Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2023
Noah quer Melissa longe porque ela o conhece demais para que
sua vida continue segura.
Melissa quer Noah por perto porque ele desperta as emoções que
ela achou que tinha esquecido.
AVISO
SINOPSE
SUMÁRIO
PRÓLOGO
Melissa
CAPÍTULO 1
Noah
CAPÍTULO 2
Melissa
CAPÍTULO 3
Noah
CAPÍTULO 4
Melissa
CAPÍTULO 5
Noah
CAPÍTULO 6
Melissa
CAPÍTULO 7
Noah
CAPÍTULO 8
Melissa
CAPÍTULO 9
Noah
CAPÍTULO 10
Melissa
CAPÍTULO 11
Noah
CAPÍTULO 12
Melissa
CAPÍTULO 13
Noah
CAPÍTULO 14
Melissa
Capítulo 15
Noah
CAPÍTULO 16
Melissa
CAPÍTULO 17
Noah
CAPÍTULO 18
Melissa
CAPÍTULO 19
Noah
CAPÍTULO 20
Melissa
CAPÍTULO 21
Noah
CAPÍTULO 22
Melissa
CAPÍTULO 23
Noah
CAPÍTULO 24
Melissa
CAPÍTULO 25
Noah
CAPÍTULO 26
Melissa
CAPÍTULO 27
Noah
CAPÍTULO 28
Melissa
CAPÍTULO 29
Noah
CAPÍTULO 30
Melissa
CAPÍTULO 31
Noah
CAPÍTULO 32
Melissa
CAPÍTULO 33
Noah
CAPÍTULO 34
Melissa
CAPÍTULO 35
Noah
CAPÍTULO 36
Melissa
CAPÍTULO 37
Noah
CAPÍTULO 38
Melissa
CAPÍTULO 39
Noah
CAPÍTULO 40
Melissa
CAPÍTULO 41
Noah
CAPÍTULO 42
Melissa
CAPÍTULO 43
Noah
CAPÍTULO 44
Melissa
CAPÍTULO 45
Noah
CAPÍTULO 46
Melissa
CAPÍTULO 47
Noah
CAPÍTULO 48
Melissa
CAPÍTULO 49
Noah
CAPÍTULO 50
Melissa
CAPÍTULO 51
Noah
CAPÍTULO 52
Melissa
CAPÍTULO 53
Noah
CAPÍTULO 54
Melissa
CAPÍTULO 55
Noah
CAPÍTULO 56
Melissa
CAPÍTULO 57
Noah
EPÍLOGO
Elijah
OBRAS DA AUTORA
LIAM : A OBSESSÃO DO BAD BOY (BULLDOGS YALE)
UMA FILHA PARA O BILIONÁRIO ITALIANO (IRMÃOS VITTILENO)
GRÁVIDA E REJEITADA PELO VIÚVO ITALIANO (IRMÃOS VITTILENO)
SIGAM A AUTORA
Melissa
Não sei por que pensei que algo de bom ainda restava no coração
de Noah Brown... nem faço ideia do porquê, eu sequer pensei, que ele
tinha um coração.
Noah quebrou o meu coração pela última vez em sua vida, porque
ao sair da arquibancada daquele jeito, eu não estava abandonando
apenas os meus amigos, estava abandonando o sentimento que me
consumia sempre que olhava para ele.
Noah
Não era saudável para ela me ter por perto, e quando eu vi como
ela surtou ao me ver com Bianca, cheguei até mesmo a temer minha
integridade física.
— Acho que ela voltou por minha causa. Para me perseguir outra
vez. Vai começar novamente. Depois de tanto tempo, ela deve ter uma
escultura de cera em tamanho real de mim — falei ouvindo minha própria
insanidade.
— Melissa.
— Pense com calma. Se Melissa sabia todo esse tempo que você
estava em Yale, e ela queria te perseguir até aqui, ela teria vindo muito
antes. Talvez tivesse entrado no mesmo ano que você — sussurrou e eu
sacudi a cabeça.
— Não sei o que aconteceu com você antes de vir para cá, mas eu
acho que ficar trancada, sozinha, não vai te ajudar a seguir em frente.
Não acha que sair um pouco e se distrair pode ser melhor do que ficar
aqui encarando seus fantasmas? — a loira me perguntou diretamente.
— Noah foi o meu melhor amigo por muitos anos, nós éramos
inseparáveis na infância, mas quando chegamos a adolescência, Noah
queria aproveitar a vida com garotas que tinham o corpo de uma mulher,
e eu era muito moleca, meus peitos demoraram mais que a maioria para
se desenvolverem, e não havia enchimento de sutiã no mundo que
fizesse ele prestar atenção em mim. Os anos seguintes serviram para
nos afastar mais a cada dia, eu estava obcecada, me declarando para
ele sempre que tinha uma oportunidade, e Noah estava tentando me
afastar.
— Não, dois anos atrás, quando nos vimos pela última vez, Noah
me disse que eu era uma sociopata, e que deveria ficar longe dele ou ele
pediria uma ordem de restrição. Ele disse algumas outras coisas, mas é
melhor não remoer o passado. No final, ele veio para Yale, e eu fui para
Stanford.
Talvez Amber Jones fosse uma pessoa confiável, talvez nós algum
dia desenvolvêssemos uma amizade em que eu confiaria tudo a ela, mas
naquele instante, após carregar todo o fardo que tinha sido obrigada a
levar de um lado do país ao outro, eu tinha aceitado que não podia
confiar completamente em todas as pessoas.
Era estranho estar em uma festa, a última em que estive foi a dos
calouros do dormitório em Stanford, a festa em que conheci Anthony.
— Oi — sussurrei.
Aguardei meu drink e Elijah pediu algo que não prestei atenção,
Amber se aproximou de mim perguntando o que eu estava achando do
caos que era aquela festa. Liam agarrou os ombros de Elijah, e os dois
começaram a rir, falando algo sobre Noah que achei melhor não tentar
entender.
Era idiota pensar que eu conseguia lidar com ela. Mel sempre foi
uma pessoa importante para mim, e me afastar dela foi uma das coisas
mais difíceis que precisei fazer na vida.
Precisei usar todo o meu autocontrole para dar as costas para ela e
caminhar para fora daquela sala. Continue em frente, eu dizia a mim
mesmo conforme meus pés me levavam para fora do dormitório, e a
noite fria me recebia.
Invadi o quarto e ela fechou a porta com força, assim que meus
dedos agarraram o nó que prendia o roupão, o abri e constatei
exatamente o que vinha imaginando, o corpo de Victoria estava
exatamente igual, com aquele quadril largo, e os seios fartos.
Segurei seu corpo junto ao meu e continuei fazendo com que ela
quicasse no meu colo, apressei aquele movimento quando senti os
músculos dela me apertando, e a garota gemeu alto contra o meu ouvido.
— É só me ligar — avisou.
****
— Ah, você notou que saí no meio da festa? Achei que estava
distraído demais com a sua namorada para perceber — retruquei tirando
a camisa que usava.
Dizer para ele que fui me encontrar com Victoria, causaria mais
problemas do que soluções, quando tudo acabou entre nós, eu tinha dito
a Elijah que nunca mais voltaria a dormir com Victoria, nem que minha
vida dependesse disso.
— Vamos deixar ele em paz, quando quiser falar, ele vai nos
procurar — aconselhou.
Encarei Liam esperando para arrumar briga com meu outro amigo,
já havia fodido a amizade com um, por que não foder com o outro, mas
Liam apenas sacudiu a cabeça e saiu do vestiário seguindo Elijah .
