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Uma garçonete que luta para cuidar de seu irmão doente recebe uma
oferta irrecusável. Se ela se casar com um CEO rico e dominador e lhe
der um herdeiro dentro de um ano, ele pagará a ela um milhão de dólares
e ajudará seu irmão a fazer a cirurgia de que precisa. Será a vida no
castelo pura tortura, ou ela poderá encontrar a felicidade? Talvez até
amor Classificação etária: 18 +
Autor original: Kim L. Davis
Livro sem Revisão
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros
Antes, meu coração bateu forte quando Brenton foi me buscar para
me levar ao meu casamento, mas agora meu coração batia forte por um
motivo, totalmente diferente.
Eu ia fazer sexo com Gideon.
Gideon me carregou rapidamente escada acima para o nosso quarto,
sem parar para me deixar admirar minha nova casa. Ele gentilmente me
colocou no chão, me dizendo para tirar minhas roupas e ficar confortável
na cama.
Tipo, como assim?
O homem esqueceu que eu era virgem? Como eu poderia ficar
confortável na cama? Como eu poderia estar completamente OK com o
fato de que faria sexo pela primeira vez?
Comecei a achar que Gideon não batia bem da cabeça.
— Você ainda está vestida, — afirmou Gideon. saindo do banheiro
apenas com sua boxer.
Um rubor coloriu minhas bochechas enquanto eu olhava para meu
marido. O cara era digno de babar, com braços volumosos e peitoral
definido.
Não é de se admirar que a mulherada gritasse tanto durante o sexo
com ele. Tive a impressão de que ele pode ter esmagado aquelas pobres
mulheres sob seu corpo, fazendo-as gritar como almas penadas.
Eu finalmente consegui falar. — Ah... sim...
Balançando a cabeça com um sorrisinho, Gideon caminhou até mim e
rapidamente desabotoou meu vestido.
Depois que todos os botões estavam abertos, Gideon me despiu de
meu vestido de noiva, deixando-me somente de calcinha e sutiã,
enquanto eu me sentia paralisada.
Gideon me virou e segurou meus ombros e gentilmente, me guiando
para a cama. Empurrando-me sobre ela. Gideon me posicionou de forma
que minha cabeça ficasse no travesseiro, meu corpo sob o dele.
— Você está com medo, — afirmou ele. acariciando minhas
bochechas.
Eu estava com medo demais para responder, sentia como se as
palavras tivessem se alojado na minha garganta. Nunca, em um milhão
de anos, imaginei esse momento: eu. casada, fazendo sexo pela primeira
vez com meu marido.
Tudo isso fez eu me sentir como se estivesse em uma realidade
paralela.
— Não se preocupe, apenas feche os olhos. Eu não vou te machucar.
— E ele fez de novo, deixando de ser um babaca e voltando a ser um cara
legal.
Nervosa demais para discutir, fiz o que ele disse. Fechei os olhos
tentando encontrar conforto na escuridão, mas não consegui. O cheiro
de Gideon invadiu minhas narinas, me fazendo perceber o quão perto de
mim ele estava sentindo o calor de seu corpo me tomando.
Gideon capturou meus lábios em um beijo lento e sensual. Correndo a
mão pela minha pele despida, ele rapidamente tirou meu sutiã e minha
calcinha, me deixando completamente nua.
Meu corpo começou a esquentar conforme o beijo se tomava mais
profundo, e Gideon penetrava meus lábios com sua língua, invadindo
minha boca. Senti algo úmido entre minhas pernas.
Ele continuou passando as mãos na minha pele nua. deixando um
rastro de fogo elétrico onde seus dedos passavam. Eu pensei que ele fosse
parar de me tocar depois de me despir, mas suas mãos não pararam.
Eles continuaram sua jornada, sempre descendo, até chegarem ao
meu sexo, que pingava calor líquido.
Estremeci quando Gideon deslizou um dedo dentro de mim. mas seu
peso me manteve parada. Deixando meus lábios e beijando meu pescoço,
Gideon lentamente bombeou seu dedo para dentro e para fora de mim.
fazendo-me sentir um prazer como nunca havia sentido.
Tirando o dedo de dentro de mim, Gideon posicionou seu corpo sobre
o meu. Minha mente estava confusa com o que estava acontecendo,
meus olhos pesados. Eu me senti bêbada de luxúria.
Sem uma palavra. Gideon deslizou para dentro de mim. me fazendo
arquear as costas com o volume inesperado, meu interior se adaptando
para acomodar seu tamanho e largura.
— Aah, pare, tire, — eu choraminguei. Ele já havia rompido o meu
hímen? Eu mão sabia, mas sabia que doía.
— Shh, fadinha, relaxe, apenas relaxe, — Gideon murmurou, passando
os dedos pelo meu cabelo, me acalmando.
Respirando fundo, fiz o possível para relaxar, confiando em que
Gideon não me machucaria. Fechando meus olhos, fiz o meu melhor
para relaxar meus músculos.
— Boa menina, agora isso vai doer.
Espere, tem mais?
Com um impulso rápido, Gideon empurrou para dentro de mim.
fazendo-me arquear as costas mais uma vez, por causa da dor dilacerante
que me fez gritar.
— Filho da puta! — A dor era horrível, queimava por dentro.
Amaldiçoei todos os romances que li que faziam a primeira vez parecer
agradável.
— Shh, relaxe, a dor irá embora em pouco tempo. Apenas relaxe,
pombinha, — Gideon murmurou baixinho. me beijando, me segurando
perto dele.
Exatamente como ele disse, a dor diminuiu depois de um tempo. Dei
um suspiro de alívio. Percebendo isso. Gideon começou a se mover,
lentamente bombeando para dentro e para fora de mim de forma
rítmica.
Agora, meu corpo estava entorpecido com uma sensação estranha.
Tudo começou como um calor intenso na boca do meu estômago, um
calor que continuou crescendo e crescendo, até que eu quis me banhar
nesse calor.
Essa bola de calor continuou crescendo e crescendo até explodir... Eu
arqueei minhas costas quando o prazer me rasgou, banhando-me com
um calor dourado enquanto meu corpo tremia.
Era isso que as mulheres nos romances queriam dizer sobre o sexo ser
prazeroso? Era isso um orgasmo?
Seria este o nirvana que as mulheres diziam alcançar quando beijavam
apaixonadamente a quem amavam? Era esta a razão pela qual as
mulheres eram viciadas em sexo?
O som de um grunhido me trouxe de volta à realidade. Pisquei os
olhos e vi Gideon diminuindo o ritmo enquanto ejaculava dentro de
mim. Depois de um minuto. Gideon soltou um suspiro pesado e se virou
na cama.
— Agora durma um pouco. Você deve estar exausta, — disse Gideon.
deitando-se ao meu lado. Puxando-me para perto. Gideon me envolveu
com seu forte braço, prendendo-me junto dele.
Eu estava muito perdida no sentimento de felicidade pós-sexo para
discutir com Gideon. Então fechei os olhos com um sorrisinho no rosto,
rapidamente caindo nas profundezas do sono, sentindo-me satisfeita.
Depois de tomar um banho rápido e colocar um vestido, saí do meu
quarto para procurar Gideon. Eu precisava do número de Kieran para
checar como o Nico estava.
Gideon não estava na cama quando acordei após meu cochilo.
Estranhamente, senti meu coração afundar um pouco quando acordei e
me vi sozinha no quarto.
Capítulo 6
Eu sabia que era burrice da minha parte esperar que ele fosse legal e
amoroso comigo quando ele tinha se casado apenas para ganhar bebê,
mas eu simplesmente não conseguia controlar o que sentia.
Eu era muito trouxa.
Procurando na sala de estar e na biblioteca, franzi a testa quando não
vi Gideon em lugar nenhum. Onde será que ele estava? Será que foi
trabalhar?
Depois de procurá-lo em mais alguns quartos, fiquei sem fôlego. O
castelo era enorme, e havia uma distância considerável entre um cômodo
e o outro, o que me deixou sem fôlego depois de entrar em seis cômodos.
Eu me perguntei quantos quartos este castelo gigantesco tinha. E
também quanto tempo eu levaria para explorar tudo isso. Um ano?
Talvez mais? Se demorasse mais de um ano, lembrei que então eu não
seria capaz de ver tudo.
Depois de entrar no sexto quarto vazio, desisti e resolvi voltar para
meu quarto, quando percebi que eu estava perdida e não sabia o
caminho.
Virei a cabeça para a esquerda e para a direita para ver se conseguia
lembrar a direção do meu quarto, mas parecia que minha memória de
curto prazo havia pifado, pois eu não sabia nem mesmo de que direção
eu tinha vindo. Em poucas horas eu já havia me perdido.
Era nessas horas que eu desejava ter sido abençoado com alguma
inteligência espacial, mas não. Deus escolheu me abençoar com um
defeito após o outro.
Confiando em meus instintos, que não eram exatamente confiáveis,
escolhi virar à direita, rezando para que eu voltasse a um local familiar.
No entanto, meus instintos mais uma vez se provaram totalmente
inúteis, porque, enquanto eu continuava avançando, me encontrei em
uma sala grande e desconhecida.
Era uma sala circular, com piso de mármore, grandes janelas, cortinas
de veludo macio e tapeçarias nas paredes, que davam ao quarto uma
aparência real.
Um enorme lustre de cristal pendurado no centro, com os cristais em
forma de gota cintilando à luz do sol que entrava pelas janelas. Na
parede, havia um quadro de uma mulher pendurado.
Seria a mãe de Gideon? Avó? Bisavó? Quem quer que fosse, ela só
aumentava a beleza da sala, que já era tirar o fôlego, que provavelmente
estava fora dos limites também.
Sentindo meu coração afundar por estar em mais uma sala
desconhecida, sai correndo da sala circular e me vi de volta no longo
corredor. O pânico começou a tomar conta quando me vi perdida neste
enorme e peculiar labirinto.
Eu sabia que não seria fácil ficar com Gideon. mas mesmo encontrá-lo
estava se provando ser mais difícil do que eu poderia imaginar, sem
mencionar que ainda precisava ligar para Kieran e perguntar sobre Nico.
Meu Deus, era meu primeiro dia de casamento e eu já estava
xingando! Estou vendo o — viver como uma princesa.
— Milady? Você está bem?, — uma voz suave e feminina perguntou.
Virei meu pescoço tão rápido para olhar na direção da voz. que foi
incrível ele não ter quebrado.
Parada a poucos metros de mim estava uma mulher que parecia ter
vinte e poucos anos, usando um uniforme assinado de empregada.
Seu cabelo loiro estava preso em um coque justo no topo de sua
cabeça, e sua pele pálida era pintada por sardas. Ela tinha olhos azuis
escuros e lábios finos.
— Ah sim, você sabe onde Gideon está?, — eu perguntei à mulher, não
querendo que ela soubesse que eu estava perdida.
— O senhor Maslow está em seu escritório, — respondeu a
empregada.
— Eu gostaria de vê-lo. — Não ia pedir a esta empregada que me
levasse a Gideon. Ele era meu marido e eu tinha todo o direito de vê-lo.
— Quando o senhor Maslow está em seu escritório, ele dá instruções
estritas para não deixar ninguém perturbá-lo, — ela respondeu.
— Bem, eu sou a esposa dele e quero que você me leve ao seu
escritório, — afirmei. Eu precisava ver Gideon, e nada iria me impedir...
exceto meu senso de direção.
Antes que a empregada pudesse dizer qualquer coisa, passos suaves
foram ouvidos atrás dela. Uma mulher, que parecia estar na casa dos
quarenta, apareceu com a testa franzida.
— O que está acontecendo aqui? Milady, o que você está fazendo
aqui?, — a mulher exigiu de mim, como se eu estivesse fazendo algo
errado.
— Eu quero ver o Gideon. Leve-me até ele, — eu ordenei à mulher
mais velha.
— Suzy, por que você não levou a senhora Maslow ao escritório do
senhor Maslow?. — A mulher mais velha perguntou à mulher mais nova,
que franziu as sobrancelhas.
— Você conhece as regras. Ninguém tem permissão para incomodá-lo
quando ele está trabalhando — murmurou Suzy para a mulher mais
velha.
— Sun, mas não podemos deixá-la perambulando por este andar. Esta
parte do castelo é proibida. O senhor Maslow não me falou que sua
esposa poderia vir aqui, — a mulher mais velha sussurrou asperamente.
Jura?! Eu estava bem ali. e elas estavam conversando como se eu não
estivesse escutando tudo. Eu sabia que eu era baixa e pequena, mas isso
não me tomava invisível!
Mais importante, por que essa parte do castelo era proibida? Por causa
da senhora na sala? Será que o castelo era assombrado?
Mas não encontrei nada fora do comum enquanto procurava meu
marido, então por que. no Palácio de Buckingham. essa parte do castelo
seria proibida?
— Por favor, me perdoe, milady. Vou levá-la ao senhor Maslow
imediatamente. Se você puder me acompanhar, — Suzy me disse, depois
de alguns segundos.
Não querendo perder mais tempo aqui do que eu já tinha perdido,
comecei a seguir Suzy, quando a voz da mulher mais velha me parou.
— Milady, com todo o respeito, por favor evite vir a este andar, de
agora em diante. Esta parte do castelo é estritamente proibida para todos
os funcionários e familiares.
O senhor Maslow não ficará feliz se souber que você se aventurou
pelas partes proibidas do castelo, — ela me disse.
— Por que essa parte do castelo e proibida?, — eu perguntei.
— Receio não ter liberdade para responder, milady, — disse ela. sem
desviar o olhar do meu. Era como se ela quisesse que eu fosse embora,
como se ela estivesse com raiva por eu ter ousado vir aqui.
No entanto, suas palavras despertaram ainda mais minha curiosidade.
Ela pode não ter a liberdade de me dizer exatamente por que esta parte
do castelo foi proibida, mas eu sabia que Gideon me diria. Ele tinha que
me dizer.
— Existem outras partes do castelo que são proibidas?, — eu
perguntei, ácido gotejando de minhas palavras.
— Sim, este andar e o resto dos andares acima deste são estritamente
proibidos, — ela respondeu, ignorando a amargura em meu tom. Eu não
gosto dessa mulher.
Acenando com a cabeça, me virei e deixei Suzy me levar para fora da
zona proibida. Descemos cinco lances de escada, o que fez eu me tocar.
Como diabos eu consegui subir tantos degraus? Cinco andares!
Eu tinha procurado quartos em cinco andares! Bem. eu tentei
encontrar Gideon em apenas seis quartos... Seis quartos destrancados. O
resto deles estava trancado.
Pelo menos no meio disso tudo eu pude apreciar a beleza e o
esplendor do castelo. Não havia uma única coisa que parecesse barata.
Tudo parecia ser top de linha e caro.
Sem falar que o castelo era um contraste entre o novo e o antigo. A
estrutura do castelo parecia ter sido feita no século XVIII. mas a
tecnologia era definitivamente do século XXI.
Depois de descer mais dois lances de escada. Suzy fez uma curva
fechada à direita, levando-me a um corredor isolado. Ela parou quando
ficou cara a cara com uma porta gigante. Levantando seu pequeno
punho, Suzy bateu duas vezes na porta.
— Sim?, — disse a voz masculina e inconfundível de Gideon.
— Senhor, sua esposa deseja falar com você — respondeu Suzy.
— Ok, você pode ir embora, — ele respondeu.
Acenando para a porta de madeira, Suzy se virou e foi embora,
deixando-me parada, olhando para a caríssima porta de madeira. Eu
estava pensando em ir embora também, mas algo me disse que Gideon
abriria a porta.
Quando isso aconteceu, suspirei de alívio, feliz por ter escolhido ficar,
apesar da confusão que se formou em minha mente quando Suzy foi
embora. Entrei na sala e a porta imediatamente se fechou.
Gideon sentou-se em uma cadeira de pelúcia com encosto alto, atrás
de uma grande mesa de madeira. Havia papéis espalhados pela superfície
da mesa, junto de outros itens, como um peso de papel de vidro, um mini
globo, um porta-lápis e um bloco de notas adesivas.
Um enorme Mac estava instalado à sua direita, com a tela mostrando
uma planilha do Excel.
O escritório de Gideon não era diferente do resto do castelo. Havia
algumas cadeiras grandes com encostos altos, para visitantes, e também
um sofá royal. posicionado contra uma parede, com duas cadeiras iguais
de cada lado.
Havia um pequeno lustre, que lançava um brilho suave ao redor da
sala. As cortinas de veludo impediam a entrada da luz solar, banhando a
sala com luz artificial.
— Vejo que você está acordada, — afirmou Gideon, olhando para
mim.
— Por que você não estava na cama?, — eu perguntei, e
imediatamente me arrependi. Não queria que Gideon pensasse que ele
sair da cama me deixava triste.
— Eu tinha trabalho a fazer, — respondeu ele.
— Você poderia ter me acordado, — eu disse.
— Não, parecia que você precisava descansar, — ele respondeu,
deixando seus olhos correrem pelo papel que segurava.
— Bem. eu tentei procurar por você, mas me perdi. — Comecei a
brincar com meu colar.
— Bem. agora que você me encontrou, então me diga, bonitinha. o
que posso fazer por você?, — Gideon perguntou.
Cometer suicídio, talvez? Isso me pouparia o trabalho de ser casada
com você, sugeriu meu subconsciente.
— Eu preciso do número de Kieran. — Eu disse.
— Por quê?, — perguntou Gideon. erguendo uma sobrancelha.
— Eu preciso falar com ele, — eu respondi vagamente, não querendo
dizer a ele o verdadeiro motivo pelo qual eu queria falar com seu irmão.
— Por qual razão? — Ele não ia deixar passar batido.
— Algo importante. — Eu não contaria mesmo a razão de eu querer
tanto falar com Kieran.
— O quê? — Cara, ele pergunta demais.
— Ah, algo importante, — eu repeti.
— Diga-me. pequenina, você está sendo deliberadamente obtusa, ou é
de nascença? — Gideon perguntou.
Meu temperamento explodiu ao ouvir suas palavras. A coragem desse
homem! Como ele ousa me chamar de obtusa?!
— Apenas me dê o número de Kieran, — eu exigi com raiva.
— Não, — disse ele.
— Não? — Ele tinha que me dar o número.
— Não até que você me diga sobre o que quer falar com ele, —
afirmou.
— Eu disse que é algo importante, — eu insisti.
— E eu perguntei a você exatamente o que é. — Este homem era
impossível.
— É importante, — eu repeti teimosamente.
— Importante, como querer saber sobre o seu irmão?
Eu bufei. — Ok. tudo bem. sim. eu quero saber como Nico está, e eu
preciso dizer a Kieran para dar a Nico seu remédio exatamente às nove
horas. Agora posso, por favor, ter o número dele? — A isso que eu fui
reduzida: implorar. Eu não podia acreditar que havia caído em tal estado
apenas por causa de dinheiro. Não é de se admirar que a ganância seja
um dos sete pecados capitais.
— Veja, não foi tão difícil, foi? — Gideon adorava me provocar, me
irritar.
— Qual é o número dele?, — eu perguntei novamente, pronta para
memorizar o número de Kieran.
Gideon não respondeu. Em vez disso, pegou o telefone sem fio e
apertou um botão. — Venha aqui. Você pode falar com Kieran agora. —
Ele esticou o telefone para mim.
Alcancei Gideon em três passos. Pegando o telefone de sua mão,
sentei-me em uma das cadeiras de visitantes e ouvi o toque monótono.
— Olá?, — Kieran perguntou.
— Olá. Kieran. sou eu. Alice, — eu disse.
— Oh. olá. cogumelinho, como você está? — ele perguntou.
— Estou bem. Ouça. Nico está aí com você?
— Sim. ele está assistindo TV, — respondeu Kieran.
— Ele jantou?, — eu perguntei.
— Ainda não, mas em uma hora nos sentaremos para jantar, — Kieran
respondeu.
— Ok, certifique-se de que sua refeição não tenha nenhum tipo de
gordura, apenas dê a ele vegetais. Eles são bons para sua saúde e, por
favor, dê-lhe o remédio exatamente às nove horas. Eu guardei todos na
mala dele, junto com a receita, — eu disse.
— Algo mais? Ele dorme do lado direito ou esquerdo? Ele tem um urso
de pelúcia especial com o qual gosta de dormir? Ele dorme depois de
ouvir uma história de ninar? — Kieran provocou.
— Não, — eu cerrei, tentando me acalmar, — apenas faça o que eu
disse e diga a Nico que eu disse oi. — Com isso, desliguei. não querendo
ouvir a voz irritante de Kieran.
Colocando o telefone na mesa, respirei pesadamente. Eu estava mal-
humorada; eu realmente estava. Mas já fazia muito tempo que ninguém
realmente me irritava. Agora, com Kieran me provocando, me peguei
ficando cada vez mais irritado, e não gostei disso.
— Isso é tudo? — Gideon perguntou.
Eu concordei.
— Sim. obrigada, vou deixá-lo com o seu trabalho. Desculpe
incomodá-lo. — Levantei-me e me virei, com a intenção de sair pela
porta, mas me contive quando um pensamento entrou em minha mente.
•Gideon?
— Sim? — Ele não tirou os olhos dos papéis.
— Como a porta se abriu sendo que você estava sentado atrás da
mesa?, — eu perguntei.
— Controle remoto. Eu apertei um botão e a porta se abriu, e então
apertei outro botão para fechar a porta. — Uma combinação perfeita do
antigo com o novo.
— Ah, que legal! Mais uma pergunta. — Agora que estávamos falando
sobre a casa, eu podia perguntar o que estava me incomodando antes.
— Sim? — Gideon era tão legal às vezes.
— Por que os andares superiores do castelo são proibidos?, — eu
questionei.
Isso causou uma reação inesperada nele. A cabeça de Gideon ergueu-
se rapidamente, olhando para mim. Em um segundo ele estava sentado
atrás da mesa trabalhando, e no seguinte ele estava parado na minha
frente, segurando meus braços com suas mãos, com olhar severo.
— Quem te disse isso? — ele me perguntou, a raiva deformando seu
rosto.
— Ahn, as empregadas me disseram, — eu respondi, de repente com
medo dele.
— Por quê? Por que elas te diriam isso? — Ele me sacudiu, fazendo
com que meu medo aumentasse.
— Eu... eu subi até o sétimo andar procurando por você. Eu me perdi.
e Suzy e essa outra empregada me encontraram e me disseram que os
andares superiores eram proibidos, — eu respondi, meu coração batendo
rápido.
Gideon me soltou e pôs suas mãos na cabeça, virando de costas para
mim. Soltou um suspiro de frustração...
Virando novamente, Gideon me pegou pelos ombros e me trouxe para
mais perto dele. Ele curvou o rosto até que sua respiração se misturasse
com a minha.
— Nunca se atreva a subir lá. Alice. Estou falando muito sério. Haverá
graves consequências se você pisar no sétimo andar e acima. Você me
entende?, — Gideon avisou.
Eu balancei a cabeça, muito chocada e apavorada para pronunciar
uma sílaba. Eu não tinha ideia do que diabos estava lá em cima para
Gideon reagir assim, mas o que quer que fosse, era muito sério.
Depois de me ver acenar com a cabeça. Gideon relaxou
instantaneamente. Com um aceno rápido, Gideon removeu seu aperto
dos meus ombros. Respirando fundo algumas vezes. Gideon passou a
mão pelo cabelo.
— Você não vai nem mencionar esses andares, nunca mais.
Entendido?
Eu balancei a cabeça mais uma vez.
— Bom. agora vamos comer. Você deve estar com fome, — afirmou
Gideon. Pegando minha mão na dele, ele me levou para fora do
escritório.
Eu não tinha ideia do que estava lá. Mas eu descobriria antes que este
ano terminasse.
Capítulo 7
Naquela noite não consegui dormir. Imagens daquela mulher linda e
delicada continuavam piscando diante dos meus olhos, fazendo minha
mente girar com ideias e curiosidade. Quem era essa mulher?
E por que o sétimo andar em diante eram proibidos? Eu tinha certeza
de uma coisa — aquela mulher na foto era parente dos Maslows. Mas
quem era ela?
Depois de algumas horas, meu corpo finalmente sucumbiu ao sono.
No entanto, minha mente não parava de trabalhar, imaginando cenários
relacionados ao mistério por trás dos andares superiores.
O que quer que fosse, eu iria descobrir. Eu só teria que ser muito
discreta sobre isso.
A manhã chegou e Gideon me acordou entrando em mim. Dizer que
fiquei surpresa seria um eufemismo. Nunca esperei ser acordada do jeito
que fui essa manhã.
Fiquei feliz por ter aberto os olhos e ver que quem estava transando
comigo enquanto eu dormia, antes que eu socasse alguém, era Gideon —
para meu alívio absoluto.
Caso contrário, eu teria recebido a sua fúria de Gideon e ele estaria
ostentando um grande hematoma no rosto.
— Por que você fez sexo comigo logo de manhã? — Perguntei a
Gideon durante o café da manhã.
— Estou tentando engravidar você. Quanto mais cedo você
engravidar, melhor, — respondeu ele sem rodeios, cortando o sanduíche
com uma faca e comendo-o com um garfo. Eu estava começando a me
perguntar se os Maslows eram da realeza ou não.
Eles certamente agiam como se fosse. A equipe se referia a Gideon
como — milorde — e a mim como — milady, — o que. se eu não estava o.
eram termos usados para realeza, sem mencionar a maneira como
Gideon estava comendo o maldito sanduíche: com um garfo e uma faca!
No entanto, sua resposta me feriu. Não por ser a verdade nua e crua,
mas porque a resposta de Gideon fez eu me sentir como se eu não
passasse de uma máquina de fazer bebês.
Quer dizer, sim. nós nos casamos apenas porque fui forçada a fornecer
um herdeiro a Gideon. mas o cara não precisava me tratar como uma
máquina. Eu sou humana. Eu tenho sentimentos.
••Tenho certeza de que se você fizer sexo aleatório comigo, isso não
vai me engravidar mais rápido, — eu disse a ele, tentando puxar
conversa. O homem não falava muito.
Gideon me olhou. — Não discuta comigo, — afirmou.
Pois bem. chega de conversa. Talvez fazer sexo pela manhã não tenha
ajudado seu humor.
Depois do café da manhã, Gideon saiu rapidamente para o trabalho,
mas não antes de me dizer que eu poderia entrar em contato com Kieran
para falar com meu irmão pelo telefone fixo. Eu só precisava apertar o
número 4 e seria automaticamente direcionado para Kieran.
Eu sorri depois de ouvir isso. Mesmo que Gideon fosse frio e
implacável na maioria das vezes, ele ainda tinha ponto fraco pelas
pessoas, ou era só eu?
Eu não tinha certeza — e ele ocasionalmente me deu um vislumbre
desse lado mais suave ao fazer essas pequenas coisas por mim.
Assim que Gideon saiu do castelo, fechando a porta atrás de si, meu
olhar imediatamente disparou para as escadas. Agora era o momento
perfeito para explorar os andares proibidos.
Só esperava não ser pega. Mas primeiro eu precisava falar com meu
irmão.
Pegando rapidamente um telefone sem fio próximo, pressionei o
número 4 e coloquei o telefone contra o meu ouvido. Depois de quatro
toques consistentes, eu comecei a pensar que talvez Kieran não
atenderia, porém depois de alguns instantes ele finalmente atendeu.
— Alô?
— Oi. Kieran. sou eu, Alice, — eu disse.
— Cogumelinho. como você está?. — Kieran perguntou.
— Quantas vezes devo dizer para você não me chamar assim?, — eu
disse irritada.
— Você pode me dizer mil vezes, e ainda vou chamá-lo de
cogumelinho, — respondeu ele. Eu podia ouvir o sorriso malicioso em
sua voz.
Me segurando para não responder com um xingamento, respirei
fundo. — Onde está Nico?, — perguntei a Kieran ao invés de xingá-lo.
— Assistindo TV, — ele respondeu.
— Você não deveria deixá-lo assistir tanto à TV, — eu adverti. — Não
é bom para ele.
— Bem, é TV ou sair para jogar. Faça sua escolha, — ele respondeu
secamente.
— Você não tem nenhum jogo de tabuleiro? — Essas pessoas eram tão
chatas.
— Quantos anos eu tenho, sete anos? Não, eu não tenho nenhum
maldito jogo de tabuleiro, — ele murmurou.
— Bem, vá comprar alguns. Para que serve todo esse dinheiro, gastar
em strippers?! — Eu estava realmente começando a odiar a ideia de
Gideon sobre Nico ficar com Kieran pelas próximas duas semanas.
— Deus, você é irritante, — Kieran lamentou.
— Vá comprar alguns jogos de tabuleiro para Nico, — eu ordenei. —
Ele gosta mais de jogar War e Banco Imobiliário. Ludo também.
— E com quem ele vai jogar, seus amigos imaginários? — Agora eu
realmente queria bater minha cabeça contra a parede.
— Não. seu idiota, ele vai jogar com você, — eu cerrei.
— Cuidado, cogumelinho, eu posso não ser tão legal se você continuar
me insultando. — Kieran avisou.
— Bem, então não me dê a chance de insultá-lo continuamente. Vá
comprar alguns jogos de tabuleiro para Nico e coloque-o no telefone. Eu
quero falar com ele — eu disse.
Eu ouvi algum tipo de barulho antes de Nico atender. — Olá? — Disse
Nico.
— Oi. Nico. sou eu. Alice, — eu disse a ele. aliviada ao ouvir a voz do
meu irmão.
— Oi. Alice, como você está? Como está Gideon? — Nico perguntou.
— Estou bem. maninho. Gideon também está bem. Como você está?
— Fazia apenas vinte e quatro horas desde a última vez que vi Nico, e
ainda assim pareciam meses.
— Estou bem. Kieran tem uma casa muito grande, — ele me disse.
— Isso é ótimo, Nic. O que você está fazendo? — Eu já sabia o que ele
estava fazendo, mas mesmo assim perguntei. por uma questão de
conversa.
— Eu estou assistindo TV. Kieran e eu fizemos lanches mais cedo. Ele
é um ótimo cozinheiro, — respondeu ele com alegria.
— Lanches saudáveis, certo? — Eu mataria Kieran se ele desse comida
lixo para meu irmão.
— Sim. sanduíches de vegetais. Eles estavam deliciosos, — ele me
disse, meu coração relaxando instantaneamente.
— Bom. isso é bom, — eu disse.
— Sabe. Alice. Kieran me disse que Gideon está procurando um bom
médico para realizar minha cirurgia. — Nico me informou.
Minha mente não conseguia acreditar no que Nico havia dito. Gideon
estava procurando um cardiologista para a cirurgia de Nico? Mesmo que
não fosse problema dele, ele ainda procurava um bom médico para meu
irmão.
Naquele momento, todas as coisas negativas que pensei sobre Gideon
evaporaram em fragmentos de nada, deixando para trás apenas os traços
positivos. Não importava mais para mim que Gideon fosse frio, direto,
distante e arrogante.
O que importava era que. embora não fosse da conta dele, ele estava
procurando o cardiologista, e isso me fez respeitá-lo cem vezes mais do
que já o respeitava.
— Tem certeza. Nico? — Eu queria ter certeza de que Kieran não
estava mentindo para Nico.
— Sim. Kieran me disse. Você pode perguntar a ele você mesma, —
Nico respondeu.
— Você pode colocá-lo no telefone? — Eu pedi.
— Certo. — Houve aquele farfalhar de novo antes de Kieran voltar à
linha.
— E aí. cogumelinho? — Kieran disse.
— É verdade que Gideon está procurando um cardiologista para Nico?
— Eu perguntei.
— Sim, — ele respondeu.
— Tem certeza? Você não está mentindo para mim. está? — Deus, eu
quebraria algo se Kieran me dissesse que ele estava brincando.
— Cogumelinho. quão cruel você acha que nós somos? Só porque nós
meio que armamos uma quadrilha contra você quando rejeitou a
proposta do meu irmão, não significa que faríamos uma espécie de piada
de mau gosto mentindo para você sobre a cirurgia do seu irmão. É
altamente insultuoso que você pense tão mal de nós, — disse Kieran.
Uma pontada de culpa atingiu meu coração ao ouvir suas palavras.
Kieran estava certo. Eu não deveria julgá-los tão rapidamente. Gideon já
havia me dado muito. Eu deveria me bater por pensar assim sobre meu
marido.
— Eu — eu sinto muito. Kieran. Eu não deveria ter dito tudo isso —
eu me desculpei.
— Eu sei que você está acostumado a ser independente e não está
acostumado com pessoas te ajudando, mas. cogumelinho, agora você
pode relaxar e deixar Gideon carregar um pouco do fardo. Deixe-o te
ajudar, — Kieran me disse suavemente.
Eu gostaria que fosse assim tão fácil. Eu gostaria que fosse tão fácil
aceitar a ajuda de outras pessoas. Mas a verdade é que não podia fazer
isso. Eu não conseguiria ficar bem com os outros me ajudando,
simplesmente porque não queria me acostumar com isso.
Gideon e eu ficaríamos juntos apenas por um ano e eu não conseguia
me acostumai a dividir meu fardo com ele, porque então tudo acabaria e
eu voltaria para o meu trabalho de garçonete.
Enfrentar o mundo sozinha seria difícil.
No entanto, não deixei Kieran saber sobre tudo isso. O problema era
meu e eu iria cuidar disso sozinha.
— Vou tentar, — disse eu.
— Bom. acredite em mim. não será difícil. No momento você é casada
com um dos homens mais ricos do planeta. Todos os seus desejos se
tomarão realidade. Tudo que você quiser, é só pedir, — afirmou Kieran.
