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Copyright

© 2019 – Betânia Vicente

Capa: LA Capas
Diagramação: Veveta Miranda
Revisão: Helen Bampi

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação do(a) autor(a). Quaisquer semelhanças
com nomes, datas e acontecimentos reais são mera coincidência.

É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte destas obras,


através de quaisquer meios - tangível ou intangível - sem o consentimento
escrito do(a) autor(a) ou da editora.

Todos os direitos reservados.

Criado no Brasil.
Sumário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Penúltimo capítulo
Último capítulo
Epílogo 1
Epílogo 2
Dedico esse livro a uma pessoa especial que foi uma guerreira é minha
verdadeira rainha, Minha mãe Rosa Helena Vicente!
Sinceramente, eu não sei como consegui chegar em casa. Entro em silêncio
para não acordar a minha irmã, e acabo gemendo quando sem querer esbarro no
corrimão e tranco os dentes para não gritar, soltando apenas um pequeno gemido
de dor.

Vou subindo as escadas, ou melhor, vou rastejando, e enfim consigo chegar


ao meu quarto. Fecho a porta e não acendo a luz — eu tinha medo de ver como
estava machucada.

Vou andando bem devagar, e cada passo que eu dava era uma tortura, e
sempre me apoiando na parede até chegar à minha mesinha, onde eu tinha um
notebook e também alguns livros.

Nem sempre eu precisava acender a luz do quarto, sendo que eu tinha uma
luminária. Assim que consigo alcançá-la, acendo-a e vejo os meus dedos
machucados. Sinto as lágrimas já escorrerem. Abro o diário que eu tinha
ganhado da minha irmã e começo a escrever. Até mesmo escrever dói. Começo a
chorar baixinho.
Só consigo escrever isso, e deixo o diário. Abro a gaveta, onde havia um
pequeno canivete. Pego-o e sigo para o banheiro. Ao chegar lá, acendo as luzes.
As lágrimas descem mais e mais e não consigo controlar. Eu estava
envergonhada, com dor, com raiva.

Meu rosto machucado, meus cabelos desgrenhados e minhas roupas


rasgadas. De uma coisa eu já tinha consciência: não saberia viver com esse
pesadelo, e a única coisa que eu tinha que fazer era me matar, era a única
solução.

Levo o estilete direto para o meu pulso e começo a passar a lâmina. Sinto a
ardência do corte e já vejo o sangue saindo. Faço a mesma coisa no outro, e não
demorou muito eu estava caindo no chão. Um pouco antes de fazê-lo, ouço o
grito da minha irmã:

— Me perdoa… — peço, e finalmente sinto a morte vir e me entrego a ela


em paz, sabendo que nada no mundo me faria mal.
A melhor maneira de terminar uma noite é estar com um pau dentro de uma
bucetinha. Ouço o gemido da puta, e não sinto nada daquela emoção que meus
amigos dizem sentir quando estão fodendo, ou melhor, quando estão fazendo
amor com as suas mulheres. A emoção de que falam, eles chamam de amor, e
isso eu não sei o que é!

— Esse pau é tão gostoso, Leon! — fala a puta.

— Eu sei que é! — concordo com ela. Eu sei muito bem que as mulheres
desejam o meu corpo. Desde que eu era adolescente, sabia chamar atenção.

— Você não quer me foder? — ela me pergunta, com voz de queixa. É claro
que eu iria foder ela. Afinal, um homem como eu sabe como foder. Não
precisava nem tocar nela para saber que ela já estava excitada o bastante para
enfiar o meu pau dentro da sua bucetinha.

— Você é uma putinha que está desesperada pelo meu pau, não? —
pergunto, já sabendo a resposta.

Tiro o meu pau de dentro da boca dela e pego o preservativo que se


encontrava no bolso, rasgo a embalagem, deslizo pelo meu pau e a viro, abrindo
aquelas pernas e deixando a bunda dela no ar. Sem ela esperar, enfio com tudo,
fazendo-a gritar e gemer.

— Quer que eu tire o meu pau de dentro, quer? — provoco-a.


— Não, eu não quero! — ela diz, gemendo e balançando a bunda,
incentivando-me a continuar, e não me faço de rogado e vou com tudo mesmo.
Tiro o pau e enfio novamente, e continuo a fazer isso direto. A puta sabia gritar
que era uma coisa, às vezes esses gritos me deixavam quase estressado.

Meus amigos falam que eu ainda vou encontrar o grande amor da minha
vida, e só dou risada da cara deles, para mim essa história de amor, como já
disse, não existe.

— Me fode, Leon, mais forte! — ela pede, e dou o que ela quer. Puxo seus
cabelos com força e a fodo mais e mais forte, fazendo a cama balançar.

Logo a ouço dizer que está gozando e a deixo gozar primeiro, e depois vou
logo atrás. Eu sou filho da puta, mas também sei ser generoso. Tiro o meu pau de
dentro dela e vou até o banheiro, tiro a camisinha e jogo no lixo. Antes de sair,
lavo as mãos e me visto. Ela me olha espantada.

— Você vai embora? — me questiona, e odeio isso.

— Você sabe que eu não durmo com nenhuma mulher — respondo, grosso.

— E eu pensando que eu era especial para você!

— Não, minha querida, nenhuma mulher é especial para mim! — é o que


respondo, e ela não precisa falar nada, seu olhar diz tudo, ela está com os olhos
cheios de lágrimas. Está apaixonada por mim.

— Eu amo, você, Leon!

Eu deveria ter me tocado de que quando você fode uma, duas vezes ou
mais, ela já acha que me amarrou.

— Eu já te disse quando comecei a te foder que seríamos amigos com


benefício e não existiria amor.

— Leon, eu sei disso! — ela diz, pesarosa, sentando-se na cama e fazendo-


me olhar o seu corpo. Eu sabia que era bonito.

— Então já sabe que não devemos mais nos ver — digo simplesmente.
Pego o meu relógio e a chave do carro e vou em direção à porta. Quando estou
saindo, ouço-a me chamando e me viro.

— Um dia você vai se arrepender de como está me tratando!

— Não vou! — e viro novamente. Quando estou saindo finalmente daquele


quarto, a ouço novamente me chamar chorosa e pergunto, já sem paciência: — O
que você quer ainda, Laura?

— Eu te juro, Leon, que vou fazer a sua vida um inferno e que logo, logo
você vai ser meu novamente.

— Nunca fui e nunca vou ser seu, Laura. Adeus! — digo, e vou embora.
Chegando à recepção do hotel, deixo pagos a diária e o dia seguinte e mais o que
ela deveria comer e vou embora para nunca mais voltar.

Assim que chego à entrada do hotel, o manobrista vem ao meu encontro.


Dou-lhe a chave do carro, e não demora muito ele já chega. Agradeço, dando-lhe
uma bela gorjeta, e vou embora logo.

Ao entrar no carro, conecto o celular e ligo o rádio, para ouvir as notícias.


Logo estou em casa. Moro em um condomínio de luxo. Antes mesmo que eu
chegue ao portão, ele já é aberto. Entro, paro e cumprimento os seguranças.

— Boa noite, Senhor Vitorino.

— Boa noite, Arthur. Tudo em ordem por aqui? — desligo o rádio e tiro o
meu celular do suporte.

— Graças a Deus, tudo tranquilo! — solto um suspiro de alívio.

— Que bom! — agradeço e lhe dou boa noite. Logo estou seguindo para
minha casa. Finalmente vou ter uma boa noite de sono. Andava tendo festas
demais por aqui, às vezes eu tinha vontade mesmo era de me mudar para um
apartamento.

Penso sempre sobre isso, e acabo desistindo. Com alívio chego em frente à
minha garagem. Quando estou para entrar em casa, a porta se abre.

— Boa noite, senhor! — me cumprimenta a Senhora Olívia.


— Boa noite, Olívia. Tudo OK? — dou-lhe o meu casaco.

— Sim senhor! — ela me olha.

— Algum problema?

— Nenhum, senhor, gostaria de saber se o senhor já jantou — me pergunta,


meio sem graça.

— Ainda não.

— Então já vou providenciar.

— Agradeço, Olívia, vou estar em meu quarto.

— Daqui a pouco te chamo, senhor.

— Obrigado! — agradeço, e sigo em direção ao meu quarto. Ao chegar lá,


vou tirando a roupa e a jogo no cesto. Sigo para o chuveiro. Ligo-o e entro. Logo
a água quente cai sobre o meu corpo, lavando todo o suor e cheiro que tenham
ficado do sexo que eu tinha tido.

Fico ali durante algum tempo sentindo a quentura da água. Passo o sabonete
pelo meu corpo, e não demoro muito no chuveiro. Volto para o meu quarto e lá
me seco, colocando meu pijama. Quando estou penteando meu cabelo, ouço a
Olívia me chamar, me avisando da janta.

— Obrigado, Olívia! — agradeço, e logo desço para jantar. Não me demoro


e volto para o quarto. Deito-me na cama e pego o notebook, fico mexendo nele,
lendo alguns artigos, e acabo dormindo com o aparelho ligado.
Há dois anos eu não sei o que é ter paz. E aqui estou, me olhando no
espelho do banheiro, tentando esquecer o meu pior pesadelo. Desde aquela noite
eu não comemoro mais o meu aniversário. Não tenho razão para festejar. Como
eu gostaria de ter morrido! É errado eu ainda ter esses tipos de pensamentos? É
errado eu ainda me sentir suja? São tantos sentimentos contraditórios que eu
ando sentindo!

No início, eu não conseguia dormir devido aos acontecimentos. Eu era


sedada e também era restringida no leito do hospital. A dor que eu sinto na alma
é tão grande, que acabei tirando o soro da veia que estava me hidratando e
machucando-me mais ainda, só via o sangue saindo novamente, e sorria entre as
lágrimas que já estavam escorrendo.

Para mim era tão bom, porque a morte viria e me levaria do meu
sofrimento. De uma coisa eu tinha certeza: eu não saberia como viver com
aquilo. Só que eu não contava que as enfermeiras fossem entrar tão rápido e
gritando. E apaguei novamente.

E aqui estou eu novamente posicionada no mesmo lugar, onde eu tentei me


matar da primeira vez. E mais uma vez não funcionou. Minha irmã foi avisada
que eu tinha tentado novamente me matar. Agora ela me olha chocada.

— O que você fez, Duda? — ela me questiona, com lágrimas nos olhos.

— Você não entende! — sussurro.


— Então me faça entender! — ela diz, séria. Tento me mexer, e não
consigo. Vendo o que eu estava fazendo, ela explica: — Eles tiveram que te
amarrar.

— Deu para perceber — resmungo.

— Então, vai ou não me fazer entender o que está acontecendo com você?

— Há quanto tempo eu estou aqui?

— Há quase dois dias. Você se lembra daquela noite?

— Sim… — sussurro.

— Então é verdade? — ela me questiona, e sinto meu sangue fugir


completamente do meu rosto.

— Sim… — volto a sussurrar, com vergonha de mim mesma.

— Duda, você não quer saber o que aconteceu com você?

— Sinceramente, acho que você não precisa me lembrar do que aconteceu


exatamente comigo! — sem querer, sou grossa, e logo estou me desculpando: —
Me perdoa, não queria ser grosseira.

— Eu sei que não! Você não sabe o que eu senti quando te vi no chão do
banheiro toda ensanguentada.

Minha irmã linda… Ela não tinha ideia de como eu a admirava, me criou
desde pequena, a nossa diferença é de dez anos.

— Me perdoa! — peço novamente, e ela me abraça, colocando a cabeça em


meu colo. Começa a chorar. Muito.

— Eu pensei que você estava morta! — ela sussurra.

— Era o que eu queria naquele momento — confesso, sentindo as lágrimas


dela em minha barriga.

— Não, eu não quero que você atente mais contra a sua vida! — ela diz,
brava, e se levanta. Assim pude reparar em como ela estava abatida.
— Eu preciso morrer!

Ela me olha chocada.

— Nunca mais fale uma merda dessas!

— Você acha que é fácil?

— Eu imagino que não deva ser fácil.

— Não, você não imagina! — praticamente grito, e tento me controlar: —


No dia do meu aniversário eu fui estuprada!

— Duda, fica calma — ela pede, ao ver como estava agitada.

— Eu não posso ficar calma! — olho firme para ela. — Além de ter sido
violentada, posso estar grávida e ainda correr o risco de ter pegado uma DST.

— Eles fizeram o teste de gravidez e DST.

— E qual foi o resultado? — pergunto, com medo.

— O resultado mostra que você, Senhorita Sanches, não está grávida e


também não contraiu o vírus — ouço uma voz de um homem e fico tentando
saber quem é. Não preciso muito, pelo jeito da minha irmã, que ficou muito
vermelha.

— Oi, doutor Leão — minha irmã diz, ainda corada.

Ele abre um sorriso que acho sensual e nos cumprimenta.

— Então eu não estou grávida?

— Não senhorita! Mas isso não significa que a senhorita não tenha que
tomar a pílula do dia seguinte e muito menos o coquetel, pois vai tomar como
prevenção.

— Mas o senhor não disse que eu não estou grávida e também não contraí
DST? Por que eu tenho que tomar? — questiono, já ficando nervosa.

— Senhorita, como eu estava dizendo, a senhorita tem que tomar, e vamos


fazer mais exames. Você também vai ser acompanhada por um psicólogo.

— Eu não preciso de nenhum psicólogo — respondo, grossa, e a minha


irmã me olha feio.

— Ela vai, sim, doutor Leão!

— Ótimo, a enfermeira já vai trazer as medicações, e vamos fazer logo


mais exames.

— Eu estou bem! — resmungo.

— A senhorita passou por um grande trauma, e sei que está abalada, mas
precisa fazer mais exames e também começar a tomar a medicação, tudo bem?
— aceno a cabeça em concordância. Não demora muito, ele sai, e vem uma
enfermeira, e sou tirada da restrição. Foi assim que comecei a minha longa
jornada para esquecer o meu pesadelo.

— Dudaaaaaa! — ouço a minha irmã me chamar e sou tirada do passado.


Logo desço as escadas e vejo-a toda arrumada.

— Aonde você vai? — pergunto, curiosa.

— Eu vou trabalhar, esqueceu? — ela brinca. — E a senhorita tem que ir


para a aula, e não se esqueça de vir logo para casa.

Ela me dá um beijo e sai correndo como louca. Minha irmã ama e ao


mesmo tempo odeia o trabalho como secretária do Senhor Leon Vitorino.
Sinceramente, eu ainda não o conheci, e nem quero. Minha irmã diz que o
homem é um gato e que eu deveria arrumar um namorado.

Decidi que nunca vou me relacionar com ninguém. O medo ainda bate em
mim quando algum homem se aproxima. Mesmo sabendo que não pode me fazer
nada de mal, eu ainda fico com um pé atrás.

Pego a mochila e sigo para o curso, pedindo mais uma vez a Deus para me
fazer esquecer de tudo que me aconteceu. Será que é pedir muito? Solto um
longo suspiro triste.
Eu andava muito estressado, e a única pessoa que me aguentava era a minha
secretária. Acho que ela merece até mesmo um bônus por me aguentar tanto.

— O que houve agora, Senhor Vitorino? — ela me pergunta, com uma


calma que invejo.

— Problemas, Vanessa, como sempre! — digo, querendo tranquilizá-la. Ela


era a única mulher que não tentava me levar para a cama ou vice-versa. Acho
que ela era imune a mim. Meu pau nunquinha levantou para ela em saudação.
Acho que estou ficando velho mesmo.

— Então, hoje o senhor recebeu a ligação da Senhorita Munhoz — ela diz,


e gemo em silêncio. Essa mulher virou mesmo uma praga.

— O que ela disse?

— Para o senhor ligar para ela — Vanessa dá de ombros, como se achasse


normal.

— Depois eu retorno — mas eu não iria ligar merda nenhuma para aquela
louca. Ela cumpriu mesmo a promessa de tornar a minha vida um inferno. Agora
a louca disse que estava achando que eu a tinha engravidado.

— Bom, o senhor tem reunião com os fornecedores de chocolate daqui a


pouco pelo Skype — ouço a Vanessa falando, e eu pensando em como me livrar
da Laura.
— Droga, tinha me esquecido disso — comento, já estressado por isso.

— Mas eu não!

Dou um sorriso.

— OK, o que mais temos hoje? — pergunto, desejando estar de volta à


minha cama.

— Já acertei tudo com o Buffet para fazer o jantar de confraternização de


fim de ano.

— Sério? — olho-a espantado.

— Sério, está tudo organizado para a próxima semana, as cestas de Natal e


também as de chocolate estão sendo organizadas — ela vai falando o que eu
tinha para hoje e também o que adiantou. Ainda estava em choque com ela, por
ter resolvido mais rápido o que a minha antiga secretária levaria semanas para
fazer.

— Meu Deus, mulher, se você não fosse a minha secretária eu me casava


com você!

— Não, obrigada — ela brinca, e dou risada. Sei que a Vanessa namora um
médico.

— Nossa, você magoou o meu coração! — brinco, piscando o olho.

— Hã… sei! — ela ri, e continua: — Eu não faço o seu tipo, e mesmo que
fizesse estou muito feliz com o meu namorado.

— Nossa, assim não tem como competir, não — brinco novamente.

Vanessa era a única mulher de quem eu gostava, e que não queria abrir as
pernas para eu foder.

— Vanessa, há quanto tempo você trabalha para mim?

— Hum… — ela fica pensativa e depois abre um sorriso: — Já tem um ano


e meio, por quê?
— Por nada, não, só curiosidade mesmo. E aí, vai trazer alguém da sua
família?

— Estou vendo se convenço a minha irmã a vir.

— Sério? Eu gostaria muito de conhecê-la.

— Vamos ver se ela vem, ela é meio reclusa.

— Bom, me avisa, que mando fazer uma cesta para ela também.

— Ah, não se preocupe, não, a Duda come os meus chocolates — ri. —


Bom, vou lá para a minha mesa, e o senhor já faça a chamada logo, antes que
seus fornecedores e diretores fiquem putos com o senhor — ela volta a brincar, e
me deixa sozinho.

Abro o meu Skype, e não demora muito aparecem os diretores, e


começamos a falar sobre a minha empresa de chocolate. Graças a Deus, tenho
ótimas vendas.

Algumas horas depois…

Eu me estico na cadeira. Estava todo dolorido. Não tinha comido nada, e


não demora muito a Vanessa entra com o meu almoço. Minha boca se enche de
água.

— Vanessa, preciso me casar com você! — volto a brincar ao ver que ela
tinha feito pedido de arroz branco com strogonoff de frango e batata palha e um
suco de laranja.

— Eu já disse que não quero me casar com você — ela rebate, ironizando, e
deixa a comida. Volto para a mesa e ataco. Deus, aquilo estava muito bom.

Não demoro muito e já acabo com a comida e o suco. Levanto-me e vou ao


banheiro, onde tenho uma nécessaire com as minhas coisas pessoais.

Volto para a minha mesa e continuo a trabalhar até o fim do expediente. Sou
novamente interrompido quando a Vanessa entra para me avisar que estava indo
embora.
— Também já vou — aviso, e logo nos despedimos. Fico ainda mais um
pouco no escritório. Quando vou embora, em vez de ir atrás de um “rabo de
saia”, sigo para casa.

A empresa da qual eu sou presidente foi fundada pelo meu pai, agora
aposentado. Ele sempre dizia que o chocolate é mais do que afrodisíaco, é amor,
e quando você ama uma pessoa você a presenteia com chocolates. Foi assim que
ele conheceu a minha mãe, dando chocolates como presente.

Chego logo em casa e, como sempre, a Olívia já deixou a janta preparada.


Subo para o meu quarto e tomo um longo banho. Quando estou saindo do
chuveiro, o meu celular toca. Reparo que é a minha mãe e atendo.

— Oi, mãe, boa noite! — a cumprimento.

— Filho desnaturado! — ela se queixa, e dou risada.

— Mãe, pelo amor de Deus, eu te vi no final de semana! — replico, ainda


rindo.

— Filho, eu tenho saudades de você! — ela diz, em tom de queixa.

— Eu também te amo! — respondo, tentando imaginar por que ela estava


me ligando.

— Meu filho, você precisa arranjar uma bela mulher — lá vinha ela
novamente com essa história.

— Mãe, você sabe que eu nunca vou me casar — lembro-a, e penso que
também nunca vou amar ninguém.

— Meu filho, escuta o que eu vou te dizer! Não vai demorar e você logo vai
conhecer uma boa pessoa e com certeza vai se apaixonar.

— Mãe, não fui feito para o amor — confesso, sentindo pela primeira vez
uma solidão.

— Bobagem, meu filho! Todo mundo foi feito para amar, e você também
vai amar alguém algum dia — ela fala com tanta convicção, que quase acredito
nela.
E fiquei mais uma noite sem dormir. Acho que isso está virando rotina
mesmo. Aqui estou, sentada na cama com os joelhos dobrados tentando relaxar,
mesmo sabendo que não iria conseguir.

Olho para o relógio do criado-mudo e reparo que já são quase cinco da


manhã. Resolvo me levantar, sigo para a cozinha e começo a fazer o café da
manhã. Logo a Vanessa iria acordar, com uma baita fome.

Às vezes eu tenho uma grande inveja dela. Minha irmã é perfeita em tudo.
Tem um corpo de dar inveja. Lindos cabelos negros e compridos. Somos
completamente diferentes, eu sou ruiva de cabelos ondulados.

Vanessa sempre fala que puxei à nossa mãe — que Deus a tenha em um
bom lugar. Às vezes é difícil pensar que nossos pais acabaram morrendo em um
acidente de avião alguns anos atrás.

Faço um café não muito forte e começo a tomar, sentindo logo o seu sabor
maravilhoso. Fico ali mergulhada em pensamentos profundos, quando dou de
cara com a Vanessa.

— Você está aí parada há muito tempo? — pergunto, curiosa.

— Na verdade não. Perdeu o sono?

— Sinceramente, nem dormi ainda.


— Você teve pesadelos novamente?

— Sim.

— Duda, você precisa procurar ajuda novamente.

— Eu não acho que preciso — desconverso. Não me sinto bem em ficar


falando da minha vida para um desconhecido.

— Duda, minha irmã, é claro que precisa!

— Melhor mudarmos de assunto.

— OK, por ora vamos deixar quieto — ela cede, e dou graças a Deus.

— Me conta sobre a festa do trabalho, vai me trazer chocolate? —


pergunto, não vendo a hora de comer aqueles chocolates maravilhosos.

— Então, já fechei o Buffet, e as cestas estão preparadas com chocolates,


fora a nossa cesta de Natal.

— Oh, delícia, Vane, eu amo aqueles chocolates.

— Eu sei, e estava falando com o meu chefe sobre você — ela diz, sem me
olhar.

— Vane! — alerto-a, e olho feio para ela, que me olha como se não tivesse
falado nada.

— Fique tranquila, eu não estou querendo juntar vocês dois, não!

— Isso é muito bom — fico mais tranquila.

— Então, deixa te contar, ele pediu para te convidar para ir à festa dos
funcionários.

— Ah, é claro que você disse que eu não iria, né?

— Então… — ela demora para responder, e volto a olhar feio para ela.

— Droga, Vane! — desde que fui violentada, peguei um tipo de trauma, ou


melhor, vários, e um deles é sair de casa para ir a alguma festa.

— Ei, não falei nada, só disse que eu precisava te perguntar — ela se


defende.

— Hum, sei — olho-a desconfiada.

— Mas é verdade, e, sinceramente, eu acho que está na hora de você


começar a sair.

— Vane, eu ainda não me sinto pronta.

— Duda, se você não sair de casa, nunca vai achar que está pronta!

Eu sei que o que ela está dizendo é verdade. O único problema é que toda
vez que sou convidada para ir a alguma festa ou mesmo um barzinho eu tenho
algum tipo de bloqueio.

— Duda, acorda! — Vane me chacoalha.

— O que houve? — pergunto, sem entender nada.

— Parecia que você estava em transe — ela brinca.

— Estava pensando no que você estava dizendo.

— E aí, você vai? — ela pede, toda esperançosa.

— Ainda não decidi.

— Duda, vamos fazer o seguinte, que tal a gente ir ao shopping depois do


trabalho? — Vane pergunta, toda animada, e não quero estragar a alegria dela,
então decido ceder por ora.

— Eu te encontro lá no shopping, o que acha?

— O que acha de você ir me encontrar lá no serviço?

— Bom… não sei.

— Ora, vamos, ninguém vai morder você! — ela brinca, e fico com a
sensação de que isso poderia acontecer.

— OK, OK! Eu te encontro lá — respondo, já me arrependendo de ter


concordado com esse passeio.

— Ótimo! Eu quero comprar uma roupa bem bonita para sair com o meu
doutor — Vane fala, bem sonhadora.

Minha irmã acabou mesmo namorando o meu médico. É claro que isso não
podia acontecer quando eu estava internada. Mas isso não foi empecilho para o
meu ex-médico, que agora é meu cunhado e amigo.

Ele é o único homem que eu deixo se aproximar de mim. Sei que ele não
me faria mal. Eu devo muito ao doutor Lucas Leão, meu futuro cunhado.

— Vane, está na hora de vocês dois oficializarem a união, não? — brinco,


sabendo que ela sempre fala nisso.

— Sim! — ela concorda, toda emocionada.

— Graças a Deus!

— Então, ele me convidou para jantar amanhã, acho que ele vai me fazer a
proposta.

— Você merece tanto, minha irmã! — falo, com sinceridade.

— E você também, Duda, é só deixar o amor bater à porta.

Olho para o relógio e vejo que são seis horas da manhã.

— Bom, vamos mudar de assunto, preciso tomar um banho e me arrumar,


daqui a pouco eu tenho que ir para o curso — desconverso, me levantando e indo
em direção às escadas, quando a ouço me chamando. Finjo que não a ouço, mas
quando já estou no primeiro degrau escuto o grito dela.

— Duda! — percebo a advertência em sua voz.

— O que foi? — me faço de desentendida.

— Você sabe que não pode fugir para sempre!


Eu sei que não, e só respondo:

— Sim, eu sei! — e subo correndo, não querendo responder a mais nada.


Chego à fábrica e logo sinto o aroma de chocolate vindo em minha direção.
Gemo de prazer. Amo chocolate. Nossa, e ele usado no meu pau fica perfeito!

Entro no elevador e logo ouço um grito pedindo para segurar a porta. Como
todo-cavalheiro que eu sou, seguro-a. Logo vem, praticamente descabelada, a
minha secretária.

— Oh, não acredito que é você — brinco.

— Quem você achava que era? A Branca de Neve? — ela ironiza.

— Nossa, o que deu em você? — eu tenho que a tratar bem, senão é bem
capaz de ela colocar veneno no meu café.

— Mal dormi — ela resmunga.

— Bom, isso dá para ver na sua cara — brinco, e recebo um olhar mortal.
Fico em silêncio.

— Não começa, Leon!

— Você não quer me contar por que não dormiu?

— Minha irmã teve pesadelos novamente — ela dá de ombros, como se


fosse normal.
— Nossa, ela deve ter passado por algo bem pesado mesmo!

— Sim, as coisas para ela não foram fáceis.

— Sua irmã deve ter assistido a algum filme de terror — brinco, querendo
aliviar o clima, que de repente ficou tenso.

— Quem dera! — ela diz, triste.

— Você não quer me contar?

Quando ela ia responder, as portas do elevador se abrem, e deixo a Vanessa


sair primeiro. Ela segue para a copa, e vou também.

Vanessa está muito quieta, e eu não quero forçá-la. E ali fico, observando-a
fazer o café. Logo a máquina libera um aroma delicioso.

— Eu quero café, Vane — peço, e ela toma um susto.

— Meu Deus, homem, não me assuste assim, não! — ela diz, brava,
colocando a mão no coração.

— Desculpa, mas você está muito calada.

— Me desculpa, eu estava perdida em meus pensamentos.

— Fica tranquila.

Ela agradece e logo está me servindo uma caneca de café. Do nada, diz:

— Leon, minha irmã vai vir aqui hoje.

— Sem problema — concordo com tudo, não quero a minha secretária


chateada mesmo não sendo eu o culpado. Porque ela zangada ou chateada é uma
coisa do demônio.

— Que bom! — ela abre um sorriso, e fico aliviado que agora ela está mais
tranquila.

— E aí, pronta para o Natal?


— Sim, em casa vai ser como todo ano, só que agora meu namorado vai
passar com a gente.

— Vane, posso te fazer uma pergunta? — questiono, meio receoso.

— Ah, é claro.

— Por que você nunca fala dos seus pais?

— Bom, não sou mesmo de comentar, meus pais morreram alguns anos
atrás em um acidente de avião, e ficamos a minha irmã e eu.

— Nossa, eu não sabia — respondo, meio sem graça.

— Fique tranquilo, aconteceu há alguns anos já.

— Bom, vamos mudar de assunto, que hoje vou dar uma volta para ver
como andam os chocolates. Você vem comigo?

— Não, obrigada, já fiquei muito de papo-furado, e meu chefe, quando


aparecer, vai me dar a maior bronca — ela brinca, piscando o olho.

— Ah, ele é de boa! — respondo à brincadeira, e ela ri.

Vou para a minha sala. Hoje é o dia de fazer verificação na fábrica, e para
deixar uma boa aparência acabei vestindo um terno, sem gravata. Não estou a
fim de morrer cozido, aliás, não vejo a hora de tudo acabar e ir para casa, o dia
mal começou e já estou cansado.

Quando estou saindo para ir fazer a vistoria pela fábrica, o meu celular toca.
Atendo sem nem ver quem era.

— Alô?

— Oi, meu amor, estou morrendo de saudades de você! — ouço a voz


melosa da Laura.

— O que você quer, Laura? — me arrependo de ter atendido à ligação e tiro


o celular do ouvido. Olho para o número de chamada ativo e percebo que era
restrito. Oh, merda.
— Você não veio mais me ver! — ela se queixa.

— Laura, a gente terminou.

— Meu amor, você deve estar enganado, nós apenas tivemos uma pequena
discussão.

— Laura, você enlouqueceu?

— É claro que não!

— Pois para mim parece que sim!

— Leon, como você pode falar assim com a mãe do seu filho? — ela diz,
agora com voz de choro.

— Que filho? Você não está grávida porra nenhuma! — grito, perdendo a
paciência.

— É claro que estou!

— Laura, você precisa se tratar, é sério!

— Escuta o que vou te falar, se eu descobrir que você está me traindo, vou
acabar com a sua raça — a puta louca desliga na minha cara, e jogo o celular em
cima da mesa. Percebo que a Vanessa está parada na porta do escritório.

— Problemas? Eu sei que está estressado, mas precisa fazer a verificação


na fábrica.

— Obrigado, Vane!

E assim foi o meu dia, que começou um desastre, resolvendo pepinos. As


horas passaram tão rápido, que quando volto para a minha sala encontro uma
bela jovem ruiva, e meu pau resolve dar sinal de vida — e eu pensando que ele
não iria mais ficar ereto depois das loucuras da Laura. Acho que me enganei.

Ela estava conversando com a minha secretária, e fico imaginando quem


seria aquela mulher. É quando a Vanessa me vê e diz:

— Leon, venha conhecer a minha irmã!


A sua irmã se vira, e naquele momento eu soube que estava encrencado:
acabei de me apaixonar pela irmã da Vane, e de uma coisa eu já tenho certeza:
ela logo será minha!
Depois que minha irmã sai para ir ao trabalho, eu fico em casa pensando no
que ela disse. Ligo para o meu cunhado.

— Oi, Duda, como está?

— Bem, Lucas, graças a Deus! Está ocupado?

— Para minha cunhadinha, nunca! Em que posso ajudar?

— Lucas, estava pensando no que a minha irmã falou.

— O que ela disse?

— Que eu tenho que sair de casa e me divertir, e também falou que já


passou da hora de eu procurar ajuda.

— Duda, a sua irmã está certíssima, eu mesmo já tinha comentado com ela
sobre isso. E então, você está disposta a se ajudar?

Eu penso, e sim, está na hora de me curar, mesmo que poderia demorar um


pouco, mas eu logo ficaria bem.

— Alô, Duda?

— Desculpa, e, respondendo à sua pergunta, sim, estou querendo me curar.

— Maravilha, eu posso te indicar uma psicóloga.


— Eu agradeço!

— Depois te ligo — nos despedimos.

Volto para a cozinha e guardo o que restou do café, limpando tudo.

Assim que termino, subo para o quarto e tomo um banho rápido. Saio
correndo, para não chegar atrasada ao meu curso.

Eu não poderia saber se foi intuição ou prevenção, mas sinto alguém se


sentando ao meu lado, e nem preciso me virar para ver que é o idiota do Pedro.

— Ora, ora, se não é a esquisita!

E ali fiquei, tranquila, ou melhor, tentando ficar tranquila com uma peste
bem do meu lado. Não estava dando certo mesmo. O babaca andava me
perturbando muito com brincadeiras idiotas e decidiu ficar no meu pé.

— Pedro, me deixa em paz! — peço, já perdendo a paciência.

— Sabe, quanto mais você me despreza, mais fico gamado em você! — ele
diz, e sinto ânsia de vômito.

— Você é nojento — comento, com desprezo.

— Qualquer hora vou te ensinar uma bela lição! — ele fala, em tom de
ameaça, e gelo na hora, tenho certeza de que fiquei pálida. Pego as minhas
coisas e, sem olhar para ele, acabo me mudando de mesa. Quando acho que vou
ficar tranquila, a praga volta a me atormentar.

— O que você quer, Pedro?

— Você ainda não entendeu, né? — ele provoca.

— Não, e nem quero — me levanto e saio de perto dele, ouvindo-o rir.


Quando acho que a praga vai vir para o meu lado novamente, o professor chega,
e sinto um alívio muito grande.

— Você está bem, Maria Eduarda? — o professor pergunta, ao me ver


quieta.
— Hã… Estou, professor! — respondo, com voz trêmula, e o professor
começa a passar a matéria. Fico ali, ainda em transe.

As horas vão passando. Hoje com certeza não prestei atenção a nada que foi
passado, e não posso ficar desse jeito.

O professor dispensa todo mundo e me chama:

— Algum problema, Maria Eduarda? Você é uma das alunas mais aplicadas
no curso de Administração, e hoje você não estava tão presente como é nas
outras aulas. Tem certeza de que está bem?

O que eu devo dizer? “Olha, professor, fui violentada há dois anos, e o


babaca do seu aluno fez insinuações sexuais dando a entender que quer me
foder”? Não posso falar uma coisa dessas, porque por incrível que pareça é a
minha palavra contra a dele.

— Nenhum, professor. Posso ir?

— Sim, está dispensada.

Agradeço e saio correndo, com a sensação de que estou sendo seguida, mas
olho para trás e não vejo ninguém. Pode ser impressão minha.

Volto para casa o mais rápido possível. Quando chego, tranco tudo e subo
correndo as escadas. Vou para o meu quarto e o tranco também. Pode até ser
mesmo paranoia, mas não quero pagar para ver.

Sento no chão do quarto e começo a chorar, e muito. Eu não posso passar


por aquilo novamente. Quando decido que eu poderia finalmente tentar esquecer,
o babaca do Pedro resolveu deixar as manguinhas de fora.

Desde que comecei o curso, sempre evitei qualquer contato com os colegas.
Se eles chegam muito perto, sem querer acabo travando e fico morrendo de
medo.

— Minha Nossa Senhora, me ajude a superar esse pesadelo — peço,


olhando para a imagem que a nossa mãe colocou no meu quarto. — Eu não
quero mais sofrer, preciso esquecer — e desabo a chorar novamente. E ali fico
durante algum tempo, depois seco as lágrimas ao lembrar que estava sem comer
nada e desço para preparar algo. Assim que termino, limpo tudo e volto para o
meu quarto, onde me tranco novamente. O meu celular toca, e a única pessoa
que me liga é a Vanessa.

— Oi, Vane! — cumprimento-a.

— Aqui não é a Vane — diz uma voz abafada, e começo a tremer como
vara curta.

— Quem é você? — pergunto, trêmula.

— Ah, sou a pessoa que vai infernizar a sua vida, vadia! — ele desliga.
Bloqueio o número e volto a chorar, imaginando que deveria ser aquela peste.
Como ele conseguiu meu número?

Meu Deus, mais uma vez não! Corro para o banheiro e jogo toda a comida
que tinha comido no vaso. E fico ali um bom tempo. Quando acho que não vai
sair mais nada, pego a minha escova e escovo os dentes para tirar o gosto
amargo do vômito.

Assim que termino, ligo o chuveiro e entro, deixando a água quente cair em
meu corpo. Lavo-me querendo tirar a sujeira que estava não no meu corpo, mas
na alma.