Melissa
— Você não faz ideia do que está falando — avisei com a voz
calma.
— Ela deixou. Transparente. Não estou em Yale pelo que sentia por
você, Noah — falei.
— Então por que inferno está numa turma do meu curso, quando
você está cursando Direito?
— Não sei o que te aconteceu que fez você mudar de curso, mas
pense com calma, às vezes tomamos decisões com base em um estágio
ruim da vida, e passamos muito tempo, arrependidos delas — alertou.
Podia jurar que Noah esteve no quarto mais cedo, aquela pessoa
que correu pelo corredor, eu tinha quase certeza de que foi ele, mesmo
que Amber e Hayesha jurassem que não ouviram ninguém.
— Então, se você estudar tudo isso, não acho que vai ter
problemas para acompanhar as matérias — ele disse.
Um barulho de cochichos na sala me fez desviar os olhos dos de
Brian, quase caí da cadeira quando vi uma cesta enorme ser colocada na
mesa à minha frente. Encarei a pessoa que a trouxe, e Noah estava em
pé sorrindo para mim.
— Sim? — rebateu.
— Explique — pedi.
— Mel, eu agi mal ontem, não devia ter falado com você daquela
maneira. Nós fomos muito próximos quando éramos crianças, e eu
gostaria mesmo de poder ter nossa amizade outra vez, mas uma coisa
precisa ficar clara. Sua perseguição me fez mal, destruiu nossa amizade
antes, então eu não quero cometer o mesmo erro. A cesta foi um pedido
de desculpas e uma trégua, realmente não quero mais brigar com você, e
ficaria feliz se me desculpasse.
Meu vinho rosé favorito, estava ali, com vários dos meus bombons
favoritos, pão de mel, e outras comidas que eu sempre comi.
— E você saiu?
— Não, existe algo assim entre mim e Noah, talvez nunca exista,
porque eu fui a maluca que o perseguia, esse tipo de coisa não se
esquece facilmente — comentei.
— Esse é um presente atencioso demais para um simples pedido
de desculpas, não acho que ele encontrou essa cesta pronta em uma loja
— Amber insistiu. — Enfim, as pessoas vão achar outras razões para
fofocar em breve, tente não se importar muito com isso até lá. Aliás,
cuidado com as malucas que vão te perseguir para saber como você
seduziu o Noah.
— Você sobrevive.
— Não é você o cara que sempre diz que nunca devemos dizer
“dessa água não beberei”? — Elijah perguntou fazendo sinal de aspas
com as mãos.
— Então, se Melissa foi tão ruim no fim desse tempo que vocês
passaram juntos, por que você deu aquele presente? — Elijah me
perguntou.
Mentir para os dois não era fácil, mesmo que aquilo não fosse uma
mentira, não era uma verdade completa, mas eu não queria explicar as
coisas com mais clareza, não estava pronto para fazer isso.
— Bom, você vai ter que lidar com essas fofocas, vocês dois vão —
Liam avisou balançando o próprio celular na minha frente.
— Tenho que ir, o meu trabalho não vai ficar pronto sozinho —
Elijah disse se levantando da mesa e caminhando para fora do
restaurante.
Melissa
— Esse não é o tipo de coisa que você encontra por aí, ele
precisou comprar cada item separado, e montar a cesta — expliquei. —
Como devo pensar nele agora? Ele colocou aí dentro tudo que eu gosto,
e me entregou isso com um pedido de desculpas pelas grosserias.
— Alguma parte do garoto que conheci ainda está lá? — fiz aquela
pergunta que vinha me assustando desde o início.
— Não sei se sou a pessoa certa para responder isso. Acho que
Noah é o único que pode te dizer.
Observei aquele casal que era tão oposto, e sorri, Liam e Amber
eram muito fofos juntos, mesmo que eles fossem tão diferentes.
— Vai ficar aqui a noite inteira? — Amber perguntou.
— Estender a mão quando alguém precisa não vai fazer com que
você desacelere a sua vida, ou atrapalhar o seu percurso. Às vezes, esse
é o caminho que você precisa seguir — ele completou e pediu licença
para voltar ao projeto.
— Quando precisar.
Abandonando meu quarto, eu caminhei para fora do prédio, e
ignorei a necessidade de ouvir música enquanto seguia para o prédio
dormitório dela.
— Oi — cumprimentei.
— O que houve depois disso? Eu sei que tudo que te falei naquele
dia pode ter sido doloroso, mas você parece..., sem ofensas, um
fantasma da pessoa que era.
— Não, isso não tem a ver com você. Quando fui à festa de
calouros de lá, acabei dormindo com o Anthony, ele é lindo, e me fez
pensar que se importava comigo. Eu acabei me convencendo que estava
apaixonada por ele. Aquela noite se tornou uma semana bem louca. E
então, uma relação que foi problemática desde o começo. Anthony era
controlador.
— Prefiro não detalhar como foi o último ano da minha vida, mas no
final, quando algo aconteceu, e meu rosto estava roxo, percebi que
precisava fugir daquela situação. Yale parecia longe o bastante para fugir
dele e eu sabia que você estava aqui — os olhos verdes dela me
encararam. — Me desculpe te trazer problemas, eu sei que foi egoísmo,
mas eu estava certa em pensar que quando visse você, as coisas
voltariam a ter sentido.
— Você sabe que pode confiar em mim; por isso, está me contando
tudo isso... e sabe... — eu me interrompi, segurando aquele olhar por um
instante de silêncio — … que sempre serei seu amigo, eu sempre vou
estar aqui por você. Mel. Essa parte de mim, a parte que é leal aos
amigos, ela ainda está aqui.
— Você sempre vai ser importante para mim, por tudo que vivemos
juntos — confessei.
Cobri a cabeça dela com o capuz, e puxei seu corpo para o meu.
Me afastei dela com algum esforço, e fingi não ver quando Mel
limpou lágrimas do rosto.
Estiquei a mão até tocar a cicatriz, aquela que ela conseguiu para
impedir que meu rosto fosse atingido por uma pedra, que algum dos
vizinhos atirou em direção a minha cabeça. Eu me lembrava do sangue
na mão dela, enquanto eu pressionava minha camisa ali. Nós tínhamos
dez anos na época, três anos depois, eu fiz a tatuagem que marcava
minha mão direita.
Mel segurou minha mão, deslizando o dedo pela tatuagem que
marcava minha pele.
— Mas eu não sou aquele garoto, a pessoa que eu sou hoje, não é
o tipo de amizade que você deveria ter — sussurrei.
Puxei a cabeça de Mel para mim, e beijei sua testa. Torcendo para
não me arrepender daquela amizade reconstruída.
Melissa
— Aqui tem todos os temas que vimos nos últimos meses, você
pode passar essas anotações para o seu caderno e ir estudando ao seu
tempo — instruiu.
— Obrigada.
— Obrigada!
— Eu vim hoje para te levar para comer, porque imaginei que você
estava pulando refeições para estudar, mas vi que você não precisa de
mais alguém para se preocupar com você — retrucou.
— O que você quer dizer com isso? — rebati engolindo a raiva que
se acumulava no meu estômago.
Depois que levei Mel até a enfermaria, e ela disse à médica que
machucou a mão socando meu rosto, a mulher me encarou parecendo
nervosa com a situação. Assenti e garanti que estava tudo bem.
Que merda eu tinha feito com Mel, tinha sido pior que um babaca.
Ela estava certa, não havia nada entre nós, e mesmo que ela tivesse a
liberdade de dormir com o campus inteiro, eu não gostava daquela ideia.
