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Sinopse

Uma garçonete que luta para cuidar de seu irmão doente recebe uma
oferta irrecusável. Se ela se casar com um CEO rico e dominador e lhe
der um herdeiro dentro de um ano, ele pagará a ela um milhão de dólares
e ajudará seu irmão a fazer a cirurgia de que precisa. Será a vida no
castelo pura tortura, ou ela poderá encontrar a felicidade? Talvez até
amor Classificação etária: 18 +
Autor original: Kim L. Davis
Livro sem Revisão
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros

Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda


Sumário dos Livros
Livro 1 – Sem Revisão
Livro 2 – Sem Revisão
Livro 1 – Sem Revisão
 
Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda
Capítulo 1
Alice

Cruzei minha perna direita sobre a esquerda, olhando para o relógio


que me dizia que eu estava sentada aqui há uma hora.
Agarrando minha pasta, esperei ser chamada para ir ao escritório do
CEO para minha entrevista.
Mas quando olhei ao meu redor, vendo quase cinquenta mulheres
esperando, eu soube que demoraria muito até chegar minha vez, o que
definitivamente não ajudou a diminuir minha ansiedade.
Eu precisava terminar essa entrevista o mais rápido possível. Meu
irmão mais novo estava sozinho em casa, o que não era o ideal em sua
atual condição, e eu precisava voltar para ele.
A porta do escritório do CEO se abriu e uma mulher loira saiu de lá,
chorando muito. Seu rímel estava escorrendo em finos fios pretos,
enquanto seus olhos cinzentos estavam vermelhos e inchados.
Sem dizer uma palavra sequer, a mulher correu em direção ao único
elevador do andar e apertou o botão para chamá-lo incessantemente, até
o elevador chegar. Entrou no elevador e desapareceu quando as portas se
fecharam.
— Número vinte e sete. Senhora Hannah, o senhor Maslow irá vê-la
agora, — disse a mulher na recepção em um tom monótono.
Uma mulher de cabelos pretos e olhos verdes, que pareciam de gato,
levantou-se graciosamente enquanto alisava seu vestido rosa, já liso.
Dando um sorriso sedutor, ela confiantemente entrou pela porta do
escritório. Eu não entendia como ela não estava congelando naquele
vestido franzino.
Minha confiança vacilou pela vigésima sétima vez ao ver mais uma
mulher bonita ir para a entrevista. Embora eu não tivesse absolutamente
nenhum interesse no homem em si, estava interessada no que ele
oferecia: dinheiro.
Gideon Maslow era dono do maior império empresarial do mundo, e
era a própria definição de riqueza. Ele era praticamente parte da realeza.
Não havia nada neste mundo que o homem não pudesse comprar.
Ele era dono de cinco ilhas particulares e estava planejando comprar
uma nas Bahamas, algo que descobri depois que vi o anúncio no jornal e
fiz uma pesquisa sobre ele.
Era apenas um dia normal, em que eu estava olhando o jornal em
busca de um terceiro emprego, quando me deparei com um anúncio
incomum:
Noiva Desejada
Gideon Maslow, empresário de renome mundial, precisa de uma
noiva em potencial que possa, em menos de um ano, dar-lhe um
descendente que herdará seu império no futuro.
O senhor Maslow pagará um milhão de libras, em dinheiro, depois
que o bebê nascer e o contrato de um ano terminar.
As entrevistas para a noiva em potencial do senhor Maslow serão
realizadas entre 6 e 7 de dezembro de 2015.
Todas as interessadas deverão trazer currículos com todos os detalhes
sobre si mesmas, incluindo idade, etnia, formação, doenças genéticas, etc.
Candidatas com informações falsas serão desclassificadas.
Para maiores informações, entre em contato com a Sede da Maslow
Enterprises.
Um número de contato foi fornecido.
Ver a enorme quantia que o homem estava oferecendo foi o que me
levou até esse ponto, sentada do lado de fora de seu escritório, esperando
pela minha vez, enquanto ignorava as cãibras que sentia na minha bunda
por ficar tanto tempo sentada.
Quando vi aquela quantia, eu soube que o dinheiro seria o suficiente
para a cirurgia do meu irmão, então eu precisava fazer tudo o que
pudesse para garantir que o senhor Maslow me escolheria para ser sua
esposa.
Tudo que eu precisava fazer era dar a ele um herdeiro, e então eu seria
capaz de salvar a vida do meu irmão. Eu só queria que ele me escolhesse.
A porta se abriu mais uma vez, e a mulher, Hannah, saiu furiosa e um
tanto pálida. Seus lábios estavam repuxados em um grunhido. Rosnando
com raiva, ela correu em direção ao elevador.
— Aquele idiota me rejeitou porque eu não sou virgem! De que
planeta ele é?!, — ela gritou, arrancando suspiros de algumas mulheres.
As portas do elevador abriram e Hannah não perdeu tempo ao entrar.
Assim que as portas se fecharam, eu suspirei de alívio, contente pelo
fato de ainda ser virgem. Comecei a mexer no colar em volta do meu
pescoço. Nico, meu irmão mais novo, me deu esse colar no meu
aniversário de dezenove anos.
Não era nada extravagante, apenas um amuleto simples de ouro rosa,
com uma corrente fina folheada a ouro, mas era muito importante para
mim. Fazia quatro anos e nunca o havia tirado: Era meu amuleto da
sorte.
— Número vinte e oito. Senhora Alice, o senhor. Maslow irá vê-la
agora, — a mulher na recepção disse com a mesma voz monótona de
antes.
Meu coração começou a bater rápido enquanto eu lentamente me
levantava, tentando o meu melhor para parecer graciosa e imitar as
outras mulheres, mas eu sabia que não estava sendo exatamente bem-
sucedida.
Apertando o cinto do casaco em volta da cintura, pressionei minha
pasta contra o peito e caminhei lentamente em direção à porta de
madeira que poderia ou não ajudar a salvar a vida do meu irmão,
sentindo meu coração martelando forte contra minha caixa torácica.
Respirando fundo, girei suavemente a maçaneta e entrei no escritório
de Gideon Maslow. O escritório era lindo, para dizer o mínimo. O
interior não era chique, mas parecia caro.
Havia dois sofás brancos grandes, sendo um na frente da enorme
janela de vidro que ia do chão ao teto, e o outro em frente ao primeiro,
separados por uma mesinha de vidro.
A minha direita havia uma mesa com materiais de escritório bem-
organizados e uma grande cadeira giratória marrom-escura atrás dela.
Contra a parede havia vários armários grandes, feitos de madeira
escura, e pela sala havia vasos de plantas posicionados estrategicamente
para complementar o visual. Sentados no sofá contra a janela de vidro,
estavam quatro homens vestidos de forma imaculada. Todos vestiam
temos caros, de grife.
O homem sentado no canto esquerdo parecia ser o mais velho, com
cabelos castanho-escuros ligeiramente grisalhos, e olhos castanhos
penetrantes. Seu rosto era implacável, com apenas algumas rugas que
denunciavam sua idade mais avançada.
Ao lado dele estava sentado um jovem que não parecia ter mais de
vinte anos. Ele era parecido com o homem à esquerda, exceto por seu
cabelo loiro encaracolado e seus olhos verdes como o mar. Seu rosto era
liso, e seu corpo esguio.
Ao lado do jovem estava sentado um homem com uns TI anos de
idade. Ele tinha uma mandíbula acentuada, cabelos castanhos e fartos, e
olhos verdes penetrantes, como o mar. Ele me parecia vagamente
familiar, porém eu não conseguia me lembrar de onde eu o conhecia.
Só de olhar para ele, senti um arrepio correr pela minha espinha. O
homem parecia fatal, pronto para atacar. Eu percebi que ele era o tipo de
homem que não hesitaria em derrubar seu oponente, não importa quem
fosse.
O próximo homem na fila parecia ter cerca de 25 anos, cabelos
castanhos cacheados e olhos castanhos suaves. Seu rosto bonito exibia
um leve sorriso, o que estranhamente me deixou mais à vontade.
Ele era um pouco corpulento, como se malhasse muito. Mas eu
realmente gostei dele. Dos quatro homens, somente o último não fez eu
me sentir como se tivesse acabado de entrar na cova dos leões.
— Sente-se, senhorita. Não temos muito tempo, — disse o homem
fatal.
Eu rapidamente me sentei no sofá oposto a eles e coloquei meus
documentos sobre a mesa de vidro, e o homem fatal imediatamente os
pegou, abrindo a pasta e rapidamente escaneando com os olhos seu
conteúdo, com o rosto inexpressivo.
— Qual o seu nome?, — o mais velho dos quatro homens perguntou.
Ele tinha uma voz profunda e falava com determinação.
— Alice Gardner, senhor, — eu respondi educadamente, cravando
minhas unhas nas palmas das minhas mãos para tentar fazer meu
coração parar de bater tão rápido.
— De onde você é?, — o mesmo homem questionou.
— East End de Londres, senhor, — respondi.
— Você é pobre, — afirmou o homem fatal, com olhos verdes. Sua voz
era rica e suave, como chocolate derretido, mas ele usou um certo
veneno em seu tom.
Seus olhos pareciam severos enquanto me examinavam, fazendo eu
me sentir como um rato de laboratório sob observação.
— E-eu... — Eu estava sem palavras. Não podia negar o fato de que eu
era realmente muito pobre. Mas ouvir isso de uma maneira tão
depreciativa fez eu me sentir estúpida só por pensar em tentar ser
escolhida.
— Por que você veio aqui?, — o mais jovem dos quatro homens me
perguntou.
Minha mão voou instantaneamente para o meu colar enquanto eu me
sentia oprimida, sentada na frente daqueles homens ricos. — Preciso do
dinheiro, — respondi francamente.
— Uau, que honesta!? E nós aqui, pensando que você ia professar seu
amor eterno por meu irmão, — o homem corpulento declarou com um
sorriso divertido.
Abaixando meu olhar enquanto o constrangimento coloria minhas
bochechas, eu continuei mexendo em meu colar.
— Com todo o respeito, senhor, como posso professar meu amor por
um homem que eu nem sabia que existia até dois dias atrás? — Eu falei, e
então me reprimi silenciosamente por falar demais.
— Aí, isso deve ter doído, hein, Gideon?, — o homem corpulento
zombou, olhando para o irmão, que parecia querer me matar.
Meus olhos se arregalaram ligeiramente. Este era Gideon? O Gideon
Maslow?! Não era à toa que ele me parecia familiar. Eu tinha visto suas
fotos na internet. Ele realmente era um dos solteiros mais cobiçados de
Londres.
— Por que você quer o dinheiro?, — Gideon perguntou.
— Meu irmão mais novo tem VSD, que é um defeito do septo
ventricular. Ele tem um buraco no coração, e preciso de dinheiro para a
cirurgia, — respondi, meus dedos ainda segurando meu colar.
— Então você está disposta a se casar comigo e me dar um herdeiro
para conseguir dinheiro para a cirurgia do seu irmão mais novo, certo?,
— ele perguntou, como se confirmando o que eu acabei de dizer.
Eu balancei a cabeça, esperando que ele concordasse com o
casamento. — Sim, senhor.
— O que te faz pensar que eu me casaria com você?, — ele perguntou
arrogantemente.
— Perdão?
— Depois de passar por suas informações, não estou realmente
convencido de que quero você como minha esposa. Ambos os seus pais
morreram de doença cardíaca, e seu irmão também está sofrendo de uma
doença cardíaca, o que significa que, no futuro, há uma grande
possibilidade de você também sofrer de doença cardíaca, e eu não quero
que meu filho tenha um coração defeituoso, — afirmou.
— Não é verdade que necessariamente vou sofrer de doenças
cardíacas, — argumentei.
— Sim, você pode não sofrer com essas doenças, mas também há
outras coisas. Você é apenas graduada no ensino médio, o que significa
que você também não tem um alto nível de escolaridade.
Você trabalha em um bar pobre e em um posto de gasolina, que é um
ambiente anti-higiênico, o que significa que seu corpo está intoxicado
com todos os tipos de produtos químicos que você inalou, sem
mencionar o fato de que você vive no East End de Londres, um lugar
para os pobres, — ele rebateu, fazendo-me sentir menor a cada palavra.
— Só não fui para a faculdade porque meus pais faleceram e eu tive
que cuidar do meu irmão mais novo. Tenho que trabalhar em dois
empregos para comprar remédios para ele, e ainda preciso economizar
dinheiro para sua cirurgia.
East End de Londres é o lugar onde nasci e cresci. Não posso e não
vou me desculpar por isso, — expliquei, querendo desesperadamente
fugir.
— Diga-me, você já comeu em um restaurante caro? Você já foi a um
evento de caridade?, — ele questionou.
— Não tenho esse dinheiro, senhor, e se tivesse, a primeira coisa que
faria seria providenciar a cirurgia de que meu irmão precisa, — respondi
com firmeza.
— A cor do seu cabelo é natural?, — Gideon perguntou.
Passando a mão pelo meu cabelo loiro avermelhado e ondulado, eu
balancei a cabeça positivamente. — Sim, é natural. Minha mãe também
tinha cabelo loiro avermelhado, — eu respondi com um sorriso, vendo o
rosto angelical de minha mãe piscar diante dos meus olhos.
— Interessante, no entanto, devo dizer que não há nada sobre você,
além do fato de ser virgem, que me atrai. Nem sua genética, nem sua
situação financeira, nada. Procuro uma mulher com classe e status e,
infelizmente, você não tem essas características.
Não estou procurando um caso de uma noite. Estou procurando uma
esposa, e simplesmente não vejo uma esposa em você, — afirmou ele,
seus olhos não mostrando uma pitada de emoção.
— Eu sei como ser uma esposa, — defendi, tentando encontrar uma
maneira de convencer Gideon a se casar comigo. Eu precisava do
dinheiro para Nico.
Eu prometi a mim mesma, quando deixei meu apartamento, que faria
o que fosse necessário para convencer Gideon a se casar comigo.
— Você sabe? Se você se tomar minha esposa, eu serei sua prioridade.
Não seu irmão nem qualquer outra pessoa. Eu, você entende isso?, —
Gideon questionou.
— Sei dividir meu tempo de acordo com minhas prioridades, e estou
te dizendo que você não ficará desapontado, — declarei com firmeza.
Gideon balançou a cabeça e eu sabia que eu não o havia convencido.
Meu coração afundou. Eu precisava encontrar outra maneira de
conseguir dinheiro.
Eu não poderia deixar Nico, meu irmão mais novo, minha única
família, sofrer por muito mais tempo. Eu simplesmente teria que
encontrar um emprego com uma remuneração decente.
— Sinto muito, senhorita. Gardner. Só não acho que você é a mulher
certa para mim. No entanto, posso pagar pela cirurgia do seu irmão, —
Gideon ofereceu.
Balançando a cabeça, sorri e me levantei. — Obrigada, mas não,
obrigada. Eu prefiro merecer, trabalhar pelo dinheiro para a cirurgia do
meu irmão. Posso não ser rica, senhor. Maslow, mas também não sou um
caso de caridade.
Pegando minha pasta de sua mão, eu a apertei contra meu peito.
— Tem certeza? Isso ajudaria muito você e seu irmão, — Gideon
insistiu, mas eu não pretendia ceder.
— Posso não ter classe e status, mas tenho dignidade e respeito
próprio. Obrigada pelo seu tempo, senhor. Maslow. Eu vou embora
agora. Adeus, senhor Maslow, — eu disse.
Girando nos calcanhares e certificando-me de manter a cabeça
erguida, saí do escritório de Gideon Maslow e de sua vida.
Ao sair do prédio alto que era a Maslow Enterprises, comecei a mexer
no meu colar novamente, enquanto o peso dos meus problemas e
responsabilidades ameaçavam me derrubar.
Olhando ao redor da movimentada rua de Londres, eu tinha apenas
um pensamento girando na minha cabeça.
Como pagar pela cirurgia do Nico? O que eu vou fazer agora?
Capítulo 2
Bati na porta do meu apartamento e esperei Nico abri-la. Eu sentia a
ansiedade e o desespero consumindo minhas entranhas. O que eu vou
fazer agora? Onde eu poderia encontrar um emprego lucrativo?
Não é segredo que todas as empresas preferiam graduados
universitários, enquanto eu tinha apenas o segundo grau completo. Se ao
menos meu pai nunca tivesse ficado doente e minha mãe tivesse um
emprego bem remunerado, provavelmente hoje eu estaria trabalhando
em alguma empresa de sucesso.
Mas eu sabia que se eu começasse a me perguntar sobre todos os ‘e se’,
eu poria tudo a perder, e mesmo sem ter muito a perder, eu tinha o
suficiente.
A porta do meu apartamento se abriu. Nico estava em minha frente,
sorrindo. Seus olhos verdes, muito parecidos com os meus, brilhavam.
Seu cabelo loiro estava bagunçado. Vê-lo assim, feliz, fez meus lábios se
curvarem em um sorriso involuntário.
Mesmo meu irmão mais novo não tendo uma vida exatamente
normal, ele estava sempre feliz, era sempre otimista. Eu tentei o meu
melhor para não deixar que nada o preocupasse, mas ele ficava feliz sem
eu fazer muito.
— Ei, Nico, como você está?, — eu perguntei com um sorriso, apesar
do meu coração estar disparado por causa da ansiedade. Eu rapidamente
corri meus olhos sobre ele, certificando-me de que ele estava bem.
— Estou ótimo. E você, como você está? Conseguiu o emprego que
queria?, — ele perguntou, levantando um pouco a cabeça para me olhar
nos olhos.
Mesmo ele tendo apenas dez anos. Nico já era tão alto quanto eu. No
entanto, por causa dos meus saltos altos, eu parecia ser um pouco mais
alta.
Eu balancei minha cabeça em resposta. — Não, eles contrataram
alguém antes que eu tivesse uma chance, — menti, não querendo que ele
se preocupasse.
— Oh, bem. não tem problema. Tenho certeza de que existem
empregos melhores para você, — respondeu ele, com um sorriso.
— Sim. eu espero que sim. — Murmurei a última parte para mim
mesma, não querendo que Nico me visse chateada: temia que seu
coração não fosse capaz de lidar com o estresse e a ansiedade.
— Podemos sair hoje? Estou entediado, — Nico reclamou.
Meu coração se apertou de tristeza. Por causa do seu problema
cardíaco, tentei o meu melhor para garantir que Nico não se esforçasse:
porém cinco vezes ele sofreu um ataque do coração, e eu tive que levá-lo
às pressas para o hospital, orando a Deus para que Nico ficasse bem.
Todas as vezes os médicos me instruíram a não deixar que Nico
praticasse muita atividade física, e explicaram a importância de fazer sua
cirurgia o mais rápido possível. Se ao menos os médicos soubessem como
é difícil conseguir tanto dinheiro...
— Podemos fazer algo legal em casa. Você sabe que não pode se
esforçar, — eu disse, desejando que de alguma forma eu conseguisse o
dinheiro da cirurgia de Nico. para que finalmente ele pudesse sair e andar
por aí com crianças de sua idade, em vez de ficar preso em um
apartamento.
A culpa e o desespero apunhalaram mais uma vez meu coração
quando o sorriso no rosto de Nico sumiu. O brilho em seus olhos já havia
se apagado quando ele suspirou ruidosamente.
— Já faz três semanas que eu não saio de casa. Por favor, Alice, só uns
vinte minutos. Me leve ao parque, ou a qualquer lugar, — Nico implorou,
seus olhos suplicando para sairmos.
Suspirando em derrota, olhei meu irmão nos olhos. — Tudo bem.
vamos para a biblioteca, onde você pode ler livros, — concordei. A
biblioteca era o único lugar em que eu conseguia pensar para levar Nico,
onde ele poderia passar o tempo e se distrair sem se esforçar.
Nico sorriu, aquele sorriso inteiro que eu tanto amava. Dando socos
no ar, Nico urrou de excitação. — Isso! Vou pegar minha jaqueta, — ele
afirmou, e em seguida correu para seu quarto.
— Não corra, — eu o repreendi. Balançando a cabeça, fui para o meu
quarto pegar umas coisas e deixar minha pasta. Como eu já estava
usando meu sobretudo, só tive que tirar do anuário meu gorro de lã e
minhas.
Mesmo não sendo tarde, fiz questão de permanecer bem agasalhada.
Os invernos de Londres podem ser cruéis.
Trocando meus saltos altos por tênis confortáveis, fechei meu armário
e fiz meu caminho de volta à sala de estar, onde Nico me aguardava em
pé.
— Vamos, Alice, não queremos que a biblioteca feche, — Nico disse
apressado.
— Não vai fechar tão cedo, e onde está sua mochila?, — eu questionei.
— Na cadeira. — Peguei sua mochila preta e a coloquei no meu
ombro. Eu levava a mochila para a biblioteca para que Nico não tivesse
que carregar livros pesados.
— Vamos, — eu disse. Nico não perdeu tempo em correr para fora do
apartamento, dando ao meu coração uma sacudida repentina. — Pare de
correr!, — eu o repreendi saindo atrás dele e certificando-me de trancar a
porta do apartamento.
Fora de casa estava bastante frio, mas isso era de se esperar. Nosso
apartamento era em uma das áreas mais pobres de Londres, mas a região
ficava sempre lotada. As pessoas viviam circulando pelas ruas, correndo
pra lá e pra cá.
Era quase hora do almoço, o que explicava a multidão. Fiz questão de
segurar a mão de Nico com firmeza. para ter certeza de que ele não se
perderia.
Após cerca de vinte minutos andando entre a multidão do East End de
Londres. Nico e eu finalmente chegamos à biblioteca. Nico não perdeu
tempo, e ao entrar correu imediatamente para o corredor de biologia, me
deixando sozinha.
Querendo ter certeza de que ele estava bem, o segui até a seção de
biologia e o encontrei em um canto, sentado em um dos muitos pufes,
lendo um livro grande e grosso, enquanto vários outros livros
repousavam ao seu lado, em uma pequena mesa.
— Parece que você tem uma obsessão por biologia, — eu comentei, ao
observar Nico lendo sobre o coração.
Querendo ter certeza de que ele estava bem, o segui até a seção de
biologia e o encontrei em um canto, sentado em um dos muitos pufes,
lendo um livro grande e grosso, enquanto vários outros livros
repousavam ao seu lado, em uma pequena mesa.
— Parece que você tem uma obsessão por biologia, — eu comentei, ao
observar Nico lendo sobre o coração.
Sempre que nós dois íamos à biblioteca. Nico optava por ler livros de
ciências, especialmente biologia, o que eu achava estranho e
impressionante, já que um garoto da idade dele geralmente preferiria ler
sobre super-heróis e outras coisas menos técnicas.
Sempre que nós dois íamos à biblioteca. Nico optava por ler livros de
ciências, especialmente biologia, o que eu achava estranho e
impressionante, já que um garoto da idade dele geralmente preferiria ler
sobre super-heróis e outras coisas menos técnicas.
— Eu quero ser médico, Alice. E por isso preciso estudar muito, para
poder ajudar pessoas com doenças cardíacas. Então ninguém terá que
ficar em casa por causa de um coração ruim, — ele respondeu, com um
olhar determinado em seus olhos.
Lágrimas indesejadas queimaram meus olhos ao ouvir a resposta do
meu irmão. Sua condição cardíaca o afetava muito, tanto fisicamente
quanto emocionalmente, e eu não podia fazer nada a respeito.
Piscando meus olhos rapidamente para impedir que as lágrimas
caíssem, levei minha mão ao meu colar e comecei a mexer nele. — Você
fica aqui e lê. Eu vou fazer uma pesquisa, ok?
— Ok. mas por favor, podemos ficar aqui por algumas horas? Eu quero
ler um pouco aqui. — Nico pediu.
Eu balancei a cabeça com um sorriso. — Vamos embora quando você
quiser, — respondi, depois me virei e fui até o caixa.
— Olá, algum dos computadores está disponível? — Perguntei a bela
mulher de cabelos escuros sentada atrás da mesa, que digitava no
teclado.
— Claro, existem alguns computadores que são gratuitos. Você pode
ir lá ver, — ela respondeu educadamente.
— Obrigada. — Eu me virei e caminhei até a área onde ficavam os
computadores. Lá havia muitos aparelhos, dispostos cinco em cada mesa,
e cada computador com seu próprio mini cubículo.
O que era ótimo, já que eu teria total privacidade.
Quando encontrei um cubículo vazio, sentei-me na cadeira giratória e
liguei o computador. Assim que abri a guia da Internet, procurei
apressadamente por empregos lucrativos online.
Eu preferiria conseguir um emprego online, para poder trabalhar de
casa. Dessa forma, eu não teria que deixar Nico sozinho e poderia cuidar
dele.
Quando liguei o computador eu estava cheia de esperança, mas depois
de pesquisar quase cinquenta links, comecei a perdê-la. Nenhum
trabalho online estava pagando mais do que eu já ganhava trabalhando
no bar e no posto de gasolina.
Mesmo que eu conseguisse optar por um emprego online, percebi que
não conseguiria trabalhar direito devido aos meus horários estranhos nos
outros dois empregos. No entanto, continuei pesquisando link após link,
orando a Deus para que eu encontrasse um bom emprego.
— Ei, Alice? — A voz de Nico me assustou. Olhei para a minha direita
e vi Nico parado com os braços cruzados sobre o peito.
— Sim, o que é? Você está bem?, — eu perguntei, preocupada.
— Sim. eu só queria dizer que acho que é hora de ir. Seu turno vai
começar logo, — ele me disse.
Olhando para o meu relógio de pulso, xinguei baixinho. Fazia cinco
horas desde que Nico e eu havíamos chegado na biblioteca, e ele estava
certo: meu turno no posto de gasolina estava prestes a começar.
Desliguei o computador apressadamente, me levantei e peguei a
mochila. — Você pegou algum livro emprestado?, — eu perguntei ao
Nico.
Ele assentiu. — Sim. eles estão no caixa, — disse.
Peguei sua mão e fomos até o caixa, onde a mulher estava verificando
o último livro, para então colocá-lo sobre a pilha já grande de livros. Sem
dizer nada, abri o zíper da mochila e coloquei os oito livros gordos dentro
dela.
Uma vez que todos os livros estavam guardados, fechei o zíper da
mochila e coloquei-a nas costas, certificando-me de não deixar ninguém
perceber o quão desconfortável eu estava com aquela bolsa pesada. Nos
despedindo da bibliotecária, Nico e eu saímos da biblioteca.
A multidão havia diminuído consideravelmente durante essas cinco
horas. Poucas pessoas eram vistas vagando pelas, mas o que tomou
desnecessário segurar a mão de Nico.
Apesar disso, fiz questão de fazer Nico andar o mais perto possível de
mim. Eu não podia arriscar que ele andasse muito longe: sua doença
cardíaca havia me transformado em uma bagunça, sempre ansiosa e
preocupada.
Chegamos ao nosso apartamento em menos de vinte minutos.
Destrancando a porta da frente, corri para dentro e coloquei a mochila
no quarto de Nico. Eu não queria que ele carregasse nem um pouco
daquele peso.
Se eu colocasse a mochila em seu quarto, Nico poderia simplesmente
abrir seu zíper e ler o livro que quisesse. Se algum dia eu ficasse rica,
compraria uma estante para o Nico, onde ele poderia colocar seus livros e
outras bugigangas que quisesse.
Movendo meus ombros para aliviar a dor. sai do quarto de Nico e fui
até a cozinha preparar seu jantar. Eu ainda tinha uma hora antes de meu
turno realmente começar, o que era o suficiente para fazer uma sopa
italiana de vegetais.
Minha vontade era fazer para Nico algo como um hambúrguer
grelhado, o que seria mais fácil e rápido, mas não seria bom para o seu
coração, e eu nunca colocaria a saúde do Nico em risco somente para
tomar minha vida mais fácil.
A campainha tocou enquanto eu cortava os legumes. Eu fiz uma
careta, sentindo curiosidade florescer dentro de mim. Quem nos visitaria
a esta hora? Não era hora do leiteiro ou do proprietário chegarem, então
quem poderia estar na porta?
Eu abaixei a faca e estava prestes a ir ver quem era. mas Nico chegou
antes de mim.
— Nico. quem é... — Minhas palavras morreram na minha garganta
quando eu vi os homens parados na soleira do meu apartamento.
Gideon Maslow — junto de seu irmão e do homem mais velho, que
presumi ser seu pai — estava parado na porta do meu apartamento,
parecendo tão fatal quanto antes, com seus olhos indecifráveis.
— Uau. você é ainda mais baixa do que eu pensava, — comentou o
irmão de Gideon.
Ignorando seu comentário, voltei minha atenção para Gideon. — E-
está tudo bem?
— Você não vai nos convidar para entrar, mocinha?, — o pai de
Gideon perguntou.
Minhas bochechas esquentaram de vergonha. — Claro, minhas
desculpas. Por favor, entrem, — eu disse educadamente.
Todos os três homens entraram no apartamento e Nico fechou a
porta. — Alice, você conhece essas pessoas?, — Nico perguntou.
— Sim, eu conheço. Nico. Por que você não vai para o seu quarto
enquanto eu converso com eles?, — eu disse.
— Você está em perigo?, — ele perguntou ansiosamente.
— Não, não, de jeito nenhum. Eu só preciso falar com eles sobre algo
importante, só isso. Vou te chamar assim que eles forem embora, —
respondi.
— Tudo bem. mas você me chame se estiver em perigo, — afirmou.
Eu vou, — respondi.
— Promessa?, — ele ergueu o dedo mindinho.
Ligando meu dedo mindinho com o dele, sorri. — Promessa.
Satisfeito, Nico entrou em seu quarto, fechando a porta suavemente
atrás de si. enquanto eu fui para a sala onde Gideon estava sentado com
os outros dois homens.
— Então, docinho, qual sua altura? Um e quarenta e cinco, um e
meio?, — o irmão de Gideon perguntou.
— Tenho um metro e meio, — afirmei. — Vocês gostariam de algo
para beber?, — eu perguntei, não esquecendo meus modos.
— Não. vá fazer as malas, — ordenou Gideon. fixando seus olhos
verde-mar nos meus. Meu coração deu um salto quando Gideon me
encarou, seus olhos querendo que eu me submetesse.
— Por quê? — Eu questionei, sentindo o medo percorrer minha
espinha. Se ele pensava em me separar do meu irmão, então ele que
pensasse de novo.
— Porque eu mandei. — Gideon declarou de forma direta.
Eu balancei minha cabeça. — Sinto muito, senhor Maslow, mas não
farei nada do que você me disser caso eu não receba uma resposta
adequada e razoável, — declarei.
Os olhos de Gideon endureceram, parecendo pedras verdes. — Faça o
que eu digo, — ele ordenou.
— Primeiro me dê uma razão válida, — eu exigi.
— Uau. como você é obstinado, — interrompeu o irmão de Gideon.
— Cale a boca, Kieran, — Gideon estourou. Oh. então esse era o seu
nome. Eu gostava do Kieran. Ele não era tão intimidante quanto Gideon.
Eu me perguntei onde estava o outro irmão, mais jovem.
Levantando-se, Gideon caminhou até ficar a apenas alguns
centímetros de distância mim. Eu levantei minha cabeça para olhar em
seu rosto. Eu não estava usando salto alto, e Gideon se ergueu sobre
mim, fazendo eu me sentir vulnerável.
— Vá e faça suas malas, bonitinha. Não vou te dizer de novo, — ele
declarou em um tom sombrio, ameaçador.
— Por quê? — Eu questionei, não me deixando intimidar. Eu não era
sua escrava. Ele precisava me dar um motivo antes que eu fizesse
qualquer coisa que ele pedisse.
Então, suas próximas palavras fizeram meus olhos se arregalarem em
choque:
— Estamos nos casando.
Capítulo 3
— Estou te dizendo, senhor Maslow, que não vou me casar com você
caso você apenas queira se casar comigo por pena. Eu já disse que não
sou um caso de caridade, então, por favor, não perca seu tempo comigo.
Tenho certeza de que você tem outras garotas para entrevistar, —
falei, querendo que os três milionários sentados no meu sofá fossem
embora.
Sua presença autoritária e imponente na minha sala de estar fez com
que eu me sentisse um pouco claustrofóbica.
Homens com a presença de Gideon Maslow pareciam deslocados no
meu apartamento. Homens como Gideon pertenciam a grandes
mansões, não a apartamentos minúsculos e apertados.
— Estou dizendo que quero me casar com você, e não é por pena, —
afirmou ele, olhando para mim.
— Por quê? Há poucas horas você me disse que eu não tinha classe ou
status. insultando não apenas minha situação financeira, mas também
meus genes, e agora você me diz que quer se casar comigo?
Você está ciente de como isso soa ridículo?, — eu bufei, franzindo a
testa para o rico gigante parado na minha frente... um gigante lindo.
— Naquele momento eu achei que você não fosse o tipo de mulher
para casar, mas agora eu acho. Então vá e faça suas malas. Vamos nos
casar em três dias, — declarou Gideon suavemente, como se eu
concordasse com sua constante mudança de decisões.
— Não, eu me recuso a me casar com você, — afirmei, cruzando os
braços sobre o peito.
— Como assim? — Gideon pareceu surpreso. — Você não pode se
recusar a se casar comigo. Você veio até mim. me pedindo em casamento,
— ele disse, fechando a cara.
— Naquele momento eu queria me casar com você por causa do
dinheiro para a cirurgia do meu irmão, mas agora não quero me casar
com você, — respondi friamente.
Kieran riu atrás de Gideon. — Caramba, você é tão pequenininha, mas
tem um ego enorme, — Kieran falou.
— Eu não tenho um ego enorme. Eu só tenho um tipo, e seu irmão
não faz o meu, — respondi.
— Então você queria se casar com meu irmão somente pelo dinheiro?,
— Kieran questionou, sorrindo entretido.
— Sim. eu já disse isso, — respondi.
— Então e agora, como você vai conseguir o dinheiro?, — ele
perguntou.
— Eu não vejo como isso é da sua conta, — eu devolvi, irritada. A
verdade é que eu não tinha ideia de onde conseguiria o dinheiro para a
cirurgia do meu irmão, mas também não me casaria com alguém que
pensava que eu era um caso de caridade.
E não acreditei em Gideon quando ele disse que mudou de ideia,
porque homens como Gideon não mudavam de ideia por mero capricho.
Devia haver uma razão sólida por trás disso.
— Então, em outras palavras, o que você está dizendo é que você não
tem dinheiro para a cirurgia de seu irmão, e que você se recusa a se casar
com Gideon. alguém que pode facilmente te fornecer suporte financeiro,
— disse Kieran.
— Uau, não só você é baixinha e egocêntrica, mas você também é
egoísta e burra. Gideon. você ainda tem certeza que quer se casar com
ela?, — Kieran perguntou a Gideon. que estava parado na minha frente
com seus olhos colados no meu rosto.
Kieran estava começando a me irritar, e eu estava a ponto de gritar
com ele e mandá-lo embora do meu apartamento, mas meus malditos
modos me impediram.
— Eu não sou egoísta, — eu concluí olhando para Kieran, que estava
sentado no sofá com um sorriso malicioso em seu rosto.
— Pelo contrário, cogumelinho, você é. Você é tão egoísta que está
rejeitando uma proposta perfeitamente boa só porque você não sabe
lidar com a rejeição, em vez de pensar em seu irmão, que pode ter uma
vida melhor se você simplesmente engolir seu orgulho e se casar com
Gideon.
Você nos disse que mudou de ideia. Se isso não é egoísmo,
cogumelinho, então me diga o que é.
— Em primeiro lugar, nunca mais me chame de cogumelinho, e em
segundo lugar, cale a boca. Você não me conhece, e não tem o direito de
me julgar pelas minhas decisões.
A cirurgia de Nico é problema meu. e onde eu vou conseguir o
dinheiro também é. então fique fora disso, — eu sibilei. meus olhos se
estreitando em Kieran. que não pareceu se abalar.
— Algumas pessoas são tão burras, né.
Gideon?, — Kieran riu. recebendo outro olhar furioso meu.
— A solução para os seus problemas está bem na frente delas,
literalmente batendo na porta, e tudo com o que essas pessoas se
importam é seu orgulho. Espero que saibam que o orgulho precede a
queda.
Sem pensar, avancei na direção de Kieran. com a real intenção de
estrangular aquele babaca julgador, mas um braço forte em volta da
minha cintura me impediu.
— Me solta. Eu vou matá-lo!, — eu gritei, lutando contra o braço que
me segurava.
— Pare com isso, — Gideon ordenou, e então me voltou ao meu lugar
de origem e se pôs na frente de Kieran. protegendo-o.
Respirei fundo e me recompus, porém não tirei os olhos de Kieran. —
Agora, o que ele disse é verdade. Por que você não pode simplesmente
aceitar e fazer suas malas, como uma boa menina?, — Gideon perguntou.
— Porque eu não consigo entender como, de todo o Reino Unido,
você quer se casar comigo. Sendo que você pode ter a garota que quiser.
Sendo que há centenas de garotas tendo cãibras na bunda por ficarem
sentadas na sua sala de espera, esperando sua entrevista. Por que diabos
você quer se casar comigo?, — eu falei de prontidão.
— Você quer uma resposta para tudo?, — Gideon perguntou.
— Sim, — eu disse.
— Bem, você não vai ter uma. Agora vá e faça as malas. Este
apartamento está me deixando claustrofóbico. — Gideon desabotoou a
camisa.
— Nesse caso, eu não vou fazer minhas malas, — eu disse.
A porta do quarto de Nico se abriu e Nico saiu de lá. Depois que ele
olhou para os três homens, seu olhar pousou em mim. — Alice, está tudo
bem?
— Sim. Nico, está tudo perfeitamente bem, — eu respondi de
imediato, caminhando até ele.
— Eu ouvi você gritando. Você está bem? Eles machucaram você?, —
Nico perguntou, olhando para os homens.
— Não se preocupe, estou perfeitamente bem. Só me surpreendi com
algo que Gideon disse, e acabei gritando, — eu o tranquilizei, me
encolhendo com a mentira medonha.
— O que ele disse que te surpreendeu tanto?. — Nico perguntou.
Eu balancei minha cabeça mentalmente. Nico fazia muitas perguntas.
E às vezes essas perguntas me incomodavam, tipo agora.
— Nós dissemos à sua irmã que você vai poder fazer a cirurgia para
consertar seu coração, — respondeu Gideon.
Suas palavras me fizeram fechar os olhos. O cara não tinha ideia de
quando manter a boca fechada. Ele estava dando falsas esperanças ao
Nico, o que apenas me traria mais problemas.
Com olhos esperançosos, Nico olhou para mim. e a culpa apunhalou
meu coração quando percebi que teria que anunciar serem falsas as
afirmações de Gideon. o que quebraria seu já frágil coração.
— É verdade, Alice? Ele disse que pode consertar meu coração?, —
Nico perguntou, cheio de esperança.
Eu estava prestes a dizer que não, quando
Kieran falou. — Sim. é verdade, mas sua irmã não concorda..
Xingando baixinho, virei minha cabeça para encarar Kieran. A ousadia
desses homens! Usando meu irmão contra mim! Eu percebi o que eles
estavam fazendo.
Ao falar para o Nico que ele poderia fazer a cirurgia. eles estavam
usando meu irmão para me forçar a concordar com o casamento com
Gideon. A esperança nos olhos de Nico se despedaçou conforme uma
carranca marcou sua testa. Meu coração se partiu ao ver a expressão em
seu rosto. — Por que, Alice? Você não quer que eu melhore?, — Nico
questionou.
— Não, não, isso não é verdade..., — minha voz desapareceu, sem
palavras. Não havia desculpa que eu pudesse dar ao Nico que explicasse a
razão de eu não concordar com isso tudo. Malditos babacas arrogantes.
— Então você concorda em fazer minha cirurgia, certo?, — Nico
perguntou com um sorrisinho, a esperança de volta em seus olhos.
— Aham, sim. claro que sim, — eu disse hesitante. — Por que você
não vai para o seu quarto enquanto eu resolvo isso com os homens, hein?
— Eu realmente queria que Nico fosse embora para que eu pudesse falar
a Gideon o que eu pensava dele.
— OK. — Nico deu um beijo na minha bochecha e correu de volta
para seu quarto, fechando a porta.
Eu me virei, lançando aos três homens o olhar mais peçonhento que
consegui, sentindo a irá crescer em meu coração. Esses desgraçados
manipuladores haviam passado do limite! Agora eu não seria mais a
garota legal.
— O que houve, fadinha? Tudo bem?, — Gideon perguntou com um
sorriso vitorioso.
— Você vai pagar por isso, — eu sibilei, minhas unhas cravadas em
minhas palmas.
— Claro que vou, afinal eu vou te fornecer suporte financeiro,
bonitinha. Não se preocupe, — respondeu ele.
— Vou acabar com a sua vida, — ameacei.
— Ah, pombinha, que tal ser uma boa menina e ir fazer suas malas?, —
Gideon disse, claramente nada perturbado pelas minhas ameaças.
Suas palavras acenderam um fusível dentro de mim. A raiva fervente
atingiu seu pico e começou a fluir como lava derretida, aquecendo meu
interior.
— Seu filho da..., — eu gritei, mas fui interrompida por uma voz
estrondosa.
— Silêncio!
O pai de Gideon. que estava em silêncio desde o momento em que
eles entraram, levantou-se do sofá e caminhou até o lado de Gideon.
De repente, percebi exatamente o quão pequena eu realmente era. E
eu tinha dois homens fortes parados na minha frente, me encarando.
— Você está se esquecendo qual o seu lugar. Você está
descaradamente desobedecendo meu filho, e não vou tolerar isso. Faça o
que ele diz e vá fazer suas malas, porque, acredite em mim, se você me
deixar com raiva, saiba que vou esmagá-la, — o senhor Maslow ameaçou.
— Pai, você não precisa ameaçá-la. Ela vai fazer as malas. Não a
assuste, — alegou Gideon ao pai.
— Se ela vai ser sua esposa, ela precisa saber o que é esperado dela, e
essa demonstração ruidosa de desrespeito vai custar caro para ela no
futuro, — disse Maslow.
Nesse momento eu já tinha lágrimas em meus olhos. Minha coragem
e minha força me abandonaram quando os três homens me
encurralaram. Enquanto dois deles me encaravam, o outro estava apenas
sentado, parecendo relaxado.
Não havia saída. Eles colocaram meu próprio irmão contra mim.
usando suas esperanças e desejos contra mim. Eu estava arrependida de
ter ido para a entrevista. Eu não sabia que acabaria sendo coagida ao
casamento.
— Gideon, você pode encontrar outras mulheres, mulheres melhores.
Não perca seu tempo comigo, — eu disse, tentando ao máximo
convencer Gideon a mudar de ideia. Era irônico como, há algumas horas,
era eu quem estava pronta para convencer Gideon a se casar comigo.
— Eu não quero encontrar nenhuma outra mulher. Já me decidi. Você
vai ser minha esposa, pequenina, — ele respondeu suavemente,
aproximando-se até ficar a poucos centímetros de mim.
— Eu não serei uma boa esposa para você. Você nunca vai ser feliz
comigo, — eu disse desesperadamente, agarrando-me a qualquer
possibilidade.
— Isso ainda está a ser confirmado. Por hora, vá fazer as malas. —
Meu Deus, ele não se cansa de ficar repetindo a mesma coisa?
Percebendo que não havia mais nada que eu pudesse fazer para
convencê-lo, só consegui pensar em uma coisa.
— Eu vou me casar com você, mas com uma condição, — eu disse.
— E qual é essa condição, fadinha? — Gideon perguntou, com um
sorrisinho formando-se em seus lábios.
— Você afirmou no anúncio que pagará um milhão de libras no final
do ano, quando o contrato terminar, certo?
Ele assentiu.
— Bem, eu quero o dinheiro agora. Só então vou me casar com você,
— afirmei.
— Desculpe, pombinha, mas não posso fazer isso, — respondeu
Gideon, balançando a cabeça.
— Por que não?
— Como eu saberia que você não vai fugir com o dinheiro?
— Eu não vou. Você pode confiar em mim, — eu disse.
— Não. Desculpe, pequenina, mas você vai ter que esperar um ano
pelo dinheiro, — disse Gideon.
— Cinquenta por cento, — negociei.
— O quê?, — Gideon perguntou.
— Me dê metade do valor agora e metade quando o contrato
terminar, — falei.
Gideon deu um suspiro ruidoso. — Tudo bem, vou pagar a você
metade do valor quando nos casarmos e metade quando o contrato
terminar, — respondeu ele.
— Combinado.
Senti como se um enorme fardo tivesse sido tirado de meus ombros.
Agora eu teria dinheiro para a cirurgia de Nico, o que significava que eu
não precisaria mais trabalhar duro para comprar remédios para o meu
irmão.
Agora ele faria sua cirurgia e seria capaz de viver a vida normal de uma
criança de dez anos.
— Vá conversar sobre isso com seu irmão enquanto preparamos o
contrato para você assinar, — sugeriu o senhor Maslow.
Assentindo discretamente, corri para o quarto de Nico. Encontrando a
porta destrancada, eu rapidamente entrei e fechei a porta atrás de mim.
Nico estava deitado em sua cama, lendo um livro.
Quando ele me viu, fechou o livro e o colocou na mesa de cabeceira.
— Nico, você sabe quando os homens na sala disseram que iriam nos
ajudar a fazer sua cirurgia?, — eu comecei. Nico assentiu com a cabeça,
dando-me sua atenção completa.
— Bem. eu preciso casar com um deles para que isso aconteça, — eu
disse. Eu não tinha certeza se Nico entenderia, afinal ele era apenas uma
criança.
— Se você não se casar com ele, eu não vou poder fazer minha
cirurgia?, — a tristeza no tom de sua voz solidificou minha decisão.
Agora, independente do que acontecesse, eu me casaria com Gideon e
conseguiria o dinheiro para a cirurgia de Nico. Não suportava mais vê-lo
triste.
— Sim. — No entanto, eu precisava dizer a ele a verdade.
— Você o ama? — Nico perguntou.
— Se você não se casar com ele, eu não vou poder fazer minha
cirurgia?, — a tristeza no tom de sua voz solidificou minha decisão.
Agora, independente do que acontecesse, eu me casaria com Gideon e
conseguiria o dinheiro para a cirurgia de Nico. Não suportava mais vê-lo
triste.
— Sim. — No entanto, eu precisava dizer a ele a verdade.
— Você o ama? — Nico perguntou.
— Sim. amo — eu menti, sorrindo para ele. Se meu irmão descobrisse
que esse casamento era arranjado, ele me diria para eu não me casar com
Gideon e teria seus sonhos destruídos.
— Então case com ele. — Nico disse com um sorriso. Esse sorriso era a
razão de eu ainda estar lutando contra o mundo. E esse sorriso era a
razão de eu aceitar me casar com Gideon.
— Ok, obrigada, — eu disse.
Bagunçando seu cabelo, saí do quarto de Nico e voltei para a sala de
estar, onde o senhor Maslow, Gideon e Kieran estavam sentados no sofá,
com uma maleta preta aberta, que continha vários tipos de papéis.
Gideon tinha um documento em suas mãos.
— Este é o contrato. Assine-o e nos casaremos em três dias. — Gideon
me disse quando me sentei ao seu lado. Ele me entregou o documento,
permitindo que eu examinasse seu conteúdo.
Sem pressa, analisei cuidadosamente o contrato. Afirmava que eu
deveria dar a Gideon um herdeiro dentro de um ano: caso contrário eu
não receberia a quantia prometida.
Fora isso, eu precisaria comparecer a todos os eventos para os quais
Gideon fosse convidado, e teria que dar o meu melhor para ser a esposa
perfeita.
Quando o contrato acabasse, eu ficaria livre para namorar outros
homens, mas antes disso precisaria ser fiel a Gideon.
Além disso, depois que o bebê nascesse e o contrato terminasse, a
escolha de fazer parte da vida do bebê ou não. seria minha: caso eu
decidisse participar de sua vida, eu teria que ir ao tribunal e entrar com
uma ação de guarda conjunta.
Se eu não fizesse isso, o bebê seria de Gideon.
— Você não falou que metade da quantia seria paga agora, — eu disse
a Gideon.
— Sim, porque você acabou de me dar essa condição. Você receberá
um contrato revisado amanhã, mas por enquanto assine aqui, —
respondeu Gideon. apontando para uma linha pontilhada.
— Como posso ter certeza que você não está mentindo? — Eu
questionei.
— Porque eu nunca quebro minha palavra. Além disso. Kieran ficará
com você esta noite, até que o novo contrato seja feito, para então você
assiná-lo. Mas por enquanto assine este, pois quero a garantia de que
você não vai desistir, — respondeu Gideon.
Suspirando profundamente, estendi minha mão. — Me dê uma
caneta.
Gideon imediatamente me entregou uma caneta-tinteiro cara, de
prata e com algum tipo de assinatura na tampa. Sem pensar duas vezes,
tirei sua tampa e assinei meu nome. Eu assinei dando minha vida aos
outros. Eu assinei me dando aos outros.
Capítulo 4
— Tem certeza de que está bem aqui?, — perguntei a Kieran enquanto
ele examinava meu quarto.
— Sim. cogumelinho, está perfeito. — Ele abriu as mãos, gesticulando
para o meu quarto.
— Desculpe, não está de acordo com seus padrões, — eu me
desculpei, brincando com meu colar.
— Você está zoando, né?. — Kieran me olhou incrédulo. — Está
ótimo. Eu gostei mesmo do quarto, — ele me disse.
— Tá bom então. Você deveria dormir um pouco, — eu disse
suavemente para Kieran.
— E você, onde vai dormir?, — Kieran me perguntou assim que me
virei para sair do quarto.
— Vou dormir no sofá... na sala, — respondi, esperando para ver se ele
me faria mais perguntas.
— Certo, boa noite, — disse Kieran, dispensando-me.
Tomando isso como minha deixa para ir embora, saí do meu quarto,
que seria ocupado por Kieran durante a noite.
Gideon e seu pai foram embora logo depois que eu assinei o contrato
e Gideon falou que Kieran ficaria em meu apartamento até a manhã
seguinte, quando o novo contrato chegaria.
Já que meu apartamento tinha apenas dois quartos, sendo um do meu
irmão e outro meu. eu precisei deixar Kieran dormir no meu quarto esta
noite.
E ele era. apesar de tudo, um convidado, eu não o faria dormir no sofá.
Minha mãe me educou bem.
Correndo até o quarto de Nico. entrei e fui direto para seu armário.
Ouvindo o som de água correndo, eu soube que Nico estava no banheiro,
provavelmente escovando os dentes.
Voltando à tarefa em questão, abri as portas duplas do armário e
peguei uma cadeirinha, que Nico usava para vários fins, e usei-a para
chegar mais alto.
Assim que minha mão alcançou o topo do armário, tirei alguns
cobertores de lã e fechei suas portas.
— O que você está procurando?, — Nico me perguntou, saindo de
pijamas do banheiro.
— Eu só vim aqui para pegar os cobertores. Além disso, é hora do seu
remédio. Olha, eu te trouxe um copo de leite. — Fiz um gesto para o
copo de leite na mesa de cabeceira de Nico.
Sem dizer nenhuma palavra, Nico arrastou-se até sua cama e
rapidamente se enfiou sob as cobertas. Eu me sentei na beira de sua
cama, e entreguei a ele o copo de leite e os comprimidos.
Nico pegou os comprimidos, os colocou na boca e os engoliu com
leite.
Embora eu sentisse orgulho do fato de meu irmão de dez anos
conseguir engolir comprimidos sem vomitar, ficava triste pelo fato de ele
ter precisado aprender a arte de tomar comprimidos tão jovem.
Lembro-me de como foi difícil, no início, quando o médico receitou a
Nico comprimidos. Eu tinha que agir como o Ben10 para convencer Nico
a tomar os comprimidos.
— Eu não gosto dessas pílulas, — Nico murmurou depois de terminar
o copo de leite e entregá-lo para mim.
Meu coração se partiu em solidariedade ao meu irmão. Eu não gostava
de dar os comprimidos a ele mais do que ele gostava de tomá-los. Mas
isso tinha que ser feito. Pela sua saúde.
— Eu sei. mas logo você não precisará mais tomar os comprimidos, —
eu garanti a ele. com um sorrisinho.
— Eu queria que você se casasse logo para eu não precisar mais tomar
essas pílulas, — Nico disse, cobrindo minha mão com a sua. enquanto eu
segurava seus cobertores de lã.
— Não se preocupe. Vou me casar em três dias, e então você fará sua
cirurgia, — eu respondi, querendo acalmar as preocupações de meu
irmão.
— Aí eu não vou mais ter que tomar esses comprimidos, né?, — Nico
perguntou, esperançoso.
— Isso mesmo. — Eu balancei minha cabeça. — Agora vá dormir. Está
ficando tarde.
Com um sorriso, Nico deitou-se e eu puxei o cobertor grosso até seu
queixo. Beijando sua testa, me levantei e acendi a luz noturna.
Com um sorriso rápido na direção de Nico. que já estava quase
dormindo, saí de seu quarto, certificando-me de deixar a porta
entreaberta.
Colocando os cobertores no sofá, amimei as almofadas no braço do
sofá e deitei nele. Me cobrindo rapidamente com meus cobertores de lã.
fechei meus olhos e me preparei para dormir.
No entanto, o frio intenso da noite me impediu de cair no sono.
Em vez disso, me fez bater os dentes e me deu arrepios de trincar os
ossos, fazendo-me desejar o conforto e o calor do meu cobertor, sob o
qual Kieran estava dormindo.
Depois de algumas horas ouvindo meus dentes batendo, saí de baixo
dos cobertores e me levantei. Esfregando os olhos com as costas das
mãos, segurei um bocejo. Levantando, fiz meu caminho até o quarto de
Nico para pegar um par de meias e luvas de lã.
Se eu não colocasse mais um par de meias e um par de luvas, tinha
certeza de que não dormiria esta noite.
Indo em silêncio em direção ao armário que continha as roupas de
Nico, eu abri lentamente sua porta e procurei um par de luvas e de meias,
que encontrei rapidamente.
Então, fechando o armário, saí do quarto de Nico.
Vestindo apressadamente as meias e as luvas nos pés e nas mãos,
voltei para a cama e mais uma vez para tentar dormir.
Desta vez. porém, consegui ir às terras dos sonhos e pesadelos, apesar
do esforço. Mesmo assim, eu estava agradecida.
***

— Bom dia, cogumelinho, — Kieran cumprimentou, bocejando de


boca aberta e fazendo-me fechar a cara.
— Dá pra parar de me chamar assim?, — murmurei, colocando os
pratos no balcão da cozinha para Nico e Kieran.
— Não dá. porque eu gosto de te chamar de cogumelinho, e quando
eu gosto de algo, não deixo de gostar, — respondeu ele. sentando-se em
uma das cadeiras.
— Certo, mas isso me irrita, — reclamei, voltando a bater os ovos.
— Você vai se acostumar com isso. Todo mundo se acostuma, — ele
respondeu, apoiando os braços cruzados sobre o balcão.
— Eu duvido, — eu murmurei baixinho enquanto colocava os ovos
batidos na frigideira.
— O que tem para o café da manhã?, — Kieran perguntou enquanto
enviava uma mensagem de texto em seu telefone.
Ovos mexidos, pão e bacon, tudo bem? Posso fazer outra coisa, se
quiser.
Apesar das circunstâncias malucas em que Kieran estava hospedado
em casa, eu não queria servir a ele algo que ele não gostasse. Afinal, ele
era um convidado.
— Sim. ótimo. Onde está o seu irmão?, — Kieran perguntou,
procurando por Nico.
— Está no banheiro. Eu já o acordei, então ele estará aqui em alguns
minutos — eu respondi, completamente focada em minha tarefa.
— Hm. como você dormiu? — ele perguntou.
Franzindo a testa, olhei para Kieran com olhos curiosos. — Kahn...
Bem. dormi bem, — respondi, embora não fosse exatamente a verdade.
— Você se mexeu muito. Eu acho que você dormiu só depois das 2 da
manhã, na noite passada, — ele afirmou, fazendo eu me perguntar como
ele poderia saber disso. Será que eu não tinha ficado tão quieta quanto
pensei?
— Eu não sabia que você tinha audição canina. Que horas você
dormiu?, — eu perguntei sorrindo para ele.
— Eu dormi cedo, mas acordei com o som de você se mexendo. Tenho
o sono leve e também uma audição muito boa, — respondeu ele.
— Bem, sinto muito por ter te incomodado ontem à noite, — eu disse,
me sentindo um pouco culpada por ter atrapalhado o sono do meu
convidado.
— Não sinta. Aliás, por que você estava andando pelo apartamento tão
tarde da noite?, — Kieran perguntou com um sorriso agradável.
Peguei o prato que estava na frente de Kieran para servi-lo, e em
seguida o devolvi com bacon, ovos e pão. — Eu precisava checar se Nico
estava bem.
Eu o checo duas ou três vezes todas as noites, então... — eu disse,
voltando minha atenção ao café da manhã de Nico.
— Você cuida muito bem de Nico, muito bem mesmo, — ele afirmou,
me arrancando um sorriso triste.
— Eu amo cuidar do meu irmão. Ele é minha única família, —
expliquei.
— E de você, quem cuida?, — Kieran perguntou.
Balançando minha cabeça, eu sorri. — Eu não preciso que ninguém
cuide de mim. Me cuido muito bem sozinha, inclusive faço isso há anos,
— respondi.
— Bom dia, Alice, — Nico me cumprimentou com um sorriso,
sentando-se em uma das cadeiras restantes.
— Bom dia, como você está? — Eu sorri para Nico. colocando seu
prato de café da manhã na sua frente.
— Bem, — Nico respondeu. — Tudo bem com o senhor? — ele
perguntou a Kieran.
— Estou bem. jovem. — Kieran respondeu com um sorriso.
Assim que me virei para preparar meu próprio café da manhã. a
campainha tocou. Me perguntando quem poderia estar me visitando tão
cedo pela manhã. saí da cozinha e fui abrir a porta.
— Bom dia. Alice. — A voz profunda e macia de Gideon fez com que
meus joelhos vacilassem. Piscando meus cílios, forcei os dentes para
impedir que meu queixo caísse.
Gideon estava lindo no seu terno de três peças, com seu cabelo bem
penteado e seus sapatos perfeitamente lustrosos. Ele segurava uma pasta
azul nas mãos, que presumi ser o novo contrato.
— Bom dia, por favor, entre. — Afastei-me para que Gideon pudesse
entrar, enquanto mandava meu coração desacelerar.
Assim que ele entrou, fechei a porta e voltei à cozinha para continuar
o café da manhã.
— Você está servido? — Perguntei educadamente a Gideon.
— Sim, — ele respondeu.
Acenando com a cabeça, eu rapidamente preparei ovos, bacon e pão
para Gideon. Assim que coloquei o prato de comida na frente de Gideon.
percebi que tinha acabado o bacon e os ovos.
— Este é o novo contrato. Assine. — Gideon ordenou, empurrando o
arquivo para mim.
— Eu vou assinar. Coma seu café da manhã, — eu respondi.
Abrindo a pasta, examinei rapidamente o conteúdo revisado do
contrato, e estendi a mão pedindo uma caneta, que Gideon
imediatamente me entregou.
Dando a Nico um olhar disfarçado, rabisquei apressadamente minha
assinatura sobre as linhas pontilhadas e, fechando o arquivo, entreguei-o
a Gideon, que o pegou em silêncio e começou a comer.
Pegando duas fatias de pão, espalhei geleia de manga nelas, as juntei e
dei uma mordida. Eu já tinha engolido metade do meu sanduíche
quando a voz de Gideon trovejou pelo meu apartamento, me fazendo
derrubar o sanduíche.
— O que você está fazendo?, — ele perguntou, irritação desfigurando
seu rosto.
— Kahn... Tomando café da manhã?, — falei como uma pergunta,
embora eu estivesse afirmando.
— Isso é tudo que você vai comer? — Gideon questionou horrorizado,
fazendo-me imaginar o que havia de errado em comer pão com geleia.
— Sim? — Outra pergunta. Caramba, eu precisava parar de fazer isso.
Gideon levantou-se e caminhou até
mim. Segurando meu braço. Gideon me conduziu até sua cadeira e
me forçou a sentar. Dando-me a faca e o garfo, ele ordenou: — Coma
isso. Não é à toa que você é tão pequena e magra.
— Não, esse prato eu fiz para você. Posso fazer outra coisa para mim,
— disse a Gideon. que parecia se edificar sobre mim.
— Não, coma isso. Você precisa de nutrição. Você é muito fraca,
afirmou.
— Mas e você, o que vai comer? — Eu não deixaria que ele fosse
embora sem comer.
— Isso não é da sua conta. Apenas faça o que eu digo e coma logo, —
ordenou Gideon.
— Tá bom. — Peguei uma garfada de ovos e levei à boca... — E eu não
sou desnutrida nem fraca, — eu disse.
— Sim. você é, — Kieran entrou na conversa. Claro que ele nunca
ficaria do meu lado.
Gideon não tirou os olhos de mim enquanto eu comia, tomando o
café da manhã muito estranho e constrangedor.
Normalmente meu momento de comer era um momento relaxado,
mas não está manhã. Esta manhã eu estava super, ciente de tudo o que
fazia, atenta a todos meus movimentos.
Só quando eu já havia comido metade da comida. Gideon pegou o
prato de mim. Olhando para ele de meu poleiro, estreitei meus olhos
quando ouvi Gideon rir.
— Não coma tudo. Deixe um pouco para mim. fadinha, — ele disse
com um sorriso divertido.
Devorando o resto da contida. Gideon colocou o prato na pia e foi
conversar com Nico. que havia terminado rapidamente o café da manhã
e agora estava assistindo à TV.
Lavei a louça e levei ao Nico seus remédios. Depois que ele engoliu os
comprimidos. Gideon me disse que queria conversar em particular.
Lançando um olhar peculiar, guiei Gideon até o meu quarto e fechei a
porta.
— O que houve? Está tudo bem? — Eu perguntei ansiosamente.
— Sim. eu só queria saber, já que vamos nos casar em menos de três
dias, se você gostaria que eu te acompanhasse quando for comprar seu
vestido?, — Gideon perguntou.
Eu não estava entendendo nada. — Que vestido?, — eu perguntei.
— Seu vestido de noiva. — Ah, então era disso que ele estava falando.
— Eu não preciso de um vestido. Já tenho um vestido branco, e não
posso exatamente comprar um vestido novo agora, — disse a Gideon.
— Você vai se casar comigo, o que significa que não é mais pobre. Em
segundo lugar, você vai ter um vestido novo, então quando gostaria de ir
comprá-lo?
Uau. a ideia de comprar um vestido de noiva nunca havia me
ocorrido. Caramba, a ideia de me casar de verdade nunca havia me
ocorrido.
— Certo... vamos amanhã, — eu disse.
— Ótimo. Então até amanhã, pombinha. — Beijando-me suavemente
na bochecha.
Gideon se virou e saiu do quarto.
***

Meus três dias de solteira voaram com alguns passeios de compras,


que consistiam em meu vestido, acessórios e terno e sapatos para Nico.
Gideon me disse que o casamento seria pequeno e privado, apenas
com o pai e irmãos de Gideon. e meu irmão.
No entanto, ele também disse que se eu quisesse um casamento
luxuoso, tudo o que eu precisava fazer era pedir, mas eu não queria um
casamento grandioso.
O casamento era arranjado, e eu só queria o milhão de libras que
Gideon me prometeu, nada mais e nada menos.
As roupas para o casamento eram as únicas coisas que eu aceitaria de
Gideon: eu não deixaria que ele gastasse mais nem um centavo comigo.
Nem me preocupei em perguntar a Gideon onde seria o casamento,
porque, francamente, eu não me importava. Eu só precisava me casar
com Gideon, fosse no tribunal ou na igreja. Tudo que eu precisava era
cumprir minha parte do contrato Então o dia chegou. O dia em que eu
me casaria com Gideon. O dia que eu mudaria minha vida e a vida de
meu irmão. O dia que seria o início de um futuro feliz ou de um futuro
desesperador. Eu ainda não sabia qual seria.
Ainda assim, quando a campainha tocou sinalizando a chegada da
pessoa que me levaria ao meu futuro marido, eu estava pronta.
Eu estava pronta para me casar.
Capítulo 5
O motorista estacionou o carro do lado de fora de uma pequena
igreja. Eu queria abrir a porta sozinha, mas o motorista foi mais rápido.
Eu estava prestes a sair do carro quando uma mão masculina apareceu
na minha frente. Quando olhei para cima, meus olhos se encontraram
com os de Brenton. o irmão mais novo de Gideon. que estava inclinado
para baixo, com a mão estendida.
Segurando precariamente sua mão. sai do carro. Assim que fiquei
firme, tirei minha mão da de Brenton.
— Obrigada, — eu disse suavemente.
Brenton acenou com a cabeça, e em seguida virou-se para a entrada da
igreja. — Venha, meu irmão está te esperando, — falou.
— Espere, onde está o meu irmão?, — eu perguntei preocupada. Nico
havia sido levado em outro carro. Brenton havia me dito que meu irmão
precisaria chegar à igreja antes de mim. sabe-se lá por qual motivo.
— Ele já está lá dentro. Vamos, não queremos nos atrasar. — Brenton
me disse.
Levantando a saia do meu vestido de noiva, para não tropeçar e cair,
comecei a caminhar em passos lentos em direção a porta da igreja,
pronta para me casar, com Brenton caminhando lentamente ao meu
lado.
Brenton era o irmão mais novo de Gideon e Kieran. Ele que foi me
buscar... Durante o percurso. Brenton quase não falou comigo.
Além de responder minhas perguntas com uma ou duas palavras,
Brenton havia ficado quieto — uma característica, eu acreditava, que não
combinava com ele.
Quando Cheguei à entrada da igreja. Nico veio me receber saltitante.
feliz, fofo e lindo em seu terno.
Correndo meus olhos sobre ele. orei a Deus para que eu pudesse ver
meu irmão crescer e ficar bonito em um smoking, em seu casamento
com a mulher dos seus sonhos.
Sem dizer nada, Nico me ofereceu seu braço. Sorrindo para ele
enquanto evitava que as lágrimas escapassem dos meus olhos, eu
gentilmente segurei seu braço.
Brenton deu um aperto no ombro de Nico antes de se pôr a caminhar
na nossa frente, em direção a Gideon, Kieran e o senhor Maslow, que
estavam ao lado do padre.
— Vamos, Alice, eu vou te entregar, — Nico me disse, sorrindo. Tive a
sensação de que não eram muitas as crianças de dez anos que podiam
dizer isso às irmãs mais velhas.
Eu dei a ele um aceno rápido, e Nico e eu lentamente começamos a
caminhar em direção a Gideon. que estava muito sexy naquele terno,
com Kieran e Brenton parados ao seu lado, enquanto o senhor Maslow
estava do outro lado do meu prestes a ser marido.
Eu não tinha um buquê de flores, nem damas de honra para andar à
minha frente, nem porta-alianças ou florista. Só eu e meu irmão.
Em pouco tempo estava perante Gideon. que estendeu a mão para que
eu a segurasse. Fechando os olhos, peguei a sua mão e me coloquei na
sua frente, enquanto o padre ficou entre todos nós.
— Podemos começar?, — o padre perguntou a Gideon. que assentiu.
Fechei os olhos quando o padre de manto branco dizia as palavras de
sempre. Falando sobre o amor e o casamento serem sagrados e tudo
mais.
Duas vezes minha consciência me incomodou e tive vontade de fugir
e não me casar com um completo estranho, mas sentir a presença do
meu irmão ao meu lado foi o bastante para me segurar.
O padre perguntou se tínhamos os nossos próprios votos ou se
usaríamos os votos padrão. Gideon optou pelos votos padrão. Homem
inteligente.
Logo chegou a hora de eu dizer — sim. — Teria sido mais fácil se eu
estivesse dizendo isso ao amor da minha vida em vez de a um milionário
qualquer.
No entanto, eu assinei um contrato, e pode parecer loucura, mas
acreditei ter me casado com Gideon assim que assinei meu nome
naquele pedaço de papel. Esse casamento na frente do padre era apenas
uma formalidade. Gideon e eu já tínhamos assinado um acordo.
Depois de um suave — sim — de nós dois, e depois da troca de
alianças, o padre deu permissão a Gideon para me beijar. Gideon abaixou
a cabeça e me beijou levemente.
Seu beijo me deu um frio na barriga, mas essa sensação passou no
momento em que seus lábios deixaram os meus, poucos segundos
depois.
O beijo de Gideon não continha nenhuma emoção, mas
surpreendentemente, despertou uma sensação que eu nem sabia que
existia.
A única pessoa que gritou foi Kieran: os outros apenas nos
parabenizaram.
Depois que a parte dos parabéns acabou. Gideon me guiou para fora
da igreja — o que foi um pouco difícil para mim. pois meu vestido cheio
estava se tomando um pé no saco.
O cara nem mesmo se ofereceu para ajudar a carregar aquela saia
enorme. Belo cavalheiro!
Lá fora havia um Aston Martin, prateado e lustroso, que vi assim que
saímos da igreja. A porta dianteira se abriu e um motorista uniformizado
saiu do carro. Virando seu quepe de motorista na direção de Gideon, o
motorista abriu a porta traseira.
— Depois de você, — Gideon me disse.
Assentindo, eu deslizei para dentro do elegante carro, seguida por
Gideon logo atrás de mim. Assim que a porta se fechou com um baque
suave, quase inaudível, meu coração afundou.
— Onde está Nico?
— Você sabe que somos casados, certo?, — Gideon perguntou. Sabia
que era uma pergunta retórica, mas não sabia onde ele queria chegar.
— O quê?, — perguntei estupidamente...
— Agora somos casados, o que significa que sou sua primeira
prioridade, não seu irmão ou qualquer outra pessoa. Eu. Coloque isso na
sua cabeça.
fadinha, — Gideon replicou sem rodeios.
— Sim..., Mas... Meu irmão... — Eu realmente precisava saber onde ele
estava. Se Gideon me dissesse, eu relaxaria. Eu sabia que éramos casados,
mas simplesmente não conseguia parar de me preocupar com meu
irmão, que me conhecia há muito mais tempo do que Gideon.
Gideon suspirou irritado. — Ele está no outro carro com meu pai e
meus irmãos, — ele respondeu apressadamente.
— Obrigada, — eu murmurei suavemente.
— Você precisa definir bem suas prioridades, Alice. Espero que
entenda o que estou falando, — Gideon me disse.
Acenando com a cabeça, me afastei de Gideon para olhar pela janela,
observando enquanto as árvores e edifícios se borravam à medida que
avançávamos.
Eu entendia perfeitamente o que Gideon estava falando. Ele queria
que eu fizesse dele minha primeira prioridade, algo que era mais fácil de
se dizer do que de se fazer.
Talvez, com o tempo. Gideon se tornasse minha primeira prioridade,
mas eu duvidava, já que ficaríamos casados por apenas um ano. Então
seguiríamos nossos caminhos separados.
Talvez eu consiga fazer de Gideon minha maior prioridade depois da
cirurgia de Nico. Mas eu não diria isso a ele, claro. Eu tinha que fazer o
possível para que Gideon achasse que ele era minha maior prioridade.
O casamento pode até ser falso ou arranjado, mas eu prometi, diante
de Deus, amar e cuidar de Gideon. e ficar com ele nos bons e nos maus
momentos.
E talvez eu não seja capaz de amá-lo, mas ainda assim eu cuidaria dele
e o estimaria, e ficaria ao seu lado nos bons e maus momentos.
Antes do esperado, o carro parou. Pisquei meus olhos para voltar à
realidade. Virando minha cabeça para olhar para a frente, meus olhos se
arregalaram quando vi um castelo de pedra. Era gigantesco, e construído
de forma semelhante aos castelos medievais.
— Você vive aqui?, — perguntei a Gideon, horrorizada com a
gigantesca construção.
— Nós moramos aqui, — ele respondeu, saindo do carro.
Viver aqui?! Neste castelo enorme?! Ele estava falando sério?! Ele vai
me fazer viver aqui como uma princesa?! Uau, é quase a história da
Cinderela virando realidade!
Ainda olhando para o castelo imponente, sai do carro. Assim que
meus pés estavam firmemente plantados no chão, juntei o tecido macio
do meu vestido e comecei a caminhar com Gideon em direção ao castelo
que seria meu novo lar — por um ano.
— Nico vai morar com a gente, certo?, — eu não pude deixar de
continuar.
— Sim. mas ele virá para cá depois de duas semanas, — respondeu
Gideon. fazendo-me parar imediatamente.
— O quê? Por quê? — Eu perguntei, quase gritando e acelerando o
passo para alcançá-lo.
— Porque vamos nos conhecer durante essas duas semanas. Além
disso, preciso ter certeza de que você fica quieta durante o sexo. Não
quero traumatizar a criança, — murmurou Gideon.
— O que você quer dizer? As paredes não são grossas o bastante?, —
eu perguntei.
— Eles são. mas as meninas simplesmente não conseguem se
controlar quando eu faço sexo com elas. É como se alguém inserisse um
alto-falante ou uma buzina no lugar das cordas vocais. Os gritos são tão
intensos que sacodem as paredes, — respondeu ele.
— Uau, rico e presunçoso. Uma combinação terrível, — eu disse.
— Estou apenas expondo os fatos. — Gideon continuou caminhando.
O castelo ficava bem longe de onde o carro havia parado. Só percebi isso
quando tive que andar todo o caminho até ele.
— Então você não gosta de mulheres que gritam?, — eu questionei,
surpresa com a conversa ridícula que estávamos tendo.
— Não tenho nenhum problema com mulheres que gritam, mas
prefiro as que gemem e as que respiram de forma erótica, — ele
respondeu, como se proclamar suas preferências sexuais fosse uma
conversa cotidiana.
— Posso te fazer uma pergunta?, — eu indaguei.
— Depois de pedir tantas, agora você está pedindo permissão? — O
cara tinha uma habilidade incrível de mudar rapidamente de um cara
legal para um completo babaca.
— Por que você queria uma esposa virgem?, — eu perguntei.
— Porque uma virgem tem mais chance de engravidar do que uma
mulher que não é virgem, — respondeu ele.
— Isso não é verdade, — afirmei.
— Talvez não, mas acredito que seja, — afirmou.
— Uma mulher que não é virgem tem chances iguais de engravidar. —
Eu não ia deixar isso passar.
— Eu não concordo com você. Sim. uma mulher que não é virgem
tem chance de engravidar, mas uma virgem tem uma chance maior, —
respondeu ele.
— Não, — eu rebati.
— Que tal concordarmos em discordar? — Gideon parou em frente a
uma enorme porta de madeira que tinha uma aldrava de metal em forma
de leão.
Segurando a argola da aldrava, Gideon bateu contra a porta algumas
vezes. Antes que eu pudesse virar minha cabeça para apreciar a beleza ao
meu redor, a porta se abriu.
Gideon entrou, deixando-me plantada na porta, boquiaberta como
uma idiota.
Percebendo que eu não o havia acompanhado, Gideon se virou, e
olhou para mim com olhos questionadores. — Você não vem. — — Você
não vai me carregar para dentro?, — eu perguntei. O cara ficou falando
sobre eu fazer dele minha prioridade e nem mesmo se lembrou de me
carregar porta adentro depois de casarmos. Inacreditável!
— Você tem razão, — disse Gideon. vindo em minha direção e me
pegando facilmente em seus braços. — Quanto mais cedo eu te levar
para o nosso quarto, mais cedo poderemos consumar nosso casamento.
Como é que é?!
***

Antes, meu coração bateu forte quando Brenton foi me buscar para
me levar ao meu casamento, mas agora meu coração batia forte por um
motivo, totalmente diferente.
Eu ia fazer sexo com Gideon.
Gideon me carregou rapidamente escada acima para o nosso quarto,
sem parar para me deixar admirar minha nova casa. Ele gentilmente me
colocou no chão, me dizendo para tirar minhas roupas e ficar confortável
na cama.
Tipo, como assim?
O homem esqueceu que eu era virgem? Como eu poderia ficar
confortável na cama? Como eu poderia estar completamente OK com o
fato de que faria sexo pela primeira vez?
Comecei a achar que Gideon não batia bem da cabeça.
— Você ainda está vestida, — afirmou Gideon. saindo do banheiro
apenas com sua boxer.
Um rubor coloriu minhas bochechas enquanto eu olhava para meu
marido. O cara era digno de babar, com braços volumosos e peitoral
definido.
Não é de se admirar que a mulherada gritasse tanto durante o sexo
com ele. Tive a impressão de que ele pode ter esmagado aquelas pobres
mulheres sob seu corpo, fazendo-as gritar como almas penadas.
Eu finalmente consegui falar. — Ah... sim...
Balançando a cabeça com um sorrisinho, Gideon caminhou até mim e
rapidamente desabotoou meu vestido.
Depois que todos os botões estavam abertos, Gideon me despiu de
meu vestido de noiva, deixando-me somente de calcinha e sutiã,
enquanto eu me sentia paralisada.
Gideon me virou e segurou meus ombros e gentilmente, me guiando
para a cama. Empurrando-me sobre ela. Gideon me posicionou de forma
que minha cabeça ficasse no travesseiro, meu corpo sob o dele.
— Você está com medo, — afirmou ele. acariciando minhas
bochechas.
Eu estava com medo demais para responder, sentia como se as
palavras tivessem se alojado na minha garganta. Nunca, em um milhão
de anos, imaginei esse momento: eu. casada, fazendo sexo pela primeira
vez com meu marido.
Tudo isso fez eu me sentir como se estivesse em uma realidade
paralela.
— Não se preocupe, apenas feche os olhos. Eu não vou te machucar.
— E ele fez de novo, deixando de ser um babaca e voltando a ser um cara
legal.
Nervosa demais para discutir, fiz o que ele disse. Fechei os olhos
tentando encontrar conforto na escuridão, mas não consegui. O cheiro
de Gideon invadiu minhas narinas, me fazendo perceber o quão perto de
mim ele estava sentindo o calor de seu corpo me tomando.
Gideon capturou meus lábios em um beijo lento e sensual. Correndo a
mão pela minha pele despida, ele rapidamente tirou meu sutiã e minha
calcinha, me deixando completamente nua.
Meu corpo começou a esquentar conforme o beijo se tomava mais
profundo, e Gideon penetrava meus lábios com sua língua, invadindo
minha boca. Senti algo úmido entre minhas pernas.
Ele continuou passando as mãos na minha pele nua. deixando um
rastro de fogo elétrico onde seus dedos passavam. Eu pensei que ele fosse
parar de me tocar depois de me despir, mas suas mãos não pararam.
Eles continuaram sua jornada, sempre descendo, até chegarem ao
meu sexo, que pingava calor líquido.
Estremeci quando Gideon deslizou um dedo dentro de mim. mas seu
peso me manteve parada. Deixando meus lábios e beijando meu pescoço,
Gideon lentamente bombeou seu dedo para dentro e para fora de mim.
fazendo-me sentir um prazer como nunca havia sentido.
Tirando o dedo de dentro de mim, Gideon posicionou seu corpo sobre
o meu. Minha mente estava confusa com o que estava acontecendo,
meus olhos pesados. Eu me senti bêbada de luxúria.
Sem uma palavra. Gideon deslizou para dentro de mim. me fazendo
arquear as costas com o volume inesperado, meu interior se adaptando
para acomodar seu tamanho e largura.
— Aah, pare, tire, — eu choraminguei. Ele já havia rompido o meu
hímen? Eu mão sabia, mas sabia que doía.
— Shh, fadinha, relaxe, apenas relaxe, — Gideon murmurou, passando
os dedos pelo meu cabelo, me acalmando.
Respirando fundo, fiz o possível para relaxar, confiando em que
Gideon não me machucaria. Fechando meus olhos, fiz o meu melhor
para relaxar meus músculos.
— Boa menina, agora isso vai doer.
Espere, tem mais?
Com um impulso rápido, Gideon empurrou para dentro de mim.
fazendo-me arquear as costas mais uma vez, por causa da dor dilacerante
que me fez gritar.
— Filho da puta! — A dor era horrível, queimava por dentro.
Amaldiçoei todos os romances que li que faziam a primeira vez parecer
agradável.
— Shh, relaxe, a dor irá embora em pouco tempo. Apenas relaxe,
pombinha, — Gideon murmurou baixinho. me beijando, me segurando
perto dele.
Exatamente como ele disse, a dor diminuiu depois de um tempo. Dei
um suspiro de alívio. Percebendo isso. Gideon começou a se mover,
lentamente bombeando para dentro e para fora de mim de forma
rítmica.
Agora, meu corpo estava entorpecido com uma sensação estranha.
Tudo começou como um calor intenso na boca do meu estômago, um
calor que continuou crescendo e crescendo, até que eu quis me banhar
nesse calor.
Essa bola de calor continuou crescendo e crescendo até explodir... Eu
arqueei minhas costas quando o prazer me rasgou, banhando-me com
um calor dourado enquanto meu corpo tremia.
Era isso que as mulheres nos romances queriam dizer sobre o sexo ser
prazeroso? Era isso um orgasmo?
Seria este o nirvana que as mulheres diziam alcançar quando beijavam
apaixonadamente a quem amavam? Era esta a razão pela qual as
mulheres eram viciadas em sexo?
O som de um grunhido me trouxe de volta à realidade. Pisquei os
olhos e vi Gideon diminuindo o ritmo enquanto ejaculava dentro de
mim. Depois de um minuto. Gideon soltou um suspiro pesado e se virou
na cama.
— Agora durma um pouco. Você deve estar exausta, — disse Gideon.
deitando-se ao meu lado. Puxando-me para perto. Gideon me envolveu
com seu forte braço, prendendo-me junto dele.
Eu estava muito perdida no sentimento de felicidade pós-sexo para
discutir com Gideon. Então fechei os olhos com um sorrisinho no rosto,
rapidamente caindo nas profundezas do sono, sentindo-me satisfeita.
Depois de tomar um banho rápido e colocar um vestido, saí do meu
quarto para procurar Gideon. Eu precisava do número de Kieran para
checar como o Nico estava.
Gideon não estava na cama quando acordei após meu cochilo.
Estranhamente, senti meu coração afundar um pouco quando acordei e
me vi sozinha no quarto.
Capítulo 6
Eu sabia que era burrice da minha parte esperar que ele fosse legal e
amoroso comigo quando ele tinha se casado apenas para ganhar bebê,
mas eu simplesmente não conseguia controlar o que sentia.
Eu era muito trouxa.
Procurando na sala de estar e na biblioteca, franzi a testa quando não
vi Gideon em lugar nenhum. Onde será que ele estava? Será que foi
trabalhar?
Depois de procurá-lo em mais alguns quartos, fiquei sem fôlego. O
castelo era enorme, e havia uma distância considerável entre um cômodo
e o outro, o que me deixou sem fôlego depois de entrar em seis cômodos.
Eu me perguntei quantos quartos este castelo gigantesco tinha. E
também quanto tempo eu levaria para explorar tudo isso. Um ano?
Talvez mais? Se demorasse mais de um ano, lembrei que então eu não
seria capaz de ver tudo.
Depois de entrar no sexto quarto vazio, desisti e resolvi voltar para
meu quarto, quando percebi que eu estava perdida e não sabia o
caminho.
Virei a cabeça para a esquerda e para a direita para ver se conseguia
lembrar a direção do meu quarto, mas parecia que minha memória de
curto prazo havia pifado, pois eu não sabia nem mesmo de que direção
eu tinha vindo. Em poucas horas eu já havia me perdido.
Era nessas horas que eu desejava ter sido abençoado com alguma
inteligência espacial, mas não. Deus escolheu me abençoar com um
defeito após o outro.
Confiando em meus instintos, que não eram exatamente confiáveis,
escolhi virar à direita, rezando para que eu voltasse a um local familiar.
No entanto, meus instintos mais uma vez se provaram totalmente
inúteis, porque, enquanto eu continuava avançando, me encontrei em
uma sala grande e desconhecida.
Era uma sala circular, com piso de mármore, grandes janelas, cortinas
de veludo macio e tapeçarias nas paredes, que davam ao quarto uma
aparência real.
Um enorme lustre de cristal pendurado no centro, com os cristais em
forma de gota cintilando à luz do sol que entrava pelas janelas. Na
parede, havia um quadro de uma mulher pendurado.
Seria a mãe de Gideon? Avó? Bisavó? Quem quer que fosse, ela só
aumentava a beleza da sala, que já era tirar o fôlego, que provavelmente
estava fora dos limites também.
Sentindo meu coração afundar por estar em mais uma sala
desconhecida, sai correndo da sala circular e me vi de volta no longo
corredor. O pânico começou a tomar conta quando me vi perdida neste
enorme e peculiar labirinto.
Eu sabia que não seria fácil ficar com Gideon. mas mesmo encontrá-lo
estava se provando ser mais difícil do que eu poderia imaginar, sem
mencionar que ainda precisava ligar para Kieran e perguntar sobre Nico.
Meu Deus, era meu primeiro dia de casamento e eu já estava
xingando! Estou vendo o — viver como uma princesa.
— Milady? Você está bem?, — uma voz suave e feminina perguntou.
Virei meu pescoço tão rápido para olhar na direção da voz. que foi
incrível ele não ter quebrado.
Parada a poucos metros de mim estava uma mulher que parecia ter
vinte e poucos anos, usando um uniforme assinado de empregada.
Seu cabelo loiro estava preso em um coque justo no topo de sua
cabeça, e sua pele pálida era pintada por sardas. Ela tinha olhos azuis
escuros e lábios finos.
— Ah sim, você sabe onde Gideon está?, — eu perguntei à mulher, não
querendo que ela soubesse que eu estava perdida.
— O senhor Maslow está em seu escritório, — respondeu a
empregada.
— Eu gostaria de vê-lo. — Não ia pedir a esta empregada que me
levasse a Gideon. Ele era meu marido e eu tinha todo o direito de vê-lo.
— Quando o senhor Maslow está em seu escritório, ele dá instruções
estritas para não deixar ninguém perturbá-lo, — ela respondeu.
— Bem, eu sou a esposa dele e quero que você me leve ao seu
escritório, — afirmei. Eu precisava ver Gideon, e nada iria me impedir...
exceto meu senso de direção.
Antes que a empregada pudesse dizer qualquer coisa, passos suaves
foram ouvidos atrás dela. Uma mulher, que parecia estar na casa dos
quarenta, apareceu com a testa franzida.
— O que está acontecendo aqui? Milady, o que você está fazendo
aqui?, — a mulher exigiu de mim, como se eu estivesse fazendo algo
errado.
— Eu quero ver o Gideon. Leve-me até ele, — eu ordenei à mulher
mais velha.
— Suzy, por que você não levou a senhora Maslow ao escritório do
senhor Maslow?. — A mulher mais velha perguntou à mulher mais nova,
que franziu as sobrancelhas.
— Você conhece as regras. Ninguém tem permissão para incomodá-lo
quando ele está trabalhando — murmurou Suzy para a mulher mais
velha.
— Sun, mas não podemos deixá-la perambulando por este andar. Esta
parte do castelo é proibida. O senhor Maslow não me falou que sua
esposa poderia vir aqui, — a mulher mais velha sussurrou asperamente.
Jura?! Eu estava bem ali. e elas estavam conversando como se eu não
estivesse escutando tudo. Eu sabia que eu era baixa e pequena, mas isso
não me tomava invisível!
Mais importante, por que essa parte do castelo era proibida? Por causa
da senhora na sala? Será que o castelo era assombrado?
Mas não encontrei nada fora do comum enquanto procurava meu
marido, então por que. no Palácio de Buckingham. essa parte do castelo
seria proibida?
— Por favor, me perdoe, milady. Vou levá-la ao senhor Maslow
imediatamente. Se você puder me acompanhar, — Suzy me disse, depois
de alguns segundos.
Não querendo perder mais tempo aqui do que eu já tinha perdido,
comecei a seguir Suzy, quando a voz da mulher mais velha me parou.
— Milady, com todo o respeito, por favor evite vir a este andar, de
agora em diante. Esta parte do castelo é estritamente proibida para todos
os funcionários e familiares.
O senhor Maslow não ficará feliz se souber que você se aventurou
pelas partes proibidas do castelo, — ela me disse.
— Por que essa parte do castelo e proibida?, — eu perguntei.
— Receio não ter liberdade para responder, milady, — disse ela. sem
desviar o olhar do meu. Era como se ela quisesse que eu fosse embora,
como se ela estivesse com raiva por eu ter ousado vir aqui.
No entanto, suas palavras despertaram ainda mais minha curiosidade.
Ela pode não ter a liberdade de me dizer exatamente por que esta parte
do castelo foi proibida, mas eu sabia que Gideon me diria. Ele tinha que
me dizer.
— Existem outras partes do castelo que são proibidas?, — eu
perguntei, ácido gotejando de minhas palavras.
— Sim, este andar e o resto dos andares acima deste são estritamente
proibidos, — ela respondeu, ignorando a amargura em meu tom. Eu não
gosto dessa mulher.
Acenando com a cabeça, me virei e deixei Suzy me levar para fora da
zona proibida. Descemos cinco lances de escada, o que fez eu me tocar.
Como diabos eu consegui subir tantos degraus? Cinco andares!
Eu tinha procurado quartos em cinco andares! Bem. eu tentei
encontrar Gideon em apenas seis quartos... Seis quartos destrancados. O
resto deles estava trancado.
Pelo menos no meio disso tudo eu pude apreciar a beleza e o
esplendor do castelo. Não havia uma única coisa que parecesse barata.
Tudo parecia ser top de linha e caro.
Sem falar que o castelo era um contraste entre o novo e o antigo. A
estrutura do castelo parecia ter sido feita no século XVIII. mas a
tecnologia era definitivamente do século XXI.
Depois de descer mais dois lances de escada. Suzy fez uma curva
fechada à direita, levando-me a um corredor isolado. Ela parou quando
ficou cara a cara com uma porta gigante. Levantando seu pequeno
punho, Suzy bateu duas vezes na porta.
— Sim?, — disse a voz masculina e inconfundível de Gideon.
— Senhor, sua esposa deseja falar com você — respondeu Suzy.
— Ok, você pode ir embora, — ele respondeu.
Acenando para a porta de madeira, Suzy se virou e foi embora,
deixando-me parada, olhando para a caríssima porta de madeira. Eu
estava pensando em ir embora também, mas algo me disse que Gideon
abriria a porta.
Quando isso aconteceu, suspirei de alívio, feliz por ter escolhido ficar,
apesar da confusão que se formou em minha mente quando Suzy foi
embora. Entrei na sala e a porta imediatamente se fechou.
Gideon sentou-se em uma cadeira de pelúcia com encosto alto, atrás
de uma grande mesa de madeira. Havia papéis espalhados pela superfície
da mesa, junto de outros itens, como um peso de papel de vidro, um mini
globo, um porta-lápis e um bloco de notas adesivas.
Um enorme Mac estava instalado à sua direita, com a tela mostrando
uma planilha do Excel.
O escritório de Gideon não era diferente do resto do castelo. Havia
algumas cadeiras grandes com encostos altos, para visitantes, e também
um sofá royal. posicionado contra uma parede, com duas cadeiras iguais
de cada lado.
Havia um pequeno lustre, que lançava um brilho suave ao redor da
sala. As cortinas de veludo impediam a entrada da luz solar, banhando a
sala com luz artificial.
— Vejo que você está acordada, — afirmou Gideon, olhando para
mim.
— Por que você não estava na cama?, — eu perguntei, e
imediatamente me arrependi. Não queria que Gideon pensasse que ele
sair da cama me deixava triste.
— Eu tinha trabalho a fazer, — respondeu ele.
— Você poderia ter me acordado, — eu disse.
— Não, parecia que você precisava descansar, — ele respondeu,
deixando seus olhos correrem pelo papel que segurava.
— Bem. eu tentei procurar por você, mas me perdi. — Comecei a
brincar com meu colar.
— Bem. agora que você me encontrou, então me diga, bonitinha. o
que posso fazer por você?, — Gideon perguntou.
Cometer suicídio, talvez? Isso me pouparia o trabalho de ser casada
com você, sugeriu meu subconsciente.
— Eu preciso do número de Kieran. — Eu disse.
— Por quê?, — perguntou Gideon. erguendo uma sobrancelha.
— Eu preciso falar com ele, — eu respondi vagamente, não querendo
dizer a ele o verdadeiro motivo pelo qual eu queria falar com seu irmão.
— Por qual razão? — Ele não ia deixar passar batido.
— Algo importante. — Eu não contaria mesmo a razão de eu querer
tanto falar com Kieran.
— O quê? — Cara, ele pergunta demais.
— Ah, algo importante, — eu repeti.
— Diga-me. pequenina, você está sendo deliberadamente obtusa, ou é
de nascença? — Gideon perguntou.
Meu temperamento explodiu ao ouvir suas palavras. A coragem desse
homem! Como ele ousa me chamar de obtusa?!
— Apenas me dê o número de Kieran, — eu exigi com raiva.
— Não, — disse ele.
— Não? — Ele tinha que me dar o número.
— Não até que você me diga sobre o que quer falar com ele, —
afirmou.
— Eu disse que é algo importante, — eu insisti.
— E eu perguntei a você exatamente o que é. — Este homem era
impossível.
— É importante, — eu repeti teimosamente.
— Importante, como querer saber sobre o seu irmão?
Eu bufei. — Ok. tudo bem. sim. eu quero saber como Nico está, e eu
preciso dizer a Kieran para dar a Nico seu remédio exatamente às nove
horas. Agora posso, por favor, ter o número dele? — A isso que eu fui
reduzida: implorar. Eu não podia acreditar que havia caído em tal estado
apenas por causa de dinheiro. Não é de se admirar que a ganância seja
um dos sete pecados capitais.
— Veja, não foi tão difícil, foi? — Gideon adorava me provocar, me
irritar.
— Qual é o número dele?, — eu perguntei novamente, pronta para
memorizar o número de Kieran.
Gideon não respondeu. Em vez disso, pegou o telefone sem fio e
apertou um botão. — Venha aqui. Você pode falar com Kieran agora. —
Ele esticou o telefone para mim.
Alcancei Gideon em três passos. Pegando o telefone de sua mão,
sentei-me em uma das cadeiras de visitantes e ouvi o toque monótono.
— Olá?, — Kieran perguntou.
— Olá. Kieran. sou eu. Alice, — eu disse.
— Oh. olá. cogumelinho, como você está? — ele perguntou.
— Estou bem. Ouça. Nico está aí com você?
— Sim. ele está assistindo TV, — respondeu Kieran.
— Ele jantou?, — eu perguntei.
— Ainda não, mas em uma hora nos sentaremos para jantar, — Kieran
respondeu.
— Ok, certifique-se de que sua refeição não tenha nenhum tipo de
gordura, apenas dê a ele vegetais. Eles são bons para sua saúde e, por
favor, dê-lhe o remédio exatamente às nove horas. Eu guardei todos na
mala dele, junto com a receita, — eu disse.
— Algo mais? Ele dorme do lado direito ou esquerdo? Ele tem um urso
de pelúcia especial com o qual gosta de dormir? Ele dorme depois de
ouvir uma história de ninar? — Kieran provocou.
— Não, — eu cerrei, tentando me acalmar, — apenas faça o que eu
disse e diga a Nico que eu disse oi. — Com isso, desliguei. não querendo
ouvir a voz irritante de Kieran.
Colocando o telefone na mesa, respirei pesadamente. Eu estava mal-
humorada; eu realmente estava. Mas já fazia muito tempo que ninguém
realmente me irritava. Agora, com Kieran me provocando, me peguei
ficando cada vez mais irritado, e não gostei disso.
— Isso é tudo? — Gideon perguntou.
Eu concordei.
— Sim. obrigada, vou deixá-lo com o seu trabalho. Desculpe
incomodá-lo. — Levantei-me e me virei, com a intenção de sair pela
porta, mas me contive quando um pensamento entrou em minha mente.
•Gideon?
— Sim? — Ele não tirou os olhos dos papéis.
— Como a porta se abriu sendo que você estava sentado atrás da
mesa?, — eu perguntei.
— Controle remoto. Eu apertei um botão e a porta se abriu, e então
apertei outro botão para fechar a porta. — Uma combinação perfeita do
antigo com o novo.
— Ah, que legal! Mais uma pergunta. — Agora que estávamos falando
sobre a casa, eu podia perguntar o que estava me incomodando antes.
— Sim? — Gideon era tão legal às vezes.
— Por que os andares superiores do castelo são proibidos?, — eu
questionei.
Isso causou uma reação inesperada nele. A cabeça de Gideon ergueu-
se rapidamente, olhando para mim. Em um segundo ele estava sentado
atrás da mesa trabalhando, e no seguinte ele estava parado na minha
frente, segurando meus braços com suas mãos, com olhar severo.
— Quem te disse isso? — ele me perguntou, a raiva deformando seu
rosto.
— Ahn, as empregadas me disseram, — eu respondi, de repente com
medo dele.
— Por quê? Por que elas te diriam isso? — Ele me sacudiu, fazendo
com que meu medo aumentasse.
— Eu... eu subi até o sétimo andar procurando por você. Eu me perdi.
e Suzy e essa outra empregada me encontraram e me disseram que os
andares superiores eram proibidos, — eu respondi, meu coração batendo
rápido.
Gideon me soltou e pôs suas mãos na cabeça, virando de costas para
mim. Soltou um suspiro de frustração...
Virando novamente, Gideon me pegou pelos ombros e me trouxe para
mais perto dele. Ele curvou o rosto até que sua respiração se misturasse
com a minha.
— Nunca se atreva a subir lá. Alice. Estou falando muito sério. Haverá
graves consequências se você pisar no sétimo andar e acima. Você me
entende?, — Gideon avisou.
Eu balancei a cabeça, muito chocada e apavorada para pronunciar
uma sílaba. Eu não tinha ideia do que diabos estava lá em cima para
Gideon reagir assim, mas o que quer que fosse, era muito sério.
Depois de me ver acenar com a cabeça. Gideon relaxou
instantaneamente. Com um aceno rápido, Gideon removeu seu aperto
dos meus ombros. Respirando fundo algumas vezes. Gideon passou a
mão pelo cabelo.
— Você não vai nem mencionar esses andares, nunca mais.
Entendido?
Eu balancei a cabeça mais uma vez.
— Bom. agora vamos comer. Você deve estar com fome, — afirmou
Gideon. Pegando minha mão na dele, ele me levou para fora do
escritório.
Eu não tinha ideia do que estava lá. Mas eu descobriria antes que este
ano terminasse.
Capítulo 7
Naquela noite não consegui dormir. Imagens daquela mulher linda e
delicada continuavam piscando diante dos meus olhos, fazendo minha
mente girar com ideias e curiosidade. Quem era essa mulher?
E por que o sétimo andar em diante eram proibidos? Eu tinha certeza
de uma coisa — aquela mulher na foto era parente dos Maslows. Mas
quem era ela?
Depois de algumas horas, meu corpo finalmente sucumbiu ao sono.
No entanto, minha mente não parava de trabalhar, imaginando cenários
relacionados ao mistério por trás dos andares superiores.
O que quer que fosse, eu iria descobrir. Eu só teria que ser muito
discreta sobre isso.
A manhã chegou e Gideon me acordou entrando em mim. Dizer que
fiquei surpresa seria um eufemismo. Nunca esperei ser acordada do jeito
que fui essa manhã.
Fiquei feliz por ter aberto os olhos e ver que quem estava transando
comigo enquanto eu dormia, antes que eu socasse alguém, era Gideon —
para meu alívio absoluto.
Caso contrário, eu teria recebido a sua fúria de Gideon e ele estaria
ostentando um grande hematoma no rosto.
— Por que você fez sexo comigo logo de manhã? — Perguntei a
Gideon durante o café da manhã.
— Estou tentando engravidar você. Quanto mais cedo você
engravidar, melhor, — respondeu ele sem rodeios, cortando o sanduíche
com uma faca e comendo-o com um garfo. Eu estava começando a me
perguntar se os Maslows eram da realeza ou não.
Eles certamente agiam como se fosse. A equipe se referia a Gideon
como — milorde — e a mim como — milady, — o que. se eu não estava o.
eram termos usados para realeza, sem mencionar a maneira como
Gideon estava comendo o maldito sanduíche: com um garfo e uma faca!
No entanto, sua resposta me feriu. Não por ser a verdade nua e crua,
mas porque a resposta de Gideon fez eu me sentir como se eu não
passasse de uma máquina de fazer bebês.
Quer dizer, sim. nós nos casamos apenas porque fui forçada a fornecer
um herdeiro a Gideon. mas o cara não precisava me tratar como uma
máquina. Eu sou humana. Eu tenho sentimentos.
••Tenho certeza de que se você fizer sexo aleatório comigo, isso não
vai me engravidar mais rápido, — eu disse a ele, tentando puxar
conversa. O homem não falava muito.
Gideon me olhou. — Não discuta comigo, — afirmou.
Pois bem. chega de conversa. Talvez fazer sexo pela manhã não tenha
ajudado seu humor.
Depois do café da manhã, Gideon saiu rapidamente para o trabalho,
mas não antes de me dizer que eu poderia entrar em contato com Kieran
para falar com meu irmão pelo telefone fixo. Eu só precisava apertar o
número 4 e seria automaticamente direcionado para Kieran.
Eu sorri depois de ouvir isso. Mesmo que Gideon fosse frio e
implacável na maioria das vezes, ele ainda tinha ponto fraco pelas
pessoas, ou era só eu?
Eu não tinha certeza — e ele ocasionalmente me deu um vislumbre
desse lado mais suave ao fazer essas pequenas coisas por mim.
Assim que Gideon saiu do castelo, fechando a porta atrás de si, meu
olhar imediatamente disparou para as escadas. Agora era o momento
perfeito para explorar os andares proibidos.
Só esperava não ser pega. Mas primeiro eu precisava falar com meu
irmão.
Pegando rapidamente um telefone sem fio próximo, pressionei o
número 4 e coloquei o telefone contra o meu ouvido. Depois de quatro
toques consistentes, eu comecei a pensar que talvez Kieran não
atenderia, porém depois de alguns instantes ele finalmente atendeu.
— Alô?
— Oi. Kieran. sou eu, Alice, — eu disse.
— Cogumelinho. como você está?. — Kieran perguntou.
— Quantas vezes devo dizer para você não me chamar assim?, — eu
disse irritada.
— Você pode me dizer mil vezes, e ainda vou chamá-lo de
cogumelinho, — respondeu ele. Eu podia ouvir o sorriso malicioso em
sua voz.
Me segurando para não responder com um xingamento, respirei
fundo. — Onde está Nico?, — perguntei a Kieran ao invés de xingá-lo.
— Assistindo TV, — ele respondeu.
— Você não deveria deixá-lo assistir tanto à TV, — eu adverti. — Não
é bom para ele.
— Bem, é TV ou sair para jogar. Faça sua escolha, — ele respondeu
secamente.
— Você não tem nenhum jogo de tabuleiro? — Essas pessoas eram tão
chatas.
— Quantos anos eu tenho, sete anos? Não, eu não tenho nenhum
maldito jogo de tabuleiro, — ele murmurou.
— Bem, vá comprar alguns. Para que serve todo esse dinheiro, gastar
em strippers?! — Eu estava realmente começando a odiar a ideia de
Gideon sobre Nico ficar com Kieran pelas próximas duas semanas.
— Deus, você é irritante, — Kieran lamentou.
— Vá comprar alguns jogos de tabuleiro para Nico, — eu ordenei. —
Ele gosta mais de jogar War e Banco Imobiliário. Ludo também.
— E com quem ele vai jogar, seus amigos imaginários? — Agora eu
realmente queria bater minha cabeça contra a parede.
— Não. seu idiota, ele vai jogar com você, — eu cerrei.
— Cuidado, cogumelinho, eu posso não ser tão legal se você continuar
me insultando. — Kieran avisou.
— Bem, então não me dê a chance de insultá-lo continuamente. Vá
comprar alguns jogos de tabuleiro para Nico e coloque-o no telefone. Eu
quero falar com ele — eu disse.
Eu ouvi algum tipo de barulho antes de Nico atender. — Olá? — Disse
Nico.
— Oi. Nico. sou eu. Alice, — eu disse a ele. aliviada ao ouvir a voz do
meu irmão.
— Oi. Alice, como você está? Como está Gideon? — Nico perguntou.
— Estou bem. maninho. Gideon também está bem. Como você está?
— Fazia apenas vinte e quatro horas desde a última vez que vi Nico, e
ainda assim pareciam meses.
— Estou bem. Kieran tem uma casa muito grande, — ele me disse.
— Isso é ótimo, Nic. O que você está fazendo? — Eu já sabia o que ele
estava fazendo, mas mesmo assim perguntei. por uma questão de
conversa.
— Eu estou assistindo TV. Kieran e eu fizemos lanches mais cedo. Ele
é um ótimo cozinheiro, — respondeu ele com alegria.
— Lanches saudáveis, certo? — Eu mataria Kieran se ele desse comida
lixo para meu irmão.
— Sim. sanduíches de vegetais. Eles estavam deliciosos, — ele me
disse, meu coração relaxando instantaneamente.
— Bom. isso é bom, — eu disse.
— Sabe. Alice. Kieran me disse que Gideon está procurando um bom
médico para realizar minha cirurgia. — Nico me informou.
Minha mente não conseguia acreditar no que Nico havia dito. Gideon
estava procurando um cardiologista para a cirurgia de Nico? Mesmo que
não fosse problema dele, ele ainda procurava um bom médico para meu
irmão.
Naquele momento, todas as coisas negativas que pensei sobre Gideon
evaporaram em fragmentos de nada, deixando para trás apenas os traços
positivos. Não importava mais para mim que Gideon fosse frio, direto,
distante e arrogante.
O que importava era que. embora não fosse da conta dele, ele estava
procurando o cardiologista, e isso me fez respeitá-lo cem vezes mais do
que já o respeitava.
— Tem certeza. Nico? — Eu queria ter certeza de que Kieran não
estava mentindo para Nico.
— Sim. Kieran me disse. Você pode perguntar a ele você mesma, —
Nico respondeu.
— Você pode colocá-lo no telefone? — Eu pedi.
— Certo. — Houve aquele farfalhar de novo antes de Kieran voltar à
linha.
— E aí. cogumelinho? — Kieran disse.
— É verdade que Gideon está procurando um cardiologista para Nico?
— Eu perguntei.
— Sim, — ele respondeu.
— Tem certeza? Você não está mentindo para mim. está? — Deus, eu
quebraria algo se Kieran me dissesse que ele estava brincando.
— Cogumelinho. quão cruel você acha que nós somos? Só porque nós
meio que armamos uma quadrilha contra você quando rejeitou a
proposta do meu irmão, não significa que faríamos uma espécie de piada
de mau gosto mentindo para você sobre a cirurgia do seu irmão. É
altamente insultuoso que você pense tão mal de nós, — disse Kieran.
Uma pontada de culpa atingiu meu coração ao ouvir suas palavras.
Kieran estava certo. Eu não deveria julgá-los tão rapidamente. Gideon já
havia me dado muito. Eu deveria me bater por pensar assim sobre meu
marido.
— Eu — eu sinto muito. Kieran. Eu não deveria ter dito tudo isso —
eu me desculpei.
— Eu sei que você está acostumado a ser independente e não está
acostumado com pessoas te ajudando, mas. cogumelinho, agora você
pode relaxar e deixar Gideon carregar um pouco do fardo. Deixe-o te
ajudar, — Kieran me disse suavemente.
Eu gostaria que fosse assim tão fácil. Eu gostaria que fosse tão fácil
aceitar a ajuda de outras pessoas. Mas a verdade é que não podia fazer
isso. Eu não conseguiria ficar bem com os outros me ajudando,
simplesmente porque não queria me acostumar com isso.
Gideon e eu ficaríamos juntos apenas por um ano e eu não conseguia
me acostumai a dividir meu fardo com ele, porque então tudo acabaria e
eu voltaria para o meu trabalho de garçonete.
Enfrentar o mundo sozinha seria difícil.
No entanto, não deixei Kieran saber sobre tudo isso. O problema era
meu e eu iria cuidar disso sozinha.
— Vou tentar, — disse eu.
— Bom. acredite em mim. não será difícil. No momento você é casada
com um dos homens mais ricos do planeta. Todos os seus desejos se
tomarão realidade. Tudo que você quiser, é só pedir, — afirmou Kieran.
E se eu não fosse casada com um dos homens mais ricos do planeta? O
que então? Qual era o sentido de aproveitar a vida de luxo quando todos
nós sabíamos que ela chegaria ao fim?
Eu não poderia ser estúpida o suficiente para fechar os olhos à minha
situação financeira só porque Deus me abençoou com dinheiro para a
cirurgia de meu irmão.
E assim que Nico fizesse a cirurgiã, eu usaria as outras cinquenta mil
libras para sua educação. Eu não deixaria Nico se estressar com os
problemas monetários. Eu daria a ele o futuro que ele merecia.
— Sim. obrigado, Kieran. e sinto muito por duvidar de você, — eu
disse a ele com sinceridade.
— Sem problemas, cogumelinho. Agora preciso comprar jogos de
tabuleiro para Nico, — disse ele.
— Ok, e certifique-se de dar o remédio a ele na hora certa. Se cuide,
tchau.
— Tchau. — Ele desligou.
Coloquei o telefone de volta no gancho, satisfeita por meu irmão estar
bem e se divertindo. Comecei minha outra tarefa: subir ao sétimo andar.
***