E se eu não fosse casada com um dos homens mais ricos do planeta? O
que então? Qual era o sentido de aproveitar a vida de luxo quando todos
nós sabíamos que ela chegaria ao fim?
Eu não poderia ser estúpida o suficiente para fechar os olhos à minha
situação financeira só porque Deus me abençoou com dinheiro para a
cirurgia de meu irmão.
E assim que Nico fizesse a cirurgiã, eu usaria as outras cinquenta mil
libras para sua educação. Eu não deixaria Nico se estressar com os
problemas monetários. Eu daria a ele o futuro que ele merecia.
— Sim. obrigado, Kieran. e sinto muito por duvidar de você, — eu
disse a ele com sinceridade.
— Sem problemas, cogumelinho. Agora preciso comprar jogos de
tabuleiro para Nico, — disse ele.
— Ok, e certifique-se de dar o remédio a ele na hora certa. Se cuide,
tchau.
— Tchau. — Ele desligou.
Coloquei o telefone de volta no gancho, satisfeita por meu irmão estar
bem e se divertindo. Comecei minha outra tarefa: subir ao sétimo andar.
***
Esperei algumas horas depois de falar com Kieran e Nico para subir.
As criadas estavam alvoroçadas por toda parte, e eu sabia que se uma
delas me pegasse subindo furtivamente eu estaria em apuros.
Então eu esperei.
E esperei.
A espera foi insuportável. O tempo parecia estar se movendo muito
devagar. Toda vez que eu olhava para o relógio, o ponteiro dos minutos
só tinha se movido de um dígito para o próximo, nunca pulando nenhum
número.
Quatro horas depois, as empregadas finalmente se retiraram para seus
aposentos para a pausa para o almoço. Já era tarde, os ponteiros das
horas e dos minutos apontando para o meio-dia.
Suzy havia me informado que os cozinheiros viriam preparar o
almoço assim que terminasse o intervalo para o almoço, que era às 13
horas, o que significava que eu tinha apenas uma hora para explorar o
sétimo andar.
Respirando fundo, corri rapidamente para os lances de escada, não
parando até que pousei no quarto andar. Ali, fiz uma pausa, tentando
recuperar o fôlego.
Eu juro, se não fosse a pressa eu não teria ficado tão ofegante.
Meus olhos encontraram o relógio, o ponteiro dos minutos agora
apontando para um. A coisa boa sobre este castelo era que havia relógios
em todos os andares, e não qualquer relógio, relógios enormes que
podiam ser vistos de longe.
Eu juro, se não fosse a pressa eu não teria ficado tão ofegante.
Meus olhos encontraram o relógio, o ponteiro dos minutos agora
apontando para um. A coisa boa sobre este castelo era que havia relógios
em todos os andares, e não qualquer relógio, relógios enormes que
podiam ser vistos de longe.
/
Henry me ligou algumas horas atrás. Ele me disse que me ama e mal pode
esperar para se casar comigo. Suas palavras me deram a felicidade e o
conforto que sempre proporcionam, e me fizeram esquecer do meu pai e de
suas decisões injustas.
Eu disse a Henry que o amo também e que farei tudo ao meu alcance para
garantir que fiquemos juntos.
Lentamente, comecei a embalar minhas roupas em uma mochila. Se eu
fugir, só poderei levar meus itens básicos comigo.
Terei que deixar minhas joias e todos os meus vestidos de alta costura
aqui, e levar apenas minhas roupas práticas. Não importa o que aconteça,
não tenho escolha a não ser me preparar para o pior.
Espero que tudo dê certo.
Elizabeth
Depois de terminar de ler essa página, folheei diário até parar na
página datada de Io de julho de 2002. Respirei fundo e comecei a ler.
Esse dia falava principalmente sobre Elizabeth estar uma pilha de
nervos porque Gideon falaria com seu pai sobre Henry.
Eu sabia que era intrometida e, apesar de tentar ao máximo controlar
minha curiosidade, sempre acabava cedendo: Eu era fraca.
— E-eu qu-queria saber sobre a mulher do sétimo andar, — gaguejei,
olhando para o chão.
— Por quê?, — ele perguntou, sua voz gelada.
— Porque... porque... — Eu não tinha ideia do que dizer a ele. Queria
saber sobre a mulher do retrato porque eu era um ser humano
intrometido. Porque eu não sabia quando cuidar da minha própria
maldita vida?
Meu coração começou a bater forte quando Gideon caminhou até
ficar a poucos centímetros de mim. Antes que eu pudesse dizer qualquer
coisa, Gideon arrancou o diário de Elizabeth das minhas mãos. Mordi o
lábio enquanto Gideon folheava o diário, antes de jogá-lo no pufe.
Respirando fundo, ele perguntou: — Por quê?
Essa única palavra continha tantas perguntas que eu não sabia como
responder. Eu só queria me enrolar em posição fetal e me esconder.
A vergonha e a culpa pelo que eu tinha feito me fizeram desejar que o
chão se abrisse e me engolisse por inteiro. Qualquer coisa para me afastar
de Gideon e não ver o olhar que ele estava me dando — cheio de
acusação e amargura.
— Sinto muito, — eu murmurei, desejando ter meu colar.
— Não, não foi isso que eu perguntei. Eu não preciso de desculpas,
Alice. Eu preciso de uma merda de uma explicação!, — ele gritou, me
fazendo pular.
— Eu te disse. Qu-queria saber sobre a mulher do retrato no sétimo
andar, — respondi.
— Por quê?, — Gideon questionou.
— Porque você não estava me dizendo quem ela era e me disse para
não subir lá. então... — Eu parei, esperando que Gideon entendesse.
— Exatamente, eu disse para você não subir lá. e o que você faz? Você
entra furtivamente nos arquivos e começa a bisbilhotar. Meus desejos e
solicitações não significam nada para você? Achei que podia confiar em
você! — Ele não se incomodou em baixar a voz.
— Me desculpe, eu só... Eu queria saber quem ela era. E você estava
sendo tão reservado. Eu pensei em descobrir sobre ela sozinha, — eu
disse.
Gideon acenou com a cabeça, mas não havia compreensão em seus
olhos. — Certo, ao invés de respeitar a privacidade das pessoas, você sai
por aí metendo o nariz onde não é chamada. Sabe, nunca tive vergonha
de você.
Apesar de você pertencer à classe baixa, nunca senti vergonha de você,
mas agora, hoje, tenho vergonha de você. Tenho vergonha de chamá-la
de minha esposa. — Ele fervia.
Lágrimas encheram meus olhos ao ouvir as palavras de Gideon. Não,
não, isso não podia estar acontecendo. Eu tentei o meu melhor para ser
uma boa esposa para ele, ele não podia ter vergonha de mim. Não não
não. Ai Deus, o que eu fiz? Eu nunca quis que isso acontecesse.
— Gideon, por favor, não diga isso. Eu disse que sinto muito. Por
favor, não diga que você tem vergonha de mim. — Eu agarrei o braço de
Gideon, mas ele se livrou do meu aperto.
— Por que eu não deveria dizer quando é verdade? Eu pensei que
poderia confiar em você. Mas não, você não se importou em estar traindo
minha confiança e bisbilhotando minha casa quando eu disse para você
não fazer isso.
Ela rezava para que seu pai deixasse que ela se casasse com Henry em
vez de Alejandro. embora ela não tivesse muita esperança. Ela agora
tinha duas mochilas que continham todas as suas coisas importantes.
Eu estava quase no final da página quando uma voz repentina me
assustou. — Uau. eu não sabia que minha esposa era a versão feminina de
Sherlock Holmes, — disse Gideon, com a voz seca.
Saltando do pufe, escondi o diário de Elizabeth atrás de mim, mas
sabia que Gideon já tinha me visto com ele.
Meu coração começou a bater forte enquanto eu olhava para meu
marido, que estava encostado na prateleira de madeira com os braços
cruzados sobre o peito.
Seus olhos verde-mar estavam duros, traindo seu exterior calmo.
Sabendo que fui pega, não pude fazer nada. Minha boca ficou seca de
repente, conforme o medo se instalava na minha barriga, e tudo o que fiz
foi dizer uma palavra.
— Gideon.
Capítulo 27
Quando minha mãe me disse que minha curiosidade me colocaria em
apuros um dia, não acreditei nela. Mas agora, enquanto eu olhava para
Gideon. incapaz de decifrar a expressão em seus olhos verdes como o
mar. eu sabia que minha mãe estava certa.
Gideon não disse nada, apenas ficou me olhando, fazendo com que eu
me sentisse ainda mais culpada do que normalmente me sentiria. Eu. por
outro lado, não sabia o que fazer para sair dessa situação.
Não sabia como explicar meu comportamento. Devo mentir? Devo
dizer a verdade? Gideon me expulsaria de sua casa se eu optasse pela
verdade?
Considerando o que você acabou de ser pega fazendo, expulsá-la de casa
será um pouco melhor do que todas as outras coisas que seu mando é capaz
de fazer.
Tentando reunir o máximo de coragem que pude, decidi enfrentar
essa situação de frente. — Gideon, o que você está fazendo aqui?, — eu
perguntei, embora eu não tivesse o direito de perguntar a meu marido o
que ele estava fazendo em sua própria casa.
— Bem. terminei meu trabalho mais cedo, então pensei em
surpreender minha esposa, mas fui eu quem me surpreendi quando vi
que minha esposa estava se esgueirando pelas minhas costas, —
respondeu ele, com amargura e fúria escorrendo de suas palavras.
Respirando fundo, continuei. — Gideon, eu posso explicar, — eu
disse, cavando meus dedos no diário de Elizabeth. espremendo o veludo.
Gideon ergueu a sobrancelha. — Ah, por favor, explique. Eu adoraria
saber por que você não respeitou minha privacidade e desejos e foi aos
arquivos quando eu disse estritamente para não fazer isso.
Gideon parecia calmo, mas eu sabia que ele estava tudo menos isso.
Ele queria atacar, estava com raiva. Eu não tinha ideia de por que ele
estava agindo tão calmo quando nós dois sabíamos que ele não estava.
De repente, minha boca ficou seca e tive dificuldade para falar. Eu não
sabia como explicar a ele sem soar como uma idiota intrometida.
Gideon se virou para ir embora, mas eu o impedi, pegando sua mão e
segurando-a com força.
— Gideon, por favor. Eu sinto muito. Eu prometo que não vou fazer
isso de novo. Jamais voltarei aos arquivos. Apenas me perdoe. Por favor,
me dê outra chance, — eu implorei, mas parecia que ele não me ouvia.
— Me solte. Alice. Não consigo nem olhar para você agora. —
Torcendo sua mão livre do meu aperto, Gideon caminhou para fora dos
arquivos. Eu o segui, querendo que ele me perdoasse. Eu pediria
desculpas mil vezes se isso fosse o que ele queria.
— Gideon. por favor, fale comigo. Me dê outra chance. Dê-me uma
chance para explicar, — implorei, mas Gideon continuou andando.
— Você já fez o suficiente. Não quero nem olhar para você, nem quero
qualquer tipo de explicação. Me deixe em paz, — ele rosnou.
— Gideon, por favor, não faça isso. Eu posso explicar. Apenas me
escute. Não vou deixá-lo sozinho até que você me escute, — eu disse.
Ele se virou para mim, uma imensidão de emoções piscando naqueles
olhos hipnotizantes. — Você não respeitou meus desejos antes, pelo
menos os respeite agora. Me deixe em paz. Eu não quero estar perto de
você.
Sua voz era determinada, e então ele saiu da biblioteca, batendo a
porta gigante.
Lágrimas escorreram livremente dos meus olhos enquanto eu
desabava no chão, soluçando. Gideon disse que tinha vergonha de me
chamar de esposa. Bem. agora eu estava com vergonha de mim mesma.
O que eu estava pensando, bisbilhotando o castelo do meu marido?
Eu deveria ter respeitado seus desejos de manter sua irmã em segredo.
Ai Deus, o que eu fiz? Eu era uma pessoa horrível, e agora Gideon me
odiava.
Ele tem todo o direito de odiar você. O que você fez foi horrível. Eu não
ficaria surpresa se ele te dissesse para deixar o castelo e nunca mais mostrar
seu rosto horrível e traidor.
Eu fui uma idiota. Por que não conseguia aprender a cuidar da minha
vida como pessoas normais? Por que eu tinha que ser tão intrometida?
E agora, por causa da minha natureza horrível e curiosa. Gideon me
odiava, provavelmente rescindiria o contrato e me expulsaria.
Por que você não vai embora? Dessa forma, ele não vai expulsá-la e você
sairá deste castelo com sua dignidade intacta, sugeriu meu subconsciente.
Sabendo que eu teria que procurar um apartamento de qualquer
maneira, decidi seguir meu conselho. Eu começaria a procurar um
apartamento o mais rápido possível.
Gideon provável mente nunca me perdoaria, então seria melhor se eu
fosse embora. Ele disse que não queria me ver que queria que eu o
deixasse em paz.
Me recompondo, enxuguei minhas lágrimas antes de fazer meu
caminho para o meu quarto. Talvez eu dormisse no quarto de Nico, já
que o quarto era de Gideon e eu duvidava que ele quisesse dormir ao
meu lado.
Gideon não estava no quarto quando entrei, o que era algo que eu
esperava. Sentado na cama, me permiti cair para trás até que minhas
costas encontrassem o colchão. Meus pés penduraram enquanto eu
pensava no que fazer a seguir.
Pedir desculpas a Gideon repetidas vezes era algo que eu sabia que
teria que fazer. O que eu fiz foi imperdoável. Eu sabia que Gideon
rescindiria o contrato e me expulsaria, então talvez eu devesse começar a
procurar um apartamento.
Ou devo primeiro encontrar um emprego decente? Eu sabia que não
poderia trabalhar em um ambiente insalubre. Eu estava grávida agora, e
nunca arriscaria a saúde do meu bebê.
Por falar no bebê, talvez eu devesse procurar um advogado que me
representasse quando eu pedisse a guarda conjunta do bebê.
A porta do meu quarto se abriu e Helga entrou, o rosto rígido. Ótimo,
não era como se eu tivesse o suficiente para lidar e agora ainda vinha essa
mulher. Sentei-me. me perguntando o que diabos ela queria de mim
agora.
— Senhor Maslow enviou algumas instruções para você, que você
deve seguir, porque se não o fizer, haverá sérias consequências. — Era só
eu ou Helga parecia satisfeita?
O que quer que Gideon tivesse a me dizer, eu sabia que não era bom.
porque Helga estava feliz.
— Quais são as instruções?, — eu perguntei, não querendo que ela
ficasse mais tempo do que o necessário.
— O senhor Maslow proibiu você de entrar em qualquer sala deste
castelo. Os únicos cômodos em que você pode entrar são este quarto e o
quarto do seu irmão. O escritório do senhor Maslow está completamente
fora dos limites para você, assim como todas as outras salas do castelo.
Sua comida será entregue a você e você poderá sair no quintal. Se você
se aventurar em qualquer sala que não seja uma das salas designadas, o
senhor Maslow vai rescindir o contrato e você será enviada para a prisão.
As lágrimas que tanto me esforcei para controlar voltaram à tona, mas
não permiti que caíssem na frente de Helga. Em vez disso, balancei a
cabeça, deixando-a saber que eu entendi.
— Eu entendo. Helga. Você pode, por favor, informar ao senhor
Maslow que estarei dormindo no quarto do meu irmão esta noite?, — eu
pedi.
Helga balançou a cabeça. — Você não tem permissão para dormir em
qualquer lugar, exceto neste quarto. Esta também é uma das instruções,
— respondeu ela.
Então era isso que ele ia fazer? Me manter prisioneira? Tirar minha
liberdade? Prender-me aqui até o bebê chegar? E depois? Ele ia me
expulsar ou me mandar para a prisão?
Bem, você meio que merece.
— Há mais instruções?, — eu perguntei, tentando não deixar minha
voz falhar.
— Não, só que você deve ficar neste quarto ou no quarto do seu
irmão. E você não tem permissão para visitar o senhor Maslow nem fazer
qualquer tipo de exigência, — ela respondeu friamente.
Acenando com a cabeça, eu dei a ela um sorrisinho. — OK. eu
entendo. Obrigada. Helga. — Ela pareceu surpresa por um momento,
antes de recompor suas feições e sair do meu quarto, fechando a porta
atrás de si.
Assim que Helga saiu, as lágrimas, que eu vinha segurando há tanto
tempo começaram a cair. Soluços sacudiram meu corpo enquanto me
deixei cair no colchão e chorei com o coração. Chorei pelos meus atos
vergonhosos.
Chorei por causa da imensa culpa que pesava em minha mente.
Chorei porque havia quebrado a confiança de Gideon e o magoado da
pior maneira possível. Amaldiçoei a mim mesma e a minha natureza
curiosa.
Talvez eu devesse me matar. Gideon ficaria melhor sem mim de
qualquer maneira. Ele encontraria uma boa mulher que se importaria
com seus malditos negócios e não sairia bisbilhotando. Gideon merecia
coisa melhor.
Não sei quanto tempo chorei. Tampouco sei por quanto tempo me
amaldiçoei, mas. eventualmente, Fiquei sem lágrimas. Empurrando-me
para uma posição sentada, me perguntei se Gideon me deixaria pegar seu
laptop emprestado.
Eu precisava procurar um apartamento. Mas teria que esperar até
amanhã, pois o sol estava começando a cair e logo escureceria.
Olhando para a minha esquerda, vi meu diário na mesa de cabeceira.
Pensando que poderia usar algo para diminuir o fardo da vergonha e da
culpa, peguei o diário e uma caneta — que estava na gaveta — e comecei
a escrever.
Caro diário,
Eu fiz uiva coisa terrível. Eu magoei meu marido, o amor da minha vida,
da pior maneira possível. E eu gostaria de não ter feito isso. Eu gostaria de
não ter deixado minha curiosidade vencer. Eu só queria saber quem era a
senhora do sétimo andar.
Machucar Gideon nunca foi minha intenção. Prefiro morrer do que
machucar o homem que amo. Mas agora é tarde demais. Gideon me odeia.
Vou começar a procurar um apartamento amanhã e vou tentar encontrar
um emprego. Preciso de dinheiro para pagar a educação de Nico e do bebê.
Eu sei que Gideon vai rescindir o contrato em breve, então preciso encontrar
um lugar para mim e para Nico.
Eu sei que o que fiz foi imperdoável, mas espero que Gideon me perdoe.
Mas se ele não o fizer, vou entender. Eu sei que não mereço nada de Gideon.
Ele fez muito por mim e Nico, e como eu retribuo? Indo pelas costas e
bisbilhotando sua casa — seu território.
Gideon disse que tem vergonha de mim. Ele tem vergonha de me chamar
de esposa. Eu concordo com ele. Eu sou a pior pessoa viva. Gideon não
deveria ter se casado comigo em primeiro lugar. Ele não deveria ter feito eu
me apaixonar por ele. Talvez então, o que eu fiz não parecesse tão hediondo.
No momento, me sinto a pior pessoa do planeta. E talvez eu seja. Eu só
queria poder voltar atrás. Porque eu sei agora que nada significa mais para
mim do que a felicidade de Gideon e sua confiança.
E eu perdi essas duas coisas dele. Eu deveria me matar.
Não tendo mais forças para escrever, deixei a caneta cair da minha
mão. Apertando o diário contra o peito, soltei uma nova torrente de
lágrimas, enquanto a culpa e a vergonha mais uma vez me invadiram.
Oh Deus, o que eu iria fazer? Como conseguiria recuperar a confiança
de Gideon? Como eu ganharia seu perdão?
O que eu fiz?
Capítulo 28
A manhã veio rapidamente e não vi Gideon. Ele não se deitou ao meu
lado ontem à noite. Eu tinha razão. Ele não queria dormir ao meu lado.
Mas não dormi na cama.
Eu dormi no sofá, ou melhor, fiquei me virando no sofá, com a
vergonha e a culpa me impedindo de dormir.
Arrastando-me para o banheiro, lavei meu rosto com água fria para
ficar apresentável.
Depois de olhar meu reflexo no espelho por alguns minutos, arrastei-
me para fora do banheiro, mas parei de supetão quando vi Gideon em pé
em nosso quarto.
Ele parecia recém-banhado. Seu cabelo ainda brilhava com a água. Eu,
por outro lado, parecia uma bagunça total.
— Você não dormiu. — Gideon disse isso mais como uma declaração
do que como uma pergunta.
— Eu dormi, mas não muito, — eu menti. Eu não preguei o olho.
Sem dizer uma palavra. Gideon se virou e se sentou na cama. Meus
olhos se arregalaram quando Gideon pegou meu diário, que estava na
cama, e o abriu. Meu coração começou a bater forte. Gideon não podia
ler meu diário.
— O que você está fazendo?, — eu perguntei.
— O que parece que estou fazendo? Estou lendo seu diário, —
respondeu Gideon.
— Você não pode fazer isso. Você disse que meu diário era minha
propriedade pessoal e que ninguém teria permissão para lê-lo, — eu
disse.
Gideon ergueu as sobrancelhas. — Ah, então você se lembra disso,
mas não se lembra de quando eu disse para você ficar longe dos arquivos?
Interessante, — ele comentou, mas felizmente não abriu minha primeira
página.
Lágrimas de raiva queimaram meus olhos. — Você não me disse
especificamente para ficar longe. Você disse que os arquivos não teriam
nenhum interesse para mim, — eu esclareci.
— Aprenda a ler nas entrelinhas, Alice. Eu dizer que os arquivos iriam
aborrecê-lo significava que você deveria ficar longe deles, — ele rebateu.
— Gideon. por favor, meu diário é pessoal. — Eu tentei de novo.
— Não. Como você adora bisbilhotar os negócios de outras pessoas e
invadir sua privacidade, vamos ver se você gosta quando é a sua
privacidade invadida, — retrucou ele.
As palavras de Gideon fizeram meu coração partir. Eu sabia que
merecia cada palavra dura que Gideon me dizia, mas isso não significava
que não doía.
— Tudo bem. vá em frente. Leia meu diário. Ao contrário de você, eu
não tenho nada a esconder. — eu disparei e fui até a porta. Eu deveria
começar a amimar minhas roupas. Gideon ia me expulsar em breve.
— Onde você pensa que está indo?, — ele perguntou.
— Para o quarto do meu irmão. Posso ir para lá. não posso? Ou será
mais uma invasão da sua preciosa privacidade!? — Eu bati a porta no meu
caminho para fora.
Eu sabia que não tinha o direito de ficar com raiva de Gideon quando
era minha culpa que ele estava chateado, mas simplesmente não
conseguia evitar minhas emoções loucas. E a verdade é que não
aguentava ver Gideon ler meu diário.
Eu sabia que ele ia rir depois de ler. e não podia ver isso: Gideon
zombando de mim depois de ler que eu o amava.
Assim que entrei no quarto de Nico. rapidamente tirei sua bolsa do
armário e comecei a arrumar suas roupas. Tinira que encontrar um
emprego e também um apartamento.
Embora Helga dissesse que eu não tinha o direito de fazer exigências,
me perguntei se ela me daria um jornal.
Tentei embalar os pertences de Nico. mas minha visão turvou.
Lágrimas começaram a cair involuntariamente dos meus olhos enquanto
a vergonha e a culpa pelo que eu tinha feito mais uma vez ameaçavam me
paralisar.
Como eu poderia dizer a Gideon que não pretendia machucá-lo
quando ele nem estava me ouvindo? Ele estava tão zangado. Como eu
poderia me desculpar por minhas ações?
Tentando forçar minhas lágrimas a pararem de cair, e falhando
miseravelmente, fui ao banheiro para embalar os produtos de higiene
pessoal de Nico.
Eu peguei a escova de dente de Nico quando meus olhos pousaram
em algo brilhando na luz do banheiro. Largando a escova de dente,
peguei uma tesoura afiada.
Talvez eu devesse me matar. Afinal, eu mereço. Gideon ficaria feliz sem
mim.
Sem pensar, coloquei a ponta da lâmina da tesoura em meu pulso nu.
Fechei os olhos e contei até dez, em seguida, comecei a pressionar.
Não, pare. O que você está fazendo? Pare com isso. Não se mate. E quanto
a Nico? Quem vai cuidar dele depois que você for embora? E seu bebê ainda
está em seu útero. Não mate seu bebê. Seu bebê merece viver! Pare!
Instantaneamente, a tesoura caiu da minha mão quando a magnitude
do que eu estava prestes a fazer afundou. Oh Deus. não. eu não poderia
fazer isso. Eu não poderia me matar.
Eu tinha Nico e meu bebê para pensar. Eu não poderia ser egoísta
agora, não quando meu bebê nem tinha aberto os olhos.
Sentindo-me fora de controle, sai do quarto de Nico e voltei para o
meu. Gideon não estava presente, o que eu não tinha certeza se isso era
uma coisa boa ou não. Respirando fundo, sentei-me na cama e pensei no
que fazer.
Eu sabia que esperava o impossível, mas gostaria que Gideon me
perdoasse.
Antes que eu pudesse me afogar em culpa, a porta se abriu e Helga
entrou, carregando uma bandeja de café da manhã. Ela colocou a bandeja
na minha frente, e em seguida deu um passo para trás.
— Senhor Maslow ordenou que você termine tudo que está na
bandeja, — ela disse, e então se virou para sair.
— Espere. Helga. — Ela parou e se virou para mim. parecendo irritada.
— Eu sei que você disse que não tenho permissão para fazer exigências,
mas gostaria de saber se você poderia me trazer um jornal. — Mordi meu
lábio nervos amente.
— Vou perguntar ao senhor Maslow. Se ele disser que sim. vou trazer
o jornal. — Com isso, ela saiu do meu quarto.
Eu olhei para o meu café da manhã e meu estômago embrulhou. Eu
não conseguia comer nada: a culpa estava pesava meu estômago como
uma pilha de pedras. Rasguei um pedaço de pão e o mastiguei, mas era
como mastigar um pedaço de borracha.
Eu não tenho ideia de como eu consegui terminar tudo o que estava
na bandeja, mas eu consegui, e me senti mal depois.
Helga entrou depois que eu terminei, e colocou o jornal do dia na
cama antes de pegar a bandeja agora vazia. Agradeci pelo jornal e ela saiu
sem dizer uma palavra.
Ignorando a agitação em meu estômago, abri o jornal e examinei
tudo, procurando um apartamento. Encontrei alguns apartamentos
bonitos e circulei o anúncio com uma caneta.
Em seguida, tentei procurar um bom emprego, o que se mostrou
difícil. Eu precisava de um emprego administrativo, mas quase não havia
nenhum disponível, e aqueles anunciados exigiam mais do que um
diploma do ensino médio.
Sentindo-me sem esperança, deixei o jornal cair e deitei na cama. Eu
precisava de um emprego logo. Eu precisava ganhar dinheiro para meu
irmão e meu filho. Onde eu iria trabalhar? Quem contrataria uma
graduada do ensino médio?
Oh Deus, por favor me ajude.
A noite estava fria, mas fiquei no jardim, sentada em um banco. Ficar
sentada no meu quarto estava começando a me sufocar, por isso decidi ir
sentar no jardim por um tempo.
Então, depois de forçar o almoço goela abaixo, resolvi me sentar no
jardim. Eu não tinha ideia de onde Gideon estava, imaginava que
provavelmente em seu escritório, me evitando.
Esperava que o sol se pusesse para voltar para o meu quarto. Era um
daqueles raros dias em que o sol estava alto, então decidi aproveitar.
Embora o sol não estivesse realmente fazendo um ótimo trabalho em
me aquecer, ainda era bom estar sentada lá fora, respirando um pouco de
ar fresco.
— No que está pensando? — Eu me virei e vi Justin parado, com um
sorriso em seu rosto bonito.
— Ah, olá. Eu não sabia que você estava aqui, — eu disse.
— Eu trabalhando com seu marido. Na saída te vi sentada aqui, —
respondeu ele.
— Sim. eu só pensei em pegar um pouco de ar fresco. Você gostaria de
se sentar? — Mudei um pouco para a direita para abrir espaço para Justin.
— Se você não se importa. — Ele se sentou ao meu lado.
— Então, como você está?, — eu perguntei.
— Estou bem, obrigado. E você, como está? Como está o bebê?, —
Justin perguntou, olhando minha barriga.
— O bebê está bem. obrigada. Então, como foi seu encontro com
Gideon?, — eu perguntei, tentando puxar conversa.
— Foi tudo bem. Estávamos conversando em contratar gente nova
para a empresa, já que o Gideon está expandindo o negócio e tudo, —
respondeu Justin.
— Isso é interessante. Justin, se você não se importa, posso te
perguntar uma coisa? — Eu realmente queria que Justin me ajudasse a
encontrar um emprego.
— Claro, o que é?
— Ah você conhece algum lugar onde eu possa encontrar um
emprego decente?, — eu questionei.
— Por que você precisa de um emprego? Gideon ganha o suficiente
para alimentar o mundo inteiro, — disse ele.
— Eu sei, mas não tenho nada para fazer e fica chato aqui, sabe, —
expliquei.
— Eu entendo. Gideon concorda com isso?
— Sim. ele concorda. Ele concorda que eu deveria amimar um
emprego até o bebê nascer, — menti. A verdade é que não me importava
com o que Gideon pensava. Eu precisava encontrar um emprego e
precisava fazê-lo antes que Gideon me expulsasse.
— Tudo bem. — Justin tirou um cartão da carteira e me entregou. —
Este é o meu cartão. Você pode me ligar amanhã e. enquanto isso,
procuro um emprego para você. Você gostaria de um trabalho de
escritório?
— Sim. um trabalho administrativo é o que eu prefiro, e algo que
pague bem.
— Tudo bem. vou ver o que posso fazer.
— Ah, e Justin. Eu sou apenas uma graduada do ensino médio. Eu não
fui para a faculdade, — eu o informei.
— Não tem problema. Tenho algumas pessoas que irão contratá-la.
Deixe-me falar com eles e avisarei amanhã, — disse ele.
— Tudo bem, muito obrigada. Justin. — Eu sorri para ele. Ele era um
homem tão bom. Talvez depois que o contrato acabasse, eu concordasse
em ir a um encontro com Justin.
— Certo. Eu tenho que ir agora. Eu tenho uma reunião em algumas
horas. — Justin se levantou para sair.
— OK. Eu te ligo amanhã. Se cuida. Tchau. — Eu assisti Justin ir
embora, sentindo-me feliz que ele iria me ajudar.
Pensando que já era hora de voltar para o meu quarto, levantei-me e
me virei para sair, apenas para parar abruptamente quando meus olhos
encontraram os de Gideon. Ele parecia furioso.
Abri a boca para falar, mas antes que pudesse pronunciar uma sílaba,
Gideon agarrou meu pulso e me arrastou para dentro.
— Gideon, o que há de errado? — Tentei soltar minha mão, mas
Gideon apenas aumentou a força de seu aperto, fazendo-me estremecer
de dor.
Mas ele não respondeu. Ele simplesmente me arrastou escada acima
para o nosso quarto, e só quando entramos no cômodo. Gideon me
soltou. Segurei meu pulso com a outra mão, tentando aliviar a pulsação.
— Você realmente sabe como me irritar, não é?, — Gideon rosnou, os
olhos brilhando de fúria.
— O que você está falando? — Por que ele estava agindo tão estranho?
— Guarde minhas palavras. Alice. Você não vai. e quero dizer não vai
trabalhar. Você pode esquecer de encontrar um emprego, — afirmou.
— E por que não. hein?
Gideon me ignorou. Em vez disso, ele pegou o jornal que estava sobre
a cama e me mostrou a página onde eu havia circulado os anúncios do
apartamento.
— E o que diabos é isso?! Você não vai embora, nem agora, nem
nunca! — Ele atirou o papel para o lado.
— Eu vou embora quando eu quiser!, — eu declarei.
— Não de acordo com o contrato, você não vai, — ressaltou.
— Sim, bem. de acordo com o contrato, este casamento vai acabar em
alguns meses de qualquer maneira. Por que não terminar mais cedo?
Você obviamente me odeia, — eu disse, a mágoa evidente em minha voz.
Gideon franziu a testa. — Quem disse que eu te odeio?
— Não importa. Não posso viver com um homem tão reservado. —
Não sei por que disse isso, provavelmente porque meus hormônios
estavam em plena atividade.
— Ah sério? E o que te faz pensar que pode ir embora? — Gideon
cruzou os braços sobre o peito, lançando-me um olhar desafiador.
— Eu tenho o contrato. Eu tenho a lei do meu lado. E vou embora
assim que este ano acabar. E você vai entrar com o pedido de guarda
conjunta. Não há nenhuma maneira de eu me separar do meu bebê.
— E se eu não pedir a guarda conjunta? — Havia um brilho estranho
em seus olhos verde-mar, algo que me disse que ele estava formando um
plano em sua mente.
— Então eu vou levar o bebê comigo. E o tribunal estará a meu favor
porque um bebê precisa mais da mãe do que do pai. pelo menos quando
nasce, — declarei, sentindo-me confiante.
— Lembro-me claramente do contrato dizendo que o bebê ficará
comigo assim que o casamento acabar, e como você assinou o contrato
também, o tribunal não terá escolha a não ser me dar a custódia do bebê,
— disse Gideon. um arrogante sorriso em seu rosto.
Meu coração afundou ao ouvir isso. Não. isso não era verdade. Eu li o
contrato uma dúzia de vezes, e não havia nada lá que dizia que Gideon
teria a custódia de nosso filho. Ele estava mentindo.