Não querendo deixar a minha irmã preocupada, saio correndo do banheiro,


me troco rápido, pego a bolsa e saio correndo. Logo vejo um táxi, entro nele e
passo o endereço.

Não demoro a chegar. Quando o faço, pago o motorista, agradeço e entro no


prédio. Aviso na recepção que vim encontrar com a minha irmã, e não deu cinco
minutos já estava frente a frente com ela. Abraço-a, e estamos brincando quando
ela fala, sobre o meu ombro:

— Leon, venha conhecer a minha irmã! — dou-lhe um olhar de


advertência, e quando me viro dou de cara com o homem mais perfeito que eu já
vi na minha vida.

Ele parecia o deus Adônis, o deus da beleza, e uma coisa eu posso dizer:
nunca fiquei tão excitada e ao mesmo tempo confusa por causa de um homem. A
minha calcinha tinha acabado de inundar só de ver aquele deus ali na minha
frente.

O andar dele era de predador, e fez-me andar para trás. Não sei o que está se
passando comigo, mas uma coisa eu posso dizer de olhos fechados: ele nunca me
faria mal. O seu olhar tinha o poder de me levar direto para os seus braços, e fico
chocada com esses pensamentos.

E ali ficamos, nos olhando durante um bom tempo, era como se


estivéssemos presos em uma bolha só nossa, e eu não queria sair dela.
Ela é a mulher mais linda que já conheci. Nunca fui ligado em ruivas, e
agora sei que tenho preferência, ou melhor, por ela. Que corpo é esse? Nunca fui
ligado em mulher cheinha, e agora posso dizer que amo mulher gordinha e
fofinha, com carne onde posso segurar para poder foder bem gostoso.

Mal conheci essa mulher e não vejo a hora de tê-la em minha cama e fazer
amor com ela, tão delicado e ao mesmo tempo foder seu corpo com gosto. Como
não a conheci antes?

— Ei, está tudo bem? — pergunta Vanessa, e, com um esforço sobre-


humano, paro de olhar essa bela rainha e me concentro em sua irmã. Vanessa
está me olhando com curiosidade.

— Sim, estou bem! — respondo, e me aproximo delas, e a minha rainha se


afasta, como se estivesse com receio. Acho isso estranho e olho novamente para
ela, percebendo que está com sinais de que tinha chorado. Aquilo me
incomodou, e muito.

— Que bom. Deixa te apresentar a minha irmã, Leon — ela diz, alegre, e
sorrio com a sua animação: — Essa é a Maria Eduarda.

— Muito prazer, Leon Vitorino, ao seu dispor! — cumprimento-a com um


belo sorriso. Estendo a mão para ela, que me olha meio sem jeito, e fico ali um
bom tempo esperando o cumprimento. Quando estou para desistir, ela estende a
mão pequena e bem rápido. Toco nela em um cumprimento.
— Prazer é meu, Senhor Vitorino.

Porra, que voz é essa que ela tem? Sexy pra caramba. Não preciso nem
olhar para o meu pau para saber que ele já está ali de pé como se estivesse
reverenciando a sua rainha.

— Pode me chamar de Leon! — peço, querendo que ela dissesse meu nome
só para saber como sairia daquela boca.

— OK, Leon!

Droga, eu poderia ficar ali só ouvindo a sua voz sexy. Ela me olha nos
olhos, e é quando tenho a confirmação de que ela esteve mesmo chorando. Será
que foi por algum namoradinho?

Ela não pode ter um namorado. Eu não quero que ela tenha. Quero-a para
mim, e farei de tudo para conquistar o seu coração. Mesmo que essa minha
rainha tenha um namorado, irei tratar logo de fazer com que eles terminem essa
relação.

— Vane, falta muito para você sair? — ela pergunta, e solta a minha mão, e
eu sinto a falta do seu contato. Para um homem da minha idade, ter esses tipos
de sentimentos é bem perturbador.

— Ah, não, já estou encerrando.

Olho para o relógio do corredor e percebo que estava mesmo se encerrando


o expediente. Não queria que ela fosse embora, queria ela ali comigo.

— Que bom — ela diz, me olhando meio sem jeito. Estava corada. Como
ela ficava mais linda corada daquele jeito! Como queria experimentar a sua boca
para saber o seu gosto.

— Leon, você pode ficar fazendo companhia para a minha irmã? — ela
pergunta, e pisca o olho para mim. Essa Vanessa é muito esperta mesmo.

— Então, me conta um pouco sobre você? — pergunto, curioso por saber


mais sobre a vida da minha rainha.

— Bom, não tenho nada de interessante sobre a minha vida — ela diz,
quase em um sussurro.

— Em minha opinião, você tem — ela olha para mim surpresa.

— Não tenho.

— Me conta, você estuda? Quantos anos você tem? — solto rápido as


perguntas.

— Por acaso eu estou passando por uma entrevista?

— Não, a menos que você queira vir trabalhar comigo — flerto com ela.

— Não, obrigada! — ela responde rápido.

— Caramba, você não gostou daqui, não?

— Imagina, desculpa se eu te dei a impressão errada, Senhor Vitorino.

— Já pedi para me chamar de Leon.

— Ah, sim, é claro! Desculpa, novamente — ela dá um sorriso tímido.

— Então, não vai me contar? — ela olha para a minha boca fixamente,
como se estivesse concentrada.

— Hã… Desculpa, fiquei distraída. Eu não viria trabalhar aqui só por causa
dos chocolates.

— Ufa, que alívio — brinco, e ela me olha curiosa.

— Por quê?

— Pensei que você não viria trabalhar aqui por minha causa!

— Por que o senhor acha isso?

— Sabe, Duda… Posso te chamar assim? — tento encontrar as palavras


certas para poder dizer a ela o que eu estava querendo dizer.

— Sim, é claro — ela responde, e enrubesce. Acho que nem percebeu que
havia concordado.

— Então, sei que você deve achar estranho o que vou te falar — começo,
olhando para ela. Eu estava suando frio. Que droga, nunca fiquei tão nervoso por
causa de uma mulher do jeito que estava por ela. Quando ia lhe contar que estava
interessado e gostaria de chamá-la para jantar, a sua irmã aparece novamente, e
olho feio para ela.

— E aí, já se conheceram?

— Não o suficiente — comento, ganhando um olhar feio da Vanessa.

— Meu Deus, como vocês são moles — ela exclama, e a Duda desvia o
olhar do meu e fala:

— Vane!

— O quê?

— Eu te conheço, Vanessa! — ela diz, brava. E não é que ela fica linda toda
bravinha?!

— Eu não estou fazendo nada de errado — ela se defende.

— Até parece! — Duda olha feio para a irmã.

— O que você anda aprontando, Dona Vanessa? — brinco, na onda,


sabendo muito bem o que ela tinha aprontado.

— Meu Deus, como vocês dois são injustos — ela se faz de vítima.

— Vane, está ficando tarde!

— Droga, é verdade, Duda, temos que ir para o shopping — Vane diz,


rápido, e sai correndo. Volta trazendo a bolsa e olha para mim:

— Chefinho, tenho que ir.

— Foi um prazer ter te conhecido, Senhor Leon — Duda comenta.

— O prazer foi meu! — respondo, com sinceridade, e, não querendo que


ela fosse embora, me surge uma ideia: — Que tal acompanhar vocês duas ao
shopping? — a Duda me olha chocada, e a Vane abre um sorriso de vitória.

— Hã… Você deve estar bem ocupado, não? — Duda diz, como se não
quisesse que eu fosse.

— Na verdade eu… — quando ia responder, a Vanessa o faz por mim.

— É claro que não, Duda! — e me olha com deboche: — Leon não trabalha
mesmo!

— Ei! — eu protesto.

— Agora, vamos embora logo — Vanessa diz, e seguimos todos para o


estacionamento. Ao chegarmos lá, cada um vai direto para o seu carro, mas,
como um bom cavalheiro que sou, abro a porta do carro para a minha rainha, que
agradece com um sorriso tímido, e depois faço a mesma coisa com a Vanessa,
que sussurra em meu ouvido:

— Não deixa a minha irmã fugir de você, Leon.

— Não se preocupa, eu não vou deixar — respondo, e ela pisca o olho e


entra no carro. Vou para o meu e dou partida, seguindo-as, não vendo a hora de
chegar logo àquele bendito shopping para finalmente voltar a ficar perto da
minha rainha. — Duda, eu não vou desistir de você! Porque você já é minha!
Eu não sabia onde enfiar a cara, tamanha era a vergonha que tinha passado.
Minha irmã passou completamente dos limites me oferecendo para o chefe dela.
OK, o chefe dela não era de se jogar fora.

— Por que você está em silêncio? — Vane me pergunta.

— Pensando sinceramente se você não enlouqueceu.

— E por que você acha isso?

Olho para ela sem acreditar no que acabou de falar.

— Vane, tem certeza de que não sabe do que estou falando? — pergunto,
pedindo a Deus a paciência que não estou tendo.

— Sinceramente, eu não sei!

— Vanessa, puta que pariu, tinha que agir daquele jeito? — explodo com
ela, que nem se abala.

— Agir como?

— Me jogando nos braços do seu chefe! — elevo a minha voz.

— Eu não sei do que está falando.

— Ah, sei, então foi impressão minha você me jogar para o seu chefe?
— É claro que sim! — ela volta a se defender, e ficamos em silêncio. Eu
estava louca para bater nela. — Oh, Duda!

— O que é?

— O que você achou dele?

Eu sei muito bem que ela gostaria de saber o que eu estava achando dele.
Ela queria que eu falasse o quê? Que ele é bonito? Sim, ele é! Que ele é gostoso?
Sim, também é! Que quando nossas mãos se tocaram eu senti uma espécie de
choque? A isso eu não sei responder.

— O que você quer saber?

— Duda, ele é gato!

— Não achei! — minto.

— Ah, me poupe! — ela resmunga.

— O que você quer de mim?

— Eu quero ver você feliz!

— Mas eu sou feliz! — respondo, com firmeza.

— Não, minha irmã, você não é feliz.

— Por que você acha isso?

— Porque você precisa de um homem que te ajude a superar o que você


passou.

— E você acha que seu chefe pode me ajudar nisso?

— É claro que sim! Ele é o que você precisa. Um homem forte, bom e que
vai saber te respeitar, e o melhor de tudo: vai poder te amar como você merece.

— Vane, você não pode ficar querendo me jogar nos braços de todo homem
que conhece.
— Eu não estou te jogando em qualquer um, e sim nos braços do Leon! —
ela volta a se defender.

— Meu Deus, Vane, ele deve estar rindo da nossa cara!

— E por que você acha isso?

— Vane, pelo amor de Deus! Ele deve estar se divertindo vendo que você
está oferecendo a sua irmãzinha na bandeja para ele.

— Ah, então você acha ele um lobo sexy e feroz? — ela brinca.

— Meu Deus, tem certeza de que não bateu a cabeça em algum lugar, não?

— Ah, vamos lá, Duda, só para mim, ninguém vai saber! — ela insiste.

— Você quer que eu diga o quê?

— A verdade!

— OK, ele é bonito, sim.

— Não era exatamente o que eu queria ouvir, mas fazer o quê?! Isso vale
também.

— Graças a Deus, estamos chegando ao shopping, e pode me comprar um


sorvete bem grande.

— E por que eu tenho que fazer isso? — ela brinca.

— Eu estou nervosa, e você vai me pagar um sorvete decente — resmungo.

— E eu tenho culpa?

— Sim, você tem culpa! — só respondo isso, e meu corpo se arrepia


quando tenho a sensação de que estou sendo observada.

— Duda, está tudo bem?

Começo a olhar de um lado para o outro, desejando que fosse impressão


minha.
— Duda, meu Deus! Você está pálida — Vane me olha preocupada.

Minha irmã me abraça, e sinto uma leve fraqueza nas pernas. Quando acho
que vou cair, sinto os braços do Leon me pegando.

— O que houve? — ele pergunta à minha irmã.

— Não sei!

— Eu estou bem — sussurro. Não queria contar o que acho que vi.

— Não, você não está bem! — ele diz, com firmeza.

— Leon, será que aqui tem uma clínica médica tipo “doutor-consulta”?

— Vane, eu estou bem!

— Não, você não está — quem responde é o Leon. Ele me pega no colo, e
seguimos direto para a entrada do shopping. Lá, vejo a minha irmã perguntando
se tinha a tal clínica. Logo estou sendo levada.

— Leon, me solta!

— Não! — ele nega, e não sinto medo de ficar em seus braços e acho isso
muito estranho.

— Eu estou bem — resmungo, querendo sair do seu colo e ao mesmo


tempo gostando de ficar ali, me sentindo protegida.

— Que droga, Duda! — ele diz, bravo. E não é que fico excitada? O que
está acontecendo comigo?

— Eu não quero ser carregada — falo, puxando o seu rosto em direção ao


meu, fazendo-o parar. — Eu estou muito bem e não preciso ficar sendo levada de
um lado para o outro! E outra, sou pesada, ou você não percebeu isso?

— Eu já disse que não vou te soltar! Meu Deus, mulher, para de ser
teimosa! Vamos deixar uma coisa bem clara entre a gente? Eu estou amando
segurar uma mulher com curvas! — ele pisca o olho, e fico ainda mais excitada.
Como isso é possível?
— Leon, esquece, não entra na onda da minha irmã — peço.

— E quem disse que estou fazendo isso pela sua irmã?

— Eu sei que ela quer me jogar em seus braços — resmungo, na hora sem
nem saber o que dizer direito.

— Eu não estou reclamando de nada!

— Que droga, homem de Deus! Eu não quero namorar ninguém — ele


volta a andar pelo corredor, e grito: — Esse “ninguém” serve para você também!

— Eu não sou “ninguém” mesmo — tenho vontade de dar uns tapas nele.
— Eu sou Leon Vitorino, e você gostando ou não vou cuidar de você! Vou
venerar e amar você!

— Acabou? — ironizo.

— Não, minha rainha, isso é só o começo — ele fala isso em tom de


promessa, e droga, achei até fofo, só que ele não precisa saber disso.

De uma coisa eu já podia ter certeza: o Leon veio para mudar


completamente a minha vida. E isso seria bom ou ruim? Ainda não sei o que iria
acontecer! Minha única preocupação era saber quem estava me seguindo.

Será que foi o mesmo homem que ligou? Seria o Pedro querendo fazer trote
só porque não dou bola para ele? Parece que eu vou ficar por enquanto sem
saber o que fazer.

Olho para o Leon, tão sério, tão seguro de si e ainda tão determinado a que
eu fique com ele. Seria ele o homem certo para mim, uma menina mulher
machucada pela vida?

Ele me olha e pisca o olho ao ver como eu o estava olhando fixo:

— Você não tem ideia de como é perfeita para mim, e não consigo tirar os
meus olhos de você nem em pensamentos — seu tom rouco me deixa mais
excitada, e acho que devo estar muito doente.

— Eu acho que não sou perfeita para ninguém — confesso, com tristeza.
— Isso não é verdade! Minha rainha, o que você não entendeu é que você
me pertence, e vai descobrir que, quando Leon Vitorino ama, ele ama para
sempre! — ele me diz, com convicção. Por que será que sinto que esse homem
está me dizendo a verdade?
A forma como a Duda estava querendo me dispensar chegava até a ser
cômica. Ela ainda não me conhecia bem o suficiente para saber que eu, Leon
Vitorino, nunca desisto do que quero, e como eu quero essa menina!

Quando chegamos a tal clínica que a Vanessa comentou, coloco a minha


rainha sentada na cadeira e dou uma última olhada nela, que está me olhando
feio. Deu vontade de pegá-la no colo novamente e beijá-la até ficarmos sem ar,
para ver se desmanchava a sua linda carranca.

Faço o pagamento da consulta, enquanto a Vanessa vai pegar a bolsa da


Duda com a sua documentação. Sou levado com a minha rainha para dentro do
consultório, e não demora muito a Duda está sendo examinada pelo médico.

Duas coisas que me chamaram atenção: a Duda não queria deixar o médico
examiná-la, ficou até mesmo pálida, como se tivesse fobia de médico.

Outra coisa era que o médico a estava olhando de uma forma nem um
pouco profissional, e isso não gostei de maneira alguma. Quando ele vai tocá-la,
não aguento e falo:

— Algum problema aí, doutor? — vejo que as mãos dele estão indo para
perto dos seios dela.

— Nenhum, só estou examinando.

— Então usa um estetoscópio em vez de suas mãos, por favor! — peço,


querendo pegar esse médico pelo colarinho.

— Ah, sim, é claro! — ele se desculpa, envergonhado.

O médico coloca o aparelho de pressão no braço dela, e fico observando


como se fosse um gavião protegendo o que é seu. Dava para perceber que esse
médico tinha ficado interessado na minha rainha, e isso eu não vou permitir.

— E aí, doutor, como estou? — minha rainha pergunta.

— Muito bem!

Eu fico aliviado.

— Ótimo!

— Eu não te falei? — ela diz, brava, e dou de ombros.

— E eu já disse que eu cuido do que é meu! — falo, deixando bem claro


que a minha rainha é minha. O médico olha para mim e percebe que aquilo é
para ele.

— Bom, a senhora está bem. Foi uma simples queda de pressão.

— Obrigada, doutor — ela agradece. Eu me levanto e a ajudo a se levantar.


Saímos da sala do babaca e, assim que chegamos à porta de entrada, avistamos a
Vanessa, que nos olha e diz:

— Algum problema?

— Leon achando que é o meu dono — ela comenta, ainda me fuzilando.

— E você acha que não sou? — provoco-a, amando ver o fogo em seus
olhos.

— Pelo amor de Deus, vocês vão ficar brigando aqui?

— Eu não estou fazendo nada! — me defendo.

— Vane, você tinha que ver o Leon falando com o médico, bem estúpido.
— Estúpido o cara! Estava querendo tocar em seus peitos — volto a me
defender. A mulher é minha e ninguém toca no que é meu.

— Meu Deus, fala sério isso! — ela diz, brava, e sai na minha frente toda
furiosa, e eu louco para ir atrás dela. Mas a Vanessa me segura:

— Nem pense!

— O quê?! Eu não fiz nada de errado.

— Leon, tenta controlar essa sua possessão aí!

— Eu não consigo!

— Você tem que conseguir!

— Vanessa, o que você está me escondendo?

— Isso não é um assunto meu que posso me abrir com você.

— Vanessa, a Duda está bem de saúde, não? — fico preocupado.

— Sim, ela está bem.

— Você sabe que eu estou gostando da sua irmã!

— Sei disso. E ela também, só que não quer dar o braço a torcer.

— O que eu devo fazer, então? — pergunto, quando conseguimos alcançar


a minha rainha na sorveteria.

— Ter paciência — ela diz, como se isso fosse fácil.

— Vou tentar.

— Obrigada.

Assim que chegamos lá, a minha rainha estava tomando um sorvete, e sua
expressão de prazer fez o meu pau entrar em modo ativo.

— Droga… — gemo, vendo-a passar a língua entre os lábios, fazendo-me


ficar bem duro.

— Algum problema, Senhor Vitorino? — Duda pergunta, provocante. Ah,


que vontade de dizer que sim, meu problema é você, mulher! Você não tem ideia
do que está fazendo comigo.

— Nenhum problema — por dentro, estou grunhindo, morrendo de inveja


da sua língua.

— Que bom! Vocês não vão querer nada?

— Eu estou vendo — responde a Vanessa. Seu celular toca e ela pede


licença para atender, deixando nós dois sozinhos.

— Então, é bom?

— O quê?

— Esse sorvete.

— Sim, muito bom, você deveria pedir.

— Ah, então eu vou querer!

— Só ir ali no caixa e fazer o pagamento.

— Você não entendeu, né?

— Depende do que você está querendo que eu entenda.

Eu gosto das suas respostas rápidas.

— Eu quero experimentar o seu! — pisco o olho, e não é que ela fica


vermelha? Eu amo vê-la corada.

— Não!

— Por que não?

— Porque no meu sorvete ninguém toca, ele é só meu! — ela repete a


minha frase, com algumas alterações.
— Engraçado você dizer isso.

— O que é engraçado?

— O que é seu é meu! E, como eu já disse, você é minha! — vejo o sorvete


escorrendo pela sua boca e passo o meu dedo nela, sentindo o toque macio dos
seus lábios, e levo aos meus e comento: — Sorvete e Duda, uma delícia essa
mistura.

Ela me olha como se estivesse chocada com o que eu disse, e logo seu rosto
fica mais vermelho ao entender.

— Você é babaca, grosseiro — ela mostra a língua.

— Você é linda! — respondo ao seu “elogio”, tomo coragem e pergunto: —


Será que a sua boca é tão gostosa quanto a dona dela? — minha voz sai rouca.

— Meu Deus, homem! — ela exclama, sem graça e ainda vermelha.

— O quê? É errado eu dizer isso? — provoco-a.

— Sim! — ela se remexe na cadeira e desvia os olhos dos meus.

— Ah, minha linda rainha, logo você vai ver que tudo que eu falo e faço
para você é verdadeiro.

— E eu já disse que eu não quero você!

— E eu ouvi o que disse, só que eu não sou um homem de desistir.

— E o que vai fazer?

— Isso, minha rainha, você vai descobrir, e logo! — respondo, abrindo um


belo sorriso de vitória. Seu olhar é de puro espanto, e acho que ela nunca foi
conquistada. Pego em sua mão e faço um carinho com o polegar. — E eu sou o
homem que vai fazer você ver como o amor é maravilhoso.

— Como você pode achar que está apaixonado por mim? — ela tenta puxar
a sua mão de volta, mas não deixo.

— E você, como pode achar que não está apaixonada por mim? — minha
pergunta a deixa espantada.

— Eu não sei o que é amor! — ela confessa, e seu semblante mostra


tristeza.

— Eu também não sei, Duda! Só sei que o que eu sinto por você vai além
de uma atração sexual.

— Eu não posso amar nenhum homem, Leon!

— Então o único homem por quem você vai se apaixonar loucamente sou
eu! — brinco.

— Meu Deus, você é louco? — ela ri, e amo sua risada. Sim, eu estava
louco por ela.
Estou querendo jogar alguma coisa na cabeça do Leon. O filho da mãe teve
a ousadia de vir nos acompanhar para nos fazer segurança. Ah, como tive
vontade de tirar o sorrisinho daquele babaca bonito. A vontade é tanta, que
chego até a abrir um sorriso de satisfação.

— Duda, que sorriso é esse? — Vane pergunta.

— Ah, nenhum interessante.

— O que você achou do Leon?

— Eu não achei nada!

— Como assim? Você não achou nada? — ela pergunta, espantada.

— É isso mesmo, eu não achei nada! — eu não vou lhe dizer que o achei
lindo e que ele me deixa confusa com os meus próprios sentimentos.

— Sei! — ela me olha desconfiada.

— Vane, ainda não te perdoei sobre o seu chefe — resmungo.

— Ah, qual é?! — ela ri.

— Estou falando sério!

— Eu vi vocês dois juntos, e pareciam tão fofos — ela faz um coração com
as mãos.

— Meu Deus, Vane, para de ver romance em tudo! — ironizo.

— E você não tem ideia de como estava feliz conversando com o Leon!

— Como assim, feliz? Seu chefe está me atormentando! — me defendo. Eu


tinha gostado apenas um pouco de sua companhia.

— Não parecia que ele estava te atormentando.

— Você não viu nada, então — dou de ombros.

— Ah, é? E o que foi que eu perdi?

— Ele ficou querendo me controlar! — resmungo.

— E é claro que você odiou, não? — ela pisca o olho.

— É claro que sim! Não gostei de ouvi-lo dizer “Você, Duda, é a minha
rainha” — ironizo, mesmo que no fundo tenha achado meio fofo.

— Ai, meu Deus, que coisa mais linda.

— Pode ficar para você — brinco.

— Não, obrigada, ele não faz o meu tipo.

— E por que você acha que ele faz o meu?

— Porque ele está caidinho por você!

— Vamos esquecer esse assunto, por favor?

— “Bora” para a cozinha, estou querendo tomar um suco antes de deitar.

— Sim, eu ainda tenho que estudar! — gemo ao lembrar que hoje nem
prestei atenção na aula.

— Algum problema?
— Nenhum, só hoje não estava muito disposta para estudar — desconverso,
não queria contar-lhe o que tinha acontecido comigo.

— Tem certeza? — ela pergunta, ao me servir o suco de goiaba.

— Sim.

— Bom, então vou tomar um banho, que amanhã é outro dia.

— Vai lá, e pode deixar que lavo essa louça.

— Ah, você é um amor! — ela diz, me abraçando, e dou risada.

— Eu sou, sim, um amor.

— Como você é convencida! — ela debocha.

— Sim, e você me ama também — brinco. Dou boa noite para ela e vou
lavar a louça.

Termino de lavar rápido e deixo secando no escorredor. Vou para o meu


quarto e encontro o meu celular no chão. Fico meio receosa se o pego ou não.
No fim acabo cedendo, pego o celular do chão e o coloco em cima da cama.

Resolvo seguir a minha irmã e também vou direto para o chuveiro. Sentir a
água caindo pelo meu corpo foi muito bom. Não me demoro e logo saio, me
seco e coloco um baby-doll, pego meus livros e meus cadernos e começo a
estudar. Fico assim durante um bom tempo.

Estava tão entretida com a matéria, que quase não ouço o meu celular tocar.
Fico meio indecisa, não sabendo se verificava ou não. Amanhã sem falta tenho
que trocar o chip.

Pego o meu celular e, ainda meio receosa, o desbloqueio. Percebo que não
tinha nenhuma ligação perdida, e sim um recado no WhatsApp. Quando abro,
me deparo com uma mensagem que me deixou feliz e ao mesmo tempo com
vontade de esganar a minha irmã.

“Boa noite, minha rainha, espero que sonhe comigo!”


Esse homem é mesmo impossível. Ele é irritante. Gostoso, mas irritante.

“Sinto te decepcionar, eu não sei o que é sonho bom!”

Termino de escrever a mensagem e envio. Não demora muito, ele me envia


outra:

“Ah, minha rainha, ao meu lado você sempre terá sonhos bons!”

Por incrível que pareça, acredito nele. Eu não posso me envolver com ele!

“E quem disse que eu quero você?”

Envio a mensagem rápido, com o coração acelerando.

“Minha rainha, como já disse antes, você me pertence!”

Acabo rindo da mensagem dele, e devo concordar com a minha irmã, ele
me faz rir.

“Meu Deus, como você é brega!”

Mal acabo de mandar a mensagem, chega outra:

“Brega não, minha rainha, sou apenas um homem a fim de uma bela mulher!”
Meu coração dá um pulo quando leio essa mensagem. E escrevo o que acho
das palavras dele.

“Então você mandou mensagem por engano, eu não sou uma bela mulher!”

“Ao contrário do que você pensa, vou te mostrar como você é a minha bela
rainha! Escreve o que vou te dizer: muito em breve você será minha!”

Fico mexida com a forma como ele escreveu, mesmo ele dizendo essas
palavras bregas e fofas ao mesmo tempo. Uma coisa eu posso dizer: não sou a
mulher certa para ele, e talvez nunca seja.

As lágrimas escorrem sem eu perceber, ao ver que tinha um homem que


estava a fim de mim, só que nunca poderia ter, e respondo, com dor no coração:

“Eu sou uma mulher que não pode amar e muito menos ser amada por um
homem como você, Leon! Acho melhor você procurar outra mulher que te faça
feliz e que não carregue um passado cheio de dor e sofrimento!”

Quando ia desligar o celular, ele acaba tocando:

— Nada que você disser me fará desistir de você, minha rainha!

— Leon, eu não posso me envolver com ninguém! — digo, com a voz


embargada pelo choro.

— Não chore, minha rainha, que eu sempre estarei ao seu lado!

— Leon, não me procure mais — peço, chorando mais ainda.

— Eu sempre vou te procurar, minha rainha, e não chore, porque eu vou te


proteger.

— Você não entende!


— Então me faça entender!

— A gente não vai se ver mais! — decido. Preciso procurar ajuda o mais
rápido possível.

— O caralho que a gente não vai se ver mais! — ele protesta, bravo, e
sorrio.

— Você não tem o que querer! — respondo, com uma calma


impressionante.

— O que eu quero é você, Duda, e vou te ter custe o que custar. Escuta o
que vou te dizer: nada que você disser vai nos separar!

— Sabe de uma coisa, Leon? Tem coisas que podem separar um casal.

— Então me diga!

— Ainda não posso, não estou pronta.

— Deixe-me ajudá-la com o que for.

— Não posso, isso só eu posso resolver! — respondo, dando um ponto


final, e desligo o celular. Fico ali chorando mais ainda ao perceber que talvez eu
tenha mandado embora o homem que poderia me fazer esquecer o meu pesadelo.
— Amanhã vou procurar ajuda! — falo comigo mesma. Nunca me senti tão
sozinha como me sinto agora.

Quando começo a dormir, finalmente sonho com o Leon, e choro dormindo,


porque no sonho estamos abraçados e nos beijando, e no outro vem o pesadelo
de estar sendo violentada novamente. Choro mais ainda, porque peço a ajuda do
Leon, e ele se afasta de mim.

Acordo com o rosto banhado de lágrimas e fico deitada em posição fetal,


com medo do que poderia acontecer. A perseguição do Pedro no curso, a ligação,
o encontro com o Leon e a sensação de estar sendo seguida me deixaram muito
abalada.

Quando volto a dormir do jeito em que estava, em vez de voltar a sonhar


com o Leon, sonho com o estupro, e me sinto suja novamente. Percebo que estou
certa mesmo em afastar o Leon, ele não merece ficar com uma mulher suja como
eu!
Dois anos antes…

Eu já me encontrava logo cedo acordado. Quero dizer, mal dormi essa


noite. Estava tão preocupado com a minha rainha, que mal consegui pregar o
olho.

Ouvir seu choro me fez quase sair de casa e ir para a casa dela durante a
madrugada. Como eu queria saber o que estava acontecendo com ela!

A minha vontade foi ligar para a Vanessa assim que a minha rainha desligou
a chamada. Mas não achei certo acordá-la sendo que o problema tinha que ser
resolvido entre a minha rainha e eu.

Mesmo que ela não queira falar comigo, eu a tenho que procurar, e é o que
vou fazer assim que terminar de amanhecer. Levanto-me da cama e sigo para o
chuveiro para tirar o cansaço que estava em meu corpo.

A forma como ela ficou em meus braços foi perfeita, e logo a imagino aqui
em minha casa e em nossa cama. Ela chamou minha atenção não só pelo seu
corpo maravilhoso, mas também pela força que me mostrava.

Depois do episódio da sorveteria, fiquei com uma bela ereção da porra ao


imaginá-la coberta com o chocolate da minha fábrica. A forma como seu corpo
ficaria ali regado de chocolate na cama… Eu teria o maior prazer em lamber seu
corpo pedacinho por pedacinho. Mesmo que ficasse uma lambuzeira, eu faria
essa pequena fantasia acontecer.
Pego o sabonete e passo pelo meu corpo, desejando que fosse ela que
estivesse me tocando.

Isso sim seria muito gostoso. Tê-la aqui ao meu lado me acariciando, me
tocando, e juntos fazendo amor bem gostoso. Meu pau estava bem duro e
precisando de uma foda. Se fosse em outra ocasião, eu iria procurar a Laura, ou
outras mulheres com as quais fiz sexo.

Desligo o chuveiro e mudo a temperatura para o frio, deixando cair o jato


de água fria para ver se desse jeito poderia acalmar o desejo que estava sentindo
e também a preocupação com a minha rainha.

Quando olho para baixo, vejo que meu pau estava meio duro e dou um
suspiro de alívio, não fazia bem eu aparecer com uma bela ereção na casa dela e
assustá-la. Eu preciso ver se ela está bem, e nada melhor do que ir já. Troco-me
rápido e logo estou indo para lá. Espero que ela me receba.

Assim que chego à casa dela, toco a campainha, e quem vem me atender é a
Vanessa, que fica surpresa ao me ver ali parado.

— Leon, tudo bem?

— Mais ou menos, Vane. A Duda está acordada? — pergunto, ansioso para


vê-la.

— Sim. Acho que ela mal dormiu essa noite. Aliás, parece que vocês dois
mal dormiram.

— Posso falar com ela?

— Ela não está, Leon — Vane me olha curiosa.

— Aonde ela foi logo cedo? — já fico preocupado.

— Para o curso — ela responde, e fico mais tranquilo.

— E você poderia me passar o endereço do curso dela?

— É claro que sim. Aguarde só um momento. Você quer entrar?


— Não tem problema?

— É claro que não! Assim você me conta o que veio fazer atrás da minha
irmã a esta hora da manhã — ela brinca.

— E você tem que ir para o trabalho, não? — brinco também, um pouco


mais aliviado.

— Ah, não, meu chefe é bem tranquilo!

— Ah, sim, ele é um chefe bem tranquilão, então! — respondo à


brincadeira e entro na casa, que é bem simples e ao mesmo tempo com muito
bom gosto. Vou olhando ao redor da sala e percebo que há vários porta-retratos
delas e também de um casal que imagino serem seus pais.

Pego um porta-retrato da minha rainha, o que me fez matar um pouco das


saudades suas.

— O que exatamente aconteceu com vocês dois?

— Por que você acha que houve algo?

— Leon, deu para ver nas caras de vocês.

— Vane, o que aconteceu depois que deixei vocês em casa ontem?

— Bom, que eu saiba nada, por quê?

— Porque ontem a sua irmã me dispensou!

— Então por isso ela estava triste — Vane fala consigo mesma, e fico
curioso.

— Vane, ela disse que tinha algo que estava acontecendo com ela. E ela não
quis me contar.

— Então, Leon, é só ela que pode te contar! — ela diz, sem graça.

— É o que eu vou fazer! Vane, obrigado por ter me apresentado a sua irmã.

— Leon, escute o que vou te dizer agora, meu amigo.


— Estou ouvindo.

— Minha irmã é uma pessoa maravilhosa, só que às vezes, ou melhor,


quase sempre ela se esconde, é como se ela tivesse medo de enfrentar a
realidade. Mas peço que não desista dela.

— Percebi que ela esconde algo e não quer me contar.

— Sim, mas só ela pode te contar, eu não tenho esse direito.

— Eu sei que não, Vane. Só preciso que ela me veja e diga na minha frente
que não quer nada comigo.

— Então você vai procurá-la?

— Sim, e não vejo a hora de ficarmos frente a frente. Vou indo para lá!

— Leon, ainda é cedo.

— Eu sei disso, mas vou ficar mais tranquilo quando a vir.

— Então o Senhor Leon está mesmo gostando da minha irmã?! — ela


brinca, e noto suas lágrimas de alegria.

— Pois é, minha amiga, a sua irmã deve ser alguma bruxinha que colocou
um feitiço em mim, não consigo tirá-la da cabeça, e mesmo que ela me rejeite eu
vou lutar até o fim! — me despeço e vou em direção ao curso, onde fico
esperando a minha rainha.

Algumas horas depois…

Saio do carro e percebo que os alunos estão saindo. Reparo que a minha
rainha não me vê e corro atrás dela para não a assustar. É quando ela vê que sou
eu e para de andar. Noto as expressões em seu rosto, que variam entre medo e
alívio.

— Leon, graças a Deus que é você! — mal dá tempo de eu responder, e ela


desmaia, houve apenas tempo de correr e segurá-la. Grito por ajuda, mas
ninguém aparece.
— Vamos, minha rainha, acorde, não me deixe assim, não! — peço,
apreensivo ao ver que ela não acordava.

Arrumo-a em meus braços e pego a sua mochila, colocando-a em meus


ombros, e saio correndo em direção ao prédio. Ao chegar lá, encontro alguns
funcionários e pergunto:

— Vocês têm alguma enfermaria? — logo estão me levando direto para lá.
Ao me ver com a minha rainha, a enfermeira exclama, preocupada:

— Meu Deus, é a Duda!

— Ela desmaiou assim que me viu.

— O senhor é o que dela? Antes que me responda, coloque-a aqui nessa


maca.

— Sou o namorado dela.

— Senhor, houve alguma coisa com ela?

— Que eu saiba ela se encontra bem — minto, não vou contar que a gente
brigou.

— Então tudo bem! — ela pega um frasco do que parecia álcool e passa em
uma gaze, levando até o nariz da minha rainha.

Não demora muito, a Duda começa a se mexer na maca. Logo está abrindo
os olhos. Fico aliviado, pois ao me ver ela abre um sorriso e sussurra:

— Leon, eu pensei que tinha sido um sonho! — ela leva a sua mão ao meu
rosto, fazendo um carinho. Só de ver que ela está bem eu fico mais tranquilo.