Esperei algumas horas depois de falar com Kieran e Nico para subir.
As criadas estavam alvoroçadas por toda parte, e eu sabia que se uma
delas me pegasse subindo furtivamente eu estaria em apuros.
Então eu esperei.
E esperei.
A espera foi insuportável. O tempo parecia estar se movendo muito
devagar. Toda vez que eu olhava para o relógio, o ponteiro dos minutos
só tinha se movido de um dígito para o próximo, nunca pulando nenhum
número.
Quatro horas depois, as empregadas finalmente se retiraram para seus
aposentos para a pausa para o almoço. Já era tarde, os ponteiros das
horas e dos minutos apontando para o meio-dia.
Suzy havia me informado que os cozinheiros viriam preparar o
almoço assim que terminasse o intervalo para o almoço, que era às 13
horas, o que significava que eu tinha apenas uma hora para explorar o
sétimo andar.
Respirando fundo, corri rapidamente para os lances de escada, não
parando até que pousei no quarto andar. Ali, fiz uma pausa, tentando
recuperar o fôlego.
Eu juro, se não fosse a pressa eu não teria ficado tão ofegante.
Meus olhos encontraram o relógio, o ponteiro dos minutos agora
apontando para um. A coisa boa sobre este castelo era que havia relógios
em todos os andares, e não qualquer relógio, relógios enormes que
podiam ser vistos de longe.
Eu juro, se não fosse a pressa eu não teria ficado tão ofegante.
Meus olhos encontraram o relógio, o ponteiro dos minutos agora
apontando para um. A coisa boa sobre este castelo era que havia relógios
em todos os andares, e não qualquer relógio, relógios enormes que
podiam ser vistos de longe.
/

Ótimo, cinco minutos já haviam se passado, o que me deixou com


cinquenta e cinco minutos. Eu não seria capaz de explorar muito em
cinquenta e cinco minutos. Aliás, cinquenta minutos. Eu precisava de
cinco minutos para voltar para baixo também.
Retomando minha jornada escada acima depois de dois minutos, subi
até o quinto andar e depois o sexto andar, olhando por cima do ombro
para ter certeza de que não estava sendo seguida.
Não estava com vontade de me explicar a ninguém, muito menos
àquela empregada mais velha, fosse qual fosse o nome dela.
Retomando minha jornada escada acima depois de dois minutos, subi
até o quinto andar e depois o sexto andar, olhando por cima do ombro
para ter certeza de que não estava sendo seguida.
Não estava com vontade de me explicar a ninguém, muito menos
àquela empregada mais velha, fosse qual fosse o nome dela.
Assim que cheguei ao sexto andar, parei mais uma vez para recuperar
o fôlego. Olhando para o grande relógio, meu coração começou a bater
forte quando vi o ponteiro dos minutos apontando para o dois. Merda!
Faltam quarenta e cinco minutos.
Minha expectativa aumentou enquanto me preparava para ir para o
sétimo andar. O andar que continha tantos segredos nele e acima dele.
O andar que era proibido a todos os funcionários e familiares. O
andar que banhava este castelo de mistério.
Eu estava feliz por ter escolhido este momento para explorar.
Ninguém me seguiu, e pelos próximos quarenta e cinco minutos, eu
poderia explorar em paz, descobrir por que os andares sete e acima eram
proibidos. Tudo que eu precisava fazer era encontrar algum tipo de pista.
No entanto, quando me virei para subir as escadas, meus olhos se
arregalaram em choque enquanto a raiva explodiu dentro de mim.
Todo o meu trabalho árduo foi para o lixo. Toda a energia que ganhei
durante o café da manhã foi perdida. A fúria se desenrolou dentro de
mim quando vi o que estava diante de mim.
Era um portão. Um grande portão de aço na entrada da escada que
levava ao sétimo andar. Ele tinha uma estrutura de grade, com cada barra
de aço de dois centímetros de espessura.
Não havia cadeado ou fechadura que indicasse onde se deveria colocar
a chave. Mas havia um teclado eletrônico colocado no meio do lado
esquerdo.
Quando eu vi o portão, amaldiçoei todas as pessoas que viviam neste
castelo para o inferno e de volta. Gritei de frustração absoluta com o que
agora era bastante óbvio.
A entrada para o sétimo andar estava trancada.
Capítulo 8
Bati a porta do meu quarto e soltei um grito de frustração. Como
diabos eles conseguiram instalar um portão em menos de vinte e quatro
horas?!
Era como se eles soubessem que eu tentaria me esgueirar escada
acima. Eu queria tanto bater em algo.
Mas ainda me perguntei como eles conseguiram instalar um portão
tão grande em menos de vinte e quatro horas quando eu não tinha
ouvido nenhum som que sugerisse que um portão estava sendo
instalado?
Aqui está uma dica para você. Eles têm dinheiro, meu subconsciente me
disse.
E meu subconsciente estava certo.
Gideon tinha dinheiro, muito dinheiro e, pela primeira vez, desejei
que ele tivesse usado esse dinheiro mulheres promíscuas, que não
tiniram nada melhor para fazer do que sacudir o traseiro na frente dos
homens o dia todo e a noite toda, do que gastar seu dinheiro instalando
um portão!
Era totalmente louco como os homens sempre dizem que as mulheres
gastam dinheiro em coisas inúteis quando elas mesmas gastam uma
quantia absurda de dinheiro em coisas que nem mesmo são necessárias
— como um portão.
O problema que enfrentei era: como, no Palácio de Buckingham, eu
conseguiria descobrir sobre a mulher do quadro agora? Onde poderia
encontrar informações sobre os andares superiores? Quem iria me
contar?
~ Ninguém. Você está por sua conta. Você agora tem menos de um
ano para descobrir o mistério, afirmou meu subconsciente.
Mas como? Eu precisava de uma pista, qualquer pista que me guiasse
para desvendar esse mistério. Este castelo não ajudava muito.
No passeio acelerado que fiz sozinha por este lugar, vi apenas algumas
fotos de Gideon e sua família e nenhuma foto daquela mulher, exceto
aquela na sala circular. O que me deixou sem nada para continuar.
Maldito seja. Gideon.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo som de uma batida
suave. A porta se abriu para revelar a única pessoa que eu realmente não
queria ver: a empregada mais velha.
— Milady. a cozinheira está pronta para preparar o almoço. O que
você gostaria de comer?
Suas palavras me pegaram de surpresa. Por que ela estava
perguntando o que eu queria para o almoço? Eu comeria tudo o que eles
fizessem. Ela não deveria estar perguntando a Gideon o que ele queria
comer? Afinal, era a casa dele.
— Ah, eu não vou almoçar. Basta perguntar a Gideon o que ele quer
comer no almoço e fazer isso, — eu disse a ela.
— Você não vai almoçar? — ela questionou, suas sobrancelhas
levantadas.
Ela não me ouviu da primeira vez? Talvez eu devesse dizer a Gideon
para demiti-la. Ela estava aparentemente ficando velha demais para
trabalhar aqui.
— Não, não estou com fome, — respondi, desejando que ela
simplesmente fosse embora agora. E era verdade. Eu realmente não
estava com fome, pelo menos não de comida.
O que eu estava faminto e desesperadamente desejando era
informação sobre o território proibido.
Suspirando de alívio depois que a porta se fechou suavemente,
deixando-me sozinha mais uma vez em meu quarto, comecei a
contemplar as inúmeras possibilidades em relação ao último andar.
Estava claro que. para saber por que os andares sete e acima eram
proibidos, primeiro eu precisava descobrir mais sobre a mulher do
retrato. Quem era ela? Ela era namorada de Gideon? Sua esposa, talvez?
Não, ela não podia ser sua esposa. Ambos tiniram o mesmo tom de
verde-mar em seus olhos. Talvez ela fosse a mãe de Gideon. Ela
certamente parecia, sendo toda graciosa e real. Ela envergonharia a
rainha.
Mas por que ele não teria mais fotos de sua mãe pelo castelo? Se eu
tivesse uma mãe assim, penduraria seus retratos por toda a minha casa.
A batida soou mais uma vez, e me segurei para não rosnar. A porta se
abriu novamente para revelar a empregada mais velha. Eu realmente
deveria perguntar o nome dela. Não poderia continuar chamando-a de
empregada mais velha para sempre.
— Minha senhora, o senhor Maslow está ao telefone para você, —
disse ela. estendendo o telefone para eu atender.
— Olá?
— Por que você não está comendo? — Gideon perguntou sem rodeios.
— Ah. quem te disse isso? — Eu perguntei a ele, embora eu tivesse
uma boa ideia de quem teria contado.
— Essa não é a resposta à minha pergunta, — disse ele com
aborrecimento.
— E essa não é a minha resposta também, — retruquei
descaradamente.
— Me escute, e me escute bem. Você vai almoçar e comer uma
refeição decente, entendeu?, — Gideon afirmou, fazendo-me revirar os
olhos.
— Não estou com fome, então não, não vou almoçar. Quando você
volta pra casa?, — eu respondi.
— Alice. — Gideon começou, me fazendo engolir em seco. Ele usava
meu nome quando estava com raiva — pelo menos desde que eu o
conhecia, o que fazia apenas alguns dias.
■ — Vou ligar de novo depois de trinta minutos, e se eu descobrir que
você não almoçou, acredite em mim. você não vai gostar das
consequências, — ele ameaçou.
— Gideon, não sou criança. Se eu disse que não estou com fome, isso
significa que não estou com fome, — disse.
— Bem. bonitinha, você certamente está agindo como uma criança,
então vou falar com você como uma. Vá almoçar. Não vou te dizer de
novo, — respondeu ele.
— Não. — Eu desliguei.
Lançando um olhar furioso para aquela mulher desagradável,
entreguei o telefone de volta para ela. furiosa de raiva. Tive a sensação de
que essa mulher não gostava muito de mim.
Quer dizer, por que ela iria pelas minhas costas e ligaria para Gideon
como uma babá reclamando para os pais sobre uma criança petulante?
— Por que você ligou para Gideon?, — eu perguntei ainda olhando
para ela.
— E meu trabalho, milady. Se você for contra o senhor Maslow, é meu
trabalho informá-lo, — ela respondeu uniformemente, me irritando mais
do que eu já estava.
— Qual o seu nome?, — eu perguntei.
— Helga, — ela respondeu.
— Bem. Helga. — Eu cuspi o nome dela. — Eu não fui contra o seu
chefe. Eu simplesmente me recusei a almoçar. — Eu cerrei meus dentes.
— Não fazer o que ele quer é ir contra ele, — ela argumentou, me
fazendo querer esbofeteá-la.
— Eu sou sua esposa, não sua inimiga, então eu me recusar a almoçar
não vai contra ele, — eu rebati.
— Você é a esposa dele. E seu dever fazer tudo o que seu marido deseja
que você faça. — Deus, ela não sabia quando calar a boca?
— Não, eu sou sua esposa, o que significa que sou igual a ele, então
farei o que eu quiser, e você não tem o direito de ir pelas minhas costas e
informar meu marido sobre cada pequena coisa que eu fizer, — eu
respondi.
— Eu sempre vou informar o senhor Maslow sobre cada pequena
coisa que você faz porque ele que me paga, não você, — ela afirmou, e seu
rosto enrugado me fez desejar poder esticar a pele solta como um
elástico, eventualmente rasgando-a.
— Saia. — Eu fervi, lançando punhais de fogo para ela.
Helga se virou para sair do meu quarto, mas parou ao cruzar a soleira
da porta. Virando-se ligeiramente, ela olhou para mim.
— Vou trazer o almoço para você, milady, — disse ela e saiu do meu
quarto, fechando a porta atrás dela.
Marchando rapidamente para a porta, eu a tranquei. Foi oficial. Helga
me odiava, e eu não tinha ideia do porquê. Eu nunca fiz nada para a
mulher, e ela falava comigo como se fosse a dona deste castelo e não
Gideon.
A mulher realmente teve a coragem de me acusar de ir contra Gideon.
meu próprio marido. Ela estava louca?! Eu precisava falar com Gideon
sobre ela. A cadela não conhecia limites, nem seu lugar neste castelo.
Soltando um grito de frustração, me joguei na cama e rapidamente
puxei o edredom por cima de mim. Virando-me para o lado, fechei os
olhos e desejei que o sono viesse e me levasse para longe de maridos
mandões e empregadas desagradáveis.
***

— Vamos, pombinha, acorde. — A voz de Gideon penetrou na espessa


névoa de escuridão pacífica que cercava minha mente.
Relutantemente, abri meus olhos e fiquei cara a cara com meu
marido, que estava sentado na beira da cama, olhando para mim.
— Que horas são?, — eu perguntei, resmungando, com minha voz
soando profunda.
— São 3 da tarde. Você dormiu por duas horas inteiras. Agora levante-
se e coma o seu almoço. Vai ficar frio, — ele ordenou.
— A que horas você voltou para casa?, — eu perguntei, empurrando-
me para uma posição sentada.
— Agora mesmo, eu tive que cancelar minha reunião, — ele me disse,
levantando a bandeja de comida da mesa lateral e colocando-a
suavemente em minhas coxas.
— Por quê? — Eu perguntei, sem fazer nenhuma tentativa de comer.
— Porque minha teimosa esposa se recusou a almoçar, — ele
respondeu, levando a colher cheia de arroz à minha boca.
— Não me diga que você cancelou sua reunião por minha causa?! —
Eu perguntei, horrorizada, sentindo-me culpada.
— Por que mais eu apareceria aqui tão cedo, acordando você para que
você pudesse almoçar? — Não, não. não. ele não faria isso. Gideon não
cancelou sua reunião só porque me recusei a almoçar.
— Você está blefando, — eu disse.
Gideon me lançou um olhar que me disse claramente que ele não
estava blefando, o que apenas resultou em um empilhamento de culpa na
forma de grandes pedras em meu estômago, matando o pouco apetite
que havia surgido agora.
— Abra a boca, — ordenou Gideon, ainda segurando a colher diante
da minha boca.
— Gi-Gideon, eu sinto muito. Por que você cancelou sua reunião?
Você não devia ter feito isso. Seu trabalho é tão importante, — eu disse.
— Sim, mas a saúde da minha esposa é mais importante do que o meu
trabalho, — respondeu ele.
Suas palavras fizeram meu coração palpitar. Era verdade? Gideon se
importava comigo? Quer dizer, tenho certeza que sim. Por que outro
motivo ele cancelaria sua reunião e voltaria para casa apenas para ter
certeza de que eu comeria alguma coisa? Ele realmente se importou.
— Mesmo? — Eu perguntei, querendo ter certeza de que Gideon
realmente se importava comigo.
— Sim. se você não for saudável, o bebê também não será, e eu quero
um bebê saudável. — E ele sabia exatamente como estourar minha bolha.
Meu coração quebrou, enquanto meu subconsciente ria de mim. Alice
estúpida, estúpida. Quantas vezes você já disse a si mesma para não se
precipitar e acreditar em coisas que nunca aconteceriam?
Mas não. você sempre tem que ver coisas que não existem, acreditar
em coisas que nunca vão se tomar realidade.
— Ah. — Fiquei olhando para a comida colocada em minhas coxas,
com vergonha de olhar para meu marido.
— Sim. agora abra a boca e coma. Eu não tenho o dia todo. — Abri a
boca, deixando Gideon deslizar a colher em minha boca.
Gideon me alimentou até que não houvesse um grão de arroz no
prato. Depois de comer pela satisfação de Gideon. Gideon tirou a bandeja
de onde ela estava no meu colo e colocou-a de volta na mesa de cabeceira
lateral.
Levantando-se. Gideon tirou o paletó e o jogou na cama.
Desabotoando a camisa. Gideon caminhou até o banheiro e fechou a
porta.
Amaldiçoei-me por permitir que meus sonhos e fantasias tirassem o
melhor de mim.
Eu não era estúpida o suficiente para pensar que alguém lá fora me
amaria e se importaria comigo, mas isso não significa que eu não quisesse
que alguém me amasse e se importasse comigo.
Eu sabia que estava sozinha contra este mundo, mas seria bom se
houvesse alguém que iria, pelo menos uma vez. lutar neste mundo por
mim. ou pelo menos me ajudar a lutar contra este mundo.
Eu definitivamente deveria matar todos os meus sonhos e fantasias:
eles nunca se tomariam realidade, pelo que tudo indicava.
A porta do quarto se abriu e Helga entrou, fazendo-me desejar ter
unhas como ganas para poder rasgar aquela pele enrugada e solta.
Estreitando meus olhos para ela, acompanhei cada movimento seu,
observando com extrema concentração enquanto ela caminhava até a
mesa de cabeceira e pegava a bandeja com suas mãos enrugadas e
ossudas.
— Você deve fazer o que o senhor Maslow quer. Ele teve que sair do
trabalho mais cedo por sua causa, — ela me disse.
Suas palavras me deixaram vermelha. A cadela estava falando quando
não era seu lugar falar. Eu estava a ponto de falar com Gideon sobre
demiti-la. A cadela precisava sair, e rápido.
Virando de costas para mim, Helga saiu da sala arrastando os pés. Eu
joguei o edredom de cima de mim e saí da cama. Marchando até a
penteadeira, juntei meu cabelo em minhas mãos e o amarrei em um rabo
de cavalo.
Gideon saiu do banheiro no momento em que eu bebia um copo
d’água. Seu cabelo estava molhado, gotas d’água caindo em sua camisa.
— Gideon? — Chamei-o enquanto ele caminhava para o seu lado da
cama e pegava o relógio da mesinha de cabeceira.
— Sim?
— Eu quero, não. eu preciso que você demita Helga, — eu disse.
Gideon me lançou um olhar que dizia claramente que achava que eu
estava louca por ter sugerido algo assim.
— E por que eu faria isso?, — ele questionou.
— Porque ela me odeia e tem um problema sério comigo, — respondi.
— Mesmo? — Gideon se aproximou de mim. — Ela tem um problema
com você ou você tem um problema com ela?, — ele perguntou.
— Por que eu teria um problema com ela? Eu nem a conheço! Ela tem
um problema comigo — eu disse.
— Fadinha. não sei quais são seus problemas com Helga, mas não vou
despedi-la por causa de alguma rixa feminina insignificante, — ele me
disse.
Meus olhos se arregalaram com sua escolha de palavras. Rixa feminina
insignificante? Era assim que Gideon estava chamando!
— Não há rixa. Estou dizendo que ela claramente me odeia, então por
que você não pode simplesmente despedi-la?! — Eu quase gritei, meu
temperamento, mais uma vez, tirando o melhor de mim.
— Helga é leal a esta família e já trabalha aqui há muito tempo. Não
vou despedi-la só porque você me pediu, depois de menos de uma
semana que te conheço, — respondeu ele.
— Você está do lado dela?! Por que você a está defendendo? Sou sua
esposa!, — eu gritei, dessa vez.
— Correção. — Gideon se aproximou de mim. invadindo meu espaço
pessoal, fazendo-me sentir pequena. — Esposa temporária.
Foi como se ele tivesse me dado um tapa. Essas duas palavras me
fizeram perceber exatamente o que ele pensava de mim. Quão pouco eu
significava para ele. Quão insignificante eu realmente era. Essas palavras
não eram apenas verdadeiras.
Elas me diziam exatamente o que eu era — nada. Eu não era nada. Eu
não tinha valor, nada. Bosta, aposto que os funcionários têm mais
respeito e valor do que eu.
— Você tem razão. Tudo isso é temporário — eu disse, tentando
manter minha voz calma, não deixando minhas emoções me traírem.
— Exatamente, então apenas lide com isso. Tenha paciência com
Helga. E apenas por um ano, — disse Gideon.
Ele estava certo. Apenas por um ano. Então eu ia embora, não Helga.
Gideon me diria para sair, não Helga. Gideon cortaria seus laços comigo,
não com Helga.
E suas palavras também me disseram outra coisa. Gideon sempre
escolheria Helga. não eu. Ele iria escolher uma solteirona enrugada em
vez de mim.
Porque eu era temporária.
Eu balancei a cabeça silenciosamente depois de ouvir as palavras de
Gideon. Quando ele me viu assentir, os ombros de Gideon relaxaram e
ele, por sua vez, assentiu com firmeza antes de sair da sala.
Assim que a porta se fechou firmemente atrás de mim. deixei escapar
um soluço estrangulado.
Eu pensei que se contasse a Gideon sobre Helga. ele a colocaria no
lugar dela, mas em vez disso, ele me colocou no meu lugar, mais uma vez
me lembrando que eu não era nada mais do que uma máquina de fazer
bebês que ele estava pagando milhões de libras para.
Eu era patética. Os homens realmente queriam algo de mim para se
casar comigo. Ninguém me queria por conta própria. Ninguém me
queria só porque talvez eu tivesse um cabelo bonito ou algo assim. Eu era
patética.
Respirando fundo, fechei meus
olhos. Instantaneamente, o rosto de Nico veio à tona em meu cérebro,
me lembrando a razão de eu estar fazendo isso e porque continuaria a
sofrer com essa farsa de casamento.
Fortalecendo minha determinação, endireitei meus ombros e mantive
minha cabeça erguida. Eu não precisava de Helga ou Gideon. Eu tinha
coisas mais importantes com que me preocupar, como encontrar um
cardiologista para meu irmão, minha única família.
Enxugando meu rosto de quaisquer resquícios de lágrimas, me virei e
caminhei propositalmente para fora da sala, batendo a porta atrás de
mim.
Capítulo 9
— Eu sinto muito.
Gideon se sentou à cabeceira da mesa de jantar, colocando ravióli de
cogumelos em seu prato. Suas sobrancelhas se ergueram. — Desculpe,
sobre o quê? — ele perguntou, colocando a colher de volta no prato de
ravióli.
— Por mandar você despedir Helga e tudo mais. Eu estava fora da
linha, então me desculpe — eu respondi, brincando com meu colar.
Gideon deu uma risadinha. — Está tudo bem. Acabei de descobrir que
você tem um temperamento terrível. Eu não sabia disso antes de me
casar com você, então está tudo bem, — ele me disse.
Suspirei de alívio antes de me sentar ao lado de Gideon na mesa de
jantar. — Se você soubesse que eu tenho um temperamento antes de se
casar comigo, ainda teria me escolhido como sua esposa? — Eu
perguntei.
— Sim, — disse Gideon sem hesitar.
— Por quê? — Eu perguntei. Eu realmente queria saber por que
Gideon me escolheu como sua noiva.
Gideon não respondeu à minha pergunta. Em vez disso, levou o garfo
com ravióli à boca e deu uma mordida, mastigando a comida lentamente
antes de engolir.
Eu o encarei, paralisada, observando enquanto sua garganta se movia
ao empurrar a comida para baixo. Era estranhamente erótico. Ou isso ou
eu estava sendo hormonal.
— E aí? — Eu realmente queria uma resposta para minha pergunta.
— E aí o quê? — Gideon perguntou, como se não tivesse ideia do que
eu estava falando.
— Não se faça desentendido. Por que você escolheu se casar comigo?
— Porque eu podia, — respondeu ele. olhando para o prato,
brincando um pouco com a comida antes de dar outra mordida no
ravióli.
— Isso não é uma resposta! — Bati minhas mãos na mesa, fazendo
com que os pratos e copos fizessem um som metálico.
— Isso é tudo que você vai conseguir, — ele respondeu, não parecendo
nem um pouco perturbado pela minha explosão.
— Olha, eu sou sua esposa temporária, mas ainda sou sua esposa. Eu
deveria saber por que você me escolheu, quando você poderia ter
escolhido entre centenas de belas mulheres ricas, — argumentei.
— E porque você é minha esposa temporária, é por isso que não vou te
dizer por que escolhi você em vez das outras, — afirmou Gideon.
Eu olhei para ele e, em resposta, ele piscou para mim. Ele piscou,
porra! Rosnando de frustração, cruzei os braços na frente do meu peito e
sentei na cadeira, me amaldiçoando por não ser uma vidente.
— Coma seu jantar, bonitinha, — disse Gideon.
— Não, — eu resmunguei.
Gideon suspirou. — Estamos de volta a isso de novo? Você quer que
eu te alimente?
A propósito, quando eu disse que se você não almoçasse quando eu
voltasse para casa, você teria que enfrentar sérias consequências, quis
dizer que você teria que enfrentar sérias consequências, — Gideon me
disse.
— Ali é? E quais são as consequências graves que vou enfrentar? — Eu
perguntei em um tom de zombaria.
— Você não verá seu irmão por um mês inteiro, — ele respondeu, me
olhando fixamente nos olhos.
Engoli em seco quando meus olhos saltaram das órbitas. Ele não
estava falando sério. Ele não podia estar falando sério. Ele não me
impediria de ver meu irmão.
— Você não faria isso. — Eu não o deixaria fazer isso comigo.
— Eu já fiz. Nico vai vir aqui depois de um mês agora, e se você
discutir comigo, vou estender sua estadia na casa de Kieran. Sua escolha,
pombinha, — Gideon afirmou.
— Gideon. não faça isso, — implorei. Já era ruim o suficiente que Nico
estivesse sob a supervisão de Kieran por duas semanas, mas agora ele iria
ficar com Kieran por um mês!
— Eu poderia reduzir para três semanas se você jantasse como uma
boa menina, — disse Gideon.
— E se eu recusar? — Eu só estava perguntando porque queria saber o
que ele planejava fazer se eu não comesse meu jantar.
— Então Nico vai ficar com Kieran por dois meses e você não terá
permissão para ter nenhum tipo de contato com ele. — Gideon
respondeu, mas não parou de comer seu ravióli.
O choque roubou minha habilidade de falar por alguns segundos. Eu
apenas fiquei boquiaberta com meu marido, enquanto ele continuava
comendo. Ele nem mesmo piscou depois de entregar suas consequências
malignas.
Com que facilidade ele me disse que. se eu não jantasse, ele não me
deixaria ter nenhum contato com meu irmão, e Kieran disse que eles não
eram cruéis.
Ok certo!
Não é cruel o caralho!
— Isso não é justo! — Eu chorei, jogando minhas mãos para o ar.
— Tudo é justo no casamento e na guerra, — respondeu Gideon.
— E amor e guerra, — eu corrigi, mas não fez diferença.
— Mesma coisa. — Ele estava realmente começando a me irritar.
— Você não é legal. Achei que você fosse legal, mas você não é, —
disse a Gideon.
Gideon riu. — Pequena, eu posso ser uma pessoa muito legal, mas
quando você age como uma pirralha teimosa, então eu vou ser muito
mau e, fadinha, você não tem ideia de como eu realmente posso ser mau.
— Agora ele estava me assustando.
Pegando meu prato. Gideon rapidamente o encheu com ravióli.
Empurrando o prato na minha direção, Gideon colocou o garfo no prato
antes de gesticular para que eu comesse.
— Eu não estou com fome. Eu acabei de almoçar algumas horas atrás
— eu choraminguei.
— Você ama seu irmão, bonitinha? Parece que não. porque, do jeito
que você está agindo, posso ser forçado a estender a estadia de Nico na
casa de Kieran por um ano inteiro.
Por que ele estava fazendo isso? O que eu fiz para merecer isso? Eu só
queria dinheiro para a cirurgia do meu irmão, mas parecia que as
ameaças e punições de Gideon foram incluídas como um bônus de
merda!
— Gideon, — reclamei.
— Termine isso, e então nós iremos para cinco rodadas de sexo.
Apresse-se, fadinha. Não temos a noite toda, — afirmou Gideon.
Meus olhos se arregalaram. — Cinco rodadas? — O que ele era. uma
máquina?
— Você quer mais? — Gideon perguntou com as sobrancelhas
franzidas.
— Não, cinco é demais. Não consigo lidar com isso, — reclamei.
— Bem, é por isso que estou dizendo para você jantar. Você vai
precisar de sua energia, — respondeu Gideon.
— Você é louco?! Não vou fazer sexo com você cinco vezes! Eu sou um
humano, não uma máquina, o que você acredita tão absurdamente, — eu
atirei de volta.
— Você vai fazer sexo cinco vezes. Eu paguei por isso, — afirmou
Gideon.
Parecia que meu mundo havia parado depois de ouvi-lo pronunciar
essas palavras. Ele tinha acabado de me chamar de prostituta? A isso que
fui reduzida? De ser sua esposa temporária, agora eu era sua puta?
— Você acabou de me chamar de prostituta? — Eu queria confirmar
que não estava entendendo mal nada aqui.
Gideon se levantou da cadeira e. depois de dar alguns passos, veio e
parou bem na minha frente. Colocando as mãos nos apoios de braço,
Gideon se abaixou até que seu rosto estava no nível do meu.
— Sim, você é uma prostituta, — ele me disse antes de inclinar o rosto
para frente e pressionar os lábios primeiro na minha bochecha e depois
nos meus. — Minha puta, — ele terminou.
Antes que eu pudesse processar minhas ações, minha mão se levantou
e atingiu Gideon na bochecha. Afastando-o. levantei-me da cadeira e dei
alguns passos para trás para criar algum espaço entre nós.
— Eu não sou uma prostituta! Só me casei com você porque precisava
do dinheiro para a cirurgia do meu irmão. Se você pensa que sou uma
prostituta por causa disso, então você é o homem mais desprezível na
face deste planeta! Se eu fosse uma prostituta.
eu teria dinheiro suficiente para a cirurgia de Nico vendendo meu
corpo para homens aleatórios.
mas não, eu escolhi manter minha virtude e meu amor-próprio, só
porque queria mostrar ao mundo que, não importa o que acontecesse, eu
não iria sucumbir à prostituição.
Queria que meu marido soubesse que sua esposa era e é uma mulher
respeitável.
Eu lavaria os pés das pessoas e alimentaria seus porcos, mas nunca
venderia meu corpo, então não ouse me chamar de prostituta! — Gritei
com Gideon. as lágrimas turvando minha visão.
Achei que Gideon iria se desculpar por me chamar de prostituta, mas
ele não pediu. Ele apenas caminhou em minha direção e me beijou com
tanta força que temi que meus lábios machucassem.
— Você quer saber uma coisa, fadinha? Eu amo esse seu lado, esse lado
raivoso e vicioso. E acho que vou irritá-la com mais frequência, porque
gosto muito de ver aqueles olhos verdes brilhando com fogo, — afirmou
Gideon. beijando meus lábios.
Mesmo sem querer, consegui afastar Gideon. — Você é doente, — eu
rosnei.
— E você e minha prostituta, — ele respondeu com um brilho
divertido em seus olhos.
— Não me chame assim. Estou avisando. Gideon, — eu cerrei.
— Ou o quê? Você ê minha puta. Afinal, estou pagando a você um
milhão de libras. Você deve abrir essas coxas sempre que eu mandar. —
Gideon zombou, alimentando minha raiva.
— Você está me chamando de prostituta, tudo bem. então eu agirei
como uma, — eu disse antes de me virar e correr loucamente para fora da
sala de jantar.
Correndo para fora de casa, olhei em volta procurando o motorista
antes de localizá-lo entrando em sua cabana. Atrás de mim. eu podia
ouvir os passos de Gideon batendo no chão de mármore.
Antes que ele pudesse me alcançar, corri em direção à cabana onde o
chofer havia desaparecido. Assim que cheguei à cabana, abri a porta e
entrei.
Fechando a porta, deslizei a fechadura antes de me virar e encarar o
motorista.
Ele estava deitado no sofá, que estava na parede. O sofá estava voltado
para a TV, que ficava contra a parede oposta. Uma mesa de centro foi
colocada na frente do sofá.
Ele tinha cabelos castanhos desgrenhados e olhos castanhos suaves.
Ele tinha um rosto bonito, mas não lindo, com traços simétricos, exceto
pelo nariz, que era torto.
Ele se levantou de um salto. — Milady, está tudo bem? Você gostaria
que eu te levasse a algum lugar?, — ele perguntou.
— Qual o seu nome?, — eu perguntei, respirando pesadamente.
Be mar d. senhora, — respondeu ele.
— Bem, Bernard, quero que você tire a roupa, — disse eu. Eu estava
longe demais para permitir que a sanidade interferisse no que eu estava
fazendo.
Bernard me olhou confuso. — Perdão, senhora?
— Eu disse para tirar a roupa, — repeti.
De repente, estrondos altos explodiram em toda a cabana. — Alice,
abra a porta neste instante!, — Gideon gritou do outro lado.
— Não, eu sou uma prostituta. Deixe-me fazer o que faço de melhor.
— Eu me virei para Bernard. que me olhou como se eu fosse um
alienígena de outro planeta. — O que você está esperando? Tire suas
roupas.
Fui até ele e comecei a desabotoar sua camisa, enquanto Bernard ficou
paralisado.
Assim que liberei o último botão e tirei a camisa vermelha dos ombros
de Bernard, a porta se arrancou das dobradiças e voou para um lado da
cabana. Gideon invadiu o interior, parecendo lívido, seus olhos verdes
como o mar queimando de fúria.
Antes que eu falasse nada, Gideon me puxou para longe de Bernard e
me jogou por cima do ombro como um saco de batatas. Sem uma
palavra, Gideon saiu furioso da cabana. Continuei dando socos nas costas
e chutando-o, mas não teve efeito sobre ele.
Assim que entrou no castelo. Gideon subiu as escadas e entrou em
nosso quarto. Jogando-me na cama. Gideon começou a tirar a roupa,
tarefa que realizou em menos de dez segundos.
Sentei-me na cama, meu coração batendo forte de medo quando notei
a fúria queimando nos olhos de Gideon. Eu estava com medo do que ele
faria agora.
— Tire a calcinha e abra as pernas, Alice, — Gideon me disse, parado
diante de mim completamente nu.
— Gideon, sinto muito, — murmurei.
— Diga-me uma coisa, pombinha. Você tocou nele? Você o beijou?, —
Gideon questionou, seus olhos duros.
Eu balancei minha cabeça rapidamente. — Não. eu juro que não.
Sinto muito. Gideon. Juro que não faria nada com ele. Eu estava com
raiva..., — Eu parei.
Gideon rastejou na cama até que eu estava deitada embaixo dele. —
Você leu o contrato com atenção, bonitinha? — Gideon perguntou,
segurando minha bochecha.
— Sim, — eu sussurrei, com medo de onde isso estava indo.
— Então você deve ter lido a cláusula que afirmava que. neste período
de doze meses em que nos casaríamos, você não teria permissão para
trair seu marido, — disse ele.
— Sim, mas. Gideon, não te traí. Eu juro, — eu disse a ele. implorando
para que ele acreditasse em mim.
— Mas você tentou me trair, — afirmou ele, sua voz estranhamente
suave.
— Eu estava com raiva, — justifiquei.
— Então você estava com raiva e planejava me trair, e agora estou com
raiva, pequena. Você acha que pode lidar com isso? — Gideon perguntou.
Meu batimento cardíaco acelerou ao ouvir as palavras de Gideon.
Deus, por favor, não deixe ele me machucar, por favor.
— Gideon. sinto muito.
Pegando meu vestido. Gideon rasgou o tecido ao meio, desnudando-
me para ele. Jogando o vestido rasgado de lado. Gideon arrancou meu
sutiã e calcinha, me deixando nua e à sua mercê.
Pegando meu sexo, Gideon se inclinou para frente. — Isso pertence a
mim, — ele rangeu, olhando para mim. — Diz. Diga que isso pertence a
mim.
— E seu, — eu disse.
Por um ano.
Pegando meu seio com a outra mão. Gideon apertou. — Isso me
pertence. Diga, — ordenou Gideon.
— E seu. — Eu estava com tanto medo de Gideon neste momento.
Por um ano.
Gideon passou os olhos pelo meu corpo nu. — Tudo isso pertence a
mim. É meu. Diga, — Gideon ordenou mais uma vez.
— E seu, — eu disse.
Por um ano.
Tirando a mão do meu sexo. Gideon passou os braços em volta da
minha cintura e se deitou em cima de mim, colocando a cabeça logo
abaixo do meu seio.
Por um longo tempo, nenhum de nós disse nada, meu coração e
minha mente antecipando o próximo movimento de Gideon.
— Você dá trabalho-, — disse Gideon depois de dez minutos. — Você
vai fazer deste um ano foda, — acrescentou ele. Eu não tinha certeza se
ele estava reclamando ou me elogiando.
— Sinto muito, — eu murmurei. E eu sentia. Eu estava me sentindo
péssima com o que tinha feito.
— E melhor não. porque, da próxima vez que você fizer algo assim,
vou arruinar sua vida e você terá que lamber meus pés pelo resto de sua
existência, — Gideon ameaçou, fazendo meu coração apertar de pavor.
— E só um ano. Gideon. Então você estará livre de mim, — eu disse.
— Se você fizer algo assim de novo, pombinha, então vai me implorar
por misericórdia, mesmo depois que nosso contrato e nosso casamento
acabar, — disse Gideon.
— Eu prometo. Eu não vou fazer nada assim de novo, — eu o
assegurei.
— Bom, certifique-se de não fazer mesmo.
— Isso significa que não sou uma prostituta? — Por favor, deixe ele
dizer que eu não sou uma prostituta. Eu odiava essa palavra.
— Você é uma prostituta, — Gideon respondeu, apertando os braços
em volta de mim. fazendo com que as lágrimas queimassem meus olhos.
— Mas você é minha prostituta e minha esposa, não de mais ninguém, só
minha, toda minha, — disse ele.
Eu não tinha certeza se isso era bom ou ruim.
— Gideon. você pode me soltar? Estou ficando desconfortável, — eu
pedi.
— Não, — ele brincou.
— Por quanto tempo você vai me segurar? — Eu perguntei, me
contorcendo sob ele para ficar em uma posição um pouco mais
confortável.
A resposta de Gideon fez meu coração palpitar de felicidade e algo
mais que eu não tinha certeza.
— Por quanto tempo eu quiser.
Capítulo 10
Agarrando o vestido deitado na minha cama, o coloquei no cabide. O
apoiei na cama e fiz o mesmo com todos meus vestidos, o que não
demorou muito, pois eram apenas seis.
A porta do quarto se abriu e Gideon entrou segurando um prato com
uma variedade de comidas e um tipo de sacola. Lançando lhe um olhar,
voltei para meus vestidos.
— Você não tomou café da manhã. — afirmou Gideon.
Eu apenas o ignorei, como vinha fazendo nas últimas duas semanas.
Pegando os vestidos, entrei no closet. Depois de pendurar os vestidos no
anuário, voltei para o quarto.
Gideon estava sentado na cama com o prato apoiado na coxa. A sacola
estava na cama. Sem olhar para ele. fiz meu caminho até a porta, ansiosa
para me afastar de Gideon. mas ele me impediu.
— Alice, pare de agir como uma criança e venha comer alguma coisa,
— disse Gideon com voz severa.
— Não estou com fome, — respondi. A verdade é que eu estava
faminta, mas só de olhar para a comida me sentia enjoada. Tive a
sensação de que poderia estar com um problema de estômago.
— Alice, volte aqui e coma alguma coisa, — repetiu Gideon.
Suspirando profundamente, decidi contar a verdade a Gideon. Não
importava que eu estivesse com raiva dele. Prometi ser uma boa esposa e
não quebraria minha promessa diante de Deus.
— Gideon, não estou me sentindo bem, por favor, não me peça para
comer. Não consigo nem olhar para a comida, — eu disse.
As sobrancelhas de Gideon franziram quando a preocupação tomou
seus olhos. Levantando-se, ele rapidamente caminhou até mim e agarrou
meus ombros.
— Como assim você não está se sentindo bem? — Gideon colocou a
mão na minha testa para verificar se eu estava com febre. — Você não
está com febre. Venha, sente-se. — Gideon me conduziu até a cama.
— Diga-me o que você está sentindo, — Gideon disse suavemente, me
surpreendendo com seu comportamento gentil.
— Eu me sinto bem, só enjoo quando olho para a comida, — eu
respondi, tentando não olhar para o prato cheio de comida.
— Enjoada como? Nauseada?? — Gideon perguntou.
— Sim, — eu disse.
Balançando a cabeça. Gideon se levantou. — Espere aqui. Eu volto já.
— Gideon entrou no banheiro e voltou depois de alguns segundos
carregando cinco pequenas caixas.
— Aqui, vá e pegue isto. Estarei aqui. — Gideon me entregou as
caixas. Meus olhos se arregalaram quando vi cinco testes de gravidez,
todos de empresas diferentes.
Meu coração começou a bater mais rápido enquanto minha boca ficou
seca com a ideia de estar grávida. Eu sabia que tinha me casado com
Gideon pelo bebê, mas agora, quando havia uma forte possibilidade de
que eu pudesse realmente estar grávida do filho de Gideon. fiquei
apavorada.
No entanto, fiz o que Gideon disse e fui ao banheiro ver se estava
grávida ou não. Fechando a porta atrás de mim, coloquei os testes na pia.
Com as mãos trêmulas, tirei os testes das caixas e. um a um. usei-os.
Uma batida soou na porta do banheiro. Abrindo a porta, me afastei
enquanto Gideon entrava no banheiro. Pegando minha mão, ele me
levou até a pia. onde estavam os testes de gravidez.
— Quanto tempo até sabermos os resultados? — Gideon questionou.
— Hmm, duas caixas dizem dois minutos, enquanto as outras três
dizem três minutos, — respondi. Minha mão foi para o meu colar
quando uma onda de ansiedade tomou conta de mim.
Gideon esfregou minhas costas de forma calmante, seus olhos nunca
deixando os testes. Enquanto isso, meus dedos continuavam torcendo o
colar em volta do meu pescoço. Eu não tinha certeza se deveria estar feliz
ou apavorada.
Se eu estivesse de fato grávida, obteria as cinquenta mil libras
restantes que Gideon me prometeu e cumpriria minha parte do trato,
mas a ideia de passar nove meses carregando um bebê e sofrendo de
hormônios e náuseas me fez desejar nunca ter concordado com esse
acordo.
Pegando todos os testes de uma vez, Gideon passou os olhos em cada
um. Eu apenas o encarei com os olhos arregalados, com medo de saber a
resposta.
Um sorriso apareceu no rosto de Gideon enquanto seus olhos se
iluminavam de felicidade. Meu coração afundou ao ver Gideon tão feliz.
Antes que ele pudesse dizer uma palavra, eu já sabia quais eram os
resultados dos testes de gravidez.
— Você está grávida. — Gideon sorriu para mim, um sorriso largo que
eu não tinha ideia de que Gideon era capaz. Colocando os testes na pia.
Gideon me pegou nos braços e me girou.
Pondo-me no chão. Gideon segurou meu pulso e juntos saímos do
banheiro. Quando chegamos à cama, Gideon colocou o prato de comida
na mesa de cabeceira e fez um gesto para que eu me sentasse na cama.
— Vamos visitar o médico assim que você comer alguma coisa, ok? —
Gideon pegou uma fatia de maçã do prato e me entregou.
— Estou com medo. Gideon, — sussurrei. Foi só quando as palavras
saíram da minha boca que percebi o que havia dito. Merda, Gideon não
deveria saber o que eu estava sentindo.
Colocando a fatia de maçã de volta no prato, Gideon segurou meu
rosto. — Por quê, fadinha? Por que você está com medo? — Gideon
nunca foi tão gentil comigo.
— Eu-eu não sei. — Eu chorei. Lágrimas queimaram meus olhos
enquanto meu coração se apertava de medo.
— Ei. — Gideon me envolveu em um abraço seguro enquanto as
lágrimas caíam livremente dos meus olhos.
Caramba, mulher, o que há de errado com você? Você nunca chora. Por
que você está chorando agora? Você está grávida, não está morrendo, pare de
chorar! Meu subconsciente repreendeu.
— Ssshhh, você não tem nada a temer. Estou aqui e não vou te deixar
nada de ruim acontecer.
entendeu? — Gideon beijou minha testa enquanto esfregava minhas
costas.
Uau, se eu soubesse que ele seria tão gentil e doce comigo quando eu
engravidasse, eu teria engravidado antes. Pelo menos então ele não teria
me chamado de prostituta.
— Eu sinto muito, — eu choraminguei. me afastando de Gideon. —
Eu não queria chorar.
— Tudo bem. Não se desculpe, — respondeu Gideon. beijando minha
têmpora.
Pegando o prato de comida, Gideon o colocou na cama. — Coma
alguma coisa e depois iremos ao médico.
— Gideon. realmente não consigo comer nada, por favor, — reclamei.
— Você tem que comer algo, bonitinha. Não seria bom para o bebê, —
afirmou Gideon.
— Mas eu realmente não consigo. Vou acabar vomitando, —
argumentei.
Gideon suspirou. — Tudo bem, vou te dizer uma coisa, se você comer
as frutas do prato, depois de uma visita ao médico iremos ver o seu
irmão, — disse-me Gideon.
— Mesmo? Você vai me levar para ver
Nico? Promete? — Eu realmente queria ver meu irmão: fazia tanto
tempo.
Ele deveria estar morando conosco agora, mas Gideon seguiu em
frente com suas consequências e ameaças, e Nico iria morar conosco
depois de mais duas semanas.
— Sim. mas primeiro você terá que comer as frutas do prato, —
respondeu Gideon.
Sem outra palavra, peguei uma das duas bananas do prato e
descasquei-a às pressas. Terminando a banana em três mordidas, joguei a
casca de volta no prato e imediatamente agarrei a outra banana.
Depois que as bananas acabaram, comecei a comer todas as oito fatias
de maçã, que não demorei muito para terminar.
— Feito. Vamos, — eu disse a Gideon.
— Ok, vá colocar seu chapéu, casaco e luvas. Não quero que você
pegue um resfriado, — ordenou Gideon.
Correndo até o closet. rapidamente peguei meu casaco, luvas e
chapéu. Saindo de lá, eu rapidamente coloquei meu casaco e deslizei
minhas mãos nas luvas de lã. Colocando meu chapéu, andei até ficar de
frente com Gideon.
— Pronto. Vamos. Eu quero ver meu irmão, — eu disse.
Apenas o pensamento de ver Nico depois de tanto tempo me fez
esquecer meu medo de estar grávida. Enquanto eu tivesse meu irmão,
nada poderia me derrubar. Nico era minha felicidade.
— Iremos primeiro ao médico, — disse Gideon enquanto saíamos do
quarto.
***

Gideon abriu a porta do consultório da doutora Beck. Não havia


muito na sala. Uma mesa foi colocada contra um canto, atrás da qual
estava sentada uma mulher que parecia ter seus trinta anos.
As paredes eram brancas, e uma delas tinha alguns certificados
emoldurados pendurados. Uma maca foi colocada contra a parede, com
uma daquelas cortinas de plástico penduradas em uma haste de metal.
— Senhor Maslow. que prazer vê-lo, — disse a doutora Beck com um
sorriso. Ela tinha um sorriso bonito, suave e doce.
Como o médico sabia quem era Gideon? Talvez Gideon tenha
marcado uma consulta antes de vir aqui. Ou talvez ele só fosse famoso o
suficiente para que todos o conhecessem.
— Chame-me de Gideon. e esta é minha esposa. Alice, — disse
Gideon. colocando o braço em volta dos meus ombros.
— Prazer em conhecê-la, senhora Maslow. Como posso te ajudar,
hoje?, — a doutora Beck disse sem rodeios. Isso foi bom.
— Minha esposa está grávida. Gostaria que você desse uma olhada
nela, verifique se ela está bem, — disse Gideon.
Em circunstâncias normais, a preocupação e o comportamento gentil
de Gideon me faria desmaiar por ele. Mas eu sabia que Gideon não estava
agindo dessa maneira por minha causa; ele estava agindo assim por causa
do bebê.
— Ah. presumo que o teste de gravidez tenha dado positivo? —
doutora Beck sorriu mais uma vez.
— Cinco deles deram positivo, — Gideon respondeu com orgulho.
A doutora Beck começou a me colocar na mesa de exame. Quando eu
fiquei confortável, ela disse: — Certo, você acha que está grávida de
quanto tempo... senhora Maslow?
— Hmm, nós nos casamos há duas semanas, então acho que duas
semanas, talvez uma, — respondi.
— E você nunca teve qualquer tipo de atividade sexual antes de se
casar?, — ela perguntou.
— Não, — respondi.
— Certo, tudo bem. Então, se você está grávida, é muito cedo para
dizer, porque não podemos fazer um ultrassom ainda, ou pode ser um
alarme falso, — afirmou a doutora Beck.
— Com licença, o que você quer dizer com alarme falso? Minha
esposa está grávida. Ela estava se sentindo enjoada hoje, — Gideon disse.
— Pode ser um simples problema estomacal. Sentir náuseas nem
sempre significa que a pessoa está grávida, — respondeu a doutora Beck.
— Todos os cinco testes de gravidez deram um resultado positivo, —
Gideon persistiu. Eu poderia dizer que as afirmações da doutora Beck
estavam começando a irritar Gideon.
— Os testes de gravidez nunca são cem por cento confiáveis, senhor
Maslow, mas vou tirar uma amostra do sangue de sua esposa para
verificar se há algum sinal de gravidez. — Gideon não ficou muito feliz
com a doutora Beck dizendo que eu não estava grávida.
— Tudo bem. mas estou dizendo que minha esposa está grávida. Eu
posso sentir isso. — Gideon murmurou a última parte para si mesmo.
— Ok. senhora Maslow, se você puder apenas estender seu braço, eu
vou tirar seu sangue. — Beck me disse.
Fiz o que ela disse e estendi meu braço direito. A doutora Beck veio e
ficou na minha frente. Após uma inspeção mais próxima, fiquei surpresa
ao ver exatamente como os olhos da médica eram azuis, e havia uma
espinha em sua bochecha esquerda.
A doutora. Beck removeu a tampa da seringa, esfregando um pouco
de líquido antisséptico em meu braço com uma bola de algodão. Ela
colocou a agulha onde havia esfregado o algodão. Estremeci quando a
agulha perfurou minha pele. Doeu quando o sangue vermelho deixou
meu corpo e fluiu para a seringa. A visão do meu sangue me enojou e me
fascinou.
Logo acabou. A doutora Beck retirou a agulha do meu braço e pôs um
curativo na área perfurada. Colocando a tampa de volta na seringa, a Dra.
Beck foi para trás de sua mesa e se sentou.
— Agora que tirei uma amostra do sangue dela, senhor Maslow, você
pode vir e coletar os resultados em três dias. — Doutora Beck então se
virou para mim.
— E faça outro teste de gravidez depois de uma semana, só para ter
certeza. Como precaução, estou prescrevendo algumas vitaminas. Não se
esqueça de tomá-las. Você pode voltar se tiver qualquer problema, —
disse ela.
— Obrigada, doutora, — eu disse.
— Bem, nós precisamos ir. Muito obrigado pelo seu tempo, doutora.
Beck. — Gideon se levantou e eu segui seu exemplo.
— Não é problema nenhum, — respondeu a doutora. Beck.
— Vamos, Alice. — Pegando minha mão, Gideon quase me arrastou
para fora do consultório da doutora. Beck e para fora do hospital.
Assim que entramos no carro, Gideon finalmente deixou escapar toda
a raiva que reprimiu enquanto estávamos com o ginecologista.
— Aquela médica estúpida, quem diabos deu o diploma pra ela? —
Gideon fervia de raiva. — Como diabos você não está grávida. Eu sei que
você está grávida. Eu posso sentir isso.
— Gideon, relaxe, a médica estava apenas sendo cautelosa. Ela não
veio direto e disse que eu não estava grávida. Ela apenas disse que é
muito cedo para saber, — eu disse suavemente, tentando acalmar meu
marido.
— Bem, ela deveria saber. Quero dizer eu sei que você está grávida. —
Ele fervia.
Bem, você não é um médico, afirmou meu subconsciente.
— Ignore-a. Se você acredita que eu estou grávida, então você deve
estar certo.
— Você está grávida. Ela nem deveria ser chamada de médica, já que
ela não consegue fazer seu trabalho direito. — ele retrucou.
Gideon não perdeu tempo e saiu do estacionamento do hospital. Tive
a sensação de que Gideon nunca mais voltaria a este hospital.
No entanto, mais uma vez, meus pensamentos estavam ocupados com
os do meu irmão mais novo. Eu estava tão animada para ver Nico depois
de duas semanas. Eu esperava que ele estivesse bem e feliz com Kieran.
Eu não confiava o Nico a ninguém. Se Kieran não tivesse cuidado
adequadamente do meu irmão, eu jurei a mim mesma que iria arrancar
seu coração e trocá-lo pelo de Nico.
Eu mal podia esperar para ver meu irmão mais novo.
Capítulo 11
— Qual é? Poderíamos estar trazendo o Nico conosco, — reclamei
enquanto Gideon e eu voltávamos para o castelo.
— Não, sua punição ainda não acabou, então Nico vai ficar com
Kieran por mais duas semanas, — Gideon respondeu, subindo as escadas
comigo atrás dele.
— Eu posso cuidar do meu irmão muito melhor do que Kieran. —
argumentei.
— Sim. mas Kieran está cuidando de Nico muito bem. Você viu com
seus próprios olhos, — disse Gideon.
Era verdade. Kieran estava cuidando de Nico melhor do que eu pensei
que ele faria. Kieran se certificou de que meu irmão tivesse tudo o que ele
queria ou precisava. Nico tinha de tudo lá. de brinquedos a jogos,
remédios e comida.
Quando Gideon e eu chegamos ao loft de Kieran, Nico correu até
mim e se jogou em meus braços fiquei mais do que feliz em abraçar meu
irmão mais novo.
Comemos um pouco, e Gideon não perdeu tempo em dar a notícia
sobre eu estar grávida para Kieran.
Mesmo quando eu disse a Gideon e Kieran que era muito cedo para
dizer, isso não impediu Kieran de gritar para o mundo inteiro como ele
seria um tio.
Depois de duas horas. Gideon e eu nos despedimos de Kieran.
Nico me perguntou quando eu iria visitá-lo novamente, mas não tive
uma resposta para isso, então fiquei mais do que feliz quando Gideon
disse a Nico que ele iria morar conosco depois de duas semanas, o que
deixou Nico radiante.
Implorei a Gideon que deixasse Nico vir conosco agora, mas ele foi
inflexível e disse que meu castigo não havia acabado e que precisávamos
passar um tempo nos conhecendo.
Não via sentido em nos conhecermos, já que Gideon tinha me
chamado de puta e tudo, mas discutir com ele era inútil.
Então, aqui estávamos nós, de volta ao nosso castelo, sem meu irmão,
comigo de mau humor e Gideon sendo o mesmo de sempre. Fomos para
o nosso quarto e meus olhos se concentraram na sacola, ainda sobre a
cama, que Gideon havia trazido antes. Eu me perguntei o que havia nela.
— O que há na sacola. Gideon? — Eu perguntei.
— Ah, eu esqueci. Comprei um vestido para você, — respondeu
Gideon. entregando-me a sacola, que parecia pertencer a alguma loja de
roupas caras.
Um sorriso cruzou meu rosto antes de sumir, enquanto eu olhava para
a sacola em minhas mãos. A palavra prostituta continuou ressoando em
minha mente enquanto eu olhava para a bolsa.
— Não posso aceitar isso. Gideon. mas obrigada mesmo assim, —
respondi, colocando a sacola de volta na cama.
Gideon franziu a testa enquanto tirava sua jaqueta. Vindo até mim. ele
pegou meus ombros suavemente. — Por quê? Você não gostou? Sempre
posso trocar e comprar um vestido que você goste, — ele me disse.
Minha raiva cresceu quando olhei para Gideon. — Você compra
roupas para todas as suas prostitutas?, — eu rosnei.
— O quê? — Gideon perguntou, espantado. — Não. porque você está
falando assim? — Por que ele estava agindo tão sem noção?
— Você esqueceu que me chamou de prostituta? — Ele sofria de uma
disfunção de memória?
— Pombinha, pare de dizer essa palavra. Na verdade, você não tem
permissão para xingar ou dizer qualquer tipo de palavra mim pelo resto
de sua vida, — afirmou Gideon.
— O quê? Por quê?! — Eu gritei.
— Porque você está grávida do meu bebê, e se você xingar, então o
bebê vai aprender a xingar, e por isso eu proíbo você de xingar de agora
em diante, — explicou Gideon.
— Isso é um absurdo, e foi você que me chamou de prost... — Gideon
me interrompeu colocando a mão na minha boca, efetivamente me
silenciando. Eu me debati e lutei para sair de seu controle, mas ele era
muito forte em comparação a mim e ao meu pequeno corpo.
— Diga aquela palavra horrível mais uma vez e saberá o que vai
acontecer, — advertiu Gideon. Meus olhos se arregalaram quando o
verdadeiro significado de suas palavras foi absorvido. Gideon iria
estender a estadia de Nico com Kieran se eu não fizesse o que ele
dissesse.
Tirando a mão da minha boca, Gideon me envolveu em um abraço.
Suas ações me pegaram de surpresa, e quando ele começou a beijar
minha testa, minhas bochechas e. finalmente, meus lábios, fiquei
paralisada de choque.
O que havia de errado com este homem? Em um momento ele estava
me chamando de prostituta, e no outro ele estava me calando sempre
que eu dizia essa palavra.
Se ele mantivesse esse tipo de comportamento, eu tinha a sensação de
que os próximos onze meses e meio seriam uma montanha-russa.
— Nunca diga essa palavra de novo, ou qualquer palavrão, ok? Você
não é... isso, — Gideon me disse.
— Eu não sou o quê?, — eu questionei, brincando com ele. Eu sabia o
que ele queria dizer, mas era divertido irritá-lo.
— Você sabe o quê. Aquela palavra que você disse... A coisa que eu te
chamei, você não é isso, — ele respondeu.
Meu coração floresceu de felicidade ao ouvir Gideon dizer isso. Ele
não achava que eu era uma prostituta. Eu som enquanto inalei seu
perfume. Meu marido não acreditava que eu fosse uma prostituta.
— Obrigada. Gideon. isso significa muito para mim, — disse eu. feliz.
— De nada, bonitinha, — murmurou Gideon. beijando o topo da
minha cabeça.
Liberando-me de seu abraço. Gideon deu um passo para trás. Pegando
a sacola da cama, ele me entregou mais uma vez. Hesitante, retirei a caixa
da sacola e comecei a abri-la.
Dentro da caixa estava um lindo vestido azul royal. Tinha um decote
halter neck e um broche em forma de flor logo abaixo do peito.
Coloquei o vestido em frente ao meu corpo e vi que ele ficou apenas
poucos centímetros abaixo dos meus joelhos. Era lindo e caro.
— Gideon. este vestido deve ser muito caro. Por que você o comprou?
— Corri minhas mãos sobre o material macio, me sentindo privilegiada
por Gideon ter comprado um vestido tão caro para mim.
— Não foi nada caro. Pelo menos agora que penso nisso, este vestido
não foi caro mesmo. — Gideon murmurou a última parte para si mesmo.
— O que você quer dizer? — Eu olhei para ele com um sorriso no
rosto.
— Nada. Vá experimentar, — Gideon insistiu.
— Hum. talvez mais tarde, eu quero falar com você sobre uma coisa.
— A única razão pela qual não queria experimentar o vestido era porque
tinha medo de estragá-lo. Eu nunca tive nada tão caro.
— Claro, o que é. fadinha? — Gideon se sentou na beira da cama ao
meu lado.
— Você encontrou um cardiologista para o meu irmão?, — eu
questionei.
— Sim. encontrei dois cardiologistas reconhecidos como os melhores
do Reino Unido. Podemos ir e falar com eles sobre seu irmão, e vamos
pedir a quem você achar que é melhor para operar Nico, — Gideon me
disse, instantaneamente aliviando minhas preocupações.
— Muito obrigado. Gideon. Você é tão gentil, — eu disse, dando um
suspiro de alívio.
— Claro, mais alguma coisa? — Gideon estava sendo tão doce. Desejei
que. uma vez que este contrato terminasse e Gideon e eu terminássemos,
eu encontrasse um homem exatamente como Gideon. exceto pela parte
em que ele era podre de rico.
Queria que meu namorado ou marido tivesse uma vida boa. mas não
podre de rico como Gideon. Eu queria alguém com meu próprio status.
— Sim. quando podemos encontrar os médicos? — Eu queria marcar a
cirurgia de Nico o mais rápido possível.
— Quando você quiser, — ele respondeu.
— Que tal depois de amanhã?, — eu sugeri.
— Tudo bem, vou marcar uma consulta com os dois médicos e depois
iremos conhecê-los, — disseme Gideon.
— Ok. obrigada, — eu disse.
— Ok, agora vou para o meu escritório. Tenho trabalho a fazer. Você
pode ir até a biblioteca ou sair no jardim, o que preferir, — afirmou
Gideon, levantando-se.
— Há uma biblioteca? Onde? Eu quero vê-la. — O fato de haver uma
biblioteca aqui me encheu de emoção. Eu adorava bibliotecas e livros, e
isso foi bom para Nico também.
— Sim. a biblioteca fica no sexto andar. Posso pedir a uma das criadas
que a leve até lá, — respondeu Gideon.
— Não. não incomode as criadas. Vou encontrar a biblioteca sozinha,
— eu disse.
— Tudo bem. mas apenas leia os livros bons da biblioteca e certifique-
se de que está em uma posição confortável. Nem pense em usar a escada
móvel para chegar às prateleiras mais altas. Use a escada fixa, entendeu?,
— Gideon instruiu.
— Por que ler apenas os livros bons? E o que há de errado em usar
uma escada móvel? — Este homem dava algumas instruções estranhas, às
vezes.
— Porque você está grávida agora, usar uma escada móvel é perigoso
para você. Você pode cair e se machucar e ao bebê. E você deve ler apenas
os livros bons, porque se você ler os livros ruins, isso terá um impacto
negativo no bebê.
Ele estava falando como se o bebê já estivesse aqui ou como se o bebê
tivesse poderes sobrenaturais onde ele ou ela saberia o que eu estava
lendo.
Mas eu não queria discutir com Gideon, especialmente quando ele
estava sendo tão doce comigo. Então, embora suas instruções
parecessem um pouco ridículas para mim. eu balancei a cabeça com um
sorriso.
— Ok, claro, como você diz. A propósito, quais livros são classificados
como bons? — Eu tinha que saber quais livros eram bons porque se
Gideon me pegasse lendo um livro que não fosse bom. eu estaria em
apuros.
— Enciclopédias, dicionários, livros de história, basicamente qualquer
tipo de livro didático. Fora isso, contos de fadas com finais felizes e
canções de ninar, coisas assim, — respondeu ele.
Eu não iria gastar meu tempo lendo canções de ninar. — Quantos
livros você tem na biblioteca? — Seria absolutamente incrível se Gideon
tivesse uma biblioteca enorme.
— A biblioteca ocupa três andares do castelo. Você saberá quando for
lá, — ele me informou.
— Quais andares a biblioteca ocupa? — Eu perguntei.
— Quinto, sexto e sétimo, — Gideon respondeu, caminhando para a
porta.
— Os livros estão divididos em corredores ou algo assim? — Eu
perguntei.
— Sim, não se preocupe em ir para o quinto andar. São os arquivos.
Você pode vagar pelo sexto andar, — respondeu Gideon. Ele foi tão
paciente ao responder minhas perguntas. Nem uma vez ele mostrou
qualquer sinal de aborrecimento ou irritação.
Abrindo a porta, Gideon saiu do quarto, deixando-me refletindo sobre
a biblioteca. Depois de colocar o vestido de volta na caixa e
cuidadosamente deslizar a caixa de volta para a sacola, coloquei a caixa
no armário e saí do quarto.
Subindo as escadas de dois em dois. Cheguei ao sexto andar
rapidinho.
Imediatamente, meus olhos caíram sobre o portão de metal que me
impedia de ir ao sétimo andar e descobrir quem era a mulher no retrato,
junto com o mistério dos andares acima.
Olhando para o teclado eletrônico, jurei a mim mesma que iria
descobrir a senha e subir ao sétimo andar.
Depois de fazer minha respiração voltar ao normal, vaguei pelo sexto
andar até chegar a um conjunto de portas duplas gigantes. Todas as
portas neste castelo eram enormes e grossas, mas estas levavam o
prêmio.
Feitas da mesma madeira escura do resto das portas, as portas duplas
tinham um entalhe intrincado. As maçanetas pareciam ser feitas de
algum metal nobre, talvez latão. Eu não tinha nenhum conhecimento
sobre metais.
Agarrando uma maçaneta, girei e empurrei a porta.
Meu coração saltou de excitação quando meus sentidos olfativos
detectaram o cheiro de livros novos e velhos. Sem perder tempo do lado
de fora, entrei na biblioteca e fechei a porta atrás de mim.
Foi como se eu tivesse morrido e ido para o céu ao contemplar a
biblioteca pela primeira vez. Procurei em todos os lugares, tentando
absorver cada pequeno detalhe de uma vez.
Um sorriso curvou meus lábios enquanto meus olhos percorriam os
vários níveis da biblioteca. Inclinei minha cabeça para trás enquanto
seguia as prateleiras até o topo.
Havia recantos de leitura e alcovas. junto com escrivaninhas e
cadeiras almofadadas. Não havia um único local sem livros. Prateleiras
sobre prateleiras estavam abarrotadas de livros.
Uni lustre pendurado no teto. Lâmpadas de leitura foram colocadas
em cada canto e em cada mesa, lançando brilhos suaves ao redor da sala.
A escada era sustentada por um corrimão, de desenho intrincado,
semelhante ao da porta. Essa biblioteca era o sonho de todos os leitores
de livros, e eu pude viver esse sonho.
Sem seguir as instruções de Gideon. desci as escadas e entrei nos
arquivos. A poeira dominou o ar quando respirei pela primeira vez perto
dos arquivos e imediatamente comecei a tossir.
Depois de tossir como uma louca, comecei a andar pelos arquivos.
Também havia inúmeras prateleiras aqui, mas quando comparadas às
prateleiras acima, essas prateleiras estavam empoeiradas e pareciam que
ninguém as tocava há anos.
Achei que os arquivos teriam caixas com arquivos inúteis, mas. no
geral, os arquivos pareciam uma biblioteca raramente visitada.
Meus olhos se arregalaram quando vi um corredor com o nome de
Kieran. Eu estava prestes a correr para ele, mas parei quando meus olhos
pousaram no nome de Gideon. Havia um corredor dedicado ao meu
marido.
Passando meus olhos por todos os corredores, descobri que todos os
membros da família Maslow tinham um corredor dedicado a eles.
Eu me perguntei se havia um corredor dedicado à mulher no retrato.
Mas mesmo se houvesse, como eu saberia? Eu não sabia o nome dela.
Suspirando de frustração, fui até o corredor que era dedicado a
alguém chamada Julia.
Numerosos livros, alinhados nas prateleiras de cima a baixo. Eu me
perguntei o que havia de tão importante nessa mulher que tinha tantos
livros em seu corredor. Colocando meus dedos no primeiro livro em que
meus olhos pousaram, puxei-o para fora.
O livro saiu facilmente, junto com uma nuvem de poeira que quase
me fez ter outro acesso de tosse. Sentada no chão, com as costas apoiadas
na prateleira de madeira, abri o livro.
Diário de Julia Marie Maslow
1821-1824
Ler o título me deixou sem fôlego. Isso era um diário?! Folheando
rapidamente as páginas, encontrei anotações no diário de três anos, uma
para cada dia. Esta mulher Julia registrou sua vida em seu diário.
Fascinante.
Sentindo-me como se tivesse tropeçado em um tesouro histórico,
coloquei o diário de volta em seu lugar e tirei outro de outra prateleira.
Lendo a primeira página, fiquei sabendo que era outro diário.
Depois de passar por diversos livros no corredor de Julia. descobri que
todos eram diários, registros de suas vidas. Planejando ler sobre Julia
outra hora, deixei seu corredor e pensei em qual corredor visitar a seguir.
Uma carranca desfigurou meu rosto quando vi um corredor sem um
nome. Curiosa, caminhei até lá e vi um corredor semelhante ao de Julia.
Achei que este corredor estaria vazio, pois não tinha nome, mas me
enganei.
Sem pensar, peguei o primeiro livro da estante e o abri. Em vez de
encontrar uma inscrição sobre a quem este diário pertencia, uma
imagem caiu.
Abaixando-me, peguei a fotografia e o rosto que vi me deixou sem
fôlego.
Era a mulher do retrato.
Capítulo 12
Olhando para a fotografia por alguns minutos, observei cada detalhe.
A fotografia era colorida, o que significava que não era tão antiga.
A mulher parecia ser muito jovem, não tinha mais de dezessete anos, e
estava ao lado de uma mulher, provavelmente uma amiga, já que
pareciam ter a mesma idade.
Ela estava usando um vestido rosa bebê muito bonito com um lindo
chapéu combinando. Sua amiga estava usando um vestido verde com um
chapéu combinando.
\ irei a fotografia para ver se havia um nome escrito, mas o verso
estava em branco.
Colocando a fotografia de volta, folheei o conteúdo do livro, mas não
encontrei nada. Estava em branco, vazio. Nem uma única palavra ou gota
de tinta estava presente no livro.
Achei que poderia haver pelo menos um nome me dizendo a quem
este diário pertencia, mas não, o livro inteiro estava vazio.
Sem desistir, coloquei o livro vazio de volta na prateleira e tirei alguns
outros. Folheei-os rapidamente e fiquei desapontada, pois estavam
vazios, tal como o primeiro.
Checando alguns outros livros, mas encontrando-os vazios, suspirei
de desapontamento. Além da fotografia, não havia nada sobre a mulher.
Alguém obviamente trabalhou duro para escondê-la... ou talvez
apagá-la.
Quando olhei para o relógio, meu coração pulou na garganta ao ver
que eram 131130. Era quase hora do almoço e, se Gideon me encontrasse
aqui, não ficaria feliz.
Decidindo voltar depois, tirei o pó das mãos e subi para o sexto andar.
No entanto, minha mente ainda estava presa no quinto andar.
De jeito nenhum eu desistiria de descobrir sobre aquela mulher. Teria
um ano para descobrir quem ela era. 365 dias para descobrir a verdade.
Peguei um livro aleatório da estante e me sentei na almofada fofa, que
estava bem ao lado da estante. O título do livro me dizia que era um livro
sobre plantas, chato.
Não gostava de estudar sobre plantas: elas eram entediantes. Mesmo
quando eu estava no colégio, orava para que o capítulo sobre as plantas
terminasse logo para que pudéssemos passar para o corpo humano.
Eu gostava muito mais do corpo humano do que das plantas.
No entanto, decidi ler o livro de qualquer maneira, não porque tivesse
desenvolvido um interesse repentino por várias plantas verdes, mas
porque se alguém viesse me procurar, me veria lendo um livro sobre
plantas e não vasculhando os arquivos como uma abelha em uma missão.
Talvez eu fosse até os arquivos e pesquisasse mais sobre a mulher
misteriosa. Eu sabia que ela era parente dos Maslows. Isso era óbvio, por
suas feições.
Mas que tipo de relacionamento ela tinha com eles? E por que não
havia sinal dela, a não ser o retrato na sala circular e a fotografia nos
arquivos? Ela estava morta?
Eu esperava que não. Ela tinha que estar viva.
— Senhora Maslow. — Eu pulei ao ouvir a voz repentina. Levantando
a cabeça do livro, não vi ninguém menos que Helga parada a poucos
metros de mim. Ótimo, nenhuma outra empregada aparentemente
poderia vir.
— Sim. Helga? — Tentei ser educada, mas não gostava dessa mulher.
— O almoço está pronto e o senhor Maslow está solicitando sua
presença, — ela me disse.
— Ok, descerei em alguns minutos, obrigada. — Eu sorri pra ela.
— Não. você vem comigo agora, — disse ela.
Helga. eu disse que estarei na sala de jantar em alguns minutos, —
repeti.
— Não, você deve vir comigo agora. Você não deve fazer o senhor
Maslow esperar. Ele é seu marido. — Agora eu realmente não gosto dela.
Só porque ela era a governanta chefe, não significava que ela era
minha chefe e poderia me dizer o que fazer.
Sim, mas você deve fazer o que ela diz ou Gideon vai ficar chateado com
você. Não há como Gideon ouvir o que você tem a dizer quando se trata de
sua empregada leal e de suas palavras leais, então não desperdice suas
palavras. Basta seguir a velha bruxa até a sala de jantar.
Foi uma daquelas raras ocasiões em que meu subconsciente estava
certo eu o ouvi.
Fechando o livro com um suspiro, me levantei e coloquei o livro de
volta em seu lugar. Batendo em minha roupa para ter certeza de que não
havia uma partícula de sujeira em mim. para que ninguém suspeitasse, fiz
um gesto para Helga mostrar o caminho.
Ela se virou e saiu da biblioteca, e eu a segui. Helga ficava olhando
para trás periodicamente para ter certeza de que eu a estava seguindo,
mas ela não disse uma única palavra, pelo que fiquei grata.
Eu não suportava que ela me mandasse obedecer a Gideon como as
mulheres do passado.
Quando entramos na sala de jantar, caminhei em direção a Gideon.
que estava sentado em seu lugar de costume, digitando no celular.
Tomando meu assento ao lado dele, coloquei uma colher de guisado no
meu prato, em seguida coloquei um pouco de salada ao lado do guisado.
Não disse nada a Gideon. Achei que ele estava muito ocupado, já que
não tinha tirado os olhos do telefone nenhuma vez desde que entrei na
sala de jantar.
Esfaqueando o frango com o garfo, comecei a comer, minha mente
pensando em várias explicações sobre a mulher.
Era confuso que essas pessoas fizessem tanto esforço para esconder a
existência de uma pessoa e ainda assim não se livrassem de todas as
evidências. Era como se eles quisessem apagar essa pessoa do mundo,
mas não conseguissem.
Mas. no final do dia. a questão ainda permanecia: quem era aquela
mulher?
Seria maravilhoso se Gideon decidisse fazer uma viagem de negócios
ou algo assim.
Eu, então, passaria o dia inteiro nos arquivos tentando encontrar algo
sobre a mulher misteriosa, lendo os diários de outra pessoa, já que seus
diários estavam em branco.
Deveria haver pelo menos um nome, como nos diários de Julia. mas,
não, seus diários eram novos.
Por que você não dá um nome a essa garota misteriosa? Você não pode
chamá-la de Mulher Misteriosa do Quadro para sempre, disse meu
subconsciente.
Eu concordei com ele, mas como eu poderia chamá-la? Ela era
delicada e parecia uma daquelas princesas reais que não faziam nada
além de olhar para joias brilhantes o dia todo.
Ela era bonita, no entanto. Talvez eu pudesse batizá-la com o nome de
uma flor. Seria mais fácil.
— Bonitinha...
Talvez eu devesse chamá-la de Rose, porque ela era bonita e usava um
vestido rosa. Ou talvez eu devesse chamá-la de Daisy, que significa
margarida, já que ela parecia tão delicada, ou talvez Lily fosse o nome
perfeito para ela. já que ela parecia tão pura quanto um lírio.
Sim. Lily era perfeito. Eu a chamaria de Lily até descobrir seu nome
verdadeiro.
— Pombinho...
Satisfeita por ter conseguido dar um nome para a mulher misteriosa,
minha mente mudou para o portão de metal na escada do sexto andar e
o teclado com números.
Eu precisava ser ligeira e descobrir qual era a senha, mas primeiro
tinha que verificar quantos dígitos eram necessários para destravar o
portão.
— Alice!
— Hein? O quê? — Olhei para Gideon. que estava me lançando um
olhar estranho. — Gideon. sinto muito, você disse alguma coisa? — Não
queria que Gideon suspeitasse de minhas atividades.
— Sim. mas parece que você está preocupada com algo. Está tudo
bem?, — ele perguntou com uma pitada de preocupação em sua voz.
Eu balancei a cabeça freneticamente. — Sim, sim. está tudo bem. Eu
só estava... Pensando em... Algo que li na biblioteca, — eu disse.
Eu sabia que Gideon não descansaria até que eu contasse a ele no que
estava pensando, e como não podia contar a ele o verdadeiro motivo de
estar perdida, decidi seguir com uma meia-verdade.
— Ah é? O que você leu? — Eu sabia que ele iria perguntar isso.
— Sobre... plantas. Eles são tão fascinantes, você não acha? — Eu não
conseguia acreditar que teria uma conversa sobre plantas.
— Eu acho. — Gideon me lançou um olhar interrogativo. — Mas se as
plantas são o que mais preocupa você, por que não escreve sobre elas?, —
ele disse.
Agora foi a minha vez de dar a ele um olhar interrogativo. — O que
você quer dizer?

Gideon encolheu os ombros. — E uma espécie de... coisa de Maslow.


Todos na família escrevem.
— Escrever, como um diário? — Então, escrever era uma tradição.
Não admira que todos tivessem prateleiras cheias de diários aqui.
Gideon acenou com a cabeça. — Exatamente isso. Cada membro da
família anota seus pensamentos em um diário. Eu sugiro que você faça a
mesma coisa, — ele me disse.
— Mas eu não sou exatamente da família. Eu só estou aqui por um
ano... — Eu parei, sem saber o que mais dizer.
— Você é família por enquanto, — veio uma nova voz. Virei minha
cabeça para ver Brenton, o irmão mais novo de Gideon, entrando na sala
de jantar. Eu não o via desde nosso casamento. Eu me perguntei onde ele
estava.
— Quanto disso você ouviu?, — eu perguntei.
— O suficiente para saber que concordo com meu irmão. — Brenton
se sentou à minha frente, ao lado de Gideon. — Gideon. por que você
não encomenda um diário para ela? Eu acho que um pequeno, — disse
Brenton.
— Um pequeno? — Os livros vêm em tamanhos? Os que vi nos
arquivos eram grandes e grossos.
— Sim. um com 365 páginas, já que o contrato é de apenas um ano, —
Brenton me informou. Essas pessoas eram tão prosaicas que era uma
loucura.
Eles falavam de fatos, como se os contratos e os fatos estivessem
gravados em pedra e nada pudesse mudá-los. Tipo, se meu contrato com
Gideon fosse de um ano. nada poderia mudar isso. Mas muitas coisas
podem mudar isso.
Se eu morresse nos próximos meses, o contrato deles estaria
encenado. Se eu não conseguisse dar um herdeiro a Gideon. o contrato
seria rescindido antes de um ano. Tantas possibilidades...
— Ligarei para a papelaria em algumas horas e darei a ordem de que o
diário seja entregue amanhã, para que ela possa começar a escrever, —
disse Gideon.
— Espere, eu não quero escrever. Diário é algo pessoal. E se alguém
ler? — Se Gideon insistisse que eu escrevesse, não escreveria sobre Lily.
Eu não podia confiar nas pessoas deste castelo, especialmente naquela
velha bruxa, Helga.
— Não se preocupe. O diário teria um cadeado. E se não. garanto que
ninguém vai ler o seu diário, nem eu. nem ninguém mais. E o seu diário e
só você terá o direito de vê-lo, — respondeu Gideon.
— Oh, e se eu ainda não quiser escrever?, — eu perguntei.
— Você não tem escolha. Você é um Maslow agora. Mesmo que você
seja apenas uma Maslow temporária, você ainda é uma Maslow, e é uma
coisa de família. Então, temo que você terá que escrever, mesmo que não
queira. — Brenton me informou.
— Aceita um diário de capa dura padrão ou gostaria de um
personalizado?, — Gideon questionou.
Dei de ombros. — Eu estou bem com qualquer coisa. Eu só tenho que
escrever nele. Não me importo com a aparência do diário, — respondi.
Nada muito foi dito depois disso. Gideon e Brenton discutiram
negócios enquanto eu terminava meu almoço. A ideia de escrever em um
diário me deixou meio nervosa. Eu não sei por quê.
Eu nunca tinha escrito em um diário antes, então escrever meus
pensamentos e segredos era algo estranho para mim. Como estava
acostumada a meditar nas coisas, fossem boas ou ruins, não sabia se
escrever era uma coisa boa ou ruim.
Assim que terminei de comer, pedi licença a Gideon e Brenton,
ansiosa para ir para o meu quarto e pensar mais sobre Lily, a senha e a
perspectiva de eu escrever um diário.
Assim que saí da sala de jantar, ouvi suas vozes altas e claras. Curiosa,
decidi ouvir a conversa deles. Eu não tinha intenção de espionar, no
começo, mas minha curiosidade venceu.
— Por que há um portão na escada do sexto andar?. — Brenton
perguntou a Gideon.
— Alice acidentalmente subiu lá. então instalei um portão caso ela
decidisse subir lá de novo. — Gideon disse.
— Bem. como vou subir lá e vê-la agora?, — Brenton questionou.
Que diabos? Brenton tinha permissão para subir lá e eu não? E quem
ele queria ver? Lily na foto? Ele queria subir lá e olhar um retrato?
— Vou te dar a senha. Apenas use e vá vê-la. mas faça isso quando
Alice não estiver por perto. Ela é curiosa e não quero que ela se envolva
em algo que não é da conta dela, — disse Gideon.
Isso não era justo. Brenton conseguiria a senha e eu não. Ah, por
favor. Deus, por favor, faça Gideon gritar a senha para que eu possa
escutá-la. Por favor. E quem era ele para decidir o que era da minha conta
e o que não era?
Eu posso ser sua esposa por apenas um ano. mas isso não significa que
ele tinha um direito de propriedade sobre mim. Eu sou minha própria
pessoa e decido com o que vou ou não me preocupar.
— Você sabe que falta apenas um mês, — disse Brenton a Gideon. Eu
fiz uma careta em confusão. Faltava um mês para quê?? O aniversário de
Brenton? O aniversário do pai deles? Aniversário da morte de alguém?
— Eu sei. Iremos juntos ao cemitério, — disse Gideon. Então foi o
aniversário da morte de alguém, mas de quem?
— Certo, vamos trabalhar neste contrato. Vou ligar para meu cliente e
marcar uma reunião, — disse Brenton.
O barulho de cadeiras sendo empurradas para trás foi minha deixa
para sair. Subindo as escadas de dois em dois, cheguei ao meu quarto em
pouco tempo.
Fechando a porta atrás de mim, respirei fundo, e minha mente estava
bagunçada e confusa. Essa família tinha muitos segredos.
E eu pretendia descobrir todos eles.
Capítulo 13
— Ei, você está bem?, — perguntei a Gideon, fechando a porta do
nosso quarto. Gideon estava sentado na cama, apoiado na cabeceira, com
uma expressão preocupada no rosto.
— Sim. estou bem. obrigado, — respondeu ele, mas eu poderia dizer
pelo olhar sombrio em seu rosto que ele estava tudo, menos bem. Eu me
perguntei o que havia de errado. Ele parecia perfeitamente bem ontem
com Brenton. mas agora ele estava quieto e sério.
Ele é sempre quieto e sério, afirmou meu subconsciente.
Eu discordei. Gideon era quieto e sério, sim, mas não assim. E na
metade do tempo, ele ria e fazia piadas. No momento, ele parecia...
Triste, e isso não caiu bem para mim. Por que ele estava chateado?
Tinha algo a ver com a pessoa cujo aniversário de morte estava
chegando? Ou era algo mais?
Subindo na cama, rastejei até Gideon e sentei de frente para ele.
Pegando sua mão na minha, dei um aperto suave para chamar sua
atenção. Quando Gideon olhou para mim. eu sabia que tinha conseguido
chamar sua atenção.
— Há algo incomodando você. Eu posso sentir isso, — eu disse.
— Não é nada, — murmurou Gideon.
— Você quer me dizer o que está te incomodando? — Esfreguei meu
polegar sobre sua mão.
— E por que eu iria querer te contar?, — ele estava agindo como
aquele Gideon que me chamou de prostituta.
— Porque... Eu sou sua esposa temporária, — eu disse.
— Sim. você é temporária, não permanente. Se você fosse minha
esposa real e permanente, eu poderia considerar contar a você, mas não
agora, — ele respondeu.
— Então, há algo incomodando você, — eu confirmei.
— Se eu disser sim. você vai me deixar em paz? — Uau. o que quer que
o estivesse incomodando, era sério.
— Não, eu fiz uma promessa na frente de Deus de ficar com você
durante os bons e os maus momentos, e não pretendo voltar atrás na
minha palavra, — disse a ele. me aproximando até que meu rosto ficasse
a poucos centímetros de distância do de Gideon.
— Sim, bem, é um casamento falso, então os votos que você fez não
importam. Saia daqui, — ele disse sem rodeios.
Meu coração apertou ao ouvir suas palavras. Ele estava sendo tão
rude, mas eu não iria embora.
Não só eu tinha feito uma promessa de ficar com Gideon nos bons e
maus momentos diante de Deus, como Gideon também estava me
pagando um milhão de libras para ser uma boa esposa para ele, e eu iria
dar-lhe o valor de seu dinheiro.
Eu não faria Gideon se sentir como se tivesse desperdiçado seu
dinheiro comigo.
— Este casamento pode ser falso, mas os votos que fiz eram reais. Eu
não vou te deixar quando você estiver angustiado. — Eu disse a ele com
firmeza.
— Eu acho que então você só vai perder seu tempo sentada aqui,
porque eu não vou dizer nada, — ele afirmou, virando a cabeça para olhar
pela janela.
Sem dizer nada, descansei minha cabeça no peito de Gideon e passei
um braço em volta de sua cintura. Gideon podia estar me dizendo para
deixá-lo em paz, mas eu sabia que ele não queria isso, ou talvez quisesse.
Eu não tinha certeza porque não o conhecia muito bem. mas o que
quer que fosse, eu não iria deixá-lo. Eu sabia o que era estar sozinho, sem
ninguém para conversar, ninguém para abraçar. Eu tive Nico. mas ele era
uma criança, e uma criança doente.
Eu não podia falar com ele sobre meus problemas financeiros, ou
qualquer outro problema, então eu sabia como era estar totalmente
sozinha.
E mesmo que Gideon não me contasse o que o estava incomodando,
pelo menos ele saberia que me tinha ao seu lado. Ele não se sentiria
sozinho.
— Não me toque. — Gideon tentou me afastar, mas eu o segurei.
— Você é meu marido. Eu tenho o direito de tocar em você... por um
ano. Você não pode roubar meus direitos quando foi você quem os deu
para mim. — Eu disse.
— Sabe, com você tagarelando sobre esse casamento, estou
começando a me arrepender de ter me casado com você, — ele retrucou.
Acalme-se. Não é ele falando. E aquela emoção negativa que está
governando sua mente no momento, dizendo todos os tipos de bobagens. Ele
não quis dizer isso...
— Bem, você cometeu um erro. Agora você deve lidar com isso, — eu
provoquei, tentando o meu melhor para não ser afetada por suas
palavras.
— Lembre-me de novo porque eu casei com você?
— Eu adoraria dizer por que você se casou comigo, exceto que você
nem mesmo me disse por que se casou comigo, apesar de eu estar
constantemente perguntando a você, — respondi, tentando o meu
melhor para permanecer forte.
— Cale a boca, — ele retrucou.
Suspirei profundamente, tentando manter minha compostura. —
Gideon. se você não pode dizer a sua esposa, o que está te incomodando,
então talvez você possa me dizer o que há de errado, como sua amiga? —
Eu sugeri.
Gideon zombou. — Amiga? Você ao menos sabe ser uma amiga?
— Sim, — respondi.
— Acho que não. Você nunca teve amigos, então como saberia ser
uma?, — ele rosnou.
— Eu sei ser uma amiga. E só que nunca tive tempo de fazer amigos
quando estava no colégio, — eu disse a ele suavemente, minha cabeça
ainda em seu peito e meu braço ainda em volta de sua cintura.
— Os amigos sabem quando o outro quer ficar sozinho, — afirmou
Gideon.
— Os amigos também nunca os deixam sozinhos, especialmente
durante os momentos difíceis, — argumentei.
— Os amigos sabem quando o outro não quer falar, — disse Gideon.
— Os amigos também falam uns com os outros porque conversar
ajuda, — rebati.
— Os amigos sabem quando calar a boca, — rebateu Gideon.
— Os amigos também sabem quando forçar os amigos a lhes contar
coisas, — declarei.
— Não tenho amigos, — disse Gideon.
— Eu posso ser sua amiga. Vou ouvir você sem julgamento. Vou tentar
o meu melhor para encontrar soluções para seus problemas. Eu ficarei
com você, não importa o que aconteça, e quando este ano terminar e o
contrato terminar, e você se casar com a garota certa para você, eu serei
sua amiga e o apoiarei em suas decisões.
Não serei sua amiga apenas por um ano. Serei sua amiga para o resto
da vida, — disse a ele com a maior sinceridade.
— Essas são promessas difíceis que você está fazendo. Tem certeza de
que seria capaz de lidar com tudo? — Gideon não sabia que eu tinha
lidado com coisas muito piores, mas eu não diria isso. Uma boa esposa
nunca sobrecarrega o marido.
— Eu prometo a você. Gideon. E eu nunca vou quebrar essas
promessas, — eu disse a ele enquanto olhava em seus olhos.
— Você tem uma boca grande para alguém tão pequena, — comentou
Gideon.
— O tamanho não importa, — eu rebati.
Gideon suspirou e depois ficou em silêncio. Coloquei minha cabeça de
volta em seu lugar original — no peito de Gideon. Tudo bem se Gideon
não me contasse o que o deixou com esse humor. Pelo menos agora ele
sabia que tinha uma amiga... Eu.
— E... minha mãe. E o aniversário de morte dela no próximo mês, —
afirmou Gideon. Sua voz continha tanta tristeza e desespero que
involuntariamente apertei meus braços envolta dele.
— Sinto muito, Gideon. Você gostaria de falar sobre isso? Sobre ela?,
— eu perguntei.
— Ela é a mulher mais incrível que já conheci. — Os lábios de Gideon
se curvaram em um sorriso triste. — Ela tinha o sorriso mais lindo e o
coração mais gentil. Ela tentou o seu melhor para ter certeza de que
todos estavam felizes.
Nunca houve um momento triste quando ela estava por perto. Ela nos
fazia sentir como se fôssemos seu filho favorito, mas a verdade é que ela
nos amava igualmente. E quando ela não sorria, era como se o sol não
tivesse nascido, — disse-me Gideon.
— Ela parece uma mulher incrível, — eu disse a ele com sinceridade.
Eu imaginei uma linda mulher com lindos olhos verde-mar e cabelos
dourados brilhantes que tiniram os mais lindos cachos. Em minha
mente, a mãe de Gideon parecia uma rainha, linda e real.
Hmm, ela era. Achei que nunca iria perdê-la. Achei que ela nunca iria
me deixar..., mas ela o fez. — Gideon murmurou a última parte.
Eu esfreguei seu peito de uma maneira calmante. — Você gostaria de
me dizer o que aconteceu com ela? — Eu não iria forçar Gideon a me
dizer algo tão difícil...
— Ela... Teve um... Acidente, alguns anos atrás. — Isso foi tudo que
Gideon disse, e eu estava bem com isso.
— Sinto muito por ouvir isso. Deve ser difícil para você visitá-la no
cemitério, — eu disse.
Gideon acenou com a cabeça, parecendo desamparado. — Sim, vou
com os meus irmãos porque não tenho forças para ir sozinho, para a
enfrentar assim. — Gideon olhou para o teto com amargura.
— Você deve pensar que homem fraco e patético eu sou. Quem dirige
uma empresa multinacional, mas não consegue nem mesmo visitar a
própria mãe em seu túmulo sozinho?
— Não, não é isso que eu penso. Acho você um homem muito forte,
que. apesar de sofrer com uma perda tão grande, ainda consegue dirigir
um negócio tão bem-sucedido. Se fosse outra pessoa em vez de você, que
amasse a mãe deles como você amou a sua, eles teriam sucumbido à
depressão e seus negócios teriam ido pelo ralo, — eu disse.
— Mesmo? Você acha isso? — Gideon questionou, seus olhos
procurando meu rosto por qualquer sinal de engano ou invenção.
— Sim. eu realmente acho. — Fiz questão de transmitir minha
sinceridade e honestidade com meus olhos. Eu levantei minha cabeça e
beijei a bochecha de Gideon.
— O que acontece é que... quero visitar o túmulo dela, como agora,
mas não consigo. Não consigo encontrar forças para ir vê-la agora, —
disse-me Gideon.
— Onde está o túmulo dela? — Eu estava com medo de ter feito uma
pergunta delicada, mas estava feliz por estar errada.
— Está aqui, no terreno da propriedade, — respondeu Gideon.
— Se você quiser, posso ir com você, — ofereci.
Gideon me lançou um olhar estranho, um olhar que dizia que ele não
tinha certeza se eu realmente quis dizer o que disse. Eu o beijei em
resposta, garantindo a ele que eu quis dizer o que disse.
— Você realmente iria comigo?. — Gideon perguntou.
— Sim, eu quero conhecer a mulher que criou um homem tão bom, —
eu disse com um sorriso.
— Ela está enterrada. Você não pode exatamente vê-la, — afirmou
Gideon.
— Você sabe o que eu quis dizer. — Eu dei um soco de brincadeira em
seu peito.
Gideon riu. um som que me fez suspirar de alívio. Finalmente, ele
estava sorrindo. Eu o fiz sorrir. Meu coração palpitou de felicidade
quando vi Gideon sorrindo.
— Ok, vamos então, — afirmou Gideon. se soltando de mim c
pulando da cama.
— Espere, agora? — Olhei para o relógio para ver que eram 6: 00 da
noite.
— Sim. a menos que você não queira ir... — Gideon pareceu inseguro
por um momento, mas eu não iria desapontá-lo.
— Quero. Deixe-me pegar meus sapatos. — Pulei da cama e corri para
dentro do closet. Pegando um par de sapatos pretos, coloquei-os, saí do
closet e me juntei a Gideon.
— Estou pronto. — Gideon pegou minha mão e me levou para fora do
quarto em direção ao cemitério.
Eu estava começando a me arrepender de minha decisão de vir ao
cemitério à noite. Eu estava tão empolgada antes, mas agora, toda aquela
empolgação havia bem e verdadeiramente me abandonado enquanto
pensamentos de espíritos errantes enchiam minha mente.
O cemitério não era exatamente meu lugar favorito, já que meus pais
estavam morando em um cemitério também, mas eu concordei com isso
por causa de Gideon. e eu queria conhecer sua mãe.
Se ao menos Gideon tivesse decidido visitar sua mãe pela manhã.
Estava terrivelmente silencioso, exceto pelo farfalhar das folhas: os
grilos também estavam quietos, o que era estranho, pois eles estavam
sempre fazendo barulho. O sol estava quase se pondo, lançando um
brilho laranja-roxo.
As. árvores eram enormes, com bases sólidas. Uma brisa fria acariciava
nossa pele e eu tinha certeza de que meu nariz estava ficando rosa.
Gideon ficou em silêncio ao meu lado, apenas caminhando mais e
mais na floresta, seu aperto na minha mão nunca afrouxando. Segurei a
mão de Gideon com força, não querendo me soltar e me perder nesta
floresta escura.
Finalmente, depois de quinze minutos caminhando em uma terra
lamacenta e ligeiramente irregular, saímos da floresta e entramos no que
eu tinha certeza ser o cemitério de Maslow.
Havia centenas de lápides, todas alinhadas horizontalmente. Todos os
túmulos estavam limpos. Nada parecia fora do lugar: apenas lápides
brancas erguidas na grama verdejante.
Sem dizer uma palavra. Gideon me levou para o lado esquerdo do
cemitério. Ele não parou para me apresentar a nenhum de seus parentes
e ancestrais mortos, apenas continuou andando em frente.
Depois de mais dez minutos. Gideon finalmente parou na frente de
uma grande lápide. A lápide não era redonda no topo, mas plana, como
um retângulo. A escultura na lápide parecia recente. As palavras nela,
diziam:
Teresa Rose Maslow
1962-2006
Amada mãe e esposa
— Esta é minha mãe. Teresa, — disse Gideon.
— Você gostaria que eu lhe desse um pouco de privacidade?, — eu
perguntei.
— Ah, você pode ficar ali? — Gideon apontou para um espaço que
ficava a um metro e meio de onde estávamos.
— Certo. — Eu sorri e apertei seu braço. — Eu estarei aqui se você
precisar de mim. — Fui para onde Gideon me instruiu.
Fiquei feliz por Gideon não ter me mandado para longe. Eu não acho
que teria sobrevivido vagando por um cemitério no escuro. Tentando
não deixar minha mente se preocupar com os cadáveres ao meu redor,
concentrei minha atenção em meu marido.
Gideon se ajoelhou na frente da lápide, sem se importar que suas
calças ficassem sujas. Eu vi seus lábios se movendo, mas não pude ouvir o
que ele estava dizendo. Gideon acariciou o chão, uma lágrima solitária
escapando de seus olhos.
Meu coração quebrou ao ver Gideon assim. O homem parecia
intocável para o mundo, mas aqui estava ele, ajoelhado em frente ao
túmulo de sua mãe. baixando a guarda, chorando por sua mãe que não
estava mais aqui.
Apesar do que eu li sobre Gideon Maslow ser implacável e selvagem,
eu sabia que Gideon não era nada como o mundo o retratava. Ele era
gentil, ele era generoso e, acima de tudo... ele era humano.
Depois de algum tempo, Gideon se levantou e virou a cabeça para
olhar para mim. Eu dei a ele um sorriso caloroso e reconfortante. Ele
estendeu a mão para eu pegar, o que fiz depois de dois segundos de
hesitação.
Gideon me colocou cara a cara com a lápide, e quando ele sorriu
olhando para o mármore branco, eu senti como se estivesse me
intrometendo.
— Mãe, esta é Alice, minha esposa, — disse Gideon. — Ela está grávida
e vamos ter um bebê em breve. Gostaria que você estivesse aqui para ver
e segurar seus netos, — disse Gideon para a lápide.
— Tenho certeza que ela pode ver seus netos do céu. e tenho certeza
que nosso bebê terá um anjo da guarda. — Eu olhei para a lápide quando
disse a última parte.
No entanto, as palavras seguintes de Gideon fizeram meu coração
disparar, quando ele olhou para a laje de mármore e proferiu as palavras
que eu não sabia que estava desejando ouvir.
— Ela também é minha amiga, minha única amiga.
Capítulo 14
Tentei amarrar os cadarços, mas meus dedos trêmulos dificultaram o
procedimento.
Respirando fundo, tentei estabilizar meu batimento cardíaco e meus
dedos, mas os pensamentos girando em minha mente tomavam quase
impossível me acalmar.
Gideon chegaria a qualquer minuto e, se visse que eu não estava
pronta, não iria gostar. Ele já havia cancelado suas reuniões do dia para
mim. e se eu perdesse mais tempo, provavelmente deveria pular de um
penhasco.
— Você está pronta para ir. pombinha? — Gideon entrou no quarto,
colocando as mãos nos bolsos.
— Sim estou pronta. Vamos, — respondi, rezando com todas as
minhas forças para que Gideon não visse os cadarços soltos dos meus
sapatos.
Mas quando Gideon baixou o olhar para os meus pés, amaldiçoei
minha sorte. — Você não amarrou os cadarços.
— Sim. mas não importa. Vamos nos atrasar. Vou amarrá-los no carro.
— Acrescentei a última parte quando vi que Gideon não parecia
convencido.
— OK. vamos lá. — Virando-se, Gideon saiu do nosso quarto. Suspirei
e o segui, meu coração ainda batendo forte contra meu peito, de
ansiedade.
Eu estava tentando tanto me acalmar e não fazer com que parecesse
grande coisa, mas era grande coisa e eu não podia fazer nada a respeito.
Gideon e eu íamos visitar os dois cardiologistas hoje, e eu escolheria
um para fazer a cirurgia no meu irmão. Eu estava tão nervosa com isso
que mal tinha tomado café da manhã.
Eu simplesmente não conseguia acreditar que algo que eu ansiava por
toda a minha vida estava finalmente ao meu alcance, e isso era algo que
me empolgava e ainda assim me assustava.
Eu estava animada porque meu irmão estava bem agora e iria para a
escola e brincar com crianças de sua idade, mas eu estava com medo de
perdê-lo ou da cirurgia não dar certo.
Assim que Gideon e eu chegamos ao carro, franzi a testa quando vi
um motorista de aparência mais velha, com cabelos prateados e pele
pálida. Onde estava Bernard? Ele era o nosso motorista habitual.
O motorista abriu a porta, permitindo que Gideon e eu nos
acomodássemos lá dentro. Assim que a porta se fechou, perguntei: —
Onde está Bernard?
— Eu o designei para outras funções. Ele agora vai me levar para o
trabalho e me trazer para casa. — Gideon respondeu, seus olhos de
repente ficando duros.
— Por quê? Porque você fez isso?, — eu perguntei.
— Eu não quero Bernard perto de você. Uma vez foi mais do que
suficiente, — ele rangeu os dentes.
— Por quê? O que há de errado em Bernard estar perto de mim? — Eu
perguntei.
Gideon apenas me olhou de volta. — Eu não confio em você perto
dele. Você é... imprevisível, — ele murmurou.
A confusão reinou por quase cinco segundos antes de eu perceber do
que Gideon estava falando. A culpa e a vergonha tomaram conta da
minha mente, eu corei e desviei o olhar.
Gideon ainda estava bravo com toda a coisa do Bernard, embora eu
tenha prometido a ele que nunca faria algo assim novamente.
— Eu prometi a você que não faria nada assim nunca mais, então você
não precisa mudar a posição de Bernard por minha causa, — eu disse.
— Não importa. Já está feito e pare de se preocupar com Bernard. Não
é como se ele estivesse recebendo menos do que eu já estava pagando, —
Gideon respondeu secamente.
Mordi meu lábio para me impedir de discutir com ele. Em vez disso,
meus dedos encontraram o caminho para o meu colar enquanto eu
contemplava como seria a reunião com os médicos.
Eu só queria que a cirurgiã de Nico fosse bem-sucedida e o mais não
invasiva possível. Depois de pesquisar online sobre tratamentos de VSD e
outras cirurgias, aprendi que as cirurgias invasivas tomam o corpo sujeito
a todos os tipos de infecções.
— Você está nervosa, — comentou Gideon. fazendo-me pular.
— Não. eu — eu estou bem, — eu menti, meu coração martelando
contra o meu peito enquanto nos aproximávamos do hospital.
— Você está mexendo no seu colar e os cadarços ainda estão soltos, —
observou Gideon.
— Eu brinco com meu colar o tempo todo, — eu disse, tentando
disfarçar minha mentira.
Gideon balançou a cabeça. — Não, você só toca seu colar quando está
nervosa. A propósito, você não deve torcer tanto a corrente. O colar é
velho e a corrente pode quebrar, — Gideon me disse.

