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PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © 2019 – Lily Freitas

Capa: Barbara Dameto


Copidesque: Danilo Barbosa
Revisão: Margareth Antequera
Diagramação: Denilia Carneiro

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.

__________________________________
CASAMENTO POR CONTRATO
1ª Edição
2019
__________________________________

Todos os direitos reservados.

São proibidos o armazenamento e / ou a reprodução


de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
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meios ─ tangível ou intangível ─ sem o


consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido


na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.

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Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18

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Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo

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Sinopse

A necessidade de fechar um contrato


milionário obrigou Logan a tomar uma medida
drástica. Por não aceitar perder a disputa em uma
compra de ações, para seu eterno inimigo, ele terá
que se casar em tempo recorde para se adequar ao
perfil da empresa.
Encontrar uma falsa esposa poderia ser um
problema, caso ele não tivesse conhecido uma
mulher encantadora, que mexeu com o seu coração.
Nicole passa a ser a opção perfeita para
Logan oferecer um contrato de casamento, pois
certamente não lhe trará problemas quando o
acordo acabar. Porém, a atração sexual entre os
dois poderá complicar os seus planos, e, talvez, a
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farsa vivida por ambos já não seja suficiente para


conter a paixão que irá consumi-los.

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Capítulo 1

O humor de Logan não estava no seu melhor


dia. Ele já havia passado por duas reuniões
frustrantes e aquela não estava sendo diferente. Ser
um advogado de sucesso cobrava um alto preço e,
no fundo, estava mais que disposto a pagar
qualquer valor para alcançar o seu objetivo.
— Entendo o seu interesse em se tornar um
dos nossos associados, Logan.
— Na verdade, seu único associado,
Deonedes. — Rapidamente corrigiu o homem que
estava lhe tirando o juízo.
— Sabe que estamos no meio de um processo
intenso para escolher um novo sócio.

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— A empresa atravessa sérios problemas


financeiros e nós dois sabemos que posso resolver
em segundos… – O rosto vermelho do velho
deixou claro que não gostou da observação. Mas no
fundo, Logan pouco se importava. Queria entrar de
uma vez por todas para aquele grupo fechado.
Por anos, se sacrificou para ser o melhor. O
pai lhe ensinou desde cedo que ser bom não era o
suficiente, tinha de ser excepcional. Por isso,
estudava dia e noite para se atualizar, e assim ser
considerado o advogado mais competente da sua
geração. Ele fecharia esse negócio, e com seus
conhecimentos em Direito Empresarial tornaria,
com a ajuda da irmã, a empresa de Deonedes um
excelente negócio para a família.
— Minha empresa ainda não está em suas
mãos. Tiago Barreto também tem interesse em
vincular o nome dele ao nosso. — O sangue de

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Logan ferveu quando ouviu o nome do seu inimigo.


Todos sabiam da disputa entre eles, e eram raros os
que ousavam mencionar aquele nome na sua frente.
— Você acha mesmo que o Tiago tem
condição de investir no que necessita? Seus
problemas financeiros são inúmeros, meu caro, e se
estivesse no seu lugar, fecharia o negócio agora. —
Ele dominava a arte da intimidação como ninguém.
Aprendeu com o pai como pressionar as pessoas
com poucas palavras.
— Controlo essa empresa há quarenta anos,
sei muito bem o que ela necessita. — A arrogância
de Deonedes fez a paciência de Logan ruir.
— Um controle que levou ao caos… E ainda
assim não perde a pose. — Com extrema elegância,
se levantou e fechou o terno sob medida. —
Esperarei o seu contato.
Sem esperar resposta, caminhou para a porta.
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Estava se sentindo frustrado com a resistência do


outro, mas não abaixaria a cabeça de maneira
alguma.
— Cuidado, Logan, a soberba pode te levar a
um caminho sem volta.
— Não se preocupe com isso, dê prioridade
aos seus problemas.
Saiu da sala de reuniões e caminhou,
decidido, pelo corredor. Tinha certeza que ali seria,
em breve, da sua família.
Por mais que o velho tentasse ser superior,
estava passando por sérios problemas financeiros.
Se Logan alcançasse seu intento conseguiria,
facilmente, impulsionar novamente a empresa
usando a mão de ferro da irmã.
— Estou saindo daqui, Luiz. Vou direto para
casa. Se acontecer algum problema no escritório,
me ligue. — Logan avisou ao amigo assim que
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parou na frente do elevador.


— Estamos terminando o expediente, duvido
que algo interessante aconteça.
— Nunca se sabe…
— A reunião foi ruim?
— Desnecessária, como sempre. Preciso
encontrar uma maneira de encurralá-lo. Ele está me
enrolando por tempo demais, não vou permitir que
brinque comigo desse jeito.
— Calma, amigo. Receberemos em pouco
tempo informações valiosas que o colocará em
nossas mãos.
— Eu espero que sim. Nos falamos depois.
— Encerrou a ligação e entrou no elevador,
contrariado. Se existia uma coisa que odiava, era
ser enrolado. O maldito pensava que era um
moleque, mas mostraria o contrário. De alguma
maneira, conseguiria, nem que tivesse de utilizar
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maneiras nada louváveis.

Logan esticou as pernas sobre a mesa e


deixou a fumaça do charuto se espalhar pelo
escritório. Depois que chegou da reunião, tomou
um banho e trancou-se no lugar preferido da casa,
para relaxar enquanto bebia um bom uísque.
Sempre que se sentia nervoso, iniciava o
ritual de apreciar um legítimo cubano, enquanto
deixava o álcool se espalhar pelo corpo. Essa foi
uma maneira prática que encontrou de eliminar o
estresse, sem distribuir mau humor por onde
passava.
Irritado, Logan não era uma pessoa
agradável. A mãe sempre dizia que se transformava
em um poço de ignorância. O pior era que ela não
mentia, realmente ficava insuportável e, por isso,

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evitava ficar no meio das pessoas quando se sentia


furioso.
A mente dele fez uma rápida investigação
sobre as possibilidades que o velho tinha para sair
do buraco financeiro que se meteu por causa dos
casamentos falidos e do filho playboy. No fundo, o
tubarão sabia que ele seria a salvação, mas como
não gostava de dar o braço a torcer, dificultava as
negociações.
Se não quisesse mostrar o seu poder à Tiago,
já teria deixado Deonedes se afundar, mas
precisava daquilo para não só subjugar o eterno
inimigo, como também expandir os negócios.
— Logan, posso entrar? — a voz de Dalva
fez todos os pensamentos se dissiparem.
— Claro que pode. — Preparou-se para ouvir
um sermão.
Dalva foi babá dele, e mesmo depois que
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cresceu a mãe decidiu mantê-la como uma espécie


de governanta. Depois de tanto tempo com a
família Cardoso, ela se tornou membro por direito.
E por considerá-la uma segunda mãe, a carregou
com ele quando voltou da especialização em
Harvard e foi morar sozinho.
Ela o conhecia como ninguém e sabia
exatamente os momentos em que devia deixá-lo
sozinho ou se aproximar. Dalva, na verdade, era
sua guardiã.
— Você veio me dar o jantar? — tentou fazer
uma brincadeira para evitar o puxão de orelha, mas
pela expressão fechada no rosto dela não alcançou
o objetivo.
— Quantas vezes preciso dizer que faz mal
fumar, Logan? — aquele tom de recriminação na
voz o fazia se sentir como criança.
— Quantas vezes vou ter que te dizer que não
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trago o charuto? — ele sempre explicava esse


detalhe, mas parecia que Dalva fazia questão de
não entender.
— Inala a fumaça de qualquer maneira. Isso
certamente faz mal. — um sorriso brotou nos lábios
dele quando ouviu a costumeira justificativa.
Se fosse outra pessoa criticando sua maneira
de relaxar, já teria dado um basta de imediato, mas
jamais faria isso com Dalva. Ela foi a mulher
responsável por torná-lo um homem de sucesso.
Quando se transformou em um adolescente rebelde,
soube como ninguém o controlar e fazê-lo
encontrar um rumo.
— Nós vivemos bons momentos juntos, não
foi? — por algum motivo sentiu necessidade de
conversar com ela sobre o passado. Esse gesto
inesperado foi recebido por ela com surpresa. A
maneira que arregalou os brilhantes olhos azuis

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revelou que não esperava esse tipo de assunto


vindo dele.
Normalmente Logan evitava falar disso,
principalmente da época em que odiava ser o único
negro na sala lotada de meninos brancos e ricos,
que viviam tentando lhe mostrar que ali não era o
seu lugar. Os pais dele faziam parte de uma
pequena elite de negros que conseguiu, com muito
esforço, se formar e ter uma ascensão social, por
isso ele sentiu o peso do preconceito desde
pequeno, apesar dos pais sempre o prepararem,
alertando que o mundo não o perdoaria por ser um
homem rico com antepassados que viveram em
senzalas.
Desde cedo conviveu com olhares
enraivecidos por frequentar lugares que não eram
destinados à “sua gente”. Mas tudo piorou quando
se tornou adolescente e foi parar em uma das

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escolas mais tradicionais do Rio. Aí a vida virou


um inferno e ele só conseguiu sair ileso desse
martírio porque Dalva sempre esteve ao seu lado.
Ela era filha de imigrantes portugueses e,
obviamente, era extremamente branca, mas nunca
olhou para Logan com preconceito, muito pelo
contrário. Dalva foi o seu melhor exemplo de amor,
mais do que a mãe, que sempre estava ocupada
com a empresa de produtos alimentícios que
fundou com o marido.
Talvez, se não fosse por ela, odiaria os
brancos. Mas, para a própria sorte, teve uma mulher
sensacional para lhe ensinar a ser um homem
determinado.
— Qual o problema? Por que está lembrando
do passado?
— Às vezes eu preciso lembrar do que passei
para poder perseguir os meus objetivos. — A

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imagem de superioridade de Deonedes surgiu na


mente de Logan. Sabia que um dos motivos dele
ser tão resistente para fechar a sociedade era pela
cor da sua pele.
— Alguém está tentando discriminá-lo? — O
tom de voz de Dalva deixou bem claro que estava
disposta a entrar em uma briga por causa dele. Era
essa mesma reação que ela tinha quando, às vezes,
chorava em seu colo, vítima de preconceito.
— As pessoas não se atrevem a fazer isso,
mas deixam escapar a vontade de me rebaixar com
o olhar.
— Você não é melhor nem pior do que
ninguém, Logan. Nunca se esqueça disso. —
recitou as palavras que sempre o fortaleciam
quando era criança.
— Eu sei, querida. Aprendi isso desde cedo
com a melhor pessoa do mundo. — Ergueu-se em
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toda a sua assustadora estatura e circulou a mesa


para alcançar a mulher que tinha plenamente seu
respeito e amor. — Você me transformou em um
homem confiante e não permito que ninguém tente
me rebaixar.
— É isso aí, meu garoto. — Os braços de
Logan rodearam o corpo pequeno e frágil. Depois
de tantos anos, a idade cobrou a sua conta,
deixando Dalva cada dia mais fraca.
— Você sabe que não sou mais um garoto, já
tenho quarenta anos.
— Mas também sabe que será meu eterno
garotinho. — Logan fez uma careta quando ela o
chamou de garotinho. Viu o sorriso arteiro dela
brilhar na sua direção. — Não posso evitar, você
sempre será uma criança para mim, aquele filho
que Deus não me deu. — O toque quente da mão
na bochecha dele o fez fechar os olhos. Era sempre

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um prazer receber aquele carinho.


— Sinceramente espero honrar esse título.
— Você sempre o fez. — Afastou-se dele e
tentou encará-lo. — Tem certeza que esse novo
negócio vale tanto aborrecimento?
— Vale sim. Se fechá-lo, farei a maior
aquisição da história da empresa.
— Que Deus te abençoe e te fortaleça, meu
filho. Passar por tanto estresse por causa de uma
empresa que vai mal das pernas tem que
proporcionar um grande retorno no futuro.
— Terá sim, pode apostar.
— Bem, mudando de assunto, quero dizer
que o jantar está pronto. Quando quiser é só
esquentar e comer.
— Você não vai jantar comigo?
— Preciso sair.

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— Sair? — Certamente Dalva aprontaria


alguma com as amigas.
— Vou jogar truco, mas não chego tarde.
— Tinha me jurado largar a vida de jogatina.
O que aconteceu para quebrar a promessa?
— Preciso me socializar, e não passar o dia
todo te rodeando. Na minha idade, ter vida social é
acrescer alguns anos de vida. Gosto de bater papo
com as minhas amigas, enquanto jogamos e
comemos besteiras.
— Não esqueça do colesterol. No último
exame ele estava em níveis alarmantes. — Dalva
revirou exageradamente os olhos.
— Estou de dieta, e você sabe disso. Lá
teremos petiscos light. Todas as meninas já
passaram dos sessenta e cinco anos, então, estamos
no mesmo barco.
— Juízo, Dalva. Quer que te leve?
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— O Pacheco vem me buscar, a Lolita virá


com ele.
— Então tá bom, mas vê se não demora.
— Essa frase é minha. — Dalva respondeu
sorrindo.
— Se ainda não percebeu, as coisas mudaram
por aqui, querida. — Logan beijou-lhe a testa. —
Te amo.
— Eu também. — Cheia de carinho na voz,
Dalva seguiu para a porta. — Pare com esse
charuto horrível e vá jantar! Depois olhe a
geladeira, deixei uma surpresa lá.
— Juro que vou comer o jantar todo antes de
devorar a sobremesa. — A ironia arrancou um
sorriso dela.
Dalva era o bálsamo que ele encontrava
quando chegava em casa. Sem aquele amor, Logan
não seria ninguém. Apesar dos pais estarem vivos,
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não tinha com eles a metade da conexão que existia


com aquela mulher. Era a pessoa mais próxima que
tinha, superando até a proximidade com os irmãos.

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Capítulo 2

Nicole olhou para a última escultura e sentiu


uma satisfação imensa por ter concluído mais um
trabalho. Esse, em particular, tinha uma conotação
completamente especial. Ela a entregaria para uma
ONG que acolhia crianças abandonadas pelas
famílias. Quando conheceu o projeto, percebeu que
precisava ajudá-los de alguma maneira, e nada
melhor do que doar um trabalho para conseguir
angariar fundos para a instituição.
Atualmente ela era uma mulher bem-
sucedida e feliz, mas nem sempre foi assim. Sabia o
que era ser abandonada, pois foi parar em um
orfanato ainda bebê e nunca soube quem eram os
pais. Mas acabou tendo a sorte de ser adotada por
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um casal que lhe deu todo o amor do mundo. Eles


não podiam ter filhos naturais e por isso adotaram
três crianças, cada uma com uma história de dor,
que foi superada pelo amor que lhes foi dado.
Quando soube que era adotada, Nicole se
sentiu rejeitada, e que por algum motivo os pais
não a quiseram, mas a mãe fez questão de explicar
que, às vezes, a vida levava as pessoas a tomarem
medidas extremas. Alda a ensinou a perdoar e não
julgar, mostrando que o abandono fez Nicole
encontrar uma nova família, e realmente a vida lhe
deu a melhor do mundo. Os irmãos sempre foram
seus melhores amigos e os pais pessoas mais que
especiais.
Um sorriso triste brotou nos lábios dela. A
maioria das crianças do abrigo nunca teriam a
oportunidade de encontrar uma família como ela.
Passariam a vida ansiosos por serem adotados, só

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que infelizmente a maioria das pessoas desejavam


bebês brancos. Eram raros os casos em que casais
adotavam crianças negras ou grandes, como os pais
fizeram.
Nicole foi a única exceção no processo de
adoção deles, pois era branca e tinha menos de um
ano quando a escolheram para fazer parte da
família. Seus irmãos, Leandra e Emanuel, tinham
respectivamente seis e onze anos quando foram
adotados. Ambos eram negros, o que fugia as
regras normais de adoção. Seus pais sempre
escolheram os filhos por amor, e não pela cor.
— Você não vai dormir? — Nicole colocou a
mão no peito para tentar controlar o susto que levou
com a voz inesperada de Heitor.
— Quer me matar, Heitor?!
— Claro que não, meu bem. — Aproximou-
se e colocou as mãos em seus ombros. — Senti sua
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falta na cama, por isso vim atrás de você.


— Eu precisava terminar essa escultura.
Quero doá-la para o leilão do orfanato.
— Tenho certeza que essa peça vai valer um
bom dinheiro. O seu trabalho tem alcançado uma
evidência fenomenal nos últimos tempos.
— Sinceramente espero conseguir ajudar.
— Nós sabemos que vai. — Nicole sentiu os
lábios de Heitor lhe tocarem o pescoço. — Agora
que terminou, que tal voltar para a cama? Estou
sentindo a sua falta.
— Está carente? — Nicole levantou e rodeou
os braços pelo pescoço dele, evitando tocá-lo para
não o sujar com as mãos melecadas de argila. —
Pensei que não notaria a minha falta.
— Sempre noto. — Heitor a ergueu no colo.
— Vamos para a cama, querida.

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— Preciso lavar as mãos. — Mostrou toda a


sujeira que a argila fez.
— Faremos isso no caminho. — Ela soltou
um grito de felicidade quando ele a girou e saíram
em disparada para o banheiro.

— Nicole, ficou perfeita! — Nina, a


responsável pela ONG, escorria emoção pela voz.
— Também gostei do resultado. Fazia tempo
que não trabalhava com argila, mas estou feliz em
tê-la escolhido para essa peça.
— O seu talento é sensacional. Tenho certeza
de que conseguiremos um bom valor nessa obra.
— Esse é o objetivo. — Nicole sentou na
cadeira do pequeno escritório e cruzou as pernas.
— Você precisa de alguma ajuda?
— Tudo está correndo bem. — Nina ainda
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observava a escultura. — Consegui a doação do


bufê, uma empresa de alimentos nos patrocinou.
— Que maravilha, qual é a empresa?
— As indústrias Akanni.
— Uau! — Nicole ficou surpresa. Era a mais
tradicional indústria de biscoitos e massas do país.
— Como conseguiu esse patrocínio?
— Eu conheço o Luiz Arruda, que é
advogado e amigo de toda a família Cardoso,
proprietária da empresa. Também conheço os
donos, mas me sinto mais à vontade para pedir
ajuda ao Luiz. Eles sempre participam dos nossos
eventos.
— Você está bem relacionada, Nina.
— É o privilégio de ser filha do meu pai. Ele
sim é um homem influente. — O pai de Nina era
um famoso advogado.

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— Acho louvável você usar dos privilégios


que tem para ajudar essas crianças.
— Eu amo o que faço e não meço esforços
para conseguir o apoio necessário para manter a
ONG funcionando.
— Sempre terá o meu apoio, amiga. Pode ter
certeza que a sua ONG vai crescer ainda mais.
— Claro que sim! Agora quero conversar
sobre a festa depois do leilão. — Nina parecia mais
empolgada. — Teremos vários figurões rodeando o
salão e preciso conseguir novos parceiros.
— Vou te ajudar, nós podemos fazer.
Nicole começou a dar sugestões à amiga.
Ajudaria Nina no que fosse preciso para que essas
crianças tivessem um pouco mais de conforto.

— Você não vai comprar nenhuma roupa


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para o evento? — Leandra perguntou enquanto


observava no espelho o milésimo vestido que
experimentava.
— Comprei um lindo na nossa última visita a
Roma. Ainda não tive oportunidade de usar.
— Você está com um vestido guardado há
seis meses? — a indignação na voz da irmã fez
Nicole sorrir.
— Não tive necessidade de usar, Leandra. Eu
nunca fui como você, que adora uma festa.
— Você precisar sair mais, irmã! Por isso
vive sozinha.
— Eu tenho o Heitor, ele é um ótimo
companheiro. — Nicole fez uma careta quando a
irmã jogou as mãos para o alto em clara
demonstração de insatisfação.
— Já percebeu como fala dele? Você sequer
consegue ver o cara como um namorado.
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— Talvez porque ele não seja o meu


namorado?
— O que ele é então? Sempre te vejo com
ele, Nicole, e o cara é caidinho por você.
— Temos um relacionamento aberto, sabe
disso…
— Isso é um absurdo. — Abriu o zíper do
vestido. — Você deveria buscar ajuda de um
terapeuta para acabar com o seu trauma de
relacionamentos. Isso não é normal.
— Eu não tenho problema algum com
relacionamentos. — Nicole contestou.
— Quem aqui nunca namorou, Nicole? —
Leandra entrou na cabine para experimentar mais
um vestido. — Acho que chegou o momento de
parar de ser a dama de gelo.
— Não sou uma dama de gelo. — Nicole
protestou e olhou para o lugar onde a irmã estava,
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pensando nos motivos que a fizeram odiar namorar.


Quando era adolescente, se apaixonou pelo
menino mais popular da escola, mas ele a recusou.
A princípio, Nicole não entendeu os motivos, já
que ele sempre ficava a encarando na hora do
intervalo. Mas um dia, na festa da escola, ele
revelou o porquê se mantinha distante.
Assim que Nicole ficou sabendo que ele a
rejeitara porque tinha irmãos negros e era adotada,
teve vontade de socar a cara do imbecil. Foi
decepcionante ouvir tanto preconceito vindo de
alguém que ela gostava, mas infelizmente as
pessoas eram cruéis e isso ela aprendeu desde cedo.
Depois desse fato, resolveu se proteger. Não
se sentia segura buscando um parceiro, jamais
conseguiria ficar com uma pessoa que não aceitasse
a sua família. Talvez tivesse exagerado um pouco
em nunca procurar um namorado, mas até o

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momento, estava feliz com a vida que tinha.


Eventualmente se relacionava com alguém,
mas nunca sentiu o coração disparar como foi com
o idiota da escola. Talvez se um dia ela se
conectasse com um homem de verdade, criaria
coragem para se jogar e arriscar um relacionamento
sério.
— Vou levar esse. — Repentinamente
Leandra apareceu na frente dela.
— Sério? Não vai experimentar outro?
— Não. Gostei desse. — chamou a
vendedora. — Cansei de experimentar vestidos,
preciso descansar meus pés e beber algo forte.
— Não sairei com você para beber.
— Claro que vai. — A irmã nem ao menos a
olhou. — Escolhi esse, querida. Pode embrulhar,
por favor?

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— Sim, senhora. — A jovem vendedora saiu


dali com o vestido.
— Estou tão velha assim? — indignada,
Leandra perguntou à irmã quando a vendedora se
afastou. — Perco tempo no centro estético para não
aparentar os meus trinta e oito anos, mas acho que
não estou sendo bem-sucedida.
— É apenas uma questão de respeito, sabe
disso.
— Fala isso porque tem apenas trinta e dois.
Quando estiver às portas dos quarenta, quero ver se
será tão otimista.
— Quanto drama. — Nicole riu e puxou a
irmã para o caixa. — Vamos embora logo, agora
me deu vontade de beber também.
— Como vou pagar o vestido, a bebida fica
por sua conta.
— Ah, não, você que convidou!
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— Isso não vale para irmãs. — Leandra


piscou e deixou Nicole rendida. A irmã sempre
conseguia passar a perna nela, isso era algo que
nunca mudaria.

A irritação de Logan estava alcançando


níveis perigosos. Se não segurasse, seria capaz de ir
atrás de Tiago Barreto e acertar definitivamente as
contas entre eles. O maldito estava se metendo na
sua negociação e acabando com as possibilidades
de comprar rapidamente as ações de Deonedes.
— Se continuar assim vai enfartar e adeus
negócio. — Luiz o recriminou com vigor. —
Vamos encerrar o expediente, precisamos de uma
bebida.
— Quero é matar o Tiago por entrar na
minha negociação. — Logan rosnou para o amigo,

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mas não conseguia amedrontá-lo. Ele nunca se


intimidava com as suas ameaças.
— Vamos embora, Logan. Para de
resmungar!
— Não estou…
— Está sim. — Luiz parou na porta e fez
sinal para o amigo se levantar. — Vamos relaxar,
merecemos depois de tanto trabalho.
Logan não tinha argumentos. Realmente
tiveram um dia estressante e mereciam uma bebida.
Certamente a esposa de Luiz não ficaria feliz, mas
ela sabia que os dois gostavam de bater papo depois
do expediente. Seguiram para o bar que
costumavam frequentar, quando queriam
espairecer.
Quando entraram no local, foram
imediatamente recebidos pelo garçom, pois eram
clientes cativos e tinham tratamento VIP. Em
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segundos dois copos de uísque estavam sobre a


mesa, sendo degustados pelos amigos.
— Eu duvido que o Tiago vá longe, está
apenas querendo te irritar.
— Esse idiota quer ser melhor que eu, mas é
um advogado de merda, Luiz. — Logan resmungou
enquanto observava duas mulheres no canto do bar.
Ambas eram bonitas, uma negra como ele,
com lindos cabelos cacheados. Já a outra era loira,
e tinha um sorriso sexy nos lábios. Quando o
assunto era mulher, ele não tinha preferência, mas
normalmente se interessava pelas curvilíneas e com
um tom de pele mais próximo ao seu. Só que a loira
era tão linda que não se importaria em conhecê-la
por uma noite.
— Porra, você está ouvindo o que estou
falando? — Logan despertou do transe quando viu
a mão do amigo acenar na sua frente.
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— Desculpa, estava olhando as garotas. —


Ergueu o queixo e apontou para o lugar onde as
duas estavam sentadas.
Por alguns segundos Luiz as observou
conversando e entendeu o interesse do amigo.
Ambas eram bonitas, mas a loira tinha cara de ser
encrenca. Certamente ela era a eleita de Logan,
apesar dele raramente se envolver com loiras.
— Lindas, mas se a pedida for a loira, se
prepare para ter trabalho. Essa não tem jeito de ser
fácil. Vai ter que usar muito mais do que um sorriso
de idiota e esse terno de grife.
— Posso mostrar meus músculos. —
Mostrou o bíceps para o amigo.
— Ela pode não gostar de uma montanha de
músculos como você. Algumas preferem homens
normais como eu. — Logan bebeu um pouco do
uísque para evitar soltar uma risada. Nenhuma
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mulher em sã consciência trocaria os músculos dele


pela apatia de Luiz.
— Na verdade, você quis dizer que nem
todas as mulheres têm o mau gosto da Ester, certo?
— Vamos mudar de assunto. — Não queria
entrar em uma discussão. — Você vai ao leilão de
caridade? Seu pai ainda não está recuperado, e a
sua irmã está viajando. Alguém terá de representar
a família. — Logan sabia que alguém teria que
comparecer no lugar da irmã que, provisoriamente,
era a presidente das indústrias Akanni.
— Estava pensando em mandá-lo no meu
lugar, não gosto desse tipo de evento.
— Mas seu pai sempre fez questão de ir,
Logan. É um excelente Marketing para a empresa,
e também para o escritório.
Logan sabia que a empresa tinha uma forte
tendência a promover eventos sociais, mas não
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gostava de se misturar com os negócios da família.


Tinha a própria empresa e por isso evitava se
aproximar diretamente disso. Mas dessa vez o pai
tinha sofrido um grave infarto e estava impedido
pelos médicos de fazer muito esforço.
— Eu sei. — Fez sinal para o garçom se
aproximar.
— Pois não. — O homem rapidamente se
aproximou da mesa.
— Antônio, o que aquelas senhoritas estão
bebendo? — O garçom olhou na direção onde as
belas mulheres estavam sentadas.
— Elas estão degustando um drinque especial
da casa, senhor.
— Leve outro por minha conta. — Precisava
se aproximar delas. Não sairia daquele lugar sem o
número da loira.
— É pra já. — O garçom sorriu e seguiu para
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o bar.
— Tem certeza que vai investir na loira?
— Gosto de problemas.
— Novidade. — Para Luiz, mais uma vez
Logan se meteria numa fria.

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Capítulo 3

— Meu Deus! — Leandra ofegou quando


observou o olhar intenso do homem no outro
extremo do bar. — Tô pegando fogo, Nicole —
começou a se abanar.
— Você está passando mal? — Nicole ficou
preocupada.
— Estou. — O tom de voz da outra era de
tristeza. — Na verdade estou triste porque tem um
deus de ébano nos observando e não posso fazer
nada.
A mente de Nicole deu um nó, sem conseguir
entender o que a louca da irmã dizia.
— Que deus é esse?

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Sem esperar uma resposta, Nicole se virou e


imediatamente avistou os dois homens. Um estava
com o terno no encosto da cadeira, as mangas da
blusa dobradas. Já o outro parecia impecavelmente
arrumado, com um terno que deveria ter custado
uma fortuna. A pele negra era quase do mesmo tom
da irmã, o cabelo praticamente raspado e parecia
extremamente alto.
— Pare de olhá-lo. — Leandra chamou a
atenção da irmã. — Se não posso ter o bonitão,
nem você terá.
— Você é maluca, sabia?
— Eu? Claro que não. — Em segundos, virou
o restante do drinque. — O que posso fazer se
enlouqueço quando vejo um homem de primeira
linha?
— Deixa o Anderson saber disso. — Do jeito
que o marido dela era ciumento, certamente teria
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uma crise de ciúmes se a visse assim, encantada por


outro homem.
— Ele não está aqui e sei bem que aquele
sem vergonha fica olhando as mulheres na rua.
— Não consigo imaginar o Anderson
olhando para outra…
— Mas olha. — Leandra aprumou o corpo e
jogou os cachos para trás. — Ai me Deus, ele está
olhando pra mim! Acho que vou ter uma crise de
fogo na periquita. — Ao ouvir aquela, Nicole
colocou a mão na boca para não cuspir a bebida,
mas a manobra foi desastrosa e parte da bebida
subiu pelo seu nariz, sufocando-a. — O que
aconteceu?! — a irmã se inclinou e bateu nas costas
dela.
— Quer me matar? — Nicole tentava
respirar, antes de limpar a boca com um
guardanapo. — Como fala essas palhaçadas quando
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estou bebendo?
— Do que está falando?
— Não se faça de demente. — ambas se
calaram quando o garçom se aproximou da mesa
com mais dois drinques.
— Que gentileza você servir antes mesmo de
pedirmos. — com toda graça, Leandra pegou o
copo.
— É uma cortesia do senhor Cardoso. — O
garçom colocou o outro copo na frente de Nicole.
— Quem seria o senhor Cardoso? — Leandra
já desconfiava de quem estava por trás de tanta
gentileza.
— Aquele senhor que está de terno, na mesa
do outro lado do bar.
— O negrão bonito? — Nicole teve vontade
de se afundar na cadeira com toda a indiscrição da

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irmã.
— Ele mesmo…
— Diga a ele que ficamos encantadas.
— Transmitirei o seu recado. Com licença.
— O garçom fez um sinal com a cabeça e se
afastou.
Assim que ficaram sozinhas, Nicole cobriu o
rosto com as mãos e gemeu baixinho. O
comportamento de Leandra sempre gerou um
grande desconforto quando eram pequenas. Todos
acreditavam que quando crescesse aprenderia a ser
discreta, mas isso não aconteceu. Leandra não só
continuava falando o que lhe vinha à cabeça, como
em certos dias, tornava-se impossível ficar ao lado
dela.
— O que foi? Se engasgou de novo?
— Não. — Nicole estava irritada. — Estou só
querendo abrir um buraco no chão com tamanha
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indiscrição. “Negrão bonito”? — rosnou para a


irmã. — Você realmente disse isso para o garçom?
— E não podia? — A expressão de confusão
deixava evidente que para ela tudo foi normal.
— Claro que não! Ele vai contar para o cara
que você falou isso.
— Pouco me importa. — Deu de ombros. —
Se soubesse que o Anderson aceitaria um sexo a
três, já teria ido a mesa dele e me apresentado. —
Depois dessa confissão Nicole jogou a toalha. De
fato, a irmã era mais que louca.
— Você não existe!
— Quantos dentes têm uma pessoa? — A
mudança repentina no assunto deixou Nicole
confusa.
— Não faço a mínima ideia. Faz tempo que
tive aula sobre isso na escola.

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— Acho que ele tem o dobro dos dentes de


uma pessoa comum. Quando ri, só vejo os dentes
brancos se sobressaindo.
— Ele está rindo? — Nicole abaixou a voz.
— Sim. — Leandra respondeu no mesmo
tom. — Mas por que está sussurrando? — Ela fez
essa pergunta com a voz normal.
— Sei lá, você me deixa confusa.
Leandra ergueu o copo e fez um
agradecimento silencioso para o estranho. Esse foi
o momento em que Nicole percebeu que o juízo
tinha escapulido da irmã.
— O que deu em você hoje? Não se esqueça
que é casada, e se esse homem aparecer aqui na
mesa, exijo que diga que já é comprometida.
— Se ele aparecer infelizmente eu o jogo no
seu colo. Precisa de um tipão como ele para sair do
marasmo, porque aquele seu namoradinho é bem
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estranho.
— Ele não é meu namorado!
— Nada de discussão, vamos esperar para ver
se ele aparece.
— Espero que nem venha.
— Ixi, que pena, seu desejo não se realizará.
Ele já está vindo. — Leandra sorria enquanto se
ajeitava na cadeira. Nicole respirou fundo.
Certamente a irmã aprontaria e a colocaria em
alguma furada.

Do outro lado do bar, Logan se sentia ansioso


para ir a mesa das garotas. Uma delas estava bem
atirada, mas o interesse não era por ela. Necessitava
conhecer a loira.
Ela tinha algo misterioso que lhe despertava
um intenso desejo de desvendá-la. Infelizmente
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parecia indiferente a presença dele, ao contrário da


amiga, que havia acabado de lhe acenar.
— Bem, parece que ganhou a atenção da
outra amiga.
— Pois é, parece bem interessada em mim.
— Se eu fosse você ficava com ela. Tem cara
de ser atrevida, como você gosta. — Logan avaliou
a opinião do amigo e percebeu que estava certo.
Mas algo o atraía para a pequena loira, uma
delicadeza que o instigava, bem diferente da beleza
exuberante da outra.
— Não. — Fez sua escolha no exato
momento em que ela deu uma leve olhada na
direção dele. — Quero e vou ficar com a loira, ou
não me chamo Logan Cardoso. — antes que
terminasse de falar, já estava se levantando,
decidido a deixar ao menos o telefone com ela.
Caminhou seguro para a mesa das mulheres.
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No meio do caminho, fechou o terno e colocou o


olhar sedutor em ação. As mulheres nunca
resistiam ao sorriso e a voz marcante. Sabia dos
seus atributos e os usava com frequência.
— Boa noite, garotas. — Logan parou ao
lado da mesa, bem próximo à loira.
Como esperado, só a outra respondeu.
— Quero agradecer a delicadeza de nos
enviar as bebidas.
— Foi um prazer. — decidiu que seria
melhor iniciar a conversa com a amiga desinibida.
— A propósito, sou Logan. — Estendeu a mão e
rapidamente a mulher se levantou para
cumprimentá-lo com um beijo.
— É um prazer imenso conhecê-lo. — falou
lhe dando dois beijos no rosto. — Sou a Leandra e
essa é a minha irmã Nicole.
Quando ela disse irmã, Logan olhou para
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ambas assustado. Não tinham nada em comum, por


isso jamais desconfiaria disso. A incredulidade
sequer passou despercebida por ambas, que se
entreolharam, porém nada disseram. A loira
levantou e estendeu a mão com o rosto
inexpressivo, não parecia ser calorosa como a irmã.
— Obrigada pelos drinques. — A voz era
delicada e firme, mas o brilho determinado nos
olhos, dizia que apesar de parecer frágil, era uma
mulher de fibra.
— O prazer é todo meu. — Logan inclinou-
se e encostou os lábios na pele suave do rosto dela.
Um cheiro de flores o rodeou de maneira
sedutora, e imediatamente o corpo dele reagiu com
desejo.
— Eu te convidaria para sentar conosco, mas
certamente a minha irmã me mataria. — Leandra
comentou assim que percebeu o interesse dele pela
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irmã.
— Sério? — Logan olhou para Nicole e
observou o rosto ganhar um tom rosado fabuloso,
certamente seria a mesma cor que a pele ganharia
quando alcançava o prazer.
— Não leve a sério o que Leandra fala.
Normalmente ela é inconveniente e imagina coisas
demais. — Ambas trocaram um olhar tenso e, por
fim, a bela negra sorriu.
— Ela tem um pouco de razão. — Olhou com
mais atenção ao homem a frente e percebeu que era
muito mais bonito de perto. O tipo de homem que
faria Nicole se soltar e abandonar o receio em
relacionamentos. — Às vezes eu perco a linha.
— Isso é ruim?
— É, quando estou encantada por você, mas
não posso seguir adiante porque sou casada. —
Leandra sorriu e foi acompanhada por Logan. —
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Você é o tipo de homem que gosto, mas já tenho o


meu em casa.
— Que pena. — Olhou então para Nicole,
querendo saber se seria o tipo de homem dela.
— Mas Nicole está sozinha, precisa mesmo
daquela pegada. — A irmã mais solta piscou para
Logan, como se dividissem uma piada íntima.
Obviamente entendeu o que ela quis dizer.
— Deus, você não cansa de ser
inconveniente? — O constrangimento na voz de
Nicole fez Logan se retrair, não queria vê-la
escapando por causa de uma brincadeira.
— Desculpa se a nossa brincadeira te
constrangeu, Nicole. — Segurou a mão dela e
levou até os lábios. — Não quero ser muito
atrevido, mas como já estou aqui, posso deixar o
meu número? Gostaria muito de poder tomar uma
bebida com você e te conhecer melhor.
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Nicole olhou para o homem imponente diante


dela e ficou sem saber o que responder. Ele deveria
ter mais de um metro e noventa, era quase
apavorante olhá-lo. Sem contar que de perto
parecia ainda mais musculoso.
— Claro que pode. — Leandra rapidamente
respondeu pela irmã. — Coloque o número no
celular dela, fica mais fácil se falarem por
mensagem.
Logan olhou o celular sendo estendido na
direção dele e pegou o aparelho. Como duvidava
seriamente que ela ligaria, colocou o número e
discou para o próprio aparelho. Depois de dois
toques, desligou e salvou o número do celular.
Agora também tinha o telefone dela e não a
deixaria fugir.
— Pronto, número salvo. — Colocou o
celular na mesa e encarou Leandra. — Adorei te

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conhecer, você é uma simpatia.


— Que lindo! Amei esse seu sorriso com
dentes em excesso. — Logan olhou para ela
confuso, mas em seguida soltou uma risada. Aquela
mulher tinha um humor interessante, era uma
pessoa bem extrovertida.
— Obrigado. — Se concentrou então
completamente em Nicole. — Espero uma
mensagem sua. O convite para uma bebida vai
sempre estar de pé.
— Certo. — Nicole não se sentia capaz de
falar muito diante do olhar penetrante dele. Parecia
enxergar dentro dela.
— Divirtam-se, meninas. — Com um aceno
se afastou, não queria invadir mais o espaço delas.
Nicole estava constrangida, e neste momento ele
necessitava que a loira tivesse apenas o interesse
despertado.
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Quando alcançou a mesa, enfrentou o olhar


interrogativo do amigo. Certamente Luiz
acompanhou toda a conversa.
— Problemas? — Luiz tentava esconder o
sorriso.
Logan não respondeu de imediato. Primeiro
sentou e pegou o celular, olhando o número salvo
da Nicole. Agora que tinha o contato dela,
arrumaria um jeito de persuadi-la a sair com ele.
— Telefone da boneca salvo. Agora é
questão de tempo até tê-la nua na minha cama.
— Uau, como você é rápido. — Realmente
Luiz pareceu surpreso. Jurava que a loira daria um
pouco mais de trabalho. — Pensei que te faria suar.
— Ela vai, meu amigo, mas só quando estiver
na cama dela. — Logan finalizou o uísque.
Mais cedo ou mais tarde Nicole seria dele,
disso tinha certeza.
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Capítulo 4

Bom dia. Desculpa aparecer tão cedo, mas


não resisti à necessidade de falar com você.
O coração de Nicole parecia explodir de tão
rápido que batia. Sequer tinha se recuperado da
noite passada e já amanhecia com uma mensagem
de bom dia de Logan. Olhou mais uma vez para o
celular e uma imagem perfeita dele formou-se na
mente dela.
O homem era um exímio exemplar de
virilidade. Tudo nele era sexy, incluindo o nome,
que era forte e intenso. Nicole jamais se sentiu
desnuda ao olhar de um homem como na noite
anterior. Ele a despiu com uma sensualidade
desconcertante, o desejo nos olhos despertando
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uma inquietude inesperada nela. Por mais que


quisesse evitá-lo, a curiosidade em conhecê-lo
melhor lhe deixava a cabeça confusa.
Depois de uma eternidade, respondeu ao bom
dia. Por algum motivo as mãos tremiam, parecia
que era novamente uma adolescente apaixonada.
Esse pensamento a fez regredir para um tempo que
trazia dor. Odiava lembrar-se da época que teve o
coração destroçado.
Por algum motivo, Nicole sabia que Logan
seria incapaz de ser cruel. Certamente tinha os
próprios problemas, no entanto não estava certa se
seria tão compreensivo com relação à adoção. A
surpresa nos olhos dele quando soube que ela era
irmã de Leandra talvez significasse um indício de
que a rejeitaria quando descobrisse sua origem.
Quase deixou o celular cair quando ele
vibrou na mão, indicando que outra mensagem

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tinha chegado. Quando Nicole olhou quem era, não


ficou surpresa em ver que Logan a respondeu.
Certamente terei um bom dia. Sinceramente
não esperava receber uma resposta sua. Estou feliz
por saber que não me bloqueou.

Um sorriso escapou de Nicole quando leu a


mensagem. Recebeu uma carinha sorridente logo
em seguida. Logan tinha humor, isso era algo que
admirava em um homem. Sem pensar muito,
resolveu responder.

Não existe motivos para bloquear alguém


que me deseja bom dia, com tanta educação.

Nicole não queria flertar com ele, mas era


impossível não responder. Estava difícil negar a si

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mesma que estava gostando da atenção de Logan.

Então se prepare, pois vou pedir para você


jantar comigo com muita educação. Infelizmente
tenho que trabalhar. Tenha um bom dia, Nicole.

Assim que mandou a mensagem, ficou off-


line. Ainda assim Nicole lhe desejou um bom
trabalho e descartou o telefone. Não ficaria olhando
se responderia, pois assim já teria passado dos
limites. Tinha um dia longo pela frente. Primeiro
levaria a escultura que fez para o espaço onde seria
o leilão da ONG. Depois visitaria um cliente, e a
tarde daria aula especial no curso de artes plásticas
e a noite iria para o tão esperado evento de
caridade.
O dia conturbado não permitira que pensasse
em Logan. Ele já tinha poluído demais a mente dela
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durante a noite. Havia rolado na cama por horas


pensando naqueles lábios macios tocando-lhe o
rosto e a mão. O homem era um tesão ambulante.
Realmente a sua irmã tinha razão em ficar chateada
por não ter uma chance de conhecê-lo mais
intimamente.
Desfazendo os pensamentos pervertidos,
respirou fundo e colocou a louça na pia. Precisava
agitar a manhã ou não conseguiria cumprir com os
compromissos pontualmente.

Logan deixou o pensamento fugir pela


milésima vez. Tinha passado o dia com a imagem
de Nicole brincando na frente dele. Aquela loira
tinha lhe perturbado o sono e agora se infiltrava na
sua mente nos momentos mais inusitados.
Se esforçou ao máximo para se concentrar no

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trabalho, mas pela primeira vez sentiu que tudo o


que fazia era em vão. O corpo estava presente no
escritório, mas a mente só projetava as
possibilidades que teria quando levasse Nicole para
cama.
A certeza da dificuldade que enfrentaria até
chegar o momento de tê-la como queria estava bem
claro para Logan. Porém, não era um homem que
fugia dos desafios. Muito pelo contrário, eles o
estimulavam profundamente. Quando chegasse o
momento de possuí-la, faria com calma, dando todo
o prazer merecido.
— Um doce pelos seus pensamentos. —
Desfez imediatamente as imagens de Nicole nua na
sua frente. Jamais era pego de surpresa, mas dessa
vez a secretária conseguiu pegá-lo desprevenido.
— Não como doces, Katarina. Isso foge da
minha dieta.

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— Você nunca sai da dieta? — com um


requebrado exagerado, Katarina caminhou em
direção a mesa.
Era uma excelente profissional, mas tinha
uma tendência em tentar seduzi-lo sempre. Isso o
irritava profundamente. Normalmente Logan
levava na esportiva as investidas, mas naquele
momento não estava no clima para brincadeiras.
— Só quando quero e agora não tenho
vontade. — Estendeu a mão, pedindo a pasta que
estava com ela. — É o relatório que pedi?
— Sim. — Pegou e examinou
superficialmente o conteúdo. Precisava desse
relatório para traçar o plano para desestabilizar de
vez o velho Deonedes.
— Com quem vai ao leilão? — a pergunta de
Katarina o pegou de surpresa. Poderia até estar
enganado, mas era implícito na pergunta o pedido
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para lhe acompanhar.


— Ainda não tenho certeza se vou a esse
leilão. Meu plano original é mandar o Luiz com a
esposa, já que meu irmão se negou a ir.
— Humm. — Ele a observou molhar os
lábios e olhar brevemente para o chão. — Se por
acaso resolver ir e não tiver companhia, eu posso te
acompanhar.
— Se eu for, certamente será sozinho,
Katarina. Mas obrigado pela oferta. — O escritório
de Logan não proibia relacionamentos entre
funcionários, mas não se sentia impelido, em
momento algum, a ser exemplo para os colegas ao
se envolver com alguém do trabalho. — Agora não
quero mais ser interrompido. Apenas deixe o Luiz
entrar se precisar de mim.
— O.K. — a resposta seca deixou claro,
como ficou ofendida com o comentário.
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Por mais que a achasse linda, não queria


perder sua competência. Ela conseguia fazer
brilhantemente o trabalho, e antes de conseguir
encontrá-la tinha passado por um verdadeiro
calvário atrás de uma secretária. Agora que tinha
acertado, não deixaria que o sexo lhe atrapalhasse a
vida.
Quando pensou na palavra “sexo”, se pegou
mais uma vez pensando em Nicole. Estava
contando os segundos para conseguir levá-la para
cama. Certamente teria uma boa transa.
— Chega, Logan, é hora de trabalhar. —
Recriminou-se em voz alta e começou a focar no
trabalho.

Nicole sempre se agitava quando tinha


eventos que exporia as obras. Hoje ela não seria o

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foco da atenção, mas temia em não conseguirem


um preço significativo pela obra para ajudar as
crianças.
Sabia o quanto era importante para a ONG o
dinheiro que arrecadava em leilões. Era com esse
tipo de grana que conseguiam fazer melhorias no
abrigo.
Por esse motivo, sempre contribuía com um
trabalho. Sentia prazer em saber que foi útil. Tinha
um desejo real de levar todas para casa, mas não
possuía estabilidade emocional para cuidar de
ninguém. O passado ainda influenciava sua vida
com uma força desconcertante.
— Reservei um lugar de honra para você e
sua família, Nicole. — Nina falou assim que ela
entrou no salão praticamente lotado.
— Eu já estava achando que ficaria em pé. —
Deu um breve abraço na amiga.
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— Claro que não, jamais te deixaria em pé. A


Leandra e o marido já estão esperando por você. —
Nina se afastou da amiga e cumprimentou os pais,
que a acompanhavam.
— Tudo está maravilhoso, querida. — Alda
estava satisfeita. — Tenho certeza de que teremos
ótimos lances.
— Deus te ouça, Alda. — Nina parecia
nervosa. — Como sempre é um prazer recebê-lo,
Javier. — Ela abraçou o homem que sempre doava
um pouco do tempo para alegrar as crianças do
abrigo.
— Você sabe que é uma satisfação imensa
poder ajudá-la, hija. — o homem respondeu com
seu suave sotaque espanhol. — Vamos nos sentar,
chicas. Nina precisa trabalhar.
Nicole concordou com o pai e seguiu para o
lugar onde a irmã estava. Emanuel ainda não havia
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chegado, mas certamente o irmão daria um jeito de


participar do evento. Toda a família dela, fazia
questão de ajudar não só a ONG dirigida por Nina,
como outras instituições que os pais
acompanhavam durante anos.
— Quanta demora. — Leandra correu para
abraçar aos pais. — Pensei que teria que dar lances
por vocês.
— O trânsito não ajudou, hija. — Javier
respondeu enquanto cumprimentava o genro. —
Tivemos que buscar a Nicole e isso acabou levando
mais tempo do que esperávamos.
— Por que não veio com o seu carro? —
Leandra indagou enquanto beijava a irmã.
— Não existe necessidade de poluir o
ambiente com dois veículos, quando podemos usar
um só.
— Você é tão politicamente correta. —
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Leandra sorriu. — Cadê o Emanuel? Ele não virá?


— Deve chegar logo. — Alda respondeu
enquanto se sentava. — Querido, podemos gastar
quanto? Quero comprar algo.
— Pode deixar que eu darei os lances, mi
amor. Só me diga o que quer.
— Combinado.
Nicole sorriu ao ver a cumplicidade dos pais.
Eles conseguiam se entender apenas com o olhar.
De acordo com a mãe, foi assim desde que se
conheceram. O amor deles foi à primeira vista. O
pai estava de férias no Brasil e faltava apenas três
dias para voltar à Espanha, mas conheceu Alda e se
apaixonaram.
Viveram três dias de intensa paixão, e Javier
foi embora, prometendo voltar de vez para o Brasil.
Alda não acreditou na promessa dele, mas para a
surpresa dela, Javier voltou um mês depois
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definitivamente. Em três meses estavam casados e


nunca mais se desgrudaram.
A história daquele amor sempre fez Nicole
suspirar, mas não acreditava que poderia viver algo
assim. Era raro encontrar um amor como o dos pais
e, como ultimamente os homens descartavam
compromissos, ela desacreditava no amor.

Logan entrou no salão onde acontecia o


leilão, irritado. Os planos dele era de estar em casa,
bebendo um uísque e assistindo com tranquilidade
o jogo de futebol da noite. Tinha designado Luiz e
a esposa para representarem a empresa, já que era
praticamente um membro dela.
Mas quando Luiz ligou avisando que não
poderia ir, porque a filha estava com uma crise
aguda de faringite e teria de levá-la para a

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emergência, Logan teve vontade de gritar. Já estava


em casa e pronto para relaxar, mas nunca forçaria o
amigo a ir para um evento com a filha doente.
Como já tinha confirmado que um
representante da empresa estaria presente no leilão,
foi obrigado a sair do conforto e correr para o
evento. Torcia que tudo acabasse rápido, estava
sem paciência para perder tempo jogando conversa
fora, com pessoas que não tinha a mínima vontade
de contatar.
— Alguém dá mais? — A voz do leiloeiro o
alcançou assim que pegou a programação.
Metade das peças já tinha sido arrematada,
mas ainda teria a possibilidade de comprar algo
para representar a solidariedade da empresa.
Sentou-se em uma cadeira no fundo do salão
e esperou o próximo lance. Compraria umas quatro
peças aleatórias e cairia fora. Depois enviaria um
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cartão de desculpas para Nina, pois sabia que no


fundo ela não se importava com a presença dele no
coquetel de confraternização, após o leilão.
Foram feitas mais duas apresentações, Logan
se interessou por uma e arrematou. O valor foi
simplório, mas as melhores peças sempre ficavam
para o final. Na sequência comprou mais quatro
peças e se deu por satisfeito. Os valores nessa noite
não foram substanciais, porém sentia-se feliz.
Conseguiu ajudar a ONG e representar com louvor
a empresa.
Ao fechar o último negócio, Logan levantou-
se. Deixaria o cheque para pagar as peças e depois
enviaria para Nina um dinheiro extra. O trabalho
dela com as crianças era louvável e o dinheiro que
gastou no leilão sequer tinha chegado ao limite do
orçamento que havia pré-estipulado com a irmã
para a ocasião.

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— A próxima peça é a grande estrela do


nosso leilão. A artista plástica Nicole Acebal doou
uma extraordinária escultura em argila para
abrilhantar o nosso evento. Iniciaremos os lances
com quatro mil reais.
Imediatamente Logan congelou. O nome da
artista plástica o deixou intrigado, pois lembrou de
alguém que andava lhe povoando os pensamentos.
Rapidamente varreu o salão com os olhos, em
busca da presença daquela que ocupou-lhe a mente
durante todo o dia. Se fosse a artista plástica citada,
poderia estar presente no evento para ver o
desempenho da obra de arte.
Em poucos segundos a localizou na primeira
fileira, no canto direito. Nicole estava linda e mais
uma vez acompanhada da irmã. Um homem mais
velho falava com ela e arrancava um sorriso dos
seus lábios rosados. Pela primeira vez, desde que

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chegou ao evento, se sentiu feliz.


— Eu ouvi três mil reais? — o leiloeiro
parecia empolgado.
— Dou cinco mil. — Uma voz conhecida lhe
chamou a atenção. Quando Logan olhou para trás,
viu a figura do seu inimigo abaixando o braço,
depois de oferecer um lance.
Se existia uma pessoa que Logan odiava, era
Tiago Barreto, que transformou a vida dele em um
verdadeiro inferno quando adolescente. Sempre que
podia bater de frente com o outro, não perdia
tempo. Por isso, decidiu que a peça de Nicole seria
sua, porque nunca a entregaria ao inimigo.
— Dou dez mil reais. — Logan gritou e
ergueu a mão.
— Quinze mil. — Tiago replicou de
imediato, sorrindo quando Logan o encarou.
— Vinte mil. — O lance de Logan foi dado
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sem tirar os olhos de Tiago.


— Vinte e quatro. — Este aumentou o lance,
mantendo o olhar de desafio.
Desse momento em diante o salão ficou em
silêncio e as pessoas começaram a acompanhar
atônitas, a sequência de lances que os adversários
começaram a dar. Até mesmo o leiloeiro se calou,
sem entender como uma peça de argila estava
beirando valores tão altos
— Dou cento e vinte mil reais. — Logan
falou e ergueu-se. — Pode fechar o leilão. —
Desafiou Tiago a superar o lance.
Já estava claro que estava prestes a desistir,
pois só aumentava o lance em cem reais. Mas
Logan não se importava com isso, sabia que o
dinheiro que gastasse seria muito bem aplicado. Por
isso aumentou em cinco mil o lance, para encerrar
de vez o show que os dois estavam dando.
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— Dou-lhe uma, dou-lhe duas… — O


leiloeiro tentou fazer um charme, mas Logan o
fuzilou com o olhar e o homem rapidamente
entendeu que não havia espaço para brincadeiras
nesse momento. — Vendido para o senhor, por
cento e vinte mil reais. Uma salva de palmas para o
comprador.
Logan respirou aliviado. Tinha vencido
Tiago, assim como o venceria na disputa pela
empresa de Deonedes. Agora era um homem bem-
sucedido, não o menino inseguro dos tempos de
escola.
— Meus parabéns, Logan. Sabe levar a sério
um leilão. Tenho certeza de que os menores
abandonados estão gratos pela sua generosidade.
— Você teve em algum momento o desejo de
comprar essa peça? — a pergunta de Logan era só
para sanar a certeza de que Tiago queria apenas

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atenção.
— Claro que não, jamais gastaria meu
dinheiro com pessoas que não conheço. — a
resposta foi dita em voz baixa, mas acompanhada
de um sorriso falso para enganar as pessoas ao
redor, que os observavam com interesse.

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Capítulo 5

— Logan. — Nina se aproximou e se


pendurou no pescoço de Logan, sem qualquer
cerimônia. — Não acredito que arrematou a peça
da Nicole por uma fortuna!
— Foi um prazer, Nina. — Logan segurou a
fúria que corria pelas veias e beijou com carinho o
rosto dela. Era uma boa moça, se esforçava desde
cedo por causas humanitárias, e por isso tinha um
carinho grande por ela. — Você sabe que as
indústrias Akanni adoram ajudar aos seus eventos.
— Eu sei, mas com o seu pai doente pensei
que ninguém viria.
— Sempre estaremos presentes.

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— Parabéns pelo evento, Nina. — Com toda


a falsidade do mundo, Tiago a abraçou. — Uma
pena que não consegui arrematar a peça, mas não
sou páreo para Logan.
— Você quase conseguiu. — Ela sorriu, sem
imaginar o tipo de homem cruel que Tiago era.
— Quase…, mas tenho certeza de que a peça
ficou em boas mãos.
— Com licença. — Logan observou Nicole
passar por Tiago e parar na frente dele, com o
cenho franzido. — Você é louco?
— Como vai, Nicole? Estou muito feliz em te
reencontrar.
— Ouviu o que perguntei? — Ela o olhou,
incrédula.
Certamente que não estava em seu estado
normal. Ninguém em sã consciência compraria uma
peça tão simples por um valor exorbitante como
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aquele.
— Claro que ouvi. — Inclinou-se e beijou o
rosto dela. Jamais deixaria passar uma
oportunidade de tocá-la, ainda que fosse por alguns
segundos. — Estou feliz em ter participado de uma
disputa tão interessante. — Para evitar que Tiago se
aproximasse, Logan colocou a mão na cintura dela
e a atraiu para junto de si.
— Disputa interessante? — Nicole ainda se
sentia fora de órbita com o show que os dois
homens deram.
— Você é a artista da peça? — Tiago tinha
um sorriso dissimulado nos lábios.
— Sou eu mesma. — Ela retribuiu o sorriso.
— Muito prazer. Sou Tiago Barreto. —
Logan estreitou os olhos quando ele pegou a mão
da loira, levando-a até os lábios. — Uma pena não
poder levar sua arte para casa. — Os olhos
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desceram indiscretamente pelo corpo dela. Sempre


foi um conquistador barato, pelo que Logan sabia.
Nem o casamento conseguiu parar a tendência em
ser um cafajeste.
— Acostume-se com a derrota. — Logan
tentou afastá-la do imbecil.
— Eu não sabia que vocês se conheciam. —
Nina olhava intrigada a mão de Logan segurando a
cintura da amiga.
— O mundo é pequeno, Nina. —
Inesperadamente foi Leandra quem interrompeu a
conversa. — Que surpresa o ver aqui, Logan, e
ainda por cima pagando uma verdadeira fortuna
pela obra da minha irmã.
— É um prazer revê-la. — Cumprimentou a
conhecida e viu um homem ao longe observando-
os. — Prazer, eu sou Logan. — Foi até ele e
estendeu a mão, sendo apertada com firmeza.
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— Prazer, sou Anderson, marido da Leandra.


— Gente, depois da emoção desse leilão,
precisamos fazer um brinde. Que tal irmos para o
coquetel? — Nina estava sentindo-se radiante com
o fim épico do leilão.
— Acho ótimo, mas preciso pagar as peças
que comprei. — Logan observava o rosto tenso de
Nicole.
— Não precisa pagar agora, Logan. Mando o
valor total das peças que comprou para você
amanhã. A empresa da sua família é uma parceira
antiga, podemos dispensar esse tipo de
formalidade.
— Então vamos comemorar o sucesso do
leilão. — Tiago mostrou uma falsa empolgação. —
Você me acompanha, Nina? — Ofereceu o braço à
moça, que imediatamente se juntou a ele.
Seguiram para a área onde seria oferecido o
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coquetel. Leandra e o marido os acompanharam


também, deixando Nicole e Logan para trás.
— Por que arrematou a peça por um valor tão
alto? — Ainda não conseguia acreditar na loucura
que esse homem tinha acabado de fazer.
— Aceita comemorar comigo o meu sucesso
no leilão? — Logan não estava se importando com
o valor que gastou, queria unicamente ter o prazer
de beber algo com Nicole.
— Aceito se me contar que loucura foi essa
que fez.
— Certo. — Segurou a mão dela e em
seguida colocou na curva do seu braço. Queria
Nicole o mais próximo possível, e essa noite não
escaparia dele. — Vamos beber alguma coisa e
conversamos sobre o que desejar.
Nicole se sentiu incapaz de responder,
tentando assimilar o calor que lhe percorria o corpo
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ao estar tão perto de Logan. Ele parecia ser feito de


aço. Ela sequer batia no ombro, no máximo
alcançava metade do tórax daquele homem, e olha
que nem era uma mulher baixinha, já que tinha um
metro de setenta e dois de altura.
Quando entraram no salão, uma salva de
palmas deixou Nicole desconcertada. Ambos foram
engolidos por felicitações. Todos queriam
parabenizar Logan por ter sido tão agressivo no
leilão e dizer que Nicole fez uma peça linda que
merecia a incrível disputa.
Em cada felicitação, ele sorria. Sem querer,
conseguiu uma grande propaganda para a empresa.
Essa aquisição ficaria na história, onde seria
lembrado como altruísta. Certamente esse fato
cairia nos ouvidos de Deonedes e poderia ser bom
para as negociações.
— Você quer beber o quê?

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— Qualquer coisa. — Na verdade, Nicole


queria um pouco de água. Estava sentido a garganta
seca, mas uma bebida forte também cairia bem.
Precisava de algo que lhe acalmasse os nervos,
ficar tão perto de Logan não estava lhe fazendo
bem.
Observou-o caminhar pelo salão com
tranquilidade, alheio aos olhares curiosos de
admiração. Era como se não tivesse noção da
grandiosidade do que tinha acabado de fazer.
Nicole o acompanhou pegar as bebidas e
retornar com toda a calma do mundo. Mais uma
vez, ele vestia um terno que se ajustava
perfeitamente ao corpo, deixando-o ainda mais
charmoso, do que no último encontro. Jamais
imaginou que o reveria em tão pouco tempo, mas
não podia mentir para si mesma, e fingir que não
estava adorando tê-lo por perto.

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— Consegui um espumante para nós. Da


próxima vez que a minha empresa patrocinar o
bufê, vou me lembrar de pedir para colocarem
champanhe de qualidade — esticou a taça na
direção de Nicole, mas ela não fez nenhum
movimento, apenas ficou o encarando, os olhos
arregalados. — Você está bem, meu anjo? — A
preocupação de Logan era verdadeira, pois ela não
parecia bem.
— Sua empresa patrocinou o bufê?
— Sim, sempre ajudamos nos eventos da
Nina. Temos um amigo em comum que sempre nos
informa o que ela precisa e tentamos, na medida do
possível, ajudá-la. Dessa vez fornecemos o bufê,
mas as bebidas não são das melhores.
— Você é dono da Akanni?
— Não exatamente. Tenho uma parte das
ações, mas atualmente é a minha irmã que preside a
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empresa. Possuo um escritório de advocacia e sou


completamente independente da família. —
Novamente Logan ofereceu a bebida e dessa vez
ela pegou.
— Que loucura. — Ela virou completamente
a taça oferecida. Ainda não acreditava que estava
na frente de um dos donos da maior empresa
alimentícia do país. Por toda a vida consumiu os
produtos deles, mas nunca imaginou que o dono era
ainda melhor do que os biscoitos que produzia.
— Algum problema por isso? — a reação
dela lhe pareceu estranha. Normalmente as
mulheres ficavam bem interessadas quando
descobriam que ele era um dos sócios.
— Claro que não, mas é um pouco surreal
saber que o cara que conheci em um bar, além de
advogado, é um dos empresários mais conhecidos
do país.

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— Tento viver uma vida comum. — Logan


pegou o copo da mão dela para colocar na bandeja
de um garçom que passava. — Quer outra?
— Daqui a pouco. — Reparou com atenção o
rosto do homem à sua frente. Era incrivelmente
bonito, e como a irmã havia dito, parecia ter dentes
sobrando. O sorriso dele chamava ainda mais
atenção do que o restante.
— Ainda quero um jantar com você, Nicole.
— Ele jamais desistiria de tê-la na sua cama.
Precisava ficar mais tempo a sós com ela, para
seduzi-la de uma maneira irresistível.
— E eu, entender o que levou você e seu
amigo a entrarem naquela disputa estranha.
— Amigo? — A vontade de Logan era rir,
mas optou por ofender-se por imaginar Tiago como
seu amigo.
— Não é? — antes que respondesse, foi
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interrompido pela chegada dos pais dela.


O casal era extremamente simpático e o
parabenizou com entusiasmo por ter sido tão
generoso. Pareciam apoiarem a causa de adoção, o
que causou uma curiosidade imensa em Logan para
saber a história de família deles. Certamente
deviam ter adotado Leandra, por isso estavam
felizes por Nina ter alcançado um valor expressivo
no leilão.
Depois que os pais de Nicole interromperam
a conversa, aconteceu outras intromissões que o
deixou soltando fumaça. A vontade dele era pegá-la
e sair dali, mas sabia que precisava de paciência
para conseguir alcançar o objetivo daquela noite.
Com uma paciência digna de um monge
budista, sorriu e aceitou todos os cumprimentos
oferecidos. Conversou com pessoas que nem sabia
que existiam e foi até simpático com Tiago, quando

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este se aproximou, fingindo que eram colegas.


O importante agora era permanecer com
Nicole para conseguir se aproximar ao máximo. Já
que a vida tinha dado uma forcinha os aproximando
inesperadamente, não perderia a oportunidade.
— Nicole, estamos indo embora. Seu pai já
está reclamando que precisa dormir. — Alda olhou
para Logan e sorriu. Era um homem interessante e
ela percebeu que não tirava os olhos da filha.
— Tudo bem, mãe. Vou me despedir da Nina
para irmos embora.
Quando ela disse aquilo, um alarme soou na
cabeça dele. Precisava convencê-la que a noite
deles poderia ser bem interessante caso ficasse.
— Vai embora?
— Eu vim de carona com os meus pais, eles
vão me levar para casa. — Respirou fundo, vendo
que nem tudo estava perdido.
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— Então não precisa ir agora, eu te levo.


— Não precisa. — Nicole desconfiava do
próprio controle para permanecer ao lado de Logan
sem fazer besteira.
— Acho que seria bom ir com ele, querida.
— Para a surpresa dela, a mãe entrou na conversa.
— Será mais tranquilo para o seu pai ir direto para
casa.
Claramente sua mãe a empurrava para a boca
do lobo. Normalmente esse tipo de atitude vinha de
Leandra, mas parecia que Alda tinha aprendido a
ser atrevida como a filha.
— Se você quiser ir agora, Nicole, não tem
problema. Estou realmente cansado. — Logan
imediatamente colocou-se à disposição dela.
Nicole o fitou e sentiu as mãos suarem.
Como seria ficar com esse homem, sozinha, em um
carro?
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As imagens que lhe surgiram na mente foram


completamente incendiárias, e torceu para que não
tivesse percebido a aceleração repentina na
respiração dela.
— Bem… — Nicole molhou os lábios e
ergueu os olhos para encará-lo. — Não me importo
de ir embora agora.
— Então vamos. — Logan escoltou as duas
mulheres para se despedirem de Nina.
Ao encontrarem a anfitriã, ele elogiou o
evento e deu permissão para contatá-lo diretamente
caso precisasse de mais alguma coisa. Pediu que
mandasse a conta das peças adquiridas no leilão, na
manhã seguinte.
A família de Nicole também se despediu e
seguiram para o estacionamento conversando.
Claramente eram unidos, a cumplicidade entre eles
não deixava margens para dúvidas.
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— Amanhã tentaremos almoçar juntas,


maninha. Quero fazer a resenha da noite. —
Leandra piscou para a irmã e se aproximou de
Logan. — Foi um prazer revê-lo, espero que
coloque a escultura da minha irmã em um lugar de
destaque na sua casa.
— Tenho um lugar em mente para ela, não se
preocupe. — Logan beijou a mão de Leandra e
cumprimentou o marido.
— Obrigado por ter feito uma doação tão
generosa. Acho que nem imagina como esse
dinheiro será importante para a vida das crianças do
orfanato. — O pai de Nicole agradeceu.
— Pode apostar que sei, é sempre um prazer
ajudar quem precisa. — O sorriso de satisfação que
o homem deu em resposta fez Logan perceber que
disse a coisa certa.
— Que Deus te abençoe, você é um homem
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bom. — Javier parecia emocionado.


— Tento ser. — a resposta foi sincera. Dalva
fez questão de ensiná-lo que o caráter de uma
pessoa era o seu cartão de visitas.
Observou o casal entrar no carro sorrindo. A
mãe de Nicole acenou, enquanto o marido saía da
vaga. Em seguida foi a vez do marido de Leandra
buzinar.
Assim que o casal se viu sozinho, um silêncio
desconfortável caiu sobre ambos. Pela maneira que
Nicole olhava para o chão, estava desconfortável
com a situação que se encontravam.
— Meu carro está logo ali na frente. Vamos
embora? — ela acenou em concordância e seguiu
na direção mostrada.
Para não perder a oportunidade de tocá-la, ele
espalmou a mão na base da coluna dela,
acompanhando-a bem de perto. O perfume
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feminino o envolveu, despertando todo o corpo.


Contava os segundos para poder sentir esse
perfume sob os lençóis. Se tivesse um pouco de
sorte, talvez esta noite saberia como era o gosto
daquela linda mulher.
— Aqui. — Parou ao lado do carro e viu os
olhos dela admirarem a máquina. Respirou fundo,
estufando o peito. Adorava quando as pessoas se
derretiam pelo seu veículo.
— Você tem um Volvo? — Nicole olhou
para Logan e viu o orgulho masculino brincando
nos olhos. Todos os homens que conhecia ficavam
assim quando uma mulher lhe admirava o carro.
— Ele é confortável. — Tentou minimizar as
qualidades do seu brinquedinho. Mas, na verdade, o
carro era um dos modelos mais avançados da
indústria automobilística.
— Confortável, Logan? Conta outra, isso é
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uma máquina perfeita. — Nicole passou a mão pela


lataria do carro, admirando o design. — Se meu
irmão ver esse carro tem uma crise histérica.
— Você tem um irmão?
— Mais velho e louco por carros e motos. —
Ergueu o rosto e percebeu que Logan estava mais
perto do que imaginava.
— Então ele é um homem que tem bom
gosto. — Abriu a porta e fez sinal para ela entrar.
— Podemos conversar melhor enquanto seguimos
para a sua casa. Entre, por favor. — Esperou ela se
mover, mas Nicole apenas permaneceu no mesmo
lugar.
— Posso chamar um táxi, você não precisa
me levar.
O medo do que aconteceria quando entrasse
no carro a fez tentar recusar a carona. Tinha de
resistir aos encantos de Logan. Era o tipo de
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homem que podia quebrar o coração de uma


mulher em segundos.
— Entre. — Abriu mais um pouco a porta do
carro e colocou a mão no meio das costas dela para
incentivá-la a entrar.
Jamais permitiria que fosse embora sozinha,
eu a acompanharia até em casa e, se possível, na
sua cama. Logan escondeu o sorriso ao pensar na
hipótese de desfrutar daquele corpo.
O calor da mão dele derreteu a possível
resistência que ela tentava construir. Na verdade, o
que Nicole queria de verdade, era ficar o maior
tempo possível ao lado dele.
Entrou no carro e o cheiro do couro a
envolveu. O veículo exalava elegância e conforto.
Certamente deveria ter sido uma fortuna, pois
poucas pessoas que conhecia tinham condições de
possuir um veículo tão caro.
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— Para onde devo ir? — Logan se acomodou


e gostou da sensação de estar tão perto dela.
— Laranjeiras.
— Certo, vamos para a sua casa.
A maneira que ele disse aquilo arrepiou o
corpo dela. A sensação era que Logan não iria
embora facilmente. Mas não permitiria que ele
entrasse. O melhor a fazer era conter possíveis
investidas, antes que se perdesse a cabeça e
acabasse transado com ele, e se arrependendo no
dia seguinte.

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Capítulo 6

— Você ainda não me contou o motivo de


disputar com tanto afinco a minha escultura. —
Logan pensou como deveria responder à pergunta.
— Não gosto de perder. Meu instinto
competitivo fala mais alto.
— Posso ser sincera? — Nicole se ajeitou no
banco para tentar encará-lo.
— Sempre.
— Vendo a disputa de vocês, ficou parecendo
que estavam fazendo muito mais do que algo
competitivo.
A percepção dela o deixou ciente que Nicole
era observadora. Ele não conseguiria enrolá-la

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facilmente. Teria de arrumar uma desculpa que se


aproximasse bastante da verdade.
— Nós nos conhecemos há muitos anos, e
digamos que não somos melhores amigos.
— Entendi, vocês se odeiam.
— Nunca disse isso.
— Mas quis. — Logan olhou rapidamente
para ela, e viu um sorriso estampar-lhe o rosto.
— No momento não quero falar sobre o
Tiago. Prefiro saber mais sobre você. Desde
quando trabalha com artes plásticas? — falar do
trabalho dela seria certamente a maneira mais
rápida para conhecê-la.
— Desde a pré-escola. Os desenhos
retorcidos eram um ensaio para a minha futura
profissão.
— Então o talento é de nascença?

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— Sim. Entra na próxima a direita, é um


atalho para a minha rua.
— Se eu seguir em frente, demoramos mais
para chegar?
— Sim, aí pegaremos um trânsito
desnecessário. Nessa rua que entraremos a
velocidade é baixa, mas seguimos sem problemas.
Com incredulidade, Nicole viu Logan passar
pela rua que apontou e seguir para o fluxo intenso
logo a frente. Olhou para o seu perfil sério e ficou
sem palavras. Pelo semblante tranquilo, Logan não
estava ligando por ter descumprido a ordem.
— Você vai me dizer por que ignorou a
minha sugestão?
— Não estou com pressa. — a resposta foi
dita com toda a calma do mundo.
— Certo. — No fundo Nicole também não
estava, mas não queria assumir isso. — Você não
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vai ficar encrencado em casa se chegar tarde? — já


havia dito que queria jantar com ela, o que se
subentendia que era solteiro, mas não custava se
certificar disso.
— Não. — Logan escondeu um sorriso
vitorioso pela pergunta dela. — Quando posso
marcar o nosso jantar?
— Jantar? — Nicole fingiu surpresa, mas, na
verdade, aceitaria o convite. Ela queria muito
conhecer um pouco mais dele. Logan a atraia de
uma maneira que não conseguia entender.
— Disse que desejava um jantar com você.
Não é porque nos encontramos hoje que a minha
vontade mudou. — Agora que tinha parado em um
sinal de trânsito, pôde olhar cuidadosamente para
Nicole.
Por alguns segundos, ela se perdeu naquele
olhar. Logan não tinha olhos castanhos, e sim
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pretos, como uma noite de tempestade. Isso dava a


ele uma intensidade perturbadora, como se tivesse
o dom de hipnotizá-la.
— Posso olhar na minha agenda? — Inclinou
a cabeça para tentar entender se ela estava falando
sério, ou se era apenas uma brincadeira, mas o
barulho de uma buzina indicou que o trânsito
estava fluindo.
— Essa sua agenda é lotada? — O sorriso
dela deixou claro que estava brincando.
— A entrada para a minha rua é a próxima e
nada de tentar me enrolar.
— Eu nem te enrolei, só escolhi o caminho
mais longo. Não tenho culpa se me faz querer ficar
perto de você. — Sentiu-a se remexer no banco e
esperou por alguma resposta, mas ela ficou
observando a paisagem.
Seguiram em silêncio, cada um dentro dos
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próprios pensamentos. A tensão entre eles


aumentava conforme o carro ia avançando. O
momento da despedida inquietava ambos, por
motivos diferentes.
— É aqui. — Nicole quebrou o silêncio
quando estavam quase na frente da casa dela.
— Você mora em uma casa? — Logan
estacionou na frente de uma bela casa com fachada
antiga.
— Na verdade, é uma pequena vila, mas
como está à noite, não dá para ver direito. Eu moro
na casa dos fundos, lá tem uma área grande que
caiu como luva para o meu ateliê.
— Todas as casas estão ocupadas? — agora
que tinha dito ser uma vila, Logan conseguiu
discernir entre as várias árvores que existiam mais
de uma casa no terreno.
— Sim, tenho ótimos vizinhos.
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— Isso é bom. — Soltou o cinto de segurança


e se inclinou para fazer o mesmo com o de Nicole.
— Quando jantaremos?
Nicole prendeu a respiração quando ele lhe
segurou a mão e com o braço envolveu o seu
banco. A proximidade era perturbadora. O desejo
dela naquele instante era se aproximar dele e sentir
o seu cheiro enquanto lhe fungava o pescoço.
O pensamento de querer jogar-se nos braços
dele era insano. Mal o conhecia, sequer sabia se
existia alguém na vida dele, que poderia muito bem
mentir enquanto uma esposa o esperava em casa.
Mas quando olhava aquele rosto forte e sorriso
fácil, a imprudência tomava conta dela e apenas o
desejo controlava-lhe o corpo.
— Podemos marcar alguma coisa depois. Me
mande uma mensagem que combinamos o dia em
que estaremos livres.

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— Estou livre amanhã. — Beijou a mão dela


com delicadeza e colocou sobre a coxa dele.
Precisava seduzi-la a todo custo, essa noite seria
um inferno se não provasse daqueles lábios.
— Por que tanta pressa? Podemos marcar no
fim de semana.
— No fim de semana podemos marcar outro
jantar. — Com cuidado se aproximou mais um
pouco, buscando o olhar dela.
A vontade de Nicole era correr, mas se
fizesse isso, poderia passar vergonha ao tropeçar
nas pernas trêmulas. O corpo dela estava fora de
controle, parecia pulsar com a presença
extraordinária de Logan.
— Eu não sei se devemos nos ver tão
rapidamente.
— Por quê? Você tem namorado? — a
pergunta a fez lembrar de Heitor, seu amigo com
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benefícios.
Os dois não namoravam, mas mantinham
uma relação que fazia bem para ambos, sem
cobranças entre eles, apenas companheirismo e um
sexo agradável.
— Eu não sei o motivo, Logan. Só acho que
podemos esperar o fim de semana para jantarmos.
— Você tem ou não namorado? Fiquei sem
resposta. — questionou quando ela claramente
tentou escapar da pergunta.
— Você é insistente. — Nicole se remexeu
desconfortavelmente antes de responder. — Não
tenho um namorado.
— Ótimo, eu odiaria beijar a namorada de
alguém.
— O quê… — a pergunta foi interrompida
quando a boca de Logan cobriu a dela.

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A princípio, o beijo foi lento, apenas


provocando os lábios, deixando-a eufórica. Por
mais que Nicole quisesse afastá-lo, o cheiro
masculino dele lhe envolveu, fazendo com que se
aproximasse e segurasse com força as lapelas do
terno.
Quando Logan tomou a decisão de beijá-la,
teve medo de levar um belo tapa no rosto. Nicole
não era o tipo de mulher atirada que costumava
levar para a cama. Ela merecia um tempo de
sedução, com joguinhos de palavras e toques
furtivos para estimulá-la. Mas o crescente desejo
que sentia cada vez que olhava aquela boca em
forma de coração, fez com que acelerasse os planos
e partisse para o ataque.
Ele não conseguiria ir para casa sem
experimentar, ainda que brevemente, os lábios
macios dela. Arriscar sempre foi a palavra de

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ordem e dessa vez ele arriscou com ainda mais


prazer. Se conseguisse ser um pouco mais
convincente, até poderia conseguir entrar na casa
dela e partir para o ataque.
Os lábios de Logan foram sondando com
delicadeza os de Nicole, e no instante em que as
línguas se tocaram, um gemido de prazer se
espalhou pelo carro. Ambos estavam mergulhando
na névoa do desejo que a profundidade do beijo os
jogou.
Como se tivesse vida própria, as mãos de
Nicole subiram pelos ombros de Logan, até que
cruzou os braços pelo pescoço dele, inclinando a
cabeça para lhe dar maior acesso. Ele sabia beijar, a
maneira firme e quente com que a conduzia
deixava claro que era um amante experiente.
Tentava ignorar a imaginação, que povoava a
mente dela com a ideia do que seria capaz de fazer

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se estivessem juntos na cama.


A mão de Logan subiu pela perna dela e
depois se instalou possessivamente na cintura. O
desejo dele era tirar o vestido e abocanhar um dos
seus seios ali mesmo, mas se fizesse isso arruinaria
a noite.
Por esse motivo, conseguiu apenas segurar o
corpo e dar o melhor que podia no beijo. Se
conseguisse o resultado esperado, seria mais fácil
seduzi-la. Depois que estivesse lá dentro, só sairia
no outro dia, após ter saciado completamente o
desejo.
Nicole se segurou para não abrir a camisa
dele e sentir os músculos rígidos. Ele parecia aço
sob a mão dela, nunca tinha tocado um homem tão
forte. O calor que emanava da pele estava deixando
o seu corpo em erupção. Ela já não conseguia
conter a onda líquida que se espalhava entre as

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coxas. Era insano desejar um estranho como estava


fazendo, mas o corpo parecia não escutar todas as
palavras de cautela que o cérebro gritava.
— Logan. — Depois de alguns segundos,
conseguiu recobrar o juízo. —, eu preciso respirar.
— Pode acreditar que ainda não te fiz perder
o fôlego. — Logan começou a espalhar beijos pelo
pescoço dela —, mas posso tentar.
— Não fala essas coisas. — Tudo o que
Nicole queria era ganhar estabilidade emocional,
mas ficava impossível quando tinha um homem do
nível dele fazendo a pele pegar fogo.
— Quer que eu pare? — Torcia para que ela
dissesse não.
Ao encarar os olhos de Nicole, estavam tão
negros quanto os dele. Imersa na névoa de tesão
que queria. Por isso Logan foi lhe beijando os
lábios, enquanto ainda a encarava. Em segundos ela
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cedeu e então voltou a beijá-la com vontade.


