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Copyright © 2023 M. R. Barbosa.
Sinopse
Playlist
Glossário
Nota da Autora
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo 1
Epílogo 2
Agradecimentos
Sobre a autora
Outras obras
Contato
Dedico este livro para quem, assim como eu, deseja
encontrar um grande amor; alguém com quem dividir as dores e as
delícias de uma existência inteira.
Para ouvir a playlist de “O viúvo que (não) queria ser pai” no Spotify, abra o
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Glossário
Prólogo
Michael Foster
mim. ♫
Suor brotava da minha testa e escorria pela lateral do rosto,
as bochechas queimavam, e nem o ar condicionado da sala foi
capaz de reduzir a temperatura corporal.
Uma inexplicável onda de calor me invadiu à medida que
mais lembranças emergiam na superfície.
Parecia cena de filme o momento em que atravessei o
corredor, em direção ao centro de triagem, conduzindo velozmente a
cadeira de rodas, sob os olhares curiosos de alguns funcionários.
Não demorou muito para constatar que Susan seria
submetida a uma cesariana de emergência.
Nossa bebê nasceu rapidamente, mas a condição de saúde
dela exigia cuidados imediatos, na UTI Neonatal. Aparentemente,
ela estava fora de perigo, mas ainda faltava reverter o quadro de
choque hemorrágico de Susan.
Capítulo 1
Michael Foster
Seattle, Washington.
Dias depois...
Michael Gallagher
Foster.
1212 39th Ave E.
Seattle, WA.
555 – 708 - 2356
Capítulo 4
Michael Foster
Boston, Massachusetts.
Dias antes...
Sorte a minha.
— Por qual motivo quis voltar para esta casa, senão para
tentar roubar o meu marido?
Seattle, Washington.
[01:38] Clara: Não se esqueça de gravar
um tour pelo quarto e depois manda lá no
grupo... Bjos.
Capítulo 10
Letícia Mancini
Acordei cedo naquela manhã de sábado, mal contendo a
ansiedade em aproveitar bem o dia ao lado da Zoe. O nosso contato
se restringiu à festa de boas-vindas, na sala de jogos da mansão,
por isso eu estabeleci um cronograma de atividades ao ar livre, que
se estenderia até a semana seguinte, período em que as escolas
dos Estados Unidos suspenderiam as aulas.
A semana do “saco cheio” ocorria sempre no mês da
primeva, durante cinco dias, que variavam entre final de março e
início de abril, a depender do ano.
Eu só trabalharia oficialmente como au pair daqui a dez dias,
por isso eu me coloquei à disposição para entreter a Zoe durante os
dias de descanso, ao mesmo tempo em que poderia estabelecer um
vínculo maior com ela.
Tomei uma ducha rápida, então comecei a famigerada busca
por uma roupa adequada, já que nem tive tempo ainda de
desarrumar as bagagens. Espalhei algumas peças sobre a cama, e
depois de refletir por alguns instantes, acabei optando pela
simplicidade do conjunto de moletom, composto por top e calça
jogger. E para completar, eu escolhi um par de tênis brancos e um
cardigã para enfrentar o ar refrigerado do sistema de climatização
da residência.
Uma vez na cozinha, eu encontrei Kylie junto ao fogão,
parecia estar compenetrada na preparação dos ovos mexidos com
bacon, a julgar pelo aroma característico que circulava o ambiente.
— Bom dia, fofa! — saudei, com um sorriso, ao me posicionar
ao lado dela.
— Oh, muito bom dia, Lexa — Pelo visto, eu me tornei
oficialmente a xará de uma cantora e apresentadora brasileira bem
conhecida. — Eu estava tão distraída, que nem percebi sua
aproximação, acredita?
— Eu posso usar o forno elétrico? — perguntei, meio
receosa.
— Claro que sim! — respondeu ela, abrindo um amplo
sorriso, enquanto gesticulava na direção da bancada da cozinha
branca e chique. — Já disse que pode ficar à vontade, mesmo que
eu não seja a dona da casa.