— Você está mentindo. Eu li o contrato. Não havia nada lá que dizia
que o bebê será seu depois que o contrato terminar. — Não podia ser
verdade: simplesmente não podia ser. Eu não seria capaz de viver sem
meu bebê.
— Ali é? Bem. por que você não traz o contrato e veremos exatamente
o que diz? — ele sugeriu calmamente.
Querendo provar que Gideon estava errado, fui até o armário e peguei
a pasta azul que continha minha cópia do contrato. Entreguei a pasta
para Gideon. que sorriu e a abriu.
Achei que Gideon iria repassar os termos do contrato. Achei que ele
fosse ler e me mostrar se eu estava errada ou não. Até pensei que ele iria
se desculpar comigo depois de ler o contrato.
Mas ele fez algo que eu nunca teria esperado em um milhão de anos.
Ele fechou a pasta com ambas as mãos e rasgou o arquivo em dois. E ele
não parou por aí.
Gideon não parou de rasgar até que o contrato se assemelhasse a
confetes brancos. Em seguida, ele deixou os pedaços restantes do
documento caírem de suas mãos.
— O que você fez?!, — eu gritei de honor, meus olhos saltando das
órbitas.
— O que eu deveria ter feito há muito tempo, pombinha. — Gideon
deu um passo à frente até ficar a poucos centímetros de mim.
— Você — você não tinha o direito de fazer isso! Era minha cópia do
contrato, e você não tinha o direito de rasgá-la assim. Agora não terei
nada para usar no tribunal. — Eu estava respirando pesadamente agora.
Oh Deus, agora Gideon obteria a custódia do bebê.
— Ninguém vai ao tribunal, bonitinha. Nem você e nem eu. O
contrato foi rescindido. Eu o terminei há muito tempo. Felizmente, cada
cópia do documento está destruída, — ele me informou, com um sorriso
de satisfação no rosto.
— Como você pôde fazer isso?! — Eu gritei, sem perceber as lágrimas
escorrendo pelo meu rosto. — Eu não vou deixar você tirar meu bebê de
mim!
— Eu posso fazer o que eu quiser, pequena. Você não percebeu isso
agora? E quanto ao bebê, passarinho, o bebê não vai a lugar nenhum
porque você não vai a lugar nenhum, — afirmou Gideon.
— Se você acha que vou ficar com você depois do que acabou de fazer,
então você está muito enganado. Eu quero o divórcio, e quero agora. —
Eu tinha claramente perdido minha sanidade, mas estava com muita
raiva.
Gideon riu. uma risada que me abalou profundamente. — Divórcio?
— Ele riu mais uma vez. então abruptamente agarrou meus braços.
— Ouça-me. e ouça bem. O contrato acabou e você não vai sair deste
casamento, meu amorzinho, nem agora, nem nunca, — afirmou Gideon.
— Você não pode fazer isso. — Parecia que Gideon estava fechando
todas as janelas de liberdade para mim. prendendo-me a ele.
Gideon acariciou minha bochecha manchada de lágrimas. — Fadinha.
você esqueceu quem tem o poder aqui? Eu posso fazer o que eu quiser. E
eu não vou deixar você ir. Você pode esquecer o divórcio porque nunca o
conseguirá. Você vai ser minha esposa para sempre.
Se, em qualquer outro momento, Gideon tivesse dito essas palavras
para mim, eu teria ficado em êxtase. Mas não hoje. É verdade que eu
amava Gideon e queria ficar com ele para sempre, mas agora, eu estava
com raiva.
Ele quebrou sem esforço todos os meus escudos e defesas e me deixou
vulnerável. Ele mostrou exatamente o quão poderoso ele era. E agora, eu
estava com medo de seu poder.
— Eu nunca vou ser feliz com você. — Eu estava me agarrando a
qualquer coisa para conseguir algum tipo de vantagem sobre ele.
— Isso é discutível, pombinha. Agora, apenas entenda que o contrato
não existe mais. Acabou. Você vai ser minha esposa, não apenas por um
ano. mas por toda a eternidade. E nosso bebê vai crescer com os pais
neste castelo, entendeu?
De repente, me senti exausta, fraca. Eu sabia que estava acabado.
Gideon havia vencido. Ele tinha todo o poder e eu não tinha nada. Eu me
encontrei muito cansada para discutir mais com ele. então não disse
nada.
Tomando meu silêncio como um sim. Gideon beijou minha testa.
— Agora, por que você não descansa? Eu tenho um trabalho que
preciso fazer. Quando eu voltar, quero ver você dormindo
profundamente, — ele comandou. Eu meio que senti que ele não estava
mais com raiva.
Sem dizer uma palavra, subi na cama e me deitei, de costas para
Gideon. Ele puxou o edredom sobre mim e, após outro beijo na minha
testa, saiu do quarto.
Eu não queria dormir, mas me sentia exausta, o que resultou em um
sono fácil.
Assim que a escuridão me puxou para baixo, eu estava pensando em
como iria lidar com essas novas circunstâncias...
Capítulo 29
Acordei com uma batida suave e constante. Forçando meus olhos a
abrirem, vi Gideon na cama comigo, trabalhando em seu laptop. as costas
contra a cabeceira da cama. Tentei voltar a dormir, mas parecia que o
sono tinha me abandonado.
Como se me sentisse acordando, Gideon parou de trabalhar e olhou
para mim. Ele me deu um sorriso caloroso, que imediatamente me fez
pensar sobre a razão por trás de seu sorriso. Quero dizer, ele estava com
raiva de mim. e eu estava com raiva dele também, então por que o
sorriso?
— Ah, você está acordada, você tirou uma boa soneca?, — Gideon
perguntou, como se não tivéssemos brigado há apenas algumas horas.
— Que horas são?, — eu resmunguei. Eu ainda estava com raiva, mas
precisava saber a hora.
— São 2: 00 da manhã. Por que você não volta a dormir? — ele
sugeriu. O quê, eu dormi por sete horas!
— Ah, você está acordada, você tirou uma boa soneca?, — Gideon
perguntou, como se não tivéssemos brigado há apenas algumas horas.
— Que horas são?, — eu resmunguei. Eu ainda estava com raiva, mas
precisava saber a hora.
— São 2: 00 da manhã. Por que você não volta a dormir? — ele
sugeriu. O quê, eu dormi por sete horas!
Ignorando-o. me sentei e passei a mão pelo cabelo. Eu precisava sair
daqui. Eu tinha que deixar Gideon. Ainda não conseguia acreditar que
Gideon havia destruído o contrato bem na minha frente.
Ele realmente queria que eu ficasse com ele como sua esposa para
sempre, ou era por causa da raiva? Por que ele rescindiu o contrato se
tinha vergonha de mim?
— Onde você está indo? Está com fome? Há uma bandeja na mesa
lateral, se você estiver. Você precisa usar o banheiro? — Gideon
questionou, seus olhos não me deixando.
— Eu vou fazer as malas. Vou embora assim que o sol nascer.
— Para onde você está indo, de férias?, — ele perguntou.
Suspirei, tentando não explodir. — Eu estou te deixando. Eu quero o
divórcio. Lembre-se, nós brigamos, — eu disse como se estivesse falando
com uma criança de quatro anos.
— Se você se lembra de nós brigando, tenho certeza de que se lembra
de quando eu disse que não me deixaria nunca, e pode esquecer o
divórcio porque não vai conseguir, — ele respondeu calmamente.
— Eu não posso fazer isso. Gideon. Eu não quero ficar com você. — eu
disse. Eu estava mentindo, mas estava com raiva.
Gideon não parecia afetado por minhas palavras. — Por que você não
quer ficar comigo?, — ele perguntou suavemente.
— Muitos motivos, — respondi vagamente.
— Quero conhecer todos eles, — respondeu ele.
Suspirei novamente. — Bem. você não confia em mim e espera que eu
confie em você. Você toma decisões sobre mim e minha vida e fica com
raiva se eu tomar uma decisão por você. Você tem mais segredos do que o
NII6.
E você tem vergonha de mim. Por que você quer estar com alguém
que você odeia e de quem tem vergonha? — Lágrimas não derramadas
queimaram meus olhos quando disse a última parte.
Gideon fechou seu laptop e o colocou de lado antes de me puxar para
mais perto dele até que eu estava sentada em suas coxas, montada nele.
Ele segurou minhas bochechas antes de capturar meus lábios em um
beijo doce e terno.
O beijo fez com que eu me sentisse a pessoa mais importante na vida
de Gideon. O beijo não parecia como se Gideon tivesse vergonha de
mim.
Ele se afastou depois de alguns minutos, me deixando desolada. Ele
correu seu nariz sobre o meu. sua respiração suavemente soprando em
meu rosto. Deus, este homem era confuso.
— Você tem muitos motivos para deixar alguém que você afirma
amar. — Meus olhos se arregalaram quando Gideon disse isso, e de
repente me senti mais nua do que todas as vezes que fizemos sexo. Ai
Deus, ele sabia. Ele sabia como eu me sentia.
— Como você... — Eu não consegui terminar a frase.
Mas Gideon entendeu o que eu estava tentando dizer. — Eu disse que
ia ler o seu diário.
Eu cerrei meus dentes quando uma nova onda de fúria tomou conta
de mim. — Você… Você não tinha o direito. — Eu fervi, olhando para ele.
Gideon colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, uma
expressão calma no rosto.
— Pelo contrário, passarinho, eu tenho todo o direito. E estou feliz
por ter lido seu diário. A propósito, se você alguma vez pensar em me
deixar ou se matar, você vai sentir minha ira. entendido? — Os olhos de
Gideon endureceram até que se assemelharam a cacos verdes.
— Eu não posso sentir sua ira se estiver morta, posso?
Instantaneamente, os braços de Gideon ao meu redor se apertaram a
ponto de doer. Ele me trouxe para mais perto dele até que a fúria em seus
olhos queimou minha alma.
— Se você pensar em se matar e vou trancá-la nesta sala para sempre,
entendeu?
— Você não pode me manter prisioneira, — declarei, temendo por
minha liberdade.
— Eu deveria elaborar um novo contrato, no qual você nunca possa
causar danos físicos ou emocionais a si mesma, — disse Gideon.
— Por quê? Pra você rasgar esse contrato também, quando se cansar
de mim? — Eu levantei minhas sobrancelhas quando disse isso.
— Ficar cansado de você é impossível, bonitinha, — respondeu
Gideon.
— E ter vergonha de mim é incrivelmente fácil, — retruquei.
Gideon riu antes de me dar outro beijo carinhoso. — Eu não tenho
vergonha de você, fadinha. Eu nunca vou ter. Você é incrível demais para
me envergonhar, — respondeu ele.
— Mentiroso. Não foi isso que você disse antes! — Eu levantei minha
voz.
— Eu estava com raiva, — justificou.
— Não é bom o suficiente! Você sempre me dirá palavras tão cruéis
em uma briga? Porque se for esse o caso, então me diga agora e eu vou
dar o fora daqui. — Eu estava respirando pesadamente, agora.
Ele me beijou novamente. — Eu não quis dizer isso, fadinha. Só
porque eu disse isso não significa que eu quis dizer isso, — Gideon disse,
a sinceridade brilhando em suas íris.
— Bem. ainda dói muito. — Eu não podia acreditar que tinha acabado
de dizer isso. Gideon já sabia que eu o amava e agora sabia o quanto eu
estava magoada. Eu realmente precisava aprender a manter minhas
emoções para mim.
Gideon me puxou para mais perto até que meu peito estivesse
pressionado contra o dele. Ele beijou minha testa e começou a passar a
mão nas minhas costas, me acalmando.
— Sinto muito, pombinha. Sinto muito. Eu não queria te machucar, e
sinto muito por ter feito isso. Prometo que nunca mais vou te machucar,
— murmurou Gideon.
Eu me afastei e olhei para ele, os olhos arregalados de surpresa. Ele se
desculpou. Gideon Maslow se desculpou comigo. Nunca pensei que um
homem como Gideon se desculparia comigo.
Eu pensei que ele iria me dizer para aguentar e viver minha vida como
uma esposa dócil, mas não. ele se desculpou por me machucar e
prometeu nunca me machucar novamente.
Bem, perdoe o pobre rapaz agora. Não o deixe esperando. Ele pode mudar
de ideia.
— Está tudo bem. Você está perdoado, mas se me machucar de novo,
vou embora com Justin, — avisei.
— Cale a boca, — afirmou ele antes de me beijar novamente.
— Sinto muito por invadir sua privacidade e ler os diários de sua
família. Sou extremamente curiosa e sinto muito por isso, — disse assim
que Gideon soltou meus lábios.
— Você está se desculpando por ler os diários da minha família ou por
ser curiosa?, — Gideon perguntou.
— Isso importa?, — eu questionei, sentindo um rubor subindo pelo
meu rosto.
— Sim. Se você está se desculpando por ler os diários, então você está
perdoada, mas se você está se desculpando por ser curiosa, então não se
desculpe. — Gideon acariciou minha bochecha.
— A curiosidade é parte de você, e você não deve se desculpar por ser
você mesma. Eu gosto de você do jeito que você é. então não se desculpe
por ser curiosa.
Ele disse que gosta, não que ama. Ah, cara!
— Certo, então você me perdoa por bisbilhotar?, — eu perguntei, não
querendo insistir no fato de que Gideon me disse que gostava de mim. e
não que me amava.
— Eu te perdoo, pequena.
— Ah. bom. e como você está com um humor tão misericordioso, você
não vai ficar com raiva se eu te contar que subi ao sétimo andar, certo?,
— eu perguntei, nervosa.
Os olhos de Gideon se arregalaram. — O quê? Você subiu no sétimo
andar. Como?
— Pela biblioteca. A porta estava aberta, então eu fui, — eu expliquei,
medindo sua reação.
— E quantas vezes você foi Lá?. — Gideon perguntou.
— Só uma vez. juro, — respondi.
Ele fechou os olhos, me impedindo de descobrir o que ele estava
pensando. Eu fiquei onde estava, montada nele, torcendo meus dedos em
ansiedade. Não me arrependi de ter dito a Gideon que subi ao sétimo
andar. Eu queria ser honesta com ele.
— Certo, — disse Gideon ao abrir os olhos novamente. — Bem. eu te
perdoo.
— Mesmo? — Uau. isso foi fácil.
— Sim. quero dizer que você é minha esposa permanente agora, então
você tem que saber sobre todos os esqueletos escondidos no armário. Eu
ia te contar sobre Elizabeth de qualquer maneira, então é bom que você
mesma tenha descoberto sobre ela. Me salva de problemas e
constrangimento, — explicou Gideon.
Uau. ele me chamou de sua esposa permanente! Era muito melhor do
que uma esposa temporária.
— Eu também subi para o oitavo andar, — eu deixei escapar, e pela
expressão de frustração em seu rosto bonito, eu sabia que era muito
cedo. — Eu sinto muito.
— Você foi para o nono andar também?, — ele perguntou.
— Não, eu juro, — respondi com sinceridade.
— Posso perguntar por quê? — A diversão brilhou nos olhos de
Gideon. e eu sabia que ele não estava bravo.
— Minha consciência culpada meio que entrou em ação.
Gideon deu uma risadinha. — Entendo. Bem. eu te perdoo. — Ele era
tão fofo.
— Eu prometo que nunca mais irei lá, — eu disse.
— Está tudo bem. Eu mesmo vou te mostrar esses andares. Você pode
me perguntar o que quiser enquanto fazemos um tour, — disse Gideon, e
eu juro que me apaixonei um pouco mais por ele.
— Mesmo? Uau. podemos ir agora?
— Não. Em primeiro lugar, são 3h da manhã e você precisa comer e
dormir. Em segundo lugar, você precisa saber sobre Elizabeth antes de
subirmos lá, — disse Gideon.
— Mas não estou cansada, — argumentei, mas um olhar de Gideon
me fez calar. Eu sabia que ele não iria ceder.
— Ok. mas você pode me falar sobre ela agora, enquanto eu como?
Assim subiremos pela manhã. — Agora que Gideon disse que me contaria
sobre sua irmã, eu queria saber tudo. logo.
— Não e não. Conto sobre ela em alguns dias, — afirmou.
— Mas ela era sua irmã. — Eu queria saber agora.
— Era? Ela é minha irmã, — corrigiu Gideon.
— Ah. ela ainda está viva? Por que você nunca me contou sobre ela? —
Eu perguntei.
Achei que Gideon me diria para cuidar da minha vida. Mas ele pegou a
bandeja cheia de tacos e tamales e colocou entre nós. Ele pegou um taco
e me entregou.
— Você só tem permissão para me fazer uma pergunta se terminar
tudo isso, — afirmou Gideon. apontando para o conteúdo da bandeja.
— Sim. minha irmã está viva. O nome dela é Elizabeth e ela é mais
velha do que eu. Ela é a primogênita. E o motivo pelo qual não te contei é
porque Lizzy é um assunto delicado na família, e apenas a família sabe
sobre ela, assim como a nossa equipe de maior confiança, aqueles que
serviram a família por gerações. Nenhum estranho sabe sobre Lizzy. —
respondeu Gideon. me observando comer.
— Por que ela foi embora, ou foi expulsa? — Peguei um dos sete
tamales picantes da bandeja. Tanto os tacos quanto os tamales eram
extremamente picantes, que era exatamente o que eu estava desejando.
— Eu vou te dizer isso mais tarde. Mas. para sua informação, ela fugiu
e a família decidiu romper os laços com ela, — respondeu ele.
— Porque ela amava Henry? — Terminei metade do meu tamale em
menos de um minuto.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. e meu pai se recusou a casá-la
com ele.
— Então, onde ela está agora? — Peguei outro tamale.
— Ela mora no campo agora, com Henry. A algumas horas daqui, —
disse Gideon.
— Ela está feliz?, — eu perguntei.
— Muito. Ela teve uma menina alguns dias atrás, — ele me informou.
— Ah? Uau. Foi para lá que você foi quando disse que sua amiga
adoeceu? — Eu realmente queria conhecer Elizabeth.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. Ela entrou em trabalho de parto
e minha sobrinha veio a este mundo. — Ele sorriu afetuosamente ao se
lembrar de ter visto sua sobrinha pela primeira vez.
— Sua sobrinha é o primeiro filho? — Peguei um taco.
— Não. Ela e a terceira. — Meus olhos saltaram ao ouvir isso.
— Sua irmã tem três filhos? Uau. você só vai ter um. — eu disse.
— Não. Eu quero mais de um filho. Teremos mais de um bebê, certo?
— Mas você se casou comigo por um bebê. — Esses tacos estavam
deliciosos.
— Sim. e depois rescindi o contrato, agora estamos livres para ter
quantos bebês quisermos e quero mais de dois, — afirmou Gideon.
— Vamos ter um bebê primeiro e depois veremos os outros, — eu
disse. — Então, quando você decidiu me fazer sua esposa permanente?
— Ali, há algum tempo, — respondeu Gideon.
— Quanto tempo? — Eu perguntei.
— Desde a cirurgia de Nico.
— Tanto tempo?! Por que você não me contou? — Droga, ele nunca
me disse nada.
— Queria contar na hora certa, — defendeu.
— E a hora certa era agora?
Depois que Gideon me agradeceu por amá-lo. não demorou muito
para que caíssemos no sono. Gideon me manteve especialmente perto
dele enquanto ele adormecia, e eu tive um dos sonhos mais pacíficos da
minha vida, nos braços de meu marido.
— Por que você quer que toda a equipe esteja presente aqui?, — eu
perguntei assim que Helga saiu.
— Porque preciso contar uma coisa a eles, — respondeu Gideon.
— O quê?
— Você saberá em breve. — Agora eu estava curiosa.
Após cinco minutos de espera pacientemente, Helga voltou seguida
por quinze homens e dezessete mulheres. Os homens usavam uniforme e
as mulheres usavam roupas padrão de empregada doméstica. Todos eles
pararam a alguns metros de nós.
Gideon se levantou, meus olhos o seguiram. — Sejam todos bem-
vindos. Hoje chamei você aqui porque tenho algo muito importante para
anunciar. — Ele pegou minha mão e me colocou de pé.
— Como todos vocês sabem, eu me casei com a senhora Maslow. —
Ele gesticulou para mim. — Condicionalmente. Ela me daria um
herdeiro no primeiro ano de nosso casamento e, depois disso, o contrato
terminaria e ela iria embora.
Mas não mais. A senhora Maslow agora é residente permanente deste
castelo e membro permanente da família Maslow. Todos vocês devem
tratá-la com o máximo respeito e não devem questioná-la.
Ela agora é a rainha deste castelo, e qualquer um que se atreva a
desafiá-la ou desrespeitá-la será removido imediatamente, estou claro?
Corei quando um coro de — Sim, senhor Maslow — foi ouvido. —
Bom. isso é tudo. Vocês podem ir agora.
Antes de sair, cada membro da equipe veio à minha frente e fez uma
reverência. Eu apenas fiquei lá. pasma, sem saber como reagir quando um
por um os membros da equipe se curvaram para mim.
Finalmente, todos os membros da equipe foram embora, deixando
apenas Helga de pé. Engoli em seco quando Helga veio e se curvou
brevemente. Ela me deu um sorriso doce demais para ser real, e eu soube
imediatamente que estava em apuros. Helga não me aceitou.
— Bem-vinda à família, senhora Maslow.
Senhor. Me ajude.
Capítulo 30
Duas semanas se passaram e Helga felizmente não tinha feito nada
que justificasse meu medo ou insegurança: no entanto, não baixei a
guarda.
Talvez fosse minha imaginação me dizendo que Helga não tinha me
aceitado, mas meu instinto insistia nessa sensação. Portanto, apesar de
querer relaxar, não consegui.
O aniversário de Nico seria em alguns dias, e eu ainda não tinha
decidido o que dar a ele. Agora que eu tinha dinheiro suficiente, queria
comprar algo grande e especial para meu irmão, mas não sabia o quê.
Pensei em comprar um conjunto de enciclopédias, mas Gideon me
disse que a biblioteca continha todas as enciclopédias que Nico poderia
desejar. Isso me fez rejeitar a primeira ideia.
Minha segunda ideia era levar Nico a algum lugar especial, mas não
consegui pensar em um único lugar. Descartar a segunda ideia demorou
menos do que a primeira.
Eu não podia acreditar que agora meu irmão iria comemorar muitos
aniversários. Alguns meses atrás eu não gostava nem de pensar no
aniversário do Nico... Eu costumava me perguntar se ele seria capaz de
sobreviver por mais um ano.
— Não, mas percebi que não chegaria a hora certa e eu teria que fazer
dessa hora a hora certa, — explicou Gideon.
— Certo, então isso significa que somos marido e mulher para
sempre? — Eu queria ter certeza de que o entendia claramente.
— Sim. pequenina, é exatamente o que significa. — Gideon apertou
minha mão.
— E Nico vai morar com a gente também, certo? — Nunca pensei que
o homem que amo me aceitaria como sua esposa permanente.
— Sim. ele vai morar conosco e eu vou pagar pelos estudos dele. Você
pode parar de se preocupar com seus problemas financeiros, porque
agora você não terá que lidar com nenhum tipo de problema... Se eu
puder evitar.
Ele me deu um de seus sorrisos especiais. O sorriso que o fez parecer
um filho dos próprios anjos.
— Achei que você fosse me deixar depois que esse ano acabasse, — eu
disse, me sentindo a mulher mais sortuda do mundo.
Nunca pensei que alguém fosse me querer. E agora, este homem, que
era nada menos que realeza, me queria como sua esposa permanente.
Os sonhos realmente se tomaram realidade.
— Eu nunca vou te deixar, pombinha, nunca. Es minha para sempre.
— Gideon beijou minha mão.
— Obrigada.
— Por quê? — Gideon franziu a testa.
— Por me aceitar. Por me tomar sua esposa permanente.
— Ei. não fale assim. Você é perfeita. E eu sou um sortudo filho da... —
Ele parou quando seu olhar pousou no meu bebê inchado. — Quer dizer,
sou um homem muito sortudo por ter uma esposa incrível como você,
apenas um idiota rejeitaria você. — Ele me beijou profundamente depois
disso.
— Então você me ama? — Gideon perguntou assim que nos
separamos.
Eu balancei a cabeça, sentindo minhas bochechas esquentarem. —
Sim. Eu te amo. Gideon. — Nunca em minha vida me senti tão
vulnerável como quando confessei meus sentimentos a Gideon.
Quando Gideon me beijou desta vez. parecia que ele estava beijando
minha alma. A emoção fluindo através do beijo, substituiu a medula em
meus ossos. Minha alma se iluminou.
Fogos de artifício brilharam diante de meus olhos enquanto Gideon
me consumia. Com apenas um beijo, ele me disse o que palavras não
podiam.
Eu era dele.
— Obrigado. Obrigado por me amar, fadinha, — Gideon murmurou
enquanto beijava meu queixo.
— Você não precisa me agradecer por isso. — Fiquei sem fôlego depois
daquele beijo intenso.
— Eu agradeço. Seu amor e seu coração são um tesouro que você me
deu e eu agradeço por isso. E eu prometo proteger seu coração de todas
as trevas do mundo. — Gideon não era bom para o meu coração.
Eu gostaria que ele me dissesse que me amava também, mas eu
acreditava que era quase impossível. Foi um milagre Gideon ter me
aceitado como sua esposa permanente. Eu não pensei que ele me amaria
como eu o amava.
Mas ficaria feliz com o que tenho. Eu ficaria feliz em ser a esposa
permanente de Gideon.
Helga. por favor, chame toda a equipe aqui, agora, — Gideon ordenou
a ela.
Gideon e eu estávamos sentados na sala de jantar tomando café da
manhã. Ele havia acabado de terminar o café da manhã e agora havia
ordenado a Helga que chamasse toda a equipe aqui, eu não tinha ideia do
motivo. Talvez ele tivesse um anúncio a fazer.
Mas agora Nico tinha muitos anos pela frente, se tudo corresse bem.
E. com sorte, ele viveria para conhecer os netos.
— Por que você simplesmente não pergunta o que ele quer de
aniversário?, — sugeriu Gideon. Estávamos sentados na sala de estar,
discutindo sobre o décimo primeiro aniversário de Nico.
— Quero fazer uma surpresa para ele, — respondi.
— Basta perguntar a ele o que ele quer e então dar a ele um presente
extra, que pode ser uma surpresa, — afirmou.
— Você sabe que eu quero comprar tudo para
Nico. Novas roupas, novos sapatos. Faz muito tempo que ele não tem
roupas novas. — Eu disse.
— Por que você não o leva para fazer compras?
— Já tentei. Mas toda vez que tento, Nico me diz que está ocupado
com alguma coisa. Perguntei se ele queria ir às compras na semana
passada e ele disse que precisava estudar para um teste de ciências, —
respondi.
— Bem. por que você mesma não compra roupas para ele? — Gideon
entrelaçou seus dedos com os meus.
— Você viu a velocidade com que ele está crescendo? E se eu errar o
tamanho dele?
Gideon beijou minha mão. — Eu acho que você devia perguntar o que
ele quer de aniversário, e quando você tiver tempo, leve-o para fazer
compras. Compre para ele todas as roupas e sapatos novos que ele quiser,
certo? — Ele beijou minha testa.
Eu concordei. — Sim.
— Bom. E mais uma coisa. Convidei meu pai e meus irmãos para
jantar na próxima semana.
— Algum motivo especial?, — eu perguntei.
— Vou dizer a eles que o contrato foi rescindido que agora você é
minha esposa para sempre, — respondeu ele.
Corei ao ouvir isso. Embora já tivesse passado duas semanas desde
que Gideon anunciou a toda a equipe que eu era sua esposa permanente,
o fato ainda conseguiu colorir minhas bochechas. E agora ele iria contar
para sua família.
Como eles reagiriam? Tive a sensação de que Kieran me aceitaria. Era
o pai de Gideon e Brenton que me preocupavam. Eu sentia que o pai de
Gideon não gostava muito de mim.
E o que Gideon faria se seu pai e Brenton não me aceitassem? Ele me
deixaria? Ele pegaria meu bebê e me jogaria na rua?
— Ei. o que há de errado? — Gideon virou meu rosto para ele.
— Nada, — eu menti facilmente, muito facilmente.
Gideon arqueou a sobrancelha para mim. — Diga-me o que há de
errado, — ele exigiu.
— Já falei que não tem nada de errado, — eu menti.
— Passarinho, me diga o que está errado. — Gideon usou o tom que
me dizia que era melhor eu começar a falar ou então haveria
consequências.
— E se sua família não me aceitar? O que você vai fazer, nesse caso? —
Eu procurei seus olhos, tentando obter minhas respostas através das íris
verde-mar.
Gideon me beijou suavemente. — Bonitinha, acredite em mim. eles
vão te aceitar. Kieran ficará emocionado em saber que agora você é
minha esposa permanente. Ele já te aceitou como irmã no dia em que
nos casamos, — disse ele.
— Mas e quanto ao seu pai e Brenton? Seu pai nunca gostou muito de
mim, — eu disse.
— O que te faz pensar que meu pai não gosta de você?, — Gideon
questionou.
— Bem, ele foi muito rude comigo quando vocês vieram ao meu
apartamento, sem ofensa, e desde que nos casamos, ele nunca nos
convidou para jantar, — respondi.
— Houve um jantar, o jantar de família, — ressaltou Gideon.
— Sua família inteira estava lá. Quero dizer apenas nós. Eu e você. Ele
nunca nos convidou para jantar. Ele nunca liga para perguntar como
estou indo ou algo assim. Mesmo que eu não tenha ideia de como os
sogros normalmente se comportam, eu ainda acho que eles pelo menos
perguntam como está a nora, — eu declarei.
— Minha esposinha está se sentindo negligenciada?, — ele falou.
— Ali, pare de tirar sano de mim. Só estou dizendo que ele não gosta
de mim. então o que você fará quando ele se recusar a me aceitar?, — eu
questionei.
— Não me importo, — disse Gideon.
— O quê? — O que ele quis dizer com isso?
— Eu não me importo se ele não te aceitar. Eu vou escolher você. —
Gideon elaborou.
— Você está brincando. — Ele não poderia fazer isso.
— Não. eu não estou. Eu vou escolher você, — ele repetiu.
— No lugar da sua família?
— Sim.
— Mas por quê? — Eu não acreditei que ele faria isso.
— Porque você me faz feliz. E você é a mãe do meu filho que vai
nascer, — respondeu Gideon.
— É mais fácil falar do que fazer, — eu disse.
— O que é?
— Escolher alguém ao invés de sua família. É meio impossível, — eu
esclareci.
— Não estou escolhendo ninguém ao invés da minha família. Meu pai
e irmãos são minha família. Você é minha família. Portanto, se eu
escolher você em vez de meu pai e irmãos, não estarei escolhendo
qualquer um ao invés de minha família. Eu estarei escolhendo minha
família... Ao invés de minha família. — Eu ri quando ele disse isso.
— Não vou me colocar entre você e sua família, Gideon, — eu disse
com convicção.
— Ninguém se coloca entre ninguém. Estou dizendo que meu pai e
Brenton vão te aceitar. Você não tem nada com o que se preocupar.
Apesar de suas garantias constantes, eu não estava convencida. Eu
sabia que o senhor Maslow só casou Gideon comigo porque ele
acreditava ser temporário. Mesmo quando ele foi ao meu apartamento,
eu podia dizer que ele não me aprovava.
E mesmo que ele não tenha dito nada para mim diretamente, eu podia
sentir sua aversão por mim em nossos breves encontros. Não tinha ideia
do que Gideon estava pensando, mas estava preocupada. Muito
preocupada.
Bati suavemente antes de abrir a porta do quarto de Nico. Ele estava
sentado em sua cama, com os joelhos dobrados até o queixo. A única luz
que iluminava o seu quarto vinha de sua lâmpada, que estava na mesinha
de cabeceira.
Eu dei a ele um sorrisinho antes de entrar e fechar a porta suavemente
atrás de mim.
— Ei. Nico. espero não estar te incomodando, — eu disse levemente.
Em resposta, recebi um soluço. A preocupação apertou meu coração,
corri até meu irmão e me sentei na cama.
— Nic, você está bem?, — eu perguntei, olhando para o rosto
manchado de lágrimas do meu irmão.
Ele não disse nada, apenas soluçou enquanto mais lágrimas escorriam
pelo seu rosto. A preocupação e o medo nublaram minha mente, e
abracei Nico com força, esfregando suas costas de uma maneira suave.
— Nico. me diga o que está errado, por favor, — eu implorei.
— Nada, — ele soluçou.
— Não minta para mim, Nico. Sou sua irmã. Me diga o que está
errado. Porque você está chorando?
Nico se afastou de mim e tentou enxugar as lágrimas com as costas da
mão. mas as lágrimas não paravam de sair de seus olhos. Eu me senti
impotente ao ver meu irmão assim. Por que ele estava chateado?
— Diga-me o que há de errado, — persuadi.
— Al-Alice, mamãe e papai nos odiavam?, — ele perguntou.
Meu coração quebrou. — Não. claro que
não. Porque você pensaria isso? — De onde vinha isso? Nico estava
perfeitamente bem e aceitou a morte de nossos pais anos atrás.
— Então p-por que eles nos deixaram? — Mais lágrimas escaparam.
Eu segurei suas mãos com força. — Não foi escolha deles. Nic. Mamãe
e papai estavam doentes.
— Eles não sabiam que precisávamos deles? — Parecia que fui
transportada de volta ao passado, quando mamãe e papai tinham
acabado de falecer. Nico me fez as mesmas perguntas então, e mesmo
que eu tentasse o meu melhor para responder às suas dúvidas, agora
mesmo eu me sentia impotente como me senti todos aqueles anos atrás.