Aquela boca era o paraíso, e faria o impossível para
ficar ao lado dela a noite toda.
Com certa dificuldade, conseguiu mover o
corpo de Nicole do banco e a sentou com as pernas
abertas no seu colo. Precisava que ela estivesse
com o corpo inteiramente em contato com o dele,
só assim conseguiria deixá-la pronta para aceitar
que entrasse.
Para a sorte dele, Nicole não ofereceu
resistência, apenas se agarrou ao seu pescoço e se
entregou ao beijo. Desse momento em diante ele
usou toda a técnica de conquista que aprendeu ao
longo dos anos. E mostrou tudo o que poderia ter se
permitisse que ficasse.
— Por que não entramos? Eu não quero parar
de te beijar, mas não acho seguro ficarmos aqui
fora.

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— Não sei se é uma boa ideia. — Nicole


sentia-se incapaz de pensar, nunca tinha beijado um
homem como ele. O homem sabia o que fazer e
estava acabando com o seu psicológico.
— Não é uma boa ideia me beijar? — Ele
enrugou a testa e se fingiu de ofendido. Tentaria
usar o lado emocional para não ser escorraçado.
— O quê? — Nicole olhou o rosto
contrariado dele e percebeu que estava chateado. —
Não! — A mente entraria em pane. — Nunca disse
isso.
Logan percebeu que ela estava confusa e
aproveitou-se para lhe derrubar a resistência. — Foi
tão ruim assim me beijar? — Fez aquela cara
irresistível de cachorro carente de rua.
— Claro que não. — Para validar a sua
afirmação, Nicole encostou os lábios nos dele e
salpicou-lhe pequenos beijos.
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Tudo o que mais queria era levá-lo para casa


e deixar que ele fizesse muito mais. O único
problema era que jamais transava no primeiro
encontro… E o fato de não saber, de fato, o que era
aquilo, deixava tudo ainda mais complicado.
— Então vamos entrar? Quero continuar te
beijando. — Logan insistia, segurando a cintura
dela e mordendo o lábio inferior.
Nicole respirou fundo quando ele a beijou
abaixo da orelha e fez o corpo dela se arrepiar. Era
uma estupidez considerar a ideia de levá-lo para
dentro, mas tinha que assumir que não estava
pronta para parar.
— Você promete que vai se comportar? —
Como se estivesse enfeitiçado, Logan acompanhou
o movimento da língua dela correndo pelos lábios e
imaginou como seria aquele movimento na ereção
dele.

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— Prometo o que quiser, querida. Você é


quem manda.
— Então pode entrar, mas se não se
comportar… — Nicole deixou a ameaça no ar,
porque no fundo ela nem fazia ideia do que faria
caso a desobedecesse.
— Vamos embora. — Logan a colocou no
lugar e estacionou apropriadamente o carro na
calçada.
Seguiram lado a lado para os fundos do
terreno, onde uma casa charmosa se revelou, em
meio a uma fraca luz que vinha da casa da frente.
— Eu sempre esqueço de acender a luz da
varanda antes de sair. Ainda bem que a cunhada da
Joana nunca esquece de ligar a luz dos fundos.
— Você se dá bem com os seus vizinhos? —
Logan tentou manter a conversa enquanto ela abria
a porta e fazia sinal para ele entrar.
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— Todos fazem parte da mesma família, eu


sou a intrusa no meio deles. — Nicole riu ao dizer
isso. — Conheci a família Campos quando era
criança. Aí fiquei amiga da Joana, nós vivemos
boas aventuras juntas. Depois que crescemos
mantivemos a amizade e acabei ocupando a casa
dos fundos da família dela. Amo esse lugar, é
perfeito não só para morar, mas principalmente
para fazer as minhas esculturas.
Acendeu a luz e Logan viu uma ampla sala a
frente. Nicole foi embrenhando-se por um corredor
e ligando algumas luzes ao longo do caminho. Com
cuidado ele foi seguindo os passos dela, até que
parou na porta da cozinha.
— Quer um café? — perguntou enquanto
descartava a bolsa em um canto da cozinha.
— Não precisa se incomodar. — Tudo o que
gostaria era de voltar a tocá-la.

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— Poderia te oferecer algo mais forte, mas


como ainda vai dirigir, acho que café é melhor. —
Logan mordeu o lábio para evitar um sorriso. Se
pudesse ler o pensamento dele, daria algo forte sem
problemas, pois não tinha intenção de ir a lugar
nenhum.
— Um copo de água é o suficiente, realmente
não quero o café.
— Tudo bem. — Nicole foi até o filtro pegar
um pouco. — Gelada ou natural? — Agora que
estava sozinha com ele, estava se sentindo insegura.
Mal conhecia o homem e já o colocava dentro do
seu território.
— Gelada. — Foi se aproximando com
cuidado. Não pretendia assustá-la agora que estava
perto de ter o que queria.
— Aqui. — Nicole estendeu o copo para ele
e recuou um pouco. Estava sem condições de ser
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tocada sem se descontrolar.


— Sua casa é linda. Só não é mais linda do
que você. — Colocou o copo na bancada da
cozinha e estendeu a mão para tocar a cintura dela.
— Logan. — Nicole colocou as mãos no
peito dele e tentou dizer algo prudente.
— O que foi? — a pergunta foi feita quando
a boca deslizava pelo pescoço dela.
— Acho que deveríamos ir com calma.
— Pode apostar que estou indo. Se estivesse
com pressa, você estaria em cima dessa mesa, com
a minha boca entre as suas pernas.
Nicole ofegou ao ouvir as palavras cruas.
Deveria recriminá-lo por dizer algo tão indelicado,
mas a cabeça apenas formava cenas dele fazendo o
que tinha acabado de mencionar.
A resistência dela ruiu quando ele aprisionou

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os lábios em mais um beijo incendiário. Era


impossível manter a racionalidade com ele
devorando-lhe a boca com uma perícia
desconcertante.
Se perderam no beijo e as palavras ficaram
esquecidas, enquanto ambos deixaram apenas o
desejo fluir. Neste instante o que queriam era sentir
o que crescia vertiginosamente pelos seus corpos.
Logan segurou Nicole e a encostou na
bancada, a abraçou, ao mesmo tempo em que
aprofundava o beijo. Ela o enlouquecia, o seu gosto
era melhor do que imaginava, seria impossível ir
embora. Se não possuísse essa mulher
imediatamente, não conseguiria dormir.
— Me diz que também está perdendo o
controle. Não quero acreditar que só eu estou
ficando maluco. — Olhou para Nicole em busca da
resposta. Precisava saber se estava tão perdida

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quanto ele.
— Eu acho que você nem deveria estar aqui.
Nada de arrependimentos a me consumirem
amanhã… — O coração de Nicole parecia que ia
explodir.
— Por que se arrependeria? — Com
delicadeza acariciou o rosto dela e viu os olhos
fecharem. — Pode parecer clichê, mas eu te quis
desde que te vi. — Desceu a boca até roçar-lhe a
bochecha. — E sabe o que eu descobri?
— Não. — A voz dela saiu baixa.
— Que te beijar é melhor do que imaginei,
mas não o suficiente. Preciso tê-la completamente,
aqui e agora. — Segurou a cabeça e colocou o rosto
no nível dos olhos. — Quero você nem que seja só
por esta noite. Pode chutar a minha bunda amanhã,
mas me deixe saber como é ter o prazer de me
perder no seu corpo.
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— Por que está fazendo isso comigo? Me


recuso a dormir com alguém sem ter o mínimo de
envolvimento.
— Arrisque-se ao menos uma vez, saia da
rotina, posso fazer valer a pena. — Logan
transmitia segurança. Precisava dela
desesperadamente, mas necessitava que ela também
o desejasse. O que tinha em mente para essa noite
necessitava daquela mulher inteiramente entregue.
A cabeça de Nicole projetou os piores
cenários possíveis e, em todos eles, se arrependeria
no dia seguinte. Mas decidiu, pela primeira vez na
vida, seguir o conselho da irmã e ser imprudente.
Concluiu que seria menos doloroso se arrepender
por ter passado uma noite de sexo intenso com ele,
do que imaginando como teria sido passar a noite
naqueles braços. Neste instante tudo o que
necessitava era matar o desejo que lhe consumia o

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corpo.
Assim que tomou a decisão de viver uma
noite de luxúria, segurou a mão dele e seguiu, em
silêncio, para o quarto. Não pensaria em mais nada,
apenas deixaria rolar e lidaria com as
consequências no dia seguinte.

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Capítulo 7

Quando entraram no quarto, ela acendeu o


abajur e uma luz tênue iluminou o lugar. O quarto
era simples, com uma cama box no centro.
Imediatamente, Logan a imaginou nua na cama, se
contorcendo de prazer.
— Não me deixe pensar. — Ela não queria
parecer insegura, mas se permitisse que sua mente
trabalhasse, desistiria dessa loucura agora mesmo.
— Nicole. — Logan a segurou pela mão. —
Quero que tenha certeza do que faremos. Se não
estiver com vontade, vamos voltar para a sala e
conversaremos até eu ir embora.
— Estou com muita vontade. — Na verdade,
em chamas —, mas estou vivendo algo novo e isso
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é um pouco assustador. — Decidiu ser sincera.


— Você acha que esse novo pode ser ruim?
— Ele correu a mão pelo cabelo dela com cuidado.
Sentia uma ternura inusitada por Nicole.
— Só vou saber amanhã. — Já que estava
com esse homem deslumbrante, Nicole não
deixaria as neuroses acabarem com tudo. — Agora
não quero pensar em arrependimentos. — Colocou
as duas mãos na frente do terno dele e, aos poucos,
começou a deslizar a peça pelos ombros.
— Quando começarmos será definitivo, essa
é a hora de desistir. — A necessidade de tê-la era
desesperadora, mas tinha de dar-lhe uma opção.
— Isso não vai acontecer. — Nicole arrumou
o terno dele em uma cadeira e limpou a mente.
Ignoraria os sinais de alerta que pipocavam na
cabeça, tentando impedi-la de viver uma tórrida
noite de sexo.
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— Que bom. — Logan a puxou e desceu a


boca sobre a dela, lhe daria uma noite que a faria
ansiar por outras. Com perícia, abriu sem
dificuldades o vestido e deslizou-o pelo corpo
esguio. Foi presenteado então, com a seminudez de
Nicole, pois o busto estava aprisionado num
maldito sutiã. Sem hesitar, Logan tirou a lingerie
do caminho e quase foi ao chão com os magníficos
seios que ficaram expostos perante sua visão.
Eles eram perfeitos, cabiam nas mãos dele.
Agora precisava descobrir como seria a sensação de
tê-los na boca.
— Você é linda. — Logan murmurou antes
de baixar a cabeça e tomar um deles nos lábios.
Quando a tocou, Nicole jogou a cabeça para
trás e fechou os olhos. O calor daquela boca
arrepiou-lhe o corpo e um gemido intenso escapou
dela. A ânsia com que ele a sugava era eletrizante,

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nunca um homem demonstrou tanto desejo ao tocá-


la.
As mãos de Nicole buscaram Logan para
conseguir se firmar, já que as pernas dela não
estavam estáveis, tamanho o desejo que percorria o
seu corpo. Assim que a língua dele contornou o
bico do seio e sentiu os dentes puxando-o com
delicadeza, um frenesi se apossou do seu baixo
ventre e a umidade entre as coxas aumentou
consideravelmente. Logan estava levando o corpo
dela a um curto circuito.
— Logan. — Nicole segurou o rosto dele
para tentar observá-lo.
— O que foi? — Soltou o seio e a encarou.
Ela viu o desejo cru estampando nos olhos,
fazendo-a desejá-lo com mais intensidade.
— Vamos dispensar as preliminares… eu
preciso de você.
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— Não podemos dispensá-las, querida. —


Logan sorriu e contornou um dos seios com o
polegar. — Você precisa estar preparada.
— Pode apostar que estou. — Nicole deixou
a vergonha de lado. Estava tão excitada que a única
coisa que pensava era em tê-lo dentro de si.
— Pois, aposto que não está. — Sorriu e
voltou a beijá-la. Ela ficava linda quando excitada.
O tom rosado das bochechas era de uma delicadeza
cativante.
— Eu sei o que digo, Logan. Não posso mais
esperar.
As mãos de Nicole arrancaram a gravata e
começaram a abrir com desespero a camisa.
Precisava ter acesso àquele corpo o mais rápido
possível. A necessidade de sentir o calor da pele
dele era quase dolorosa. Quando conseguiu abrir os
três primeiros botões, as mãos paralisaram com a
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visão surpreendente que lhe foi revelada. Afastou


um pouco a camisa de Logan e vislumbrou um
intricado caminho com símbolos que não fazia
ideia do que eram. Nunca tinha visto uma tatuagem
tão bonita, muito menos imaginava que ele pudesse
ter uma.
— Que lindo. — Correu a mão através da
pele negra, admirando a sexy tatuagem.
— É uma tribal. — Logan terminou de tirar a
camisa. — É de origem maori[1], e cada símbolo
tem um significado.
— É perfeita. — Com calma, deslizou a mão
por toda ela, que ia do ombro até parte do braço. —
É a coisa mais sexy que já vi.
— Estou feliz por ter gostado, mas teremos
tempo para você admirá-la. — Sorriu enquanto a
segurava pela cintura. — Agora vamos agitar as
coisas.
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Ele a ergueu com facilidade, enquanto


caminhava para a cama. Estava ansioso para
possuí-la, o corpo gritava por satisfação.
Os dois caíram na cama sorrindo. Nicole
sentiu o ar sumir dos pulmões com o peso dele,
mas, ainda assim, colou a boca na dele para voltar a
sentir o seu sabor. Logan era uma verdadeira
perdição, possuía uma sensualidade que acelerava o
coração.
As mãos começaram a lhe percorrer o corpo,
atiçando um fogo que só ele seria capaz de
controlar. Nicole se sentia perdida, mas tinha plena
consciência que em breve encontraria o que
desejava.
O plano de Logan era degustar o corpo dela
com calma, mas não esperava ficar dominado por
um desejo tão insano. Só pensava em abrir a pernas
de Nicole e se perder naquele calor, era uma

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necessidade visceral.
Para não ficar com a consciência pesada,
passou um dedo por cima da calcinha dela, para
sentir o quanto estava excitada. Quando percebeu a
umidade, um sorriso de satisfação brilhou nos
lábios. Não era só ele que estava perdido na atração
irresistível que sentiam.
Foi descendo com lentidão, disposto a
torturá-la por mais alguns segundos antes de
finalmente realizar a vontade dela. Obviamente ele
sofreria nesse processo, mas era algo que não se
importava em sentir.
— Disse para esquecermos as preliminares.
— Nicole grunhiu, impaciente.
— Eu ouvi. — Retirou a calcinha. — Relaxa,
sei o que estou fazendo.
A arrogância nas palavras dele a irritaram.
Obviamente estava se sentindo o irresistível com a
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urgência de ela em tê-lo. Ela se odiava por querê-lo


tanto, mas era impossível negar que Logan era
agora o seu maior objeto de desejo.
Pensou em falar algo ácido para tentar
diminuir-lhe o ego, mas foi interrompida quando
ele correu um dedo na sua entrada. Foi um toque
suave, mas que lhe estremeceu cada célula do
corpo. Quando abriu as dobras dela e mergulhou
um dedo no canal, ela se desmanchou e gemeu sem
timidez. Queria muito mais, só que Logan parecia
divertir-se a torturando.
A mente de Nicole se esvaziou, enquanto o
sentia introduzir outro dedo nela, no mesmo
instante em que começava a manipular o clitóris.
Ele a estava levando ao limite com toques precisos
e firmes. Realmente era um homem ímpar, sabia
exatamente o que fazia.
— Você é perfeita, Nicole. — Logan perdeu

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a luta interna dentro de si e decidiu que faria o que


tinha em mente mais tarde. Naquele momento, a
possuiria como ela desejava. — Com muito pouco
você é capaz de levar um homem a perdição —
Descartou a calça e a boxer, pegando um
preservativo no processo. — Tem certeza que se
sente pronta? — A necessidade de saber se estava
preparada era fundamental.
— Absoluta. — Nicole respondeu enquanto
observava-o cobrir a impressionante ereção.
Com dificuldade, escondeu um sorriso
quando percebeu que teve muita sorte em encontrá-
lo. Não era só bonito, mas um homem que sabia
como enlouquecer uma mulher na cama.
Ela até tinha uma vida tranquila com Heitor
no sexo, mas nada do que já experimentara se
comparava ao pouco que estava vivendo ali.
Mesmo sem tê-la penetrado, ele tinha conseguido

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despertar sensações jamais sentidas.


— Eu deveria seguir a programação e te dar o
melhor sexo oral da vida. Confesso que estava
louco para experimentá-la, mas é impossível
quando estou à beira de gozar só em sentir esse seu
cheiro. — Logan confessou assim que se estirou
sobre ela na cama.
— Teremos tempo para degustações. —
Nicole o abraçou e cruzou as pernas na cintura
dele. — Agora só preciso de você bem fundo.
— Cuidado, Nicole…
Pressionou a ereção na sua boceta e sentiu a
umidade dela facilitar a entrada. Nicole estava
escorregadia e quente, e isso era um perigo para a
reputação dele de bom amante. Se não se
controlasse, certamente gozaria antes de satisfazê-
la.
As mãos de Logan seguraram o quadril de
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Nicole para controlar melhor os movimentos.


Precisava se concentrar para enlouquecê-la, e não
se perder naquele momento.
Nicole deixou a mão vagar pelos ombros de
Logan. Ainda se sentia encantada com a tatuagem.
Jamais imaginou que por trás daquele terno
impecável, existia um homem tão incomum, que
não se parecia em nada com os homens que estava
acostumada a sair. Aquele homem era o oposto de
tudo que conhecia.
Logan ergueu o corpo para poder dobrar a
perna dela, pois queria um ângulo melhor para
aprofundar a penetração. Quanto mais ela estivesse
perto do orgasmo, mais rápido também alcançaria o
próprio.
Nicole era carinhosa, o tocava com
delicadeza, e a receptividade era inebriante.
— Isso é loucura. — O corpo de Nicole
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esquentou assustadoramente.
— É a mais prazerosa loucura que já pude
experimentar.
Ela era diferente das mulheres que conhecia.
Surpreendia-se ao perceber o quanto era perfeita, e
o corpo dela se encaixava ao seu com uma simetria
assustadora.
— Juro que gostaria de tornar esse momento
mais longo, só que é impossível me segurar. —
Nicole sentia-se a ponto de enlouquecer vendo o
suor de Logan iluminar a tatuagem. A força do
corpo dele era impressionante, e acabava
potencializando o desejo dela.
— Não me lembro que combinamos de nos
segurar, mas espero, de verdade, que não o faça. —
Por mais que Logan quisesse fingir indiferença, o
corpo dele mostrava o quanto estava perdido por
Nicole.
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— Não acabamos por aqui, Logan. — Ela fez


essa promessa no instante que ergueu o quadril para
aprofundar a penetração, pois precisava de um
contato maior para deixar fluir o prazer pelo corpo.
Por sorte, Logan percebeu a necessidade e inclinou-
se, de maneira que se sentiu inteiramente
preenchida.
Nicole segurou firme a bunda dele e
engasgou quando uma onda impactante lhe varreu o
corpo. Deixou escapar um som estranho, mas seria
impossível sentir o prazer que percorria o seu corpo
em silêncio.
No instante em que Logan sentiu o corpo dela
tremer sob o seu, sorriu por não ter perdido o
controle, caso a deixasse para trás, nunca se
perdoaria. Não era homem de abandonar uma
mulher na hora do prazer, fazia questão de se
certificar que a parceira estava satisfeita antes de

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encontrar a própria libertação.


Enquanto deixava Nicole desfrutar dos
últimos espasmos de prazer, intensificou os
movimentos para finalmente liberar o crescente
orgasmo que lhe sondava o corpo. Penetrou-a
algumas vezes, mas quando Nicole passou a língua
pelo seu pescoço e o mordeu no lóbulo da orelha,
estremeceu e perdeu o ritmo quando gozou.
O coração dele retumbou de maneira
desordenada. Queria ser mais firme, não
demonstrar que estava inteiramente perdido, mas
era impossível quando o cérebro não acompanhava
as sensações que o percorriam.
Quando se acalmou, virou para o lado e
fechou os olhos. A respiração ainda era instável,
sequer se sentia em condições de levantar da cama.
A cabeça estava completamente confusa, era
impossível formar um pensamento lógico depois de

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experimentar prazer tão intenso.


O silêncio caiu sobre ambos de maneira
incômoda. Sabiam que deveriam dizer algo, mas
estavam presos em seus próprios mundos, tentando
assimilar o que tinham acabado de viver. Não era
fácil perceberem que experimentaram algo fora do
comum, e os dois tinham consciência disso.
— Descanse um pouco, ainda temos uma
noite toda pela frente, Logan. — Finalmente Nicole
quebrou o silêncio. — Eu quero algo com mais
calma. — Levantou e olhou o corpo dele espalhado
na cama. — Quer um pouco de água?
— Por favor. — Logan se sentia incapaz de
falar muito, ainda mais quando ela o intimava para
uma segunda rodada.
— Não se mova, eu já volto. — A piscada
sexy dela lhe arrancou um gemido, ele tinha se
metido em uma furada, Nicole certamente o
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destruiria em segundos.

O sorriso dela chegava a ser constrangedor.


Precisou fugir de Logan para evitar gritar na frente
dele, tamanha felicidade. Apesar de saber que fez
uma burrada transando sem conhecê-lo, não se
arrependia. Seria impossível, depois daquele prazer
surpreendente. Não podia ser considerada uma
mulher inexperiente, tinha boa vivência, mas nunca
se sentiu tão atraída por um homem, como por
Logan. A maneira que ele olhava a desconcertava,
sem contar que tinha um corpo de virar a cabeça de
qualquer mulher.
Quando contasse para a irmã o tipo de
amante que era, Leandra surtaria. Disfarçadamente,
ela disse para aproveitar a noite com Logan, mas
até pensou que seria impossível rolar algo entre

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eles em tão pouco tempo. Mas ele soube como


quebrar a resistência.
Com calma Nicole abriu a porta do quarto.
Quando viu a cama vazia, imaginou que ele havia
ido embora, até ouvir o barulho de água jorrando
no banheiro.
Ainda era início de outono na cidade do Rio
de Janeiro, mas o calor das noites cariocas fazia
qualquer um acreditar que era verão. Nicole estava
sentindo-se quente, e por isso ligou o ar e sentou na
cama, a espera dele. Queria saber qual seria a
próxima atitude. Esperava que não decidisse ir
embora, pois ainda não se sentia satisfeita.
— Me desculpa por invadir o seu banheiro,
mas precisava lavar o rosto. — A voz dele arrepiou
todo o corpo de Nicole.
— Se quiser, te dou uma toalha para tomar
um banho. — Observou o corpo grande dele e pôde
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reparar nos detalhes que haviam ficado ocultos.


— Agora não. — Logan também a observou
com luxúria. A queria muito mais do que quando
chegou ali. Agora que sabia o que encontraria
dentro dos braços dela, ansiava por experimentar
esse prazer mais uma vez. — Podemos tomar
banho juntos mais tarde.
Ele sentou na cama e atraiu Nicole, pois
queria sentir novamente aquele gosto. Ela tinha
uma boca linda, que despertava o desejo de beijá-la
infinitamente.
Nicole deixou-se beijar. Gostava de receber
carinho depois do sexo, não podia negar que era
uma romântica boba, que se derretia quando
recebia afeto. Talvez por ter sido abandonada
quando bebê, sempre sentia uma carência extrema.
Era até difícil controlar em alguns momentos a
necessidade de receber atenção.

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Por um longo tempo ficaram apenas se


acariciando e trocando beijos que a enlouqueceram.
A química sexual entre eles era ímpar. Nunca tinha
estado com um homem que conseguisse se entender
com tão poucas palavras.
Nicole deslizou a mão pelo peito de Logan e
desceu até os braços fortes. Era impressionante o
quanto era rígido, jamais tinha ficado com alguém
tão musculoso quanto ele. Mas o bom, era que ele
sabia ser delicado quando a tocava.
— Nicole, quer mesmo que eu fique?
— Já disse que sim. — arranhou os dentes na
tatuagem, ainda se sentindo fascinada pelo
desenho. — Trouxe a água, beba o quanto quiser.
Vai precisar.
— Vou? — Logan aceitou o copo que ela
estendeu, sorrindo. — Posso saber por qual motivo
precisarei? — Estava adorando a desinibição dela.
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— Porque agora vamos brincar com mais


calma. — Agarrou o pênis dele, fazendo-o prender
a respiração. — Será que já podemos tentar acordar
o grande garoto? — Ela o encarou e viu o desejo
brilhar.
— Pode tentar, juro que não te interrompo —
Logan descartou o copo de água vazio e se recostou
na cama. Deixaria fazer o que quisesse.
Para surpresa dele, Nicole o levou a boca,
manipulando-o com maestria, até que estava duro
como pedra, bombando naquela boca, desesperado
por liberação. Como era um homem que gostava de
demonstrar reciprocidade, devolveu o gesto e a
devorou como tinha programado.
O gosto de Nicole era doce, assim como
imaginava. Ela era delicada em todos os sentidos e
emitia gemidos baixos cada vez que sugava ou
lambia o clitóris. Logan a faria gozar na boca dele,

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precisava senti-la se desmanchando. Só depois a


foderia e alcançaria o próprio prazer.
Nicole nem se importou em deixá-lo devorá-
la. Não era todo dia que uma mulher encontrava um
cara que sabia fazer um sexo oral tão bom.
Obviamente era uma exceção à regra e ela
aproveitaria da sorte proporcionada.
Antes que os pensamentos fossem mais
adiante, sentiu um fogo intenso incendiá-la e
despencou na névoa de prazer, gritando o nome
dele. O homem era um verdadeiro especialista em
sexo oral. Teria de experimentar a boca dele mais
vezes.
— Logan…. — Nicole tentou formar uma
frase concreta, mas ainda estava perdida com os
últimos espasmos de prazer.
— Que foi, meu anjo?
Nicole observou-o cobrir o membro com um
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preservativo e puxar o corpo para ela sentar-se na


cama.
— Quero que me monte. — Logan a colocou
sobre o colo. — Rebole esse seu traseiro gostoso no
meu pau, Nicole. — As mãos dele a seguravam
pela bunda com firmeza enquanto ela descia sobre
a ereção. — Isso. — Ele jogou a cabeça para trás
quando a sentiu envolvê-lo.
Nessa posição Nicole se sentiu poderosa, se
apoiou nos ombros de Logan e desceu sobre ele
com vontade. Sentiu o membro entrar fundo nela,
mas o prazer que a dominou foi indescritível, cada
vez ficava melhor, sequer tinha acabado de gozar e
já estava imaginando como seria a próxima vez.
Por um tempo, ficaram nessa posição,
enquanto ela revezava entre descidas vigorosas e
lentos requebrados. Logan a incentivava e dizia
palavras excitantes, gostava de demonstrar o quanto

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a desejava, e Nicole adorava ouvir cada palavra


suja ali dita.
Quando ela o sentiu ficar tenso, soube que
estava no limite. Não se surpreendeu quando a
colocou ajoelhada na cama e a penetrou
profundamente.
Nicole deu um grito de puro prazer, quando o
sentiu se impulsionar dentro dela. Mesmo tendo
tido um orgasmo há pouco tempo, estava pronta
para outro. O corpo parecia programado para se
desmanchar ao lado dele.
Sabendo que ela necessitava de um pequeno
estímulo para acompanhá-lo, Logan friccionou-a no
clitóris e a ouviu praticamente uivar. As pernas dela
tremeram e ele a sentiu o sugando com intensidade.
Esse era o sinal que precisava para acelerar em
busca do prazer. Em poucos minutos, Logan sentia
um fogo consumir os pulmões, mais uma vez se

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perdendo em Nicole, já ansiando por mais.

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Capítulo 8

A noite foi memorável. Depois da segunda


transa ambos desabaram na cama, exaustos.
Após algum tempo, puseram a conversar.
Logan descobriu sobre a vida dela e se compadeceu
em saber que foi abandonada pela família.
Entendeu a ligação que os pais adotivos de Nicole
tinham com crianças abandonadas e sentiu uma
empatia instantânea pela história do casal. Ambos
fugiam da figura de brancos que pouco se
importavam com negros. Os pais de Nicole sabiam
da dificuldade daquelas crianças para serem
adotadas e por isso fizeram a parte deles.
Com certa reserva, Logan contou um pouco
da própria vida, mas decidiu focar mais na carreira
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vitoriosa como advogado. Nicole acabou se


recordando das vezes que ouviu o nome dele, mas
assumiu que nunca viu foto dele nas páginas dos
jornais, pois não era o tipo de mulher que
acompanhava esse tipo de reportagem.
Por não gostar de abrir a vida, Logan omitiu a
parte sobre sofrer preconceito. Odiava demonstrar
fraqueza, principalmente para quem tinha interesse.
Não queria que Nicole achasse que era um fraco,
preferia que ela guardasse na memória a imagem
dele sendo um homem seguro.
Depois da conversa, decidiram tomar um
banho e comerem sanduíches que Nicole fez
questão de preparar. O cansaço cobrou seu preço e
ambos adormeceram abraçados, o que foi uma
grande novidade para Logan, ele não costumava ser
tão receptivo com uma mulher que não tinha
intimidade. Mas com Nicole era diferente, a

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sensação que sentia era de que a conhecia por


longos anos.
Pela manhã ele acordou cedo, no horário que
costumava fazer exercícios. Como não tinha
nenhuma roupa apropriada, decidiu que caminharia
até a padaria mais próxima para comprar algo. Por
mais que o cérebro dissesse que era hora de cair
fora, ainda gostaria de um último momento de
intimidade com Nicole. Depois assimilaria todo o
ocorrido para decidir que caminho seguir com ela.

Nicole não era exemplo de uma mulher


matutina.
Assim que ganhou consciência, percebeu que
ele não estava aquecendo-lhe o corpo. Certamente
tinha ido embora sem se despedir. Homens como
ele não gostavam de muita conversa depois de

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conseguirem o almejado.
Como a boba que sempre foi, Nicole sentiu
as lágrimas lhe invadirem os olhos. Queria que
Logan a esperasse acordar, desejava que a beijasse
e comentasse que a noite deles foi incrível.
Por ser uma idiota romântica, evitava transar
com qualquer homem por causa disso. Sabia que
não tinha estrutura emocional para noites de sexo
puro e simples. A carência necessitava de alguém
que a acolhesse e fosse carinhoso. Por esse motivo,
mantinha os encontros com Heitor, pois sabia como
lhe dar atenção, entendia perfeitamente à carência
que tentava, a todo custo, esconder.
Um desânimo profundo a dominou, fazendo-
a sentir-se uma completa idiota por desejar atenção
de um homem que sequer conhecia. Por mais que
fosse difícil, tinha de aprender com Leandra a ser
uma mulher mais descolada. Se fosse sua irmã a

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dormir com Logan, estaria agora ligando para


Nicole e contando o quão louca tinha sido a noite,
sem arrependimentos.
Um barulho de talher caindo no chão chamou
a atenção dela. Dificilmente alguém da sua família
chegaria tão cedo em casa, e a única pessoa que
podia estar na cozinha era…
O coração disparou, ao ver o quanto tinha
sido tola. Ele não tinha ido embora, parecia
preparar o café. Um sorriso radiante se abriu nos
lábios dela. Ele ainda queria vê-la… ainda que
fosse para dizer que não se encontrariam mais.
Pulou da cama e correu para o banheiro. Não
voltaria a encontrá-lo sem estar devidamente
arrumada. Queria, ao menos, que o cabelo estivesse
em ordem, não merecia vê-la toda desgrenhada.
Com passos apressados, seguiu até a cozinha
e sentiu o cheiro de café quando se aproximou. Era
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difícil imaginar um homem como ele fazendo


aquilo, mas tudo indicava que Logan sabia se virar
com uma cafeteira.
Quando chegou à cozinha, se surpreendeu ao
avistá-lo sentado, com uma xícara de café sobre a
mesa, enquanto lia o jornal. Os olhos dela desceram
com admiração pelo corpo, se concentrando,
primeiramente, na tatuagem. Logo em seguida
observou a toalha que pendia da cintura. Ele era um
verdadeiro modelo, daqueles que só se via na TV
ou em propagandas publicitárias de revistas.
— Bom dia! — Saudou-o com a voz ainda
sonolenta.
— Nicole. — Logan se surpreendeu com a
chegada silenciosa dela. — Bom dia! —
Abandonou o jornal e levantou para recepcioná-la.
O sorriso tímido que ela o presenteou foi
encantador. Logan se parabenizou internamente por
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ter colocado no rosto dela esse sorriso de pura


satisfação sexual.
— Tomei a liberdade de preparar nosso café.
— Estou vendo. — Nicole não ofereceu
resistência quando ele se inclinou para beijá-la. —
Só quero saber como conseguiu preparar tudo isso
se nem tinha tanta coisa em casa.
— Resolvi conhecer sua vizinhança. —
Logan ficou feliz por ela não ter se importado. —
Encontrei uma excelente padaria e me arrisquei em
algumas compras.
— Algumas compras? — Olhou a mesa
repleta de variedades e ficou imaginando que
jamais seria capaz de comer a metade do que estava
ali.
— Não sabia do que gostava, então comprei
um pouco de cada coisa. — Puxou a cadeira para
que ela pudesse sentar.
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— Na verdade não sou exigente, Logan. —


Pegou um brioche. — Se eu não me engano, como
tudo o que tem nesta mesa.
— Que bom. — Ele tinha um dia pesado de
trabalho pela frente, mas não queria deixar Nicole
ainda. Desejava sair da casa dela com a promessa
de que se encontrariam em breve. — Quer café?
— Um pouco. — Se tinha uma coisa que
Nicole gostava era de ser mimada. Não negaria que
estava adorando esse lado carinhoso.
— Conheci um dos seus vizinhos. — Logan
resolveu contar que esbarrou em um homem
extremamente curioso.
— É mesmo? — Nicole começou a imaginar
todas as perguntas que teria que responder depois.
Amava morar naquele lugar, mas sabia como era
complicada a mania dos amigos em querer saber
demais. — Ele te fez muitas perguntas?
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— Algumas.
— Ao menos estava vestido? — Escorregou
os olhos para a toalha dele e começou a imaginar se
estava sem nada por baixo.
— Sim. Ele me encontrou quando estava indo
para a padaria. Não teve o prazer de me ver assim.
— Logan fez um gesto com a mão mostrando a
toalha.
— Que alívio. — Nicole sorriu e pegou uma
torrada. — Faz tanto tempo que não como tão bem
pela manhã.
— Costuma acordar cedo?
— Raramente. Trabalho durante a
madrugada, gosto do silêncio da noite.
— Imaginei isso.
— Mas você certamente deve acordar cedo
todos os dias.

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— Tem razão. — Observou-a escolher um


pouco de cada coisa comprada. — Começo o dia
bem cedo na academia e raramente tenho um
horário certo para chegar a casa.
— Malha sozinho? — Para ter um corpo
atlético como o dele, certamente tinha um
profissional por trás.
— Não, tenho um professor que atualiza os
meus treinos. Às vezes passo na academia, mas me
condicionei a fazer os exercícios no meu espaço em
casa. Gosto da privacidade do lar, academias, às
vezes, é um grande problema.
— Com mulheres?
— Elas nunca são problemas. — Logan não
queria conversar sobre isso com Nicole, era um
assunto que nunca estaria em pauta quando
estivessem juntos. — Eu gostaria de saber se
podemos jantar nesta sexta.
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— Amanhã? — Nicole ficou surpresa.


— Como hoje é quinta, acredito que seja
amanhã. — Logan selou os lábios para não rir da
cara irritada dela.
— Está debochando de mim?
— Imagina. — Viu seu sorriso e teve vontade
de jogar algo nele. — Mas estou esperando sua
resposta.
— Não sei, Logan… talvez seja melhor não
prolongar o que aconteceu entre nós.
O encontro deles foi fenomenal, mas Nicole
sabia que continuar a se encontrar com ele seria
uma grande furada. Isso certamente terminaria mal
para o seu lado. Ela se conhecia bem, tinha a
péssima mania de se apegar às pessoas em pouco
tempo.
— Fiz algo errado? — Até onde se
recordava, nada havia sido feito ou falado para
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ofendê-la.
— Não. — Nicole se precipitou e negou com
veemência. — Eu só não sei se é uma boa ideia
passarmos de uma noite.
— Já passamos. — Estendeu a mão para
mostrar a mesa que estavam dividindo. — Me diga
um motivo para não nos encontramos.
— Eu sei lá… — Rapidamente ela tentou
buscar uma boa justificativa.
— Então eu vou ter que te convencer a jantar
comigo?
— Por que é tão insistente? — Nicole
começou a ficar com raiva.
No fundo queria que ele tivesse ido embora e
mostrado que era apenas um homem comum, dos
que somem depois de transar com a mulher que
escolheu para a noite.

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— Porque nunca desisto do que desejo. E


sabe o que quero agora? – cortou-a, se
aproximando.
— Não. — A voz de Nicole saiu instável com
aquele gesto.
— Você. — A segurou e puxou-a contra si.
— Não posso trabalhar sem possuí-la mais uma
vez.
— Isso não facilita as coisas, Logan. —
Nicole choramingou enquanto passava a mão pelos
ombros dele.
— Só estou tentando dar um pouco mais de
cor para a nossa manhã. — A boca dele desceu até
a curva do pescoço de Nicole. — Vamos ver se
veste algo por baixo dessa blusa. — sentiu a pele
nua se arrepiar ao seu toque. — Foi o que pensei.
— A voz ficou baixa ao sentir Nicole ofegar. —
Nada para me deter.
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— Eu posso… — Nicole tentou se defender


enquanto espalhava beijos pela tatuagem dele. Cada
vez que via o intricado desenho, uma onda de
desejo puro invadia-lhe o corpo.
— Tente me deter quando estivermos na
cama, querida. — Logan a ergueu e caminhou para
o quarto.
— Pode ter certeza que vou.
Jurou a si mesma que acabaria com tudo.
Mas antes teria o seu orgasmo. Antes de pensar
sobre o pedido de jantar, se fartaria de Logan.

Ele olhou pela janela do seu escritório e


relembrou da noite intensa que teve. Soube que
Nicole era especial desde que a viu no bar, mas ela
superou todas as expectativas. Era mais que
perfeita, a receptividade dela na cama era

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fantástica. Possuía tudo o que gostava em uma


mulher, mas existia algo a mais em Nicole que era
inexplicável.
A maneira que sorria o fascinava. Sem contar
o cheiro que, por várias vezes durante o trabalho, o
envolveu inesperadamente. Se dependesse dele,
sairia do escritório diretamente para a casa dela,
pois o corpo ansiava por mais uma dose de Nicole.
— Posso entrar? — escutou uma batida na
porta e viu Luiz colocar parte do corpo ali.
— Claro que sim.
— Cara, hoje o dia foi tenso. — O amigo
entrou no escritório parecendo realmente cansado.
— Como está sua filha? — Logan tinha
mandado uma mensagem para Luiz, o dispensando
do trabalho naquele dia, mas o amigo disse que não
existia motivos para deixar de trabalhar.
— Melhor, a Ester me disse que a inflamação
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na garganta regrediu.
— Que bom. — Logan adorava a filhinha do
amigo, era extremamente sapeca e engraçada.
— Ando pensando em largar o caso do
Alfredo, o cara é um filho da puta.
— O que ele quer dessa vez?
Estava cansado das atitudes do mauricinho.
O cara estava sendo indiciado por matar uma
pessoa, após um atropelamento e fugir da cena do
crime sem prestar socorro.
Seria condenado, isso era algo que fizeram
questão de explicar quando a causa foi pega. O que
o escritório faria era diminuir a pena dele ao
máximo. Infelizmente, as leis de trânsito
facilitavam a vida de assassinos como ele.
Dependendo do juiz que pegasse, o idiota poderia
até reverter a pena em multa. As leis para esse tipo
de delito eram brandas demais para o gosto de
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Logan.
— O pai dele agora quer que mudemos os
rumos da defesa.
— Mande-o pastar.
— Eu fiz isso, mas vamos mudar de assunto.
— Luiz não estava no clima para entrar em uma
discussão sobre um cliente babaca. — Que história
é essa de você arrematar uma peça no leilão por um
valor exorbitante? Ouvi isso no fórum assim que
entrei lá. O filho do juiz Berger estava no evento e
disse que você e o Tiago detonaram nos lances.
— Aquele filho da puta quis chamar a
atenção, você acredita? Na verdade, não queria
comprar nada.
— Que ordinário, ele é um filho da puta fora
do comum.
— Eu não sei disso? — Logan tinha sentido
na pele o quanto Tiago era um ordinário. — Por
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isso não o deixei levar a peça da Nicole.


— Nicole? — Luiz tentou lembrar onde
havia escutado esse nome. — Estou enganado ou já
ouvi esse nome?
Logan sorriu ao se lembrar da bela Nicole.
Foi uma grata surpresa revê-la no leilão. Jamais
imaginou aquilo, mas estava contente por ter sido
obrigado a ir de última hora no evento da Nina.
— Lembra das duas mulheres no bar?
— Não! — Luiz arregalou os olhos, surpreso.
— Essa Nicole é a loira que você gostou?
— Ela mesma. Nicole é artista plástica e fez
uma peça para o leilão da Nina.
— Que mundo pequeno. — Luiz estava
passado com a coincidência.
— Pequeno e maravilhoso. — Logan
recordou das curvas de Nicole e suspirou. Ele daria

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um dia da sua vida para poder estar com ela neste


momento.
— Opa, o que está acontecendo? Por que
você está com essa cara de otário?
— Tá preparado para ouvir o que aconteceu
na minha noite? — Sentia-se necessitado em contar
a alguém que tinha tido uma noite perfeita.
— Quero cada detalhe. — Luiz esfregou as
mãos, ansioso para saber das aventuras do amigo.
— Não todos os detalhes, mas vou te contar a
essência da noite.
— Você é um estraga prazeres.
Luiz afundou-se na cadeira decepcionado.
Queria ouvir algo que fugisse da sua realidade.
Depois de tanto tempo casado, não tinha histórias
emocionantes para contar.
Sem alternativas, escutou Logan contar sobre

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o leilão e a surpresa de saber que a escultura de


Nicole era a estrela da noite. Mas a melhor parte foi
quando disse que foi para a casa dela e a noite deles
foi memorável.
— Caramba, isso parece história de filme.
Logan, é muita coincidência vocês se encontrarem
assim.
— Foi sorte. — Sentia-se agradecido pelo
destino ter unidos os dois. — Faz muito tempo que
não me empolgo por uma mulher como estou por
Nicole.
— Dá para ver que está feliz, a cara de
babaca deixa isso bem claro. — A risada de Luiz o
irritou.
— Larga de ser implicante.
— Você mais do que ninguém merece um
pouco de paz. — Luiz olhou o relógio e viu que
precisava ir para casa. — Sua história foi
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sensacional, mas preciso ir. Daqui a pouco a Ester


liga atrás de mim.
— Dá um beijo nas meninas, vou ver se
passo esse fim de semana na sua casa para ver a
Marina.
— Será mais que bem-vindo, garanhão. —
Piscou para o amigo e saiu da sua sala.
— Garanhão… — Logan sorriu do apelido
inusitado, mas depois da noite que teve com
Nicole, realmente se sentia um.
Capítulo 9
Nicole olhou para a escultura que começara,
sem conseguir discernir o que realmente tentava
fazer. A mente fervilhava, mas nenhum dos
pensamentos envolvia o trabalho.
Passou o dia pensando em Logan. Nem
quando foi comprar os materiais para iniciar a nova
peça conseguiu se concentrar. A imagem dele
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parecia a assombrar, tornando impossível esquecer


as emoções que viveu nos braços dele.
Sequer tinha respondido ao pedido de jantar.
Talvez fizesse isso mais tarde, ou pela manhã. Mas
sabia que não teria forças para negar. Estava
ansiosa para encontrá-lo e, talvez, ter mais uma
noite daquele sexo extraordinário.
Não podia negar as qualidades dele como
amante. O homem sabia o que fazia na cama e se
recuperava rápido depois de uma rodada de sexo
intenso. Bem diferente de Heitor, que parecia uma
tartaruga para se recuperar.
— Credo, essa casa está escura demais. — A
voz de Leandra fez Nicole quase cair do banco
onde costumava trabalhar. — Você não está
pagando a luz, Nicole?
— O que está fazendo aqui, doida? —
Levantou-se e viu a irmã surgir na porta do ateliê.
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— Vim atrás de repostas. — Leandra


aproximou-se e beijou-a.
Estava com os cachos soltos, emoldurando o
rosto longo, e uma saia comprida que a deixava
ainda mais charmosa. Nicole morria de inveja do
charme da irmã, já que Leandra conseguia ficar
bonita usando qualquer tipo de roupa.
— Perdeu seu tempo. — Nicole sorriu.
— Ha ha ha! Até parece que saio daqui sem
saber como foi à noite com aquele deus de ébano.
Meu amor, quase não dormi pensando no que
aquele homem é capaz de fazer.
Agora foi a vez de Nicole relembrar de tudo.
Realmente foi especial. Ele sabia tocar com
precisão, beijar com técnica inexplicável e se
mover com uma desenvoltura desconcertante.
Ao relembrar dos inúmeros movimentos,
sorriu e olhou para a irmã. Os olhos de Leandra
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brilharam de curiosidade, seria impossível tentar


despistá-la.
— Puta que pariu, você trepou com ele. —
Leandra decretou, eufórica. — Vamos para a
cozinha, quero saber cada detalhe.
Sem alternativas, Nicole seguiu a irmã e
começou a contar como foi a sua noite. Em cada
passagem, a irmã ficava mais empolgada. Parecia
até que ela havia estado com ele.
— Não tenho palavras para descrever o
Logan. — Nicole encerrou o relato. — Nunca
estive com um homem que rolasse aquela química
sexual.
— Puta que pariu, eu sabia. — Leandra bateu
a mão sobre a mesa, sorrindo. — Meu radar para
homem gostoso não falha nunca! Tinha certeza que
aquele homem era um vulcão prestes a entrar em
erupção.
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— Na verdade ele entrou em erupção várias


vezes na noite passada.
— Cachorra! — A risada de Leandra inundou
a casa. — Eu estou louca de raiva de ter colocado
um gostoso desses no seu colo. — Jogou a cabeça
para trás e gemeu. — Senhor, por que eu não me
mantive solteira? Eu sabia que me apaixonar pelo
Anderson seria um mau negócio.
— Para de brincadeira. Você tem um marido
incrível, e não deveria nem ficar olhando homens
como o Logan.
— Querida, sei bem quem é o meu marido.
Ele olha várias mulheres na rua, então eu também
posso. Somos casados, mas nenhum dos dois é
cego.
— Você não é normal.
— Quando você vai sair com ele de novo? —
Leandra mudou de assunto. Parecia mais
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empolgada do que Nicole.


— Ele me chamou para jantar amanhã, mas
não tenho certeza se devo ir.
— Claro que vai.
— Não sei, Leandra. Talvez encontrá-lo em
tão pouco tempo nem seja uma boa ideia.
— Realmente não é. — A resposta da irmã
deixou Nicole confusa. — Bom negócio é você
declinar do convite do jantar e levar o gostoso
direto para a cama, depois vocês podem pedir uma
pizza para ganhar um pouco de energia.
— Você é muito engraçada. — Nicole sorriu
da irmã. Para ela tudo era fácil.
— E você uma toupeira. — Leandra revirou
os olhos diante da lerdeza da outra. — Aproveita a
vida um pouco, querida, você é muito certinha.
Esse cara veio no momento certo, precisa se soltar.
Viva uma aventura louca para se lembrar na velhice
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como foi bom sair da zona de conforto.


Aquelas palavras a fizeram refletir. Ela
realmente tinha uma vida muito monótona. A
aventura com Logan a tirou completamente da
rotina, e não podia deixar de admitir que foi
sensacional tudo o que passaram juntos.
— Tenho que ir embora. — Leandra
anunciou depois de olhar o celular. — O meu
digníssimo marido está sentindo minha falta.
— É o amor. — Nicole sorriu da careta que a
irmã fez.
— Na verdade é carência, o Anderson é igual
a você.
— Não exagera.
— Eu sei do que falo. Agora é sério,
maninha: aproveita um pouco esse deus negro, vai
te fazer bem um pouco de aventura. Aceita o jantar
e depois traz ele para casa e manda ver. Se
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estivesse no seu lugar, passaria o fim de semana


inteiro trepando com esse homem. Na segunda-
feira voltaria para a minha vida normal, um pouco
dolorida, porém linda e com uma pele maravilhosa.
— Você não existe. — Nicole a abraçou,
sorrindo. — Mas não posso negar que esse
pensamento é sensacional.
— Então aproveite muito, depois me conta
tudo. — Leandra a beijou com extremo carinho. —
Não precisa me levar na porta, volte para o
trabalho.
Nicole observou a irmã se afastando e
resolveu que aceitaria o jantar. Ela não conseguia
tirá-lo da cabeça, então o melhor a fazer era aceitar
o desejo que sentia e aproveitar. Seguiria o
conselho da irmã e, se fosse possível, passariam o
fim de semana juntos.
Poderia até se arrepender na segunda-feira,
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mas ao menos o faria com diversas lembranças de


Logan lhe dando prazer.

Sexta à noite
— Será que posso saber aonde vai todo
arrumado? — Dalva espiou Logan alinhado e não
conseguiu segurar a curiosidade.
— Tenho um jantar marcado. — Ajeitou a
camisa e pegou as chaves do carro. — Não devo
voltar para casa, mas estarei com o celular, por
perto, caso precise de mim.
— Humm. — Dalva reprimiu um sorriso.
Fazia tempo que não o via se arrumar tanto para
encontrar alguma menina. — Namorada nova? Será
que conheço?
— Anda curiosa demais, querida. — Beijou o
topo da cabeça dela sorrindo. — Mas confesso que
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é alguém especial.
— Então aproveite bastante, está precisando
espairecer. Anda trabalhando demais.
— Tem razão. — Sorriu ao imaginar que
nessa noite o único trabalho seria dar prazer para
Nicole. — Agora preciso ir ou vou deixar a minha
companhia esperando.
— Vá com Deus, meu filho. — Dalva beijou
carinhosamente o rosto dele.
Logan saiu de casa apressado, ansioso para
reencontrar Nicole. Ainda se sentia surpreso por ela
ter aceitado o convite para jantar. Quando saiu da
casa dela, jurava que teria que se desdobrar para
convencê-la. Mas para a sua sorte, ela mesma
mandou uma mensagem informando que aceitava o
convite
O trânsito de sexta-feira à noite retardou à
sua chegada, mas quando a viu abrindo a porta e
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sorrindo, ele soube que valeu a pena cada segundo


que passou até ali. Nicole estava linda, com um
vestido rosa que realçava a pele alva. Havia feito
pequenos cachos no cabelo, parecia um anjo.
— Você está linda. — Inclinou-se e a beijou
polidamente no rosto.
— Obrigada. — Nicole sentiu um misto de
surpresa e decepção. Nunca esperava essa discrição
no reencontro deles. O que queria, na verdade, era
que ele a envolvesse com os braços e tomasse a sua
boca com desejo. — Entre, Logan, vou pegar a
minha bolsa para podermos sair.
— Não estou com pressa, querida. — Logan
admirou o corpo esbelto dela e começou a formar
uma estratégia para se infiltrar na cama daquela
mulher nesta noite. Seria um verdadeiro crime se
tivesse que ir embora sem desfrutar intimamente da
companhia de Nicole.

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— Vocês, homens, sempre tem pressa. Eu sei


disso porque o meu irmão odeia me esperar.
Nicole correu para o quarto sem esperar a
resposta. Precisava de um tempo para assimilar
tanta beleza. Hoje estava com um blazer elegante
cinza e uma camisa branca com três botões abertos,
que deixava a pele negra em evidência. Uma calça,
também cinza, moldava as pernas longas, realçando
bem o corpo atlético. Mas o que chamou mais a
atenção dela foi o cabelo.
Quer dizer, a ausência de cabelo.
Logan tinha raspado a cabeça e deixado um
discreto cavanhaque nascer. Estava ainda mais
irresistível. A vontade dela era desmarcar o jantar e
levá-lo diretamente para a cama. Nunca tinha
estado com um homem que despertasse tantos
sentimentos de luxúria como ele fazia.
Quando voltou para a sala, observou-o olhar
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os porta-retratos. Parecia bem compenetrado


analisando as imagens da família. O tamanho dele
acabou roubando-lhe a atenção. Ela não tinha
certeza, mas Logan deveria ter mais do que um
metro e noventa. Certamente era o homem mais
alto que já se envolveu, sem contar que era o
primeiro careca.
Sorriu discretamente ao perceber que estava
diante de um homem diferente de todos que já
conheceu. Estava à frente de todos os outros, era
um verdadeiro perigo para o seu coração.
— Estou pronta. — Decidiu revelar a
presença na sala.
— Que bom. — Logan deixou a foto que
olhava para admirar Nicole. Obviamente ele teria
um jantar terrível, mas tinha consciência que
precisava passar por este desafio para ter a
oportunidade de lutar por uma noite na sua cama.

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— Estava olhando a sua família. — Aproximou-se


dela e segurou-lhe a mão. — Quero saber mais um
pouco sobre eles. Não posso negar que estou
curioso com a diversidade que têm.
— É uma longa história, Logan. — Nicole
estava incerta se tinha vontade de conversar
detalhes sobre a história da sua família.
— Temos um jantar pela frente. — Ergueu a
mão dela e beijou. — Podemos conversar sobre
vários assuntos com calma. Agora vamos embora.
Ainda tentando conter o desejo insano de
senti-lo tão perto, Nicole caminhou ao seu lado até
a porta, contando os segundos para trazê-lo de volta
para a casa.
***
O jantar entre os dois foi extremamente
tranquilo, apesar da resistência inicial dela em
contar algumas histórias da família. Logan parecia
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bem interessado sobre os pais dela e a história dos


filhos adotivos.
Adorou a naturalidade com que ele falava
sobre adoção. Logan não parecia ter o preconceito
da maioria das pessoas. Pelo contrário, aparentava
estar fascinado pela atitude solidária dos seus pais.
Essa naturalidade fez Nicole derrubar as
últimas barreiras que ainda tinha. Era praticamente
impossível resistir aquele charme. Um homem
enigmático, sem dúvidas, que instigava o seu lado
aventureiro. Com ele, Nicole se sentia livre para ser
mais ousada. Por algum motivo, esse homem
fascinante despertava sentimentos obscuros nela.
Ele olhou o sorriso suave de Nicole e sentiu
uma compaixão inesperada. Não era uma mulher
comum, carregando traumas do passado. Apesar da
dor de ser abandonada, conseguiu entender que
teve a sorte de ganhar uma nova família que a

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amava.
Os pais adotivos eram pessoas que deveriam
ser reverenciadas a cada instante. Foram poucas às
vezes que Logan conheceu pessoas tão dedicadas
ao amor. Conhecia em parte a realidade da adoção,
mas o pouco que sabia, deixava bem claro que os
pais dela fugiram do usual. Adotaram dois negros
com idade avançada, mesmo sendo brancos, e
depois uma menina branca, que tinha problemas de
saúde.
Definitivamente não eram comuns, mas sim o
tipo raro de seres humanos que têm amor ao
próximo. E pelo que percebeu, conseguiram
construir uma família unida e muito amada.
— Realmente estou fascinado pela sua
história. — Logan confessou quando terminou de
pagar o jantar. — Seus pais são mais que especiais,
Nicole, eles são únicos. Merecem toda a reverência,

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não só da sua parte, como a dos seus irmãos.


— Nós sabemos disso, Logan. Se não
tivessem aparecido em nossas vidas, nem sei o que
seria de nós.
— Nada é por acaso. — Logan estendeu a
mão e imediatamente Nicole a segurou. — Vamos
embora?
— Claro que sim. — Apesar do jantar deles
ter sido extremamente agradável, Nicole precisava
de privacidade para beijar Logan como queria.
Tinha passado o jantar inteiro fascinada por cada
vestígio que conseguia ver da tatuagem dele. Tudo
o que desejava era arrancar a camisa e ver de perto
o intricado desenho que a enlouquecia.

O plano original de Nicole era fazer algum


charme quando Logan a levasse em casa… sem

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parecer uma mulher necessitada, é claro. Mas


ficava difícil seguir o script quando tinha alguém
extremamente cheiroso do seu lado e com um
sorriso de enlouquecer. Por mais que desejasse
dificultar a vida dele, era complicado ignorar a
própria necessidade em tê-lo só para si.
A química que os rondava era tão intensa que
precisava aproveitar cada segundo. Sabia que em
breve todo esse desejo diminuiria. Logan não era o
tipo de homem que se apegava a uma mulher.
Na conversa que tiveram durante o jantar, ele
deixou bem claro que se acostumou a viver
sozinho, e não sentia necessidade de formar uma
família.
Nicole percebeu que existia problemas
pessoais, mas ele conseguiu se esquivar de todas as
perguntas que fez. A única coisa que conseguiu
arrancar foi um resumo da família, mas nem de

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perto foi algo esclarecedor, apenas comentou por


alto sobre os pais e os irmãos.
— Logan… — Praticamente gemeu o nome,
suspirando quando ele apalpou o seio dela por cima
do vestido.
— O que foi, meu bem? — Colocou em
seguida a mão por debaixo do vestido dela,
erguendo-o até conseguir alcançar a calcinha e tirá-
la.
— Não deveríamos ir para o quarto? —
Abriu a camisa dele e deslizou a mão pela pele
brilhosa. Era um exímio exemplar de macho, em
que ela adorava cada parte daquele corpo.
— Onde está escrito que temos que ir para
lá? — ele indagou enquanto a sentava sobre o
encosto do sofá.
— Escrito? — Nicole não entendeu o que
quis dizer, mas sabia que precisava abrir a calça
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dele para liberar a ereção.


— Por que não para de falar e me deixa
cuidar de você? — Logan pegou a camisinha e
terminou de abaixar a própria calça. — Tenho algo
para você bem melhor do que qualquer assunto
sobre o quarto.
— É algo grande e grosso? — Sentia-se
desinibida.
— Não vou dizer nada, princesa. Apenas irei
fazê-la sentir
Logan sorriu da fala clichê, mas estava se
sentindo à vontade com essa nova Nicole, que o
excitava além do normal.
Assim que ele cobriu a ereção, posicionou-se
entre as pernas dela e arremeteu. Estava
desesperado para sentir o calor de Nicole. Durante
todo o jantar ansiou, como um jovem garoto, por
este momento.
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— Estava louco para te foder, Nicole. —


Segurou-a pela cintura e aprofundou a investida.
— Logan. — ela estava sentindo o ar sumir.
— Preciso gozar agora, juro que depois podemos
fazer algo com calma…, mas agora eu não posso
esperar.
— Você vai me deixar dormir aqui?
— O quê? — Nicole olhou para ele, confusa.
— Se eu fazê-la gozar agora, vai me deixar
dormir aqui, com você? — Por pura maldade
interrompeu os movimentos. — Quero passar a
noite aqui, transar com você quantas vezes me
pedir.
— Passe o fim de semana, se assim quiser,
mas me faça gozar agora.
Um sorriso perverso se desenhou nos lábios
dele, que tinha acabado de ganhar carta branca para
ficar o fim de semana ali. Obviamente a faria
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cumprir a palavra. Não perderia a oportunidade de


desfrutar de Nicole por dois inesquecíveis dias.
Logan se afastou e ouviu um resmungo, mas
não deu tempo de ela reclamar. Virou o corpo e
deixou a bunda redonda exposta. Ele estava louco
para fodê-la de quatro, mas por hora, se contentaria
com ela apenas mostrando o traseiro, apoiada no
encosto do sofá.
— Prepare-se para uma viagem alucinante,
pois eu prometo te dar um orgasmo indescritível.
Nicole não respondeu, apenas esperou ele
voltar para dentro dela. Precisava sentir Logan a
tomando profundamente. O poder do corpo dele
desencadeava um potente desejo nela, apenas o
cheiro já era suficiente para sentir uma onda líquida
a consumir.
Sem muito esforço, a dominou plenamente,
fazendo-a gritar quando o prazer rasgou-lhe o corpo
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com uma força surreal. Sentiu o coração disparar e


a respiração ficar presa na garganta. Estava sendo
tragada para um universo paralelo, onde apenas os
dois existiam.
As contrações internas dela o fizeram se
desesperar. Nicole parecia feita sob medida para
ele. Acomodava o membro de uma maneira que
não existia espaço na penetração, em um encaixe
perfeito.
Essa simetria o enlouquecia. Desejava ficar
dentro dela sem hora para sair, o prazer
proporcionado era indescritível. O corpo dele se
agitou e o orgasmo o atingiu como uma avalanche.
Era bom demais sentir o ápice do prazer quando ela
resmungava o nome dele e se contraía ao atingir o
próprio orgasmo. Nicole era a mulher mais quente
que já conheceu, apesar de ser delicada e tímida em
alguns momentos.

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Aquilo era o que mais o encantava. Ela não


fazia questão de ser uma mulher fatal como muitas
que conhecia. Era naturalmente sensual, o sorriso
meigo o bastante para virar a cabeça de qualquer
homem. Uma flor delicada, que despertava o desejo
dele inexplicavelmente.
— Consegui meu fim de semana ao seu lado?
— Logan perguntou quando os corpos de ambos se
acalmaram.
— Promessa é dívida. — Na verdade, Nicole
estava adorando a ideia de passar um fim de
semana inteiro ao lado dele. Foi insano o que
ofereceu, mas não voltaria atrás.
— Prometo não decepcionar. — Ele a beijou
na nuca e tentou ajeitar-lhe o cabelo.
Nicole aprumou o corpo e virou-se para olhá-
lo.
— Preciso de um banho, quer me fazer
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companhia?
— Sempre. — Logan segurou o rosto da loira
e fundiu os lábios aos dela. Já estava fazendo
planos para eternizar esse fim de semana. Já que ela
lhe deu abertura, não iria decepcioná-la.

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Capítulo 10

Nicole se movimentou pela cozinha abrindo e


fechando portas dos armários para ajeitar um
lanche rápido para eles. Já eram três da madrugada
e estavam despertos, depois de terem dormido
algumas horas. Sentia o corpo reclamar do esforço
que tinha feito, mas na realidade se sentia feliz.
— Engraçado termos dois irmãos, não é? —
Nicole terminou de cortar o queijo e colocou em
um prato.
— É sim. — Ele bebeu um pouco do vinho e
admirou-lhe as pernas nuas.
Há pouco tempo, elas estavam rodeando
dolorosamente sua cintura. Nicole conseguiu dar
uma noite dos sonhos para ele, e não conseguia
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parar de se surpreender como aquela mulher o


enlouquecia facilmente.
— Sou muito apegada aos meus irmãos. Nem
sei o que seria de mim se não os tivesse por perto.
— Eu me dou muito bem com a Bianca, pois
temos quase a mesma idade. Já com o Saul é mais
complicado. — Logan fez uma careta quando
pensou no irresponsável do irmão. — Ainda se
comporta como um adolescente. Apenas
recentemente começou a tomar juízo, mas, ainda
assim, inspira preocupação na família.
— Sempre tem um que é meio louco. —
Nicole se aproximou da mesa e não pôde deixar de
reparar na sensualidade dele, sentado apenas com
uma boxer branca. Sentia-se satisfeita sexualmente,
mas vê-lo tão gostoso na sua frente despertava uma
incontrolável onda de desejo.
— Posso estar enganado, mas a pessoa louca
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da sua família é a Leandra?


— Acertou. — Ela sorriu e colocou o prato
com queijo na frente dele. — Minha irmã é
praticamente desequilibrada, além do fato de nunca
manter a boca fechada.
— Eu gostei dela. — Logan experimentou
um cubinho de queijo e aprovou o gosto. — Ela é
alegre.
— Até demais. — Nicole serviu um pouco de
vinho para si mesma e sentou-se ao lado dele. —
Às vezes essa alegria irrita.
— Irmãos foram feitos para isso: irritar.
— Posso te fazer uma pergunta? — Desde
que ele tinha falado um pouco sobre a sua família
durante essa noite, Nicole se sentia curiosa por
alguns detalhes.
— Faça.

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— Por que não trabalha na empresa da


família? Como é o mais velho, acredito que seria
natural suceder o seu pai.
A pergunta dela era boa. Aquela era uma
dúvida que sempre pairava no ar quando as pessoas
o conheciam e descobriam que não era o Diretor da
empresa.
— Você tem razão… Eu deveria ser o
Presidente, mas gosto mesmo é de advogar. Ficar
preso atrás de uma mesa, administrando uma
empresa e todos os problemas que ela traz não é o
meu forte. Prefiro as causas e complexidades que o
meio jurídico provém. É muito mais estimulante.
— Entendo. — Ela sabia que trabalhar com o
que se gosta era essencial para ter sucesso.
— A minha irmã é sensacional na
administração da empresa. Desde que assumiu, no
lugar do meu pai, só vem aumentado às vendas.
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Tem uma mente brilhante, e a nossa empresa está


em ótimas mãos.
— Admiro uma mulher administrando um
império. Infelizmente, o mercado ainda é dominado
pelos homens.
— Hoje em dia nem tanto, existem muitas
empresárias de sucesso.
— Seu irmão não vê problemas em ela
ocupar o cargo? — Logan soltou uma risada ao
lembrar de Saul. Ele odiava responsabilidade e se
dependesse dele, nem passaria na porta da empresa.
— Até alguns anos, Saul nem sabia o que
faria na faculdade. Conseguiu se formar ano
passado, depois de trocar incontáveis vezes de
curso. Meu irmão ainda não abandonou a fase das
baladas e sexo fácil, apesar de ter vinte e nove
anos.
— Sério? — agora Nicole se surpreendeu.
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Soube o que queria ser desde a adolescência e


agora aos trinta e dois anos era realizada na escolha
profissional.
— Toda família tem seus problemas, Nicole.
A minha não é diferente.
Nicole o encarou e viu um sorriso brilhar nos
lábios. Sempre ficava encantada quando ele sorria,
de forma tão aberta, contagiando tudo ao redor.
— Já disse que você tem um sorriso lindo?
— não conseguia esconder a admiração.
— Que eu me lembre não. — Ele estendeu a
mão e a puxou para si, fazendo-a sentar em seu
colo. — Nem me importo de ouvir várias vezes. —
Roçou levemente os lábios nos dela.
— Pode parar de fazer essa cara de
convencido. — Ela alisou os ombros dele,
observando o sorriso se alargar com o comentário.
— Por que raspou a cabeça?
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— Cabelo coça. — Alisou a coxa dela. — E


se você não sabe, todo negrão fica mais charmoso
careca.
Nicole soltou uma risada com o comentário.
Adorava esses momentos descontraídos. Realmente
não podia discordar do que falava. Logan estava
ainda mais charmoso daquele jeito. Inclusive, atraiu
diversos olhares femininos quando estavam no
restaurante.
— Você não gostou?
— Claro que sim, ficou perfeito em você.
— Ufa! — Nicole sorriu da cara de alívio que
fez. — Juro que pensei que perderia meu fim de
semana por causa do maldito cabelo.
— Só se eu fosse louca…
— Que bom. — Beijou o queixo dela. —
Vamos terminar de comer para dormir um pouco?

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— Claro.
Saindo do colo dele, Nicole bebeu um pouco
do vinho e começou a comer o queijo, enquanto
falavam de amenidades. Quando ficaram
satisfeitos, guardaram o que sobrou e foram em
direção ao quarto em busca de um pouco de
descanso.

A noite de Logan foi sensacional. Não vivia


esse tipo de sexo intenso desde que saiu da
faculdade. Foram poucas as mulheres que passaram
pela sua cama capazes de deixá-lo sem energias.
Mas Nicole conseguiu esgotá-lo de tal forma que
deixara escapar até promessas de pura paixão.
Tinha sido um grande sortudo em encontrá-
la. Aquele drinque com Luiz estava lhe rendendo
fantásticos momentos.

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— Logan. — A bermuda que estava


separando para usar na casa de Nicole quase foi ao
chão com o susto que levou com o chamado de
Dalva. Tinha ido para casa pegar algumas roupas.
— O que foi? — observou-a entrar no quarto
sorrindo e carregando o telefone sem fio.
— A Bianca quer falar com você.
— Tudo bem. — Pegou o aparelho e sentou
na cama. — E aí, Bia, como está?
— Cansada. Cheguei ao Rio hoje, vou tentar
descansar um pouco nesse fim de semana.
— Conseguiu fechar os negócios que queria?
— Em parte sim, mas encontrei alguns
problemas.
— Que tipo?
— Problemas que se resolveriam se virasse
sócio do Deonedes logo. Como andam as

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negociações? Você me disse que conseguiria essa


sociedade.
— Ele é cabeça dura, e está colocando uma
porrada de dificuldades, mas eu vou dar um jeito.
— Já era para ter feito isso, Logan. Perdeu o
jeito de intimidar as pessoas? — Ele travou a
mandíbula ao ouvir o insulto da irmã. A frieza de
Bianca nos negócios era assustadora.
— Eu sei o que faço, Bianca.
— Vou ser sincera com você… — Ela fez
uma pausa antes de falar. — Acho melhor me
deixar entrar nessa negociação, pois sei como
pressionar idiotas como Deonedes.
— Sabe mesmo? — Logan soltou uma
gargalhada. Aquele velho era conservador, e ainda
acreditava que mulheres não deveriam gerir
negócios. Se a irmã tentasse entrar ali, ele
certamente jogaria parte da empresa no colo do
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maldito Tiago. — Você sabe que o Deonedes é um


machista de merda, por isso me chamou para fechar
o negócio. — O suspiro frustrado da irmã deixou
claro que a tinha deixado sem argumentos.
— Talvez possa mudar de opinião se
pressionar os botões certos.
— Eu sei o que faço, Bianca. Só estou dando
corda para, em breve, puxá-la para que ele se
enforque.
— Quanto tempo terei de esperar? Estou
perdendo dinheiro com essa falta de traquejo nas
negociações. — Logan perdeu a paciência. Por
mais que gostasse da irmã, nunca permitira que o
tratasse como um dos funcionários.
— Não me importo com o seu dinheiro, Bia.
Agora preciso ir, tenho uma linda mulher me
esperando para um sexo animal.
Antes que ela respondesse, desligou o
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telefone e o jogou sobre a cama. Estava em uma


manhã feliz, não perderia tempo com a arrogância
da irmã.
O telefone voltou a tocar, mas Logan ignorou
e pegou uma camiseta para colocar na mochila.
Ficaria até domingo à noite na casa de Nicole, e
queria levá-la para sair durante esses dias.
Quando pegou o que precisava, saiu do
quarto e foi em busca de Dalva.
— O que foi? — Ela saiu da lavanderia
carregando uma bacia com roupas.
— Vou passar o fim de semana fora. Se
precisar de algo me ligue, mas se for outra pessoa,
avise que estarei de volta no domingo à noite.
— Um fim de semana fora? — Viu os olhos
dela brilharem com curiosidade. — É namoro?
— Por que é tão curiosa?

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— Só perguntei. — A senhora deu de


ombros, fingindo-se de magoada.
— Apenas encontrei uma garota quente e vou
aproveitar um pouco.
— Tá certo, tem de aproveitar mesmo. —
Logan se assustou com aquilo. Pensou que ouviria
um sermão por não estar atrás de um
relacionamento sério.
— Só isso?
— Adianta dizer que você deveria ter uma
família? — Dalva olhou interrogativamente para
ele. — Nunca me ouve, então nem vou perder meu
tempo. Tenha um bom fim de semana com a
piriguete da vez, querido. Agora preciso terminar
essas roupas, pois vou almoçar na casa da Violeta.
— Só vocês duas? — Violeta era uma amiga
antiga de Dalva que gostava de dançar gafieira e
arrumar uns coroas safados.
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— Isso não é da sua conta. Pode ir.


Logan a olhou voltar para a lavanderia e
avaliou se ia ou não atrás dela tirar satisfações.
Como ousava lhe dispensar assim, sem nenhum
remorso?
Para ela estar tão independente, certamente
estava com algum encontro agendado. Era uma
senhora bonita e extremamente charmosa, mas não
permitiria que qualquer babaca tentasse se
aproveitar dela.
Sabia da discrição de Dalva quando o assunto
era o coração. Desde que o marido morrera
prematuramente de um infarto, decidiu viver
sozinha, se dedicando completamente à Logan. Por
esse motivo ele se sentia responsável por ela,
tornando-se impensável que alguém pudesse
magoá-la.
Mesmo sabendo que não era uma boa ideia
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deixá-la solta, decidiu ir embora. Fecharia os olhos


por alguns dias, ela merecia se divertir um pouco.
Mas acompanharia de perto essa repentina
necessidade dela em sair com as amigas malucas.

Nicole molhou as mãos e voltou a dar forma


a argila. Tinha uma encomenda específica, para um
cliente antigo. Queria dar de presente para a noiva
um querubim. A mulher tinha uma vasta coleção de
anjos e o cliente desejava dar um novo para enfeitar
a futura casa deles.
Apesar de gostar de criar as próprias
esculturas de acordo com a inspiração, aceitava
pedidos dos clientes antigos. Foi graças a eles que
hoje era uma artista plástica de respeito.
Um barulho longe chamou-lhe a atenção.
Certamente era Logan voltando. Ele tinha saído há

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bastante tempo, mas havia prometido que voltaria o


mais breve possível.
Nicole ainda não tinha conseguido formar
uma opinião exata sobre a promessa mantida, mas a
vontade de viver aquela loucura era imensa. Se
estava fazendo a coisa certa, não tinha a mínima
ideia, mas pensaria nisso na segunda-feira. Até lá,
aproveitaria o sexo incrível que ele lhe dava.
Ao fundo ouviu Logan chamá-la, o tom
grosso da voz lhe estremecendo o corpo. Ele
conseguia ser sensual até falando, era
impressionante como lhe abalava as estruturas.
— Estou aqui nos fundos. — gritou para
tentar fazê-lo seguir a voz. Ainda não tinha
mostrado o espaço de trabalho.
Continuou a moldar o querubim. Deixaria
pronta a parte inferior do corpo e depois se
preocuparia com a superior e as asas. Um dos
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segredos em ter um anjo perfeito era fazer as asas


chamativas, eram elas que davam todo o
encantamento à escultura.
Sem precisar olhar para trás, sentiu a sua
presença. Ele era como o metal e ela o ímã.
Com muita calma virou-se e o observou
parado na porta, com uma bermuda preta, boné
também preto, uma camiseta cinza que parecia
prestes a explodir por conta do tórax definido e os
braços cruzados, evidenciando ainda mais os
músculos.
Ele era um pecado ambulante. Impossível
não se deliciar com aquela imagem marcante.
Logan era um homem que despertava os piores
desejos. Perto dele, Nicole sentia-se completamente
irracional. Perdia completamente a personalidade
comedida e só conseguia pensar em rasgar as
roupas e se perder naquele corpo perfeito.

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— Aproveitei para trabalhar um pouco


enquanto você saiu. — Conseguiu encontrar a voz
depois de admirar desavergonhadamente a visão
sedutora dele.
— É mesmo? — Logan correu os olhos pelo
ateliê e aprovou a organização do local. — É
perfeito aqui, você está de parabéns.
— Obrigada. — Nicole se segurou para não
ir até ele. Queria sentir as mãos firmes sobre o seu
corpo naquele instante.
Com cuidado, foi percorrendo o lugar e
observando alguns trabalhos. Realmente ela era
talentosa, fazia esculturas não só em argila, mas em
outros materiais. Todas as figuras que encontrou,
até aquele momento, eram fabulosas, demonstrando
completamente a personalidade meiga e marcante.
Nicole gostou de ver o interesse dele pelo que
ela produzia. Normalmente as pessoas faziam
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pouco caso da sua arte. Era difícil para alguns


acreditarem que tinha uma profissão como outra
qualquer.
— Tomei a liberdade de trazer alguns itens
para passar esses dois dias na sua casa. Espero que
não fique chateada. — Nicole acompanhou o
movimento da cabeça dele e viu uma mochila caída
na porta de entrada do ateliê.
— Sem problemas, Logan. Realmente não é
legal você circulando pela minha casa apenas com
uma boxer indecente.
— Você não gosta de me ver desse jeito? —
Imediatamente Nicole sentiu o rosto esquentar.
Amava vê-lo, independente do que estava usando.
— Gosto, mas acho que se alguém chegar de
surpresa não será legal.
— Poderia perguntar o motivo disso, mas vou
deixar passar. — Logan parou na frente dela e viu
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uma mancha de argila no queixo. Esse detalhe deu


um toque especial para a figura pequena e
charmosa.
Nicole tentou falar algo, mas o olhar intenso
dele lhe derreteu o cérebro. Ele a estava despindo
com os olhos, e ela nem conseguia pensar quando
via esse tipo de desejo no olhar de Logan.
Com muita calma, ele se agachou para
ficarem na mesma altura. Estendeu a mão e
segurou-a pelo pescoço aproximando o rosto,
mirando-a intensamente nos olhos, até que os
lábios de ambos se tocaram.
A boca dele foi sondando a de Nicole com
calma, sentindo a maciez dos lábios e absorvendo
os suspiros que ela exalava. Queria prová-la sem
pressa, com toda a paciência do mundo. Beijá-la
era sempre uma deliciosa novidade, nada entre eles
parecia se repetir.

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As mãos de Nicole passaram pelos ombros de


Logan e alcançaram a base da nuca. Ele gemeu ao
sentir a textura da argila na pele.
Logan virou o boné para poder beijá-la com
mais conforto. Queria saboreá-la sem nada
atrapalhando. Tinha passado tempo demais longe e
sentia uma necessidade absurda em voltar a possuí-
la.
— Logan... — Nicole se afastou dele e só
então percebeu o que tinha feito. — Deus, eu sujei
você completamente. — Colocou uma mão nos
lábios e viu um sorriso surgir.
— Isso significa que terá de me limpar. —
Com facilidade Logan a ergueu, sentindo as pernas
dela cruzarem na cintura. — Mas faço questão que
limpe o corpo todo.
— Posso fazer esse sacrifício. — Ela já
estava se sentindo ansiosa para isso.
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— Então vamos. Acho que podemos


experimentar aquela sua banheira…
— Excelente ideia.
Nicole soltou um grito quando ele a girou e
depois saiu com ela nos braços, sorrindo em
direção ao banheiro.

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Capítulo 11

O sábado de Nicole e Logan foi informal,


composto de uma intimidade estranha. Os dois
pareciam se conhecer há anos, com uma
cumplicidade inexplicável. A conversa fluía com
naturalidade, sempre existindo um assunto
interessante entre eles.
Essa cumplicidade inusitada deu um nó na
cabeça dela. Não esperava se sentir tão ligada a
uma pessoa que tinha conhecido há poucos dias.
Estava se esforçando ao máximo para não deixar a
cabeça se perder nas perguntas que pipocavam
intensamente, cada vez que trocavam um olhar
cúmplice.
— Nunca tinha vindo nesse lugar à noite. —
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Nicole olhou as luzes que davam um charme


irresistível à Marina da Glória. Ali era um dos
lugares mais bonitos e seletivos do Rio, mas Logan
parecia estar alheio ao luxo que os rodeavam.
— Gosto de vir neste restaurante. Servem
aqui a melhor comida japonesa da cidade.
— Quanto a isso tenho que concordar. —
Nicole amava a culinária oriental. Já tinha
frequentando vários restaurantes da cidade, mas
nunca experimentou nada parecido com o que tinha
comido ali.
— Aqui também tem um restaurante de
comida argentina fantástico, podemos vir na
próxima vez.
O coração dela disparou quando ouviu aquela
sugestão para um novo encontro, depois do fim de
semana. No fundo, não estava certa se queria
reencontrá-lo. Aquela ligação a assustava demais,
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nunca se sentiu tão à vontade ao lado de alguém


que mal conhecia.
— Vou ao banheiro e já volto.
Nicole escapou de Logan para poder respirar
com naturalidade por alguns segundos. Aquele
homem mexia terrivelmente com a cabeça dela, e
caso não se controlasse, certamente sairia com ele
outras vezes. Sabia que era impossível mantê-lo por
perto sem se apegar. Infelizmente era uma mulher
dominada por sentimentos.
Na verdade, se fosse honesta consigo mesma,
assumiria que já estava envolvida mais do que o
aconselhável. O tipo de prazer que sentia ao lado de
Logan não se comparava ao que tinha com Heitor,
por exemplo. Aquele que estava ali, naquela mesa,
nem imaginava o poder que tinha sobre ela.
Ao constatar o triste fato, soube que aquele
seria um fim de semana para aproveitá-lo ao
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máximo. Não daria mais nenhuma chance aos dois,


aproveitaria apenas os últimos momentos que
possuíam. Precisava preservar-se. Envolver-se com
um homem como aquele era um passo certeiro para
ter o coração partido.
— Com licença. — Nicole levou um susto
quando um homem a segurou pelo braço assim que
saiu do banheiro.
— O que foi? — Sentiu-se receosa, pois não
gostou da maneira que foi encarada.
— Eu queria apenas o seu telefone. — O
homem abriu um sorriso sedutor e se aproximou
desconfortavelmente. — Estou fascinado por você
desde que chegou, mas como seu segurança não
saía de perto, fiquei sem saber como te falar que é
linda. — Nicole inclinou a cabeça para tentar
entender o que estava falando.
— Meu segurança? — Sentiu-se confusa com
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aquilo.
— O cara que está com você. — O homem
soltou uma risada irritante. — Ele é bem grande.
Parece que soube escolher bem o cara para te
proteger. É difícil alguém ter coragem de encarar
um negrão daqueles.
Quando acabou de falar, a ficha dela caiu. O
idiota estava achando que Logan era um
funcionário só por ser negro. Tinha ouvido asneiras
como aquela em vários momentos da vida,
principalmente quando saía com os irmãos, mas
cada vez que se confrontava com esse tipo de
preconceito, a vontade era de socar a cara da
pessoa.
— Ele não é meu segurança, e sim um amigo.
— Era impossível conter a raiva. — Com licença.
— Virou-se e deu um passo a frente, mas o idiota
voltou a tocá-la.