— Zoe costuma acordar tarde, quando não tem aula? — Meu
olhar se deteve no monitor da babá eletrônica, posicionada em um
suporte sobre o móvel, proporcionando uma visão panorâmica do
quarto da criança. Ela estava deitada de lado na cama, com as
mãos unidas sob o queixo, o rosto meigo aparentava a tranquilidade
de quem se entregava ao sono profundo.
— Eu tento manter um horário regular para minha filha dormir
e acordar, mas nem sempre isso é possível... Acho que ela ainda
não se habituou à nova rotina, escola, casa, enfim... tudo ainda é
muito recente sabe?
— Eu lembro que você me contou que morou um tempo em
San Francisco...
Eu abri o freezer e peguei um dos cinco pacotes de pão de
queijo tradicional mineiro congelado, que havia comprado em um
supermercado de Boston, e distribui alguns pãezinhos numa
assadeira, antes de os levar ao forno elétrico para assar por 20 a 25
minutos, ou até que estivessem levemente dourados por cima.
Já estava habituada a pedir permissão para fazer quase tudo
na casa dos Evans. A alimentação era um tópico delicado, porque
eu não gostava da comida que eles comiam, que se limitava
basicamente aos pratos congelados, industrializados, além do
famigerado fast-food. Se eu consegui manter uma alimentação
balanceada foi graças à coordenadora do programa, que lembrou a
eles que cabia às famílias anfitriãs atenderem as necessidades
básicas das au pairs, garantindo o bem-estar delas até o fim do
contrato.
— Não entrei em detalhes sobre os motivos de ter voltado
para Seattle, mas basicamente o meu ex-noivo me traiu e tirou
quase tudo de mim — comentou Kylie, de repente, sem desviar o
olhar da frigideira. Seu rosto estava contraído, transparecendo
grande mágoa e ressentimento. Eu logo notei uma lágrima sorrateira
ameaçando cair, mas ela piscou os olhos e deu um longo suspiro.
— Você pode desabafar comigo quando quiser, fofa — falei,
ao colocar minha mão no ombro dela de modo reconfortante.
— Você que é uma fofa, sabia? — Kylie se permitiu um breve
sorriso. — Eu fiquei um tempo afastada de Seattle, e agora que
voltei, parece que não consigo me entrosar com ninguém, por mais
louco que isso possa parecer.
— Eu imagino como se sente, mas não se cobre muito por
isso — Dei uma boa olhada nos ovos mexidos com bacon. — Esse
cheiro me deu até água na boca!
— É muito bom saber disso, porque eu estou morrendo de
fome! — Suspendi a respiração por uma fração de segundo, quando
reconheci a voz marcante do irmão dela. — Bom dia, meninas —
Michael nos cumprimentou, enquanto abria um dos armários
suspensos. — Senti um aroma diferente no ar, assim que eu entrei.
Posso saber do que se trata?
— Deve ser alguma iguaria brasileira — supôs Kylie,
enquanto despejava o conteúdo da frigideira num prato oval grande.
— Pão de queijo, original de Minas Gerais, Estado onde eu
orgulhosamente nasci — expliquei, enquanto calçava a luva térmica,
em seguida abri o forno, e tirei de dentro dela a assadeira de inox.
— Oh, então está ligado a uma memória afetiva. Mas isso é
mesmo incrível!
— Às vezes o cheiro promete tudo, mas o gosto não entrega
nada... — comentou ele, usando um tom claramente provocativo, ao
cruzar os braços sobre o peito, enquanto me observava distribuir os
pãezinhos numa travessa redonda de cerâmica.
— Não se cansa de destilar o seu mau-humor irritante, não?
— Kylie ironizou, fazendo uma careta engraçada. — Para com isso,
hoje é sábado!
Nós três nos sentamos à mesa, e nos servimos de café, suco
de laranja, frutas variadas, ovos mexidos com cogumelos e bacon,
além panquecas com calda, waffles, pães de queijo mineiro, e
torradas.
Em determinado momento, Kylie e Michael decidiram provar
os pãezinhos, e passei a observar a menor reação deles, cheia de
expectativas.