— Eles sabiam, querido, mas como eu disse, eles não tiveram escolha.
Mamãe e papai não queriam te deixar. Eles queriam ficar com você para
sempre, — expliquei.
— Por que Deus é tão cruel? Por que Ele tirou mamãe e papai de nós?
Deus não sabia que eu precisava da mamãe e do papai?
Eu não tinha resposta para isso. Bem que eu queria, mas não acho que
poderia explicar de uma maneira racional. Portanto, optei por controlar a
conversa e ir à raiz do problema.
— Nico, o que há de errado? Por que está me perguntando essas coisas
de novo?
Eu entendia por que ele estava me perguntando isso, mas o que eu
não entendia era por que Nico pareceu perfeitamente bem todos esses
anos, e agora, de repente, ele estava perguntando sobre mamãe e papai.
— Se mamãe e papai estivessem aqui, eu não seria ór ão, — soluçou.
Meu coração doeu ao ouvir Nico se autodenominar ór ão. — Você não
é ór ão, Nic. — Eu era sua irmã mais velha. Eu era praticamente sua mãe.
— Sim, eu sou, — gritou ele. — Um ór ão é alguém que não tem pais e
eu não tenho pais.
— Mas..., Mas... — Eu não tinha ideia do que dizer para fazê-lo se
sentir melhor.
— É verdade. Não minta para mim. Alice. Todos na escola me
chamam de ór ão. Ninguém quer ser meu amigo porque sou ór ão. Stan
diz que meus pais me odiavam e que foi por isso que eles me deixaram. —
Uma torrente de novas lágrimas caiu enquanto os soluços sacudiam o
corpo de Nico.
Raiva e tristeza queimaram em mim enquanto eu observava meu
irmão chorando por algo sobre o qual ele não tinha controle. Sem pensar,
envolvi Nico em meus braços e esfreguei suas costas, o tempo todo
fumegando por causa desse garoto Stan.
— Há quanto tempo isso vem acontecendo?, — eu perguntei,
tentando o meu melhor para conter minha fúria.
— Uma semana depois de entrar na escola, — respondeu ele.
— E por que você não me contou? Você sabe que deve me dizer se
alguém te machucar ou te intimida.
— Você tem seus próprios problemas. Eu pensei que ele iria parar, mas
não parou. — Eu o abracei com mais força. Eu gostaria que ele tivesse me
dito antes que as crianças o estavam intimidando. Eu teria lidado com o
problema mais rápido.
— Você contou aos seus professores?, — eu perguntei.
— Não. — Nico parecia estar se controlando.
— Por que não?, — eu perguntei.
— Porque eu não queria que eles pensassem mal de mim, — ele
respondeu.
— Nico, seus professores irão ajudá-lo. Eles nunca vão te intimidar, ou
algo assim, — expliquei.
— E se eles fizerem?, — Nico perguntou.
— Eles não vão, — eu disse. — Então, eu quero que você vá para a
escola amanhã e diga ao seu professor como as outras crianças estão te
tratando. E vou falar com o seu professor também, tá bom? — Limpei o
rosto de Nico com meus dedos.
— Tem certeza de que não será um problema?
— Não será um problema, — garanti.
— Sinto muito, — disse ele.
— Pelo quê?
— Por chorar e te preocupar, — ele respondeu.
— Ei, eu sou sua irmã. Você pode chorar o quanto quiser na minha
frente, e você é meu irmão mais novo. É minha função me preocupar. —
Eu baguncei seu cabelo, e meu coração pulou de alívio quando vi Nico
sorrindo.
— Agora me diga, o que você quer de aniversário?, — eu perguntei,
querendo falar sobre coisas felizes.
— Tudo bem se eu quiser comemorar meu aniversário este ano?, —
ele perguntou, olhos verdes esperançosos.
— Você quer dizer como uma festa?
Nico acenou com a cabeça. — Tipo isso. Se não for um problema.
— Claro que você pode. Quem você gostaria de convidar?, — eu
questionei.
— Quero comemorar meu aniversário com outras crianças como eu,
— disse Nico.
— Crianças comem você? — Eu fiz uma careta em confusão.
— Ór ãos. Quero comemorar meu aniversário com os ór ãos, —
explicou.
— Ah. Sério? E isso que você quer? — Eu precisava ter certeza absoluta
de que era isso que Nico queria.
Ele assentiu. — Sim. E eu quero uma grande festa com muitas
crianças ór ãs. Sei que vai custar muito dinheiro, então, se você não tiver,
não precisa.
— Dinheiro não é problema. E teremos uma grande festa, como você
quiser. — Finalmente meu irmão não estava mais triste. Assim que eu
saísse de seu quarto, começaria a me preparar para sua festa.
— Ah, e você pode, por favor, avisar as crianças ór ãs que não quero
presentes? Eu só quero que eles venham à minha festa de aniversário. —
Nico parecia animado com seu aniversário.
— Claro, vou avisá-las. — Eu me levantei da cama.
— Agora, por que você não volta para sua lição de casa enquanto eu
começo os preparativos para sua grande festa de aniversário? E amanhã
vou te levar às compras, ok? Vou comprar roupas e sapatos novos para
você, combinado?
Nico acenou com a cabeça. — Ok. Alice. Muito obrigado. Você é a
melhor irmã do mundo inteiro.
— E você é o melhor irmão de todos. — Com uma piscadela final, saí
do quarto de Nico, ansiosa para começar a planejar seu aniversário.
***
— Eu vou embora agora, pai. Mas antes de ir, quero dizer algo a você.
Todo esse tempo, falei com você com respeito, mas não mais. Já que você
não é mais meu pai — — Gideon fez uma pausa para respirar fundo -
— Eu só quero dizer que esta é a razão pela qual você perdeu Lizzy.
Esta é a razão pela qual você perdeu a mamãe. E esta é a razão pela qual
você está perdendo a mim e a Kieran também.
O amor não vê dinheiro. Não vê a beleza física de uma pessoa. O amor
verdadeiro só vê a pureza da alma e a sinceridade do coração, e é por isso
que você, Pai. você nunca saberá o que é o amor verdadeiro, porque você
só vê dinheiro e status.
Você não vê o que deveria. Você é cego, pai, e não vou perder meu
tempo tentando fazer com que você veja o que obviamente não quer.
E você diz que Alice vai manchar o sangue real?! Você está errado!
Estou levando-a embora porque não quero que o sangue desta família a
manche, ou a meu filho. Adeus, Brian Maslow.
Virando-se. Gideon beijou minha testa antes de segurar minha mão
com firmeza e me levar para fora da sala de jantar. Longe dos Maslows —
sua família. Longe de sua casa.
Capítulo 34
— Gideon. pare. Por favor, sente-se e pense por um momento. Você
não pode simplesmente deixar seu pai assim. — eu disse ansiosamente.
— Não há nada em que pensar, pombinha. Estamos indo embora. Vá
buscar Nico e vamos embora, — afirmou ele. jogando suas roupas na
mala.
— Gideon. ele é sua família., — tentei mais uma vez.
Gideon soltou uma risada amarga. — Em primeiro lugar, a família não
faz o que ele fez. Em segundo lugar, depois do que ele disse, não vou ficar
com ele. mesmo que ele me implore.
— Mas…
— Não! Eu não vou escolher ele, e ponto final. Alice! Sabe, eu queria
fazer isso há muito tempo. Ele foi a razão pela qual minha irmã teve que
fugir, e ele acha que é perfeitamente normal tratar as pessoas como
merda. Bem. ele está errado.
Minha irmã era uma coisa, mas ele não tem o direito de ficar na
minha frente, insultar a mulher que eu amo, e esperar que eu esteja bem
com isso! — ele gritou, respirando pesadamente.
Em resposta, peguei as mãos de Gideon antes de forçá-lo a se sentar.
Ele se sentou bufando e me puxou para seu colo. Eu queria colocar
minha cabeça em seu ombro, mas Gideon capturou meus lábios em um
beijo acalorado antes que eu tivesse a chance.
O beijo foi terno, mas cheio de emoções descobertas. Gideon
derramou seu amor, sua culpa e sua força naquele beijo, não me dando
escolha a não ser aceitar o que quer que ele me desse. Depois de alguns
segundos, senti a familiar falta de ar.
Tentei afastar Gideon. mas ele não tinha intenção de liberar meus
lábios, e continuava a dança com minha língua.
Foi só quando eu estava começando a ficar tonta que Gideon se
afastou, apenas para encostar a testa na minha, respirando fundo.
— Eu amo você. — Ele me beijou. — Eu te amo muito. — Outro beijo.
— Eu nunca vou te deixar.
— Eu também te amo. Calma, Gideon. — Corri meus dedos por seus
cabelos, tentando confortá-lo da melhor maneira que pude.
— Bonitinha, vou te fazer uma pergunta e quero que você responda
honestamente, ok?
Eu dei a Gideon um olhar perplexo antes de assentir. — Claro.
Pergunte-me qualquer coisa.
— Você se casou comigo pelo meu dinheiro? — ele perguntou, me
olhando fundo nos olhos.
Eu engoli em seco. Como eu iria responder a isso? Era verdade que me
casei com Gideon por dinheiro, mas agora que o amava, como poderia
dizer isso a ele quando ele queria uma resposta honesta de mim?
— Por que você está me perguntando isso?, — eu perguntei.
— Responda minha pergunta. Alice, — ele comandou.
Pisquei, tentando dizer a Gideon através dos meus olhos para não me
perguntar isso. — Gideon...
Ele segurou minha bochecha. — Responda-me, — ele ordenou
suavemente.
— Você vai me odiar. — Mordi meu lábio enquanto a culpa pesava em
meu coração.
— Responda minha pergunta, — ele repetiu.
Respirando fundo, eu disse a ele a verdade honesta. — Tudo bem, sim.
Casei com você por dinheiro, porque precisava de dinheiro para a
cirurgia do meu irmão. Você sabe disso, — respondi.
Gideon não disse nada por alguns segundos, fazendo meu coração
afundar. Ótimo, no momento em que ele me disse que me amava, eu
apenas dei a ele um motivo para me odiar. Mas eu não podia mentir para
ele. Ele pediu a verdade e eu dei isso a ele.
— Você me ama agora?, — ele perguntou.
Eu balancei minha cabeça rapidamente. — Sim. Eu te amo... muito, —
eu disse, tentando o meu melhor para transmitir meus sentimentos com
essas palavras.
— Então, se eu te levar para uma casa pequena, que tem apenas dois
quartos e um banheiro, você ainda vai me amar? — ele perguntou.
— Você não me ouviu? Eu disse que te
amo. Você. Não é o seu dinheiro. Posso ter casado com você por
dinheiro, mas me apaixonei por você. Mesmo que você me faça viver nas
ruas, não mudará meus sentimentos por você. Meu amor por você nunca
irá vacilar, — eu disse com convicção.
Gideon me beijou docemente. — Isso é tudo que eu quero ouvir.
Agora seja uma boa menina e vá embalar as coisas de Nico. Vou terminar
de fazer as malas e depois vamos embora.
— Gideon, você tem certeza disso? — Perguntei de novo. Não queria
que Gideon me ressentisse mais tarde, culpando-me por separá-lo de sua
família.
— Tenho cento e cinquenta por cento de certeza, e nada do que você
possa fazer ou dizer vai mudar minha opinião. Então vá e empacote as
coisas de Nico: caso contrário, Nico não terá escolha a não ser sobreviver
nos próximos dias sem roupas. Você que sabe.
Suspirando ruidosamente, me levantei do colo de Gideon. — Tudo
bem. mas se a qualquer momento você quiser me deixar e voltar para sua
família, para seu pai... Me diga, ok? Eu não vou te parar, certo?
Eu queria que ele soubesse que eu não o forçaria a ficar comigo se ele
não quisesse.
— Vá e empacote as coisas de Nico. — Com isso, Gideon voltou para
sua mala e rapidamente jogou suas roupas.
Tendo sido claramente dispensada, saí do quarto e fui direto para o
quarto de Nico. Entrei sem bater e encontrei Nico sentado na cama com
um livro grosso nas mãos.
Tentei dar-lhe um sorriso tranquilizador, mas não consegui. Eu estava
preocupada demais para dar ao meu irmão qualquer garantia.
— Nico. Vamos, arrume todas as suas coisas. Estamos indo embora, —
eu disse.
Nico franziu a testa antes de fechar o livro. — Indo embora? Para
onde? Por quê? O que aconteceu? Você e Gideon brigaram?
— Não, não. Nada disso. Gideon e eu não brigamos. Nós apenas temos
que sair, agora. Então, por favor, arrume suas coisas, — respondi.
— Gideon também vai?, — Nico perguntou, levantando-se da cama e
indo até o anuário.
— Sim. ele vai conosco. Por favor, se apresse, Nico. Você gostaria que
eu te ajudasse?, — eu perguntei, olhando para Nico enquanto ele tirava
uma mochila e o resto de suas roupas do armário.
— Não, não, está tudo bem. Eu consigo. Você já amimou suas roupas?,
— Nico perguntou.
— Eu estou indo. Tem certeza de que não precisa da minha ajuda?
— Sim. Vá embalar suas coisas, — Nico me disse.
Acenando com a cabeça, saí do quarto de Nico e voltei para o meu.
Assim que entrei, meus olhos se arregalaram quando vi minhas roupas
nas mãos de Gideon.
— O que você está fazendo?! — Tentei o meu melhor para não gritar
de perplexidade.
— Estou empacotando suas roupas. O que parece que estou fazendo?
— Gideon dobrou cuidadosamente o vestido e o colocou dentro da mala.
— Sim. mas por quê? Posso embalar minhas roupas sozinha. Você não
precisava fazer isso, — eu disse.
— E daí? Você é minha esposa, não uma estranha. Posso empacotar
suas roupas se eu quiser, — argumentou Gideon. pegando outro vestido.
— Sim. mas você não precisava. — Eu simplesmente não conseguia
entender o fato de que Gideon estava arrumando minhas roupas.
— Eu não precisava. Eu queria, fadinha. Eu gosto de cuidar de você. —
E então ele piscou, e aquela piscadela que fazia algo engraçado nas
minhas entranhas. — Você pode, por favor, pegar os produtos de higiene
pessoal? Eu empacotei todo o resto. Nico terminou de empacotar?
— Ele estava fazendo as malas. Vou ver se terminou em um momento.
— Fui ao banheiro e peguei as coisas de Gideon. colocando-as em uma
pequena bolsa preta, enquanto colocava minhas coisas em uma bolsa
verde ainda menor.
Quando saí do banheiro, vi Kieran parado na sala.
— Você tem certeza de que quer fazer isso?, — Gideon perguntou a
seu irmão.
— Você tem?. — Kieran atirou de volta.
— Sim, — respondeu Gideon.
— Eu também, — respondeu Kieran.
Gideon me notou parada ali e acenou para que eu fosse até ele. Eu dei
a Kieran um sorrisinho, que ele devolveu, antes de caminhar até meu
marido, que pegou as sacolas contendo nossos produtos de higiene
pessoal e as colocou dentro da mala.
Então, Gideon fechou a mala e fechou o zíper, certificando-se de
trancá-la.
— Você está pronto?. — Gideon perguntou a Kieran. que assentiu.
— Sim. Por que você não liga o carro? Vou levar as malas, — disse
Kieran.
Gideon acenou com a cabeça antes de se virar para mim. — Vá e veja
se Nico terminou de fazer as malas, então desça para a garagem, — ele
instruiu antes de sair do quarto.
Kieran pegou a mala na cama e seguiu atrás de Gideon. me deixando
sozinha.
Não querendo perder tempo, fui até o quarto de Nico. Suspirei de
alívio quando o vi fechando as malas. Quando ele me viu. Nico ergueu o
polegar.
— Acabei. Alice. Pronta para ir?
Acenando com a cabeça, fui pegar uma das malas de Nico, mas ele não
deixou. — Não. Você não pode carregar minhas malas. Não quando você
está grávida. — Corei ao ouvir Nico dizer que eu estava grávida.
— E, além disso, você carregou minhas malas por toda a minha vida.
Deixe-me carregar minhas próprias malas agora. Eu posso fazer isso.
Dando a meu irmão um sorrisinho, eu o Conduzi para fora de seu
quarto, e nós dois fizemos nosso caminho para a garagem, meu coração
acelerando enquanto eu me perguntava onde Gideon planejava nos levar.
Passaríamos a noite em um hotel?
Ou no carro de Gideon? Quanto tempo levaria para Gideon encontrar
um emprego, agora que seu pai o havia cortado?
Antes que minha mente pudesse pensar em mais perguntas
impossíveis que gerassem ansiedade, entramos na garagem. Gideon
estava sentado no banco do motorista, enquanto Kieran estava sentado
no banco de trás.
Nico correu até o carro e jogou suas inalas no porta-malas antes de
fechá-lo e entrar na parte de trás com Kieran. Eu rapidamente o segui e
sentei no banco do passageiro da frente.
Gideon agarrou minha mão assim que fechei a porta. Eu olhei para ele
para ver seus olhos brilhando de afeto. — Você confia em mim.
pombinha?, — ele perguntou.
Eu balancei a cabeça sem pensar. — Sempre. — Eu som para ele.
— Bom. — Colocando minha mão em sua coxa. Gideon ligou a
ignição e dirigiu para fora da garagem e para longe do castelo de Maslow.
Por um tempo, nenhum de nós disse nada, muito perdidos em nossos
próprios pensamentos. Eu não estava preocupada comigo. Eu estava
preocupada com Gideon. Ele seria capaz de viver sem sua família? Ele
estava tão acostumado com a vida rica.
Ele seria capaz de morar em um apartamento de dois quartos? Quanto
tempo até que ele cansasse e me deixasse? O que eu faria quando Gideon
finalmente me deixasse? Eu seria capaz de sobreviver? Eu era forte o
suficiente sem o amor do meu marido?
— Onde estamos indo? — Eu saltei de volta à realidade ao ouvir a
pergunta de Nico.
— Estamos indo para algum lugar longe, amigo, — respondeu Kieran.
— Por quê? — ele perguntou.
— Porque é melhor assim, — Kieran disse enigmaticamente.
— Sério, Kieran. você tem que me dar uma resposta adequada, — Nico
exigiu.
Gideon deu uma risadinha. — Você receberá suas respostas em breve,
Nico.
— Vamos para um hotel? — Nico mudou sua abordagem.
— Não, não vamos, — Kieran respondeu.
— Então, onde vamos dormir?, — ele perguntou.
— Nico. Fique quieto. Não os incomode. Vamos dormir no carro se for
preciso, — eu repreendi.
— Cogumelinho, que tipo de monstros você pensa que somos? Você
realmente acha que Gideon vai deixar você dormir no carro? — Kieran
perguntou, parecendo afrontado.
— Então, onde vamos dormir?
— Nico. — Eu me virei para dar a ele um olhar severo, avisando-o para
parar de fazer perguntas.
— Desculpe, — Nico disse timidamente.
— Pequena, acalme-se. Nico, você pode fazer quantas perguntas
quiser, — disse Gideon.
— Ela precisa dormir, — afirmou Kieran. Eu revirei meus olhos.
— Eu sei. foi um longo dia para ela. Ela vai dormir assim que
chegarmos, — respondeu Gideon.
— Eu acho que ela deveria dormir agora, — Kieran comentou.
— Quero que ela se sinta confortável, — afirmou Gideon.
— Olá! Eu estou bem aqui. — Sério, por que eles estavam falando
como se eu fosse invisível?
Gideon e Kieran riram antes que Gideon levantasse minha mão. que
estava apoiada em sua coxa, e desse um beijo suave e demorado nela.
— Eu sinto muito. Alice, mas eu tenho que perguntar. Onde estamos
indo? — Nico questionou.
— Gideon tem uma propriedade onde vamos morar a partir de agora.
Mas é longe, então vamos passar a noite em outro lugar e amanhã iremos
para a casa de Gideon. — respondeu Kieran.
Espere, o quê? Gideon tinha uma propriedade e nunca me contou? Era
um lugar secreto ou só eu não sabia? E por que Gideon não me contou
sobre esse lugar? Eu tinha dado a ele muitas chances de me dizer.
— E onde vamos passar a noite? — Nico perguntou.
— Você saberá em breve. Estamos quase lá. Só mais dez minutos. —
disse Kieran.
Agora, até eu estava curiosa. Exatamente para onde estávamos indo?
Gideon tinha um amigo que eu não conhecia? Era um motel, para onde
ele estava nos levando? Por que esses homens eram tão enigmáticos?
— Esse carro é seu?, — eu perguntei. z
— E sim, — respondeu Gideon.
— Quero dizer, seu...
— Não, passarinho, meu pai não me deu este carro. Comprei com
meu próprio dinheiro, — disse ele.
— Você tem seu próprio dinheiro?! — Eu coloquei a mão na minha
boca assim que as palavras deixaram meus lábios. — Eu sinto muito. Eu
não quis dizer isso.
Gideon riu. balançando a cabeça. — Está tudo bem. fadinha. E, sim.
tenho meu próprio dinheiro, bastante. Não sei o que você pensa, mas
Kieran e eu temos nossos próprios negócios separados. Podemos estar
administrando o negócio da família, mas também temos nosso próprio
negócio. Eu não sou um vagabundo, pequenina.
— Eu sinto muito. — Minhas bochechas esquentaram de vergonha
por julgar meu marido daquela maneira.
— Não sinta. Você não sabia.
— Vire à esquerda, — Kieran instruiu.
— Eu sei onde é, — Gideon retrucou antes de fazer uma curva fechada
à esquerda e parar alguns segundos depois.
— Uau. de quem é esse lugar? — Eu perguntei enquanto olhava para o
casarão lindo erguido orgulhosamente diante de mim. Unha uma
arquitetura vitoriana, todo florido. Era uma estrutura verdadeiramente
bela.
— Vamos. — Kieran abriu a porta e saiu, seguido por Gideon, Nico e
eu. Eu queria me esticar como um gato, mas me contive.
Porém fui incapaz de suprimir o bocejo que fez Gideon se aproximar
de mim e passar um braço em volta dos meus ombros.
— Está tudo bem, chegamos. Você vai dormir assim que entrarmos. —
Gideon disse suavemente, beijando minha testa.
Eu balancei a cabeça e permiti que Gideon me conduzisse até a porta
da frente. Kieran tocou a campainha algumas vezes antes de recuar. Eu
me senti um pouco culpada, porque o sono de alguém seria arruinado
por nossa causa.
— Ela deve estar dormindo, — afirmou Gideon.
— Eu sei, — Kieran concordou.
— De quem é esse lugar?, — eu perguntei.
— Alguém que você deveria ter conhecido há muito tempo, bonitinha,
— Gideon me disse.
Antes que eu pudesse perguntar quem, a porta se abriu e uma mulher
saiu. Apenas um olhar para a mulher me disse tudo o que eu queria saber.
E eu não conseguia acreditar nos meus olhos. Achei que nunca teria a
chance de conhecê-la. Mas aqui estava ela. parada diante de mim em um
robe de seda e chinelos.
Elizabeth Maslow.
Capítulo 35
Ela era idêntica ao quadro do sétimo andar. Os mesmos olhos, a
mesma cor de cabelo, não conseguia acreditar que estava olhando para a
irmã de Gideon. Mas eu estava feliz que esse dia havia chegado.
Sempre quis conhecê-la, desde que Gideon me contou sobre ela.
— Gideon, como vai você? — Elizabeth se aproximou e jogou os
braços em volta de Gideon, que não conseguiu retribuir o abraço porque
tinha um braço em volta dos meus ombros.
— Estou bem, Liz, como você está?, — Gideon respondeu, segurando-
a perto. Era evidente que ele sentia muito a sua falta.
— Sabe, Gideon não é seu único irmão aqui, — Kieran resmungou.
Elizabeth se afastou de Gideon e abraçou Kieran. — Eu senti tanto a
sua falta. Kieran, — Elizabeth disse.
— Idem. irmã, — afirmou Kieran.
Assim que Elizabeth e Kieran pararam de se abraçar. Elizabeth olhou
para meu irmão mais novo.
Ela deu uma olhada nele antes de seus olhos pousarem em mim.
Quando ela me olhou, senti que estava sendo julgada, porque Elizabeth
era importante para Gideon. e se ela não me aprovasse...
O pensamento era tão horrível que eu imediatamente o descartei e.
em vez disso, tentei o meu melhor para não ser afetada por seu olhar.
Graças a Deus Kieran quebrou o silêncio. — Você vai apenas nos
manter de pé no frio ou vai nos deixar entrar?, — ele choramingou. Eu
olhei para suas bochechas rosadas e sorri. Kieran estava com frio.
— Desculpe, foi mal. Por favor, entrem. — Elizabeth conduziu todos
nós para dentro antes de fechar a porta.
Gideon me soltou e foi até Elizabeth. Ele sussurrou algo em seu
ouvido, fazendo-a olhar para mim antes de assentir e apontar para a
escada. Gideon sorriu para ela antes de se aproximar de mim.
— Venha, pombinha, vamos te levar para a cama, — ele me disse.
— Não, isso seria rude. Acabamos de chegar aqui. O que sua irmã vai
pensar?
— Minha irmã não vai pensar nada, e você não está sendo rude. Você
está cansada e não vou ficar aqui parado vendo você lutando contra o
sono. Vamos.
Segurando firmemente minha mão, Gideon me conduziu escada
acima e por todo o caminho até o final do corredor. Ele abriu a última
porta à esquerda e me puxou para dentro.
Eu olhei para o belo quarto com interesse. As duas cores que
dominavam o ambiente eram o branco e verde-mar. Uma cama king-size
foi colocada contra uma parede, e adornada com lençóis brancos e
travesseiros verde-mar, enquanto uma tela de plasma ficava de frente
para a cama.
Uma prateleira contendo várias bugigangas estava abaixo da tela de
plasma. Havia um sofá de dois lugares em um canto com uma luminária
ao lado.
As cortinas verde-mar estavam abertas e vi vários vasos de flores no
parapeito da janela. O quarto parecia aconchegante.
— Vamos lá. pode deitar. — Gideon gesticulou em direção à cama,
fazendo-me suspirar, mas ainda assim fiz o que ele disse.
— Tem certeza. Gideon? Quer dizer, não estamos nos intrometendo,
estamos? — Eu não tinha ideia do que Elizabeth pensava de mim. e a
preocupação estava me consumindo por dentro.
Gideon se sentou na cama ao meu lado. Ele acariciou meu cabelo
antes de falar.
— Bonitinha, não se preocupe com assuntos triviais. Acredite em
mim. não estamos nos intrometendo. Não se estresse. Não é bom para o
bebe. Feche os olhos e vá dormir.
— Você vai voltar para baixo?, — eu perguntei.
— Sim. Tenho que contar a Lizzy o que aconteceu. Mas não se
preocupe. Voltarei para você o mais rápido possível. — Ele sorriu para
mim.
— Promessa?
— Eu prometo, fadinha. Eu sempre voltarei para você. — Beijando
minha bochecha e depois minha testa. Gideon se levantou. — Boa noite,
pequena. Bons sonhos.
Dando-me outro sorriso amoroso, ele saiu da sala, deixando-me cair
em um sono profundo e pacífico.
Acordei com o calor de Gideon me envolvendo. Pisquei algumas vezes
para me livrar do sono residual. Tentei escapar das ganas de Gideon, mas
ele me segurou com força, como se estivesse com medo de me deixar ir.
Tentei tirar seu braço de cima de mim com delicadeza, mas ele apenas
apertou minha cintura com mais força.
— Parece que meu passarinho está acordado, — murmurou Gideon,
sonolento, antes de beijar meu pescoço exposto.
— Sim eu estou. Você me deixa ir? Eu preciso usar o banheiro, — eu
disse.
— Não. Gosto de ter você por perto, — respondeu ele.
— A que horas você voltou ontem à noite?, — eu perguntei.
— Por volta das 2h, — respondeu ele.
— Entendi. Posso usar o banheiro agora? — Minha bexiga estava me
matando.
— Você precisa mesmo? — ele questionou.
— Estou carregando seu bebê, então, sim. preciso, — respondi.
— Nosso bebê, — ele murmurou antes de beijar minha bochecha e
finalmente remover seu braço.
— Obrigada! — Exclamei antes de pular da cama. — Onde fica o
banheiro?
— Bem ali. — Ele apontou para uma porta no canto que eu não tinha
notado na noite anterior.
— Obrigado, — eu respondi e corri para dentro do banheiro.
Assim que terminei de me aliviar, lavei as mãos, enxaguei a boca e
lavei o rosto antes de sair do banheiro.
Gideon estava sentado, com as costas contra a cabeceira da cama. E
mesmo ele tendo acabado de acordar, ele parecia incrivelmente sexy.
— Você vai se trocar? — Gideon perguntou, olhando meu vestido
amarrotado.
— Sim. Onde está a mala? — Olhei em volta, finalmente localizando a
mala ao lado da mesa de cabeceira. — Não importa, já achei — Corri até
ela. depois de alguns minutos, tirei um vestido novo. Então corri de volta
para dentro do banheiro e. depois de mais dois minutos, retomei.
— Vou fazer o café da manhã, — eu disse.
— Você não precisa. Lizzy vai fazer, — disse ele.
— Você está brincando? Lizzy não deveria se preocupar com isso. Vou
fazer o café da manhã. — Sem esperar pela resposta dele, sai da sala e
desci as escadas correndo.
Quando Cheguei ao saguão, olhei em volta, tentando localizar a
cozinha. Suspirei de alívio quando vi uma porta à esquerda. Esperando
que fosse a cozinha, fui até lá e empurrei a porta.
E quando vi os utensílios de prata, suspirei de alívio. Finalmente,
encontrei a cozinha.
Agora só precisava procurar os ingredientes.
Eu sabia que não tinha o direito de me aventurar na cozinha de
alguém e agir como se fosse a dona do lugar, mas Elizabeth estava nos
ajudando muito. Ela nos deu um lugar para dormir, então o mínimo que
eu poderia fazer era dispensá-la de precisar preparar o café da manhã.
Eu não queria parecer ingrata.
Abrindo a geladeira, tirei alguns ovos e uma jarra de leite. Assim que
coloquei os itens no balcão, uma voz me fez pular.
— O que você está fazendo na minha cozinha?, — ela perguntou. Ela
estava vestindo jeans e um lindo top floral, com o cabelo preso em um
rabo de cavalo.
— Ahh, eu estava fazendo café da manhã, — eu respondi.
Ela franziu o cenho. — Por quê? Você é minha convidada. Eu que devo
fazer o café da manhã para você, — ela afirmou.
— Você já fez muito por nós. Você nos deu um lugar para ficar. Eu só
queria te ajudar, retribuir a sua gentileza, — eu disse.
Elizabeth inclinou a cabeça para o lado, um gesto que me lembrou
fortemente de seus irmãos. — Você é sempre tão formal?, — ela
perguntou, um sorrisinho em seus lábios.
— Ah. só não quero que você pense que sou uma pessoa ingrata, —
murmurei. Elizabeth estava tão confiante, e eu me senti estranha em pé
na frente dela.
— Acredite em mim. não acho que você seja ingrata. Muito pelo
contrário, na verdade. Quero dizer, é por isso que Gideon escolheu você
como esposa, — disse ela.
— O que você quer dizer?, — eu perguntei, me sentindo confusa.
— Eu posso ver por que ele escolheu você, — ela esclareceu, pegando
os ovos e uma tigela de vidro.
— Pode me dizer por quê? Gideon nunca me contou, — pedi.
— Eu posso, mas não vou., — respondeu ela. Elizabeth estava me
confundindo. Não conseguia descobrir se ela gostava de mim ou não.
— Ah. tudo bem. Posso ajudá-lo a fazer o café da manhã, se estiver
tudo bem para você?, — eu perguntei.
Elizabeth foi até a despensa e voltou com pimentas verdes e uma lata
de cogumelos. Ela colocou os itens na minha frente, junto com uma
tábua de corte e uma faca.
— Você pode cortar as pimentas e os cogumelos, — disse ela.
— Obrigada. — Eu não perdi tempo. Comecei imediatamente a cortar
as pimentas. Assim que terminei, passei para os vegetais.
— Então, você tem um irmão mais novo, — disse Elizabeth na forma
de uma declaração.
Eu concordei. — Sim. Nico é meu irmão.
— E ele mora com você?, — ela perguntou.
— Sim. Ele é muito jovem para viver sozinho, — respondi.
— Eu posso ver isso. — Ela fez uma pausa. — O que você acha de
Gideon deixando sua família?, — ela questionou.
— Eu não queria que ele deixasse o pai, — respondi.
— Então, se Gideon quiser voltar para sua família e deixá-la se virando
sozinha, você está bem com isso?, — ela perguntou.
— Sim. Se Gideon quiser me deixar para ficar com sua família, tudo
bem para mim, — respondi, mordendo o lábio.
— Por quê?
— Porque amo Gideon e quero que ele seja feliz. Se sua felicidade está
com sua família, então quem sou eu para me colocar entre eles?
— Mas você vai voltar a ser pobre, está tudo bem pra você? Quero
dizer, de viver como uma realeza para voltar a viver nas favelas... — Ela
deixou sua frase morrer, mas eu entendi o que ela estava tentando dizer.
— Eu nasci na favela. E daí se eu vivesse como alguém da realeza por
um tempo? Eu sei quanto valho, e a pobreza não é novidade para mim.
Eu vivia como uma pessoa pobre antes, e posso viver de novo. Se Gideon
decidir me deixar, não pedirei um único centavo, — respondi.