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— Desculpa se fui inconveniente. — Fingiu


arrependimento. — Mas ao menos poderia me dar o
seu telefone?
— Não, agora me solta! — Tentou se livrar
do aperto, sem sucesso.
— Se estiver envolvida com aquele cara,
espero que saiba que ele não é tipo de homem que
deve estar ao seu lado. Não deve se relacionar com
gente da espécie dele. — O ódio borbulhava dentro
dela.
— Se meta com a própria vida, eu me
relaciono com quem quero! Gosto de homem de
verdade, não de um merda como você.
— Algum problema, Nicole? — Logan
apareceu subitamente, deixando-a abalada.
— Nenhum problema.
Logan encarou o homem, o olhar cheio de
raiva. Havia escutado cada palavra que o cretino
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falou, e estava louco para encher a cara dele de


porrada.
Por mais que não devesse se sentir surpreso
com aquela atitude, sempre doía quando sentia o
preconceito presente na sociedade. Se insistisse em
ficar ao lado de Nicole, a colocaria em situações
como aquela várias vezes, e ninguém merecia
passar por esse tipo de constrangimento.
— Quero sair daqui. — Nicole estava com
medo de Logan bater no infeliz.
— Cuidado, amigo. Preste atenção ao que
fala. — Ele encarou o homem e o viu recuar.
Sem mais palavras, seguiu na direção do
garçom que estava lhes atendendo e pediu a conta.
Em poucos minutos saíram do restaurante.
— Você se importa de passearmos um pouco
pela marina? Hoje está uma noite tão bonita. —
Logan não queria ir para casa. Desejava apenas
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quebrar a tensão que lhe percorria o copo.


— Claro que não me importo. — Nicole
encostou a cabeça no braço dele e o sentiu envolvê-
la pela cintura.
— Tudo bem com você? — A preocupação
estava matando Logan. Seria ruim demais se ela
ficasse chateada por causa do ocorrido.
— Claro que sim. — Ela tentou sorrir, para
evitar que ficasse ainda mais chateado.
Logan beijou-a nos cabelos e caminharam
abraçados, como dois namorados. No meio do
caminho, encontrou um advogado conhecido com a
noiva. Trocaram algumas palavras e sentiu então o
corpo de Nicole relaxar. Isso o animou, e quando se
despediram do casal, Logan entendeu que era o
momento de ir para casa dela, aproveitar o resto de
tempo que tinham.

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Assim que chegaram em casa, caíram na


cama entre beijos, enquanto descartavam as roupas
com pressa. Era incrível a sincronia que tinham, tão
perturbadora que Logan não gostava de pensar no
que significava. Mas sabia que precisava fugir de
Nicole e toda a euforia que ela lhe causava.
Quando esse fim de semana acabasse,
partiria, já que não se sentia preparado para ficar ao
lado dela, lidando com o sentimento desconhecido
que ameaçava dominá-lo. Muito menos estragaria a
vida dela com a sua presença, carregada de
problemas.
Esticou a mão e acariciou-lhe o seio. Queria
colocá-lo na boca, mas se fizesse isso, atrapalharia
a cavalgada.
— O que você tem hoje? — Logan tentou

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segurá-la para diminuir um pouco os movimentos.


Ela o levava a loucura com o ritmo intenso. —
Acho que podemos ir mais devagar.
— Não — Nicole correu a mão pelo peito
dele e depois lhe acariciou o pescoço, se
esbaldando com a visão da pele negra, brilhante de
suor. — Estou me divertindo aqui — Sorriu quando
viu uma gota de suor escorrer pela testa de Logan.
— Você é impossível, mulher. — Com
agilidade, ele trocou a posição, aprisionando-a sob
o corpo dele. — Sou capaz de te comer a noite toda
sem parar, Nicole. — Ergueu uma perna dela para
conseguir aprofundar a penetração.
— Cuidado com o que fala. — Nicole
segurou a bunda dele e sentiu as estocadas
encontrarem um ponto crucial no seu interior.
Imediatamente, sentiu um reboliço dentro de si e
em poucos minutos despencou para o prazer tão

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desejado.
Logan era sensacional, não a decepcionava
nunca. Quando o fim de semana acabasse, sentiria
falta dessa perícia na cama. As noites de sexo com
Heitor nunca seriam as mesmas, pois ela
certamente os compararia e, infelizmente, Heitor
perderia de lavada.

O fim da tarde de domingo anunciava que o


encontro entre Logan e Nicole chegava ao fim.
Haviam passado dois dias intensos, com muitas
risadas e momentos de sexo explosivo. Mas a vida
real batia à porta, os incomodando. O que
aconteceria quando a noite chegasse ao fim?
— O seu telefone está tocando novamente.
Não vai atender? — Era a terceira vez que o
telefone tocava e Nicole o ignorava.

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— Depois vejo quem é. — O toque era o que


gravara para Heitor, e estava sem disposição para
atendê-lo, ainda mais na frente de Logan. Não
desejava causar desconforto algum, muito menos
envolvê-lo na sua vida.
— Atenda, pode ser urgente. — A
curiosidade começou a corroê-lo. Já tinha visto
Nicole atender ao telefone várias vezes, mas
percebeu que quando aquele determinado toque
soava, evitava atender.
— Como você é teimoso. — Irritada, ela
pegou o telefone. — Oi — saudou Heitor sem
vontade e levantou do sofá.
Foi para a cozinha, buscando um pouco de
privacidade.
— Nicole, o que está acontecendo? Não
respondeu as minhas mensagens ou ligações. —
Nicole olhou para a porta da cozinha com medo de
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Logan vir atrás.


— Estou trabalhando demais, Heitor. Quando
bate a inspiração sabe que me esqueço do mundo.
— Eu sei, mas custava me responder? — O
tom de mágoa dele desconcertou Nicole. Ele era,
acima de tudo, um bom amigo, não merecia toda
aquela indiferença.
— Desculpa, não fiz por mal.
— Tudo bem, está desculpada. — Como
sempre, relevava todos os furos dela. — Vamos
jantar fora? Eu estou me sentindo sozinho, com
saudades. — Essa última parte da fala dele foi dita
com um sussurro.
— Hoje não dá, mas podemos nos ver
durante a semana.
— Você está bem?
— Estou. — Um barulho fez Nicole voltar a

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olhar na direção da porta, mas não viu ninguém.


— Acho que sabe que se estiver com algum
problema é só falar.
— Não estou com problemas, querido,
apenas aproveitando a inspiração. Tenho muitos
trabalhos para entregar, e preciso aproveitar quando
estou empolgada.
— Certo, sei como você funciona. —
Realmente ele sabia. Heitor já estava na sua vida há
dois anos, porém, só se relacionavam intimamente
a menos de um ano. Mas ele entendia perfeitamente
como a sua vida funcionava. — Tente separar um
dia nessa semana para jantarmos.
— Posso preparar algo íntimo para nós aqui.
— Eu quero te levar para jantar, e depois
podemos ir para a minha casa. — Quando pensou
na ideia, sentiu vontade de já desmarcar
antecipadamente o encontro.
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— Depois vemos isso. — Tentou despistá-lo.


— Nos falamos durante a semana, princesa.
Estou com saudades.
— Claro que nos falamos, também estou com
muita saudade, Heitor. — Era mentira o que acabou
de falar, mas não podia magoá-lo. — Tchau.
Quando desligou, Nicole respirou aliviada.
Ela estava ferrada, pois simplesmente não sabia o
que faria quando o encontrasse. O corpo dela
parecia estar inteiramente condicionado a aceitar
Logan, portanto nem imaginava as mãos de Heitor
deslizando pelo seu corpo.
Ao se recompor do telefonema, voltou para a
sala e encontrou Logan ainda deitado, assistindo
televisão. Agradeceu por ele não ter vindo atrás,
pois se tivesse escutado o telefonema, certamente
faria perguntas que faltava disposição para
responder.
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— Vai ficar parada aí? — Ele tentou manter


a voz estável, mas estava se corroendo por dentro
cheio de raiva. Ao contrário do que Nicole pensava,
tinha escutado a conversa com o tal Heitor, e pela
maneira que falou, os dois eram íntimos. Isso o
irritou, pois ela tinha dito que não existia um
namorado.
— E eu estou parada? — Nicole se
aproximou dele e sentiu saudades ao saber que
partiria em poucas horas.
— Você estava. — Logan bateu no lado
vazio do sofá. — Venha deitar, daqui a pouco estou
indo embora.
— Já? — Nicole o encarou, surpresa.
— Hoje é domingo, Nicole. O fim de semana
está acabando. — Até pensou em pedir para ficar,
mas agora não queria atrapalhar a vida dela. Tinha
ouvido Nicole afirmar que estava com saudades do
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tal de Heitor, então sabia que estava incomodando.


Os dois haviam assumido apenas sexo, puro e
simples. Por isso, Logan sabia que era idiotice ficar
chateado por ela conversar com outro homem. Na
verdade, sabia que os dois viviam em mundos
diferentes. Nicole era uma mulher meiga, que
certamente estava atrás de uma família e um
marido branco que lhe desse um filho. E sabia que
estava longe de ser esse homem. Até porque, não
sentia vontade de construir um laço daqueles sem
ter o tempo necessário para cuidar da própria
família. Por experiência própria, sabia que não era
agradável ter um pai ausente. Se um dia resolvesse
assumir uma família ao lado de alguém, diminuiria
o ritmo de trabalho para acompanhar o
desenvolvimento dos filhos.
Jamais passaria a impressão de desamor para
a família. Logan queria ser presente em cada

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instante, diferentemente do pai, que sempre estava


ocupado quando os filhos precisavam de atenção.
— Mas você não disse que passaria a noite?
— Nicole sentou ao lado dele e observou-o
espalhado no sofá.
Ainda não estava preparada para se separar,
queria ficar com Logan por mais alguns instantes.
Na verdade, estava com esperanças de ouvi-lo dizer
que ficaria.
— Acho que já te incomodei demais. — Ele
subiu uma mão pela perna dela, querendo guardar a
maciez na memória. — Tenho certeza que já deve
ter se arrependido em permitir que ficasse tanto
tempo aqui.
— Sabe que não está incomodando. — Os
olhos de Nicole buscaram os dele e viu certa
irritação brilhando neles.
— Tudo bem… Deite do meu lado para
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assistirmos ao final do filme.


Nicole percebeu que tentava disfarçar a raiva,
mas, ainda assim, era quase palpável a irritação.
Chegou a considerar, por alguns segundos, que ele
poderia ter ouvido a ligação, mas se o tivesse feito
certamente não estaria mais ali.
Aconchegou-se ao corpo grande e colocou a
mão sob a camiseta. Queria sentir a pele, manter
um contato mais íntimo. Talvez se ela soubesse
seduzi-lo, poderia ter mais uma noite ao seu lado.
— Tem certeza que quer assistir a esse filme?
— Movimentou-se provocantemente e embrenhou
as pernas nas dele.
— Quero. — Ele percebeu a manobra dela,
mas naquele momento estava confuso. Evitou
demonstrar a inquietação, mas precisava acalmar os
nervos, para depois se despedir.
— Você está chateado? — Nicole ergue-se e
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segurou-lhe o rosto, forçando a observá-la. — Fiz


alguma coisa? — Ela sequer deveria se preocupar
tanto. Afinal, nenhum relacionamento os unia. Mas
Nicole não queria que ele fosse embora aborrecido,
pois passaram ótimos momentos juntos, e
mereciam dizer adeus sem ressentimentos.
— Nada disso. — Logan a puxou para mais
perto de si e respirou fundo. — Só quero terminar
de ver o filme, estou cansado.
— Você mente muito mal, Logan.
Nicole encostou a cabeça no ombro dele e
decidiu encerrar o assunto, sem entrar em uma
discussão. Apenas aproveitaria os últimos instantes
que ainda tinham e o deixaria ir quando desejasse.
Quando o filme acabou, Logan decidiu que
era o momento de partir. Estava impregnado pelo
desejo intenso por ela, mas tinha receio do que isso
poderia causar na vida deles. Por algum motivo,
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receava se envolver. Quando começava a se


aproximar de alguém, travava e fugia.
Nesse exato momento estava desesperado
para fugir. A vontade de ficar e buscar respostas
sobre quem era Heitor o incomodavam. Precisava
de espaço para voltar ao estado normal.
Por alguns segundos observou Nicole
dormindo sobre o peito dele. Estava serena, com os
cabelos loiros jogados pelas costas e um braço
contornando-lhe a cintura. A vontade era ficar ali,
observando-a, até que despertasse e se entregasse a
ele.
Um sorriso triste escapou dos lábios. Em três
dias Nicole o fisgou, como nenhuma outra fizera.
Ela o envolveu sem nenhum esforço, com uma
simplicidade extrema, e uma sensualidade
irretocável.
Infelizmente a desejava loucamente. Queria
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aquela mulher das mais diversas maneiras, mas


nunca se arriscaria a tanto. O mundo era cruel e não
perdoaria algum tipo de envolvimento entre eles.
Com pesar, se afastou com calma e foi em
busca dos seus pertences. Arrumaria as coisas antes
de acordá-la para se despedir. Não queria que
estivesse ao redor, enquanto se preparava para ir
embora. Preferia apenas dizer adeus e partir.
O plano original era apenas uma boa
aventura, mas tudo saiu do rumo. Queria muito
mais e não podia seguir em frente sem machucá-la.
O pouco tempo que estiveram juntos, o fez admirá-
la, e por isso, encerraria os encontros antes que o
envolvimento fosse maior. E mais fácil de
machucar.
— Nicole. — Logan passou a mão pelo
cabelo macio dela e acariciou-lhe a bochecha. —
Acorda.

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— Uhumm. — ela resmungou e virou-se para


observar Logan, todo vestido de preto. — O que
foi?
— Estou indo embora. — Tentou manter uma
voz indiferente, mas por dentro estava louco para
beijá-la e esquecer todos os motivos que o faziam
se afastar.
— Já? — Nicole despertou de vez e sentou-se
no sofá. — Não vai esperar o jantar?
— Não dá, preciso olhar um processo que
tenho que levar ao fórum amanhã. Passei esse fim
de semana negligenciando um monte de trabalho
que levei para casa. Terei de correr contra o tempo
nesse fim de noite.
Nicole se encolheu no sofá ao ouvir a
justificativa. Sabia que vida de advogado não era
fácil, pois tinha muitos amigos na área, e todos
levavam trabalho para casa, mas acreditou que, por
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Logan ser o chefe, teria alguns privilégios.


— Que pena, pensei que comeríamos juntos.
— A tristeza no rosto dela quase fez Logan desistir
dos planos, mas sabia que estava fazendo a coisa
certa ao ir embora.
— Hoje não vai ser possível. — Evitou dizer
que nunca mais jantariam juntos, mas deixou no ar
a possibilidade de se encontrarem para não passar a
ideia de que se aproveitou dela. — Obrigado por
esse fim de semana sensacional, eu amei cada
instante que passamos juntos.
— Eu também. — Por algum motivo, Nicole
sentiu uma nota de despedida na voz dele. Poderia
estar enganada, mas Logan nunca mais voltaria a
procurá-la.
— Você me leva até a porta? — No instante
que Nicole o encarou nos olhos, Logan se sentiu
um merda. Ela estava magoada e decepcionada, e
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ele se comportando como um canalha. Nicole não


merecia aquilo…
— Claro que sim. — O sorriso forçado dela
doeu. Nunca a vira mostrando algo tão falso como
o que estava exibindo naquele momento.
Seguiram em silêncio até a porta, ambos
cientes da tensão que os rondava. A cumplicidade
que estava presente durante boa parte do domingo
desapareceu completamente. Quando chegaram à
porta, Nicole ficou parada olhando para o quintal.
Estava com vontade de chorar. Sempre foi uma
pessoa emotiva ao extremo, mas naquele momento
perdia o controle.
— Mais uma vez obrigado. — Sem saber o
que falar, abaixou a cabeça e encostou os lábios nos
dela.
Quando ela abriu a boca e lambeu o lábio
inferior de Logan, ele sentiu algo abrir-se dentro de
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si e aprofundou o beijo.
Segurou a cabeça dela e sugou-lhe a língua,
até que escutou o gemido rouco de Nicole lhe
incendiar o corpo. A necessidade de carregá-la para
dentro da casa era tão intensa que quase se
esqueceu da decisão de deixá-la em paz. Quase…
no último instante, se recompôs e afastou.
— Você é uma mulher única, Nicole. Jamais
se esqueça disso. — Acariciou o rosto dela e se
sentiu um covarde por ter tanto medo. — Depois
nos falamos.
Lançou um sorriso triste e desceu os dois
degraus da varanda sem olhar para trás. Com
passos apressados, seguiu para o carro,
parabenizando-se por não ceder ao desejo de ficar.

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Capítulo 12

Um mês depois

Nicole olhou para a televisão ligada, mas não


conseguia entender o que passava. Completava um
mês que Logan tinha ido embora sem olhar para
trás. Depois daquele dia, nunca mais o viu. Sequer
ligou ou mandou mensagem. O homem
simplesmente sumiu como se fosse um fantasma.
Por algumas vezes tentou conseguir
informações com Nina, mas a amiga nada de
relevante lhe passou.
Um grunhido escapou quando pensou no
quanto foi boba em se derreter por aquele homem.
Bastou três encontros para achá-lo especial e se

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encantar como não fazia desde os tempos de escola.


Em algum momento se apaixonou por Logan, mas
não entendia como. Teve infinitos relacionamentos
na vida, mas nenhum deles lhe alcançou o coração
como Logan fez.
— Você vai querer um pouco do vinho? — A
voz de Heitor a assustou.
Depois que Logan se foi, manteve os
encontros. Tinham um relacionamento aberto que
sempre funcionou para ambos. Mas ela já não se
sentia confortável na presença dele.
— Quero sim. — Desanimada, sabia que
encheria a cara de vinho para não pensar na tristeza
que sentia.
Sentia-se incompleta. Era uma sensação
estranha que passou a acompanhá-la. Em alguns
momentos se sentia usada, em outros, apenas
idiota.
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— Nicole. — Heitor sentou-se na poltrona ao


lado do sofá. — O Marcos e a Lídia vão passar o
próximo fim de semana em Teresópolis. Eu estava
com vontade de ir.
— Lá é lindo, você vai gostar. — Começou a
imaginar se Logan estava com alguma mulher neste
instante.
— Eu queria que fosse comigo.
— Ah! — Sem ânimo, considerou o convite.
— Vou ver se dá…
— O que você tem? Anda tão desanimada…
— Eu? — Nicole bebeu mais um pouco do
vinho. — Nada.
— Claro que está. Você mudou, e nem vem
me dizer que estou louco.
— Mas só pode ser loucura… — Nem morta
assumiria que estava obcecada por outro homem,

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mesmo ele dando um pé na sua bunda. — Vou ver


como será a minha semana de trabalho, se adiantar
as entregas que preciso fazer, te acompanho.
— Eu vou cobrar.
— Pode fazer. — Nicole esticou a taça para
ele. — Coloca mais um pouco? Acho que o copo
está furado. — Abriu um sorriso sapeca e o viu
balançar a cabeça sorrindo, enquanto pegava a
garrafa de vinho.
— Definitivamente, você não está bem.

Mais uma sexta-feira chegou e Logan se


sentia um lobo solitário. Tinha um evento para ir,
mas não estava disposto a enfrentar as pessoas e
sorrir sem vontade. Esse último mês fora difícil,
pois sentia o cheiro de Nicole em diversas ocasiões.
Parecia que ela estava em todos os lugares que

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frequentava.
O desespero foi tanto que chegou a ir a casa
dela algumas vezes, decidido a assumir que era um
otário e que desejava tê-la novamente. Mas o medo
de afirmar que estava louco por ela era maior que a
coragem de vê-la.
Em uma das noites que pensou em bater à
porta dela, viu Nicole sair com um homem. Por
impulso seguiu o casal, e os presenciou indo a um
restaurante. Percebeu que eram íntimos e, sem que
ninguém falasse, soube que era o tal do Heitor.
Nicole tinha alguém, talvez fosse um
namorado… certamente ela tinha mentindo quando
disse que estava sozinha.
Essa imagem dela com outro homem deveria
tê-lo feito desistir, mas Logan sentiu apenas uma
fúria desconhecida. A vontade era ir até a mesa
deles e arrancá-la de lá. Por sorte Logan recebeu
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uma chamada de Dalva, pedindo para pegá-la na


casa de uma amiga. Se ela não o interrompesse,
teria reivindicado o seu lugar ao lado dela.
— Querido. — Logan despertou dos
pensamentos quando ouviu a voz de Dalva.
— O que foi?
— Vamos naquele bistrô em Copacabana?
Hoje estou me sentindo aventureira, não quero ficar
em casa.
— Aventureira? — Logan olhou para ela e
não viu nada diferente. Pelo contrário, notou uma
linda senhora, com adoráveis cabelos brancos e
óculos que faziam dela a figura mais doce que
conhecia. — Cadê o espartilho ou a roupa de rapel,
Dalva? — Foi irônico, apesar de saber que
receberia uma repreensão.
— Me respeita que praticamente sou sua mãe.
— Caminhou pela sala com o característico
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rebolado. — Nunca mais saímos juntos e você anda


estranho, sempre triste. Estou na expectativa de
descobrir o que está acontecendo em um jantar
intimista.
— Ótimos planos. — Dalva tinha a péssima
mania de sempre contar o que planejava. O pior de
tudo era que Logan caía sempre, mesmo sabendo o
objetivo. —, mas não estou disposto a conversar.
— Você pode não estar com os outros, mas
para mim, sempre. Vou colocar uma roupa sexy
para não fazer feio ao seu lado.
— Se colocar minissaia vai ficar em casa.
Nada de admitir ouvir cantadas de outros homens.
— Coloque uma roupa bonita. Nada de
homem desleixado atrás de mim, entendeu? —
Ignorou completamente o comentário dele.
Logan a observou caminhar requebrando até
a escada e sorriu. Dalva era a melhor. A única
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mulher que confiava e dava a vida por ela. O seu


maior tesouro, sem dúvidas.
— Bem… — falou consigo enquanto erguia-
se. — É melhor me produzir ou perco a companhia.
— Pela primeira vez no dia, sorriu com vontade.
Aquela mulher era a única capaz de animá-lo
assim.
Em pouco tempo os dois estavam no bistrô,
que Dalva tanto gostava, desfrutando de uma sopa
saborosa como entrada. O lugar era discreto e
servia uma excelente comida.
— Vou pedir a receita desta sopa. Quero
fazer lá em casa.
— As suas são melhores. — Na verdade,
Logan trocava qualquer comida de restaurante para
comer a dela.
— É porque você não faz. Senão desejaria
um tempero diferente. — Dalva olhou para Logan e
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decidiu que tinha chegado a hora de confrontá-lo.


— O que está acontecendo? Vai me falar ou terei
de descobrir por meios próprios?
Logan já esperava por este interrogatório,
mas tinha esperanças que o deixasse para quando
estivessem seguindo para a sobremesa.
— São os problemas de sempre, acrescido do
velho Deonedes.
— Ainda não fechou esse negócio?
— Ele não me quer na empresa dele, já te
falei isso.
— Por causa da sua cor?
— O que acha? — Assim que Logan a
respondeu, viu a figura exuberante de Leandra
caminhando na direção da mesa deles.
Imediatamente o coração disparou na expectativa
de ver Nicole.

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— Ora, ora, se não é Logan Cardoso. — Ela


parou ao lado da mesa e jogou o cabelo para o lado.
— Quanto tempo, querido…
— Leandra. — Logan ergue-se e a
cumprimentou com dois beijos. — Você está linda.
— Obrigada. — Virou-se e olhou para a
senhora que acompanhava Logan. — Prazer, sou
Leandra.
— Prazer, querida, sou a Dalva. — A
curiosidade correu pela senhora para saber quem
era essa mulher, mas decidiu esperar a conversa se
desenrolar para descobrir mais.
— Você quer se sentar conosco? — Logan
foi solícito.
— Obrigada, mas vim jantar com o meu
marido, minha irmã e o namorado dela. — essa
última palavra foi dita bem devagar por Leandra.
Ela queria saber da reação dele, pois necessitava
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descobrir se realmente tinha usado a irmã.


— Ah, sim... — Logan perdeu a voz. Nicole
estava ali com um namorado. Respirou fundo para
acalmar o coração e frear o ciúme. — Então
acredito que tenha que ir encontrá-los.
— Sim. — Leandra viu o brilho nos olhos
dele e entendeu que algo na história que a irmã
contou não batia. Claramente estava com ciúme, e
se isso estava acontecendo era porque o babaca
gostava dela. — Foi um prazer te reencontrar. Você
sumiu do nada, foi até indelicado da sua parte.
Logan engasgou com a observação dela. Com
muita discrição, Leandra o estava chamando de
aproveitador. Odiava ter passado essa impressão,
mas não podia negar que foi um canalha com a
irmã dela.
— Tive alguns problemas, Leandra. Os
negócios, às vezes, são complicados.
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— Na verdade nós é que complicamos tudo.


— Leandra virou-se para Dalva e sorriu. — Prazer
em te conhecer, meu bem, esse seu casaco é lindo.
— Obrigada — Ela sorriu e viu a bela mulher
se afastar com uma elegância arrebatadora. — O
que aconteceu aqui? — A pergunta de Dalva se
perdeu quando Logan observou Leandra sentar-se
ao fundo, junto de Nicole.
Ela estava linda, com os cachos no cabelo
que tanto o enfeitiçavam. Sem dúvidas, Nicole era
a mulher mais bonita que conheceu. Perfeita… O
seu corpo ainda se recordava de cada sensação de
prazer com ela desfrutado, mas sabia que precisava
mantê-la à distância, ainda que sofresse por isso.
— Nicole é o nome da sua inquietação? —
Dalva fez a pergunta à queima-roupa e esperou pela
resposta.
— Você se importa se embrulharmos o nosso
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jantar para comermos em casa?


Essa resposta foi tudo o que precisava para
entender que o isolamento de Logan tinha nome.
Era a primeira vez que Dalva o via diferente por
causa de uma mulher, mas se sentia feliz por isso.
Talvez o seu menino tivesse salvação. Se soubesse
manipulá-lo, poderia fazê-lo seguir uma vida feliz e
deixá-la morrer em paz.
— Você sabe que não me importo. — Ele
assentiu ao ouvir aquilo e pediu para o garçom
embrulhar o jantar. Precisava sair dali o quanto
antes, pois não confiava em si mesmo para manter-
se afastado de Nicole.
— Desculpa estragar o seu jantar. — Estava
se sentindo mal por atrapalhar os planos de Dalva.
— A minha prioridade sempre será você,
meu amor. — Ela esticou a mão e acariciou o rosto
dele.
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Logan era imenso, tinha uma cara de mal e


era amedrontador em muitos momentos, mas ela
sabia que não passava de fachada. Ele ainda sofria
com os insultos que ouvia por causa da cor e vivia
em uma solidão incômoda. Ela tentava a todo custo
mostrar que devia construir a própria família, mas a
teimosia dele era irritante. Talvez essa Nicole fosse
a solução. Estava claro que Logan tinha
sentimentos por essa menina.
Quando o garçom chegou com o jantar deles,
Logan agradeceu e levantou da mesa. A
necessidade absurda de sair dali era imensa. Não
aguentaria ver se por acaso, o infeliz que estava ao
lado de Nicole a beijasse. Aqueles lábios rosados
tinham que ser dele! Em um impulso, deixou o
embrulho com o jantar na mesa e marchou para
onde Nicole estava. Precisava vê-la de perto, tentar
enxergar nos olhos dela se ainda existia a estranha
conexão entre os dois.
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— Boa noite! — Cumprimentou a todos ao


parar bem ao lado de Nicole.
— Logan. — O marido de Leandra o
reconheceu e se levantou para cumprimentá-lo. Era
um homem quase tão grande quanto Logan e tinha
um tom de pele um pouco mais escuro que o dele.
— Como vai?
— Muito bem, Anderson — O sorriso dele
foi forçado, mas ele se controlou para não
demonstrar o quanto estava irritado com aquela
situação.
— Quer se sentar conosco? — Leandra o
desafiou com os olhos.
— Obrigado, Leandra, mas só passei aqui
para cumprimentar vocês e dar boa noite à Nicole.
— Finalmente ele virou-se e buscou os olhos dela.
Permanecia linda, calorosa e extremamente sensual.
— Como vai, Nicole?
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O mundo dela foi ao chão no instante que


ouviu a voz de Logan. Tinha sentido a presença
dele assim que entrou no local, mas teve esperança
de que não a notasse ali. Porém, a irmã teve a
péssima ideia de falar com ele, revelando a
localização da presença dela ali. Quando as duas
estivessem sozinhas, teria uma conversa séria com
Leandra, pois não tinha o direito de se intrometer
na vida dela, como tinha acabado de fazer.
— Oi, Logan. — Com muita dificuldade,
Nicole conseguiu manter a voz estável. Levantou-
se para cumprimentá-lo como manda o protocolo
da boa educação. — Quanto tempo… — Tentava
esconder o quanto estava magoada, mas foi
inevitável não demonstrar o quanto sentia-se
chateada com a sua ausência repentina.
— A vida anda corrida. — Inclinou-se e
encostou os lábios no rosto dela. O cheiro de

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Nicole o envolveu, o mesmo que o perseguia há um


mês. Dormia e acordava com esse aroma, fazendo-
o recordar da mulher incrível que perdeu por ser
um covarde.
— Imagino. — As faíscas que saíram dos
olhos de Nicole deixaram claro que a loira também
estava se segurando ao máximo para não meter a
mão na cara dele.
— Esse é o Heitor, Logan. — Alheio ao
clima, Anderson se apressou em apresentar o outro
integrante da mesa. — Heitor, o Logan foi o cara
que eu te falei que arrematou a escultura da Nicole
por uma fortuna. Você deveria estar no leilão da
Nina para ver a disputa. Foi sensacional.
— Muito prazer. — Heitor esticou a mão
com um sorriso aberto no rosto e irritou Logan. —
Sua história ficou bem famosa.
— As crianças mereciam. — Logan apertou a
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mão dele com vontade de quebrar o pescoço do


filho da puta.
Esse merda estava com a mulher que não
conseguia esquecer. Era ele que ia para a cama dela
e desfrutaria daquele corpo perfeito.
— Realmente mereciam. Toda a ajuda para o
orfanato é bem-vinda. — Logan suspirou fundo ao
compreender que o idiota era mesmo solidário. O
babaca era perfeito para Nicole, já que além de
branco, tinha cara de ser bem-sucedido, com boa
família.
Seria impossível para Logan concorrer com
ele, caso decidisse lutar por Nicole.
— Bem… — Pigarreou e a encarou. —
Tenho que ir, mas foi um prazer reencontrar vocês.
— Você chegou há tão pouco tempo. Por que
já vai embora? — Leandra o desafiou com olhar a
responder-lhe.
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— Eu vim com a Dalva e ela não está se


sentindo bem. Levarei nosso jantar e a deixarei
descansar um pouco.
— Ela é sua amiga? — Leandra perguntou
curiosa.
— Amiga não a define. Dalva é o meu
mundo. — Logan não titubeou ao responder. — Foi
um prazer imenso te reencontrar, Nicole. — Tinha
de demonstrar que estava feliz em poder vê-la tão
de perto.
— Foi bom também. — A resposta dela foi
polida, mas, no fundo, estava fervilhando com o
ódio e o desejo que brincavam dentro dela.
Logan sentiu que era o momento de sair. Se
despediu de todos com a maior tranquilidade
possível. Depois regressou à mesa, chamou Dalva e
pegou o jantar. A necessidade de sair do bistrô era
imensa. Precisava colocar uma distância entre eles
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o mais rápido possível, ou faria uma loucura.


Quando entrou no carro, o corpo inteiro
vibrava com a vontade de voltar e carregar Nicole
para casa. Ela deveria estar com ele, e não ao lado
de um completo idiota, que certamente nem sabia
como tratar uma mulher como aquela.
— Ainda dá tempo de voltar e dizer que a
deseja, Logan. — Dalva entendeu perfeitamente
que ele tinha sérios sentimentos pela mulher que foi
cumprimentar.
— Ela tem a uma vida estável, não merece se
foder com um homem como eu. — Ele colocou o
carro no trânsito irritado.
— O dia que parar de se importar com o que
os outros falam e perceber que a felicidade depende
de você, a vida mudará complemente.
Com esse conselho, Dalva se calou e torceu
para que as palavras fizessem o caminho direto
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para o coração do seu menino. Depois de tantos


traumas na vida, Logan deixara de perceber que a
cor da pele não o tornava menor que os brancos.
Ele era único, assim como cada ser humano.

Nicole olhou para o quintal pela janela da


sala e reviveu o exato momento em que colocou
mais uma vez os olhos em Logan.
Ela já tinha perdido as esperanças de
reencontrá-lo, mas quando Leandra disse que ele
estava no bistrô, perdeu completamente o controle.
Tudo ainda piorou quando a irmã foi falar com ele.
Naquele momento, Nicole desejou sumir.
O que não esperava era que Logan tivesse a
ousadia de ir até sua mesa. Isso a surpreendeu. Não
só foi, como se comportou com indiferença. Era
como se nunca tivessem vivido algo juntos, e o fim

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de semana que dividiram nada representasse.


Sabia que era uma mulher simples para
Logan. O homem era um advogado importante,
herdeiro de uma empresa gigante. Obviamente
procurava se relacionar com mulheres da elite, não
uma simples artista plástica, que estava se
solidificando no mercado.
Nicole vinha de uma família simples. A mãe
lecionou até bem pouco tempo e o pai era um
querido cronista de um jornal espanhol. Eles não
tinham uma vida abastada, mas com o pouco que
tinham, criaram os filhos com muita dignidade.
Na realidade, o mundo deles não se
encaixavam, eram diferentes demais para darem
certo.
A constatação da realidade que viveu com
Logan, a fez sentir raiva de si mesma. Deveria ter
aproveitado o fim de semana, como qualquer
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mulher da sua idade faria, e não se apaixonar por


um homem que sequer conhecia.
Droga! Passou uma vida inteira sem se
envolver, mas do nada caiu de amores por um
homem, quase, desconhecido. Agora pagava todos
os dias por sentir falta da boca dele, do cheiro, dos
músculos definidos.
A vida tinha virado um inferno. Sequer
conseguia manter a antiga intimidade que dividia
com Heitor. A amizade colorida deles estava
fadada ao fracasso. Logan a dominava mesmo
estando tão longe.
— Eu te odeio profundamente, Logan. —
Nicole confessou, com pesar. Estava cansada de
desejá-lo com tanta força, o sentimento a corroendo
por dentro.

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Nicole despertou com o toque insistente do


celular. Tinha dormido mais cedo do que o costume
na noite anterior, mas depois das emoções que
viveu, não era de se admirar que se esgotasse
emocionalmente.
— Droga! — resmungou e tentou achar o
celular. — Alô?
— Até que enfim. — A voz de Leandra a fez
revirar os olhos. Certamente a encheria com a
história sobre Logan.
— O que foi, Leandra? Eu estava dormindo.
— Já passa das nove. Isso não é hora mais de
ficar na cama.
— Eu trabalho até de madrugada. Isso me
deixa livre para dormir até a hora que desejar.
— Conheço essa desculpa, preguiçosa. —
Leandra sempre implicava com a tendência dela de
dormir além da conta.
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— O que você quer?


— Falar do gostosão do Logan… Minha
irmã, essa história de que ele sumiu porque você foi
mais uma, é mentira. O cara só faltou ter uma crise
histérica quando disse que você estava com um
namorado. Ele te quer, não tem como omitir essa
verdade.
— Eu não tenho um namorado. Em que
mundo você vive?
— No mundo em que, se fosse solteira, nunca
deixaria um negrão daqueles escapar. — A
segurança com a que a irmã dizia isso, fez Nicole
sorrir. Leandra tinha tendência a transformar tudo
em algo simples. — Nicole, tudo o que é bom dá
trabalho. E se for homem, pior ainda. Você desiste
muito fácil, tem que ser mais insistente. Por acaso
acha que o Anderson veio pronto? Querida, aquele
homem foi difícil…, mas eu dei jeito nele e o fiz

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colocar uma aliança no meu dedo.


— Ele sempre te amou, Leandra. É bem
diferente do meu caso com o Logan. Já te disse que
foi sexo, ele se satisfez e fiquei de quatro. Pronto,
simples assim.
— Ficar de quatro é bom. — A observação
da irmã mais uma vez a irritou. A mania dela de
sempre levar tudo na brincadeira era irritante.
— Será que você pode falar comigo sem
brincar?
— Eu estou falando sério, mas de qualquer
maneira, o que tiveram ainda existe… Essa história
de vocês ainda vai render muito, anota o que estou
te dizendo. Agora preciso ir trabalhar. Eu te amo,
sua teimosa!
Nicole sequer teve tempo de se despedir, pois
a irmã desligou o telefone, deixando-a no vácuo.
Leandra sempre foi louca, mas nos últimos tempos
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estava passando dos limites.

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Capítulo 13

— Eu sei do seu interesse pela minha


empresa, Logan, mas lamento informar que tenho
um código moral, que não abro mão nem pelos
meus filhos. — Deonedes encarava Logan com
superioridade.
— E qual é? — A paciência de Logan estava
no limite. Já estava há mais de um mês nesse
impasse e queria enforcar aquele velho.
— Todos os meus sócios são homens
casados. Acho que ter uma família é essencial para
que um homem seja comprometido com os
negócios. Jamais deixaria parte da empresa que
construí nas mãos de um playboy. Ainda que esteja
com problemas financeiros, me sinto no direito de
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resguardar meus ideais. Por isso, você não


completa os requisitos para ser meu sócio. Vou
deixar a disputa entre Tiago e um novo candidato.
Um sorriso escapou de Logan quando ouviu
esse absurdo. Certamente Deonedes estava
surtando, não poderia estar falando sério…
Casar para ter direito a quarenta por cento
da empresa?
O velho estava arrumando uma desculpa para
tirá-lo do páreo, isso sim. Nunca antes tinha falado
em casamento. Como aparecia com essa história
agora? Estava bem claro que era uma desculpa para
afastá-lo por ser negro. Todos os associados eram
brancos e de famílias abastadas, o único fora do
padrão elitista seria ele.
— É sério? — Logan teve que fazer essa
pergunta com puro sarcasmo.
— Me respeite, rapaz. Não sou homem de
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mentir. — Deonedes bateu na mesa, irritado. —


Esse seu deboche é desrespeitoso, e prova que não
está apto para ser meu sócio. Acabamos por aqui.
A dispensa foi ofensiva. Logan nunca
permitia que as pessoas o tratassem com desdém.
Casaria amanhã se fosse necessário, mas ganharia
os quarenta por cento de qualquer maneira. Era
questão de honra!
— Bem… — Logan ergue-se e fechou o
terno. — Meu plano era ter um casamento
grandioso, já que a mulher que escolhi merece tudo
o que sempre sonhou. Mas se insiste em ter um
sócio casado, terei de destruir os sonhos da minha
noiva por sua causa.
Os olhos de Deonedes arregalaram-se quando
contou que tinha uma noiva. Certamente o velho
não acreditou, mas o convenceria de que estava
dizendo a verdade. Logan sabia mentir como

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ninguém quando era necessário. E já que ele queria


um casamento, lhe daria um.
— Você não tem uma noiva. — Deonedes
duvidou imediatamente.
— Não só tenho, como ela é linda. Em breve
a conhecerá e tenho certeza que ela o odiará por
fazê-la desistir do casamento que estamos
planejando com tanto cuidado.
Antes que pudesse ser confrontado, Logan
deu-lhe as costas e saiu. Estava ferrado ao mentir,
mas daria um jeito de conseguir uma noiva de
mentira em tempo recorde.

Logan olhou para a rua através da vidraça e


percebeu como os carros eram insignificantes
mediante a altura que estava. O escritório dele
ficava em um dos mais altos prédios da Avenida

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Rio Branco. Gostava dessa vista alta, capaz de lhe


mostrar o poder que tinha para esmagar os
adversários.
— O que vai fazer? — A voz de Luiz
penetrou a nuvem que pairava sobre a cabeça de
Logan.
— Ele não vai me derrubar.
— Como não? O velho Deonedes conseguiu
tirá-lo do páreo. Nunca te aceitará como sócio, a
menos que consiga fazê-lo negociar com a sua
irmã, que é casada e têm filhos. Caso contrário,
sem chances.
— Nunca mais diga isso…
Logan estava farto das exigências de
Deonedes. Se não fosse um homem tão competitivo
e louco para subjugar Tiago, já teria abandonado as
negociações há muito tempo. Mas se recusava a
perder para os dois, muito menos ser humilhado
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pela irmã, por ter perdido aquela boa negociação.


Comprometeu-se em ganhar a sociedade para
aumentar o domínio no mercado de negócios. Era
um homem de palavra e se disse que faria um
acordo, iria até o inferno para conseguir isso. Nem
que para fechar esse negócio tivesse de arrumar
uma esposa, como Deonedes exigiu. Um casamento
não fazia parte dos seus planos, mas viraria
prioridade para sair vitorioso da negociação.
— Sei que ele está blefando, mas se diz que
fecha sociedades apenas com homens de família,
vou arrumar uma esposa, Luiz.
— O que está pensando em fazer? — Luiz
olhou para o amigo, receoso.
Conhecia Logan desde os tempos da
faculdade, e sabia que ninguém o parava.
— Vou arrumar uma esposa. — Logan
decretou, já formando um plano. — Prepare um
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acordo pré-nupcial para mim. Preciso dele até o fim


de semana.
— Você está louco? — Luiz ergueu-se da
cadeira, nervoso. — Não pode casar assim! E se
nesse meio tempo o Deonedes vender as ações?
— Ele não vai… Poucas pessoas têm o
dinheiro necessário para pagar por isso. Acredito
que nem o Tiago tenha o dinheiro para comprar os
quarenta por cento de uma só vez.
— Nem tente fazer uma loucura dessas!
— Não será. — Logan sorriu assim que o
plano tomou forma na mente dele. — Na verdade,
será um prazer.

Logan se alegrou quando o sobrinho se atirou


no colo dele, assim que o viu chegar. Rafael era
elétrico, não parava um segundo. Lembrava muito
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o irmão Saul quando tinha os mesmos cinco anos.


Sempre que Logan aparecia na casa da irmã,
trazia um carrinho para aumentar a coleção do
pequeno, mas dessa vez não teve tempo de
comprar. Já estava preparado para ouvir a
reclamação do sobrinho…
— Tio, cadê meu carrinho? — Rafael
perguntou assim que Logan o colocou no chão.
— Hoje não tive tempo de comprar,
campeão. Prometo te trazer dois na próxima vez
que vier.
— Poxa, tio. — A carinha triste do sobrinho
lhe cortou o coração.
— Deixa o seu tio, Rafa. Ele não está aqui
para brincadeiras. — Com toda a altivez, Bianca
caminhou para beijar o irmão. — Como está?
— Irritado. — Logan retribuiu o beijo. —
Juro que se eu não me controlar, sou capaz de
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matar aquele velho.


— Eu sei como se sente. — Bianca olhou
para o filho que os observava, com curiosidade. —
Vá brincar. Assim que eu terminar de conversar
com o seu tio, eu o libero para brincar com você.
— Vai demorar? — A ansiedade do pequeno
fez Logan sorrir.
— Vou tentar ser rápido. — Logan beijou o
cabelo do pequeno.
— Vamos ao escritório. — Bianca caminhou
decidida e ele se preparou para rebater qualquer
argumento sobre as decisões em relação a
Deonedes. — Que palhaçada é essa de casamento?
— Ela foi direta, sem sequer deixar Logan fechar a
porta do escritório. — Faça um resumo…
— Ele está usando todos os artifícios para
não me tornar sócio.
Sem demora, começou a relatar sobre a
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inusitada proposta de Deonedes e deixou claro que


foi apenas uma manobra para que desistisse da
negociação. Apesar de passar por problemas
financeiros, o homem era tinhoso e estava
resistindo bravamente a venda das ações.
Com calma, Logan explicou o plano que
tinha para a irmã, inclusive que já tinha uma noiva
em mente. Obviamente Bianca não gostou daquilo,
mas ele sequer se importou. Afinal, quem se casaria
não era ela.
— Eu vou resolver isso… — Bianca
decretou.
— Não se meta nos meus negócios, sei o que
faço.
— O que está acontecendo, Logan?
Para aquela pergunta nem ele sabia a
resposta.
— Sei o que faço da minha vida.
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Com isso, saiu do escritório da irmã e foi


brincar com o sobrinho, antes de ir embora.

— O quê? — O grito de Dalva quase fez


Logan deixar o prato cheio de sabão cair. Ele tinha
se segurado a semana toda para não se antecipar e
contar para ela sobre a ideia de se casar. Mas agora
que Luiz tinha chego com o acordo pré-nupcial,
não tinha como fugir. — Que palhaçada é essa de
casamento, Logan?
— Eu já disse que é uma péssima ideia,
Dalva, mas ele não me ouve. — Luiz colocou mais
lenha na fogueira.
Logan somente olhou para um Luiz
indignado, ele deveria ser a favor do plano, mas
passou a semana toda reclamando sobre a sua
decisão.

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— Você não pode casar sem uma noiva. —


Mais uma vez lhe apontavam o óbvio.
— E quem disse que não tenho uma, Dalva?
— Logan colocou o prato no escorredor e secou as
mãos. — Só preciso contar para ela que é minha
noiva. — Deu de ombros, como se esse detalhe não
representasse nada.
— E quem é ela? — A curiosidade corroeu
Luiz a semana toda.
— Você saberá assim que ela assinar o
contrato. — Logan mantinha o mistério.
— Como se atreve a casar sem amor? — Ele
sabia que Dalva era antiquada, mas confiava que
entendesse que seria apenas um negócio prazeroso.
— Dalva, esse casamento é arranjado, sem
sentimentos. — Tinha nas palavras toda a paciência
do mundo.
— Eita, caralho. — Luiz não se conteve
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quando viu o rosto de Dalva ficar vermelho. —


Acho que está na hora de ir embora.
— Não se atreva a se levantar. — Logan
ainda olhava para Dalva. — Querida, me escuta,
eu…
— Escutar? — Ela explodiu quando viu a
calma com que Logan estava tratando um assunto
tão sério. — Quem vai escutar é você! O que pensa
que está fazendo? Como tem coragem de me dizer
que seu casamento será apenas um negócio? Parece
que nunca te ensinei nada. Durante todos esses anos
não consegui te passar nem um pouco de decência?
Logan olhou para o amigo em busca de
ajuda, mas este apenas balançou a cabeça,
concordando com Dalva. Estava sozinho nessa…
— Eu vou me casar, isso é inegociável. Você
me ensinou muito, querida: sou um homem honesto
e comprometido por sua causa. Mas também
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alguém com o orgulho ferido e disposto a qualquer


coisa para ter o que desejo.
— Você não pode envolver estes problemas
na sua vida sentimental. Um casamento é um passo
grande, Logan! Você se envolverá com uma mulher
para sempre. — Dalva tentava mostrar a verdade
antes que ele fizesse alguma besteira.
— Não será para sempre. — Evitou sorrir
para não a deixar mais furiosa. — Farei um
contrato de um ano, depois disso me separarei.
— Meu Deus! — Dalva, apavorada, caiu
sobre uma cadeira. Imediatamente Luiz foi socorrê-
la, e começou a abaná-la.
— Você quer matar a Dalva? Pega um pouco
de água antes que essa mulher infarte.
O medo percorreu o corpo de Logan, pois
não queria que ela passasse mal por causa dele. Só
se casaria por um ano. Que mal isso teria?
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— Aqui. — Logan pegou o copo, encheu e o


estendeu para Luiz, que imediatamente ofereceu à
Dalva. Aos poucos ela foi se reestabelecendo, mas
sem tirar os olhos de Logan. O rosto permanecia
vermelho e emburrado. Certamente a discussão
deles ainda estava começando.
— Se sente melhor?
— Estou mais calma, Luiz —, mas era óbvio
que mentia. — O que pensa que está fazendo,
Logan? — A voz voltou a subir, sem entender o
que estava acontecendo com o seu menino. Ele já
não era o mesmo há algum tempo, mas essa ideia
tinha ultrapassado todos os limites.
— Eu tenho os meus motivos, apenas confie
em mim.
— Confiar em você? — Para Dalva ele tinha
perdido completamente o juízo. — Não acha que
está pedindo demais?
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— Não e sabe por quê? — Aproximou-se


dela e agachou para encará-la. — Se não confiar
em mim, estará desconfiando de você mesma —
Ergueu um dedo e cutucou o local onde ficava o
próprio coração. — Quem me criou, ensinando-me
o certo e o errado? Então confie na sua cria e nos
valores que ensinou.
Por alguns segundos Dalva ficou pensativa.
Logan sabia que tinha mexido com aquela
declaração. Depois de uma vida ao lado dela, sabia
apertar os botões certos para fazê-la se render.
— A sua família sabe da loucura que quer
fazer?
— Só a Bia, eu não quero que mais ninguém
saiba.
— Não vai contar nem para a Elisabeth? —
Jamais contaria algo a mãe. Se ela soubesse,
transformaria a vida dele em um inferno.
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Principalmente porque a escolhida por ele, para ser


a futura esposa, seria branca, personificando tudo o
que sempre abominou para os filhos.
— Ela nunca participou ativamente da minha
vida e não será agora que vou colocá-la no meu
mundo. — O ressentimento fazia parte da vida
dele. Amava a mãe, mas sabia que foi largado na
mão de Dalva para seguir uma carreira de executiva
de sucesso… Esse abandono criou um abismo entre
eles, e no fundo não sentia nenhuma obrigação de
estreitar laços com ela.
— Ainda assim ela é sua mãe.
— Eu sei…
— Esse casamento vai envolver a tal Nicole?
— A pergunta inesperada de Dalva pegou Logan de
surpresa, mas ele já sabia o quanto ela era
perspicaz. Certamente o descontrole na frente de
Nicole não escapou aos olhos dela.
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— Tem. — Nessa altura do campeonato não


existia mais motivos para esconder dela que Nicole
seria a sua escolhida.
— Não seria mais fácil dizer que a deseja do
que inventar essa desculpa patética? — Aquilo o
acertou profundamente.
— Quem é Nicole? — Luiz olhou para os
dois, confuso.
— Depois converso com você. Agora preciso
me programar para o que preciso fazer amanhã.
— Ah, não, Logan, eu quero saber quem é
essa Nicole. — o amigo resmungou como uma
criança.
— Hoje não. — Nesse momento Logan
apenas queria ficar sozinho com todas as dúvidas
que começaram a lhe invadir a mente. — Juro que
assim que conseguir entregar esse acordo pré-
nupcial converso com você. Agora não dá.
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Com um cansaço extremo, Logan pegou a


pasta que Luiz deixou sobre a mesa e caminhou em
direção ao quarto. Depois da tensão daquela
conversa, só precisava encontrar as respostas que
pipocavam na mente.

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Capítulo 14

Sempre que a família de Nicole se reunia, era


como voltar ao tempo de infância. Os irmãos
pareciam ainda pequenos, capazes de manipular os
pais como queriam. Leandra era a chefe das
confusões, exigindo uma atenção que irritava
Nicole. No fim dos encontros as duas acabavam
brigando, porque a irmã monopolizava toda a
família.
O jantar daquela vez foi agitado, com as
costumeiras trocas de farpas entre Emanuel e
Leandra, mas a alegria que sempre existia fazia
valer a pena.
— Você está de carro, Nicole? — Emanuel
pegava a carteira e as chaves do carro.
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— Não.
— Então vamos embora, te deixo em casa.
Rapidamente ela começou a se despedir, já
que não perderia por nada a oportunidade de passar
algum tempo com o irmão. Os dois estavam sem se
ver há mais de um mês, por isso a saudade era
imensa.
Durante o caminho, conversaram sobre os
mais diversos assuntos, mas Nicole conseguiu
mudar a conversa para falar sobre a vida dele,
tentando descobrir como andavam as coisas.
Emanuel era discreto e vivia sozinho desde
que se separou da ex-mulher. A separação não foi
amigável. Renata não soube aceitar o trabalho do
marido e exigiu uma atenção que o sufocou. Nicole
não tirava a responsabilidade do irmão na
separação, mas também sabia que a cunhada não
lutou o bastante para preservar o casamento.
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O divórcio deixou-o circunspecto,


trabalhando além do limite e passando boa parte do
tempo sozinho. Todos sabiam que aquele
isolamento estava relacionado não só a separação,
mas principalmente por estar afastado da filha. A
pequena foi morar com a mãe em São Paulo e ele
só a encontrava durante as férias ou quando
conseguiam passar o fim de semana juntos.
— Não tem nenhuma namorada no pedaço?
— Estou trabalhando demais para pensar
nisso. — Ele era um requisitado mecânico de carros
antigos, que prestava serviços para diversos
colecionadores.
— Você tem que se divertir, maninho.
— Olha quem fala. — Olhou para a irmã e
sorriu. — Quando você largar o Heitor e encontrar
alguém que faça o seu coração disparar só de ouvir
o nome, volte a me cobrar algo.
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Ela suspirou quando as palavras do irmão a


acertaram em cheio. Odiava quando a família
criticava o seu relacionamento aberto com Heitor,
mas depois de conhecer Logan, entendia
perfeitamente o que sempre disseram sobre se
apaixonar.
— Eu gosto do Heitor.
— Pode parar por aí, Nicole. — Emanuel
entrou na rua da irmã e aproveitou para diminuir a
velocidade e olhá-la. — Nós dois sabemos que não
ama o Heitor, é apenas sexo.
— Emanuel! — Nicole olhou assustada para
o irmão, o repreendendo com o olhar.
— O quê? — Ele sorriu no exato instante em
que parava o carro diante do portão. — Você não
faz sexo?
— Deus, está parecendo a Leandra. — Nicole
comentava abertamente sobre sexo com a irmã,
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mas quando se tratava dele, evitava o assunto a


todo custo. — Quer entrar? Faço aquele café que
tanto gosta.
— Eu aceito. — Emanuel beijou o rosto da
irmã e desceu do carro.
Com braços dados, os dois entraram sorrindo
e implicando um com o outro. Nicole estava
sentindo falta dele, que sempre trazia alegria
quando a visitava, apesar da implicância em certos
assuntos.

Logan parou o carro em frente à casa de


Nicole e respirou fundo, se preparando para a
difícil conversa que teriam. Nesse momento sabia
de todos os riscos corridos, mas enfrentaria todos,
para conseguir o objetivo.
A decisão de oferecer esse contrato para

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Nicole foi bem pensada. Tinha plena consciência


que não seria fácil, assim como sabia ser egoísta ao
carregá-la para o seu mundo, mas Logan estava
desesperado por ela. A vida tinha se transformado
em um completo inferno desde que a tinha deixado
para trás, acreditando que conseguiria superar o
pouco tempo que passaram juntos.
Quando bateu na porta dela, estava preparado
para a batalha. Enfrentaria a fúria de Nicole, mas se
manteria calmo para mostrar que os dois podiam ter
uma excelente parceria juntos. Tinha uma proposta
irrecusável e mexeria com os sentimentos dela para
conseguir ganhá-la.
Assim que Nicole abriu a porta, Logan se
deslumbrou com sua beleza delicada. Precisava
assumir para si mesmo que sentia falta daquela
mulher. Era uma deliciosa obsessão que não fazia
questão de esquecer.

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A queria agora, lhe envolvendo os braços no


pescoço e ouvindo-a pedir que lhe desse mais um
orgasmo.
— Logan — Nicole olhou para o homem que
bagunçou o coração dela, sem entender o motivo
dele estar ali. — O que está fazendo aqui?
— Quem está aí, Nicole? — A voz de
Emanuel chegou até a porta, mas Nicole não se
incomodou em responder ao irmão, vencida pela
curiosidade.
— Desculpe, não queria incomodá-la. —
Logan segurou a vontade de partir para cima do
homem que estava na casa dela.
Não esperava encontrá-la acompanhada, uma
vez que não tinha nenhum carro estranho na
garagem da pequena vila que morava. Depois de ter
ido lá algumas vezes, sabia exatamente quantos
carros ficam no lugar, e naquela noite não viu
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diferença.
— Algum problema? — Emanuel se
aproximou quando viu um homem estranho parado
na porta da irmã.
— Desculpa amigo, não sabia que a Nicole
estava acompanhada, já estou de saída. — A voz de
Logan era controlada, mas por dentro ele fervia de
ódio ao perceber que ela tinha um novo amante.
— Espera, Logan. — Nicole segurou o braço
dele. — O que você quer? Está com algum
problema? — Ela sabia que não deveria se
preocupar com ele depois do desaparecimento, mas
era inevitável o interesse.
— Foi um engano aparecer sem avisar.
Desculpe atrapalhar o seu encontro.
— Encontro? — Nicole tentou entender
aquilo, mas só depois percebeu que se referia ao
seu irmão. Soltou uma risada e olhou para
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Emanuel. — Ele está falando do nosso encontro.


— Ainda não estou entendendo nada. Quem é
esse cara, Nicole? — Emanuel olhou para ambos,
curioso.
— Ele é o Logan, o comprador da minha
peça no leilão da Nina. Lembra que a Leandra
comentou sobre ele hoje no nosso jantar?
— Claro que me lembro. — Ele ouviu a irmã
falando no show que o tal Logan deu no leilão ao
arrematar a peça de Nicole por uma pequena
fortuna. — Você foi fantástico em fazer uma
doação generosa ao orfanato. Meus parabéns. —
Emanuel esticou a mão e esperou por alguns
segundos até que Logan a apertasse. — Você fez
um ótimo negócio em levar o trabalho da minha
irmã para casa.
— Irmã? — Logan ficou confuso. — Você
disse irmã?
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— Esse é o Emanuel, Logan. O meu irmão


mais velho.
O constrangimento de Logan foi evidente.
— Ah, sim, o Emanuel. — Depois disso ele
intensificou o aperto de mão com muito
entusiasmo. — Nicole me falou várias vezes sobre
você.
— É mesmo? Foi durante o leilão? — Ele
notou que existia algo entre eles e só sairia dali
depois que descobrisse.
— Bem… — Logan olhou para Nicole em
busca de ajuda, pois não queria invadir a intimidade
dela ao responder sobre o curto intervalo de tempo
que estiveram juntos.
— Durante um jantar. — Nicole não
escondeu que se encontrou com Logan. Ela era
maior de idade e não devia satisfação da vida a
ninguém. Sem contar que Leandra sabia do
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envolvimento deles, assegurando que qualquer um


poderia descobrir.
— Ah, sim. — Emanuel sacou o que rolava e
por incrível que pareça, gostou. Logan parecia um
homem de verdade, com personalidade para tirar a
irmã da zona de conforto que vivia. — O papo está
bom, mas tenho que ir embora, se eu não guardar o
que a mamãe me deu do jantar, vai estragar. — Ele
se aproximou da irmã e a beijou no rosto. — Nos
falamos depois, maninha. Obrigado pelo café.
— Pode guardar aqui o jantar que a mamãe te
deu, Emanuel. Não precisa ir agora.
— Eu sei que posso, mas vou embora, estou
cansado — Virou-se para Logan e sorriu. — Foi
um prazer te conhecer, cara.
— O prazer foi meu. — Voltaram a trocar um
aperto de mãos.
Rapidamente Emanuel escapuliu pelo quintal
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e deixou o casal para trás. Logan estava sem saber


o que falar. Tinha formado uma cena na cabeça
quando chegou ali, mas nunca imaginou que no
meio do caminho encontraria o irmão mais velho
de Nicole.
— Quer entrar? — Depois de alguns
incômodos minutos de silêncio, ela o convidou.
— Claro que sim. — Já que estava ali,
seguiria o plano e faria Nicole assinar o contrato
que os transformaria em um casal.
— Eu estava tomando café com o Emanuel,
quer um pouco?
— Aceito.
A receptividade dela o animou. Se não estava
arredia com a chegada dele, significava que teria
boas chances em convencê-la.
Tinha pedido para Luiz preparar um contrato
onde firmava o compromisso com Nicole no
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período de doze meses, nos quais supriria todas as


dívidas dela e lhe daria casa e alimentação.
Obviamente também a presentearia com uma
quantia substancial em dinheiro pelo tempo perdido
ao lado dele. Ela sairia do acordo rica, sem precisar
se preocupar com o futuro.
Mas o principal ponto do contrato deles seria
com relação à intimidade do casal. Ele queria
Nicole como uma esposa de verdade e assinaria o
comprometimento em lhe ser fiel durante o tempo
em que estivessem juntos.
— Está sem açúcar, já que meu irmão não
gosta de café doce, ao contrário de mim que amo.
Então não coloquei nada… pode adoçar do seu
jeito.
— Está ótimo sem açúcar. — Experimentou
o café e sentiu a bebida se espalhar pela boca. —
Gosto de evitar o açúcar.
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— Sei... — Nicole serviu mais um pouco


para si e colocou uma dose generosa de açúcar só
para irritá-lo. — Faz parte da dieta para manter os
músculos intactos? — Ela não negaria que estava
feliz com a presença dele na sua cozinha, mas se
sentia puta da vida consigo, em estar tão alegre em
revê-lo.
— É preciso certos sacrifícios para manter a
forma. — Ele acompanhou o gracioso movimento
dela ao sentar-se na sua frente.
— O que está acontecendo, Logan? Por que
veio até a minha casa depois de tanto tempo? — A
pergunta direta o desconcertou, mas gostou de
saber que não precisaria fazer rodeios para começar
a conversa.
— Preciso discutir com você um assunto
delicado.
— O que foi? Está grávido e quer que eu
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assuma a criança?
— Vejo que está bem-humorada, Nicole.
— E por que não estaria? — A vontade dela
era ser indiferente, mas ficava difícil quando se
lembrava de tudo que passaram juntos. — Eu
deveria estar mal-humorada porque você sumiu
sem dizer adeus, como um filho da puta que comeu
fartamente em um banquete e virou as costas para a
dona da festa? — deixou assim toda a mágoa
contida escapar. — Esperava que eu fosse hostil
com você por ser um canalha? — Soltou uma
risada de deboche. — Nem perderei meu tempo
guardando mágoa por um estúpido como você,
Logan. Tenho mais o que fazer da vida.
As palavras dela foram como um murro.
Nicole estava magoada, portanto a proposta dele
certamente seria rejeitada…
Teria de se empenhar ao máximo para
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convencer Nicole a ser sua esposa.


— Acredito que tenha consciência que todos
nós erramos, e nunca fui diferente dos outros. —
Logan tentou minimizar a falta de conduta com ela.
— Não me orgulho do que fiz, mas é impossível
desfazer isso, não posso voltar atrás.
— Ainda bem que sabe. — Nicole focou no
rosto dele e tentou ignorar aquela abertura
indecente na blusa de moletom, mostrando parte
daquela tentadora tatuagem.
Tudo o que Nicole desejava era sentar no
colo dele e passar a mão pela maldita tatuagem que
não lhe saía da cabeça. O desgraçado era um tesão
ambulante e só Deus para lhe dar forças e mantê-la
indiferente.
— Não vou enrolar, Nicole. Acho apropriado
dizer logo o que vim fazer aqui.
— Seria esplêndido ter uma atitude correta
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uma vez na vida. — A mágoa de Nicole aumentava


a cada segundo, junto com a frustração sexual que
não conseguia controlar.
— Certo. — Ele não se intimidaria com o
olhar assassino de Nicole. — Tenho uma proposta
para você.
Nicole o olhou e viu ali desconforto.
Percebeu que a suposta proposta era algo que não o
deixava seguro. Isso a fez gostar da situação: queria
se vingar dele por ter sumido sem uma desculpa.
— Quer outro fim de semana de sexo? — o
questionou com um erguer de sobrancelha. — Se
for isso pode esquecer, pois tenho coisas melhores
a fazer do que perder tempo contigo. — Nicole se
odiou por deixar transparecer todo o rancor, mas
era impossível não o atacar, depois de passar um
mês sonhando com esse maldito homem todos os
dias.

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— Quero um ano. — Logan jogou de uma


vez a proposta. — Quero um ano com você, mas
quero como a minha mulher, com direito a
casamento.
Ele observou com prazer o rosto dela perder a
cor, todo o ar de superioridade e deboche esvaíram-
se do rosto. Agora Nicole apresentava um
semblante de choque.
Ponto para ele!
A mente dela rodopiou por vários segundos.
Era impossível ter escutado aquilo: ele a queria
como esposa por um ano? Ninguém propunha
casamento com prazo de validade! Só podia estar
tirando onda com ela.
— Você veio na minha casa brincar comigo?
— Não. — Logan pegou a pasta que estava
no colo e colocou sobre a mesa. — Eu vim mesmo
lhe fazer essa proposta. — Empurrou-a na direção
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dela. — Aí dentro tem um contrato. Peço que leia


com atenção cada parte. Estarei disponível para
explicar resumidamente o que significa, caso queira
saber agora.
Com certo receio, Nicole pegou a pasta e
abriu-a com cuidado. Imediatamente percebeu que
se tratava de uma espécie de contrato pré-nupcial,
com diversas cláusulas fixadas. A maioria dos
termos era como códigos, mas pôde perceber que se
tratava de um compromisso real entre ela e Logan.
Claramente com uma série de benefícios e
obrigações caso aceitasse.
A mente de Nicole entrou em pane, sem
acreditar que ele estava lhe propondo um
casamento daquela forma. Era absurdo aquilo,
depois de ter sumido sem nenhuma explicação
plausível.
— Que palhaçada é essa? — O coração dela

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estava a ponto de explodir.


— Pode ler com calma, eu espero.
— Não quero nada. — Nicole empurrou a
pasta para ele, sentindo-se sufocada e irritada. Nem
queria perder tempo ouvindo uma proposta absurda
de casamento. — Sai da minha casa, Logan!
Acabou a brincadeira.
Nicole levantou-se em um rompante de raiva
e levou consigo a xícara de café que se espatifou no
chão. Olhou o líquido se espalhar sob os pés e
sentiu o restinho de controle se quebrar com a
xícara. Logan tinha o poder de enlouquecê-la com
facilidade, mas era hora de ela tirá-lo
definitivamente de sua vida.
— Você se machucou? — Logan foi na
direção dela, mas paralisou quando foi fuzilado
com o olhar.
— Já disse para ir embora.
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— Eu ouvi. — Com calma, deu mais dois


passos à frente e se abaixou para pegar os cacos
que se espalharam no chão. — Por que não vai
trocar de roupa enquanto limpo essa bagunça?
— Essa bagunça é minha — Com fúria,
Nicole segurou a frente do casaco dele, tentando
levantá-lo em vão. — Sai da minha frente.
Logan a olhou, notando que ela tinha perdido
o controle. As coisas não estavam caminhando
como esperava. Estava cada vez mais difícil
controlar a situação.
— Nicole, eu não vou sair daqui com você
assim.
— Sua presença me deixa nervosa.
Sem falar nada, Logan levantou-se para jogar
os cacos da xícara no lixo. Sabia que Nicole estava
com raiva por ele ter desaparecido, mas encontraria
uma maneira de fazê-la perdoá-lo e aceitar o pedido
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de casamento.
— Se você trocar essa roupa suja e voltar
aqui para terminarmos a nossa conversa, prometo ir
embora.
— Não temos nada para conversar. Você
acabou com qualquer oportunidade de diálogo
quando sumiu.
— Eu errei, já assumi isso. Agora vamos
passar por cima da minha estupidez e seguir em
frente.
— Não quero seguir em frente, mas sim, você
fora da minha casa.
— Porra, Nicole, será que dá para se
comportar como uma adulta? Você está sendo
infantil com essa birra.
— Eu estou sendo bastante mulher te pedindo
para sumir. Ao contrário de você, que fugiu como
um moleque.
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Sem mover um único músculo, Nicole


acertou um soco perfeito no estômago de Logan.
Ele sentiu as palavras dela o golpearem com um
impacto profundo e envergonhou-se por ter levado
Nicole a ter uma impressão tão errada dele.
— O.K., Nicole, entendi — Ele encarou o
chão e buscou uma saída rápida para não deixar os
planos naufragarem. Sempre teve um raciocínio
rápido, um dos motivos que o transformaram em
um brilhante advogado. Mas dessa vez teria que
usar também da astúcia que cultivou ao longo dos
anos para conseguir encontrar os argumentos certos
e quebrar a resistência dela.
— A vida é feita de segundas chances. —
Como ela estava extremamente nervosa, teria de
apelar ao emocional para ter algum sucesso. — E
você é uma prova que segundas chances podem
mudar uma vida. — Logan encarou-a nos olhos e

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percebeu que estava alcançando o seu objetivo. —


Se a vida não te desse uma segunda chance, nunca
teria uma família tão maravilhosa — Com alívio,
viu o exato momento que Nicole se desarmou e
parabenizou-se internamente por ter quebrado as
barreiras certas. — Só estou te pedindo a mesma
segunda chance que um dia teve.
Pronto, Logan agora sabia que ela cederia.
Não era nada nobre o que tinha acabado de fazer,
mas os fins justificavam os meios. Ele precisava
conseguir o almejado casamento, ainda que no
meio do caminho tivesse que apelar para os
sentimentos da futura esposa.
As palavras dele a atingiram num ponto
crucial. Ela não tinha argumentos para rebater o
que falou. Realmente a vida tinha lhe ofertado uma
segunda chance, e por esse motivo ela também o
daria. Mas isso não significava que se casaria com

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ele, isso nunca. Jamais se comprometeria com um


homem se não o amasse de verdade.
Com raiva por ter encontrado um bom
argumento para que o ouvisse, Nicole foi até o
quarto trocar a blusa e a calça. Estava possessa,
mas daria alguns minutos para Logan dizer o que
tanto queria, depois o colocaria para fora, pois não
tinham mais nada em comum.
Em poucos minutos Nicole estava de volta e
percebeu que Logan tinha limpado a sujeira com
extremo capricho. Ele estava sentando, pensativo, e
aquilo o deixava ainda mais bonito. Esse
pensamento perturbador a fez parar por alguns
segundos na porta da cozinha… Mesmo querendo
que ele fosse embora, ainda o desejava
vergonhosamente.
— Cinco minutos é o suficiente para você
falar o que deseja? — Nicole tentou manter a voz

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indiferente, para que escondesse o quanto ele ainda


mexia com ela.
— Provavelmente não. — Logan apontou a
cadeira que tinha deixado a frente da dele. —
Sente-se.
— Estou na minha casa, se não se lembra. Sei
quando e onde devo me sentar.
— Por favor? — Pediu com a voz baixa,
recusando-se a iniciar outra briga entre eles.
Com muita má vontade, ela afastou ao
máximo a cadeira de perto dele e sentou. Estava
fugindo de qualquer proximidade com Logan.
Apesar de irritada por causa do maldito acordo, era
difícil negar o desejo que ainda sentia por ele.
— Comece — O tom frio na voz o deixou
temeroso pela conversa, mas de alguma maneira
encontraria um jeito dela aceitá-lo. Descobriria
como.
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Capítulo 15

Logan notou a tensão irradiando de Nicole e


sequer sabia por onde começar. Ela era uma
caixinha de surpresas, bem diferente das mulheres
que costumava sair. Teria de encontrar um caminho
para sair dali com o acordo assinado.
— Enquanto está pensando, os minutos estão
passando. — Nicole olhou para as unhas, fingindo
indiferença, mas por dentro sentia o corpo
consumir-se pelo desejo vergonhoso que sentia.
— Me deixa pensar por alguns segundos? —
Logan a viu dar de ombros e se irritou com aquilo.
— Certo, vou tentar ser direto.
— Até que enfim. — A vontade de fazê-la
engolir aquela arrogância era imensa, mas decidiu
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que faria isso depois, quando tivesse a certeza de


que aquela mulher seria dele, pelo menos por um
ano.
— Eu tenho um grande negócio da família
para fechar, mas o dono da empresa é um merda. O
velho não aceita negociar com mulheres e por isso
tive de dar uma mão à minha irmã.
— Peraí. — Nicole ergueu a mão, confusa.
— Que idiota é esse que não negocia com
mulheres? Quem ele pensa que é? — Ao ver toda
aquela ira, Logan percebeu que tinha um bom
ponto para pressioná-la. Usaria o orgulho feminino
para fazê-la odiar o velho Deonedes.
— Ele é mais que um idiota, Nicole. O
homem é podre, e só estou mantendo as
negociações porque não admito perder. Mas cada
vez que penso alcançar o meu objetivo, ele tenta
me tirar do páreo.

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— E onde me encaixo nessa história?


— No último encontro, ele disse que não
poderíamos fechar negócio pelo simples fato de eu
ser solteiro. Os acionistas da empresa dele precisam
ser casados, responsáveis homens de família. A
minha irmã tentou falar com ele duas vezes essa
semana, já que cumpre esse quesito, mas como
previ Deonedes nem aceitou recebê-la.
— Esse homem é louco?!
— Na verdade é um filho da puta
preconceituoso. — Só depois que explodiu
percebeu que falara demais. Ao longo dos anos
camuflara a dor sentida quando as pessoas o
olhavam com superioridade devido a raça. Não
queria mostrar à Nicole como isso o afetava. — O
Deonedes se recusa a nos deixar participar dos
negócios dele, mesmo estando no fundo do poço,
devendo a diversos fornecedores.

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— Entendi. — Nicole desviou o olhar para


que Logan não percebesse que ela viu no semblante
daquele homem a verdade.
Compreendeu que o negócio estava sendo
dificultado por causa da cor dele. Certamente esse
homem seria um desses ricos que não admitia
negros bem-sucedidos. Infelizmente o mundo
estava cheio desses tipos, que acreditavam na cor
como determinante do nível social de cada um.
— Você precisa se casar para conseguir
fechar o negócio?!
— Exato! — Logan foi sincero, sem pensar
duas vezes.
— E onde me encaixo nessa história? Tenho
certeza que tem muitas outras mulheres
interessadas em serem a sua esposa. — Só de
pensar nele se casando com outra mulher, Nicole
tinha vontade de chorar.
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— Tenho uma fila, na verdade. — Se


quisesse arrumaria uma esposa em um estalar de
dedos, mas nunca desejou qualquer uma para ser a
sua mulher, ainda que de mentira. Queria alguém
que estivesse à altura do cargo.
— Então vá atrás delas. — Nicole se
levantou irada. Já tinha ouvido demais, estava na
hora de ele cair fora. — Pode me deixar em paz?
— Vou ficar aqui mesmo. — Ele também se
levantou, aproximando-se de Nicole. Conseguia
discernir claramente o desejo nos olhos dela e
usaria a seu favor. — Ainda não terminamos a
nossa conversa.
— Acabamos sim. — Nicole ergueu o rosto,
fingindo que a aproximação dele não a perturbava.
— Claro que não. — Logan esticou a mão e a
pegou pela cintura. Era fantástico sentir a maciez
do corpo dela depois de tanto tempo. — A única
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pessoa que desejo ter como esposa é você.


— Me solta! — Nicole segurou os braços
dele e tentou afastá-lo. Se continuasse com as mãos
nela, certamente tomaria alguma atitude insensata.
— Preciso de alguém de confiança… uma
mulher íntegra, que não foda com a minha vida
quando o casamento acabar. — A mão dele a
segurou pela nuca para fazê-la encará-lo. — A
única pessoa honesta que conheço é você. Tenho
certeza que jamais tentaria acabar comigo.
Nicole parou de tentar se afastar e mergulhou
nos olhos negros de Logan. Ele realmente confiava
nela, estava nítido que falava a verdade.
— Você quer se casar pelo período de um
ano só para fechar esse negócio? — Agora Nicole
queria entender a situação.
— Isso. — Logan relaxou ao perceber que
ela se interessava. — Ele quer um casamento, então
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darei um, mas como não especificou que tinha de


durar, achei o prazo de um ano aceitável para uma
separação sem maiores comentários.
— Esse negócio vale tanto sacrifício, Logan?
Não seria mais fácil ir atrás de outra empresa?
— Até poderia, mas nessa negociação tem
alguns pontos que me recuso a abrir mão. Preciso
mostrar ao Deonedes que não é o dono do mundo.
Aquele velho miserável vai me aturar na empresa
dele, como um dos acionistas.
O ódio impregnado naquelas palavras fez
Nicole perceber que esse homem o feriu
profundamente. Ela abominava a ideia de alguém
discriminando Logan porque era negro. A cor da
pele não o fazia incapaz. Ele era inteligente, além
de um sucesso esplendoroso como advogado. Era
uma verdadeira afronta uma atitude como aquela.
— Você acha que vai acreditar que se casou
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por amor?
— Ele não tem que acreditar em nada.
— Tem certeza?
— Quando disse que eu precisava ser casado,
contei sobre uma noiva e que, por causa dele,
adiantaria o meu casamento. Sempre mantive a
minha vida sentimental trancada a sete chaves.
Todos sabem disso, inclusive o próprio Deonedes.
Os argumentos dele eram bons, mas Nicole
tinha dúvidas quanto a aceitação desse casamento.
Tinha dúvidas se deveria aceitar, apesar do coração
ansiar para ajudá-lo.
— Preciso pensar. — Nicole fez uma pressão
suave no peito dele e, para surpresa dela, ele a
soltou. — Preciso analisar os papéis que me trouxe.
Logan soltou a respiração aliviado. Estava
com medo dela não aceitar, mas agora tinha
esperanças que tudo terminaria bem. Nicole era
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uma mulher especial e certamente entenderia que


não era um mau negócio ser esposa dele por um
ano. O acordo que estava disponibilizando só traria
vantagens, ele nunca tivera a mínima intenção de
prejudicá-la.
— Claro que pode pensar. Leve esse contrato
para um advogado de confiança, mas pode ter
certeza que nada nele te prejudicará. Fiz questão de
protegê-la durante o tempo que estiver comigo.
Quando tudo acabar, sairá do acordo bem
recompensada.
— O.K. — Era impossível ela falar muito
quando o tinha ali, com um contrato de casamento
na mesa ao lado. — Na segunda-feira procurarei o
meu advogado e deixarei os papéis com ele. Assim
que tiver uma posição voltamos a conversar.
— Perfeito. — Agora Logan se permitiu
sorrir. Tinha certeza de que o advogado dela não

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encontraria nada que a fizesse desistir da proposta.


— Está na hora de você ir, preciso ficar
sozinha.
— Tem certeza que deseja isso? — Tudo o
que ele não gostaria era de ir embora, mas
respeitaria a vontade dela.
— Absoluta. — Para demonstrar isso, Nicole
caminhou para a saída e sentiu Logan a seguindo de
perto. — Assim que tiver uma posição, te ligo.
— Em quanto tempo consegue me dar essa
resposta?
— Não sei, mas me esforçarei para fazer isso
rapidamente. — Abriu a porta e cruzou os braços.
— Pode ficar tranquilo, se perceber que não vai
rolar te aviso logo. Assim encontra outra pessoa a
tempo.
— Não quero outra. — Logan parou diante
dela, ansioso. Com muito cuidado, abaixou o rosto
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e roçou os lábios na bochecha de Nicole. — Vou


aguardar o seu “sim” ansiosamente.
Quando se afastou, Nicole soltou a
respiração. Era impossível ficar perto de Logan
sem sentir a tensão sexual que os rondava. Se esse
casamento viesse a acontecer, a vida dela
certamente se transformaria num inferno.
Sem mais palavras, ela viu Logan sair e se
recordou da última vez que o viu partir. Depois
daquele instante, ela nunca mais foi a mesma. Caso
aceitasse a proposta, sua vida mudaria para sempre.

Nicole observou o advogado analisar o


contrato. Desde aquela noite ela não dormia,
pensando constantemente na possibilidade de ser
esposa dele.
Por mais que quisesse odiá-lo, era

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impossível. Logan tinha algo que a puxava, e


quando formava na mente a hipótese deles vivendo
juntos, o coração disparava vergonhosamente.
— Bem... — O homem parou e suspirou
antes de voltar a falar. —, é estranho ver um acordo
como este. Confesso que é a primeira vez que vejo
algo assim, mas até onde pude olhar, nada aqui a
prejudica.
Por algum motivo, Nicole sentiu alívio. Se
tivesse colocado algo que a prejudicasse, se sentiria
extremamente decepcionada. Apesar de guardar
certa mágoa por ele ter ido embora, no fundo
Nicole gostava de Logan mais do que deveria.
— Então se eu resolver aceitar esse
casamento não me prejudicarei quando tudo
acabar?
— Até onde li não, mas vou analisar tudo
com calma. Devemos ter certeza de que não cairá
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na boca do leão.
Aquela simples frase fez o corpo de Nicole
reagir… Quem disse que se importava em cair na
boca da fera? Na verdade, necessitava dela. O
único problema era o medo que sentia de como
ficaria quando tudo acabasse. Esse casamento
poderia ser sua ruína, por isso teria de pensar muito
bem antes de aceitar essa loucura.
— Quando terá uma resposta concreta?
— Como agora terei de ir ao Fórum, vai ser
difícil analisar tudo com cuidado hoje. Acho que
consigo te dar essa resposta na quinta-feira pela
manhã.
— Entendo. — Nicole estava pensando como
Logan se irritaria em esperar mais dois dias. Havia
ligado na tarde anterior, querendo saber uma
posição, mas ela o avisou que tinha hora marcada
para o dia seguinte. — Aguardo o seu contato
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quando tiver um parecer.