— E aí? Gostaram? — Levei a xícara aos lábios e dei um
longo gole de café, fingindo uma aparente naturalidade.
— Sobre o pão de queijo... — começou Michael, fazendo um
certo suspense. — Para ser sincero eu achei bem borrachudo,
sabe?
Afastei a xícara dos lábios e a deixei sobre a mesa, não sem
antes dirigir um olhar de desdém na direção dele, não sem antes
ceder ao impulso de revirar os olhos.
— Sabe, eu acho o café que vocês fazem bem aguado —
rebati, em tom mordaz. — E sobre o pão de queijo, a massa é
crocante por fora e macia por dentro. Eu avisei que deveria ter
começado por ele, quando ainda estava quente.
Michael não demonstrou nenhuma emoção, mas pressenti
que ele estava rindo internamente, como se divertisse às minhas
custas. Era irritante reconhecer que ele conseguiu me tirar do sério,
mas também não era para menos: Ele teve a audácia de colocar
defeito no melhor pão de queijo do mundo.
O silêncio se fez presente por alguns instantes, mas foi logo
quebrado pela irmã dele: — Para ser sincera, sendo mastigável, eu
vou comer com o maior prazer.
— Olha, eu não disse que achei ruim, ok? — Na mesma hora
ele enfiou outro pão de queijo na boca, mantendo os cotovelos
apoiados na mesa, e as mãos entrelaçadas diante do rosto,
enquanto mastigava bem devagar, com a expressão mais cínica do
mundo.
— Eu não falei que odiava tomar café ralo e sem gosto... —
Eu dei de ombros, fingindo indiferença, e mordi outro pãozinho de
queijo, com ar triunfante.
— Parece que o clima entre vocês é de "guerra fria" — Kylie
comentou, enquanto se levantava da mesa. — E por falar em guerra
fria, eu preciso partir para a minha batalha diária, porque o inimigo
não descansa nunca. Impressionante!
— O que seu chefe aprontou dessa vez? — Michael soltou
uma risada abafada.
— Eu me tornei um alvo predileto daquele médico arrogante.
Não há um só dia de rotação clínica, sem que a minha paciência e
resiliência sejam testadas — Ela contornou a mesa, pegou o monitor
da babá eletrônica, e o estendeu em minha direção. acrescentou
com expressão consternada: — Zoe ainda não acordou, e estou
devendo a ela um beijo de bom dia, mas hoje eu não posso me
atrasar. Vejo vocês mais tarde — Ela se despediu com um aceno e
saiu apressada da cozinha.
— A minha irmã só atende chamadas ou responde
mensagens, em caso de emergência — Michael informou, ao ficar
de pé, e enfiou as mãos nos bolsos da calça social. — Eu me
responsabilizo pela Zoe na ausência dela, então se precisar de
qualquer coisa, não hesite em falar comigo. Estarei no meu
escritório, em trabalho remoto.
Ele lançou um último olhar carregado de magnetismo e me
deixou à sós, com minha mente em um turbilhão de pensamentos
conflitantes.
Acho que conviver com Michael não será uma tarefa tão
difícil assim — falei para mim mesma, tentando imprimir um tom
animador à voz, mas as palavras soaram pouco convincentes até
para os meus próprios ouvidos.
Ledo engano.
Eu me esbarrei no irmão da minha hosta várias vezes ao
longo do dia.
Michael apareceu na cozinha, no momento em que eu
preparava o meu almoço e o da Zoe. Sim, a minha menina preferiu
comida feita na hora ao invés de prato congelado ou delivery. Até
considerei chamá-lo para se juntar a nós duas, mas então eu me
lembrei que os americanos não tinham o hábito de almoçar. Eles
optavam sempre em fazer um lanche rápido. Meu hosto preparou
um Reuben, um sanduíche popular no país, que combinava
pastrami com queijo suíço e chucrute.
Horas depois, a Zoe quis assistir a um filme de animação da
Disney e nós duas nos sentamos no sofá de uma das salas,
adjacente à área de recreação e da academia completa,
acompanhadas por dois baldes de pipoca. Porém, eu não consegui
prestar atenção nas cenas, porque Michael resolveu passar mais de
quarenta minutos, levantando pesos e correndo na esteira, com sua
roupa de treino: camiseta de malha slim, ajustada ao corpo e short
de tecido leve.