— É uma corrente forte, assim como meu irmão. — Eu sorri


tristemente, mas não parei de torcer a corrente em volta do meu dedo.
Fiquei surpreso quando Gideon pegou minha mão na sua. A calma se
espalhou por mim quando senti como a mão de Gideon estava quente.
Eu gostava de mãos quentes. Elas me deram conforto como nada mais.
Desejei que, assim que este ano acabasse e eu começasse a procurar
um marido, ele também tivesse mãos quentes.
— Diga-me o que a está incomodando, — Gideon pediu.
Balançando minha cabeça, eu sorri. — Nada. Gideon. Estou bem, —
eu menti novamente.
— Se não houvesse nada incomodando você, você não estaria sentada
assim, — argumentou Gideon.
— Sentada como?, — eu perguntei.
— Rígida... Tensa... Tomo um arco pronto para atirar a flecha. Então
venha. Diga-me o que está pensando, bonitinha afirmou Gideon.
esfregando minha mão.
— Não é nada. Não se preocupe com isso. A propósito, obrigada, — eu
disse.
— Obrigada por quê? — Gideon questionou.
— Por tudo, por conseguir as consultas médicas, cancelar suas
reuniões e tudo. Significa muito para mim você passar por tantos
problemas por uma estranha, então, obrigada. — Eu disse.
— Esta estranha não é uma estranha. — Gideon sacudiu meu nariz. —
Esta estranha é minha esposa... E minha amiga, — afirmou.
Meu coração floresceu de felicidade ao ouvir Gideon me chamando de
esposa e amiga. Foi a primeira vez que ele não usou a palavra temporário
junto da palavra esposa, e ele me chamar de amiga me fez dançar feliz em
minha mente.
No entanto, evitei que meu coração se sentisse feliz. Embora as
palavras de Gideon tenham feito meu coração disparar, o que resultou
em eu sentir uma quedinha pelo meu marido temporário, tentei o meu
melhor para não deixar suas palavras me iludirem.
Tinha que ter cuidado com Gideon. Ele sabia exatamente o que fazer e
dizer para me deixar feliz, e eu não podia me dar ao luxo de me apaixonar
por ele; isso só terminaria em desastre.
— Estou bem. de verdade, — eu repeti. Eu não contaria a ele o que
estava me preocupando. Eu simplesmente não estava confortável.
Gideon já havia passado por tantos problemas por mim. e eu não iria
sobrecarregá-lo com meus problemas.
Eu não estava acostumada com isso e não planejava me acostumar a
compartilhar meus problemas com ninguém tão cedo.
De repente. Gideon largou minha mão e virou a cabeça para olhar pela
janela. A perda de contato me fez sentir frio.
— Gideon. o que há de errado?, — eu perguntei preocupada.
— Nada está errado. Por que algo estaria errado? — ele perdeu a
cabeça.
Tentei fazê-lo olhar para mim. mas ele apenas me deu de ombros, seu
rosto ainda virado para longe de mim. Removendo meu cinto de
segurança, me arrastei para o colo de Gideon. o que o pegou de surpresa.
Envolvendo meus braços em volta de sua cintura, coloquei minha
cabeça em seu peito.
— Me diga o que está errado. Fiz algo de errado? — Eu inalei o rico
perfume de Gideon, o que fez meu coração bater forte e latejar contra
minha caixa torácica.
— Eu estava certo quando disse que você seria uma amiga horrível, —
afirmou Gideon.
Franzindo a testa, eu olhei para ele. — O que você quer dizer? — Eu
agora estava preocupada. Eu queria ser uma boa amiga para Gideon,
então ele dizer que eu era uma amiga ruim fez eu me sentir péssima.
— Você disse que amigos falam sobre coisas porque conversar ajuda.
Falei com você sobre minhas coisas e o que estava me incomodando, e
agora você não está fazendo o mesmo. Você é uma hipócrita, —
reclamou.
Suspirei antes de colocar minha cabeça no peito de Gideon. — Só não
estou acostumada a falar sobre meus problemas com ninguém, — eu
disse.
— E você acha que eu estou? Eu nunca confiei em ninguém na minha
vida, exceto minha mãe. Você foi a segunda pessoa com quem conversei
sobre meus problemas e a única que sabe como me sinto ao visitar o
túmulo de minha mãe sozinho. Mas você não está me mostrando a
mesma cortesia, e isso não é justo, Alice, — ele disparou de volta.
A culpa apunhalou meu coração. — Eu sinto muito. Tentarei te contar
sobre meus problemas, mas não será fácil para mim e não quero
incomodá-lo com meus problemas. Você já me deu muito e oferecer sua
companhia é demais. Você não devia ser tão legal comigo, — eu disse.
— Você disse que é minha amiga para o resto da vida. Bem. isso
significa que eu também sou seu amigo, então me diga o que está
acontecendo, — Gideon cutucou.
— E bobo. Não há necessidade de se envolver na minha bagunça. —
Suspirei.
— Eu vou te dizer mais uma vez para me dizer o que está
acontecendo. Se não o fizer, pode esquecer que somos amigos, —
afirmou Gideon.
— Ok, tudo bem. Estou nervosa com o que os médicos dirão sobre a
cirurgia de Nico. Toda a minha vida orei a Deus por este dia — o dia em
que meu irmão faria a cirurgia e ficaria perfeitamente bem — e agora que
está aqui, estou apavorada.
E se algo der errado? Eu não posso viver sem Nico. Ele é minha única
família, e eu morreria se algo acontecesse com ele, — eu disse, com
lágrimas nos olhos.
Mas assim que as palavras saíram, me senti relaxada: o aperto no meu
peito não existia mais.
— Fadinha, acredite em mim quando digo que vou garantir que seu
irmão faça a cirurgia e viva a vida como um menino normal de dez anos.
Nada vai acontecer com Nico. Eu prometo a você, — afirmou Gideon.
— Você disse que os médicos que vamos encontrar são os melhores,
certo?
— Sim.
— Mas então, eles vão pedir muito dinheiro para fazer uma cirurgia
no meu irmão, e eu não tenho certeza se tenho dinheiro suficiente.
— Saberemos quando encontrarmos os médicos, — respondeu
Gideon.
O carro finalmente parou, avisando que havíamos chegado ao nosso
destino. O motorista abriu a porta e Gideon saiu, seguido por mim.
Eu tinha amarrado os cadarços, o que era bom porque, caso contrário,
estaria tropeçando nos próprios pés. Pegando minha mão. Gideon me
levou para dentro do hospital.
Assim que entramos, as paredes brancas estéreis me lembraram das
inúmeras vezes que estive aqui. Essas paredes me apoiaram quando meu
pai adoeceu e deixou o mundo.
Essas paredes foram minha constante quando minha mãe lutou
contra sua doença e perdeu. E essas paredes eram o que me saudava cada
vez que eu trazia meu irmão aqui.
Não importa onde eu estivesse, em qualquer país em que estivesse, as
paredes brancas dos hospitais sempre estariam lá, familiares.
Era doentio pensar que tinha começado a considerar os hospitais uma
espécie de amigo, embora tivesse perdido metade da minha família aqui.
Talvez os hospitais fossem meu inimigo.
Este hospital era luxuoso. O chão estava completamente limpo, e
talvez fosse só eu e minha imaginação maluca, mas o cheiro de
desinfetante no ar parecia forte para mim. como se fosse caro.
As cadeiras da área de espera eram limpas e lisas, e as enfermeiras
agitadas ao redor estavam bem-vestidas. Aposto que este hospital serve
comida incrível.
Gideon nos levou até a recepção e, depois de perguntar à senhora de
quarenta e poucos anos sobre o doutor Hallaway, ele me levou ao
segundo andar.
Batendo na porta, que tinha uma placa pregada com o nome Dr. Paul
Hallaway, Cardiologista, entramos na sala.
O consultório do doutor Hallaway era grande e arrumado. Havia uma
mesa que parecia ser feita de carvalho contra uma parede, com o doutor
Hallaway sentado atrás dela em uma cadeira giratória.
Sua mesa tinha alguns arquivos, papéis e alguns itens de papelaria. O
resto da sala consistia em um sofá, uma mesa de centro e uma tela de
plasma contra uma parede.
O próprio médico parecia ter quarenta e poucos anos, cabelos
levemente grisalhos, olhos azuis calorosos, pele pálida e lábios carnudos,
que se curvavam em um sorriso caloroso e acolhedor.
Ele tinha cerca de um metro e oitenta, alguns centímetros mais baixos
que Gideon. Ele estava vestido com as roupas usuais de médico, com um
jaleco branco imaculado com calça preta e uma camisa azul claro.
— Senhor Maslow, é um prazer conhecê-lo. Por favor, sente-se, —
disse o doutor Hallaway. Ele tinha uma voz profunda, porém calorosa, o
que me deixou confortável perto dele.
— Obrigado, doutor Hallaway, esta é minha esposa, Alice. Nico é
irmão dela, — disse Gideon ao médico.
— Certo, prazer em conhecê-la, senhora
Maslow. Como você está?, — o doutor Hallaway me perguntou.
— Estou bem, obrigado pelo seu tempo, doutor Hallaway, — respondi
educadamente.
— Tudo bem. vamos falar sobre o seu irmão, então? — Fiquei feliz que
o doutor Hallaway não perdeu tempo com conversa fiada, mas foi direto
ao assunto.
— Sim. por favor. — Minha mão mais uma vez voou para o meu colar.
O doutor Hallaway removeu um arquivo da pilha em sua mesa e o
abriu. Meu coração voltou a bater normalmente quando vi o nome de
Nico no arquivo.
Este era o arquivo do caso de Nico: tudo, desde a primeira vez que ele
foi diagnosticado com VSD até a última vez que ele visitou o hospital,
estava naquele arquivo.
Continha de tudo, desde a história de nossa família até os inúmeros
medicamentos prescritos para Nico.
— Então, eu examinei o arquivo do seu irmão
— Sr. Maslow me trouxe seu arquivo há duas semanas — e posso
garantir que a cirurgia não é arriscada. Há três maneiras de fechar o
buraco no coração do seu irmão. Seja qual for a maneira que você
escolher, eu a usarei, — disse Hallaway.
Quando ele disse que a cirurgia não seria arriscada, metade das
minhas preocupações foi embora.
— Você poderia me dizer as três maneiras?, — eu pedi. Agarrando a
mão de Gideon. dei um aperto, o nervosismo me dominando mais uma
vez.
Doutor Hallaway acenou a cabeça com um sorriso. — Certamente. O
primeiro procedimento é conhecido como reparo cirúrgico. Este
procedimento geralmente envolve cirurgia de coração aberto sob
anestesia geral. Vamos usar uma máquina de circulação extracorpórea.
Vou fazer uma incisão no tórax e vou usar um remendo para bloquear o
orifício ou apenas costurar o orifício, — informou-me.
— Qual é o segundo procedimento? — O primeiro envolveu cirurgia
de coração aberto, que é invasiva. Se a segunda e a terceira opções não
envolvessem uma cirurgia de coração aberto, eu optaria por uma delas.
— O segundo é conhecido como procedimento de cateter. Para isso
eu não precisaria abrir o tórax, mas vou inserir um tubo fino dentro da
virilha e guiar esse tubo até o coração e fechar o orifício com uma tela, —
ele me disse.
— E qual é o terceiro? — Gostei da segunda opção: não envolveu uma
cirurgia de coração aberto.
— O terceiro procedimento é denominado procedimento híbrido.
Este procedimento envolve procedimentos cirúrgicos e de cateter. Vou
ter acesso ao coração fazendo uma pequena incisão, e não precisaríamos
parar o coração nem nada. Vou inserir o dispositivo de fechamento
através do cateter, colocando o cateter na incisão, — respondeu o doutor
Hallaway.
— Qual procedimento é melhor? — Eu perguntei.
— Todos os três procedimentos têm boas chances, mas o
procedimento híbrido tem uma recuperação mais rápida. E. claro, farei
um acompanhamento de tempos em tempos para garantir que o VSD
permaneça fechado, — respondeu o doutor Hallaway.
Eu balancei a cabeça e deixei suas palavras afundarem. O médico
tinha me explicado totalmente como a cirurgia seria realizada, e não
havia preocupação ou nada parecido em seu rosto, o que diminuiu
minhas preocupações com a cirurgia.
No entanto, eu não tomaria nenhuma decisão antes de conhecer o
outro médico.
— Podemos ir ao encontro do outro médico e então tomarei minha
decisão?, — eu disse a Gideon. que acenou com a cabeça e se levantou.
— Muito obrigado pelo seu tempo, doutor Hallaway. Vamos pensar
sobre isso e entrar em contato para informar qual procedimento
decidimos utilizar, — disse Gideon. Depois de apertar a mão do médico.
Gideon pegou minha mão e me levou para fora do consultório do doutor
Hallaway.
Pensei em ir para um hospital diferente, mas Gideon me levou para
outro andar e para outro quarto, que parecia uma sala de estar.
Havia alguns sofás e plantas em vários cantos da sala. No meio dos
sofás havia uma bela mesa de vidro.
Sentado em um dos sofás, tinha um homem estava vestido
semelhante ao doutor Hallaway, mas onde o doutor Hallaway tinha
cabelos levemente grisalhos, este homem tinha cabelos prateados como o
nosso novo motorista.
Ele estava usando óculos de armação de metal, o que mostrava
claramente seus olhos castanhos. Ele tinha uma barba pequena e seu
rosto apresentava algumas rugas.
— Doutor Loft, que bom ver você, — Gideon cumprimentou.
O doutor Loft se levantou e apertou a mão de Gideon. Ao contrário
do doutor Hallaway, o doutor Loft nos deu um sorriso tenso. Sua postura
não era relaxada ou acolhedora profissional e imparcial.
Eu não me sentia confortável na presença do doutor Loft como me
sentia na presença do doutor Hallaway.
Sem dizer uma palavra, o doutor Loft se sentou no sofá enquanto
Gideon e eu nos sentamos em frente. O doutor Loft abriu o arquivo de
Nico e começou a nos contar todos os procedimentos e a taxa de
sobrevivência de cada procedimento.
O problema com este médico era que ele estava usando muitos
termos médicos, que eu não conseguia entender, e em vez de aliviar
minhas preocupações sobre a cirurgia. ele primeiro me contou todos os
problemas que poderiam ocorrer durante a cirurgia e então me disse
como a cirurgia era segura.
Tive a sensação de que muitas pessoas não se sentiam confortáveis
com este médico: ele não era legal.
Mas este médico tornou minha decisão mais fácil. Depois de falar com
o doutor. Loft por vinte minutos, minha mente estava tomada. Eu
chamaria o doutor Hallaway para fazer o procedimento no meu irmão.
Claro, doutor Loft era um profissional, mas como eu poderia escolher
o médico que constantemente me preocupou com as informações que
estava me dando, sobre o médico que me deu os fatos, mas também
aliviou minhas preocupações?
Doutor Hallaway foi minha escolha, e eu avisaria Gideon assim que
voltássemos para casa.
Felizmente, a reunião com o doutor Loft terminou rapidamente. Eu
estava muito feliz em me afastar dele. Soltei um suspiro de alívio quando
Gideon e eu voltamos para o carro e o motorista saiu do estacionamento.
— Doutor Hallaway, — eu disse.
— O quê?
— Eu quero que o doutor Hallaway faça a cirurgia. Eu não gostei do
doutor Loft, muito profissional e frio. O doutor Hallaway teve mais
cirurgias bem-sucedidas do que o doutor Loft, certo? — Eu questionei.
— Doutor Hallaway e doutor Loft são ambos excelentes médicos, mas
tudo bem. vou deixar o doutor Hallaway saber que decidimos fazer com
ele a cirurgia e perguntar sobre outros detalhes, — respondeu Gideon.
Eu sorri, sabendo que um bom medico cuidaria do meu irmão. —
Gideon. por que os dois médicos estavam no mesmo hospital?
— Doutor Hallaway trabalha no hospital, e pedi ao doutor Loft que
viesse ao mesmo hospital para que não perdêssemos tempo fazendo a
viagem, — respondeu Gideon.
Eu balancei a cabeça e fiquei em silêncio, pensamentos de Nico e sua
próxima cirurgia invadindo minha mente. Senti paz depois de muito
tempo, por saber que meu irmão realmente teria um futuro.
Capítulo 15
Duas semanas passaram com muita atividade. Assim que Gideon ligou
para o doutor Hallaway informando-o sobre nosso consentimento para a
cirurgia, o médico pediu que levássemos Nico ao hospital para exames e
outras coisas médicas.
Nessas duas semanas, fizemos várias viagens ao hospital, realizando
todos os tipos de testes malucos.
Então, quatro dias atrás, o doutor Hallaway nos disse para internar
Nico no hospital e proceder com o pagamento da cirurgia, que me custou
cerca de vinte mil libras. E agora, amanhã era o dia em que Nico
finalmente faria sua cirurgia.
— A que horas vamos ver Nico? — Perguntei a Gideon.
— Assim que almoçarmos, iremos ver Nico, — ele respondeu com um
sorriso.
Eu balancei a cabeça, mas meu coração não relaxou. Eu queria ir para
o meu irmão. Quem sabia como ele se sentiria sozinho no hospital?
Kieran estava com ele, mas eu me sentiria melhor sabendo que estava
com meu irmão.
Ele me ligou há uma hora perguntando quando eu iria, e eu apenas
disse que o veria em breve.
Depois de tantos anos, tantas visitas horríveis ao hospital, finalmente
chegou o dia em que Nico faria sua cirurgia.
Agora, se tudo corresse bem e a cirurgia de Nico fosse um sucesso, ele
seria capaz de viver sua vida sem medo de insuficiência cardíaca e,
finalmente, poderia planejar ser médico.
Eu fazia questão de mandá-lo para uma faculdade de medicina com
parte do dinheiro restante, e também conseguiria um emprego para que
pudéssemos viver bem. Nico e eu só precisávamos sobreviver amanhã.
— Podemos almoçar cedo hoje?, — eu perguntei, ansiosa para ir para
o hospital.
Gideon me lançou um olhar que me disse que entendia o motivo de
minha inquietação. Fechando o arquivo que estava segurando em suas
mãos, ele fez o seu caminho até mim.
Pegando meus ombros, Gideon me virou para encará-lo. dando um
aperto reconfortante em meus ombros e beijando minha bochecha.
— Nico está bem, bonitinha. Kieran está com ele e. acredite, ele está
de olho no seu irmão. Portanto, confie em mim e em Kieran, e iremos ver
seu irmão depois de algumas horas. E meio-dia agora, e exatamente às
14h, iremos para o hospital, ok? — Ele bicou minha testa e me deu um
abraço caloroso.
— Ok, é só... Estou tão nervosa. Nunca pensei que Nico faria sua
cirurgia e consertaria o coração, e agora que ele está fazendo e há uma
grande possibilidade de ele ficar bem, e eu só... — Minha mão agarrou
meu colar com força.
— Eu sei, pombinha, eu sei, — murmurou Gideon, passando a mão
pelo meu cabelo.
— Muito obrigado, Gideon. Você fez muito por Nico e por mim. Eu
nunca conseguirei retribuir. — Eu olhei para ele.
— Você sabe que pode me pedir qualquer coisa, qualquer coisa, e eu
darei a você. Vou te dar não um. mas dez bebês, se for o que você quiser.
Honestamente. Gideon, você apenas tem que me dizer o que você quer
ou precisa de mim, e eu lhe darei sem hesitar, — declarei com
sinceridade.
— Mesmo? Devo cobrar essa promessa. fadinha, — Gideon me disse,
acariciando minha bochecha.
Eu sorri enquanto meu coração pulou uma batida. — Foi por isso que
fiz essa promessa. Eu quero que você cobre.
Gideon me lançou um daqueles olhares enigmáticos, o que não me
dizia nada, exceto que ele poderia estar pensando muito e
profundamente sobre alguma coisa. Beijando meus lábios. Gideon
beliscou levemente minha bochecha e saiu do quarto.
Suspirando, me joguei na cama, minha ansiedade alcançando novas
alturas. Eu sabia que Kieran estava de olho no meu irmão, sem
mencionar que havia vários médicos no hospital que poderiam cuidar do
meu irmão muito melhor do que eu. mas eu simplesmente não
conseguia relaxar sabendo que não estava com meu irmão.
Quando meus olhos voaram para o relógio, não pude deixar de olhar
para a estúpida máquina de tique-taque. O relógio marcava 12h10, o
segundo ponteiro movendo-se com uma lentidão excruciante.
Não importa o quanto eu desejasse que a máquina se movesse mais
rápido, ela continuava em seu ritmo de lesma, me fazendo rosnar de
aborrecimento.
Depois de respirar fundo algumas vezes, me aventurei para fora do
meu quarto e fui para a cozinha. Meu mau humor só aumentou quando
vi Helga cortando frutas no balcão.
Eu precisava que o tempo passasse mais rápido, e a única maneira de
fazer isso era me distraindo. Então, eu ia cozinhar algo e não me
importava se alguém tivesse problemas com isso.
— Você não deveria estar aqui, senhora Maslow, — afirmou Helga.
parando na minha frente.
— Helga, eu quero cozinhar, então, por favor, saia do meu caminho.
— Se essa mulher não se comportava, eu também não o faria.
— Senhor Maslow não lhe deu permissão para entrar na cozinha, —
disse ela.
— Eu não preciso da permissão dele. Saia do meu caminho, — eu
cerrei.
— Se você não sair desta cozinha, eu não terei escolha a não ser ir até
o senhor Maslow, — ela ameaçou, mas o que ela não sabia era que ela
poderia ir para a rainha e eu ainda não iria embora da cozinha.
Eu queria cozinhar, e faria isso!
— Tudo bem. vá em frente, — eu disse, passando por ela. Fui até o
balcão para cozinhar. E quando a porta da cozinha se fechou atrás de
mim. suspirei de alívio. Finalmente, a bruxa malvada se foi.
Tirando um monte de ingredientes da despensa grande, levei alguns
minutos para pensar sobre o que eu queria cozinhar. Por fim. decidi ir
com arroz chinês e curry de frango com amêndoa.
Picando rapidamente os vegetais, comecei a fazer o almoço.
Durante todo o tempo que fiquei na cozinha, não vi Helga. Foi bom
não ver a bruxa má. e terminei de preparar minha refeição rapidinho.
Eu não me importava se Gideon não gostasse que eu trabalhasse na
cozinha, eu precisava de uma distração, e nenhuma quantidade de livros
ou mesmo Lily poderia me distrair da cirurgia iminente do meu irmão.
Nada poderia, exceto cozinhar.
Depois que terminei, saí da cozinha em direção à sala de jantar com
meu arroz e curry nas mãos. Colocando os pratos cuidadosamente na
mesa, sentei-me no lugar designado e esperei que Gideon se juntasse a
mim.
Não tive que esperar muito. Depois de vinte minutos, Gideon entrou
na sala de jantar e sentou-se em seu lugar habitual. Esperei para ver se ele
diria algo sobre eu ter entrado na cozinha, mas ele ficou quieto por um
tempo.
— Helga me disse que você estava preparando o almoço. É verdade?,
— Gideon perguntou.
— Sim, eu precisava me distrair, então preparei o almoço. Você não
precisa comer se não quiser, — respondi.
Nesse momento, Helga entrou, seguida por duas outras criadas que
traziam vários pratos. Assim que Helga colocou o prato de comida na
frente de Gideon, ele falou.
— Obrigada, Helga, mas hoje vou comer o que a Alice fez. Você pode
retirar isso, — ele disse a ela.
Helga me lançou um olhar furioso, mas não disse nada, apenas
balançou a cabeça e saiu da sala de jantar. Eu não pude evitar o sorriso
que apareceu no meu rosto.
Achei que Gideon não comeria o que eu fiz, mas ele rejeitou a comida
de Helga em vez da minha. Talvez Gideon estivesse sendo meu amigo, ou
talvez ele quisesse ver como eu cozinhava.
Qualquer que tenha sido o motivo, fiquei feliz que. pela primeira vez.
ele me favoreceu em vez de Helga.
— Você realmente quer comer o que eu fiz? — Não pude evitar a
felicidade escorrendo de minhas palavras.
— Sim, eu quero ver como minha esposa
cozinha. Se a sua comida for realmente deliciosa, terei que proibir
você de cozinhar aqui, — afirmou Gideon.
— Por que você me proibiria se minha comida fosse deliciosa?, — eu
questionei, com uma carranca.
— Porque eu não quero me acostumar com a sua comida. Seria
horrível se eu ficasse viciado em sua comida e depois você fosse embora,
— ele respondeu, enchendo o prato com arroz e curry.
Eu ri. — Você não precisa se preocupar com isso. Eu sou sua amiga
agora. Eu vou ficar com você para sempre. Talvez não sob o mesmo teto,
mas serei sua amiga para sempre e prepararei suas comidas, — eu disse.
Assim que Gideon deu a primeira mordida, ele fechou os olhos e
gemeu alto. O som me fez corar e meu interior esquentar. Foi tão erótico.
Eu sorri quando o vi mastigando e engolindo a primeira mordida, com
os olhos ainda fechados.
— E isso, você está oficialmente proibido de cozinhar, — afirmou
Gideon. pegando outra garfada de arroz e curry.
— A proibição boa ou a proibição ruim?, — perguntei, querendo saber
se ele gostou ou não do que eu cozinhei.
— A proibição boa. definitivamente a proibição boa. Você tem magia
em suas mãos. Isso está realmente delicioso, bonitinha elogiou.
— Muito obrigada. Estou feliz que você tenha gostado. — Eu disse.
— Eu deveria agradecer por cozinhar para mim está refeição deliciosa.
— Ele sorriu e continuou comendo.
Pegando a colher, coloquei um pouco de arroz e curry no prato.
Depois de dar algumas mordidas, retomei a conversa.
— Gideon, podemos passar a noite no hospital, já que amanhã é a
cirurgia do Nico?, — eu perguntei.
Gideon balançou a cabeça em resposta. — Sinto muito, pombinha,
mas não podemos; tenho uma reunião muito importante amanhã e
preciso de uma boa noite de sono, — disse ele.
— Quer dizer que você não estará lá comigo amanhã? — Meu coração
afundou quando percebi que ficaria sozinha enquanto meu irmão
estivesse na sala de cirurgia. — Não diga isso. Gideon. Você tem que estar
lá amanhã, por favor, — eu implorei.
— Desculpe, fadinha, mas essa reunião é muito importante. Não
posso cancelar, — ele respondeu, parecendo culpado.
Meu subconsciente me repreendeu. Por que você está agindo toda
carente?! Você esteve sozinha toda a sua vida. Você lidou com coisas horríveis
sozinha, então por que está implorando a ele para estar lá para você?!
Você é forte. Além disso, não o incomode. Ele tem coisas mais importantes
a fazer do que segurar sua mão enquanto os médicos operam seu irmão. Ele
já fez muito por você. Seja grata a ele.
— Tudo bem. Eu entendo. Seu trabalho é mais importante, — eu
disse.
— Obrigado. Se você acabou de comer, devemos ir para o hospital?, —
Gideon perguntou.
Eu balancei a cabeça e me levantei. — Sim. estou pronta. Vamos. —
Pegando Gideon pela mão. levei-o para fora da casa. Só mais um dia. e
então Nico estaria comigo.
***

Ontem passou como um borrão. Quando chegamos ao hospital,


passei cinco horas com Nico enquanto Gideon estava ocupado falando
em seu telefone celular ou com seus irmãos.
Brenton tinha vindo visitar Nico. junto com o senhor Maslow, o pai
de Gideon. Eles trouxeram balões e um par de ursos de pelúcia para Nico.
que não parava de sorrir o tempo todo.
Normalmente as crianças têm medo de hospitais, mas não o meu
irmão: ele estava tão animado por fazer a cirurgia, que não conseguia
parar de falar sobre isso.
Devido ao seu imenso conhecimento sobre o coração, ele fez muitas
perguntas aos médicos, o que levou os médicos a me perguntarem se ele
realmente tinha apenas dez anos de idade.
Hoje era o dia em que a minha vida e a vida de Nico mudariam para
sempre. Hoje meu irmão começaria uma nova vida, e seria capaz de ver
um futuro onde ele estaria ajudando as pessoas.
Eu mal tinha dormido na noite passada. Se não fosse por Gideon e sua
reunião, eu não teria voltado do hospital.
Mas Gideon era meu marido e eu tinha que ser uma boa esposa para
ele, então deixei meu irmão no hospital e voltei com meu marido.
— Você pode me passar meu casaco.
bonitinha?, — Gideon pediu.
Agarrando seu casaco, ajudei Gideon a vesti-lo, pensando na cirurgia
de Nico, que aconteceria em duas horas. Fiquei feliz por não ter de
preparar o café da manhã para Gideon. porque não estava em condições
de cozinhar.
— Ei. — Gideon segurou meu queixo. — Pare com isso. Eu prometo a
você que Nico vai ficar bem. Ele tem os melhores médicos cuidando dele,
ok? — Ele me beijou com ternura.
Eu balancei a cabeça e som para ele. mas minha mente ainda estava
pensando em Nico. — Tenha uma boa reunião. E tenha um bom dia, —
eu disse.
— Vamos. Não queremos nos atrasar, — afirmou Gideon. e juntos
deixamos o castelo para ir para nossos respectivos lugares.
Quando Gideon me deixou no hospital, ele me beijou profundamente
e me disse para ficar forte e pensar positivo. Ele então deslizou para
dentro do carro e foi trabalhar, enquanto eu fazia meu caminho para o
hospital.
— Ei, Nic. como você está?, — eu disse assim que entrei no quarto de
Nico para ver o doutor Hallaway e algumas enfermeiras.
— Alice, vou fazer minha cirurgia daqui a pouco, — afirmou ele com
um sorriso.
— Sim você vai. — Eu me virei para o doutor Hallaway. — Você vai
levá-lo agora?, — eu perguntei, vendo as enfermeiras começando a
empurrar a cama para fora do quarto.
— Sim. vamos levá-lo para a cirurgia agora. A cirurgiã vai demorar um
pouco e. se tudo correr bem. Nico terá um coração funcionando
normalmente no final do dia, — disse-me o doutor Hallaway com um
sorriso caloroso.
— Esta cirurgiã vai ser um sucesso, certo? — Minha ansiedade estava
de volta com força total, meus dedos emaranhados no meu colar mais
uma vez.
— Temos grandes esperanças para esta cirurgia. Há uma grande
possibilidade de que Nico consiga sair desta cirurgia com o coração
funcionando perfeitamente. Você apenas ore e nos deixe fazer nosso
trabalho, ok?
Doutor Hallaway apertou meu ombro em garantia. Eu balancei a
cabeça, e ele saiu da sala comigo seguindo atrás.
Fui até a frente da maca para falar com Nico. — Ei. amigo, você está
pronto para isso? — Eu segurei sua mão, me confortando com o calor de
sua mão.
— Sim. chega de verduras e TV para mim. depois de hoje vou para a
escola e brincar lá fora!, — Nico exclamou.
Foi tudo o que foi dito entre nós. As enfermeiras levaram Nico para
dentro da sala de cirurgia e eu fiquei esperando do lado de fora. Assim
que as portas se fecharam, fechei meus olhos e segurei meu colar, orando
por meu irmão.
Eu só queria que Nico voltasse para mim e não me deixasse como
todo mundo fez.
Oh Deus, por favor, salve meu irmão.
Capítulo 16
Gideon

Fechei o arquivo que estava segurando e o coloquei sobre a mesa.