— Não é um sonho, minha rainha, sou eu mesmo! — é a minha vez de


fazer carinho nela, que não se afasta do meu toque como da primeira vez.

— Me abraça, Leon! — ela pede, e obedeço, sentindo seu corpo tremer ao


meu toque.

— Está tudo bem? — pergunto, preocupado.


— Sim! Agora que você está aqui, me sinto protegida — ela me abraça com
força, e com ela nos meus braços eu faço um juramento. Puxo seu rosto e digo:

— Eu juro te amar e te proteger, minha rainha! — selo o juramento com um


beijo.
Dois anos atrás

Eu não acredito que finalmente chegou o dia do meu aniversário. Hoje


estou fazendo 18 anos, e graças a Deus alcancei a maioridade. E aqui estou, me
arrumando para ir para a escola. Eu não vejo a hora de terminar o ensino médio.

Penteio meus longos cabelos ruivos e passo uma leve maquiagem em meu
rosto. Sempre fui vaidosa e gosto do jeito como me visto. Gosto de chamar
atenção como toda adolescente. Sei que sou bonita e vivo atraindo olhares.

— Nossa, Duda, como você está linda! — minha irmã diz, e olho para ela,
que estava ali parada na porta.

— São seus olhos! — brinco.

— E aí, como você está se sentindo tendo 18 anos agora?

— Sinceramente, me sinto ótima, sei que parece estranho, mas parece que
ganhei a minha liberdade.

— Você falando assim até parece que eu te deixava em uma cela! — Vane
debocha, e eu rio.

— Não é isso, Vane.

— Eu sei o que você está tentando dizer.


— E você, passou por isso?

— Ah, sim! Mamãe e papai acharam graça também quando disse que agora
estava livre para fazer o que quisesse — ela diz, com um sorriso triste, que
acabou me contagiando.

Nossos pais morreram quando eu era criança, e a Vane tornou-se minha


guardiã. A nossa sorte é que os nossos pais nos deixaram dinheiro e não
precisávamos nos preocupar durante toda a nossa vida.

— Você ainda sente a falta deles, não?

— Sim. E você?

— Sempre — confesso.

— Bom, agora chega de tristeza — ela tira uma sacola que estava
escondida. Eu não tinha nem percebido.

— Para mim? — pergunto, toda feliz.

— Sim, hoje é o seu aniversário, minha irmã! — ela me dá um abraço. —


Nossos pais teriam ficado orgulhosos de ver como você cresceu linda e com
muita saúde.

— Eu sinto a falta deles, Vane! — sinto as lágrimas caírem.

— Eu sei, minha irmã, eu sei! — ela faz carinho em meu rosto.

— Vane, eles morreram muito novos.

— Sim! — ela enxuga minhas lágrimas, e seco as dela também.

— Bom, vamos mudar de assunto!

— Sim, você não quer saber o que ganhou?

— É claro que sim! — ela me estende a sacola. Quando a abro, fico


surpresa.

— Talvez você não soubesse, mas toda mulher da nossa família tem um
diário. E a mamãe me pediu para te dar um quando fizesse 18 anos se ela não
estivesse mais aqui.

— Ah, Vane, eu não acredito, ele é lindo! — falo, com sinceridade. Eu


nunca soube que todas as mulheres da família tinham um diário.

— Ele é, sim! E agora ele é seu, Duda! — volto a abraçá-la.

— Hoje vou começar a escrever nele!

— Que bom! Agora, me conta o que vai fazer hoje, no dia do seu
aniversário?

— Bom, como eu sou maior de idade, vou para a balada! E é claro que você
vai comigo!

— Duda, só peço que tome cuidado, OK? — aceno com a cabeça, e ela
continua: — Você agora é maior de idade e não é bom ter uma irmã sempre ao
seu lado.

— Credo, Vane! — exclamo, olhando-a chocada. — Você é nova e tem que


sair.

— Duda, menina, vamos fazer o seguinte: que tal a gente ir jantar no


restaurante de sua escolha e depois disso você segue para sua balada e eu volto
para cá, tomo um belo banho de banheira com um bom copo de vinho?

— Menina, você deve ir para a balada comigo! — insisto.

— Não, Duda, eu preciso descansar, e outra: meu trabalho anda me


estressando um pouco.

— Já falei para você sair de lá!

— E você, mocinha, está na hora de ir para a escola!

— Mas, Vane, eu não aguento mais lá — resmungo.

— Duda, aproveita, que é o seu último ano!

— Eu sei disso.
— Então, o que está te incomodando?

— Sinceramente, eu não sei. Quero terminar logo esses estudos e dar um


tempo para descansar.

— Duda, lembra que eu deixo você ficar alguns meses sem estudar e só
depois você vai fazer a faculdade?

— Eu sei, Vane. Eu já decidi que vou fazer Administração de Empresas, e


quem sabe um dia vamos montar um negócio — brinco.

— E você não quer trabalhar numa empresa, não?

— Deus me livre!

— Agora, vamos lá, que eu te levo para a escola e depois sigo para o
trabalho.

— Tá bom! Vamos! — acabo cedendo. Coloco o meu presente em cima da


minha mesinha, pego as minhas coisas e saio logo atrás da Vanessa.

Quando a Vane me deixa na escola, me despeço dela e sigo para a sala de


aula; como sempre, já tinha gente idiota na sala. Os moleques eram tão idiotas e
as meninas só pensavam em meninos.

— Ora, ora, se não é a gostosa da Maria Eduarda — ouço a voz irritante de


ninguém mais e ninguém menos do que Pedro, o babaca. Desde que ele entrou
na escola, vive me atormentando.

— Não enche, Pedro! — respondo, sem nem olhar para ele. Ele vive me
aborrecendo, dizendo que eu sou gostosa. E de uma coisa eu tenho certeza: ele
fala isso só para ficar me zoando. A única coisa que sinto por ele é nojo.

— Nossa, hoje eu estou metida! — ele diz, ironizando. Eu sinceramente


não o entendo mesmo. O cara é um babaca completo que só sabe me infernizar.

— Pedro, você não bate bem da cabeça, não, né?

— Ah, sim, eu bato bem da cabeça, e, quero dizer, das duas! — ele pisca o
olho, e olho para ele com nojo.
Deixo-o ali falando sozinho. Eu não vejo a hora de ir para a boate e
comemorar meu aniversário. Logo vêm algumas colegas conversar comigo, me
desejando feliz aniversário e perguntando onde eu iria comemorar.

— Estou querendo ir à boate nova que inaugurou, a Devassa.

— Obaaa, eu também vou, e já comemoramos o seu níver, o que acha? —


pergunta a Adriana.

— Com certeza, está marcado! — fecho com as meninas o nosso encontro.


Sinto que estou sendo observada, e quando me viro vejo que o Pedro está me
olhando. Não gosto muito do seu olhar.

Algumas horas depois…

E aqui estamos, na boate Devassa. Está cheia e bem badalada. Eu estou


gostando do que vejo. Encontrei as meninas ali mesmo na porta da boate,
entramos logo e seguimos para a parte do bar.

Assim que chegamos ao bar, pedimos a nossa bebida. Brindamos à nossa


saúde e ao meu aniversário.

— Como você está se sentindo agora, com 18 anos, Duda? — pergunta


Lorena.

— Maravilhosamente bem! — grito, e rimos.

— Ah, menina, eu percebi que o Pedro está dando em cima de você —


Adriana comenta.

Olho-a e reviro os olhos sabendo do que ela estava falando. Ele era um
babaca completo, e era uma pena que o curso que eu estava querendo fazer ele
também faria. Bom, era o que eu ouvia sempre dele.

— Eu não gosto dele! Ele se acha o maior gostosão, fica dando em cima de
todas e ainda acha que eu vou querer alguma coisa com ele.

— Ele me perguntou sobre o seu aniversário.


— E o que você respondeu?

— Bem, ele queria vir aqui.

— Pelo amor de Deus, eu não quero esse moleque aqui! — protesto.

— Amiga, fica tranquila, eu mesma disse isso a ele! — fico mais tranquila e
volto a beber, dançando muito.

Algumas horas depois…

Eu estava um pouco cansada, pedi licença para as meninas e avisei que iria
pedir água para ajudar a controlar a bebida. Quando chego lá, ouço uma voz
irritante.

— Ora, ora, se a Dona Maria Eduarda não está bêbada! — quando olho,
vejo ninguém mais, ninguém menos do que o Pedro. Sinto que a minha noite já
tinha se encerrado.

— O que você está fazendo aqui, Pedro?

— Ora, o mesmo que você! — fico de costas para ele, pego o copo com
água e tomo, para ver se me ajudava a melhorar para pedir um carro e irmos
embora. — O que você está bebendo?

— Agora água — ele me estende o copo e diz:

— Quer tomar? — me mostra o seu copo. Ele se senta do meu lado, eu


termino a minha água e peço uma Coca-Cola bem gelada. Sou distraída com um
cara que chega ao meu lado e me oferece uma bebida.

— Não, obrigada! — respondo, e termino de beber o refrigerante.

— A gatinha me dá seu número?

— Não dou o meu número para nenhum estranho — respondo, e olho para
o Pedro, e por incrível que pareça ele me deixou sozinha ali com o idiota.

Saio dali, sentindo que estou com muito sono, e resolvo procurar um
banheiro e ligar para um táxi, ou mesmo um Uber.

— Droga, bebi demais! — resmungo, cada vez com mais sono, se isso era
possível, e tonta. Não encontro o bendito do banheiro, e quando finalmente acho
que é e empurro a porta, do nada sou empurrada para fora. Não era um banheiro,
mas uma saída de emergência. — Puta que pariu, o que estou fazendo aqui?
Quem foi que me empurrou? — pergunto a mim mesma, e quando vou entrar
ouço uma voz abafada:

— Aonde você pensa que vai, sua putinha? — naquele momento, sinto que
algo horrível poderia me acontecer.

— Quem é você? — sussurro, e começo a dar passos para trás. Quando


sinto que esbarrei na pessoa, eu gelo de medo.

— Eu sou aquele que vai cuidar com muito carinho de você!

Quando tento correr, ele me puxa, e começo a chorar de dor e grito:

— Socorroooooo…

Levo um tapa no rosto e sinto o gosto do sangue em minha boca, e sei que
estou machucada. Nessa hora desejei nunca ter vindo para essa maldita boate.

— Agora seja uma boa menina e deixa que eu vou te cuidar.

Eu tento enxergar o seu rosto, e não consigo. Tento descobrir a sua voz, e
também não consigo. Estou morrendo de medo.

— Me deixa em paz, seu idiota! — grito, rezando para que alguém


aparecesse, e nada.

— Então quer dizer que você é valente, não? — ele diz, em tom ameaçador,
e sinto suas mãos em meu pescoço apertando com tanto gosto, que sinto que
estou ficando sem ar.

— Por favor, não me machuque… — peço, chorando, e o aperto se


intensifica e começo a tossir, percebendo que logo estaria perdendo a
consciência.
— Ah, não vou te machucar, não! — ele diz, com convicção, e não tenho
tanta certeza. Quando estou a ponto de desmaiar, o homem me joga no chão, e
desejo do fundo do coração que ele tenha se arrependido e peço novamente:

— Por favor, me deixa ir embora?

Ouço o barulho de cinto de calça e sei que não teria volta.

— Não, hoje você vai ser a minha putinha! — logo as suas mãos estão em
meu corpo. Sinto-me suja.

— Me larga, por favor! — peço, mais uma vez.

— Não! Eu tenho uma coisinha muito especial para você! — ele diz, e enfia
uma coisa em minha boca. Percebo que é o seu pênis e sinto ânsia de vômito,
engasgando. Ele ri. — Está gostando, né? — ele pergunta, com voz abafada.
Quando ele finalmente tira o pau da minha boca, eu vomito, e ele bate em meu
rosto novamente.

— Por favor, me deixa ir embora.

— Ah, eu vou, sim, depois que eu tiver o meu prêmio — ele passa as mãos
pelas minhas pernas, já que estava usando vestido, e rasga a minha calcinha. Não
era dessa forma que eu queria perder a minha virgindade.

— Nãoooooooooooooo… — grito, ao sentir sua mão em meu sexo.

— Simmmmmmmmm… — ele diz, triunfante, e enfia o pau dele com tudo,


me fazendo gritar e chorar de dor. Eu sabia que tinha sido violada. — Ora, ora,
não é que essa bucetinha aqui era virgem? Eu vou amar esfolar ela com meu pau,
e você vai amar cada momento.

— Me larga… — sussurro de dor.

— Não, eu vou comer você bem gostoso, e pode ter certeza de que nunca
vai me esquecer — consigo levar o meu braço ao seu rosto e arranhá-lo. Ele diz,
nervoso: — Sua puta rameira, você vai me pagar — e me bate novamente. Eu
acabo desmaiando, e quando acordo começo a chorar.

— Meu Deus, por favor, que tenha sido um pesadelo — peço, chorando e
sentindo dor pelo corpo. Consigo achar a minha bolsa depois de ficar tateando
pelo chão.

Minha boca está amarga e eu sinto vontade de vomitar. Então jogo fora tudo
o que tinha no meu estômago. Quando me sinto melhor, consigo chamar um
Uber.

— Menina, o que houve com você? — o motorista pergunta.

— Me leva para a minha casa — apenas respondo isso, e quando chegamos


eu lhe pago.

— A senhorita quer ajuda? — ele parece preocupado.

— Não, obrigada — saio bem lentamente do carro e não olho para trás. Não
sei como consegui chegar até a porta de casa, e quando entro a minha vontade é
de ficar ali contra a porta, sentada ali.

Mas isso eu não podia fazer, e assim vou lentamente até o meu quarto e
pego o diário. Sinto-me suja, imunda, não quero viver, e decido me matar,
deixando apenas um recado no diário para explicar exatamente o que aconteceu
comigo.

E foi assim que meu pesadelo começou, e a minha única paz seria a morte.
Então decidi que era melhor para todos. Eu não queria sofrer mais
Eu não conseguia parar de beijá-la, era como se os seus lábios tivessem sido
feitos para serem beijados por mim. Os toques delicados dos seus beijos
mostravam que ela era inexperiente nesse assunto, e aquilo me deixou mais
possessivo em relação a ela. Eu faria de tudo para ensinar-lhe a sentir prazer em
meus braços.

Não posso deixar de me sentir orgulhoso, a minha rainha estava trêmula em


meus braços, e no fundo tenho certeza de que ela estava daquele jeito por causa
dos nossos beijos.

De uma coisa eu poderia ter certeza: não podia assustá-la com os beijos que
estávamos dando. A minha vontade era de tirar a sua roupa e fazê-la minha ali
mesmo. Mas isso eu não poderia fazer, porque tinha até plateia, e eu não quero
ninguém olhando para o seu corpo, só eu é que posso olhá-la.

Eu estou completamente viciado na minha rainha. Ela fica tão bem em


meus braços! Seu corpo colado ao meu mostra como ele é macio. Ficamos nos
beijando bem de leve. Aquilo era novo para mim, um homem que não está
acostumado a beijar com delicadeza.

Acho que tudo é uma nova experiência para um homem vivido como eu.
Tenho que controlar a fome que estou sentindo, e está sendo duro e bem difícil.

Aos poucos vou separando nossos lábios. Tenho de levá-la embora, e seria
para minha casa, logo eu cuidaria dela para sempre.
— Nossa… — ela se solta, chocada, e sorrio ao ver que eu era o
responsável por deixá-la desse jeito. Seu rosto está corado e seus olhos brilham.
Eu faria tudo novamente só para deixá-la daquele jeito outra vez.

— Te machuquei? — pergunto, preocupado.

— Não, você não me machucou!

— Você está bem mesmo? — indago, querendo tirá-la o mais rápido


possível dali e levá-la embora para minha casa.

— Sim, estou bem, Leon! — ouvi-la pronunciar o meu nome fez meu pau
ficar dolorido.

— Então, vamos embora? — pergunto, olhando para ver se eu via a


enfermeira. Percebo que ela deve ter saído para nos deixar à vontade.

— Sim, vamos! — ajudo-a a se levantar com cuidado e pego a sua mochila,


coloco em meu ombro, a abraço e vamos saindo juntos bem devagar.
Encontramos a enfermeira, que pergunta:

— Está tudo bem, Duda?

— Sim, eu estou bem.

— Você não quer ficar mais um pouco?

— Não, obrigada! — minha rainha agradece, e saímos abraçados. Não


precisávamos olhar para ver que estávamos sendo observados com curiosidade.

Quando chegamos ao carro, abro a porta e a ajudo a entrar. Coloco-lhe o


cinto de segurança e faço um carinho em seu rosto. Ela pega a minha mão e a
beija, fazendo carinho bem lentamente. Aquilo para mim foi uma tortura.

— Você não tem ideia de como eu quero te beijar novamente!

— E por que você não me beija? — ela sussurra, ainda segurando a minha
mão, e com a outra faço carinho em seu rosto.

— Ah, minha rainha, eu não quero apressar as coisas com você!


— Leon, por que você veio atrás de mim hoje?

— Porque você é a minha rainha e a quero para mim!

— E mesmo eu te dizendo para não me procurar você veio atrás de mim?


— quando eu acho que ela vai ficar zangada, percebo que ela abriu um sorriso.

— Sim, eu vim atrás de você! E virei sempre ao seu encontro mesmo sendo
contra a sua vontade.

— Eu agradeço por você ter aparecido! — ela diz, ainda sorrindo.

— Eu quero você sempre ao meu lado!

— Leon, tem uma coisa que eu não contei a você.

— Eu sei que você tem seus segredos.

— Sim, eu tenho, sim.

— Minha rainha, quando você estiver pronta, quero que me conte.

— Sim, eu quero te contar, mas não aqui — concordo e volto para o meu
lugar, coloco o cinto de segurança e ligo o carro.

— Me conta como foi o curso hoje — digo, querendo distraí-la.

— Sempre a mesma coisa, estudo, faço trabalho e também tenho que ficar
aguentando piadinha.

— E quem fica fazendo piadinha de você, minha rainha? — pergunto,


segurando firme o volante. Meus dedos estavam ficando brancos, eu estava
muito puto da vida querendo saber quem estava fazendo pouco caso dela.

— As pessoas de sempre.

— Quero nomes! — tento controlar a minha voz.

— Para quê?

— Ninguém fala mal da minha rainha!


— Você é bem possessivo, não? — ela ri, e amei ouvir seu riso.

— Sim, eu sou bem possessivo com o que é meu!

— E isso quer dizer o quê? — ela provoca, e fico com um olho na rua e
outro nela.

— Que por mais que você negue ainda, minha rainha, você é minha e
sempre será!

— Eu sei disso — ela sussurra, e sorrio com a sua resposta.

— Então vai me deixar cuidar de você? — pergunto, chegando em casa.


Vendo abrirem os portões, ela me olha curiosa e indaga:

— Quem mora aqui?

— Eu, e em breve você! — ela me olha chocada.

— Calma, Leon, vamos com calma!

— Eu estou calmo, e, como já disse, eu quero você na minha vida para todo
o sempre! — assim que os seguranças veem que sou eu, eles liberam a entrada, e
seguimos até a minha casa. Quando estaciono em minha garagem, viro para ela e
digo: — Chegamos, minha rainha.

— Leon, eu quero ir para a minha casa.

— Ainda não, vem até a minha casa, e depois que você descansar eu te
levo.

Ela me olha sem entender nada.

— Leon, eu não quero entrar na sua casa! — ela começa a ficar nervosa.

— E por que não? Fique tranquila, minha empregada está aí dentro —


comento, e vejo um alívio em seu semblante. Saio logo do carro e vou até o lado
dela para abrir-lhe a porta, para não dar a chance de ela sair correndo.

— Obrigada — ela diz, quando a ajudo a sair do carro, e seguimos em


silêncio para dentro de casa. Vejo a Olívia vindo em nossa direção.
— Senhor Vitorino, boa tarde! O almoço está quase pronto — olho para ela
curioso.

— E como sabia que eu viria para casa?

— A Senhorita Vanessa me ligou avisando que o senhor viria — ela


explica, e percebo que a Vanessa era mesmo uma sábia.

— Obrigado, Olívia, assim que estiver pronto nos avise, por favor.

Levo a minha rainha em direção ao meu quarto, ou melhor, nosso quarto, e


abro a porta. Duda me olha e indaga:

— O que estamos fazendo neste quarto?

— Bem, eu te trouxe para você descansar — respondo, sem olhar para ela.

— E quem disse que eu quero ficar aqui neste quarto? — ela diz, brava.

— Eu estou no comando aqui, minha rainha, descanse um pouco, eu vou te


deixar em paz — falo isso mesmo querendo ficar perto dela.

— Então você não vai ficar comigo aqui?

— Por mais que eu queira, eu não vou te forçar a nada.

Saio do quarto rápido, com medo de cair na tentação e voltar lá para dentro
e reivindicá-la. Sigo para o escritório, e ao chegar lá vou fazer umas ligações.
Converso com a Vanessa e lhe aviso que a minha rainha estava aqui em casa, só
não lhe conto que a Duda tinha passado mal.

Conversamos mais um pouco, e logo reparo que a Olívia estava vindo e me


despeço, avisando que iria levar a Duda mais tarde para casa.

— Está pronto, Olívia? — pergunto, assim que encerro a chamada.

— Sim. E a menina, Senhor Vitorino?

— Está descansando. Obrigado, Olívia! Vou até o meu quarto chamá-la.

Volto para o quarto, e quando chego lá ouço um choro. Entro desesperado, e


a cena ali me corta o coração: a minha rainha estava deitada chorando. Vou
direto para a cama, pego-a nos braços e pergunto:

— O que houve, minha rainha, por que você está chorando?

— Leon, eu não aguento mais isso! — ela me abraça mais forte, e ficamos
assim durante algum tempo.

— Me conta, minha rainha, o que está acontecendo com você?

— Leon, eu tenho uma coisa para te contar e não aguento mais! — ela tenta
sair dos meus braços, e não consegue, por eu estar segurando-a. Quando ela tenta
mais uma vez, acabo soltando-a e digo, ao ver que ela começou a andar de um
lado para o outro:

— Você precisa se acalmar!

— Como você quer que me acalme? — ela me questiona, ainda chorando


nervosa, e tento puxá-la para os meus braços, mas ela se afasta, dizendo: — Não
se aproxime de mim.

— Minha rainha, vem aqui, tenta ficar tranquila.

— Como você quer que eu fique tranquila quando recebo essas malditas
mensagens? — ela explode, e aí reparo que o seu celular está jogado no chão.
Pego-o e aperto um botão qualquer. Logo aparecem as mensagens, que me
deixaram com medo e também muito puto querendo ir até ele e mostrar a quem a
minha rainha pertence.

“Quem é aquele homem que estava te abraçando, vadia?”

“Você é minha, só minha!”

“Você fica assim me ignorando, não é, sua puta?”

“Responde às minhas ligações!”

“Você não mudou nada, né, vadia?!”


“Você não sente saudades daquela noite maravilhosa, não?”

Assim que termino de ler as mensagens, olho para ela, que estava me
olhando com pavor e medo, e pergunto:

— Desde quando você está recebendo essas mensagens? — tento controlar


o meu ciúme.

— Desde ontem.

— E aqui diz que vocês dormiram juntos? Quem é ele?

Ela dá um sorriso triste e diz, nervosa:

— Se eu soubesse quem é esse filho da puta, eu teria colocado ele na cadeia


há dois anos.

— Do que você está falando, Duda? — pergunto, sem entender nada.

— Você não entendeu, né?

— Sinceramente, estou tentando. Por que esse lunático está te


atormentando? — pego o celular e disco o número, tentando ligar, mas dava
inexistente.

— Leon, vou te contar…

— Então me conta quem é esse filho da puta! — pergunto, querendo acabar


com a raça desse homem.

— Leon, eu não sei quem é ele!

— Como, você não sabe quem é ele?

— Eu nunca vi o seu rosto.

— Eu não entendi.

— Leon, há dois anos eu fui estuprada — ela sussurra, sem olhar para mim.
— O quê?! — grito, chocado.
Desde que me entendo por gente, sempre gostei de foder uma bela mulher,
e fiz questão de conquistar cada uma delas, que sempre caíram em meus braços.

Mulher para mim é mais do que lixo descartado depois que é utilizado. Eu
não conheço a palavra amor. Ela não existe em meu dicionário de fodas.

As mulheres com que trepo sempre me falam que eu era um garoto gostoso
e agora sou um homem irresistível.

Quem sou eu para dizer o contrário? Sempre dei duro na vida para não ser
perdedor como meus pais. Minha mãe sempre foi uma maior vadia, vivia traindo
o meu pai, e ele, um pobre coitado que se envolveu em bebidas e que achava que
o seu casamento iria durar para sempre. Mas esse não foi o caso.

Logo a minha mãe foi embora de casa com outro homem e nos deixou
sozinhos. O meu pai não aguentou e começou a beber mais ainda, até que um dia
decidiu colocar um fim à sua vida. Um tremendo covarde que se matou por
causa de uma mulher idiota que ele amava. Por isso eu não acredito em amor.
Ele torna as pessoas fracas e idiotas, e esse não é o meu caso.

Para me sustentar, acabei virando prostituto quando saí do orfanato, depois


de três anos que completei a maioridade, e para mim sempre foi mais difícil. As
coisas só começaram a mudar depois que fiz 18 anos.

Quando você completa a maioridade, tem que sair do orfanato. Foi o que
aconteceu comigo, e eu sempre dizia que seria um vencedor. Aos poucos fui
procurando emprego, e quando fui contratado para ser prostituto foi uma das
melhores coisas da minha vida. Ali aprendi como dominar uma mulher e deixá-
la satisfeita.

Sabia que estava atrasado na escola e tinha que voltar para terminar os
meus estudos. Foi assim que conheci uma menina chamada Maria Eduarda
Sanches, uma garota gorda, mas que tinha até certo charme.

Fiquei com várias meninas, que me deram fama de garanhão, e sempre que
podiam voltavam como abelha ao mel. Eu sabia que era doce, ou melhor, meu
pau sabia muito bem satisfazer essas belas vagabundas.

Completei 24 anos sendo ainda mais prostituto das coroas e também


azarando algumas meninas inocentes. E há quase dois anos tento algo com a
Maria Eduarda, que só me dispensa, e só falta ela para completar a minha lista
de fodas da minha sala de aula.

Quando ela chega à sala de aula, algo nela está diferente, ela é bonita
mesmo sendo gordinha. E estava na hora de chegar nela, mas quando fui brincar
com ela a piranha me dispensou como se eu fosse um nada.

E logo ela estava rodeada de duas amigas, que eram as minhas putinhas. Eu
podia ser novo na idade, só que experiência tinha bastante. Assim que as
amiguinhas dela saíram de perto e eu ia tentar uma nova chance, chega a
professora, e não consigo mais falar com a Maria Eduarda.

Enquanto a professora não decidia o que iria fazer, mando mensagem para
as minhas putinhas. Montei um grupo de WhatsApp para ter contato com as
duas.

“Meninas, meus amores, o que vocês tanto conversaram com a Maria Eduarda?”

Não demorou muito para a Adriana me responder:

“Era sobre o aniversário dela, que é hoje!”

“E onde vai ser a comemoração?”


Mando a mensagem não querendo demonstrar o meu interesse.

“Vai ser na boate nova que abriu, se chama Devassa.”

Quem me manda agora é a Lorena, e agradeço, avisando que logo daria um


longo beijo de agradecimento em cada uma. Elas me mandam como resposta
aqueles emojis bestas.

E ali, naquele momento, decido ir até aquela bendita boate. Quem sabe
depois de algumas bebidas eu não consigo ficar com a Maria Eduarda?

Algumas horas depois…

Entro na boate, e não demora muito as amiguinhas putinhas me veem. Dou


um longo beijo em cada uma.

— Nossa, Pedro, que beijo gostoso! — diz Adriana, gemendo em meus


braços. E faço a mesma coisa com a Lorena, que me olha com aqueles olhos
apaixonados. Penso: “Mais uma iludida que se apaixona por mim”.

— Eu sei, minha linda, eu adoro beijar vocês duas! — dou um pega em


cada uma, deixando-as nas nuvens. Pergunto da amiga delas, e elas me dão as
informações. É claro que volto a agradecer, e deixo-as lá, quase desmaiando. —
Meus amores, vão curtir um pouco, e depois eu vou querer as duas comigo esta
noite, o que acham? — vejo seus olhos brilharem e sei que teria que cumprir, só
que antes eu tinha que dar uma volta pela boate para ver se encontrava a Maria
Eduarda.

— A gente te espera, Pedro, vamos buscar uma bebida — Adriana comenta.

— E cadê a aniversariante? — pergunto, como quem não quer nada.

— Pedro, você sabe muito bem que a Duda não gosta de você! — Lorena
comenta, e isso me deixa meio enfurecido, a vontade que eu tenho é de bater
nela, só por falar besteira.
— Que isso, Lorena, minha gata, você está com ciúme? — provoco-a.

— É claro que não, meu lindo! — ela responde rápido.

— Então, me contem onde está a Maria Eduarda, só vou cumprimentar ela


e volto para os braços de vocês, o que acham? — já estou perdendo a paciência
com essas duas putinhas.

— Ela disse que iria até o bar beber algo mais leve — Adriana comenta, e
como forma de agradecimento respondo:

— Obrigado, minha princesa, você vai ter uma bela surpresa hoje! — pego
a sua mão e a beijo.

— Ah, eu também quero uma surpresa! — Lorena se queixa, e para não


perder a paciência digo:

— Você também vai ganhar, meu anjo! — pego a sua mão e a beijo
também. Peço licença e me afasto delas.

Vejo uma mulher linda e troco umas ideias com ela, e não é que ela me
oferece a sua bebida? É claro que agradeço do meu jeito e volto a procurar a
Maria Eduarda. Eu estava mais querendo atentá-la em seu aniversário. Não
demora muito, acabo encontrando-a no bar, conforme as duas putinhas falaram.

— Ora, ora, se a Dona Maria Eduarda não está bêbada! — provoco-a, e


quando ela se vira me olha surpresa, como se não estivesse me esperando.

— O que você está fazendo aqui, Pedro? — pergunta, grossa, e logo me


lembro do que uma das meninas disse sobre a Maria Eduarda não gostar de mim,
e volto a ficar nervoso. Ela tem que ceder e ficar comigo.

— Ora, o mesmo que você! — comento, mostrando-lhe a minha bebida.


Olho para o seu copo e fico curioso para saber o que ela está bebendo. — O que
você está bebendo?

— Agora água — então estendo o meu copo de bebida para ela.

— Quer tomar? — pergunto, mostrando o meu copo. E a Maria Eduarda


nem me responde, ela estava querendo me ignorar. Quem era ela para fazer isso
comigo?

Ela tem que levar uma bela lição! Aproveito que ela pediu uma Coca-Cola
e um idiota chega e fica trocando ideia com ela e batizo a sua bebida sem
ninguém perceber.

E fico ali, só querendo que ela bebesse logo o seu refrigerante batizado. O
cara que estava perto dela estava jogando o seu charme, e não liguei, porque eu
iria levar ela embora para casa.

Fico olhando ao redor, quando a morena que me deu a bebida veio ao meu
encontro e me chamou. Vou atrás dela só para pegar o seu número, era uma coisa
rápida, e ela me dá um lenço que estava usando para não me esquecer dela.

Quando volto, cadê ela? Não a encontro e vou rápido procurá-la. Quando
estava quase desistindo, a ouço resmungar:

— Droga, bebi demais!

Lembro que tenho uma ótima oportunidade de dar um troco nela. Vejo-a se
aproximar da porta de saída e torço para ninguém ver o que eu iria fazer.
Resolvo colocar meus planos em prática ali.

Pego o lenço da morena e coloco em meu rosto. Vejo quando a Maria


Eduarda coloca a mão na maçaneta e abre. Sou rápido e a empurro, fazendo-a
gritar:

— Puta que pariu, o que estou fazendo aqui? Quem foi que me empurrou?
— percebo que está ficando com medo, e isso me deixa excitado.

— Aonde você pensa que vai, sua putinha? — pergunto, mudando a voz ao
ver que ela estava com pressa em ir embora.

— Quem é você? — ouço-a perguntar, andando para trás. Nem percebe


que, andando do jeito que estava, ela acaba encostando em mim. Meu pau fica
bem duro.

— Eu sou aquele que vai cuidar com muito carinho de você! — aviso-lhe, e
percebo que ela tenta correr de mim. Então a pego, e percebo que está chorando.
— Socorroooooo… — ouço-a gritar. Mas nada nem ninguém vai atrapalhar
meus planos, e acabo dando um belo tapa em seu rosto.

— Agora seja uma boa menina e deixa que eu vou te cuidar — peço, já
perdendo a paciência. Essa Maria Eduarda é igual a todas as putas, fica atiçando
e depois não dá bola. Ouço a voz da minha cabeça, que fala do nada, e chego até
a olhar para ver se tinha alguém, mas era só eu mesmo e a Maria Eduarda ali
fora onde estava meio escuro.

— Me deixa em paz, seu idiota! — ela grita, e perco o restante da minha


paciência.

— Então quer dizer que você é valente, não? — falo, em tom ameaçador, e
coloco as minhas mãos em seu pescoço, apertando com força e a ouvindo ofegar.
Abro um sorriso satisfeito.

— Por favor, não me machuque… — ela pede, tossindo e chorando.

— Ah, não vou te machucar, não! — tranquilizo-a, e percebo que ela está a
ponto de desmaiar. Mas ainda quero sentir seu corpo, sua boca e experimentar
sua bucetinha, que no mínimo deve ter dado para todo mundo. Jogo-a no chão e
fico em cima dela.

— Por favor, me deixa ir embora! — ela pede novamente, e com uma das
mãos vou abrindo o cinto da minha calça.

— Não, hoje você vai ser a minha putinha! — volto a tocar em seu corpo.

Vejo que ela ficou meio sem reação, como se não estivesse gostando das
minhas mãos nela.

— Me larga, por favor! — eu estava amando vê-la implorar.

— Não! Eu tenho uma coisinha muito especial para você! — pego o meu
pau e enfio na boca dela, fazendo um vai e vem. Ela se engasga, e isso foi
música para os meus ouvidos. — Está gostando, né?

— Por favor, me deixa ir embora!

— Ah, eu vou, sim, depois que eu tiver o meu prêmio! — passo as mãos
pelas suas pernas e chego à sua calcinha, e a rasgo, querendo sentir o seu cheiro.
Guardo a sua calcinha no bolso da minha calça, e ela grita quando toco na sua
bucetinha. Pego a camisinha que já tinha deixado ali e coloco rápido no meu pau
sem ela perceber.

— Nãoooooooooooooo… — ela grita, bem alto.

— Simmmmmmmmm… — grito, triunfante, e enfio o meu pau com tudo


dentro dela, e quase gozo ao perceber que ela era virgem. E a voz volta a falar
em minha cabeça: “E não é que você tirou o cabaço dela, Pedro! Isso, meu
amigo, come ela com vontade, e você vai ver que ela vai vir se rastejar para
você!”. — Ora, ora, não é que essa bucetinha aqui era virgem? Eu vou amar
esfolar ela com meu pau, e você vai amar cada momento.

— Me larga… — e novamente ela volta a pedir. Aquilo estava me


cansando.

— Não, eu vou comer você bem gostoso, e pode ter certeza de que nunca
vai me esquecer — e não é que a puta me arranha? — Sua puta rameira, você vai
me pagar! — ameaço-a, e começo a bater nela, até que percebo que ela desmaia,
e termino de foder bem gostoso. — Você nunca vai saber, sua puta, que você deu
a sua bucetinha para mim! — eu amei sentir estrangular o meu pau, penso com
um sorriso satisfeito, e vou acelerando mais e mais rápido e gozo bem forte.
Quando termino, deixo-a ali largada e puxo a camisinha, amarro e enrolo no
lenço que tiro do meu rosto. Logo estou voltando para dentro. — É, Pedro, a
Maria Eduarda acabou sendo sua sem ela querer mesmo! — digo a mim mesmo.
Vou até o banheiro, jogo a camisinha e o lenço da morena no lixo e volto para o
bar para comemorar a minha vitória.

Dois anos depois…

Mesmo se passando dois anos, ainda sinto seu cheiro, coloco a sua calcinha
em meu nariz e me masturbo sentindo o cheiro que ainda se conservava. Ainda
tenho vontade de fodê-la. Sem ela perceber, peguei o seu número em uma pasta
que os professores do curso tinham deixado aberta no computador. Comecei a
andar atrás dela. A Maria Eduarda ficou afastada da escola e depois voltou para
concluir. Fiquei com medo de nunca mais vê-la.