Observei disfarçadamente cada um de seus movimentos. Um
prazer indescritível queimou cada célula do meu corpo, enquanto
comia devagar a pipoca, os meus olhos passearam desde os
ombros largos, passando pelos músculos bem desenhados do
peitoral, bíceps e tríceps, sem contar o abdome bem trincado,
formando os gominhos.
Aquele milionário deveria pagar um imposto adicional por ser
tão gostoso.
Capítulo 11
Michael Foster
Deixei o carro no estacionamento do Graham Visitors Center,
um centro de visitantes, localizado na parte norte do jardim botânico.
A partir dali o percurso seria feito a pé, sentido leste, em direção ao
Washington Park Arboretum.
O Washington Park Arboretum era um dos lugares mais
incríveis de Seattle. Administrado pela prefeitura e pela
Universidade de Washington, o parque público abrangia uma área
de 230 acres, com muitas trilhas ao longo da floresta de bordos,
magnólias, carvalhos, amoras silvestres, além de pontos ideais para
um piquenique, bem como um campo de jogos e o Jardim Japonês
no canto sudoeste. Havia também uma trilha exclusiva, denominada
Arboretum Waterfront Trail, cortando o maior pântano remanescente
em Seattle através das suas pontes flutuantes.
— Fazer uma corrida matinal só perde para o boxe como
meu hobby favorito — Desafivelei o cinto de segurança, e dei uma
boa olhada nos meus dois cachorros presos ao banco traseiro.
— Acho que qualquer atividade física gera essa sensação de
plenitude e bem-estar — comentou Letícia, enquanto me encarava
com um brilho de divertimento no olhar.
— Não há nada melhor do que se desconectar um pouco do
trabalho, daquela loucura diária... ter a chance de voltar para dentro
de si e recuperar as energias.
— Se sentir com a alma lavada... — Ela complementou,
depressa, com seu sorriso se transformando num riso solto.
— Exatamente! — Eu sorri de volta, admirando aquela
expressão jovial que me teletransportava para a melhor fase da
minha vida, exatamente para a época em que tinha a idade dela.
Uma fase repleta de sonhos, esperanças e de promessas. E
todas elas foram cumpridas, mas a que custo?
— Esqueci de te avisar que infelizmente não permitem a
entrada de animais de estimação no jardim japonês. — Deixei meu
braço apoiado no volante e o outro no encosto do meu assento, mas
o olhar estava perdido em algum ponto, para além do para-brisa.
— Sem problema, Michael... Não vai faltar oportunidade.
— Prefiro que me trate sempre pelo apelido, Leti. Pode ser?
— Eu fiz questão de frisar, com os olhos fixos nela e uma das
sobrancelhas, arqueada. — Vamos colocar logo a Pearl e o Chewy
pra correr. — Bulldog francês e golden retriever, respectivamente.
— Faz tanto tempo assim que eles não se exercitam?
Eu confirmei com a cabeça e fiz uma careta, envergonhado.
Uma vez iniciado o percurso pelo calçadão movimentado do
parque, nós decidimos manter um ritmo razoável, e fizemos pausas
de tempos em tempos para beber água. Em determinado ponto da
trilha, Letícia parou de correr, inclinou o corpo para a frente, e
apoiou as mãos nos joelhos, respirando bem fundo para retomar o
fôlego.
— Quer dizer então que você mentiu para mim naquele dia?
— Inclinei a cabeça ligeiramente, com um levantar de sobrancelhas,
a um só tempo curioso e incrédulo. — Por que eu não estou
surpreso? — Cruzei os braços, fingindo estar ofendido.
— Seu corpo está tão receptivo a mim, Leti. Deveria ver como
sua boca está ligeiramente entreaberta, ofegante, movida única e
exclusivamente pelo desejo de ser beijada — O timbre rouco de sua
voz penetrava por cada poro da minha pele, os olhos castanhos
vidrados de excitação estavam fixos em mim. — Se continuar me
olhando assim, eu mandarei à merda qualquer resquício de
sensatez que ainda possuo. Me ouviu bem?