Suspirando, fechei meus olhos e instantaneamente o rosto de Alice
apareceu diante dos meus olhos.
Aqueles olhos verdes inocentes, os lábios carnudos, aquele sorriso
radiante. Fiquei triste ao lembrar que ela iria embora assim que este ano
acabasse.
Era uma loucura como, em tão curto espaço de tempo, Alice havia
ganhado tanto espaço em meu coração. Ela de forma alguma era sua
dona, mas definitivamente tinha um lugar especial nele.
E eu estava feliz por não só ter encontrado uma esposa, mas também
uma amiga em Alice.
Nunca imaginei ter uma mulher como Alice em minha vida, muito
menos como minha esposa. Ela e eu crescemos em lugares diferentes,
viemos de origens diferentes.
Mulheres como Alice eram as candidatas perfeitas para a caridade,
enquanto eu era quem fazia caridade para aquelas pobres mulheres,
então Alice e eu definitivamente não éramos o casal ideal, mas também
não éramos um casal desastroso.
Quando ela entrou em meu escritório pela primeira vez, tentando
parecer confiante e falhando miseravelmente, decidi que não me casaria
com ela. simplesmente porque ela não atendia aos meus padrões, mas no
momento em que aqueles olhos verdes encontraram os meus, meu
coração disse a coisa, algo que meu coração nunca antes havia dito.
E isso. Ela é a única.
No começo eu não tinha ideia do que tinha acontecido, qual era a
razão de meu coração dizer isso, e me perguntava se era minha
imaginação, mas com o tempo percebi que definitivamente meu coração
me dizia isso, pois ele voltou ao seu estado normal silencioso depois que
ela saiu e enquanto eu entrevistava as outras mulheres.
Depois que as entrevistas do dia terminaram, perguntei à minha
família de qual mulher eles gostavam mais. Meu coração, por outro lado,
continuou gritando o nome de Alice, enquanto minha mente estava
declarando todas as coisas negativas sobre ela. Estava claro que minha
mente e meu coração estavam em conflito, o que me deixou inseguro se
deveria escolher Alice ou não.
— Eu gostei daquela bonitinha, de cabelo loiro avermelhado. Ela tem
substância, — afirmou Kieran. Bem. Alice tinha obtido o voto de Kieran,
o que aumentava suas chances de consegui-la como esposa.
— Eu concordo com Kieran. Ela tem substância e coragem, poucas
têm coragem, mas ela é pobre, com um histórico familiar terrível de
doenças cardíacas, então ela não seria exatamente minha primeira
escolha. Talvez a segunda ou a terceira, — Brenton me disse.
— Houve alguma outra mulher que você gostou. Brent?. — Eu
perguntei a ele.
— Aquela de cabelos escuros... Qual era o nome dela? Vilma? Eu gostei
dela, — respondeu ele.
— A Vilma era chata, eu gostei da Alice. Ela é fofa, como um
cogumelo, — Kieran respondeu.
— Cara, você está namorando uma garota que trabalha em uma loja
de brinquedos. O que você sabe sobre ter a esposa perfeita?, — Brenton
falou para Kieran.
— Com licença. Jenny é adorável, e estou pensando em trazê-la para o
próximo jantar de família, — Kieran defendeu.
— Vamos ver se ela concorda em vir assim que se familiarizar com sua
natureza sombria e preferências pervertidas, — Brenton atirou de volta.
Kieran estreitou os olhos para Brenton. Limpei minha garganta para
chamar sua atenção. Agora, eu estava olhando para meu pai para pedir
sua opinião.
— Stacy seria seu par perfeito quando se trata de funções sociais e
tudo. A Vilma seria o seu par perfeito na hora de tomar decisões e fazer
negócios.
Mas se você está procurando uma mãe que fica em casa, então Alice é
perfeita para esse papel, mas. novamente, o problema cardíaco é uma
grande desvantagem em tê-la como esposa, — afirmou meu pai.
Anotei os nomes de Stacy, Vilma e Alice em um pedaço de papel antes
de sair do meu local de trabalho, pois havia mais uma pessoa sobre a qual
eu precisava pedir sua opinião antes de tomar minha decisão ou esperar
pelo dia seguinte, o segundo dia de entrevistas.
Quando Cheguei de volta à propriedade, pedi a Kieran que me
acompanhasse até o cemitério.
Lá, eu me ajoelhei em frente ao túmulo de minha mãe e perguntei
quem ela achava que seria minha esposa perfeita depois de ler os nomes
das três mulheres.
Eu não sabia exatamente o que estava procurando, algum tipo de sinal
ou algo assim. Talvez eu não estivesse realmente esperando nada, mas
uma brisa repentina começou, e talvez fosse apenas o vento ou minha
mente estava pregando peças em mim. mas ouvi distintamente o nome
de Alice sendo sussurrado.
Eu balancei a cabeça para o túmulo de minha mãe para que ela
soubesse que eu tinha obtido sua resposta. Sem perder tempo, disse a
Brenton para cancelar as entrevistas do dia seguinte, e papai. Kieran e eu
fomos direto para a casa de Alice.
Já fazia quase um mês desde que nos casamos, e Alice estava provando
ser uma esposa maravilhosa. Ela era muito doce e carinhosa.
Apesar do que eu fiz. da forma que a tratei, ela ainda sorria e fazia
tudo o que se esperaria de uma boa esposa. Era uma pena que ela iria me
deixar.
Bem, por que você não torna este arranjo permanente? Você obviamente
não quer que ela vá embora, sugeriu meu subconsciente.
Mas eu não poderia fazer isso. Alice é apenas minha esposa para o
bebê. Ela não é o tipo de mulher que você levava para eventos sociais.
Ela é a típica esposa de antigamente, aquela que te cumprimenta toda
vez que você chega em casa, faz o almoço para a família, cuida da casa e
dos filhos.
Não é isso que você quer? Uma esposa que te cumprimenta com um
sorriso, com quem você pode compartilhar seus problemas, alguém para estar
com você nos bons e nos maus momentos? Alice é perfeita, e você seria um
tolo em deixá-la ir. Isso era meu coração falando.
Eu não podia negar que Alice realmente era a definição da esposa
perfeita. Apesar de sua pequena estatura, ela conseguia realizar coisas
grandes e difíceis. Era tão bom quando ela rastejava no meu colo ou
simplesmente segurava minha mão.
Quando eu fiquei chateado por visitar minha mãe, ela se segurou em
mim e continuou me dizendo como ela iria ficar comigo não importa o
que acontecesse, porque ela tinha feito uma promessa diante de Deus de
ser uma boa esposa.
Foi nesse momento que soube que seria difícil deixá-la ir. Ela estava
cavando seu caminho para dentro do meu coração, e eu estava com medo
de que ela logo iria possuí-lo.
Ela estava provando, por suas ações e palavras, que meu coração
estava certo, e eu não me arrependia de minha decisão de me casar com
ela.
Ela tem sido uma boa esposa para você. Agora você deve ser um bom
marido para ela. Vá até ela. Ela precisa de você e está sozinha. Não há
ninguém com ela.
A melhor coisa sobre Alice era que ela estava sempre sorrindo. Não
importa o que a vida jogou nela, ela permaneceu forte e sorriu, apesar de
toda a dor de cabeça que ela havia enfrentado.
Todas as manhãs, ela me ajudava a me preparar para o trabalho e.
quando eu estava de saída, ela me dava o sorriso mais lindo e dizia para
ter um bom dia.
E apesar de não querer acreditar, sempre tive um bom dia. Mas não
está manhã. Esta manhã ela estava distraída, sua mente na cirurgia de
seu irmão.
Seu sorriso não estava tão radiante hoje, como costumava ser. e isso
explicava por que eu não estava tendo o melhor dia. Eu não conseguia
me concentrar em nada, minha mente pensando na garota frágil que
estava no hospital.
Eu fui egoísta e a trouxe de volta para nossa casa, embora ela quisesse
ficar com seu irmão, apenas porque eu queria dormir e acordar ao lado
dela e que ela sorrisse para mim pela manhã.
Vá até ela. Ela precisa de você. E já que está nisso, chame seu advogado e
rescinda o contrato. Não a deixe ir. Você não seria feliz sem ela.
Sabendo que meu coração estava certo, peguei meu telefone e liguei
para meu cliente, que deveria chegar em meia hora.
Foi por causa desse cliente que me recusei a acompanhar minha
esposa ao hospital. Como não conseguia me concentrar, não havia
motivo para encontrar meu cliente.
— Senhor Lawson?, — falei, assim que a linha foi conectada.
— Senhor Maslow, estou quase chegando ao seu escritório, — ele me
disse.
— Sim. sobre isso, gostaria de remarcar a reunião. Algo importante
surgiu e eu realmente preciso ir, — disse.
— Tudo bem. sem problema. Podemos remarcar, — afirmou.
— Bom, vou pedir para a minha assistente te ligar para agendarmos.
Muito obrigado. — Eu desliguei.
Levantei-me. peguei meu casaco e o vesti. Deslizando meu telefone no
bolso, mandei uma mensagem a Bernard para ir para casa, e não para vir
me buscar. Bernard demoraria um pouco para vir me buscar e eu não
queria esperar.
Minha mensagem para Bernard foi curta e sucinta. Apesar de mudar
local de Bernard, não podia evitar a carranca que marcava meu rosto
sempre que o via.
Ver Alice com ele naquele dia me fez querer queimar a casa de
Bernard, mas eu não podia fazer isso.
Mesmo depois de tanto tempo, sempre que eu pensava naquele dia, a
raiva borbulhava dentro de mim e me fazia querer bater em alguma
coisa.
Pegando as chaves do meu carro da gaveta, fiz meu caminho para fora
do meu escritório, mas minha assistente entrou no meu escritório antes
que eu pudesse sair. Ela estava segurando algum tipo de envelope na
mão.
— Senhor Maslow, os relatórios médicos de sua esposa chegaram, —
disse ela. me entregando o envelope e saindo da sala.
Meu coração começou a bater forte enquanto eu olhava para o
envelope. Era isso. Eu iria saber se Alice realmente estava grávida ou não.
Meu instinto me disse que ela estava carregando meu bebê, mas esses
relatórios me diriam a verdade desde o início. E. ao contrário do meu
instinto, a resposta nesses relatórios diria com certeza.
Deslizando meu dedo na fenda, rasguei o envelope e tirei a folha de
papel dobrada. Levei alguns segundos para ler o conteúdo e. quando vi a
palavra que estava tão desesperada para ver, minha decisão foi tomada.
Alice não iria a lugar nenhum.
Dobrando o papel, coloquei-o dentro do bolso do meu casaco antes de
sair do meu escritório. Eu instrui minha assistente a cancelar todas as
minhas reuniões dos próximos três dias e chamar o senhor Lawson para
reagendar a reunião.
Então corri para fora do prédio e deslizei para dentro do meu carro.
Ligando a ignição, saí do estacionamento e dirigi para o hospital.
Assim que cheguei ao hospital, rapidamente obtive as informações
solicitadas na recepção e me dirigi para a sala de cirurgia. Assim que
cheguei, meus olhos pousaram imediatamente em minha esposa, e o que
vi fez meu coração apertar.
Alice estava parada a poucos metros das portas da sala de cirurgia. Sua
cabeça estava baixa e as mãos em concha. Parecia que ela estava tentando
o seu melhor para permanecer forte, mas não estava conseguindo.
Vendo-a assim, tão frágil e indefesa, o homem das cavernas dentro de
mim acordou. Eu queria proteger esta mulher delicada deste mundo.
Meus pés me levaram até ela. Assim que ela estava ao meu alcance,
virei-a para me encarar. Seus olhos estavam vidrados com lágrimas não
derramadas e suas bochechas tiniram manchas rosadas. Ela estava
tremendo, tentando o seu melhor para permanecer forte.
— Pombinha, — eu disse a ela.
Quando ela olhou para mim, foi como se ela tivesse me deixado ir.
Um soluço estrangulado rasgou através dela antes de se lançar sobre
mim, segurando-me com força, com medo de me deixar ir.
Eu a agarrei com força contra mim, com total intenção de abraçá-la
para sempre. Eu me senti um completo idiota por abandoná-la em um
momento de necessidade. Mas não agora, não mais.
Carregando-a para as cadeiras de espera, sentei-me com ela
firmemente no meu colo. Coloquei sua cabeça no meu peito enquanto
deixei minha mão correr sobre seu braço, acalmando-a. Alice agarrou
minha camisa, soluçando.
Como eu poderia deixar essa mulher? Como eu poderia deixar a
mulher que era a mãe do meu bebê por nascer? Como eu poderia deixá-la
andar sozinha no meio deste mundo cruel com seus pequenos pés de
fada?
Como eu poderia sentar e assistir ela enfrentar esse mundo escuro e
perigoso sozinha? Como eu poderia ficar bem em vê-la sofrer?
Não. eu não faria isso. Eu iria protegê-la deste mundo mau. Eu iria
protegê-la de todas as coisas ruins que estavam acontecendo ao seu
redor.
Eu a seguraria quando ela caísse e seria sua força quando ela estivesse
fraca. Eu não deixaria ninguém a machucar. Eu a faria sorrir.
Você só está com ela por causa do bebê. Você realmente não tem
sentimentos por ela, afirmou meu subconsciente.
Mas meu subconsciente estava errado. Não era sobre o bebê, não
mais. Claro, eu tinha casado com ela pelo bebê, mas em apenas um mês.
ela me fez precisar dela. Agora, eu não queria apenas um bebê dela. Eu a
queria.
— Ele vai morrer, Gideon. Nico vai morrer, — gritou Alice.
— Não, bonitinha, não diga isso. Nico vai ficar bem, — eu respondi,
segurando-a com força contra mim. Se, Deus me livre, algo acontecesse
com Nico. eu não iria deixá-la. Eu ficaria ao lado dela e a ajudaria a seguir
em frente.
— Ele vai morrer. Ele vai me deixar como todo mundo fez. — Ela
continuou a soluçar.
Eu não vou deixar você.
— Não, pombinha, ele é forte. Acredite em mim. ele vai conseguir, —
eu assegurei a ela.
— Não minta para mim. Eu sei que ele não vai voltar. Olha, meu colar
quebrou. Nico me deu este colar, e eu o usei por anos, e agora está
quebrado. Isso é um sinal. Gideon, — afirmou ela. mostrando-me o colar
quebrado.
A corrente foi quebrada. Eu não esperava que o colar durasse muito. A
corrente estava ficando enferrujada.
— Fadinha, é só um colar, e a corrente era velha, então quebrou. Não
tome isso como um sinal. — Eu murmurei, beijando sua bochecha.
— Sabe, quando Nico me deu este colar, ele disse que sempre estaria
comigo enquanto eu usasse o colar, e agora ele está quebrado. Significa
que ele vai me deixar, — ela me disse, fechando os olhos enquanto novas
lágrimas escorriam por seu rosto.
— Não, pequena, não. Ele vai ficar bem. Eu prometo a você, — eu
murmurei.
— Não faça promessas que não pode cumprir. Não me dê falsas
esperanças. — Ela continuou chorando. — Vou morrer sem meu irmão,
Gideon. Isso vai me matar, se Nico me deixar. — Ela disse.
Não, bonitinha, você não vai morrer. Eu não vou deixar nada acontecer
com você. Você vai ficar comigo para sempre.
— Ele vai ficar bem, — eu assegurei a ela.
— Ele tem que ficar bem. Gideon. Ele tem que sair desta cirurgia. Ele
tem que ser médico e salvar a vida das pessoas. Vou mandá-lo para a
faculdade de medicina e planejamos uma viagem para a Disneylândia. Ele
tem que estar bem. Ele tem que ser...
Naquele momento, eu não queria nada mais do que tirar a dor de
Alice e dar a ela minha felicidade. Foi nesse momento que percebi o quão
sozinha ela realmente estava.
Eu tinha meus irmãos e meu pai para me amar e apoiar, e ela não
tinha ninguém. Alice não tinha um pai que a protegesse. Ela não tinha
uma mãe que compartilhasse sua dor.
Ela tinha apenas um irmão mais novo, que. neste momento, poderia
deixá-la.
— Nico vai ser médico e você vai para a Disneylândia. Apenas ore a
Deus e Nico vai ficar bom, — eu disse.
— E se ele não ficar?
As portas da sala de cirurgia se abriram assim que a pergunta saiu dos
lábios de Alice. O doutor Hallaway saiu da sala de cirurgia e se
aproximou de nós. Alice se afastou de mim e ficou na frente do doutor
Hallaway.
— Doutor, como foi a cirurgia? Meu irmão está bem? — ela
perguntou, o medo aparente em suas palavras.
— Parabéns, a cirurgia correu muito bem. Nico está bem.
Consertamos o VSD usando o procedimento híbrido como você desejava,
e espera-se que Nico se recupere totalmente em apenas alguns dias, —
respondeu o doutor Hallaway com um sorriso.
O alívio irradiou no rosto de Alice. Suas pernas cederam e ela teria
caído se eu não a tivesse segurado. Eu a segurei com força contra mim.
não pretendendo deixá-la cair.
— Meu irmão está bem? Ele está realmente bem? — Alice continuou
dizendo. Era como se ela não pudesse acreditar. O alívio se espalhou por
mim ao ouvir que Nico ia ficar bem.
— Sim. senhora Maslow, seu irmão ficará bem. Ele tem um futuro
brilhante pela frente. Certifique-se de mandá-lo para a faculdade de
medicina, onde ele deseja desesperadamente ir, — respondeu o doutor
Hallaway.
— Obrigada, doutor, muito obrigada. — Alice colocou os braços em
volta do doutor Hallaway em um abraço surpreso, pegando-o
desprevenido.
— De nada, — o médico disse enquanto Alice se afastava. — Você
pode ver seu irmão daqui a pouco. Vamos levá-lo para o quarto e ele vai
acordar assim que a anestesia passar.
Alice acenou com a cabeça. — Muito obrigada.
Doutor Hallaway apertou minha mão antes de ir embora. Peguei meu
telefone e mandei uma mensagem para minha família sobre a boa notícia
de que a cirurgia de Nico foi um sucesso. Alice envolveu seus braços em
volta de mim.
— Obrigado por estar aqui por mim, — ela murmurou.
Eu sempre estarei aqui por você, bonitinha.
— Você não precisa me agradecer, — respondi, segurando-a perto de
mim.
— Como é que você está aqui? Você não tinha uma reunião
importante?
— Sim. foi cancelado, então eu vim. Além disso, você precisava de
mim aqui. — Eu não ia dizer a ela que cancelei a reunião. Ela só se
sentiria culpada por isso.
Ela acenou com a cabeça e sorriu, o sorriso que eu ansiava desde esta
manhã. — Sim, eu precisava de você. Venha, vamos esperar os médicos
trazerem Nico para o seu quarto, — afirmou Alice.
— Claro... Espere, eu deixei cair alguma coisa. — Abaixei-me e peguei
o colar quebrado e coloquei-o dentro do meu bolso. Agora não era o
momento certo para dizer que ela estava grávida.
Ela tinha muito em que pensar. Pegando sua mão, levei-a para longe
das portas da sala de cirurgia.
Olhando para ela. eu tinha me decidido. Posso ter me casado com
Alice por apenas um ano. mas esse casamento não duraria 365 dias.
Ele iria durar para sempre.
Capítulo 17
ALICE
Gideon e eu entramos no quarto de Nico e imediatamente meus olhos
pousaram no meu irmão, que estava deitado na cama, ligado a um par de
máquinas que provavelmente monitoravam seu coração e outros sinais
vitais.
O alívio tomou conta de mim como uma onda quando vi que meu
irmão estava bem e não teria mais problemas com o coração.
Caminhando rapidamente, cheguei à cama de Nico e imediatamente
peguei sua pequena mão na minha. Pressionando um beijo nas costas de
sua mão, esperei Nico acordar.
Gideon. entretanto, tinha se acomodado no sofá que estava situado
contra uma parede. Tirando o celular. Gideon começou a trabalhar.
Depois de dez minutos, as pálpebras de Nico vibraram, e então seus
olhos encontraram os meus. Foi como se eu tivesse ganhado uma nova
vida quando olhei nos olhos verdes brilhantes do meu irmão.
Senti que agora as coisas estavam começando a melhorar para mim e
eu nunca mais ficaria sozinha no futuro. porque sempre teria meu irmão
comigo.
— Ei, Nic, como você se sente?, — eu perguntei, felicidade escorrendo
de minhas palavras.
— Você pode me dar um pouco de água? Estou com sede, — disse
Nico.
Acenando com a cabeça, eu soltei sua mão para pegar o copo d’água,
que foi colocado em uma mesa ao lado da cama de Nico. Gideon tinha se
juntado a mim quando eu voltei para dar a Nico o copo d’água.
Ele ajudou Nico a se sentar em uma posição confortável. Entreguei a
xícara a Nico. mas mantive uma mão apoiando a xícara para que não
caísse acidentalmente.
— Não beba muito de uma vez, ok? Pequenos goles, — eu instruí.
Gideon passou o braço em volta dos meus ombros enquanto eu
observava Nico bebendo água. Assim que terminou. Nico me deu a xícara
e coloquei-a de volta em seu lugar original.
Meus olhos não deixavam Nico: era como se eu estivesse prestes a
explodir de felicidade enquanto observava meu irmão respirar fundo.
— Estou melhor agora, certo. Alice?, — Nico perguntou com olhos
esperançosos.
— Sim. sua cirurgia foi um sucesso e, em alguns dias, iremos para
casa, — eu disse.
Nico deu um soco no ar com a mão que não foi perfurada por uma
agulha intravenosa. — Isso! Agora você vai me levar para o parque de
diversões, certo? E quando vou para a escola? — Nico disparou suas
perguntas.
Eu ri. — Em breve, você irá para a escola muito em breve, e nós iremos
para o parque de diversões também, — eu prometi.
— Gideon, senhor? Você vai comigo e com Alice ao parque de
diversões? — Nico questionou meu marido.
— Claro, se vocês querem que eu vá. então eu vou, — ele respondeu.
Olhei para Gideon para ver se ele estava dizendo isso para apaziguar meu
irmão, mas não vi nada além de sinceridade em seus olhos. Ele não estava
mentindo.
— Você poderia me dizer os nomes das melhores escolas de Londres?,
— Nico perguntou. Pisquei meus olhos em perplexidade. Nico foi o
primeiro garoto tão animado para ir para a escola: um louco.
— A lista é meio longa. Você quer ir para uma escola particular ou
normal? — Gideon se sentou na beira da cama de Nico.
— Normal. Qual escola é mais próxima da sua casa. Alice? — Nico
perguntou.
Eu me encontrei sem palavras. Eu não tinha ideia de qual escola era
mais próxima do castelo, se é que havia uma escola perto dele. Mordi
meu lábio enquanto pensava no que dizer a Nico. mas felizmente.
Gideon veio em meu socorro.
— Onde Alice e eu moramos é uma área remota e isolada. Não há
escola nas redondezas, — disse Gideon.
— Alice, você poderia me comprar uma bicicleta, então? Vou usá-lo
para ir para a escola, — Nico disse para mim.
— Você não precisa de uma bicicleta. O motorista vai deixá-lo lá todos
os dias. Se você não quiser que o motorista o leve, o ônibus escolar virá
buscá-lo todos os dias. A escolha é sua, — Gideon respondeu com um
sorriso.
— O ônibus escolar. Eu quero ir no ônibus escolar como todos os
outros meninos e meninas, — Nico declarou com um sorriso no rosto.
— Ok então, é melhor você se levantar o mais rápido possível, meu
jovem, e então nós o enviaremos para a escola, — Gideon disse,
despenteando o cabelo de Nico de uma maneira fraterna.
— Sim! — Nico exclamou.
Olhei para a minha direita para ver o doutor Hallaway entrando,
seguido por duas enfermeiras. Ele tinha o mesmo sorriso caloroso no
rosto, que estava se tomando um dos meus favoritos.
Som quando o vi, grata por homens como o doutor Hallaway
existirem para ajudar pessoas como meu irmão.
— Olá. Nico. como você está? — O doutor Hallaway perguntou ao
meu irmão enquanto colocava o estetoscópio contra seu peito.
— Estou bem, doutor Hallaway. Obrigado por me consertar. — Nico
respondeu.
— De nada. Agora você deve vir todo mês para o seu
acompanhamento, ok? E você tem que se tomar um médico e me ajudar
com os outros pacientes.
Nico estava prestes a responder ao doutor Hallaway quando Kieran.
junto com Brenton e o senhor Maslow, entraram no quarto. Kieran
estava sorrindo, enquanto Brenton e o senhor Maslow estavam com seus
rostos inexpressivos.
Agradeci a Deus mais uma vez por enviar essas pessoas para ajudar a
mim e a meu irmão.
— Nic, como você está, amigo? Ouvi dizer que a cirurgia correu bem,
— disse Kieran a Nico.
— Sim. eu vou para a escola agora, de ônibus! — Não havia como
parar a excitação de Nico.
Doutor Hallaway terminou de verificar os sinais vitais de Nico, e em
seguida conduziu Gideon e eu para fora do quarto para falar conosco em
particular.
Como o Nico estava ocupado conversando com os homens Maslow,
eu não estava preocupada em deixá-lo sozinho por alguns segundos, o
fato de estarmos no hospital ajudou a aliviar minhas preocupações ainda
mais.
— Eu verifiquei o batimento cardíaco de Nico. e ele está forte e
estável. Isso significa que a cirurgia foi cem por cento bem-sucedida. — O
alívio passou por mim ao ouvir o doutor Hallaway confirmar isso.
— Faremos um acompanhamento todo mês por pelo menos um ano.
Então, talvez reduzamos os acompanhamentos para a cada dois meses ou
a cada três meses, — disse ele.
— Sim, claro, muito obrigada, doutor, — eu disse.
— De nada. Agora daremos alta a Nico na próxima semana, pois seu
corpo precisa dos cuidados adequados e de tempo para se curar. —
Hallaway me informou.
— Claro, doutor, entendemos que Nico vai receber o melhor
tratamento aqui, — respondeu Gideon.
Depois de dar um aceno de cabeça firme, o médico disse: — Sim. devo
ir agora, mas voltarei pela manhã para verificar Nico. — Apertando a mão
de Gideon, doutor Hallaway foi embora, enquanto Gideon e eu voltamos
para o quarto de Nico.
Nico estava ocupado conversando com Kieran enquanto Brenton e o
senhor Maslow estavam ocupados conversando em seus telefones. Ao ver
Kieran e Nico rindo juntos, não pude deixar de notar o quão próximos os
dois ficaram em um mês.
Eles estavam conversando e rindo como dois irmãos, como amigos.
Era como se Nico sempre tivesse feito parte da vida de Kieran. Foi
emocionante ver.
— Fadinha? — Disse Gideon.
— Hmm? — Eu sorri para ele.
— Vou pegar algo para comer e beber, ok? — Gideon me contou.
— Não, não, você não tem que fazer isso. Estou bem. — Eu não queria
que Gideon se incomodasse. Se eu ficasse com fome, compraria algo para
mim.
— Não discuta, pequena. Você não comeu nada desde a manhã e isso
não é bom para sua saúde. Vou trazer algo para você comer e beber, e
você não vai discutir comigo sobre isso. E quando todos forem embora,
você vai dormir. Eu sei que você não dormiu noite passada, — afirmou.
Sabendo que discutir com ele era inútil, eu apenas balancei a cabeça.
Gideon sorriu antes de segurar minha bochecha e me beijar com ternura.
O beijo causou calafrios na minha espinha e me fez sentir quente por
toda parte. Um simples beijo de Gideon foi o suficiente para me derreter
em uma poça de luxúria e hormônios.
No entanto, eu me afastei, e pelas rugas que surgiram na testa de
Gideon, eu soube que ele não gostou do que eu tinha acabado de fazer.
— Não aqui. Gideon. Nico está aqui, — eu sussurrei, um rubor
espalhando-se por minhas bochechas enquanto eu olhava para meu
irmão, que estava ocupado conversando com Kieran.
— E daí? Você é minha esposa. Posso beijar você quando eu quiser,
onde eu quiser, como eu quiser, — ele respondeu.
— Sim, mas Nico é uma criança, — argumentei.
— Eu não me importo. Você é minha esposa, — ele rebateu. Então,
para provar seu ponto, ele capturou meus lábios em um beijo de derreter
os ossos, e eu teria caído se não fosse por Gideon me segurando contra
ele.
— Minha. Esposa. — Ele enunciou cada palavra antes de beijar minha
bochecha e sair da sala, deixando-me uma bagunça sem fôlego e corada.
— Kieran. você não vai embora? São quase nove. — Eu disse.
Kieran ficou, enquanto Brenton e o senhor Maslow partiram às seis.
Ele e Nico estavam conversando sem parar. Tanto que eu estava
começando a sentir ciúmes de Nico estar falando mais com Kieran do
que comigo.
— Não, cogumelinho, vou passar a noite aqui, para que você e Gideon
possam ir para casa descansar um pouco-, — respondeu ele.
— Não, não, você não tem que fazer isso. Você já fez tanto — obrigado
por tudo, a propósito — mas, realmente, você não precisa ficar. Vou ficar,
— respondi.
Quando o senhor Maslow e Brenton se despediram, eu disse a Gideon
que deveríamos ir para casa porque ele tinha que ir trabalhar pela manhã,
mas ele simplesmente me disse que tinha tirado três dias do trabalho e
que ficaríamos com Nico no Hospital.
Fiquei feliz por Gideon ter decidido que ficaríamos. Não queria deixar
meu irmão sozinho depois de ele ter acabado de fazer a cirurgia, mas não
disse a Gideon que queria ficar, porque se ele tivesse decidido ir para
casa, eu não teria discordado.
Eu faria o meu melhor para ser uma boa esposa, e isso significava
colocar os desejos do meu marido antes dos meus.
— Relaxe, cogumelinho. Disse a Gideon que ficaria com Nic. Você
precisa descansar, — ele respondeu.
Gideon entrou na sala e imediatamente foi se sentar no sofá. Tirando
o casaco, ele o pendurou nas costas de uma cadeira de metal, em seguida,
tirou os sapatos e as meias antes de se deitar no sofá.
— Gideon. diga a Kieran para ir para casa. Nós vamos ficar aqui. — Eu
tentei o meu melhor para não parecer muito exigente.
— Gideon. você e o cogumelinho não podem ficar aqui. Você nunca
dormiu no sofá antes. Como você vai dormir à noite? — Kieran olhou
para seu irmão com preocupação.
— Kieran. Alice e eu ficaremos com Nic esta noite, mas amanhã você
vai ficar, ok? — Gideon parecia exausto. Ele estava prestes a cair em um
sono profundo.
— Tudo bem. nós vamos alternar. Mas Gideon, se você decidir ir para
casa, me liga e eu virei, ok? E se houver algum problema, me avise
imediatamente, — afirmou Kieran.
Eu balancei a cabeça enquanto Kieran me envolvia em um abraço
fraternal. Todos esses homens eram tão altos que mal alcancei seus
cotovelos. Da próxima vez, eu usaria salto alto ao abraçá-los.
A porta do banheiro se abriu e Nico apareceu. Kieran imediatamente
foi até ele e o ajudou a voltar para sua cama. Uma vez que Nico estava
confortável, deitado na cama pronto para dormir. Kieran se preparou
para sair.
— Ok, amigo, estou indo. Vejo você pela manhã e me certificarei de
trazer alguns jogos de tabuleiro e DVDs comigo. Vamos passar o tempo
assistindo filmes e jogando, ok?, — Kieran disse ao meu irmão.
— Ok, é melhor você não chegar atrasado. Tchau, boa noite, — Nico
murmurou, parecendo sonolento.
— Boa noite, amigo. — Dando-me um aceno final. Kieran saiu da sala.
Decidindo não incomodar Gideon, fui até a cadeira e me sentei.
Puxando meus joelhos para cima, descansei minha cabeça em meus
braços. Eu sabia que não haveria como adormecer em uma posição tão
desconfortável, mas descansar meus olhos seria o suficiente.
— Pombinho? — Gideon murmurou.
— Sim, Gideon? — Eu me virei para encará-lo.
— Por que você está aí? Venha aqui. Você precisa dormir, — disse ele.
— Gideon, estou bem aqui. Vá dormir, — respondi.
— Não, venha aqui. Não vou dormir até que você venha aqui, —
afirmou.
Suspirando, levantei-me. fui até o sofá e me sentei. Gideon
imediatamente me puxou para baixo até que fui pressionada contra ele.
Envolvendo um braço grosso em volta de mim enquanto colocava o
outro sob minha cabeça. Gideon beijou minha testa.
— Durma agora. Você precisa disso, — ele murmurou.
— Gideon. não consigo dormir aqui. Não há espaço, e eu não quero
que você se sinta desconfortável. — Eu sussurrei.
— Estou confortável, bonitinha. Agora feche os olhos e durma, e não
se preocupe em ocupar espaço. Você é muito baixa e muito magra para
ocupar qualquer espaço, é simplesmente perfeita, — ele respondeu,
puxando-me para perto.
Se isso deveria me deixar com raiva, não o fez. Fiquei feliz por Gideon
não estar incomodado por minha causa. Naquele momento, fiquei feliz
por ser baixo e magro, pois estava me dando uma vantagem nesse
pequeno espaço.
E ele dizendo que eu era perfeita fez meu coração disparar. Suas
palavras abriram uma fissura nas paredes ao redor do meu coração,
tomando difícil manter meu coração sob controle.
No entanto, eu sabia que ficar pensando no futuro não me faria bem
no momento. Eu simplesmente teria que lidar com tudo isso, um passo
de cada vez.
Então, colocando um ponto final em todas as minhas preocupações,
fechei os olhos e cedi ao sono. Foi a primeira vez que sonhei com Gideon
e eu com quatro filhos, rindo e curtindo nossas vidas. Mas eu sabia o que
realmente era — um sonho.
Capítulo 18
— Mantenha-a... para sempre...
Senti lábios roçando minha têmpora antes de abrir os olhos. Gideon e
eu estávamos na mesma posição em que adormecemos na noite anterior.
— Bom dia. fadinha, — disse Gideon ao beijar minha testa.
— Bom dia, — eu murmurei, esfregando meus olhos. Sentei-me e
calcei meus sapatos, meus olhos pousando em Nico, que estava bem
acordado.
— Nico, como você se sente?, — eu perguntei a ele, minha voz
coaxando.
— Eu me sinto ótimo. Kieran me deu jogos de tabuleiro e DVDs, e ele
vai assisti-los comigo, — ele falou empolgado.
— Vou buscar algo para comermos, — disse Gideon. — Você espere
aqui. — Ele se levantou e se espreguiçou.
— Não precisa. Eu vou pegar algo para você comer. Só preciso usar o
banheiro antes. — Corri para dentro do banheiro e rapidamente me livrei
dos últimos resquícios de sono dos meus olhos.
Depois de lavar o rosto com água fria e passar um pouco de pasta de
dente nos dentes com o dedo, sai do banheiro.
— Você fica aqui. — Fiz um gesto para Gideon ficar no quarto
enquanto eu ia buscar o café da manhã. — Kieran. você gostaria de
alguma coisa do refeitório?, — perguntei a Kieran. que estava colocando
uma casa no tabuleiro do Banco Imobiliário.
— Cogumelinho, está vendo aquela cesta na cadeira? — Kieran me
perguntou.
Meus olhos pousaram imediatamente na cadeira onde havia de fato
uma cesta, mas eu não tinha ideia do que havia nela.
— Sim. o que tem?, — eu perguntei.
— Há comida de sobra para todos nós lá dentro, e Helga virá por volta
das 13h para nos trazer o almoço, — ele me disse, jogando um par de
dado.
Caminhando rapidamente para a cesta, abri-a para ver o que
exatamente Helga havia enviado para nós. A cesta estava cheia até a
borda com vários tipos de comida para o caie da manhã.
Fiquei surpresa e um pouco confuso quando vi waffles e panquecas na
mistura também, me perguntando como Helga tinha conseguido fazer
isso.
Pegando um prato de papel, enchi-o com um pedaço de tudo da cesta,
em seguida, levei o prato para Gideon e coloquei no sofá na frente dele.
Então peguei outro prato e comecei a enchê-lo para Kieran.
— Você ainda não comeu, certo?, — eu questionei Kieran. que estava
assistindo Nico rolar os dados.
— Não, eu vim direto para cá assim que acordei, — ele respondeu,
observando Nico mover sua peça alguns passos para frente.
— Aqui está. — Entreguei o prato a ele.
— A Helga também fez mingau para o Nico, entre outras coisas. Ele
pode comer um pouco disso, — afirmou Kieran. pegando o dinheiro falso
de Nico e colocando-o na caixa.
— Nico, você gostaria de comer um pouco de mingau? — Nico estava
absorto no jogo, resultando em ele me respondendo depois de alguns
segundos.
— Claro. Alice, — Nico respondeu sem cerimônia.
Balançando a cabeça com a concentração intensa de meu irmão,
coloquei um pouco de mingau em uma tigela e coloquei ao lado do
tabuleiro de Banco Imobiliário.
— Eu quero que você termine tudo isso, ok? — Virei-me para Gideon.
que havia terminado metade de seu café da manhã. — Seu pai vem visitar
hoje?
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. ele pode vir. — Ele franziu a
testa quando olhou para mim. — Por que você não está comendo?
— Ah. só vou comer uma maçã. Não estou com muita fome. — Eu
respondi com um encolher de ombros.
A carranca no rosto de Gideon se aprofundou depois da minha
resposta. Balançando a cabeça, ele se levantou e foi direto para a cesta.
Pegando um prato de papel, ele rapidamente o encheu com waffles,
panquecas, Nutella e xarope de bordo.
Sem dizer uma palavra. Gideon pegou minha mão e me levou até o
sofá, onde me fez sentar, antes de se sentar ao meu lado.
— O que eu vou fazer com você, pequena? Você vai me manter alerta
pelos próximos meses, — Gideon murmurou antes de cortar as
panquecas com uma faca e garfo, em seguida, mergulhar as panquecas
em xarope de bordo antes de levar o garfo à minha boca.
— O que você quer dizer com vou mantê-lo alerta pelos próximos
meses?, — eu questionei antes de abrir minha boca, permitindo que
Gideon colocasse o garfo dentro dela.
A deliciosa panqueca derreteu lentamente na minha boca, me fazendo
esquecer do que estava falando com Gideon. Meu estômago roncou,
deixando-me saber que uma maçã não seria o suficiente.
Gideon terminou rapidamente de me alimentar com as panquecas.
Tentei tirar o garfo e o prato dele, mas ele disse que gostava de me
alimentar, o que me deixava desconfortável, pois Nico e Kieran estavam
na sala conosco.
Depois das panquecas, Gideon mergulhou os waffles em Nutella e
começou a dá-los a mim.
— Devo agradecer a Helga pela comida. E deliciosa, — eu murmurei,
mastigando um waffle.
— Eu sei como a comida do hospital pode ser horrível, então pedi que
ela preparasse a cesta, — respondeu Kieran.
— A comida dela é deliciosa, mas não tão deliciosa quanto a sua, —
afirmou Gideon. a sinceridade brilhando em seus olhos enquanto ele me
dava outra mordida. Seu elogio só me fez corar, o que Gideon achou
divertido.
Desgraça de marido carinhoso.!
— Estou morrendo de fome, — afirmou Kieran enquanto abria a cesta
e tirava alguns pratos com colheres, facas e garfos, passando um
conjunto para cada um de nós.
Helga havia saído há cinco minutos, deixando uma cesta com o
almoço. O senhor Maslow e Brenton apareceram meia hora antes, e
agora todos nós estávamos almoçando juntos.
O doutor Hallaway verificou Nico e nos disse que ele estava se
curando bem. o que me fez suspirar de alívio. Deus finalmente teve
misericórdia de mim. Eu só esperava que nada de ruim acontecesse com
ele agora.
O som inesperado de batidas na porta fez todos nós nos virarmos para
ver quem havia chegado.
Eu fiz uma careta quando vi uma mulher parada ao lado da porta,
segurando um pequeno buquê de várias flores e uma caixa, que estava
embrulhada em um lindo papel de embrulho.
Ela tinha cerca de um metro e meio e cabelos castanhos brilhantes,
que eram cacheados com perfeição. Eu não tinha certeza se eram
naturais ou estilizados, mas eram perfeitos. Ela tinha grandes olhos azuis
que brilhavam de inocência.
Suas bochechas tiniram as manchas rosadas comuns de quem ficou
muito tempo no frio. Seus lábios eram pequenos, mas não eram finos,
apenas perfeitos.
Ela era muito fofa, e uma inocência misteriosa a rodeava, como a que
você via em crianças, não em adultos. Ela estava vestindo um sobretudo
marrom combinado com as botas pretas mais lindas que eu já tinha visto.
— Jenny! Que surpresa agradável, — Kieran exclamou, antes de
colocar seu prato na mesa e caminhar até ela. Ele envolveu seu pequeno
corpo em um abraço, apertando-a contra ele como um amante fazia.
— Espero não estar interrompendo nada, — disse ela. Sua voz era
suave e doce, gotejando inocência.
Olhei para a minha direita para ver o senhor Maslow franzindo a testa
enquanto olhava para Kieran e Jenny, desaprovação evidente em seus
olhos. Por que o senhor Maslow estava agindo assim? Ele não gostava de
Jenny? Achei que ela era perfeita.
— Bobagem, você nunca pode interromper. Venha almoçar conosco,
— afirmou Kieran, pegando sua mão e levando-a para a única cadeira
vazia na sala, praticamente da mesma forma que Gideon fez comigo.
— Olá, Nico, como você se sente?. — Jenny perguntou, com um
sorriso no rosto.
— Eu me sinto ótimo, Jenny. Você gostaria de jogar Cobras e Escadas
conosco? — Nico tinha um sorriso enorme no rosto. Ele claramente sabia
quem era Jenny, e pelo sorriso em seu rosto, ele realmente gostava dela.
— Não. obrigada, mas eu tenho flores e um presente para você, —
disse ela. entregando a caixa embrulhada para Nico e colocando três
flores ao lado do tabuleiro de Cobras e Escadas.
— Obrigado, Jenny, adorei! — Nico afirmou, olhando para o pacote
com entusiasmo.
— Você nem viu o que é. — Jenny deu uma risadinha.
— Eu sei que tudo o que você me deu será perfeito. Você sempre sabe
o que me dar, — Nico respondeu.
Agora eu estava começando a suspeitar da garota. Quem era ela e
como ela sabia o que comprar para Nico? A curiosidade quase me
matando, decidi descobrir quem ela era.
— Quem é Jenny?, — perguntei a Gideon.
— Ela é a namorada de Kieran, — ele respondeu.
Ah, não admira que Kieran estivesse tão feliz em vê-la e que Nico sabia
quem ela era.
Ela deve ser uma visitante regular no loft de Kieran. Um sorriso
involuntário puxou o canto dos meus lábios enquanto eu olhava para
Kieran e Jenny. Eles pareciam perfeitos juntos.
— Isso é para você, — disse Jenny, entregando a Kieran uma grande
rosa vermelha.
— Obrigado, morango. — Ele beijou suas bochechas, fazendo com
que ela ficasse vermelha.
Jenny se virou para Brenton e para o senhor Maslow, que observavam
silenciosamente a nova garota. Após alguns segundos de hesitação, ela se
arrastou para frente e estendeu três flores de lírio branco.
— Estes são para você, senhor Maslow, — Jenny disse. Eu poderia
dizer que ela se sentiu intimidada por Brenton e pelo senhor Maslow.
mas ela não demonstrou medo.
O senhor Maslow pegou a flor sem dizer uma palavra, inspecionando
as pétalas brancas como se a flor fosse um ser estranho. Irritação e
desaprovação brilharam nos olhos do senhor Maslow, mas ele não disse
uma palavra.
Jenny, entretanto, percebeu que ele não gostou do pequeno presente
que ela lhe deu. Ela apertou os lábios antes de entregar a Brenton alguns
ramos de jacinto-silvestre...
— Estes são para você. Espero que goste delas, — disse ela a Brenton.
que olhou para as flores da mesma forma que seu pai.
O que havia de errado com esses homens? Por que eles estavam sendo
tão ingratos? Eles deveriam sorrir e agradecê-la por ser atenciosa o
suficiente para trazer presentes — não importa se grandes ou pequenos
— para todos.
Eu poderia dizer que Jenny estava fazendo o seu melhor para não
deixar a reação do irmão e do pai de Kieran afetá-la. De repente, senti
pena da pobre garota que estava tentando o seu melhor para ser legal,
mas estava recebendo a rejeição em troca.
Respirando fundo, Jenny veio e parou na frente de Gideon. Ela
estendeu três narcisos amarelos, que Gideon imediatamente pegou com
um sorriso.
— Espero que você goste deles. Kieran me disse que você gosta de
narcisos, — disse Jenny. Fiquei surpresa com suas palavras. Ela conhecia
o tipo de flores que Gideon gostava? Nem eu sabia disso! Eu
mentalmente me dei um tapa.
Alice estúpida, estúpida. Tão egoísta e sem consideração!
— Obrigado, Jenny, eu amo narcisos. Eles são lindos, mas você
realmente não precisava, — disse Gideon. dando-lhe um abraço lateral.
— Imagina. Este é um momento difícil para todos, com a cirurgia de
Nico e tal. Todos vocês devem estar muito preocupados, então comprei
flores para alegrar a todos, — ela respondeu.
Era oficial; essa garota era perfeita. Havia algo de errado com essa
garota?! Será que ela tinha algum fio de cabelo malvado em sua cabeça?!
Eu não tinha ideia de que as pessoas podiam ser tão gentis. Gideon e
sua família eram gentis, mas essa garota estava em uma liga
completamente diferente.
Jenny me encarou e um sorriso apareceu em seu lindo rosto. — Olá.
você deve ser Alice. Kieran e Nico me falaram tanto sobre você que é
como se eu já te conhecesse. Oi, sou Jenny. — Ela estendeu a mão para eu
apertar.
— Prazer em conhecê-la, Jenny, e sinto dizer que ninguém me falou
sobre você, — respondi, apertando a sua mão.
— Ah, não importa. Você tinha tantas coisas importantes acontecendo
em sua vida. Estou feliz que Nico esteja bem. agora. Quando Kieran me
contou, eu sabia que precisava vir visitá-lo. Ele é uma das minhas
crianças favoritas.
Ela estendeu algumas margaridas em cores diferentes. — Ah, estas são
para você.
— Eu não tinha ideia de que tipo de flores você gostava, então
comprei margaridas para você. E minha terceira flor favorita. Ah. e
comprei esses brincos para você também. Quando os vi. soube que tinha
que comprá-los para você.
Peguei as flores e os brincos dela com um sorriso no rosto. Essa garota
era tão doce que era impossível não gostar dela.
— Muito obrigado. Jenny. Amei. Os brincos são muito fofos, — eu
disse a ela. Os brincos eram grandes rosas turquesa, com uma pérola
presa no centro, e pequenos cristais incrementando o visual.
— Ok. chega de dar presentes, morango. Venha e sente-se. Almoce
com a gente, — Kieran disse a Jenny.
— Nossa, Alice! Olha. Jenny me deu um X31000! — Nico quase gritou,
segurando uma grande pistola colorida de água, olhando para ela como
alguém olharia para o carro dos sonhos.
— Eu presumo que você tenha gostado?! — Eu sorri para ele, gostando
de Jenny ainda mais.
— Sim! E a arma de água mais legal do mundo. — Eu poderia dizer
que Nico queria experimentar seu novo brinquedo neste exato
momento.
— Estou feliz que você gostou. Nico, — Jenny disse.
— Eu amei, obrigado novamente. Venha comer conosco. — Declarou
Nico.
— Na verdade, eu não posso. Eu tenho que voltar para a loja em duas
horas, então talvez outro dia, — Jenny respondeu.
O rosto de Kieran endureceu e ele caminhou até Jenny. Olhei para
Gideon. apenas para vê-lo olhando para o casal com diversão. Kieran
levou Jenny de volta à cadeira vazia e a sentou.
— Eu vou te levar, mas você vai almoçar conosco antes, sem
discussões. — Kieran afirmou, rapidamente colocando comida no prato
para sua namorada.
— Kieran. você não vai me levar. Vou pegar o ônibus, — argumentou
Jenny.
— Não vai, não! Não vou permitir que você sofra em ônibus e trens
enquanto estou aqui para levá-la aonde quiser. Eu não vou permitir!
Ver Kieran agindo assim me fez pensar se ele tinha um gêmeo
idêntico. Desde que conhecia Kieran, nunca o tinha visto assim, tão
mandão e dominador. Para mim. ele era descontraído e um pouco bobo,
mas não isso.
Os olhos de Jenny se estreitaram e ela abriu a boca para discutir, mas
um olhar de Kieran a fez calar a boca. Ela pegou o prato cheio de comida
de Kieran e começou a comer.
— Ele é sempre assim com ela?, — sussurrei para Gideon.
Gideon deu uma risadinha. — Você não viu nada ainda. Ele está a três
sessões de amor de engravidá-la. Não estou brincando, — acrescentou
Gideon depois de ver minha expressão de choque.
— Eu pensei que Kieran fosse descontraído e alegre, — eu continuei a
sussurrar.
— Ele é descontraído, mas não quando se trata das pessoas que ama.
Ele vai rir e brincar, mas se qualquer um de nós fizer algo que ache
estúpido, ele vai nos tratar exatamente como tratou a Jenny, — Gideon
me informou.
— Até eu?, — eu perguntei.
— Especialmente você, e Jenny, e a possível namorada de Brenton. Ele
ama Jenny e te ama como uma irmã, então ele faria qualquer coisa para
protegê-la. Assim como ele não permite que Jenny pegue um ônibus. Ele
não permitiria que você também pegasse um. Que nenhum de nós
pegássemos., — ele respondeu.
— Ah.
Eu precisava de alguns minutos para digerir essa nova informação,
mas o senhor Maslow tossiu, chamando nossa atenção.
— Só quero que todos saibam que vou oferecer um jantar em família
no próximo sábado, e todos vocês estão convidados, incluindo você.
Jenny. — O senhor Maslow olhou para Jenny, que tentou não se
contorcer sob seu olhar.
— Estaremos lá. pai, — Kieran e Gideon disseram em uníssono.
Depois do almoço, o senhor Maslow e Brenton se despediram,
deixando-nos com Nico. Desde que o senhor Maslow nos contou sobre o
jantar que se aproximava, minha mente começou a nadar em vários
cenários de como esse jantar seria.
Só esperava que não fosse um desastre.
Capítulo 19
— Você tem certeza de que Kieran não terá nenhum problema em
ficar com Nico esta noite?, — perguntei a Gideon enquanto desabotoava
meu casaco.
— Claro que não. Acredite em mim. Kieran não tem nenhum
problema em ficar com Nico, além de ter Jenny com ele, — Gideon
respondeu, indo para o banheiro.
Conforme decidido. Kieran iria passar a noite com Nico. enquanto
Gideon e eu voltaríamos para casa, o que fizemos. Gideon parecia
exausto, então fiquei feliz por Kieran estar disposto a ficar com Nico.
Eu sabia que Gideon não tinha dormido bem no sofá do hospital
ontem à noite. Homens ricos como ele são acostumados a dormir em
camas confortáveis. Mas eu fiquei feliz por ele ter feito um esforço por
mim.
Gideon saiu do banheiro e caminhou em minha direção. Uma vez que
ele estava parado a alguns metros de mim. ele deu um abraço
reconfortante, me pegando de surpresa.
Não tinha ideia de por que Gideon estava me abraçando, mas gostava
de ter seus braços em volta de mim.
— Sente-se. — Gideon gentilmente me empurrou para baixo na cama,
mas ele não parou até que eu estava deitada, olhando para ele confusa.
Dando-me um sorriso. Gideon ficou em cima de mim e acariciou meu
pescoço, provocando prazer em meu núcleo. Eu teria gemido se o
repentino afeto físico de Gideon não tivesse me deixado perplexa.
— Gideon, o que você está fazendo?, — eu perguntei suavemente.
— Beijando você. — E para provar seu ponto, ele beijou a lateral do
meu pescoço.
— Sim. mas por quê?, — eu perguntei.
— Porque eu sou seu marido, — ele respondeu, beijando o ponto
abaixo da minha orelha.
— Sim, mas por que de repente?, — eu perguntei, correndo meus
dedos por seus cabelos.
— O marido não pode beijar a esposa?. — Gideon murmurou antes de
agarrar a barra da minha camisa e puxá-la. — Tire isso, — ele exigiu,
puxando a camisa pela minha cabeça e jogando-a para o lado.
Uma vez que eu estava apenas de sutiã da cintura para cima. Gideon
reivindicou minha boca em um beijo apaixonado, passando as mãos
sobre minha barriga nua. acendendo o prazer em cada célula do meu
corpo.
Não tinha ideia de por que Gideon estava sendo tão atencioso, mas
queria saber.
— Você me faz tão feliz, — sussurrou Gideon. deslizando os lábios
pelo meu pescoço.
— Gideon, você está me confundindo. Por favor, me diga por que eu
te faço tão felizes disse sem fôlego.
Sem dizer uma palavra. Gideon agarrou seu casaco, que estava ao pé
da cama. Ele enfiou as mãos dentro do bolso e tirou um envelope, que já
estava aberto.
Tirando um pedaço de papel dobrado. Gideon me entregou, sorrindo
de orelha a orelha.
Eu li o conteúdo do documento e meus olhos se arregalaram. De
repente, eu soube o motivo da felicidade de Gideon. Ele beijou minha
barriga ainda lisa, logo abaixo do umbigo, enquanto eu olhava para as
palavras que me diziam o que Gideon já sabia.
Eu estava grávida. z
— E por isso que você está tão feliz?, — eu questionei, um sorriso
aparecendo em meu rosto.
— Sim. por sua causa. — Gideon acariciou minha barriga, me fazendo
rir com a sensação de cócegas.
— Bem, estou feliz por ter feito você feliz por estar grávida, — eu
disse, me sentindo aliviada. Senti que agora as coisas estavam finalmente
dando certo para mim: meu irmão havia consertado o coração e agora eu
estava grávida do bebê de Gideon.
Eu também tinha dinheiro para a educação de Nico, e agora precisava
apenas me candidatar a um emprego com um salário decente e procurar
uma casa, porque este castelo seria minha casa pelos próximos onze
meses apenas.
— Não apenas feliz, extasiado. Vou te amar porque agora tenho você
só para mim. — Gideon tirou apressadamente meu jeans e minha
calcinha antes de descartar suas próprias roupas e ficar em cima de mim.
Gideon fez amor comigo, me deixando saborear cada centímetro dele.
Corri minhas mãos vagarosamente sobre seu corpo duro e musculoso,
apreciando a sensação dele bombeando lentamente para dentro e para
fora de mim.
Gideon fazendo amor comigo abriu outra rachadura em meu coração,
fazendo eu me apaixonar um pouco mais pelo homem que eu não
deveria.
Assim que terminamos e nos deleitamos com o brilho posterior de
nossa vida amorosa, Gideon passou a mão por toda a minha pele,
causando arrepios em toda parte.
— Eu estarei com você em cada passo do caminho. Vou acompanhá-la
em cada exame e cuidarei de você e de nosso bebê. Você não estará
sozinha, pombinha. Você nunca estará sozinho. — Gideon beijou meus
lábios docemente antes de olhar minha barriga com uma alegria mal
disfarçada.
Suas palavras trouxeram lágrimas aos meus olhos e, pela primeira vez,
desejei que ficássemos juntos para sempre e não apenas por um ano.
Eu realmente gostaria que houvesse um homem como Gideon lá fora
para mim. Eu não acho que seria capaz de lidar com um marido abusivo.
— Nós seremos ótimos pais, você não acha? Você é atencioso e
amoroso, e sabe tudo sobre como cuidar de crianças. E eu vou aprender a
lidar com nosso bebê e com você. Um dia você estará encarregado das
fraldas, e um dia eu estarei. O que você acha?
Gideon envolveu suavemente um braço em volta da minha barriga. O
pequeno gesto confirmou meus pensamentos sobre Gideon ser um pai
incrível. Minha barriga ainda estava plana, mas ele já protegia a vida que
crescia dentro dela.
— Acho que vai ser perfeito. — Beijei Gideon com ternura,
derramando minha felicidade naquele beijo.
— Você sabe que eu não queria um filho só porque precisava de um
herdeiro para administrar meu império, mas porque queria começar uma
família, ter alguém para chamar de meu. Alguém que espero ver no final
do dia. Alguém que vai me cumprimentar com um sorriso toda vez que
eu chegar em casa do trabalho.
— Bem, eu desejo que você encontre esse alguém para você, — eu
disse com a maior sinceridade.
— Eu já encontrei esse alguém, — respondeu ele, passando a mão pela
minha barriga.
O tempo passou rápido. Uma semana se passou como um borrão, e
agora estávamos trazendo Nico para casa.
Gideon já havia preparado um quarto para Nico no castelo, e Kieran
estava vindo para ficar conosco porque ele se ofereceu para tomar conta
de Nico e se certificar de que ele estava tomando seus remédios na hora
certa.
Eu disse a ele que era desnecessário porque eu poderia cuidar do meu
irmão, sem mencionar o número de criadas que Gideon tinha no castelo.
Mas Kieran não se mexeu, me dizendo que eu estava grávida de seu
sobrinho ou sobrinha e que precisaria me concentrar mais em mim
mesma e as empregadas não iriam brincar com Nico.
Gideon concordou com Kieran e me disse estritamente para cuidar de
mim mesma.
Uma vez que Gideon me disse que eu estava grávida, não demorou
muito para contar para toda a família.
Então, o pai de Gideon mudou o almoço familiar mensal para um
almoço comemorativo e convidou toda a família Maslow, que incluía
todos os tios, tias e primos de Gideon.
Então cá estávamos, nos arrumando para ir almoçar na casa do senhor
Maslow. Gideon deu ordens estritas a cinco empregadas a respeito de
Nico.
Todos as cinco ficariam com Nico até que voltássemos, e se Nico
quisesse jogar, elas deveriam brincar com ele.
Eu estava um pouco relutante em deixar Nico sozinho com as criadas
quando ele tinha acabado de voltar do hospital, mas também sabia que o
senhor Maslow estava oferecendo este almoço por minha causa.
Não pude cancelar porque toda a família de Gideon estaria lá e eu
nunca o envergonharia.
— Você está pronta para ir?, — Gideon perguntou, emergindo do
closet e parecendo estar pronto para uma sessão de fotos.
— Sim. vamos lá. — Depois de pegar minha bolsa da mesa, segui
Gideon para fora do quarto e em direção ao carro.
Durante toda a viagem fiquei uma pilha de nervos. Cada vez que
minha mão alcançava meu pescoço, apenas para descobrir nenhum colar
lá, eu ficava desapontada.
Naquele momento, eu estava sentindo tanto a perda do colar que
amaldiçoava o fato de ele ter se quebrado.
Chegamos à propriedade do senhor Maslow depois de trinta minutos.
A propriedade era enorme, mas a arquitetura não era deste século; era
velho, muito velho.
No entanto, era lindo, e eu poderia facilmente imaginar um homem
como o senhor Maslow morando aqui.
Gideon e eu entramos na casa, e meus olhos se arregalaram ao ver o
número de pessoas lá dentro, em especial o número de homens na casa.
Era como se mulheres não existissem no local.
Para onde quer que eu olhasse, havia homens de várias idades e
tamanhos, todos vestidos com camisas e calças.
Kieran veio e deu um tapa nas costas de Gideon em reconhecimento.
Dando-me um abraço fraterno, ele gritou para todos que a convidada de
honra estava aqui, o que não ajudou a aliviar minha ansiedade nem um
pouco.
— Jenny está ali. — Kieran apontou para onde Jenny estava sentada,
parecendo tão desconfortável quanto eu.
Dando a ele um sorriso agradecido, eu rapidamente fui até Jenny. O
alivio se espalhou por seu rosto quando ela me viu. Dando-me um
sorriso doce, Jenny se levantou e me abraçou.
— Graças a Deus você está aqui. Eu estava me sentindo tão estranha
por estar no meio de todos aqueles homens. Você já viu tantos homens
em uma família?, — ela perguntou, olhando para a sala fervilhando de
homens.
— Não fazia ideia de que Gideon só tinha homens na família, —
comentei.
— As tias dele estão na cozinha preparando o almoço, e não acho que
eles tenham nenhuma prima, — Jenny respondeu.
Nesse momento, duas mulheres desceram trotando as escadas. Assim
que elas viram Jenny e eu, seus rostos se abriram em sorrisos enormes.
Eles correram em nossa direção e nos envolveram em abraços.
Ambas as mulheres eram muito bonitas. Aquele que abraçou Jenny
tinha uma figura cilíndrica com cabelos loiros ondulados e olhos verdes.
Enquanto aquela que estava sorrindo para mim tinha cabelos escuros
cacheados e olhos azuis.
— Ah meu Deus, finalmente, garotas da família, — aquela que estava
me abraçando gritou animadamente.
— E o melhor de tudo, elas não são mais velhas do que nós!, — a outro
disse.
— Oi, eu sou Chloe e esta é Maddie, — Chloe disse para mim.
— Prazer em conhecê-las, Chloe e Maddie. Sou Alice, a esposa de
Gideon.
— E eu sou Jenny. Eu vim com Kieran, — disse Jenny.
— Aah, você é a namorada de quem Kieran não consegue parar de
falar, — afirmou Maddie, fazendo Jenny corar.
— E você é a convidada de honra. Estou feliz por finalmente conhecê-
la. Venha, vamos para o meu quarto. Ainda há muito tempo até o almoço.
— Chloe viu Gideon sentado com alguns caras.
— Ei. Gideon. vou levar sua esposa e a namorada de Kieran para o
meu quarto. Não monte um grupo de busca, — ela disse antes de pegar
minha mão e me conduzir escada acima.
— Você vive aqui?, — eu perguntei a Chloe.
— Não, — ela respondeu.
— Então por que você está nos levando para o seu quarto?, — eu
perguntei.
— Ah, este é o meu quarto quando visito o tio Brian, — respondeu ela.
— Quem?, — Jenny perguntou.
— Tio Brian, o pai de Kieran, — Chloe respondeu, abrindo a porta de
seu quarto e nos deixando entrar antes de fechar a porta.
— Sente-se onde quiser. — Jenny e eu sentamos na cama, bem em
frente a Chloe e Maddie.
— Então, você gostou da família cheia de homens?, — Maddie
perguntou.
— Desconfortável, — Jenny respondeu.
— Você não tem ideia de como estamos felizes por vocês duas estarem
aqui. É tão chato aqui com todos os homens e nenhuma outra mulher.
Somos apenas Maddie e eu, — Chloe comentou.
— Mas deve ser bom ter tantos homens para protegê-las, — eu disse.
— Ah, não. não é. Chloe e eu nunca podemos ter namorados. Uma vez
eu estava namorando esse cara e meus irmãos descobriram. Eles
literalmente espancaram o cara e me deixaram de castigo por três meses.
Agora, eu não estou autorizada a ir a nenhum clube, e se eu quiser ir a
um clube, devo ir àquele chato perto da minha casa e tenho que levar
meus irmãos junto, — Maddie disse, ressentimento escorrendo de suas
palavras.
— Eu concordo. Ter uma família dominada por homens é tudo menos
divertido. Todos os caras te tratam como se você fosse feito de porcelana
cara. Eu gostava de Lizzie. Pelo menos ela teve a coragem de enfrentar
todos eles e ser fiel ao amor de sua vida, — afirmou Chloe.
Jenny e eu trocamos olhares perplexos, fazendo a mesma pergunta:
quem era Lizzie? E onde ela estava? Qual era sua história com a família
Maslow?
Gideon nunca me contou sobre uma Lizzie antes. Bem. ele nunca me
contou sobre ninguém antes, e eu tinha a sensação de que se eu
perguntasse sobre Lizzie. Gideon não seria muito direto.
— Ah, nós somos tão horríveis. — Maddie deu um tapa na testa. —
Parabéns pelo bebê. Você vai dar à luz outro menino Maslow, — disse ela.
— Pode ser uma menina, — respondi.
— Eu gostaria, mas esta família está amaldiçoada. As mulheres desta
família sempre, e quero dizer, noventa e nove por cento do tempo, dão à
luz meninos.
As meninas são uma raridade. Nesta geração, só temos Chloe. Lizzie e
eu como meninas. O resto são meninos, e como Lizzie se foi. somos
apenas nós duas, — afirmou Maddie.
— Uau, e vocês acreditam nisso? — Jenny perguntou.
— É difícil não acreditar, já que noventa e cinco por cento de nossos
ancestrais são homens. As mulheres são apenas as esposas e raras filhas,
— Chloe respondeu.
Bem, eu não acreditava que essa família fosse amaldiçoada. E como
era uma esposa temporária na família Maslow, acreditei que daria à luz
uma menina. Chloe e Maddie falando sobre a família ser dominada por
homens me fez desejar que meu bebê fosse uma menina.
— Quem é Lizzie?, — Jenny questionou.
— Aahh, não podemos dizer de quem ela era filha, porque, desde o dia
em que Lizzie foi expulsa da família, todo mundo fingiu que Lizzie nunca
fez parte da família, e disseram que ninguém deveria associá-la à família,
especialmente a aqueles com quem ela era realmente parente próxima,
mas podemos dizer que ela era nossa prima e era uma mulher foda!, —
Chloe respondeu.
Essa família era tão estranha e tinha tantos segredos. Havia uma
mulher misteriosa no sétimo andar do castelo. Havia um corredor de
arquivo vazio com relação à mesma mulher, e agora havia essa outra
mulher. Lizzie.
Quantos segredos essa família tinha? E eu seria capaz de descobrir
todos eles em menos de um ano?
Eu esperava que sim.
Capítulo 20
Uma estranha sensação de ansiedade começou a se formar dentro de
mim enquanto eu observava Nico se vestindo. Eu não podia acreditar: ele
estava indo para a escola hoje.
Durante toda a sua vida, Nico quis ser como as outras crianças, ir para
a escola e ter uma educação adequada para se tomar um médico, e agora
ele finalmente estava realizando seu desejo. A única coisa era que eu
estava com medo de mandá-lo para a escola.
Nico e eu nunca ficamos separados por muito tempo e agora ele iria
ficar na escola por sete horas. E se algo acontecesse com ele na minha
ausência? A escola me informaria?
Após o primeiro acompanhamento, duas semanas atrás, o médico nos
disse que Nico estava perfeitamente bem e pronto para ir para a escola,
mesmo assim eu ainda estava preocupada.
Fazia um mês e meio desde que Nico fez sua cirurgia e, nas últimas
semanas, tiníramos admitido Nico em uma escola primária local. Hoje
era seu primeiro dia. Foi estranho.
Eu estava me sentindo muito preocupada em mandar meu irmão para
a escola. O que eu faria quando tivesse que mandar meu próprio bebê
para a escola? Eu precisava parar de me preocupar. A escola tinha um
ambiente muito bom e seguro. Nico estaria seguro lá.
— Alice, onde está minha mochila escolar? — Nico perguntou,
procurando por sua bolsa.
— Está na sala de jantar. Você tomará café da manhã e depois te
acompanharei até a escola, — respondi.
— Mas pensei em ir no ônibus escolar, — disse Nico.
— Você vai a partir de amanhã, mas hoje eu vou te acompanhar com o
chofer. Venha, você não quer se atrasar. — Conduzi Nico para fora de seu
quarto e para a sala de jantar.
— Onde está Gideon?, — Nico perguntou, sentando-se.
— Ele está no trabalho. Ele teve que ir mais cedo. Fazer uma
videoconferência com um investidor estrangeiro, — respondi.
A porta da sala de jantar se abriu e Kieran entrou, sorrindo
amplamente. Fiquei surpresa ao vê-lo, pois Gideon não havia me avisado
que ele viria.
— Ei, Nico. pronto para o seu primeiro dia. homenzinho? — Kieran
perguntou, sentando-se ao lado de Nico.
— Sim. vou estar no quinto! — Nico disse a ele, sorrindo.
— Uau, você é um cara inteligente, — Kieran comentou. — Bom dia.
cogumelinho. — Kieran disse para mim.
— Bom dia, o que você está fazendo aqui? Gideon não me disse que
você viria, — afirmei.
— Não ê óbvio? Vim levar Nico para a escola. O chofer já está
esperando, — Kieran respondeu.
— Obrigado, Kieran. mas não há necessidade disso. Vou levar o Nico
lá, então você não precisa se preocupar, — eu disse.
— Não seja boba. Vou acompanhar vocês dois. — Enquanto mastigava
uma fatia de pão, Kieran se levantou, seguido por Nico.
— Vamos, Alice, eu não quero chegar atrasado no meu primeiro dia,
— Nico declarou.
Eu estava prestes a pegar a bolsa de Nico, mas ele chegou antes de
mim. — Está tudo bem. Alice. Agora que meu coração está consertado,
então você não precisa mais carregar coisas para mim.
Nico deslizou os braços pelas alças da bolsa antes de sair da sala de
jantar, comigo e Kieran seguindo atrás.
Escorregando para dentro do carro, nós três fomos até a escola de
Nico.
A empolgação que Nico estava sentindo era palpável enquanto olhava
para fora da janela, um lindo brilho em seus olhos que eu nunca tinha
visto antes, mas que nunca quis que se apagasse.
Ele continuou fazendo perguntas a Kieran sobre como a escola era
para ele. e Kieran respondeu a cada uma de suas perguntas, não
parecendo nem um pouco incomodado.
Em vinte minutos, chegamos ao lado de fora de um prédio gigante de
tijolos. Nico não perdeu tempo em sair e correr em direção à entrada da
escola. Eu tive que chamá-lo para impedi-lo de correr à frente.
— Tudo bem, agora, tenha cuidado e seja bom, não arrume brigas, e se
alguém te machucar ou algo assim, diga imediatamente ao professor, e
tente não se esforçar muito, ok? — Eu instruí Nico, meu tom severo.
— Não se preocupe, Alice. Eu vou ficar bem, — Nico me assegurou.
— Ok. bom. agora... Onde está seu professor? — Olhei em volta para
ver algum professor parado do lado de fora. Felizmente, vi a professora
que se encontrou conosco quando viemos aqui para a admissão de Nico.
Eu imediatamente fui até ela. Quando ela nos viu. ela deu um largo
sorriso.
— Olá. bom dia. Nico. bem-vindo à escola, — disse a senhorita
Harding.
Senhorita Harding era uma mulher doce em seus vinte e poucos anos,
com cabelos ruivos e olhos cinzentos. Ela foi muito boa conosco e
respondeu a todas as minhas perguntas sobre a educação de Nico com a
maior paciência.
Ela havia aliviado todas as minhas dúvidas e preocupações, e eu me
sentia confortável falando com ela.
— Obrigado, senhorita Harding, — Nico disse, saltando na ponta dos
pés. Eu poderia dizer que Nico mal podia esperar para ir para a aula.
Nico se virou para mim e me deu um abraço apertado antes de beijar
minha bochecha. — Tchau. Alice, eu tenho que ir para a aula agora. Você
vem me pegar?
— Claro, querido. Venho buscá-lo na, — eu disse, mas Kieran
interveio.
— Na verdade, eu virei buscá-lo. Sua irmã vai ficar um pouco ocupada.
— Kieran afirmou, me fazendo franzir a testa. Nico acenou com a cabeça
e correu para dentro.
Assim que Nico desapareceu da minha vista, voltei minha atenção
para a senhorita Harding. — Você poderia ficar de olho nele e, por favor,
me ligue imediatamente se alguma coisa acontecer? — Eu disse a ela.
Ela assentiu com um sorriso. — Não se preocupe, senhora Maslow.
Nico está seguro aqui e entraremos em contato se algo acontecer. Você
não tem nada com que se preocupar, — ela respondeu.
Acenando com a cabeça, me despedi dela e saí do prédio da escola
com Kieran ao meu lado. Assim que nos acomodamos no carro,
perguntei a Kieran a questão que passou pela minha mente assim que ele
falou na frente de Nico.
— O que te fez pensar que estarei muito ocupado para pegar Nico na
escola?, — eu perguntei.
— Você esqueceu? Você tem seu primeiro ultrassom hoje, — Kieran
me lembrou.
— Ai meu Deus, esqueci totalmente que era hoje. — Eu não podia
acreditar que tinha esquecido do ultrassom. Eu nem tinha lembrado
Gideon ontem à noite.
— Tudo bem. Gideon se lembrou e me disse para pegar Nico na escola
porque você estaria no médico. — Kieran me informou.
— Certo, uau. graças a Deus ele se lembrou, — eu disse.
— Claro que ele se lembraria. Ele marcou a data em cada calendário
que possui, colocou alarmes em seu telefone e fez sua assistente lembrá-
lo, — Kieran me informou.
— Uau, não achei que Gideon tomaria tais medidas em relação a um
ultrassom, — comentei.
— Você não tem ideia, cogumelinho Kieran murmurou.
Gideon chegou precisamente às 11: 00. Ele me deu um beijo carinhoso
antes de me dizer para ficar pronta. Vesti meu sobretudo antes de pegar
minha bolsa e sair do quarto com Gideon.
Ao longo da viagem, meu coração continuou trovejando contra meu
peito. Eu estava nervosa com o ultrassom. extremamente nervosa. Uma
sensação de peso se instalou na boca do estômago enquanto nos
aproximávamos cada vez mais do hospital.
Minha mente não parava de pensar em um cenário ridículo atrás do
outro, me dando vontade de vomitar.
Olhei para a minha esquerda e vi Gideon sentado calmamente, não
parecendo nem um pouco preocupado com tudo isso. Sempre me
impressionou como Gideon realmente era calmo e legal. Eu nunca o
tinha visto perder o controle. Era impressionante.
Como se sentisse meu olhar sobre ele, Gideon se virou para mim e me
deu um sorriso suave. Esse sorriso me afetou mais do que deveria. Esse
sorrisinho foi o suficiente para aliviar algumas das minhas preocupações.
— Nervosa?, — Gideon perguntou, o sorriso suave não deixando seu
rosto.
— Como você sabia? — Eu fui tão transparente?
Doutora Hubble levantou minha camisola, expondo minha barriga,
antes de pegar uma garrafa de plástico. Ela despejou gel frio na minha
barriga antes de espalhar o gel com um dispositivo.
— Não está muito frio, está?, — ela me perguntou.
— Não, doutora, — respondi, meu coração batendo forte no peito.
Logo a tela começou a mostrar uma imagem em preto e cinza. Não
consegui entender muito, pois parecia manchado e meio embaçado.
Doutora Hubble moveu o dispositivo antes de parar em um ponto.
— Pronto, está vendo? — Doutora Hubble apontou para uma pequena
bolha com o que parecia ser uma cabeça. — Esse é o seu bebê. Você está
exatamente de oito semanas e três dias, — ela nos informou.
Era como se nada mais existisse, exceto o bebê. Eu não conseguia tirar
meus olhos da tela enquanto olhava para o meu bebê pela primeira vez.
Meu coração se apertou de alegria e dor.
Alegria por saber que aquele bebezinho precioso estava dentro de mim
e dor por saber que seria impossível para mim me separar dele quando
chegasse a hora.
De repente, a ideia de ser apenas uma portadora deste bebê não me
agradou. Eu não poderia desistir desse bebê, nem agora, nem nunca. O
que eu estava pensando quando assinei o contrato?
Eu não poderia desistir desse bebê. Em apenas alguns segundos, este
bebê era dono do meu coração e eu sabia que não poderia viver sem ele
ou ela.
— É muito cedo para determinar o sexo do bebê, mas vocês gostariam
de ouvir os batimentos cardíacos? — doutora Hubble perguntou.
— Sim. por favor, — Gideon respondeu, sua voz cheia de emoção.
Em alguns segundos, a sala foi preenchida com um som forte de
batida. Minha respiração engatou quando ouvi o som. tentando
memorizá-lo. Senti Gideon roçar minha bochecha com o polegar. Olhei
para o polegar para ver que estava molhado. Eu não percebi que estava
chorando.
— Este é o batimento cardíaco do seu bebê. É forte e estável, —
doutora Hubble nos informou.
— Você ouviu isso, fadinha? Este é o batimento cardíaco do nosso
bebê. — Gideon se abaixou e me beijou profundamente.
— Gostaria de uma foto do bebê?, — ela perguntou.
— Sim. por favor. — Mais uma vez Gideon respondeu. Era como se eu
tivesse perdido a habilidade de falar. Eu simplesmente não conseguia
acreditar. Ver meu bebê me deixou muito feliz.
A doutora Hubble imprimiu rapidamente a imagem e a entregou a
Gideon. Depois que ela me contou tudo sobre gravidez e me prescreveu
algumas vitaminas pré-natais, nos despedimos da doutora. Hubble, até o
próximo exame.
Já no carro, Gideon tirou as imagens do envelope e olhou para elas
com tanto amor que tive vontade de chorar. Seus olhos brilhavam de
amor e felicidade, e seus lábios se curvaram em um enorme sorriso.
— Ele é lindo, não é?, — Gideon me mostrou a foto.
— Sim, mas pode ser uma menina, — eu disse, olhando para a foto
com felicidade mal contida.
— Vai ser um menino. Estou certo disso. Você deve se cuidar bem de
agora em diante, ok. bonitinha?, — Gideon beijou minha testa.
— Sim. eu vou, — eu disse com convicção. E eu ia. Eu não ia deixar
nada acontecer ao meu bebê.
— Vamos ter um bebê, pombinha. — Era como se Gideon fosse o
homem mais feliz do mundo.
— Está escrito em todo o seu rosto. Sem falar que você continua
tocando seu pescoço, — Gideon me disse.
— Ali, eu não reparei, — respondi timidamente. Eu estava realmente
sentindo falta do meu colar.
Toda vez que eu ficava nervosa, o colar era a primeira coisa que minha
mão tocava, e agora, embora o colar tivesse sumido, minha mente ainda
estava programada para ter minha mão tocando meu pescoço toda vez
que eu estivesse nervosa.
Gideon pegou minha mão e deu um aperto reconfortante. — Não se
preocupe. Tudo ficará bem. Confie em mim, — disse ele.
Eu balancei a cabeça e observei enquanto o motorista estacionava o
carro no estacionamento do hospital. Gideon e eu saímos do carro e
entramos no hospital.
Assim que o cheiro de desinfetantes deslizou pelo meu nariz, uma
onda de ansiedade me atingiu com força total. Naquele momento, eu não
queria nada mais do que fugir do hospital.
Eu não queria fazer o exame. E se houvesse algo errado com o bebê?
Foi como se Gideon pudesse sentir minha agitação interna, porque
assim que pensei em correr, ele segurou meu pulso com firmeza e me
levou até a recepção.
Depois de dizer à senhora que tínhamos uma consulta com a doutora.
Hubble e obter as informações sobre seu consultório. Gideon me
conduziu pelo corredor até o elevador.
— Por que estamos vendo uma médica diferente? Por que não a
antiga, aquela que fomos da última vez?, — perguntei a Gideon enquanto
o elevador subia lentamente.
— Eu não gostava daquela médica. Eu gosto desta, é por isso, —
respondeu ele.
As portas do elevador abriram e Gideon me levou para outro corredor.
Havia algumas portas neste andar. Gideon parou em frente à terceira
porta e bateu. Uma doce voz feminina nos disse para entrar antes que
Gideon abrisse a porta e entrasse.
O consultório da doutora Hubble era padrão, com uma maca de
hospital contra uma parede e uma máquina de ultrassom ao lado da
maca. A mesa da doutora. Hubble estava contra a parede oposta daquela
com a cama de hospital.
Ao todo, o quarto era muito pequeno e simples.
Quando ela nos viu. a doutora Hubble se levantou para cumprimentar
Gideon e eu. Ela era uma mulher bastante alta com cabelos loiros, olhos
castanhos e um sorriso radiante. Ela era um pouco curvilínea, mas isso só
aumentava sua beleza.
— Então, primeiro exame, nervosa?, — ela me perguntou,
entregando-me uma camisola hospitalar. Peguei a camisola dela com um
aceno de afirmação, me troquei no banheiro e deitei na maca.
Os nervos me atacaram mais uma vez enquanto eu olhava para a
máquina de ultrassom que a médica mexia. Gideon veio e ficou ao meu
lado, segurando minha mão. Em momentos como este, ficava feliz por
não estar sozinha.
A presença de Gideon me deu uma estranha sensação de conforto —
algo que eu não poderia me acostumar, mesmo se quisesse.
— Tudo bem. vocês estão prontos? — A doutora Hubble nos deu
outro sorriso radiante, antes de voltar sua atenção para a máquina.
— Sim, — respondeu Gideon. Seu aperto na minha mão aumentou
enquanto ele olhava para a tela preta.
Eu balancei a cabeça e mordi meu lábio para me impedir de chorar.
Ver o bebê selou minha decisão para mim. mas também me colocou em
uma situação difícil. Eu sabia que não poderia viver sem meu bebê.
Como no mundo eu iria me separar do meu bebê?
Capítulo 21
Mais duas semanas se passaram e minha vida começou a cair em uma
rotina. Exceto pela protuberância crescente em minha barriga, não havia
muita coisa acontecendo. Algumas pessoas podem ficar entediadas com a
monotonia em suas vidas, mas eu adorei.
Foi tão pacífico. Eu não tinha nada com que me preocupar, exceto
quando Nico voltaria da escola e quando Gideon voltaria do trabalho.
Gideon, por sua vez, tinha sido o melhor marido que alguém poderia
desejar. Ele não só estava prestando mais atenção em mim do que o
normal, mas também estava começando a se abrir para mim em relação à
sua vida e às coisas que fazia.
Ele não me tratou mais como uma mulher temporária em sua vida,
mas me tratou como alguém com quem você queria ficar para sempre.
Eu sabia que isso não iria acontecer.
Logo chegaria a hora de eu partir, e Gideon encontraria uma mulher
mais adequada para ele. Eu só queria que ele fosse feliz com ela.
Ao todo, as últimas semanas foram maravilhosas para mim.
Esta foi a primeira vez em muito tempo que eu senti paz e não tive
que me preocupar com Nico e sua saúde deteriorada, nem tive que me
preocupar com minha próxima refeição ou desejar que as pessoas me
dessem uma boa gorjeta.
Agora tudo que eu precisava me preocupar era encontrar um emprego
adequado — o que seria extremamente difícil devido ao meu currículo
nada impressionante — e um apartamento de dois quartos, para o qual
eu voltaria, no East End, já que eles tinham apartamentos baratos.
Os Maslow. para minha surpresa, estavam sendo incrivelmente legais
comigo, exceto pelo pai de Gideon. que estava sempre sendo ranzinza e
não dizia mais do que duas palavras para mim ao mesmo tempo.
Brenton estava mais legal comigo, e falava como alguém
normalmente falaria com um amigo, sem o seu perfil dominador de
costume.
Kieran. por outro lado, conseguiu um lugar especial no meu coração.
Ele não apenas era extremamente doce e carinhoso com Nico, mas eu
estava começando a vê-lo como um irmão mais velho.
No entanto, havia uma coisa que me deixava intrigada: Lizzie. Quem
era ela e o que exatamente ela fez para merecer a ira dos Maslows?
Quero dizer, Chloe e Maddie me disseram que ela escolheu o amor de
sua vida ao invés de sua família, e foi por isso que ela foi banida da
família, mas eu queria saber exatamente quem ela era e de quem ela era
parente.
E até agora, eu não tinha ideia. Quando Jenny e eu descemos para a
sala de jantar com Chloe e Maddie. foi a última vez que conversamos
sobre Lizzie — no quarto de Chloe.
Depois do jantar, que foi espetacular e seria unia das minhas
memórias mais queridas, Chloe e Maddie começaram a nos contar sobre
o resto dos membros da família, e o assunto Lizzie foi encenado para
sempre.
Agora eu apenas sentei em meu quarto, pensando sobre o que fazer a
seguir. Nico estava na escola e Gideon estava no trabalho, então eu não
tinha nada para fazer.
Mas como os pensamentos sobre Lizzie mal haviam saído da minha
mente desde a noite do jantar, talvez eu pudesse ir à biblioteca e procurar
nos arquivos, ou algo assim.
Calçando meus sapatos, saí do meu quarto e fiz meu caminho para a
biblioteca. Tudo que eu precisava fazer era descer até os arquivos e
procurar o corredor de Lizzie ou qualquer nome que se parecesse com o
nome Lizzie.
E também posso olhar para o corredor que foi dedicado à mãe de
Gideon. Talvez ela possa me contar algo sobre Lizzie.
Assim que cheguei à biblioteca, rapidamente deslizei para dentro e
fechei as portas duplas gigantes, certificando-me de trancá-las para que
ninguém me perturbasse. Se as criadas precisassem de mim. poderiam
simplesmente usar o interfone.
E se Gideon precisasse falar comigo, ele me ligaria no meu celular, que
eu carregava comigo.
Fazendo rapidamente meu caminho para o quinto andar, parei por
um momento e inalei o cheiro de velhos diários e memórias antes de
levantar minha cabeça para olhar os nomes dos corredores.
Eu caminhei lentamente ao redor dos arquivos, tentando localizar o
nome Lizzie em qualquer lugar, mas. como eu esperava, não havia
corredor com o nome Lizzie.
Suspirando de decepção, procurei o corredor com o nome da mãe de
Gideon. Isso foi algo que não demorei muito a descobrir. Bem ao lado do
corredor chamado Brian Carl Maslow ficava o corredor de Teresa Rose
Maslow.
Deslizando para dentro do corredor, olhei para a prateleira, que estava
cheia de diários grossos. No entanto, este corredor não estava tão cheio
quanto o resto, o que me fez pensar se ela teria escrito mais diários ou
não.
Balançando a cabeça para me livrar de pensamentos irrelevantes,
peguei um diário da prateleira e sentei no pufe laranja para ler. Abri o
diário e olhei os anos em que ele foi escrito.
Diário de Teresa Rose Maslow
1986-1989
Havia uma bela foto da mãe de Gideon abaixo do nome. Seu cabelo
dourado estava penteado em um coque apertado, e ela parecia estar
usando algum tipo de vestido luxuoso, ou pelo menos é o que a gola alta
e o colar pesado indicavam.
A mãe de Gideon era mesmo linda. Eu realmente gostaria de tê-la
conhecido. Virando a página, encontrei o primeiro dia. que era datada de
27 de março. Respirando fundo, comecei a ler os garranchos suaves e
femininos de Teresa Maslow.
27 de março de 1986
A vida pode mudar em apenas um momento. Eu sei, pois isso aconteceu
comigo. Apenas algumas horas atrás, eu era uma mulher solteira, me
preparando para casar com o homem que amo.
E agora, em apenas um momento, eu fui de uma mulher solteira para
uma casada. De mulher com sua virtude intacta, agora me tornei uma
mulher que voluntariamente deu sua virtude ao marido.
Teresa então começou a falar sobre seu marido e sua primeira noite
juntos após o casamento, que eu ignorei porque Teresa Maslow não era
uma escritora tímida. Sem chance.
Ela havia escrito todos os detalhes de sua primeira vez nesse primeiro
dia do diário. Por isso, pulei rapidamente a primeira página porque não
queria ficar traumatizada pelo resto da vida enquanto estivesse grávida
do bebê de Gideon.
Passei para a página seguinte.
28 de março de 1986
Fizemos um bebê na noite passada. Eu tenho certeza disso. Havia algo tão
mágico nas poucas horas em que Brian e eu estivemos juntos. Eu sabia, sem
dúvida, que agora estava carregando o bebê de Brian em meu útero.
Espero que nosso primeiro bebê seja uma menina. Brian me disse que as
mulheres desta família só dão à luz meninos. Acho que é uma maldição e
quero quebrá-la. Eu quero quebrar essa maldição de ter como primogênito
um menino. Espero que seja uma menina.
E assim continuou sua segunda página. Folheei as seguintes, tentando
encontrar algo sobre Lizzie. mas fui recebida com decepção mais uma
vez. Não houve qualquer menção a Lizzie.
E eu realmente não precisava saber que Teresa Maslow — assim como
todas as outras mulheres Maslow — era incapaz de quebrar a maldição,
porque Gideon era o primeiro nascido.
No entanto, a próxima entrada em que meus olhos pararam me deu
um dos maiores choques da minha vida.
3 de maio de 1986
Desde que me casei com Brian, minha vida não tem sido nada além de
maravilhosa. No dia em que me casei, tive um palpite de que estava grávida,
mas hoje o médico confirmou.
Acordei me sentindo mal, como me sentia nas últimas semanas. A única
diferença era que Brian estava comigo e percebeu que eu estava doente.
Ele faltou ao trabalho e me levou ao hospital, onde o médico confirmou
que eu estava grávida.
Ao ouvir a notícia, fiquei em êxtase. Agora, nada poderia prejudicar meu
humor. Brian ficou muito feliz ao descobrir que em breve será pai.
Agora só espero que meu bebê seja uma menina. Quero ser a primeira
mulher a quebrar a maldição da família. Eu quero dar a Brian uma menina
primeiro.
Assim que terminei de ler o resto da entrada, minha mente se encheu
de perguntas. Se Teresa engravidou em 1986, isso significaria que Gideon
tinha cerca de trinta anos, mas ele tinha apenas vinte e sete.
Gideon mentiu para mim sobre sua idade? Ou Teresa perdeu o bebê?
Com a curiosidade quase me matando, decidi dar uma olhada nas
próximas páginas. Antes que eu pudesse começar a ler o dia seguinte,
meu telefone começou a tocar, dando ao meu coração uma sacudida
repentina.
Pegando meu celular, meus olhos se arregalaram quando vi o nome de
Gideon piscando na tela. Merda, o que eu diria ao Gideon? E se ele me
perguntasse o que eu estava fazendo?
Caramba, por que ele tinha que ligar a essa hora? Respirando fundo
algumas vezes para acalmar meu coração acelerado, atendi o telefone.
— Alô?
— Olá. pombinha, como você está?. — Gideon perguntou.
— Estou ótima. E você, como está? — Eu tentei muito manter minha
voz firme.
— Estou bem. Você comeu alguma coisa depois do café da manhã?, —
ele questionou.
— Sim. eu comi frutas, — respondi.
— Bom. E meu filho, está se comportando bem?, — ele perguntou.
Apenas pelo seu tom, eu podia dizer que Gideon estava sorrindo do outro
lado da linha.
— Sim, ele está. Não está me incomodando em nada, — respondi,
desejando que ele desligasse logo e eu pudesse voltar minha atenção à
Teresa e seu bebê por nascer.
— Isso é bom. Só queria dizer que chegarei em casa em algumas horas.
Então, posso te levar para jantar. O que acha?, — ele perguntou.
— Ah, claro, sair para jantar parece ótimo, mas tem certeza de que não
quer comer em casa?, — eu perguntei. Não queria que Gideon
desperdiçasse dinheiro com comida em restaurantes, sendo que
poderíamos ter uma boa refeição em casa.
— Não. eu quero comer fora com você. — Se Gideon estivesse aqui
agora, aposto que ele teria beijado minha bochecha depois de dizer isso.
— Ok, claro, eu adoraria, — respondi com um sorriso genuíno. Ele era
o melhor marido de todos. Na verdade, eu estava cada vez mais
desejando que toda essa coisa entre nós fosse real e não apenas uma
farsa.
— Ok, vejo você em breve. Se cuida. Tchau, bonitinha, — disse
Gideon.
— Tchau. — Desliguei o telefone com um sorriso feliz ainda em meu
rosto. Colocando-o de volta no meu colo, comecei a ler o próximo dia.
20 de novembro de 1986
Uau, eu não posso acreditar. Só mais um mês até que eu finalmente
poderei segurar meu bebê em meus braços. Eu não posso acreditar. A
felicidade que sinto ao escrever isso é inexplicável.
Eu sei que meu bebê é uma menina. Não só vejo uma linda garota em
meus sonhos, com os cabelos de Brian e meus olhos, as também mulheres da
minha família me dizem que vou dar à luz uma menina.
Algo na maneira como eu ando indica que meu bebê é uma menina,
segundo minha avó, mas espero que ela esteja certa.
Perguntei a Brian o que ele achava de ter uma menina como nosso
primeiro filho, e ele me disse que se nosso bebê for uma menina, ele fará tudo
ao seu alcance para proteger sua filha e mantê-la feliz.
Suas palavras me deram muito alívio. Não precisei me preocupar em dar
um menino a Brian porque ele ficaria feliz com qualquer um deles.
Ler isso foi uma surpresa inesperada. Então realmente houve um bebê
antes de Gideon? Ou talvez Gideon fosse o primeiro bebê? Mas isso não
fazia sentido, já que Gideon tinha vinte e sete anos, e não trinta.
E mesmo que houvesse a possibilidade de os pais de Gideon terem
mudado seu registro de nascimento, ainda assim não acreditava. Por
algum motivo, não achei que Gideon fosse o bebê do qual Teresa estava
falando.
E não havia nenhuma maneira de Teresa perder o bebê no oitavo mês
— a menos que ela tivesse sofrido um acidente gravíssimo que matou o
bebê.
Voltando minha atenção para o diário, virei a página seguinte e. para
meu honor, encontrei o final do diário. Rangendo os dentes, virei o diário
inteiro antes de bufar de frustração.
Mas quando vi as arestas cruas no meio, soube que havia algo muito
errado. O periódico foi datado do ano de 1986 a 1989 e foi encenado após
20 de novembro.
E vendo os pedaços irregulares de páginas coladas na lombada do
diário, meus pensamentos foram continuados. Alguém removeu
deliberadamente mais da metade do diário.
E a pior parte é que eu não tinha ideia se o bebê era uma menina ou
um menino.
Sem desistir, coloquei o diário de volta na prateleira e tirei alguns
outros.
Eu rapidamente folheei os diários para encontrar informações sobre o
primogênito de Teresa, mas. assim como no primeiro diário, algumas
páginas foram arrancadas dos outros diários também.
Eu não tinha ideia do que havia de tão importante naqueles diários
para alguém ter se esforçado tanto para manter em segredo. Mas seja o
que for. era algo importante.
O som do interfone interrompeu meu progresso. Respirando fundo,
marchei em direção ao interfone e peguei o telefone.
— Sim?
— Senhora Maslow. só queria informar que o senhor Nico está
voltando da escola e que o almoço estará pronto em quinze minutos, —
disse-me uma das empregadas, cujo nome eu não sabia.
— Tudo bem. estarei na sala de jantar em dez minutos. Obrigada por
me informar, e quando Nico chegar, peça para ele tirar o uniforme, — eu
disse, antes de desligar.
Arrastando-me de volta para o corredor de Teresa, comecei a colocar
todos os diários de volta em seus devidos lugares, tomando cuidado para
não deixar ninguém saber que eu estive ali.
Não demorei muito para colocar a maioria dos diários de volta em
seus lugares.
Com apenas três diários restantes, subi os degraus portáteis de
madeira — que foram colocados ao redor dos arquivos para pessoas que
eram baixas e precisavam de ajuda para alcançar as prateleiras mais altas
— quando meu pulso acidentalmente atingiu o diário ao lado daquele
que eu estava colocando de volta, causando cair no chão.
Eu praguejei em minha mente antes de me abaixar e pegar o diário
caído. Pensando que não haveria mal nenhum se eu desse uma olhada no
último diário, abri-o.
Para minha surpresa, o diário não era um diário. Quer dizer, era um
diário, mas o interior do diário não era o que se esperaria ao olhar para
um diário.
As páginas foram coladas, e o meio foi cortado para formar uma
cavidade — como nos filmes em que as pessoas escondiam coisas em
livros para esconder de olhares indiscretos. E na cavidade havia um diário
de veludo azul.
Removendo o diário azul, corri meus dedos sobre ele. amando a
sensação do veludo macio sob meus dedos. Eu virei o diário para
inspecionar o verso dele quando meus olhos pousaram em três palavras
em uma linda tinta dourada.
Por um segundo eu me senti como Harry Potter quando ele pegou o
diário de Tom Servoleo Riddle. porque as três palavras foram escritas
exatamente da mesma maneira que o nome de Tom em seu diário.
No entanto, essas palavras eram diferentes. Essas palavras eram...
Elizabeth Julia Maslow.
Capítulo 22
Gideon voltou para casa precisamente às sete horas. Eu estava com o
vestido azul que ele havia comprado para mim, e estava escovando meu
cabelo quando ele entrou em nosso quarto e me deu um beijo rápido na
boca.
Ele então se virou e foi ao banheiro, dizendo que em quinze minutos
sairíamos para jantar.
Embora eu não quisesse ir, porque queria ler o diário de Elizabeth
Julia Maslow, não pude recusar Gideon. Portanto, não toquei no diário
depois de colocá-lo de volta.
Eu o leria amanhã, e descobriria quem era a mulher. Porém, minha
natureza extremamente curiosa queria pular o jantar e ir ler o diário.
O lindo restaurante era um lugar que eu pensei que nunca visitaria
em toda a minha vida, mas graças a Gideon. eu estava ali agora, jantando
em um dos restaurantes mais prestigiados de toda Londres.
Era como se Gideon fosse meu gênio da lâmpada, realizando meus
desejos e vontades com apenas um estalar de dedos.
Quando o maitre abriu a porta para nós, meus olhos se arregalaram e
meu queixo caiu quando observei a opulência do restaurante. As mesas
foram colocadas com perfeição.
Os garçons trabalhavam com eficiência e as luzes refletidas nos lustres
davam ao restaurante um toque luxuoso. Era perfeito. Não era pra mim.
O restaurante era para os ricos e bem-sucedidos, não para uma
mulher pobre como eu. que só seria rica nos próximos nove meses. Eu
não merecia sentar em uma de suas cadeiras almofadadas confortáveis.
Eu pertencia ao povo, aos funcionários, ao grupo que garantia que os
pedidos eram levados às mesas certas. Lá talvez eu fosse inferior à equipe
de garçons: eu pertencia às criadas, que limpavam a bagunça dos chefs.
Eu me perguntei quanto salário essas pessoas recebiam. Afinal, eu
precisava de um emprego. Talvez eu pudesse trabalhar aqui. Eles
contratariam um graduado do ensino médio? Eu não tinha certeza, mas
tinha a sensação de que o pagamento era bom.
Poderia me candidatar a um emprego de garçonete aqui, porém, as
chances de eu ser contratado eram quase nulas.
— O que você está procurando, olhando ao redor?, — Gideon me
perguntou. Havíamos dado nossos pedidos ao garçom alguns minutos
atrás. Tentei pedir a coisa mais barata do cardápio, que era água, mas
Gideon balançou a cabeça e fez o pedido para mim.
— Este lugar é tão bom. Obrigada por me trazer aqui, — eu disse,
olhando em volta novamente, tentando absorver tudo de uma vez.
— Você não tem que me agradecer, e é melhor você se acostumar a
viver como os ricos e famosos. Vou levá-la a muitos lugares sofisticados,
— afirmou Gideon com um sorriso suave. Adorei o sorriso de Gideon.
Era tão lindo e tão genuíno.
— Eu ainda assim quero te agradecer. Você faz muito por mim. — Eu
olhei para os garçons vestidos com camisas brancas e calças pretas. —
Quanto ganiram esses garçons, como salário, quero dizer?, — perguntei a
Gideon.
Gideon franziu a testa antes de perguntar: — Por que você está
perguntando isso?
— Ah, porque eu preciso encontrar um emprego. Agora que Nico está
bem. preciso de dinheiro para sua educação e outras coisas. Atinai, tenho
que mandá-lo para a faculdade de medicina. Cinquenta mil libras não
vão durar para sempre, — eu disse.
A carranca na testa de Gideon se aprofundou. — Cinquenta mil? Você
quer dizer quinhentas mil. certo, pombinha?
Agora foi a minha vez de franzir a testa para ele. — Quinhentas mil?
— Sim. estou te dando um milhão de libras. Já te dei quinhentas mil. e
você receberá as outras quinhentas mil libras restantes no final do ano,
— respondeu ele, com um sorriso divertido.
— Espere, você quer dizer que atualmente tenho quinhentas mil
libras?! Caramba, pensei que tinha cinquenta, bem. trinta, depois da
cirurgia de Nico. Droga, por que não sou boa em matemática?! — Eu não
conseguia acreditar.
Achei que tivesse apenas cinquenta mil libras. Eu não conseguia
acreditar que tinha quatrocentas e oitenta mil libras agora, e receberia
mais depois.
Gideon riu alegremente antes de apertar suavemente minha mão. —
Confie em mim. você não precisa amimar um emprego. Você tem
dinheiro mais do que suficiente, fadinha — disse ele.
— Não, de forma alguma. Tenho que comprar roupas novas para Nico.
Ele está crescendo rápido, sem falar em comida e dinheiro para as contas.
E quando o bebê nascer, terei que comprar roupas e comida para ele.
Acredite em mim. preciso conseguir um emprego, — respondi com
convicção.
— O bebê é meu também, e eu pagarei pela comida, roupas e outras
necessidades. Estou dizendo que você não precisa de um emprego, — ele
respondeu, seus lábios contraídos em uma linha dura.
— Você pode pagar pelo bebê, mas eu pagarei pelos desejos e
necessidades do meu irmão, — respondi.
— Não, você não vai. Eu pagarei pela educação e roupas de Nico e
qualquer outra coisa que ele queira ou precise. O dinheiro é para você. Vá
às compras com Jenny, por roupas e sapatos para você, — afirmou
Gideon.
— Não, não posso jogar fora o dinheiro sozinha. Tenho que pensar no
bebê e no meu irmão. Além disso, pode ser o seu bebê também, mas
ainda assim comprarei roupas e comida para ele. Você não será o único
provedor do bebê. Só preciso encontrar um emprego lucrativo, —
respondi.
— Veremos, — murmurou Gideon antes de apertar minha mão
novamente e ficar em silêncio.
Depois de quinze minutos, o garçom chegou trazendo nossa comida.
Depois de colocar cuidadosamente os pratos à nossa frente, ele fez uma
breve reverência e saiu. Gideon e eu perdemos pouco tempo antes de nos
aprofundarmos.
Quando o primeiro pedaço da minha refeição tocou meus lábios, eu
tive que me impedir fisicamente de gemer alto. A comida estava
deliciosa. Nunca na minha vida eu provei algo tão delicioso, tão incrível.
Agora eu sabia por que tudo no menu era tão caro. Foi preciso muito
trabalho para criar algo tão único e perfeito.
Assim que limpei tudo do meu prato, Gideon pediu sobremesa, apesar
de minha recusa.
Quando perguntei por que ele pediu sobremesa mesmo eu claramente
dizendo a ele que não, ele simplesmente disse que queria que eu tivesse a
experiência completa, e a experiência só seria completa com a
sobremesa.
Depois disso, acho que me apaixonei um pouco mais pelo meu marido
temporário.
— Você terminou todo o seu dever de casa ontem à noite?, —
perguntei a Nico. que estava ocupado comendo seu sanduíche.
Dando-me um aceno com a cabeça. Nico engoliu em seco antes de
dizer: — Sim. terminei minha lição de casa antes de ir para a cama. Eu
tenho um teste de inglês hoje.
— Você estudou para ele?, — eu perguntei, sabendo que ele havia
estudado.
— Sim. estou totalmente preparado, — respondeu ele com um sorriso.
Eu ri antes de pegar uma fatia de pão e espalhar geleia para Gideon.
Ele iria descer a qualquer minuto agora, e eu precisava ter certeza de que
seu café da manhã estava pronto.
Assim que coloquei o sanduíche no prato, Gideon entrou na sala de
jantar, lindo como sempre. Às vezes eu me perguntava se havia algum
momento em que Gideon não parecia sexy e de dar água na boca.
Meu subconsciente respondeu com um firme — nunca — antes de
ficar em silêncio.
— Senhora Maslow, o ônibus do senhor Nico está aqui, — Sally nos
informou.
Nico rapidamente agarrou sua bolsa. Dando-me um adeus apressado,
ele correu para fora da sala de jantar, deixando-me sozinha com Gideon.
Gideon me pegou de surpresa quando baixou a cabeça e capturou
meus lábios em um beijo ardente. O beijo me derreteu nos braços de
Gideon. mas ele não cedeu até que alguns momentos se passaram.
Depois que Gideon soltou meus lábios, achei um pouco difícil me
orientar. O beijo me levou para outro lugar completamente.
— O que foi isso?, — eu perguntei, sem fôlego, tentando me recuperar
do beijo.
— Um beijo de bom dia, — respondeu Gideon antes de se inclinar e
me dar outro beijo carinhoso.
— Uau. ok. — Eu não tinha ideia do que estava dizendo, Gideon sabia
como mexer comigo.
— Fique bom e segura, e se você precisar de alguma coisa, não hesite
em me ligar, ok?
Eu concordei. — Tome o café da manhã. — Afastei-me para deixar
Gideon sentar em sua cadeira.
— Hoje não. tenho que estar no trabalho em vinte minutos, então vou
ter que pular o café da manhã, — Gideon me informou.
— Você pode levá-lo para comer no caminho. Vou dizer a Helga para
embalar para você. — Virei-me para sair, mas Gideon me impediu.
— Bonitinha, está tudo bem. Pular o café da manhã um dia não vai me
matar. Agora eu tenho que ir. Fica bem. ok? — Gideon beijou minha
testa.
— Ok. tenha um bom dia. — Sorri para meu marido, que me deu
outro beijo antes de sair da sala de jantar.
Assim que Gideon saiu para o trabalho, certifiquei-me de que
nenhuma das criadas exigisse nada de mim antes de correr escada acima
para a biblioteca. Era hora de ler e descobrir quem era Elizabeth Julia
Maslow.
Os familiares corredores empoeirados dos arquivos me saudaram
assim que entrei. Desta vez, não passei horas procurando uma coisa ou
outra. Eu sabia porque estava aqui e onde estava.
Pegando os degraus portáteis, coloquei-os no chão e subi no topo para
alcançar a prateleira de cima de Teresa Maslow. Agarrando o jornal
grosso com as páginas coladas, puxei-o cuidadosamente.
Descendo, me joguei no pufe laranja e abri o diário. Removendo
cuidadosamente o diário de veludo azul, fechei o diário falso e abri o
diário de Elizabeth.
Diário de Elizabeth Julia Maslow
2002-2004
Virando a página, encontrei a resposta para o mistério que
atormentava minha mente desde aquele dia em que me aventurei até o
sétimo andar.
Lá, sentada como uma princesa, estava a versão mais jovem da mulher
do quadro, e agora eu sabia o seu nome: Elizabeth Julia Maslow. Ela não
era mais Lily, mas Elizabeth agora.
Ela estava vestida com um vestido marrom. Já que a foto foi tirada
quando ela estava sentada, eu só pude ver a metade de cima de seu
vestido, e parecia terrivelmente caro. Havia cristais escuros costurados
no espartilho de cor escura.
As mangas eram longas e ligeiramente bufantes nos ombros. Para
finalizar o look. ela usava um lindo chapéu marrom com penas e flores.
Elizabeth parecia ter cerca de dezessete na fotografia. Sua pele parecia
macia e ela parecia inocente. Não havia rugas em seu rosto.
Ela não parecia uma rainha como no retrato do sétimo andar, ela
parecia uma princesa.
Passando para a próxima página, vi o primeiro dia. Respirando fundo,
comecei a ler os garranchos femininos de Elizabeth.
1 de janeiro de 2002
Caro diário,
~ Outro ano se passou, mas meu amor por Henry não diminuiu. Na
verdade, acho que estou mais apaixonada por ele agora do que nunca.
Ele não é apenas o homem mais bonito e charmoso de toda Londres,
ele realmente me ama. e eu sei que ele quer se casar comigo.
Tenho medo de contar a meu pai sobre Henry. Principalmente porque
ele já começou a procurar um noivo adequado para mim. Mas não vou
me casar com ninguém, exceto com Henry, e meu pai deve entender isso.
~
Continuei lendo. Elizabeth falou principalmente sobre Henry e o
amor que sentia pelo namorado. Ela também escreveu sobre como eles
planejavam se encontrar em segredo às 22h na véspera de Ano Novo.
Seu diário era como um romance, e eu poderia dizer que ela estava
perdidamente apaixonada apenas por ler e olhar os corações em cima dos
i’s.
No entanto, tive um verdadeiro choque quando me virei para ler a
segunda entrada. Eu não podia acreditar que haviam mentido para mim,
e que não apenas Gideon, mas toda sua família, tinha escondido um
segredo tão grande.
2 de janeiro de 2002
Caro diário,
Eu quero fazer isso. Quero contar à minha família sobre Henry, mas estou
com medo. E se eles não aprovarem nosso relacionamento? E se meu pai não
concordar com o casamento?
E se eles me trancarem neste palácio gigantesco e me proibirem de ver
Henry novamente? E se eles matarem Henry?
Não, eu não posso dizer a eles. Nunca direi a eles. Não posso arriscar a
vida de Henry. Mas tenho que fazer algo. Porque se eu não fizer nada, Henry
e eu nunca poderemos ficar juntos. E eu me recuso a viver uma vida sem
Henry.
Ontem à noite, depois de voltar furtivamente para o meu quarto durante
a calada da noite, rapidamente troquei de roupa e me preparei para dormir.
Mas Lynn, minha empregada, entrou em meu quarto e disse que meu pai
queria me ver.
Eu estava com medo porque pensei que ele tinha descoberto que eu tinha
fugido para encontrar Henry. No entanto, não pude recusar a ligação de meu
pai, então desci as escadas, minha mente cheia de ansiedade.
Assim que entrei na sala de estar, fiquei confusa quando vi que não só
minha família inteira estava presente, mas também a família do vizinho.
Alejandro, o filho do vizinho, estava sentado, sorrindo para mim.
Eu me mexi na cadeira para ficar mais confortável.
Quando meu pai me viu, ele me chamou com um sorriso no rosto.
Confusa, fui até ele e me sentei ao seu lado.
Minha mente estava cheia de perguntas, mas todas foram respondidas
quando meu pai me disse que Alejandro e eu nos casaríamos em julho.
Eu não podia acreditar. Meu pai arranjou para que eu me casasse com
meu vizinho e amigo de infância, Alejandro. Ele nem me perguntou se eu
aceitava isso. Ele apenas concordou sem meu consentimento. Como ele pôde
fazer isso?!
Eu não era uma pessoa?! Eu não tinha direitos de escolha em relação ao
meu futuro?! Como meu pai podia simplesmente tomar para si a
responsabilidade de tomar decisões sobre meu casamento?
Depois disso, sai da sala quase correndo. Voltei para o meu quarto e chorei
até dormir. Eu sei que nunca poderia ser feliz com Alejandro.
Ele é um homem bom, e sei que faria o possível para me manter feliz, mas
amo Henry e nunca poderei ser feliz com outra pessoa além dele.
Talvez eu fale com Gideon. Ele pode saber o que fazer. Ele é meu irmão e
meu melhor amigo. Embora ele seja mais jovem do que eu, ele e eu somos
extremamente próximos. Talvez ele possa falar com meu pai sobre o meu
casamento com Henry.
Se Gideon não me ajudar, não terei escolha a não ser fazer algo drástico.
Porque não importa o que aconteça, eu só vou casar com Henry.
Elizabeth
O diário fechou sozinho enquanto eu processava a nova informação.
Gideon tinha uma irmã?! Ele tinha uma irmã e nunca me contou.
Eu entendia que eu era sua esposa temporária, e não exatamente parte
da família, mas mesmo assim ele poderia ter me dito que tinha uma irmã.
Então o primeiro filho de Teresa era na verdade uma menina. Ela
tinha conseguido quebrar a maldição da família.
Coloquei o livro de veludo de volta no diário falso e os devolvi à
prateleira. Eu tinha lido o suficiente por um dia. Agora eu tinha que subir
lá. até o sétimo andar. Eu não sabia como faria isso, mas tinha que subir
lá.
Assim que cheguei ao sexto andar, marchei até o sétimo andar, que
era o terceiro andar da biblioteca. Tive um palpite de que poderia entrar
no sétimo andar pela biblioteca. Rezei para que as portas da biblioteca
não estivessem trancadas por fora.
Assim que cheguei ao terceiro andar da biblioteca, não me incomodei
em olhar ao redor. Eu fui direto para as portas duplas gigantes. Girando a
chave, que já estava na fechadura, girei a maçaneta e rezei para que a
porta se abrisse.
Meu coração parou por um segundo quando a porta se abriu
suavemente. Eu não pude acreditar. Eu agora poderia pesquisar os
mistérios do sétimo andar sem que ninguém soubesse. Com um sorriso
ridículo estampado no rosto, abri a porta e saí.
Eu estava agora no sétimo andar.
Capítulo 23
O silêncio me cumprimentou enquanto eu olhava ao meu redor. O
sétimo andar parecia deserto. Eu me perguntei quanto tempo havia se
passado desde que alguém esteve aqui.
Tentando controlar minha excitação, comecei a andar pelo sétimo
andar sem me preocupar em ser pega.
O silencio me fez aproveitar mais o ambiente. Os pisos de mármore
brilhavam como se tivessem sido polidos recentemente. Eu dei uma
olhada nas pinturas e vi que algumas delas eram retratos de Elizabeth.
Então, todo o andar era dedicado a ela? Foi aqui que ela morou
quando era jovem? O sétimo andar pertencia a ela?
Seguindo em frente, me deparei com uma porta de madeira grossa.
Sem pensar duas vezes, girei a maçaneta e encontrei-a trancada.
Balançando a cabeça, me aventurei mais adiante, tentando abrir as
portas, mas encontrei todas elas trancadas.
Era como se os segredos quisessem ficar enterrados, não quisessem
ver a luz do dia.
Que bom que você encontrou o diário; caso contrário, você nunca teria
descoberto quem ou o que estava no sétimo andar.
Enquanto caminhava, finalmente encontrei a grande sala onde tinha
visto o retrato de Elizabeth pela primeira vez. Por alguma razão, as portas
desta sala não estavam trancadas, dando-me acesso.
Virei a maçaneta e deslizei silenciosamente para dentro, tentando o
máximo não fazer nenhum som. embora as chances de ser ouvida fossem
muito pequenas.
O cômodo estava exatamente igual eu o tinha visto da última vez que
o encontrei. O quadro gigantesco de Elizabeth continuava pendurado na
parede, fazendo-a parecer a rainha deste castelo.
No entanto, havia uma coisa que não fazia sentido para mim
enquanto eu olhava para o retrato. Elizabeth parecia mais velha, na casa
dos trinta. Como e por que seu retrato parecia tão recente se ela havia
sido banida anos atrás?
A única maneira que eu pensei era que talvez, de alguma forma,
Gideon e os outros ainda estivessem em contato com Elizabeth — se ela
estivesse viva, quero dizer. Mas se Gideon estava em contato com sua
irmã, por que agir como se ela não existisse?
Enquanto eu contemplava o complicado mistério, tomando-o ainda
mais complicado ao inventar um cenário rebuscado após do outro, decidi
interromper minhas suposições em relação à Elizabeth e, em vez disso,
decidi descobrir mais sobre ela.
Então, com uma última espiada no retrato, me virei e sai da sala
principal.
Assim que sai da sala, meus olhos pousaram em uma grande escadaria
de mármore. Gideon me disse que os andares sete e acima eram
proibidos.
Satisfazendo um pouco mais minha curiosidade, subi a escada às
pressas, sentindo-me uma criança prestes a fazer algo errado.
No entanto, assim que cheguei ao oitavo andar, meu queixo caiu. Para
onde quer que eu olhasse, o rosto de Elizabeth me cumprimentava.
Havia cerca de vinte retratos dela e alguns de uma mulher mais velha
com cabelos loiros pendurados nas paredes em uma linha horizontal
reta.
A mulher nos retratos era Elizabeth. Não havia dúvida. No entanto,
em alguns retratos ela era jovem, não mais do que uma pré-adolescente,
enquanto em outros parecia mais velha.
O retrato em que ela parecia a mais jovem parecia muito antigo e um
pouco desgastado, com uma Elizabeth de quatro anos ao lado de um
lindo casal segurando um bebê em um cobertor azul.
Eu me arrastei para frente até ficar na frente do retrato. Eu
gentilmente escovei meus dedos sobre o retrato, sentindo a suavidade da
caixa de vidro.
O bebê que o casal segurava devia ser Gideon: ele era o segundo
nascido. A família parecia feliz.
Sorrindo para mim mesma, afastei-me do retrato e olhei ao redor.
Além dos retratos que revestiam as paredes, o oitavo andar tinha muitas
mesas encostadas nos cantos, com muitas caixas de veludo colocadas
sobre elas.
As mesas bloqueavam a entrada de todas as portas, me deixando mais
uma vez confusa e curiosa.
Você realmente precisa aprender a cuidar da sua própria vida. Por que
você sempre tem que meter o nariz em coisas que não deveria? Arranje uma
vida própria, ou pelo menos um hobby, e pare de se intrometer nos negócios
dos outros.
Meu subconsciente zombou, enquanto eu olhava para a grande caixa
de veludo vermelho com uma trava de ouro.
É assunto do meu mando, o que significa que é problema meu.
Marido temporário. Pare de enfiar o nariz onde não é chamada. O que seu
marido pensará de você quando descobrir que você agiu pelas costas dele e
entrou no território proibido? Ele vai expulsar você deste castelo antes que
você diga Elizabeth Maslow.
Vou pensar nisso quando chegar a hora.
Seguindo em frente, examinei a caixa de veludo antes de correr meus
dedos sobre ela. Se esta caixa pertencia a Elizabeth. isso significava que
ela amava veludo.
Seu diário era de veludo, e agora essas caixas. Em alguns retratos, ela
usava vestidos pesados de veludo. Vendo a trava dourada, movi meus
dedos até ela.
Não faça isso.
Puxando a trava, abri a caixa e deparei com muitas joias caras. Peguei
algumas joias, olhando-as cintilar com admiração e fascínio. Por que
diabos essas coisas estavam abertas?
Verdade, este lugar era proibido, mas qualquer um poderia subir aqui
e roubar essas joias. Ou esta parte do castelo era proibida para todos,
família e equipe, ou os Maslows confiavam demais em sua equipe.
Colocando rapidamente as joias de volta na caixa, abaixei sua tampa e
fui conferir a caixa de veludo azul, que estava ao lado da vermelha. A
caixa azul era ligeiramente menor que a vermelha. Sem pensar duas
vezes, a abri.
Você vai para o inferno por causa disso. Gideon nunca vai te perdoar. Vire-
se e volte para o seu quarto. Seu marido confia em você. Não quebre sua
confiança.
Pegando a fotografia, virei-a para inspecionar seu verso, onde vi os
nomes das crianças. A primeira era Elizabeth Maslow, seguida por
Gideon. Kieran e Brenton.
Havia mais fotos na caixa. Eu rapidamente tirei todos eles da caixa e
lentamente olhei para cada foto, sorrindo ao ver Gideon e seus irmãos
crescendo desde crianças até a adolescência e então chegando à idade
adulta.
Havia apenas duas fotos de todos os quatro com dezoito anos.
Eu estava sorrindo enquanto olhava para Gideon aos dez anos quando
um som estridente rasgou o silêncio do oitavo andar. Meu coração deu
um salto e eu pulei, deixando cair as fotos e observando todas elas se
espalharem no chão de mármore.
Xingando, eu rapidamente tirei meu telefone do bolso, apenas para
ver o nome de Gideon piscando na tela.
Merda, Gideon, por que você liga toda vez que estou fazendo algo errado?
Respirando fundo, aceitei a chamada e hesitantemente coloquei o
telefone no meu ouvido. — Alô?
— Olá, fadinha, como vai você? — Eu podia sentir que ele estava
sorrindo enquanto falava comigo.
— Vou bem. obrigada. Como você está? Você está tendo um bom dia?,
— eu perguntei, me abaixando para pegar as fotos espalhadas com uma
mão.
— Estou ótimo e meu dia está indo bem. No entanto, poderia ser
melhor, — disse ele.
— Como poderia ser melhor?, — eu questionei, pegando um punhado
de fotos e colocando-as de volta na caixa.
— Bem, minha esposa é uma cozinheira maravilhosa, e eu queria
saber se ela cozinharia e me traria o almoço, — respondeu ele.
— V-você quer que eu te faça almoço?, — eu perguntei, certificando-
me de que tinha ouvido direito.
— Sim. que você o traga para mim. se não for problema para você, —
respondeu ele.
— Não, não. de jeito nenhum, adoraria fazer o almoço para você. O
que você gostaria de comer?, — eu perguntei, sorrindo de orelha a orelha
enquanto ouvia Gideon. Eu não conseguia acreditar: meu marido havia
me pedido para fazer o almoço para ele.
Eu não tinha ideia de pôr que estava me sentindo tão feliz. Eu
simplesmente sabia que queria deixar Gideon feliz e, se ele queria que eu
fizesse o almoço para ele, eu faria a melhor refeição que ele já provara.
— Qualquer coisa, contanto que você faça, — ele respondeu.
— Mas. ainda assim, deve haver algo que você queira comer, — eu
disse, pegando as fotos restantes e colocando-as de volta na caixa,
certificando-me de colocá-las ordenadamente.
— Surpreenda-me.
Eu ri. — OK. Quando devo ir ao seu escritório?, — eu perguntei,
caminhando em direção à escada.
— Assim que possível, — respondeu ele.
— Ok, vejo você em breve. — Com um sorriso, desliguei.
Esquecendo Elizabeth. corri para a biblioteca e desci as escadas da
biblioteca até o sexto andar. De lá. saí da biblioteca e me dirigi para a
cozinha, pensando em Gideon e no que fazer para ele.
Os olhos gelados de Helga me cumprimentaram quando entrei na
cozinha. Eu estreitei meus olhos para ela e caminhei até a despensa com
minha cabeça erguida. Pegando rapidamente os ingredientes que queria,
comecei a preparar o almoço para meu marido.
Depois de uma hora e meia, eu estava colocando o bife Wellington e o
peixe com batatas fritas em uma cesta para Gideon. Eu disse às
empregadas que preparassem o almoço somente para Nico, quando ele
chegasse, e que garantissem que ele trocasse o uniforme.
Depois de tudo pronto, deixei o castelo e disse ao motorista para me
levar ao escritório de Gideon.
O chofer me deixou no prédio da Maslow Enterprises depois de vinte
minutos. Entrei e peguei o elevador para o andar de Gideon. Ninguém
parou para me perguntar quem eu era e por que estava ali.
Mas quando as portas do elevador se abriram no andar de Gideon. sua
assistente me cumprimentou.
Ela tinha cerca de 25 anos, cabelos castanhos e olhos verdes. Ela estava
vestida profissionalmente e tinha seus traços realçados com maquiagem,
tomando-a linda.
— Boa tarde, em que posso ajudá-la?, — ela me perguntou.
— Ah, estou aqui para ver o senhor Maslow, — eu disse.
— Você tem um compromisso?, — ela perguntou.
— Hum. não, — eu respondi. Gideon não me disse que eu precisava
marcar um horário antes de vir aqui.
— Sinto muito, senhora, mas não posso deixar você ver o senhor
Maslow sem hora marcada. — Nesse momento, meu telefone tocou.
Tirei-o da bolsa e aceitei a ligação quando vi o nome de Gideon.
— Pombinha, onde você está?, — ele perguntou.
— Estou na porta do seu escritório. Você não me disse que eu
precisava um horário, — eu disse.
Sem responder. Gideon desligou. Depois de alguns segundos, a porta
do escritório de Gideon se abriu e Gideon apareceu, tão bonito quanto eu
o tinha visto pela última vez pela manhã. Ele sorriu enquanto caminhava
em minha direção.
— Por que você não vai para dentro? Preciso falar com Melissa sobre
algo. — Balançando a cabeça, dei um sorrisinho para Melissa e entrei no
escritório de Gideon.
O escritório era exatamente igual eu me lembrava. O sofá e a mesa de
vidro estavam encostados em uma parede.
A mesa com um computador e outros materiais de escritório estava à
minha direita. Tudo se mantinha limpo e no lugar.
— Então, o que você cozinhou para mim?, — Gideon perguntou ao
voltar.
— Eu fiz bife Wellington e um pouco de peixe com batatas fritas.
Espero que esteja de seu agrado. — Eu cuidadosamente coloquei a cesta
na mesa.
— E perfeito. — Gideon beijou meus lábios antes de se sentar no sofá.
— Graças a Deus você voltou. Eu estava preocupada que seu almoço
esfriasse enquanto eu esperava. — Abri a cesta, tirei um prato limpo e o
resto dos itens.
Cortei uma fatia generosa de bife Wellington e acrescentei um pouco
de peixe com batatas fritas ao prato antes de entregá-lo a Gideon.
— Não se preocupe. Você não terá esse problema agora, — disse
Gideon. pegando uma batata frita e colocando-a na boca.
— O gosto está bom?, — eu perguntei nervosamente. Trabalhei muito
para preparar esta refeição e queria que Gideon gostasse. Eu ficaria triste
se ele não gostasse.
— O gosto está perfeito, bonitinha. Por que você está sentada assim?
Coma alguma coisa. Eu quero que meu bebê seja saudável.
— Tudo bem. Eu comerei quando for para casa. Eu fiz isso para você,
— respondi.
Balançando a cabeça. Gideon colocou seu prato na mesa antes de se
levantar. Da cesta, ele tirou um segundo prato e o encheu de bife à
Wellington e peixe com batatas fritas antes de se sentar novamente.
Cortando um pouco de carne Wellington, Gideon começou a me
alimentar. Tentei impedi-lo, mas ele me disse para parar de falar e comer.
Depois de quinze minutos, Gideon me deu a última mordida antes de
colocar o prato vazio na mesa e pegar o dele, que ele não tocou desde o
momento em que começou a me alimentar.
Há um evento de caridade no sábado. Eu quero que você me
acompanhe, — ele disse do nada.
Meus olhos se arregalaram. — Eu?
Gideon acenou com a cabeça. — Sim, vamos comprar um vestido para
você, — afirmou.
— Mas..., Mas... Eu não posso ir com você, — eu disse.
— E porque não?, — ele perguntou.
— Você não lembra? Foi você quem disse que quer uma mulher com
classe e status para acompanhá-lo nos eventos sociais. E eu não sou essa
mulher. V-você deve pedir a outra pessoa te acompanhar.
Meu coração doeu quando eu disse isso, e eu não tinha ideia do
porquê.
Gideon praticamente jogou seu prato na mesa, fazendo-me pular de
surpresa. Eu olhei para ele e ele estava me encarando, seus olhos verdes
como o mar, duros.
Antes que eu percebesse. Gideon me puxou para seu colo e segurou
minha nuca com a mão.
— Ouça-me e ouça bem. porque só vou dizer isso uma vez. Você vai
me acompanhar a este evento de caridade e a todos os outros eventos e
encontros sociais de hoje em diante. Está claro?
Era evidente por suas palavras que ele só queria ouvir um sim meu.
— M-mas você disse…
Ele me cortou. — Esqueça o que eu disse. Está no passado e agora se
foi. Você deve se concentrar no presente e no que estou dizendo agora.
Entendido? — Ele olhou nos meus olhos, desejando que eu concordasse
com ele.
— Sim, — eu disse suavemente.
— Boa menina. — Gideon me beijou como se não tivesse intenção de
me deixar ir. Como se esse casamento fosse baseado no amor e não em
um contrato. Foi confuso, mas tocou no coração, fazendo eu me
apaixonar mais por meu marido.
Eu estava me apaixonando e não tinha ideia de como poderia impedir
isso.
O som de um pigarro separou Gideon e eu. Eu olhei para ver uma
linda mulher de pé, com uma pasta nas mãos. Gideon se levantou e a
cumprimentou.
— Trish, como você está? O que te traz aqui?, — perguntou ele à
mulher.
Trish parecia ter cerca de um e setenta de altura, tinha uma juba
brilhante de cabelo ruivo e olhos castanhos. Sua pele era macia e suas
sobrancelhas desenhadas com perfeição. Ela era um espetáculo, a mulher
perfeita para desempenhar o papel de esposa de Gideon.
Ela acenou com o arquivo em resposta à pergunta de Gideon. Gideon
pegou o arquivo dela e o abriu, e então eles começaram a conversar em
voz baixa, enquanto eu continuei sentada ali, observando os dois.
Uma sensação estranha começou a se formar em meu interior
enquanto eu olhava meu marido conversando com aquela mulher. Uma
dor desconhecida atingiu meu coração quando vi Trish sorrindo
secretamente para meu marido.
Não precisava ser um gênio para saber que Trish gostava de Gideon.
mais do que um empregado gostava de um empregador. Não, ela queria
Gideon. Ela queria meu marido.
Depois de dez minutos, Trish deu outro sorriso secreto para Gideon
antes de sair desfilando do escritório. Gideon voltou e se sentou ao meu
lado.
— Você vai se casar com ela?, — eu soltei antes de pensar.
— Quem?, — Gideon perguntou com uma carranca.
— Trish, — respondi.
— O quê? Não. por que você acha isso? — Ele olhou para mim como
se eu tivesse perdido a cabeça.
— Porque ela gosta de você e ela tem classe e status, — eu disse. Na
verdade, eu não ficaria surpreso se Gideon se casasse com ela. Ela era
perfeita, exatamente o tipo de mulher que Gideon queria.
— Ela não gosta de mim. Sou o chefe dela e ela é minha empregada. E
isso, — ele disse com firmeza.
— Não, ela gosta de você, mais do que um empregado gostaria de um
empregador, — respondi.
Gideon deu uma risadinha. — Você está com ciúmes, pequenina? — A
declaração de Gideon me pegou de surpresa. Era isso que era? A sensação
estranha no meu âmago, a dor desconhecida? Eu não estava com ciúmes,
estava??
— O quê?! Não, por que eu ficaria com ciúme? — Eu fingi ignorância.
No fundo, eu não tinha tanta certeza.
— Eu não sei. fadinha, diga-me você. — Gideon me lançou um olhar
divertido.
— Eu não sou ciumenta. Só estou dizendo que ela seria perfeita para
você. — Eu disse isso com o coração pesado. Apesar de não querer
acreditar, tive a sensação de que Gideon estava certo. Eu estava com
ciúmes.
Apesar de não querer, eu estava apaixonada por ele, e era o maior erro
que eu podia cometer.
— Bem, então, deixe-me dizer a você que eu nunca vou me casar com
Trish. Ela não é meu tipo, — disse Gideon. contradizendo sua declaração
anterior sobre querer uma mulher com classe e status.
Eu não acreditei nele. Eu sabia que assim que este ano acabasse e eu
estivesse fora de sua vida. Gideon se casaria com Trish. ou com alguém
como ela. E ele pertencia a uma mulher como Trish. Eu só esperava que
deixar Gideon não me despedaçasse.
Capítulo 24
Sábado chegou mais rápido do que eu esperava. Ao longo da semana,
eu fiquei com os nervos em frangalhos. Eu nunca tinha ido a nenhuma
reunião social sofisticada, e agora Gideon queria que eu o acompanhasse
a um evento de caridade.
Ele não sabia que, ao me levar junto, provavelmente se sujeitaria à
total humilhação pública?!
— Como estou?, — perguntei a Gideon, que estava uma delícia em seu
terno.
Gideon se virou e colocou as mãos nos meus ombros. — Você está
linda, — ele elogiou. Corei com suas palavras, porém dei-lhe um
sorrisinho. Gideon me chamando de linda, isso alegrava meu coração. Eu
realmente não queria me apaixonar por ele.
Eu estava usando um lindo vestido verde-mar, exatamente da cor dos
olhos de Gideon. O vestido era sem alças, feito de chiffon, e tinha um
decote em coração. Era tão lindo.
Tive a sensação de que minha barriga estava aparente, mas Gideon me
disse que não era tão perceptível. Eu só esperava que ele estivesse certo.
Assim como ele prometeu. Gideon me levou para comprar o vestido.
Estávamos bem até a hora de pagar pelo vestido. Não queria que Gideon
gastasse mais dinheiro comigo do que já havia gastado.
Eu queria pagar pelo vestido sozinha. No entanto, Gideon não estava
aceitando. Ele queria pagar pelo vestido, e nós dois começamos a discutir
sobre quem iria pagar.
No final Gideon ganhou, simplesmente porque a caixa da loja
ameaçou nos expulsar se não panássemos de discutir. Gideon
rapidamente entregou a ela seu cartão de crédito, e ela não perdeu tempo
finalizando a compra.
Agora, finalmente havia chegado o dia em que eu iria acompanhar
Gideon ao evento de caridade. Só esperava não parecer eu, um caso de
caridade. As pessoas notariam que eu não era como elas, rica?
Eles notariam que eu era de classe baixa? Seria possível que alguém,
que foi pobre durante toda a vida, de repente se misturasse com os ricos
e poderosos? Havia regras sobre como agir entre pessoas ricas?
— Tem certeza de que não prefere levar outra pessoa com você? —
Mesmo que meu coração doesse quando perguntei isso, eu tinha que ter
certeza.
— Tenho cento e dez por cento de certeza de que a única mulher que
quero levar comigo para esta função é você, — respondeu Gideon. Então,
sem dizer uma palavra. Gideon pegou minha mão e me levou para fora
do quarto.
— Espere, eu tenho que ir ver Nico. Por que você não espera por mim
na sala de estar e eu desço em alguns minutos?, — disse a Gideon.
— Tudo bem. mas seja rápida. — Com um beijo na minha testa.
Gideon se afastou. Não querendo perder tempo, fui para o quarto de
Nico e bati na porta.
Ele estava sentado na cama, com um monte de livros abertos em sua
frente. Nico estudava muito: ele era determinado a seguir seu sonho de
se tomar um médico.
Ele ergueu os olhos quando entrei. — Ei. Alice, você está saindo
agora?, — Nico perguntou.
— Sim. eu só vim dizer que você deve se deitar às onze, — eu disse.
Mesmo sendo um fim de semana, eu não queria que meu irmão ficasse
acordado até tarde.
— Sim, não se preocupe. Estou quase terminando meu dever de casa,
e vou dormir depois de ler um pouco. — Nico respondeu com um
sorriso.
f
— Ótimo, e se houver alguma coisa que você precise, me avise
imediatamente. Estou com meu celular, então não hesite em me ligar, —
eu disse.
— Não se preocupe. Eu vou ficar bem.
Dando-lhe um sorrisinho, saí de seu quarto e fui encontrar Gideon na
sala de estar.
Ele estava digitando em seu celular quando eu Cheguei. — Pronto
para ir? — Eu perguntei.
Gideon sorriu antes de guardar o telefone. — Sim. Vamos, — ele disse,
e juntos deixamos o castelo a caminho do evento, com meus nervos
causando em minha mente.
Quando chegamos ao grande hotel, fiquei pasma. Era um prédio alto
com um tapete vermelho descendo as escadas.
Alguns fotógrafos estavam por perto, tirando fotos de pessoas
influentes saindo de seus canos e entrando no hotel.
O chofer abriu nossa porta e Gideon e eu saímos. Dizer que eu estava
nervosa seria um eufemismo.
Foi um daqueles momentos em que desejei ter meu colar, embora, se
o tivesse, o teria torcido ao ponto de quebrar.
Entramos no grande salão. Nunca tinha visto tanto brilho e glamour
em toda a minha vida. Não havia um único ponto que não estivesse
brilhando. Era de tirar o fôlego.
Havia um número considerável de mesas decoradas com perfeição.
Do outro lado do salão havia um espaço vazio, que presumi ser uma pista
de dança.
— Gideon, você finalmente chegou! — Um homem que parecia ter a
idade de Gideon caminhou em nossa direção e deu a Gideon um abraço
fraternal. O homem tinha cabelos castanhos desgrenhados, olhos verdes
e um corpo forte e musculoso.
— Jared. você com certeza sabe fazer um evento de caridade, —
comentou Gideon ao devolver o abraço, enquanto eu apenas fiquei ali
parado ao lado de Gideon. observando os dois.
— Obrigado, amigo, — Jared disse antes de seus olhos pousarem em
mim. — E você deve ser a bela moça que conseguiu agarrar o coração de
Gideon. — Jared pegou minha mão e deu um pequeno beijo nas costas
dela. — Olá, sou Jared, — disse ele.
Pegar o coração de Gideon?! Ah tá, falou!!
— Olá, sou Alice. Prazer em conhecê-lo, — eu disse suavemente.
— Estou feliz por finalmente conhecê-la. Este idiota aqui está
escondendo você do inundo. Agora que finalmente te Conheci, posso
entender a razão, — afirmou Jared.
Sim, porque sou pobre e ele tem vergonha de mim.
Não respondi, porque não tinha ideia se ele estava me elogiando ou
me insultando. No entanto, comecei a ficar desconfortável. Gideon.
sentindo isso, passou o braço em volta de mim. prendendo-me a ele.
— Não assuste minha garota. Jared. Vá ver se Laura está aqui, — disse
Gideon.
— Aquela mulher me bagunça seriamente, — Jared comentou antes
de girar nos calcanhares e se afastar de nós.
— Ele é seu amigo?, — perguntei a Gideon. que me conduziu a um
grupo de pessoas, todas vestidas impecavelmente, seus trajes gritando
riqueza. Eu só esperava pelo menos aparentar ser rica e poderosa.
— Sim. mas é muito irritante, — respondeu Gideon pouco antes de
cumprimentar outras pessoas.
Nos trinta minutos seguintes, Gideon cumprimentou e me
apresentou a quase todos. Eu tentei o meu melhor para sorrir e falar com
as pessoas, mas era como se as pessoas tivessem seus corações envoltos
em blocos de gelo.
Ninguém sorriu de verdade. Tentei falar com uma senhora, e ela me
lançou um olhar que dizia: — Por que você está falando comigo, mulher?
A hora seguinte consistiu em um jantar maravilhoso com uma
refeição de quatro pratos, e Jared anunciou a ultrajante quantia de
dinheiro que havia sido arrecadada, que seria doada ao hospital infantil.
Fiquei tocada por saber que os ricos não eram tão ruins. Claro que eles
eram esnobes e mesquinhos às vezes, mas pelo menos eles doavam
dinheiro para instituições de caridade — mesmo que fosse apenas para
mostrar ao mundo.
Assim que terminamos nossa refeição. Jared anunciou que era hora de
dançar, e a orquestra começou a tocar. Logo todos estavam dançando.
Eu queria dançar com Gideon. mas ele estava dançando com Trish e
prometeu a outra senhora que iria dançar com ela depois que a música
terminasse.
Resolvi ir ao banheiro e ligar para casa para me certificar de que Nico
estava na cama.
Então, com um último olhar para Gideon, fui até o banheiro. Uma vez
dentro das paredes imaculadas do banheiro. entrei em uma das quatro
cabines vazias e rapidamente me aliviei.
Esta gravidez estava relaxando minha bexiga.
Uma vez aliviada, levantei-me e arrumei meu vestido. Quando estava
para sair, ouvi vozes. Parecia que duas mulheres estavam conversando. E
pelo tom, eu poderia dizer que eles não estavam felizes.
— Você viu aquela mulher que ele trouxe junto com ele? Ela se parece
com um anão. Eles ficam ridículos juntos, — disse uma voz estridente,
que pertencia à mulher número um.
— Eu vi e ela já está grávida. Você viu aquela saliência? Ela nem sabe se
amimar para esconder aquela protuberância, — disse uma voz levemente
grave, que pertencia à mulher número dois.
— Bem, estou feliz que aquele pirulito mão ficará com Gideon para
sempre. Espere até o fim deste ano. e então não teremos que ver aquele
anão novamente, — afirmou a mulher número um.
Meu coração quebrou ao ouvi-las. Elas estavam falando sobre mim.
Coloquei a mão na minha barriga. Gideon disse que o inchaço não era
perceptível, mas claramente ele estava mentindo. Essas duas
definitivamente perceberam.
— O que você quer dizer? Ele vai se divorciar dela? — à mulher
número dois perguntou.
— Obviamente. Você não viu o anúncio? Gideon só se casou com o
anão feio por causa de um bebê. Assim que o bebê nascer, Gideon vai se
livrar dela. Bom para ele. Ele merece alguém muito melhor, — afirmou a
mulher número um.
— Com quem você acha que ele vai se casar?, — a mulher número dois
perguntou.
— Não sei. Espero que com alguém que tenha classe e personalidade,
e com sorte ela não se parecerá com um anão feio, — respondeu a
mulher número um. — A propósito, só entre nós duas. Gideon disse que
gostaria de me levar para sair um dia, — disse ela.
— Uau, sorte sua. Só em sonho eu consigo um homem como Gideon,
— a mulher número dois disse com um suspiro abatido.
A mulher número um riu. — Vamos. Devemos ir. Espero conseguir
fazer Gideon dançar comigo antes que esta noite acabe.
Eu ouvi o barulho de saltos altos recuando.
Assim que ouvi o banheiro fechando, saí da minha cabine e fui direto
para a pia. Um soluço passou por mim enquanto eu repassava a conversa
em minha cabeça.
O tempo estava passando rápido e. no final de dezembro. Gideon me
expulsaria. Eu iria vê-lo se casar com outra pessoa — alguém que seja rica
e saiba como se vestir.
Ela seria alta e não pareceria ridícula ao lado dele. Gideon teria um
rebanho de mulheres implorando para que ele se casasse com elas,
enquanto eu não teria ninguém.
Você é uma mulher forte. Desde quando você precisa de um homem? Meu
subconsciente zombou.
Desde o momento em que comecei a me apaixonar pelo meu marido.
Abrindo rapidamente minha bolsa, retoquei minha maquiagem e me
forcei a parar de chorar. Se Gideon visse que eu estava chorando, ficaria
chateado e sua noite seria arruinada, e eu não permitiria que isso
acontecesse.
Assim que me recompus. peguei meu celular e liguei para casa.
Depois de conversar com Suzy e me certificar de que Nico estava na
cama, dei uma última olhada no espelho, para ter certeza de que não
parecia que eu estava chorando, antes de sair do banheiro.
Procurei por Gideon e o encontrei dançando com uma mulher
estranha. Mordi meu lábio enquanto meu coração doía ao ver meu
marido rindo e dançando com outra mulher. Estava claro que ele não
sentia falta da minha presença.
Procurando um lugar para sentar, comecei a caminhar em direção às
cadeiras quando uma voz profunda me parou.
— Por que uma mulher bonita como você não dança? — Eu me virei e
vi um homem de cerca de vinte e oito anos com um sorriso no rosto. Não
me lembrava do nome do homem.
Eu simplesmente sabia que ele era um dos parceiros de negócios de
Gideon. porque Gideon me apresentou a ele.
— Ah, estou um pouco cansada, — eu disse, não querendo que ele
soubesse o verdadeiro motivo de eu não estar dançando.
— Cansada demais para honrar este homem com uma dança?, — ele
perguntou.
— Desculpe? — Eu pisquei para ele em confusão. Seus olhos azuis
escuros procuraram os meus.
— Estou perguntando se você gostaria de dançar comigo, se não
estiver muito cansada, — respondeu ele.
Seu pedido me pegou de surpresa. Achei que ninguém iria querer
dançar comigo, nem mesmo Gideon. Mas com a surpresa veio a
hesitação: Gideon não ficaria bravo, não é?
No momento, ele não tem ideia de que você existe, e mesmo que tivesse, ele
não se importaria. Você deveria dançar com ele. Pelo menos ele quer dançar
com você, afirmou meu subconsciente.
— Claro, eu adoraria. — Eu dei a minha mão ao homem e ele me
levou para a pista de dança.
— Então, você gostou do evento de caridade?, — ele me perguntou
enquanto nós balançávamos com a música.
— Sim. foi incrível. Se você não se importa que eu pergunte, qual é o
seu nome mesmo?, — eu questionei.
— Meu nome é Justin, — respondeu ele.
— Ah, obrigado por me dizer. E que Gideon me apresentou a tantas
pessoas que perdi os nomes, — expliquei.
— Está tudo bem, não se preocupe. É uma pena que você seja casada,
— afirmou Justin.
— O que você quer dizer? — Ele estava dizendo que Gideon cometeu
um erro ao se casar comigo?
— Quer dizer, se você não fosse casada, eu te convidaria para sair,
talvez até te pediria. Gideon é um homem de sorte, — disse Justin. sem
rodeios.
— Ali. — Suas palavras me pegaram de surpresa. Eu não tinha ideia de
que alguém iria querer que eu fosse sua namorada. As palavras de Justin
me deixaram feliz por algum motivo.
Mas não pude contar a ele sobre meu contrato com Gideon, que nosso
casamento duraria apenas um ano. Eu gostaria de poder, no entanto. Eu
também não me importaria de ter Justin como namorado.
— Se não se importa, gostaria de ter minha esposa de volta, — disse
Gideon, em tom firme, olhos duros.
Justin me soltou e deu um passo para trás. — Claro, Gideon, foi bom
ver você, — disse Justin antes de me dar um sorrisinho e sair.
Eu olhei para Gideon com confusão. Qual era seu jogo? Ele não só não
queria dançar comigo, mas também não queria que eu dançasse com
mais ninguém. E agora ele estava olhando para mim como se fosse
estourar.
Antes que eu pudesse dizer uma palavra, Gideon segurou meu pulso
com força e me arrastou para longe da pista de dança. Eu não tive escolha
a não ser acompanhar, perplexa.
Gideon me arrastou escada acima e me empurrou para dentro da
primeira sala que encontrou, assim que chegou ao segundo andar.
— Gideon, o que há de errado? Por que você está agindo assim? — Eu
perguntei quando vi Gideon descartando o paletó e arregaçando as
mangas.
— Essa foi a gota d’água. Alice. Essa é a última vez que você vai ficar
com um homem estranho, — disse Gideon, seus olhos brilhando de
fúria.
— O que você está falando? Eu só estava dançando com Justin. — eu
disse.
— Exatamente. Como você ousa dançar com um homem estranho
quando é casada comigo?!, — ele quase gritou e então me empurrou para
a cama e subiu em cima de mim.
— Você estava dançando com mulheres estranhas a noite toda. Eu não
disse nada para você, — eu respondi com raiva.
— Isso é diferente. Eu conheço essas mulheres, — afirmou Gideon.
— E eu conheço Justin, — respondi.
— Não, você não. Você é minha esposa! O único homem com quem
você deveria dançar sou eu, — disse ele.
— Sim. bem. você não queria dançar comigo. Eu sei que sou uma
vergonha para você. Eu disse antes que seria melhor levar outra pessoa
com você, mas você não me ouviu. — eu disse, com lágrimas nos olhos.
— Porque você está grávida do meu bebê. E se eu tivesse dançado com
você primeiro, nunca teria parado de dançar. Você ficaria cansada e não
posso deixar minha esposa grávida exausta. — Gideon me beijou com
ternura, derramando toda a sua sinceridade e emoções naquele beijo.
— Justin disse que queria que eu fosse sua namorada, — eu disse a
Gideon. secretamente querendo que ele ficasse com ciúmes.
Gideon franziu a testa. — O que você está falando? Você não é uma
vergonha. Você é perfeita, — disse ele com convicção.
— Então por que você não queria dançar comigo?, — eu perguntei,
lágrimas escorrendo dos meus olhos. Eu sabia que era patética e fraca,
mas não conseguia deixar de amar Gideon.
Gideon beijou minhas bochechas manchadas de lágrimas antes de
colocar sua testa na minha.
Gideon me beijou profundamente. — Pobre homem. Você pertence a
mim, para sempre, — afirmou Gideon.
— Até o fim do ano, — eu o lembrei.
— Veremos, pombinha, veremos. Nunca vou deixar você ir. nem
agora, nem nunca, — respondeu Gideon. beijando-me de uma forma
possessiva.
Eu queria dizer a ele que o deixaria assim que este ano acabasse, mas
nunca tive a chance.
— Ah minha fadinha. você não é uma vergonha, longe disso, na
verdade. Eu ia dançar com você. Guardei a última dança para você. Eu ia
dançar com você no centro da pista de dança, e depois da dança, eu ia
beijar você na frente de todos e dizer a todos que você é minha esposa.
— Por que a última e não a primeira?, — eu perguntei, meu coração
enchendo de felicidade com suas palavras.
Gideon me beijou até que me esqueci de tudo, exceto sua presença e
aquela sensação de seus lábios enquanto eles se moldavam aos meus e
me faziam sentir amada.
Oh, Gideon, o que você está fazendo comigo?
Capítulo 25
3 de março de 2002
Caro diário,
Está acontecendo. Meu pior pesadelo está se tornando realidade. Meu pai
arranjou para que eu me casasse com Alejandro em 16 de setembro, para ser
mais precisa. Não contei a ele sobre Henry, mas agora acho que deveria.
Mas primeiro, tenho que falar com Gideon. Ele saberá a melhor maneira
de abordar o papai.
Meu pai tem que concordar com minha união com Henry. Ele não tem
opção a não ser concordar Não há ninguém com quem vou me casar, exceto
Henry. Eu gostaria que meu pai tivesse pedido meu consentimento, mas não,
meu pai é um chauvinista dominante.
De acordo com ele, as mulheres não são aptas a tomar decisões que
mudem suas vidas. E um milagre ele ter deixado mamãe tomar algumas
decisões.
Eu não disse a minha mãe que amo Henry e quero me casar com ele.
Verdade seja dita, não sei como ela vai reagir. Ela entenderá ou rejeitará a
ideia?
Se minha mãe não me apoiar, não sei quem o fará. Preciso contar para
minha mãe, mas primeiro preciso contar para Gideon, meu irmão, meu
melhor amigo.
Se minha família não concordar, então vou fugir com Henry. Ele já tem
um emprego decente e seus avós lhe deixaram uma pequena fortuna. E se o
pior acontecer, vou encontrar um emprego e ganhar dinheiro.
Henry e eu já conversamos sobre todas as possibilidades. Ele não terá
nenhum problema em fugir, porque ele só quer ficar comigo, para sempre.
Eu só espero que minha família entenda.
Elizabeth
Fechei o diário suavemente antes de colocá-lo de volta dentro do
diário falso e colocá-lo de volta na prateleira.
Depois de ler outra página de Elizabeth. tive a sensação de que ela iria
fugir, e não só porque ela não estava aqui agora. A determinação nessas
palavras me disse.
Caminhando até o sexto andar, olhei para a escada que levaria ao
sétimo andar. Talvez eu pudesse arriscar outra viagem ao território
proibido. No entanto, o pensamento apareceu somente por um segundo
até que eu o dissipasse.
Eu não iria mais lá. Eu só iria lá quando Gideon me permitisse. Eu me
senti um pouco culpada por ter ido lá contra a vontade de Gideon, então,
desta vez, eu não cederia à curiosidade.
Com uma última olhada nas estantes, sai da biblioteca e voltei para o
meu quarto. Assim que entrei, fiquei surpresa ao encontrar Gideon
parado ali com um sorriso.
Ele ainda estava vestido com seu traje de trabalho, mas eu não tinha
ideia do que ele estava fazendo em casa tão cedo.
— Olá. pequenina, onde você estava?, — Gideon perguntou, parando
na minha frente e me dando um beijo carinhoso.
— Eu estava na biblioteca. O que você está fazendo aqui tão cedo?
Achei que você não estaria em casa antes das cinco, — perguntei.
— Todas as minhas reuniões acabaram e não havia mais nada que
exigisse minha atenção, então pensei: por que não passar o resto do dia
com minha esposa? — Gideon acariciou minha bochecha com as costas
da mão.
Desde a noite do evento de caridade, dois dias atrás. Gideon tinha
sido muito doce comigo. Mais do que no passado.
Depois de nossa pequena discussão no quarto do hotel. Gideon e eu
dançamos a última dança da noite, e Gideon manteve-se fiel às suas
palavras sobre me beijar no final da dança e anunciar a todos que eu era
sua esposa.
Eu estaria mentindo se dissesse que os olhares azedos nos rostos das
mulheres quando Gideon anunciou que eu era sua esposa não me deram
um sentimento de satisfação.
Aposto que as mulheres que estavam falando merda sobre mim
ficaram furiosas ao ouvir tudo isso, e isso me fez sentir ainda melhor.
— Ah? Bem. então, como você gostaria de passar a tarde?, — eu
perguntei com um sorriso.
— Bem. primeiro, eu tenho que te dar algo. Demorou muito para
chegar, — disse Gideon. movendo-se em direção a sua mesa de cabeceira
e pegando um livro que lembrava os diários de família nos arquivos.
— Seu diário está aqui. — Gideon me entregou o grosso diário.
— Uau. é meio pesado. Quantas páginas isso tem?, — eu perguntei.
De acordo com Brenton. eu deveria pegar o diário pequeno, já que só
ficaria aqui por um ano, mas esse diário era grande, como se eu fosse ser
a esposa de Gideon para sempre.
— Tem exatamente mil páginas, — respondeu Gideon.
— Por que mil? O ano tem apenas 365 dias. — Corri minha mão sobre
o papel, sentindo a lisura. Eu poderia dizer que o papel usado no diário
era caro.
— Porque sim, — ele respondeu.
— O resto do diário vai para o lixo. Tem certeza que quer que eu siga
esta tradição de sua família? — Gostei muito do diário e não me
importaria de mantê-lo como meu diário secreto.
— Sim. — Gideon se aproximou de mim. — Porque você é minha
família agora, e esse bebê — — ele colocou a mão na minha barriga — —
também faz parte disso. Vocês dois agora são Maslows, então devem
seguir a tradição de Maslow.
Suas palavras me deixaram atordoada. Gideon tinha acabado de
insinuar que eu seria sua esposa para sempre? Mas ele não poderia estar
falado sério. Quer dizer, tínhamos assinado um contrato, então ele devia
saber que esse casamento terminaria em menos de um ano.
Mas então, por que suas palavras pareciam falar sobre uma
eternidade, e não apenas alguns meses?
— Ok, vou escrever, mas você não terá permissão para ler.
— Não se preocupe, bonitinha. Seu diário é sua propriedade.
Ninguém vai ler. exceto você. É todo seu. Ah é. amanhã temos outra
consulta médica. Você vai fazer um ultrassom. então esteja pronta às dez,
— Gideon me informou.
Coloquei o diário na cama e me joguei no colchão. O terceiro mês já
estava se passando, faltando apenas nove meses para o fim do meu
casamento.
Para algumas pessoas, nove meses pode parecer muito tempo, mas
não para mim. Eu ainda precisava de um emprego adequado e de um
lugar para morar. Talvez em alguns dias eu começasse a procurar um
apartamento.
— Então, o que você quer fazer? — Gideon questionou, vindo se
sentar ao meu lado. Ele havia mudado seu traje de trabalho e agora
estava vestindo uma camisa laranja com jeans azul.
— O que você quiser, — respondi. Com sorte, ele não iria querei fazer
sexo: a noite passada tinha me deixado dolorida. Mas o que eu realmente
queria era que Gideon me contasse sobre Elizabeth e o que aconteceu
com ela. Ela estava mesmo viva?
— Você já andou a cavalo?, — ele perguntou.
— Não, mas sempre quis, — respondi.
— Ótimo, então é isso que faremos. — Sem esperar que eu
respondesse, Gideon pegou minha mão e me levou para fora do castelo.
— Onde estamos indo?, — eu perguntei, caminhando ao lado dele.
— Andar a cavalo, — respondeu ele.
— Ok. onde vamos conseguir um cavalo?, — eu perguntei, gostando
da maneira despreocupada que Gideon estava se comportando. Eu tinha
visto seu lado despreocupado, mas não assim: era como se ele não tivesse
preocupações.
— Ali. pombinha, você não sabe que não há nada que eu não possua?
— Pegando minha mão mais uma vez, Gideon começou a correr.
— Ok. onde vamos conseguir um cavalo?, — eu perguntei, gostando
da maneira despreocupada que Gideon estava se comportando. Eu tinha
visto seu lado despreocupado, mas não assim: era como se ele não tivesse
preocupações.
— Ali. pombinha, você não sabe que não há nada que eu não possua?
— Pegando minha mão mais uma vez, Gideon começou a correr.
— Gideon, vá devagar. — Eu ri. apreciando a sensação do vento
acariciando meu rosto. Este lugar era estranho: esses jardins eram
estranhos. Sempre que eu venho aqui, é como se todas as minhas
preocupações fossem para o segundo plano e eu ficasse com nada além
de paz e felicidade.
— Vou desacelerar quando chegarmos ao nosso destino, — respondeu
ele.
Assim que a pergunta saiu da minha boca, vi uma enorme construção
de madeira. Era gigantesca, com muito espaço para cavalos, que enfiavam
a cabeça para fora dos estábulos e mastigavam feno.
Nunca na minha vida eu tinha visto tantos cavalos em um só lugar,
com tantas cores e tamanhos diferentes.
— Você tem seus próprios estábulos?, — eu perguntei enquanto
olhava para a grande estrutura com admiração.
— Sim. vamos lá. Vou apresentá-la a todos os cavalos. — Gideon me
conduziu até a esquina e parou na frente de um cavalo marrom. O cavalo
era grande e tinha a cabeça enterrada em uma pilha de feno.
— Este é o Quebra-nozes. Ele pertence ao meu tio, Fred. Diga olá.
— Olá, Quebra-nozes, — eu disse hesitantemente.
— Ele é o último cavalo da geração do meu pai. Tio Fred é o caçula,
então seu cavalo é o último de sua geração. — Gideon me informou.
— Onde está o seu cavalo?, — eu perguntei.
— Ah. ele está aqui. — Pulamos o cavalo ao lado de Quebra-nozes e
passamos para o próximo.
— Este é o meu cavalo. Eu tenho outros cavalos, mas este foi meu
primeiro cavalo. Eu o peguei com sete anos de idade. Seu nome é
Thunder. — O cavalo era preto e enorme.
— Uau, ele é magnífico, — eu comentei, minha mão coçando para
correr sobre o casaco preto liso.
— Obrigado. Ele veio direto da Arábia e é o melhor de sua espécie. Vá
em frente, toque nele, — Gideon pediu.
Lentamente, levantei minha mão e a deslizei sobre a pelagem lisa e
brilhante do cavalo. Fiquei feliz quando o cavalo não me atacou. Ele
realmente era magnífico, assim como seu dono.
— Por que você o chamou de Thunder? — Eu perguntei.
— Você não viu a velocidade e a força com que ele cone. Ele é
incrivelmente rápido e forte. Kieran sugeriu o nome de Thunder para ele,
e eu concordei. — Gideon respondeu, acariciando o cavalo com afeto.
Eu estava prestes a tocar em Thunder mais uma vez quando meus
olhos pousaram em outro cavalo, o que havíamos pulado. Foi o cavalo
mais lindo que eu já tinha visto. O cavalo de Gideon era magnífico, mas
este era simplesmente lindo.
Era consideravelmente menor que o cavalo de Gideon. Enquanto o
cavalo de Gideon tinha uma bela pelagem preta brilhante, aquele cavalo
tinha uma pelagem branca. Parecia inocente e lindo.
— De quem é esse cavalo?, — eu questionei, apontando para o cavalo.
A expressão de Gideon passou de feliz para cautelosa enquanto ele
olhava para o cavalo que eu estava apontando. Quando antes ele estava
sorrindo, agora ele estava carrancudo. A expressão de Gideon me deu
uma ideia sobre a quem aquele cavalo pertencia.
— Essa é a Pearl. Ela pertence a um membro da família, — respondeu
Gideon.
— Quem?, — eu perguntei, me perguntando se eu estava abusando da
minha sorte.
Gideon se aproximou de Pearl e passou a mão sobre ela
afetuosamente. — Ela pertence à minha melhor amigo, — afirmou ele.
tristeza brilhando em seus olhos.
— Você vai me contar sobre ela?, — eu perguntei, olhando para o
lindo cavalo.
— Talvez, mas não agora. Diga-me. em qual cavalo você quer montar?,
— Gideon me perguntou, o sorriso de volta em seu rosto.
— Eu gosto do Thunder. Podemos montar nele?, — eu perguntei,
marchando para ficar na frente de Thunder. Por enquanto, eu não
importunaria Gideon para me contar sobre Elizabeth. Ele me contaria
em seu próprio tempo.
— Claro, deixe-me aprontá-lo. Por que você não vai lá e pega os
capacetes? — Gideon apontou para uma pequena cabana próxima aos
estábulos.
Eu rapidamente fui para a cabana e olhei para dentro com admiração,
enquanto observava para os vários equipamentos de equitação.
Eu queria ficar e olhar em volta, mas sabia que Gideon me queria de
volta o mais rápido possível: caso contrário, ele pensaria que eu não
poderia lidar com a simples tarefa de encontrar um par de capacetes.
Pegando dois capacetes da prateleira, saí da cabana e corri de volta
para Gideon, que estava ao lado de Thunder. O cavalo agora estava
usando uma sela e parecia pronto para partir.
— Estes? — Levantei os capacetes para Gideon.
— Perfeito. — Pegando um dos capacetes, Gideon colocou na minha
cabeça e amarrou a fivela embaixo do meu queixo. Então ele pegou seu
próprio capacete e o afivelou.
— Preparada?. — Gideon perguntou, estendendo a mão para mim.
Com antecipação e excitação correndo em minhas veias, peguei a mão
de Gideon. Ele cuidadosamente me levantou. Eu rapidamente passei uma
perna sobre o cavalo e, em alguns segundos, estava sentado na sela.
Eu queria enganchar meus pés naquele pequeno espaço reservado
para os pés. mas minhas pernas eram muito pequenas.
Gideon subiu atrás de mim e me deu as rédeas. — Você está bem.
bonitinha?, — ele perguntou, envolvendo os braços em volta de mim.
— Sim. estou. Acho que este cavalo é um pouco grande para mim, —
declarei.
— Sim. ele é. Em breve comprarei um cavalo para você, junto com o
material de montaria do seu tamanho, afinal você precisa do
equipamento adequado para andar a cavalo. Você está pronta para ir?
Gideon deu um puxão suave nas rédeas em minhas mãos e o cavalo
começou a se mover. Meu coração saltou ligeiramente com o movimento
repentino.
— Você não tem que me comprar um cavalo. Não é como se eu fosse
montá-lo muito, — eu disse, enquanto o cavalo seguia em frente.
— Não seja boba. Vou comprar um cavalo para você, — afirmou
Gideon. Ele claramente tinha muito dinheiro para jogar fora em coisas
inúteis.
O cavalo continuou se movendo em um ritmo lento, enquanto o
vento balançava as árvores e soprava meu cabelo. Foi perfeito. Nunca
pensei que algum dia teria a chance de andar a cavalo, mas Gideon mais
uma vez realizou meu sonho. Ele realmente era incrível.
Você não pode amá-lo, afirmou meu subconsciente.
Tarde demais. Já estou apaixonada por ele.
Conversamos um pouco enquanto o cavalo caminhava pelo jardim.
Nada poderia se comparar à paz e felicidade que eu estava sentindo
naquele momento.
De repente, nosso tempo de paz foi interrompido pelo som do celular
de Gideon. Ele rapidamente o tirou do bolso e. franzindo a testa, aceitou
a chamada.
— Alô?
Silêncio enquanto Gideon ouvia a pessoa do outro lado da linha. —
Aham. Ela está bem? Sim. tudo bem. Estarei aí o mais rápido possível. —
Gideon desligou e colocou o celular de volta no bolso.
— Está tudo bem?, — perguntei a Gideon.
— Eu tenho que ir. Surgiu algo importante. Eu realmente sinto muito,
pombinha. Vamos cavalgar outra hora, ok? — Ele rapidamente conduziu
o cavalo de volta aos estábulos antes de descer do cavalo e me puxar para
baixo com cuidado.
— Está tudo bem. mas você vai me dizer o que aconteceu?, — eu
perguntei.
— Ahm — Uma amiga minha adoeceu, então eu tenho que ir vê-la, —
Gideon respondeu, guiando o cavalo de volta para dentro dos estábulos.
— Ah, posso ir com você? — Queria ter certeza de que seu amigo
estava bem.
— Não, está tudo bem. fadinha. Eu irei sozinho. Ela enlouquece
quando vê gente nova, então é por isso que será melhor se você não vier
comigo. — Gideon respondeu, me levando de volta ao castelo e ao nosso
quarto.
— Ok. espero que ela esteja bem. Quando você voltará?, — eu
perguntei enquanto observava Gideon pegando as chaves do carro e sua
carteira.
— Estarei de volta em algumas horas. Se precisar de alguma coisa, me
ligue imediatamente, ok? — Ele desceu correndo as escadas comigo
seguindo atrás. Parecia que sua amiga corria sério perigo, pelo jeito que
ele coma.
— Sim, sem problemas, tome cuidado, — eu disse.
Dando-me um beijo rápido nos lábios. Gideon saiu pela porta da
frente. — Até logo.
— Tchau.
Uau, eu me perguntei quem era a amiga dele. Desejei que Gideon
começasse a se abrir comigo e me contasse tudo o que o incomodava.
Depois de uma última olhada no carro de Gideon se afastando, voltei
para dentro, uma centena de perguntas nadando em minha mente.
Capítulo 26
A partida repentina de Gideon me deixou sem nada para fazer a não
ser pensar. Pelo que eu sabia, Gideon não tinha amigos. Então por que
ele disse que o cavalo branco pertencia ao seu melhor amigo e que seu
amigo tinha ficado doente?
Se ele já tinha um melhor amigo, por que disse à mãe que eu era sua
única amiga?
Minha linha de pensamentos foi interrompida quando vi um rosto
familiar. Jenny entrou lentamente na sala de estar, parecendo insegura.
Eu sorri para ela antes de abraçá-la.
Ei. eu não sabia que você vinha aqui, — falei.
— Eu não sabia que estava vindo aqui até que Kieran me deixou na
frente das portas de entrada. Ele disse algo sobre um amigo que adoeceu
e precisou ir ver como estava, — ela respondeu, uma expressão perplexa
cruzando seu rosto.
Eu levantei minhas sobrancelhas quando ouvi Jenny me dizendo que
Kieran havia usado exatamente as mesmas palavras que Gideon. — Uau.
é estranho, não é? Ambos precisam ir ver o amigo.
Eu sabia que havia algo que Gideon não estava me contando sobre
esse amigo dele.
— Acho que Brenton também se foi — afirmou Jenny, sentando-se no
sofá.
— Você acha que o senhor Maslow também se foi? — Eu perguntei,
sentando ao lado dela.
Jenny zombou. — Senhor Maslow. cuidando de alguém além de sua
família? Acho que não, — disse ela com amargura.
— O que você quer dizer? — Aconteceu algo entre o pai de Gideon e
Jenny?
— Diga-me uma coisa, Alice. Como o senhor Maslow é com você?
Quero dizer, como ele se comporta? — ela perguntou.
— Para ser honesta, ele mal me disse dez palavras desde que Gideon e
eu nos casamos, e isso foi apenas para me colocar no meu lugar e me
coagir a me casar com Gideon, — respondi.
Os olhos de Jenny se arregalaram. — O quê? Você foi forçada a este
casamento? — Uh-oh, eu não podia acreditar que deixei escapar. Atirar!
— Ah, eu não fui exatamente forçada, é que este casamento foi
arranjado, — eu disse. Não pude contar sobre o contrato. Isso quebraria a
cláusula de manter o acordo em sigilo.
— Sério? Não sabia que seu casamento era arranjado. Não parece, —
ela falou.
— Por quê? — Eu questionei.
— Porque Gideon ama você e você o ama, então imaginei que vocês
dois se casaram por amor, — explicou ela.
— O quê? O que você está falando? Gideon e eu não nos amamos. —
Agora eu podia sentir minhas bochechas esquentando. Jenny estava certa
sobre uma coisa. Eu amava Gideon. muito, mas ele não sentia o mesmo.
— Eu vi a maneira como ele olha para você, como se você fosse a razão
pela qual ele se levanta todas as manhãs e vai dormir todas as noites, e
como se você fosse a razão pela qual ele sorri. E eu sei que você o ama. Eu
vi a maneira como você olhou para ele quando visitei vocês no hospital
após a cirurgia de Nico, — ela afirmou.
Eu balancei minha cabeça, não acreditando nela. — Gideon não me
ama. Ele nunca vai me amar — eu murmurei a última parte para mim
mesma.
— Mas você o ama. certo? — Jenny procurou a verdade em meus
olhos.
Acenando com a cabeça, eu disse a ela a verdade. — Sim. eu o amo. Ele
é perfeito. Jenny, — eu confessei.
— Gideon te ama. acredite em mim. — Ela deu um aperto caloroso e
reconfortante na minha mão.
Balançando minha cabeça, eu dei a ela um sorriso carinhoso. — Tudo
bem, chega de falar sobre mim e Gideon. Conte-me sobre Kieran e como
ele está com você eu exigi.
Jenny corou e um brilho estranho iluminou seus olhos com a menção
de Kieran. — Ele é... intenso, — ela respondeu.
— Oh. me conte tudo. — Eu nunca soube que falar com outra garota
sobre homens seria tão divertido. Não admira que as mulheres falassem
sobre homens com suas amigas.
— Bem. como eu disse, ele é intenso. Se eu não faço o que ele diz.
tenho que lidar com as consequências. E essas consequências me
assustam. — Jenny começou a torcer as mãos, parecendo nervosa.
Eu Cheguei mais perto de Jenny. — Por que eles te assustam?, — eu
perguntei baixinho, tentando não a assustar.
Jenny respirou fundo. — Ok. o que estou prestes a te dizer... Você
pode... manter só entre nós? E sobre Kieran, e não quero que as pessoas
saibam.
— Claro, seu segredo está seguro comigo, — eu assegurei a ela.
Kieran tem essas preferências quando se trata de sexo. — Jenny ficou
muito vermelha. — Ele gosta de estar no comando, — disse ela
enigmaticamente.
— Estar no comando como?, — eu perguntei.
— Bem, ele gosta de suas mulheres subjugadas, sob sua misericórdia,
— ela respondeu, o rubor não deixando seu rosto.
Então eu entendi. — Você quer dizer que ele gosta de amarrar
mulheres?
Jenny acenou com a cabeça. — Sim. ele gosta de assumir o controle de
uma mulher. Ele gosta de possuir suas mulheres na cama, — ela
respondeu.
Kieran continuava me surpreendendo. Onde eu pensei que ele era
descontraído e travesso, ele era intenso e pervertido. Haveria mais
surpresas por vir?
— Então, isso é bom ou ruim?, — eu perguntei.
— Ruim. Muito ruim. Mas não posso contar a Kieran sobre isso, —
Jenny respondeu suavemente.
— Então você permite que Kieran amarre você mesmo quando você
não está confortável com isso? — Ela precisava se impor. Eu tinha certeza
que uma vez que Kieran soubesse que Jenny estava desconfortável, ele
não a amarraria.
Jenny balançou a cabeça. — Não. ainda não fizemos sexo.
— Há quanto tempo vocês dois namoram?, — eu questionei.
— Quase seis meses, — respondeu ela.
— E você não fez sexo até agora? — Senti que meus olhos iam pular
das órbitas.
— Acredite em mim, Kieran tentou uma centena de vezes me colocar
na cama, mas eu sempre dou uma desculpa e escapo do sexo. Não acho
que Kieran vá esperar muito mais tempo. Estou surpresa que ele tenha
esperado tanto tempo.
— Apenas diga a ele que você não se sente confortável com isso, — eu
disse.
— Eu não posso fazer isso, Alice. Kieran fez muito por mim. e como
ele se sentiria se eu lhe dissesse que não aceitaria ser amarrada? — Jenny
parecia totalmente perturbada.
— Se ele gosta de você e se preocupa com você, ele vai entender. E
talvez, no futuro, você possa experimentar a maneira dele de fazer sexo.
Jenny balançou a cabeça, os olhos brilhando com lágrimas não
derramadas.
— Não, eu nunca posso deixar Kieran me amarrar. Tem coisas que
aconteceram comigo no passado, coisas que me acorrentam, sugam
minha felicidade. Essas coisas me impedem de seguir em frente, de
abraçar Kieran e suas necessidades.
— Talvez você possa falar com Kieran sobre isso, explicar por que você
não consegue lidar com as necessidades dele, — sugeri. Uau. Jenny
parecia tão inocente. Eu não sabia que ela havia passado por tanto. Eu
gostaria de poder fazer algo para ajudá-la.
— Se eu contar a ele, vou perdê-lo para sempre, e não quero perdê-lo,
Alice. Eu gosto muito de Kieran. Ele me faz feliz. Ele faz eu me sentir
importante. Ele e sua felicidade são importantes para mim também. —
Uma lágrima solitária caiu de seus olhos.
— Como eu disse, se ele se preocupa com você, ele vai entender. E se
ele gosta de você tanto quanto eu acho que ele gosta, tenho certeza que
seu conforto e felicidade são mais importantes para ele do que suas
próprias necessidades, — eu disse.
— Eu gostaria de não ser tão fraca. Eu gostaria de ser forte o suficiente
para esquecer meu passado e seguir em frente, — Jenny murmurou.
— Você é forte, — eu disse a ela. com convicção.
Jenny balançou a cabeça. — Não. eu não sou. E por causa disso, vou
perder Kieran. Sei que mais cedo ou mais tarde ele vai me dizer que não
pode ficar comigo, e eu entendo isso.
Kieran não vai esperar por mim para sempre. Talvez então ele
encontre uma mulher que não seja uma aberração arisca como eu. — Ela
rapidamente enxugou as lágrimas com a mão.
— Você está errado. Kieran não é assim, e tenho certeza que ele vai
entender se você simplesmente contar a ele, — eu disse.
— Eu não acredito em você. — Jenny respirou fundo. — Mas de
qualquer maneira, o que vamos fazer até que Gideon e Kieran cheguem?,
— ela perguntou, mudando de assunto.
— Podemos assistir a um filme enquanto comemos um lanche?, — eu
sugeri.
— Perfeito. Quer escolher o filme?, — ela perguntou.
— Não, está tudo bem. Sua vez. Vou mandar as empregadas nos
trazerem alguns
lanches. — Deixando Jenny para procurar filmes, fui para a cozinha
arranjar alguns lanches.
Uma semana havia se passado desde que o amigo de Gideon adoeceu,
e Gideon não fez nenhuma menção sobre o amigo ou quem era ele. Eu
não ia perguntar. Eu esperava que ele mesmo me contasse.
O dia seguinte à partida apressada de Gideon foi o dia da consulta
com minha médica.
Gideon e eu fomos à obstetra, que nos disse que o bebê estava bem —
depois de me fazer um ultrassom — e que saberíamos o sexo do bebê no
próximo mês.
Gideon. ao ouvir isso, me disse que já sabia que era o menino — por
causa da maldição da família — mas eu não acreditei nele.
Havia apenas cinquenta por cento de chance de que o bebê fosse um
menino e. como a mãe de Gideon, eu também queria quebrar a maldição
da família tendo uma menina como minha primogênita.
Depois do meu ultrassom. Gideon voltou a ser o marido carinhoso e
amoroso, apenas de uma forma mais forte e intensa. Sem mencionar que
ele levantava tarde da noite e pegava tacos e molhos para mim.
Todas as noites eu tinha esse desejo de comer algo picante,
principalmente molho de pimenta, então Gideon me dava uma enorme
tigela de molho e nachos, e eu passava uma ou duas horas comendo isso.
Eu sabia que essas visitas noturnas à cozinha estavam afetando
Gideon. mas ele nunca reclamou. Ele apenas se certificou de que eu
estava confortável.
Desde aquele dia. Jenny e eu nos tomamos amigas íntimas, e até
conversamos por telefone. Gideon disse que era bom Jenny e eu nos
darmos bem e até me disse que eu deveria dar um tempo e ir às compras
com ela.
Eu ainda precisava comprar roupas e brinquedos para o bebê, então ir
às compras com Jenny parecia uma boa ideia.
Hoje era o início de uma nova semana e. depois de totalmente
descansado. Gideon foi trabalhar. Ele tinha passado o fim de semana
dormindo, minha agenda louca de lanches da meia-noite o impedindo de
dormir pacificamente.
E ele ainda não tinha me falado sobre o amigo dele: na verdade, ele
não tinha falado sobre aquele dia. Ele apenas me perguntava como eu
estava e como estava o bebê.
Eu sabia que estar tão curiosa sobre a vida e a família do meu marido
temporário não era certo, mas não pude evitar. Minha mãe disse que um
dia essa minha curiosidade me colocaria em apuros.
Depois que Gideon e Nico saíram, fui até a biblioteca, querendo ler
mais sobre Elizabeth.
Talvez eu pulasse para a parte onde ela contaria a Gideon sobre
Henry, ou talvez para a parte em que ela fugiria com o amor de sua vida.
Assim que entrei na biblioteca, o cheiro familiar de livros me saudou.
Adorava o cheiro dos livros, novos e antigos. Eu gostaria de poder dormir
com um livro, para que o cheiro dele ficasse comigo mesmo durante o
sono.
Descendo as escadas, entrei nos arquivos e imediatamente me dirigi
na direção do corredor de Teresa.
Decidi que. assim que terminasse de ler o diário de Elizabeth. iria ler
os diários de Teresa e, lentamente, descobrir os ancestrais da família
Maslow. Essas pessoas eram muito interessantes.
Subindo nos degraus portáteis, retirei o diário de Elizabeth e me
sentei no pufe para ler. A página que comecei a ler era de 4 de junho de
2002.
Caro diário,
Eu disse a Gideon sobre Henry na noite passada, e ele não ficou feliz. Ele
disse que ir contra a vontade do papai seria o mesmo que cometer suicídio. Eu
implorei a ele para me ajudar. Eu disse a ele que nunca seria feliz com
Alejandro.
Gideon, sendo meu melhor amigo e irmão, nunca iria querer que eu fosse
infeliz, então, embora ele não estivesse feliz com isso, ele prometeu me ajudar
o melhor que pudesse.
Ele me disse que falaria com nosso pai e tentaria convencê-lo a cancelar o
casamento. Deus abençoe meu irmão. Ele sempre me ajuda.
No entanto, o papai concordar com Gideon vai ser quase impossível. Meu
pai é teimoso e, quando ele diz algo, é como se estivesse gravado na pedra.
Ninguém tem o poder de questionar ou mudar isso.
Eu só espero que Gideon consiga, caso contrário, não terei escolha a não
ser fugir com Henry.
***