Por outro lado, tinha receio de que ela tivesse me reconhecido! Se bem que
a minha voz fala que é impossível ela saber que fui eu que fiz aquele sexo bem
gostoso. Depois disso, nunca mais consegui transar com outra mulher. Acabei
saindo do meu emprego como prostituto e comecei a trabalhar com
computadores, na esperança de que um dia conseguiria o contato dela
novamente.

E foi assim que eu consegui, mexendo no computador do professor. Peguei


seu número e fui atrás dela, a segui para tudo que era lado. Terminamos juntos os
estudos, e fui até fazer o mesmo curso que ela. Sabia que ela tinha ficado meio
estranha, e logo, logo ela saberia que eu era a pessoa certa para ela.

Sem querer, eu tinha caído de amores por ela, e toda vez que eu me
masturbava pensava nela. Foi assim durante dois anos, até o dia em que eu a vi
sendo abraçada por um homem mais velho, e o meu ciúme me fez ficar cego de
ódio.

Espero me acalmar e começo a escrever algumas mensagens:

“Quem é aquele homem que estava te abraçando, vadia?”

“Você é minha, só minha!”

“Você fica assim me ignorando, não é, sua puta?”

“Responde às minhas ligações!”

“Você não mudou nada, né, vadia?!”

“Você não sente saudades daquela noite maravilhosa, não?”

Ah, Maria Eduarda, você vai voltar para mim, nem que eu tenha que matar
o seu amante! Juro isso para mim mesmo, e volto para casa e começo a pensar
no que eu faria para acabar com aquele romance. De uma coisa eu tinha certeza:
ela estava apaixonada por aquele cara, e eu faria a vida dela um inferno.
Contar a verdade só me fez tirar um peso que estava em meus ombros, e eu
não sabia que falar iria ajudar tanto.

Sento no chão, ainda me abraçando, e fico sem coragem de olhar para o


Leon. Por mais que falam que eu não tenho que sentir vergonha, eu ainda sinto,
mesmo que já tenham se passado dois anos.

Se não fosse por causa desse louco, que eu mesma nem sei quem é, a minha
vida poderia ter dado uma bela guinada. Será que eu estaria casada e com filhos?
Será que algum dia eu teria coragem de transar sem ter vontade de vomitar?

— Duda, olha para mim! — Leon pede, e fico sem coragem ainda de olhá-
lo.

Ouço os passos dele vindo em minha direção e sou puxada para os seus
braços, chorando mais ainda.

— Olha para mim, minha rainha! — ele pede, com carinho, e levanta o meu
rosto, fazendo-me olhar para ele.

— Leon, me perdoa! — desvio o meu olhar do seu.

— Não tem o que perdoar, minha rainha! Você não tem culpa do que te
aconteceu!

— Me sinto tão suja! — confesso, não querendo olhar para ele.


— Minha rainha, você não precisa se sentir suja! — ele me abraça mais
forte.

— Eu tenho medo dele!

— Nada nem ninguém vai fazer mal a você, minha rainha!

— Como você pode ter certeza? — pergunto, agora sim olhando para ele.

— Porque eu vou caçar o filho da puta e vou fazê-lo pagar tão caro por ter
feito tanto mal a você, minha rainha — Leon jura, e acredito em suas palavras.

— Leon, por causa dele sempre tive receio de chegar perto de um homem.

— Minha rainha, ao meu lado pode ter certeza de que você vai estar sempre
segura — ele puxa o meu rosto e toca os meus lábios com sua boca bem de leve.
Foi automático, e logo estávamos nos agarrando. Leon foi me levando até a
cama, e quando sinto que chegamos sou deitada com delicadeza.

Era como se o Leon tivesse medo de me machucar, e achei lindo da parte


dele. E ficamos assim, nos beijando, ele passando a mão em meu rosto, e as
minhas mãos passando pelo seu corpo gostoso.

— Você é tão linda!

— Você também é lindo! — retribuo o elogio, e logo as mãos do Leon


descem para minhas pernas e ficam acariciando. De repente, ele me solta, e fico
ali, ofegante e dolorida. — Me ajuda a esquecer o que houve comigo?

— Não podemos! — ele diz, frustrado, passando as mãos pelos cabelos.


Fico triste, meus olhos se enchem de lágrimas e começo a fungar.

Logo ouço seus passos vindo em minha direção e percebo que o colchão dá
uma afundada. Suas mãos me puxam para os seus braços. É quando eu começo a
chorar mais e mais.

— Por que você está chorando, minha rainha? — ele pergunta, preocupado,
e ouvi-lo me chamar desse jeito faz com que o meu coração fique aliviado. Eu
tinha medo de que depois que ficasse sabendo o que tinha acontecido ele parasse
de me chamar de sua rainha.
— Leon, você está certo — comento, dando um longo suspiro.

— Sobre o quê?

— Em não querer transar comigo.

— E por que você acha que eu não quero fazer amor com você? — ele me
corrige, chocado, e puxa meus braços para si.

— Porque você disse que não pode! E como eu te contei o meu passado,
acho que você não quer se envolver com uma mulher que foi violentada —
comento, ainda sentindo a dor da rejeição.

— Minha linda rainha, você não entendeu nada! — ele traz o meu rosto
perto dele.

— Eu entendi, e você tem razão de sentir nojo de mim.

— Não fale uma besteira dessas! — ele exclama, levando os seus dedos à
minha boca para silenciar, e fica passando o seu polegar em meus lábios,
fazendo uma leve carícia. Eu amo o seu toque.

— Não é besteira o que eu estou dizendo.

— É besteira, sim! Eu sou louco por você!

— Eu também sou louca por você — confesso, ainda olhando para ele.

— Você não tem ideia de como estou me controlando!

— Como assim, se controlando?

— Minha bela rainha, eu sou um homem que está lutando com todas as
suas forças para não deitar você nesta cama e fazê-la minha logo de uma vez.

— E por que você não me faz sua de uma vez?

— Porque, minha rainha, você merece uma coisa especial para sua primeira
vez!

— Você esqueceu que eu não sou mais virgem? — brinco, e ele olha para
mim e diz:

— Você pode não ser mais virgem, mas quero que a nossa primeira noite
seja tão especial, que você vai achar que é a sua primeira vez.

Ouvi-lo dizer essas palavras fez o meu coração transbordar de amor por ele.
Como isso é possível? Mal o conhecia e ao mesmo tempo sabia que poderia
colocar a minha vida em suas mãos, que com certeza ele saberia cuidar de mim.

— Eu tenho medo de não conseguir satisfazer você.

— Ah, minha linda rainha, você não precisa se preocupar!

— Ah, não?

— Não, minha linda rainha, e vou te mostrar — ele tira a mão do meu rosto
e pega a minha, levando-a até o seu colo. Minha Nossa Senhora, ele estava bem
excitado.

— Meu Deus! — sussurro, curiosa.

— Está vendo?! É desse jeito que fico por você, com uma bela ereção, que
fico me controlando para não me masturbar — Leon confessa, com aquele
sorriso que faz a minha calcinha ficar molhada na hora.

— E dói?

— Às vezes fica bem dolorido.

— E o que posso fazer para ajudar a te aliviar? — minha mão parece ter
ganhado vida e fica se movimentando bem lentamente.

— Ah, minha rainha, sentir o toque de suas mãos com certeza ajuda a
aliviar! — ele solta um leve gemido.

— Acho que estou te machucando — mas, quando vou tirar a minha mão
de cima do pau dele, ele a segura e diz:

— Deixa mais um pouco!

— Estou te machucando?
— Não, minha linda, você só está aliviando a minha dor — ele diz, rouco.

— Tem certeza?

— Absoluta. Vem aqui, mais perto!

Chego com o rosto perto dele. O Leon pega a outra mão e leva até o meu
rosto, fazendo carinho, e passa para minha nuca e traz mais ainda o meu rosto
para perto do seu. Logo nossos lábios voltam a se tocar, e o simples toque me faz
flutuar.

— Nossa… — sussurro, assim que paramos de nos beijar para respirar.

— Eu é que digo… nossa…

— Eu preciso ir para casa — precisava colocar a minha cabeça no lugar.

— Fica aqui comigo!

— Não posso, a Vane deve estar preocupada por eu não ter ligado.

— Fique tranquila, minha rainha, já falei com ela.

— E o que ela disse?

— Ela disse que tudo bem!

— Ela não brigou?

— Não, ela sabe muito bem que a irmã dela está protegida comigo — ele
fala isso com tanta convicção, que acho lindo nele.

— E ela sabe que a irmã dela se encontra no quarto do protetor dela?

— Ah, isso ela não precisa saber! É um segredo nosso.

— Eu gosto desse tipo de segredo — brinco, sorrindo, e ele pisca o olho e


diz:

— Que tal selarmos esse nosso segredo? — e me dá um longo beijo.


Ah, minha vontade era de deitá-la ali na cama e terminar de fazê-la minha!
Com um grande sacrifício, paramos de nos beijar, e ela fica em meus braços,
aonde pertencia.

Mesmo lutando com todas as minhas forças para não ceder à tentação,
minha rainha merece ter sua primeira noite de amor com tudo que tem direito.

Quero fazê-la esquecer a sua primeira vez de dor e sofrimento e mostrar-lhe


a magia de fazer amor. O meu amor por ela irá curar as feridas que estão abertas,
e farei de tudo para colocar o maníaco na cadeia.

— Em que você pensa tanto?

— Penso em como você é linda — falo, desviando os meus pensamentos


sobre o maníaco e beijando a sua cabeça. Minha rainha não merece mais tanta
dor e sofrimento.

— Hum! Sei! — ela diz, duvidando.

— Ah, droga, o nosso almoço já deve ter esfriado!

— Ah, então vamos, estou com fome! — ela diz, animada, saindo dos meus
braços. — Preciso jogar uma água em meu rosto, devo estar parecendo um
espantalho.

— Não, minha rainha, você nunca vai se parecer com um espantalho.


— Como, não pareço um espantalho? — ela vai para o banheiro, mas não
demora muito. Quando eu ia responder, ela me chama, e quando entro no
banheiro percebo que ela está parada em frente à pia.

— Algum problema?

— Olha para mim.

— Estou olhando.

— O que você vê?

— Eu vejo uma bela mulher que está em frente ao espelho do nosso


banheiro — ela me olha surpresa.

— Então aqui é o nosso banheiro?

— Sim! E aquele ali é o nosso quarto.

— Bom saber! — ela brinca, e seus olhos brilham de felicidade. Sei que ela
gostou. — Você diz mesmo que eu não estou parecendo um espantalho?

— Sim, você não se parece com um espantalho, minha rainha!

— Leon, eu estou horrível, com os olhos inchados, e meus cabelos estão


bagunçados — ela resmunga, e acho graça dela.

— Para mim, minha rainha, você é linda de qualquer jeito! Seus olhos
mesmo inchados são incríveis, e os seus lindos cabelos me deixam feliz por eu
ser o responsável por tê-los bagunçado.

— Você é terrivelmente galanteador.

Vou até ela e a abraço por trás, trazendo o seu corpo para mais perto do
meu. Minha rainha encosta sua cabeça em meu peito, e ali ficamos, nos olhando
pelo espelho.

— Juro pela minha vida que não deixarei que nada nem ninguém venha a te
fazer mal.

— Eu sei disso, meu amor!


— Agora, precisamos ir almoçar.

— Preciso de um pente!

— Para quê?

— Leon, como vou descer desse jeito?

— Minha rainha, para de se preocupar — mas abro a gaveta e dou-lhe um


pente.

— Obrigada, Leon — ela agradece, e começa a pentear aqueles longos


cabelos. Logo estou pegando o pente de suas mãos e começo eu mesmo a
pentear, deixando-o bem sedoso.

— Prontinho, viu só? Você fica linda de qualquer jeito, minha rainha!

— Agora sim eu estou com uma aparência bem melhor.

— Para de se preocupar com isso, minha rainha!

— Para você é fácil, lindo desse jeito — ela ironiza.

— Então quer dizer que você me acha lindo?

— Como se não soubesse que é lindo!

— Sei que tenho uma boa aparência e tudo… — brinco, e ela revira os
olhos e diz:

— Ah, é claro, e com certeza as mulheres quando te veem correm para


chamar sua atenção.

— Bom, isso eu não sei! — coço a cabeça, meio sem graça.

— Eu sei disso! Ainda tenho uma pergunta — ela se afasta de mim e fica
andando pelo banheiro, que, diga-se de passagem, é grande.

— Do que se trata?

— Eu não preciso me preocupar com nenhuma ex sua, não, né? — lembro-


me da Laura, e fico em dúvida se falo ou não. Acabo achando melhor falar.

— Bom, eu nunca fui santo.

— Ah, com certeza você não foi, e por que será?

— Como estava dizendo antes, minha rainha, eu me relacionei com uma


pessoa.

— E essa pessoa é uma ex-namorada? — percebo que ela estava com


ciúme, e fico bem feliz por saber que minha rainha sente ciúme de qualquer
mulher que tenha passado em minha vida. E eu morro de ciúme de qualquer
homem que queira chegar perto dela.

— Está para minha “ex-foda” — confesso, meio sem graça.

— E ela aceitou bem o término?

— Vamos dizer que não muito bem.

— E por que vocês terminaram?

— Bom, eu terminei com ela porque ela se apaixonou por mim.

— Mas, Leon, por que você fez isso com a pobre mulher?

— Por quê? Minha rainha, eu não posso ficar com uma pessoa só porque
ela está apaixonada por mim! E outra, a Laura sabia muito bem que não me
apaixonava por nenhuma mulher e que ela e eu nunca ficaríamos juntos.

— Entendo, e agora, você está apaixonado?

— Sim, pela minha mais bela rainha! — confesso, indo ao seu encontro.
Abraço-a e dou-lhe um longo beijo. Quando nos afastamos, estávamos
ofegantes.

— Melhor a gente descer.

— Sim, vamos!

Saímos do quarto, e pego em suas mãos para descermos juntos. Percebo


uma leve marca no punho dela e penso que deveria ser de nascença. Fico
curioso, mas quando eu ia fazer a pergunta a Olívia aparece, e seu rosto se
ilumina ao ver que estávamos de mãos dadas.

— Senhor, o almoço foi aquecido novamente e posto na mesa.

— Olívia, quando chegamos, não deu para apresentar a minha namorada —


as duas me olham surpresas.

— Muito prazer, senhorita! — Olívia a cumprimenta, e a minha rainha solta


a minha mão e vai cumprimentá-la com um abraço. Sei que a Olívia gostou da
minha rainha.

— Muito prazer, Olívia, me chamo Maria Eduarda Sanches, mas todos me


chamam de Duda.

— O prazer é meu, Senhorita Sanches!

— Olívia, é para me chamar de Duda, por favor! — ela pede, com um lindo
sorriso, e fico ainda mais apaixonado.

— Tudo bem, Senhorita Duda! — minha rainha ri e segue a Olívia,


deixando-me ali parado pensativo.

Meu celular toca e atendo sem olhar o visor de chamada. Logo ouço:

— Quem é a puta que você estava abraçando hoje? — Laura fala, furiosa.

— Quem você acha que é?

— Eu sou a sua mulher!

— Você realmente enlouqueceu, não?

— Como você pode falar assim com a mãe do seu filho? — meu Deus, essa
mulher estava louca mesmo, só podia ser.

— Laura, pelo amor de Deus! Que filho? — pergunto, querendo saber até
onde iria a sua loucura.

— Sim, nosso filho!


— Laura, você não está grávida porra nenhuma! — grito no celular.

— É claro que eu estou!

— Você é louca? Você já veio com essa loucura antes, e não acredito em
você! — encerro a ligação e vejo a minha linda rainha vindo em minha direção.
Ela me olha curiosa e pergunta:

— Algum problema?

— Nada importante para dizer agora — respondo, e puxo-a para os meus


braços. — Estou sentindo a sua falta.

— Meu Deus, homem!

— Ah, não me diga que não ficou com saudades de mim? — me faço de
triste.

— Oh, meu Deus, não me diga que se sentiu solitário sem mim?

— Eu me sinto solitário sempre quando não está perto de mim! Agora,


desde que você me aceitou como seu namorado, eu sou o homem mais feliz do
mundo.

— Ah, só tem um porém — ela brinca, e vejo seus olhos brilhando pelas
lágrimas.

— O que seria?

— Você não me pediu em namoro.

— Ah, não seja por isso! — solto o nosso abraço e ali mesmo, no hall de
entrada da casa, me ajoelho e digo: — Senhorita Maria Eduarda Sanches, aceita
ser a minha rainha namorada? — e ela fica li parada me olhando surpresa com a
forma como a estava pedindo em namoro. Como ela nada responde, eu continuo:
— Este homem aqui está desesperado para saber se a senhorita aceita ou não ser
a namorada dele — brinco, nervoso, e fico surpreso ao vê-la se ajoelhar em
minha frente e dizer, já com lágrimas escorrendo:

— Eu, Maria Eduarda Sanches, aceito namorar com o Senhor Leon


Vitorino.

— Essas lágrimas não devem mais escorrer, minha rainha!

— Estas são de felicidade!

— Eu serei o seu namorado perfeito! — em meus pensamentos, peço a


Deus que me ajude a ser um homem merecedor dela.

— Para mim, você já é meu namorado, Leon Vitorino!

— Então eu nos declaro namorados! — brinco, e selamos o nosso


compromisso com um beijo apaixonado. Quando nos separamos, ela faz um
carinho em meu rosto e diz:

— Sim, finalmente namorados! — ela finaliza me beijando profundamente,


e respondo, quando nos separamos para recuperar o fôlego:

— Agora sim você me pertence! — pisco o olho para ela, que ri. Ajudo-a a
se levantar, e seguimos abraçados para a sala de jantar para finalmente
almoçarmos.
A noite chegou tão rápido, que nem percebi. Depois do almoço espetacular
organizado pela governanta do Leon, seguimos para a sala, onde havia uma
televisão daquelas gigantes, nos sentamos, e ele me abraça, enquanto assistíamos
à série que ele queria me mostrar, e no fim eu mesma acabei ficando viciada. A
série era muito boa mesmo, mas acho que estava tão cansada, que acabei
dormindo em seus braços. Aquilo foi muito bom, o dia foi bem cansativo.

Quando acordo, não sei onde me encontro, e vejo tudo escuro. Acabo
ficando receosa, não sabendo se eu estava sonhando ou estava acordada. Sento
direito no que imagino ser uma cama e começo a procurar algo para iluminar,
tateando para ver se encontro. Quando encontro um fio, percebo que pode ser o
abajur, e vou tocando até achar o botão para acender. Não demora muito, eu
consigo acender, e respiro aliviada ao ver que estava novamente na cama do
Leon.

Meu coração volta a bater normal, aquilo me deixou mais tranquila. Ouço
uma respiração, me viro e dou de cara com um Leon totalmente relaxado,
dormindo tão tranquilamente ali ao meu lado.

Estava meio confusa para saber como viemos parar ali. A última coisa de
que eu me lembro era estarmos assistindo à série, e depois devo ter apagado.

Deve ser bem tarde, e a Vane deve estar preocupada. Tento me lembrar de
onde coloquei o meu celular; a última vez estava nas mãos do Leon, depois disso
o esqueci completamente. Ouço um barulho do meu celular e percebo que está
em uma mesa que nem tinha notado. Quando vou me levantar, sinto que a cama
se movimenta, e reparo que o Leon se mexe e se senta. O que me chama atenção
é ver que ele está sem camisa, e fico sem fôlego, ele é magnífico.

— O que houve, minha rainha, não consegue dormir?

— Acho que dormi, não me lembro de ter tido algum sonho ruim —
estremeço de frio, e o Leon percebe e joga a coberta em cima da gente. Ficamos
assim, juntinhos, nos esquentando.

— Então tenta dormir um pouco mais.

— Estou preocupada com a hora.

— Bom, deve ser de madrugada ainda.

— O que você quer dizer com “deve ser de madrugada”?

— Minha rainha, é de madrugada!

— Leon, eu tenho que ir para casa!

— Fica tranquila, minha rainha — ele dá de ombros.

— Como assim, ficar tranquila?

— Sim, fica tranquila, que a sua irmã já sabe que você está dormindo aqui
hoje.

— Sério?

— Sim, muito sério!

— E o que a Vanessa disse?

— Para cuidar de você.

— Ah, é?! E o que mais?

— Disse que se eu não cuidar bem de você ela vai cortar meu amigo fora.

— Amigo?
— Sim, este amigo! — ele aponta para o colo, e deu para notar que estava
elevado, o que significa que o Leon estava excitado.

— E você aceitou bem essa ameaça? — brinco, curiosa para ver como era o
pau dele.

— Ah, sim, eu aceitei muito bem, ninguém vai fazer nada para a minha
preciosidade.

— Ah, seu pau é bem precioso, não?

— Ele é, sim, o seu bem mais precioso, porque o meu bem mais precioso é
você! — nessa hora meu coração quase para de bater só por ouvir essas palavras.

— Meu Deus, homem!

— Falei alguma coisa errada?

— Você falou a coisa mais linda! — digo, emocionada, e percebo que a


tensão que havia em seu rosto se foi.

— Ei, não chora — ele volta a se sentar na cama e me puxa para os seus
braços, onde me deito contra o seu peito, usando-o como um travesseiro.

— Eu não choro por tristeza, e sim emocionada com a forma como você me
trata.

— Eu espero que diga que não te maltrato — ele brinca, e rio.

— Não, eu tenho a maior sorte de ter te encontrado no meu caminho.

— Eu estava com medo — ele confessa de repente, e levanto a cabeça,


sentindo-o passar as mãos pelas minhas costas fazendo carinho.

— Por quê?

— Eu sei que você tem problemas para dormir — ele diz, com cautela, e
deito a cabeça novamente em seu peito, ouvindo o seu batimento cardíaco
acelerado.

— Pois é, eu tenho.
— Eu sei que é a primeira vez que você dorme com um homem estranho
numa cama.

— Sim, é verdade — passo a mão em seu peito, fazendo carinho.

— E você não está com medo de mim?

— De você? Você é uma pessoa especial que eu tive sorte de ter em minha
vida.

— Eu te amo!

— Eu também te amo! — sinto os meus olhos se encherem de lágrimas


novamente.

— Já disse que eu não quero que você chore novamente.

— Eu prometo que não vou chorar — falo, sorrindo, e ele volta a me puxar
para os seus braços e me beija com tanta ternura, que as lágrimas descem livres
ainda e não consigo controlar.

— Você é a mulher mais importante da minha vida!

— E a sua mãe?

— Ah, ela é também muito especial na minha vida, só que eu quero me


casar com você em breve.

— Leon, vai com calma!

— É claro que vamos com calma. Pela expressão do seu rosto, te assustei.

Eu dou uma risada nervosa e confesso, meio sem graça:

— Sim!

— Sei que é tudo novo para você e não quero te forçar a nada.

— Eu sei disso. E é por isso que eu te amo muito — declaro, voltando a


deitar em seus braços.
— Desculpa mesmo por ter te assustado.

— É tudo novo, nunca imaginei que encontraria um amor!

— Meu Deus, como você pode pensar desse jeito?

— Leon, eu não me acho digna de um amor.

— Nunca fale uma besteira dessas!

— Não é besteira, Leon, eu fiz coisas que me envergonham.

— Você não tem que se envergonhar de nada.

— Ah, eu tenho, sim! E acho que quando eu te contar você não vai me ver
com bons olhos.

— Nada que você me disser vai me fazer olhar para você de forma
diferente. Eu também tenho algo para te contar.

— Algum problema?

— Lembra-se daquela hora em que você foi me buscar no hall e eu estava


ao telefone?

— Ah, sim, me lembro, você disse que não era nada.

— É, eu falei isso mesmo — ele diz, sem graça.

— E você quer me contar mesmo?

— Com certeza, minha rainha! Quem me ligou foi a Laura.

— Você está falando da sua ex-ficante?

— Sim.

— E o que ela queria? — pergunto, curiosa e também morrendo de ciúme


do meu homem.

— Falar a mesma merda.


— E essas merdas seriam…?

— Ela disse que está grávida de mim — ele solta a bomba, e olho chocada
para ele, que ao me ver espantada fala rápido: — Minha rainha, ela não está
grávida de mim!

— Como assim, ela não está grávida de você? — pergunto, chocada e sem
entender a porra toda. Estava morrendo de medo de ser tudo real.

— Ela não pode estar grávida de mim porque sempre usamos preservativo.

Mas isso não me tranquiliza.

— Leon, tem certeza?

— É claro que sim, minha rainha! Nunca fui santo, mas em todas as minhas
relações sexuais sempre exigi preservativo.

— Então não há chance de ter algum Leonzinho na barriga da sua ex?

— Não, minha linda rainha, a única pessoa que pode vir a gerar o nosso
Leonzinho e a nossa Dudinha é você!

— Que susto, Leon!

— Eu não podia esconder de você — ele se defende.

— OK, isso é verdade. Não tem mais nada para me contar, não, né?

— Não, fique tranquila — solto um suspiro de alívio.

— Que bom, não quero também ficar encontrando com as suas “ex-putas”.

— Hum… — ele abre um sorriso.

— “Hum” o quê?

— Você está com ciúme.

— Não estou! — minto.


— Não, minha rainha, você não consegue mentir para mim.

— Babaca! — só respondo isso e deito de costas para ele. Sinto os seus


braços ao meu redor me abraçando. Eu estava morrendo de ciúme dele e ainda
com medo de que a “ex-puta” pudesse vir atrás dele.

— Eu te amo, minha rainha, você não precisa ficar com ciúme, eu sou seu!
— ele declara, e me puxa para os seus braços.

— Me desculpa!

— Te desculpar pelo quê?

— Eu estou morrendo de ciúme e também com medo.

— Não precisa ter ciúme de mim. Eu também morro de ciúme de você e


tenho medo.

— Você, com ciúme e medo?

— Sim, morro de ciúme de homens que ficam te olhando e te desejando —


ele diz, em tom possessivo.

— Eu nunca olhei para eles — aviso, chocada e excitada com a forma como
ele me olhava.

— Não precisa, é só você sair para a rua ou mesmo abrir o seu belo sorriso,
que já faz os homens te desejarem.

— Então somos bem parecidos.

— Parecidos não, somos almas gêmeas — ele declara, e me puxa


novamente para os seus braços, beijando-me apaixonadamente. Meu coração,
coitado, vive batendo em um ritmo louco, como se eu fosse enfartar, com tantos
sentimentos e sensações surgindo.

— Eu te amo, Leon!

— Eu também, minha rainha. Agora, vamos dormir, que amanhã o dia vai
ser bem longo — ele me dá outro beijo, e ali, nos seus braços, finalmente eu
tenho um sono profundo e em paz como eu não tinha há meses.
Pela primeira vez na minha vida acho que posso dizer com toda a certeza
que enfim eu encontrei o amor verdadeiro. Minha bela rainha estava dormindo
tão serena e em paz, eu sabia que ela não andava dormindo direito. E agora sabia
exatamente o porquê.

A minha vontade era de ficar na cama o dia todo, mas não podia, tinha que
ir para a empresa, e não via a hora de entrarmos logo em recesso para eu poder
finalmente ficar com a minha rainha.

Deus, como ela é linda, a forma como seu corpo corresponde ao meu é algo
maravilhoso. E, para tudo se ajeitar, eu tenho que dar um jeito de descobrir quem
é o maníaco que está atormentando a minha rainha. Outro passo é comprar um
chip e um novo aparelho de celular.

— Bom dia! — ouço a sua voz rouca, e meu pau acorda só porque ouviu a
voz dela, me deixando bem dolorido.

— Bom dia, minha rainha, dormiu bem? — puxo-a para os meus braços.

— Sim, como um bebê!

— Isso é muito bom, quero muito que você continue dormindo aqui
comigo.

— Leon…
— Calma, minha rainha, eu só estou oferecendo a minha casa e meu quarto
para você dormir.

— Sei, então quer dizer que eu posso vir na sua casa quando eu quiser e
dormir aqui em seu quarto? — fico admirando seus olhos nublados ainda de
sono e seus lindos cabelos embaraçados, e meus olhos vão descendo bem
lentamente pelo seu corpo. Não vejo a hora de vê-la sem essas roupas, e sim com
uma linda camisola, que nem precisava ser sensual. — Leon, no que tanto você
pensa?

— Em nada! — respondo, rápido, não querendo assustá-la mais do que já


assustei.

— Por que será que eu não acredito em você?

— Mas é verdade!

— Bom, bem que eu queria ficar de papo, mas tenho aula hoje.

— Por que você não fica em casa hoje?

— Não posso, Leon, o professor já andou chamando a minha atenção — ela


levanta da cama, pega a sua mochila e vai para o banheiro.

— Por quê?

— Não entendi — ela sai e fica na porta do banheiro, com a escova de


dente na boca.

— Perguntei por que o seu professor chamou a sua atenção.

— Ah, sim, esses dias andei meio estressada com um garoto lá da minha
sala. Leon, você me emprestaria uma camisa sua?

— É claro que sim, minha rainha!

— Ah, obrigada!

— Algum problema? — pergunto, curioso, e ao mesmo tempo não


querendo mostrar como estava interessado em saber o que estava acontecendo.
— Nenhum.

— Minha rainha, ele voltou a mandar mensagem, não? — questiono,


querendo achar o desgraçado.

— Sim — ela sussurra. Pego o seu celular, e as mensagens diziam:

“Onde você dormiu essa noite, puta?”

“Você acha que dormindo com esse homem vai me fazer desistir de você?”

“Estou de olho em você, vadia!”

— Eu vou matar esse desgraçado! — fico alterado.

— Não liga para o que ele fala! — ela pede, me fazendo carinho. Vi que ela
estava com medo e ao mesmo tempo sabia que ela estava criando coragem para
se libertar.

— Ah, minha rainha, eu ligo, sim! Eu quero que você saiba que não vou
desistir de encontrar esse maníaco e dar um fim nele! — aviso, ainda nervoso.

— Não, você não vai fazer nada!

Olho-a sem entender nada e pergunto:

— Como assim, eu não devo fazer nada?

— Leon, esse problema é meu!

— Não, minha rainha, esse problema é nosso! Hoje vamos providenciar


outro celular e um chip novo.

— Como assim, Leon, outro celular?

— Sim, outro celular e outro chip, eu não quero que aquele louco volte a
falar com você.

— E por que você acha que ele não poderá entrar em contato comigo pelo
número novo?

— Porque, minha rainha, quem vai ter o seu número novo seremos sua irmã
e eu.

— Então só nós três, e o namorado da Vane não?

Aceno que sim, tinha me esquecido dele.

— Você tem esse número há muito tempo?

— Sim, por quê?

— Só acho que deve ser algum conhecido seu — comento a ideia que
passou pela minha cabeça.

— Será?

— Sim, minha rainha. Pode ser alguém conhecido, e você não sabe.

— Ah, Leon, eu nunca vou descobrir quem é esse lunático!

— Ah, você vai, sim.

— Assim espero — eu a abraço.

— O que você pretende fazer agora?

— Eu vou para a faculdade. Você ainda vai me emprestar a sua camisa?

— Ah, é claro que sim — vou até o guarda-roupa e abro as portas.

— Meu Deus, homem, quantas camisas você tem? — ela brinca, e dou
risada, eu tinha mesmo muitas.

— Fica à vontade! Eu quero que escolha a camisa que te deixe mais linda
do que já é.

— Você está bem romântico hoje, não? — ela brinca, e vai até o guarda-
roupa e escolhe uma camisa social da marca Calvin Klein na cor azul-marinho,
tira do cabide e coloca em cima da cama.
— Eu gostei dessa cor, combina com esses lindos cabelos ruivos — elogio.

— Que bom, já que gostou eu vou usar esta.

— Ótimo, e lingerie? Talvez você precise, não?

— Na verdade não.

Olho-a confuso.

— Como assim?

— Eu sempre tenho umas duas calcinhas na mochila.

— Ah, que pena! — solto sem querer.

— E por que pena?

— Eu gostaria muito de te ver usando as minhas cuecas — falo,


provocando-a, e com isso arranco um sorriso lindo.

— Você é pervertido!

— Ah, você não pode achar ruim a minha fantasia!

— Bobo, eu tenho que tomar um banho correndo e pedir um Uber — ela


fala, pegando a minha blusa e levando consigo para o banheiro. Fico ao lado de
fora imaginando que ela devia estar passando o sabonete por todo aquele
delicioso corpo.

Ah, como eu gostaria de estar lá dentro do banheiro e ficar observando-a


tomar seu banho, e quem sabe me juntar a ela e podermos fazer amor.

— Não, Leon, você sabe que não pode forçá-la a nada! — falo comigo
mesmo. — Ela tem que estar pronta, mesmo que você tenha que colocar um saco
de gelo no seu pau — olho para o meu pau armado.

— O que você tanto olha para o chão?

— Nada, não! — desconverso, rápido, olhando para ela, e, não querendo


que ela olhasse para baixo e visse novamente a minha bela ereção, coloco as
mãos na frente do meu pau.

— Que bom. O banheiro é todo seu!

Sem falar nada, saio praticamente correndo para dentro do banheiro, com
medo de o pau sair pela cueca.

Ligo o chuveiro no frio e entro com tudo, tomando um belo choque de água
fria, para ver se eu conseguia fazer o meu pau amolecer. Fico assim durante
alguns minutos. Sei que deveria bater uma punheta, mas eu tinha que chegar
logo no escritório, e outra: a próxima vez que eu fosse bater uma punheta seria
para a minha rainha e ela com certeza estaria participando.

Saio logo do chuveiro e não encontro a minha rainha, e fico preocupado


tentando encontrá-la. Só fico um pouco mais tranquilo ao ver que a sua mochila
estava na cadeira.

Outra coisa que me chamou atenção é que a nossa cama estava toda
arrumada, e isso era coisa dela, com certeza. Me troco rápido e coloco uma
camisa social, dobro as mangas e passo o meu perfume. Percebo o outro aroma
de perfume que ela estava usando, e gostaria de saber qual era.

Tinha que comprar algumas coisas para deixar aqui em casa, como lingerie,
perfume, xampu e condicionador, entre outras. Pego o meu celular, que estava na
cômoda, e verifico que já eram sete horas da manhã. A minha rainha já estava
meio que atrasada.

Desço logo e vou procurar a minha rainha para avisar-lhe que ela estava
ficando atrasada e que eu iria levá-la. Ouço vozes e risos e sigo na direção de
onde vinham. Quando chego, encontro a Olívia e a minha rainha tomando café e
conversando.

— Devo me preocupar? — pergunto, fazendo as duas darem gritinhos.

— Nem um pouco, e não faça mais isso! — Duda pede, com a mão no
peito, como se estivesse se tranquilizando. — E você está um gato com essa
roupa.

— Não faço mais isso, minha rainha! Ah, que bom que gostou da roupa.
— Obrigada. Agora, senta aqui e toma café comigo — ela pede, e eu me
sento e começo a me servir.

— Ah, Duda, antes que me esqueça, você entra que horas na faculdade?

— Às sete, só que aquela hora em que estava vendo as mensagens no


celular vi que a primeira aula não vai acontecer, apenas da segunda em diante.
Ah, e antes de sair já vou pedir um Uber para me levar.

— Então eu te levo — me ofereço, e ela me olha surpresa.

— Não mesmo, Leon, já dei muito trabalho — seu rosto fica vermelho, e
acho lindo isso.

— Você não tem o que querer, eu vou te levar para a faculdade e depois que
você sair vamos almoçar juntos e providenciar outro celular.

— Você sabia que é muito mandão?

— Eu sei disso! E você, minha rainha, gosta de mim do jeito que eu sou! —
isso a deixa ainda mais vermelha.

— Vamos, antes que eu me atrase — ela desconversa, se levanta, agradece a


Olívia pelo café e sai. A Olívia a espera sair e me fala:

— O senhor a ama, não?

— Sim, muito!

— Dá para notar, senhor, e ela também ama o senhor — mesmo sabendo


disso, ouvir da boca de outra pessoa me deixou muito feliz.

— Sim, eu sei que ela me ama.

— Sua mãe já sabe?

— Ainda não, mas em breve ela saberá.

Ao ver a minha rainha descendo com a mochila, pego as chaves do carro. A


Duda se despede da Olívia e me segue.
Como um bom cavalheiro que sou, abro a porta do carro e a ajudo a entrar.
Logo estamos seguindo para a universidade.

— Duda? — chamo-a, vendo-a em silêncio.

— Sim, o que houve?

— Você está tão pensativa…

— Estava pensando em como minha vida mudou desde que te conheci.

— Bom, espero que tenha sido para melhor — brinco, ao parar o carro no
farol, e olho para ela, que sorri ao dizer:

— Sim, você é a melhor coisa que já me aconteceu! — a vontade que eu


tenho é beijá-la com força para mostrar o que estou sentindo nesse momento.

