci, pois se falar que fui criado para isso, mamma me
corta a cabeça — e estava muito bem com a minha vidinha do jeito que era, até Alice Carvalho
aparecer em meu caminho e me desestabilizar completamente. Nem se eu pudesse, conseguiria
explicar o que senti quando a vi pela primeira vez e quando, inesperadamente, ela reapareceu em
minha vida.
Por isso, soube que precisava tê-la em minha cama, mas ela disse “não”. E persistiu no “não”.
Mas eu estava louco para ouvir um “sim” e, em meio ao desespero, fiz algo impensável: prometi a ela
que, se aceitasse ficar comigo, poderíamos passar um tempo tendo sexo casual, sem nos envolvermos
com outra pessoa. “Ficantes fixos”, nomeei.
Não, não era um relacionamento. Não tinha nada de romantismo. Era apenas dois adultos se
encontrando algumas vezes por semana para fazerem sexo.
Mesmo assim, nunca pensei que essa inocente proposta poderia promover uma morte...
A minha morte.
A morte de um solteirão.
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A Voz do Silêncio
A vida simples que Marina Alencar levava sendo professora, muda drasticamente em uma
tarde que deveria ter sido normal como todas as outras. Ao ser atropelada, Marina é socorrida por um
homem que havia testemunhado o acidente. Mas ele não era um homem comum.
Alto, bonito e com lindos olhos azuis, ele era encantador. Bem-humorado e com um coração
enorme, o homem que a ajudou no momento em que ela mais precisou, acabou se tornando o centro
do seu mundo.
Apaixonar-se por ele foi inevitável, assim como entregar o seu coração em suas mãos e confiar
em cada uma de suas palavras.
Marina nunca acreditou em contos de fadas, mas quando se viu vivendo um, achou que
príncipes encantados realmente existiam.
Mas quando o amor começa a ser sufocado pela dor e pelo medo, tudo muda de figura e resta
apenas o silêncio.
Um silêncio ensurdecedor.
Um silêncio que precisa ser ouvido.
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O Astro Pornô
Emma Glislow é uma mulher de vinte e dois anos. Cursa faculdade de odontologia, ama ler e é
apaixonada por seu noivo, Frederick. Tudo em sua vida sempre foi perfeito e em ordem, até que seu
noivo a trai de forma descarada.
Seu mundo magnífico é destruído em um segundo, enquanto ela passa uma semana inteira
trancada no quarto, sem falar ou ver ninguém.
Quando finalmente resolve sair da fossa, uma noite de bebedeira e balada com sua melhor
amiga parecia ser o lance perfeito para tirar da cabeça, a cena de seu noivo trepando com uma vadia.
Mas o que ela não sabia, era que em meio a essa noite super divertida, uma proposta lhe seria
feita e em meio a todas as tequilas e margaritas ingeridas por ela e sua amiga, ela aceitaria e assinaria
um contrato.
O contrato que a colocaria de cara com o maior astro pornográfico do momento.
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A Paixão do Rei
O misterioso Dominick Andrigheto Domaschesky, Príncipe de Orleandy, país que se estende
por boa parte da Europa, se vê diante do trono de Rei muito mais cedo do que gostaria.
Com o falecimento de seu pai, o Rei Patrick, Dominick com seus trinta anos de idade, assume
o reinado como principal sucessor ao trono. Se sentia preparado e firme para assumir o poder, seu pai
o havia preparado para aquilo e ser Rei já estava em seu sangue.
Se sentia confiante para tudo, menos para o que seus conselheiros lhe propuseram: achar a Rainha
ideal.
Totalmente adverso a relacionamentos, Dominick tinha colocado em sua cabeça que jamais se
casaria. Tinha gostos diferentes, não tinha paciência para cortejar uma mulher fora da cama e ao
menos pensava em colocar uma aliança no dedo, mas, segundo a filosofia de seu pai, "um Rei não é
nada perante a sociedade, sem uma Rainha ao seu lado".
Com tudo conspirando contra seu favor, Dominick chega à conclusão de que sim, iria se casar,
mas seria do seu jeito. Com a ajuda de seu melhor amigo e conselheiro, Dimir, ele entra em um
mundo diferente, desaparece por algumas semanas e volta com a Rainha perfeita ao seu lado.
Kiara Neumann era uma mulher sem opções na vida. Em um dia não tinha nada, não tinha uma
história para contar e nem um futuro para imaginar. No outro, havia se tornado noiva do Rei de
Orleandy e era amada e ovacionada por todo um povo que amava seu país.
Mas como ela era noiva se ao menos se lembrava de sua vida? Poderia confiar na palavra de
Dominick, que não fazia a mínima questão de ser cortês com ela? Como poderia se casar se ao menos
o amava? Ou melhor... Seria ela capaz de amar um homem tão frio quanto aquele Rei? Em meio a
segredos, sedução e todo um reino a ser comandando, Dominick seria capaz de se apaixonar por sua
doce esposa? Talvez sim, mas se segredos do passado começassem a rondar o casal, o mundo frágil
de contos de fadas seria abalado para sempre.
[1] Alabama Fight Song (grito de guerra).
[2] Universidade da Califórnia em Los Angeles.
[3] Universidade do Alabama.
[4] Protagonista do livro Best Mistake, de Tamires Barcellos.
[5] Biblioteca do curso de Direito da Universidade do Alabama.
[6] Preconceito, intolerância ou discriminação contra pessoas com idade avançada.
[7] A grande pontuação do esporte, garante 6 pontos ao time e uma tentativa de ganhar um ponto
extra.
[8] O Field Goal acontece quando a equipe opta por chutar a bola. Se ela passar pelo goal poast (Y
gigante que fica na end zone do time adversário) três pontos são marcados. Se o chute sair errado, o
time adversário começa a sua jogada no ponto do campo em que o field goal foi chutado.
[9] Faz parte da defesa do time. É o responsável por ocupar a parte central do campo e comandar o
restante da equipe.
[10] Estágios do luto.
[11] Dylan é personagem secundário do livro Best Mistake.
[12] NCAA – National Collegiate Athletic Association é uma associação composta de 1281
instituições, conferências, organizações e indivíduos que organizam a maioria dos programas de
esporte universitário nos Estados Unidos.
[13] Profissional responsável pela gestão dos perfis de redes sociais.