Henry me ligou algumas horas atrás. Ele me disse que me ama e mal pode
esperar para se casar comigo. Suas palavras me deram a felicidade e o
conforto que sempre proporcionam, e me fizeram esquecer do meu pai e de
suas decisões injustas.
Eu disse a Henry que o amo também e que farei tudo ao meu alcance para
garantir que fiquemos juntos.
Lentamente, comecei a embalar minhas roupas em uma mochila. Se eu
fugir, só poderei levar meus itens básicos comigo.
Terei que deixar minhas joias e todos os meus vestidos de alta costura
aqui, e levar apenas minhas roupas práticas. Não importa o que aconteça,
não tenho escolha a não ser me preparar para o pior.
Espero que tudo dê certo.
Elizabeth
Depois de terminar de ler essa página, folheei diário até parar na
página datada de Io de julho de 2002. Respirei fundo e comecei a ler.
Esse dia falava principalmente sobre Elizabeth estar uma pilha de
nervos porque Gideon falaria com seu pai sobre Henry.
Eu sabia que era intrometida e, apesar de tentar ao máximo controlar
minha curiosidade, sempre acabava cedendo: Eu era fraca.
— E-eu qu-queria saber sobre a mulher do sétimo andar, — gaguejei,
olhando para o chão.
— Por quê?, — ele perguntou, sua voz gelada.
— Porque... porque... — Eu não tinha ideia do que dizer a ele. Queria
saber sobre a mulher do retrato porque eu era um ser humano
intrometido. Porque eu não sabia quando cuidar da minha própria
maldita vida?
Meu coração começou a bater forte quando Gideon caminhou até
ficar a poucos centímetros de mim. Antes que eu pudesse dizer qualquer
coisa, Gideon arrancou o diário de Elizabeth das minhas mãos. Mordi o
lábio enquanto Gideon folheava o diário, antes de jogá-lo no pufe.
Respirando fundo, ele perguntou: — Por quê?
Essa única palavra continha tantas perguntas que eu não sabia como
responder. Eu só queria me enrolar em posição fetal e me esconder.
A vergonha e a culpa pelo que eu tinha feito me fizeram desejar que o
chão se abrisse e me engolisse por inteiro. Qualquer coisa para me afastar
de Gideon e não ver o olhar que ele estava me dando — cheio de
acusação e amargura.
— Sinto muito, — eu murmurei, desejando ter meu colar.
— Não, não foi isso que eu perguntei. Eu não preciso de desculpas,
Alice. Eu preciso de uma merda de uma explicação!, — ele gritou, me
fazendo pular.
— Eu te disse. Qu-queria saber sobre a mulher do retrato no sétimo
andar, — respondi.
— Por quê?, — Gideon questionou.
— Porque você não estava me dizendo quem ela era e me disse para
não subir lá. então... — Eu parei, esperando que Gideon entendesse.
— Exatamente, eu disse para você não subir lá. e o que você faz? Você
entra furtivamente nos arquivos e começa a bisbilhotar. Meus desejos e
solicitações não significam nada para você? Achei que podia confiar em
você! — Ele não se incomodou em baixar a voz.
— Me desculpe, eu só... Eu queria saber quem ela era. E você estava
sendo tão reservado. Eu pensei em descobrir sobre ela sozinha, — eu
disse.
Gideon acenou com a cabeça, mas não havia compreensão em seus
olhos. — Certo, ao invés de respeitar a privacidade das pessoas, você sai
por aí metendo o nariz onde não é chamada. Sabe, nunca tive vergonha
de você.
Apesar de você pertencer à classe baixa, nunca senti vergonha de você,
mas agora, hoje, tenho vergonha de você. Tenho vergonha de chamá-la
de minha esposa. — Ele fervia.
Lágrimas encheram meus olhos ao ouvir as palavras de Gideon. Não,
não, isso não podia estar acontecendo. Eu tentei o meu melhor para ser
uma boa esposa para ele, ele não podia ter vergonha de mim. Não não
não. Ai Deus, o que eu fiz? Eu nunca quis que isso acontecesse.
— Gideon, por favor, não diga isso. Eu disse que sinto muito. Por
favor, não diga que você tem vergonha de mim. — Eu agarrei o braço de
Gideon, mas ele se livrou do meu aperto.
— Por que eu não deveria dizer quando é verdade? Eu pensei que
poderia confiar em você. Mas não, você não se importou em estar traindo
minha confiança e bisbilhotando minha casa quando eu disse para você
não fazer isso.
Ela rezava para que seu pai deixasse que ela se casasse com Henry em
vez de Alejandro. embora ela não tivesse muita esperança. Ela agora
tinha duas mochilas que continham todas as suas coisas importantes.
Eu estava quase no final da página quando uma voz repentina me
assustou. — Uau. eu não sabia que minha esposa era a versão feminina de
Sherlock Holmes, — disse Gideon, com a voz seca.
Saltando do pufe, escondi o diário de Elizabeth atrás de mim, mas
sabia que Gideon já tinha me visto com ele.
Meu coração começou a bater forte enquanto eu olhava para meu
marido, que estava encostado na prateleira de madeira com os braços
cruzados sobre o peito.
Seus olhos verde-mar estavam duros, traindo seu exterior calmo.
Sabendo que fui pega, não pude fazer nada. Minha boca ficou seca de
repente, conforme o medo se instalava na minha barriga, e tudo o que fiz
foi dizer uma palavra.
— Gideon.
Capítulo 27
Quando minha mãe me disse que minha curiosidade me colocaria em
apuros um dia, não acreditei nela. Mas agora, enquanto eu olhava para
Gideon. incapaz de decifrar a expressão em seus olhos verdes como o
mar. eu sabia que minha mãe estava certa.
Gideon não disse nada, apenas ficou me olhando, fazendo com que eu
me sentisse ainda mais culpada do que normalmente me sentiria. Eu. por
outro lado, não sabia o que fazer para sair dessa situação.
Não sabia como explicar meu comportamento. Devo mentir? Devo
dizer a verdade? Gideon me expulsaria de sua casa se eu optasse pela
verdade?
Considerando o que você acabou de ser pega fazendo, expulsá-la de casa
será um pouco melhor do que todas as outras coisas que seu mando é capaz
de fazer.
Tentando reunir o máximo de coragem que pude, decidi enfrentar
essa situação de frente. — Gideon, o que você está fazendo aqui?, — eu
perguntei, embora eu não tivesse o direito de perguntar a meu marido o
que ele estava fazendo em sua própria casa.
— Bem. terminei meu trabalho mais cedo, então pensei em
surpreender minha esposa, mas fui eu quem me surpreendi quando vi
que minha esposa estava se esgueirando pelas minhas costas, —
respondeu ele, com amargura e fúria escorrendo de suas palavras.
Respirando fundo, continuei. — Gideon, eu posso explicar, — eu
disse, cavando meus dedos no diário de Elizabeth. espremendo o veludo.
Gideon ergueu a sobrancelha. — Ah, por favor, explique. Eu adoraria
saber por que você não respeitou minha privacidade e desejos e foi aos
arquivos quando eu disse estritamente para não fazer isso.
Gideon parecia calmo, mas eu sabia que ele estava tudo menos isso.
Ele queria atacar, estava com raiva. Eu não tinha ideia de por que ele
estava agindo tão calmo quando nós dois sabíamos que ele não estava.
De repente, minha boca ficou seca e tive dificuldade para falar. Eu não
sabia como explicar a ele sem soar como uma idiota intrometida.
Gideon se virou para ir embora, mas eu o impedi, pegando sua mão e
segurando-a com força.
— Gideon, por favor. Eu sinto muito. Eu prometo que não vou fazer
isso de novo. Jamais voltarei aos arquivos. Apenas me perdoe. Por favor,
me dê outra chance, — eu implorei, mas parecia que ele não me ouvia.
— Me solte. Alice. Não consigo nem olhar para você agora. —
Torcendo sua mão livre do meu aperto, Gideon caminhou para fora dos
arquivos. Eu o segui, querendo que ele me perdoasse. Eu pediria
desculpas mil vezes se isso fosse o que ele queria.
— Gideon. por favor, fale comigo. Me dê outra chance. Dê-me uma
chance para explicar, — implorei, mas Gideon continuou andando.
— Você já fez o suficiente. Não quero nem olhar para você, nem quero
qualquer tipo de explicação. Me deixe em paz, — ele rosnou.
— Gideon, por favor, não faça isso. Eu posso explicar. Apenas me
escute. Não vou deixá-lo sozinho até que você me escute, — eu disse.
Ele se virou para mim, uma imensidão de emoções piscando naqueles
olhos hipnotizantes. — Você não respeitou meus desejos antes, pelo
menos os respeite agora. Me deixe em paz. Eu não quero estar perto de
você.
Sua voz era determinada, e então ele saiu da biblioteca, batendo a
porta gigante.
Lágrimas escorreram livremente dos meus olhos enquanto eu
desabava no chão, soluçando. Gideon disse que tinha vergonha de me
chamar de esposa. Bem. agora eu estava com vergonha de mim mesma.
O que eu estava pensando, bisbilhotando o castelo do meu marido?
Eu deveria ter respeitado seus desejos de manter sua irmã em segredo.
Ai Deus, o que eu fiz? Eu era uma pessoa horrível, e agora Gideon me
odiava.
Ele tem todo o direito de odiar você. O que você fez foi horrível. Eu não
ficaria surpresa se ele te dissesse para deixar o castelo e nunca mais mostrar
seu rosto horrível e traidor.
Eu fui uma idiota. Por que não conseguia aprender a cuidar da minha
vida como pessoas normais? Por que eu tinha que ser tão intrometida?
E agora, por causa da minha natureza horrível e curiosa. Gideon me
odiava, provavelmente rescindiria o contrato e me expulsaria.
Por que você não vai embora? Dessa forma, ele não vai expulsá-la e você
sairá deste castelo com sua dignidade intacta, sugeriu meu subconsciente.
Sabendo que eu teria que procurar um apartamento de qualquer
maneira, decidi seguir meu conselho. Eu começaria a procurar um
apartamento o mais rápido possível.
Gideon provável mente nunca me perdoaria, então seria melhor se eu
fosse embora. Ele disse que não queria me ver que queria que eu o
deixasse em paz.
Me recompondo, enxuguei minhas lágrimas antes de fazer meu
caminho para o meu quarto. Talvez eu dormisse no quarto de Nico, já
que o quarto era de Gideon e eu duvidava que ele quisesse dormir ao
meu lado.
Gideon não estava no quarto quando entrei, o que era algo que eu
esperava. Sentado na cama, me permiti cair para trás até que minhas
costas encontrassem o colchão. Meus pés penduraram enquanto eu
pensava no que fazer a seguir.
Pedir desculpas a Gideon repetidas vezes era algo que eu sabia que
teria que fazer. O que eu fiz foi imperdoável. Eu sabia que Gideon
rescindiria o contrato e me expulsaria, então talvez eu devesse começar a
procurar um apartamento.
Ou devo primeiro encontrar um emprego decente? Eu sabia que não
poderia trabalhar em um ambiente insalubre. Eu estava grávida agora, e
nunca arriscaria a saúde do meu bebê.
Por falar no bebê, talvez eu devesse procurar um advogado que me
representasse quando eu pedisse a guarda conjunta do bebê.
A porta do meu quarto se abriu e Helga entrou, o rosto rígido. Ótimo,
não era como se eu tivesse o suficiente para lidar e agora ainda vinha essa
mulher. Sentei-me. me perguntando o que diabos ela queria de mim
agora.
— Senhor Maslow enviou algumas instruções para você, que você
deve seguir, porque se não o fizer, haverá sérias consequências. — Era só
eu ou Helga parecia satisfeita?
O que quer que Gideon tivesse a me dizer, eu sabia que não era bom.
porque Helga estava feliz.
— Quais são as instruções?, — eu perguntei, não querendo que ela
ficasse mais tempo do que o necessário.
— O senhor Maslow proibiu você de entrar em qualquer sala deste
castelo. Os únicos cômodos em que você pode entrar são este quarto e o
quarto do seu irmão. O escritório do senhor Maslow está completamente
fora dos limites para você, assim como todas as outras salas do castelo.
Sua comida será entregue a você e você poderá sair no quintal. Se você
se aventurar em qualquer sala que não seja uma das salas designadas, o
senhor Maslow vai rescindir o contrato e você será enviada para a prisão.
As lágrimas que tanto me esforcei para controlar voltaram à tona, mas
não permiti que caíssem na frente de Helga. Em vez disso, balancei a
cabeça, deixando-a saber que eu entendi.
— Eu entendo. Helga. Você pode, por favor, informar ao senhor
Maslow que estarei dormindo no quarto do meu irmão esta noite?, — eu
pedi.
Helga balançou a cabeça. — Você não tem permissão para dormir em
qualquer lugar, exceto neste quarto. Esta também é uma das instruções,
— respondeu ela.
Então era isso que ele ia fazer? Me manter prisioneira? Tirar minha
liberdade? Prender-me aqui até o bebê chegar? E depois? Ele ia me
expulsar ou me mandar para a prisão?
Bem, você meio que merece.
— Há mais instruções?, — eu perguntei, tentando não deixar minha
voz falhar.
— Não, só que você deve ficar neste quarto ou no quarto do seu
irmão. E você não tem permissão para visitar o senhor Maslow nem fazer
qualquer tipo de exigência, — ela respondeu friamente.
Acenando com a cabeça, eu dei a ela um sorrisinho. — OK. eu
entendo. Obrigada. Helga. — Ela pareceu surpresa por um momento,
antes de recompor suas feições e sair do meu quarto, fechando a porta
atrás de si.
Assim que Helga saiu, as lágrimas, que eu vinha segurando há tanto
tempo começaram a cair. Soluços sacudiram meu corpo enquanto me
deixei cair no colchão e chorei com o coração. Chorei pelos meus atos
vergonhosos.
Chorei por causa da imensa culpa que pesava em minha mente.
Chorei porque havia quebrado a confiança de Gideon e o magoado da
pior maneira possível. Amaldiçoei a mim mesma e a minha natureza
curiosa.
Talvez eu devesse me matar. Gideon ficaria melhor sem mim de
qualquer maneira. Ele encontraria uma boa mulher que se importaria
com seus malditos negócios e não sairia bisbilhotando. Gideon merecia
coisa melhor.
Não sei quanto tempo chorei. Tampouco sei por quanto tempo me
amaldiçoei, mas. eventualmente, Fiquei sem lágrimas. Empurrando-me
para uma posição sentada, me perguntei se Gideon me deixaria pegar seu
laptop emprestado.
Eu precisava procurar um apartamento. Mas teria que esperar até
amanhã, pois o sol estava começando a cair e logo escureceria.
Olhando para a minha esquerda, vi meu diário na mesa de cabeceira.
Pensando que poderia usar algo para diminuir o fardo da vergonha e da
culpa, peguei o diário e uma caneta — que estava na gaveta — e comecei
a escrever.
Caro diário,
Eu fiz uiva coisa terrível. Eu magoei meu marido, o amor da minha vida,
da pior maneira possível. E eu gostaria de não ter feito isso. Eu gostaria de
não ter deixado minha curiosidade vencer. Eu só queria saber quem era a
senhora do sétimo andar.
Machucar Gideon nunca foi minha intenção. Prefiro morrer do que
machucar o homem que amo. Mas agora é tarde demais. Gideon me odeia.
Vou começar a procurar um apartamento amanhã e vou tentar encontrar
um emprego. Preciso de dinheiro para pagar a educação de Nico e do bebê.
Eu sei que Gideon vai rescindir o contrato em breve, então preciso encontrar
um lugar para mim e para Nico.
Eu sei que o que fiz foi imperdoável, mas espero que Gideon me perdoe.
Mas se ele não o fizer, vou entender. Eu sei que não mereço nada de Gideon.
Ele fez muito por mim e Nico, e como eu retribuo? Indo pelas costas e
bisbilhotando sua casa — seu território.
Gideon disse que tem vergonha de mim. Ele tem vergonha de me chamar
de esposa. Eu concordo com ele. Eu sou a pior pessoa viva. Gideon não
deveria ter se casado comigo em primeiro lugar. Ele não deveria ter feito eu
me apaixonar por ele. Talvez então, o que eu fiz não parecesse tão hediondo.
No momento, me sinto a pior pessoa do planeta. E talvez eu seja. Eu só
queria poder voltar atrás. Porque eu sei agora que nada significa mais para
mim do que a felicidade de Gideon e sua confiança.
E eu perdi essas duas coisas dele. Eu deveria me matar.
Não tendo mais forças para escrever, deixei a caneta cair da minha
mão. Apertando o diário contra o peito, soltei uma nova torrente de
lágrimas, enquanto a culpa e a vergonha mais uma vez me invadiram.
Oh Deus, o que eu iria fazer? Como conseguiria recuperar a confiança
de Gideon? Como eu ganharia seu perdão?
O que eu fiz?
Capítulo 28
A manhã veio rapidamente e não vi Gideon. Ele não se deitou ao meu
lado ontem à noite. Eu tinha razão. Ele não queria dormir ao meu lado.
Mas não dormi na cama.
Eu dormi no sofá, ou melhor, fiquei me virando no sofá, com a
vergonha e a culpa me impedindo de dormir.
Arrastando-me para o banheiro, lavei meu rosto com água fria para
ficar apresentável.
Depois de olhar meu reflexo no espelho por alguns minutos, arrastei-
me para fora do banheiro, mas parei de supetão quando vi Gideon em pé
em nosso quarto.
Ele parecia recém-banhado. Seu cabelo ainda brilhava com a água. Eu,
por outro lado, parecia uma bagunça total.
— Você não dormiu. — Gideon disse isso mais como uma declaração
do que como uma pergunta.
— Eu dormi, mas não muito, — eu menti. Eu não preguei o olho.
Sem dizer uma palavra. Gideon se virou e se sentou na cama. Meus
olhos se arregalaram quando Gideon pegou meu diário, que estava na
cama, e o abriu. Meu coração começou a bater forte. Gideon não podia
ler meu diário.
— O que você está fazendo?, — eu perguntei.
— O que parece que estou fazendo? Estou lendo seu diário, —
respondeu Gideon.
— Você não pode fazer isso. Você disse que meu diário era minha
propriedade pessoal e que ninguém teria permissão para lê-lo, — eu
disse.
Gideon ergueu as sobrancelhas. — Ah, então você se lembra disso,
mas não se lembra de quando eu disse para você ficar longe dos arquivos?
Interessante, — ele comentou, mas felizmente não abriu minha primeira
página.
Lágrimas de raiva queimaram meus olhos. — Você não me disse
especificamente para ficar longe. Você disse que os arquivos não teriam
nenhum interesse para mim, — eu esclareci.
— Aprenda a ler nas entrelinhas, Alice. Eu dizer que os arquivos iriam
aborrecê-lo significava que você deveria ficar longe deles, — ele rebateu.
— Gideon. por favor, meu diário é pessoal. — Eu tentei de novo.
— Não. Como você adora bisbilhotar os negócios de outras pessoas e
invadir sua privacidade, vamos ver se você gosta quando é a sua
privacidade invadida, — retrucou ele.
As palavras de Gideon fizeram meu coração partir. Eu sabia que
merecia cada palavra dura que Gideon me dizia, mas isso não significava
que não doía.
— Tudo bem. vá em frente. Leia meu diário. Ao contrário de você, eu
não tenho nada a esconder. — eu disparei e fui até a porta. Eu deveria
começar a amimar minhas roupas. Gideon ia me expulsar em breve.
— Onde você pensa que está indo?, — ele perguntou.
— Para o quarto do meu irmão. Posso ir para lá. não posso? Ou será
mais uma invasão da sua preciosa privacidade!? — Eu bati a porta no meu
caminho para fora.
Eu sabia que não tinha o direito de ficar com raiva de Gideon quando
era minha culpa que ele estava chateado, mas simplesmente não
conseguia evitar minhas emoções loucas. E a verdade é que não
aguentava ver Gideon ler meu diário.
Eu sabia que ele ia rir depois de ler. e não podia ver isso: Gideon
zombando de mim depois de ler que eu o amava.
Assim que entrei no quarto de Nico. rapidamente tirei sua bolsa do
armário e comecei a arrumar suas roupas. Tinira que encontrar um
emprego e também um apartamento.
Embora Helga dissesse que eu não tinha o direito de fazer exigências,
me perguntei se ela me daria um jornal.
Tentei embalar os pertences de Nico. mas minha visão turvou.
Lágrimas começaram a cair involuntariamente dos meus olhos enquanto
a vergonha e a culpa pelo que eu tinha feito mais uma vez ameaçavam me
paralisar.
Como eu poderia dizer a Gideon que não pretendia machucá-lo
quando ele nem estava me ouvindo? Ele estava tão zangado. Como eu
poderia me desculpar por minhas ações?
Tentando forçar minhas lágrimas a pararem de cair, e falhando
miseravelmente, fui ao banheiro para embalar os produtos de higiene
pessoal de Nico.
Eu peguei a escova de dente de Nico quando meus olhos pousaram
em algo brilhando na luz do banheiro. Largando a escova de dente,
peguei uma tesoura afiada.
Talvez eu devesse me matar. Afinal, eu mereço. Gideon ficaria feliz sem
mim.
Sem pensar, coloquei a ponta da lâmina da tesoura em meu pulso nu.
Fechei os olhos e contei até dez, em seguida, comecei a pressionar.
Não, pare. O que você está fazendo? Pare com isso. Não se mate. E quanto
a Nico? Quem vai cuidar dele depois que você for embora? E seu bebê ainda
está em seu útero. Não mate seu bebê. Seu bebê merece viver! Pare!
Instantaneamente, a tesoura caiu da minha mão quando a magnitude
do que eu estava prestes a fazer afundou. Oh Deus. não. eu não poderia
fazer isso. Eu não poderia me matar.
Eu tinha Nico e meu bebê para pensar. Eu não poderia ser egoísta
agora, não quando meu bebê nem tinha aberto os olhos.
Sentindo-me fora de controle, sai do quarto de Nico e voltei para o
meu. Gideon não estava presente, o que eu não tinha certeza se isso era
uma coisa boa ou não. Respirando fundo, sentei-me na cama e pensei no
que fazer.
Eu sabia que esperava o impossível, mas gostaria que Gideon me
perdoasse.
Antes que eu pudesse me afogar em culpa, a porta se abriu e Helga
entrou, carregando uma bandeja de café da manhã. Ela colocou a bandeja
na minha frente, e em seguida deu um passo para trás.
— Senhor Maslow ordenou que você termine tudo que está na
bandeja, — ela disse, e então se virou para sair.
— Espere. Helga. — Ela parou e se virou para mim. parecendo irritada.
— Eu sei que você disse que não tenho permissão para fazer exigências,
mas gostaria de saber se você poderia me trazer um jornal. — Mordi meu
lábio nervos amente.
— Vou perguntar ao senhor Maslow. Se ele disser que sim. vou trazer
o jornal. — Com isso, ela saiu do meu quarto.
Eu olhei para o meu café da manhã e meu estômago embrulhou. Eu
não conseguia comer nada: a culpa estava pesava meu estômago como
uma pilha de pedras. Rasguei um pedaço de pão e o mastiguei, mas era
como mastigar um pedaço de borracha.
Eu não tenho ideia de como eu consegui terminar tudo o que estava
na bandeja, mas eu consegui, e me senti mal depois.
Helga entrou depois que eu terminei, e colocou o jornal do dia na
cama antes de pegar a bandeja agora vazia. Agradeci pelo jornal e ela saiu
sem dizer uma palavra.
Ignorando a agitação em meu estômago, abri o jornal e examinei
tudo, procurando um apartamento. Encontrei alguns apartamentos
bonitos e circulei o anúncio com uma caneta.
Em seguida, tentei procurar um bom emprego, o que se mostrou
difícil. Eu precisava de um emprego administrativo, mas quase não havia
nenhum disponível, e aqueles anunciados exigiam mais do que um
diploma do ensino médio.
Sentindo-me sem esperança, deixei o jornal cair e deitei na cama. Eu
precisava de um emprego logo. Eu precisava ganhar dinheiro para meu
irmão e meu filho. Onde eu iria trabalhar? Quem contrataria uma
graduada do ensino médio?
Oh Deus, por favor me ajude.
A noite estava fria, mas fiquei no jardim, sentada em um banco. Ficar
sentada no meu quarto estava começando a me sufocar, por isso decidi ir
sentar no jardim por um tempo.
Então, depois de forçar o almoço goela abaixo, resolvi me sentar no
jardim. Eu não tinha ideia de onde Gideon estava, imaginava que
provavelmente em seu escritório, me evitando.
Esperava que o sol se pusesse para voltar para o meu quarto. Era um
daqueles raros dias em que o sol estava alto, então decidi aproveitar.
Embora o sol não estivesse realmente fazendo um ótimo trabalho em
me aquecer, ainda era bom estar sentada lá fora, respirando um pouco de
ar fresco.
— No que está pensando? — Eu me virei e vi Justin parado, com um
sorriso em seu rosto bonito.
— Ah, olá. Eu não sabia que você estava aqui, — eu disse.
— Eu trabalhando com seu marido. Na saída te vi sentada aqui, —
respondeu ele.
— Sim. eu só pensei em pegar um pouco de ar fresco. Você gostaria de
se sentar? — Mudei um pouco para a direita para abrir espaço para Justin.
— Se você não se importa. — Ele se sentou ao meu lado.
— Então, como você está?, — eu perguntei.
— Estou bem, obrigado. E você, como está? Como está o bebê?, —
Justin perguntou, olhando minha barriga.
— O bebê está bem. obrigada. Então, como foi seu encontro com
Gideon?, — eu perguntei, tentando puxar conversa.
— Foi tudo bem. Estávamos conversando em contratar gente nova
para a empresa, já que o Gideon está expandindo o negócio e tudo, —
respondeu Justin.
— Isso é interessante. Justin, se você não se importa, posso te
perguntar uma coisa? — Eu realmente queria que Justin me ajudasse a
encontrar um emprego.
— Claro, o que é?
— Ah você conhece algum lugar onde eu possa encontrar um
emprego decente?, — eu questionei.
— Por que você precisa de um emprego? Gideon ganha o suficiente
para alimentar o mundo inteiro, — disse ele.
— Eu sei, mas não tenho nada para fazer e fica chato aqui, sabe, —
expliquei.
— Eu entendo. Gideon concorda com isso?
— Sim. ele concorda. Ele concorda que eu deveria amimar um
emprego até o bebê nascer, — menti. A verdade é que não me importava
com o que Gideon pensava. Eu precisava encontrar um emprego e
precisava fazê-lo antes que Gideon me expulsasse.
— Tudo bem. — Justin tirou um cartão da carteira e me entregou. —
Este é o meu cartão. Você pode me ligar amanhã e. enquanto isso,
procuro um emprego para você. Você gostaria de um trabalho de
escritório?
— Sim. um trabalho administrativo é o que eu prefiro, e algo que
pague bem.
— Tudo bem. vou ver o que posso fazer.
— Ah, e Justin. Eu sou apenas uma graduada do ensino médio. Eu não
fui para a faculdade, — eu o informei.
— Não tem problema. Tenho algumas pessoas que irão contratá-la.
Deixe-me falar com eles e avisarei amanhã, — disse ele.
— Tudo bem, muito obrigada. Justin. — Eu sorri para ele. Ele era um
homem tão bom. Talvez depois que o contrato acabasse, eu concordasse
em ir a um encontro com Justin.
— Certo. Eu tenho que ir agora. Eu tenho uma reunião em algumas
horas. — Justin se levantou para sair.
— OK. Eu te ligo amanhã. Se cuida. Tchau. — Eu assisti Justin ir
embora, sentindo-me feliz que ele iria me ajudar.
Pensando que já era hora de voltar para o meu quarto, levantei-me e
me virei para sair, apenas para parar abruptamente quando meus olhos
encontraram os de Gideon. Ele parecia furioso.
Abri a boca para falar, mas antes que pudesse pronunciar uma sílaba,
Gideon agarrou meu pulso e me arrastou para dentro.
— Gideon, o que há de errado? — Tentei soltar minha mão, mas
Gideon apenas aumentou a força de seu aperto, fazendo-me estremecer
de dor.
Mas ele não respondeu. Ele simplesmente me arrastou escada acima
para o nosso quarto, e só quando entramos no cômodo. Gideon me
soltou. Segurei meu pulso com a outra mão, tentando aliviar a pulsação.
— Você realmente sabe como me irritar, não é?, — Gideon rosnou, os
olhos brilhando de fúria.
— O que você está falando? — Por que ele estava agindo tão estranho?
— Guarde minhas palavras. Alice. Você não vai. e quero dizer não vai
trabalhar. Você pode esquecer de encontrar um emprego, — afirmou.
— E por que não. hein?
Gideon me ignorou. Em vez disso, ele pegou o jornal que estava sobre
a cama e me mostrou a página onde eu havia circulado os anúncios do
apartamento.
— E o que diabos é isso?! Você não vai embora, nem agora, nem
nunca! — Ele atirou o papel para o lado.
— Eu vou embora quando eu quiser!, — eu declarei.
— Não de acordo com o contrato, você não vai, — ressaltou.
— Sim, bem. de acordo com o contrato, este casamento vai acabar em
alguns meses de qualquer maneira. Por que não terminar mais cedo?
Você obviamente me odeia, — eu disse, a mágoa evidente em minha voz.
Gideon franziu a testa. — Quem disse que eu te odeio?
— Não importa. Não posso viver com um homem tão reservado. —
Não sei por que disse isso, provavelmente porque meus hormônios
estavam em plena atividade.
— Ah sério? E o que te faz pensar que pode ir embora? — Gideon
cruzou os braços sobre o peito, lançando-me um olhar desafiador.
— Eu tenho o contrato. Eu tenho a lei do meu lado. E vou embora
assim que este ano acabar. E você vai entrar com o pedido de guarda
conjunta. Não há nenhuma maneira de eu me separar do meu bebê.
— E se eu não pedir a guarda conjunta? — Havia um brilho estranho
em seus olhos verde-mar, algo que me disse que ele estava formando um
plano em sua mente.
— Então eu vou levar o bebê comigo. E o tribunal estará a meu favor
porque um bebê precisa mais da mãe do que do pai. pelo menos quando
nasce, — declarei, sentindo-me confiante.
— Lembro-me claramente do contrato dizendo que o bebê ficará
comigo assim que o casamento acabar, e como você assinou o contrato
também, o tribunal não terá escolha a não ser me dar a custódia do bebê,
— disse Gideon. um arrogante sorriso em seu rosto.
Meu coração afundou ao ouvir isso. Não. isso não era verdade. Eu li o
contrato uma dúzia de vezes, e não havia nada lá que dizia que Gideon
teria a custódia de nosso filho. Ele estava mentindo.
— Você está mentindo. Eu li o contrato. Não havia nada lá que dizia
que o bebê será seu depois que o contrato terminar. — Não podia ser
verdade: simplesmente não podia ser. Eu não seria capaz de viver sem
meu bebê.
— Ali é? Bem. por que você não traz o contrato e veremos exatamente
o que diz? — ele sugeriu calmamente.
Querendo provar que Gideon estava errado, fui até o armário e peguei
a pasta azul que continha minha cópia do contrato. Entreguei a pasta
para Gideon. que sorriu e a abriu.
Achei que Gideon iria repassar os termos do contrato. Achei que ele
fosse ler e me mostrar se eu estava errada ou não. Até pensei que ele iria
se desculpar comigo depois de ler o contrato.
Mas ele fez algo que eu nunca teria esperado em um milhão de anos.
Ele fechou a pasta com ambas as mãos e rasgou o arquivo em dois. E ele
não parou por aí.
Gideon não parou de rasgar até que o contrato se assemelhasse a
confetes brancos. Em seguida, ele deixou os pedaços restantes do
documento caírem de suas mãos.
— O que você fez?!, — eu gritei de honor, meus olhos saltando das
órbitas.
— O que eu deveria ter feito há muito tempo, pombinha. — Gideon
deu um passo à frente até ficar a poucos centímetros de mim.
— Você — você não tinha o direito de fazer isso! Era minha cópia do
contrato, e você não tinha o direito de rasgá-la assim. Agora não terei
nada para usar no tribunal. — Eu estava respirando pesadamente agora.
Oh Deus, agora Gideon obteria a custódia do bebê.
— Ninguém vai ao tribunal, bonitinha. Nem você e nem eu. O
contrato foi rescindido. Eu o terminei há muito tempo. Felizmente, cada
cópia do documento está destruída, — ele me informou, com um sorriso
de satisfação no rosto.
— Como você pôde fazer isso?! — Eu gritei, sem perceber as lágrimas
escorrendo pelo meu rosto. — Eu não vou deixar você tirar meu bebê de
mim!
— Eu posso fazer o que eu quiser, pequena. Você não percebeu isso
agora? E quanto ao bebê, passarinho, o bebê não vai a lugar nenhum
porque você não vai a lugar nenhum, — afirmou Gideon.
— Se você acha que vou ficar com você depois do que acabou de fazer,
então você está muito enganado. Eu quero o divórcio, e quero agora. —
Eu tinha claramente perdido minha sanidade, mas estava com muita
raiva.
Gideon riu. uma risada que me abalou profundamente. — Divórcio?
— Ele riu mais uma vez. então abruptamente agarrou meus braços.
— Ouça-me. e ouça bem. O contrato acabou e você não vai sair deste
casamento, meu amorzinho, nem agora, nem nunca, — afirmou Gideon.
— Você não pode fazer isso. — Parecia que Gideon estava fechando
todas as janelas de liberdade para mim. prendendo-me a ele.
Gideon acariciou minha bochecha manchada de lágrimas. — Fadinha.
você esqueceu quem tem o poder aqui? Eu posso fazer o que eu quiser. E
eu não vou deixar você ir. Você pode esquecer o divórcio porque nunca o
conseguirá. Você vai ser minha esposa para sempre.
Se, em qualquer outro momento, Gideon tivesse dito essas palavras
para mim, eu teria ficado em êxtase. Mas não hoje. É verdade que eu
amava Gideon e queria ficar com ele para sempre, mas agora, eu estava
com raiva.
Ele quebrou sem esforço todos os meus escudos e defesas e me deixou
vulnerável. Ele mostrou exatamente o quão poderoso ele era. E agora, eu
estava com medo de seu poder.
— Eu nunca vou ser feliz com você. — Eu estava me agarrando a
qualquer coisa para conseguir algum tipo de vantagem sobre ele.
— Isso é discutível, pombinha. Agora, apenas entenda que o contrato
não existe mais. Acabou. Você vai ser minha esposa, não apenas por um
ano. mas por toda a eternidade. E nosso bebê vai crescer com os pais
neste castelo, entendeu?
De repente, me senti exausta, fraca. Eu sabia que estava acabado.
Gideon havia vencido. Ele tinha todo o poder e eu não tinha nada. Eu me
encontrei muito cansada para discutir mais com ele. então não disse
nada.
Tomando meu silêncio como um sim. Gideon beijou minha testa.
— Agora, por que você não descansa? Eu tenho um trabalho que
preciso fazer. Quando eu voltar, quero ver você dormindo
profundamente, — ele comandou. Eu meio que senti que ele não estava
mais com raiva.
Sem dizer uma palavra, subi na cama e me deitei, de costas para
Gideon. Ele puxou o edredom sobre mim e, após outro beijo na minha
testa, saiu do quarto.
Eu não queria dormir, mas me sentia exausta, o que resultou em um
sono fácil.
Assim que a escuridão me puxou para baixo, eu estava pensando em
como iria lidar com essas novas circunstâncias...
Capítulo 29
Acordei com uma batida suave e constante. Forçando meus olhos a
abrirem, vi Gideon na cama comigo, trabalhando em seu laptop. as costas
contra a cabeceira da cama. Tentei voltar a dormir, mas parecia que o
sono tinha me abandonado.
Como se me sentisse acordando, Gideon parou de trabalhar e olhou
para mim. Ele me deu um sorriso caloroso, que imediatamente me fez
pensar sobre a razão por trás de seu sorriso. Quero dizer, ele estava com
raiva de mim. e eu estava com raiva dele também, então por que o
sorriso?
— Ah, você está acordada, você tirou uma boa soneca?, — Gideon
perguntou, como se não tivéssemos brigado há apenas algumas horas.
— Que horas são?, — eu resmunguei. Eu ainda estava com raiva, mas
precisava saber a hora.
— São 2: 00 da manhã. Por que você não volta a dormir? — ele
sugeriu. O quê, eu dormi por sete horas!
— Ah, você está acordada, você tirou uma boa soneca?, — Gideon
perguntou, como se não tivéssemos brigado há apenas algumas horas.
— Que horas são?, — eu resmunguei. Eu ainda estava com raiva, mas
precisava saber a hora.
— São 2: 00 da manhã. Por que você não volta a dormir? — ele
sugeriu. O quê, eu dormi por sete horas!
Ignorando-o. me sentei e passei a mão pelo cabelo. Eu precisava sair
daqui. Eu tinha que deixar Gideon. Ainda não conseguia acreditar que
Gideon havia destruído o contrato bem na minha frente.
Ele realmente queria que eu ficasse com ele como sua esposa para
sempre, ou era por causa da raiva? Por que ele rescindiu o contrato se
tinha vergonha de mim?
— Onde você está indo? Está com fome? Há uma bandeja na mesa
lateral, se você estiver. Você precisa usar o banheiro? — Gideon
questionou, seus olhos não me deixando.
— Eu vou fazer as malas. Vou embora assim que o sol nascer.
— Para onde você está indo, de férias?, — ele perguntou.
Suspirei, tentando não explodir. — Eu estou te deixando. Eu quero o
divórcio. Lembre-se, nós brigamos, — eu disse como se estivesse falando
com uma criança de quatro anos.
— Se você se lembra de nós brigando, tenho certeza de que se lembra
de quando eu disse que não me deixaria nunca, e pode esquecer o
divórcio porque não vai conseguir, — ele respondeu calmamente.
— Eu não posso fazer isso. Gideon. Eu não quero ficar com você. — eu
disse. Eu estava mentindo, mas estava com raiva.
Gideon não parecia afetado por minhas palavras. — Por que você não
quer ficar comigo?, — ele perguntou suavemente.
— Muitos motivos, — respondi vagamente.
— Quero conhecer todos eles, — respondeu ele.
Suspirei novamente. — Bem. você não confia em mim e espera que eu
confie em você. Você toma decisões sobre mim e minha vida e fica com
raiva se eu tomar uma decisão por você. Você tem mais segredos do que o
NII6.
E você tem vergonha de mim. Por que você quer estar com alguém
que você odeia e de quem tem vergonha? — Lágrimas não derramadas
queimaram meus olhos quando disse a última parte.
Gideon fechou seu laptop e o colocou de lado antes de me puxar para
mais perto dele até que eu estava sentada em suas coxas, montada nele.
Ele segurou minhas bochechas antes de capturar meus lábios em um
beijo doce e terno.
O beijo fez com que eu me sentisse a pessoa mais importante na vida
de Gideon. O beijo não parecia como se Gideon tivesse vergonha de
mim.
Ele se afastou depois de alguns minutos, me deixando desolada. Ele
correu seu nariz sobre o meu. sua respiração suavemente soprando em
meu rosto. Deus, este homem era confuso.
— Você tem muitos motivos para deixar alguém que você afirma
amar. — Meus olhos se arregalaram quando Gideon disse isso, e de
repente me senti mais nua do que todas as vezes que fizemos sexo. Ai
Deus, ele sabia. Ele sabia como eu me sentia.
— Como você... — Eu não consegui terminar a frase.
Mas Gideon entendeu o que eu estava tentando dizer. — Eu disse que
ia ler o seu diário.
Eu cerrei meus dentes quando uma nova onda de fúria tomou conta
de mim. — Você… Você não tinha o direito. — Eu fervi, olhando para ele.
Gideon colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, uma
expressão calma no rosto.
— Pelo contrário, passarinho, eu tenho todo o direito. E estou feliz
por ter lido seu diário. A propósito, se você alguma vez pensar em me
deixar ou se matar, você vai sentir minha ira. entendido? — Os olhos de
Gideon endureceram até que se assemelharam a cacos verdes.
— Eu não posso sentir sua ira se estiver morta, posso?
Instantaneamente, os braços de Gideon ao meu redor se apertaram a
ponto de doer. Ele me trouxe para mais perto dele até que a fúria em seus
olhos queimou minha alma.
— Se você pensar em se matar e vou trancá-la nesta sala para sempre,
entendeu?
— Você não pode me manter prisioneira, — declarei, temendo por
minha liberdade.
— Eu deveria elaborar um novo contrato, no qual você nunca possa
causar danos físicos ou emocionais a si mesma, — disse Gideon.
— Por quê? Pra você rasgar esse contrato também, quando se cansar
de mim? — Eu levantei minhas sobrancelhas quando disse isso.
— Ficar cansado de você é impossível, bonitinha, — respondeu
Gideon.
— E ter vergonha de mim é incrivelmente fácil, — retruquei.
Gideon riu antes de me dar outro beijo carinhoso. — Eu não tenho
vergonha de você, fadinha. Eu nunca vou ter. Você é incrível demais para
me envergonhar, — respondeu ele.
— Mentiroso. Não foi isso que você disse antes! — Eu levantei minha
voz.
— Eu estava com raiva, — justificou.
— Não é bom o suficiente! Você sempre me dirá palavras tão cruéis
em uma briga? Porque se for esse o caso, então me diga agora e eu vou
dar o fora daqui. — Eu estava respirando pesadamente, agora.
Ele me beijou novamente. — Eu não quis dizer isso, fadinha. Só
porque eu disse isso não significa que eu quis dizer isso, — Gideon disse,
a sinceridade brilhando em suas íris.
— Bem. ainda dói muito. — Eu não podia acreditar que tinha acabado
de dizer isso. Gideon já sabia que eu o amava e agora sabia o quanto eu
estava magoada. Eu realmente precisava aprender a manter minhas
emoções para mim.
Gideon me puxou para mais perto até que meu peito estivesse
pressionado contra o dele. Ele beijou minha testa e começou a passar a
mão nas minhas costas, me acalmando.
— Sinto muito, pombinha. Sinto muito. Eu não queria te machucar, e
sinto muito por ter feito isso. Prometo que nunca mais vou te machucar,
— murmurou Gideon.
Eu me afastei e olhei para ele, os olhos arregalados de surpresa. Ele se
desculpou. Gideon Maslow se desculpou comigo. Nunca pensei que um
homem como Gideon se desculparia comigo.
Eu pensei que ele iria me dizer para aguentar e viver minha vida como
uma esposa dócil, mas não. ele se desculpou por me machucar e
prometeu nunca me machucar novamente.
Bem, perdoe o pobre rapaz agora. Não o deixe esperando. Ele pode mudar
de ideia.
— Está tudo bem. Você está perdoado, mas se me machucar de novo,
vou embora com Justin, — avisei.
— Cale a boca, — afirmou ele antes de me beijar novamente.
— Sinto muito por invadir sua privacidade e ler os diários de sua
família. Sou extremamente curiosa e sinto muito por isso, — disse assim
que Gideon soltou meus lábios.
— Você está se desculpando por ler os diários da minha família ou por
ser curiosa?, — Gideon perguntou.
— Isso importa?, — eu questionei, sentindo um rubor subindo pelo
meu rosto.
— Sim. Se você está se desculpando por ler os diários, então você está
perdoada, mas se você está se desculpando por ser curiosa, então não se
desculpe. — Gideon acariciou minha bochecha.
— A curiosidade é parte de você, e você não deve se desculpar por ser
você mesma. Eu gosto de você do jeito que você é. então não se desculpe
por ser curiosa.
Ele disse que gosta, não que ama. Ah, cara!
— Certo, então você me perdoa por bisbilhotar?, — eu perguntei, não
querendo insistir no fato de que Gideon me disse que gostava de mim. e
não que me amava.
— Eu te perdoo, pequena.
— Ah. bom. e como você está com um humor tão misericordioso, você
não vai ficar com raiva se eu te contar que subi ao sétimo andar, certo?,
— eu perguntei, nervosa.
Os olhos de Gideon se arregalaram. — O quê? Você subiu no sétimo
andar. Como?
— Pela biblioteca. A porta estava aberta, então eu fui, — eu expliquei,
medindo sua reação.
— E quantas vezes você foi Lá?. — Gideon perguntou.
— Só uma vez. juro, — respondi.
Ele fechou os olhos, me impedindo de descobrir o que ele estava
pensando. Eu fiquei onde estava, montada nele, torcendo meus dedos em
ansiedade. Não me arrependi de ter dito a Gideon que subi ao sétimo
andar. Eu queria ser honesta com ele.
— Certo, — disse Gideon ao abrir os olhos novamente. — Bem. eu te
perdoo.
— Mesmo? — Uau. isso foi fácil.
— Sim. quero dizer que você é minha esposa permanente agora, então
você tem que saber sobre todos os esqueletos escondidos no armário. Eu
ia te contar sobre Elizabeth de qualquer maneira, então é bom que você
mesma tenha descoberto sobre ela. Me salva de problemas e
constrangimento, — explicou Gideon.
Uau. ele me chamou de sua esposa permanente! Era muito melhor do
que uma esposa temporária.
— Eu também subi para o oitavo andar, — eu deixei escapar, e pela
expressão de frustração em seu rosto bonito, eu sabia que era muito
cedo. — Eu sinto muito.
— Você foi para o nono andar também?, — ele perguntou.
— Não, eu juro, — respondi com sinceridade.
— Posso perguntar por quê? — A diversão brilhou nos olhos de
Gideon. e eu sabia que ele não estava bravo.
— Minha consciência culpada meio que entrou em ação.
Gideon deu uma risadinha. — Entendo. Bem. eu te perdoo. — Ele era
tão fofo.
— Eu prometo que nunca mais irei lá, — eu disse.
— Está tudo bem. Eu mesmo vou te mostrar esses andares. Você pode
me perguntar o que quiser enquanto fazemos um tour, — disse Gideon, e
eu juro que me apaixonei um pouco mais por ele.
— Mesmo? Uau. podemos ir agora?
— Não. Em primeiro lugar, são 3h da manhã e você precisa comer e
dormir. Em segundo lugar, você precisa saber sobre Elizabeth antes de
subirmos lá, — disse Gideon.
— Mas não estou cansada, — argumentei, mas um olhar de Gideon
me fez calar. Eu sabia que ele não iria ceder.
— Ok. mas você pode me falar sobre ela agora, enquanto eu como?
Assim subiremos pela manhã. — Agora que Gideon disse que me contaria
sobre sua irmã, eu queria saber tudo. logo.
— Não e não. Conto sobre ela em alguns dias, — afirmou.
— Mas ela era sua irmã. — Eu queria saber agora.
— Era? Ela é minha irmã, — corrigiu Gideon.
— Ah. ela ainda está viva? Por que você nunca me contou sobre ela? —
Eu perguntei.
Achei que Gideon me diria para cuidar da minha vida. Mas ele pegou a
bandeja cheia de tacos e tamales e colocou entre nós. Ele pegou um taco
e me entregou.
— Você só tem permissão para me fazer uma pergunta se terminar
tudo isso, — afirmou Gideon. apontando para o conteúdo da bandeja.
— Sim. minha irmã está viva. O nome dela é Elizabeth e ela é mais
velha do que eu. Ela é a primogênita. E o motivo pelo qual não te contei é
porque Lizzy é um assunto delicado na família, e apenas a família sabe
sobre ela, assim como a nossa equipe de maior confiança, aqueles que
serviram a família por gerações. Nenhum estranho sabe sobre Lizzy. —
respondeu Gideon. me observando comer.
— Por que ela foi embora, ou foi expulsa? — Peguei um dos sete
tamales picantes da bandeja. Tanto os tacos quanto os tamales eram
extremamente picantes, que era exatamente o que eu estava desejando.
— Eu vou te dizer isso mais tarde. Mas. para sua informação, ela fugiu
e a família decidiu romper os laços com ela, — respondeu ele.
— Porque ela amava Henry? — Terminei metade do meu tamale em
menos de um minuto.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. e meu pai se recusou a casá-la
com ele.
— Então, onde ela está agora? — Peguei outro tamale.
— Ela mora no campo agora, com Henry. A algumas horas daqui, —
disse Gideon.
— Ela está feliz?, — eu perguntei.
— Muito. Ela teve uma menina alguns dias atrás, — ele me informou.
— Ah? Uau. Foi para lá que você foi quando disse que sua amiga
adoeceu? — Eu realmente queria conhecer Elizabeth.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. Ela entrou em trabalho de parto
e minha sobrinha veio a este mundo. — Ele sorriu afetuosamente ao se
lembrar de ter visto sua sobrinha pela primeira vez.
— Sua sobrinha é o primeiro filho? — Peguei um taco.
— Não. Ela e a terceira. — Meus olhos saltaram ao ouvir isso.
— Sua irmã tem três filhos? Uau. você só vai ter um. — eu disse.
— Não. Eu quero mais de um filho. Teremos mais de um bebê, certo?
— Mas você se casou comigo por um bebê. — Esses tacos estavam
deliciosos.
— Sim. e depois rescindi o contrato, agora estamos livres para ter
quantos bebês quisermos e quero mais de dois, — afirmou Gideon.
— Vamos ter um bebê primeiro e depois veremos os outros, — eu
disse. — Então, quando você decidiu me fazer sua esposa permanente?
— Ali, há algum tempo, — respondeu Gideon.
— Quanto tempo? — Eu perguntei.
— Desde a cirurgia de Nico.
— Tanto tempo?! Por que você não me contou? — Droga, ele nunca
me disse nada.
— Queria contar na hora certa, — defendeu.
— E a hora certa era agora?
Depois que Gideon me agradeceu por amá-lo. não demorou muito
para que caíssemos no sono. Gideon me manteve especialmente perto
dele enquanto ele adormecia, e eu tive um dos sonhos mais pacíficos da
minha vida, nos braços de meu marido.
— Por que você quer que toda a equipe esteja presente aqui?, — eu
perguntei assim que Helga saiu.
— Porque preciso contar uma coisa a eles, — respondeu Gideon.
— O quê?
— Você saberá em breve. — Agora eu estava curiosa.
Após cinco minutos de espera pacientemente, Helga voltou seguida
por quinze homens e dezessete mulheres. Os homens usavam uniforme e
as mulheres usavam roupas padrão de empregada doméstica. Todos eles
pararam a alguns metros de nós.
Gideon se levantou, meus olhos o seguiram. — Sejam todos bem-
vindos. Hoje chamei você aqui porque tenho algo muito importante para
anunciar. — Ele pegou minha mão e me colocou de pé.
— Como todos vocês sabem, eu me casei com a senhora Maslow. —
Ele gesticulou para mim. — Condicionalmente. Ela me daria um
herdeiro no primeiro ano de nosso casamento e, depois disso, o contrato
terminaria e ela iria embora.
Mas não mais. A senhora Maslow agora é residente permanente deste
castelo e membro permanente da família Maslow. Todos vocês devem
tratá-la com o máximo respeito e não devem questioná-la.
Ela agora é a rainha deste castelo, e qualquer um que se atreva a
desafiá-la ou desrespeitá-la será removido imediatamente, estou claro?
Corei quando um coro de — Sim, senhor Maslow — foi ouvido. —
Bom. isso é tudo. Vocês podem ir agora.
Antes de sair, cada membro da equipe veio à minha frente e fez uma
reverência. Eu apenas fiquei lá. pasma, sem saber como reagir quando um
por um os membros da equipe se curvaram para mim.
Finalmente, todos os membros da equipe foram embora, deixando
apenas Helga de pé. Engoli em seco quando Helga veio e se curvou
brevemente. Ela me deu um sorriso doce demais para ser real, e eu soube
imediatamente que estava em apuros. Helga não me aceitou.
— Bem-vinda à família, senhora Maslow.
Senhor. Me ajude.
Capítulo 30
Duas semanas se passaram e Helga felizmente não tinha feito nada
que justificasse meu medo ou insegurança: no entanto, não baixei a
guarda.
Talvez fosse minha imaginação me dizendo que Helga não tinha me
aceitado, mas meu instinto insistia nessa sensação. Portanto, apesar de
querer relaxar, não consegui.
O aniversário de Nico seria em alguns dias, e eu ainda não tinha
decidido o que dar a ele. Agora que eu tinha dinheiro suficiente, queria
comprar algo grande e especial para meu irmão, mas não sabia o quê.
Pensei em comprar um conjunto de enciclopédias, mas Gideon me
disse que a biblioteca continha todas as enciclopédias que Nico poderia
desejar. Isso me fez rejeitar a primeira ideia.
Minha segunda ideia era levar Nico a algum lugar especial, mas não
consegui pensar em um único lugar. Descartar a segunda ideia demorou
menos do que a primeira.
Eu não podia acreditar que agora meu irmão iria comemorar muitos
aniversários. Alguns meses atrás eu não gostava nem de pensar no
aniversário do Nico... Eu costumava me perguntar se ele seria capaz de
sobreviver por mais um ano.
— Não, mas percebi que não chegaria a hora certa e eu teria que fazer
dessa hora a hora certa, — explicou Gideon.
— Certo, então isso significa que somos marido e mulher para
sempre? — Eu queria ter certeza de que o entendia claramente.
— Sim. pequenina, é exatamente o que significa. — Gideon apertou
minha mão.
— E Nico vai morar com a gente também, certo? — Nunca pensei que
o homem que amo me aceitaria como sua esposa permanente.
— Sim. ele vai morar conosco e eu vou pagar pelos estudos dele. Você
pode parar de se preocupar com seus problemas financeiros, porque
agora você não terá que lidar com nenhum tipo de problema... Se eu
puder evitar.
Ele me deu um de seus sorrisos especiais. O sorriso que o fez parecer
um filho dos próprios anjos.
— Achei que você fosse me deixar depois que esse ano acabasse, — eu
disse, me sentindo a mulher mais sortuda do mundo.
Nunca pensei que alguém fosse me querer. E agora, este homem, que
era nada menos que realeza, me queria como sua esposa permanente.
Os sonhos realmente se tomaram realidade.
— Eu nunca vou te deixar, pombinha, nunca. Es minha para sempre.
— Gideon beijou minha mão.
— Obrigada.
— Por quê? — Gideon franziu a testa.
— Por me aceitar. Por me tomar sua esposa permanente.
— Ei. não fale assim. Você é perfeita. E eu sou um sortudo filho da... —
Ele parou quando seu olhar pousou no meu bebê inchado. — Quer dizer,
sou um homem muito sortudo por ter uma esposa incrível como você,
apenas um idiota rejeitaria você. — Ele me beijou profundamente depois
disso.
— Então você me ama? — Gideon perguntou assim que nos
separamos.
Eu balancei a cabeça, sentindo minhas bochechas esquentarem. —
Sim. Eu te amo. Gideon. — Nunca em minha vida me senti tão
vulnerável como quando confessei meus sentimentos a Gideon.
Quando Gideon me beijou desta vez. parecia que ele estava beijando
minha alma. A emoção fluindo através do beijo, substituiu a medula em
meus ossos. Minha alma se iluminou.
Fogos de artifício brilharam diante de meus olhos enquanto Gideon
me consumia. Com apenas um beijo, ele me disse o que palavras não
podiam.
Eu era dele.
— Obrigado. Obrigado por me amar, fadinha, — Gideon murmurou
enquanto beijava meu queixo.
— Você não precisa me agradecer por isso. — Fiquei sem fôlego depois
daquele beijo intenso.
— Eu agradeço. Seu amor e seu coração são um tesouro que você me
deu e eu agradeço por isso. E eu prometo proteger seu coração de todas
as trevas do mundo. — Gideon não era bom para o meu coração.
Eu gostaria que ele me dissesse que me amava também, mas eu
acreditava que era quase impossível. Foi um milagre Gideon ter me
aceitado como sua esposa permanente. Eu não pensei que ele me amaria
como eu o amava.
Mas ficaria feliz com o que tenho. Eu ficaria feliz em ser a esposa
permanente de Gideon.
Helga. por favor, chame toda a equipe aqui, agora, — Gideon ordenou
a ela.
Gideon e eu estávamos sentados na sala de jantar tomando café da
manhã. Ele havia acabado de terminar o café da manhã e agora havia
ordenado a Helga que chamasse toda a equipe aqui, eu não tinha ideia do
motivo. Talvez ele tivesse um anúncio a fazer.
Mas agora Nico tinha muitos anos pela frente, se tudo corresse bem.
E. com sorte, ele viveria para conhecer os netos.
— Por que você simplesmente não pergunta o que ele quer de
aniversário?, — sugeriu Gideon. Estávamos sentados na sala de estar,
discutindo sobre o décimo primeiro aniversário de Nico.
— Quero fazer uma surpresa para ele, — respondi.
— Basta perguntar a ele o que ele quer e então dar a ele um presente
extra, que pode ser uma surpresa, — afirmou.
— Você sabe que eu quero comprar tudo para
Nico. Novas roupas, novos sapatos. Faz muito tempo que ele não tem
roupas novas. — Eu disse.
— Por que você não o leva para fazer compras?
— Já tentei. Mas toda vez que tento, Nico me diz que está ocupado
com alguma coisa. Perguntei se ele queria ir às compras na semana
passada e ele disse que precisava estudar para um teste de ciências, —
respondi.
— Bem. por que você mesma não compra roupas para ele? — Gideon
entrelaçou seus dedos com os meus.
— Você viu a velocidade com que ele está crescendo? E se eu errar o
tamanho dele?
Gideon beijou minha mão. — Eu acho que você devia perguntar o que
ele quer de aniversário, e quando você tiver tempo, leve-o para fazer
compras. Compre para ele todas as roupas e sapatos novos que ele quiser,
certo? — Ele beijou minha testa.
Eu concordei. — Sim.
— Bom. E mais uma coisa. Convidei meu pai e meus irmãos para
jantar na próxima semana.
— Algum motivo especial?, — eu perguntei.
— Vou dizer a eles que o contrato foi rescindido que agora você é
minha esposa para sempre, — respondeu ele.
Corei ao ouvir isso. Embora já tivesse passado duas semanas desde
que Gideon anunciou a toda a equipe que eu era sua esposa permanente,
o fato ainda conseguiu colorir minhas bochechas. E agora ele iria contar
para sua família.
Como eles reagiriam? Tive a sensação de que Kieran me aceitaria. Era
o pai de Gideon e Brenton que me preocupavam. Eu sentia que o pai de
Gideon não gostava muito de mim.
E o que Gideon faria se seu pai e Brenton não me aceitassem? Ele me
deixaria? Ele pegaria meu bebê e me jogaria na rua?
— Ei. o que há de errado? — Gideon virou meu rosto para ele.
— Nada, — eu menti facilmente, muito facilmente.
Gideon arqueou a sobrancelha para mim. — Diga-me o que há de
errado, — ele exigiu.
— Já falei que não tem nada de errado, — eu menti.
— Passarinho, me diga o que está errado. — Gideon usou o tom que
me dizia que era melhor eu começar a falar ou então haveria
consequências.
— E se sua família não me aceitar? O que você vai fazer, nesse caso? —
Eu procurei seus olhos, tentando obter minhas respostas através das íris
verde-mar.
Gideon me beijou suavemente. — Bonitinha, acredite em mim. eles
vão te aceitar. Kieran ficará emocionado em saber que agora você é
minha esposa permanente. Ele já te aceitou como irmã no dia em que
nos casamos, — disse ele.
— Mas e quanto ao seu pai e Brenton? Seu pai nunca gostou muito de
mim, — eu disse.
— O que te faz pensar que meu pai não gosta de você?, — Gideon
questionou.
— Bem, ele foi muito rude comigo quando vocês vieram ao meu
apartamento, sem ofensa, e desde que nos casamos, ele nunca nos
convidou para jantar, — respondi.
— Houve um jantar, o jantar de família, — ressaltou Gideon.
— Sua família inteira estava lá. Quero dizer apenas nós. Eu e você. Ele
nunca nos convidou para jantar. Ele nunca liga para perguntar como
estou indo ou algo assim. Mesmo que eu não tenha ideia de como os
sogros normalmente se comportam, eu ainda acho que eles pelo menos
perguntam como está a nora, — eu declarei.
— Minha esposinha está se sentindo negligenciada?, — ele falou.
— Ali, pare de tirar sano de mim. Só estou dizendo que ele não gosta
de mim. então o que você fará quando ele se recusar a me aceitar?, — eu
questionei.
— Não me importo, — disse Gideon.
— O quê? — O que ele quis dizer com isso?
— Eu não me importo se ele não te aceitar. Eu vou escolher você. —
Gideon elaborou.
— Você está brincando. — Ele não poderia fazer isso.
— Não. eu não estou. Eu vou escolher você, — ele repetiu.
— No lugar da sua família?
— Sim.
— Mas por quê? — Eu não acreditei que ele faria isso.
— Porque você me faz feliz. E você é a mãe do meu filho que vai
nascer, — respondeu Gideon.
— É mais fácil falar do que fazer, — eu disse.
— O que é?
— Escolher alguém ao invés de sua família. É meio impossível, — eu
esclareci.
— Não estou escolhendo ninguém ao invés da minha família. Meu pai
e irmãos são minha família. Você é minha família. Portanto, se eu
escolher você em vez de meu pai e irmãos, não estarei escolhendo
qualquer um ao invés de minha família. Eu estarei escolhendo minha
família... Ao invés de minha família. — Eu ri quando ele disse isso.
— Não vou me colocar entre você e sua família, Gideon, — eu disse
com convicção.
— Ninguém se coloca entre ninguém. Estou dizendo que meu pai e
Brenton vão te aceitar. Você não tem nada com o que se preocupar.
Apesar de suas garantias constantes, eu não estava convencida. Eu
sabia que o senhor Maslow só casou Gideon comigo porque ele
acreditava ser temporário. Mesmo quando ele foi ao meu apartamento,
eu podia dizer que ele não me aprovava.
E mesmo que ele não tenha dito nada para mim diretamente, eu podia
sentir sua aversão por mim em nossos breves encontros. Não tinha ideia
do que Gideon estava pensando, mas estava preocupada. Muito
preocupada.
Bati suavemente antes de abrir a porta do quarto de Nico. Ele estava
sentado em sua cama, com os joelhos dobrados até o queixo. A única luz
que iluminava o seu quarto vinha de sua lâmpada, que estava na mesinha
de cabeceira.
Eu dei a ele um sorrisinho antes de entrar e fechar a porta suavemente
atrás de mim.
— Ei. Nico. espero não estar te incomodando, — eu disse levemente.
Em resposta, recebi um soluço. A preocupação apertou meu coração,
corri até meu irmão e me sentei na cama.
— Nic, você está bem?, — eu perguntei, olhando para o rosto
manchado de lágrimas do meu irmão.
Ele não disse nada, apenas soluçou enquanto mais lágrimas escorriam
pelo seu rosto. A preocupação e o medo nublaram minha mente, e
abracei Nico com força, esfregando suas costas de uma maneira suave.
— Nico. me diga o que está errado, por favor, — eu implorei.
— Nada, — ele soluçou.
— Não minta para mim, Nico. Sou sua irmã. Me diga o que está
errado. Porque você está chorando?
Nico se afastou de mim e tentou enxugar as lágrimas com as costas da
mão. mas as lágrimas não paravam de sair de seus olhos. Eu me senti
impotente ao ver meu irmão assim. Por que ele estava chateado?
— Diga-me o que há de errado, — persuadi.
— Al-Alice, mamãe e papai nos odiavam?, — ele perguntou.
Meu coração quebrou. — Não. claro que
não. Porque você pensaria isso? — De onde vinha isso? Nico estava
perfeitamente bem e aceitou a morte de nossos pais anos atrás.
— Então p-por que eles nos deixaram? — Mais lágrimas escaparam.
Eu segurei suas mãos com força. — Não foi escolha deles. Nic. Mamãe
e papai estavam doentes.
— Eles não sabiam que precisávamos deles? — Parecia que fui
transportada de volta ao passado, quando mamãe e papai tinham
acabado de falecer. Nico me fez as mesmas perguntas então, e mesmo
que eu tentasse o meu melhor para responder às suas dúvidas, agora
mesmo eu me sentia impotente como me senti todos aqueles anos atrás.
— Eles sabiam, querido, mas como eu disse, eles não tiveram escolha.
Mamãe e papai não queriam te deixar. Eles queriam ficar com você para
sempre, — expliquei.
— Por que Deus é tão cruel? Por que Ele tirou mamãe e papai de nós?
Deus não sabia que eu precisava da mamãe e do papai?
Eu não tinha resposta para isso. Bem que eu queria, mas não acho que
poderia explicar de uma maneira racional. Portanto, optei por controlar a
conversa e ir à raiz do problema.
— Nico, o que há de errado? Por que está me perguntando essas coisas
de novo?
Eu entendia por que ele estava me perguntando isso, mas o que eu
não entendia era por que Nico pareceu perfeitamente bem todos esses
anos, e agora, de repente, ele estava perguntando sobre mamãe e papai.
— Se mamãe e papai estivessem aqui, eu não seria ór ão, — soluçou.
Meu coração doeu ao ouvir Nico se autodenominar ór ão. — Você não
é ór ão, Nic. — Eu era sua irmã mais velha. Eu era praticamente sua mãe.
— Sim, eu sou, — gritou ele. — Um ór ão é alguém que não tem pais e
eu não tenho pais.
— Mas..., Mas... — Eu não tinha ideia do que dizer para fazê-lo se
sentir melhor.
— É verdade. Não minta para mim. Alice. Todos na escola me
chamam de ór ão. Ninguém quer ser meu amigo porque sou ór ão. Stan
diz que meus pais me odiavam e que foi por isso que eles me deixaram. —
Uma torrente de novas lágrimas caiu enquanto os soluços sacudiam o
corpo de Nico.
Raiva e tristeza queimaram em mim enquanto eu observava meu
irmão chorando por algo sobre o qual ele não tinha controle. Sem pensar,
envolvi Nico em meus braços e esfreguei suas costas, o tempo todo
fumegando por causa desse garoto Stan.
— Há quanto tempo isso vem acontecendo?, — eu perguntei,
tentando o meu melhor para conter minha fúria.
— Uma semana depois de entrar na escola, — respondeu ele.
— E por que você não me contou? Você sabe que deve me dizer se
alguém te machucar ou te intimida.
— Você tem seus próprios problemas. Eu pensei que ele iria parar, mas
não parou. — Eu o abracei com mais força. Eu gostaria que ele tivesse me
dito antes que as crianças o estavam intimidando. Eu teria lidado com o
problema mais rápido.
— Você contou aos seus professores?, — eu perguntei.
— Não. — Nico parecia estar se controlando.
— Por que não?, — eu perguntei.
— Porque eu não queria que eles pensassem mal de mim, — ele
respondeu.
— Nico, seus professores irão ajudá-lo. Eles nunca vão te intimidar, ou
algo assim, — expliquei.
— E se eles fizerem?, — Nico perguntou.
— Eles não vão, — eu disse. — Então, eu quero que você vá para a
escola amanhã e diga ao seu professor como as outras crianças estão te
tratando. E vou falar com o seu professor também, tá bom? — Limpei o
rosto de Nico com meus dedos.
— Tem certeza de que não será um problema?
— Não será um problema, — garanti.
— Sinto muito, — disse ele.
— Pelo quê?
— Por chorar e te preocupar, — ele respondeu.
— Ei, eu sou sua irmã. Você pode chorar o quanto quiser na minha
frente, e você é meu irmão mais novo. É minha função me preocupar. —
Eu baguncei seu cabelo, e meu coração pulou de alívio quando vi Nico
sorrindo.
— Agora me diga, o que você quer de aniversário?, — eu perguntei,
querendo falar sobre coisas felizes.
— Tudo bem se eu quiser comemorar meu aniversário este ano?, —
ele perguntou, olhos verdes esperançosos.
— Você quer dizer como uma festa?
Nico acenou com a cabeça. — Tipo isso. Se não for um problema.
— Claro que você pode. Quem você gostaria de convidar?, — eu
questionei.
— Quero comemorar meu aniversário com outras crianças como eu,
— disse Nico.
— Crianças comem você? — Eu fiz uma careta em confusão.
— Ór ãos. Quero comemorar meu aniversário com os ór ãos, —
explicou.
— Ah. Sério? E isso que você quer? — Eu precisava ter certeza absoluta
de que era isso que Nico queria.
Ele assentiu. — Sim. E eu quero uma grande festa com muitas
crianças ór ãs. Sei que vai custar muito dinheiro, então, se você não tiver,
não precisa.
— Dinheiro não é problema. E teremos uma grande festa, como você
quiser. — Finalmente meu irmão não estava mais triste. Assim que eu
saísse de seu quarto, começaria a me preparar para sua festa.
— Ah, e você pode, por favor, avisar as crianças ór ãs que não quero
presentes? Eu só quero que eles venham à minha festa de aniversário. —
Nico parecia animado com seu aniversário.
— Claro, vou avisá-las. — Eu me levantei da cama.
— Agora, por que você não volta para sua lição de casa enquanto eu
começo os preparativos para sua grande festa de aniversário? E amanhã
vou te levar às compras, ok? Vou comprar roupas e sapatos novos para
você, combinado?
Nico acenou com a cabeça. — Ok. Alice. Muito obrigado. Você é a
melhor irmã do mundo inteiro.
— E você é o melhor irmão de todos. — Com uma piscadela final, saí
do quarto de Nico, ansiosa para começar a planejar seu aniversário.
***

— Onde você estava?, — Gideon perguntou assim que entrei em


nosso quarto.
— Segui seu conselho e perguntei a Nico o que ele queria, — respondi.
— E o que ele disse?
— Ele quer comemorar seu aniversário com os ór ãos. Então, você
pode entrar em contato com diferentes orfanatos e convidar as crianças
para a festa de aniversário de Nico?, — eu pedi.
— Tudo bem. mais alguma coisa?
— Você concorda? Fácil assim? — Ele estava louco.
— Claro. Fazer isso deixará Nico feliz, o que, por sua vez, deixará você
feliz. — Eu realmente amava esse homem.
— Então você não tem nenhum problema em dar uma grande festa de
aniversário para Nico?
— Não, eu não. O que você acha? Quinhentos ór ãos serão o
suficiente?
— Quinhentos?! Como vamos acomodar tantos? — Eu perguntei,
perplexa.
— Deixe comigo, pombinha. Eu tenho tudo sob controle. Você só
precisa se preocupar em encontrar um vestido bonito para usar, —
afirmou Gideon.
— Você é doido, — eu disse.
Gideon piscou para mim. — Doido pela minha mulher. — Essas
palavras fizeram meu coração palpitar.
Capítulo 31
— Gideon, por favor, — gemi, perdida na sensação que Gideon estava
criando dentro de mim. Seu membro estava fazendo coisas deliciosas
comigo, me torturando até um final feliz.
— Não até que eu esteja satisfeito, — disse ele, empurrando bem
dentro de mim.
— Satisfeito com — o quê?, — eu perguntei sem fôlego, mal
reprimindo outro gemido.
— Satisfeito com minha agenda cumprida, — respondeu ele,
bombeando em mim.
— Que agenda? D-do que você está falando? — Por que ele
simplesmente não me deixava gozar?
— Eu quero que você saiba a quem você pertence, uma vez que eu
acabe aqui, e eu quero que você nunca se esqueça disso, — ele rosnou,
me comendo com seu pau. causando um turbilhão de sensações em todo
meu corpo.
— Eu já sei, — eu gemi.
— Você sabe, bonitinha? Você sabe a quem você pertence? — Gideon
beliscou meu mamilo.
— Sim. — Outro gemido escapou.
— Quem? Diga-me a quem você pertence? — Gideon rangeu. Eu
poderia dizer que ele estava perto.
— V-você. — Fechei meus olhos quando o prazer tomou conta de
mim com a força de um maremoto.
— Diga de novo. Mais alto, — Gideon comandou, empurrando com
mais força.
— Vocês!, — eu gritei.
— Diga meu nome. Grite meu nome, passarinho, — ordenou Gideon.
— Gideon! — E, finalmente, ele permitiu que eu caísse num poço de
êxtase. O prazer explodiu dentro de mim. e meus dedos do pé se
contorceram enquanto minhas costas se arquearam, e o orgasmo corria
por mim. Estremeci de prazer enquanto onda após onda de orgasmo me
afogava em felicidade carnal.
— Minha fadinha. — Gideon parou em cima de mim enquanto
gozava, sentindo seu próprio orgasmo.
Ele rolou de lado, levando-me com ele, e nós dois ficamos deitados,
desfrutando da felicidade pós-sexo. Eu me aconcheguei ao lado de
Gideon. que me segurou com mais força.
Uma de suas mãos fez seu caminho em meu cabelo, enquanto a outra
me manteve firmemente segura ao seu lado.
— Diga que me ama, — ordenou Gideon suavemente, beijando-me.
Eu corei. — E-eu te amo, — eu gaguejei.
— Diga de novo e, desta vez, não gagueje, — ele ordenou.
— Por quê? Você já sabe o que sinto. Por que você quer que eu diga de
novo? — Não era como se ele já tivesse dito que me amava, e esse
pensamento sempre conseguia criar uma fissura em meu coração.
— Diga, — ele comandou com mais força.
— Não. — Eu escondi meu rosto. Eu me sentia tão vulnerável ao dizer
a Gideon que o amava. Ele tinha meu coração e eu temia que ele o
quebrasse.
A mão de Gideon. que estava descansando na minha cintura, deslizou
lentamente para o sul até chegar ao ápice das minhas coxas. E então,
lentamente, dois de seus dedos entraram em mim. fazendo-me engasgar
de surpresa.
Eu já estava dolorida e sensível devido aos três orgasmos, e agora os
dedos penetrantes de Gideon estavam de volta para me torturar.
— Diga que me ama, — afirmou Gideon. mexendo os dedos para
dentro e para fora.
— Eu já disse, — eu gemi. tentando não ceder.
— Não, diga-me sem gaguejar, — ele ordenou.
— Por quê? — Estrelas explodiram na frente dos meus olhos enquanto
eu me aproximava de outro orgasmo.
— Porque eu mandei, — respondeu ele.
— Gideon, pare, — implorei, minha regi—ao altamente sensibilizada.
— Não até que você diga que me ama, — disse ele.
— E-eu — Eu me segurei bem a tempo.
— Teimosa, não é? Bem, terei que usar outros meios. — Ele inseriu
outro dedo em mim, e agarrou meu seio esquerdo. Instantaneamente,
meus sentidos me abandonaram, e a única coisa que eu sentia era a
sensação dos lábios e dedos de Gideon.
— Diga que me ama e eu te darei o alívio que você tanto busca. — Ele
sabia que eu estava perto, e ele estava me deixando no limite. Maldito
seja!
Não tendo o apoio do meu bom senso, expressei as palavras pelas
quais meu marido estava me torturando. — Eu te amo, — eu disse
suavemente, sem gaguejar.
— Diga isso de novo. — Seus dedos atingiram meu ponto G e eu me
perdi.
— Eu amo você.
— Mais uma vez. pombinha.
— Eu amo você. — E foi então que eu tive, mais uma vez. permissão
para me banhar no prazer de um orgasmo entorpecente.
— Você vai me amar pra sempre, — Gideon sussurrou antes de
capturar meus lábios em um beijo ardente, enquanto meu corpo
estremecia com os raios escaldantes do meu clímax.
E você nunca vai me amar. O pensamento foi doloroso, mas era a
verdade. Se Gideon me amasse, eleja teria me contado. Eu tinha exposto
minha alma a ele. Ele não deveria fazer o mesmo?
Ficamos ali. perdidos na sensação e no calor um do outro. Gideon
começou a arrastar preguiçosamente seus dedos sobre minha pele,
enquanto eu mantive meu rosto escondido na curva de seu pescoço,
inalando seu perfume masculino.
— Temos muito que fazer hoje, não temos?, — disse Gideon.
— Sim. Os fornecedores e decoradores chegarão em breve, e eu
preciso escolher uma roupa para Nico usar esta noite. — eu disse.
— Que tipo de bolo Nico pediu?, — Gideon perguntou, levantando-se
da cama.
— Bolo de sorvete. E o favorito dele, — eu disse, olhando para a forma
nua de Gideon com uma óbvia aprovação.
— Certo, por que você não se veste também?. — Gideon sugeriu.
— Quantos ór ãos você convidou? — — Eu questionei, observando
Gideon desaparecer dentro do closet.
— Quinhentos e cinquenta. Tudo bem, ou devemos convidar mais?
— Não, quinhentos e cinquenta está bom. — Caramba, ele tinha
muitos contatos.
Respirando fundo, saí i da cama e arrastei meu corpo nu para o
banheiro. Liguei o chuveiro em temperatura média e imediatamente
entrei no jato quente, deixando a água me acalmar.
Eu endureci quando braços envolveram minha cintura, mas
instantaneamente relaxei sabendo que era Gideon atrás de mim. Inclinei-
me para ele enquanto a água cascateava sobre nós.
— Você decidiu se juntar a mim?, — eu disse.
— Não posso deixar você se divertir sozinha, posso? — Ele beijou
docemente meu pescoço.
— Que diversão? — Eu sorri para ele.
— Isso, tomar banho, — respondeu Gideon.
— Tá brincando, né? Como é divertido tomar banho? — Eu arqueei
minhas sobrancelhas em dúvida.
— O que eu quis dizer é que tomar banho com você é divertido, — ele
se corrigiu antes de mergulhar um dedo no meu calor, e então eu me
perdi em prazer mais uma vez.
— Você acha que eles virão?, — Nico perguntou nervosamente,
olhando para o terreno vazio, que foi decorado com balões e serpentinas.
Havia algumas mesas com uma variedade de lanches, e uma mesa
estava reservada para sacolas de lembrancinhas que o próprio Nico
encheu de coisas divertidas. z
— É claro que eles vêm, — assegurei meu irmão, apertando seu
ombro.
— E se eles não gostarem?, — ele perguntou, olhando para mim.
— Eles vão gostar, não se preocupe. — Foi Gideon quem respondeu,
aproximando-se e ficando ao meu lado.
— Você está bem. bonitinha? Meu bebê não está te dando problemas,
está?, — ele sussurrou. Gideon estava vestido para matar. Seu terno
ajustou-se em seu corpo com perfeição, e nenhum fio de cabelo estava
fora do lugar.
— Não, o bebê está se comportando, e pare de dizer ele. Pode ser ela,
— eu apontei.
— E ele. Minha mãe pode ter escapado da maldição da família, mas
isso não significa que você escapou, — afirmou.
— Eu posso ter escapado, e por falar na sua mãe, você ainda precisa
me falar sobre Elizabeth, — eu o lembrei.
— Sim. eu sei. Que tal amanhã? — Ele não parecia nem um pouco
nervoso, para minha surpresa.
— Tudo bem. Sim. amanhã. Você vai me contar tudo, certo? —
Finalmente, Gideon me falaria sobre sua irmã.
— Sim. direi o que você quiser saber, — respondeu Gideon.
— Eles estão aqui. Eles estão aqui!, — Nico disse animadamente. Eu
segui o olhar de Nico e vi três ônibus chegando.
Eles estacionaram antes que a porta fosse aberta, e várias crianças
saíram, vestindo roupas coloridas. Mais ônibus seguiram chegando, e
mais crianças se amontoaram.
— Uau. são muitas crianças, — comentei enquanto observava as
centenas de crianças correndo ao redor.
Nico correu até eles, e logo ele estava se misturando com crianças de
sua idade.
Gideon e eu passeamos, vendo algumas crianças se divertirem com o
palhaço, enquanto as outras se serviam de lanches e suco.
— Isso é bom, não é?, — eu disse a Gideon.
— Sim, ter essas crianças aqui é bom. — Gideon estava olhando para
alguém à distância. Eu segui seu olhar para ver que ele estava olhando
para um menino, não mais velho do que poucos meses, sentado no colo
de uma das cuidadoras.
Sem dizer nada. Gideon caminhou em direção ao bebê, eu o segui, e
em alguns segundos, alcançamos o bebê. O menino deu a Gideon um
sorriso desdentado, e Gideon sorriu de volta.
O bebê parecia ter cabelos loiros, tinha olhos azuis escuros e o sorriso
mais lindo que eu já tinha visto em um bebê.
Suas bochechas rechonchudas tinham manchas rosadas, e ele estava
vestido com uma camisa vermelha e calça azul, com um boné azul para
combinar.
— Posso segurá-lo?, — Gideon perguntou à cuidadora, uma doce
senhora com pele castanha e cabelos escuros encaracolados. Ela assentiu
com a cabeça, e Gideon não perdeu tempo pegando o menino de seu
colo.
Observei enquanto Gideon interagia com o menino. Ele parecia a
epítome da paternidade. Ele estava tratando o menino como se fosse seu
próprio filho.
Ver Gideon assim fez minhas preocupações evaporarem. Eu sabia que
Gideon seria um excelente pai.
— Qual o nome dele?, — eu perguntei à cuidadora.
— Por enquanto o nome dele é Abelino. Ainda não foi registrado.
— Abioye, — disse Gideon, fazendo com que nós duas olhássemos
para ele com surpresa.
— O quê?, — eu perguntei.
— O nome dele deveria ser Abioye, — esclareceu Gideon.
— Por quê?, — eu perguntei, vendo o bebê brincar com o cabelo de
Gideon.
— Combina com ele, não acha? — Ele beijou a bochecha gordinha do
bebê.
— Eu acho. — Para ser sincera, achei o nome estranho.
— Há quanto tempo ele está com vocês? — Gideon perguntou à
cuidadora
— Desde o dia em que ele nasceu. Seus pais morreram em um
acidente enquanto ele ainda estava no hospital. Ele era prematuro,
entende? Eles estavam indo ao hospital para vê-lo quando se envolveram
em um acidente e morreram, — ela nos informou.
— E vocês ainda não decidiram um nome? Todo esse tempo depois?,
— Gideon perguntou, segurando a mãozinha do bebê.
— Todas as crianças o chamam de nomes diferentes, então é meio
difícil para nós escolher um. — Ela sorriu.
— Você deveria chamá-lo de Abioye, — afirmou Gideon.
— As pessoas podem mudar o nome desse bebê se decidirem adotá-lo,
— disse-nos a cuidadora.
— Elas podem, ê? — Gideon franziu a testa.
— Sim. já que ele ainda não tem certidão de nascimento. Faremos seu
registro o em alguns dias, — respondeu ela.
— E por que você não mandou fazer sua certidão de nascimento até
agora?. — Gideon perguntou.
— Esperávamos que alguém o adotasse. Às vezes esperamos para o
caso de os bebês serem adotados, mas agora faremos a certidão de
nascimento, — respondeu ela.
— Você pode esperar alguns dias, se não for pedir muito?, — Gideon
questionou, sorrindo para o bebê. Eu olhei para ele confusa, me
perguntando por que ele estava fazendo tal pedido.
— Posso saber o motivo, senhor Maslow?, — a senhora perguntou.
— Bem, você esperou tanto. Tenho certeza que você pode esperar
mais alguns dias, não é?
— Sim. mas você tem que nos dar uma razão, senhor, — ela persistiu.
— Você pode ou não pode esperar mais alguns dias? — Gideon se
esquivou de sua pergunta mais uma vez.
— Nós podemos, mas
— Perfeito. Tudo bem. — Gideon tentou entregar o bebê à cuidadora,
mas ele começou a chorar. Sem pensar. Gideon abraçou o bebê e
imediatamente ele parou de chorar.
— Bem, veja isso. Ele gostou de você, senhor Maslow, — a cuidadora
disse com um sorriso.
— Ele gostou? Eu gostei dele também. — Gideon beijou
afetuosamente a cabeça do bebê. Ele sussurrou algo no ouvido do
menino antes de relutantemente entregá-lo à cuidadora. Pegando minha
mão, Gideon me levou para longe do bebê.
— O que você disse para o bebê?, — eu perguntei, uma vez que
estávamos a uma distância segura.
— Fiz uma promessa a ele, — respondeu Gideon.
— Que promessa?
— Que nunca vou deixar uma lágrima escapar de seus olhos, —
respondeu Gideon.
— Eu não entendo, — eu disse honestamente.
— Espere que a festa acabe e eu te conto, então, — respondeu Gideon.
e foi o fim de nossa conversa a respeito do bebezinho.
O resto da noite passou com sorrisos e risos. Nico não parou de sorrir
por um minuto enquanto falava com todas as crianças que estavam
presentes.
Nico agradeceu pessoalmente a todos por terem vindo para sua festa
de aniversário, e quando ele cortou o bolo, Nico deu o maior sorriso. As
empregadas eram responsáveis por garantir que cada criança recebesse
bolo e uma porção de salgadinhos saudáveis.
Quando chegou a hora de todas as crianças irem embora. Nico se
certificou de que ninguém saísse sem uma sacola de lembrancinhas. Ele
deu lembrancinhas até para as cuidadoras, e agradeceu por terem vindo.
Somente quando o último ônibus partiu Nico entrou. Gideon instruiu
as criadas a limparem a bagunça e a trazer os presentes de Nico para
dentro. Então Gideon pegou minha mão e entramos.
— Então, agora você vai me contar sobre o bebê?, — eu perguntei
assim que Gideon fechou a porta do nosso quarto.
— Você gostaria de adotar aquele bebê?, — Gideon me perguntou, me
pegando de surpresa.
— Sério? — Por que ele queria adotar um bebê quando teria seu
próprio filho em apenas alguns meses?
— Sim, — ele respondeu e se sentou ao meu lado.
— Gideon, tem certeza de que deseja adotar um bebê sendo que seu
próprio filho vai nascer em apenas alguns meses? — Eu me aproximei
dele.
— Não se trata de ter meu próprio bebê, fadinha. Você viu o sorriso no
rosto dele? Você viu a inocência brilhando naqueles olhos azuis?
Eu não sei você, mas não serei capaz de viver comigo mesmo sabendo
que aquela inocência e aquele sorriso não existirão mais quando ele
crescer e precisar enfrentar as duras realidades deste mundo. Não se eu
puder fazer algo a respeito, — Gideon declarou.
— Mas você tem certeza disso? Quer dizer, assumir a responsabilidade
por uma criança não é fácil. E você será capaz de tratá-lo como seu
próprio filho, mesmo quando seu próprio bebê nascer?, — eu perguntei.
— Sim. Posso não ser pai ainda, bonitinha, mas sei que quero que
aquele garotinho seja meu filho. Eu quero protegê-lo dos males deste
mundo. Quero manter minha promessa a ele e ter certeza de que
nenhuma lágrima escapará de seus olhos. E assim como protegerei meu
filho biológico, protegerei meu filho adotivo também. Então, o que você
me diz?
Não tive que pensar muito: a resposta estava me encarando. Gideon
estava certo. Cuidar de uma criança que não tinha ninguém neste mundo
era a coisa certa a fazer. Quer dizer, Nico era ór ão e não tinha ninguém,
exceto eu.
Nico não recebeu o amor que precisava e merecia porque nossos pais
morreram. Mas agora, quando havia uma maneira de um garotinho
conseguir o amor dos pais, por que não deveríamos aceitá-lo?
De que adiantava toda essa riqueza se não pudéssemos usá-la para
ajudar os necessitados?
— Tudo bem. Estou contigo. Se você quiser adotar esse bebê, terá
todo o meu apoio e vou amá-lo e tratá-lo como meu próprio filho, —
disse a Gideon. que sorriu para mim em resposta.
— Obrigado, passarinho, muito obrigado. Em alguns dias iremos
adotá-lo, — afirmou Gideon.
— Por que não amanhã?, — eu perguntei.
— Você está brincando? Temos que comprar roupas e brinquedos para
ele. E eu tenho que informar papai e meus irmãos sobre isso, então
temos que esperar alguns dias.
Eu ri antes de Gideon se inclinar para me beijar com ternura. Seu
beijo me disse tudo que eu precisava saber.
Que tudo ficaria bem.
Capítulo 32
Fechei a porta do quarto de Nico depois de me certificar de que ele
estava ocupado com seu dever de casa. Verifiquei se as empregadas não
precisavam de mim antes de ir ver meu marido. Hoje Gideon iria me
contar sobre Elizabeth.
Pensar nisso mal me deixou dormir à noite, mas não estava cansada.
Eu queria saber sobre sua irmã e ele finalmente iria me contar.
— Ei, o que você está fazendo?, — Gideon perguntou assim que entrei.
Ele estava digitando em seu laptop. mas eu não ia deixar isso passar. Ele
ia me contar, e ele ia me contar agora.
— Conte-me sobre Elizabeth, — eu disse sem rodeios.
As sobrancelhas de Gideon se franziram. — Agora? Não pode esperar?
Tenho que enviar alguns e-mails, — disse ele.
— Não. Agora. — Eu Cheguei mais perto dele.
— Mas são apenas alguns e-mails, pombinha. — Eu sabia que ele
estava protelando, mas eu estava determinada.
— Não. Agora, — eu repeti.
Gideon suspirou e fechou seu laptop. — Tudo bem. Venha aqui. — Ele
me puxou para mais perto, até que meus lábios estivessem a um sussurro
de distância de seu pescoço.
— O que você quer saber? — Ele olhou para mim com aqueles olhos
hipnotizantes.
— Tudo, — respondi.
— Ok, por onde devo começar? — Ele segurou minha mão em suas
grandes mãos.
— Pelo início, — eu disse.
— Tudo bem, meu passarinho curioso. — Gideon fechou os olhos e
deu um suspiro profundo, como se estivesse se preparando para revelar
um segredo terrível.
— Como você já sabe, minha mãe conseguiu quebrar a maldição da
família e deu primeiro à luz uma menina, antes de mim. Kieran e
Brenton. Tudo foi perfeito em suas vidas: meu pai adorava Elizabeth e
era um escravo completo de sua felicidade.
Meus avós não aprovaram exatamente ter uma filha como primeiro
herdeiro. Como você pode imaginar, seu pensamento primitivo os levou
a querer primeiro um menino que continuasse com o nome da família.
— Gideon fez uma pausa.
— Mesmo assim, eles mantiveram a boca fechada sobre sua
desaprovação, porque se meu pai ouvisse alguém falando sobre Lizzy de
forma negativa, essa pessoa estaria em um grande problema.
Portanto, para meu pai. os anciãos guardaram seus pensamentos e
opiniões para si mesmos e fingiram estar felizes por causa de meu pai.
Anos se passaram e, conforme Lizzy crescia, meu pai começou a se
tomar cada vez mais protetor com ela. tanto que ela começou a se sentir
sufocada.
Meu pai certificou-se de que ela fosse acompanhada por nada menos
que seis criados, onde quer que fosse. Ela tinha uma empregada pessoal
que ficava com ela vinte e quatro horas por dia. sete dias por semana.
Elizabeth odiava o tratamento especial, mas não podia fazer nada a
respeito.
— Ela poderia ter falado com seu pai, — sugeri.
Gideon zombou. — Você acha que ela não tentou isso? Ela implorou
ao papai por uma prorrogação: ela nunca parou de pedir um pouco de
liberdade.
Tudo que Lizzy queria era um tempo para respirar sozinha. Ela queria
ficar sozinha e quase nunca conseguia. A única vez que ela ficava sozinha
era quando ela ia ao banheiro.
— Bem. nesse caso, ela devia tomar banhos incrivelmente longos. —
Era para ser uma piada, mas quando Gideon assentiu, meus olhos se
arregalaram.
— Ela fazia exatamente isso. Ela passava horas no banheiro. Tanto que
um dia a empregada enlouqueceu pensando que Lizzy havia cometido
suicídio. Mas então meu pai e Lizzy tiveram uma longa conversa sobre as
longas horas que Lizzy passava no banheiro.
Lizzy exigiu um pouco de liberdade, mas meu pai rejeitou seus apelos.
Minha mãe também tentou argumentar com ele, mas meu pai afirmou
que Lizzy não iria ficar sem alguém cuidando dela.
— Seu pai poderia ter permitido um pouco de liberdade, — eu disse,
tentando me imaginar no lugar de Lizzy. Se meu pai tivesse me mantido
sob supervisão 24 horas por dia, sete dias por semana, eu teria
enlouquecido.
— De acordo com ele, ele estava apenas mantendo sua filhinha segura.
Ele não queria que nenhum dano acontecesse em seu caminho. Meu pai
manteve Elizabeth protegida por toda a vida — isto é, até ela fugir. Mas
ele estava apenas mantendo-a segura, — disse Gideon.
— Então, o que aconteceu?, — eu perguntei. Eu queria argumentar
que seu pai poderia ter relaxado um pouco, mas decidi não me preocupar
com discussões. De certa forma, eu poderia entender por que o senhor
Maslow fez o que fez.
— Elizabeth estava com raiva, mas ela não podia fazer muito, então
ela decidiu usar outra tática. Ela fez amizade com sua empregada pessoal,
alguém que ela ressentia anteriormente.
Lizzy começou a usar sua empregada como confidente, contando
histórias tristes sobre se sentir presa, até que a empregada começou a
ajudá-la a escapar do castelo.
E então Lizzy ficou feliz, porque ela finalmente conseguiu a liberdade
que ansiava, mesmo que fosse apenas por algumas horas todos os dias. E
foi durante uma dessas escapadas que ela conheceu Henry. — Gideon
parou mais uma vez.
— Como? — Não pude deixar de perguntar, embora soubesse que
Gideon estava prestes a me contar.
— Lizzy o conheceu durante o inverno. Foi uma daquelas noites em
que a neve se tomou seu pior inimigo. Lizzy foi protegida por toda a sua
vida e não tinha a menor ideia de como sobreviver em condições
climáticas extremas.
Ela escapou com apenas um casaco de pele, chapéu e luvas, mas eles
não puderam impedir a neve de penetrar em sua pele. Ela estava com
muito frio, mas era incrivelmente teimosa.
Ela não se atreveu a voltar porque queria passar as três horas sozinha.
Então ela se sentou sob uma árvore, tremendo de frio brutal. E foi assim
que ela conheceu Henry. •r
Lizzy não queria perder seu tempo sentada debaixo de uma árvore por
três horas, então ela decidiu dar uma olhada nas lojas próximas, e foi
onde ela viu pela primeira vez o homem por quem se apaixonou. Henry
estava comprando uma caixa de fósforos quando viu Lizzy entrar na loja.
E de acordo com minha irmã, todas as suas preocupações voaram no
momento em que seus olhos se encontraram. Henry — largou os palitos
de fósforo e imediatamente correu para ela porque ela estava tremendo
de frio. Henry imediatamente tirou sua jaqueta e colocou sobre ela.
— Parece um cavalheiro, — comentei com um sorriso.
— Ele é um homem extremamente honrado, e estou feliz que Lizzy o
tenha encontrado. De qualquer forma, a partir de então, Henry e Lizzy
começaram a se encontrar em segredo, obviamente, e todos pensaram
que Lizzy havia aceitado a decisão de meu pai sobre supervisão absoluta.
Mal sabiam eles que Lizzy estava feliz porque estava apaixonada por
um homem e estava usando sua empregada pessoal para fugir do castelo.
— Gideon respirou fundo.
— Depois de alguns meses, papai anunciou o casamento de Elizabeth
e Alejandro. E Elizabeth não estava feliz. Ela queria se casar com Henry, o
homem que amava, não com seu amigo de infância.
— Seu pai deveria ter perguntado a Elizabeth se ela queria se casar
com Alejandro ou não, — eu interrompi.
— Ele queria, acredite, ele queria, mas havia outros fatores também,
que o levaram a ignorar os desejos de sua única filha, — respondeu
Gideon.
— Fatores como o quê? O que poderia ser mais importante do que a
decisão de sua filha?
— Você deveria saber algo sobre a família
Maslow. Nossos valores realmente não mudaram em todo esse tempo.
Este é o século XXI, mas temos o mesmo pensamento machista de nossos
ancestrais.
Nós, como os homens, somos patriarcais. E tem sido assim de geração
em geração.
— Você quer dizer que vocês ainda acreditam que as mulheres não
têm direitos e que seu único propósito é servir à espécie masculina? — Eu
fiz uma careta.
Gideon riu. — Não exatamente. Mas, sim. garantimos que as
mulheres nesta família saibam quem tem o poder. Amamos dominar e
fazer nossas mulheres se submeterem.
Sua voz ficou rouca quando ele disse a última parte, e apesar de querer
agarrá-lo e beijá-lo, olhei para ele com desaprovação evidente.
Sentei-me para encará-lo. — Eu não gosto disso, — eu disse.
/

Gideon riu sombriamente. — E o que é. Você não tem que gostar.