— Eu te amo, Maria Eduarda Sanches, minha rainha — declaro, e seus


olhos se iluminam.

— Eu também te amo, Leon Vitorino, meu príncipe lindo — sorrio com o


apelido que ela me deu. E ficamos planejando onde iríamos almoçar.

Assim que chegamos, havia algumas pessoas ali fora, talvez cabulando, ou
então esperando a segunda aula.

Paro o carro e saio logo. Chego ao seu lado abrindo a porta e pego em sua
mão para ajudá-la a sair. Pego a sua mochila e pergunto:

— Então estamos combinados?

— Sim, Leon, a gente se encontra aqui. Tenho que ir, a aula começa em
cinco minutos.

— Ah, vem aqui me dar um abraço de despedida — peço. Acho que estou
meio carente.

Ela me abraça e se afasta, dizendo:

— Agora eu quero uma coisa de você de despedida!


— E o que seria?

— Uma coisa que você não me deu hoje ainda.

— Então me conta, para eu poder reparar esse erro que cometi.

— Eu quero um beijo seu.

— Esse foi o meu erro? — abro um sorriso bem sexy para ela.

— Sim, esse foi o seu erro.

— Então tenho de repará-lo! — declaro, e a puxo rápido para os meus


braços. Logo nossas bocas estão se tocando e nossas línguas duelando naquele
beijo maravilhoso. Quando nos separamos, ela diz, ofegante:

— Obrigada por ter reparado o seu erro!

— Eu sempre vou reparar esses erros, minha rainha — falo, piscando o


olho.

Nos despedimos com mais um beijo, e fico observando-a entrar no prédio,


depois sigo para o escritório. Meu dia agora sim estava perfeito!
Sinceramente, eu não sei como consegui chegar até a minha sala de aula.
Quando chego, o silêncio se estabelece, e olho para todos com curiosidade,
achando isso estranho.

Pensei que o professor já estaria na sala, e para a minha sorte ele não
estava. Sinceramente, eu queria era voltar para os braços do meu príncipe Leon
Vitorino.

— Quem é aquele homem que você estava beijando? — sou acordada dos
meus pensamentos e olho para quem perguntou. Era o Pedro.

— Ninguém que te interessa — não gostei da forma como ele falou comigo.

— Então quer dizer que a santinha do pau oco está namorando?

— Pedro, eu não sou obrigada a falar da minha vida para ninguém aqui!

— Nossa, como alguém ficou incomodada! — ele me zoa, e diz para todos
que estavam na sala: — Vocês viram, né, gente, a Duda dando um showzinho
com aquele velhote?

— Pedro, para com isso! — peço, desejando que o professor chegasse logo.

— Nos conte mais sobre o velhote.

Sinceramente, eu não o reconheci, a forma como ele estava dando um show


e me provocando parecia não ser ele, mas outra pessoa.

— Pedro, eu não vou falar sobre a minha vida para você e nem para
ninguém desta sala.

— Mas você tem que nos contar sobre o velhote, ele é bom de cama? —
olho-o ainda sem entender o que passava na cabeça dele.

— Pedro, cala a boca! — peço, com a minha paciência indo embora.

— Não, vamos continuar. Conta, vai, seja uma boa menina, e não uma puta!
— olho para ele chocada. Nunca o imaginei falando esse tipo de coisas, era
como se ali não fosse o Pedro.

E a forma como ele disse “puta” me deixou meio chocada e com um pé


atrás. Ele não seria capaz de ter feito aquilo comigo, ou seria? Fico me
questionando. Pedro parecia mesmo paranoico, e só se controlou com a entrada
do professor. Eu não via a hora de comentar com o Leon a minha suspeita.

Mudei de mesa e tentei ficar o mais longe possível do Pedro, mas sempre
sentia seu olhar me seguindo. Me pergunto como eu nunca notei isso.

Dou graças a Deus que as horas passaram rápido e estava quase na hora de
o Leon vir me buscar. Quase não ouço o que o professor diz, só percebo que os
alunos estavam se levantando. Arrumo as minhas coisas, pego a mochila e saio
rápido, não querendo dar de cara com o Pedro novamente.

Saio do prédio e vejo que o Leon já está me esperando lá fora. Ele acena
para mim, e retribuo. Não via a hora de chegar perto dele e me jogar em seus
braços.

Quando estava indo em sua direção, sou agarrada pelo braço, e quando me
viro para gritar dou de cara com o Pedro, irreconhecível.

— Me larga, Pedro! — peço, tentando controlar o medo que senti dele.

— Ora, ora, você pensa que está indo aonde?

— Me larga, Pedro, quem você pensa que é? — grito, e vejo o Leon tirando
o Pedro de perto de mim.
— Você não escutou o que ela pediu, não? — Leon estava enfurecido.

— O quê? — Pedro se faz de desentendido.

— Quem você pensa que é? — Leon puxa o Pedro e o leva contra a parede
mais próxima, apertando o seu pescoço com força.

— Eu? Sou um homem que vai te destruir! — ele fala, como se estivesse
louco, ou talvez estivesse mesmo.

— Ah, você se acha esperto, não? — Leon o ameaça e aperta mais ainda o
seu pescoço, fazendo-o se engasgar. Eu puxo o braço do Leon, e quase não
consigo, de tão forte que ele é.

— Leon, solta ele — peço, com calma, ao ver que o Leon colocou outro
braço no pescoço.

— Ele te machucou?

— Não, ele não me machucou — aviso, querendo tranquilizar e acabar logo


com isso vendo que estávamos sendo o centro das atenções.

— Tem certeza?

— Sim, ele só é um babaca mesmo — respondo, tranquilizando-o, e peço


mais uma vez: — Leon, solta ele, por favor. Você não merece sujar as suas mãos
por causa dele.

Percebo que o Leon ainda hesita, e finalmente o solta. Vi que o meu


príncipe ainda estava alterado e o abraço. Percebo que o Pedro estava ali caído
no chão tossindo e me olhando com raiva.

— Agora fique calmo, ele não merece a sua raiva.

— Mas ele estava te tocando! — ele diz, possesso.

— Ele não está mais me tocando!

— Eu não gosto que nenhum homem toque em você! — ele olha para o
Pedro e diz: — Se você chegar perto da minha namorada, eu não me
responsabilizo pelos meus atos.

— Você vai se arrepender de ter me ameaçado — Pedro diz, nos olhando


com raiva, e vai embora.

O Leon me puxa para os seus braços e me abraça. Eu vou de bom grado


para ele. Dou uma olhada para ver se tinha alguém perto da gente, e percebo que
o showzinho tinha acabado e todos foram embora.

— O que houve? — Leon pergunta, preocupado.

— Nada.

— Tem certeza?

— Absoluta.

— Então agora que está tudo bem, você me deve uma coisa — ele diz, bem
sensual.

— Ah, é? E o que eu estou te devendo?

— Você me deve um beijo!

— Então deixa eu te pagar — me levanto nas pontas dos pés. Nossas bocas
se encontram e nos beijamos bem lentamente durante um tempo. Quando nos
separamos, estávamos ofegantes, e brinco: — Nossa, sempre que nos beijamos
eu fico com as pernas trêmulas e a respiração ofegante. É melhor a gente parar
de se beijar.

— Mas nem pensar! — ele diz, me beijando novamente, e dessa vez eu


sinto a sua língua na minha. Quem visse acharia que estávamos dando um
showzinho, mas para nós isso era matar a saudade.

— Leon, estou com fome! — falo, ainda com a respiração ofegante, e


quando nos soltamos quase caio. As minhas pernas tinham se tornado gelatina.
Ouço a voz humorada do Leon me provocando:

— Não consegue andar?


— Culpa sua! — o acuso, e ele abre aquele sorriso de molhar a calcinha.

— Minha?! — ele diz, como se não soubesse que tinha um poder de mexer
comigo. — Se você soubesse que neste exato momento estou precisando de um
banho…

— Banho? — vejo que a calça que ele estava usando estava bem volumosa
e dou uma risadinha.

— Ah, então você percebeu?

— Bom, não tem como negar, não! — aponto para a bela protuberância.

— Isso é sua culpa! — ele pega a mochila do meu ombro e coloca no dele,
me puxa para os seus braços novamente e me coloca na sua frente.

— Eu não tenho culpa de nada!

— Mas é claro que tem! — e começa a sussurrar no meu ouvido: — Você é


culpada por me deixar com tesão fora do normal, você é culpada por ser tão
linda, você é culpada por ser tão gostosa e você é tão culpada por me querer
fazer cada coisa com você!

— E que coisas você quer fazer comigo? — provoco-o, não me


reconhecendo.

— Ah, minha rainha, as coisas que eu quero fazer com você são bem
impróprias.

— E quando você vai querer fazer essas coisas comigo?

— Quando você, minha rainha, estiver pronta.

— E por que você acha que eu não estou pronta?

— Ah, minha linda, precisamos capturar o louco, e só assim você vai ficar
tranquila para se entregar a mim.

— Eu te amo, Leon! — falo, com sinceridade, sabendo que ele estava certo,
por mais que eu queira me entregar, a sensação de estar sendo vigiada é horrível.
— Eu também te amo, meu amor. Agora, vamos almoçar, eu preciso
alimentar a minha rainha.

Seguimos para o carro, e de lá fomos almoçar no shopping.

A comida estava maravilhosa, e a companhia, então, nem se fala. Ficar com


o Leon era a melhor coisa que tinha me acontecido. Assim que terminamos de
comer, vejo sorvete e falo para o Leon:

— Leon, quero tomar sorvete!

— Ah, então vamos!

Escolho um de casquinha recheada com doce de leite.

— Meu Deus, que delícia! — suspiro. Eu sou maluca com sorvete.

— Droga! — Leon grunhe.

— O que houve?

— Nada, não.

Olho para ele desconfiada.

— Você quer? — ofereço, e ele leva o sorvete à boca e lambe de um jeito


tão sensual, que me estremece. Leon devolve o sorvete e, sem perceber, me beija
bem gostoso, passando a língua em meus lábios.

— Duda e sorvete, minhas duas sobremesas favoritas.

— Sorvete e Leon também são a minha sobremesa favorita — pisco o olho


e levo o sorvete à boca. Fico tomando até acabar, e o Leon toma comigo. Isso
porque ele não quis comprar por não estar com vontade, imagine se estivesse.
Quando terminei de tomar o sorvete, estava com a mão melecada, e aviso a ele:
— Leon, preciso ir até o banheiro lavar as mãos.

— Eu também vou, nos encontramos aqui no corredor.

Entramos cada um em seu banheiro. Não demoro e logo saio, e tomo um


novo susto ao encontrar com o Pedro bem na minha frente.
— O que você está fazendo aqui? — pergunto, tomando cuidado para não
elevar a voz.

— Ora, estou te esperando, meu amor! — ele diz, bem tranquilo.

— Você está louco? Vindo atrás de mim?

— Eu, louco? — ele zomba.

— Vai embora, Pedro, o Leon daqui a pouco vai aparecer aqui e te dar uma
bela surra — ameaço-o, e ele abre um sorriso frio. Nessa hora tenho um
pressentimento ruim, quando ele responde:

— Acho que seu velhote vai estar meio incapacitado neste momento para
vir te socorrer — Pedro debocha, e dou um passo para trás.

— Pedro, o que você fez com ele? — sinto um medo terrível.

— Ora, nada, só o coloquei para dormir um pouco!

— Você é um doente!

— Eu, doente? É claro que não — ele vem em minha direção, e eu andava
para trás, até que acabei encostada contra a parede. Pedro coloca a mão na
jaqueta, tira um revólver e aponta para mim, dizendo:

— Sem nem um pio, você vai sair bem devagar e de braços dados comigo.

— Por favor, Pedro, me deixa em paz! — peço, mas sei que era inútil falar
com esse louco.

— Não deixo, agora seja uma boa menina e vamos sair bem tranquilamente,
como se nada estivesse acontecendo — fico olhando para a porta do banheiro
com a esperança de o Leon aparecer e tudo que o Pedro falou fosse mentira. —
Agora vamos, e sem nem um pio, senão você morre, e pode ter certeza de que
volto até o banheiro e termino de vez com aquele velhote.

— Tudo bem, Pedro, eu vou com você! — acabo cedendo, e vejo seu rosto
triunfante. Dou uma última olhada para a porta do banheiro masculino e vou
embora sabendo que talvez essa fosse a última vez que veria o meu príncipe
encantado.

Enquanto andávamos pelo corredor do shopping, sempre olhava para ver se


eu via algum segurança, e nada, era como se eles tivessem sumido do mapa. E
saímos do shopping sem que ninguém falasse nada.

Quando chegamos ao estacionamento, estava passando um pessoal. Tento


me soltar dele e grito bem alto:

— Socorrooooo… — e ninguém me olha, era como se eles não estivessem


nem ouvindo. O medo que senti ali foi enorme, e então senti o cano da arma na
minha nuca.

— Eu te avisei! — e sinto uma dor alucinante. Senti que as minhas pernas


estavam ficando sem forças e que a minha cabeça iria explodir. Aos poucos fui
me entregando à escuridão, mas antes que ela me pegasse completamente veio
em minha cabeça a minha irmã, Vanessa iria ficar arrasada quando soubesse que
eu não iria mais voltar. Faço uma prece e peço a Deus que me ajude.

— Leon, meu amor, me perdoe! — sussurro para mim mesma, e caio na


escuridão.
Minha cabeça ia explodir de tanta dor. Estava com muito enjoo. Tento virar
a cabeça, e não consigo.

— Senhor Vitorino? Senhor Vitorino! — ouço me chamarem, e não sabia


quem era.

— Onde eu estou? — pergunto, tentando abrir os olhos, mas a claridade me


cegou, fazendo-me gemer.

— O senhor se encontra em um hospital.

— Cadê a minha namorada? Ela está ferida? Preciso ver ela! — tento
sentar, e a vertigem que sinto é tão forte, que quase caio, se não fossem os
enfermeiros. Fecho os meus olhos rápido.

— Tenta ficar calmo — ouço a voz de uma mulher querendo me


tranquilizar.

— Por favor, me fale onde está a minha noiva — peço novamente, com
medo de algo ruim ter acontecido com minha rainha. Eu não iria suportar.

— O senhor foi encontrado sozinho caído no chão do banheiro — a voz


fala. Abro os olhos novamente para ver com quem estou falando e encontro uma
mulher que deduzo ser a médica.
— Onde ela está, então?

— Senhor, realmente não tinha ninguém perto do senhor.

— Preciso que vocês a encontrem.

— O senhor quer que ligue para alguém?

— Sim, por favor, ligue para minha cunhada. E também quero que chame a
polícia.

— OK, senhor, vamos avisar a sua cunhada. Quanto à polícia, ela já está
aqui.

— Obrigado, doutora. Então mande eles entrarem, eu preciso falar com eles
— peço, com urgência.

— Podem entrar, o paciente quer vê-los — ouço-os agradecendo e tento


abrir novamente os olhos, a vertigem passou. Então dou de cara com um casal de
policiais que me olhavam preocupados.

— Senhor Vitorino, me chamo Gustavo Boa Ventura, e essa é a minha


parceira Tatiana Lins — o policial me cumprimenta.

— Obrigado por estarem aqui.

— O senhor está bem para poder dar um depoimento?

— Sim, só que antes eu preciso que vocês procurem a minha namorada! —


peço, desesperado.

— Antes de procurar por ela… O senhor se lembra do que aconteceu?

— Sim, eu me lembro de tudo.

— Então nos conte o que houve.

— Logo que acordamos pela manhã, tomamos café e a levei até a


faculdade. Depois segui para a minha empresa para trabalhar e fiquei lá até
quase o horário de buscá-la na faculdade, e saí da empresa para ir de encontro
com ela — fico meio tonto na posição em que estava.
— Senhor Vitorino, o senhor está bem? — a policial pergunta, preocupada.

— Estou um pouco tonto.

— O senhor quer parar?

— Eu estou bem! Não quero parar de falar.

— Então é melhor o senhor deitar — ouço a voz da médica, e com ajuda


deles eu deito.

— O que houve comigo, doutora? — pergunto, sentindo a minha cabeça


latejar.

— O senhor sofreu uma forte pancada na cabeça que foi feita por uma
coronhada de revólver.

— Entendo — olho para o policial e aviso: — Eu quero continuar a contar.

— OK, estamos ouvindo.

— Então, onde parei?

— O senhor disse que saiu da sua fábrica e foi até a faculdade de sua
namorada para buscá-la.

— Então, assim que eu cheguei à faculdade, fiquei esperando-a encostado


ao carro, e foi aí que ela saiu e acenou para mim. Ela estava vindo em minha
direção quando um aluno que imagino que seja da sala dela agarrou o seu braço
e ficou conversando com ela como se estivesse brigando.

— E quem é ele, o senhor sabe?

— Eu a ouvi chamá-lo de Pedro.

— E esse Pedro, o senhor sabe alguma coisa sobre ele?

— Nada. A Maria Eduarda e eu estamos namorando há pouco tempo.


Conhecemo-nos através de sua irmã, que trabalha comigo.

— Então continue, o que o senhor fez quando viu que esse tal de Pedro
tinha agarrado o braço de sua namorada?

— Bom, eu consegui tirar os braços dele de cima dela, o ameacei dizendo


que se ele voltasse a procurá-la ele se veria comigo.

— E depois disso, o que aconteceu?

— O tal de Pedro me ameaçou dizendo que iria me destruir, mas não


acreditei nele. Depois seguimos para o shopping para almoçar e depois ir
comprar um novo celular para ela, pois ela está sofrendo perseguições de um
maníaco — respondo, sentindo a raiva novamente.

— Vamos voltar, sobre o shopping, e depois quero saber mais sobre esse
maníaco, como o senhor mesmo disse.

— Então, depois que almoçamos, paramos para comprar sorvete para a


Duda, e ficamos brincando e conversando até ela terminar. Ela disse que
precisava ir ao banheiro, e eu aproveitei e também fui. Combinamos de nos
encontrar no corredor, de onde iríamos para a loja. Mas, assim que cheguei à
porta do banheiro, ao puxá-la senti uma dor horrível na cabeça e acabei
desmaiando. Quando acordei, a minha namorada não estava aqui do meu lado.

— Compreendo, e até agora ela não entrou em contato com ninguém?

— Que eu saiba, não. Pedi para avisarem a minha cunhada, a sua irmã
Vanessa Sanches.

— Agora me conta sobre o tal maníaco que está perseguindo a sua


namorada.

— Então, há dois anos a minha namorada foi violentada, no dia do seu


aniversário de 18 anos — respondo, tentando controlar a minha raiva.

— E o estuprador foi pego?

— Não, que a gente saiba. Há mais ou menos uns dois dias ele voltou a
persegui-la — comento, pensativo, ainda querendo saber como ele descobriu o
seu número.

— E vocês não conseguiram descobrir quem era?


— Não. E o mais estranho é que ele descobriu onde ela estuda, e a minha
namorada chegou mesmo a desmaiar por causa desse lunático.

— Então ele voltou a persegui-la?

— Sim, e também a mandar mensagens xingando-a por estar comigo e


fazendo ameaças.

— E, fora isso, a sua namorada não tem problema com mais ninguém?

— Não, a minha irmã não tem problema com ninguém! — ouço a voz da
Vanessa na porta do quarto, olho para ela e sento novamente. Gemendo
baixinho, pergunto, esperançoso:

— Vane, a Duda! Você conseguiu falar com ela?

Mas o olhar que ela me deu era triste:

— Leon, eu não consigo falar com ela, o que houve?

Conto o que aconteceu, e quando finalizo ela pergunta, com medo:

— Então ele voltou?

— Temo que sim! — olho para os policiais que ainda estavam ali e
pergunto: — Agora, o que vocês vão fazer para trazer a minha namorada de
volta para mim?

— Senhor Vitorino, vamos abrir uma denúncia sobre agressão sobre o


senhor e vamos investigar o que aconteceu, e depois daremos continuidade e
faremos a declaração de desaparecimento, mas para ela ser oficializada temos
que aguardar as vinte e quatro horas pelo menos — diz o policial, e olho para ele
chocado:

— Como é que é?

— Foi o que o senhor ouviu, sinto muito!

— Não mesmo, eu não vou ficar aqui esperando dar as malditas vinte e
quatro horas para vocês poderem ir atrás da minha namorada.
— Senhor Vitorino, o senhor não pode fazer nada.

— Ah, vamos ver se não! Eu quero ver as filmagens do shopping e quero


descobrir onde foi parar a minha namorada.

— Eu gostaria de fazer-lhe algumas perguntas sobre a sua irmã, Senhorita


Sanches — ouço a policial pedindo para a Vane, que me olha e diz:

— Já venho, Leon! — aceno em concordância e tento procurar meu celular.

— Cadê o meu celular?

— Quando o senhor chegou aqui, no hospital, o guardamos — responde a


médica.

— Doutora, eu preciso dele para chamar um táxi — aviso, já perdendo a


paciência com eles. — Eu mesmo vou procurar a minha namorada!

— O senhor tem que se acalmar, Senhor Vitorino — pede a médica, que eu


nem sabia que ainda estava no quarto ouvindo tudo.

— Eu, me acalmar, doutora? — respondo, irônico, puxando os fios do soro.


Começa a sangrar, e ela me olha horrorizada.

— Se acalme, Senhor Vitorino! — ela pede novamente.

— Eu não posso me acalmar sendo que eu não sei onde está a minha
namorada! Como querem que fique aqui de boa sendo que eu nem sei se a minha
namorada está machucada ou não?

— O senhor está machucado e sangrando! — a doutora fala, e olho seu


crachá. Seu nome é Luana Rezende, e observo-a dar sinal para os enfermeiros,
que logo estavam ao meu lado me deitando e me segurando com força.

— Me soltem! — grito, desesperado. — Eu preciso ir atrás da minha


namorada!

— Senhor Vitorino, o senhor deu entrada aqui no hospital com uma


concussão na cabeça e precisamos deixar o senhor passar a noite aqui para
verificarmos se não teve sequelas.
— Nãooooo, eu não quero ficar aqui! — grito, com medo.

— Senhor Vitorino, tente ficar tranquilo, que vamos atrás de sua namorada
— o policial me avisa.

— Eu também quero ir!

— Não, o senhor vai seguir o que a doutora falou!

— Eu não vou seguir ordem de ninguém, eu vou sair daqui, e vai ser agora!
— grito alto, e sinto que os enfermeiros estavam me segurando com força.

— Preparem um sedativo leve para acalmá-lo — a doutora pede, e olho


para ela em pânico. Eu não podia dormir. Tinha que ficar em alerta, minha rainha
precisava de mim.

— Não, por favor, eu não posso dormir! — peço, desesperado, vendo-os


trazerem uma seringa. Logo meu braço estava sendo amarrado com uma
borracha, e eu tentava tirá-lo para não levar a injeção.

— Sinto muito, Senhor Vitorino, mas o senhor precisa de um sedativo para


ficar tranquilo.

Então observo a doutora dar o sinal e logo sinto a picada em meu braço. Os
enfermeiros me soltam e vão embora.

— Vocês não podiam ter me dado essa injeção!

— Foi para o seu bem, Senhor Vitorino.

— Não foi para o meu bem! — sinto meus olhos começarem a se fechar e,
antes que eu perdesse a consciência, meu último pensamento foi para a minha
rainha, e era como se eu pudesse vê-la ali ao meu lado. Comento comigo
mesmo: — Me perdoa, minha rainha, por não conseguir ir te resgatar! — sinto as
lágrimas começarem a escorrer em meus olhos e sou sugado pela escuridão em
que fui colocado.
Minha cabeça lateja e gemo de dor. Aos poucos vou abrindo os olhos e dou
de cara com o Pedro me olhando como se fosse um falcão olhando a sua presa.

— Minha bela adormecida, finalmente acordou, pensei que tinha morrido


— ele comenta, irônico, sentando em uma cadeira. Eu estava amarrada a uma
cama.

— Pedro, o que você fez comigo?

— Ora, eu trouxe você para o seu lugar.

— Nunca vou morar aqui com você! — debocho, rindo da cara dele, e ele
vem com tudo e me dá um soco, me fazendo gemer de dor.

— Você acha que vai sair daqui como?

— O meu namorado vai vir me buscar!

— Nunca vão nos encontrar, minha bela adormecida.

— O que você quer dizer? — começo a ficar com medo.

— Eu quero dizer que vamos viver aqui para sempre!

— Eu prefiro morrer a ficar com você!

— Não, você não vai morrer.


— Ah, isso para mim é fácil, já morri uma vez, e outra não vai fazer
diferença — dou de ombros. No fundo, estava com medo dele, só não podia
demonstrar na sua frente.

— Então se eu te der um tiro não vai ter problema? — ele aponta a arma
para a minha testa.

— Nem um pouco, para mim é indiferente.

— Pode ficar tranquila, eu não vou te matar.

— E você acha que eu ligo? — comento, ainda rindo. — Se, como você
mesmo disse, ninguém vai nos encontrar, então acho melhor você me matar e
depois se matar — o provoco. Mas eu sabia que não podia ficar fazendo isso.

— Então quer dizer que você gosta de brincar com fogo? — ele debocha.

— Se você acha que estou brincando… Já que você disse que vamos ficar
juntos para sempre, me responde a uma pergunta: por que você me raptou?

— Você nunca me notou, né? — de repente ele fica alterado, era como se
tivesse sido possuído.

— Notar você como?

— Sim, eu sempre te amei!

— Eu sempre te vi como um colega. Me desculpa, Pedro.

— Por que você pede desculpas?

— Porque nunca vou te amar.

— Sim, eu sei que vai me amar, afinal vamos ficar juntos para sempre!

— Eu amo outro homem, sempre vou amar o meu namorado, e é com ele
que quero viver até o fim da minha vida — declaro, e ele me olha com fúria.

— Ah, esse seu namoradinho… Vocês já transaram?


Fico sem graça, e logo meu rosto fica aquecido.

— Pelo que eu vejo, não.

— Pedro, a minha vida pessoal não é da sua conta! Agora quer me fazer o
favor de me soltar? — mexo os meus braços e tento me soltar das gravatas.

— Não senhora, a sua vida sempre é importante para mim — ele diz, com
um sorriso irônico nos lábios.

— Na minha vida quem manda sou eu!

— Engraçado você dizer isso — ele ri demais.

— Pedro, por favor, reconsidere — peço, querendo ver se ele colocava


algum juízo na cabeça e me soltava logo.

— Reconsiderar? Sobre o quê?

— Pedro, você me sequestrou num shopping, foi violento comigo na


faculdade… Preciso continuar?

— Sim, você tem que entender!

— Não, eu não entendo!

— Desde que a vi pela primeira vez, me apaixonei.

— Sim, isso deu para entender.

— E sempre estava rodeada daquelas duas louquinhas que eram as suas


amigas. Ah, como elas se chamavam mesmo? — ele dá um tempo e depois
responde: — Ah, sim, a Lorena e a Adriana.

— O que tem elas?

— Então, elas sempre ficavam ao seu lado, e via como você ria, e aquilo me
encantou.

— E daí? Eu não posso rir com as minhas colegas?


— Continuando a nossa história de amor…

— Pedro, você está louco?

Ele vem em minha direção e grita, nervoso:

— Não me chame de louco, está ouvindo? — dá um tapa em meu rosto.

— Sim, você é um louco por inventar essa história! — ele me dá outro tapa,
e, mesmo doendo muito, começo a rir.

— Você acha graça? Você gosta de apanhar? — ele diz, nervoso, e volta a
me dar tapas.

— E você, gosta? — retruco. Mesmo sentindo uma dor do cão, eu não iria
demonstrar.

— Sabe que gosto de você assim, confiante! — ele ri e passa a mão no meu
rosto.

— Você é um completo idiota!

— E você é uma vadia! Que gosta de ficar se esfregando com qualquer um


na rua.

— Isso, agora sim mostre quem você é de verdade!

— Você gosta, né?

— Ah, sim, eu gosto de ver que se acha o espertão completo.

— Vamos continuar, veremos quem vai ser o espertão. Dia 4 de novembro


te lembra alguma coisa?

Eu congelo.

— O que tem essa data? — questiono, sentindo ânsia.

— Ah, você não se lembra? Então me deixa refrescar a sua memória. Não é
o dia em que você faz aniversário? — como eu não falo nada, ele diz, gritando:
— Me responde!
— Sim, é o dia em que eu faço aniversário — respondo, a contragosto.

— Boa menina, vamos continuar! Nesse dia você foi comemorar seu
aniversário na boate, não?

— Por que eu tenho que responder, se você sabe disso?

— E também naquela noite você perdeu a virgindade, não?

— Como você sabe disso? — pergunto, percebendo que a ânsia de vômito


tinha voltado.

— Ora, é bem simples, fui eu que tirei a sua virgindade!

— Pedro, o que você está dizendo? — indago, achando ter ouvido errado.

— Foi o que acabou de ouvir, você perdeu a virgindade comigo, e vou te


dizer, foi uma delícia — olho para ele com nojo, com vontade de matá-lo.

— Você quer dizer que me estuprou, não?

— Estupro? Não, minha bela adormecida, nós fizemos amor! — ele diz,
com convicção.

— Você me violentou e acha que fizemos amor? — debocho, rindo, e o


meu riso se transforma em lágrimas.

— Ah, não fica assim, podemos agora ficar juntos! — olho-o com vontade
de me soltar e matá-lo.

— Nunca! — grito.

— E o seu namorado, o que ele acha dessa história?

— Do que você está falando?

— Quando ele souber que fui eu que tirei a sua virgindade…

— Simplesmente reze para ele não ficar sabendo!

— Ele não vai fazer nada! Agora, será que ele vai gostar de saber que, além
de fazer amor comigo, sempre estamos nos falando por telefone?

— Meu Deus, Pedro, você está louco.

— Louco?

— Sim, você é louco, você acha mesmo que vou ficar com você depois de
me contar isso?

— E você acha mesmo que aquele velhote vai ficar com você?

— Sim, ele me ama!

— Eu não tenho tanta certeza disso. Ele não vai ter o prazer de ser o seu
primeiro homem!

— Eu tenho nojo de você!

— Tem nada, quero ver você ter nojo de mim quando formos fazer amor
novamente.

— Eu prefiro morrer a ser tocada por você!

— Morrer… hum… seria uma boa ideia!

— Sabe o que eu não entendo? Essas suas personalidades que você


apresenta de cinco em cinco minutos em nossas conversas, isso é realmente de
louco.

— Ah, está querendo morrer, não? — ele me ameaça.

— Eu já disse, se quiser me matar é só dar um tiro!

Ouço um barulho alto, e o alívio que ele me passa é enorme.

— Eu vou descer para ver quem é que entrou aqui, e vai se arrepender! —
ele ameaça, e rezo para que o Leon não se machuque.

Pedro sai e demora alguns minutos. Tento me soltar para fugir, e não
consigo. Não demora muito, ouço passos rápidos, e, quando acho que era o
Pedro, dou de cara com o meu príncipe encantado. E, ao vê-lo ali me resgatando,
começo a chorar.

— Ei, não chore! — ele pede, me dando um beijo. Eu estava morrendo de


saudades dos seus beijos. Logo nossas bocas se separam, ele passa a faca na
corda e me solta.

— Leon, graças a Deus você conseguiu me achar! — abraço-o e vejo que


ele está machucado. — Você está machucado?

— Eu estou bem, e se acalme, você está salva! Vamos sair daqui!

— Sim, vamos! Cadê o Pedro?

— Minha rainha — ouvi-lo me chamar assim me fez sorrir feliz —, eu não


quero que você se preocupe com mais nada.

— Leon, ele pode vir atrás da gente!

— Ele vai ficar algumas horas desacordado.

Começamos a andar rápido. Leon faz sinal para um táxi, e quando entramos
ouço-o dizer para irmos direto ao hospital.

— Eu não quero ir para o hospital! — falo, querendo ficar com ele.

— Sinto muito, minha rainha, mas temos que ir para ver esses ferimentos, e
também vou ligar para sua irmã e ver se ela ainda se encontra lá.

Eu não via a hora de vê-la.

— Sabe do que senti mais falta? — falo, e de repente estava em seus


braços.

— Do quê?

— De ser chamada de sua rainha.

— Mas você é e sempre será a minha rainha! — ele fala, com devoção. —
Ele te machucou em mais algum lugar? — fico com medo, será que o Pedro
contou que fui violentada por ele?
— Então ele te contou? — pergunto, com a ânsia voltando.

— Sim, e você não precisa ter vergonha, quando chegarmos ao hospital


quero que faça um exame.

— Que exame? Você acha que eu fui violentada?

— Você não foi? — ele pergunta, com receio, e reparo em seu alívio.

— Graças a Deus, não! — me dá um ataque de riso e falo: — Seria muita


falta de sorte eu ter sido violentada duas vezes, não? — depois começo a chorar,
e o Leon chora junto comigo.

— Eu vou matar aquele filho da puta!

— Não! — mesmo querendo que o Pedro morra, não quero que o meu Leon
seja preso.

— Ele merece morrer por ter mentido para mim, dizendo que te violentou
duas vezes. Eu tenho vontade de voltar lá e matá-lo! Por que você não quer que
eu o mate?

— Ele vai ter o que merece, e sei que ele apanhou, e muito!

— E por que você acha isso?

— Porque as suas mãos estão machucadas, e também não quero você preso
por matar aquele verme.

Por mais que o Pedro não tivesse a justiça no mundo dos homens, sei que
na de Deus ele iria pagar caro.

Chegamos ao hospital e seguimos abraçados. No caminho, vou perguntando


por que a Vanessa estava ali.

Quando entramos, vejo o Leon ligando, e não demora muito ouço a voz da
Vanessa gritando o meu nome, e logo estávamos nos braços uma da outra. A
Vane se solta e vai até o Leon:

— Você cumpriu a sua promessa!


— Eu sempre cumpro o que prometo — ele brinca, e sou puxada para os
seus braços novamente. — E agora estou precisando dos seus beijos novamente,
minha linda rainha.

— Eu também preciso dos seus beijos novamente!

Sua boca se encontra com a minha, e matamos a nossa saudade. Dou graças
a Deus que enfim tudo terminou bem. Agora o próximo passo é o Pedro estar
atrás das grades. E esse foi o meu último pensamento antes de me entregar
totalmente aos seus beijos. Eu não estava nem aí para quem estivesse vendo essa
cena.
Acordo e verifico que já era de noite. Sento na cama rápido e acabo fazendo
barulho. A Vanessa me olha assustada.

— Oi! — ela diz.

— Oi. Fiquei muito tempo fora de área?

— Um pouco — ela diz, triste.

— Nada de encontrarem a Duda?

— Nada.

— Vane, por favor, chame a doutora que me atendeu.

— Ela já foi embora, e entrou outro médico no lugar dela — dou graças a
Deus por isso.

— Sem problema, eu quero falar com ele.

Olho para o celular e vejo um monte de chamadas perdidas, entre elas da


Laura, da minha mãe e da Vanessa.

— Leon, o que você pretende fazer?

— O que deveria ter feito antes de me doparem, vou atrás da minha


namorada — ela concorda e sai do quarto.
Verifico que já estou sem aqueles fios do soro, e no lugar deles, um curativo
redondo. Reviro os olhos ao sentir uma leve fisgada quando dobro o braço.
Desço da maca devagar e vou me segurando. Sigo para o banheiro, lavo o rosto,
e fico chocado com a minha aparência.

— Droga, Leon, o cara acabou com você! — resmungo, ao ver que estava
com curativos na cabeça. Ouço me chamarem e saio do banheiro, dando de cara
com um médico que me olhava meio desconfiado.

— Então, Senhor Vitorino, como o senhor está agora?

A vontade que eu tenho é de dizer que eu não estava nada bem, por causa
da minha namorada, e que ele deveria se foder por estar me fazendo perder
tempo com besteiras.

— Eu estou bem, doutor…?

— Ah, me desculpa! Eu me chamo Lucas Leão — me cumprimenta


estendendo a mão, e vejo que a Vanessa fica corada. Então descubro que é o
namorado dela.

— Então você é o namorado da minha secretária e cunhada?

— Ah, sim, ela me contou que você tinha sido internado na mesma unidade
em que trabalho.

— E ela também te disse que quero ir embora para procurar a minha


namorada?

— Sim, ela me contou, só que não posso te liberar ainda.

— E por que não? — pergunto, louco para estrangular o doutorzinho,


mesmo sendo o meu futuro cunhado.

— Eu preciso que você faça dois exames para te liberar.

— E esses exames demoram?

— Leon… — Vane me alerta.