Liam nos observou saindo, e indagou sem emitir som o que íamos
fazer, sinalizei que, estávamos indo beber, e ele nos dispensou com a
mão.
Elijah olhava pela janela do carro, para Jack, que estava montando
na moto, o namorado da minha irmã sorria ao falar no telefone, Jack e eu
nunca fomos próximos. Ele era no máximo um conhecido, Elijah e Liam,
por outro lado, o viam como amigo.
— Filosofia.
— Vou ao banheiro.
— Claro.
Virei o rosto para ver se ele ainda me seguia, e ainda era possível
vê-lo na escuridão das árvores, aquele torpor de medo e adrenalina me
deixaram alheia ao caminho e eu esbarrei em um homem que me
segurou, o grito de pânico ficou preso em minha garganta, o cheiro de
bebida forte e cigarros me envolveu, mas ergui os olhos sentindo que
desmaiaria se Anthony estivesse à minha frente. Olhar para o rosto de
Noah foi como olhar para um oásis em meio a um deserto escaldante e
assustador.
— Obrigada.
Melissa não falou mais nada, ela não me pressionou, não pareceu
decepcionada por eu interromper aquele momento entre nós. Mel
simplesmente me seguiu, como se aquela merda de consolo que pude
oferecer, tivesse tido algum significado para ela.
— Estou — sussurrei.
— Parece que isso não está sendo muito útil — Noah resmungou.
— Vou tentar saber com os seguranças se o encontraram.
— Melissa tem razão, Noah. Você está muito alterado, e esse cara
ainda pode estar por perto — Amber alertou.
Noah segurou meu braço atraindo minha atenção para si, e
ignorando o que Amber dizia.
— Não vou ficar sossegado sabendo que ele pode estar aqui. Tão
perto de você — Noah murmurou fechando os olhos com força.
Amber foi até o banheiro e voltou com uma toalha, que usou para
secar meu cabelo, me vi engolindo as batatas que não pareciam ter
gosto real na minha boca.
— Eu sei que você está com medo, mas não vamos deixar ele te
machucar — ela sussurrou.
— Sei que você está muito ferida agora, mas com o tempo você vai
melhorar.
— Eu fico feliz de ter vindo para Yale — admiti. — Vocês são todos
tão unidos, que não consigo imaginar companhia melhor nesse
momento.
— Claro — respondeu.
Aquele foi todo o clima que me permiti ter com ela naquele dia, nós
saímos da sala que teríamos a prova juntos, eu deixei Melissa na sala
em que ela faria a próxima prova, e corri para a minha. No fim do dia,
retornei para buscar a garota e levar de volta ao Eagle’s.
— Por que você está dando a ela toda essa esperança? Por que
jogar com o coração dela? Melissa é uma boa pessoa. Ela está numa
situação bem ruim desde que terminou com o último namorado, se você
não quer um relacionamento sério, se vai apenas partir o coração dela, é
melhor você se afastar, e deixar que ela conheça alguém que possa
oferecer a ela mais do que você está disposto. Tudo bem que você
queira ser um mulherengo babaca, mas ao menos, procure mulheres que
não têm sentimentos por você. Isso é cruel.
— Não falei com Amber hoje, nem ontem, estava com Jack — ela
disse.
— Como você…
Não era como se eu esperasse estar com Noah o dia inteiro, sabia
que o garoto tinha a vida dele e não podia dedicar todo o seu tempo a
mim, mas estar enfurnada dentro do quarto, sem nada para fazer depois
das provas, era tedioso.
— Mel, você deixou uns livros no quarto, minha nova colega está
precisando do espaço e perguntou se eu podia te devolver. Precisei vir
visitar meus pais e estou na cidade, pode me encontrar para pegar os
livros?
— Não, está tranquilo. Hayesha estava vindo para cá, mas eu vou
organizar o que preciso enquanto conversamos — Amber avisou.
— Até.
— Eu tenho que dar uma saída, mas devo voltar em uma hora —
avisei. — Amber está esperando você.
Meu celular vibrou com outra mensagem de Jane, não consegui ler
porque o aparelho se desligou e eu olhei da tela escura para Hayesha.
— Porque você tem passado mais tempo com ela do que eu passo
com Amber — Liam avisou observando minhas jogadas.
— Está bem, está bem. Eu não tenho três anos, sei o que estou
fazendo — avisei mantendo os olhos em Elijah porque nosso amigo
gostava de trapacear.
— Eu não sei direito, Noah, ela disse que ia encontrar essa colega
em um restaurante — avisou.
— Fique calmo, vamos chegar lá. Pelo que Amber falou. Mel saiu
há vinte minutos — Liam disse dando partida no carro.
— Acho que Anthony armou esse encontro. Mel pode estar indo
encontrar com ele — falei a teoria causando um peso no meu estômago.
Ela me indicou uma mesa que estava vazia, havia uma taça de
vinho em cima da mesa. Caminhei para lá e me sentei na cadeira em
frente aquela. Um garçom se aproximou de mim e perguntou se eu
queria beber algo.
— Pode me trazer uma água, por favor — pedi.
O crepúsculo não parecia mais tão bonito quando ouvi aquela voz.
Movi minha cabeça lentamente para olhar para a cadeira à minha frente.
Anthony estava sentado ali, diante de mim, com aquele sorriso no rosto e
segurando a taça de vinho.
— Eu senti sua falta, tentei conversar com você antes, mas você
fugiu, e aquele cara, aliás, quem é ele? Por que estava tocando em
você? — interrogou.
Eu odiava implorar, odiava ter que pedir para ele se afastar de mim,
odiava ter tanto medo, que aquilo me paralisava.
Quando Liam segurou Anthony, ele sinalizou para que eu fosse ver
como Mel estava, Elijah perguntava ao garçom o que tinha acontecido, e
Mel estava imóvel perto do meu amigo, assim que notou que eu a
estudava, Melissa se afastou dele e me abraçou.
— Não sabia que ele estava aqui — ela concluiu com a voz rouca.
— Por que não me avisou que ia vir sozinha para cá? — perguntei
sem demonstrar meu nervosismo na voz.
Mel assentiu.
— Me desculpe — pediu.
— Não, você não tem que pedir desculpas para mim. É a sua vida.
Mel, precisa ter mais cuidado — alertei.
— Vamos.
Ele me entregou a chave do carro e caminhou para a porta do
carona.
— Nada — respondeu.
— Você realmente tem que ser muito idiota para não pensar que
isso podia ser uma armadilha dele… — começou e eu encostei o carro.
— Ser idiota sempre foi o meu ponto forte, não foi o que você me
disse quando eu te falei o que sentia? — indaguei. — Melissa, você é
possessiva e irritante, como um carrapato grudento, está sempre ao meu
redor, e me sufocando, seu ponto forte é ser idiota. Achou mesmo que eu
ia largar minha namorada linda e que me ama por você? — Repeti as
palavras que me torturaram por anos.
— Mel…
— Você sabe a porra que fez comigo? Essas merdas se repetiram
em meus pensamentos todas as noites antes de eu ir dormir, e eram as
primeiras palavras em minha mente quando eu acordava. Então, sim,
talvez eu soubesse que Anthony era a porra de um escroto que não
valeria a pena, mas quando ele demonstrou um interesse ínfimo em mim,
eu pensei, é... talvez eu não sirva só para ser a melhor amiga, que joga
videogame com um cara — berrei.
— Não sou babaca igual a você. Diferente do bad boy Noah Brown,
eu não finjo ser o que não sou, e não culpo ninguém pelas merdas que
faço.