— Você tem certeza disso? As pessoas podem se acostumar com a vida
rica, — disse ela.
— Se as pessoas podem se acostumar com a vida rica, elas também
podem se acostumar com a pobreza. Só demora um pouco mais. Posso
ter casado com Gideon por dinheiro porque queria que meu irmão
fizesse a cirurgia. mas eu o amo agora, e seu dinheiro não importa mais
para mim, — declarei enquanto continuava a cortar os cogumelos.
Elizabeth não disse nada por um tempo. Quando terminei de cortar
os cogumelos, ela os pegou, juntou com as pimentas verdes, e jogou nos
ovos batidos.
Ela então começou a fazer uma omelete, enquanto eu olhava ao redor
da cozinha, tentando me distrair da presença autoritária de Elizabeth.
Tive a sensação de que Elizabeth não gostava muito de mim.
— Bom dia, meu amor. — Olhei para o homem desconhecido que
havia entrado na cozinha e abraçado Elizabeth por trás. Ele deu um beijo
em seu pescoço, fazendo-me corar. Agora eu realmente estava me
intrometendo.
— Bom dia. querido, você dormiu bem?. — Elizabeth perguntou,
sorrindo para o homem. Devia ser Henry, seu marido. Henry tinha cerca
de um metro e oitenta de altura, cabelos louros encaracolados e olhos
verde-jade.
— Eu dormi com você. O que você acha? — Ele sorriu para ela. Foi só
quando ele olhou para mim que percebeu que eu também estava
presente.
— Ah, olá, você deve ser Alice, a esposa de Gideon. — Henry soltou
Elizabeth e caminhou até mim, estendendo a mão para eu apertar.
— Sim. prazer em conhecê-lo e obrigado por nos deixar passar a noite.
— Eu apertei sua mão.
— Você é tão pequena. Como você pode lidar com um homem como
Gideon?. — Henry perguntou. Eu dei a ele um olhar perplexo. O que ele
estava insinuando?
— Eu sinto muito. Eu não sei o que você quer dizer. — Agora eu me
sentia estúpida.
— Só que você é tão delicada e tão pequena. Gideon é exatamente o
oposto de você, — afirmou.
— Os opostos se atraem, querido, — disse Elizabeth. fazendo Henry
rir.
— Acho que sim. — Ele me deu um sorriso caloroso.
. — Alice, por favor, coloque a mesa? Os pratos e outras coisas estão
ali, — disse Elizabeth.
Fiquei muito feliz em obedecer. — Claro. — Eu imediatamente peguei
os pratos, colheres, facas e garfos antes de sair da cozinha. — Onde está a
mesa?, — eu perguntei.
— A sala de jantar é a próxima porta, — respondeu ela.
Acenando com a cabeça, saí da cozinha e entrei na sala de jantar.
Rapidamente coloquei os talheres da melhor maneira possível. Eu
queria levar o máximo de tempo possível. Eu não queria lidar com
Elizabeth ou Henry. Desejei que Gideon descesse logo, ou mesmo Kieran.
Eu deveria ter ouvido Gideon quando ele me disse para ficar na cama.
Droga, eu era uma idiota. Da próxima vez. eu não iria ajudar ninguém,
não importa o quanto eu quisesse.
Eu nem sabia o que Elizabeth estava pensando de mim. Talvez ela
dissesse a Gideon para me deixar.
— Bonitinha, vejo que você pôs a mesa. — A voz de
Gideon me fez relaxar em um instante.
— Sim. por que você não se senta? — Puxei uma cadeira para ele,
fazendo-o franzir a testa.
— Não faça isso, — advertiu Gideon.
— Não faça o quê?, — eu perguntei.
— Puxe uma cadeira para mim. Devo fazer isso por você, não o
contrário, — explicou ele.
— E daí? Sou sua esposa. Posso puxar uma cadeira para você, —
argumentei.
— Não, você é minha fadinha e nunca mais vai fazer nada desse tipo
novamente, — disse ele com firmeza.
Só então. Kieran e Nico entraram. — Bom dia, cogumelinho, você
parece bem. — Kieran comentou, puxando uma cadeira e sentando-se,
enquanto Nico fazia o mesmo.
— Bom dia, Kieran. Nic, — eu cumprimentei.
— Bom dia. Alice, — Nico disse.
Elizabeth entrou na sala de jantar, seguida por Henry. os dois
carregando pratos do café da manhã nas mãos, que colocaram sobre a
mesa. Meu estômago roncou quando olhei para a comida de dar água na
boca.
Quanto tempo se passou desde a última vez que comi? Acho que não
jantei na noite anterior, com todo o fiasco. Talvez fosse por isso que eu
estava com tanta fome.
Capítulo 36
Olhar para o relógio me disse exatamente o quão lento o tempo estava
passando. Desejei que Gideon se apressasse para que pudéssemos partir,
mas parecia que Gideon não tinha intenção fazê-lo.
E eu não queria mais ficar aqui.
O café da manhã correu bem, surpreendentemente. Elizabeth não me
fez sentir um lixo. Ela foi muito legal comigo.
Ela tentou conversar um pouco, mas eu estava muito nervosa para
engajar na conversa, o que foi estúpido da minha parte, já que ela pode
estar pensando que tenho um coração frio ou estranho. Mas ela me
deixou tão nervosa.
Elizabeth era a melhor amiga de Gideon e eu precisava que ela
gostasse de mim. mas do jeito que as coisas estavam indo, eu duvidava
que isso fosse acontecer tão cedo.
Depois do café da manhã, Gideon me disse que precisava cuidar de
algumas coisas e mandar uma equipe de limpeza para a nova casa, onde
estaríamos morando.
Ele disse que estaria de volta em três horas, e agora já haviam se
passado cinco horas sem nenhum sinal de Gideon.
Tentei ajudar Elizabeth nas tarefas domésticas, pois não queria
parecer um daqueles hóspedes que só ficam sentados na sua sala ou
bagunçam a casa e não ajudam.
Mas. assim como antes, Elizabeth me disse para sentar e relaxar,
porque ela queria que seu sobrinho ficasse confortável. Ela olhou minha
barriga saliente enquanto dizia isso. Ótimo, até Elizabeth acreditava que
meu bebê era um menino.
Então agora eu não tinha escolha a não ser sentar no meu quarto e
olhar para o maldito relógio. Eu não tinha nada para fazer e isso estava
me deixando louca. Queria que Gideon se apressasse e voltasse para que
pudéssemos ir para nossa nova casa.
Lá. pelo menos eu teria algo para fazer. Eu olhei para o relógio, apenas
para ver que o ponteiro dos minutos agora tinha mudado de dois para
quatro. Ótimo, apenas dez minutos se passaram. Suspirando, recostei-me
e fechei os olhos.
Lá. pelo menos eu teria algo para fazer. Eu olhei para o relógio, apenas
para ver que o ponteiro dos minutos agora tinha mudado de dois para
quatro. Ótimo, apenas dez minutos se passaram. Suspirando, recostei-me
e fechei os olhos.
Meus olhos se abriram quando a porta do quarto se escancarou e um
menino de cerca de oito anos entrou. Ele tinha cabelos loiros e olhos
verdes jade. Ele parecia uma mini versão de Henry. Este era o filho mais
velho de Elizabeth?
O menino caminhou até o meu lado da cama e parou assim que sua
cintura tocou o colchão. O garoto piscou algumas vezes, me olhando
com curiosidade, mas não disse nada. Sem saber o que fazer, tudo que fiz
foi sorrir.
Talvez se ele me visse sorrindo, ele não teria medo de mim.
— Quem é você? Onde está o tio Gideon?, — o garoto perguntou,
virando a cabeça para a esquerda, como se esperasse ver Gideon saindo
do banheiro.
— Tio Gideon foi trabalhar um pouco, — respondi.
— Quando ele vai voltar?, — ele questionou.
— Não sei. mas logo, — respondi.
— Quem é você?
— Hmm... Eu sou... — O que eu deveria dizer ao garoto? Que eu era
tia dele? Eu tinha permissão para ser sua tia?
— Você é amiga da mamãe?, — ele perguntou, o olhar verde não
deixando meu rosto.
— Ahh... Eu... — Isso estava ficando estranho.
O menino balançou a cabeça antes que eu qualquer outra coisa. —
Não. Você não pode ser amiga da mamãe. Eu sei quem você é, mas
mamãe diz que você só existe nas histórias, — ele proferiu.
Eu fiz uma careta em confusão. — O que você quer dizer?
— Você é uma fada, certo? Tio Gideon me disse que tem uma fada em
casa, — o garoto me contou.
— Uma fada? — Do que esse garoto estava falando? O que Gideon
disse a ele? E por que Elizabeth disse a ele que eu existo nas histórias?
O garoto acenou com a cabeça. — Sim, você é a fada. Tio Gideon me
disse que ele tem uma fada. Você pode me dar três desejos? — Ele subiu
na cama e sentou-se de joelhos na minha frente.
— Três desejos? — Não era o gênio da lâmpada que concedia três
desejos?
— Sim. Por favor. Eu prometo que vou ser um bom menino este ano,
— disse ele. Ótimo, agora ele estava pensando que eu era o Papai Noel.
Antes que eu pudesse ficar mais desconfortável, Elizabeth entrou no
quarto, e seu rosto tinha uma expressão dura.
— Sam Harold Whitmore! O que você está fazendo aqui e por que
ainda não está vestido?! — Elizabeth disse severamente, fazendo com que
os olhos do garoto se arregalassem.
— Mãe. Veja. — Ele apontou para mim. — Tio Gideon trouxe sua fada
aqui. Você disse que as fadas só existem nas histórias, mas essa fada é
real. Estou perguntando se ela vai me conceder três desejos. — Sam
explicou.
O queixo de Elizabeth caiu um pouco antes de se recuperar. — Sam.
eu quero que você vá e vista roupas limpas. Agora. — Ela apontou na
direção da porta.
— Mas meus desejos, — Sam choramingou.
— Você pode fazer seus desejos depois de se vestir. Rápido. Caso
contrário, a fada irá embora, — disse Elizabeth ao filho, que pulou da
cama.
— Ok. Eu vou me vestir. Por favor, senhorita fada, não se vá. Eu já
volto. — Sem olhar para trás, Sam saiu correndo do quarto, me deixando
perplexa.
Depois que Sam foi embora, Elizabeth se virou para mim. — Eu sinto
muito. Alice. Eu não tinha ideia de que ele iria sair da cama e vir direto
para cá, — ela disse, parecendo se desculpar.
— Está tudo bem. Ele veio procurar Gideon. Eu disse a ele que Gideon
não estava aqui, — respondi.
— Sim. Ele ama o Gideon. Se Gideon não vem visitá-lo. ele pensa que
Gideon não o ama e que o abandonou.
— Ela deu uma risadinha.
— Entendo.
— E agora eu acho que Sam pode estar apaixonado por você, — ela
comentou.
Eu fiz uma careta. — Por que você diz isso?, — eu perguntei.
— Porque, de acordo com Sam. você é uma fada que vai conceder a ele
três desejos, — ela respondeu.
com um sorriso divertido no rosto.
— Mas eu não sou uma fada. E eu não posso conceder nenhum
desejo. — Tive Gideon. que realizou todos os meus desejos e anseios.
Sem ele. eu mal poderia pagar por uma única refeição.
— Ali. Sam discorda. Ele vai voltar para você em pouco tempo e lhe
dirá seus três desejos, — ela respondeu.
— Mas..., Mas eu não posso conceder a ele seus desejos. Ele ficará tão
desapontado... — A culpa me apunhalou ao pensar em ver Sam triste.
Elizabeth riu antes de se sentar na cama. — Não se preocupe com os
desejos de Sam. Alice. O máximo que ele vai desejar será uma figura de
ação ou um jogo de Playstation, — afirmou.
— Sim. mas...
— Ei. Não se preocupe com isso. Vou deixar Gideon saber o que seu
sobrinho quer, e ele vai conceder seu desejo.
— Mas Sam quer que eu atenda seu desejo, — eu apontei.
— Ah, não se preocupe. Gideon pegará o que for. e vamos apenas dizer
a ele que é de você. — E ela piscou para mim. O gesto me lembrou tanto
Gideon que eu senti sua falta naquele momento. Ah Gideon, onde está
você?
— Obrigada. Mas você não precisa fazer isso. Por que Gideon está
demorando tanto?
— Por que você está tão preocupada?. — Elizabeth perguntou.
— Sinto falta dele. E temos que ir. Gideon disse que a nova casa estará
limpa às 14h, — informei a ela.
Elizabeth me deu outro sorriso divertido. — Ele não te contou?
— O quê?, — eu perguntei.
— Que vocês não vão embora, — ela me disse.
— O que você quer dizer?, — eu questionei mais.
— Eu não quero que vocês vão tão cedo. Então, disse a Gideon que era
melhor ele não sair de casa nas próximas duas semanas e não dei a ele o
direito de dizer não para mim. Ser uma irmã mais velha tem suas
vantagens. — Ela riu.
— Por que você faria isso?, — eu perguntei, pasma.
— O quê?
— Sabe, querer que fiquemos... Quero dizer. Gideon é seu irmão, eu
entendo, mas... — Como eu poderia insinuar que ela queria que eu e
Nico fôssemos embora sem soar como uma vadia presunçosa?
— Você está brincando comigo? Por que eu iria querer que vocês
partissem? Vocês acabaram de chegar aqui. E você tem ideia de quanto
tempo eu tive que esperar para finalmente conhecê-la? Gideon me
contou tudo sobre você por telefone, mas agora finalmente pude
conhecê-la e quero conhecê-la ainda mais. Então você vai ficar aqui por
duas semanas, — ela afirmou, fazendo meus olhos se arregalarem.
Ela gosta de mim! Ela realmente gosta de mim!
— Você tem certeza disso? — Eu dei a ela um olhar cético.
— Claro. Talvez amanhã eu te leve às compras. Você começou a
comprar para o bebê?
— Ainda não. Gideon e eu compramos algumas coisas, mas não
muitas. Ainda não tive tempo, — eu disse a ela.
— Perfeito. Iremos amanhã, então. Você já pensou em algum nome
para meu sobrinho?, — ela perguntou.
— Sabe, o bebê também pode ser uma menina, — declarei.
— Não é, confie em mim.
— Pode ser. Gideon também não acredita em mim, — eu disse.
— Bem, é um menino. A família Maslow tem uma maldição, — ela
respondeu.
— Mas sua mãe quebrou a maldição.
— Sim. e ela foi a primeira entre sessenta e cinco mulheres a ter uma
menina como o primeiro bebê. Gerações se passaram sem que uma
menina fosse a primogênita, — ela respondeu.
— Talvez eu possa quebrar a maldição também.
— Sim. Continue acreditando nisso. Quem sabe, pode se tomar
realidade. — Elizabeth deu um tapinha no meu ombro de leve.
Eu queria mudar de assunto e falar sobre outra coisa, mas um
pensamento persistente não me permitiu. E então, finalmente, perguntei
o que realmente queria perguntar a ela.
— Elizabeth?
— Você pode me chamar de Lizzy.
— Obrigada. Hmm, posso te perguntar uma coisa, se você não se
importa?
— Pode falar.
— Você gostou de mim quando me conheceu? — Eu não tinha ideia se
ela entendeu minha pergunta ou não.
— Você quer saber se eu gostei de você no começo, ou não?
— Sim. eu acho. — Deus, eu era uma idiota.
— Alice, gosto de você desde o momento em que Gideon me ligou e
disse que ia se casar com você.
— Mas... Antes... Você parecia um pouco…
— Fria? Indiferente? Fechada?
— Sim. — Corei de vergonha.
— Sim, eu estava apenas testando você... Avaliando você. Não diga isso
a ninguém, mas gosto de intimidar um pouco as pessoas quando as
conheço. E uma tática que uso. E farei o mesmo com Jenny, quando ela
chegar aqui.
— Jenny está vindo para cá?, — eu perguntei, com meus olhos
arregalados de surpresa.
— Sim. Kieran a trará para cá em algumas horas. Não diga a ela que a
estou testando. Finja que você está alheio. — Ela piscou novamente, sua
atitude lúdica me ajudando a relaxar.
— Obrigada.
— Por quê? — Elizabeth perguntou.
— Tudo. Por me aceitar. Por nos dar um lugar para ficar. Você não tem
ideia do quanto você nos ajudou. — Eu gostaria de poder retribuir a
Elizabeth de alguma forma.
— Você não precisa me agradecer. Estou feliz que vocês estejam aqui.
— Ela me deu um sorriso.
— Eu preciso. Eu gostaria que houvesse alguma maneira de retribuir.
— Você quer retribuir? Mantenha Gideon feliz... Para sempre. Isso é
tudo que eu quero, — Elizabeth disse.
— Você não precisa se preocupar com isso. Amo Gideon e farei tudo
ao meu alcance para mantê-lo feliz, — prometi.
— Eu também te amo. passarinho. — Gideon avançou e sentou-se na
cama ao meu lado, puxando-me para ele.
— Onde você esteve? Eu estava esperando por você. — Eu olhei para
Gideon com desaprovação.
— Eu fui retido. Em dois dias, você vai ter uma surpresa, — Gideon
sussurrou, beijando-me abaixo da orelha.
— Que surpresa?, — eu questionei.
— Paciência, fadinha. — Ele beijou minha testa.
— Não. Diga-me agora!, — eu exigi.
— Não. Seja paciente. — Ele se virou para encarar sua irmã.
— Onde está Henry?, — ele perguntou a Elizabeth.
— Trabalhando.
— Onde está Kieran?, — Gideon perguntou, sua mão emaranhada em
meu cabelo.
— Fui buscar Jenny, — ela respondeu.
— Você conseguiu enfiar um pouco de bom senso na cabeça dele?
— Tentei. Mas ele não está ouvindo. Eu disse que ele tem muito
tempo para se casar com Jenny, mas ele quer se casar com ela agora. —
Elizabeth disse.
— Tenho medo que ele vá assustá-la, — disse Gideon.
— Espera. Kieran quer se casar com
Jenny? Já? — Uau. esses homens não sabiam o significado de
paciência.
Elizabeth concordou. — Sim. E por isso que ele foi buscá-la.
— Mas não é muito cedo?
— Não!
— Sim!
Elizabeth e Gideon disseram ao mesmo tempo. Eu olhei para Gideon e
depois para Elizabeth. — Por que não é cedo demais?, — perguntei a
Gideon.
— Vamos, Alice. Gideon é um cara, não importa para ele. Mas um
casamento repentino para uma mulher é difícil, sem falar que é
assustador. — Elizabeth estremeceu.
— Então você estava com medo quando se casou?, — eu a questionei.
Ela soltou uma risada estranha. — Essa é uma história para outra
hora. De qualquer forma, não estamos falando de mim. Estamos falando
sobre Kieran.
— Vou tentar falar com ele novamente. Espero que ele não tente me
matar quando eu disser que não consegui um padre para ele e Jenny, —
murmurou Gideon.
— Você quer dizer que ele quer se casar agora? — Agora, fiquei
chocada.
— Sim. Mas estamos tentando evitar que isso aconteça. — Elizabeth
deu uma risadinha.
— E não estamos conseguindo, — resmungou Gideon.
— Devo falar com ele?, — eu ofereci.
Então, ouvimos a porta da frente batendo, e o som reverberou por
toda a casa. Depois, ouvimos as vozes distintas de Kieran e Jenny.
— Kieran. Onde estamos? Para onde você me trouxe? Kieran, pare!
— Merda! Eu preciso lidar com isso. — Gideon se levantou da cama.
— Deixe-me ir com você. — Tentei me levantar, mas Gideon me
impediu.
— Não. Eu quero que você descanse. Eu irei cuidar de Kieran. Só Deus
sabe como o humor dele estará, — Gideon murmurou, antes de correr
para fora do quarto.
— Você não vai fazer nada?, — eu perguntei a Elizabeth.
— Não. Não há nada que eu possa fazer. Kieran quer se casar com
Jenny e não vai parar até que coloque a aliança em seu dedo. O máximo
que Gideon pode fazer é adiar o casamento por dois dias, no máximo, —
ela respondeu.
— Por que todos esses homens são assim? — Eu perguntei.
— É uma coisa do Maslow. Os homens são incrivelmente possessivos
com suas mulheres. Às vezes acho que esses homens nasceram na época
errada, porque agem mais como homens das cavernas do que como seres
humanos civilizados, — afirmou.
— Jenny vai ficar bem? — Eu estava preocupado com ela: ela parecia
tão frágil.
— Ela não tem escolha. Ela vai ter que ficar. — Elizabeth se levantou.
— Eu tenho que ir ver as crianças. Vejo você mais tarde. Tente relaxar. —
Com outro sorriso, ela saiu da sala, deixando-me com meus próprios
pensamentos.
Oh Deus. Esses Maslows e seu sangue único.
Capítulo 37
Eu vi a cena na minha frente, e o choque que ressoou pelo meu corpo
foi o suficiente para me fazer agarrar o corrimão.
Kieran estava parado no saguão com Jenny, que tentava
desesperadamente livrar o pulso do seu aperto. Gideon estava parado na
frente de Kieran, um olhar severo em seu rosto, enquanto Lizzy estava
parada a poucos metros de distância, segurando seu bebê.
Cada um deles tinham expressões diferentes. Kieran parecia
determinado, como se fosse destruir o mundo a qualquer segundo. O
rosto de Jenny mostrava uma mistura de medo e confusão.
Gideon olhava para seu irmão, parecendo frustrado. E Elizabeth
parecia que queria bater no irmão mais novo.
Embora Gideon tivesse me dito para descansar, eu não consegui.
Kieran iria forçar Jenny a se casar com ele. e eu simplesmente não podia
ficar na cama e deixar isso acontecer.
E eu tentaria ajudar, se necessário. Mas eu simplesmente não podia
ficar na cama e só me preocupando. E assim, apesar de meu marido me
dizer para pegar leve, eu levantei da cama e agora estava olhando para os
dois irmãos tendo um impasse.
Ninguém me viu parada na escada, os dois estavam ocupados demais
se encarando.
— Saia da minha frente, Gideon, — disse Kieran.
— Solte-a, — ordenou Gideon. — Você está machucando-a.
— Kieran, por favor, me solte, — Jenny implorou.
Suspirando. Kieran soltou o pulso de Jenny. Ela imediatamente
começou a esfregá-lo com a outra mão. Ela parecia tão assustada que
meu coração doeu por ela. Eu realmente esperava que Kieran não a
forçasse a se casar com ele.
Deus sabia como Jenny reagiria.
— Liz, você pode levá-la para um dos quartos de hóspedes?. — Kieran
pediu.
Elizabeth avançou, agarrou levemente a mão de Jenny e começou a
conduzi-la.
Jenny, sem saber mais o que fazer, acompanhou Elizabeth de forma
hesitante. Vendo-a assustada e confusa, jurei a mim mesmo colocar
algum juízo em Kieran.
— Que diabos há errado com você?. — Gideon explodiu assim que
Jenny ficou bem fora de vista.
— O que você quer dizer? Vou me casar com a mulher que eu amo.
Não há nada de errado com isso!, — Kieran gritou.
— Não, não há. Mas quando você está forçando alguém a se casar com
você, então é errado, — argumentou Gideon.
— Ah, por favor. Você fez a mesma coisa. Você forçou Alice a se casar
com você, — disse Kieran.
— Aquilo foi diferente, Kieran. e você sabe disso, — defendeu Gideon.
— Como? Como foi diferente? Você queria um bebê, você forçou Alice
a se casar com você e está me dizendo que forçar Jenny a se casar comigo
é errado! — Kieran não baixou a voz.
— Você viu como ela está assustada?! Ela está confusa e apavorada, e
você vai forçá-la a se casar com você. Você está louco?! — Parecia que
Gideon também não tinha controle sobre suas emoções.
— E daí?! Alice também estava com medo, mas ela aprendeu a
conviver com isso. Jenny é forte. Ela vai ficar bem. — Kieran argumentou.
Gideon suspirou audivelmente. — Diga-me. Você realmente a ama?,
— ele perguntou suavemente.
— Que tipo de pergunta é essa? Claro que amo Jenny. Eu me recuso a
viver sem ela! — Kieran jogou as mãos para o alto.
— Se você a ama. então pare de ser um idiota egoísta e leve os
sentimentos dela em consideração. Você a ama? Você se casa com ela
quando ela quiser se casar com você. Não a force. Ela não será feliz assim,
— explicou Gideon.
— Eu não posso dar a ela essa escolha, — afirmou Kieran.
— Por que não?. — Gideon perguntou.
— E se ela disser não? E se ela disser que não quer se casar comigo? Eu
não posso viver sem ela. Inferno, eu não vou deixar ninguém mais tê-la.
Ela é minha. — Kieran ajeitou o cabelo com os dedos.
— Se ela disser não, então ame-a até que ela diga sim. Não a force a se
casar com você. Trate-a de tal maneira que ela não tenha escolha a não
ser te amar e se casar com você, — argumentou Gideon.
— Eu não quero que ela seja livre. Outros homens a terão se ela não se
casar comigo. — afirmou Kieran.
— Veja. Casar com ela assim não é a resposta. Ela não será feliz. Você
precisa pensar racionalmente, — afirmou Gideon.
Kieran suspirou. — Duas semanas. Isso é tudo que estou disposto a
dar a ela para se decidir. Depois disso, vou fazer o que quero e você não
vai ficar no meu caminho. — Kieran admitiu.
— Ficarei no caminho se minha fritura cunhada estiver chateada, —
afirmou Gideon.
Com um grunhido repentino que fez meu coração disparar, Kieran
saiu de casa como um furacão, batendo a porta ao sair. Gideon deu um
suspiro antes de passar a mão pelo cabelo.
Pensando que era seguro eu me mostrar agora, desci as escadas.
Gideon me viu e tentou me dar um sorriso tranquilizador, mas não
conseguiu. Eu podia ver a preocupação em seus olhos verdes como o
mar: ele estava preocupado com Jenny.
— Ei, pensei ter dito para você descansar. — Gideon disse baixinho
assim que o alcancei. Ele me envolveu em um abraço caloroso.
— Cansei de descansar. — Eu respirei seu perfume masculino. —
Como você está? E como está Kieran?
— Por que tenho a sensação de que você viu tudo o que aconteceu
aqui?, — Gideon proferiu.
— Talvez porque eu tenha visto, — eu respondi.
— Você é uma pombinha travessa, não é? — Gideon apertou seu
abraço em volta de mim antes de me soltar.
— Devo me desculpar?, — eu perguntei.
Gideon riu. — Não. Vamos. Eu quero te contar uma coisa. — Ele me
levou até o sofá da sala e se sentou ao meu lado.
— O que é?, — eu perguntei.
— Lembra que eu disse que tenho uma surpresa para você?
— Sim. — Ele ia me dizer qual é a surpresa?
— Você se lembra do menino que eu disse que queria adotar?, —
Gideon me perguntou com um sorriso suave no rosto.
Instantaneamente, o rosto daquele bebê adorável veio à minha mente.
— Sim. Eu me lembro dele, — respondi.
— Bem. em dois dias, você e eu iremos adotar aquele bebê, — afirmou
Gideon.
— Mesmo? — Eu não pude acreditar. Iríamos adotá-lo! Iríamos adotar
aquele menino. Meu coração se encheu de felicidade com a perspectiva
de ter aquele garotinho como meu filho.
Eu o amaria como se fosse meu. e nunca o faria sentir como se ele não
nos pertencesse.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim, bonitinha. Nós iremos adotá-lo.
— O sorriso no rosto de Gideon me disse exatamente como ele estava
animado para adotar aquele menino.
— Isso é maravilhoso. Estou tão feliz que você decidiu adotá-lo. Em
que quarto ele ficará? — Eu perguntei, ansiosa para passar um tempo
com o garotinho.
— Ele vai ficar no nosso quarto enquanto estivermos aqui. Quando
nos mudarmos para nossa nova casa, ele terá seu próprio quarto, —
respondeu Gideon.
— Teremos que comprar brinquedos para ele. e roupas, e fraldas e... —
Eu parei.
— Sim. Compraremos tudo para ele, — concordou Gideon.
— Ah, odeio separar vocês dois pássaros do amor, mas onde está
Kieran?, — Elizabeth perguntou, tirando-nos de nossos planos.
— Ele saiu... Para se acalmar, com sorte, — murmurou Gideon.
— E por que você não foi com ele?, — Lizzy questionou.
— Onde está o seu bebê?, — Gideon perguntou.
— Eu perguntei a você primeiro. Responda-me, — Elizabeth exigiu,
fazendo Gideon revirar os olhos.
— Acho que ele precisa de um tempo para si mesmo, — respondeu
secamente.
— Hmm. como está Jenny?, — eu perguntei
— Ela está em seu quarto. Eu estava tentando ajudá-la a relaxar, mas
acho que ela ficou mais assustada, — disse Elizabeth.
— Você se importa se eu for lá?
— Ah, claro que não, o quarto dela é aquele. — Ela apontou para a
última porta à esquerda.
— Obrigada. — Voltei minha atenção para meu marido. — Vou ver se
ela está bem.
— Tudo bem, passarinho. — Gideon beijou minha bochecha antes de
me permitir sair.
Não demorei muito para chegar ao quarto de Jenny. Bati duas vezes na
porta antes de entrar, apenas para encontrar Jenny sentada na cama, com
os braços em volta de si mesma como se estivesse se protegendo. Quando
Jenny me viu, seus olhos brilharam de alívio.
Eu dei a ela um sorrisinho antes de me aventurar mais em seu quarto
e fechar a porta suavemente atrás de mim. Jenny tentou sorrir, mas não
conseguiu, a confusão ainda evidente em seu rosto.
— Oi. Como você está?, — eu perguntei, sentando ao seu lado na
cama.
— Oi. Estou bem, — respondeu Jenny.
— Mentirosa, — eu provoquei.
Jenny suspirou. — Que lugar é esse, Alice? Quem é essa mulher? Por
que Kieran me trouxe aqui?
— Essa mulher é a irmã mais velha de Kieran e Gideon, e esta é a casa
dela, — respondi.
— Eu nunca soube que Kieran tinha uma irmã, — ela comentou.
— Nem eu, até recentemente, — eu disse.
— E Kieran me trouxe aqui porque ele queria me apresentar a sua
irmã?, — Jenny questionou.
— Você sabe que eu adoraria dizer por que Kieran te trouxe aqui, mas
acho que é melhor se você perguntar a Kieran, — eu disse.
— Por que Kieran está agindo assim?, — ela perguntou.
— Agindo como?, — eu perguntei.
— Todo controlador. Eu não gosto de homens controladores. — Jenny
estremeceu ligeiramente ao dizer isso, e me perguntei o que teria
acontecido com essa garota que a deixava com medo de homens
controladores.
— Por que você não pergunta a ele? — Eu queria contar a ela o que
estava acontecendo, mas não era minha história para contar.
— Onde ele está? — Ela olhou para a porta fechada, como se esperasse
que Kieran entrasse a qualquer momento.
— Ele saiu, mas logo voltará, — eu disse a ela.
— Espero que ele se apresse. Eu preciso dele agora. — Jenny afirmou.
— Jenny? — Eu queria perguntar algo a ela para apaziguar minha
mente.
— Sim?
— Você ama Kieran?, — eu questionei.
— Sim. Eu amo. — Ela nem hesitou.
— Então, você se casará com ele se ele te pedir em casamento?, — eu
perguntei, ficando animada com a ideia de Kieran e Jenny se casando.
— Ele nunca vai me pedir em casamento, — disse Jenny.
— Por que não?, — eu perguntei, confusa.
— Porque... Eu não sou... Eu não sou o tipo de garota que Kieran
gostaria de ter como esposa, — ela respondeu, parecendo desamparada.
— O quê? Como você pode dizer isso? Kieran... — Eu me contive antes
que pudesse revelar o segredo de Kieran. Eu não tinha ideia se Kieran
tinha dito a Jenny que a amava ou não, então tive que ter cuidado.
— Ah, vamos, Alice. Você viu Kieran? Ele é... Perfeito, e olhe para mim.
Eu não chego perto daquela mulherada que Kieran pode escolher como
noiva. Eu sou apenas uma garota que trabalha em uma loja de
brinquedos, — ela murmurou.
— Isso não é verdade. Jenny. Kieran é tudo menos superficial, e ele
nunca fará uma garota se apaixonar por ele à toa. E você é melhor do que
todas aquelas garotas ricas, ou quem quer que seja que você acha que
seria uma boa noiva para Kieran eu disse com firmeza, desejando que
Jenny acreditasse em mim.
— Você não sabe disso. E Kieran nunca fala sobre casamento ou
qualquer coisa do tipo, — Jenny me disse.
— Ele é um homem. Os homens não falam sobre casamento ou sobre
qualquer uma dessas coisas, bem. pelo menos não com suas namoradas,
— respondi.
— Então, como vou saber se ele me ama o suficiente para querer se
casar comigo?, — Jenny perguntou.
— Ele vai te pedir em casamento. Ou ele vai forçar você a se casar com
ele. — Amaldiçoei-me por dizer a última parte, mas rezei com todas as
minhas forças para que Jenny não entendesse o que eu estava tentando
dizer.
Os olhos de Jenny se arregalaram. — O quê? Os homens realmente
fazem isso? Forçar uma mulher a se casar com eles?
— Ahh... Talvez. — Eu não tinha ideia do que mais dizer.
— Não. Kieran não é assim. Ele nunca forçaria ninguém a se casar
com ele. Ele é um cara muito legal. Mas quanto à sua pergunta. se Kieran
algum dia me pedir em casamento, eu aceitaria. Eu amo Kieran. e ser sua
esposa seria uma grande honra, — Jenny respondeu, seus olhos brilhando
de amor por Kieran.