— Leon… Posso te chamar assim, não? — aceno que sim, e ele continua:
— Eu não posso te liberar sem fazer esses exames, porque não queremos que
você desmaie.

— OK, vamos fazer esses benditos exames, e quanto mais rápido fizer,
mais rápido eu saio daqui! — resmungo, e vejo o alívio no rosto da Vanessa.
Entendo a sua preocupação.

— Então vamos, que vou te levar para fazer uns raios-X e depois vamos
fazer uma tomografia, só para desencargo de consciência.

Pego o meu celular, a carteira e as chaves do carro e entrego para a Vanessa,


pedindo:

— Caso a minha mãe ligue, avise-a que logo entro em contato.

— Pode deixar — ela diz, e me acompanha até a sala de exames.

Não demora muito, faço os dois, o bom de ter um médico conhecido é que
consigo fazer os exames logo.

Depois seguimos novamente para o meu quarto, e ele diz:

— Bom, dá para ver que não teve nenhuma fratura e não há manchas nos
exames, e isso é muito bom!

— Então posso ir embora?

— Leon, quero que você sente na cama só para verificar os seus olhos, e
depois sim você vai poder ir — sento rápido na cama, e ele começa a me
examinar e fazer perguntas, e eu respondo que estava tudo bem.

— Agora sim!

— E então, agora estou mesmo liberado?

— Sim, está — dou um suspiro de alívio.

— Ótimo, agora posso ir embora.

— Leon, toma cuidado, OK?


— Pode deixar, doutor, eu vou me cuidar — agradeço, e ele escreve algo
em uma prancheta e me entrega.

— Esse é o papel de sua alta. E você não vai poder dirigir.

— Por que não?

— Porque você sofreu uma pancada na cabeça e não é bom dirigir.

Mas isso para mim não serve de nada.

— Tudo bem, eu vou chamar um Uber.

— É melhor.

Estendo a mão e agradeço:

— Obrigado, doutor, por ter me liberado!

— Se eu não tivesse feito isso, você teria fugido?

Respondo sem pestanejar:

— Sim, com toda a certeza.

— Eu imaginei. E agora, o que você vai fazer?

— Vou até a faculdade ver se consigo obter o endereço do tal Pedro.

— E você não acha que a polícia já não foi lá?

— Se foi, eu não sei, só sei que vou até lá e vou fazer de tudo para
descobrir o endereço daquele filho da puta!

— Então você acha que foi ele?

— Ah, sim, ele parecia surtado de manhã. Eu vou fazer questão de acabar
com a raça dele.

— Então, meu amigo, boa sorte! Traz a minha cunhada de volta!


— Nem que seja a última coisa que eu faça nesta vida!

— Leon, quero ir com você! — a Vanessa me olha.

— Vane, eu prefiro que você fique aqui com seu namorado, ou mesmo vai
para sua casa.

— Ela é minha irmã! — ela insiste.

— Sei disso, só que vou ficar mais tranquilo com você em segurança.

— Traz a minha irmãzinha, Leon! — ela pede, quase chorando.

— Eu vou trazê-la, Vane!

Pego as minhas coisas, coloco a carteira no bolso da calça, desbloqueio o


meu celular e chamo um Uber, colocando o endereço da faculdade. Despeço-me
dos dois e sigo para fora do hospital, entregando a minha alta na recepção.

O Uber já estava me esperando, e eu não queria me demorar. O motorista


me cumprimenta e pergunta se eu gostaria de ir orientando-o ou se ele poderia
seguir o aplicativo.

— Pode seguir o aplicativo.

— OK, daqui a pouco estaremos lá.

Eu não via a hora de encontrar a minha rainha. Sinto tanto a sua falta! De
uma coisa eu tinha certeza: ela estava com aquele Pedro. Por que ele fez isso
com a minha rainha? Será mesmo que ele tinha a ver com o caso do estupro?

Eu mato aquele desgraçado se foi ele mesmo que fez isso com a minha
rainha! Ele vai pagar tão caro! Agora o mais importante era encontrar a minha
Duda, e só assim eu me vingaria daquele desgraçado.

Meu Deus, traga a minha rainha para mim, nunca pedi nada! Só a quero do
meu lado para podermos constituir família um dia. Afinal, ela é a única mulher
que conseguiu me prender, e morro se ela não aparecer. Por isso vou fazer tudo o
que precisar para trazê-la de volta.
Eu a quero mais do que tudo na minha vida! Não sou mais um garoto que
não sabe o que quer.

— Minha rainha, eu vou te encontrar! — falo comigo mesmo.

— O senhor falou algo? — o motorista pergunta.

— Sim, falei comigo mesmo.

Como ele mesmo disse, não demoramos muito e chegamos à faculdade.

— Obrigado! — agradeço, e saio do carro.

Enquanto ando até a porta, vou me lembrando da minha rainha em meus


braços, e nesse momento eu juro:

— Eu vou te trazer de volta, minha rainha!

Entro no prédio e pergunto onde é a recepção. Lá, encontro uma senhora,


que logo me atende:

— Pois não?

— Boa noite, meu nome é Leon Vitorino e gostaria de saber como faço para
pegar o endereço de um aluno — ela me olha desconfiada, no mínimo achando
estranho um homem com curativos na cabeça ali na faculdade.

— Senhor, não temos autorização para passar nenhum endereço de qualquer


aluno.

— Senhora, a minha namorada foi sequestrada por um aluno de vocês!

— Mesmo assim, senhor. Não podemos passar nenhuma informação.

— Senhora, é a minha namorada, e ela foi sequestrada por um aluno de


vocês, e não podem me passar a porra de um endereço?

— Não podemos, sinto muito.

— E se eu pedir para a polícia vir aqui?


— Mesmo assim, só poderíamos passar para eles, e não para o senhor. Sinto
muito.

— Senhora, é caso de vida ou morte!

— Me desculpa, senhor, mas sem ordem não podemos.

— Obrigado, vou pedir para a polícia vir aqui, então — aviso, e me


despeço. Estava ali desesperado para achar a minha rainha, e o medo de não a
encontrar com vida me deixava horrorizado.

Saio da faculdade pensando se havia outra forma de achá-la. Ouço passos


atrás de mim e me viro, encontrando a mesma senhora.

— Senhor Vitorino, vou te passar o endereço, mas peço que não conte a
ninguém que fui eu que te forneci — ela pede, nervosa.

— É claro que não! — agradeço-a e chamo novamente o Uber. Assim que


ele chega, sigo em direção à casa do Pedro, pensando em várias formas de me
controlar.

— Obrigado! — agradeço, e saio correndo para a casa onde o tal Pedro


morava.

Sigo até o portão, que estava aberto, e entro sem fazer barulho. Vou até a
porta de entrada e verifico se estava aberta. Não. Tento olhar para dentro, e
estava tudo escuro, chego a pensar que a minha Duda não estava lá dentro.

Não desisto e vou andando para ver se tinha outra entrada. Fico procurando,
até que encontro uma porta do lado do quintal. Estava encostada, e fico aliviado,
no mínimo ele deve ter se esquecido de trancar. Isso foi a minha sorte.

Vou verificando se havia cachorros, e não vi nenhum. Abro a porta com


cuidado e entro sem fazer nenhum barulho. Fico olhando para ver se o Pedro iria
aparecer, e nada de encontrá-lo.

Encontro um corredor e vou andando, vendo que há mais portas. Fico


curioso e abro bem devagar, e nada. O mais estranho é que a casa parece ser tão
pequena por fora, e por dentro é enorme.
Ouço um barulho que parecia vir do andar de cima e vou em direção a ele.
Quando chego lá, ouço duas vozes, e uma delas eu sabia que era da minha
rainha.

Abro a porta bem devagar e encontro o Pedro apontando a arma para ela.
Vê-la ali sendo ameaçada fez meu sangue ferver e mais ainda querer matá-lo de
várias formas.

Outra coisa que me chamou atenção foi ver que a minha rainha estava
machucada, e a vontade de entrar e acabar com a raça dele era mais forte. Mas
não podia agir de cabeça quente.

Tento verificar se havia como distraí-lo e lembro que a porta da frente


estava trancada. Penso mais um pouco e logo me lembro de que na cozinha deve
ter algum copo ou prato, e volto para baixo. Eu tinha de trazê-lo ali.

Quando chego à cozinha, procuro algo que faça barulho bem forte e
começo a jogar tudo no chão, fazendo um ruído enorme. Não demora muito,
aparece o Pedro, armado. Quando ele acende a luz e me vê, fica surpreso, e não
tem tempo de agir, pois lhe dou um soco, fazendo-o cambalear e cair no chão.
Chuto a sua mão, fazendo a arma disparar.

— Seu maldito filho da puta! — grito, e chuto-o.

— Quem é aqui o filho da puta? — ele ri.

— Você vai pagar caro! — o ameaço, e fico em cima dele socando-o, até
ele parar de rir e começar a sangrar.

— Eu tenho que te contar uma coisa!

— Não quero ouvir nada!

— Ah, mas eu quero contar! Sabe quem tirou a virgindade da sua


namoradinha?

— Não quero saber! — e lhe dou mais um soco forte, e mesmo tonto ele
ria. O cara gostava mesmo de apanhar.

— Fui eu que tirei a virgindade da sua namoradinha, e uma coisa eu te digo:


ela é deliciosa até hoje! — ele ri, e dou-lhe um soco tão forte, que acabo
deixando-o desacordado.

Antes de ir atrás da minha rainha, consigo pegar uma faca e saio correndo.
Volto para a minha rainha, e quando a encontro eu estou tremendo tanto, que
acho que vou desmaiar. Quando ela me vê, o seu alívio é tão grande, que ela
começa a chorar.

— Ei, não chora! — eu a consolo dando um beijo nela e passo a faca com
força na corda.

— Leon, graças a Deus você conseguiu me achar! — ela diz, chorando, e


me abraça dizendo: — Você está machucado?

— Eu estou bem, e se acalme, você está salva! Vamos sair daqui!

— Sim, vamos! — mas antes de sairmos ela me pergunta, com medo: —


Cadê o Pedro?

— Minha rainha, eu não quero que você se preocupe com mais nada.

— Leon, ele pode vir atrás da gente!

— Ele vai ficar algumas horas desacordado — aviso, e sinto o seu corpo
relaxar.

Levo-a embora dali, e quando estamos andando vejo um táxi passar e o


chamo, dando o endereço do hospital.

— Eu não quero ir para o hospital!

— Sinto muito, minha rainha, mas temos que ir, para ver esses ferimentos, e
também vou ligar para a sua irmã e ver se ela ainda está lá.

— Sabe do que senti mais falta?

— Do quê?

— De ser chamada de sua rainha.

— Mas você é e sempre será a minha rainha! — aviso, e ela me abraça com
força. Então me lembro do que aquele lunático disse sobre tê-la violentado
novamente e pergunto, sem jeito: — Ele te machucou em mais algum lugar?

Seu corpo fica tenso e se retrai, e a seguro em meus braços, com medo de
que ela fugisse.

— Então ele te contou? — ela pergunta, com vergonha.

— Sim, e você não precisa ter vergonha, quando chegarmos ao hospital


quero que faça um exame.

— Que exame? — ela sai dos meus braços, percebe o que estou querendo
dizer e então ri: — Você acha que eu fui violentada?

— Você não foi? — e é quando o alívio me inunda.

— Graças a Deus, não! Seria muita falta de sorte eu ter sido violentada duas
vezes, não? — ela ri, mas então começa a chorar, e choro junto com ela.

— Eu vou matar aquele cara!

— Não!

— Ele merece morrer por ter mentido para mim, dizendo que te violentou
duas vezes. Eu tenho vontade de voltar lá e matá-lo! Por que você não quer que
eu o mate?

— Ele vai ter o que merece, e sei que ele apanhou, e muito!

— E por que você acha isso?

— Porque as suas mãos estão machucadas, e também não quero você preso
por matar aquele verme.

Chegamos ao hospital, pago a corrida e a levo direto para dentro do prédio.


Assim que chegamos ao andar, ligo para a Vane avisando que a tinha encontrado
e logo depois para a polícia. Desligo assim que ouço a voz da Vanessa gritar o
nome da minha rainha, e ver as duas se abraçando foi a melhor coisa que
aconteceu.
Elas se separam, e a Vane me olha e diz:

— Você cumpriu a sua promessa!

— Eu sempre cumpro o que prometo — brinco, e a Vane me dá uns


tapinhas e me solta. Puxo a Duda para os meus braços e falo: — E agora estou
precisando dos seus beijos novamente, minha linda rainha.

— Eu também preciso dos seus beijos novamente — ela diz, e, com plateia
e tudo, ataco a sua boca com fúria, mostrando a todos a quem essa mulher
pertencia: somente a mim.
A Vanessa praticamente me tirou dos braços do Leon quando eu vi o meu
cunhado ali me esperando. Vou até ele e o abraço.

— Como está, cunhadinha? — ele pergunta, preocupado, olhando os meus


machucados.

— Eu estou bem, Lucas.

— Que bom! Estava preocupado com você.

— Graças a Deus, o Leon me encontrou a tempo — digo, olhando para o


Leon, que estava ao celular. Fico curiosa para saber com quem ele está falando, e
a Vanessa, vendo o meu olhar, pergunta:

— Algum problema?

— Leon está numa ligação, e eu estou aqui querendo saber com quem! —
brinco, ainda olhando para ele.

— Ah, deve ser a mãe dele.

— A mãe dele?

— Sim, você ainda não a conheceu, né?

— Ah, ainda não! Assumimos naquele dia em que ele foi me encontrar na
faculdade.

— Minha irmã, quero que você saiba que o Leon está completamente
apaixonado por você! — ela o defende, e abro um sorriso.

— Sim, eu sei! Vane, o Leon é o homem mais importante da minha vida!

— Nós sabemos disso — Vane fala, olhando para o Lucas, e sorrio.

— Tenho uma coisa para te contar.

— O que houve?

— Eu sei quem me violentou há dois anos — solto, e a Vanessa e o Lucas


me olham chocados.

— E quem foi?

— O Pedro.

— Como é que é?!

— Foi o que eu disse!

— Meu Deus, ele é louco?! — ela diz, chocada.

— Louco com certeza! Doente com certeza!

— E você, como está se sentindo? — pergunta Lucas, preocupado.

— Eu não vou mentir em dizer que não mexeu comigo, porque mexeu! Pelo
menos, finalmente eu tenho um rosto e sei quem fez isso comigo. Tive nojo ao
ficar sabendo dessa história, sim! E a coisa que eu mais quero é que aquele filho
da puta seja preso.

— Ele já foi, minha rainha! — ouço o Leon dizendo, e me viro e dou de


cara com ele.

— Sério? — pergunto, ainda com medo de estar sonhando.

— Sim, minha rainha, agora pode ficar em paz!


— E era com os policiais que você falava ao telefone?

— Sim, eu liguei para a delegacia para avisar que tinha te resgatado e que o
Pedro estava desacordado.

— E o que eles disseram?

— Que o Pedro foi encontrado ainda desacordado e iriam levá-lo até o


hospital mais perto para ele ser examinado.

— Ele merece morrer, aquele louco! — a Vanessa fala, brava.

— Sim, eu concordo, mas não pelas mãos de vocês.

— A Duda tem razão, a justiça vai ser feita — Lucas comenta.

— Sim, vai ser, sim!

— E agora ele nunca mais vai perturbar a minha rainha!

— Graças a Deus, agora posso viver em paz!

— Sim, minha rainha, agora vamos viver a nossa vida! Vamos embora?

— Leon, a Duda precisa fazer alguns exames — Lucas avisa, olhando-nos.


— O senhor, Senhor Leon, também precisa trocar os curativos.

— Eu não fui violentada!

— Não é só para saber se você foi ou não violentada, mas também para
limpar seu rosto e ver se você tem cortes em mais algum lugar.

— OK, vamos fazer logo isso, porque eu quero tomar um banho — falo, e
olho para o Leon: — Você também tem que trocar esse curativo.

Ele me olha com súplica e responde contra a vontade:

— Eu estou bem! — olho-o mostrando que não iria aceitar, e ele responde:
— Tudo bem! Vou refazer o curativo.

— Obrigada!
— Então vamos fazer logo esses exames.

A Vane nos deixa sozinhos e vai conversar com o Lucas, aproveitando que
o andar onde ele estava era tranquilo, e fiquei surpresa, não imaginava que ele
também fazia plantão nesse hospital.

Enquanto estávamos nos preparando para fazer os exames, ficávamos


sempre nos procurando com o olhar, era como se a sensação que sentíamos fosse
de que um de nós iria sumir novamente, e fazendo isso estávamos sempre
conectados para não nos perdermos.

Depois que fizemos os exames, ficamos esperando os resultados, e o Leon


não saiu mais de perto de mim, e quem sou eu para reclamar disso? Estava
amando tê-lo perto me abraçando.

— Em que você pensa tanto, minha rainha?

— Estava pensando em como estou amando estar com você desse jeito, em
seus braços.

— Eu também estou amando ter você aqui comigo! — ele sussurra,


deixando-me trêmula.

— Leon, o que vai acontecer agora?

— Sobre o quê?

— A nossa relação.

— O nosso relacionamento não muda em nada. Você é a minha rainha e


sempre será!

— Você não ficou com nojo?

— Por que eu teria nojo?

— Por saber que foi o Pedro que me violentou.

— Minha rainha, não muda nada o que eu sinto por você!

— Você está falando isso agora, mas e se mudar de ideia? — pergunto, me


xingando por dentro.

— Maria Eduarda Sanches, eu não vou mudar de ideia! — ele diz, bem
sério.

— Desculpa, Leon.

— Tudo bem, eu sei que você deve achar que tudo o que o Pedro me falou
iria me fazer mudar de ideia. Mas eu te amo muito, minha rainha!

— Eu também te amo, e o medo de perder você me faz falar besteira —


confesso, sem graça.

— Nada e ninguém vai nos separar, está me ouvindo?

— Sim, estou ouvindo.

Ele me puxa para os seus braços.

— Agora, que tal você passar a noite comigo novamente?

— Leon, eu preciso ir para a minha casa!

— Por quê?

— Preciso tomar um banho, para tirar essa sujeira que está em meu corpo.

— Não vejo nenhuma sujeira em você, minha rainha.

— Se eu estiver usando um saco de batata, vai me achar bonita! — brinco,


e ele ri.

— Eu não tenho culpa se você tem uma beleza natural, minha rainha.

— Galanteador!

— Eu estou dizendo a verdade! — Leon se defende, sorrindo para mim.

— E vocês dois precisam descansar! — a Vanessa chega, interrompendo a


nossa conversa.
— E eu preciso mesmo tomar um banho e comer — falo, sentindo o meu
estômago roncar.

— Preciso levar a minha rainha para comer, e você vem junto!

A Vanessa olha-o e revira os olhos.

— Vamos logo. O bom é que vou pedir uma boa comida e bem cara, e é
você quem vai pagar — ela diz, indo até o Lucas e dando-lhe um beijo. Eles se
despedem, e a Vanessa fala: — Agora estou liberada, e o Senhor Leon, se
prepare para pedirmos comida bem cara!

— Caramba, Vanessa, eu pago o que você quiser comer! — ele diz,


rendendo-se, e a Vane e eu damos risada e seguimos para nossa casa.

Chegando lá, tomo um banho relaxante, enquanto a comida não chegava.


Graças a Deus, esse dia ruim acabou. Quando saio do banheiro, dou de cara com
o Leon sentado na minha cama me esperando.

— Você não quer tomar um banho?

— Ah, eu vou aceitar! — ele diz, começando a tirar a camisa, deixando à


mostra aquele belo corpo que me deixou salivando.

— Ah… — gaguejo, e ele ri.

— Você está se sentindo bem? — ele brinca.

— Hum… — murmuro, ainda fascinada olhando o seu belo corpo e


torcendo para ele tirar logo a bendita da calça e mostrar as suas belas pernas.

— E não tem problema de eu tirar a roupa na sua frente, não? — ele


pergunta, indo com a mão na calça e descendo bem lentamente como se
estivesse fazendo um striptease.

Sinceramente, eu acho que ficaria de boa ali o olhando tirar a roupa e


admirando o seu belo corpo por horas e horas.

— Você está olhando para mim com uma cara de menina tarada.
Olho para ele e sorrio vendo que ele tinha terminado de tirar toda a roupa e
estava só de cueca boxer, mostrando que ele era, sim, perfeito em tudo.

— Eu não tenho culpa que você é um homem gostoso — comento, sincera.


Se fosse em outra época, ficaria com vergonha ou mesmo não falaria. Mas com o
Leon era tudo diferente, ele fez morrer a Maria Eduarda que sofreu uma
violência sexual e fez nascer uma nova mulher. E eu era agora uma pessoa muito
melhor depois que o conheci.

— E você, minha bela rainha, é a mulher mais perfeita que eu tive a sorte
de conhecer e amar. Não me mande embora — Leon pede, fazendo carinho em
meu rosto.

— Então não vá!

Vou para os seus braços como se fosse automático, e estávamos a ponto de


nos beijarmos quando a Vane grita:

— Leon, me passa a sua carteira!

— Melhor dar logo.

— Sim, sua irmã é muito chata!

— Estou ouvindo, passa logo o cartão e a senha! — ela pede, impaciente, e


ele ri.

— Já estou indo! — ele pega a carteira, e quando ia abrir a porta do quarto


lembra que estava praticamente nu e me diz: — Se importa? — aponta para a
minha toalha, que tiro, fazendo-o ficar olhando para o meu corpo com desejo.
Rio ao olhar para baixo e ver o volume, que tinha aumentado. — Culpa sua! —
ele resmunga, e volto a rir. Vou em direção ao guarda-roupa e coloco um short e
uma bata, enquanto ouvia o Leon e a Vanessa brigarem, pareciam cão e gato, só
que de uma coisa eu tinha certeza: eles se gostavam como se fossem irmãos.

Logo ele fecha a porta e me fala:

— Minha rainha, vou tomar um banho rápido, não vejo a hora de dormimos
juntos novamente — pisca o olho e manda um beijo. Volto a rir.
Novamente eu iria dormir nos braços do meu príncipe encantado, e não via
a hora de finalmente me entregar a ele, o que esperava que fosse acontecer em
breve. Agora sim eu poderia dizer que finalmente me sinto em paz como nunca
tinha sentido, e tudo isso graças ao amor que o Leon estava me dando.
Considero-me a mulher mais sortuda por ter um homem como ele em minha
vida.
Sinceramente, eu não sei como conseguimos dormir. Acordo com uma bela
ereção matinal, com uma mulher maravilhosa em meus braços e sua delicada
perna jogada em cima da minha.

Era assim que eu queria acordar, com ela todos os dias desse jeito. Mesmo
que tivesse uma bela ereção em sua homenagem. Quem sou eu para reclamar
disso?

— Bom dia… — minha rainha sussurra.

— Bom dia, minha rainha, como dormiu?

— Maravilhosamente bem!

— Espero que a Vane não tenha se importado de eu ter dormido aqui — por
mais que eu fosse seu patrão e também amigo, teria que respeitar a casa delas.

— É claro que ela não se importa! Vane está feliz por estarmos bem.

— Sim, estamos, graças a Deus! O que você vai fazer hoje?

— Vou ficar em casa, não estou a fim de ir para a faculdade.

— Eu gostaria de ficar aqui com você e passarmos o dia todo na cama, mas
não posso.
— Eu sei disso. Mas quero que você descanse um pouco mais.

— Ah, mas eu vou, sim! O que acha de a gente almoçar juntos?

— Uma ótima ideia. Eu passo na fábrica, e aproveito e pego um chocolate


— ela pisca o olho para mim.

— Então minha rainha ama chocolate?

— Amo demais, e vou querer um belo chocolate!

— Fechado. Te mando vários chocolates de sua preferência — para a minha


rainha, seria tudo do bom e do melhor.

— Hum — ela diz, passando a mão pelo meu peito. Meu corpo estremece.

— O que a senhorita está fazendo?

— Eu estou fazendo um carinho em seu peito.

— Sei! — provoco-a e puxo o seu rosto, dando um longo beijo nela e


sentindo os seus braços ao redor do meu pescoço. Viro-a para baixo e fico em
cima dela. E foi automático, era como se seu corpo soubesse que estava
preparado para o meu.

Que Deus me ajude, porque a forma como suas pernas se rodearam em


minha cintura fez o meu pau bater bem na entrada da sua bucetinha, fazendo nós
dois gemermos de prazer.

Suas mãos em meus cabelos, puxando com uma leve força, me deixaram
ainda mais excitado, e a vontade que eu tinha era de arrancar aquele maldito
short junto com a sua calcinha e enterrar o meu pau dentro dela.

— Você não tem ideia de como estou louco para ter você! — confesso, ao
sentir a sua língua passando pela minha orelha, lambendo bem lentamente. Por
pouco não perdi o controle.

— Ah, eu quero você, eu estou tão excitada! — ela confessa, sem graça e
mal me olhando.
— Você não pode ter vergonha do que sente — falo, com sinceridade. —
Eu amo ver que você tem o mesmo fogo que eu, e vou amar ver você entrar em
combustão.

— Eu quero sentir muito o seu toque! — ela pega a minha mão e coloca em
cima da sua bucetinha.

— Minha rainha, não faz isso comigo! — peço, querendo ter forças para
não a atacar.

— Leon, preciso sentir seu toque em meu corpo — ela pede, quase em
desespero. E Deus! Eu estava a ponto de entrar em ebulição só por causa desse
pedido.

— Amor, você ainda não está pronta! — falo, trincando os dentes ao


perceber que a minha rainha acordou mesmo disposta para atentar, porque a
danada estava voltando a passar a língua em minha orelha e descendo até o meu
pescoço, dando uma leve mordida.

— Quer dizer, então, que ainda não estou pronta para fazermos amor? —
ela provoca, e gemo novamente, frustrado.

— Eu não tenho tanta certeza agora! — puxo a sua boca e volto a atacar.

— Deixa sentir suas mãos em meu corpo novamente!

Não me aguento mais e acabo cedendo à nossa paixão, levantando a sua


blusinha.

Nossas bocas voltam a se tocar, e o beijo que damos é tão bom! Nossas
línguas ficam ali, se tocando e duelando. Estávamos com os nossos corpos em
febre. As unhas da minha rainha estavam em minhas costas, arranhando com
gosto.

Paro de beijá-la e desço o rosto para o seu pescoço, beijando. Passo a língua
bem no local em que estava a veia que estava saltando e acabo chupando de leve
seu pescoço, com certeza deixando uma marca.

Eu não fiquei com nem um pouco de remorso por saber que a tinha
marcado. Caso algum homem visse, saberia que ela me pertencia. Fui descendo
até encontrar o seu sutiã, e olho para ela e pergunto:

— Tem certeza?

— Sim, eu tenho! — ela diz, firme, e desço o sutiã dela, fazendo


aparecerem os seus belos seios, que fizeram a minha boca se encher de água.

— Você não tem ideia de como estou louco para sentir o seu gosto — falo,
e desço a boca para o seu colo, encontro os seus seios e beijo cada um, ouvindo
seu gemido. — Minha rainha, tente não fazer barulho — peço, e continuo, pego
o seu seio, coloco na boca e passo lambendo.

Vou intercalando entre um seio e outro. E fico lambendo cada seio e


ouvindo seus gemidos deliciosos, sabendo que eu era o homem que estava lhe
dando prazer.

A minha língua passa pelo biquinho, e fico brincando com ele, intercalando
com o outro seio. Vejo que ela tem seios tão maravilhosos, que um dia eu faria
uma bela espanhola neles.

— Minha bela rainha, você tem lindos seios.

— Você gosta mesmo deles?

— Ah, eu amo eles, e amei mais ainda senti-los em minha boca — falo,
com veneração, e desço minha boca até a sua bela barriga e vou beijando e
lambendo.

Ouço os seus gemidos baixinhos. Sabia que ela estava se controlando, sua
mão estava em sua boca para abafar os gemidos. Seu corpo estava bem trêmulo.

Chego finalmente ao short e puxo-o com a calcinha, mostrando a sua bela


bucetinha.

Encosto o meu rosto em sua bucetinha e inalo o seu cheiro. Percebo que a
minha rainha fecha as pernas, e falo:

— Não!

— Eu estou com vergonha.


— Vergonha do quê? — pergunto, surpreso.

— É a primeira vez que um homem me toca, e tenho vergonha.

— Minha rainha, eu vou ser o primeiro e o único homem que vai te tocar
desse jeito! — aviso, e afasto as suas pernas novamente, aproximando o meu
rosto de sua bucetinha. — Duda, tenta se controlar com o que eu vou fazer
agora!

— O que você vai fazer? — ela pergunta, e dá um grito quando sente a


minha boca em sua bucetinha. Deus, que sabor era aquele? O néctar que estava
saindo dela era maravilhoso.

— Te machuquei? — indago, vendo-a se contorcer na cama.

— Não, só fiquei chocada — ela revela, sem graça.

— Com o quê? — pergunto novamente, não dando a chance de ela falar, e a


minha rainha quase pula da cama. Estava passando a minha língua ao redor de
sua bucetinha e chego ao seu clitóris, não aguento e passo a língua com gosto.
Olho para ela, que volta a se contorcer na cama. Vê-la morder os seus lábios
com força para abafar os gemidos me fez sentir um homem poderoso.

Ver aquela bucetinha vermelhinha e inchada escorrendo o seu néctar era


bom demais. Abro bem os lábios dela e coloco a língua dentro, e ela geme mais
alto ainda. Não consigo parar, eu preciso mais e mais sentir o seu sabor.

— Leon, isso é bom demais! — ela fala, e concordo. Sempre tive fodas, e
nunca foi desse jeito, com amor.

— Minha rainha, eu concordo plenamente com você! Você quer parar? —


mesmo estando no limite, eu paro. Nunca a forçaria a nada.

— Continua… Eu estou sentindo meu corpo todo em chamas.

Puxo o seu rosto para perto do meu e a beijo, querendo que ela sentisse
como era maravilhoso o seu sabor. Com a minha mão bem em frente à sua
bucetinha, vou separando os lábios com os dedos e coloco bem devagar. Minha
rainha estremece toda e geme baixinho, enquanto devoro a sua boca.
— Quer que eu pare? Estou te machucando?

— Por favor, não pare, eu estou muito excitada!

Sei que ela estava muito excitada e continuo a estocá-la bem devagar, com
ela me olhando bem fundo nos olhos e sorrindo.

A forma como ela estava ali lânguida em sua cama, aproveitando tudo que
estava recebendo de mim, era maravilhosa. O sexo com ela era perfeito.

Fico brincando de tirar e introduzir o meu dedo e preparando o seu corpo


para que em breve pudesse receber o meu pau.

Seu rosto estava bem corado, e ela estava linda desse jeito. Tiro o meu dedo
e ouço seu gemido de frustração. Sem ela esperar, coloco mais dois dedos dentro
dela.

— Está sentindo? — pergunto, ao ouvir seu outro gemido, e sabia que ela
estava a ponto de gozar. Começo a aumentar a velocidade dos dedos, estocando
com gosto e sabendo que ela não sentiria nem um pouco de dor, apenas prazer.

— Sim… — ela diz, desesperada, e agarra o meu pescoço, jogando a perna


em cima da minha bunda. Acabo me descontrolando.

Meus dedos parecem ter ganhado vida e ficam acelerando ou diminuindo,


era como se fosse o meu pau no lugar deles. Não demora muito, sinto a
bucetinha dela estrangular meus dedos e quase gozo só de imaginar ela fazer isso
com o meu pau.

Beijo-a logo para abafar seus gritos. Sabia que ela estava tendo um belo
orgasmo. Estoco com mais velocidade, e meus dedos ficam molhados com o
néctar dela. Seu corpo ainda treme, e aos poucos vai normalizando. Os meus
dedos ficam estocando até o seu corpo parar de tremer.

— Nossa…

— Tudo bem?

— Não… Você foi perfeito!


— Você que é maravilhosa, por ter me deixado amar o seu corpo! Eu já era
viciado em você, e agora sou viciado em seu néctar — levo os meus dedos à
minha boca e chupo com vontade.

— Você, viciado em mim?

— Ah, sim! E só está faltando uma coisa aqui para completar o meu vício.

— E o que seria?

— Sorvete!

Ela ri.

— Sorvete? Sou quem gosta, não?

— O que você gosta eu gosto também!

Levanto, vou até o banheiro e pego a toalha de rosto, levo até a pia do
banheiro e molho-a, voltando para minha rainha, que estava do mesmo jeito.

Vou até ela e passo a toalha sobre a sua bucetinha para limpá-la. Sabia que
ela estava um pouco sensível, devido à intensidade do nosso ato.

— Desculpa, minha rainha.

— Não se preocupe — ela fala, me tranquilizando. Termino de limpá-la e


encosto o meu rosto em sua linda bucetinha, dou um beijo nela e depois outro
em sua boca.

— Ah, minha rainha, como gostaria muito de ficar aqui com você!

— Eu também queria ficar com você! — ela me puxa para os seus braços
novamente. E eu vou de bom grado. Ah, como amo essa mulher! Ficamos assim
durante algum tempo.

— Minha rainha, com dor no coração preciso te deixar.

— Eu sei disso.

Levanto-me. Ainda estava com uma ereção grande.


— Leon?!

— Sim?!

— Você ainda está excitado?

Olho para baixo e vejo que o meu pau ainda estava armado.

— Sim! Já estou acostumado a ficar desse jeito por sua causa.

— E precisa de ajuda para aliviar?

— Acho melhor não, minha rainha!

Saio correndo direto para o banheiro, onde tomo um banho.

Não me demoro muito, e ao sair dou de cara com a minha rainha, que
estava ali parada, me vendo terminar.

— Está gostando? — provoco-a.

— Ah, sim, aqui a visão está muito boa!

Vejo-a vindo em minha direção deixando a toalha cair, fazendo com que eu
fique ofegante com a visão dela. Quem a visse agora não imaginaria que a minha
rainha até pouco tempo era uma pessoa bem tímida e tinha medo de chegar perto
de mim.

Duda entra no boxe junto comigo, e logo estávamos dividindo o chuveiro.


Ela pega o sabonete e começa a passar pelo meu peito, e depois vai descendo até
o meu pau. Gemo de tesão.

— Minha rainha, está muito danadinha — brinco, e ela sorri. Pego o


sabonete de suas mãos e começo a passar pelo pescoço, vou descendo para os
seus seios até chegar à sua bucetinha. Ela estremece, e vejo que ela ainda estava
sensível.

Passo o xampu em seus cabelos e fico massageando com cuidado e


delicadeza. Trago-a para mais perto do chuveiro e deixo a água escorrer nela.

— Leon, você vai se atrasar — ela me provoca, me beijando levemente.


— Eu sei, e a culpa vai ser sua!

— Minha?!

— Sim! Sua. Quem manda ser tão gostosa?

— Melhor sairmos logo, o senhor tem que ir para o trabalho! — ela diz,
provocando, e sai do banheiro. Não me demoro muito e vou atrás dela. Pego-a
olhando para o meu pau, que estava novamente duro.

— Você é uma rainha má! — declaro, e ela ri. Fico observando-a se trocar.
Eu coloco a mesma roupa.

— Eu sou a sua rainha má? — ela sorri e passa a língua em seus deliciosos
lábios, me fazendo sentir inveja. Vou em sua direção e a puxo para os meus
braços:

— Ah, sim, agora vou sair daqui, antes que eu caia na tentação! — declaro,
sedutor, e ela sorri. Pego o seu rosto e colo a minha boca na sua, e nos
entregamos ao prazer. Então nos separamos, eu me despeço e vou embora.
Desde o momento em que o Leon me deixou, depois que me beijou, as
minhas pernas amoleceram. O homem tinha mesmo o dom de fazer uma mulher
feliz.

Meu coração ainda batia acelerado, e eu estava meio ofegante. Mesmo


sabendo que fazia pouco tempo que ele tinha me deixado, isso me fez quase
correr atrás dele e pedir para ele retornar e continuar de onde parou.

Ainda bem que daqui a pouco estaríamos nos vendo. Como hoje eu não
queria ir para o curso, me deito na cama e pego o travesseiro com cheiro do meu
príncipe. Acabo dormindo novamente.

Algumas horas depois…

Sou acordada com o barulho do meu celular tocando e resmungo, porque


queria saber quem estava me ligando:

— Alô! — atendo, meio grogue de sono.

— O que a minha rainha está aprontando? — ouço a voz do Leon e


desperto rápido.

— Estava dormindo — confesso, sem graça.

— Hum… — ele grunhe e geme. Depois disso, fico curiosa e não me


aguento:

— E esse “hum”? Parece que ouvi um gemido também?