— Quero dizer que em algum momento você vai ter que parar de
culpar Katherine pelo seu comportamento destrutivo, e ver que
independente do que ela fez com você, machucar outras pessoas foi
escolha sua. Não importa se isso foi seu mecanismo de defesa. Partir
outros corações para não ter o seu partido é uma atitude estúpida, e que
não te leva a lugar algum. No fim de uma trepada com uma gostosa
burrinha, você vai continuar estando sozinho num quarto, se lembrando
do seu passado doloroso. Se precisa de ajuda para lidar com seu
passado, arranje um terapeuta, mas pare de foder com os outros.
— Eu tinha treze anos, seu imbecil. Aquilo foi uma paixão infantil. E
você está outra vez culpando outras pessoas pelos seus erros. Vamos
embora de uma vez, não adianta ficarmos nos magoando ainda mais —
sussurrei. — Não quero dizer coisas que podem machucar você. Coisas
que vou me arrepender de dizer.
Voltei a ligar o carro e dirigi, ligando o som para que o veículo fosse
preenchido com a música ensurdecedora, de uma banda de rock
qualquer. Eu só não queria me lembrar que Noah estava ali do meu lado.
Nós não dissemos mais coisa alguma até que estacionei o carro,
olhei para Noah, que me encarava, aparentando um estado de choque, e
inspirei fundo antes de dizer:
Depois de tudo que tinha acontecido, tudo que eu queria era minha
cama confortável e um banho para lavar o choro que não queria mostrar
para outras pessoas, mas percebi que não teria direito a isso, quando vi
Amber e Hayesha no dormitório, as duas me abraçaram
simultaneamente, e precisei de um esforço enorme para não chorar ali
mesmo.
— Estou — sussurrei.
Fiquei grato quando a mulher tirou a boca do meu pau. Grato por
não sentir aqueles dentes cravados nele, naquele segundo.
Um momento de silêncio constrangedor nos atingiu, quando Alisson
me encarou com o rosto completamente inexpressivo pelo choque.
— Me des…
Depois do meu dia infernal, tudo que eu precisava era de uma noite
de sono tranquila, tinha escapado de conversar sobre Noah com
Hayesha e Amber, mas sabia que precisava colocar para fora tudo que
eu estava sentindo. Embolei na cama mudando de posição, mas não
conseguia relaxar o bastante para fechar os olhos.
— E isso te preocupa?
Observei meus pés descalços e minha mão, que ainda tinha aquela
cicatriz de meia-lua, a cicatriz que Noah fez uma tatuagem para combinar
com ela. Uma tatuagem que ele não cobriu, mesmo tendo tantas outras.
— Não, ela tem meu número, ela resolveu ir embora, se quiser falar
comigo, me manda mensagem — falei.
— Também te amo.
— Me desculpe…
— Agora eu não posso, mas com certeza mais tarde vou precisar
dessa conversa.
— Você também.
— Essa noite meu amigo, nós vamos ficar mais bêbados que dois
gambás — prometi, e Elijah riu.
Brigar com ele logo após ter sido salva por seu grupo, aquilo vinha
me torturando, eu não sabia exatamente o que tinha feito com ele. O que
tinha dito que fez a atitude dele mudar completamente. Saber que ele
estava distante, e provavelmente com raiva de mim, aquilo era um tipo
especial de tortura com o qual eu já tinha me acostumado nos últimos
tempos.
— Eu acho que qualquer dia, vou entrar nesse quarto e vamos ter
um belo buraco no chão — a voz de Amber me fez parar a cadeira, e
minha visão rodopiou quando tentei vê-la.
— Sim, mas também temos traumas um com o outro que não são
fáceis de esquecer. Quando éramos adolescentes, eu era apaixonada
pelo Noah. Para ser honesta, eu era obcecada por ele, eu ia a todos os
lugares que ele ia, fazia amizade com as garotas de quem ele gostava,
para afastá-las dele, não vou dizer que meu comportamento era certo,
hoje eu sei que não, mas naquela época, eu era só a melhor amiga que
demorou a se desenvolver, e que ele via quase como uma irmã mais
nova.
— Dá para ver que você se importa muito com o Noah. É difícil ver
uma empolgação real no seu rosto, mas sempre que falamos dele, você
parece se acender — Amber falou.
— Não sei o que fazer — admiti.
— Acho que sei o que você quer dizer — admiti com pesar.
— Obrigada — murmurei.
— Não sou bom para ela. Nunca fui. Mel merece o melhor da vida,
e eu sou aquela fruta podre que consegue colocar a cesta inteira a
perder — expliquei.
— Vou adorar visitar o Sr. Turner. Ele me ajudou muito nos treinos
quando eu estava aprendendo a jogar futebol — comentei.
— Seu pai nunca aprendeu. Aliás, como estão os seus pais? — Mel
questionou.
— Como sempre, um esperando o outro morrer para não perder
metade em um divórcio — falei e Mel riu.
— Não, até perguntei se ela ia sair com ele, mas ela disse que
precisava estudar — Mel contou.
Esbocei um sorriso.
— Se você não está feliz, sabe que sempre pode mudar de ideia,
ninguém é capaz de salvar o mundo. Mesmo que a gente se esforce e
renuncie a tudo para ajudar cada pessoa que passa por nossa vida, no
fim, ainda terá sido insignificante perto de toda a merda que acontece no
mundo.
— Acho que ver uma das pessoas que mais amo no mundo à beira
da morte, foi um impacto e tanto. Talvez a Melissa de antes nem exista
mais.
Afastei minha mão da de Mel antes que minha mente cedesse aos
desejos do meu corpo, aquele toque carinhoso despertou algo dentro de
mim, e eu não queria que aquilo tomasse o controle.
— Vamos? — chamei.
— Noah, eu sei que você foi ferido e o quanto quis esquecer que
tudo aconteceu, sei o quanto isso ainda deve doer, mas isso não vai te
curar, só vai fazer essa ferida sangrar mais — Mel falou. — Se você me
der uma chance. Não, se nos der uma chance, nós dois podemos nos
curar juntos.
— Não. E em breve você vai perceber que me amar foi o maior erro
da sua vida.
****
— Sim, eu o amo. Nunca tinha dito isso para um cara antes, mas
Jack é especial — ela falou com um sorriso no rosto.
— Sim, tudo estava indo bem, mas Noah se fechou. Hayesha, por
favor, me conte o que aconteceu quando Noah e Katherine se
separaram.
— Obrigada — falei.
— Eu tenho que ir agora — Hayesha sussurrou.
— Tudo.
Ergui o rosto para ver as três garotas que gritavam quase como se
fossem se juntar as líderes de torcida. Olhando para o grupo de azul que
saltava, meu estômago se revirou. Desde que tudo aconteceu com
Katherine, eu nunca tinha me permitido envolver com uma líder de
torcida.
Ainda restava algum tempo de jogo, mas aquela garota seria o meu
alvo, não me permiti olhar para Mel outra vez, se olhasse, talvez minha
coragem se esvaísse.
Meu corpo foi atingido pela lateral, enquanto caía, procurei Jack
com os olhos, mas vi o idiota imóvel no chão. Uma pilha de corpos se
formou em cima de mim, e o running avançou marcando alguns pontos.
Eu praguejei mentalmente, ouvindo o fim do jogo ser narrado, os
jogadores não se mexeram, e eu me vi sem fôlego embaixo de todo
aquele peso.
Não sei por que pensei que algo de bom ainda restava no coração
de Noah... não sei por que, eu tolamente pensei que ele tinha um
coração.
Noah quebrou o meu coração pela última vez em sua vida, porque
ao sair da arquibancada daquele jeito, eu não estava abandonando
apenas os meus amigos, estava abandonando o sentimento que me
consumia sempre que olhava para ele. Não me importava se jamais
sentiria aquele desejo que fazia meu interior pulsar.