Droga. Kieran era um homem de sorte. Eu me perguntei se Gideon
achava que tinha sorte de me ter.
— Quando Kieran virá? Eu quero ir para casa, — disse Jenny. Eu
poderia dizer que ela estava desconfortável neste território totalmente
desconhecido.
Elizabeth disse a Kieran para ficar por duas semanas também? Em
caso afirmativo, o que isso significa para Jenny? Ela ficaria ou iria
embora?
— Ele estará aqui em breve, — eu a assegurei. Eu não tinha ideia de
quanto tempo levaria para Kieran esfriar a cabeça. Eu só esperava que
não demorasse muito tempo.
— Quando seu bebê vai nascer?, — Jenny perguntou, mudando de
assunto.
— Em alguns meses, — eu respondi, olhando minha barriga
crescendo. Eu me perguntava se nosso bebê adotivo teria um irmão ou
uma irmã.
— Você já decidiu algum nome?. — Jenny perguntou.
— Na verdade, não, — respondi.
— Eu amo bebês, — Jenny me disse.
— E por isso que você trabalha em uma loja de brinquedos?, — eu
perguntei.
Jenny sorriu. — Parcialmente. Adoro ver crianças sorrindo e rindo. E
por isso que adoro trabalhar na loja de brinquedos. Elas fazem as crianças
sorrirem.
— Quantos filhos você quer? — Eu podia imaginar os filhos de Kieran
e Jenny, correndo, gritando e rindo, enquanto Jenny se certificava de que
ninguém se machucasse.
— Quero quatro filhos, pelo menos, — respondeu ela.
Eu abri minha boca para responder quando a porta se abriu e Gideon.
Kieran, Elizabeth e Brenton entraram, todos eles com expressões de
honor e desânimo.
Eu fiz uma careta quando Gideon me alcançou, enquanto Kieran foi
até Jenny. Quando Brenton chegou?
— Gideon, está tudo bem? O que está acontecendo?, — eu perguntei,
ansiedade crescendo em meu coração ao ver meu marido parecendo tão
perturbado.
— Pequena, me escute. Temos que ir agora, — afirmou Gideon.
— Por quê. o que aconteceu?, — eu perguntei. Atrás de mim, eu podia
ouvir Jenny e Kieran conversando em voz baixa. Brenton e Elizabeth
estavam parados em um canto, cochichando um com o outro.
— Gideon. temos que ir, — pediu Elizabeth.
— Brenton. vá ligar o carro. Já estaremos lá, — Gideon instruiu seu
irmão mais novo, que assentiu e correu para fora do quarto. Era
impressão, ou Brenton parecia realmente pálido?
— Gideon, me diga o que está acontecendo, — eu disse.
— Temos que ir ao hospital imediatamente, — respondeu Gideon.
— Por quê? Está todo mundo bem? — As perguntas não paravam de
sair da boca.
Gideon balançou a cabeça e meu batimento cardíaco acelerou. — Não.
Fada, meu pai teve um ataque cardíaco. Temos que ir para o hospital.
Agora.
Capítulo 38
Esperar no hospital foi horrível. Não apenas a depressão e a alegria em
uma guerra constante entre si nos confins dessas paredes estéreis, mas
sua paciência estava sendo testada a cada tique-taque do relógio.
A cada minuto que passava, ficava difícil permanecer no lugar e não
correr em direção ao centro cirúrgico, mas não tínhamos escolha a não
ser ficar e orar desesperadamente para que a alegria vencesse a guerra.
Porque a vitória da depressão não trouxe nada além de um reinado de
tristeza e desespero, que teve um tempo de governo imprevisível.
Quando Gideon me disse que seu pai teve um ataque cardíaco, o
pânico me encheu instantaneamente.
Eu sabia que o pai de Gideon me odiava, mas também não estava
desesperada por sua aprovação. No entanto, meu coração começou a
bater forte de ansiedade porque ele era importante para Gideon.
E eu tinha perdido meus pais, então sabia o que Gideon estava
passando agora, e apesar de querer ficar em casa, eu o acompanhei ao
hospital. Agora, todos os Maslows com seus entes queridos estavam aqui,
esperando que as portas da sala de cirurgia se abrissem.
— É tudo culpa daquela vadia. — Brenton fervia de raiva, lançando
um olhar ameaçador para Helga.
No momento em que chegamos ao hospital. Brenton olhou para
Helga e correu em sua direção. Ele a agarrou pelo pescoço e tentou
estrangulá-la. e teria conseguido se Gideon e Kieran não o tivessem
afastado.
— E culpa dela! Essa vadia é a razão pela qual meu pai está na porra do
hospital! Nós confiamos nessa puta de merda, e ela nos apunhalou pelas
costas! Me deixar ir. Eu quero matá-la! — Brenton rosnou alto o
suficiente para que todo o hospital ouvisse.
Demorou um pouco para Gideon e Kieran acalmarem Brenton. mas
mesmo assim, ele não parou de olhar para Helga, que agora estava
sentada no canto, o rosto pálido. Ela estava com os olhos baixos, com
medo de olhar para os Maslows.
— Por que você está culpando Helga pela condição de seu pai?, —
Jenny perguntou.
— Porque ela é a razão de ele estar aqui. — Brenton murmurou.
— O que você quer dizer? Diga-me o que aconteceu, — Elizabeth
exigiu.
Brenton suspirou e, de repente, todos nós estávamos ansiosos para
saber como Helga era responsável pelo ataque cardíaco do senhor
Maslow. Depois de alguns segundos, ele começou a falar.
— Eu tinha acabado de chegai do trabalho quando decidi visitar o
papai em seu escritório. Desde que ele expulsou Gideon. ele tem se
escondido em seu escritório. Tenho certeza de que ele estava se
arrependendo do que fez. mas não expressou seus pensamentos para
mim.
Sempre que eu perguntava o que o estava incomodando, ele apenas
me dizia que eram — apenas negócios. — Mas eu não acreditei nele. Seus
olhos contavam uma história diferente, mas eu não disse nada.
Porém esta manhã eu fui ao escritório de meu pai e encontrei a porta
entreaberta. Ouvi papai falando com alguém e não sei o que aconteceu
comigo, mas resolvi ouvir. Ele estava conversando com aquela bruxa. —
Ele lançou um olhar furioso para Helga.
— Ele disse como se arrependeu de ter expulsado Gideon. e essa puta
nojenta respondeu que ele tinha feito a coisa certa. — Elizabeth. Jenny e
eu ofegamos quando ouvimos isso.
Eu não pude acreditar. Achei que Helga era leal aos Maslows, mas
aparentemente todos nós tínhamos sido enganados.
— Quando ouvi isso, resolvi espiar pela pequena abertura, e lá vi essa
vadia, desabotoando a camisa do meu pai, dizendo que merecia filhos
melhores, que o obedecessem.
E então ela disse a ele que ela — essa porra de empregada — daria a
ele filhos que nunca escolheriam suas noivas em vez dele! — Brenton
levantou a voz no final.
— Aquela vadia conivente! — Elizabeth lançou a Helga um olhar
ameaçador antes de olhar para o irmão mais uma vez. — O que
aconteceu então?
— Papai a empurrou, disse que ela nunca seria a mãe de seus filhos, e
essa vadia não aguentou a rejeição. Ela começou a vomitar todo tipo de
bobagem sobre como papai não era um bom homem e como seus filhos
estavam certos em deixá-lo. e essa vadia fodida disse a ele que ele era o
motivo da morte da mamãe.
Assim que ela disse isso papai não aguentou a acusação, seu coração
desistiu, e ele teve um ataque cardíaco, tudo porque aquele pedaço de
imundície não aguentava a rejeição. Este vagabunda interesseira queria
ser uma Maslow!
Ela queria ser a porra da rainha da família! Só porque meu pai
mostrou respeito por ela. ela pensou que era adequada para tomar o
lugar de minha mãe. pensou que poderia substituir minha mãe! —
Brenton rosnou antes de jogar a cabeça para trás com fúria.
Elizabeth se virou para encarar Helga com um olhar assassino. — Sua
vadia! — Ela correu para onde a empregada estava, enfurecida. — Como
você se atreve a ficar aqui, porra. Tire seu ser imundo daqui!, — Elizabeth
gritou.
Helga tremeu sob o olhar de Elizabeth. mas balançou a cabeça. — Por
favor, senhora Maslow, eu não posso deixá-lo. Eu... eu o amo, — Helga
choramingou.
Elizabeth ergueu a mão e deu um tapa na bochecha de Helga com
tanta força que tive medo de que seu pescoço se quebrasse. — Como você
ousa? — Elizabeth tremia de raiva.
— Como você ousa pensar que poderá ser uma Maslow. uma de nós?!
Você é a razão pela qual meu pai está no maldito hospital, e você tem a
audácia de me dizer que o ama?
— Eu o amo, — disse Helga com firmeza. — Eu o amo desde o
momento em que ele sorriu para mim pela primeira vez. E sua mãe não
era nada além de uma parede que separava eu e Brian. Seu pai não te
contou isso, mas depois que sua mãe morreu, ele veio até mim.
Ele veio até mim em busca de conforto e até fizemos sexo. Então você
não pode me dizer que eu não deveria estar aqui, porque, para sua
informação, eu estava ao lado do seu pai quando você estava muito
ocupada se prostituindo com aquele seu marido estúpido, — Helga
cuspiu, seus olhos brilhando com loucura.
Gideon, que tinha ficado em silêncio durante tudo isso, finalmente
soltou minha mão e foi até Helga, e antes que qualquer um de nós
pudesse processar o que estava acontecendo. Gideon agarrou Helga pelo
pescoço e começou a apertar.
— Você não pode falar merda sobre minha família com sua boca suja.
— Ele apertou com mais força.
— Você quer saber por que meu pai rejeitou você? Porque ele sabe
exatamente o quão imunda você é, o quão inútil o seu sangue realmente
é. E não importa o que você faça, você nunca será uma Maslow, porque
mulheres como você só pertencem de joelhos, chupando um homem.
Você pertence ao chão, então esqueça de sonhar com um trono.
A essa altura, Gideon estava apertando com tanta força que os olhos
de Helga começaram a rolar para trás. Ele só a soltou quando Elizabeth
puxou delicadamente sua mão, o que resultou em Helga caindo no chão,
tossindo por ar.
— Vamos, Gideon. Ela não vale a pena. Seu sangue é muito sujo. Não
manche suas mãos com o sangue dela, — Elizabeth disse suavemente,
esfregando as costas de seu irmão em uma tentativa de acalmá-lo.
Ver Gideon assim me abalou profundamente. Percebi exatamente o
quanto Gideon amava sua família, e ele preferia morrer a deixar alguém
falar merda sobre eles.
O respeito que eu tinha por meu marido aumentou dez vezes com a
compreensão.
Porém, ver como ele era capaz de matar meio que me assustou, mas
também trouxe uma sensação de segurança, porque agora eu tinha
certeza que. não importava o que acontecesse, Gideon faria tudo ao seu
alcance para proteger seu filho.
— Tire essa vadia daqui. Não quero ver o rosto dela, — cuspiu Gideon.
olhando para Helga com ódio.
— Eu ficarei feliz em me livrar dela para você. Segurança! — Kieran
berrou. Em alguns segundos, dois homens uniformizados caminharam
até onde Helga estava esparramada. — Leve-a embora. — Kieran
apontou para Helga.
Os guardas a agarraram pelos braços e a colocaram em pé antes de
arrastá-la para longe, ignorando suas ameaças e gritos de protesto.
— Como é que o segurança não questionou Kieran? — Perguntei a
Jenny.
— Os Maslow são os donos do hospital, é por isso, — ela respondeu,
parecendo tão ansiosa e confusa quanto eu.
— Eles são? Gideon nunca me disse, — eu disse.
— Kieran me contou quando visitei Nico após a cirurgia. Ele disse que
estavam planejando comprar o hospital onde Nico fez a cirurgia e
também que eles eram os donos deste, — Jenny me contou.
— Uau, essas pessoas são podres de ricas, — comentei.
— Ali, jura?! Eles são tão imundos de ricos que o sangue de Helga
aparenta ser mais limpo que o deles, — comentou Jenny.
Quase comecei a dar risada com o comentário dela, mas me controlei
bem a tempo para não parecer rude na frente de um monte de gente. Em
vez disso, eu ri discretamente, mordendo meu lábio para me impedir de
explodir em risadas.
Quando Jenny me viu sufocando meu riso, ela deu uma risadinha, o
que tomou ainda mais difícil para mim controlar minha risada, mas
consegui.
— Você é terrível, — brinquei.
— Sinto muito, — Jenny se desculpou antes de cair na risada.
Ela tapou a boca com a mão para se controlar. Juro que me senti uma
esposa terrível: meu marido estava zangado e preocupado com seu pai
doente, e aqui estava eu rindo do comentário de Jenny.
Quando vi Gideon caminhando em minha direção, fiz o possível para
me controlar. Ele agarrou minha mão e. sem dizer uma palavra, me
afastou de Jenny.
Gideon me arrastou para um canto antes de se sentar em uma cadeira
e me puxar para seu colo. Ele colocou minha cabeça em seu ombro antes
de beijar minha testa.
— Eu te amo tanto, — ele disse suavemente.
— Eu também te amo, — respondi com sinceridade.
— Quer que eu conte o que realmente aconteceu com minha mãe? —
Gideon perguntou, acariciando minha bochecha.
— De repente? De onde vem isso? — Normalmente, era eu quem
implorava a Gideon para me contar sobre sua família, mas agora, era ele
quem estava oferecendo, o que me parecia estranho.
Gideon suspirou. — Eu te amo, passarinho. E não quero que haja
segredos entre nós, por isso quero contar tudo o que você deseja saber —
deve saber, — respondeu ele.
— Mas por que agora? — Eu questionei.
— Porque quero falar sobre algo sem pensar na traição de Helga ou
me preocupar com meu pai por algum tempo, — respondeu ele.
— Ah. Ok, sim. Quero saber o que realmente aconteceu com sua mãe,
— declarei.
— Certo. Depois que Elizabeth fugiu, você sabe que foi uma época
difícil para minha família. Meu pai estava com raiva e magoado, e minha
mãe estava com medo e implorou a meu pai para trazer Lizzy de volta,
mas ele não deu ouvidos a ela.
Ele continuava dizendo que se alguém deixa os Maslows, os Maslows
o deixam. Você não tem ideia do quanto minha mãe chorou e implorou,
mas meu pai não prestou atenção.
Foi um daqueles dias em que meu pai ignorava as lágrimas de minha
mãe. Minha mãe estava parada na escada implorando a meu pai que
trouxesse sua única filha de volta, que aceitasse seu casamento e a
perdoasse. Meu pai explodiu e tentou tirar as mãos dela de seu braço.
Ele... Ele usou um pouco mais de força do que o necessário, o que fez
minha mãe perder o equilíbrio e cair do lance de escadas. Ela morreu de
um grave ferimento na cabeça naquele dia.
Eu suspirei. — Ai, meu Deus, sinto muito, Gideon. Você me disse que
sua mãe morreu em um acidente. — Esta história foi tão triste. A mãe de
Gideon morreu de forma trágica.
— De certa forma, isso foi um acidente. Meu pai não teve a intenção
de fazer isso e ele se arrepende de suas ações até hoje. Ele nunca se
perdoou pelo que aconteceu, e eu. sendo o filho terrível que sou.
continuava culpando-o pela morte de minha mãe. — Gideon me apertou
mais forte.
— Todos nós tendemos a culpar alguém. Está tudo bem. — Tentei
fazê-lo perceber que o que havia feito não era errado.
— Não. não é. Meu pai está na sala de cirurgia lutando por sua vida, e
se. Deus me livre, algo acontecer com ele. a última lembrança de meu pai
será de seu filho o deixando e o culpando pela morte de sua esposa, —
disse ele amargamente.
— Gideon, por favor, não pense assim. Seu pai ama você e não está
chateado com você. Brenton acabou de lhe contar como seu pai estava se
arrependendo de tê-lo expulsado. Isso prova que ele te ama. e os pais
sempre perdoam os filhos, não importa o que aconteça, — disse eu com
convicção.
— Meu pai nunca vai me perdoar, — Gideon murmurou, seus olhos
brilhando com pesar.
— Seu pai te ama. e eleja te perdoou. Mas. Gideon, mantenho o que
disse antes. Se você quiser me deixar e ficar com sua família, você pode
fazer isso. Não vou forçá-lo a ficar comigo. Eu sei que sua família é mais
importante.
— Não diga isso! Você é minha e eu nunca vou te deixar. Não importa
o que aconteça, você é minha e sempre será minha. Não se atreva a dizer
algo assim nunca mais. — Seu tom me disse que ele falava muito sério.
— OK sinto muito. Eu te amo muito. Gideon. — Eu beijei sua
bochecha.
— Sinto muito. Alice. Sinto muito, — disse Gideon.
Eu fiz uma careta em confusão — Por que você está se desculpando?
— Eu defendi Helga quando você me disse para despedi-la. Me
desculpe por ter feito isso. Por favor, me perdoe, bonitinha disse Gideon.
— Gideon, não. Não se desculpe. Você estava certo em defendê-la. Eu
não tinha o direito de dizer para você expulsá-la. Eu passei do limite. Se
há alguém que deveria se desculpar, deveria ser eu. Por minha causa, você
brigou com seu pai.
Você teve que mudar seu estilo de vida por mim. Você teve que
suportar minha natureza curiosa porque você tem uma esposa tão
intrometida. Eu sinto muito. — Coloquei minha cabeça de volta no
ombro de Gideon.
— Você é perfeita. Estou tão feliz que minha mãe me disse para casar
com você, — Gideon proferiu.
— O quê? Sua mãe mandou você se casar comigo? Como? E é por isso
que você se casou comigo? — Eu disparei minhas perguntas.
Gideon acenou com a cabeça. — Minha mãe meio que me mandou
uma placa dizendo para me casar com você quando fui ao túmulo dela e
pedi a ela. E ela é em parte a razão pela qual me casei com você. A outra
metade do motivo é que eu achei você intrigante e adorável, além de que
Kieran gostou muito de você.
— Então você se casou comigo por mim? — Eu questionei.
— Sim. E estou muito feliz que as pessoas que são as mais importantes
na minha vida apoiaram minha decisão. — Com essas palavras, Gideon
capturou meus lábios em um beijo terno e amoroso.
— Ali, eu odeio separar vocês, mas papai saiu da cirurgia e podemos
visitá-lo em breve. — Virei minha cabeça para ver Kieran parado a alguns
metros de distância, parecendo aliviado.
— Há quanto tempo ele saiu da cirurgia? — Gideon perguntou, alívio
evidente em seus olhos.
— Pouco. Vamos. — Kieran se virou e se afastou, deixando Gideon e
eu logo atrás.
E agora, eu precisaria lidar com mais um confronto. Deus me ajude.
Capítulo 39
— Papai está bem? — Gideon perguntou a Elizabeth. que estava do
lado de fora da UTI.
Assim que Kieran nos informou que o senhor Maslow estava fora da
cirurgia, Gideon agarrou meu braço e correu todo o caminho até lá. Eu
podia ver diferentes emoções piscando naqueles olhos verde-mar:
preocupação, alívio, felicidade e um pouco de medo.
Ela encolheu os ombros. — Brenton está lá dentro. O médico disse
que ele não poderia receber muitas visitas.
— Por que você não foi?, — Gideon perguntou.
Elizabeth soltou uma risada amarga. — Você está brincando? Papai me
odeia. Ele não quer me ver, — ela disse.
Eu podia ver a tristeza refletida em seus olhos. Não importa o quão
rebelde ela tenha agido no passado, Elizabeth ainda ansiava pelo amor e
aceitação de seu pai. e eu realmente desejava por ela que o senhor
Maslow a perdoasse.
Henry beijou a testa de Elizabeth antes de envolvê-la com os braços.
Ele quase não disse nada durante o tempo que estivemos aqui, mas eu
pude ver que ele estava preocupado com sua esposa.
E eu podia entender isso, porque também estava preocupada com
meu marido.
— Gideon, por que não se senta, — sugeri.
— Estou bem... Alice, — ele respondeu, com os olhos grudados nas
portas da UTI.
O medo de ele me deixar por sua família. Quer dizer, eu entenderia se
ele me deixasse, mas criar um filho sozinha seria difícil. Se Gideon me
deixasse, seria extremamente difícil para mim e meu irmão.
Após dez minutos. Brenton saiu da UTI. Gideon correu para ele
enquanto Elizabeth o olhava com preocupação. Kieran segurou a mão de
Jenny com força, seu olhar não deixando Brenton.
— Ele está bem? — Gideon perguntou imediatamente.
Brenton acenou com a cabeça, o que resultou em todos os Maslows
suspirando de alívio.
— Sim, ele está bem. mas não consegue lidar com o estresse, então
temos que ir com calma com ele. E ele não deve trabalhar mais, o que
significa que estarei entrando no lugar dele.
Brenton olhou para Elizabeth. — Ele quer ver vocês. Vocês dois. Eu
disse a ele que você estava aqui e ele deseja vê-la. Mas. por favor, não faça
ou diga nada que vá aborrecê-lo, — ele instruiu.
Elizabeth parecia não acreditar no que estava ouvindo. A descrença
brilhando em seus olhos era prova suficiente, e quando ela ficou
enraizada em seu lugar, apenas mostrou exatamente o quão surpresa ela
realmente estava.
Henry cutucou Elizabeth um pouco para fazê-la se mexer, e os dois se
arrastaram para dentro, deixando o resto de nós nos perguntando como
o senhor Maslow estava.
— Gideon. Kieran. Vocês são os próximos. Assim que Lizzy e Henry
voltarem, papai quer ver vocês, — contou Brenton. Gideon e Kieran
assentiram simultaneamente.
Minha mente acelerou enquanto eu contemplava a possibilidade de
Gideon me deixar.
Embora ele tivesse acabado de me dizer que nunca me deixaria, não
pude acreditar nisso, especialmente depois que Brenton nos disse que
não devemos fazer nada para aborrecer o senhor Maslow.
Agora, o senhor Maslow tinha todo o poder. Se ele quisesse, diria a
Gideon para me deixar, e ele faria exatamente isso porque não iria querer
chatear seu pai.
~ Por que você não o deixa? Será mais fácil para você. Sem dor, disse
meu subconsciente.
Se fosse tão fácil, eu o teria feito há muito tempo. Mas eu amava
Gideon.
Seja independente como você era antes. Se você não pode deixá-lo, pelo
menos não dependa muito dele.
— Você está bem? — Jenny perguntou, sentando ao meu lado.
Eu balancei a cabeça e olhei para Gideon. que ainda estava olhando
para as portas da UTI. — Sim. Estou bem. E você?
— Estou pirando. — Jenny se virou para ver Kieran, que estava
mexendo em seu telefone celular. — Tenho a sensação de que o senhor
Maslow vai dizer a Kieran para me deixar.
Meus olhos se arregalaram. Eu não podia acreditar que Jenny estava
tendo os mesmos pensamentos que eu. Assim como eu. ela tinha medo
de perder o amor de sua vida. E assim como eu. duvidava que ela pudesse
fazer qualquer coisa para impedir que isso acontecesse.
— Para ser sincera, estou tendo os mesmos pensamentos, — confessei,
certificando-me de que minha voz estava baixa o suficiente para que
Gideon não pudesse me ouvir.
— Você quer ir ao banheiro? Podemos conversar lá, — Jenny sugeriu.
Acenando com a cabeça, eu me levantei. — Gideon, vou usar o
banheiro.
— Tudo bem. mas certifique-se de voltar depressa, — respondeu ele.
Jenny e eu fomos ao banheiro conversar em particular. E quando
entramos no banheiro, eu realmente relaxei. Agora eu poderia falar
livremente.
— Kieran vai me deixar, não é? — Jenny disse assim que a porta do
banheiro se fechou atrás de nós.
— Não, ele não vai. Kieran te ama e nunca vai te deixar. — Ah. como
eu queria contar a ela sobre Kieran forçando-a a se casar com ele, mas
não pude.
— Não, Alice, você não entende. Veja. Gideon é casado com você,
então ele nunca vai deixá-la, mas Kieran e eu não somos casados. E se o
senhor Maslow disser a Kieran para se casar com uma mulher melhor do
que eu? — Jenny parecia genuinamente preocupada.
— Se ele pode dizer a Kieran para se casar com outra pessoa, ele pode
dizer a Gideon para se divorciar de mim também, — declarei.
— Gideon te ama demais para te deixar, — ela respondeu.
— Ele pode dizer que me ama. mas sua família é mais importante. Eu
não o impediria se ele me deixasse por sua família, — eu disse a ela.
— Você está grávida do bebê dele. Acredite em mim. Gideon nunca vai
te deixar, — ela argumentou.
Suspirei. — Você está se preocupando à toa. Kieran ama você. — eu
respondi.
— Você acha que ele me ama o suficiente para lutar neste mundo por
mim?, — ela me perguntou.
Eu concordei. — Eu não acho, eu sei.
— Como você tem tanta certeza?, — ela questionou, a esperança
iluminando seus olhos.
— Eu apenas tenho, — respondi.
Jenny acenou com a cabeça. — Não sei em que acreditar. Mas acho
que não tenho muito tempo. Devemos ir antes que Kieran e Gideon
venham aqui.
— Sim. Tenho certeza que estou passando dos limites, — concordei, e
juntas saímos do banheiro e voltamos para Kieran e Gideon.
Ambos estavam em uma conversa profunda quando voltamos. No
entanto, o que me chamou a atenção foi Elizabeth. que estava sentada
com Henry, lágrimas constantes caindo de seus olhos. Eu fiz uma careta
em confusão: por que ela estava chorando?
— O que aconteceu?, — Jenny perguntou, ainda não se dirigindo a
ninguém.
Kieran balançou a cabeça, o que era uma indicação que ele explicaria
mais tarde. Com um aceno de cabeça. Gideon se dirigiu para mim.
— Venha. Meu pai quer nos ver, — disse Gideon.
— Nós? — Certamente ele não se referia a Gideon e a mim.
— Sim. Você e eu. Venha, não devemos fazê-lo esperar, — afirmou
Gideon.
— Espera. Tem certeza que ele quer me ver?, — Eu perguntei.
— Claro. Brenton acabou de dizer que. depois de Elizabeth. eu iria ver
papai, — disse ele.
— Sim. mas você deve ir sozinho. Tenho certeza de que seu pai não
quer me ver, — eu disse.
Gideon franziu a testa. — Não seja ridícula. Claro que ele quer ver
você. Venha, quando você o vir, você saberá. — Gideon começou a me
puxar, mas resisti.
— Não. Gideon. por favor. Eu sei com certeza que seu pai não quer me
ver. Ele me odeia. Por favor, vá sem mim. Vou esperar por você aqui. —
eu disse.
— Não. Não vou entrar sem você, — afirmou Gideon.
— Não seja bobo, Gideon. Brenton acabou de dizer que não devemos
fazer nada que possa aborrecer seu pai, e eu estar lá vai aborrecê-lo.
Então, por favor, vá. Vou esperar aqui, — eu disse com firmeza.
Gideon suspirou. — Vou entrar aí e direi a papai que vou levá-la para
dentro para vê-lo. Então você virá. Está claro?
Eu balancei minha cabeça. — Não irei se minha presença o incomoda.
Não quero ser a causa de outro ataque cardíaco, — respondi.
Gideon me lançou um olhar cheio de frustração, mas não me mexi. O
senhor Maslow já me odiava. Eu não precisava de outro Maslow me
odiando, e chatear o chefe da família Maslow não iria ajudar.
— Fique aqui, — Gideon ordenou antes de se virar e marchar para a
UTI.
Olhar para Elizabeth enquanto ela enxugava as lágrimas me fez
imaginar o que tinha acontecido com ela. Ela estava chorando lágrimas
de felicidade? Ou eram lágrimas de tristeza?
O senhor Maslow a perdoou ou ele ainda estava com raiva porque ela
arruinou sua reputação na família? Eu gostaria de ter a liberdade de
perguntar, mas sabia que não tinha o direito de interferir.
— Não. Não vou entrar aí com você, Kieran. Você vai. Gideon também
está lá, — ouvi Jenny dizer. Eu me virei para ver os dois discutindo da
mesma maneira que Gideon e eu estávamos fazendo alguns minutos
atrás.
— Se você acha que vou ver meu pai sem você, então você está muito
enganada, — Kieran afirmou, dando a Jenny um olhar duro. Foi loucura
da minha parte pensar que o olhar que Kieran estava dando a Jenny
parecia como se ele quisesse que Jenny se submetesse?
— Kieran... — Jenny começou, mas Kieran a interrompeu.
— Sem argumentos. Você vai comigo para a UTI, mesmo que eu tenha
que arrastar você para lá. — As palavras de Kieran não deixaram espaço
para argumentos. De repente, desejei poder fugir, porque senti que
estava me intrometendo.
Mal esse pensamento entrou em minha mente, senti uma mão apertar
meu bíceps. Levantei os olhos para ver Gideon parado ali, segurando meu
braço.
— O que há de errado? Por que você está de volta tão cedo? — Eu
questionei.
— Pai quer ver você. — Sem esperar minha resposta. Gideon me
arrastou para dentro da UTI.
— Não minta para mim, Gideon. Eu sei que seu pai não quer me ver.
— Na verdade, fadinha. eu não estou mentindo. Papai me disse
especificamente que quer ver você, — respondeu Gideon quando
passamos por várias camas, todas escondidas atrás de cortinas brancas.
Talvez o senhor Maslow estivesse tentando ter outro ataque cardíaco
pedindo para me ver. Talvez Helga o tivesse tomado suicida.
Gideon parou quando alcançamos a quarta cama à direita. Meus olhos
pousaram no senhor Maslow, que estava sentado na cama, ligado a um
monte de fios estranhos.
Ele parecia pálido e frágil, não como o homem poderoso que eu tinha
visto da última vez quando ele estava ameaçando Gideon.
— Olá, Alice, — o senhor Maslow cumprimentou, sua voz grave.
— Olá. senhor Maslow, — eu respondi suavemente.
— Gideon. Você poderia nos dar um pouco de privacidade? Quero
discutir algo com Alice, — disse ele.
Não, não, eu não queria ficar sozinha com ele. Eu dei a Gideon um
olhar suplicante, dizendo-lhe através dos meus olhos como eu não queria
que ele me deixasse. Mas meu marido escolheu aquele momento para
ignorar meus apelos. Marido maldito!
Balançando a cabeça. Gideon deu um passo para trás. — Estarei a
apenas alguns metros de distância, — ele murmurou antes de sair.
— Venha aqui e sente-se, Alice, — instruiu o senhor Maslow depois
que Gideon se foi.
Tudo em mim estava me dizendo para correr na direção oposta, mas
eu fiz o que ele disse e me sentei na cama ao lado dele. O senhor Maslow
agarrou minha mão com as suas gentilmente, um sorriso caloroso no
rosto. Sua pele parecia fina como papel, mas seus olhos tinham um brilho
feliz.
— Como está se sentindo, senhor Maslow? — Eu perguntei.
— Estou muito melhor agora, querida. Obrigada. — Ele apertou
minha mão suavemente. — Você sabe por que chamei você aqui?
— Ah Você quer que eu deixe seu filho? — Imaginei.
O senhor Maslow sorriu tristemente antes de balançar a cabeça. —
Não. querida, exatamente o oposto, na verdade. Gideon te ama e você é
sua felicidade.
Eu errei em tirar sua felicidade e Cometi o pior erro da minha vida
quando escolhi o orgulho em vez da família. Quero que me prometa que
nunca vai deixar meu filho.
Você o faz feliz e quero que fique com ele para sempre, — disse ele.
— Mas você queria uma mulher melhor para Gideon. — respondi. Ele
estava falando sério? Ele realmente queria que eu ficasse com Gideon?
O senhor Maslow riu amargamente. — Como eu disse, eu escolhi
orgulho em vez de família. Escolhi minha reputação em vez da felicidade
dos meus filhos e me arrependo, Alice. Então, por favor, prometa que
nunca vai deixar meu filho, não importa o quão difícil se tome.
Eu não tinha nem ideia do que dizer. Eu estava em êxtase que o
senhor Maslow estava admitindo o fato de que ele estava errado, mas eu
ainda estava hesitante. No entanto, apesar de tudo isso, eu sabia que
amava Gideon e que ficaria com ele de qualquer maneira.
— Eu amo seu filho. Eu amo Gideon e prometo a você que nunca vou
deixá-lo. não importa o quão difícil se tome, — prometi.
O senhor Maslow beijou o topo da minha mão com um sorriso alegre
no rosto. — Obrigado. Muito obrigado, querida. E uma última coisa
antes de chamar Gideon de volta aqui. — Eu fiquei tensa com suas
palavras. O que mais ele queria me dizer?
— Sinto muito. — Isso me surpreendeu. — Por tudo que eu fiz. por
tudo que eu disse a você. Eu sinto muito. Ninguém merecia palavras tão
duras. Por favor, me perdoe, querida.
A sinceridade brilhando em seu olhar era surpreendente. Ele era
realmente o mesmo homem que me maltratou na frente de toda a
família?
Sim! Claro que sim!
— Senhor Maslow... — Eu não tinha ideia do que dizer. Ele tinha me
insultado. Como poderia deixar isso para trás tão cedo?