— Não se preocupe, Nicole, te ligarei o
quanto antes.
Ansiosa, Nicole se despediu e seguiu rumo ao
trabalho de Leandra. Como a irmã trabalhava perto
dali, não resistiu a vontade de lhe contar tudo.
Certamente Leandra surtaria, mas Nicole
estava curiosa para saber a opinião dela. Ainda que
o advogado falasse que o contrato não a
prejudicaria, sequer imaginava qual atitude tomar.
Apesar de querer ajudar Logan, tinha medo dos
estragos emocionais que viver perto dele traria ao
seu coração.

Leandra a encarou, pensativa, depois de ouvir


a surpreendente história sobre o contrato de
casamento. Já havia escutado muitos absurdos ao

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longo da vida, mas nada parecido com aquilo.


— O que espera que eu fale? — Leandra
estava passada. — Sinceramente, estou sem
palavras.
— Claro que tem de falar alguma coisa!
Sempre tem algo a falar…
— Tenho quando são assuntos normais, o que
não é o caso, meu amor. Nunca vi uma pessoa
oferecer um contrato de casamento por tempo
limitado. Isso é loucura!
— Se você que é doida está falando isso,
imagina como está a minha cabeça? Estou perdida,
Leandra. Preciso que me ajude. — Nesse momento
a única pessoa que podia confiar era a irmã.
— Nem sei o que dizer. — Leandra abriu os
braços. — Se esse advogado falar que está tudo
certo com o contrato, apenas você pode ter essa
resposta. Sinceramente, acho loucura esse
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casamento com prazo de validade, mas compreendo


perfeitamente que deseja ajudar o Logan. É
inadmissível alguém tentar impedir um acordo de
negócios por causa da cor de pele. Infelizmente,
esse tipo de situação é mais comum do que
imaginamos.
Leandra olhou pela janela do escritório e se
lembrou dos inúmeros clientes que já perdeu por
causa disso. Muitos se recusavam a trabalhar com
negros, outros até tentavam disfarçar o preconceito.
— Se eu fosse você… — Por alguns
segundos Leandra interrompeu o que ia falar,
tentando encontrar as palavras. — Aceitaria. Faria
Logan ganhar essa batalha contra gente babaca.
Esse cara merece se foder. — A resposta de
Leandra veio carregada de raiva pelos anos de
preconceito que viveu calada. Ela, mais do que
ninguém, já sentiu na pele aquilo que Logan

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passava. — Ele pode ter errado quando terminou o


lance de vocês abruptamente, mas ambas
desconhecemos o que ele sentia. Homens tendem a
ser estúpidos quando apaixonados… talvez o
bonitão tenha se envolvido contigo mais do que
fale.
— Impossível. — Nicole desacreditava que
Logan pudesse gostar dela de verdade.
— É totalmente possível, sua anta. Ele é
humano, apesar daqueles músculos lhe darem um
ar de exterminador do futuro. — O pensamento de
Leandra vagou pelo corpo do provável “futuro
cunhado” e percebeu que realmente parecia de
outro planeta. — Vamos combinar que fará um
excelente negócio se casando com ele… O
problema é esse coração bobo.
— Como conseguirei passar um ano com ele
sem me entregar? — A confissão de Nicole saiu

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como um sussurro.
— Olha, irmã, estou feliz pra cacete em
perceber que pode se apaixonar. Confesso que
andava preocupada com a sua apatia. — Leandra
deu a volta na mesa e parou na frente da irmã. —
Mas fique tranquila, querida. Se decidir aceitar esse
casamento, arruinaremos o juízo dele. Siga os meus
conselhos… tenho certeza de que esse
relacionamento se tornará real em pouco tempo.
— Para de loucura. — Nicole se levantou da
cadeira com medo do que a irmã aprontaria. —
Ainda não sei se aceito. Preciso do parecer final do
advogado para saber o que fazer.
— Então vamos aguardar. Só que ambas
sabemos do desejo em aceitar.
— Você está falando demais, Leandra.
— Deixaremos esse assunto para depois. —
Como conhecia a irmã, Leandra resolveu não a
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pressionar.
Sabia a verdade: no instante em que o
advogado desse o O.K., ela se jogaria naquele
casamento sem hesitar.

A curiosidade corroía Nicole, a espera pela


resposta. Tinha um convite de Heitor para ir até a
Serra no fim de semana, mas tinha dúvidas se
aceitaria. Por mais que negasse, já estava
envolvida.
O barulho do telefone a despertou dos
pensamentos. Esqueceu-se por um momento até da
escultura que trabalhava.
Nicole alcançou o telefone, rezando que não
fosse aquela tentação chamada Logan, querendo
saber uma resposta. Mas era o seu advogado.
— Oi, Nicole. Sei que estou atrasado com a
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resposta, mas tive um problema de última hora.


— Oi, Doutor, não se preocupe com a
demora. — O coração dela disparou com a simples
ideia da resposta que viria.
— Gosto de cumprir os meus prazos. — Ela
sabia do comprometimento dele, por isso colocou
nas mãos dele aquele assunto tão importante. —
Serei direto com você para não te deixar ansiosa
por mais tempo.
— Seria maravilhoso. — A ansiedade a
consumia inteiramente.
— O contrato foi bem redigido, sem brechas.
Vou te confessar uma coisa: parece que foi feito
para te favorecer em tudo. — Nicole sentiu o
coração dar uma cambalhota. Realmente ele não
tinha mentido. — Se aceitar estará resguardada em
todos os sentidos. Saíra desse acordo com uma
quantia ultrajante de recompensa.
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— Vou ter direito a dinheiro?


— Na verdade, há muitos direitos, Nicole. O
seu futuro marido foi mais que generoso. — Essa
notícia não a agradou. Se por acaso realmente
aceitasse o casamento, faria isso para acabar de vez
com o preconceito do tal Deonedes.
— Posso mudar essa cláusula no contrato?
— Se quiser, sim, mas não vejo necessidade,
já que fechará um acordo.
— Me recuso a aceitar esse dinheiro. — Isso
era algo que fugia completamente da índole dela.
— Você é quem sabe, mas por que não doa o
dinheiro para crianças abandonadas, por exemplo?
Sei que gosta de ajudar projetos assistenciais.
Aloísio tocou em um ponto interessante.
Poderia desdenhar aquele dinheiro, mas nada a
impedia de direcioná-lo para quem realmente
necessitava.
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— Você me deu uma ótima ideia. Tenho algo


a mais que preciso me preocupar?
— Bem… — O advogado fez uma pausa
tensa. — No acordo vocês serão um casal de
verdade durante um ano.
— Isso eu entendi quando li pela primeira
vez.
— Nicole… — Novamente ele fez uma
pausa. — Não existe cláusula que impeça o sexo.
Está escrito que manterão uma relação conjugal
completa, com validade até o final do acordo.
Ela então tomou consciência do que o
advogado estava falando e sentiu o rosto esquentar.
— Posso mudar isso também? — Até poderia
aceitar o acordo, mas não permitiria que a sua
intimidade estivesse validada em um papel.
— Claro que pode, mas resta saber se a outra
parte aceitará essa mudança.
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— Se recusar, pode arrumar outra noiva. —


Agora estava se sentindo confiante. Sem chance de
facilitar a vida de Logan. — Vou conversar com ele
para mudar alguns termos do nosso acordo.
— Faça o que achar melhor. Estarei aqui para
te ajudar no que for preciso. Amanhã cedo te
enviarei o contrato. Se quiser posso fazer os ajustes
necessários.
— Antes conversarei com o Logan. Caso
aceite, mudaremos o que for preciso e o senhor
olha o resultado.
— Perfeito, é só me avisar.
— Muito obrigada pela atenção. Em breve
entro em contato.
— Sabe que sempre pode contar comigo.
— Tudo bem, tchau.
Nicole desligou o telefone e pensou sobre o

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que faria. Queria aceitar a proposta, mas tinha


medo. Era impossível negar que a vontade de ficar
perto de Logan e ajudá-lo era maior do que a
prudência. Nunca quis um casamento de verdade,
mas desejava vê-lo vencer o preconceito com esse
acordo. O único problema dela era o receio de ser
fraca, pois sabia o quanto ficava vulnerável ao lado
dele. Corria o risco de perder o próprio coração
para sempre.

A palavra furioso não era capaz de definir


nem a metade do estado de Logan. Estava com
sérios problemas com um cliente e ainda tinha
recebido a notícia de que Deonedes esteve reunido
com Tiago no início da semana. Certamente o
cretino tentava fechar o negócio antes de ele se
casar, mas Logan já tinha mexido os pauzinhos,
contatando alguns pequenos acionistas da empresa
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do homem, mostrando as vantagens que teriam


caso barrassem a sociedade com Tiago. Apesar de
ter a maioria das ações, o homem sempre ouvia as
recomendações dos associados. Um pouco de
pressão certamente adiaria os planos dele.
Para completar, Nicole não lhe dava uma
resposta concreta. Apenas avisou que o advogado
olharia o contrato. Mas, pelo visto, o cara era um
lerdo, pois ainda não tinha dado sequer um parecer
sobre o acordo proposto.
A vontade de Logan era questioná-la sobre a
competência do profissional, porque se fosse
realmente competente saberia, sem maiores
problemas, que o contrato era justo para ambas as
partes.
— Logan, posso entrar? — A voz de
Katarina acabou com os pensamentos de Logan.
— O que foi? — Estavam no final do
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expediente e não se sentia disposto a perder tempo


com conversa fiada.
— Acabei de arquivar os documentos que
pediu. Posso ir embora?
— Claro. — Pela primeira vez Katarina o
surpreendeu. Normalmente sempre queria ficar por
ali, fazendo hora extra. — Também estou indo.
— Então até amanhã.
— Até.
Viu a porta se fechar e concluiu que também
era hora de ir. A casa já não era um bom lugar para
ir, com Dalva irritada desde que anunciou o
casamento. A mulher ainda se negava a aceitar que
estava tomando aquela atitude apenas para fechar
um negócio.
— Porra. — O som do celular o assustou. —
Alô?

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— Oi, Logan. — O som da voz de Nicole fez


o coração dele bater fora de ritmo. — Você pode
falar?
— Claro. — Sempre teria tempo para ela.
— O meu advogado me deu o parecer sobre o
acordo.
— É mesmo? Você está em casa?
— Estou, por quê?
— Vou passar aí, assim conversamos com
calma.
— Hoje não, Logan, mas podemos amanhã.
O advogado vai me entregar o contrato e te passo
os pontos que necessita de mudança.
— Acho melhor conversarmos pessoalmente
sobre isso. — Tentava imaginar o que seria
ajustado.
— Amanhã, Logan. Daqui a pouco terei uma

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visita e não posso desmarcar. — Logan trincou os


dentes quando percebeu o tipo de encontro que ela
teria. Pelo tom de voz, certamente seria o Heitor, se
fosse algum dos irmãos, por exemplo, citaria o
nome deles.
— Certo. — Com muito custo Logan
conseguiu controlar a voz. Estava com vontade de
ir na casa dela naquele momento e colocar o
imbecil para correr. Em breve ela seria apenas dele,
não permitiria que esse homem se aproximasse. —
Quem sou eu para atrapalhar o seu encontro?
— Ainda estou pensando no que fazer, essa é
a verdade, mas prometo que amanhã, quando
conversarmos, terei uma resposta.
— Pensei que já soubesse o que deseja.
— Acho que você entende o quanto é
complicado receber esse tipo de proposta. Afinal,
nem nos conhecemos de verdade.
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— O que conheci sobre você em um fim de


semana foi o suficiente para saber que é a única
pessoa para qual ofereceria um acordo como esse.
Mas te entendo e respeito. Podemos nos conhecer
um pouco mais até a data do casamento, sem
problemas sobre isso.
— Que tal deixar esse assunto para amanhã?
Até lá saberei o que fazer. Onde podemos nos
encontrar para discutir a mudança das cláusulas?
— Você se importa de vir até o meu
escritório? Aqui será mais tranquilo para
conversamos e posso mudar imediatamente o que
quiser.
— Me envie o endereço. Em que horário
posso chegar?
— Às onze horas está bom?
— Sim.
— Então te aguardo aqui.
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— Boa noite, Logan.


— Boa noite, Nicole.
Assim que ouviu a linha ficar muda, ele
apertou o telefone com força. Teria uma noite de
merda por imaginá-la em um encontro, junto a
ansiedade da resposta. O desejo que sentia estava
lhe deixando confuso, era quase insuportável a
vontade de vê-la. Aquela fixação era anormal,
desequilibrava a razão. Se esse casamento não
saísse logo, perderia a linha em pouco tempo.

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Capítulo 16

Nicole atravessou a rua com passos


apressados. Tinha se atrasado para o encontro com
Logan. A noite passada tinha sido difícil, pois teve
que receber Heitor de última hora e inventar uma
boa desculpa para ele ir embora.
O certo seria ter encerrado aquela intimidade
de uma vez por todas, mas a verdade era que ainda
estava indecisa sobre como responder à Logan.
Passou a noite pensando no caminho que
deveria seguir, mas ainda estava sem respostas.
Estava chegando ao escritório dele sem saber o que
responder.
Quando o elevador parou no andar indicado,
as mãos dela estavam suadas. Era impossível fugir,
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teria que enfrentá-lo e tomar uma decisão


definitiva.
— Bom dia. — Nicole parou na frente de
uma elegante mulher que a olhou com interesse. —
O senhor Logan se encontra?
— Você tem hora marcada? — O exame
minucioso do olhar da secretária a incomodou.
— Tenho sim, ele pediu que viesse às onze,
mas acabei me atrasando.
— Qual o seu nome?
— Nicole Acebal.
— Não tem nenhuma Nicole marcada para o
Logan hoje. — Nicole percebeu a maneira íntima
com o qual a mulher se referiu ao chefe.
Certamente existia algo estranho acontecendo…
talvez fosse mais que uma simples secretária. —
Vou olhar a agenda e ver se encontro uma vaga
para a próxima semana.
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— Ele mesmo me pediu para vir. — Fez uma


pausa para controlar a vontade de gritar com a
mulher. — Como é seu nome mesmo?
— Katarina. — A resposta veio cheia de pura
arrogância.
— Pois bem, Katarina… Como o seu chefe
me pediu que viesse, eu gostaria de ser anunciada,
se não for difícil demais.
— Lamento, meu bem, mas ele está muito
ocupado hoje com um cliente importante. Terá de
esperar para falar em outro momento.
A irritação a dominou diante da maneira
arrogante que a tal estava lhe tratando. A mulher
parecia desejar que fosse embora, mas ficaria ali até
falar com Logan. Com determinação, sacou o
celular e discou para ele, sem deixar de encarar a
secretária.
— Nicole. — A voz dele a saudou no terceiro
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toque. — Aconteceu alguma coisa? Eu estou te


esperando.
— Desculpa o atraso, mas acabei me
enrolando.
— Onde você está?
— Na recepção do seu escritório, mas fui
informada pela simpática secretária que não tenho
hora marcada. — Um sorriso debochado se
estampou nos lábios de Nicole quando viu o rosto
de Katarina perder a cor.
— Que porra está acontecendo aqui?! — Em
segundos Nicole o viu aparecer na porta do
escritório, ainda segurando o celular rente ao
ouvido. — Por que a Nicole está esperando,
Katarina?
— Logan, eu… — A secretária gaguejou
quando viu o olhar de fúria do patrão.
— Eu não avisei que era para mandá-la entrar
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quando chegasse?
— Não era Helena?
Logan olhou para a secretária irritado.
— De onde tirou isso?
— Foi o que você falou…
— Deve ter sido um engano. — Nicole
entrou no assunto porque acabou sentindo pena da
mulher.
— Entre, Nicole. Depois converso com a
Katarina. — Logan abriu a porta e esperou que
entrasse. Assim que ela passou, o olhar dele foi
direto para a secretária. Certamente Katarina não
tinha se enganado, havia feito aquilo de propósito.
— Me desculpe essa confusão, normalmente a
Katarina é bem competente.
— Acontece. — Nicole correu o olhar pelo
escritório e notou que a decoração era clássica e

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masculina. Os móveis de madeira escura, elegantes,


além de uma imensa vidraça ao fundo. — É lindo
esse espaço. — Assim que ela virou o corpo, o
encontrou extremamente próximo.
— Obrigado. — Ele apoiou a mão na base da
coluna dela e a acompanhou até a cadeira. — Quer
beber alguma coisa?
— Não, prefiro ir direto ao assunto.
— Certo. — Ele também queria isso, quase
não dormiu a noite, ansioso para saber mais sobre
as mudanças. — Você me disse que tinha alguns
pontos que gostaria de discutir.
— Na verdade são dois. — Nicole pegou o
contrato enviado pelo advogado e colocou sobre a
mesa.
— E quais seriam? — Logan não se moveu.
— Eu não quero dinheiro. Caso aceite esse
casamento, será exclusivamente para poder te
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ajudar a conseguir fechar essa sociedade.


— Você não pode apenas entrar em um
casamento apenas para me ajudar, Nicole.
Necessita ser recompensada.
— Dinheiro nenhum me compra, Logan.
Nunca estive à venda. — Sentiu que esse era um
assunto delicado e compreendeu o ponto dela.
— Nem tenho a intenção de te comprar.
Apenas quero recompensá-la por me ajudar.
— Então acho que você não se importará em
reverter o dinheiro que seria dado a mim para
instituições de caridade que indicarei.
Agora ela o pegou de surpresa, já que nunca
esperou uma atitude tão desprendida da parte dela.
Por mais que Nicole fosse comprometida com
assistências sociais, Logan acreditou que ela
manteria a quantia oferecida para si mesma. Ao
menos essa seria a atitude que as mulheres
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conhecidas teriam. Mais uma vez foi surpreendido,


confirmando que aquela tinha sido a escolha
perfeita.
— Você quer doar tudo o que ofereci?
— Cada centavo. — Nicole parecia convicta
disso.
— Nunca iria contrariá-la quanto a isso.
— Ótimo. — A primeira parte tinha saído
como esperado, mas quanto ao próximo ponto já
não tinha tanta certeza.
— Qual o outro? — A ansiedade o corroía
terrivelmente.
— Bem… — Agora Nicole se remexeu na
cadeira desconfortavelmente, nada a vontade com
ele a observando com tanta intensidade. — De
acordo com o meu advogado o nosso casamento
será… — Ela se odiou por estar tão reticente
depois de tantos momentos íntimos com Logan,
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mas era impossível se sentir relaxada. — Completo.


Logan tentou entender o desconforto na
postura dela e o significado da palavra. Mas quando
a realidade caiu sobre ele, à vontade de sorrir foi
grande. Nicole estava se referindo ao sexo, e pelas
bochechas vermelhas dela, estava com muita
vergonha.
— Poderia esclarecer o que “completo”
significa?
— Pelo amor de Deus, Logan! — Se
levantou, agitada. — Você entendeu…
— Se tivesse entendido teria por que
perguntar o significado?
— O meu advogado disse que nada existe
nesse acordo que impeça o sexo.
— Entendi. — Logan fez uma pausa
proposital antes de voltar a falar. — Realmente
quero um casamento completo. Não tenho intenção
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de tê-la comigo sem ter acesso à sua cama.


— Acesso? — A raiva tomou Nicole. — Por
acaso está me achando com cara de passarela?
— Foi uma maneira de falar, Nicole.
— Uma maneira estúpida e machista.
— Vamos brigar por que me expressei mal?
— Tudo o que Logan fugia era de um
desentendimento com ela.
— Talvez esse seja um sinal para recuar
dessa loucura.
— Pare com isso. — Ele também se levantou.
— Peço desculpas pela minha péssima expressão,
mas não vamos deixar que uma idiotice atrapalhe a
nossa conversa.
A aproximação a deixou desconfortável.
Ficava difícil tomar uma decisão justa. Ela não
queria se precipitar e se arrepender depois.

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— Eu te desejo, Nicole. Como negar isso?


Mas se quiser colocar uma cláusula sobre se
resguardar quanto ao sexo, eu aceito.
— Sério? — A aceitação dele sem contestar,
de certa maneira, deixou-a decepcionada.
— Sim, mas deixarei especificado que o sexo
acontecerá no momento que assim quiser. — Só de
pensar na possibilidade de viver com ela por um
ano sem poder tocá-la dava nele a vontade de
repensar sobre o tal casamento. Seria um inferno tê-
la em sua casa sem poder sentir o corpo macio
dentro dos braços.
— E se eu nunca quiser? — Nicole tentou
soar segura, mas, no fundo, o queria naquele
instante, sobre a mesa dele.
— Vou te respeitar, mas tenho doze meses
para fazê-la me querer na sua cama. — A
segurança na voz fez o corpo dela esquentar. Seria
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quase impossível passar tanto tempo sem provar


daquele corpo.
Estava ferrada.
— Será perda de tempo, Logan. — Deu de
ombros, fingindo-se desinteressada.
— Não discutiremos quanto a isso. — O
desejo entre eles era palpável, por isso não
discutiria por algo que sabia não valer a pena. —
São apenas esses pontos que deseja mudar?
— Sim. — Agora tinha chegado o momento
da decisão. Mordeu o lábio inferior se sentindo uma
idiota.
— Se tiver algo mais que possa te ajudar, é
só falar.
— Ai, Logan, eu não sei. Nunca pensei que
viveria algo assim… Isso sem contar a minha
família, que não reagirá muito bem a esse
casamento.
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— Contaremos juntos, oras. Mas peço que


não saibam sobre o acordo.
— Eu confio neles. — Agora Nicole se sentiu
ofendida por desconfiar da família dela.
— Eu sei que confia, mas esse é um assunto
nosso. Ninguém da minha família saberá. Apenas
contei para a minha irmã, porque ela precisava
saber dos rumos da negociação com o Deonedes.
Fora isso, ninguém saberá.
— Acho isso tão louco. — Ela queria muito
sair correndo e esquecer os motivos que a levaram
àquele escritório. Quando olhava para aquela
tentação, só pensava em se atirar naqueles braços.
— Eu sei, mas preciso muito de você. —
Apenas não especificou em que nível precisava,
pois, o momento era inadequado.
— Certo. — Nicole respirou fundo antes de
declarar a decisão. — Faça as modificações. Quero
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o dinheiro depositado na conta das instituições que


indicar e o sexo não será uma obrigação. Serei a
esposa apenas no papel, já que entre quatro paredes
seremos amigos.
Se ela conseguisse manter-se longe, seria
mais fácil se afastar quando tudo terminasse. Por
mais que o desejasse, tudo pioraria se mantivessem
uma relação sexual intensa.
— Eu mesmo redigirei essas modificações.
Hoje à noite terei tudo pronto e levo para você
assinar.
— Tudo bem. — Agora era impossível para
ela voltar atrás.
— Precisarei dos seus documentos para dar
entrada nos papéis do casamento.
— Já?
— Tenho pressa. Assim que assinarmos o
nosso acordo pré-nupcial, já darei entrada na
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documentação. Em trinta dias estaremos casados.


— Como posso me organizar em trinta dias,
Logan? É rápido demais.
— Eu sei que consegue, até porque o
casamento será no civil, apenas para familiares.
Podemos conversar sobre isso hoje à noite, acalme-
se. — Logan olhou para o relógio e viu que estava
na hora do almoço. — Vamos comer alguma coisa?
Quero comemorar e precisamos de uma aliança
também.
— Aliança? — O coração de Nicole começou
a martelar no peito descompassadamente.
— Uma bela joia, na verdade. — Logan foi
até a cadeira e pegou o terno. — Quero a mais linda
da joalheria, faremos a escolha quando sairmos do
almoço.
— Está me deixando tonta com toda essa
pressa. Precisamos conversar sobre onde vamos
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morar.
— Discutiremos enquanto almoçamos, meu
anjo. — Abriu um sorriso misterioso, premeditando
tudo o que faria com ela, assim que estivessem
casados. Como um bom noivo, Logan a enlaçou
pela cintura e a conduziu para fora do escritório.

Ela olhou para o imenso solitário que tinha


ganhado na hora do almoço e ficou impressionada
como o noivado foi resolvido em segundos.
O comportamento tranquilo dele diante dos
fatos era assustador. Logan parecia confortável com
o casamento, como se os dois se conhecessem há
anos. Ao contrário de Nicole, que se sentia
apreensiva com a reação familiar.
Com exceção de Leandra, que já sabia de
tudo, teria de contar aos pais e a Emanuel que

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estaria se casando em trinta dias. Certamente a


família faria inúmeras perguntas e Nicole pensava
se estaria disposta a responder todas elas, pois só de
pensar em mentir o coração apertava.
O som da campainha anunciou a chegada de
Logan. Ele havia enviado uma mensagem, avisando
que estava a caminho. O bendito contrato estava
pronto e ela o assinaria, ficando amarrada a ele por
doze longos meses.
— Boa noite. — O sorriso radiante fez o
corpo dela estremecer. Nicole não tinha a mínima
ideia de como conseguiria viver um ano junto desse
homem, sentindo um desejo louco que a incendiava
toda vez que estavam próximos.
— Boa noite, Logan. — Olhou para a mão
dele e viu duas sacolas. — O que é isso?
— Nosso jantar. — Ele se precipitou e foi
entrando. — Trouxe o contrato também, com as
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mudanças solicitadas.
— Que bom. — Fechou a porta e observou o
corpo forte dominado o pequeno corredor da casa.
Vestia uma blusa cinza de manga comprida e
uma calça preta, justa, que moldava suas pernas
pecaminosamente. A elegância dele era algo que
não passava despercebida, e por mais que tentasse
parecer informal, ficava elegante até mesmo com
roupas simples.
— Quer beber alguma coisa? — Pegou as
sacolas e caminhou até a cozinha.
— Tomo o que quiser beber. — Logan
colocou a pasta com o contrato deles sobre a mesa
e a observou depositar as coisas no balcão da pia.
Ela estava linda com um short curto e uma
blusa folgada encobrindo as curvas, mas sabia
exatamente tudo o que se escondia ali.
— Eu ganhei um vinho do meu irmão, não
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sei se é bom. Quer experimentar?


— E por que não? — Logan sorriu e se sentiu
feliz quando ela lhe devolveu o gesto.
— Aqui. — Nicole estendeu a garrafa para
ele e pegou o abridor. — Logan, quando você
pretende contar para à sua família sobre o
casamento?
— Depois que conversarmos com a sua.
Antes, quero me entender com seus pais.
— E por que a minha família tem que ser a
primeira? — Nicole pegou duas taças e colocou
sobre a mesa.
— Porque acredito que é o certo a família da
noiva saber sobre o casamento primeiro. —
Colocou um pouco do vinho nas duas taças e a
entregou uma, para brindarem em seguida. — Ao
nosso noivado!
— Ao nosso noivado. — Nicole repetiu com
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certa melancolia.
— Fiz as modificações pedidas. — Logan
pegou o acordo pré-nupcial e abriu na parte onde
constava a primeira modificação. — Está aqui a
alteração sobre o pagamento. — Apontou o exato
lugar. — Vou depositar uma parte do dinheiro que
seria seu, assim que nos casarmos e quando tudo
terminar, a outra metade também será depositada.
— Perfeito. — Nicole bebeu um pouco do
vinho e aprovou o sabor.
— Aqui está a outra alteração. — Mostrou
onde estava escrito que o sexo seria realizado caso
ela assim quisesse. — O sexo estará nas suas mãos,
nada acontecerá sem o seu consentimento.
— Ótimo.
— Acho que podemos assinar e selar de vez a
nossa união.
— Claro… — Ela caminhou pela cozinha
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em busca de uma caneta. Assim que a encontrou,


retornou a mesa e assinou no local indicado. —
Pronto. — Olhou para Logan e ergueu a caneta. —
Agora é a sua vez.
Sem hesitar, Logan pegou a caneta e também
assinou. Agora tinham selado de vez o acordo,
assumindo um compromisso oficial.
Logan fechou a pasta e sorriu.
— Agora só teremos de esperar pelo
casamento.
— Você vai dar entrada nos papéis na
segunda-feira? — Só em pensar que em breve eles
seriam marido e mulher, o coração de Nicole
disparava.
— Pela manhã. — Logan puxou uma cadeira
e se sentou. — Quero que o nosso casamento
aconteça o quanto antes.
— Nem quero imaginar a confusão que isso
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será. — Ela tinha plena consciência que a família


dela não reagiria bem.
— Está preocupada com os seus pais?
— Não só com eles. — Com Heitor seria
pior. Ele certamente enlouqueceria quando
descobrisse que estava se casando com outro
homem.
— Seu problema é o Heitor? — Logan estava
louco para perguntar sobre o homem. Queria que
Nicole terminasse com ele o quanto antes.
— Como sabe sobre ele? — Nicole tentou
lembrar se já tinha falado dele para Logan, mas não
conseguia se recordar.
— Eu o conheci quando estávamos jantando
no bistrô.
— Ah, é verdade. Realmente ainda não
conversei com o Heitor, vou pedir que venha
amanhã a noite aqui em casa.
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— Quero estar aqui. — Só em pensar no


homem junto de Nicole sozinho o fazia ter vontade
de enforcá-lo.
— Pra quê?
— Você é minha noiva, Nicole. Nem
imagino qual será a reação dele quando souber do
nosso noivado.
— Conheço o Heitor há anos, Logan, ele não
é um homem qualquer. Preciso ter uma conversa
sincera com ele. Afinal, merece saber por mim que
vou me casar.
— Ainda assim quero estar aqui. — Sabia
muito bem como funcionava a cabeça de um
homem. Assim que descobrisse que tinha perdido
Nicole, o outro poderia vir a agredi-la, caso não
aceitasse bem a notícia.
— Mas não estará. Isso é um assunto meu. —
Aquele acordo não a faria uma escrava dos desejos
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de outro. Teria de se acostumar com ela sendo a


dona da própria vida. — Vou pegar o nosso jantar,
estou com fome.
Logan a olhou se movendo pela cozinha e
praguejou baixinho ao perceber que ela não tinha
lhe ouvido. Ficaria quieto, mas as coisas mudariam
quando realmente fosse o marido dela.
Depois que pegasse a certidão de casamento,
a faria ficar longe de qualquer homem por doze
meses. Seria o único responsável por ela e não
admitiria que mais ninguém a rondasse. E quanto a
conversa com o ex-dela, sondaria a hora que o
homem viria e estaria a espreita caso as coisas
saíssem do controle.

Nicole olhou o sorriso tranquilo de Heitor e


sentiu o coração apertar. Estava sendo uma vaca

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com ele, mas a situação com Logan saiu


completamente do controle.
Na verdade, nunca teve uma relação estável
com Heitor, já que os dois combinaram ficar juntos
sem compromisso, apenas aproveitando a
companhia um do outro.
Mas tinham construído um laço firme, que
seria quebrado porque ela aceitou ajudar um
homem que ainda era um mistério para ela.
— Por que você não aceitou sair para jantar?
— Heitor se sentou no sofá depois de lhe dar um
beijo rápido.
— Porque o que tenho para falar com você é
algo delicado e necessita de privacidade.
— Nossa, Nicole, você está tão séria. Estou
até com medo do que vai me dizer.
— Na verdade nem sei por onde começar.

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— Que tal pelo início? — Se recostou no


sofá com muita tranquilidade. — Bonito anel,
parece até uma aliança de casamento. — Nicole
olhou para a mão que estava sobre o colo e gemeu
internamente.
— Mas é. — respondeu à queima-roupa. —
Eu vou me casar, Heitor. — O rosto dele perdeu
completamente a cor quando deu a notícia.
— O quê? — Endireitou-se e sentou na beira
do sofá. — Que brincadeira é essa?
— Te chamei aqui justamente para contar
sobre isso.
Quando ele se ergueu abruptamente, Nicole
se retraiu e sentiu medo. Tinha consciência de que
Heitor ficaria possesso com a notícia, mas esperava
sinceramente que não causasse problemas.
— Como assim você vai se casar? Desde
quando está saindo com outra pessoa?
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— É complicado, Heitor, nem sei como te


explicar.
— Como não sabe? — a pergunta dele foi
feita em um tom alto, assustando-a. — Nós estamos
juntos há um ano, e do nada você está noiva? Até
ontem tudo estava normal entre nós.
— Você sabe que nunca assumimos um
relacionamento. Éramos amigos com benefícios,
combinamos que poderíamos sair com outras
pessoas.
— O quê? Depois de tanto tempo, achei que
tinha percebido que éramos namorados… ao menos
eu te considerava assim.
— Me desculpa, Heitor, mas tudo aconteceu
tão rápido que eu… — Antes que Nicole
terminasse de falar, ele prendeu os braços dela com
força, descontrolado.
— Eu não desculpo porra nenhuma.
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Enquanto aturava suas crises existenciais, você


estava me colocando um par de chifres. Durante
todo esse tempo tive que ouvir o discurso que não
queria se envolver, mas do nada encontra um filho
da puta e me dá um pé na bunda.
— Me solta, Heitor, está me machucando.
— Eu quero te machucar muito mais, Nicole!
Você é uma vagabunda, não merece a minha
consideração.
— Para. — Ele a sacudiu com força e Nicole
teve medo de ter o braço machucado. Jamais
imaginou que Heitor pudesse ter uma atitude tão
despropositada. — Me solta!
Ele a puxou para perto dele e a encarou, os
olhos completamente fora de controle.
— Solte-a agora mesmo ou não me
responsabilizo pelo que farei com você.
A voz estrondosa de Logan quebrou a tensão
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do momento. Nicole olhou para trás e viu a figura


imensa dele dominando a entrada da sala.
— Tire as mãos da minha mulher.
— O quê? Quem é esse cara?
— Ele é o meu noivo. — Nicole se moveu
para tentar se soltar do aperto dolorido de Heitor.
— Cara, se eu tiver de pedir mais uma vez
para tirar as mãos dela, juro por Deus que vou te
quebrar inteirinho.
A ameaça de Logan surtiu efeito, pois Heitor
a soltou. Imediatamente Nicole correu até Logan e
se refugiou dentro dos braços dele. Quando a
abraçou, o corpo dela começou a tremer
descontroladamente. Se ele não aparecesse, nem
ousa imaginar o que poderia ter acontecido.
— Então é ele o motivo de você me largar,
Nicole? Teve coragem de colocar um par de chifres
em mim por causa de um… — Heitor não terminou
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de falar, mas Nicole entendeu perfeitamente o que


quis dizer. O maldito estava menosprezando Logan
por ele ser negro e isso a magoou mais do que se
tivesse levado um soco.
— Um o quê, Heitor? O que está querendo
dizer? Está com raiva por eu ter te trocado por um
negro? É isso? — Agora que Logan estava ali, se
sentia confiante para falar o que quisesse.
— Não estou dizendo isso. — Heitor encarou
Nicole com desprezo. — Nem sei porque esperava
algo nobre de você, Nicole. Com o tipo de família
que tem, certamente escolheria a minoria para se
envolver.
As palavras dele reviraram o estômago dela.
Sempre achou que Heitor entendia a sua
diversidade na família, mas, pelo visto, se enganou.
— Eu tenho nojo de você. — Nicole cuspiu
as palavras, sentindo vontade de partir para cima
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dele.
— Eu é que sinto de vocês. — Começou a
caminhar para a saída, mas Logan não saiu da
porta. — Sai!
— Se ela tiver um único hematoma, vou te
processar por agressão, amigo. Nem me importo se
despreza minha cor, mas não deixarei que a minha
noiva saia ferida.
— Vá se foder. — O xingamento de Heitor
fez Logan dar um passo à frente, mas Nicole o
parou.
— Deixo-o ir, Logan. — Por alguns
segundos os dois se encararam, mas depois ele
abriu espaço para o outro sair.
— Você está bem?
— Vou ficar, mas agora preciso me sentar. —
As pernas de Nicole estavam tremendo demais.
Nunca esperava uma reação tão agressiva de
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Heitor.
— Sente-se enquanto pego um pouco de água
para você.
Em poucos minutos, Logan estava de volta
com o copo na mão. Nicole bebeu tudo, trêmula, e
sentiu uma necessidade extrema de chorar. Sabia
que se descontrolar só atrapalharia, mas agora que a
adrenalina estava baixando, não conseguia manter-
se calma.
Sem conseguir mais se segurar, começou a
chorar. Estava impossível conter a onda de pânico
que a dominava. Por muito pouco a conversa entre
ela e Heitor não acabou mal. Foi muita sorte Logan
ter aparecido. Se estivesse sozinha, o pior poderia
ter acontecido.
— Ei, não chore. — Logan sentou-se ao lado
dela e a puxou para se aconchegar no colo. —
Agora está tudo bem, já passou.
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— Isso porque você chegou. — Nicole


encostou a cabeça no peito dele e deixou-se ser
envolvida.
— Nunca a deixaria ter essa conversa
sozinha, Nicole. Sei que me pediu para não
aparecer, mas nunca ficaria de fora. Conheço a
cabeça dos homens, tinha certeza de que seu
amiguinho reagiria mal à notícia do casamento.
— O Heitor sempre foi tão doce. Jamais
pensei que se mostrasse alguém tão diferente
quando irritado. Nós nos conhecemos há anos e ele
sempre pareceu gostar de mim e da minha família.
— Ele poderia até gostar de você, mas pelo
jeito aturava a sua família para te ter por perto.
— Nunca desconfiei de nada.
— Agora acabou. — Logan estava feliz em
ter seguido os instintos e ficado na espreita para o
caso de as coisas complicarem. Se não tivesse
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vindo, jamais se perdoaria se ela fosse agredida. —


Está bem? Ele te machucou?
— Acho que não. — Nicole fungou e apoiou
a cabeça na curva do pescoço dele.
— Se estiver ferida vamos à delegacia. Vou
processá-lo e ensinar àquele filho da puta que não
se deve agredir uma mulher.
— Eu não vou a lugar algum. — Nicole
tentou sair do colo de Logan, mas ele não a liberou
e ergueu a manga da blusa. Quando viu o braço, o
semblante dele ficou tenso e Nicole correu os olhos
para ver o que estava acontecendo.
— Vamos para a delegacia. — Logan
sentenciou assim que viu uma suave macha
vermelha no braço dela.
— Não é nada. — Como tinha a pele clara,
qualquer toque mais firme causava marcas.
— Ele te machucou, e não vou permitir que
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saia ileso, Nicole.


— Ele nem me machucou, a minha pele é
clara demais. Basta uma mínima pressão, daqui a
pouco não tem mais nada. Vamos esquecer esse
incidente. Acabou! — Nicole sabia que nada ficaria
ali marcando. — Já passou, Logan. Graças a Deus
você não me ouviu e apareceu, e agora o Heitor se
foi.
Por alguns segundos Logan remoeu a raiva
sentida, tentando acatar o pedido, mas o sentimento
era tão grande, que se não se controlasse, a levaria
para a delegacia mesmo contra a vontade.
— Nenhum homem pode fazer isso, mas vou
respeitar o seu pedido, ainda que não concorde. —
Por fim, Logan decidiu que o melhor seria ficar
quieto. Ela estava passando por muita tensão e
aquilo nada ajudaria. — Vamos colocar um pouco
de gelo nessa mancha para não virar um hematoma.

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Se por ventura ficar uma mínima marca, iremos


para a delegacia amanhã.
— Vou pegar o gelo. — Nicole tentou
levantar do sofá para encerrar a discussão, mas foi
paralisada pelas mãos grandes de Logan.
— Não. — Ele a pegou com cuidado e a
deitou no sofá. — Eu pego. Você fica quietinha aí,
tudo bem?
— Tá bom. — Nicole não pôde responder
muito, pois a garganta estava fechada. Não
esperava viver o tipo de situação que passou com
Heitor, muito menos ser coberta de carinhos por
Logan, um cara que mal conhecia, mas tinha
mexido completamente com o seu coração.
Com toda calma do mundo, ele cuidou de
Nicole. Sentia-se responsável pela situação tensa.
Se não fosse a proposta inesperada de casamento, a
vida dela estaria calma. Apesar de que
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permaneceria ao lado de um idiota…, mas como


não podia voltar atrás, se sentia feliz por saber que
agora estava livre para ele.
Tinha receio de que ela sofresse com o
preconceito, como o ex-namorado tinha acabado de
demonstrar. Era impossível imaginar ela sendo
agredida por causa disso. Já bastava ele próprio ter
que ver no rosto das pessoas o desprezo quando
chegava em algum lugar que era, disfarçadamente,
direcionado aos brancos.
Quando terminou de aplicar gelo na marca,
deitou ao lado dela e ficou abraçando-a em silêncio.
Sabia que ela estava com medo e não a deixaria
antes que estivesse controlada. Mas assim que a
noiva dele adormeceu em seus braços, perdeu toda
a vontade de ir embora.
Apesar de saber que não deveria se
aproximar dela antes de concluir o casamento, a

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carregou para o quarto e lhe fez companhia na


cama. Se no dia seguinte ela brigasse com ele não
se importaria, o importante era matar a vontade de
ficar ao lado da mulher que lhe dominava a mente.

Nicole se moveu na cama e sentiu algo firme


ao lado dela. Em um rompante ergueu-se e, pela luz
que vinha da rua, discerniu a imagem grande de
Logan. Por alguns segundos ficou desnorteada, mas
depois, os acontecimentos da noite retornaram à
mente e percebeu então, que ele ficara ali.
A última memória que tinha era dele
aplicando gelo no braço com extremo cuidado.
Depois deitaram juntos e ela deve ter adormecido.
Logan certamente decidiu ficar para não a
deixar sozinha. O certo seria ficar chateada por ele
se infiltrar na cama, mas, no fundo, estava feliz por

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tê-lo mais uma vez do seu lado.


Esse casamento seria um inferno. O desejo
que sentia por ele era surreal, mas o medo de se
entregar ainda maior…
Espantando todos os pensamentos
conflituosos da mente, aproveitou que ele estava ali
e se aconchegou ao corpo do seu noivo.

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Capítulo 17

Logan suspirou ao se lembrar da noite com


Nicole. Não deveria ter ficado com ela, mas foi
impossível resistir à tentação. Era impossível negar
que estava com saudades de sentir o corpo daquela
mulher junto ao seu. Desde que a deixou, depois
daquele fim de semana, sonhava em ficarem juntos
novamente.
Claro que não foi como imaginou, mas só de
acordar e vê-la ali, tão linda, já o satisfazia. O
maior medo dele era de como a deixaria partir
quando o momento chegasse. Nicole exercia um
potente fascínio sobre ele e isso o amedrontava. Era
impossível negar que se sentia diferente quando
estava ao lado dela.
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— Que merda! — Logan praguejou quando


se lembrou do sorriso dela ao acordar. Nicole
estava linda, parecia um anjo. Ele estava sendo um
filho da puta…, mas sem chances de voltar atrás no
que decidira. Faria dela sua companheira e lhe daria
um ano incrível. Se esforçaria para que fosse feliz,
só não garantiria que ficariam para sempre.
— Posso entrar? — Luiz colocou a cabeça
pela porta do escritório, o tirando dos pensamentos.
— Claro.
— Cara, tive um dia cansativo demais. Tô na
merda.
— Somos dois. — Logan tinha passado o dia
praticamente na rua, com duas audiências tensas,
além de dar entrada nos papéis do casamento.
— Acho que precisamos de férias. — Luiz se
jogou sobre a cadeira, afrouxando o nó da gravata.
— Seria um sonho, mas impossível no
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momento.
— Impossível por que vai se casar, bonitão?
— O deboche escorreu pelo comentário, mas
Logan decidiu não retrucar. — Já deu entrada no
enforcamento?
— Você não cansa de ser babaca?
— Só fiz um comentário. — O outro ergueu
as mãos, pedindo uma trégua. — Não queria
ofendê-lo.
— Vai à merda, Luiz. Estou sem saco para te
aguentar…
— O que tá pegando, Logan? Por que está tão
agitado?
— É só problema para me foder. Estou
cansado dessa porra toda. — Estava se sentindo
pressionado com a negociação das ações. Enquanto
não resolvesse aquilo, se sentiria sem paz.

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— A Bia está te pressionando?


— Como sempre. — A irmã refutava a ideia
do casamento, e sabia que as coisas piorariam
quando conhecesse Nicole. Seria um verdadeiro
alvoroço quando descobrisse que Nicole era uma
loira de fechar quarteirão.
Depois de passar uma vida ouvindo ataques
racistas, Bianca colocou na cabeça que negros
devem se relacionar apenas com os seus. Jamais
namorou um branco e sempre se ressentia quando
os irmãos apareciam com alguém que fugisse da
cor que acreditava apropriada.
— Espero que depois dessa furada, aprenda a
deixar os negócios da empresa a cargo da sua irmã.
A pior coisa que fez foi se comprometer na
conquista dessas ações.
— Nem me fale. — Por anos ele se absteve,
mas em um surto de generosidade resolveu ser útil,
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entrando em uma situação complicada só porque


não aceitava uma derrota. E o pior, estava levando
uma inocente… nunca se perdoaria por isso.
— Tudo certo com a noiva?
— Só esperando a liberação dos papéis para
sabermos o dia do casório.
— Que merda! Você se fodeu mesmo. —
Luiz soltou uma risada, o irritando. — Vamos
deixar de papo furado. Quero um resumo desse
envolvimento com a artista plástica. Me enrolou
por uma semana, e não aceito mais ficar sem saber
quem ela é.
— Desde quando virou fofoqueiro?
— Muito engraçado, idiota. Agora fica quieto
e me conte como rolou esse lance entre vocês.
Sem ter para onde fugir, Logan abriu o jogo e
começou a contar desde o dia em que a reencontrou
no leilão.
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Nicole observou a irmã esbravejar assim que


terminou de contar os detalhes do encontro com
Heitor. Leandra ficou completamente fora de
controle quando ouviu que ele tentou agredi-la,
exigindo que Nicole o denunciasse.
Como sabia que ela era descontrolada, Nicole
pediu apoio ao cunhado, mas para a sua surpresa,
ele concordou com a esposa.
— Não vou denunciá-lo. Esquece isso,
Leandra.
— Esse infeliz quase te feriu, tem que levar
um susto.
— Por favor, não insista.
— Sempre falei que ele era um idiota! O
babaca ainda teve a coragem de dizer que nos
aturava. Filho da puta!
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— Até fingia bem… — Anderson parecia


decepcionado.
— Vamos mudar de assunto. — Leandra
sabia que a irmã não mudaria de ideia. — Quando
contará para os nossos pais sobre o casamento?
— Ligarei para a mamãe e pedirei que
prepare um jantar na quarta. Quero contar logo a
novidade.
— Esse seu casamento é estranho demais.
Acredito no amor à primeira vista, mas casar meses
depois é pior ainda.
— Não se mete, Anderson. A Nicole sabe o
que faz. — Por mais que odiasse guardar segredo
do marido, Leandra não exporia os reais motivos
daquela união.
— Eu não falei nada demais. — Anderson
tentou se defender do ataque da esposa.
— É bom que fique quieto mesmo.
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— Deixe ele. Você implica demais, maninha.


— Nicole olhou solidariamente para o cunhado. —
Vou embora, pois tenho que terminar um serviço.
Só vim para conversar um pouco… precisava sair
de casa.
— Tudo bem, ligue para a mamãe e peça para
ela preparar um jantar de gala para o seu bonitão.
Estaremos lá. Só não prometo te defender das
perguntas que o Emanuel fará. Você sabe que ele
tem ciúme de você e certamente terá uma crise
histérica.
— Nem quero imaginar. — Nicole sabia que
o irmão era protetor, mas fugia da hipótese dele lhe
cercando. — E nada de dizer para ele sobre o que o
Heitor fez. Muito menos que falou mal de nós.
— Até concordo sobre a agressão, mas
contarei do preconceito pelos negros.
— Leandra, nada de piorar as coisas.
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— Vou falar e não se toca mais no assunto.


— Leandra faria questão de contar também aos
pais, mostrando que o bastardo não valia nenhum
centavo. O faria sair mal da história, retirando todas
as chances dos pais o colocarem num pedestal.
— Ainda não sei o porquê te conto as
coisas…
— Porque te amo e sou a sua melhor amiga.
— Leandra abraçou a irmã com carinho.
As duas eram amigas e confidentes.
Aprenderam ao longo da vida a se protegerem e a
seguir em frente, sempre.

Logan olhou para o trânsito, sem se importar


com a lentidão. Não tinha pressa em chegar à casa
dos pais de Nicole. Apesar de ser impossível fugir
desse encontro, sentia-se incomodado por conhecer

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a família dela sem estarem em um relacionamento


real.
Mas agora que o estrago já estava feito,
voltar atrás não era uma opção.
O pior era o fascínio por Nicole, que
ultrapassava a racionalidade. A proposta de
casamento só foi adiante porque precisava de uma
desculpa para ficar com ela, sem assumir a
ninguém que estava de quatro por aquela maldita
mulher. Em qual momento aconteceu isso? Nem
fazia ideia. O fato é que estava louco por Nicole, e
muito satisfeito por ter conseguido mantê-la na
própria vida por um ano.
Quando esse prazo encerrasse, certamente o
encanto que sentia já teria acabado. Voltar então à
vida normal, sem se sentir desesperado para
encontrar com uma única mulher.
— Você está bem? — Nicole virou-se no
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assento e observou-lhe o rosto compenetrado.


Normalmente sorria quando estavam juntos,
mas dessa vez permanecia sério. Lembrava o
mesmo estado de espírito de quando saiu da casa
dela e nunca mais voltou.
— Estou sim, apenas um pouco ansioso.
— Entendo. — Foi com surpresa que Nicole
ouviu a confissão. — Meus pais não mordem, te
tratarão superbem.
— Isso só saberemos quando chegar a hora.
— Podiam até ser educados, mas quando
descobrissem que a filha mais nova estava prestes a
se casar com um desconhecido, certamente
deixariam a simpatia de lado. — Como foi o seu
dia? O ex apareceu?
— Está tudo bem. — Nicole se derreteu com
toda aquela preocupação. — Duvido muito que ele
volte.
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— Não apostaria tanto nisso. Ele pode tentar


se redimir ou voltar a agredi-la. Independentemente
do que aconteça, peço que fale comigo. Não quero
que volte a se aproximar.
— Certo. — Nicole evitou dizer que sabia se
cuidar, até porque, se Logan se atrasasse um pouco
na hora da discussão, as coisas certamente não
teriam terminado bem para ela. — É ali o prédio.
Logan buscou um lugar próximo para
estacionar e, quando parou, preparou-se para os
próximos acontecimentos. Era complicado
enfrentar a família dela, mas quando chegasse o
momento de contar a própria família sobre o
casamento, seria bem pior.
— Pronto. — Nicole sorriu ao vê-lo
trincando os dentes. — Preparado?
— Sempre. — Logan nunca admitiria o
nervosismo. — Pode ficar tranquila, conquistarei a
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sua família.
— Estou despreocupada quanto a isso.
Vamos lá.
— Nicole. — Logan segurou-lhe o braço,
impedindo-a de abrir a porta do carro.
— O que foi? — Pensou por alguns segundos
como falaria sobre a interação deles ali. Antes de
saírem da casa dela, combinaram exaustivamente
sobre os argumentos que os levaram ao casamento.
Entraram num acordo que justificariam o amor à
primeira vista como o responsável pela união.
Como os pais dela se apaixonaram quando se
encontraram, sequer estranhariam a inesperada
paixão surgida entre eles.
— Quando entrarmos na casa dos seus pais e
dermos a notícia, teremos que ser um casal
apaixonado. Isso significa que nos tocaremos e que
a beijarei quando necessário. — Só em pensar
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nisso, Logan sentia o sangue esquentar.


— Não tinha pensado nisso.
— Mas eu sim. Mas preciso que isso
aconteça também da sua parte. Casais apaixonados
não se desgrudam.
— Tudo bem. — Ela pensaria nas
consequências disso quando tudo acabasse. —
Vamos?
Logan respirou fundo e saiu do carro,
preparado para o grande show.

— Fique à vontade, Logan. — Alda sorriu


para o homem que acompanhava a filha.
Foi extremamente inesperado o pedido de
Nicole para que preparasse um jantar no meio da
semana. Havia dito que tinha uma novidade e pelo
que Alda estava vendo, a novidade era o belo
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homem que arrematou a peça no leilão.


— Obrigado, é um prazer estar aqui. — Ele
parecia constrangido.
— Bom revê-lo, Logan — Javier estendeu a
mão para o rapaz, sorrindo. — Vejo que o leilão
trouxe bons frutos. — O pai de Nicole olhou para
os dois, sorrindo.
— Você é incorrigível, papai. — Nicole o
beijou e observou a curiosidade nos olhos tão
conhecidos.
— Pensei que não vinha mais. — Leandra
olhou para o futuro cunhado e percebeu que a irmã
caçula estava ferrada.
Impossível uma mulher ficar um ano com um
homem daqueles sem se apaixonar. Nicole estava
se metendo em um beco, e se machucaria quando
toda essa loucura acabasse.
— Eu enrolei para me arrumar. — Nicole
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justificou o atraso com a desculpa que todos da


família já conheciam.
— Novidade. — Leandra cumprimentou aos
dois, sorrindo. — Acho que já conhece o meu
marido, Logan.
— Claro que sim. — Logan apertou a mão de
Anderson.
— Quer beber alguma coisa, Logan? — O
cunhado tentou aliviar a tensão do momento.
— Estou dirigindo. Mesmo assim, obrigado.
— Sente-se, Logan. Vamos conversar
enquanto o jantar não está pronto. — O pai de
Nicole o convidou com extrema alegria.
A simpatia de todos deveria ser um bom
sinal, mas apenas deixava Logan extremamente
incomodado.
— O Emanuel ainda não chegou? — Nicole

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perguntou a mãe, antes que ela saísse da sala.


— Está em uma ligação na varanda, daqui a
pouco aparece.
— A senhora precisa de ajuda?
— Estou com tudo pronto, querida. Só faltam
os últimos detalhes.
— E então, Logan? Como andam os
negócios? — Leandra sentou ao lado dele.
Desse momento em diante ela monopolizou a
conversa, lhe dando um pouco de tranquilidade.
Logan gostava de falar sobre negócios e, para a
surpresa dele, a irmã de Nicole entendia do
Mercado Financeiro.
Rapidamente engrenaram em uma conversa
sobre números e dados, que também foi acolhida
pelo pai e pelo marido de Leandra. Quando o irmão
delas se juntou ao papo na sala, não teve
dificuldade em acompanhá-los.
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Em algum momento Nicole os abandonou,


mas Logan não se importou, empolgando ao contar
sobre um antigo cliente que teve sério problema
com tributos. Leandra reconheceu o caso e Logan
acabou descobrindo que ela e o marido eram
contadores. Isso esclareceu o motivo de tanto
conhecimento, o deixando ainda mais animado.
Mas nada superou o interesse do que saber
que Emanuel era mecânico de carros antigos. Essa
informação o deixou perplexo, e quando ele disse o
nome de alguns clientes, Logan percebeu que já
tinha trabalhado para um amigo dele. O mundo
realmente era pequeno.
Quando a mãe de Nicole avisou que o jantar
seria servido, Logan se sentia mais calmo. Seria
durante o jantar que anunciariam o noivado e
certamente toda essa tranquilidade acabaria, mas ao
menos a família já tinha uma boa impressão dele.

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Com exceção de Leandra, que sabia da verdade, os


outros estavam bem acessíveis e, se tudo corresse
bem, isso não mudaria.
A tradicional descontração também deixou
Nicole tranquila. Todos estavam bem-humorados e
torcia que não houvesse uma cena quando
descobrissem o motivo do jantar. Quando foi até a
cozinha, a mãe tentou descobrir o porquê de Logan
estar ali, e não Heitor. Ela limitou-se apenas a dizer
que tudo se esclareceria após o jantar.
No instante em que a sobremesa foi servida,
Nicole percebeu que o momento tinha chegado.
— Gente, eu preciso falar com vocês. —
Anunciou e olhou para Logan.
— E o que seria? — Emanuel sorria enquanto
degustava a sobremesa.
— Bem… — Olhou ao redor e sentiu a mão
de Logan apertar a dela por debaixo da mesa.
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— Se você vai dizer que está namorando o


Logan já deu para sacar, maninha. — Emanuel
interrompeu o que Nicole falaria.
— Acho que isso está bem claro. — O pai
também confirmou. — Só quero saber em que
momento o Heitor foi jogado para escanteio.
— Que indelicadeza, Javier. — Alda
repreendeu o marido.
— Não falei nada demais, mi amor.
— Na verdade, estamos mais que namorando.
— Nicole fez uma pausa e percebeu a reação
curiosa do pai e do irmão. — Eu e o Logan estamos
noivos.
Jogou a bomba e viu a incredulidade
estampar o rosto de Emanuel e do pai. A mãe
apenas abriu um discreto sorriso.
— Como assim, noivos? Que palhaçada é
essa? — O irmão foi o primeiro a questionar, ao se
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recuperar da surpresa.
— Do mesmo jeito que ficou noivo da sua
egocêntrica ex-mulher? — Pela primeira vez
Leandra se pronunciou.
— O quê? — Emanuel a olhou, irritado.
— Não começa, minha filha. — Alda
interrompeu uma possível confusão. — Como
ficaram noivos em tão pouco tempo? Até onde sei
vocês nunca namoraram e você estava naquele
relacionamento estranho com o Heitor até semana
passada.
O questionamento direto de Alda era
esperado. Nicole estava preparada para responder
com confiança todas as dúvidas dela.
— Na verdade eu e o Logan estávamos nos
encontrando desde o leilão, mas…
— Você estava com ele e o Heitor? — Agora
foi a vez do pai de Nicole interromper.
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— Pai! — Ela não soube o que responder.


— Bem, eu posso explicar o que aconteceu.
— Logan foi ao socorro dela, para não a deixar
constrangida na frente da família.
— Deixa que explico rápido. — Leandra se
meteu. — Resumo da história. — Ela olhou entre
os pais com cara de tédio. — Eles se conheceram,
sentiram uma atração única, jantaram, fizeram um
sexo inesquecível, tanto que repetiram por um fim
de semana inteiro. Aí bateu a dúvida, a Nicole
estava com o cretino do Heitor e sem saber o que
fazer, passou a evitar o insuportável ao máximo,
enquanto suspirava pelo Logan. No final, a paixão
foi maior e os dois decidiram que tinham que ficar
juntos. Porém, namorar não foi o suficiente, então
Logan comprou essa aliança dos sonhos e eles vão
se casar em um mês. Pronto, acabou a curiosidade.
Todos olharam para ela, perplexos, sem

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entender como Leandra conseguiu resumir a


história tão bem com poucas palavras. Logan
encarou a noiva pasmo, sem ação. Como falar algo
depois de ter ouvido algumas coisas ali, que nem
ele mesmo sabia?
Já Nicole sentiu um misto de raiva e alegria
pelas palavras da irmã, que soube minimizar a
situação, apesar de revelar coisas que Logan nem
precisava saber. Leandra era uma maldição na sua
vida em algumas circunstâncias, mas nunca
deixaria de agradecê-la por não transformar o
momento em um drama desnecessário.
— Paixão à primeira vista, meus amores, do
tipo que vocês tiveram. — Leandra olhou para os
pais. — A nossa família adora sentimentos
repentinos e foi a vez da nossa caçula experimentar
essa mania estranha.
O silêncio permaneceu na mesa, deixando

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Logan angustiado. Ainda estava sem condições de


falar, preso na parte dos suspiros de Nicole por ele.
— Eu gostava do Heitor, mas entendo como
funciona o amor à primeira vista. — A mãe de
Nicole foi a primeira a compreender a situação.
— Ah! — Leandra voltou a falar. — Não
goste do cretino, mãe. O cara nos odeia. Quando
soube que a Nicole se casaria com o Logan, disse
que nos aturava para ficar com ela. Aquele homem
era podre, por isso nunca fui com a cara dele.
— Como assim? — Javier estava indignado.
— Somos… — Leandra interrompeu o que ia
dizer e pensou na palavra que Nicole disse. —
Somos “disfuncionais”. Ou seja, ele não gosta de
negros, estrangeiros e adotados juntos.
— Que filho da puta. — Emanuel bateu na
mesa com raiva. — Eu sempre tratei aquele merda
bem, e ainda consertava o carro dele de graça.
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— Sempre te disse para cobrar. — Leandra


deu de ombros.
— Seja bienvenido à família, Logan. —
Javier levantou e lhe estendeu a mão. — Aqui você
será tratado como filho. Se ela te escolheu, é
especial para ela.
— Obrigado. — Logan sentia-se
extremamente sem graça com toda aquela acolhida.
Em algum momento, todos sofreriam com o fim
daquela história.
— Estou feliz pelos dois. Formam um bonito
casal e tenho certeza de que serão felizes. Está bem
nítido como estão apaixonados. Percebi
imediatamente que estavam juntos, além da aliança
da minha menininha, é claro.
— A senhora tinha percebido? — Alda sorria
enquanto Nicole parecia chocada.
— Sou sua mãe, meu bem. Estou acostumada
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com a ausência de anéis em suas mãos. Seria difícil


não notar algo tão chamativo quanto a aliança que
Logan lhe deu.
— Eu não vi nada, mas entendo a situação.
— Emanuel apertou a mão do noivo. — Tenho
certeza de que você é o homem certo para a Nick.
— Piscou para a irmã com humor. — Mas não a
chame de Nick, que ela não gosta.
— Certo. Eu estou muito feliz em tê-la
encontrado. Realmente foi impossível ficar longe
dela desde que a vi. — Dessa vez Logan estava
sendo sincero.
— É um mal dessa família ser irresistível.
Também fiquei louco quando vi minha borboleta.
— Anderson beijou a esposa e em seguida o
cumprimentou. — Parabéns, amigão. Trate bem a
nossa artista, ela merece.
— Será um prazer. — Agora que todos
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sabiam do envolvimento deles, Logan se sentia


livre para tocar Nicole como desejava. — Ela será
tratada como uma rainha — Inclinou-se e depositou
um beijo casto nos lábios dela. — Vocês podem
ficar tranquilos.
— Nós estamos, meu bem. — Leandra tinha
os olhos estreitos ao analisá-lo. — Mas pode deixar
que cobrarei o seu comprometimento.
Logan olhou para aquela que seria sua
cunhada e soube que existia algo a mais embutido
no comentário. Ela lhe traria problemas, mas
arrumaria uma maneira de trazê-la para o próprio
lado, ou a farsa que criou não acabaria bem.
— Casar em um mês é rápido demais. Qual o
motivo da pressa? — A pergunta de Alda pegou o
casal de surpresa.
— Não acho. Sei que ela é a mulher que tanto
procurei. — Logan abraçou Nicole e a beijou na
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cabeça. — Entendo perfeitamente a preocupação,


mas tive um mês para perceber que não dava para
ficar sem ela. Estamos certos do que faremos, Alda.
Nicole olhou para Logan, impressionada com
a atuação. Se eles não tivessem assinado um
acordo, apostaria que ele falava a verdade. Não era
à toa que o homem era um famoso advogado.
Deveria usar esse talento de representar na frente
dos juízes.
— Eu entendo. — Alda estava satisfeita. —
Que sejam felizes.
— Vamos comemorar, já que teremos mais
um filho casado. — Javier decretou, alegre.
— Papai, vamos deixar para comemorar na
próxima vez. Hoje eu tive um dia cansativo e
preciso descansar. — Nicole ficou com o coração
partido por ter de cortar a animação do pai.
— Tem certeza, hija? Esse é um momento
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muito especial, merece ser festejado.


— Faremos isso em breve, fique
despreocupado.
Nesse momento precisava ficar sozinha,
sentia-se cansada emocionalmente. Em nada
ajudava Logan ali, grudado nela, como se
realmente não conseguisse parar de tocá-la.
— Tem certeza que deseja ir? — Logan
estava sem pressa, agora que tudo tinha se
resolvido. Sentia-se mesmo disposto a ficar mais
um pouco.
— Tenho sim.
— Então vamos embora.
Eles se despediram da família dela
prometendo uma reunião de comemoração em
breve. Seguiram para o carro em silêncio, ambos
com pensamentos conflitantes os incomodando,
mas sem coragem de falar sobre o que passava nas
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suas mentes.
— Quer ir direto para casa? — Logan
quebrou o silêncio assim que entraram no carro.
— Sim, preciso de um analgésico urgente e
cama.
— Certo.
Nada mais foi dito no caminho até a casa
dela. Certamente Nicole não estava bem, e Logan
se recusava a incomodar. Estava exigindo muito
dela, a fazendo mentir para a família. Ficou claro
para ele que todos ali eram unidos. Bem diferente
da própria família, que não tinha a metade da
identificação que todos lá possuíam.
— Chegamos. — Logan parou o carro e se
virou para Nicole. — Sei que a minha proposta está
lhe trazendo problemas. Se falar que estou
arrependido, será mentira, mas pode acreditar que
estou tirando uma grande lição dessa história:
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nunca mais me meto nos negócios da família, eles


que se virem nas novas aquisições.
— Esquece isso, Logan. — Nicole percebeu
o desconforto dele enquanto mentia e isso a
deixava feliz. O cara não era um cretino, apenas
queria fechar um bom negócio, independentemente
da cor na pele. — Entrei nessa aventura sabendo o
que aconteceria.
— Eu sempre soube que era especial. —
Antes que ela percebesse a manobra, o advogado se
aproximou e a beijou suavemente nos lábios. —
Agora vá, ou esqueço que não é a minha noiva de
verdade.
O coração dela batia descompassado, o calor
daqueles lábios a queimando profundamente…,
mas se recusava a ficar com ele. Se começasse,
seria impossível parar.
— Até mais, Logan. — Nicole saiu do carro
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e correu para o refúgio de sua casa.

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Capítulo 18

Nicole olhou para o espelho e checou o


batom. Em poucos minutos conheceria a família do
noivo. Ele havia programado esse almoço com
cuidado, na casa dele.
Para a surpresa dela, Logan morava em uma
elegante casa no bairro do Cosme Velho, bem perto
do seu bairro. Os dois eram quase vizinhos, mas
nunca se esbarraram, até se encontrarem por acaso
naquela noite no bar.
— Você quer algo para beber? — Nicole
olhou para a simpática mulher que morava com
Logan.
Havia conhecido Dalva uma semana atrás,
em um lanche da tarde tranquilo, com direito a
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muita risada e conversas nostálgicas. Ela era um


doce e amava profundamente Logan. O carinho
entre os dois era tocante e a história que os rodeava
ainda mais bonita.
A simpatia entre as duas foi instantânea. Elas
se entenderam como se fossem amigas de anos, o
papo fluindo com tranquilidade. Nicole percebeu
que teria uma grande aliada no período em que
ficasse naquele casamento.
— Não. — Nicole olhou para a mulher
sorridente.
— Relaxe, querida, eles não mordem. —
Dalva comentou isso no exato momento em que
campainha tocou.
— Eu espero que sim.
O som fez Logan correr até a porta. Ele a
abriu, revelando a chegada da família em peso.
Todos estavam parados, o observando com atenção.
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— Como vai, filho? — Elisabeth foi a


primeira a se pronunciar.
— Oi, mãe. — Logan a beijou no rosto e
seguiu para falar com o pai. — Oi, pai, como está?
— Recuperado e louco para voltar ao
trabalho. — Ele mostrou-se animado, o que
arrancou um resmungo da irmã.
— O senhor ainda não pode voltar à empresa.
— Bianca cortou a onda dele e se aproximou para
beijar o irmão.
— Veremos. — O pai respondeu antes de
entrar na casa.
— Ele anda mais teimoso do que nunca. —
Bianca passou pelo irmão.
— A tarde promete, cunhado. — Renan, o
pobre marido da irmã dele, o cumprimentou
sorrindo.

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— Cadê as crianças? — Logan procurou


pelos sobrinhos.
— Sua irmã achou que nos atrapalhariam. —
Saul respondeu antes do cunhado. — Sirva esse
almoço logo e conte a novidade porque quero cair
fora. Ficar muito tempo com a nossa família é
complicado demais.
— Boa tarde para você também, irmão.
— Boa... — Saul passou por ele de forma
displicente.
Logan fechou a porta e viu a família entrar na
sala, seguindo diretamente para o lugar onde Nicole
estava. Diferentemente da família dela que o
aceitou de braços abertos, sabia que na dele seria
bem diferente… A começar pela irmã.
Rapidamente ele correu na direção da noiva,
que tinha passado a semana ansiosa com aquele
encontro. Até parecia que estavam em um noivado
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verdadeiro.
— Eu gostaria de apresentar a vocês, Nicole.
— Logan se adiantou e passou pelos pais, pegando
na mão da noiva.
— Nicole? — O tom que a mãe de Logan
usou arrepiou o corpo da jovem.
— Muito prazer, Nicole. — Bianca se
adiantou ao cumprimentá-la. — O Logan me falou
de você.
— É mesmo? — Nicole beijou a mulher e
buscou o olhar de Logan.
— Não muito, mas o suficiente. — O
comentário seco da mulher a desagradou.
Tomando a iniciativa da situação, Bianca
começou as apresentações, ignorando
completamente a cara amarrada da mãe.
— Esse almoço é para conhecermos a sua

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namorada, Logan? — Elisabeth nem ao menos se


importou em cumprimentar Nicole.
— O que você acha, Beth? — Dalva
devolveu a pergunta ao entrar na sala. — Faz
tempo que não os vejo todos juntos.
— Realmente bastante tempo, Dalva. — Saul
envolveu a mulher em um abraço apertado.
— Ainda não me respondeu, Logan. — A
mulher olhou para o filho, em busca de
explicações.
— Nicole não é minha namorada, mãe. —
Ele a enlaçou pela cintura, adorando a liberdade de
tocá-la. — Estamos noivos.
O rosto de incredulidade da mãe fez Logan
segurar o sorriso. Certamente ela jamais imaginaria
que o almoço fosse para lhe apresentar alguém que
fosse casar.
— Noiva? — Elisabeth os encarou chocada.
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— Parabéns pelo noivado. Espero que sejam


muito felizes nesse casamento. — Bianca se
adiantou nas felicitações, antes que a mãe
estragasse o momento.
— Uau, nunca imaginei que fosse presenciar
esse momento. — Saul sorriu e abraçou Nicole e
Logan. — Você escolheu muito bem a futura
mulher.
— Obrigado.
— Que história é essa, Logan? — Elisabeth
olhava indignada para o genro e o marido, que
cumprimentavam a tal noiva do filho.
— Finalmente encontrei a mulher da minha
vida, mãe. Está insatisfeita?
— Sim. — A resposta causou um silêncio
generalizado.
Todos se entreolharam e Nicole sentiu o
desconforto das palavras dela se infiltrarem em
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seus ossos. Sabia que esse encontro seria


complicado, mas as coisas estavam piores do que o
imaginado.
Elisabeth era uma mulher bonita, com uma
pele mais escura que a de Logan e um olhar
expressivo. A seriedade nas feições dela indicava
que era de sorrir pouco, diferente do marido, que
tinha uma simpatia natural no olhar.
— Vamos até o escritório, Logan. Agora! —
Elisabeth sequer o esperou responder e marchou
diretamente para o cômodo, deixando um rastro de
silêncio para trás.
— Papai teve problemas de coração
recentemente, Nicole. Mamãe certamente está
ranzinza por falta de sexo. — Saul comentou e
Logan agradeceu por ele estar ali, transformando
tudo em piada.
— É verdade. — Jonas concordou, tristonho.
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— Eu já volto. — Logan beijou a mão de


Nicole e seguiu a mãe.
— Não se preocupe, Nicole. Nossa mãe tem
mania de fazer drama. — Bianca sentou-se alheia
ao clima pesado. — Ela vai gritar, xingar, fazer
drama e de nada adiantará: O meu irmão nunca deu
ouvidos a ela.
— Nunca imaginei causar uma briga entre
eles.
— Faz parte da nossa família esses
momentos constrangedores. — Bianca cruzou
elegantemente as pernas e sorriu, deixando-a com o
coração aos saltos.

Quando Logan fechou a porta do escritório,


observou a mãe caminhar pelo lugar, agitada. Já
esperava essa reação e a colocaria no devido lugar

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em poucas palavras.
— O que está acontecendo? Como me
aparece com uma noiva branca se nunca a vimos
com você?
— Eu cuido da minha vida. Respeite as
minhas decisões.
— Não fale assim comigo, sou a sua mãe.
— Estamos sozinhos, Elisabeth! Pode parar
de fingir que foi uma mãe exemplar. — Ele
colocou a voz de indiferença para mostrar que a
mãe não lhe afetaria. — Nicole é a mulher que
escolhi e me casarei com ela em duas semanas.
Sem festas, apenas um almoço de confraternização
para os nossos familiares.
— Você está proibido de casar com ela,
Logan.
— Por quê?

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— E você ainda pergunta? — Elisabeth se


moveu pelo escritório agitada. — Ela é branca,
certamente só quer se aproveitar de você.
Logan soltou uma leve risada. Esperava
exatamente essa justificativa da mãe, assim como
esperou da irmã. A única diferença entre as duas
era que a irmã sabia que Nicole era fundamental
para os negócios da família, diferentemente da mãe,
que estava alheia ao mundo.
— Para com isso, mãe. Eu sou crescido,
ninguém me usa.
— Nem ouse se casar com uma branca. Tem
de fazer como a sua irmã e escolher alguém da
nossa descendência.
— Eu escolhi um ser humano e estou
satisfeito com isso. — A confrontou.
— Odeio essa ironia. Me arrependo
amargamente em ter deixado a Dalva cuidar de
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você.
— Vamos parar por aqui. — Logan a
interrompeu. — Nicole é minha noiva e será esposa
em quinze dias. — Ele se aproximou da mãe e
inclinou o corpo até ficar no nível dos olhos dela.
— Você vai voltar para a sala e tratá-la bem. Não
quero que ela fique triste por você ser antipática.
Ela será a sua nora e merece respeito.
— Ninguém pode me obrigar a tratá-la bem.
— Elisabeth fingiu não se intimidar.
— Então saia da minha casa. — Deu o
ultimato e saiu do escritório sem olhar para trás.

O almoço foi desagradável. Nicole teve que


se equilibrar entre as piadas de Elisabeth, a
indiferença de Bianca e o mau humor de Logan. Na
verdade, a vontade dela era correr e se esconder,

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pois estava extremamente incomodada com a


maneira fria que todos a tratavam.
A família dele era completamente diferente
da dela. Pareciam não se importar de verdade uns
com os outros. A distância entre eles era visível e
isso a assustou. Na sua família, todos se metiam na
vida uns dos outros e se amavam, diferentemente
deles.
Quando o almoço acabou, Nicole conseguiu
respirar aliviada. Realmente não aguentava mais
ficar na mesa com pessoas que a desdenhavam.
— Eu já vou. — Elisabeth foi a primeira a
anunciar a partida. — Estou estourando de dor de
cabeça.
— Ótimo, vou levá-la até a porta. — Logan
se levantou e caminhou para a sala, acompanhado
do pai.
— Acho que o meu irmão não está muito
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bem. — Bianca sorriu e olhou para Nicole. — Você


terá de acalmar a fera.
— Vou conversar com ele. — Nicole ficou
sem jeito.
— Eu gostaria de dizer que foi um prazer te
conhecer, mas seria mentira. — Elisabeth olhou
para a mulher que tinha enfeitiçado o filho. — Se
você acha que casando com ele vai tirar algo da
nossa família, lamento te informar. Vou procurar os
nossos advogados para saber como proceder nesse
casamento.
— Pelo amor de Deus, mãe, para com isso.
— Saul se aproximou de Nicole, protetoramente.
— Se o Logan ouvi-la ofendendo a noiva dele vai
piorar ainda mais a situação.
— Só estou esclarecendo que ela não vai
levar nada dele. Sei muito bem que se casar com o
meu filho ficará rica, mas nunca vou deixar o meu
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dinheiro cair nas mãos de aproveitadoras como essa


aí.
O choque das palavras fez Nicole recuar. A
mulher era completamente louca, achando que o
casamento era um golpe.
— Eu nunca precisei do dinheiro da sua
família. — Se defendeu. — Tenho o suficiente para
viver bem.
— Conheço o seu tipo, menina. Sei muito
bem que está com o meu filho pelo dinheiro.
Vocês… — Elisabeth fez um gesto de desprezo
com a mão na direção dela. — Só se interessaram
por pessoas negras quando temos algo a oferecer.
E, no caso do Logan, é o dinheiro e o sexo.
Nicole teve vontade de vomitar. Nunca
imaginou ouvir tantas ofensas em poucas palavras.
Queria retrucar, mas se sentia tão chocada, que as
palavras sumiram da boca dela.
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— Basta! — Bianca olhou para Nicole e viu


o horror no olhar da futura cunhada. Havia
percebido os olhares apaixonados entre ela e o
irmão. Logan estava afirmando que faria esse
casamento para ter as ações de Deonedes, mas
sabia que na realidade estava apaixonado,
arrumando uma desculpa para ficar ao lado de
Nicole sem demonstrar os sentimentos. — O Logan
sabe o que faz e eles têm um belo acordo pré-
nupcial, eu mesma vi.
— Você tem certeza? — Elisabeth olhou para
a filha.
— Absoluta.
— Menos mal, confio no seu julgamento.
— O que está acontecendo aqui? — Logan
apareceu querendo saber o motivo da demora da
mãe para ir embora.
— Nada, estava me despedindo da sua
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noiva…
— Pensei que estava com pressa de ir
embora.
— E estou. — Elisabeth passou por Nicole e
saiu.
Todos seguiram atrás, deixando Nicole
arrasada. Como não queria voltar a enfrentar a
família dele, foi para a cozinha a procura de Dalva.
— Nicole. — A senhora olhou para o rosto
tenso dela e se preocupou. — A Beth foi
desagradável com você de novo?
— Um pouco. — Ela sentou em uma cadeira,
sem confiar nas pernas.
— Quer um pouco de água?
— Eu aceito.
— Eu pego.
— Ela é amarga, Nicole. — Dalva sentou
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perto dela e segurou-lhe a mão. — Elisabeth é uma


mulher de negócios, só pensa em cifrões e acordos
comerciais. Ela te viu como uma inimiga. Está
acreditando que dará um golpe no filho.
— Pra mim ela é louca. — Lolita, a amiga de
Dalva que estava ali ajudando, entrou no assunto.
— Só um cego não vê como estão apaixonados.
Não existe nenhum golpe entre os dois, apenas o
bom e velho amor. — Colocou as duas mãos sobre
o coração, suspirando.
— Cala a boca, Lolita. — Dalva viu o
constrangimento no rosto de Nicole. Tanto ela
quanto Logan escondiam os sentimentos que
sentiam um pelo outro, mas qualquer um de fora
enxergava a paixão que os envolvia. — Não ligue
para ela, Nicole, o que importa é vocês.
— Eu sei. — Nicole sabia que o acordo dela
com Logan precisava superar os desentendimentos

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dele com a família, mas era complicado.


— Vamos combinar o resto dos preparativos
para o casamento? Ainda temos que decidir alguns
detalhes do almoço. — Dalva tentou mudar de
assunto
— Não poderíamos fazer isso na piscina? —
Violeta, que também estava ali para ajudar Dalva,
mostrou-se empolgada. — Gente rica resolve tudo
na piscina. Quero fingir que sou madame.
Todos olharam para ela sérios, mas em
poucos minutos estavam caindo na gargalhada.
— Estão rindo do quê? — Logan esperava
encontrar Nicole aos prantos, não sorrindo com
Dalva.
— Nada demais, só a Violeta sendo a
Violeta. Quer mais sobremesa? — perguntou à
Logan só para provocá-lo, mas no fundo sabia que
jamais aceitaria.
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— Obrigado, quero apenas falar com a


Nicole. — Ele se aproximou de onde ela estava
sentada e afagou-lhe os cabelos. — Podemos?
— Claro. — Ela se levantou e suspirou
quando Logan a abraçou.
— Podem curtir a piscina, pessoal. Depois
vamos para lá.
Ele sabia que os amigos de Dalva eram
loucos pela piscina e não se importava em dividi-la
com eles. Todos eram pessoas maravilhosas e, se
eram amigos de Dalva, tornavam-se dele também.
— Eu não sei o que falar. — Logan tentou se
desculpar assim que ficaram sozinhos. — Eu te
avisei sobre a minha mãe, mas tudo foi pior do que
imaginei.
— Foi sim, mas passou. — Estava arrasada,
mas nem pensou em demonstrar. — Acho que sua
mãe não gosta de pessoas como eu. Ela acredita
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que estou me aproveitando de você. Que, por ser


branca, só quero o seu dinheiro.
— Ela é louca.
— Conte para ela que é apenas um negócio o
nosso casamento. Acho que se ela souber, acaba
toda essa briga.
— Se ela souber, vai querer me arrumar uma
noiva do jeito dela.
— Talvez seja melhor, Logan. Ficar em uma
situação delicada com família nunca é um bom
negócio.
— Nem pensar. — Ele se aproximou de
Nicole e esticou a mão para tocar um delicado
cacho do cabelo dela. — Quero você. — Essa parte
da fala de Logan ia muito além, mas nem estava
preocupado com o que pensaria. — Vamos manter
o que já combinamos. Minha mãe não faz parte da
minha vida há anos, e nem será agora que opinará
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nas minhas decisões.