Prendi o cabelo com o elástico que estava no, porta luvas e encarei
meu reflexo no espelho, a maquiagem borrada, e os olhos apagados.
Pensar que ainda existia uma parte dele que amei na infância, dentro do
homem que ele se tornou, foi uma das maiores idiotices da minha
existência. O Noah Brown que vi naquele campo, era um narcisista que
estava disposto a tudo para afastar uma garota pegajosa dele.
Eu tinha dito a Noah, que ele não podia me machucar, mas eu não
tinha ideia do quanto aquilo me machucaria.
— Parece que sua noite não foi das melhores — Amber me disse
ainda deitada.
Bebendo o meu café, dirigi até uma loja qualquer para comprar um
celular novo, e quando o fiz, agradeci a atendente e comecei a organizar
o aparelho, restaurando meu número, e aguardando os backups serem
concluídos.
Eu tinha feito o que achava que seria melhor para mim, magoado a
garota, esperando que ela se afastasse, mas por que infernos estava me
sentindo tão completamente destruído quanto naquele instante?
Todos os alunos estavam seguindo para suas aulas, mas ali estava
eu, incapaz de obedecer àquele padrão social apenas porque meu corpo
começou a aceitar as ordens do meu coração, e ignorar totalmente meu
instinto de autoproteção.
Eu tinha beijado outra garota na frente dela, tinha feito aquilo para
afastá-la, o que funcionou fodidamente bem, mas ali estava eu,
despedaçado por machucar aquela garota tão extraordinária, que tinha
tanto significado em meu coração.
Paguei pela minha água e voltei a andar pela rua, com a música me
impedindo de ouvir o que aquelas pessoas falavam. Movi os olhos pelo
ambiente, inspirando fundo, meus olhos se grudaram em uma pessoa
conhecida.
Apertei os olhos para ter certeza do que via, minha visão sempre foi
excelente, mas naquele instante, eu duvidava do que via, simplesmente
não fazia sentido que Jack estivesse passeando por aquela parte do
campus. Até onde eu sabia, Jack cursava engenharia, não imaginava o
namorado da minha irmã, tendo algum assunto que o levasse aquela
parte do campus.
— Não seja grosseiro! Você é igual ao infeliz do seu pai, não pode
ao menos me responder com educação? — rebateu irritada.
Ter aquela distância entre nós e nossos pais, foi algo que melhorou
muito nossas mentes, a falta de pressão com nosso futuro. Eu imaginava
o quanto aquilo tinha sido infinitamente melhor para minha irmã.
Eu tinha ignorado o celular por boa parte do meu dia, mas durante
o almoço, acabei verificando minhas mensagens, uma das caixas de
mensagens com mais notificações era a de Peter, nosso professor.
No fim do chat havia uma mensagem, que era o que ele parecia
querer dizer desde o começo:
Era mesmo uma boa ideia sair com um cara que eu mal conhecia,
apenas porque Noah feriu meu coração, e eu queria desesperadamente
seguir em frente? — Me questionei, mas quando observei a rua pelo
vidro da lanchonete, vi Noah passando correndo, com fones no ouvido,
torci os lábios furiosa e enviei a mensagem.
****
— Vou poder brincar com você quando for aí? — ela perguntou.
Ela estava ciente de que eu tinha desistido de Noah, mas nós ainda
não tínhamos falado sobre o jogo, eu estava evitando o assunto o
máximo que podia.
Amber sorriu.
Minha manhã foi uma merda, e não tínhamos treino à tarde, então
tudo que eu podia fazer, era encher a cara em algum lugar com Liam e
Elijah, bom, pelo menos com Elijah, já que os remédios de Liam não
deixavam ele beber com frequência.
— Ela quer dizer que uma certa garota que conhecemos saiu hoje
para jantar com um homem mais velho.
— Eu espero que esse cara seja legal. Mel merece alguém que a
valorize — Amber falou, e eu senti aquela alfinetada como se a garota
tivesse enfiado uma agulha no meu olho.
— Por que não deixa a garota seguir com a vida dela, se você está
tão disposto a ser um bosta? — Elijah questionou aos berros.
— Mel, eu sinto muito pelo que fiz no jogo, aquilo foi estúpido, mas
se você me deixar explicar… — Noah falou.
— Sente? Você sequer sabe o que é sentir muito? — rebati
interrompendo o que ele queria dizer.
— Não faça isso. Mel. — A voz de Noah partiu algo dentro de mim.
— Desculpe — pedi.
Exalei um riso.
Assim que o carro parou, eu me movi para tirar o cinto que estava
usando, e Peter segurou meu rosto, puxando-me para um beijo, a boca
dele abriu a minha, e aquela língua invadiu minha boca, meu corpo
pareceu rejeitar aquele beijo. Eu me afastei do beijo e sussurrei:
— Boa noite!
— Claro — retrucou.
— Parece que seu encontro não foi muito bom — Elijah murmurou
colocando um band-aid no meu pé, e pegando o outro. — Eu ouvi uns
rumores que quando você saiu com Noah, estava parecendo uma
Arlequina sexy, e hoje você está parecendo…
— Uma adolescente puritana? — completei, e ele riu.
— Acho que já tive mais química com uma pedra — admiti. — Sei
lá, talvez eu não esteja pronta para sair com alguém.
— Pelo que eu conheço de Liam, ele não deve voltar hoje, então...
— ele indicou a própria cama — fique à vontade para dormir nessa cama.
Não pude fazer nada além de observar Mel se afastar com o nosso
professor, eu merecia aquilo, disse a mim mesmo. Ver a boca de Mel na
dele foi doloroso, tão doloroso que meu peito parecia prestes a explodir.
Aquilo era coisa do Liam, mas se Liam estava ali com Amber, Mel
não estava no quarto, desci as escadas travando a mandíbula enquanto
o fazia e meus pés me guiaram de volta ao carro.
— Nenhum.
****
— Mel não voltou para o quarto, mas ela estava no Eagle’s ontem à
noite — ela contou e enfiou o resto do biscoito parcialmente mordido na
boca.
— Oi — Liam falou.
Murmurei aliviada, e ele ficou quieto por um tempo, o que era muito
estranho.
— Devido à viagem, eu não vou conseguir voltar a tempo para o
feriado — explicou.
— Também te amo.
Exalei um riso.
— Então por que você não vai passar o feriado com seu namorado,
e eu vou passar o feriado com Elijah? — perguntei devolvendo no
mesmo tom.
— Espero mesmo que dessa vez eles nos deem uma folga —
comentei.
— Papai me ligou há umas duas semanas, jurou que não
aguentava mais — Hayesha disse.
— Parece que esse ano nós não teremos uma celebração com
direito a brigas e peru sendo jogado na minha cabeça — ele contou.
— Acho que você já falou com ele, se está aqui vindo falar comigo
— ela afirmou estagnando e me olhando.
— Não espero que você e sua irmã entendam isso tudo. Nunca vou
pedir que entendam, só lamento muito.
Encarei Amber que estava surpresa por receber uma ligação. Ela
esperou alguns toques antes de atender.
— Ame não sorria tanto antes, quando começou a namorar ele, ela
sorri. Liam cuida da gente — ela explicou, e eu a observei confusa.
— Você acha que eu devo desculpar alguém que fez algo ruim
comigo? — perguntei.
— Ele é sim.