Você, minha fadinha. só precisa aprender a conviver com isso. — Ele me
beijou suavemente.
— Comece a me contar sobre Elizabeth antes que eu arranhe seus
olhos por causa de seu pensamento machista, — avisei.
Ele riu novamente. — Apenas tente, bonitinha, apenas tente.
— Continue a história. — Eu fervi.
— Ou o quê? — Gideon me lançou um olhar desafiador.
— Basta começar a falar.
— Não. — Ele cruzou os braços sobre o peito.
Eu estreitei meus olhos para ele. — Não me force, — ameacei.
— Você não entendeu ainda? Forçar você é o que eu mais amo fazer.
— Não tinha ideia se era eu ou meus hormônios, mas assim que as
palavras saíram dos lábios de Gideon, eu estava sobre como um predador
pronto para atacar.
Comecei a arranhar seu peito, mas em pouco menos de cinco
segundos. Gideon me prendeu embaixo dele.
— Solte, seu homem patriarcal. Vou mudar sua mentalidade machista
nem que seja a última coisa que eu faço, — eu rosnei.
Gideon selou meus lábios com os dele e só me soltou depois que eu
estava com falta de oxigênio. Ele salpicou beijos por todo o meu queixo e
pescoço, e me fez gemer em pouco menos de dois minutos.
— Deus, eu amo este lado seu. Você deve ter cuidado, você não quer
machucar o bebê. — Eu congelei com suas palavras. Merda! Ele estava
certo. O que eu estava pensando? Eu poderia ter prejudicado meu bebê
agindo de forma tão imprudente.
— Oh meu Deus. Eu sinto muito. Eu não percebi... — Gideon soltou
meus pulsos e eu imediatamente coloquei minha mão na minha barriga
inchada.
— Ei, relaxe. — Gideon beijou minha bochecha. — Tá tudo bem. Não
vou deixar nada acontecer com você ou com nosso bebê.
— Mas eu não estava pensando e pulei em cima de você.
— E eu te peguei, assim como sempre vou te pegar. Eu nunca vou
deixar você cair. — Gideon me puxou para ele.
— Quer ouvir o resto da história?, — ele perguntou suavemente.
— Sim, — eu murmurei suavemente.
— Vamos ver, onde eu estava?
— Você estava me dizendo por que seu pai não pediu a permissão de
Lizzy, — eu o lembrei.
— Isso. Meu pai não fez isso principalmente porque foi uma decisão
do meu avô. Ele queria que Elizabeth se casasse com Alejandro e disse
estritamente a meu pai para não intervir. Meu pai deveria se concentrar
apenas no casamento.
— Ah. entendo.
— Quando a Elizabeth descobriu, ela ficou furiosa. Ela queria fugir,
mas estava com medo. Ela queria a bênção da mamãe e do papai, mas.
infelizmente, não obteve nenhuma. Ela me procurou pedindo ajuda
porque eu era seu melhor amigo...
Mesmo sabendo que papai nunca concordaria, ainda tentei falar com
ele. argumentar com ele, mas sem sucesso — papai se recusou a ceder.
Odiava desapontar minha irmã, mas precisava dizer a ela que meu pai
não concordaria. Tentei impedi-la de se casar com Henry. não porque
não achasse que ele fosse um bom homem, mas porque não queria uma
rixa na família.
Nossos parentes não ficaram exatamente entusiasmados com o fato
de que Elizabeth nasceu primeiro, e isso teria dado a eles munição contra
meu pai.
Mas Lizzy herdou muito de nosso pai. e uma das características era ser
obstinada. Ela se recusou a se casar e me disse diretamente que só iria se
casar com Henry. com ou sem meu apoio.
— Sua irmã fugiu de casa, — eu disse.
— Sim. ela fugiu, e eu a ajudei a escapar, — confessou Gideon.
N linhas sobrancelhas dispararam para a linha do cabelo ao ouvir isso.
Sem chance. Não é possível. Gideon nunca faria algo assim. Bem. pelo
menos eu pensei que ele não faria. Mas ele tinha feito. Ele ajudou sua
irmã a escapar.
— Você a ajudou a escapar? Como? Por quê? — Eu questionei,
intrigada. Gideon sempre conseguiu me surpreender, de uma forma ou
de outra.
— Sim. No dia em que ela ia fugir, segurei a escada que Elizabeth
costumava descer de seu quarto, enquanto Henry estava ao meu lado,
pronto para levar Elizabeth embora.
Quando Lizzy estava em segurança no solo, ela me disse para onde ela
e Henry iriam e que eu seria bem-vindo para vê-los.
Eu não queria que ela fosse embora, mas aqui ela nunca iria contra sua
felicidade. Lizzy não é apenas minha irmã: ela é minha melhor amiga e
minha confidente.
De qualquer forma, Lizzy e Henry fugiram e eu Fingi estar chocado e
com raiva como todo mundo na família. Ninguém sabia que eu tinha
ajudado minha irmã a escapar. Mas fiz questão de checá-la pelo menos
duas vezes por mês. Ela teve seu primeiro filho um ano depois que ela e
Henry se casaram.
— O que aconteceu com sua família depois que Lizzy fugiu?, — eu
perguntei.
— O que você acha? Meus pais ficaram perturbados. Papai ficou com
raiva e com o coração partido. Os parentes desceram como abutres,
contando a meu pai como estiveram certos o tempo todo e falando que
Elizabeth não passava de uma desgraça para a família.
Disseram que ela nunca deveria ter nascido, porque era muito egoísta
para manter a reputação de sua família intacta.
Tudo foi por água abaixo. Mamãe e papai brigaram. Papai mudou. Ele
deixou de ser um escravo do amor para se tomar um homem frio e
implacável, que nunca mais confiou em ninguém. O desaparecimento de
Lizzy transformou meu pai em pedra. Ele parou de amar. Ele parou de se
importar.
— Eu sinto muito. — Não sei porque disse isso. Talvez porque eu
pudesse imaginar a dor e a inquietação da família de Gideon. E egoísta
ou não, eu estava realmente feliz por esta não ser a família na qual eu
nasci.
Claro, minha família era pobre e eu perdi meus pais porque não
tínhamos dinheiro suficiente para pagar seus tratamentos, mas havia
amor e felicidade.
Não tínhamos parentes que se opusessem à nossa existência. Minha
família estava em paz.
— Não sinta, — murmurou Gideon. acariciando meu cabelo.
— Você se arrepende? — Eu olhei para Gideon. — Você se arrepende
de ter ajudado Elizabeth a escapar? Você se sente responsável pelo que
aconteceu com sua família?, — eu perguntei.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. Eu realmente sentia que era
tudo minha culpa. Mas quando contei a Elizabeth. ela disse que não era
minha culpa, que ela teria fugido quer eu a ajudasse ou não. Ela disse que
se alguém deveria se sentir responsável, deveria ser ela.
— Ela está certa, — eu disse. E ela estava mesmo. Não foi culpa de
Gideon. Ele só queria manter sua irmã feliz. Ele queria ter certeza de que
ela estava segura.
— Você acha?, — Gideon perguntou suavemente.
— Sim. Você ama sua irmã e só a estava ajudando. Não foi sua culpa
que seu pai mudou. Nada disso é culpa sua. Portanto, não se culpe, — eu
disse com firmeza.
— Eu não me culpo mais, mas eu culpei há muito tempo. — Gideon
sorriu para mim.
— Bom. Se você ainda se culpar, então vou lhe dar outro sermão, —
avisei.
Gideon deu uma risadinha. — Sim, senhora. — E ele capturou meus
lábios em um beijo doce e terno.
Eu poderia dizer que havia mais nessa história. Gideon não me contou
tudo, mas me disse o suficiente. E por enquanto, isso era o bastante.
Capítulo 33
Gideon me lançou um olhar divertido, enquanto eu apenas lhe lancei
um olhar de volta. Ele estava gostando muito disso, e tudo que eu podia
fazer era olhar para o relógio enquanto os segundos passavam e a hora do
jantar se aproximava a cada tique-taque.
— Não se preocupe, bonitinha. Tudo ficará bem, — disse Gideon pela
quinquagésima vez.
Eu balancei minha cabeça pela quinquagésima vez. — Não. não. Seu
pai me odeia e ele vai odiar tudo isso. — Fiz um gesto para as panelas e
frigideiras no fogão. — Você vai me expulsar?
Hoje Gideon ia contar à família sobre a rescisão do contrato e eu
também estava nervosa. Não importa o quanto eu tentasse, não
conseguia tirar o olhar de desaprovação do senhor Maslow da minha
mente.
E não importa o que acontecesse, meu coração simplesmente não
parava de bater, como se algo realmente ruim fosse acontecer e fosse
melhor eu estar preparada para isso.
— Ninguém te odeia, pequena. — Gideon beijou minha testa. —
Relaxe, não é bom para o bebê.
— Você sabe o que não é bom para o bebê? O ódio de seu pai. Ai meu
Deus, o que vou fazer? Eu nem procurei um apartamento. Para onde irei?
— Eu estava falando comigo mesma.
O aperto de Gideon em meus braços aumentou, e eu olhei para ele
para ver as íris verdes contendo fragmentos de raiva.
— Entenda uma coisa, passarinho. Você não vai a lugar nenhum.
Entendido? Eu nunca vou deixar você ir. então pare de pensar em
encontrar outro maldito apartamento. Quer meu pai goste de você ou
não, você é minha esposa e ficará comigo para sempre. — Ele estava
quase gritando.
— Mas… Mas seu pai…
— Diga isso mais uma vez e vou foder sua boca com tanta força que
você perderá a capacidade de falar. — Gideon ameaçou sem nenhum
indício de piada.
Engoli em seco, mas assenti com relutância. Gideon vive me dizendo
que não importa o que acontecesse, ele nunca me deixaria, mas eu
simplesmente não conseguia acreditar. Por que Gideon deixaria sua
família por mim se ele não poderia nem despedir Helga por mim?
Eu entendi que minha demanda era irracional, mas quando ele não a
despediu por mim. por que ele deixaria seu pai?
— Você não tem nada com o que se preocupar. Você é minha. e eu
protejo o que é meu. — Gideon me beijou longa e fortemente, me
forçando a confiar nele.
— A que horas eles virão? — Eu perguntei depois que Gideon soltou
meus lábios e eu pude respirar.
— Em uma hora. Brenton teve uma reunião.
então eles vão se atrasar uma hora, — Gideon me informou.
— Bom. — Eu apertei minha mão. — Desculpe, eu não quis dizer isso.
Gideon deu uma risadinha. — É uma pena que você esteja grávida. Eu
gostaria de poder drogar você para ajudá-la a relaxar.
— Eu não estou tão preocupada, — eu defendi, minhas bochechas
esquentando.
— Ah não, claro que não. Você apenas continua tocando seu pescoço e
sentindo falta de seu colar quebrado sem motivo algum. — Eu podia
sentir o sarcasmo em suas palavras.
— Bem, eu sinto falta do meu colar. Eu o tive por anos, você sabe, mas
isso não significa que estou preocupada, — eu menti. Senti falta do meu
colar, mas estava mais preocupada com a família de Gideon.
Gideon se aproximou de mim e abaixou a cabeça até que seus lábios
roçaram minha orelha. — Eu prometo a você, fadinha, você vai esquecer
esse colar muito em breve, — ele sussurrou antes de colocar um beijo
suave abaixo da minha orelha.
— É mais fácil falar do que fazer, — declarei.
— Confie em mim. isso vai acontecer mais cedo do que você pensa, —
disse ele com confiança.
Eu revirei meus olhos. — Por que você está aqui, afinal? Você não
deveria estar na sala de estar?
— Estou aqui para ficar de olho em você, certifique-se de não se
machucar, — respondeu Gideon.
— Não sou criança. Gideon. Eu posso lidar com um fogão e algumas
ferramentas afiadas, — eu disse, aborrecimento gotejando de minhas
palavras.
— Sim. tenho certeza que você pode. Mas agora, você está agindo
como uma criança prestes a fazer o primeiro exame, então me perdoe se
não estou totalmente confiante em suas habilidades.
Quando eu lancei um olhar mortal para ele, ele apenas piscou para
mim. e aquela piscadela fez algo engraçado nas minhas entranhas. Deus
me ajude, Gideon não estava facilitando as coisas para mim.
Tudo o que ele fazia, só fazia com que eu me apaixonasse mais por ele.
Ele tinha meu coração nas mãos e sabia como manipulá-lo a seu favor.
— Saia da cozinha, — eu ordenei.
Gideon riu. e eu olhei feio para ele. — E fofo como você pensa que
pode me dar ordens.
— Fora! — Eu disse com mais firmeza.
— Em vez de me dizer o que fazer, por que você não verifica o arroz?
Eu não acho que deveria estar queimando assim. — Virei a tempo de
desligar o fogão, me salvando de um desastre total.
— Veja, é por isso que você não deveria estar aqui. Veja o que
aconteceu por sua causa. — Tirei a panela de arroz do fogão.
— Você está me culpando por
isso? Mesmo?! — Gideon exclamou, fazendo-me rir alto.
— Sim. — Eu ri.
— Finalmente, você riu. Achei que nunca seria capaz de colocar um
sorriso em seu rosto, — disse ele, com alívio e carinho brilhando em seus
olhos.
Corei com suas palavras. — Sinto muito, — murmurei, sentindo-me
culpada por preocupar meu marido.
— Por que você está se desculpando?, — Gideon questionou.
— Porque eu te preocupo muito. Você faz tanto por mim. e eu não
consigo nem encarar sua família, — respondi.
— Ei, sua ansiedade em ver minha família é justificada. Papai pode ser
bastante intimidante. E se eu faço muitas coisas por você, você também
faz muitas coisas por mim. Você não tem nada pelo que se desculpar,
bonitinha
Gideon segurou minhas mãos e. por um momento, nenhum de nós
disse nada, absorvidos pelo calor um do outro.
Nosso momento privado foi interrompido por Helga. — Senhor
Maslow, seu pai e irmãos estão aqui. Eles estão na sala, — ela nos
informou.
Imediatamente, meu coração voltou a acelerar Os Maslows estavam
aqui. Eu seria julgada. Alguém me mata. Talvez eu pudesse fingir estar
doente. Dessa forma, eu não teria que enfrentá-los.
— Estaremos lá-, — disse Gideon.
dispensando-a. Helga acenou com a cabeça, depois se virou e saiu da
cozinha, deixando-me e Gideon sozinhos.
— Você deveria ir. Vou terminar aqui e depois me juntar a você, —
disse a Gideon.
— Ah não, você não vai sair dessa. Você vem comigo e vamos deixar as
criadas terminarem. — Sem esperar minha resposta. Gideon pegou
minha mão e me levou para fora da cozinha.
— Mas a galinha...
— O frango pode ser manuseado pelas empregadas. Eles não são tão
ruins em cozinhar.
bonitinha, — disse Gideon.
— Eu tenho uma maneira especial de cortar o frango. — Eu sabia que
minha desculpa era ridícula, mas queria evitar o senhor Maslow o
máximo possível.
— Tenho certeza de que meu pai e meus irmãos não vão se importar
se o frango for cortado no estilo comum. — Antes que eu pudesse dizer
qualquer coisa. Gideon e eu entramos na sala de estar, onde o senhor
Maslow, junto com Kieran e Brenton. estavam sentados.
Todos os três estavam vestidos formalmente. Alguém poderia pensar
que eles vieram para um banquete e não para um jantar de família.
— Olá, pai. que bom ver você, — disse Gideon ao abraçar o pai.
— É bom ver você também, filho. Como você está? — O senhor
Maslow sorriu afetuosamente para Gideon.
Não querendo agir como uma idiota, me forcei a cumprimentar o
senhor Maslow. — Boa noite, senhor Maslow, — eu disse, me forçando a
soar normal.
— Alice, como está o bebê? — O senhor Maslow me perguntou.
É bom ver você também, senhor Maslow. Estou bem, obrigado por
perguntar!
— O bebê está ótimo. Vamos conhecê-lo em menos de cinco meses, —
afirmou Gideon.
— Cogumelinho, é bom ver você de novo. Achei que não sentiria
tanto a sua falta. — Kieran me envolveu em um abraço fraternal, fazendo
eu me sentir melhor. Ele não tinha ideia do quanto seu abraço significava
para mim.
Além de Gideon. Kieran era o único Maslow que não me fazia sentir
uma marginal.
— Onde você esteve?, — eu perguntei a Kieran.
— Tenho estado ocupado com o trabalho... E outras... Coisas, —
respondeu ele.
Eu balancei a cabeça e virei para ver Brenton. — Olá. Brenton. é bom
ver você. — Eu estendi minha mão para ele apertar.
Brenton me deu um aceno de
reconhecimento. — Alice, você está bem. — Mas ele não apertou
minha mão.
Tínhamos acabado de nos cumprimentar quando Helga chegou. —
Senhor Maslow. o jantar está pronto, — disse ela.
— Tudo bem. Helga, estaremos lá, — respondeu Gideon.
— Vamos comer antes que a comida esfrie. Não sei vocês, mas estou
morrendo de fome. — Todos murmuraram em concordância antes de
seguirem para a mesa de jantar.
Eu. por exemplo, queria me esconder no meu quarto o resto da noite,
mas não podia fazer isso com Gideon.
— O que Helga cozinhou hoje à noite? — O senhor Maslow
perguntou, sentando-se à cabeceira da mesa, o assento que Gideon
normalmente ocupava.
— Na verdade, pai. Alice fez toda a comida hoje. Ela é ótima
cozinheira. — O elogio de Gideon me fez corar.
— Muito bem! Bom trabalho, cogumelinho, sempre soube que você
era especial. — Corei mais profundamente com as palavras de Kieran.
O senhor Maslow franziu a testa. — Alice cozinhou? Mas e quanto a
Helga? Seu talento na culinária rivaliza com o de chefs profissionais, —
disse ele.
— Garanto-lhe. pai, Alice cozinha muito melhor. — Assim que Gideon
terminou de falar, a porta se abriu e as criadas trouxeram os pratos, que
colocaram na mesa de jantar antes de partir.
— Aqui. — Gideon passou o camarão para o pai. — Você deve ser o
primeiro a provar.
O senhor Maslow pegou alguns camarões, mergulhou um no molho, e
deu uma mordida. Eu juro, meu coração não ousou bater quando vi a
boca do senhor Maslow trabalhando enquanto ele mastigava o camarão.
E quando ele engoliu, meus olhos seguiram o camarão mastigado
enquanto descia pela garganta do senhor Maslow, seu pomo de Adão
balançando ligeiramente.
— É bom. não é? Minha esposa tem um talento especial, — afirmou
Gideon. o orgulho gotejando de suas palavras.
— Se você acabou de se gabar de sua esposa, pode me passar o
camarão?, — Kieran choramingou. Gideon riu. mas passou a bandeja
para ele.
O senhor Maslow, no entanto, não fez comentários. Ele simplesmente
continuou a comer o camarão, sem dizer se gostava ou odiava. E por
causa dele, meu coração estava com medo de voltar a bater, e eu sentia
falta do meu colar mais do que nunca.
— Então, por que o jantar repentino? — O senhor Maslow perguntou
a Gideon.
Gideon apertou minha mão sob a mesa enquanto um sorriso
iluminou seu rosto bonito. — Na verdade, Alice e eu temos algumas
coisas que queremos contar a todos vocês.
— Ah? O que é? — O senhor Maslow parecia intrigado.
Não faça isso, Gideon. Por favor, não.
— Bem, como todos vocês sabem. Alice e eu nos casamos sob um
contrato. Mas agora, terminei o contrato, — anunciou Gideon.
O camarão caiu da mão do senhor Maslow enquanto seus olhos se
endureciam de raiva óbvia. — O quê?! Você rescindiu o contrato!? — Sua
voz se elevou e meu coração congelou.
— Sim. Percebi que quero que Alice seja minha esposa para sempre, e
então tive o contrato rescindido. Eu não preciso de mais ninguém,
contanto que eu tenha Alice. — Gideon apertou minha mão suavemente.
O senhor Maslow se levantou. — Isto não é aceitável. Ela — — ele
apontou para mim — — não vai fazer parte desta família. Eu proíbo!
— Alice é minha esposa, pai. e nunca vou deixá-la, — afirmou Gideon.
— O caramba, que você não vai! Você é meu filho e não vai me
desafiar. Ela não vai fazer parte dessa família, entendeu?! — A essa altura,
o senhor Maslow estava gritando.
Gideon se levantou, puxando-me junto com ele. — Eu sou seu filho,
mas não vou deixar Alice. — Gideon fixou seus olhos nos de seu pai.
enquanto Kieran e Brenton sentavam-se em silêncio, assistindo ao show.
— Você tem que deixá-la. Ela nada mais é do que uma portadora do
seu bebê. O contrato é de apenas um ano. Você merece coisa melhor,
Gideon! — O senhor Maslow não parava de gritar. Suas palavras traziam
lágrimas que queimavam meus olhos, e eu desejei poder fugir.
— Pare! Você não pode desrespeitar minha esposa na minha frente.
Ela não é apenas a mãe do meu bebê. Ela também é minha esposa!
Gideon ergueu a voz, sua mão apertando a minha, mas não ousei
protestar. Eu estaria aqui pelo meu marido: eu nunca daria as costas a
ele.
— Ela não é sua esposa, e ela nunca será sua esposa! Ela não passa de
lixo, nascida e criada em merdas de favelas. Mulheres como ela só são
boas para entretenimento. Você merece uma mulher com status e classe,
não alguém que seja adequada para ser sua empregada doméstica. Até
Helga é melhor do que ela!
Uma lágrima caiu, mas eu rapidamente a enxuguei, antes que alguém
pudesse ver.
— E o bastante! — Kieran e Gideon disseram em uníssono. Eu vi
Kieran se levantando, olhando fixamente para seu pai.
— Você não pode insultá-la dessa forma, — afirmou Kieran.
O senhor Maslow o ignorou. — Não entendo por que você está
falando assim. Gideon. mas deixe-me dizer que você está cometendo um
grande erro, — disse ele.
— Não é um erro. pai. Eu a amo, — respondeu Gideon. suas palavras
gotejando honestidade.
Eu engasguei ao ouvir isso. Gideon me ama? Ele disse que me amava.
Como? Quando? Por quê? Ele talava a verdade ou estava apenas falando à
toa? Não, não. ele quis mesmo dizer isso. Eu podia sentir a verdade em
suas palavras. Mas por que ele não me disse isso antes?
Parecia que as palavras de Gideon chocaram a todos, inclusive a mim.
Um silêncio pesado desceu sobre a sala de jantar, mas foi rapidamente
quebrado pela risada do senhor Maslow.
— A ama?! Filho, você não sabe nada sobre o amor. E deixe-me dizer,
você não se apaixona por uma garota sem valor. Você se apaixona por
alguém com seus padrões, seu calibre, não alguém que nem vale a sujeira
sob seus pés.
— Eu não posso acreditar que vadia conivente você realmente é. Você
não apenas prendeu meu filho mais velho em casamento, mas também
usou seus encantos com meu segundo filho. Diga-me, você fode Kieran
durante o dia e Gideon à noite?
Suas palavras cortaram meu coração e atacaram meu orgulho. Eu
engasguei e cobri minha boca com a mão. não me importando se todos
vissem minhas lágrimas.
Eu não podia acreditar que ele iria me acusar assim. Como ele poderia
pensar que eu faria algo assim?
Se Gideon acreditasse nele...
O som repentino de ossos quebrando penetrou na espessa névoa de
descrença em minha mente, e me trouxe de volta à realidade.
Eu vi Kieran elevando-se sobre o corpo agora caído do senhor Maslow.
que estava jogado no chão, segurando o nariz sangrando. Eu vi Kieran
encarando seu pai. seus olhos brilhando. Brenton estava atrás de Gideon.
seu rosto pálido.
— Como você ousa desrespeitá-la? Como você se atreve, porra?!
O senhor Maslow olhou para Gideon. que estava parado na minha
frente como uma estátua, bloqueando minha visão. — Deixe-a, Gideon.
Esta é a última vez que estou te falando, — ele disse, e sua voz soou
estranha.
— Não, — disse Gideon com firmeza.
— Ok. Então deixe este castelo. Se você não se divorciar dela, você não
pode fazer parte desta família. Não vou permitir que você manche o
sangue real. Então o que vai fazer, Gideon? Você escolhe sua família, seu
sangue, ou você escolherá essa sua esposa desprezível?
Era isso, o momento da verdade. Ou Gideon permaneceria fiel às suas
palavras e me escolheria, ou ele faria a coisa certa e escolheria sua
família. Se ele escolhesse sua família em vez de mim. eu entenderia, e não
iria usar isso contra ele.
— Eu escolho Alice. Sempre vou escolher Alice, — afirmou Gideon, e
parecia que suas palavras eram o último prego no caixão. Eu estava
chocada demais para até mesmo engasgar.
— Tudo bem. eu quero que você deixe o castelo antes da meia-noite.
Caso contrário, vou mandar você ser expulso. Eu não me importo para
onde você vai, como você vive. Eu não quero que você entre em contato
comigo nunca mais. Você não faz mais parte desta família. Saia daqui, —
afirmou o senhor Maslow.
— Nesse caso, eu quero te dizer algo também. Estou apaixonado por
Jenny, a garota que trabalha em uma loja de brinquedos, e pretendo me
casar com ela em breve. Isso significa que também não faço parte desta
família. Eu irei amimar minhas malas também, — Kieran afirmou,
fazendo com que o senhor Maslow soltasse um grunhido animalesco.

— Eu vou embora agora, pai. Mas antes de ir, quero dizer algo a você.
Todo esse tempo, falei com você com respeito, mas não mais. Já que você
não é mais meu pai — — Gideon fez uma pausa para respirar fundo -
— Eu só quero dizer que esta é a razão pela qual você perdeu Lizzy.
Esta é a razão pela qual você perdeu a mamãe. E esta é a razão pela qual
você está perdendo a mim e a Kieran também.
O amor não vê dinheiro. Não vê a beleza física de uma pessoa. O amor
verdadeiro só vê a pureza da alma e a sinceridade do coração, e é por isso
que você, Pai. você nunca saberá o que é o amor verdadeiro, porque você
só vê dinheiro e status.
Você não vê o que deveria. Você é cego, pai, e não vou perder meu
tempo tentando fazer com que você veja o que obviamente não quer.
E você diz que Alice vai manchar o sangue real?! Você está errado!
Estou levando-a embora porque não quero que o sangue desta família a
manche, ou a meu filho. Adeus, Brian Maslow.
Virando-se. Gideon beijou minha testa antes de segurar minha mão
com firmeza e me levar para fora da sala de jantar. Longe dos Maslows —
sua família. Longe de sua casa.
Capítulo 34
— Gideon. pare. Por favor, sente-se e pense por um momento. Você
não pode simplesmente deixar seu pai assim. — eu disse ansiosamente.
— Não há nada em que pensar, pombinha. Estamos indo embora. Vá
buscar Nico e vamos embora, — afirmou ele. jogando suas roupas na
mala.
— Gideon. ele é sua família., — tentei mais uma vez.
Gideon soltou uma risada amarga. — Em primeiro lugar, a família não
faz o que ele fez. Em segundo lugar, depois do que ele disse, não vou ficar
com ele. mesmo que ele me implore.
— Mas…
— Não! Eu não vou escolher ele, e ponto final. Alice! Sabe, eu queria
fazer isso há muito tempo. Ele foi a razão pela qual minha irmã teve que
fugir, e ele acha que é perfeitamente normal tratar as pessoas como
merda. Bem. ele está errado.
Minha irmã era uma coisa, mas ele não tem o direito de ficar na
minha frente, insultar a mulher que eu amo, e esperar que eu esteja bem
com isso! — ele gritou, respirando pesadamente.
Em resposta, peguei as mãos de Gideon antes de forçá-lo a se sentar.
Ele se sentou bufando e me puxou para seu colo. Eu queria colocar
minha cabeça em seu ombro, mas Gideon capturou meus lábios em um
beijo acalorado antes que eu tivesse a chance.
O beijo foi terno, mas cheio de emoções descobertas. Gideon
derramou seu amor, sua culpa e sua força naquele beijo, não me dando
escolha a não ser aceitar o que quer que ele me desse. Depois de alguns
segundos, senti a familiar falta de ar.
Tentei afastar Gideon. mas ele não tinha intenção de liberar meus
lábios, e continuava a dança com minha língua.
Foi só quando eu estava começando a ficar tonta que Gideon se
afastou, apenas para encostar a testa na minha, respirando fundo.
— Eu amo você. — Ele me beijou. — Eu te amo muito. — Outro beijo.
— Eu nunca vou te deixar.
— Eu também te amo. Calma, Gideon. — Corri meus dedos por seus
cabelos, tentando confortá-lo da melhor maneira que pude.
— Bonitinha, vou te fazer uma pergunta e quero que você responda
honestamente, ok?
Eu dei a Gideon um olhar perplexo antes de assentir. — Claro.
Pergunte-me qualquer coisa.
— Você se casou comigo pelo meu dinheiro? — ele perguntou, me
olhando fundo nos olhos.
Eu engoli em seco. Como eu iria responder a isso? Era verdade que me
casei com Gideon por dinheiro, mas agora que o amava, como poderia
dizer isso a ele quando ele queria uma resposta honesta de mim?
— Por que você está me perguntando isso?, — eu perguntei.
— Responda minha pergunta. Alice, — ele comandou.
Pisquei, tentando dizer a Gideon através dos meus olhos para não me
perguntar isso. — Gideon...
Ele segurou minha bochecha. — Responda-me, — ele ordenou
suavemente.
— Você vai me odiar. — Mordi meu lábio enquanto a culpa pesava em
meu coração.
— Responda minha pergunta, — ele repetiu.
Respirando fundo, eu disse a ele a verdade honesta. — Tudo bem, sim.
Casei com você por dinheiro, porque precisava de dinheiro para a
cirurgia do meu irmão. Você sabe disso, — respondi.
Gideon não disse nada por alguns segundos, fazendo meu coração
afundar. Ótimo, no momento em que ele me disse que me amava, eu
apenas dei a ele um motivo para me odiar. Mas eu não podia mentir para
ele. Ele pediu a verdade e eu dei isso a ele.
— Você me ama agora?, — ele perguntou.
Eu balancei minha cabeça rapidamente. — Sim. Eu te amo... muito, —
eu disse, tentando o meu melhor para transmitir meus sentimentos com
essas palavras.
— Então, se eu te levar para uma casa pequena, que tem apenas dois
quartos e um banheiro, você ainda vai me amar? — ele perguntou.
— Você não me ouviu? Eu disse que te
amo. Você. Não é o seu dinheiro. Posso ter casado com você por
dinheiro, mas me apaixonei por você. Mesmo que você me faça viver nas
ruas, não mudará meus sentimentos por você. Meu amor por você nunca
irá vacilar, — eu disse com convicção.
Gideon me beijou docemente. — Isso é tudo que eu quero ouvir.
Agora seja uma boa menina e vá embalar as coisas de Nico. Vou terminar
de fazer as malas e depois vamos embora.
— Gideon, você tem certeza disso? — Perguntei de novo. Não queria
que Gideon me ressentisse mais tarde, culpando-me por separá-lo de sua
família.
— Tenho cento e cinquenta por cento de certeza, e nada do que você
possa fazer ou dizer vai mudar minha opinião. Então vá e empacote as
coisas de Nico: caso contrário, Nico não terá escolha a não ser sobreviver
nos próximos dias sem roupas. Você que sabe.
Suspirando ruidosamente, me levantei do colo de Gideon. — Tudo
bem. mas se a qualquer momento você quiser me deixar e voltar para sua
família, para seu pai... Me diga, ok? Eu não vou te parar, certo?
Eu queria que ele soubesse que eu não o forçaria a ficar comigo se ele
não quisesse.
— Vá e empacote as coisas de Nico. — Com isso, Gideon voltou para
sua mala e rapidamente jogou suas roupas.
Tendo sido claramente dispensada, saí do quarto e fui direto para o
quarto de Nico. Entrei sem bater e encontrei Nico sentado na cama com
um livro grosso nas mãos.
Tentei dar-lhe um sorriso tranquilizador, mas não consegui. Eu estava
preocupada demais para dar ao meu irmão qualquer garantia.
— Nico. Vamos, arrume todas as suas coisas. Estamos indo embora, —
eu disse.
Nico franziu a testa antes de fechar o livro. — Indo embora? Para
onde? Por quê? O que aconteceu? Você e Gideon brigaram?
— Não, não. Nada disso. Gideon e eu não brigamos. Nós apenas temos
que sair, agora. Então, por favor, arrume suas coisas, — respondi.
— Gideon também vai?, — Nico perguntou, levantando-se da cama e
indo até o anuário.
— Sim. ele vai conosco. Por favor, se apresse, Nico. Você gostaria que
eu te ajudasse?, — eu perguntei, olhando para Nico enquanto ele tirava
uma mochila e o resto de suas roupas do armário.
— Não, não, está tudo bem. Eu consigo. Você já amimou suas roupas?,
— Nico perguntou.
— Eu estou indo. Tem certeza de que não precisa da minha ajuda?
— Sim. Vá embalar suas coisas, — Nico me disse.
Acenando com a cabeça, saí do quarto de Nico e voltei para o meu.
Assim que entrei, meus olhos se arregalaram quando vi minhas roupas
nas mãos de Gideon.
— O que você está fazendo?! — Tentei o meu melhor para não gritar
de perplexidade.
— Estou empacotando suas roupas. O que parece que estou fazendo?
— Gideon dobrou cuidadosamente o vestido e o colocou dentro da mala.
— Sim. mas por quê? Posso embalar minhas roupas sozinha. Você não
precisava fazer isso, — eu disse.
— E daí? Você é minha esposa, não uma estranha. Posso empacotar
suas roupas se eu quiser, — argumentou Gideon. pegando outro vestido.
— Sim. mas você não precisava. — Eu simplesmente não conseguia
entender o fato de que Gideon estava arrumando minhas roupas.
— Eu não precisava. Eu queria, fadinha. Eu gosto de cuidar de você. —
E então ele piscou, e aquela piscadela que fazia algo engraçado nas
minhas entranhas. — Você pode, por favor, pegar os produtos de higiene
pessoal? Eu empacotei todo o resto. Nico terminou de empacotar?
— Ele estava fazendo as malas. Vou ver se terminou em um momento.
— Fui ao banheiro e peguei as coisas de Gideon. colocando-as em uma
pequena bolsa preta, enquanto colocava minhas coisas em uma bolsa
verde ainda menor.
Quando saí do banheiro, vi Kieran parado na sala.
— Você tem certeza de que quer fazer isso?, — Gideon perguntou a
seu irmão.
— Você tem?. — Kieran atirou de volta.
— Sim, — respondeu Gideon.
— Eu também, — respondeu Kieran.
Gideon me notou parada ali e acenou para que eu fosse até ele. Eu dei
a Kieran um sorrisinho, que ele devolveu, antes de caminhar até meu
marido, que pegou as sacolas contendo nossos produtos de higiene
pessoal e as colocou dentro da mala.
Então, Gideon fechou a mala e fechou o zíper, certificando-se de
trancá-la.
— Você está pronto?. — Gideon perguntou a Kieran. que assentiu.
— Sim. Por que você não liga o carro? Vou levar as malas, — disse
Kieran.
Gideon acenou com a cabeça antes de se virar para mim. — Vá e veja
se Nico terminou de fazer as malas, então desça para a garagem, — ele
instruiu antes de sair do quarto.
Kieran pegou a mala na cama e seguiu atrás de Gideon. me deixando
sozinha.
Não querendo perder tempo, fui até o quarto de Nico. Suspirei de
alívio quando o vi fechando as malas. Quando ele me viu. Nico ergueu o
polegar.
— Acabei. Alice. Pronta para ir?
Acenando com a cabeça, fui pegar uma das malas de Nico, mas ele não
deixou. — Não. Você não pode carregar minhas malas. Não quando você
está grávida. — Corei ao ouvir Nico dizer que eu estava grávida.
— E, além disso, você carregou minhas malas por toda a minha vida.
Deixe-me carregar minhas próprias malas agora. Eu posso fazer isso.
Dando a meu irmão um sorrisinho, eu o Conduzi para fora de seu
quarto, e nós dois fizemos nosso caminho para a garagem, meu coração
acelerando enquanto eu me perguntava onde Gideon planejava nos levar.
Passaríamos a noite em um hotel?
Ou no carro de Gideon? Quanto tempo levaria para Gideon encontrar
um emprego, agora que seu pai o havia cortado?
Antes que minha mente pudesse pensar em mais perguntas
impossíveis que gerassem ansiedade, entramos na garagem. Gideon
estava sentado no banco do motorista, enquanto Kieran estava sentado
no banco de trás.
Nico correu até o carro e jogou suas inalas no porta-malas antes de
fechá-lo e entrar na parte de trás com Kieran. Eu rapidamente o segui e
sentei no banco do passageiro da frente.
Gideon agarrou minha mão assim que fechei a porta. Eu olhei para ele
para ver seus olhos brilhando de afeto. — Você confia em mim.
pombinha?, — ele perguntou.
Eu balancei a cabeça sem pensar. — Sempre. — Eu som para ele.
— Bom. — Colocando minha mão em sua coxa. Gideon ligou a
ignição e dirigiu para fora da garagem e para longe do castelo de Maslow.
Por um tempo, nenhum de nós disse nada, muito perdidos em nossos
próprios pensamentos. Eu não estava preocupada comigo. Eu estava
preocupada com Gideon. Ele seria capaz de viver sem sua família? Ele
estava tão acostumado com a vida rica.
Ele seria capaz de morar em um apartamento de dois quartos? Quanto
tempo até que ele cansasse e me deixasse? O que eu faria quando Gideon
finalmente me deixasse? Eu seria capaz de sobreviver? Eu era forte o
suficiente sem o amor do meu marido?
— Onde estamos indo? — Eu saltei de volta à realidade ao ouvir a
pergunta de Nico.
— Estamos indo para algum lugar longe, amigo, — respondeu Kieran.
— Por quê? — ele perguntou.
— Porque é melhor assim, — Kieran disse enigmaticamente.
— Sério, Kieran. você tem que me dar uma resposta adequada, — Nico
exigiu.
Gideon deu uma risadinha. — Você receberá suas respostas em breve,
Nico.
— Vamos para um hotel? — Nico mudou sua abordagem.
— Não, não vamos, — Kieran respondeu.
— Então, onde vamos dormir?, — ele perguntou.
— Nico. Fique quieto. Não os incomode. Vamos dormir no carro se for
preciso, — eu repreendi.
— Cogumelinho, que tipo de monstros você pensa que somos? Você
realmente acha que Gideon vai deixar você dormir no carro? — Kieran
perguntou, parecendo afrontado.
— Então, onde vamos dormir?
— Nico. — Eu me virei para dar a ele um olhar severo, avisando-o para
parar de fazer perguntas.
— Desculpe, — Nico disse timidamente.
— Pequena, acalme-se. Nico, você pode fazer quantas perguntas
quiser, — disse Gideon.
— Ela precisa dormir, — afirmou Kieran. Eu revirei meus olhos.
— Eu sei. foi um longo dia para ela. Ela vai dormir assim que
chegarmos, — respondeu Gideon.
— Eu acho que ela deveria dormir agora, — Kieran comentou.
— Quero que ela se sinta confortável, — afirmou Gideon.
— Olá! Eu estou bem aqui. — Sério, por que eles estavam falando
como se eu fosse invisível?
Gideon e Kieran riram antes que Gideon levantasse minha mão. que
estava apoiada em sua coxa, e desse um beijo suave e demorado nela.
— Eu sinto muito. Alice, mas eu tenho que perguntar. Onde estamos
indo? — Nico questionou.
— Gideon tem uma propriedade onde vamos morar a partir de agora.
Mas é longe, então vamos passar a noite em outro lugar e amanhã iremos
para a casa de Gideon. — respondeu Kieran.
Espere, o quê? Gideon tinha uma propriedade e nunca me contou? Era
um lugar secreto ou só eu não sabia? E por que Gideon não me contou
sobre esse lugar? Eu tinha dado a ele muitas chances de me dizer.
— E onde vamos passar a noite? — Nico perguntou.
— Você saberá em breve. Estamos quase lá. Só mais dez minutos. —
disse Kieran.
Agora, até eu estava curiosa. Exatamente para onde estávamos indo?
Gideon tinha um amigo que eu não conhecia? Era um motel, para onde
ele estava nos levando? Por que esses homens eram tão enigmáticos?
— Esse carro é seu?, — eu perguntei. z
— E sim, — respondeu Gideon.
— Quero dizer, seu...
— Não, passarinho, meu pai não me deu este carro. Comprei com
meu próprio dinheiro, — disse ele.
— Você tem seu próprio dinheiro?! — Eu coloquei a mão na minha
boca assim que as palavras deixaram meus lábios. — Eu sinto muito. Eu
não quis dizer isso.
Gideon riu. balançando a cabeça. — Está tudo bem. fadinha. E, sim.
tenho meu próprio dinheiro, bastante. Não sei o que você pensa, mas
Kieran e eu temos nossos próprios negócios separados. Podemos estar
administrando o negócio da família, mas também temos nosso próprio
negócio. Eu não sou um vagabundo, pequenina.
— Eu sinto muito. — Minhas bochechas esquentaram de vergonha
por julgar meu marido daquela maneira.
— Não sinta. Você não sabia.
— Vire à esquerda, — Kieran instruiu.
— Eu sei onde é, — Gideon retrucou antes de fazer uma curva fechada
à esquerda e parar alguns segundos depois.
— Uau. de quem é esse lugar? — Eu perguntei enquanto olhava para o
casarão lindo erguido orgulhosamente diante de mim. Unha uma
arquitetura vitoriana, todo florido. Era uma estrutura verdadeiramente
bela.
— Vamos. — Kieran abriu a porta e saiu, seguido por Gideon, Nico e
eu. Eu queria me esticar como um gato, mas me contive.
Porém fui incapaz de suprimir o bocejo que fez Gideon se aproximar
de mim e passar um braço em volta dos meus ombros.
— Está tudo bem, chegamos. Você vai dormir assim que entrarmos. —
Gideon disse suavemente, beijando minha testa.
Eu balancei a cabeça e permiti que Gideon me conduzisse até a porta
da frente. Kieran tocou a campainha algumas vezes antes de recuar. Eu
me senti um pouco culpada, porque o sono de alguém seria arruinado
por nossa causa.
— Ela deve estar dormindo, — afirmou Gideon.
— Eu sei, — Kieran concordou.
— De quem é esse lugar?, — eu perguntei.
— Alguém que você deveria ter conhecido há muito tempo, bonitinha,
— Gideon me disse.
Antes que eu pudesse perguntar quem, a porta se abriu e uma mulher
saiu. Apenas um olhar para a mulher me disse tudo o que eu queria saber.
E eu não conseguia acreditar nos meus olhos. Achei que nunca teria a
chance de conhecê-la. Mas aqui estava ela. parada diante de mim em um
robe de seda e chinelos.
Elizabeth Maslow.
Capítulo 35
Ela era idêntica ao quadro do sétimo andar. Os mesmos olhos, a
mesma cor de cabelo, não conseguia acreditar que estava olhando para a
irmã de Gideon. Mas eu estava feliz que esse dia havia chegado.
Sempre quis conhecê-la, desde que Gideon me contou sobre ela.
— Gideon, como vai você? — Elizabeth se aproximou e jogou os
braços em volta de Gideon, que não conseguiu retribuir o abraço porque
tinha um braço em volta dos meus ombros.
— Estou bem, Liz, como você está?, — Gideon respondeu, segurando-
a perto. Era evidente que ele sentia muito a sua falta.
— Sabe, Gideon não é seu único irmão aqui, — Kieran resmungou.
Elizabeth se afastou de Gideon e abraçou Kieran. — Eu senti tanto a
sua falta. Kieran, — Elizabeth disse.
— Idem. irmã, — afirmou Kieran.
Assim que Elizabeth e Kieran pararam de se abraçar. Elizabeth olhou
para meu irmão mais novo.
Ela deu uma olhada nele antes de seus olhos pousarem em mim.
Quando ela me olhou, senti que estava sendo julgada, porque Elizabeth
era importante para Gideon. e se ela não me aprovasse...
O pensamento era tão horrível que eu imediatamente o descartei e.
em vez disso, tentei o meu melhor para não ser afetada por seu olhar.
Graças a Deus Kieran quebrou o silêncio. — Você vai apenas nos
manter de pé no frio ou vai nos deixar entrar?, — ele choramingou. Eu
olhei para suas bochechas rosadas e sorri. Kieran estava com frio.
— Desculpe, foi mal. Por favor, entrem. — Elizabeth conduziu todos
nós para dentro antes de fechar a porta.
Gideon me soltou e foi até Elizabeth. Ele sussurrou algo em seu
ouvido, fazendo-a olhar para mim antes de assentir e apontar para a
escada. Gideon sorriu para ela antes de se aproximar de mim.
— Venha, pombinha, vamos te levar para a cama, — ele me disse.
— Não, isso seria rude. Acabamos de chegar aqui. O que sua irmã vai
pensar?
— Minha irmã não vai pensar nada, e você não está sendo rude. Você
está cansada e não vou ficar aqui parado vendo você lutando contra o
sono. Vamos.
Segurando firmemente minha mão, Gideon me conduziu escada
acima e por todo o caminho até o final do corredor. Ele abriu a última
porta à esquerda e me puxou para dentro.
Eu olhei para o belo quarto com interesse. As duas cores que
dominavam o ambiente eram o branco e verde-mar. Uma cama king-size
foi colocada contra uma parede, e adornada com lençóis brancos e
travesseiros verde-mar, enquanto uma tela de plasma ficava de frente
para a cama.
Uma prateleira contendo várias bugigangas estava abaixo da tela de
plasma. Havia um sofá de dois lugares em um canto com uma luminária
ao lado.
As cortinas verde-mar estavam abertas e vi vários vasos de flores no
parapeito da janela. O quarto parecia aconchegante.
— Vamos lá. pode deitar. — Gideon gesticulou em direção à cama,
fazendo-me suspirar, mas ainda assim fiz o que ele disse.
— Tem certeza. Gideon? Quer dizer, não estamos nos intrometendo,
estamos? — Eu não tinha ideia do que Elizabeth pensava de mim. e a
preocupação estava me consumindo por dentro.
Gideon se sentou na cama ao meu lado. Ele acariciou meu cabelo
antes de falar.
— Bonitinha, não se preocupe com assuntos triviais. Acredite em
mim. não estamos nos intrometendo. Não se estresse. Não é bom para o
bebe. Feche os olhos e vá dormir.
— Você vai voltar para baixo?, — eu perguntei.
— Sim. Tenho que contar a Lizzy o que aconteceu. Mas não se
preocupe. Voltarei para você o mais rápido possível. — Ele sorriu para
mim.
— Promessa?
— Eu prometo, fadinha. Eu sempre voltarei para você. — Beijando
minha bochecha e depois minha testa. Gideon se levantou. — Boa noite,
pequena. Bons sonhos.
Dando-me outro sorriso amoroso, ele saiu da sala, deixando-me cair
em um sono profundo e pacífico.
Acordei com o calor de Gideon me envolvendo. Pisquei algumas vezes
para me livrar do sono residual. Tentei escapar das ganas de Gideon, mas
ele me segurou com força, como se estivesse com medo de me deixar ir.
Tentei tirar seu braço de cima de mim com delicadeza, mas ele apenas
apertou minha cintura com mais força.
— Parece que meu passarinho está acordado, — murmurou Gideon,
sonolento, antes de beijar meu pescoço exposto.
— Sim eu estou. Você me deixa ir? Eu preciso usar o banheiro, — eu
disse.
— Não. Gosto de ter você por perto, — respondeu ele.
— A que horas você voltou ontem à noite?, — eu perguntei.
— Por volta das 2h, — respondeu ele.
— Entendi. Posso usar o banheiro agora? — Minha bexiga estava me
matando.
— Você precisa mesmo? — ele questionou.
— Estou carregando seu bebê, então, sim. preciso, — respondi.
— Nosso bebê, — ele murmurou antes de beijar minha bochecha e
finalmente remover seu braço.
— Obrigada! — Exclamei antes de pular da cama. — Onde fica o
banheiro?
— Bem ali. — Ele apontou para uma porta no canto que eu não tinha
notado na noite anterior.
— Obrigado, — eu respondi e corri para dentro do banheiro.
Assim que terminei de me aliviar, lavei as mãos, enxaguei a boca e
lavei o rosto antes de sair do banheiro.
Gideon estava sentado, com as costas contra a cabeceira da cama. E
mesmo ele tendo acabado de acordar, ele parecia incrivelmente sexy.
— Você vai se trocar? — Gideon perguntou, olhando meu vestido
amarrotado.
— Sim. Onde está a mala? — Olhei em volta, finalmente localizando a
mala ao lado da mesa de cabeceira. — Não importa, já achei — Corri até
ela. depois de alguns minutos, tirei um vestido novo. Então corri de volta
para dentro do banheiro e. depois de mais dois minutos, retomei.
— Vou fazer o café da manhã, — eu disse.
— Você não precisa. Lizzy vai fazer, — disse ele.
— Você está brincando? Lizzy não deveria se preocupar com isso. Vou
fazer o café da manhã. — Sem esperar pela resposta dele, sai da sala e
desci as escadas correndo.
Quando Cheguei ao saguão, olhei em volta, tentando localizar a
cozinha. Suspirei de alívio quando vi uma porta à esquerda. Esperando
que fosse a cozinha, fui até lá e empurrei a porta.
E quando vi os utensílios de prata, suspirei de alívio. Finalmente,
encontrei a cozinha.
Agora só precisava procurar os ingredientes.
Eu sabia que não tinha o direito de me aventurar na cozinha de
alguém e agir como se fosse a dona do lugar, mas Elizabeth estava nos
ajudando muito. Ela nos deu um lugar para dormir, então o mínimo que
eu poderia fazer era dispensá-la de precisar preparar o café da manhã.
Eu não queria parecer ingrata.
Abrindo a geladeira, tirei alguns ovos e uma jarra de leite. Assim que
coloquei os itens no balcão, uma voz me fez pular.
— O que você está fazendo na minha cozinha?, — ela perguntou. Ela
estava vestindo jeans e um lindo top floral, com o cabelo preso em um
rabo de cavalo.
— Ahh, eu estava fazendo café da manhã, — eu respondi.
Ela franziu o cenho. — Por quê? Você é minha convidada. Eu que devo
fazer o café da manhã para você, — ela afirmou.
— Você já fez muito por nós. Você nos deu um lugar para ficar. Eu só
queria te ajudar, retribuir a sua gentileza, — eu disse.
Elizabeth inclinou a cabeça para o lado, um gesto que me lembrou
fortemente de seus irmãos. — Você é sempre tão formal?, — ela
perguntou, um sorrisinho em seus lábios.
— Ah. só não quero que você pense que sou uma pessoa ingrata, —
murmurei. Elizabeth estava tão confiante, e eu me senti estranha em pé
na frente dela.
— Acredite em mim. não acho que você seja ingrata. Muito pelo
contrário, na verdade. Quero dizer, é por isso que Gideon escolheu você
como esposa, — disse ela.
— O que você quer dizer?, — eu perguntei, me sentindo confusa.
— Eu posso ver por que ele escolheu você, — ela esclareceu, pegando
os ovos e uma tigela de vidro.
— Pode me dizer por quê? Gideon nunca me contou, — pedi.
— Eu posso, mas não vou., — respondeu ela. Elizabeth estava me
confundindo. Não conseguia descobrir se ela gostava de mim ou não.
— Ah. tudo bem. Posso ajudá-lo a fazer o café da manhã, se estiver
tudo bem para você?, — eu perguntei.
Elizabeth foi até a despensa e voltou com pimentas verdes e uma lata
de cogumelos. Ela colocou os itens na minha frente, junto com uma
tábua de corte e uma faca.
— Você pode cortar as pimentas e os cogumelos, — disse ela.
— Obrigada. — Eu não perdi tempo. Comecei imediatamente a cortar
as pimentas. Assim que terminei, passei para os vegetais.
— Então, você tem um irmão mais novo, — disse Elizabeth na forma
de uma declaração.
Eu concordei. — Sim. Nico é meu irmão.
— E ele mora com você?, — ela perguntou.
— Sim. Ele é muito jovem para viver sozinho, — respondi.
— Eu posso ver isso. — Ela fez uma pausa. — O que você acha de
Gideon deixando sua família?, — ela questionou.
— Eu não queria que ele deixasse o pai, — respondi.
— Então, se Gideon quiser voltar para sua família e deixá-la se virando
sozinha, você está bem com isso?, — ela perguntou.
— Sim. Se Gideon quiser me deixar para ficar com sua família, tudo
bem para mim, — respondi, mordendo o lábio.
— Por quê?
— Porque amo Gideon e quero que ele seja feliz. Se sua felicidade está
com sua família, então quem sou eu para me colocar entre eles?
— Mas você vai voltar a ser pobre, está tudo bem pra você? Quero
dizer, de viver como uma realeza para voltar a viver nas favelas... — Ela
deixou sua frase morrer, mas eu entendi o que ela estava tentando dizer.
— Eu nasci na favela. E daí se eu vivesse como alguém da realeza por
um tempo? Eu sei quanto valho, e a pobreza não é novidade para mim.
Eu vivia como uma pessoa pobre antes, e posso viver de novo. Se Gideon
decidir me deixar, não pedirei um único centavo, — respondi.
— Você tem certeza disso? As pessoas podem se acostumar com a vida
rica, — disse ela.
— Se as pessoas podem se acostumar com a vida rica, elas também
podem se acostumar com a pobreza. Só demora um pouco mais. Posso
ter casado com Gideon por dinheiro porque queria que meu irmão
fizesse a cirurgia. mas eu o amo agora, e seu dinheiro não importa mais
para mim, — declarei enquanto continuava a cortar os cogumelos.
Elizabeth não disse nada por um tempo. Quando terminei de cortar
os cogumelos, ela os pegou, juntou com as pimentas verdes, e jogou nos
ovos batidos.
Ela então começou a fazer uma omelete, enquanto eu olhava ao redor
da cozinha, tentando me distrair da presença autoritária de Elizabeth.
Tive a sensação de que Elizabeth não gostava muito de mim.
— Bom dia, meu amor. — Olhei para o homem desconhecido que
havia entrado na cozinha e abraçado Elizabeth por trás. Ele deu um beijo
em seu pescoço, fazendo-me corar. Agora eu realmente estava me
intrometendo.
— Bom dia. querido, você dormiu bem?. — Elizabeth perguntou,
sorrindo para o homem. Devia ser Henry, seu marido. Henry tinha cerca
de um metro e oitenta de altura, cabelos louros encaracolados e olhos
verde-jade.
— Eu dormi com você. O que você acha? — Ele sorriu para ela. Foi só
quando ele olhou para mim que percebeu que eu também estava
presente.
— Ah, olá, você deve ser Alice, a esposa de Gideon. — Henry soltou
Elizabeth e caminhou até mim, estendendo a mão para eu apertar.
— Sim. prazer em conhecê-lo e obrigado por nos deixar passar a noite.
— Eu apertei sua mão.
— Você é tão pequena. Como você pode lidar com um homem como
Gideon?. — Henry perguntou. Eu dei a ele um olhar perplexo. O que ele
estava insinuando?
— Eu sinto muito. Eu não sei o que você quer dizer. — Agora eu me
sentia estúpida.
— Só que você é tão delicada e tão pequena. Gideon é exatamente o
oposto de você, — afirmou.
— Os opostos se atraem, querido, — disse Elizabeth. fazendo Henry
rir.
— Acho que sim. — Ele me deu um sorriso caloroso.
. — Alice, por favor, coloque a mesa? Os pratos e outras coisas estão
ali, — disse Elizabeth.
Fiquei muito feliz em obedecer. — Claro. — Eu imediatamente peguei
os pratos, colheres, facas e garfos antes de sair da cozinha. — Onde está a
mesa?, — eu perguntei.
— A sala de jantar é a próxima porta, — respondeu ela.
Acenando com a cabeça, saí da cozinha e entrei na sala de jantar.
Rapidamente coloquei os talheres da melhor maneira possível. Eu
queria levar o máximo de tempo possível. Eu não queria lidar com
Elizabeth ou Henry. Desejei que Gideon descesse logo, ou mesmo Kieran.
Eu deveria ter ouvido Gideon quando ele me disse para ficar na cama.
Droga, eu era uma idiota. Da próxima vez. eu não iria ajudar ninguém,
não importa o quanto eu quisesse.
Eu nem sabia o que Elizabeth estava pensando de mim. Talvez ela
dissesse a Gideon para me deixar.
— Bonitinha, vejo que você pôs a mesa. — A voz de
Gideon me fez relaxar em um instante.
— Sim. por que você não se senta? — Puxei uma cadeira para ele,
fazendo-o franzir a testa.
— Não faça isso, — advertiu Gideon.
— Não faça o quê?, — eu perguntei.
— Puxe uma cadeira para mim. Devo fazer isso por você, não o
contrário, — explicou ele.
— E daí? Sou sua esposa. Posso puxar uma cadeira para você, —
argumentei.
— Não, você é minha fadinha e nunca mais vai fazer nada desse tipo
novamente, — disse ele com firmeza.
Só então. Kieran e Nico entraram. — Bom dia, cogumelinho, você
parece bem. — Kieran comentou, puxando uma cadeira e sentando-se,
enquanto Nico fazia o mesmo.
— Bom dia, Kieran. Nic, — eu cumprimentei.
— Bom dia. Alice, — Nico disse.
Elizabeth entrou na sala de jantar, seguida por Henry. os dois
carregando pratos do café da manhã nas mãos, que colocaram sobre a
mesa. Meu estômago roncou quando olhei para a comida de dar água na
boca.
Quanto tempo se passou desde a última vez que comi? Acho que não
jantei na noite anterior, com todo o fiasco. Talvez fosse por isso que eu
estava com tanta fome.
Capítulo 36
Olhar para o relógio me disse exatamente o quão lento o tempo estava
passando. Desejei que Gideon se apressasse para que pudéssemos partir,
mas parecia que Gideon não tinha intenção fazê-lo.
E eu não queria mais ficar aqui.
O café da manhã correu bem, surpreendentemente. Elizabeth não me
fez sentir um lixo. Ela foi muito legal comigo.
Ela tentou conversar um pouco, mas eu estava muito nervosa para
engajar na conversa, o que foi estúpido da minha parte, já que ela pode
estar pensando que tenho um coração frio ou estranho. Mas ela me
deixou tão nervosa.
Elizabeth era a melhor amiga de Gideon e eu precisava que ela
gostasse de mim. mas do jeito que as coisas estavam indo, eu duvidava
que isso fosse acontecer tão cedo.
Depois do café da manhã, Gideon me disse que precisava cuidar de
algumas coisas e mandar uma equipe de limpeza para a nova casa, onde
estaríamos morando.
Ele disse que estaria de volta em três horas, e agora já haviam se
passado cinco horas sem nenhum sinal de Gideon.
Tentei ajudar Elizabeth nas tarefas domésticas, pois não queria
parecer um daqueles hóspedes que só ficam sentados na sua sala ou
bagunçam a casa e não ajudam.
Mas. assim como antes, Elizabeth me disse para sentar e relaxar,
porque ela queria que seu sobrinho ficasse confortável. Ela olhou minha
barriga saliente enquanto dizia isso. Ótimo, até Elizabeth acreditava que
meu bebê era um menino.
Então agora eu não tinha escolha a não ser sentar no meu quarto e
olhar para o maldito relógio. Eu não tinha nada para fazer e isso estava
me deixando louca. Queria que Gideon se apressasse e voltasse para que
pudéssemos ir para nossa nova casa.
Lá. pelo menos eu teria algo para fazer. Eu olhei para o relógio, apenas
para ver que o ponteiro dos minutos agora tinha mudado de dois para
quatro. Ótimo, apenas dez minutos se passaram. Suspirando, recostei-me
e fechei os olhos.
Lá. pelo menos eu teria algo para fazer. Eu olhei para o relógio, apenas
para ver que o ponteiro dos minutos agora tinha mudado de dois para
quatro. Ótimo, apenas dez minutos se passaram. Suspirando, recostei-me
e fechei os olhos.
Meus olhos se abriram quando a porta do quarto se escancarou e um
menino de cerca de oito anos entrou. Ele tinha cabelos loiros e olhos
verdes jade. Ele parecia uma mini versão de Henry. Este era o filho mais
velho de Elizabeth?
O menino caminhou até o meu lado da cama e parou assim que sua
cintura tocou o colchão. O garoto piscou algumas vezes, me olhando
com curiosidade, mas não disse nada. Sem saber o que fazer, tudo que fiz
foi sorrir.
Talvez se ele me visse sorrindo, ele não teria medo de mim.
— Quem é você? Onde está o tio Gideon?, — o garoto perguntou,
virando a cabeça para a esquerda, como se esperasse ver Gideon saindo
do banheiro.
— Tio Gideon foi trabalhar um pouco, — respondi.
— Quando ele vai voltar?, — ele questionou.
— Não sei. mas logo, — respondi.
— Quem é você?
— Hmm... Eu sou... — O que eu deveria dizer ao garoto? Que eu era
tia dele? Eu tinha permissão para ser sua tia?
— Você é amiga da mamãe?, — ele perguntou, o olhar verde não
deixando meu rosto.
— Ahh... Eu... — Isso estava ficando estranho.
O menino balançou a cabeça antes que eu qualquer outra coisa. —
Não. Você não pode ser amiga da mamãe. Eu sei quem você é, mas
mamãe diz que você só existe nas histórias, — ele proferiu.
Eu fiz uma careta em confusão. — O que você quer dizer?
— Você é uma fada, certo? Tio Gideon me disse que tem uma fada em
casa, — o garoto me contou.
— Uma fada? — Do que esse garoto estava falando? O que Gideon
disse a ele? E por que Elizabeth disse a ele que eu existo nas histórias?
O garoto acenou com a cabeça. — Sim, você é a fada. Tio Gideon me
disse que ele tem uma fada. Você pode me dar três desejos? — Ele subiu
na cama e sentou-se de joelhos na minha frente.
— Três desejos? — Não era o gênio da lâmpada que concedia três
desejos?
— Sim. Por favor. Eu prometo que vou ser um bom menino este ano,
— disse ele. Ótimo, agora ele estava pensando que eu era o Papai Noel.
Antes que eu pudesse ficar mais desconfortável, Elizabeth entrou no
quarto, e seu rosto tinha uma expressão dura.
— Sam Harold Whitmore! O que você está fazendo aqui e por que
ainda não está vestido?! — Elizabeth disse severamente, fazendo com que
os olhos do garoto se arregalassem.
— Mãe. Veja. — Ele apontou para mim. — Tio Gideon trouxe sua fada
aqui. Você disse que as fadas só existem nas histórias, mas essa fada é
real. Estou perguntando se ela vai me conceder três desejos. — Sam
explicou.
O queixo de Elizabeth caiu um pouco antes de se recuperar. — Sam.
eu quero que você vá e vista roupas limpas. Agora. — Ela apontou na
direção da porta.
— Mas meus desejos, — Sam choramingou.
— Você pode fazer seus desejos depois de se vestir. Rápido. Caso
contrário, a fada irá embora, — disse Elizabeth ao filho, que pulou da
cama.
— Ok. Eu vou me vestir. Por favor, senhorita fada, não se vá. Eu já
volto. — Sem olhar para trás, Sam saiu correndo do quarto, me deixando
perplexa.
Depois que Sam foi embora, Elizabeth se virou para mim. — Eu sinto
muito. Alice. Eu não tinha ideia de que ele iria sair da cama e vir direto
para cá, — ela disse, parecendo se desculpar.
— Está tudo bem. Ele veio procurar Gideon. Eu disse a ele que Gideon
não estava aqui, — respondi.
— Sim. Ele ama o Gideon. Se Gideon não vem visitá-lo. ele pensa que
Gideon não o ama e que o abandonou.
— Ela deu uma risadinha.
— Entendo.
— E agora eu acho que Sam pode estar apaixonado por você, — ela
comentou.
Eu fiz uma careta. — Por que você diz isso?, — eu perguntei.
— Porque, de acordo com Sam. você é uma fada que vai conceder a ele
três desejos, — ela respondeu.
com um sorriso divertido no rosto.
— Mas eu não sou uma fada. E eu não posso conceder nenhum
desejo. — Tive Gideon. que realizou todos os meus desejos e anseios.
Sem ele. eu mal poderia pagar por uma única refeição.
— Ali. Sam discorda. Ele vai voltar para você em pouco tempo e lhe
dirá seus três desejos, — ela respondeu.
— Mas..., Mas eu não posso conceder a ele seus desejos. Ele ficará tão
desapontado... — A culpa me apunhalou ao pensar em ver Sam triste.
Elizabeth riu antes de se sentar na cama. — Não se preocupe com os
desejos de Sam. Alice. O máximo que ele vai desejar será uma figura de
ação ou um jogo de Playstation, — afirmou.
— Sim. mas...
— Ei. Não se preocupe com isso. Vou deixar Gideon saber o que seu
sobrinho quer, e ele vai conceder seu desejo.
— Mas Sam quer que eu atenda seu desejo, — eu apontei.
— Ah, não se preocupe. Gideon pegará o que for. e vamos apenas dizer
a ele que é de você. — E ela piscou para mim. O gesto me lembrou tanto
Gideon que eu senti sua falta naquele momento. Ah Gideon, onde está
você?
— Obrigada. Mas você não precisa fazer isso. Por que Gideon está
demorando tanto?
— Por que você está tão preocupada?. — Elizabeth perguntou.
— Sinto falta dele. E temos que ir. Gideon disse que a nova casa estará
limpa às 14h, — informei a ela.
Elizabeth me deu outro sorriso divertido. — Ele não te contou?
— O quê?, — eu perguntei.
— Que vocês não vão embora, — ela me disse.
— O que você quer dizer?, — eu questionei mais.
— Eu não quero que vocês vão tão cedo. Então, disse a Gideon que era
melhor ele não sair de casa nas próximas duas semanas e não dei a ele o
direito de dizer não para mim. Ser uma irmã mais velha tem suas
vantagens. — Ela riu.
— Por que você faria isso?, — eu perguntei, pasma.
— O quê?
— Sabe, querer que fiquemos... Quero dizer. Gideon é seu irmão, eu
entendo, mas... — Como eu poderia insinuar que ela queria que eu e
Nico fôssemos embora sem soar como uma vadia presunçosa?
— Você está brincando comigo? Por que eu iria querer que vocês
partissem? Vocês acabaram de chegar aqui. E você tem ideia de quanto
tempo eu tive que esperar para finalmente conhecê-la? Gideon me
contou tudo sobre você por telefone, mas agora finalmente pude
conhecê-la e quero conhecê-la ainda mais. Então você vai ficar aqui por
duas semanas, — ela afirmou, fazendo meus olhos se arregalarem.
Ela gosta de mim! Ela realmente gosta de mim!
— Você tem certeza disso? — Eu dei a ela um olhar cético.
— Claro. Talvez amanhã eu te leve às compras. Você começou a
comprar para o bebê?
— Ainda não. Gideon e eu compramos algumas coisas, mas não
muitas. Ainda não tive tempo, — eu disse a ela.
— Perfeito. Iremos amanhã, então. Você já pensou em algum nome
para meu sobrinho?, — ela perguntou.
— Sabe, o bebê também pode ser uma menina, — declarei.
— Não é, confie em mim.
— Pode ser. Gideon também não acredita em mim, — eu disse.
— Bem, é um menino. A família Maslow tem uma maldição, — ela
respondeu.
— Mas sua mãe quebrou a maldição.
— Sim. e ela foi a primeira entre sessenta e cinco mulheres a ter uma
menina como o primeiro bebê. Gerações se passaram sem que uma
menina fosse a primogênita, — ela respondeu.
— Talvez eu possa quebrar a maldição também.
— Sim. Continue acreditando nisso. Quem sabe, pode se tomar
realidade. — Elizabeth deu um tapinha no meu ombro de leve.
Eu queria mudar de assunto e falar sobre outra coisa, mas um
pensamento persistente não me permitiu. E então, finalmente, perguntei
o que realmente queria perguntar a ela.
— Elizabeth?
— Você pode me chamar de Lizzy.
— Obrigada. Hmm, posso te perguntar uma coisa, se você não se
importa?
— Pode falar.
— Você gostou de mim quando me conheceu? — Eu não tinha ideia se
ela entendeu minha pergunta ou não.
— Você quer saber se eu gostei de você no começo, ou não?
— Sim. eu acho. — Deus, eu era uma idiota.
— Alice, gosto de você desde o momento em que Gideon me ligou e
disse que ia se casar com você.
— Mas... Antes... Você parecia um pouco…
— Fria? Indiferente? Fechada?
— Sim. — Corei de vergonha.
— Sim, eu estava apenas testando você... Avaliando você. Não diga isso
a ninguém, mas gosto de intimidar um pouco as pessoas quando as
conheço. E uma tática que uso. E farei o mesmo com Jenny, quando ela
chegar aqui.
— Jenny está vindo para cá?, — eu perguntei, com meus olhos
arregalados de surpresa.
— Sim. Kieran a trará para cá em algumas horas. Não diga a ela que a
estou testando. Finja que você está alheio. — Ela piscou novamente, sua
atitude lúdica me ajudando a relaxar.
— Obrigada.
— Por quê? — Elizabeth perguntou.
— Tudo. Por me aceitar. Por nos dar um lugar para ficar. Você não tem
ideia do quanto você nos ajudou. — Eu gostaria de poder retribuir a
Elizabeth de alguma forma.
— Você não precisa me agradecer. Estou feliz que vocês estejam aqui.
— Ela me deu um sorriso.
— Eu preciso. Eu gostaria que houvesse alguma maneira de retribuir.
— Você quer retribuir? Mantenha Gideon feliz... Para sempre. Isso é
tudo que eu quero, — Elizabeth disse.
— Você não precisa se preocupar com isso. Amo Gideon e farei tudo
ao meu alcance para mantê-lo feliz, — prometi.
— Eu também te amo. passarinho. — Gideon avançou e sentou-se na
cama ao meu lado, puxando-me para ele.
— Onde você esteve? Eu estava esperando por você. — Eu olhei para
Gideon com desaprovação.
— Eu fui retido. Em dois dias, você vai ter uma surpresa, — Gideon
sussurrou, beijando-me abaixo da orelha.
— Que surpresa?, — eu questionei.
— Paciência, fadinha. — Ele beijou minha testa.
— Não. Diga-me agora!, — eu exigi.
— Não. Seja paciente. — Ele se virou para encarar sua irmã.
— Onde está Henry?, — ele perguntou a Elizabeth.
— Trabalhando.
— Onde está Kieran?, — Gideon perguntou, sua mão emaranhada em
meu cabelo.
— Fui buscar Jenny, — ela respondeu.
— Você conseguiu enfiar um pouco de bom senso na cabeça dele?
— Tentei. Mas ele não está ouvindo. Eu disse que ele tem muito
tempo para se casar com Jenny, mas ele quer se casar com ela agora. —
Elizabeth disse.
— Tenho medo que ele vá assustá-la, — disse Gideon.
— Espera. Kieran quer se casar com
Jenny? Já? — Uau. esses homens não sabiam o significado de
paciência.
Elizabeth concordou. — Sim. E por isso que ele foi buscá-la.
— Mas não é muito cedo?
— Não!
— Sim!
Elizabeth e Gideon disseram ao mesmo tempo. Eu olhei para Gideon e
depois para Elizabeth. — Por que não é cedo demais?, — perguntei a
Gideon.
— Vamos, Alice. Gideon é um cara, não importa para ele. Mas um
casamento repentino para uma mulher é difícil, sem falar que é
assustador. — Elizabeth estremeceu.
— Então você estava com medo quando se casou?, — eu a questionei.
Ela soltou uma risada estranha. — Essa é uma história para outra
hora. De qualquer forma, não estamos falando de mim. Estamos falando
sobre Kieran.
— Vou tentar falar com ele novamente. Espero que ele não tente me
matar quando eu disser que não consegui um padre para ele e Jenny, —
murmurou Gideon.
— Você quer dizer que ele quer se casar agora? — Agora, fiquei
chocada.
— Sim. Mas estamos tentando evitar que isso aconteça. — Elizabeth
deu uma risadinha.
— E não estamos conseguindo, — resmungou Gideon.
— Devo falar com ele?, — eu ofereci.
Então, ouvimos a porta da frente batendo, e o som reverberou por
toda a casa. Depois, ouvimos as vozes distintas de Kieran e Jenny.
— Kieran. Onde estamos? Para onde você me trouxe? Kieran, pare!
— Merda! Eu preciso lidar com isso. — Gideon se levantou da cama.
— Deixe-me ir com você. — Tentei me levantar, mas Gideon me
impediu.
— Não. Eu quero que você descanse. Eu irei cuidar de Kieran. Só Deus
sabe como o humor dele estará, — Gideon murmurou, antes de correr
para fora do quarto.
— Você não vai fazer nada?, — eu perguntei a Elizabeth.
— Não. Não há nada que eu possa fazer. Kieran quer se casar com
Jenny e não vai parar até que coloque a aliança em seu dedo. O máximo
que Gideon pode fazer é adiar o casamento por dois dias, no máximo, —
ela respondeu.
— Por que todos esses homens são assim? — Eu perguntei.
— É uma coisa do Maslow. Os homens são incrivelmente possessivos
com suas mulheres. Às vezes acho que esses homens nasceram na época
errada, porque agem mais como homens das cavernas do que como seres
humanos civilizados, — afirmou.
— Jenny vai ficar bem? — Eu estava preocupado com ela: ela parecia
tão frágil.
— Ela não tem escolha. Ela vai ter que ficar. — Elizabeth se levantou.
— Eu tenho que ir ver as crianças. Vejo você mais tarde. Tente relaxar. —
Com outro sorriso, ela saiu da sala, deixando-me com meus próprios
pensamentos.
Oh Deus. Esses Maslows e seu sangue único.
Capítulo 37
Eu vi a cena na minha frente, e o choque que ressoou pelo meu corpo
foi o suficiente para me fazer agarrar o corrimão.
Kieran estava parado no saguão com Jenny, que tentava
desesperadamente livrar o pulso do seu aperto. Gideon estava parado na
frente de Kieran, um olhar severo em seu rosto, enquanto Lizzy estava
parada a poucos metros de distância, segurando seu bebê.
Cada um deles tinham expressões diferentes. Kieran parecia
determinado, como se fosse destruir o mundo a qualquer segundo. O
rosto de Jenny mostrava uma mistura de medo e confusão.
Gideon olhava para seu irmão, parecendo frustrado. E Elizabeth
parecia que queria bater no irmão mais novo.
Embora Gideon tivesse me dito para descansar, eu não consegui.
Kieran iria forçar Jenny a se casar com ele. e eu simplesmente não podia
ficar na cama e deixar isso acontecer.
E eu tentaria ajudar, se necessário. Mas eu simplesmente não podia
ficar na cama e só me preocupando. E assim, apesar de meu marido me
dizer para pegar leve, eu levantei da cama e agora estava olhando para os
dois irmãos tendo um impasse.
Ninguém me viu parada na escada, os dois estavam ocupados demais
se encarando.
— Saia da minha frente, Gideon, — disse Kieran.
— Solte-a, — ordenou Gideon. — Você está machucando-a.
— Kieran, por favor, me solte, — Jenny implorou.
Suspirando. Kieran soltou o pulso de Jenny. Ela imediatamente
começou a esfregá-lo com a outra mão. Ela parecia tão assustada que
meu coração doeu por ela. Eu realmente esperava que Kieran não a
forçasse a se casar com ele.
Deus sabia como Jenny reagiria.
— Liz, você pode levá-la para um dos quartos de hóspedes?. — Kieran
pediu.
Elizabeth avançou, agarrou levemente a mão de Jenny e começou a
conduzi-la.
Jenny, sem saber mais o que fazer, acompanhou Elizabeth de forma
hesitante. Vendo-a assustada e confusa, jurei a mim mesmo colocar
algum juízo em Kieran.
— Que diabos há errado com você?. — Gideon explodiu assim que
Jenny ficou bem fora de vista.
— O que você quer dizer? Vou me casar com a mulher que eu amo.
Não há nada de errado com isso!, — Kieran gritou.
— Não, não há. Mas quando você está forçando alguém a se casar com
você, então é errado, — argumentou Gideon.
— Ah, por favor. Você fez a mesma coisa. Você forçou Alice a se casar
com você, — disse Kieran.
— Aquilo foi diferente, Kieran. e você sabe disso, — defendeu Gideon.
— Como? Como foi diferente? Você queria um bebê, você forçou Alice
a se casar com você e está me dizendo que forçar Jenny a se casar comigo
é errado! — Kieran não baixou a voz.
— Você viu como ela está assustada?! Ela está confusa e apavorada, e
você vai forçá-la a se casar com você. Você está louco?! — Parecia que
Gideon também não tinha controle sobre suas emoções.
— E daí?! Alice também estava com medo, mas ela aprendeu a
conviver com isso. Jenny é forte. Ela vai ficar bem. — Kieran argumentou.
Gideon suspirou audivelmente. — Diga-me. Você realmente a ama?,
— ele perguntou suavemente.
— Que tipo de pergunta é essa? Claro que amo Jenny. Eu me recuso a
viver sem ela! — Kieran jogou as mãos para o alto.
— Se você a ama. então pare de ser um idiota egoísta e leve os
sentimentos dela em consideração. Você a ama? Você se casa com ela
quando ela quiser se casar com você. Não a force. Ela não será feliz assim,
— explicou Gideon.
— Eu não posso dar a ela essa escolha, — afirmou Kieran.
— Por que não?. — Gideon perguntou.
— E se ela disser não? E se ela disser que não quer se casar comigo? Eu
não posso viver sem ela. Inferno, eu não vou deixar ninguém mais tê-la.
Ela é minha. — Kieran ajeitou o cabelo com os dedos.
— Se ela disser não, então ame-a até que ela diga sim. Não a force a se
casar com você. Trate-a de tal maneira que ela não tenha escolha a não
ser te amar e se casar com você, — argumentou Gideon.
— Eu não quero que ela seja livre. Outros homens a terão se ela não se
casar comigo. — afirmou Kieran.
— Veja. Casar com ela assim não é a resposta. Ela não será feliz. Você
precisa pensar racionalmente, — afirmou Gideon.
Kieran suspirou. — Duas semanas. Isso é tudo que estou disposto a
dar a ela para se decidir. Depois disso, vou fazer o que quero e você não
vai ficar no meu caminho. — Kieran admitiu.
— Ficarei no caminho se minha fritura cunhada estiver chateada, —
afirmou Gideon.
Com um grunhido repentino que fez meu coração disparar, Kieran
saiu de casa como um furacão, batendo a porta ao sair. Gideon deu um
suspiro antes de passar a mão pelo cabelo.
Pensando que era seguro eu me mostrar agora, desci as escadas.
Gideon me viu e tentou me dar um sorriso tranquilizador, mas não
conseguiu. Eu podia ver a preocupação em seus olhos verdes como o
mar: ele estava preocupado com Jenny.
— Ei, pensei ter dito para você descansar. — Gideon disse baixinho
assim que o alcancei. Ele me envolveu em um abraço caloroso.
— Cansei de descansar. — Eu respirei seu perfume masculino. —
Como você está? E como está Kieran?
— Por que tenho a sensação de que você viu tudo o que aconteceu
aqui?, — Gideon proferiu.
— Talvez porque eu tenha visto, — eu respondi.
— Você é uma pombinha travessa, não é? — Gideon apertou seu
abraço em volta de mim antes de me soltar.
— Devo me desculpar?, — eu perguntei.
Gideon riu. — Não. Vamos. Eu quero te contar uma coisa. — Ele me
levou até o sofá da sala e se sentou ao meu lado.
— O que é?, — eu perguntei.
— Lembra que eu disse que tenho uma surpresa para você?
— Sim. — Ele ia me dizer qual é a surpresa?
— Você se lembra do menino que eu disse que queria adotar?, —
Gideon me perguntou com um sorriso suave no rosto.
Instantaneamente, o rosto daquele bebê adorável veio à minha mente.
— Sim. Eu me lembro dele, — respondi.
— Bem. em dois dias, você e eu iremos adotar aquele bebê, — afirmou
Gideon.
— Mesmo? — Eu não pude acreditar. Iríamos adotá-lo! Iríamos adotar
aquele menino. Meu coração se encheu de felicidade com a perspectiva
de ter aquele garotinho como meu filho.
Eu o amaria como se fosse meu. e nunca o faria sentir como se ele não
nos pertencesse.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim, bonitinha. Nós iremos adotá-lo.
— O sorriso no rosto de Gideon me disse exatamente como ele estava
animado para adotar aquele menino.
— Isso é maravilhoso. Estou tão feliz que você decidiu adotá-lo. Em
que quarto ele ficará? — Eu perguntei, ansiosa para passar um tempo
com o garotinho.
— Ele vai ficar no nosso quarto enquanto estivermos aqui. Quando
nos mudarmos para nossa nova casa, ele terá seu próprio quarto, —
respondeu Gideon.
— Teremos que comprar brinquedos para ele. e roupas, e fraldas e... —
Eu parei.
— Sim. Compraremos tudo para ele, — concordou Gideon.
— Ah, odeio separar vocês dois pássaros do amor, mas onde está
Kieran?, — Elizabeth perguntou, tirando-nos de nossos planos.
— Ele saiu... Para se acalmar, com sorte, — murmurou Gideon.
— E por que você não foi com ele?, — Lizzy questionou.
— Onde está o seu bebê?, — Gideon perguntou.
— Eu perguntei a você primeiro. Responda-me, — Elizabeth exigiu,
fazendo Gideon revirar os olhos.
— Acho que ele precisa de um tempo para si mesmo, — respondeu
secamente.
— Hmm. como está Jenny?, — eu perguntei
— Ela está em seu quarto. Eu estava tentando ajudá-la a relaxar, mas
acho que ela ficou mais assustada, — disse Elizabeth.
— Você se importa se eu for lá?
— Ah, claro que não, o quarto dela é aquele. — Ela apontou para a
última porta à esquerda.
— Obrigada. — Voltei minha atenção para meu marido. — Vou ver se
ela está bem.
— Tudo bem, passarinho. — Gideon beijou minha bochecha antes de
me permitir sair.
Não demorei muito para chegar ao quarto de Jenny. Bati duas vezes na
porta antes de entrar, apenas para encontrar Jenny sentada na cama, com
os braços em volta de si mesma como se estivesse se protegendo. Quando
Jenny me viu, seus olhos brilharam de alívio.
Eu dei a ela um sorrisinho antes de me aventurar mais em seu quarto
e fechar a porta suavemente atrás de mim. Jenny tentou sorrir, mas não
conseguiu, a confusão ainda evidente em seu rosto.
— Oi. Como você está?, — eu perguntei, sentando ao seu lado na
cama.
— Oi. Estou bem, — respondeu Jenny.
— Mentirosa, — eu provoquei.
Jenny suspirou. — Que lugar é esse, Alice? Quem é essa mulher? Por
que Kieran me trouxe aqui?
— Essa mulher é a irmã mais velha de Kieran e Gideon, e esta é a casa
dela, — respondi.
— Eu nunca soube que Kieran tinha uma irmã, — ela comentou.
— Nem eu, até recentemente, — eu disse.
— E Kieran me trouxe aqui porque ele queria me apresentar a sua
irmã?, — Jenny questionou.
— Você sabe que eu adoraria dizer por que Kieran te trouxe aqui, mas
acho que é melhor se você perguntar a Kieran, — eu disse.
— Por que Kieran está agindo assim?, — ela perguntou.
— Agindo como?, — eu perguntei.
— Todo controlador. Eu não gosto de homens controladores. — Jenny
estremeceu ligeiramente ao dizer isso, e me perguntei o que teria
acontecido com essa garota que a deixava com medo de homens
controladores.
— Por que você não pergunta a ele? — Eu queria contar a ela o que
estava acontecendo, mas não era minha história para contar.
— Onde ele está? — Ela olhou para a porta fechada, como se esperasse
que Kieran entrasse a qualquer momento.
— Ele saiu, mas logo voltará, — eu disse a ela.
— Espero que ele se apresse. Eu preciso dele agora. — Jenny afirmou.
— Jenny? — Eu queria perguntar algo a ela para apaziguar minha
mente.
— Sim?
— Você ama Kieran?, — eu questionei.
— Sim. Eu amo. — Ela nem hesitou.
— Então, você se casará com ele se ele te pedir em casamento?, — eu
perguntei, ficando animada com a ideia de Kieran e Jenny se casando.
— Ele nunca vai me pedir em casamento, — disse Jenny.
— Por que não?, — eu perguntei, confusa.
— Porque... Eu não sou... Eu não sou o tipo de garota que Kieran
gostaria de ter como esposa, — ela respondeu, parecendo desamparada.
— O quê? Como você pode dizer isso? Kieran... — Eu me contive antes
que pudesse revelar o segredo de Kieran. Eu não tinha ideia se Kieran
tinha dito a Jenny que a amava ou não, então tive que ter cuidado.
— Ah, vamos, Alice. Você viu Kieran? Ele é... Perfeito, e olhe para mim.
Eu não chego perto daquela mulherada que Kieran pode escolher como
noiva. Eu sou apenas uma garota que trabalha em uma loja de
brinquedos, — ela murmurou.
— Isso não é verdade. Jenny. Kieran é tudo menos superficial, e ele
nunca fará uma garota se apaixonar por ele à toa. E você é melhor do que
todas aquelas garotas ricas, ou quem quer que seja que você acha que
seria uma boa noiva para Kieran eu disse com firmeza, desejando que
Jenny acreditasse em mim.
— Você não sabe disso. E Kieran nunca fala sobre casamento ou
qualquer coisa do tipo, — Jenny me disse.
— Ele é um homem. Os homens não falam sobre casamento ou sobre
qualquer uma dessas coisas, bem. pelo menos não com suas namoradas,
— respondi.
— Então, como vou saber se ele me ama o suficiente para querer se
casar comigo?, — Jenny perguntou.
— Ele vai te pedir em casamento. Ou ele vai forçar você a se casar com
ele. — Amaldiçoei-me por dizer a última parte, mas rezei com todas as
minhas forças para que Jenny não entendesse o que eu estava tentando
dizer.
Os olhos de Jenny se arregalaram. — O quê? Os homens realmente
fazem isso? Forçar uma mulher a se casar com eles?
— Ahh... Talvez. — Eu não tinha ideia do que mais dizer.
— Não. Kieran não é assim. Ele nunca forçaria ninguém a se casar
com ele. Ele é um cara muito legal. Mas quanto à sua pergunta. se Kieran
algum dia me pedir em casamento, eu aceitaria. Eu amo Kieran. e ser sua
esposa seria uma grande honra, — Jenny respondeu, seus olhos brilhando
de amor por Kieran.
Droga. Kieran era um homem de sorte. Eu me perguntei se Gideon
achava que tinha sorte de me ter.
— Quando Kieran virá? Eu quero ir para casa, — disse Jenny. Eu
poderia dizer que ela estava desconfortável neste território totalmente
desconhecido.
Elizabeth disse a Kieran para ficar por duas semanas também? Em
caso afirmativo, o que isso significa para Jenny? Ela ficaria ou iria
embora?
— Ele estará aqui em breve, — eu a assegurei. Eu não tinha ideia de
quanto tempo levaria para Kieran esfriar a cabeça. Eu só esperava que
não demorasse muito tempo.
— Quando seu bebê vai nascer?, — Jenny perguntou, mudando de
assunto.
— Em alguns meses, — eu respondi, olhando minha barriga
crescendo. Eu me perguntava se nosso bebê adotivo teria um irmão ou
uma irmã.
— Você já decidiu algum nome?. — Jenny perguntou.
— Na verdade, não, — respondi.
— Eu amo bebês, — Jenny me disse.
— E por isso que você trabalha em uma loja de brinquedos?, — eu
perguntei.
Jenny sorriu. — Parcialmente. Adoro ver crianças sorrindo e rindo. E
por isso que adoro trabalhar na loja de brinquedos. Elas fazem as crianças
sorrirem.
— Quantos filhos você quer? — Eu podia imaginar os filhos de Kieran
e Jenny, correndo, gritando e rindo, enquanto Jenny se certificava de que
ninguém se machucasse.
— Quero quatro filhos, pelo menos, — respondeu ela.
Eu abri minha boca para responder quando a porta se abriu e Gideon.
Kieran, Elizabeth e Brenton entraram, todos eles com expressões de
honor e desânimo.
Eu fiz uma careta quando Gideon me alcançou, enquanto Kieran foi
até Jenny. Quando Brenton chegou?
— Gideon, está tudo bem? O que está acontecendo?, — eu perguntei,
ansiedade crescendo em meu coração ao ver meu marido parecendo tão
perturbado.
— Pequena, me escute. Temos que ir agora, — afirmou Gideon.
— Por quê. o que aconteceu?, — eu perguntei. Atrás de mim, eu podia
ouvir Jenny e Kieran conversando em voz baixa. Brenton e Elizabeth
estavam parados em um canto, cochichando um com o outro.
— Gideon. temos que ir, — pediu Elizabeth.
— Brenton. vá ligar o carro. Já estaremos lá, — Gideon instruiu seu
irmão mais novo, que assentiu e correu para fora do quarto. Era
impressão, ou Brenton parecia realmente pálido?
— Gideon, me diga o que está acontecendo, — eu disse.
— Temos que ir ao hospital imediatamente, — respondeu Gideon.
— Por quê? Está todo mundo bem? — As perguntas não paravam de
sair da boca.
Gideon balançou a cabeça e meu batimento cardíaco acelerou. — Não.
Fada, meu pai teve um ataque cardíaco. Temos que ir para o hospital.
Agora.
Capítulo 38
Esperar no hospital foi horrível. Não apenas a depressão e a alegria em
uma guerra constante entre si nos confins dessas paredes estéreis, mas
sua paciência estava sendo testada a cada tique-taque do relógio.
A cada minuto que passava, ficava difícil permanecer no lugar e não
correr em direção ao centro cirúrgico, mas não tínhamos escolha a não
ser ficar e orar desesperadamente para que a alegria vencesse a guerra.
Porque a vitória da depressão não trouxe nada além de um reinado de
tristeza e desespero, que teve um tempo de governo imprevisível.
Quando Gideon me disse que seu pai teve um ataque cardíaco, o
pânico me encheu instantaneamente.
Eu sabia que o pai de Gideon me odiava, mas também não estava
desesperada por sua aprovação. No entanto, meu coração começou a
bater forte de ansiedade porque ele era importante para Gideon.
E eu tinha perdido meus pais, então sabia o que Gideon estava
passando agora, e apesar de querer ficar em casa, eu o acompanhei ao
hospital. Agora, todos os Maslows com seus entes queridos estavam aqui,
esperando que as portas da sala de cirurgia se abrissem.
— É tudo culpa daquela vadia. — Brenton fervia de raiva, lançando
um olhar ameaçador para Helga.
No momento em que chegamos ao hospital. Brenton olhou para
Helga e correu em sua direção. Ele a agarrou pelo pescoço e tentou
estrangulá-la. e teria conseguido se Gideon e Kieran não o tivessem
afastado.
— E culpa dela! Essa vadia é a razão pela qual meu pai está na porra do
hospital! Nós confiamos nessa puta de merda, e ela nos apunhalou pelas
costas! Me deixar ir. Eu quero matá-la! — Brenton rosnou alto o
suficiente para que todo o hospital ouvisse.
Demorou um pouco para Gideon e Kieran acalmarem Brenton. mas
mesmo assim, ele não parou de olhar para Helga, que agora estava
sentada no canto, o rosto pálido. Ela estava com os olhos baixos, com
medo de olhar para os Maslows.
— Por que você está culpando Helga pela condição de seu pai?, —
Jenny perguntou.
— Porque ela é a razão de ele estar aqui. — Brenton murmurou.
— O que você quer dizer? Diga-me o que aconteceu, — Elizabeth
exigiu.
Brenton suspirou e, de repente, todos nós estávamos ansiosos para
saber como Helga era responsável pelo ataque cardíaco do senhor
Maslow. Depois de alguns segundos, ele começou a falar.
— Eu tinha acabado de chegai do trabalho quando decidi visitar o
papai em seu escritório. Desde que ele expulsou Gideon. ele tem se
escondido em seu escritório. Tenho certeza de que ele estava se
arrependendo do que fez. mas não expressou seus pensamentos para
mim.
Sempre que eu perguntava o que o estava incomodando, ele apenas
me dizia que eram — apenas negócios. — Mas eu não acreditei nele. Seus
olhos contavam uma história diferente, mas eu não disse nada.
Porém esta manhã eu fui ao escritório de meu pai e encontrei a porta
entreaberta. Ouvi papai falando com alguém e não sei o que aconteceu
comigo, mas resolvi ouvir. Ele estava conversando com aquela bruxa. —
Ele lançou um olhar furioso para Helga.
— Ele disse como se arrependeu de ter expulsado Gideon. e essa puta
nojenta respondeu que ele tinha feito a coisa certa. — Elizabeth. Jenny e
eu ofegamos quando ouvimos isso.
Eu não pude acreditar. Achei que Helga era leal aos Maslows, mas
aparentemente todos nós tínhamos sido enganados.
— Quando ouvi isso, resolvi espiar pela pequena abertura, e lá vi essa
vadia, desabotoando a camisa do meu pai, dizendo que merecia filhos
melhores, que o obedecessem.
E então ela disse a ele que ela — essa porra de empregada — daria a
ele filhos que nunca escolheriam suas noivas em vez dele! — Brenton
levantou a voz no final.
— Aquela vadia conivente! — Elizabeth lançou a Helga um olhar
ameaçador antes de olhar para o irmão mais uma vez. — O que
aconteceu então?
— Papai a empurrou, disse que ela nunca seria a mãe de seus filhos, e
essa vadia não aguentou a rejeição. Ela começou a vomitar todo tipo de
bobagem sobre como papai não era um bom homem e como seus filhos
estavam certos em deixá-lo. e essa vadia fodida disse a ele que ele era o
motivo da morte da mamãe.
Assim que ela disse isso papai não aguentou a acusação, seu coração
desistiu, e ele teve um ataque cardíaco, tudo porque aquele pedaço de
imundície não aguentava a rejeição. Este vagabunda interesseira queria
ser uma Maslow!
Ela queria ser a porra da rainha da família! Só porque meu pai
mostrou respeito por ela. ela pensou que era adequada para tomar o
lugar de minha mãe. pensou que poderia substituir minha mãe! —
Brenton rosnou antes de jogar a cabeça para trás com fúria.
Elizabeth se virou para encarar Helga com um olhar assassino. — Sua
vadia! — Ela correu para onde a empregada estava, enfurecida. — Como
você se atreve a ficar aqui, porra. Tire seu ser imundo daqui!, — Elizabeth
gritou.
Helga tremeu sob o olhar de Elizabeth. mas balançou a cabeça. — Por
favor, senhora Maslow, eu não posso deixá-lo. Eu... eu o amo, — Helga
choramingou.
Elizabeth ergueu a mão e deu um tapa na bochecha de Helga com
tanta força que tive medo de que seu pescoço se quebrasse. — Como você
ousa? — Elizabeth tremia de raiva.
— Como você ousa pensar que poderá ser uma Maslow. uma de nós?!
Você é a razão pela qual meu pai está no maldito hospital, e você tem a
audácia de me dizer que o ama?
— Eu o amo, — disse Helga com firmeza. — Eu o amo desde o
momento em que ele sorriu para mim pela primeira vez. E sua mãe não
era nada além de uma parede que separava eu e Brian. Seu pai não te
contou isso, mas depois que sua mãe morreu, ele veio até mim.
Ele veio até mim em busca de conforto e até fizemos sexo. Então você
não pode me dizer que eu não deveria estar aqui, porque, para sua
informação, eu estava ao lado do seu pai quando você estava muito
ocupada se prostituindo com aquele seu marido estúpido, — Helga
cuspiu, seus olhos brilhando com loucura.
Gideon, que tinha ficado em silêncio durante tudo isso, finalmente
soltou minha mão e foi até Helga, e antes que qualquer um de nós
pudesse processar o que estava acontecendo. Gideon agarrou Helga pelo
pescoço e começou a apertar.
— Você não pode falar merda sobre minha família com sua boca suja.
— Ele apertou com mais força.
— Você quer saber por que meu pai rejeitou você? Porque ele sabe
exatamente o quão imunda você é, o quão inútil o seu sangue realmente
é. E não importa o que você faça, você nunca será uma Maslow, porque
mulheres como você só pertencem de joelhos, chupando um homem.
Você pertence ao chão, então esqueça de sonhar com um trono.
A essa altura, Gideon estava apertando com tanta força que os olhos
de Helga começaram a rolar para trás. Ele só a soltou quando Elizabeth
puxou delicadamente sua mão, o que resultou em Helga caindo no chão,
tossindo por ar.
— Vamos, Gideon. Ela não vale a pena. Seu sangue é muito sujo. Não
manche suas mãos com o sangue dela, — Elizabeth disse suavemente,
esfregando as costas de seu irmão em uma tentativa de acalmá-lo.
Ver Gideon assim me abalou profundamente. Percebi exatamente o
quanto Gideon amava sua família, e ele preferia morrer a deixar alguém
falar merda sobre eles.
O respeito que eu tinha por meu marido aumentou dez vezes com a
compreensão.
Porém, ver como ele era capaz de matar meio que me assustou, mas
também trouxe uma sensação de segurança, porque agora eu tinha
certeza que. não importava o que acontecesse, Gideon faria tudo ao seu
alcance para proteger seu filho.
— Tire essa vadia daqui. Não quero ver o rosto dela, — cuspiu Gideon.
olhando para Helga com ódio.
— Eu ficarei feliz em me livrar dela para você. Segurança! — Kieran
berrou. Em alguns segundos, dois homens uniformizados caminharam
até onde Helga estava esparramada. — Leve-a embora. — Kieran
apontou para Helga.
Os guardas a agarraram pelos braços e a colocaram em pé antes de
arrastá-la para longe, ignorando suas ameaças e gritos de protesto.
— Como é que o segurança não questionou Kieran? — Perguntei a
Jenny.
— Os Maslow são os donos do hospital, é por isso, — ela respondeu,
parecendo tão ansiosa e confusa quanto eu.
— Eles são? Gideon nunca me disse, — eu disse.
— Kieran me contou quando visitei Nico após a cirurgia. Ele disse que
estavam planejando comprar o hospital onde Nico fez a cirurgia e
também que eles eram os donos deste, — Jenny me contou.
— Uau, essas pessoas são podres de ricas, — comentei.
— Ali, jura?! Eles são tão imundos de ricos que o sangue de Helga
aparenta ser mais limpo que o deles, — comentou Jenny.
Quase comecei a dar risada com o comentário dela, mas me controlei
bem a tempo para não parecer rude na frente de um monte de gente. Em
vez disso, eu ri discretamente, mordendo meu lábio para me impedir de
explodir em risadas.
Quando Jenny me viu sufocando meu riso, ela deu uma risadinha, o
que tomou ainda mais difícil para mim controlar minha risada, mas
consegui.
— Você é terrível, — brinquei.
— Sinto muito, — Jenny se desculpou antes de cair na risada.
Ela tapou a boca com a mão para se controlar. Juro que me senti uma
esposa terrível: meu marido estava zangado e preocupado com seu pai
doente, e aqui estava eu rindo do comentário de Jenny.
Quando vi Gideon caminhando em minha direção, fiz o possível para
me controlar. Ele agarrou minha mão e. sem dizer uma palavra, me
afastou de Jenny.
Gideon me arrastou para um canto antes de se sentar em uma cadeira
e me puxar para seu colo. Ele colocou minha cabeça em seu ombro antes
de beijar minha testa.
— Eu te amo tanto, — ele disse suavemente.
— Eu também te amo, — respondi com sinceridade.
— Quer que eu conte o que realmente aconteceu com minha mãe? —
Gideon perguntou, acariciando minha bochecha.
— De repente? De onde vem isso? — Normalmente, era eu quem
implorava a Gideon para me contar sobre sua família, mas agora, era ele
quem estava oferecendo, o que me parecia estranho.
Gideon suspirou. — Eu te amo, passarinho. E não quero que haja
segredos entre nós, por isso quero contar tudo o que você deseja saber —
deve saber, — respondeu ele.
— Mas por que agora? — Eu questionei.
— Porque quero falar sobre algo sem pensar na traição de Helga ou
me preocupar com meu pai por algum tempo, — respondeu ele.
— Ah. Ok, sim. Quero saber o que realmente aconteceu com sua mãe,
— declarei.
— Certo. Depois que Elizabeth fugiu, você sabe que foi uma época
difícil para minha família. Meu pai estava com raiva e magoado, e minha
mãe estava com medo e implorou a meu pai para trazer Lizzy de volta,
mas ele não deu ouvidos a ela.
Ele continuava dizendo que se alguém deixa os Maslows, os Maslows
o deixam. Você não tem ideia do quanto minha mãe chorou e implorou,
mas meu pai não prestou atenção.
Foi um daqueles dias em que meu pai ignorava as lágrimas de minha
mãe. Minha mãe estava parada na escada implorando a meu pai que
trouxesse sua única filha de volta, que aceitasse seu casamento e a
perdoasse. Meu pai explodiu e tentou tirar as mãos dela de seu braço.
Ele... Ele usou um pouco mais de força do que o necessário, o que fez
minha mãe perder o equilíbrio e cair do lance de escadas. Ela morreu de
um grave ferimento na cabeça naquele dia.
Eu suspirei. — Ai, meu Deus, sinto muito, Gideon. Você me disse que
sua mãe morreu em um acidente. — Esta história foi tão triste. A mãe de
Gideon morreu de forma trágica.
— De certa forma, isso foi um acidente. Meu pai não teve a intenção
de fazer isso e ele se arrepende de suas ações até hoje. Ele nunca se
perdoou pelo que aconteceu, e eu. sendo o filho terrível que sou.
continuava culpando-o pela morte de minha mãe. — Gideon me apertou
mais forte.
— Todos nós tendemos a culpar alguém. Está tudo bem. — Tentei
fazê-lo perceber que o que havia feito não era errado.
— Não. não é. Meu pai está na sala de cirurgia lutando por sua vida, e
se. Deus me livre, algo acontecer com ele. a última lembrança de meu pai
será de seu filho o deixando e o culpando pela morte de sua esposa, —
disse ele amargamente.
— Gideon, por favor, não pense assim. Seu pai ama você e não está
chateado com você. Brenton acabou de lhe contar como seu pai estava se
arrependendo de tê-lo expulsado. Isso prova que ele te ama. e os pais
sempre perdoam os filhos, não importa o que aconteça, — disse eu com
convicção.
— Meu pai nunca vai me perdoar, — Gideon murmurou, seus olhos
brilhando com pesar.
— Seu pai te ama. e eleja te perdoou. Mas. Gideon, mantenho o que
disse antes. Se você quiser me deixar e ficar com sua família, você pode
fazer isso. Não vou forçá-lo a ficar comigo. Eu sei que sua família é mais
importante.
— Não diga isso! Você é minha e eu nunca vou te deixar. Não importa
o que aconteça, você é minha e sempre será minha. Não se atreva a dizer
algo assim nunca mais. — Seu tom me disse que ele falava muito sério.
— OK sinto muito. Eu te amo muito. Gideon. — Eu beijei sua
bochecha.
— Sinto muito. Alice. Sinto muito, — disse Gideon.
Eu fiz uma careta em confusão — Por que você está se desculpando?
— Eu defendi Helga quando você me disse para despedi-la. Me
desculpe por ter feito isso. Por favor, me perdoe, bonitinha disse Gideon.
— Gideon, não. Não se desculpe. Você estava certo em defendê-la. Eu
não tinha o direito de dizer para você expulsá-la. Eu passei do limite. Se
há alguém que deveria se desculpar, deveria ser eu. Por minha causa, você
brigou com seu pai.
Você teve que mudar seu estilo de vida por mim. Você teve que
suportar minha natureza curiosa porque você tem uma esposa tão
intrometida. Eu sinto muito. — Coloquei minha cabeça de volta no
ombro de Gideon.
— Você é perfeita. Estou tão feliz que minha mãe me disse para casar
com você, — Gideon proferiu.
— O quê? Sua mãe mandou você se casar comigo? Como? E é por isso
que você se casou comigo? — Eu disparei minhas perguntas.
Gideon acenou com a cabeça. — Minha mãe meio que me mandou
uma placa dizendo para me casar com você quando fui ao túmulo dela e
pedi a ela. E ela é em parte a razão pela qual me casei com você. A outra
metade do motivo é que eu achei você intrigante e adorável, além de que
Kieran gostou muito de você.
— Então você se casou comigo por mim? — Eu questionei.
— Sim. E estou muito feliz que as pessoas que são as mais importantes
na minha vida apoiaram minha decisão. — Com essas palavras, Gideon
capturou meus lábios em um beijo terno e amoroso.
— Ali, eu odeio separar vocês, mas papai saiu da cirurgia e podemos
visitá-lo em breve. — Virei minha cabeça para ver Kieran parado a alguns
metros de distância, parecendo aliviado.
— Há quanto tempo ele saiu da cirurgia? — Gideon perguntou, alívio
evidente em seus olhos.
— Pouco. Vamos. — Kieran se virou e se afastou, deixando Gideon e
eu logo atrás.
E agora, eu precisaria lidar com mais um confronto. Deus me ajude.
Capítulo 39
— Papai está bem? — Gideon perguntou a Elizabeth. que estava do
lado de fora da UTI.
Assim que Kieran nos informou que o senhor Maslow estava fora da
cirurgia, Gideon agarrou meu braço e correu todo o caminho até lá. Eu
podia ver diferentes emoções piscando naqueles olhos verde-mar:
preocupação, alívio, felicidade e um pouco de medo.
Ela encolheu os ombros. — Brenton está lá dentro. O médico disse
que ele não poderia receber muitas visitas.
— Por que você não foi?, — Gideon perguntou.
Elizabeth soltou uma risada amarga. — Você está brincando? Papai me
odeia. Ele não quer me ver, — ela disse.
Eu podia ver a tristeza refletida em seus olhos. Não importa o quão
rebelde ela tenha agido no passado, Elizabeth ainda ansiava pelo amor e
aceitação de seu pai. e eu realmente desejava por ela que o senhor
Maslow a perdoasse.
Henry beijou a testa de Elizabeth antes de envolvê-la com os braços.
Ele quase não disse nada durante o tempo que estivemos aqui, mas eu
pude ver que ele estava preocupado com sua esposa.
E eu podia entender isso, porque também estava preocupada com
meu marido.
— Gideon, por que não se senta, — sugeri.
— Estou bem... Alice, — ele respondeu, com os olhos grudados nas
portas da UTI.
O medo de ele me deixar por sua família. Quer dizer, eu entenderia se
ele me deixasse, mas criar um filho sozinha seria difícil. Se Gideon me
deixasse, seria extremamente difícil para mim e meu irmão.
Após dez minutos. Brenton saiu da UTI. Gideon correu para ele
enquanto Elizabeth o olhava com preocupação. Kieran segurou a mão de
Jenny com força, seu olhar não deixando Brenton.
— Ele está bem? — Gideon perguntou imediatamente.
Brenton acenou com a cabeça, o que resultou em todos os Maslows
suspirando de alívio.
— Sim, ele está bem. mas não consegue lidar com o estresse, então
temos que ir com calma com ele. E ele não deve trabalhar mais, o que
significa que estarei entrando no lugar dele.
Brenton olhou para Elizabeth. — Ele quer ver vocês. Vocês dois. Eu
disse a ele que você estava aqui e ele deseja vê-la. Mas. por favor, não faça
ou diga nada que vá aborrecê-lo, — ele instruiu.
Elizabeth parecia não acreditar no que estava ouvindo. A descrença
brilhando em seus olhos era prova suficiente, e quando ela ficou
enraizada em seu lugar, apenas mostrou exatamente o quão surpresa ela
realmente estava.
Henry cutucou Elizabeth um pouco para fazê-la se mexer, e os dois se
arrastaram para dentro, deixando o resto de nós nos perguntando como
o senhor Maslow estava.
— Gideon. Kieran. Vocês são os próximos. Assim que Lizzy e Henry
voltarem, papai quer ver vocês, — contou Brenton. Gideon e Kieran
assentiram simultaneamente.
Minha mente acelerou enquanto eu contemplava a possibilidade de
Gideon me deixar.
Embora ele tivesse acabado de me dizer que nunca me deixaria, não
pude acreditar nisso, especialmente depois que Brenton nos disse que
não devemos fazer nada para aborrecer o senhor Maslow.
Agora, o senhor Maslow tinha todo o poder. Se ele quisesse, diria a
Gideon para me deixar, e ele faria exatamente isso porque não iria querer
chatear seu pai.
~ Por que você não o deixa? Será mais fácil para você. Sem dor, disse
meu subconsciente.
Se fosse tão fácil, eu o teria feito há muito tempo. Mas eu amava
Gideon.
Seja independente como você era antes. Se você não pode deixá-lo, pelo
menos não dependa muito dele.
— Você está bem? — Jenny perguntou, sentando ao meu lado.
Eu balancei a cabeça e olhei para Gideon. que ainda estava olhando
para as portas da UTI. — Sim. Estou bem. E você?
— Estou pirando. — Jenny se virou para ver Kieran, que estava
mexendo em seu telefone celular. — Tenho a sensação de que o senhor
Maslow vai dizer a Kieran para me deixar.
Meus olhos se arregalaram. Eu não podia acreditar que Jenny estava
tendo os mesmos pensamentos que eu. Assim como eu. ela tinha medo
de perder o amor de sua vida. E assim como eu. duvidava que ela pudesse
fazer qualquer coisa para impedir que isso acontecesse.
— Para ser sincera, estou tendo os mesmos pensamentos, — confessei,
certificando-me de que minha voz estava baixa o suficiente para que
Gideon não pudesse me ouvir.
— Você quer ir ao banheiro? Podemos conversar lá, — Jenny sugeriu.
Acenando com a cabeça, eu me levantei. — Gideon, vou usar o
banheiro.
— Tudo bem. mas certifique-se de voltar depressa, — respondeu ele.
Jenny e eu fomos ao banheiro conversar em particular. E quando
entramos no banheiro, eu realmente relaxei. Agora eu poderia falar
livremente.
— Kieran vai me deixar, não é? — Jenny disse assim que a porta do
banheiro se fechou atrás de nós.
— Não, ele não vai. Kieran te ama e nunca vai te deixar. — Ah. como
eu queria contar a ela sobre Kieran forçando-a a se casar com ele, mas
não pude.
— Não, Alice, você não entende. Veja. Gideon é casado com você,
então ele nunca vai deixá-la, mas Kieran e eu não somos casados. E se o
senhor Maslow disser a Kieran para se casar com uma mulher melhor do
que eu? — Jenny parecia genuinamente preocupada.
— Se ele pode dizer a Kieran para se casar com outra pessoa, ele pode
dizer a Gideon para se divorciar de mim também, — declarei.
— Gideon te ama demais para te deixar, — ela respondeu.
— Ele pode dizer que me ama. mas sua família é mais importante. Eu
não o impediria se ele me deixasse por sua família, — eu disse a ela.
— Você está grávida do bebê dele. Acredite em mim. Gideon nunca vai
te deixar, — ela argumentou.
Suspirei. — Você está se preocupando à toa. Kieran ama você. — eu
respondi.
— Você acha que ele me ama o suficiente para lutar neste mundo por
mim?, — ela me perguntou.
Eu concordei. — Eu não acho, eu sei.
— Como você tem tanta certeza?, — ela questionou, a esperança
iluminando seus olhos.
— Eu apenas tenho, — respondi.
Jenny acenou com a cabeça. — Não sei em que acreditar. Mas acho
que não tenho muito tempo. Devemos ir antes que Kieran e Gideon
venham aqui.
— Sim. Tenho certeza que estou passando dos limites, — concordei, e
juntas saímos do banheiro e voltamos para Kieran e Gideon.
Ambos estavam em uma conversa profunda quando voltamos. No
entanto, o que me chamou a atenção foi Elizabeth. que estava sentada
com Henry, lágrimas constantes caindo de seus olhos. Eu fiz uma careta
em confusão: por que ela estava chorando?
— O que aconteceu?, — Jenny perguntou, ainda não se dirigindo a
ninguém.
Kieran balançou a cabeça, o que era uma indicação que ele explicaria
mais tarde. Com um aceno de cabeça. Gideon se dirigiu para mim.
— Venha. Meu pai quer nos ver, — disse Gideon.
— Nós? — Certamente ele não se referia a Gideon e a mim.
— Sim. Você e eu. Venha, não devemos fazê-lo esperar, — afirmou
Gideon.
— Espera. Tem certeza que ele quer me ver?, — Eu perguntei.
— Claro. Brenton acabou de dizer que. depois de Elizabeth. eu iria ver
papai, — disse ele.
— Sim. mas você deve ir sozinho. Tenho certeza de que seu pai não
quer me ver, — eu disse.
Gideon franziu a testa. — Não seja ridícula. Claro que ele quer ver
você. Venha, quando você o vir, você saberá. — Gideon começou a me
puxar, mas resisti.
— Não. Gideon. por favor. Eu sei com certeza que seu pai não quer me
ver. Ele me odeia. Por favor, vá sem mim. Vou esperar por você aqui. —
eu disse.
— Não. Não vou entrar sem você, — afirmou Gideon.
— Não seja bobo, Gideon. Brenton acabou de dizer que não devemos
fazer nada que possa aborrecer seu pai, e eu estar lá vai aborrecê-lo.
Então, por favor, vá. Vou esperar aqui, — eu disse com firmeza.
Gideon suspirou. — Vou entrar aí e direi a papai que vou levá-la para
dentro para vê-lo. Então você virá. Está claro?
Eu balancei minha cabeça. — Não irei se minha presença o incomoda.
Não quero ser a causa de outro ataque cardíaco, — respondi.
Gideon me lançou um olhar cheio de frustração, mas não me mexi. O
senhor Maslow já me odiava. Eu não precisava de outro Maslow me
odiando, e chatear o chefe da família Maslow não iria ajudar.
— Fique aqui, — Gideon ordenou antes de se virar e marchar para a
UTI.
Olhar para Elizabeth enquanto ela enxugava as lágrimas me fez
imaginar o que tinha acontecido com ela. Ela estava chorando lágrimas
de felicidade? Ou eram lágrimas de tristeza?
O senhor Maslow a perdoou ou ele ainda estava com raiva porque ela
arruinou sua reputação na família? Eu gostaria de ter a liberdade de
perguntar, mas sabia que não tinha o direito de interferir.
— Não. Não vou entrar aí com você, Kieran. Você vai. Gideon também
está lá, — ouvi Jenny dizer. Eu me virei para ver os dois discutindo da
mesma maneira que Gideon e eu estávamos fazendo alguns minutos
atrás.
— Se você acha que vou ver meu pai sem você, então você está muito
enganada, — Kieran afirmou, dando a Jenny um olhar duro. Foi loucura
da minha parte pensar que o olhar que Kieran estava dando a Jenny
parecia como se ele quisesse que Jenny se submetesse?
— Kieran... — Jenny começou, mas Kieran a interrompeu.
— Sem argumentos. Você vai comigo para a UTI, mesmo que eu tenha
que arrastar você para lá. — As palavras de Kieran não deixaram espaço
para argumentos. De repente, desejei poder fugir, porque senti que
estava me intrometendo.
Mal esse pensamento entrou em minha mente, senti uma mão apertar
meu bíceps. Levantei os olhos para ver Gideon parado ali, segurando meu
braço.
— O que há de errado? Por que você está de volta tão cedo? — Eu
questionei.
— Pai quer ver você. — Sem esperar minha resposta. Gideon me
arrastou para dentro da UTI.
— Não minta para mim, Gideon. Eu sei que seu pai não quer me ver.
— Na verdade, fadinha. eu não estou mentindo. Papai me disse
especificamente que quer ver você, — respondeu Gideon quando
passamos por várias camas, todas escondidas atrás de cortinas brancas.
Talvez o senhor Maslow estivesse tentando ter outro ataque cardíaco
pedindo para me ver. Talvez Helga o tivesse tomado suicida.
Gideon parou quando alcançamos a quarta cama à direita. Meus olhos
pousaram no senhor Maslow, que estava sentado na cama, ligado a um
monte de fios estranhos.
Ele parecia pálido e frágil, não como o homem poderoso que eu tinha
visto da última vez quando ele estava ameaçando Gideon.
— Olá, Alice, — o senhor Maslow cumprimentou, sua voz grave.
— Olá. senhor Maslow, — eu respondi suavemente.
— Gideon. Você poderia nos dar um pouco de privacidade? Quero
discutir algo com Alice, — disse ele.
Não, não, eu não queria ficar sozinha com ele. Eu dei a Gideon um
olhar suplicante, dizendo-lhe através dos meus olhos como eu não queria
que ele me deixasse. Mas meu marido escolheu aquele momento para
ignorar meus apelos. Marido maldito!
Balançando a cabeça. Gideon deu um passo para trás. — Estarei a
apenas alguns metros de distância, — ele murmurou antes de sair.
— Venha aqui e sente-se, Alice, — instruiu o senhor Maslow depois
que Gideon se foi.
Tudo em mim estava me dizendo para correr na direção oposta, mas
eu fiz o que ele disse e me sentei na cama ao lado dele. O senhor Maslow
agarrou minha mão com as suas gentilmente, um sorriso caloroso no
rosto. Sua pele parecia fina como papel, mas seus olhos tinham um brilho
feliz.
— Como está se sentindo, senhor Maslow? — Eu perguntei.
— Estou muito melhor agora, querida. Obrigada. — Ele apertou
minha mão suavemente. — Você sabe por que chamei você aqui?
— Ah Você quer que eu deixe seu filho? — Imaginei.
O senhor Maslow sorriu tristemente antes de balançar a cabeça. —
Não. querida, exatamente o oposto, na verdade. Gideon te ama e você é
sua felicidade.
Eu errei em tirar sua felicidade e Cometi o pior erro da minha vida
quando escolhi o orgulho em vez da família. Quero que me prometa que
nunca vai deixar meu filho.
Você o faz feliz e quero que fique com ele para sempre, — disse ele.
— Mas você queria uma mulher melhor para Gideon. — respondi. Ele
estava falando sério? Ele realmente queria que eu ficasse com Gideon?
O senhor Maslow riu amargamente. — Como eu disse, eu escolhi
orgulho em vez de família. Escolhi minha reputação em vez da felicidade
dos meus filhos e me arrependo, Alice. Então, por favor, prometa que
nunca vai deixar meu filho, não importa o quão difícil se tome.
Eu não tinha nem ideia do que dizer. Eu estava em êxtase que o
senhor Maslow estava admitindo o fato de que ele estava errado, mas eu
ainda estava hesitante. No entanto, apesar de tudo isso, eu sabia que
amava Gideon e que ficaria com ele de qualquer maneira.
— Eu amo seu filho. Eu amo Gideon e prometo a você que nunca vou
deixá-lo. não importa o quão difícil se tome, — prometi.
O senhor Maslow beijou o topo da minha mão com um sorriso alegre
no rosto. — Obrigado. Muito obrigado, querida. E uma última coisa
antes de chamar Gideon de volta aqui. — Eu fiquei tensa com suas
palavras. O que mais ele queria me dizer?
— Sinto muito. — Isso me surpreendeu. — Por tudo que eu fiz. por
tudo que eu disse a você. Eu sinto muito. Ninguém merecia palavras tão
duras. Por favor, me perdoe, querida.
A sinceridade brilhando em seu olhar era surpreendente. Ele era
realmente o mesmo homem que me maltratou na frente de toda a
família?
Sim! Claro que sim!
— Senhor Maslow... — Eu não tinha ideia do que dizer. Ele tinha me
insultado. Como poderia deixar isso para trás tão cedo?
— Está tudo bem, querida. Você não precisa dizer nada. Sei que
perdoar não será fácil e. francamente, nem mereço. Mas quero que saiba
que realmente sinto muito por tudo e, quando chegar a hora, se você
puder me perdoar, isso é com você.
E quero que saiba que. independentemente de me perdoar ou não. eu
a aceito não apenas como minha nora, mas como minha filha. Não te
aceito apenas como esposa de Gideon. eu te aceito como uma Maslow.
Essas palavras me fizeram pensar se eu estava sonhando ou não. Ele
me aceitou. O senhor Maslow finalmente me aceitou como família. Eu
não pude acreditar. Achei que seria impossível obter sua aceitação, mas
consegui.
Ou talvez Gideon tivesse feito isso, já que ele lutou com seu pai por
mim. Mas o resultado final foi que o senhor Maslow me aceitou como
esposa de Gideon.
— O-obrigada. senhor Maslow, — eu disse.
— Devo agradecer por ter vindo me ver, — disse ele.
— Vocês terminaram? — Gideon perguntou, sua voz soando distante.
— Sim. filho, você pode voltar agora, — respondeu o senhor Maslow.
Em um instante. Gideon apareceu ao meu lado. Quando ele viu
minha mão envolta na do senhor Maslow, um sorriso feliz enfeitou seu
rosto bonito. Gideon se abaixou e beijou minha testa.
— Vocês tiveram uma boa conversa? — Gideon perguntou.
O senhor Maslow acenou com a cabeça. — Sim. nós tivemos, filho.
Mas não pergunte a sua esposa sobre o que conversamos. É entre mim e
ela.
Gideon deu uma risadinha. — Tudo bem. vou tentar manter minha
curiosidade sob controle. — Ele piscou para mim.
O senhor Maslow riu alto. — Faça isso. Agora, onde estão Kieran e
Jenny? Eu gostaria de vê-los agora, — disse ele.
Gideon acenou com a cabeça antes de me puxar para cima e envolver
seu braço em volta de mim. — Vou avisá-los agora que você deseja vê-los.
Vejo você em breve. — Com isso, Gideon e eu saímos da UTI.
— Gideon? — Tentei chamar sua atenção.
— Sim. passarinho?
— Você... Você perdoou seu pai?, — eu perguntei.
Ele assentiu. — Sim. eu perdoei. Porque ele te aceitou, e isso é tudo
que eu queria, — respondeu ele.
— Esse era o seu único problema com ele?, — eu questionei.
Ele acenou com a cabeça novamente. — Sim. Recuso-me a aceitar
qualquer pessoa que não aceite minha esposa. Eu te amo e vou garantir
que o mundo inteiro saiba disso.
Eu ri. — Tem certeza?
Realmente não importa se o mundo inteiro sabe disso. Eu só preciso
ter certeza de que você sabe disso, mas se o mundo inteiro sabe disso,
isso é apenas um ponto positivo.
Eu sorri para Gideon. — Eu amo você.
— E eu te amo, — respondeu ele.
Capítulo 40
Dois anos depois
Eu olhei para a mesa de jantar, que estava cheia de salgadinhos, com
felicidade. Eu não podia esperar os outros chegarem. Minha filha ia fazer
um ano hoje, e a alegria que eu sentia estava além da compreensão
humana.
— Passarinho, por que você está parada aqui?, — Gideon perguntou
baixinho, vindo por trás de mim e me dando um beijo na bochecha.
— Estou apenas me certificando de que está tudo certo, — respondi,
sorrindo para meu marido.
— Tudo está perfeito. — Ele passou os braços em volta de mim. por
trás.
— O bolo está aqui?, — eu perguntei.
— Sim. Acabei de dar para a empregada colocar na geladeira. Onde
está minha filha?, — ele perguntou.
— Com sua tia Jenny. Ela a está preparando. Quando seu pai vem? —
Eu questionei.
— Ele estará aqui em cerca de vinte minutos, pelo menos foi o que
Brenton me disse, — respondeu Gideon.
— Seu pai deve pegar leve agora. Deixe Brenton cuidar das coisas. —
eu disse.
— Papai gosta de trabalhar, o mantém ocupado e distraído. Já agora,
onde está o Jack? — Gideon procurou por nosso filho.
— Seu filho está brincando com seu outro filho, — eu disse a ele com
um sorriso.
— Abioye está feliz aqui, não é? — Um brilho feliz iluminou os olhos
de Gideon com a menção de nosso filho adotivo.
Eu concordei. — Ele chama você de pai e eu de mãe, então, sim. eu
diria que ele é muito feliz aqui. Só espero que Jack não bagunce suas
roupas. — Quando Abioye e Jack brincavam juntos, suas roupas
costumavam ficar sujas.
— Não se preocupe. Jack é um menino crescido, — afirmou Gideon.
— Ele tem apenas dois anos e meio de idade, apenas alguns meses
mais novo do que Abioye, e você está me dizendo que ele é um menino
crescido, — argumentei.
— Não se preocupe, fadinha. As crianças vão ficar bem. — Gideon
beijou minha testa.
— Espero que sim. — Um pensamento repentino me ocorreu, algo
que eu deveria ter perguntado a Gideon há muito tempo. — Gideon?
— Sim. bonitinha?
— Por que você chamou nosso filho de Abioye? — Eu perguntei.
— Porque Abioye significa filho da realeza... e já que íamos adotá-lo,
achei o nome adequado.
— Abioye significa filho da realeza? — Eu não sabia disso.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. Eu estava procurando por
nomes no Google quando o encontrei, — disse ele.
— Ah.
— Certo. Aqui está. Alice. Sua filha está pronta para sua festa de
aniversário, — Jenny disse, segurando Lily em seus braços.
Gideon pegou uma Lily do colo de Jenny, e Lily dava risadinhas
gostosas Jenny vestiu Lily com um vestido fofo azul bebê e adicionou
uma faixa combinando em sua cabeça.
Já que Lily tinha acabado de fazer um. ela tinha apenas uma pequena
quantidade de cabelo loiro avermelhado em sua cabeça.
— Aqui está minha aniversariante. — Gideon beijou sua bochecha
gordinha. Lily, em resposta, envolveu seus minúsculos braços ao redor do
pescoço de Gideon, enterrando seu rosto nele.
O amor que brilhava nos olhos de Gideon por nossa filha deixou meu
coração cheio de alegria. Ele daria sua vida por sua filha.
— Obrigado Jenny por vesti-la, — eu disse a ela.
— Sem problemas, eu adoro fazer isso. Você viu minha filha em algum
lugar? — Jenny perguntou, procurando por sua filha de um ano de idade.
Eu som quando vi Rose, a filha de Jenny, caminhando até nós. — Lá
está ela. — Eu apontei para a menina.
O alívio brilhou nos olhos de Jenny quando ela se abaixou e pegou
Rose. — Onde você esteve, Rosemarie? E onde está o papai? — ela
perguntou à menina.
— Mamãe, papai está em casa, — disse Rose.
— Está, é? — Jenny se virou para Gideon. — Kieran está em casa? —
ela questionou.
— Sim ele está. — Foi Kieran quem respondeu, quando se juntou a
nós na sala de jantar, dando um abraço em Jenny por trás. — Como você
está, morango? — Kieran beijou a têmpora de Jenny.
— Estou bem. Por que demorou tanto? — ela perguntou.
— Eu estava tentando encontrar o presente perfeito para minha
sobrinha. Leva tempo. — Kieran respondeu.
— Onde está Elizabeth? — Eu questionei.
— Ela está a caminho. Por que você não relaxa? Tudo parece perfeito,
— disse Gideon.
— Vou relaxar quando todos chegarem e o aniversário da minha filha
passar sem nenhum incidente, — eu disse, olhando para o relógio, que
parecia estar correndo na velocidade da luz.
— Todo mundo ainda não está aqui? — Nico perguntou, entrando na
sala de jantar.
— Não! Eles estão atrasados, — respondi ao meu irmão mais novo.
— Está tudo bem, irmãzinha. Tudo correrá bem, — disse Brenton,
entrando na sala de jantar, seguido pelo próprio senhor Maslow. Embora
o senhor Maslow tivesse sofrido um ataque cardíaco há dois anos, ele
parecia saudável. Não havia sinal do velho pálido que visitei na UTI.
Naquele dia. o senhor Maslow perdoou todos os seus filhos e reuniu
sua família mais uma vez. E eu acreditava que o senhor Maslow estava
feliz com sua decisão.
Cada vez que Lizzy — ia vê-lo. ele tinha o maior sorriso no rosto e seu
amor pelos netos era incondicional.
Ele amava cada uma das crianças, até mesmo Abioye, e fazia questão
de que todos fossem tratados da mesma forma. Ele não era mais o
homem que valorizava status e riqueza: ele era um homem que agora
valorizava a família e o amor.
— Pai! — Gideon e Kieran disseram ao mesmo tempo, rapidamente
dando um abraço em seu pai. Gideon entregou Lily para mim antes de ir
até ele.
— Você sabe. Estou tão feliz que a vadia Helga está fora de nossas
vidas, — Jenny disse para mim. olhando o senhor Maslow conversando
com seus filhos.
— Nem me falo. Você não tem ideia de como estou feliz por ela não
estar mais aqui, — eu concordei. Depois que os seguranças levaram
Helga embora. Kieran se certificou de que ela não conseguiria emprego
em nenhum outro lugar e a mandou embora para sabe-se lá onde.
Assim que Helga saiu de cena, a proibição dos andares sete e
superiores foi finalmente suspensa. Já que Elizabeth não era mais um
assunto delicado para a família. o castelo inteiro agora estava aberto a
todos os membros da família.
A coisa boa que resultou da partida de Helga foi o fato de que os
Maslows não confiavam mais na equipe tão cegamente como nos últimos
anos.
— Por que vocês estão paradas aí? Venha e dê um abraço neste velho,
— o senhor Maslow ordenou suavemente.
Balançando a cabeça, devolvi Lily para Gideon. antes de ir até ele e
quando o senhor Maslow passou os braços em volta de mim. senti como
se fosse meu próprio pai me abraçando.
Lembrei-me dos abraços de meu pai como sendo calorosos e
reconfortantes, e foi exatamente assim que me senti nos braços do
senhor Maslow.
— Onde estão meus netos? — ele perguntou-me.
— Bem. eles estão brincando um com o outro. Eles devem estar aqui
em breve, — eu respondi.
— Bom, o porta-malas do meu carro está cheio de presentes, — disse
ele antes de me soltar e envolver Jenny em um abraço de urso.
— Vovô! — Abioye e Jackson correram em direção ao senhor Maslow.
que mal teve tempo de libertar Jenny antes que meus dois filhos
capturassem suas pernas.
O senhor Maslow riu, abaixando-se até ficar ao nível dos olhos de
Abioye e Jack. Os dois meninos foram capazes de abraçar seu avô
adequadamente quando ele se ajoelhou.
— Aqui estão meus príncipes. Onde vocês dois estiveram? — O senhor
Maslow perguntou aos meninos.
— Vovô, Abi e eu estávamos brincando, — Jack respondeu
animadamente.
— Brincando de quê?
— Policiais! — Abioye anunciou.
— Sim! — Jackson concordou. — Vovô, o que você me trouxe? — ele
perguntou.
— Eu tenho muitos presentes para vocês dois. — O senhor Maslow
sorriu para os meninos.
Fiquei surpreso que o senhor Maslow aceitou Abioye tão facilmente.
Quando Gideon anunciou que adotaríamos um bebê, pensei que o
senhor Maslow protestaria ou ameaçaria expulsar Gideon. mas ele não
fez nenhuma dessas coisas.
Ele aceitou a decisão de Gideon e minha e até tratou Abioye como se
ele realmente fizesse parte da família. Eu duvidava que Abioye alguma
vez se perguntasse sobre sua família real.
Ele estava recebendo tanto amor aqui que eu não acho que ele iria
considerar o fato de que ele foi adotado.
Um sorriso se espalhou pelos meus lábios quando Elizabeth entrou
com Henry e seus três filhos. Finalmente, todo mundo estava aqui. Agora
podemos começar a festa.
A filha de Elizabeth estava adorável em um vestido amarelo, enquanto
seus filhos usavam roupas combinando.
— Onde está a aniversariante? — Lizzy perguntou antes de pegar Lily
de mim e dar um beijo em sua bochecha.
— Olá, Elizabeth, — eu disse, observando todos reunidos ao redor,
rindo e conversando uns com os outros.
Elizabeth revirou os olhos. — Você pode me chamar de Lizzy? Já se
passaram dois anos e você ainda me chama pelo meu nome completo. —
Ela sorriu para minha filha.
— Elizabeth é o seu nome, — expliquei com um encolher de ombros.
— Sua mamãe nunca vai aprender, não é? — Ela deu outro beijo em
Lily.
— Ei! Não há necessidade de dizer isso à minha filha. — Eu fiz uma
careta.
‘‘Você pode esquecê-la pelo resto da noite. Ela é minha agora, —
Elizabeth me disse.
— E quanto aos seus filhos? — Eu levantei minhas sobrancelhas em
questão.
— Você pode cuidar deles. — Elizabeth virou-se para Jenny. — Dê-me
sua filha. Estas duas meninas são minhas esta noite, — ela afirmou,
olhando Rose com afeto.
— Por que você está atrás das filhas? Por que não os meninos? —
Jenny perguntou.
Elizabeth zombou. — Você está brincando?! Meninas são divertidas.
Além disso, é bom ver as meninas da família Maslow. Eu juro que esta
família está cheia de meninos.
— Sim. A maldição da família — reconheceu Jenny.
— Sim. Mas, para sua sorte, você conseguiu quebrar a maldição da
família. — Elizabeth falou para Jenny, e então olhou para mim. —
Desculpe. Alice. Mas você não conseguiu quebrar a maldição. Você tem
um menino primeiro.
— Você também. — Eu fiz beicinho.
— Sim. bem. eu tenho sangue Maslow em mim. Eu estava destinada a
ter um menino, — Elizabeth respondeu.
— Isso… Isso… — Eu não tive nenhuma réplica para isso, então me
conformei com um olhar de desaprovação.
— Ei. Por que você não vai dizer às empregadas para trazerem o bolo?
Todo mundo está aqui, então por que não cortar o bolo? — Gideon
sugeriu.
Dando uma olhada nos outros, eu balancei a cabeça. — Sim. tudo
bem. vou dizer a eles para trazerem o bolo. — Com uma última olhada
nas crianças para me certificar de que estavam bem. fui para a cozinha.
Quando avistei duas criadas mexendo em um monte de copos, gritei
seus nomes para chamar sua atenção.
— Abbie? Anne? — As duas olharam para mim. esquecendo-se dos
copos. — Vocês podem trazer o bolo agora? — Eu pedi.
— Sim. claro, senhora Maslow. Levaremos o bolo imediatamente, —
Abbie respondeu com um sorrisinho.
— Obrigada. — Com um sorriso, saí da cozinha e voltei para a sala de
jantar.
— Quando virá o bolo? — Jenny perguntou.
— Por quê? Já está com fome? — Eu ri.
— Sim. Estou grávida, — ela se defendeu.
— Claro. Perdoe minha ignorância, — provoquei.
— Por que você está provocando minha esposa, cogumelinho? —
Kieran se aproximou, beijando Jenny nos lábios.
— Estou com fome, — disse Jenny a Kieran.
— Está tudo bem, morango. Por que você não vai e se serve de alguns
lanches? — ele sugeriu.
— Mas seria rude na frente de tantas pessoas, — ela respondeu.
— Essas regras não se aplicam a você. Venha, eu vou comer com você.
— Espere dois minutos. O bolo está quase aqui, — afirmei.
— Ouça Alice. Vamos esperar dois minutos, — disse Jenny ao marido.
Assim que Jenny terminou de falar, as criadas trouxeram o bolo e, ao
vê-lo. fiquei com água na boca. O bolo era um bolo de chocolate branco
de quatro camadas.
Parecia adequado para uma princesa, mas, novamente. Lily era nada
menos que uma princesa: ela governou nossos corações. Abbie e Anne
colocaram o bolo na mesa de jantar antes de irem embora.
Quase imediatamente, os Maslows ocuparam seus respectivos lugares.
Desde a adição das crianças. Gideon encomendou uma mesa de jantar
maior, que acomodasse a todos confortavelmente e ninguém ficasse de
fora.
— Tudo bem. onde está minha filha? É hora de cortar o bolo. —
Gideon se levantou e viu Lily sentada no colo de Elizabeth. — Lizzy,
devolva minha filha.
Ele foi até ela e pegou nossa filha. — Venha, Alice. E hora de cortar o
bolo.
Levantei-me e fui até onde Gideon estava parado com Lily nos braços
na frente do bolo, segurando uma faca com a mão livre.
Colocando minha mão sobre a de Gideon. deslizamos a faca pelo bolo,
enquanto os Maslows cantavam a tradicional canção de feliz aniversário.
Quando o bolo foi cortado. Gideon deu um beijo na bochecha de Lily
antes de transferi-la para o senhor Maslow enquanto eu cortava o bolo
para todos.
— A primeira fatia é para você, Jenny. — Eu deslizei o prato para ela. e
ela comeu como se estivesse morrendo de fome por dias.
— Papai, eu quero um balão de ar quente no meu aniversário, —
afirmou Jackson, fazendo Brenton cair na gargalhada.
— Brent? Você o colocou nisso? — Gideon perguntou.
— Ah não. Eu sou inocente, — respondeu Brenton.
— Sim. Ele é tão inocente que nem mesmo com ida uma garota para
sair há dois anos. Estou começando a achar que ele é gay, — afirmou
Kieran. fazendo Elizabeth e Henry rirem.
— Vocês podem usar uma linguagem decente na frente das crianças?,
— o senhor Maslow repreendeu.
— Desculpe, pai. — Brenton e Kieran disseram em coro.
— Às vezes me pergunto se vocês vão crescer, — murmurou o senhor
Maslow.
— Tudo bem. se todos já terminaram de falar, gostaria de fazer um
pequeno anúncio, — disse Gideon, efetivamente chamando a atenção de
todos.
— Obrigado. Agora, como todos vocês sabem, minha filha. Lily, a
segunda garota que conseguiu capturar meu coração, fez um ano hoje. E
tudo o que quero dizer é que espero que ela obtenha toda a felicidade que
merece e que juro a proteger de todos os males e perigos deste mundo.
— Sim! — os Maslow responderam em coro, surpreendendo-me com
sua unidade.
— Vou me certificar de que nenhum cara seja capaz de chegar a
quinze metros dela, — anunciou Brenton.
— Não! Não seja superprotetor com minha filha, — objetei.
— Desculpe, irmãzinha, sou o tio aqui, — respondeu ele.
— Podemos debater o quão superprotetores seremos quando Lily
crescer. Mas. por enquanto, vamos comer!, — Kieran afirmou. E de
repente, todos se serviram dos lanches.
Enquanto todos estavam ocupados comendo, parei um momento para
refletir sobre o amor e a felicidade que essa família me deu.
Achei que seria a esposa temporária de Gideon. que ele deixaria assim
que o contrato de um ano terminasse, mas o destino tinha um jeito
engraçado de brincar conosco e transformou um ano em uma
eternidade.
Eu não tive berço: eu era pobre, mas valorizava a família e o amor.
Estar com os Maslows realmente me fez perceber a importância da
família, e eu tinha certeza de uma coisa.
Não é dinheiro que nos toma ricos. É a família e o número de pessoas
que nos amam e apoiam incondicionalmente que nos toma ricos.
O dinheiro vem e vai dependendo do tempo, mas a família e os
amigos ficam para sempre.
E essa é a verdadeira riqueza.
Livro 2 – Sem Revisão
 
Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda
Capítulo 1
Alice

A sensação de beijos leves descendo pela parte de trás do meu pescoço


me forçou a abrir os olhos para o homem que fazia meu sangue cantar e
minha alma brilhar.
Os olhos verde-mar, de Gideon, olhavam para mim cheios de amor e
propósito. Eu sabia que ele seria extremamente exigente hoje — me
querendo de maneiras que eu não podia nem imaginar.
— Bom dia, bonitinha, — ele murmurou contra a minha pele, sua voz
era um tom de barítono profundo e sexy, resultado de uma boa noite de
sono.
— Feliz aniversário, meu maridinho sexy, — eu respondi, envolvendo
meus braços em volta do seu pescoço e colocando meus lábios contra os
dele, enquanto ele tirava minhas roupas rapidamente antes de empurrar
seu comprimento grosso direto para o meu núcleo gotejante.
Arqueei meu corpo para encontrar suas estocadas profundas
enquanto ele derramava seu amor e paixão em mim, não me deixando
escolha que não fosse aceitá-los.
O som de nossos gemidos ofegantes era tudo que eu podia ouvir
enquanto a sensação de Gideon entrando e saindo de mim me deixava
lutando para recuperar meus outros sentidos.
Ele se certificou de que eu não pudesse sentir nada exceto ele,
enquanto ele entrava em mim, me fazendo desejar que essa deliciosa
tortura durasse para sempre, ao mesmo tempo que desejava que parasse
imediatamente, pois o intenso prazer estava me deixando louca.
Ainda me surpreendia em como, mesmo depois de tantos anos juntos,
Gideon continuava capaz de me torturar com prazer.
Normalmente, durante tanto tempo quanto eu e meu marido estamos
juntos, os casais se acostumaram um com o outro, mas eu não.
Eu acreditava que nunca iria me acostumar com Gideon sendo meu
marido, ou mesmo com a maneira como ele tocava meu corpo como se
fosse seu instrumento favorito.
— Você não foi muito legal comigo ontem à noite, bonitinha, — ele
disse enquanto mordia meu seio esquerdo, causando uma dor deliciosa
em minha espinha.
Como ele conseguia transformar dor em prazer? Por que suas palavras
sombrias me excitavam?
— Quem espera, sempre alcança, — consegui responder, pensando na
noite passada, quando Gideon queria transar exatamente à meia-noite
porque queria que eu fosse seu primeiro presente de aniversário.
Mas eu não deixei que ele me tocasse porque eu queria que ele fizesse
amor comigo logo de manhã, porque para mim, o nascer do sol marcava
o início do dia.
— Bem, eu não fui capaz de dormir muito bem na noite passada,
então não se surpreenda se eu não deixar você dormir esta noite, —
afirmou ele enquanto a força de suas estocadas aumentava, me
empurrando cada vez mais para dentro do abismo de prazer.
— Eu sou sua, Gideon. Você pode me ter quando quiser, como quiser,
— eu disse a ele assim que ele diminuiu o ritmo.
Ele gemeu quando atingiu seu clímax, me forçando ao meu orgasmo
enquanto eu via estrelas explodindo na minha frente, cegando-me para
tudo, exceto para o puro prazer que parecia causar um curto-circuito em
minhas terminações nervosas.
— Pode ter certeza disso. Você é minha e só minha. Basta pensar em
outro homem, e eu não hesitaria em cometer um assassinato, — ele
rangeu, seus olhos brilhando com convicção enquanto seus braços se
apertaram em volta de mim em um aperto possessivo.
Eu segurei o lado de seu rosto. — Nunca, Gideon. Você é o único para
mim, agora e para sempre. Não há lugar para nenhum outro homem em
meu coração. E só você. Sempre será só você.
— Isso mesmo. Só eu, — ele repetiu antes de se abaixar e me beijar.
Parecia que ele estava me forçando a engolir cada gota de amor que ele
tinha por mim, me marcando para que ninguém mais pudesse me ter.
Foi só quando comecei a sentir tonturas devido à falta de ar, que ele se
afastou, permitindo-me respirar livremente mais uma vez.
— Vamos, temos um dia cheio. Ainda há muito a ser feito, e se você
me mantiver aqui por mais tempo, não terei tempo de fazer tudo, e
acredite, não quero que nossos convidados vão embora sem jantar, — eu
disse.
Fiz menção de sair da cama, mas, como sempre, Gideon se recusou a
me deixar ir.
— Ainda não. Quero passar mais tempo com minha linda esposa,
especialmente considerando que noite passada ela conseguiu o que quis,
— resmungou, mordiscando minha orelha de brincadeira, porém
fazendo-me gritar alto o suficiente para acordar as crianças.
— Você precisa ser um menino grande agora. Você fez trinta anos
hoje, — eu disse.
— Chegar aos trinta significa que você deve se adaptar melhor às
necessidades de seu mando, — argumentou.
Eu ri. — É mesmo? — Antes que ele pudesse reagir, eu o puxei para
baixo e rolei para sentar em cima dele.
— Bem, se meu marido quer uma esposa complacente, então ele a
terá, — eu disse antes de segurar seu grosso comprimento e suavemente
encaixá-lo dentro de mim, nossos gemidos de prazer abafando tudo ao
nosso redor.
***

— Mãe, posso te ajudar com alguma coisa?, — Abioye me perguntou


enquanto me observava despejar a massa nas bandejas de cupcake.
— Não, obrigada, querido. Por que você não se certifica de que seu
irmão e irmã não estão brincando na terra?
Eu realmente não queria ter que trocar as roupas de nenhum dos
meus filhos. Abioye tinha idade suficiente para saber quando podia sujar
as roupas e quando não podia.
— Tem certeza? Eu sei que Jack e Lily estão no quarto de brinquedos,
— ele continuou.
— E o quarto de brinquedos não está sujo?, — eu perguntei enquanto
colocava a bandeja no forno e lavava minhas mãos.
Assim que os cupcakes ficassem prontos, eu poderia ir e me arrumar.
Os convidados chegariam em breve, e eu queria que tudo estivesse
perfeito.
Gideon e eu percorremos um longo caminho desde aquele dia fatídico
em seu escritório, quando fui para a entrevista. Nunca pensei que
acabaria amando o homem que na época parecia apenas se importar
consigo mesmo.
E agora eu não conseguia imaginar minha vida sem ele. Eu só queria
que ele passasse um pouco mais de tempo comigo e com as crianças,
porque seu trabalho o mantinha longe de nós.
Os filhos sentiam muita falta dele, e viviam ansiosos pelos finais de
semana em que ele deveria estar por perto, mas mesmo assim, raramente
ele consegue tempo para lidar com todos seus projetos e negócios.
— Tio Nico está lá, então está limpo, — Abioye respondeu.
Eu sabia que ele não sairia da cozinha até que eu permitisse que ele
me ajudasse em algo, mas não queria envolvê-lo em nada que pudesse
machucá-lo.
Ele ainda era muito jovem, mas estava decidido a me ajudar em tudo,
por mais que eu dissesse que não precisava de ajuda.
— Tudo bem, então você pode sentar e me fazer companhia.
Sequei minhas mãos com uma toalha de papel enquanto observava
Lola fazendo o jantar para a família. Eu tinha cozinhado alguns dos itens
favoritos de Gideon, mas ainda precisávamos alimentar muitas pessoas.
Agora que Helga estava fora de cena, Lola era a nova governanta, e por
hora parecia estar se saindo muito bem.
No entanto, eu ainda tinha meus receios com ela por causa do que
aconteceu com Helga, mas esperava que, com o tempo, eu aprendesse a
confiar mais nela.
— Tem certeza que não posso te ajudar em nada?, — Abioye
perguntou de novo assim que Nico desceu as escadas, parecendo
frustrado.
— Nico, o que há de errado? — Corri meus olhos sobre ele,
certificando-me de que ele estava respirando corretamente e não tinha
nenhum problema de coração.
Embora a cirurgia tenha sido um sucesso, eu não conseguia me livrar
do medo persistente de que algo pudesse acontecer com ele.
Todos os médicos do mundo me garantiram que o coração de Nico
estava perfeitamente bem agora, e que eu não precisava me preocupar.
Eu me perguntava se algum dia seria capaz de superar essa constante
preocupação.
— Seus filhos não estão me deixando ler meu livro, — reclamou.
— Hmm, é para a escola?, — eu perguntei.
Nico iria fazer o GCSE no próximo ano e estava dedicando a maior
parte do tempo aos estudos para se preparar para as provas, pois queria
se tornar um médico e, portanto, não podia se distrair.
Eu me perguntava se haveria alguém capaz de fazê-lo sair de sua bolha
e fazer com que ele tivesse uma experiência normal de estudante.
— Sim, é para a escola. Você pode dizer a eles para me deixarem em
paz por pelo menos duas horas, e então eu brincarei com eles o quanto
quiserem?, — ele me implorou.
— Você mesmo pode dizer isso a eles. — Eu suprimi uma risadinha
por causa de sua carranca.
— Já fiz isso, mas eles querem brincar de esconde-esconde. Você é a
mãe deles, eles vão te ouvir, — argumentou.
— Tudo bem, tudo bem, acalme-se. Vou ver as crianças e você pode ir
para o seu quarto ler mais um pouco, afinal os convidados chegarão logo,
e não quero você enfurnado no quarto com um livro, está claro?
— Sim, senhora, — disse ele antes de sair correndo, deixando-me com
Abioye mais uma vez.
— Venha, vamos ver o que seu irmão e sua irmã estão fazendo.
Enquanto subíamos as escadas, mantive Abioye à minha frente para
tentar evitar que ele tropeçasse e se machucasse.
No entanto, chegando no segundo andar, vi Brian Maslow, o pai de
Gideon, em seu quarto, em frente ao retrato de sua esposa.
Ele estava vestido para a festa, mas a umidade em seus olhos me dizia
que ele não estava pronto para enfrentar os convidados.
— Me perdoe meu amor. Perdoe-me por tirar essa chance de você.
Você não está aqui para ver seu filho fazendo trinta anos. Perdoe-me,
querida, — disse ele, acariciando o retrato de sua esposa enquanto as
lágrimas escorriam livremente de seus olhos.
— Mamãe? Por que o vovô está chorando?, — Abioye perguntou,
preocupação brilhando em seus olhos.
— Ele deve estar triste por algum motivo, querido. Por que você não
vai em frente e checa o Jack e a Lily enquanto eu converso com seu avô,
— eu disse, dando-lhe um leve empurrão na direção do quarto de
brinquedos.
Assim que Abioye sumiu de vista, tomei coragem e bati na porta,
esperando que Brian Maslow não me mandasse desaparecer.
Observei enquanto ele enxugava rapidamente o rosto com as mãos
antes de se virar para mim com um sorriso. — Alice? Que surpresa boa!
Eu não estava esperando você aqui.
— Posso me juntar a você por alguns minutos? Se... se você não estiver
ocupado. — Eu não sabia por que eu tinha tanto medo desse homem,
talvez porque ele era o único que tinha o poder de separar Gideon de
mim.
— Claro, eu estava apenas conversando com minha esposa. Você pode
pensar que estou enlouquecendo, mas não sei que outra forma poderia
falar com ela, então este retrato é tudo que tenho, — explicou ele.
— Eu não acho que você esteja enlouquecendo. Se eu estivesse no seu
lugar, faria o mesmo, — disse eu, na esperança de lhe dar um pouco de
paz de espírito.
Brian suspirou enquanto a tristeza se acumulava em seus olhos. — Eu
me arrependi daquele dia todos os dias desde que aconteceu, e
continuarei me arrependendo até o fim dos tempos. Você acha que um
dia ela vai me perdoar? Eu tirei tudo dela.
— Eu acho que sim. Apesar de ela não ter estado presente para apoiá-
lo, você fez o melhor para criar seus filhos.
— Eu sou a razão pela qual ela não estava presente para me apoiar. E
como eu criei meus filhos? Uma fugiu para ficar com quem amava, os
outros cresceram me odiando porque me recusei a aceitar seus parceiros.
— Eles não te odeiam. Eles respeitam você. Eu sei o que é o ódio e,
acredite em mim, nenhum de seus filhos odeia você. Eles obedecem a
cada comando seu porque o admiram. Você é o herói deles, Sr. Maslow,
— eu disse.
Eu esperava que ele não me dissesse para cuidar da minha própria vida
e manter meu discurso para mim.
— Eu não seria tão rápido em concordar, querida. Só espero que
minha esposa seja capaz de me perdoar. Isso é tudo que eu quero agora.
— Sei que meus filhos estão felizes com suas vidas e acho que chegou
a hora de dar um passo atrás e permitir que meus filhos assumam a
empresa, — disse ele.
— Eles já não estão no comando da empresa? — Minha sobrancelha
franziu em confusão.
— Eles estão, mas eu ainda sou o chefe, e acho que é hora de passar o
bastão para Gideon. Ele provou ser mais do que capaz de administrar o
negócio e fazê-lo prosperar.
— Vou anunciar durante o jantar. Até então, será um segredo entre
nós dois, — respondeu ele.
Fiquei feliz por Gideon, de verdade. Ele havia dedicado sua vida aos
negócios da família, constantemente levando-o a novos patamares. E
agora ele estava colhendo o fruto de seu trabalho.
Ele finalmente estava conseguindo a posição que merecia. No entanto,
a vozinha na minha cabeça me lembrou de como ele ficaria mais ocupado
do que nunca, o que significava que eu mal o veria.
Gideon trabalhou toda a sua vida. Ele merece isso-
Sim, ele merece. E como esposa dele, eu precisava apoiá-lo. Ele estava
trabalhando duro para nos dar a melhor vida, mas eu gostaria que ele
percebesse que tudo o que queríamos era ele. Ele ficar conosco era tudo
que eu queria.
— Não se preocupe, seu segredo está seguro comigo, — eu disse assim
que Lola apareceu. Minhas defesas subiram, e me perguntei o que ela
queria dizer na frente do Sr. Maslow.
— Sra. Maslow, a comida está pronta e os convidados chegaram, — ela
disse, mantendo os olhos em mim.
— Obrigado, Lola. Ofereça a eles refrescos, já estaremos lá, — eu
respondi, e ela acenou com a cabeça e saiu.
— Kieran e Brenton devem estar aqui. Devemos ir? — Eu sorri para
ele, gostando do fato de que ele se abriu para mim. Meu sogro demorou
um pouco para começar a gostar de mim, mas parecia que nosso
relacionamento estava melhorando.
É
— Sim, vamos lá. É hora de passar a coroa para meu filho, — afirmou
antes de dar uma última olhada no retrato de sua esposa e sair de seu
quarto, deixando-me segui-lo.
Era isso.
Hoje era o trigésimo aniversário de Gideon e ele finalmente seria
nomeado chefe da Maslow Enterprises. Nada poderia estragar este dia
para nós.
Se eu soubesse o quão errada eu estava.
Capítulo 2
Alice

Eu não pude evitar o sorriso que apareceu no meu rosto ao ver Kieran
e Jenny. Esses dois eram minhas pessoas favoritas na Terra, exceto minha
família imediata.
Havia algo tão doce neles que eu podia esquecer minhas preocupações
quando eles estavam por perto.
— Oi, Alice, — Jenny me cumprimentou com um abraço antes de me
entregar uma caixa embrulhada para presente.
— Isto é para Gideon. Não sei se ele vai gostar do que trouxe, mas isso
é o melhor que pude fazer. O que dar de presente a um homem que tem
tudo, né?
— Obrigada e não se preocupe, seja o que for, tenho certeza de que
Gideon vai adorar, — assegurei-lhe.
Embora Gideon fosse jogar este presente de lado alguns anos atrás, ele
estava diferente agora. Ele apreciava tudo o que lhe era dado por outra
pessoa.
— Onde ele está, aliás?, — Jenny perguntou, sentando-se no sofá.
— Ele provavelmente está de pé na frente do espelho, elogiando a si
mesmo, porque sabe que não vamos fazer isso, — disse Kieran, a diversão
brilhando em seus olhos brilhantes.
Como esse homem conseguia brincar o tempo todo, eu nunca
entenderia. Eu era tão ruim em fazer piadas que a facilidade de Kieran
fazendo comédia sempre parecia um talento oculto.
— Isso não é verdade, — eu disse enquanto balançava minha cabeça,
suprimindo minha vontade de rir alto. Eu não poderia rir pois o pai de
Gideon estava presente, sentado na poltrona.
— Aposto cinquenta libras que é exatamente o que ele está fazendo,
cogumelinho. E a única razão pela qual você está aqui e não com ele é
porque ele gosta de se adorar em particular.
— Quero dizer, o mundo o idolatrar não é suficiente, ele também
precisa alimentar seu ego por si mesmo.
Ele balançou a cabeça como se não pudesse acreditar que tinha
Gideon como irmão.
— Você está exagerando. Ele está apenas se preparando. Afinal, é seu
trigésimo aniversário, dê um tempo para ele. Mesmo que ele esteja
praticando um discurso, deixe-o fazê-lo.
Isso veio de Jenny, que parecia estar acomodada no sofá.
— Viu? É exatamente disso que estou falando: todo mundo o apoia e
praticamente idolatra o chão onde ele pisa, e vocês não querem que eu dê
um basta nisso?
Se havia alguém com dom para o drama, esse alguém era Kieran
Maslow. O homem sabia chamar a atenção do público e fazer com que se
divertissem.
Se Brenton possuísse características semelhantes, provavelmente eu
não teria tanto medo de chegar perto dele, mas ele ainda era muito frio
comigo, e era melhor ficar longe dele.
— Você está com inveja de não estar no lugar dele, — Jenny o
provocou enquanto ele se jogava no sofá ao lado dela.
— Cuidado, moranguinho, me provocar pode apenas colocar você em
apuros.
Eu não tinha certeza se Kieran queria que suas palavras alcançassem
meus ouvidos, mas elas alcançaram, e eu não pude evitar me sentir
desconfortável e desviar o olhar no momento em que Jenny corou em um
tom profundo de vermelho.
Sim, eu realmente não deveria ter ouvido isso.
— Tio Keean!!, — Jack gritou, seguido por Lily enquanto cornam em
direção a Kieran, que estava pronto para envolvê-los em seus braços e
colocá-los em seu colo.
Corri meus olhos rapidamente sobre Lily e Jack, certificando-me de
que suas roupas não estavam sujas, antes de procurar Abioye, que estava
de pé ao meu lado segurando a saia do meu vestido, que caia um pouco
acima dos meus joelhos.
— Abioye, por que você não vai cumprimentar seu tio Kieran e tio
Brenton?, — eu perguntei enquanto passava a mão sobre sua cabeça.
— Deixe Jack e Lily terem sua vez. Eu posso ir depois, — ele disse, mas
eu podia ver à vontade em seu rosto enquanto esperava ser segurado por
seu tio.
— Abioye, venha aqui. — O som da voz de Brenton me deixou tensa.
O que ele queria com Abioye? Ele pretendia dizer algo desagradável para
ele?
Brenton nunca será desagradável com uma criança, e você sabe disso.
Sim, minha voz interior estava correta. Brenton nunca faria mal a uma
criança e, com essa crença, dei a meu filho um sorriso tranquilizador e
acenei para que ele fosse até seu tio.
— Como vai você, tio Brenton?, — Abioye perguntou, sendo o mais
educado possível.
— Estou bem, obrigado. Tenho uma surpresa para você, — respondeu
Brenton antes de dar a Abioye uma grande caixa embrulhada em papel de
presente estampado com Tom e Jerry.
— Para mim? — Abioye olhou para Brenton, depois para mim, depois
de volta para Brenton antes de pousar o olhar na caixa.
— Apenas para você. Nada de compartilhar com seus irmãos mais
novos, — Brenton disse a ele.
— P-posso abrir? — Desta vez, Abioye olhou para mim pedindo
permissão, mas obteve a resposta de Brenton.
— Claro. Eu quero que você veja o que eu trouxe para você.
Nessa altura do campeonato, Jack e Lily estavam com os olhos colados
na caixa de presente, e se Kieran não os estivesse segurando, eu tinha
certeza que eles teriam corrido e pegado a caixa de Abioye, e Abioye
sendo a criança doce que era, teria rendido a caixa sem lutar.
Com dedos pequenos, mas determinados, Abioye tentou rasgar o
embrulho, mas não conseguiu, deixando Brenton pegar a caixa dele e
remover o papel de embrulho, revelando o presente que estava dentro.
— Oh! Muitos livros! — Abioye exclamou enquanto seus olhos se
arregalaram de admiração ao ver a pilha de livros embrulhados na frente
dele. — Como você sabia?
Abioye era jovem, mas ver Nico lendo constantemente o transformou
em um leitor. Em vez de pedir brinquedos, ele nos pedia que lhe
comprássemos livros, e Gideon ficava muito feliz em atender esse pedido.
Eu poderia dizer que ele estava orgulhoso de Abioye por ser uma
criança inteligente, e ele queria que Jack e Lily seguissem seus passos.
— Eu sou seu tio, então eu tenho que ser tão inteligente quanto você,
— Brenton disse, despenteando o cabelo de Abioye, o que só o fez sorrir
mais quando sua atenção foi mais uma vez roubada por seus novos livros.
Obrigado, tio Brenton. Você é demais!
— O aniversário é meu, então por que todo mundo está ganhando
presentes menos eu? — Virei-me para ver Gideon parado na soleira da
sala principal, parecendo absolutamente maravilhoso.
Ele usava um terno azul-marinho, que combinava com a cor do meu
vestido, e uma camisa branca com gravata vermelha. O traje o vestia com
perfeição, acentuando os músculos que eu sabia que eram deliciosos.
O pensamento perverso me fez corar, e eu esperava que ninguém
percebesse para onde minha mente estava indo.
— Não faça beicinho, Gideon, não combina com você, — Kieran
repreendeu, o que só fez a carranca de Gideon se aprofundar.
— Na verdade, temos um belo presente de aniversário para você, mas
temos que esperar até que todos estejam aqui antes de revelá-lo.
— É melhor ser bom. Faz três anos que não recebo nada de você no
meu aniversário, e você deveria ter vergonha de si mesmo, — Gideon
reclamou, passando um braço em volta da minha cintura e me puxando
para mais perto dele.
— Ah, você vai adorar, — respondeu Kieran. Ao lado dele, Brenton nu
e balançou a cabeça como se estivesse rindo de uma piada particular.
— Não me diga que vocês começaram a festa sem mim. — Elizabeth,
com seu mando Henry e seus filhos, entrou usando um vestido marrom
com detalhes em ouro.
— Ah não, nós não ousaríamos, — Kieran falou lentamente com um
rolar de olhos fazendo Elizabeth bufar de indignação.
— Bom mesmo. Agora vamos, Alice, vou ajudá-la a pôr a mesa. Venha,
Jenny, — Elizabeth declarou antes de se virar e sair da sala, deixando
Jenny e eu a seguindo às pressas.
— O que você comprou para ele?, — perguntei à Jenny quando
chegamos na cozinha, longe dos homens curiosos.
— Um terno. Não é Armani, mas é o que eu poderia pagar, — ela
respondeu, olhando para seus pés, e eu percebi que ela estava se sentindo
constrangida.
Tenho certeza de que Gideon vai adorar.
— Sim, todos nós sabemos que ele vai adorar, mas a real pergunta é:
como você conseguiu mantê-lo longe das notícias hoje?, — Lizzy me
perguntou.
— Fiz o meu melhor e, acredite, foi bastante difícil. Você sabe que a
primeira coisa que Gideon faz ao acordar é verificar as notícias, certo? Foi
cruel me colocar nessa tarefa, — reclamei enquanto empilhava comida
nas travessas.
— Não havia ninguém que pudesse fazer isso, você sabe disso, — disse
Jenny.
— Exatamente. Você é a única que tem o poder de distrair Gideon e
mantê-lo assim por algum tempo, caso contrário, aquele homem se
certifica de manter seus olhos e ouvidos abertos até mesmo para o mais
insignificante dos boatos, — Lizzy concordou.
Eu sei. Só estou dizendo que não foi fácil.
— Mas aposto que foi divertido. — Jenny balançou as sobrancelhas
com um sorriso conhecedor em seu rosto, que instantaneamente me fez
corar e tossir, o que fez as duas explodirem em gargalhadas.
— Vamos lá, é melhor pegarmos a comida antes que os homens
comecem a rosnar como um bando de homens das cavernas, — Lizzy
disse enquanto cada uma de nós pegava uma travessa de comida e
voltava para a sala de jantar, para pôr a mesa.
— A comida vai dar para todos, certo?, — Jenny perguntou enquanto
olhava para o banquete colocado na mesa.
— Claro. As crianças não comem muito, então isso é mais para nós,
adultos. E eu cozinhei extra para o caso de precisarmos, — eu respondi
enquanto os homens entravam na sala de jantar.
— Você pode apenas me dizer quais são as grandes notícias? Pai, por
que você não está dizendo nada?, — Gideon disse enquanto tomava seu
lugar à direita de seu pai, que estava sentado à cabeceira da mesa.
— Acho que podemos contar a ele agora, — afirmou Brian Maslow
com um sorriso no rosto.
— Tudo bem, Gideon, você está pronto?, — Brenton perguntou
enquanto olhava para Kieran, que parecia estar se segurando para não
cair na gargalhada.
Eu realmente não entendia por que os dois estavam rindo. Era uma
grande notícia, e para alguém como Gideon, essa notícia seria muito
importante.
— Eu vou ter que arrancar de vocês? Digam-me, — ele quase rosnou.
— Ok, aqui está. — Com essas palavras, Kieran entregou a Gideon a
última cópia da revista Forbes. — Parabéns, você foi destaque na
nominação ‘30 Under 30’, das pessoas com menos de trinta anos mais
bem-sucedidas do mundo.
A felicidade que iluminou o rosto de Gideon trouxe lágrimas aos meus
olhos. Pegando a revista de Kieran, ele folheou até encontrar a lista e
correu os olhos pelas páginas acetinadas antes de travar seus olhos nos
meus.
'Você sabia disso?, — ele me perguntou.
Eu acenei positivamente minha cabeça. — Lamento não ter contado
antes, mas decidimos fazer uma surpresa para você, então tive que
manter minha boca fechada.
Ele me deu um sorriso antes de voltar sua atenção para a lista. —
Vocês dois também estão na lista.
— Sim, mas estamos bem abaixo, nela. — Com isso, Kieran começou a
rir, seguido por Brenton, o que fez com que todos nós olhássemos para
eles confusos.
— O que é tão engraçado?, — Nico entrou na conversa.
— Sim, por que vocês dois estão rindo?, — Gideon questionou.
— Porque você é o número dois!, — Kieran gargalhou.
— Você pensaria que Gideon Maslow, o magnata mais rico do mundo,
seria o número um, mas não, você é apenas o número dois, — esclareceu
Brenton.
A luz nos olhos de Gideon desapareceu quando ele olhou para a lista
mais uma vez, e uma carranca substituiu o sorriso que havia feito meu
coração disparar apenas um minuto antes.
— Impossível. — Ele olhou para a revista como se esperasse que ela
explodisse em chamas a qualquer momento.
— Está tudo bem, irmão, você não pode esperar ser o número um o
tempo todo, — disse Kieran.
— Claro que eu deveria ser o número um. Quem diabos pode ser
melhor do que eu?
— De acordo com a Forbes, provavelmente o cara que está listado
como o número um. — Brenton sorriu.
—Declan Pierce, — Gideon resmungou.
— Espera! É o mesmo Declan Pierce que era seu maior rival na
faculdade?, — Lizzy perguntou enquanto se servia de arroz.
— Sim, ele mesmo. O desgraçado está sempre metendo o nariz onde
não é chamado, — ele respondeu.
— Bem, parece que ele é muito bom nisso porque ele tomou seu lugar
como o número um. Ele deve saber todos os seus segredos, já que a
Pierce Inc. parece estar se saindo melhor do que nós no Oriente Médio,
— disse Brenton.
— Será que o mundo sabe que ele trapaceou nas provas?
Odiava que o humor de Gideon estivesse arruinado. Hoje era seu
aniversário, ele deveria ser o homem mais feliz do mundo, mas ao invés
disso ele estava furioso com uma lista estúpida, que nem significava nada
de verdade.
Você sabe como Gideon é competitivo. Ele trabalha muito e merece o
primeiro lugar.
Eu entendia por que ele estava se sentindo tão abatido. Eu só queria
poder ajudá-lo de alguma forma.
A felicidade de Gideon estava diretamente ligada à minha e, se meu
marido não estivesse feliz, eu até poderia procurar felicidade, mas seria
em vão.
— Filho, o mundo não liga para o que aconteceu na faculdade. O
mundo só se preocupa com o que vê. Você pode ser a pessoa mais
inteligente do mundo, mas se o mundo não vê isso, então ninguém sabe.
— A Pierce Inc. pode estar se saindo melhor em algumas partes do
mundo, mas só precisamos fazer melhor, e tenho certeza de que você
será capaz de fazer isso, — disse seu pai.
Gideon suspirou. — Eu sei. Eu só preciso trabalhar mais.
Quanto mais ele precisa trabalhar? Ele mal tem tempo para seus filhos-
Foi enquanto eu estava remoendo meus pensamentos que o som de
smartphones apitando reverberou pela sala de jantar.
Observei todos pegarem seus telefones, e eu, sendo a pessoa curiosa
que era, inclinei-me para frente para tentar ver o que Gideon estava
olhando.
Só que eu não consegui ver nada, pois sua mão grande estava
cobrindo a maior parte da tela.
— Oh-ow, fica pior, — disse Kieran, fazendo meu coração dar uma
cambalhota até minha garganta.
O que estava acontecendo?
— Que porra é essa?!, — Brenton praguejou.
— Sem palavrões, por favor, — eu adverti, olhando para as crianças
para vê-las nos observando com olhares curiosos.
— Tio Brenton disse um palavrão, — disse Abioye.
— Agora não, crianças, — disse Henry, o mando de Lizzy.
— O que está acontecendo?, — eu finalmente perguntei. Por que
ninguém estava me dizendo nada?
— Kieran? O que é?, — Jenny perguntou, refletindo meu olhar de
confusão.
— É impossível. Não é verdade!, — Kieran exclamou, a raiva enchendo
seus olhos enquanto olhava para seu irmão mais velho que tinha ficado
pálido ao meu lado.
Estando farta do silêncio, fiz a única coisa que pude e roubei o
telefone de Gideon para ver o que havia arrumado nossa noite inteira.
Meu coração estremeceu com uma parada brusca, e minha boca secou
quando vi o Alerta do Google que desmoronou o mundo de meu marido.
Pisquei algumas vezes, esperando que meus olhos estivessem me
enganando, mas não importa o que eu fizesse, as palavras ousadas
permaneceram inalteradas.
Gideon Maslow: o maior magnata do mundo ou a maior fraude do
mundo?
Maslow está ganhando dinheiro ou desviando-o?
Maslow, o Santo ou o Ladrão?
Não, não, isso não podia ser possível. Como eles puderam fazer isso?
O mundo inteiro conhecia Gideon, então como eles podiam postar algo
assim? Eles não percebiam que isso podia arruinar toda a sua reputação?
Mas por mais que tentasse negar, não conseguia deixar de ver as
palavras que diziam ao mundo inteiro que meu marido, Gideon Maslow,
estava sendo acusado de desvio de dinheiro.
Capítulo 3
Alice

— Gideon? Diga alguma coisa, — eu falei o mais suavemente que pude


por causa das crianças ainda sentadas à mesa de jantar.
Ele não havia dito nenhuma palavra desde que viu o Alerta do Google.
As únicas coisas que me diziam que ele estava furioso era o punho de
suas mãos e o aperto de sua mandíbula.
Se ao menos ele dissesse algo, eu poderia entender melhor seu
temperamento e agir de acordo, mas ele preferiu permanecer em
silêncio.
— Isto é um monte de baboseira!, — Brenton rosnou, seus olhos
brilhando com ameaça.
— Mamãe? O que é baboseira?, — Abioye me perguntou.
— Crianças, por que vocês não vão comer na outra sala?, — Henry
disse.
A outra sala de jantar era projetada especialmente para crianças e,
com os adultos sempre tão ocupados, Lizzy e Henry frequentemente
deixavam seus filhos passando um tempo conosco, e então as crianças
comiam naquela sala.
Agora precisávamos das crianças fora do caminho para que
pudéssemos descobrir o que estava acontecendo.
Elas não precisaram receber uma ordem direta. As crianças eram
jovens, mas mesmo elas perceberam que havia algo errado.
Então, sem qualquer discussão, todos pegaram seus pratos — Abioye
ajudando Jack e Lily — e deixaram o salão.
Assim que as crianças estavam seguramente fora do alcance da voz,
Kieran se levantou da cadeira, seu peito arfando de fúria.
— Que porra é essa, Gideon?! Diga-me quem fez isso e eu irei esfolar o
desgraçado vivo.
— Foi ele, não foi? Aquele Dicklen Pierce, certo? Vou cortar o pau dele
fora. — Brenton fervia de ódio ao lado dele.
Eu engoli em seco com a intensidade da raiva deles, que sugava a paz
da sala e liberava somente ódio e a necessidade de vingança.
E eu não podia acreditar que estava ficando afetada, que estava
ficando com raiva também.
Mas por que não? Gideon era meu marido e alguém o acusou de
desvio de dinheiro. Ele era o empresário mais honesto que eu já conheci,
então como alguém poderia ousar fazer uma coisa dessas?
— Brenton, acalme-se. Kieran, sente-se, — o pai de Gideon ordenou
com sua voz severa, para não ser discutida. Ambos obedeceram e eu
prendi a respiração enquanto esperava que Brian Maslow falasse.
— Nós, como família e como empresa, sabemos que essa alegação é
falsa. Alguém, possivelmente um inimigo, alimentou a mídia com
mentiras para arrumar nossa reputação e, se não agirmos
imediatamente, o inimigo pode ter sucesso.
— No momento, precisamos avaliar os danos e controlá-los.
— Kieran, quero que você entre em contato com a segurança, e
Brenton, chame os advogados e, de agora em diante, tudo o que for
discutido será confidencial.
— Eu só confio em um punhado de pessoas na empresa, e ninguém
mais deve saber o que está acontecendo.
— Não. — Todos nós olhamos para Gideon, cujos olhos brilhavam
com propósito.
— O que você quer dizer?, — Jenny perguntou.
— Não, — ele repetiu. — Pai, você não precisa se preocupar. Isso nada
mais é do que uma fofoca de tabloide que vai sumir em alguns dias.
— Acredite em mim, eu tenho tudo sob controle. Eu resolvo isso. Eu
vou fazer isso sumir. Não há como prejudicar a reputação da empresa.
— Ah, eu odeio te chamar pra realidade, irmãozinho, mas isso não
parece ser uma fofoca de tabloide que vai sumir tão cedo. Isso é uma
denúncia do seu caráter, da imagem da empresa.
— Se as pessoas não podem confiar em Gideon Maslow, não há como
elas escolherem fazer negócios conosco. Quando não há negócios, não
há empresa.
— Não se trata apenas de você, Gideon. Isso é maior do que todos nós,
— Elizabeth argumentou.
— Você não trabalha para a empresa, então guarde suas opiniões para
si mesma, — ele retrucou. Os olhos de Lizzy se arregalaram em choque, e
me perguntei se este era o momento certo para intervir.
— Gideon! — Seu pai avisou. — Nunca mais fale com sua irmã dessa
maneira.
— Gideon, acalme-se. Nós vamos resolver isso, — eu disse, colocando
uma mão gentil em seu ombro.
Ele se afastou e olhou para mim.
— Não há nós nesta situação, pombinha. Dirijo a empresa há mais
tempo e sei exatamente como lidar com esse tipo de porcaria.
— Pai, dê-me alguns dias para resolver isso, e você verá que não há
nada com que se preocupar para início de conversa.
— Quantos dias você quer?, — seu pai perguntou.
— No máximo uma semana, — respondeu ele.
— Tem certeza? Você tem certeza que pode fazer isso desaparecer em
uma semana?
— Tenho certeza, — disse Gideon.
Brian acenou com a cabeça. — Muito bem. Sete dias. Isso é tudo que
você vai conseguir para fazer essa situação desaparecer.
Gideon acenou com a cabeça. — Obrigado…
— Mas se você não for capaz de frustrar essas alegações dentro de sete
dias, vamos fazer as coisas do meu jeito, está claro?
Claro como um cristal, — disse Gideon.
— Pai, você realmente acha que esperar uma semana é sábio? Esse
tipo de alegação se espalha como um incêndio, e pode realmente causar
danos à empresa, — argumentou Kieran.
— Você acha que eu não posso lidar com isso? Milhares de rumores já
foram espalhados sobre mim, e onde estão esses rumores agora?, —
Gideon desafiou.
— Aqueles rumores eram sobre você ser um garoto de programa e
homofóbico, não eram sobre você desviar dinheiro e possivelmente ser a
causa de tantas pessoas passarem fome à noite.
— Esses rumores podem virar as pessoas contra você, Gideon. Você
não tem uma semana para consertar isso, — disse Kieran.
— Pedi sete dias de margem, posso consertar em três dias.
A confiança na voz de Gideon era tão forte que quase acreditei nele.
Quase. A parte lógica de minha mente concordava com seus irmãos e
sabia que teríamos que fazer muito mais do que uma entrevista coletiva
para sair dessa.
— É melhor você consertar em três dias, ou acredite em mim, não
seremos capazes de consertar de jeito nenhum, — acrescentou Brenton.
— Nossa, obrigado pelo voto de confiança, irmão.
O ácido nas palavras de Gideon poderia ter derretido madeira e,
embora eu não tivesse certeza de que essas alegações iriam embora tão
cedo, eu sabia que tinha que confiar nas habilidades de meu marido.
— Tenho certeza de que você consegue, Gideon, — eu disse a ele.
— Eu também. Você é um empresário poderoso e as pessoas o amam.
Tenho certeza de que vão acreditar quando você contar que essas
acusações não passam de mentiras, — acrescentou Jenny.
Brenton bufou. — As pessoas não estão delirando. E se alguém quer
ferrar com ele, então essa pessoa fará com que acreditem apenas no que
ele ou ela quer que acreditem.
— Quer saber, eu não tenho tempo para sentar aqui e ouvir toda essa
negatividade. Vou embora, — Gideon anunciou antes de empurrar a
cadeira para trás e sair da sala de jantar, deixando-nos todos olhando
para ele.
— Isso é ruim, — afirmou Henry.
— Muito ruim. Se isso continuar, ele pode até ir para a cadeia, — disse
Nico. Todos nós olhamos para ele, só então percebendo que ele ainda
estava sentado entre nós. — O quê? Não sou criança, e você só mandou
as crianças irem embora.
— Eu odeio dizer isso, mas Nico pode estar certo. Esse tipo de
imprensa pode atrair o tipo errado de atenção. Precisamos fazer algo
antes que isso fique fora de proporção, — Kieran concordou.
— Gideon pediu uma semana: temos que dar isso a ele. Depois disso,
veremos o que fazer, — disse Brian.
— Eu — eu vou ver como ele está, — eu disse a todos antes de sair da
sala de jantar e subir as escadas para o meu quarto.
Gideon estava parado na frente do espelho com uma expressão que eu
nunca antes tinha visto.
— Gideon... — Eu parei, sem saber o que fazer ou dizer para confortá-
lo.
— Você não acredita nessas coisas, não é, passarinho?, — ele
perguntou, seus olhos encontrando os meus através do espelho.
— O que você quer dizer? Que coisas? — Entrei no quarto e fechei a
porta.
— Nessas alegações. Você não acha que há alguma verdade nisso,
acha?, — ele perguntou.
— Não, claro que não! — Fui até ele, abraçando-o por trás. Ainda me
pegava de surpresa o quanto Gideon era mais alto do que eu.
— Você é o empresário mais honesto que conheço, e não falo isso
porque é meu mando. Antes mesmo de se casar comigo, você me fez
assinar um contrato.
— Você sempre declara seus termos e nunca vai contra eles. Essas
alegações não contêm uma gota de verdade.
Ele suspirou. — Todo esse tempo, tantos anos...
— Como você disse, vai sumir. Você não tem nada com o que se
preocupar. As pessoas sabem que tipo de pessoa você é: eles têm feito
negócios com você há anos e tenho certeza de que não acreditam em
nada do que foi dito.
— Você — você achou que eu voltaria atrás na minha palavra?
Do que ele estava falando? Para onde ele estava indo com tudo isso?
Depois de três anos, por que ele estava pensando em nosso contrato?
— Não. De jeito nenhum. — Eu dei um aperto quente nele.
— Mas eu fiz. Eu voltei atrás com minha palavra. Rasguei aquele
contrato para mantê-la comigo para sempre. E se você... se você tentasse
procurar a ajuda de um advogado, eu teria me assegurado de que
ninguém a ajudasse. Eu nunca quis que você fosse embora.
— Eu sei. Mas isso não significa que você desvia dinheiro apenas para
ter uma vida rica, — eu disse, esperando que ele ouvisse minhas palavras
e acreditasse nelas.
— Eu vou acabar com ele, você sabe, — ele disse depois de um
momento de silêncio.
Meu coração estremeceu com suas palavras sombrias. Eu o virei para
me encarar, e a convicção em seus olhos me fez desejar que ele não
fizesse algo imprudente e se metesse em ainda mais problemas.
— Não sabemos quem está por trás disso. Temos que ter muito
cuidado agora. Assim que encontrarmos o culpado, vou ajudá-lo a
entregá-lo à polícia, — eu disse.
Ele passou os braços em volta de mim e me puxou para ele.
— Você não vai a lugar nenhum perto dele se eu puder evitar,
pombinha. Preciso de você ao meu lado, e é onde você estará até o fim
dos tempos.
— Este problema é meu, e eu vou consertá-lo, você não precisa
preocupar sua cabecinha com isso.
— Mas— — Eu nunca tive a chance de terminar porque ele colocou
um dedo sobre meus lábios.
— Não, Alice, eu não quero ouvir um único argumento de você. E
meu trabalho proteger você e nossos filhos, e é isso que vou fazer. Você
apenas se concentre em sua rotina diária e garanta que as crianças não
descubram isso.
— Como você pode esperar que eu cumpra minha rotina diária
quando a mídia está perseguindo você desse jeito? E o que te faz pensar
que as crianças não vão saber?
— As crianças podem ser pequenas, mas veem e entendem tudo
exatamente como nós, se não ainda mais. Você não pode esperar que
fiquemos em uma bolha enquanto você luta contra o mundo por conta
própria.
— As crianças e eu estamos com você: toda a sua família está com
você, Gideon, não pense que você tem que fazer isso sozinho.
Sério, por que os homens sempre acham que são os únicos que
conseguem lutar?
Estamos no século vinte e um, e as mulheres têm total consciência de
seu poder e de como podem usá-lo para ajudar seus entes queridos, mas
meu marido escolheu permanecer um homem das cavernas.
— Pombinha, eu sou o único que pode lidar com isso porque sempre
foi assim. Meus irmãos são jovens e têm seus próprios setores da empresa
para administrar.
— Meu pai confia em mim para lidar com tudo, e eu tenho que me
certificar de que sua confiança em mim não seja em vão...
— Não será em vão se você aceitar uma ajudinha. Você tem um
sistema de apoio muito forte e seria tolice não utilizá-lo.
Seus olhos endureceram e eu percebi que tinha dito algo errado.
— Você acha que eu sou um tolo, passarinho? Sua voz suavizou para
um sussurro mortal.
Eu engoli em seco e balancei minha cabeça. — N-não, claro que não,
AH! — Um grito atravessou meus lábios quando Gideon me segurou com
mais força e mordeu o lado do meu pescoço.
— Talvez eu deva mostrar o quão tolo eu sou, — ele disse enquanto
me pegava em seus braços e me colocava na cama antes de se inclinar e
me beijar até que eu ficasse tonta.
Assim que ele se inclinou para me beijar, coloquei a mão em seu peito
para detê-lo, o que a julgar pelo olhar que ele me deu foi uma coisa que
ele não gostou.
— Gideon, não. Você — você não pode fazer isso. Você não pode
simplesmente me distrair quando eu sei o quão preocupado você
realmente está.
— Te distrair? Não estou tentando te distrair, — ele argumentou.
Eu revirei meus olhos. — Eu sei o que você está tentando fazer. Nosso
aniversário de quatro anos está quase chegando, e você acha que eu não
te conheço?
— Eu sei quando você está tentando me distrair dos problemas, meu
caro, e já te aviso que não vai funcionar. Vou ficar ao seu lado e vamos
lutar juntos.
— É mesmo, bonitinha? — Ele beijou meu nariz e me deu um sorriso
caloroso.
Eu concordei. — Sim.
— Nesse caso, é melhor eu começar a trabalhar e derrubar essas
alegações para que possamos mais uma vez viver nossas vidas sem
nenhuma preocupação.
Ele se virou para se deitar ao meu lado, e eu não pude deixar de pensar
como este dia acabou sendo arrumado.
Este era o trigésimo aniversário de Gideon, era para ser um dos dias
mais especiais de sua vida, mas essas ‘fake news’ estragaram tudo.
Onde antes havia sol, agora eu podia ver nuvens de tempestade se
acumulando, escurecendo o céu que parecia não ter fim.
Gideon podia estar confiante que consertaria essa situação, mas algo
dentro de mim — a parte que geralmente mostrava sua cara feia quando
as coisas estavam prestes a piorar — me dizia que isso era apenas o
começo.
Mas você precisa aproveitar o dia de hoje. Apesar da besteira da mídia,
você precisa comemorar porque é o aniversário do seu marido.
Minha voz interior estava certa, hoje era o grande dia do Gideon, e ele
merecia comemorar e ser reconhecido por tudo o que fez, não só pela
empresa, mas também por nossa família.
— Venha, vamos descer. É rude manter os convidados esperando
assim, — eu disse, sentando e endireitando meu vestido.
Gideon suspirou e se levantou comigo.
— Dê-me alguns minutos e já desço. — Com um beijo na minha
bochecha, ele entrou no banheiro e fechou a porta.
Assim que eu desci as escadas, os gritos agudos de Lily me fizeram
parar no pé da escada enquanto meu coração pulava em meu peito.
Não se preocupe, querida, mamãe está chegando.
Capítulo 4
Alice

Correndo para a sala de jantar, empurrei as portas para ver Lily


chorando com o prato virado de cabeça para baixo, e seu vestido, que
antes era rosa claro, agora estava manchado de arroz e molho.
Não me importando com as roupas sujas, eu rapidamente a peguei em
meus braços enquanto corna minhas mãos para cima e para baixo em
suas costas de uma maneira suave.
— Calma, calma, não precisa chorar, — eu disse, mas ela chorou ainda
mais. — O que aconteceu?, — eu perguntei aos meninos. Eu sorri quando
Jack olhou para mim com a culpa estampada em seu rosto antes de
desviar o olhar. — Jack, o que você fez?
— Eu não fiz nada. — Ele balançou a cabeça, mas enquanto eu
continuava a olhar para ele, ele suspirou e confessou. — Tudo bem, eu
meio que... por engano... soquei o prato dela e ela começou a chorar.
— Está tudo bem, querido, você já se desculpou com Lily?, — eu
perguntei a ele.
Ele assentiu freneticamente. — Sim, eu pedi desculpas cem vezes.
Eu ri. — Você pediu, é?
— Eu não queria fazer isso, — disse ele, com a voz suave, e eu sabia
que se não dissesse nada para confortá-lo logo, ele também começaria a
chorar, e eu não precisava de outra criança chorando.
— Tia Alice, Jack está dizendo a verdade, — disse Rose, a filha de
Kieran e Jenny.
— Eu acredito nele, querida, — respondi antes de voltar minha
atenção para Lily, que havia parado de chorar e agora esfregava os olhos
enquanto deitava a cabeça no meu ombro.
— Vocês, crianças, terminem o jantar e depois podem ir brincar. Eu
trarei Lily de volta em pouco tempo, — eu disse às crianças antes de levar
Lily de volta para seu quarto e trocar seu vestido.
Escolhi um vestido branco com rosas vermelhas estampadas e um laço
de seda nas costas. Depois de trocar os sapatos para combinar com o
vestido novo, a levei de volta para onde as crianças estavam, e elas já
somam e riam como se nada tivesse acontecido.
Eu então desci as escadas para me juntar aos outros no salão principal.
— Está tudo bem? Eu ouvi alguém chorando, — Jenny perguntou com
preocupação em suas palavras.
Eu concordei. — Sim. Lily derrubou a comida e sujou a roupa, nada
para se preocupar.
— Ah, que bom. — O alívio substituiu a preocupação em sua voz. —
Onde está Gideon? — Era impressão minha ou Jenny estava com medo
de perguntar sobre o paradeiro do meu mando?
Ela está com medo porque seu marido saiu furioso, e ela teme que ele
destrua a casa inteira com sua fúria.
Gideon estará de volta em alguns minutos.
Não há razão para se preocupar com isso agora. Podemos comemorar
e amanhã vamos decidir o que fazer, — eu disse, esperando que minha
sugestão não soasse idiota.
Provavelmente ninguém tinha vontade de comemorar depois do que
acabou de acontecer, mas eu tinha que tentar, por Gideon.
— Alice está certa. Devíamos cortar o bolo e nos preocupar com a
imprensa amanhã. Vocês podem falar com a segurança e seus advogados
e descobrir o melhor curso de ação, — disse Elizabeth.
— Achei que íamos dar a Gideon uma semana para cuidar disso, —
observou Jenny.
— Ele pode fazer o que quiser por uma semana, mas isso não significa
que vamos apenas sentar e assistir as coisas acontecerem, — disse Kieran.
— O que você está planejando fazer?, — ela perguntou.
— Falaremos com a segurança e tentaremos eliminar os possíveis
suspeitos para que, se as coisas não saírem como planejado, tenhamos
por onde começar. Além disso, colocaremos segurança extra em caso de
qualquer atenção indesejada...
— O que significa que pode haver algum contato com agentes
federais, — concluiu Brenton.
Meus olhos se arregalaram de surpresa. — O quê? Você quer dizer que
a polícia virá aqui?
Ele acenou com a cabeça, sorrindo. — Isso mesmo, irmãzinha. Vai
precisar ser mais forte.
Nunca enfrentei a polícia antes, nunca houve necessidade disso. Mas
agora havia a possibilidade de que a polícia estivesse nos interrogando.
Meu Deus, se as crianças descobrissem que a polícia viria para cá, elas
poderiam ficar preocupadas. E eu sabia que assim que Jack começasse a
questionar, haveria um interrogatório duplo.
— Não podemos deixar as crianças descobrirem, — disse Elizabeth.
Jenny e eu concordamos com a cabeça, mas também sabíamos que era
mais fácil falar do que fazer. As crianças eram perceptivas, elas saberiam
que algo estava acontecendo. O que eu diria às crianças quando me
perguntassem? Como eu explicaria as acusações contra o pai delas?
— Eles não vão descobrir, nós vamos garantir isso, — Brenton me
assegurou, mas suas palavras fizeram pouco para acalmar meus nervos.
O apito do meu celular, seguido por seis outros, fez com que todos
nós compartilhássemos expressões de preocupação e pavor antes de
olharmos para o atual Alerta do Google.
Ele mostrava uma foto de Gideon com notas pretas de cem libras
esvoaçando ao seu redor com a manchete piscando em um vermelho
brilhante.
Quebrando corações e quebrando regras — Gideon Maslow: A Fraude
Megalomaníaca
Apesar de saber que não devia, cliquei no link, que me direcionou a
um artigo que destacava tudo o que não era verdade sobre Gideon.
Meus olhos correram pelo artigo, cada palavra como fogo na lenha,
incinerando tudo o que meu marido era e tudo o que ele poderia ser.
Antes de saber o que estava fazendo, agarrei o telefone com força e
joguei-o o mais longe possível de mim, como se o artigo fosse deixar de
existir se eu simplesmente o jogasse fora.
O celular bateu na parede e o som da tela estilhaçada reverberou no ar
antes que o telefone caísse, trazendo com ele um silêncio tão denso que
me senti sufocada.
Oito pares de olhos me encararam como se eu fosse uma alienígena
de outro planeta. Não os culpei, afinal estava difícil até para eu mesma
me reconhecer.
O que estava errado comigo? Por que eu estava sendo tão emocional?
Acalme-se, Alice! Não é hora de perder a cabeça.
Mas como eu poderia ficar calma quando a mídia estava espalhando
tais mentiras sobre meu marido? Certamente, como sua esposa, eu tinha
o direito de lutar por ele e contar à mídia a verdade sobre o homem que
eles adoravam há apenas algumas horas.
Eu tinha que fazer alguma coisa. Kieran e Brenton estavam fazendo o
que podiam para manter Gideon seguro, e eu tinha que fazer o mesmo.
— E-eles estão mentindo... eles estão mentindo sobre ele, — gaguejei,
sentindo a familiar queimação de lágrimas que ameaçavam fluir dos
meus olhos, aumentando o meu constrangimento já crescente.
— Eu sei, Alice, — disse Jenny, envolvendo os braços em volta de mim.
— Nós todos sabemos isso. Nem uma única palavra nesse artigo é
verdadeira. Gideon não é um ladrão ou uma fraude. Ele nunca roubaria o
dinheiro de alguém. E vamos provar isso para o mundo.
— Gideon é honesto e verdadeiro, e a verdade sempre prevalece. Esta
é apenas uma história estúpida para conseguir alguma publicidade
negativa e arruinar nossa imagem. Como Gideon disse, vai sumir.
O que está acontecendo?
Meu coração parou ao ouvir a voz do homem em questão. Afastando-
me rapidamente de Jenny, pisquei algumas vezes para me livrar das
lágrimas antes de me virar para olhar para ele.
— Nada, Gideon. Eu estou feliz por você estar aqui. — Tentei dar um
sorriso tranquilizador.
Mas ele estreitou os olhos para mim, me disse que ele não estava
acreditando na minha atuação e que eu teria que explicar tudo para ele
ou então ele me obrigaria.
Ótimo, agora eu estava com problemas com meu mando.
— Vocês viram o artigo mais recente?, — ele perguntou aos irmãos e
ao pai, que relutantemente assentiram.
— Isso vai piorar amanhã, — disse Brenton.
— Tenho a sensação de que você está certo. E eu te odeio muito por
isso.
Meu queixo caiu de surpresa por Gideon concordar com seu irmão.
Achei que ele fosse atacar e acusar seu irmão de desencorajá-lo.
Parecia que eu não era a única que não conseguia acreditar no que ele
disse, porque agora era Gideon que parecia ser um estranho para todos
nós. O que aconteceu com ele de repente?
— O quê? Tenho dirigido este negócio toda a minha vida, sei quando a
situação está prestes a escapar das minhas mãos. — Ele revirou os olhos e
fiquei feliz em vê-lo tentando melhorar o clima.
— Então o que nós podemos fazer?, — Elizabeth perguntou, dando
um passo à frente e colocando a mão em seu braço em uma
demonstração de apoio.
— Temos que descobrir quem está por trás disso. Declan é o principal
suspeito, mas eu não quero acreditar demais nisso para depois ser ainda
mais ferrado pelo verdadeiro culpado. Temos que ficar vigilantes, — disse
ele.
— Vamos começar fazendo uma lista de seus inimigos, — Kieran
sugeriu.
Gideon zombou. — É uma lista muito longa e não temos tempo agora.
Precisamos trabalhar no controle de danos, só então poderei ter alguma
perspectiva. Henry? Posso falar com você por um momento em
particular?
Eu nunca imaginei que Gideon pudesse querer falar com Henry em
particular. Eu sabia que ele aceitava Henry como mando de Lizzy, mas ele
nunca expressou o desejo de compartilhar segredos com ele.
Uma carranca suave marcou a testa de Henry antes dele assentir, e os
dois deixaram a sala.
Elizabeth foi falar com Brenton enquanto Kieran e Jenny começaram
a discutir a situação entre eles, dando-me a chance de falar com Brian.
— Quando você vai contar a ele?, — eu perguntei ao meu sogro.
— Contar o quê?, — ele perguntou.
— Que você está fazendo dele o chefe da empresa, — eu esclareci,
certificando-me de manter minha voz suave para que os outros não
pudessem ouvir.
Brian suspirou e desviou o olhar, o que fez meu coração mergulhar
fundo na piscina da incerteza.
— Não acho sensato fazer isso à luz dos atuais eventos. Se ele
conseguir derrubar essas alegações, então passarei o bastão na primeira
chance que eu tiver.
— Mas agora, a situação é muito crítica para tomar uma medida tão
drástica.
— Eu entendo. Só não quero que ele perca a esperança e a confiança.
O mundo está esperando uma resposta dele, e eles não serão simpáticos.
— A verdade precisa rivalizar com as mentiras que estão sendo
espalhadas sobre ele, — eu disse, me perguntando sobre o que Henry e
Gideon estavam falando.
Talvez Henry pudesse ajudá-lo de alguma forma. Gideon era
inteligente, ele conhecia as habilidades e fraquezas de cada um e sabia
como utilizá-las.
— No momento ele precisa de apoio.
Se eu entregar a coroa para ele, suas responsabilidades só aumentarão,
e não acho que Gideon precise disso agora, mesmo que eu o considere
pronto para a promoção, — respondeu ele.
— Quer passar a empresa para Gideon porque acha que ele está
pronto ou porque está cansado demais para continuar administrando?,
— eu questionei.
Ele me deu um sorriso suave. — Ambos, na verdade. Eu sei que meus
filhos são mais do que capazes de dirigir a empresa agora, e eu só quero
relaxar e passar o tempo brincando com meus netos, em vez de me
preocupar com o império.
— Eu entendo. Você trabalhou muito para construir esta empresa, e
você merece sentar e relaxar agora, — eu disse a ele com um sorriso.
Me matou como hoje deveria ser um dia tão especial e, em vez de
comemorar, estávamos nos perguntando como salvar o negócio e o
homem que era a cara dele. Por que o mundo não poderia simplesmente
nos deixar viver em paz?
A vida ficou maravilhosa depois que Helga foi demitida e a família
pôde se unir novamente.
Fui tola em pensar que a felicidade duraria para sempre, mas esperava
que, aconteça o que acontecesse, Gideon e eu seriamos capazes de lidar
com tudo.
E se isso fosse a única coisa que não seríamos capazes de lidar juntos?
Você já passou por coisas muito piores.
Você cuidou do seu irmão a vida toda, pode enfrentar isso também.
Continue pensando, você encontrará uma solução.
Uma solução era exatamente o que eu precisava, mas não tinha ideia
de onde procurar.
Talvez eu pudesse verificar a biblioteca local e ver os escândalos de
desvio de dinheiro do passado, isso poderia me ajudar a ter alguma
perspectiva e planejar o próximo curso de ação.
— Alice, vou pesquisar no Google mais informações sobre isso. Eu te
aviso se eu encontrar algo importante, — Nico disse antes de sair da sala.
Uma pequena onda de conforto tomou conta de mim, sabendo que
meu irmão seria capaz de nos ajudar.
Ele entendia sobre quase todos os tópicos por aí, mas sua verdadeira
paixão era a medicina, e eu mal podia esperar pelo dia em que Nico
vestiria o jaleco branco de médico e ajudaria as pessoas a se curarem.
Sabendo que não haveria comemoração tão cedo, fui até a cozinha
para dizer a Lola que esvaziasse a sala de jantar. Poderíamos comer a
comida no dia seguinte e as crianças ficariam felizes com o bolo.
Enquanto Lola pegava o bolo e as outras empregadas retiravam a
comida da mesa, jurei a mim mesma que descobriria quem estava por
trás dessas acusações contra Gideon.
E quando o fizesse, não os deixaria ficar impunes. Essa pessoa, homem
ou mulher, ousou atacar minha família, o homem que eu amava, e ele ou
ela pagaria por isso. Pagaria por arrumar o aniversário do meu marido.
Quando voltei ao salão principal, Gideon e Henry haviam retornado, e
Gideon estava com uma expressão no rosto que me dizia que o que ele
estava prestes a dizer não era bom, e isso fez com que meu coração, já
desanimado, afundasse ainda mais em angústia.
— O que está acontecendo?, — eu perguntei, rezando para que ele me
desse algumas boas notícias.
— Bem, acabamos de falar com meu advogado sobre a quantidade de
problemas que enfrentamos, — disse Henry. — E não é nada bom.
— Como assim? — Meu Deus, por que ninguém mais falava? O que
estava errado com eles?
— Nico estava certo. Há uma grande possibilidade de que a polícia
esteja vindo atrás de Gideon.
— E da forma que as acusações continuam se acumulando e os artigos
o difamando estão sendo publicados, devemos encontrar a polícia mais
cedo ou mais tarde.
Não. Não. Não.
Isso não podia estar acontecendo. Gideon não pode ser preso. Isso era
uma loucura.
Os Maslows eram donos da polícia. Eles eram a lei. Certamente a
polícia não ousaria prendê-lo. Eles poderiam perder seus empregos.
Ninguém está acima da lei. Os Maslow são os donos da lei, mas este
país funciona com base nas decisões públicas. E se o público quiser que
Gideon seja preso, a polícia deve fazê-lo.
— Então, o que fazemos? Não podemos deixar a polícia levá-lo, — eu
disse, sentindo minha língua virar uma lixa.
— Ninguém vai me prender, pombinha, — disse Gideon,
aproximando-se de mim e me envolvendo em seu abraço. — Eu te disse,
você não tem nada com que se preocupar. Eu vou cuidar disso.
Não, Gideon. Amo você por tentar ser forte por mim, mas estamos em
uma situação difícil agora e não vou deixar você fazer isso sozinho.
Mordi meu lábio e endureci meu coração. Não era hora de chorar e
me preocupar com o inevitável.
Essa era a hora de ser forte e enfrentar a situação de frente. E não
importava o que Gideon disse ou fez, eu estaria lá com ele.
E não havia nada que ele pudesse fazer a respeito disso.
Capítulo 5
Alice