— Nenhum outro homem chegou tão perto de mim assim
antes.
Eu desviei o meu rosto, bruscamente, e passei a olhar a
paisagem pela janela, exalando o ar, antes preso nos pulmões e
tornei a inspirar bem fundo, na tentativa de controlar a tremedeira
súbita.
Escutei quando ele soltou um longo suspiro de exasperação.
— Preciso ir agora, mas a gente se vê mais tarde...
— Obrigada por se reaproximar da Zoe.
— Não precisa agradecer, Leti. Eu devo isso a você.
— Não, de forma alguma. — Neguei, balançando a cabeça, e
me virei para encará-lo nos olhos. — Essa escolha partiu de você,
quando se mostrou receptivo tanto para dar quanto para receber
afeto.
Michael sorriu de forma afetuosa, pouco antes de se curvar
para me dar um beijo na testa.
— Meu mundo estava cinza até você chegar, sabia? —
murmurou ele, com a voz dolorosamente rouca. — É a própria
personificação do raio de sol, que preenche internamente e injeta
todo seu frescor, a sua jovialidade, a sua leveza... — Senti os dedos
dele se enroscarem em meu cabelo. O simples fato de respirar
tornava a tarefa árdua demais para ser executada. — Eu nunca me
senti tão vivo quanto agora. Eu me conecto com a melhor versão de
mim mesmo, quando estou perto de você. Não faz ideia de como é
linda, Leti — Ofegou, olhando direto para minha boca, de novo.
Quando Michael estava prestes a capturar meus lábios, eu
me afastei da janela e coloquei a mãos no pescoço de forma
protetora, com o sangue fluindo intensamente pelos vasos
sanguíneos, as veias do pescoço insistiam em latejar, queimando a
minha pele.
Dias depois...
— Não deve ser nada fácil conviver com uma pessoa que nos
atrai tanto...
— Oh, já sei. Oh, meu Deus. Não acredito que Maxwell está
vindo! É sério? — Ela mal conteve a empolgação na voz.
— Sim, ele mesmo! Mas por favor, finja surpresa quando
reencontrá-lo, ok?
— Vou fingir que não ouvi isso para o seu próprio bem.
— Ela deve ter ficado uma fera! Nem acredito que você
sobreviveu à ira da futura Dra. Foster.
— Mas por que Kylie quis tanto ficar na sua casa? Quando
ela me contou que decidiu voltar para Seattle, achei que estava
disposta a engolir o orgulho, visando dar o melhor para a filha dela.
Nossos pais jamais a deixariam desamparada.
Levei o copo aos lábios e bebi tudo num único gole, aliviado
em poder sentir o uísque queimando bem a garganta e fervendo o
estômago. Aquela dose lavou a alma.
Algo me diz que o sentimento dele por mim vai muito além de
um simples desejo.
Nós dois estabelecemos um vínculo emocional, baseado em
cumplicidade, carinho, compreensão e respeito mútuo. Era como um
encontro de almas, a sensação que eu tinha era a de que nós já nos
conhecíamos há anos, ou talvez de outras vidas.
Nenhum outro homem seria capaz de transmitir a segurança
e a confiança necessárias para vivenciar uma experiência única: nós
dois, juntos, nos tornando um só.
Eu desejava me entregar a ele de corpo e alma, sem medos
e sem reservas.
Nunca imaginei que um simples beijo pudesse abalar tanto as
minhas convicções, as minhas crenças. Engatar um romance com
meu hosto americano talvez fosse algo proibido, mas qualquer
tentativa de tirá-lo dos meus pensamentos seria inútil.
Eu já estava completa e perdidamente apaixonada por
Michael G. Foster.
— Agora é hora de escolher o pijama! — Eu a segurei pelos
braços, balançando-a de um lado para o outro, apenas para
provocar um acesso de riso nela.