— Minha rainha, um momento! — ele pede. Ouço um barulho e fico sem


saber o que está acontecendo. — Agora sim podemos voltar a conversar — Leon
fala, em um tom sensual que já despertou na hora o meu corpo.

— O que o senhor está aprontando?

— Ah, eu estava me lembrando do seu delicioso corpo e da sua bucetinha,


que tinha um sabor maravilhoso — ele diz, rouco, e meu corpo treme ao ouvir
essas palavras.

— Leon… — gemo ao passar as mãos pelos meus seios, que ainda estavam
sensíveis demais.

— Me conta, minha rainha, o que você está fazendo agora?

— Ainda estou deitada.

— Sei. O que mais?

— Como eu disse, estou deitada na cama com as mãos em meus seios


fazendo carinho neles, pensando que é você — confesso, horrorizada e ao
mesmo tempo excitada.

Por mais incrível que pareça, eu não tinha medo de ficar falando sobre sexo
com o Leon. Se fosse outra pessoa, teria medo e não falaria nada, ou melhor, não
chegaria perto de homem algum.

A questão é que o Leon me deixa à vontade e me trata muito bem. Faz o


meu corpo entrar em combustão sem mesmo tocar, só ficar me observando, e eu
fico úmida.

— E o que a minha rainha está pensando tanto?

— Estava pensando em você.

— E você não quer me contar sobre esses pensamentos?


— Em como você me faz feliz, em como meu corpo reage a você sem me
tocar.

— Ah, sim, esse lindo corpo que faz o meu pau vibrar pra caramba e que
vai me deixar duro o dia todo!

— Deve te incomodar muito, não?

— Ah, minha rainha, você não tem ideia de como fico quando te vejo ou
quando penso em você — ele suspira.

— E você não quer me contar? — provoco-o, porque eu quero ouvi-lo dizer


o que sente.

— Minha vontade é de sair daqui, voltar para sua casa… — ele respira
fundo. Ouço um barulho de zíper descendo e percebo o que está acontecendo.

— Continua… — peço, não me reconhecendo mais, era como se Leon


tivesse me transformado em uma devassa.

— Ah, como estava dizendo, voltaria para sua casa! E entraria em seu
quarto e te beijaria do jeito que está, depois tiraria sua roupa bem lentamente…

Ouvindo isso dele, Deus, a vontade de ir atrás dele chega a ser dolorosa.
Meu corpo quer que ele venha logo, e não posso tirá-lo do seu serviço desse
jeito, só para me satisfazer, mesmo que isso fosse contra a minha vontade.

— Está ouvindo?

— Ah, sim, estou. Algum problema?

— Ah, sim! Eu estou muito excitado, a minha ereção está tão grande, que
sinceramente eu tenho medo de que o meu pau acabe rasgando a minha calça! —
ele faz drama, e dou uma gargalhada.

— Você é bobo!

— Bobo? Não, sou apenas um homem que está com uma ereção e com
muita vontade de descer o zíper da calça, pegar o meu pau e o masturbar.
— E por que você não o toca? — fico chocada ao falar isso.

— Ah, bem! Querer eu queria, só que não quero tocar sem você por perto
— ele diz, sincero, e acho isso fofo. Fico com dó dele.

— E como vai ser?

— O quê?

— Você vai ficar armado?

— Tenho que dar um jeito no meu pau — ele diz, frustrado.

— Tadinho, estou com dó de você agora!

— Não! Você é uma rainha má.

— Eu sou uma rainha boa!

— Você é uma rainha má, e tenho dito!

— Se você está dizendo que eu sou a sua rainha má, então você vai receber
um castigo meu!

— Que castigo vou receber?

— Você não vai me beijar mais hoje! — falo, com satisfação, quando ouço
um grito dele:

— O quê?!

— Foi o que você ouviu!

— Você não está falando sério, está? — ele diz, como se chocado com a
forma como o ameacei.

— Ah, estou, sim! — ouço-o grunhir e fico satisfeita. — Ah, Leon,


mudando de assunto, você ficou sabendo de mais alguma coisa sobre o Pedro?

— Minha rainha, ainda não estou sabendo de nada.


— Você vai ligar para lá?

— Sim, eu vou, minha rainha. Preciso ligar para o meu advogado.

— Por quê?

— Acho que vamos ter que ir à delegacia para depormos contra aquele
louco.

— Droga, Leon, eu não quero ver ele nunca mais!

— Eu vou fazer de tudo para que você não seja obrigada a ficar frente a
frente com ele.

— Eu vou te agradecer, e muito — ouço um barulhinho e tiro o celular do


ouvido, reparando que havia outra chamada, que se encerrou. — Desculpa,
Leon, o meu celular recebeu uma segunda chamada.

— E quem te ligou? — ele pergunta, curioso, e noto uma pontada de ciúme


em sua voz. Sorrio.

— Ah, está com ciúme, Senhor Leon Vitorino?

— Estou, sim, e você vai me contar, não vai?

— Foi o Lucas.

— O que será que ele queria?

— Sinceramente, não sei! — fico pensando o que o Lucas gostaria de falar


comigo e me vem à cabeça o que poderia ser: — Já sei! Eu pedi para ele
procurar uma psicóloga para mim — confesso, sem graça.

— E essa psicóloga seria por causa do que sofreu? — ele pede, cauteloso.

— Sim… Eu quero ser uma pessoa melhor, preciso parar de ter medo,
Leon.

— E eu vou te ajudar, vou às consultas com você.

— Sério? Leon, não quero que você se sinta obrigado a nada.


— Você não está me obrigando a nada, minha rainha!

— Tem certeza?

— Absoluta!

— Leon, é melhor a gente desligar — aviso, vendo que o Lucas estava me


ligando novamente. — O Lucas está ligando novamente, vou atendê-lo logo e
daqui a pouco nos encontramos, pode ser?

— Sim, minha rainha, te espero aqui na fábrica. Atende logo o Lucas, e


espero que seja sobre a psicóloga, porque, se eu descobrir que ele está dando em
cima de você, ele vai se ver comigo — ele diz, em tom de ameaça, o que acho
fofo.

— Pois pode ficar tranquilo, que entre mim e ele nunca existiu nada, a não
ser uma bela amizade, e outra, ele é completamente apaixonado pela minha irmã.

— Ah, um dia vou querer saber como a sua irmã o conheceu.

Fico tensa.

— É claro, um dia eu te conto — respondo rápido, nos despedimos e


encerro a chamada. Sento na cama e mais uma vez esqueço-me de atender ao
Lucas. Então ligo para ele:

— Caramba, até que enfim!

— Oi, desculpa, só pude ligar agora, estava em outra ligação.

— Sem problema. Então, ainda está disposta a fazer uma consulta com uma
psicóloga?

— Ah, sim, estou, pode marcar.

— Então, era para isso que estava ligando.

— Vamos, e aí, conseguiu ou não?

— Sim, e ela falou que, caso você quisesse fazer uma sessão hoje, ela tem
horário.
— E a que horas seria?

— Depois do almoço, lá pelas 14h.

— Sim, é claro, me passa o endereço e o número de telefone — vou até a


minha mesinha, pego papel e caneta e começo a anotar tudo. — Obrigada,
Lucas, fico te devendo uma.

— Seja feliz, cunhadinha! — ele diz, sincero. Agradeço e nos despedimos.


Encerro a chamada e começo a arrumar o meu quarto, depois desço para comer
algo.

Leon deveria ter esperado para comer comigo, mas também eu não poderia
ficar segurando-o aqui em casa, sabendo que ele teria que ir embora. Tomo um
lanche rápido, não como muita coisa, porque logo estaria de encontro com o meu
príncipe encantado.

Algumas horas depois…

E agora estou aqui, me olhando no espelho, com um sorriso besta no rosto.


Alguns dias atrás, eu era uma menina que ainda sofria por causa do passado, e
agora sou uma nova pessoa.

Termino de escovar os cabelos e coloco um belo vestido de verão, aqui em


São Paulo fazia calor nesses dias, eu não aguentava mais. Chamo um Uber
enquanto calço uma sandália de um pequeno salto.

Passo um brilho labial de sabor cereja, deixando meus lábios brilhosos e


cheirosos. Pego a minha bolsa e dou uma última olhada antes de sair em direção
ao meu príncipe encantado. Meu celular apita, mostrando que o Uber já chegou,
e respondo que estou saindo. Pego rápido as minhas coisas e vou.

Assim que chego à fábrica, agradeço o motorista e sigo para dentro. Aquele
local nem parecia uma fábrica, olho tudo admirada pelo bom gosto.

Aproveito que as portas do elevador estavam quase fechando e grito


pedindo para segurarem-nas. Aperto o botão que levava até o andar do Leon, que
era uma cobertura.
Ainda bem que eu lembrava o andar em que a minha irmã trabalhava.
Assim que chego até o local, reparo que a Vane não se encontrava na mesa.
Ouço vozes e, com curiosidade, vou em direção de onde estavam vindo. Quando
chego, vejo o meu Leon encostado à mesa de braços cruzados. Ele não estava
sozinho, havia uma bela mulher ali, e isso me deixou louca de ciúme. Encosto-
me à porta, vendo que a talzinha estava desabotoando a blusa e deixando os
peitos à mostra. Ouço-o dizer, em tom de ameaça:

— Laura, por favor!

— “Por favor”? Que é isso, Leon?! Sabemos que está morrendo de


saudades do meu corpo.

A vontade que eu tenho é de querer cometer um assassinato, e essa galinha


seria degolada se encostasse no meu homem.

— Laura, eu estou apaixonado por outra mulher!

— E quem é essa putinha que está querendo roubar o meu homem?

Isso fez o meu sangue ferver mais ainda, por achar que essa tal vaca estava
a fim de roubar o meu Leon; isso eu não iria aceitar. Entro na sala, e o Leon, que
estava distraído, me vê e abre aquele sorriso lindo, vem até mim e me abraça.
Retribuo e me viro para aquela cadela, estendo a mão e falo:

— Muito prazer, me chamo Maria Eduarda Sanches, a putinha, como a


senhorita mesma disse, que roubou o seu homem — me apresento com aquele
sorriso forçado, e a mulher me olha com um ódio mortal. Se olhar matasse, com
certeza estaria morta e enterrada. Mas isso não me abalou, eu iria mostrar a ela
quem era a puta do meu homem.
Eu estava com um ódio mortal dessa tal fulaninha. Ver a putinha ali
abraçada ao meu homem me fez querer voar as minhas mãos em seu rosto e tirá-
la de cima dele.

— O prazer é meu, me chamo Laura Munhoz — cumprimento-a medindo-a


de baixo para cima.

— Eu atrapalhei alguma coisa?

— Que isso, minha rainha, você não atrapalha em nada — ele responde,
olhando para ela com carinho. Sinto inveja.

— Que bom, eu vim mais cedo para podermos almoçar. E espero que essa
reunião de vocês não demore muito.

— Ah, minha rainha, estávamos só finalizando a nossa conversa.

— Tem certeza de que estamos finalizando?

— Sim, eu tenho!

— Ah, sua namoradinha sabe que estou grávida? — solto, e vejo a cara de
surpresa que a talzinha recebeu.

— Não, ela não sabe — a própria sonsa fala. — Não deve ser muito
interessante esse assunto, sendo que ele não comentou nada — ela dá de ombros.
— E não é mesmo!

— Leon, como você pode dizer isso? — falo, brava.

— Simplesmente eu estou dizendo que esse filho, como você mesma disse,
não é meu!

— É claro que é seu!

— Impossível ser meu filho, porque sempre fizemos sexo com camisinha.

Fico com ódio por ele ter uma excelente memória, e não quero nem saber,
ainda preciso insistir nessa questão.

— Leon, a gente sempre fazia amor! — deixo bem claro que o que
tínhamos era muito importante para mim e iria mostrar para aquela mulherzinha
que vou fazer de tudo para ter o meu homem ao meu lado.

— Laura, né? — pergunta a mocreia.

— Sim, Laura.

— Então, Laura, vamos deixar o assunto bem claro aqui, deixa eu te


esclarecer uma coisa. O Leon é meu homem, meu amor e nunca vai tocar no seu
corpo, porque, se ele tem amor à vida dele, ele vai cumprir — ela fala,
ameaçando o Leon.

— Você tem o que, 18 anos? — provoco-a. — Meu Deus, você acha que ele
está apaixonado por você? Uma criança que mal saiu das fraldas?

— E você acha que ele está apaixonado por você?

— E por que não? Eu sou a única mulher que pode satisfazê-lo na cama e
fora dela, e não uma criança que ainda não sabe o que é fazer um sexo bem feito
— declaro, amando atormentar essa criança idiota.

— Sabe o que é mais engraçado nessa história toda? É que você sabe que
ele me ama e está tão desesperada por tê-lo perdido, que é capaz de falar besteira
só para atingir os seus objetivos.
— Ele não te ama! — declaro.

— E por que você acha que não a amo? — ouço o Leon me perguntar.

— Eu sei disso, seu corpo é meu!

— Ele nunca foi seu! — ele diz, e isso doeu.

— Você me pertence, Leon!

— A única mulher a quem pertence o meu coração e o meu pau é essa,


como você mesma disse, “menininha” — ele afirma, abraçando aquela maldita
criança.

— Leon, pensa direito, estou grávida do seu filho.

— Então, como você mesma disse, se o filho é meu, quero fazer um teste de
paternidade assim que a criança nascer, e se for meu assumo com certeza. Agora,
uma coisa eu te digo, é mentira que já fiz sexo sem camisinha, eu não seria tão
louco de engravidar uma louca como você! — essas palavras me doem.

— Eu te amo, Leon! — declaro, e vou desabotoando a minha blusa para ele


ver como eu sou perfeita.

— Laura, abotoa essa blusa — ele pede, e não obedeço.

— Você não vê, Leon, que eu sou uma mulher completa para você?

— E você não vê que está se humilhando à toa? — a menininha provoca.

— Por que você não vai para o inferno, que a conversa aqui não é para
criancinha?

— Ah, menina, se o inferno é o que o Leon fez comigo hoje de manhã em


meu corpo, eu vou com o maior prazer.

— Você se acha mesmo, não? — falo, sabendo que tinha que dar um jeito
nessa idiota.

— Me acho, sim. Agora, vou pedir pela última vez: desaparece daqui!
— Leon, olha como essa criança está me tratando — ele me olha com pena,
e isso me incomoda.

— Essa criança aqui tem todo o direito de falar com você desse jeito e
como ela quiser — ele a defende.

— Você vai se arrepender da forma como está me tratando! — falo para ele,
pegando a minha bolsa e me virando para ir embora.

— E você vai tarde! — ouço a menininha e me viro, tentando me controlar,


mas a vontade é de pegá-la e tirar esse sorrisinho na unha.

— Eu vou, mas eu volto, e uma coisa vou te dizer, coisinha insignificante,


esse homem ainda vai ser meu!

— É o que veremos — ela declara, e saio com um sorriso, sem me abalar.


Porém, assim que saio, sinto as lágrimas escorrendo de meus olhos. Aquilo não
ficaria assim, eu juro.

— Você vai me pagar caro, Leon Vitorino, por ter me traído — falo para
mim mesma dentro do elevador. Quando já estou no meu carro, deixo as
lágrimas de raiva caírem e declaro: — Ninguém vai tirar o que é meu, nem que
eu tenha que matar aquela menininha ordinária — abro o porta-luvas, de onde
tiro um revólver, e faço carinho nele. — Você vai se arrepender, Leon Vitorino,
por ter me trocado por uma criança! — guardo a arma. Eu tinha que pensar com
calma como iria me vingar daqueles dois, ou não me chamo Laura Munhoz
Depois que aquela galinha saiu da sala do meu Leon, olho para ele e fico
observando-o por alguns instantes, vendo como esse homem era lindo e gostoso.

— Por que você está me olhando tanto?

— Estava pensando em como você é um lindo!

— E você está além de muito linda nesse vestido, é muito gostosa! — ele
pisca o olho, e dou risada. — Ah, minha bela rainha, você não tem ideia de como
senti falta de ouvir a sua risada gostosa.

— Então você sentiu falta só da minha risada?

— Também sinto sua falta direto — ele declara, e meu coração dá aquela
acelerada. Ele me puxa para os seus braços e, assim que me toca, eu
praticamente me desmancho.

— Leon… — gemo, ao sentir os seus lábios em meu pescoço.

— Hum… — ele responde, passando as mãos pelas minhas costas. E que


Deus me ajude, pois a forma como ele estava me tocando era uma tortura.

— Leon… — sussurro, e levanto o seu rosto. Ele me olha com tanto amor,
que sem eu esperar ele puxa o meu rosto e toca os seus lábios nos meus, e o que
começou com um leve tocar de lábios se transforma em fogaréu e nos
descontrolamos.
Enquanto nos beijávamos, Leon me pega no colo sem descolar as nossas
bocas e me coloca em cima da mesa. Aos poucos vamos parando de nos beijar, e
o meu Leon separa nossas bocas e me olha.

Esse olhar dizia como ele me amava, nessas horas não precisava de
palavras, apenas gestos bastavam. Leon volta a me beijar, dessa vez no pescoço,
e a forma como ele beijava me fez fechar os olhos automaticamente. Levo as
minhas mãos em seus cabelos e os toco carinhosamente.

— Meu Deus, procurem um quarto! — ouvimos um resmungo e paramos.


Olho para a minha irmã, que estava nos olhando. Seu olhar era de felicidade.

— E você deveria bater na porta! — Leon resmunga, e dou risada.

— E você deveria ter fechado a porta — Vane retruca, e volto a rir.

— Vanessa, vai embora, você está atrapalhando aqui, não vê, não? — ele
diz.

— E o que falei agora há pouco, você não ouviu, não?

— Não ouvi nada! Agora, cai fora, que estou ocupado — Leon pede, e
acabo dando um tapa no ombro dele, e ele faz careta.

— Leon, peça desculpas à Vanessa!

— Eu não!

— Então não ganha mais beijo meu!

— Você não está falando sério!

— Sim, estou, agora pede desculpas à Vanessa.

Ele faz beicinho, o que acho fofo, e vejo a Vane querendo rir.

— Mas, minha rainha, ela não merece! — ele diz, contrariado, e continua
olhando para ela bravo: — E ela empacou o nosso beijo.

— Meu Deus, para de agir como uma criança contrariada! — ela resmunga.
— Cai fora, Vanessa Sanches — Leon ordena, e dou um beliscão nele, que
grita e me olha: — O que foi que eu fiz para merecer isso?

— Leon Vitorino, por favor, peça desculpas à minha irmã — eu ordeno,


dando-lhe um olhar mortal. Ele cede.

— OK, tudo bem! Você pode me perdoar por ter te tratado tão mal?

— Vou pensar — a Vanessa fala, e, sem o Leon perceber, ela pisca o olho
para mim.

— Você está vendo, minha rainha? A sua irmã não me perdoa! — ele se
defende.

Olho para o relógio e verifico que já era meio-dia. Logo estaríamos


atrasados.

— Leon, preciso ir — aviso, e ele me olha sem entender.

— Duda, você mal chegou.

— Na verdade, eu cheguei já faz algum tempo. O problema é que quando


eu cheguei aqui você estava meio ocupado.

— E quem estava aqui com você, Leon? — questiona Vanessa.

— Adivinha?

— Filha da puta! — Vanessa exclama. — O que a vaca veio fazer aqui?

Olho para minha irmã e tenho vontade de rir da forma como falou sobre a
“ex-trepadeira” do meu Leon.

— Ela veio pedir para voltar comigo, novamente, e ainda por cima voltou a
insistir em dizer que estava grávida de um filho meu.

— Que vaca!

— Nisso eu tenho que concordar com você, irmã!

— E como ela reagiu ao saber que vocês dois estão juntos?


— Minha imã, você tinha que ter visto a cara dela quando disse que eu era a
namorada dele — falo, rindo.

— Ela odiou saber, não?

— Com certeza! — comento, e olho para o Leon: — Ajude-me a descer!

— Ah, sim, minha rainha, eu a ajudo — ele me pega no colo e me coloca


lentamente no chão. Seus olhos encontram os meus e logo estamos nos beijando.

— Meu Deus, vocês estão agindo igual adolescentes no cio — Vane


protesta, e dou risada novamente.

— Bom, eu tenho quer ir — falo finalmente, saindo dos braços do Leon.

— Aonde você vai? — indaga Vanessa.

— Eu tenho uma consulta com a psicóloga.

— Então o Lucas conseguiu marcar para você?

— Sim! E vai ser daqui a pouco.

— Então eu vou com você! — Leon fala, já pegando o celular e as chaves


do carro.

— Leon, já disse que eu não quero te atrapalhar.

— E eu já falei que iria com você! — ele diz, e levanto as mãos para cima
em sinal de protesto.

— OK, então vamos — cedo finalmente, e me despeço da Vanessa. Leon


me abraça e pega a minha bolsa, e seguimos para fora da empresa. No elevador,
assim que vi que estava vazio, viro para o Leon quando a porta se fecha e
pergunto: — Leon, a Laura vai ser mesmo um problema para a gente?

— Nenhum problema. Eu já disse que eu não quero ficar com ela, e ela não
entende.

— Quem manda ser tão gostoso?!


— Minha rainha, uma coisa eu te digo: não aconteceu mais nada entre a
gente.

— E essa bendita gravidez que ela tanto fala?

— Minha rainha, ela e eu nunca transamos sem camisinha.

— Então ela deve estar mentindo.

— É claro que sim, se ela está mesmo grávida deve ser de outro homem.

— Leon, ela ama você — comento, porque eu tinha visto a sua expressão
de ciúme.

— Duda, ela ama só a si mesma — quando ele ia continuar, as portas do


elevador se abrem e saímos de lá, seguindo para o estacionamento. Já no carro,
Leon me olha e diz: — Ela acha que só porque fizemos sexo eu estou
apaixonado por ela e vice-versa. Na verdade, acho que ela não sabe nem o que é
o amor.

— Leon, eu vi a forma como ela te olhava, e também a vi se despindo para


você! — respondo, louca para depenar aquela galinha.

— Duda, você acha mesmo que eu estava olhando para ela com desejo?

— Espero que não, se você tem mesmo amor à sua vida! — resmungo, e ele
ri.

— Você é a única mulher que eu quero na minha vida! — ele declara, puxa
o meu rosto e me beija bem de leve.

— Eu o amo, Leon, e não imagino mais a minha vida sem você —


confesso, assim que paramos de nos beijar.

— Eu também te amo, minha rainha!

— Eu vou estrangular aquela galinha se ela chegar perto de você


novamente, está me ouvindo?

— Pode ficar tranquila, que por mim não chego perto dela.
— É bom mesmo, se o senhor tem amor ao seu pau!

— Ah, minha rainha, eu tenho, sim! — ele diz, rindo, e coloca o carro em
movimento. — Qual é o endereço da médica?

Passo para ele e seguimos em direção ao consultório da doutora. Então


percebo que me esqueci de perguntar o nome dela, e o Lucas também não me
passou.

Pego o meu celular e disco o número dele, enquanto o Leon me olha


curioso. Assim que sou atendida, falo:

— Lucas, é a Duda, você não me passou o nome da doutora — aviso, e ele


logo me informa. — Obrigada, já estou a caminho — encerro a chamada e falo
para o Leon: — A doutora se chama Julia Bastos.

— Daqui a pouco estaremos chegando ao seu consultório.

— Espero que a consulta não demore muito.

— E nem almoçamos.

— Verdade. Depois podemos ir a uma lanchonete e comer um lanche.

— Ah, eu liguei para o meu advogado — Leon solta de repente.

— E o que ele disse?

— Ele vai até a delegacia hoje para ver como andam as coisas, e caso
precise que compareçamos à delegacia ele me avisa.

— A única coisa que eu mais quero é esquecer essa história toda —


confesso, e o Leon para o carro, pega a minha mão e a leva até a sua boca.

— E você vai, porque eu vou te ajudar a superar — ele diz, com carinho,
me dando a sua força, e agradeço tanto a Deus por ter colocado esse homem em
meu caminho!

— Vou, sim, meu príncipe, obrigada pela força que sempre me dá.

— Chegamos! — Leon fala, e olho para o local.


— Sim, chegamos.

— Você está pronta?

— Sinceramente, mais ou menos — confesso, sem graça.

— Minha rainha, vai dar tudo certo, e se você não gostar da médica
procuramos outra — ele diz, me apoiando e querendo me deixar tranquila. Por
isso eu amava tanto esse homem.

— Obrigada, Leon!

— Você está me agradecendo por quê?

— Por ser esse homem tão maravilhoso.

— Não tem o que agradecer. E uma coisa eu te digo: vou fazer de tudo para
você esquecer o que te aconteceu — ele declara, beijando-me. Sai do carro, vai
para o meu lado e me ajuda a sair.

Seguimos para a entrada do consultório, e ele, como sempre, me abraça. Eu


vi o olhar de inveja nos rostos das mulheres quando entramos na recepção, era
como se estivessem se perguntando como um homem daqueles podia estar com
uma gordinha como eu. Aquilo me deu forças para mostrar a elas que aquele
homem em questão era meu e deixar bem claro que ele tinha dona.

— Boa tarde, tenho uma consulta com a doutora Julia Bastos — aviso a
recepcionista, que ainda olhava para o meu homem encantada. Penso comigo
mesma: “Você vai ficar só olhando mesmo, minha filha”.

— Senhorita, a minha namorada tem uma consulta com a doutora — Leon


chama sua atenção, e ela acorda do transe e logo liga para a tal doutora. Não
demora muito, somos chamados. Assim que entramos, somos recepcionados por
uma senhora que nos cumprimenta:

— Prazer, sou a doutora Julia Bastos! — ela aponta para o sofá. — Você é a
Maria Eduarda Sanches, não?

— Isso, e esse é o meu namorado, Leon Vitorino.


— Prazer, Senhor Vitorino — ela diz, sincera. — Bem, antes de
começarmos, você quer que o seu namorado saia da sala para podermos
conversar?

Quando eu ia responder, o Leon responde rápido:

— Desculpa, doutora, mas eu não vou sair!

— Doutora, o que Leon quis dizer é que ele vai acompanhar as consultas.

— E o Senhor Vitorino tem certeza de que não quer sair?

— Absoluta — ele diz, firme, e segura a minha mão ao ver que estava
tremendo. Nem eu mesma percebi isso.

— Então vamos começar. Me conta exatamente o que está acontecendo


com a senhorita.

— No dia 4 de novembro de 2016 foi o meu aniversário de 18 anos e fui


para uma boate com duas colegas de escola para comemorar… — começo, e já
sinto as lágrimas se formando. Respiro fundo antes de continuar.

— Calma, minha rainha, vai ficar tudo bem! — Leon me consola, leva a
minha mão que estava segurando para sua boca e a beija, encorajando-me.

— A senhorita quer um pouco de água?

— Sim, por favor! — agradeço-a, e ela se levanta e vai até uma


minigeladeira, pega duas garrafinhas de água e traz para nós. Abro a minha e
sinto o líquido descer, levando junto a bola que estava em minha garganta.

Eu tinha que ser forte e contar tudo a eles. Como aconteceram as coisas e
também o que aconteceu logo depois, mesmo com o medo que estava sentindo
naquele momento de que o Leon nunca mais fosse me olhar quando soubesse o
que eu tentei fazer contra mim mesma naquela noite. Eu era covarde, ou ainda
sou?

— Está tudo bem? — a doutora pergunta, com cautela, e percebi que ela
estava preocupada.
— Sim, eu estou bem.

— Você quer marcar outra sessão?

— Não, eu quero continuar — olho para o Leon, que me olha, ainda


preocupado: — Eu estou bem! — olho para a doutora e continuo: — Naquela
mesma noite, eu fui dopada, espancada e estuprada — respiro fundo e continuo,
sem olhar para o Leon: — E a dor que estava sentindo era tão forte, que tive uma
ideia. E coloquei em prática. Tentei me matar cortando os meus pulsos —
mostro-os, e o Leon me olha surpreso. Acho que nunca tinha passado pela sua
cabeça o que eu tinha feito.

— O quê?! — ele grita, chocado, e começo a chorar de vergonha,


arrependimento e por saber que talvez naquele momento o Leon visse que a
mulher que ele dizia admirar tanto não passava de uma bela covarde.
Acho que ouvi errado, minha rainha não teria atentado contra a sua vida.
Levanto-me e começo a andar, pensando no porquê ela nunca tinha me contado,
mesmo sendo uma coisa dela.

— Por que você não me contou? — não me aguento e pergunto para ela,
que estava chorando muito. Aquilo me cortou o coração.

— Eu tinha medo de te contar — ela sussurra, olhando-me com aqueles


lindos olhos nublados de tristeza. A vontade que eu tinha era de voltar à
delegacia e matar aquele desgraçado de uma vez por todas.

— Minha rainha, nunca tenha medo de me contar alguma coisa, OK? —


peço-lhe, e volto a me sentar ao seu lado, puxo-a para os meus braços e ali eu a
deixo chorar por tudo o que lhe tinha acontecido. Ficamos assim, nós dois em
nosso mundinho fechado, onde não precisávamos de mais ninguém e onde
teríamos um ao outro sempre.

— A senhorita quer um pouco mais de água? — a doutora pergunta.

— Não, obrigada! Eu estou bem, acho que agora sim eu finalmente tirei o
peso das minhas costas.

— Você quer remarcar a sessão?

— Não.
— Você acha que está pronta para continuar?

— Sim, estou.

— Ótimo, então continue — a doutora pede, pegando um caderno. Começa


a anotar algumas coisas, enquanto a minha rainha se senta melhor no sofá e fica
segurando a minha mão com força. Eu sabia que aquilo era difícil para ela.

— Depois que tentei me matar naquela noite… — ela sussurra, e fico


gelado ao ouvir essa frase. Tive muito medo de que algo tivesse acontecido com
ela; eu nunca teria conhecido o amor.

— Continue… — a doutora Bastos encoraja.

— Eu tinha vergonha, sabe? Foi humilhante ver o que tinha acontecido e


que tinha sido culpa minha.

Olho para ela chocado.

— Não foi culpa sua — declaro, e ela sorri triste.

— Para mim foi, até o dia em que te conheci. Naquela mesma noite, eu
estava tão machucada, com tanta dor no corpo e com tanta vergonha de mim
mesma por não ter conseguido machucá-lo.

— Senhorita Sanches, é normal se sentir assim.

— Doutora, não é normal eu ter sido violentada por um louco que achava
que eu tinha que ser dele.

— Você não me entendeu, o que eu quis dizer, Senhorita Sanches, é que é


normal uma pessoa achar que é culpa dela por ter sido violentada. E vocês têm
que entender que não são culpadas, entende?

— Sim.

— Você quer continuar?

— Sim, eu quero acabar com isso logo. Fui largada no chão toda
machucada por um louco, e sinceramente achei que não conseguiria ir embora.
— E depois, o que aconteceu?

— Acho que foi um milagre eu ter saído de lá e ter conseguido chegar em


casa. Assim que cheguei, estava tudo escuro, eu tinha medo de acender a luz e
ver o tanto que estava machucada.

Meu Deus, como a minha rainha sofreu, e ainda toda machucada. Ah, como
eu queria tê-la conhecido antes e ter evitado toda essa dor e sofrimento que ela
estava passando.

— Eu tinha vergonha do que aconteceu e achava que não merecia viver, era
como se a minha alma tivesse sido arrancada do meu corpo.

— E como a sua família reagiu quando soube?

— Meus pais morreram alguns anos atrás em um acidente de avião, só


ficamos a minha irmã e eu. Ela, coitada, sofreu o pão que o diabo amassou…
Sabe, eu nunca tinha apanhado em toda a minha vida, nem quando criança…
Como estava dizendo, a dor era tão grande, que quando cheguei ao meu quarto
lembrei que tinha ganhado um diário de aniversário da minha irmã, que a minha
mãe tinha deixado para ela. Só pensei numa coisa: deveria me matar. Assim, abri
o diário e comecei a escrever nele…

— O que você escreveu?

— Que aquele dia era o meu aniversário de 18 anos e que tinha decidido
acabar com a minha vida.

— E depois?

— Depois eu peguei um estilete que estava na gaveta da minha


escrivaninha e decidi que aquele era o momento. Segui para o banheiro, e
quando acendi a luz e vi como estava machucada, roupas rasgadas, humilhada e
suja, a única opção que achei para mim e que teria sentido foi tirar a minha vida,
e foi o que eu tentei fazer. Vi que só tinha uma maneira, e foi o que fiz, passei o
estilete em cada pulso. Chorei muito, porque eu estava querendo um alívio para
a dor que estava sentindo — ela diz, baixinho, e aperto a sua mão, mostrando
que estava ali dando apoio.

— E naquele momento você só pensou nisso? — a doutora a questiona, e


tive vontade de mandá-la para o inferno, ela não via como a minha rainha estava
sofrendo?

— Para mim era isso, se eu me matasse não teria que enfrentar ninguém e
ficar sendo apontada por ter merecido ser estuprada.

Fico chocado com o que ouço.

— E por que a senhorita acha que seria apontada?

— Porque, por incrível que pareça, ainda há preconceito, acham que nós
mulheres merecemos esse tipo de castigo para aprendermos que devemos nos
comportar onde estivermos.

— Onde você ouviu isso?

— Nas minhas primeiras sessões de terapia para pessoas que sofreram


abusos. Lá eu ouvi cada história que daria para escrever um livro — minha
rainha fala com tanta tristeza, que nessa hora tenho raiva da minha raça.

— E essas terapias ajudaram em alguma coisa?

— Não muito, sendo sincera. Me ajudaram a poder voltar para a escola e


terminar os estudos, para começar a faculdade.

— Como seus amigos reagiram ao saber o que te aconteceu?

— Eles não ficaram sabendo.

— Por que não?

— Eu não queria que eles descobrissem que tinha sido estuprada e receber
de alguns olhares de pena e outros risinhos de “bem feito”. Doutora, assim que
achei que tinha me matado, entrei na escuridão profunda achando finalmente a
paz que tanto buscava, e depois que descobri que tudo que eu tinha feito foi em
vão me desesperei.

— Por que você achou que foi em vão?

— Quando eu me cortei, logo ouvi o grito da minha irmã Vanessa, e pedi


perdão a ela.

— Por que você pediu perdão à sua irmã?

Tenho vontade de gritar com a médica insensível que ela era.

— Porque minha irmã não merecia passar pela mesma vergonha que eu!
Ter o seu nome sendo arrastado na boca de fofoqueiros de plantão? Não, a minha
irmã é boa demais para ser ligada a esse caso.

— O que a sua irmã pensa de tudo isso?

— É claro que ela não aceitou bem — Duda ri de nervoso.

Vi que essa consulta a estava deixando exaltada e me manifesto:

— Acho melhor pararmos por aqui.

— Você quer parar, Senhorita Sanches?

— Não, quero terminar isso logo.

— Então continue… — a doutora a incentiva, e vejo a minha rainha abrir


novamente a água.

— Como estava dizendo, assim que descobri que estava viva fiquei
chocada, e a minha irmã, coitada, estava arrasada. Aquilo acabou comigo. Não
conseguia mais querer viver, sabe? E aí tentei me matar mais uma vez… — ela
sussurra, e devo ter entendido errado.

— E como você fez isso?

— Acabei puxando todo o acesso do soro e deixei sangrando até desmaiar


novamente. Pensei que então sim iria encontrar a paz que tanto desejava. Mas,
quando acordei, estava amarrada à cama — ela dá um sorriso triste e continua:
— Minha irmã estava lá no quarto e tinha chorado muito. Aquilo me fez sentir
covarde por não ser uma boa irmã.

— Teve algo mais?

— Ah, sim, brigamos, choramos. E o medo que eu tinha de ter engravidado


daquele monstro? E o pior, de ter contraído alguma DST? A senhora acha que foi
fácil ouvir do doutor Lucas o que tinha acontecido comigo novamente? Acha
que foi fácil ouvi-lo falar que eu tinha que tomar um coquetel de drogas para
prevenir uma provável DST? Mas graças a Deus eu estava limpa, porque aquele
filho da puta teve a decência de pelo menos usar uma camisinha — minha rainha
se exalta, e fiquei com medo de ela passar mal.

— E depois?

— Foi feito um BO na delegacia, e quer ouvir a ironia? Eu estava sem


calcinha e ouvi que, provavelmente por ele ser maníaco, levou a minha calcinha
como prova do abuso.

Ouvir isso cortou o meu coração e fez meu sangue ferver mais ainda. A
vontade de matar o Pedro cresceu.

— No começo eu mal dormia, vivia sendo sedada e tinha pesadelos até


pouco tempo atrás.

— E o que aconteceu? Descobriram quem é a pessoa que a violentou?