— Você realmente acha que é sábio toda a família se mudar para cá?,
— eu perguntei enquanto Gideon e eu observávamos Lola e as outras
empregadas limpando os quartos de hóspedes para Kieran, Jenny e
Brenton.
Três dias haviam se passado desde que a notícia sobre Gideon desviar
dinheiro se tornou viral e, desde então, a vida não tinha sido nada fácil.
Os paparazzi estavam nos perseguindo sempre que podiam. Gideon
achava que, ao se dirigir à imprensa, seria capaz de frustrar as acusações,
mas a mídia era incansável.
Logo estávamos enfrentando manchetes que acusavam Gideon de ser
um mentiroso e um covarde por se recusar a reconhecer as mentiras
espalhadas sobre ele.
Eu sabia que os seres humanos podiam ser implacáveis, mas serem tão
frios a ponto de ignorar o homem que dava empregos para tantos, me fez
perder a fé na humanidade.
For que eles optaram por não se concentrarem no bem que ele fez por
tantos anos? A Maslow Enterprises empregava mais de dez mil pessoas e
sempre ofereceu bônus e promoções para aqueles que ajudaram a
empresa a ter sucesso.
Por que a imprensa não conseguia ver isso? Como eles podiam
escolher se concentrar em algumas alegações falsas que só vieram à tona
alguns dias atrás?
Gideon não foi o único a ser atacado pelos paparazzi. Kieran e
Brenton também foram alvos.
Cada vez que eles saiam de suas casas, eles se deparavam com câmeras
piscando e uma enxurrada de perguntas para as quais eles não tinham
respostas.
Não havia respostas para dar quando perguntavam se Kieran sabia que
seu irmão mais velho estava desviando dinheiro, ou se Kieran também
fazia parte de todo o esquema.
Mas essa não era a pior parte. A pior parte era a quantidade de pessoas
que apareciam culpando Gideon de trapacear e de manipulá-los.
Algumas modelos de passarela agora acusavam abertamente Gideon
de assediá-las sexualmente, e eu realmente gostaria de poder arrancar
cada um dos fios de cabelo brilhantes de suas cabeças.
Como elas ousavam? Gideon havia financiado suas contas bancárias
por muitos anos porque essas modelos endossavam os produtos e
serviços fornecidos pela empresa.
E elas tinham a audácia de se voltarem contra ele apenas porque ele
não podia se defender.
A mídia continuava exibindo evidências de que Gideon desviava
dinheiro na forma de extratos bancários falsos.
Sabíamos que eram falsos porque as contas bancárias de Maslow eram
mantidas em segredo do público, e os números exibidos na mídia eram
escandalosos o suficiente para serem inacreditáveis.
Mas o público estava engolindo tudo, tornando nossas vidas um
inferno.
Então, o pai de Gideon decidiu que seria melhor que todos estivessem
em um só lugar para que pudéssemos nos proteger da mídia.
Eu, no entanto, não achava sábia a decisão de que todos nós
ficássemos em um só local, porque os paparazzi conheciam o castelo
Maslow.
Do jeito que eles estavam seguindo cada movimento nosso, não
demoraria muito até que tivéssemos um exército de fotógrafos nos
pátios, todos exigindo a verdade do homem que nem conseguia entender
o que estava acontecendo.
Achei que Gideon teria tudo sob controle. Achei que ele facilmente
convenceria a mídia com seu charme e carisma, mas me enganei.
E eu tinha certeza que nem mesmo o Gideon antecipou a intensidade
da animosidade vinda do público, porque se ele tivesse, ele não estaria
parecendo tão esgotado e fora de si.
Em apenas três dias, Gideon deixou de ser o empresário mais
poderoso do mundo para se tornar um homem que olhava
constantemente por cima do ombro com medo da mídia.
O homem que podia dobrar a vontade do público com um mero
sorriso, agora se agarrava a qualquer coisa para sair dessa situação.
E eu não podia fazer nada a não ser observar, porque ele observava
cada movimento meu, e se eu fizesse algo diferente, teria problemas com
ele.
— Nós realmente não temos uma opção. Meu pai quer todos nós aqui,
e não tenho um argumento que o faça mudar de ideia, — disse ele.
— Que diferença ter todos nós sob o mesmo teto fará?
Gideon ainda tinha quatro dias até que seu pai e irmãos decidissem
resolver o assunto por conta própria.
No entanto, eu tinha certeza de que as coisas só iriam piorar, e era
melhor agir logo. Se ao menos Gideon fosse a algum lugar longe de mim
para que eu pudesse tentar encontrar o culpado por trás desse fiasco e
salvar meu marido...
Ele encolheu os ombros. — Talvez papai apenas queira um pouco de
paz de espírito, sabendo que todos os seus filhos estão seguros e ao seu
lado. Eu sei que eu gostaria da mesma coisa.
— Nossos filhos são pequenos demais para tomar decisões que
mudem sua vida, mas você e seus irmãos não.
— Temo que a mídia descubra que todos nós vivemos aqui, e então
nem mesmo este lugar será seguro para nós, — murmurei enquanto um
fragmento de melancolia se prendia no fundo do meu coração.
— Não se preocupe, bonitinha, tudo vai ficar bem, — ele disse
enquanto colocava um braço em volta de mim e me puxava para ele.
Por que ele estava me consolando quando eu deveria ser quem o
consolava?
Ele era aquele cuja reputação estava sendo despedaçada, mas ele
estava aqui me confortando quando tudo que eu queria era bater minha
cabeça contra a parede na esperança de que a resposta para esse enigma
viesse até mim.
Como bater sua cabeça contra a parede te dará as respostas de que você
precisa? Se fosse assim tão fácil, então todos estariam batendo a cabeça
contra as paredes para obter respostas para as perguntas da vida.
Queria que Gideon me deixasse em paz por apenas alguns minutos
para que eu pudesse pegar emprestado o computador de Nico e fazer
algumas investigações por conta própria, mas a mídia o forçava a
permanecer dentro de casa.
Nunca percebi que odiava tanto a mídia até não conseguir respirar em
minha própria casa devido à pestilência sufocante de medo, ansiedade e
desespero.
Assim que as criadas terminaram de arrumar o quarto de Kieran e
Jenny, a porta da frente se abriu e o casal em questão entrou.
Gideon e eu descemos rapidamente para cumprimentá-los, apenas
para ver Kieran e Jenny, junto com Rosemarie, vestindo casacos pretos
idênticos com capuzes que lhes permitiam esconder o rosto para que as
pessoas fossem incapazes de reconhecê-los.
Se eu não soubesse a verdadeira razão por trás de seus trajes obscuros,
teria certeza de que estávamos caminhando nas montanhas.
— Os paparazzi estão se escondendo atrás dos arbustos. Mal
conseguimos evitá-los ao entrar. Você pode querer alertar a segurança, —
Kieran nos informou enquanto ele e Jenny abriam rapidamente suas
jaquetas.
— Certo, — disse Gideon antes de digitar algo em seu celular e enviar
para o chefe da segurança.
— Então? Onde vamos dormir?, — Kieran perguntou, lançando um
olhar cheio de amor e desejo para Jenny, que apenas corou e desviou o
olhar.
— Segundo andar. Terceiro quarto à esquerda, — respondi. — íamos
limpar seu antigo quarto, mas achei que você gostaria de um novo.
— Cogumelinho, você é esperta, — ele disse antes de se aproximar e
bagunçar meu cabelo, o que sempre me irritou, mas ele nunca pareceu se
importar.
— Você pode parar de bagunçar meu cabelo?,
eu reclamei.
— Não. Impossível. — Ele sorriu, imediatamente acalmando meu
coração.
Eu ainda não conseguia entender como Kieran tinha o poder de
acalmar meu coração dessa forma.
Gideon também tinha o poder de aliviar minhas preocupações, mas
havia algo no sorriso de Kieran que me fazia sentir que tudo ficaria bem
se eu aprendesse a relaxar um pouco.
— Brenton vem? E a Elizabeth e Henry?, — Jenny perguntou
enquanto tirava sua jaqueta para revelar um top vermelho. Ela tirou a
jaqueta de Rose também, o que a fez correr em direção ao quarto de Jack
e Lily.
— Estou aqui, — Brenton anunciou enquanto fechava a porta. Ele
estava vestido de forma semelhante a Kieran, com uma jaqueta marrom
com capuz, mas foi mais longe ao usar também uma máscara.
Ver pessoas tão poderosas se disfarçando e se escondendo me dava
vontade de socar os jornalistas e fazer com que eles se arrependessem de
mirar minha família dessa forma.
Eu prometi a mim mesma que assim que as coisas se acalmassem um
pouco, eu iria pessoalmente investigar isso e encontrar o culpado.
— Elizabeth e Henry virão depois de quatro dias, — eu disse a ela.
— Kieran? Brenton? Meu pai quer nos ver em seu escritório, —
Gideon disse com um movimento de sua cabeça. Kieran e Brenton
acenaram com a cabeça antes de todos os três saírem na direção do
escritório do meu sogro.
— Por favor, me diga que você tem boas notícias, — disse Jenny.
Eu franzi meus lábios e balancei minha cabeça.
— Nada. Não importa o que Gideon diga ou faça, as pessoas
continuam inventando acusações ainda piores. E como se eles tivessem
esquecido quem ele é. E a pior parte é que não há nada que eu possa fazer
a respeito.
— Eu sei. Kieran está sendo superprotetor agora. Ele não deixa eu ou
Rose fora de sua vista.
— Não posso nem sair e ficar na varanda porque ele tem medo de que
alguém tire uma foto minha e me difame, — ela respondeu desamparada.
Um suspiro escapou dos meus lábios. — Você quer sentar na sala de
estar?
A sala de estar havia sido construída para acolher mulheres quando se
sentavam para fofocar ou jogar cartas depois do almoço ou jantar.
Ficava ao lado do escritório de Brian e, atualmente, eu costumava ir lá
com Elizabeth e Jenny quando queríamos ficar longe dos homens.
— Certo. Você tem um palpite de quem poderia ser?, — ela perguntou
quando viramos à direita em outro corredor.
Eu balancei minha cabeça. — Não. Um homem como Gideon pode ter
vários inimigos.
Qualquer um deles pode estar por trás disso.
— De acordo com Kieran e Brenton, não é outro senão Declan Pierce.
— Eu não teria tanta certeza. Existem outras pessoas mais notórias
por aí. Precisamos manter nossos olhos e ouvidos abertos para todos, —
eu disse, abrindo a porta da sala e permitindo que Jenny entrasse.
— Você tem um plano de como podemos fazer isso? Os homens estão
fazendo tudo o que podem para ajudar Gideon, e eu quero fazer a minha
parte.
Comoveu meu coração saber que Jenny queria nos ajudar quando ela
não tinha nenhuma obrigação de fazê-lo. Eu gostaria que houvesse mais
almas como Jenny no mundo porque precisávamos de mais bondade e
menos julgamento e ódio.
— Os homens estão mirando homens. Gideon também acha que é um
homem que está por trás disso, mas eu penso de forma diferente.
Seus olhos se arregalaram. — Você acha que é uma mulher? — Eu
concordei. — Quem?
Isso eu não sei. Mas desde que o primeiro artigo foi publicado, muitas
mulheres se apresentaram e o acusaram de assédio sexual.
— Podemos começar por essas mulheres. Elas são muito famosas,
sendo modelos e tudo, então acho que mirar elas pode nos dar uma pista
ou duas, — eu disse.
Ela acenou com a cabeça. — Hmm, você pode estar certa. Que tal você
pesquisar sobre três, e eu outras três?
— Eu adoraria fazer isso, mas o único problema é que Gideon e Brian
estão sempre por perto. Eles nunca vão me deixar participar.
— O mesmo, aqui. Você acha que Elizabeth pode nos ajudar? Ela
parece ser muito boa em se esgueirar.
Jenny não quis dizer isso como um insulto, mas ela me lembrou de
como eu fiquei me esgueirando pelos andares superiores do castelo
quando me casei com Gideon. Seria possível fazer isso de novo?
Péssima ideia. Lembra o que aconteceu da última vez? Gideon quase te
largou.
Sim, mas da última vez fiquei curiosa para saber por que eu não tinha
permissão para subir. Desta vez, eu estou tentando ajudar meu mando.
Ele nunca vai permitir que você faça isso.
Só preciso que ele saia de casa por um ou dois dias. Então eu poderia
encontrar informações.
Você terá grandes problemas. Assim como da última vez.
Se isso significasse salvar Gideon, então eu estava disposta a fazer o
que fosse necessário.
É a sua cabeça na bandeja.
Não, era a reputação do meu mando em jogo.
O vaivém entre mim e meu cérebro parou abruptamente com o som
de um vaso sendo quebrado.
Jenny e eu trocamos olhares antes de sairmos correndo da sala e
ficarmos do lado de fora do escritório de Brian Maslow, onde ouvimos os
— Você não pode fazer isso. Você disse que tenho uma semana. Faz
apenas três dias, — disse Gideon.
— A situação escalou. Não temos tempo a perder, — disse o pai.
— Escalou? São apenas alguns boatos, pai, eu disse que posso
consertar. Estou em contato com meus investigadores, e em um ou dois
dias saberei quem está por trás de tudo isso.
— Sinto muito, filho, mas não estou disposto a correr esse risco. Não
passei toda a minha vida construindo este império apenas para vê-lo
desabar em alguns dias.
— E também não dediquei minha vida inteira a esta empresa para vê-
la arrumada, pai. Achei que você confiasse em minhas habilidades, —
disse Gideon, se sentindo traído.
— Eu confio em suas habilidades. Mas agora eu preciso manter você e
o resto da família seguros. E então eu decidi, e minha decisão é final, —
disse seu pai.
— V-você não pode fazer isso. — Meu coração se partiu ao som da
gagueira de Gideon. O que seu pai estava planejando?
— Eu posso, e eu irei. Minha decisão é final. Gideon, você não é mais o
CEO da Maslow Enterprises. Kieran e Brenton vão dirigir a empresa em
seu lugar.
— Não! — Gideon protestou, mas parecia que seu pai se recusava a
reconhecer suas palavras.
— Até que essa situação seja resolvida, você não deve mostrar sua cara
no trabalho e, se desobedecer, será escoltado para fora por um segurança.
— Você, Alice, Nico e as crianças vão se mudar para um apartamento
em New Hampshire e devem ficar lá até que a situação seja resolvida.
Eu coloquei a mão sobre minha boca para parar o grito que estava
ameaçando explodir.
Não, não, não. Ele não podia fazer isso. Ele não podia simplesmente
nos expulsar assim. Esta era a nossa casa. A casa de Gideon.
Ninguém tinha o direito de dizer a ele para se mudar.
Lágrimas picaram meus olhos sabendo que não havia nada que eu ou
Gideon pudéssemos fazer. Brian Maslow era o chefe da família e sua
palavra era final. Ele tinha acabado de tomar sua decisão, e não tínhamos
escolha a não ser aceitá-la.
Gideon e eu estávamos nos mudando para um apartamento em New
Hampshire.
Capítulo 6
Alice

— Como ele pôde fazer uma coisa dessas?!, — perguntei a Gideon, que
estava ocupado jogando roupas na mala.
— Ele é o chefe da empresa, ele pode fazer o que bem quiser, — ele
sibilou, olhando para as roupas jogadas ao acaso, como se quisesse que
explodissem em chamas.
— Eu — eu vou falar com ele, — eu disse, esperando que Brian me
ouvisse e permitisse que Gideon continuasse como CEO da Maslow
Enterprises.
Depois de ouvir meu sogro dizer a Gideon que ele não era mais o CEO
da empresa, tive vontade de irromper no escritório e exigir que ele
retirasse suas palavras.
Jenny me puxou de volta para a sala de estar e me disse para não
interferir.
Os homens Maslow tinham egos enormes e não gostavam que
ninguém fosse contra eles, especialmente mulheres. Alguém poderia
pensar que essa mentalidade mudaria no século 21, mas esses homens
eram tão machistas quanto antigamente.
Portanto não tive escolha a não ser sentar e ouvir a porta batendo
enquanto Gideon saía do escritório e entrava em nosso quarto, de onde
tirou uma mala e começou a jogar roupas dentro dela.
E eu sabia que não importava o que eu dissesse ou fizesse, não faria
diferença.
— Não!, — ele ordenou. — Você não vai falar com ele. A única coisa
que você vai fazer é arrumar nossas malas e dizer a Nico para fazer o
mesmo. Estamos saindo agora.
— Agora? Gideon, é seu aniversário e tenho certeza que os paparazzi
estão lá fora esperando para tirar fotos nossas. Isso só vai piorar as coisas.
— Os paparazzi não são uma preocupação. Eu me recuso a ficar aqui.
Não me importo se tivermos que passar a noite em um motel, mas
estamos saindo agora.
— Não perca tempo discutindo comigo, vá empacotar as roupas das
crianças, — ele ordenou, me deixando sem opção a não ser fazer o que
ele disse.
Centenas de coisas passaram pela minha mente enquanto eu fazia
meu caminho para o quarto de Abioye, onde o encontrei com Jack e Lily
em meio a peças de Lego espalhadas pelo chão e Lily segurando uma
peça de Lego vermelha contra a boca.
— Abioye, querido, venha ajudar a mamãe, — eu disse a ele enquanto
caminhava até seu guarda-roupa e puxava sua mala junto com uma
montanha de suas roupas.
— Mamãe, vamos a algum lugar? Por que estamos empacotando
nossas roupas?, — ele perguntou.
— Vamos, querido, vamos tirar umas pequenas férias em New
Hampshire e precisamos sair rapidamente, — respondi. — Você precisa
me ajudar com as roupas de Jack e Lily também, certo?
Ele assentiu. — O tio Kieran e o tio Brenton também irão conosco?
Eu balancei minha cabeça. — Não. Eles estão ocupados. Seremos
apenas nós e o tio Nico.
— Por que estamos indo agora? É o presente de aniversário do papai?,
— ele perguntou.
O que eu deveria dizer a ele? Que estávamos fugindo da mídia? Que o
pai de Gideon estava basicamente nos forçando a nos esconder? Como eu
poderia dizer isso a uma criança de quatro anos, que em breve
completaria cinco anos?
— E tipo isso. E uma surpresa, — eu disse com um sorriso
conspiratório.
Eu me virei e me foquei em dobrar e embalar suas roupas enquanto a
culpa me cortava. Que tipo de mãe eu era?
Eu estava mentindo para meu filho, o que significava que ele
aprenderia a fazer o mesmo à medida que crescesse. Jack e Lily seguiriam
seu exemplo, e a próxima coisa que eu perceberia é que criei um bando
de mentirosos em vez de filhos honestos.
— Mamãe? — Abioye colocou a mão na minha, seus olhos se
enchendo de tristeza. — É sobre o que está acontecendo com o papai?
A emoção se transformou em uma bola e se agarrou à minha garganta,
induzindo uma enxurrada de lágrimas, que eu não tinha intenção de
liberar. Deus, eu era um hipócrita.
Quem eu estava tentando enganar? Era eu quem dizia a todo mundo
que as crianças eram mais inteligentes e perceptivas do que pensávamos,
e aqui estava eu pensando que poderia enganar meu próprio filho.
Mas também é seu trabalho proteger seus filhos.
Sim, era meu trabalho proteger meus filhos e garantir que eles não
tivessem nada com que se preocupar.
E com Gideon passando por tanta coisa, era meu trabalho garantir
que as crianças não fossem apanhadas no fogo cruzado. Quanto menos
eles soubessem, melhor.
Eu concordei.
— Sim, está relacionado a isso. Temos que manter o papai seguro e
temos que manter um ao outro seguro. E aqui
Olhei ao redor da sala que tinha carros e dinossauros pintados nas
paredes, uma cama com lençóis Power Rangers e estantes que ocupavam
uma parede inteira.
— Aqui não é seguro para nós agora. É por isso que temos que ir.
Abioye deu um passo à frente e envolveu seus pequenos braços em
volta de mim. — Eu vou te ajudar a manter todos seguros, mamãe.
Vendo Abioye me abraçando, Jack e Lily esqueceram de suas peças de
Lego e correram para se juntar ao irmão para me abraçar.
E quando vi, estava cercada por meus filhos que estavam me dando
uma força que eu não sabia que eles possuíam.
— Jack? Lily? Venham, vamos empacotar seus brinquedos, — Abioye
disse enquanto se afastava de mim.
— Por quê? Eu quero brincar!, — disse Jack.
— Vou pegar minhas bonecas!, — Lily anunciou antes de sair
correndo do quarto em busca de suas bonecas.
— Vamos brincar mais tarde. Venha.
Precisamos ajudar a mamãe, — disse ele, pegando a mão de Jack e
levando-o até as peças de Lego espalhadas pelo chão.
Ele pegou algumas e as colocou na caixa de Lego, gesticulando para
Jack fazer o mesmo. E Jack, que não tinha ideia do que estava
acontecendo, obedeceu às instruções do irmão mais velho.
Antes que eu percebesse, eles limparam todos os brinquedos do
quarto e os colocaram ordenadamente em suas respectivas caixas.
Eu rapidamente terminei de empacotar as roupas de Abioye e fui para
o quarto de Jack e Lily, onde Lily estava colocando suas bonecas, que
antes estavam em sua prateleira de brinquedos, em uma caixa.
Uma bolha de raiva explodiu em meu peito com a maneira como
Brian Maslow estava
nos expulsando. Eu entendia que ele queria nos proteger, mas essa
não era a maneira de fazer isso.
Ele estava nos tirando de nosso lar e nos dizendo para irmos nos
esconder em algum lugar só para não ter que se preocupar com o ataque
da mídia.
Em vez de apoiar Gideon, ele o mandou renunciar e nunca mostrar
sua cara no trabalho. Absolutamente sem coração.
Depois que descobrisse quem estava por trás de tudo isso, eu daria a
Brian Maslow um pedaço da minha mente por ter abandonado Gideon
assim.
— Mamãe, eu coloquei as bonecas na caixa, — disse Lily quando
comecei a colocar as roupas dela e de Jack em suas respectivas malas.
— Boa menina. Eu coloquei suas roupas na cama. Vista-se
rapidamente, — eu disse a ela.
Ela obedeceu, mas depois de um ou dois minutos, tive que parar de
fazer as malas e ajudar Lily a colocar a camisa pela cabeça e pelos braços.
Embora ela tentasse fazer isso sozinha, não era fácil para ela, e estava
tudo bem. Eu estava orgulhosa dela por tentar.
— Eu visto os sapatos, — anunciou ela, deixando-me saber que não
precisava da minha ajuda.
Terminei de arrumar as malas e fui checar Gideon, o que fiz enquanto
arrastava duas pequenas malas atrás de mim.
— Estamos prontos, — eu disse, abrindo a porta do nosso quarto para
ver Gideon sentado na cama, com os ombros caídos e a cabeça baixa
como se estivesse carregando o peso do mundo sobre suas costas.
— Você está bem? — Eu queria me dar um tapa depois de fazer uma
pergunta tão idiota. Claro que ele não estava bem. Ele não tinha mais
onde trabalhar e seu pai o expulsou de casa.
Gideon suspirou e olhou para mim. — Eu vou consertar isso. Você, as
crianças e Nico não precisam se preocupar com nada.
Só então, a porta se abriu e Nico colocou a cabeça para dentro. — O
que é que estou ouvindo sobre ir embora? Estamos indo para algum
lugar?
Eu concordei. — Estamos nos mudando para New Hampshire por
algum tempo e você vem conosco. Então empacote o que você quiser,
estamos saindo em uma hora.
— Posso perguntar por quê?
— Você pode, mas não agora. Você pode perguntar quando estivermos
no carro, — respondi. Nico acenou com a cabeça e desapareceu,
fechando a porta atrás de si.
— Você falou com seu pai? Certamente ele não pode simplesmente
nos dizer para nos mudarmos para New Hampshire, — eu comentei
enquanto me sentava ao lado dele.
— Se eu não fizer o que ele diz, ele vai congelar todas as minhas
contas bancárias e cancelar todos os meus cartões de crédito. Ficaremos
sem casa e sem dinheiro. — Uau, fale sobre ser cruel.
Suspirei e balancei minha cabeça em decepção. — Isso é muito errado.
Enfim, você terminou de fazer as malas? Você precisa que eu faça as
malas ou faça mais alguma coisa?
Ele balançou a cabeça enquanto segurava minha mão com as suas. —
Prometa-me que não vai duvidar de mim. Você não vai me subestimar
como minha família fez.
Lágrimas de frustração e impotência queimaram meus olhos e me
deram vontade de colocar fogo em todo esse maldito mundo. Mas me
forcei a manter a calma porque ninguém iria se beneficiar com minha
explosão.
Em vez disso, concordei e tentei dar a Gideon um sorriso
tranquilizador.
— Eu confio em você, Gideon. E eu sei que você vai consertar isso. Sua
família não está te dando a chance de fazer isso, mas sei em meu coração
que você é capaz.
— Por favor, não perca a fé em si mesmo porque as crianças e eu
contamos com você, — eu disse a ele.
Ele pode não ser mais responsável por cuidar de sua empresa, mas
ainda era responsável por cuidar de seus filhos.
E quem sabe, talvez nossos filhos fossem os únicos a tirar Gideon
desta escuridão.
— Você tem razão. — Ele me deu um beijo quente e terno. — Você
depende de mim. As crianças dependem de mim. Eu... eu não posso
decepcioná-los. Preciso encontrar um emprego e ter certeza de que
temos dinheiro suficiente para viver confortavelmente...
— Opa, opa, calma aí, Sr. bilionário. Vá com calma.
— Vamos resolver tudo juntos, mas por enquanto, precisamos ir, pois
já é tarde da noite e será mais seguro viajarmos sem os paparazzi nos
seguindo.
— Terminei de arrumar as malas e as crianças estão bem arrumadas e
prontas para ir.
E quanto ao Nico?, — Gideon perguntou.
— Não se preocupe com ele. Ele já deve ter terminado de fazer as
malas e a única bagagem que carrega são seus livros. Acredite em mim,
estamos prontos, — eu disse, odiando que eu tivesse que dizer a ele que
estávamos prontos para partir.
Eu sabia que Gideon estava tentando ser forte por todos nós, e por
mais que eu dissesse a ele que entendia o que ele estava passando, a
verdade era que apenas ele sabia o que estava passando.
Eu poderia apoiá-lo de todas as maneiras que ele quisesse, mas ele
ainda tinha que lidar com isso sozinho. E eu odiava como um homem tão
forte e poderoso estava agora miserável e sendo forçado ao exílio.
— Então vamos embora. Não há razão para ficarmos mais tempo aqui,
— disse e se levantou.
— Você vai falar com seu pai?, — eu questionei quando ele abriu a
porta.
— Eu tenho que dizer adeus, não tenho? Mesmo que eu não queira, —
ele afirmou enquanto saía.
Peguei rapidamente nossas malas e saí do quarto, sem me preocupar
em dar uma última olhada para trás, pois sabia que se o fizesse, iria
explodir em lágrimas e precisava guardar minhas lágrimas para um
momento mais apropriado.
Lá embaixo, toda a família, menos Elizabeth e seu mando e filhos,
estavam presentes, esperando para se despedir de nós. As crianças, junto
com Nico, estavam paradas na porta, todas agasalhadas e prontas para
sair.
Jenny foi a primeira a vir e nos abraçar, seu rosto pálido manchado e
seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas.
— Vou sentir muito a sua falta, — disse ela enquanto abraçava a mim
e a Gideon.
— Não se preocupe, ok? Cuidaremos de tudo aqui, você só se
preocupe em se manter segura e em descobrir quem é o responsável por
isso. E nós iremos visitá-la, eu prometo.
— Obrigada. Eu aprecio muito sua ajuda, — eu disse a ela assim que
Kieran deu um passo à frente e passou os braços em volta de mim.
— Cuide dele, cogumelinho, — ele sussurrou em meu ouvido.
— Ele sempre cuidou de nós e da empresa. Agora é a hora de alguém
cuidar dele e mantê-lo seguro. E eu sei que não há ninguém mais
adequado para o trabalho do que você. Nunca desista dele.
Eu balancei a cabeça enquanto o abracei de volta. — Eu prometo a
você que não vou deixar nada acontecer com ele.
Brenton era o próximo da fila.
Achei que ele também iria me dizer algo sobre cuidar de Gideon, mas
ele não fez nada disso. Ele apenas me abraçou antes de colocar uma mão
reconfortante no ombro de Gideon.
— Você estará de volta antes que perceba. Você terá mais liberdade em
New Hampshire para descobrir quem está atrás de você.
— E não se preocupe, se precisarmos consultá-lo sobre algo a respeito
da empresa, faremos, mas você apenas se concentre em encontrar o
culpado, — disse ele.
Gideon acenou com a cabeça. — Pode apostar que vou descobrir
quem está por trás disso.
Eu não vou deixar nenhum filho da puta louco destruir minha vida
assim.
Assim que Brenton se afastou, Rosemarie, a filha de Jenny, veio
correndo e jogou os braços em volta das minhas pernas.
— Vou sentir sua falta, — disse ela, o que me fez ajoelhar ao seu nível
para que eu pudesse abraçá-la adequadamente.
— Eu vou sentir sua falta também, querida. Seja uma boa garota, ok?
Não incomode muito a mamãe e o papai. — Beijei sua bochecha assim
que Gideon se abaixou e bagunçou seu cabelo.
Eu deixei Rosemarie ir, e ela não perdeu tempo correndo para Abioye,
Jack e Lily, e todos nós assistimos enquanto todos eles se encolheram em
um canto e começaram a sussurrar entre si.
— Tudo bem, filho, é hora de ir. — Minha tristeza foi substituída pela
fúria ao ouvir as palavras de Brian Maslow.
Por que diabos ele foi tão inflexível em nos expulsar? Eu o faria pagar
por fazer isso com minha família, só não sabia ainda como.
— Tome cuidado, pai. Sei que você não precisa mais da minha ajuda
para nada, mas se precisar de qualquer tipo de ajuda, me avise, — disse
Gideon enquanto abraçava seu pai.
— Farei isso, filho. Você mantenha sua família segura, — disse Brian, e
eu sabia que, independentemente do que acontecesse, ele nunca entraria
em contato com Gideon para obter ajuda.
Gideon acenou com a cabeça enquanto recuava, segurando minha
mão. Eu dei um aperto quente em sua mão, deixando-o saber que eu
estava com ele a cada passo do caminho.
— Fiquem em segurança. Todos vocês, — disse Gideon, olhando para
cada um dos membros de sua família individualmente. — Nós vamos
indo, então. Adeus.
Nico abriu a porta, o que fez com que Abioye, Jack e Lily saíssem
correndo, deixando Gideon e eu para segui-los.
Eu engoli em seco e levantei minha mão para acenar para todos. Com
um sorriso suave, me virei e saí da Mansão Maslow, rezando do fundo do
meu coração para que não fosse a última vez.
íamos voltar.
Tínhamos que voltar.
Mas, por enquanto, isso era um adeus.
Capítulo 7
Alice

— Isso é estranho, — disse Gideon, franzindo a testa enquanto


dirigíamos para nossa nova casa, com o telefone na mão.
— O que é?, — eu perguntei, inclinando-me para frente para que eu
pudesse ver o que dizia a mensagem de texto.
— O endereço que Kieran acabou de me enviar por mensagem de
texto não parece certo, — ele respondeu.
New Hampshire parecia estar a anos-luz de distância enquanto
dirigíamos no escuro, mas não tínhamos opção, fomos forçados a sair e
nos esconder. E agora Gideon estava me dizendo que o endereço não
estava certo.
Virei a cabeça para olhar as crianças, que dormiam profundamente, e
Nico, que olhava pela janela, perdido em pensamentos.
Minha bunda estava com cãibras, mas eu sabia que não adiantava
reclamar, pois não havia nada que alguém pudesse fazer a respeito. Com
a escuridão nos envolvendo, quanto antes chegássemos lá, melhor.
Todos nós precisávamos de tempo para absorver os acontecimentos
do dia, mas pela forma que Gideon estava franzindo a testa para a tela do
telefone, parecia que não haveria descanso para nós.
— O que não está certo?, — eu perguntei.
— Você quer que eu verifique o Google Maps?, — Nico perguntou.
Gideon suspirou e balançou a cabeça antes de colocar o telefone no
console do painel. — Não. Achei que ele me enviaria o endereço de nossa
propriedade aqui, mas este é um endereço completamente novo.
Propriedade?
O pai de Gideon não mencionou nada sobre uma propriedade. Ele
disse a ele para se mudar para um apartamento. Mas se eu dissesse isso a
ele, ele saberia que eu estava espionando, e ele não ficaria feliz com isso.
— Você sabe onde é?, — ousei perguntar, esperando não estar
irritando-o por fazer muitas perguntas.
Ele assentiu. — Sim, mas não estou feliz com a localização.
Não estou feliz com nada do que está acontecendo até agora, pensei,
dando-lhe uma última olhada antes de me virar para olhar pela janela, o
que, sem surpresa, não me mostrou muito.
Só o que pude fazer foi pensar em tudo o que aconteceu nessas
últimas vinte e quatro horas.
Meu mando não era mais o homem mais desejável do mundo: ele era
o mais odiado agora. E não tínhamos ideia de como tudo isso aconteceu.
Quem queria machucar Gideon assim?
Eu tinha visto Gideon interagindo com a multidão, e todos que
tiveram a chance de conhecê-lo se encantaram com ele
instantaneamente.
Um homem como Gideon sempre tem inimigos. Sempre.
Mas quem seria?
Gostaria que alguém viesse e me desse a resposta, porque se era para
ficarmos em algum canto remoto do mundo, eu não teria acesso às
pessoas.
Portanto, eu não seria capaz de ajudar meu mando a limpar seu nome.
— Querida, vá dormir. Você deve estar exausta. Não se preocupe,
chegaremos lá em algumas horas, — disse-me Gideon, mas me recusei a
relaxar enquanto ele estava acordado e dirigindo.
Eu dei a ele o sorriso mais caloroso que consegui. — Não se preocupe,
estou bem. E você sabe que eu não consigo dormir em carros.
— Tente relaxar, então, ainda temos um percurso a percorrer.
— Certo.
O resto da viagem passou em silêncio, principalmente por causa das
crianças dormindo no banco de trás.
Eu podia ouvir as perguntas nadando na cabeça de Nico e a confusão e
frustração misturadas na de Gideon, o que me fez sentir impotente por
não poder fazer nada para ajudá-lo.
Seja um pouco paciente. Seu tempo virá.
Tempo não era algo que tínhamos, mas também não podíamos fazer
nada estúpido.
Não importava o que eu quisesse, as coisas demorariam para se
acalmar e teríamos que pensar centenas de vezes antes de agir.
Talvez você possa começar a fazer uma lista de suspeitos...
Como eu poderia fazer isso se não conhecia ninguém? As únicas vezes
em que eu tive um vislumbre do império de negócios de Gideon foi
quando eu o acompanhei a eventos de arrecadação de fundos para a
caridade ou reuniões de negócios.
E não importava o quanto eu tentei compreender o jargão
empresarial, no fim da noite eu tinha mais perguntas do que respostas.
Tudo que eu sabia em meu coração era que era uma mulher e ela
estava se vingando de Gideon. Talvez eu pudesse começar investigando
todas as funcionárias que Gideon empregava...
Como você vai fazer isso quando não tem permissão para visitar o
escritório?
Suspirei internamente. Isso ia ser mais difícil do que eu esperava.
Parecia que eu não tinha opção a não ser pedir ajuda a Jenny e
Elizabeth. Elas teriam melhor acesso ao quartel-general e poderiam me
trazer a lista das funcionárias.
— Estamos quase lá. — A voz de Gideon me fez piscar de volta ao
presente, onde eu pude ver as lojas fechadas tão tarde da noite.
Os postes de luz pontilhavam os dois lados da estrada,
proporcionando algum alívio da escuridão densa.
Mesmo tentando prestar atenção em todas as esquinas que Gideon
estava virando, depois da quinta eu perdi a conta e decidi deixar que ele
nos levasse até lá.
Paramos em frente a um prédio de três andares com telhados
triangulares e grandes janelas quadradas.
Meus olhos brilharam ao ver as varandas disponíveis para alguns dos
apartamentos, e rezei para que uma delas fosse a nossa.
— Não posso acreditar que papai nos enviou para morar aqui, —
Gideon fervia de raiva enquanto saía do carro e fechava a porta.
Olhei para as crianças que dormiam profundamente e suspirei de
alívio quando a explosão de Gideon não as acordou.
— Nico, você leva Lily, eu levo Abioye, e Gideon pode levar Jack, — eu
disse ao meu irmão antes de sair do carro e seguir Gideon dentro do
prédio, onde encontramos o dono já parado com uma chave na mão.
Ele era um homem esguio de trinta e tantos anos, com entrada nos
cabelos e óculos de aro metálico. Ele vestia uma camisa cinza com calças
pretas, e parecia que não conseguia parar de sorrir.
Sr. Maslow, bem-vindo. Devo dizer que é uma honra ter você vindo
morar aqui. Embora sua família já tenha um apartamento aqui há uma
década, nunca ninguém veio morar aqui. Portanto, tenho o prazer de dar
as boas-vindas a todos vocês, — disse o homem.
— Obrigado e você é?
— Você pode me chamar de Smith, Engles Smith, — respondeu o
homem, exibindo uma dentição branca e brilhante. Por que ele estava tão
feliz em nos ver?
— Bem, Sr. Smith, obrigado pela recepção calorosa. Agradecemos se
você puder nos mostrar nosso apartamento, — disse Gideon.
— Claro, por aqui. — Ele se virou para nos guiar, mas coloquei a mão
no braço de Gideon para detê-lo.
— As crianças estão no carro, devemos levá-las para dentro?
— Não acho que haja móveis lá dentro, então não temos onde colocá-
las.
— Eu tenho um par de colchões que dispus para vocês. Vocês podem
comprar móveis pela manhã, — o Sr. Smith nos informou.
— Obrigado. É muito gentil de sua parte, — eu disse.
— Vamos ver o apartamento e voltar para as crianças. Nico está lá com
eles, certo?
Eu balancei a cabeça, o que deu a Gideon toda a confirmação de que
precisava. Ele pegou minha mão e seguimos o Sr. Smith por um lance de
escadas, onde viramos à esquerda e paramos em frente ao apartamento
número dezesseis.
O Sr. Smith nos disse que o elevador estava disponível, mas era apenas
alguns degraus, e por isso ele não se preocupou em esperar por ele.
— É isso, — disse ele antes de colocar a chave na fechadura e abrir a
porta para nós.
— Aqui estão as chaves. Vocês têm duas delas, e há uma com o síndico
do prédio em caso de emergência.
— E se você precisar de alguma coisa, o interfone está na cozinha, e eu
também deixei meu número pessoal no balcão para você.
Você tem alguma pergunta?
Olhei ao redor do apartamento vazio, vendo apenas um quarto e
banheiro, e comecei a planejar mentalmente onde colocar Nico e as
crianças, porque de jeito nenhum nós todos caberíamos naquele único
quarto.
— Quantos quartos há exatamente neste apartamento? — Gideon
perguntou, sua voz dura como granito.
— Um quarto, uma sala, um banheiro e uma cozinha. Também tem
uma varanda, — respondeu o Sr. Smith com um sorriso radiante, como
se estivesse exibindo o apartamento mais luxuoso do mundo.
— Certo. — Ah, ele estava com raiva. Gideon era assustador quando
estava com raiva.
Uma palavra errada da minha ou da boca de qualquer pessoa poderia
nos colocar em um monte de problemas. Talvez eu devesse cuidar da
minha boca e ações pelas próximas horas e dizer a Nico e as crianças para
fazerem o mesmo.
— Excelente. Estarei vendo vocês em alguns dias e espero que gostem
de seu novo
apartamento, — o Sr. Smith disse e saiu.
Assim que o Sr. Smith se retirou do apartamento, Gideon jogou as
chaves o mais longe que pôde. O grunhido de frustração que se seguiu
me fez recuar e odiar Brian Maslow ainda mais.
— Como ele pôde fazer isso comigo? Eu, que fiz tudo pela empresa.
Ele espera que eu more aqui? Aqui? Este lugar tem um quarto! UM!
Inacreditável, porra\ — Onde vamos dormir? Onde as crianças vão
dormir?, — ele perguntou, jogando as mãos para o alto como se esperasse
que o Universo respondesse as suas perguntas.
— Gideon, acalme-se. Vamos resolver...
— Resolver o quê, Alice?! O que há para resolver? Você não pode ver
que esta é a nossa vida agora?
— Vamos apenas ficar aqui neste apartamento desprezível e criar
nossos filhos em um miserável apartamento de um quarto.
Meus filhos, Alice! Meus filhos vão crescer neste minúsculo
apartamento. Eles deveriam crescer como membros da realeza, não como
mendigos.
— Um apartamento de um quarto não os torna mendigos, Gideon, —
argumentei, o que não era a coisa certa a se fazer, como ele demonstrou,
elevando mais ainda a voz.
— Claro que sim! Eles nem mesmo têm um quarto próprio onde
possam brincar e ficar sozinhos. Como diabos eles vão sobreviver aqui?
Ele se afastou de mim, fechando os olhos e massageando a testa com o
polegar e o indicador.
Suspirei exasperada. O que havia de errado com ele? Quando ele
perceberia que dinheiro não era tudo?
Sim, não morávamos mais no palácio, mas morar em um apartamento
de um quarto não era o fim do mundo.
Pessoas, famílias inteiras moravam em apartamentos de um quarto e
podiam criar seus filhos perfeitamente.
Dinheiro não significa que seus filhos cresceriam da maneira certa. E
essa situação era temporária: assim que soubéssemos quem era o
responsável por arrumar a imagem de Gideon, estaríamos de volta à
propriedade.
— Talvez não agora, mas eles terão em breve. Essa situação é
temporária, — falei, tentando fazê-lo entender que também tínhamos o
poder de sobreviver a essa fase da vida.
— Não. — Ele balançou sua cabeça.
— Nós não estaríamos neste apartamento estúpido se não fosse por
meu pai. Ele poderia facilmente ter nos dito para ficarmos na
propriedade da família aqui, mas ele está nos forçando a viver como
indigentes, e eu não aceito isso nem um pouco.
— Estou te dizendo, ele quer que eu sofra. Ele está chateado com o
público questionando nossa integridade, e esta é sua maneira de se
vingar de mim e de minha família.
Revirei os olhos com o absurdo de suas palavras. Isso era ridículo e
sem sentido.
Gideon se recusava a ouvir a razão e estava muito enfurecido para
perceber que estávamos perdendo tempo amaldiçoando Brian Maslow
em vez de tirar Nico e as crianças do carro e colocá-los para dormir.
— Gideon? E uma da manhã, você acha que podemos ter essa
conversa de manhã, quando todos nós tivermos descansado um pouco?
— As crianças estão no carro e precisamos trazê-las para dentro para
que possam dormir em paz, — eu disse a ele, esperando que ele não me
gritasse de novo.
— Dormir em paz? Como alguém pode dormir em paz em um colchão
sujo?, — ele perguntou, apontando para o colchão caído no chão da sala.
— Esse colchão não parece sujo. E eu embalei alguns lençóis. Vou
cobrir os colchões e podemos dormir. Estamos todos cansados e
confusos, podemos conversar mais sobre isso pela manhã.
Por favor, não dificulte tudo agora.
Ele me lançou uma carranca, mas felizmente se absteve de abrir a
boca. Eu o observei sair furioso do apartamento e apressadamente o
segui até chegarmos ao carro.
Gideon puxou Abioye para fora do carro rapidamente enquanto Nico
pegava um Jack adormecido, e eu peguei Lily, que murmurou algo
ininteligível, mas não abriu os olhos.
Assim que voltamos para o apartamento, colocamos as crianças no
colchão, e eu não pude deixar de olhar para Nico, que estava olhando
para mim com uma centena de perguntas em seus olhos.
— Hmm, onde eu devo dormir?, — ele perguntou, olhando para o
quarto e depois para o colchão com três crianças dormindo.
Em vez de responder, Gideon invadiu o quarto e bateu à porta, o que
me fez querer ir atrás dele e esbofeteá-lo por tentar acordar as crianças.
Quando ele entenderia que as crianças são sensíveis ao ruído? As vezes
parecia que Gideon esquecia que as crianças também eram humanas.
— Temo que você vai ter que dormir aqui com as crianças até que
toda essa situação seja resolvida.
— O pai de Gideon nos enviou aqui, e tenho a sensação de que ele não
vai ouvir Gideon sobre nos deixar viver na propriedade da família, — eu
disse a ele, esperando que ele entendesse e não tivesse um ataque de
raiva como meu marido.
Nico suspirou. — Isso vai atrapalhar muito meus estudos.
A culpa apunhalou meu coração, mas a empurrei para o fundo da
minha mente. Agora não era hora de me concentrar em mim mesma. Eu
precisava ter certeza de que todos se adaptariam a essa nova situação.
— Eu sei. Mas é apenas temporário. Há apenas um quarto, e você sabe
como Gideon se sente sobre sua privacidade.
Ele assentiu. — Eu sei. Pelo menos ele decidiu me trazer junto e não
manter você longe de mim como da última vez.
Eu concordei. — Tem certeza que você vai ficar bem?
— Alice, eu fiz uma cirurgia de coração aberto, acredite em mim, isso
não é nada. Só não quero que isso saia do controle, ou pode afetar a
todos nós. Gideon não vai descontar sua raiva em você, vai?
Um brilho protetor entrou em seus olhos, e eu sabia que tinha que
abater suas suspeitas antes que esses dois se enfrentassem.
— Não se preocupe. Gideon me ama e não vai descontar sua raiva para
mim.
— Espero que não. Eu... eu não vou gostar se ele fizer isso, — ele disse
antes de se sentar e se deitar ao lado de Abioye.
— Boa noite, Nico, — disse antes de me retirar para o quarto, onde
encontrei Gideon já deitado no colchão de costas para mim.
Ele parecia estar dormindo, mas eu sabia que não: ele simplesmente
não queria conversar.
Então, fui ao banheiro para realizar meus rituais noturnos antes de
colocar uma camisola e me juntar a Gideon no colchão.
Embora ele fingisse dormir, envolvi meu braço em volta de sua cintura
e me aninhei mais perto dele, me forçando a adormecer, o que levou
cerca de meia hora.
***

O som de algo batendo na porta da frente me acordou do meu sono.


Bocejei e me espreguicei, desejando desesperadamente que hoje fosse um
bom dia.
Olhei para o lado para ver Gideon dormindo profundamente, e o
relógio do meu telefone me disse que eram seis da manhã.
— Quem estaria batendo na porta a esta hora? — Levantei-me do
colchão e vesti meu robe antes de seguir para a porta da frente, tomando
cuidado para não fazer barulho.
Ao abrir a porta, meus olhos pousaram no jornal caído no chão.
Eu o teria deixado lá se não fosse pela foto de Gideon me encarando
na capa, que me fez pegar o papel e correr os olhos sobre ele.
Meu coração disparou quando as palavras me atingiram com a força
de pedras. Senti as paredes se fechando ao meu redor, prendendo a mim
e minha família no esquecimento.
O jornal caiu de minhas mãos com as palavras gravadas para sempre
em minha mente...
Gideon Maslow procurado pela polícia, acusado de crimes contra o país.
Capítulo 8
Alice

— Aqui está, querida. Deu doze e cinquenta e três, — me disse a


senhora simpática do caixa do mercado enquanto me entregava minhas
compras.
— Obrigada, — eu disse e entreguei a ela o dinheiro, esperando que
ela me desse o troco.
Eu precisava chegar em casa antes que Gideon ou as crianças
acordassem para que eu pudesse preparar um bom café da manhã para
eles. Eu não queria que ninguém se preocupasse com coisas triviais como
comida nesta situação.
— Tenha um bom dia! — Ela falou enquanto eu saía da loja e voltava
para o prédio, que ficava a alguns quarteirões do nosso apartamento.
Aumentei meu ritmo e quase corri todo o caminho de volta,
certificando-me de fazer silêncio quando entrei, colocando minhas
chaves no balcão.
— Ai meu Deus! — Quase tive um ataque quando encontrei Gideon
parado na cozinha, ainda de pijama. — Você me assustou! — Coloquei a
mão sobre o peito para acalmar meu coração errático.
— Onde você estava? Você não estava na cama quando acordei. Onde
você foi?, — ele perguntou, seus olhos verde-mar me examinando com
suspeita. Por que ele estava desconfiado de mim? O que eu fiz?
— E-eu f-fui buscar coisas para o café da manhã. As crianças vão
acordar logo, e eu queria ter certeza de que temos algo para comer, —
respondi, odiando o fato de ter gaguejado, pois isso só me fazia parecer
culpada.
— E você não poderia me acordar e me avisar? Eu poderia ter ido com
você. — Ele cruzou os braços sobre o peito e olhou para mim.
Como eu poderia fazer isso quando acordei com a notícia de que você
agora é procurado pela polícia? Não posso te levar a lugar nenhum comigo,
Gideon.
— Você teve uma noite difícil. Todos nós estávamos exaustos. Achei
melhor deixar você dormir, — eu disse enquanto colocava as sacolas de
compras no balcão da cozinha.
— E ainda assim você acordou bem cedo. Você dormiu na mesma hora
que eu. Você não estava cansada, bonitinha?
Por que diabos ele estava falando comigo dessa maneira? Como se ele
não acreditasse que eu realmente saí para comprar comida?
— Gideon? O que houve? Algo está te incomodando? Você sabe que
pode me dizer qualquer coisa, certo? — Aproximei-me dele, certificando-
me de manter minha voz baixa para não incomodar as crianças.
Ele se afastou de mim, o que causou uma pontada de dor no meu
peito.
— Nada está me incomodando, pombinha. Nada mesmo. E mesmo
que algo me incomode... — Ele se aproximou para poder sussurrar em
meu ouvido. — Eu me certifico de cuidar disso antes que possa me fazer
algum mal.
— Lembre-se disso da próxima vez que decidir sair da minha cama
sem minha permissão.
Meu queixo caiu com sua audácia enquanto Gideon apenas me lançou
um último olhar antes de voltar para o nosso quarto e fechar a porta.
O que diabos havia de errado com ele? Eu só saí para comprar
mantimentos para fazer café da manhã para todos, não é como se eu
estivesse me divertindo. Este homem era inacreditável.
Em vez de ir atrás dele e exigir uma explicação, apenas balancei a
cabeça e rapidamente preparei o café da manhã para todos, sabendo que
eles acordariam em breve.
***

— Alice? Onde está o jornal?, — Nico perguntou enquanto nos


sentávamos no chão para tomar café da manhã com Gideon.
Desviei meu olhar enquanto pensava em uma boa desculpa. — Que
jornal?
— Não recebemos o jornal aqui?, — ele perguntou.
Nico gostava de obter o máximo de conhecimento que pudesse de
todos os lugares, e por isso ele tinha o forte hábito de ler o jornal todas as
manhãs enquanto tomava seu café.
Isso acontecia principalmente porque, quando ele era doente, ele
realmente não tinha muito material de leitura, e meu salário miserável
não podia pagar smartphones extravagantes e livros caros, então ele há o
jornal para se divertir.
— N-nós não assinamos nenhum ainda. Talvez quando Gideon e eu
estivermos procurando por móveis, verifiquemos se há assinaturas de
jornais para você, — disse a ele.
Eu odiava o fato de ter que mentir para ele para proteger meu marido.
Se você não tem uma assinatura de jornal, como aquele jornal chegou no
apartamento?
Agora que pensei sobre isso, como poderia ter acontecido? Ninguém,
além da família de Gideon, sabia que havíamos nos mudado para cá,
então como o jornal poderia vir para cá?
Talvez seja uma assinatura coletiva para todo o edifício.
Existia realmente tal coisa? Nesse caso, nunca tinha ouvido falar nisso.
Talvez alguém queira que você veja aquele jornal.
Meu sangue se transformou em lama com o pensamento sinistro.
Não, não, isso não poderia ser possível. Não havia como alguém saber
que estávamos aqui.
Mas se... se alguém soubesse... então Gideon não estava seguro. E se
Gideon não estava seguro, nenhum de nós estava seguro.
Eu olhei para as três crianças pequenas e o medo se formou em meu
estômago. Eu afastei o pensamento estranho da minha mente e tentei o
meu melhor para permanecer esperançosa.
Talvez tenha sido um acidente. O entregador de jornais deve ter jogado no
apartamento errado, ou a antiga família deve ter ido embora sem cancelar a
assinatura.
Não havia inquilinos antigos porque o Sr. Smith nos disse que a
família de Gideon era dona deste apartamento há uma década. A única
explicação que restou foi que foi um erro e eu tinha certeza de que não
aconteceria novamente.
— Obrigado. Por favor, faça, — Nico disse enquanto voltava a comer
seu sanduíche.
— Apresse-se e tome seu café da manhã, nós temos muitos lugares
para ir. Nico, estou deixando você no comando das crianças. Ligue-nos
imediatamente se acontecer alguma coisa. Devemos estar de volta ao
pôr-do-sol, — disse Gideon ao meu irmão, que assentiu.
— Sem problemas, — Nico disse enquanto mordia seu sanduíche.
— E se você precisar de alguma coisa, nos avise. — Com essas
palavras, Gideon se levantou e foi ao nosso quarto trocar de roupa.
— Jura? Esta é a única loja de móveis aqui?, — Gideon reclamou ao
sair do carro.
— É uma cidade pequena, não podemos realmente esperar que
tenham lojas sofisticadas aqui, — eu disse a ele, odiando o fato de que ele
não estava sendo capaz de se ajustar a essa mudança repentina.
Sena melhor para Gideon entender e se comprometer, mas ele parecia
não estar com humor para isso.
Ele me olhou feio. Sério, por que ele continua carrancudo comigo? —
Bem, espero que eles tenham algo que valha o nosso dinheiro.
Entramos na loja e observei Gideon ir direto para a única cama de
dossel da loja.
Ele correu os olhos pelo exterior, tocando e batendo na madeira em
vários locais até que ele chegou a algum tipo de decisão.
— Quanto por esta cama? Vamos querer ela, — disse ele ao vendedor
que veio ficar ao seu lado.
— Hmm, Gideon... — Aproximei-me dele.
— Com licença, senhor, — eu disse ao vendedor e arrastei meu
marido para onde ninguém pudesse nos ouvir.
— Essa cama é boa, mas é muito grande. Não temos espaço para uma
cama tão grande no apartamento. Por que não optamos por uma cama
king-size normal, até mesmo uma cama queen-size serviria.
A tensão apareceu em sua mandíbula, e tudo que pude fazer foi
amaldiçoar Brian Maslow mais uma vez por forçar seu filho a morar em
um apartamento minúsculo.
Gideon estava acostumado com a riqueza. Ele estava acostumado a
grandes espaços. Confiná-lo em um apartamento de um quarto era uma
injustiça horrível, e eu gostaria de poder ligar para meu sogro e dizer isso
a ele.
— Você tem certeza disso?, — ele me perguntou, sua voz
enganosamente suave, o que me disse que ele estava fazendo o seu
melhor para conter seu temperamento.
Eu balancei a cabeça, odiando ser a portadora de más notícias.
— Sim. Não temos espaço para uma cama tão grande assim, nem
podemos colocar uma mesa de centro ou cadeiras. O máximo que
podemos fazer é colocar uma pequena penteadeira ou uma cômoda e
talvez um armário.
Ele soltou um suspiro tão cheio de angústia que trouxe lágrimas aos
meus olhos.
Não importa o que aconteça, Gideon, eu prometo que vou vingar você.
Farei com que todos paguem por colocá-lo em uma situação tão difícil,
incluindo seu pai, jurei.
— Então você pode olhar ao redor e escolher o que quiser. Apenas me
avise quando terminar. Tenho que ligar para o meu detetive particular, —
ele disse e se afastou, deixando-me dar uma olhada nos vários itens de
mobília em exibição.
Depois de passar duas horas na loja, decidi por uma cama king-size
para o quarto e um sofá-cama para Nico e as crianças para serem
colocados na sala de estar, pois era onde eles dormiriam.
Eu também escolhi uma pequena mesa de jantar para nós comermos e
um par de poltronas junto com alguns tapetes e mesas de canto. Eu não
tinha certeza se teríamos espaço para mesinhas de cabeceira, mas ainda
assim acabei escolhendo um conjunto idêntico.
Exatamente como Gideon disse, ele estava ocupado conversando com
as pessoas ao telefone, mal prestando atenção em mim ou no que eu
estava selecionando.
Mesmo quando tentei mostrar os itens, ele apenas balançou a cabeça e
desviou o olhar, o que me mostrou o nível de interesse que ele tinha por
isso.
— Onde você quer ir depois?, — ele perguntou enquanto entregava
seu cartão de crédito ao caixa, que parecia muito feliz por registrar
nossas compras.
— Precisamos de alguns eletrodomésticos para a cozinha e tudo mais,
— respondi enquanto Gideon recitava nosso endereço para a senhora
para que a equipe de entrega pudesse entregar os itens em nossa casa.
— A mobília deve estar em seu apartamento à noite, — disse ela antes
de sairmos da loja e entrarmos no carro.
— Você quer enviar uma mensagem de texto a Nico para avisá-lo
sobre a mobília ou devo fazê-lo?, — ele perguntou enquanto ligava o
carro.
— Eu vou fazer isso. — As nuvens de raiva em seu rosto pareciam ter
diminuído um pouco, e embora ele ainda estivesse longe de estar alegre,
pelo menos estava falando comigo de maneira civilizada.
— Basta escolher o que quiser na loja. Não se preocupe com o preço
de nada. Escolha o que você acha que é certo.
— Ainda tenho mais algumas ligações para fazer, então me diga
quando devo pagar, — ele me disse, o que fez com que fagulhas de
irritação surgissem dentro de mim.
Eu não era a única pessoa morando no apartamento. Ele também
devia estar participando ativamente, ajudando-me a escolher as coisas
certas.
Mas era como se ele não quisesse fazer parte disso porque ainda não
conseguia aceitar o fato de que não morávamos mais na propriedade da
família.
Bem, não adianta dizer isso a ele, já que ele ainda está se acostumando
com o novo normal.
Sim, eu precisava dar tempo a Gideon. Ele logo aceitaria nossa nova
realidade e, quem sabe, talvez até gostasse de morar em um apartamento
pequeno, pois estaria muito mais perto de sua família.
As casas grandes tinham muitas divisões — paredes físicas davam
origem a paredes emocionais e psicológicas, e essas eram as mais difíceis
de penetrar.
— Teve sorte em encontrar o culpado?, — ousei perguntar, esperando
que ele não me esnobasse.
Gideon franziu os lábios e balançou a cabeça.
— Meu detetive está investigando os paparazzi para encontrar a fonte
das acusações. Meu assessor de imprensa está tentando fazer o controle
de danos e está dando o melhor de si para impedir a maior propagação de
falsas alegações.
Eu sabia que era uma pergunta estúpida de se fazer, mas perguntei
assim mesmo. — E há alguma coisa que possamos fazer?
Gideon me lançou um sorriso amargo. — Não há nada que se possa
fazer quando alguém é procurado pela polícia.
Meu coração desmaiou ao ouvi-lo dizer isso. Como ele sabia que era
procurado pela polícia sendo que fiz questão de jogar o jornal fora?
Alguém mais mostrou a ele?
— Você estava tentando esconder isso de mim, não estava, pombinha?
Olhei para ele com olhos culpados apenas para vê-lo me olhando com
ternura. — Como você sabia?
— Eu te conheço melhor do que você se conhece, querida. Não há
nada que você possa esconder de mim, — afirmou.
— Eu sinto muito. Eu vi no jornal esta manhã. Eu não estava tentando
mantê-lo no escuro... Eu só não queria que você acordasse com notícias
tão deprimentes.
Minhas próprias desculpas pareciam idiotas aos meus ouvidos, mas a
verdade é que eu só estava tentando proteger Gideon, e se eu dissesse
isso a ele, ele me diria como era seu trabalho me proteger e não o
contrário.
Ele colocou sua mão sobre a minha e apertou.
— Está tudo bem, eu sei que você está apenas cuidando de mim. E
acredite em mim, bonitinha, agradeço mais do que você imagina.
— Tudo que estou pedindo é que você me dê algum tempo para me
acostumar com tudo isso. Apenas tenha paciência comigo por alguns
dias e eu terei tudo sob controle.
Eu levantei sua mão até meus lábios e dei um beijo nela. — Não vou a
lugar nenhum, Gideon. Leve todo o tempo que precisar, as crianças e eu
estaremos bem aqui.
— Bom, porque eu realmente não suporto comprar eletrodomésticos
para cozinha, — ele resmungou enquanto estacionava o carro em nosso
próximo destino.
Eu ri. — Não se preocupe, eu cuido disso.
Lá dentro, a loja estava cheia de eletrodomésticos de todos os tipos,
então não demorei muito para escolher um mixer e um liquidificador,
além de uma batedeira e até mesmo um micro-ondas.
Já havia um fogão no apartamento, e também uma frigideira e
torradeira, então não precisava comprar, mas comprei algumas louças,
mais panelas e até uma chaleira elétrica para fazer chá, já que meu
mando adorava chá.
E por último, peguei uma centrífuga de sucos para Nico e as crianças
antes de chamar Gideon para pagar a conta.
— Isso é tudo?, — ele perguntou enquanto pagava pelos itens.
— É tudo de que me lembro agora. — Eu dei minha resposta honesta.
— Está tudo bem. Se precisarmos de mais alguma coisa, voltamos
depois.
— Muito obrigado! Tenha um bom dia!, — disse o homem do caixa
enquanto saíamos e Gideon enviava uma mensagem para Nico, avisando
da outra entrega.
No entanto, nós dois paramos repentinamente quando nossos olhos
pousaram no para-brisa do carro.
Minha mão apertou a de Gideon e a dele apertou a minha em retorno
enquanto nós dois olhamos para as palavras que não deveriam ter nos
seguido aqui, rabiscadas com um marcador permanente Sharpie na cor
branca.
Você vai queimar na prisão! Ladrão!
Capítulo 9
Alice

Meus olhos se recusaram a deixar de olhar as palavras pintadas no


para-brisa. Os traços destacavam a fúria com que as palavras haviam sido
rabiscadas.
— I-isso... isso... isso... — Eu não consegui terminar a frase porque
minha mente ainda não conseguia processar o que tinha acontecido.
Achei que estávamos seguros. Brian Maslow nos enviou aqui porque
ninguém aqui sabia quem éramos ou as acusações contra Gideon. Mas
quando olhei para o carro, todas essas crenças viraram pó.
Não estávamos seguros. Não havia nenhum lugar que pudéssemos ir
onde as pessoas não nos conhecessem. E com a forma como a mídia
espalhava as histórias, eu tinha certeza de que as pessoas nas partes mais
remotas do mundo sabiam quem éramos, agora.
E isso não era um bom presságio para nós.
— Entre no carro, — ordenou Gideon, desviando os olhos do para-
brisa e marchando para o carro.
Ele abriu a porta e deslizou para dentro, enfiando a chave na ignição e
ligando o carro. Eu rapidamente entrei e ele não perdeu tempo em dirigir
de volta para casa.
— N-nós consertaremos isso. I-isso não significa nada, — eu disse,
tentando tranquilizá-lo, o que foi em vão, pois nem eu acreditava em
minhas próprias palavras.
E como eu poderia acreditar nelas, quando o mundo inteiro parecia
estar contra nós.
— Não. Há. Nada. Para. Consertar. — Ele enunciou cada palavra, o
que significava que era para eu calar a boca.
Não demorou muito para chegarmos em casa, principalmente porque
Gideon estava dirigindo acima do limite de velocidade, e eu tinha certeza
de que poderíamos esperar uma multa no futuro.
Assim que chegamos ao apartamento, Gideon tirou a chave da ignição
e quase correu para dentro sem esperar por mim.
Corri atrás dele até chegar ao nosso apartamento, onde o vi entrar.
Lily correu em direção a ele, seus pequenos braços estendidos, esperando
que seu pai a pegasse.
O choque me rasgou quando Gideon passou por ela, claramente não
percebendo o movimento de suas mãos enquanto empurrava Lily para o
lado, fazendo-a cair, sua cabeça colidindo com o chão e ela explodindo
em lágrimas.
O medo me atingiu bem no peito enquanto corna até Lily e a erguia
em meus braços. Corri meus olhos sobre sua cabeça procurando por
ferimentos antes de inspecionar o resto de seu corpo por qualquer
possível hematoma.
Foi só quando não encontrei nada que soltei um suspiro de alívio e me
concentrei em silenciá-la.
Lily lamentou enquanto grandes lágrimas rolavam por suas bochechas
rechonchudas. Seus olhos verdes brilharam com mais lágrimas não
derramadas. Eu a balancei para frente e para trás e beijei sua cabeça,
esfregando o local com a minha mão.
— Está tudo bem, querida. Você está bem, — eu murmurei, fazendo o
meu melhor para conter a fúria que queria estrangular meu marido.
Levei cerca de vinte minutos para fazer Lily parar de chorar.
E foi só depois que a sentei com seus irmãos e Nico e coloquei um
monte de brinquedos ao redor dela que eu finalmente fui para o meu
quarto, onde Gideon estava parado na frente da janela.
— Que diabos?!, — comecei assim que fechei a porta.
— O quê? Não tenho tempo para falar agora, pombinha. Preciso de
tempo para pensar, — disse ele sem olhar para mim.
A raiva rosnou e soltou suas garras, o que me fez correr até ele de
modo que ele não teve outra opção a não ser olhar para mim.
— Você sente o mínimo de culpa por suas ações?, — eu exigi.
Ele arqueou uma sobrancelha. — Como é culpa minha Lily ter
chorado? Ela precisa entender o que está acontecendo. Não é hora para
acessos de raiva.
— Ela tem dois anos, Gideon, não vinte! Como diabos ela deveria
entender?
— Ela só queria um abraço seu, era tão difícil para você fazer isso? Não
consigo acreditar como você é egocêntrico a ponto de não conseguir ver
as necessidades dos seus próprios filhos.
Minha voz estava aumentando, mas não me importei. Gideon não
poderia ignorar seus filhos.
— É um abraço, posso dar a ela outra hora, — ele murmurou como se
eu estivesse dando grande importância a nada.
— Não. Você. Não pode! Você dá um abraço nela quando ela quer um
abraço, não quando tem vontade. — Eu respirei fundo, tentando segurar
minha raiva.
— Eu sei que você está passando por um momento difícil, mas você
não pode ignorar seus filhos. Eles precisam de nós, Gideon, e precisamos
protegê-los de nossos problemas.
— Então você faça isso. Você é a mãe. Se estou tendo problemas, você
deve intervir e atender às necessidades emocionais deles, — argumentou.
Parecia que levei um tiro. Quem colocou uma arma na minha cabeça e
me obrigou a casar com esse homem?
Você fez isso por vontade própria.
— As crianças precisam de ambos os pais. Posso amá-las tanto quanto
eu quiser, mas nunca poderei tomar o seu lugar. Você é o pai delas, elas
precisam do seu amor e afeto tanto quanto do meu.
— Então você não pode colocar toda a responsabilidade sobre mim
quando você tem um papel igual a desempenhar, — eu disse a ele,
esperando que ele fosse capaz de entender, com aquela cabeça dura dele,
o que eu estava tentando dizer.
Ele revirou os olhos e eu tive que apertar minhas mãos em punhos, a
fim de me impedir de esbofeteá-lo.
— Vou dar-lhes carinho depois. Por hora, diga a eles para não
chorarem, pois fico com dor de cabeça.
Eu queria arrancar seus cabelos ao ouvi-lo dizer essas coisas, mas me
forcei a manter a calma. Está tudo bem, disse a mim mesma. Ele está
passando por muita coisa. E ele é um idiota quando está estressado.
— Você pode mostrar afeto a eles quando quiser, mas você vai se
desculpar com sua filha, — eu disse e comecei a me afastar.
— Com licença? Me desculpar? Por que eu iria me desculpar? Ela tem
dois anos! — Ele jogou as mãos para o alto como se minhas palavras
fossem ultrajante.
Eu me virei tão rápido que quase caí. — Você a machucou. Você a
empurrou, e ela poderia ter se machucado gravemente.
Seus olhos, endurecidos pela frustração, suavizaram.
— Tudo que ela queria era um abraço, e você se recusou. Então, assim
que você 'se sentir melhor — ', fiz sinal de aspas com os dedos, — você irá
até ela e se desculpará.
Virei-me e saí do quarto com a intenção de ir à cozinha preparar
alguns lanches para as crianças.
No entanto, assim que entrei na cozinha, percebi que nenhum dos
eletrodomésticos que compramos havia sido entregue ainda, o que
significava que eu não poderia assar bolinhos, como pretendia.
— Excelente. Simplesmente ótimo, — eu disse para mim mesma
enquanto soltava um suspiro profundo.
— Precisa de ajuda? — Olhei para Nico, que estava ali segurando um
grosso livro de biologia nas mãos.
Eu balancei minha cabeça e sorri. — Não. Só estou esperando os
entregadores chegarem para que possamos fazer alguma comida.
— Posso ir até a loja e comprar alguns lanches, — ele ofereceu.
— Não, está tudo bem. Eu acho que eu vou. Eu preciso pegar alguns
ingredientes também. Você quer macarrão hoje à noite?, — eu perguntei.
— Claro, macarrão parece bom. E para o almoço?
— Talvez possamos fazer um pedido. Os entregadores só chegarão à
noite, então pedir comida é a única opção, — respondi.
Nico deu de ombros. — Tudo bem, me avise se precisar de alguma
coisa.
Ele voltou a se sentar no colchão enquanto Abioye se aproximava de
mim. — Mamãe? Posso te perguntar uma coisa?
— Claro, querido, — eu disse enquanto o pegava e o colocava no
balcão.
— Papai está zangado com a gente?, — ele perguntou, preocupação
parando em seus olhos.
— Não, de jeito nenhum. — Eu balancei minha cabeça para dar
ênfase.
Então por que ele empurrou a Lily?
É, Gideon, por que você fez isso?
Gideon deveria ser quem daria uma explicação ao filho, mas não, ele
jogou essa responsabilidade para mim.
Se ele continuasse assim, ele empurraria todos os seus três filhos para
longe — eles ficariam com muito medo de ir até ele para qualquer coisa.
— Seu pai não percebeu que Lily estava tão perto. Foi um acidente.
Ele não queria empurrá-la, — eu respondi, esperando que ele acreditasse
em mim.
Abioye era jovem, mas era o mais perspicaz de todos os meus filhos.
Era estranho como ele sabia o que se passava em nossas mentes e como
percebia quando tentávamos mentir para ele.
Ele acenou com a cabeça após alguns segundos. — Sim, você tem
razão. Papai nunca machucaria Lily de propósito. Foi um acidente.
Recuei quando Abioye saltou do balcão e correu de volta para Jack e
Lily, que estavam brincando com as xícaras de chá e chaleira de Lily, com
quase todas as suas bonecas sentadas, tomando chá de faz de conta.
Lily não estava mais chorando e parecia ter esquecido o que havia
acontecido com ela, o que era bom, pois eu não queria que as ações de
Gideon deixassem uma cicatriz permanente nas crianças.
***

Quando o pôr do sol finalmente deu lugar ao anoitecer, suspirei de


alívio ao ver a van de entrega da loja de móveis finalmente chegar.
— Nico, eles estão aqui! — Gritei para que ele ficasse pronto para
recebê-los.
— Beleza, — disse ele antes de abrir a porta da frente no exato
momento em que o entregador levantou o braço para bater.
— Estamos aqui para entregar móveis ao Sr. Maslow, — disse o
homem.
Ele estava vestido com seu uniforme, uma camisa polo branca com
detalhes em azul e o logotipo da empresa bordado à direita — MetaBall
Delivery, dizia.
Ele também usava um boné, que tinha o logotipo da empresa na
frente, jeans e um par de tênis que pareciam caros.
Eu me perguntei quanto ele ganhou para poder comprar sapatos tão
caros, mas não era da minha conta, e eu deveria me concentrar nos
móveis.
— Sim, por favor, entre, — disse Nico, o que fez o homem se virar e
enviar um sinal estranho com a mão que fez com que dois homens
entrassem em nosso apartamento carregando nossas armações de cama.
— Onde você quer isso?, — perguntou um dos homens que
seguravam a cabeceira da cama.
— Lá. — Apontei para o quarto, que estava vazio, pois Gideon havia
saído com o carro para remover as marcas de Sharpie e falar com seu
detetive particular.
Os homens foram rápidos em montar a estrutura da cama para nós e
colocá-la no centro do quarto, contra a parede.
Em seguida, outro conjunto de homens entrou com um colchão
novinho em folha enquanto outros dois carregavam o sofá-cama para as
crianças, que iria para a sala.
Observei os homens trabalhando e enviei uma oração de gratidão por
finalmente termos nosso apartamento arrumado. Nossos
eletrodomésticos e utilidades foram entregues antes, então a única coisa
que faltava eram os móveis.
Mas notei que o apartamento ficaria mais completo com algumas
cortinas e vasos. Achei que Gideon e eu teríamos que fazer outra viagem.
— Está tudo de acordo com suas expectativas, senhora?
Eu pulei ao som da voz de um homem, apenas para ver o primeiro
entregador de pé com um sorriso no rosto.
De perto, ele parecia bonito com olhos castanhos claros e tufos de
cabelo escuro, que eram visíveis sob seu boné. O sorriso em seu rosto não
deveria ter me incomodado, mas por algum motivo, levantou minha
guarda.
— Sim, está tudo perfeito. Obrigada por entregar no prazo, — eu disse
enquanto dava um passo para trás a fim de colocar alguma distância
entre nós.
Mas eu me senti boba depois disso, porque não havia nada que esse
homem pudesse fazer comigo, já que eu tinha Nico e os outros homens
ainda presentes.
— Esse é o nosso trabalho. Entregas atrasadas nunca resultam em
clientes satisfeitos, — disse ele com uma risada.
— Verdade, — eu concordei.
— Há mais alguma coisa que possamos fazer por você?, — ele
questionou, parecendo pronto para fazer o que quer que eu pedisse. Por
que esse homem estava sendo tão legal comigo? O que ele queria?
— Não, obrigada. Isso é tudo. — Saia agora, antes que você me deixe
mais desconfortável.
O homem deslizou a mão no bolso da calça jeans e tirou um cartão.
— Este é o nosso cartão de empresa. E aqui está meu nome, Kevin, e
meu número de contato pessoal. Se você precisar que alguma coisa seja
entregue, sinta-se à vontade para me ligar.
Ele colocou o cartão no balcão ao meu lado.
— Obrigada. — A essa altura, todos os entregadores haviam partido e
eu queria que esse cara também fosse embora. — Tenha uma boa noite.
Seu sorriso vacilou, mas ele não fez nenhum movimento para ficar
mais tempo.
— Boa noite para você também, — disse e saiu do apartamento, o que
me fez soltar um suspiro de alívio audível. Eu esperava não ter que
encontrar esse cara nunca mais.
Antes que eu pudesse fechar a porta e testar os novos móveis, Gideon
entrou parecendo um pouco melhor do que quando saiu. Talvez o
encontro com o investigador tenha rendido boas notícias.
— Eu vi uma van de entrega, nossa mobília está aqui?, — ele
perguntou enquanto fechava a porta e girava a fechadura.
Eu concordei. — Eles foram embora agora. Temos nossa cama e sofá.
— E as mesas e outras coisas?, — ele perguntou confuso.
— Isso também. Olhe. — Fiz um gesto em direção à pequena mesa de
jantar, que estava posicionada contra a parede ao lado do balcão da
cozinha. — Agora temos um lugar para comer e também um lugar para
sentar.
— Comprei um aparelho de televisão agora, enquanto voltava. As
crianças vão ficar entediadas, então a televisão deve proporcionar algum
entretenimento, — informou-me.
Seus olhos pousaram em Lily, que estava sentada com Jack no sofá,
brincando com o vestido de sua boneca.
— Isso é ótimo, porém não podemos deixar as crianças assistindo TV
o tempo todo, — eu disse, mas ele pareceu não me ouvir enquanto
caminhava até Lily e se sentava ao lado dela.
Enquanto eu observava, Gideon levantou Lily de seu lugar no sofá e a
sentou em seu colo.
Um sorriso curvou meus lábios enquanto meu coração se enchia de
amor ao ver pai e filha, enquanto Gideon beijava a cabeça de Lily e a
abraçava com força.
Só depois que ela começou a se contorcer em seu abraço e ele a beijou
mais algumas vezes é que ele finalmente a soltou.
— Sinto muito, minha linda menina, — disse Gideon, beijando sua
bochecha, que a fez sorrir amplamente. Ele me pegou olhando para ele e
fez um gesto com os olhos para que eu me sentasse com ele.
Me movi para fazer o que ele queria quando meus olhos pousaram no
cartão de visita que Kevin havia deixado no balcão. Mesmo que ele me
disse que eu poderia contatá-lo a qualquer hora que eu quisesse, eu sabia
que nunca o contataria.
Então fiz a única coisa que pude, que foi pegar o cartão e amassá-lo na
mão antes de jogá-lo no chão, onde o pegaria mais tarde e jogaria na lata
de lixo.
Então fui para a sala e me sentei ao lado de Gideon, colocando Jack no
meu colo enquanto Abioye se acomodava entre Gideon e Nico decidia se
sentar na poltrona.
Esta noite, eu estava contente por ter minha família sorrindo e
passando um tempo junta.
Mesmo sabendo que não iria durar.
Capítulo 10
Alice

Acordei com uma batida na porta e, por um minuto, apenas fiquei


deitada na cama, ouvindo a batida irregular do meu coração enquanto
pensava em quem poderia ser tão cedo pela manhã.
Seria novamente o jornal? Ainda não tínhamos conseguido uma
assinatura, então não deveria haver nenhum jornal me forçando a
reconhecer as acusações contra meu marido.
Por favor, que não seja um jornal. Por favor, que não seja um jornal.
Forçando meu coração a se acalmar, me levantei da cama e saí do
quarto na ponta dos pés para não acordar Gideon, que parecia relutante
em dormir sem Lily na noite passada.
Só depois de passar meia hora convencendo-o é que ele concordou, e
agora eu não queria incomodá-lo.
Abrindo a porta do quarto, deslizei para fora e fechei suavemente a
porta, enviando uma prece de agradecimento aos deuses carpinteiros que
trabalharam nesta porta bem o suficiente para evitar que ela rangesse
mesmo depois de uma década.
Olhando para as crianças para me certificar de que todas estavam
dormindo, rapidamente abri a porta da frente e espiei. Se havia alguém
assustador, então eu não queria que ele ou ela entrasse e atacasse minha
família.
No entanto, meus olhos se arregalaram de surpresa quando vi Kieran
e Jenny parados ali, vestindo casacos com golas puxadas para cima para
esconder seus rostos.
— Oh meu Deus! Entrem!, — eu disse, tomando cuidado para não
gritar alto porque Lily poderia chorar se seu sono fosse perturbado.
— Onde está Gideon?, — Kieran perguntou assim que fechei a porta
atrás deles.
Ele está dormindo. Está tudo bem?
Agora que eu tive a chance de realmente olhar para eles, Kieran e
Jenny não pareciam ter vindo para uma visita social. Seus rostos
desamparados me disseram que o que quer que eles estivessem aqui não
era bom.
— Você pode, por favor, acordá-lo? Temos que dizer a ele algo
importante, — disse ele.
— Hmm, claro, mas está tudo bem? — Caramba, por que não
poderíamos ter apenas um dia sem nenhuma notícia devastadora?
— Contaremos quando ele estiver aqui, — disse Jenny, olhando para
as crianças para se certificar de que não haviam acordado.
Sem saber mais o que fazer, voltei para o meu quarto e me sentei na
cama ao lado de Gideon. Colocando minha mão em seu ombro, dei-lhe
uma pequena sacudida.
— Gideon? Gideon? Acorde, — eu disse, tentando não falar muito
alto, caso contrário ele poderia se assustar.
No entanto, em vez de abrir os olhos, ele passou um braço em volta da
minha cintura e me puxou para baixo, de modo que eu deitei em seu
peito.
Assim que abri minha boca para contar a ele sobre Kieran e Jenny,
seus lábios desceram nos meus, e eu estava perdida no beijo ardente que
iluminou minhas entranhas e me fez desejar algo para o qual não
tínhamos tempo.
Embora Gideon não parecesse pensar assim, aprofundou o beijo
enquanto suas mãos percorriam meu corpo.
Ele empurrou minha camisola até ter acesso ao meu núcleo gotejante,
deslizando minha calcinha de lado e empurrando dois dedos dentro de
mim, fazendo-me arquear as costas e soltar um gemido suave e
reprimido.
— Você está pingando, pombinha, — ele sussurrou.
Sua voz estava rouca de sono enquanto ele continuava a bombear seus
dedos para dentro e para fora de mim, fazendo meus olhos rolarem para
trás enquanto eu esquecia de tudo, exceto do prazer que ele estava me
dando.
— G-Gideon, — eu respirei enquanto sentia a familiar queimadura de
paixão que me empurrava mais e mais alto para a felicidade absoluta. Só
mais um pouquinho e eu gozaria. Mas Gideon parecia estar com um
humor sádico quando tirou os dedos quando eu estava prestes a gozar, o
que me fez abrir os olhos e olhar para ele com frustração.
— O-o que foi isso?, — eu perguntei, mal segurando um rosnado.
— Por deixar minha cama sem meu conhecimento mais uma vez. E se
você continuar assim, bonitinha, não vai demorar muito até que eu tenha
que amarrá-la para mantê-la aqui.
Seus olhos ficaram sérios, mas a faísca de diversão ainda estava lá. Ele
estava bravo, mas gostava de me torturar.
— Houve uma batida na porta. O que eu deveria fazer?, — eu
perguntei, esperando que ele percebesse que estava agindo como uma
criança mimada.
— Você deveria ter me acordado, — ele respondeu, colocando uma
mecha de cabelo atrás da minha orelha.
Eu revirei meus olhos. Homem ingrato. — Bem, desculpe-me por me
importar com você o suficiente para deixá-lo descansar.
— Não, eu não posso te desculpar, fadinha. — Ele deu um beijo na
minha têmpora antes de sorrir para mim. — Não se preocupe, tenho
certeza que você aprenderá em breve.
Agora eu estava ficando irritada. Por que ele continuava me tratando
com desdém? — Em breve aprenderei o quê? — Aprendi tudo que havia
para aprender sobre ele desde o momento em que nos casamos, e ele
ainda não estava satisfeito.
— Tudo. Principalmente o fato de que não gosto de acordar e não
encontrar você na minha cama, — ele respondeu, acariciando meu
cabelo distraidamente.
— Eu estou bem aqui! Levantei-me para abrir a porta, mas voltei logo.
— E antes que você abra a boca para discutir comigo, Kieran e Jenny
estão aqui, e não parece que eles estão aqui com boas notícias. Eles estão
esperando por nós na sala, — eu disse.
Isso o fez sentar direito, colocar as pernas para baixo e deslizar os pés
em seus chinelos. — Por que você não me disse isso antes?
— Talvez porque você não me deu uma chance, — eu falei.
— Diga a eles para me darem cinco minutos, já vou, — disse ele
enquanto corna para o banheiro.
Saí do quarto para ver Jenny sentada com Lily no colo, beijando o topo
de sua cabeça enquanto ela acariciava os fios macios de seu cabelo.
— Ele vem em cinco minutos. Vocês vão ficar para o café da manhã,
certo?, — Mudei-me para a cozinha para preparar a primeira refeição do
dia.
— Claro..., — Kieran disse como se tudo o que ele tivesse para nos
dizer mataria nosso apetite. Por mais que tentasse ser otimista, sabia que
não seria um dia agradável.
Gideon saiu do quarto depois de exatamente cinco minutos.
Seus olhos se encontraram com os de seu irmão, e algum tipo de
comunicação silenciosa passou entre eles antes que eu sentisse a postura
de Gideon ficar rígida enquanto ele se movia em direção à onde Kieran
estava sentado.
— Tudo bem, o que está acontecendo? Normalmente eu ficaria feliz
em ver vocês, mas parece que vocês não estão aqui com nenhuma boa
notícia, — Gideon disse, forçando Kieran a ir direto ao ponto.
— Isso é porque não estamos. Existe algum lugar onde possamos
conversar em particular? Não quero que as crianças ouçam, — perguntou
ele.
— Bem ali. — Gideon gesticulou em direção ao quarto como se
estivesse envergonhado por ter apenas um quarto para privacidade.
— Você se importa se eu me juntar a você?, — eu perguntei, não
querendo que Gideon carregasse o fardo dessas más notícias sozinho.
— Por que você não se senta com Jenny e lhe faz companhia,
cogumelinho? Ela vai gostar disso. — Kieran me deu um sorriso caloroso
antes de desaparecer dentro do quarto com meu mando.
— Quer que eu te diga o que está acontecendo?, — Jenny disse,
caminhando até mim.
Minhas sobrancelhas subiram para minha testa. — Você sabe?
Ela olhou para a porta fechada antes de me encarar. — Eu
acidentalmente ouvi Kieran conversando com seu pai...
— Acidentalmente ou você estava bisbilhotando?, — eu levantei
minhas sobrancelhas, sabendo muito bem que ela não faria nada
acidentalmente.
Jenny suspirou. — Ok, tudo bem, eu admito. Eu estava escutando.
Mas apenas porque as coisas estão malucas no momento e precisamos de
todas as informações que pudermos.
— Bom para você...
— Não, bom para nós, — ela corrigiu. Esta mulher estava tramando
algo, eu podia dizer.
Mas eu não tinha certeza se ela confiaria em mim.
— Você vai me dizer o que está acontecendo ou terei que amarrá-la e
torturá-la?, — eu ameacei.
— Você não pode me amarrar. Esse direito pertence exclusivamente a
Kieran. — Um rubor coloriu suas bochechas, mas o amor por ele
brilhando em seus olhos provou que ela não temia mais Kieran e estava
feliz por tê-lo ao seu lado.
— Ah, apenas me diga, — eu sibilei para que os homens não pudessem
ouvir.
— Ok, ok, mas você não ouviu isso de mim. Se Gideon te contar, aja
como se estivesse ouvindo a notícia pela primeira vez.
— É óbvio. Agora fale, — eu ordenei.
— Ok, então, Brian não está feliz que Gideon seja procurado pela
polícia agora. Em apenas dois dias, as forças de segurança assumiram o
controle das contas bancárias de Maslow e estão monitorando de perto
as transações que ocorrem.
— Eles estão procurando por Gideon e, apesar do que sempre dizemos
a eles...
Eu a cortei. — Espera! Vocês estão falando com eles...? Você entrou em
contato com a polícia?
— Sim! Eles vieram ontem para prender Gideon. Graças a Deus ele
não estava lá. — Ela estremeceu visivelmente, suas palavras tornando
minha respiração difícil.
— O que aconteceu, então?, — eu perguntei.
— Dissemos a eles que uma de suas tias havia adoecido e que vocês
tinham que ir cuidar dela. A polícia não acreditou em nós, obviamente.
Em nossa defesa, não pensamos em uma história melhor.
— Então agora a polícia sabe que Gideon está escondido e está
tentando localizar seu paradeiro, — ela me disse.
Como ela conseguiu manter a voz no volume mais baixo enquanto
jogava essa bomba em mim, era algo que eu precisava aprender com ela.
— Oh, meu Deus! — Sussurrei, sentindo minha temperatura corporal
cair. Isso era ruim.
Achei que a pior coisa que podia acontecer havia sido ontem, com
alguém escrevendo aquelas palavras horríveis no para-brisa de Gideon,
mas esse era um nível totalmente novo de ruim.
A polícia estava realmente atrás de nós e não demoraria muito até que
encontrassem e prendessem Gideon. O que eu faria se isso acontecesse?
O que eu diria às crianças? Abioye me deixaria louca com suas
perguntas, e Jack e Lily seguiriam seu exemplo.
— Ahh, eu não quero ser insensível, mas você não pode perder a
cabeça agora: as crianças estão de olho.
Com certeza, levantei o olhar para ver quatro pares de olhos
observando a Jenny e a mim, incluindo os de Nico.
Pelo menos eu não teria que explicar essa terrível reviravolta para meu
irmão, porque ele já podia dizer que as coisas haviam piorado.
— Certo. Certo. — Respirei fundo algumas vezes para colocar meus
pensamentos em ordem.
— Então, e agora?
Jenny olhou para mim como se odiasse ser a única a me dizer isso.
— Bem, agora que a polícia está monitorando suas contas bancárias...
bem... vamos apenas dizer que vocês não podem mais usar essas contas
bancárias.
— Ou seja?, — eu solicitei, me sentindo como uma criança de dois
anos que precisava ter tudo explicado para ela.
— Brian Maslow está congelando todas as suas contas. Você e Gideon
não terão mais acesso ao dinheiro.
Não teremos mais acesso ao dinheiro? Mas como isso era possível?
Como iríamos viver? Como Gideon iria viver?
Ele nasceu e cresceu em riqueza. Eu tinha certeza de que ele tinha
diamantes embutidos em seus brinquedos quando era pequeno, esse é o
nível da riqueza dos Maslows.
E agora tudo isso estava perdido, e não havia nada que Gideon nem eu
pudéssemos fazer a respeito.
— Meu Deus, Jenny. Gideon vai ter um enfarte. Ele não pode
sobreviver sem riqueza, — eu disse, meus olhos fixos na bancada
enquanto pensava em maneiras de sobrevivermos.
Eu teria que procurar um emprego. E Gideon, ele teria que procurar
um emprego também. Tínhamos três filhos, mais Nico, que ainda estava
na escola e sua educação era cara.
E se isso continuasse, então Abioye começaria a escola em setembro, e
teríamos que pagar por sua educação também.
Gideon não aceitaria mandar Abioye para uma escola pública, ele só
queria o melhor para seus filhos. Ele concordaria com nada menos do
que as melhores escolas particulares, e elas custavam uma fortuna.
Só então a porta do quarto se abriu, e Gideon emergiu parecendo ter
sido forçado a lutar contra um demônio, uma luta da qual ele mal
conseguiu sair vivo.
Seu rosto, antes cheio de cor e vida, agora parecia mortalmente
pálido, e seus olhos, que tinham tanto amor por mim e pelas crianças,
agora estavam cheios de fúria forte o suficiente para incinerar toda a
cidade de New Hampshire.
— Gideon? O que houve?, — eu perguntei, lembrando-me do que
Jenny me disse e agindo como se eu não tivesse ideia do que Kieran havia
dito. — O que você disse para ele?, — eu disse a Kieran.
— Conversaremos mais tarde, pombinha. Eu vou te contar tudo. —
Ele me deu um beijo suave, seus lábios me dizendo para ter paciência,
embora eu já soubesse de tudo.
— Por que nós não preparamos o café da manhã para Kieran, Jenny e
as crianças?
Nós? Desde quando houve um nós quando se tratava de cozinhar?
Gideon não conseguia nem ferver água, então eu não sabia por que ele
pensava que poderia me ajudar.
Mesmo assim, ele me seguiu até a cozinha e tirou os utensílios dos
armários. Peguei os ingredientes da geladeira e comecei a preparar o café
da manhã.
Achei que como Gideon havia dito nós, ele iria realmente tentar me
ajudar. Mas ele apenas ficou lá, olhando para um ponto aleatório na parede
enquanto eu cortava, picava e preparava o café da manhã.
Vê-lo parecendo tão perdido trouxe lágrimas aos meus olhos, o que
me fez piscar rapidamente para evitar criar uma cena.
Não se preocupe, Gideon. Eu vou cuidar de tudo. Estou acostumado a
trabalhar em vários empregos para economizar dinheiro. Já fiz isso antes,
posso fazer de novo por você.
Eu gostaria de poder contar a ele o que estava acontecendo em minha
mente. Porém, conhecendo Gideon, era inútil, pois ele não me deixava
trabalhar em um posto de gasolina.
Mas agora que não tínhamos dinheiro, ele teria que deixar de lado sua
teimosia e aceitar o fato de que nós dois precisávamos trabalhar juntos
para cuidar de nossos filhos.
Nossos papéis não estavam mais divididos e, se ele se recusasse a ver
isso, eu teria que resolver o problema.
— Ei, Gideon? — Ergui os olhos dos meus ovos mexidos picantes para
olhar para Jenny.
— Sim, Jenny?, — Gideon disse, quebrando o feitiço das trevas que ele
se forçou a afundar devido às notícias de Kieran.
— Eu estava me perguntando se eu posso levar Alice para passear com
as garotas amanhã? Eu estava planejando levá-la ao spa, por minha conta,
é claro.
— Vou trazê-la de volta às três da tarde. Achei que seria bom para ela
relaxar um pouco, considerando... — Ela parou, mas Gideon parecia
entender para onde ela estava indo.
— Um spa? Olha, eu não tenho nenhum problema com vocês duas
passando um tempo juntas, mas você acha que é seguro?, — ele
perguntou.
Ela assentiu freneticamente.
— Sim, completamente seguro. Kieran me ajudou a alugar a casa
inteira por um dia, então não haverá ninguém além de nós lá. Sem
paparazzi, eu prometo. E se eu encontrar um único flash de câmera, vou
trazê-la de volta.
Gideon ficou em silêncio por um momento enquanto eu me
perguntava por que Jenny queria me levar para sair. Ela sabia que eu não
estava com humor para mimos enquanto meu marido era acusado de
desvio de dinheiro.
Eu daria a ela um pedaço de minha mente assim que a encontrasse
sozinha.
— Bem, se você planeja cumprir sua palavra, então eu não acho que
Alice deva ficar confinada aqui. Leve-a para sair e certifique-se de que ela
se divirta, — disse ele.
— Obrigada. Mas quem vai cuidar das crianças? Quero dizer, Nico vai
para a escola, certo?, — Jenny perguntou o que era exatamente a minha
pergunta.
— Não se preocupe com as crianças. Estou aqui, então vou vigiá-los.
— Gideon deu um sorriso triste.
— Tem certeza? — Ela não parecia convencida, e eu sentia o mesmo.
— Eu tenho alguma outra opção?, — ele disse antes de sair da cozinha
e se juntar a seu irmão no sofá.
— Que diabos?! Um spa? Você acha que eu deveria me divertir nessa
bagunça?, — eu gritei em um sussurro enquanto colocava os ovos
mexidos em um prato.
— Caramba, acalme-se. Eu preciso tirar você de casa, e essa é a única
desculpa que eu poderia inventar, — ela explicou.
Eu fiz uma careta. — Tirar-me de casa para quê?
— Alguém tem que descobrir quem está por trás disso. Agora que
Gideon está praticamente sob prisão domiciliar, cabe a nós, mulheres,
descobrir: e você não pode fazer isso se também estiver enfiada aqui com
ele.
— Vista suas roupas de menina grande, Alice. E hora de investigar.
Continua no Livro 3…
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