— Eu não me sinto bem te causando
problemas. — Nicole estava se sentindo
embriagada com o perfume intenso dele.
Logan acariciou o polegar pela bochecha
dela, hipnotizado por sua beleza. — Você está
linda, Nicole. — Queria beijá-la, mas se fizesse
isso ela correria.
— Obrigada. — Tentou manter o olhar
afastado, mas não conseguiu. O desejo impregnado
nele era muito intenso. — Preciso ir embora.
— Por quê? — Ele correu os nós dos dedos
pelo braço dela. — Vamos aproveitar a piscina.
— Eu estou cansada. Toda essa tensão
acabou me deixando com dor de cabeça.
— Lamento de verdade por tudo isso. — Sem
resistir, ele a abraçou e afagou-lhe as costas. —
Fique só mais um pouco que pedirei para Dalva te
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dar um remédio. Deite-se em um dos quartos de


hóspedes enquanto melhora. Depois pode se
divertir na piscina e te levo em casa.
Nicole se recusava a sentir-se tão bem dentro
dos braços dele, mas era impossível. Estava se
esforçando ao máximo para ficar longe, porque
quando estivessem casados seria uma verdadeira
luta tentar manter a indiferença.
— Tudo bem, mas não quero ir embora tarde,
ainda tenho trabalho a fazer.
— Prometo que te levo quando me pedir. —
Logan ergueu o queixo dela e depositou um beijo
delicado nos lábios. — Mais uma vez obrigado.

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Capítulo 19

O casamento chegou mais rápido do que


esperavam. Conforme combinado, não houve
alvoroço, apenas a cerimônia no cartório com os
padrinhos e a família de Nicole.
Mesmo não sendo uma cerimônia real,
Nicole passou a noite acordada e nem conseguiu
comer algo pela manhã. Só se acalmaria quando
tudo terminasse, pois ainda teria de enfrentar a
família de Logan, no almoço de celebração.
Já Logan passou a noite bolando mil coisas
para levar Nicole para cama. Agora que ela
oficialmente seria mulher dele, se esforçaria ao
máximo para fazê-la aceitá-lo sob os lençóis.
— Não quero ser clichê, mas é impossível
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negar que é a noiva mais bonita que já vi.


Nicole sorriu ao ouvir o elogio, pois estava
feliz em saber que o esforço para ser uma noiva
elegante foi notado. Tinha passado horas se
maquiando e arrumado o cabelo, mas pelo olhar de
admiração de Logan, tinha valido o esforço.
— Obrigada. — Mesmo sabendo que era uma
péssima ideia, passou a mão pela frente do terno
dele e sorriu ao vê-lo ficar sério. — Você também
não está nada mal. Adorei esse seu terno de três
peças… é extremamente sexy.
Quando Nicole o viu, a vontade que sentiu
foi de arrancar cada peça. Ele estava tão irresistível
que até a irmã lhe fez elogios nada educados.
Mesmo sendo madrinha, Leandra não deixou passar
em branco a imensa gostosura do cunhado.
— Você acha sexy? — Logan a segurou pelo
braço antes que entrassem na área de eventos, onde
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seria realizado o almoço do casamento.


— Qualquer mulher em sã consciência
acharia. É impossível olhar um homem tão bem-
arrumado e ficar indiferente. — Certa decepção
passou por Logan quando ela generalizou a
situação, mas não se abateria por aquelas palavras,
sabia esperar.
— Certo. — Decidiu ser econômico nas
palavras. — Preparada para enfrentá-los?
— Acho que nunca estarei, mas vamos lá.
Nicole vestiu o sorriso de noiva feliz e entrou
no local, pronta para tratar bem a família que com
tanto desdém a tratara no encontro anterior.
Provavelmente Deonedes também estaria no
almoço e ela queria passar para o homem que
ambos se amavam perdidamente.

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O almoço foi tenso, apesar de Logan ter


conversado com a mãe. Ela não deixou de jogar
indiretas. Ainda bem que Bianca neutralizou as
possíveis situações constrangedoras que ela
pudesse causar.
Com o casamento de Logan, o tão sonhado
negócio que a irmã desejava se concretizaria.
Apesar da resistência inicial aos planos dele, agora
estava feliz pelos resultados.
Inicialmente, Logan duvidou que Deonedes
aparecesse, mas o velho não só foi como levou um
dos acionistas. Durante todo o almoço observou a
interação entre ele e Nicole. Foi bem visível para
Logan que Deonedes estava atrás de algum detalhe
que mostrasse que o casamento não era verdadeiro,
por isso fez questão de mostrar que estava caindo
de amores pela esposa.
Com todo o prazer do mundo não tirou as

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mãos de Nicole. Fez questão de beijá-la em cada


oportunidade e declarou o seu amor em alto e bom
som. Sem querer, teve a ajuda do sogro, que contou
a Deonedes que era um aspecto da família dele se
apaixonar no primeiro olhar.
Javier contou o modo que conheceu a esposa
e como os dois filhos mais velhos se casaram. Por
fim, disse que foi a vez de Nicole se apaixonar por
Logan quando o viu. A curiosidade brilhava nos
olhos de Deonedes, mas com o discurso
entusiasmado de Javier, ficava impossível duvidar
daquela união.
— Chegou o momento mais aguardado. —
Leandra fez sinal para o garçom. — Vamos cortar o
bolo. — Sorriu para a irmã, toda empolgada.
O entusiasmo de Leandra era até engraçado.
Parecia até que era ela se casando. Leandra,
inclusive, dormiu na casa da irmã para começar os

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preparativos logo nas primeiras horas da manhã.


— Que bolo lindo. — A mãe de Nicole
estava maravilhada quando o bolo de três andares
foi colocado ao lado da mesa dos noivos.
— Eu mesma que escolhi. — Leandra olhou
o belíssimo design do bolo e se felicitou por ter
bom gosto. — Hora de cortá-lo. — Chamou o
fotógrafo e entregou a faca para a irmã.
Nicole estava tensa. Tantas pessoas lhe
avaliando o comportamento a incomodava, mas
sentir as mãos de Logan a cada segundo no corpo
dela era pior. Sempre grudado, ele a beijava sempre
que podia, causando-lhe arrepios no corpo com
cada roçar de lábios.
Ela sentiu a mão do marido se fechar na sua
quando colocou a faca sobre o bolo.
Involuntariamente encarou-o e viu um sorriso de
satisfação. Realmente Logan parecia feliz, e
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qualquer um que olhasse de longe, pensaria que


estava perdidamente apaixonado.
Nicole afastou aqueles pensamentos e fez o
primeiro corte, colocando o pedaço no prato que
Logan estendeu. Como deveria se mostrar uma
noiva apaixonada, uma ideia bem romântica surgiu-
lhe na cabeça.
— O primeiro pedaço tem que ser para
alguém especial. — Nicole fitou o marido, o
cobiçando desavergonhadamente. Sentia-se em
chamas ao vê-lo tão lindo ao seu lado. Seria um
verdadeiro inferno ir para casa e nem ter uma noite
de núpcias. — Então nada mais justo do que o
primeiro pedaço ser nosso. — Ficando nas pontas
dos pés, ofereceu os lábios à Logan. Em segundos
sentiu a boca dele, enquanto mãos firmes lhe
rodeavam a cintura.
O marido estava se aproveitando daquilo,

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Nicole já tinha percebido, mas também queria esse


contato. Não negaria que estava amando cada vez
que era tocada.
Uma esplendorosa salva de palmas se fez
ouvir, e quando Nicole interrompeu o contato, viu a
aprovação daquela atitude nos olhos de Logan. Sem
demora, ele pegou um garfo e cortou um pedaço do
bolo oferendo para ela. Como hipnotizada, Nicole
aceitou e observou ele pegar um pedaço e também
comer.
O sorriso embutido naqueles olhos a revirou
por dentro. Ele era lindo, o homem mais fascinante
que já conheceu e, durante um ano, seria seu.
Talvez não aprovasse o sexo durante esse tempo,
mas não seria nenhum pecado abrir uma exceção e
desfrutar da companhia dele naquela noite. Já não
estava mais suportando o desejo de tirar aquele
terno sexy e sentir os músculos perfeitos.

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— Está tão gostoso, quanto está bonito? —


Leandra quebrou o clima do casal.
— Só não é mais gostoso que a minha
mulher. — Logan sorriu do rosto vermelho de
Nicole ao ouvir aquilo pelos assobios que vieram
em seguida.
— Se você diz. — Leandra deu ombros,
sorrindo. — Vamos experimentar. — Fez sinal para
começar a distribuir o bolo.
— Está na hora de irmos embora. — Logan
estava satisfeito com o sucesso do casamento. Em
uma rápida conversa, Deonedes parabenizou a
escolha da noiva e o convidou a ir na segunda-feira
ao escritório.
— Por mim tudo bem, meus pés estão me
matando. — Nicole estava louca para tirar não só
os sapatos, como o vestido.
Logan aproveitou que as famílias e amigos
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estavam empolgados com o bolo e avisou Leandra


que iriam embora. Apesar de não ter programado
uma lua de mel, ele tinha reservado um quarto em
um resort de luxo em Búzios. Queria tirar o fim de
semana para ficar com Nicole descansando. Depois
de terem passado um mês sob tensão, mereciam um
pouco de paz.

Nicole estava encantada com o luxuoso


quarto de hotel que o marido tinha escolhido. O
lugar era paradisíaco, de frente para o mar azul, que
não ficava devendo em nada ao Caribe.
Ele a surpreendeu reservando dois quartos.
Apesar ter medo de se entregar, Nicole esperava
que ele se empenhasse para que passassem a
primeira noite de casados juntos. Se ele a seduzisse,
poderia culpá-lo pela fraqueza de ir para a cama

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com ele. Só que Logan foi um cavalheiro e fez


questão das reservas separadas, ainda que tivessem
uma ligação direta por uma porta contígua.
Nicole sentou na cama e olhou o vento bater
em um coqueiro pela janela. O fim de tarde estava
lindo e, em pouco tempo, a noite cairia e ela viveria
um inferno. Saber que o marido estava a poucos
passos de distância, era torturante.
Nicole nunca tinha conhecido alguém que
mexesse tanto com o coração dela. A simples
presença dele era suficiente para deixá-la excitada.
Ainda que tentasse fingir indiferença, era
impossível, quando via aquele sorriso sedutor.
Um barulho a assustou. Olhou para a porta do
quarto, à espera de que fosse alguém, mas depois
escutou duas batidas suaves e percebeu que era na
porta contígua. Certamente era Logan querendo
alguma coisa… sentiu o coração disparar.

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— Já vou. — Alisou o vestido que tinha


colocado, rapidamente ajeitou o cabelo e se sentiu
uma idiota por tanta preocupação.
Suspirando fundo, Nicole se irritou por ser
tão fraca e seguiu para a porta. Destrancou-a e o
mundo desabou quando viu Logan sem blusa,
vestindo uma bermuda de academia, que cobria
apenas metade das coxas saradas.
— Incomodo?
— Claro que não, estava apenas admirando a
paisagem.
— Posso entrar? Trouxe champanhe. —
Ergueu a garrafa.
— Entre.
— Acho que devemos comemorar o sucesso
do nosso casamento antes do jantar. — Logan
colocou a garrafa sobre a mesa de canto e olhou
para Nicole.
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O vestido florido era curto, evidenciando


toda a delicadeza. O cabelo caía pelos ombros e a
ausência de maquiagem a deixava ainda mais
bonita. A beleza natural dela era incrível.
— Vamos jantar fora? — Nicole observava
ele abrir com precisão a garrafa de champanhe.
— Claro que sim. Por acaso acha que
viríamos para uma cidade tão bonita e ficaríamos
trancados? — Entregou uma taça para ela. — Um
brinde à nossa união.
— Que seja um ano tranquilo para nós.
— Será. — Logan sorriu e bebeu uma
generosa dose, pensando em coisas nada tranquilas,
e sim prazerosas. — Só depende de nós, não acha?
— Claro que sim. — Nicole experimentou a
bebida e se afastou. Impossível confiar em si
mesma tão perto dele, com essa tatuagem
implorando para ser tocada.
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— Vamos combinar nossa noite?


— Não está cansado? — Nicole se sentia
exausta.
— Tenho disposição de sobra. — Na
realidade Logan estava elétrico, só teria sossego
quando arrancasse as roupas de Nicole e
mergulhasse fundo no calor do corpo dela. — Se
quiser, podemos esticar para algum lugar depois do
jantar.
— Quem dera tivesse tanta disposição. —
Sentou na cama e esticou as pernas. — Os meus
pés estão me matando. Acho que nunca mais usarei
aqueles sapatos do casamento. Mas podemos ir
jantar, só dispenso a esticadinha.
— Quer uma massagem? Sou bom com as
mãos. — Logan não esperou a resposta e sentou ao
lado dela na cama.
— Não precisa.
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— Deita aí, vou fazer uma massagem nos


seus pés, enquanto planejamos nossa noite.
— Logan… — Nicole nem terminou de falar,
pois ele lhe tirou a taça e a fez deitar.
— Conheço um restaurante aqui que serve
um peixe fantástico. Tudo é de primeira linha e o
chef tem fama internacional.
Nicole observou-o falando enquanto movia
as mãos pelos pés dela, com tranquilidade. Parecia
mesmo um marido de verdade, preocupado com o
bem-estar da esposa. Quem os visse de longe,
pensaria que estavam apaixonados. Jamais
desconfiaria dos motivos que os levaram a ficarem
juntos.
Logan saiu do assunto “jantar” e foi para o
casamento. Contou a Nicole detalhes da conversa
que teve com Deonedes e como o pai tinha gostado
dela.
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Foi falando sem parar e, em determinado


momento, ela sentiu os olhos pesarem. Logan não
estava mais preso aos pés, agora vagava as mãos
pela panturrilha, massageando o local com mãos
firmes. Sem que pudesse contê-lo, os olhos foram
fechando e a última memória que gravou era dele
dizendo que tê-la como esposa foi a melhor escolha
que já havia feito na vida.
Quando ela dormiu, Logan parou a
massagem e ajeitou o corpo sobre a cama. Sentiu
vontade de deitar ao lado, junto, mas se fizesse
isso, pioraria o seu estado de excitação.
Olhou o volume em sua bermuda e gemeu
baixinho. Mais uma vez ele teria que recorrer aos
próprios meios para conseguir alívio.
Ficar separado dela por apenas uma porta não
lhe facilitava a vida. Depois de vê-la linda no
quarto o recebendo com naturalidade, aquilo era o

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suficiente para fazê-lo perder a cabeça. Estava


sendo quase impossível resistir ao desejo. Precisava
dela urgentemente.
Mesmo sem querer ir embora, Logan se
afastou da cama e dedicou um último olhar para
àquela imagem serena. Ainda não tinha uma
estratégia definida, mas faria o impossível para
acabar a noite na cama dela, sentindo o prazer que
ele tanto ansiava.

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Capítulo 20

A noite do casal foi divertida, primeiro


jantaram, em seguida fizeram uma caminhada
tranquila pela famosa rua das pedras e pararam em
um bar para ouvir música ao vivo. Em determinado
momento da noite, Nicole reclamou de cansaço e
Logan a levou para o hotel.
Contrariando os planos dele, ela dormiu
sozinha e levou Logan a ter uma noite de insônia,
ostentando uma ereção que o deixou furioso e
frustrado. Apesar de saber que tinha deixado nas
mãos dela a decisão do sexo, havia apostado que
ela não conseguiria resistir ao desejo que sentia por
ele.
Era evidente na maneira que o devorava com
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o olhar, que sentia tesão quando se encontravam.


Mas Nicole era mais persistente do que imaginou,
pois conseguia segurar a tensão sexual que os
rodeava com muita tranquilidade.
No dia seguinte, ele programou um passeio
de lancha por algumas praias famosas da região.
Fizeram mergulho e almoçaram a bordo. No fim do
dia voltaram para o hotel e Nicole acabou
desabando na cama e só acordou depois das nove,
quando Logan entrou no quarto dela preocupado.
Pediu o jantar e acabaram comendo na
varanda, enquanto se lembravam dos momentos
engraçados da infância.
Foi interessante a intimidade que dividiram.
Nicole sentiu-se ainda mais à vontade com Logan e
foi difícil deixá-lo partir quando anunciou que iria
para o quarto.
No sábado, o casal foi até Cabo Frio para
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passar o dia na cidade.


O dia foi divertido e tão cansativo quanto o
anterior, mas dessa vez Nicole se animou para
continuar a aventura. O chamou para ir até o centro
de Búzios curtir a noite.
— Tenho de admitir que você fez uma ótima
escolha para a gente relaxar. — Fazia muito tempo
que Nicole não se divertia tanto.
— Esse lugar é um paraíso. Sabia que
gostaria.
— Já tinha vindo a cidade em algumas vezes,
mas nunca experimentei o tipo de programação que
fizemos.
— Sou um bom guia. — Logan piscou e
sorriu quando Nicole mostrou a língua, contrariada
com o convencimento dele.
— Vou ao banheiro, não fuja.

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— Nem tenho a intenção. — ele a observou


se afastar e admirou o requebrar em uma calça
branca sexy, que moldava pecaminosamente a
bunda arrebitada.
Um gemido escapou dele quando percebeu
que passaria mais uma noite tomando banho gelado
e resolvendo o tesão dele sozinho.
— Posso sentar aqui? — Uma exuberante
morena parou ao lado dele, com um sorriso
convidativo nos lábios.
— Infelizmente não, tem uma pessoa sentada.
— Não vejo ninguém. — Para a surpresa de
Logan, ela sentou e cruzou as pernas, exibindo
coxas torneadas.
Se fosse em outro momento, ela seria muito
bem-vinda, mas agora que estava com Nicole, teria
que dispensá-la.
— Tá vendo esse copo? — Logan apontou o
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drinque que Nicole estava bebendo.


— Estou. — A morena respondeu, jogando
os longos cabelos para o lado.
— É da pessoa que está ocupando o lugar
onde sentou.
— Você já ouviu o ditado que, quem vai para
a roça, perde a carroça?
— Já ouvi, mas não sou uma carroça. —
Logan tentava manter o cavalheirismo, mas estava
perdendo a paciência.
— Claro que não, está mais para um Jaguar.
— Para a surpresa dele, a mulher subiu a mão pelo
seu braço e depois acariciou o tórax. — Essa sua
tatuagem é linda.
— É linda, mas tem dona. — Logan olhou
para trás quando ouviu Nicole responder à mulher.
Notou o rosto enfurecido encarando a morena. —
Tire a pata do meu marido. — Sem controlar a
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raiva, Nicole deu um tapa na mão da mulher.


— Ela já está indo embora, Nicole. —
Rapidamente Logan tentou controlar a situação.
— Claro que está, pois se não for eu mesma a
tiro do meu lugar. — Como Nicole já tinha bebido
vários drinques, jogou na bebida a culpa por ferver
de ciúme.
— Se eu fosse você não deixaria o seu
homem sozinho em uma cidade como essa. —
Nicole olhou para a maldita, contando até dez para
não responder o desaforo sentando a mão nela.
— Nem deixei o meu marido sozinho,
querida. Fui apenas ao banheiro, mas não tenho
culpa se as piranhas da cidade não sabem respeitar
o espaço das esposas.
Logan olhou chocado para Nicole, era a
pessoa mais educada que já conheceu. Nunca a
ouviu falar um palavrão, mas neste instante,
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desconhecia a mulher que estava a sua frente.


— Calma, Nicole. — Tentou segurar o braço
da esposa, mas ela se soltou e manteve o olhar
preso a mulher que a encarava.
— Estou de saída. — Nicole observou-a sair,
com vontade de agarrar os cabelos dela.
A desgraçada tinha colocado as mãos em
Logan e se não tivesse chego logo, certamente ele a
deixaria ir além. Talvez até a levasse para o quarto,
já que estava tão tranquilo sendo tocado.
Sem se controlar, Nicole teve raiva dele. Os
dois estavam em uma falsa lua de mel, mas Logan
deveria ao menos tentar manter-se distante de
outras mulheres nesse período.
— Quero ir embora. — Sentenciou assim que
a mulher saiu.
— Não vamos estragar a nossa noite por
causa de uma pessoa que nem conhecemos. —
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Logan tentou minimizar a situação para relaxá-la.


— Então quer dizer que deixa pessoas
desconhecidas acariciarem você? — Nicole
colocou uma das mãos na cintura.
— Ela não me acariciou, apenas...
— Está me chamando de cega, Logan? —
interrompeu a desculpa dele. — Vou deixar o
primeiro homem que eu encontrar colocar as mãos
em mim. — Rapidamente Nicole se virou em busca
de alguém, mas sentiu o braço de Logan puxando-a
pela cintura.
— Pode parar, não vamos brigar por causa de
um equívoco.
— Tem certeza de que vai chamar o que
aconteceu de apenas um equívoco?!
— Eu estava colocando-a para correr, mas
você não me deu tempo.

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— Mentira! — Ela sentiu o sangue ferver e


dessa vez não colocou a desculpa na bebida, mas
sim no ciúme. Sabia que não deveria fazer uma
cena, mas era insuportável a ideia de vê-lo com
outra mulher. — Aposto que até pegou o telefone
dela. — A acusação saiu ridícula até para ela
mesma, mas nada a pararia.
— O que deu em você?
— Vou embora. — Nicole se soltou e saiu
entre as pessoas do bar.
Ela o odiava e tinha raiva da vadia que se
aproximou dele, mexendo com sua cabeça.
Amanhã certamente se arrependeria de tudo o que
fez, mas agora estava tão chateada, que nem se
importava em se comportar como uma idiota.
— Volta aqui, Nicole. Você não vai embora
sozinha.
— Vou onde quiser, você não manda em
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mim.
— Sou o seu marido, isso me dá certos
direitos.
— Nosso casamento é uma farsa.
— Você vai querer brigar mesmo?
— Não estou brigando, você é que veio atrás
de mim.
— Porra, Nicole, como posso te deixar ir
embora?
— Te pedi para vir comigo? Fique e
aproveite sua noite, está desobrigado de ficar como
meu babá.
— Estou longe de querer ser o seu babá. —
Como ela se recusava a ceder ao que queria, ele a
enlaçou pela cintura e puxou o corpo dela. Essa
crise de ciúme o tinha deixado louco. Talvez esse
fosse o momento certo para pressioná-la um pouco

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a ir para a cama dele. — Quero ser o seu marido,


em todos os sentidos da palavra.
Nicole colocou a mão sobre o peito dele e
sentiu a pele quente. Era impossível olhar para um
homem como Logan sem deixar o desejo controlar
o bom senso. Fazia uma mulher perder o juízo em
segundos.
— Me mostre como quer ser o meu marido.
— Nicole deixaria para pensar no que tinha pedido
em outro momento, agora só precisava que ele
aplacasse o fogo líquido que havia se instalado
entre as coxas.
Logan abaixou a cabeça e aprisionou os
lábios dela em um beijo punitivo e, ao mesmo
tempo, desesperado.
Quando a língua dele invadiu-lhe a boca,
Nicole gemeu e rodeou os braços sobre os ombros
dele. Queria o marido urgentemente e precisava ser
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agora. Se pensasse um pouco mais, certamente


desistiria e passaria mais uma noite em extrema
frustração sexual.
— Me tira daqui. Eu preciso de você.
— Não prometa nada que não tenha intenção
de cumprir, querida.
— Estou afirmando que preciso de você.
A resposta foi direta, sem tirar os olhos dele.
Por isso Logan nada mais disse, apenas se
encaminhou para o ponto de táxi mais próximo e
seguiu em silêncio para o hotel, programando cada
detalhe da noite de paixão que teriam.

Assim que chegaram, Logan a carregou para


o quarto. Juntos caíram na cama com as bocas
coladas em um beijo descontrolado. Sentia que
poderia explodir a qualquer momento, enquanto
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Nicole queria deixar o corpo impregnado com o


cheiro dela, a ponto de nenhuma outra mulher
querer se aproximar.
Tirou a camisa e ergueu-se para retirar a
calça dela, mas a maldita parecia grudada no corpo.
Praguejou, mas Nicole teve piedade e o ajudou.
Quando ele viu a microcalcinha que a esposa usava,
admirou por alguns segundos a renda branca, que
contrastava com a sua pele recém-bronzeada.
Com vários pensamentos libidinosos na
mente, correu um dedo pela delicada renda e
percebeu que poderia rasgá-la com apenas um
puxão. Com um movimento hábil, transformou a
peça em um simples pedaço de tecido rasgado.
— Eu gostava dessa calcinha…
— Depois compro outras para você. —
Enfiou a mão por baixo da blusa dela e acariciou-
lhe a barriga. — Mas quero que experimente para
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mim todas antes de comprá-las. — Sorriu enquanto


a despia.
Nicole estava sem sutiã, o que o deixou ainda
mais feliz. Agora estava nua e à mercê do seu
toque. Sem mais espera, segurou os dois seios da
esposa e os juntou, para em seguida colocar um de
cada vez na boca. Eram lindos, pequenos, rosados e
macios. Perfeitos para serem chupados com calma,
o que aconteceria mais tarde. Agora precisava
aliviar um pouco o tesão que os dois sentiam.
Com desespero, Nicole segurou o rosto do
marido e o puxou para si. Precisava tocá-lo para
não pensar no que estava fazendo. Se deixasse a
cabeça funcionar, certamente se arrependeria e
transformaria a noite deles em uma grande
frustração.
Logan sentiu as mãos dela correrem por suas
costas e gemeu. Ela estava claramente excitada,

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mas ele precisava que estivesse muito mais


estimulada para poder recebê-lo com a intensidade
que desejava. Por isso, desceu a mão e estimulou o
clitóris com movimentos lentos e precisos.
Tentando controlar a pressa, foi degustando o
corpo de Nicole com cuidado, estimulando pontos
secretos enquanto ouvia os resmungos e suspiros.
Quando percebeu que estava pronta, terminou de
tirar a própria roupa e pegou uma camisinha. Em
breve teria uma conversa com ela sobre
preservativos, pois não queria nada entre eles,
desejava apenas sentir o corpo dela, sem nada
artificial atrapalhando.
Quando Nicole sentiu Logan centralizar-se na
entrada, prendeu a respiração ansiando por ser
invadida. Assim que sentiu os primeiros
centímetros dele deslizarem entre as dobras,
suspirou fundo e apertou a bunda dele para que a

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penetrasse mais fundo.


— Vamos devagar, Nicole. — Logan tentou
controlar a ansiedade da esposa.
— Nada de calma, quero você. — Cravou as
unhas na bunda dele e impulsionou os quadris para
que ele fosse mais fundo.
— Eu não quero te machucar. — A diferença
do tamanho deles era gritante, por isso ele sabia
que deveria ir devagar.
— Pelo amor de Deus, me come!
Logan a olhou abismado, tentando entender o
que estava acontecendo. Nicole era sempre
controlada, a voz nunca ultrapassava certo volume
e demonstrava uma meiguice que, naquela noite,
tinha evaporado. Mas estava gostando, até poderia
se acostumar com esse atrevimento.
Como insistia para que as coisas fossem mais
intensas, Logan segurou os quadris dela e a estocou
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profundamente. Os dois gemeram juntos e a


prudência escapou quando ela cruzou as pernas na
cintura dele, sinalizando que queria mais.
Desse momento em diante, mergulharam em
uma intensa jornada sexual que acabou com um
grito rouco de Nicole quando o prazer a dominou.
Logan não se prolongou muito e aproveitou os
espasmos vaginais dela para aumentar as investidas
e também explodir em um gozo forte, que lhe deu
uma momentânea satisfação. Finalmente teria uma
noite de sono, pois havia conseguido a tão sonhada
companhia da esposa.

Nicole esticou os braços e sentiu o corpo


reclamar da noite anterior. Ainda não acreditava
que tinha perdido o controle, mas a verdade é que a
noite tinha sido maravilhosa. Eles praticamente não

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dormiram e apenas quando os primeiros raios da


manhã estavam surgindo no horizonte que se deram
por vencidos.
Com um sorriso bobo nos lábios, virou o
corpo e viu Logan ressonando baixo, com um dos
braços cobrindo os olhos. Nicole aproveitou para
observar o corpo forte em detalhes.
Era inegável que teve muita sorte em ter o
encontrado. O sexo entre eles era tão incrível…
Logan a fazia se perder em poucos minutos, como
se algo inexplicável se apoderasse do corpo dela
Sem fazer barulho, saiu da cama e foi para o
banheiro. Ao observar o reflexo no espelho, não se
reconheceu. Parecia uma mulher devassa, o sorriso
insistente no rosto revelando que estava satisfeita.
Com o ânimo renovado, limpou-se e
programou o que faria com o marido até o
momento de irem embora. Agora que tinha perdido
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a batalha interna sobre o desejo que sentia, não


dispensaria a oportunidade de ficar ao lado do
homem que a enlouquecia. Viveria tudo durante
esse dia, e quando regressassem para o Rio, a vida
deles voltaria ao normal, ou seja, cada um para o
seu lado.
Sentindo-se mais confiante com os
sentimentos, Nicole voltou para o quarto. Deixou o
olhar vagar pelo tanquinho do marido, para logo em
seguida admirar seus braços musculosos e depois
fixar a atenção na tatuagem. Ele era o pecado mais
prazeroso que já cometeu.
Engatinhando na cama, ela mordeu os lábios
quando sentou sobre ele, colocando a mão na
barriga desenhada. Acordaria o marido da melhor
maneira possível. Faria isso usando a boca.
Com cuidado, segurou o membro adormecido
e passou a língua, circulando bem devagar a cabeça

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do pau. Foi aumentando os movimentos e sentiu o


exato momento que não só o membro despertou,
como o dono dele também. Quando ergueu os
olhos, viu Logan a observando com luxúria e
parabenizou a si mesma por ter decidido acordá-lo
de maneira inusitada.
— Bom dia. — Nicole o saudou quando
desocupou a boca e passou a manipulá-lo apenas
com as mãos.
— Bom dia. — Logan tentou verificar se
estava sonhando ou se era realidade. — Está se
divertindo muito?
— Bastante. — Sorriu e voltou ao que estava
fazendo, só que dessa vez, o levou até o fundo da
garganta.
Como a intenção dela era enlouquecê-lo, se
empenhou em fazer o melhor sexo oral da vida
dele. Quando sentiu-o segurar os cabelos dela com
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força, soube que estava no caminho certo.


— Por Deus, Nicole, o que está acontecendo
com você? Quer me enlouquecer?
— Quero.
— Você é uma verdadeira feiticeira. —
Logan a segurou e virou-lhe o corpo para que
pudesse deixá-la de costas. — Se essa informação
te faz feliz, eu já estou enfeitiçado, querida.
Nicole nem teve tempo de responder, pois ele
infiltrou a mão entre as pernas dela e tocou o
clitóris. Ele a estimulou ao limite, até que Nicole
pensou que imploraria para ser possuída. Mas
sentiu que ela necessitava de mais. Em pouco
tempo ele colocou a camisinha e se posicionou
entre as pernas dela entrando com cuidado.
Nessa posição Logan pôde tocar-lhe os seios,
enquanto beijava o seu ombro e arremetia nela sem
medo. Gostava de olhá-la quando gozava, mas
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estava se divertindo em tê-la em uma posição


diferente.
Novamente o orgasmo deles foi surreal, e
dessa vez os dois praticamente gozaram juntos,
entrando em um estado de prazer além do que as
palavras poderiam descrever.
— Acho que tive orgasmos suficientes para
um ano. — Nicole sentia-se extremamente cansada.
— Claro que não. — Logan ajeitou o cabelo
dela para o lado e beijou-lhe o ombro. — Você terá
muitos outros nesse nosso ano de casamento —
Agora que ela tinha liberado o acesso dele,
certamente o ano deles seria repleto do melhor
sexo.
Nicole resolveu silenciar, pois sabia que não
teriam esse tipo de contato quando voltassem para
o Rio.
Ontem ela teve uma crise de ciúme, em parte
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movida pela bebida, e em parte porque odiava saber


que Logan podia lhe trocar por outra mulher. Mas
esse momento de fraqueza não lhe traria bons
frutos, pois do jeito que era carente, ela se apegaria
à Logan mais do que o aconselhável, e quando o
acordo deles acabasse ela sofria horrores.
Na verdade, Nicole estava perdidamente
apaixonada pelo marido e tudo pioraria se
mantivesse o sexo durante o casamento. O certo era
brecar essa intimidade e tentar salvar o coração,
pois quanto mais ficasse perto, mais machucada
sairia no fim.
— O que acha de experimentarmos a
banheira? Desde que cheguei aqui não tomei banho
nela. — A mão de Logan vagou preguiçosamente
pelo quadril dela.
— Acho ótimo, mas preciso de um tempo,
acho que minhas pernas estão tipo gelatina.

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— Tudo bem, enquanto se recupera vou


enchendo a banheira.
Logan pulou da cama e foi na direção do
banheiro, deixando Nicole com a visão perfeita
daquela bunda.
Ela se perdeu em pensamentos e quando se
deu por si, sentiu as mãos dele a erguendo da cama
e a levando para o banheiro.
— O que pensa que está fazendo?
— Te levando para tomar banho. — Logan
entrou na banheira e os acomodou
confortavelmente. — Não se preocupe, apenas
relaxe.
— Isso não vai acabar bem, Logan. — Nicole
odiava essa maneira atenciosa que a tratava, o certo
era Logan ser um estúpido, um imbecil que odiasse,
mas ele era o oposto, dificultando a vontade de
mantê-lo distante.
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Quando o momento de partir chegou, Nicole


se sentiu triste. Voltariam para o mundo real e nele
não existia espaço para o tipo de cumplicidade que
desenvolveram nesses três dias em Búzios. Agora
era a vida deles que estava em jogo e, nessa vida,
lutaria para resguardar os próprios sentimentos.
— Preparada para deixar esse paraíso?
— Acredito que ninguém esteja preparado
para isso, mas temos que voltar.
— Em breve voltaremos aqui. — Assim que
tivesse um tempo, Logan faria questão de voltar à
cidade.
— Talvez não. — Nicole começou a andar e
sentiu a mão de Logan prender-lhe a cintura.
— O que está acontecendo? — Sentiu-a
diferente, como se estivesse se despedindo de algo.
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— Nada. Apenas estamos voltando a nossa


vida real, Logan. Acabaram as distrações.
— O que está querendo dizer?
— Tudo o que aconteceu aqui acabou, agora
é a nossa vida real.
— Como assim acabou? Não estou
entendendo.
— Nada de sexo. O que aconteceu entre nós
foi um erro, mas ainda há tempo para consertar.
— Erro? — Logan não conseguia acreditar
no que estava ouvindo.
— Não irá se repetir. — Sem dizer mais
nada, Nicole caminhou para longe dele, antes que
fizesse a besteira de se jogar nos braços do marido.

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Capítulo 21

Logan entrou na sala de reuniões de


Deonedes sentindo-se confiante. Havia conversado
com o homem assim que voltou de Búzios e
acertaram o fechamento das ações tão desejadas.
Agora era questão de tempo até Logan comprar a
porcentagem dos pequenos acionistas, para
conseguir o controle da empresa e ficar em pé de
igualdade com o velho preconceituoso.
— Acho que podemos começar. — Deonedes
olhou para Logan e o advogado.
— Claro que sim. Tenho um dia cheio hoje.
Daqui a pouco eu e o Luiz estaremos em uma
audiência no fórum. — Mentiu para não prolongar
a reunião.
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— Bem… — Deonedes se reclinou na


cadeira e ajeitou o paletó. — Eu fiz o contrato
como combinamos, mas tem uma pequena
alteração. — Logan olhou para aquele homem
ardiloso e não gostou do tom.
— Qual? — Se estivesse pensando em
desistir, Logan perderia o juízo e atiraria o infeliz
pela janela.
— As ações serão suas, fique calmo, mas
mudaremos a porcentagem.
— Seja mais claro. — Logan percebeu que a
conversa não terminaria bem.
Nessa hora alguém atravessou a porta.
— Desculpa o atraso, tive um contratempo
antes de sair. — A voz de Tiago Barreto os
interrompeu.
— Chegou a tempo. — Deonedes ergueu-se e
apertou a mão do outro. — Sente-se. Ia contar
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agora para o Logan que você também terá parte das


ações.
— Como assim? — Logan olhou para os
dois, irritado. — Nós acertamos semana passada
que eu teria os quarenta por cento.
— Eu me lembro, mas decidi que você ficará
com trinta e cinco. Passarei os cinco restantes para
o Tiago, acrescido de mais cinco, parte das minhas
ações.
Logan ficou pasmo com a informação.
Aquele canalha teria não só parte das ações que
deveriam ser dele, como também teria da parte de
Deonedes. Era uma afronta essa proposta,
inaceitável.
— Você me deu a sua palavra, e não aceitarei
essa mudança de última hora.
— Eu disse que teria as ações, mas não
quanto seria.
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— Estamos há meses discutindo essa


porcentagem! Como vem me dizer que não temos
um número fechado?
— É pegar ou largar, Logan. — A
intimidação do velho lobo deixou-o ainda mais
possesso.
— Será que você pode nos dar um minuto?
— Luiz ergueu um dedo para Deonedes.
— Fique à vontade. — O homem sinalizou
para Luiz que daria o tempo que precisava.
Luiz puxou Logan para fora da sala de
reuniões. Sabia que tinha de intervir na situação ou
o amigo perderia as estribeiras, acabando com toda
a negociação.
— Eu vou matar aquele velho! Esse filho da
puta está achando que sou um moleque.
— Calma, respira. — Luiz segurou nos dois
braços do amigo e o fez encará-lo. — Nem tudo
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está perdido. — Como Logan estava nervoso, o


outro assumiu para si a responsabilidade de
estabilizá-lo e fechar o acordo. — Vamos pegar os
trinta e cinco por cento
— Nem fodendo que aceito isso! Combinei
os quarenta e não saio daqui sem os números que
fechei com esse merda.
— Presta a atenção no que vou te falar. —
Luiz respirou fundo, organizando as ideias. — Com
esses trinta e cinco, você ainda vai continuar tendo
dez por cento a menos que o Deonedes. Isso
mantém o plano que temos de comprar os dez por
cento dos pequenos acionistas, só que acabamos
tendo uma vantagem.
— Não vejo nenhuma. — Não conseguia
acompanhar o raciocínio do amigo.
— Acorda, Logan! O Tiago só está nesse
negócio porque soube que você tinha entrado na
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disputa. Nem vai querer nada com a empresa,


sabemos disso. É só uma maneira de competir, já
que não consegue te vencer nos tribunais. Mas com
ele em jogo, fica mais fácil depois pegarmos esses
dez por cento dele, e se fizermos isso você será o
sócio majoritário e, adeus controle do Deonedes.
Quando todo o raciocínio de Luiz começou a
fazer sentido, Logan percebeu que ele tinha razão.
Se soubesse manipular a situação, teria o controle
da empresa utilizando a porcentagem que Deonedes
estava disposto a dar para o inimigo.
— Mas será que consigo as ações do Tiago?
— Daremos um jeito. Agora vamos examinar
o contrato e ver se ele só modificou a porcentagem
ou teve algo a mais.
— Certo. Você tem razão, arrumaremos
depois uma maneira de coagir Tiago.
— Isso aí. — Luiz bateu no ombro do amigo
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e abriu a porta para que voltassem à reunião.


— E aí, Logan, o que decidiu? — Deonedes
perguntou assim que retornaram.
— Onde está o contrato? Quero ver as
alterações.
— Está aqui. — Deonedes pediu que o
advogado cedesse o contrato. — O Tiago já assinou
a parte dele, agora ele é um acionista da empresa,
só falta você aceitar os trinta e cinco por cento que
estou disponibilizando.
— Preciso ler com calma, pois depois dessa
mudança de planos não quero ter mais surpresas. —
Logan não o pouparia. Deixaria bem claro que essa
sociedade seria mantida com base na desconfiança.
— Se quiser leve e examine o contrato com
calma e amanhã venha aqui que assinamos todos os
papéis.
— Ótimo. — Luiz se antecipou e pegou o
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contrato. — Vamos olhar isso assim que voltarmos


do fórum. Agora temos de ir. — Fez sinal para o
chefe e amigo acompanhá-lo.
Logan não entendeu a pressa, mas adorava a
ideia de ir embora.
— Nós nos falamos amanhã.
— Pense bem, ou pego as suas ações. —
Tiago sorriu ao zombar dele.
— Espere sentado, Tiago.
Logan saiu da sala soltando fogo. Se não
tivesse trazido Luiz, certamente a reunião teria
acabado de forma trágica.
— Quero matá-los. — Sentenciou assim que
começaram a caminhar para o elevador.
— Vamos passar a perna nesses otários, o
que é melhor.
— É… talvez tenha razão. — Logan sorriu e

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pensou nas possibilidades que surgiriam dali em


diante.

Nicole lavou as mãos sujas de argila,


sentindo uma dor profunda na base da coluna.
Tinha passado boa parte da tarde trabalhando em
uma escultura. Sentia-se exausta. Desde que voltou
de Búzios, tinha se jogado no trabalho para manter-
se ao máximo longe do marido. Não era fácil ter
um homem como ele por perto e não aproveitar
tudo o que era oferecido.
Trabalharia até tarde e tentaria evitar ir para à
casa dele. Durante a semana conseguiu ficar uma
noite por ali, sem que ele a rondasse, mas nos
outros teve de dormir no novo lar.
Ontem a mãe de Logan apareceu de surpresa
na hora do jantar e Nicole ainda teve de enfrentar o

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mau humor da mulher. A sogra sabia ser


desagradável e deixava transparecer em cada
oportunidade que não a aceitava como nora. A
inconveniência dela foi tanta que Nicole simulou
uma dor de cabeça para fugir da conversa e se
refugiar no quarto.
Para não ter problemas, fingiu que estava
dormindo, quando o marido foi ao encontro dela
tentar conversar depois que Elisabeth foi embora.
Ainda querendo evitar o esposo, mandou uma
mensagem mais cedo avisando que ficaria
trabalhando até tarde. Surpreendentemente, recebeu
apenas um “O.K.” do marido. Parecia até sentir-se
aliviado por ela não estar em casa.
Uma batida na porta chamou-lhe a atenção.
Foi até ela, e quando abriu, viu a amiga Joana, sua
vizinha, do outro lado, sorrindo.
— Bom te encontrar aqui. — Joana a abraçou
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com carinho. — Acabei de chegar de viagem e


fiquei sabendo que casou. Como isso aconteceu em
tão pouco tempo?
— É uma longa história, Joana.
— Quero saber de tudo.
— Então entre. Vou lhe servir uma bebida
enquanto te conto.
— Adorei a ideia.
Seguiram para a cozinha e Nicole se sentiu
feliz em ter a amiga por perto. Joana havia viajado
a trabalho e perdeu todos os preparativos do
casamento. Na verdade, ela apenas disse que tinha
uma novidade para contar quando a amiga
chegasse, mas pelo jeito alguém havia aberto o bico
sobre o casório antes.
Nicole abriu um vinho e começou a relatar
desde o dia que conheceu Logan até o momento em
que voltaram de lua de mel. Teve vontade de
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confessar que o casamento era de mentira, mas


tinha prometido à Logan que não faria isso.
— Caramba, amiga, que história louca. —
Joana bebeu mais um pouco do vinho e
experimentou o queijo que Nicole tinha colocado
sobre a mesa. — Parece história de novela esse
encontro de vocês.
— É bem louco mesmo. — Ela suspirou ao
se lembrar da maneira que conheceu Logan e como
se encantou com ele à primeira vista.
— Estou curiosa para conhecer o seu marido.
Minha cunhada disse que ele parece um galã de
cinema.
— Sua cunhada conhece o Logan? — Nicole
não gostou de saber daquilo.
— Já viu o Logan conversando com o meu
irmão algumas vezes. — Joana sorriu. — Me disse
que ele é imenso, musculoso…
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— É grande sim. — Lembrou-se do tamanho


de Logan e sentiu um fogo intenso lhe percorrer o
corpo. — Não faltarão oportunidades de conhecê-
lo.
— Estão morando aqui?
— Mais ou menos. — Nicole pensou em uma
maneira de despistar a amiga em relação ao
assunto. — Não quis mudar o ateliê, pois me sinto
confortável nesse espaço. Daí combinei com Logan
de manter essa casa para que possa trabalhar.
— Entendi, agora só veremos a senhora por
aqui a trabalho.
— É, mas às vezes ficaremos aqui. Sabe que
tem época que fico atolada no trabalho.
— Logan… gosto desse nome. — Joana tinha
um sorriso sacana que irritou Nicole.
— Também gosto. — A voz profunda do
marido deu um susto nas duas. — Tive sorte da
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minha mãe ter bom gosto ao escolhê-lo. — Ele


sorriu quando viu ambas olharem, assustadas. —
Boa noite, garotas.
Caminhou com toda a calma do mundo para
o local onde a esposa estava sentada e a beijou
brevemente nos lábios. Já fazia dias que não a
beijava, e como tinha uma amiga na cozinha,
aproveitaria o momento para fazê-lo.
— Logan, essa é a minha amiga Joana.
Lembra que te falei dela? — Nicole sentiu os lábios
formigarem pelo beijo.
— Claro que sim. — Logan apertou a mão da
outra e viu que ela o avaliava. — Um prazer
conhecê-la.
— Digo o mesmo. — Joana tentou evitar
ficar com a boca aberta, mas era quase impossível
já que o marido da amiga era um verdadeiro deus
grego.
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— Quer um pouco de vinho? — Nicole


ofereceu, para tentar quebrar o fascínio da amiga.
— Claro que sim, mas deixa que eu mesmo
me sirvo. — Pegou uma taça e derramou uma
quantidade exagerada da bebida. — Se estiver
incomodando a conversa, posso esperar na sala.
— Claro que não, amor. Só estava
atualizando a Joana sobre as novidades que perdeu
durante o período em que esteve viajando.
— E foram muitas. — Joana sorriu ao ver
Logan tirar Nicole da cadeira em que estava, para
se sentar e colocar a esposa no colo. — Mas a
principal foi o casamento de vocês.
— Foi amor à primeira vista. Era impossível
esperar muito tempo para me casar com ela. —
Logan acariciou-lhe o rosto e viu os lindos olhos
verdes escurecerem ao toque.
— Nossa que romântico. — Joana suspirou
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ao ouvir aquilo. — Que sorte, Nicole. Quero o


endereço do bar onde encontrou o seu marido.
— O quê? — Nicole saiu da névoa de desejo
que Logan havia lhe colocado.
— Tenho que ir. — Joana percebeu que
estava sobrando e decidiu não atrapalhar os recém-
casados. — Depois passo aqui para conversamos
com calma. Já está tarde e amanhã acordo cedo. Foi
um prazer te conhecer, Logan. Espero que nos
encontremos mais vezes.
— O prazer foi todo meu.
— Vou te levar na porta. — Nicole se
ofereceu ao ver a amiga se levantar.
— Não precisa, conheço bem a saída. Até
mais gente. — Joana praticamente correu.
Nicole observou a amiga escapar da cozinha
com pressa e não entendeu o motivo daquela quase
fuga. Estava empolgada com a conversa, mas
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bastou Logan chegar que a amiga mudou de


atitude.
— A Joana está esquisita. Até parece que
estava fugindo. — Tentou ergue-se do colo do
marido, mas foi impedida por sua mão grande.
— Será que está fugindo de mim como você
está fazendo? — Ele segurou o rosto da esposa para
que pudesse observar-lhe a expressão.
— Quem disse que estou fugindo de você? —
Mais uma vez Nicole tentou se levantar e foi
impedida.
— Tem certeza? — Ele bebeu uma dose do
vinho enquanto a fitava nos olhos.
— Por que eu faria uma coisa como essa?
— Por causa disso. — Logan segurou a
cabeça dela e assaltou-lhe a boca com um beijo
cheio de saudades.

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Havia prometido que não tocaria nela sem


que pedisse, mas era quase impossível resistir
quando via o desejo estampado naqueles olhos.
Nicole era teimosa e por algum motivo estava
lutando bravamente para não sucumbir à atração
que sentia, só que Logan não tinha essa força de
vontade, a queria cada segundo do dia.
A surpresa do beijo fez Nicole abrir os lábios
e lhe dar acesso. O gosto de vinho alimentou ainda
mais o desejo dela que, sem pensar com clareza,
passou os braços pelo pescoço dele, acariciando o
cabelo que começava a crescer.
O certo seria afastá-lo, mas no fundo não
queria se distanciar. Até porque queria Logan, não
apenas um beijo, mas ser dominada pelo corpo
grande, deixando-se levar pelos encantos.
— Como foi o seu dia?
— O quê? — Nicole piscou algumas vezes
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para voltar à realidade.


— O seu dia, meu anjo. Quero saber como
foi. Trabalhou muito?
— Bastante. — Fitou os olhos escuros de
Logan, tentando compreender qual era o jogo dele.
— Isso significa que pode voltar para casa
comigo?
— Logan. — Nicole tentou colocar em
ordens os pensamentos. — Mandei mensagem
avisando que ficaria aqui trabalhando.
— Eu vi a mensagem, e por isso vim até aqui.
— Passou os braços ao redor da cintura dela e a
trouxe para mais perto de si. — Queria saber qual
era o trabalho tão importante que te faria ficar presa
aqui, sozinha. Mas pelo que vi, você já o terminou.
Isso significa que podemos voltar para casa.
— Eu vou voltar a trabalhar, só parei para
atender a Joana.
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Logan percebeu que ela estava mentindo,


mas, mesmo assim, decidiu que não a contestaria.
Pelo contrário, se mostraria compreensível.
— Sem problemas, já que ainda tem serviço a
fazer te acompanharei. Você já jantou? Vou pedir
algo para mim, estou faminto.
Nicole olhou para ele, incrédula. Não o
queria ali, mas estava sem ideias de como mandá-lo
embora.
— Por que não vai jantar em casa? Tenho
certeza que a Dalva fez algo especial.
— Eu avisei que teria trabalho e dispensei o
jantar. Vai querer o quê? Vou pedir antes de tomar
um banho. Estou cansado e o meu dia foi um
inferno.
— Eu… — Nicole ficou passada com a
intromissão dele, já que os planos era fugir do
marido por esta noite, mas pelo jeito tudo
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desandou. — Quero sim.


— Serve uma massa?
— O que você pedir.
— Ótimo. — Logan a beijou rapidamente e
pôs os dois de pé. — Ligarei para o restaurante e
depois vou tomar meu banho. Se quiser pode
trabalhar enquanto o jantar não chega.
Sem mais palavras, ele saiu da cozinha e
deixou Nicole parada, ainda perplexa.

Nicole olhou o corpo grande do marido


espalhado na cama e gemeu baixinho. Ele tinha
comprado um jantar divino, em um restaurante
chique, que ela nem sabia que entregava em casa.
Depois assistiu ao jornal na sala como fazia quando
estavam na casa dele e quando acabou, avisou a ela
que estava indo para o quarto. Inclusive lhe
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aconselhou a não dormir muito tarde.


Na hora ela ficou sem saber o que responder.
Apenas concordou com tudo e o viu desaparecer na
escuridão do corredor.
Quando estavam na casa de Logan, ela tinha
o próprio quarto e isso lhe dava mais tranquilidade
para fugir. Mas ali ele parecia não respeitar a
individualidade de Nicole e se apossou do lugar
dela, ignorando completamente o quarto de
hóspedes.
Como se estivesse indo para o calvário,
Nicole deitou-se ao lado, sentindo o corpo reagir
imediatamente a presença do marido. Ele a
dominava mesmo dormindo e tudo o que gostaria
era de que ele acordasse e a tomasse nos braços,
como fez em Búzios.
Puxou uma parte do edredom e se enrolou.
Como não conseguiu resistir à tentação, se
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aproximou de Logan e arregalou os olhos quando


percebeu que estava nu.
Um calor extremo se apossou dela. Soube
naquele minuto que não conseguiria dormir. Era
impossível estar com aquele homem, daquele jeito
sem conseguir saciar-se. A intenção dela era manter
distância até que o casamento acabasse, mas cada
dia ficava mais difícil seguir com essa decisão.

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Capítulo 22

Logan sorriu quando viu que Nicole estava o


despertando da mesma maneira que fez em Búzios.
Sabia que tinha sido uma boa ideia ter dormido na
cama dela, pois estava escrito nos olhos da esposa
que o desejava.
— Eu te quero tanto, Nicole. É difícil demais
ficar longe de você. — Esticou a mão para tocá-la,
mas do nada viu a figura de Tiago aparecer no
quarto e a segurar pelos braços.
— Eu vou tirar tudo o que ama, Logan. — O
filho da mãe sorriu e a apertou com força. —
Primeiro será as ações da empresa e depois sua
esposa. Perderá tudo! Seu lugar é na sarjeta. Você e
a sua família nunca deveriam estar no meio de
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pessoas como nós.


— Solta a minha mulher! — Logan entrou
em desespero.
Com pavor, observou o inimigo arrastar
Nicole pelo quarto, até que os dois sumiram pela
porta. Tentou se levantar, mas algo o prendia a
cama, e por mais que quisesse correr atrás deles,
uma força invisível o impedia.
— Logan, acorda. — Nicole voltou a sacudir
o ombro dele quando ouviu o segundo grito de
pavor.
Ele abriu os olhos e viu a expressão
preocupada da esposa. O coração parecia que ia
explodir. Todo o corpo estava trêmulo pelo ódio
que sentia com aquele pesadelo.
Sem pensar duas vezes, segurou a esposa e a
trouxe para si, pois precisava sentir o corpo dela.
Nicole não ofereceu resistência quando foi
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abraçada.
— Calma, eu estou aqui. — Acariciou-lhe o
tórax e beijou-o no pescoço. Ela podia sentir o
coração dele acelerado e por isso decidiu que
deveria esquecer todos os planos de manter-se
afastada.
— Eu sei. — Logan a apertou ainda mais e
fechou os olhos quando começou a acalmar-se.
— Você quer falar sobre o pesadelo? —
Nicole levantou os olhos para encará-lo.
— Não. — Ele acariciou-lhe o rosto e
agradeceu a Deus por ter acabado. — Só quero
você, Nicole. Agora.
Ele virou o corpo dela e começou a beijar-lhe
o pescoço, descendo até erguer a camisola e chegar
na barriga plana. Precisava urgentemente da
esposa, senti-la sua, e que nada de mal estava
acontecendo.
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Por alguns segundos Nicole ficou paralisada,


mas tudo ganhou foco quando ele lhe tirou a
calcinha e a língua invadiu-lhe a sua umidade,
despertando um desejo desenfreado de tê-lo dentro
de si. A razão deu lugar ao tesão e sequer ofereceu
resistência quando ele a devorou com a boca,
deixando-a à beira do precipício.
Desse momento em diante, Nicole se
condicionou a apenas sentir, fechando os olhos e
permitindo que o corpo sucumbisse ao desejo.
Quando Logan a virou e se instalou entre as pernas
dela, apenas suspirou ao senti-lo deslizando dentro
de si, iniciando uma série de movimentos que
incendiaram-lhe o coração e a fizeram encontrar o
prazer em poucos minutos.
A verdade era que Nicole queria o marido, e
estava quase impossível manter-se distante. Estava
seguindo para um caminho de dor, mas o corpo

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parecia ter vida própria e não entendia que


precisava resguardar o pobre coração.
Logan sentiu o corpo estremecer quando um
poderoso orgasmo o dominou. Sentia-se calmo,
agora que tinha Nicole. Afagou o seio dela sobre a
camisola e beijou-lhe na curva do pescoço.
Assim que o seu corpo se calmou dos últimos
espasmos de prazer, permaneceu em silêncio,
esperando para ver se ela reclamaria do que acabou
de acontecer.
— Nicole, você está bem?
Ela fechou os olhos quando ouviu aquela voz
rouca. Queria xingá-lo por enlouquecê-la com tão
pouco, mas se sentia incapaz de jogar sobre os
ombros dele toda a culpa por mais uma vez terem
transado. No fundo sabia que era tão culpada
quanto ele, pois estava lutando contra algo muito
maior e incontrolável.
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— Estou. — Se mexeu na cama para


desprender dele.
Quando se soltou de Logan, o sentiu
escorregar de dentro do corpo e algo úmido a
molhou no meio das coxas. Olhou para baixo e
percebeu que ele tinha esquecido a camisinha.
Nicole fechou os olhos e praguejou baixinho,
apesar de terem feito exames pré-nupciais. Se
recusava a ter esse tipo de intimidade entre eles,
pois dificultaria ainda mais a situação caso surgisse
uma inesperada gravidez.
— Você esqueceu a camisinha, Logan.
— Desculpa. — Ele sentou e passou a mão
pelo rosto. Estava tão nervoso depois do sonho, que
se esqueceu completamente do preservativo. Não
que se importasse com isso, mas jamais deixaria de
usá-la sem o consentimento da esposa. — Eu
realmente me esqueci, Nicole. Perdão.

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— Deixa pra lá.


Logan olhou para a visão do corpo delicado
dela, que se levantou para ir ao banheiro, e jogou o
corpo na cama. Tinha feito merda e esperava de
verdade que ela não ficasse chateada com o
acontecido.

— Quer conversar sobre o que aconteceu? —


Logan entrou na cozinha e viu Nicole sentada,
bebendo um pouco de café.
— Agora que passou não tem motivos para
lamentações. — Ela foi mais seca do que o
necessário e o viu se retrair com o tom de voz. —
Fiz café, bebe um pouco.
Nicole o observou caminhar até a cafeteira e
pegar um pouco. Sentou-se próximo dela, que
estendeu o prato com alguns pãezinhos que havia

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esquentado. Em silêncio, ele pegou um e


experimentou devagar o café.
— Com o que estava sonhando? Foi difícil te
acordar.
— Um sonho louco. — Descartou o pão,
perdendo completamente a fome ao lembrar das
mãos de Tiago nela.
— Quer falar sobre? — Ela estava se
corroendo por dentro para saber o que fez aquele
homem gritar de pavor como uma criança
assustada.
— Não. O importante é que passou e agora
está aqui comigo. — Nicole olhou para ele,
intrigada.
— Por acaso eu estava nesse sonho?
— Estava, mas vamos deixar esse assunto
para depois.

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— Certo. — Por algum motivo Nicole


relaxou. Ele certamente teve um sonho ruim com
ela e por isso teve aquela reação quando acordou e
viu que estava bem. — Como foi a negociação?
Conseguiu fechar o negócio? — Tinha se esquecido
de perguntar.
— Não foi como eu esperava, mas em breve
reverto à situação.
Logan observou Nicole olhá-lo intrigada, e
como ela tinha sido crucial no desenrolar dessa
história, decidiu contar os detalhes do que tinha
acontecido.
Relatou a armação de Deonedes e depois
sobre o plano de Luiz para conseguir as ações que
necessitava para controlar a empresa. Ela ouviu
tudo atentamente e concluiu que não tinha a
mínima condição de ser uma empresária de
sucesso.

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— Vai aceitar mesmo esses trinta e cinco por


cento?
— Vou. Por enquanto eles me servem, mas
em breve mudo isso.
— Já falou com a sua irmã?
— Já, e ela não gostou nada, mas é melhor
ficar nesse primeiro momento com essas ações do
que nada.
— Então o nosso casamento não foi em vão?
Logan a olhou por um longo tempo antes de
responder a pergunta. Ainda que não tivesse
conseguido as ações, o casamento deles nunca teria
sido à toa. Só de relembrar de tudo o que passaram
na lua de mel, cada segundo valia a pena.
— Ele jamais será em vão…
Nicole olhou a verdade nos olhos dele e ficou
sem saber o que responder. Ao mesmo tempo em

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que achava que Logan estava ao lado dela apenas


para conseguir se dar bem nos negócios, acabava se
confundindo e acreditando que realmente gostava
dela.
— Você vai para o escritório agora? —
Nicole decidiu mudar de assunto.
— Primeiro vou passar em casa. Preciso
trocar de roupa.
— Tá bom. — Ela encarou a própria xícara
sem saber o que falar.
— Vai dormir em casa hoje?
— Eu dormi em casa ontem à noite, Logan.
— Sabia muito bem o que tinha sido perguntado,
mas quis esclarecer que a casa dela não tinha
mudado.
— Nicole, sabe do que estou falando. Somos
casados e lá é oficialmente o seu lar.

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— E por quê? — Certa rebeldia passou por


ela quando viu a propriedade com que o marido
falava.
— Nós conversamos sobre isso antes. Você
aceitou.
— Eu sei. — Ela ficou chateada consigo
mesma por não ter discutido mais a fundo sobre
aquilo.
— Vou te encontrar em casa quando chegar?
— Vai. — Depois de alguns segundos em
silêncio, finalmente ela respondeu.
— Quer ir jantar fora? Podemos ir naquele
restaurante argentino da marina.
— Vou ver o meu estado de ânimo durante o
dia, depois te ligo.
— Tudo bem. — Ele levantou e se
aproximou dela. — Sei que hoje quebrei a regra de

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te esperar se aproximar, mas precisava de você. —


Segurou a mão dela e a fez se erguer para poder
envolvê-la em um abraço apertado.
— Vamos esquecer isso. Já aconteceu. —
Nicole sabia que ele estava se sentindo perdido
quando acordou e por isso não se importava que ele
tivesse avançado o sinal. Pelo contrário, estava se
sentindo de certa maneira feliz por ser uma espécie
de cura para Logan.
— Nicole. — Ele se afastou um pouco dela
para encará-la. — Eu quero que saiba de uma coisa:
não existe ninguém na minha vida, nem precisa se
preocupar com a ausência de camisinha.
— Eu confio em você. — Neste momento ela
não se incomodou em dizer isso, pois era verdade.
— Obrigado. — Logan beijou suavemente os
lábios dela e a soltou. — Se precisar de alguma
coisa, me ligue.
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— Tudo bem, nos encontramos à noite.


Ele sorriu e com muito pesar se afastou da
esposa. Gostava de Nicole além do limite, era
impossível resistir à força poderosa que o puxava
na direção dela.
Ela era diferente de todas as mulheres que já
tinha conhecido. Sentia uma necessidade estranha
de ficar perto dela, de sentir-lhe o cheiro,
experimentar o gosto, ver o rosto delicado, sentir o
calor. Aquela mulher tinha conseguido se infiltrar
na pele dele de uma maneira surpreendente,
fazendo-o perder o controle das próprias emoções.

— Contrato assinado. — Logan jogou a pasta


com os papéis das ações sobre a mesa da irmã. —
Momentaneamente temos trinta e cinco por cento
da empresa do imbecil do Deonedes.

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Bianca olhou a pasta e passou a mão


pensativamente por ela. Estava descontente com o
resultado das negociações, mas no momento
estavam sem saída. Era melhor ficar dentro da
empresa, na espreita de mais ações, do que sem
nada.
— Tem certeza que o plano do seu amigo vai
dar certo? — O desprezo na voz dela ao falar de
Luiz irritou Logan, mas decidiu que recusaria mais
uma briga com ela por causa disso.
— Claro que tenho, o Luiz é ótimo em bolar
planos. Tenho certeza de que encontraremos uma
maneira rápida de ultrapassarmos esse obstáculo.
— Vou esperar sentada. — Bianca pegou a
pasta e colocou em uma gaveta, sem nem ao menos
se dar ao trabalho de olhar os papéis. — Como está
sua esposa? Soube que a mamãe foi atormentar o
juízo de vocês.

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— Ainda não sei o que foi fazer lá em casa.


A mamãe não se conforma que eu me casei com
uma mulher branca.
— Ela leva a sério a união de raças. —
Bianca fez um gesto de aspas com as mãos quando
falou isso. — Na verdade não vou crucificá-la.
Depois de ouvir tantos insultos dos brancos, é
natural que queiramos ficar interligados aos nossos.
— Nunca vi as coisas por esse ângulo. —
Logan sentou e cruzou as pernas. — Ela precisa
parar de devolver o preconceito das pessoas.
— Difícil fazer isso quando toda vez que se
entra em uma loja de grife as pessoas logo te dizem
que não tem vaga de emprego. Como se uma
pessoa negra não pudesse ter dinheiro suficiente
para comprar uma bolsa da Gucci.
Logan trincou os dentes quando ouviu a
verdade da irmã. Tinha passado por situações como
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essa por várias vezes. Nunca negaria que em cada


uma delas teve vontade de socar a cara das pessoas
que o menosprezavam.
— Entendo o seu sentimento, Bia, mas
precisamos mostrar que somos melhores do que
essa gente preconceituosa.
— Eu tento, mas a mamãe já passou por
muita coisa. É difícil para ela ver uma mulher loira,
de olhos verdes como a esposa do próprio filho.
— O que devo fazer? — Logan abriu os
braços, irritado. — Me recuso a contar para a nossa
mãe que me casei como parte de uma negociação.
— Ela entenderia perfeitamente a situação,
Logan, mas contestaria a escolha da esposa. —
Bianca deu de ombros. — Eu não me importo com
a Nicole, meu problema é apenas a maneira que
olha para ela. Estou incerta se esse casamento vai
ser encerrado no final do prazo estipulado.
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A observação da irmã desestruturou Logan.


Ele tentava não transparecer para os outros o
fascínio que sentia por Nicole, mas às vezes
esquecia que deveria segurar o desejo despertado.
— Eu escolhi a Nicole porque tenho tesão
por ela, Bia. Como escolheria uma mulher para
viver um ano da minha vida sem que me desse
vontade de e ir para a cama com ela? — As
palavras dele soaram cruas demais para uma
conversa com a própria irmã, mas precisava ganhar
o controle da situação.
— Continue acreditando na sua historinha,
meu bem. Daqui alguns meses retornaremos neste
assunto. Quero ver se estará tão seguro. — Bianca
se ajeitou na cadeira e abriu um arquivo no
computador. — Preciso terminar um trabalho. Hoje
tenho que voltar cedo para a casa. Portanto, quando
sair, feche a porta.

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O queixo de Logan despencou quando ele viu


a irmã virar o corpo e começar a digitar no
computador, o ignorando completamente. Estava o
dispensando descaradamente, deixando-o incapaz
de falar. Talvez o melhor realmente fosse ir
embora.
Fervendo de raiva, levantou e foi para a porta
decidindo que o dia estava encerrado. Iria direto
para casa, não estava mais no clima de enfrentar o
escritório.

Logan entrou em casa e tudo estava


silencioso. Chamou Dalva, mas não obteve
resposta. Certamente ela deveria ter ido para a rua
com alguma amiga, enquanto Nicole só viria à
noite. Rapidamente começou a subir as escadas,
mas quando chegou na metade, escutou risadas

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vindas da lateral da casa, justamente na parte onde


ficava a piscina.
Com certa curiosidade, voltou a descer e foi
naquela direção. Dalva deveria ter algum
convidado e ele queria saber quem era. Quando
abriu a porta que dava para o quintal, foi
surpreendido com Nicole e Dalva deitadas nas
espreguiçadeiras, sorrindo como crianças.
Por algum tempo ele apenas se deliciou com
a imagem da esposa em um microbiquíni, expondo
as pernas torneadas. Ela era uma tentação e nesse
momento ele estava com o tesão fervilhando ao
observá-la.
— Vejo que estão se divertindo. — Decidiu
revelar a presença.
— Chegou cedo, querido. Algum problema?
— Dalva ficou preocupada.
— Não, só tive uma manhã conturbada e
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decidi que meu expediente acabaria no meio da


tarde. — Parou ao lado de Nicole e admirou o
corpo dela sem nenhum pudor. — Veio cedo para
casa, Nicole?
— Eu terminei a minha programação antes
do tempo e decidi vir logo.
— Que bom. Vou trocar de roupa e volto
para fazer companhia para vocês.
— Ótimo. — Dalva levantou da
espreguiçadeira, sorrindo. — Vou preparar uns
drinques para nós.
— Eu te ajudo. — Nicole rapidamente
ofereceu auxílio.
— Não precisa, querida, eu faço rapidinho.
— Dalva sumiu dentro da casa, deixando Nicole
sozinha com Logan.
— Estou feliz em te ver aqui tão cedo. Jurava
que dormiria na sua casa novamente.
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— Você não disse que ia trocar de roupa? Por


que ainda está parado aqui?
— Ei, calma. — Logan ergueu as mãos
sorrindo. — Já estou indo, Nick.
Nicole virou o rosto para ele, mas Logan
escapava para dentro da casa, sorrindo. Ela odiava
ser chamada daquele jeito. Quando retornou de se
arrumar, Dalva já tinha trazido as bebidas e as duas
bebiam, enquanto riam de algo. Ele se sentiu feliz
em ver como se davam bem. Dalva gostou de
Nicole desde a primeira vez que a viu, o que
amenizou um pouco o descontentamento dela em
relação ao casamento deles.
Os três passaram uma tarde agradável,
conversaram sobre vários assuntos até que viram os
raios do sol desaparecerem no horizonte. Dalva
anunciou que estava saindo da piscina para
terminar os preparativos do jantar e Nicole

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rapidamente se ofereceu para ajudá-la, pois assim


ficaria um tempo longe do marido.
Como tinha assuntos do trabalho para
resolver, ele as deixou irem para a cozinha e apenas
avisou que colocaria a mesa quando tudo estivesse
pronto. Caiu então no trabalho, preparando alguns
papéis para apresentar a um cliente antigo.
Quando deu por si, estava com Nicole dentro
do escritório. Ela vestia uma bermuda curta, com o
cabelo preso em um rabo de cavalo sexy. O faria
perder o sono se não aceitasse dormir na cama dele
hoje. Era complicado ficar perto dela sem
conseguir dar vazão aos desejos.
— O jantar saiu, pode colocar a mesa.
— Vou fechar o meu arquivo e já vou.
— Não demore, a Dalva disse que está com
fome. — Nicole sorriu e saiu rapidamente do
escritório, o deixando apenas com o cheiro fresco
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do perfume floral.
Salvou o arquivo e seguiu para a cozinha.
Como sempre, o cheiro de algo delicioso
impregnava o ar. Nicole e Dalva já estavam
sentadas, e olharam Logan com um sorriso travesso
nos lábios.
— Estamos esperando você. — Dalva se
divertia com a cara de Logan.
— Só um segundo.
Ele começou a se mover pela cozinha
pegando pratos, talheres e copos. Sempre
costumava ajeitar a mesa enquanto Dalva fazia o
jantar. Os dois tinham a mania de trabalharem
juntos em casa. Como Logan era péssimo no
preparo da comida, ajudava com a louça e a
arrumação da mesa.
Em poucos segundos, tudo estava arrumado e
com a comida posta com elegância. Ele sentou e as
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meninas começaram a se servir. Logan pegou um


pouco de cada comida disposta na mesa e viu a
interação alegre entre as duas.
Do nada, as palavras da irmã vieram-lhe à
mente, e ele parou para pensar que nunca teve outra
mulher na sua casa que não fosse Dalva. Raramente
trazia alguém ali, porque além dela não gostar de
conhecer as ficantes dele, o rapaz achava que trazer
mulheres para o lar era invasivo demais.
Mas agora com Nicole, tão à vontade no
jantar, conversando com Dalva como se fossem
amigas de longa data, estava pensando diferente.
Infelizmente estava gostando dela ali, e teria que
dar o braço a torcer a irmã. Quando chegasse o
momento de Nicole ir embora, se lamentaria.
— Logan, não vai comer? — Nicole olhou
intrigada, já que do nada ele tinha parado de comer
e encarava o vazio.

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— Não está bom? — Dalva fez cara de


ofendida.
— Está ótimo. — Tentou sorrir, mas estava
se sentindo constrangido por ter sido pego em
flagrante, enquanto se perdia em pensamentos. —
Só estava pensando em uma bobagem, aí acabei
saindo do ar.
— Uma bobagem é capaz de te levar para tão
longe? — Dalva ergueu a sobrancelha, claramente
duvidando disso.
— É, Dalva. — Logan engrossou a voz para
tentar paralisar o que ela estivesse pensando. —
Vamos comer, chega de conversa.
Ele pegou o exato momento que as duas se
entreolharam, mas para o seu contentamento,
nenhuma delas insistiu na conversa
Quando acabaram o jantar, Logan deu um
jeito na bagunça que fizeram. Depois de um tempo,
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Nicole entrou na cozinha e, em silêncio, foi


guardando a louça que ele lavava.
— Posso te falar uma coisa?
— Claro que sim. — Logan pegou o pano de
prato que estava com ela e secou as mãos.
— É estranho ver um advogado tão famoso
lavando a louça do jantar. Não acha que deveria ter
alguém permanentemente aqui para fazer esse tipo
de serviço?
— Para quê? Temos uma pessoa que cuida da
limpeza e das roupas. E quanto à comida, até o
momento eu e a Dalva estamos felizes fazendo essa
tarefa. Quando ela se cansar, arrumo alguém que
cozinhe.
— Certo. — Nicole resolveu não se meter,
mas era estranho vê-lo realizar tarefas domésticas
todos os dias. Até onde ela sabia, os ricos faziam
questão de serem servidos em tudo. Mas parecia
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que o marido fugia a regra. — Vou dormir, acho


que pegar tanto sol à tarde me deixou sonolenta.
Nicole o encarou e viu um brilho estranho
cruzar aqueles olhos. Sabia que não deveria ficar
sozinha com ele, mas se sentiu mal por vê-lo
arrumando tudo enquanto ia se deitar.
— Nicole. — Logan segurou o braço dela,
impedindo-a de sair.
— O que foi? — Nicole levantou os olhos e o
esperou falar.
Logan admirou-lhe o rosto, e viu o exato
momento em que as pupilas dela dilataram,
revelando que estava sentindo o ar mudar entre
eles. Nicole tinha o controle da situação, e ele
sempre a respeitaria, mas não conseguia aceitar que
deveria se conter quando sentia vontade de beijá-la.
Esse carinho não arrancava pedaços. Atores se
beijavam tecnicamente o tempo todo, então ele
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podia fazer isso com a própria esposa.


Antes que resolvesse fugir, segurou a cabeça
dela e a beijou. A princípio sentiu o corpo dela ficar
tenso, mas bastou mordiscar o lábio inferior que
Nicole se rendeu, envolvendo os braços no pescoço
dele.
A aceitação dela foi tudo o que precisava,
fazendo-o aprofundar o beijo e receber em resposta
um gemido profundo da esposa. Sem pensar
claramente no que estava fazendo, ergueu-a e a
carregou até a mesa, se infiltrando entre as pernas
dela.
Logan inclinou a cabeça e mapeou a boca
dela com calma, pois queria lhe arrancar outros
gemidos de prazer. Quanto mais Nicole o desejasse,
mais fácil seria para ele conseguir fazer o
casamento deles algo satisfatório de verdade. Se em
poucas semanas juntos estava se sentindo a ponto

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de explodir, seria muito pior se mantivessem esse


distanciamento por mais tempo.
As mãos de Nicole deslizaram pelos ombros
de Logan e tatearam os bíceps. Ela não conseguia
interromper o beijo, ainda que o cérebro gritasse
que deveria correr. Sempre que ficava com Logan,
o desejo a cegava, depois vinha a culpa e as
promessas de que nunca mais deixaria que ele se
aproximasse.
O problema era que bastava ser tocada que
esquecia o que era certo ou errado. Só queria senti-
lo segurando-lhe o corpo, saborear a boca e sentir o
calor. Ele era irresistível, não tinha meios eficazes
para impedi-lo de tocá-la, porque no fundo Nicole
ficava esperando o momento em que o fizesse.
— Eu sei que estou fazendo tudo errado, mas
é impossível não te tocar. Desculpe, Nicole, mas é
complicado te ver tão linda e ser indiferente. —

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Acariciou a perna dela e puxou seu corpo ao


encontro da sua ereção. — Você me tira do sério.
Nicole fechou os olhos quando sentiu o
quanto estava duro. Bastava dar sinal verde para
que tudo aquilo fosse seu.
— Eu vou deixar aberta a porta do meu
quarto. Quando quiser pode entrar, lá sempre será o
seu lugar. — Logan acariciou o rosto dela e voltou
a beijá-la, só que dessa vez com calma, apreciando
cada momento dessa intimidade. — Nunca esqueça
que é a minha mulher, onde eu estiver pode ficar.
Não precisa pedir, é só tomar o seu lugar.
Com essas palavras que lhe davam extremo
poder, Nicole sentiu as mãos fortes do marido tirá-
la da mesa e colocá-la no chão. Por alguns
segundos os dois se encararam, mas o medo de
perder o controle fez Nicole se afastar e se refugiar
no quarto, deixando para trás um Logan dolorido de

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tesão e esperançoso que ela fosse passar a noite


com ele.

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Capítulo 23

Logan passou pela primeira reunião de


acionistas da empresa de Deonedes, e as coisas
foram piores do que ele tinha imaginado. Como
planejado, ele levou a irmã junto e o velho reagiu
de forma péssima a isso.
O homem esbravejou por ver uma mulher na
mesa de reunião, mas foi devidamente colocado no
lugar por Bianca. Ela soube revidar cada
provocação e ainda deu um fora em Tiago, quando
este deu uma opinião que obviamente estava longe
de alguém que entende de negócios. No final,
Bianca ganhou a simpatia dos pequenos acionistas
e até mesmo Deonedes se viu obrigado a acatar as
ideias por ela oferecidas.
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Logan não se surpreendeu com a


engenhosidade da irmã. Foi por ser uma mulher
brilhante que a presidência da empresa familiar foi
colocada nas mãos dela após a doença do pai.
Com cansaço extremo, entrou em casa
torcendo para ver Nicole. Ela estava fazendo uma
série de esculturas para uma exposição, fazendo-o
dormir na casa dela por três noites seguida, mas
hoje queria muito poder ficar no canto dele e
descansar na própria cama.
— Você tem que ir lá. Vamos marcar que eu
te levo. — Logan parou na porta quando ouviu a
voz do irmão conversando com Nicole, sentindo o
corpo ferver de ciúme.
— Logan. — Nicole o avistou e só depois
que Saul percebeu a presença dele.
A vontade de Logan era tirar o sorriso
afetado no rosto do irmão. Conhecia muito bem
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Saul e sabia que era um conquistador barato. Mas


Nicole era dele, até que o acordo que firmaram
fosse encerrado.
Segurando a vontade de chutar a bunda do
outro, Logan caminhou para a poltrona onde Nicole
estava sentada e se inclinou para beijá-la. Estava há
exatos cinco dias sem beijá-la, e isso já estava lhe
tirando o juízo.
Para mostrar que era o dono da situação, se
recusou a apenas encostar os lábios na esposa. A
beijou de verdade, sem se importar com o irmão no
sofá. Era um claro sinal que não estava gostando da
presença dele. Certamente Saul entenderia a
mensagem.
— Como foi seu dia?
— Bem… — Nicole tentava buscar o ar.
— O que está fazendo aqui, Saul? — Logan
se concentrou no irmão, sem se afastar do lado da
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esposa.
— Eu vim conversar com você. — Saul
olhou o irmão e a cunhada, curioso com aquela
reação intempestiva.
— Por que não me ligou?
— Sei lá. — Saul se sentiu de certa maneira
intimidado. — Apenas decidi passar na sua casa. —
Deu um sorrindo sem graça, mas pelo olhar furioso
do irmão, percebeu que não agiu bem.
— Onde está a Dalva, Nicole?
— Acho que foi para o quarto, não tenho
certeza. — Ela tentava entender o que tinha dado
nele.
— Vamos para o meu escritório, Saul. Lá
conversaremos com calma.
Logan sequer esperou o irmão responder e
caminhou para o escritório. Queria resolver logo o

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assunto que trouxe Saul até ali. Quanto antes


resolvesse o problema, mais rápido o mandaria
embora.
— Sente-se.
— Você está bem, Logan? Estou te achando
estranho.
— Eu não estou bem. — Logan arregaçou as
mangas da camisa depois de ter tirado o terno. —
Não quando chego em casa e você está cheio de
intimidade com a minha mulher.
Saul olhou para o irmão chocado. Nunca teve
más intenções com a cunhada, apesar de ser linda.
Parecia que o irmão não entendia aquilo.
— Desculpe, eu pensei que estivesse em
casa. Você não costuma chegar tão tarde.
— E desde quando sabe dos meus horários?
Use o telefone antes de fazer suposições.

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— Entendi… — Saul decidiu manter a paz


com o irmão. — Preciso de sua ajuda para um
problema tributário de um amigo, ele está com
problemas na empresa.
— Mande-o ligar para o meu escritório. Ele
marca um horário e algum advogado analisará o
caso. — Logan foi seco na sua resposta.
— Tem que ser você. — Saul se ajeitou na
cadeira antes de começar a falar.
Com calma, foi explicando a situação e as
desconfianças. Como percebeu que a situação era
complicada, percebeu que apenas Logan poderia
resolver o problema. O irmão não era apenas um
advogado empresarial de sucesso, como tinha
ampla experiência em Direito Tributário, capaz de
farejar uma fraude fiscal de longe.
— O.K. — Logan analisou rapidamente a
situação. — Ele vai ter que fazer uma ampla
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fiscalização nas contas da empresa. Primeiramente,


precisará de um bom contador, depois eu posso agir
judicialmente na causa.
— Você tem um contador de confiança para
indicar? — Logan pensou nas possibilidades e
acabou se lembrando da cunhada.
— Tenho, a minha cunhada é uma excelente
contadora. Tem uma empresa com o marido.
— Pode falar com ela?
— Só um minuto. — Logan discou o número
da cunhada e aguardou-a atender.
Leandra atendeu no terceiro toque e
rapidamente Logan resumiu a situação ao qual ela
teria de intervir. Sem dificuldades, conseguiu
marcar um horário para que o amigo de Saul fosse
ao escritório.
— A minha cunhada vai ajudá-lo. Vou te
passar o contato da Leandra.
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— Valeu.
— Ela vai fazer um levantamento minucioso
da situação. Portanto, pede para o seu amigo contar
tudo o que ele desconfia. Conversarei com ela
assim que tiver passado todo o caso. Trabalharemos
juntos para ver se algo acontece na empresa.
— Eu acho que ele está sendo roubado, mas
vamos aguardar o que descobrirão.
— É só isso? — Logan estava louco para
despachá-lo.
— Sim.
— Então já pode ir, estou cansado e quero
dormir cedo. — Foi direto ao dispensá-lo.
— Já estou indo.
Saul se levantou e caminhou para a porta do
escritório, seguido por um Logan sisudo. Era a
primeira vez que via o irmão tão protetor com uma

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mulher, ao contrário do que a mãe tinha dito sobre


as suspeitas que tinha daquele casamento, Saul
sabia que o ciúme significava que ele amava a
esposa de verdade. A implicância da mãe é que não
a deixava enxergar o óbvio.
— Saul, vem jantar conosco. A Dalva está
ajeitando a mesa. — Nicole o convidou assim que
viu ambos saírem do escritório.
— Ele tem um compromisso. — Logan se
adiantou.
— Ah, que pena. — Nicole se lastimou,
irritando ainda mais o marido.
— Acho que posso esperar o jantar, adoro a
comida da Dalva. — Saul decidiu usar da rebeldia
para perturbar o irmão.
— Ótimo, vou colocar mais um lugar na
mesa. — Nicole sorriu e seguiu para a mesa de
jantar.
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— O que pensa que está fazendo? — Logan


fez a pergunta à queima-roupa.
— Jantar, oras…
— Larga de ser sonso, Saul. Sei que está de
olho na minha mulher. — Logan se aproximou com
raiva. — Vou trocar de roupa, mas se por acaso se
engraçar para Nicole, acabo com você.
— Você está louco. — Saul se fingiu de
inocente, mas, no fundo, adorava ver o irmão tão
agitado.
— Cuidado, Saul. — Logan o ameaçou e
subiu para o quarto.