Após alguns minutos, mostrando alguns pijamas, minha
menina finalmente conseguiu escolher um deles, e eu a ajudei a se
vestir, antes de colocá-la na cama. Depois, eu me aproximei da mini
estante, meus dedos percorreram as lombadas até encontrar o livro
infantil escolhido por ela. Uma vez recostada na cabeceira estofada,
eu comecei a folhear algumas páginas até me deter no capítulo
intitulado “Primavera”: “Rã entrou na casa. Estava escuro. Todas as
cortinas estavam fechadas. — Sapo, cadê você? — chamou Rã. —
Vai embora! — disse a voz, vinda de um dos cantos da casa. Sapo
estava deitado na cama.”
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Capítulo 19
Letícia Mancini
Semanas depois...
— Você quer que eu tire sua calça, agora? — A voz dela saiu
fraca, era quase um sussurro débil.
“Não quero ser pai e você sabe muito bem disso, Kylie.”
“Há algumas coisas das quais você não pode fugir, Mike. E
uma delas é exatamente a possibilidade de ter um filho com Letícia.
Agora vai me dizer que o seu sentimento por ela não é forte o
suficiente? Então, tudo o que viveram juntos ao longo dos meses
não significou nada para você?”
Kylie,
Eu quero pedir desculpas,
antecipadamente, por não poder continuar
como ‘au pair’ da Zoe. Eu planejei um
cronograma de atividades para
proporcionar a ela os melhores dias de
férias, com muitos passeios e brincadeiras,
mas as coisas saíram do controle. Como
eu poderia imaginar que o destino me
reservava uma gravidez não planejada? É
meu dever comunicar à agência qualquer
eventualidade, por isso eu tomei a decisão
de rescindir o contrato. Ser tratada como
parte da família foi um alento em meio ao
caos vivido no início do ano. Eu fico muito
grata pela oportunidade e confiança ao
longo dos meses. Sua filha é a menina
mais doce que eu já conheci; você é como
uma irmã e também se tornou minha
confidente; já Mike é meu primeiro e único
amor... Sentirei falta de todos vocês. De
minha parte, eu prometo que manterei
contato.
OBS: Não revele o teor da carta ao
seu irmão, por tudo o que há de mais
sagrado. Confio em você, fofa.
Um grande abraço!
Letícia - Lexa.
Capítulo 28
Michael Foster
Meses depois.
Epílogo 2
Michael Foster
Um ano depois...
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para o QR Code abaixo e fique por dentro dos lançamentos, eventos, sorteios
ao longo do intercâmbio.
[3] Au Pair é uma modalidade de intercâmbio na qual a pessoa viaja para
trabalhar, exercendo a função de babá dos filhos de uma família anfitriã, que
mora no país de destino, possibilitando a realização de um curso durante o
programa, que dura no máximo dois (2) anos.
[4] Host Mom, Hosta ou Fofa. A matriarca da família que recebe um(a)
também pode representar duas pessoas que vivem juntas, seja por laços
afetivos ou consanguíneos.
[9] Quando ocorre conflitos interpessoais e problemas de convivência entre a
aupair e a família anfitriã, uma ou ambas as partes podem solicitar um
“rematch”. Caso seja a Au Pair que pediu o rematch no programa, ela tem
apenas duas semanas para encontrar outra família para morar; caso contrário
terá que voltar para o Brasil.
[10] No Brasil, Dr. House.
[11] Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O MIT está localizado a pouco
mais de três quilômetros de distância de outra potência acadêmica, a Harvard
University, localizada na cidade de Cambridge, Massachusetts, próxima a
Boston.
[12] Tudo é minha culpa / Eu vou levar toda a culpa.
[13] Trata-se de uma coordenadora local do programa de au pair, e cuja
função é prestar a assistência necessária, além de acompanhar todo o ano de
intercâmbio, realizando encontros mensais com as au pairs e suas
respectivas famílias anfitriãs.
[14] Clássico bar de Boston, com fachada famosa e bastante frequentado por
turistas.
[15] Frog and Toad Are Friends é um livro infantil norte-americano, escrito e
ilustrado por Arnold Lobel.
[16] Edição brasileira publicada pela editora Companhia das Letrinhas, selo