— Sim, o pegaram ontem — ela sorri pela primeira vez desde que entramos
no consultório.

— Qual foi a sua reação ao saber disso?

— Alívio. Eu fui sequestrada, amarrada e também recebi um pouco de


tortura psicológica, mas enfim o meu namorado conseguiu me encontrar e o
nocauteou. Agora o filho da puta está atrás das grades.

— E você está pronta para ficar frente a frente com ele novamente?

— Não, ainda não estou. Agora, se for realmente necessário, fazer o quê?
Eu fico.

— Você sente medo dele agora?

— Agora não mais. Durante anos tive medo dele, e agora, sabendo quem é,
não vejo mais motivos para ficar com medo.
— Como você acha que vai ser agora?

— Agora? Uma boa pergunta. Quero viver. Engraçado, né?

— O que é engraçado?

— Agora eu sei que não tive culpa de ter sido violentada, passei anos me
sentindo um lixo e parecia que estava morta por dentro, e acho que estava
mesmo. Mas, desde que eu o conheci, comecei a me sentir viva.

— Então o Senhor Vitorino te devolveu a vida?

— Ah, sim, ele também me deu o seu amor, seu carinho, e bastou isso para
me trazer de volta.

— E o senhor, Senhor Vitorino?

— Ela me ensinou o que é o amor!

— O que acham de voltar na semana que vem? Como você está se sentindo
agora?

— Vamos voltar, sim. Agora sinto que o meu peso foi embora.

— Isso é muito bom, mesmo! A nossa conversa foi para você colocar o seu
peso para fora.

— E o que acontece agora? — pergunto, curioso.

— É bom vocês dois virem, para conversarmos sobre os medos.

— Então semana que vem, na mesma hora? — Duda pergunta.

— Sim, na mesma hora.

Quando estávamos saindo, ela nos chama e pergunta:

— Como você está dormindo agora?

— Muito bem.
— Que bom, assim não preciso passar nada para você dormir.

— Não preciso, doutora, eu tenho o meu próprio remédio.

Agradecemos pelo atendimento e saímos. Vi que já era um pouco tarde,


ficamos quase três horas em consulta. Passamos na recepção e marcamos para
semana que vem.

— O que achou dela? — pergunto, com cautela.

— Sinceramente, eu estava irritada com tantas perguntas, e depois comecei


a falar, e isso foi um alívio mesmo.

— Agora, o que vamos fazer?

— Eu quero comer algo — então lembro que não comemos nada, e espero
que a Olívia tenha feito alguma coisa.

— Vamos para a minha casa.

— Não quero dar trabalho a ninguém.

— Você não dá trabalho algum, e, além do mais, logo, logo você vai morar
comigo.

— Você é terrível — ela fala, rindo.

— Eu não quero mais dormir sozinho, minha rainha! Dorme comigo


novamente?

— OK, eu durmo com você!

Ligo o carro, e seguimos para a minha casa. Não vejo a hora de tê-la em
meus braços novamente. Hoje vou dormir muito bem acompanhado pela minha
bela rainha e vou fazê-la esquecer do passado, ou não me chamo Leon Vitorino,
o seu príncipe.
Finalmente chegamos à casa do Leon, e, como ele mesmo disse, em breve
vai ser a nossa casa. Eu fico feliz mesmo por estar ali. A Olívia tinha feito um
belo banquete, frango assado com salada de maionese e arroz branco.

— Nossa, que delícia — falo, tomando o suco de manga geladinho.

— Sim, Olívia faz uma bela comida.

— A Vanessa que não me ouça, mas estou apaixonada pela comida da


Olívia.

— E pelo patrão da Olívia, você está?

— Estou o quê? — provoco-o.

— Apaixonada.

— Sim, eu também estou apaixonada por você!

— Você ligou para a Vanessa?

— Ainda não, mas vou ligar. E outra, ela deve saber que estou aqui e que
no mínimo vou dormir aqui.

— E logo ela vai ver que em breve você vai ficar aqui comigo.

Ficamos conversando sobre como tinha sido o nosso dia. Quando


terminamos de comer, vou levando os pratos para a cozinha, o meu Leon me
ajuda e logo arrumamos tudo, nem parecia que tínhamos jantado.

Seguimos para o quarto, e foi no automático que puxamos juntos o edredom


da cama. O Leon me olha e sorri.

— Leon, você vai usar o banheiro? Quero aproveitar e tomar um banho.

— Não, minha rainha, pode usar. Não quer companhia? — ele pisca o olho,
e dou risada.

— Vamos? — chamo-o, e sabia que ele ficaria tentado. Ele estava quase
indo, mas diz:

— Melhor não!

— Por quê?

— Se eu entrar nesse banheiro, vou perder a cabeça ao te ver nua e não vou
conseguir me controlar, vou acabar te fazendo minha ali mesmo.

— E você não quer perder a cabeça?

— Ah, sim, minha rainha, só que quando perdermos a nossa cabeça vai ser
nessa cama, e não no banheiro.

— Fazer amor no banheiro não é gostoso? — provoco-o, sabendo que ele


estava se controlando, e eu mesma não estava mais me reconhecendo, a menina
com medo de sexo estava louca para sair e dar lugar à menina doida de vontade
de ser consumida pelo fogo que ele estava despertando em mim.

— Ah, minha rainha, vai ser delicioso, sim. Agora, seja uma rainha
boazinha e vai tomar o seu banho, que te espero aqui, e enquanto estiver
tomando pensa em mim!

Vou para o banheiro, tiro o meu vestido e a sandália, ligo o chuveiro e tomo
um banho bem relaxante. Enquanto passo o sabonete, faço o que o Leon tinha
pedido, penso nele, e os meus mamilos ficam enrijecidos. Estava ficando
excitada, então paro de me tocar, porque mais um pouco eu iria acabar gozando.
Aproveito que tinha deixado a minha escova de dente ali e já a uso. Não me
demoro muito no chuveiro e saio, com a toalha enrolada no corpo. Quando o
Leon me vê enrolada na toalha, ele fala:

— Nossa…

— Tudo bem?

— Ah, sim, você é linda de qualquer jeito.

— Você também é lindo de qualquer jeito — confesso, e ele vem e me dá


um longo beijo, então se afasta.

— Agora é a minha vez, já venho.

Enquanto isso, vou até o guarda-roupa dele, pego uma camisa e uma cueca
boxer suas e visto.

Seco os meus cabelos com a toalha, pego a escova e começo a escová-los,


deixando-os caírem meio úmidos e, como eu os molhei, logo ficam crespos.
Adoro-os assim.

Depois que termino, fico esperando o Leon voltar para o quarto. Ligo a TV
e começo a procurar alguma coisa para assistir, até que encontro uma série
chamada “The Mentalist”. Quando estava para mudar de canal, o Leon aparece e
diz:

— Deixa aí, você vai gostar.

Mas olho para ele e perco toda a vontade de assistir TV, porque a cena ali
na minha frente me fez ficar sem fôlego. O homem estava simplesmente
espetacular. Como isso era possível? Um homem daquele ser tão perfeito em
todos os lugares? A natureza realmente resolveu ser bem generosa com ele.

— E essa série é tão boa assim?

— Sim, muito boa, você vai gostar — ele fica me olhando.

— Algum problema?
— Nenhum, você está simplesmente linda nessa minha camisa.

— Eu peguei no seu guarda-roupa, me perdoa.

— Que isso, minha rainha, você tem todo o direito de pegar o que quiser
meu.

— Então não tem problema de ter pegado uma cueca boxer também, não,
né? — pergunto, tomando coragem, e tiro o edredom do meu corpo, jogo nos pés
da cama e volto a deitar. Leon fica ali parado, como se estivesse hipnotizado.

— Hum… — ele gagueja. — Nem um pouco, acho que essa cueca ficou
melhor em você do que em mim.

— Obrigada, vou usar sempre as suas cuecas, então.

— Fica sempre à vontade.

— Leon, você não vai vir deitar?

— Já vou, acho que preciso retornar ao banheiro.

— Algum problema?

— Nenhum, só estou precisando tomar mais um banho gelado — ele olha


para baixo. Sigo o seu olhar e percebo que estava excitado. Entendi o que ele
quis dizer e falo:

— E você não quer que te ajude a melhorar? — peço, apontando para o


volume.

— Melhor não! Eu não vou conseguir me controlar e vou acabar atacando


você, e quero me comportar.

— Leon, eu estou bem!

— Minha rainha, você passou por muita coisa hoje e precisa descansar.

— Não, o que eu preciso é de você comigo aqui na cama — declaro, me


levanto e fico de pé ali mesmo, na cama. Vou até ele, que se aproxima.
— O que você está fazendo, minha rainha? — ele pergunta, rouco. Ele
sabia o que estava fazendo. Aproximo-me dele e faço um carinho em seu rosto,
depois coloco a minha boca em seu pescoço e inalo o perfume do sabonete, que
era o mesmo que estava usando.

— Você está tão cheiroso… — sussurro, e passo a minha língua em um leve


movimento. Deus, aquilo era tão bom!

Meus seios pareciam estar bem inchados, e aquilo era muito bom. Ouço o
gemido do Leon, que me pega no colo, e com uma das mãos levanta o meu rosto
e traz para perto do seu.

— Você tem certeza, minha rainha? — ele pergunta, dando-me a chance de


desistir. Aceno a cabeça em concordância e ataco sua boca com a minha. Nós
dois gememos ao sentir o toque de nossos lábios.

O Leon me coloca na cama novamente e vai abrindo os botões da camisa


aos poucos, em uma leve tortura. Assim que a blusa é completamente aberta, ele
fica ali parado olhando encantado.

— Está tudo bem?

— Melhor impossível! — ele diz, rouco, e vem com as mãos em meu rosto,
faz carinho e depois vai descendo até o meu pescoço. Ali, eu mesma percebi
como a minha veia estava pulsando.

Ele queria me torturar, só podia ser isso. Aos poucos, foi descendo as mãos
até os meus seios e ali ficou, com as mãos paradas. Era como se ele estivesse
lutando com todas as forças.

— Leon… — sussurro.

— Sim…

— Você não vai me machucar.

— Eu tenho medo de te machucar, minha rainha.

Puxo o seu rosto para mais perto do meu.


— Se você não fizer amor comigo, aí sim é que vai me machucar! —
declaro, e beijo a sua boca. Bastou isso, e o Leon se descontrola, segura o meu
rosto e aprofunda o nosso beijo.

Aos poucos a intensidade dos nossos beijos vai acalmando. Em seguida, ele
me deita novamente contra o travesseiro, para de beijar a minha boca e vai
descendo a boca pelo meu pescoço, até chegar aos meus seios.

Quando chega ao vale dos meus seios, ele para e fica olhando hipnotizado,
vendo-os ali rijos e pesados. Desce o rosto até eles, encosta em um deles e
começa a beijar. Pega o bico de um deles com os dentes e morde de leve. Aquele
leve choque de dor e prazer corre em meu corpo e gemo.

— Te machuquei? — ele para e me olha preocupado.

— Não, você não me machucou.

Ele volta e faz isso com o outro seio, e fica sempre intercalando entre um e
outro, deixando os dois tão sensíveis, que a hora que ele os assoprou me fez
contorcer na cama, de tão grande prazer que estava sentindo.

Deus, aquilo era tão bom, sentir prazer em meu corpo… Poderia morrer
agora, que morreria feliz só por estar sentindo como é bom ser amada. Leon
brincava com os meus seios, mamando-os com gosto, e as mordidas deixavam
minha bucetinha exclamando de desejo.

Oh, Deus, que língua era aquela que descia pela minha barriga me fazendo
ofegar?! Eu estava trêmula em todos os lugares do meu corpo, era como se
estivesse em uma montanha-russa do prazer.

O Leon desce mais ainda e chega até a minha bucetinha, separa as minhas
pernas, sobe na cama e fica no meio das minhas pernas. Fecho as coxas, no
automático.

— Minha rainha, abre essas pernas, abre! — ele pede, todo sedutor, e
obedeço. — Você está toda inchadinha e molhadinha para mim, Duda.

Sim, eu estava muito excitada com o carinho que ele estava fazendo em
meu corpo. Sua língua me provocando em todos os lugares me dava um prazer
que nunca imaginei sentir.
O Leon sabia mesmo como me deixar em brasa com os toques de sua boca
e seus dedos fazendo carinho em meu corpo. Pego mais um travesseiro e coloco
para deitar elevada. O Leon não se faz de rogado e cai com tudo em minha
bucetinha, fazendo-me gritar quando a chupa com gosto.

— Droga… — sussurro, rouca, com a intensidade do seu toque em minha


boca.

— Ah, sim, droga, seu gosto é tão bom, tão viciante — ele diz, gemendo e
inalando o meu cheiro, que em vez de me deixar com vergonha me deixou mais
excitada. Eu sentia o líquido escorrendo pelas minhas pernas, e a boca do Leon
estava em todos os lugares, era como se tivesse ganhado vida.

— Leon, estou queimando… — sussurro. Meu corpo estava em chamas, e


sabia que logo eu iria explodir.

— Eu vou acalmar esse seu fogo, minha bela rainha.

Ele volta a cair de boca em minha bucetinha, deixando-a bem mais sensível
do que já estava. A sua língua tão perversamente passando pelos lábios,
lambendo e tocando, me fazia segurar o lençol com força, e grito com gosto ao
perceber que ele enfiou a língua dentro e fica ali, enfiando e saindo.

— Está gostando? — ele pergunta, levantando o rosto e vendo como estava


molhado com o meu prazer. Ele ainda pergunta se eu estava gostando? Ele só
pode estar louco!

— Sim… — sussurro, rouca, de tanto que gritei. Ele volta com o rosto na
minha bucetinha e coloca novamente lá dentro, me tocando tão bem lá dentro,
que, quando dou por mim, meu corpo começa a pulsar mais forte. Eu sabia que
estava gozando. — Leon…

— O que foi, minha rainha?

— Estou gozando… — sussurro, segurando os seus cabelos com força


quando ele mete a língua mais dentro, e grito com a intensidade do orgasmo que
me vem.

— Isso, deixa vir… — Leon pede, e grito novamente com ele me chupando
e enfiando a língua.
— Leon, eu não aguento…

— Ah, sim, você aguenta mais orgasmo e vai me dar mais — ele ordena, e
não é que fico excitada com a forma como ele fala comigo? Antes que o meu
corpo parasse de tremer, ele para de me chupar, e dou um gemido frustrado. Ele
ri: — Agora, minha linda rainha, você vai gozar em meus dedos — e começa a
introduzir os dedos em mim, tirando e colocando um dedo e depois dois. Então
começa a socar com gosto, e grito novamente.

— Isso, me dê seus gritos, minha rainha — ele pede, e grito novamente.


Meu Leon soca com gosto lá dentro e coloca a boca em meu clitóris, lambendo.
Meu corpo volta a tremer e grito novamente, chegando ao orgasmo.

— Eu não aguento mais… — comento, ofegante. Estava tão cansada e


dolorida e com a minha bucetinha piscando.

— Mais uma vez, minha rainha — ele pede, solta a toalha e a joga no chão,
pega o seu pau e coloca bem na entrada da minha bucetinha. — Tem certeza?

— Sim, eu tenho certeza! — respondo, com convicção, mesmo achando


que desmaiaria de tanto orgasmo. E finalmente iria acontecer o que eu mais
queria: seria dele. Leon me olha com carinho e sorrio, encorajando-o. Aos
poucos ele vai introduzindo o seu pênis, e sinto um leve desconforto.

— Estou te machucando? — ele pergunta, ao ver a minha careta.

— É a minha primeira vez — lembro-o, e vejo remorso em seu rosto, então


falo rápido, para tranquilizá-lo: — Leon, não se preocupe, eu sabia que iria doer
um pouco.

— Me desculpa, minha rainha, eu prometo que da próxima vez vou tentar


ser mais cuidadoso, OK?

— Sim, eu sei que você vai ser cuidadoso.

— Eu te amo!

— Eu sei, e também te amo — pego a sua mão e a beijo.

Leon tira o pau de dentro de mim e coloca novamente. E fica tirando e


colocando, várias e várias vezes, como se ele não estivesse com nenhuma pressa.
E ali eu vi como o Leon estava se controlando, seu rosto estava tenso, a sua veia
estava pulsando. Puxo-o para mais perto do meu rosto e falo:

— Leon, não se controla — faço carinho nele e o beijo, prendendo as


minhas pernas na sua linda bunda, fazendo-o me penetrar mais fundo, e aí
gritamos, gememos e nos beijamos.

É quando o Leon começa a estocar com força e aumenta a velocidade.


Quando chegamos ao orgasmo, foi um alívio tão bom, que gritamos devido à
intensidade do nosso amor. Os nossos corpos estavam trêmulos.

— Obrigada, Leon!

— Você está me agradecendo por quê?

— Por ter me devolvido finalmente à vida!

— Agora é a minha vez de dizer obrigado.

— E por que você está me agradecendo?

— Eu quero te agradecer por você, minha rainha, ter me ensinado o que é o


amor.

— E a série que iríamos assistir acabou.

— É que estávamos fazendo algo muito mais importante do que essa série.

— Isso é verdade, e depois podemos assistir a reprise — provoco: — Sabe


que gostei do personagem principal? O achei muito gato.

— E devo me preocupar?

— Ah, não, ele é bonito, sim, só que não é você!

— Agora sim eu gostei de ouvir.

— Isso foi tão bom, Leon.

— Também achei, nunca tinha feito amor antes, e isso foi e sempre será
maravilhoso.

— Eu nunca fiz amor com ninguém antes, você sabe…

— Eu sei disso, minha rainha, e agora sim vamos ter uma nova vida, e tudo
que já nos aconteceu de ruim ficará para trás.

— E nada nem ninguém vai nos separar.

— Isso mesmo, minha rainha, ninguém vai nos separar — ele concorda e
puxa o meu rosto, e selamos essas palavras com um grande e maravilhoso beijo.
Nem acredito que passaram alguns dias desde que finalmente nos
encontramos tanto emocional quanto sexualmente. Agora estávamos aqui, todos
reunidos na minha casa, com minha mãe, Melinda, que estava aqui depois de ter
puxado a minha orelha por não ter entrado em contato com ela e a deixado tão
preocupada, que acabou ligando para a Vanessa e perguntando sobre mim.

— O que você pensa tanto? — ouço a voz da minha rainha chegando e me


abraçando.

— Estava pensando em nós.

— Espero que esses pensamentos sejam muito bons.

— Ah, sim, muito.

— Nem acredito que você resolveu fazer um belo almoço aqui e convidar a
todos.

— Sim, eu queria que todos estivessem aqui, porque estou planejando algo
para hoje.

— E você não vai me contar?

— Ainda não, minha rainha, ainda não! — falo, rindo dela, e a beijo. Os
nossos beijos eram sempre explosivos, e Deus, eu estava a ponto de tirá-la dali,
levá-la direto para o nosso quarto e fazê-la minha novamente.
— Ei… — ouço a voz da minha mãe nos chamando, e paramos de nos
beijar. Ela ficou encantada de conhecer a Duda, e vice-versa, tanto é que as duas
ficaram amigas inseparáveis.

— Mãe, algum problema?

— A Olívia disse que já vai servir a sobremesa.

— Ah, sim, já vamos, Melinda — minha rainha fala.

— Eu espero vocês lá, então — minha mãe nos deixa sozinhos novamente.
Minha rainha volta a me beijar, e me entrego aos seus beijos. Sinceramente, não
via a hora de ficarmos sozinhos e podermos curtir tudo outra vez.

— Leon… — minha rainha sussurra, quando paro de beijá-la.

— Sim…

— Temos que ir encontrar a nossa família — ela avisa, e tem razão,


precisávamos ir, por mais que eu não quisesse.

— Eu sei, só que eu gostaria de ficar aqui mais um pouco.

— Depois nós ficamos juntos, assim que todos forem embora.

— Posso mandar todos embora, então? — brinco, e ela ri.

— Nem pensar, para de querer ficar só comigo — ela reclama, brincando.


Sei que era mentira, mas bastava um pedido e mandaria todos embora.

— Sim, eu só quero ficar com você em nosso quarto e em nossa cama, nós
dois enrolados num edredom e nos amando lentamente — falo, bem
sedutoramente, sabendo que bastava um simples toque para fazê-la cair em meus
braços.

— Nem vem, Leon! — ela diz, distanciando-se de mim.

— O quê?! Eu não fiz nada.

— Eu sei o que estava pensando.


— E o que estava pensando?

— Sei que está querendo fazer amor comigo.

— Não quero, não! — declaro, dando de ombros, mentindo na maior cara


de pau.

— Ah, então, já que estou enganada, você não vai querer saber o que vou
usar hoje à noite, quando formos para a cama, né? — ela provoca.

— Minha rainha, estou brincando.

— Não senhor, você disse que não quer fazer amor comigo, então hoje vou
dormir na minha casa e você aqui! — ela volta a provocar, sai e me deixa ali
sozinho. Chamo por ela, que não estava nem aí.

— Minha rainha, estava brincando, amor, é claro que eu estava pensando


em fazer amor com você. Sempre! — ela pisca o olho para mim e diz:

— Eu te conheço melhor do que pensa — me deixa ali sozinho e volta para


nossa reunião em família.

Saio do hall de entrada e sigo para a sala de jantar, onde todos estavam
reunidos. Ao me verem, começam as gracinhas, e dou risada. Ali se encontram a
minha rainha, a minha mãe, a Vanessa e o namorado Lucas e a Olívia, minha
empregada.

Faço sinal para a Olívia, que vai até a cozinha e retorna com champanhe e
taças, colocando a bandeja em cima da mesa. Ouço a Vanessa perguntar:

— Qual é a ocasião?

— Você é muito curiosa, não? — provoco-a, recebendo um olhar mortal


dela, e dou risada. Olho para o seu namorado e falo: — Meu amigo, é melhor
você controlar essa sua namorada aí.

— Não enche, Leon! — ela mostra a língua, e acho graça.

— Bom, já que todos se dispuseram a vir aqui em nossa casa… — deixo


claro que a minha rainha já fazia parte.
— Sim, mas nós não viemos por você, e sim pela comida que a Olívia
prepara — a Vanessa ironiza, e ouço a minha rainha rir.

— E eu achando que era por minha causa!

— Não mesmo!

— Crianças… — minha mãe nos chama a atenção.

— Continuando… — vou servindo champanhe nas taças e falo: — Peço a


todos que levantem as suas taças. Em primeiro lugar, quero agradecer a vocês
por terem vindo.

— De nada! — todos falam, e dou risada da cara de pau deles.

— Em segundo lugar, quero comemorar que o filho da puta do Pedro


finalmente vai ser julgado em júri popular e vai ser condenado em breve.

— Graças a Deus! — a Vanessa grita.

— Em terceiro lugar, a minha rainha está muito bem e em breve estará


terminando o seu tratamento com a psicóloga. E em quarto lugar, eu quero dizer
que finalmente a Laura, com ordem do juiz, fez o teste de gravidez e deu, é
claro, negativo.

— Aeeeeee! — ouço o grito, e continuo:

— E, por último, quero pedir a você, Vanessa Sanches, que me dê a mão de


sua irmã em noivado, e depois, é claro, em casamento — vejo o olhar de
surpresa da Vanessa e logo seus olhos se enchem de lágrimas. Olho para a minha
linda rainha, que me olha chocada.

— Leon, o que você acabou de falar? — ela pergunta, e tiro a caixinha com
os anéis de noivado, na cor ouro, com três pedras de diamantes.

Ajoelho-me no chão e abro a caixinha de alianças, pego uma e falo:

— Minha linda rainha, aceita ser a minha eterna noiva e muito em breve a
minha esposa para todo o sempre? — olho para ela ansioso, e vejo que seus
olhos já estão em lágrimas. Eu estava a ponto de perguntar novamente, quando
ela finalmente responde, emocionada:

— Sim, eu aceito ser sua noiva e também aceito ser a sua esposa em breve.

Levanto-me, pego a sua mão, coloco a aliança e beijo-a. Ela faz o mesmo
com a minha mão, coloca a aliança e beija da mesma forma que eu tinha feito.

Puxo-a para os meus braços e a beijo lentamente, e assim selamos o nosso


amor. Depois que nos beijamos, ouvimos um grito de vivas e nos separamos,
para receber os cumprimentos de todos. Assim foi o nosso dia, muito especial.
Vendo a minha linda noiva sorrindo tão feliz, jurei que eu faria de tudo para que
ninguém a fizesse mais sofrer.

Alguns dias depois…

Eu não me canso de olhar para essa aliança e vê-la em meu dedo. Parece
que foi ontem que o meu príncipe me fez o pedido, e meu coração parecia que
iria explodir com tanta emoção.

— Ora, ora, quem eu encontro finalmente — ouço a voz da Laura, a “ex-


foda” do meu homem.

— O que você está fazendo aqui, Laura? — pergunto, ao vê-la ali sentada.
Olho para ela parada bem na minha frente, quando estava saindo da minha
última sessão com a doutora Bastos.

— Eu gostaria de ver mesmo a sua cara de menininha sem-vergonha que


rouba namorados de outras pessoas — ela diz, brava, e saca um revólver. Fico
parada ali, com medo dela.

— Abaixa essa arma, Laura! — peço, com receio, e vejo que as pessoas
começam a fugir dali.

— Você é uma vadiazinha, que se acha a tal só porque está transando com o
meu homem — ela grita, e vejo como está descontrolada.
— Laura, eu te peço, abaixe essa arma, senão vamos nos machucar!

— Você tem que morrer! — ela passa a arma pelo rosto. Seus olhos
mostram muito ódio por mim.

— Não precisa disso, Laura.

— Você é uma puta, roubou o meu homem, o pai do meu filho! — ela
coloca a mão na barriga.

— Laura, me ouve, você não está grávida! — lembro-a, e ela me olha


zangada e volta a apontar a arma para mim. E, droga, como eu gostaria que a
polícia estivesse ali, bem na minha frente, pegando essa louca.

E meu alívio é tão grande ao ver que a polícia estava chegando, que cheguei
a ter uma leve tontura e tenho que me segurar em um carro para não cair. Droga,
o Leon vai me esganar ao perceber que eu não tinha comido quase nada.

— Abaixe essa arma, Laura! — ouço a voz do Leon e fico surpresa por vê-
lo ali.

— Leon, o que você está fazendo aqui?

— Eu vim te encontrar para comemorarmos — ele fica chocado ao ver o


estado da Laura, era como se não a estivesse reconhecendo.

— Ah, então você veio buscar a sua putinha, seu pai desnaturado? — ela
grita, agora apontando a arma para o Leon, e temo por ele.

— Laura, por favor, larga essa arma, vamos conversar — Leon pede.

— “Por favor”? Você, implorando para mim? — ela ri. — Lembra que eu te
falei que faria a sua vida um inferno? Eu quero que você sofra tanto, que vai me
pedir para acabar com a sua vida! — ela me ameaça e aperta o gatilho. O Leon
se joga em minha frente.

— Leon! — grito, ao vê-lo caído no chão todo ensanguentado.

— Eu não queria atirar em você, meu amor! — Laura balbucia, chorando.


— Não chega perto dele, sua louca! — grito, ao ver que ela estava vindo
em nossa direção.

— Era para você ter morrido, sua vadia!

— Você vai pagar caro por ter atirado no Leon — aviso. Coloco a cabeça
do Leon em meu colo e tento parar o sangue. — Por favor, Leon, não me deixe!

— Eu te amo tanto, minha rainha! — ele sussurra, e coloco os meus dedos


em sua boca, silenciando-o:

— Fica tranquilo, meu príncipe, logo você vai ficar bom.

Ele já estava fechando os olhos, mas dou graças a Deus ao ver o carro de
ambulância.

— Por favor, Leon, fique acordado, por mim!

— Você sempre foi e sempre será a minha eterna rainha! — ele diz, e fecha
os olhos.

— Nãoooooooo… — choro e fico abraçando-o. Os paramédicos vêm até o


meu lado e o tiram dos meus braços.

— Por favor, senhora! — o paramédico pede, ao ver que eu estava


segurando o meu Leon e não queria que ele me deixasse.

— Por favor, salve a vida dele!

— Vamos fazer de tudo para ajudá-lo a sair dessa!

Ele o leva correndo junto com os outros paramédicos, e fico sem saber
como agir. Procuro a Laura e vejo-a com a arma apontada para sua cabeça.
Estava calada, como se estivesse em transe. Depois balbucia coisas desconexas.

— Me perdoa, Leon! — vejo os policiais chegando e a levando presa. O


que eu mais queria era vê-la atrás das grades.

— Senhora, vai na ambulância? — um dos socorristas pede, e aceno com a


cabeça que sim, entrando. Vê-lo ali com a máscara de oxigênio me deixou muito
assustada. Estavam tentando estancar o sangue. Olho para ele e começo a rezar,
pedindo a Deus para salvá-lo.
Dois meses depois…

Aqui estou, indo de encontro ao meu príncipe encantado. Ao vê-lo ali na


minha frente, firme e forte, nem parecia que chegou a ficar entre a vida e a
morte. E começo a me lembrar do que aconteceu dois meses atrás.

Os médicos chegaram a dizer na época que talvez ele não sobrevivesse, e


Deus sabe como aquilo acabou comigo. Acabei desmaiando no chão e fui
socorrida pelas enfermeiras, que chamaram o médico de plantão.

— Senhora Vitorino?

— Sim… — respondo, e tento me sentar, e não consigo. Vejo que estava


com soro na veia e acho estranho.

— Senhora, tenta ficar deitada um pouco — ouço a enfermeira dizer.

— O que houve?

— A senhora não se lembra de nada?

— Lembro que falaram que o meu noivo estava correndo risco de vida —
sussurro, com medo de ter ouvido mal.

— É verdade, seu noivo está em estado crítico — o médico comenta, e


começo a chorar.
— Doutor, é muito grave o que ele tem?

— Me desculpa, senhora, é grave o seu estado.

— Eu quero ver ele!

— No momento ele não pode receber visita de ninguém.

— Por favor, doutor, eu preciso ver ele!

— Senhora, seu noivo neste momento está recebendo uma transfusão de


sangue.

— Então é grave, doutor?

— Por enquanto sim, e a senhora precisa descansar.

— Descansar? O meu noivo está numa sala recebendo sangue e o senhor


está pedindo calma? — já estou quase gritando, nervosa.

— Sim, a senhora precisa descansar, por causa do seu estado.

— Do que o senhor está falando?

— A senhora está grávida!

— Grávida?! — sussurro, e levo as minhas mãos automaticamente ao meu


ventre.

— Sim, a senhora está grávida, e pela expressão do seu rosto imagino que
para a senhora é um choque.

— Sim… — sussurro, e as minhas mãos ficam ali em meu ventre, querendo


sentir algo, mas eu sabia que ainda era cedo.

— Recomendo que a senhora procure logo um obstetra e comece a fazer o


pré-natal.

— Doutor, por favor, me deixa ver o meu noivo!

— Eu vou ver se consigo e te aviso, OK? Tenta descansar um pouco, que


daqui a pouco volto para ver como está.

— OK.

Volto a me deitar com ajuda da enfermeira e peço para avisarem a minha


irmã.

— Por favor, meu príncipe, se recupera logo, que tenho que te contar que
em breve vai nascer o nosso filho, o fruto do nosso amor — faço uma prece.

Agora estava ali, depois de dois meses, caminhando pela igreja, usando um
vestido branco e carregando um buquê de rosas vermelhas que combinavam com
os meus cabelos, segundo a minha irmã.

Decidi ir sozinha até o altar. Minha irmã estava muito emocionada, vi como
estava feliz por saber que eu estava grávida. A única pessoa que não sabia era o
Leon, mas hoje ele ficaria sabendo.

Quando chego ao altar, ele diz:

— Você está linda, minha rainha! — vi em seus olhos como estava


emocionado.

— Você também está lindo, meu príncipe.

Dou o meu buquê para a minha irmã, e o padre começa a falar. Fico ali
olhando para ele, lembrando-me de como ele foi forte por ter superado tudo, e
isso graças ao nosso amor, que venceu várias batalhas.

Minha irmã em breve iria se casar com o Lucas. Minha sogra Melinda se
mudou para mais perto depois que descobriu que eu estava grávida. A Laura foi
diagnosticada com possessividade e psicose e foi internada para fazer um
tratamento durante um bom tempo. O Pedro iria mesmo a júri popular e muito
em breve seria trancado durante muito tempo.

Quando o padre nos declara marido e mulher, o Leon fala, fazendo todo
mundo rir:

— Graças a Deus! — e me beija, selando os nossos votos. Logo em


seguida, vamos embora, sob uma chuva de pétalas de rosas brancas,
simbolizando o nosso amor.

Seguimos para nossa casa, onde demos folga para a Olívia, que ficou feliz
em ver que seu patrãozinho finalmente sossegou. Contratamos um Buffet com
muita comida, música e bebidas. Assim que chegamos a casa, fomos dançar.

Não tínhamos convidado muitas pessoas, algumas mais próximas e alguns


colegas. Todos estavam se divertindo.

Quando chega a hora de jogar o buquê, ele cai nos braços da minha irmã.
Eu sabia que em breve seria ela.

Depois de algum tempo que estávamos ali curtindo, chamo o Leon e o levo
até o nosso quarto. Lá, entrego-lhe uma pequena caixa. Ele olha curioso e
pergunta:

— O que é?

— Abre!

Ele olha, ainda curioso, e puxa as fitas. Quando ele vê um pé de cada


sapatinho, um vermelho e outro branco, seus olhos ficam nublados.

— É o que estou pensando? — ele pergunta, atônito.

— Sim, estou grávida!

Então ele se ajoelha e beija a minha barriga, e começa a chorar de emoção,


fazendo-me chorar também.

— Minha rainha, por que você não me contou antes?

Faço carinho em seus cabelos e explico:

— Queria te fazer uma surpresa!

— E realmente fez, sou o homem mais feliz do mundo!

— E eu sou a mulher mais feliz, por ter encontrado o meu príncipe


encantado.
Quando paramos de nos beijar, ele diz, cantando uma música que tinha
ouvido na internet:

— O amor da minha vida é você!

— Só ao seu lado quero viver! — solto, e ele sorri. Ficamos assim,


abraçados, era como se a música que tínhamos ouvido estivesse tocando na hora.
No fundo, eu sabia que poderia ser os nossos corações cantando a nossa música,
e começamos a dançar.

Mais tarde naquela noite, depois que fizemos amor loucamente ouvindo as
nossas músicas, aproveito que o meu príncipe estava dormindo e pego um novo
diário que ganhei da minha irmã. Começo a escrever nele o que escrevi no outro,
mas agora era bem diferente. Com isso, encerro a minha história, de uma menina
machucada pela vida que encontrou o amor nos braços do seu CEO possessivo.

Fim
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, dedico meus livros a Deus e à minha Nossa Senhora


Aparecida, porque eles me dão forças para continuar essa jornada.

Agradeço também a LA Capas, essa capista maravilhosa que, por ter feito a
capa do jeito que eu queria, ficou perfeita. Agradeço a Helen Bampi pela
disponibilidade de fazer a revisão de “Meu CEO Possessivo”, que ficou muito
boa, e também a minha diagramadora, Veveta Miranda, que sempre faz as
diagramações dos meus bebês ficarem tão perfeitas. Tem mais livros vindo para
você!

Agradeço também aos meus leitores fiéis que conquistei desde o meu livro
“Samantha” no Wattpad e que me seguem e leem meus livros até hoje. Aos
grupos de WhatsApp, Facebook e Telegram, que sempre falam dos meus livros e
estão sucessivamente indicando.

Comecei a escrever “Meu CEO Possessivo” no dia do meu aniversário, em


26 de dezembro de 2018. Era para ser um conto, e no final virou mesmo um
livro. Escrevi-o durante quase três meses, e foi escrevendo-o que me ajudou, e
ainda ajuda, a aguentar a dor de perder a minha mãe.

Agradeço a Deus por ter me dado uma pessoa tão especial em minha vida,
que partiu no último dia 11 de janeiro. Minha rainha e mãe, Rosa Helena
Vicente, que sempre me deu apoio nessa minha nova jornada. Onde ela estiver,
sei que está muito feliz por ver que consegui vencer mais essa etapa da minha
vida.

Este livro, assim como todos os que já foram escritos e os que ainda virão, é
dedicado à minha mãe, uma mulher guerreira que lutou até o último dia de sua
vida. Algum dia quero ter pelo menos a metade de sua força.

Muito obrigada a todos por estarem comigo mais uma vez e sempre, amo
vocês pelo carinho que sempre tiveram comigo. Até o próximo livro!
Betânia Vicente <3
Table of Contents
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Penúltimo capítulo
Último capítulo
Epílogo 1
Epílogo 2

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