O jantar foi mais longo do que Logan


desejava. Odiou todos os assuntos que Saul trocou
com Nicole. Em cada sorriso que ela lhe dava, a
vontade de Logan era cortar o pescoço do irmão,
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mas se segurou até tudo acabar. Ele não faria uma


cena na frente da esposa, mas depois acertaria as
contas com Saul.
— Eu acho que se não controlar o ciúme, a
Nicole vai perceber que está de quatro por ela.
— Que está falando, Dalva? — Encarou-a
enquanto descartava os pratos do jantar na pia.
— Eu nasci ontem, Logan? Vi como queria
pular na garganta do seu irmão cada vez que ele
olhava para a Nicole.
— Acho que está vendo coisas demais.
— Será mesmo? Ou é você que não quer
admitir que está apaixonado pela sua esposa? —
Ela parou na frente dele, com os lindos olhos
inquisidores. — Sempre soube que a escolheu para
ser sua esposa por algo a mais… Confesso que
estou feliz: a Nicole é a mulher perfeita para você.
— Você está louca, Dalva.
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— Todo mundo vê como olha para ela. Só


fico pensando porque tentam fingir que não estão
envolvidos. A Nicole, assim como você, está
apaixonada, mas luta bravamente para fingir
indiferença. Lamento pelos dois, pois a vida passa
rápido demais e não vale a pena ficarem nesse
impasse por orgulho. Vivam essa paixão,
aproveitem enquanto estão vivos, não esperem a
vida acabar para imaginar como teria sido.
Dalva fez um leve carinho no rosto de Logan
e o deixou na cozinha, com uma expressão
pensativa. Torcia muito para que tivesse entendido
aquele conselho. Tudo o que queria era seu menino
feliz, e ela tinha certeza de que encontrara a mulher
certa para isso.

Nicole passou pelo quarto de Logan, depois

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foi ao escritório, sem achá-lo. Queria conversar


com ele, saber o que realmente tinha acontecido
para ficar tão aborrecido com a presença do irmão.
Havia passado o jantar todo emburrado e
parecia disposto a arrancar a cabeça do pobre.
Nicole se sentiu constrangida com a animosidade
dele.
Um som desconhecido a fez sobressaltar,
quando fechou a porta do escritório dele. Por
curiosidade, seguiu na direção do barulho, e quando
chegou ao fundo do imenso corredor que dava na
direção da cozinha, viu uma porta semiaberta.
Percebeu que era dali que vinha o barulho. Naquela
sala ficava a academia particular de Logan. Ele
devia estar malhando, por isso o barulho.
Certamente foi algum peso que caiu no chão.
Nicole abriu a porta e apenas colocou a
cabeça para dentro, perdendo o ar quando viu o

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marido suado, sem camisa, puxando uma imensa


barra de ferro. Sentiu a boca secar quando observou
o suor escorrer pelas costas nuas e focou o olhar na
tatuagem, que reluzia tentadoramente enquanto ele
flexionava os músculos.
O corpo dela ganhou vida. Era impossível
não ficar vidrada na figura poderosa dele se
exercitando. Era lindo demais, e o pior: era marido
dela, para ter quando quisesse. Ao menos foi isso
que ele falou da última vez que a beijou na cozinha.
E por falar nisso, como ele atiçou o desejo
quando mergulhou na boca dela, diante do
cunhado. Aquele gesto foi como se estivesse
marcando território, avisando que ela lhe pertencia.
O pior foi que Nicole gostou, sentia-se excitada
quando Logan demonstrava ciúme.
Ainda sem coragem de se revelar, observou-o
por alguns minutos se exercitando, e considerou

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ceder por esta noite ao desejo. A última vez que


transaram foi quando teve o pesadelo pela manhã,
há mais de um mês. Depois disso só tiveram beijos,
que em sua maioria foram rápidos, porque estavam
na frente de outras pessoas. Mas depois do último
beijo, junto com aquela imagem dos músculos
perfeitos cobertos de suor, a resistência em evitá-lo
ruiu completamente.
— Logan. — Finalmente decidiu anunciar a
presença. Viu ele descer a barra de ferro e olhar
para trás.
— Algum problema? — Ele secou a testa
com a toalha que estava no colo.
— Na verdade nada demais. — Com calma,
ela entrou na sala e se aproximou. O cheiro do
perfume, misturado com o suor a excitou. — Eu
queria apenas te fazer uma pergunta.
— Então faça. — Logan pegou a garrafinha
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de água e a viu parar diante dele.


Remexeu-se no banco e trincou os dentes
quando viu as pernas nuas. Ela estava com uma
bermuda curta e uma camiseta apertada. Só se fosse
de outro mundo para não se excitar com aquela
visão tão gostosa.
Ou Nicole passava a usar uma burca quando
estivessem próximos, ou teria que parar com a
história de não poderem ficar juntos. Porque cada
dia que passava, estava mais complicado ficar perto
dela como se não sentisse nenhuma atração.
— Não sei se é coisa da minha cabeça, mas
achei que se irritou com a presença do Saul.
Questionei a Dalva se ela percebeu isso também,
mas me disse para perguntar se algo lhe
incomodou.
A pergunta causou surpresa a Logan, que
considerou o que deveria responder. A mente dele
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voltou a conversa que teve com Dalva e foi difícil


não lhe dar razão. Realmente tinha sentimentos
profundos por Nicole, e tinha que deixar de mentir
para si mesmo.
— Realmente não gostei, Nicole. — Decidiu
ser sincero. — Ele podia ter ido ao meu escritório,
sequer precisava ter vindo aqui.
— Ele é o seu irmão, e ele pode vir na sua
casa! Ou não pode? — Nicole aguardou a resposta
dele.
— Pode quando eu estiver aqui, não quando
está sozinha e sem a Dalva por perto. — A surpresa
atingiu-a. Uma estranha alegria se apoderou do
coração, em saber que ele a queria só para si.
— Está com ciúme? — precisava perguntar,
pois queria ouvir da boca perfeita dele aquilo.
Logan a olhou e sentiu raiva por ela tê-lo
enfeitiçado. Antes de conhecê-la, tinha controle dos
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sentimentos, mas agora, já não sabia quem era,


apenas vivia em função do instante em que a esposa
o reivindicasse.
— Estou. — Ele foi seco na resposta,
fervendo de raiva por dentro. — Conheço o meu
irmão, ele não vale um centavo.
Nicole sorriu, fervilhando de desejo.
Precisava acabar com a vontade de tê-lo. Por isso
decidiu jogar a prudência mais uma vez para o alto
e seguir os instintos. Não tinha necessidade de
passar vontade quando tinha um homem lindo e
louco de ciúme por ela.
Com o tesão nublando os pensamentos,
Nicole se aproximou de Logan e viu a surpresa
quando ela lhe tocou no ombro, escorregando a
mão pelo pescoço até subir ao maxilar e seguir para
a nuca. Ela sorriu e, no impulso, abriu as pernas e
sentou no colo dele.

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Logan não moveu um único músculo com a


atitude inusitada dela, apenas acompanhou
atentamente os movimentos. Mas Nicole percebeu
todas as nuances do desejo brilhar nos olhos
negros, junto a respiração irregular, fazendo-a
sentir-se poderosa o desestabilizando.
— Eu quero você, Logan. Aqui, agora. —
Correu o polegar pelo lábio inferior.
Ele não acreditou no que ouviu. Certamente
estava sonhando e acordaria a qualquer momento.
A esposa não poderia estar linda, ali, dando
liberdade para tê-la. Era uma alucinação.
Quando pensou em sorrir, sentiu os lábios
macios dela cobrindo os dele. Foi neste momento
que percebeu que era realidade. Aproveitou para
abraçá-la e beijá-la como merecia. Já que tinha
aberto o caminho, aproveitaria para lhe cobrir de
carinhos.

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Com calma, moveu a língua por toda a


extensão da boca dela, e deixou a mão vagar pelas
coxas até que parou na bunda. Ela gemeu quando
foi apertada com força e ele sentiu as mãos dela
descerem pelo tórax, até chegar ao abdômen.
— Adoro esse tanquinho. — Nicole falou
quando desgrudaram as bocas. — É sexy demais.
— Ela percorreu as mãos pelos gominhos da
barriga. — Você malhando é a coisa mais sensual
do mundo, não tem como não te desejar. — As
mãos dela subiram pelos braços fortes. — É tão
grande que me assusta, mas sei que nunca me
machucaria. — Inclinou a cabeça e beijou o
pescoço dele. — O seu suor me excita Logan. — A
voz dela saiu como um sussurro, o levando à
loucura.
— Se as palavras têm a intenção de me
excitar, quero que saiba que conseguiu, meu anjo.

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Estou a ponto de explodir.


Nicole sorriu e se levantou. Com calma, se
agachou na frente dele passando a mão pelo
volume lindo que estava no short. Abaixou a
cabeça e beijou a barriga firme, depois se inclinou
mais um pouco e mordeu a ereção através do
tecido. O gemido estimulou Nicole, que se
empolgou quando ele passou as mãos por seus
cabelos, a incentivando a continuar.
Ela colocou a mão dentro da bermuda e
retirou o membro ereto. Com um sorriso malicioso,
o manipulou enquanto observava a expressão de
puro tesão.
O corpo de Nicole gritava por satisfação. Por
isso, mesmo querendo estimulá-lo um pouco mais,
ela foi obrigada a parar. Agora era o momento dela,
precisava daquele homem dentro de si
imediatamente.

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— Quer abrir a minha bermuda ou eu mesma


faço isso?
— Eu faço. — Logan esticou a mão e abriu o
botão, depois deslizou com calma a bermuda e
segurou os quadris dela. — Você é tão linda. —
Encostou o rosto na frente da calcinha e inalou o
cheiro da excitação.
— Me faça gozar. — Nicole colocou os
dedos no elástico da calcinha e a descartou. —
Estou com o corpo dolorido, esperando por sentir
prazer.
Logan se sentia em um sonho, mas, ainda
assim, segurou a esposa e a ajudou, encaixando-a
na ereção. Quando os corpos de ambos se
chocaram, ele respirou fundo e sorriu feliz,
finalmente permitindo-a ceder ao desejo.
Ela gemeu profundamente quando o marido a
preencheu. Começou a cavalgá-lo com
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tranquilidade. Subindo e descendo, enquanto as


mãos fortes dele a apoiavam.
— Você é gostosa demais, Nicole. — Logan
colocou as mãos por debaixo da blusa dela e a
retirou revelando os lindos seios para o próprio
deleite. — E esses seios rosados me deixam louco.
Colocou um deles na boca e sugou com
força. Queria tudo o que Nicole pudesse lhe dar,
estava explodindo de tesão por tê-la o montando
com tanto prazer. Deslizou as mãos pelas costas
dela e segurou a bunda nua. Sempre que transavam,
se segurava para não mostrar o lado mais bruto,
mas hoje estava difícil ser delicado. Estava ligado
demais para conseguir se segurar.
Acariciou a bunda de Nicole e, em seguida,
deu um tapa forte. Esperou pelo recuo, mas apenas
ouviu um gemido profundo escapando da boca
dela. Logan repetiu o gesto e Nicole sorriu,

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mordendo os lábios, sinalizando que gostou da


atitude.
Nicole não esperava que ele lhe estapeasse na
bunda, mas foi bom vê-lo se soltando. Logan tinha
cara de ser mais quente na cama, mas percebia que
se continha quando estavam juntos. Mal sabia que
desejava que o marido perdesse o controle, assim
como ela.
Os olhos dela foram para o espelho que
cobria toda a parede atrás, e pôde observar como
estavam unidos. A sua pela pálida parecia se
misturar com a cor de chocolate. Eram perfeitos,
combinavam surpreendentemente.
A visão de ver-se o cavalgando a
desestabilizou. Nicole acelerou os movimentos,
precisava gozar, não suportava mais nenhum
segundo.
Quando sentiu o ventre tremer, soube que
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tinha chegado ao extremo. Deixou-se levar com um


grito rouco.
Logan a amparou quando sentiu o corpo
estremecer. Ela estava gozando com força e o
deixando perdido. Quando a esposa suspirou fundo,
diminuindo os espasmos de prazer, ele ergueu-se e
a prensou contra a parede. Arremeteu
profundamente dentro dela por mais alguns
instantes, até que sentiu o próprio corpo vibrar com
o orgasmo alcançado.
A respiração de ambos foi o único som da
sala quando cessaram os movimentos. Nicole
sequer conseguia se mover. Respirar era doloroso.
Já Logan só pensava em repetir a dose, nem
passava pela sua cabeça a ideia de que ela dormisse
no outro quarto. Passariam a noite juntos e
repetiriam a dose do que acabaram de ter. Na cama,
com todo o conforto possível.

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Ainda segurando Nicole, ajeitou a bermuda e


saiu com ela rumo ao quarto. A jovem tentou se
soltar dele e reclamou que estava nua, mas foi
ignorada. Seguiu em frente e quanto entrou no
quarto, caminhou direto para o banheiro.
Precisavam tomar um banho, pois estavam suados
demais. Mereciam relaxar com uma ducha depois
do esforço que fizeram.
— Hoje você é minha.
Nicole não contestou, estava feliz demais
para contrariá-lo. Na verdade, ela queria sentir o
calor dele durante a noite, além de um pouco mais
do sexo incrível que acabaram de experimentar.

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Capítulo 24

Nicole pensava na noite inesquecível que


passou com Logan. Nem quando eles estiveram em
Búzios foi tão bom.
— Caramba, hoje está difícil, hein?! —
Nicole olhou para Leandra e percebeu que tinha
perdido o que a irmã falava.
— Desculpa, você pode repetir?
— Poxa, Nicole, já não aguento mais fazer
isso. Você está no mundo da lua.
— Me desculpe. De verdade, não sei o que
deu em mim.
— Mas eu sei. — Leandra olhou para a irmã
com a sobrancelha erguida. — Isso que dá ter uma

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noite de sexo intenso com o maridão.


Os olhos de Nicole quase saíram de órbita
quando ouviu o que a irmã falou. Será que estava
deixando transparecer tão claramente que estava
caída por ele?
— De onde tirou essa ideia?
— Eu conheço mulher bem comida, meu
bem. Tenho um marido tipo o seu em casa, sei do
que eles são capazes. — Leandra evitou falar que
conversou com Logan pela manhã e que fez
perguntas sobre como agradar a esposa para mantê-
la na sua cama, como tinha estado na noite passada.
— Fico com esse ar perdido quando o Anderson
está inspirado.
— Não sei do que está falando. — Ela negou
e deu uma garfada no risoto.
— Você ama o Logan, não é? — Leandra viu
o exato momento em que a irmã congelou a mão no
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ar. — Caramba, Nicole, sabia que você gostava


dele, mas está na cara que é mais que paixão. É
amor dos bons.
Imediatamente Nicole perdeu o gosto pela
comida. Sentiu-se estranha ao perceber que a irmã
estava completamente certa. Estava mais que
apaixonada pelo marido, era difícil manter a
máscara de indiferença já que não parava de pensar
em Logan.
— Eu sou carente. — Nicole se ouviu
dizendo. — Você sabe como me sinto por ter sido
abandonada pelos meus pais biológicos. A minha
necessidade de carinho é absurda, não consigo me
segurar. — Ela sentiu lágrimas nos olhos. — Logan
diz coisas perfeitas, palavras que me deixam amada
e segura. É difícil me manter distante, Leandra, mas
me recuso a sofrer quando ele me mandar embora,
quando o nosso casamento acabar.

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Leandra esticou a mão sobre a mesa e


segurou com carinho a da irmã. Nicole era linda,
seguiu na carreira que sempre quis, era um sucesso
no que fazia, mas ainda tinha sentimentos mal
resolvidos do passado. Diferente dela, que nem se
importava com a vida infeliz que teve, quando
viveu com a antiga família.
Não tinha uma memória clara dos tempos que
conviveu com a mãe, porém guardou na mente as
surras que levou quando ela chegava em casa,
drogada. Ter sido adotada pelos pais atuais a
fizeram apagar o passado e se dedicar inteiramente
a nova família.
— Ele só te mandará embora se permitir.
Está claro nos olhos dele o quanto te quer. Você
precisa lutar e parar de ter medo. Afinal, já está
sofrendo, e o fará mais ainda se permitir que ele vá.
— Eu tenho tanto medo…

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— Arrisque um pouquinho. Tenho certeza de


que aquele homem todo merece uma queda livre.
— Leandra sorriu, tentando animar a irmã. — Seja
sincera comigo. Você acha que conseguirá se
contentar com um tipinho aguado como o maldito
Heitor quando o casamento acabar?
— Não. — Nicole foi enfática.
— Então, meu bem, corra atrás daquele deus
do ébano gostoso.
— Não fala assim dele, o Logan é meu
marido.
— Ui, calma, bebê! Só estou querendo dizer
que tem a faca e o queijo em casa, então se farte.
— Vou pensar no que me falou.
— Seja rápida. — Leandra decidiu mudar de
assunto. — Logan me conseguiu um serviço
fantástico, eu vou ganhar uma grana, graças a ele.

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— Jura? O que ele te arrumou?


Leandra começou a contar sobre o problema
de um amigo do irmão de Logan com as contas da
empresa. E revelou que trabalharia junto com o
cunhado para checar as contas e descobrir se tinha
alguma fraude em andamento.
Nicole ouviu tudo atentamente e ficou feliz
em saber que o marido confiou à irmã uma missão
tão importante. Cada dia que passava, ele se
revelava um homem especial e isso dificultava
ainda mais a vida dela. Era praticamente impossível
não cair de amores por ele.

A cabeça de Nicole não parava de pensar na


conversa que teve com a irmã. Em momento
nenhum conseguiu se concentrar no jantar. Tanto
Logan quanto Dalva tentaram puxar assunto, mas

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ela só pensava em como tinha se perdido nos


sentimentos em relação ao marido.
A inquietação foi tanta que ela não resistiu.
Seguiu para o quarto dele naquela noite, pois
precisava da sua companhia. Não teria uma noite
em paz se não sentisse um pouco daquele cheiro.
Empurrou a porta e o procurou pelo quarto. O
achou sentado na cama, com um livro nas mãos,
vestindo apenas uma boxer branca e um par de
óculos que nunca havia visto, pendendo na ponta
do nariz. Estava sexy e, ao mesmo tempo,
engraçado. Ela sequer sabia que o marido tinha
problema de visão, mas estava gostando em vê-lo
com o acessório.
— Logan, posso entrar?
O livro na mão dele quase caiu. Nunca
imaginaria que Nicole pudesse ir atrás dele no
quarto depois de ter ficado tão apática durante o
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jantar. Havia jurado que ela estava distante por


causa da noite anterior, mas pelo jeito, agora
parecia disposta a conversar.
— Eu já disse que não precisa pedir, é só
entrar. — Fechou o livro e retirou os óculos.
— Não sabia que usava óculos.
— Uso a noite, para descansar a visão
quando leio.
— Que livro é esse?
— Doutor Sono. — Ele ergueu a capa para
ela.
— King? — Nicole parou ao lado da cama.
— Sou fã do cara. — Deu de ombros e
colocou o livro no criado-mudo. — Você está bem?
Hoje esteve tão calada no jantar, a Dalva está
preocupada com você.
— Posso ficar com você um pouco? — O

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almoço com Leandra fez Nicole reviver certos


sentimentos que estavam adormecidos e o medo da
solidão que a assolou por tantos anos voltou a
assombrá-la.
— Venha aqui. — Logan abriu os braços e a
viu correr para se aconchegar nele.
Vê-la buscando refúgio o fez feliz. Estava se
sentindo satisfeito em saber que a esposa precisava
dele. Era evidente que a esposa estava triste e a
necessidade de saber o que a incomodava era
absurda, mas sabia que precisa deixá-la falar por
conta própria.
— Se quiser dizer o que está acontecendo,
terei o maior prazer de ouvi-la, mas caso queira
ficar quieta não tem problema. — Nicole encaixou
a cabeça na curva do pescoço dele e suspirou.
Tinha sorte em ter entrado nesse acordo, pois
apesar de não terem um casamento de verdade, ele

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a cobria de atenção, e isso era algo que apreciava


muito.
A intenção era apenas se refugiar dentro dos
braços dele, mas por algum motivo, começou a
contar sobre o passado e a necessidade de carinho.
Ela abriu o coração para o marido, falou sobre os
medos, como foi difícil pertencer a uma família
diferente, como sofreu bullying dos amigos de
escola e como o coração foi quebrado pelo garoto
popular, por ela ser irmã de negros e adotada.
Logan não esperava ouvir tanto de Nicole.
Sabia um pouco da vida dela, mas nunca imaginou
que carregasse tanta dor. Tinha passado por
situações complicadas e ele percebeu que o
preconceito tinha faces diferentes.
Ela sofreu não por ser negra, mas por ser uma
branca adotada em meio aos de outra raça. As
pessoas não aceitavam as diferenças, isso era algo

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que já sabia, mas a crueldade do ser humano


deixava marcas, ambos eram o exemplo disso.
— Eu queria te dizer que o passado não
importa, mas sei como ele invade o nosso presente
quando menos esperamos. — Logan beijou o topo
da cabeça dela e segurou o queixo para fazê-la
encará-lo. — Quero que saiba que entendo o que
sente, sofri e sofro por ser negro, apesar de não
gostar de falar sobre isso. — Sentiu o coração
apertar quando viu o caminho sinuoso que as
lágrimas tinham deixado pelo rosto dela. — Mas
nem tudo é ruim, e o nosso casamento é um
exemplo disso.
Nicole olhou para o marido confusa. Tentava
entender onde o casamento deles se enquadrava no
que ela tinha falado.
— Ele aconteceu porque o Deonedes não
fechava a sociedade comigo. Isso por causa da

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minha cor, o que me fez casar com você… Com


certeza, o melhor negócio que já fiz. — Ele
esclareceu e Nicole se surpreendeu com o que tinha
acabado de ouvir. — Sei que temos um acordo, mas
poder te conhecer e vê-la diariamente é um grande
prazer, Nicole. Você é especial, eu me sinto
honrado em ter a oportunidade de tê-la comigo, de
conviver não só com você, como também com a
sua família. Não guarde o que a vida te fez de ruim,
mantenha apenas o que é bom. Isso é o que
importa.
— Me beija? — Depois de ouvir tantas
palavras bonitas, ela precisava sentir o calor do
marido.
— Sempre. — Fechou os lábios nos dela e
saboreou a esposa com calma. Nesse instante
percebeu que estava frito, pois a cada dia que
passava gostava mais daquela mulher. Agora era

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impossível negar a paixão que sentia.


— Posso dormir com você?
— A hora que desejar. — Logan acariciou as
costas dela, sorrindo. — Eu já disse que seu lugar
na minha cama está à disposição.
— Faz amor comigo? — Nicole deixou que
as palavras saíssem dos lábios, pois era o que
desejava fazer com ele. Queria se sentir amada,
queria amar, queria acreditar que a vida podia ser
feliz, sem pensar no amanhã.
Logan apenas colocou o corpo sobre o de
Nicole e a beijou novamente, depois desceu os
lábios pelo corpo dela, dando atenção a cada parte.
A amaria como merecia, a faria suspirar com os
toques e a levaria ao ápice do prazer. Ignoraria o
que esse ato poderia fazer ao futuro deles, apenas
viveria o momento para ver o sorriso voltar aos
lábios da esposa.
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Capítulo 25

Alisando o vestido, Nicole olhou-se no


espelho e gostou do resultado da maquiagem. Teria
um evento com Logan e queria estar à altura. Ele
sempre ficava irresistível com os ternos de três
peças, que o tornavam ainda mais alto. Era
complicado para ela ver o desejo nos olhos das
mulheres quando saíam juntos. O ciúme passou a
ser um problema crônico que estava tentando
controlar, e o excesso de carência piorava tudo,
ainda que bravamente tentasse esconder isso dele.
Já havia se passado mais de três meses desde
que Nicole admitiu a si mesma que o amava
perdidamente. Ainda que quisesse, não conseguiria
evitar o amor que sentia. Logan era bom, amigo,
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atencioso, carinhoso e compreensivo. A fazia sorrir


e lhe dava uma segurança que nunca pensou
encontrar.
Depois da noite que passaram juntos, quando
abriu o coração revelando partes secretas do
próprio passado, Nicole não deixou de dormir com
o marido. Já não conseguia ficar só: quando dava o
horário de dormir, ia para o quarto dele e
acomodava-se ao seu lado, encaixando-se naquele
corpo com perfeição.
Ele nunca perguntou por que passou a fazer
isso. Apenas a abraçava e lhe dava o prazer e a
atenção que necessitava. Quando ela precisava
dormir em casa para finalizar alguma escultura, ia
para lá também e a esperava na cama,
pacientemente.
Estavam vivendo como um casal e, nenhum
deles se deu ao trabalho de conversar sobre essa

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mudança. Claro que ela sabia que o marido estava


feliz, ele não escondia o sorriso quando chegava do
trabalho e Nicole o recebia, toda entusiasmada,
com vários beijos.
Na verdade, ela também estava bem, apesar
de saber que o casamento estava cada dia mais
perto do fim.
— Meu anjo, você está pronta? — Logan
entrou no quarto, ansioso para ver a esposa.
— Sim. — Nicole correu para pegar a bolsa.
Acabou se perdendo em pensamentos e esquecendo
de descer. — Podemos ir. — Caminhou na direção
do marido, mas ele sequer se moveu.
— Você está linda. — Logan correu os olhos
pelo corpo dela e apreciou o vestido azul que
usava.
Em contrapartida, soube que teria problemas,
os homens do coquetel que Deonedes estava
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oferecendo certamente ficariam de olho nela.


— Obrigada. — Nicole se sentiu
envergonhada diante daquilo.
— Acho que não vou poder te deixar sozinha
nem por um segundo. — Logan esticou a mão e fez
Nicole dar um giro, antes de atraí-la para si. — E
esses sapatos são maravilhosos. Quando voltarmos,
eu quero fazer amor com você usando apenas eles.
Nicole sentiu o corpo se arrepiar com aquela
promessa. Se Logan falasse mais alguma coisa, ela
o convenceria a desistir do evento.
— Não vamos falar sobre isso agora,
precisamos sair.
— Você tem razão. — Segurou a mão dela e
a puxou para fora do quarto. — Vamos embora,
prometo que voltamos o mais rápido possível.
Nicole assentiu e seguiu ao lado do marido
pela escada, torcendo para que realmente não
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perdessem muito tempo longe de casa.

Apesar de não gostar de eventos ligados a


negócios, ela teve uma grata surpresa quando foi
reconhecida como artista plástica pela esposa de
um dos acionistas da empresa, que ainda a
apresentou para o marido e alguns casais de
amigos.
Essas apresentações renderam a Nicole
algumas promessas de visitas ao ateliê, que, se por
acaso se concretizassem, lhe trariam muito trabalho
pela frente.
O coquetel estava impecável, mas, ainda
assim, Nicole estava ansiosa para ir embora. Estava
indisposta a conversar amenidades com
desconhecidos, pois odiava o esnobismo que
transbordava ao redor.

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— Está se divertindo? — Nicole se assustou


quando alguém falou muito perto do ouvido dela.
— Muito. — Ela olhou a figura sorridente de
Tiago e soube que se Logan o visse por perto não
gostaria.
— A sua cunhada soube dobrar o Deonedes
direitinho. Além de fechar um excelente negócio
em pouco tempo de sociedade, ainda descolocou
esse coquetel de comemoração.
— Logan me disse que a Bianca foi brilhante
ao expandir os negócios da empresa. Parece que
trouxe um bom lucro para vocês, os acionistas.
— Realmente trouxe. — Tiago sorriu
enquanto experimentava o uísque — E você,
querida, está feliz com o grandão? — A surpresa
com a pergunta dele fez Nicole perder as palavras.
— E por que não estaria?
Tiago olhou para ela e pressionou os lábios
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para não sorrir.


— Pelo fato de pertencerem a universos
diferentes, baby. Mulheres como você merecem
mais. Eu sei que o Deonedes exigiu que o sócio
fosse casado e do nada Logan apareceu contigo.
Não posso provar, mas sei que esse casamento é
uma grande mentira. Quanto está te pagando para
manter essa farsa? Ou será que você está atrás de
uma experiência sexual diferente com o grandão?
— Nicole se sentiu enojada quando ouviu tantas
atrocidades vindas de uma única pessoa.
— O grandão pode quebrar o seu pescoço. —
Nicole se surpreendeu com a voz suave de Bianca
atrás dela. — Afinal de contas, é um homem de
verdade, ao contrário de você, um riquinho
covarde, que tenta tirar informações de uma pessoa
que não tem interesse no meio empresarial. — A
voz dela era controlada, mas por dentro estava a

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ponto de explodir.
— Opa, está aí a prodígio dos negócios. —
Tiago sorriu. — Lamentável saber que mulheres e
negros agora tem acesso a qualquer lugar.
— Se crápulas podem andar livremente se
fingindo de bons moços, porque nós, mulheres
negras ou brancas, não transitaríamos com
tranquilidade, esbanjando força e talento? —
Bianca se aproximou de Tiago e falou bem baixo,
rente ao ouvido. — Eu vou te destruir, querido.
Terei as suas ações sob o meu controle e depois te
verei na ruína.
— Olha aqui, sua… — Nem teve tempo de
falar, pois Logan postou-se ao lado dele.
— Algum problema, meninas? — A voz
profunda dele fez Tiago recuar.
— Nada. Estava apenas falando para o Tiago
que em breve organizarei outro coquetel, já que
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tenho um novo negócio em vista. — Bianca olhou


para o rival e viu um misto de raiva e medo nos
olhos dele.
— É isso mesmo. — A voz de Tiago estava
instável. — Sua irmã tem bons projetos. Espero que
cumpra todos, será um lucro fenomenal e eu gosto
de dinheiro. — O sorriso dele saiu forçado, mas,
ainda assim, ele tentou manter a pose. — Foi um
prazer conversar com vocês. Até mais.
Nicole observou o homem desaparecer no
meio das pessoas e teve vontade de contar tudo o
que ouviu para Logan, mas sabia que não poderia
fazer isso.
— Foi só isso mesmo a conversa de vocês,
Bianca? — Logan questionou a irmã, pois se Tiago
tivesse dito alguma gracinha para elas, enfrentaria
sérios problemas.
— Foi. — Bianca olhou para Nicole,
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tentando silenciá-la. — Ele estava puto por eu ter


conseguido fechar a parceria com a empresa, mas,
ao mesmo tempo, feliz por elevar as ações.
— Que estúpido. — Logan abraçou Nicole e
franziu o cenho quando segurou a mão dela e viu
que estava gelada. — Querida, o que você tem?
— Hã? — Nicole olhou para o marido,
tentando encontrar uma desculpa rápida para não
contar o que tinha realmente mexido com ela.
— Logan, leve a Nicole para casa. Ela estava
me dizendo que bebeu um drinque que a deixou
tonta. Eu ia te avisar, mas não quis deixá-la sozinha
com o infeliz do Tiago.
— Por que não me chamou logo, querida? —
Logan a beijou na testa. — Vamos embora, já
ficamos por aqui por muito tempo. — Bianca olhou
a maneira como o irmão falou com Nicole e
percebeu que as coisas entre eles evoluíram mais
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do que imaginou.
— Depois nos falamos com calma. — Bianca
se aproximou de Nicole e lhe deu dois beijos,
enquanto cochichava no ouvido dela. — Não conte
para Logan.
— Até mais, Bianca. — Nicole assentiu e
deixou que o marido a levasse embora. Por mais
que tentasse se acalmar, as palavras sujas de Tiago
não lhe saíam da cabeça. Por sorte ele não ouviu,
ou a noite terminaria muito mal.
Durante o caminho de casa, Nicole remoeu as
palavras de Tiago e percebeu que Logan deveria
ouvir muito mais que aquilo do maldito homem.
Por passar situações como a que ela presenciou que
o marido devia ter poucos amigos, já que até o
momento ela só conheceu o Luiz e mais um rapaz
que os visitou há semanas.
— Tem certeza que foi só a bebida que te fez
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mal?
— Talvez seja a TPM também. — Nicole deu
um sorriso fraco e saiu do carro.
Logan se sentia incomodado, mas não a
pressionaria. Sabia que ficava instável quando a
TPM chegava, então acreditaria que o mal-estar
não tinha nada a ver com a presença de Tiago.
Entraram na casa e foram direto para o
quarto. Logan a levou para o chuveiro e a ajudou a
tomar banho. Era estranho e ao mesmo tempo
comum dividirem esse tipo de ato. Ele perdera o
medo de tocá-la, a tratava como a sua mulher e
tomava atitudes que um marido normal fazia.
— Quando vai para a exposição? — Logan se
deitou ao lado dela.
Há alguns dias ela anunciou que teria uma
exposição importante em São Paulo.
— Daqui a seis semanas. Passarei quatro dias
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lá.
— Tudo isso? — não estava nada contente
em ter que abrir mão dela por tanto tempo.
— Organizarei a disposição das peças, além
de ter dois eventos relacionados a Arte. São Paulo é
o melhor lugar para um artista plástico, Logan, e
tenho de aproveitar cada momento dessa viagem.
— Seus pais vão com você?
— Minha mãe está superempolgada com a
viagem.
— Ótimo. — Ele se sentia mais tranquilo
sabendo que os pais estariam com ela. Ainda assim,
estava tentando desmarcar alguns compromissos
para poder aparecer na exposição de surpresa. —
Obrigado por me acompanhar hoje. Só escutei
elogios a seu respeito. Até mesmo Deonedes me
disse que sou um homem de sorte.
Nicole não queria se separar dele. Para ela,
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era impensável imaginar a vida, sozinha, sem tê-lo


por perto.
Talvez devesse seguir o conselho da irmã e
bolar um plano para que Logan correspondesse ao
amor dela.
Ela mudou de assunto e começou a narrar
sobre os contatos que conseguiu na festa. Logan fez
algumas perguntas e, com essa mudança, Nicole
conseguiu relaxar. Quando deu por si, ele a
aprisionou na cama e finalmente transformaram o
dia em normalidade. Assim ela finalizou a noite,
dentro dos braços do homem que tinha o coração
dela.

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Capítulo 26

Pela primeira vez na vida, Nicole lamentou


ter de ir trabalhar. Ficar longe de Logan estava
acabando com o emocional dela. Para piorar a
situação, o advogado estava visivelmente triste com
a viagem dela, ainda que mentisse.
Essa tristeza de certa maneira a deixou
contente, pois se o marido estava lamentando pela
ausência de casa por alguns dias, significava que
gostava de Nicole.
Mas ela se sentia preocupada também,
porque Dalva havia decidido acompanhá-la, junto
com a amiga Violeta e os pais. Logan ficou
sozinho, sem disfarçar o quando se sentia chateado
por ficar só.
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O olhar de Nicole voltou a observar os


funcionários que organizavam as esculturas. Como
muitas eram em argila, necessitavam de cuidados.
Por isso, se recusou que arrumassem as obras dela
até que estivesse presente.
— Cuidado. — Nicole chamou a atenção
quando um dos rapazes quase derrubou a peça.
— Desculpa, senhora. — Ela olhou para o
rapaz, chateada.
Estava cansada, com os pés doendo e com
saudades do marido, por mais que só tivesse
passado um dia longe de Logan. Dormir foi um
grande sacrifício. parecia até que estavam juntos há
muitos anos.
— Droga! — Nicole praguejou quando o
celular vibrou no bolso da calça. — Oie — ficou
animada quando viu que era o marido ligando.
— Bom dia, querida! — Ele a cumprimentou,
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tentando manter a voz estável.


— Bom dia. — Nicole se derreteu ao ouvir a
voz dele.
— Muito trabalho?
— Bastante. — Acompanhou atentamente
mais uma das suas peças ser descarregada. — Estou
de olho nos funcionários que estão arrumando as
peças na galeria. Se não ficar em cima, eles
quebram as minhas esculturas.
— Não tem mais ninguém para fiscalizar?
— A curadora da exposição está me
auxiliando, mas gosto de ficar por perto. Tenho
medo dos funcionários as danificarem.
— Por onde anda os seus acompanhantes?
— Na rua. — Nicole sorriu ao lembrar da
confusão da turma. — Eles são animados, Logan.
Ontem nós saímos à noite e foi um sacrifício fazê-

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los voltar para o hotel.


— Vocês ficaram muito tempo na rua?
— Se dependesse de mim não, mas a minha
mãe e a Violeta não queriam voltar por nada desse
mundo para dormir.
— Que animação! Sei que a Violeta não tem
limites, mas achava que a sua mãe era tranquila.
— Ela não é. Minha mãe é agitada, às vezes
tenho pena do meu pai.
— Sorte que você é tranquila.
— Está no trabalho?
— Hoje tenho duas reuniões com clientes,
será um dia longo.
— Eu também terei um dia longo. — Nicole
se sentiu triste quando imaginou que voltaria para o
hotel e não o teria ali.
— Não trabalhe demais, meu bem. Lembre-
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se que é a estrela do show. — Foi inevitável o


sorriso bobo que surgiu na boca dela. — Me ligue à
noite, quero saber como foi o dia.
— Tudo bem. — Mais uma vez a palavra eu
te amo brincou nos lábios dela, mas com bravura
Nicole segurou a vontade de se declarar. — Ligo
sim.
— Até mais, anjo. — Ouviu o tom suave de
despedida do marido e em seguida a ligação foi
interrompida.
Nicole se sentia perdida com o sentimento
crescente. Havia se perdido e agora o sofrimento
seria certo quando tudo acabasse.
— Nicole. — A voz de Eloá a despertou dos
pensamentos. — Quero que conheça o Paulo, o
administrador da galeria.
— Oi. — Nicole olhou para o elegante
homem que estava ao lado da curadora da
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exposição e viu um lindo par de olhos azuis


admirando-a. — Muito prazer.
— O prazer é meu.
— Ele estava viajando, acabou de chegar de
Nova York.
— Fui conhecer alguns projetos de artes nas
pequenas galerias da cidade.
— Que maravilha. — Nicole sorriu e sentiu
as bochechas esquentarem com o olhar minucioso
que o homem estava lhe dando.
— Nova York tem ótimas oportunidades para
expor novos talentos. Gostei muito do que aprendi
por lá, quero tentar copiar algumas situações aqui
na cidade.
— Que boa ideia! Nós, artistas plásticos,
realmente estamos precisando de novas
oportunidades. — Nicole ficou entusiasmada.

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— E terão. — Paulo se aproximou de Nicole


e colocou a mão no seu cotovelo. — Nicole, eu
gostaria de almoçar com você. Precisamos acertar
alguns detalhes, principalmente sobre a cobertura
da mídia.
— Vai ter cobertura da imprensa? — Essa
parte Eloá sequer tinha comentado.
— Claro que sim. Faço cobertura de todas as
exposições da galeria, mas não se preocupe que
tirará de letra.
— Já estou nervosa. — Nicole sorriu ansiosa.
— Não fique. — Paulo olhou para Eloá e
também sorriu. — E então, vamos almoçar?
— Claro que sim, só me avisar onde será.
— Estou indo para a administração da
galeria, na hora do almoço passo aqui e te pego. —
A maneira íntima que falou não a agradou, mas ela
evitou revelar o desagrado. — Se precisar de
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alguma coisa é só falar.


— Está tudo tranquilo, Paulo. Obrigada pela
atenção.
Paulo e Eloá se afastaram e Nicole passou a
observá-los conversando. Apesar de ele olhá-la de
uma maneira um pouco atrevida, gostou do homem.
Se fosse em outros tempos, ela até poderia
demonstrar algum interesse.
— Cuidado. — Nicole gritou quando um dos
rapazes colocou um pequeno vaso no chão. — Isso
quebra, não pode ficar em qualquer lugar. —
Afastando todos os pensamentos, ela voltou a
concentração em arrumar as suas peças.

Logan esticou as pernas e afrouxou a gravata,


depois de ter levado o cliente até a porta. Estava
cansado, pois a manhã tinha sido tensa e a tarde não

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seria diferente. Mas o pior de tudo era saber que


quando retornasse para casa estaria sozinho.
Dalva já tinha viajado outras vezes e o
deixado de lado, mas antes ele era solteiro e
aproveitava os dias que estava sozinho para sair
com o maior número possível de mulheres. Só que
agora tudo era diferente: estava casado, apaixonado
e não sabia lidar com a ausência da esposa.
— Posso entrar? — Luiz apareceu na porta e
Logan fez sinal para que entrasse.
— Cara, você está na merda. — Sorriu ao ver
a apatia do amigo.
— Vai se foder. — Com o estado de espírito
que estava, não queria brincadeiras.
— Como está sobrevivendo sem as meninas?
— Nada bem. — Como Luiz era o melhor
amigo, não havia necessidade de mentir.

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— Que merda, parceiro, você está de quatro


pela Nicole.
— Eu sei. — Ele esfregou as mãos pelo rosto
frustrado. — Nem sei mais o que fazer, Luiz. Eu
me recuso a separar.
Essa ideia estava crescendo dentro dele, não
queria mais acabar o casamento. Toda vez que
pensava na possibilidade de Nicole deixá-lo, ficava
louco.
— Caralho. — Luiz soltou o palavrão e
levantou. — O que fará agora? Um ano passa
rápido, portanto vai ter que bolar um plano para ela
ficar.
Logan estava com vários planos em mente,
mas nenhum deles o agradava.
— Que merda que você se meteu, Logan?
Sabia que isso não acabaria bem.
— O certo não seria você me apoiar?
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— Seria, mas o que falar? Você se fodeu


muito com essa história de casamento. Mas a
Nicole é uma garota maravilhosa, eu te entendo e
acho que deve lutar para ficar com ela. Vocês
formam um casal bonito.
— Eu vou lutar sim.
— Ótimo. — Luiz falou e parou na frente da
mesa do amigo. — Agora vamos almoçar, pois
preciso discutir com você sobre as negociações da
venda das ações de um dos sócios do Deonedes. —
Luiz sorriu maliciosamente. — Temos que
conversar sobre o Tiago. O detetive que contratei
para ficar de olhos nele tem novidades.
— Vamos, quero saber de todas elas. —
Logan pegou o terno, deu a volta na mesa e
começou a caminhar para a porta, mas foi
interrompido com a presença de Katarina. —
Aconteceu alguma coisa?

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— Nada demais, Logan, mas eu preciso dos


dados do senhor Carlos Falcão.
— Está no meu computador. Passo para você
depois, O.K.? Estou indo almoçar.
— Eu pego rapidinho o que preciso. —
Logan observou Katarina erguer um bloquinho de
anotação. — Só preciso que deixe o computador
liberado.
Ele considerou o que foi dito, pois não
gostava que mexessem no computador dele, mas
como Katarina estava por dentro da maior parte dos
assuntos do escritório, acabou não se lembrando de
nada que poderia ter nos arquivos que fosse nocivo.
— Tá bem. — Retornou para a mesa e ligou
o computador. Em poucos segundos liberou o
acesso para que ela trabalhasse. — Quando
terminar desligue e feche a minha sala. Vou
almoçar, mas não devo demorar.
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— Tudo, bem chefe. Anotarei o que preciso e


também vou almoçar.
— Certo. — Logan voltou a seguir para a
saída, com Luiz logo atrás.
— Você deixa a Katarina mexer nas suas
coisas? – o amigo comentou assim que ficaram
fora de vista.
— Ela é a minha secretária particular, cara.
Mexe em muitas coisas. — Luiz enrugou a testa e
em seguida sorriu.
— Que tipos de coisas mexe? — Luiz deu
um sorriso malicioso. — Ela é linda. Se eu não
fosse casado já teria a convidado para tomar uma
bebida.
— Vai se foder, Luiz! Estou me lixando para
a Katarina.
— Que merda, Logan. Você tá mais que
fodido. — Ele caiu na gargalhada e foi
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praticamente jogado dentro do elevador por um


Logan raivoso.

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Capítulo 27

As mãos de Nicole estavam suadas de


nervoso. Ainda não acreditava estar em um evento
de arte, dedicado inteiramente à exposição das
próprias peças. Sempre sonhou em viver um
momento como esse, mas agora que estava
realmente acontecendo, não acreditava.
— Parabéns, as suas peças são maravilhosas.
As palavras sumiram da boca de Nicole
quando recebeu o elogio de uma famosa atriz de
novela. A exposição tinha atraído uma quantidade
absurda de pessoas influentes da capital paulistana.
Ela ainda tentava assimilar o fato de tantas pessoas
diferentes elogiarem o trabalho dela.
— Muito obrigada. Estou encantada com a
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aceitação do meu trabalho.


— Você tem talento, querida, isso te faz
especial. — Nicole apenas sorriu diante do elogio.
Era emoção demais para assimilar. No fundo queria
abraçar todo mundo que estava ali.
— Nicole, tem um minuto? — Paulo chegou
perto dela no instante em que se despedia da atriz.
— Claro. — Ela o evitou a noite toda, pois
Paulo demonstrou um interesse despropositado ao
relacionamento profissional que deveriam ter.
— Tenho uma notícia maravilhosa. —
Segurou Nicole pelos cotovelos sorrindo. — Acho
que sabe que a exposição está sendo um sucesso.
— Eu acredito que estão gostando.
— Mais do que isso, linda, as pessoas estão
encantadas. Quase todas as peças já foram
vendidas.

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— Jura? — Agora Nicole se sentiu em transe


e abriu um sorriso bobo no rosto.
— Nós não temos quase nada a disposição
dos clientes para vender…, mas o melhor você
ainda não sabe.
— O que foi? — Paulo abriu um sorriso
imenso.
— Temos um convite para expor suas obras
em uma galeria de Nova York, mais
especificamente no Soho.
Nicole arregalou os olhos, sem oferecer
resistência quando Paulo a abraçou, entusiasmado,
falando mil e uma palavras por segundo. Ela apenas
ficou imaginando que a qualquer momento cairia
da cama e descobriria que tudo era uma fantasia.
— Meus parabéns. — Nicole se assustou
quando ouviu uma voz conhecida a felicitar. — Eu
sempre soube que você era uma grande artista.
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O choque fez Nicole ficar estática. Heitor


estava na frente dela. Imaginou ver ali diversas
pessoas, menos ele.
— Eu já posso imaginar a alegria do seu
marido ao saber que irá para Nova York. — Heitor
beijou o rosto dela como se fossem bons e velhos
amigos.
— O que faz aqui? — Nicole estava agitada,
sem saber como agir.
— Vim a negócios para a cidade, mas
descobri que você estava expondo e decidi conferir.
— Ele é seu amigo? — Paulo deve ter notado
a tensão.
— Sou um amigo antigo da Nicole.
— Paulo, o administrador da galeria. — O
homem se apresentou a Heitor.
— Lindo espaço, está de parabéns.

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— Com licença. — Nicole nem esperou uma


resposta para sair dali, simplesmente se afastou em
busca de um lugar tranquilo.
Primeiro, ela tinha um convite para expor em
Nova York, e segundo, o que Heitor estava fazendo
ali? A vontade era apenas de ter o marido por perto
para fazê-la esquecer de tudo ao redor.
Nicole encontrou os pais e tentou ao máximo
disfarçar as inquietações. Acabou indo beber um
pouco com eles, enquanto recebia os cumprimentos
de outros rostos desconhecidos.
O resto da noite foi um sucesso, apesar de
Heitor ainda circular pelo lugar se fingindo de
amigo. A vontade era de mandá-lo embora, mas a
boa educação a manteve silenciosa e com um
sorriso congelado nos lábios.
— Nicole, o curador americano estará na
cidade até o fim de semana. Marquei para
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almoçarmos juntos no sábado. — Paulo anunciou


— Sábado? — Ela havia dito ao marido que
estaria em casa no dia seguinte. Não contava ter de
ficar muito tempo na cidade.
— Isso, ele tem um compromisso nesta
sexta…
— É que eu tinha dito ao meu marido que
estaria amanhã em casa. Já estou fora desde
segunda-feira.
— Querida, essa é a chance de uma vida!
Depois de expor em Nova York, sua fama no Brasil
será sem precedentes.
Por mais que quisesse contradizê-lo, não
podia negar a verdade daquilo. Realmente a vida
dela mudaria com a exposição. Logan
enlouqueceria, mas em poucos meses estariam se
separando, por isso não podia deixar essa
oportunidade de ouro escapar.
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— Tudo bem, eu vou ficar para o almoço.


— Isso, querida. Vamos marcar essa
exposição e levá-la para o centro do mundo.
Nicole sorriu ao ouvir as palavras de
incentivo de Paulo. Imaginou como seria ter suas
obras expostas em Nova York. Se realmente isso
acontecesse, ela voltaria para o Brasil com o status
de celebridade da nova arte nacional.

— Nicole, eu estou feliz por você, mas sinto


te informar que o Logan não gostará dessa
novidade.
— Eu sei Dalva, mas como perder essa
oportunidade? — Apesar de estar feliz por tudo
aquilo, sabia que Logan não reagiria bem.
— Converse logo com ele, porque daqui a
pouco estaremos indo para o aeroporto e não o
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imagino feliz quando descobrir que você não está


conosco;
— A Nicole tem uma carreira, Dalva. —
Alda entrou no assunto. — Mas concordo que o
marido tem que saber logo da mudança de planos.
— Vou ligar…
Nicole deixou a mesa de café da manhã e foi
direto para o quarto. Ficar também não era o que
queria, mas quando o futuro profissional está em
jogo é impossível abrir mão de certas coisas.

Logan estava eufórico em saber que estaria


ao lado de Nicole em poucas horas. Finalmente
poderia dormir em paz, inebriado pelo cheiro dela.
Estava apaixonado, isso era algo que nem
tentava mais omitir, mas ainda não se sentia seguro
para dizer que a queria, definitivamente, ao lado
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dele.
Assim que chegassem, começaria a
demonstrar o quanto estava apaixonado, deixaria
escapar que era impossível separar-se dela.
O som do celular tirou-lhe a atenção.
— Bom dia, querida, já está no aeroporto? —
A ansiedade de vê-la o consumia.
— Não. — Nicole pareceu apreensiva.
— Você está atrasada, Nicole. — Olhou para
o relógio, preocupado.
— Logan, precisamos conversar…
— Meu anjo, podemos conversar quando
chegar.
— Logan, eu não posso voltar hoje. Tenho
uma reunião com o curador de uma galeria de Nova
York amanhã. Ele gostou do meu trabalho e quer
levar as peças para lá. — A voz dela derramou tudo

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de uma vez, sem respirar.


As palavras fugiram dele quando ouviu
aquilo. Certamente deve ter entendido errado, pois
não era possível que fosse ficar sem a mulher por
mais alguns dias.
— Como assim você não volta hoje? Eu ouvi
direito?
— Infelizmente eu preciso ficar. O curador
de Nova York só vai poder conversar comigo
amanhã.
— Mas… — O protesto dele morreu
rapidamente quando percebeu que ela já tinha
decido ficar.
— Logan, é importante para mim esse
encontro. Se ele realmente fizer essa exposição, a
minha carreira vai mudar completamente.
Ele tentou pensar em algo para falar, mas foi
impossível. O que um homem que propunha um
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contrato de casamento podia oferecer para uma


mulher que certamente ganharia o mundo com a
própria arte?
— Boa sorte, Nicole. Que você consiga a
exposição que tanto deseja. — Sem ter mais o que
falar, desligou o telefone e atirou o jornal para
longe.
A vontade dele era quebrar a cozinha inteira,
mas se fizesse isso Dalva teria um ataque de
nervos. E falando nisso, ficou sem saber se ela viria
ou também ficaria em São Paulo, acompanhando
Nicole. Para não ter que ir para o aeroporto em vão,
decidiu ligar para ela.
— Logan. — A voz dela estava apreensiva e
isso não era um bom sinal.
— Vai ficar em São Paulo também?
— Não, estou indo para o aeroporto.
— A Nicole vai ficar sozinha?
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— Vai. — Agora a vontade de quebrar a


cozinha voltou com força total.
— Inferno! — Logan levantou-se da cadeira
com brusquidão, a deixando cair.
— Calma, ela vai voltar amanhã à noite.
— Eu a quero hoje, como combinamos. —
vociferou, descontrolado.
— Logan, é o trabalho dela. — Dalva disse
com a voz suave.
— Depois me passa o horário certo da sua
chegada. Enviarei alguém para buscá-la.
— Não era você que nos pegaria?
— Era, mas do jeito que estou é bem capaz
que eu encontre o primeiro poste da rua. — Ele
estava a ponto de explodir. Portanto, dirigir não era
a melhor opção naquele momento. — Até mais
tarde.

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Sem deixá-la responder, desligou e olhou


para a porta da cozinha, pensando no que deveria
fazer.
Ficar em casa seria a destruição dele. Então
tinha de sair e tentar se acalmar.

Nicole sentiu as primeiras lágrimas caírem


quando Logan interrompeu a ligação, sem deixá-la
se despedir. Sabia que seria complicado contar para
ele, mas também não esperava que reagisse com
tanta impetuosidade.
— O que foi, filha? — Alda se assustou com
as lágrimas inesperadas de Nicole.
— Ai, mãe, o Logan desligou na minha cara.
— Ela olhou para o marido, à procura de ajuda.
— Calma. — Alda sentou-se ao lado dela e a
abraçou. — Seu marido só ficou chateado porque
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não vai voltar no tempo determinado. Tudo vai


ficar bem.
— Hija, seu marido está com saudade. Nós
homens, quando estamos com saudade da mulher
que amamos, não somos compreensivos. — Javier
encarou a esposa. — Sem a minha Alda eu não sou
ninguém. — Ele beijou o rosto da esposa.
Nicole olhou para o pai e teve vontade de
dizer que Logan não a amava, que o
relacionamento deles era uma farsa. Que nessa
história ela tinha entregue o coração, mas nada
recebido em troca.
— Seu pai tem razão, meu amor. Ele só está
com saudade e não gostou de saber que vai demorar
a chegar. Quando chegarmos ao Rio,
conversaremos com ele, fique tranquila.
— Deixa o Logan, mãe. — Nicole secou as
lágrimas e a abraçou. — Boa viagem para vocês.
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— Se você quiser nós ficamos com você. —


Javier rapidamente ofereceu companhia para a
filha.
— Claro que não. Eu vou ficar bem, serão
apenas dois dias. Na verdade, nem isso, já que vou
embora no sábado à noite.
— Tem certeza?
— Absoluta. — Nicole tentou se recompor
para não deixar os pais preocupados.
Nicole tentou sorrir ao máximo, mas
esperaria os pais irem embora para cair na cama e
chorar o coração magoado. Se Logan gostasse dela
de verdade, ficaria feliz pelo sucesso. Na verdade,
parecia que só a queria para sexo, que toda saudade
existia porque ninguém estava esquentando a cama
dele.
Nicole acompanhou os pais até o saguão do
hotel, encontrando-se com Dalva e Violeta para
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juntos pegarem o táxi. Ela se sentiu solitária


quando viu o carro se afastar, mas segurou o choro
e subiu até o quarto, sem olhar para ninguém.
Quando se viu só, jogou-se na cama em prantos,
por um tempo que não soube determinar, até que
um sono repentino a dominou.

A animação de Rafael fez Logan sorrir. O


sobrinho estava fazendo uma volta olímpica pela
sala depois de ter ganhado uma partida de futebol
no videogame. Normalmente o espírito competitivo
não o deixava perder para o pequeno, mas hoje
sequer se importou. Estava tão chateado que a
concentração era nula.
Acabou indo buscar Dalva e a amiga no
aeroporto. Deixou as duas em casa e veio direto
para a casa da irmã. Se ficasse em casa seria pior,

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pois não queria ouvir Dalva tentando justificar a


ausência de Nicole. Sabia que ela tinha uma vida,
que era um sucesso como artista plástica, mas
acreditava que havia algo maior se desenvolvendo
entre eles. Talvez fosse apenas imaginação, já que
Nicole estava empenhada em levar o trabalho dela
para Nova York. Se queria mesmo essa exposição
tanto assim, significava que o deixaria quando o
prazo acabasse.
— Droga! — Logan se sentia incapaz diante
daquela situação.
— Falando sozinho ou chateado com a
bagunça do Rafael? — Para a surpresa dele, a mãe
apareceu na sala.
— A senhora por aqui? — Estranhou a
presença dela, pois a irmã não tinha feito qualquer
comentário.
— Soube que estava aqui e vim vê-lo. — ele
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sentiu o cheiro da confusão se aproximando.


— A Bia disse que eu estava aqui? — Viu
Rafael correr para abraçar a avó.
— Não, o Renan que me contou.
— Meu amado cunhado virou um tremendo
fofoqueiro.
— Incomodo você?
— Nem um pouco. — Logan mentiu.
— Cadê a sua mulher? Agora que se casou
anda sumido, não aparece mais.
— Pode parar mãe, que nunca fomos de nos
ver. — Hoje não era um bom dia para ela começar
com dramas. — Na verdade, acho que não nos
vemos desde que eu tenho…. — Fez uma pausa
proposital. — Um ano?
O questionamento fez a mãe encará-lo. Ela
não gostava quando ele recordava da maneira como

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abandonou os filhos em prol do trabalho. Na cabeça


de Elisabeth, ele deveria agradecê-la por trabalhar e
dar-lhe uma vida de luxo. Só que para Logan o
carinho era o mais precioso, não o dinheiro
excessivo que trazia para casa.
— Se eu não trabalhasse, hoje não teriam a
vida estabilizada.
— Quem te garante? — Essa era uma velha
discussão que nunca conseguiam concordar. —
Hoje não quero discutir, mãe. — Com ela ali, a
vontade de ficar tinha acabado. — Onde está o
papai?
— Em casa. — Elisabeth se aproximou dele
com o olhar atento. — O que você tem? Por que
está chateado?
— Não é nada. — Jamais conversaria com
ela sobre os problemas dele com Nicole. — Rafa,
eu estou indo, dá um beijo no tio. — A criança
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correu e pulou no colo dele. A alegria do pequeno


era algo que sempre lhe trazia uma enorme
satisfação.
— Você já vai, tio? — Rafael ficou triste.
— Vou, preciso trabalhar. — Aquela era a
desculpa que sempre colava.
— Está indo embora por que eu cheguei?
— Também, mas realmente tenho um
compromisso. — Nesse momento ele não sentiu
necessidade de mentir.
— Quando vamos nos acertar? Não está na
hora de apagarmos o passado? — A pergunta dela o
pegou de surpresa, pois a mãe nunca demonstrava
arrependimento pelo que fez.
— Não podemos apagar quase quarenta anos
de descaso, mãe. Nada funciona assim. — Logan
começou a caminhar para a porta, mas foi
interceptado pelo toque dela.
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— Um dia terá filhos com a mulher que


escolheu, e espero que eles nunca sejam
indiferentes como tem sido comigo. — A vontade
dele era de sorrir, pois sabia que os filhos com
Nicole nunca viriam.
— Os meus filhos terão um pai presente. —
Afastou-se. — Até mais, mãe.
Saiu sem olhar para trás. Estava sem o menor
humor para conversar com ela, muito menos falar
do passado. A cabeça estava repleta de
questionamentos, dúvidas e saudade da esposa.
Tudo o que desejava era que a vida fosse simples,
como a da irmã. Chegar ao lar e encontrar Nicole,
saber que ela estaria lá depois que se passasse o
aniversário de casamento e que ela correspondesse
ao sentimento desgovernado martelando em seu
coração.

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Ao chegar a casa recebeu uma mensagem de


Nicole dizendo que precisava falar com ele. Por
alguns segundos Logan considerou respondê-la.
Mas se algo tivesse acontecido, ela teria ligado para
a irmã dela, que entraria em contato.
Com esse pensamento, guardou o celular e
deixou a mensagem cair no esquecimento. Era
melhor começar a se acostumar com a ausência da
esposa do que se iludir que poderia tê-la para si.
— Logan, por onde andou? — Dalva
apareceu na sala no instante em que subia as
escadas.
— Fui até a Bia, jogar videogame com o
Rafa.
— A Nicole ligou atrás de você. — Logan
respirou fundo para não ser grosseiro com ela.

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— Ela me mandou uma mensagem.


— Já respondeu?
— Não. — Logan a encarou. — E nem vou.
— Vai ficar nessa birra até quando?
— Pare de achar que sou criança, Dalva.
Apenas estou me acostumando à ausência dela.
— Ausência?
— Sim, em breve o nosso casamento acabará
e ela vai embora. A Nicole já está agilizando a vida
dela, eu farei o mesmo com a minha.
— Mas…. — Dalva olhou para ele, confusa.
— Vocês estavam bem, viviam olhando um para o
outro tão apaixonados que pensei….
— Pensou errado. — Logan a cortou. —
Nada mudou no nosso acordo. Agora me deixe
sozinho, Dalva. — Subiu as escadas correndo, se
preparando para ter mais uma noite em claro.

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— Lute por ela, Logan. Sei que a ama! Não


vá contra esse sentimento, se entregue. — Ouviu
Dalva falar, mas bloqueou as palavras. Era
impossível ficar amando uma mulher que estava
fadada a abandoná-lo para ganhar o mundo.
Nicole tinha sido uma mulher maravilhosa ao
aceitar ajudá-lo. Agora retribuiria o favor,
deixando-a ir embora rumo ao sucesso.

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Capítulo 28

Nicole saiu de São Paulo feliz e triste ao


mesmo tempo. Estava com um sorriso no rosto em
relação ao sucesso do encontro com o curador de
Nova York, já que ele adorou as peças e garantiu
que teria a sonhada exposição. Mas durante esse
tempo Logan ignorou as mensagens que mandou,
quebrando o coração dela. Parecia um garoto
mimado, que não gostava de ser contrariado, e essa
atitude tão exagerada a surpreendeu.
Quando saiu da área de desembarque, buscou
pelo saguão do aeroporto para achar o marido, mas
não o encontrou. Ele não era um homem que
passava despercebido. Pensou que ele viria buscá-la
depois que enviou o horário do voo. Pelo visto, se
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equivocara.
— Nicole! — Ouviu a voz do Pacheco,
amigo de Dalva.
— Oi. — Aproximou-se dele, sorrindo. — O
que faz aqui, Pacheco?
— O Logan me pediu para te buscar.
— É mesmo? — Estava decepcionada. — Ele
não pôde vir?
— Apenas me pediu que viesse…
— Certo. — calada, seguiu Pacheco até o
carro.
O caminho foi calmo, graças ao trânsito da
tarde de domingo. Quando chegou a casa,
encontrou tudo em silêncio. Nem mesmo Dalva
parecia estar ali. Abandonou as malas na sala e foi
na direção do escritório de Logan, onde
normalmente ficava aos domingos quando tinha

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algum processo importante para trabalhar. Mas o


cômodo estava vazio.
Partiu para a cozinha, mas ninguém estava lá.
Nicole retornou à sala e encontrou Dalva
descendo as escadas.
— Nicole, que bom que chegou. —
Caminhou com os braços abertos na direção dela.
— Estava atrás de você na cozinha.
— Eu fui descansar depois do almoço, ia
preparar um bolo…
— Não precisa. — Nicole sorriu. — Cadê o
Logan? — Ela viu o semblante de Dalva mudar.
— Ele saiu, disse que tinha um compromisso.
— Com quem?
— Não falou, apenas almoçou e foi para a
rua.
Nicole tentou esconder a tristeza, para que
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Dalva nada percebesse. Pelo visto, o marido estava


mais chateado do que pensava, talvez se recusasse a
aceitar o sucesso dela.
— Vou tomar um banho, estou cansada.
— Vai sim, querida. Vou fazer o bolo.
Descansa e depois desce pra gente tomar café
enquanto me conta como foi o almoço com o
gringo.
— Tudo bem. — Nicole tentou sorrir e se
arrastou com a mala até o quarto.
Como Logan a punira com o silêncio, decidiu
que ficaria no antigo quarto. Era melhor ficar ali até
resolverem os problemas entre eles.
Depois de um banho relaxante, desfez parte
da mala e se deitou. Estava se sentindo exausta, já
que camas de hotel sempre lhe tiravam o sono. Por
alguns minutos pensou no marido e considerou
ligar, mas como nunca lhe respondia abandonou a
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ideia.
Dormir ajudaria a passar o tempo e foi com
essa ideia que adormeceu.

Logan chegou depois de uma tarde na casa de


Luiz. Ainda estava sem controle das próprias
emoções para encontrar com Nicole. Apesar da
cabeça afirmar que deveria manter-se distante, o
coração discordava e exigia que a mantivesse junto
de si.
— A Nicole chegou. — Dalva comunicou
assim que jogou a chave do carro na mesa de
centro.
— Que bom. — Logan estava evitando um
debate com Dalva.
— Ela está triste. Tente ser delicado com ela,
pois estou cansada de ver você com essa cara. —
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Ela limpou as mãos em um pano de prato. — Está


sendo infantil. É hora de acordar e lutar pelo seu
futuro.
— Acabou? — As palavras dela o tinham
impactado profundamente, mas não admitiria isso.
— Por enquanto. — Dalva deu as costas e
saiu da sala.
Ele subiu e foi direto para o quarto, mas
quando entrou não viu Nicole. Foi até o banheiro e
também não a achou. Seguiu então para o quarto
onde ela ficava antes e a encontrou dormindo.
Ele admirou a figura pequena adormecida.
Estava com saudade. Parecia que tinha anos que
não a via. Nicole havia se embrenhado na sua pele
de tal maneira que era difícil ficar longe.
Como hipnotizado, caminhou até a cama e
correu as mãos pelo cabelo dela. A maciez das
madeixas fez o desejo crescer. Mas a deixaria
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dormir, porque ainda estava despreparado para uma


conversa.
Com certa dificuldade, se afastou e foi tomar
um banho. Quando terminou, desceu e foi para o
escritório. Era um excelente momento para fazer o
ritual de beber um bom uísque e fumar o charuto.
Sempre conseguia pensar melhor quando
parava para sentir o gosto da bebida se espalhar
pelo corpo, junto com o sabor denso do fumo.
Apesar da mania incomodar Dalva, ele não
conseguia largar. O prazer que sentia quanto se
dava ao luxo de relaxar nessa excelente companhia
era inexplicável.

Nicole acordou e desceu para saber se Logan


já estava em casa. Quando chegou à cozinha, Dalva
informou que ele havia chego há um tempo e estava

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no escritório. Com o coração aos saltos, ela foi


atrás dele. A saudade que sentia era imensa, mas o
medo de como reagiria era algo que a deixava
insegura.
Quando Nicole abriu a porta do escritório,
escutou um blues baixo tocando e viu o perfil de
Logan olhando pela janela com um copo de uísque
na mão, enquanto uma névoa se espalhava no ar.
Ela observou com atenção a figura imponente e
percebeu que precisava encontrar uma maneira para
acabar com os conflitos que a viagem causara entre
eles.
Sem fazer barulho, fechou a porta e entrou.
Queria pegá-lo de surpresa, talvez se estivesse
desarmado em relação a presença dela, conseguisse
zerar os conflitos e fazer tudo voltar ao normal
entre os dois. Com cuidado, Nicole caminhou para
a mesa, mas quando estava chegando perto, ele

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rodou a cadeira e a encarou.


O olhar fez o corpo dela tremer, pois não era
o tipo que ele costumava dedicar a Nicole. Era um
olhar de avaliação, frio e completamente impessoal,
nada caloroso como os que estava acostumada a
sentir sobre si.
Essa indiferença ativou o estado de
insegurança, fazendo as pernas dela travarem,
deixando-a parada no meio do escritório, sem saber
o que falar.
Um nervosismo descontrolado tomou conta
dela, não conseguia encontrar as palavras certas
para tentar desarmá-lo. Tudo o que desejava era
que ele a olhasse com o carinho de antes.
— Logan. — Nicole disse o nome dele,
desconcertada diante da maneira que o marido a
olhava. — O que está acontecendo?
Ficou sem resposta, apenas o observou
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terminar a bebida e descartar o charuto em um


cinzeiro. O coração dela não parava de bater
acelerado diante de todo aquele silêncio. Caso não
falasse nada, ela teria uma crise de nervos.
Dando a volta pela mesa, Nicole o observou
se aproximar. Estava com uma camiseta sem
mangas, clara, que deixava os braços musculosos à
mostra, a tatuagem que tanto sentiu falta, em
evidência, fazendo com que as mãos coçassem para
tocá-la. Vestia uma calça preta larga de malhação e
chinelos.
Resumindo: estava ainda mais lindo e a
vontade dela era se jogar sobre o marido, pedindo
que matasse o desejo que sentia.
Quando Logan parou diante dela, Nicole
ergueu a cabeça e perdeu completamente a
habilidade de falar. Era impossível formar qualquer
frase com ele tão próximo de si e com aquele olhar

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indecifrável que a desestabilizava.


Esticando a mão, ele aprisionou a nuca dela,
sem desviar o olhar. Dava para perceber a
apreensão. Certamente estava tentando se controlar
para não iniciar uma discussão.
Quando abaixou a cabeça e capturou os
lábios dela em um beijo intenso, Nicole sentiu que
a vida voltava a fazer sentindo depois de seis
longos dias longe dele.
Ela não esperava esse tipo de atitude dele,
mas nunca o questionaria. Afinal, estava louca para
ficar dentro daqueles braços. Apesar da viagem
dela ter sido um sucesso, a falta que o marido lhe
fez foi imensa. Pensava nele a cada segundo.
Subiu as mãos pelos braços do marido e
depois correu uma delas pela barba cerrada. Talvez
estivesse louca, mas a sensação que tinha era de
que ele estava ainda mais viril e sexy. Era um
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pecado ambulante, sempre com um ar de predador,


capaz de levá-la a pensar em mil e uma maneiras de
ser devorada.
— Eu senti a sua falta. — Confessou quando
ele afastou a boca para lhe beijar o ombro. — Por
que não foi me buscar? — Ainda que quisesse
passar por cima desse assunto, Nicole se sentia
magoada por não ter esperado por ela.

A cabeça de Logan estava condicionada em


tocar, sentir o gosto dela, despertar o prazer, e nada
disposto a conversar. Faria isso mais tarde, quando
estivessem no quarto. Por isso, ele abriu as pernas
dela e ergueu a saia.
— Logan, o que pensa que está fazendo? —
Nicole colou as mãos sobre as dele, tentando
impedir que a despisse. — A Dalva pode entrar e

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nos ver.
— Esquece a Dalva. Se entrar sem bater é
problema dela. — Logan afastou a calcinha de
Nicole e colocou dois dedos dentro dela,
remexendo bem devagar até a ver jogar a cabeça
para trás, gemendo alto e esquecendo
completamente de tudo.
Ela estava molhada e pronta para recebê-lo,
deixando-o ainda mais duro e louco.
Definitivamente ela era o seu refúgio, a única
mulher do mundo capaz de dominá-lo.
Enquanto a estimulava, ele a cobria de beijos,
tentando matar um pouco da saudade que lhe
corroía o peito. Se ficar sem ela durante essa
semana quase o enlouqueceu, nem queria imaginar
o que seria de si, caso tivesse de ficar sem a esposa
definitivamente.
Com insistência, Nicole segurou o rosto dele,
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forçando-o a encará-la. No entanto, Logan tentou


resistir, sem sucesso. Quando cedeu ao desejo da
esposa, foi recompensado por um carinho bem-
vindo na barba espessa. Em seguida, ela deslizou o
polegar pela boca incendiando o seu corpo.
Mantendo o seu olhar cativo, ela deslizou
lentamente a mão pela sua barriga, até alcançar o
laço da calça e desatá-lo, liberando assim a ereção.
Quando a mão dela agarrou a base do membro
duro, ele fechou os olhos e suspirou fundo. Agora
ambos estavam em sintonia e todas as desavenças
estavam zeradas. Neste instante era apenas o desejo
que os unia, pairando sobre eles.
Por alguns minutos, Logan deixou-a tocá-lo
como queria, enquanto foi distribuindo beijos pelo
pescoço dela. Ergueu-lhe a blusa para poder acessar
os seios. Chupou-os com desejo, assimilando cada
gemido dado com as sensações que a boca
proporcionava. Quando percebeu que estava
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perdendo o limite, retirou as mãos dela do pau, e a


ajeitou na mesa.
Em um movimento preciso, entrou nela e
segurou os movimentos por alguns segundos, para
não perder o controle antes da hora. Estava há
muitos dias sem poder sentir a maciez da esposa e
isso deixava o autocontrole dele em frangalhos.
Não era fácil admitir para si, mas ficar com Nicole
o fazia perder as rédeas das próprias emoções.
Quando se sentiu apto a se mover, segurou o
corpo dela com vigor e iniciou uma série de
estocadas que reverberavam pelo escritório,
estimulando ainda mais o tesão dele. A sintonia
entre os dois deixou Logan alucinado. Era nítido
como precisavam ficar juntos… Só esperava que
isso também fosse claro para ela.
Neste momento ele não se importou em
revelar os seus sentimentos para Nicole. Queria

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apenas matar a saudade que parecia consumir-lhe o


peito. No fundo, desejava que ela correspondesse a
paixão que sentia, não queria estar sozinho na
relação. Desejava que a esposa o quisesse na
mesma intensidade.
Com perícia, ele levou Nicole a um orgasmo
poderoso, fazendo com que ela soltasse um grito
feroz quando o prazer a dominou... e ao sentir os
primeiros espasmos vaginais dela, Logan sorriu e
deixou o corpo seguir com tranquilidade para o tão
aguardado orgasmo. Precisava sentir a plenitude do
prazer percorrê-lo, necessitava se sentir vivo de
novo, já que desde que ela viajou estava vivendo
em um mundo paralelo.
— Logan. — Nicole passou a mão pela
cabeça dele e alisou seu cabelo ralo. — Eu não
aguentava mais ficar longe de você.
Em outros tempos Logan ficaria reticente ao

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ouvir esse tipo de declaração, mas vindo de Nicole,


lhe dava esperanças. Talvez a ideia de fazê-la ficar,
fosse possível.
— Eu também estava louco longe de você. —
A confissão dele foi extremamente sincera.
— Pensei que estivesse com raiva de mim. —
Ela acariciou o braço dele e deu um beijo delicado
no ombro.
— Ainda estou. — Aprumou o corpo e se
retirou dela. — Não gostei de ter ficado em São
Paulo sozinha.
— Não tive com evitar. — Nicole tentou se
justificar, mas ele pareceu se distanciar novamente.
— Tem um lavabo aqui no escritório. Pode ir
lá se quiser.
— Onde?
Logan caminhou até uma prateleira, onde

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alguns livros e objetos de escritório ficavam e


deslizou uma porta discreta para o lado. — Aqui.
— Você tem uma porta secreta?
— Não é secreta, ela só faz parte da
decoração. — explicou, sem demonstrar emoção
alguma. — Se quiser se limpar e ajeitar o cabelo,
fique à vontade.
Ele a observou com um discreto sorriso
correr as mãos pela cabeça, percebendo que o rabo
de cavalo estava desfeito.
Sem falar nada, Nicole foi para o lavabo e
deixou Logan reflexivo, pensando no que fazer
para impedi-la de partir quando o acordo acabasse.
Quando ela retornou, ele estava com um novo
copo de uísque, bebericando, enquanto olhava pela
janela.
— Logan, o que está acontecendo de verdade
com você? Por que está tão chateado comigo?
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A fragilidade no olhar dela desfez a nuvem


negra que pairava sobre ele. O ciúme tinha feito
com perdesse o bom senso e ficasse cego. Mas se
quisesse conquistá-la teria que ser mais equilibrado
e aprender a controlar-se.
— Venha aqui, querida. — Estendeu a mão e
sorriu quando Nicole correu e o abraçou pela
cintura. — Me perdoe por ser um idiota, mas eu
estava morrendo nessa casa com você longe.
— Eu precisei ficar, a minha carreira estava
em jogo.
— Eu sei, meu anjo, eu sei. — Rodeou um
dos braços pelos ombros dela e beijou o cabelo. —
Me perdoa por ser um imbecil? — Nicole ergueu o
rosto para encará-lo.
— Você não é imbecil.
— Sou sim. — Com delicadeza, ele acariciou
o rosto dela. — Odeio me sentir inseguro.
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— E por que isso? — Ela parecia surpresa ao


ouvi-lo dizer aquilo.
— Esquece, Nicole. — Naquele momento
Logan não queria falar dos próprios sentimentos.
— Quero apenas que me desculpe por não a ter
buscado ou retornado suas ligações. Não fui um
bom marido, tenho consciência disso e quero que
saiba que nada tem a ver com o seu sucesso, longe
disso. Desejo que o mundo veja o seu talento. —
As palavras dele parecem tê-la deixado feliz. — O
problema é que eu…. — Logan respirou fundo,
sem saber como dizer que estava com medo de ser
abandonado.
— Esquece, já passou. — Ela pareceu notar
que falar sobre si, o que se passava dentro dele, não
o deixava à vontade. — Quero apenas matar a
saudade. — Ela beijou o queixo dele. — Vamos
para o quarto?

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— Quarto? — Logan ergueu a sobrancelha,


sorrindo. — Você não vai jantar? A Dalva deve
estar fazendo algo especial.
— Quero recuperar o tempo perdido. —
Nicole correu as mãos pelo peito dele, enquanto
mordia o lábio, deixando-o doido. — Eu quero
mais, Logan. Me deixe com as pernas bambas, sem
conseguir respirar. Me come daquele jeito gostoso
que só você sabe fazer.
Ao ouvir aquilo, a voz de Logan pareceu
perder-se para sempre, pois não conseguia colocar
os pensamentos em ordem, muito menos organizar
as palavras. Nunca tinha ouvido tantas palavras
obscenas vindo da esposa, mas adorou cada uma
delas.
— A Dalva vai ficar chateada….
— Depois falo com ela.
— Tem certeza de que não quer jantar
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primeiro?
— Você está com fome? Então decida: ou
come o jantar da Dalva agora, ou me come. —
Logan ficou de boca aberta, enquanto Nicole
apenas sorria. — E aí, meu gigante, o que vai ser?
— Tem certeza de que é a minha esposa? A
Nicole que eu conheço nunca foi tão direta assim.
— A Nicole que você conheceu, nunca esteve
tanto tempo longe do marido.
— Certo. — Logan bebeu o uísque de uma só
golada e colocou o copo em cima da mesa e em
seguida apagou o charuto. — Vamos. — Estendeu
a mão para ela.
— Eu não sabia que fumava charuto…
— Só faço isso quando preciso refletir.
— Achei sexy você fazendo isso.
— É mesmo? — Ele estava adorando vê-la

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tão safada. — Posso fumar depois só para você.


Pelado.
— Eu quero.
— Primeiro, vamos para o quarto. Tenho que
deixar a minha esposa de pernas bambas.
Com um sorriso de satisfação, ele saiu do
escritório rumo ao quarto. Hoje a noite prometia.
Finalmente teria a mulher no lugar de onde nunca
deveria ter saído.

Logan sorriu olhando pela janela de vidro do


escritório quando recordou da noite intensa que
teve com Nicole. Ela parecia ter uma fome
desenfreada pelo corpo dele, grudada a noite toda.
Pela primeira vez se sentiu conectado com a
esposa. Algo havia mudado e talvez essa fosse a
oportunidade de que precisava para trazê-la para a

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vida dele de vez.