Ela fez que não, ainda me segurando contra si, meus olhos se
fecharam com força porque eu simplesmente não conseguia aceitar que
aquele era o fim, que o sentimento que cresceu dentro do meu corpo
estava fadado ao fracasso devido ao meu erro estúpido.
Minha língua invadiu a boca de Mel e ela gemeu, meu corpo estava
em chamas, o ar no elevador se tornou quente, eu tinha a leve noção de
que ele subia e descia abrindo em diversos andares, mas não me afastei
dela.
— Medo de não ser bom o bastante para você. Medo de não ser o
cara que você merecia que eu fosse. Tive medo de partir seu coração de
um jeito irreparável, por isso, eu me afastei e me contentei em ficar com
outras pessoas. Katherine sempre te odiou, porque ela dizia que eu
parecia feliz quando falava de você, feliz como nunca conseguia ser com
ela.
Ela observou minha mão, que deslizou pelo braço dela até segurar
sua mão, observou nossos dedos entrelaçados, e ergueu o rosto para me
observar novamente. Mel limpou as lágrimas do rosto com a manga do
braço livre.
— Não posso deixar isso seguir dessa maneira, com você indo
para outros braços, não consigo aceitar a ideia de que outra boca esteja
provando a sua. Se eu tivesse agido direito, só a minha teria tido esse
prazer.
— Não tem problema, vamos achar algo para você fazer que não
queime nada — ela falou, e eu ri.
Agradeci.
— Amber me disse que seu pai viajou a trabalho — a mulher
comentou.
— Minha mãe sempre foi um espírito livre, como ela costuma dizer,
ela gosta muito de viajar, então... raramente, passávamos feriados em
família. Pelo que vi nas redes sociais, ela estava na África.
Nora Jones era uma mulher que parecia ter visto o pior do mundo,
e mesmo assim, ela parecia estar tentando, tentando se encontrar, e
encontrar a filha no processo.
Mesmo com um luto recente e com toda a dor que ela parecia
carregar, a mulher tinha aberto as portas daquela casa para três, ou
talvez quatro, se contasse Liam, jovens perdidos, passarem um feriado
que seria solitário.
****
— Sei que nós nunca tivemos esse hábito, mas eu gostaria de dizer
que sou grata por ter vocês aqui. Amber nunca teve um grupo de
pessoas tão próximas antes, e agora eu percebo que ela nunca foi tão
feliz. Anne nunca foi tão agitada, mas eu sou grata por isso também —
Nora falou.
— Sou grata por estar viva, pela vida do meu pai, e por encontrar
todos vocês — sussurrei.
— Sra. Jones, o que Mel fez dessa comida? Tenho medo de morrer
envenenado — Noah falou, e eu dei uma cotovelada nas costelas dele.
— Você é um imbecil — acusei.
— Mas você não vai comer o que fiz — avisei enfiando o garfo no
prato dele para pegar as batatas cozidas, Noah afastou o prato de mim e
colocou algumas batatas na boca.
— Desculpe — sussurrei.
— Não se preocupe com isso. Boa noite! — ela saiu andando para
o quarto, e eu me deitei no sofá.
Liam ocupou o colchão inflável, dizendo que eu ia parar no inferno
por aquilo.
Voltei meus olhos para o rosto dele. Desde que Liam começou a
namorar Amber, desde que ele aceitou que vivia em dois extremos, e que
aquela característica o tornava uma pessoa complicada de manter uma
relação tão próxima, ele havia melhorado, meu amigo tinha se tornado
uma pessoa menos temperamental e mais propensa a alegrias saudáveis
— Eu estou — sussurrei.
— Mas depois do que fiz no jogo. Mel não aceita minhas desculpas,
ela acha que estou jogando com o coração dela.
Havia uma coisa sobre Liam Stevens que lhe dava tanta
credibilidade, isso nada tinha a ver com dinheiro, ou status social.
Sempre que ele demonstrava certeza em algo, acertava suas apostas.
Liam não cortou o silêncio, nem mesmo para xingar como fez
anteriormente.
— Elijah pegou a aliança antes que eu jogasse fora, e foi até a loja,
não sei como, mas ele conseguiu convencer a mulher a reembolsar —
expliquei. — Meu pai teria me matado se desperdiçasse tanto dinheiro.
— Eu sei — garanti.
— Mas eu acredito que você não vai cometer o mesmo erro com
Melissa, e acho que você deveria abrir esse coração de pedra para ela —
aconselhou. — Se quer conquistar essa garota, vai ter que ser sincero de
verdade.
Ponderei sobre o que Liam dizia, aquilo fazia sentido, poucas vezes
na vida eu permiti que pessoas entrassem no meu coração, e isso era
uma característica anterior a Katherine. Eu vivi com medo de ser
magoado.
Por mais difícil que fosse admitir, eu tinha errado com Melissa,
diversas e diversas vezes, tinha agido como um canalha que não
merecia os sentimentos dela.
Olhei para a porta do quarto em que Mel estava, e sorri, aquele era
meu ponto de partida, mesmo que o jogo tenha começado há muito, eu
ainda podia fazer a diferença.
Melissa Turner seria minha, porque ela sempre foi a dona do meu
coração, sempre foi a amiga do garoto solitário que não deixava as
pessoas entrarem, mas ela seria a minha redenção.
— Pelo jeito como você está falando, não foi o primeiro beijo de
vocês — Amber acusou.
— Acha mesmo que ele está tentando jogar com o seu coração? —
ela questionou.
— Isso é ótimo — Hayesha disse. — Era difícil para você — ela diz
para Amber — tinha que ver Mel, Liam saía do zero a um milhão em
segundos, podia estar numa boa numa festa, se ele mudasse de humor,
alguma briga acontecia. E Noah, e Elijah, acabavam tendo que tirar ele
do lugar. Amber fez muitas mudanças.
— Eu não sei. Talvez você possa vir a este mundo numa próxima
encarnação, com menos inclinação a ser um babaca — falei deixando a
xícara em cima do balcão.
Ele me segurou pela cintura, puxando meu corpo para junto de si,
minhas pernas estavam bambas, e Noah conseguiu se colocar entre
elas, sustentando o meu olhar.
O que eu sentia por Mel já não podia ser escondido, então eu não
esperava privacidade quando falei com ela mais cedo, naquela sala.
Nunca fui muito fã de crianças, mas entendia por que Liam tinha se
apegado tanto àquela menina.
— Mel… — comecei.
Flagrei Mel me olhando e sorri, ela parecia mais atenta aos meus
movimentos, que em qualquer outro momento dos nossos encontros
recentes.
****
Por um instante pensei em mentir para ele e dizer que sim, mas
repensei aquela ideia.
— Eu sinto muito — ele falou com a voz menos divertida que antes.
A saída de Mel para dar um fora, só podia ser com Peter, e eu tinha
a leve impressão de que aquilo não seria uma coisa difícil.
— Noah, eu não…
— Quando meu pai ficou doente, ele estava na fila de espera por
um transplante, o relógio estava contra ele, então eu fiz os exames para
ver se éramos compatíveis. Ele não soube quem seria o doador até
depois da cirurgia — contou.
— Assim que ele acordou, nós tivemos a primeira grande briga das
nossas vidas, estávamos os dois em um quarto de hospital, discutindo
que eu poderia precisar daquele rim, e eu disse que já tinha precisado
para salvar a vida dele — explicou sorrindo.
— Doou um rim ao seu pai sem ele concordar com a ideia? —
indaguei curioso.
Encarei meu polegar que tremia, e prometi que faria Noah se sentir
culpado por aquilo. Quando tinha todas as fotos que precisava, comecei
a guardar os livros de volta nas prateleiras que tinha tirado. Peguei o
último dos livros para colocar na prateleira, e assim que guardei aquele
objeto, ouvi uma voz familiar.