— Está tudo bem, querida. Você não precisa dizer nada. Sei que
perdoar não será fácil e. francamente, nem mereço. Mas quero que saiba
que realmente sinto muito por tudo e, quando chegar a hora, se você
puder me perdoar, isso é com você.
E quero que saiba que. independentemente de me perdoar ou não. eu
a aceito não apenas como minha nora, mas como minha filha. Não te
aceito apenas como esposa de Gideon. eu te aceito como uma Maslow.
Essas palavras me fizeram pensar se eu estava sonhando ou não. Ele
me aceitou. O senhor Maslow finalmente me aceitou como família. Eu
não pude acreditar. Achei que seria impossível obter sua aceitação, mas
consegui.
Ou talvez Gideon tivesse feito isso, já que ele lutou com seu pai por
mim. Mas o resultado final foi que o senhor Maslow me aceitou como
esposa de Gideon.
— O-obrigada. senhor Maslow, — eu disse.
— Devo agradecer por ter vindo me ver, — disse ele.
— Vocês terminaram? — Gideon perguntou, sua voz soando distante.
— Sim. filho, você pode voltar agora, — respondeu o senhor Maslow.
Em um instante. Gideon apareceu ao meu lado. Quando ele viu
minha mão envolta na do senhor Maslow, um sorriso feliz enfeitou seu
rosto bonito. Gideon se abaixou e beijou minha testa.
— Vocês tiveram uma boa conversa? — Gideon perguntou.
O senhor Maslow acenou com a cabeça. — Sim. nós tivemos, filho.
Mas não pergunte a sua esposa sobre o que conversamos. É entre mim e
ela.
Gideon deu uma risadinha. — Tudo bem. vou tentar manter minha
curiosidade sob controle. — Ele piscou para mim.
O senhor Maslow riu alto. — Faça isso. Agora, onde estão Kieran e
Jenny? Eu gostaria de vê-los agora, — disse ele.
Gideon acenou com a cabeça antes de me puxar para cima e envolver
seu braço em volta de mim. — Vou avisá-los agora que você deseja vê-los.
Vejo você em breve. — Com isso, Gideon e eu saímos da UTI.
— Gideon? — Tentei chamar sua atenção.
— Sim. passarinho?
— Você... Você perdoou seu pai?, — eu perguntei.
Ele assentiu. — Sim. eu perdoei. Porque ele te aceitou, e isso é tudo
que eu queria, — respondeu ele.
— Esse era o seu único problema com ele?, — eu questionei.
Ele acenou com a cabeça novamente. — Sim. Recuso-me a aceitar
qualquer pessoa que não aceite minha esposa. Eu te amo e vou garantir
que o mundo inteiro saiba disso.
Eu ri. — Tem certeza?
Realmente não importa se o mundo inteiro sabe disso. Eu só preciso
ter certeza de que você sabe disso, mas se o mundo inteiro sabe disso,
isso é apenas um ponto positivo.
Eu sorri para Gideon. — Eu amo você.
— E eu te amo, — respondeu ele.
Capítulo 40
Dois anos depois
Eu olhei para a mesa de jantar, que estava cheia de salgadinhos, com
felicidade. Eu não podia esperar os outros chegarem. Minha filha ia fazer
um ano hoje, e a alegria que eu sentia estava além da compreensão
humana.
— Passarinho, por que você está parada aqui?, — Gideon perguntou
baixinho, vindo por trás de mim e me dando um beijo na bochecha.
— Estou apenas me certificando de que está tudo certo, — respondi,
sorrindo para meu marido.
— Tudo está perfeito. — Ele passou os braços em volta de mim. por
trás.
— O bolo está aqui?, — eu perguntei.
— Sim. Acabei de dar para a empregada colocar na geladeira. Onde
está minha filha?, — ele perguntou.
— Com sua tia Jenny. Ela a está preparando. Quando seu pai vem? —
Eu questionei.
— Ele estará aqui em cerca de vinte minutos, pelo menos foi o que
Brenton me disse, — respondeu Gideon.
— Seu pai deve pegar leve agora. Deixe Brenton cuidar das coisas. —
eu disse.
— Papai gosta de trabalhar, o mantém ocupado e distraído. Já agora,
onde está o Jack? — Gideon procurou por nosso filho.
— Seu filho está brincando com seu outro filho, — eu disse a ele com
um sorriso.
— Abioye está feliz aqui, não é? — Um brilho feliz iluminou os olhos
de Gideon com a menção de nosso filho adotivo.
Eu concordei. — Ele chama você de pai e eu de mãe, então, sim. eu
diria que ele é muito feliz aqui. Só espero que Jack não bagunce suas
roupas. — Quando Abioye e Jack brincavam juntos, suas roupas
costumavam ficar sujas.
— Não se preocupe. Jack é um menino crescido, — afirmou Gideon.
— Ele tem apenas dois anos e meio de idade, apenas alguns meses
mais novo do que Abioye, e você está me dizendo que ele é um menino
crescido, — argumentei.
— Não se preocupe, fadinha. As crianças vão ficar bem. — Gideon
beijou minha testa.
— Espero que sim. — Um pensamento repentino me ocorreu, algo
que eu deveria ter perguntado a Gideon há muito tempo. — Gideon?
— Sim. bonitinha?
— Por que você chamou nosso filho de Abioye? — Eu perguntei.
— Porque Abioye significa filho da realeza... e já que íamos adotá-lo,
achei o nome adequado.
— Abioye significa filho da realeza? — Eu não sabia disso.
Gideon acenou com a cabeça. — Sim. Eu estava procurando por
nomes no Google quando o encontrei, — disse ele.
— Ah.
— Certo. Aqui está. Alice. Sua filha está pronta para sua festa de
aniversário, — Jenny disse, segurando Lily em seus braços.
Gideon pegou uma Lily do colo de Jenny, e Lily dava risadinhas
gostosas Jenny vestiu Lily com um vestido fofo azul bebê e adicionou
uma faixa combinando em sua cabeça.
Já que Lily tinha acabado de fazer um. ela tinha apenas uma pequena
quantidade de cabelo loiro avermelhado em sua cabeça.
— Aqui está minha aniversariante. — Gideon beijou sua bochecha
gordinha. Lily, em resposta, envolveu seus minúsculos braços ao redor do
pescoço de Gideon, enterrando seu rosto nele.
O amor que brilhava nos olhos de Gideon por nossa filha deixou meu
coração cheio de alegria. Ele daria sua vida por sua filha.
— Obrigado Jenny por vesti-la, — eu disse a ela.
— Sem problemas, eu adoro fazer isso. Você viu minha filha em algum
lugar? — Jenny perguntou, procurando por sua filha de um ano de idade.
Eu som quando vi Rose, a filha de Jenny, caminhando até nós. — Lá
está ela. — Eu apontei para a menina.
O alívio brilhou nos olhos de Jenny quando ela se abaixou e pegou
Rose. — Onde você esteve, Rosemarie? E onde está o papai? — ela
perguntou à menina.
— Mamãe, papai está em casa, — disse Rose.
— Está, é? — Jenny se virou para Gideon. — Kieran está em casa? —
ela questionou.
— Sim ele está. — Foi Kieran quem respondeu, quando se juntou a
nós na sala de jantar, dando um abraço em Jenny por trás. — Como você
está, morango? — Kieran beijou a têmpora de Jenny.
— Estou bem. Por que demorou tanto? — ela perguntou.
— Eu estava tentando encontrar o presente perfeito para minha
sobrinha. Leva tempo. — Kieran respondeu.
— Onde está Elizabeth? — Eu questionei.
— Ela está a caminho. Por que você não relaxa? Tudo parece perfeito,
— disse Gideon.
— Vou relaxar quando todos chegarem e o aniversário da minha filha
passar sem nenhum incidente, — eu disse, olhando para o relógio, que
parecia estar correndo na velocidade da luz.
— Todo mundo ainda não está aqui? — Nico perguntou, entrando na
sala de jantar.
— Não! Eles estão atrasados, — respondi ao meu irmão mais novo.
— Está tudo bem, irmãzinha. Tudo correrá bem, — disse Brenton,
entrando na sala de jantar, seguido pelo próprio senhor Maslow. Embora
o senhor Maslow tivesse sofrido um ataque cardíaco há dois anos, ele
parecia saudável. Não havia sinal do velho pálido que visitei na UTI.
Naquele dia. o senhor Maslow perdoou todos os seus filhos e reuniu
sua família mais uma vez. E eu acreditava que o senhor Maslow estava
feliz com sua decisão.
Cada vez que Lizzy — ia vê-lo. ele tinha o maior sorriso no rosto e seu
amor pelos netos era incondicional.
Ele amava cada uma das crianças, até mesmo Abioye, e fazia questão
de que todos fossem tratados da mesma forma. Ele não era mais o
homem que valorizava status e riqueza: ele era um homem que agora
valorizava a família e o amor.
— Pai! — Gideon e Kieran disseram ao mesmo tempo, rapidamente
dando um abraço em seu pai. Gideon entregou Lily para mim antes de ir
até ele.
— Você sabe. Estou tão feliz que a vadia Helga está fora de nossas
vidas, — Jenny disse para mim. olhando o senhor Maslow conversando
com seus filhos.
— Nem me falo. Você não tem ideia de como estou feliz por ela não
estar mais aqui, — eu concordei. Depois que os seguranças levaram
Helga embora. Kieran se certificou de que ela não conseguiria emprego
em nenhum outro lugar e a mandou embora para sabe-se lá onde.
Assim que Helga saiu de cena, a proibição dos andares sete e
superiores foi finalmente suspensa. Já que Elizabeth não era mais um
assunto delicado para a família. o castelo inteiro agora estava aberto a
todos os membros da família.
A coisa boa que resultou da partida de Helga foi o fato de que os
Maslows não confiavam mais na equipe tão cegamente como nos últimos
anos.
— Por que vocês estão paradas aí? Venha e dê um abraço neste velho,
— o senhor Maslow ordenou suavemente.
Balançando a cabeça, devolvi Lily para Gideon. antes de ir até ele e
quando o senhor Maslow passou os braços em volta de mim. senti como
se fosse meu próprio pai me abraçando.
Lembrei-me dos abraços de meu pai como sendo calorosos e
reconfortantes, e foi exatamente assim que me senti nos braços do
senhor Maslow.
— Onde estão meus netos? — ele perguntou-me.
— Bem. eles estão brincando um com o outro. Eles devem estar aqui
em breve, — eu respondi.
— Bom, o porta-malas do meu carro está cheio de presentes, — disse
ele antes de me soltar e envolver Jenny em um abraço de urso.
— Vovô! — Abioye e Jackson correram em direção ao senhor Maslow.
que mal teve tempo de libertar Jenny antes que meus dois filhos
capturassem suas pernas.
O senhor Maslow riu, abaixando-se até ficar ao nível dos olhos de
Abioye e Jack. Os dois meninos foram capazes de abraçar seu avô
adequadamente quando ele se ajoelhou.
— Aqui estão meus príncipes. Onde vocês dois estiveram? — O senhor
Maslow perguntou aos meninos.
— Vovô, Abi e eu estávamos brincando, — Jack respondeu
animadamente.
— Brincando de quê?
— Policiais! — Abioye anunciou.
— Sim! — Jackson concordou. — Vovô, o que você me trouxe? — ele
perguntou.
— Eu tenho muitos presentes para vocês dois. — O senhor Maslow
sorriu para os meninos.
Fiquei surpreso que o senhor Maslow aceitou Abioye tão facilmente.
Quando Gideon anunciou que adotaríamos um bebê, pensei que o
senhor Maslow protestaria ou ameaçaria expulsar Gideon. mas ele não
fez nenhuma dessas coisas.
Ele aceitou a decisão de Gideon e minha e até tratou Abioye como se
ele realmente fizesse parte da família. Eu duvidava que Abioye alguma
vez se perguntasse sobre sua família real.
Ele estava recebendo tanto amor aqui que eu não acho que ele iria
considerar o fato de que ele foi adotado.
Um sorriso se espalhou pelos meus lábios quando Elizabeth entrou
com Henry e seus três filhos. Finalmente, todo mundo estava aqui. Agora
podemos começar a festa.
A filha de Elizabeth estava adorável em um vestido amarelo, enquanto
seus filhos usavam roupas combinando.
— Onde está a aniversariante? — Lizzy perguntou antes de pegar Lily
de mim e dar um beijo em sua bochecha.
— Olá, Elizabeth, — eu disse, observando todos reunidos ao redor,
rindo e conversando uns com os outros.
Elizabeth revirou os olhos. — Você pode me chamar de Lizzy? Já se
passaram dois anos e você ainda me chama pelo meu nome completo. —
Ela sorriu para minha filha.
— Elizabeth é o seu nome, — expliquei com um encolher de ombros.
— Sua mamãe nunca vai aprender, não é? — Ela deu outro beijo em
Lily.
— Ei! Não há necessidade de dizer isso à minha filha. — Eu fiz uma
careta.
‘‘Você pode esquecê-la pelo resto da noite. Ela é minha agora, —
Elizabeth me disse.
— E quanto aos seus filhos? — Eu levantei minhas sobrancelhas em
questão.
— Você pode cuidar deles. — Elizabeth virou-se para Jenny. — Dê-me
sua filha. Estas duas meninas são minhas esta noite, — ela afirmou,
olhando Rose com afeto.
— Por que você está atrás das filhas? Por que não os meninos? —
Jenny perguntou.
Elizabeth zombou. — Você está brincando?! Meninas são divertidas.
Além disso, é bom ver as meninas da família Maslow. Eu juro que esta
família está cheia de meninos.
— Sim. A maldição da família — reconheceu Jenny.
— Sim. Mas, para sua sorte, você conseguiu quebrar a maldição da
família. — Elizabeth falou para Jenny, e então olhou para mim. —
Desculpe. Alice. Mas você não conseguiu quebrar a maldição. Você tem
um menino primeiro.
— Você também. — Eu fiz beicinho.
— Sim. bem. eu tenho sangue Maslow em mim. Eu estava destinada a
ter um menino, — Elizabeth respondeu.
— Isso… Isso… — Eu não tive nenhuma réplica para isso, então me
conformei com um olhar de desaprovação.
— Ei. Por que você não vai dizer às empregadas para trazerem o bolo?
Todo mundo está aqui, então por que não cortar o bolo? — Gideon
sugeriu.
Dando uma olhada nos outros, eu balancei a cabeça. — Sim. tudo
bem. vou dizer a eles para trazerem o bolo. — Com uma última olhada
nas crianças para me certificar de que estavam bem. fui para a cozinha.
Quando avistei duas criadas mexendo em um monte de copos, gritei
seus nomes para chamar sua atenção.
— Abbie? Anne? — As duas olharam para mim. esquecendo-se dos
copos. — Vocês podem trazer o bolo agora? — Eu pedi.
— Sim. claro, senhora Maslow. Levaremos o bolo imediatamente, —
Abbie respondeu com um sorrisinho.
— Obrigada. — Com um sorriso, saí da cozinha e voltei para a sala de
jantar.
— Quando virá o bolo? — Jenny perguntou.
— Por quê? Já está com fome? — Eu ri.
— Sim. Estou grávida, — ela se defendeu.
— Claro. Perdoe minha ignorância, — provoquei.
— Por que você está provocando minha esposa, cogumelinho? —
Kieran se aproximou, beijando Jenny nos lábios.
— Estou com fome, — disse Jenny a Kieran.
— Está tudo bem, morango. Por que você não vai e se serve de alguns
lanches? — ele sugeriu.
— Mas seria rude na frente de tantas pessoas, — ela respondeu.
— Essas regras não se aplicam a você. Venha, eu vou comer com você.
— Espere dois minutos. O bolo está quase aqui, — afirmei.
— Ouça Alice. Vamos esperar dois minutos, — disse Jenny ao marido.
Assim que Jenny terminou de falar, as criadas trouxeram o bolo e, ao
vê-lo. fiquei com água na boca. O bolo era um bolo de chocolate branco
de quatro camadas.
Parecia adequado para uma princesa, mas, novamente. Lily era nada
menos que uma princesa: ela governou nossos corações. Abbie e Anne
colocaram o bolo na mesa de jantar antes de irem embora.
Quase imediatamente, os Maslows ocuparam seus respectivos lugares.
Desde a adição das crianças. Gideon encomendou uma mesa de jantar
maior, que acomodasse a todos confortavelmente e ninguém ficasse de
fora.
— Tudo bem. onde está minha filha? É hora de cortar o bolo. —
Gideon se levantou e viu Lily sentada no colo de Elizabeth. — Lizzy,
devolva minha filha.
Ele foi até ela e pegou nossa filha. — Venha, Alice. E hora de cortar o
bolo.
Levantei-me e fui até onde Gideon estava parado com Lily nos braços
na frente do bolo, segurando uma faca com a mão livre.
Colocando minha mão sobre a de Gideon. deslizamos a faca pelo bolo,
enquanto os Maslows cantavam a tradicional canção de feliz aniversário.
Quando o bolo foi cortado. Gideon deu um beijo na bochecha de Lily
antes de transferi-la para o senhor Maslow enquanto eu cortava o bolo
para todos.
— A primeira fatia é para você, Jenny. — Eu deslizei o prato para ela. e
ela comeu como se estivesse morrendo de fome por dias.
— Papai, eu quero um balão de ar quente no meu aniversário, —
afirmou Jackson, fazendo Brenton cair na gargalhada.
— Brent? Você o colocou nisso? — Gideon perguntou.
— Ah não. Eu sou inocente, — respondeu Brenton.
— Sim. Ele é tão inocente que nem mesmo com ida uma garota para
sair há dois anos. Estou começando a achar que ele é gay, — afirmou
Kieran. fazendo Elizabeth e Henry rirem.
— Vocês podem usar uma linguagem decente na frente das crianças?,
— o senhor Maslow repreendeu.
— Desculpe, pai. — Brenton e Kieran disseram em coro.
— Às vezes me pergunto se vocês vão crescer, — murmurou o senhor
Maslow.
— Tudo bem. se todos já terminaram de falar, gostaria de fazer um
pequeno anúncio, — disse Gideon, efetivamente chamando a atenção de
todos.
— Obrigado. Agora, como todos vocês sabem, minha filha. Lily, a
segunda garota que conseguiu capturar meu coração, fez um ano hoje. E
tudo o que quero dizer é que espero que ela obtenha toda a felicidade que
merece e que juro a proteger de todos os males e perigos deste mundo.
— Sim! — os Maslow responderam em coro, surpreendendo-me com
sua unidade.
— Vou me certificar de que nenhum cara seja capaz de chegar a
quinze metros dela, — anunciou Brenton.
— Não! Não seja superprotetor com minha filha, — objetei.
— Desculpe, irmãzinha, sou o tio aqui, — respondeu ele.
— Podemos debater o quão superprotetores seremos quando Lily
crescer. Mas. por enquanto, vamos comer!, — Kieran afirmou. E de
repente, todos se serviram dos lanches.
Enquanto todos estavam ocupados comendo, parei um momento para
refletir sobre o amor e a felicidade que essa família me deu.
Achei que seria a esposa temporária de Gideon. que ele deixaria assim
que o contrato de um ano terminasse, mas o destino tinha um jeito
engraçado de brincar conosco e transformou um ano em uma
eternidade.
Eu não tive berço: eu era pobre, mas valorizava a família e o amor.
Estar com os Maslows realmente me fez perceber a importância da
família, e eu tinha certeza de uma coisa.
Não é dinheiro que nos toma ricos. É a família e o número de pessoas
que nos amam e apoiam incondicionalmente que nos toma ricos.
O dinheiro vem e vai dependendo do tempo, mas a família e os
amigos ficam para sempre.
E essa é a verdadeira riqueza.
Livro 2 – Sem Revisão
Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda
Capítulo 1
Alice
Eu não pude evitar o sorriso que apareceu no meu rosto ao ver Kieran
e Jenny. Esses dois eram minhas pessoas favoritas na Terra, exceto minha
família imediata.
Havia algo tão doce neles que eu podia esquecer minhas preocupações
quando eles estavam por perto.
— Oi, Alice, — Jenny me cumprimentou com um abraço antes de me
entregar uma caixa embrulhada para presente.
— Isto é para Gideon. Não sei se ele vai gostar do que trouxe, mas isso
é o melhor que pude fazer. O que dar de presente a um homem que tem
tudo, né?
— Obrigada e não se preocupe, seja o que for, tenho certeza de que
Gideon vai adorar, — assegurei-lhe.
Embora Gideon fosse jogar este presente de lado alguns anos atrás, ele
estava diferente agora. Ele apreciava tudo o que lhe era dado por outra
pessoa.
— Onde ele está, aliás?, — Jenny perguntou, sentando-se no sofá.
— Ele provavelmente está de pé na frente do espelho, elogiando a si
mesmo, porque sabe que não vamos fazer isso, — disse Kieran, a diversão
brilhando em seus olhos brilhantes.
Como esse homem conseguia brincar o tempo todo, eu nunca
entenderia. Eu era tão ruim em fazer piadas que a facilidade de Kieran
fazendo comédia sempre parecia um talento oculto.
— Isso não é verdade, — eu disse enquanto balançava minha cabeça,
suprimindo minha vontade de rir alto. Eu não poderia rir pois o pai de
Gideon estava presente, sentado na poltrona.
— Aposto cinquenta libras que é exatamente o que ele está fazendo,
cogumelinho. E a única razão pela qual você está aqui e não com ele é
porque ele gosta de se adorar em particular.
— Quero dizer, o mundo o idolatrar não é suficiente, ele também
precisa alimentar seu ego por si mesmo.
Ele balançou a cabeça como se não pudesse acreditar que tinha
Gideon como irmão.
— Você está exagerando. Ele está apenas se preparando. Afinal, é seu
trigésimo aniversário, dê um tempo para ele. Mesmo que ele esteja
praticando um discurso, deixe-o fazê-lo.
Isso veio de Jenny, que parecia estar acomodada no sofá.
— Viu? É exatamente disso que estou falando: todo mundo o apoia e
praticamente idolatra o chão onde ele pisa, e vocês não querem que eu dê
um basta nisso?
Se havia alguém com dom para o drama, esse alguém era Kieran
Maslow. O homem sabia chamar a atenção do público e fazer com que se
divertissem.
Se Brenton possuísse características semelhantes, provavelmente eu
não teria tanto medo de chegar perto dele, mas ele ainda era muito frio
comigo, e era melhor ficar longe dele.
— Você está com inveja de não estar no lugar dele, — Jenny o
provocou enquanto ele se jogava no sofá ao lado dela.
— Cuidado, moranguinho, me provocar pode apenas colocar você em
apuros.
Eu não tinha certeza se Kieran queria que suas palavras alcançassem
meus ouvidos, mas elas alcançaram, e eu não pude evitar me sentir
desconfortável e desviar o olhar no momento em que Jenny corou em um
tom profundo de vermelho.
Sim, eu realmente não deveria ter ouvido isso.
— Tio Keean!!, — Jack gritou, seguido por Lily enquanto cornam em
direção a Kieran, que estava pronto para envolvê-los em seus braços e
colocá-los em seu colo.
Corri meus olhos rapidamente sobre Lily e Jack, certificando-me de
que suas roupas não estavam sujas, antes de procurar Abioye, que estava
de pé ao meu lado segurando a saia do meu vestido, que caia um pouco
acima dos meus joelhos.
— Abioye, por que você não vai cumprimentar seu tio Kieran e tio
Brenton?, — eu perguntei enquanto passava a mão sobre sua cabeça.
— Deixe Jack e Lily terem sua vez. Eu posso ir depois, — ele disse, mas
eu podia ver à vontade em seu rosto enquanto esperava ser segurado por
seu tio.
— Abioye, venha aqui. — O som da voz de Brenton me deixou tensa.
O que ele queria com Abioye? Ele pretendia dizer algo desagradável para
ele?
Brenton nunca será desagradável com uma criança, e você sabe disso.
Sim, minha voz interior estava correta. Brenton nunca faria mal a uma
criança e, com essa crença, dei a meu filho um sorriso tranquilizador e
acenei para que ele fosse até seu tio.
— Como vai você, tio Brenton?, — Abioye perguntou, sendo o mais
educado possível.
— Estou bem, obrigado. Tenho uma surpresa para você, — respondeu
Brenton antes de dar a Abioye uma grande caixa embrulhada em papel de
presente estampado com Tom e Jerry.
— Para mim? — Abioye olhou para Brenton, depois para mim, depois
de volta para Brenton antes de pousar o olhar na caixa.
— Apenas para você. Nada de compartilhar com seus irmãos mais
novos, — Brenton disse a ele.
— P-posso abrir? — Desta vez, Abioye olhou para mim pedindo
permissão, mas obteve a resposta de Brenton.
— Claro. Eu quero que você veja o que eu trouxe para você.
Nessa altura do campeonato, Jack e Lily estavam com os olhos colados
na caixa de presente, e se Kieran não os estivesse segurando, eu tinha
certeza que eles teriam corrido e pegado a caixa de Abioye, e Abioye
sendo a criança doce que era, teria rendido a caixa sem lutar.
Com dedos pequenos, mas determinados, Abioye tentou rasgar o
embrulho, mas não conseguiu, deixando Brenton pegar a caixa dele e
remover o papel de embrulho, revelando o presente que estava dentro.
— Oh! Muitos livros! — Abioye exclamou enquanto seus olhos se
arregalaram de admiração ao ver a pilha de livros embrulhados na frente
dele. — Como você sabia?
Abioye era jovem, mas ver Nico lendo constantemente o transformou
em um leitor. Em vez de pedir brinquedos, ele nos pedia que lhe
comprássemos livros, e Gideon ficava muito feliz em atender esse pedido.
Eu poderia dizer que ele estava orgulhoso de Abioye por ser uma
criança inteligente, e ele queria que Jack e Lily seguissem seus passos.
— Eu sou seu tio, então eu tenho que ser tão inteligente quanto você,
— Brenton disse, despenteando o cabelo de Abioye, o que só o fez sorrir
mais quando sua atenção foi mais uma vez roubada por seus novos livros.
Obrigado, tio Brenton. Você é demais!
— O aniversário é meu, então por que todo mundo está ganhando
presentes menos eu? — Virei-me para ver Gideon parado na soleira da
sala principal, parecendo absolutamente maravilhoso.
Ele usava um terno azul-marinho, que combinava com a cor do meu
vestido, e uma camisa branca com gravata vermelha. O traje o vestia com
perfeição, acentuando os músculos que eu sabia que eram deliciosos.
O pensamento perverso me fez corar, e eu esperava que ninguém
percebesse para onde minha mente estava indo.
— Não faça beicinho, Gideon, não combina com você, — Kieran
repreendeu, o que só fez a carranca de Gideon se aprofundar.
— Na verdade, temos um belo presente de aniversário para você, mas
temos que esperar até que todos estejam aqui antes de revelá-lo.
— É melhor ser bom. Faz três anos que não recebo nada de você no
meu aniversário, e você deveria ter vergonha de si mesmo, — Gideon
reclamou, passando um braço em volta da minha cintura e me puxando
para mais perto dele.
— Ah, você vai adorar, — respondeu Kieran. Ao lado dele, Brenton nu
e balançou a cabeça como se estivesse rindo de uma piada particular.
— Não me diga que vocês começaram a festa sem mim. — Elizabeth,
com seu mando Henry e seus filhos, entrou usando um vestido marrom
com detalhes em ouro.
— Ah não, nós não ousaríamos, — Kieran falou lentamente com um
rolar de olhos fazendo Elizabeth bufar de indignação.
— Bom mesmo. Agora vamos, Alice, vou ajudá-la a pôr a mesa. Venha,
Jenny, — Elizabeth declarou antes de se virar e sair da sala, deixando
Jenny e eu a seguindo às pressas.
— O que você comprou para ele?, — perguntei à Jenny quando
chegamos na cozinha, longe dos homens curiosos.
— Um terno. Não é Armani, mas é o que eu poderia pagar, — ela
respondeu, olhando para seus pés, e eu percebi que ela estava se sentindo
constrangida.
Tenho certeza de que Gideon vai adorar.
— Sim, todos nós sabemos que ele vai adorar, mas a real pergunta é:
como você conseguiu mantê-lo longe das notícias hoje?, — Lizzy me
perguntou.
— Fiz o meu melhor e, acredite, foi bastante difícil. Você sabe que a
primeira coisa que Gideon faz ao acordar é verificar as notícias, certo? Foi
cruel me colocar nessa tarefa, — reclamei enquanto empilhava comida
nas travessas.
— Não havia ninguém que pudesse fazer isso, você sabe disso, — disse
Jenny.
— Exatamente. Você é a única que tem o poder de distrair Gideon e
mantê-lo assim por algum tempo, caso contrário, aquele homem se
certifica de manter seus olhos e ouvidos abertos até mesmo para o mais
insignificante dos boatos, — Lizzy concordou.
Eu sei. Só estou dizendo que não foi fácil.
— Mas aposto que foi divertido. — Jenny balançou as sobrancelhas
com um sorriso conhecedor em seu rosto, que instantaneamente me fez
corar e tossir, o que fez as duas explodirem em gargalhadas.
— Vamos lá, é melhor pegarmos a comida antes que os homens
comecem a rosnar como um bando de homens das cavernas, — Lizzy
disse enquanto cada uma de nós pegava uma travessa de comida e
voltava para a sala de jantar, para pôr a mesa.
— A comida vai dar para todos, certo?, — Jenny perguntou enquanto
olhava para o banquete colocado na mesa.
— Claro. As crianças não comem muito, então isso é mais para nós,
adultos. E eu cozinhei extra para o caso de precisarmos, — eu respondi
enquanto os homens entravam na sala de jantar.
— Você pode apenas me dizer quais são as grandes notícias? Pai, por
que você não está dizendo nada?, — Gideon disse enquanto tomava seu
lugar à direita de seu pai, que estava sentado à cabeceira da mesa.
— Acho que podemos contar a ele agora, — afirmou Brian Maslow
com um sorriso no rosto.
— Tudo bem, Gideon, você está pronto?, — Brenton perguntou
enquanto olhava para Kieran, que parecia estar se segurando para não
cair na gargalhada.
Eu realmente não entendia por que os dois estavam rindo. Era uma
grande notícia, e para alguém como Gideon, essa notícia seria muito
importante.
— Eu vou ter que arrancar de vocês? Digam-me, — ele quase rosnou.
— Ok, aqui está. — Com essas palavras, Kieran entregou a Gideon a
última cópia da revista Forbes. — Parabéns, você foi destaque na
nominação ‘30 Under 30’, das pessoas com menos de trinta anos mais
bem-sucedidas do mundo.
A felicidade que iluminou o rosto de Gideon trouxe lágrimas aos meus
olhos. Pegando a revista de Kieran, ele folheou até encontrar a lista e
correu os olhos pelas páginas acetinadas antes de travar seus olhos nos
meus.
'Você sabia disso?, — ele me perguntou.
Eu acenei positivamente minha cabeça. — Lamento não ter contado
antes, mas decidimos fazer uma surpresa para você, então tive que
manter minha boca fechada.
Ele me deu um sorriso antes de voltar sua atenção para a lista. —
Vocês dois também estão na lista.
— Sim, mas estamos bem abaixo, nela. — Com isso, Kieran começou a
rir, seguido por Brenton, o que fez com que todos nós olhássemos para
eles confusos.
— O que é tão engraçado?, — Nico entrou na conversa.
— Sim, por que vocês dois estão rindo?, — Gideon questionou.
— Porque você é o número dois!, — Kieran gargalhou.
— Você pensaria que Gideon Maslow, o magnata mais rico do mundo,
seria o número um, mas não, você é apenas o número dois, — esclareceu
Brenton.
A luz nos olhos de Gideon desapareceu quando ele olhou para a lista
mais uma vez, e uma carranca substituiu o sorriso que havia feito meu
coração disparar apenas um minuto antes.
— Impossível. — Ele olhou para a revista como se esperasse que ela
explodisse em chamas a qualquer momento.
— Está tudo bem, irmão, você não pode esperar ser o número um o
tempo todo, — disse Kieran.
— Claro que eu deveria ser o número um. Quem diabos pode ser
melhor do que eu?
— De acordo com a Forbes, provavelmente o cara que está listado
como o número um. — Brenton sorriu.
—Declan Pierce, — Gideon resmungou.
— Espera! É o mesmo Declan Pierce que era seu maior rival na
faculdade?, — Lizzy perguntou enquanto se servia de arroz.
— Sim, ele mesmo. O desgraçado está sempre metendo o nariz onde
não é chamado, — ele respondeu.
— Bem, parece que ele é muito bom nisso porque ele tomou seu lugar
como o número um. Ele deve saber todos os seus segredos, já que a
Pierce Inc. parece estar se saindo melhor do que nós no Oriente Médio,
— disse Brenton.
— Será que o mundo sabe que ele trapaceou nas provas?
Odiava que o humor de Gideon estivesse arruinado. Hoje era seu
aniversário, ele deveria ser o homem mais feliz do mundo, mas ao invés
disso ele estava furioso com uma lista estúpida, que nem significava nada
de verdade.
Você sabe como Gideon é competitivo. Ele trabalha muito e merece o
primeiro lugar.
Eu entendia por que ele estava se sentindo tão abatido. Eu só queria
poder ajudá-lo de alguma forma.
A felicidade de Gideon estava diretamente ligada à minha e, se meu
marido não estivesse feliz, eu até poderia procurar felicidade, mas seria
em vão.
— Filho, o mundo não liga para o que aconteceu na faculdade. O
mundo só se preocupa com o que vê. Você pode ser a pessoa mais
inteligente do mundo, mas se o mundo não vê isso, então ninguém sabe.