Pela manhã estava se sentindo acabado, mas,
após sair do banho e vê-la na porta, sorrindo,
bastaram segundos para que se agarrassem. Logan
a possuiu ali, encostada na bancada da pia, ambos
se encarando através do espelho. Foi o sexo mais
sensual que já tiveram. Observar as mudanças no
rosto dela foi estimulante, e esperava em breve
repetir a dose.
— Logan, com licença. — Os pensamentos
dele desapareceram quando Katarina entrou no
escritório.
— O que foi?
— A Bianca está aqui. Posso mandá-la
entrar?
— A Bia está aqui? — perguntou surpreso,
pois a irmã não aparecia no seu serviço. — Claro
que sim. — Ajeitou o terno e aguardou a entrada
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dela.
— Bom dia, Logan. — Bianca entrou na sala
com a costumeira elegância, fazendo cara de
poucos amigos para a secretária.
— Bom dia, Bia. — Logan levantou e foi
beijá-la. — Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu. — Bianca respondeu enquanto
se sentava.
— As crianças estão bem?
— Levadas como sempre.
— Então o que foi? — Observou a irmã abrir
a bolsa e tirar de lá uma pasta.
— Olhe. — Empurrou-a na direção dele.
Logan pegou a pasta e abriu, correndo os
olhos pelo conteúdo. O queixo caiu com o que viu
ali.
— Como conseguiu essas ações?
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— O dinheiro seduz qualquer um,


irmãozinho. — Bianca sorriu. — As ações dos
acionistas da empresa do Deonedes são nossas,
estamos em vantagem.
— Você é surpreendente. — Logan não tinha
outra palavra para definir a irmã. Ela tinha
conseguido algo inusitado em pouco tempo. Agora
bastava ele pegar as ações de Tiago, que teria o
controle total da empresa.
— Sou um gênio, querido, eu sei bem disso.
— Ela ajeitou o cabelo sorrindo. — Como anda as
investigações sobre esse Tiago? Você disse que
aquele seu amigo encontraria algo que servisse para
pressioná-lo.
— Não comece a criticar o meu amigo. Ele
está investigando o Tiago e em breve teremos
novidades.
— Não posso ficar esperando, Logan, quero
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essas malditas ações nas minhas mãos. Preciso dar


rumo para aquela empresa.
— Você terá, Bia. Só espere um pouco.
— Não sei esperar e devia saber bem disso.
— Ergueu-se e ajeitou a bolsa no ombro. — Assine
os papéis, preciso oficializar as compras das ações.
— Não vai me contar os detalhes sobre a
compra delas? — Logan questionou enquanto
começava a assinar os papéis.
— Em outro momento, agora estou com
pressa.
— Aqui. — Entregou a pasta para a irmã.
— Obrigada, nos falamos depois. — Bianca
começou a caminhar para a porta, mas antes de sair
parou e voltou a olhar para o irmão. — Sua mulher
voltou?
— Chegou ontem à noite.

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— Disse que a amava? Se não disse,


aconselho a fazer. Assim ela evita deixá-lo sozinho
por tanto tempo. Estava deprimente com a ausência
dela.
— Por que não se mete na sua vida? —
Logan odiava quando ela tentava passar uma lição
de moral nele.
— Eu tenho o controle da minha vida, não
me casei de mentira. Já você…. — Sorriu antes de
terminar de falar. — Arrumou uma desculpa para
casar e agora vive como um covarde, sem declarar
o amor a ela. Não sei quem é mais estúpido nesse
casamento. A Nicole é uma tapada, queria
descobrir o que viu nela.
— Não fale assim… — Agora Logan perdeu
toda a paciência com a irmã.
— Você está na merda, Logan. — Sem mais
palavras, ela saiu da sala, deixando-o louco de
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raiva.
— Ainda vai engolir esses insultos, Bia. Pode
apostar.

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Capítulo 29

Aquela era a primeira vez que Nicole


conseguira reunir a família em torno da piscina do
marido. Isso só foi possível porque todos estavam
empolgados com a visita surpresa da, Luana,
filhinha de Emanuel. Para a alegria de todos, a ex-
cunhada veio ao Rio e deixou a pequena na casa do
irmão. Como Logan ainda não a conhecia,
decidiram que um encontro na piscina seria o ideal
para isso.
Sorriu quando viu a maneira carinhosa com
que o marido tratava a menina. Desenvolveram
uma amizade surpreendente em pouco tempo. Esse
carinho conseguiu cativá-la ainda mais.
— Quanto amor. — Leandra chegou no exato
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momento em que ela suspirava.


— Às vezes me esqueço como você é
inconveniente.
— Realista. — Com todo o abuso que lhe era
característico, sentou-se na beirada da
espreguiçadeira. — Preciso te contar uma coisa,
mas é segredo, ninguém sabe.
— O que foi? — Rapidamente Nicole sentou
para observá-la atentamente. — Está com algum
problema?
— Nenhum que seja tão grande quanto o seu
amor reprimido pelo meu cunhado, mas acho que
vou causar uma comoção na nossa família. —
Nicole olhou para a irmã, confusa.
— Para de mistério, conta logo! Estou
ficando curiosa.
— Estou grávida! — Leandra anunciou de
uma vez.
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A notícia inesperada deixou Nicole sem


reação. Leandra já pensava em engravidar há algum
tempo, mas enfrentava dificuldades, muito
provavelmente por conta da idade.
— Estou sem palavras. — Nicole a abraçou
com lágrimas nos olhos.
— Ainda não acredito. Confesso que já tinha
perdido as esperanças de engravidar.
— Não fala bobeira, Leandra. Sabia desde o
início que seria difícil, mas que em algum momento
aconteceria.
— Foi quase um ano tentando… Isso
enlouquece qualquer um.
— Foram quase doze meses de intenso
sacrifício — Nicole fitou a irmã com um sorriso
sacana nos lábios.
— Nem fale, foi um trabalho duro. —
Leandra revirou os olhos e as duas caíram na
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gargalhada, atraindo olhares quando voltaram a se


abraçar.
— Qual é a graça? — Emanuel parecia
curioso.
— É só uma novidade que acabei de saber.
— Nicole olhou para a irmã, fazendo um sinal para
ela contar a surpresa.
— Que novidade? — A mãe delas foi a
próxima a questionar.
— Estou grávida!
O semblante de surpresa da mãe fez Nicole
sorrir. Todos sabiam do tempo de espera por essa
notícia. Estavam ansiosos para que esse momento
chegasse. Isso merecia uma imensa comemoração.
— Meu Deus, filha! Que alegria. — Alda
correu para abraçar Leandra.
— Nem acredito que terei um novo netinho.

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— Javier quase esmagou a filha.


— Uau, isso é inacreditável. — Emanuel
parou na frente de Leandra. — Tenho até peninha
desse bebê.
— Vai se fo… — Antes que ela respondesse,
ele a ergueu e rodopiou-a nos braços.
— Estou feliz por você, maninha. — Em
seguida, deu um beijo carinhoso na testa dela.
— Obrigada, idiota. — Leandra socou o
ombro do irmão, sorrindo.
— Eu queria te abraçar, mas não quero
molhar você. — Logan parou ao lado dela,
carregando uma risonha Luana nos braços. —
Meus parabéns, cunhada. Que venha com muita
saúde.
— Está na hora de ter o seu, cunhado. A
Nicole é louca para ter muitos bebês. — Como
sempre, Leandra a deixou em maus lençóis.
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— Leandra!
— Estamos trabalhando nisso. — Logan
apertou o queixo da esposa, sorrindo do rosto seu
vermelho.
— Se vocês duas ficarem grávidas, eu morro
de felicidade. — Alda sorria.
— O que está acontecendo aqui? —
Anderson apareceu na piscina ao lado de Dalva e
do irmão de Logan.
— Estamos comemorando a chegada do seu
hijo. — Javier abriu os braços e uma nova onda de
felicitações começou.
— Precisamos comemorar. — Dalva
anunciou assim que todos se acalmaram.
— Não temos champanhe gelado, só cerveja.
— Logan fez um gesto de desculpas para Anderson
e seguiu para a geladeira. Todos se reuniram na
mesa próxima de onde Logan estava, mas Nicole e
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Leandra ficaram para trás, observando a confusão.


— Você me deixou sem graça com o
comentário. — resmungou para a irmã. — Nós não
temos um casamento real para termos filhos.
— Quem disse? — Leandra posicionou o
corpo de uma maneira que os outros não vissem o
que falaria. — O Logan te ama, está escrito na cara
dele. Acho que chegou a hora de pararem com esse
fingimento.
— Que ideia absurda é essa?!
— Pelo amor de Deus, Nicole, larga de ser
burra. — Leandra segurou no braço dela e a forçou
a se afastar um pouco da comemoração pelo seu
bebê. — Todo mundo vê a maneira que ele te olha.
Dê um jeito de confessar logo o que sente e dizer
que não vai se separar. Homem é tapado, eles não
gostam de demonstrar que estão caídos de amores.
Então, será a sua função dizer que não vai largá-lo.
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— Jamais vou fazer isso. — Nicole se sentiu


horrorizada só em pensar em colocar Logan contra
a parede.
— Vai sim. Eu sei o que falo. Se não fosse
por mim, você viveria com esse deus de ébano?
Lembre-se de que estou trabalhando com ele. Ele
vive perguntando sobre você, do que gosta e de
como pode te agradar. Homem quando se preocupa
com isso, é porque está caído de amores. Trate de
arrumar uma barriga imediatamente. Com um filho
ele vai pirar de vez, e não vai te abandonar nunca
mais.
Foi impossível para Nicole não olhar para a
irmã perplexa. Leandra aconselhando-a a dar o
golpe da barriga foi demais. Mesmo o amando,
jamais faria uma atrocidade dessas. Queria-o por
amor, não porque tinha uma criança no meio do
casamento… Apesar de sonhar todos os dias em ter

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uma menina linda como ele e com lindos cabelos


cacheados, como os da irmã.
— Cada dia você está ficando mais louca.
— Eu sou prática.
— Você é louca, isso sim.
— Eu só falei para engravidar do seu marido!
Vocês transam sem camisinha, o remédio pode
falhar. Aposto que ele vai ficar louco, pois quer
filhos. Dá para ver que ele gosta de crianças, já que
fez amizade com a Luana em dois segundos. Ele te
ama, mulher. Vai ser feliz logo, droga!
— Não é tão simples assim.
— Do que estão falando? — Logan
aproximou-se, sem que as meninas percebessem.
— Nada. — Nicole ficou assustada.
— Tem certeza? — Ele as encarou,
desconfiado.

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— Absoluta. — Com o olhar, Nicole tentou


calar a irmã, mas quando viu um brilho travesso
passar pelo rosto dela percebeu que não ficaria
calada.
— Estava falando para a minha irmã que está
na hora de pararem com essa palhaçada de
casamento por contrato. — Leandra encarou
desafiadoramente o cunhado. — Vocês se amam e
a nossa família te adora. Acho que está na hora de
se acertarem, já que ambos não têm mais idade para
ficarem com esse tipo de joguinhos. Precisam viver
como um casal normal. — Leandra olhou a cara de
choque dos dois e prendeu o sorriso. — Eu estou
grávida, gente. Isso me deixa com a sinceridade à
flor da pele, não posso me conter.
Sentindo-se vitoriosa, ela deixou o casal para
trás e seguiu em direção à família entusiasmada.
Agora que tinha dado o pontapé inicial para mantê-

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los juntos, ela se sentia disposta a comemorar


duplamente.
— A Leandra não é normal. — Nicole mal
tinha coragem de olhar para o marido.
— Eu sei… Mas não me importo em ter
filhos.
— Eu também sempre quis. — ela desabafou
com a voz baixa.
— É… — Logan ficou sem saber o que dizer.
— Acho melhor nos juntarmos a eles.
— É uma boa ideia. — Ambos estavam com
as palavras de amor na ponta da língua, sem saber
como pronunciá-las.

Depois das insinuações absurdas de Leandra,


Nicole ficou sem saber como agir, enquanto Logan

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parecia não ter se abalado com aquilo. Essa


despreocupação, de certa maneira, lhe trouxe alívio,
mas, ao mesmo tempo, a intrigou. Se Logan estava
tão confortável com o que foi dito, talvez
significasse que ele realmente gostaria de ter um
filho, talvez ela pudesse realmente sonhar em ser
mãe.
Nicole balançou a cabeça e espantou os
pensamentos. Se continuasse a pensar sobre isso
enlouqueceria. Foi o som do celular que a fez voltar
ao mundo real. Rapidamente, limpou as mãos sujas
de argila para poder atender a ligação. Deveria ser
o marido querendo saber se dormiria em casa, coisa
que ele sempre fazia quando passava o dia no
ateliê.
Mas quando viu que era a cunhada, se
surpreendeu. Bianca raramente entrava em contato
com ela, apesar de manterem um respeito mútuo.

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Ela nunca fez questão de desenvolver uma


amizade.
— Oi, Bianca. — Nicole a saudou, animada.
— Oi, Nicole. Desculpa te incomodar, mas
preciso falar rapidinho com você.
— Imagina, estava terminando uma peça.
— Então não vou te prender muito. Apenas
quero saber como vai ser o Natal. Como se casaram
recentemente, pensei que seria ideal todos
passarmos juntos, na casa de vocês. O que acha?
Nicole arregalou os olhos com a proposta.
Estava tão focada em preparar peças para as futuras
exposições, que se esqueceu completamente do
Natal. Sequer tinha falado com Logan, muito
menos com Dalva.
— Bianca, eu não vejo problemas em
combinarmos um Natal juntos, mas antes preciso
conversar com o seu irmão. Sinceramente, até me
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esqueci que estamos chegando perto das festas de


fim de ano.
— Eu tenho um filho que há meses está
cobrando do Papai Noel um presente, além de um
marido que ama árvores de Natal. Aqui em casa é
impossível não ser contaminada com o espírito
natalino. — Ela riu do outro lado da linha. —
Quando vocês tiverem filhos saberá do que estou
falando. — Nicole ficou sem palavras, sem saber
como lidar mais uma vez com essa história de
filhos.
Um pensamento surgiu na mente dela,
aquecendo-lhe o corpo. Para Bianca falar sobre
filhos, isso só podia significar que Logan
comentara sobre isso com ela. Talvez Leandra
estivesse certa e o amor dela fosse retribuído.
— Saberei sim. — Como ela não queria se
prolongar no assunto, decidiu que deixaria no ar a

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ideia de ter bebês. — Hoje vou conversar com o


Logan e te dou uma resposta, mas por mim está
tudo bem. Vou adorar ter todos lá em casa. —
Quando terminou de falar, percebeu que já se sentia
em casa, no lar de Logan.
Nicole fechou os olhos quando percebeu que
a vida estava completamente entrelaçada a dele.
— Perfeito, vou aguardar uma resposta. Até
mais tarde.
— Até.
Nicole desligou o celular e olhou para o chão.
A vida dela tinha se transformado em uma
verdadeira loucura depois que conheceu Logan. Em
pouco tempo conseguiu mexer com o coração dela
e desestruturou tudo o que havia programado para o
futuro.
— Ah, Logan… Eu deveria te odiar, mas eu
te amo tanto. — Nicole desabafou, desanimada.
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Como não tinha alternativa, voltou ao trabalho, pois


queria terminar os afazeres cedo para não chegar,
muito tarde, a casa. Assim que encontrasse Logan,
conversaria com ele sobre o possível Natal com as
famílias juntas.

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Capítulo 30

Logan jogou a pasta que trouxe do trabalho


sobre o sofá. Estava cansado e se sentia estressado
depois de ter enfrentando uma audiência tensa.
Alguns casos que atuava lhe desgastavam além do
normal, e tinha enfrentado um daqueles.
Afrouxou a gravata e foi até o bar pegar um
uísque. Depois de tanta tensão, precisava de uma
bebida e do carinho da esposa.
Um sorriso bobo surgiu na boca quando
relembrou a noite que tiveram. Cada dia passado,
Nicole ficava mais desinibida e afoita na cama.
Estava adorando vê-la tão disposta e ansiosa por
fazer amor com ele.
Agora não era mais Logan que a procurava.
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Ela mesma se encarregava de arrastá-lo para o


quarto e enlouquecê-lo. Cada vez que mergulhava
dentro dela se sentia ainda mais apaixonado.
Nenhuma outra mulher no mundo conseguia
despertar a metade das sensações que a esposa
fazia.
Sentindo uma necessidade urgente de vê-la,
Logan gritou o nome dela, anunciando que estava
em casa. Queria sentir-lhe o cheiro e beijá-la um
pouco a boca que sempre tirava o juízo.
— Que gritaria é essa? — Dalva apareceu na
sala. — Que bicho te mordeu? — Logan se
aproximou dela e a beijou no rosto.
— Cadê a minha esposa? — Dalva ergueu a
sobrancelha, sorrindo.
— Não está em casa. Ligou avisando que
demoraria um pouco para chegar, porque tinha um
aniversário na casa da Joana.
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Ele fechou o semblante quando ouviu a


desagradável notícia. Apesar de já conhecer a
amiga dela, não gostou de saber que demoraria a
chegar. Estava com saudade, queria o calor da
mulher para esquecer o dia cansativo de trabalho.
Sem responder nada à Dalva, ele foi para o
meio da sala e discou o número da esposa. A
ligação caiu direto na caixa postal, o deixando
possesso. Ciúme não era algo que estava
acostumado a lidar, mas nesse exato momento
estava tomado por ele.
— Vai tomar seu uísque e deixe a Nicole
confraternizar com os amigos. — Dalva
interrompeu o momento de irritação. — Se já
tivesse dito que a amava, não estaria com essa cara
de louco. Está me saindo um completo otário,
Logan. — Sacudiu a cabeça e voltou para o
corredor, rumo à cozinha.

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— Inferno! — Logan descartou o celular e


decidiu esperar por Nicole na sala, enquanto
revisava alguns papéis do escritório. Só teria
sossego, quando ela chegasse.

Nicole entrou em casa apressada. Não


contava que a festinha da cunhada de Joana
demorasse tanto. Quando olhou o celular, viu que
Logan havia ligado oito vezes. Normalmente
deixava uma mensagem, mas parecia ter urgência
em falar.
— Até que enfim. — Ela levou um susto
quando viu o marido entrando na sala com um copo
de bebida na mão. — O que aconteceu para não
atender o maldito celular?
— A casa do irmão da Joana estava uma
loucura.

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— Irmão? — Logan parou no meio da sala e


a questionou, irritado.
— Era aniversário da esposa dele. — Nicole
frisou a palavra e se aproximou para beijá-lo. Ficou
na ponta dos pés, ainda sem alcançar a boca do
marido. Para piorar, ele sequer se inclinou como
sempre fazia. Apenas a observou com olhos
cerrados e as sobrancelhas franzidas. — O que foi,
Logan?
Pela maneira que a olhava, estava com
ciúme. Resolveu nem comentar que Heitor também
estava na festa. Se ele soubesse, se irritaria ainda
mais.
— Por que não me avisou que iria para essa
festa?
— Te liguei e fui informada de que estava em
reunião. Aí me lembrei da audiência no final do
dia.
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— Certo. — Ele começou a se controlar. —


Mas podia ter deixado um recado avisando que não
estaria em casa.
— Ai, Logan, o que deu em você? Por que
está tão nervoso?
— Não estou. — Agora se sentia um
completo imbecil. — Só cheguei aqui achando que
te encontraria e você não estava. — Para evitar
conversar, inclinou a cabeça e a beijou.
Optou por um beijo intenso, para mostrar
toda a saudade que sentia. Claro que também era de
posse, já que precisava deixar claro que só ele faria
aquilo.
As mãos de Nicole lhe seguraram os braços,
enquanto recebia com toda a felicidade do mundo
os lábios do homem que amava.
— Vamos tomar banho? Eu estava te
esperando para dividirmos uma ducha.
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— Acho que está querendo que eu te dê


banho…
— Os dois. — Envolveu-a nos braços e
encostou os lábios na curva do pescoço dela.
— Logan, antes de irmos para o banho,
preciso conversar algo com você.
— Não pode esperar?
— É rápido. — Nicole se afastou para
conseguir falar. — A sua irmã me ligou hoje e
perguntou se podemos fazer o Natal aqui em casa.
Confesso que tinha esquecido completamente que
estamos às vésperas das festas de fim de ano.
— Com toda a minha família? — Parecia
preocupado.
— A sua e a minha. — Ele alarmou-se com o
que ouviu.
— Não sei, querida. Minha mãe não é de

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confiança.
— Eu posso aguentar as indiretas dela.
— Eu sei que pode, mas não gosto dela sendo
desagradável com você.
— Será legal. Afinal, é nosso primeiro e
último Natal juntos. — ela disse com pesar.
— Se você quer o Natal na nossa casa…
Então teremos um Natal com todos reunidos. —
Ele não gostou da observação dela de que seria o
último Natal juntos. Em breve mudaria esse
pensamento. E isso aconteceria na noite do Natal.
— Converse com a Dalva sobre o que vai precisar,
ela te ajudará em tudo.
— Está chateado? Pode recusar, se não
quiser. A casa é sua e você decide se quer recebê-
los.
— Ela é nossa. Portanto, se acha que pode
lidar com a minha família, faça o maior Natal do
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mundo! A única coisa que preciso é ter você


comigo. De resto, pouco me importo. — Se ela não
entendesse que a queria definitivamente depois
dessa declaração, Logan teria que providenciar uma
surpresa grandiosa no Natal para expressar o amor
que sentia. — Agora vamos para o banho. Depois
comece os preparativos para o fim de ano.
Pegou a mão dela e seguiu para as escadas.
Neste momento só necessitava de um momento de
privacidade com a esposa, depois conversariam.

As quatro semanas seguintes foram de pura


adrenalina para Nicole. Além de ter que adiantar as
peças para uma nova exposição, ainda ajudou
Dalva com os preparativos para o Natal.
— Estamos com tudo organizado. Amanhã só
teremos o trabalho de receber os convidados. —

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Dalva constatou, após repassar a lista com ela.


— Espero que tudo ocorra bem. — Apesar de
amar Natal, Nicole se sentia tensa por ter a família
de Logan por perto.
— Vai dar tudo certo. Basta evitar ficar
próxima da Elisabeth, assim ela não tem a
oportunidade de te perturbar.
— Por que ela insiste em ser tão
desagradável? — Por mais que Nicole tentasse,
nunca conseguia entender o motivo de tanta
antipatia da sogra.
— Ela já sofreu muito. Teve uma vida difícil
e conseguiu com muito sacrifício estudar e ter
sucesso. Foi muito destratada na vida e, ao
contrário do marido, não soube superar todo o
preconceito que sofreu. Infelizmente tem
necessidade de sempre mostrar-se superior, mas
quem pode julgá-la? Eu nem tenho ideia do que
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aquela mulher já passo. Se hoje vemos tanta


discriminação sendo noticiada, imagina como era
no tempo dela, onde o preconceito sequer era
comentado por aqui?
Agora que Dalva havia tocado nesse ponto,
Nicole começou a pensar no que a sogra deveria ter
enfrentado. Sabia como o preconceito era cruel,
pois acompanhou de perto a luta dos irmãos. E em
certos momentos que saía com o marido, escutava
burburinhos das pessoas sobre os dois.
O ser humano era cruel e aceitar as diferenças
parecia ser ofensivo para certo tipo de pessoas.
Como se fosse uma obrigação que todos fossem
iguais, seguirem um padrão, seja ele de cor,
religião, forma física ou classe social.
— Olhando por esse lado entendo o rancor
dela.
— Elisabeth acha uma afronta o filho amar
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alguém da raça que tanto a fez sofrer. Por isso te


destrata tanto.
— Eu amo o Logan, Dalva. — Nicole sentiu
necessidade de confessar a amiga o que se passava
no coração. — Não me importo se ele é negro,
branco ou vermelho. Eu apenas o amo e quero
muito que esse casamento nunca termine. Quero
filhos com ele, quero esse homem sempre comigo,
chegar a casa e ser recebida pelo seu mau humor
quando me atrasar. — Ela viu o sorriso de Dalva e
lágrimas caírem dos olhos dela. — Preciso de tudo
o que a vida puder me dar ao lado dele, mas não sei
se ele tem o mesmo desejo.
— Pode ter certeza de que o meu menino
deseja as mesmas coisas, e já me declarou isso e
muito mais. Abra o coração, diga que o ama e verá
que será correspondida.
— Eu tenho medo…

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— Dê todo esse amor de presente de Natal.


Tenho certeza de que ele vai recebê-lo como o
maior presente que a vida lhe deu.
Dalva se aproximou e beijou a testa de
Nicole. Ela sabia há tempos o que se passava no
coração de Logan. Desde que se casaram, o coração
dele já pertencia àquela mulher. Agora o que ambos
precisavam eram abrir os próprios corações, para
deixar o amor fazer milagres.

Naquela noite, Logan estava vivendo um


misto de alegria e estresse com toda a família ali,
reunida. Apesar de se sentir feliz em ter o primeiro
Natal em casa, estava difícil manter a mãe na linha.
Ela estava mais intragável do que nunca, sempre
criticando o bufê e fazendo comentários ácidos
sobre a falta de atitude do filho em comprar as

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ações de Tiago.
Até mesmo no Natal ela mantinha a cabeça
nos negócios. Conseguia superar Bianca, uma
workaholic de primeira.
— Respira fundo, filhão. — Jonas bateu no
ombro dele, sorrindo. — Vamos esperar que o
espírito de Natal faça um milagre na vida de sua
mãe.
— Difícil, pai.
— Tudo é possível. — Jonas olhou para a
sala da casa do filho, repleta de pessoas e se sentiu
satisfeito. — Estava quase perdendo as esperanças
de você conseguir se casar, mas do nada você
apareceu com essa linda mulher e está feliz…
Então, tudo pode acontecer, meu filho.
Logan ficou sem saber o que responder
diante daquele comentário. Havia encontrado
Nicole em um momento que não esperava. Ela foi o
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melhor presente que recebeu na vida, e diria a ela.


Naquela mesma noite.
— Ela é um milagre, pai. Nem sei como tive
a sorte de encontrá-la.
— Então agarre esse milagre, menino. —
Jonas piscou para o filho e foi na direção de uma
conversa animada entre Saul e Emanuel.
— Que Natal maravilhoso. — Luiz felicitou
o amigo. — A Nicole organizou uma festa
irretocável. A Ester está encantada com tudo.
— Luiz, eu não posso deixá-la ir embora. —
Cada dia que passava, Logan se sentia desesperado
diante da possibilidade de perder a esposa.
— Cara, você só vai perder se quiser. Ela está
na sua! Todo mundo consegue enxergar o amor da
Nicole. Você que é um babaca que se recusa a ver
isso.
— É complicado. A nossa relação começou
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errada, por isso eu não consigo acreditar que


podemos ter um futuro.
— Mas terão. — Luiz foi incisivo na
resposta. — Semana que vem vou me encontrar
com o detetive que contratei para vigiar o Tiago.
Ele está na cola dele com a amante. Se conseguir a
foto deles juntos como quero, podemos pressioná-
lo a te entregar as ações.
— Aquele merda tem uma amante mesmo?
— Logan ainda não acreditava que o babaca traía a
esposa.
— Na verdade, ele sai com várias mulheres,
mas existe uma em especial que ele vive
encontrando.
— Que ordinário. — Logan olhou para
Nicole, sem imaginar trocá-la por outra mulher.
Quando olhava para as mulheres que
atravessam o caminho dele no fórum, sempre as
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comparava com a esposa. Na cabeça dele, todas


tinham algo a menos que Nicole.
— Pois é…. Ele é um cretino e será nisso que
ganharemos vantagem. Iremos pressioná-lo através
da própria infidelidade. Duvido que vá querer que
toda essa merda vaze e vire um escândalo.
Logan concordou, mas acabou se sentindo
mal por usar de meios tão escusos para conseguir o
próprio objetivo. Normalmente se recusava a ir tão
baixo, mas para vencer o grande inimigo, teria de
usar todas as armas.
— Certo. Vamos esquecer os negócios, hoje
é Natal.
— Então vá aproveitar a sua mulher e deixe o
espírito natalino fazer um milagre. Diga que a ama.
Essa história de vocês já virou novela mexicana.
Seguindo o conselho de Luiz, Logan se
aproximou do local onde Nicole conversava
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animadamente com a mãe, passando o braço pela


cintura delicada. Em pouco tempo, Leandra se
juntou a eles e todos tiveram um momento de muita
diversão e risadas.
Mas logo Elizabeth aproximou-se da turma e
quando tentou destilar o veneno, Leandra a
desarmou com meia dúzia de palavras. No final, ela
percebeu que não tinha para onde fugir e acabou
sorrindo de algumas histórias hilárias que Leandra
contava.
Quando foi se aproximando da meia-noite,
Nicole convidou todos para a área externa. Sentia-
se satisfeita com o desenrolar da noite, com
exceção da sogra que teimava em ser desagradável.
Todos estavam se divertindo e se comportando
como uma grande família.
No final das contas, o saldo estava sendo
positivo. Esperava que tudo continuasse assim até

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terminar a festa.
Com a ajuda de Dalva, espalhou assentos
pelo quintal e colocou tendas para deixar tudo mais
glamouroso. Uma mesa grande abrigava toda a
ceia, ricamente decorada com enfeites natalinos.
O cuidado de Nicole foi extremo para
apresentar à família de Logan um evento
impecável. Ela sabia que a família dela não ligava
para esse tipo de ostentação, já a dele, adorava o
luxo.
Ao virar da noite, todos comemoram o Natal
em meio a uma efusiva comemoração. Como
sempre, a família dela era a mais animada. A mãe
abraçou Elisabeth com tanta alegria que a mulher
ficou sem saber o que fazer com o contato
inesperado. Todos riram da situação e acabou que
Elisabeth se desarmou e retribuiu o abraço,
surpreendendo a todos. O espírito natalino estava,

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aos poucos, fazendo o milagre.


Os convidados foram se servindo e
acomodando-se pelo quintal. Para a alegria de
Nicole, o bufê que contratou era excelente e os
pratos estavam extremamente apetitosos.
— Por que você não relaxa? — Logan estava
cansado de observar a mulher tensa em cada
movimento que fazia.
— Eu estou. — Nicole mentiu para evitar
chateá-lo.
— Conta outra, querida. Sequer consegue
relaxar os ombros. Tudo está perfeito, aproveita um
pouco. — Beijou o cabelo dela, tentando animá-la.
— Estou fazendo isso…
— Ambos sabemos que isso é mentira. —
Logan segurou o queixo dela e a beijou suavemente
na boca. — Mas quando formos para o quarto, você
vai aproveitar. — Ele piscou para ela formalizando
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uma promessa íntima.


— Vamos abrir os presentes. — Dalva
empolgada, sentia-se como se fosse ainda uma
criança.
— Já vou avisando que, se me derem só
presentes para o bebê, ficarei possessa. Ainda mais
que agora é Natal. — Leandra declarou antes que
todos se levantassem.
— Sabia que não foi uma boa ideia comprar
aquelas roupinhas de bebê, pai. Agora ela vai ficar
chateada. — Emanuel tentou falar sério, mas um
meio sorriso brincava nos lábios dele.
— Pensei que ela fosse gostar. — Javier
olhou preocupado para a filha e viu o rosto dela
ficar emburrado.
— Acho que teremos problemas com os
presentes da Leandra. — Para a surpresa de Nicole
e Logan, Bianca entrou na brincadeira de Emanuel.
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— Mas lembre-se de uma coisa, Leandra: quando


nos tornamos mães, nossos filhos viram
prioridades.
— Ele ainda está na minha barriga, quero
presentes para mim. — Leandra parecia uma
criança.
— Eu comprei algo para você. — Nicole
conhecia a irmã como ninguém. — Vem comigo,
quero ser a primeira a te presentear. — Estendeu a
mão para ela e correram para a árvore de Natal que
estava na sala.
A animação tomou conta dos convidados e os
presentes começaram a ser distribuídos. Nesse
momento todos pareciam ter voltado no tempo,
empolgados com os respectivos presentes.
O primeiro presente foi para Elisabeth. Com
a ajuda de Bianca, Nicole comprou uma elegante
bolsa para a sogra, em uma loja caríssima, onde ela
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costumava comprar esse tipo de acessório.


Ela olhou para a caixa que a nora estendeu
com o nariz retorcido, mas quando a abriu, o
sorriso que foi estampado no rosto dela fez Nicole
relaxar. Havia acertado em cheio.
— Espero que tenha gostado. — Nicole
estava sem graça. Queria muito agradar a mãe de
Logan.
— É de muito bom gosto, obrigada. —
Elisabeth respondeu de maneira polida e sequer se
prontificou a abraçar Nicole como todos os outros
convidados estavam fazendo.
— Agora o meu presente. — Dalva se
precipitou e colocou uma bolsa na frente de Nicole.
— Espero que você não seja como a sua irmã…
A curiosidade fez Nicole abrir a bolsa e
rasgar o papel de seda que cobria o presente.
Quando o ergueu, encarou a roupinha de bebê
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perplexa. Dalva só poderia estar brincando, esse


não era o tipo de presente que esperava ganhar.
— Uma roupa de bebê? — Nicole encarou
Dalva.
— Eu queria ser a primeira a presentear o
filhinho de vocês.
— Você está grávida? — Elisabeth olhou
para a nora com horror.
— Não!
— Então por que ela te deu isso? — Com um
gesto de desprezo, Elisabeth ergueu a mão para a
roupa.
— Dei porque muito em breve eles terão um
filho e eu quero ser a primeira a presentear o bebê,
oras.
— Você está louca, Dalva? — Elisabeth
parecia assustada.

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— Por favor, mãe… Deixe a Dalva em paz.


— Logan entrou no assunto. — Obrigado pelo
presente. — Passou o braço pelos ombros de
Nicole. — Pode ter certeza que essa será a primeira
roupa que nosso filho usará.
— Vou repetir: se alguém teve a péssima
ideia de comprar presentes para o meu filho, nem
precisa me dar. — Leandra tentou chamar a atenção
para si, para aliviar o constrangimento de Nicole.
— Não serei compreensiva como a minha irmã,
quero presentes para mim!
— Como é chata. — Emanuel estendeu um
pacote para ela. — Toma o presente, esse não é
para o seu filho.
Rapidamente Leandra abriu. Sorriu quando
viu o perfume favorito aparecer. Mais uma vez
todos se distraíram abrindo o restante das
embalagens, mas Nicole só tinha olhos para a

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pequena roupa que estava nas mãos. Era branca


com detalhes em vermelho e, aos olhos dela, era a
coisa mais perfeita do mundo.
— Gostou? — Logan tentou chamar a
atenção dela.
— Eu… — Nicole tentou responder, mas a
sua garganta se fechou e lágrimas começaram a
surgir em seus olhos.
— Nicole, o que foi? — Ele segurou o rosto
dela, preocupado.
— Bobagem. — Tentou sorrir, não queria
fazer uma cena na frente das famílias.
— Eu não gosto quando mente para mim.
— Não estou mentindo, só…. — Ela
engasgou e parou de falar. Não queria demonstrar o
quanto estava emocionada com a atitude de Dalva.
Mesmo estando disposta a abrir o coração

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para Logan, queria fazê-lo longe de tantas pessoas.


Precisava que estivessem a sós.
— Vem comigo. — Ele pegou um pacote e
puxou Nicole até o escritório.
Para Logan, estava bem claro que o presente
de Dalva mexeu com a esposa. Ele esperava que
fosse pelos motivos certos. Só que, para descobrir
isso, precisavam de privacidade.
Assim que chegou ao escritório, fechou a
porta e levou Nicole para perto da mesa. Sem tirar
os olhos dela, estendeu o presente que tão
cuidadosamente havia escolhido para lhe dar. Com
atenção, acompanhou com expectativa ela
desembrulhar o pacote.
Ela olhou para o marido e abriu a caixa de
joias que surgira em meio ao papel de embrulho.
Passou entre os dedos o lindo colar, que ele
escolheu junto com os brincos e uma pulseira. Todo
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criado em ouro branco e pedrarias.


— Que lindo. — Com delicadeza, ela passou
a mão ao redor do colar.
— Gostou mesmo? — Logan queria dar algo
que tentasse representar a importância de Nicole na
vida dele.
— Claro que sim. Sequer tenho como te
agradecer. — Ergueu os olhos e acariciou-lhe o
rosto. — Obrigada, Logan. — Ela o puxou pela
nuca e beijou-o.
As mãos dele a rodearam pela cintura,
pressionando o corpo grande ao dela. Rapidamente
o beijo ganhou uma urgência que não cabia ao
momento, impulsionado pela ansiedade de ambos
em declarar o amor.
— Logan. — Ela afastou a boca da dele,
consciente de que havia uma festa fora daquele
cômodo.
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— O que foi? — perguntou ao mordiscar a


orelha dela, deslizando a mão pela perna de Nicole.
— Nós não podemos. — Tentou se soltar do
marido, porém ele foi mais ágil e a manteve no
lugar.
— Quem te falou isso?
— Temos visita.
— Que se danem. Eu quero você.
— Espera! Eu quero dar o meu presente, mas
o deixei na sala.
— Você é o meu presente. — Ela sorriu ao
ouvir a declaração dele com tanta paixão.
— Eu te amo, Logan. — A declaração veio
de uma só vez.
Ele a encarou compenetrado, paralisado, sem
conseguir demonstrar algum tipo de emoção.
— Eu sei que não foi o que combinamos, mas
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é impossível impedir os meus sentimentos. Do


nada, tudo se descontrolou e, quando vi, eu apenas
te amava.
As palavras de Nicole dissiparam os últimos
resquícios do medo que ainda existiam dentro de
Logan em lhe entregar o coração. Ela o amava e
isso significava que o casamento deles não teria
fim. Nicole seria esposa dele para sempre, do jeito
que sonhou.
— Gostaria muito de ter certeza que mereço
o seu amor, mas ainda não estou certo quanto a
isso. — Ele entrelaçou a própria mão a da esposa e
sorriu, sentindo o coração transbordar de felicidade.
— Eu também te amo e estava louco, tentando
descobrir uma maneira de não te deixar ir embora
quando o prazo do nosso contrato chegasse ao fim.
— Você me ama de verdade?
— Amo, e nunca vou te deixar escapar da
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minha vida. — Logan retirou o presente da mão


dela e a fez rodear os braços em seu pescoço. — A
partir de agora o nosso casamento é real. Chega de
fingir que temos uma data para tudo acabar. Eu sou
o seu marido e você a minha esposa. Quero uma
família com você, muitos Natais ao seu lado. — Ele
contornou suavemente o rosto dela com o
indicador. — Mas quero que tenha consciência de
tudo o que pode passar ao meu lado. Queria que
fosse possível te poupar do preconceito que
enfrento, mas será impossível.
— Para, Logan, nada de estragar esse
momento. Eu sei bem os problemas que passa, mas
vamos tirá-los de letra, pode ter certeza.
— Não é tão simples. Se vamos ter filhos,
você estará envolvida mais do que imagina.
— Iremos educá-los para serem pessoas
dignas, que saibam enfrentar qualquer forma de

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preconceito. Vamos amá-los muito, como meus


pais amaram seus filhos. E isso será o suficiente,
porque o mundo pode tentar nos engolir, mas o
amor sempre nos faz mais fortes.
Com essa declaração tão apaixonada, Logan
nem teve mais necessidade de tentar mostrar-lhe o
quão problemático o casamento deles poderia ser.
Só sentiu a necessidade de agradecer o quanto a
vida tinha sido generosa em colocá-la no seu
caminho.
Ela era mulher perfeita para ele, em todos os
sentidos possíveis. Agora só lhe restava zelar com
muito afinco para manter o casamento deles e
construir com a esposa uma família diferente da
que tinha. Pois, com certeza, daria muito amor aos
filhos e estaria presente em cada ocasião das vidas
deles.
— Precisamos encerrar esse Natal, mas

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depois eu quero fazer uma comemoração especial


com a minha esposa.
— Vamos fazer. — Nicole passou a mão pela
frente da blusa dele, sorrindo e se sentindo a
mulher mais feliz do mundo. — Mas por hora
precisamos ser bons anfitriões. Vamos para sala.
— Nicole. — Logan a impediu de se afastar.
— Vou esperar por uma hora até você se livrar de
todos, mas se por acaso não forem embora, eu não
me responsabilizo por nada do que acontecer.
— Por acaso você está ameaçando expulsar
os meus convidados?
— Estou.
— Sossega ou você dorme na sala.
Observou-a se afastar sorrindo e abrir a porta
com calma. Fez sinal para que lhe acompanhasse,
mas Logan ainda se sentia surpreso com a ameaça.
A vida oficial de casado não estava começando
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bem, mas tudo na vida tem um preço e, pelo jeito,


ele teria que pagar bem caro se quisesse manter a
esposa feliz.

A boca de Logan beijou o ombro de Nicole


para em seguida aprisionar o cabelo dela em uma
das mãos e trazer a boca em direção a sua. Pela
primeira vez estavam fazendo amor sem reservas e
revelando os sentimentos ocultos.
Era nítido para ele agora o quanto a esposa o
amava e isso era o maior sucesso que já pode
alcançar na vida. Nicole era um tesouro e, a partir
daquele momento, cuidaria dela como a joia que
era.
— Eu estou tão perto. — Nicole tentou se
remexer, mas o corpo forte do marido impediu-a de
se movimentar.

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— Está? — Ele sorriu e passou a mão pela


barriga dela. Trouxe-a para si, erguendo um pouco
mais o quadril. — Será que merece um orgasmo tão
rápido?
— Eu fui boazinha o ano todo. — Nicole
sorriu e virou o rosto para observar o homem que
capturou o seu coração. — Sem contar que te amo.
Logan grunhiu e voltou a beijá-la enquanto
aumentava as investidas. O gemido profundo que
ela deixou escapulir ainda dentro da boca dele era o
indicador de que estava muito perto do ápice. Ele
também não estava longe, mas antes queria ouvi-la
se desmanchando nos braços.
— Você merece ganhar um orgasmo de
presente. — Sorriu quando a viu abrir a boca ao
penetrar nela com mais força.
A sequência de golpes iniciados fez o corpo
de Nicole sucumbir ao prazer. Pouco tempo depois
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ambos dormiram, com Logan sussurrando para ela


palavras apaixonadas.

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Capítulo 31

Depois que os dois assumiram o sentimento


que os corroía, entraram em uma nova lua de mel.
Com isso, Logan levou a esposa para passar o Ano
Novo em Búzios, na casa de um cliente antigo, que
havia insistido para fazerem parte da comemoração
com a família dele.
Como a cidade tinha um contexto todo
especial para o casal, lembrava a Lua de Mel,
achou que seria o momento ideal para se distraírem
e voltar a viver o clima de paixão que tanto marcou
a última vez em que estiveram ali.
Passaram uma semana na cidade, vivendo
como namorados. Foi emocionante para ambos a
descoberta desse amor. Apesar daquela história não
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ter um início tradicional, construíram um


sentimento sólido, que os deixava plenos de
felicidade.
— Acho que Búzios sempre será a nossa
cidade. — Nicole já se sentia saudosista, sabendo
que teriam de partir em poucas horas. Logan
confirmou as palavras dela.
— Estou até considerando comprar um
imóvel por aqui. O Anselmo me disse que tem
contatos na cidade que podem me arrumar uma
casa por um bom preço.
— Uma casa não é meio que exagerado?
Duvido que tenhamos tempo para vir aqui sempre.
— Uma casa na praia é sempre um bom
investimento, querida. Sem contar que em breve
teremos as crianças…
— Ainda assim acho exagero. — Nicole saiu
da espreguiçadeira e foi na direção do marido. —
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Tenho uma ideia melhor: o que acha de irmos para


o quarto? Podemos ficar por lá até a hora de ir
embora. — Ela acariciou a tatuagem dele e o beijou
no queixo.
— Você quem manda. — Ergue-se e trouxe a
esposa consigo, já planejando o que faria.

Logan se sentia renovado para iniciar o


trabalho e realizar uma busca implacável pelas
ações do inimigo. Precisava provar que Tiago tinha
uma amante, e assim chantageá-lo para vender as
ações. Obviamente não estava sendo um homem
íntegro, mas no mundo dos negócios alguns atos
não eram muito louváveis. Queria apenas jogar o
inimigo para escanteio.
Mas foi com surpresa que Logan recebeu o
convite de Tiago para uma reunião no escritório

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dele, assim que voltou das festas de fim de ano.


Certamente tinha alguma armação em mente, pois o
inimigo nunca o convidou para conhecer o local de
trabalho.
— Bom dia! Sou Logan Cardoso e tenho hora
marcada com Tiago Barreto.
— Bom dia. — A recepcionista sorriu ao
cumprimentá-lo. — Vou anunciá-lo. — Pegou o
telefone e comunicou ao chefe sobre a presença
dele. — Pode entrar, ele está aguardando.
— Obrigado.
Logan ajeitou o terno e abriu a porta do
escritório. Mesmo sem saber o conteúdo da
conversa, sabia que algo desagradável estava para
acontecer.
— Ora, ora, que honra ter o grande Logan
Cardoso no meu humilde ambiente de trabalho. —
Com todo o sarcasmo do mundo, Tiago o recebeu
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com falsa simpatia.


— O que quer? Eu tenho mais o que fazer do
que te olhar, Tiago.
— Imagino como deve estar ocupado. — O
outro ajeitou-se na cadeira e fez um leve giro para
demonstrar o quanto estava à vontade. — Sente-se,
amigo, temos assuntos para tratar.
— Você me venderá a sua parte? Se for, pode
fazer o seu preço que pago agora.
— Calma, gigante. Sente-se primeiro.
Com certa contrariedade, o fez. Sentia-se
puto, mas manteria a pose, e fingiria que era
indiferente àquele encontro.
— Fale. — A intimação de Logan foi curta e
grossa, arrancando um sorriso debochado de Tiago.
— Já que tem pressa, vamos ao ponto da
nossa reunião íntima. — Ele abriu uma gaveta e

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retirou dela uma pasta. — Como vai a sua esposa?


Fiquei sabendo que passaram o Réveillon em
Búzios, na casa do Anselmo.
— E o que isso te interessa?
— Está agitado? — O deboche de Tiago
estava levando Logan à loucura.
— Não gosto de olhar para sua cara. Isso
azeda o meu humor.
— Entendo. — Mais uma vez o sorriso
irritante do rival se fez presente. — Então lamento
te informar que só vai piorar. — Logan observou-o
estender a pasta na direção dele. Algo lhe dizia que
não gostaria do que estava ali. — Um presente…
— Com um gesto de mão, Tiago incentivou Logan
a ver o que estava oferecendo.
Com impaciência, pegou a pasta e abriu.
Quando os olhos pousaram na cópia do contrato
que tinha feito para o casamento com Nicole, sentiu
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o sangue gelar. Com rapidez, foi virando as


páginas, tentando compreender como aquilo tinha
parado nas mãos dele. Mas tudo piorou assim que
passou a última página e viu diversas fotos da
esposa.
A imagem de Nicole ao lado do ex-namorado
fez a visão dele se turvar. Sentindo as mãos
tremerem, foi vendo as imagens, todas retratando a
esposa junto do ex. Uma das últimas tinha os dois
na entrada da casa dela e outra de Heitor na
exposição de São Paulo.
— Pelo jeito a esposa fajuta não resiste ao ex.
— Tiago estava claramente satisfeito ao ver a
derrota de Logan. — Acho que o dinheiro que
ofereceu a ela não foi suficiente para manter a
fidelidade.
— Como conseguiu esse contrato? — Só
existiam duas pessoas que tinham acesso a ele.

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Uma era ele mesmo, e a outra o Luiz, seu amigo de


muitos anos, alguém que jamais o trairia.
— Tenho meus meios. — Tiago levantou,
rodeou a mesa e se apoiou nela para ficar na frente
de Logan. — Será que ela não gostou do sexo que
você ofereceu? Normalmente as mulheres têm
fetiche com pessoas de cor.
— Você quer morrer?
— Eu? — A cara de espanto de Tiago
poderia parecer verdadeira para qualquer pessoa,
menos para Logan. — Claro que não, meu caro. Só
te alertar: que caso não me passe as suas ações, eu
vou desmascarar esse casamento arranjado e ainda
vou mostrar que é corno. — Tiago soltou uma
sonora gargalhada. — Logan Cardoso, o todo
poderoso advogado, é um chifrudo de primeira.
Será que tenho chances com a vadia da sua esposa?
Quando terminou de falar isso, Logan perdeu
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o controle. Levantou-se com extrema agilidade para


acertar um soco certeiro no nariz de Tiago. Ele até
podia estar louco de ódio por descobrir a traição da
esposa, mas não permitiria que ninguém a
depreciasse diante dele.
— Nunca mais se refira à Nicole assim, ou eu
o mato sem pensar duas vezes. — Logan segurou a
frente da camisa dele. — Não sei como conseguiu a
merda deste contrato, mas quero que saiba que as
ações não serão suas. Até porque o contrato sequer
está assinado, nem pode provar nada. É a sua
palavra contra a minha. Em breve, acho que você é
quem me venderá as ações que tem.
— Nunca vou ceder. E se recusar a me dar as
suas de presente – talvez de Natal atrasado –
vazarei para a imprensa essas fotos, e o imbecil do
Deonedes vai receber esse contrato de casamento.
Em quem você acha que ele vai acreditar? Acha

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mesmo que levará em consideração a palavra de


um negro? — Logan precisou de toda a força de
vontade do mundo para não o quebrar no meio. —
Você tem uma semana para decidir o seu futuro,
nem mais um dia. E pode levar tudo… Eu tenho
cópias.
Uma fúria poderosa quase fez Logan investir
novamente sobre o oponente, mas optou por apenas
pegar a pasta e sair dali. Agora teria uma semana
para encurralar Tiago e acertar as contas com a
esposa. O casamento deles tinha acabado. Jamais
perdoaria aquela traição.

Nicole não tinha acordado disposta. A cabeça


doía, o que lhe causou certo desânimo para ir
trabalhar. Optou por ficar em casa e trabalhar na
área externa, em uma pequena escultura de ferro

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que havia sido encomendada por um cliente antigo.


— Nicole, o Logan te ligou? — Dalva surgiu
na varanda.
— Não que eu tenha escutado. — Ela esticou
a mão e olhou o celular, mas não verificou
nenhuma ligação do marido. — Por quê?
— Ele acabou de me ligar, perguntando se
estava em casa. — Dalva enrugou a testa. — A voz
estava estranha, parecia muito nervoso.
— Será que aconteceu alguma coisa? — O
coração de Nicole acelerou.
— Eu não sei, mas avisou que estava vindo.
Então vamos descobrir em breve.
Dalva deu de ombros e entrou na casa,
deixando-a apreensiva. Quando o marido saiu pela
manhã, estava muito tranquilo… Isso não era um
bom sinal.

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Apesar da tensão que começou a sentir,


Nicole decidiu manter o que estava fazendo,
espantando a ansiedade em ficar à espera do
marido.

Durante todo o caminho, Logan se sentia fora


do corpo. Sequer soube como conseguiu chegar
sem causar um acidente. Ligou para Luiz e o
questionou, à queima-roupa, se ele lhe traiu. Porém
ele jurou pela filha que nunca manteve contato com
Tiago, muito menos cedeu o contrato.
O tom de voz dele indicava inocência.
Mesmo assim Logan não acreditou totalmente nele.
Primeiramente resolveria os problemas com Nicole,
para em seguida confrontá-lo frente a frente.
Abriu a porta de casa com força e a bateu,
sem se importa se quebraria. Neste momento

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precisava extravasar a raiva que sentia, para ter um


pouco de calma quando fosse falar com a esposa.
— Dalva, onde a Nicole está? — gritou da
sala enquanto descartava as chaves na mesa de
centro.
— Estou aqui. — A voz de Nicole o
recepcionou e ele a viu surgir pelo espaço que dava
para a varanda.
Estava ainda mais linda do que quando a
deixou no quarto pela manhã, depois de um sexo
calmo e repleto de paixão. Só que agora ele sabia
que a beleza escondia uma mulher fria e mentirosa,
que o usou durante todo aquele tempo.
— Aconteceu alguma coisa, Logan? Dalva
disse que ligou nervoso. — A voz macia dela
sempre o encantou, mas agora lhe causava repulsa.
— Nervoso? — Sorriu e segurou a pasta que
lhe destruiu a vida. — Não acho que nervosismo
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defina o meu estado de espírito depois disso. —


Ergueu as provas da traição dela.
— E o que é? — Nicole parecia perdida.
— Isso... — Caminhou na direção dela,
fulminando-a com o olhar. — é um pequeno
aperitivo do quanto foi desleal comigo. — Nicole
arregalou os olhos ao ouvi-lo.
— Do que está falando?
— Veja por si mesma, Nicole.
Nicole pegou a pasta oferecida e assim que
viu o contrato, ergueu o rosto para encará-lo.
Foi passando as páginas do contrato e ficou
pálida quando viu a foto com Heitor na exposição.
Naquela imagem, para desespero de Logan, ele a
beijava no rosto com um sorriso apaixonado nos
lábios. Passou para a outra foto e essa era bem pior,
pois ele estava inclinado sobre ela, parecendo dizer
algo íntimo. Ele queria saber como Nicole se
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defenderia daquilo.

Sentindo o coração disparar, Nicole olhava as


fotos, segurando o choro. Viu nas imagens a seguir
Heitor se despedindo dela na saída da exposição,
com a mão na cintura dela, completamente fora de
contexto. Tinha ainda uma foto dele na porta da
casa dela e a última quando estavam na varanda da
casa do irmão de Joana, já que teve de
cumprimentá-lo na festa da esposa dele.
Fechou a pasta, sem coragem de seguir em
frente, pois já havia entendido perfeitamente o que
Logan estava pensando. Grossas lágrimas
formaram nos olhos dela, primeiramente por
descobrir que o marido desconfiava dela depois de
tudo o que passaram juntos, e por saber que havia
mandado alguém vigiá-la. Aquele homem havia lhe

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decepcionado completamente. Aquilo lhe


destroçou.
— Há quanto tempo está me vigiando? —
Tentava conter as lágrimas.
— Te vigiando? — Logan sorriu, sarcástico.
— Você ouviu o que falei, não se faça de
desentendido.
— Está nervosa, querida? — Deu um passo
ameaçador na direção dela. — Você me trai e ainda
se acha no direito de ficar nervosa?
— Como é? — Nicole tentou manter a
posição em que estava, mas vê-lo tão perto e cheio
de fúria lhe desagradava. — Você viu as porcarias
de umas fotos e está tirando conclusões
precipitadas sem nem ao menos conversar
comigo?!
— Conversar pra quê, porra?! Elas falam por
si mesmas, mostrando claramente que você me
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traiu o tempo todo. Zombou de mim junto daquele


merda e eu aqui, bancando o apaixonado e
acreditando que podíamos ter um futuro. Fez
acreditar que me amava!
Nicole o observou, em choque. Logan
realmente acreditava que aquelas fotos eram
verdadeiras, que continuava o relacionamento com
Heitor.
— Eu nunca te traí, Logan. Eu te amo, essas
fotos não são o que parecem.
— Corta essa, Nicole. Por acaso acha que sou
cego?
— O investigador que você mandou me
seguir é um lunático. Certamente ele viu como me
afastei do Heitor cada vez que nos encontramos.
— Eu sei como se afastou. — Logan puxou a
pasta da mão dela com brusquidão. — Nunca
coloquei um investigador atrás de você. — Ajeitou
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as fotos e fechou a pasta.


— Então como conseguiu essas fotos?
— O Tiago me fez esse favor. O meu grande
inimigo fez questão de me alertar que sou corno,
acredita? Agora ele está me coagindo a ceder as
ações da empresa do Deonedes para ele. Parece que
o feitiço virou contra o feiticeiro.
Nicole cobriu a boca, sem acreditar no que
estava ouvindo. O homem ao qual Logan odiava
tinha conseguido manipular os encontros dela com
Heitor para chantageá-lo. E o pior de tudo, estava
arruinando o casamento dela.
— Você precisa acreditar em mim. Essas
fotos foram manipuladas, eu nunca estive com
Heitor dessa forma depois daquele dia, que foi
expulso da minha casa. Confesso que o encontrei
na exposição, mas nos falamos brevemente.
Infelizmente tive de ser cortês com ele, como viu
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nas fotos. Foi algo muito rápido e eu me afastei


logo em seguida.
— E as fotos na sua casa, também foram uma
armação?
— Nem sei o que ele fazia lá. Depois disso,
só o encontrei no aniversário da cunhada da Joana,
mas me mantive longe o tempo todo, pode
perguntar para a família dela.
— Por que não me contou que o havia
encontrado? Demorou para chegar naquele dia, eu
me lembro Nicole, não sou idiota, chega de me
manipular!
— Eu jamais faria isso com você.
— Você traiu o Heitor comigo, aceitou se
casar sem ter terminado com ele. Como posso
confiar?
Aquelas palavras a fizeram dar um passo para
trás. Nunca imaginou ouvir uma acusação dessa
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vinda dele, não quando o marido sabia que foi


incontrolável a atração que os uniu. Isso sem contar
que, desde o começo, ela lhe explicou o tipo de
relacionamento que tinha com Heitor.
— Pegue as suas coisas e saia da minha casa.
O nosso casamento acabou. — Nicole desabou no
sofá, sem forças para manter-se em pé. — Vou para
o meu escritório tentar arrumar uma maneira de
manter as ações que consegui com tanto sacrifício.
Quando sair de lá, não quero mais te ver.
Sem dizer mais nada Logan virou as costas e
saiu da sala, caminhando a passos largos para o
escritório. Nicole observou os ombros largos se
distanciando e finalmente deixou as lágrimas lhe
banharem a face. Ela estava não só se sentindo
ferida, como humilhada. Nunca tinha sido tão
insultada na vida. Jamais imaginou que isso
aconteceria através do homem que amava.

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— Você não pode fazer isso! A impeça de ir


embora. — Dalva entrou no escritório de Logan
desesperada.
— Já tomei a minha decisão e não vou voltar
atrás. — Logan nem tirou os olhos do computador.
— Você não percebe o quanto essa história é
descabida? A Nicole jamais te trairia, ela te ama.
— Ela me traiu e as fotos não mentem. —
Abriu a pasta e colocou elas, lado a lado.
Dalva se aproximou e as examinou. Olhou
por um longo momento cada uma, enquanto Logan
se manteve o silêncio, esperando a sentença dela.
— Isso certamente tem uma explicação.
Essas fotos foram tiradas de uma maneira que
sugestionasse que ela tem um caso com esse
homem…
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— Ela apenas nos enganou esse tempo todo,


Dalva.
— Logan, esse Tiago quer acabar com a sua
felicidade. Será que não vê isso? Eu estive com ela
em São Paulo, e nem vi a sombra desse homem
perto dela. — Ele bateu na mesa com força,
fazendo Dalva dar um pulo.
— Você é cega?! É tão difícil ver que ela
continuou o casinho que tinha com esse cara? Pela
primeira vez na vida o Tiago fez algo de bom.
Infelizmente terei que ser eternamente grato àquele
filho da puta.
— Você está transtornado, não sabe o que
está falando.
— Sai daqui, Dalva. Estou trabalhando.
— Se a Nicole for embora, eu vou junto. —
Logan olhou para ela, surpreso.
— Vai me deixar por causa dela?
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— Se continuar com essa história, eu vou


sim. Acredito na inocência dela.
— Então fique à vontade. Mas arrume as suas
coisas logo, porque quando eu terminar, não quero
ela na minha casa.
Dalva ficou sem palavras mediante a frieza
dele. Sempre foi sentimental quando se tratava
dela, mas nem a ameaça de deixá-lo surtiu efeito.
Realmente estava transtornado com toda a mentira
que Tiago criou.
— Você está falando sério?
— Vai embora, Dalva. Você está me
irritando. — A senhora colocou a mão sobre o peito
e sentiu uma pontada fina transpassá-lo. Logan
pouco se importava com a partida dela? Aquele não
era o menino que criou com tanto amor, o que ela
conhecia tinha um coração de ouro.
Sem conseguir falar mais nada, Dalva se
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afastou da mesa dele e saiu do escritório rumo ao


quarto para pegar os próprios pertences. Não sabia
para onde iria, mas também se recusava a ficar ali
depois de ser descartada com tanta frieza.
Dentro do escritório, Logan fechou os olhos e
encostou a testa sobre a mesa, tentando conter a
vontade absurda de correr até Dalva e impedir que
partisse. Se recusava a ceder, pois perderia a honra
ainda mais. Se a mulher que ele considerava uma
mãe estava do lado da traidora, a deixaria partir.
Ficaria naquele maldito escritório até que a casa
estivesse vazia.

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Capítulo 32

— O que está acontecendo? — Luiz entrou


na sala de Logan apressado. — Que porra de
história é essa que o Tiago tem o contrato do seu
casamento?
Logan baixou o copo de uísque e apontou
para a pasta que estava na mesa a frente dele. Luiz
a pegou e começou a folhear. Ainda em silêncio,
ele foi acompanhando as expressões que
transpassavam o rosto do outro, que quando viu as
fotos mostrou-se incrédulo.
Antes que fizesse alguma pergunta, Logan se
adiantou e contou cada detalhe do encontro com
Tiago. As exigências dele, o confronto com a ex-
esposa e a escolha de Dalva em abandoná-lo.
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Quando terminou o relato, viu Luiz derramar uma


quantidade exagerada de uísque em um copo e o
beber quase todo.
— Isso é tão fodido que sequer sei o que
falar.
— Não quero falar no momento. Agora como
essa porra de contrato foi parar na mão daquele
maldito? E mais, como vou impedi-lo de me forçar
a doar as ações? Apesar de não estar assinado,
certamente Deonedes acreditará naquela peste.
— A Bianca sabe dessa história?
— Ela está para chegar aqui e não está feliz,
como já deve saber.
— Caralho! — Luiz começou a caminhar
pela sala. — Eu nunca daria esse contrato para o
Tiago e você sabe disso. Mas alguém deu, e eu
tenho meu palpite.
— Quem?
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— Katarina. — Luiz olhou para Logan antes


de voltar a falar. — Ela é a única pessoa que tem
acesso ao seu escritório.
— Mas não ao meu computador pessoal.
— Ela pode ter conseguido invadir o seu
computador.
— Ela não é uma hacker.
— Como sabe? A Katarina tem uma queda
por você e pode ter descoberto que preferiu arrumar
uma mulher desconhecida para se casar do que
pedir a ela. Sabe como ela é complicada. Isso pode
ser vingança…
O raciocínio de Luiz tinha certa lógica e a
mente de Logan começou a girar com uma
velocidade alucinante. Se realmente Katarina lhe
traiu, ele a arruinaria. Nunca mais arrumaria
emprego como secretária em qualquer empresa que
ele tivesse influência.
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Antes que voltasse a falar, a porta se abriu e


Bianca entrou transtornada. De todos os problemas
que enfrentou hoje, ela certamente seria o pior
pesadelo dele.
— Que merda vocês fizeram? Como o Tiago
sabe do seu casamento?
— Senta aí que eu vou te explicar.
— Não vou sentar, Logan! Faça a merda de
um resumo agora.
Logan travou inicialmente, mas em seguida
começou a contar sobre o que estava acontecendo e
mostrou mais uma vez a pasta. Em certos
momentos, Luiz deu alguns esclarecimentos e no
final jogou no ar a desconfiança sobre a secretária
do amigo.
— Resolva o problema com a sua secretária.
— Bianca falou para o irmão e em seguida olhou
para Luiz. — Quero o telefone do detetive que você
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contratou para vigiar o Tiago. Eu terei uma


conversa com ele.
— Quanto a isso, Bianca, está tudo sob
controle…
— Sob controle? — Bianca interrompeu o
que Luiz ia dizer. — Se estivesse não estaríamos
aqui, próximos de perder as ações. Vocês são
incompetentes! Conseguiram deixar esse imbecil
passar a perna em nós.
— Eu vou provar que ele tem uma amante e
aí quero vê-lo sair dessa. — Logan estava resoluto.
— Por que não fez isso antes? — ele
começou a responder, mas a irmã não permitiu. —
Sabe por que? Estava mais ocupado trepando com a
mulher que contratou.
Logan abriu a boca para falar, mas em
seguida a fechou. A irmã tinha razão. Estava tão
concentrado em Nicole, que no fundo estava
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negligenciando os negócios.
— E por falar na sua mulher… Ela é uma
tonta, mas não acredito nessas fotos. Isso pode ter
sido uma grande armação, mas vamos deixar isso
para depois. No momento, vamos neutralizar o
Tiago e pegar as ações dele.
— Concordo. — Logan não pode deixar de
aceitar a sugestão dela, mas ignorou o que disse
sobre Nicole.
— Certo. — Bianca arrumou a bolsa no
ombro, fitando os dois homens à frente dela com
um olhar gélido, capaz de amedrontar a todos. —
Onde ela está?
— Foi embora, o casamento acabou. — Ela
ergueu a sobrancelha, surpresa diante da declaração
do irmão. — E a Dalva também se foi… Ela
acredita na Nicole.
— A Dalva foi embora? Como assim? Você
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permitiu essa loucura?


— Ela ficou do lado da mulher que me traiu.
— Você está louco? Meu Deus! Não pode
deixar a Dalva ir embora! Para onde ela foi? Vou
buscá-la agora.
— Não faço a mínima ideia.
— Deus, que droga! — Bianca olhou para o
irmão, decepcionada. — Mais uma merda sua que
vou ter que ajeitar. Você é mesmo incompetente,
Logan.
Irritada, ela virou-se e saiu da casa do irmão,
pronta para começar a desfazer todas as cagadas
dele.
— Não foi tão ruim assim. — Luiz soltou a
respiração quando ela partiu. — Sua irmã me causa
medo, mas não conte isso para ela.
— Ela é o demônio em forma de mulher. —

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Logan passou a mão pelo rosto cansado.


— Vá descansar. Amanhã temos um dia
repleto de problemas para resolver. Pode ter certeza
que até semana que vem teremos em mãos tudo
para derrubar o Tiago. — Luiz bateu no ombro do
amigo e o deixou parado no meio da sala, se
sentindo o homem mais sozinho do mundo.
Assim que se viu sem ninguém, ele olhou
para a escada e teve vontade de sair dali. Como que
enfrentar uma noite solitária sem as duas mulheres
que tornaram uma extensão dele?

— Para de chorar ou vai desidratar. —


Leandra colocou um copo de água na frente da irmã
e encarou-lhe o rosto inchado. — Como essas fotos
foram tiradas e você não viu?
— Eu não sei. — Nicole fungou e bebeu um

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pouco de água.
Havia passado a noite em claro, com Dalva
ao seu lado também aos prantos. As duas estavam
um caco, com os corações partidos, odiando o
homem que lhes causou tanta dor.
— Isso está muito estranho. Do jeito que
foram tiradas, elas realmente aparentam que você e
o cretino do Heitor têm um caso.
— Mas não temos. — Nicole negou com
firmeza.
— Eu sei, meu bem, mas o seu marido não. A
relação de vocês ainda é frágil e nem tiro a razão
dele de estar louco. Eu ficaria do mesmo jeito se
visse o Anderson em fotos assim.
— O Logan sequer me deu chance de provar
a minha inocência, Leandra. Disparou acusações
sem sentido e me magoou. Sem contar que
expulsou a Dalva de casa. — Do outro lado da
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mesa, a senhora fungava, deixando Leandra em


desespero.
— Meu Deus, que loucura! Não sei por onde
começar. Mas fica calma que vou dar um jeito
nisso. Quando eu confrontar o Heitor, aquele filho
da puta vai me entregar cada detalhe dessa
armação.
A campainha de Nicole tocou e Leandra saiu
em disparada para atender. Se por acaso fosse
Logan, daria um jeito nele na porta mesmo. Apesar
de entender o que ele devia sentir, sempre ficaria
do lado da irmã, e sabia que o cunhado fora parcial
demais.
Nicole bebeu mais um pouco da água e pediu
silenciosamente a Deus que não fosse o marido,
pois naquele momento estava sem condições de vê-
lo. Só que, para a surpresa dela, Bianca entrou na
cozinha toda elegante, como uma legítima mulher

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de negócios.
— Não vou dar um bom dia porque está
longe de sê-lo. — Bianca olhou o estado deplorável
da cunhada e teve certeza que era inocente. —
Como está, Nicole?
— Mal. — Estava sem ânimo, mas preparada
para colocar Bianca para fora de casa caso
resolvesse defender o irmão.
— Imagino. — Bianca olhou para Dalva e
sentiu vontade de enforcar o irmão. A pobre mulher
devotou a vida a ele e o imbecil a deixou ir embora.
— Liguei para você, Dalva, mas não atendeu ao
celular.
— Não queria atender. — Dalva sequer
encarou Bianca.
— Mas nos deixou preocupados. Apenas me
acalmei quando percebi que você certamente viria
para a casa da Nicole.
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— Não sei porque se preocupou, mal fala


comigo. — Dalva optou por ser sincera.
— Vamos deixar esse assunto para outro
momento. — Bianca se sentiu sem graça, mas
manteve a máscara de inatingível. — Nicole, eu
vim aqui para….
— Se vai me acusar de traidora como Logan,
perdeu o seu tempo. Não permitirei que me
humilhem mais. — Nicole disparou rapidamente,
sem deixar Bianca falar.
— Calma, maninha, a Bianca veio em paz. —
Leandra entrou na conversa. — Quer se sentar? —
Nicole olhou incrédula para a irmã. Normalmente
Leandra era agressiva quando se tratava dos
irmãos, mas agora estava passando para o outro
lado.
— Só por uns minutos. — Bianca sentou e
olhou para a cunhada. — Eu acredito na sua
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inocência. Ver como está só comprova isso.


— Você acredita em mim?
— Sei ler as pessoas e você sempre mostrou
o fascínio que tinha pelo meu irmão. Uma mulher
apaixonada como você nunca trairia assim. As
fotos são comprometedoras, mas um bom ângulo
pode arrasar ou elevar uma pessoa. Isso inclui
também na hora de incriminar, como foi no seu
caso.
— Ao menos alguém na família é inteligente,
porque o babaca do seu irmão não é. — Como era
de se esperar, Leandra soltou as próprias verdades.
— Por que acha que eu comando a empresa
da família? — Bianca deu um sorriso frio. —
Nicole, saiba que vou consertar todas as burradas
do Logan e isso inclui a acusação absurda que lhe
fez. Esse Tiago é um mau caráter. Sempre teve uma
rixa com o Logan e agora as coisas extrapolaram.
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Já estou providenciando o enterro dele e, de


preferência, com o caixão fechado.
— Uau. — Leandra sorriu. — Gosto de você,
temos pensamentos parecidos.
— O que pretende fazer? — Nicole indagou a
cunhada.
— No momento não posso falar, mas quero
que saiba que o meu irmão te pedirá perdão de
joelhos, ele errou com você e feio.
— O seu irmão me humilhou, Bianca. Disse
coisas que nunca imaginei ouvir. Principalmente
porque me meti nessa confusão para ajudá-lo e o
idiota me seduziu ao ponto de me deixar sem saída
a não ser ficar ao lado dele. — Bianca se remexeu
na cadeira com desconforto ao ouvir a cunhada.
— É uma característica da nossa família falar
idiotices quando estamos pressionados. Puxamos a
mamãe e você sabe como ela é.
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— A sua família deveria aprender bons


modos. — Bianca levantou ao ouvir a alfinetada de
Nicole e percebeu que o tempo ali já havia
encerrado.
— Bem… — Ela aprumou o corpo e limpou
a garganta. — Eu te peço desculpas por tudo o que
aconteceu. Como você mesma disse, essa confusão
toda foi por causa da minha família. Mas fique
certa que provarei a sua inocência e caberá a você
perdoar ou não o meu irmão. Ele é adulto e não só
deve, como necessita responder pelo que fala. —
Olhou para Leandra. — Obrigada por me deixar a
entrar.
— Seus argumentos foram bons.
— Dalva, o Logan vai conversar com você. É
inadmissível que te coloque para fora da casa dele.
— Eu saí porque quis. Nunca deixaria a
Nicole sozinha.
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— O.K. — Bianca percebeu que o clima não


estava propício para permanecera ali. — Até mais e
se cuida, Nicole.
Sem esboçar nenhuma palavra, Nicole viu
Bianca sair da cozinha com irritante elegância. Era
tão arrogante quanto à mãe, porém, sabia como se
comunicar quando queria.
— Que novela virou a sua vida. — Leandra
balançou a cabeça, pensativa. — Agora eu preciso
trabalhar. Pode deixar que não contarei nada para
nossos pais, mas se realmente se separar, eles terão
que saber.
— Vou me separar, mas primeiro preciso
colocar as minhas emoções no lugar. Assim que eu
me sentir preparada, converso com eles.
— Como se tudo fosse tão simples assim. —
Era nítido o pesar na voz de Leandra. Aproximou-
se da irmã para depositar um beijo na testa dela. —
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Eu te amo, maninha. Não fica assim, tenho certeza


que a sua história com o imbecil do meu cunhado
está longe de acabar. Grandes histórias de amor
sempre precisam de uma auê para serem
memoráveis.
— Você é incorrigível. — Nicole estava
cansada.
— Guarde as minhas palavras. — Ela olhou
para Dalva. — Cuide-se e cuide da minha irmã.
Tentem esquecer o Logan. No momento ele não
merece as lágrimas de vocês.
— Vou cuidar dela sim. — Dalva deu um
sorriso triste.
Mesmo preocupada com o estado da irmã,
Leandra saiu da casa dela com a esperança de que
tudo se resolveria o mais rápido possível.

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Dois dias depois de ter a vida arruinada,


Logan ainda não havia conseguido descobrir como
o maldito contrato foi parar nas mãos de Tiago.
Mesmo sondando Katarina e fazendo um
minucioso exame no computador com a ajuda de
uma empresa de informática, estava na estaca zero.
A mente dele tentou buscar algo que
explicasse o vazamento do contrato, mas nada
relevante lhe chamou atenção. O desespero por
desvendar esse mistério o deixava inquieto,
juntando ao fato de estar sozinho em casa, sentindo
falta das duas mulheres que amava.
Um xingamento escapou dos lábios dele por
pensar em Nicole a cada segundo. Mesmo sabendo
que tinha sido infiel, parecia impossível tirá-la do
coração. Era insano desejar tanto uma mulher
assim, mas a necessidade que ainda sentia por ela
era incontrolável.

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— Merda! — Logan praguejou e se levantou


para tentar acalmar a tensão que se instalou no
corpo.
— Logan. — A voz de Luiz o assustou. —
Estou indo almoçar. Vem comigo, preciso
conversar com você.
— Estou sem fome.
— Precisa se alimentar ou não vai resolver os
problemas. Vem, preciso te contar as ideias que
tive.
Sem alternativa, Logan pegou o terno e deu a
volta na mesa. Luiz segurou a porta e ele passou
pelo amigo, desanimado, mas quando olhou para a
mesa onde Katarina estava trabalhando, uma
lembrança o paralisou.
— Porra! — Luiz praguejou quando
literalmente esbarrou nas costas de Logan, no
instante em que ele parou abruptamente. — O que
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foi?
— Nada. — Logan virou e voltou a entrar na
sua sala, seguido de Luiz.
— Logan, o que está acontecendo?
— A Katarina roubou a porra do meu
contrato. — Logan estava puto ao perceber que
realmente foi ela.
— Você até bem pouco tempo não acreditava
nisso. O que aconteceu?
— Lembra de quando a Nicole foi para São
Paulo?
— Claro que sim. Você ficou na merda.
Nessa época que fizeram uma parte das fotos dela
com o ex.
— Esquece essa parte. — Ele não gostava de
recordar aquilo. — Lembra que um dia saímos para
almoçar e ela pediu para mexer no meu

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computador, pois tinha de pegar os documentos de


um cliente? Na época você até me perguntou se eu
costumava deixá-la mexer nas minhas coisas.
Luiz enrugou a testa e tentou puxar pela
memória o fato. Aos poucos a cena foi se formando
na mente e ele conseguiu recordar com exatidão o
momento que ela pediu aquilo.
— Porra, cara, eu me lembro.
— Foi nesse dia que ela roubou o contrato. Já
sabia o que queria. Que filha da puta! Eu vou foder
com a vida dela.
— O que vai fazer? Precisa provar que ela
fez isso.
— Eu vou provar. E ainda mostrarei o quanto
ela foi burra em roubar um contrato sem assinatura.
— O ânimo de Logan se elevou. — Eu vou
derrubar os dois, Luiz, eles não vão me vencer.

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Capítulo 33

Nicole serviu uma xícara de chá para Dalva e


sentou-se no sofá, encolhendo as pernas. As duas
estavam mais unidas do que nunca. Se não fosse a
presença da amiga neste momento tão difícil, nunca
estaria tão firme diante do fim do próprio
casamento.
— Acha que a Bianca realmente vai fazê-lo
te pedir perdão de joelhos?
— Pouco me importa, Dalva. Sequer desejo
vê-lo, quem dirá ouvi-lo pedindo desculpas.
— Ele está cego pelo ciúme. Quando
perceber o que fez, vai correr atrás de você.
— Aí será tarde demais. — A mágoa dela

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crescia diariamente.
— Vocês se amam, Nicole. Precisam esfriar a
cabeça e conversar.
— Devo é seguir em frente, isso sim. Não
posso viver com um homem que perde o controle
quando está cego de ciúme. Porque foi isso o que
aconteceu: deixou o bom senso nublá-lo, sem me
dar chances de defesa.
— Sequer posso defendê-lo quanto a isso. —
Dalva se lamentou. — Logan foi de uma
imaturidade vergonhosa.
— Agora consegue entender por que não o
quero mais? — Apesar de desgostar de vê-la triste,
Nicole nunca amenizaria o drama que vivia. —
Bom, vou trabalhar um pouco. Preciso ter um
estoque considerável de peças para a exposição em
Nova York.
— Boa inspiração para você. — Dalva sorriu
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e Nicole acabou agradecendo silenciosamente ao


ex-marido por trazer para a vida dela àquela mulher
tão preciosa.

Logan olhou, inconformado, para a tela,


repassando as informações que descobriu no
pendrive que Katarina escondia na mesa. Ela foi
bem esperta ao roubar o contrato do computador
dele, ainda bem que não fora inteligente para
buscar pela cópia assinada.
O que poderiam fazer com aquilo? Quantos
contratos no mundo eram redigidos e nunca
efetivados? Ou eram modificados? Era muita
idiotice. Ela e Tiago sequer conseguiam roubar
informações com eficiência.
Obviamente aterrorizaria a ex-secretária, por
ter conseguido as informações sobre o contrato de

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maneira ilegal. Como ela conhecia a fama dele de


advogado implacável, certamente não o enfrentaria.
Encarar um processo por roubo de
informações confidenciais certamente seria a última
coisa que optaria. Katarina faria tudo o que ele
pedisse para tentar salvar a integridade e o futuro
profissional.
Com raiva, bateu o copo de uísque com força
na mesa do escritório, fazendo o vidro se espatifar.
Fechou os olhos e praguejou baixinho, com raiva
por não conseguir conter a raiva. Sem se importar
com os cacos espalhados, juntou todos os papéis
que a incriminavam e seguiu para a entrada do
escritório. Iria até a casa dela naquele momento
para começar a traçar o plano para arruinar a vida
do inimigo.

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Logan descansou o dedo na campainha do


apartamento da Katarina. Enquanto não resolvesse
aquela pendência, ficaria sem sossego.
Claro que Katarina nem imaginava que ele
estava atrás dela por causa do pendrive. Sequer
sabia da descoberta dele. Interrompera o expediente
mais cedo do escritório, simulando uma pane
elétrica em todo o sistema, sem prazo para voltar.
Dispensou-a, assim como os demais colaboradores,
deixando o caminho livre para que descobrisse toda
a armação. E, para piorar, caiu na conversa dele
quando ligou depois, pedindo se poderia passar na
casa dela porque precisava conversar algo
particular… Certamente pensava que teria alguma
chance. Mal sabia que estava prestes a ser
desmascarada.
— Estou indo. — Ele a ouviu momentos
antes de aparecer na porta, revelando um sorriso

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sedutor capaz de enjoá-lo. — Que alegria o ter


aqui. — Lambeu os lábios, achando que causaria
algum efeito nele.
— Posso entrar?
— Claro. — Katarina abriu a porta feliz, sem
imaginar o que estava prestes a acontecer. — Entre.
Logan caminhou diretamente para a pequena
sala. Ele nem lhe daria tempo para falar algo. Iria
direto ao ponto para desestabilizá-la
imediatamente. Quanto mais rápido a
surpreendesse, mais fácil seria manipulá-la.
— Quer beber alguma coisa? Tenho uma boa
cerveja na geladeira.
— Há quanto tempo está trabalhando para
Tiago Barreto?
— Do que está falando? Não conheço esse
homem. — O semblante dela ganhou um tom de
apreensão e o sorriso fácil que exibia sumiu.
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— Pare de fingir, Katarina. — Logan deu um


passo ameaçador na direção dela. — Eu sei de tudo.
Roubou informações pessoais… vou acabar com
você por causa disso.
— Jamais faria isso. — A voz dela era de
pura indignação.
— Mentirosa.
— Logan, eu sou inocente! Quem inventou
isso? Se quer me acusar de traição, terá que provar.
— A coragem que exibia naquele momento para
fingir a inocência era louvável.
— Como explica esse pendrive escondido em
uma das gavetas da sua mesa?
O desespero no rosto dela acabou por
comprovar-lhe a culpa. Ficou apavorada com a
aparição do pendrive.
— Alguém certamente colocou isso na minha
mesa. — A tentativa de continuar a mentira o
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irritou ainda mais.


— Você me roubou no dia em que eu deixei
meu acesso livre para pegar algumas informações
sobre um cliente. Eu me lembro bem disso. Você só
esqueceu de que um contrato sem assinatura não
tem validade.
— Prove que coloquei esse contrato no
pendrive.
Logan então decidiu se arriscar em um blefe.
— Vivemos em um mundo onde tudo é
monitorado, inclusive a minha sala. — Na verdade,
nunca colocara uma câmera lá dentro, mas ela não
precisava saber disso.
Ao ouvir aquilo, toda a calma dela ruiu. A
raiva dominou a face dela, ao ser desmascarada.
— Por que sempre me ignorou? Tudo isso
está acontecendo por sua culpa. Eu sempre tentei te
agradar, mas vive se fazendo de difícil. Aí, do nada,
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aparece com essa história de casamento. Por que


não me escolheu? Sempre estive do seu lado!
— Enlouqueceu?
— Apenas cansei de ser ignorada. Você me
feriu e eu decidi revidar o descaso em grande estilo.
— Bem…. Lamento te informar que se não
fizer o que eu vou te propor agora, será processada,
além de demitida, é claro. Duvido que será um bom
jogo para você ter o nome envolvido com a justiça.
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto
dela, mas Logan não se deixou abalar. Sabia que
estava lidando com uma víbora e não se importava
com o que sentia. O que precisava era preparar a
revanche contra Tiago, mostrando a ele que com
Logan Cardoso não se brincava.
— Diga o que deseja. — A voz dela saiu
através de um pequeno sussurro.