— Não sei o que você ouviu, mas podia não espalhar? — indagou.
— Você o conhece?
— Claro — sussurrei.
— Sim.
Assenti.
— Até.
Me apressei para o interior do prédio, me perguntando se Amber já
teria retornado. Abri a porta do quarto apenas para a escuridão silenciosa
me receber, tirei os sapatos e acendi a luz. Segui para o banheiro e
recebi uma mensagem de Noah quando entrei.
Entrei no box para tomar banho e cantarolei uma das músicas que
mais gostava de cantar na infância. Quando terminei de tomar banho, e
me vesti em roupas quentes, imaginando que Noah provavelmente me
chamaria para jantar fora daquele quarto, saí do banheiro e me deparei
com Noah sentado na minha cama.
Eu tinha dito a mim mesma que teria cautela e agiria com calma
nesse relacionamento, o problema é que a montanha de músculos a
minha frente era uma tentação ao meu autocontrole, que se esvaía entre
os meus dedos sempre que eu olhava para ele.
— Depois do que você fez com ela, me espanta que ela tenha dado
essa chance — Elijah comentou se intrometendo na conversa.
— Eu sou seu amigo, mas não é por ser seu amigo que vou mentir,
e dizer que você não é um filho da puta sem coração — ele retrucou.
****
****
Não quis olhar para Mel, apenas ergui a mão em um meio coração
que costumávamos usar na infância quando nos despedíamos. Aquele
sinal fez com que muitos gritos soassem na arena, mas havia apenas
uma pessoa que era dona daquele Field Goal, uma que tinha tomado
posse do meu coração.
— Jack não faz o tipo inclinado ao clichê romântico, ele sempre diz
que não importa onde a gente esteja, desde que estejamos juntos, já é
um lugar especial — ela respondeu.
— Pode acreditar. Vou te fazer enxergar que você merece ter tudo
de bom nesse mundo. Porque sua existência, é digna de coisas
maravilhosas. E vou-me esforçar para te proporcionar isso.
— É real — garantiu.
Ele segurou meu vestido com ambas as mãos e puxou a peça para
cima, me livrando da roupa, Ele observou meu corpo livre daquelas
peças de roupa, as mãos dele deslizaram pela minha pele causando
arrepios.
Claro que eu já tinha feito sexo antes, mas Anthony era tão
desproporcional, que chegava a ser decepcionante. Noah puxou o meu
rosto para perto do dele.
Ele lambeu minha barriga até segurar minha calcinha de renda com
as mãos, o objeto se rasgou com o puxão que ele deu, Noah me lançou
um olhar de desculpas, mas minha mente, conseguia focar apenas nele e
no quanto meu corpo latejava de desejo. Abriu minhas pernas com uma
das mãos, e seus lábios percorreram a extensão da minha coxa de forma
dolorosa.
— Noah!
— Sim — sussurrei.
Uma das mãos dele segurou minha perna junto ao seu corpo,
estocando com força, me fazendo gemer mais alto.
— Quero — falou.
— Então vamos.
— Não vamos perder tempo, estamos aqui para beber — Mel disse
livrando-se das piadas de Elijah.
— Não, o carro dele está ali — Mel apontou para o carro de Elijah
estacionado, e nós começamos a andar pelo campus procurando por ele.
— Faz muito tempo que não vejo ele agir desse jeito — admiti.
Talvez Liam falasse com Amber sobre aquilo, e ela contasse a Mel,
ponderei enquanto suspirava e tentava outra vez ligar para Elijah, apenas
para ouvir a voz dele dizer:
— Não, sempre que vou ao quarto de Liam, Elijah não está, ou está
de saída.
****
Revirei os olhos.
Maria era uma mulher baixinha que tinha mais de cinquenta anos,
ela estava sempre cantando pela casa, músicas num espanhol que me
encantava quando era criança.
— Não posso.
Corri para fora da cozinha antes que ela me acertasse com o pano.
— Não sei se teremos tempo hoje, mas eu estou ansiosa para ter
um tempo a sós com você — admiti.
Meu pai estava conversando com a mãe de Amber, que não havia
subido conosco.
****
Sacudi a cabeça para tirar aquela ideia dali e caminhei até o quarto
de hóspedes que tinha dois beliches. Subi na cama de cima de um deles,
e Elijah acabou tomando a cama superior do outro. Liam se deitou na
cama embaixo da de Elijah.
Elijah riu.
****
Desde que tínhamos pisado no campus outra vez. Liam nos fez
trabalhar na festa de ano novo, Mel e Amber estavam ocupadas com a
decoração, e minha irmã apenas Deus sabia em que buraco tinha se
enfiado.
— Ele só age assim com vocês, porque vocês fazem tudo que ele
manda — ela avisou.
— Ele disse algo sobre quebrar uma loja de fogos de artifício — ela
comentou entregando outro objeto para Elijah.
Liam, Elijah, e eu, rimos, mas Mel observava os copos séria, aquela
garota sempre foi competitiva. Um instante depois que servi as bebidas,
e gritei que começássemos, nós começamos a entornar os copos, e Mel
terminou primeiro do que eu e Liam.
Servi mais doses para Elijah e Mel, e a ruiva sorriu para Elijah
como se esperasse que o sorriso distraísse meu amigo.
Ela não mentiu quando disse que estava se preparando para fazer
uma surpresa para Jack, Hayesha estava maquiada, a pele dela parecia
brilhar, como se tivesse acabado de sair de um spa. Ela usava um
vestido solto, rosa.
Quando Hayesha se virou para nós, ela encarou Elijah que estava
observando a tudo aquilo imóvel.
— Eu sei — admiti.
— Não, Amber me disse que ele não falou nada, mas ficou bem
óbvio quando te vi lá dentro — expliquei.
— Nesse momento, tudo que ela consegue ver é a raiva que está
sentindo, mas não se preocupe, quando ela se acalmar um pouco, você
pode tentar falar com ela, — sugeri — mas posso te dar um conselho?
Talvez Jack estivesse muito bêbado para agarrar uma mulher ali,
no meio da festa, aos olhos de qualquer um de nós, mas independente
do estado mental dele, a merda que fez, não podia ser desfeita.
— Eu sei — comentou.
Mais fogos de artifício soaram ao longe, e os gritos das pessoas
que comemoravam o ano novo fora do prédio. Mel e eu olhamos pela
janela, observando os fogos, que explodiam ao nosso redor. Segurei a
mão de Melissa, e ela me olhou.
A boca de Mel estava fria contra a minha, envolvi o corpo dela com
meu braço, puxando-a mais para perto de mim. Enquanto eu tentava
aquecer o corpo dela. Mel segurou meu rosto com a mão fria, e os olhos
verdes me encararam.
— Não foi isso que você bebeu quando tentou fazer aquele strip na
mesa? — perguntei abrindo a garrafa.
— Claro.
Assim que Noah bateu na porta, abri, mas sem deixar ele ver o que
estava acontecendo no quarto.
— O que diabos tá acontecendo aí? — ele perguntou assustado
tentando passar por mim.
— Não seja estraga prazeres. Mel disse que elas não vão nos
aceitar naquele quarto hoje — falei ajudando Elijah a carregar nosso
amigo para o estacionamento.
Aquele lugar era familiar, nós tínhamos ido até ali tantas vezes
antes, que o homem atrás do balcão sorriu quando nos viu.
Liam riu ao aceitar a bebida que ele estendia, nós viramos os copos
engolindo a tequila.