— A Pierce Inc. pode estar se saindo melhor em algumas partes do
mundo, mas só precisamos fazer melhor, e tenho certeza de que você
será capaz de fazer isso, — disse seu pai.
Gideon suspirou. — Eu sei. Eu só preciso trabalhar mais.
Quanto mais ele precisa trabalhar? Ele mal tem tempo para seus filhos-
Foi enquanto eu estava remoendo meus pensamentos que o som de
smartphones apitando reverberou pela sala de jantar.
Observei todos pegarem seus telefones, e eu, sendo a pessoa curiosa
que era, inclinei-me para frente para tentar ver o que Gideon estava
olhando.
Só que eu não consegui ver nada, pois sua mão grande estava
cobrindo a maior parte da tela.
— Oh-ow, fica pior, — disse Kieran, fazendo meu coração dar uma
cambalhota até minha garganta.
O que estava acontecendo?
— Que porra é essa?!, — Brenton praguejou.
— Sem palavrões, por favor, — eu adverti, olhando para as crianças
para vê-las nos observando com olhares curiosos.
— Tio Brenton disse um palavrão, — disse Abioye.
— Agora não, crianças, — disse Henry, o mando de Lizzy.
— O que está acontecendo?, — eu finalmente perguntei. Por que
ninguém estava me dizendo nada?
— Kieran? O que é?, — Jenny perguntou, refletindo meu olhar de
confusão.
— É impossível. Não é verdade!, — Kieran exclamou, a raiva enchendo
seus olhos enquanto olhava para seu irmão mais velho que tinha ficado
pálido ao meu lado.
Estando farta do silêncio, fiz a única coisa que pude e roubei o
telefone de Gideon para ver o que havia arrumado nossa noite inteira.
Meu coração estremeceu com uma parada brusca, e minha boca secou
quando vi o Alerta do Google que desmoronou o mundo de meu marido.
Pisquei algumas vezes, esperando que meus olhos estivessem me
enganando, mas não importa o que eu fizesse, as palavras ousadas
permaneceram inalteradas.
Gideon Maslow: o maior magnata do mundo ou a maior fraude do
mundo?
Maslow está ganhando dinheiro ou desviando-o?
Maslow, o Santo ou o Ladrão?
Não, não, isso não podia ser possível. Como eles puderam fazer isso?
O mundo inteiro conhecia Gideon, então como eles podiam postar algo
assim? Eles não percebiam que isso podia arruinar toda a sua reputação?
Mas por mais que tentasse negar, não conseguia deixar de ver as
palavras que diziam ao mundo inteiro que meu marido, Gideon Maslow,
estava sendo acusado de desvio de dinheiro.
Capítulo 3
Alice
— Você realmente acha que é sábio toda a família se mudar para cá?,
— eu perguntei enquanto Gideon e eu observávamos Lola e as outras
empregadas limpando os quartos de hóspedes para Kieran, Jenny e
Brenton.
Três dias haviam se passado desde que a notícia sobre Gideon desviar
dinheiro se tornou viral e, desde então, a vida não tinha sido nada fácil.
Os paparazzi estavam nos perseguindo sempre que podiam. Gideon
achava que, ao se dirigir à imprensa, seria capaz de frustrar as acusações,
mas a mídia era incansável.
Logo estávamos enfrentando manchetes que acusavam Gideon de ser
um mentiroso e um covarde por se recusar a reconhecer as mentiras
espalhadas sobre ele.
Eu sabia que os seres humanos podiam ser implacáveis, mas serem tão
frios a ponto de ignorar o homem que dava empregos para tantos, me fez
perder a fé na humanidade.
For que eles optaram por não se concentrarem no bem que ele fez por
tantos anos? A Maslow Enterprises empregava mais de dez mil pessoas e
sempre ofereceu bônus e promoções para aqueles que ajudaram a
empresa a ter sucesso.
Por que a imprensa não conseguia ver isso? Como eles podiam
escolher se concentrar em algumas alegações falsas que só vieram à tona
alguns dias atrás?
Gideon não foi o único a ser atacado pelos paparazzi. Kieran e
Brenton também foram alvos.
Cada vez que eles saiam de suas casas, eles se deparavam com câmeras
piscando e uma enxurrada de perguntas para as quais eles não tinham
respostas.
Não havia respostas para dar quando perguntavam se Kieran sabia que
seu irmão mais velho estava desviando dinheiro, ou se Kieran também
fazia parte de todo o esquema.
Mas essa não era a pior parte. A pior parte era a quantidade de pessoas
que apareciam culpando Gideon de trapacear e de manipulá-los.
Algumas modelos de passarela agora acusavam abertamente Gideon
de assediá-las sexualmente, e eu realmente gostaria de poder arrancar
cada um dos fios de cabelo brilhantes de suas cabeças.
Como elas ousavam? Gideon havia financiado suas contas bancárias
por muitos anos porque essas modelos endossavam os produtos e
serviços fornecidos pela empresa.
E elas tinham a audácia de se voltarem contra ele apenas porque ele
não podia se defender.
A mídia continuava exibindo evidências de que Gideon desviava
dinheiro na forma de extratos bancários falsos.
Sabíamos que eram falsos porque as contas bancárias de Maslow eram
mantidas em segredo do público, e os números exibidos na mídia eram
escandalosos o suficiente para serem inacreditáveis.
Mas o público estava engolindo tudo, tornando nossas vidas um
inferno.
Então, o pai de Gideon decidiu que seria melhor que todos estivessem
em um só lugar para que pudéssemos nos proteger da mídia.
Eu, no entanto, não achava sábia a decisão de que todos nós
ficássemos em um só local, porque os paparazzi conheciam o castelo
Maslow.
Do jeito que eles estavam seguindo cada movimento nosso, não
demoraria muito até que tivéssemos um exército de fotógrafos nos
pátios, todos exigindo a verdade do homem que nem conseguia entender
o que estava acontecendo.
Achei que Gideon teria tudo sob controle. Achei que ele facilmente
convenceria a mídia com seu charme e carisma, mas me enganei.
E eu tinha certeza que nem mesmo o Gideon antecipou a intensidade
da animosidade vinda do público, porque se ele tivesse, ele não estaria
parecendo tão esgotado e fora de si.
Em apenas três dias, Gideon deixou de ser o empresário mais
poderoso do mundo para se tornar um homem que olhava
constantemente por cima do ombro com medo da mídia.
O homem que podia dobrar a vontade do público com um mero
sorriso, agora se agarrava a qualquer coisa para sair dessa situação.
E eu não podia fazer nada a não ser observar, porque ele observava
cada movimento meu, e se eu fizesse algo diferente, teria problemas com
ele.
— Nós realmente não temos uma opção. Meu pai quer todos nós aqui,
e não tenho um argumento que o faça mudar de ideia, — disse ele.
— Que diferença ter todos nós sob o mesmo teto fará?
Gideon ainda tinha quatro dias até que seu pai e irmãos decidissem
resolver o assunto por conta própria.
No entanto, eu tinha certeza de que as coisas só iriam piorar, e era
melhor agir logo. Se ao menos Gideon fosse a algum lugar longe de mim
para que eu pudesse tentar encontrar o culpado por trás desse fiasco e
salvar meu marido...
Ele encolheu os ombros. — Talvez papai apenas queira um pouco de
paz de espírito, sabendo que todos os seus filhos estão seguros e ao seu
lado. Eu sei que eu gostaria da mesma coisa.
— Nossos filhos são pequenos demais para tomar decisões que
mudem sua vida, mas você e seus irmãos não.
— Temo que a mídia descubra que todos nós vivemos aqui, e então
nem mesmo este lugar será seguro para nós, — murmurei enquanto um
fragmento de melancolia se prendia no fundo do meu coração.
— Não se preocupe, bonitinha, tudo vai ficar bem, — ele disse
enquanto colocava um braço em volta de mim e me puxava para ele.
Por que ele estava me consolando quando eu deveria ser quem o
consolava?
Ele era aquele cuja reputação estava sendo despedaçada, mas ele
estava aqui me confortando quando tudo que eu queria era bater minha
cabeça contra a parede na esperança de que a resposta para esse enigma
viesse até mim.
Como bater sua cabeça contra a parede te dará as respostas de que você
precisa? Se fosse assim tão fácil, então todos estariam batendo a cabeça
contra as paredes para obter respostas para as perguntas da vida.
Queria que Gideon me deixasse em paz por apenas alguns minutos
para que eu pudesse pegar emprestado o computador de Nico e fazer
algumas investigações por conta própria, mas a mídia o forçava a
permanecer dentro de casa.
Nunca percebi que odiava tanto a mídia até não conseguir respirar em
minha própria casa devido à pestilência sufocante de medo, ansiedade e
desespero.
Assim que as criadas terminaram de arrumar o quarto de Kieran e
Jenny, a porta da frente se abriu e o casal em questão entrou.
Gideon e eu descemos rapidamente para cumprimentá-los, apenas
para ver Kieran e Jenny, junto com Rosemarie, vestindo casacos pretos
idênticos com capuzes que lhes permitiam esconder o rosto para que as
pessoas fossem incapazes de reconhecê-los.
Se eu não soubesse a verdadeira razão por trás de seus trajes obscuros,
teria certeza de que estávamos caminhando nas montanhas.
— Os paparazzi estão se escondendo atrás dos arbustos. Mal
conseguimos evitá-los ao entrar. Você pode querer alertar a segurança, —
Kieran nos informou enquanto ele e Jenny abriam rapidamente suas
jaquetas.
— Certo, — disse Gideon antes de digitar algo em seu celular e enviar
para o chefe da segurança.
— Então? Onde vamos dormir?, — Kieran perguntou, lançando um
olhar cheio de amor e desejo para Jenny, que apenas corou e desviou o
olhar.
— Segundo andar. Terceiro quarto à esquerda, — respondi. — íamos
limpar seu antigo quarto, mas achei que você gostaria de um novo.
— Cogumelinho, você é esperta, — ele disse antes de se aproximar e
bagunçar meu cabelo, o que sempre me irritou, mas ele nunca pareceu se
importar.
— Você pode parar de bagunçar meu cabelo?,
eu reclamei.
— Não. Impossível. — Ele sorriu, imediatamente acalmando meu
coração.
Eu ainda não conseguia entender como Kieran tinha o poder de
acalmar meu coração dessa forma.
Gideon também tinha o poder de aliviar minhas preocupações, mas
havia algo no sorriso de Kieran que me fazia sentir que tudo ficaria bem
se eu aprendesse a relaxar um pouco.
— Brenton vem? E a Elizabeth e Henry?, — Jenny perguntou
enquanto tirava sua jaqueta para revelar um top vermelho. Ela tirou a
jaqueta de Rose também, o que a fez correr em direção ao quarto de Jack
e Lily.
— Estou aqui, — Brenton anunciou enquanto fechava a porta. Ele
estava vestido de forma semelhante a Kieran, com uma jaqueta marrom
com capuz, mas foi mais longe ao usar também uma máscara.
Ver pessoas tão poderosas se disfarçando e se escondendo me dava
vontade de socar os jornalistas e fazer com que eles se arrependessem de
mirar minha família dessa forma.
Eu prometi a mim mesma que assim que as coisas se acalmassem um
pouco, eu iria pessoalmente investigar isso e encontrar o culpado.
— Elizabeth e Henry virão depois de quatro dias, — eu disse a ela.
— Kieran? Brenton? Meu pai quer nos ver em seu escritório, —
Gideon disse com um movimento de sua cabeça. Kieran e Brenton
acenaram com a cabeça antes de todos os três saírem na direção do
escritório do meu sogro.
— Por favor, me diga que você tem boas notícias, — disse Jenny.
Eu franzi meus lábios e balancei minha cabeça.
— Nada. Não importa o que Gideon diga ou faça, as pessoas
continuam inventando acusações ainda piores. E como se eles tivessem
esquecido quem ele é. E a pior parte é que não há nada que eu possa fazer
a respeito.
— Eu sei. Kieran está sendo superprotetor agora. Ele não deixa eu ou
Rose fora de sua vista.
— Não posso nem sair e ficar na varanda porque ele tem medo de que
alguém tire uma foto minha e me difame, — ela respondeu desamparada.
Um suspiro escapou dos meus lábios. — Você quer sentar na sala de
estar?
A sala de estar havia sido construída para acolher mulheres quando se
sentavam para fofocar ou jogar cartas depois do almoço ou jantar.
Ficava ao lado do escritório de Brian e, atualmente, eu costumava ir lá
com Elizabeth e Jenny quando queríamos ficar longe dos homens.
— Certo. Você tem um palpite de quem poderia ser?, — ela perguntou
quando viramos à direita em outro corredor.
Eu balancei minha cabeça. — Não. Um homem como Gideon pode ter
vários inimigos.
Qualquer um deles pode estar por trás disso.
— De acordo com Kieran e Brenton, não é outro senão Declan Pierce.
— Eu não teria tanta certeza. Existem outras pessoas mais notórias
por aí. Precisamos manter nossos olhos e ouvidos abertos para todos, —
eu disse, abrindo a porta da sala e permitindo que Jenny entrasse.
— Você tem um plano de como podemos fazer isso? Os homens estão
fazendo tudo o que podem para ajudar Gideon, e eu quero fazer a minha
parte.
Comoveu meu coração saber que Jenny queria nos ajudar quando ela
não tinha nenhuma obrigação de fazê-lo. Eu gostaria que houvesse mais
almas como Jenny no mundo porque precisávamos de mais bondade e
menos julgamento e ódio.
— Os homens estão mirando homens. Gideon também acha que é um
homem que está por trás disso, mas eu penso de forma diferente.
Seus olhos se arregalaram. — Você acha que é uma mulher? — Eu
concordei. — Quem?
Isso eu não sei. Mas desde que o primeiro artigo foi publicado, muitas
mulheres se apresentaram e o acusaram de assédio sexual.
— Podemos começar por essas mulheres. Elas são muito famosas,
sendo modelos e tudo, então acho que mirar elas pode nos dar uma pista
ou duas, — eu disse.
Ela acenou com a cabeça. — Hmm, você pode estar certa. Que tal você
pesquisar sobre três, e eu outras três?
— Eu adoraria fazer isso, mas o único problema é que Gideon e Brian
estão sempre por perto. Eles nunca vão me deixar participar.
— O mesmo, aqui. Você acha que Elizabeth pode nos ajudar? Ela
parece ser muito boa em se esgueirar.
Jenny não quis dizer isso como um insulto, mas ela me lembrou de
como eu fiquei me esgueirando pelos andares superiores do castelo
quando me casei com Gideon. Seria possível fazer isso de novo?
Péssima ideia. Lembra o que aconteceu da última vez? Gideon quase te
largou.
Sim, mas da última vez fiquei curiosa para saber por que eu não tinha
permissão para subir. Desta vez, eu estou tentando ajudar meu mando.
Ele nunca vai permitir que você faça isso.
Só preciso que ele saia de casa por um ou dois dias. Então eu poderia
encontrar informações.
Você terá grandes problemas. Assim como da última vez.
Se isso significasse salvar Gideon, então eu estava disposta a fazer o
que fosse necessário.
É a sua cabeça na bandeja.
Não, era a reputação do meu mando em jogo.
O vaivém entre mim e meu cérebro parou abruptamente com o som
de um vaso sendo quebrado.
Jenny e eu trocamos olhares antes de sairmos correndo da sala e
ficarmos do lado de fora do escritório de Brian Maslow, onde ouvimos os
— Você não pode fazer isso. Você disse que tenho uma semana. Faz
apenas três dias, — disse Gideon.
— A situação escalou. Não temos tempo a perder, — disse o pai.
— Escalou? São apenas alguns boatos, pai, eu disse que posso
consertar. Estou em contato com meus investigadores, e em um ou dois
dias saberei quem está por trás de tudo isso.
— Sinto muito, filho, mas não estou disposto a correr esse risco. Não
passei toda a minha vida construindo este império apenas para vê-lo
desabar em alguns dias.
— E também não dediquei minha vida inteira a esta empresa para vê-
la arrumada, pai. Achei que você confiasse em minhas habilidades, —
disse Gideon, se sentindo traído.
— Eu confio em suas habilidades. Mas agora eu preciso manter você e
o resto da família seguros. E então eu decidi, e minha decisão é final, —
disse seu pai.
— V-você não pode fazer isso. — Meu coração se partiu ao som da
gagueira de Gideon. O que seu pai estava planejando?
— Eu posso, e eu irei. Minha decisão é final. Gideon, você não é mais o
CEO da Maslow Enterprises. Kieran e Brenton vão dirigir a empresa em
seu lugar.
— Não! — Gideon protestou, mas parecia que seu pai se recusava a
reconhecer suas palavras.
— Até que essa situação seja resolvida, você não deve mostrar sua cara
no trabalho e, se desobedecer, será escoltado para fora por um segurança.
— Você, Alice, Nico e as crianças vão se mudar para um apartamento
em New Hampshire e devem ficar lá até que a situação seja resolvida.
Eu coloquei a mão sobre minha boca para parar o grito que estava
ameaçando explodir.
Não, não, não. Ele não podia fazer isso. Ele não podia simplesmente
nos expulsar assim. Esta era a nossa casa. A casa de Gideon.
Ninguém tinha o direito de dizer a ele para se mudar.
Lágrimas picaram meus olhos sabendo que não havia nada que eu ou
Gideon pudéssemos fazer. Brian Maslow era o chefe da família e sua
palavra era final. Ele tinha acabado de tomar sua decisão, e não tínhamos
escolha a não ser aceitá-la.
Gideon e eu estávamos nos mudando para um apartamento em New
Hampshire.
Capítulo 6
Alice
— Como ele pôde fazer uma coisa dessas?!, — perguntei a Gideon, que
estava ocupado jogando roupas na mala.
— Ele é o chefe da empresa, ele pode fazer o que bem quiser, — ele
sibilou, olhando para as roupas jogadas ao acaso, como se quisesse que
explodissem em chamas.
— Eu — eu vou falar com ele, — eu disse, esperando que Brian me
ouvisse e permitisse que Gideon continuasse como CEO da Maslow
Enterprises.
Depois de ouvir meu sogro dizer a Gideon que ele não era mais o CEO
da empresa, tive vontade de irromper no escritório e exigir que ele
retirasse suas palavras.
Jenny me puxou de volta para a sala de estar e me disse para não
interferir.
Os homens Maslow tinham egos enormes e não gostavam que
ninguém fosse contra eles, especialmente mulheres. Alguém poderia
pensar que essa mentalidade mudaria no século 21, mas esses homens
eram tão machistas quanto antigamente.
Portanto não tive escolha a não ser sentar e ouvir a porta batendo
enquanto Gideon saía do escritório e entrava em nosso quarto, de onde
tirou uma mala e começou a jogar roupas dentro dela.
E eu sabia que não importava o que eu dissesse ou fizesse, não faria
diferença.
— Não!, — ele ordenou. — Você não vai falar com ele. A única coisa
que você vai fazer é arrumar nossas malas e dizer a Nico para fazer o
mesmo. Estamos saindo agora.
— Agora? Gideon, é seu aniversário e tenho certeza que os paparazzi
estão lá fora esperando para tirar fotos nossas. Isso só vai piorar as coisas.
— Os paparazzi não são uma preocupação. Eu me recuso a ficar aqui.
Não me importo se tivermos que passar a noite em um motel, mas
estamos saindo agora.
— Não perca tempo discutindo comigo, vá empacotar as roupas das
crianças, — ele ordenou, me deixando sem opção a não ser fazer o que
ele disse.
Centenas de coisas passaram pela minha mente enquanto eu fazia
meu caminho para o quarto de Abioye, onde o encontrei com Jack e Lily
em meio a peças de Lego espalhadas pelo chão e Lily segurando uma
peça de Lego vermelha contra a boca.
— Abioye, querido, venha ajudar a mamãe, — eu disse a ele enquanto
caminhava até seu guarda-roupa e puxava sua mala junto com uma
montanha de suas roupas.
— Mamãe, vamos a algum lugar? Por que estamos empacotando
nossas roupas?, — ele perguntou.
— Vamos, querido, vamos tirar umas pequenas férias em New
Hampshire e precisamos sair rapidamente, — respondi. — Você precisa
me ajudar com as roupas de Jack e Lily também, certo?
Ele assentiu. — O tio Kieran e o tio Brenton também irão conosco?
Eu balancei minha cabeça. — Não. Eles estão ocupados. Seremos
apenas nós e o tio Nico.
— Por que estamos indo agora? É o presente de aniversário do papai?,
— ele perguntou.
O que eu deveria dizer a ele? Que estávamos fugindo da mídia? Que o
pai de Gideon estava basicamente nos forçando a nos esconder? Como eu
poderia dizer isso a uma criança de quatro anos, que em breve
completaria cinco anos?
— E tipo isso. E uma surpresa, — eu disse com um sorriso
conspiratório.
Eu me virei e me foquei em dobrar e embalar suas roupas enquanto a
culpa me cortava. Que tipo de mãe eu era?
Eu estava mentindo para meu filho, o que significava que ele
aprenderia a fazer o mesmo à medida que crescesse. Jack e Lily seguiriam
seu exemplo, e a próxima coisa que eu perceberia é que criei um bando
de mentirosos em vez de filhos honestos.
— Mamãe? — Abioye colocou a mão na minha, seus olhos se
enchendo de tristeza. — É sobre o que está acontecendo com o papai?
A emoção se transformou em uma bola e se agarrou à minha garganta,
induzindo uma enxurrada de lágrimas, que eu não tinha intenção de
liberar. Deus, eu era um hipócrita.
Quem eu estava tentando enganar? Era eu quem dizia a todo mundo
que as crianças eram mais inteligentes e perceptivas do que pensávamos,
e aqui estava eu pensando que poderia enganar meu próprio filho.
Mas também é seu trabalho proteger seus filhos.
Sim, era meu trabalho proteger meus filhos e garantir que eles não
tivessem nada com que se preocupar.
E com Gideon passando por tanta coisa, era meu trabalho garantir
que as crianças não fossem apanhadas no fogo cruzado. Quanto menos
eles soubessem, melhor.
Eu concordei.
— Sim, está relacionado a isso. Temos que manter o papai seguro e
temos que manter um ao outro seguro. E aqui
Olhei ao redor da sala que tinha carros e dinossauros pintados nas
paredes, uma cama com lençóis Power Rangers e estantes que ocupavam
uma parede inteira.
— Aqui não é seguro para nós agora. É por isso que temos que ir.
Abioye deu um passo à frente e envolveu seus pequenos braços em
volta de mim. — Eu vou te ajudar a manter todos seguros, mamãe.
Vendo Abioye me abraçando, Jack e Lily esqueceram de suas peças de
Lego e correram para se juntar ao irmão para me abraçar.
E quando vi, estava cercada por meus filhos que estavam me dando
uma força que eu não sabia que eles possuíam.
— Jack? Lily? Venham, vamos empacotar seus brinquedos, — Abioye
disse enquanto se afastava de mim.
— Por quê? Eu quero brincar!, — disse Jack.
— Vou pegar minhas bonecas!, — Lily anunciou antes de sair
correndo do quarto em busca de suas bonecas.
— Vamos brincar mais tarde. Venha.
Precisamos ajudar a mamãe, — disse ele, pegando a mão de Jack e
levando-o até as peças de Lego espalhadas pelo chão.
Ele pegou algumas e as colocou na caixa de Lego, gesticulando para
Jack fazer o mesmo. E Jack, que não tinha ideia do que estava
acontecendo, obedeceu às instruções do irmão mais velho.
Antes que eu percebesse, eles limparam todos os brinquedos do
quarto e os colocaram ordenadamente em suas respectivas caixas.
Eu rapidamente terminei de empacotar as roupas de Abioye e fui para
o quarto de Jack e Lily, onde Lily estava colocando suas bonecas, que
antes estavam em sua prateleira de brinquedos, em uma caixa.
Uma bolha de raiva explodiu em meu peito com a maneira como
Brian Maslow estava
nos expulsando. Eu entendia que ele queria nos proteger, mas essa
não era a maneira de fazer isso.
Ele estava nos tirando de nosso lar e nos dizendo para irmos nos
esconder em algum lugar só para não ter que se preocupar com o ataque
da mídia.
Em vez de apoiar Gideon, ele o mandou renunciar e nunca mostrar
sua cara no trabalho. Absolutamente sem coração.
Depois que descobrisse quem estava por trás de tudo isso, eu daria a
Brian Maslow um pedaço da minha mente por ter abandonado Gideon
assim.
— Mamãe, eu coloquei as bonecas na caixa, — disse Lily quando
comecei a colocar as roupas dela e de Jack em suas respectivas malas.
— Boa menina. Eu coloquei suas roupas na cama. Vista-se
rapidamente, — eu disse a ela.
Ela obedeceu, mas depois de um ou dois minutos, tive que parar de
fazer as malas e ajudar Lily a colocar a camisa pela cabeça e pelos braços.
Embora ela tentasse fazer isso sozinha, não era fácil para ela, e estava
tudo bem. Eu estava orgulhosa dela por tentar.
— Eu visto os sapatos, — anunciou ela, deixando-me saber que não
precisava da minha ajuda.
Terminei de arrumar as malas e fui checar Gideon, o que fiz enquanto
arrastava duas pequenas malas atrás de mim.
— Estamos prontos, — eu disse, abrindo a porta do nosso quarto para
ver Gideon sentado na cama, com os ombros caídos e a cabeça baixa
como se estivesse carregando o peso do mundo sobre suas costas.
— Você está bem? — Eu queria me dar um tapa depois de fazer uma
pergunta tão idiota. Claro que ele não estava bem. Ele não tinha mais
onde trabalhar e seu pai o expulsou de casa.
Gideon suspirou e olhou para mim. — Eu vou consertar isso. Você, as
crianças e Nico não precisam se preocupar com nada.
Só então, a porta se abriu e Nico colocou a cabeça para dentro. — O
que é que estou ouvindo sobre ir embora? Estamos indo para algum
lugar?
Eu concordei. — Estamos nos mudando para New Hampshire por
algum tempo e você vem conosco. Então empacote o que você quiser,
estamos saindo em uma hora.
— Posso perguntar por quê?
— Você pode, mas não agora. Você pode perguntar quando estivermos
no carro, — respondi. Nico acenou com a cabeça e desapareceu,
fechando a porta atrás de si.
— Você falou com seu pai? Certamente ele não pode simplesmente
nos dizer para nos mudarmos para New Hampshire, — eu comentei
enquanto me sentava ao lado dele.
— Se eu não fizer o que ele diz, ele vai congelar todas as minhas
contas bancárias e cancelar todos os meus cartões de crédito. Ficaremos
sem casa e sem dinheiro. — Uau, fale sobre ser cruel.
Suspirei e balancei minha cabeça em decepção. — Isso é muito errado.
Enfim, você terminou de fazer as malas? Você precisa que eu faça as
malas ou faça mais alguma coisa?
Ele balançou a cabeça enquanto segurava minha mão com as suas. —
Prometa-me que não vai duvidar de mim. Você não vai me subestimar
como minha família fez.
Lágrimas de frustração e impotência queimaram meus olhos e me
deram vontade de colocar fogo em todo esse maldito mundo. Mas me
forcei a manter a calma porque ninguém iria se beneficiar com minha
explosão.
Em vez disso, concordei e tentei dar a Gideon um sorriso
tranquilizador.
— Eu confio em você, Gideon. E eu sei que você vai consertar isso. Sua
família não está te dando a chance de fazer isso, mas sei em meu coração
que você é capaz.
— Por favor, não perca a fé em si mesmo porque as crianças e eu
contamos com você, — eu disse a ele.
Ele pode não ser mais responsável por cuidar de sua empresa, mas
ainda era responsável por cuidar de seus filhos.
E quem sabe, talvez nossos filhos fossem os únicos a tirar Gideon
desta escuridão.
— Você tem razão. — Ele me deu um beijo quente e terno. — Você
depende de mim. As crianças dependem de mim. Eu... eu não posso
decepcioná-los. Preciso encontrar um emprego e ter certeza de que
temos dinheiro suficiente para viver confortavelmente...
— Opa, opa, calma aí, Sr. bilionário. Vá com calma.
— Vamos resolver tudo juntos, mas por enquanto, precisamos ir, pois
já é tarde da noite e será mais seguro viajarmos sem os paparazzi nos
seguindo.
— Terminei de arrumar as malas e as crianças estão bem arrumadas e
prontas para ir.
E quanto ao Nico?, — Gideon perguntou.
— Não se preocupe com ele. Ele já deve ter terminado de fazer as
malas e a única bagagem que carrega são seus livros. Acredite em mim,
estamos prontos, — eu disse, odiando que eu tivesse que dizer a ele que
estávamos prontos para partir.
Eu sabia que Gideon estava tentando ser forte por todos nós, e por
mais que eu dissesse a ele que entendia o que ele estava passando, a
verdade era que apenas ele sabia o que estava passando.
Eu poderia apoiá-lo de todas as maneiras que ele quisesse, mas ele
ainda tinha que lidar com isso sozinho. E eu odiava como um homem tão
forte e poderoso estava agora miserável e sendo forçado ao exílio.
— Então vamos embora. Não há razão para ficarmos mais tempo aqui,
— disse e se levantou.
— Você vai falar com seu pai?, — eu questionei quando ele abriu a
porta.
— Eu tenho que dizer adeus, não tenho? Mesmo que eu não queira, —
ele afirmou enquanto saía.
Peguei rapidamente nossas malas e saí do quarto, sem me preocupar
em dar uma última olhada para trás, pois sabia que se o fizesse, iria
explodir em lágrimas e precisava guardar minhas lágrimas para um
momento mais apropriado.
Lá embaixo, toda a família, menos Elizabeth e seu mando e filhos,
estavam presentes, esperando para se despedir de nós. As crianças, junto
com Nico, estavam paradas na porta, todas agasalhadas e prontas para
sair.
Jenny foi a primeira a vir e nos abraçar, seu rosto pálido manchado e
seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas.
— Vou sentir muito a sua falta, — disse ela enquanto abraçava a mim
e a Gideon.
— Não se preocupe, ok? Cuidaremos de tudo aqui, você só se
preocupe em se manter segura e em descobrir quem é o responsável por
isso. E nós iremos visitá-la, eu prometo.
— Obrigada. Eu aprecio muito sua ajuda, — eu disse a ela assim que
Kieran deu um passo à frente e passou os braços em volta de mim.
— Cuide dele, cogumelinho, — ele sussurrou em meu ouvido.
— Ele sempre cuidou de nós e da empresa. Agora é a hora de alguém
cuidar dele e mantê-lo seguro. E eu sei que não há ninguém mais
adequado para o trabalho do que você. Nunca desista dele.
Eu balancei a cabeça enquanto o abracei de volta. — Eu prometo a
você que não vou deixar nada acontecer com ele.
Brenton era o próximo da fila.
Achei que ele também iria me dizer algo sobre cuidar de Gideon, mas
ele não fez nada disso. Ele apenas me abraçou antes de colocar uma mão
reconfortante no ombro de Gideon.
— Você estará de volta antes que perceba. Você terá mais liberdade em
New Hampshire para descobrir quem está atrás de você.
— E não se preocupe, se precisarmos consultá-lo sobre algo a respeito
da empresa, faremos, mas você apenas se concentre em encontrar o
culpado, — disse ele.
Gideon acenou com a cabeça. — Pode apostar que vou descobrir
quem está por trás disso.
Eu não vou deixar nenhum filho da puta louco destruir minha vida
assim.
Assim que Brenton se afastou, Rosemarie, a filha de Jenny, veio
correndo e jogou os braços em volta das minhas pernas.
— Vou sentir sua falta, — disse ela, o que me fez ajoelhar ao seu nível
para que eu pudesse abraçá-la adequadamente.
— Eu vou sentir sua falta também, querida. Seja uma boa garota, ok?
Não incomode muito a mamãe e o papai. — Beijei sua bochecha assim
que Gideon se abaixou e bagunçou seu cabelo.
Eu deixei Rosemarie ir, e ela não perdeu tempo correndo para Abioye,
Jack e Lily, e todos nós assistimos enquanto todos eles se encolheram em
um canto e começaram a sussurrar entre si.
— Tudo bem, filho, é hora de ir. — Minha tristeza foi substituída pela
fúria ao ouvir as palavras de Brian Maslow.
Por que diabos ele foi tão inflexível em nos expulsar? Eu o faria pagar
por fazer isso com minha família, só não sabia ainda como.
— Tome cuidado, pai. Sei que você não precisa mais da minha ajuda
para nada, mas se precisar de qualquer tipo de ajuda, me avise, — disse
Gideon enquanto abraçava seu pai.
— Farei isso, filho. Você mantenha sua família segura, — disse Brian, e
eu sabia que, independentemente do que acontecesse, ele nunca entraria
em contato com Gideon para obter ajuda.
Gideon acenou com a cabeça enquanto recuava, segurando minha
mão. Eu dei um aperto quente em sua mão, deixando-o saber que eu
estava com ele a cada passo do caminho.
— Fiquem em segurança. Todos vocês, — disse Gideon, olhando para
cada um dos membros de sua família individualmente. — Nós vamos
indo, então. Adeus.
Nico abriu a porta, o que fez com que Abioye, Jack e Lily saíssem
correndo, deixando Gideon e eu para segui-los.
Eu engoli em seco e levantei minha mão para acenar para todos. Com
um sorriso suave, me virei e saí da Mansão Maslow, rezando do fundo do
meu coração para que não fosse a última vez.
íamos voltar.
Tínhamos que voltar.
Mas, por enquanto, isso era um adeus.
Capítulo 7
Alice