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Logan colocou a louça da janta na pia e


apoiou as mãos no mármore, suspirando fundo.
Encarou a escuridão do céu pela janela e fechou os
olhos para conter a angústia que passou a dominar-
lhe o coração desde que passara a ficar sozinho.
Teve que se desdobrar para conseguir as
provas necessárias para, no mínimo, paralisar
Tiago. Mas pelo que Bianca prometera, no dia
seguinte teriam provas para chantageá-lo.
Revirou-se a noite toda, em expectativa.
Assim que amanheceu e a irmã chegou, foram para
o escritório elaborar todos os passos que dariam na
terça-feira seguinte, quando fosse encontrar Tiago.
Se tudo o que ela planejou desse certo, não só
conseguiriam as ações, como pagariam um preço
irrisório por elas.

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Bianca havia contratado um novo detetive e o


colocou para auxiliar ao que já trabalhava para
Luiz. Juntos, os dois conseguiram novas evidências
que, de acordo com ela, mostrariam a relação
extraconjugal de Tiago e um encontro dele com
Katarina.
Como o outro era de família tradicional, que
insistia em exaltar a moral e os bons costumes,
nunca permitiria que um escândalo daqueles
vazasse. Por isso os irmãos estavam confiantes do
sucesso.
Estava em casa, imerso em pensamentos,
quando o interfone tocou. Por um momento pensou
em Nicole, mas ficou surpreso ao ver que era a mãe
no portão, querendo entrar. Ele liberou a entrada e
foi aguardá-la na sala. Sentiu-se um pouco
preocupado, pois para que ela aparecesse naquele
horário, algo grave certamente deveria ter

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acontecido.
— Mãe, aconteceu algo com o papai? — Foi
ao encontro dela assim que atravessou a porta.
— Seu pai está ótimo. — Elisabeth beijou o
filho e percebeu as olheiras que deixavam a
aparência dele, sempre tão irretocável,
terrivelmente assustadora. — O que está
acontecendo? Acabo de saber que sua esposa saiu
de casa.
— Quem te falou isso?
— Sua irmã, oras. Fui visitar os meus netos e
ela acabou me contando que brigou com a esposa e
ela foi embora. Vocês vão se separar? E por que a
Dalva também saiu?
A expectativa nos olhos dela com o possível
fim do casamento fez com que Logan tivesse
vontade de mandá-la embora imediatamente.
— Não se sente mal em comemorar a minha
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possível separação?
— Já sabe que não gosto da sua esposa.
— Nunca fez questão de esconder, não é
mesmo? — Apesar de tudo, se recusava a assumir
aquela derrota para a própria mãe.
— Quero o melhor para você. A Nicole está
longe de ser a esposa que sonhei para estar ao seu
lado.
— Agora tem sonhos para minha vida?
Desde quando se importa?!
O semblante de Elisabeth mudou com aquele
questionamento. Logan viu calor no modo que ela o
olhava, de um jeito que até então desconhecia.
— Sei que nunca fui uma mãe exemplar, mas
isso não quer dizer que deixei em algum momento
de me importar com você. Se fosse hoje, não te
deixaria tanto tempo com a Dalva, mas ainda sinto
feliz em ter escolhido uma mulher íntegra para
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cuidar de você. — Elisabeth suspirou fundo. —


Não me explicou porque Dalva se foi.
— Mãe, eu nem imagino onde quer chegar
com essa conversa, mas está na hora de ir embora.
Amanhã terei um dia cheio pela frente. — Queria
se manter em silêncio sobre Nicole, e muito mais
sobre Dalva.
— Não fuja da realidade, há muito deixou de
ser criança.
— Só me recuso a conversar com a senhora.
Tivemos uma vida para fazer isso, mas sempre te
faltou tempo. Então, por favor, nem venha bancar
agora a mãe zelosa. — A mágoa no olhar dela
deveria amenizar a raiva, mas existiam entre eles
muitas situações mal resolvidas para serem
acertadas em uma única noite.
— Um dia vai me perdoar pelos meus erros?
A pergunta o pegou desprevenido. Ele nunca
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imaginou um pedido daqueles, vindo da mãe, já


que sempre se comportou como se não tivesse
ressentimentos em relação ao comportamento com
os filhos.
— Você nunca o pediu. — Já que ela havia
iniciado a tentativa de reconciliação, ele
incentivaria o avanço.
— Se eu pudesse, Logan, teria mudado muita
coisa do meu passado. — Ela deu um passo à frente
e tocou o rosto do primogênito. — Mas sei que é
impossível mudar a mãe que fui. — Logan estava
sem saber o que falar. — O importante é que ainda
estamos vivos e podemos tentar ao menos nos
entender.
— O que você realmente quer, mãe?
— Te ver feliz. Poder te abraçar, ter um
momento de paz com você.
— Por que agora?
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— Nunca é tarde enquanto há vida. —


Elisabeth decidiu eliminar o espaço entre eles e o
abraçou. — Eu te amo filho, sempre te amei.
Logan nada respondeu, apenas devolveu o
abraço e a segurou com intensidade. Depois de
tantos anos, estava mais que surpreso com o
comportamento dela.
— Vamos tentar recuperar o tempo perdido?
— Ele ainda se sentia surpreso com a inesperada
mudança da mãe. Tinha de admitir que estava
gostando dessa nova Elisabeth.
— Podemos tentar. — Por fim, ele se rendeu
a emoção do momento e inesperadamente sentiu-se
conectado com ela, pronto para eliminar o abismo
formado entre eles.
— Não sabe o quanto isso me deixa feliz. —
Beijou o rosto do filho antes de se despedir. — E
sobre a briga com a Nicole, espero que tentem
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conversar. Independentemente da minha falta de


afeição a ela, sei o quanto ela te faz feliz.
Com essas palavras surpreendentes, a mãe
dele foi embora, deixando-o na expectativa de que,
ao menos o relacionamento com a mãe estivesse
tomando novos rumos. Depois de tantas
desventuras, tinha um bom motivo para sentir
esperança no futuro.

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Capítulo 34

Um som de confusão tirou a atenção do


Logan na tela do computador. Vozes alteradas do
lado de fora da sala indicava que uma discussão
acalorada estava acontecendo. Quando começou a
ser erguer para descobrir o que ocorria, viu a figura
imponente de Leandra surgir no escritório.
— Que surpresa a ver aqui tão cedo. — Pela
expressão, estava ali para causar uma guerra. — Eu
acho.
— Cale-se. — Leandra disparou com
profunda irritação. — Apesar de compreender a
situação, meu apoio sempre será direcionado a
minha irmã. E isso significa que essa visita não é
uma cortesia. Estou aqui para provar a inocência
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dela. Porque podem tentar difamar a minha família,


mas se somos inocentes, eu vou até o inferno para
provar.
Sem mais conversa, Leandra pegou o celular
e iniciou um áudio com uma voz masculina. Logan
ficou calado e apenas acompanhou Leandra colocar
o celular sobre a mesa com toda a autoridade do
mundo. Assim que ele identificou que era o cretino
do ex-namorado de Nicole, sentiu o seu corpo
enrijecer.
Encarando a cunhada atentamente, foi
ouvindo cada confissão do boçal sobre as fotos que
comprometiam Nicole. Heitor assumiu abertamente
que aceitou a proposta de Tiago para fingir que
ainda estava tendo um romance com Nicole para se
vingar.
Ao ouvir aquelas confissões, a vontade que
Logan sentia era de ir atrás do filho da puta para

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acabar com a raça dele.


— Pode deixar que eu e meu irmão já demos
um jeito nele — Leandra o encarava como se
pudesse ler os pensamentos dele. Mal imaginava
ela que Logan se corroía, pensando como aquela
mentira acabou com vida que tinha. Agora teria que
se desdobrar para trazer a mulher que ama de volta.
Só esperava ainda ter tempo para isso.
— Entendo o motivo do descontrole ao ver as
fotos da minha irmã e do Heitor, mas isso não
justifica a sua atitude. Poderia tê-la ouvido, mas
não o fez. Preferiu acreditar no cretino que um dia a
agrediu.
— Leandra…
— Agora quem vai falar sou eu. — Ela o
interrompeu, descontrolada. — Você foi tão
imbecil como ele! A agrediu também, só que de
outra maneira. — Enfatizando a fúria sentida,
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ergueu um dedo na direção dele, em acusação. — É


um filho da puta! Acha que o mundo gira ao seu
redor? Para de se fazer de vítima e seja um homem,
querido. Essa desculpa de que tem problemas por
causa do preconceito não me convence. Eu
sobrevivi ao preconceito e ainda o faço
diariamente, e nem por isso sou uma imbecil.
Acredito em quem amo e levo em consideração
tudo o que me falam. Você poderia ser assim,
esquecer um pouco a maldade do mundo e
valorizar quem está com você.
— Posso falar? — Logan recebeu de peito
aberto cada palavra dela, pois sabia que a cunhada
tinha razão.
— Claro. — Leandra pegou o celular e
colocou na bolsa. — Mas fale com as paredes, já
que não quero e nem preciso te ouvir. — Caminhou
com extrema calma até a porta e virou-se para

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encará-lo. — Acho que será interessante para você


descobrir como é a sensação de ser ignorado pelas
pessoas. — Com um piscar de olho, Leandra pulou
para fora do escritório, sorrindo, deixando o
cunhado perplexo.

Desde a visita de Leandra, Logan estava


extremamente inquieto. Ainda não sabia o que
fazer para reconquistar a esposa, mas moveria céus
e terras para isso, assim que terminasse de afundar
Tiago. Agora, tudo o que precisava era acabar com
o inimigo de vez. Depois correria atrás da vida
pessoal para tentar consertá-la.
— Tem certeza que está com todas as provas
do detetive com você? — perguntou enquanto ele e
a irmã subiam no elevador até o escritório de
Tiago.

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— Eu já disse que sim. — Bianca parecia


entediada. — E você, trouxe os documentos que
faremos o crápula assinar? — Logan ergueu a
pasta.
— Não podemos deixar nenhum furo,
Bianca. Precisamos estar com tudo em ordem.
— Pare de me amolar, Logan! Eu sei o que
faço.
— Nunca duvidei da sua competência, mas
só quero me certificar de que tudo está certo.
Preciso acabar com o Tiago sem deixar margens
para ele tentar uma revanche.
— Pode ter certeza disso.
Os dois caminharam lado a lado para a
recepção do escritório do rival. Como já eram
aguardados, nem precisaram esperar, entraram
rapidamente.
— Ora, ora, os irmãos por aqui? Não sabe
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fazer nada sem estar na barra da saia da maninha,


Logan?
— Somos sócios, Tiago. É natural
resolvermos os problemas da empresa juntos. —
Logan puxou uma cadeira para Bianca sentar com
muita tranquilidade e acomodou-se em outra.
— Eu não diria que a presença da sua irmã
seja porque são sócios, mas se insiste nisso, sem
problemas. Apenas quero as minhas ações.
Logan respirou fundo e olhou brevemente
para Bianca, que estava ansiosa para despejar toda
a história sobre Tiago e reduzi-lo a pó. Ela adorava
um confronto e se negou a ficar de fora daquele
embate.
— Estou com os papéis aqui para você
assinar, amigo. — Tiago abriu uma gaveta e em
seguida colocou uma pasta sobre a mesa. — Aqui,
pode ler com calma, mas só consta o meu direito
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sobre as ações.
Ele empurrou a pasta sorrindo. Logan pegou-
a e a colocou de lado.
— Não vai ler? Prefere assinar direto?
Ainda sem falar nada, Logan pegou o celular
e buscou a gravação que Leandra havia feito da
confissão de Heitor para fingir que estava se
encontrando com Nicole. A cunhada havia
mandado para ele depois daquele encontro.
“Eu não pensei direito na hora… Quando ele
me fez a oferta, achei que seria uma ótima maneira
de me vingar da Nicole depois dela me trocar por
aquele infeliz”.
A voz estridente de Heitor invadia a sala de
Tiago, deixando-o confuso.
“O Tiago Barreto me ofereceu um bom
dinheiro, sabe? Eu estava com tanta raiva, que
faria de graça. Tudo o que eu queria era destruir o
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casamento deles, fazê-los tão infelizes como eu


fiquei”.
Os olhos de Tiago encontraram os de Logan,
cheios de fúria. Desmascarar as armações daquele
grande desafeto estava sendo um prazer
indescritível.
“O meu encontro com a Nicole em São Paulo
foi proposital. O Tiago conseguiu que eu entrasse
na exposição e um fotógrafo contratado já estava à
espreita. Assim como as fotos onde estou na porta
dela, ele fez de uma maneira que desvirtuasse tudo.
[….] Acabei virando amigo da família da Joana e
ainda frequento a casa do irmão dela. Foi na festa
da esposa dele que pude me aproximar da Nicole e
tirar outra boa foto [...] Na verdade, tudo o que
viram ali foi uma armação. A Nicole jamais
permitiu uma aproximação depois que me jogou
para escanteio”.

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— Reconhece essa voz? — Logan nem


sequer alterou a voz para Tiago.
— Não faço ideia. — ele respondeu com
calma, apesar do rosto vermelho.
— É mesmo? Heitor Diniz garante que te
conhece, inclusive tem extratos bancários que
comprovam isso. Além das ligações, é claro. —
Logan pegou alguns extratos bancários de Heitor e
incluiu àqueles que Katarina lhe forneceu, após ser
pressionada, comprovando o pagamento que
recebeu do bastardo. — Nesses comprovantes
encontrará não só os pagamentos que fez para
Heitor como os para minha secretária. — Tiago
encarou Logan, que estava sendo cada vez mais
acuado.
— Tenho certeza que nunca o vi e muito
menos tive contato com a sua secretária.
— Vou refrescar-lhe a memória. — Pela
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primeira vez Bianca se manifestou. — Mostrar


umas fotos interessantes. — Com satisfação, tirou
um punhado de fotos de Tiago com a amante e
jogou sobre a mesa. Em seguida, juntou as imagens
que o detetive fez no último encontro dele com
Katarina, a pedido do próprio Logan. Aquela era só
mais uma peça para sepultá-lo.
Com mãos incertas, Tiago começou a olhar a
fotos, o rosto retorcido de raiva.
— Todas as fotos possuem cópias, então nem
se esforce em rasgá-la. — Bianca o alertou com
tranquilidade.
— Para um cara que é conhecido como
exemplo de “homem de família”, acho que essa
gravação e, principalmente, as fotos, podem causar
um grande abalo na carreira. — Logan tentou tirar
alguma reação de Tiago. — E não vamos esquecer
do furto de documentos pessoais, já que a Katarina

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roubou do meu computador o contrato do meu


casamento, o mesmo que você pagou.
— Na verdade, acho que se todas essas
provas vazarem, teremos um grande escândalo para
movimentar a sociedade carioca. Já estou
imaginando os burburinhos nos corredores dos
fóruns da cidade e na empresa do Deonedes.
Acredito que o velho irritante não vá gostar em ter
um sócio infiel, manipulador e ladrão. — Bianca
solta com satisfação.
— Não vai gostar mesmo, Bianca.
Certamente vai convocar uma reunião para
comentar com todos os acionistas sobre a situação
do meu “nobre amigo”. — Logan comenta com
deboche.
— Isso não vai me derrubar. — Tiago rosnou
entre os dentes.
— Sabemos que é o suficiente para aniquilar
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não só a sua carreira, mas a imagem de bom moço.


— Bianca perdeu o encanto por atormentá-lo. Ela
queria as ações e cair fora dali. — Vamos, Logan,
preciso ir embora, tenho trabalho para resolver.
— Eu também. — Logan pegou a pasta que
trouxera e entregou para ele, que viu a sua frente
um novo acordo. — Se não se incomodar, assine
esse acordo, doando suas ações para mim.
— Está louco? Acha mesmo que vou te
entregar tudo de mão beijada?
— Deus, como você é irritante. — Bianca
suspirou cansada e pegou o celular discando para
um repórter famoso que era amigo dela desde o
tempo da faculdade. — Olá, Edu, tenho um furo de
reportagem para você. — Com todo o desplante do
mundo, ela sussurrou para Tiago como se estivesse
confidenciando algo para um amigo. — Estou
falando com o Eduardo Cacciole, ele é aquele

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jornalista que ama expor as personalidades


cariocas, sabe? Acredito que já tenha ouvido falar
dele. — Ela sorriu com candura ao revelar com
quem conversava. — Querido, eu tenho uma
bomba para te contar: é sobre um nobre advogado
que está traindo a esposa e, pelas minhas fontes,
chantageando outro advogado com documentos
roubados.
— Uau, eu quero saber tudo. — o grito de
Edu foi tão alto que, mesmo a certa distância, Tiago
e Logan ouviram a euforia a voz.
— Desligue, vamos conversar. — Tiago
pediu, desesperado.
— Assine, ou ela contará agora tudo ao
repórter. — Logan apontou o acordo que estava na
frente deles.
Com um suspiro derrotado, Tiago pegou a
caneta e começou a assinar as linhas indicadas sem
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ao menos ler o que estava escrito. Logan fez sinal


para Bianca desligar e rapidamente a irmã se
despediu do amigo, dando uma desculpa
esfarrapada para encerrar a ligação agradecendo-lhe
a atenção.
— Satisfeito? — Tiago terminou de assinar.
— Ainda não sei. — Logan pegou os papéis e
conferiu um por um para ter certeza que Tiago não
estava mais uma vez tentando passar a perna nele.
— Está tudo certo.
— Fique com as fotos se quiser, eu não tenho
interesse na sua vida, Tiago. — Bianca já estava
calma novamente.
— Eu quero a sua promessa em um papel. —
Tiago resmungou, entre dentes.
— Minha palavra é o suficiente, mas pode
fazer um contrato, se quiser. Assino sem
problemas. — Bianca deu de ombros.
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— E falando em contrato, acabou de assinar


um compromisso comigo de destruir o contrato do
meu casamento. Se ele algum dia vazar, você será
diretamente responsabilizado e processado por
descumprir um acordo. — Logan o advertiu.
— Vá se foder, seu merda. Ainda vou te
destruir, isso não vai acabar aqui.
— Eu sei que nunca desejaria um conselho
meu, mas te darei de qualquer maneira. — Bianca
começou a se levantar. — Tente algo contra o meu
irmão e eu vou encontrar uma maneira de expor
não só a sua amante, como as meninas jovens que
frequentam a sua cama. Eu tenho outras fotos,
querido, portanto se atreva a nos ameaçar mais uma
vez e sofra as consequências.
Assim que Bianca jogou essa informação,
toda a prepotência de Tiago se extinguiu. Ele a
encarou furioso, incapaz de rebater a ameaça.

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— Ela é incrível. — Logan piscou para Tiago


e se levantou. — Obrigado, meu amigo, por doar
tão gentilmente suas ações. Tenho certeza de que
esse gesto tão simpático lhe trará bons frutos.
Antes que ele replicasse, Logan segurou o
braço da irmã e saíram tranquilamente porta afora.
Apesar de todo o estresse passado, agora se sentia
satisfeito por tudo terminar bem.
— Puta merda, pensei que ele fosse pirar. —
Bianca confessou assim que ganharam o corredor.
— A sua ideia de ligar para o Edu foi
brilhante. Naquele momento ele entendeu que o
pior poderia acontecer antes que ele tomasse
alguma atitude.
— Deixe-me ver esses papéis. — Bianca
sorriu.
Logan a entregou e apertou o botão do
elevador. Em segundos entraram e ela analisou com
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calma as folhas assinadas. Em seguida, abriu um


sorriso de satisfação e, para a surpresa de Logan, o
abraçou.
Demonstrações de afeto por parte dela eram
raríssimas. Normalmente, Bianca restringia essa
ação aos filhos e o marido. No geral, sempre fazia
questão de ser indiferente ao restante da família.
— Não acredito que conseguimos pegar essas
benditas ações sem desembolsar um centavo. Esse
idiota tentou te derrubar, mas quem caiu do cavalo
foi ele.
— É verdade, finalmente eu consegui
derrotar o Tiago. Nem imagina como esperei por
esse dia.
— Acho que agora pode deixar de ser um
homem frustrado. — Bianca ajeitou os papéis e
entregou ao irmão. — Eu sei que ficava possesso
cada vez que esbarrava com aquele cretino.
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— Agora que ele está nas nossas mãos, nunca


mais será um obstáculo.
— Assim espero. — Ela encarou o irmão. —
Quem vai falar com o Deonedes, eu ou você?
— Você. — Nesse momento, ele tinha
problemas bem mais importantes para resolver do
que pensar naquele velho preconceituoso. —
Preciso conversar com a Nicole o quanto antes.
— Faz bem, ela está extremamente chateada
com você. — A afirmação da irmã o surpreendeu.
— Andou conversando com ela?
— Tenho conversado com a Dalva e, pelo
que ela me conta, você está ferrado. Não ache que
apenas uma conversa vai convencer a sua esposa a
voltar. Precisar ser bem mais convivente para isso.
— Que merda!
— Esse bônus é por ser um idiota, mas tenho

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fé em você. — Bianca deu dois tapinhas no rosto


do irmão. — Sei da sua capacidade de superar
desafios, então, não me desaponte. — Com um
piscar de olhos, ela caminhou para o próprio carro e
deixou para trás um Logan agitado e descrente da
capacidade de reconquistar a esposa.

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Capítulo 35

Nicole olhou a escultura à frente e enrugou o


nariz para o desastre que havia criado. Os últimos
trabalhos, feitos de argila e pedra sabão, não lhe
agradavam.
Há um bom tempo deixara de se arriscar no
ferro e nem sabia o porquê. Era uma matéria-prima
complexa, que exigia extrema devoção do artista na
hora de manipulá-lo. Para conseguir algo bom, era
necessária muita paciência, coisa que ultimamente
andava sem. A mente estava uma verdadeira
bagunça.
O som da campainha acabou com a pouca
concentração ainda existente. Nunca recebia visitas
naquele horário, mas como Joana andava
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preocupada com ela, provavelmente seria a amiga


querendo conversar um pouco.
— Dalva, pode atender?
— Estou indo.
Nicole sorriu. Tê-la ali estava sendo
motivador. Ela conseguia elevar o espírito tristonho
dela como ninguém. Sem a presença da amiga,
certamente não estaria confiante daquela forma. Os
conselhos e carinhos de Dalva estavam sendo
essenciais para acreditar que aquela dor um dia
passaria.
Desde que saiu da casa de Logan mal dormia.
Sentia falta do corpo grande, do braço sobre ela,
enquanto dormia e do sorriso devastador exibido
pela manhã. Foram meses de casados, mas a
sensação que Nicole sentia era de que foram dez
anos.
Uma semana de ausência provocou uma dor
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que nunca pensou sentir. Às vezes chegava a pensar


que nunca mais seria capaz de se relacionar depois
de Logan.
— Dalva, quem era? — Nicole decidiu
espantar os pensamentos sombrios que sempre lhe
rondavam a cabeça quando deixava a mente vagar,
mas o silêncio da amiga a assustou. Mesmo
sabendo que o local onde morava era relativamente
seguro, ela sentiu medo de algo inusitado ter
acontecido.
Em um impulso, buscou por uma barra de
ferro que ainda não tinha sido utilizada e segurou
com força. Sem noção do que estava acontecendo,
tentava sentir-se segura sabendo que podia utilizá-
la para ferir algum possível bandido.
Assim que chegou a porta do ateliê, ergueu a
arma improvisada e se precipitou com
determinação para o corredor, pronta para atacar,

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mas foi contida por uma parede de músculos que a


fez recuar um passo. Mãos firmes contiveram a
queda e, quando Nicole ergueu o rosto, o ar dos
pulmões sumiu.
Logan olhou com interesse a cena. Nicole
parecia pronta para a guerra.
— Calma, não há necessidade de me bater.
Sei que eu mereço, mas isso aí pode matar. —
Nicole franziu a testa, sem entender do que falava.
— O quê?
— Nicole, a barra de ferro… — Ele sinalizou
para o objeto que ela segurava firmemente. —
Estou falando que se me acertar com essa barra
posso morrer. E isso não seria bom.
— Ah. — Nicole entendeu e abaixou-a. —
Pensei que fosse um ladrão. Dalva não me
respondeu quando a chamei.
— Eu precisei conversar rapidamente com
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ela antes de te encontrar.


A voz baixa fez Nicole perceber no mesmo
instante a presença sedutora que transbordava dele
naturalmente. Ela estava tão tensa, que ainda não
tinha se ligado que era o marido ali, na frente dela.
O homem que a arruinou, acusando-a de ser infiel.
Estava ainda melhor do que na última vez,
mas nem toda a beleza era suficiente para fazê-la
esquecer das acusações sofridas na noite em que ele
lhe mostrou as fotos com Heitor. Em certos
momentos, ela acreditava que seria incapaz de
esquecer todas as palavras duras por ele ditas.
— O que faz aqui? Veio me encher de novas
acusações? Nesse caso, pode ir. Não sou obrigada a
ouvir insultos na minha própria casa.
— Vim conversar… precisamos nos acertar.
Nicole o encarou, pasma. Depois de tudo,
agora ele queria se acertar? Se pensava que ela era
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uma marionete no qual pegava quando queria se


divertir, estava muito enganado. Tinha a porra de
um coração, que estava muito ferido!
— Conversar? — A raiva se espalhou pelo
corpo dela como rastilho de pólvora. —
Poderíamos ter conversado quando me acusou de
infidelidade, mas não! Apenas se preocupou em me
julgar covardemente, sem me ouvir.
— Eu sei que errei, mas estou aqui para
remediar isso.
— Sai daqui! Não quero falar com você.
— Não vou sair daqui sem que me ouça, eu
preciso que compreenda a situação pelo qual….
— Basta! — Nicole gritou saindo
completamente do prumo. Ela não queria ouvi-lo,
não o queria por perto, muito menos ser envolvida
pelo seu charme para logo em seguida receber
novas acusações sem chances de defesa. — Não
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vou te ouvir, quero que saia da minha casa.


— Preciso que me escute, Nicole.
— Logan. — A voz serena de Dalva quebrou
a guerra de olhares entre eles. — Por favor, saia.
Nicole precisa de um tempo. Talvez em outro
momento possam se entender.
— Ele já teve a chance. — Nicole estava
convicta. — Em dois meses nosso contrato de
casamento terá fim. Acredito então que deixarão de
existir motivos para nos falarmos depois disso.
Como sempre fomos discretos, ninguém perceberá
que estamos separados até lá. Quando o acordo
vencer, será apenas mais um divórcio, como o de
milhares de outros casais.
— Nunca me separarei de você. Eu te amo e
quero passar a vida ao seu lado. — Só o
pensamento de nunca mais tê-la por perto fazia
Logan ter vontade de desaparecer. Como
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sobreviveria sem ela ao lado?


— Pode passar a vida com outra, comigo não.
Antes que pudesse falar mais alguma idiotice
que maltratasse o coração imbecil de Nicole, ela
correu para o ateliê e bateu a porta. Se continuasse
a ver aquele olhar apaixonado, certamente faria a
besteira de perdoá-lo. Sem contar na aparência
abatida, claramente ele também estava sofrendo.
— Nicole, me deixe pedir desculpas.
Como uma criança, Nicole sentou e colocou
as mãos sobre os ouvidos. Se recusava a ouvir algo,
não queria ser fraca e perdoá-lo. Logan a magoou
profundamente ao duvidar da fidelidade dela. Nada
do que fizesse ou falasse seria suficiente para
remediar o estrago que causou.

Depois de mais de duas horas trancada no


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ateliê, Nicole se aventurou pela casa. Percebeu,


aliviada, que Logan já tinha ido. Achou Dalva na
varanda, com o semblante triste. Não sabia se com
saudades da casa de Logan, ou porque havia se
recusado a falar com ele.
— Você está bem?
— Impossível com toda essa guerra entre
você e o Logan. — Dalva estava desanimada e
Nicole viu o exato momento que ela secou as
lágrimas.
— Está chorando? — Correu na direção dela
e sentou-se, passando o braço pelos ombros.
Dalva nada disse de imediato. Ao contrário,
deixou o choro escapar com força e fez o coração
de Nicole se comprimir de tristeza. Se pudesse,
bateria em Logan de tanta raiva que sentia naquele
momento por tê-las deixado tão tristes.
— Não aguento ver você tão triste.
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— Como posso ficar bem com a nossa vida


desmoronando? — Dalva voltou a secar as lágrimas
e deu um suspiro profundo. — O Logan veio de
pedir perdão, disse que passou a semana reunindo
provas para derrubar o Tiago. O mau caráter o
ameaçou com o contrato de casamento de vocês,
querendo as ações. Mas ele, junto da Bianca e do
Luiz, conseguiu provas para desmascarar o sem
vergonha. Até mesmo a Leandra o ajudou nisso.
A simples menção à irmã fez Nicole ficar
ainda mais atenta a história de Dalva. Tudo bem
que ela era meio desajuizada, mas ajudar Logan
depois de tudo foi uma grande surpresa.
— Como assim?
— Ela e o Emanuel encurralaram o Heitor, e
ele assumiu que as fotos foram uma armação. A
confissão o ajudou a incriminar ainda mais o Tiago.
Agora ele conseguiu as ações que tanto queria.

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Nicole olhou para o quintal e se sentiu ainda


mais triste com essa revelação. Logan estava
querendo reatar o casamento porque descobriu,
através de uma confissão de Heitor, que ela era
inocente. Se isso nunca tivesse sido gravado,
certamente nem teria vindo, ainda acreditaria que
era uma traidora.
— Bom que tudo terminou bem. No final,
conseguiu alcançar os próprios objetivos. Uma
pena que tive de ficar no meio de tudo isso, porque
eu nada alcancei, apenas me desiludi no processo.
— Ele te ama e quer pedir perdão. Deveria
conversar com ele. — Dalva a encarou. — Não
deixe que o amor de vocês morra por causa de
desavenças. Esse Tiago sempre quis destruí-lo,
desde que eram adolescentes. Ele não aceita a cor
do Logan, muito menos que a família dele seja rica.
Por mais que tenha errado com você, ele estava

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movido pelo ciúme e insegurança. O meu menino


não acredita que o ame de verdade, já passou por
tanta coisa que o coração se recusa a acreditar que
merece ser feliz.
As palavras dela tocaram Nicole, mas apesar
de entender que a vida do marido foi complicada,
acreditava que demonstrou amá-lo. Se não existisse
o mínimo sentimento entre eles, jamais aceitaria o
pedido de casamento.
Apesar de amá-lo incondicionalmente, estava
ferida. Algo que queimava constantemente, parecia
incendiá-la por completo. Viver sem Logan estava
sendo quase insuportável, mas, ainda assim, se
recusava a perdoá-lo. Pensasse bem antes de
bombardeá-la com acusações.
— Dalva, sei que está sentindo falta de
Logan. Ele é como um filho seu e não quero ficar
entre vocês. Agradeço por ter acreditado em mim,

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mas sinta-se à vontade para voltar para casa se


quiser. Ambas sabemos que ele deve estar em um
inferno sem você. Vá cuidar dele, porque sei me
virar sozinha.
— Só volto quando for comigo. Os quero
juntos, e vou cuidar dos filhos que terão. — Nicole
sorriu com aquele desejo. Era tocante o pensamento
dela, mas infelizmente jamais seria realizado.
— Me desculpa. — Nicole segurou a mão
dela e beijou com carinho. — Não posso realizar o
seu desejo. Vai ser preciso mais que um pedido de
perdão para resolver isso.
— O amor cura tudo, querida.
— Sem brigas entre nós. — Nicole se
levantou e ofereceu a mão para Dalva segurar. —
Vamos arrumar as suas coisas, está na hora de
voltar para o seu lar.

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Logan observou a mulher diante dele e sorriu.


Ainda parecia irreal que Dalva havia voltado.
Quando ela entrou no escritório com as malas nas
mãos, pensou que estava mais bêbado do que
imaginava. Só quando sentiu os braços pequenos
lhe rodearem o pescoço, soube que era real.
A visita à casa de Nicole ao menos tinha
surtido algum efeito, pois trouxe de volta para casa
a mãe de coração, a pessoa que dividiu cada dor e
alegria que já teve na vida. Ficar sem Nicole era
devastador, mas a ausência de Dalva era algo
indescritível.
— Promete que nunca mais vai surtar e ir
embora? — Logan sentou-se na cama enquanto ela
guardava as roupas.
— Se aprontar de novo eu nunca mais volto.

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É inadmissível agir com tanta loucura. Eu não te


reconheci naquele dia, parecia fora de si.
— Tenho vergonha do meu comportamento,
Dalva, mas quando vi aquelas fotos… — Logan
nem terminou de falar, porque o corpo se enrijeceu
com a lembrança da ira que o consumiu naquele
momento. — Eu só pensava naquele crápula
colocando as mãos nela, depois de um dia quase tê-
la agredido. Acabei dominado pela raiva de saber
que Nicole ainda o desejava e se encontrava com
aquele verme mesmo estando ao meu lado.
— Por que se negou a ouvi-la? Você já
chegou como um cão raivoso a acusando sem dar
direito de ela se defender.
— Eu estava com ciúme, porra! — Ele
explodiu e passou a caminhar freneticamente pelo
quarto. — Tinha raiva daquele imbecil, da minha
insegurança, de Nicole por me trair e do filho da

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puta do Tiago por esfregar na minha cara aquilo. Só


queria feri-la, como me senti ao ver aquelas fotos.
O desabafo apenas comprovou o que Dalva já
sabia.
— E agora? Como vamos consertar tudo
isso? Ela está magoada, não quer ouvir falar de
você. Quando saí da casa dela, estava resoluta que
nunca voltaria.
— Se for preciso, rastejo aos pés dela para tê-
la ao meu lado.
A resolução dele em reconquistar a esposa
agradou a senhora. De alguma maneira sabia que
Logan conseguiria trazê-la de volta. Eles se
amavam e em algum momento esse sentimento
falaria mais alto.
— Estarei com você em todos os momentos.
Pode contar comigo.
— Sem você não sou ninguém. Nunca mais
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me deixe.
As palavras dele acariciaram o coração de
Dalva, que não soube como responder. Apenas
caminhou na direção dele e o abraçou. Como fazia
quando era um garoto e aprontava na escola. Sabia
que esse gesto seria o suficiente para demonstrar
não só o amor, como a parceria que teriam que
formar para trazer Nicole para casa.

Logan sentou na frente da mesa de reuniões e


esperou Deonedes esbravejar. Ele certamente
estaria furioso por ter perdido as ações de maneira
sorrateira, mas depois que tudo foi acertado e
lavrado em cartório, o velho rabugento nada
poderia fazer.
— O que aprontou? Como conseguiu as
ações do Tiago?

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— Ele decidiu me vender. — Logan deu


ombros, sem vontade de falar muito.
— O Tiago queria comprar outras ações, não
se livrar das dele. Exijo saber como as adquiriu. —
Deonedes bateu a mão sobre a mesa, irritado.
— O negócio foi efetuado legalmente,
portanto não vejo motivos para fazer um relatório,
Deonedes. Agora temos praticamente a mesma
porcentagem. Se eu comprar mais duas cotas, me
transformo em sócio majoritário.
O rosto de Deonedes ganhou um tom rubro
que o alegrou. O velho estava perdendo o controle
e isso lhe causava uma intensa satisfação.
— Nunca permitirei que você seja o dono da
minha empresa. Vou contestar a compra dessas
ações, quero o direito de tê-las para mim. — O
pedido o irritou profundamente.
— Sabe como consegui essas ações? —
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Agora Logan mostraria quem era Tiago Barreto. —


Consegui porque o seu ex-sócio fraudou fotos da
minha mulher com outro homem.
Deonedes encarou Logan, surpreso. Ele não
esperava ouvir uma acusação tão grave assim em
relação a Tiago, mas também sabia que Logan era
honesto demais para inventar uma história como
aquela.
— O que ele fez?!
Como já tinha aberto a boca, Logan soltou
toda a história que Tiago armou para pegar as
ações, com os devidos ajustes. Não perderia
naquele instante a confiança do homem. Narrou
desde o desafeto que existia entre ele e Tiago até
chegar a parte que o outro pagou para um fotógrafo
fazer fotos da esposa com o ex-namorado, sem
deixar de lado o vazamento de informações
comerciais por parte de Katarina.

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Em cada palavra dita, a expressão de


incredulidade de Deonedes aumentava.
— Eu não sei o que dizer. — Apesar do ar-
condicionado estar ligado, o homem suava. —
Nunca imaginei que o Tiago fosse um crápula.
— Ele destruiu a minha vida. — Logan
suspirou fundo e voltou a sentar. — Eu posso até
ter conseguido as ações que tanto queria, mas perdi
a minha mulher. — A declaração dele intrigou o
sócio.
— Lamento por isso. — Deonedes disse com
pesar.
— Eu também. Agora não sei o que faço para
tê-la de volta. Ela está decidida a se separar e
sequer posso contestá-la. Eu preferi escutar a
sugestão de um canalha do que confiar na palavra
dela.
— Logan, eu sinto muito por tudo o que está
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passando. — Deonedes levantou e se aproximou.


— Não fui justo com você. Fiz um julgamento
errado baseado em conceitos arraigados dentro de
mim, mas acredito que sempre há tempo para um
homem se redimir dos erros. — Logan encarou o
homem mais velho, sem acreditar no que estava
falando.
— Está se desculpando por ter sido um
cretino comigo?! — Deonedes trincou os dentes ao
ouvir o insulto, mas desconsiderou, uma vez que
tinha um homem de coração partido ali, e também
por saber que, de fato, fora um imbecil.
— Lamento por não ter levado em
consideração a sua competência.
— Entendo…
— Mas não desista da sua esposa. Seja
implacável como é nos negócios.
— Eu vou fazer o impossível para manter
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esse casamento.
— Você vai conseguir. — Deonedes
estendeu a mão e Logan se surpreendeu, mas
apertou com força. — Me esforçarei para termos
uma sociedade de sucesso.
— Pode apostar que será muito mais que
isso. — Logan assentiu para o homem e saiu da
sala se sentindo leve.
Tinha esperança de que agora as coisas
mudassem na relação deles.
Porém, naquele momento os negócios não
eram o foco. Ele precisava de Nicole, nem se fosse
para fazê-la sorrir novamente, sozinho, ele não
seria capaz de apreciar nenhuma conquista
profissional. O problema era encontrar uma
maneira de ser perdoado.

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Capítulo 36

Os encontros de família na casa da mãe de


Nicole eram sempre alegres. Mas não daquela vez.
Quando contou, alguns dias antes, para a mãe
que depois de uma briga tensa com Logan
decidiram se separar, ela a questionou sobre os
motivos da briga e quase fez Nicole abrir o jogo
com relação ao verdadeiro motivo de terem ficado
juntos, mas a prudência falou mais alto. Por isso,
apenas disse que não gostaria de contar os detalhes
do ocorrido.
Como sempre a mãe foi compreensiva, ao
contrário do pai, que exigiu ter uma conversa com
Logan. Nicole teve de usar todas as justificativas
possíveis para que ele não fizesse aquilo, e por hora
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havia conseguido. Só não sabia até quando. Javier


era uma fera quando o assunto envolvia os filhos.
Mas agora a surpresa era outra. E sabia que
também não os agradaria.
— Eu ainda me ressinto do que fez. Ajudou o
Logan e sequer me falou. — Nicole acusou a irmã
assim que as duas ficaram sozinhas.
— Você é tão teimosa, que irrita. — Leandra
parecia cansada. — Já te disse que minha principal
intenção era te inocentar, mas no meio do caminho
o ajudei a destruir aquele imbecil racista.
— Continuo me sentindo traída…
— Você gosta é de fazer birra, isso sim. —
Leandra a encarou. — Vai contar para nossos pais
que irá para à Espanha?
— Preciso. Minha viagem está marcada para
semana que vem.

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— Papai vai pirar. Certamente vai reclamar


que não o avisou para acompanhá-la. Sem contar o
Logan, que está louco tentando te reconquistar.
Confesso que se eu recebesse todas as flores que
recebe por dia, eu já teria reatado o casamento.
— Primeiro, não dá para o papai ir comigo, já
que preciso de um tempo sozinha. Segundo, eu não
tenho mais onde colocar flores. Estou doando cada
arranjo que ganho para os meus vizinhos. O Logan
está mais me irritando do que conquistando. —
Leandra revirou os olhos para a teimosia da outra.
— Sei tudo que precisa. — Leandra segurou
a mão dela com pesar. Sentiria falta da irmã, mas
entendia que precisava arejar a cabeça. — Vamos
acabar logo com esta história?
Buscando uma respiração profunda, Nicole
seguiu para sala onde os pais conversavam
animadamente com o irmão e o cunhado. Toda essa

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alegria acabaria assim que ela revelasse que estava


de partida, pois precisava de um tempo para colocar
a cabeça em ordem e curar o coração.
— Aí estão mis hijas. — Javier sorriu quando
entraram na sala. — Sentem-se para ouvir um
pouco da história do irmão de vocês.
— Papai, primeiro eu preciso dar uma
notícia. — Nicole se precipitou antes que Emanuel
começasse a falar.
— É boa ou ruim? — Alda começou a
preocupar-se. Depois dos últimos acontecimentos,
estava temerosa pelo que estava por vir.
— Acho que boa. — Nicole ficou sem graça.
— Então nos conte. — Javier a incentivou.
— Vou passar uns meses na Espanha. Decidi
descansar e fazer um curso de especialização por lá.
Um silêncio brutal caiu sobre a sala. Nicole

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se preparou para ouvir a mãe reclamar pela viagem,


já que Alda normalmente odiava ficar longe dos
filhos. Saber que Nicole estava partindo para fugir
de um problema complicava ainda mais.
— Você vai para à Espanha e não me avisou?
— Javier ficou chateado. — Vai ficar na casa de
algum dos nossos parentes?
— Vou passar algumas semanas com a prima
Rúbia, mas no geral vou ficar em um hotel, porque
não quero dar trabalho a ninguém.
— Está fugindo, filha? — Alda franziu a
testa.
— Fugindo? Eu? — Nicole colocou as mãos
sobre o peito e sorriu, sem graça.
— E o que mais seria? — Alda encarou a
filha com preocupação. — Não é assim que
resolverá os problemas com o seu marido.
— Logan não é mais o meu marido, mãe.
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— Olha, Nicole… — A mão de Javier


impediu Alda de continuar a falar.
— Mi amor, você prometeu deixá-la resolver
o casamento sozinha. — falou baixinho para a
esposa.
— Decidi porque pensei que ela ficaria aqui e
enfrentaria como uma adulta os problemas com o
marido, nunca imaginei que fugiria.
As palavras diretas da mãe deixaram Nicole
sem ação. Tudo bem que ela estava fugindo, mas
ouvir isso pela boca de outra pessoa que amava, era
tão ruim que a fazia se sentir menor do que uma
formiga.
— Mãe, deixa a Nicole, ela não está fugindo.
Apenas precisa de um tempo para assimilar os
últimos acontecimentos. — Leandra a defendeu.
— Ela pode fazer isso tendo uma conversa
franca com o marido. — Alda não se deu por
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vencida. — Ele te ama, está escrito nos olhos dele.


Desde o jeito que fala de você até a vontade que
tem de te reconquistar.
— Por acaso a senhora falou com ele? —
Nicole achou estranha a maneira que a mãe falou
com tanto conhecimento.
— É lógico! Você não quis me contar o que
aconteceu, fui descobrir. — Os olhos de Nicole se
arregalaram ao ouvir aquela confissão.
Ela ficou sem saber o que dizer. Nunca
imaginara aquilo.
— O que ele falou? — Nicole necessitava
saber.
— Tudo, mi hija. — Javier se adiantou,
aumentando a surpresa. — E não posso deixar de
me entristecer de não ter nos confiado toda a
verdade sobre o casamento. Mas ele nos confessou
e, além de assumir que errou, jurou que te
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reconquistará e irá amá-la como merece. Respeito a


decisão de se separar, mas ele me pareceu mais que
sincero quando disse que quer passar a vida com
você.
— O.K., já deu para entender que estão do
lado do bonitão. — Leandra passou o braço
protetoramente pelos ombros da irmã. — Mas
Nicole não se sente à vontade para reatar o
casamento. Precisa de um tempo para arejar a
cabeça e foi ele quem pisou na bola. Eu no lugar
dela teria feito coisa bem pior. Vamos apoiá-la sem
julgamentos por aqui?
Silenciosamente, Nicole agradeceu por
Leandra conseguir ser sensata. Apesar de ter
rompantes de loucuras constantes, quando a
situação esquentava sabia ser prudente.
— Que seja feita a sua vontade. — Alda
levantou do sofá e caminhou até a filha. — Vá

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colocar a cabeça em ordem e depois volte. Mas


quero que me prometa algo…
— O quê? — Nicole já estava prevendo qual
seria o pedido.
— Quando voltar, ouça-o pelo menos. Não
deixe a felicidade escapar. Todos nós erramos, mas
o amor está aí justamente para fazer a diferença.
Nicole se sentiu incapaz de responder ao
pedido dela mãe, mas concordou com a cabeça
enquanto grossas lágrimas escorriam pelo rosto.
Em segundos, ela sentiu o corpo ser embrulhado
por diversos braços e percebeu que toda a família
estava ali, dando o apoio que só eles eram capazes
de dar.

Logan olhou o relógio e praguejou baixinho.


Há quinze dias a rotina dele girava em torno
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de Nicole. Passava todos os dias na casa da mulher


que amava tentando uma reaproximação, mas a
danada sabia ser dura na queda. Nicole não
permitira que ele se reaproximasse, nem estava
disposta a ceder um momento para se falarem.
A luz do semáforo ofuscou a visão dele.
Assim que recuperou o foco, reconheceu o carro de
Emanuel se aproximando. A esperança voltou a lhe
sondar o coração e esperou com paciência Nicole
se despedir do irmão ao entrar na vila.
Saiu do carro e trocou uma rápida conversa
com Emanuel. Apesar de ter errado, toda a família
dela o apoiava. Entenderam que, apesar de tudo, ele
a amava de verdade.
Em seguida, Logan entrou na vila atrás de
Nicole. Conseguiu alcançá-la no exato momento
em que ela entrava em casa. Ele a chamou, mas foi
ignorado. Espalmou a mão na porta antes que ela

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fechasse na cara dele.


— O que você quer de novo? Será que não
cansa de me importunar? — Ela tentou em vão
fechar a porta.
— Nunca vou me cansar de tentar. Eu te
amo, e implorarei pelo seu perdão enquanto estiver
vivo.
— Logan, me esquece, acabou!
— É impossível que isso seja verdade. —
Aproveitou um momento de distração e conseguiu
entrar. Viu que a sinceridade dele havia deixado ela
balançada. — Nós temos muito que viver juntos.
Mas antes superaremos essa briga, vai ver…
— Por que insiste tanto em reatar esse
casamento? Sem confiança é impossível algo dar
certo entre nós.
— Nicole, assumo mais uma vez que perdi a
razão quando vi aquelas fotos. Fiquei cego de
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ciúme e fui irracional… caramba, me dá uma


chance. Será que pode me ouvir?
Entregava mais uma vez o coração nas mãos
dela, mas ela se recusava a aceitá-lo.
— Logan, estou cansada. Será que pode sair?
— Você não cansa de me mandar embora?
Nem sente falta de nós? — Deu um passo a frente.
— Dói tentar dormir sem você, sinto falta do seu
corpo na cama.
— Feche a porta quando sair. — Nicole
caminhou pelo corredor e foi direto para o quarto.

Paz. Ela apenas precisava disso para terminar


de resolver os últimos detalhes da viagem.
Um tempo longe dele seria fundamental para
colocar a cabeça em ordem e acalmar o coração.
Certamente a distância faria com que esse amor
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desenfreado por ele esfriasse. Assim conseguiria


retomar a vida sem tê-lo ao redor.
Nicole entrou no banheiro e tirou a roupa.
Precisava de um bom banho quente para relaxar e
tentar dormir. Sorriu com tristeza ao perceber que
teria mais uma noite em claro. Era assim desde que
se separou.
Quando a água quente lhe bateu sobre os
ombros, cada nó de tensão pareceu endurecer ainda
mais. Estava extremamente tensa e apenas uma
pessoa neste mundo seria capaz de fazê-la relaxar.
Os olhos dela se fecharam e a mente seguiu
para o dia em que conheceu Logan no bar. Naquele
momento, duvidou que algum dia conheceria um
homem tão bonito quanto ele. O lindo sorriso
encantador e a pele negra irradiavam uma beleza
viril, que mexia profundamente com ela.
Leandra havia lhe colocado em uma grande
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furada ao flertar com ele e trazê-lo para a mesa,


mas o fato foi que viveu momentos inesquecíveis
ao lado do marido. Ele lhe apresentou um mundo
de prazeres inimagináveis. Ao lado dele, se libertou
de certos medos e se jogou nas amarras da paixão.
— Cretino! — Nicole praguejou quando
sentiu o corpo doer com a vontade de ter as mãos
de Logan em volta dela.
— Eu sei que sou. — Ela deu um pulo
quando sentiu as mãos do homem que lhe povoava
a mente rodearem-na pela cintura.
Um grito sufocado escapou dela e, quando se
virou, ficou perplexa quando o viu dentro do seu
box. Piscou algumas vezes para tentar descobrir se
estava sonhando acordada, mas o calor daquelas
mãos comprovou que tudo era real.
— O que está fazendo? Quem te autorizou a
entrar no meu banheiro? — A sua voz saiu instável,
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mas a verdade era que nunca se sentia equilibrada


com ele nu diante dela.
— Preciso pedir para entrar no banho com a
minha esposa?
— Se eu ainda fosse alguma coisa sua… —
Nicole colocou as mãos sobre as dele, tentando se
livrar do aperto. — Me solta, Logan.
— Meu anjo, apenas sinta. — Logan fechou a
boca sobre a dela.
Ela ordenou a própria mente para resistir,
mas o corpo traidor apenas queria sentir os beijos
que ele lhe dava. Buscando um último resquício de
sanidade, tentou afastá-lo, mas quando Logan
embrenhou a mão entre suas coxas, encontrando o
ponto latejante, se rendeu.
Uma despedida não faria mal. Em breve ela
estaria longe dali e toda a tentação acabaria. Longe
de Logan, conseguiria manter a cabeça no lugar.
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O gemido dela fez Logan sorrir. Com


facilidade, ergueu o corpo da esposa e enroscou
suas pernas na cintura dele. Calmamente sondou a
entrada de Nicole e em um movimento seguro,
invadiu-lhe o corpo, deixando um gemido de
satisfação escapar dos lábios dela.
Eles funcionavam tão bem juntos. Era injusto
ficarem separados por causa das intrigas. Só que a
mágoa não abandonava Nicole. Ela não conseguia
sair do momento em que foi sumariamente julgada
pelo marido.
Segurando firme nos ombros dele, decidiu
apenas viver o momento, pois sabia que nunca mais
teria essa experiência com Logan.
Nicole o encarou e sentiu o muro que ergueu
para mantê-lo distante ruir. O amor que via
naqueles olhos era real demais e ficou incerta de
mantê-lo distante. Talvez a teimosia estivesse

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fazendo perder a oportunidade de ser feliz com o


homem que a amava de verdade.
Limpando completamente os pensamentos,
Nicole quebrou o contato visual e se concentrou em
cobrir a tatuagem dele com beijos. Sentia falta de
poder se deliciar daquele jeito. Tudo em Logan a
agradava e seria difícil conseguir encontrar alguém
que conseguisse captar-lhe o interesse como ele
fez.
Em poucos minutos, os dois estavam subindo
a escalada do prazer e, quando chegaram ao topo,
caíram juntos em um orgasmo profundo, esgotados.
Depois, com extremo cuidado, Logan a
banhou, secando-a sem pressa. Demonstrando todo
o lado cavalheiresco, a carregou até a cama e
cobriu o corpo dela com o lençol, se enroscou nela
enquanto a abraçava bem apertado.
Sentindo a paz que não experimentava desde
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que se separaram, dormiram felizes, mas com todas


as incertezas que ainda teriam de enfrentar.

Depois de três semanas insones, Logan caiu


em um sono profundo e reconfortante, que só foi
interrompido quando os lábios ávidos de Nicole
cobriram o pescoço dele com beijos suaves e
provocantes.
Despertando completamente, virou o corpo e
cobriu-lhe a boca em um beijo repleto de desejo.
Ele nunca se cansaria daquilo, os lábios dela eram
macios e se moldavam aos dele magicamente.
As mãos pequenas dela corriam pelas costas
dele, deixando um rastro quente de pura excitação.
Dessa vez ele não teve pressa e deslizou os lábios
pelo corpo da mulher que amava, se embriagou
com os gemidos e suspiros dados, com cada toque

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de veneração.

Nicole deixou a mente vazia. Agora só


precisava de Logan e de toda a paixão que podia
lhe dar. Por isso ela correspondeu a cada toque e
deixou transparente o quanto a agradava. Quando
estivesse longe, guardaria aquele momento na
memória, para assim superar a saudade sentida pelo
homem que amava.
Foi com um suspiro de plena felicidade que
ela recebeu a ereção de Logan dentro de si.
— Eu te amo, Nicole, nunca se esqueça
disso. Você é, e sempre será a minha mulher e
cuidarei de você até que a morte nos separe.
Os olhos dela se fecharam com força ao ouvir
aquelas palavras, que lhe acertaram em cheio no
coração. Segurou a nuca dele e trouxe a boca rente

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a dela, silenciando as declarações amorosas em um


beijo repleto de sentimentos, mas também em
despedida, daquele que seria eternamente o dono
do seu coração.

Logan assobiava contente enquanto


preparava o café da manhã. Finalmente teve uma
noite feliz, graças à mulher que amava. Nicole
ficaria na vida dele, voltaria para casa e
construiriam a família que tanto planejaram antes.
Com destreza, fez o café, separou algumas frutas e
preparou a torrada do jeito que ela gostava. Mas
quando estava prestes a voltar para o quarto e levar
para Nicole comer, ela apareceu na cozinha, com
cara de sono e com um olhar indecifrável que o
deixou apreensivo.
— Bom dia, amor. — Foi ao encontro dela,

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mas parou quando a viu recuar. — Nicole, o que


foi? — Estava confuso. Até onde sabia as coisas
estavam realmente bem entre eles?
— Bom dia. — Nicole tinha na voz o
máximo de neutralidade. Olhou para todos os itens
que Logan havia reunido em uma bandeja. — Vejo
que preparou o café. — Pegou uma uva e comeu,
enquanto encarava os lindos olhos negros.
— O que preciso saber? Por que está tão
distante? Pensei que tínhamos resolvido as nossas
diferenças na noite passada.
— Sexo não resolve os nossos problemas,
Logan. — Nicole serviu uma xícara de café e foi
até a janela observar o sol iluminando o quintal.
— Concordo com você. — Ele se aproximou
e parou atrás dela, mantendo certa distância. — O
problema é que não fiz sexo na noite passada, e sim
amor com a minha esposa.
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— Logan, eu estou indo embora semana que


vem para à Espanha. Vou ficar dois meses lá,
visitando alguns parentes e fazendo um curso de
arte moderna.
Aquela declaração o pegou de surpresa,
fazendo com que perdesse o chão. Jamais imaginou
que ela tivesse vontade de sair do país.
— Você vai fugir de nós? E isso vai resolver?
— Não estou fugindo! Apenas quero viajar.
— Para de mentir, Nicole. Isso nunca
combinou com você. — A raiva na voz dele a fez
se retrair. — Eu te amo, assumo que errei, mas sou
humano… E idiota. Só que estou aqui disposto a
redimir esse erro. Aceito que me castigue, que grite
aos quatro cantos que sou um filho da puta. Mas
nunca, nunca vou fugir do que sinto. Eu te amo pra
caralho.
— Talvez se eu tivesse te chamado de infiel
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você entenderia a minha necessidade.


Logan respirou fundo, e pensou que talvez
todo o esforço que andava fazendo jamais tivesse
resultado. Nicole realmente era algo acima das
possibilidades dele. Pelo visto, só gostava de
transar com ele. Como disse, era um bom sexo,
apenas isso.
A realidade caiu sobre ele de maneira
devastadora. O peito se comprimiu ao ponto de
doer quando percebeu que nunca a teve de verdade.
Ela não estava fugindo do amor que sentia, estava
fugindo para se livrar da presença dele.
— Desculpa te incomodar. Entendi o seu
ponto de vista. — Logan colocou a máscara de
indiferença que tanto aterrorizava os advogados nos
tribunais. — Você está livre, Nicole. Siga em paz.
Quando voltar de viagem, os papéis do divórcio
estarão à sua disposição.

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Sem mais palavras, saiu da cozinha e foi ao


quarto pegar as roupas. Deixaria de importuná-la,
deixaria Nicole seguir a vida e encontrar alguém a
altura dela. De agora em diante, descartaria as
ilusões amorosas, muito menos com mulheres
como aquela que seria a ex-esposa.
Ex-esposa! A palavra piscou na frente dele e
fez o corpo gelar. Agora era definitivo. Estavam
separados, teria que desistir da única mulher que
um dia amou.
Rapidamente ele se arrumou e saiu da casa
dela para evitar a tentação de voltar e implorar para
ficar. De que adiantaria manter uma mulher ao lado
se ela não correspondia aos seus sentimentos?
Desnorteado, Logan entrou no carro e manobrou
para sair da vaga e entrar na via. Foi nesse instante
que viu dois homens fortemente armados descerem
de um veículo, apontando armas na direção de dois

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carros que desciam a rua.


Um dos veículos não obedeceu a exigência e
avançou sobre os bandidos, fugindo mesmo diante
dos tiros que começaram a ser disparados. Apesar
do inesperado ocorrido, os homens renderam os
ocupantes do carro que parou, roubando todos os
pertences deles.
Sem ter o que fazer, Logan observou toda a
cena e tentou manter a calma. Sequer reagiu
quando um dos bandidos ordenou que saísse do
carro, levando também o veículo dele. Ficara
estático, diante do portão de Nicole.
Assim que os assaltantes fugiram, correu para
ver se as outras pessoas atacadas estavam bem, se
precisavam de algo, se alguém tinha se ferido.

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Capítulo 37

Assim que Logan saiu, Nicole se segurou


para não correr atrás dele. Ela o amava
desesperadamente, mas o ressentimento pela
maneira que foi julgada ainda a incomodava. Se ao
menos ele tivesse lhe dado a chance de se explicar,
as coisas seriam diferentes. Mas a julgou sem
chances de defesa, sentenciando-a como traidora.
Contendo o desespero que sentia com a
ausência dele, Nicole secou as lágrimas e começou
a retirar a mesa que, com tanto zelo, o marido fez
para o café da manhã. Quando chegou à geladeira
para guardar as frutas, ela ouviu um disparo.
Assustada, deixou cair as frutas das mãos ao
escutar mais quatro tiros soarem em sequência na
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rua. Só um nome lhe veio à mente naquele instante.


— Logan! — Correu, rezando para que nada
tivesse acontecido com ele.
Nicole disparou até o portão, preocupava
com o homem que amava. Precisava descobrir se
aqueles tiros tinham algo a ver com ele.
No instante em que abriu o portão, vasculhou
a rua e o encontrou um pouco acima, conversando
com uma mulher que saía do carro. Um peso lhe
saiu do coração ao vê-lo bem. Correu na direção
dele.
— Logan. — Ele a encarou, surpreso. —
Você está bem? — Nicole olhava para ele a procura
de ferimentos.
— O que está fazendo na rua? Volte para
casa. — Logan não queria vê-la correndo perigo.
Ainda que o casamento deles tivesse chegado ao
fim, Nicole era e sempre seria a mulher que amava.
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— O que aconteceu? Eu ouvi tiros.


— Nós fomos assaltados, mas tudo acabou
bem.
— Meu Deus! — Nicole colocou a mão sobre
o peito e, em seguida, pulou no pescoço do marido.
O abraçou com força. — Você está bem? Eles te
machucaram? — Logan rodeou com os braços o
corpo dela e se sentiu entusiasmado com aquela
preocupação.
— Estou bem. Foi um susto, mas já passou.
— Ele se afastou um pouco e encarou a esposa. —
Estamos indo para a delegacia, precisamos prestar
queixa do assalto. Eles roubaram o meu carro e
levaram alguns pertences das garotas.
— Levaram o seu carro? — Só então a
gravidade da situação a atingiu. Olhou para a
mulher ao lado de Logan. — Deus, vocês estão
bem? Precisam de ajuda? Podem ir à minha casa se
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necessitarem de algo.
— Vamos ficar bem, obrigada. Agora só
quero ir na delegacia e acabar logo com isso. — A
mulher estava com a voz trêmula.
— Certo. — Nicole o encarou e percebeu que
nada nesse mundo era mais importante para ela do
que tê-lo junto de si. Se algo tivesse acontecido ao
marido, a vida perderia completamente o sentindo.
— Vou na delegacia com vocês.
— Não precisa, Nicole. Fique em casa, é
melhor.
— Nem pensar, eu vou junto. Só preciso
pegar o meu carro e te levo.
— Vou no carro das garotas. Elas estão
assustadas e com dificuldade para dirigir.
Nicole prendeu os lábios e, mesmo sendo
inapropriado, sentiu o ciúme corroê-la. Era
infantilidade da parte dela, sabia, ficar enciumada
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mediante uma situação daquelas, mas o que fazer se


as mulheres eram jovens e Logan lindo?
Foi então que ela percebeu a verdade, aquilo
que a própria razão e a teimosia a impediam de
admitir. Ela nunca abriria mão dele… Aquele era o
homem com quem casara e permaneceria a vida
toda.
— Se prefere assim, tudo bem. Te encontro
lá. — Nicole estava resoluta. — Levaram o celular?
— Meu celular e a carteira ficaram no bolso
da calça.
— Qualquer coisa me ligue, então. Vou
trocar de roupa e encontro vocês lá.
Nicole explicou onde ficava a central de
polícia mais próxima, enquanto Logan a encarava,
como se não entendesse as atitudes dela. Há poucos
minutos queria distância dele, mas agora parecia
extremamente preocupada com o seu bem-estar.
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— Tudo bem, querida — Como ela parecia


decidida, a deixaria ir. — Te espero lá.
Antes que Logan entrasse no carro, Nicole o
puxou pela nuca e beijou-lhe a boca, enchendo-o de
surpresa. Foi aí que ele entendeu que ela estava se
roendo de ciúmes, como aconteceu em Búzios. A
esperança voltou a borbulhar no peito dele com
intensidade, talvez agora, eles tivessem uma real
chance de se entenderem.
— Preciso ir — Deu-lhe as costas por um
momento e colocou a mão na base da coluna da
mulher que os observava. — Sente-se atrás,
querida, precisamos ir — acomodou a dona do
carro no banco de trás, com toda a gentileza
possível, fazendo com que Nicole,
involuntariamente, soltasse faíscas.
Sem dizer nada, ela marchou para casa.

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Para a sorte de Logan, o delegado era um


antigo colega. Estudaram juntos algumas matérias
na faculdade de Direito.
— Fique tranquilo, vamos encontrar o seu
carro.
— Na realidade nem estou preocupado com
isso. Tenho um seguro que cobre qualquer tipo de
roubo. Fico mais apreensivo pelos documentos que
estão lá dentro. Mas confio em você. — Logan
apertou a mão do delegado com satisfação. —
Qualquer coisa me ligue.
— Prazer em te rever.
— Igualmente. — Acenou para o delegado e
caminhou para o balcão, onde a outra vítima estava
dando os últimos dados pedidos pelos policiais.
Assim que alcançou o balcão, avistou Nicole
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sentada em uma cadeira. Ela seguiu na direção


dele, parecendo bem chateada.
— Terminou?
— Sim, apenas vou me certificar se tudo está
bem as garotas.
— Por quê? — Nicole parecia sem paciência
com toda aquela preocupação do marido com as
mulheres. — Você já as trouxe aqui. Precisa virar
babá das duas? — Logan quase sorriu, percebendo
o quanto ela estava se roendo de ciúme.
— Elas estão assustadas. E isso significa que
preciso ser solidário com elas. Isso se chama
empatia, Nicole.
Ela torceu o nariz e cruzou os braços, sem
nada dizer.
— Estou te esperando. — resmungou e
voltou a se sentar.

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Nicole observou ele conversar tranquilamente


com as mulheres e, como era de se esperar, ambas
se derreteram com toda aquela atenção. Ela
precisou de toda a força de vontade para se manter
alheia ao papo que se desenrolava diante de si.
Aquela atenção do marido a irritava
profundamente. Queria arrancá-lo dali a força e ir
embora, sem se importar com os outros. Por um
momento, viu o que pensara em fazer e parou,
espantada. Aquilo a fazia lembrar-se de como ele
deve ter se sentido quando viu as fotos dela com o
Heitor. A realidade, então, mostrou-se para ela.
Nicole chegou à conclusão que o ciúme era
traiçoeiro e despertava sentimentos incontroláveis.
Até mesmo ela, que se achava uma mulher
racional, ficara louca por um momento.
Mesmo impaciente, esperou por ele calada.
Quando saíssem dali o levaria para casa e teriam

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uma conversa franca.


— Nicole, eu acabei por aqui.
— Então podemos ir?
— Claro que sim. Pode ir para casa, vou
direto para o escritório. Obrigado.
— Você vai trabalhar depois de tudo o que
aconteceu?!
— E por que não?
Ela o encarou, sem acreditar naquilo. Deveria
ir para casa, descansar, isso sim. Pensando bem,
não iria contrariá-lo. Pelo menos, até certo ponto…
— Então vamos. Te levo para o escritório.
— Não precisa, pegarei um táxi.
— Poxa, não posso sequer te levar ao
escritório?
— Claro que pode. Mas depois da conversa
que tivemos pela manhã, acredito que seja um
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pouco ilógico fazer isso. — A resposta deixou-a


sem graça. Mas como confessar que tudo havia
mudado?
— Eu quero te levar. Vamos? — Ele hesitou,
mas assentiu.
Nicole saiu da delegacia sem olhar para trás,
sentindo a presença do marido perto dela. Ao
menos aceitou acompanhá-la, o que era um bom
sinal. Era a vez de ela lutar pelo relacionamento
deles. Depois daquele encontro, ou o casamento
deles seguiria em frente, ou Nicole manteria a
viagem programada e tiraria Logan de vez da vida.

— Esse não é o caminho para o meu


escritório, querida. — Logan falou calmamente,
pois sabia que ela estava aprontando alguma. E,
para falar a verdade, nem se importava com isso.

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— É... eu sei. — Nicole virou a próxima


esquina e entrou na avenida principal, que dava
acesso à rua dela.
— Que bom… achei que estivesse perdida.
— Não me perco no bairro onde moro, pode
ficar tranquilo.
— Quase me esqueci deste detalhe. — Ele
deu um sorriso misterioso na direção dela, tentando
demonstrar toda a tranquilidade possível. Que ela
ficasse curiosa…
— Você se sente bem?
— Estou ótimo.
— Logan, você foi assaltado! Como pode
estar bem assim? — Entrou na rua em que morava
e olhou em volta, preocupada.
— Tudo terminou bem e ninguém se
machucou… Isso já me deixa tranquilo. Acionei o

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seguro e se o carro não for recuperado, eu ganho


outro. Por qual motivo eu me preocuparia? Sabe o
que é muito pior que isso? Saber que não tenho
mais esposa porque fui imbecil. Isso sim é algo que
me deixa nervoso!
A resposta pareceu tê-la desconcertado.
Nicole ficou em silêncio até estacionar o
carro na garagem.

O carro parou e um silêncio cheio de


expectativas ficou entre eles. Nicole passara a
entender o ponto de vista do marido, pois desde que
brigaram a vida parece ter perdido o sentido, como
se algo tivesse fora do eixo. E ao sentir ciúmes, em
um momento tão errado, assim como ele, percebeu
o quanto amar pode nos tirar a razão, levar as
pessoas a errarem sem pensar. Tentara afastá-lo

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quanto tempo da própria vida? Mas fazer isso era


como arrancar um pedaço da própria carne, não
tinha sentido.
Precisava mudar isso, desfazer as brigas e
mágoas que ela mesmo ajudara a manter entre eles.
— Precisamos conversar, Logan — Virou o
corpo e encarou o perfil elegante do marido.
— Nós já conversamos cedo. Você foi bem
clara em relação ao que deseja.
— Isso foi antes… — Nicole confessou,
hesitante.
— Do quê? — Ele a encarou de volta.
— De pensar que tinha te perdido. De sentir
esse ciúme doido por você em um momento tão
delicado. — Nicole se lançou sobre o marido e o
abraçou.
— Você me deixa confuso, Nicole. — Logan

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não a repeliu. Apenas acomodou o corpo dela entre


os braços, naquele encaixe perfeito, e beijou-lhe o
cabelo.
— Vamos entrar? Preciso conversar com
você.
Logan sequer questionou o pedido, a seguiu,
calado, para dentro da casa.
— Você quer beber alguma coisa? A mesa do
café ainda está posta. Se quiser, comemos algo e
faço um café fresquinho.
— Nesse momento, só quero saber o que
tanto deseja falar comigo. — Ele a olhava com
certa curiosidade no olhar.
— Certo. — Ela parou no meio da sala e o
encarou. — Não posso mais me enganar, ou te
esconder o que sinto. Então lá vai: eu te amo e isso
é algo impossível de mudar. Por mais que esteja
com raiva de você, e me sinta extremamente
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magoada com tudo o que aconteceu, eu te amo. Até


consigo entender a sua posição, apesar de nunca
concordar com a maneira que agiu, mas isso não
quer dizer que a dor seja menor.
Logan manteve-se parado, encarando-a.
— Quando você saiu dessa casa o nosso
casamento tinha acabado, achei que poderia seguir
em frente sozinha. Só que depois ouvi os tiros, e a
ideia de que poderia te perder para sempre me
arrancou o ar. — Nicole o encarou, tentando conter
a onda de lágrimas que começava a formar nos
olhos. — Infelizmente esquecemos o quanto a vida
é frágil. Por isso estou disposta a engolir o orgulho
que eu teimava em exibir. Se algo tivesse
acontecido com você, eu jamais me perdoaria.
Saber que a última vez que nos vimos terminou em
briga me atormentaria pela vida toda.
— O que está querendo dizer, Nicole?

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— Que poderemos dar uma nova chance ao


nosso relacionamento. Isso se ainda quiser mantê-
lo, mas isso se aceitar o que vou te pedir.
— Que seria? — Logan mal conseguia ficar
parado diante dela, extremamente curioso e repleto
de ansiedade.
— Me prometa que, independentemente do
que acontecer conosco, você vai conversar comigo.
Sem conclusões precipitadas, julgamentos ou
suposições. Resolveremos qualquer problema
juntos, como dois adultos. Porque era assim que
deveria ter sido quando aquelas fotos pararam nas
suas mãos. Deveria ter me ouvido e confiado em
mim, não me acusado sem ouvir a minha versão
dos fatos

Logan se continha para não comemorar, o

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coração quase pulando para fora do peito. O pedido


dela era simples e correto, nada descabido. Estava
no direito de exigir confiança e ele faria exatamente
o que pediu sem hesitar. De fato, foi um grande
erro da parte dele acusá-la sem sequer averiguar a
veracidade das fotos, mas se não fosse o maldito
sentimento intenso que o dominou, cegando-lhe o
bom senso, eles não estariam separados. Estava na
hora de ele deixar de lado também o orgulho e
assumir os erros que cometera.
— Eu preciso que me desculpe por ter tido
uma atitude tão covarde com você. Não me orgulho
do que fiz e, se pudesse, voltaria no tempo para
consertar cada palavra dura que te disse, o que
infelizmente não dá. Porém, posso te dar a minha
palavra que nunca mais deixarei de ouvi-la ou
desconfiar de você. Eu te amo, Nicole, e apesar de
saber que o nosso relacionamento começou de
maneira inusitada, quero que a partir de agora seja
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o mais normal possível. Eu te quero como a minha


mulher e prometo te respeitar sempre.
A sinceridade nas palavras dele pareciam ter
quebrado qualquer resistência que ainda poderia ter
dentro de Nicole. Como se ambos sentissem que
tudo seria diferente.
— Eu te amo, mas quando você se
transforma em um imbecil, tenho vontade de te
matar. — Nicole desabafou, sorrindo. Logan
retribuiu e começou a caminhar na direção dela
lentamente, para aproveitar cada momento daquela
reconciliação. — Não me faça mais sofrer, Logan!
Atravessei um inferno nesse tempo que estivemos
separados.
— Pode ter certeza que a sua travessia não
foi tão ruim quanto a minha. — Ele a alcançou e
enlaçou-a pela cintura. — Nunca mais você me
escapa.

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— E quem disse que quero isso? — Ela


correu a mão pela frente do terno dele, sentindo o
corpo estremecer de expectativa. Estava doida para
ver cada pedaço de pele que a roupa dele escondia.
— Acredito que você esteja com muitas roupas,
doutor Logan Cardoso.
— Doutor? — Logan ficou surpreso, mas
gostou muito do novo modo que estava sendo
chamado.
— Meu Doutor, na verdade. — Nicole
começou a ajudá-lo a tirar o terno. — Porque só eu
posso descobrir o que tem por debaixo do seu
terno. — Ela jogou o terno dele no sofá e o puxou
pela gravata. — Quero uma audiência com você no
meu quarto. Preciso tratar de assuntos quentes e
impróprios.
— O quão impróprios seriam? — Logan
colou o corpo ao dela, para mostrar o quanto estava

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duro.
— Impróprios a níveis máximos.
— Gosto de assuntos assim, principalmente
se eles vierem de uma loira gostosa chamada
Nicole.
Ele a ergueu e afundou os lábios nos dela,
mostrando o quanto estava louco para falar sobre o
que ela quisesse.
— Eu te amo, querida. — declarou ao afastar
a boca da dela. — Preparada?
— Para você? Sempre.
E sorrindo como dois adolescentes
apaixonados, seguiram para o quarto transbordando
de felicidade. Estavam prontos para recuperarem o
tempo que tiveram separados. Agora iniciariam um
casamento de verdade, sem nenhum subterfúgio
entre eles.

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Epílogo

Seis anos depois

Sentada na espreguiçadeira, o olhar de Nicole


percorreu a bagunça da aérea da piscina. Era
impossível manter tudo organizado quando as
famílias de ambos se reuniam. Agora que todos se
casaram e tinham filhos, as reuniões que o marido
fazia questão de realizar nas tardes de domingo,
acabavam se transformando em grandes festas pelo
tanto de gente.
O sorriso dela se intensificou quando pensou
na mudança que aconteceu entre eles. Hoje, quem
olhasse de fora, jamais imaginaria que um dia parte
da família de Logan a rejeitou à primeira vista.

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Depois que reataram, para surpresa dela, a primeira


pessoa a procurá-la foi Elisabeth. As duas tiveram
uma conversa longa, onde Nicole ouviu
atentamente as dores que a sogra passou para
alcançar os sonhados objetivos, para dar aos filhos
uma boa estrutura de vida. Nicole também contou a
própria jornada, fazendo com que Elisabeth se
solidarizasse com o abandono dela. As duas
choraram as mágoas juntas e acabaram se
aproximando, acabando com qualquer desavença.
Isso foi o começo de uma mudança, que
atualmente fazia as duas famílias parecerem uma
só. Não dava para saber onde começava uma e
terminava a outra. As crianças que surgiram no
meio do caminho eram tratadas com muito amor.
Cada um cuidava dos pequenos como se fossem
seus e isso dava a eles uma quantidade absurda de
avôs e tios. Era uma bagunça organizada, como
dizia Leandra, pois no final, o que valia mesmo era
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o amor sentido por todos.


A mão de Nicole foi para a barriga,
imaginando que em poucos dias Benjamim
chegaria. Primeiro tiveram Mila, a linda menina de
olhos verdes e cabelos cacheados, uma cópia fiel do
pai em questão de gênio. A ideia era que, depois de
Benjamim, quando estivesse maior, queria uma
terceira criança, dessa vez adotada. Desejava poder
retribuir a algum pequeno a alegria que teve ao
conseguir uma família.
— Você quer algo, Nicole? — Bianca passou
com um prato nas mãos.
— Não, estou bem…
— É uma fase difícil, mas está acabando.
— Não vejo a hora de ver meu filho. —
Assim que Nicole falou isso, sentiu algo lhe
escorrer pelas coxas, molhando-a toda, tomando-a
de assalto. — Bianca… — Encarou a cunhada e
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colocou a mão na barriga. Aquele menino tão


querido estava chegando. — O Benjamim quer
chegar, a minha bolsa estourou.
— Ai meu Deus!
— O que foi? — Leandra as ouviu
conversando e se aproximou, curiosa para saber
porquê Bianca parecia tão assustada.
— A Nicole vai ter bebê. — Bianca
anunciou, sorrindo.
— Jesus! — Leandra colocou a filha no chão
e correu para perto da irmã. — Não levanta —
olhou ao redor em busca do cunhado. Ele precisava
levá-la para o hospital imediatamente. — Logan! O
nenê está chegando!

O anúncio o fez paralisar por alguns


segundos, o espeto que estava virando na
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churrasqueira ainda nas mãos. Mas quando


entendeu a dimensão da novidade, pegou a
camiseta e a colocou de qualquer jeito, correndo ao
encontro da esposa. O menino estava sendo
esperado dali a uma semana, por isso nem
imaginava que pudesse nascer hoje. Mas se ele
estava pedindo passagem, ele desejava apenas que
chegasse com muita saúde. Pois amor ali não
faltaria.
— Dalva, pega um vestido para a Nicole.
Alda, a bolsa dela e do bebê estão no meu
escritório, em cima do sofá. As traga, por favor,
enquanto vou levá-la para o carro. — Alda fez um
sinal de positivo e correu para dentro da casa
juntamente com Dalva. — Amor, fica calma. Vou
te levar para o carro enquanto as meninas pegam as
suas coisas.
— Cadê a minha filha? Quero falar com ela

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antes de irmos… — Nicole respirava fundo, muito


mais calma que ele.
— Está aqui. — Javier apareceu com a neta
colo.
— Filha, a mamãe vai para o hospital, e
quando eu voltar trarei o seu irmãozinho. — Mila
sorriu quando a mãe falou sobre o irmão.
— Quero ir com você. — Ela se aproximou
da mãe, que a envolveu num abraço.
— Depois vai poder passear no hospital.
Agora só o papai e a mamãe poderão ir.
— Ficaremos com ela. Quando a pequena
puder ir para o hospital, é só avisar que levamos. —
Elisabeth se pronunciou. — Vá com o meu filho,
Javier, ele pode precisar de algo.
— Claro. — A mãe de Nicole se aproximou,
trazendo a bolsa da filha. — Mi amor, vamos para
o hospital esperar nosso netinho.
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Dalva apareceu com o vestido. Sem mais


palavras, Logan ergueu Nicole e a levou para se
trocar em um lugar mais tranquilo, antes de levá-la
para o carro. Desde que entrou nas últimas semanas
de gravidez, ele havia deixado tudo em ordem para
levá-la até o hospital no momento que fosse
necessário. Quando Mila nasceu, não estavam
organizados e acabaram indo para a maternidade
com diversos itens faltando.
Agora, como pais experientes, estavam com
tudo em ordem para receberem com calma o mais
novo membro da família.
Nicole gemeu ao ser colocada no banco de
trás, fazendo uma careta. Logan sabia que as
contrações haviam aumentado.
— Vai dar tudo certo. — Segurou o rosto
dela, sorrindo. — Daqui a pouco o nosso menino
chega.

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— Quero que ele seja como você. — Nicole


sentiu lágrimas nos olhos ao imaginar um pequeno
menininho como o marido.
— Ele tem que ter saúde, isso é o que
importa.
— Eu te amo, Logan.
— Eu sempre vou te amar, querida, sempre.
— Ele beijou a esposa e depois tomou o lugar do
motorista. — Pronta para conhecer o nosso garoto?
— É tudo o que mais quero. — Ela colocou a
mão sobre a barriga e sorriu, apesar da dor.
Depois de tanta expectativa, ela estava bem
perto de pegar o filho nos braços. Mais uma vez, o
amor dela com Logan ganharia vida. Tudo o que
desejava era sentir o calor do bebê, olhá-lo no rosto
e agradecer a Deus por ter lhe dado a oportunidade
de ter uma família recheada de amor.
— Conte os dedinhos dele, não se esqueça
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disso.
— Nunca esqueceria… vou contar duas vezes
para não errar.
— Isso, amor. Conte com calma.
Eles sorriram e seguiram, mais alegres do que
nunca pela felicidade que explodia nos corações
com a chegada do novo herdeiro. Apesar de terem
iniciado aquele relacionamento de uma maneira
nada convencional, o amor trouxe a mágica
necessária para transformar um casamento com
dias contados em uma relação firme e pronta para
enfrentar qualquer desafio.
Agora Logan e Nicole eram dois corações
que batiam em sincronia, respeitando um ao outro e
seguindo sempre na mesma direção.

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[1]
A tatuagem maori, ta moko (o mesmo que moka, em
português) é uma arte indígena da Nova Zelândia. Não
existem tatuagens maori verdadeiras iguais, uma vez que os
tatuadores fazem tatuagens exclusivas para cada pessoa, pois
elas contam histórias de vida.

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