— Mas com vocês de volta aqui, elas vão voltar — afirmou o dono
do bar.
— Elijah, você terá muitas opções de relações casuais como você
gosta, apenas uma noite — eu comentei segurando o ombro do meu
amigo.
Elijah inclinou a cabeça para ver a garota de pé, perto de mim, ela
tinha olhos puxados, e o cabelo preto, ondulado.
— Não — murmurei.
— É impossível — contrapus.
— Não, não é.
— Não... Elijah?
— Porra, Noah, seu amigo está apaixonado pela sua irmã e ela,
que o rejeitou tantas vezes, namorou um cara que era uma versão ruim
do que nós três somos — Liam falou irritado.
— Oi, querida, vou falar rápido. Pode vir para casa no fim de
semana?
— Estou ansiosa.
— Meu pai me pediu para ir para casa esse fim de semana, disse
que quer me contar algo, mas só pode ser pessoalmente — contei.
— Minha mãe tem uma criança com ela — a loira falou depois de
um tempo.
— Meu pai adora crianças, sou filha única porque minha mãe não
quis ter mais filhos — contei.
— Não tenho uma boa relação com a minha mãe, — admiti — mas
meu pai sempre foi tudo para mim. Ele é uma boa pessoa, Amber. Eu
gosto muito de beber, e gosto de ter uma vida despreocupada, mas
agora preciso me cuidar sempre, porque tenho só um dos rins, e mesmo
assim, eu não me arrependo da decisão que me levou a fazer isso por
ele.
****
Noah tinha me dito que ia sair com Elijah e Liam no fim de semana,
como nos velhos tempos, quando me despedi dele, disse que se ele
tivesse coragem de agir como nos velhos tempos, eu teria que lidar com
ele de forma dolorosa.
— Vocês não foram tão discretos no Natal, mas como não falaram
nada conosco, achei que tinha sido só um flerte.
— E como descobriu?
— Você é sim.
Noah me mandou uma foto de onde ele estava com Liam e Elijah,
havia uma mulher sentada entre Elijah e Noah, mesmo vendo o braço de
Elijah em cima dela, meu corpo ferveu de irritação.
— Você nem consegue responder, mesmo vendo que ela está com
Elijah.
****
— Não se preocupe com isso, eu fico feliz que você seduziu. — Dei
uma piscadela para a mulher.
O jantar foi tranquilo, meu pai perguntou bastante sobre Amber com
Psicologia, enquanto a mãe dela me perguntava sobre Direito, Anne que
estava mais preocupada em comer a sobremesa que qualquer outra
coisa, só levantou a cabeça quando meu pai disse:
— Acho que deixar Anne ter uma convivência com você antes de
morarem juntos, é uma boa ideia. Sr. Turner — ela comentou.
— Anne tem passado bastante tempo com ele desde o Natal, nós
até vimos uma escola para ela na região — a mãe de Amber comentou.
O olhar dele era tão nervoso, que eu respirei fundo para controlar
meus pensamentos.
— Vou ser o melhor padrasto que puder, Amber, não só para ela,
como para você também, sei tudo que passaram, e você também foi bem
prejudicada com tudo isso — ele respondeu.
Ela tinha desistido da cadeira com Peter, com isso eu não a via
nem na aula.
— Acho que nem quando tomei o maior porre da vida, me senti tão
acabado — Elijah disse.
— Vai valer a pena — Liam garantiu.
— Oi, amor, claro que vou conseguir encontrar você hoje, você vai
dançar para mim? — o cretino falou.
Uma semifinal era algo grande, que não dava para nós
negligenciarmos de maneira alguma.
Segui até o vestiário para me trocar, havia uma tensão no time que
normalmente não acontecia, mas aquela era nossa oportunidade de
conquistar o que não conseguimos na última temporada, tínhamos
perdido para os falcões pouco antes da semifinal.
— Sei que no ano passado nós perdemos feio para esses babacas,
mas dessa vez vai ser diferente, treinamos duro, e eu sei o trabalho que
tive para colocar suas bundas em forma. Então vão lá e tragam essa
vitória para os Bulldogs! — o homem falou fazendo o time gritar.
Nós corremos para o campo com capacetes embaixo do braço, e
gritos animadores para a torcida. Eu percorri as arquibancadas com os
olhos, aquilo tinha se tornado um hábito. Mel estava lá, ao lado de Amber
e de Hayesha, minha irmã não parecia empolgada com o jogo, ela
apenas estava com os antebraços apoiados na barra de ferro que as
separava de nós, e observava o campo com os óculos escuros.
Olhei para o time, e percebi que Jack a encarava, passei pelo idiota
acertando o ombro dele com o meu. Nossos olhos se encontraram por
um instante, e eu me vi imóvel naquela ameaça. Jack desviou os olhos
primeiro, acenando para as arquibancadas.
— Futebol não tem a ver com sorte — avisei. — Tem a ver com
preparação e trabalho em equipe. Vamos vencer isso, porque nos
esforçamos para chegar até aqui.
A bola passou para o nosso lado. Liam avançaria, com Elijah e eu,
tentando livrar o caminho dele, meus olhos foram para Jack, de alguma
forma eu me perguntei se podíamos confiar completamente nele.
Podemos não confiar em Jack, ele pode ser o único obstáculo para
o grupo, mas havia uma coisa em que eu confiava de forma cega, e era
nos meus amigos. Liam e Elijah, e no que formamos em um campo.
— E se eu perder um jogo?
— Você pode não acreditar em mim, mas tudo que eu fiz, foi por
você. Não queria que você se ferisse — avisei.
— Mas eu me feri e isso não tem nada a ver com você — rebateu
afiada.
Você não faz ideia do quanto sua dor tem a ver comigo. —
Respondi mentalmente, mas apenas assenti e caminhei para fora do
lugar, colocando os fones de volta nos ouvidos.
****
Hayesha
Desisti de me exercitar e saí daquele espaço, abri o chat de
conversa com Jack, eu nunca tinha coragem o bastante para limpar
aquela conversa, então com os fones no ouvido, coloquei aquele áudio
para tocar.
— Oi, amor, eu não estou podendo passar o Natal com você, mas
saiba que isso está sendo uma merda. Sinto sua falta — ele finalizava o
áudio.
Antes era como uma piada, partir o coração de um dos três garotos
que mais partiam corações ao meu redor, mas depois se tornou uma
coisa divertida, Elijah e eu flertamos um com o outro em um tipo de
sedução que jamais levaria a algum lugar, mas aquilo acabou.
Toda a amizade que tive por Elijah, acabou quando ele se colocou
entre Jack e eu, quando ele o escolheu ao invés de me escolher. O
amigo babaca, ou a garota que ele dizia estar apaixonado, Elijah fez a
escolha dele de proteger o cretino, então eu tinha direito de escolher não
deixar ele se aproximar de mim outra vez.
LIAM: A OBSESSÃO DO BAD BOY (BULLDOGS
YALE)
SINOPSE
Você é exatamente aquilo que eu queria ser quando era criança, mas
meus demônios não permitiram.
Amber Jones lutou a vida toda para arcar com seus estudos e tentar
melhorar a vida de sua irmã com uma formação em psicologia. Tímida,
ela odeia ser o foco das atenções, mas isso acontece quando se torna a
obsessão do bad boy mais popular da faculdade.
Liam está obcecado pela garota que é tudo aquilo que ele desejava ser.
Amber o odeia por ser tudo aquilo que ela sempre desprezou.
SINOPSE
Ele acredita que foi enganado por ela.
SINOPSE
"Vou proteger seu coração como você aceita o meu cheio de
cicatrizes."